Maquinas 131

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Julho de 20113

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Rodando por aí

Uso do arco de segurança

Reforma de pneus

Regulagem de distribuidores

Avanços da pulverização terrestre

Test Drive - Defensor SP2500

Consumo em colhedoras de cana

Uso do engate dianteiro em tratores

Ficha Técnica - Plantadora Santal PDM2

Agricultura de Precisão New Holland

Avanços da Agricultura de Precisão

Coluna Mundo Máquinas

Pulverizador SP2500 18Conheça o novo pulverizador autopropelido da New Holland, o Defensor SP2500, e confira como se comportou no nosso test drive

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Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados po-dem solicitá-las à redação pelo e-mail: [email protected]

Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.

NOSSOS TELEFONES: (53)

• EditorGilvan Quevedo

• RedaçãoCharles EcherKarine Gobbi

• RevisãoAline Partzsch de Almeida

• Design Gráfico e DiagramaçãoCristiano Ceia

Grupo Cultivar de Publicações Ltda.www.revistacultivar.com.br

DireçãoNewton Peter

[email protected]

CNPJ : 02783227/0001-86Insc. Est. 093/0309480

Proteção contra capotamentoConheça os diferentes modelos de arcos

de proteção contra os efeitos do capotamento em tratores agrícolas

Ficha Técnica PDM2Conheça a plantadora de cana-de-

açúcar PDM2 da Santal, uma máquina com duas linhas de plantio

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• REDAÇÃO3028.2060

Assinatura anual (11 edições*): R$ 187,90(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Números atrasados: R$ 17,00Assinatura Internacional:

US$ 160,00€ 150,00

Cultivar Máquinas • Edição Nº 131 • Ano XII - Julho 2013 • ISSN - 1676-0158

• ComercialSedeli FeijóJosé Luis AlvesRithiéli de Lima Barcelos

• Coordenação CirculaçãoSimone Lopes

• AssinaturasNatália RodriguesFrancine MartinsClarissa Cardoso

• ExpediçãoEdson Krause

• Impressão: Kunde Indústrias Gráficas Ltda.

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Cap

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harl

es E

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rodANdo por AÍ

Dia de CampoA New Holland, em parceria com a Syngenta, realizou um Dia de Campo na Fazenda Três Forquilhas, em Orizona (GO) no início de julho. A principal atração foi a demonstração da nova colheitadeira CR6080. O coordenador

Ethanol SummitA Case IH esteve presente em dois eventos do setor sucroalcooleiro no fim do mês de junho em São Paulo: o 28º Congresso Interna-cional de Cana (ISSCT) e o Ethanol Summit. A marca aproveitou a ocasião para apresentar seu sistema completo de produtos e serviços para o setor. Para Fábio Balaban, especialista de Marke-ting para Colhedoras de Cana da Case IH para América Latina, “congressos como esses ajudam a marca a se manter na vanguarda da tecnologia no setor”.

Marketing Case IHA Case IH anunciou Ra-fael Miotto como novo diretor de Marketing para a América Latina. Para Mirco Romagnoli, vice-presidente da Case IH para a América Latina, “Miotto é um profissional muito competente e com grande experiência no setor agrí-cola. Nos últimos anos, a Case IH teve um grande crescimento no mercado e, com o Miotto no coman-do das estratégias, nossa projeção de participação de mercado crescerá ainda mais”, garante.

InternacionalCom o objetivo de investir em um processo de internacionalização, a Arvus Tecnologia fez sua primeira exposição internacional de produtos, durante o principal evento técnico de agricultura de precisão no mundo, a InfoAg, que ocorreu de 16 a 18 de julho nos Estados Unidos. “Atualmente temos clientes e ótimas parcerias na América do Sul, no entanto, é importante ampliar para outras regiões e países. Estamos investindo na internacionalização para buscar parceiros de negócios e analisar as inovações que estão sendo desenvolvidas no exterior” - avalia Bernardo de Castro, diretor da Arvus Tecnologia.

Diretor de OperaçõesRoberto Lopes Júnior foi nomea-do novo diretor de Operações da fábrica de Ibirubá da AGCO. O executivo ficará sediado na fábrica e será responsável pela manufatura, buscando maior eficiência opera-cional bem como oportunidades de investimentos e alocação de recursos. A equipe de Ibirubá conta com mais de 400 profissionais. “As pessoas que trabalham nesta unida-de contribuem diretamente com o desenvolvimento agrícola brasileiro, por isso investiremos em ações que valorizam cada funcionário, além de manter a qualidade dos imple-mentos que chegam ao produtor”, garante Lopes.

Marketing AGCOA AGCO tem um novo diretor de marketing para a América do Sul. Alfredo Jobke acaba de assumir o cargo e ficará sediado na unidade fabril de Canoas (RS). O executivo possui larga experiência no seg-mento de máquinas agrí-colas e será responsável pelas áreas de Inteligência de Mercado, Comunica-ção, Planejamento, Preci-ficação e Administração de Vendas.

Superdia John DeereMais de 350 pessoas participaram do Superdia Sistemas Mecanizados, em Marialva, interior do Paraná, promovido pela concessionária John Deere Solomar. Durante o evento, realizado no fim de junho, a revenda apresentou tratores, plantadeiras, colheitadeiras, pulverizadores, até veículos utilitários, como o gator TH 6x4. Elizeu Santos, coordenador regional de Vendas da John Deere, destacou a importância do evento. “Além de ser uma ocasião oportuna para estreitar o relacionamento com os produtores da região, também foi um momento importante para explicar os diferenciais da tecnologia John Deere”, comemora Santos.

de Marketing da New Holland, Roberto Jonker, destacou a im-portância da CR6080 para os clientes, apre-sentando o “sistema exclusivo de duplo ro-tor, que trabalha com rotações mais elevadas sem danificar o grão, além de maiores áreas de peneiras disponí-veis, que diminuem as perdas de grãos, com mais benefícios para o cliente”.

Rafael Miotto

Roberto Lopes Júnior

Alfredo Jobke

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Inaugurado em maio de 2010, o Centro de Distribuição de Logística e Distribuição de Peças da CNH, em Sorocaba (SP), continua sendo um dos mais modernos do mundo na sua modalidade. Um ano após a inauguração, o centro recebeu a certificação Leed Gold, concedida pelo United States Green Building Council (USGBC), por ter sua construção baseada em cinco pilares: planejamento do local (concepção, construção e operação de edificações e espaços construídos), gerenciamento do consumo de água, de energia, uso correto de materiais e qualidade do ambiente de trabalho. De acordo com o gerente de Logística e Distribuição de Peças de Reposição, Luis Roberto Damis, o Centro é o mais moderno da Amé-rica Latina e conta com tecnologias como o “vertical shuttle”, carrosséis

Peça certa na hora certa

verticais com dez metros de altura que garantem a separação de mais de 1,5 mil peças de alta rotatividade, com velocidade muito superior à média obtida em centros de distribuição comuns. O centro de Sorocaba possui também tecnologia de radiofrequência e código de barras que facilita a identificação, etiquetagem e localização das peças, além de veículos não tripulados que realizam a distribuição das peças dentro do centro. “Todos estes fatores fazem com que o cliente tenha a peça certa, no tempo certo, no lugar certo e com a qualidade certa”, finaliza.

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TrATorES

Arco protetor

Mundialmente a produção agrícola é considerada uma das mais perigosas atividades de trabalho,

juntamente com a mineração e a construção civil. Esta condição se deve, principalmente, às elevadas taxas de mortalidade ocorrentes neste setor, sendo como a principal causa das mortes o uso de máquinas agrícolas e, entre elas, o capotamento do trator.

Os registros de mortes por capotamento de trator datam desde as primeiras décadas do século passado nos EUA e indicam que um ter-ço dos acidentes nas fazendas tem relação com os tratores agrícolas, tendo aproximadamente 50% a 75% de consequências fatais quando este veículo não estiver dotado de uma estrutura de proteção eficiente e apenas em 25% dos casos, o operador morre em um acidente, ocorrido com trator equipado com a estrutura de proteção.

O capotamento do trator, que é um fenô-meno físico, decorrente do desequilíbrio deste, pode ser lateral, quando o trator tomba para um de seus lados, ou longitudinal, quando o trator tomba para trás, em torno do seu eixo traseiro. Estima-se que no Brasil, de 85% dos acidentes fatais envolvendo tratores agrícolas, 70% são devidos a capotamentos laterais e 15% para trás. Quanto ao capotamento longitudinal, a grande maioria ocorre pelo posicionamento inadequado do ponto de tração, acima da linha

do eixo do trator.Estudos mais detalhados, feitos nos EUA,

indicam que as taxas de mortalidade por capotamento do trator na agricultura são 4,6 vezes maiores que na pecuária, chegando-se à conclusão que tal diferença é produto do maior risco na utilização do trator nos trabalhos da agricultura.

Os mesmos estudos indicam que a agri-cultura familiar registra quase seis vezes mais taxa de mortalidade por capotamento que a exploração empresarial. Isto é devido, basica-mente, ao maior rigor na aplicação das normas de segurança nas empresas, em comparação à agricultura familiar. Finalmente, segundo a idade do operário, o maior número de mortes por capotamento ocorre no grupo etário de 55

anos ou mais, sendo que os operários de 75 anos são os que apresentam menor capacidade de recuperação, nos casos de um acidente como o capotamento.

Estudos como estes e outros, realizados na Europa, dão uma visão clara e precisa sobre as causas e as consequências fatais do capota-mento. As estatísticas são realizadas graças aos registros detalhados dos acidentes com tratores agrícolas, informação que, no Brasil, muitas vezes, não é disponível, pois muitos acidentes nem são informadas oficialmente.

O capotamento do trator agrícola tornou-se um problema social no Brasil. Cada vez são mais frequentes as notícias de mortes por esta causa, pela ausência de uma estrutura de proteção ou uso do cinto de segurança. Há necessidade de gerar a informação necessária para a análise e a tomada de decisões com o objetivo de diminuir estas mortes.

CAUSAS DOS CAPOTAMENTOS DOS TRATORESAs causas genéricas dos acidentes com

tratores são as condições inadequadas do equipamento e as atitudes de insegurança, promovidas pelos operadores.

No Brasil se estima que o trator esteja en-volvido em 20% dos acidentes na agricultura e em 70% dos acidentes com máquinas agríco-

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Tratores fruteiros geralmente são equipados com Rops rebatível de dois pontos

Arco protetorFotos Charles Echer

O capotamento de tratores é no Brasil uma das maiores causas de morte em operações agrícolas, onde o arco de segurança contra os efeitos de capotamento

ainda não é um item obrigatório

O capotamento de tratores é no Brasil uma das maiores causas de morte em operações agrícolas, onde o arco de segurança contra os efeitos de capotamento

ainda não é um item obrigatório

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las. Destes acidentes, entre 25% e 30% deles ocorrem nas estradas, durante o deslocamento do trator. A causa específica principal destes acidentes deriva do fato de que o trator não é um veículo adequado para o deslocamento em estradas. Esta inadequação decorre de vários fatores como a falta de dispositivos de sinalização e iluminação, a baixa velocidade em relação aos veículos de passeio, a ausência de mecanismos de suspensão e a absorção de vibrações e a ineficiência dos freios.

No trabalho de campo, as condições de insegurança do trator decorrem de suas próprias características, pois este é um veículo pesado, no qual chegam altos valores de torques às rodas,

além, é claro, da grande altura do centro de gravidade e a limitação da dimensão largura, o que o torna um corpo instável.

Os atos inseguros dos trabalhadores envol-vidos nos capotamentos dos tratores relacio-nam-se à excessiva confiança dos operadores, principalmente dos mais experimentados e de outras limitações físicas, técnicas e fisiológicas, como a fadiga, o sono, a falta de treinamento específico e a ingestão de bebidas alcoólicas durante a jornada de trabalho.

O ROPS OU EPCCO Rops (Rollover Protective Structure) é

uma estrutura que protege o operador durante

o capotamento do trator, já que fornece uma zona de segurança para ele, com o objetivo de protegê-lo, impedindo a sua morte e minimi-zando as lesões. No Brasil popularizou-se o termo traduzido como EPCC (Estrutura de Proteção Contra o Capotamento), mas melhor seria utilizar algo como Epec (Estrutura de Pro-teção contra os Efeitos do Capotamento), pois este equipamento, que é uma proteção passiva, não impede o capotamento e sim minimiza seus efeitos. Existem proteções ativas, que sim impedem o capotamento, como os pesos sobre o suporte dianteiro, entre outras.

As estruturas de proteção homologadas, que cumprem as exigências de segurança inter-nacionais, são projetadas para absorver a energia que envolve a dimensão física do capotamento, podendo sofrer alguma deformação durante o acidente, mas esta deformação elástica ou per-manente não deve interferir, nem atingir a área de segurança. Quando se trabalha com tratores dotados de estrutura de proteção é obrigatória a utilização do cinto de segurança para que, frente um evento capotamento, o operário fique dentro da zona de proteção.

