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Novas plataformas comunicacionais a serviço do embate ideológico: o site do Movimento Endireita Brasil1
Paulo Roberto Figueira Leal2Caio Cardoso de Queiroz3
Cleiton Ribeiro Martins4
Cícero Costa Villela5
Romerito Vieira Pontes6
UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA (UFJF)
Resumo O artigo apresenta a multiplicidade de significados para o conceito de ideologia e, dentre muitas acepções possíveis, dialoga com a perspectiva gramsciana para, em seguida, apontar a existência de valores ideológicos na base do fazer jornalístico. Nesse sentido, indica-se a posição hegemônica do discurso liberal (uma das variantes do pensamento direitista) na grande mídia. Outras posições ideológicas antagônicas – por exemplo, as posições de esquerda – ou mesmo outras manifestações do discurso de direita – por exemplo, o pensamento conservador – encontram nas novas tecnologias de comunicação instrumentos para vocalização de suas posições. O trabalho avalia um site de direita – o do Movimento Endireita Brasil – para apontar, por meio da análise de conteúdo dos artigos, que a matriz ideológica ali presente é exatamente a conservadora, mais do que a liberal.
Palavras-chaveComunicação; Ideologia; Enquadramento jornalístico; Identidade ideológica; Endireita Brasil
1)IntroduçãoQual é o significado do conceito ideologia? Numerosas – e divergentes –
respostas se descortinam. Portanto, o primeiro desafio do presente artigo é sumarizar,
num voo panorâmico, quais foram, do ponto de vista histórico, os diferentes modos
pelos quais a categoria foi percebida pelos mais diversos campos teóricos. Tal tarefa é
necessária para que, uma vez apresentado o modo (dentre muitos existentes) pelo qual
XIV CONFERÊNCIA BRASILEIRA DOS ESTUDOS DA FOLKCOMUNICAÇÃO
“O ARTESANATO COMO PROCESSO COMUNCACIONAL”IX Encontro Regional de Comunicação
1 Artigo apresentado no GT 6 “Comunicação e Interfaces” do IX Encontro Regional de Comunicação, Juiz de Fora-MG, 04 a 07 de maio de 2011.
2 Doutor em Ciência Política (Iuperj); professor do mestrado em Comunicação da UFJF; e-mail:pabeto.figueira@uol.com.br
3 Graduando em Comunicação da UFJF;bolsista PET-Facom (SESu/MEC); e-mail: caiocardosode@yahoo.com.br
4 Graduando em Comunicação da UFJF;bolsista PIBIC-CNPq/UFJF; e-mail: cleitonribmart@gmail.com
5 Graduando em Comunicação da UFJF;bolsista PET-Facom (SESu/MEC); e-mail: cicerovillela@hotmail.com
6 Graduando em Comunicação da UFJF; voluntário de Iniciação Científica; e-mail: romeritopontes@yahoo.com.br
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esta categoria será aqui apropriada, permita-se, em seguida, discutir suas consequências
no discurso midiático.
O artigo apresenta, portanto, a perspectiva gramsciana de conceituação como
aquela com a qual se trabalhará e, diante disso, busca-se evidenciar a existência de
valores ideológicos na base do fazer jornalístico. Como a posição hegemônica presente
na grande mídia é aquela proveniente do discurso liberal (uma das variantes do
pensamento direitista), pretende-se, aqui, perscrutar se outras posições ideológicas
antagônicas – por exemplo, as posições de esquerda – ou mesmo outras manifestações
do discurso de direita – por exemplo, o pensamento conservador – encontram nas novas
tecnologias de comunicação instrumentos para vocalização de suas posições.
Efetiva-se uma análise de conteúdo dos artigos de um site de direita – o do
Movimento Endireita Brasil – para identificar a qual a matriz ideológica de direita (se a
liberal, mais presente na grande mídia; ou se a conservadora) aquelas formações
discursivas se filiam.
2) O conceito de ideologiaSegundo Marilena Chauí, o termo ideologia foi registrado pela primeira vez em
Eléments d’Idéologie, obra de Destutt de Tracy. Nesta obra, buscava-se entender o
processo de gênese das ideias, “tratando-as como fenômenos naturais que exprimem a
relação do corpo humano, enquanto organismo vivo, com o meio ambiente” (CHAUÍ,
1984, p. 10).
