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SAÚDE SUPLEMENTAR: 17 a 21 de maio Aposentado pode manter plano de saúde com mesmas condições da ativa Fonte: Consultor Jurídico Data: 14/05/2021 Trabalhador que se aposenta tem direito a manter plano de saúde nas mesmas condições de quando estava na ativa. Com esse entendimento, a 7ª Vara Cível do Fórum Regional do Méier, no Rio de Janeiro, concedeu antecipação de tutela a uma mulher para manter o valor da mensalidade e a cobertura do plano de saúde de uma aposentada semelhantes aos praticados

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SAÚDE SUPLEMENTAR: 17 a 21 de maio

Aposentado pode manter plano de saúde com mesmas

condições da ativa

Fonte: Consultor Jurídico

Data: 14/05/2021

Trabalhador que se aposenta tem direito a manter plano de saúde nas mesmas condições

de quando estava na ativa. Com esse entendimento, a 7ª Vara Cível do Fórum Regional do Méier,

no Rio de Janeiro, concedeu antecipação de tutela a uma mulher para manter o valor da

mensalidade e a cobertura do plano de saúde de uma aposentada semelhantes aos praticados

quando ela trabalhava no Itaú Unibanco. Com o reajuste aplicado, o valor foi fixado em R$

4.363,12. Porém, o juiz André Fernandes Arruda ordenou que a Porto Seguro — Seguro Saúde e a

Fundação Saúde Itaú mantenham a mensalidade em R$ 2.181,56.

Na decisão, o julgador apontou que o reajuste da mensalidade foi feito em patamar

superior ao permitido pela Lei 9.656/1998. A norma permite que o aposentado mantenha o plano

nas mesmas condições de cobertura assistencial de que gozava quando trabalhava, desde que

assuma o seu pagamento integral.

Arruda também destacou que a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça assegura a

permanência dos aposentados no plano de saúde desde que arquem com as obrigações,

mantendo-se as mesmas condições contratuais.

Se Porto Seguro e a Fundação Saúde Itaú não cumprirem a determinação, deverão pagar

multa de R$ 5 mil, até o limite de R$30 mil. A área de Direito Cível do escritório Stamato, Saboya &

Rocha Advogados Associados defendeu a bancária.

0009121-73.2021.8.19.0208

https://www.conjur.com.br/2021-mai-14/aposentado-manter-plano-saude-mesmas-condicoes

Estado não pode dificultar acesso a medicamentos de alto

custo, diz TJ-SP

Fonte: Consultor Jurídico

Data: 14/05/2021

O artigo 196 da Constituição Federal estabelece como dever do Estado a prestação de

assistência à saúde e garante o acesso universal e igualitário do cidadão aos serviços e ações

para sua promoção, proteção e recuperação. O direito à saúde, como está assegurado na Carta,

não deve sofrer embaraços impostos por autoridades administrativas, no sentido de reduzi-lo ou de

dificultar o acesso a ele.

O entendimento é da 11ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo

ao manter sentença de primeiro grau que determinou ao estado de São Paulo o fornecimento de

três medicamentos de alto custo a uma paciente com hepatite C crônica. No recurso, o governo de

São Paulo alegou que a responsabilidade pela compra dos remédios solicitados seria da União,

cabendo aos estados apenas a distribuição. No entanto, o relator, desembargador Ricardo Dip,

citou entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre a responsabilidade solidária dos entes

federados na prestação de tratamento médico.

"Versando a espécie caso de medicações tidas por de urgente ministração, o ingresso de

outros entes políticos na demanda com remessa dos autos à Justiça Federal não pode ensejar o

atraso da solução da lide, em risco de prejuízo irreparável para a impetrante. Isso tanto mais se há

de considerar quanto se tenha em vista que a solidariedade de devedores é benefício do credor, a

quem incumbe escolher contra quem demandar", afirmou.

De acordo com o relator, trata-se de uma responsabilidade do próprio Estado por inteiro.

Ele também afirmou que, futuramente, o Estado de São Paulo poderá, se assim desejar, pleitear o

ressarcimento dos gastos com os remédios da autora da ação.

"A separação de poderes ou funções da soberania política não afastam do Judiciário a

competência para a apreciação de possível lesão de direito individual, objeto da espécie. Não há

maltrato, neste âmbito, do princípio da conformidade funcional com a incidência normativa em

pauta. Não é de admitir que, no aventável confronto entre o bem jurídico vida e os interesses

político- administrativos, prevaleçam estes àquele", completou.

I Diritti della personalità

Dip também embasou a decisão em relatório médico anexado aos autos que comprova o

diagnóstico e os medicamentos indicados para o tratamento da paciente. Ele destacou ainda que o

Estado não contestou os documentos e, por isso, considerou haver prova suficiente, quanto à

matéria de fato, para escorar o ajuizamento da demanda.

"Adriano de Cupis, no merecidamente clássico I Diritti della personalità, lecionou que a

tutela complementar da vida, da integridade física e da saúde reclama a garantia dos meios

econômicos e financeiros idôneos a prover os cuidados necessários à preservação ou reintegração

desses bens da personalidade, e observou que o Estado se obriga a assegurar o fornecimento

desses meios para tornar possível a gratuidade da cura dos necessitados", concluiu. A decisão foi

unânime.

1060052-53.2018.8.26.0053

https://www.conjur.com.br/2021-mai-14/estado-nao-dificultar-acesso-medicamentos-alto-custo

Lei que vedava interrupção de plano de saúde é

inconstitucional, decide Supremo

Fonte: Consultor Jurídico

Data: 14/05/2021

Devido à competência privativa da União para legislar sobre o tema, o Plenário do

Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade de uma lei do estado do Rio de Janeiro

que proibia o cancelamento ou a suspensão de planos de saúde por falta de pagamento em meio à

crise de Covid-19. O julgamento virtual foi encerrado à 0h deste sábado (15/5).

A Lei Estadual 8.811/2020 autorizou o Poder Executivo a dispor sobre o tema e definia que

os débitos adquiridos durante a crise sanitária poderiam ser cobrados posteriormente, mas sem

juros ou multa. Além disso, ao término do estado de emergência, as operadoras deveriam

possibilitar o parcelamento dos débitos anteriores a março de 2020. No último ano, a Confederação

Nacional das Empresas de Seguros Gerais (Cnseg) ajuizou ação direta de inconstitucionalidade

para questionar a norma.

Prevaleceu o entendimento adotado pela relatora, ministra Cármen Lúcia, que converteu o

julgamento da liminar em pronunciamento de mérito. Ela lembrou que os incisos I e VII do artigo 22

da Constituição conferem à União a competência privativa para legislar sobre Direito Civil e política

de seguros. De acordo com a ministra, a lei fluminense inaugurou "cuidado jurídico que ultrapassa

o escopo de proteção a consumidor em situação de vulnerabilidade, autorizando-se, de modo geral

e indiscriminado, o sobrestamento do dever de adimplemento de obrigação contratual".

Cármen ainda mencionou que o STF já reconheceu que os planos de saúde são

contemplados pela competência privativa constitucional; já declarou inconstitucionais leis estaduais

que reduziam mensalidades de escolas privadas durante a crise de Covid-19; e já suspendeu, em

liminar, a eficácia de uma lei paraibana semelhante à fluminense em questão. Seu voto foi

acompanhado pelos ministros Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Nunes Marques, Dias Toffoli,

Luiz Fux e Ricardo Lewandowski.

Divergência

Ficou vencido o voto do ministro Marco Aurélio. Segundo ele, não haveria usurpação da

competência da União, já que a lei não interferiria na atividade-fim das operadoras. "O texto

constitucional não impede a elaboração de legislação estadual que, sem tratar especificamente dos

negócios jurídicos firmados, venha a afetar a atividade das operadoras de plano de saúde,

ampliando-se a salvaguarda do consumidor, preservado o núcleo de obrigações assumidas em

contrato", pontuou.

O decano foi acompanhado por Edson Fachin e Rosa Weber. O ministro Luís Roberto

Barroso se declarou suspeito para analisar o caso.

ADI 6.441

https://www.conjur.com.br/2021-mai-15/lei-vedava-interrupcao-plano-saude-inconstitucional

Motorista que transportava lixo hospitalar deve receber

adicional de insalubridade

Fonte: Consultor Jurídico

Data: 16/05/2021

Por constatar que o trabalhador estava exposto a agentes biológicos de forma habitual, a

4ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho manteve a condenação de uma empresa de

terceirização de serviços ao pagamento de adicional de insalubridade em grau máximo a um

motorista que transportava lixo hospitalar. O homem prestava serviços para a Universidade Federal

de Santa Catarina (UFSC). Ele ajudava no carregamento e descarregamento dos contêineres de

lixo comum e infectante até o depósito onde é feita a coleta pública, e ainda transportava o lixo

orgânico para uma área de compostagem da universidade. Alguns contêineres continham restos de

gazes, algodão, soros e agulhas e até mesmo peles e pedaços de dedos.

O adicional foi deferido em primeira e segunda instâncias. O Tribunal Regional do Trabalho

da 12ª Região considerou que a coleta era habitual e observou que ele poderia ser contaminado

mesmo que usasse luvas, por meio das vias respiratórias. Em recurso, a empregadora negou que

o homem fizesse a separação, classificação e industrialização do lixo, e ainda alegou que o

adicional em grau máximo só é devido a quem trabalha exclusivamente com pacientes em área de

isolamento, com doenças contagiosas.

O ministro Caputo Bastos, relator do caso no TST, ressaltou que a reforma do acórdão

exigiria o reexame das provas produzidas, o que é vedado nesta fase processual. Seu voto foi

acompanhado por unanimidade. Com informações da assessoria do TST.

8735-70.2011.5.12.0036

https://www.conjur.com.br/2021-mai-16/motorista-levava-lixo-hospitalar-receber-insalubridade

"Jurisprudência em Teses" levanta entendimentos sobre

remédios fornecidos pelo Estado

Fonte: Consultor Jurídico

Data: 16/05/2021

A Secretaria de Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça anunciou a 169º edição do

portal Jurisprudência em Teses. O tema da vez é "Fornecimento de Medicamento pelo Poder

Público – 2". O site trata-se de coletânea de entendimentos do STJ quanto a especificidades

propriamente relevantes ao poder público. Cada edição conta com teses identificadas após

pesquisa nos precedentes. Neste ano, a equipe por trás da ferramenta selecionou dois destaques

dentre as teses.

O primeiro afirma que, em ações nas quais se busca o fornecimento de medicamentos, a

seleção do fármaco cabe ao médico habilitado e ciente da condição do paciente, seja o profissional

de rede particular ou pública. Já a segunda ênfase define que não incorre em condenação genérica

decisão que determine ao Estado o fornecimento de medicamento especificado na inicial ou outros

que se tornem necessários ao longo do tratamento de doença, desde que comprovada a

necessidade. Com informações da assessoria do STJ.

https://www.conjur.com.br/2021-mai-16/stj-levanta-novos-entendimentos-remedios-fornecidos-

estado

Morre em São Paulo o prefeito Bruno Covas, aos 41 anos

Fonte: Consultor Jurídico

Data: 16/05/2021

Morreu às 8h20 deste domingo (16/5) o prefeito licenciado de São Paulo, Bruno Covas

(PSDB), 41, em decorrência de um câncer da transição esôfago gástrica, com metástase e suas

complicações após longo período de tratamento. A doença foi diagnosticada em 2019.

Em abril deste ano, o tucano ficou internado por 12 dias no Hospital Sírio-Libanês, em São

Paulo, quando exames constataram que os tumores, originados no trato digestivo, haviam se

alastrado para o fígado e também para os ossos. Teve alta no dia 27, mas voltou a ser internado

em 2 de maio. Nesta sexta (14/5) à noite, um boletim médico afirmou que seu quadro era

irreversível.

Neto do governador de São Paulo Mário Covas (1930-2001), Bruno entrou no Executivo

paulistano como vice na chapa que elegeu João Doria (PSDB) em 2016. Após o titular sair para

disputar e vencer a eleição para o governo do estado, em 2018, assumiu a Prefeitura de São Paulo

e foi reeleito no ano passado, ao derrotar no segundo turno Guilherme Boulos (PSol). O ex-

vereador Ricardo Nunes (MDB), vice eleito em 2020, assume o cargo de prefeito definitivamente.

Bruno Covas Lopes nasceu em Santos em 7 de abril de 1980. Filho de Renata Covas

Lopes e Pedro Lopes, tinha como maior referência o avô materno, Mário, que retomara os direitos

políticos no ano anterior ao seu nascimento e que se tornaria, nas décadas seguintes, prefeito,

senador e governador de São Paulo, além de cofundador do PSDB.

Fez Economia na PUC paulistana e Direito na Universidade de São Paulo, no Largo São

Francisco. Bruno foi eleito pela primeira vez, como deputado estadual por São Paulo, ao receber

122 mil votos em 2006. Foi reeleito em 2010, deputado federal em 2014 e secretário do Meio

Ambiente na gestão de Geraldo Alckmin (PSDB). O corpo de Bruno Covas será velado no Edifício

Matarazzo, sede da Prefeitura de São Paulo, no centro da capital, em uma cerimônia breve para

familiares e amigos próximos. Depois seguirá em cortejo até o cemitério do Paquetá, em Santos,

onde será sepultado.

https://www.conjur.com.br/2021-mai-16/morre-sao-paulo-prefeito-bruno-covas-aos-41-anos

Cancelamento indevido de plano de saúde gera indenização

por dano moral

Fonte: Consultor Jurídico

Data: 17/05/2021

O cancelamento indevido de um plano de saúde viola os direitos da personalidade, o que

gera o dever de pagar indenização por dano moral. Utilizando esse entendimento, a 2ª Turma do

Tribunal Superior do Trabalho condenou uma empresa de São José do Rio Preto (SP) a indenizar

em R$ 5 mil um motorista que teve o plano cancelado por quase um ano após a aposentadoria por

invalidez. Na avaliação do colegiado, a supressão do plano foi ilícita e abalou psicologicamente o

ex-empregado da Nacional Expresso Ltda..

O motorista ficou afastado do trabalho por diversos períodos em razão de uma hérnia de

disco de origem ocupacional, até ser concedida sua aposentadoria por invalidez, em novembro de

2014. Na reclamação trabalhista, ele alegou que em dezembro do mesmo ano a empresa o excluiu

do plano de assistência médico-hospitalar que mantinha, levando-o a optar pelo pagamento

integral da mensalidade dele e de sua esposa, com base na Lei dos Planos de Saúde (Lei

9.656/1998).

No entanto, em junho de 2015, ao precisar fazer exames, ele foi informado de que seu

contrato fora cancelado pela empresa. Segundo o motorista, a supressão foi arbitrária e abusiva e

atingiu sua dignidade. A empresa, em sua defesa, sustentou que a legislação determina que a

aposentadoria por invalidez gera a suspensão total do contrato de trabalho. Também argumentou

que não houve comprovação de que o cancelamento do benefício teria gerado dano ao

aposentado e que, por outro lado, havia provas de que ele não havia necessitado do plano.

O juízo de primeiro grau e o Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (interior de São

Paulo) rejeitaram o pedido de indenização. Segundo a corte regional, embora pudesse ter causado

ao empregado alguns dissabores, o cancelamento indevido, por si só, não era suficiente para

condenar a empresa, e cabia ao trabalhador comprovar qualquer ocorrência extraordinária que lhe

assegurasse a indenização por danos morais, o que não ocorreu.

Contudo, o relator do recurso de revista do motorista, ministro José Roberto Pimenta,

entendeu que, uma vez constatado que o cancelamento se deu de forma indevida, ficou evidente a

violação dos direitos da personalidade. "O empregado se viu abalado psicologicamente porque

teve dificultado seu acesso e de sua família à assistência à saúde", afirmou o relator.

De acordo com o ministro, o dano moral, em si, não é passível de prova, pois acontece no

íntimo do ser humano, "de modo que não é possível demonstrá-lo materialmente". Contra a

decisão unânime a empresa opôs embargos à SDI-1, ainda não julgados. Com informações da

assessoria de imprensa do TST.

RR 11746-43.2015.5.15.0082

https://www.conjur.com.br/2021-mai-17/cancelamento-indevido-plano-saude-gera-dever-indenizar

Os direitos dos profissionais de saúde no contexto da Covid-

19

Fonte: Consultor Jurídico

Por: Ana Vogado e Bianca Bianchi

Data: 17/05/2021

A Lei nº 3.999/61 estabelece os principais direitos do médico, como o piso salarial, a

jornada de trabalho, as horas extras, o adicional noturno, o adicional de periculosidade e

insalubridade e os direitos do médico residente.

Entretanto, no atual cenário de crise sanitária, a Medida Provisória nº 927, de 22 de março

de 2020, que dispõe sobre as medidas trabalhistas para enfrentamento da calamidade pública,

criou a possibilidade de estabelecimento de acordos individuais e coletivos de trabalho, tendo por

escopo a negociação de: antecipação ou suspensão de férias e licenças, mudanças na escala de

trabalho, criação de banco de horas que poderão ser pagas como pecúnia ou compensadas até 18

meses posteriores, a antecipação de feriados, e a implementação de teletrabalho.

A aludida medida provisória vigorou até 19 de julho de 2020; no entanto, as medidas

pactuadas no período de sua vigência continuarão válidas enquanto perdurar o estado de

calamidade pública.

Essas alterações, porém, trouxeram ônus adicionais aos profissionais de saúde. Em

primeiro lugar, porque possibilitam que sejam fixadas jornadas de trabalho em escalas majoradas:

anteriormente, o regime usual era de 12 horas de trabalho por 36 horas de descanso, podendo ser

alteradas as escalas suplementares entre a 13ª e a 24ª horas do intervalo interjornada,

necessariamente por meio de acordo coletivo. A partir da MP, passou a ser possível modificá-la,

por exemplo, ao esquema de 24 horas de trabalho por 12 de descanso, e mesmo em acordos

individuais.

Igualmente, o diploma normativo também permitiu a suspensão de férias e licenças dos

profissionais de saúde, e sua convocação ao trabalho quando já estiverem sendo exercidas,

conquanto seja comunicada pelo empregador com até 48 horas de antecedência.

Outra grande alteração foi a previsão de que a contaminação por Covid-19 será

considerada acidente de trabalho somente com a comprovação de nexo causal. Isso significa que,

para o recebimento dos benefícios e indenizações decorrentes, será necessário que o profissional

comprove que foi acometido pela doença em razão de seu ambiente de trabalho. Essa previsão

recebe críticas pois, uma vez que se está diante de uma profissão exercida em hospitais, postos de

saúde, e em contato direto com doentes, deveria haver presunção de que a doença tem nexo de

causalidade com o labor.

Diante da condição fixada pela medida, então, podem ser elencadas algumas

recomendações jurídicas. Inicialmente, em relação aos equipamentos de proteção individuais

(EPIs), o profissional deve manter provas, inclusive testemunhais, de que foram insuficientes ou

não foram fornecidos, ou até que o empregador tenha ordenado sua reutilização. O mesmo se

replica quanto à ausência de treinamento adequado para o atendimento. Nesse caso, deve

também denunciar e ter a prova da denúncia, perante o órgão de fiscalização de classe e

representação (como Conselho Federal de Medicina — CFM, Conselho Regional de Enfermagem

— Coren, Ministério Público do Trabalho, sindicatos, direção clínica do hospital, ouvidoria do

hospital).

Para além disso, deve manter o isolamento quando não estiver no trabalho, preservando

provas de que sempre adotou medidas de proteção em seu ambiente extralaboral.

Se for contaminado por Covid-19, é preciso solicitar a emissão da Comunicação de

Acidente de Trabalho (CAT) à empresa, ao médico que o atendeu ou ao sindicato; e, na hipótese

de internação, deve manter o prontuário e resultado do exame que demonstra o contágio pela

doença. Ademais, sugere-se verificar o intervalo do período de contágio para comprovar que nesse

interim o profissional esteve em contato com paciente com coronavírus.

Importante ressaltar que a presença de comorbidades do profissional contaminado não

impede o reconhecimento do direito, pois não afeta a relação de causa e efeito, de forma que não

constitui excludente à responsabilidade do empregador.

Comprovado o nexo causal, os profissionais da saúde da rede privada afastados do

trabalho em razão de contaminação por Covid-19 têm direito a: indenização por danos morais e

materiais sofridos; garantia de estabilidade acidentária pelo período de 12 meses após o retorno ao

trabalho; emissão da CAT; recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)

durante o afastamento; benefício de auxílio-doença acidentário.

A família do profissional de saúde também é contemplada por direitos, especialmente no

caso de falecimento do profissional de saúde em decorrência de contaminação por coronavírus

ocorrida por exposição no ambiente de trabalho. Nesse cenário, seus dependentes têm direito ao

recebimento de pensão mensal vitalícia. Fazem jus, ainda ao recebimento de indenização por dano

moral, paga pelo empregador, e pensão mensal, complementando a do Instituto Nacional do

Seguro Social (INSS).

Além do valor de R$ 50 mil para o cônjuge ou companheiro, além de demais dependentes,

serão devidos R$ 10 mil por ano que faltar ao dependente menor de 21 anos atingir essa idade; ou

aos dependentes de até 24 anos se estiverem cursando a faculdade. Para dependentes com

deficiência, a indenização será de R$ 10 mil, por no mínimo cinco anos, independentemente da

idade.

Os valores de todas as indenizações devidas são somados e devem ser pagos em três

parcelas mensais, iguais e sucessivas; e, por ter natureza indenizatória, sobre eles não incide o

pagamento de Imposto de Renda ou de contribuição previdenciária, bem como não prejudica o

direito ao recebimento de benefícios previdenciários ou assistenciais previstos em lei.

Por fim, em 26 de março deste ano foi sancionada a Lei nº 14.128/21, que concede

indenização aos profissionais de saúde tornados incapacitados para o trabalho pela Covid-19. O

referido diploma legal prevê indenização de R$ 50 mil para os profissionais que ficaram

permanentemente incapacitados após a infecção. Frise-se que esse direito abrange profissionais

como médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, assistentes sociais, agentes comunitários, técnicos de

laboratório e outros que atuam na área, além de trabalhadores dos necrotérios e coveiros.

A pandemia evidencia a essencialidade da saúde, e, concomitantemente, as

vulnerabilidades enfrentadas pelos profissionais dessa área. A flexibilização das normas protetivas

somada ao cenário de crise provoca degradação à integridade desses trabalhadores e, por

consequência direta, afeta a população como todo.

Desse modo, a proteção da saúde dos profissionais de saúde deve ser uma preocupação

central dos diplomas normativos adotados neste período, bem como dos empregadores ao

estabelecer as condições de trabalho, tanto em razão dos direitos fundamentais desses

profissionais, quanto porque eles exercem papel essencial para a coletividade, sobretudo na atual

conjuntura sanitária.

Ana Vogado é diretora executiva e sócia do Escritório Malta Advogados, mestranda em Direito pela

Universidade de Brasília (UnB), ex-membro do Grupo de Estudos sobre Constituição, empresa e

mercado, da UNB, liderado pela professora Ana Frazão, pós-graduada em Direito Agrário e do

Agronegócio pela Escola Superior de Direito (ESD/GO) e desenvolve pesquisas e tem interesse

nas áreas de Direito Agrário e do Agronegócio.

Bianca Bianchi é estagiária no escritório Malta Advogados e bacharelanda em Direito pela

Universidade de Brasília;

https://www.conjur.com.br/2021-mai-17/opiniao-direitos-profissionais-saude-covid-19

'Voucher saúde' é realmente necessário?

Fonte: Consultor Jurídico

Por: José Roberto Covac Junior

Data: 17/05/2021

O ministro Paulo Guedes sugeriu recentemente a distribuição pelo governo federal de um

"voucher saúde", possibilitando que o cidadão utilizasse um cupom para atendimento hospitalar na

rede privada. O tema é polêmico e tem sido muito criticado por especialistas na área de gestão da

saúde por não resolver o problema da população e, principalmente, não atender ao público-alvo

almejado: o econômico e socialmente mais vulnerável.

Umas das principais críticas foi que essa medida seria mais uma das formas de

privatização do Sistema Único de Saúde (SUS), como cogitado em outubro, com o decreto

solicitando para que se avaliasse a possibilidade de conceder à iniciativa privada as Unidades

Básicas de Saúde (UBSs). Contudo, é necessário esclarecer que hoje o SUS já é atendido em sua

grande maioria por entidades privadas, em especial hospitais filantrópicos — que recebem verbas

do orçamento público. E, ressalte-se, ainda bem que funciona dessa forma, pois não são iniciativas

que apostam no setor público como solução para os problemas da saúde pública, que

comprovadamente são ineficazes com a gestão de recursos, mas, sim, na melhora da relação com

o terceiro setor que atua durante muitos anos nessa área.

Veja, em quase mil municípios, Santas Casas e hospitais filantrópicos são os únicos

estabelecimentos de saúde, sendo responsáveis no Brasil por 47% do total de internações

hospitalares do SUS e 59% da assistência de alta complexidade. Segundo pesquisa realizada pelo

Fórum Nacional das Entidades Filantrópicas (Fonif), ao ser avaliada a distribuição dos leitos por

tipo, em cada estado identificam-se situações em que as instituições filantrópicas respondem por

mais de três quartos do total, quando não quase a totalidade de determinado tipo de leito

disponível para a população.

Levantamento da Federação das Santas Casas do Espírito Santo mostra que a diária paga

pelo SUS tem um valor médio de R$ 4 para cada paciente, insuficiente para cobrir os custos. Fica

evidente, portanto, que, quando se analisa a situação geral das entidades filantrópicas, diga-se

novamente, as grandes parceiras do SUS, expõe-se uma situação de grave crise financeira, o que

prejudica, por óbvio, o atendimento final da população.

Ou seja, a discussão sobre voucher ou cupom perpassa sobre a privatização da saúde ou

não, pois de fato a saúde pública já é atendida por hospitais da iniciativa privada, em especial do

terceiro setor, mas, sim, da sua ineficácia como medida. Existem outras e melhores formas, menos

paliativas, da gestão do orçamento, como por exemplo o próprio reajuste da tabela de pagamento

do SUS, que em parte dos procedimentos não ocorre há 20 anos.

Hoje, a remuneração por meio do SUS não se mostra atrativa em razão da defasagem da

tabela, cuja tendência natural é a diminuição da oferta do SUS e potencialização do ingresso

dessas entidades no atendimento privado. Havendo o reajuste de repasse em valores justos, os

hospitais continuariam a atender ao SUS, não haveria prejuízo à sociedade e, mais, na medida em

que tivessem mais receita, poderiam investir e atender a mais pessoas e áreas de saúde, fazendo

com que a população de maneira geral fosse beneficiada.

Lembrem-se, os hospitais filantrópicos não distribuem lucros, então necessariamente toda

receita é revertida para as suas próprias atividades, ou seja, a saúde. Comparando, de certa forma

seria como a mais recente discussão sobre renda mínima ou Imposto de Renda negativo. Ao

promover um valor mínimo para uma maior quantidade de pessoas no país, teríamos, para além da

diminuição da desigualdade de renda, uma geração na economia local, que, em geral, é de cidades

mais pobres, propiciando o crescimento da economia. Nessa lógica, caso o SUS tivesse um

repasse adequado, contaríamos com melhores hospitais e uma saúde pública mais efetiva no país,

sem que precisássemos de alternativas mirabolantes e sem eficácia comprovada.

