2011-plataformas de acao para caldas novas

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PLATAFORMAS DE AÇÃO PARA OS FUNDOS DE VALE DE CALDAS NOVAS: O MEIO AMBIENTE URBANO COMO OBRA DE ARTE Camilo Vladimir de Lima Amaral (1) (1) [email protected] INOVE, Faculdade de Artes Visuais, UFG Frederico André Rabelo (2) (2) [email protected] Escola de Arquitetura Edgar Graeff, PUC-GO RESUMO O presente artigo é resultado de uma pesquisa desenvolvida no INOVE (Núcleo de Pesquisa e Inovação em Arquitetura, Urbanismo e Design) da Universidade Federal de Goiás, que trata da investigação e desenvolvimento de novos instrumentos de planejamento urbano, concebidos para o processo de revitalização dos fundos de vale da área urbana de Caldas Novas-GO, por uma iniciativa do Ministério Público de Goiás e da Associação dos Mineradores de Águas Termais de Goiás (AMAT). A pesquisa busca trabalhar sobre as novas características da cidade contemporânea, as novas relações entre homem e natureza e o contexto institucional do planejamento. Enquanto pesquisa teórico-pragmática (no sentido deleuziano), busca a viabilização do urbano como uma obra de arte dos cidadãos (cf. Lefebvre). Com este objetivo formula uma junção entre o conceito de platôs (plataformas) de Deleuze e Guatarri (para abordar a multiplicidade do mundo contemporâneo), os conceitos da corrente artística in-situ e a idéia de um plano de ações (proposto por Ermínia Maricato). Esta síntese constrói um quadro de trabalho dinâmico, flexível, pragmático e objetivo (porém atento, à complexidade) que está engajado na metamorfose social e no direito à cidade. Palavras-chave: Revitalização. Áreas Verdes Urbanas. Plataforma. Plano de Ação. Caldas Novas. ABSTRACT This article is the result of a research developed in INOVE (Center for Research and Innovation in Architecture, Urban Planning and Design)at the Federal University of Goias,that deals with the investigation and development of new instruments of urban planning designed

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PLATAFORMAS DE AÇÃO PARA OS FUNDOS DE VALE DE CALDAS NOVAS: O MEIO AMBIENTE URBANO COMO OBRA DE

ARTE

Camilo Vladimir de Lima Amaral (1) (1) [email protected]

INOVE, Faculdade de Artes Visuais, UFG

Frederico André Rabelo (2) (2) [email protected]

Escola de Arquitetura Edgar Graeff, PUC-GO

RESUMO

O presente artigo é resultado de uma pesquisa desenvolvida no INOVE (Núcleo de

Pesquisa e Inovação em Arquitetura, Urbanismo e Design) da Universidade Federal de

Goiás, que trata da investigação e desenvolvimento de novos instrumentos de planejamento

urbano, concebidos para o processo de revitalização dos fundos de vale da área urbana de

Caldas Novas-GO, por uma iniciativa do Ministério Público de Goiás e da Associação dos

Mineradores de Águas Termais de Goiás (AMAT). A pesquisa busca trabalhar sobre as

novas características da cidade contemporânea, as novas relações entre homem e natureza

e o contexto institucional do planejamento. Enquanto pesquisa teórico-pragmática (no

sentido deleuziano), busca a viabilização do urbano como uma obra de arte dos cidadãos

(cf. Lefebvre). Com este objetivo formula uma junção entre o conceito de platôs

(plataformas) de Deleuze e Guatarri (para abordar a multiplicidade do mundo

contemporâneo), os conceitos da corrente artística in-situ e a idéia de um plano de ações

(proposto por Ermínia Maricato). Esta síntese constrói um quadro de trabalho dinâmico,

flexível, pragmático e objetivo (porém atento, à complexidade) que está engajado na

metamorfose social e no direito à cidade.

Palavras-chave: Revitalização. Áreas Verdes Urbanas. Plataforma. Plano de Ação. Caldas Novas.

ABSTRACT

This article is the result of a research developed in INOVE (Center for Research and

Innovation in Architecture, Urban Planning and Design)at the Federal University of Goias,that

deals with the investigation and development of new instruments of urban planning designed

for the revitalization of the urban Valleys in Caldas Novas-GO, and it is an initiative by the

public prosecutor of Goias, and the Association of Miners of Thermal Waters of Goiás

(AMAT). The research aims to work on the new features of the contemporary city, the new

relations between man and nature and institutional context of planning. As a theoretical and

pragmatic research (in the Deleuzian sense), it aims to achieve the urban as a masterpiece

of the citizens (cf. Lefebvre). With this goal, the propousal makes a junction between the

concept of plateaux (platforms) of Deleuze and Guattari (to address the multiplicity of the

contemporary world), the concepts of the artistic movement in-situ and the idea of an Plan of

Actions (proposed by Erminia Maricato). This synthesis builds a dynamic framework, that is

flexible, pragmatic and objective (although conscientious of the complexity) that is engaged

in social transformation and the right to the city.