Posteriormente, o termo voltou a aparecer nas obras de Augusto Comte, mais
especificamente na Cours de Philosophie Positive. Foi nela que o termo ganhou outro
significado, talvez mais conhecido: a ideologia aparecia então como o conjunto de
ideias de uma determinada época, seja a opinião geral ou a de um conjunto de
pensadores. Uma vez que a escola positivista buscava explicar a evolução do homem
através de três etapas (fetichista, metafísica e positiva), cada etapa levaria o homem a
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desenvolver um conjunto de ideias para explicar a totalidade de sua vida – isso, nessa
definição, seria a ideologia.
Na área sociológica, outra importante acepção para o termo veio com Regras
para o Método Sociológico, de Émile Durkheim, que “chamará de ideologia todo
conhecimento da sociedade que não respeite tais critérios” (CHAUÍ, 1984, p. 12),
referindo-se àqueles conhecimentos baseados na objetividade científica. Mas foi em
Marx e Engels que o termo ganhou maior importância, principalmente em A Ideologia
Alemã. Chauí explica que “a matéria do materialismo histórico-dialético são os homens
produzindo, em condições determinadas, seu modo de se produzirem como homens e de
organizarem suas vidas como homens” (CHAUÍ, 1984, p. 21).
Portanto, não pode haver uma ideia ou concepção que não seja resultado de uma
situação objetiva. Todavia, isso também não quer dizer que toda representação da
realidade seja fidedigna: muitas vezes, trata-se de uma concepção formada a partir da
aparência do real e, não raro, ampara-se numa inversão entre causa e efeito. Segundo a
autora, um grande exemplo disso é o próprio desenvolvimento do conhecimento
humano.
No princípio, quando o homem se deparava com algo inexplicável, costumava
atribuir isso aos deuses. Eram as explicações que encontrava para fenômenos como as
chuvas ou o comportamento da natureza em cada estação. Ou seja, da experiência
vivida com a natureza, surgia a idéia de uma entidade superior, para explicá-la. No
entanto, em um determinado momento, tal ideia se naturalizava e, em função da
incapacidade humana para explicar alguns fenômenos, por exemplo, passava à posição
de causa de tais fenômenos. Em síntese, o fenômeno que levou o homem à crença numa
divindade agora passava a ser visto como causado pela própria divindade. Nota-se aí
uma clara inversão de ideias resultante de uma separação entre elas e o mundo material
que as proporcionaram.
À medida que avançou o conhecimento humano, no entanto, e a ciência passou a
explicar os fenômenos “inexplicáveis”, os fatos que levavam o homem a crer na
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existência de divindades passaram a ser compreendidos. Ideologia é, portanto, na
concepção marxiana, o conjunto de ideias provenientes de um momento determinado,
de uma experiência concreta, e que na maioria das vezes expressa de maneira invertida
as relações de causa e efeito. Ou nas palavras de Olga Guedes:
A ideologia é vista como uma projeção na consciência das pessoas, de idéias produzidas por suas práticas. Assim, a ideologia se apropria da aparência do real, dando às pessoas a impressão de autonomia e independência. A natureza da ideologia de mercado, por exemplo, não é falsa no sentido de que não existe, mas é falsa por não expressar completamente as relações sociais sobre as quais o capitalismo se baseia. (GUEDES, 1996, p. 36)
Posteriormente, ainda dentro da escola marxista, o italiano Antônio Gramsci foi
quem deu continuidade ao desenvolvimento do conceito de ideologia. Ele o dividiu em
dois sub-conceitos: as ideologias filosóficas, que seriam aquelas desenvolvidas por
escolas de pensadores, adotadas por partidos etc.; e o senso comum. Este último seria
algo mais semelhante à concepção de Marx e Engels, ou seja, “uma ‘concepção
espontânea do mundo’, que engloba traços dos sistemas de pensamento prévio os quais
se sedimentam no cotidiano” (GUEDES, 1996, p. 39). Além do mais, “para Gramsci,
ideologia é representada como o ‘cimento social’ que gera alianças entre classes sociais
diferentes” (GRAMSCI, 1971 apud GUEDES, 1996, p. 37).
