17 a 21 de maio Aposentado pode manter plano de saúde ...
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SAÚDE SUPLEMENTAR: 17 a 21 de maio
Aposentado pode manter plano de saúde com mesmas
condições da ativa
Fonte: Consultor Jurídico
Data: 14/05/2021
Trabalhador que se aposenta tem direito a manter plano de saúde nas mesmas condições
de quando estava na ativa. Com esse entendimento, a 7ª Vara Cível do Fórum Regional do Méier,
no Rio de Janeiro, concedeu antecipação de tutela a uma mulher para manter o valor da
mensalidade e a cobertura do plano de saúde de uma aposentada semelhantes aos praticados
quando ela trabalhava no Itaú Unibanco. Com o reajuste aplicado, o valor foi fixado em R$
4.363,12. Porém, o juiz André Fernandes Arruda ordenou que a Porto Seguro — Seguro Saúde e a
Fundação Saúde Itaú mantenham a mensalidade em R$ 2.181,56.
Na decisão, o julgador apontou que o reajuste da mensalidade foi feito em patamar
superior ao permitido pela Lei 9.656/1998. A norma permite que o aposentado mantenha o plano
nas mesmas condições de cobertura assistencial de que gozava quando trabalhava, desde que
assuma o seu pagamento integral.
Arruda também destacou que a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça assegura a
permanência dos aposentados no plano de saúde desde que arquem com as obrigações,
mantendo-se as mesmas condições contratuais.
Se Porto Seguro e a Fundação Saúde Itaú não cumprirem a determinação, deverão pagar
multa de R$ 5 mil, até o limite de R$30 mil. A área de Direito Cível do escritório Stamato, Saboya &
Rocha Advogados Associados defendeu a bancária.
0009121-73.2021.8.19.0208
https://www.conjur.com.br/2021-mai-14/aposentado-manter-plano-saude-mesmas-condicoes
Estado não pode dificultar acesso a medicamentos de alto
custo, diz TJ-SP
Fonte: Consultor Jurídico
Data: 14/05/2021
O artigo 196 da Constituição Federal estabelece como dever do Estado a prestação de
assistência à saúde e garante o acesso universal e igualitário do cidadão aos serviços e ações
para sua promoção, proteção e recuperação. O direito à saúde, como está assegurado na Carta,
não deve sofrer embaraços impostos por autoridades administrativas, no sentido de reduzi-lo ou de
dificultar o acesso a ele.
O entendimento é da 11ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo
ao manter sentença de primeiro grau que determinou ao estado de São Paulo o fornecimento de
três medicamentos de alto custo a uma paciente com hepatite C crônica. No recurso, o governo de
São Paulo alegou que a responsabilidade pela compra dos remédios solicitados seria da União,
cabendo aos estados apenas a distribuição. No entanto, o relator, desembargador Ricardo Dip,
citou entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre a responsabilidade solidária dos entes
federados na prestação de tratamento médico.
"Versando a espécie caso de medicações tidas por de urgente ministração, o ingresso de
outros entes políticos na demanda com remessa dos autos à Justiça Federal não pode ensejar o
atraso da solução da lide, em risco de prejuízo irreparável para a impetrante. Isso tanto mais se há
de considerar quanto se tenha em vista que a solidariedade de devedores é benefício do credor, a
quem incumbe escolher contra quem demandar", afirmou.
De acordo com o relator, trata-se de uma responsabilidade do próprio Estado por inteiro.
Ele também afirmou que, futuramente, o Estado de São Paulo poderá, se assim desejar, pleitear o
ressarcimento dos gastos com os remédios da autora da ação.
"A separação de poderes ou funções da soberania política não afastam do Judiciário a
competência para a apreciação de possível lesão de direito individual, objeto da espécie. Não há
maltrato, neste âmbito, do princípio da conformidade funcional com a incidência normativa em
pauta. Não é de admitir que, no aventável confronto entre o bem jurídico vida e os interesses
político- administrativos, prevaleçam estes àquele", completou.
I Diritti della personalità
Dip também embasou a decisão em relatório médico anexado aos autos que comprova o
diagnóstico e os medicamentos indicados para o tratamento da paciente. Ele destacou ainda que o
Estado não contestou os documentos e, por isso, considerou haver prova suficiente, quanto à
matéria de fato, para escorar o ajuizamento da demanda.
"Adriano de Cupis, no merecidamente clássico I Diritti della personalità, lecionou que a
tutela complementar da vida, da integridade física e da saúde reclama a garantia dos meios
econômicos e financeiros idôneos a prover os cuidados necessários à preservação ou reintegração
desses bens da personalidade, e observou que o Estado se obriga a assegurar o fornecimento
desses meios para tornar possível a gratuidade da cura dos necessitados", concluiu. A decisão foi
unânime.
1060052-53.2018.8.26.0053
https://www.conjur.com.br/2021-mai-14/estado-nao-dificultar-acesso-medicamentos-alto-custo
Lei que vedava interrupção de plano de saúde é
inconstitucional, decide Supremo
Fonte: Consultor Jurídico
Data: 14/05/2021
Devido à competência privativa da União para legislar sobre o tema, o Plenário do
Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade de uma lei do estado do Rio de Janeiro
que proibia o cancelamento ou a suspensão de planos de saúde por falta de pagamento em meio à
crise de Covid-19. O julgamento virtual foi encerrado à 0h deste sábado (15/5).
A Lei Estadual 8.811/2020 autorizou o Poder Executivo a dispor sobre o tema e definia que
os débitos adquiridos durante a crise sanitária poderiam ser cobrados posteriormente, mas sem
juros ou multa. Além disso, ao término do estado de emergência, as operadoras deveriam
possibilitar o parcelamento dos débitos anteriores a março de 2020. No último ano, a Confederação
Nacional das Empresas de Seguros Gerais (Cnseg) ajuizou ação direta de inconstitucionalidade
para questionar a norma.
Prevaleceu o entendimento adotado pela relatora, ministra Cármen Lúcia, que converteu o
julgamento da liminar em pronunciamento de mérito. Ela lembrou que os incisos I e VII do artigo 22
da Constituição conferem à União a competência privativa para legislar sobre Direito Civil e política
de seguros. De acordo com a ministra, a lei fluminense inaugurou "cuidado jurídico que ultrapassa
o escopo de proteção a consumidor em situação de vulnerabilidade, autorizando-se, de modo geral
e indiscriminado, o sobrestamento do dever de adimplemento de obrigação contratual".
Cármen ainda mencionou que o STF já reconheceu que os planos de saúde são
contemplados pela competência privativa constitucional; já declarou inconstitucionais leis estaduais
que reduziam mensalidades de escolas privadas durante a crise de Covid-19; e já suspendeu, em
liminar, a eficácia de uma lei paraibana semelhante à fluminense em questão. Seu voto foi
acompanhado pelos ministros Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Nunes Marques, Dias Toffoli,
Luiz Fux e Ricardo Lewandowski.
Divergência
Ficou vencido o voto do ministro Marco Aurélio. Segundo ele, não haveria usurpação da
competência da União, já que a lei não interferiria na atividade-fim das operadoras. "O texto
constitucional não impede a elaboração de legislação estadual que, sem tratar especificamente dos
negócios jurídicos firmados, venha a afetar a atividade das operadoras de plano de saúde,
ampliando-se a salvaguarda do consumidor, preservado o núcleo de obrigações assumidas em
contrato", pontuou.
O decano foi acompanhado por Edson Fachin e Rosa Weber. O ministro Luís Roberto
Barroso se declarou suspeito para analisar o caso.
ADI 6.441
https://www.conjur.com.br/2021-mai-15/lei-vedava-interrupcao-plano-saude-inconstitucional
Motorista que transportava lixo hospitalar deve receber
adicional de insalubridade
Fonte: Consultor Jurídico
Data: 16/05/2021
Por constatar que o trabalhador estava exposto a agentes biológicos de forma habitual, a
4ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho manteve a condenação de uma empresa de
terceirização de serviços ao pagamento de adicional de insalubridade em grau máximo a um
motorista que transportava lixo hospitalar. O homem prestava serviços para a Universidade Federal
de Santa Catarina (UFSC). Ele ajudava no carregamento e descarregamento dos contêineres de
lixo comum e infectante até o depósito onde é feita a coleta pública, e ainda transportava o lixo
orgânico para uma área de compostagem da universidade. Alguns contêineres continham restos de
gazes, algodão, soros e agulhas e até mesmo peles e pedaços de dedos.
O adicional foi deferido em primeira e segunda instâncias. O Tribunal Regional do Trabalho
da 12ª Região considerou que a coleta era habitual e observou que ele poderia ser contaminado
mesmo que usasse luvas, por meio das vias respiratórias. Em recurso, a empregadora negou que
o homem fizesse a separação, classificação e industrialização do lixo, e ainda alegou que o
adicional em grau máximo só é devido a quem trabalha exclusivamente com pacientes em área de
isolamento, com doenças contagiosas.
O ministro Caputo Bastos, relator do caso no TST, ressaltou que a reforma do acórdão
exigiria o reexame das provas produzidas, o que é vedado nesta fase processual. Seu voto foi
acompanhado por unanimidade. Com informações da assessoria do TST.
8735-70.2011.5.12.0036
https://www.conjur.com.br/2021-mai-16/motorista-levava-lixo-hospitalar-receber-insalubridade
"Jurisprudência em Teses" levanta entendimentos sobre
remédios fornecidos pelo Estado
Fonte: Consultor Jurídico
Data: 16/05/2021
A Secretaria de Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça anunciou a 169º edição do
portal Jurisprudência em Teses. O tema da vez é "Fornecimento de Medicamento pelo Poder
Público – 2". O site trata-se de coletânea de entendimentos do STJ quanto a especificidades
propriamente relevantes ao poder público. Cada edição conta com teses identificadas após
pesquisa nos precedentes. Neste ano, a equipe por trás da ferramenta selecionou dois destaques
dentre as teses.
O primeiro afirma que, em ações nas quais se busca o fornecimento de medicamentos, a
seleção do fármaco cabe ao médico habilitado e ciente da condição do paciente, seja o profissional
de rede particular ou pública. Já a segunda ênfase define que não incorre em condenação genérica
decisão que determine ao Estado o fornecimento de medicamento especificado na inicial ou outros
que se tornem necessários ao longo do tratamento de doença, desde que comprovada a
necessidade. Com informações da assessoria do STJ.
https://www.conjur.com.br/2021-mai-16/stj-levanta-novos-entendimentos-remedios-fornecidos-
estado
Morre em São Paulo o prefeito Bruno Covas, aos 41 anos
Fonte: Consultor Jurídico
Data: 16/05/2021
Morreu às 8h20 deste domingo (16/5) o prefeito licenciado de São Paulo, Bruno Covas
(PSDB), 41, em decorrência de um câncer da transição esôfago gástrica, com metástase e suas
complicações após longo período de tratamento. A doença foi diagnosticada em 2019.
Em abril deste ano, o tucano ficou internado por 12 dias no Hospital Sírio-Libanês, em São
Paulo, quando exames constataram que os tumores, originados no trato digestivo, haviam se
alastrado para o fígado e também para os ossos. Teve alta no dia 27, mas voltou a ser internado
em 2 de maio. Nesta sexta (14/5) à noite, um boletim médico afirmou que seu quadro era
irreversível.
Neto do governador de São Paulo Mário Covas (1930-2001), Bruno entrou no Executivo
paulistano como vice na chapa que elegeu João Doria (PSDB) em 2016. Após o titular sair para
disputar e vencer a eleição para o governo do estado, em 2018, assumiu a Prefeitura de São Paulo
e foi reeleito no ano passado, ao derrotar no segundo turno Guilherme Boulos (PSol). O ex-
vereador Ricardo Nunes (MDB), vice eleito em 2020, assume o cargo de prefeito definitivamente.
Bruno Covas Lopes nasceu em Santos em 7 de abril de 1980. Filho de Renata Covas
Lopes e Pedro Lopes, tinha como maior referência o avô materno, Mário, que retomara os direitos
políticos no ano anterior ao seu nascimento e que se tornaria, nas décadas seguintes, prefeito,
senador e governador de São Paulo, além de cofundador do PSDB.
Fez Economia na PUC paulistana e Direito na Universidade de São Paulo, no Largo São
Francisco. Bruno foi eleito pela primeira vez, como deputado estadual por São Paulo, ao receber
122 mil votos em 2006. Foi reeleito em 2010, deputado federal em 2014 e secretário do Meio
Ambiente na gestão de Geraldo Alckmin (PSDB). O corpo de Bruno Covas será velado no Edifício
Matarazzo, sede da Prefeitura de São Paulo, no centro da capital, em uma cerimônia breve para
familiares e amigos próximos. Depois seguirá em cortejo até o cemitério do Paquetá, em Santos,
onde será sepultado.
https://www.conjur.com.br/2021-mai-16/morre-sao-paulo-prefeito-bruno-covas-aos-41-anos
Cancelamento indevido de plano de saúde gera indenização
por dano moral
Fonte: Consultor Jurídico
Data: 17/05/2021
O cancelamento indevido de um plano de saúde viola os direitos da personalidade, o que
gera o dever de pagar indenização por dano moral. Utilizando esse entendimento, a 2ª Turma do
Tribunal Superior do Trabalho condenou uma empresa de São José do Rio Preto (SP) a indenizar
em R$ 5 mil um motorista que teve o plano cancelado por quase um ano após a aposentadoria por
invalidez. Na avaliação do colegiado, a supressão do plano foi ilícita e abalou psicologicamente o
ex-empregado da Nacional Expresso Ltda..
O motorista ficou afastado do trabalho por diversos períodos em razão de uma hérnia de
disco de origem ocupacional, até ser concedida sua aposentadoria por invalidez, em novembro de
2014. Na reclamação trabalhista, ele alegou que em dezembro do mesmo ano a empresa o excluiu
do plano de assistência médico-hospitalar que mantinha, levando-o a optar pelo pagamento
integral da mensalidade dele e de sua esposa, com base na Lei dos Planos de Saúde (Lei
9.656/1998).
No entanto, em junho de 2015, ao precisar fazer exames, ele foi informado de que seu
contrato fora cancelado pela empresa. Segundo o motorista, a supressão foi arbitrária e abusiva e
atingiu sua dignidade. A empresa, em sua defesa, sustentou que a legislação determina que a
aposentadoria por invalidez gera a suspensão total do contrato de trabalho. Também argumentou
que não houve comprovação de que o cancelamento do benefício teria gerado dano ao
aposentado e que, por outro lado, havia provas de que ele não havia necessitado do plano.
O juízo de primeiro grau e o Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (interior de São
Paulo) rejeitaram o pedido de indenização. Segundo a corte regional, embora pudesse ter causado
ao empregado alguns dissabores, o cancelamento indevido, por si só, não era suficiente para
condenar a empresa, e cabia ao trabalhador comprovar qualquer ocorrência extraordinária que lhe
assegurasse a indenização por danos morais, o que não ocorreu.
Contudo, o relator do recurso de revista do motorista, ministro José Roberto Pimenta,
entendeu que, uma vez constatado que o cancelamento se deu de forma indevida, ficou evidente a
violação dos direitos da personalidade. "O empregado se viu abalado psicologicamente porque
teve dificultado seu acesso e de sua família à assistência à saúde", afirmou o relator.
De acordo com o ministro, o dano moral, em si, não é passível de prova, pois acontece no
íntimo do ser humano, "de modo que não é possível demonstrá-lo materialmente". Contra a
decisão unânime a empresa opôs embargos à SDI-1, ainda não julgados. Com informações da
assessoria de imprensa do TST.
RR 11746-43.2015.5.15.0082
https://www.conjur.com.br/2021-mai-17/cancelamento-indevido-plano-saude-gera-dever-indenizar
Os direitos dos profissionais de saúde no contexto da Covid-
19
Fonte: Consultor Jurídico
Por: Ana Vogado e Bianca Bianchi
Data: 17/05/2021
A Lei nº 3.999/61 estabelece os principais direitos do médico, como o piso salarial, a
jornada de trabalho, as horas extras, o adicional noturno, o adicional de periculosidade e
insalubridade e os direitos do médico residente.
Entretanto, no atual cenário de crise sanitária, a Medida Provisória nº 927, de 22 de março
de 2020, que dispõe sobre as medidas trabalhistas para enfrentamento da calamidade pública,
criou a possibilidade de estabelecimento de acordos individuais e coletivos de trabalho, tendo por
escopo a negociação de: antecipação ou suspensão de férias e licenças, mudanças na escala de
trabalho, criação de banco de horas que poderão ser pagas como pecúnia ou compensadas até 18
meses posteriores, a antecipação de feriados, e a implementação de teletrabalho.
A aludida medida provisória vigorou até 19 de julho de 2020; no entanto, as medidas
pactuadas no período de sua vigência continuarão válidas enquanto perdurar o estado de
calamidade pública.
Essas alterações, porém, trouxeram ônus adicionais aos profissionais de saúde. Em
primeiro lugar, porque possibilitam que sejam fixadas jornadas de trabalho em escalas majoradas:
anteriormente, o regime usual era de 12 horas de trabalho por 36 horas de descanso, podendo ser
alteradas as escalas suplementares entre a 13ª e a 24ª horas do intervalo interjornada,
necessariamente por meio de acordo coletivo. A partir da MP, passou a ser possível modificá-la,
por exemplo, ao esquema de 24 horas de trabalho por 12 de descanso, e mesmo em acordos
individuais.
Igualmente, o diploma normativo também permitiu a suspensão de férias e licenças dos
profissionais de saúde, e sua convocação ao trabalho quando já estiverem sendo exercidas,
conquanto seja comunicada pelo empregador com até 48 horas de antecedência.
Outra grande alteração foi a previsão de que a contaminação por Covid-19 será
considerada acidente de trabalho somente com a comprovação de nexo causal. Isso significa que,
para o recebimento dos benefícios e indenizações decorrentes, será necessário que o profissional
comprove que foi acometido pela doença em razão de seu ambiente de trabalho. Essa previsão
recebe críticas pois, uma vez que se está diante de uma profissão exercida em hospitais, postos de
saúde, e em contato direto com doentes, deveria haver presunção de que a doença tem nexo de
causalidade com o labor.
Diante da condição fixada pela medida, então, podem ser elencadas algumas
recomendações jurídicas. Inicialmente, em relação aos equipamentos de proteção individuais
(EPIs), o profissional deve manter provas, inclusive testemunhais, de que foram insuficientes ou
não foram fornecidos, ou até que o empregador tenha ordenado sua reutilização. O mesmo se
replica quanto à ausência de treinamento adequado para o atendimento. Nesse caso, deve
também denunciar e ter a prova da denúncia, perante o órgão de fiscalização de classe e
representação (como Conselho Federal de Medicina — CFM, Conselho Regional de Enfermagem
— Coren, Ministério Público do Trabalho, sindicatos, direção clínica do hospital, ouvidoria do
hospital).
Para além disso, deve manter o isolamento quando não estiver no trabalho, preservando
provas de que sempre adotou medidas de proteção em seu ambiente extralaboral.
Se for contaminado por Covid-19, é preciso solicitar a emissão da Comunicação de
Acidente de Trabalho (CAT) à empresa, ao médico que o atendeu ou ao sindicato; e, na hipótese
de internação, deve manter o prontuário e resultado do exame que demonstra o contágio pela
doença. Ademais, sugere-se verificar o intervalo do período de contágio para comprovar que nesse
interim o profissional esteve em contato com paciente com coronavírus.
Importante ressaltar que a presença de comorbidades do profissional contaminado não
impede o reconhecimento do direito, pois não afeta a relação de causa e efeito, de forma que não
constitui excludente à responsabilidade do empregador.
Comprovado o nexo causal, os profissionais da saúde da rede privada afastados do
trabalho em razão de contaminação por Covid-19 têm direito a: indenização por danos morais e
materiais sofridos; garantia de estabilidade acidentária pelo período de 12 meses após o retorno ao
trabalho; emissão da CAT; recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)
durante o afastamento; benefício de auxílio-doença acidentário.
A família do profissional de saúde também é contemplada por direitos, especialmente no
caso de falecimento do profissional de saúde em decorrência de contaminação por coronavírus
ocorrida por exposição no ambiente de trabalho. Nesse cenário, seus dependentes têm direito ao
recebimento de pensão mensal vitalícia. Fazem jus, ainda ao recebimento de indenização por dano
moral, paga pelo empregador, e pensão mensal, complementando a do Instituto Nacional do
Seguro Social (INSS).
Além do valor de R$ 50 mil para o cônjuge ou companheiro, além de demais dependentes,
serão devidos R$ 10 mil por ano que faltar ao dependente menor de 21 anos atingir essa idade; ou
aos dependentes de até 24 anos se estiverem cursando a faculdade. Para dependentes com
deficiência, a indenização será de R$ 10 mil, por no mínimo cinco anos, independentemente da
idade.
Os valores de todas as indenizações devidas são somados e devem ser pagos em três
parcelas mensais, iguais e sucessivas; e, por ter natureza indenizatória, sobre eles não incide o
pagamento de Imposto de Renda ou de contribuição previdenciária, bem como não prejudica o
direito ao recebimento de benefícios previdenciários ou assistenciais previstos em lei.
Por fim, em 26 de março deste ano foi sancionada a Lei nº 14.128/21, que concede
indenização aos profissionais de saúde tornados incapacitados para o trabalho pela Covid-19. O
referido diploma legal prevê indenização de R$ 50 mil para os profissionais que ficaram
permanentemente incapacitados após a infecção. Frise-se que esse direito abrange profissionais
como médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, assistentes sociais, agentes comunitários, técnicos de
laboratório e outros que atuam na área, além de trabalhadores dos necrotérios e coveiros.
A pandemia evidencia a essencialidade da saúde, e, concomitantemente, as
vulnerabilidades enfrentadas pelos profissionais dessa área. A flexibilização das normas protetivas
somada ao cenário de crise provoca degradação à integridade desses trabalhadores e, por
consequência direta, afeta a população como todo.
Desse modo, a proteção da saúde dos profissionais de saúde deve ser uma preocupação
central dos diplomas normativos adotados neste período, bem como dos empregadores ao
estabelecer as condições de trabalho, tanto em razão dos direitos fundamentais desses
profissionais, quanto porque eles exercem papel essencial para a coletividade, sobretudo na atual
conjuntura sanitária.
Ana Vogado é diretora executiva e sócia do Escritório Malta Advogados, mestranda em Direito pela
Universidade de Brasília (UnB), ex-membro do Grupo de Estudos sobre Constituição, empresa e
mercado, da UNB, liderado pela professora Ana Frazão, pós-graduada em Direito Agrário e do
Agronegócio pela Escola Superior de Direito (ESD/GO) e desenvolve pesquisas e tem interesse
nas áreas de Direito Agrário e do Agronegócio.
Bianca Bianchi é estagiária no escritório Malta Advogados e bacharelanda em Direito pela
Universidade de Brasília;
https://www.conjur.com.br/2021-mai-17/opiniao-direitos-profissionais-saude-covid-19
'Voucher saúde' é realmente necessário?
Fonte: Consultor Jurídico
Por: José Roberto Covac Junior
Data: 17/05/2021
O ministro Paulo Guedes sugeriu recentemente a distribuição pelo governo federal de um
"voucher saúde", possibilitando que o cidadão utilizasse um cupom para atendimento hospitalar na
rede privada. O tema é polêmico e tem sido muito criticado por especialistas na área de gestão da
saúde por não resolver o problema da população e, principalmente, não atender ao público-alvo
almejado: o econômico e socialmente mais vulnerável.
Umas das principais críticas foi que essa medida seria mais uma das formas de
privatização do Sistema Único de Saúde (SUS), como cogitado em outubro, com o decreto
solicitando para que se avaliasse a possibilidade de conceder à iniciativa privada as Unidades
Básicas de Saúde (UBSs). Contudo, é necessário esclarecer que hoje o SUS já é atendido em sua
grande maioria por entidades privadas, em especial hospitais filantrópicos — que recebem verbas
do orçamento público. E, ressalte-se, ainda bem que funciona dessa forma, pois não são iniciativas
que apostam no setor público como solução para os problemas da saúde pública, que
comprovadamente são ineficazes com a gestão de recursos, mas, sim, na melhora da relação com
o terceiro setor que atua durante muitos anos nessa área.
Veja, em quase mil municípios, Santas Casas e hospitais filantrópicos são os únicos
estabelecimentos de saúde, sendo responsáveis no Brasil por 47% do total de internações
hospitalares do SUS e 59% da assistência de alta complexidade. Segundo pesquisa realizada pelo
Fórum Nacional das Entidades Filantrópicas (Fonif), ao ser avaliada a distribuição dos leitos por
tipo, em cada estado identificam-se situações em que as instituições filantrópicas respondem por
mais de três quartos do total, quando não quase a totalidade de determinado tipo de leito
disponível para a população.
Levantamento da Federação das Santas Casas do Espírito Santo mostra que a diária paga
pelo SUS tem um valor médio de R$ 4 para cada paciente, insuficiente para cobrir os custos. Fica
evidente, portanto, que, quando se analisa a situação geral das entidades filantrópicas, diga-se
novamente, as grandes parceiras do SUS, expõe-se uma situação de grave crise financeira, o que
prejudica, por óbvio, o atendimento final da população.
Ou seja, a discussão sobre voucher ou cupom perpassa sobre a privatização da saúde ou
não, pois de fato a saúde pública já é atendida por hospitais da iniciativa privada, em especial do
terceiro setor, mas, sim, da sua ineficácia como medida. Existem outras e melhores formas, menos
paliativas, da gestão do orçamento, como por exemplo o próprio reajuste da tabela de pagamento
do SUS, que em parte dos procedimentos não ocorre há 20 anos.
Hoje, a remuneração por meio do SUS não se mostra atrativa em razão da defasagem da
tabela, cuja tendência natural é a diminuição da oferta do SUS e potencialização do ingresso
dessas entidades no atendimento privado. Havendo o reajuste de repasse em valores justos, os
hospitais continuariam a atender ao SUS, não haveria prejuízo à sociedade e, mais, na medida em
que tivessem mais receita, poderiam investir e atender a mais pessoas e áreas de saúde, fazendo
com que a população de maneira geral fosse beneficiada.
Lembrem-se, os hospitais filantrópicos não distribuem lucros, então necessariamente toda
receita é revertida para as suas próprias atividades, ou seja, a saúde. Comparando, de certa forma
seria como a mais recente discussão sobre renda mínima ou Imposto de Renda negativo. Ao
promover um valor mínimo para uma maior quantidade de pessoas no país, teríamos, para além da
diminuição da desigualdade de renda, uma geração na economia local, que, em geral, é de cidades
mais pobres, propiciando o crescimento da economia. Nessa lógica, caso o SUS tivesse um
repasse adequado, contaríamos com melhores hospitais e uma saúde pública mais efetiva no país,
sem que precisássemos de alternativas mirabolantes e sem eficácia comprovada.
José Roberto Covac Junior é sócio do escritório Covac Sociedade de Advogados.
https://www.conjur.com.br/2021-mai-17/covac-junior-voucher-saude-realmente-necessario
Será que Pazuello também acha que há direitos demais no
Brasil?
Fonte: Consultor Jurídico
Por: Lenio Luiz Streck
Data: 17/05/2021
O subtítulo poderia ser também "Malditas" questões processuais: nunca mais digam "há
direitos demais". Ao trabalho. Enquanto uma súcia faz manifestações pedindo o fechamento do
STF e intervenção militar, temos novidades. Sigam-me.