Keywords: Revitalization. Urban Green. Platform. Plan of Action. Caldas Novas.

1 INTRODUÇÃO: ATUAR SOBRE A CIDADE HOJE

Segundo Monte-Mór (2006) os elementos que, ao longo da história, configuraram o caráter

de cidade podem ser reunidos em três conceitos básicos: Polis, Civitas e Urbis. A cidade

enquanto Polis, é a construção de um espaço onde as pessoas possam consolidar o contato

com os outros cidadãos, como nas praças públicas das antigas cidades gregas. A polis é a

cidade enquanto unidade e enquanto política, no sentido de espaço das relações

interpessoais entre os homens. A cidade enquanto Civitas, termo de origem no latim, é o

espaço onde a civilização se estrutura, e onde as pessoas se formam plenamente como

cidadãos, com seus deveres e direitos atendidos. A cidade enquanto Urbis, derivado de

urbanuum, o arado dos bois sagrados romanos, é a integração espacial, a infraestrutura e o

melhoramento do espaço para o atendimento das necessidades sociais.

Segundo Milton Santos (1997), os elementos constituintes das cidades se transformam

radicalmente com a evolução da "técnica" para a "tecnologia". A informação e o saber fazer

passam a ser o grande motor da sinergia exercida pelas cidades. Para Henri LEFEBVRE

(1999), a evolução dos transportes e da comunicação provocaram uma "explosão" da

cidade, que se estendeu pelo território, diluindo as antigas fronteiras entre campo e cidade.

Por outro lado, ocorre uma "implosão" da cidade em seu centro de decisão e conhecimento,

que se torna o ponto nevrálgico do novo modo disperso de produção. A tendência que se

aponta como um "objeto virtual", segundo Lefebvre, é a transformação de todo território em

um meio todo integrado: o urbano.

Neste momento contemporâneo, não há como falar de cidade sem considerar sua

integração com o meio ambiente como um todo. Durante muito tempo, discutiu-se o espaço

da cidade como um espaço “morto”, em oposição ao espaço do campo, onde a natureza

ainda dominava. Quando se falava em natureza nas cidades, discutia-se sobre os “espaços

a se preservar”, concebidos em oposição e distintos dos espaços antrópicos propriamente

dito. Esta lógica não faz mais sentido na condição contemporânea em que os limites do

espaço humano e do meio natural se diluem, entrelaçam e se integram (hoje, para se

humanizar um espaço se utiliza, paradoxalmente, de elementos naturais).

2 O PLANEJAMENTO E A CONDIÇÃO CONTEMPORÂNEA

A evolução do Planejamento Urbano esta atrelada à própria evolução das idéias sobre

planejamento e sobre as condições de seu papel social. Esta evolução se deu ao longo de

dois séculos, a partir da Revolução Industrial, seguindo dois ramos principais, a Técno-

Setorial e a Globalizante. A primeira corrente é fruto da ação prática dos governos sobre as

cidades; a segunda propõe o espaço da cidade em conjunto com a reformulação das

instituições sociais (CAMPOS FILHO, 1989, p. 5-11).

Concepções geométricas do espaço, desenvolvidas pela Escola de Chicago, compreende e

organiza a cidade como um “mosaico urbano” de atividades e formula leis gerais de

localização, definidas por princípios como “indivíduos iguais fazendo escolhas iguais”.

Contestadores dessa corrente, (como Manuel CASTELLS, 1977), apontam que fatos

históricos, culturais, conflitos de interesse e hierarquia foram eliminados da discussão,

apesar de serem fundantes desse padrão urbano. Assim, propõem uma abordagem sócio-

econômica da cidade que considera as esferas espaciais articuladas com as regras sociais

e os valores construídos num determinado contexto histórico, não se tomando os efeitos

finais como se fossem causas dos reais problemas urbanos.

Muitos autores entendem que o espaço urbano não é “um palco neutro” na vida social, pois

ele produz e reproduz desigualdades. Assim, é preciso agir com justiça na distribuição dos

serviços e oportunidades, pois só há justiça social na cidade se este desenvolvimento for do

conjunto da cidade, ampliando e melhorando mutuamente as oportunidades para todos os

setores sociais (cf. CASTELLS, 2002; SOJA, 1993; HARVEY, 2000).

Neste contexto, cresce a participação dos diversos movimentos sociais urbanos e das

diversas ONGs, Entidades de Classe, Associações, Escolas, Movimentos por Moradia, entre

outros, que passam a desempenhar um papel crescente na articulação das políticas

urbanas. Este papel é acentuado, no Brasil, com o advento do Estatuto das Cidades (Lei Nº

10.257, de 10 de julho de 2001) que municiou a criação do Ministério das Cidades, ampliou

as atuações do Ministério Público e trouxe o planejamento de volta ao cenário nacional.