Em suma, o processo ideológico, nesse sentido mais abrangente (contando com
as contribuições de Gramsci) se dá basicamente em três pontos/etapas, conforme
explica Chauí (1984). O primeiro é o desenvolvimento de uma ‘ideologia filosófica’,
entendendo-se por isso a articulação sistemática de um conjunto de ideias elaboradas
por um grupo de pessoas ou uma classe social. É esse conjunto de ideias que legitimará
a luta político-social desse grupo. Prosseguindo, essa ideologia teórica deve
popularizar-se conquistando outros grupos sociais, fundindo-se ao senso comum,
concretizando-se como valores coerentes interiorizados e aceitos pela consciência de
todos (ou pelo menos, de todos aqueles que não aceitam a ordem vigente).
Afinal, “de acordo com Gramsci, nós podemos julgar se uma ideologia é
eficiente se esta é capaz de se ‘conectar’ ao senso comum das pessoas e mobilizá-las
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para mudanças” (GRAMSCI, 1971 apud GUEDES, 1996, p.37). Esse processo de fusão
com o senso comum seria o que Gramsci denominou de hegemonia. Depois de
realizadas essas duas etapas, o grupo elaborador do conjunto de ideias em questão tem a
possibilidade de tornar-se grupo dominante.
Caso isso aconteça, e a nova realidade gerada por isso não concretize os
interesses que no período anterior se tornaram de toda a sociedade, não há impedimento
de que tais valores continuem vigentes: ideologias separam ideias da realidade concreta,
naturalizando-as e fazendo-as parecer a-históricas. Como explica Chauí, “a ideologia
não tem história, mas fabrica histórias imaginárias que nada mais são do que formas de
legitimar a dominação” (CHAUÍ, 1984, p. 45).
Gramsci é sem dúvida um dos mais importantes teóricos marxistas que trata de
cultura. É com base em seus escritos (e também nos de Althusser) que os pensadores da
escola dos estudos culturais britânicos vão se apoiar para tentar explicar “temas ligados
à cultura, ideologia e identidade” (GUEDES, 1996, p. 38). Stuart Hall (2001), talvez o
principal pensador contemporâneo dessa escola, defende a importância de se basear em
Gramsci pelo fato de ele apresentar uma concepção “não-reducionista” sobre o
determinismo econômico sobre as ideias. Ou seja, além das determinações das relações
econômicas provindas do mundo concreto, o campo das ideias gozaria de certa
liberdade para se auto-determinar e, ainda, de certa forma, refletir-se materialmente
sobre o mundo real.
Como explica Raymond Williams, “todas as práticas sociais são constituídas de
significado e elementos materiais” (apud GUEDES, 1996, p. 37), exemplificando o
argumento com o caso do pianista que, ao tocar, desempenha uma atividade
simultaneamente simbólica e material.
A produção e reprodução material de tradições inventadas são largamente dependentes de instituições como os meios de comunicação e o sistema escolar. A transmissão cultural dessas tradições através das instituições ajuda a formar um consenso dominante na sociedade contemporânea. Portanto, segundo Williams, não se pode examinar os processos de comunicação na sociedade
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moderna, sem examinar essas instituições (WILLIAMS, 1961, apud GUEDES, 1996, p. 37)
Portanto, a construção do processo ideológico transcende as relações
econômicas e suas instituições e é também realizada por instituições culturais,
religiosas, educacionais, comunicacionais etc. É sobre essa última categoria que Stuart
Hall enfoca seus trabalhos considerando que
os textos ideologicamente codificados continuam sendo o primeiro nível de determinismo. Com relação aos meios de comunicação, [...] argumenta que estes formam a principal instituição ideológica do capitalismo contemporâneo, [...] os sistemas de comunicação formam o principal espaço no qual o consenso dominante é forjado (GUEDES, 1996, p. 39).
Diante desse panorama das múltiplas acepções para o conceito de ideologia,
explicita-se agora, por meio do diálogo com Gramsci e Hall, o sentido que aqui se
utilizará: um conjunto de ideias transmitidas por instituições (dentre as quais os meios
de comunicação) que interpretam o mundo a partir de uma perspectiva parcial da
realidade – e, no caso do sistema midiático, em perspectiva hegemônica.
3) Os meios de comunicação, as ofertas ideológicas e a emergência das novas
tecnologias
Para Berger e Luckmann (1985), a construção que cada um de nós faz da
realidade decorre de processos de socialização e das relações que estabelecemos com
indivíduos e instituições, dentre elas as relações comunicacionais. Essas relações
comunicativas são capazes de oferecer sentido ao mundo e a nós mesmos.