O Código de Trânsito Brasileiro, que de-veria referir-se a este equipamento, incorre em erro de fundamento ao não obrigar o uso de Rops e mesmo assim exigir o uso de cinto de segurança, pois se sabe que um operador que sofra um acidente com um trator sem Rops,

Exemplo de trator equipado com Rops tipo arco de dois pontos, que não deve ter sua estrutura original alterada em hipótese alguma

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dez mil unidades em serviço, passaram, com os tratores com estruturas de proteção, para um para cada 100.000 unidades em serviço. O risco de morte no capotamento do trator sem estrutura de proteção que era na Europa de 50% passou para 16% no caso de tratores equipados com cabine e Rops.

Na Alemanha, onde o arco de proteção passou a ser obrigatório em 1971 para tratores novos e em 1977 para todos os tratores, o número baixou de 201 mortes por ano, para uma média de seis acidentes mortais anuais, a partir do início dos anos. Na Inglaterra as ações de treinamento e prevenção, unidas à obrigatoriedade do dispositivo, provocaram, no início dos anos 2000, uma diminuição de 12,5% dos acidentes em apenas três anos.

Atualmente, o uso correto do Rops e do cinto de segurança é o único meio efetivo para diminuir as consequências fatais de um capotamento. Nos Estados Unidos à margem da obrigatoriedade de uso do Rops em trato-res novos, estima-se que ainda 40% da frota não tenha este tipo de dispositivo e por isto o capotamento ainda resulte em mais de 47% das mortes e 36% dos acidentes. Dos mortos, apenas 4% são mulheres e na maioria das vezes são pessoas mais velhas que em outros tipos de acidentes. Dados do Departamento de Agri-cultura dos EUA estimam que ainda ocorram 250 mortes por ano neste tipo de acidente. No caso dos tratores equipados com Rops a redução na taxa de morte por capotamento em tratores diminuiu em 71%, mas se além da utilização do Rops unir-se o uso do cinto de segurança, pode-se chegar a diminuir em até 90% da taxa de acidentes com mortes, aproximando-se dos números obtidos na Alemanha.

ENSAIO E CERTIFICAÇÃO Os métodos para a avaliação e certificação

destas estruturas foram desenvolvidos entre

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ao utilizar cinto de segurança, perde a chance de ser salvo por um lançamento, comum neste tipo de acidente.

Existem três tipos de estruturas protetoras, contra os efeitos de capotamento, que são os ar-cos de proteção, as estruturas de quatro pontos e as cabines. Os dois primeiros podem ser de dois ou quatro pontos e são montados sobre a estru-tura do trator ou chassi, se estiver presente. O terceiro tipo são as cabines, as quais utilizam as barras protetoras inseridas nela e revestindo-as com outros materiais, como o plástico e o vidro, o que gera um ambiente fechado no posto de operação. Vale a pena lembrar que nem todas as cabines possuem a estrutura de proteção incluída e que muitas estruturas que parecem proteger o operador, durante um capotamento, nada mais são do que suportes para a capota que protegem contra o sol e a chuva.

A técnica indica que, o bom projeto e o uso correto da estrutura de proteção são garantias

do bom funcionamento dela. Por isto ela não deve ser modificada, sob nenhum pretexto e, no caso que a estrutura já tenha sofrido os efeitos de um capotamento, deve ser trocada. No caso dos tratores com arco rebatível (tra-tores fruteiros), esta deve ser colocada na sua posição de segurança, sempre que possível e necessário. Neste tipo de trator especial, com bitola reduzida, a função das estruturas de proteção é evitar que depois do capotamento, o trator inicie o rolamento contínuo sobre si, em terrenos declivosos.

A INTRODUÇÃO DO ROPS NO MUNDOO sistema de proteção do condutor con-

tra os efeitos do capotamento acidental, que utilizamos atualmente, foi desenvolvido origi-nalmente na Suécia, em 1954, pelo professor Moberg.

A partir desta invenção, os acidentes mortais que ocorriam, um para cada nove ou

prINCIpAIS MEdIdAS dE SEgurANçA

Para evitar o capotamento e consequen-temente as mortes decorrentes deste,

as principais medidas são:• Utilizar as bitolas mais amplas possíveis

para o trabalho.• Bloquear os pedais do freio nos deslo-

camentos pela estrada.• Reduzir a velocidade de deslocamento

nas manobras, próximo a declives, rochas, drenos e obstáculos.

• Evitar o trabalho em rampas muito acentuadas.

• Dar atenção especial no trabalho com pás carregadoras e guinchos.

• Utilizar baixas velocidades em situações de altas demandas de força.

• Acoplar implementos, cabos e correntes somente na barra de tração.

• Usar lastragem adequada ao trabalho buscando estabilidade.

• Iniciar o trabalho com baixas velocidades e incrementar gradualmente.

• Subir rampas em marcha à ré e descer sempre de frente.

• Sempre utilizar o trator com uma marcha engatada para descer rampas.

Para evitar os danos à saúde e perigo à vida dos operadores, as principais medidas são:

• Utilizar arcos de proteção eficazes e/ou certificados.

• Utilizar o cinto de segurança, quando o arco estiver presente.

Detalhe de um equipamento para o ensaio estático de Rops - Código 4 OCDE (esq.), que substitui os antigos capotamentos detratores para verificar a qualidade dos projetos e estrutura de proteção de seis pontos, incluída em uma cabine de trator (dir.)

Fotos José Fernando Schlosser

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pESquISA dA uFSM

Em pesquisa realizada na região central do Rio Grande do Sul, por Debiasi

(2002) verificou-se que 39% dos operadores já sofreram algum tipo de acidente e que 65% dos acidentes com tratores agrícolas foram devidos ao cansaço e falta de conhecimento técnico.

Um total de 60,7% dos operadores não tinham recebido nenhum tipo de treinamento para a operação da máquina em que estavam trabalhando.

Do total de acidentes considerados graves e que haviam afastado o trabalhador das suas funções, 51,7% eram do tipo capo-tamento do trator.

Ainda que esta seja uma prática proibida pela Norma Regulamentadores n° 31 do Ministério do Trabalho e emprego, 66,3% dos operadores confirmaram que davam carona a outras pessoas no trator em que trabalhavam.

os anos 1960 e 1970, concomitantemente na Europa e nos Estados Unidos. Os primeiros tes-tes eram destrutivos, ou seja, eram provocados capotamentos dos tratores para verificar se as estruturas suportavam o acidente.

Para a avaliação de eficácia destas es-truturas, a referência maior é a Norma ISO 3463:2006, que trata do método dinâmico e as correspondentes Normas Asae S383.1:2004 e UNE 68-007.75:1989, assim como o Código OCDE 3:2013. Ocorre que este método dinâ-mico, que utiliza um pêndulo para simular a força do impacto proporcionado pelo evento acidente, está em extinção. Assim, o Código OCDE 4:2013 traz uma nova e moderna metodologia de avaliação das estruturas, com a utilização de um sistema de pistão hidráulico. Aos poucos, as estações de ensaio dos países desenvolvidos vão substituindo seus equipa-mentos de laboratórios.

No Brasil, as estruturas de proteção con-tra o capotamento são montadas em muitos tratores, mas poucas recebem a certificação, de que são efetivas no caso de acidente deste tipo. Vários países do mundo exigem a montagem, o ensaio e a certificação de qualidade destes equipamentos, mas o Brasil não é um deles. Aqui se obriga o uso, pelas exigências contidas nas Normas Regulamentadoras n° 12 e n° 31 do Ministério do Trabalho e Emprego, na Norma ABNT - NBR 10.001 e a nível mundial na Norma ISO n° 3.463/89.

Mesmo que no Brasil a fiscalização do uso obrigatório deste equipamento não seja verificada, há vários fabricantes nacionais que produzem tratores com estes equipamentos certificados e com deduzida qualidade. No entanto, ainda temos no País, à margem de ser compulsória a montagem da EPCC, vários tratores que não são equipados com este dispo-sitivo de proteção.

Da análise sistemática de decisões judiciais que envolvem acidentes com tratores conclui-se que é muito desfavorável a posição de produto-res rurais, concessionários ou fabricantes, por não tomarem os devidos cuidados, obrigatórios por lei, que evitem as mortes decorrentes do capotamento, como o uso de Rops e cinto de segurança.

ADEQUAÇÃO DE TRATORES ANTIGOSPROGRAMA RETROFIT (EUA)A Asabe (American Society of Agricultural

and Biological Engineers), dos EUA, emitiu uma norma que obrigava os fabricantes de tratores agrícolas do país, a incluir a estrutura de segurança como um equipamento standard, em todos os tratores fabricados a partir de 1985, como medida de segurança, para diminuir a taxa de mortes por capotamento de trator, em todo o território americano.

Tal medida não foi suficiente para obter os progressos esperados já que ainda havia muitos tratores fabricados antes de 1985 que não estavam equipados com arco de segurança. Para resolver o problema no início da década de 90, o governo desse país, com o apoio das principais empresas fabricantes de tratores agrícolas, como a AGCO, Deere & Company, New Holland e Kubota, iniciou o Rops Retrofit Program, em que as principais empresas de tratores desse país fabricariam estruturas de proteção homologadas, para modelos de tratores produzidos antes do ano 1985, desprovidos de estrutura Rops, com o objetivo de diminuir ainda mais as taxas de mortalidade por capotamento.

A principal função do governo neste progra-ma é a geração de consciência da necessidade da utilização, do arco e do cinto de segurança, para preservar a vida dos trabalhadores frente a qualquer acidente, principalmente pelo

capotamento. Outra importante função deste programa é aproximar os fornecedores de arcos Rops com os proprietários de tratores antigos, por meio de páginas web, fornecendo uma base de dados dos revendedores de Rops, segundo a marca e o modelo de trator. Neste contato são proporcionados os números telefônicos e os en-dereços de interesse. Com estes instrumentos o agricultor pode receber orçamentos atualizados. Realizando um exemplo, pode-se verificar que o preço médio de um Rops, custa ao produtor, aproximadamente 900 dólares, o que pode ser muito pouco, frente às consequências de um acidente de trabalho.

Na Europa também se pode conseguir es-truturas de proteção dos fabricantes de tratores para modelos que não a possuam. Mas a opção foi diferente, pois se o proprietário de um trator desprovido de Rops quiser adaptá-lo, além da aquisição, pode construir sua própria estrutura. Existem softwares livres, para o projeto de estru-turas de proteção, oferecidos por universidades e institutos de saúde e segurança do trabalho, que permitem ao usuário, obter as dimensões e secções do arco de segurança, segundo di-mensões e pesos do seu trator. Estas estruturas não receberão automática homologação, no entanto, pela experiência adquirida, podem proporcionar ao operador de trator agrícola um nível de segurança equivalente aos que tem aqueles operários que trabalham com tratores novos, equipados com sua estrutura de proteção homologada. .M

José Fernando Schlosser eJavier Solis Estrada,Nema - UFSM

Exemplo de trator que sai de fábrica equipado com Rops inserido na cabine. Para que o condutor esteja seguro em caso de capotamento, o cinto de segurança deve ser utilizado sempre que a máquina estiver em operação

Charles Echer

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pNEuS

Os pneus agrícolas utilizados nos tratores e implementos são equipamentos de alto va-

lor agregado destinados a uma aplicação bastante agressiva. As novas técnicas de plantio e colheita, aliadas ao aumento da potência das máquinas, e o desenvolvi-mento de qualidades mais resistentes de plantas, aumentaram a severidade das aplicações. Para reduzir os custos, cada vez mais os produtores rurais buscam os processos de reconstrução.

Este é um mercado com grande poten-cial de crescimento nos próximos anos e por isso empresas do setor passaram a oferecer serviços destinados à recuperação de pneus usados. Um exemplo deste serviço de re-forma é o Camelback Premium Novateck, oferecido pela Pirelli, que garante a mesma qualidade do original. Outro diferencial do processo de reconstrução da própria fabricante é o conhecimento que a empre-sa acumulou durante a fase de pesquisa e desenvolvimento, tanto sobre o próprio

Com grande número de máquinas agrícolas circulando no Brasil, empresas do setor de pneus oferecem serviço de reconstrução garantido pelo próprio fabricante

produto quanto dos tipos de aplicações. Dessa forma, foram desenvolvidos três tipos de compostos, que atendem a uma ampla gama de culturas e aplicações.

O preço de um pneu reformado varia entre 30% e 50% de um novo, porém, a car-caça precisa estar preservada após o fim da primeira vida útil. Um pneu agrícola recons-truído tem a mesma durabilidade do pneu novo, desde que utilizado corretamente e com a realização da manutenção periódica, da mesma forma que um novo.

