Maquinas 122

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Setembro de 2012

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Rodando por aí

Colhedoras de cana

Controladores de taxa variável

Plantio de mandioca

História do Plantio Direto

Isobus

Ficha Técnica - Semeadora Sol TT

Filtros para irrigação

Farm Progress Show 2012

Momento certo para pulverizar

História de orgulho 18Conheça a história do Plantio Direto no Brasil e como esta tecnologia se consolidou, alterando completamente a forma de produzir grãos no país

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Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados po-dem solicitá-las à redação pelo e-mail: [email protected]

Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.

NOSSOS TELEFONES: (53)

• EditorGilvan Quevedo

• RedaçãoCharles EcherCarolina Simões Silveira

• RevisãoAline Partzsch de Almeida

• Design Gráfico e DiagramaçãoCristiano Ceia

• ComercialPedro BatistinSedeli FeijóJosé Luis Alves

Grupo Cultivar de Publicações Ltda.www.revistacultivar.com.br

DireçãoNewton Peter

[email protected]

CNPJ : 02783227/0001-86Insc. Est. 093/0309480

ColhedorasEstudo avalia a diferença de consumo

em turnos distintos na colheita de cana-de-açúcar

Agricultura de PrecisãoSaiba como funciona o padrão Isobus

e quais as vantagens para a Agricultura de Precisão

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• REDAÇÃO3028.2060

Assinatura anual (11 edições*): R$ 173,90(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Números atrasados: R$ 17,00Assinatura Internacional:

US$ 130,00€ 110,00

Cultivar Máquinas • Edição Nº 122 • Ano XI - Setembro 2012 • ISSN - 1676-0158

• Coordenação CirculaçãoSimone Lopes

• AssinaturasNatália RodriguesFrancine MartinsClarissa Cardoso

• ExpediçãoEdson Krause

• Impressão: Kunde Indústrias Gráficas Ltda.

Destaques

Nossa capa

Índice

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Matéria de capa

Cap

a: M

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Cri

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no C

eia

CCCultivar

• GERAL3028.2000

• ASSINATURAS3028.2070

• MARKETING3028.2065

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MF 2625No segmento de tratores, a Massey Ferguson apresentou durante a Ex-pointer 2012 as séries MF 8600 com tecnologia de ponta e MF4200 com os novos motores AGCO Sisu Power de quatro cilindros. Outro destaque foi o trator MF 2625, de 62cv de po-tência, que já é referência na Europa, Estados Unidos e alguns países da América do Sul, explica Eder Pinhei-ro, Marketing do Produto Tratores da Massey Ferguson.

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roDANDo por AÍ

MetalforA Metalfor apresentou durante a Expointer 2012 a sua linha de pulverizadores autopropelidos com o novo corte de secção por bico e seletor de ponta de bico automático duplo. A empresa apresentou ainda as novas opções de financiamento para seus produtos por meio do Consórcio Nacional Metal-for. Para o gerente geral, Guilhermo Zegna, “esta linha de crédito é um novo e exclusivo convênio com o BRDE para financiamento nas linhas do BNDES com a única garantia do equipamento comprado, a linha de pulverizadores financiada pelo programa Mais Alimentos e as opções de financiamento direto de fabrica” destacou.

MariniA Marini apresentou na Expointer 2012 os Aros Altos para Pulverização e os Kits Rodados Duplos com Sistema de Engate Rápido com pneus 13.6x38 (duplados). Esses kits apresentam um sistema especial destinado a tratores de até 120cv, pois utilizam pneus estreitos duplados que possibilitam com que o trator simples seja equipado com Rodados Duplos de Engate Rápido e assim acompanhe o agricultor durante todo o seu trabalho no campo.

Agritech A Agritech participou da 35ª edição da Expointer tendo como destaque o lançamento do trator de 50cv, modelo 1250-Super, com vários itens de série. A Agritech recebeu durante a feira o prêmio Gerdau Melhores da Terra, categoria Destaque da Agricultura Familiar com o Troféu Prata para o trator 1055, de 55cv. De acordo com gerente de pós-venda da Agritech, Pedro Cazado Lima Filho, a empresa “busca sempre atender a necessidade do produtor, indo aos locais e ouvindo as sugestões para atender suas necessidades”, explica.

Farmall 60Durante a Expointer 2012 a Case IH apresentou o lançamento do trator Farmall 60, modelo de 58cv, equipado com o novo motor diesel de 2,9 litros e três cilindros. Segundo o especialista de marketing de tratores da Case IH, Everton Fin, “o Farmall 60 é mais uma opção para o agricultor que busca tecnologia, potência e versatilidade. “É um trator multitarefa, capaz de executar as mais variadas atividades com um baixo consumo de combustível e alta disponibilidade” completa.

InovaçõesO coordenador de demonstrações da Monta-na, Felipe Nogoceke, destaca a importância da presença da empresa na Expointer. “Estamos sempre em sintonia com as ino-vações e necessidades do mercado agrícola, trazendo em nossos produtos tecnologia, simplicidade e um ótimo custo/benefício para elevar a produtividade e facilitar a vida dos agricultores”, garante.

SemeatoA Semeato recebeu o prêmio Gerdau Melhores da Terra, categoria Novidade Agrícola de Escala, o Troféu Ouro pelo sistema de integração eletrônica entre a semeadora Sol TT e os tratores de diferentes marcas, utilizando o protocolo internacional de comunicação estabelecido pelo Isobus. O projeto vencedor envolve o desenvolvimento tecnológico da semeadora Sol TT, que em 2011 já havia conquis-tado esse prêmio. Trata-se de um aperfeiçoamento advindo da parceria com o grupo CNH (Case e New Holland), explica o gerente de Desenvolvi-mento Mercado/Produto, Eduardo Copetti.

AproximaçãoA Semeato participou da Expointer com uma vasta linha de produtos. De acordo com Emilia de Moura, marketing e comunicação da Semeato “a participação em feiras como a Expointer tem como diferencial a possibilidade de uma grande aproximação com os produtores. “Toda a nossa organização é voltada para receber o público da melhor forma possível. Com isso, fortalecemos e estabelecemos novos vínculos e contatos que, junto com um trabalho de pós-venda, agregam ainda mais valor aos nossos produtos”, explica.

Axial Black EditionA Case IH destacou na Expointer a colheitadeira Axial-Flow 8120 na versão comemorativa. De acordo com o especialista de produto marketing Case IH – América Latina, Tomas Lorenzzon, “a máquina - que possui edi-ção limitada de dez unidades - é uma alusão aos 35 anos do sistema Axial no mundo e 15 anos de Axial no Bra-sil”. O modelo 8120 na versão Black Edition vem com pintura exclusiva, bancos e volante em couro, câmera de ré, insulfilm, faróis de xênon e DVD. “A diferença de preço entre a Black Edition e a Standart será convertida em doação a uma instituição de caridade escolhida pelo comprador da máquina”, destaca Lorenzzon.

Enfardadoras New HollandA New Holland expôs todos os seus modelos de enfardadoras para que os visitantes da Expointer conferissem as opções que a empresa disponibiliza no mercado. Um dos modelos apresentados foi a BR7090 que pode ser utilizada também para enfardar a palha de arroz. Segundo o coordenador de marketing da New Holland, Samir de Azevedo Fagundes, há uma tendência de recolher a palha e arroz para estoque de alimentação para animais. “É um negócio que está dando certo e para o qual esta máquina se torna uma ferramenta muito lucrativa”, destaca.

Eder Pinheiro

Pedro Cazado L. Filho

Everton Fin

Felipe Nogoceke

Guilhermo Zegna

Eduardo Copetti

Emilia de Moura

Tomas Lorenzzon

Samir de A. Fagundes

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Enfardadoras AGCONo segmento de enfardadoras a Valtra trouxe com exclusividade para Expoin-ter 2012 os modelos Challenger SB34 e RB 452. De acordo com o gerente de marketing de produto Colheitadeiras e Enfardadoras da AGCO América do Sul, Douglas Vincensi, “a marca está investindo em implementos mais sofisticados e diversificados para atender um produtor cada vez mais exigente, que deseja principalmente produtos que otimizem os processos e garantam ganho de produtividade”.

JactoA Jacto trouxe para a 35ª edição da Expointer grande parte de sua linha de produtos e recebeu no primeiro dia da feira o Prêmio Gerdau Melhores da Terra, na categoria Destaque Agricultura de Escala o Troféu Ouro com a colhedora de café K3 Millenium. Os visitantes puderam conferir também o maior lançamento do ano da empresa, o pulverizador autopropelido Uniport 3030 que reúne em um único equipamento um conjunto de soluções em apli-cação, veicular e de tecnologia embarcada, o JPS – Jacto Precise Solutions.

StaraA Stara participou da Expointer com grande parte de sua linha de produtos. Durante a feira, juntamente com clientes e amigos comemorou o 52° aniversá-rio. A feira também foi marcada pela assinatura do contrato de duas revendas do Rio Grande do Sul que se tornaram concessionárias Stara, a Arrozeira Marina, de Cachoeira do Sul, e os Irmãos Rudell, de Tupanciretã. O diretor-presidente Gilson Trennepohl e o diretor comercial Fernando Stapelbroek Trenne-pohl discursaram e afirmaram a importância destas grandes parcerias e deste elo cliente-fábrica, como fundamentais para a consolidação da marca.

AgrimecO Grupo Agrimec recebeu o Prêmio Ger-dau Melhores da Terra, categoria Novidade Agricultura de Escala o Troféu Prata com o implemento Fecha Taipa Arrozeira FTA 1600. Para o diretor-presidente do Grupo, Odilo Marion, a edição 2012 da Expointer foi uma das melhores já realizadas pela empresa.

KuhnA Kuhn recebeu o prêmio Gerdau Melhores da Terra, categoria Destaque da Agricultura Familiar com o Troféu Ouro para o Dis-tribuidor Accura 1600. “O equipamento, utilizado para aplicação de fertilizantes e sementes pelo método de distribuição a lanço (forma de distribuição aleatória), tem permitido incorporar à agricultura familiar tecnologias antes disponíveis apenas para os grandes produtores, a um custo relativa-mente baixo, o que representa uma grande contribuição para o segmento” destaca o gerente de marketing da Kuhn, Filipe Freitas de Carvalho.

Enfardadora John Deere No segmento de enfardadeiras a John Deere levou para a Expointer as opções Prismática 338, que prepara a forragem em fardos de 35 por 45 centímetros, e a Enfardadeira Cilíndrica 568 recolhe e enfarda palha de arroz e outros restos de cultura para permitir sua utilização na alimentação do gado, explica o especialista de produto Enfardadora da John Deere, Luis Paiva.

NacionalizaçãoO Pulverizador 4730 da John Deere, exposto na Expointer 2012, passou a ser produzido no Brasil, na fábrica de Catalão (GO). Segundo o especialista de Tratos Culturais da John Deere, Juliano Severo, “a nacionalização traz benefícios para o produtor, como o crédito através do Finame”, explica.

Parceria Durante a Expointer 2012 a Montana recebeu a visita de Ram Gopal Dhiman, gerente da Sonalika Tractor para a América Latina. A Sonalika é a mais nova parceira da Montana e fornecedora de tratores de 20cv, 60cv, 75cv, 85cv, que estão sendo nacionalizados e serão apresentados na Coopavel de 2013.

América LatinaA New Holland tem novo vice-presidente para a América Latina. Alessandro Maritano é italiano, nascido em Turin, especialista em Marketing e atua há 15 anos na companhia. Um dos desafios do executivo será a busca de segmenta-ção em mercados como o brasileiro que se destaca pela presença de uma extensa gama de clientes com diferentes necessidades.

Douglas Vincensi (esq.)

Fernando Stapelbroek

Odilo Marion

Filipe Freitas de Carvalho

Luis Paiva

Juliano Severo

Ram Gopal Dhiman e Ederson

Alessandro Maritano

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12 anosDurante o mês de setembro a GTS do Bra-sil comemora seu 12° aniversário. Nestes 12 anos de história, a empresa apostou em produtos inovadores e focados em soluções práticas para a lavoura, explica o diretor da GTS Assis Strasser. A empresa, que começou com uma pequena unidade em Campo Belo do Sul, possui atualmente outras unidades fabris e mais de 300 reven-dedores espalhados pelo Brasil.

9470 STSA John Deere apresentou na Expointer 2012 cinco modelos de colheitadeiras, dois deles com separação por meio do sistema de saca-palhas e três que empregam a tecnologia de rotor STS desenvolvida pela empresa. De acordo com o especialista de Produto e Mer-cado da John Deere, Bruno Lucio, a versão 9470 STS Arrozeira tem como principal característica a versatilidade, já que possui kits originais para colheita de milho e soja.

TratoresA John Deere levou para a Expointer as recém-lançadas cabines para a Série 6D, oferecem mais conforto para estes tratores que têm sido muito bem aceitos pelo mercado, explica Fabrício Dalsin, marketing de Produtos Tratores da John Deere. “São tratores mais simples que a tradicional Série 6J, mas apresentam ótimo desempenho e baixo custo”, garante.

PromoçãoA John Deere tem novo presidente para operações no Brasil e vice-presidente

de Marketing e Vendas para a América Latina. Na empresa desde 1999, Paulo Herrmann assume as funções com o desafio de alinhar e desenvolver todos os negócios da empresa em uma das regiões mais importantes para as estratégias globais da companhia. Desde 2009 Herrmann trabalhava como diretor de Vendas para a América Latina. O executivo substituirá Aaron Wetzel, que assumiu a vice-presidência para a Plataforma Global de Proteção de Tratos Culturais, ligada ao segmento agrícola da John Deere.

Plantadeiras A John Deere apresentou também sua linha de plantadeiras com os modelos 1111, de 11 linhas, na versão a vácuo, e 1107, com sete linhas, em versão mecânica. O modelo 1111 possui como grande diferencial a sua linha desenhada para atender todos os princípios agronômicos importantes em um plantio mecanizado, explica o espe-cialista de Tratos Culturais da John Deere, Geovani Zappe.

Perto do clienteO vice-presidente da Case IH para a América Latina, Mirco Romagnoli, apresentou na Expointer os resultados da expansão da empresa no Brasil, que saiu de 1% de participação no volume de tratores em 2004 para 5,7%

em 2012 e em colheitadeiras, no mesmo período, saltou do percentual de 5,6% para 18,3%. O crescimento foi acompanhado de investimentos em serviços e fortalecimento da rede de con-cessionários. “Uma das grandes queixas que se ouve dos clientes é de que vendedores de máquinas são muito atenciosos até a reali-zação da venda e depois somem. Isso é justamente o que tentamos não fazer, todos os dias”, disse.