Sim, duas novidades jurídicas: uma, a edição de uma portaria (que é uma coisa da área do
direito, certo?) que "regulamenta" o teto constitucional, pela qual a alta cúpula do establishment
governamental (essa, que fala mal da Constituição) passará a receber até 70% a mais que o limite
salarial. Bom, descobrimos uma coisa: talvez a portaria se explique pelo fato de não gostarem da
Constituição. Ou seja: A Constituição é má; a Portaria é do bem!
A segunda novidade jurídica: Pazuello recorreu ao Supremo Tribunal Federal. E usou a
AGU para isso. Parêntesis: esse dispositivo da Lei da AGU tem de ser sindicado, de imediato,
como inconstitucional. Qual é o sentido de a malta pagar para que AGU defenda ex-integrantes do
governo? Transferir recurso públicos para fazer a felicidade de uma pessoa? Se a AGU fosse agir
como assistente de acusação contra Pazuello, até que poderia ter algum sentido.
Nada melhor do que o efeito bumerangue. Só tem de se abaixar para não levar na testa.
Dallagnol (lembram dele?) dizia: a prescrição é o câncer do direito! Prescrição é impunidade,
berrava! Pois não é que...! Pois é. Pergunto: seria a prescrição uma coisa "do direito, dessa maldita
constituição"?
Um grande empresário (bem grande) verde e amarelo fala mal do STF e dos tribunais; fala
mal de tudo, aliás, menos do seu presidente. Pois não é que a prescrição, esse maldito direito
processual-constitucional, salvou-lhe a cola?
Professores eméritos (da área jurídica, sim), diante da decisão que decretou a parcialidade-
suspeição de Moro no processo do ex-presidente Lula, publicaram textos vigorosos contra o STF,
com o argumento de que a Corte escondeu-se atrás de questões processuais. Sim, STF acusado
de usar "questões processuais". Pergunto: para o que serve mesmo uma Suprema Corte? Pois é.
Sempre os contestei (falo dos detratores do direito e da CF), dizendo: garantias são ruins
quando são para os outros; quando são para "nosotros", são muitíssimas bem-vindas. Que o digam
Dallagnol, quejandos e quejandeiros. E jornalistas e jornaleiros.
Malditos direitos; há direitos demais, dizem os... próprios beneficiados!
Então. O primeiro paroxismo das teses "há direitos demais" e "essa Suprema Corte deve
ser fechada" apareceu quando um determinado ministro, quem queria prender todos os onze
ministros, impetrou habeas corpus... junto aos mesmos ministros que ele desejava ver
"ergastulados". Deu vinagre e ele se esgueirou para os EUA.
Pois agora mesmo o ex-ministro Pazuello impetrou habeas corpus (essa coisa chamada
"direito fundamental-processual"!) em seu próprio nome, mas quem assinou foi a AGU. Por qual
razão Pazuello não assinou? Seria um writ1 envergonhado?
Em síntese: para quem diz por aí que essa Constituição traz direitos demais e para quem
acha que o STF deveria ser fechado, cai ou não cai bem um habeas corpus para não precisar
responder perguntas na CPI sobre seus atos?
Claro que Pazuello está blindado pelo HC apenas em relação ao seu próprio pé. Quanto ao
resto, terá que falar a verdade. E aí a cobra pode fumar.2
De todo modo, cabe aqui "a moral da história". Qual seria?
Simples: que nunca mais se diga que há direitos demais. Você pode ser o próximo a
precisar de um habeas corpus, um mandado de segurança, uma prescriçãozinha, uma preliminar
de nulidade por incompetência de foro, por suspeição do juiz ou por prova ilícita... O cardápio é
grande.
Nós, advogados e professores de direito, entendemos bem disso.
1 Sendo um pouco jus sarcástico (ou seria jus irônico?), explico que writ quer dizer
"mandado"; aqui no Brasil quer dizer ordem escrita de habeas corpus ou mandado de segurança.
Um direito fundamental para assegurar direitos (vejam, oh céus: assegurar direitos; e mais: trata-se
de uma maldita "questão processual!!!!").
2 Cobra fumar: os pracinhas brasileiros usavam essa expressão; recentemente a
expressão voltou a ser usada pelo General Braga Neto, desta vez para dizer que espécimes como
ofídios poderiam inalar substância nicotiana tabacum devidamente acondicionada em papel
próprio.
Lenio Luiz Streck é jurista, professor de Direito Constitucional e pós-doutor em Direito. Sócio do
escritório Streck e Trindade Advogados Associados: www.streckadvogados.com.br.
https://www.conjur.com.br/2021-mai-17/streck-pazuello-tambem-acha-direitos-demais
Crise da Covid-19 provoca o aumento da judicialização da
saúde no Brasil
Fonte: Consultor Jurídico
Por: Pedro Quagliato
Data: 17/05/2021
A Organização Mundial da Saúde (OMS), em 11 de março de 2020, declarou o estado de
pandemia global causada pela Covid-19, que afetou gravemente mais de 190 países. Desde então,
no enfrentamento dessa crise sanitária sem precedentes a fragilidade e a precariedade dos
sistemas de saúde de todo o mundo vêm sendo expostas de forma contundente.
No Brasil, a Covid-19 vem causando grandes impactos, especialmente naqueles em
situação de vulnerabilidade. Apesar dos esforços, o colapso do Sistema Único de Saúde (SUS) é
uma realidade. A demanda de cuidados complexos e o uso de tecnologias diversas, a escassez de
equipamentos de proteção individual (EPIs), a falta de leitos para internação e de profissionais de
saúde em quantidade e qualidade explicam a situação calamitosa dos serviços do SUS.
O direito à saúde, no contexto brasileiro, foi refletindo na criação do SUS pela Constituição
Federal de 1988 em seu artigo 196, que o assegura a todos e o impõe como dever do Estado. Com
base nesse dispositivo, a judicialização envolvendo o direito à saúde no Brasil não é recente e o
Poder Judiciário há muito fixou o entendimento acerca da obrigatoriedade do Estado em promover
a prestação integral da saúde à população.
As estatísticas sobre a judicialização da saúde no Brasil são alarmantes. Se
contemplarmos todas as demandas envolvendo a matéria (de natureza cível, não criminal),
considerando os processos ajuizados até 31/12/2018 e em trâmite no primeiro e no segundo graus,
nos Juizados Especiais, no Superior Tribunal de Justiça, nas Turmas Recursais e nas Turmas
Regionais de Uniformização, chegamos ao estrondoso número de 2.228.531 demandas, segundo o
Conselho Nacional de Justiça.
Em razão do atual quadro pandêmico da Covid-19, o Estado tem deixado de lado o
atendimento a outras doenças não menos importantes, tais como câncer, problemas cardíacos e
depressão. Por conta disso, apesar da ausência de dados estatísticos oficiais em 2020, estima-se
que a crise pandêmica esteja contribuindo para um aumento ainda maior do número de processos
movidos por indivíduos contra o Estado, relacionados ao direito à saúde.
Conforme estudo promovido pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, os
pesquisadores concluíram que o surto da Covid-19 no mundo causou um efeito chamado de
"transbordamento", aumentando o número de mortes por outras doenças, tais como câncer e
doenças cardiovasculares. O que chamamos de efeito transbordamento é o fato de que a
pandemia de Covid-19 está tendo um impacto enorme em outras causas de morte. Por exemplo,
na redução do financiamento para a pesquisa de tratamentos de malária, na nutrição e na pobreza,
especialmente em países menos desenvolvidos.
Nesse cenário, no campo do Direito, algumas discussões têm merecido destaque nos
tribunais brasileiros: a judicialização de pedidos de fornecimento de leitos em hospitais, sobretudo
nas unidades de terapia intensiva (UTIs), em um cenário de escassez absoluta de vagas, pleitos
judiciais de pessoas com comorbidades não elencadas na lista de vacinação prioritária definida
pelo Ministério da Saúde, pedidos para fornecimento de medicamentos de alto custo padronizados
pelo SUS, porém indisponíveis nas farmácias públicas, por conta das restrições orçamentárias
ocasionadas pela pandemia; discussões relacionadas à fraudes nas aplicações das vacinas;
exigência por parte das empresas da obrigatoriedade da vacinação dos empregados.
Nesse contexto, o Poder Judiciário enfrenta a complexa missão de conciliar os direitos
individuais relacionados à saúde face à coletividade (políticas públicas e ciclos orçamentários).
A solução para essa questão depende necessariamente de diálogos institucionais entre
todos os órgãos públicos e privados, além de profissionais como médicos, juristas, economistas,
cientistas, entre outros, em uma atuação conjunta para evitar que as decisões judiciais provoquem
o colapso do sistema como um todo, considerando-se que a humanidade não está livre de novas
pandemias e que as demais doenças continuam e continuarão a afetar grande parte da população.
Pedro Quagliato é especialista em Direito da Saúde e do Consumidor.
https://www.conjur.com.br/2021-mai-17/guagliato-covid-19-provoca-aumento-judicializacao-saude
Secretária do Ministério da Saúde não tem direito de ficar em
silêncio na CPI
Fonte: Consultor Jurídico
Data: 18/05/2021
Convocada a depor na CPI da Covid, em andamento no Senado, a secretária de Gestão do
Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) Mayra Pinheiro não terá o direito de permanecer em
silêncio diante das perguntas que receber. Não há nada que indique que ela corra o risco de se
autoincriminar. Com esse entendimento, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal
Federal, concedeu parcialmente a ordem em Habeas Corpus para admitir que direito de a paciente
fazer-se acompanhar por advogado e o de ser inquirida com urbanidade e respeito — os quais
seriam aplicáveis a quaisquer testemunhas, inclusive.
O pedido original se baseava no que foi feito pelo general Eduardo Pazuello, ex-ministro da
Saúde, que obteve também por decisão do ministro Lewandowski o direito de ficar em silêncio para
não ser incriminado. A diferença é que Pazuello é, de fato, um dos alvos das investigações. A CPI
foi instalada para as ações do governo no combate à Covid-19. O general esteve à frente do
ministério, interinamente e como titular, durante o pior momento da epidemia, com escalada de
contágios e recordes diários de morte.
A secretária do ministério, por sua vez, não responde a qualquer procedimento criminal, ou
mesmo administrativo, quanto aos assuntos investigados pela CPI. Para Lewandowski, isso retira
qualquer credibilidade ao receio por ela manifestado de que possa sofrer consequências adversas
ao responder a determinadas perguntas dos parlamentares. "Por isso, na condição de testemunha,
ela estará obrigada a revelar tudo o que souber ou tiver ciência acerca dos fatos investigados pela
Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a Covid-19, podendo ser compelida a assumir o
compromisso de dizer a verdade", concluiu.
Mayra Pinheiro também poderá ser acompanhada de advogado ao depor aos membros da
comissão, mas ele não poderá intervir nos trabalhos — o pedido no HC é para que fosse permitido
suscitar “questões de ordem”.
Isso porque os trabalhos parlamentares estão sujeitos à disciplina prevista no Regimento
Interno do Senado Federal, cuja interpretação e aplicação não cabe à competência das
autoridades judiciárias. A decisão do ministro ainda destaca que a convocação para depor é
obrigação da secretária, especialmente na qualidade de servidora pública que é. Por isso, ela não
poderá encerrar seu depoimento, de forma unilateral, antes de ser devidamente dispensada.
HC 201.970
https://www.conjur.com.br/2021-mai-18/secretaria-ministerio-nao-direito-silencio-cpi
Por doença ultrarrara, plano de saúde deve pagar remédio
sem registro na Anvisa
Fonte: Consultor Jurídico
Data: 18/05/2021
A operadora de plano de saúde deve custear medicamento importado sem registro na
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) prescrito por médico, se ele se inserir na
excepcionalidade de o paciente sofrer com doença ultrarrara. Com esse entendimento, a 3ª Turma
do Superior Tribunal de Justiça negou provimento ao recurso especial de uma operadora de plano
de saúde que visava reformar acórdão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro que a condenou a
arcar com a medicação importada.
A votação foi unânime, conforme voto do relator, ministro Paulo de Tarso Sanseverino. Ele
foi acompanhado pelos ministros Ricardo Villas Bôas Cueva, Nancy Andrighi, Marco Aurélio
Bellizze e Moura Ribeiro. O julgamento estabeleceu um distinguishing (distinção) em relação à tese
firmada pela 2ª Seção do STJ em 2018, segundo a qual "as operadoras de plano de saúde não
estão obrigadas a fornecer medicamento não registrado pela Anvisa".
Trata-se do fato de o paciente ter sido diagnosticado com Síndrome de Schnitzler, doença
com incidência igual ou menor a um caso para cada 50 mil habitantes, o que a caracteriza como
ultrarrara. Para o ministro Paulo de Tarso Sanseverino, isso traz substancial diferença material em
relação ao que foi definido pela 2ª Seção em recursos repetitivos, o que é suficiente para que não
se aplique ao caso a mesma ratio dicidendi (razão de decidir).
Assim, ele observou que o Supremo Tribunal Federal, ao julgar o Tema 500 da
repercussão geral fixou que o poder público só pode ser obrigado a importar medicamento sem
registro da Anvisa de forma excepcional, desde que tenha eficácia e segurança comprovadas e nas
hipótese de doenças raras e ultrarraras.
No caso julgado pela 3ª Turma, o medicamento não é experimental, tem registro nas mais
renomadas agências reguladoras estrangeiras e possui eficácia para o tratamento da Síndrome de
Schnitzler. Por isso, deve ser mantido o acórdão do TJ-RJ, que condenou o plano de saúde a arcar
com a importação, além de pagar indenização de R$ 10 mil em danos morais pela recusa.
REsp 1.885.384
https://www.conjur.com.br/2021-mai-18/plano-pagar-remedio-doenca-ultrarrara-registro-anvisa
Defesa de Pazuello pela AGU se baseia em artigo de lei
inconstitucional
Fonte: Consultor Jurídico
Por: Ricardo Russell Brandão Cavalcanti
Data: 18/05/2021
Introito
"Advocacia-Geral da União (AGU) pede ao Supremo que garanta direito de Pazuello de
ficar calado em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)" [1]. A referida notícia
viralizou nas redes sociais, com as pessoas criticando o fato de Pazuello querer exercer o seu
direito constitucional ao silêncio diante de uma CPI na qual ele é investigado.
Ainda que no aspecto político possa parecer estranho um ex-ministro de um governo que
tem como bandeira combater a corrupção não querer falar em uma CPI, não nos choca alguém
querer exercer o seu direito fundamental de não produzir prova contra si mesmo em uma
investigação. Entretanto, a notícia que iniciou o presente artigo nos chama a atenção por outro
motivo, qual seja: a Advocacia-Geral da União defender pessoalmente um agente público, apesar
de não se tratar de um fato inédito [2].
Dessa feita, o presente artigo pretende, por meio de uma metodologia exploratória
estudando a legislação e a doutrina nacional, analisar a possibilidade de a AGU defender agentes
públicos.
1) Da defesa dos agentes públicos pela AGU
De antemão, importante trazer à baila a Lei 9028/95, que prevê:
"Artigo 22 — A Advocacia-Geral da União e os seus órgãos vinculados, nas respectivas
áreas de atuação, ficam autorizados a representar judicialmente os titulares e os membros dos
Poderes da República, das Instituições Federais referidas no Título IV, Capítulo IV, da Constituição,
bem como os titulares dos ministérios e demais órgãos da presidência da República, de autarquias
e fundações públicas federais, e de cargos de natureza especial, de direção e assessoramento
superiores e daqueles efetivos, inclusive promovendo ação penal privada ou representando
perante o Ministério Público, quando vítimas de crime, quanto a atos praticados no exercício de
suas atribuições constitucionais, legais ou regulamentares, no interesse público, especialmente da
União, suas respectivas autarquias e fundações, ou das Instituições mencionadas, podendo, ainda,
quanto aos mesmos atos, impetrar Habeas Corpus e mandado de segurança em defesa dos
agentes públicos de que trata este artigo.
§1o O disposto neste artigo aplica-se aos ex-titulares dos cargos ou funções referidos no
caput, e ainda:
I — aos designados para a execução dos regimes especiais previstos na Lei nº 6.024, de
13 de março de 1974, e nos Decretos-Leis nºs 73, de 21 de novembro de 1966, e 2.321, de 25 de
fevereiro de 1987, e para a intervenção na concessão de serviço público de energia elétrica;
(Redação dada pela Lei nº 12.767, de 2012)
II — aos militares das Forças Armadas e aos integrantes do órgão de segurança do
Gabinete de Segurança Institucional da presidência da República, quando, em decorrência do
cumprimento de dever constitucional, legal ou regulamentar, responderem a inquérito policial ou a
processo judicial".
Desse modo, conforme se percebe, a lei acima mencionada efetivamente prevê a
possibilidade de a AGU defender diversos agentes públicos pelos atos praticados pelos mesmos
no exercício da função, incluindo os chefes dos poderes da República, os ministros e até mesmo
militares.
Inclusive, a mesma lei prevê a extensão do referido benefício para os ex-integrantes dos
referidos cargos, como é o caso de Pazuello em relação à função de ministro da Saúde. Desse
modo, não há como negar: a defesa da AGU a Pazuello, verdadeira assistência jurídica gratuita,
tem previsão legal.
Entretanto, seria a referida lei no ponto em questão constitucional?
A Constituição prevê:
"Artigo 131 — A Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamente ou através de
órgão vinculado, representa a União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei
complementar que dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades de consultoria e
assessoramento jurídico do Poder Executivo".
Desse modo, conforme se percebe, a Constituição da República é clara: a AGU deve
defender a pessoas jurídica da União e assessorar o Poder Executivo, não sendo atribuição da
mesma prestar assistência jurídica gratuita aos agentes públicos, o que torna o artigo 22 da Lei
9028/95 inconstitucional.
Não estamos aqui defendendo que a AGU não possa defender o ato praticado pelo agente
público no exercício da função, pois isso efetivamente pode e deve ser feito, pois os atos
praticados pelo agente público no exercício da função devem ser imputados ao próprio poder
público, seja em face da teoria do órgão adotada pelo nosso ordenamento jurídico [3], seja em face
do princípio da impessoalidade [4], seja em face do princípio da imputação volitiva [5].
Entretanto, o artigo 22 da Lei 9028/95 não fala em defesa do ato praticado pelo agente
público, e, sim, na defesa do próprio agente público, tal como vem sendo feito com o ex-ministro
Pazuello, ou seja: trata-se, tal como dito acima, de uma verdadeira assistência jurídica gratuita
realizada pela AGU, o que está fora das atribuições constitucionais da mesma.
A instituição responsável por prestar assistência jurídica gratuita no Brasil está prevista em
outro dispositivo constitucional, senão vejamos:
"Artigo 134 — A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático,
fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos
os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos
necessitados, na forma do inciso LXXIV do artigo 5º desta Constituição Federal".
Desse modo, cabe à Defensoria Pública prestar a assistência jurídica gratuita no Brasil e
essa assistência não é para qualquer pessoa, e, sim, para os necessitados, o que não é caso de
Pazuello e de outros agentes públicos que estão na mesma situação que ele. Pode um agente
público ser assistido pela Defensoria Pública? Sim, pode, desde que comprove ser necessitado, ou
seja, a pessoa precisa estar em uma situação de vulnerabilidade, que não precisa
necessariamente ser apenas econômica [6].
Não comprovando ser necessitado, um agente público deveria constituir um advogado para
se defender como qualquer outra pessoa ou até mesmo ser defendido por intermédio da sua
associação de classe ou do sindicato da sua categoria, mas nunca poderia ter o direito de receber
uma assistência jurídica gratuita pelo poder público através de uma instituição que não tem a dita
atribuição, o que faz o artigo 22 da Lei 9028/95 ser inconstitucional também por ferir o princípio da
igualdade, pois dá para alguns agentes públicos um benefício não extensível aos outros cidadãos.
Conclusão
Diante de tudo que foi acima aludido, concluímos que a defesa pessoal de Pazuello pela
AGU por atos praticados no exercício das suas atribuições como Ministro da Saúde tem previsão
legal. Entretanto, a lei com a dita possibilidade é inconstitucional por atribuir à AGU uma função
que não é sua, nos termos da nossa Constituição, e, sim, da Defensoria Pública.
Além disso, o artigo 22 da Lei 9028/95 também é inconstitucional por oportunizar a
assistência jurídica gratuita estatal para pessoas que não são necessitadas, ferindo, assim, o
princípio da igualdade ao dar um benefício para apenas parcela privilegiada da população.
Ricardo Russell Brandão Cavalcanti é defensor Público Federal, professor do IFPE, mestre e
doutorando em Direito.
https://www.conjur.com.br/2021-mai-18/ricardo-russel-defesa-pazuello-agu
STF abre debate sobre direito à informação e uso da LGPD na
divulgação processual
Fonte: Consultor Jurídico
Data: 18/05/2021
O reconhecimento da existência de repercussão geral, pelo Supremo Tribunal Federal, em
um caso que trata da responsabilidade civil por disponibilização na internet de informações
processuais publicadas nos órgãos oficiais do Poder Judiciário, sem restrição de segredo de justiça
ou obrigação jurídica de remoção, ainda deverá ter desdobramentos vinculados à da Lei Geral de
Proteção de Dados (LGPD) e suscitar discussões sobre o direito à informação, de acordo com
especialistas ouvidos pela ConJur.
Há uma semana, em processo concluído no Plenário Virtual, nove ministros do STF
acolheram um voto do presidente Luiz Fux favorável ao acolhimento do Recurso Extraordinário
com Agravo (ARE) 1.307.386. O ministro Marco Aurélio Mello votou contra a admissão de
Repercussão Geral e o ministro Nunes Marques não se manifestou. O inusitado do julgamento é
que o recurso foi ajuizado pela parte vencedora na instância de origem.
O caso teve início com uma ação ajuizada por uma pessoa contra os sites de busca
Google e Escavador, em razão da divulgação de informações sobre uma reclamação trabalhista
apresentada por ela. Sua alegação era de que a publicidade dada ao processo poderia estar
inibindo empregadores de contratá-la, por medo de se tornarem réus em possível futura demanda
trabalhista. Pedia, por isso, a condenação dos sites ao pagamento de indenização por dano moral
e à exclusão das informações.
O pedido foi julgado improcedente na primeira instância e pelo Tribunal de Justiça do Rio
Grande do Sul (TJ-RS), que, ao julgar incidente de resolução de demandas repetitivas (IRDR),
considerou lícita a divulgação de processos por sites de conteúdos judiciais que não tramitem em
segredo de justiça. O pedido foi julgado improcedente na primeira instância e pelo Tribunal de
Justiça do Rio Grande do Sul, que, ao julgar incidente de resolução de demandas repetitivas
(IRDR), considerou lícita a divulgação de processos por sites de conteúdos judiciais que não
tramitem em segredo de justiça.
Mesmo sendo vencedor, o site Escavador recorreu ao STF sob o argumento de que a
decisão ficaria restrita geograficamente ao Estado do Rio Grande do Sul e queria validade para
todo o território nacional, o que acabou sendo validado pelo voto do ministro Luiz Fux.
O advogado Afranio Affonso Fereira Neto, do escritório Affonso Ferreira Advogados,
considera a decisão "absolutamente inédita" e acertada do ponto de vista jurídico por tornar o
entendimento vinculante para todos os entes federativos. No caso específico, Fereira Neto diz que
a vedação de veiculação de processos trabalhistas não é válida, como foi alegado pela defesa da
pessoa que recorreu contra os dois sites. "Entendo a motivação de evitar 'listas negras', mas isto
colide com o direito à informação, que é superior. A proteção da identidade, a meu ver, é
questionável e sucumbe diante do direito de informação", sustenta.
A advogada Estela Aranha, presidente da Comissão de Proteção de Dados e Privacidade
da OAB-RJ e professora do Centro de Direito, Internet e Sociedade do IDP, chama a atenção para
a autodeterminação informativa, que concede aos titulares dos dados pessoais um real poder
sobre as suas próprias informações e um efetivo controle sobre seus dados. Este mecanismo está
previsto na LGPD, que entrou em vigor no ano passado.
Segundo ela, o direito à privacidade e o direito à proteção de dados pessoais são distintos.
O direito à privacidade trata da inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e imagem,
bem como da casa e do sigilo das telecomunicações. Trata-se de uma proibição da interferência
estatal na vida privada, exceto excepcionalmente, desde que de acordo com a lei, por importante
razão e legítimo interesse público.
"Com o advento da internet e do cada vez mais presente espaço digital, surgem novos
riscos à vida privada relacionados à coleta e ao uso de dados e informações pessoais nesses
ambientes, emergindo um novo conceito de privacidade: a privacidade informacional ou o direito à
autodeterminação informacional", sustentou a advogada em artigo recente. Ela também é
presidente da Secretaria de Proteção de Dados e Direitos Fundamentais do Instituto Joaquín
Herrera Flores e membro da IAPP (International Association of Privacy Professionals).
Em seu voto, o ministro Fux entendeu que compete ao Supremo definir o alcance e o
sentido das normas constitucionais que garantem a publicidade dos atos processuais, do direito à
informação e da segurança jurídica, considerado o direito à vida privada, especialmente no caso de
processos trabalhistas e criminais, em que há restrição de pesquisa por determinadas informações,
como o nome das partes, no âmbito dos tribunais.
O presidente do STF ressaltou, ainda, o potencial impacto em outros casos, tendo em vista
a ininterrupta disponibilidade de conteúdo na internet e o crescente interesse em buscas refinadas
de informações processuais, publicadas em diversos órgãos oficiais do Judiciário.
Fereira Neto entende que a LGPD "não pode suplantar a Constituição e a ela se submete,
de acordo com o artigo 220 da CF". "A LGPD não pode restringir outro princípio, o da publicidade
dos atos processuais. Considero ruim não poder publicizar nomes de pessoas, a não ser no caso
de decretação de segredos de Justiça. Nos demais processos, tem que haver publicidade, sim."
Ambos os advogados consultados pela Conjur consideram positivo o fato de o STF ter
declarado repercussão geral para o caso que deu origem a toda a discussão. "Ou se leva esta
discussão para repercussão geral ou o Judiciário fica cada vez mais atulhado de ações. Havendo
uma decisão superior, vai pacificar um tema que tem tomado muito tempo do Judiciário no Brasil
inteiro", diz Ferreira.
"É importante haver repercussão geral para haver segurança jurídica. O Judiciário tem uma
tradição de transparência. Não necessariamente todos os dados trazem risco ou prejuízo para seus
titulares. Alguns (dados) têm interesse público ou não se sobrepõem à garantia individual. O
Judiciário precisa fazer uma adequação e uma análise de risco e, a partir disso, ver quais dados
pode divulgar amplamente e outros que tragam problemas de discriminação", diz Estela.
O tema já entrou na pauta de discussões do Conselho Nacional de Justiça. Em reunião no
último dia 3 de maio, o conselheiro Rubens Canuto, desembargador do Tribunal Regional Federal
da 5ª Região, apresentou as iniciativas que vem sendo realizadas pelo CNJ na aplicação da LGPD.
Segundo ele, o Judiciário trabalha e armazena uma massa da dados imensa, seja em matéria
administrativa, seja nas informações de natureza jurisdicional.
