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Estudos de Psicologia I Campinas I 29(2) I 271-284 I abril - junho 2012
11111 Universidade de Brasília, Instituto de Psicologia. Campus Universitário Darcy Ribeiro, ICC Sul, 70910-900, Brasília, DF, Brasil. Correspondência para/Correspondenceto: A.L. COSTA JUNIOR. E-mail: <aderson@unb.br>.
22222 Universidade de Brasília, Programa de Pós-Graduação em Processo de Desenvolvimento Humano e Saúde. Brasília, DF, Brasil.
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Preparação psicológica de pacientes submetidosa procedimentos cirúrgicos
Psychological preparation in patientsundergoing surgical procedures
Áderson Luiz COSTA JUNIOR1
Fernanda Nascimento Pereira DOCA2
Ivy ARAÚJO1
Luciana MARTINS1
Lara MUNDIM1
Ticiana PENATTI1
Ana Cristina SIDRIM1
Resumo
Este trabalho tem por objetivo identificar, entre artigos publicados em periódicos indexados pelo PubMed/MedLine, informa-ções sobre as principais modalidades e efeitos de intervenção psicossocial em procedimentos pré e pós-operatórios compacientes adultos, bem como, apontar algumas lacunas na produção científica acerca do tema. Foram selecionados 32 artigos,sendo oito teórico-conceituais e 24 empíricos, dos quais um era estudo de caso, nove se referiam à avaliação específica de efeitosde preparação psicológica e 14 tratavam de temas associados ao contexto de preparação psicológica e cuidados cirúrgicos. Asintervenções psicológicas foram divididas em oito categorias, baseadas em características funcionais das respectivas interven-ções. Verificou-se uma deficiência de estudos na área de atuação específica da Psicologia, sendo os profissionais de enfermageme medicina os que mais produziram estudos sobre o tema. Constatou-se, também, a ausência de protocolos sistematizados deintervenção psicológica relacionados a procedimentos cirúrgicos.
Unitermos: Apoio psicológico. Cirurgia. Preparação psicológica. Procedimentos médicos invasivos.
Abstract
This paper aims to identify information on the main types and effects of psychosocial intervention in pre- and post-operative adultpatients in articles published in journals indexed by PubMed/MedLine. It also highlights gaps in scientific literature on the subject.We selected 32 articles: eight theoretical and 24 empirical. One of these was a case study; nine referred to the evaluation of theeffects of psychological preparation; and 14 dealt with issues related to the context of psychological preparation and surgical care.Psychological interventions were divided into eight general categories, based on functional characteristics. We discovered an absenceof research in the field of psychology on the subject, with the nursing and medical professions providing more material for study.We also noted an absence of systematised psychological intervention protocols related to surgical procedures.
Uniterms: Psychological preparation. Surgery. Psychological support. Invasive medical procedures.
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Estudos de Psicologia I Campinas I 29(2) I 271-284 I abril - junho 2012
Embora os contínuos avanços nas práticas cirúr-gicas e anestésicas, creditadas ao desenvolvimentocientífico e tecnológico e às políticas de redução decustos e aumento de eficácia do tratamento médico,tenham resultado no declínio do tempo médio deinternação hospitalar (Gilmartin & Wright, 2007; Mitchell,2000b; Rankinen et al., 2007), a preparação psicológicados indivíduos a serem submetidos a procedimentoscirúrgicos ainda é um tema recorrente em psicologiada saúde e em outras ciências. Isso se deve ao fato deque as formas de intervenção não se diversificaram namesma proporção e os resultados ainda carecerem demaior consistência (Rankinen et al., 2007).
Considerando que, em geral, uma cirurgia impli-ca grande impacto sobre o bem-estar físico, social eemocional do paciente, com aumento dos níveis deansiedade e stress e pelo distanciamento, mesmo quetemporário, da rede de apoio social e familiar, a análisefuncional da preparação psicológica de pacientes paracirurgia consistiu um tema legítimo de pesquisa tam-bém pelos benefícios potenciais da sua utilização (Juan,2005; Markovic et al., 2004).
Relatos de pacientes expostos a procedimentoscirúrgicos apontam que os principais fatores desen-cadeantes de ansiedade incluem: a) percepção ante-cipada de dor e desconforto; b) espera passiva pelo iníciodo procedimento; c) separação da família e sentimentosde abandono; d) possível perda, mesmo que temporária,de autonomia; e) medo da morte, de sequelas, do proce-dimento de anestesia e do risco de alta prematura; ef ) o procedimento cirúrgico como um todo (Bellani,2008; Berg, Fleischer, Koller & Neubert, 2006; Garbee &Gentry, 2001; Gilmartin & Wright, 2008; Marcolino, Suzuki,Alli, Gozzani & Mathias, 2007). Esses fatores ansiogênicospodem interferir de modo adverso sobre a aquisição deestratégias de enfrentamento do procedimento cirúr-gico e sobre o processo de recuperação do paciente,gerando, ainda, maior probabilidade de episódios deelevação da pressão sanguínea, sangramentos maisintensos nas cirurgias, redução de resistência imuno-lógica e transtornos psicossomáticos (Ribeiro, Tavano &Neme, 2002).
Com o intuito de reduzir os níveis de ansiedade,melhorar o bem-estar do paciente, aumentar a adesãoao tratamento, torná-lo mais apto para enfrentar commaior eficiência o procedimento cirúrgico, proporcionar
um processo de recuperação pós-operatória mais rápidoe humanizar os cuidados cirúrgicos dispensados aospacientes, alguns estudos apontam a efetividade dediversas intervenções preparatórias, vinculadas ao perfilcomportamental e cognitivo dos pacientes, tais como:a) disponibilizar adequado nível de informação àsnecessidades do paciente, que devem ser identificadaspreviamente pelos profissionais de saúde (Bellani, 2008;Gilmartin & Wright, 2007; Juan, 2005; Rankinen et at.,2007; Shelley & Pakenham, 2007); b) promover modi-ficações na estrutura física dos ambientes pré e pós--operatório, tornando-os espaços acolhedores, priva-tivos, calmos e relaxantes (Gilmartin & Wright, 2007); c)utilizar técnicas de relaxamento muscular progressivoou relaxamento induzido, por meio de visualização ativano pré e pós-operatório (Ribeiro et al., 2002; Rosendahlet al., 2009); e d) disponibilizar suporte espiritual e atenderàs necessidades psicossociais dos pacientes, viabilizandoestratégias de enfrentamento cognitivo, baseadas noproblema a ser enfrentado (Patenaude et al., 2009;Rosendahl et al., 2009).