ProdutosO gerente de Marketing de Produto da New Holland, João Rebequi, salientou na Expointer o trabalho da empresa para atender de forma segmentada nichos de mercado do Sul do Brasil como grãos, arroz, agro-pecuária, especialidades, biomassa e vitivinicultura. Plantadeiras a partir de cinco linhas, tratores das linhas TL, T9 e T7 e as colheitadeiras CR 5080 e CR 6080 estiveram entre os destaques da marca na feira.

Bons ventosO diretor comercial da New Holland, Luiz Feijó, comentou o momento especial vivi-do pelo agronegócio brasileiro, com quebra na safra americana, cotações aquecidas e aumento da área de produção prevista em várias culturas. “A estimativa é de que fecharemos 2012 de forma semelhante ao ano passado no mercado de tratores, com volume acima de 50 mil unidades, mesmo sem o peso de programas sociais que foram decisivos anteriormente. Em colheitadei-ras viemos num crescente desde a crise de 2005, com uma tendência de substituição de máquinas convencionais pelas equipa-das com rotor”, projetou.

MF 32 SRA Massey Ferguson apresentou para clientes e visitantes da 35ª edição da Expointer o novo modelo de colheitadeira híbrida MF32 SR que possibilita colher arroz e outros tipos de cereais. A máquina se destaca pelo sistema híbrido de processamento, dois rotores são responsáveis pela separação do cereal, que substituem o convencional saca-palha. Segundo Roberto Ruppen-thal, gerente de Marketing Colheitadeiras da Massey Ferguson, “este sistema aumenta a eficiência da máquina durante a ação de colheita com a redução de gasto de combustível e ainda a garantia de alta qualidade dos grãos”.

Assis Strasser

João Rebequi

Bruno Lucio

Fabrício Dalsin

Luiz Feijó Mirco Romagnoli

Geovani Zappe

Paulo Herrmann

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GTSPara o analista de Marketing da GTS, Armindo Crestani, a Expointer 2012 superou expectativas, sendo um termômetro para o início da safra 2012/2013. “Com os preços das commodities em alta os produtores estão procurando investir mais em tecnologia”, projeta. A GTS apresentou os novos porta-bicos laterais da linha Produttiva, as novas carretas graneleiras da Linha Up Grain, a plataforma de colheita de milho Produttiva Black e o novo Transpor, para transporte de plataformas.

CampanhaA John Deere entregou durante a Expointer um cheque simbólico de 238 toneladas de alimentos arrecadados pela Fundação John Deere com apoio da rede de concessionários da marca no Rio Grande do Sul. O diretor co-mercial da empresa, Werner Santos, comemorou. “A campanha mostra o engajamento dos nossos concessionários, que agora farão a distribuição dos alimentos em suas comunidades. O montante arrecadado daria para encher 25 caminhões”, comparou.

Presença no SulO diretor comercial da Case IH no Brasil, Cesar Di Luca, comemorou durante a Expointer o crescimento da empresa no Sul do País. O Rio Grande do Sul lidera o percentual de aumento do volume de tratores da marca, com aumento de 85% nos últimos dois anos, enquanto a média de crescimento da região Sul totalizou 81%.

ConcessionáriasO gerente de Desenvolvimento de Rede da Case IH para a América Latina, Alexandre Martins, destacou durante a Expointer o crescimento do número de concessionários da marca no Rio Grande do Sul. Em 2012 foram inauguradas seis novas lojas, o que eleva o número total para 14 no Estado. “Em um mercado competiti-vo e dinâmico é preciso estar próximo do cliente, conhecer os desafios e anseios para oferecer sempre a melhor solução”, destacou.

TecnologiaA Valtra expôs na Expointer o Ants, conceito futurista desen-volvido pela marca e que inspira a Série S de tratores comer-cializados no Brasil. “Será um modelo para a indústria em todo o mundo, que utilizará o conceito e a inteligência desenvolvida pela Valtra”, estima o diretor de Produto AGCO para a América do Sul, Jack Torreta Júnior.

ConjunturaO diretor comercial da Valtra, Paulo Be-raldi, avaliou o momento positivo vivido pela agricultura no Brasil com cotações em alta, câmbio favorável, quebra na safra americana e efeitos menores do que o esti-mado inicialmente para a seca no Sul do Brasil. “Devemos ter em 2012 o mercado de tratores com volume igual ou até um pouco superior a 2011.” Com relação a outros mercados, disse que o Brasil e a América Latina são o grande filão agrícola. “A Europa está consolidada, a Ásia tem muitas particularidades e a África ainda é uma incógnita”, opinou.

ATSA linha de equipamentos para agricultura de precisão da Massey Fer-guson também foi destaque no estande da empresa. De acordo com especialista em Marketing ATS Niumar Dutra Aurélio, a linha ATS (Advanced Technology Solutions) fornece soluções como piloto auto-mático, coleta de dados, mapeamento de campo e outras ferramentas excelentes para aplicar na agricultura de precisão.

Cesar Di Luca

Alexandre Martins

Kelly Jandrey e Armindo Crestani

KFA Indústria de Máquinas e Equipamentos Agrícolas KF recebeu o prêmio Gerdau Melhores da Terra, categoria Novidade Agricultura Familiar com Troféu Ouro com a Plantadeira Hyper Plus Camalhoneira. A máquina foi desenvolvida num convênio de cooperação entre a KF e o Irga e é indicada para o plantio de sementes graúdas nas áreas anteriormente cultivadas com arroz irrigado. “Ela forma sulcos e camalhões, depositando as sementes graúdas nestes últimos, fazendo com que os sulcos funcionem tanto para a drenagem do excesso de água quanto para a irrigação, quando necessário”, explica o supervisor de vendas da KF, Antonio Souza.

Antonio Souza (dir.)

Jack Torreta Júnior

Paulo Beraldi

Niumar Dutra Aurélio (dir.)

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CoLHEDorAS

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24 horasEstudo avalia consumo de combustível de uma colhedora

de cana-de-açúcar em diferentes turnos de trabalho

A agricultura tem crescido progres-sivamente nos últimos anos e, como consequência, tem sofrido

pressões em relação à racionalização do con-sumo de combustível nas operações agríco-las, não somente por questões econômicas, mas também por questões ambientais.

Na agricultura brasileira, a cultura que mais se expandiu nos últimos anos em ter-mos de área cultivada foi a cana-de-açúcar, direcionada para a produção de açúcar e principalmente de etanol, popularmente conhecido como álcool combustível, em decorrência do aumento na demanda por fontes de combustíveis renováveis e também pelo aumento na produção dos veículos bicombustíveis. Dentro deste contexto a cultura da cana-de-açúcar originou um dos principais produtos de exportação do Brasil, mas para atingir o patamar atual, o cultivo

desta cultura iniciou-se nos séculos 16 e 17, considerados hegemonia do açúcar na economia colonial, em que a produção para exportação, atrelada às condições propícias de solo e clima para o desenvolvimento da cultura, caracterizou-se na principal causa de ocupação territorial brasileira. Assim com a atual realidade, o setor sucroalcooleiro brasileiro pode ser considerado como um dos mais competitivos internacionalmente, tendo em vista que em termos energéticos a cana-de-açúcar apresenta um altíssimo teor de fibra, levando clara vantagem competitiva quando comparada com outras culturas.

A colheita da cana-de-açúcar destaca-se pelos altos custos envolvidos e pelas difi-culdades operacionais, seja ela conduzida de forma manual ou mecanizada, assim o processo de colheita encontra-se em fase de substituição do corte manual para o

mecanizado, o que já é uma realidade na maioria das áreas do estado de São Paulo e no Centro-Oeste do país, porém, o sistema de colheita mecanizada apresenta certos inconvenientes e que muitas vezes são potencializados pela forma e pelos horários de operação da colheita, sendo eles, perdas de cana-de-açúcar no campo, redução da qualidade da matéria-prima e redução da longevidade do canavial.

Com o crescimento da demanda de cana-de-açúcar e a competitividade de preço dos produtos, o setor agrícola está buscando maior eficiência e melhor tecnologia para o campo, investindo, assim, em colhedoras que proporcionam menor nível de perda de matéria-prima, redução da quantidade de cana-de-açúcar com impurezas minerais e vegetais, redução no consumo de combus-tível, maior conforto e facilidade durante a operação, e consequentemente, maior

Controlador Lógico Programável, utilizado para medir o consumo de combustível

Detalhe de um dos fluxômetrosinstalados na colhedora testada

No ensaio, houve diferença de consumo quando ocorreu a troca de operadores

John Deere

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lucratividade ao empreendedor do setor. Objetivando avaliar o consumo de

combustível de uma colhedora de cana-de-açúcar operando em diferentes turnos de trabalho e por diferentes operadores, um trabalho experimental foi realizado em uma usina de açúcar e álcool na cidade de Bocaina (SP).

Este trabalho utilizou uma colhedora de cana-de-açúcar de marca Case IH, modelo A7700, ano de fabricação 2009, com 335cv (246kW) de potência no motor a 2.100rpm, motor Cummins M11, com 8.712 horas de uso. A avaliação ocorreu durante os três turnos de trabalho propostos pela usina, tendo estes durações de oito horas cada (8h às 16h - turno A; 16h01min à 0h - turno B, e 0h01min às 8h - turno C).

Para medição do consumo horário e específico de combustível foram utilizados dois fluxômetros volumétricos com vazão de

10ml/pulso, um instalado entre os filtros e a bomba injetora do motor da colhedora e o outro instalado no retorno do combustível ao tanque, os fluxômetros emitiram ao Con-trolador Lógico Programável (CLP) pulsos que foram convertidos em ml, assim foi possível calcular em litros por hora (L.h-1) o consumo de combustível da colhedora du-rante as operações de colheita e manobra.

Foi possível observar que para a variável consumo horário durante a operação de colheita houve diferença entre os turnos de trabalho. Para a operação de manobra da colhedora durante as operações ocorridas nos turnos, não houve diferença entre os resultados encontrados.

Os diferentes resultados encontrados entre os turnos podem ser justificados por vários motivos, prevalecendo entre eles a troca de operadores e a ausência de luz durante os turnos noturnos. Os operadores

interferem no consumo de combustível da colhedora devido as suas diferentes formas de operação, à condução da colhedora, às diferentes rotações do motor durante a operação de colheita, como também é feito de diferentes formas o uso dos implemen-tos da colhedora. Quanto à ausência de luz, a mesma promove maior insegurança durante a operação, o que diminui o ren-dimento operacional e aumenta o nível de perdas e impurezas gerado pela colhedora. As manobras não mostraram diferença de consumo de combustível, pois foram reali-zadas utilizando a menor rotação do motor da máquina.

Diante destes resultados fica clara a importância que as empresas, os agriculto-res e os empreendedores do setor agrícola devem dar em treinar seus operadores, para que estes se adaptem ao realizar a colheita de acordo com a condição que propor-cione menor consumo de combustível e maior eficiência da colhedora durante a colheita.

Em todas as operações houve uma diferença de consumo, em cada um dos três turnos, tanto na colheita como nas operações de manobra de cabeceiras

Figura 1 - Consumo de combustível da colhedora entre turnos de trabalho

Camilo Giachini e Kléber Lanças avaliaram o consumo de colhedoras de cana em diferentes turnos

Dois fluxômetros foram instalados: um entre os filtros e a bomba da colhedora e o outro no retorno do combustível ao tanque

Camillo Ferrarezi Giachini,Fabrício Campos Masiero,Gabriel Albuquerque de Lyra,Carlos Renato Guedes eKléber Pereira Lanças,Unesp

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Fotos Camilo Giachini

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Dezembro 2011 / Janeiro 2012 • www.revistacultivar.com.br14 Setembro 2012 • www.revistacultivar.com.br10

Rendimento potencializado

Um dos pilares da Agricultura de Precisão, a tecnologia de aplicação a taxa variável para semeadoras tornou-se realidade através do uso de controladores eletrônicos, que

permitem a deposição precisa de fertilizantes no local e na dose correta

SEMEADorAS

A variabilidade existente dentro de uma lavoura é um fator há muito já observado pelos produtores

rurais. Diversos fatores compõem a varia-bilidade, tais como fertilidade, densidade do solo, topografia, propriedades biofísicas da cultura, doenças, pragas e intempéries climáticas, entre outros. Esta fica eviden-ciada no momento em que a produtividade de determinadas áreas do talhão é maior do que em outras, sendo mantidos o mesmo manejo e os tratos culturais.

Presume-se que essas diferenças devem ser identificadas e manejadas adequadamen-te, conforme as necessidades de diferentes zonas homogêneas dentro do talhão, sendo que para cada zona há uma quantidade ideal de insumos a aplicar. Contudo, no sistema agrícola dominante até a atualidade, o produtor efetua uma intervenção com base na situação média da lavoura, em termos de aplicação de insumos, ou seja, aplica a mesma dose de sementes, fertilizantes e defensivos em todo o talhão ou mesmo em toda a propriedade.

Diversas tecnologias vêm tentando reco-nhecer a variabilidade existente no talhão e manejá-la de forma a maximizar o potencial produtivo das lavouras. O conjunto dessas ferramentas leva o nome de Agricultura de

Precisão (AP), que em síntese é um siste-ma que possibilita o georreferenciamento da variabilidade e aplicação localizada dos insumos agrícolas.

Todavia, a AP é um sistema complexo para gerenciar, pois o manejo da adubação pode ser realizado visando economia de insumos ou potencialização de rendimen-to. Assim, são necessários recursos para controlar e variar as taxas de aplicação para cada zona da lavoura, necessitando princi-palmente de equipamentos chamados de controladores eletrônicos.

O presente artigo tem por objetivo apresentar o funcionamento dos contro-ladores, bem como abranger os principais equipamentos em que são empregados, de forma a familiarizar o produtor com o avan-ço tecnológico representado pelo uso dessa tecnologia em um sistema de AP.

CONTROLANDO A OPERAÇÃO AGRÍCOLASistemas de controle são amplamente

empregados em diversos setores da indús-tria e também na agricultura, em máquinas como distribuidores, pulverizadores, seme-adoras e colhedoras, além de interligados a tratores agrícolas, com a finalidade de controlar tarefas que antes eram exercidas pelo operador da máquina ou não eram

controladas.Existem dois tipos básicos de controle:

em malha aberta e em malha fechada (Figura 1). Um sistema de controle em malha aberta é composto basicamente pelo controlador, que é o elemento que irá comandar um sinal de atuação com base em um valor de entrada como referência, e o atuador, que é o elemento que de fato realiza o movimento efetivo de determinado processo. Contudo, o valor de saída do processo não é comparado com o de entrada, estando o sistema sujeito a desvios entre esses valores.