O que determina o número de reformas são as condições de uso, que variam de frota para frota, de usina para usina. Quanto mais severas forem (como cargas muito elevadas e trajetos mais agressivos), mais a carcaça estará desgasta ao final da sua primeira vida.

PROCESSO DE RECONSTRUÇÃOO primeiro passo é a entrega da carcaça,

quando o cliente entra em contato com a fabricante, que informa a ele qual é o re-

formador credenciado mais próximo. Feito o contato, o reformador vai até a frota e faz a coleta dos pneus usados. Porém, antes também faz a primeira inspeção visual, para ver se há condições para o produto ser re-formado, evitando dessa forma o transporte de um pneu que não apresente condições para ser reformado. Quando a carga chega ao reformador é feita uma limpeza, pois normalmente os pneus vêm sujos de terra.

PRIMEIRA INSPEÇÃOO objetivo desta etapa é selecionar as

carcaças em boas condições de reconstrução, eliminando aquelas que apresentam defei-tos que impossibilitem a reconstrução com qualidade, segurança e garantia.

Depois, cada pneu é examinado indi-vidualmente por dentro e por fora, com ferramentas e iluminação adequadas. Se o pneu superar o limite máximo de danos recomendado, não terá condições de ser re-formado e é enviado de volta para o cliente, com um laudo técnico explicando por que a

Com grande número de máquinas agrícolas circulando no Brasil, empresas do setor de pneus oferecem serviço de reconstrução garantido pelo próprio fabricante

Novo, de novoNovo, de novo

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reforma não é recomendada.

RASPAGEMSe estiver em condições de ser reformado,

o pneu vai para a raspagem e tem a parte re-manescente da banda de rodagem eliminada. Nessa fase a carcaça fica com as dimensões corretas para a aplicação da nova banda de rodagem ou do Camelback Premiun.

ESCAREAÇÃONesta etapa são escareados todos os danos

por cortes e impactos encontrados na carcaça após a raspagem. Muitas vezes são encon-trados danos que não eram perceptíveis na primeira inspeção e a carcaça ainda pode ser recusada com um laudo técnico explicando por que a reforma não é recomendada.

SEGUNDA INSPEÇÃONa segunda inspeção é checado o traba-

lho de escareação e, se não estiver correto, a carcaça retorna ao setor anterior. Também é avaliado se a extensão das escareações está

dentro dos limites máximos permitidos para pneus.

Após as escareações é necessária aplicação de uma camada de cola à base de borracha por toda a extensão da área da rodagem ras-pada e nas escareações. Após a aplicação da cola, a superfície da carcaça é nivelada com o preenchimento das escareações com borracha específica e equipamento de extrusão.

APLICAÇÃO DE CAMELBACK O objetivo desta etapa é recolocar no

pneu um volume de borracha equivalente àquele desgastado durante o rodar e mais o retirado na raspagem, com uma máquina chamada aplicadora de Camelback (roleta-deira). Nessa etapa, o Camelback aplicado ainda está cru (não vulcanizado) e liso, ou seja, o pneu ainda não tem o desenho da banda de rodagem.

VULCANIZAÇÃOÉ a fase na qual a borracha do Camelback

se transforma de plástica para elástica e é es-tampado o desenho da banda de rodagem. O vulcanizador tem um molde com o desenho negativo e dentro dele o pneu recebe pressão e calor, para que a borracha se encaixe no molde. O tempo e a temperatura dentro do vulcanizador variam de acordo com a medida do pneu e o volume de borracha aplicado, tem medidas OTR, por exemplo, que chegam a até dez horas de vulcanização (pneus com 40 lonas) a temperatura de 135ºC.

INSPEÇÃO FINAL E ACABAMENTONa inspeção final são examinadas todas

as partes do pneu reconstruído, ou seja, banda de rodagem, flancos, talões e parte interna da carcaça, certificando-se de que estão em perfeitas condições de uso. Por último, as pequenas imperfeições superficiais são eliminadas, tais como escorrimentos de borracha e rebarbas. Depois o pneu sofre um resfriamento natural, que é de, no mínimo, oito horas, ficando em condições ideais para voltar ao trabalho.

O preço de um pneu reformado varia entre 30% e 50% de um novo, porém, a carcaça precisa estar preservada após o fim da primeira vida útil

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Francisco Madeira de Toledo,Pirelli

Detalhe da Banda Camelback Premium Novateck utilizada na recuperação de pneus

Pneu já reformado com a tecnologia Camelback Premi-um Novateck mantém as propriedades de um pneu novo

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Fotos Pireli

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IMplEMENToS

De olho no lance Grande parte dos custos da pro-

dução agrícola se deve a despesas com combustível e insumos como

fertilizantes e corretivos. Logo, executar as operações de semeadura e distribuição de fer-tilizantes com a adequada eficiência pode evitar desperdício de tempo e dinheiro pelo produtor. Com o crescente avanço das áreas agrícolas e desenvolvimento de técnicas mais apuradas de cultivo, passaram-se a adotar novas meto-dologias para facilitar o processo produtivo, dentre as quais, podemos destacar a aplicação de fertilizantes na superfície do solo, e não mais apenas no sulco de semeadura.

Em um país com tradição nas pecuárias de corte e leite, é conhecida a importância das pas-tagens implantadas, que em boa parte podem ser distribuídas em superfície precisando, ou não, de posterior incorporação. Neste contexto, as culturas de aveia e azevém destacam-se no es-tado do Rio Grande do Sul, pela boa qualidade da forragem produzida e adaptação ao clima frio em boa parte do ano. Assim, regular e/ou cali-brar o equipamento é um passo fundamental para que se consiga atingir o objetivo de semear ou distribuir algum insumo em superfície.

Embora sejam máquinas de relativa baixa

complexidade, os distribuidores de insumos agrícolas apresentam uma série de regulagens e calibrações para que realizem corretamente as operações. A título de exemplo, se semearmos com largura de trabalho equivocada, podemos estar variando consideravelmente a população de plantas que resultará desta semeadura, im-plicando em falhas entre as passadas ou excesso de plantas por unidade de área.

Diversas culturas, principalmente plantas de cobertura do solo ou pastagens, podem ser semeadas em superfície, seja por distribuido-res centrífugos, pendulares ou por gravidade. O primeiro, o mais comum dos três, é o que faz a utilização de discos em movimento para lançar o produto sobre o solo. Suas principais regulagens estão relacionadas à variação da posição das aletas que impulsionam os grânulos ou sementes, à altura em relação ao solo e à velocidade de deslocamento. Os distribuidores pendulares são aqueles que apresentam um tubo horizontal oscilante a cerca de 400 ciclos por minuto, o qual lança o insumo sobre a superfície do solo em uma largura menor que os distribuidores centrífugos de disco. Os dis-tribuidores por gravidade apresentam abertura na parte inferior do depósito e por isso têm a largura de trabalho limitada, mas constante, e são considerados os mais precisos entre as máquinas para distribuição de insumos em superfície por não “arremessar” o produto, apenas deixando que este caia sobre o solo. As suas principais regulagens concentram-se em aberturas de comportas dosadoras e velocidade de esteiras ou correias transportadoras.

Devido à ampla utilização dos distribuido-res de insumo sobre a superfície serem de discos

(mono ou bidisco), as regulagens a seguir são mais aplicáveis a esse tipo de equipamento.

POSIÇÃO DE ALETAS E LARGURA DE TRABALHOOs distribuidores centrífugos de disco

mais modernos têm regulagem da posição das aletas posicionadas sobre o disco, sendo que, quanto mais adiantadas estas estiverem em relação à posição radial, maior será a largura de trabalho. Entretanto, a determinação da largura de trabalho é um passo fundamental da regulagem desse tipo de equipamento. A norma ISO 5690 estabelece os procedimentos para determinar a largura de trabalho. Este processo é padronizado e se aplica a trabalhos em condições controladas, para instituições de pesquisa e pela indústria. Para utilização direta pelo produtor, recomendam-se métodos simplificados, pela dificuldade de aplicação de alguns materiais e técnicas.

VELOCIDADE DE DESLOCAMENTO ETAXA DE APLICAÇÃO/SEMEADURAA velocidade de deslocamento é inversa-

mente proporcional à taxa de aplicação, ou seja, quando se desloca em baixa velocidade o percurso consequentemente será menor, portanto, maior quantidade será aplicada nesta área. E quando desloca-se em uma velocidade maior, o percurso consequentemente será maior, portanto, menor quantidade será dis-tribuída. Considerando que a rotação na TDP seja constante.

A rotação ideal de trabalho no eixo de tomada de potência (TDP) do trator é de 540 ou 1.000rpm. A variação da rotação do trator varia também a rotação dos mecanismos de dis-tribuição da semeadora, ocasionando oscilações na taxa de aplicação. Rotações abaixo da ideal ocasionam diminuição da taxa de aplicação e

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Apesar de ser uma operação simples a semeadura ou distribuição de fertilizantes a lanço deve ser planejada, obedecendo regulagens corretas para evitar

desperdício de produto e áreas sem aplicação

Am

azon

e

A fluidez dos produtos depende também de outra característica, chamada “ângulo de repouso”

Claas

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absorver água, normalmente da atmosfera (Sauchelli, 1960). A água absorvida pelos fertilizantes e corretivos, num mesmo tempo de exposição, é maior quando se aumenta a umidade relativa do ar (Alcarde et al, 1989). Para fertilizantes estocados, existe a tendência de ocasionar uma série de inconvenientes, como empedramento, diminuição no teor de nutrientes, entre outros. Mas, por outro lado, para fertilizantes aplicados em superfície, a umi-dade do solo pode favorecer a solubilização dos nutrientes, tendendo a facilitar seu escoamento para a subsuperfície do solo.

A fluidez dos produtos depende também de outra característica, chamada “ângulo de repouso”, o qual é aquele formado entre a su-perfície de depósito e o talude do cone formado pelo produto depositado. De maneira geral, quanto menor este ângulo, maior a fluidez de um determinado insumo.

largura efetiva de trabalho, enquanto rotações acima da ideal ocasionam aumento da taxa de aplicação e sobreposição de insumos.

Recomenda-se que o produtor não opere em velocidades muito elevadas visando não comprometer a regularidade de deposição. A faixa típica situa-se entre 6km/h e 12km/h.

CARACTERÍSTICAS DOS PRODUTOSA eficiência da aplicação de insumos

agrícolas não depende apenas das doses ou quantidades a serem aplicadas. Características físico-químicas como higroscopicidade, granu-lometria e ângulo de repouso, têm relação direta e indireta com a eficiência desses produtos.

A granulometria dos produtos sólidos relaciona-se com o tamanho e a forma de suas partículas. A influência do tamanho das partí-culas nas suas características fundamenta-se

no fato de que a subdivisão de um material aumenta sua superfície de exposição por uni-dade de massa, como consequência, todos os fenômenos que dependem de contato, como velocidade de dissolução, absorção de umidade atmosférica ou higroscopicidade são intensifi-cados ou reduzidos em função do tamanho. Desuniformidade gera “segregação”, isto é, a separação e acomodação seletiva das partículas por ordem de tamanho, com a movimentação e trepidação do produto. E em especial, a desuni-formidade do tamanho acarreta a distribuição irregular dos fertilizantes nas adubações, tanto quantitativamente, dificultando as regulagens das adubadoras, quanto qualitativamente, se ocorrer segregação, no caso das misturas de grânulos (Anda, 1998).

A higroscopicidade é também uma das características importantes dos fertilizantes sólidos. Conceitua-se como a tendência em

Posição das aletas definirá o ângulo da semeadura e a distância a ser atingida pelos produtos

Distribuidor nivelado (acima) e sem nivelamento longitudinal (abaixo), que prejudica a distribuição

Detalhe do defletor dianteiro (acima) e máquina mais antiga, sem o dispositivo (abaixo)

Fotos Vilnei de Oliveira Dias

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CONDIÇÕES AMBIENTAIS ADVERSASO vento pode ser um grande problema na

semeadura uniforme com semeadoras a lanço. Ventos com velocidade muito elevada causam problemas na largura de trabalho e na unifor-midade de distribuição. A largura de trabalho é mais prejudicada quando o insumo tem uma baixa densidade, ou seja, aquele insumo leve que é facilmente deslocado do seu alvo padrão. Pode-se citar como exemplo o azevém, a aveia e o calcário. Nestas condições se possível deve-se parar a operação e esperar condições favoráveis. Em casos de urgência, onde não há como esperar devido às intensas atividades agrícolas, é recomendado realizar a aplicação no sentido ortogonal ao vento, onde obviamente em um dos lados da semeadora será reduzida a largura de trabalho, e o outro aumentado, desta forma estará sendo realizada a sobreposição dos insu-mos. Milan e Gadanha Junior (1996) recomen-dam semear com velocidades do vento de até 2m/s. Por outro lado, é muito difícil encontrar esta situação em condições reais. Devido a isso, o operador deve estar atento a variações e, em casos extremos, interromper a aplicação.