Esta revisão tem por objetivo sistematizar umconjunto de informações disponíveis na literatura espe-cializada sobre a preparação psicológica para cirurgia,destacando dados sobre efeitos comportamentais deprocedimentos preparatórios e modalidades de inter-venção psicossocial em pré e pós-operatório. A partirdesta análise, pretende-se, ainda, apontar algumas lacu-nas na produção científica acerca deste tema, identifica-dos entre artigos publicados em periódicos indexadospelo PubMed/MedLine.
Método
Efetuou-se levantamento bibliográfico a partirdas fontes de informação disponíveis no PubMed/
MedLine, buscando-se todas as referências selecionadasna íntegra. Tendo em vista o objetivo delimitado paraessa revisão, foram utilizados os seguintes descritores:psychological preparation, surgery, day surgery, information
given e psychological support, isoladamente ou combi-nados dois a dois. Primeiramente, as referências foramselecionadas com base em seus títulos e abstracts. Em
seguida, foram descartados da análise os textos publi-
cados antes do ano 2000, bem como aqueles que tinham
como objeto de estudo exclusivo cirurgias com crianças,
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cirurgias odontológicas ambulatoriais e cirurgias emer-
genciais (não eletivas). Também foram descartados os
artigos relacionados apenas ao período pós-cirúrgico.
Na seleção dos artigos, deu-se prioridade aos mais
recentes, isto é, na medida em que se esgotavam as
publicações de um determinado ano, buscavam-se as
publicações do ano imediatamente anterior, e assim
sucessivamente, de 2009 a 2000, identificando-se 32
artigos. Todos os artigos selecionados foram lidos na
íntegra e categorizados em função dos procedimentos
de preparação psicológica que utilizavam ou referiam.
Resultados
Considerando os objetivos e critérios desta revi-
são, foram selecionados 32 artigos, sendo: a) oito teórico-
-conceituais ou revisões de literatura; b) 24 artigos
empíricos, dos quais um era estudo de caso único, nove
se referiam à avaliação específica de efeitos de inter-
venções de preparação psicológica e 14 tratavam de
temas associados ao contexto de preparação psicoló-
gica e cuidados cirúrgicos.
Os artigos teórico-conceituais, ou revisões de
literatura, tratavam de temas relacionados a aspectos
psicossociais presentes no dia da cirurgia, com destaque
para controle da ansiedade (2 artigos), o papel da equipe
de enfermagem e de psicologia (2 e 1, respectivamente)
e abordagens profissionais que avaliam e executam
intervenções pré-cirúrgicas (3 artigos).
Os 14 artigos empíricos sobre temas associados
ao contexto de preparação psicológica e cuidados
cirúrgicos tiveram como foco a análise da vivência dos
pacientes no período pré-cirúrgico, stress, ansiedade,
depressão e suporte social. O Anexo 1 apresenta a
caracterização dos participantes dessas pesquisas,
contexto (tipos de cirurgia), objetivo geral, metodologia
de coleta de dados e principais resultados dos estudos.
Considerando os 32 artigos selecionados para
este trabalho e as modalidades de preparação psico-
lógica para cirurgia que referiam, ou avaliavam seus
efeitos, foi possível identificar oito categorias de proce-
dimentos preparatórios, mais frequentemente referidos:
transmissão de informações, incentivo à autonomia do
paciente, disponibilização de apoio social, atuação em
equipe multidisciplinar, relaxamento, mudanças noambiente físico, música e suporte espiritual.
A título de ilustração, a Tabela 1 apresenta as ca-tegorias de procedimentos psicológicos preparatóriosem ordem decrescente de ocorrência entre os 32 artigosselecionados neste trabalho. Observa-se que um mesmoartigo poderia fazer referência a mais de um procedi-mento de preparação psicológica para procedimentoscirúrgicos.
A análise dos nove artigos empíricos que estu-daram os efeitos da preparação psicológica para cirurgiaapontou maior concentração de procedimentos decaráter médico e de enfermagem, em detrimento decuidados especificamente psicológicos. Apesar dessapredominância, aspectos psicológicos foram abordadosem intervenções prévias aos procedimentos cirúrgicos,especialmente quando relacionados ao gerenciamentoda ansiedade, referidos como relevantes em todos osnove artigos analisados, que faziam avaliação específicade algum procedimento preparatório. O Anexo 2 apre-senta a caracterização dos participantes dessas pes-quisas, os tipos de cirurgia, objetivo geral, metodologiae principais resultados dos estudos dos nove artigos.
Todos os artigos selecionados referiam-se aopaciente em condição pré-cirúrgica, aguardando trans-porte ao centro cirúrgico ou o início do procedimento.Os pacientes foram descritos como indivíduos quevivenciam altos níveis de ansiedade, sentimentos deabandono, impotência e medo. A preparação psicoló-gica, por sua vez, caracterizava-se, na maior parte dosartigos, por intervenções que visavam informar sobre oprocedimento cirúrgico e o processo de recuperação,levando em consideração demandas físicas e psicos-sociais genéricas dos pacientes.
Tabela 1. Categorias de preparação psicológica para cirurgia eocorrência entre artigos selecionados.