Na agricultura, pode-se citar como exemplo de malha aberta um sistema de controle instalado em um pulverizador, onde um controlador eletrônico exerce o comando sobre uma válvula de fluxo, que é o atuador. Neste exemplo hipotético, não há nenhum componente do sistema “informando” ao controlador a vazão real (valor de saída)

Cla

as

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que está sendo aplicada, impossibilitando correções automáticas, o que torna este sistema, portanto, muito dependente de uma calibração correta para evitar erros de dosagem.

Já no controle em malha fechada, outro componente participa do processo, chamado de elemento de medição ou sensor. Neste sistema, o elemento de medição informa ao controlador o valor de saída medido, que por sua vez realiza uma comparação com o valor de entrada, realimentando o sistema e corrigindo suas distorções (sinal de erro), quando houver desvios entre os valores. Logo, o controlador é o elemento responsá-vel pela interpretação dessas variáveis (de entrada e saída), lendo comandos e valores de calibrações em sua memória e executando comandos de atuação, de forma a obter um processo controlado.

CONTROLADORES ELETRÔNICOSOs controladores eletrônicos aplica-

dos à agricultura são dispositivos normal-mente microprocessados, que têm como

função realizar as mudanças de taxas de aplicação através do envio de sinais de comando para atuadores.

Na aplicação de insumos a taxa variável, os controladores baseiam-se principalmente em um mapa de aplicação associado a um aparelho de GPS instala-do no trator para localização da posição na lavoura. Após obter estas informações, um algoritmo, que é uma sequência de etapas de cálculo e consulta de informa-ções da memória do controlador, calcula o acionamento proporcional à dose de-sejada (valor de referência), identificada a partir do mapa, considerando ainda a

velocidade de trabalho, para então enviar o sinal de atuação ao atuador.

Os controladores possuem uma in-terface na forma de display e podem ser compostos por uma estrutura descentra-lizada, sendo que, nestes casos, outros componentes eletrônicos são instalados ao implemento acionado. Essa caracte-rística possibilita a multifuncionalidade deste equipamento, ou seja, um mesmo controlador pode ser usado para semea-dura quando instalado no trator ou até mesmo em colhedoras para monitora-mento de processos da colheita.

CONTROLADORES PARA SEMEADURA A TAXA VARIÁVELAs semeadoras-adubadoras de AP pos-

sibilitam a aplicação a taxa variável e são

Controladores eletrônicos, mostrando velocidade de deslocamento, quantidade dos insumos e localização

Motor hidráulico instalado em uma semeadora-adubadora a taxa variável, responsável pelo acionamento dos eixos dos mecanismos dosadores de semente e/ou de fertilizante, em substituição do acionamento pela transmissão por correntes

Fotos Fernando Pissetti Rossato

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equipamentos que utilizam sistemas de con-trole em malha fechada, conforme Figura 2. Neste caso, o sistema de controle comanda a variação da dosagem de fertilizantes e/ou sementes.

A semeadora a taxa variável difere-se da convencional por não possuir um conjunto de correntes e engrenagens acoplado à roda da semeadora (roda de terra), o que transmi-tiria apenas uma dosagem fixa ao longo do deslocamento da máquina no talhão, mesmo com mudanças de velocidade.

Sem a transmissão de rotação da roda por correntes, os eixos dos dosadores são acionados pelos atuadores, que são um con-

junto de válvulas e motores hidráulicos aco-plados na semeadora. Para isso, é necessária a utilização de um sistema de pressurização de óleo, acionado pela tomada de potência e/ou pelo sistema de comando hidráulico do trator e de válvulas proporcionais, capazes de transformar o sinal de atuação em pressão de óleo correspondente à rotação dos eixos desejada.

Para reconhecer o valor de saída, sen-sores indutivos são empregados a fim de possibilitar o monitoramento da rotação dos eixos dos motores hidráulicos, o que de fato caracteriza o sistema como malha fechada. Componentes complementares também

são instalados, tais como reservatório in-dependente de óleo hidráulico, sistema de arrefecimento de óleo, tubulações e sensor para identificação do levante durante ma-nobras.

No mercado brasileiro estão disponíveis diversos controladores, nacionais e importa-dos. Existem algumas empresas que fabri-cam o controlador e a semeadora para taxa variável, porém, é mais comum as empresas desse ramo disporem apenas do controlador e fornecer os “kits” para adaptação de uma semeadora convencional para taxa variável. Isto constitui uma alternativa ao produtor que deseje realizar AP adaptando sua pró-pria semeadora convencional.

OUTRAS FINALIDADESAlém das funcionalidades já comen-

tadas, seja o controle da aplicação de fertilizantes e/ou de sementes em semea-doras, alguns controladores existentes no mercado são aptos à utilização em outras máquinas que não o conjunto mecanizado já abordado.

Componentes complementares em semeadoras-adubadoras a taxa variável: a) bomba hidráulica acionada pela TDP do trator; b) sensores indutivos para correção da rotação dos motores; c) reservatório de óleo hidráulico

Figura 1 - Funcionamento dos sistemas de controle em malha aberta e malha fechada (Adaptado de Ogata, 2007)

Controladores para taxa de aplicação de pulve-rizadores: manual (acima) e automático (abaixo)

Semeadora convencional adaptada a taxa variável (esq.) e detalhe do motor hidráulico (atuador) que aciona o eixo dos mecanismos dosadores de fertilizante da semeadora (dir.)

Fotos Fernando Pissetti Rossato

CBA

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Fernando Pissetti Rossato,Otávio Dias da Costa Machado,Airton dos Santos Alonço,Cristian Josué Franck eTiago Rodrigo Francetto,Laserg/UFSM

É também muito difundido o uso de controladores para a variação da aplicação a lanço de insumos, utilizando distribuidores centrífugos acoplados ao trator ou distri-buidores autopropelidos. A distribuição de sementes e fertilizantes a lanço, em taxa variável, destaca-se pelo menor custo inicial de aquisição deste tipo de equipamento (no caso dos acoplados) comparativamente às semeadoras-adubadoras em linha. Contudo, é importante salientar que não há um con-senso geral entre técnicos, pesquisadores e produtores quanto ao método de aplicação dos fertilizantes (se a lanço ou em linha) a ser utilizado para lavouras de grãos. Por-tanto, no momento de planejar uma área de AP, o agricultor deve investigar qual destes métodos de aplicação de insumos é mais adequado ao seu sistema de produção.

Controladores eletrônicos também são comumente empregados em pulverizadores autopropelidos, sendo que alguns modelos

exercem o controle apenas da taxa de apli-cação e das seções manualmente, corrigidos instantaneamente conforme a velocidade de deslocamento, enquanto outros mais sofisticados possibilitam também a abertura e o fechamento automático das seções da barra de pulverização, ou de cada bico indi-vidualmente, com base no posicionamento geográfico, evitando o transpasse da barra em zonas já aplicadas.

Além das funções já citadas, alguns controladores disponíveis no mercado ge-ram relatórios, ao final de cada atividade, que facilitam o gerenciamento da proprie-dade, principalmente o gerenciamento da mecanização agrícola, gerando dados sobre rendimento operacional, área trabalhada, quantidade de insumos consumidos, entre outras informações pertinentes à gestão. Outros sistemas utilizam telemetria para ge-renciamento, permitindo o monitoramento de máquinas a distância.

CONSIDERAÇÕES FINAISOs controladores podem apresentar

certa complexidade, pois alteram o fun-cionamento das máquinas convencionais, podendo levar à dificuldade na utilização e fazer com que os produtores abram mão desta tecnologia.

Além disso, para os produtores inte-ressados em ingressar na AP, recomenda-se a capacitação de gestores e operadores, pois o sistema exigirá que o mesmo passe a gerenciar um número muito maior de informações e o domínio das mesmas constituirá um fator determinante para o sucesso do sistema.

Cristian Franck, Airton Alonço, Tiago Francetto, Fernando Rossato e Otávio Machado abordam a aplicação de fertilizantes a taxa variável

Figura 2 - Ilustração do funcionamento de uma semeadora a taxa variável com os princí-pios do sistema de controle em malha fechada, com realimentação dos valores de rotação dos eixos realizada pelos sensores e enviados ao controlador para correção do sinal

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ModernizandoA cultura da mandioca está crescendo e ganhando mercado. Por isso, a introdução

de processos mecanizados no sistema de produção é extremamente importante para alavancar a produtividade assegurando competitividade e rentabilidade

De acordo com dados oficiais do Governo Federal, em 2010 o Brasil produziu cerca de 26,7 mil tone-

ladas de mandioca, com produtividade média de 14,1t/ha. O destaque de produtividade foi o estado do Paraná, com média de 23,5t/ha. A Bahia possui a maior área plantada, porém com a menor produtividade entre os maiores estados produtores. Este fato deve-se ao baixo índice de adoção de tecnologia no Nordeste brasileiro, principalmente em relação à mecanização, à falta de orientação e à difusão de tecnologia de-ficiente que contribuem para essa discrepância, resultando no baixo nível de conhecimento dos produtores, perpetuando sistemas de produção obsoletos, com baixo desempenho.

De acordo com estudos econômicos da cultura, a introdução de processos mecanizados com uso de plantadoras e colhedoras nos siste-mas tradicionais implica na redução de custos de produção na ordem de 28%, enquanto que

com a introdução de variedades melhoradas tem-se uma redução de somente 14%. Desta forma nota-se o impacto do uso de máquinas no sistema.

Os sistemas de preparo do solo e plantio da mandioca variam de acordo com o clima da região, da topografia do terreno, do tipo de solo e até mesmo em função das questões culturais das regiões, prevalecendo, em grande parte do país, principalmente no Nordeste, o preparo convencional, seguido do coveamento ou sulcamento e o plantio manual.

O plantio mecanizado com plantadoras no Brasil, tracionadas ou montadas, vem aumen-tando nos últimos anos principalmente nas re-giões Sul e Sudeste. As plantadoras disponíveis no mercado possuem de uma a seis unidades de plantio, que executam simultaneamente as operações de abertura dos sulcos, dosagem e fer-tilização, corte, deposição horizontal da maniva e componentes de fechamento do sulco – discos

cobridores e rodas de pressão. Desta forma todos os fatores envolvidos no

processo devem ser estudados incansavelmente para compreender as suas inter-relações, entre os quais tipo de solo, método de preparo, ca-racterísticas da cultivar, tipo de mecanismos dosadores, deposição de fertilizante e maniva, mão de obra e características da operação, para que se possa atingir sucesso na implantação da cultura.

CUIDADOS INICIAISAlguns fatores interferem na implantação

e no estabelecimento do mandiocal. Um deles é a escolha da maniva para o plantio, que deve ser criteriosa para atender as características do processo mecanizado, pois este detalhe poderá significar o sucesso da operação tanto pela qualidade como pela eficiência.

Uma boa maniva para assegurar o esta-belecimento da cultura sem riscos deve ter

pLANtADorAS

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Fotos Marcos Roberto da Silva

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entre 10cm e 20cm de comprimento, 2,5cm de diâmetro (bitola) e com pelo menos cinco gemas viáveis. Quanto à logística envolvida no processo de implantação da lavoura como colheita do material vegetal, transporte, dis-tribuição das hastes nos talhões e o plantio propriamente dito, o uso de manivas menores reduzirá o volume de material por área, o que se traduz em diminuição de tempo devido ao menor número de paradas para abastecimento da plantadora, maior eficiência na alimentação no mecanismo de corte e custos de transporte. Por exemplo, havendo a disponibilidade de ramas longas e eretas serão necessários 4m3 para implantação por hectare, caso contrário a quantidade irá variar de 6m3 a 7m3.

PREPARO DO SOLOO uso de plantadoras exige um cuidadoso

preparo do solo, qualquer que seja o método empregado de mobilização deve resultar em condições para promover uma relação solo com a maniva para melhorar a absorção de

água, acelerando a brotação e enraizamento, garantindo o rápido estabelecimento da lavoura. É importante ter uma atenção especial nos pro-cessos de aração para que não ocorra a formação de depressões ou elevações (microelevações) para não influenciar na deposição da maniva. Nas etapas de gradagem deve-se promover o destorroamento uniforme para não influenciar nos fatores fisiológicos da brotação. A presença de torrões influenciará na eficiência dos meca-nismos de deposição e fechamento do sulco, desfavorecendo o contato do solo com a maniva e diminuindo a quantidade de água disponível para brotação. Em áreas implantadas que foram mal preparadas com presença de torrões de di-âmetro maior, as manivas depositadas poderão ficar dispostas na posição vertical, inclinadas e sem cobertura de terra, expostas à insolação, fator que prejudicará a brotação devido à desi-dratação do material de propagação.

PLANTADORAQuando o solo estiver adequado para o

plantio e as manivas devidamente selecionadas, a atenção então deverá ser para a regulagem dos mecanismos de corte, dosador de fertilizante e de ataque ao solo da plantadora. A regulagem da distribuição de manivas e de fertilizantes é rea-lizada por combinação de engrenagens. O passo importante é a regulagem da profundidade de trabalho do disco duplo ou haste sulcadora para deposição de fertilizantes e manivas de acordo com a recomendação agronômica, tipo de solo, tipo de manejo e condições de umidade do solo no momento do plantio. Deve-se também pres-tar o devido cuidado na regulagem de posiciona-mento dos discos cobridores e na regulagem da pressão da roda compactadora para estabelecer um bom contato do solo com a maniva. Ponto importante e que deve ser realizado para me-lhorar as condições para brotação é a criação de um “berço para a maniva”, ou seja, o arraste de solo pelo disco cobridor e a ação da roda compactadora sobre o solo deverão ser de forma que fique um sulco, uma depressão, na linha de plantio para armazenamento de água.

Detalhes das ramas (manivas) que serão cortadas pelo mecanismo: à esquerda, manivas retilíneas, com boa quantidade degemas, sem ramificações; à direita, manivas desuniformes em comprimento e espessura, pouca gema, ramificação e sinuosa

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OPERAÇÃO CONJUNTO TRATOR/PLANTADORAA habilidade, a sensibilidade, o conheci-

mento da cultura, a paciência do operador, a velocidade de deslocamento e a sintonia das pessoas que alimentam o sistema de corte e distribuição de manivas determinarão a qualidade da implantação do mandiocal. Utilizar velocidade de avanço menor cer-tamente produzirá áreas bem implantadas, sem falhas, com manivas depositadas na profundidade preconizada e bom cobrimen-to com solo e fechamento do sulco garantin-do condições ideais para brotação.