RECOMENDAÇÕES GERAIS PARA SEMEARPara realizar uma distribuição correta e

precisa, primeiramente deve-se definir a quan-tidade de insumo por hectare e então regular o distribuidor.

Existem vários métodos para regulagem de distribuidores centrífugos. A seguir, destacamos um procedimento básico que pode ser executa-do em qualquer propriedade.

1º passo: deve-se ir até a área em que se deseja semear e verificar qual velocidade que melhor se adapta para realizar tal atividade. Para medir a velocidade, basta cronometrar o tempo necessário para percorrer uma determi-nada distância. Caso o produtor não disponha de balizas, a distância entre dois moirões pode ser tomada como referência, desde que medida adequadamente com trena apropriada. Dessa maneira, obtém-se a velocidade em metros por segundo (m/s).

2º passo: verificar e ajustar a taxa de dis-tribuição de insumo. Para isso, é necessário posicionar a alavanca de abertura no local indicado pelo fabricante para a dosagem que se deseja semear, ou então em uma posição intermediária.

Posteriormente, envolva os discos distribui-dores com uma lona, tomando o cuidado para que nem os discos, nem o eixo cardã toquem a lona. Ligue o distribuidor por um intervalo de tempo predeterminado, 30 segundos por exem-

plo, e pese a quantidade de material depositado neste intervalo de tempo.

3° passo: realize a medição da largura útil, ou seja, a largura que a distribuidora arremessa os insumos. Na ausência de coletores padro-nizados (a norma ISO estabelece coletores de 1 x 0,25m), faz-se uma aplicação no local de destino e mede-se a largura total. Desta, normalmente 75% é utilizada como largura útil de trabalho, ficando o restante para fins de sobreposição de passadas.

Em posse dos dados obtidos nos passos acima, realize o cálculo, conforme apresentado no Box. Ele mostrará a quantidade de sementes necessária por hectare.

.M

Vilnei de Oliveira Dias,Bruno Pilecco Bisognin,Tiago Gonçalves Lopes eMárcio de Almeida Aurélio,Unipampa - Alegrete

Exemplo de tabela fornecida pelo fabricante

Posição escala

1,52,02,53,03,54,04,55,05,56,06,5

6km/h10,831,651,077,5

107,0162,0235,3360,0490,0611,0705,0

7km/h9,327,143,766,491,7138,9201,7308,6420,0523,7604,3

8km/h8,123,738,358,180,3121,5176,5270,0367,5458,3528,8

9km/h7,221,134,051,771,3108,0156,9240,0326,7407,3470,0

10km/h6,5

19,030,646,564,297,2141,2216,0294,0366,6423,0

11km/h5,9

17,227,842,358,488,4128,3196,4267,3333,3384,5

12km/h5,415,825,538,853,581,0117,7180,0245,0305,5352,5

Super fosfato triplo granulado14mm

ProdutoLargura efetiva

Lançador 170 mmKgs/Há Peso específico

930kg/m3Posição das pás no disco 2,5

Velocidade média

Coleta e pesagem de semente depositada em um intervalo de tempo para calibração do equipamento

Os pesquisadores Márcio, Tiago, Bruno e Vilnei abordam as principais regulagenspara garantir uma distribuição perfeita de fertilizantes ou sementes a lanço

EXEMplo dE CálCulo quAN-TIdAdE SEMENTES/hECTArE

Se em 30 segundos foram coletados 2,0 quilos de insumo, considerando

que se adotou uma velocidade média de 2m/s (7,2km/h) e a largura útil de trabalho seja 10m temos o seguinte resultado:

Q = q * 10.000 LE*vLogo: Q = 0,06 * 10.000 = 33,33kg/ha 10,0 * 2,0Onde: Q= Dosagem ou densidade (kg/ha);q: Vazão em kg/s;LE: Largura útil de trabalhov: Velocidade em m/s

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pulvErIzAdorES

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A agricultura, embora seja an-cestral ao desenvolvimento urbano, só mais recentemente

tem requerido maior grau de preocupa-ção quanto às transformações e aos seus impactos na natureza, e a utilização de defensivos químicos sintéticos é assunto central nesta discussão.

A adoção da monocultura e a seleção de plantas adaptadas para a produtivi-dade elevada, respondendo aos crité-rios antropocêntricos da produção de alimentos ou de matérias-primas para fins diversos como o fornecimento de medicamentos ou de energia, tem torna-

Em busca do alvoAs tecnologias de aplicação de produtos fitossanitários melhoraram bastante nas

últimas décadas, diminuindo a quantidade de produto aplicado e aumentando a precisãodo grandes áreas de cultivos suscetíveis à ocorrência em escala inaceitável pela ótica da produção, de pragas, microrga-nismos e plantas invasoras que causam redução do potencial produtivo das culturas.

Estas reduções de produtividades já foram medidas e significam na média mundial algo em torno de 30% a 40% para diversas culturas, mesmo sendo realizado controle. Sem as estratégias de controle estas perdas superariam 50% da média histórica mundial. Porém, tra-tando-se de uma média, naturalmente haveria perdas totais de algumas cultu-

ras em determinadas regiões do planeta. Estas perdas são comumente maiores nos países de clima tropical, via de regra onde se encontram os menos industrializados e onde a importância dos bens primários de consumo é fundamental à sua própria sobrevivência.

A despeito da ocorrência dos organis-mos que competem com o homem nas lavouras, a produtividade agropecuária continua aumentando, respondendo à demanda crescente pelo aumento popula-cional humano e de renda, mais recente-mente, em países de já muito populosos e com refreado potencial de consumo como

Charles Echer

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o tratamento de pomares nos Estados Unidos. Inicialmente as aplicações com equipamentos de maior porte exigiam no mínimo duas pessoas para operarem os pulverizadores, direcionando os jatos de líquido para as plantas, em aplica-ções que significavam volumes de calda maiores que 30 litros de calda para cada árvore. Em 1937 G.W. Daugherty, dois anos antes do início da segunda grande guerra, criou um pulverizador que dis-pensava um dos operadores, por lançar as gotas em direção às plantas utilizando uma cortina de ar. Embora as aplicações manuais de pomares coexistam até os dias atuais deste início do século 21, a utilização da assistência de ar nos pulve-rizadores abriu possibilidades para uma série de desenvolvimentos que tornou as aplicações mais econômicas do que nos estágios anteriores à sua adoção, signifi-cando valores menores que um terço de litro por planta de laranja (observados em pesquisa e agora em fase de adoção a campo).

A economia de recursos naturais e financeiros decorrentes deste desenvol-vimento poderia ser calculada de maneira direta, pela divisão de 30 por 0,3, resul-tando em um fator de 100 vezes. Porém, não são mensuráveis diretamente os ga-nhos obtidos no conhecimento adquirido do estudo da eficiência e das formas de aplicação para garantir que reduções tão drásticas fossem capazes de manter o seu efeito, com impactos ao homem e ao ambiente iguais ou menores aos anterior-mente verificados pela aplicação.

A adoção de práticas menos onerosas tanto à operação quanto à natureza ga-nhou força após a polêmica publicação do livro “Primavera Silenciosa” de Rachel Carson em 1962, que denunciou os riscos da utilização indiscriminada de produtos químicos sintéticos no ambiente, com

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a China e a Índia.Embora parte do aumento da pro-

dução tenha-se devido ao aumento na área plantada, principalmente no Brasil, a produtividade tem aumentado, sobre-tudo pelo aumento do conhecimento e da utilização de tecnologia agronômica. A manutenção desta produtividade tem sido realizada com o tratamento fitos-sanitário, sendo mais utilizada ainda nos dias de hoje a estratégia de controle químico.

Como visto anteriormente 5,9% do faturamento líquido da indústria quími-ca brasileira em 2009 foi com produtos fitossanitários. Isto significou um valor de 7,1 bilhões de dólares naquele ano, transformando o país no maior consu-midor mundial destes produtos.

Devido às dimensões continentais do Brasil e à sua vocação agrícola, o país tornou-se o maior consumidor mundial de produtos fitossanitários, chegando a comercializar 8,5 bilhões de dólares em 2011 (Figura 1), com cerca de um milhão de toneladas comercializadas.

Embora sejam valores menores aos verificados para cosméticos, produtos de higiene e limpeza ou combustíveis, ainda assim o impacto econômico e ecológico da utilização de produtos fitossanitários é de extrema relevância, pois trata de uma classe de produtos químicos cuja finalidade é ser letal a determinados organismos considerados inaceitáveis nos cultivos agropecuários. Ocorre que parte destes produtos causa efeitos nocivos também a organismos não visados no tratamento fitossanitá-rio, incluindo o próprio homem.

PREOCUPAÇÕES COM A TECNOLOGIAAPLICAÇÃO DE PRODUTOS FITOSSANITÁRIOSDesde que o tratamento fitossanitário

surgiu, a forma de aplicação esteve envol-vida com os resultados de controle.

Entretanto, a preocupação em “ex-terminar as pragas” para salvar o ho-mem era reinante, o que significava a utilização de quantidades muitas vezes maiores de recursos naturais e humanos do que o efetivamente necessário para o controle.

Somente em momentos de crises é que a preocupação com a utilização de recursos se tornava importante, deman-dando soluções.

Na época das guerras, por exemplo, quando havia escassez até mesmo de mão de obra, mudanças na forma de aplicação aconteceram. Uma que se pode mencionar é a adoção da assistência de ar em pulverizadores utilizados para

Pulverização de frutíferas arbóreas com equipamentos sem e com a assistência de ar, de meados do século 20

Pulverização de frutíferas arbóreas com assistência de ar etecnologias que auxiliam no direcionamento dos produtos

Fotos Divulgação

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para a utilização de aplicações somente quando estas eram necessárias.

Após este período, no entanto, ve-rifica-se no Brasil uma pressão maior por parte dos usuários e do mercado do tratamento fitossanitário, para ganhos operacionais, resultando em mais hec-tares tratados em menos tempo, o que por vezes significou a necessidade de reaplicações ou aplicações em momentos menos adequados quanto à ocorrência dos organismos alvo e à eficiência de controle. Isto, embora motive mais desenvolvimentos em equipamentos capazes de distribuir a calda numa área dentro de limites internacionais de deriva e evaporação, muitas vezes não considera os aspectos mais básicos do conceito de tecnologia de aplicação, que é a correta colocação do produto no alvo e em quantidade necessária. Se não se assegura a presença do alvo (um inseto, por exemplo), a quantidade necessária é nula e a aplicação não se justifica.

Sendo assim, mesmo com os avanços

na pesquisa de novas técnicas e equipa-mentos, ainda há carência pelo desen-volvimento de práticas que dependem da consciência dos técnicos e empresários rurais para tornarem-se disponíveis e aplicáveis.

O alinhamento racional e integrado destes avanços aos objetivos econômi-cos, sociais e ambientais na aplicação de produtos fitossanitários reforçará a manutenção e o desenvolvimento sus-tentável do agronegócio. Entretanto, naturalmente isto deve ocorrer dentro de um contexto de desenvolvimento educacional e cultural generalizado não somente no âmbito agropecuário, mas em todos os campos de habitação e conheci-mento do homem brasileiro e de outras nacionalidades.

bastante ênfase ao DDT. Além de signi-ficar a proibição do produto uma década mais tarde, a preocupação com a proteção à saúde humana e dos recursos naturais tornou-se muito mais sistematizada, culminando em desenvolvimento de ci-ências novas com denominações próprias como a Ecotoxicologia e a Tecnologia de Aplicação.

Desdobramentos diversos são senti-dos até atualmente, mas mantém-se na mentalidade dos usuários a preocupação operacional quanto à utilização de volu-mes de calda reduzidos, sendo comuns no Brasil aplicações de taxas menores que 50 litros por hectare com pulverizadores terrestres, sendo que há cerca de duas décadas os valores superavam 500 litros por hectare, para diversas culturas.

Durante os anos que se seguiram após meados da década de 1970 e até meados da década de 1990 do século 20 verificou-se um grande avanço nos conhecimentos do monitoramento e do manejo de pro-blemas fitossanitários, o que colaborava

.M

Marcelo C. Ferreira,Olinto Lasmar,Sérgio T. Decaro Junior,Ricardo Ap. Calore eHenrique B. N. Campos,Unesp/Jaboticabal

Atualmente, o volume de calda aplicado é aproximadamente dez vezes menor do que a quantidade aplicada há duas décadas

Figura 1 - Valor total comercializado em produtos fitossanitários nos anos de 1990, 2000, 2010 e 2011, em bilhões de dólares. Fonte: Sindag (2012)

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Am

azon

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Defensor SP2500Lançado recentemente para atender a demanda de médias e grandes propriedades brasileiras, o pulverizador autopropelido da New Holland Defensor SP2500 tem

transmissão hidráulica e barras de 24 a 27 metroso mercado de produtores médios e grandes que demandam um equipamento desta classe. Produzido integralmente no Brasil, na planta CNH, em Piracicaba, o SP2500 chega ao mercado brasileiro para atender agricultores que solicitam uma máquina de qualidade, em um mercado bastante competitivo. A família Defensor fica então composta pelo SP3500 e pelo SP2500, que

Depois de alguns anos produzindo o pulverizador autopropeli-do Defensor SP3500, a New

Holland lançou recentemente o modelo me-nor, SP2500, e nos proporcionou a chance de testá-lo na cidade de Castro, no estado do Paraná, para esta edição da Cultivar Máquinas.