Transmissão de informaçõesIncentivo à autonomia do pacienteDisponibilização de apoio socialAtuação em equipe multidisciplinarRelaxamentoMudanças no ambiente físicoMúsicaSuporte espiritual
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Categoria de preparação Ocorrência
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A transmissão de informações tinha o objetivode qualificar o paciente com dados técnicos e reduzir aprobabilidade de sintomas de ansiedade, que ocorremmais frequentemente quando o indivíduo é exposto asituações desconhecidas e classificadas como poten-cialmente aversivas (Bellani, 2008; Collazo-Clavell, Clark,McAlpine & Jensen, 2006; Gilmartin & Wright, 2007;Rankinen et al., 2007; Shelley & Pakenham, 2007). Noentanto, segundo Gilmartin (2004), nem sempre osprofissionais de saúde estão habilitados a fornecer infor-mações que representam suporte psicológico adequadoaos pacientes. Muitos profissionais de saúde, na intençãode tranquilizar o paciente, fornecem informações queelevam a ansiedade e o medo daquele que vai se subme-ter à cirurgia. A utilização de técnicas de relaxamento(Ribeiro et al., 2002; Rosendahl et al., 2009), o uso demúsica (Cooke, Chaboyer, Schluter & Hiratos, 2005), modi-ficações na estrutura física do ambiente hospitalar(Gilmartin & Wright, 2007) e o desenvolvimento de ativi-dades por equipes multidisciplinares, embora sejamprocedimentos menos referidos, foram apontados comocomplementares à redução da ansiedade do pacienteem condição pré-cirúrgica e potencialmente benéficosa seu bem-estar (Gilmartin, 2004).
Rankinen et al. (2007) apontaram seis dimensõesque devem compor as informações disponibilizadas aospacientes que são submetidos à cirurgia: a) biofisiológico(doença, sintomas, formas de tratamento e possíveiscomplicações); b) funcionais (necessidades individuais,mobilidade, descanso, nutrição e higiene corporal); c)empírico (vivência de emoções e experiências no hos-pital); d) éticas (direitos, deveres, participação na tomadade decisão, privacidade e confidencialidade); e) social(papel da família, relação com outros pacientes e gruposde apoio); e f ) financeiro (custos monetários e benefícios).
Marchand et al. (2007) destacam que as informa-ções a serem transmitidas dependem do tipo de cirurgiaque será realizada, do grau de conhecimento e de orga-nização de que o paciente já dispõe, bem como de suacondição em termos de bem-estar psicológico e de suadesejabilidade em termos de informações.
Alguns estudos ainda destacam a necessidadede se analisar o impacto provocado por estas informa-ções, planejando-se antecipadamente o conteúdo a serdisponibilizado, o momento mais adequado para apre-sentá-lo e os efeitos psicossociais da transmissão, consi-
derando-se ainda as diferenças culturais entre os pacien-tes (Bellani, 2008; Henderson & Chien, 2004; Krone &Slangen, 2005; Marchand et al., 2007; Patenaude et al.,2009).
As técnicas de relaxamento, como visualizaçãoativa e relaxamento muscular progressivo, têm possibi-litado um maior controle de tensões musculares, umaredução da excitabilidade do organismo e da mente euma redução da percepção de dor, provocados pelostress pré e pós-cirúrgico (Ribeiro et al., 2002). No tocanteà música, sua utilização pode ser efetiva por promoverepisódios de distração, ou seja, por desviar a atençãodo paciente de eventos aversivos, como o medo, a an-siedade e a expectativa de dor, para experiências maispositivas e potencialmente menos estressantes (Cookeet al., 2005).
A reestruturação do ambiente hospitalar rela-cionado aos cuidados cirúrgicos deve buscar o desen-volvimento de um espaço percebido psicologicamentecomo mais seguro, calmo, privado e fisicamente con-fortável. Tais mudanças têm levado à melhoria das con-dições de bem-estar e de satisfação do paciente, apesarde ser inevitável a exposição a condições adversas ine-rentes ao contexto de centros cirúrgicos. Sugere-se, porexemplo, a adoção de formas práticas e criativas, comtemáticas variadas e harmônicas na decoração do am-biente físico (Gilmartin & Wright, 2007).
Conceder autonomia ao paciente caracteriza-secomo um diferencial nas práticas de intervenção pré--cirúrgicas. Essa concessão pode ocorrer por diversosmeios, como, por exemplo, a acessibilidade a infor-mações que aumentem a percepção do paciente emrelação a sua capacidade de exercer algum controlesobre a situação vivenciada. Em alguns estudos, foiapontada a possibilidade de o paciente tomar suas pró-prias dicisões, a respeito do tratamento e de perceber--se mais ativo durante os eventos pré-cirúrgicos(Goodman et al., 2009; Krohne & Slangen, 2005; Nagraj,Clark, Talbot & Walker, 2006). Nesse sentido, foramencontradas evidências empíricas da preferência dospacientes por se dirigirem à sala de cirurgia caminhan-do por conta própria, caso suas condições físicas lhespermitam, em vez de serem transportados em macasou cadeiras-de-roda (Nagraj et al., 2006).
Muito pouco foi encontrado sobre a disponi-bilização de suporte espiritual para pacientes que foram
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ou serão expostos a procedimentos cirúrgicos. Essa
intervenção foi caracterizada como um procedimento
psicossocial que se baseia na crença (ou na fé) de que
Deus, ou alguma entidade divina ou superior, esteja
presente durante o período de internação e possa
exercer influência positiva sobre a condição clínica e de
recuperação do paciente (Rosendahl et al., 2009).
Entretanto, para que o suporte espiritual seja mais eficaz
e proporcione uma maior cooperação do paciente com
a internação e o tratamento como um todo, é necessário
que esteja disponível nos ambientes hospitalares e que
respeite as preferências religiosas, como também as
necessidades psicossociais de cada paciente, o que
requer uma equipe treinada e habilitada em filosofias
da religião, práticas religiosas e espiritualidade
(Rosendahl et al., 2009).