José Roberto Covac Junior é sócio do escritório Covac Sociedade de Advogados.

https://www.conjur.com.br/2021-mai-17/covac-junior-voucher-saude-realmente-necessario

Será que Pazuello também acha que há direitos demais no

Brasil?

Fonte: Consultor Jurídico

Por: Lenio Luiz Streck

Data: 17/05/2021

O subtítulo poderia ser também "Malditas" questões processuais: nunca mais digam "há

direitos demais". Ao trabalho. Enquanto uma súcia faz manifestações pedindo o fechamento do

STF e intervenção militar, temos novidades. Sigam-me.

Sim, duas novidades jurídicas: uma, a edição de uma portaria (que é uma coisa da área do

direito, certo?) que "regulamenta" o teto constitucional, pela qual a alta cúpula do establishment

governamental (essa, que fala mal da Constituição) passará a receber até 70% a mais que o limite

salarial. Bom, descobrimos uma coisa: talvez a portaria se explique pelo fato de não gostarem da

Constituição. Ou seja: A Constituição é má; a Portaria é do bem!

A segunda novidade jurídica: Pazuello recorreu ao Supremo Tribunal Federal. E usou a

AGU para isso. Parêntesis: esse dispositivo da Lei da AGU tem de ser sindicado, de imediato,

como inconstitucional. Qual é o sentido de a malta pagar para que AGU defenda ex-integrantes do

governo? Transferir recurso públicos para fazer a felicidade de uma pessoa? Se a AGU fosse agir

como assistente de acusação contra Pazuello, até que poderia ter algum sentido.

Nada melhor do que o efeito bumerangue. Só tem de se abaixar para não levar na testa.

Dallagnol (lembram dele?) dizia: a prescrição é o câncer do direito! Prescrição é impunidade,

berrava! Pois não é que...! Pois é. Pergunto: seria a prescrição uma coisa "do direito, dessa maldita

constituição"?

Um grande empresário (bem grande) verde e amarelo fala mal do STF e dos tribunais; fala

mal de tudo, aliás, menos do seu presidente. Pois não é que a prescrição, esse maldito direito

processual-constitucional, salvou-lhe a cola?

Professores eméritos (da área jurídica, sim), diante da decisão que decretou a parcialidade-

suspeição de Moro no processo do ex-presidente Lula, publicaram textos vigorosos contra o STF,

com o argumento de que a Corte escondeu-se atrás de questões processuais. Sim, STF acusado

de usar "questões processuais". Pergunto: para o que serve mesmo uma Suprema Corte? Pois é.

Sempre os contestei (falo dos detratores do direito e da CF), dizendo: garantias são ruins

quando são para os outros; quando são para "nosotros", são muitíssimas bem-vindas. Que o digam

Dallagnol, quejandos e quejandeiros. E jornalistas e jornaleiros.

Malditos direitos; há direitos demais, dizem os... próprios beneficiados!

Então. O primeiro paroxismo das teses "há direitos demais" e "essa Suprema Corte deve

ser fechada" apareceu quando um determinado ministro, quem queria prender todos os onze

ministros, impetrou habeas corpus... junto aos mesmos ministros que ele desejava ver

"ergastulados". Deu vinagre e ele se esgueirou para os EUA.

Pois agora mesmo o ex-ministro Pazuello impetrou habeas corpus (essa coisa chamada

"direito fundamental-processual"!) em seu próprio nome, mas quem assinou foi a AGU. Por qual

razão Pazuello não assinou? Seria um writ1 envergonhado?

Em síntese: para quem diz por aí que essa Constituição traz direitos demais e para quem

acha que o STF deveria ser fechado, cai ou não cai bem um habeas corpus para não precisar

responder perguntas na CPI sobre seus atos?

Claro que Pazuello está blindado pelo HC apenas em relação ao seu próprio pé. Quanto ao

resto, terá que falar a verdade. E aí a cobra pode fumar.2

De todo modo, cabe aqui "a moral da história". Qual seria?

Simples: que nunca mais se diga que há direitos demais. Você pode ser o próximo a

precisar de um habeas corpus, um mandado de segurança, uma prescriçãozinha, uma preliminar

de nulidade por incompetência de foro, por suspeição do juiz ou por prova ilícita... O cardápio é

grande.

Nós, advogados e professores de direito, entendemos bem disso.

1 Sendo um pouco jus sarcástico (ou seria jus irônico?), explico que writ quer dizer

"mandado"; aqui no Brasil quer dizer ordem escrita de habeas corpus ou mandado de segurança.

Um direito fundamental para assegurar direitos (vejam, oh céus: assegurar direitos; e mais: trata-se

de uma maldita "questão processual!!!!").

2 Cobra fumar: os pracinhas brasileiros usavam essa expressão; recentemente a

expressão voltou a ser usada pelo General Braga Neto, desta vez para dizer que espécimes como

ofídios poderiam inalar substância nicotiana tabacum devidamente acondicionada em papel

próprio.

Lenio Luiz Streck é jurista, professor de Direito Constitucional e pós-doutor em Direito. Sócio do

escritório Streck e Trindade Advogados Associados: www.streckadvogados.com.br.

https://www.conjur.com.br/2021-mai-17/streck-pazuello-tambem-acha-direitos-demais

Crise da Covid-19 provoca o aumento da judicialização da

saúde no Brasil

Fonte: Consultor Jurídico

Por: Pedro Quagliato

Data: 17/05/2021

A Organização Mundial da Saúde (OMS), em 11 de março de 2020, declarou o estado de

pandemia global causada pela Covid-19, que afetou gravemente mais de 190 países. Desde então,

no enfrentamento dessa crise sanitária sem precedentes a fragilidade e a precariedade dos

sistemas de saúde de todo o mundo vêm sendo expostas de forma contundente.

No Brasil, a Covid-19 vem causando grandes impactos, especialmente naqueles em

situação de vulnerabilidade. Apesar dos esforços, o colapso do Sistema Único de Saúde (SUS) é

uma realidade. A demanda de cuidados complexos e o uso de tecnologias diversas, a escassez de

equipamentos de proteção individual (EPIs), a falta de leitos para internação e de profissionais de

saúde em quantidade e qualidade explicam a situação calamitosa dos serviços do SUS.

O direito à saúde, no contexto brasileiro, foi refletindo na criação do SUS pela Constituição

Federal de 1988 em seu artigo 196, que o assegura a todos e o impõe como dever do Estado. Com

base nesse dispositivo, a judicialização envolvendo o direito à saúde no Brasil não é recente e o

Poder Judiciário há muito fixou o entendimento acerca da obrigatoriedade do Estado em promover

a prestação integral da saúde à população.

As estatísticas sobre a judicialização da saúde no Brasil são alarmantes. Se

contemplarmos todas as demandas envolvendo a matéria (de natureza cível, não criminal),

considerando os processos ajuizados até 31/12/2018 e em trâmite no primeiro e no segundo graus,

nos Juizados Especiais, no Superior Tribunal de Justiça, nas Turmas Recursais e nas Turmas

Regionais de Uniformização, chegamos ao estrondoso número de 2.228.531 demandas, segundo o

Conselho Nacional de Justiça.

Em razão do atual quadro pandêmico da Covid-19, o Estado tem deixado de lado o

atendimento a outras doenças não menos importantes, tais como câncer, problemas cardíacos e

depressão. Por conta disso, apesar da ausência de dados estatísticos oficiais em 2020, estima-se

que a crise pandêmica esteja contribuindo para um aumento ainda maior do número de processos

movidos por indivíduos contra o Estado, relacionados ao direito à saúde.

Conforme estudo promovido pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, os

pesquisadores concluíram que o surto da Covid-19 no mundo causou um efeito chamado de

"transbordamento", aumentando o número de mortes por outras doenças, tais como câncer e

doenças cardiovasculares. O que chamamos de efeito transbordamento é o fato de que a

pandemia de Covid-19 está tendo um impacto enorme em outras causas de morte. Por exemplo,

na redução do financiamento para a pesquisa de tratamentos de malária, na nutrição e na pobreza,

especialmente em países menos desenvolvidos.

Nesse cenário, no campo do Direito, algumas discussões têm merecido destaque nos

tribunais brasileiros: a judicialização de pedidos de fornecimento de leitos em hospitais, sobretudo

nas unidades de terapia intensiva (UTIs), em um cenário de escassez absoluta de vagas, pleitos

judiciais de pessoas com comorbidades não elencadas na lista de vacinação prioritária definida

pelo Ministério da Saúde, pedidos para fornecimento de medicamentos de alto custo padronizados

pelo SUS, porém indisponíveis nas farmácias públicas, por conta das restrições orçamentárias

ocasionadas pela pandemia; discussões relacionadas à fraudes nas aplicações das vacinas;

exigência por parte das empresas da obrigatoriedade da vacinação dos empregados.

Nesse contexto, o Poder Judiciário enfrenta a complexa missão de conciliar os direitos

individuais relacionados à saúde face à coletividade (políticas públicas e ciclos orçamentários).

A solução para essa questão depende necessariamente de diálogos institucionais entre

todos os órgãos públicos e privados, além de profissionais como médicos, juristas, economistas,

cientistas, entre outros, em uma atuação conjunta para evitar que as decisões judiciais provoquem

o colapso do sistema como um todo, considerando-se que a humanidade não está livre de novas

pandemias e que as demais doenças continuam e continuarão a afetar grande parte da população.

Pedro Quagliato é especialista em Direito da Saúde e do Consumidor.

https://www.conjur.com.br/2021-mai-17/guagliato-covid-19-provoca-aumento-judicializacao-saude

Secretária do Ministério da Saúde não tem direito de ficar em

silêncio na CPI

Fonte: Consultor Jurídico

Data: 18/05/2021

Convocada a depor na CPI da Covid, em andamento no Senado, a secretária de Gestão do

Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) Mayra Pinheiro não terá o direito de permanecer em

silêncio diante das perguntas que receber. Não há nada que indique que ela corra o risco de se

autoincriminar. Com esse entendimento, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal

Federal, concedeu parcialmente a ordem em Habeas Corpus para admitir que direito de a paciente

fazer-se acompanhar por advogado e o de ser inquirida com urbanidade e respeito — os quais

seriam aplicáveis a quaisquer testemunhas, inclusive.

O pedido original se baseava no que foi feito pelo general Eduardo Pazuello, ex-ministro da

Saúde, que obteve também por decisão do ministro Lewandowski o direito de ficar em silêncio para

não ser incriminado. A diferença é que Pazuello é, de fato, um dos alvos das investigações. A CPI

foi instalada para as ações do governo no combate à Covid-19. O general esteve à frente do

ministério, interinamente e como titular, durante o pior momento da epidemia, com escalada de

contágios e recordes diários de morte.

A secretária do ministério, por sua vez, não responde a qualquer procedimento criminal, ou

mesmo administrativo, quanto aos assuntos investigados pela CPI. Para Lewandowski, isso retira

qualquer credibilidade ao receio por ela manifestado de que possa sofrer consequências adversas

ao responder a determinadas perguntas dos parlamentares. "Por isso, na condição de testemunha,

ela estará obrigada a revelar tudo o que souber ou tiver ciência acerca dos fatos investigados pela

Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a Covid-19, podendo ser compelida a assumir o

compromisso de dizer a verdade", concluiu.

Mayra Pinheiro também poderá ser acompanhada de advogado ao depor aos membros da

comissão, mas ele não poderá intervir nos trabalhos — o pedido no HC é para que fosse permitido

suscitar “questões de ordem”.

Isso porque os trabalhos parlamentares estão sujeitos à disciplina prevista no Regimento

Interno do Senado Federal, cuja interpretação e aplicação não cabe à competência das

autoridades judiciárias. A decisão do ministro ainda destaca que a convocação para depor é

obrigação da secretária, especialmente na qualidade de servidora pública que é. Por isso, ela não

poderá encerrar seu depoimento, de forma unilateral, antes de ser devidamente dispensada.

HC 201.970

https://www.conjur.com.br/2021-mai-18/secretaria-ministerio-nao-direito-silencio-cpi

Por doença ultrarrara, plano de saúde deve pagar remédio

sem registro na Anvisa

Fonte: Consultor Jurídico

Data: 18/05/2021

A operadora de plano de saúde deve custear medicamento importado sem registro na

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) prescrito por médico, se ele se inserir na

excepcionalidade de o paciente sofrer com doença ultrarrara. Com esse entendimento, a 3ª Turma

do Superior Tribunal de Justiça negou provimento ao recurso especial de uma operadora de plano

de saúde que visava reformar acórdão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro que a condenou a

arcar com a medicação importada.

A votação foi unânime, conforme voto do relator, ministro Paulo de Tarso Sanseverino. Ele

foi acompanhado pelos ministros Ricardo Villas Bôas Cueva, Nancy Andrighi, Marco Aurélio

Bellizze e Moura Ribeiro. O julgamento estabeleceu um distinguishing (distinção) em relação à tese

firmada pela 2ª Seção do STJ em 2018, segundo a qual "as operadoras de plano de saúde não

estão obrigadas a fornecer medicamento não registrado pela Anvisa".

Trata-se do fato de o paciente ter sido diagnosticado com Síndrome de Schnitzler, doença

com incidência igual ou menor a um caso para cada 50 mil habitantes, o que a caracteriza como

ultrarrara. Para o ministro Paulo de Tarso Sanseverino, isso traz substancial diferença material em

relação ao que foi definido pela 2ª Seção em recursos repetitivos, o que é suficiente para que não

se aplique ao caso a mesma ratio dicidendi (razão de decidir).

Assim, ele observou que o Supremo Tribunal Federal, ao julgar o Tema 500 da

repercussão geral fixou que o poder público só pode ser obrigado a importar medicamento sem

registro da Anvisa de forma excepcional, desde que tenha eficácia e segurança comprovadas e nas

hipótese de doenças raras e ultrarraras.

No caso julgado pela 3ª Turma, o medicamento não é experimental, tem registro nas mais

renomadas agências reguladoras estrangeiras e possui eficácia para o tratamento da Síndrome de

Schnitzler. Por isso, deve ser mantido o acórdão do TJ-RJ, que condenou o plano de saúde a arcar

com a importação, além de pagar indenização de R$ 10 mil em danos morais pela recusa.

REsp 1.885.384

https://www.conjur.com.br/2021-mai-18/plano-pagar-remedio-doenca-ultrarrara-registro-anvisa

Defesa de Pazuello pela AGU se baseia em artigo de lei

inconstitucional

Fonte: Consultor Jurídico

Por: Ricardo Russell Brandão Cavalcanti

Data: 18/05/2021

Introito

"Advocacia-Geral da União (AGU) pede ao Supremo que garanta direito de Pazuello de

ficar calado em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)" [1]. A referida notícia

viralizou nas redes sociais, com as pessoas criticando o fato de Pazuello querer exercer o seu

direito constitucional ao silêncio diante de uma CPI na qual ele é investigado.

Ainda que no aspecto político possa parecer estranho um ex-ministro de um governo que

tem como bandeira combater a corrupção não querer falar em uma CPI, não nos choca alguém

querer exercer o seu direito fundamental de não produzir prova contra si mesmo em uma

investigação. Entretanto, a notícia que iniciou o presente artigo nos chama a atenção por outro

motivo, qual seja: a Advocacia-Geral da União defender pessoalmente um agente público, apesar

de não se tratar de um fato inédito [2].

Dessa feita, o presente artigo pretende, por meio de uma metodologia exploratória

estudando a legislação e a doutrina nacional, analisar a possibilidade de a AGU defender agentes

públicos.

1) Da defesa dos agentes públicos pela AGU

De antemão, importante trazer à baila a Lei 9028/95, que prevê:

"Artigo 22 — A Advocacia-Geral da União e os seus órgãos vinculados, nas respectivas

áreas de atuação, ficam autorizados a representar judicialmente os titulares e os membros dos

Poderes da República, das Instituições Federais referidas no Título IV, Capítulo IV, da Constituição,

bem como os titulares dos ministérios e demais órgãos da presidência da República, de autarquias

e fundações públicas federais, e de cargos de natureza especial, de direção e assessoramento

superiores e daqueles efetivos, inclusive promovendo ação penal privada ou representando

perante o Ministério Público, quando vítimas de crime, quanto a atos praticados no exercício de

suas atribuições constitucionais, legais ou regulamentares, no interesse público, especialmente da

União, suas respectivas autarquias e fundações, ou das Instituições mencionadas, podendo, ainda,

quanto aos mesmos atos, impetrar Habeas Corpus e mandado de segurança em defesa dos

agentes públicos de que trata este artigo.

§1o O disposto neste artigo aplica-se aos ex-titulares dos cargos ou funções referidos no

caput, e ainda:

I — aos designados para a execução dos regimes especiais previstos na Lei nº 6.024, de

13 de março de 1974, e nos Decretos-Leis nºs 73, de 21 de novembro de 1966, e 2.321, de 25 de

fevereiro de 1987, e para a intervenção na concessão de serviço público de energia elétrica;

(Redação dada pela Lei nº 12.767, de 2012)

II — aos militares das Forças Armadas e aos integrantes do órgão de segurança do

Gabinete de Segurança Institucional da presidência da República, quando, em decorrência do

cumprimento de dever constitucional, legal ou regulamentar, responderem a inquérito policial ou a

processo judicial".

Desse modo, conforme se percebe, a lei acima mencionada efetivamente prevê a

possibilidade de a AGU defender diversos agentes públicos pelos atos praticados pelos mesmos

no exercício da função, incluindo os chefes dos poderes da República, os ministros e até mesmo

militares.

Inclusive, a mesma lei prevê a extensão do referido benefício para os ex-integrantes dos

referidos cargos, como é o caso de Pazuello em relação à função de ministro da Saúde. Desse

modo, não há como negar: a defesa da AGU a Pazuello, verdadeira assistência jurídica gratuita,

tem previsão legal.

Entretanto, seria a referida lei no ponto em questão constitucional?

A Constituição prevê:

"Artigo 131 — A Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamente ou através de

órgão vinculado, representa a União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei

complementar que dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades de consultoria e

assessoramento jurídico do Poder Executivo".

Desse modo, conforme se percebe, a Constituição da República é clara: a AGU deve

defender a pessoas jurídica da União e assessorar o Poder Executivo, não sendo atribuição da

mesma prestar assistência jurídica gratuita aos agentes públicos, o que torna o artigo 22 da Lei

9028/95 inconstitucional.

Não estamos aqui defendendo que a AGU não possa defender o ato praticado pelo agente

público no exercício da função, pois isso efetivamente pode e deve ser feito, pois os atos

praticados pelo agente público no exercício da função devem ser imputados ao próprio poder

público, seja em face da teoria do órgão adotada pelo nosso ordenamento jurídico [3], seja em face

do princípio da impessoalidade [4], seja em face do princípio da imputação volitiva [5].

Entretanto, o artigo 22 da Lei 9028/95 não fala em defesa do ato praticado pelo agente

público, e, sim, na defesa do próprio agente público, tal como vem sendo feito com o ex-ministro

Pazuello, ou seja: trata-se, tal como dito acima, de uma verdadeira assistência jurídica gratuita

realizada pela AGU, o que está fora das atribuições constitucionais da mesma.

A instituição responsável por prestar assistência jurídica gratuita no Brasil está prevista em

outro dispositivo constitucional, senão vejamos:

"Artigo 134 — A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função

jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático,

fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos

os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos

necessitados, na forma do inciso LXXIV do artigo 5º desta Constituição Federal".

Desse modo, cabe à Defensoria Pública prestar a assistência jurídica gratuita no Brasil e

essa assistência não é para qualquer pessoa, e, sim, para os necessitados, o que não é caso de

Pazuello e de outros agentes públicos que estão na mesma situação que ele. Pode um agente

público ser assistido pela Defensoria Pública? Sim, pode, desde que comprove ser necessitado, ou

seja, a pessoa precisa estar em uma situação de vulnerabilidade, que não precisa

necessariamente ser apenas econômica [6].

Não comprovando ser necessitado, um agente público deveria constituir um advogado para

se defender como qualquer outra pessoa ou até mesmo ser defendido por intermédio da sua

associação de classe ou do sindicato da sua categoria, mas nunca poderia ter o direito de receber

uma assistência jurídica gratuita pelo poder público através de uma instituição que não tem a dita

atribuição, o que faz o artigo 22 da Lei 9028/95 ser inconstitucional também por ferir o princípio da

igualdade, pois dá para alguns agentes públicos um benefício não extensível aos outros cidadãos.

Conclusão

Diante de tudo que foi acima aludido, concluímos que a defesa pessoal de Pazuello pela

AGU por atos praticados no exercício das suas atribuições como Ministro da Saúde tem previsão

legal. Entretanto, a lei com a dita possibilidade é inconstitucional por atribuir à AGU uma função

que não é sua, nos termos da nossa Constituição, e, sim, da Defensoria Pública.

Além disso, o artigo 22 da Lei 9028/95 também é inconstitucional por oportunizar a

assistência jurídica gratuita estatal para pessoas que não são necessitadas, ferindo, assim, o

princípio da igualdade ao dar um benefício para apenas parcela privilegiada da população.

Ricardo Russell Brandão Cavalcanti é defensor Público Federal, professor do IFPE, mestre e

doutorando em Direito.

https://www.conjur.com.br/2021-mai-18/ricardo-russel-defesa-pazuello-agu

STF abre debate sobre direito à informação e uso da LGPD na

divulgação processual

Fonte: Consultor Jurídico

Data: 18/05/2021

O reconhecimento da existência de repercussão geral, pelo Supremo Tribunal Federal, em

um caso que trata da responsabilidade civil por disponibilização na internet de informações

processuais publicadas nos órgãos oficiais do Poder Judiciário, sem restrição de segredo de justiça

ou obrigação jurídica de remoção, ainda deverá ter desdobramentos vinculados à da Lei Geral de

Proteção de Dados (LGPD) e suscitar discussões sobre o direito à informação, de acordo com

especialistas ouvidos pela ConJur.

Há uma semana, em processo concluído no Plenário Virtual, nove ministros do STF

acolheram um voto do presidente Luiz Fux favorável ao acolhimento do Recurso Extraordinário

com Agravo (ARE) 1.307.386. O ministro Marco Aurélio Mello votou contra a admissão de

Repercussão Geral e o ministro Nunes Marques não se manifestou. O inusitado do julgamento é

que o recurso foi ajuizado pela parte vencedora na instância de origem.

O caso teve início com uma ação ajuizada por uma pessoa contra os sites de busca

Google e Escavador, em razão da divulgação de informações sobre uma reclamação trabalhista

apresentada por ela. Sua alegação era de que a publicidade dada ao processo poderia estar

inibindo empregadores de contratá-la, por medo de se tornarem réus em possível futura demanda

trabalhista. Pedia, por isso, a condenação dos sites ao pagamento de indenização por dano moral

e à exclusão das informações.

O pedido foi julgado improcedente na primeira instância e pelo Tribunal de Justiça do Rio

Grande do Sul (TJ-RS), que, ao julgar incidente de resolução de demandas repetitivas (IRDR),

considerou lícita a divulgação de processos por sites de conteúdos judiciais que não tramitem em

segredo de justiça. O pedido foi julgado improcedente na primeira instância e pelo Tribunal de

Justiça do Rio Grande do Sul, que, ao julgar incidente de resolução de demandas repetitivas

(IRDR), considerou lícita a divulgação de processos por sites de conteúdos judiciais que não

tramitem em segredo de justiça.

Mesmo sendo vencedor, o site Escavador recorreu ao STF sob o argumento de que a

decisão ficaria restrita geograficamente ao Estado do Rio Grande do Sul e queria validade para

todo o território nacional, o que acabou sendo validado pelo voto do ministro Luiz Fux.

O advogado Afranio Affonso Fereira Neto, do escritório Affonso Ferreira Advogados,

considera a decisão "absolutamente inédita" e acertada do ponto de vista jurídico por tornar o

entendimento vinculante para todos os entes federativos. No caso específico, Fereira Neto diz que

a vedação de veiculação de processos trabalhistas não é válida, como foi alegado pela defesa da

pessoa que recorreu contra os dois sites. "Entendo a motivação de evitar 'listas negras', mas isto

colide com o direito à informação, que é superior. A proteção da identidade, a meu ver, é

questionável e sucumbe diante do direito de informação", sustenta.

A advogada Estela Aranha, presidente da Comissão de Proteção de Dados e Privacidade

da OAB-RJ e professora do Centro de Direito, Internet e Sociedade do IDP, chama a atenção para

a autodeterminação informativa, que concede aos titulares dos dados pessoais um real poder

sobre as suas próprias informações e um efetivo controle sobre seus dados. Este mecanismo está

previsto na LGPD, que entrou em vigor no ano passado.

Segundo ela, o direito à privacidade e o direito à proteção de dados pessoais são distintos.

O direito à privacidade trata da inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e imagem,

bem como da casa e do sigilo das telecomunicações. Trata-se de uma proibição da interferência

estatal na vida privada, exceto excepcionalmente, desde que de acordo com a lei, por importante

razão e legítimo interesse público.

"Com o advento da internet e do cada vez mais presente espaço digital, surgem novos

riscos à vida privada relacionados à coleta e ao uso de dados e informações pessoais nesses

ambientes, emergindo um novo conceito de privacidade: a privacidade informacional ou o direito à

autodeterminação informacional", sustentou a advogada em artigo recente. Ela também é

presidente da Secretaria de Proteção de Dados e Direitos Fundamentais do Instituto Joaquín

Herrera Flores e membro da IAPP (International Association of Privacy Professionals).

Em seu voto, o ministro Fux entendeu que compete ao Supremo definir o alcance e o

sentido das normas constitucionais que garantem a publicidade dos atos processuais, do direito à

informação e da segurança jurídica, considerado o direito à vida privada, especialmente no caso de

processos trabalhistas e criminais, em que há restrição de pesquisa por determinadas informações,

como o nome das partes, no âmbito dos tribunais.

O presidente do STF ressaltou, ainda, o potencial impacto em outros casos, tendo em vista

a ininterrupta disponibilidade de conteúdo na internet e o crescente interesse em buscas refinadas

de informações processuais, publicadas em diversos órgãos oficiais do Judiciário.

Fereira Neto entende que a LGPD "não pode suplantar a Constituição e a ela se submete,

de acordo com o artigo 220 da CF". "A LGPD não pode restringir outro princípio, o da publicidade

dos atos processuais. Considero ruim não poder publicizar nomes de pessoas, a não ser no caso

de decretação de segredos de Justiça. Nos demais processos, tem que haver publicidade, sim."

Ambos os advogados consultados pela Conjur consideram positivo o fato de o STF ter

declarado repercussão geral para o caso que deu origem a toda a discussão. "Ou se leva esta

discussão para repercussão geral ou o Judiciário fica cada vez mais atulhado de ações. Havendo

uma decisão superior, vai pacificar um tema que tem tomado muito tempo do Judiciário no Brasil

inteiro", diz Ferreira.

"É importante haver repercussão geral para haver segurança jurídica. O Judiciário tem uma

tradição de transparência. Não necessariamente todos os dados trazem risco ou prejuízo para seus

titulares. Alguns (dados) têm interesse público ou não se sobrepõem à garantia individual. O

Judiciário precisa fazer uma adequação e uma análise de risco e, a partir disso, ver quais dados

pode divulgar amplamente e outros que tragam problemas de discriminação", diz Estela.

