2011-plataformas de acao para caldas novas
Transcript of 2011-plataformas de acao para caldas novas
PLATAFORMAS DE AÇÃO PARA OS FUNDOS DE VALE DE CALDAS NOVAS: O MEIO AMBIENTE URBANO COMO OBRA DE
ARTE
Camilo Vladimir de Lima Amaral (1) (1) [email protected]
INOVE, Faculdade de Artes Visuais, UFG
Frederico André Rabelo (2) (2) [email protected]
Escola de Arquitetura Edgar Graeff, PUC-GO
RESUMO
O presente artigo é resultado de uma pesquisa desenvolvida no INOVE (Núcleo de
Pesquisa e Inovação em Arquitetura, Urbanismo e Design) da Universidade Federal de
Goiás, que trata da investigação e desenvolvimento de novos instrumentos de planejamento
urbano, concebidos para o processo de revitalização dos fundos de vale da área urbana de
Caldas Novas-GO, por uma iniciativa do Ministério Público de Goiás e da Associação dos
Mineradores de Águas Termais de Goiás (AMAT). A pesquisa busca trabalhar sobre as
novas características da cidade contemporânea, as novas relações entre homem e natureza
e o contexto institucional do planejamento. Enquanto pesquisa teórico-pragmática (no
sentido deleuziano), busca a viabilização do urbano como uma obra de arte dos cidadãos
(cf. Lefebvre). Com este objetivo formula uma junção entre o conceito de platôs
(plataformas) de Deleuze e Guatarri (para abordar a multiplicidade do mundo
contemporâneo), os conceitos da corrente artística in-situ e a idéia de um plano de ações
(proposto por Ermínia Maricato). Esta síntese constrói um quadro de trabalho dinâmico,
flexível, pragmático e objetivo (porém atento, à complexidade) que está engajado na
metamorfose social e no direito à cidade.
Palavras-chave: Revitalização. Áreas Verdes Urbanas. Plataforma. Plano de Ação. Caldas Novas.
ABSTRACT
This article is the result of a research developed in INOVE (Center for Research and
Innovation in Architecture, Urban Planning and Design)at the Federal University of Goias,that
deals with the investigation and development of new instruments of urban planning designed
for the revitalization of the urban Valleys in Caldas Novas-GO, and it is an initiative by the
public prosecutor of Goias, and the Association of Miners of Thermal Waters of Goiás
(AMAT). The research aims to work on the new features of the contemporary city, the new
relations between man and nature and institutional context of planning. As a theoretical and
pragmatic research (in the Deleuzian sense), it aims to achieve the urban as a masterpiece
of the citizens (cf. Lefebvre). With this goal, the propousal makes a junction between the
concept of plateaux (platforms) of Deleuze and Guattari (to address the multiplicity of the
contemporary world), the concepts of the artistic movement in-situ and the idea of an Plan of
Actions (proposed by Erminia Maricato). This synthesis builds a dynamic framework, that is
flexible, pragmatic and objective (although conscientious of the complexity) that is engaged
in social transformation and the right to the city.
Keywords: Revitalization. Urban Green. Platform. Plan of Action. Caldas Novas.
1 INTRODUÇÃO: ATUAR SOBRE A CIDADE HOJE
Segundo Monte-Mór (2006) os elementos que, ao longo da história, configuraram o caráter
de cidade podem ser reunidos em três conceitos básicos: Polis, Civitas e Urbis. A cidade
enquanto Polis, é a construção de um espaço onde as pessoas possam consolidar o contato
com os outros cidadãos, como nas praças públicas das antigas cidades gregas. A polis é a
cidade enquanto unidade e enquanto política, no sentido de espaço das relações
interpessoais entre os homens. A cidade enquanto Civitas, termo de origem no latim, é o
espaço onde a civilização se estrutura, e onde as pessoas se formam plenamente como
cidadãos, com seus deveres e direitos atendidos. A cidade enquanto Urbis, derivado de
urbanuum, o arado dos bois sagrados romanos, é a integração espacial, a infraestrutura e o
melhoramento do espaço para o atendimento das necessidades sociais.
Segundo Milton Santos (1997), os elementos constituintes das cidades se transformam
radicalmente com a evolução da "técnica" para a "tecnologia". A informação e o saber fazer
passam a ser o grande motor da sinergia exercida pelas cidades. Para Henri LEFEBVRE
(1999), a evolução dos transportes e da comunicação provocaram uma "explosão" da
cidade, que se estendeu pelo território, diluindo as antigas fronteiras entre campo e cidade.