Discussão
É importante ressaltar que as propostas de inter-
venção analisadas eram passíveis de execução pelos
diversos profissionais que compõem a equipe de saúde,
sendo que intervenções privativas de psicólogos não
foram referidas em nenhum artigo. Notou-se também
uma carência de dados empíricos que pudessem subsi-
diar intervenções preparatórias baseadas em processos
psicológicos, isto é, que tratassem da cognição ou da
afetividade humana e/ou que analisassem a história do
paciente relacionada ao ambiente de cuidados com a
saúde, suas significações, experiências e vulnerabilidadesrelativas à exposição a procedimentos cirúrgicos. Pes-quisas baseadas em evidências clínicas também nãoforam encontradas entre os trabalhos selecionados.
Segundo Medeiros e Peniche (2006), uma ava-
liação psicológica do paciente a ser submetido a cirurgia
pode constituir uma oportunidade para a expressão de
sentimentos e pensamentos que auxiliarão os pro-
fissionais de saúde a atender as especificidades do indi-víduo, aumentando a probabilidade do desenvolvi-mento de estratégias mais eficientes de enfrentamentodo procedimento cirúrgico, maior colaboração com aequipe médica, facilitação do processo de comunicação,redução dos níveis de stress e ansiedade e, conse-quentemente, otimização do tempo de recuperaçãocirúrgica e alta hospitalar.
Juan (2005) afirma que a eficácia do acompanha-mento psicológico de pacientes cirúrgicos se sustentapela instrumentalização destes para lidar adequa-damente com as circunstâncias adversas da internaçãoe da cirurgia. O indivíduo adquire recursos de enfrenta-mento, inicialmente através de técnicas disponibilizadasde acordo com suas demandas, já identificadas pelaavaliação psicológica, no período anterior à cirurgia.Posteriormente, pode desenvolver seus próprios recur-sos, de acordo com suas necessidades e potencialidades.Outros profissionais da equipe, não psicólogos, podematuar como agentes multiplicadores de estratégias posi-tivas de enfrentamento, coerente com filosofias multi-disciplinares de cuidados com a saúde.
Destaca-se que também não foram encontradasintervenções preparatórias para acompanhantes, nosentido de que estes também vivenciam ansiedade emedos inerentes à situação pré-operatória e interferemsobre o estado emocional dos pacientes que acom-panham. Uma vez que o acompanhante dá suporte(pessoal/social) durante o período de internação e re-cuperação do paciente, deveria receber tanta atençãoquanto o paciente. Os acompanhantes devem terconhecimento mínimo e qualificado acerca de seu pa-pel quanto aos cuidados com o paciente (dentro e forado hospital), à previsão de duração do tratamento comoum todo e da cirurgia, às possíveis sequelas da doença(ou do procedimento executado) e às informaçõespertinentes a cada caso (Rosendahl et al., 2009).
A ausência de sistematicidade no atendimento
preparatório, especialmente psicossocial, ao paciente
cirúrgico sugere a necessidade do desenvolvimento de
uma padronização, composta por etapas estruturadas.
Os artigos selecionados, embora referissem intervenções
pontuais, não o fazem de modo contextualizado às ne-cessidades de cada paciente e nem fazem referência aprogramas completos, que se estendam da primeiraconsulta ao período pós-cirúrgico e à alta hospitalar.Mitchell (2000a), por exemplo, propõe um programaestruturado apenas para disseminar informação, demodo a incluir diferentes níveis de conteúdo, múltiplosmétodos e continuidade durante os períodos pré e pós--operatório. Já Ouwens et al. (2009) defendem a orga-nização dos cuidados à saúde de pacientes cirúrgicos,
ao propor que cada etapa do tratamento tenha respon-
sabilidades e tarefas pré-determinadas, e também que
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sejam implementadas por uma equipe multiprofissionalbem treinada em habilidades sociais. No entanto, épreciso mais do que isso: o protocolo estruturado devereunir todas as propostas de intervenção supracitadas,não só considerando as necessidades do indivíduo, mastambém medindo o efeito das intervenções.
Ressalta-se, por fim, o incentivo à crescente im-plementação de práticas multidisciplinares no processode preparação de pacientes para a cirurgia, eviden-ciando a participação de médicos, nutricionistas, enfer-meiros, psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentessociais, fisioterapeutas, entre outros. O registro do atendi-mento às necessidades psicossociais de cada paciente,incluindo indicadores de intervenção preparatória epreditores de resultados em função dos processos psico-lógicos manifestados por cada indivíduo, pode gerarprotocolos de intervenção a serem testados em pesqui-sas multicêntricas, colaborando para a construção deum corpo mais consistente de conhecimentos sobrepreparação psicológica para procedimentos cirúrgicos,ainda não disponível plenamente na literatura.
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Recebido em: 3/5/2010Versão final reapresentada em:13/10/2010Aprovado em: 29/6/2011
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ANEXO1
CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES, TIPOS DE CIRURGIA, OBJETIVO GERALMETODOLOGIA E PRINCIPAIS RESULTADOS DOS
ESTUDOS SOBRE TEMAS ASSOCIADOS AO CONTEXTO DE PREPARAÇÃO E CUIDADOS CIRÚRGICOS
Artigo (Autor/Ano)
Henderson eChien (2004)
Markovic et al.(2004)
Travado et al.(2004)
Fighera e Viero(2005)
Pacientes de 15a 93 anos de ida-de, de ambos ossexos
Excluídos: pa-cientes com com-prometimentocognitivo e/oucom inabilidadede comunica-ção
Pacientes de di-ferentes níveis so-cioeconômicos,que moravamcom a família eque tinham em-prego
Pacientes de 16a 65 anos, deambos os sexospeso médio de120kg e IMC mé-dio de 46kg/m2
Pacientes adul-tos, visivelmentemobilizados pa-ra com a reali-zação da cirurgia
Cirurgias que re-querem uma cur-ta internação hos-pitalar, tais como:apendicectomia,cirurgia de hemor-róida, incisão doabscesso perineal,entre outras
Diferentes tipos decirurgias (não foiexpecificado e/ouexemplificado)
Cirurgia bariátrica
Cirurgias de mé-dio porte (histe-rectomia, varizes,col ic istectomiaetc.) e eletivas
Identificar quais infor-mações os pacientesdesejam/queriam terno pré-cirúrgico
Analisar qualitativa-mente os significadosdo dia da cirurgia paraos pacientes, explo-rando especificamen-te a ansiedade e identi-ficando as questõespertinentes à experiên-cia a que o pacienteestava exposto (dia dacirurgia)
Caracterizar psicologi-camente a populaçãode obesos mórbidosavaliados por meio deprotocolo de avaliaçãopsicológica
Elucidar o significadoda vivência do pacien-te com relação aosmomentos que ante-cedem o procedimen-to cirúrgico
Patients’ Needs forK n o w l e d g e , o fProposed Surgery(PNKPS), o qualcontempla as se-guintes áreas: his-tórica médica e de-talhes da cirurgia,justificativa da ne-cessidade da cirur-gia, benefícios e ris-cos de tratamen-tos alternativos, osprocedimento dacirugia, resultadosa curto prazo, pos-síveis complica-ções (sinais) eefeitos na vida coti-diana
Survey por telefo-ne (48h da cirur-gia), observação eentrevista em pro-fundidade
Entrevista clínicasemiestruturada equestionários deauto-avaliação dasdimensões de per-sonalidade (MCMI-II), ansiedade e de-pressão (HADS),qualidade de vida(MOS-SF/20) eauto-conceito(ICAC)
Entrevista não-diretiva, funda-mentada na per-gunta desenca-deadora: “O quefica presente emsua vida neste mo-mento que vocêvai se submeter acirurgia?”