Para facilitar o processo de suprimento e não comprometer a distribuição das manivas as ramas devem ser longas, retilíneas, com diâmetro ideal (nem espessa e nem fina) e sem ramificações. Estas características per-mitirão que o colaborador no plantio tenha tempo o suficiente para capturar a maniva no compartimento reservatório enquanto

Detalhe de torrões posicionados abaixo da maniva no sulco de plantio, que acabam interferindo no contato do solo com o material de propagação

A depressão no terreno interfere no processo de deposição das manivas e também pode deixá-las inclinadas e expostas

Detalhe das manivas que sofreram dano mecânico e ficaram sobre o solo, situação que certamente dificultará o rebrote

que a que está no alimentador passa pelo mecanismo de corte, facilidade de passagem no tubo alimentador e no sistema de corte sem enroscar e diminuir a ocorrência de dano mecânico na maniva. Quando o corte é feito na transversal corretamente há uma cicatrização pelo próprio látex que aflui do córtex, porém quando o tolete é rachado isso não ocorre, aumentando a área de entrada de patógenos.

O colaborador deve ser treinado e habi-

lidoso para alimentar o mecanismo de corte, caso contrário poderá ocorrer a deposição de duas manivas num mesmo ponto, aumen-tando o consumo de material de propagação ou falha na distribuição comprometendo o estande de plantas por área. Conforme a configuração e a posição do reservatório com relação à plantadora em relação ao colaborador, poderão interferir na dinâmica de alimentação do sistema de corte, quanto mais próximo e mais alto, melhor será a execução do processo.

CONSIDERAÇÕES FINAISA produção de mandioca passa por um

período de transição entre ser uma cultura meramente de subsistência para ser altamente tecnificada em função da valorização dos múl-tiplos usos do amido em diversos segmentos. Portanto, a introdução de processos mecaniza-dos no sistema de produção é extremamente importante para alavancar a produtividade, assegurando competitividade e rentabilidade. Apesar do uso de máquinas, principalmente no Sul e Sudeste, percebe-se que há muito a se fazer do ponto de vista de gestão operacional para caracterização dos fatores que influenciam na qualidade e na execução dos processos e suas interdependências, principalmente relaciona-dos à implantação do mandiocal.

Pesquisadores avaliaram a operação de plantio mecanizado da mandioca

Marcos Roberto da Silva eMaxsuel Silva de Souza,UFRB Fábio dos Santos Pinheiro,TratormasterAvelar Araujo Alves,Eng. Agrônomo

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VantagensPropicia o corte de toletes menores

Garantia de estabelecimento – brotaçãoMaior capacidade e eficiência operacional

Facilidade de alimentação do mecanismo - Melhora a eficiência dos mecanismosMenor risco de dano mecânico

Garantia de estabelecimento – maior reserva de nutrientes e águaMenor risco de dano mecânico

Tipo de manivaManiva com boa formação de gemas

Manivas inteiras e longasManivas retilíneas – sem ramificacação

Maniva com diâmetro ideal – 2,5 cm

Tabela 1 - Características das manivas e o processo de plantio mecanizado

Fotos Marcos Roberto da Silva

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IMpLEMENtoS

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Direto na história

O conceito de Agricultura Conser-vacionista proposto pela FAO se baseia nos três pilares básicos do

Sistema Plantio Direto (SPD) concebido no Brasil: mínimo revolvimento do solo, cobertura permanente de sua superfície e rotação de cul-turas, exatamente o que se propõe na definição do SPD. Portanto, o Brasil neste assunto é difusor de tecnologia.

A consolidação deste sistema de produção se deve a inúmeros fatores convergentes, dos quais destacamos a necessidade de se combater a erosão do solo e a preocupação generalizada com isto; uma ciência do solo sólida e consisten-te; a somatória de diversas iniciativas públicas

e privadas que aconteciam isoladamente, e a efetiva participação dos produtores no processo através de suas entidades representativas.

Foi a expansão do SPD para outras regiões e realidades do Brasil e da América do Sul que abriu um novo mercado de máquinas e equipamentos agrícolas adequados a esta nova situação. Isto também permitiu que pequenas fábricas familiares de implementos agrícolas oferecessem alternativas de equipamentos que incorporavam estas novas ideias, mas que também se adaptavam às condições específicas da região em que se encontravam, consolidando algumas destas empresas e ampliando bastante a oferta de equipamentos agrícolas no Brasil. Muitas destas inovações e adequações foram sendo paulatinamente incorporadas pelos

fabricantes maiores e este contexto solidificou uma indústria de máquinas agrícolas de ori-gem brasileira, principalmente no que tange semeadoras, plantadoras, transplantadoras e pulverizadores.

Este ramo da mecanização, o da semea-dura, deu aos fabricantes brasileiros renome internacional e foi o precursor do conceito brasileiro de mecanização agrícola, impondo, inclusive, estratégias específicas das indústrias multinacionais. Trata-se, portanto, de um ativo tecnológico a ser explorado, inclusive na concepção científica e acadêmica.

A originalidade tecnológica brasileira de implementos agrícolas foi uma importante alavanca da consolidação e expansão territorial do SPD. Para tanto, as experiências e tentativas realizadas pelos produtores pioneiros em cada

Direto na históriaO Sistema Plantio Direto se consolidou alterando completamente o conceito de

agricultura no Brasil, introduziu conceitos fundamentais na ciência agronômica e concebeu uma tecnologia brasileira que tem sido introduzida em outras regiões do mundo

O Sistema Plantio Direto se consolidou alterando completamente o conceito de agricultura no Brasil, introduziu conceitos fundamentais na ciência agronômica e

concebeu uma tecnologia brasileira que tem sido introduzida em outras regiões do mundo

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Primeira tentativa de semeadura direta na Fazenda Rhenânia em 1971

região foram fundamentais na identificação de lacunas e deficiência dos equipamentos, que têm sido paulatinamente empregadas pelas indústrias no aperfeiçoamento destas máquinas.

Trataremos neste artigo as contribuições vindas dos agricultores e uma destas experi-ências, que não foi a única, mas uma das mais importantes pelo volume de informações e propostas feitas e pela ligação na evolução do SPD, em função da busca e proposição de equipamentos mais adequados para as nossas realidades; o caso da Fazenda Rhenânia, da família Bartz.

ANTES DO PLANTIO DIRETOHerbert Bartz, nascido em Rio do Sul

(SC) que passou sua infância e juventude na Alemanha, voltou ao Brasil em 1960, a princí-pio temporariamente, para ajudar sua família na condução do Sítio Rhenânia, em Rolândia (PR). Este vínculo se tornou definitivo e pau-latinamente Bartz assumiu o controle integral da propriedade, em 1966. Após a ampliação da área, convertendo-a em Fazenda Rhenânia, em 1971 eles investiram na aquisição de nova propriedade em Faxinal (PR), o que promoveu a separação amigável dos irmãos Herbert e Ulrich (Uli) Bartz.

Com bons conhecimentos de mecânica e de espírito inovador, Herbert desenvolveu e adaptou diversos equipamentos trazidos da Alemanha, inclusive um Unimog, usado como fonte de potência.

O preparo de solo foi uma técnica im-portada dos países temperados, que jamais se mostrou compatível com as características dos solos e do clima das regiões tropicais. Estas operações foram realizadas por muito tempo, mais para viabilizar a operação seguinte por equipamentos deficientes, como a semeadura, do que por uma necessidade do solo ou das plantas. Com a intensificação da agricultura

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Semeadora Allis-Chalmers em ação na Fazenda Rhenânia, já com o emprego de rodados duplos no trator

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pArA CoNHECEr MAIS A HIStÓrIA Do pLANtIo DIrEto

Para quem se interessa pelo as-sunto, sugerimos visitar:

- o Parque Histórico de Carambeí, em Carambeí (PR) www.aphc.com.br;

- o museu da Fazenda Agripastos, em Palmeira (PR), cujo acervo foi cedido à Universidade Estadual de Ponta Gros-sa, que o incorporará ao futuro Centro

de Excelência e ao Museu do Plantio Direto na Palha, em Ponta Grossa (PR), www.uepg.br;

- o Museu do Plantio Direto de Mauá da Serra, em Mauá da Serra (PR), iniciativa do Grupo de Produtores Rurais da Região de Mauá da Serra, a ser inau-gurado em novembro de 2012.

Protótipo da Rotacaster de 100 polegadas realizando os primeiros testes

e a maior disponibilidade de potência advinda da ampliação do mercado de tratores no Brasil a partir da década de 1970, as operações de preparo de solo passaram a se tornar ainda mais agressivas, tornando-se a principal estra-tégia de controle das plantas daninhas. Nesta concepção, o solo e sua adequação estrutural jamais foram os objetivos destas operações. Percebe-se aqui um antagonismo conceitual do preparo do solo: pretende-se que a mesma ação seja boa para a cultura e ruim para o mato. Ironicamente, o efeito mais provável é justamente privilegiar o desenvolvimento de algumas plantas mais rústicas e que melhor se adaptem ao solo degradado.

Por outro lado, a ciência do solo brasileira amadurecia, produzindo e fornecendo muitas informações úteis sobre o reconhecimento dos nossos solos, permitindo a consolidação de inúmeros programas interessantes para sua con-servação. Porém, o conceito de fertilidade ficou atrelado exclusivamente ao seu comportamento químico, o que dificultou a ampla compreensão dos efeitos das operações de preparo do solo nas suas propriedades físicas e biológicas. A abordagem destes conceitos pela academia continua sendo simplista, não reconhecendo que a fertilidade do solo está justamente no equilíbrio de suas propriedades.

A indústria de equipamentos agrícolas, nesta ocasião, oferecia basicamente máquinas e equipamentos de concepção importada. Pe-quenas oficinas locais espalhadas pelas regiões agrícolas prestavam serviços de manutenção e adaptação destes equipamentos, mas sem alterar suas características, salvo algumas es-porádicas experiências remotas. Conforme as

regiões foram se especializando em determina-das atividades agrícolas, estas pequenas oficinas ampliaram seu leque de serviços e passaram a oferecer algum tipo de equipamento mais específico como: debulhadoras, selecionadoras, lavadoras, abanadoras etc, mas ainda incipiente e rudimentar. Muitas destas pequenas oficinas, principalmente as mais atentas às necessidades dos produtores, se tornaram pequenas indús-trias de máquinas agrícolas. Em nome de uma modernização da agricultura, o mercado de máquinas agrícolas oferecia uma gama razoável de tratores, alguns poucos implementos mais especializados regionalizados e ampla dispo-nibilidade de implementos de preparo do solo, que permitiram as primeiras verticalizações das indústrias, investindo em suas próprias fundições, por exemplo. Portanto, a expansão da indústria de máquinas agrícolas no Brasil dos meados do século 20 se baseou em tecnologia agrícola importada e inadequada.

As poucas indústrias que ousaram investir

em alguma tecnologia mais moderna na época tiveram grandes dificuldades financeiras e não conseguiram viabilizar seus investimentos, principalmente devido às grandes oscilações do mercado agrícola.

Assim como ocorreu de forma genérica nas áreas agrícolas brasileiras no final da década de 1960, a erosão também assolava a Fazenda Rhenânia. Constatado que tal fato ocorria prin-cipalmente após o preparo de solo de verão, pas-saram a buscar alternativas a este sistema. No ano de 1971, testou-se na Fazenda Rhenânia uma semeadora protótipo que visava permitir a semeadura sem a exigência de preparo de solo. No caso, foi feita uma adaptação de uma semeadora de origem europeia marca Amazo-ne sobre uma enxada rotativa. A proposta foi realizar o preparo, pelos órgãos ativos da enxada rotativa, exatamente na linha dos sulcadores da semeadora, pois esta só se adaptava a solos preparados. Desta forma, não se realizava o preparo da área total do solo e se permitia dar condições de trabalho à semeadora. Nasceu o conceito do preparo localizado.

A fundamentação para esta busca por uma alternativa ao preparo do solo foi a constatação de que o solo preparado ficava muito mais vulnerável aos efeitos das chuvas intensas, demonstrando a total inconveniência destas operações nos solos tropicais. Era muito comum e amplamente aceito pela maioria, na ocasião, se realizar novas semeaduras após as chuvas de verão, pois a anterior havia sido levada pela erosão. Na Rhenânia, chegou-se a semear quatro vezes numa única safra e isto era ina-ceitável devido aos efeitos de ordem ambiental e econômica. Portanto, na gestão da fazenda adotou-se como lema “Parar de preparar o solo para parar a erosão”.

NASCE O PLANTIO DIRETONA AMÉRICA LATINAA primeira chuva forte ocorrida na área

semeada com o protótipo baseado na semeadora Amazone com enxada rotativa mostrou que este preparo acentuado na linha de semeadura também tornava o solo muito vulnerável, era preciso encontrar uma melhor alternativa.

Trator Deutz, com enxadas rotativas no entre eixo, visando cultivar apenas as entre linhas

Fotos Ricardo Ralish

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No início de 1972, a notícia de que nos Estados Unidos se adotava em escala uma prá-tica de No-Tillage, num projeto conjunto com a Inglaterra, foi o fato motivacional para em-preender uma viagem, cara para os padrões da época, para a Inglaterra e aos Estados Unidos. Visitando a propriedade e o produtor americano Harry Young, que empregava a técnica em toda sua fazenda, não foi possível a Bartz resistir ao ímpeto de comprar e importar a semeadora empregada, uma Allis-Chalmers.

Não bastassem as despesas de viagem, de compra e transporte da semeadora e dos pro-cedimentos alfandegários brasileiros, que consi-derou haver similar nacional, o que sobretaxou o produto, a safra de inverno daquele ano na Fazenda Rhenânia foi perdida por geada.

Todos os compromissos assumidos e a frustração da safra exigiram uma ação emer-gencial, que foi vender todos os equipamentos agrícolas da fazenda, com exceção do Unimog e da semeadora Allis-Chalmers. Não restou outra opção senão semear toda a área prevista de soja de 1972 em Plantio Direto, cerca de 200ha, fato que é considerado o início do Plantio Direto na América do Sul e a Fazenda Rhenânia o seu berço.

A semeadora se mostrou inadequada aos solos argilosos da fazenda, mas apontou um caminho a ser seguido.

Uma caixa de adubo de 100 polegadas e outra enxada rotativa foram os ingredientes para construir novo protótipo de semeadora direta, desta vez menos agressiva ao solo por retirar os ângulos das enxadas. Este protótipo foi empregado pela FNI-Howard como modelo para desenvolver a Rotacaster, primeira seme-adora brasileira comercial para Plantio Direto, fabricada a partir de 1974 pela Dinâmica em Taboão da Serra e que expandiu o sistema para inúmeras regiões como Mauá-da-Serra, em 1974, e Ponta Grossa e nos Campos Gerais, em 1976. Foi também a introdução dos órgãos ativos para se cortar a palha e a primeira versão dos discos de corte, que vieram na evolução da proposta. As Rotacaster foram fabricadas com dois metros de largura, ou 80 polegadas, dife-rentemente dos dois primeiros protótipos que mantiveram a largura original de 100 polegadas, desenvolvidos na Rhenânia e destinados respec-tivamente aos irmãos Bartz, fato que marcou o início do Plantio Direto em Faxinal por Uli.