O tema já entrou na pauta de discussões do Conselho Nacional de Justiça. Em reunião no

último dia 3 de maio, o conselheiro Rubens Canuto, desembargador do Tribunal Regional Federal

da 5ª Região, apresentou as iniciativas que vem sendo realizadas pelo CNJ na aplicação da LGPD.

Segundo ele, o Judiciário trabalha e armazena uma massa da dados imensa, seja em matéria

administrativa, seja nas informações de natureza jurisdicional.

"Uma das grandes questões enfrentadas pelo CNJ diz respeito à possibilidade de

anonimização da identificação dos juízes prolatores de decisões ou de sentenças ou de acórdãos,

a fim de evitar a formação de perfis de julgamento e o eventual direcionamento da distribuição do

processo àquele magistrado que tenha uma visão mais favorável ao autor daquela demanda",

explicou. E informou que se chegou a uma conclusão, não terminativa, de que no Brasil, a

princípio, isso não seria possível, seja pelo princípio da publicidade ou da transparência.

"É um tema absolutamente novo, com todas as limitações de formas de trabalhar e o CNJ

está muito atento a essa discussão porque a prestação jurisdicional não pode ser prejudicada",

afirma Estela.

ARE 1.307.386

https://www.conjur.com.br/2021-mai-18/decisao-abre-debate-direito-informacao-uso-lgpd

Lei que flexibiliza atendimento médico para gestantes é

sancionada

Fonte: Consultor Jurídico

Data: 19/05/2021

O presidente Jair Bolsonaro sancionou nesta quarta-feira (19/5) projeto de lei que estende

o prazo de validade de prescrições médicas e pedidos de exames para mulheres grávidas e

puérperas. O puerpério é o período que começa no parto e termina quando o organismo da mulher

volta às condições normais, o que dura entre 45 e 60 dias.

De acordo com o projeto da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), os documentos, a

critério do médico, podem se manter válidos durante todo o período da gravidez ou do puerpério

em que foram emitidos, podendo ser usados formulários por meio eletrônico. O projeto foi aprovado

no Congresso no dia 27 de abril e será publicado na edição desta quinta-feira (20/7) do Diário

Oficial da União.

A medida ainda estabelece que o sistema de saúde deverá facilitar o acesso de grávidas e

puérperas a cuidados intensivos e à internação em unidades de terapia intensiva (UTIs), durante a

emergência de saúde pública decorrente da pandemia de Covid-19, conforme recomendação da

Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e do próprio Ministério da Saúde. As informações

são da Agência Brasil.

https://www.conjur.com.br/2021-mai-19/lei-flexibiliza-atendimento-medico-gestantes-sancionada

STJ restabelece condenação de R$ 300 mil por danos morais

por causa de erro médico

Fonte: Consultor Jurídico

Data: 19/05/2021

Por considerar que o montante fixado a título de compensação por danos morais era

irrisório e que os juros de mora devem incidir na data em que é configurado o erro médico

causador do dano, o Superior Tribunal de Justiça deu provimento a recurso especial interposto por

familiares de uma mulher que morreu após perfuração acidental no intestino. Conforme a decisão

de primeiro grau, hospital e seguradora foram condenados a pagar R$ 60 mil em danos morais

para cada filho da vítima. Diante de tal decisão, os corréus interpuseram apelação.

O Tribunal de Justiça de São Paulo entendeu que não foram consideradas situações

pessoais de saúde da vítima e que o valor compatível com o dano era de R$ 40 mil para cada filho

da idosa. Além disso, o tribunal entendeu que o erro médico se enquadra como responsabilidade

civil contratual, devendo os juros de mora incidir a partir da citação.

Ao analisar o caso, a relatora, ministra Nancy Andrighi, do STJ, ponderou que o reajuste

dos valores de danos morais é medida excepcional; porém, no caso concreto, com a modificação

feita pelo TJ-SP ,o valor da condenação tornou-se irrisório diante dos danos causados pela morte

da mulher, o que ensejou a revisão. Além disso, o entendimento da ministra foi que o liame entre

parentes de vítima de erro médico e os causadores dos danos tem natureza extracontratual — ou

seja, o termo inicial dos juros de mora deve ser a data do evento danoso (no caso, a morte da

mulher).

Assim, a relatora deu provimento ao recurso para alterar a decisão de segunda instância,

restabelecendo a sentença nos pontos em que se arbitrou a condenação pelos danos morais em

R$ 60 mil em favor de cada um dos autores e determinando como termo inicial dos juros de mora a

data do óbito, com base em súmula do STJ (súmula 54). A família da mulher foi representada pela

advogada Renata Do Val.

RE 1.917.122

https://www.conjur.com.br/2021-mai-19/stj-restabelece-condenacao-120-mil-erro-medico

Reajuste de plano por idade deve ser especificado em

contrato, diz juiz

Fonte: Consultor Jurídico

Data: 19/05/2021

É legítimo que uma empresa de saúde aumente o valor dos planos conforme a faixa etária

do cliente, porém é necessário que o reajuste esteja previsto no contrato; caso contrário, pode ser

considerado falha na prestação de serviços. Assim entendeu o 1º Juizado Especial Cível e das

Relações de Consumo de São Luís ao condenar uma operadora de plano de saúde por promover

reajuste baseado na faixa etária de beneficiário, sem a devida previsão contratual.

Segundo os autos, a parte autora manteve contrato com a empresa desde 2012 e até 2019

pagava uma mensalidade de R$ 543,22. O valor foi reajustado em setembro de 2019 para R$

610,27, o que equivale a um reajuste de 12,34%. Pouco tempo depois, em janeiro de 2020, o plano

foi alterado novamente para o valor de R$ 1.384,05, o que corresponde a um reajuste de 126,8%,

sob a justificativa de que o cliente teria completado 49 anos. O beneficiário procurou o

Departamento Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) e, como não obteve

resultado, entrou com ação.

A operadora de saúde, em sua defesa, alegou que o contrato do autor sofreu reajuste em

setembro de 2019 em razão do aniversário do plano, e em janeiro de 2020 em razão da mudança

de faixa etária do homem. Justificou ainda que o reajuste de mudança de faixa etária foi em razão

de que o cliente estar mais idoso e apresentar mais riscos de ter problemas de saúde.

Ao analisar os processos, o juiz Márcio Aurélio Cutrim Campos observou que o Superior

Tribunal de Justiça firmou entendimento e decidiu pela legitimidade dos reajustes de mensalidade

dos planos de saúde conforme a faixa etária do usuário, desde que haja previsão contratual e que

os percentuais sejam razoáveis. "No caso dos autos, não foi possível certificar de que o reajuste

por faixa etária estava previsto no contrato de adesão assinado pelo autor, visto que a requerida

mesmo intimada para juntar tal documento, não o fez (...) Desse modo, restou caracterizada a

ilegitimidade do reajuste por faixa etária aplicado na época em que o autor completou 49 anos por

ausência de previsão contratual", ponderou.

O magistrado ressaltou ainda que o contrato do autor fez aniversário em junho e não houve

repasse desse aumento apenas nas parcelas de junho, julho e agosto. Dessa forma, a operadora

poderia cobrar as diferenças desses três meses com efeito retroativo nas mensalidades de

setembro, outubro e novembro. Assim, Campos determinou a suspensão do reajuste e decidiu que

a empresa pague indenização por danos morais no valor de R$ 2 mil. Com informações da

assessoria de imprensa do TJ-MA.

0800605-41.2020.8.10.0006

https://www.conjur.com.br/2021-mai-19/reajuste-plano-idade-especificado-contrato

Sobre a responsabilidade médica na falha do dever de

informação

Fonte: Consultor Jurídico

Por: Felipe Navarro Freire Moreira

Data: 19/05/2021

O fenômeno da judicialização da Medicina — como uma subespécie da judicialização da

saúde — trouxe novos contornos à relação do médico com o paciente e uma nova importância aos

documentos médicos. Se em momento anterior a relação médico-paciente possuía uma índole

paternalista, hipocrática, pautada na confiança e na submissão do paciente às recomendações e

prescrições do "médico da família", o florescer da bioética na segunda metade do século 20

permitiu equalizar essa relação, elevando a autonomia do paciente como princípio de atuação na

saúde.

Essa evolução, contudo, ainda permite a atuação médica com resquício sacerdotal,

sobretudo quando se privilegia o princípio da beneficência. Nos Estados Unidos, por exemplo,

berço da bioética, alguns estados permitem os tratamentos clínicos compulsórios, especialmente

em casos de doenças psiquiátricas, sexualmente transmissíveis e dependência química,

justificando-se o benefício ao paciente e o risco de dano à sociedade.

Mas, ainda nessas hipóteses, já se discute que os tratamentos compulsórios possuem um

maior índice de abandono e baixa eficácia do que aqueles tratamentos realizados de forma

voluntária [1], evidenciando a importância de uma comunicação clara, direta e compreensível entre

médico e paciente.

No atual Direito brasileiro, o dever do médico de prestar todas as informações ao paciente

é extraído do Código Civil [2], ao tratar sobre os atos de disposição do próprio corpo, e do Código

de Defesa do Consumidor [3]. Além disso, o Código de Ética Médica também exige que o médico

obtenha o consentimento do paciente para que seja realizado qualquer procedimento [4].

Logo, a responsabilidade médica, além do exame da culpa apta a configurar negligência,

imprudência ou imperícia, também pode surgir por uma deficiência ao prestar informações

adequadas e suficientes acerca dos procedimentos e suas consequências. No atual contexto, em

que a Medicina precisa lidar com o paciente que possui acesso instantâneo à informação (não

necessariamente correta, v.g., "Dr. Google") e de fácil acesso à Justiça, os documentos médicos

tiveram sua função de registro histórico e de progressão terapêutica do paciente com novos

contornos de documentos jurídicos e prova judicial.

No processo judicial, pelo princípio da colaboração processual, trazido no §1º do artigo 373

do Código de Processo Civil (CPC) [5], cada parte deve contribuir com os elementos probatórios

que mais facilmente podem ser exigidos. Igualmente, mas sob a égide do Código de Defesa do

Consumidor, a responsabilidade subjetiva do médico como profissional liberal também não exclui a

possibilidade da inversão do ônus da prova, se houver no processo a demonstração de

verossimilhança e identificada a hipossuficiência para produção da prova.

De toda sorte, pôr sobre o paciente o ônus da prova de que o médico não lhe deu a

necessária informação, ou mesmo de que não outorgou o respectivo consentimento informado, é

lhe impor o que a doutrina chamou de prova diabólica, ou seja, fazer prova de um fato que não

aconteceu, um fato negativo. Assim, caberá ao médico comprovar que o paciente exerceu sua

autonomia e consentiu com a intervenção médica. Mas a comprovação do consentimento vai além

de apresentar o termo de consentimento com a assinatura do paciente: é necessário que o médico

também comprove ter prestado todas as informações devidas.

Na medida em que o consentimento informado é o exercício da autonomia pelo paciente,

este deve estar revestido de todas as informações relativas à intervenção médica, viabilizando que

o consentimento seja realizado de forma livre, consciente e esclarecido; é a informação um

pressuposto do consentimento [6].

E justamente pelo requisito prévio da completa informação é que o termo de

consentimento, mesmo que por escrito e assinado, não é o suficiente para o afastamento de

responsabilidade diante das eventuais demandas que ocorram diante de um mau resultado. Não é

incomum que o termo de consentimento seja entregue ao paciente instantes antes da intervenção,

contendo diversas páginas, sem oportunizar a prévia leitura e esclarecimento e com um X no local

onde o paciente deve assinar para "consentir".

É nesse contexto que Maria de Fátima Freire de Sá e Bruno Torquato de Oliveira Naves

trazem importante reflexão [7]:

"No Brasil, infelizmente, o consentimento livre e esclarecido tem-se convertido em mais um

documento a ser assinado pelo paciente, sem real preocupação de verificar sua compreensão de

riscos e demais opções de tratamento".

E atento a essa recorrência de desvirtuamento da finalidade do termo de consentimento

como apenas mais um documento médico, o Superior Tribunal de Justiça, ao julgar o Recurso

Especial 1.540.580 [8], foi exigente e preciso com a observância da preservação da autonomia do

paciente.

"3) O dever de informação é a obrigação que possui o médico de esclarecer o paciente

sobre os riscos do tratamento, suas vantagens e desvantagens, as possíveis técnicas a serem

empregadas, bem como a revelação quanto aos prognósticos e aos quadros clínico e cirúrgico,

salvo quando tal informação possa afetá-lo psicologicamente, ocasião em que a comunicação será

feita a seu representante legal.

[...]

5) Haverá efetivo cumprimento do dever de informação quando os esclarecimentos se

relacionarem especificamente ao caso do paciente, não se mostrando suficiente a informação

genérica. Da mesma forma, para validar a informação prestada, não pode o consentimento do

paciente ser genérico (blanket consent), necessitando ser claramente individualizado".

Também merece destaque a recente decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo [9] que,

apesar de afastar a culpa do médico nos danos sofridos pelo paciente, reconheceu a

responsabilidade civil pela omissão de informação.

"(...) Existência de lesão estética. Perícia médica que concluiu que não houve conduta

culposa do réu, apesar de danos evidenciados. Complicações passíveis de ocorrência, conforme

esclarecimento do perito. Negligência ou imperícia não verifica nos procedimentos médicos

propriamente ditos. Termo de Consentimento Esclarecido que é genérico. Falha na prestação de

serviços por violação do dever de bem informar. Responsabilidade civil do réu caracterizada pela

omissão do dever de informação (...)".

Como forma de superar a dificuldade do médico em produzir uma prova de que prestou

todas as informações ao paciente, o Conselho Federal de Medicina (CFM) dá as pistas para a

obtenção de um consentimento hígido através da Recomendação 01/2016 [10], que prevê como

algum dos requisitos a descrição sucinta, clara, objetiva e acessível do procedimento, descrição de

eventuais desconfortos, benefícios e riscos e cuidados pós-procedimento.

Um documento escrito que contenha de forma satisfatória os itens recomendados pelo

CFM facilita a comprovação do cumprimento do dever médico e o afastamento da responsabilidade

pela falha na informação, e bem por isso um bom termo de consentimento sempre será

acompanhado de uma boa prática médica.

Felipe Navarro Freire Moreira é advogado com atuação nas áreas Cível e de Direito Médico no

escritório Laurentiz Sociedade de Advogados, pós-graduado em Direito Médico e Bioética pela

Universidade Católica de Salvador.

https://www.conjur.com.br/2021-mai-19/moreira-responsabilidade-medica-falha-dever-informacao

Vacinação contra a Covid não pode ser impedida por

convicções filosóficas

Fonte: Consultor Jurídico

Data: 20/05/2021

O Supremo Tribunal Federal formou maioria para rejeitar embargos de declaração opostos

a uma decisão da Corte segundo a qual o Estado pode determinar aos cidadãos que se submetam,

compulsoriamente, à vacinação contra a Covid-19, prevista na Lei 13.979/2020. Em tais casos, não

se caracteriza violação à liberdade de consciência e de convicção filosófica dos pais ou

responsáveis, nem tampouco ao poder familiar. O relator do caso, ministro Luís Roberto Barroso,

rejeitou o pedido e foi seguido, até agora, pelos ministros Rosa Weber, Alexandre de Moraes,

Carmen Lúcia, Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes. A votação ocorre no plenário virtual.

Os embargos foram apresentados contra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de São

Paulo (TJ-SP) que determinou que pais veganos submetessem o filho menor às vacinações

definidas como obrigatórias pelo Ministério da Saúde, a despeito de suas convicções filosóficas. Os

pais recorreram. Os embargos apresentados alegam que o acórdão do STF teria sido omisso por

não haver respondido indagações tais como: de que maneira deve ser feita a regularização das

vacinas; qual o calendário a ser utilizado; se todas deverão ser aplicadas de uma vez; e se deverá

haver acompanhamento médico após o procedimento.

O ministro ponderou, no entanto, que "a liberdade de consciência é protegida

constitucionalmente (art.5º, VI e VIII) e se expressa no direito que toda pessoa tem de fazer suas

escolhas existenciais e de viver o seu próprio ideal de vida boa. É senso comum, porém, que

nenhum direito é absoluto, encontrando seus limites em outros direitos e valores constitucionais.

No caso em exame, a liberdade de consciência precisa ser ponderada com a defesa da vida e da

saúde de todos (arts. 5º e 196), bem como com a proteção prioritária da criança e do adolescente

(art. 227)".

A controvérsia sobre se os pais podem decidir sobre a vacinação dos filhos motivados por

convicções filosóficas não se sustenta, de acordo com Barroso. "Tal controvérsia foi

adequadamente solucionada pelo Tribunal, que fixou a seguinte tese de julgamento: É

constitucional a obrigatoriedade de imunização por meio de vacina que, registrada em órgão de

vigilância sanitária, (i) tenha sido incluída no Programa Nacional de Imunizações, ou (ii) tenha sua

aplicação obrigatória determinada em lei ou (iii) seja objeto de determinação da União, Estado,

Distrito Federal ou Município, com base em consenso médico-científico. Em tais casos, não se

caracteriza violação à liberdade de consciência e de convicção filosófica dos pais ou responsáveis,

nem tampouco ao poder familiar".

ARE 1.267.879

https://www.conjur.com.br/2021-mai-20/stf-forma-maioria-rejeitar-conviccoes-filosoficas-vacinacao

Mais retrocessos contra os consumidores dos planos de

saúde

Iniciativa do Consu, comandada por Queiroga, demonstra desconhecimento técnico do papel da saúde suplementar

Fonte: JOTA

Por: Ana Carolina Navarrete e Maria Stella Gregori

Data: 12/05/2021

Quem acompanha a agenda do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, já pressentia que

velhos temas poderiam voltar ao debate. Desde que assumiu a pasta, Queiroga reuniu-se somente

com representantes do setor privado, das operadoras e dos prestadores de serviço. O resultado

dessas articulações desavergonhadas veio à luz agora, com o anúncio de uma consulta pública

sobre a chamada “Política Nacional de Saúde Suplementar Para o Enfrentamento da Pandemia da

Covid-19”, que seria elaborada pela Agência Nacional de Saúde (ANS) com diretrizes e princípios

definidos pelo Consu (Conselho de Saúde Suplementar), um órgão de representação

interministerial.

A PNSS-Covid-19 vem tarde e vem torta. O texto, genérico e propositalmente impreciso,

abre espaço, por exemplo, para a extinção dos prazos máximos de atendimento e para a

proliferação de planos subsegmentados, mais baratos e com baixíssima cobertura, que se apoiam

no SUS para a realização dos procedimentos mais caros e complexos. Outra aberração é a ideia

de ampliar o poder de interferência das operadoras nas relações entre médicos e pacientes,

inclusive fazendo mais exigências para autorizar procedimentos e tratamentos – uma

burocratização que tem o único objetivo de reduzir os gastos das empresas às custas da saúde

dos consumidores.

Por fim, o texto desestimula o atendimento de consumidores de planos de saúde pelo SUS,

o que fere nossa Constituição Federal, que garante atendimento a qualquer cidadão. As diretrizes

propostas pelo Consu violam a autonomia técnica da ANS – que, aliás, foram fortalecidas pela Lei

das Agências Reguladoras. Desde o início da pandemia, não faltaram oportunidades para que a

ANS e as operadoras de planos de saúde contribuíssem de maneira voluntariosa com o

enfrentamento da crise.

O que a sociedade ouviu foi uma sequência de negativas cruéis. Cessão de leitos

disponíveis para atendimento de pacientes em fila única com o SUS? Não. Ampla testagem da

Covid-19 para os consumidores? Não. Inclusão irrestrita dos testes sorológicos no Rol de

Cobertura Obrigatório? Não. Suspensão ampla dos reajustes para planos individuais e coletivos?

Não. Suspensão da recomposição dos reajustes? Não.

Apesar de tudo isso, as operadoras agora são tratadas como grandes aliadas na batalha

contra a pandemia e, como recompensa, ganharam a chance de impulsionar o setor em detrimento

do SUS e dos direitos dos consumidores. Com o cheque em branco da nova política, elas podem

finalmente emplacar sua agenda histórica de desregulação e redução das garantias assistenciais,

em um mercado onde os abusos são persistentes.

E fica pior. A consulta pública acontece no exíguo prazo de dez dias, absolutamente

incompatível com a complexidade e importância das questões que o texto da PNSS-Covid-19

levanta. O que se quer, não resta dúvidas, é envolver de legitimidade um processo com desfecho

combinado: o fortalecimento e a ampliação do mercado de saúde suplementar e a oficialização do

parasitismo em relação ao SUS – o que o texto do Ministério da Saúde convenientemente chama

de “integração”.

Em todo o mundo a pandemia serviu para ressaltar a importância dos sistemas públicos e

universais. O Brasil, mais uma vez, corre na contramão. A iniciativa do Consu, capitaneada pelo

ministro da Saúde, demonstra desconhecimento técnico do papel da saúde suplementar nas ações

de saúde no país e atesta que este governo se move à revelia da crise, sem compaixão ou empatia

com milhares de pessoas e famílias dilaceradas pela Covid-19. O foco está na área econômica, e

não nos cidadãos e consumidores. É por isso que defendemos a rejeição integral da proposta.

Ana Carolina Navarrete – Advogada e coordenadora do Programa de Saúde do Idec.

Maria Stella Gregori – Advogada, professora da PUC/SP, ex-diretora da Agência Nacional de

Saúde (ANS).

https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/mais-retrocessos-contra-os-consumidores-dos-

planos-de-saude-12052021?utm_campaign=jota_info__mais_lidas_da_semana_-

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O pedido por silêncio de Pazuello e o ataque hacker ao STF

Tribunal escrutina invasão ao seu sistema e analisa habeas corpus de ex-ministro para poder abandonar CPI

Fonte: JOTA

Data: 14/05/2021

Neste episódio de Sem Precedentes, podcast do JOTA sobre o Supremo Tribunal Federal

(STF), uma das pautas é o possível ataque hacker que fez o site do tribunal, incluindo a área de

consulta processual, ficar fora do ar por dias a partir da quinta-feira (6/5). O tribunal agora apura

quem seria o responsável pela invasão. A investigação será incluída no inquérito das fake news,

que apura ataques ao tribunal. É sabido que a estrutura de tecnologia dos tribunais é obsoleta. A

situação se tornou mais evidente quando, em novembro passado, o Superior Tribunal de Justiça

(STJ) foi alvo de ataque e sequestro de informações. Na época, o Ministério da Saúde também foi

vitimado.

Agora, outra questão é o acesso exponencial de robôs para a extração de dados de forma

automatizada, enquanto as plataformas dos tribunais não estão preparadas para o volume de

cliques. Com isso, as equipes de tecnologia do STF estudam criar estrutura para lidar com essa

mudança. Para discutir o caso, Ivar Hartmann, professor do Insper e que usa cotidianamente

informações do tribunal para pesquisa, foi convidado especial desse episódio.

Também é tema da edição o habeas corpus impetrado pelo general Eduardo Pazuello, ex-

ministro da Saúde, assinado pelo advogado-geral da União, André Mendonça. O ministro Ricardo

Lewandowski é o relator. Pazuello pede ao STF o direito a permanecer em silêncio durante

depoimento na CPI da Covid-19 para não produzir provas contra si mesmo, o que já é garantido.

Também quer poder se retirar do recinto se for constrangido. Ele deve se apresentar à comissão

no Senado como testemunha na próxima quarta-feira (19/5).

O Sem Precedentes é apresentado por Felipe Recondo, diretor de conteúdo do JOTA. Os

participantes fixos são Juliana Cesario Alvim, professora da Universidade Federal de Minas Gerais;

Diego Werneck, professor do Insper, em São Paulo; e Thomaz Pereira, da Fundação Getúlio

Vargas (FGV), no Rio de Janeiro.

Acompanhe o podcast no YouTube.

https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/sem-precedentes/silencio-pazuello-ataque-hacker-

stf-14052021?utm_campaign=jota_info__ultimas_noticias__destaques_-

_14052021&utm_medium=email&utm_source=RD+Station

Produção de vacina depende de assinatura de contrato da

Fiocruz com AstraZeneca

Fabricação de imunizante com insumos importados será paralisada a partir de quarta-feira

Fonte: JOTA

Data: 17/05/2021

Maior fornecedora de vacina contra Covid-19 no Brasil, ao lado do Instituto Butantan, a

Fiocruz enfrenta desafios tanto com a importação de insumos quanto com a produção de IFA

(ingrediente farmacêutico ativo) nacional. Em entrevista ao JOTA, o diretor de Bio-Manguinhos,

Mauricio Zuma, afirmou que haverá atraso no início da produção da vacina 100% nacional. A

previsão de começar neste sábado (15/5) irá atrasar porque depende da assinatura do contrato de

transferência de tecnologia com a AstraZeneca.

Inicialmente, para concluir esse processo até julho, a Fiocruz pretendia finalizar a

assinatura do contrato até 8 de dezembro de 2020. A nova perspectiva é de que a negociação seja

concluída no fim desta semana. O diretor do laboratório também afirmou que o envase de IFA

importado pode ser paralisado a partir da próxima quarta-feira (19/5), o que deverá impactar nas

entregas de junho.

Leia a íntegra da entrevista com Mauricio Zuma:

Desde março, a Fiocruz tem falado na meta de produzir 6 milhões de doses por

semana. Na última semana de abril, esse patamar foi atingido, com a entrega de 6,5 milhões,

mas na semana seguinte apenas 3,6 milhões foram entregues. Por que essa oscilação? O

que falta para Bio-Manguinhos atingir uma estabilidade na produção?

Mauricio Zuma: A gente já atingiu essa estabilidade, essa consistência de produção e está

produzindo entre 5 e 6 milhões de doses por semana. A vacina que eu produzo, por exemplo, esta

semana, eu só vou entregar daqui a três semanas, por causa do processo de controle de

qualidade. Lá atrás, tivemos uma semana em que a produção teve um rendimento mais baixo

porque o ingrediente, o IFA, não rendeu o que era esperado. Dependendo da concentração viral

que vem no IFA, você tem um rendimento melhor ou pior. Naquela semana, tivemos lotes mais

baixos.

E também foi uma semana, se não me engano, que não tínhamos envasado um dia ou dois

para fazer um teste de turno em uma das máquinas. A gente ficou com aquela máquina sem

produzir e também os rendimentos foram mais baixos. Isso culminou naquelas duas semanas, mas

a gente foi conseguindo reestabilizar e voltou.

A previsão de entrega em maio é de 20,6 milhões e outros 34,2 milhões para junho?

Deve ser por aí. Maio está certo de que deve ser próximo a isso. A gente sempre tem essa

dificuldade. Faz a previsão, mas se não teve o rendimento [diminui a quantidade]. Mas vai ser

próximo a isso.

Com relação a junho, a gente tem uma previsão maior porque a partir do dia 14 vai entrar

uma nova máquina. A gente está dependendo de confirmações agora por causa do fornecimento

de IFA. A gente precisa dessa continuidade. Nossa capacidade de produção está legal, agora se o

IFA não chegar, pode ser que a gente não consiga [entregar as doses]. A gente só vai poder

confirmar mais à frente, depende dessas confirmações da entrega [de IFA].

No cronograma de envios de IFA da AstraZeneca havia previsão de remessas em 29

de abril, 12 de maio, 18 de maio, 19 de maio, 26 de maio e 2 de junho. A primeira entrega não

foi cumprida. Quando chega o próximo lote de IFA e quantas doses é possível produzir a

partir desse quantitativo? A última remessa recebida foi no dia 24 de abril?