Os diversos instrumentos do estatuto das cidades permitem a produção de um planejamento

urbano “flexível” e “dinâmico”, tendendo à construção de um “urbanismo crítico” (SOUZA,

2003). Assim, supera-se o planejamento que apenas impõe regras rígidas e de controle, que

muitas vezes tinham como destino as gavetas das prefeituras, sem impacto algum na

realidade da cidade. Assim, abre-se caminho para intervenções pontuais, mas que estão

integradas à uma visão do todo da cidade. Isto abre a possibilidade de soluções de ordem

mais pragmática, tomando este termo no sentido dado a ele por Deleuze e Guatarri (1995,

p.36):

Ainda e sobretudo no domínio teórico, qualquer esboço precário e pragmático é melhor do que o decalque de conceitos com seus cortes e seus progressos que nada mudam.

Assim, evita-se que os planos se tornem peças perdidas na burocracia administrativa. Para

isso pode-se encarar os Planos Diretores como um “contrato social”, um acordo entre todas

as esferas sociais sobre o destino em comum a ser tomado. Nesta forma de planejar, a

negociação e a articulação entre os diversos setores da sociedade é fundamental para

estabelecer os objetivos que são comuns a todos.

O que é importante ressaltar é que, como faz Michel Serres (1991), que não basta mais a

construção de um contrato social tal qual concebido por Rousseau, pois os limites impostos

pelo coexistência humana no ambiente finito da terra, demanda agora um “contrato natural”.

O que se argumenta, a seguir, é a necessidade de um contrato sócio-ambiental, que articule

os processos humanos e naturais.

2.1 Meio ambiente e meio urbano

Para José Eli da Veiga (1993), das posições esquerdistas às posições mais liberais, todos

as teorias sociais dos tempos modernos se basearam na "utopia" do desenvolvimento, em

que no "futuro" se alcançaria a chamada "pacificação da existência", ou a "esperança" da

satisfação integral das necessidades através do pleno e infinito desenvolvimento da

produtividade (até sua automatização). Assim, esta utopia se liga diretamente com o

desenvolvimento industrial, pois, o seu desenvolvimento libertaria a sociedade da

"escassez". Por isso, essa idéia de desenvolvimento se pauta pela tentativa de

racionalização do trabalho, a integração num sistema de valores únicos e a absorção de

toda a população global nesta nova lógica produtivista.

Já em 1993 Veiga atentava que esta ética estava "caducando", pois ao mesmo tempo em

que já não era quase necessário “trabalhar mais” para “produzir mais”, as necessidades de

boa parte da população continuavam não sendo atendidas. Além disso, a produtividade do

trabalho invadia o cotidiano das pessoas transformando a vida privada no próprio quadro

exposto por Charles Chaplin em seu filme “Tempos Modernos”.

Por outro lado, a expectativa de um desenvolvimento infinito da produtividade já há muito

vem sendo colocado em xeque por uma série de estudos ambientais. Os limites provocados

pelos recursos não renováveis, os problemas climáticos e de poluição, além da postura ética

em relação às necessidades das futuras gerações, tem colocado em xeque o paradigma do

desenvolvimento ao infinito. É necessário uma nova ética, uma nova utopia.

Neste caminho, Michael Colby (1990), em um artigo produzido para o "World Bank", constrói

um entendimento sobre os diversos "paradigmas" da inter-relação entre homem e natureza,

ou mais precisamente, da relação entre "Desenvolvimento" e "Manejo do Meio Ambiente".

Ele argumenta que existem cinco paradigmas estruturais nesta área: Frontier Economics (a

economia acima de tudo), Deep Ecology (a ecologia no centro e acima de tudo),

Environmental Protection (medidas burocráticas de proteção), Resource Management

(gestão dos recursos), Eco-development (desenvolvimento em que a natureza e a

sociedade se desenvolvem em conjunto). Colby aposta no Eco-development como uma

síntese paradigmática, em que o desenvolvimento do homem significasse também o

desenvolvimento do meio natural.

Em um artigo chamado "Constructing Nature", Arturo Escobar (1996) revela que tudo aquilo

que concebemos como "natural", já é uma concepção culturalmente estabelecida do "meio-

ambiente" (environment) em que o homem figura como parte inalienável da natureza. Assim,

a atitude "ambientalista" procura fundar sua verdade naquilo que supõe ser a natureza,

baseando-se em determinadas concepções sociais e éticas. Pode-se ainda argumentar,

seguindo Milton Santos (1996) que, no momento atual, não se trata mais de considerar a

"sociedade" uma "segunda natureza" formada por suas "leis", mas de perceber que a

própria "natureza" é que se torna uma "segunda sociedade": tudo que sabemos e afirmamos

sobre ela, é um produto histórico e cultural que, em direção inversa, reafirma e re-produz a

sociedade.