A partir de uma demanda direta dos produtores rurais, a empresa resolveu lançar este modelo de menor porte, destina-do à agricultura brasi-leira, principalmente

já está à disposição das concessionárias para a comercialização.

A princípio nos chamou a atenção o cuidado do fabricante em distribuir adequadamente o peso do equipamento nos dois eixos, evitando problemas de falta de estabilidade, equilíbrio da barra de aplicação e segurança operacional. A partir de um chassi tubular, formado por duas longarinas com secção retangular, foram montados os componentes, com o

cuidado para que dinamicamente o equipamento permaneça estável. O

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motor foi colocado em posição centrada sobre o eixo traseiro, o depósito de calda fi-cou posicionado entre eixos, mais próximo ao eixo dianteiro, e a cabine foi colocada um pouco à frente sobre o eixo dianteiro. Os que trabalham com este tipo de equi-pamento sabem que uma das qualidades imprescindíveis destes pulverizadores é a estabilidade, pois além das condições dinâmicas que encontram no campo, a alta velocidade para um veículo agrícola

e as manobras rápidas exigem esta boa distribuição de peso sobre os eixos.

O motor que equipa este modelo é ele-trônico, da marca FPT, de quatro cilindros, com 4,5 litros e turbocompressor, com potência máxima de 138cv a uma rotação

nominal de 2.200rpm. A transmissão é do tipo hidrostática, com três marchas e um variador acionado diretamente pelo

Fotos Charles Echer

O Defensor SP2500 tem barras de pulverização de 24 metros ou opcional de 27 metros

O motor é FPT, de quatro cilindros, com 4,5 litros e turbocompressor, com potência máxima de 138cv

A transmissão é hidrostática, com acionamento individual das rodas, para garantir estabilidade

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comando central, que proporciona veloci-dades de até 40km/h. O acionamento das rodas se dá de maneira cruzada, ou seja, na diagonal, um rodado dianteiro de um lado conectado hidraulicamente com o traseiro do outro lado. Este sistema, além de proteger o sistema hidráulico, evitando sobrecargas, proporciona um melhor acionamento da tração. Como auxiliar do sistema há uma opção de criar dois circuitos hidráulicos independentes, que poderão ser utilizados emergencialmente em condições extremas de terreno.

Os pneus que equipavam este modelo que testamos eram do tipo radial e da di-

mensão 320/90R42, mas também podem ser, dependendo da opção do comprador, da medida 13.6xR38, mais largos. As rodas são acionadas individualmente por motores hidráulicos e a suspensão é formada por molas helicoidais nas rodas e nos amortece-dores, na versão standard. Como opcional, o fabricante oferece a suspensão ativa, que tem atuação nas rodas dianteiras, formada por duplos cilindros hidráulicos e molas helicoidais, ao invés dos amortecedores da opção standard. Este dispositivo aumenta a capacidade de absorção das vibrações, evitando que as irregularidades do terreno se transfiram ao pulverizador, durante a opera-

ção. Além disto, o sistema de deslocamento pode contar com um auxílio a mais, que é a possibilidade de ajuste de bitola que pode ser feita sem necessidade de trabalho mecânico. O sistema ajusta-se automaticamente de dentro da própria cabina, variando a bitola entre 2,50 a 3,05 metros.

SISTEMA DE PULVERIZAÇÃOO sistema de aplicação do Defensor

SP2500 é constituído por um depósito principal, com capacidade de 2.500 litros de calda. Em seguida, acionado pela bomba centrífuga, o fluxo de calda passa por um filtro, posteriormente por um registro e um fluxômetro e, por fim, pela válvula regula-dora da vazão do tipo esférica, integrada com o monitor na cabine e daí à barra de

Detalhe do incorporador de produto, também utilizado para realizar a lavagem das embalagens de produtos

O SP2500 foi projetado para manter o equilíbrio de peso, em qualquer condição, com o motor em posição centrada sobre o eixo traseiro, o depósito de calda entre eixos, e a cabine sobre o eixo dianteiro

O tanque central tem capacidade para 2.500 litros de calda

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A escada de acesso à cabine e à plataforma de serviço está localizada na parte frontal do pulverizador, e sobe ou desce automaticamente quando o operador aciona a tecla parking

Fotos Charles Echer

pulverização. A bomba hidráulica centrífuga Hypro, em aço inox, é acionada por motor hidráulico, com uma vazão máxima de 360 litros por hectare. Na saída da bomba um filtro de linha protege o restante do circuito da entrada de impurezas.

A barra de pulverização está posicionada na parte traseira e pode ter largura de 24 metros na versão standard ou 27 metros, como opcional. A sua montagem ocorre sobre um quadro central e está dividida em cinco secções. No final há uma secção externa que se articula para cima e as demais quatro secções se fecham contra o quadro central, para o recolhimento. O quadro central pantográfico é uma estrutura posi-cionada na parte traseira do pulverizador, no qual são presas as secções laterais da barra e que tem a função de movimentar-se verticalmente, para regular a altura da barra. É sobre este quadro que a barra se

articula, para recolher-se e amparar-se aos dois apoios frontais.

Com um espaçamento de 50cm entre bicos, a barra de 27 metros forma um con-junto de 54 porta-bicos, cada um com três saídas, não necessitando substituí-los, para possibilitar a variação de vazão. De dentro da cabine, o operador pode controlar as secções, da ponta esquerda para a direita, utilizando a série de interruptores colocados no conso-le. Também da barra, notamos a presença de um sistema de proteção contra a inércia e o rebote, nas arrancadas e paradas bruscas.

Este sistema impede os danos à barra e auxi-lia no posicionamento correto dela, durante a aplicação, mantendo-a transversal à linha de deslocamento.

Finalmente é de salientar a presença do eductor, que realiza a mistura do produto com a água, proporcionando segurança para o operador e o meio ambiente. No-tamos também a presença de uma válvula de agitação, manual ou centrífuga, que desvia pressão da bomba e que é utilizada para misturar o produto à água, dentro do depósito.

Quanto ao abastecimento do tanque

Detalhe do reservatório auxiliar opcional que proporciona a utilização de mais de um produto na aplicação

O modelo testado estava com pneus tipo radial e dimensões 320/90R42

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Nonononononononoono

principal, de 2.500 litros, este pode ser feito por um bocal colocado na parte dianteira da máquina, através da inserção de água limpa, utilizando um tanque elevado (por gravidade) ou uma bomba auxiliar. O reser-vatório auxiliar de calda pode ser abastecido diretamente pelo bocal. O reservatório de água limpa colocado na lateral da cabine, tem capacidade de 250 litros e pode ser utilizado para várias funções como higiene e descontaminação.

CABINEDurante o teste, operando o pulveriza-

dor, notamos que o ambiente da cabine é bastante desenvolvido. Um ótimo assento, com as necessárias regulagens, completa-se com a facilidade de ajuste da posição do volante, através de um pequeno pedal.

No lado direito, ao alcance da mão, um apoio de braço e o console lateral, onde estão posicionados os principais comandos manuais. À frente, o comando único, tipo joystick, onde estão quatro interruptores bá-sicos de operação e onde se aplica o inversor e variador da velocidade de deslocamento. Nas laterais deste comando, acionados pelo dedo polegar, estão dois botões para o posicionamento individual das secções da

barra, permitindo-se ajustar e posicionar os segmentos de barras dos dois lados, em separado. No centro do joystick um inter-ruptor de movimentação do quadro central da barra, que permite o posicionamento vertical, para a regulagem da altura de apli-cação. Ainda próximo, ao alcance do mesmo dedo, o interruptor de liga/desliga do fluxo da calda pela barra, importante quando se está trabalhando no modo manual.

Diretamente no console, vários inter-ruptores como o que liga/desliga as secções em separado, a fixação de cada uma das três marchas, a abertura conjunta e automática das barras, a abertura e o fechamento em separado das ponteiras, a chave interruptora geral de corte e o interruptor da bomba. Na lateral-direita deste console está posiciona-do o acelerador manual que leva a rotação do motor de 900rpm, na marcha lenta, ao máximo de 2.200rpm, que é a velocidade do motor recomendada para a aplicação. No centro da coluna da direção está colocada uma chave de parking, que retira o equi-pamento da posição de estacionamento e automaticamente recolhe a escada, no início do trabalho.

A cabine é pressurizada, fazendo com que a pressão interna seja maior do que a

exterior, protegendo o interior deste com-partimento da entrada de produto, durante a aplicação. Na parte inferior do painel vertical, colocado na coluna direita, há um indicador desta pressurização mostrando, a partir do momento do fechamento adequa-do da porta, que a pressão é incrementada. Neste mesmo painel vertical, amplas infor-mações são fornecidas sobre o funciona-mento do motor, da transmissão e também dados operacionais, como velocidade, taxa de aplicação, área percorrida etc. No inte-rior da cabine, mesmo com o equipamento em operação, o ruído é bastante baixo, fato talvez devido à posição traseira do motor, que é a maior fonte de ruído em máquinas autopropelidas.

Contando com um motor de quatro cilindros com baixo consumo, a autonomia

A barra de pulverização está dividida em cinco seções, com espaçamento entre bicos de 50 centímetros, totalizando 54 porta-bicos

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Fotos Charles Echer

baseia-se em um depósito de combustível de 182 litros, o que deve ser suficiente para longas jornadas, sem abastecimento.

À frente do console e do joystick, na máquina de teste, tínhamos um monitor Intelliview IV New Holland, que controla toda a aplicação com informação precisa de todos os parâmetros e que se integra ao sistema PLM (Precision Land Management) de agricultura de precisão, como GPS, piloto automático e controle de altura da barra (intelliboom), dependendo da versão da máquina.

OPCIONAISOs opcionais disponíveis para este equi-

pamento são o kit de para-lamas, os prote-tores de cultura e as bandejas de proteção. No que se refere à aplicação são oferecidos

o agitador com controle eletrônico e o kit de injeção direta. Para o sistema de agricultura de precisão o fabricante oferece o piloto au-tomático, que pode ser hidráulico ou elétrico (EZ-Pilot), o conjunto FM750 que tem GPS e barra de luzes e o Intelliboom que é um dispositivo que faz o controle automático da altura da barra.

No nosso teste, que fizemos em uma área plana coberta com aveia-preta, simu-lando uma operação de aplicação, traba-lhamos com velocidade média em torno de 17km/h, realizando manobras de cabeceiras e longos trajetos.

Verificamos que a maior qualidade deste equipamento, além das citadas anteriormen-te, foi o pequeno raio de giro, resultando em manobras rápidas e em pequeno espaço. Também notamos uma grande facilidade do

Detalhes do guarda-corpo presente em toda a extensão da plataforma de acesso ao tanque e ao motor

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Visão geral da parte inferior do SP2500

Foto

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controle da pulverização, ou seja, o aciona-mento de todos os comandos, necessários para interromper e ligar o fluxo de produto, no início e no final de cada trajeto.

Também notamos um ótimo sistema

de check list de defeitos e problemas do equipamento, principalmente em um pro-blema que tivemos de contaminação do óleo diesel. Pela introdução de combustível de má qualidade tivemos uma sobrecarga do sistema de filtragem do combustível. O sistema imediatamente reconheceu o problema e emitiu uma mensagem no painel, o que permitiu o diagnóstico ime-diato do problema. Foi fácil detectar que o filtro estava sobrecarregado e substituí-lo, recolocando imediatamente a máquina ao trabalho.

Radar de velocidade instalado na parte inferior dianteira do pulverizador

O quadro central pantográfico é uma estrutura, posicionada na parte traseira do pulverizador

rEAlIzAção do TEST drIvE

A empresa concessionária autorizada da New Holland que nos auxiliou

neste teste foi a TratorNew S/A, que iniciou as suas atividades em julho de 1996 e tem matriz na cidade de Ponta Grossa, no Paraná. Além da loja principal, tem filiais em Castro, Irati, Arapoti, Cornélio Procópio e Prudentópolis, todas nas regiões dos Campos Gerais e Norte Pioneiro do Paraná, este importante estado produtor agrícola brasileiro.