A gente ainda está aguardando. A gente recebeu naquela data [24 de abril] e não recebeu

a seguinte. É mais provável que esse IFA só chegue no sábado que vem [22 de maio]. No sábado

que vem eles já confirmaram. Vão chegar 22 e 30 com certeza. Estão só tentando antecipar isso

um pouco.

Com esses próximos envios, dos dias 22 e 30, vai ser possível produzir quantas

doses?

Cada lote de IFA está vindo em torno de 6,5 milhões de doses, o que acaba dando para

uma semana e um pouquinho mais, com a nossa consistência de produção. Nós agora atingimos

uma capacidade de produção boa e estamos botando pressão na AstraZeneca para ver se eles

conseguem acelerar os lotes. Se eles conseguirem manter aquele cronograma, a gente entrega

essa produção que a gente estimou. Se eles falharem, a gente vai ter que fazer um slow down na

produção.

Com essa remessa de IFA de 24 abril, a Fiocruz informou que conseguiria produzir

até a segunda semana de maio. Então, nesta semana, se não chegar IFA, a produção será

interrompida?

Na verdade, rendeu um pouquinho mais do que a gente imaginava, então vai dar para

envasar ainda segunda e terça, se não me engano. Se não chegar, como está aparentando que

eles não vão conseguir adiantar, aí a gente vai ficar realmente alguns dias parados. Vamos ficar

uns três ou quatro dias parados pelo menos.

Quais os entraves para importação do IFA? O diretor do Instituto Butantan, Dimas

Covas, tem dito que as declarações do governo federal em relação à China têm atrapalhado.

O senhor entende que essa questão também está afetando as entregas para a Fiocruz?

A gente tem uma negociação diferente. O Butantan trata diretamente com o Sinovac. A

nossa parceria é com a AstraZeneca e a AstraZeneca estabeleceu a Wuxi [chinesa WuXi Biologics]

como a empresa que fornece o IFA. Quem toma as providências é a AstraZeneca. Nós somos

apenas informados do que está acontecendo.

A AstraZeneca tem falado em dois problemas. Um problema é a falta de IFA também para

vacinas da Europa, que está pressionando muito eles. Eles estão tendo que dividir [os envios de

insumos] e o nosso contrato previa apenas dois lotes por mês. Só que a gente fez um acordo não

oficial e eles se comprometeram extraoficialmente a acelerar esse cronograma porque nós fizemos

aquele cronograma de entrega [para o PNI].

Só que eles estão tendo dificuldade de manter isso por conta da falta de vacina na Europa.

Eles estão sendo processados na Europa porque lá está atrasado mesmo. Aqui eles estão em dia,

na verdade. Se você contabilizar dois lotes por mês, mesmo eles tendo atrasado em fevereiro, eles

já entregaram oito lotes e com esses dois de maio, eles ficam, por contrato, cobertos. Já na

Europa, como está mais atrasado, eles estão sendo processados. Esse é um problema que eles

estão com dificuldade de acelerar.

O segundo problema, sendo eles, é a burocracia chinesa. Eles falaram que, no final do mês

passado, mudou mais uma vez o processo de liberação. Eles não estavam podendo dar entrada

em um pedido antes de concluir o pedido anterior. Como o pedido anterior só será concluído no

final do mês agora, por exemplo, só quando concluir esses dois [dos dias 22 e 30 de maio] é que

eles podem dar entrada em um novo pedido. Essa foi a justificativa que eles apresentaram para a

gente.

A embaixada do Brasil na China está apoiando também, tem acompanhado e tentado

interceder para acelerar. Aqui no Brasil a gente tem feito contatos com a embaixada chinesa, com

o embaixador, com o conselheiro da embaixada. Eles estão apoiando também, mas pode ter

alguns mistérios que a gente não sabe exatamente quais são.

Essa alteração burocrática foi para todos os países?

É para todos os países. É normal. Pelo que a AstraZeneca fala, para a Europa é a mesma

coisa. Para o Butantan também deve passar pelo mesmo processo.

Em relação à produção diária, Bio-Manguinhos atingiu em 22 de abril a marca de 1

milhão de doses produzidas em um único dia. Em abril, o senhor falou de algumas

alternativas para aumentar essa produção, como tentar aumentar o lote. Foi adotada alguma

iniciativa nesse sentido?

Estamos trabalhando nisso, sim. A gente quer aumentar cada vez mais. Há possibilidade

de aumentar lotes, mas para fazer isso a gente tem de fazer uma série de testes, validações, para

garantir que a gente não vai perder o processo. Isso, às vezes, até consome espaço de máquina.

Para fazer isso você tem que parar a máquina e, em vez de envasar um lote, fazer uma simulação

para ver se tudo funciona direitinho. Fizemos algumas validações. Estão em análise e a gente

acredita que vai conseguir aumentar cada vez mais com essas duas máquinas que a gente tem.

E entrando a terceira máquina, que está prevista para estrear no dia 14 de junho, a gente

tem capacidade para mais um milhão por semana, pelo menos, é o que a gente estima. A gente só

vai saber mesmo fazendo o envasamento. Pode ser que dê mais.

A Anvisa, quando esteve aqui para ver nossa área de IFA [inspeção no fim de abril da área

de produção de IFA nacional], já visitou essa área em que as máquinas estão em qualificação, as

instalações. Já falou que está satisfeita com o que viu, que a gente vai precisar apenas fechar

todas as documentações relativas a essas qualificações e validações, mandar para eles e fazer um

CTO [verificação das condições técnico-operacionais] de forma remota.

Como eles já visitaram a área, podem concluir fazendo remotamente. Vai ser muito legal. A

gente espera fazer isso no final deste mês ainda. A gente deve ter a certificação da área.

Esse aumento de produção deve ocorrer então com a ativação da terceira máquina

em 14 de junho e com um aumento de lote, que aguarda resultado dessa validação? Essa

validação também deve ocorrer no fim do mês? Essas mudanças impactariam na produção

de junho?

Isso. Os dois fatores estão previstos para influenciar a produção de junho. A gente deveria

ter começado a fazer o envasamento com bolsas plásticas em janeiro e fevereiro, só que não havia

disponibilidade no mercado internacional. Os fornecedores não entregaram. Nós desenvolvemos

uma alternativa e, em vez das bolsas, usamos tanques de aço inox, que é o que a gente costuma

usar mesmo, só que eles têm uma capacidade menor do que essas bolsas. Nós improvisamos,

mas esses lotes ficaram menores.

Recentemente, nós recebemos as bolsas e começamos a fazer esses testes que a gente

tinha que ter feito em janeiro ou fevereiro. A gente só conseguiu fazer agora por conta da

disponibilidade das bolsas. Estamos fazendo as validações dessas bolsas, que permitem lotes

maiores. Isso vai permitir que a gente consiga envasar mais do que estamos envasando hoje. Com

essas duas máquinas, a gente vai ficar em torno de 1,1 milhão de doses por dia. Não vai passar

muito disso. O que vai nos dar mais capacidade é essa terceira máquina em junho.

E a gente tem uma nova linha também que vai ficar pronta no final do ano. Essa é um

avião. É uma máquina excelente, de última geração, alta velocidade, que permite operações mais

rápidas e seguras porque é uma linha com isolador. Ela permite menos intervenções no ambiente.

Hoje, o operador tem muito contato com o produto, então tem de ter muito cuidado para

não contaminar. Apesar de toda a parafernalha que o cara veste e toda a limpeza na sala, a gente

corre muitos riscos porque operação com biológico tem muito risco de ser contaminada. Essa

máquina tem um isolador que o operador não entra contato com o produto, então é muito mais

seguro e já tem sistema que faz toda esterilização daquele ambiente dentro da máquina. É como

se fosse uma cabine em cima da linha de produção em que o operador bota a mão, então tudo ali

dentro está esterilizado e não tem contato com o ambiente externo. É muito mais seguro e a

velocidade da máquina vai permitir envasamentos muito mais rápidos.

Mas a gente depende das empresas. É uma empresa alemã e outra suíça que vão vir fazer

qualificação da máquina, que é lenta, e eles só virão no segundo semestre. Não tem agenda para

vir antes. Tem de ser eles a fazer. Então essa máquina só fica pronta no final do ano.

Sobre a fabricação do IFA nacional, começa no próximo sábado (15/5), conforme

anunciado? Quanto tempo leva a produção desses primeiros lotes de pré-validação e eles

poderão ser usados no PNI?

É esse o nosso plano [usar no PNI]. Na verdade, o pessoal gosta de marcar datas

comemorativas ‘ah começou a produção’, mas a gente já está operando há bastante tempo porque

hoje estamos fazendo simulação de operação. O nosso pessoal está em fase final de treinamento.

O processo produtivo mesmo vai começar quando recebermos os bancos de células e vírus. Só

que precisamos fechar o contrato com a AstraZeneca. Precisamos receber os bancos de células e

vírus para começar o processo de produção específico. No nosso cronograma, ele [o processo

produtivo] se iniciaria no fim desta semana. Como a gente não assinou o contrato ainda, a gente

não deve receber ainda [os bancos de células e vírus]. Se a gente conseguir assinar nesta semana

– a gente está correndo, mas não sabemos ainda se será possível – a gente recebe [os bancos de

células e vírus] nesta semana. Em princípio, isso não gerará atraso no nosso cronograma.

Realmente, o processo produtivo é longo. Um lote demora cerca de 45 dias, desde a gente

começar a descongelar as células e vírus até chegar ao finalzinho, depois de toda a purificação do

processo e a formação do lote, que é o congelamento do que sobrou nas bolsas. Isso leva cerca de

45 dias, fora controle de qualidade.

Queremos fazer isso com bastante cuidado porque a gente quer aproveitar [os primeiros

lotes para serem usados no PNI]. Normalmente os primeiros lotes são lotes de testes. Esses lotes

de pré-validação não são utilizados. A gente joga fora. Mas dada a situação que a gente não quer

perder uma dose, se esses lotes tiverem resultados bons, iguais aos lotes normais, a gente

pretende aproveitar eles. Se tiver dados bastante consistentes, a gente vai utilizar eles para

vacinação e isso acelera porque eles vão ser os primeiros lotes.

Foi assim que aconteceu com a empresa de Wuxi. Os primeiros lotes que recebemos aqui

foram de pré-validação. Envasamos e a Anvisa autorizou a utilização pelos resultados dos testes.

Foram utilizados sem problemas. A gente pretende fazer da mesma forma para acelerar o

processo.

Se tudo der certo, a gente espera liberar em outubro esses primeiros lotes e mais alguns. A

gente vai ter um espaço maior de qualidade porque vai ter de fazer muitos testes de qualificação,

de caracterização, porque a gente vai ter que garantir que esse IFA que a gente vai produzir é igual

a todos os IFAs da AstraZeneca ao redor do mundo. Esse teste é feito para garantir que é a

mesma vacina. É um teste longo, feito fora do Brasil. Tudo isso faz o processo ser longo. Por isso

que, se a gente começar o processo no final de maio, a gente só conclui ele lá para outubro.

Vamos torcer para conseguir dar conta desse cronograma, que é ousado.

Estamos discutindo inclusive com a Anvisa. Tivemos reunião para discutir a estratégia

regulatória, tentar apresentar para eles como a gente está estabelecendo o desenho regulatório do

processo, para ver se eles aceitam. Se a gente usasse o processo normal, só conseguiria liberar a

vacina no ano que vem. Às vezes leva um ano para conseguir liberar essas primeiras doses, os

primeiros lotes de validação. Mas a gente tem uma estratégia de acordo com os protocolos que

estão sendo adotados pelas agências internacionais nesta pandemia. A gente vai tentar adequar

esse processo nosso para tentar ser mais rápido e conseguir liberar em outubro.

Esses bancos de células e vírus vêm de onde?

Se não me engano, dos Estados Unidos ou do Reino Unido. É da AstraZeneca. São eles

que vão fornecer para a gente.

Esse contrato de transferência de tecnologia estava previsto para ser assinado ainda

em 2020 e essa data foi sendo adiada. Qual o entrave no momento e qual a perspectiva de

resolver?

Quando a gente assinou a ETEC [contrato de encomenda tecnológica firmado em

setembro], se não me engano, a gente tinha 90 dias para firmar o contrato. Foi uma meta que a

gente estabeleceu entre nós. A gente iria assinar no início de dezembro. Só que foram tantas

atividades que tivemos de desenvolver – os dois, tanto a AstraZeneca quanto nós – que não

conseguimos. Naquele momento, a vacina estava finalizando o estudo clínico e com todas as

providências para estabelecer a produção aqui. Só em dezembro que a gente começou a

conversar sobre esse contrato. A gente atrasou porque não conseguimos mesmo.

É um contrato muito complexo. Normalmente a gente leva mais de um ano discutindo

contratos de transferência de tecnologia. E a gente começou a discutir também nesse tiroteio todo

de implementar a produção, de entregar a vacina. Tem limitação física mesmo nossa. A gente está

finalizando a discussão. É um contrato com mais de 100 páginas, fora os anexos que detalham

tudo: acordos de qualidade, acordos de operação, de produção. Tem as questões jurídicas de

direito internacional, direito público brasileiro, direito de propriedade intelectual. Ele é muito

complexo. Até a gente limpar tudo… A gente passa cláusula por cláusula, linha por linha. Às vezes

briga por uma frase. É muito complexo.

Estamos finalizando. Garanto que faltam muitos poucos detalhes. Agora realmente está na

fase final e tenho quase certeza de que, pelo menos nesta semana a negociação a gente finaliza. E

aí é questão burocrática mesmo porque no direito público tem uma série de providências que a

gente tem que tomar.

Assim que for assinado o contrato, esses bancos de células e vírus podem ser

enviados?

Sim. Desde agosto eles [AstraZeneca] estão nos passando informação. Liberaram todas as

informações. Foi por isso que conseguimos colocar essa produção pronta para começar,

instalações prontas. Mas os bancos são um segredo. Se me der o banco, eu vou endurecer mais

ainda as negociações porque já estou com tudo para produzir. Eles não vão passar isso antes de a

gente fechar.

Como o cronograma prevê a produção com IFA importado até julho e com IFA

nacional a partir de outubro, há essa lacuna em agosto e setembro. Como estão as

alternativas para resolver essa questão, como o envio das 8 milhões de doses do Instituto

Serum pendentes e a ampliação das remessas da AstraZeneca ou via Covax?

O Serum uma incógnita hoje por causa da situação lá [na Índia], mas a gente ainda espera.

A gente não comprou nada deles, mas eles tinham um compromisso conosco de fornecer mais 8

milhões de doses. Se a gente conseguir, vai ser ótimo. Já está fechado com eles [AstraZeneca]. A

gente está assinando um contrato para um suprimento de mais 50 milhões de doses. Só que a

AstraZeneca não consegue confirmar ainda se vai conseguir adiantar. Em princípio, é para

entregar a partir de outubro, mas ela está tentando antecipar para ver se consegue entregar

alguma coisa em agosto e setembro.

E o Covax é o Ministério da Saúde que está negociando diretamente. São todas

alternativas que a gente está colocando na mesa para tentar diminuir o gap, se a gente não

conseguir eliminar ele. O governo já liberou recursos para aquisição dessas 50 milhões de doses

adicionais. A gente vai fechar o contrato e vamos esperar que a AstraZeneca consiga liberar.

São os recursos da MP 1.048?

Foi. Uma parte dos recursos é para a gente.

https://www.jota.info/tributos-e-empresas/saude/problemas-fiocruz-levam-paralisacao-producao-

vacinas-

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Judiciário pode obrigar entes a aplicar recursos mínimos

anteriores a 2012 na saúde

Antes da LC 141/2012, não havia lei que regulamentasse percentuais mínimos que estados e municípios deveriam

aplicar na saúde

Fonte: JOTA

Data: 17/05/2021

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que é constitucional que o Poder Judiciário

determine que estados e municípios apliquem percentuais mínimos de recursos públicos na saúde,

em período anterior à Lei Complementar 141/2012. Isso porque esta lei definiu os percentuais

mínimos de repasses à saúde, mas antes dela, não havia lei expressa sobre esta matéria. Por

maioria, foi fixada a seguinte tese: “É compatível com a Constituição Federal controle judicial a

tornar obrigatória a observância, tendo em conta recursos orçamentários destinados à saúde, dos

percentuais mínimos previstos no artigo 77 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias,

considerado período anterior à edição da Lei Complementar 141/2012”.

O tema foi julgado no âmbito do Recurso Extraordinário (RE) 858.075, no qual o Ministério

Público Federal (MPF) recorreu de decisão do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2), que

definiu que não cabia ao Judiciário impor ao município de Nova Iguaçu e à União a aplicação de

recursos orçamentários mínimos na saúde. O caso foi julgado no plenário virtual encerrado na noite

da última sexta-feira (14/5).

O ministro relator, Marco Aurélio Mello, votou para dar provimento ao recurso, e disse em

seu voto que o Poder Judiciário, “em situações excepcionais, pode determinar a adoção de

medidas assecuratórias de direitos constitucionalmente reconhecidos como essenciais”. O ministro

determinou que seja restabelecida sentença de primeira instância, que determinou que o município

de Nova Iguaçu compense os valores não aplicados em 2002 e 2003, e que a União acompanhe o

cumprimento, condicionando novos repasses à essa aplicação correta. “É pertinente aparar arestas

e buscar, à luz da quadra vivida, emprestar concretude aos preceitos da Lei Maior. Nenhum pode

ser entendido de modo absoluto. É pertinente o controle judicial a fim de garantir o respeito ao

figurino constitucional”, disse o relator. Leia a íntegra do voto.

O ministro diz que, além dos preceitos fundamentais e normas legais, “a realidade revela

as mazelas brasileiras”. Marco Aurélio diz que “chega-se, com pesar, à conclusão de a ineficiência

na prestação dos serviços básicos, resultante de ações e omissões do Poder Público, desaguar na

violação massiva de direitos”. Para o ministro, “no tocante às necessidades básicas, deve

prevalecer o sistema intervencionista”.

“A ausência de medidas legislativas e administrativas eficazes sinaliza falha estrutural a

gerar violação sistemática, com perpetuação e agravamento da situação. Verifica-se haver a

Constituição Federal estabelecido a destinação de recursos voltados à promoção de ações e

serviços públicos na área da saúde. O fez ante a relevância dos direitos sociais em jogo, alçados à

condição de verdadeiros direitos fundamentais de caráter prestacional”, destacou.

Assim, o relator entendeu que no período anterior ao Congresso editar a LC 141/2012,

havia uma omissão constitucional, já que a Constituição prevê a fixação de repasses de

percentuais mínimos de recursos à saúde. A tese de Marco Aurélio foi acompanhada por nove

ministros, mas no caso concreto, o ministro Luís Roberto Barroso abriu divergência que saiu

vencedora.

Para Barroso, o recurso deve ser parcialmente provido, para condenar somente o

município de Nova Iguaçu a compensar as diferenças de repasses para os anos de 2002 e 2003,

na forma determinada na decisão de primeira instância. Para o ministro, não é necessário que a

União condicione futuros repasses ao município à aplicação na saúde, porque a Lei Complementar

de 2012 já fixa as condicionantes. Leia o voto de Barroso.

O ministro Alexandre de Moraes foi o único a divergir, entendendo que antes da LC

141/2012 não havia procedimento legal que permitisse a realização do devido processo para

inscrição dos entes públicos nos cadastros de restrição federal, nem para o estabelecimento de

elementos obrigacionais e respectivas sanções aos estados e municípios. “não vislumbro na

presente hipótese situação de excepcionalidade, que justifique a intervenção judicial, sem violação

ao princípio da separação dos poderes”, afirmou.

https://www.jota.info/stf/do-supremo/judiciario-pode-obrigar-entes-a-aplicar-recursos-minimos-

anteriores-a-2012-na-saude-

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TCU volta a julgar Pazuello no mesmo dia de seu depoimento

à CPI

Em abril, auditores sugeriram responsabilização de ex-ministro e seus assessores

Fonte: JOTA

Data: 18/05/2021

O Tribunal de Contas da União (TCU) volta a julgar, nesta quarta-feira (19/5), o processo

no qual os técnicos da Corte pedem punição ao ex-ministro Eduardo Pazuello e ex-assessores

devido à má condução do Ministério da Saúde na pandemia. O processo volta à pauta do TCU no

mesmo dia em que o ex-ministro será ouvido pelos senadores na CPI da Pandemia. Seu

depoimento ao Senado começa às 10h, enquanto que a sessão do TCU teve início às 14h30.

O caso, que foi pautado pela primeira vez em abril, teve o julgamento interrompido após um

pedido de vista dos ministros Augusto Nardes e Jorge Oliveira, ligados ao presidente Jair

Bolsonaro. Na ocasião, a área técnica do TCU sugeriu aos ministros a aplicação de multas a

Pazuello, Élcio Franco Filho, ex-secretário executivo da pasta, Hélio Angotti Neto e Arnaldo Correia

de Medeiros, atuais secretários de Tecnologia e Vigilância do Ministério da Saúde.

Os auditores identificaram que o MS, sob Pazuello, descumpriu algumas decisões do TCU

referentes a política de testagem, política de comunicação e garantia de estoque de medicamentos

a estados e municípios. No julgamento que teve início em abril, o ministro-relator, Benjamin Zymler,

sugeriu abrir processos apartados para responsabilizar a cúpula do MS, mas Bruno Dantas e Vital

do Rêgo, por outro lado, defenderam punir o ex-ministro imediatamente.

Após a manifestação de Dantas e Rêgo, Jorge Oliveira, que foi indicado por Bolsonaro ao

TCU no fim do ano passado, afirmou que o TCU deve se ater a suas competências constitucionais.

A tendência para esta quarta-feira é que a posição de Zymler seja mantida e processos de

responsabilização a Pazuello e seus assessores sejam abertos de forma apartada.

https://www.jota.info/tributos-e-empresas/saude/tcu-volta-a-julgar-pazuello-no-mesmo-dia-de-seu-

depoimento-a-cpi-

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TCU desmente Pazuello e nega que órgão foi contra comprar

vacinas da Pfizer

Ministros do órgão ficaram perplexos com fala do ex-ministro à CPI da Pandemia, que será julgado hoje pelo Tribunal

Fonte: JOTA

Data: 19/05/2021

O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello disse à CPI da Pandemia que o Tribunal de

Contas da União (TCU) se posicionou contra a assinatura de um memorando de entendimentos

com a Pfizer. Membros da Corte de Contas consultados pelo JOTA desconhecem esse

posicionamento e afirmam que o ministro faltou com a verdade aos senadores. O Tribunal soltou

uma nota oficial afirmando que a fala de Pazuello é mentirosa.

Cerca de uma hora após dizer que o TCU havia se manifestado contra a assinatura, o

relator Renan Calheiros (MDB-AL) confrontou o ex-ministro com a negativa do próprio tribunal de

que não havia emitido tal parecer. Segundo o ex-ministro Pazuello, quando a empresa atualizou

seu Memorando de Entendimentos em dezembro, com novas projeções de doses de vacina para o

Brasil, os órgãos de controle se posicionaram contra essa assinatura.

A declaração do ex-titular da Saúde à CPI deixou os ministros do TCU perplexos. O ex-

ministro, inclusive, volta a ser julgado esta tarde na Corte por omissões no combate à pandemia

durante sua gestão do Ministério da Saúde. “Seguimos em frente, vamos assinar o memorando de

entendimentos. Mandamos para os órgãos de controle, a resposta foi: ‘Não assessoramos

positivamente, não deve ser assinado’. CGU, AGU, todos os órgãos de controle, TCU… ‘Não deve

ser assinado’, e nós assinamos o MOU, mesmo com as orientações contrárias. O MOU foi

assinado contra as orientações da assessoria jurídica e de controle interno e externo”, disse

Pazuello à CPI.

O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra, disse que não conhecia essa

informação. “Eu não sabia que o Tribunal de Contas da União tinha uma recomendação contrária à

assinatura do memorando de entendimentos. Isso é uma novidade pra mim”, falou.

Ao JOTA, membros do TCU afirmaram que a fala do ex-ministro à CPI não é verdadeira. O

ministro Benjamin Zymler, relator dos processos relacionados à pandemia na Corte, vai pedir à

presidente do TCU, ministra Ana Arraes, que se pronuncie em nome do órgão desmentindo o

Pazuello.

Segundo relataram, o órgão, já este ano, se posicionou de forma exatamente contrária. Em

julgamento de março, os ministros responderam a uma consulta do Ministério da Saúde, à época

comandado por Pazuello, que foi à Corte questionar a interpretação de duas normas jurídicas que

poderiam ser óbice para aquisição de vacinas.

A resposta do TCU foi no sentido de que a burocracia não pode impedir a aquisição dos

imunizantes, que uma situação excepcional permite uma realocação de riscos e, assim, o Estado

brasileiro assumiria mais riscos que os laboratórios e fornecedores de vacinas. No julgamento, o

ministro Benjamin Zymler, relator de processos relacionados à pandemia no TCU, afirmou:

“Ninguém precisa ser expert em direito para saber que ,diante do ‘valor saúde’ e da vida humana,

cedem todos os outros princípios, eles são sombreados”, afirmou.

O ex-ministro Pazuello, após ser confrontado por Renan Calheiros com a comunicação do

TCU de que a corte teria recomendado contra o contrato com a Pfizer, disse ter se equivocado,

confundido com manifestação da Controladoria-Geral da União (CGU). Mesmo após tentar se

corrigir, Pazuello foi contestado pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM), que leu parte dos

relatórios da CGU e AGU, que também não se posicionavam contra a assinatura.

Pazuello leu as mesmas partes que o senador, mas ressaltando a ressalva feita pelos

documentos para que houvesse uma autorização legislativa.

Leia a íntegra da nota divulgada pelo TCU:

“Em relação ao depoimento do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, junto à CPI da

Pandemia, o Tribunal de Contas da União informa que em nenhum momento seus ministros se

posicionaram de forma contrária à contratação da empresa Pfizer para o fornecimento de vacinas

contra a Covid, e tampouco o Tribunal desaconselhou a imediata contratação em razão de

eventuais cláusulas contratuais.

O único posicionamento deste órgão de controle externo a respeito da contratação ocorreu

por meio do Acórdão 534/2021-Plenário, quando decidiu-se que: “considerando os riscos ainda

desconhecidos e o grande desequilíbrio entre a situação de oferta e demanda, não há óbice

jurídico, a partir da ampliação da autonomia contratual concedida pelas Leis 14.121/2021 e

14.124/2021, a que o Estado Brasileiro aceite eventual cláusula limitadora de responsabilidade

contratual das empresas fornecedoras, se esta condição estiver sendo praticada nos negócios

firmados com os diversos países e for requisito intransponível para a aquisição do produto,

ressalvados os casos de dolo ou culpa grave do fornecedor e situações de ofensa à ordem

pública.”

https://www.jota.info/legislativo/tcu-pazuello-pfizer-

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Litígios de patentes: quebrando alguns mitos

Análise dos litígios de patentes no ano de 2020 mostra que poucas patentes são judicializadas, apesar da demora do

INPI

Fonte: JOTA

Por: Aline Ferreira, Rafael Pinho e Lucas Rezende

Data: 19/05/2021

A propriedade intelectual, e mais especificamente as patentes, tem povoado o noticiário

com o julgamento da ADI 5.529 pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e as discussões sobre um

possível licenciamento compulsório de patentes farmacêuticas em vista da pandemia de Covid-19

(conforme debate que ora ocorre no Congresso). Muito se fala sobre uma grande litigiosidade dos

titulares de patentes, bem como que esses utilizariam o judiciário com frequência para barrar

indevidamente a entrada de concorrentes no mercado. Contudo, uma análise do número de

patentes que foram objeto de litígio no ano de 2020 mostra que são poucas as disputas judiciais

envolvendo a matéria.