Neste sentido, as antigas idéias de progresso e desenvolvimento a qualquer custo já não

são mais adequadas à realidade de nosso mundo. É preciso desenvolver uma outra

estratégia que possibilite a coexistência dos homens com a natureza e entre si. Assim,

sintetizando o argumento no conceito de Simbiose, não se trata mais de buscar o progresso

dos espaços antrópicos em oposição aos redutos naturais preservados e apartados do

próprio homem. A idéia de simbiose é buscar desenvolver estratégias de um co-

desenvolvimento em que tanto a natureza como os homens irão se desenvolver e se

integrar cada vez mais em harmonia. Esta idéia de inseparabilidade dos processos naturais

e humanos está presente em diversos autores (cf. GUATARRI, 1991; ENGELS1, 1880;

KUROKAWA, 1991; E DELEUZE E GUATARRI, 1995).

Nas Cidades Contemporâneas, observa-se um conflito radical entre os espaços humanos

que destroem e suplantam os espaços naturais. Não há praticamente mais nada a se

preservar. É preciso recuperar, reviver, desenvolver de novo uma natureza que está

perdida. Como poderíamos fazer isso? Não há como fazer isso sem pensar na coexistência

produtiva do homem com a natureza, ou seja, uma relação de simbiose benéfica a ambos. É

preciso conceber uma nova natureza e uma nova cidade.

2.2 A Cidade como Obra de Arte

Giulio Carlo Argan, historiador da arte e ex-prefeito de Roma, concebe o sentido artístico da

Cidade como um produto complexo da soma de objetos e de seus significados dentro de um

sistema cultural estabelecido numa determinada cidade. Em sua perspectiva, para se

conceber e transformar as cidades seria preciso pensá-las como um artefato, como um

produto do saber artístico de uma determinada comunidade. Por isso, argumenta que a

cidade é formada através da arte e pelos artífices que a produzem (ARGAN, 1998, p. 73-

84). Para ele o termo urbanismo teria um sentido amplo, pois:

Faz urbanismo o escultor, faz urbanismo o pintor, faz urbanismo até mesmo quem compõe uma página tipográfica; faz urbanismo quem quer que realize alguma coisa que, colocando-se como valor, entre, ainda que nas escalas dimensionais mínimas, no sistema dos valores. (ARGAN, 1998, p. 224)

Para Jacques Rancière a estética da cidade vai muito além de um simples embelezamento,

pois ela funda uma “forma de ver” o mundo, uma maneira de perceber e instituir as questões

que são importantes para uma comunidade. Assim, o espaço urbano funda um “campo

estético”, ou seja, uma ambientação que amplia ou condiciona a visão compartilhada por um

grupo de cidadão. É neste sentido, que para ele a cidade é formada de estética e do

princípio da polis (a política) (cf. RANCIÈRE, 1996).

Para Herbert Marcuse (1981) a dimensão estética é a maneira pela qual o homem consegue

fugir e transformar a realidade tal qual ela está. Neste sentido, pensar a estética das cidade

contemporâneas, é também pensar uma cidade utópica, é pensar qual o futuro e o espaço

ideal que se imagina para a humanidade. Para ele, pensar esteticamente o mundo é uma

forma de conceber a transformação radical da realidade em que se vive (uma dialética da

negação da existência corrompida), através da construção e visualização de outros mundos

possíveis. Este papel de reinvenção, transformação e revolução, é concebido por ele como

concernente às obras de arte.

Avançando sobre as fronteiras do que normalmente se concebe como arte, Foucault

argumenta que a atitude do homem moderno é fazer "de seu corpo, de seu comportamento,

de seus sentimentos e paixões, de sua existência, uma obra de arte. O homem moderno,

para Baudelaire, (...) é aquele que busca inventar-se a si mesmo." (FOUCAULT, 2005: 344).

Avançando sobre as fronteiras da relação entre homem e espaço, Henri LEFEBVRE (2001,

p. 27-40, 137-141; 2006, p. 129-133; 1967, p. 363-399) define seu conceito de "o direito à

cidade" muito além do simples acesso aos bens de consumo coletivos do meio urbano (o

que se poderia chamar de justiça distributiva da cidade). Ao analisando a relação entre a

polis grega e a filosofia, em que a segunda fundava as estruturas da primeira, Lefebvre

propõe para a condição urbana, de diversidade e multiplicidade, uma relação metafilosófica

do homem com o espaço urbano, de tal forma a restituir o caráter de obra para a cidade.

Considerar a cidade como uma obra, significa entendê-la como algo produzido por seus

próprios cidadãos, significa que as pessoas possam atuar sobre a cidade como o homem

moderno de Baudelaire, fazendo dela, e de sua existência coletiva, uma obra de arte.