"Uma das grandes questões enfrentadas pelo CNJ diz respeito à possibilidade de
anonimização da identificação dos juízes prolatores de decisões ou de sentenças ou de acórdãos,
a fim de evitar a formação de perfis de julgamento e o eventual direcionamento da distribuição do
processo àquele magistrado que tenha uma visão mais favorável ao autor daquela demanda",
explicou. E informou que se chegou a uma conclusão, não terminativa, de que no Brasil, a
princípio, isso não seria possível, seja pelo princípio da publicidade ou da transparência.
"É um tema absolutamente novo, com todas as limitações de formas de trabalhar e o CNJ
está muito atento a essa discussão porque a prestação jurisdicional não pode ser prejudicada",
afirma Estela.
ARE 1.307.386
https://www.conjur.com.br/2021-mai-18/decisao-abre-debate-direito-informacao-uso-lgpd
Lei que flexibiliza atendimento médico para gestantes é
sancionada
Fonte: Consultor Jurídico
Data: 19/05/2021
O presidente Jair Bolsonaro sancionou nesta quarta-feira (19/5) projeto de lei que estende
o prazo de validade de prescrições médicas e pedidos de exames para mulheres grávidas e
puérperas. O puerpério é o período que começa no parto e termina quando o organismo da mulher
volta às condições normais, o que dura entre 45 e 60 dias.
De acordo com o projeto da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), os documentos, a
critério do médico, podem se manter válidos durante todo o período da gravidez ou do puerpério
em que foram emitidos, podendo ser usados formulários por meio eletrônico. O projeto foi aprovado
no Congresso no dia 27 de abril e será publicado na edição desta quinta-feira (20/7) do Diário
Oficial da União.
A medida ainda estabelece que o sistema de saúde deverá facilitar o acesso de grávidas e
puérperas a cuidados intensivos e à internação em unidades de terapia intensiva (UTIs), durante a
emergência de saúde pública decorrente da pandemia de Covid-19, conforme recomendação da
Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e do próprio Ministério da Saúde. As informações
são da Agência Brasil.
https://www.conjur.com.br/2021-mai-19/lei-flexibiliza-atendimento-medico-gestantes-sancionada
STJ restabelece condenação de R$ 300 mil por danos morais
por causa de erro médico
Fonte: Consultor Jurídico
Data: 19/05/2021
Por considerar que o montante fixado a título de compensação por danos morais era
irrisório e que os juros de mora devem incidir na data em que é configurado o erro médico
causador do dano, o Superior Tribunal de Justiça deu provimento a recurso especial interposto por
familiares de uma mulher que morreu após perfuração acidental no intestino. Conforme a decisão
de primeiro grau, hospital e seguradora foram condenados a pagar R$ 60 mil em danos morais
para cada filho da vítima. Diante de tal decisão, os corréus interpuseram apelação.
O Tribunal de Justiça de São Paulo entendeu que não foram consideradas situações
pessoais de saúde da vítima e que o valor compatível com o dano era de R$ 40 mil para cada filho
da idosa. Além disso, o tribunal entendeu que o erro médico se enquadra como responsabilidade
civil contratual, devendo os juros de mora incidir a partir da citação.
Ao analisar o caso, a relatora, ministra Nancy Andrighi, do STJ, ponderou que o reajuste
dos valores de danos morais é medida excepcional; porém, no caso concreto, com a modificação
feita pelo TJ-SP ,o valor da condenação tornou-se irrisório diante dos danos causados pela morte
da mulher, o que ensejou a revisão. Além disso, o entendimento da ministra foi que o liame entre
parentes de vítima de erro médico e os causadores dos danos tem natureza extracontratual — ou
seja, o termo inicial dos juros de mora deve ser a data do evento danoso (no caso, a morte da
mulher).
Assim, a relatora deu provimento ao recurso para alterar a decisão de segunda instância,
restabelecendo a sentença nos pontos em que se arbitrou a condenação pelos danos morais em
R$ 60 mil em favor de cada um dos autores e determinando como termo inicial dos juros de mora a
data do óbito, com base em súmula do STJ (súmula 54). A família da mulher foi representada pela
advogada Renata Do Val.
RE 1.917.122
https://www.conjur.com.br/2021-mai-19/stj-restabelece-condenacao-120-mil-erro-medico
Reajuste de plano por idade deve ser especificado em
contrato, diz juiz
Fonte: Consultor Jurídico
Data: 19/05/2021
É legítimo que uma empresa de saúde aumente o valor dos planos conforme a faixa etária
do cliente, porém é necessário que o reajuste esteja previsto no contrato; caso contrário, pode ser
considerado falha na prestação de serviços. Assim entendeu o 1º Juizado Especial Cível e das
Relações de Consumo de São Luís ao condenar uma operadora de plano de saúde por promover
reajuste baseado na faixa etária de beneficiário, sem a devida previsão contratual.
Segundo os autos, a parte autora manteve contrato com a empresa desde 2012 e até 2019
pagava uma mensalidade de R$ 543,22. O valor foi reajustado em setembro de 2019 para R$
610,27, o que equivale a um reajuste de 12,34%. Pouco tempo depois, em janeiro de 2020, o plano
foi alterado novamente para o valor de R$ 1.384,05, o que corresponde a um reajuste de 126,8%,
sob a justificativa de que o cliente teria completado 49 anos. O beneficiário procurou o
Departamento Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) e, como não obteve
resultado, entrou com ação.
A operadora de saúde, em sua defesa, alegou que o contrato do autor sofreu reajuste em
setembro de 2019 em razão do aniversário do plano, e em janeiro de 2020 em razão da mudança
de faixa etária do homem. Justificou ainda que o reajuste de mudança de faixa etária foi em razão
de que o cliente estar mais idoso e apresentar mais riscos de ter problemas de saúde.
Ao analisar os processos, o juiz Márcio Aurélio Cutrim Campos observou que o Superior
Tribunal de Justiça firmou entendimento e decidiu pela legitimidade dos reajustes de mensalidade
dos planos de saúde conforme a faixa etária do usuário, desde que haja previsão contratual e que
os percentuais sejam razoáveis. "No caso dos autos, não foi possível certificar de que o reajuste
por faixa etária estava previsto no contrato de adesão assinado pelo autor, visto que a requerida
mesmo intimada para juntar tal documento, não o fez (...) Desse modo, restou caracterizada a
ilegitimidade do reajuste por faixa etária aplicado na época em que o autor completou 49 anos por
ausência de previsão contratual", ponderou.
O magistrado ressaltou ainda que o contrato do autor fez aniversário em junho e não houve
repasse desse aumento apenas nas parcelas de junho, julho e agosto. Dessa forma, a operadora
poderia cobrar as diferenças desses três meses com efeito retroativo nas mensalidades de
setembro, outubro e novembro. Assim, Campos determinou a suspensão do reajuste e decidiu que
a empresa pague indenização por danos morais no valor de R$ 2 mil. Com informações da
assessoria de imprensa do TJ-MA.
0800605-41.2020.8.10.0006
https://www.conjur.com.br/2021-mai-19/reajuste-plano-idade-especificado-contrato
Sobre a responsabilidade médica na falha do dever de
informação
Fonte: Consultor Jurídico
Por: Felipe Navarro Freire Moreira
Data: 19/05/2021
O fenômeno da judicialização da Medicina — como uma subespécie da judicialização da
saúde — trouxe novos contornos à relação do médico com o paciente e uma nova importância aos
documentos médicos. Se em momento anterior a relação médico-paciente possuía uma índole
paternalista, hipocrática, pautada na confiança e na submissão do paciente às recomendações e
prescrições do "médico da família", o florescer da bioética na segunda metade do século 20
permitiu equalizar essa relação, elevando a autonomia do paciente como princípio de atuação na
saúde.
Essa evolução, contudo, ainda permite a atuação médica com resquício sacerdotal,
sobretudo quando se privilegia o princípio da beneficência. Nos Estados Unidos, por exemplo,
berço da bioética, alguns estados permitem os tratamentos clínicos compulsórios, especialmente
em casos de doenças psiquiátricas, sexualmente transmissíveis e dependência química,
justificando-se o benefício ao paciente e o risco de dano à sociedade.
Mas, ainda nessas hipóteses, já se discute que os tratamentos compulsórios possuem um
maior índice de abandono e baixa eficácia do que aqueles tratamentos realizados de forma
voluntária [1], evidenciando a importância de uma comunicação clara, direta e compreensível entre
médico e paciente.
No atual Direito brasileiro, o dever do médico de prestar todas as informações ao paciente
é extraído do Código Civil [2], ao tratar sobre os atos de disposição do próprio corpo, e do Código
de Defesa do Consumidor [3]. Além disso, o Código de Ética Médica também exige que o médico
obtenha o consentimento do paciente para que seja realizado qualquer procedimento [4].
Logo, a responsabilidade médica, além do exame da culpa apta a configurar negligência,
imprudência ou imperícia, também pode surgir por uma deficiência ao prestar informações
adequadas e suficientes acerca dos procedimentos e suas consequências. No atual contexto, em
que a Medicina precisa lidar com o paciente que possui acesso instantâneo à informação (não
necessariamente correta, v.g., "Dr. Google") e de fácil acesso à Justiça, os documentos médicos
tiveram sua função de registro histórico e de progressão terapêutica do paciente com novos
contornos de documentos jurídicos e prova judicial.
No processo judicial, pelo princípio da colaboração processual, trazido no §1º do artigo 373
do Código de Processo Civil (CPC) [5], cada parte deve contribuir com os elementos probatórios
que mais facilmente podem ser exigidos. Igualmente, mas sob a égide do Código de Defesa do
Consumidor, a responsabilidade subjetiva do médico como profissional liberal também não exclui a
possibilidade da inversão do ônus da prova, se houver no processo a demonstração de
verossimilhança e identificada a hipossuficiência para produção da prova.
De toda sorte, pôr sobre o paciente o ônus da prova de que o médico não lhe deu a
necessária informação, ou mesmo de que não outorgou o respectivo consentimento informado, é
lhe impor o que a doutrina chamou de prova diabólica, ou seja, fazer prova de um fato que não
aconteceu, um fato negativo. Assim, caberá ao médico comprovar que o paciente exerceu sua
autonomia e consentiu com a intervenção médica. Mas a comprovação do consentimento vai além
de apresentar o termo de consentimento com a assinatura do paciente: é necessário que o médico
também comprove ter prestado todas as informações devidas.
Na medida em que o consentimento informado é o exercício da autonomia pelo paciente,
este deve estar revestido de todas as informações relativas à intervenção médica, viabilizando que
o consentimento seja realizado de forma livre, consciente e esclarecido; é a informação um
pressuposto do consentimento [6].
E justamente pelo requisito prévio da completa informação é que o termo de
consentimento, mesmo que por escrito e assinado, não é o suficiente para o afastamento de
responsabilidade diante das eventuais demandas que ocorram diante de um mau resultado. Não é
incomum que o termo de consentimento seja entregue ao paciente instantes antes da intervenção,
contendo diversas páginas, sem oportunizar a prévia leitura e esclarecimento e com um X no local
onde o paciente deve assinar para "consentir".
É nesse contexto que Maria de Fátima Freire de Sá e Bruno Torquato de Oliveira Naves
trazem importante reflexão [7]:
"No Brasil, infelizmente, o consentimento livre e esclarecido tem-se convertido em mais um
documento a ser assinado pelo paciente, sem real preocupação de verificar sua compreensão de
riscos e demais opções de tratamento".
E atento a essa recorrência de desvirtuamento da finalidade do termo de consentimento
como apenas mais um documento médico, o Superior Tribunal de Justiça, ao julgar o Recurso
Especial 1.540.580 [8], foi exigente e preciso com a observância da preservação da autonomia do
paciente.
"3) O dever de informação é a obrigação que possui o médico de esclarecer o paciente
sobre os riscos do tratamento, suas vantagens e desvantagens, as possíveis técnicas a serem
empregadas, bem como a revelação quanto aos prognósticos e aos quadros clínico e cirúrgico,
salvo quando tal informação possa afetá-lo psicologicamente, ocasião em que a comunicação será
feita a seu representante legal.
[...]
5) Haverá efetivo cumprimento do dever de informação quando os esclarecimentos se
relacionarem especificamente ao caso do paciente, não se mostrando suficiente a informação
genérica. Da mesma forma, para validar a informação prestada, não pode o consentimento do
paciente ser genérico (blanket consent), necessitando ser claramente individualizado".
Também merece destaque a recente decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo [9] que,
apesar de afastar a culpa do médico nos danos sofridos pelo paciente, reconheceu a
responsabilidade civil pela omissão de informação.
"(...) Existência de lesão estética. Perícia médica que concluiu que não houve conduta
culposa do réu, apesar de danos evidenciados. Complicações passíveis de ocorrência, conforme
esclarecimento do perito. Negligência ou imperícia não verifica nos procedimentos médicos
propriamente ditos. Termo de Consentimento Esclarecido que é genérico. Falha na prestação de
serviços por violação do dever de bem informar. Responsabilidade civil do réu caracterizada pela
omissão do dever de informação (...)".
Como forma de superar a dificuldade do médico em produzir uma prova de que prestou
todas as informações ao paciente, o Conselho Federal de Medicina (CFM) dá as pistas para a
obtenção de um consentimento hígido através da Recomendação 01/2016 [10], que prevê como
algum dos requisitos a descrição sucinta, clara, objetiva e acessível do procedimento, descrição de
eventuais desconfortos, benefícios e riscos e cuidados pós-procedimento.
Um documento escrito que contenha de forma satisfatória os itens recomendados pelo
CFM facilita a comprovação do cumprimento do dever médico e o afastamento da responsabilidade
pela falha na informação, e bem por isso um bom termo de consentimento sempre será
acompanhado de uma boa prática médica.
Felipe Navarro Freire Moreira é advogado com atuação nas áreas Cível e de Direito Médico no
escritório Laurentiz Sociedade de Advogados, pós-graduado em Direito Médico e Bioética pela
Universidade Católica de Salvador.
https://www.conjur.com.br/2021-mai-19/moreira-responsabilidade-medica-falha-dever-informacao
Vacinação contra a Covid não pode ser impedida por
convicções filosóficas
Fonte: Consultor Jurídico
Data: 20/05/2021
O Supremo Tribunal Federal formou maioria para rejeitar embargos de declaração opostos
a uma decisão da Corte segundo a qual o Estado pode determinar aos cidadãos que se submetam,
compulsoriamente, à vacinação contra a Covid-19, prevista na Lei 13.979/2020. Em tais casos, não
se caracteriza violação à liberdade de consciência e de convicção filosófica dos pais ou
responsáveis, nem tampouco ao poder familiar. O relator do caso, ministro Luís Roberto Barroso,
rejeitou o pedido e foi seguido, até agora, pelos ministros Rosa Weber, Alexandre de Moraes,
Carmen Lúcia, Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes. A votação ocorre no plenário virtual.
Os embargos foram apresentados contra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de São
Paulo (TJ-SP) que determinou que pais veganos submetessem o filho menor às vacinações
definidas como obrigatórias pelo Ministério da Saúde, a despeito de suas convicções filosóficas. Os
pais recorreram. Os embargos apresentados alegam que o acórdão do STF teria sido omisso por
não haver respondido indagações tais como: de que maneira deve ser feita a regularização das
vacinas; qual o calendário a ser utilizado; se todas deverão ser aplicadas de uma vez; e se deverá
haver acompanhamento médico após o procedimento.
O ministro ponderou, no entanto, que "a liberdade de consciência é protegida
constitucionalmente (art.5º, VI e VIII) e se expressa no direito que toda pessoa tem de fazer suas
escolhas existenciais e de viver o seu próprio ideal de vida boa. É senso comum, porém, que
nenhum direito é absoluto, encontrando seus limites em outros direitos e valores constitucionais.
No caso em exame, a liberdade de consciência precisa ser ponderada com a defesa da vida e da
saúde de todos (arts. 5º e 196), bem como com a proteção prioritária da criança e do adolescente
(art. 227)".
A controvérsia sobre se os pais podem decidir sobre a vacinação dos filhos motivados por
convicções filosóficas não se sustenta, de acordo com Barroso. "Tal controvérsia foi
adequadamente solucionada pelo Tribunal, que fixou a seguinte tese de julgamento: É
constitucional a obrigatoriedade de imunização por meio de vacina que, registrada em órgão de
vigilância sanitária, (i) tenha sido incluída no Programa Nacional de Imunizações, ou (ii) tenha sua
aplicação obrigatória determinada em lei ou (iii) seja objeto de determinação da União, Estado,
Distrito Federal ou Município, com base em consenso médico-científico. Em tais casos, não se
caracteriza violação à liberdade de consciência e de convicção filosófica dos pais ou responsáveis,
nem tampouco ao poder familiar".
ARE 1.267.879
https://www.conjur.com.br/2021-mai-20/stf-forma-maioria-rejeitar-conviccoes-filosoficas-vacinacao
Mais retrocessos contra os consumidores dos planos de
saúde
Iniciativa do Consu, comandada por Queiroga, demonstra desconhecimento técnico do papel da saúde suplementar
Fonte: JOTA
Por: Ana Carolina Navarrete e Maria Stella Gregori
Data: 12/05/2021
Quem acompanha a agenda do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, já pressentia que
velhos temas poderiam voltar ao debate. Desde que assumiu a pasta, Queiroga reuniu-se somente
com representantes do setor privado, das operadoras e dos prestadores de serviço. O resultado
dessas articulações desavergonhadas veio à luz agora, com o anúncio de uma consulta pública
sobre a chamada “Política Nacional de Saúde Suplementar Para o Enfrentamento da Pandemia da
Covid-19”, que seria elaborada pela Agência Nacional de Saúde (ANS) com diretrizes e princípios
definidos pelo Consu (Conselho de Saúde Suplementar), um órgão de representação
interministerial.
A PNSS-Covid-19 vem tarde e vem torta. O texto, genérico e propositalmente impreciso,
abre espaço, por exemplo, para a extinção dos prazos máximos de atendimento e para a
proliferação de planos subsegmentados, mais baratos e com baixíssima cobertura, que se apoiam
no SUS para a realização dos procedimentos mais caros e complexos. Outra aberração é a ideia
de ampliar o poder de interferência das operadoras nas relações entre médicos e pacientes,
inclusive fazendo mais exigências para autorizar procedimentos e tratamentos – uma
burocratização que tem o único objetivo de reduzir os gastos das empresas às custas da saúde
dos consumidores.
Por fim, o texto desestimula o atendimento de consumidores de planos de saúde pelo SUS,
o que fere nossa Constituição Federal, que garante atendimento a qualquer cidadão. As diretrizes
propostas pelo Consu violam a autonomia técnica da ANS – que, aliás, foram fortalecidas pela Lei
das Agências Reguladoras. Desde o início da pandemia, não faltaram oportunidades para que a
ANS e as operadoras de planos de saúde contribuíssem de maneira voluntariosa com o
enfrentamento da crise.
O que a sociedade ouviu foi uma sequência de negativas cruéis. Cessão de leitos
disponíveis para atendimento de pacientes em fila única com o SUS? Não. Ampla testagem da
Covid-19 para os consumidores? Não. Inclusão irrestrita dos testes sorológicos no Rol de
Cobertura Obrigatório? Não. Suspensão ampla dos reajustes para planos individuais e coletivos?
Não. Suspensão da recomposição dos reajustes? Não.
Apesar de tudo isso, as operadoras agora são tratadas como grandes aliadas na batalha
contra a pandemia e, como recompensa, ganharam a chance de impulsionar o setor em detrimento
do SUS e dos direitos dos consumidores. Com o cheque em branco da nova política, elas podem
finalmente emplacar sua agenda histórica de desregulação e redução das garantias assistenciais,
em um mercado onde os abusos são persistentes.
E fica pior. A consulta pública acontece no exíguo prazo de dez dias, absolutamente
incompatível com a complexidade e importância das questões que o texto da PNSS-Covid-19
levanta. O que se quer, não resta dúvidas, é envolver de legitimidade um processo com desfecho
combinado: o fortalecimento e a ampliação do mercado de saúde suplementar e a oficialização do
parasitismo em relação ao SUS – o que o texto do Ministério da Saúde convenientemente chama
de “integração”.
Em todo o mundo a pandemia serviu para ressaltar a importância dos sistemas públicos e
universais. O Brasil, mais uma vez, corre na contramão. A iniciativa do Consu, capitaneada pelo
ministro da Saúde, demonstra desconhecimento técnico do papel da saúde suplementar nas ações
de saúde no país e atesta que este governo se move à revelia da crise, sem compaixão ou empatia
com milhares de pessoas e famílias dilaceradas pela Covid-19. O foco está na área econômica, e
não nos cidadãos e consumidores. É por isso que defendemos a rejeição integral da proposta.
Ana Carolina Navarrete – Advogada e coordenadora do Programa de Saúde do Idec.
Maria Stella Gregori – Advogada, professora da PUC/SP, ex-diretora da Agência Nacional de
Saúde (ANS).
https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/mais-retrocessos-contra-os-consumidores-dos-
planos-de-saude-12052021?utm_campaign=jota_info__mais_lidas_da_semana_-
_150521&utm_medium=email&utm_source=RD+Station
O pedido por silêncio de Pazuello e o ataque hacker ao STF
Tribunal escrutina invasão ao seu sistema e analisa habeas corpus de ex-ministro para poder abandonar CPI
Fonte: JOTA
Data: 14/05/2021
Neste episódio de Sem Precedentes, podcast do JOTA sobre o Supremo Tribunal Federal
(STF), uma das pautas é o possível ataque hacker que fez o site do tribunal, incluindo a área de
consulta processual, ficar fora do ar por dias a partir da quinta-feira (6/5). O tribunal agora apura
quem seria o responsável pela invasão. A investigação será incluída no inquérito das fake news,
que apura ataques ao tribunal. É sabido que a estrutura de tecnologia dos tribunais é obsoleta. A
situação se tornou mais evidente quando, em novembro passado, o Superior Tribunal de Justiça
(STJ) foi alvo de ataque e sequestro de informações. Na época, o Ministério da Saúde também foi
vitimado.
Agora, outra questão é o acesso exponencial de robôs para a extração de dados de forma
automatizada, enquanto as plataformas dos tribunais não estão preparadas para o volume de
cliques. Com isso, as equipes de tecnologia do STF estudam criar estrutura para lidar com essa
mudança. Para discutir o caso, Ivar Hartmann, professor do Insper e que usa cotidianamente
informações do tribunal para pesquisa, foi convidado especial desse episódio.
Também é tema da edição o habeas corpus impetrado pelo general Eduardo Pazuello, ex-
ministro da Saúde, assinado pelo advogado-geral da União, André Mendonça. O ministro Ricardo
Lewandowski é o relator. Pazuello pede ao STF o direito a permanecer em silêncio durante
depoimento na CPI da Covid-19 para não produzir provas contra si mesmo, o que já é garantido.
Também quer poder se retirar do recinto se for constrangido. Ele deve se apresentar à comissão
no Senado como testemunha na próxima quarta-feira (19/5).
O Sem Precedentes é apresentado por Felipe Recondo, diretor de conteúdo do JOTA. Os
participantes fixos são Juliana Cesario Alvim, professora da Universidade Federal de Minas Gerais;
Diego Werneck, professor do Insper, em São Paulo; e Thomaz Pereira, da Fundação Getúlio
Vargas (FGV), no Rio de Janeiro.
Acompanhe o podcast no YouTube.
https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/sem-precedentes/silencio-pazuello-ataque-hacker-
stf-14052021?utm_campaign=jota_info__ultimas_noticias__destaques_-
_14052021&utm_medium=email&utm_source=RD+Station
Produção de vacina depende de assinatura de contrato da
Fiocruz com AstraZeneca
Fabricação de imunizante com insumos importados será paralisada a partir de quarta-feira
Fonte: JOTA
Data: 17/05/2021
Maior fornecedora de vacina contra Covid-19 no Brasil, ao lado do Instituto Butantan, a
Fiocruz enfrenta desafios tanto com a importação de insumos quanto com a produção de IFA
(ingrediente farmacêutico ativo) nacional. Em entrevista ao JOTA, o diretor de Bio-Manguinhos,
Mauricio Zuma, afirmou que haverá atraso no início da produção da vacina 100% nacional. A
previsão de começar neste sábado (15/5) irá atrasar porque depende da assinatura do contrato de
transferência de tecnologia com a AstraZeneca.
Inicialmente, para concluir esse processo até julho, a Fiocruz pretendia finalizar a
assinatura do contrato até 8 de dezembro de 2020. A nova perspectiva é de que a negociação seja
concluída no fim desta semana. O diretor do laboratório também afirmou que o envase de IFA
importado pode ser paralisado a partir da próxima quarta-feira (19/5), o que deverá impactar nas
entregas de junho.
Leia a íntegra da entrevista com Mauricio Zuma:
Desde março, a Fiocruz tem falado na meta de produzir 6 milhões de doses por
semana. Na última semana de abril, esse patamar foi atingido, com a entrega de 6,5 milhões,
mas na semana seguinte apenas 3,6 milhões foram entregues. Por que essa oscilação? O
que falta para Bio-Manguinhos atingir uma estabilidade na produção?
Mauricio Zuma: A gente já atingiu essa estabilidade, essa consistência de produção e está
produzindo entre 5 e 6 milhões de doses por semana. A vacina que eu produzo, por exemplo, esta
semana, eu só vou entregar daqui a três semanas, por causa do processo de controle de
qualidade. Lá atrás, tivemos uma semana em que a produção teve um rendimento mais baixo
porque o ingrediente, o IFA, não rendeu o que era esperado. Dependendo da concentração viral
que vem no IFA, você tem um rendimento melhor ou pior. Naquela semana, tivemos lotes mais
baixos.
E também foi uma semana, se não me engano, que não tínhamos envasado um dia ou dois
para fazer um teste de turno em uma das máquinas. A gente ficou com aquela máquina sem
produzir e também os rendimentos foram mais baixos. Isso culminou naquelas duas semanas, mas
a gente foi conseguindo reestabilizar e voltou.
A previsão de entrega em maio é de 20,6 milhões e outros 34,2 milhões para junho?
Deve ser por aí. Maio está certo de que deve ser próximo a isso. A gente sempre tem essa
dificuldade. Faz a previsão, mas se não teve o rendimento [diminui a quantidade]. Mas vai ser
próximo a isso.
Com relação a junho, a gente tem uma previsão maior porque a partir do dia 14 vai entrar
uma nova máquina. A gente está dependendo de confirmações agora por causa do fornecimento
de IFA. A gente precisa dessa continuidade. Nossa capacidade de produção está legal, agora se o
IFA não chegar, pode ser que a gente não consiga [entregar as doses]. A gente só vai poder
confirmar mais à frente, depende dessas confirmações da entrega [de IFA].
No cronograma de envios de IFA da AstraZeneca havia previsão de remessas em 29
de abril, 12 de maio, 18 de maio, 19 de maio, 26 de maio e 2 de junho. A primeira entrega não
foi cumprida. Quando chega o próximo lote de IFA e quantas doses é possível produzir a
partir desse quantitativo? A última remessa recebida foi no dia 24 de abril?
A gente ainda está aguardando. A gente recebeu naquela data [24 de abril] e não recebeu
a seguinte. É mais provável que esse IFA só chegue no sábado que vem [22 de maio]. No sábado
que vem eles já confirmaram. Vão chegar 22 e 30 com certeza. Estão só tentando antecipar isso
um pouco.
Com esses próximos envios, dos dias 22 e 30, vai ser possível produzir quantas
doses?