Para escrever este artigo, os autores realizaram pesquisa no Diário Oficial da Justiça

Federal do Rio de Janeiro (onde o INPI – Instituto Nacional da Propriedade Industrial tem sede e,

por isso, onde acaba tramitando a maior parcela das ações judiciais referentes a decisões da

autarquia) e no Diário Oficial do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (maior Tribunal de

Justiça do país e que dispõe de juízos especializados em propriedade intelectual em 1ª e 2ª

instâncias) durante o ano de 2020. Tais dados foram revistos e tratados para extrair os indicadores

ora apresentados. Não estão incluídos neste levantamento casos que tramitam em segredo de

justiça.

No período da pesquisa, 201 decisões liminares foram proferidas pelas quatro Varas

Federais especializadas, sendo que apenas 33 dessas decisões se referiam a patentes de

invenção ou a modelos de utilidade. Dessas 33 decisões, apenas 5 foram para conceder integral

ou parcialmente a tutela pretendida suspendendo os efeitos da decisão do INPI, e as demais 28

para indeferir pedido de tutela de urgência mantendo a decisão do INPI. Se consideradas as

sentenças, das 195 sentenças proferidas no período, apenas 29 referem-se a patente de invenção

ou modelo de utilidade. Por fim, se considerados os acórdãos de 2ª instância (Tribunal Regional

Federal da 2ª Região), dos 85 acórdãos proferidos, 24 referem-se a patente de invenção ou modelo

de utilidade.

Outro mito que ronda as patentes é de que a maior parte dos litígios seria sobre patentes

farmacêuticas. Contudo, uma análise dos números desmente essa ideia, pois dos 24 acórdãos

sobre patente de invenção ou modelo de utilidade pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região, 11

eram sobre criações na área mecânica.

Observando-se os números do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, verifica-se que

também neste Tribunal são relativamente poucos os litígios sobre patentes. Das 485 decisões

envolvendo tutela provisória proferidas pelas duas Varas Empresariais da Fórum Central da

Capital, apenas 18 referem-se a patente de invenção ou modelo de utilidade. Das 151 sentenças

proferidas no período, apenas 3 referem-se a patente de invenção ou modelo de utilidade. Se

considerados os números das duas Câmaras Reservadas de Direito Empresarial, dos 720

acórdãos proferidos no período, 44 referem-se a patente de invenção ou modelo de utilidade.

No que se refere à matéria envolvida, a maioria dos casos julgados pelas duas Câmaras

Reservadas de Direito Empresarial refere-se à área mecânica (11) e o restante se divide entre as

áreas de eletrônica e química. Mais uma vez, é desmentido o mito de que as disputas se

concentrariam na área farmacêutica.

Se, por um lado, números tão pequenos parecem tornar duvidosa a necessidade de varas

especializadas em propriedade intelectual, se observado o tempo médio de decisão essa

impressão é desmentida. Mesmo com varas especializadas, a Justiça Federal do Rio de Janeiro

demora uma média de 15 dias para analisar pedidos de liminar, enquanto as varas empresariais de

São Paulo demoram uma média de 16 dias para decisão.

Os achados dos autores deste artigo mostram que o adequado tratamento de dados

públicos referentes a patentes é capaz de desmontar alguns mitos criados pelo senso comum.

Ademais, tal tratamento permite aos interessados traçar estratégias não só para litígios futuros,

mas também para mapear riscos referentes à entrada em novos mercados.

Aline Ferreira – Mestre em Direito da Propriedade Intelectual pela Universidade de Cambridge e

sócia do escritório Kasznar Leonardos.

Rafael Pinho – Advogado graduado pela UFRJ e atua na área de Contencioso Judicial e Resolução

de Conflitos do escritório Kasznar Leonardos.

Lucas Rezende – Advogado especialista em Direito e Economia pela Unicamp e atua na área de

Contencioso Judicial e Resolução de Conflitos do escritório Kasznar Leonardos.

https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/litigios-patentes-quebrando-alguns-mitos-

19052021?utm_campaign=jota_info__ultimas_noticias__destaques__19052021&utm_medium=em

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E se as vacinas fossem licitadas?

Negociações com a Pfizer evidenciam pontos cegos do direito administrativo brasileiro

Fonte: JOTA

Por: Renato Toledo

Data: 20/05/2021

Na última quinta-feira, dia 13 de maio, o gerente-geral da Pfizer na América Latina, Carlos

Murillo, prestou depoimento à CPI da Covid-19 sobre os detalhes das negociações entre a

farmacêutica e o Estado brasileiro. Em sua exposição, o executivo relatou ofertas de 70 milhões de

doses ainda em agosto de 2020 – as quais teriam sido negadas pelo Governo Federal. Dentre os

motivos noticiados para a negativa, estão (i) a ausência de aprovação da ANVISA para uso

emergencial do imunizante; (ii) a necessidade de autorização legislativa para conclusão do

contrato; e (iii) a imposição de cláusulas específicas pela empresa privada, consideradas leoninas

pelos membros do governo.[1] O presente artigo se aterá a essa terceira razão.

Imaginemos se as vacinas fossem objeto de licitação. Pela sistemática legal, cabe à

Administração Pública definir todas as condições de contratação, desde o desenho da licitação até

as cláusulas contratuais. A crença geral de boa parte dos juristas – e principalmente dos

controladores públicos – é a de que a licitação é o único meio de obtenção de propostas mais

vantajosas para a coletividade. Caberia ao governo federal, portanto, estabelecer as condições que

entendesse adequadas para aquisição das vacinas e, com isso, obter as melhores propostas no

certame.

A verdade é que, caso a Administração licitasse a aquisição das vacinas de acordo com as

condições contratuais desejadas pelo governo desde o início – sem as mencionadas cláusulas

leoninas – o certame provavelmente seria deserto. Afinal, segundo noticiado, as exigências

requeridas pela Pfizer foram as mesmas exigidas para todos os países com quem negociou, e

comumente adotadas em negociações do gênero. E tais circunstâncias trazem à lume alguns

pontos cegos do nosso direito administrativo brasileiro.

O primeiro ponto cego está na ficção criada por juristas segundo a qual as relações

contratuais da Administração Pública são baseadas na desigualdade das partes, em que o Poder

Público necessariamente detém uma posição de superioridade.

Gestores públicos acostumados com prerrogativas exorbitantes a seu favor e com o poder

de ditar as cartas das condições de uma contratação creem que definir as regras da relação como

poder unilateral da Administração Pública é uma garantia de atendimento ao interesse público. Mas

eles podem se surpreender quando o mundo dos fatos apresenta circunstâncias diversas.

O segundo ponto cego é decorrência do primeiro: a crença de que o interesse público é

aquele que atende apenas os interesses da Administração Pública, mas nunca o dos particulares.

Processos negociais efetivos são aqueles em que há interações dialógicas e comunicações mútuas

em busca de um resultado pautado pela reciprocidade e pela convergência de posições. O contrato

é fruto desse equilíbrio entre os interesses das partes. Como relatado por Carlos Murillo, “a Pfizer

correu um risco sem precedente em uma situação sem precedente, que requeria que todo mundo

colaborasse com esse processo”. Ser eficiente requer compreender os interesses daqueles que se

pretende atrair para colaborar com as políticas públicas. Fechar-se em uma posição irredutível

pode levar a resultados desastrosos.

O terceiro ponto cego – e talvez o mais relevante – está na completa opacidade dos

processos negociais levados a cabo pela Administração Pública brasileira. Como garantir uma

atuação racional, razoável, transparente e republicana em interações consensuais travadas por

gestores públicos? Não há qualquer procedimentalização do planejamento de uma negociação:

quando se senta à mesa com o privado, não se sabe a margem em que eventuais propostas do

particular poderão ser aceitas mediante concessões mútuas, tampouco as condições para a sua

aceitabilidade[2]. E esse ambiente de reduzida accountability abre brechas para atuações

oportunistas e arbitrárias.

Como é possível notar, ainda há um longo caminho a ser percorrido pelo direito

administrativo brasileiro para que sejam encontrados arranjos institucionais adequados para uma

Administração Pública efetivamente consensual e responsiva. Caminho esse que demanda a

compreensão de uma realidade muito mais complexa e multipolar do que o mundo que é relatado

em nossos manuais. Que possamos avançar nesse campo e garantir que os erros do passado não

se repitam no futuro.

Renato Toledo – Mestre em Direito Público pela UERJ. Doutorando em Direito Administrativo pela

USP.

https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/vacinas-licitadas-pfizer-negociacoes-administrativo-

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Reconhecido direito de perito do INSS de acumular o cargo

com o de médico da Empresa de Serviços Hospitalares

Fonte: Lex Magister

Data: 14/05/2021

A 4ª Turma, em formato ampliado, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) deu

provimento ao recurso interposto por um perito do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para

permitir que ele possa acumular esse cargo com a contração como médico pela Empresa Brasileira

de Serviços Hospitalares (EBSERH). A decisão do colegiado foi proferida por maioria em sessão

telepresencial de julgamento realizada ontem (12/5).

O caso

O médico, residente em Pelotas (RS), ingressou com a ação em fevereiro de 2017 contra a

EBSERH. No processo, ele narrou que atua como perito pelo INSS, submetido ao regime de 40

horas semanais de trabalho, e foi aprovado em concurso público para integrar o quadro da

EBSERH, como dermatologista, com carga horária de 24 horas semanais.

No entanto, ele afirmou que não foi possível a sua contratação pela empresa pública pois,

baseada em parecer da Advocacia-Geral da União (AGU), a ré alegou não ser possível a

acumulação de cargos públicos quando as cargas horárias somadas ultrapassam o limite de 60

horas semanais.

O autor defendeu que, de fato, cumpre efetivamente, no cargo de perito do INSS, a carga

de 30 horas semanais, em razão da implementação do atendimento em turno estendido na APS de

Pelotas, onde estava lotado. Dessa forma, juntamente com o cargo de médico da EBSERH, ele

não superaria o limite previsto em regulamento.

Sentença e recurso

Em abril de 2018, o juízo da 1ª Vara Federal de Pelotas, considerou improcedente a ação,

indeferindo o pedido da parte autora.

O médico recorreu da sentença ao TRF4, requerendo a reforma da decisão. Na apelação,

ele defendeu que demonstrou nos autos que o acúmulo das funções de perito do INSS e a

contratação pela EBSERH totalizaria 54 horas semanais, ficando dentro do horário estabelecido

pelo parecer da AGU. Ainda acrescentou que a compatibilidade dos horários para exercer as

atividades foi reconhecida através de declarações firmadas pelo INSS.

Votação da 4ª Turma

O relator do processo, desembargador federal Ricardo Teixeira do Valle Pereira, baseou

seu voto em decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no ano de 2020, em caso

semelhante.

Na ocasião, segundo o magistrado, o STF firmou a seguinte tese: “As hipóteses

excepcionais autorizadoras de acumulação de cargos públicos previstas na Constituição Federal

sujeitam-se, unicamente, a existência de compatibilidade de horários, verificada no caso concreto,

ainda que haja norma infraconstitucional que limite a jornada semanal”.

O desembargador ressaltou que “o STF entendeu que, diante do requisito único trazido

pelo constituinte, qual seja, a compatibilidade de horários, não constitui óbice à acumulação de

cargos públicos a mera fixação infraconstitucional de limite máximo de horas semanais, devendo

ser apreciada a situação em concreto. Portanto, ainda que haja norma infraconstitucional limitando

a jornada semanal de trabalho, se verificada, em concreto, a compatibilidade de horários, será

possível a acumulação remunerada de cargos públicos excepcionalmente autorizada pela

Constituição”.

Valle Pereira concluiu que “superado o entendimento que vedava a acumulação

remunerada de cargos que excedessem 60 horas semanais de jornada de trabalho e existindo

compatibilidade de horários entre o cargo almejado pelo autor e o que ele já exerce, é de ser

provido o apelo para reconhecer o seu direito de ser contratado pela ré no cargo de médico, em

regime de trabalho de 24 horas semanais, sem prejuízo das demais atividades junto ao INSS, onde

exerce a atividade de perito”.

A 4ª Turma ampliada, por maioria, seguiu o posicionamento do relator.

N° 5001350-03.2017.4.04.7110/TRF

Fonte: Tribunal Regional Federal da 4ª Região

https://www.lex.com.br/noticias-reconhecido-direito-perito-inss-acumular-cargo-medico-empresa-

servicos-hospitalares/1077

Criança diagnosticada com artrite reumatóide aos oito anos

de idade deve receber medicação gratuitamente

Liminar atendeu a indicação urgente para que a criança utilize o remédio por seis meses

Fonte: Lex Magister

Data: 14/05/2021

A Justiça acreana determinou ao ente público estadual a obrigação de fornecer o

medicamento prescrito à uma criança de oito anos idade. A decisão garantiu-lhe o direito à saúde e

estabeleceu o prazo máximo de dez dias para o atendimento da demanda, sob pena de multa

diária fixada em R$ 300,00. A mãe da paciente apontou como ato ilegal e abusivo a negativa de

fornecimento do remédio. Sua filha foi atendida por reumatologista do Sistema Único de Saúde,

que apresentou laudo de solicitação, avaliação e autorização do medicamento.

Ela enfatizou que sua renda é insuficiente para custear o tratamento. Além disso, registrou

sua inconformação quanto à negativa recebida, pois foi fundamentada na idade da paciente, já que

o remédio é de uso adulto e a criança possui menos de 18 anos de idade.

O desembargador Júnior Alberto assinalou que a prescrição do medicamento é de

responsabilidade do médico, que neste caso compreendeu ser necessária a utilização do fármaco

prescrito. É obrigação deste profissional avaliar as contraindicações e os benefícios a serem

alcançados, sob seu controle e supervisão.

Portanto, diante das comprovações apresentadas nos autos e do prejuízo decorrente da

falta de tratamento para a criança, foi deferida a medida liminar, que foi publicada na edição n°

6.829 do Diário da Justiça Eletrônico (pág. 3), da última quarta-feira, dia 12.

Fonte: Tribunal de Justiça do Acre

https://www.lex.com.br/noticias-crianca-diagnosticada-artrite-reumatoide-aos-oito-anos-idade-deve-

receber-medicacao-gratuit/1081

Motorista será indenizado por cancelamento de plano de

saúde pela empresa

Aposentado por invalidez, ele ficou sem o benefício por quase um ano

Fonte: Lex Magister

Data: 17/05/2021

A Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho condenou a Nacional Expresso Ltda.,

de São José do Rio Preto (SP), a pagar R$ 5 mil de indenização a um motorista que teve o plano

de saúde cancelado por quase um ano após a aposentadoria por invalidez. Para a Turma, a

supressão do plano foi ilícita e abalou psicologicamente o empregado.

Cancelamento

O motorista ficou afastado diversos períodos, em razão de uma hérnia de disco de origem

ocupacional, até ser concedida sua aposentadoria por invalidez, em novembro de 2014. Na

reclamação trabalhista, ele disse que, em dezembro do mesmo ano, a empresa o excluiu do plano

de assistência médico-hospitalar que mantinha, levando-o a optar pelo pagamento integral da

mensalidade dele e de sua esposa, com base na Lei dos Planos de Saúde (Lei 9.656/1998).

Contudo, em junho de 2015, ao precisar fazer exames, foi informado que seu contrato fora

cancelado pela empresa. Segundo o motorista, a supressão foi arbitrária e abusiva e atingiu sua

dignidade quando mais necessitava.

Suspensão do contrato

A empresa, em sua defesa, sustentou que a legislação determina que a aposentadoria por

invalidez gera a suspensão total do contrato de trabalho. Também argumentou que não houve

comprovação de que o cancelamento do benefício teria gerado dano ao aposentado e que, por

outro lado, havia provas de que ele não havia necessitado do plano.

Comprovação

O juízo de primeiro grau e o Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (Campinas/SP)

rejeitaram o pedido de indenização. Segundo o TRT, embora pudesse ter causado ao empregado

alguns dissabores, o cancelamento indevido, por si só, não era suficiente para condenar a

empresa, e cabia ao trabalhador comprovar qualquer ocorrência extraordinária que lhe

assegurasse a indenização por danos morais, o que não ocorreu.

Ato ilícito

O relator do recurso de revista do motorista, ministro José Roberto Pimenta, entendeu que,

uma vez constatado que o cancelamento se deu de forma indevida, é evidente a violação dos

direitos da personalidade. “O empregado se viu abalado psicologicamente porque teve dificultado

seu acesso e de sua família à assistência à saúde”, afirmou o relator.

De acordo com o ministro, o dano moral, em si, não é passível de prova, pois acontece no

íntimo do ser humano, “de modo que não é possível demonstrá-lo materialmente”. Contra a

decisão unânime, a empresa opôs embargos à SDI-1, ainda não julgados.

(RR/CF)

Processo: RR-11746-43.2015.5.15.0082

Fonte: Tribunal Superior do Trabalho

https://www.lex.com.br/noticias-motorista-sera-indenizado-por-cancelamento-plano-saude-pela-

empresa/1113

União e Estado do RS devem fornecer medicamento para

tratamento de menina com Síndrome de Susac

Fonte: Lex Magister

Data: 17/05/2021

O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) manteve uma decisão liminar proferida

pela primeira instância da Justiça Federal gaúcha que obrigou a União e o Estado do Rio Grande

do Sul a fornecerem medicamento, a imunoglobulina humana, para o tratamento de uma menina

de 16 anos, que sofre de Síndrome de Susac. Esta é uma doença neurológica autoimune que pode

causar dificuldades de locomoção, bem como mal funcionamento das funções neurológicas. A

decisão foi proferida por unanimidade pela 5ª Turma da Corte em sessão virtual de julgamento

ocorrida no dia 11/5. Foi determinado o prazo de 20 dias úteis para que os réus realizem a entrega

do medicamento.

O caso

A adolescente, que reside em Mariano Moro (RS), representada pela mãe, ingressou com a

ação na Justiça contra a União e o Estado do RS para ter o remédio fornecido de maneira gratuita.

No processo, ela argumentou que a lei prevê o fornecimento de tratamento via Sistema Único de

Saúde (SUS), mas para a medicação ser entregue gratuitamente, não poderia haver formas

alternativas de combater a doença. No caso, foi alegado pela parte autora que a imunoglobulina

humana já havia sido fornecida antes, e que o uso do medicamento apresentou uma melhora no

quadro de saúde da paciente.

Foi pedida a antecipação de tutela de urgência devido à gravidade da doença.

Liminar em primeira instância

O juízo da 1ª Vara Federal de Erechim (RS), responsável pela análise do processo, deferiu

a liminar, determinando que os réus providenciassem, em 15 dias úteis, o fornecimento do

medicamento para a autora, disponibilizando-o junto à Secretária de Saúde do Município, no

período recomendado de 12 meses de tratamento.

Decisão do TRF4

A União recorreu da decisão ao TRF4. No recurso de agravo de instrumento, alegou que a

tutela antecipada foi concedida sem a realização de perícia e sem o esgotamento das alternativas

terapêuticas oferecidas pelo SUS. Ainda defendeu a necessidade de ampliação do prazo para o

cumprimento da obrigação.

A 5ª Turma da Corte, de maneira unânime, deu parcial provimento ao recurso somente

para adequação do prazo de 15 para 20 dias úteis para a entrega do remédio.

Segundo a relatora do processo no Tribunal, juíza federal convocada Gisele Lemke, “no

caso, tenho que, excepcionalmente, apenas para o fim específico de apreciação do pedido de

antecipação de tutela pode ser dispensada a realização da perícia prévia. Isto, porque a parte

autora já teve o pedido de fornecimento do medicamento deferido nos autos em processo anterior.

No laudo pericial apresentado, o perito judicial afirmou que a autora deveria fazer o uso do

medicamento por pelo menos 6 meses. Tendo decorrido o prazo e havendo atestado médico

demonstrando a eficácia da medicação com o controle da doença, não se mostra razoável, neste

momento, que seja determinada a interrupção da dispensação do medicamento”.

A magistrada complementou que “é certo que se faz necessário que fique demonstrado

que a autora ainda necessita fazer uso de tal medicação. Contudo, tenho que tal demonstração

poderá ser feita durante a instrução processual, por meio de perícia judicial ou nota técnica, pois

não se mostra razoável interromper o tratamento nesse momento”.

Lemke concluiu o voto apontando que “quanto ao prazo, tenho entendido que o de 15 dias

em geral não se mostra suficiente ao cumprimento da medida, tendo em conta os procedimentos

necessários à aquisição do medicamento. Assim, concedo o prazo de 20 dias úteis para

cumprimento da decisão, nos termos do que vem sendo decidido pela Corte”.

Fonte: Tribunal Regional Federal da 4ª Região

https://www.lex.com.br/noticias-uniao-e-estado-rs-devem-fornecer-medicamento-para-tratamento-

menina-sindrome-susac/1117

Desembargadores aumentam indenização à apelante por

dano moral devido a erro médico

Relator considerou que foi comprovado nexo de causalidade entre negligência médica e dano à paciente, mas que

valor arbitrado estava abaixo do esperado como caráter pedagógico

Fonte: Lex Magister

Data: 18/05/2021

Os membros da Terceira Câmara Cível do Tribunal e Justiça do Amazonas julgaram

procedente, por unanimidade, recurso de apelante em relação à sentença da 7.ª Vara Cível e de

Acidentes de Trabalho que condenou hospital a indenizá-la em R$ 3 mil por dano moral, majorando

o valor da indenização para R$ 50 mil. O Acórdão foi lido na sessão desta segunda-feira (17/5)

pelo relator, desembargador Flávio Pascarelli, na Apelação Cível n.º 0624562-72.2019.8.04.0001,

cujo julgamento foi realizado na sessão anterior.

Trata-se de ação de indenização por erro médico, em que uma paciente foi atendida por

médico credenciado pelo Check Up Hospital para cuidados por sentir dor na perna direita, situação

em que lhe foi prescrita e aplicada dipirona, medicação à qual era alérgica, informação que disse

ter prestado na ficha de atendimento (o prontuário havia sido extraviado). Como consequência,

apresentou deformidade e manchas na pele, foi tratada no hospital, tendo afastado-se do trabalho

e enfrentado outros transtornos.

A defesa do hospital argumentou que logo após os primeiros sintomas de reação

apresentados pela paciente foram adotados todos os procedimentos para evitar a evolução para

quadro moderado ou mais grave; que não houve outras complicações. Diante disso, a defesa

afirmou considerar o valor de indenização arbitrado em 1.º Grau condizente com os fatos e pediu a

manutenção da sentença.

Segundo o relator, aquele que causa danos a alguém é obrigado a indenizar e, para que a

parte lesada faça jus à indenização, devem ser verificados a culpa, o dano e o nexo de

causalidade, ou seja, o dano deve ser consequência direta da atividade culposa de quem a

produziu. O relator considerou haver nexo causal entre a medicação equivocada e a reação

alérgica da paciente, pois o próprio médico que a atendeu receitou a medicação sem considerar

informação prestada por esta na ficha de admissão no hospital, na qual informava ter alergia ao

medicamento.

“Entendo estar comprovados nexo de causalidade entre a negligência médica e o dano

sofrido pela apelante”, afirmou o relator, observando que o valor fixado em sentença a título de

reparação por danos morais estava muito aquém de atender o caráter pedagógico que se espera,

ainda mais se considerada a gravidade do ato praticado e as consequências mais graves que

poderiam advir da situação.

O relator havia sugerido R$ 20 mil, mas adotou o total indenizatório de R$ 50 mil, sugerido

pelo desembargador Lafayette Vieira Júnior, conforme pedido pela apelante na inicial. A juíza

convocada para atuar como desembargadora, Mirza Telma de Oliveira Cunha, também

acompanhou a sugestão.

Fonte: Tribunal de Justiça do Amazonas

https://www.lex.com.br/noticias-desembargadores-aumentam-indenizacao-apelante-por-dano-

moral-devido-erro-medico/1161

DF terá de indenizar criança e familiares por erro médico

durante o parto

Fonte: Lex Magister

Data: 18/05/2021

O Distrito Federal terá que indenizar por danos morais uma menina e os pais dela por erro

médico ocorrido durante o parto, que ocasionou lesões irreversíveis à criança, diagnosticada com

síndrome hipóxico-isquêmica, não fala, não anda e apresenta retardo mental severo. O ente

público deverá, ainda, pagar uma pensão vitalícia à vítima. A decisão é do juiz substituto da 5ª Vara

da Fazenda Pública e Saúde Pública do DF.

Os autores narram que, após 40 semanas de uma gestação sem intercorrência, a mãe da

criança entrou em trabalho de parto e o procedimento médico foi realizado no Hospital Regional de

Santa Maria – HRSM. De acordo com o casal, ao nascer, a filha apresentou desconforto

respiratório e necessitou de cuidados. No dia seguinte, o quadro se agravou e a alta hospitalar só

se deu alguns dias depois. Os autores alegam que o hospital não informou os procedimentos ou

intercorrências do parto. Desde o nascimento, a criança passou por várias internações e paradas

respiratórias. Apesar das investigações, nenhuma alteração metabólica ou genética foi detectada, o

que levou os pais a considerarem que houve erro médico durante o parto, agravado pela falta de

comunicação das suas intercorrências.

O DF alegou que não restou demonstrada a culpa do ente público por ato omissivo, bem

como não houve negligência, imprudência ou imperícia na atuação dos médicos do HRSM.

Segundo o réu, a obrigação dos médicos é de meio e não de resultado. Dessa maneira, não há

prova de que a realização do parto foi tardia. Asseguram que os agentes estatais conferiram à

genitora o melhor tratamento possível, de forma que o dano decorre de caso fortuito ou força

maior. Assim, o estado não pode ser condenado com base em suposições especulativas.

O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios oficiou pela procedência dos pedidos e

destacou que “A falta de registro detalhado dos procedimentos realizados durante o parto ou o

registro de informações inverídicas são condutas capazes de autorizar o reconhecimento do defeito

na prestação do serviço”. Ademais, o MPDFT considerou que, da leitura dos documentos

acostados aos autos por ambas as partes, observa-se que a qualidade dos registros médico-

hospitalares sobre os fatos estão muito aquém do exigido.

Ao analisar o caso, o julgador destacou que a conduta dos médicos que atenderam as

autoras foi analisada pelo perito nomeado pelo juízo, o qual concluiu que “a) houve sofrimento fetal,

que causou desconforto respiratório à primeira autora; b) não há nos autos prova documental que

relate a situação das autoras no pré-parto ou as intercorrências do parto; c) nada impede que o

start das limitações físicas e mentais da autora tenha ocorrido durante o trabalho de parto”. Entre

outros apontamentos, o especialista ressaltou que, mesmo sem ter elementos definitivos para essa

conclusão, “as manobras para se tentar o parto normal foram intempestivas e arriscadas”.

De acordo com a decisão, cabia ao Distrito Federal comprovar a inexistência

responsabilidade quanto às sequelas da criança, o que não foi feito. Assim, o juiz substituto

concluiu que, embora não sejam comprovadamente decorrentes de má conduta dos médicos,

também não são comprovadamente alheias à conduta estatal. Portanto, diante da violação à

integridade psíquica dos autores, o magistrado considerou devida a compensação moral e a

pensão vitalícia à menor. Os danos morais foram arbitrados em R$ 100 mil, à primeira autora, e R$

50 mil a cada um de seus genitores. Diante das lesões irreversíveis sofridas pela criança e os

gastos permanentes que sua família terá de suportar, a pensão mensal vitalícia foi fixada em 1

salário mínimo.