Foi na filial de Castro, que fomos rece-bidos e buscamos suporte para este teste. Tivemos o apoio para o teste do técnico-mecânico e chefe de oficina da TratorNew, Fausto Henrique de Oliveira, e do técnico de protótipo e responsável pelos testes de campo, Jairo Batista Gomes. Também acompanhou a fase final de testes o en-genheiro de protótipos e testes da New Holland, Ibrahin De Ross.

Na cabine, à direita do operador está um apoio de braço e o console lateral com os principais comandos manuais e um comando único, tipo joystick, além de monitor Intelliview IV New Holland para controle de aplicação

A cabine conta com assento principal pneumático, além de assento auxiliar

Lançado na Agrishow 2013, o Defensor SP2500 já está disponível para comerciali-zação em todo o Brasil.

José Fernando SchlosserNema - UFSM

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ColhEdorAS

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Estudo avalia a influência dos equipamentos de limpeza no consumo de combustível de colhedoras de cana-de-açúcar

Nos últimos anos a colheita de cana-de-açúcar tem passado por uma fase importante de substituição

do corte manual pelo mecanizado devido aos fatores de escassez de mão de obra, para me-lhorar as condições de trabalho e para diminuir o impacto ambiental. O fator mão de obra se deve ao elevado custo de encargos trabalhistas no Brasil e a escassez de trabalhadores para atender a demanda da produção canavieira no País. Já o fator ambiental deve-se à legislação imposta para eliminação da queima da palha da cana-de-açúcar, diminuindo com isso os efeitos maléficos dessa prática, tanto para o solo como para o meio ambiente, deixando

o palhiço como cobertura vegetal, devendo, posteriormente, parte (normalmente 50%) ser retirada para produção de bioenergia.

Considerando-se todas as etapas do siste-ma produtivo canavieiro, a colheita, junto com o transporte da matéria-prima até a unidade industrial, representa cerca de 30% de todos os custos operacionais envolvidos ao longo da cultura. Estas são as principais razões moti-vadoras dos grandes avanços ocorridos nas últimas décadas nos sistemas mecanizados de colheita de cana-de-açúcar.

A mensuração da quantidade de combus-tível consumida é um dos mais importantes aspectos da avaliação do rendimento de uma

colhedora, que depende muito da forma como o operador realiza as operações. Neste traba-lho, foi avaliada a influência dos equipamentos de limpeza (cortadores de ponteiro, tradicional e com triturador e extrator secundário ligado e desligado) no consumo de combustível de co-lhedoras de cana-de-açúcar, visando orientar a forma de operação da máquina para aumentar o rendimento nas operações de colheita.

O experimento foi conduzido na Usina

Corte leve

Controlador lógico programável (CLP) permitiu a leitura e o armazenamento dos sinais enviados pelos sensores

Case IH

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Santa Cândida, do grupo Tonon Bioenergia, localizada no município de Bocaina, São Paulo. Foram utilizadas duas colhedoras de cana-de-açúcar: Case A7700 com cortador de pontas tipo triturador e Case A8800 com dispositivo cortador de pontas tradicional, em quatro condições:

Para a medição do consumo horário de combustível foram utilizados dois fluxômetros volumétricos, um instalado entre os filtros e a bomba injetora do motor da colhedora e o outro no retorno do combustível ao tanque. O consumo real foi calculado pela diferença entre os valores dos pulsos gerados pelos fluxômetros, os quais eram emitidos ao sistema de aquisição de dados, instalado na cabine da colhedora, com a frequência de um pulso a cada 10ml de combustível que passava pelo sensor.

Para aquisição e acompanhamento dos sinais obtidos pelos sensores instalados no sis-tema de alimentação de combustível utilizou-

se um controlador lógico programável (CLP), permitindo a leitura e o armazenamento dos sinais enviados pelos sensores. Os dados foram submetidos à análise de variância e ao teste de comparação de médias de Tukey a 5% de probabilidade de erro. O cálculo do consumo horário foi realizado utilizando a equação 1.

O uso do extrator secundário aumentou o consumo da colhedora equipada com dispositi-vo cortador de pontas tipo triturador em 3,7L/h, enquanto na colhedora com cortador de pontas tradicional houve um decréscimo de 0,6L/h; porém, estes valores não foram estatisticamente significativos para ambos os casos.

A utilização do cortador de pontas tipo triturador resultou no aumento de 14,6% no consumo horário de combustível da colhedora (6,1L/h); porém, quando ligados, simultanea-mente, o cortador de pontas com o triturador e o extrator secundário, o aumento no consumo foi de 29,7%.

Na colhedora A8800 o consumo de com-bustível aumentou 1,6% com o cortador de pontas tradicional acionado e aumentou 1,8%

quando este mesmo dispositivo foi utilizado ligado simultaneamente com o extrator se-cundário; porém, estes acréscimos não foram estatisticamente significativos.

CONDIÇÃO1234

DESCRIÇÃOCortador de pontas e extrator secundário ligados

Cortador de pontas desligado e extrator secundário ligadoCortador de pontas ligado e extrator secundário desligado

Cortador de pontas e extrator secundário desligados

SIGLACPL,ESLCPD,ESLCPL,ESDCPD,ESD

ColhedoraA7700

(Cortador de pontas

com triturador)A8800

(Cortador de pontas

tradicional)

Condição(CPL,ESL)(CPD,ESL)(CPL,ESD)(CPD,ESD)(CPL,ESL)(CPD,ESL)(CPL,ESD)(CPD,ESD)

Tabela 1 - Resultado do teste de Tukey a 5% para consumo horário

Consumo Horário (L/h)54,2 c

45,5 ab 47,9 b 41,8 a 57,5 a 55,9 a 57,4 a 56,5 a

Colhedoras Case IH A8800, com cortador de pontas tradicional, e Case IH A7700, com cortadorde pontas com triturador, foram utilizadas para avaliar o consumo com os dois mecanismos

Cortador de pontas com triturador (acima) e cortador de pontas tradicional (abaixo) avaliados no ensaio

Foram utilizados dois fluxômetros volumétricos para medição do consumo de combustível

EquAção 1

CCh = Σ (pe - ps) 3.6 ∆t (1)Em que:CCh = consumo horário de combus-

tível (L.h-1)∑(pe – ps)= diferença entre os soma-

tórios de pulsos dos fluxômetros, equiva-lente a volume de combustível gasto (ml), de entrada e de saída;

Δt = tempo gasto (s);3,6 = fator de conversão.

Gabriel Albuquerque Lyra,Kleber Pereira Lanças,Carlos Renato Guedes Ramos,Camillo Ferrarezi Giachini eFabrício Campos Masiero,Grupo Nempa

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Fotos Gabriel Lyra

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TrATorES

Potencial perdido

Com a constante busca por uma maior produtividade agrícola, a indústria de máquinas agrícolas trouxe, no

decorrer dos últimos anos, desenvolvimento de novos produtos que visam ligar melhores práticas com novas soluções. As indústrias buscam inovações e diferenciais de produto que possam aplicar nas demandas regionais assim como usufruir ao máximo dos recursos que hoje existem, como exemplo, o trator agrícola, provendo alternativas diferenciadas aos clientes e suas respectivas particularidades.

O mercado de máquinas agrícolas possui regionalmente suas particularidades e dife-renciais. Na América do Sul, especificamente o Brasil, existem demandas e características de máquinas que obtêm em suas práticas de mecanização similaridades com o que vem sendo feito desde anos atrás na Europa e nos Estados Unidos. Impulsionados pela inovação tecnológica, além da maximização das opera-ções, as especificações dos produtos passam por um momento atual de transição e melhorias significativas. Por outro lado, o produtor rural já possui uma troca de informações com qualquer agricultor em qualquer localidade fora do país, ou seja, troca de dados a respeito de determi-nadas tecnologias acontecem mais comumente e rapidamente, a nível global.

A facilidade na busca por informações faz com que agricultores viajem a feiras interna-cionais buscando alternativas para aumento de produtividade e lucratividade em suas lavouras, máxima utilização das máquinas assim como valor agregado. Outro fator vem de encontro à necessidade de diminuição de mão de obra no campo, impulsionada pela vinda de máquinas maiores que realizam operações antes atribuídas a um maior número de pessoas e máquinas. Tais necessidades são um reflexo do incômodo operacional que os agricultores vêm sofrendo em conseguir pessoas para trabalho no campo além de esforços adicionais na contenção de processos trabalhistas.

A globalização como vem se apresentando, traz esta proximidade entre os agricultores no mundo inteiro. A comunicação, que deixa de ser um empecilho, faz com que fabricantes possam trocar ideias e prover mercados hoje em ascen-

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De início, um novo produto ou conceito passa sempre por um tempo de validação e aceitação

Potencial perdido

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No Brasil, o uso de um engate de 3° ponto frontal não é comum, prática que poderia ajudar a

aproveitar melhor o potencial da máquina para realizar mais de uma operação ao mesmo tempo

No Brasil, o uso de um engate de 3° ponto frontal não é comum, prática que poderia ajudar a

aproveitar melhor o potencial da máquina para realizar mais de uma operação ao mesmo tempo

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plar facilmente aos diferentes tipos de chassi de tratores.

Para exemplificar este trabalho analisa-remos duas linhas de implementos que hoje são os mais utilizados em engates frontais, mundialmente.

PREPARO DE SOLODentre as aplicações hoje utilizadas, o

dência ou ainda não explorados, com soluções diferentes para suas realidades. De início, um novo produto ou conceito passa sempre por um tempo de validação e aceitação, mas, com tempo e maturação, traz resultados positivos.

Este artigo em questão visa à análise e por consequência o desenvolvimento de um siste-ma de engate de 3° ponto frontal para tratores agrícolas. É um trabalho importante em virtude de não haver material técnico disponível no Brasil.

Um dos principais fabricantes de engates de terceiro ponto frontal é a europeia Laforge, que se caracteriza no engate frontal como uma das principais ferramentas para uma máxima utilização do conjunto agrícola.

Alguns pontos devem ser destacados sobre a importância da utilização do recurso frontal, além de benefícios diretos, como a combinação do equipamento frontal em conjunto com o traseiro usufruindo da parte ociosa frontal do trator.

Uso de um modelo de equipamento frontal diferente do traseiro oferece soluções diferentes, como o preparo de solo na parte frontal e o plantio de precisão com uma semeadora atrás. Isso garante a máxima utilização do trator agrí-cola reduzindo seu tempo ocioso, além de um melhor aproveitamento de toda sua estrutura,

melhorando também a distribuição de peso ao trator agrícola. Com este aproveitamento, haverá também a redução do nível de com-pactação através de um passe somente ao invés de dois passes de tratores ou mais realizados atualmente.

Existem hoje no mercado europeu os mais variados tipos de sistema de engate frontal. Estes modelos se diferenciam de modo a aco-

Na América do Norte e na Europa é comum ver tratores em operações de fenação e corte de pastagens utilizando implementos nos pontos dianteiro e traseiro

Massey Ferguson

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como também evidenciou a escassa literatura técnica e material para consultas, visto que esta aplicação está muito restrita ao mercado europeu.

A diversidade de equipamentos existentes no complexo agrícola brasileiro fomenta possi-bilidades maiores para o emprego de engates frontais. O simples foco de exploração de uma linha de trabalho: preparo do solo, fenação ou distribuição de fertilizantes, trará grandes resultados no que tange à otimização de uso do trator agrícola.

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preparo de solo é uma das principais funções impostas na parte frontal do trator. São opera-ções realizadas após o preparo inicial do solo, em que a mobilização da camada superficial é feita com implementos: discos (lisos ou recor-tados), hastes, lâminas ou enxadas rotativas e ferramentas cuja conformação se destina à erradicação de plantas daninhas.

Por sua vez, o preparo de solo caracteriza-se pela utilização de grades que variam desde a pesada até as de nivelamento. As diferenciações estão principalmente no que cabe à resistência da estrutura do equipamento, ligada à operação de solo, ao número de discos e diâmetros. As aplicações frontais em sua maioria estão asso-ciadas a conjuntos de subsolagem dispostos de hastes sulcadoras que rompem o solo ou arados de aivecas e, na parte traseira, vem o processo de nivelamento ou pós-operação e, muitas vezes, o plantio.

FENAÇÃO OU CORTE DE PASTAGENSAs práticas locais de fenação ou corte de

pastagem utilizam equipamentos 100% puxa-dos na barra de tração traseira ou de alguma forma engatados ao terceiro ponto do trator.

O mercado da América do Sul não dispõe das mesmas práticas presentes no mercado europeu e norte-americano.

Os equipamentos aqui mostrados fazem o processo de corte e/ou a formação das leiras. Na parte traseira, os ancinhos vêm juntando o ma-terial cortado, alocando-os em linhas para que o equipamento de fenação possa processá-lo.