Para Edward SOJA (2000) o mundo é hoje formado cada vez mais de uma mistura entre

real e imaginado, já que a realidade das coisas dependem de nossa cultura e da forma

como a interpretamos. Além disso, vivemos cada vez mais em um mundo de informações, e

o que vemos e sabemos sobre as coisas é cada vez mais fundamental para a concretização

de nossos objetivos. Assim, construir uma nova percepção e valorização dos diversos

componentes da cidade, é fundamental no caminho para transformações substanciais na

própria realidade da cidade.

3 A PROPOSTA DE PLATAFORMAS DE AÇÃO PARA O MEIO AMBIENTE

URBANO DE CALDAS NOVAS

Para a realização do Plano Diretor de Revitalização dos Fundos de Vale de Caldas Novas,

foram contratados pela AMAT uma série de levantamentos de Dados, que incluiu o

cadastramentos dos terrenos, o levantamento do uso do solo, o levantamento da cobertura

vegetal, da qualidade da água, o levantamento da infraestrutura urbana presente nos fundos

de vale, a análise da função social da propriedade e da relação entre ambiente natural e

construído, e o georeferenciamento das informações geográficas, geomorfológicas e

pedológicas, além da elaboração de uma carta de risco.

A presente pesquisa, se utilizou destes levantamentos e é fruto de uma reflexão contínua

frente ao processo de diagnóstico e de debates com a comunidade local, de participação em

audiências públicas e em reuniões e oficinas com a sociedade civil organizada, e propõe o

instrumental que serviu de base para elaboração do referido Plano.

Neste intuito, este novo instrumental de intervenção urbana incorpora a idéia de platôs

(DELEUZE e GUATARRI, 1995), aqui referidas como plataformas, que visam dar conta da

dinamicidade do mundo contemporâneo orientados para uma pragmática que formule um

“agenciamento maquínico” capaz de metamorfosear as relações de poder e alteridade.

Associa-se esta idéia, com a proposta de um Plano de Ações (MARICATO, 2000, 2001) que

visa a efetividade e orientação para a práxis social.

Se por um lado, no mundo contemporâneo as cidades assumem, cada vez mais, um papel

decisivo nas transformações sociais e na estratégia econômica de empresas e países.

Desta forma, as cidades assumem um papel de agente político, que possibilita ou impede o

desenvolvimento das diversas atividades empreendidas nela. Neste sentido, o investimento

na urbanização de Caldas Novas significa ampliar a gama e a força dos empreendimentos

desenvolvidos no local, de forma a ampliar sua influência em âmbitos supra-locais. Assim, a

cidade tem um papel econômico que não pode ser negligenciado ou excluído do raciocínio

de acordo com uma ou outra postura política. A cidade é um meio de produção, de trabalho

e de realização humanos, e deve-se pensar estratégias de como ampliar as possibilidades

de seus espaços urbanos e naturais, seus significados e seu potencial de incremento

produtivo.

Por outro lado, as transformações das estruturas sociais, o desenvolvimento dos meios de

comunicação e a velocidade das transformações hoje tornam a cidade um objeto cada vez

mais complexo. Estamos diante de espaços cada vez mais segregados, ao passo que

interconectados intensamente. Espaços que se transformam continuamente. Espaços que

atendem à uma lógica cada vez menos de massa e cada vez mais flexível e diferenciada.

Esta situação exige uma forma diferenciada de conceber e organizar estratégias2 de

transformação que superem as normas, regulações e modelos do planejamento tradicional,

com o objetivo de construir alternativas pragmáticas de transformação social que garantam

o direito à cidade e a inclusão social.

Desta forma, acredita-se que a elaboração do conceito de “Plataformas de Ação”, que foram

pensadas sempre dialeticamente em relação ao lugar, foi capaz de construir uma nova

forma de se pensar a intervenção nas cidades contemporâneas.

3.1 As plataformas

Na proposta para os fundos de vale de Caldas Novas, as “plataforma” visam construir

quadros ou conjuntos de ações articuladas entre si, que integram um determinado conjunto

de aspectos da urbanidade observados diretamente na cidade de Caldas Novas. Sem

perder a contribuição das categorias de análise do planejemento tradicional, e explorando os

instrumentos já consagrados por ele principalmente na etapa de diagnóstico, estas

plataformas visam conceber estruturas “movediças” (sem a rigidez das categorias tradicional

e adaptadas à complexidade contemporânea), mas articuladas e integradas em conjuntos

coesos de ação, que se sobrepõem e se interseccionam em camadas sobre a cidade.

Esta idéia também serviu de inspiração para Sola-Morales (2002) formular categorias

culturais de análise para as cidades contemporâneas, mas que se dão de maneira diferente

das aqui apresentadas. Estas plataformas formam um “grid de visão” dinâmico e aberto

sobre a cidade, formado de fatos físicos e culturais, capaz de lidar como um caleidoscópio

sobre emaranhado das cidades contemporâneas: ao mexer em cada parte, a imagem do

todo se transforma.