Cabe recurso.

PJe: 0712729-98.2017.8.07.0018

Fonte: Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios

https://www.lex.com.br/noticias-df-tera-indenizar-crianca-e-familiares-por-erro-medico-durante-

parto/1162

Mulher que acusou servidora da Saúde de bater ponto e não

trabalhar é condenada por calúnia

Fonte: Lex Magister

Data: 18/05/2021

O juiz titular da 1ª Vara Criminal de Taguatinga condenou uma técnica de enfermagem

aposentada pela prática do crime de calúnia, por ter atribuído falsamente a uma auxiliar de

enfermagem da Secretaria de Saúde do DF, o ato ilícito de registrar informações inverídicas no

sistema de registro eletrônico do órgão público (bater o ponto e não trabalhar). A ré foi condenada

a 8 meses de detenção, além de pagar à autora indenização de R$ 2.500 a título de danos morais.

A autora narrou que a ré produziu e divulgou em redes sociais e veículos de imprensa

vídeo, no qual lhe acusou falsamente de bater o ponto eletrônico no trabalho e depois ir embora,

fato que constitui crime previsto no artigo 299 do Código Penal. Sustentou que a conduta da ré

configura crime de calúnia e ainda constitui ato ofensivo à sua reputação, uma vez que causou

lesão à sua honra, razão pela qual requereu sua condenação.

A ré apresentou defesa, afirmando que não teve intenção de caluniar, bem como

pleiteando a isenção ou diminuição de eventual pena por ter confessado a conduta de maneira

espontânea. Ao sentenciar, o magistrado esclareceu que a ré “como servidora do Hospital Regional

de Taguatinga, tinha conhecimento da prática que os funcionários que trabalhavam no prédio do

anexo, tal como a querelante, faziam de parar o veículo em frente ao prédio principal, único local

em que havia relógios de ponto, registrar a sua frequência eletrônica e voltar para o

estacionamento próximo ao prédio anexo em seu veículo”.

O juiz registrou ainda que a documentação juntada nos autos comprova que a autora

cumpriu normalmente com sua carga horária no dia do fato, que não consta nenhum registro de

falta funcional e que o processo administrativo instaurado em decorrência da divulgação do vídeo

produzido pela ré foi arquivado por comprovação da inexistência de faltas da autora. Assim,

concluiu que “ficou evidenciada a falsidade da imputação feita pela querelada de que a querelante

efetuou o registro de ponto no hospital e foi embora sem trabalhar. Também está provado que a

querelada tinha conhecimento, ou, ao menos deveria ter, de que o fato por ela relatado no vídeo

era falso.

Como estavam presentes os requisitos legais, a pena de detenção foi substituída por uma

pena restritiva de direitos, a ser fixada pelo juízo da execução.

Da decisão cabe recurso.

PJe: 0003337-77.2018.8.07.0007

Fonte: Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios

https://www.lex.com.br/noticias-mulher-que-acusou-servidora-saude-bater-ponto-e-nao-trabalhar-

condenada-por-calunia/1165

Operadora de plano de saúde não deve ser multada por

cancelamento ocorrido após inadimplência de beneficiária

Fonte: Lex Magister

Data: 19/05/2021

De forma unânime, a 5ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (Região) decidiu

pela nulidade de infração aplicada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) a uma

operadora de plano de saúde. A multa foi aplicada após a empresa cancelar o plano de saúde de

uma beneficiária que ficou inadimplente por mais de 60 dias. Para a ANS, não houve comunicação

prévia por parte da operadora antes de realizar o cancelamento. A empresa ingressou com ação na

justiça alegando que a beneficiária foi notificada de sua saída do plano por meio de um Aviso de

Recebimento (AR) entregue ao porteiro do prédio onde reside.

A ANS apelou ao TRF contra a sentença do 13ª Vara do Distrito Federal que anulou a

multa. O órgão manteve o argumento de que operadora teria excluído a beneficiária, sob alegação

de inadimplência, sem, contudo, demonstrar o cumprimento das condições contratuais vigentes

para a rescisão, com a notificação prévia do débito.

O caso foi analisado pela desembargadora federal Daniele Maranhão. De acordo com a

magistrada, por meio dos autos constata-se que a notificação acerca da existência do débito foi

encaminhada, via postal, para o endereço da beneficiária, um prédio de apartamentos, sendo

recebido pela administração do condomínio. Também consta dos autos que o plano teria sido

cancelado por inadimplência um mês após o recebimento da notificação do débito. Para a relatora,

o recebimento do Aviso de Recebimento (AR) pelo porteiro do prédio é valido como notificação.

"Conforme muito bem reconhecido pela sentença recorrida, no caso de notificação em prédio de

apartamentos, com efeito, torna-se muito mais válida a assinatura aposta for de terceiro, porque

comum, como se sabe, o recebimento da correspondência pelo porteiro. Aliás, o STJ já afirmou a

presunção da validade de notificação recebida por porteiro de condomínio", declarou ao votar pelo

desprovimento da apelação.

Processo 1024715-45.2019.4.01.3400

Data do julgamento: 24/02/2021

APS

Fonte: Tribunal Regional Federal da 1ª Região

https://www.lex.com.br/noticias-operadora-plano-saude-nao-deve-ser-multada-por-cancelamento-

ocorrido-apos-inadimplencia-ben/1188

Empresa é condenada a restituir o plano de saúde médico e

odontológico de ex-empregado aposentado por invalidez

Fonte: Lex Magister

Data: 19/05/2021

A 3ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT/RJ) negou provimento ao

recurso ordinário da Casa da Moeda do Brasil condenada, na primeira instância, a pagar uma

indenização por danos morais no valor de R$ 5 mil, além de restituir o plano de saúde médico e

odontológico de um ex-empregado aposentado por invalidez e também de seus dependentes. O

colegiado seguiu por unanimidade o voto da redatora designada do acórdão, desembargadora

Mônica Batista Vieira Puglia, que considerou que a suspensão do contrato de trabalho em virtude

de afastamento por incapacidade (com percepção de aposentadoria por invalidez ou auxílio-

doença) não é causa de suspensão ou cancelamento do plano de saúde e odontológico do

empregado.

O trabalhador afirmou na inicial que foi admitido pela empresa pública federal Casa da

Moeda do Brasil, em 23 de janeiro de 1985, por meio de um contrato de trabalho celetista por

tempo indeterminado. Relatou que, no dia 3 de dezembro de 2005, aposentou-se por invalidez e

que a empresa cancelou todos os benefícios relacionados ao vínculo empregatício, sem qualquer

comunicação prévio. Destacou o plano de saúde e o plano odontológico como os principais

benefícios cancelados. Declarou que procurou o Sindicato Nacional dos Moedeiros, instituição que

representa os empregados da Casa da Moeda do Brasil, para tentar resolver o problema

administrativamente. Esclareceu que a empresa se negou a restituir os planos médico e

odontológico, alegando que o contrato de trabalho está extinto e que, portanto, não seria possível

manter os benefícios.

Acrescentou que, em 19 de março de 2013, a Casa da Moeda editou uma norma interna

concedendo a manutenção da assistência médica e odontológica aos empregados aposentados

por invalidez, sem limitação temporal, extensiva aos seus dependentes. Explicou que tal normal

interna não alterou sua situação e ele e seus dependentes continuaram sem os benefícios.

Ressaltou que a aposentadoria por invalidez não causa a extinção do contrato de trabalho, apenas

a sua suspensão. Declarou que o direito ao plano de saúde e odontológico permanece em vigor

mesmo durante a suspensão do contrato, já que ele é decorrente do vínculo de emprego, embora

suspensa a prestação do serviço. Prosseguiu dizendo que, ao ficar privado de assistência médica e

odontológica, seu problema de saúde agravou consideravelmente e, por isso, solicitou uma

indenização por danos morais, além da restituição do seu plano de saúde e de seus dependentes.

Em sua contestação, a Casa da Moeda do Brasil alegou que o pedido de restabelecimento

do plano de saúde feito pelo ex-empregado aposentado por invalidez significa, na verdade, a

transferência de uma obrigação estatal ao empregador. Ressaltou que o direito à saúde é dever do

Estado e que o empregador não é “responsável pelas mazelas da classe obreira”. Acrescentou que

a assistência à saúde é livre à iniciativa privada, ou seja, não é dever do empregador prestar

assistência à saúde de seus empregados.

Na primeira instância, o juiz em exercício na 3ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, Bruno

Andrade de Macedo, deferiu a reinclusão do aposentado e de seus dependentes no plano de

saúde e odontológico, além de ter condenado a Casa da Moeda a pagar uma indenização por

danos morais no valor de R$ 5 mil. O magistrado levou em consideração a Súmula nº 440, TST,

que garante a manutenção do plano de saúde ou de assistência médica oferecida pela empresa ao

empregado, apesar da suspensão do contrato de trabalho em virtude de auxílio-doença acidentário

ou de aposentadoria por invalidez.

Na segunda instância, a redatora designada, desembargadora Mônica Batista Vieira Puglia,

manteve a sentença e ressaltou que a suspensão do contrato de trabalho em virtude de

afastamento por incapacidade (com percepção de aposentadoria por invalidez ou auxílio-doença)

não é causa de suspensão ou cancelamento do plano de saúde do empregado, uma vez que

permanecem exigíveis as obrigações contratuais inerentes à existência do vínculo de emprego,

como o plano de saúde fornecido pela empresa.

O benefício, segundo a magistrada, incorporou ao contrato de trabalho como cláusula

contratual, o que impossibilita a supressão unilateral, por se tratar de condição benéfica que adere

ao pacto laboral (Súmula nº 51,I, TST).

Nas decisões proferidas pela Justiça do Trabalho, são admissíveis os recursos

enumerados no art. 893 da CLT.

PROCESSO n° 0101323-60.2018.5.01.0003 (RO)

Fonte: Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região

https://www.lex.com.br/noticias-empresa-e-condenada-restituir-plano-saude-medico-odontologico-

exempregado-aposentado-por-in/1209

Lei do Rio de Janeiro não pode proibir suspensão de planos

de saúde por inadimplência durante a pandemia

Para o STF, a lei estadual invade competência privativa da União para legislar sobre direito civil e política de

seguros

Fonte: Lex Magister

Data: 19/05/2021

O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) julgou inconstitucional lei do Estado do Rio

de Janeiro que autorizava o Poder Executivo a vedar a suspensão ou o cancelamento de planos de

saúde por falta de pagamento durante a situação de emergência da Covid-19. A decisão foi

tomada, por maioria de votos, na sessão virtual concluída em 14/5, quando o Plenário julgou

procedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 6441.

Competência legislativa

A ação foi ajuizada pela Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais,

Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNSEG) contra a Lei estadual

8.811/2020. Além de autorizar o Executivo fluminense a dispor sobre a proibição, a norma afastava

a incidência de juros e multa sobre os valores devidos durante a pandemia e determinava que as

operadoras possibilitassem o parcelamento dos débitos anteriores a março de 2020, quando teve

início a situação de emergência.

Entre outros argumentos, a confederação sustentava que a lei estadual não poderia dispor

sobre Direito Civil, contratos de natureza privada e seguros. Alegou, também, desrespeito à

competência legislativa da União, exercida por meio da Lei federal 9.656/1998, que dispõe sobre

planos e seguros privados de assistência à saúde, e o poder normativo da Agência Nacional de

Saúde Suplementar (ANS), responsável pela regulação do setor.

Importância social

Em seu voto, a ministra Cármen Lúcia (relatora) reconheceu a intenção da legislação

estadual de buscar preservar os usuários de planos de saúde durante a situação de calamidade.

Contudo, a lei fluminense ultrapassou o objetivo da proteção a consumidor em situação de

vulnerabilidade e autorizou, "de modo geral e indiscriminado", a suspensão de obrigação

contratual, disciplina de Direito Civil de competência privativa da União. Segundo ela, o legislador

estadual acabou por interferir no conjunto de normas nacionais vigentes sobre a matéria e que se

referem ao cumprimento de obrigações contratuais securitárias por partes capazes e legítimas.

A ministra citou decisões recentes em que o STF declarou inconstitucionais leis estaduais

que estabeleciam redução de mensalidades escolares durante a pandemia. Lembrou, ainda, que o

ministro Dias Toffoli, em situação análoga, concedeu medida cautelar nas ADIs 6491 e 6538 para

suspender lei da Paraíba que proibia cancelamento de planos de saúde por inadimplência durante

a pandemia. O voto da relatora pela procedência da ação foi seguido pelos ministros Gilmar

Mendes, Alexandre de Moraes, Nunes Marques, Dias Toffoli, Luiz Fux e Ricardo Lewandowski.

Proteção ao segurado

Ficaram vencidos os ministros Marco Aurélio e Edson Fachin e a ministra Rosa Weber, que

julgaram a ADI improcedente. Para essa corrente, a lei estadual não interferiu na atividade-fim das

pessoas jurídicas envolvidas. Segundo o decano, a norma buscou potencializar, no âmbito

regional, a tutela da dignidade dos consumidores durante a pandemia, que resultou em crise

econômica e financeira.

Não participou do julgamento o ministro Luís Roberto Barroso, que declarou suspeição.

Processo relacionado: ADI 6441

Fonte: Supremo Tribunal Federal

https://www.lex.com.br/noticias-lei-rj-nao-proibir-suspensao-planos-saude-por-inadimplencia-

durante-pandemia/1181

Mantida pena de mulher que falsificou receitas médicas para

enviar medicamentos de emagrecer para uma amiga no

exterior

Fonte: Lex Magister

Data: 19/05/2021

A Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) manteve a condenação

de uma mulher por falsificar receitas médicas, mandar manipular o medicamento para emagrecer e

enviar a uma amiga no exterior. O colegiado negou provimento à apelação interposta pelo

Ministério Público Federal (MPF) para reverter a sentença, que absolveu a acusada do crime de

exportação de drogas, previsto no artigo 33 da Lei 11.343/2006, e para aplicação da pena de

reclusão de cinco a 15 anos e pagamento de R$ 500 a R$ 1.500 dias-multa, conforme a lei.

Já a acusada entrou com apelação para cancelar a pena imposta pela falsificação de

documento de um ano de reclusão, em regime inicial aberto, e ao pagamento de 10 dias-multa, por

não ter condições financeiras. Ao julgar o caso, o relator, desembargador federal Néviton Guedes,

afirmou que, segundo os autos, a acusada conheceu a mulher em uma rede social e ela lhe pediu

que enviasse aos Estados Unidos os remédios para emagrecer, sujeitos a controle especial. No

entanto, a ré não sabia que o envio das drogas seria crime. Ela alegou que não recebeu nada em

troca por isso.

O relator afirmou que a acusada preencheu a receita médica obtida de um atendente de

farmácia por R$ 10 reais, carimbada e com a assinatura do médico. Depois disso, encomendou os

remédios em uma farmácia de manipulação, comprou e colocou a encomenda nos Correios, com o

dinheiro enviado pela mulher. “A ré, em sede policial e de interrogatório judicial, confessou ter

falsificado as receitas médicas para a compra dos medicamentos para emagrecer. Contudo,

afirmou não ter ciência de que o envio das medicações apreendidas seria proibido pela legislação,

posto que, à época, o uso de tais medicações era autorizado pela Anvisa”, observou.

O magistrado considerou que ela “realmente não tinha ciência de que o envio dos

medicamentos consistiria em ato ilícito”, porque preencheu a postagem com seus dados pessoais

corretos e com todas as determinações dos Correios. Diante disso, o Colegiado, acompanhando o

voto do relator, negou provimento à apelação do MPF e acolheu parcialmente a apelação da

acusada, para fixar a pena de prestação pecuniária de dois salários mínimos e a concessão de

assistência judiciária gratuita.

Processo 0000911-92.2016.4.01.3813

Data do julgamento: 16/03/2021

Data da publicação: 29/03/2021

PG

Fonte: Tribunal Regional Federal da 1ª Região

https://www.lex.com.br/noticias-mantida-pena-mulher-que-falsificou-receitas-medicas-para-enviar-

medicamentos-emagrecer-uma-/1187

TJAC obriga ente estatal a prover tratamento a criança com

leucemia

Decisão considerou princípio da dignidade da pessoa humana e dever do Estado em prover recursos terapêuticos mais

eficazes e adequados ao caso de garota

Fonte: Lex Magister

Data: 19/05/2021

O Colegiado Pleno de desembargadores do Tribunal de Justiça do Acre decidiu, em sede

de Mandado de Segurança (MS), obrigar o Estado do Acre ao fornecimento de remédio para

tratamento de uma menor acometida de leucemia linfoblástica aguda, doença grave que afeta o

desenvolvimento normal das células sanguíneas. A decisão, de relatoria do desembargador Luís

Camolez, publicada na edição n° 6.832 do Diário da Justiça eletrônico (DJe, pág. 01), considerou o

chamado princípio da dignidade da pessoa humana e o dever do Ente Estatal em prover, não

somente tratamento médico à garota, mas a abordagem terapêutica mais eficaz e indicada para o

caso.

Para isso, de maneira unânime, os desembargadores derrubaram a arguição preliminar do

Ente Público, no sentido de que a decisão que determinou a obrigação só poderia ter sido

emanada pela Justiça Federal (inadequação da via eleita, no jargão jurídico), como sustentado pelo

recorrente. Dessa forma, prevaleceu o entendimento de que o texto constitucional que prevê o

direito à saúde considera como “Estado” a União, os Estados, Municípios e o Distrito Federal, e

não somente o Ente Federativo, como pretendido pelo Ente Público demandado.

“A saúde é um direito fundamental do ser humano, competindo ao Estado prover as

condições ao seu pleno exercício, disciplinando o Sistema Único de Saúde (SUS), incumbindo aos

entes referidos a prestação dos serviços de saúde à população”, lê-se na Súmula do Acórdão de

Julgamento.

Por fim, o relator assinalou, ao votar pela concessão da ordem, que “havendo prescrição

médica para a aquisição do fármaco que é imprescindível para a melhora da qualidade de vida do

paciente, resta evidente o direito líquido e certo a receber do Estado o tratamento postulado,

independentemente de aspectos orçamentários ou da política de funcionamento para o setor, sob

pena de violação ao direito à vida indissociável do direito à saúde”.

Fonte: Tribunal de Justiça do Acre

https://www.lex.com.br/noticias-tjac-obriga-ente-estatal-prover-tratamento-crianca-leucemia/1193

Ausência de nexo entre biópsia e óbito de paciente impede

indenização por erro médico

Fonte: Lex Magister

Data: 19/05/2021

Pela ausência de relação entre a realização de procedimento médico e o óbito do paciente

dias depois, a juíza Elaine Cristina de Souza Freitas, titular da 1ª Vara Cível da comarca de

Laguna, negou indenização por danos morais e materiais à companheira do falecido. Segundo os

autos, em dezembro de 2009, o homem realizou um exame com coleta de material para biópsia,

contudo, possível erro médico teria causado uma perfuração na vesícula biliar e, posteriormente,

seu óbito.

No entanto, a ficha do paciente, os resultados de exames e depoimentos dos profissionais

médicos responsáveis pelo procedimento e pela internação do paciente, fdeixaram claro que não

houve perfuração da vesícula biliar e que, portanto, não haveria nexo de causalidade entre o

exame realizado e a sua morte. Segundo a magistrada: "[...] não houve erro médico algum

cometido pelos requeridos, ao passo em que o procedimento para o qual foram designados foi

realizado dentro das normas técnicas de segurança, dispensando ao paciente, o tratamento e

cuidado necessários. Ocorre que, posteriormente, o paciente acabou vindo a óbito, contudo, essa

infeliz fatalidade não pode ser correlacionada estritamente ao procedimento de punção/biópsia

realizado pelo primeiro requerido".

Entre os fatores levados em consideração pela magistrada estão que o companheiro da

parte autora já era um paciente crônico e possuía diversas doenças e anomalias que acabaram por

prejudicar a sua saúde como um todo. Acredita-se também que ele já estivesse acometido de

insuficiência renal, em razão de transplante realizado em 2005 e, ainda, de cirrose crônica,

situação que acabou por comprometer o seu fígado e, consequentemente, eventual recuperação

que - para pacientes considerados "normais" - seria algo comum.

Ademais, verifica-se que, quando de sua consulta inicial, o paciente já vinha sofrendo com

dores e inchaço no abdômen, de forma que sua situação pode ter se agravado entre o dia da

consulta e da realização do procedimento", anotou a juíza. No seu entender, mostra-se provável

que a causa da morte tenha sido gerada em decorrência de outras complicações, das quais os

requeridos não contribuíram.

A magistrada também reconhece a dor e a angústia vivida pela parte autora, que acabou

por perder seu companheiro, porém quanto à ação ¿[...] não é possível identificar qualquer

resquício de culpa, negligência, imprudência ou imperícia praticadas pelos requeridos, de modo

que a condenação aqui postulada mostra-se impossível, não havendo erro médico a ser declarado

e, consequentemente, nenhum dano a ser indenizado¿. Cabe recurso da decisão ao TJSC.

Fonte: Tribunal de Justiça de Santa Catarina

https://www.lex.com.br/noticias-ausencia-nexo-entre-biopsia-e-obito-paciente-impede-indenizacao-

por-erro-medico/1204

Estado do RS deve realizar cirurgia de implante de stent em

mulher que sofre de aneurisma da artéria carótida

Fonte: Lex Magister

Data: 20/05/2021

O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) decidiu, ontem (18/5), dar provimento ao

recurso de uma mulher de 60 anos de idade, residente em Frederico Westphalen (RS), e modificar

uma decisão liminar de primeiro grau que havia indeferido o pedido dela requerendo atendimento

imediato para a realização de uma cirurgia para o implante de um stent, bem como o fornecimento

do material necessário. Em sessão virtual de julgamento, a 5ª Turma da Corte, de maneira

unânime, determinou que o Estado do Rio Grande do Sul conceda à autora o procedimento

cirúrgico solicitado, no prazo de dez dias úteis, sob pena de aplicação de multa e bloqueio judicial

de contas.

O caso

A autora da ação alegou que sofre de aneurisma sacular de artéria carótida interna e que,

devido às características e à dimensão da lesão, necessita de tratamento endovascular com o

implante de um stent redirecionador de fluxo. No processo, afirmou que seu estado de saúde vem

se agravando progressivamente, de tal modo que corre risco de acidente vascular cerebral e de

morte. Ela apontou que o procedimento solicitado foi prescrito por médico do Hospital São Vicente

de Paulo, em Passo Fundo (RS), e que o uso do material indicado apresenta resposta clínica

superior ao tratamento padrão oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para a sua patologia.

A mulher pleiteou que a União, o Estado do RS e o Município de Passo Fundo fossem

obrigados a providenciar o atendimento imediato para a realização do procedimento cirúrgico,

conforme as prescrições médicas, além do fornecimento do material necessário. Foi solicitada a

concessão da tutela provisória de urgência.

Decisão Liminar e recurso

Em fevereiro deste ano, o juízo da 1ª Vara Federal de Palmeira das Missões (RS) negou o

pedido de antecipação da tutela. A autora recorreu da decisão liminar com um agravo de

instrumento ao TRF4. No recurso, ela reafirmou a urgência do seu caso, argumentado que o

tratamento disponível no sistema público não é indicado para sua situação por não ser capaz de

ocluir o aneurisma apresentado, além de oferecer risco elevado de trombose no vaso portador.

Acórdão

A 5ª Turma do Tribunal decidiu, por unanimidade, dar provimento ao agravo de

instrumento.

A relatora do caso, juíza federal convocada Adriane Battisti, afirmou em seu voto que nota

técnica do NAT-JUS da JFRS “reconhece a presença de evidências de melhores taxas de oclusão

no tratamento dos aneurismas com o emprego dos estentes remodeladores de fluxo, questão

central ao caso concreto, devido à localização crítica e ao tamanho aumentado da lesão” e que “a

embolização disponibilizada pelo SUS, não é a recomendação mais adequada ao quadro clínico,

segundo o laudo pericial”.

A magistrada ressaltou que “considerando-se a premência do atendimento sob a

perspectiva clínica e a presença de convincentes elementos probatórios nos autos, vislumbra-se o

requisito da urgência, a ponto de autorizar a ruptura do sistema regulatório do SUS. Justifica-se,

assim, a adoção da medida judicial, a fim de viabilizar a imediata realização do procedimento,

visando salvar a vida da paciente.”

Assim, foi determinado pelo colegiado que o Estado do RS conceda à autora o

procedimento cirúrgico e que comprove o cumprimento, de forma efetiva, da antecipação de tutela

no prazo de dez dias úteis.

Fonte: Tribunal Regional Federal da 4ª Região

https://www.lex.com.br/noticias-estado-rs-deve-realizar-cirurgia-implante-stent-em-mulher-que-

sofre-aneurisma-arteria-carot/1234

Fisioterapeuta contratada como autônoma tem vínculo de

emprego reconhecido com plano de saúde

Fonte: Lex Magister

Data: 20/05/2021

A 8ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-RS) reconheceu o vínculo

de emprego entre uma fisioterapeuta e o plano de saúde que contratou a profissional. Ela mantinha

contrato de prestação de serviços como autônoma, mas, segundo os desembargadores, atuava

com pessoalidade e subordinação, o que preenche os requisitos para configuração da relação de

emprego. A decisão confirma, nesse aspecto, a sentença proferida pelo juiz Ary Faria Marimon

Filho, da 28ª Vara do Trabalho de Porto Alegre.

Ao ajuizar a ação, a autora alegou que trabalhou para a ré de novembro de 2010 a

novembro de 2017, tendo sido contratada como autônoma, para realizar atendimento de pacientes

em domicílio. Ela afirma que a ré determinava e escolhia os pacientes que deveria atender,

cabendo-lhe apenas contatar os citados pacientes indicados pelo chefe da equipe, bem como

combinar com eles o dia e o horário do atendimento domiciliar, devendo sempre seguir as diretrizes

imposta pela empresa. Segundo ela, o trabalho era amplamente supervisionado e havia um rígido

controle de qualidade. Além disso, a necessidade de atender aos pacientes não permitia que se

ausentasse por muitos dias, razão pela qual durante os mais de sete anos de contrato a autora

nunca tirou férias. O plano de saúde, por sua vez, afirma na defesa que não existia qualquer

subordinação nas atividades da trabalhadora, tendo ela total autonomia para realizar seu labor,

inclusive para outras empresas. Segundo a empresa, a autora não recebia ordens, não cumpria

horários estabelecidos e não prestava serviços com habitualidade – e que, por essas razões, não

havia subordinação jurídica.