Essas relações simbólicas/comunicativas produzem modos de se enxergar a
realidade, ou seja, produzem enquadramentos. Esses enquadramentos dão conta da
percepção que se terá da realidade social vivida. É esse o ponto ao qual o
interacionismo simbólico, sobretudo Erving Goffman (1974), dará mais ênfase. Ele
mostra que os processos de enquadramento da realidade são recortes cruciais para a
organização de nossas visões de mundo.
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Se historicamente os meios de comunicação de massa têm a função de ofertar
informações, que julgam relevantes para o funcionamento do corpo social (jornais,
revistas, noticiários televisivos, radiofônicos, ou por qualquer outra tecnologia, fazem
mediação, e o fazem a partir de seus próprios interesses e pontos de vista), é natural
supor que os enquadramentos por eles dados são sempre auto- interessados. Segundo
Gomes:
(...) a percepção social de que cinema, rádio, imprensa e televisão são apenas meios de comunicação de massa perde quase completamente seu sentido. Na verdade, desde a sua origem cinema, rádio, imprensa e televisão foram mais do que dispositivos de produção e emissão ou circulação de mensagens e só uma simplificação muito grande impede de ver que eles foram cada vez mais ganhando formas industriais e, como em toda indústria, os seus dispositivos foram incluídos em um sistema e controlados por ela. (GOMES, 2004. p.52)
Essa dimensão dos interesses impacta o próprio processo de produção da notícia,
no qual são levados em conta diferentes critérios que determinam aquilo que pode ou
não ser considerado relevante: os valores-notícia. Para Nelson Traquina:
Os valores-notícia são um aspecto fundamental da cultura profissional (...), um importante elemento de interação jornalística e constituem referências claras e disponíveis a conhecimentos práticos sobre a natureza e os objetos da notícia, referências essas que podem ser utilizadas para facilitar a complexa e rápida elaboração das notícias. (TRAQUINA, 2005 p.62)
Somem-se esses filtros de noticiabilidade à percepção de que em qualquer
narrativa existem enquadramentos – entendidos como “padrões persistentes de
cognição, interpretação e apresentação, de seleção, ênfase e exclusão através, dos quais
os manipuladores de símbolos organizam rotineiramente o discurso seja verbal ou
visual” (GITLIN apud ALDÉ, 2001. p.23) – e evidencia-se a natureza ideológica das
escolhas.
É razoável supor que os valores hegemônicos oferecidos pelas grandes
corporações de comunicação sejam capazes de serem introjetados por pessoas e grupos
sociais distintos (não todos os indivíduos, e nem sempre do mesmo modo, mas com
alguma influência relativa sobretudo em relação às pessoas que dependem, excessiva ou
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exclusivamente, dos meios de comunicação de massa para se informar). E a ideologia,
tal como já discutido, não trata apenas de valores políticos, como afirma Carlos Nelson
Coutinho:
Essa identidade entre filosofia e ideologia, entre concepção do mundo e política, leva Gramsci corretamente a dizer que todo homem é filósofo, ou seja, que todo homem manifesta em sua ação – através de sua linguagem, de seu senso comum, de suas crenças etc. – uma concepção de mundo(...) Se não possuísse essa concepção de mundo, ainda que tosca e contraditória, o homem não poderia agir. (COUTINHO, 1980 p.83)
Tendo em vista os enquadramentos oferecidos pelos mass media e dado que eles
são grandes fornecedores de valores ideológicos, cabe questionar qual o viés ideológico
dessas mensagens ofertadas pelos meios de comunicação. Pode-se facilmente afirmar
que, dada a natureza empresarial das grandes corporações de comunicação, eles tendem
a se situar, dentro de uma escala direita-esquerda, mais à direita que à esquerda.
Vozes mais céticas à validade dessa escala poderiam perguntar: no momento
histórico em que vivemos (pós-derrocada da experiência do socialismo real), ainda é
possível falar em identidades ideológicas à esquerda ou à direita? Norberto Bobbio
(2001) sustenta que sim. Desde a Revolução Francesa, quando as expressões esquerda e
direita se popularizaram no jargão político, a dicotomia expressa, segundo Bobbio,
profundas diferenças de valores.
Mesmo que se leve em conta que a distinção comporta numerosas posições
intermediárias, há uma clara clivagem ideológica sobre a questão da igualdade entre os
homens. A posição típica de esquerda assenta-se na suposição de que não apenas a causa
da desigualdade é majoritariamente social como ela pode ser eliminada (crença de que
não partilha a direita). As instâncias coletivas – dentre elas o Estado – seriam
fundamentais para resolver estes problemas.