Para Deleuze e Guatarri (1995) as plataformas são planos que surgem da imanência, que

surgem de experiências concretas, e podem ser concebidos como mapas que abrem e

articulam pontos de abertura para a consciência, que possibilitam a formulação de idéias e

ações como grades de trabalho. Assim, a cada plataforma seria constituída de “uma região

contínua de intensidades, vibrando sobre ela mesma, e que se desenvolve evitando toda

orientação sobre um ponto culminante”, ou seja, evitando uma finalidade absoluta e fechada

em si mesma. Desta forma, as plataformas funcionam como um meio, como instrumento

entre o que é e o que pode ser, sem início nem fim, mas que amplia e carrega a realidade

local de novas possibilidades.

O artista polissêmico, polifônico, que o arquiteto e o urbanista devem se tornar, trabalha com uma matéria humana que não é universal, com projetos individuais e coletivos que evoluem cada vez mais rápido e cuja singularidade – inclusive estética – deve ser atualizada através de uma verdadeira maiêutica, em particular, procedimentos de análise institucional e de exploração das formações coletivas do inconsciente. (GUATARRI, 2008, p. 176-177)

A presente proposta busca evitar que apenas se estabeleça normas, mas também evita a

definição de uma lista rígida de ações (o que poderia engessar o processo de

desenvolvimento da cidade). Constrói, portanto, um conjunto flexível e dinâmico, que

estabelece, através de nove Plataformas, que foram concebidas especificamente para

intervenção neste local. Elas formam caminhos de transformação, concebidos através de

partilhas (RANCIÈRE, 2000) diferenciais (LEFEBVRE, 2006) da realidade urbano-ambiental

de Caldas Novas. Através de uma nova sensibilidade para as possibilidades de

transformação da cidade se permite incorporar uma ampla e aberta gama de ações

possíveis. As plataformas são:

as Áreas de Conflito, cuja tensão social e/ou a tensão homem-natureza gera um

potencial insurgente e transformador nas relações e instituições estabelecidas,

demandando novas soluções e alternativas, são áreas capazes de construir laços de

solidariedade e união de populações com dilemas e demandas em comum;

as áreas de Usos Sustentáveis, formadas por áreas de contato histórico entre a

natureza e a cidade, e cuja proposta é fortalecer sua relação de simbiose onde as duas,

cidade e natureza, possam se desenvolver e ampliar mutuamente;

os Fluxos e a Mobilidade, cada vez mais importante no mundo contemporâneo, buscar-

se-á estratégias de integração da cidade e alternativas de mobilidade sustentável,

enfatizando o uso de transporte não motorizado;

os Parques-Bolsão, que são formados por regiões ambientalmente sensíveis e que

demandam uma centralidade na questão ambiental, além de uma área maior de

predomínio de estruturas verdes, ou seja, áreas “biocêntricas”;

os Corredores Ecourbanos, que formam uma estrutura regular e contínua na estrutura

urbana de Caldas Novas, formadas pelas áreas de preservação permanente dos

diversos córregos e cujas estratégias visam a recuperação centrada na preservação das

matas ciliares e dos veios hídricos visando proteger e evitar a degradação dos recursos

hídricos (fundamentais para economia de Caldas Novas);

as Micro-espacialidades, que são os pequenos espaços capazes de se tornar grandes

referências locais apesar de sua pequena área (principalmente com a idéia de Pocket

Parques);

os Largos, que são os espaços destinados a praças e “Espaços Públicos”, buscando

enfatizar seu potencial imagético, seu potencial de integração social e comunitária. São

fundamentais na construção de uma Consciência Ambiental Urbana, entendendo o

patrimônio cultural edificado da cidade (e os ambientes urbanos existentes) também

como parte do sistema do “patrimônio cultural imaterial” dos cidadãos, assim, deve-se

priorizar estes espaços como uma estrutura de significados articulados, e espaços que

dêem base para com campanhas de conscientização, encontros comunitários, eventos

sociais, etc.;

o Enraizamento da Cidade, que visa a integração e a simbiose cidade-natureza,

buscando romper com a idéia tradicional de espaço urbano como espaço não-natural

(ou espaço morto), visa romper com as fronteiras rígidas entre antrópico/natural,

“enraizando” a cidade em seus espaços naturais, principalmente através das ações em

“Vias Verdes”;

e a formulação de diretrizes de ocupação para os Vazios Urbanos, que têm o potencial

de transformar radicalmente espaços já dotados de infra-estrutura urbana e com baixo

aproveitamento do investimento social aplicado. São áreas potenciais para a formulação

de um outro urbanismo, para a construção de um outro espaço.

Assim, espera-se “modificar a programação dos espaços construídos, em razão das

transformações institucionais e funcionais que o futuro lhes reserva” (GUATARRI, 2008, p.

176).