Cada lote de IFA está vindo em torno de 6,5 milhões de doses, o que acaba dando para
uma semana e um pouquinho mais, com a nossa consistência de produção. Nós agora atingimos
uma capacidade de produção boa e estamos botando pressão na AstraZeneca para ver se eles
conseguem acelerar os lotes. Se eles conseguirem manter aquele cronograma, a gente entrega
essa produção que a gente estimou. Se eles falharem, a gente vai ter que fazer um slow down na
produção.
Com essa remessa de IFA de 24 abril, a Fiocruz informou que conseguiria produzir
até a segunda semana de maio. Então, nesta semana, se não chegar IFA, a produção será
interrompida?
Na verdade, rendeu um pouquinho mais do que a gente imaginava, então vai dar para
envasar ainda segunda e terça, se não me engano. Se não chegar, como está aparentando que
eles não vão conseguir adiantar, aí a gente vai ficar realmente alguns dias parados. Vamos ficar
uns três ou quatro dias parados pelo menos.
Quais os entraves para importação do IFA? O diretor do Instituto Butantan, Dimas
Covas, tem dito que as declarações do governo federal em relação à China têm atrapalhado.
O senhor entende que essa questão também está afetando as entregas para a Fiocruz?
A gente tem uma negociação diferente. O Butantan trata diretamente com o Sinovac. A
nossa parceria é com a AstraZeneca e a AstraZeneca estabeleceu a Wuxi [chinesa WuXi Biologics]
como a empresa que fornece o IFA. Quem toma as providências é a AstraZeneca. Nós somos
apenas informados do que está acontecendo.
A AstraZeneca tem falado em dois problemas. Um problema é a falta de IFA também para
vacinas da Europa, que está pressionando muito eles. Eles estão tendo que dividir [os envios de
insumos] e o nosso contrato previa apenas dois lotes por mês. Só que a gente fez um acordo não
oficial e eles se comprometeram extraoficialmente a acelerar esse cronograma porque nós fizemos
aquele cronograma de entrega [para o PNI].
Só que eles estão tendo dificuldade de manter isso por conta da falta de vacina na Europa.
Eles estão sendo processados na Europa porque lá está atrasado mesmo. Aqui eles estão em dia,
na verdade. Se você contabilizar dois lotes por mês, mesmo eles tendo atrasado em fevereiro, eles
já entregaram oito lotes e com esses dois de maio, eles ficam, por contrato, cobertos. Já na
Europa, como está mais atrasado, eles estão sendo processados. Esse é um problema que eles
estão com dificuldade de acelerar.
O segundo problema, sendo eles, é a burocracia chinesa. Eles falaram que, no final do mês
passado, mudou mais uma vez o processo de liberação. Eles não estavam podendo dar entrada
em um pedido antes de concluir o pedido anterior. Como o pedido anterior só será concluído no
final do mês agora, por exemplo, só quando concluir esses dois [dos dias 22 e 30 de maio] é que
eles podem dar entrada em um novo pedido. Essa foi a justificativa que eles apresentaram para a
gente.
A embaixada do Brasil na China está apoiando também, tem acompanhado e tentado
interceder para acelerar. Aqui no Brasil a gente tem feito contatos com a embaixada chinesa, com
o embaixador, com o conselheiro da embaixada. Eles estão apoiando também, mas pode ter
alguns mistérios que a gente não sabe exatamente quais são.
Essa alteração burocrática foi para todos os países?
É para todos os países. É normal. Pelo que a AstraZeneca fala, para a Europa é a mesma
coisa. Para o Butantan também deve passar pelo mesmo processo.
Em relação à produção diária, Bio-Manguinhos atingiu em 22 de abril a marca de 1
milhão de doses produzidas em um único dia. Em abril, o senhor falou de algumas
alternativas para aumentar essa produção, como tentar aumentar o lote. Foi adotada alguma
iniciativa nesse sentido?
Estamos trabalhando nisso, sim. A gente quer aumentar cada vez mais. Há possibilidade
de aumentar lotes, mas para fazer isso a gente tem de fazer uma série de testes, validações, para
garantir que a gente não vai perder o processo. Isso, às vezes, até consome espaço de máquina.
Para fazer isso você tem que parar a máquina e, em vez de envasar um lote, fazer uma simulação
para ver se tudo funciona direitinho. Fizemos algumas validações. Estão em análise e a gente
acredita que vai conseguir aumentar cada vez mais com essas duas máquinas que a gente tem.
E entrando a terceira máquina, que está prevista para estrear no dia 14 de junho, a gente
tem capacidade para mais um milhão por semana, pelo menos, é o que a gente estima. A gente só
vai saber mesmo fazendo o envasamento. Pode ser que dê mais.
A Anvisa, quando esteve aqui para ver nossa área de IFA [inspeção no fim de abril da área
de produção de IFA nacional], já visitou essa área em que as máquinas estão em qualificação, as
instalações. Já falou que está satisfeita com o que viu, que a gente vai precisar apenas fechar
todas as documentações relativas a essas qualificações e validações, mandar para eles e fazer um
CTO [verificação das condições técnico-operacionais] de forma remota.
Como eles já visitaram a área, podem concluir fazendo remotamente. Vai ser muito legal. A
gente espera fazer isso no final deste mês ainda. A gente deve ter a certificação da área.
Esse aumento de produção deve ocorrer então com a ativação da terceira máquina
em 14 de junho e com um aumento de lote, que aguarda resultado dessa validação? Essa
validação também deve ocorrer no fim do mês? Essas mudanças impactariam na produção
de junho?
Isso. Os dois fatores estão previstos para influenciar a produção de junho. A gente deveria
ter começado a fazer o envasamento com bolsas plásticas em janeiro e fevereiro, só que não havia
disponibilidade no mercado internacional. Os fornecedores não entregaram. Nós desenvolvemos
uma alternativa e, em vez das bolsas, usamos tanques de aço inox, que é o que a gente costuma
usar mesmo, só que eles têm uma capacidade menor do que essas bolsas. Nós improvisamos,
mas esses lotes ficaram menores.
Recentemente, nós recebemos as bolsas e começamos a fazer esses testes que a gente
tinha que ter feito em janeiro ou fevereiro. A gente só conseguiu fazer agora por conta da
disponibilidade das bolsas. Estamos fazendo as validações dessas bolsas, que permitem lotes
maiores. Isso vai permitir que a gente consiga envasar mais do que estamos envasando hoje. Com
essas duas máquinas, a gente vai ficar em torno de 1,1 milhão de doses por dia. Não vai passar
muito disso. O que vai nos dar mais capacidade é essa terceira máquina em junho.
E a gente tem uma nova linha também que vai ficar pronta no final do ano. Essa é um
avião. É uma máquina excelente, de última geração, alta velocidade, que permite operações mais
rápidas e seguras porque é uma linha com isolador. Ela permite menos intervenções no ambiente.
Hoje, o operador tem muito contato com o produto, então tem de ter muito cuidado para
não contaminar. Apesar de toda a parafernalha que o cara veste e toda a limpeza na sala, a gente
corre muitos riscos porque operação com biológico tem muito risco de ser contaminada. Essa
máquina tem um isolador que o operador não entra contato com o produto, então é muito mais
seguro e já tem sistema que faz toda esterilização daquele ambiente dentro da máquina. É como
se fosse uma cabine em cima da linha de produção em que o operador bota a mão, então tudo ali
dentro está esterilizado e não tem contato com o ambiente externo. É muito mais seguro e a
velocidade da máquina vai permitir envasamentos muito mais rápidos.
Mas a gente depende das empresas. É uma empresa alemã e outra suíça que vão vir fazer
qualificação da máquina, que é lenta, e eles só virão no segundo semestre. Não tem agenda para
vir antes. Tem de ser eles a fazer. Então essa máquina só fica pronta no final do ano.
Sobre a fabricação do IFA nacional, começa no próximo sábado (15/5), conforme
anunciado? Quanto tempo leva a produção desses primeiros lotes de pré-validação e eles
poderão ser usados no PNI?
É esse o nosso plano [usar no PNI]. Na verdade, o pessoal gosta de marcar datas
comemorativas ‘ah começou a produção’, mas a gente já está operando há bastante tempo porque
hoje estamos fazendo simulação de operação. O nosso pessoal está em fase final de treinamento.
O processo produtivo mesmo vai começar quando recebermos os bancos de células e vírus. Só
que precisamos fechar o contrato com a AstraZeneca. Precisamos receber os bancos de células e
vírus para começar o processo de produção específico. No nosso cronograma, ele [o processo
produtivo] se iniciaria no fim desta semana. Como a gente não assinou o contrato ainda, a gente
não deve receber ainda [os bancos de células e vírus]. Se a gente conseguir assinar nesta semana
– a gente está correndo, mas não sabemos ainda se será possível – a gente recebe [os bancos de
células e vírus] nesta semana. Em princípio, isso não gerará atraso no nosso cronograma.
Realmente, o processo produtivo é longo. Um lote demora cerca de 45 dias, desde a gente
começar a descongelar as células e vírus até chegar ao finalzinho, depois de toda a purificação do
processo e a formação do lote, que é o congelamento do que sobrou nas bolsas. Isso leva cerca de
45 dias, fora controle de qualidade.
Queremos fazer isso com bastante cuidado porque a gente quer aproveitar [os primeiros
lotes para serem usados no PNI]. Normalmente os primeiros lotes são lotes de testes. Esses lotes
de pré-validação não são utilizados. A gente joga fora. Mas dada a situação que a gente não quer
perder uma dose, se esses lotes tiverem resultados bons, iguais aos lotes normais, a gente
pretende aproveitar eles. Se tiver dados bastante consistentes, a gente vai utilizar eles para
vacinação e isso acelera porque eles vão ser os primeiros lotes.
Foi assim que aconteceu com a empresa de Wuxi. Os primeiros lotes que recebemos aqui
foram de pré-validação. Envasamos e a Anvisa autorizou a utilização pelos resultados dos testes.
Foram utilizados sem problemas. A gente pretende fazer da mesma forma para acelerar o
processo.
Se tudo der certo, a gente espera liberar em outubro esses primeiros lotes e mais alguns. A
gente vai ter um espaço maior de qualidade porque vai ter de fazer muitos testes de qualificação,
de caracterização, porque a gente vai ter que garantir que esse IFA que a gente vai produzir é igual
a todos os IFAs da AstraZeneca ao redor do mundo. Esse teste é feito para garantir que é a
mesma vacina. É um teste longo, feito fora do Brasil. Tudo isso faz o processo ser longo. Por isso
que, se a gente começar o processo no final de maio, a gente só conclui ele lá para outubro.
Vamos torcer para conseguir dar conta desse cronograma, que é ousado.
Estamos discutindo inclusive com a Anvisa. Tivemos reunião para discutir a estratégia
regulatória, tentar apresentar para eles como a gente está estabelecendo o desenho regulatório do
processo, para ver se eles aceitam. Se a gente usasse o processo normal, só conseguiria liberar a
vacina no ano que vem. Às vezes leva um ano para conseguir liberar essas primeiras doses, os
primeiros lotes de validação. Mas a gente tem uma estratégia de acordo com os protocolos que
estão sendo adotados pelas agências internacionais nesta pandemia. A gente vai tentar adequar
esse processo nosso para tentar ser mais rápido e conseguir liberar em outubro.
Esses bancos de células e vírus vêm de onde?
Se não me engano, dos Estados Unidos ou do Reino Unido. É da AstraZeneca. São eles
que vão fornecer para a gente.
Esse contrato de transferência de tecnologia estava previsto para ser assinado ainda
em 2020 e essa data foi sendo adiada. Qual o entrave no momento e qual a perspectiva de
resolver?
Quando a gente assinou a ETEC [contrato de encomenda tecnológica firmado em
setembro], se não me engano, a gente tinha 90 dias para firmar o contrato. Foi uma meta que a
gente estabeleceu entre nós. A gente iria assinar no início de dezembro. Só que foram tantas
atividades que tivemos de desenvolver – os dois, tanto a AstraZeneca quanto nós – que não
conseguimos. Naquele momento, a vacina estava finalizando o estudo clínico e com todas as
providências para estabelecer a produção aqui. Só em dezembro que a gente começou a
conversar sobre esse contrato. A gente atrasou porque não conseguimos mesmo.
É um contrato muito complexo. Normalmente a gente leva mais de um ano discutindo
contratos de transferência de tecnologia. E a gente começou a discutir também nesse tiroteio todo
de implementar a produção, de entregar a vacina. Tem limitação física mesmo nossa. A gente está
finalizando a discussão. É um contrato com mais de 100 páginas, fora os anexos que detalham
tudo: acordos de qualidade, acordos de operação, de produção. Tem as questões jurídicas de
direito internacional, direito público brasileiro, direito de propriedade intelectual. Ele é muito
complexo. Até a gente limpar tudo… A gente passa cláusula por cláusula, linha por linha. Às vezes
briga por uma frase. É muito complexo.
Estamos finalizando. Garanto que faltam muitos poucos detalhes. Agora realmente está na
fase final e tenho quase certeza de que, pelo menos nesta semana a negociação a gente finaliza. E
aí é questão burocrática mesmo porque no direito público tem uma série de providências que a
gente tem que tomar.
Assim que for assinado o contrato, esses bancos de células e vírus podem ser
enviados?
Sim. Desde agosto eles [AstraZeneca] estão nos passando informação. Liberaram todas as
informações. Foi por isso que conseguimos colocar essa produção pronta para começar,
instalações prontas. Mas os bancos são um segredo. Se me der o banco, eu vou endurecer mais
ainda as negociações porque já estou com tudo para produzir. Eles não vão passar isso antes de a
gente fechar.
Como o cronograma prevê a produção com IFA importado até julho e com IFA
nacional a partir de outubro, há essa lacuna em agosto e setembro. Como estão as
alternativas para resolver essa questão, como o envio das 8 milhões de doses do Instituto
Serum pendentes e a ampliação das remessas da AstraZeneca ou via Covax?
O Serum uma incógnita hoje por causa da situação lá [na Índia], mas a gente ainda espera.
A gente não comprou nada deles, mas eles tinham um compromisso conosco de fornecer mais 8
milhões de doses. Se a gente conseguir, vai ser ótimo. Já está fechado com eles [AstraZeneca]. A
gente está assinando um contrato para um suprimento de mais 50 milhões de doses. Só que a
AstraZeneca não consegue confirmar ainda se vai conseguir adiantar. Em princípio, é para
entregar a partir de outubro, mas ela está tentando antecipar para ver se consegue entregar
alguma coisa em agosto e setembro.
E o Covax é o Ministério da Saúde que está negociando diretamente. São todas
alternativas que a gente está colocando na mesa para tentar diminuir o gap, se a gente não
conseguir eliminar ele. O governo já liberou recursos para aquisição dessas 50 milhões de doses
adicionais. A gente vai fechar o contrato e vamos esperar que a AstraZeneca consiga liberar.
São os recursos da MP 1.048?
Foi. Uma parte dos recursos é para a gente.
https://www.jota.info/tributos-e-empresas/saude/problemas-fiocruz-levam-paralisacao-producao-
vacinas-
17052021?utm_campaign=jota_info__ultimas_noticias__destaques__17052021&utm_medium=em
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Judiciário pode obrigar entes a aplicar recursos mínimos
anteriores a 2012 na saúde
Antes da LC 141/2012, não havia lei que regulamentasse percentuais mínimos que estados e municípios deveriam
aplicar na saúde
Fonte: JOTA
Data: 17/05/2021
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que é constitucional que o Poder Judiciário
determine que estados e municípios apliquem percentuais mínimos de recursos públicos na saúde,
em período anterior à Lei Complementar 141/2012. Isso porque esta lei definiu os percentuais
mínimos de repasses à saúde, mas antes dela, não havia lei expressa sobre esta matéria. Por
maioria, foi fixada a seguinte tese: “É compatível com a Constituição Federal controle judicial a
tornar obrigatória a observância, tendo em conta recursos orçamentários destinados à saúde, dos
percentuais mínimos previstos no artigo 77 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias,
considerado período anterior à edição da Lei Complementar 141/2012”.
O tema foi julgado no âmbito do Recurso Extraordinário (RE) 858.075, no qual o Ministério
Público Federal (MPF) recorreu de decisão do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2), que
definiu que não cabia ao Judiciário impor ao município de Nova Iguaçu e à União a aplicação de
recursos orçamentários mínimos na saúde. O caso foi julgado no plenário virtual encerrado na noite
da última sexta-feira (14/5).
O ministro relator, Marco Aurélio Mello, votou para dar provimento ao recurso, e disse em
seu voto que o Poder Judiciário, “em situações excepcionais, pode determinar a adoção de
medidas assecuratórias de direitos constitucionalmente reconhecidos como essenciais”. O ministro
determinou que seja restabelecida sentença de primeira instância, que determinou que o município
de Nova Iguaçu compense os valores não aplicados em 2002 e 2003, e que a União acompanhe o
cumprimento, condicionando novos repasses à essa aplicação correta. “É pertinente aparar arestas
e buscar, à luz da quadra vivida, emprestar concretude aos preceitos da Lei Maior. Nenhum pode
ser entendido de modo absoluto. É pertinente o controle judicial a fim de garantir o respeito ao
figurino constitucional”, disse o relator. Leia a íntegra do voto.
O ministro diz que, além dos preceitos fundamentais e normas legais, “a realidade revela
as mazelas brasileiras”. Marco Aurélio diz que “chega-se, com pesar, à conclusão de a ineficiência
na prestação dos serviços básicos, resultante de ações e omissões do Poder Público, desaguar na
violação massiva de direitos”. Para o ministro, “no tocante às necessidades básicas, deve
prevalecer o sistema intervencionista”.
“A ausência de medidas legislativas e administrativas eficazes sinaliza falha estrutural a
gerar violação sistemática, com perpetuação e agravamento da situação. Verifica-se haver a
Constituição Federal estabelecido a destinação de recursos voltados à promoção de ações e
serviços públicos na área da saúde. O fez ante a relevância dos direitos sociais em jogo, alçados à
condição de verdadeiros direitos fundamentais de caráter prestacional”, destacou.
Assim, o relator entendeu que no período anterior ao Congresso editar a LC 141/2012,
havia uma omissão constitucional, já que a Constituição prevê a fixação de repasses de
percentuais mínimos de recursos à saúde. A tese de Marco Aurélio foi acompanhada por nove
ministros, mas no caso concreto, o ministro Luís Roberto Barroso abriu divergência que saiu
vencedora.
Para Barroso, o recurso deve ser parcialmente provido, para condenar somente o
município de Nova Iguaçu a compensar as diferenças de repasses para os anos de 2002 e 2003,
na forma determinada na decisão de primeira instância. Para o ministro, não é necessário que a
União condicione futuros repasses ao município à aplicação na saúde, porque a Lei Complementar
de 2012 já fixa as condicionantes. Leia o voto de Barroso.
O ministro Alexandre de Moraes foi o único a divergir, entendendo que antes da LC
141/2012 não havia procedimento legal que permitisse a realização do devido processo para
inscrição dos entes públicos nos cadastros de restrição federal, nem para o estabelecimento de
elementos obrigacionais e respectivas sanções aos estados e municípios. “não vislumbro na
presente hipótese situação de excepcionalidade, que justifique a intervenção judicial, sem violação
ao princípio da separação dos poderes”, afirmou.
https://www.jota.info/stf/do-supremo/judiciario-pode-obrigar-entes-a-aplicar-recursos-minimos-
anteriores-a-2012-na-saude-
17052021?utm_campaign=jota_info__ultimas_noticias__destaques__17052021&utm_medium=em
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TCU volta a julgar Pazuello no mesmo dia de seu depoimento
à CPI
Em abril, auditores sugeriram responsabilização de ex-ministro e seus assessores
Fonte: JOTA
Data: 18/05/2021
O Tribunal de Contas da União (TCU) volta a julgar, nesta quarta-feira (19/5), o processo
no qual os técnicos da Corte pedem punição ao ex-ministro Eduardo Pazuello e ex-assessores
devido à má condução do Ministério da Saúde na pandemia. O processo volta à pauta do TCU no
mesmo dia em que o ex-ministro será ouvido pelos senadores na CPI da Pandemia. Seu
depoimento ao Senado começa às 10h, enquanto que a sessão do TCU teve início às 14h30.
O caso, que foi pautado pela primeira vez em abril, teve o julgamento interrompido após um
pedido de vista dos ministros Augusto Nardes e Jorge Oliveira, ligados ao presidente Jair
Bolsonaro. Na ocasião, a área técnica do TCU sugeriu aos ministros a aplicação de multas a
Pazuello, Élcio Franco Filho, ex-secretário executivo da pasta, Hélio Angotti Neto e Arnaldo Correia
de Medeiros, atuais secretários de Tecnologia e Vigilância do Ministério da Saúde.
Os auditores identificaram que o MS, sob Pazuello, descumpriu algumas decisões do TCU
referentes a política de testagem, política de comunicação e garantia de estoque de medicamentos
a estados e municípios. No julgamento que teve início em abril, o ministro-relator, Benjamin Zymler,
sugeriu abrir processos apartados para responsabilizar a cúpula do MS, mas Bruno Dantas e Vital
do Rêgo, por outro lado, defenderam punir o ex-ministro imediatamente.
Após a manifestação de Dantas e Rêgo, Jorge Oliveira, que foi indicado por Bolsonaro ao
TCU no fim do ano passado, afirmou que o TCU deve se ater a suas competências constitucionais.
A tendência para esta quarta-feira é que a posição de Zymler seja mantida e processos de
responsabilização a Pazuello e seus assessores sejam abertos de forma apartada.
https://www.jota.info/tributos-e-empresas/saude/tcu-volta-a-julgar-pazuello-no-mesmo-dia-de-seu-
depoimento-a-cpi-
18052021?utm_campaign=jota_info__ultimas_noticias__destaques__18052021&utm_medium=em
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TCU desmente Pazuello e nega que órgão foi contra comprar
vacinas da Pfizer
Ministros do órgão ficaram perplexos com fala do ex-ministro à CPI da Pandemia, que será julgado hoje pelo Tribunal
Fonte: JOTA
Data: 19/05/2021
O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello disse à CPI da Pandemia que o Tribunal de
Contas da União (TCU) se posicionou contra a assinatura de um memorando de entendimentos
com a Pfizer. Membros da Corte de Contas consultados pelo JOTA desconhecem esse
posicionamento e afirmam que o ministro faltou com a verdade aos senadores. O Tribunal soltou
uma nota oficial afirmando que a fala de Pazuello é mentirosa.
Cerca de uma hora após dizer que o TCU havia se manifestado contra a assinatura, o
relator Renan Calheiros (MDB-AL) confrontou o ex-ministro com a negativa do próprio tribunal de
que não havia emitido tal parecer. Segundo o ex-ministro Pazuello, quando a empresa atualizou
seu Memorando de Entendimentos em dezembro, com novas projeções de doses de vacina para o
Brasil, os órgãos de controle se posicionaram contra essa assinatura.
A declaração do ex-titular da Saúde à CPI deixou os ministros do TCU perplexos. O ex-
ministro, inclusive, volta a ser julgado esta tarde na Corte por omissões no combate à pandemia
durante sua gestão do Ministério da Saúde. “Seguimos em frente, vamos assinar o memorando de
entendimentos. Mandamos para os órgãos de controle, a resposta foi: ‘Não assessoramos
positivamente, não deve ser assinado’. CGU, AGU, todos os órgãos de controle, TCU… ‘Não deve
ser assinado’, e nós assinamos o MOU, mesmo com as orientações contrárias. O MOU foi
assinado contra as orientações da assessoria jurídica e de controle interno e externo”, disse
Pazuello à CPI.
O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra, disse que não conhecia essa
informação. “Eu não sabia que o Tribunal de Contas da União tinha uma recomendação contrária à
assinatura do memorando de entendimentos. Isso é uma novidade pra mim”, falou.
Ao JOTA, membros do TCU afirmaram que a fala do ex-ministro à CPI não é verdadeira. O
ministro Benjamin Zymler, relator dos processos relacionados à pandemia na Corte, vai pedir à
presidente do TCU, ministra Ana Arraes, que se pronuncie em nome do órgão desmentindo o
Pazuello.
Segundo relataram, o órgão, já este ano, se posicionou de forma exatamente contrária. Em
julgamento de março, os ministros responderam a uma consulta do Ministério da Saúde, à época
comandado por Pazuello, que foi à Corte questionar a interpretação de duas normas jurídicas que
poderiam ser óbice para aquisição de vacinas.
A resposta do TCU foi no sentido de que a burocracia não pode impedir a aquisição dos
imunizantes, que uma situação excepcional permite uma realocação de riscos e, assim, o Estado
brasileiro assumiria mais riscos que os laboratórios e fornecedores de vacinas. No julgamento, o
ministro Benjamin Zymler, relator de processos relacionados à pandemia no TCU, afirmou:
“Ninguém precisa ser expert em direito para saber que ,diante do ‘valor saúde’ e da vida humana,
cedem todos os outros princípios, eles são sombreados”, afirmou.
O ex-ministro Pazuello, após ser confrontado por Renan Calheiros com a comunicação do
TCU de que a corte teria recomendado contra o contrato com a Pfizer, disse ter se equivocado,
confundido com manifestação da Controladoria-Geral da União (CGU). Mesmo após tentar se
corrigir, Pazuello foi contestado pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM), que leu parte dos
relatórios da CGU e AGU, que também não se posicionavam contra a assinatura.
Pazuello leu as mesmas partes que o senador, mas ressaltando a ressalva feita pelos
documentos para que houvesse uma autorização legislativa.
Leia a íntegra da nota divulgada pelo TCU:
“Em relação ao depoimento do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, junto à CPI da
Pandemia, o Tribunal de Contas da União informa que em nenhum momento seus ministros se
posicionaram de forma contrária à contratação da empresa Pfizer para o fornecimento de vacinas
contra a Covid, e tampouco o Tribunal desaconselhou a imediata contratação em razão de
eventuais cláusulas contratuais.
O único posicionamento deste órgão de controle externo a respeito da contratação ocorreu
por meio do Acórdão 534/2021-Plenário, quando decidiu-se que: “considerando os riscos ainda
desconhecidos e o grande desequilíbrio entre a situação de oferta e demanda, não há óbice
jurídico, a partir da ampliação da autonomia contratual concedida pelas Leis 14.121/2021 e
14.124/2021, a que o Estado Brasileiro aceite eventual cláusula limitadora de responsabilidade
contratual das empresas fornecedoras, se esta condição estiver sendo praticada nos negócios
firmados com os diversos países e for requisito intransponível para a aquisição do produto,
ressalvados os casos de dolo ou culpa grave do fornecedor e situações de ofensa à ordem
pública.”
https://www.jota.info/legislativo/tcu-pazuello-pfizer-
19052021?utm_campaign=jota_info__ultimas_noticias__destaques__19052021&utm_medium=em
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Litígios de patentes: quebrando alguns mitos
Análise dos litígios de patentes no ano de 2020 mostra que poucas patentes são judicializadas, apesar da demora do
INPI
Fonte: JOTA
Por: Aline Ferreira, Rafael Pinho e Lucas Rezende
Data: 19/05/2021
A propriedade intelectual, e mais especificamente as patentes, tem povoado o noticiário
com o julgamento da ADI 5.529 pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e as discussões sobre um
possível licenciamento compulsório de patentes farmacêuticas em vista da pandemia de Covid-19
(conforme debate que ora ocorre no Congresso). Muito se fala sobre uma grande litigiosidade dos
titulares de patentes, bem como que esses utilizariam o judiciário com frequência para barrar
indevidamente a entrada de concorrentes no mercado. Contudo, uma análise do número de
patentes que foram objeto de litígio no ano de 2020 mostra que são poucas as disputas judiciais
envolvendo a matéria.