Se o discurso hegemônico, portanto, situa-se à direita e se, dentro dele, há uma
prevalência da variante liberal (cujo temor de um Estado grande e invasivo é basilar), é
razoável supor que a grande mídia é uma reprodutora dos valores básicos do
liberalismo. Contudo, o pensamento de direita não se resume a esta variante
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marcadamente liberal. Correntes ainda mais conservadoras certamente dispõem, em
geral, de menos espaço midiático do que a vertente tradicional do liberalismo (e o
mesmo vale, é óbvio, para quaisquer variações de pensamento mais à esquerda).
Silenciados, portanto, nos espaços midiáticos tradicionais e de maior alcance, os
discursos marcadamente extremados à esquerda ou à direita, que espaços de
comunicação restam à manifestação destas identidades político-ideológicas? É nesse
contexto que as novas tecnologias de comunicação – sobretudo as ferramentas ligadas
ao mundo digital – prestam-se à vocalização das visões dessas correntes.
É preciso ponderar que, na contemporaneidade, os processos de consolidação de
identidades (de qualquer ordem, inclusive os ideológicos) se tornam mais provisórios,
variáveis e problemáticos. A globalização eleva os acontecimentos à escala global,
integrando comunidades e organizações em novas combinações de espaço-tempo,
tornando o mundo mais interconectado, colocando em risco as categorias identitárias
tradicionais. Essas novas características temporais e espaciais, que resultam na compreensão
de distâncias e escalas temporais, estão entre os aspectos mais importantes da globalização a ter efeito sobre as identidades culturais. (HALL, 2001, p.68)
Inserido, por exemplo, na realidade hipermidiática, o sujeito encontra outras
referências identitárias para além da nacionalidade, raça ou gênero; em alguns sentidos,
horizontes ainda mais amplos que os fornecidos pela interação direta com a comunidade
geográfica em que está inserido. Tudo isso contribui para acentuar ainda mais a
fragmentação que o sujeito vem experimentando. Estas novas configurações de tempo e
espaço, numa espécie de reação em cadeia, são refletidas nos meios de comunicação e
nas mensagens que por eles circulam.
Essas modificam, ainda, a ideia de comunidade e, segundo Recuero (2001),
influenciam a vida das pessoas, tornando viável, junto aos reflexos da comunicação
mediada pela rede de computadores, o aparecimento das comunidades virtuais. As
moldagens e remoldagens do tempo e espaço, coordenadas básicas de todos os sistemas
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de representação, têm efeitos profundos na localização e construção das identidades.
Hoje, cada vez mais, o espaço estaria descolado do lugar, num contexto de reforço das
relações entre indivíduos que estão “ausentes”, distantes em termos de localização
geográfica.
Os fluxos culturais entre as nações e a globalização (inclusive do consumo
cultural) criam possibilidades de “identidades partilhadas”. Castells (1999, p.39) pontua
que a identidade está por trás das sociedades informacionais como seu princípio
organizador. Ela seria o processo pelo qual um ator social se reconhece e constrói
significado. E argumenta: “[...] as relações sociais são definidas vis-à-vis as outras, com
base nos atributos culturais que especifiquem a identidade.” (CASTELLS, 1999, p.39).
O que distingue a hipermídia é a possibilidade de que se estabeleçam conexões
entre diversas mídias e entre diversos documentos ou nós de uma rede. Com isso, os
elos propiciam um pensamento não-linear e multifacetado. O leitor em hipermídia é um
leitor ativo, que está, a todo momento, estabelecendo relações próprias entre diversos
caminhos.
As novas tecnologias não são simples ferramentas a serem aplicadas, mas processos a serem desenvolvidos. Usuários e criadores podem tornar-se a mesma coisa. Desta forma, os usuários podem assumir o controle da tecnologia, como no caso da Internet. (CASTELLS, 1999, p. 51).
Nesse sentido, esta mesma realidade marcada pela desterritorialização, pelas
crises identitárias, pela fluidez, cria espaço para a vocalização de pontos de vista
desviantes do padrão majoritário. Se é verdade, como já discutido, que a grande mídia
costuma trabalhar com valorações ideológicas marcadas pelo liberalismo tradicional de
perfil moderado, como posições mais extremadas (à direita ou à esquerda) fazem uso
dessas novas ferramentas comunicacionais para publicizar seus valores? É o que se
pretende discutir a seguir, por meio da análise de artigos disponíveis no site do
Movimento Endireita Brasil.