Verificou-se que os pacientesapresentam alto nível de neces-sidade de todos os tipos de infor-mação. As informações aponta-das como mais necessárias refe-riam-se aos sinais e sintomas decomplicações no pós-operatórioe sobre quando procurar ajudamédica
O dia da cirurgia é uma experiên-cia desafiadora para as pacientes.Alguns pacientes sentem a neces-sidade de suporte por parte dosprofissionais de saúde, principal-mente no que se refere ao forneci-mento de informações. Caminharaté a sala de operações e ter aces-so a pessoas significativas antes eapós a cirurgia, são experiênciaspertinentes
Verificou-se que, embora grandeparte dos pacientes não tenhampsicopatologia nem alterações dapersonalidade, outros há queapresentam alterações bastantesignificativas (instabilidade psico-lógica, personalidade compulsiva,ideação suicida). Esse fato com-prova a necessidade da avaliaçãopsicológica prévia à realização dacirurgia, como forma de selecio-nar os candidatos
Os momentos que antecedem acirurgia são vivenciados pelo pa-ciente de uma forma dramática eassustadora. O medo do des-conhecido é a principal causa dainsegurança e da ansiedade dopaciente pré-cirúrgico. As fanta-sias vivenciadas pelos pacientes,mais frequentemente encontra-das são com relação à anestesia eà recuperação
Pacientes Tipo de cirurgia Objetivo da pesquisa Coleta de dados Principais resultados
279279279279279
PREPARA
ÇÃO
PSICOLÓ
GIC
A PA
RA C
IRURG
IA
Estudos de Psicologia I Campinas I 29(2) I 271-284 I abril - junho 2012
ANEXO1
CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES, TIPOS DE CIRURGIA, OBJETIVO GERALMETODOLOGIA E PRINCIPAIS RESULTADOS DOS
ESTUDOS SOBRE TEMAS ASSOCIADOS AO CONTEXTO DE PREPARAÇÃO E CUIDADOS CIRÚRGICOS
Artigo (Autor/Ano)
Krohne e Slangen(2005)
Padilha eKristernsen (2006)
Medeiros ePeniche (2006)
Nagraj et al. (2006)
Marchand et al.(2007)
Pacientes de 17 a57 anos de idade,de ambos os se-xos, que não re-ceberam pré--medicação an-siolítica. Excluí-dos: pacientescom cirurgias re-lacionadas a tu-mores ou de ca-ráter emergencial
Pacientes entre36 e 77 anos, deambos os sexos,variados níveissócioeconômicos,em atendimentoambulatorial. Ex-cluídos: pacien-tes com proble-mas neurológi-cos ou proble-mas de saúde,analfabetos
Pacientes de 18 a65 anos, ambosos sexos, sem in-tercorrências psi-quiátricas, semmedicação pré--anestésica nomomento de apli-cação dos ques-tionários
Pacientes de am-bos os sexos (nãoforam caracteriza-dos quanto à ida-de e/ou outrasvariáveis)
Pacientes de 20 a58 anos, de am-bos os sexos, emacompanhamen-to profissional há,pelo menos, 1ano, com consul-tas médicas, psi-cológicas, nutri-cionais e terapiade grupo
Cirurgia maxilo-facial eletiva, sobanestesia geral
Cateterismocardíaco
Cirurgias eletivasde pequeno emédio porte
Cirurgias gerais,urológicas, orto-pédicas, gineco-lógicas e opera-ções menores
Cirurgiabariátrica
Avaliar o papel do su-porte social ao pacien-te, nos indicadores destress antes, durante eapós a cirurgia
Investigar de formaexploratória medo eansiedade relatadospelos pacientes sub-metidos ao CAT, des-crevendo as manifes-tações comportamen-tais e cognitivas as-sociadas a medo e an-siedade
Identificar o estado deansiedade e as estraté-gias de enfrentamen-to utilizadas pelo pa-ciente no períodopré-operatório, e veri-ficar a relação entre es-sas variáveis
Investigar a preferên-cia dos pacientesquanto à forma de serencaminhado à salade cirurgia
Descrever e analisar aestrutura cognitiva(conhecimento e ou-tros estados mentais)de pacientes obesosantes de se submete-rem à cirurgia
Emotional andI n f o r m a t i o n a lSupport Scales-Operations (EISP),Cognitive, Affective,Somatic Anxietyscale (CASA) e um in-ventário para avalia-ção do stress relati-vo à cirurgia
Questionário de auto-relato, com ques-tões fechadas comescalas Likert de cin-co pontos e ques-tões abertas, explo-rando aspectos domedo e da ansieda-de em diferentes eta-pas do CAT. Com-posto por duas par-tes, uma apresenta-da previamente aoCAT e outra, poste-riormente
Questionário de es-tado de ansiedadede Spielberger e o in-ventário de estraté-gias de coping deLazarus e Folkman
Questionário nãoespecificado.