Para escrever este artigo, os autores realizaram pesquisa no Diário Oficial da Justiça
Federal do Rio de Janeiro (onde o INPI – Instituto Nacional da Propriedade Industrial tem sede e,
por isso, onde acaba tramitando a maior parcela das ações judiciais referentes a decisões da
autarquia) e no Diário Oficial do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (maior Tribunal de
Justiça do país e que dispõe de juízos especializados em propriedade intelectual em 1ª e 2ª
instâncias) durante o ano de 2020. Tais dados foram revistos e tratados para extrair os indicadores
ora apresentados. Não estão incluídos neste levantamento casos que tramitam em segredo de
justiça.
No período da pesquisa, 201 decisões liminares foram proferidas pelas quatro Varas
Federais especializadas, sendo que apenas 33 dessas decisões se referiam a patentes de
invenção ou a modelos de utilidade. Dessas 33 decisões, apenas 5 foram para conceder integral
ou parcialmente a tutela pretendida suspendendo os efeitos da decisão do INPI, e as demais 28
para indeferir pedido de tutela de urgência mantendo a decisão do INPI. Se consideradas as
sentenças, das 195 sentenças proferidas no período, apenas 29 referem-se a patente de invenção
ou modelo de utilidade. Por fim, se considerados os acórdãos de 2ª instância (Tribunal Regional
Federal da 2ª Região), dos 85 acórdãos proferidos, 24 referem-se a patente de invenção ou modelo
de utilidade.
Outro mito que ronda as patentes é de que a maior parte dos litígios seria sobre patentes
farmacêuticas. Contudo, uma análise dos números desmente essa ideia, pois dos 24 acórdãos
sobre patente de invenção ou modelo de utilidade pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região, 11
eram sobre criações na área mecânica.
Observando-se os números do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, verifica-se que
também neste Tribunal são relativamente poucos os litígios sobre patentes. Das 485 decisões
envolvendo tutela provisória proferidas pelas duas Varas Empresariais da Fórum Central da
Capital, apenas 18 referem-se a patente de invenção ou modelo de utilidade. Das 151 sentenças
proferidas no período, apenas 3 referem-se a patente de invenção ou modelo de utilidade. Se
considerados os números das duas Câmaras Reservadas de Direito Empresarial, dos 720
acórdãos proferidos no período, 44 referem-se a patente de invenção ou modelo de utilidade.
No que se refere à matéria envolvida, a maioria dos casos julgados pelas duas Câmaras
Reservadas de Direito Empresarial refere-se à área mecânica (11) e o restante se divide entre as
áreas de eletrônica e química. Mais uma vez, é desmentido o mito de que as disputas se
concentrariam na área farmacêutica.
Se, por um lado, números tão pequenos parecem tornar duvidosa a necessidade de varas
especializadas em propriedade intelectual, se observado o tempo médio de decisão essa
impressão é desmentida. Mesmo com varas especializadas, a Justiça Federal do Rio de Janeiro
demora uma média de 15 dias para analisar pedidos de liminar, enquanto as varas empresariais de
São Paulo demoram uma média de 16 dias para decisão.
Os achados dos autores deste artigo mostram que o adequado tratamento de dados
públicos referentes a patentes é capaz de desmontar alguns mitos criados pelo senso comum.
Ademais, tal tratamento permite aos interessados traçar estratégias não só para litígios futuros,
mas também para mapear riscos referentes à entrada em novos mercados.
Aline Ferreira – Mestre em Direito da Propriedade Intelectual pela Universidade de Cambridge e
sócia do escritório Kasznar Leonardos.
Rafael Pinho – Advogado graduado pela UFRJ e atua na área de Contencioso Judicial e Resolução
de Conflitos do escritório Kasznar Leonardos.
Lucas Rezende – Advogado especialista em Direito e Economia pela Unicamp e atua na área de
Contencioso Judicial e Resolução de Conflitos do escritório Kasznar Leonardos.
https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/litigios-patentes-quebrando-alguns-mitos-
19052021?utm_campaign=jota_info__ultimas_noticias__destaques__19052021&utm_medium=em
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E se as vacinas fossem licitadas?
Negociações com a Pfizer evidenciam pontos cegos do direito administrativo brasileiro
Fonte: JOTA
Por: Renato Toledo
Data: 20/05/2021
Na última quinta-feira, dia 13 de maio, o gerente-geral da Pfizer na América Latina, Carlos
Murillo, prestou depoimento à CPI da Covid-19 sobre os detalhes das negociações entre a
farmacêutica e o Estado brasileiro. Em sua exposição, o executivo relatou ofertas de 70 milhões de
doses ainda em agosto de 2020 – as quais teriam sido negadas pelo Governo Federal. Dentre os
motivos noticiados para a negativa, estão (i) a ausência de aprovação da ANVISA para uso
emergencial do imunizante; (ii) a necessidade de autorização legislativa para conclusão do
contrato; e (iii) a imposição de cláusulas específicas pela empresa privada, consideradas leoninas
pelos membros do governo.[1] O presente artigo se aterá a essa terceira razão.
Imaginemos se as vacinas fossem objeto de licitação. Pela sistemática legal, cabe à
Administração Pública definir todas as condições de contratação, desde o desenho da licitação até
as cláusulas contratuais. A crença geral de boa parte dos juristas – e principalmente dos
controladores públicos – é a de que a licitação é o único meio de obtenção de propostas mais
vantajosas para a coletividade. Caberia ao governo federal, portanto, estabelecer as condições que
entendesse adequadas para aquisição das vacinas e, com isso, obter as melhores propostas no
certame.
A verdade é que, caso a Administração licitasse a aquisição das vacinas de acordo com as
condições contratuais desejadas pelo governo desde o início – sem as mencionadas cláusulas
leoninas – o certame provavelmente seria deserto. Afinal, segundo noticiado, as exigências
requeridas pela Pfizer foram as mesmas exigidas para todos os países com quem negociou, e
comumente adotadas em negociações do gênero. E tais circunstâncias trazem à lume alguns
pontos cegos do nosso direito administrativo brasileiro.
O primeiro ponto cego está na ficção criada por juristas segundo a qual as relações
contratuais da Administração Pública são baseadas na desigualdade das partes, em que o Poder
Público necessariamente detém uma posição de superioridade.
Gestores públicos acostumados com prerrogativas exorbitantes a seu favor e com o poder
de ditar as cartas das condições de uma contratação creem que definir as regras da relação como
poder unilateral da Administração Pública é uma garantia de atendimento ao interesse público. Mas
eles podem se surpreender quando o mundo dos fatos apresenta circunstâncias diversas.
O segundo ponto cego é decorrência do primeiro: a crença de que o interesse público é
aquele que atende apenas os interesses da Administração Pública, mas nunca o dos particulares.
Processos negociais efetivos são aqueles em que há interações dialógicas e comunicações mútuas
em busca de um resultado pautado pela reciprocidade e pela convergência de posições. O contrato
é fruto desse equilíbrio entre os interesses das partes. Como relatado por Carlos Murillo, “a Pfizer
correu um risco sem precedente em uma situação sem precedente, que requeria que todo mundo
colaborasse com esse processo”. Ser eficiente requer compreender os interesses daqueles que se
pretende atrair para colaborar com as políticas públicas. Fechar-se em uma posição irredutível
pode levar a resultados desastrosos.
O terceiro ponto cego – e talvez o mais relevante – está na completa opacidade dos
processos negociais levados a cabo pela Administração Pública brasileira. Como garantir uma
atuação racional, razoável, transparente e republicana em interações consensuais travadas por
gestores públicos? Não há qualquer procedimentalização do planejamento de uma negociação:
quando se senta à mesa com o privado, não se sabe a margem em que eventuais propostas do
particular poderão ser aceitas mediante concessões mútuas, tampouco as condições para a sua
aceitabilidade[2]. E esse ambiente de reduzida accountability abre brechas para atuações
oportunistas e arbitrárias.
Como é possível notar, ainda há um longo caminho a ser percorrido pelo direito
administrativo brasileiro para que sejam encontrados arranjos institucionais adequados para uma
Administração Pública efetivamente consensual e responsiva. Caminho esse que demanda a
compreensão de uma realidade muito mais complexa e multipolar do que o mundo que é relatado
em nossos manuais. Que possamos avançar nesse campo e garantir que os erros do passado não
se repitam no futuro.
Renato Toledo – Mestre em Direito Público pela UERJ. Doutorando em Direito Administrativo pela
USP.
https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/vacinas-licitadas-pfizer-negociacoes-administrativo-
20052021?utm_campaign=jota_info__ultimas_noticias__destaques__20052021&utm_medium=em
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Reconhecido direito de perito do INSS de acumular o cargo
com o de médico da Empresa de Serviços Hospitalares
Fonte: Lex Magister
Data: 14/05/2021
A 4ª Turma, em formato ampliado, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) deu
provimento ao recurso interposto por um perito do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para
permitir que ele possa acumular esse cargo com a contração como médico pela Empresa Brasileira
de Serviços Hospitalares (EBSERH). A decisão do colegiado foi proferida por maioria em sessão
telepresencial de julgamento realizada ontem (12/5).
O caso
O médico, residente em Pelotas (RS), ingressou com a ação em fevereiro de 2017 contra a
EBSERH. No processo, ele narrou que atua como perito pelo INSS, submetido ao regime de 40
horas semanais de trabalho, e foi aprovado em concurso público para integrar o quadro da
EBSERH, como dermatologista, com carga horária de 24 horas semanais.
No entanto, ele afirmou que não foi possível a sua contratação pela empresa pública pois,
baseada em parecer da Advocacia-Geral da União (AGU), a ré alegou não ser possível a
acumulação de cargos públicos quando as cargas horárias somadas ultrapassam o limite de 60
horas semanais.
O autor defendeu que, de fato, cumpre efetivamente, no cargo de perito do INSS, a carga
de 30 horas semanais, em razão da implementação do atendimento em turno estendido na APS de
Pelotas, onde estava lotado. Dessa forma, juntamente com o cargo de médico da EBSERH, ele
não superaria o limite previsto em regulamento.
Sentença e recurso
Em abril de 2018, o juízo da 1ª Vara Federal de Pelotas, considerou improcedente a ação,
indeferindo o pedido da parte autora.
O médico recorreu da sentença ao TRF4, requerendo a reforma da decisão. Na apelação,
ele defendeu que demonstrou nos autos que o acúmulo das funções de perito do INSS e a
contratação pela EBSERH totalizaria 54 horas semanais, ficando dentro do horário estabelecido
pelo parecer da AGU. Ainda acrescentou que a compatibilidade dos horários para exercer as
atividades foi reconhecida através de declarações firmadas pelo INSS.
Votação da 4ª Turma
O relator do processo, desembargador federal Ricardo Teixeira do Valle Pereira, baseou
seu voto em decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no ano de 2020, em caso
semelhante.
Na ocasião, segundo o magistrado, o STF firmou a seguinte tese: “As hipóteses
excepcionais autorizadoras de acumulação de cargos públicos previstas na Constituição Federal
sujeitam-se, unicamente, a existência de compatibilidade de horários, verificada no caso concreto,
ainda que haja norma infraconstitucional que limite a jornada semanal”.
O desembargador ressaltou que “o STF entendeu que, diante do requisito único trazido
pelo constituinte, qual seja, a compatibilidade de horários, não constitui óbice à acumulação de
cargos públicos a mera fixação infraconstitucional de limite máximo de horas semanais, devendo
ser apreciada a situação em concreto. Portanto, ainda que haja norma infraconstitucional limitando
a jornada semanal de trabalho, se verificada, em concreto, a compatibilidade de horários, será
possível a acumulação remunerada de cargos públicos excepcionalmente autorizada pela
Constituição”.
Valle Pereira concluiu que “superado o entendimento que vedava a acumulação
remunerada de cargos que excedessem 60 horas semanais de jornada de trabalho e existindo
compatibilidade de horários entre o cargo almejado pelo autor e o que ele já exerce, é de ser
provido o apelo para reconhecer o seu direito de ser contratado pela ré no cargo de médico, em
regime de trabalho de 24 horas semanais, sem prejuízo das demais atividades junto ao INSS, onde
exerce a atividade de perito”.
A 4ª Turma ampliada, por maioria, seguiu o posicionamento do relator.
N° 5001350-03.2017.4.04.7110/TRF
Fonte: Tribunal Regional Federal da 4ª Região
https://www.lex.com.br/noticias-reconhecido-direito-perito-inss-acumular-cargo-medico-empresa-
servicos-hospitalares/1077
Criança diagnosticada com artrite reumatóide aos oito anos
de idade deve receber medicação gratuitamente
Liminar atendeu a indicação urgente para que a criança utilize o remédio por seis meses
Fonte: Lex Magister
Data: 14/05/2021
A Justiça acreana determinou ao ente público estadual a obrigação de fornecer o
medicamento prescrito à uma criança de oito anos idade. A decisão garantiu-lhe o direito à saúde e
estabeleceu o prazo máximo de dez dias para o atendimento da demanda, sob pena de multa
diária fixada em R$ 300,00. A mãe da paciente apontou como ato ilegal e abusivo a negativa de
fornecimento do remédio. Sua filha foi atendida por reumatologista do Sistema Único de Saúde,
que apresentou laudo de solicitação, avaliação e autorização do medicamento.
Ela enfatizou que sua renda é insuficiente para custear o tratamento. Além disso, registrou
sua inconformação quanto à negativa recebida, pois foi fundamentada na idade da paciente, já que
o remédio é de uso adulto e a criança possui menos de 18 anos de idade.
O desembargador Júnior Alberto assinalou que a prescrição do medicamento é de
responsabilidade do médico, que neste caso compreendeu ser necessária a utilização do fármaco
prescrito. É obrigação deste profissional avaliar as contraindicações e os benefícios a serem
alcançados, sob seu controle e supervisão.
Portanto, diante das comprovações apresentadas nos autos e do prejuízo decorrente da
falta de tratamento para a criança, foi deferida a medida liminar, que foi publicada na edição n°
6.829 do Diário da Justiça Eletrônico (pág. 3), da última quarta-feira, dia 12.
Fonte: Tribunal de Justiça do Acre
https://www.lex.com.br/noticias-crianca-diagnosticada-artrite-reumatoide-aos-oito-anos-idade-deve-
receber-medicacao-gratuit/1081
Motorista será indenizado por cancelamento de plano de
saúde pela empresa
Aposentado por invalidez, ele ficou sem o benefício por quase um ano
Fonte: Lex Magister
Data: 17/05/2021
A Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho condenou a Nacional Expresso Ltda.,
de São José do Rio Preto (SP), a pagar R$ 5 mil de indenização a um motorista que teve o plano
de saúde cancelado por quase um ano após a aposentadoria por invalidez. Para a Turma, a
supressão do plano foi ilícita e abalou psicologicamente o empregado.
Cancelamento
O motorista ficou afastado diversos períodos, em razão de uma hérnia de disco de origem
ocupacional, até ser concedida sua aposentadoria por invalidez, em novembro de 2014. Na
reclamação trabalhista, ele disse que, em dezembro do mesmo ano, a empresa o excluiu do plano
de assistência médico-hospitalar que mantinha, levando-o a optar pelo pagamento integral da
mensalidade dele e de sua esposa, com base na Lei dos Planos de Saúde (Lei 9.656/1998).
Contudo, em junho de 2015, ao precisar fazer exames, foi informado que seu contrato fora
cancelado pela empresa. Segundo o motorista, a supressão foi arbitrária e abusiva e atingiu sua
dignidade quando mais necessitava.
Suspensão do contrato
A empresa, em sua defesa, sustentou que a legislação determina que a aposentadoria por
invalidez gera a suspensão total do contrato de trabalho. Também argumentou que não houve
comprovação de que o cancelamento do benefício teria gerado dano ao aposentado e que, por
outro lado, havia provas de que ele não havia necessitado do plano.
Comprovação
O juízo de primeiro grau e o Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (Campinas/SP)
rejeitaram o pedido de indenização. Segundo o TRT, embora pudesse ter causado ao empregado
alguns dissabores, o cancelamento indevido, por si só, não era suficiente para condenar a
empresa, e cabia ao trabalhador comprovar qualquer ocorrência extraordinária que lhe
assegurasse a indenização por danos morais, o que não ocorreu.
Ato ilícito
O relator do recurso de revista do motorista, ministro José Roberto Pimenta, entendeu que,
uma vez constatado que o cancelamento se deu de forma indevida, é evidente a violação dos
direitos da personalidade. “O empregado se viu abalado psicologicamente porque teve dificultado
seu acesso e de sua família à assistência à saúde”, afirmou o relator.
De acordo com o ministro, o dano moral, em si, não é passível de prova, pois acontece no
íntimo do ser humano, “de modo que não é possível demonstrá-lo materialmente”. Contra a
decisão unânime, a empresa opôs embargos à SDI-1, ainda não julgados.
(RR/CF)
Processo: RR-11746-43.2015.5.15.0082
Fonte: Tribunal Superior do Trabalho
https://www.lex.com.br/noticias-motorista-sera-indenizado-por-cancelamento-plano-saude-pela-
empresa/1113
União e Estado do RS devem fornecer medicamento para
tratamento de menina com Síndrome de Susac
Fonte: Lex Magister
Data: 17/05/2021
O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) manteve uma decisão liminar proferida
pela primeira instância da Justiça Federal gaúcha que obrigou a União e o Estado do Rio Grande
do Sul a fornecerem medicamento, a imunoglobulina humana, para o tratamento de uma menina
de 16 anos, que sofre de Síndrome de Susac. Esta é uma doença neurológica autoimune que pode
causar dificuldades de locomoção, bem como mal funcionamento das funções neurológicas. A
decisão foi proferida por unanimidade pela 5ª Turma da Corte em sessão virtual de julgamento
ocorrida no dia 11/5. Foi determinado o prazo de 20 dias úteis para que os réus realizem a entrega
do medicamento.
O caso
A adolescente, que reside em Mariano Moro (RS), representada pela mãe, ingressou com a
ação na Justiça contra a União e o Estado do RS para ter o remédio fornecido de maneira gratuita.
No processo, ela argumentou que a lei prevê o fornecimento de tratamento via Sistema Único de
Saúde (SUS), mas para a medicação ser entregue gratuitamente, não poderia haver formas
alternativas de combater a doença. No caso, foi alegado pela parte autora que a imunoglobulina
humana já havia sido fornecida antes, e que o uso do medicamento apresentou uma melhora no
quadro de saúde da paciente.
Foi pedida a antecipação de tutela de urgência devido à gravidade da doença.
Liminar em primeira instância
O juízo da 1ª Vara Federal de Erechim (RS), responsável pela análise do processo, deferiu
a liminar, determinando que os réus providenciassem, em 15 dias úteis, o fornecimento do
medicamento para a autora, disponibilizando-o junto à Secretária de Saúde do Município, no
período recomendado de 12 meses de tratamento.
Decisão do TRF4
A União recorreu da decisão ao TRF4. No recurso de agravo de instrumento, alegou que a
tutela antecipada foi concedida sem a realização de perícia e sem o esgotamento das alternativas
terapêuticas oferecidas pelo SUS. Ainda defendeu a necessidade de ampliação do prazo para o
cumprimento da obrigação.
A 5ª Turma da Corte, de maneira unânime, deu parcial provimento ao recurso somente
para adequação do prazo de 15 para 20 dias úteis para a entrega do remédio.
Segundo a relatora do processo no Tribunal, juíza federal convocada Gisele Lemke, “no
caso, tenho que, excepcionalmente, apenas para o fim específico de apreciação do pedido de
antecipação de tutela pode ser dispensada a realização da perícia prévia. Isto, porque a parte
autora já teve o pedido de fornecimento do medicamento deferido nos autos em processo anterior.
No laudo pericial apresentado, o perito judicial afirmou que a autora deveria fazer o uso do
medicamento por pelo menos 6 meses. Tendo decorrido o prazo e havendo atestado médico
demonstrando a eficácia da medicação com o controle da doença, não se mostra razoável, neste
momento, que seja determinada a interrupção da dispensação do medicamento”.
A magistrada complementou que “é certo que se faz necessário que fique demonstrado
que a autora ainda necessita fazer uso de tal medicação. Contudo, tenho que tal demonstração
poderá ser feita durante a instrução processual, por meio de perícia judicial ou nota técnica, pois
não se mostra razoável interromper o tratamento nesse momento”.
Lemke concluiu o voto apontando que “quanto ao prazo, tenho entendido que o de 15 dias
em geral não se mostra suficiente ao cumprimento da medida, tendo em conta os procedimentos
necessários à aquisição do medicamento. Assim, concedo o prazo de 20 dias úteis para
cumprimento da decisão, nos termos do que vem sendo decidido pela Corte”.
Fonte: Tribunal Regional Federal da 4ª Região
https://www.lex.com.br/noticias-uniao-e-estado-rs-devem-fornecer-medicamento-para-tratamento-
menina-sindrome-susac/1117
Desembargadores aumentam indenização à apelante por
dano moral devido a erro médico
Relator considerou que foi comprovado nexo de causalidade entre negligência médica e dano à paciente, mas que
valor arbitrado estava abaixo do esperado como caráter pedagógico
Fonte: Lex Magister
Data: 18/05/2021
Os membros da Terceira Câmara Cível do Tribunal e Justiça do Amazonas julgaram
procedente, por unanimidade, recurso de apelante em relação à sentença da 7.ª Vara Cível e de
Acidentes de Trabalho que condenou hospital a indenizá-la em R$ 3 mil por dano moral, majorando
o valor da indenização para R$ 50 mil. O Acórdão foi lido na sessão desta segunda-feira (17/5)
pelo relator, desembargador Flávio Pascarelli, na Apelação Cível n.º 0624562-72.2019.8.04.0001,
cujo julgamento foi realizado na sessão anterior.
Trata-se de ação de indenização por erro médico, em que uma paciente foi atendida por
médico credenciado pelo Check Up Hospital para cuidados por sentir dor na perna direita, situação
em que lhe foi prescrita e aplicada dipirona, medicação à qual era alérgica, informação que disse
ter prestado na ficha de atendimento (o prontuário havia sido extraviado). Como consequência,
apresentou deformidade e manchas na pele, foi tratada no hospital, tendo afastado-se do trabalho
e enfrentado outros transtornos.
A defesa do hospital argumentou que logo após os primeiros sintomas de reação
apresentados pela paciente foram adotados todos os procedimentos para evitar a evolução para
quadro moderado ou mais grave; que não houve outras complicações. Diante disso, a defesa
afirmou considerar o valor de indenização arbitrado em 1.º Grau condizente com os fatos e pediu a
manutenção da sentença.
Segundo o relator, aquele que causa danos a alguém é obrigado a indenizar e, para que a
parte lesada faça jus à indenização, devem ser verificados a culpa, o dano e o nexo de
causalidade, ou seja, o dano deve ser consequência direta da atividade culposa de quem a
produziu. O relator considerou haver nexo causal entre a medicação equivocada e a reação
alérgica da paciente, pois o próprio médico que a atendeu receitou a medicação sem considerar
informação prestada por esta na ficha de admissão no hospital, na qual informava ter alergia ao
medicamento.
“Entendo estar comprovados nexo de causalidade entre a negligência médica e o dano
sofrido pela apelante”, afirmou o relator, observando que o valor fixado em sentença a título de
reparação por danos morais estava muito aquém de atender o caráter pedagógico que se espera,
ainda mais se considerada a gravidade do ato praticado e as consequências mais graves que
poderiam advir da situação.
O relator havia sugerido R$ 20 mil, mas adotou o total indenizatório de R$ 50 mil, sugerido
pelo desembargador Lafayette Vieira Júnior, conforme pedido pela apelante na inicial. A juíza
convocada para atuar como desembargadora, Mirza Telma de Oliveira Cunha, também
acompanhou a sugestão.
Fonte: Tribunal de Justiça do Amazonas
https://www.lex.com.br/noticias-desembargadores-aumentam-indenizacao-apelante-por-dano-
moral-devido-erro-medico/1161
DF terá de indenizar criança e familiares por erro médico
durante o parto
Fonte: Lex Magister
Data: 18/05/2021
O Distrito Federal terá que indenizar por danos morais uma menina e os pais dela por erro
médico ocorrido durante o parto, que ocasionou lesões irreversíveis à criança, diagnosticada com
síndrome hipóxico-isquêmica, não fala, não anda e apresenta retardo mental severo. O ente
público deverá, ainda, pagar uma pensão vitalícia à vítima. A decisão é do juiz substituto da 5ª Vara
da Fazenda Pública e Saúde Pública do DF.
Os autores narram que, após 40 semanas de uma gestação sem intercorrência, a mãe da
criança entrou em trabalho de parto e o procedimento médico foi realizado no Hospital Regional de
Santa Maria – HRSM. De acordo com o casal, ao nascer, a filha apresentou desconforto
respiratório e necessitou de cuidados. No dia seguinte, o quadro se agravou e a alta hospitalar só
se deu alguns dias depois. Os autores alegam que o hospital não informou os procedimentos ou
intercorrências do parto. Desde o nascimento, a criança passou por várias internações e paradas
respiratórias. Apesar das investigações, nenhuma alteração metabólica ou genética foi detectada, o
que levou os pais a considerarem que houve erro médico durante o parto, agravado pela falta de
comunicação das suas intercorrências.
O DF alegou que não restou demonstrada a culpa do ente público por ato omissivo, bem
como não houve negligência, imprudência ou imperícia na atuação dos médicos do HRSM.
Segundo o réu, a obrigação dos médicos é de meio e não de resultado. Dessa maneira, não há
prova de que a realização do parto foi tardia. Asseguram que os agentes estatais conferiram à
genitora o melhor tratamento possível, de forma que o dano decorre de caso fortuito ou força
maior. Assim, o estado não pode ser condenado com base em suposições especulativas.
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios oficiou pela procedência dos pedidos e
destacou que “A falta de registro detalhado dos procedimentos realizados durante o parto ou o
registro de informações inverídicas são condutas capazes de autorizar o reconhecimento do defeito
na prestação do serviço”. Ademais, o MPDFT considerou que, da leitura dos documentos
acostados aos autos por ambas as partes, observa-se que a qualidade dos registros médico-
hospitalares sobre os fatos estão muito aquém do exigido.
Ao analisar o caso, o julgador destacou que a conduta dos médicos que atenderam as
autoras foi analisada pelo perito nomeado pelo juízo, o qual concluiu que “a) houve sofrimento fetal,
que causou desconforto respiratório à primeira autora; b) não há nos autos prova documental que
relate a situação das autoras no pré-parto ou as intercorrências do parto; c) nada impede que o
start das limitações físicas e mentais da autora tenha ocorrido durante o trabalho de parto”. Entre
outros apontamentos, o especialista ressaltou que, mesmo sem ter elementos definitivos para essa
conclusão, “as manobras para se tentar o parto normal foram intempestivas e arriscadas”.