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4) O site do Movimento Endireita Brasil: radicalidade à direita numa dimensão
além do liberalismo da mídia tradicional
O Movimento Endireita Brasil consiste em um coletivo político sustentado por
quatro pilares: Liberdade, Segurança, Prosperidade e Paz. Ele dispõe na internet de um
site (http://www.endireitabrasil.com.br/index.php), um canal no Youtube, uma
comunidade no Orkut (com 289 participantes) e um Twitter (com 386 seguidores). O
conteúdo do site (ao qual esse estudo se limitará) contém notícias, artigos e algumas
indicações de livros, sites e vídeos online que compartilham a sua filosofia.
Na parte superior do site estão a data e sete guias de conteúdo (Home, Quem
somos, Contatos, Artigos, Youtube, Links Indicados e Biblioteca Online). Já na parte
inferior estão listados os artigos mais lidos e os mais recentes. Na parte lateral esquerda
estão as postagens mais recentes de notícias e na parte lateral direita se encontram
resumos de alguns livros, links para as redes sociais do grupo (Twitter e Orkut), um feed
dos posts publicados, um pequeno menu com as seções de navegação, um box para
cadastramento para recebimento de newsletter e alguns links de outros sites indicados
para leitura. Há ainda nessa mesma lateral e na parte superior links que redirecionam o
usuário para um outro site chamado Vanguarda Popular, em que são vendidas camisetas
que contemplam a ideologia do movimento.
Em seu site, na sessão “Quem Somos”, o coletivo se enquadra como uma
comunidade virtual voltada ao “público liberal-conservador independente de grupos
políticos”. Apesar de remeter-se a valores fundamentais do liberalismo (por exemplo, a
defesa da auto-regulação mercadológica e a menor interferência do Estado sobre a
economia), parte-se aqui da hipótese de que lá se manifestam mais intensamente valores
típicos de outra variante do pensamento de direita: o conservadorismo (que almeja a
manutenção das tradições e dá grande ênfase às questões relativas a comportamento e
costumes). Em vários sentidos, mesmo sendo ambas formações ideológicas de direita,
há contradições pontuais entre as duas visões.
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Se, como já apontado, as visões liberais são absolutamente hegemônicas no
discurso da grande mídia, quais valores apresentados no site permitem supor que há ali
uma posição dissonante, com ênfase na valoração conservadora, cujo escopo precisa ser
vocalizado por meio das novas tecnologias de comunicação e não pela estrutura
midiática tradicional? Para buscar evidências relativas a essa posição ideológica
conservadora (mais do que liberal), analisam-se no presente trabalho artigos capazes de
testar a hipótese: “A origem da vida do ser humano e o aborto” e “A teoria do valor e o
mito da mais-valia (ambos disponíveis na data de acesso – 21 de março de 2011).
Em “A origem da vida do ser humano e o aborto”, o desencadeamento de
argumentos começa com uma retomada histórica do estudo embrionário e se propõe a
pretensamente desmistificar afirmações que levem à crença de que o embrião não é um
ser humano. A estrutura visual da página opta por enfatizar algumas frases em negrito e
grafa algumas palavras (como “única” e “todos”) com todas as letras em caixa alta. A
partir de então, são formuladas duas conclusões acerca da prática abortiva:
PRIMEIRA CONCLUSÃO: O ser humano, desde o ovo até o adulto, passa por diversas fases do desenvolvimento (ontogenia), mas em todas elas trata-se do mesmo indivíduo que, continuamente, se auto-constrói e se auto-organiza. Por ser o ciclo do desenvolvimento humano relativamente longo, podemos perder a visão do todo, f i x a n d o - n o s e m s u a s p a r t e s . ( A O R I G E M . . . , h t t p : / /www.endireitabrasil.com.br/index.php, acesso em 21 de março de 2011)
O aborto é definido como um assassinato e, consequentemente, quem o aceita é
retratado como alguém que estaria compactuando com as mortes destes seres humanos.
Desvalorizam-se todos os argumentos contrários, tornando-os como não científicos e
inaceitáveis.