Como este protótipo da Rotacaster só semeava sementes graúdas, neste mesmo ano adaptou-se na Fazenda Rhenânia um esca-rificador, com enxada rotativa frontal e uma semeadora convencional para sementes miúdas. Não consta que tal protótipo tenha influen-ciado alguma das semeadoras que surgiram na sequência, mas foi dado o início ao conceito do cultivo mínimo e do preparo vertical, que pregou a substituição dos arados por escarifi-cadores no preparo primário, expondo menos

a superfície do solo. A semeadura era apenas um dos problemas

a serem resolvidos para adotar o Plantio Direto. O próximo passo foi aperfeiçoar a colheita e uma plataforma de milho foi adaptada a uma colhe-dora Class-Senator, já empregando o sistema de recolhimento apenas das espigas, o “corn stripper” de quatro linhas, que pode ter sido uma das primeiras experiências com este tipo de plataforma no Brasil. Isto facilitou a distribuição mais uniforme da palhada do milho sobre o solo, facilitando a ação da semeadura seguinte.

1973O controle das plantas daninhas passou a

ser a preocupação central no recente Plantio Direto. A opção química existente na época era o paraquat, um herbicida de contato de largo espectro, que impossibilitava a aplicação pós-emergente. Para racionalizar as operações de aplicação de defensivos, adaptou-se no Uni-mog um tanque de 1,2 mil litros da Hatsuta e barras de pulverização de 25 metros de largura de aplicação, em substituição aos pulverizadores montados de nove metros e 400 litros, disponí-veis na época. Este Unimog pulverizador foi o modelo empregado pela Jacto para desenvolver o Columbia em 1979, um marco divisor na história da pulverização terrestre no Brasil.

Para permitir o uso do herbicida em pós-emergência da cultura, na Fazenda Rhenânia, se desenvolveram os pingentes, visando aplicar apenas nas entre linhas da soja e do milho.

1974Para o milho a situação foi mais complicada

em função do seu porte e a primeira tentativa foi adaptar um trator Deutz, de maior vão livre, com enxadas rotativas no entre eixo, visando cultivar apenas as entre linhas do milho. Paralelamente e em alguns casos, as enxadas rotativas eram substituídas pelos pingentes de pulverização, que para diminuir o efeito de deriva, receberam um chapéu imediatamente acima da ponta, protegendo o leque de aplicação. Estas experi-ências, associadas a outras que se teve notícia na época, derivadas de outras regiões, como Mauá da Serra, culminaram na proposta de aplicação

em jato dirigido e à aplicação assistida.A introdução do milho na rotação já

demonstrou efeitos benéficos ao sistema de produção, principalmente quando associado ao uso de herbicida pós-emergente, pois isto propiciava um verdadeiro colchão de palha co-brindo o solo. Foram estes efeitos das rotações, amplamente estudados a partir de então, que embasaram a evolução conceitual da prática do Plantio Direto ao Sistema Plantio Direto que se aplica hoje.

A Fazenda Rhenânia passou a receber inúmeras visitas de interessados e curiosos e uma destas foi da comunidade nipônica de agricultores de Mauá da Serra, também em busca de alternativas eficientes para conter a erosão. Foi resultado desta visita a primeira encomenda de duas semeadoras Rotacaster em 1974, feitas pelos produtores Yukimitsu Uemura e Toshyuki Yamanaka. Em 1975 esta comunidade adquiriu mais dez Rotacaster e se consolidou como uma das principais regiões produtoras de cereais do Brasil.

1976Assim como aconteceu com a comunidade

de Mauá da Serra, em 1976 a Fazenda Rhenâ-nia recebeu a visita de interessados da região de Ponta Grossa (PR). Neste grupo estavam Frank Djikstra e Manoel “Nonô” Henrique Pereira, pessoas fundamentais para a expansão territo-rial do Sistema Plantio Direto e para a organi-zação dos produtores em torno do assunto, pois foram os mentores do Clube da Minhoca, que se tornou a FebraPDP em 1992 e estimulou a criação de diversos Clubes Amigos da Terra pelo Brasil, mas principalmente no Rio Grande do Sul, e da Caapas, Confederação das Associações Americanas de Agricultura Sustentável.

Também iniciaram com a Rotacaster, mas em seguida colaboraram definitivamente para as adaptações na PS6 e na concepção da TD, primeira semeadora direta comercial para sementes miúdas surgida em 1980.

Para tanto, a Embrapa Trigo de Passo Fundo (RS) teve papel fundamental, pois, por influência de Herbert Bartz, na época consultor convidado da unidade de pesquisa, importou

O pulverizador autopropelido Unimog e suas barras de 25 metros com rodas apoiadoras, que foramadaptadas num equipamento que anteriormente tinha somente barras de apenas nove metros

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Herbert A. Bartz, Prod. Pioneiro do SPD na América do SulJohann Bartz,Agrôn. produtor e adotante do SPD Marie L. C. Bartz,Bióloga, Dra. em fert. biológica do soloOtávio J. G. Abi-Saab eRicardo Ralisch, Universidade Estadual de Londrina

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Semeadora observada pela comitiva de Norman Boulaug em visita ao Paraguai (esquerda) e semeadora de pequeno porte desenvolvida na Rhenânia e “importada” por paraguaios (direita)

inicialmente a semeadora Nordestern e em 1978 a inglesa Bettinson - 3D, definitivamente as semeadoras modelares da geração de semea-doras diretas brasileiras.

1983De volta à Fazenda Rhenânia, o passo

mais importante para o milho foi dado com a adaptação de um trator MF 95 com estrutura de elevação de seu chassi a 1,8m de vão livre e a implantação de um sistema de pingentes para jato dirigido no pulverizador, permitindo realização de aplicação de defensivos em lavoura já empendoada. Este trator foi apelidado de “Gafanhoto” e foi o protótipo dos atuais auto-propelidos de grande altura.

1993O Sistema Plantio Direto já se firmava

como a melhor alternativa para os médios e grandes produtores. Porém, a agricultura fa-miliar prescindia de alternativas técnicas para empregar o sistema de produção. Aqui teve papel fundamental o Iapar e o projeto Gralha Azul, que dispôs a todos os fabricantes de equi-pamentos agrícolas para a agricultura familiar, os projetos técnicos de um protótipo desenvol-vido em sua Área de Engenharia Agrícola de semeadora para plantio direto à tração animal. Os fabricantes, inicialmente ressabiados com a aceitação do equipamento pelo público, muda-ram de postura após um projeto de autoria da FebraPDP sob direção de Nonô Pereira, que cedeu 36 conjuntos de equipamentos de plantio direto à tração animal a serem direcionados a produtores que passaram a ser assessorados pela Emater PR, na introdução do Plantio Direto nestas condições.

Estes casos foram sendo empregados como vitrine para esta realidade fundiária e socioeco-nômica do sul e sudoeste do Paraná, mas logo se expandiu para o oeste de Santa Catarina e norte do Rio Grande do Sul. Novamente as oficinas e os fabricantes de equipamentos pas-saram a adequar o modelo às mais diferentes

condições regionais, fazendo surgir uma grande gama de alternativas e propostas, consolidando estas pequenas indústrias familiares artesanais. Muitas destas, por exemplo, têm sido levadas a outros países como forma de introduzir o SPD e a agricultura conservacionista empregando tecnologia de baixo custo.

1996Para encerrar, relatamos a semeadora de pe-

queno porte construída na Fazenda Rhenânia neste ano, que teve como base uma sucata de semeadora da marca Hassia e sua adequação com discos de corte e uma possibilidade de ser dotada com duas linhas de milho, três de soja e sete de trigo, portanto uma multissemeadora, a ser tracionada com baixa potência. O objetivo foi ter uma semeadora para implantação de pequenos lotes de testes e ensaios de rotação de culturas na fazenda. Porém, este implemento foi emprestado para uma demonstração no 2º Encontro Sul-americano de Plantio Direto em Pequena Propriedade, realizado em Edelira, no Paraguai, e de lá nunca mais voltou devido a sua grande aceitação local. Esta semeadora conti-nua sendo amplamente usada, tracionada por uma junta de dois bois e alavancou a introdução do SPD em pequenas propriedades do Paraguai, consolidando o sistema naquele país.

CONCLUSÃOA exemplo do SPD e na sua esteira, a

mecanização agrícola brasileira se consolidou como propositora de alternativas e soluções adequadas aos diferentes interesses e realidades da agricultura brasileira e tropical. Esta conquis-ta se deveu a alguns empresários visionários que perceberam que algumas experiências e tentativas isoladas podem ser portadoras de boas ideias.

Os agricultores experimentadores, os me-cânicos que tentam traduzir nas máquinas as expectativas de seus clientes, criando adapta-ções miraculosas e as pequenas indústrias que incorporaram em seus produtos as adequações

sugeridas foram, são e sempre serão fonte rica de informações para o desenvolvimento da mecanização e, consequentemente, da evolução dos sistemas de produção agropecuários.

Neste breve histórico optou-se por ilustrar o caso da Fazenda Rhenânia, mas é óbvio que muitos outros casos foram fundamentais na consolidação da mecanização agrícola genui-namente brasileira.

Além dos tradicionais pioneiros do SPD, Herbert Bartz, Nonô Pereira e Franke Dji-kstra, a mecanização agrícola brasileira se consolidou devido à dedicação de abnegados como: Rolf Derpsch, da GTZ; José Antonio Portella e Antonio Faganelo, da Embrapa Trigo; Ruy Casão Jr., Rubens Siqueira, Ademir Calegari, Rafael Fuentes Llanillo e Augusto Guilherme de Araújo, do Iapar; Justino de Moraes e Guerino, da Jumil, e suas visitas mensais à Fazenda Rhenânia, Paulo Rossato e Paulo Montagner, da Se-meato na ocasião, e suas adaptações nas fazendas Agripastos e Frankanna; Honda, da Jacto, que acompanhou todas as etapas de desenvolvimento dos pulverizadores na Rhenânia, e João Marchesan e seu técnico Jair Francisco, da Marchesan, que prontamente introduziam as modificações sugeridas nos equipamentos e enviavam os protótipos para os testes e apreciações.

Portanto, na mecanização agrícola temos uma tecnologia genuinamente brasileira que se destaca mundialmente e um caso que deve ser usado como exemplo na definição das estraté-gias de desenvolvimento inteligente. .M

Fotos Ricardo Ralish

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AgrICuLturA DE prECISão

Padrão Isobus

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O sistema Isobus possibilita a comunicação entre tratores, plantadeiras, colheitadeiras e implementos de forma padronizada, garantindo compatibilidade de sistemas e uniformidade nas conexões

Isobus é um padrão que busca esta-belecer parâmetros que favoreçam a comunicação e a conectividade elétrica

entre tratores e implementos por meio de tec-nologias de rede digital. Em outras palavras, é uma tentativa de aplicar o conceito de plug and play (conectar e usar) entre as máquinas e os equipamentos agrícolas cada vez mais infor-matizados. É baseado nas redes de padrão LBS/DIN e SAE J1939, ambas baseadas em CAN 2.0. Ainda engloba padrão XML de arquivo em direção a uma plataforma independente de sis-temas operacionais, ou seja, pode ser processada tanto por Windows como por Linux. O que há de novo nesse padrão são as mensagens relativas às atividades típicas de máquinas agrícolas tais como taxas de aplicação, unidades utilizadas, parâmetros de pilotagem automática entre outros e o aspecto dinâmico da conexão entre tratores e implementos.

Isobus tem como finalidade estabelecer base de compatibilidade para próximas gerações de equipamentos eletrônicos embarcados e mostra na sua definição a importância para o futuro das máquinas agrícolas. Para ser um padrão adotado por toda comunidade envolvida deve ser adequado a ela e, por isso, deve ser desenvol-vido por essa mesma comunidade, agregando vantagens a todos que participarem da defini-ção: fabricantes de tratores, fabricantes de im-plementos agrícolas, revendedores, fabricantes de equipamentos com eletrônica embarcada ou simplesmente equipamentos embarcados,

empresas de manutenção, empresas de com-ponentes, representantes de equipamentos e evidentemente o produtor agrícola.

A adoção do novo padrão “conectar e usar” traz benefícios para agricultores, assis-tência técnica, distribuidores e fabricantes. Como também possibilita que implementos e máquinas se conectem sem a preocupação de compatibilidade, simplifica o uso dos equipamentos agrícolas, especialistas podem atender – com mais rapidez – diversas marcas, várias peças são intercambiáveis e o custo de manutenção menor.

Nas últimas décadas, tem-se verificado um avanço vertiginoso da informática e da automação em diversas áreas, incluindo a área agrícola, e que contribuem para uma melhoria das condições de trabalho e do meio ambiente, promovendo a qualidade, a produtividade e a competitividade. Entretanto, o aumento do número de programas computacionais e de dispositivos eletrônicos presentes nesses sistemas exige compatibilidade e integração de tais programas e dispositivos. Uma tendência verificada para suprir essa necessidade em máquinas e implementos agrícolas tem sido a adoção de padrões baseados no protocolo de comunicação digital serial Controller Area Network, conhecido como CAN.

O protocolo CAN foi desenvolvido sob os conceitos de Fieldbus ou Rede de Campo, para promover a interconexão entre dispositivos de controle em automóveis. Em poucos anos essa

tecnologia migrou para outras áreas, como no meio agrícola onde já se observam esforços para desenvolver padronizações internacionais para aplicações em máquinas e implementos agrícolas baseadas nesse protocolo.

No final da década de 1980, na Europa, iniciou-se a elaboração da norma DIN 9684 pela associação de normas alemã Deutsches Institut für Normung ou DIN. Na década de 1990, tomou força, nos Estados Unidos, a pesquisa e o desenvolvimento de padrões para a área agrícola baseados no protocolo CAN, destacando-se a norma SAE J1939 da norte-americana Society of Automotive Engineers ou SAE. Posteriormente, ocorreu a união de esforços entre grupos de pesquisa, empresas,

Detalhe do conector e cabo padrão Isobus utilizado na semeadora

Padrão Isobus

Case IH

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O sistema Isobus possibilita a comunicação entre tratores, plantadeiras, colheitadeiras e implementos de forma padronizada, garantindo compatibilidade de sistemas e uniformidade nas conexões

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Esquema do comunicação entre trator e semeadora

Situação das cabines de tratores que trabalhavam com semeadoras com taxa variável antes da implantação do sistema Isobus: diversos displays mostravam informações específicas de diferentes etapas da operação

as associações DIN, SAE, Asae (The American Society of Agricultural Engineers) e a Inter-national Organization for Standardization, a ISO, para geração de uma norma internacional denominada ISO 11783.