Entrevista baseadana pergunta “O queimagina que iráacontecer após asua cirurgia?”
Verificou-se que os pacientes comaltos escores de suporte socialapresentavam menos ansiedade,recebiam doses menores de nar-cóticos e permaneciam interna-dos por um curto período de tem-po
Verificou-se a ausência de associ-ação entre conhecimento prévioe diminuição do medo e da ansie-dade. Foram relatadas preocupa-ções quanto a possíveis inter-corrências durante o procedimen-to e quanto ao diagnóstico eprognóstico. Os resultados suge-rem que intervenções de preparopsicológico em pacientes subme-tidos a procedimentos invasivosseriam benéficos na redução daansiedade
Verificou-se que as estratégias deenfrentamento mais comumenteutilizadas foram as de suporte so-cial e a de resolução de proble-mas. Obteve-se uma correlaçãonegativa entre o estado de ansie-dade e o suporte social e a resolu-ção de problemas
Verificou-se que a maior parte dospacientes prefere ir caminhandoaté a sala de operações (indicativode maior necessidade de autono-mia)
Um terço dos pacientes expres-sou erros de conhecimento acer-ca da cirurgia e da dieta. Além dis-so, apresentou numerosas per-pectivas de mudança positivaapós a cirurgia
Pacientes Tipo de cirurgia Objetivo da pesquisa Coleta de dados Principais resultados
Continuação
280280280280280
A.L. CO
STA JU
NIO
R et al.
Estudos de Psicologia I Campinas I 29(2) I 271-284 I abril - junho 2012
ANEXO1
CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES, TIPOS DE CIRURGIA, OBJETIVO GERALMETODOLOGIA E PRINCIPAIS RESULTADOS DOS
ESTUDOS SOBRE TEMAS ASSOCIADOS AO CONTEXTO DE PREPARAÇÃO E CUIDADOS CIRÚRGICOS
Artigo (Autor/Ano)
Marcolino et al.
(2007)
Rankinen et al.(2007)
Gilmartin e Wright(2008)
Patenaude et al.
(2008)
Pacientes acimade 16 anos, esta-do físico ASA I e IIe seus acom-panhantes. Excluí-dos: pacientescom doença on-cológica, doençapsiquiátrica, defici-ência auditiva, vi-sual ou em uso desubstâncias psi-coativas
Pacientes de 16 a84 anos, de am-bos os sexos
Pacientes de 19 a85 anos de idade,de ambos ossexos, maioria decor branca
Pacientes de 31 a
87 anos, sexo fe-
minino, que fo-
ram submetidas
à mastectomia pro-
filática, com ou
sem diagnóstico
de câncer, ou queestavam conside-rando a possibili-dade de subme-ter-se ao procedi-
mento
Procedimentos ci-
rúrgicos eletivos de
pequeno e médio
porte
Cirurgias trauma-tológicas, gastroin-testinais, urológi-cas, cardíacas e to-rácicas
Cirurgias gerais,ginecológicas eurológicas
Mastectomia pro-
filática
Medir a frequência e
o nível de ansiedade
e depressão no pré-
-operatório em pa-
cientes e em grupo
controle (constituí-
do pelos acompa-
nhantes dos pacien-
tes)
Comparar as expecta-tivas de conhecimen-tos dos pacientes nomomento da admis-são hospitalar e oconhecimento rece-bido durante o pe-ríodo de internaçãohospitalar
Descrever e inter-pretar as experiên-cias dos pacientesno dia da cirurgia
Explorar o interesse
e a aceitabilidade de
interenções/consul-
tas psicológicas em
assuntos relaciona-
dos à mastectomia
profilática em paci-
entes que seriam
submetidas à cirur-
gia ou estavam ava-
liando esta possibili-
dade
Escala Hospitalar
de Ansiedade e
Depressão (HADS)
Hospital Patients’
K n o w l e d g eExpectations eHospital Patients’R e c e i v e dKnowledge, esca-las com quatroníveis de respos-ta, que fazem dis-tinção entre as di-mensões de co-nhecimento biofi-siológico (8 itens),funcional (8), expe-riencial (3), ético(9), social (6) e fi-nanceiro (6)
Entrevistanão-estruturadabaseada em umaquestão inicial (nãoapresentada)
Entrevistas semi-
-estruturadas
Verificou-se que 44% dos pacien-
tes apresentaram sintomas de an-
siedade no pré-operatório e 26%
apresentaram sintomas de de-
pressão. Com relação aos acom-
panhantes, 64% apresentaram sin-
tomas de ansiedade, e 41% sinto-
mas de depressão no período pré-
-operatório. Esses resultados refor-
çam a necessidade de avaliação
da ansiedade de todos os pacien-
tes no período pré-operatório
Os pacientes receberam menosconhecimentos referentes às di-mensões biofisiológica, funcional,experiencial, social e financeira,durante o período de internação,do que tinham expectativa
A maioria dos pacientes sentiu-seabandonado, apreensivo e an-sioso no período pré-operatório
Verificou-se que, entre as mulhe-
res que foram submetidas à mas-
tectomia profilática, mais da me-
tade considerava que a consulta
psicológica era aconselhável e útil,
tanto no período pré quanto no
pós-cirúrgico. Todas as mulheres
que estavam considerando a pos-
sibilidade de se submeter à cirur-
gia acreditavam que a consultapsicológica poderia auxiliar na to-mada de decisão e preparaçãopara o procedimento
Pacientes Tipo de cirurgia Objetivo da pesquisa Coleta de dados Principais resultados
Continuação
281281281281281
PREPARA
ÇÃO
PSICOLÓ
GIC
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IRURG
IA
Estudos de Psicologia I Campinas I 29(2) I 271-284 I abril - junho 2012
ANEXO1
CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES, TIPOS DE CIRURGIA, OBJETIVO GERALMETODOLOGIA E PRINCIPAIS RESULTADOS DOS
ESTUDOS SOBRE TEMAS ASSOCIADOS AO CONTEXTO DE PREPARAÇÃO E CUIDADOS CIRÚRGICOS
Artigo (Autor/Ano)
Goodman et al.(2009)
Pacientes de 51 a76 anos, de am-bos os sexo
Cirurgia de revas-cularização
Avaliar a experiênciados pacientes e a visãodos profissionais acer-ca de um programa deeducação e suporte noperíodo pré-cirúrgico
Grupo focal utili-zando cartões parasuscitar a fala dospacientes com re-lação às seguintesetapas do proces-so cirúrgico: “aguar-dando a sua cirur-gia”, “efeitos sobreo estilo de vida”, “fa-lando sobre a ne-cessidade da cirur-gia”, “suporte en-quanto esperava”,“indo para o hos-pital’, “sua recupe-ração”
Os pacientes apreciaram o pro-grama, mas indicaram que a ava-liação física e a comunicação po-deriam melhorar. Houve uma va-riação na compreensão do pro-grama e no grau de motivaçãopara promover a própria saúde.Houve variabilidade na aborda-gem do profissional durante a pre-paração
Pacientes Tipo de cirurgia Objetivo da pesquisa Coleta de dados Principais resultados
Conclusão
Asa: American Society Anesthesiologists ; IMC: Índice de Massa Corporal; CAT: Cateterismo.