Por outro lado, ocorre uma "implosão" da cidade em seu centro de decisão e conhecimento,
que se torna o ponto nevrálgico do novo modo disperso de produção. A tendência que se
aponta como um "objeto virtual", segundo Lefebvre, é a transformação de todo território em
um meio todo integrado: o urbano.
Neste momento contemporâneo, não há como falar de cidade sem considerar sua
integração com o meio ambiente como um todo. Durante muito tempo, discutiu-se o espaço
da cidade como um espaço “morto”, em oposição ao espaço do campo, onde a natureza
ainda dominava. Quando se falava em natureza nas cidades, discutia-se sobre os “espaços
a se preservar”, concebidos em oposição e distintos dos espaços antrópicos propriamente
dito. Esta lógica não faz mais sentido na condição contemporânea em que os limites do
espaço humano e do meio natural se diluem, entrelaçam e se integram (hoje, para se
humanizar um espaço se utiliza, paradoxalmente, de elementos naturais).
2 O PLANEJAMENTO E A CONDIÇÃO CONTEMPORÂNEA
A evolução do Planejamento Urbano esta atrelada à própria evolução das idéias sobre
planejamento e sobre as condições de seu papel social. Esta evolução se deu ao longo de
dois séculos, a partir da Revolução Industrial, seguindo dois ramos principais, a Técno-
Setorial e a Globalizante. A primeira corrente é fruto da ação prática dos governos sobre as
cidades; a segunda propõe o espaço da cidade em conjunto com a reformulação das
instituições sociais (CAMPOS FILHO, 1989, p. 5-11).
Concepções geométricas do espaço, desenvolvidas pela Escola de Chicago, compreende e
organiza a cidade como um “mosaico urbano” de atividades e formula leis gerais de
localização, definidas por princípios como “indivíduos iguais fazendo escolhas iguais”.
Contestadores dessa corrente, (como Manuel CASTELLS, 1977), apontam que fatos
históricos, culturais, conflitos de interesse e hierarquia foram eliminados da discussão,
apesar de serem fundantes desse padrão urbano. Assim, propõem uma abordagem sócio-
econômica da cidade que considera as esferas espaciais articuladas com as regras sociais
e os valores construídos num determinado contexto histórico, não se tomando os efeitos
finais como se fossem causas dos reais problemas urbanos.
Muitos autores entendem que o espaço urbano não é “um palco neutro” na vida social, pois
ele produz e reproduz desigualdades. Assim, é preciso agir com justiça na distribuição dos
serviços e oportunidades, pois só há justiça social na cidade se este desenvolvimento for do
conjunto da cidade, ampliando e melhorando mutuamente as oportunidades para todos os
setores sociais (cf. CASTELLS, 2002; SOJA, 1993; HARVEY, 2000).
Neste contexto, cresce a participação dos diversos movimentos sociais urbanos e das
diversas ONGs, Entidades de Classe, Associações, Escolas, Movimentos por Moradia, entre
outros, que passam a desempenhar um papel crescente na articulação das políticas
urbanas. Este papel é acentuado, no Brasil, com o advento do Estatuto das Cidades (Lei Nº
10.257, de 10 de julho de 2001) que municiou a criação do Ministério das Cidades, ampliou
as atuações do Ministério Público e trouxe o planejamento de volta ao cenário nacional.
Os diversos instrumentos do estatuto das cidades permitem a produção de um planejamento
urbano “flexível” e “dinâmico”, tendendo à construção de um “urbanismo crítico” (SOUZA,
2003). Assim, supera-se o planejamento que apenas impõe regras rígidas e de controle, que
muitas vezes tinham como destino as gavetas das prefeituras, sem impacto algum na
realidade da cidade. Assim, abre-se caminho para intervenções pontuais, mas que estão
integradas à uma visão do todo da cidade. Isto abre a possibilidade de soluções de ordem
mais pragmática, tomando este termo no sentido dado a ele por Deleuze e Guatarri (1995,
p.36):
Ainda e sobretudo no domínio teórico, qualquer esboço precário e pragmático é melhor do que o decalque de conceitos com seus cortes e seus progressos que nada mudam.
Assim, evita-se que os planos se tornem peças perdidas na burocracia administrativa. Para
isso pode-se encarar os Planos Diretores como um “contrato social”, um acordo entre todas
as esferas sociais sobre o destino em comum a ser tomado. Nesta forma de planejar, a
negociação e a articulação entre os diversos setores da sociedade é fundamental para
estabelecer os objetivos que são comuns a todos.