No julgamento de primeira instância, o juiz Ary Marimon Filho acolheu as alegações da

autora e reconheceu o vínculo de emprego. Segundo o magistrado, “o fato de a autora prestar

serviços a outras empresas, ou mesmo a ausência de exclusividade na prestação dos serviços,

não afasta, por si só, a possibilidade de reconhecimento do vínculo empregatício. E isso porque,

para o enquadramento aos requisitos do art. 3º da CLT, não se exige o labor prestado com

exclusividade, mas sim com pessoalidade (de maneira que não se possa fazer substituir por outra

pessoa no exercício de suas atribuições)”. No entendimento do julgador, o conjunto da prova

produzida indica que havia subordinação da autora, em razão de a empresa definir os clientes que

seriam atendidos, dirigindo o tempo e o local da prestação dos serviços da reclamante. Além disso,

o juiz considerou que estavam presentes os demais requisitos para reconhecimento da relação de

emprego – habitualidade, onerosidade, pessoalidade e não eventualidade, nos moldes do citado

art. 3º da CLT. Nesses termos, o julgador reconheceu o vínculo de emprego entre as partes,

determinando a anotação da CTPS, o pagamento das verbas rescisórias, férias vencidas e

proporcionais, e recolhimento do FGTS.

A empresa, descontente com a sentença, recorreu ao TRT-RS. O relator do caso na 8ª

Turma, desembargador Luiz Alberto de Vargas, destacou que “o contrato de emprego é o padrão

da prestação de serviços, presumindo-se sua existência quando esta é demonstrada, cabendo ao

tomador de serviço demonstrar que o trabalho não tenha sido prestado sob a égide dos artigos 2º e

3º da CLT, ônus do qual, como apreciado na origem, não se desincumbiu”. Nesse sentido, o

magistrado ponderou que a prova produzida evidencia que a autora não detinha efetiva autonomia

sobre a direção de seu trabalho, sendo claro que a empresa exigia o atendimento de metas e

direcionava e controlava o serviço. Nesse sentido, destacou cláusulas do contrato de prestação de

serviços que indicam, por exemplo, que “O Técnico de Enfermagem, o Fisioterapeuta, o Terapeuta

Ocupacional, o Nutricionista, o Fonoaudiólogo e o Psicólogo atenderão por procedimento de

acordo com o Plano de Cuidados definido pelo Médico e pela Enfermeira Gerenciadora de Casos”.

Por fim, o relator reiterou que a exclusividade não é pressuposto da relação de emprego. Nesses

termos, a Turma manteve, por unanimidade, a declaração constante da sentença quanto a

existência de vínculo de emprego entre as partes.

Também participaram do julgamento o juiz convocado Luis Carlos Pinto Gastal e a

desembargadora Brígida Joaquina Charão Barcelos. Cabe recurso do acórdão ao Tribunal Superior

do Trabalho (TST).

Fonte: Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região

https://www.lex.com.br/noticias-fisioterapeuta-contratada-como-autonoma-tem-vinculo-emprego-

reconhecido-plano-saude/1250

Governo ignorou 10 emails da Pfizer sobre vacinas em 1 mês,

mostram documentos da CPI da Covid

Primeira proposta da empresa, com opções de 30 milhões e 70 milhões de doses, foi formalizada em 14 de agosto de

2020, segundo documentos

Fonte: Folha de São Paulo

Data: 20/05/2021

Uma série de emails entregue pela Pfizer à CPI da Covid em caráter sigiloso mostra a

insistência da farmacêutica para negociar vacinas com o governo e a ausência de respostas

conclusivas do Ministério da Saúde à proposta apresentada pela empresa no meio do ano

passado. De 14 de agosto a 12 de setembro de 2020, quando o presidente mundial do laboratório

mandou carta ao Brasil, foram ao menos dez emails enviados pela farmacêutica discutindo e

cobrando resposta formal do governo sobre a oferta apresentada.

Segundo os documentos da CPI da Covid obtidos pela Folha, a primeira oferta da empresa

foi formalizada ao Brasil em 14 de agosto, com opções de 30 milhões e 70 milhões de doses, e

tinha validade até o dia 29 daquele mês. Após o envio do documento, a Pfizer mandou emails por

três dias cobrando resposta até que uma representante da farmacêutica telefonou para uma

técnica da Sctie (Secretaria de Ciência, Inovação e Insumos Estratégicos) do Ministério da Saúde.

“Desculpe, a ligação caiu e não consegui mais contato. Espero que esteja tudo bem com vc! Só

queria confirmar se vcs receberam ontem uma comunicação enviada em nome do presidente da

Pfizer, Carlos Murillo, com a proposta atualizada de um possível fornecimento de vacinas de Covid-

19. Vc me avisa? (sic)”, escreveu Cristiane Santos, da Pfizer.

“A validade das propostas continua sendo a mesma, até 29 de agosto de 2020, e gostaria

de saber, com urgência, do interesse deste ministério em iniciar conversações sobre aspectos

legais e jurídicos da presente proposta”, continuou Cristiane.

A oferta da Pfizer previa início de imunização em dezembro do ano passado, com 1,5

milhão de doses e mais 3 milhões no primeiro trimestre deste ano. O Ministério da Saúde brasileiro

só firmou acordo com o laboratório em março de 2021, quando adquiriu 100 milhões de doses —

das quais 14 milhões devem ser entregues até junho, e o restante até setembro deste ano.

A CPI EM CINCO PONTOS

Foi criada após determinação do Supremo ao presidente do Senado, Rodrigo

Pacheco (DEM-MG)

Investiga ações e omissões de Bolsonaro na pandemia e repasses federais a

estados e municípios

Tem prazo inicial (prorrogável) de 90 dias para realizar procedimentos de

investigação

Relatório final será encaminhado ao Ministério Público para eventuais

criminalizações

É formada por 11 integrantes, com minoria de senadores governistas

Depois, em 26 de agosto, após novo contato telefônico, outro representante da Pfizer,

Alejandro Lizarraga, envia email ao assessor especial para assuntos internacionais do Ministério da

Saúde, Flávio Werneck, em que reforça “a importância de termos um posicionamento quanto ao

interesse na aquisição de nossa potencial vacina de modo a contribuir com os esforços de

atendimento da demanda no país neste tema”.

A existência ou não de respostas do governo a Pfizer se tornou um dos temas centrais da

comissão após o depoimento do ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten, que relatou que

as propostas do laboratório ficaram dois meses sem resposta. A tese foi depois confirmada em

oitiva do gerente-geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo. As informações enviadas à CPI

são sigilosas por causa de um termo de confidencialidade assinado entre a empresa e o Brasil em

julho do ano passado.

Passada a data limite para assinatura do contrato, em 29 de agosto, houve novo email da

Pfizer a técnicos do ministério respondendo a pedido de informação com dados sobre a vacina até

que, em 12 de setembro, foi encaminhada ao presidente Jair Bolsonaro com cópia para outras

autoridades a carta do presidente mundial da Pfizer, Albert Bourla, na qual ele afirma que não

houve resposta do governo brasileiro à proposta apresentada pela farmacêutica. “Minha equipe no

Brasil se reuniu com representantes de seus Ministérios da Saúde e da Economia, bem como com

a Embaixada do Brasil nos Estados Unidos. Apresentamos uma proposta ao Ministério da Saúde

do Brasil para fornecer nossa potencial vacina que poderia proteger milhões de brasileiros, mas até

o momento não recebemos uma resposta”, diz a carta.

“Sabendo que o tempo é essencial, minha equipe está interessada em acelerar as

discussões sobre uma possível aquisição e pronta para se reunir com Vossa Excelência ou

representantes do Governo Brasileiro o mais rapidamente possível”, continua o documento.

Naquela época, inclusive, no dia 15 de setembro, portanto três dias após o envio da carta a

Bolsonaro e ministros do governo, uma representante da Pfizer encaminhou o email com o teor do

documento a secretarias e técnicos do Ministério da Saúde, indicando não ter tido resposta a

respeito do envio do documento.

Os contatos só são intensificados novamente em 26 de outubro para quando é agendada

uma reunião virtual da Pfizer com a presença do secretário-executivo do Ministério da Saúde.

Ainda naquele mês, Alejandro Lizarraga agradece a possibilidade de retomar as tratativas com o

Brasil e afirma ser possível, pela lei brasileira, a assinatura do contrato.

“Encaminhamos nesta quinta-feira os pareceres jurídicos que confirmam que a proposta

enviada pela Pfizer está prevista no direito público e pode ser assinada pelo governo, de acordo

com a lei 8666, bem como as informações sobre compras/contratos internacionais realizados entre

a Pfizer e o Ministério da Saúde para aquisição da vacina ACWY e medicamento Vyndaqel”, diz o

email.

Dias depois, o ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten agenda reunião com a

Pfizer, como ele relatou à CPI. Em continuidade à audiência, o gerente-geral da Pfizer no Brasil

enviou email a técnicos da Saúde e a Wajngarten em que relata a reunião e fala da oferta de 70

milhões de doses.

“Gostaria de reforçar que um diferencial da nossa proposta, em linha com que o

excelentíssimo senhor presidente Jair Bolsonaro tem comentado, é que o acordo só é efetivado a

partir da aprovação da vacina da Anvisa, sem qualquer risco/prejuízo financeiro ao país caso nossa

vacina não receba o registro regulatório”, disse Carlos Murillo no email.

Em 24 de novembro, a Pfizer atualiza a proposta e informa que o pagamento será exigido

somente após dez dias da assinatura do contrato definitivo, ou seja, com o registro da potencial

vacina pela Anvisa. Em dezembro, o Brasil apresenta uma contraproposta e informa a necessidade

de publicação de uma medida provisória para assinar o memorando de entendimento com a Pfizer.

Em depoimento à CPI, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello foi questionado sobre o assunto e

classificou a insistência do laboratório como “agressiva”.

“Eu acredito que a estratégia de venda da Pfizer, a forma agressiva da publicidade, aquilo

ali é uma estratégia de empresa. Então, ela veio muito forte para vender no Brasil, no boom da

América Latina, o que é normal”, disse.

“Não, não. A oferta das vacinas no mundo é infinitamente inferior à procura..Nós é que

estávamos precisando; não era a Pfizer que estava precisando da gente”, rebateu o presidente da

CPI, Omar Aziz (PSD-AM).

O ex-ministro afirmou que respondeu a todas as propostas. “Foram respondidas em

negociação intensa e direta, com dezenas de documentação e reuniões”, disse o ex-ministro.

“Então a Pfizer está mentindo…”, rebateu o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI.

Pazuello também alegou que o valor das doses da Pfizer era US$ 10, e eles negociavam a US$

3,75. “Era três vezes mais caro.”

O ministro também argumenta que havia cláusulas de armazenamento a -80ºC, sendo que

os representantes da Pfizer informam que seria possível mantê-las resfriadas por cinco dias nos

postos de vacinação na temperatura entre 2ºC e 8ºC.

Na comissão, Pazuello também informou uma data que não coincide com os emails da

Pfizer. "Então, a primeira proposta oficial da Pfizer foi no dia 26 de agosto –oficial, foi o MOU

[memorando]–, onde ela apresenta um cronograma. As discussões anteriores eram discussões de

possibilidades. Quando ela assinou o MOU e mandou para nós, o memorando de entendimento,

que foi no dia 26 de agosto, nesse momento ela apresenta também as cinco cláusulas que

colocam ativos no exterior, fundo garantidor", disse o ex-ministro.

Os emails atestam que foi no dia 14 de agosto a apresentação da oferta. Pelos dados

enviados pela Pfizer à comissão, não é possível saber se houve a assinatura do chamado

memorando de entendimento, como relatou Pazuello. Procurado pela Folha, o Ministério da Saúde

não se manifestou sobre o teor dos emails.

Cronologia dos emails entre Pfizer e Ministério Da Saúde

31 de julho de 2020

Pfizer pede audiência urgente com a pasta. País registrava cerca de 92,5 mil mortes

4 de agosto de 2020

Ministério confirma reunião para dia 6 de agosto

8 de agosto de 2020

País ultrapassa marca de 100 mil mortos por Covid-19

14 de agosto de 2020

Empresa envia a proposta formal para fornecimento de futura vacina. Previsão era de 70

milhões de doses, acima das 30 milhões discutidas anteriormente

17 de agosto

Envia um email a técnicos da Saúde um link para acessar documentos com informações

sobre a vacina e a proposta. Envia um segundo email a técnicos da Economia informando sobre a

proposta que havia sido feita.

18 de agosto de 2020

Pfizer afirma que consegue antecipar 1 milhão de doses para entrega em ainda 2020, após

aval da Anvisa. Email reforça que a validade da proposta era 29 de agosto e pede urgência para

resposta

19, 21, 25 e 26 de agosto de 2020

Pfizer faz contato telefônico e eletrônico e pede uma posição do ministério. Envia proposta

com revisão no cronograma e entrega de doses

29 de agosto de 2020

Data limite da primeira oferta. Não há documento entregue pela Pfizer à CPI referente a

este dia. Mortes por Covid-19 passam de 120 mil

2, 12 e 15 de setembro de 2020

Pfizer faz novo contato com ministério e se coloca à disposição para reunião sobre o

andamento dos estudos da vacina. No período, presidente mundial da Pfizer encaminha

mensagem a Bolsonaro e Pazuello. Empresa diz que fechou acordo com os Estados Unidos e

reforma que celeridade é crucial, pois há número limitado de doses em 2020. Email enviado ao

presidente Bolsonaro e ministros é encaminhado a integrantes do Ministério da Saúde

14 de outubro de 2020

Número de mortes já passava de 150 mil no país. Empresa envia dados ao Programa

Nacional de Imunizações

27 de outubro de 2020

Reunião entre Pfizer e governo para retomar as negociações

10 de novembro de 2020

Pfizer tem reunião com Bolsonaro, Guedes e Wajngarten. Foi reapresentada a proposta de

70 milhões de doses, com um mínimo a ser adquirido no primeiro semestre e o restante no

segundo semestre. Empresa reforça que contrato será efetivado somenta após aval da Anvisa,

“sem qualquer risco/prejuízo financeiro ao país caso nossa vacina não receba o registro”

13 de novembro de 2020

Número de mortes chega a quase 165 mil. Ministério confirma reunião com a empresa para

17 de novembro

Dia 24 de novembro de 2020

Pfizer manda termos atualizados do acordo. Validade da proposta é 7 de dezembro. Depois

disso, doses serão distribuídas a outros países

2 e 3 de dezembro de 2020

Empresa tenta contato telefônico e eletrônico, relata ter deixado inúmeras mensagens, mas

não obteve a resposta

4 de dezembro de 2020

Ministério enviar uma contraproposta à empresa

6 e 9 de dezembro de 2020

Pfizer pede reunião para discutir contraproposta e mostra que memorando de

entendimento depende de medida provisória do governo, ainda a ser editada

10 de dezembro de 2020

Ministério fecha memorando de entendimento com a Pfizer. Brasil chega perto de 180 mil

mortes

https://www1.folha.uol.com.br/poder/2021/05/governo-ignorou-10-emails-da-pfizer-sobre-vacinas-

em-1-mes-mostram-documentos-da-cpi.shtml

No país resignado à morte, combate à epidemia se reduz a

evitar UTI lotada

Em breve, talvez ocorra desastre semelhante ao de Manaus com uma possível variante indiana assassina

Fonte: Folha de São Paulo

Por: Vinicius Torres Freire

Data: 20/05/2021

O combate à epidemia limita-se no momento a evitar que as UTIs lotem, que um excesso

de pessoas morra asfixiada e que não aconteça escândalo maior por causa desses horrores. É o

que se pode dizer, com desassombro temperado de resignação deprimida. Deve ser assim até o

fim da epidemia. Quando não há lotação de UTIs, falta de oxigênio nos hospitais ou novos “picos

recordes”, leva-se a vida, nos governos ou nas ruas, morram 500, 1 mil, 2 mil ou 3 mil pessoas por

dia, seja qual for o “platô” da temporada. Os estados, na prática, jogaram a toalha. Governo federal

não há.

Haveria como remediar essa situação, e pouco, se Bolsonaro evaporasse. Não vai

acontecer em tempo hábil, se tanto. A CPI da Covid é necessária, claro. Talvez a CPI encaminhe

(para quem?) medidas judiciais contra Jair Bolsonaro (hum...) ou Eduardo Pazuello, daqui uns

meses, semanas ou até daqui a pouco, como o tal “relatório parcial”, o que é necessário, claro. E

daí?

A administração federal da epidemia continua quase tal e qual descrita pelo general

Pesadello: Bolsonaro sabota as medidas sanitárias dos “idiotas” e o ministro da Saúde tenta fingir

que não é com ele. Marcelo Queiroga talvez não consiga ser tão incapaz quanto o brucutu mendaz

que é Pesadello. Mas produz o quê?

O controle da epidemia depende, bidu, de antecipar mais vacinas. Não há mais vacinas,

não há aceleração do cronograma. A partir de meados de junho, talvez faltem até as doses

previstas nos planos mais realistas. O problema crucial é o atraso das importações de matéria

prima da China, que talvez fosse atenuado por uma conversa séria de um governo do Brasil com o

da China (hahaha). É o assunto central da vida, da educação, da fome, da sanidade, da economia.

A gente não trata a coisa assim. Discute o ignóbil Pesadello.

Queiroga diz que Bolsonaro tem “excelente relação” com a China. Disse também essa

outra sabujice repulsiva e marqueteira, segundo registro da Agência Brasil: “É importante passar

uma mensagem positiva para a sociedade brasileira, e não essa cantilena de que está faltando

[matéria prima importada de vacina]. O Brasil precisa de tranquilidade para superarmos juntos essa

dificuldade sanitária”.

Controlar os riscos da epidemia depende de coordenação nacional. Graças à

descoordenação, a Bolsonaro, a variante de Manaus se espalhou pelo país, causando a desgraça

maior sabida. Em breve, talvez ocorra desastre semelhante com uma possível variante indiana

assassina.

Monitorar de modo consequente, prático, a epidemia, depende de testagem em massa e de

estudo nacional e coordenado das variantes do vírus. No domingo, o lépido e antenado Queiroga

disse que está “em estudo” uma campanha de testagem. Já, Queiroga? Que rápido.

Arrumar mais vacinas depende de trabalho para facilitar a aprovação de novos

imunizantes. O que o governo faz para acelerar, segundo critérios técnicos, a compra de vacina

russa, indiana ou inca venusiana? Não há sentido algum de emergência.

Os estados relaxam as restrições de movimento e negócios, pois não têm mais força ou

ânimo políticos para impô-las, de resto sabotadas, vamos repetir, por Bolsonaro. Tentam agora

apenas evitar o colapso das UTIs.

Se não houver nova variante assassina, a epidemia vai morrer de morte morrida, depois

que uma quantidade grande de gente tenha sido morta ou infectada e outro tanto tenha sido

vacinada, daqui a alguns meses. É praticamente o plano Bolsonaro 2 (o plano 1 não tinha nem

vacina, era pura morte de rebanho): deixa morrer.

Jornalista, foi secretário de Redação da Folha. É mestre em administração pública pela

Universidade Harvard (EUA).

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/viniciustorres/2021/05/no-pais-resignado-a-morte-combate-a-

epidemia-se-reduz-a-evitar-uti-lotada.shtml

Embaixador da China diz que insumos para produção de

vacinas de Covid no Brasil chegam 'nos próximos dias'

Previsão é entrega de volume equivalente a 16,6 milhões de doses de Coronavac e AstraZeneca a partir de sábado

Fonte: Folha de São Paulo

Data: 20/05/2021

O embaixador da China no Brasil, Yan Wanming, anunciou nesta quinta-feira (20) a

liberação de novos lotes de insumos para produção de vacinas contra Covid pelo Instituto Butantan

e pela Fiocruz. Segundo o embaixador, o volume a ser enviado deve ser equivalente à produção de

16,6 milhões de doses, somadas, das vacinas Coronavac e AstraZeneca. A declaração ocorreu em

reunião com membros do Fórum de Governadores.

Wanming diz que a previsão é que a chegada ocorra "nos próximos dias". "Informei a

liberação dos novos lotes de IFA [insumo farmacêutico ativo] pra produzir no total 16,6 milhões de

doses da Coronavac e vacina AstraZeneca, que chegarão no Brasil nos próximos dias. A China,

fraterna com o povo brasileiro, está comprometida em parceria de vacinas", disse o embaixador,

por meio das redes sociais.

Segundo informações divulgadas pelo governador do Piauí, Wellington Dias, que coordena

a temática de vacinas no fórum, a entrega de insumos da AstraZeneca, equivalentes à produção de

12 milhões de doses, deve ocorrer em dois lotes a partir de sábado (22). Já no dia 25, está prevista

a chegada de 3.000 litros de insumos para o Butantan, os quais seriam equivalentes a pouco mais

de 4 milhões de doses.

Participaram do encontro governadores vinculados a laboratórios ou a consórcios regionais

que acompanham discussões sobre vacinas, como João Doria (São Paulo), Flávio Dino

(Maranhão) e Waldez Goés (Amapá). Apesar do anúncio, representantes dos laboratórios dizem

que ainda há incertezas sobre o recebimento de mais lotes de insumos que são esperados até

junho.

"Em maio e junho o Butantan deveria receber 10.000 litros [de IFA]. Vamos receber 3.000

litros dia 25 e não existe ainda data para o restante. Na reunião com o embaixador, pedi esforços

no sentido de liberar esses 7.000 litros, para que não haja interrução do cronograma, e ele se

colocou à disposição para fazer todos os esforços", afirmou o diretor do Butantan, Dimas Covas,

durante uma audiência sobre o tema em comissão da Câmara dos Deputados.

Segundo ele, no mesmo encontro, o embaixador frisou que a China tem exportado um

grande volume de doses e insumos a diferentes países, ao mesmo tempo em que tem feito a

vacinação da sua população. "Neste contexto é que se encontra a posição dos IFAs do Brasil, com

o diferencial de que a [vacina da] AstraZeneca não é usada na produção de vacinas para a China,

ao passo que a Sinovac [que tem parceria com o Butantan] é uma das empresas que mais

fornecem ao governo chinês. Então no fundo o governo chinês, de certa maneira, controla a

disponibilidade de matéria-prima para esses 100 países e para a própria China, e isso explica em

parte o que estamos vivendo", disse.

Atualmente, a dificuldade em obter insumos é apontada como um dos fatores que tem

levado ao atraso para oferta da segunda dose da Coronavac. Para Covas, um eventual atraso na

aplicação da segunda dose não deve trazer impacto significativo, mas é preciso atenção para que

o esquema vacinal seja finalizado assim que possível. "O que não pode é não completar o

esquema vacinal. O nível de proteção com uma dose só não é suficiente."

O vice-presidente de produção e inovação da Fiocruz, Marco Krieger, disse que, com o

volume recebido de insumos, a fundação tem entregas garantidas de vacinas até a semana de 3

de julho. Ele admite, porém, que eventuais pausas na produção podem ocorrer. Nesta quinta, a

Fiocruz interrompeu a produção temporariamente. A expectativa é que, com a chegada de novos

lotes, a fabricação das vacinas seja retomada na terça (25).

"Hoje estamos limitados pela disponibilidade de IFA. Se tivéssemos condições de antecipar

mais IFAs, teríamos condições de produzir ainda mais vacinas", afirmou.

Krieger lembra que a fundação pretende iniciar em junho a produção de vacinas com

insumos nacionais. As primeiras entregas, no entanto, estão previstas para ocorrer em outubro. O

prazo considera o intervalo até a assinatura de contratos e novas etapas de autorização na Anvisa

(Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2021/05/embaixador-da-china-diz-que-insumos-

para-producao-de-vacinas-de-covid-no-brasil-chegam-nos-proximos-dias.shtml

Frente a nova alta de casos de Covid, Argentina impõe

restrições a principais cidades

Apenas atividades essenciais, como venda de alimentos e de remédios, serão permitidas

Fonte: Folha de São Paulo

Data: 20/05/2021

Frente à alta de infectados e mortos pelo coronavírus na Argentina, o presidente Alberto

Fernández anunciou na noite desta quinta (20) um lockdown de nove dias em regiões consideradas

mais críticas. A medida, que representa a volta à fase 1 do plano de combate à crise, entra em

vigor no sábado (22). Além da região metropolitana de Buenos Aires, que engloba a capital federal

e concentra 16 milhões de habitantes, serão afetadas as cidades de Rosario, Córdoba e Santa Fé.

Durante esse período, só poderão funcionar atividades essenciais (comércio de alimentos e

remédios, hospitais, farmácias e postos de gasolina), e apenas trabalhadores dessas áreas estão

liberados para circular, além de políticos, jornalistas e diplomatas, que receberão autorização

especial. Serão suspensas todas as atividades sociais, educativas, religiosas e esportivas. Os

comércios poderão, no entanto, manter os serviços de entrega, assim como restaurantes e bares.

Segundo o presidente, de acordo com a situação da pandemia, pode haver flexibilização das

regras a partir de 31 de maio.

Paralelamente, Fernández anunciou o retorno de alguns auxílios econômicos, como o

Repro (Recuperação Produtiva), que beneficiará o comércio, o setor de serviços e indústrias,

obrigados a parar de funcionar, e um aumento do salário complementar para trabalhadores dos

setores essenciais e de saúde. Enfermeiros e médicos do país vêm pedindo aumentos e, na

semana passada, realizaram uma marcha no centro de Buenos Aires por recursos e melhores

condições de trabalho. Também haverá um aumento no investimento do governo em gastos

sociais, com um reforço na "tarjeta alimentar", cartão com descontos para compras em

supermercados para famílias de baixa renda.

As medidas buscam conter a alta na curva do coronavírus na Argentina. Na última terça-

feira (18), foi registrado o recorde de mortes num só dia —744. Desde o começo da crise sanitária,

foram 72.669 óbitos e 3,4 milhões de infectados, segundo dados da Universidade Johns Hopkins.

https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2021/05/argentina-tem-nova-alta-de-casos-de-covid-e-impoe-

restricoes-em-principais-cidades.shtml

FMI diz que fim da pandemia é possível a um custo de cerca

de US$ 50 bilhões

Proposta inclui vacinação de pelo menos 40% da população mundial até o fim de 2021

Fonte: Folha de São Paulo

Data: 21/05/2021

O FMI (Fundo Monetário Internacional) divulgou nesta sexta-feira (21) uma proposta de

US$ 50 bilhões (R$ 105,7 bilhões) para acabar com a pandemia de Covid-19, vacinando pelo

menos 40% da população de todos os países até o final de 2021 e pelo menos 60% até o primeiro

semestre de 2022. Fazer isso, disseram autoridades do FMI, injetaria o equivalente a US$ 9

trilhões (R$ 47,6 trilhões) na economia mundial até 2025 devido a uma retomada mais rápida da

atividade econômica, com os países ricos sendo potencialmente mais beneficiados.

A diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, disse a uma cúpula da saúde organizada

pela Comissão Europeia e pelo G20 que faz sentido que as economias ricas aumentem as

doações para garantir um fim mais rápido da pandemia. "As economias avançadas —solicitadas a

contribuir mais para este esforço— provavelmente veriam o maior retorno sobre investimento

público na história moderna, capturando 40% dos ganhos do PIB e cerca de US$ 1 trilhão (R$ 5,2

trilhões) em receitas fiscais adicionais", disse ela.

A proposta elaborada pela economista-chefe do FMI, Gita Gopinath, e pelo economista da

equipe Ruchir Agarwal amplia os esforços já em andamento pelo Acesso ao Acelerador de

Ferramentas contra a Covid-19 (ACT), pelas Nações Unidas, Organização Mundial da Saúde e

outros grupos.

A implementação do plano custaria cerca de US$ 50 bilhões (R$ 264,4 bilhões), com US$

35 bilhões (R$ 185,1 bilhões) sendo pagos por meio de doações de países ricos, doadores

privados e multilaterais, e os US$ 15 bilhões (R$ 79,3 bilhões) restantes financiados por governos

nacionais usando financiamento de juros baixos, ou sem juros, disponível dos bancos multilaterais

de desenvolvimento.