282282282282282
A.L. CO
STA JU
NIO
R et al.
Estudos de Psicologia I Campinas I 29(2) I 271-284 I abril - junho 2012
ANEXO 2
CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES, TIPOS DE CIRURGIA, MODALIDADE DE PREPARAÇÃO PSICOLÓGICA,
PRINCIPAIS RESULTADOS OBTIDOS E USO, OU NÃO, DE MATERIAL EDUCATIVO
Mitchell
(2000a)
Baggioet al.(2001)
Ribeiroet al.(2002)
Artigo(Autor/Ano)
Pacientes acima de
18 anos, que não
se submeteram a
cirurgia nos últi-
mos 12 meses, não
portadores de do-
enças crônicas, que
se comunicavam
verbalmente
Pacientes adultosde ambos os sexos
Pacientes de 9 a 12anos de idade, deambos os sexos,maioria de corbranca
Cirurgia de la-
paroscopia gi-
n e c o l ó g i c a
com aneste-
sia geral
Cirurgiacardíaca
Enxerto Ós-seo Secundá-rio (EOAS)
Fornecimento de
informação por
meio de livretos
Fornecimento deinformação/orien-tação
Intervenção psico-lógica cognitiva etreino de relaxa-mento e visualiza-ção
Fornecimento de informa-
ção por meio de dois tipos
de livretos: o primeiro com
informações simples e bre-
ves, e o segundo com um
maior número de informa-
ções, mais amplas e deta-
lhadas
Fornecimento de orienta-ções baseadas no Proto-colo Guia de Orientaçõesde Enfermagem (Baggioet al., 2001), utilizando co-mo material de apoio pai-néis ilustrativos
Entrevista psicológica paraidentificação de sentimen-tos e avaliação do estadopsico-orgânico, seguidapor treino em técnicas derelaxamento, visualizaçãoe suporte para minimizaro nível de ansiedade e ten-são no período pré-ope-ratório
Os pacientes
com estilo de
enfrentamento
vigilante, que
receberam in-
formações sim-
ples e breve,
apresentavam-
se mais ansiosos
imediatamente
antes da cirur-
gia. Todos os pa-
cientes que re-
ceberam o li-
vreto com infor-
mações simples
e breves, inde-
pendentemen-
te do tipo de es-
tilo de enfren-
tamento, procu-
raram mais con-
tato com o mé-
dico responsá-
vel
As orientaçõesfornecidas pelaenfermeira pro-porcionaram aopaciente umacordar tranqui-lizador e forampercebidas poreles como umasituação diferen-ciada, a qual ge-rou um senti-mento privilégio
Maiores ganhosnas condiçõespsico-orgânicasdos pacientessubmetidos àintervenção depreparação psi-cológica nopós-operatório
Sim
Não
Não
Ident i f ica-
do, mas não
caracteriza-
do
Hospital deensino
Ident i f ica-do, mas nãocaracteriza-do
PacientesTipo decirurgia
Preparaçãopsicológica
Procedimentode preparação
psicológica
Principaisresultados
Uso dematerial
educativo
Tipo dehospital
283283283283283
PREPARA
ÇÃO
PSICOLÓ
GIC
A PA
RA C
IRURG
IA
Estudos de Psicologia I Campinas I 29(2) I 271-284 I abril - junho 2012
ANEXO 2
CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES, TIPOS DE CIRURGIA, MODALIDADE DE PREPARAÇÃO PSICOLÓGICA,
PRINCIPAIS RESULTADOS OBTIDOS E USO, OU NÃO, DE MATERIAL EDUCATIVO
Gilmartin
(2004)
Cooke
et al.