O que é importante ressaltar é que, como faz Michel Serres (1991), que não basta mais a
construção de um contrato social tal qual concebido por Rousseau, pois os limites impostos
pelo coexistência humana no ambiente finito da terra, demanda agora um “contrato natural”.
O que se argumenta, a seguir, é a necessidade de um contrato sócio-ambiental, que articule
os processos humanos e naturais.
2.1 Meio ambiente e meio urbano
Para José Eli da Veiga (1993), das posições esquerdistas às posições mais liberais, todos
as teorias sociais dos tempos modernos se basearam na "utopia" do desenvolvimento, em
que no "futuro" se alcançaria a chamada "pacificação da existência", ou a "esperança" da
satisfação integral das necessidades através do pleno e infinito desenvolvimento da
produtividade (até sua automatização). Assim, esta utopia se liga diretamente com o
desenvolvimento industrial, pois, o seu desenvolvimento libertaria a sociedade da
"escassez". Por isso, essa idéia de desenvolvimento se pauta pela tentativa de
racionalização do trabalho, a integração num sistema de valores únicos e a absorção de
toda a população global nesta nova lógica produtivista.
Já em 1993 Veiga atentava que esta ética estava "caducando", pois ao mesmo tempo em
que já não era quase necessário “trabalhar mais” para “produzir mais”, as necessidades de
boa parte da população continuavam não sendo atendidas. Além disso, a produtividade do
trabalho invadia o cotidiano das pessoas transformando a vida privada no próprio quadro
exposto por Charles Chaplin em seu filme “Tempos Modernos”.
Por outro lado, a expectativa de um desenvolvimento infinito da produtividade já há muito
vem sendo colocado em xeque por uma série de estudos ambientais. Os limites provocados
pelos recursos não renováveis, os problemas climáticos e de poluição, além da postura ética
em relação às necessidades das futuras gerações, tem colocado em xeque o paradigma do
desenvolvimento ao infinito. É necessário uma nova ética, uma nova utopia.
Neste caminho, Michael Colby (1990), em um artigo produzido para o "World Bank", constrói
um entendimento sobre os diversos "paradigmas" da inter-relação entre homem e natureza,
ou mais precisamente, da relação entre "Desenvolvimento" e "Manejo do Meio Ambiente".
Ele argumenta que existem cinco paradigmas estruturais nesta área: Frontier Economics (a
economia acima de tudo), Deep Ecology (a ecologia no centro e acima de tudo),
Environmental Protection (medidas burocráticas de proteção), Resource Management
(gestão dos recursos), Eco-development (desenvolvimento em que a natureza e a
sociedade se desenvolvem em conjunto). Colby aposta no Eco-development como uma
síntese paradigmática, em que o desenvolvimento do homem significasse também o
desenvolvimento do meio natural.
Em um artigo chamado "Constructing Nature", Arturo Escobar (1996) revela que tudo aquilo
que concebemos como "natural", já é uma concepção culturalmente estabelecida do "meio-
ambiente" (environment) em que o homem figura como parte inalienável da natureza. Assim,
a atitude "ambientalista" procura fundar sua verdade naquilo que supõe ser a natureza,
baseando-se em determinadas concepções sociais e éticas. Pode-se ainda argumentar,
seguindo Milton Santos (1996) que, no momento atual, não se trata mais de considerar a
"sociedade" uma "segunda natureza" formada por suas "leis", mas de perceber que a
própria "natureza" é que se torna uma "segunda sociedade": tudo que sabemos e afirmamos
sobre ela, é um produto histórico e cultural que, em direção inversa, reafirma e re-produz a
sociedade.
Neste sentido, as antigas idéias de progresso e desenvolvimento a qualquer custo já não
são mais adequadas à realidade de nosso mundo. É preciso desenvolver uma outra
estratégia que possibilite a coexistência dos homens com a natureza e entre si. Assim,
sintetizando o argumento no conceito de Simbiose, não se trata mais de buscar o progresso
dos espaços antrópicos em oposição aos redutos naturais preservados e apartados do
próprio homem. A idéia de simbiose é buscar desenvolver estratégias de um co-
desenvolvimento em que tanto a natureza como os homens irão se desenvolver e se
integrar cada vez mais em harmonia. Esta idéia de inseparabilidade dos processos naturais
e humanos está presente em diversos autores (cf. GUATARRI, 1991; ENGELS1, 1880;
KUROKAWA, 1991; E DELEUZE E GUATARRI, 1995).