3.2 As ações como obras

A idéia de direcionar os planos para as “ações” foi proposta por Ermínia Maricato (2000,

2001). Segundo ela, em vez de formular um plano para regular a ação (caráter unicamente

normativo através de leis) deve-se buscar um “plano de ações” que oriente a atuação

concreta. Esta idéia visa: aproximar a formulação de leis da gestão do espaço urbano;

orientar os investimentos públicos de forma objetiva (e não genérica e abstrata com nas

diretrizes tradicionais) tratando de ações, operações, investimentos e obras; incluir o

orçamento participativo e a atuação de ONGs e do Conselho Urbano; ampliar o controle

urbano e a fiscalização; integrar os diversos atores urbanos em objetivos comuns.

Para isso devemos, segundo Maricato, ampliar a consciência da cidade real (incluindo os

espaços ilegais), ampliar o debate democrático e discutir os conflitos, propor reformas

administrativas, formar quadros técnicos, democratizar a informação técnica sobre a cidade;

ampliar a relação do ambiente urbano e ambiental (incluindo a bacia hidrográfica como

referência para planejamento); e pensar políticas de curto, médio e longo prazo.

Tendo em vista a condição das cidade como obra de arte, descrita acima, a concepção das

intervenções na cidade devem ser pensadas como obras de arte “in situ”, ou seja, como

“site specifc art”, que é aquela corrente artística formada por obras de arte endereçadas

especificamente ao lugar. Assim, estas obras tratam da transformação do lugar como objeto

de trabalho e como meio de expressão (assim como a pintura se utiliza do quadro e das

cores). Para Thierry de Duve (1984) estas obras recriam o lugar através de um jogo de

extração/transformação das seguintes categorias que conformam cada sítio:

(1) O Lugar: seria a ancoragem cultural ao solo, ao terreno, ou a identidade implícita a um

determinado ponto do mundo.

(2) O Espaço: O consenso cultural sobre o "grid" perceptivo de referência, a métrica abstrata

utilizada para perceber o mundo.

(3) A Escala: A relação com o corpo humano, que permite considerar a proporção das

coisas.

Desta forma, as obras de intervenção deste plano estão divididos nestas três categorias,

ficando vinculadas aos objetivos que possuem. Cada objeto deve ter claro os objetivos de

transformação da estética urbana que pretendem, valorizando e reestruturando

determinados aspectos da cidade. Estas obras visam articular uma nova forma de fazer o

urbano que restaure os aspectos de obra da cidade através de um engajamento dos

cidadãos/artistas e dos urbanistas/artistas:

uma cartografia multimensional da produção de subjetividade, cujos operadores serão o arquiteto e o urbanista. (...) Um tal recentramento não é apenas tarefa de especialistas mas requer uma mobilização de todos os componentes da ‘cidade subjetiva’. O nomadismo selvagem da desterritorialização contemporânea demanda então, a meu ver, uma apreensão ‘transversalista’ da subjetividade. Quero dizer com isso uma apreensão que se esforçará para articular pontos de singularidade (por exemplo, uma configuração particular do terreno ou do meio ambiente), dimensões existenciais específicas (por exemplo, o espaço visto pelas crianças ou deficientes físicos ou doentes mentais), transformações funcionais virtuais (por exemplo, mudanças de programa e inovações pedagógicas), afirmando ao mesmo tem um estilo, uma inspiração (...) (GUATARRI, 2008)

Assim, as Obras de Escala seriam objetos/ações para produzir a harmonização entre

homem e natureza. Têm o objetivo de construir uma relação mais harmoniosa do homem

com o ambiente, aproximando a escala do lugar com a experiência sensorial dos usuários.

São intervenções de ambientação e de aproximação do homem e da natureza. Envolveriam

a produção de: Lagos; Mirantes; Paisagismo; Percursos; Revegetação; Vias Verdes;

Viveiros.

As Obras de Lugar seriam objetos/ações para produzir identidade e referência na cidade.

Estes objetos de intervenção têm a função de construir uma relação de proximidade e

significância entre o usuário e o lugar. O ambiente impessoal deve se transformar em lugar

de referência a valores significativos para a população. Além disso, é preciso, através de

estratégias de design, construir a “legibilidade” dos diversos espaços da cidade, que é a

capacidade deles de evocar determinados padrões visuais/espaciais, e assim serem

facilmente recordados. A construção da identidade destes lugares também é importante, ao

identificar os valores da população com os símbolos urbanos e objetos presentes no espaço

urbano. Envolveriam a produção de: Áreas Estratégicas; Arte Urbana; Mobiliários; Marcos

Locais; Pórticos.