O propósito dessa norma é prover um pa-drão aberto para interconexão de sistemas ele-trônicos embarcáveis através de um barramento que é um conjunto formado por fios, conectores e dispositivos de potência para promover a interconexão de dispositivos e permitir a comu-nicação de dados entre estes. As pesquisas em implementações baseadas nessa padronização começaram a surgir na segunda metade da década de 1990, mostrando seus benefícios e versatilidade para diferentes aplicações.

Atualmente, além dos esforços de insti-tuições de pesquisa e associações de normas, observa-se o esforço por parte de fabricantes de máquinas, implementos e outros equipamentos para tornar a implementação dessa norma uma realidade. Associações como a Association of Equipment Manufacturers ou AEM, que congrega os fabricantes de máquinas e imple-mentos norte-americanos, representada pelo North American Isobus Implementation Task

Force, dos Estados Unidos, e a Federation of Engineering Industry, a equivalente europeia, representada pelo Implementation Group Iso-bus, da Comunidade Europeia, são exemplos dessas parcerias entre fabricantes e associações de normas para promover o desenvolvimento e a implementação da ISO 11783.

Na área agrícola do Brasil, o emprego de redes baseadas no protocolo CAN em máquinas agrícolas é ainda restrito a produtos importados. Trabalhos de pesquisa têm sido realizados no sentido de contribuir com os esforços interna-cionais para desenvolvimento e implementação da ISO 11783 e para auxiliar na assimilação dessa tecnologia por instituições e empresas nacionais, criando possibilidades de compe-tição com os produtos importados. Também a Força Tarefa Isobus Brasil é uma iniciativa para inserir o país no esforço internacional de padronização de comunicação entre tratores e implementos e visa promover sinergia e orientar os grupos interessados em desenvolvimento e implementação dos sistemas de controle e automação de máquinas agrícolas segundo os padrões da ISO.

O esforço internacional tem seguido uma

direção positiva e de retorno profícuo para todos que buscam otimização de processo. A integração das atividades em um padrão traz benefícios para todos: agricultores, assistência técnica, distribuidores e fabricantes. Simplifica o uso, especialistas podem atender às variadas marcas, peças podem ser intercambiáveis, aumenta a rapidez no atendimento, reduz custo de manutenção, enfim, possibilita os equipamentos e máquinas conectarem sem a preocupação de compatibilidade.

Um dos maiores problemas hoje, com o aumento da complexidade de sistemas de diferentes fornecedores para supervisionar e para controlar automaticamente as funções das diferentes máquinas e implementos, é a frequente incompatibilidade existente entre os sistemas.

PROBLEMAS ATUAIS E FREQUENTESA não utilização da Isobus necessita de

vários consoles para diferentes funções. O alto custo de investimento e de instalação, a dificuldade de manutenção, a obsolescência rápida, a necessidade de treinamento, a falta de compatibilidade entre equipamentos de dife-

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quanto o sistema de engate de três pontos. Os fabricantes de equipamentos agrícolas em todo o mundo elegeram Isobus como o protocolo universal para comunicação eletrônica entre implementos, tratores e computadores.

O objetivo inicial da tecnologia de dados Isobus é padronizar a comunicação estabelecida entre tratores e implementos ao mesmo tempo em que assegura a compatibilidade total de transferência de dados entre sistemas móveis e software da sede da fazenda. É a padronização da transferência de dados entre sensores, acio-nadores, elementos de controle e unidades de display e armazenagem de informações.

O fato de os produtores geralmente utiliza-rem tratores de uma marca com os implementos de outra, onde cada fabricante utiliza um siste-ma eletrônico diferente, faz com que a utilização de um terminal individual para cada tipo de máquina que será utilizada seja necessária. O Isobus transforma tal ineficiência em algo obsoleto ao criar uma interface padronizada e compatível (Terminal Virtual – VT) entre o trator e os implementos associados com o propósito planejado de alcançar a capacidade de recurso plug and play para cada combinação. Basta “plugar” e pronto. Desse modo, um único terminal Isobus substitui vários terminais espe-cíficos para cada implemento no trator.

Os fabricantes de máquinas agrícolas estão buscando soluções para implementação do sistema em seus equipamentos. Um exemplo é a Semeato, que firmou uma parceria de OEM com o grupo CNH para o fornecimento de se-meadoras e o desenvolvimento em conjunto de novos projetos. Visando a maior integração dos produtos fornecidos pela Semeato com os trato-res fabricados pelo grupo CNH desenvolveu-se o projeto de integração entre ambos.

rentes fabricantes são algumas das dificuldades que levaram ao desenvolvimento do padrão internacional aberto ISO-11783, conhecido também como Isobus, para comunicação entre tratores e implementos. Atualmente, além dos esforços de instituições de pesquisa e associa-ções de normas, observa-se o esforço por parte de fabricantes de máquinas, implementos e outros equipamentos para tornar a implemen-tação dessa norma uma realidade.

Trata-se de um esforço internacional para aplicar o conceito de plug and play entre as máquinas e equipamentos agrícolas cada vez mais informatizados. A adoção de um único padrão traz benefícios para todos: agricultores,

assistência técnica, distribuidores e fabricantes. Ele simplifica o uso dos equipamentos agrícolas, especialistas podem atender às variadas marcas e peças podem ser intercambiáveis. Também é facilitada a leitura dos resultados, “a informa-ção/retorno para o planejamento estratégico do próximo ano”.

Além disso, aumenta a rapidez no atendi-mento, reduz custo de manutenção e possibilita que equipamentos e máquinas se conectem sem a preocupação de compatibilidade.

Para discutir o futuro das máquinas agríco-las e projetar novas possibilidades é importante entender o seu papel e a evolução do sistema digital, considerando que nos últimos anos tem havido uma intensa mudança na eletrônica de tratores, colheitadeiras e equipamentos para uso em campo. Uma das principais vantagens para o usuário é que o padrão facilita a conexão eletrônica do trator com o implemento, permi-tindo que o terminal instalado dentro do trator consiga operar e monitorar as funções de todos os implementos que sejam compatíveis.

Assim, na troca de uma plantadeira para um pulverizador, o operador desconecta e conecta a peça padrão na traseira do trator e, automati-camente as informações do novo implemento são carregadas para o terminal da máquina. O objetivo é tornar esta conexão tão simples

Eduardo Copetti,Semeato

.M

Primeiras experiências de AP requeriam vários equipamen-tos, o que elevava o custo e dificultava o monitoramento

Com o padrão Isobus, um único monitor fornece todas as informações de monitoramento da atividade

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FICHA téCNICA

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As semeadoras Sol TT, desde o seu lançamento, em março de 2011, utilizam um sistema

eletro-hidráulico para realizar a transmis-são do sistema de distribuição de sementes e também utiliza sensores nas linhas de semeadura para realizar o monitoramento das sementes.

Este sistema preconizava a utilização de dois consoles de controle na cabine do tra-tor: um console para controlar a transmissão do sistema de distribuição das sementes e outro console para fazer o monitoramento da distribuição das sementes. Cada console é proveniente de fabricantes diferentes.

Os equipamentos utilizados na Sol TT eram fornecidos pelos seguintes fabricantes:

Micro Trak, fornecedora do controlador eletrônico S-Control; Agral: fornecedora do monitor de sementes Semetronic.

Levando-se em consideração que os tra-tores utilizados para tracionar a semeadora já saem de fábrica com sistema de piloto automático e este sistema também requer um console, encontrava-se, então, na ca-bine do trator três consoles diferentes para realizar cada um a sua função, tornando a operação dificultada em função da quanti-dade de equipamentos que o operador tinha que monitorar.

APÓS ISOBUS - INOVAÇÃO 2012A utilização da Isobus permite o emprego

de somente um console para realizar todas

as funções. Os tratores da CNH equipados com sistema de piloto automático utilizam o console Pro 700, fabricado pela empresa Trimble, denominado de IntelliView III para os tratores da Série T8 da New Holland e AFS Pro 700, para os tratores da Série Magnum da Case IH.

Depois de firmado o acordo de OEM en-tre as empresas Semeato e CNH, iniciaram-se os trabalhos, de forma conjunta, visando à integração da semeadora com os tratores. O projeto prevê a utilização de um único console no trator responsável por todas as funções da semeadora e do trator, eliminan-do, desta forma, a utilização de múltiplos consoles. Um único equipamento controla a transmissão do sistema de distribuição de sementes da semeadora, atua como monitor de sementes e ainda é responsável pelo siste-ma de pilotagem automática do trator.

O que antes era realizado por três con-soles, com o desenvolvimento do projeto de integração, atualmente se utiliza somente o console padrão dos fabricantes de tratores.

INOVAÇÃO 2012Para possibilitar a integração semeadora/

trator, se fez necessário alterar o sistema de

Sol TT IsobusA Semeato ganhou o Troféu Ouro da divisão

Agricultura de Escala do Prêmio Gerdau Melhores da Terra 2012 com o sistema de integração eletrônica entre

a semeadora Sol TT e tratores utilizando o padrão Isobus, norma internacional de comunicação eletrônica

entre tratores e implementosMódulos Master (esq.) e Slave (dir.) que possibili-tarão a comunicação da semeadora com o trator

O sistema de integração eletrônica entre a semeadora Sol TT e os tratores que utilizam o sistema Isobus recebeu o Troféu Ouro da Divisão Agricultura de Escala do Prêmnio Gerdau Melhores da Terra 2012

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Fotos Semeato

barramento da semeadora, adaptando todo o cabeamento e os conectores ao sistema previsto pela ISO. Módulos eletrônicos de comunicação foram instalados na máquina, onde estão conectados todos os cabos refe-rentes às diversas funções de controle.

Utilizam-se dois tipos de módulos. O Módulo Master conecta até 16 sensores de linhas e ainda coordena as demais fun-ções, como sensor de velocidade, sensor de levante da máquina, controle de válvulas hidráulicas, sensor de feedback dos motores hidráulicos e sensor da RPM da turbina, no caso de máquinas pneumáticas.

No Módulo Slave são conectados os cabos dos sensores de sementes, instalados nas linhas de semeadura. Cada módulo tem capacidade para 18 sensores. A partir do Módulo Master parte o único cabo que será conectado ao trator.

CONSIDERAÇÕES FINAISA Sol TT desde o projeto inicial se

caracteriza por melhorar a qualidade da distribuição de sementes visando a obtenção de melhores índices de plantabilidade para atingir o estande de plantas/ha exigido por cada uma das diferentes culturas.

É sabido que o sistema de transmissão dos distribuidores de semente exerce grande influência na qualidade da distribuição de sementes. Com base neste fato a máquina apresenta o sistema de transmissão eletro-hidráulico, que apresenta uma série de vantagens quando comparado ao sistema mecânico realizado através de correntes e engrenagens. Esse sistema, além de facilitar calibração/regulagem da máquina, propor-ciona o movimento da transmissão mais uniforme e contínuo.

Ainda com o propósito de aperfeiçoar o sistema de transmissão visando eliminar qualquer possibilidade de interferência na distribuição de sementes, a linha de seme-adora da Sol TT apresenta a transmissão do distribuidor de sementes através de cabo flexível, eliminando toda e qualquer corrente e engrenagem da linha, fazendo com que o distribuidor trabalhe de forma contínua e uniforme, resultando em alta qualidade de semeadura.

Sendo a operação de plantio fator de-terminante para o sucesso da lavoura, se faz necessário que seja realizada dentro do período ideal recomendado e deve estar garantida a população ideal de plantas.

A utilização de um único console resulta em maior eficiência na operação de maior concentração e conforto do operador, uma vez que é possível controlar todos os parâme-tros da plantadeira e do piloto automático. O operador tem em suas mãos todas as funções básicas do trator e da plantadeira.

É importante ressaltar o pioneirismo dessa integração entre equipamentos de diferentes fabricantes no mercado brasi-leiro de máquinas agrícolas. A agilidade obtida pela Isobus aliada à qualidade do sistema de transmissão garantem a alta qualidade do processo de semeadura e a obtenção de informações precisas para realizar o planejamento estratégico da propriedade.

Pela primeira vez no Brasil, uma seme-adora está em plena sinergia com tratores de diferentes marcas, pelo fato de estar utilizando um sistema aberto, que pode ser integrado com qualquer marca de trator. É a aplicação prática da Isobus.

Detalhe do cabo padrão Isobus que fará a comunicação entre a semeadora e o trator. Com conector padrão, a compatibilidade do sistema é garantida

Na cabine do trator, os diversos monitores são substituídos por um único

.M

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IrrIgAção

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Água puraA seleção de areia para filtros de irrigação deve obedecer alguns critérios básicos para garantir a filtragem adequada da água, sem entupir ou comprometer o funcionamento correto dos equipamentos de irrigação

A qualidade da água deve ser uma das maiores preocupações dos projetistas e dos agricultores na hora de dimen-

sionar e de operar sistemas de irrigação localiza-da. A ocorrência do entupimento de emissores por processos físicos, químicos e contaminantes biológicos pode se tornar um problema grave na manutenção diária do sistema de irrigação. A obstrução por impurezas na água pode con-tribuir para mudanças no perfil de pressão do sistema, comprometendo a uniformidade de distribuição de água e aumentando os riscos de insucesso da irrigação.

No Brasil, a maioria das propriedades agrícolas requer a aplicação de sistemas de tratamento de água para viabilizar o uso da irrigação localizada. Dentre os métodos de tratamento existentes, o uso de filtros tem sido a alternativa mais utilizada pelas empresas de irrigação por ser a contaminação física uma das mais presentes no campo. A filtração pode ser definida como o processo de separação de sóli-

dos suspensos na água através da passagem do líquido por um meio poroso que seja capaz de reter essas partículas, sendo sempre recomen-dada quando ocorre a presença de impurezas tanto orgânica (algas) como inorgânica (areia) ou de outros materiais presentes na água de irrigação.

Dentre os filtros utilizados em irrigação, o filtro de areia se destaca por ser capaz de filtrar tanto material inorgânico como orgânico, removendo inclusive partículas menores do que o diâmetro de seus poros devido à atração estática entre as partículas filtradas e os grãos de areia. O desempenho superior do filtro de areia em reter material orgânico, comparado com outros tipos de filtros, se deve a sua capa-cidade de coletar esses contaminantes ao longo da trajetória percorrida na camada de areia e da possibilidade de acumular quantidades signi-ficativas de algas antes de ser necessária a sua limpeza. Dessa forma, a utilização desses filtros na irrigação localizada é sempre recomendada

quando se faz uso de águas superficiais prove-nientes de rios, lagos, barragens ou reservatórios que contenham mais que 100mg de matéria orgânica ou impurezas suspensas por litro de água utilizada na irrigação.