CONCLUSÕESA utilização de engate frontal, para a

América do Sul, poderá ter algumas oportuni-dades ainda por serem identificadas. O simples levantamento bibliográfico deste trabalho em questão deu um norte bem claro das potencia-lidades que se apresentam nas condições locais,

Diego Funghetti Pezzini,AGCOJosé Antonio Portella,UPF

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Para grande parte dos casos, o ponto dianteiro pode ser usado para operar com equipamentos similares aos que são utilizados na parte traseira do trator, possibilitando que uma só máquina realize pelo menos duas diferentes operações

Detalhe da instalação de engate de3º ponto frontal em tratores agrícolas

Case IH Valtra

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FIChA TéCNICA

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Santal PDM2Plantadora da Santal PDM2, lançada na Agrishow 2013, realiza todas as operações do plantio de cana-de-açúcar em duas linhas simultaneamente e atende às necessidades de produtores com diferentes espaçamentos de plantio

A Plantadora Santal PDM2, lançada durante a Agrishow 2013 em Ribeirão Preto (SP),

é fruto de um trabalho em conjunto entre Santal e AGCO e traz diversas inovações tecnológicas em relação aos modelos anteriores. O lançamento apresenta so-luções que prometem contribuir para o aumento da produtividade e consequente diminuição dos custos de operação e manutenção.

A PDM2 realiza todas as operações ne-cessárias para o plantio da cana-de-açúcar em uma única operação (abertura do sulco, aplicação de fertilizantes, distribuição de mudas, aplicação de inseticida e fechamento

do sulco) em duas linhas simultaneamente. O projeto desta máquina foi feito para aten-der ainda às necessidades das empresas do setor, que buscam novos espaçamentos de plantio, uma vez que possui distância entre sulcos e bitola variáveis.

Este modelo conta com diferenciais exclusivos como novo sistema dosador de mudas, sistema de desarme do sulcador com dois estágios, além de sistema de engate ao trator com regulagem de transferência de peso. Os testes de validação da plantadora para o seu lançamento foram realizados pelo Laboratório de Mecanização e Máquinas Agrícolas (Lamma) da Unesp - Campus Jaboticabal.

SISTEMA DOSADORDas funções básicas de uma máquina

que se propõe ao plantio de cana-de-açúcar, o sistema de distribuição de mudas é o principal responsável pelo sucesso da operação. A plantadora PDM2 propõe um novo sistema dosador, composto por um fundo móvel, caçamba dosadora rotativa e esteira única de alimentação da bica: uma grande contribuição para facilitar a operação e diminuir o consumo de mudas com a real e correta dosagem da distribuição e conse-quente eliminação dos constantes repasses nas áreas já plantadas.

Os testes realizados pelo Lamma mostra-ram que o sistema de distribuição de mudas

Santal PDM2Plantadora da Santal PDM2, lançada na Agrishow 2013, realiza todas as operações do plantio de cana-de-açúcar em duas linhas simultaneamente e atende às necessidades de produtores com diferentes espaçamentos de plantio

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apresentou qualidade e uniformidade na distribuição tanto de rebolos quanto de gemas, trabalhando a velocidades adequadas

na esteira dosadora. Observou-se ainda uma baixa danificação das mudas, bem como a possibilidade de se atender os padrões de qualidade de distribuição empregados pelas empresas, apenas adequando-se as regula-gens desejadas.

SULCADORESA PDM2 possui um sistema de desarme

do sulcador com dois estágios: desarme hidráulico e mecânico, que preserva os componentes estruturais da plantadora em caso de sobrecargas, possibilitando ganho significativo no desempenho operacional. O sistema permite que a máquina volte a ope-rar em perfeitas condições sem intervenção mecânica, uma vez que o operador do trator reposiciona os sulcadores de dentro da cabi-ne, nos casos de choque com obstáculos.

Ao ser testado em diferentes qualidades de preparo do solo, o mecanismo sulcador se mostrou adequado à operação em con-dições adversas, atendendo às dimensões e ao formato de sulcos desejáveis, bem como proporcionando um bom controle de pro-fundidade e acompanhamento do perfil do solo. Os dispositivos de segurança do siste-ma propiciaram o desarme automático em caso de impactos, bem como o deslocamento parcial do sulcador (efeito mola), evitando danos estruturais à plantadora.

SISTEMA DE ENGATEO engate ao trator da PDM2 possui

regulagem de transferência de peso, que visa melhorar a capacidade de tração. O sincronismo entre cargas transferidas para estrutura de cada modelo de trator, em função da sua capacidade, não prejudica a uniformidade dos sulcos e otimiza o desem-penho do conjunto.

Este modelo possui ainda roda copia-dora do solo, com regulagem mecânica da profundidade, que mantém uniformidade nos sulcos conforme a variação do relevo, mantendo também a plantadora nivelada.

Capacidade de carga para plantioDistribuição (por metro – toletes de 45cm)

Espaçamento do sulcador (distribui, aduba e cobre muda)Velocidade de trabalho

Caixa adubadora (em polietileno)Altura

LarguraComprimento

PesoPotência mínima para tração

PneuTanque (com aplicação de fungicida)

ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS SANTAL PDM2

6 toneladas12 a 22 gemas

0,9 e 1,4 ou 1,5 metro4 a 6km/h1.200kg4.527mm3.250mm8.523mm8.500kg180HP

500/45 - 22,5600 litros

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Dimensões da plantadora permitem o abastecimento de mudas lateral ou traseiro sem perdas

A PDM2 tem capacidade de carregar até seis toneladas de mudas de cana

Detalhe do desarme automático do sulcadorcom dois estágios: hidráulico e mecânico

Fotos Santal

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A PDM2 é certeza de uniformidade na profundidade de plantio.

BENEFÍCIOS E DIFERENCIAISA Santal PDM2 possui adubadora com

caixa de polietileno com capacidade de 1.200kg e distribuição por rosca sem-fim de aço inoxidável. Acionamento da Aduba-dora por motor hidráulico e calibragem da quantidade do adubo a ser aplicada através de válvula reguladora de fluxo de óleo.

A bitola é regulável e proporciona correto posicionamento em diferentes espaçamen-tos de plantio: de 3m para espaçamento de 1,50m; de 2,80m para espaçamento de 1,40m; e de 2,50m para espaçamento de 0,90 x 1,40/1,50/1,60m.

A caçamba da plantadora tem volume total de 30m³ e capacidade para seis a dez toneladas de mudas com complementos articulados e dimensões que permitem o abastecimento lateral ou traseiro com faci-lidade e sem perdas.

A Esteira Transportadora Única tem divisor de mudas e rebolos após a esteira, com 16 taliscas intercaladas, acionadas por motor hidráulico com controle de veloci-dade para regulagem do número de gemas por metro de sulco. O sistema hidráulico para basculamento do fundo da caçamba é dotado de dosador que mantém constante o fluxo de mudas na esteira transportadora até o término dos rebolos armazenados no cesto.

O conjunto para aplicação de inseticida é composto por tanque de pulverização com capacidade para 600 litros de calda e engate rápido para abastecimento que evita des-perdício e contaminação ambiental. Bomba de pistão acionada por motor hidráulico com fluxo agitador de tanque e dois bicos antigotejantes para pulverização da calda inseticida sobre os rebolos.

Possui caixa para alinhamento na distri-buição dos rebolos, braços oscilantes indivi-duais compostos por discos côncavos fixados

Uma roda copiadora do solo, com regulagem mecânica da profundidade, mantém a uniformidade nos sulcos conforme a variação do relevo, além de garantir que a plantadora fique sempre nivelada

nos braços e com regulagem de ângulo de trabalho. Pneu acamador dos rebolos e rolo compactador de cantoneiras servem para eliminar bolsas de ar formadas na cobrição dos rebolos.

A cabine desta plantadora tem ar condi-cionado, banco regulável, alavancas e painel de controle para comandos do operador. A facilidade de operação do novo sistema é um dos pontos fortes. Ela possui sistema elétri-co independente do trator. Evita que após algum tempo de uso o consumo de energia excessivo no sistema descarregue a bateria do trator e prejudique a operação.

Apesar do seu tamanho, a PDM2 é transportável em caminhão comum com fechamento das abas laterais, retirada da cabine e do conjunto “roda, cubo e eixo”, a máquina atende dimensões para trans-porte sem uso de pranchas especiais (2,60 x 8m).

Sistema de engate ao trator com regulagem de transferência de peso, que visa melhorar a capacidade de tração

Os sulcadores da linha de plantio possuem deslocamento parcial, para evitar danos estruturais à máquina

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EMprESAS

Tecnologia que se pagaA cada safra, mais produtores estão adotando a Agricultura

de Precisão, que está mais simples, precisa e acessível

Quem acompanhou os primeiros passos da Agricultura de Precisão sabe quanta paciência era neces-

sária para conseguir manusear os diferentes terminais e cabos, além do conhecimento específico para saber como obter e o que fazer com os dados gerados. Mas a técnica evoluiu e atualmente aquela tecnologia um tanto abstrata e complicada está infinitamente mais simples de operar e também mais precisa do que nunca. Por menor que seja o pacote adotado, o produtor já sente na primeira safra a diferença de produtividade entre a técnica convencional e a Agricultura de Precisão.

A entrada para a AP geralmente segue o mesmo caminho, começando com a aquisição de um simples piloto automático para auxiliar no direcionamento das máquinas, a fim de minimizar as falhas e sobreposições no plantio e na pulverização, explica Dino Maggioni, presidente de Peças e chefe de Serviço de Soluções de Precisão e Telemática. Posterior-mente, incrementa-se com equipamentos que auxiliam no controle de deposição de sementes nas plantadoras ou na aplicação de defensivos nos pulverizadores. Nas colheitadeiras, sensores mapeiam a produtividade em cada pequeno es-paço da lavoura, gerando mapas que depois são utilizados para corrigir o solo. Ou até mesmo, com base na produtividade parcial da colheita, o equipamento consegue estimar o volume restante da cultura não colhida a campo, pos-sibilitando ao produtor programar a logística do resto da lavoura.

O que torna a tecnologia ainda mais

atraente é o fato de que os equipamentos complementam-se e são completamente com-patíveis entre si, possibilitando a comunicação das informações entre as diferentes máquinas. Através de softwares específicos, o produtor pode acessar dados da máquina em tempo real desde o seu computador no escritório ou até mesmo em tablets ou smartphones em qualquer lugar do mundo.

Mas o que impressiona o produtor, segundo Antonio Marzia, vice-presidente de Soluções de Precisão e Telemática, não é só a simpli-cidade dos equipamentos, mas os resultados obtidos na lavoura. “A tecnologia se vende por si só”, enfatiza. Ele garante que ao comparar o investimento com os resultados obtidos com

os equipamentos na primeira safra, o produtor acaba incrementando os pacotes e passa a ado-tar de vez a tecnologia, não conseguindo mais imaginar sua atividade sem estas ferramentas. “É como comprar um carro. Você pode optar por comprar um modelo completo com direção hidráulica, ar condicionado, vidros elétricos ou pode comprar um básico e ir incrementando aos poucos, comprando um item de cada vez”, explica Marzia.

Para mostrar os benefícios da Agricultura de Precisão, a New Holland possui um simulador instalado no Centro de Logística e Distribuição de Peças em Sorocaba, que também é levado para os eventos em que a empresa participa. Nele é possível comparar, por exemplo, a ope-ração de plantio com um conjunto de trator e plantadeira convencional e outro conjunto com trator dotado de piloto automático PLM IntelliSteer e plantadeira com o sistema de controle e corte de seção Field IQ. O simulador, além possibilitar a visualização das sobreposi-ções e falhas no plantio, é capaz de calcular o custo com combustível, tempo e eficiência da operação. Numa das simulações apresentou uma economia R$ 408,00 por hectare, quan-do comparados o conjunto convencional e o conjunto equipado com piloto automático e monitor de plantio.

Para Maggioni, os avanços continuarão, mas os próximos anos serão de consolidação das tecnologias já existentes no mercado, com a adoção cada vez maior em todos os níveis de aplicação. “Atualmente, algumas máquinas já vêm com algum equipamento de AP instalado, mas a tendência é que num futuro bem próximo, todas saiam de fábrica com alguma aplicação de AP já instalada”, garante.

Para Dino Maggioni, num futuro próximo todas as má-quinas sairão de fábrica com algum equipamento de AP

Antonio Marzia garante que o produtor que experimenta os benefícios da AP não abandona mais a tecnologia

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Precisão do futuroOs avanços da Agricultura de Precisão trouxeram para os produtores a possibilidade de controlar inúmeras variáveis que interferem na produtividade da lavoura e aprimorar

cada vez mais a atividade

AgrICulTurA dE prECISão

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A Agricultura de Precisão deixou de ser uma ferramenta do futuro para ser uma tecnologia muito utilizada nos

vários níveis e em grande parte dos empreendi-mentos agrícolas do Brasil e América Latina. As tecnologias empregadas não se limitam apenas ao cultivo de grãos, estas já estão presentes em praticamente todos os setores, incluindo arroz irrigado, cana, florestal e hortifruti. A situação atual esclarece uma dúvida comum no início do seu uso: a Agricultura de Precisão não é um modismo e sim uma tendência que veio para ficar.