Nas Cidades Contemporâneas, observa-se um conflito radical entre os espaços humanos
que destroem e suplantam os espaços naturais. Não há praticamente mais nada a se
preservar. É preciso recuperar, reviver, desenvolver de novo uma natureza que está
perdida. Como poderíamos fazer isso? Não há como fazer isso sem pensar na coexistência
produtiva do homem com a natureza, ou seja, uma relação de simbiose benéfica a ambos. É
preciso conceber uma nova natureza e uma nova cidade.
2.2 A Cidade como Obra de Arte
Giulio Carlo Argan, historiador da arte e ex-prefeito de Roma, concebe o sentido artístico da
Cidade como um produto complexo da soma de objetos e de seus significados dentro de um
sistema cultural estabelecido numa determinada cidade. Em sua perspectiva, para se
conceber e transformar as cidades seria preciso pensá-las como um artefato, como um
produto do saber artístico de uma determinada comunidade. Por isso, argumenta que a
cidade é formada através da arte e pelos artífices que a produzem (ARGAN, 1998, p. 73-
84). Para ele o termo urbanismo teria um sentido amplo, pois:
Faz urbanismo o escultor, faz urbanismo o pintor, faz urbanismo até mesmo quem compõe uma página tipográfica; faz urbanismo quem quer que realize alguma coisa que, colocando-se como valor, entre, ainda que nas escalas dimensionais mínimas, no sistema dos valores. (ARGAN, 1998, p. 224)
Para Jacques Rancière a estética da cidade vai muito além de um simples embelezamento,
pois ela funda uma “forma de ver” o mundo, uma maneira de perceber e instituir as questões
que são importantes para uma comunidade. Assim, o espaço urbano funda um “campo
estético”, ou seja, uma ambientação que amplia ou condiciona a visão compartilhada por um
grupo de cidadão. É neste sentido, que para ele a cidade é formada de estética e do
princípio da polis (a política) (cf. RANCIÈRE, 1996).
Para Herbert Marcuse (1981) a dimensão estética é a maneira pela qual o homem consegue
fugir e transformar a realidade tal qual ela está. Neste sentido, pensar a estética das cidade
contemporâneas, é também pensar uma cidade utópica, é pensar qual o futuro e o espaço
ideal que se imagina para a humanidade. Para ele, pensar esteticamente o mundo é uma
forma de conceber a transformação radical da realidade em que se vive (uma dialética da
negação da existência corrompida), através da construção e visualização de outros mundos
possíveis. Este papel de reinvenção, transformação e revolução, é concebido por ele como
concernente às obras de arte.
Avançando sobre as fronteiras do que normalmente se concebe como arte, Foucault
argumenta que a atitude do homem moderno é fazer "de seu corpo, de seu comportamento,
de seus sentimentos e paixões, de sua existência, uma obra de arte. O homem moderno,
para Baudelaire, (...) é aquele que busca inventar-se a si mesmo." (FOUCAULT, 2005: 344).
Avançando sobre as fronteiras da relação entre homem e espaço, Henri LEFEBVRE (2001,
p. 27-40, 137-141; 2006, p. 129-133; 1967, p. 363-399) define seu conceito de "o direito à
cidade" muito além do simples acesso aos bens de consumo coletivos do meio urbano (o
que se poderia chamar de justiça distributiva da cidade). Ao analisando a relação entre a
polis grega e a filosofia, em que a segunda fundava as estruturas da primeira, Lefebvre
propõe para a condição urbana, de diversidade e multiplicidade, uma relação metafilosófica
do homem com o espaço urbano, de tal forma a restituir o caráter de obra para a cidade.
Considerar a cidade como uma obra, significa entendê-la como algo produzido por seus
próprios cidadãos, significa que as pessoas possam atuar sobre a cidade como o homem
moderno de Baudelaire, fazendo dela, e de sua existência coletiva, uma obra de arte.
Para Edward SOJA (2000) o mundo é hoje formado cada vez mais de uma mistura entre
real e imaginado, já que a realidade das coisas dependem de nossa cultura e da forma
como a interpretamos. Além disso, vivemos cada vez mais em um mundo de informações, e
o que vemos e sabemos sobre as coisas é cada vez mais fundamental para a concretização
de nossos objetivos. Assim, construir uma nova percepção e valorização dos diversos
componentes da cidade, é fundamental no caminho para transformações substanciais na
própria realidade da cidade.