Apesar da reconhecida eficiência de re-moção desses filtros, a escolha incorreta da areia colocada no seu interior pode provocar entupimentos nos emissores e deficiência em seu funcionamento. Atualmente no Brasil, as areias usadas na irrigação são comercializadas utilizando classificações qualitativas dentro de suas classes granulométricas, ou seja, areia gros-sa, média e fina, sem haver nenhuma quantifi-cação de suas características físicas. Isso ocorre porque no Brasil não existe normas específicas para caracterização de areias utilizadas em filtros de irrigação, havendo somente a norma ABNT EB-2097 (1990), que fixa as condições para recebimento e colocação de areia, antracito e pedregulho como camada suporte em filtros de abastecimento público de água. A falta dessa

Água puraA seleção de areia para filtros de irrigação deve obedecer alguns critérios básicos para garantir a filtragem adequada da água, sem entupir ou comprometer o funcionamento correto dos equipamentos de irrigação

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Detalhe de filtros instalados junto ao sistema de captação de água

John Deere Water

normalização é um dos fatores que contribuem para a recomendação de areias inadequadas para casos específicos de sistemas localizados, podendo comprometer a sua operação e o resultado esperado da cultura.

Para evitar os riscos que a escolha incorreta do material filtrante pode trazer a um sistema de irrigação, que tem alto custo de investimento, o objetivo desse texto é apresentar informações essenciais que o irrigante precisa ter sobre a areia no momento de selecioná-la para o seu sistema. Adicionalmente, busca-se orientar as empresas fornecedoras de areias para o oferecimento de dados técnicos importantes para a sua comer-cialização para filtros de irrigação.

DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DA AREIAA areia utilizada comercialmente no Brasil

é extraída em atividades de mineração de leitos de rios, várzeas ou em cavas. Ela é formada principalmente por grãos de quartzo (dióxido de silício ou sílica) com formas diversas e ar-

redondamento e esfericidade distintos, e que pode, dependendo da composição da rocha da qual é originária, agregar outros minerais óxidos e silicatos, como feldspato, mica, zircão, magnetita, cassiterita, entre outros.

Toda amostra de areia é composta por grãos com diferentes formatos, tamanhos ou dimensões que podem estar dentro de um intervalo entre 0,05mm a 5mm. Os padrões comerciais classificam a areia respeitando apro-ximadamente o intervalo do tamanho dos grãos presentes na amostra, como: areia fina (0,15mm a 0,6mm), areia média (0,6mm a 2,4mm) e areia grossa (2,4mm a 4,8mm). Entretanto, os intervalos granulométricos adotados pelas empresas fornecedoras de areia podem variar de acordo com padrões próprios e específicos para a utilização a que se destina.

SELEÇÃO DA AREIAA escolha da granulometria correta da areia

para filtros deve considerar a retenção de par-tículas que podem entupir o diâmetro de saída dos emissores (gotejador ou microaspersor) ins-talados no sistema de irrigação da propriedade. Areias com granulometria muito grossa podem resultar em uma filtração ineficiente e permitir o entupimento dos emissores, enquanto areias com granulometria muito fina podem entupir rapidamente seus poros e requerer retrolavagens frequentes.

CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DA AREIAA caracterização das propriedades físicas do

meio filtrante desempenha fator preponderante no comportamento hidráulico e, consequente-mente, na eficiência de filtração e na eficácia da retrolavagem requerida nos filtros de areia. Dessa forma, toda areia comercializada para fins de irrigação deve ter suas características físicas determinadas para se conhecer a distribuição dos diferentes tamanhos ou diâmetros de grãos presentes em uma amostra.

A distribuição de tamanhos de grãos é obtida em ensaios de distribuição granulomé-trica do material granular. Essa determinação é realizada pela passagem de uma amostra seca de areia por um conjunto de peneiras padro-nizadas, cujos tamanhos das aberturas devem ser determinados por normas específicas. Após a agitação mecânica da amostra, que obriga a sua passagem pelo conjunto de peneiras, deter-minam-se as massas retidas em cada peneira e calculam-se as porcentagens retidas, as retidas acumuladas e as porcentagens que passaram por cada peneira. A curva granulométrica é construída com os valores da porcentagem de areia que passa por cada peneira e o correspon-dente valor da abertura da peneira (tamanho da malha) correspondente em mm. A Figura 1 apresenta as curvas granulométricas de três amostras de areia diferenciadas pelos intervalos granulométricos de 0,5mm a 1,0mm; 0,8mm a 1,2mm e 1,0mm a 1,5mm, que serão designa-das como G1, G2 e G3, respectivamente.

A partir da curva granulométrica da amos-tra da areia é possível estimar os valores de diâ-metros característicos que permitem descrever fisicamente dois parâmetros que devem ser utilizados nos critérios de escolha: diâmetro médio efetivo das partículas e coeficiente de uniformidade.

DIÂMETRO MÉDIO EFETIVOO diâmetro médio efetivo (D10) é definido

como sendo diâmetro da abertura da peneira que permite a passagem de 10% da amostra do material granular. Seu valor caracteriza o menor diâmetro de partícula na classificação da areia e indica o tamanho da partícula que será removida pelo meio filtrante. Quanto menor for o diâmetro efetivo (D10) da areia melhor será a qualidade do efluente, mas menor será a duração da carreira efetiva de filtração do filtro, sendo, necessária a realização de um número maior de retrolavagens.

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Tabela 1 - Parâmetros granulométricos D10, D60, CU das amostras avaliadas

Amostra123

D60 (mm)0,771,081,54

D10 (mm)0,510,851,15

CU1,511,271,34

Devido à relação entre o diâmetro efetivo e as dimensões das partículas retidas no filtro, pode-se afirmar que a areia adequada é aquela com diâmetro efetivo médio igual ao diâmetro mínimo do gotejador e ao dobro do diâmetro mínimo do microaspersor. Por exemplo, a areia de granulometria G2 apresentou um diâmetro efetivo de 0,85mm, portanto, ela é adequada para sistemas de gotejamento que tenham emissores com esse diâmetro de abertura, e para sistemas de microaspersão com emissores com 1,7mm de diâmetro.

COEFICIENTE DE UNIFORMIDADEO coeficiente de uniformidade (CU) é

outro parâmetro utilizado para caracterizar a distribuição granulométrica das amostras de areia. Esse coeficiente caracteriza o intervalo de diâmetros de partículas existentes dentro da amostra, fornecendo informações sobre a homogeneidade de diâmetros da amostra. É definido como a relação entre a abertura da peneira que permite a passagem de 60% (D60) do material poroso e a abertura da peneira que permite a passagem de 10% (D10) do mesmo material. Quanto menor o valor de CU, mais uniforme será o material, maior será a retenção das impurezas e maior será a taxa de filtração.

No caso de filtros de irrigação, recomenda-se o uso de areias com valor máximo de coefi-ciente de uniformidade de 1,5, sendo aceitáveis areias com coeficientes entre 1,4 e 1,6. Uma das possíveis consequências da utilização de areias com coeficientes acima desses valores é

a ocorrência de perdas de material mais fino durante a retrolavagem. Utilizando as amostras apresentadas na Figura 1, é possível estimar os valores do diâmetro efetivo e do coeficiente de uniformidade para as três amostras com dife-rentes granulometrias (Tabela 1).

Observa-se que os valores do coeficiente de uniformidade ficaram dentro do intervalo considerado aceitável, com a granulometria da amostra dois apresentando o menor valor, mostrando que essa areia apresenta grãos com diâmetros mais uniformes que as demais amostras. Além disso, os valores do coeficiente demonstraram que todas as amostras apresen-taram valores dentro dos limites recomendados, comprovando a homogeneidade do material.

ESFERICIDADE Dentre os critérios de escolha da granu-

lometria adequada da areia para os filtros, recomenda-se a utilização de grãos de areia que possuam arestas afiadas e angulares que permitam a formação de trajetórias tortuosas para o fluxo da água, criando, assim, um maior percurso e possibilitando uma maior retenção de sólidos suspensos e algas. Quanto mais irre-gular for a forma geométrica dos grãos, melhor o desempenho durante a filtração, enquanto os grãos de forma arredondada apresentam maior eficiência durante a retrolavagem e perda de

carga final entre 20% e 30% inferior àquela desenvolvida em grãos de forma irregular.

A definição de esfericidade é um pouco complexa e seu significado pode se tornar subjetivo em função de quem a realiza. Ela é definida como sendo a relação entre a área superficial de uma esfera de mesmo volume do grão e a área superficial do grão propriamente dito. Entretanto, a dificuldade da determinação desse parâmetro dificulta o seu uso com critério de seleção, podendo somente ser utilizado como forma de orientar a não utilização de areias roladas, ou com superfícies arredondadas em irrigação.

FRIABILIDADE OU DUREZA DOS GRÃOSNa filtragem pressurizada utilizada na irri-

gação, a combinação do processo de filtragem e retrolavem, compressão e atrito dos grãos, determina maiores possibilidades de modifica-ção do formato dos grãos devido a sua quebra (alteração diâmetro efetivo das partículas) ou desgaste de suas arestas (arredondamento das partículas), alterando as características físicas do material e sua eficácia no processo.

No caso de filtros de areia, existem três pos-síveis causas de ruptura dos grãos: no transpor-te, durante a filtragem e na retrolavagem. Após o seu beneficiamento a areia é transportada a granel (caçambas) ou empacotada em sacos que pode determinar a presença de forças que deter-minam o atrito e a quebra dos grãos. Durante a retrolavagem, especialmente com a combinação de ar e água, os grãos tendem ao atrito simultâ-neo, causando a abrasão. Por último, a pressão de operação durante o processo de filtragem

Figura 1 - Exemplo de curvas da distribuição granulométrica de três amostras de areia com diferentes granulometrias

A obstrução por impurezas na água pode contribuir para mudanças no perfil de pressão do sistema, comprometendo a uniformidade de distribuição

Detalhe do interior de um filtro de areia

Em microaspersores, a pureza da água deve ser observada com mais cuidado

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Sistema móvel, que possibilita instalar os filtros próximos ao equipamento de distribuição

Fotos Roberto Testezlaf

tende a comprimir a camada filtrante. Dessa forma grãos mais frágeis podem se quebrar ou trincar-se modificando seu diâmetro efetivo.

Apesar da recomendação da determinação da friabilidade da areia para uso em filtros de areia, a complexidade dessa análise aliada ao fato de que, de acordo com alguns pesqui-sadores, esse processo pode não ocorrer de forma significativa em areias de sílica, limita o uso dessa propriedade física na escolha da areia para irrigação. Por outro lado, a perda da esfericidade devido à baixa dureza dos grãos pode ser um fator indicativo para a troca da areia nos filtros.

CONSIDERAÇÕES FINAISA especificação utilizada na comercializa-

ção da areia empregada em filtros de irrigação, baseada em intervalos granulométricos ou na qualificação da granulometria, e a falta de uma norma específica para essa aplicação, não fornecem informação mínima necessária para uma boa seleção desse material, podendo levar à obstrução dos emissores e causar sérios preju-ízos à agricultura irrigada. Apesar dos fornece-dores terem condições de oferecer informações técnicas completas sobre a caracterização física da areia, ainda não existe por parte das empresas de irrigação e dos produtores agrícolas a preocu-pação de requerê-las e de buscar uma adequação mínima necessária para o funcionamento eficaz do sistema de filtragem. Dessa forma, o Grupo

de Pesquisa Tecnologia de Irrigação e Meio Am-biente da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp vem trabalhando para suprir a falta de conhecimento sobre o projeto, dimensionamen-to e operação de filtros de areia. As informações básicas oferecidas nesse artigo buscam cons-cientizar as partes envolvidas da necessidade de se aprimorar esse relacionamento comercial

e proporcionar melhores condições para que a irrigação localizada atinja seus objetivos como técnica de irrigação.

Roberto Testezlaf,Márcio Mesquita eJuan Camilo Salcedo Ramirez,Unicamp

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EvENtoS

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Primeira mãoProdutores brasileiros viajam aos Estados Unidos para acompanhar os

últimos lançamentos da Case IH no Farm Progress Show 2012 e conhecer locais que fazem parte da história da mecanização

Voltaria aqui todos os anos.” Essa foi a frase do produtor gaúcho Vilvy Balzan, no saguão do ae-

roporto de Atlanta, enquanto aguardava o voo que o traria de volta ao Brasil, após passar nove dias nos Estados Unidos. Assim como Balzan, milhares de outros produtores brasileiros têm realizado viagens técnicas ao Exterior, com o objetivo de conhecer novas tecnologias e métodos de produção.

Esta é a terceira viagem de Balzan aos Estados Unidos. Neste ano embarcou a convite da Case IH, juntamente com um grupo de 30 pessoas entre clientes e revendedores da marca. Na visita ao meio-oeste americano, região responsável por 80% da produção de grãos no país, o grupo conheceu o centro de desenvolvimento das principais tecnologias da Case IH em Burr Ridge; o Museu da Case IH em Racine, que ainda preserva as primeiras máquinas e implementos agrícolas produzidos pelo seu fundador, Jerome Increase Case, e visitou o Farm Progress Show, uma das maiores feiras agrícolas do mundo.

O roteiro técnico começou com a visita do grupo ao Centro de Desenvolvimento

Tecnológico da Case IH, em Burr Ridge, onde são realizados todos os testes com motores, chassis, transmissões e suspensões das máquinas projetadas pela empresa. “Este tipo de viagem aproxima cliente e fábrica, possibilitando um intercâmbio de informa-

ções que são úteis para os dois lados”, ava-liou o diretor de Marketing para a América Latina, Alfredo Jobke. Ao mesmo tempo em que o produtor toma conhecimento do processo que envolve desde a concepção até o lançamento de uma máquina, tam-

Visita ao Centro de Desenvolvimento Tecnológico da Case IH em Burr Ridge, no estado de Illinois

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Fotos Gaspar Nobrega

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bém dá um retorno da utilidade daquele equipamento no campo e quais as possíveis melhorias que poderiam ser incorporadas em projetos futuros. “O produtor conhece novas tecnologias aqui nos Estados Unidos e sabe que se ela for viável para o tipo de agricultura do Brasil, em pouco tempo estará à disposição para que utilize em sua lavoura”, explica.

Para o produtor Willian Seiji Mizote, do Grupo Mizote, de São Desidério, Bahia, viagens como esta são importantes para ampliar os horizontes e conhecer tecno-logias que podem ser incorporadas à sua empresa. Cultivando milho, soja e algodão em uma área de 25 mil hectares no oeste baiano, Mizote garante que qualquer avanço tecnológico é importante e pode se traduzir em aumento de produtividade. “Este tipo de experiência é interessante, porque a gente sempre conhece alguma máquina ou tecno-logia nova que pode ser utilizada no Brasil, mesmo que tenha que ser adaptada”, opi-nou. O mesmo sentimento é compartilhado por Gianni Brunetta, do Grupo Itaquerê de Primavera do Leste, em Mato Grosso. “Já fiz este tipo de viagem sozinho e com grupos, mas cada vez conheço algo novo que soma experiência”, analisou.