Os países do G20 já reconheceram a necessidade de cerca de US$ 22 bilhões (R$ 116,3

bilhões) em doações para enfrentar a crise, deixando cerca de US$ 13 bilhões (R$ 68,7 bilhões)

em doações adicionais necessários para alcançar os US$ 50 bilhões (R$ 264,4 bilhões), disseram

autores do FMI. Sem ações urgentes, muitos países emergentes e em desenvolvimento podem ter

que esperar até o final de 2022 ou mais tarde para controlar a pandemia, acrescentaram.

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2021/05/fmi-diz-que-fim-da-pandemia-e-possivel-a-um-

custo-de-cerca-de-us-50-bilhoes.shtml

Agência americana contraindica teste de anticorpos após

vacina contra Covid

Segundo nota da FDA, interpretação incorreta do resultado e falta de informações sobre imunidade podem levar a

comportamentos de risco

Fonte: Folha de São Paulo

Data: 21/05/2021

A agência regulatória de medicamentos dos Estados Unidos, FDA (Food and Drug

Administration, em inglês), emitiu nota na última quarta-feira (19) contraindicando o uso de testes

para medir anticorpos pós-vacinação contra a Covid-19. A nota de segurança divulgada pela

agência é direcionada ao público geral e aos profissionais de saúde e afirma que os resultados dos

testes atualmente disponíveis no mercado para investigar a presença de anticorpos específicos

contra o Sars-CoV-2 no sangue não devem ser usados para avaliar a proteção contra a Covid-19

em momento algum e menos ainda após receber uma dose de vacina.

De acordo com o órgão, embora um resultado positivo em um exame de anticorpos possa

ajudar a identificar indivíduos com uma infecção prévia pelo coronavírus, mais estudos são

necessários para avaliar a resposta em pessoas vacinadas. “Os testes autorizados para detecção

de anticorpos anti-Sars-CoV-2 não foram desenvolvidos para avaliar o nível de proteção induzida

por resposta imune após as vacinas contra Covid-19. Se os resultados desses testes forem

interpretados erroneamente, há um risco potencial de as pessoas relaxarem na adoção de

precauções contra exposição ao vírus e pode aumentar a circulação do mesmo”, afirma a nota.

O anúncio da FDA se assemelha à recomendação publicada pelo CDC (Centro de Controle

e Prevenção de Doenças) norte-americano, que diz não recomendar o uso de testes de anticorpos

para aferir a imunidade contra o coronavírus pós-vacinação. Especialistas já haviam alertado que

os testes de anticorpos contra Covid-19 disponíveis no mercado não servem para saber se a

imunização pós-vacina funcionou.

A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) não recomenda a realização de sorologia

para avaliar reposta imunológica às vacinas contra Covid-19. Os testes foram desenhados para a

detecção de um ou mais tipos de anticorpos e não são capazes de verificar outros tipos de

resposta imune do corpo, como a resposta celular.

Novas variantes do coronavírus que surgem também ameaçam potencialmente o conceito

de proteção pós-vacinação, pois ainda há pouca informação sobre a possibilidade de novas cepas

escaparem das vacinas. Dessa forma, a FDA reforça que um resultado positivo (testes qualitativos)

ou quantitativo (que além de medir a presença avaliam quantidade) para anticorpos anti-Sars-CoV-

2 não devem ser interpretados como proteção.

Segundo o órgão, a detecção dessas proteínas no organismo pode indicar que uma

resposta imune foi gerada (a chamada seroconversão), mas o contrário, ou seja, a não detecção

de anticorpos, não pode ser definitiva para afirmar que não houve uma resposta imune. Em relação

aos imunizantes, alguns foram desenhados para induzir a produção de anticorpos específicos

contra uma região do vírus, como as vacinas de mRNA (Pfizer e Moderna) ou de adenovírus não

replicantes, caso da Janssen e da Sputnik V. Em todos esses casos, o alvo do fármaco é levar à

produção de anticorpos que se ligam à proteína S do vírus (a espícula usada pelo Sars-CoV-2 para

se ligar às células do hospedeiro).

Essas vacinas podem levar à produção de anticorpos neutralizantes, mas não

necessariamente estarão associadas à indução de outros tipos de moléculas, como as

imunoglobulinas de memória (IgG) e os anticorpos que se ligam ao nucleocapsídeo do vírus

(proteína N). A realização de testes de anticorpos que não sejam específicos para essas partes do

vírus pode ainda trazer resultados incorretos sobre a resposta imune.

Por outro lado, os testes de anticorpos podem ser ferramentas úteis para os profissionais

de saúde e epidemiologistas para investigar a prevalência do vírus em um determinado local, a

nível populacional, ou ainda indicar um possível contato anterior ao vírus. A agência reforça ainda

que os testes de anticorpos devem ser feitos apenas com a orientação de um médico ou

profissional de saúde.

https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2021/05/agencia-americana-contraindica-teste-de-

anticorpos-apos-vacina-contra-covid.shtml

ANS concede portabilidade especial para beneficiários da

Planodont

Beneficiários da operadora devem ficar atentos aos prazos concedidos pela ANS

Fonte: ANS

Data: 20/05/2021

Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) publicou nesta quinta-feira (20/05), no

Diário Oficial da União, a concessão de portabilidade especial de carências para os clientes das

operadoras de planos de saúde Planodont Serviços Odontológicos Ltda. (registro ANS nº 41.836-

6). Os beneficiários deverão ficar atentos ao prazo de 60 dias para ingressar em outra operadora

levando consigo os períodos de carência já cumpridos.

Os beneficiários da Planodont – independentemente do tipo de contratação e da data de

assinatura do contrato – poderão mudar de operadora sem cumprir novos períodos de carências.

Somente os beneficiários que ainda estejam cumprindo carência ou cobertura parcial temporária

por doença preexistente deverão cumprir o período remanescente na nova operadora.

Para auxiliar na escolha do plano de saúde, a ANS disponibiliza o Guia ANS de Planos de

Saúde, que aponta ao consumidor os planos disponíveis, de acordo com as características

selecionadas pelo beneficiário. Uma vez escolhido o novo plano, basta o beneficiário se dirigir à

operadora apresentando os seguintes documentos:

Identidade

CPF

Comprovante de residência

Cópias de pelo menos três boletos pagos na operadora de origem, referentes ao

período dos últimos seis meses

Em caso de dúvidas ou problemas de atendimento, os canais da ANS estão à disposição

dos beneficiários para reclamações ou esclarecimentos: Disque ANS 0800 701 9656; Fale

Conosco no portal da Agência; ou pela Central de atendimento para deficientes auditivos 0800 021

2105.

https://www.gov.br/ans/pt-br/assuntos/noticias/beneficiario/ans-concede-portabilidade-especial-

para-beneficiarios-da-planodont

Portabilidade extraordinária para beneficiários da Unimed

NO/NE na Bahia

ANS ressalta que deve ser observado o prazo de 60 dias para mudar de plano a partir de hoje (20/05)

Fonte: ANS

Data: 20/05/2021

Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) concedeu a portabilidade extraordinária de

carências aos beneficiários do estado da Bahia da operadora Unimed Norte/Nordeste – Federação

Interfederativa das Sociedades Cooperativas de Trabalho Médico, (registro nº 32.421-3).

Os beneficiários da Unimed Norte/Nordeste do estado da Bahia – independentemente do

tipo de contratação e da data de assinatura do contrato – poderão mudar de operadora sem

cumprir novos períodos de carências. Somente os beneficiários que ainda estejam cumprindo

carência ou cobertura parcial temporária por doença preexistente deverão cumprir o período

remanescente na nova operadora. A ANS destaca que a assistência aos beneficiários, até a troca

de operadora, está assegurada.

Para auxiliar na escolha do plano de saúde, a ANS disponibiliza o Guia ANS de Planos de

Saúde, que aponta ao consumidor os planos disponíveis, de acordo com as características

selecionadas pelo beneficiário. Para fazer a portabilidade, os interessados devem se dirigir à

operadora escolhida, que deverá aceitá-los imediatamente se estiverem com a documentação

necessária:

Identidade

CPF

Comprovante de residência

Cópias de pelo menos três boletos pagos na operadora de origem, referentes ao

período dos últimos seis meses

O prazo para fazer a portabilidade é de até 60 dias, contados a partir da data da publicação

da resolução no Diário Oficial (20/05/2021). Em caso de dúvidas ou problemas de atendimento, os

canais da ANS estão à disposição dos beneficiários para reclamações ou esclarecimentos: Disque

ANS 0800 701 9656; Fale Conosco no portal da Agência; ou pela Central de atendimento para

deficientes auditivos 0800 021 2105.

https://www.gov.br/ans/pt-br/assuntos/noticias/beneficiario/portabilidade-extraordinaria-para-

beneficiarios-da-unimed-norte-nordeste-na-bahia

ANS e OPAS lançam livro sobre regras de solvência

Evento online será realizado no dia 25/05, às 17h; inscrições estão abertas

Fonte: ANS

Data: 20/05/2021

Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e a Organização Panamericana da Saúde

(OPAS/OMS) lançam, no dia 25/05, o livro “Risco de Subscrição no Mercado de Saúde

Suplementar Brasileiro – Uma Nova Regulamentação”. Na publicação, são apresentados os

fundamentos e as motivações que levaram às mudanças nas regras de solvência para a adoção do

capital baseado em risco no setor de planos de saúde.

O evento inicia às 17h e será realizado no formato online. Para participar, o interessado

deve se inscrever previamente - clique aqui e acesse o link de inscrição.

O livro contém cinco capítulos em que são apresentados os seguintes pontos: evolução da

regulação econômico-financeira, governança corporativa e solvência, seleção dos dados e

metodologia para desenvolvimento de abordagem padronizada e a nova regra sobre capital

regulatório. A publicação é resultado de cooperação técnica firmada entre a ANS e a OPAS/OMS,

cujo objetivo é apoiar o fortalecimento e o aprimoramento da ação regulatória, visando à garantia

de acesso, à qualidade assistencial, à sustentabilidade do setor, ao desenvolvimento de

mecanismos de integração com o SUS e ao desenvolvimento de capacidades institucionais.

A organização do livro é de Tatiana Lima, Tainá Leandro e Fernando Leles, que juntamente

com César da Rocha Neves, Eduardo Fraga L. de Melo, Silvio Ghelman, Tatiana de Campos

Aranovich, e Thiago Barata Duarte completam a equipe técnica responsável. A publicação já está

disponível em versão digital e pode ser acessada e baixada gratuitamente pelo site da OPAS

(clique aqui).

Saiba mais sobre as regras de capital regulatório.

Lançamento do livro: “Risco de Subscrição no Mercado de Saúde Suplementar Brasileiro

– Uma Nova Regulamentação”

Data: 25/05 – 17h

Inscrições: Para participar do evento, inscreva-se aqui

Programação:

17h – Abertura

Rogério Scarabel Barbosa, diretor-presidente substituto (ANS)

Socorro Gross, representante no Brasil (OPAS/OMS)

17h10 - Apresentação da publicação

Washington Alves, gerente de Acompanhamento Econômico-Financeiro das Operadoras e

Mercado (ANS)

Thiago Barata, coordenador de projetos (SUSEP)

17h20 - Debate

Raquel Marimon, pesquisadora (Instituto Brasileiro de Atuária)

17h30 - Encerramento e perspectivas

Paulo Rebello, diretor de Normas e Habilitação das Operadoras (ANS)

https://www.gov.br/ans/pt-br/assuntos/noticias/sobre-ans/ans-e-opas-lancam-livro-sobre-regras-de-

solvencia

Planos de saúde: número de beneficiários é o maior em

quase cinco anos

Indicadores também mostram que pandemia não provocou impacto significativo no setor no 1º trimestre; dados são do

Boletim Covid-19

Fonte: ANS

Data: 21/05/2021

stá disponível no portal da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) a nova edição

do Boletim Covid-19 com dados sobre a utilização dos planos de saúde durante a pandemia. Nele

estão reunidos indicadores assistenciais e econômico-financeiros coletados até abril de 2021 junto

a uma amostra significativa de operadoras. O informativo também contempla a prévia da evolução

do número de beneficiários em planos de assistência médica relativa a esse mês, o número de

exames relacionados à Covid-19 realizados pelos usuários de planos de saúde e demandas dos

consumidores recepcionadas pela ANS através de seus canais de atendimento.

Através do Boletim, que nesta edição completa um ano, a ANS vem monitorando o

comportamento e a evolução do setor de planos de saúde desde o início da pandemia. O objetivo é

subsidiar análise qualificada da agência para a tomada de decisão sobre temas relacionados à

Covid-19 e prestar mais informações à sociedade.

O informativo destaca que o setor manteve a tendência de aumento do número de

beneficiários, tendo atingido, em abril, o maior patamar em quase cinco anos - chegou a 48,1

milhões de usuários de planos médico-hospitalares. Os dados também mostram que o índice de

sinistralidade do primeiro trimestre de 2021 permanece inferior ao observado no mesmo período de

2019, pré-pandemia, e não se observa, até o momento, tendência de alteração no segundo

trimestre. A taxa de ocupação de leitos recuou, retornando ao mesmo patamar de antes da

pandemia, puxada principalmente pela redução na ocupação dos leitos dedicados ao atendimento

à Covid-19. A procura por exames e terapias eletivas apresentou queda em relação a abril de

2019. Esses indicadores sugerem que não há impacto significativo da pandemia nos custos totais

do setor e na utilização assistencial no primeiro trimestre, quando comparados a níveis pré-

pandemia.

Confira abaixo mais detalhes dos indicadores coletados.

Evolução de beneficiários

O número preliminar de beneficiários em planos de assistência médica segue a tendência

de crescimento. Em abril, atingiu 48.103.656 usuários, um aumento de 0,26% em relação a março.

É o maior número registrado desde julho de 2016. Antes disso, quando verificada a evolução

mensal, só foi superado em junho daquele ano, quando o setor atingiu 48.263.518 beneficiários

nessa segmentação.

Em um ano - de abril de 2020 a abril de 2021 -, o crescimento ocorreu em todas as

modalidades de contratação do plano, com destaque para os planos coletivos empresariais, com

variação positiva de 3,15% no mês. Considerando o tipo de contratação do plano e a faixa etária do

beneficiário, observa-se que a variação se mantém positiva para os beneficiários acima de 59 anos

em todos os tipos de contratação no período de um ano.

Informações assistenciais

A taxa mensal geral de ocupação de leitos – que engloba leitos comuns e UTI - apresentou

queda de quatro pontos percentuais em relação a março, atingindo 72% em abril. Essa redução

decorreu, principalmente, da queda na taxa de ocupação de leitos para atendimento à Covid-19 em

comparação ao mês anterior, e atingiu o mesmo patamar de antes da pandemia. Em abril, a taxa

de ocupação de leitos para Covid-19 passou de 79% para 72% e a taxa de leitos para outros

procedimentos se manteve em 73%.

A quantidade de consultas em pronto-socorro que não geraram internações sofreu queda

significativa em relação ao mês anterior e continua abaixo do observado antes do início da

pandemia. A procura por exames e terapias eletivas (Serviços de Apoio Diagnóstico Terapêutico -

SADT) registrou queda, em comparação com abril de 2019.

Exames relacionados à Covid-19

Os dados sobre a realização de exames contemplam informações coletadas até fevereiro e

têm como fonte os dados do Padrão TISS (Troca de Informação de Saúde Suplementar). Nesse

mês, foram contabilizados 276.725 exames RT-PCR e 56.260 testes do tipo sorológico, mas cabe

ressaltar que os números ainda sofrerão alteração à medida que as cobranças forem

encaminhadas dos prestadores de serviços às operadoras e, posteriormente, para a ANS. O mês

de dezembro de 2020 registrou o maior número de exames realizados nas duas modalidades:

788.078 testes do tipo RT-PCR e 181.692 sorológicos.

Informações econômico-financeiras

Em abril, houve leve queda das despesas assistenciais e redução do pagamento das

mensalidades recebidas em relação a março - entretanto, este valor ainda é superior ao verificado

nos meses anteriores. O índice de sinistralidade voltou aos patamares de dezembro de 2020,

passando para 80%. Importante destacar que o índice de sinistralidade do 1º trimestre de 2021

permanece inferior ao mesmo período pré-pandemia, e não há evidências, até o momento, que a

tendência deva se alterar no 2º trimestre de 2021.

Os percentuais de inadimplência, tanto para planos individuais ou familiares quanto para

coletivos, continuam próximos dos níveis históricos em abril, ficando em 6% no geral - queda de 1

ponto percentual em relação a março.

Demandas dos consumidores

O boletim mostra ainda queda no número de reclamações – tanto gerais como demandas

específicas sobre Covid-19 – no comparativo com março. Em abril, foram registradas 13.094

reclamações pelos canais de atendimento da ANS, redução de 14,1% em comparação com o mês

anterior. Em relação às reclamações específicas sobre Covid-19, foram registradas 1.324 queixas

em abril, ante 1.525 reclamações relativas ao tema em março, queda de 13,2%, aproximadamente.

Do total de reclamações relacionadas ao coronavírus nesse mês, 40% dizem respeito a

dificuldades relativas à realização de exames e tratamento, 46% se referem a outras assistências

afetadas pela pandemia e 14% são reclamações sobre temas não assistenciais (contratos e

regulamentos, por exemplo).

Cabe esclarecer que essa classificação considera o relato do consumidor ao cadastrar sua

demanda na ANS, sem análise de mérito sobre eventual infração da operadora ou da

administradora de benefícios à Lei 9.656/98 e seus normativos ou aos termos contratuais.

Ressalta-se que, entre os meses de março a dezembro de 2020, a NIP alcançou índices de

resolutividade superiores a 90%, considerando todas as demandas cadastradas na ANS no

período, que foram passíveis de mediação, inclusive quando consideramos somente as demandas

relacionadas com a Covid-19. Esse dado mostra que a maioria das reclamações apresentadas

foram solucionadas no âmbito da mediação promovida pela ANS. No portal da reguladora, é

possível acessar o monitoramento diário das demandas sobre Covid-19.

Sobre os dados

Para a análise dos indicadores assistenciais, a ANS considerou informações coletadas

junto a uma amostra de 50 operadoras que possuem rede própria hospitalar. Para os índices

econômico-financeiros, foram analisados dados de 97 operadoras para o estudo de fluxo de caixa

e de 96 operadoras para análise de inadimplência.

Adicionalmente, na construção do boletim, foram utilizados dados do Documento de

Informações Periódicas (DIOPS), do Sistema de Informações de Fiscalização (SIF), do Sistema de

Informação de Beneficiários (SIB), do Padrão para Troca de Informação de Saúde Suplementar

(TISS) e do ANS TabNet.

https://www.gov.br/ans/pt-br/assuntos/noticias/coronavirus-covid-19/planos-de-saude-numero-de-

beneficiarios-e-o-maior-em-quase-cinco-anos

Novo Hospital Unimed Vale do Sinos será referência para

casos de urgência e emergência

Com sete andares e 204 leitos, unidade será inaugurada nesta quinta-feira (20) e começará a receber os primeiros

pacientes transferidos a partir de segunda (24)

Fonte: Gaúcha ZH

Data: 19/05/2021

Com a inauguração do Novo Hospital Unimed Vale do Sinos, o atendimento em urgência e

emergência na região ganha um reforço de alta tecnologia nos próximos dias. Localizada no bairro

Hamburgo Velho, em Novo Hamburgo, a instituição é contígua ao hospital atual da cooperativa. O

complexo, formado ainda por um edifício garagem com 500 vagas, será todo interligado por

passarelas. Considerando-se as melhorias que serão implementadas no primeiro hospital, o

investimento total no conjunto de três prédios chega a R$ 250 milhões.

Em sete andares, a nova unidade também terá internações clínica e cirúrgica, unidade de

terapia intensiva (UTI) e serviços diagnósticos. Haverá sete salas para cirurgia e 204 leitos, sendo

120 para internação. A inauguração está marcada para esta quinta-feira (20), e o começo da

transferência de até 80 pacientes se dará a partir da próxima segunda (24). Luis Carlos Melo,

presidente da Unimed Vale do Sinos, salientou como focos do empreendimento a tecnologia, a

segurança do paciente e a humanização do cuidado. O projeto, recordou Melo em coletiva de

imprensa no final da manhã desta quarta-feira (19), é a concretização de uma vontade antiga:

— O sonho de construir um hospital que seja referência nacional está em nossas mentes

há mais de 20 anos. Foram várias tentativas, entraves burocráticos e judiciais. É difícil ser

empreendedor no Brasil, mas a ideia nunca foi retirada das nossas cabeças. O sonho de tornar a

Unimed Vale do Sinos uma referência em saúde para o Estado e para o país foi nosso norte, nosso

ideal.

Entre os diferenciais anunciados, Melo destacou um aplicativo de localização que será

utilizado por colaboradores e pacientes — com o uso de chips, além de localizar pessoas, será

possível também saber onde estão equipamentos. Mesas cirúrgicas modernas permitirão as

inclinações e os demais ajustes desejados pelos médicos. O novo hospital contará também com a

tecnologia e a expertise para oferecer a oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO, na sigla

em inglês), terapia altamente especializada que ficou mais conhecida do grande público durante a

pandemia — o ator Paulo Gustavo, que morreu há duas semanas, chegou a utilizar o chamado

“pulmão artificial” durante sua longa internação no Rio de Janeiro.

A instituição terá também novíssimas máquinas para a realização de exames de

ressonância magnética e mamografia. Melo, médico cirurgião, elogiou o sistema de focos cirúrgicos

(lâmpadas que ficam sobre as mesas de operação) que eliminam a incidência de sombra.

— O mais importante, para nós, é a humanização, o contato e o carinho com o paciente.

Nossos quartos foram pensados para o cliente não se sentir em um hospital tradicional. Vocês se

lembram daqueles quartos todos brancos, daquelas UTIs todas fechadas? Nós procuramos nos

diferenciar nisso — reforçou Melo.

A partir de 31 de maio, o hospital já existente, ao lado do novo, passará a ser uma unidade

de consultas com funcionamento das 7h às 22h. Um pronto-atendimento digital, com atendimento

médico e orientações aos usuários, pode será acessado pelo telefone (51) 3584-3890.

https://gauchazh.clicrbs.com.br/saude/noticia/2021/05/novo-hospital-unimed-vale-do-sinos-sera-

referencia-para-casos-de-urgencia-e-emergencia-ckovv157s0000018m7hwfxo5u.html

Bebê que nasceu com anticorpos contra a Covid pode ser

primeiro do Brasil, dizem especialistas

De acordo com diretora do Comitê de Imunização da Sociedade Brasileira de Infectologia, não há relatos semelhantes

no país. Mãe, que é médica, recebeu vacina com 34 semanas de gestação

Fonte: G1

Data: 20/05/2021

O bebê que nasceu em Tubarão, no Sul de Santa Catarina, com anticorpos contra Sars-

CoV-2, que causa a Covid-19, pode ser o primeiro caso registrado no Brasil, segundo especialistas.

Enrico, de 40 dias, nasceu com os anticorpos após a mãe dele, que é médica e trabalha em um

posto de saúde, ser vacinada com as duas doses da vacina CoronaVac.

De acordo com a diretora do Comitê de Imunização da Sociedade Brasileira de

Infectologia, Rosana Richtmann, não há relatos semelhantes no país. Com as vacinas Pffizer ou de

RNA mensageiro que foram mais utilizados nos Estados Unidos e em Israel há relatos e estudos

internacionais sobre episódios de imunização através da placenta, mas não com a CoronaVac:

"Em relação a CoronaVac, é o primeiro evento, pelo menos que eu tenha notícia,

principalmente aqui no Brasil. Então, é uma notícia muito boa. Nós estamos falando de uma vacina

que está sendo bastante utilizada no nosso país", explicou.

O Ministério da Saúde informou nesta quinta-feira (20) que está recolhendo informações

para confirmar se o caso de Enrico é o primeiro do país. O órgão ainda disse que está consultando

estudos detalhados sobre o tema.

Enrico nasceu no dia 9 de abril e o teste que comprovou a presença de anticorpos foi

realizado dois dias depois, sendo avaliado por diferentes médicos, incluindo o secretário municipal

de saúde da cidade, o obstetra que acompanhou a criança, além da mãe de Enrico e dos

profissionais do laboratório que fez o exame. O resultado mostrou 22% de anticorpos na amostra

analisada.

Apesar da notícia promissora, para infectologistas pediátricos a mãe passar anticorpos

para o filho não é surpresa, segundo Bárbara Simionato, pediatra que trabalha no Controle de

Infecção de Infectologia Pediátrica da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Ela diz que é

comum esse comportamento quando grávidas são imunizadas, mas que em relação à Covid não

há registros no país. "Até o momento presente, é o primeiro caso registrado no Brasil de

transmissão placentária de anticorpos contra o SARS-COV-2 em bebê de mãe vacinada", afirma a

pediatra.

Um artigo científico está sendo elaborado no programa de Pós Graduação da Universidade

do Sul de Santa Catarina (Unisul) para documentar a descoberta e publicá-la. "Ficamos felizes e

emocionados e que sirva de incentivo à outras gestantes. É uma dose de esperança a todos",

afirma a mãe do bebê, Talita Mengali Izidoro, que também integra a equipe de pesquisa.

Bebê será monitorado

Segundo a especialista na área, é natural que as mães passem anticorpos para o bebê

durante a gestação pela placenta. Esse fenômeno auxilia na imunidade de bebês nos primeiros

meses de vida.

A pediatra Bárbara Simionato afirma que até o momento não há dados suficientes para

falar sobre a relevância clínica da imunização do bebê, pois não existem estudos na literatura

cientifica que comprovem a imunidade do bebê contra o vírus.

"Até o momento presente, não temos números exatos para o que chamamos de “correlato

de proteção”, ou seja, qual é a porcentagem de anticorpos neutralizantes no sangue considerada

suficiente para garantir que o indivíduo esteja imune para a COVID-19", afirmou Bárbara Simionato.

Segundo a prefeitura, o bebê será acompanhado e passará por novos exames com 3 e 6

meses de vida para avaliar se ele segue com a presença dos anticorpos no sangue da criança.

Para o médico Juarez Furtado, que trabalha em Itajaí, no Litoral Norte, essa é a maior

dúvida que só poderá ser respondida com outros estudos. Segundo o pediatra, as pesquisas ainda

não souberam responder sobre o empo de imunização, nem mesmo para quem já foi vacinado

contra o vírus.

"Nós temos alguns estudos que mostra seis meses, outros um pouquinho menos. Agora,

com as variantes as coisas vão mudando, esse que é um problema, porque podem mudar as

respostas imunológicas em alguns aspectos, assim como mudam os sintomas do paciente",

comenta.

A Diretoria Estadual de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive-SC) foi

comunicada sobre o caso e informou ao G1 que vai aguardar um relatório para acompanhamento.

"Informamos que ainda não há protocolos estabelecidos pelo Ministério de Saúde (MS) para

indicação e avaliação laboratorial de recém-nascidos de mães imunizadas contra a COVID-19",

disse a Dive em nota.

Procurado pelo G1 SC, o Ministério de Saúde não confirmou se há outros casos

semelhantes no país e disse que a questão estava sendo avaliada pela área técnica.

https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2021/05/20/bebe-que-nasceu-com-anticorpos-contra-

a-covid-pode-ser-primeiro-do-brasil-dizem-especialistas.ghtml