O crescimento do seu uso é consequência

de uma série de fatores, como melhor conhe-cimento dos produtos tanto por parte dos usuários quanto dos revendedores, resultados e retorno sobre investimentos confirmados por vários anos de experiência, crescimento da rede de suporte técnico e agronômico para as ferramentas de Agricultura de Precisão, gerando maior acessibilidade e oferta de produtos, além também dos preços cada vez mais acessíveis, permitindo que o investimento seja considerado por um número muito maior de produtores.

A Agricultura de Precisão apareceu de uma forma prática no Brasil no final dos anos 1990. Na época, a tecnologia focava em mapeamentos

de rendimento das culturas, realizado durante a colheita. Já nessa fase de introdução, o tema ganhou muita força e começou a ser bastante discutido em fóruns que agrupavam produ-tores, fabricantes e academia, para melhor entender os ganhos e possibilidades com essa tecnologia.

Pela necessidade de delimitar o tema e por ser um conceito bastante amplo, se conven-cionou que o termo “Agricultura de Precisão” se referia a todas as tecnologias que aplicam o uso do GPS para agricultura, na busca de uma otimização da eficiência da operação ou do as-pecto agronômico da produção. Alguns termos mudaram de lá pra cá, como o GPS (Global Positioning System) que passou a ser GNSS (Global Navigation Satelite Systems), apesar de o conceito básico ser bastante similar.

Hoje, porém, uma oferta muito maior de produtos está disponível para o uso do produtor brasileiro. Entre as principais tecnologias estão barras de luzes, pilotos automáticos, sistemas de monitoramento de colheita, equipamentos de aplicação em taxa variável, controle auto-mático de seções para plantio e pulverização, sensoriamento remoto, computadores de bordo com telemetria e softwares (SIG – Sistemas de Informação Geográfica). Os investimentos variam em tamanho, mas pode se afirmar que existem tecnologias adequadas a praticamente todos os tamanhos de operações onde é usada mecanização do plantio à colheita.

As marcas da CNH contam com uma ampla oferta de produtos disponíveis de fábrica para praticamente todas as linhas de produto. Atualmente, a que mais se destaca em termos de crescimento da adoção é o piloto automá-tico, que já é um item de série em diversos modelos de trator e pulverizadores. Onde os equipamentos são itens opcionais, as vendas crescem de uma forma bastante acelerada, inclusive para colheitadeiras. Um dos motivos para isso são que as tecnologias de Agricultura de Precisão oferecem um retorno imediato ao produtor, com os mais diversos ganhos como linhas plantadas por hectare, eliminação de falhas e sobreposição, diminuição de consumo de combustível por hectare e aumento da efi-ciência operacional.

Um bom exemplo do tipo de ganho visto com o uso do piloto automático se vê em cana. Um de nossos clientes relata que consegue otimizar o plantio de forma a ter um apro-

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No quesito de níveis de precisão, a empresa oferece quantidade de opções, como a tecnolo-gia inovadora do novo sistema RTX, que traz características exclusivas, antes possíveis apenas com a utilização de RTK, que exige a instalação de uma base fixa com a infraestrutura adequa-da. Com o Centerpoint RTX, é possível obter uma precisão de 3,8cm com repetibilidade, ano após ano, através de um sinal de satélite e, portanto, disponível em qualquer região na América Latina.

Mesmo com todos esses avanços, novos produtos e muitas tecnologias em estágios diferentes de utilização, ainda estão por vir e a expectativa é de uma grande evolução para os próximos anos. O futuro trará um maior nível de automação das máquinas e operações integradas, onde conjuntos de equipamentos trabalharão em sincronia para realizar as tarefas da forma organizada e considerando a eficiên-cia logística. Outra evolução prevista serão os sistemas inteligentes de tomada de decisão, que utilizam as informações provenientes da telemetria para otimizar todas as operações e também para se integrar com os sistemas de gestão de negócios da propriedade. As questões ambiental e de segurança alimentar também serão grandes responsáveis por impulsionar desenvolvimentos que utilizam sensores e sis-temas de posicionamento para conhecer todos os detalhes de procedência e práticas agrícolas utilizadas na produção dos alimentos.

veitamento melhorando em mais de 5% o número total de linhas, com o uso do piloto no plantio. Ainda está prevendo um ganho com o aumento da produtividade por evitar o pisoteio da soqueira ao longo da vida útil do canavial e já conta com uma redução significativa nas perdas de colheita.

Outra ferramenta que já é bastante utiliza-da por ser um item de série em vários modelos de colheitadeira é o sistema de mapeamento de produtividade. O surgimento de prestadores de serviços agronômicos que utilizam o mapa de produtividade como ferramenta para diag-nosticar problemas e recomendar correções da lavoura tem impulsionado essa tecnologia a voltar a crescer.

Outro diferencial das marcas CNH é que, além da oferta de tecnologias embarcadas em máquinas de fábrica, a empresa oferece uma linha completa de soluções para instalar em máquinas que já estão no campo. E o mais importante, que essas tecnologias After Market podem ser instaladas em um grande número de modelos que existem no mercado e com uma tecnologia totalmente compatível em sinais de correção e gestão de informações com a oferta de fábrica. A grande vantagem para o produtor é que ele consegue melhorar o desempenho do parque existente, mantendo compatibilidade com as máquinas novas que está comprando. A nossa parceria estratégica com a Trimble, marca conceituada nesse mercado, nos oferece a versatilidade de atender todas as situações e ser a melhor opção em produto, presença e suporte.

O sistema de controle de seção de plantio e pulverização também é tecnologia mais recente, mas que começa a ter um destaque no cenário agrícola. A ideia é maximizar as aplicações de forma a desligar e ligar automaticamente as seções para evitar as falhas e sobreposições principalmente em áreas dobradas e irregula-

res. Estudos com esta tecnologia mostram que a economia de produto pode chegar a 17% considerando uma barra de 30 metros e uma lavoura com formato irregular

A precisão do sistema de posicionamento em conjunto com o bom funciomento do equipamento de precisão que ele controla são os principais fatores que determinam a performance do mesmo. Quanto mais preciso, melhor será seu resultado comparado com os meios convencionias de realizar a prática. Por outro lado, a precisão é completamente propor-cional ao seu custo. Quanto mais preciso, mais caro será o investimento inicial ou no custo da correção do sinal. Encontrar um ponto ótimo entre precisão e custo dentro dos limites para a aplicação em questão é um fator-chave para aumentar o retorno.

Fotos Charles Echer

A maioria das tecnologias existentes pode ser instalada em diferentes modelos de máquinas, inclusive as que já estão no campo

Gregory Riordan,CNH

Sobreposições ou falhas com plantio são evitadas quando o conjunto está equipado piloto e controladores de seção

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Gregory Riordan fala sobre os avanços da Agricultura de Precisão no Brasil

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A interminável novela do emplacamento de máquinasCom todo respeito a diversos setores da

sociedade, alguns fatos recentes pare-cem ter saído de uma novela. O caso do

emplacamento de máquinas agrícolas e rodoviárias é um deles. De dois anos para cá, conversei com várias pessoas, dei inúmeras entrevistas e escrevi muito sobre isso no meu blog, mas já estamos em julho de 2013 e essa questão parece não ter fim.

Voltemos para o início dos anos 2000. Como não havia resolução para registro de máquinas e muitas pre-feituras e governos estaduais exigiam que as máquinas que trafegam em vias públicas fossem emplacadas, em setembro de 2001 o Renavam criou a transação 207, que possibilitava o emplacamento desses veículos até que houvesse uma regulamentação.

O tempo passou e em junho 2008, a Abimaq e a Anfavea, em conjunto com o Contran, estabeleceram critérios para o registro de veículos destinados a exe-cutar trabalhos agrícolas e de construção – Resolução Contran nº 281/2008, que dispõe sobre o registro destas máquinas no Renavam. Ressalto que esse re-gistro é positivo, pois contribuiria de diversas formas para o mercado: garantiria que máquinas importadas estivessem de acordo com a legislação, melhoraria os processos de seguro e financiamento e traria transpa-rência para todo o segmento.

Acontece que a resolução teve sua vigência sus-pensa pela Deliberação Denatran nº 93, em março de 2010, a partir de uma audiência pública da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvol-vimento Rural. A preocupação era de que o licencia-mento passasse a taxar os equipamentos com IPVA. Depois, em junho de 2011, o Denatran propôs retornar ao tema para estudar algum ajuste nos procedimentos. E a novela continuava...

De lá para cá tivemos, como Anfavea e Abimaq, uma série de reuniões técnicas para pequenos ajustes na implementação da resolução. Achávamos que estava tudo certo para a Resolução entrar em vigor. Doce ilusão.

Em julho de 2012, a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 3312/12, do deputado Alceu Moreira (PMDB-RS), para cancelar a Resolução Con-tran e o Detran editou o Ofício Circular nº 44/2012 da Cgit/Denatran suspendendo o registro de máquinas

pela transação 207, por entender que, enquanto não se resolver a Resolução 281/2008, não deve haver registro de máquinas. O problema é que nada se resolveu.

Quase um ano depois, em junho deste ano, ocor-reu em Brasília uma audiência pública convocada por deputados da Frente Parlamentar da Agropecuáriapara discutir o tema. Vale a pena colocarmos em perspectiva: todos os veículos que trafegam em via pública devem ter placa; isso não mudou nem parece que vai mudar. Se uma máquina agrícola trafegar em via pública, terá que ter placa. Falo no condicional porque, para trafegar em via pública, um veículo precisa atender a uma série de requisitos referentes à sua capacidade de locomoção, sinalização, dimensões etc. Uma colheitadeira, por exemplo, nunca vai poder trafegar em uma via pública, pois suas dimensões excedem os valores permitidos.

A alternativa que existia para o emplacamento desse tipo de máquina foi cancelada em abril de 2012, refeita em janeiro de 2013 e terminou em 31 de maio. Os novos procedimentos entraram em vigor a partir do dia 1° de junho (Resoluções do Contran 429 de dezembro de 2012 e 434 de janeiro de 2013). No entanto, isso tudo foi feito sem que o Denatran estabelecesse procedimentos para o pré-cadastro, o que significa que as máquinas não puderam ser emplacadas a partir de 1º de junho.

Pois bem, dia 11 de junho foi publicada no Diá-rio Oficial da União a Portaria 130, que finalmente regulamentaria a concessão do registro, ou seja, a possibilidade de emplacamento para máquinas. Isso é um passo importante para o setor, pois diminui o custo de financiamento e dá a garantia da adequação das máquinas às normas vigentes.

Mas este não é o capítulo final. Junto com a porta-ria é publicada também a Deliberação 137, que revoga a 14/98, que estava em vigor e altera os requisitos mí-nimos para uma máquina dessa natureza trafegar em via pública. A Deliberação 137 coloca como obrigatório características que não são encontradas em tratores e colheitadeiras em outras partes do mundo, como na Europa e nos Estados Unidos.

Uma vez que a resolução que previa o emplaca-mento provisório terminou em 1° de junho, aqueles proprietários de máquinas que precisam trafegar em área urbana já voltaram a ter problemas.

Agricultores de alguns estados come-çam a se unir contra as exigências legais impostas a máquinas agrícolas pelo Código de Trânsito e pelas resoluções do Contran. É o caso do Rio Grande do Sul. Na última semana de junho, mais de 200 agricultores ligados à Fetag se uniram para discutir as exigências legais impostas a máquinas agrícolas. A entidade deseja a alteração imediata do CTB, para que as máquinas agrícolas recebam um tratamento específi-co e diferenciado em um artigo próprio.

É importante deixar claro que o regis-tro de máquinas também traz vantagens para o agricultor: diminui os custos de financiamento e seguro e é a única forma de garantir que equipamentos importa-dos estejam de acordo com a legislação brasileira.

Enfim, para aqueles que gostam de novelas com muita história de suspense e tensão, isso tudo é mais que um prato cheio. Mas eu sou otimista, acho que os próximos capítulos trarão um final feliz...

Milton Rego é engenheiro mecânico e

economista, especialista em gestão. Atua na área de máquinas agrícolas e

de construção desde 1988. Atualmente, é diretor de

Comunicações e Relações Ex-ternas da Case New Holland;

vice-presidente da Câmara Setorial de Máquinas Rodovi-

árias da Abimaq e diretor da Anfavea e Sinfavea. Milton

é responsável pelo blog do Milton Rego, que aborda os mercados de máquinas agrícolas e de construção:www.blogdomiltonrego.com.br

Agricultores de alguns estados começam a se unir contra as exigências legais impostas a máquinas agrícolas

MuNdo MáquINAS

dezembro 2011 / Janeiro 2012 • www.revistacultivar.com.br14 Julho 2013 • www.revistacultivar.com.br38

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