Com relação às mulheres grávidas pobres das favelas de São Paulo, e principalmente as adolescentes, quando entrevistadas, afirmaram que seus filhos são desejados, recusaram o aborto. Querem atendimento médico e melhores condições de vida para criar seus filhos. (...)Quanto às vítimas de estupro, que já sofreram um ato de grande violência, não tem cabimento se propor outro ato de igual violência, como o aborto. Num levantamento realizado em 2004 na UNIFESP, verificou-se que 80% destas mulheres grávidas por estupro se
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recusaram a abortar, e estão contentes com os filhos, enquanto que as 20% que realizaram o aborto estão arrependidas. (A ORIGEM..., http://www.endireitabrasil.com.br/index.php, acesso em 21 de março de 2011)
E por último, na segunda conclusão, o aborto é descrito como um holocausto:
“SEGUNDA CONCLUSÃO: Não há justificativas, seja éticas, seja científicas ou
sociais, para se legalizar este proposto holocausto em nosso país.” (A ORIGEM...,
http://www.endireitabrasil.com.br/index.php, acesso em 21 de março de 2011)
Eis aí um forte indicativo de que o movimento enquadra-se mais na categoria
ideológica de conservador do que na de liberal. No argumento clássico do liberalismo, o
direito de indivíduos fazerem suas próprias escolhas é central. Não por acaso, é nas
sociedades mais francamente liberais que o direito ao aborto é mais amplo. Nesse
sentido, o argumento conservador e o argumento liberal colidem, mesmo que ambos
provenham da mesma fonte ideológica à direita. O texto no site do Endireita Brasil
sobre o tema evidencia por que, em seus discursos, a matriz ideológica de fundo é mais
conservadora do que liberal.
Já no artigo “A teoria do valor e o mito da mais-valia”, a pretexto de criticar
Marx (e, com ele, todo pensamento de esquerda), o texto acaba por assacar contra
alguns dos pais do pensamento liberal e de seus conceitos centrais. Como seria
previsível num site direitista, aparecem várias citações pejorativas sobre a teoria
marxista e os estudiosos a ela associados: construções discursivas como “toda essa
baboseira teórica chamada ‘mais-valia’” e “certos ‘intelequituais” (sic). (A TEORIA...,
http://www.endireitabrasil.com.br/index.php, acesso em 21 de março de 2011)
Mas, curiosamente, a crítica estende-se aos autores liberais clássicos que Marx
leu e com os quais compartilhou conceitos. A lógica argumentativa do artigo se orienta
na desconsideração dos autores liberais que inspiraram Marx (Adam Smith e David
Ricardo), sobretudo em relação às teorias sobre fatores relevantes para o cálculo do real
valor dos produtos com base na categoria valor trabalho – o texto, jocosamente, refere-
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se ao “tal ‘valor-trabalho’”. Apesar de assumir “deslizes” nas teorias de Marx, Smith e
Ricardo, nem todas as suas asserções são invalidadas:
Dentre outras coisas, mostraram que, se o valor dos bens dependesse exclusivamente do seu custo, circunstâncias como escassez, abundância, utilidade ou preferências subjetivas não teriam qualquer relevância na formação do valor de troca e, conseqüentemente, nos preços dos bens. Um diamante bruto, achado ao acaso, por exemplo, jamais poderia valer mais do que, digamos, um par de sapatos ou uma bisnaga de pão. (A TEORIA..., http://www.endireitabrasil.com.br/index.php, acesso em 21 de março de 2011)
Ainda assim, paradoxalmente para um movimento que se intitula como também
liberal, enfatizam-se supostos equívocos não apenas de Marx, mas também de Smith e
Ricardo:
o erro de Smith e Ricardo só vem comprovar aquilo que muitos já sabem, mas que outros tantos ainda insistem em recusar: nenhum homem, por mais sábio que seja, estará certo 100% do tempo. Nem mesmo os maiores filósofos e os melhores cientistas estão imunes ao erro. Alguns acertaram mais do que erraram e outros estiveram equivocados quase o tempo todo. (A TEORIA..., http://www.endireitabrasil.com.br/index.php, acesso em 21 de março de 2011)
Se, por um lado, as incongruências reforçam a percepção de que o movimento é
mais conservador do que liberal, por outro lado ali se envidencia no processo que o site
(e, por extensão, todas as tecnologias da virtualização), criam espaços para que valores
ideológicos de direita (mas não da corrente dominante na grande mídia) encontram
espaços de socialização de suas ideias – e, obviamente, o mesmo ocorre com correntes
contra-hegemônicas, no campo da esquerda.