De acordo com a decisão, cabia ao Distrito Federal comprovar a inexistência
responsabilidade quanto às sequelas da criança, o que não foi feito. Assim, o juiz substituto
concluiu que, embora não sejam comprovadamente decorrentes de má conduta dos médicos,
também não são comprovadamente alheias à conduta estatal. Portanto, diante da violação à
integridade psíquica dos autores, o magistrado considerou devida a compensação moral e a
pensão vitalícia à menor. Os danos morais foram arbitrados em R$ 100 mil, à primeira autora, e R$
50 mil a cada um de seus genitores. Diante das lesões irreversíveis sofridas pela criança e os
gastos permanentes que sua família terá de suportar, a pensão mensal vitalícia foi fixada em 1
salário mínimo.
Cabe recurso.
PJe: 0712729-98.2017.8.07.0018
Fonte: Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios
https://www.lex.com.br/noticias-df-tera-indenizar-crianca-e-familiares-por-erro-medico-durante-
parto/1162
Mulher que acusou servidora da Saúde de bater ponto e não
trabalhar é condenada por calúnia
Fonte: Lex Magister
Data: 18/05/2021
O juiz titular da 1ª Vara Criminal de Taguatinga condenou uma técnica de enfermagem
aposentada pela prática do crime de calúnia, por ter atribuído falsamente a uma auxiliar de
enfermagem da Secretaria de Saúde do DF, o ato ilícito de registrar informações inverídicas no
sistema de registro eletrônico do órgão público (bater o ponto e não trabalhar). A ré foi condenada
a 8 meses de detenção, além de pagar à autora indenização de R$ 2.500 a título de danos morais.
A autora narrou que a ré produziu e divulgou em redes sociais e veículos de imprensa
vídeo, no qual lhe acusou falsamente de bater o ponto eletrônico no trabalho e depois ir embora,
fato que constitui crime previsto no artigo 299 do Código Penal. Sustentou que a conduta da ré
configura crime de calúnia e ainda constitui ato ofensivo à sua reputação, uma vez que causou
lesão à sua honra, razão pela qual requereu sua condenação.
A ré apresentou defesa, afirmando que não teve intenção de caluniar, bem como
pleiteando a isenção ou diminuição de eventual pena por ter confessado a conduta de maneira
espontânea. Ao sentenciar, o magistrado esclareceu que a ré “como servidora do Hospital Regional
de Taguatinga, tinha conhecimento da prática que os funcionários que trabalhavam no prédio do
anexo, tal como a querelante, faziam de parar o veículo em frente ao prédio principal, único local
em que havia relógios de ponto, registrar a sua frequência eletrônica e voltar para o
estacionamento próximo ao prédio anexo em seu veículo”.
O juiz registrou ainda que a documentação juntada nos autos comprova que a autora
cumpriu normalmente com sua carga horária no dia do fato, que não consta nenhum registro de
falta funcional e que o processo administrativo instaurado em decorrência da divulgação do vídeo
produzido pela ré foi arquivado por comprovação da inexistência de faltas da autora. Assim,
concluiu que “ficou evidenciada a falsidade da imputação feita pela querelada de que a querelante
efetuou o registro de ponto no hospital e foi embora sem trabalhar. Também está provado que a
querelada tinha conhecimento, ou, ao menos deveria ter, de que o fato por ela relatado no vídeo
era falso.
Como estavam presentes os requisitos legais, a pena de detenção foi substituída por uma
pena restritiva de direitos, a ser fixada pelo juízo da execução.
Da decisão cabe recurso.
PJe: 0003337-77.2018.8.07.0007
Fonte: Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios
https://www.lex.com.br/noticias-mulher-que-acusou-servidora-saude-bater-ponto-e-nao-trabalhar-
condenada-por-calunia/1165
Operadora de plano de saúde não deve ser multada por
cancelamento ocorrido após inadimplência de beneficiária
Fonte: Lex Magister
Data: 19/05/2021
De forma unânime, a 5ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (Região) decidiu
pela nulidade de infração aplicada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) a uma
operadora de plano de saúde. A multa foi aplicada após a empresa cancelar o plano de saúde de
uma beneficiária que ficou inadimplente por mais de 60 dias. Para a ANS, não houve comunicação
prévia por parte da operadora antes de realizar o cancelamento. A empresa ingressou com ação na
justiça alegando que a beneficiária foi notificada de sua saída do plano por meio de um Aviso de
Recebimento (AR) entregue ao porteiro do prédio onde reside.
A ANS apelou ao TRF contra a sentença do 13ª Vara do Distrito Federal que anulou a
multa. O órgão manteve o argumento de que operadora teria excluído a beneficiária, sob alegação
de inadimplência, sem, contudo, demonstrar o cumprimento das condições contratuais vigentes
para a rescisão, com a notificação prévia do débito.
O caso foi analisado pela desembargadora federal Daniele Maranhão. De acordo com a
magistrada, por meio dos autos constata-se que a notificação acerca da existência do débito foi
encaminhada, via postal, para o endereço da beneficiária, um prédio de apartamentos, sendo
recebido pela administração do condomínio. Também consta dos autos que o plano teria sido
cancelado por inadimplência um mês após o recebimento da notificação do débito. Para a relatora,
o recebimento do Aviso de Recebimento (AR) pelo porteiro do prédio é valido como notificação.
"Conforme muito bem reconhecido pela sentença recorrida, no caso de notificação em prédio de
apartamentos, com efeito, torna-se muito mais válida a assinatura aposta for de terceiro, porque
comum, como se sabe, o recebimento da correspondência pelo porteiro. Aliás, o STJ já afirmou a
presunção da validade de notificação recebida por porteiro de condomínio", declarou ao votar pelo
desprovimento da apelação.
Processo 1024715-45.2019.4.01.3400
Data do julgamento: 24/02/2021
APS
Fonte: Tribunal Regional Federal da 1ª Região
https://www.lex.com.br/noticias-operadora-plano-saude-nao-deve-ser-multada-por-cancelamento-
ocorrido-apos-inadimplencia-ben/1188
Empresa é condenada a restituir o plano de saúde médico e
odontológico de ex-empregado aposentado por invalidez
Fonte: Lex Magister
Data: 19/05/2021
A 3ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT/RJ) negou provimento ao
recurso ordinário da Casa da Moeda do Brasil condenada, na primeira instância, a pagar uma
indenização por danos morais no valor de R$ 5 mil, além de restituir o plano de saúde médico e
odontológico de um ex-empregado aposentado por invalidez e também de seus dependentes. O
colegiado seguiu por unanimidade o voto da redatora designada do acórdão, desembargadora
Mônica Batista Vieira Puglia, que considerou que a suspensão do contrato de trabalho em virtude
de afastamento por incapacidade (com percepção de aposentadoria por invalidez ou auxílio-
doença) não é causa de suspensão ou cancelamento do plano de saúde e odontológico do
empregado.
O trabalhador afirmou na inicial que foi admitido pela empresa pública federal Casa da
Moeda do Brasil, em 23 de janeiro de 1985, por meio de um contrato de trabalho celetista por
tempo indeterminado. Relatou que, no dia 3 de dezembro de 2005, aposentou-se por invalidez e
que a empresa cancelou todos os benefícios relacionados ao vínculo empregatício, sem qualquer
comunicação prévio. Destacou o plano de saúde e o plano odontológico como os principais
benefícios cancelados. Declarou que procurou o Sindicato Nacional dos Moedeiros, instituição que
representa os empregados da Casa da Moeda do Brasil, para tentar resolver o problema
administrativamente. Esclareceu que a empresa se negou a restituir os planos médico e
odontológico, alegando que o contrato de trabalho está extinto e que, portanto, não seria possível
manter os benefícios.
Acrescentou que, em 19 de março de 2013, a Casa da Moeda editou uma norma interna
concedendo a manutenção da assistência médica e odontológica aos empregados aposentados
por invalidez, sem limitação temporal, extensiva aos seus dependentes. Explicou que tal normal
interna não alterou sua situação e ele e seus dependentes continuaram sem os benefícios.
Ressaltou que a aposentadoria por invalidez não causa a extinção do contrato de trabalho, apenas
a sua suspensão. Declarou que o direito ao plano de saúde e odontológico permanece em vigor
mesmo durante a suspensão do contrato, já que ele é decorrente do vínculo de emprego, embora
suspensa a prestação do serviço. Prosseguiu dizendo que, ao ficar privado de assistência médica e
odontológica, seu problema de saúde agravou consideravelmente e, por isso, solicitou uma
indenização por danos morais, além da restituição do seu plano de saúde e de seus dependentes.
Em sua contestação, a Casa da Moeda do Brasil alegou que o pedido de restabelecimento
do plano de saúde feito pelo ex-empregado aposentado por invalidez significa, na verdade, a
transferência de uma obrigação estatal ao empregador. Ressaltou que o direito à saúde é dever do
Estado e que o empregador não é “responsável pelas mazelas da classe obreira”. Acrescentou que
a assistência à saúde é livre à iniciativa privada, ou seja, não é dever do empregador prestar
assistência à saúde de seus empregados.
Na primeira instância, o juiz em exercício na 3ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, Bruno
Andrade de Macedo, deferiu a reinclusão do aposentado e de seus dependentes no plano de
saúde e odontológico, além de ter condenado a Casa da Moeda a pagar uma indenização por
danos morais no valor de R$ 5 mil. O magistrado levou em consideração a Súmula nº 440, TST,
que garante a manutenção do plano de saúde ou de assistência médica oferecida pela empresa ao
empregado, apesar da suspensão do contrato de trabalho em virtude de auxílio-doença acidentário
ou de aposentadoria por invalidez.
Na segunda instância, a redatora designada, desembargadora Mônica Batista Vieira Puglia,
manteve a sentença e ressaltou que a suspensão do contrato de trabalho em virtude de
afastamento por incapacidade (com percepção de aposentadoria por invalidez ou auxílio-doença)
não é causa de suspensão ou cancelamento do plano de saúde do empregado, uma vez que
permanecem exigíveis as obrigações contratuais inerentes à existência do vínculo de emprego,
como o plano de saúde fornecido pela empresa.
O benefício, segundo a magistrada, incorporou ao contrato de trabalho como cláusula
contratual, o que impossibilita a supressão unilateral, por se tratar de condição benéfica que adere
ao pacto laboral (Súmula nº 51,I, TST).
Nas decisões proferidas pela Justiça do Trabalho, são admissíveis os recursos
enumerados no art. 893 da CLT.
PROCESSO n° 0101323-60.2018.5.01.0003 (RO)
Fonte: Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região
https://www.lex.com.br/noticias-empresa-e-condenada-restituir-plano-saude-medico-odontologico-
exempregado-aposentado-por-in/1209
Lei do Rio de Janeiro não pode proibir suspensão de planos
de saúde por inadimplência durante a pandemia
Para o STF, a lei estadual invade competência privativa da União para legislar sobre direito civil e política de
seguros
Fonte: Lex Magister
Data: 19/05/2021
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) julgou inconstitucional lei do Estado do Rio
de Janeiro que autorizava o Poder Executivo a vedar a suspensão ou o cancelamento de planos de
saúde por falta de pagamento durante a situação de emergência da Covid-19. A decisão foi
tomada, por maioria de votos, na sessão virtual concluída em 14/5, quando o Plenário julgou
procedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 6441.
Competência legislativa
A ação foi ajuizada pela Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais,
Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNSEG) contra a Lei estadual
8.811/2020. Além de autorizar o Executivo fluminense a dispor sobre a proibição, a norma afastava
a incidência de juros e multa sobre os valores devidos durante a pandemia e determinava que as
operadoras possibilitassem o parcelamento dos débitos anteriores a março de 2020, quando teve
início a situação de emergência.
Entre outros argumentos, a confederação sustentava que a lei estadual não poderia dispor
sobre Direito Civil, contratos de natureza privada e seguros. Alegou, também, desrespeito à
competência legislativa da União, exercida por meio da Lei federal 9.656/1998, que dispõe sobre
planos e seguros privados de assistência à saúde, e o poder normativo da Agência Nacional de
Saúde Suplementar (ANS), responsável pela regulação do setor.
Importância social
Em seu voto, a ministra Cármen Lúcia (relatora) reconheceu a intenção da legislação
estadual de buscar preservar os usuários de planos de saúde durante a situação de calamidade.
Contudo, a lei fluminense ultrapassou o objetivo da proteção a consumidor em situação de
vulnerabilidade e autorizou, "de modo geral e indiscriminado", a suspensão de obrigação
contratual, disciplina de Direito Civil de competência privativa da União. Segundo ela, o legislador
estadual acabou por interferir no conjunto de normas nacionais vigentes sobre a matéria e que se
referem ao cumprimento de obrigações contratuais securitárias por partes capazes e legítimas.
A ministra citou decisões recentes em que o STF declarou inconstitucionais leis estaduais
que estabeleciam redução de mensalidades escolares durante a pandemia. Lembrou, ainda, que o
ministro Dias Toffoli, em situação análoga, concedeu medida cautelar nas ADIs 6491 e 6538 para
suspender lei da Paraíba que proibia cancelamento de planos de saúde por inadimplência durante
a pandemia. O voto da relatora pela procedência da ação foi seguido pelos ministros Gilmar
Mendes, Alexandre de Moraes, Nunes Marques, Dias Toffoli, Luiz Fux e Ricardo Lewandowski.
Proteção ao segurado
Ficaram vencidos os ministros Marco Aurélio e Edson Fachin e a ministra Rosa Weber, que
julgaram a ADI improcedente. Para essa corrente, a lei estadual não interferiu na atividade-fim das
pessoas jurídicas envolvidas. Segundo o decano, a norma buscou potencializar, no âmbito
regional, a tutela da dignidade dos consumidores durante a pandemia, que resultou em crise
econômica e financeira.
Não participou do julgamento o ministro Luís Roberto Barroso, que declarou suspeição.
Processo relacionado: ADI 6441
Fonte: Supremo Tribunal Federal
https://www.lex.com.br/noticias-lei-rj-nao-proibir-suspensao-planos-saude-por-inadimplencia-
durante-pandemia/1181
Mantida pena de mulher que falsificou receitas médicas para
enviar medicamentos de emagrecer para uma amiga no
exterior
Fonte: Lex Magister
Data: 19/05/2021
A Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) manteve a condenação
de uma mulher por falsificar receitas médicas, mandar manipular o medicamento para emagrecer e
enviar a uma amiga no exterior. O colegiado negou provimento à apelação interposta pelo
Ministério Público Federal (MPF) para reverter a sentença, que absolveu a acusada do crime de
exportação de drogas, previsto no artigo 33 da Lei 11.343/2006, e para aplicação da pena de
reclusão de cinco a 15 anos e pagamento de R$ 500 a R$ 1.500 dias-multa, conforme a lei.
Já a acusada entrou com apelação para cancelar a pena imposta pela falsificação de
documento de um ano de reclusão, em regime inicial aberto, e ao pagamento de 10 dias-multa, por
não ter condições financeiras. Ao julgar o caso, o relator, desembargador federal Néviton Guedes,
afirmou que, segundo os autos, a acusada conheceu a mulher em uma rede social e ela lhe pediu
que enviasse aos Estados Unidos os remédios para emagrecer, sujeitos a controle especial. No
entanto, a ré não sabia que o envio das drogas seria crime. Ela alegou que não recebeu nada em
troca por isso.
O relator afirmou que a acusada preencheu a receita médica obtida de um atendente de
farmácia por R$ 10 reais, carimbada e com a assinatura do médico. Depois disso, encomendou os
remédios em uma farmácia de manipulação, comprou e colocou a encomenda nos Correios, com o
dinheiro enviado pela mulher. “A ré, em sede policial e de interrogatório judicial, confessou ter
falsificado as receitas médicas para a compra dos medicamentos para emagrecer. Contudo,
afirmou não ter ciência de que o envio das medicações apreendidas seria proibido pela legislação,
posto que, à época, o uso de tais medicações era autorizado pela Anvisa”, observou.
O magistrado considerou que ela “realmente não tinha ciência de que o envio dos
medicamentos consistiria em ato ilícito”, porque preencheu a postagem com seus dados pessoais
corretos e com todas as determinações dos Correios. Diante disso, o Colegiado, acompanhando o
voto do relator, negou provimento à apelação do MPF e acolheu parcialmente a apelação da
acusada, para fixar a pena de prestação pecuniária de dois salários mínimos e a concessão de
assistência judiciária gratuita.
Processo 0000911-92.2016.4.01.3813
Data do julgamento: 16/03/2021
Data da publicação: 29/03/2021
PG
Fonte: Tribunal Regional Federal da 1ª Região
https://www.lex.com.br/noticias-mantida-pena-mulher-que-falsificou-receitas-medicas-para-enviar-
medicamentos-emagrecer-uma-/1187
TJAC obriga ente estatal a prover tratamento a criança com
leucemia
Decisão considerou princípio da dignidade da pessoa humana e dever do Estado em prover recursos terapêuticos mais
eficazes e adequados ao caso de garota
Fonte: Lex Magister
Data: 19/05/2021
O Colegiado Pleno de desembargadores do Tribunal de Justiça do Acre decidiu, em sede
de Mandado de Segurança (MS), obrigar o Estado do Acre ao fornecimento de remédio para
tratamento de uma menor acometida de leucemia linfoblástica aguda, doença grave que afeta o
desenvolvimento normal das células sanguíneas. A decisão, de relatoria do desembargador Luís
Camolez, publicada na edição n° 6.832 do Diário da Justiça eletrônico (DJe, pág. 01), considerou o
chamado princípio da dignidade da pessoa humana e o dever do Ente Estatal em prover, não
somente tratamento médico à garota, mas a abordagem terapêutica mais eficaz e indicada para o
caso.
Para isso, de maneira unânime, os desembargadores derrubaram a arguição preliminar do
Ente Público, no sentido de que a decisão que determinou a obrigação só poderia ter sido
emanada pela Justiça Federal (inadequação da via eleita, no jargão jurídico), como sustentado pelo
recorrente. Dessa forma, prevaleceu o entendimento de que o texto constitucional que prevê o
direito à saúde considera como “Estado” a União, os Estados, Municípios e o Distrito Federal, e
não somente o Ente Federativo, como pretendido pelo Ente Público demandado.
“A saúde é um direito fundamental do ser humano, competindo ao Estado prover as
condições ao seu pleno exercício, disciplinando o Sistema Único de Saúde (SUS), incumbindo aos
entes referidos a prestação dos serviços de saúde à população”, lê-se na Súmula do Acórdão de
Julgamento.
Por fim, o relator assinalou, ao votar pela concessão da ordem, que “havendo prescrição
médica para a aquisição do fármaco que é imprescindível para a melhora da qualidade de vida do
paciente, resta evidente o direito líquido e certo a receber do Estado o tratamento postulado,
independentemente de aspectos orçamentários ou da política de funcionamento para o setor, sob
pena de violação ao direito à vida indissociável do direito à saúde”.
Fonte: Tribunal de Justiça do Acre
https://www.lex.com.br/noticias-tjac-obriga-ente-estatal-prover-tratamento-crianca-leucemia/1193
Ausência de nexo entre biópsia e óbito de paciente impede
indenização por erro médico
Fonte: Lex Magister
Data: 19/05/2021
Pela ausência de relação entre a realização de procedimento médico e o óbito do paciente
dias depois, a juíza Elaine Cristina de Souza Freitas, titular da 1ª Vara Cível da comarca de
Laguna, negou indenização por danos morais e materiais à companheira do falecido. Segundo os
autos, em dezembro de 2009, o homem realizou um exame com coleta de material para biópsia,
contudo, possível erro médico teria causado uma perfuração na vesícula biliar e, posteriormente,
seu óbito.
No entanto, a ficha do paciente, os resultados de exames e depoimentos dos profissionais
médicos responsáveis pelo procedimento e pela internação do paciente, fdeixaram claro que não
houve perfuração da vesícula biliar e que, portanto, não haveria nexo de causalidade entre o
exame realizado e a sua morte. Segundo a magistrada: "[...] não houve erro médico algum
cometido pelos requeridos, ao passo em que o procedimento para o qual foram designados foi
realizado dentro das normas técnicas de segurança, dispensando ao paciente, o tratamento e
cuidado necessários. Ocorre que, posteriormente, o paciente acabou vindo a óbito, contudo, essa
infeliz fatalidade não pode ser correlacionada estritamente ao procedimento de punção/biópsia
realizado pelo primeiro requerido".
Entre os fatores levados em consideração pela magistrada estão que o companheiro da
parte autora já era um paciente crônico e possuía diversas doenças e anomalias que acabaram por
prejudicar a sua saúde como um todo. Acredita-se também que ele já estivesse acometido de
insuficiência renal, em razão de transplante realizado em 2005 e, ainda, de cirrose crônica,
situação que acabou por comprometer o seu fígado e, consequentemente, eventual recuperação
que - para pacientes considerados "normais" - seria algo comum.
Ademais, verifica-se que, quando de sua consulta inicial, o paciente já vinha sofrendo com
dores e inchaço no abdômen, de forma que sua situação pode ter se agravado entre o dia da
consulta e da realização do procedimento", anotou a juíza. No seu entender, mostra-se provável
que a causa da morte tenha sido gerada em decorrência de outras complicações, das quais os
requeridos não contribuíram.
A magistrada também reconhece a dor e a angústia vivida pela parte autora, que acabou
por perder seu companheiro, porém quanto à ação ¿[...] não é possível identificar qualquer
resquício de culpa, negligência, imprudência ou imperícia praticadas pelos requeridos, de modo
que a condenação aqui postulada mostra-se impossível, não havendo erro médico a ser declarado
e, consequentemente, nenhum dano a ser indenizado¿. Cabe recurso da decisão ao TJSC.
Fonte: Tribunal de Justiça de Santa Catarina
https://www.lex.com.br/noticias-ausencia-nexo-entre-biopsia-e-obito-paciente-impede-indenizacao-
por-erro-medico/1204
Estado do RS deve realizar cirurgia de implante de stent em
mulher que sofre de aneurisma da artéria carótida
Fonte: Lex Magister
Data: 20/05/2021
O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) decidiu, ontem (18/5), dar provimento ao
recurso de uma mulher de 60 anos de idade, residente em Frederico Westphalen (RS), e modificar
uma decisão liminar de primeiro grau que havia indeferido o pedido dela requerendo atendimento
imediato para a realização de uma cirurgia para o implante de um stent, bem como o fornecimento
do material necessário. Em sessão virtual de julgamento, a 5ª Turma da Corte, de maneira
unânime, determinou que o Estado do Rio Grande do Sul conceda à autora o procedimento
cirúrgico solicitado, no prazo de dez dias úteis, sob pena de aplicação de multa e bloqueio judicial
de contas.
O caso
A autora da ação alegou que sofre de aneurisma sacular de artéria carótida interna e que,
devido às características e à dimensão da lesão, necessita de tratamento endovascular com o
implante de um stent redirecionador de fluxo. No processo, afirmou que seu estado de saúde vem
se agravando progressivamente, de tal modo que corre risco de acidente vascular cerebral e de
morte. Ela apontou que o procedimento solicitado foi prescrito por médico do Hospital São Vicente
de Paulo, em Passo Fundo (RS), e que o uso do material indicado apresenta resposta clínica
superior ao tratamento padrão oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para a sua patologia.
A mulher pleiteou que a União, o Estado do RS e o Município de Passo Fundo fossem
obrigados a providenciar o atendimento imediato para a realização do procedimento cirúrgico,
conforme as prescrições médicas, além do fornecimento do material necessário. Foi solicitada a
concessão da tutela provisória de urgência.
Decisão Liminar e recurso
Em fevereiro deste ano, o juízo da 1ª Vara Federal de Palmeira das Missões (RS) negou o
pedido de antecipação da tutela. A autora recorreu da decisão liminar com um agravo de
instrumento ao TRF4. No recurso, ela reafirmou a urgência do seu caso, argumentado que o
tratamento disponível no sistema público não é indicado para sua situação por não ser capaz de
ocluir o aneurisma apresentado, além de oferecer risco elevado de trombose no vaso portador.
Acórdão
A 5ª Turma do Tribunal decidiu, por unanimidade, dar provimento ao agravo de
instrumento.
A relatora do caso, juíza federal convocada Adriane Battisti, afirmou em seu voto que nota
técnica do NAT-JUS da JFRS “reconhece a presença de evidências de melhores taxas de oclusão
no tratamento dos aneurismas com o emprego dos estentes remodeladores de fluxo, questão
central ao caso concreto, devido à localização crítica e ao tamanho aumentado da lesão” e que “a
embolização disponibilizada pelo SUS, não é a recomendação mais adequada ao quadro clínico,
segundo o laudo pericial”.
A magistrada ressaltou que “considerando-se a premência do atendimento sob a
perspectiva clínica e a presença de convincentes elementos probatórios nos autos, vislumbra-se o
requisito da urgência, a ponto de autorizar a ruptura do sistema regulatório do SUS. Justifica-se,
assim, a adoção da medida judicial, a fim de viabilizar a imediata realização do procedimento,
visando salvar a vida da paciente.”
Assim, foi determinado pelo colegiado que o Estado do RS conceda à autora o
procedimento cirúrgico e que comprove o cumprimento, de forma efetiva, da antecipação de tutela
no prazo de dez dias úteis.
Fonte: Tribunal Regional Federal da 4ª Região
https://www.lex.com.br/noticias-estado-rs-deve-realizar-cirurgia-implante-stent-em-mulher-que-
sofre-aneurisma-arteria-carot/1234
Fisioterapeuta contratada como autônoma tem vínculo de
emprego reconhecido com plano de saúde
Fonte: Lex Magister
Data: 20/05/2021
A 8ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-RS) reconheceu o vínculo
de emprego entre uma fisioterapeuta e o plano de saúde que contratou a profissional. Ela mantinha
contrato de prestação de serviços como autônoma, mas, segundo os desembargadores, atuava
com pessoalidade e subordinação, o que preenche os requisitos para configuração da relação de
emprego. A decisão confirma, nesse aspecto, a sentença proferida pelo juiz Ary Faria Marimon
Filho, da 28ª Vara do Trabalho de Porto Alegre.
Ao ajuizar a ação, a autora alegou que trabalhou para a ré de novembro de 2010 a
novembro de 2017, tendo sido contratada como autônoma, para realizar atendimento de pacientes
em domicílio. Ela afirma que a ré determinava e escolhia os pacientes que deveria atender,
cabendo-lhe apenas contatar os citados pacientes indicados pelo chefe da equipe, bem como
combinar com eles o dia e o horário do atendimento domiciliar, devendo sempre seguir as diretrizes
imposta pela empresa. Segundo ela, o trabalho era amplamente supervisionado e havia um rígido
controle de qualidade. Além disso, a necessidade de atender aos pacientes não permitia que se
ausentasse por muitos dias, razão pela qual durante os mais de sete anos de contrato a autora
nunca tirou férias. O plano de saúde, por sua vez, afirma na defesa que não existia qualquer
subordinação nas atividades da trabalhadora, tendo ela total autonomia para realizar seu labor,
inclusive para outras empresas. Segundo a empresa, a autora não recebia ordens, não cumpria
horários estabelecidos e não prestava serviços com habitualidade – e que, por essas razões, não
havia subordinação jurídica.