(2005)
Juan
(2005)
Artigo(Autor/Ano)
Pacientes de 19 a 85
anos de idade, de
ambos os sexos,
maioria eram
brancos
Pacientes acima de
18 anos, com habi-
lidade de leitura e
escrita em inglês,
que gostavam de
escutar música e
eram admitidos,
operados e recebi-
am alta no mesmo
dia. Excluídos: paci-
entes com algum
tipo de deficiência
auditiva ou dificul-
dade de uso de fo-
nes ou com tempo
de espera pré-cirúr-
gica inferior a 45
minutos
Pacientes de 22 a 81
anos de ambos os
sexos
Cirurgias ge-
rais, ginecoló-
gicas e
urológicas
Todos os tipos
de cirurgia, es-
pecialmente or-
topédicas,
citoscopias e
biópsias
Cirurgias
urológicas
Método fenome-
nológico herme-
nêutico para elu-
cidar a experiên-
cia dos pacientes
no processo de
pré-avaliação
Apresentação de
música no pe-
ríodo pré-cirúrgi-
co imediato
Programa de in-
formação e edu-
cação pré-cirúrgi-
ca
Escuta ativa e incentivo àexpressão de sentimentose pensamento
Fornecimento de um apa-relho de CD portátil comfones de ouvido, para opaciente escutar, durante30 min, músicas de seu es-tilo musical preferido(clássica, country , newage e artistas contempo-râneos)
Protocolo I: Duas entrevis-tas prévias ao procedi-mento cirúrgico, sendouma na Clínica e outra nohospital, além do acom-panhamento hospitalarpós-cirúrgico. ProtocoloII: Uma entrevista pré-ci-rúrgica e o acompanha-mento realizado no hos-pital. Foco pré-cirúrgico:aspectos emocionais de-sencadeados pela situa-ção da hospitalização e dacirurgia. Foco do pós-ci-rúrgico: recuperação físi-ca e emocional poten-cializando a recuperaçãodo paciente e sua partici-pação ativa no processo
Pacientes mais
tranquilos e com
menor ansiedade
A apresentação
de música redu-
ziu de forma es-
t a t i s t icamente
significante o ní-
vel de ansiedade
do paciente no
período pré-ope-
ratório
Os pacientes que
receberam acom-
panhamento pré
e pós-cirúrgico ma-
nifestaram me-
lhor recuperação
física e emocio-
nal. Quanto ao
período pós-cirúr-
gico o grupo que
não teve o acom-
panhamento ma-
nifestou mais dor,
ansiedade e stress
Não
Não
Não
H o s p i t a l
de ensino
Identifica-
do, mas
não ca-
racterizado
H o s p i t a l
de ensino
PacientesTipo decirurgia
Preparaçãopsicológica
Procedimentode preparação
psicológica
Principaisresultados
Uso dematerial
educativo
Tipo dehospital
Continuação
284284284284284
A.L. CO
STA JU
NIO
R et al.
Estudos de Psicologia I Campinas I 29(2) I 271-284 I abril - junho 2012
ANEXO 2
CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES, TIPOS DE CIRURGIA, MODALIDADE DE PREPARAÇÃO PSICOLÓGICA,
PRINCIPAIS RESULTADOS OBTIDOS E USO, OU NÃO, DE MATERIAL EDUCATIVO
Berget al.(2006)
Shelley ePakenham2007)
Rosendahlet al.(2009)
Artigo(Autor/Ano)
Pacientes acima de18 anos, com fluên-cia verbal em ale-mão, capazes depreencher o ques-tionário. Excluídos:pacientes grávidas epacientes interna-dos em UTI, por mo-tivos cirúrgicos, noúltimo ano
Pacientes de 41 a 85anos, ambos os se-xos. Excluídos: paci-entes que foram pre-viamente submeti-dos à tratamentoscardíacos invasivosque sofriam de al-guma doença imu-ne ou que estavamfazendo reposiçãohormonal
Pacientes acima de18 anos, aguardan-do por cirurgia emcaráter não emer-gencial
Cirurgias eleti-vas cardíacas,abdomina isou torácicas,com previsãode interna-ção posteriorem UTI
Cirugias car-díacas
Cirurgia debypass e cirur-gia coronáriade bypass comsubstituiçãoda válvula
Fornecimento deinformação ade-quada prévia acer-ca da internaçãoem UTI posterior-mente à cirurgia
Fornecimento deinformação sobreprocedimentosrealizados duran-te a internação eformas de en-frentá-los
Intervenções Psi-cológicas diver-sas
Fornecimento de infor-mação compreensívelquanto ao ambiente daUTI e sobre procedimen-tos, sensações e enfren-tamento durante o perí-odo de internação naUTI. As informaçõeseram fornecidas verbal-mente, por meio de tex-to padronizado, ecomplementadas porduas figuras de elemen-tos da UTI
Também foram apre-sentados cartões ilustra-dos os principais medosassociados à internaçãona UTI e as ações úteispara minimizar os me-dos. Ao final, os pacien-tes podiam fazer per-guntas adicionais
Preparação em quatroestágios: estabeleci-mento de rapport, levan-tamento das preocupa-ções dos pacientes,questões feitas ao paci-entes e estabelecimen-to de relações as preocu-pações e os questiona-mentos. Após serem ci-tadas as preocupaçõessolicitou-se aos pacien-tes que as ordenassempor importância. O mes-mo foi feito na fase dequestionamentos (com-posta por nove pergun-tas). No último estágio,o psicólogo relacionouas preocupações dospacientes com as ques-tões e estruturou estra-tégias cognitivas deenfrentamento
Pacientes designadosde acordo com suas pre-ferências para recebe-rem intervenção psico-lógica, espiritual ou ne-nhuma. Intervençõespsicológicas dependi-am das necessidadesdos pacientes
O estudo apresen-ta apenas o planometodologico paracoleta e análisedos dados. Nãoinclui a descriçãode resultados con-cretos
Em pacientes comalto lócus de con-trole externo, apreparação psico-lógica era relacio-nada a menoresíndices de distress.Em pacientes combaixo lócus decontrole externo,a preparação psi-cológica era rela-cionada a meno-res índices dedistress
O estudo apresen-ta apenas o planometodológico pa-ra coleta e análisedos dados, nãoapresentando re-sultados
Não
Não
Não
Identificado,mas não ca-racterizado
Não Identifi-cado/caracte-rizado
P a r t i c i p a mdo estudodois hospi-tais: um deensino e ooutro não foicaracteriza-do
PacientesTipo decirurgia
Preparaçãopsicológica
Procedimentode preparação
psicológica
Principaisresultados
Uso dematerial
educativo
Tipo dehospital
Conclusão
Asa: American Society Anesthesiologists ; CAT: Cateterismo; IMC: Índice de Massa Corporal; UTI: Unidade de Terapia Intensiva.