E as Obras de Espaço seriam objetos/ações para produzir a estruturação, a funcionalização

e a consciência ambiental e urbana. Estas são intervenções que visam dotar o espaço

urbano de infra-estrutura,e interferindo na estrutura urbana. São espaços que devem

reforçar as funções urbanas, e reforçar o caráter democrático e público da cidade,

ampliando o conhecimento e a conscientização da população a cerca da questão ambiental

urbana. Envolveriam a produção de: Ciclovias; Habitações Sustentáveis de Interesse Social;

Equipamentos; Esplanadas; Núcleos de Cidadania e Inclusão Digital; Circulação de

Pedestres.

4 CONCLUSÕES

Para Deleuze e Guatarri (1995, p. 12) devemos nos preocupar menos com o

significado das idéias e textos, e nos preocupar mais com o modo como elas funcionam,

como elas se conectam com outras idéias, como produzem novas intensidades, e como

essas idéias se introduzem e metamorfoseiam um determinado contexto. Neste sentido,

meta-morfosear uma determinada situação é um processo de reconstrução dessa realidade

através de novas dimensões que são atingidas pela inserção de novos olhares, em seus

termos, um novo ponto de fuga.

A construção de pontos de fuga é um processo que envolve uma desterritorialização,

uma captura de um determinado código da realidade, que interliga transversalmente uma

série de planos da realidade (plataformas). Esta extração (n-1) de uma visão sobre o mundo

é sempre múltipla e temporária, mas tem a capacidade de transformar a natureza das coisas

ao conectar diferencialmente seus diversos aspectos, contribuindo para que determinadas

conexões sejam estabelecidas entre os campos (DELEUZE e GUATARRI, 1995, p. 17-22).

As diversas obras desta proposta pretendem construir pontos pragmáticos (e não

universais) de ação e interligação entre as diferentes plataformas, de maneira a sempre

interagir e recriar as relações de intensidade presentes nelas. Ou seja, as ações funcionam

como a criação, dinâmica, única, transitória e temporária, de “linhas de fuga que permita

explodir os extratos, romper as raízes e operar novas conexões” (DELEUZE e GUATARRI,

1995, p. 24). Trata-se de reinventar a territorialidade existente através de um jogo de

desterritorialização e ressignificação, fundado pelo processo artístico de apropriação da

realidade.

Por outro lado, a parceria entre as pesquisas realizadas no âmbito do INOVE da UFG e as

iniciativas do Ministério Público e da AMAT demonstraram uma fértil e necessária relação

entre a academia e a práxis urbana. Idéias que muitas vezes se restringem ao meio

universitário encontraram ressonância nas ações e propostas concretas de ação sobre a

cidade, e apontam para futuras parcerias.

Sempre com o intuito de renovar e rever o papel do urbanista na concepção do espaço

urbano e de seu meio natural, a proposta estabeleceu novos parâmetros, e uma nova lógica

de intervenção, avançando sobre reflexões antes não experimentadas no campo prático.

Percebeu-se, também, a necessidade de desenvolver novos tipos de cartografias, que

sejam capazes de mapear e articular a nova visualidade construída sobre a cidade. A busca

por esta nova cartografia é o caminho ao qual a pesquisa agora se orienta. Além disso,

pretende-se desenvolver um site na internet que permita uma contínua participação da

população, através de intervenções, propostas e acréscimos no plano proposto. Este

site/mapa, se constitui como uma nova espécie de cartografia, mutante e que se transforma

continuamente, aproximando a população da formulação de seu espaço. Ou seja: “um mapa

que deve ser produzido, construído, sempre desmontável, conectável, reversível,

modificável, com múltiplas entradas e saídas” (DELEUZE e GUATARRI, 1995, p. 33).

Acredita-se que repensar o papel do planejamento nas cidades contemporâneas, o papel do

meio natural e do meio construído na vida social, e traçar novas estratégias de intervenção

para a realidade contemporânea é um trabalho coletivo, em que a academia tem um papel

reflexivo e fundamental.

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1 "todo ser orgânico é, a qualquer instante, ele mesmo e outro; a todo Instante, assimila matérias absorvidas

do exterior e elimina outras do seu interior; a todo instante, morrem certas células e nascem outras em seu organismo; (...) examinando o caso concreto em sua concatenação com a imagem total do universo, se juntam e se diluem na idéia de uma trama universal de ações e reações, em que as causas e os efeitos mudam constantemente de lugar e em que o que agora ou aqui é efeito adquire em seguida ou ali o caráter de causa, e vice-versa." (ENGELS, s.d. [1880]: s.p.) 2 O termo estratégia é utilizado na concepção dada por Henri Lefebvre, que é oriunda da teoria dos jogos (cf.

LEFEBVRE, 1971: 170-172; 208-209 e ss.). Nestas teorias, tal qual aplicadas ao jogo de xadrez, a estratégia é formada pelo movimento global e pelas idéias dominantes que coordenam as pequenas ações (as táticas). Desta forma, a estratégia visa coordenar ações de curto prazo que garantam uma situação prevista ou pretendida no futuro. Como, por exemplo, a “estratégia urbana” formulada por Henri Lefebvre.