MUSEU CASE IHAlém da alta tecnologia, a história da

Case IH também estava no roteiro do grupo. Localizado na cidade de Racine, estado de Winsconsin, a alguns quarteirões do Lago Michigam, está o Museu da Case IH, que também foi casa e escritório do fundador, Je-rome Increase Case, reconhecida, em 1981, como Marco Histórico pela Comissão de Preservação de Racine. O espaço atualmente abriga poucas, mas valiosas peças que fize-ram parte da vida de Jerome, principalmente nos primeiros anos da empresa. Lá ainda é possível ver uma das máquinas utilizadas para auxiliar na debulha dos grãos, que eram comercializadas por seu pai, as primitivas “Ground hog”, importadas da Inglaterra. E

foi sobre máquinas primitivas e ineficientes que J.I. Case realizou melhorias até chegar a um produto que pudesse ser comerciali-zado em escala maior. A sua escrivaninha permanece conservada e está exposta entre trilhadeiras, niveladoras de tração animal, miniaturas de máquinas a vapor e fotos que marcaram a vida do fundador e os pri-meiros anos da empresa, em um local que leva o visitante a uma viagem ao passado da mecanização.

FARM PROGRESS SHOWO ponto alto da viagem foi a visita ao

Farm Progress Show, feira anual que ocorre em Boone, no estado de Iowa, nos anos pa-res, e em Decatur, Illinois, em anos ímpares. É considerada a maior feira dinâmica de máquinas agrícolas do mundo e ocupa uma

área superior a 360 hectares entre a parte de exposição estática e demonstrações de campo, onde nesta edição circularam mais de 200 mil pessoas.

No estande da Case IH, que recebeu, além do grupo do Brasil, equipes da Argen-tina, Paraguai, Bolívia, Chile e Uruguai, os produtores puderam ver de perto os mais modernos lançamentos da marca para o mercado americano. Muitas das tecnologias lançadas agora estarão presentes em um fu-turo muito próximo em máquinas do mundo inteiro, inclusive do Brasil. Em uma arena montada dentro do estande da Case IH, os principais lançamentos se misturavam com flechas que cruzavam o picadeiro, parte do espetáculo que entrou para o Guinness Book, apresentado pelo casal Ross e Elisa Hartzell.

O grupo conheceu uma das usinas que produz álcool a partir do milho, da Marquis Energy, em Hennepin, Illinois

Visita ao Farm Progress Show, em Boone,Iowa, foi um dos pontos altos da viagem

Diretor de Marketing Global, Gerry Salzman, ao lado de um exemplar da primitiva debulhadora “Ground hog”, importada da Inglaterra, exposta atualmente no Museu da Case IH

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Um dos destaques da empresa foi a co-lhedora Axial modelo 2013, com inovações como a cabine, escolhida pelos produtores americanos como a melhor entre as que equipam todas as colhedoras do merca-do. “A nossa nova cabine avançou ainda mais para definir o padrão da indústria em conforto, comodidade e ergonomia do operador para o seu escritório no campo”, diz Nate Weinkauf, gerente de Marketing da Case IH.

Esta nova cabine traz inovações como joystick multifuncional mais ergonômico e fino, instalado sobre um console que permite que o painel de comandos deslize para frente ou para trás, para se adaptar melhor a cada biótipo de operador. Vários espaços para armazenar objetos foram incorporados, além de possibilitar conexão como iPod e iPad através de esperas já instaladas na cabine. O assento vem em couro vermelho, com mais espaço para pernas e pés, para tornar-se ainda mais confortável em jornadas longas. “O objetivo de todos estes detalhes é propor-cionar ao produtor a mesma comodidade e conforto que ele encontra em seu escritório”, afirma Weinkauf. O sistema de Agricultura de Precisão e monitor de produtividade AFS 700 Pro também está disponível em todas as colhedoras da marca.

Fora da cabine, a Série 30 tem novidades no sistema de descarregamento do tanque graneleiro, com tubo de descarga de 28 pés, de nove polegadas, que pode ser dobrado em um ângulo de 90 graus, ou um tubo de 34 pés que se dobra em duas diferentes partes, em ângulo de até 135 graus. A bica que fica na extremidade do cano de descarga pode ser direcionada de dentro da cabine, possibilitando alterar o ângulo de descarga em até três metros, sem a necessidade de aproximar ou distanciar a colhedora da carreta graneleira.

A motorização do Série 30 é composta

por motores FPT Tier 4 SCR que, além de poluir menos o ambiente, gera aumento de eficiência ao redor de 10%, quando comparado ao Tier 3. “Todo o projeto da Axial-Flow busca a simplicidade, reduzindo ao máximo o número de partes móveis para proporcionar mais vida útil aos componen-tes e possibilitar que o produtor permaneça o maior tempo possível no campo e aumente o rendimento de sua colheita”, finaliza Weinkauf.

Outro clássico da Case IH que também se modernizou é o trator de alta potência Steiger Quadtrac, lançado na versão Steiger Rowtrac, com modelos de 350cv a 600cv de potência. O Rowtrac Steiger Tractor vai parecer familiar aos brasileiros, pois traz uma série de semelhanças com o gigante Steiger Quadtrac que já é exportado para o Brasil. No entanto, entre as inovações da

série está a largura das esteiras, que ganhou versões mais estreitas – 16 e 18 polegadas - para possibilitar o deslocamento do trator entre as linhas de plantio, sem amassar as plantas. A largura entre os eixos passou de 1,54m para 1,60m e também se adapta aos diferentes espaçamentos das linhas. Cada unidade de esteira oscila dez graus para cima ou para baixo para manter mais constante o contato da unidade de tração com o solo. O sistema de suspensão também é diferente na nova versão, que transfere menos vibrações à cabine.

A série Farmall ganhou versões com transmissão constantemente variável (CVT) nos modelos Farmall 40B CVT, a CVT 45B e 50B CVT Classe 3. Este tipo de transmis-são geralmente é utilizado em tratores de maior potência mas no mercado americano estará presente no Farmall. Trata-se de uma

O gigante Rowtrac Steiger Tractor, que pode chegar aos 600cv de potência,traz como novidades esteiras com 18 polegadas de largura

As novidades que estarão na lavoura em 2013 foram apresentadas numa arena montada dentro do estande da Case IH

Os novos modelos da Axial-Flow terão cabine escolhida pelos produtores como a melhor entre as colhedoras

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transmissão que permite número infinito de relações de transmissão fazendo com que o motor trabalhe sempre na sua rotação mais eficiente e sem que se perceba o escalona-mento no deslocamento do trator. Já a linha Magnum ganhou uma série limitada em cor prata, para comemorar os 25 anos de fabricação do trator.

As inovações também estavam presentes nos pulverizadores autopropelidos Patriot, que trazem como novidade a aplicação com sistema de pulso. Ao contrário dos sistemas convencionais que têm um jato constante de produto, esta inovação tem válvulas contro-ladas eletronicamente que trabalham através de pulsações muito rápidas, com sequências diferentes entre os bicos pares e ímpares, fazendo com que mantenha sob controle a pressão, o volume de calda e o tamanho da gota sem a necessidade de que o operador tenha de intervir a partir da cabine.

Diante de tantas novidades tecnológicas e histórias da mecanização, é perfeitamente possível entender o desejo do produtor gaúcho Vilvy Balzan, de voltar todos os anos à região que respira agricultura de alta performance e guarda, com grande riqueza de detalhes, parte da história das máquinas agrícolas utilizadas no mundo inteiro. Equipe da Case que acompanhou o grupo: Aldo Stacchini, Ricardo Iacovenko, Adriana Samek,

Fernando Furlan e o diretor de marketing para a América Latina, Alfredo Jobke.M

Charles Echer viajou a convite da Case IH

Fotos Gaspar Nobrega

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puLvErIZADor

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Déficit de pressão

Apesar de se tomar como base tais parâmetros (temperatura e umidade relativa do ar), nem

sempre se tem uma precisão quanto ao poder evaporante do ar. Visando estimar mais precisamente este poder evaporante, um novo conceito tem sido empregado, chamado de déficit de pressão de vapor d’água (DPV), em que se correlacionam ambas as variáveis.

O déficit de pressão de vapor d’água consiste na diferença entre a pressão parcial de vapor de água existente no ar e a pressão de vapor de saturação de água no ar.

A tecnologia de aplicação de de-

fensivos tem como objetivo colocar o produto no alvo, com as menores perdas possíveis. Diversos fatores como escolha do pulverizador, tipo e vazão da ponta de pulverização, produto a ser pulveri-zado, momento a ser aplicado, espectro e população de gotas e condições mete-orológicas, determinam a eficiência de uma pulverização.

Em relação às condições meteoroló-gicas, são de extrema importância para se realizar uma correta pulverização. Estudando os efeitos das condições me-teorológicas na aplicação de defensivos, pesquisadores concluíram que, com a

redução da umidade relativa de 90% para 30%, o tempo de evaporação de uma gota de 340μm reduziu de 115 para 52 segundos.

Quando uma gota é evaporada, além do potencial risco de contaminação do meio ambiente, pode resultar em baixa absorção do produto pelo alvo, reduzindo a eficácia do produto. Também, quando se utilizam gotas finas, pode ocasionar eva-poração antes de a gota atingir o alvo.

As condições meteorológicas consi-deradas favoráveis para a realização das pulverizações são amplamente citadas na literatura, sendo caracterizadas por

Um novo conceito tem sido empregado na pulverização, chamado de déficit de pressão de vapor d’água (DPV), em que se correlacionam temperatura e umidade relativa do ar,

para definir as melhores condições para realizar a aplicação de defensivos

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temperaturas entre 15°C e 30°C, umi-dade relativa do ar maior que 55% e velocidade do vento variando de 2km/h a 10km/h. Contudo, em várias situações estes requisitos não são atendidos, em virtude da necessidade da pulverização em condições desfavoráveis, ou seja, nem sempre é possível o agricultor realizar a pulverização nos momentos em que as condições meteorológicas são favoráveis.

Apesar de se tomar como base tais parâmetros (temperatura e umidade relativa do ar), nem sempre se tem uma precisão quanto ao poder evaporante do ar. Visando estimar mais precisamente o poder evaporante do ar, um novo conceito tem sido empregado, chamado de déficit de pressão de vapor d’água (DPV), em que se correlacionam ambas as variáveis.

O déficit de pressão de vapor d’água consiste na diferença entre a pressão par-cial de vapor de água existente no ar e a pressão de vapor de saturação de água no ar. Essa diferença é uma medida do poder evaporante do ar, tendo relação direta com os processos de evaporação, uma vez que dependem do gradiente de pressão de vapor entre a superfície evaporante e o ar. Resumidamente, quanto maior o DPV,

maior a facilidade da gota se evaporar durante uma pulverização.

Em campo o produtor pode facilmen-te determinar o DPV, com o auxílio de um termo-higrômetro portátil ou, então, com um psicrômetro no qual o agricul-tor determina a temperatura e umidade

relativa do ar e posteriormente faz os cálculos para saber quais as configurações da aplicação. (Box)

Observam-se as condições ideais para pulverização quando o DPV está abaixo de 10hPa. Quanto maior os valores de DPV, maior o potencial de evaporação

Gráfico 1 - Gráfico Psicrométrico

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das gotas. Como em campo, nem sem-pre é possível pulverizar em condições ótimas, sempre que o agricultor neces-sitar pulverizar em condições extremas recomenda-se ajustar o tamanho das gotas pulverizadas. De uma forma geral, deve-se adequar o tamanho das gotas pul-verizadas de acordo com o potencial de evaporação e ao alvo a ser pulverizado.

Outra forma de se obter valores de DPV é com o auxílio de um gráfico psi-crométrico (Gráfico 1).

Por exemplo, o agricultor realizou as leituras de temperatura de 30°C e umidade relativa de 60%. De posse de um gráfico psicrométrico, na linha infe-rior procura-se a temperatura de 30°C, caminha-se verticalmente pelo gráfico até a linha de umidade relativa de 60%, traça-se uma linha horizontal e realiza-se a leitura de pressão de vapor (Linha Vermelha), que no exemplo foi de 26hPa. Posteriormente, a partir do ponto de umidade relativa de 60%, continua-se caminhando na vertical até a linha de umidade relativa de 100%, traça-se uma

[ ]

CoMo CALCuLAr o DéFICIt DE prESSão DE vApor (Dpv)

Com os dados de temperatura, pri-meiramente calcula-se a pressão

de vapor de saturação d’água no ar (es).

es = 6,108 x 10 (1)

em quees = pressão de saturação de vapor d’

água no ar (hPa);T = temperatura do ar (ºC).

Já com os dados de umidade relativa do ar e de posse da pressão de vapor de saturação de d’água no ar, calcula-se a pressão parcial de vapor d’água no ar (Equação 2).

ea = UR es (2) 100

em que

ea = pressão parcial de vapor d’ água (hPa);

UR = umidade relativa do ar (%).

A diferença entre a pressão de satu-ração e a pressão parcial de vapor d’água no ar fornece o déficit de pressão de vapor d’água no ar, que é a medida da quanti-dade de vapor d’água necessária para que o ambiente atinja o ponto de saturação (Equação 3).

DPV = ( es - ea ) (3)

em queDPV= déficit de pressão de vapor

d’água no ar (hPa).

Em campo quanto maior os valores de DPV, maior o potencial de evaporação das gotas (Tabela 1).

(7,5 T)(237,5+T

Tabela 1 - Faixas de DPV, com as respectivas capacida-des evaporativas do ar

Capacidade evaporativa do arBaixaMédiaAlta

Muito alta (não recomendada)

Intervalos de DPV (hPa)DPV< 10

10< DPV< 2020 < DPV< 30,00

DPV > 30,00

Termo-higrômetro portátil utilizado determina a temperatura e a umidade relativa do ar, dados que auxiliarão o produtor a calcular o déficit de pressão de vapor d’água

Psicrômetro que também pode ser usado para auxiliar na definição do melhor momento para aplicar

linha na horizontal (Linha Verde) e no-vamente realiza-se a leitura de pressão de vapor, 42hPa. A diferença entre as leitu-ras determina o DPV, que neste caso foi de aproximadamente 16hPa. Este valor significa que o ar apresenta uma “média” capacidade evaporativa.

Este tipo de observação permite ajus-tar de forma adequada o conjunto pulve-rizador para que trabalhe numa pressão adequada, com bicos que produzam gotas

no tamanho ideal para aquela condição específica, que vai muito além da simples observação da velocidade do vento e do volume de produto aplicado.

Robson Shigueaki Sasaki Mauri Martins Teixeira Cleyton Batista de Alvarenga Sérgio Zolnier Haroldo Carlos Fernandes,UFV

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