5) Considerações Finais
É necessário apontar que, no ponto de vista da direita brasileira, os últimos anos
foram de refluxo. O últimos governantes autodeclaradamente direitistas no Brasil foram
os militares no período da ditadura; os dois últimos governantes eleitos no Brasil são
ex-perseguidos políticos do regime militar (Dilma e Lula), e mesmo Fernando Henrique
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Cardoso e Itamar Franco foram nomes relevantes na luta pela redemocratização. Outro
reflexo de uma direita enfraquecida é que atualmente nenhum partido brasileiro com
representantes no congresso nacional se autodeclara direitista, apesar de alguns deles
adotarem posturas que condizem com tal posicionamento.
Visto o processo em perspectiva histórica (e lembrando que, durante o regime
militar, vários opositores ao sistema morreram e outros tantos tiveram que se exilar para
escapar da morte), nota-se que cada vez são menos acolhidas pela opinião pública
posições como as do deputado federal do Partido Progressista (PP) Jair Bolsonaro. Ao
participar de um programa humorístico televisivo, respondendo algumas perguntas do
público sobre variados temas, o deputado declarou que sente saudades de como era sua
vida no período militar. No mesmo programa, Bolsonaro afirmou que torturaria seus
filhos caso eles fossem homossexuais e que o congressista não corria o risco de seus
descendentes se apaixonassem por negros, pois receberam uma “boa educação”.
O efeito do ato foi a abertura de vários processos criminais contra o deputado
por associações LGBTs, pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e por uma cantora
que fez uma das perguntas. Abriu-se também uma investigação pela Comissão de
Direitos Humanos da Câmara. O vídeo contendo essas declarações foi postado na
internet pela própria emissora em seu canal oficial no Youtube, com milhares de
visualizações e comentários (a grande maioria recriminando tal posicionamento, apesar
de alguns poucos indicarem apoio à ditadura e às teses do deputado).
Não se deve generalizar e afirmar que todos os usuários que souberam do
ocorrido tiveram a mesma opinião sobre o assunto, já que cada indivíduo ou grupo
social tem o seu próprio repertório cultural e cria significações distintas nos processos
de negociação com os discursos que lhes chegam. Todavia, não é comum encontrar
apoio na grande mídia a manifestações direitistas de perfil claramente conservador
(como, por exemplo, as de Bolsonaro) – mesmo que essa grande mídia seja obviamente
liberal (e, portanto, esteja à direita do espectro político).
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O site do Movimento Endireitar evidencia que as novas tecnologias de
comunicação abrem uma série de possibilidades para variados grupos divulgarem suas
ideologias. Isso não implica necessariamente grande visibilidade dentro do ciberespaço,
mas sugere o potencial de agregação daqueles que partilham seus valores ideológicos –
um potencial que se manifesta mais claramente nas possibilidades de agregação
comunitária da grande rede do que na oferta de discursos pouquíssimo polifônicos na
grande mídia.
Não se trata aqui de avaliar a qualidade das posições do grupo em questão – as
preferências ideológicas de cada um conduzirão a um juízo de valor sobre ele. Trata-se,
apenas, de evidenciar que o Movimento Endireita Brasil – ao filiar-se a uma posição
conservadora não majoritária na direita brasileira – encontra nas novas tecnologias
instrumentos relevantes para assegurar que seus pontos de vista ideológicos venham à
tona e sejam capazes e adensar vínculos identitários com quem concorda com eles.
Se isso ocorre com uma variante do pensamento hegemônico da direita, vale
também para aqueles que, como os autores do presente trabalho, filiam-se a tradições
ideológicas contra-hegemônicas – um bom argumento para que a esquerda não
considere de saída, e por preconceito, que instrumentos de comunicação estão fadados a
reforçar o status quo (quando, efetivamente, podem ser mobilizados para se opor a ele).
6) Referências
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HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Trad. Tomaz Tadeu da Silva, Guacira Lopes Louro. 6ª ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A Ideologia Alemã. São Paulo: Martin Claret, 2007 TRAQUINA, Nelson. Teorias do Jornalístico Volume II: A tribo jornalística – uma comunidade interpretativa transnacional. Florianópolis: Insular, 2005.
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