No julgamento de primeira instância, o juiz Ary Marimon Filho acolheu as alegações da
autora e reconheceu o vínculo de emprego. Segundo o magistrado, “o fato de a autora prestar
serviços a outras empresas, ou mesmo a ausência de exclusividade na prestação dos serviços,
não afasta, por si só, a possibilidade de reconhecimento do vínculo empregatício. E isso porque,
para o enquadramento aos requisitos do art. 3º da CLT, não se exige o labor prestado com
exclusividade, mas sim com pessoalidade (de maneira que não se possa fazer substituir por outra
pessoa no exercício de suas atribuições)”. No entendimento do julgador, o conjunto da prova
produzida indica que havia subordinação da autora, em razão de a empresa definir os clientes que
seriam atendidos, dirigindo o tempo e o local da prestação dos serviços da reclamante. Além disso,
o juiz considerou que estavam presentes os demais requisitos para reconhecimento da relação de
emprego – habitualidade, onerosidade, pessoalidade e não eventualidade, nos moldes do citado
art. 3º da CLT. Nesses termos, o julgador reconheceu o vínculo de emprego entre as partes,
determinando a anotação da CTPS, o pagamento das verbas rescisórias, férias vencidas e
proporcionais, e recolhimento do FGTS.
A empresa, descontente com a sentença, recorreu ao TRT-RS. O relator do caso na 8ª
Turma, desembargador Luiz Alberto de Vargas, destacou que “o contrato de emprego é o padrão
da prestação de serviços, presumindo-se sua existência quando esta é demonstrada, cabendo ao
tomador de serviço demonstrar que o trabalho não tenha sido prestado sob a égide dos artigos 2º e
3º da CLT, ônus do qual, como apreciado na origem, não se desincumbiu”. Nesse sentido, o
magistrado ponderou que a prova produzida evidencia que a autora não detinha efetiva autonomia
sobre a direção de seu trabalho, sendo claro que a empresa exigia o atendimento de metas e
direcionava e controlava o serviço. Nesse sentido, destacou cláusulas do contrato de prestação de
serviços que indicam, por exemplo, que “O Técnico de Enfermagem, o Fisioterapeuta, o Terapeuta
Ocupacional, o Nutricionista, o Fonoaudiólogo e o Psicólogo atenderão por procedimento de
acordo com o Plano de Cuidados definido pelo Médico e pela Enfermeira Gerenciadora de Casos”.
Por fim, o relator reiterou que a exclusividade não é pressuposto da relação de emprego. Nesses
termos, a Turma manteve, por unanimidade, a declaração constante da sentença quanto a
existência de vínculo de emprego entre as partes.
Também participaram do julgamento o juiz convocado Luis Carlos Pinto Gastal e a
desembargadora Brígida Joaquina Charão Barcelos. Cabe recurso do acórdão ao Tribunal Superior
do Trabalho (TST).
Fonte: Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região
https://www.lex.com.br/noticias-fisioterapeuta-contratada-como-autonoma-tem-vinculo-emprego-
reconhecido-plano-saude/1250
Governo ignorou 10 emails da Pfizer sobre vacinas em 1 mês,
mostram documentos da CPI da Covid
Primeira proposta da empresa, com opções de 30 milhões e 70 milhões de doses, foi formalizada em 14 de agosto de
2020, segundo documentos
Fonte: Folha de São Paulo
Data: 20/05/2021
Uma série de emails entregue pela Pfizer à CPI da Covid em caráter sigiloso mostra a
insistência da farmacêutica para negociar vacinas com o governo e a ausência de respostas
conclusivas do Ministério da Saúde à proposta apresentada pela empresa no meio do ano
passado. De 14 de agosto a 12 de setembro de 2020, quando o presidente mundial do laboratório
mandou carta ao Brasil, foram ao menos dez emails enviados pela farmacêutica discutindo e
cobrando resposta formal do governo sobre a oferta apresentada.
Segundo os documentos da CPI da Covid obtidos pela Folha, a primeira oferta da empresa
foi formalizada ao Brasil em 14 de agosto, com opções de 30 milhões e 70 milhões de doses, e
tinha validade até o dia 29 daquele mês. Após o envio do documento, a Pfizer mandou emails por
três dias cobrando resposta até que uma representante da farmacêutica telefonou para uma
técnica da Sctie (Secretaria de Ciência, Inovação e Insumos Estratégicos) do Ministério da Saúde.
“Desculpe, a ligação caiu e não consegui mais contato. Espero que esteja tudo bem com vc! Só
queria confirmar se vcs receberam ontem uma comunicação enviada em nome do presidente da
Pfizer, Carlos Murillo, com a proposta atualizada de um possível fornecimento de vacinas de Covid-
19. Vc me avisa? (sic)”, escreveu Cristiane Santos, da Pfizer.
“A validade das propostas continua sendo a mesma, até 29 de agosto de 2020, e gostaria
de saber, com urgência, do interesse deste ministério em iniciar conversações sobre aspectos
legais e jurídicos da presente proposta”, continuou Cristiane.
A oferta da Pfizer previa início de imunização em dezembro do ano passado, com 1,5
milhão de doses e mais 3 milhões no primeiro trimestre deste ano. O Ministério da Saúde brasileiro
só firmou acordo com o laboratório em março de 2021, quando adquiriu 100 milhões de doses —
das quais 14 milhões devem ser entregues até junho, e o restante até setembro deste ano.
A CPI EM CINCO PONTOS
Foi criada após determinação do Supremo ao presidente do Senado, Rodrigo
Pacheco (DEM-MG)
Investiga ações e omissões de Bolsonaro na pandemia e repasses federais a
estados e municípios
Tem prazo inicial (prorrogável) de 90 dias para realizar procedimentos de
investigação
Relatório final será encaminhado ao Ministério Público para eventuais
criminalizações
É formada por 11 integrantes, com minoria de senadores governistas
Depois, em 26 de agosto, após novo contato telefônico, outro representante da Pfizer,
Alejandro Lizarraga, envia email ao assessor especial para assuntos internacionais do Ministério da
Saúde, Flávio Werneck, em que reforça “a importância de termos um posicionamento quanto ao
interesse na aquisição de nossa potencial vacina de modo a contribuir com os esforços de
atendimento da demanda no país neste tema”.
A existência ou não de respostas do governo a Pfizer se tornou um dos temas centrais da
comissão após o depoimento do ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten, que relatou que
as propostas do laboratório ficaram dois meses sem resposta. A tese foi depois confirmada em
oitiva do gerente-geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo. As informações enviadas à CPI
são sigilosas por causa de um termo de confidencialidade assinado entre a empresa e o Brasil em
julho do ano passado.
Passada a data limite para assinatura do contrato, em 29 de agosto, houve novo email da
Pfizer a técnicos do ministério respondendo a pedido de informação com dados sobre a vacina até
que, em 12 de setembro, foi encaminhada ao presidente Jair Bolsonaro com cópia para outras
autoridades a carta do presidente mundial da Pfizer, Albert Bourla, na qual ele afirma que não
houve resposta do governo brasileiro à proposta apresentada pela farmacêutica. “Minha equipe no
Brasil se reuniu com representantes de seus Ministérios da Saúde e da Economia, bem como com
a Embaixada do Brasil nos Estados Unidos. Apresentamos uma proposta ao Ministério da Saúde
do Brasil para fornecer nossa potencial vacina que poderia proteger milhões de brasileiros, mas até
o momento não recebemos uma resposta”, diz a carta.
“Sabendo que o tempo é essencial, minha equipe está interessada em acelerar as
discussões sobre uma possível aquisição e pronta para se reunir com Vossa Excelência ou
representantes do Governo Brasileiro o mais rapidamente possível”, continua o documento.
Naquela época, inclusive, no dia 15 de setembro, portanto três dias após o envio da carta a
Bolsonaro e ministros do governo, uma representante da Pfizer encaminhou o email com o teor do
documento a secretarias e técnicos do Ministério da Saúde, indicando não ter tido resposta a
respeito do envio do documento.
Os contatos só são intensificados novamente em 26 de outubro para quando é agendada
uma reunião virtual da Pfizer com a presença do secretário-executivo do Ministério da Saúde.
Ainda naquele mês, Alejandro Lizarraga agradece a possibilidade de retomar as tratativas com o
Brasil e afirma ser possível, pela lei brasileira, a assinatura do contrato.
“Encaminhamos nesta quinta-feira os pareceres jurídicos que confirmam que a proposta
enviada pela Pfizer está prevista no direito público e pode ser assinada pelo governo, de acordo
com a lei 8666, bem como as informações sobre compras/contratos internacionais realizados entre
a Pfizer e o Ministério da Saúde para aquisição da vacina ACWY e medicamento Vyndaqel”, diz o
email.
Dias depois, o ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten agenda reunião com a
Pfizer, como ele relatou à CPI. Em continuidade à audiência, o gerente-geral da Pfizer no Brasil
enviou email a técnicos da Saúde e a Wajngarten em que relata a reunião e fala da oferta de 70
milhões de doses.
“Gostaria de reforçar que um diferencial da nossa proposta, em linha com que o
excelentíssimo senhor presidente Jair Bolsonaro tem comentado, é que o acordo só é efetivado a
partir da aprovação da vacina da Anvisa, sem qualquer risco/prejuízo financeiro ao país caso nossa
vacina não receba o registro regulatório”, disse Carlos Murillo no email.
Em 24 de novembro, a Pfizer atualiza a proposta e informa que o pagamento será exigido
somente após dez dias da assinatura do contrato definitivo, ou seja, com o registro da potencial
vacina pela Anvisa. Em dezembro, o Brasil apresenta uma contraproposta e informa a necessidade
de publicação de uma medida provisória para assinar o memorando de entendimento com a Pfizer.
Em depoimento à CPI, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello foi questionado sobre o assunto e
classificou a insistência do laboratório como “agressiva”.
“Eu acredito que a estratégia de venda da Pfizer, a forma agressiva da publicidade, aquilo
ali é uma estratégia de empresa. Então, ela veio muito forte para vender no Brasil, no boom da
América Latina, o que é normal”, disse.
“Não, não. A oferta das vacinas no mundo é infinitamente inferior à procura..Nós é que
estávamos precisando; não era a Pfizer que estava precisando da gente”, rebateu o presidente da
CPI, Omar Aziz (PSD-AM).
O ex-ministro afirmou que respondeu a todas as propostas. “Foram respondidas em
negociação intensa e direta, com dezenas de documentação e reuniões”, disse o ex-ministro.
“Então a Pfizer está mentindo…”, rebateu o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI.
Pazuello também alegou que o valor das doses da Pfizer era US$ 10, e eles negociavam a US$
3,75. “Era três vezes mais caro.”
O ministro também argumenta que havia cláusulas de armazenamento a -80ºC, sendo que
os representantes da Pfizer informam que seria possível mantê-las resfriadas por cinco dias nos
postos de vacinação na temperatura entre 2ºC e 8ºC.
Na comissão, Pazuello também informou uma data que não coincide com os emails da
Pfizer. "Então, a primeira proposta oficial da Pfizer foi no dia 26 de agosto –oficial, foi o MOU
[memorando]–, onde ela apresenta um cronograma. As discussões anteriores eram discussões de
possibilidades. Quando ela assinou o MOU e mandou para nós, o memorando de entendimento,
que foi no dia 26 de agosto, nesse momento ela apresenta também as cinco cláusulas que
colocam ativos no exterior, fundo garantidor", disse o ex-ministro.
Os emails atestam que foi no dia 14 de agosto a apresentação da oferta. Pelos dados
enviados pela Pfizer à comissão, não é possível saber se houve a assinatura do chamado
memorando de entendimento, como relatou Pazuello. Procurado pela Folha, o Ministério da Saúde
não se manifestou sobre o teor dos emails.
Cronologia dos emails entre Pfizer e Ministério Da Saúde
31 de julho de 2020
Pfizer pede audiência urgente com a pasta. País registrava cerca de 92,5 mil mortes
4 de agosto de 2020
Ministério confirma reunião para dia 6 de agosto
8 de agosto de 2020
País ultrapassa marca de 100 mil mortos por Covid-19
14 de agosto de 2020
Empresa envia a proposta formal para fornecimento de futura vacina. Previsão era de 70
milhões de doses, acima das 30 milhões discutidas anteriormente
17 de agosto
Envia um email a técnicos da Saúde um link para acessar documentos com informações
sobre a vacina e a proposta. Envia um segundo email a técnicos da Economia informando sobre a
proposta que havia sido feita.
18 de agosto de 2020
Pfizer afirma que consegue antecipar 1 milhão de doses para entrega em ainda 2020, após
aval da Anvisa. Email reforça que a validade da proposta era 29 de agosto e pede urgência para
resposta
19, 21, 25 e 26 de agosto de 2020
Pfizer faz contato telefônico e eletrônico e pede uma posição do ministério. Envia proposta
com revisão no cronograma e entrega de doses
29 de agosto de 2020
Data limite da primeira oferta. Não há documento entregue pela Pfizer à CPI referente a
este dia. Mortes por Covid-19 passam de 120 mil
2, 12 e 15 de setembro de 2020
Pfizer faz novo contato com ministério e se coloca à disposição para reunião sobre o
andamento dos estudos da vacina. No período, presidente mundial da Pfizer encaminha
mensagem a Bolsonaro e Pazuello. Empresa diz que fechou acordo com os Estados Unidos e
reforma que celeridade é crucial, pois há número limitado de doses em 2020. Email enviado ao
presidente Bolsonaro e ministros é encaminhado a integrantes do Ministério da Saúde
14 de outubro de 2020
Número de mortes já passava de 150 mil no país. Empresa envia dados ao Programa
Nacional de Imunizações
27 de outubro de 2020
Reunião entre Pfizer e governo para retomar as negociações
10 de novembro de 2020
Pfizer tem reunião com Bolsonaro, Guedes e Wajngarten. Foi reapresentada a proposta de
70 milhões de doses, com um mínimo a ser adquirido no primeiro semestre e o restante no
segundo semestre. Empresa reforça que contrato será efetivado somenta após aval da Anvisa,
“sem qualquer risco/prejuízo financeiro ao país caso nossa vacina não receba o registro”
13 de novembro de 2020
Número de mortes chega a quase 165 mil. Ministério confirma reunião com a empresa para
17 de novembro
Dia 24 de novembro de 2020
Pfizer manda termos atualizados do acordo. Validade da proposta é 7 de dezembro. Depois
disso, doses serão distribuídas a outros países
2 e 3 de dezembro de 2020
Empresa tenta contato telefônico e eletrônico, relata ter deixado inúmeras mensagens, mas
não obteve a resposta
4 de dezembro de 2020
Ministério enviar uma contraproposta à empresa
6 e 9 de dezembro de 2020
Pfizer pede reunião para discutir contraproposta e mostra que memorando de
entendimento depende de medida provisória do governo, ainda a ser editada
10 de dezembro de 2020
Ministério fecha memorando de entendimento com a Pfizer. Brasil chega perto de 180 mil
mortes
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2021/05/governo-ignorou-10-emails-da-pfizer-sobre-vacinas-
em-1-mes-mostram-documentos-da-cpi.shtml
No país resignado à morte, combate à epidemia se reduz a
evitar UTI lotada
Em breve, talvez ocorra desastre semelhante ao de Manaus com uma possível variante indiana assassina
Fonte: Folha de São Paulo
Por: Vinicius Torres Freire
Data: 20/05/2021
O combate à epidemia limita-se no momento a evitar que as UTIs lotem, que um excesso
de pessoas morra asfixiada e que não aconteça escândalo maior por causa desses horrores. É o
que se pode dizer, com desassombro temperado de resignação deprimida. Deve ser assim até o
fim da epidemia. Quando não há lotação de UTIs, falta de oxigênio nos hospitais ou novos “picos
recordes”, leva-se a vida, nos governos ou nas ruas, morram 500, 1 mil, 2 mil ou 3 mil pessoas por
dia, seja qual for o “platô” da temporada. Os estados, na prática, jogaram a toalha. Governo federal
não há.
Haveria como remediar essa situação, e pouco, se Bolsonaro evaporasse. Não vai
acontecer em tempo hábil, se tanto. A CPI da Covid é necessária, claro. Talvez a CPI encaminhe
(para quem?) medidas judiciais contra Jair Bolsonaro (hum...) ou Eduardo Pazuello, daqui uns
meses, semanas ou até daqui a pouco, como o tal “relatório parcial”, o que é necessário, claro. E
daí?
A administração federal da epidemia continua quase tal e qual descrita pelo general
Pesadello: Bolsonaro sabota as medidas sanitárias dos “idiotas” e o ministro da Saúde tenta fingir
que não é com ele. Marcelo Queiroga talvez não consiga ser tão incapaz quanto o brucutu mendaz
que é Pesadello. Mas produz o quê?
O controle da epidemia depende, bidu, de antecipar mais vacinas. Não há mais vacinas,
não há aceleração do cronograma. A partir de meados de junho, talvez faltem até as doses
previstas nos planos mais realistas. O problema crucial é o atraso das importações de matéria
prima da China, que talvez fosse atenuado por uma conversa séria de um governo do Brasil com o
da China (hahaha). É o assunto central da vida, da educação, da fome, da sanidade, da economia.
A gente não trata a coisa assim. Discute o ignóbil Pesadello.
Queiroga diz que Bolsonaro tem “excelente relação” com a China. Disse também essa
outra sabujice repulsiva e marqueteira, segundo registro da Agência Brasil: “É importante passar
uma mensagem positiva para a sociedade brasileira, e não essa cantilena de que está faltando
[matéria prima importada de vacina]. O Brasil precisa de tranquilidade para superarmos juntos essa
dificuldade sanitária”.
Controlar os riscos da epidemia depende de coordenação nacional. Graças à
descoordenação, a Bolsonaro, a variante de Manaus se espalhou pelo país, causando a desgraça
maior sabida. Em breve, talvez ocorra desastre semelhante com uma possível variante indiana
assassina.
Monitorar de modo consequente, prático, a epidemia, depende de testagem em massa e de
estudo nacional e coordenado das variantes do vírus. No domingo, o lépido e antenado Queiroga
disse que está “em estudo” uma campanha de testagem. Já, Queiroga? Que rápido.
Arrumar mais vacinas depende de trabalho para facilitar a aprovação de novos
imunizantes. O que o governo faz para acelerar, segundo critérios técnicos, a compra de vacina
russa, indiana ou inca venusiana? Não há sentido algum de emergência.
Os estados relaxam as restrições de movimento e negócios, pois não têm mais força ou
ânimo políticos para impô-las, de resto sabotadas, vamos repetir, por Bolsonaro. Tentam agora
apenas evitar o colapso das UTIs.
Se não houver nova variante assassina, a epidemia vai morrer de morte morrida, depois
que uma quantidade grande de gente tenha sido morta ou infectada e outro tanto tenha sido
vacinada, daqui a alguns meses. É praticamente o plano Bolsonaro 2 (o plano 1 não tinha nem
vacina, era pura morte de rebanho): deixa morrer.
Jornalista, foi secretário de Redação da Folha. É mestre em administração pública pela
Universidade Harvard (EUA).
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/viniciustorres/2021/05/no-pais-resignado-a-morte-combate-a-
epidemia-se-reduz-a-evitar-uti-lotada.shtml
Embaixador da China diz que insumos para produção de
vacinas de Covid no Brasil chegam 'nos próximos dias'
Previsão é entrega de volume equivalente a 16,6 milhões de doses de Coronavac e AstraZeneca a partir de sábado
Fonte: Folha de São Paulo
Data: 20/05/2021
O embaixador da China no Brasil, Yan Wanming, anunciou nesta quinta-feira (20) a
liberação de novos lotes de insumos para produção de vacinas contra Covid pelo Instituto Butantan
e pela Fiocruz. Segundo o embaixador, o volume a ser enviado deve ser equivalente à produção de
16,6 milhões de doses, somadas, das vacinas Coronavac e AstraZeneca. A declaração ocorreu em
reunião com membros do Fórum de Governadores.
Wanming diz que a previsão é que a chegada ocorra "nos próximos dias". "Informei a
liberação dos novos lotes de IFA [insumo farmacêutico ativo] pra produzir no total 16,6 milhões de
doses da Coronavac e vacina AstraZeneca, que chegarão no Brasil nos próximos dias. A China,
fraterna com o povo brasileiro, está comprometida em parceria de vacinas", disse o embaixador,
por meio das redes sociais.
Segundo informações divulgadas pelo governador do Piauí, Wellington Dias, que coordena
a temática de vacinas no fórum, a entrega de insumos da AstraZeneca, equivalentes à produção de
12 milhões de doses, deve ocorrer em dois lotes a partir de sábado (22). Já no dia 25, está prevista
a chegada de 3.000 litros de insumos para o Butantan, os quais seriam equivalentes a pouco mais
de 4 milhões de doses.
Participaram do encontro governadores vinculados a laboratórios ou a consórcios regionais
que acompanham discussões sobre vacinas, como João Doria (São Paulo), Flávio Dino
(Maranhão) e Waldez Goés (Amapá). Apesar do anúncio, representantes dos laboratórios dizem
que ainda há incertezas sobre o recebimento de mais lotes de insumos que são esperados até
junho.
"Em maio e junho o Butantan deveria receber 10.000 litros [de IFA]. Vamos receber 3.000
litros dia 25 e não existe ainda data para o restante. Na reunião com o embaixador, pedi esforços
no sentido de liberar esses 7.000 litros, para que não haja interrução do cronograma, e ele se
colocou à disposição para fazer todos os esforços", afirmou o diretor do Butantan, Dimas Covas,
durante uma audiência sobre o tema em comissão da Câmara dos Deputados.
Segundo ele, no mesmo encontro, o embaixador frisou que a China tem exportado um
grande volume de doses e insumos a diferentes países, ao mesmo tempo em que tem feito a
vacinação da sua população. "Neste contexto é que se encontra a posição dos IFAs do Brasil, com
o diferencial de que a [vacina da] AstraZeneca não é usada na produção de vacinas para a China,
ao passo que a Sinovac [que tem parceria com o Butantan] é uma das empresas que mais
fornecem ao governo chinês. Então no fundo o governo chinês, de certa maneira, controla a
disponibilidade de matéria-prima para esses 100 países e para a própria China, e isso explica em
parte o que estamos vivendo", disse.
Atualmente, a dificuldade em obter insumos é apontada como um dos fatores que tem
levado ao atraso para oferta da segunda dose da Coronavac. Para Covas, um eventual atraso na
aplicação da segunda dose não deve trazer impacto significativo, mas é preciso atenção para que
o esquema vacinal seja finalizado assim que possível. "O que não pode é não completar o
esquema vacinal. O nível de proteção com uma dose só não é suficiente."
O vice-presidente de produção e inovação da Fiocruz, Marco Krieger, disse que, com o
volume recebido de insumos, a fundação tem entregas garantidas de vacinas até a semana de 3
de julho. Ele admite, porém, que eventuais pausas na produção podem ocorrer. Nesta quinta, a
Fiocruz interrompeu a produção temporariamente. A expectativa é que, com a chegada de novos
lotes, a fabricação das vacinas seja retomada na terça (25).
"Hoje estamos limitados pela disponibilidade de IFA. Se tivéssemos condições de antecipar
mais IFAs, teríamos condições de produzir ainda mais vacinas", afirmou.
Krieger lembra que a fundação pretende iniciar em junho a produção de vacinas com
insumos nacionais. As primeiras entregas, no entanto, estão previstas para ocorrer em outubro. O
prazo considera o intervalo até a assinatura de contratos e novas etapas de autorização na Anvisa
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2021/05/embaixador-da-china-diz-que-insumos-
para-producao-de-vacinas-de-covid-no-brasil-chegam-nos-proximos-dias.shtml
Frente a nova alta de casos de Covid, Argentina impõe
restrições a principais cidades
Apenas atividades essenciais, como venda de alimentos e de remédios, serão permitidas
Fonte: Folha de São Paulo
Data: 20/05/2021
Frente à alta de infectados e mortos pelo coronavírus na Argentina, o presidente Alberto
Fernández anunciou na noite desta quinta (20) um lockdown de nove dias em regiões consideradas
mais críticas. A medida, que representa a volta à fase 1 do plano de combate à crise, entra em
vigor no sábado (22). Além da região metropolitana de Buenos Aires, que engloba a capital federal
e concentra 16 milhões de habitantes, serão afetadas as cidades de Rosario, Córdoba e Santa Fé.
Durante esse período, só poderão funcionar atividades essenciais (comércio de alimentos e
remédios, hospitais, farmácias e postos de gasolina), e apenas trabalhadores dessas áreas estão
liberados para circular, além de políticos, jornalistas e diplomatas, que receberão autorização
especial. Serão suspensas todas as atividades sociais, educativas, religiosas e esportivas. Os
comércios poderão, no entanto, manter os serviços de entrega, assim como restaurantes e bares.
Segundo o presidente, de acordo com a situação da pandemia, pode haver flexibilização das
regras a partir de 31 de maio.
Paralelamente, Fernández anunciou o retorno de alguns auxílios econômicos, como o
Repro (Recuperação Produtiva), que beneficiará o comércio, o setor de serviços e indústrias,
obrigados a parar de funcionar, e um aumento do salário complementar para trabalhadores dos
setores essenciais e de saúde. Enfermeiros e médicos do país vêm pedindo aumentos e, na
semana passada, realizaram uma marcha no centro de Buenos Aires por recursos e melhores
condições de trabalho. Também haverá um aumento no investimento do governo em gastos
sociais, com um reforço na "tarjeta alimentar", cartão com descontos para compras em
supermercados para famílias de baixa renda.
As medidas buscam conter a alta na curva do coronavírus na Argentina. Na última terça-
feira (18), foi registrado o recorde de mortes num só dia —744. Desde o começo da crise sanitária,
foram 72.669 óbitos e 3,4 milhões de infectados, segundo dados da Universidade Johns Hopkins.
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2021/05/argentina-tem-nova-alta-de-casos-de-covid-e-impoe-
restricoes-em-principais-cidades.shtml
FMI diz que fim da pandemia é possível a um custo de cerca
de US$ 50 bilhões
Proposta inclui vacinação de pelo menos 40% da população mundial até o fim de 2021
Fonte: Folha de São Paulo
Data: 21/05/2021
O FMI (Fundo Monetário Internacional) divulgou nesta sexta-feira (21) uma proposta de
US$ 50 bilhões (R$ 105,7 bilhões) para acabar com a pandemia de Covid-19, vacinando pelo
menos 40% da população de todos os países até o final de 2021 e pelo menos 60% até o primeiro
semestre de 2022. Fazer isso, disseram autoridades do FMI, injetaria o equivalente a US$ 9
trilhões (R$ 47,6 trilhões) na economia mundial até 2025 devido a uma retomada mais rápida da
atividade econômica, com os países ricos sendo potencialmente mais beneficiados.
A diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, disse a uma cúpula da saúde organizada
pela Comissão Europeia e pelo G20 que faz sentido que as economias ricas aumentem as
doações para garantir um fim mais rápido da pandemia. "As economias avançadas —solicitadas a
contribuir mais para este esforço— provavelmente veriam o maior retorno sobre investimento
público na história moderna, capturando 40% dos ganhos do PIB e cerca de US$ 1 trilhão (R$ 5,2
trilhões) em receitas fiscais adicionais", disse ela.
A proposta elaborada pela economista-chefe do FMI, Gita Gopinath, e pelo economista da
equipe Ruchir Agarwal amplia os esforços já em andamento pelo Acesso ao Acelerador de
Ferramentas contra a Covid-19 (ACT), pelas Nações Unidas, Organização Mundial da Saúde e
outros grupos.
A implementação do plano custaria cerca de US$ 50 bilhões (R$ 264,4 bilhões), com US$
35 bilhões (R$ 185,1 bilhões) sendo pagos por meio de doações de países ricos, doadores
privados e multilaterais, e os US$ 15 bilhões (R$ 79,3 bilhões) restantes financiados por governos
nacionais usando financiamento de juros baixos, ou sem juros, disponível dos bancos multilaterais
de desenvolvimento.
Os países do G20 já reconheceram a necessidade de cerca de US$ 22 bilhões (R$ 116,3
bilhões) em doações para enfrentar a crise, deixando cerca de US$ 13 bilhões (R$ 68,7 bilhões)
em doações adicionais necessários para alcançar os US$ 50 bilhões (R$ 264,4 bilhões), disseram
autores do FMI. Sem ações urgentes, muitos países emergentes e em desenvolvimento podem ter
que esperar até o final de 2022 ou mais tarde para controlar a pandemia, acrescentaram.
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2021/05/fmi-diz-que-fim-da-pandemia-e-possivel-a-um-
custo-de-cerca-de-us-50-bilhoes.shtml
Agência americana contraindica teste de anticorpos após
vacina contra Covid
Segundo nota da FDA, interpretação incorreta do resultado e falta de informações sobre imunidade podem levar a
comportamentos de risco
Fonte: Folha de São Paulo
Data: 21/05/2021
A agência regulatória de medicamentos dos Estados Unidos, FDA (Food and Drug
Administration, em inglês), emitiu nota na última quarta-feira (19) contraindicando o uso de testes
para medir anticorpos pós-vacinação contra a Covid-19. A nota de segurança divulgada pela
agência é direcionada ao público geral e aos profissionais de saúde e afirma que os resultados dos
testes atualmente disponíveis no mercado para investigar a presença de anticorpos específicos
contra o Sars-CoV-2 no sangue não devem ser usados para avaliar a proteção contra a Covid-19
em momento algum e menos ainda após receber uma dose de vacina.
De acordo com o órgão, embora um resultado positivo em um exame de anticorpos possa
ajudar a identificar indivíduos com uma infecção prévia pelo coronavírus, mais estudos são
necessários para avaliar a resposta em pessoas vacinadas. “Os testes autorizados para detecção
de anticorpos anti-Sars-CoV-2 não foram desenvolvidos para avaliar o nível de proteção induzida
por resposta imune após as vacinas contra Covid-19. Se os resultados desses testes forem
interpretados erroneamente, há um risco potencial de as pessoas relaxarem na adoção de
precauções contra exposição ao vírus e pode aumentar a circulação do mesmo”, afirma a nota.
O anúncio da FDA se assemelha à recomendação publicada pelo CDC (Centro de Controle
e Prevenção de Doenças) norte-americano, que diz não recomendar o uso de testes de anticorpos
para aferir a imunidade contra o coronavírus pós-vacinação. Especialistas já haviam alertado que
os testes de anticorpos contra Covid-19 disponíveis no mercado não servem para saber se a
imunização pós-vacina funcionou.
A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) não recomenda a realização de sorologia
para avaliar reposta imunológica às vacinas contra Covid-19. Os testes foram desenhados para a
detecção de um ou mais tipos de anticorpos e não são capazes de verificar outros tipos de
resposta imune do corpo, como a resposta celular.
Novas variantes do coronavírus que surgem também ameaçam potencialmente o conceito
de proteção pós-vacinação, pois ainda há pouca informação sobre a possibilidade de novas cepas
escaparem das vacinas. Dessa forma, a FDA reforça que um resultado positivo (testes qualitativos)
ou quantitativo (que além de medir a presença avaliam quantidade) para anticorpos anti-Sars-CoV-
2 não devem ser interpretados como proteção.
Segundo o órgão, a detecção dessas proteínas no organismo pode indicar que uma
resposta imune foi gerada (a chamada seroconversão), mas o contrário, ou seja, a não detecção
de anticorpos, não pode ser definitiva para afirmar que não houve uma resposta imune. Em relação
aos imunizantes, alguns foram desenhados para induzir a produção de anticorpos específicos
contra uma região do vírus, como as vacinas de mRNA (Pfizer e Moderna) ou de adenovírus não
replicantes, caso da Janssen e da Sputnik V. Em todos esses casos, o alvo do fármaco é levar à
produção de anticorpos que se ligam à proteína S do vírus (a espícula usada pelo Sars-CoV-2 para
se ligar às células do hospedeiro).
Essas vacinas podem levar à produção de anticorpos neutralizantes, mas não
necessariamente estarão associadas à indução de outros tipos de moléculas, como as
imunoglobulinas de memória (IgG) e os anticorpos que se ligam ao nucleocapsídeo do vírus
(proteína N). A realização de testes de anticorpos que não sejam específicos para essas partes do
vírus pode ainda trazer resultados incorretos sobre a resposta imune.
Por outro lado, os testes de anticorpos podem ser ferramentas úteis para os profissionais
de saúde e epidemiologistas para investigar a prevalência do vírus em um determinado local, a
nível populacional, ou ainda indicar um possível contato anterior ao vírus. A agência reforça ainda
que os testes de anticorpos devem ser feitos apenas com a orientação de um médico ou
profissional de saúde.
https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2021/05/agencia-americana-contraindica-teste-de-
anticorpos-apos-vacina-contra-covid.shtml
ANS concede portabilidade especial para beneficiários da
Planodont
Beneficiários da operadora devem ficar atentos aos prazos concedidos pela ANS
Fonte: ANS
Data: 20/05/2021
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) publicou nesta quinta-feira (20/05), no
Diário Oficial da União, a concessão de portabilidade especial de carências para os clientes das
operadoras de planos de saúde Planodont Serviços Odontológicos Ltda. (registro ANS nº 41.836-
6). Os beneficiários deverão ficar atentos ao prazo de 60 dias para ingressar em outra operadora
levando consigo os períodos de carência já cumpridos.
Os beneficiários da Planodont – independentemente do tipo de contratação e da data de
assinatura do contrato – poderão mudar de operadora sem cumprir novos períodos de carências.
Somente os beneficiários que ainda estejam cumprindo carência ou cobertura parcial temporária
por doença preexistente deverão cumprir o período remanescente na nova operadora.
Para auxiliar na escolha do plano de saúde, a ANS disponibiliza o Guia ANS de Planos de
Saúde, que aponta ao consumidor os planos disponíveis, de acordo com as características
selecionadas pelo beneficiário. Uma vez escolhido o novo plano, basta o beneficiário se dirigir à
operadora apresentando os seguintes documentos:
Identidade
CPF
Comprovante de residência
Cópias de pelo menos três boletos pagos na operadora de origem, referentes ao
período dos últimos seis meses
Em caso de dúvidas ou problemas de atendimento, os canais da ANS estão à disposição
dos beneficiários para reclamações ou esclarecimentos: Disque ANS 0800 701 9656; Fale
Conosco no portal da Agência; ou pela Central de atendimento para deficientes auditivos 0800 021
2105.
https://www.gov.br/ans/pt-br/assuntos/noticias/beneficiario/ans-concede-portabilidade-especial-
para-beneficiarios-da-planodont
Portabilidade extraordinária para beneficiários da Unimed
NO/NE na Bahia
ANS ressalta que deve ser observado o prazo de 60 dias para mudar de plano a partir de hoje (20/05)
Fonte: ANS
Data: 20/05/2021
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) concedeu a portabilidade extraordinária de
carências aos beneficiários do estado da Bahia da operadora Unimed Norte/Nordeste – Federação
Interfederativa das Sociedades Cooperativas de Trabalho Médico, (registro nº 32.421-3).
Os beneficiários da Unimed Norte/Nordeste do estado da Bahia – independentemente do
tipo de contratação e da data de assinatura do contrato – poderão mudar de operadora sem
cumprir novos períodos de carências. Somente os beneficiários que ainda estejam cumprindo
carência ou cobertura parcial temporária por doença preexistente deverão cumprir o período
remanescente na nova operadora. A ANS destaca que a assistência aos beneficiários, até a troca
de operadora, está assegurada.
Para auxiliar na escolha do plano de saúde, a ANS disponibiliza o Guia ANS de Planos de
Saúde, que aponta ao consumidor os planos disponíveis, de acordo com as características
selecionadas pelo beneficiário. Para fazer a portabilidade, os interessados devem se dirigir à
operadora escolhida, que deverá aceitá-los imediatamente se estiverem com a documentação
necessária:
Identidade
CPF
Comprovante de residência
Cópias de pelo menos três boletos pagos na operadora de origem, referentes ao
período dos últimos seis meses
O prazo para fazer a portabilidade é de até 60 dias, contados a partir da data da publicação
da resolução no Diário Oficial (20/05/2021). Em caso de dúvidas ou problemas de atendimento, os
canais da ANS estão à disposição dos beneficiários para reclamações ou esclarecimentos: Disque
ANS 0800 701 9656; Fale Conosco no portal da Agência; ou pela Central de atendimento para
deficientes auditivos 0800 021 2105.
https://www.gov.br/ans/pt-br/assuntos/noticias/beneficiario/portabilidade-extraordinaria-para-
beneficiarios-da-unimed-norte-nordeste-na-bahia
ANS e OPAS lançam livro sobre regras de solvência
Evento online será realizado no dia 25/05, às 17h; inscrições estão abertas
Fonte: ANS
Data: 20/05/2021
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e a Organização Panamericana da Saúde
(OPAS/OMS) lançam, no dia 25/05, o livro “Risco de Subscrição no Mercado de Saúde
Suplementar Brasileiro – Uma Nova Regulamentação”. Na publicação, são apresentados os
fundamentos e as motivações que levaram às mudanças nas regras de solvência para a adoção do
capital baseado em risco no setor de planos de saúde.
O evento inicia às 17h e será realizado no formato online. Para participar, o interessado
deve se inscrever previamente - clique aqui e acesse o link de inscrição.
O livro contém cinco capítulos em que são apresentados os seguintes pontos: evolução da
regulação econômico-financeira, governança corporativa e solvência, seleção dos dados e
metodologia para desenvolvimento de abordagem padronizada e a nova regra sobre capital
regulatório. A publicação é resultado de cooperação técnica firmada entre a ANS e a OPAS/OMS,
cujo objetivo é apoiar o fortalecimento e o aprimoramento da ação regulatória, visando à garantia
de acesso, à qualidade assistencial, à sustentabilidade do setor, ao desenvolvimento de
mecanismos de integração com o SUS e ao desenvolvimento de capacidades institucionais.
A organização do livro é de Tatiana Lima, Tainá Leandro e Fernando Leles, que juntamente
com César da Rocha Neves, Eduardo Fraga L. de Melo, Silvio Ghelman, Tatiana de Campos
Aranovich, e Thiago Barata Duarte completam a equipe técnica responsável. A publicação já está
disponível em versão digital e pode ser acessada e baixada gratuitamente pelo site da OPAS
(clique aqui).
Saiba mais sobre as regras de capital regulatório.
Lançamento do livro: “Risco de Subscrição no Mercado de Saúde Suplementar Brasileiro
– Uma Nova Regulamentação”
Data: 25/05 – 17h
Inscrições: Para participar do evento, inscreva-se aqui
Programação:
17h – Abertura
Rogério Scarabel Barbosa, diretor-presidente substituto (ANS)
Socorro Gross, representante no Brasil (OPAS/OMS)
17h10 - Apresentação da publicação
Washington Alves, gerente de Acompanhamento Econômico-Financeiro das Operadoras e
Mercado (ANS)
Thiago Barata, coordenador de projetos (SUSEP)
17h20 - Debate
Raquel Marimon, pesquisadora (Instituto Brasileiro de Atuária)
17h30 - Encerramento e perspectivas
Paulo Rebello, diretor de Normas e Habilitação das Operadoras (ANS)
https://www.gov.br/ans/pt-br/assuntos/noticias/sobre-ans/ans-e-opas-lancam-livro-sobre-regras-de-
solvencia
Planos de saúde: número de beneficiários é o maior em
quase cinco anos
Indicadores também mostram que pandemia não provocou impacto significativo no setor no 1º trimestre; dados são do
Boletim Covid-19
Fonte: ANS
Data: 21/05/2021
stá disponível no portal da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) a nova edição
do Boletim Covid-19 com dados sobre a utilização dos planos de saúde durante a pandemia. Nele
estão reunidos indicadores assistenciais e econômico-financeiros coletados até abril de 2021 junto
a uma amostra significativa de operadoras. O informativo também contempla a prévia da evolução
do número de beneficiários em planos de assistência médica relativa a esse mês, o número de
exames relacionados à Covid-19 realizados pelos usuários de planos de saúde e demandas dos
consumidores recepcionadas pela ANS através de seus canais de atendimento.
Através do Boletim, que nesta edição completa um ano, a ANS vem monitorando o
comportamento e a evolução do setor de planos de saúde desde o início da pandemia. O objetivo é
subsidiar análise qualificada da agência para a tomada de decisão sobre temas relacionados à
Covid-19 e prestar mais informações à sociedade.
O informativo destaca que o setor manteve a tendência de aumento do número de
beneficiários, tendo atingido, em abril, o maior patamar em quase cinco anos - chegou a 48,1
milhões de usuários de planos médico-hospitalares. Os dados também mostram que o índice de
sinistralidade do primeiro trimestre de 2021 permanece inferior ao observado no mesmo período de
2019, pré-pandemia, e não se observa, até o momento, tendência de alteração no segundo
trimestre. A taxa de ocupação de leitos recuou, retornando ao mesmo patamar de antes da
pandemia, puxada principalmente pela redução na ocupação dos leitos dedicados ao atendimento
à Covid-19. A procura por exames e terapias eletivas apresentou queda em relação a abril de
2019. Esses indicadores sugerem que não há impacto significativo da pandemia nos custos totais
do setor e na utilização assistencial no primeiro trimestre, quando comparados a níveis pré-
pandemia.
Confira abaixo mais detalhes dos indicadores coletados.
Evolução de beneficiários
O número preliminar de beneficiários em planos de assistência médica segue a tendência
de crescimento. Em abril, atingiu 48.103.656 usuários, um aumento de 0,26% em relação a março.
É o maior número registrado desde julho de 2016. Antes disso, quando verificada a evolução
mensal, só foi superado em junho daquele ano, quando o setor atingiu 48.263.518 beneficiários
nessa segmentação.
Em um ano - de abril de 2020 a abril de 2021 -, o crescimento ocorreu em todas as
modalidades de contratação do plano, com destaque para os planos coletivos empresariais, com
variação positiva de 3,15% no mês. Considerando o tipo de contratação do plano e a faixa etária do
beneficiário, observa-se que a variação se mantém positiva para os beneficiários acima de 59 anos
em todos os tipos de contratação no período de um ano.
Informações assistenciais
A taxa mensal geral de ocupação de leitos – que engloba leitos comuns e UTI - apresentou
queda de quatro pontos percentuais em relação a março, atingindo 72% em abril. Essa redução
decorreu, principalmente, da queda na taxa de ocupação de leitos para atendimento à Covid-19 em
comparação ao mês anterior, e atingiu o mesmo patamar de antes da pandemia. Em abril, a taxa
de ocupação de leitos para Covid-19 passou de 79% para 72% e a taxa de leitos para outros
procedimentos se manteve em 73%.
A quantidade de consultas em pronto-socorro que não geraram internações sofreu queda
significativa em relação ao mês anterior e continua abaixo do observado antes do início da
pandemia. A procura por exames e terapias eletivas (Serviços de Apoio Diagnóstico Terapêutico -
SADT) registrou queda, em comparação com abril de 2019.
Exames relacionados à Covid-19
Os dados sobre a realização de exames contemplam informações coletadas até fevereiro e
têm como fonte os dados do Padrão TISS (Troca de Informação de Saúde Suplementar). Nesse
mês, foram contabilizados 276.725 exames RT-PCR e 56.260 testes do tipo sorológico, mas cabe
ressaltar que os números ainda sofrerão alteração à medida que as cobranças forem
encaminhadas dos prestadores de serviços às operadoras e, posteriormente, para a ANS. O mês
de dezembro de 2020 registrou o maior número de exames realizados nas duas modalidades:
788.078 testes do tipo RT-PCR e 181.692 sorológicos.
Informações econômico-financeiras
Em abril, houve leve queda das despesas assistenciais e redução do pagamento das
mensalidades recebidas em relação a março - entretanto, este valor ainda é superior ao verificado
nos meses anteriores. O índice de sinistralidade voltou aos patamares de dezembro de 2020,
passando para 80%. Importante destacar que o índice de sinistralidade do 1º trimestre de 2021
permanece inferior ao mesmo período pré-pandemia, e não há evidências, até o momento, que a
tendência deva se alterar no 2º trimestre de 2021.
Os percentuais de inadimplência, tanto para planos individuais ou familiares quanto para
coletivos, continuam próximos dos níveis históricos em abril, ficando em 6% no geral - queda de 1
ponto percentual em relação a março.
Demandas dos consumidores
O boletim mostra ainda queda no número de reclamações – tanto gerais como demandas
específicas sobre Covid-19 – no comparativo com março. Em abril, foram registradas 13.094
reclamações pelos canais de atendimento da ANS, redução de 14,1% em comparação com o mês
anterior. Em relação às reclamações específicas sobre Covid-19, foram registradas 1.324 queixas
em abril, ante 1.525 reclamações relativas ao tema em março, queda de 13,2%, aproximadamente.
Do total de reclamações relacionadas ao coronavírus nesse mês, 40% dizem respeito a
dificuldades relativas à realização de exames e tratamento, 46% se referem a outras assistências
afetadas pela pandemia e 14% são reclamações sobre temas não assistenciais (contratos e
regulamentos, por exemplo).
Cabe esclarecer que essa classificação considera o relato do consumidor ao cadastrar sua
demanda na ANS, sem análise de mérito sobre eventual infração da operadora ou da
administradora de benefícios à Lei 9.656/98 e seus normativos ou aos termos contratuais.
Ressalta-se que, entre os meses de março a dezembro de 2020, a NIP alcançou índices de
resolutividade superiores a 90%, considerando todas as demandas cadastradas na ANS no
período, que foram passíveis de mediação, inclusive quando consideramos somente as demandas
relacionadas com a Covid-19. Esse dado mostra que a maioria das reclamações apresentadas
foram solucionadas no âmbito da mediação promovida pela ANS. No portal da reguladora, é
possível acessar o monitoramento diário das demandas sobre Covid-19.
Sobre os dados
Para a análise dos indicadores assistenciais, a ANS considerou informações coletadas
junto a uma amostra de 50 operadoras que possuem rede própria hospitalar. Para os índices
econômico-financeiros, foram analisados dados de 97 operadoras para o estudo de fluxo de caixa
e de 96 operadoras para análise de inadimplência.
Adicionalmente, na construção do boletim, foram utilizados dados do Documento de
Informações Periódicas (DIOPS), do Sistema de Informações de Fiscalização (SIF), do Sistema de
Informação de Beneficiários (SIB), do Padrão para Troca de Informação de Saúde Suplementar
(TISS) e do ANS TabNet.
https://www.gov.br/ans/pt-br/assuntos/noticias/coronavirus-covid-19/planos-de-saude-numero-de-
beneficiarios-e-o-maior-em-quase-cinco-anos
Novo Hospital Unimed Vale do Sinos será referência para
casos de urgência e emergência
Com sete andares e 204 leitos, unidade será inaugurada nesta quinta-feira (20) e começará a receber os primeiros
pacientes transferidos a partir de segunda (24)
Fonte: Gaúcha ZH
Data: 19/05/2021
Com a inauguração do Novo Hospital Unimed Vale do Sinos, o atendimento em urgência e
emergência na região ganha um reforço de alta tecnologia nos próximos dias. Localizada no bairro
Hamburgo Velho, em Novo Hamburgo, a instituição é contígua ao hospital atual da cooperativa. O
complexo, formado ainda por um edifício garagem com 500 vagas, será todo interligado por
passarelas. Considerando-se as melhorias que serão implementadas no primeiro hospital, o
investimento total no conjunto de três prédios chega a R$ 250 milhões.
Em sete andares, a nova unidade também terá internações clínica e cirúrgica, unidade de
terapia intensiva (UTI) e serviços diagnósticos. Haverá sete salas para cirurgia e 204 leitos, sendo
120 para internação. A inauguração está marcada para esta quinta-feira (20), e o começo da
transferência de até 80 pacientes se dará a partir da próxima segunda (24). Luis Carlos Melo,
presidente da Unimed Vale do Sinos, salientou como focos do empreendimento a tecnologia, a
segurança do paciente e a humanização do cuidado. O projeto, recordou Melo em coletiva de
imprensa no final da manhã desta quarta-feira (19), é a concretização de uma vontade antiga:
— O sonho de construir um hospital que seja referência nacional está em nossas mentes
há mais de 20 anos. Foram várias tentativas, entraves burocráticos e judiciais. É difícil ser
empreendedor no Brasil, mas a ideia nunca foi retirada das nossas cabeças. O sonho de tornar a
Unimed Vale do Sinos uma referência em saúde para o Estado e para o país foi nosso norte, nosso
ideal.
Entre os diferenciais anunciados, Melo destacou um aplicativo de localização que será
utilizado por colaboradores e pacientes — com o uso de chips, além de localizar pessoas, será
possível também saber onde estão equipamentos. Mesas cirúrgicas modernas permitirão as
inclinações e os demais ajustes desejados pelos médicos. O novo hospital contará também com a
tecnologia e a expertise para oferecer a oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO, na sigla
em inglês), terapia altamente especializada que ficou mais conhecida do grande público durante a
pandemia — o ator Paulo Gustavo, que morreu há duas semanas, chegou a utilizar o chamado
“pulmão artificial” durante sua longa internação no Rio de Janeiro.
A instituição terá também novíssimas máquinas para a realização de exames de
ressonância magnética e mamografia. Melo, médico cirurgião, elogiou o sistema de focos cirúrgicos
(lâmpadas que ficam sobre as mesas de operação) que eliminam a incidência de sombra.
— O mais importante, para nós, é a humanização, o contato e o carinho com o paciente.
Nossos quartos foram pensados para o cliente não se sentir em um hospital tradicional. Vocês se
lembram daqueles quartos todos brancos, daquelas UTIs todas fechadas? Nós procuramos nos
diferenciar nisso — reforçou Melo.
A partir de 31 de maio, o hospital já existente, ao lado do novo, passará a ser uma unidade
de consultas com funcionamento das 7h às 22h. Um pronto-atendimento digital, com atendimento
médico e orientações aos usuários, pode será acessado pelo telefone (51) 3584-3890.
https://gauchazh.clicrbs.com.br/saude/noticia/2021/05/novo-hospital-unimed-vale-do-sinos-sera-
referencia-para-casos-de-urgencia-e-emergencia-ckovv157s0000018m7hwfxo5u.html
Bebê que nasceu com anticorpos contra a Covid pode ser
primeiro do Brasil, dizem especialistas
De acordo com diretora do Comitê de Imunização da Sociedade Brasileira de Infectologia, não há relatos semelhantes
no país. Mãe, que é médica, recebeu vacina com 34 semanas de gestação
Fonte: G1
Data: 20/05/2021
O bebê que nasceu em Tubarão, no Sul de Santa Catarina, com anticorpos contra Sars-
CoV-2, que causa a Covid-19, pode ser o primeiro caso registrado no Brasil, segundo especialistas.
Enrico, de 40 dias, nasceu com os anticorpos após a mãe dele, que é médica e trabalha em um
posto de saúde, ser vacinada com as duas doses da vacina CoronaVac.
De acordo com a diretora do Comitê de Imunização da Sociedade Brasileira de
Infectologia, Rosana Richtmann, não há relatos semelhantes no país. Com as vacinas Pffizer ou de
RNA mensageiro que foram mais utilizados nos Estados Unidos e em Israel há relatos e estudos
internacionais sobre episódios de imunização através da placenta, mas não com a CoronaVac:
"Em relação a CoronaVac, é o primeiro evento, pelo menos que eu tenha notícia,
principalmente aqui no Brasil. Então, é uma notícia muito boa. Nós estamos falando de uma vacina
que está sendo bastante utilizada no nosso país", explicou.
O Ministério da Saúde informou nesta quinta-feira (20) que está recolhendo informações
para confirmar se o caso de Enrico é o primeiro do país. O órgão ainda disse que está consultando
estudos detalhados sobre o tema.
Enrico nasceu no dia 9 de abril e o teste que comprovou a presença de anticorpos foi
realizado dois dias depois, sendo avaliado por diferentes médicos, incluindo o secretário municipal
de saúde da cidade, o obstetra que acompanhou a criança, além da mãe de Enrico e dos
profissionais do laboratório que fez o exame. O resultado mostrou 22% de anticorpos na amostra
analisada.
Apesar da notícia promissora, para infectologistas pediátricos a mãe passar anticorpos
para o filho não é surpresa, segundo Bárbara Simionato, pediatra que trabalha no Controle de
Infecção de Infectologia Pediátrica da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Ela diz que é
comum esse comportamento quando grávidas são imunizadas, mas que em relação à Covid não
há registros no país. "Até o momento presente, é o primeiro caso registrado no Brasil de
transmissão placentária de anticorpos contra o SARS-COV-2 em bebê de mãe vacinada", afirma a
pediatra.
Um artigo científico está sendo elaborado no programa de Pós Graduação da Universidade
do Sul de Santa Catarina (Unisul) para documentar a descoberta e publicá-la. "Ficamos felizes e
emocionados e que sirva de incentivo à outras gestantes. É uma dose de esperança a todos",
afirma a mãe do bebê, Talita Mengali Izidoro, que também integra a equipe de pesquisa.
Bebê será monitorado
Segundo a especialista na área, é natural que as mães passem anticorpos para o bebê
durante a gestação pela placenta. Esse fenômeno auxilia na imunidade de bebês nos primeiros
meses de vida.
A pediatra Bárbara Simionato afirma que até o momento não há dados suficientes para
falar sobre a relevância clínica da imunização do bebê, pois não existem estudos na literatura
cientifica que comprovem a imunidade do bebê contra o vírus.
"Até o momento presente, não temos números exatos para o que chamamos de “correlato
de proteção”, ou seja, qual é a porcentagem de anticorpos neutralizantes no sangue considerada
suficiente para garantir que o indivíduo esteja imune para a COVID-19", afirmou Bárbara Simionato.
Segundo a prefeitura, o bebê será acompanhado e passará por novos exames com 3 e 6
meses de vida para avaliar se ele segue com a presença dos anticorpos no sangue da criança.
Para o médico Juarez Furtado, que trabalha em Itajaí, no Litoral Norte, essa é a maior
dúvida que só poderá ser respondida com outros estudos. Segundo o pediatra, as pesquisas ainda
não souberam responder sobre o empo de imunização, nem mesmo para quem já foi vacinado
contra o vírus.
"Nós temos alguns estudos que mostra seis meses, outros um pouquinho menos. Agora,
com as variantes as coisas vão mudando, esse que é um problema, porque podem mudar as
respostas imunológicas em alguns aspectos, assim como mudam os sintomas do paciente",
comenta.
A Diretoria Estadual de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive-SC) foi
comunicada sobre o caso e informou ao G1 que vai aguardar um relatório para acompanhamento.
"Informamos que ainda não há protocolos estabelecidos pelo Ministério de Saúde (MS) para
indicação e avaliação laboratorial de recém-nascidos de mães imunizadas contra a COVID-19",
disse a Dive em nota.
Procurado pelo G1 SC, o Ministério de Saúde não confirmou se há outros casos
semelhantes no país e disse que a questão estava sendo avaliada pela área técnica.
https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2021/05/20/bebe-que-nasceu-com-anticorpos-contra-
a-covid-pode-ser-primeiro-do-brasil-dizem-especialistas.ghtml