3 A PROPOSTA DE PLATAFORMAS DE AÇÃO PARA O MEIO AMBIENTE
URBANO DE CALDAS NOVAS
Para a realização do Plano Diretor de Revitalização dos Fundos de Vale de Caldas Novas,
foram contratados pela AMAT uma série de levantamentos de Dados, que incluiu o
cadastramentos dos terrenos, o levantamento do uso do solo, o levantamento da cobertura
vegetal, da qualidade da água, o levantamento da infraestrutura urbana presente nos fundos
de vale, a análise da função social da propriedade e da relação entre ambiente natural e
construído, e o georeferenciamento das informações geográficas, geomorfológicas e
pedológicas, além da elaboração de uma carta de risco.
A presente pesquisa, se utilizou destes levantamentos e é fruto de uma reflexão contínua
frente ao processo de diagnóstico e de debates com a comunidade local, de participação em
audiências públicas e em reuniões e oficinas com a sociedade civil organizada, e propõe o
instrumental que serviu de base para elaboração do referido Plano.
Neste intuito, este novo instrumental de intervenção urbana incorpora a idéia de platôs
(DELEUZE e GUATARRI, 1995), aqui referidas como plataformas, que visam dar conta da
dinamicidade do mundo contemporâneo orientados para uma pragmática que formule um
“agenciamento maquínico” capaz de metamorfosear as relações de poder e alteridade.
Associa-se esta idéia, com a proposta de um Plano de Ações (MARICATO, 2000, 2001) que
visa a efetividade e orientação para a práxis social.
Se por um lado, no mundo contemporâneo as cidades assumem, cada vez mais, um papel
decisivo nas transformações sociais e na estratégia econômica de empresas e países.
Desta forma, as cidades assumem um papel de agente político, que possibilita ou impede o
desenvolvimento das diversas atividades empreendidas nela. Neste sentido, o investimento
na urbanização de Caldas Novas significa ampliar a gama e a força dos empreendimentos
desenvolvidos no local, de forma a ampliar sua influência em âmbitos supra-locais. Assim, a
cidade tem um papel econômico que não pode ser negligenciado ou excluído do raciocínio
de acordo com uma ou outra postura política. A cidade é um meio de produção, de trabalho
e de realização humanos, e deve-se pensar estratégias de como ampliar as possibilidades
de seus espaços urbanos e naturais, seus significados e seu potencial de incremento
produtivo.
Por outro lado, as transformações das estruturas sociais, o desenvolvimento dos meios de
comunicação e a velocidade das transformações hoje tornam a cidade um objeto cada vez
mais complexo. Estamos diante de espaços cada vez mais segregados, ao passo que
interconectados intensamente. Espaços que se transformam continuamente. Espaços que
atendem à uma lógica cada vez menos de massa e cada vez mais flexível e diferenciada.
Esta situação exige uma forma diferenciada de conceber e organizar estratégias2 de
transformação que superem as normas, regulações e modelos do planejamento tradicional,
com o objetivo de construir alternativas pragmáticas de transformação social que garantam
o direito à cidade e a inclusão social.
Desta forma, acredita-se que a elaboração do conceito de “Plataformas de Ação”, que foram
pensadas sempre dialeticamente em relação ao lugar, foi capaz de construir uma nova
forma de se pensar a intervenção nas cidades contemporâneas.
3.1 As plataformas
Na proposta para os fundos de vale de Caldas Novas, as “plataforma” visam construir
quadros ou conjuntos de ações articuladas entre si, que integram um determinado conjunto
de aspectos da urbanidade observados diretamente na cidade de Caldas Novas. Sem
perder a contribuição das categorias de análise do planejemento tradicional, e explorando os
instrumentos já consagrados por ele principalmente na etapa de diagnóstico, estas
plataformas visam conceber estruturas “movediças” (sem a rigidez das categorias tradicional
e adaptadas à complexidade contemporânea), mas articuladas e integradas em conjuntos
coesos de ação, que se sobrepõem e se interseccionam em camadas sobre a cidade.
Esta idéia também serviu de inspiração para Sola-Morales (2002) formular categorias
culturais de análise para as cidades contemporâneas, mas que se dão de maneira diferente
das aqui apresentadas. Estas plataformas formam um “grid de visão” dinâmico e aberto
sobre a cidade, formado de fatos físicos e culturais, capaz de lidar como um caleidoscópio
sobre emaranhado das cidades contemporâneas: ao mexer em cada parte, a imagem do
todo se transforma.
Para Deleuze e Guatarri (1995) as plataformas são planos que surgem da imanência, que
surgem de experiências concretas, e podem ser concebidos como mapas que abrem e
articulam pontos de abertura para a consciência, que possibilitam a formulação de idéias e
ações como grades de trabalho. Assim, a cada plataforma seria constituída de “uma região
contínua de intensidades, vibrando sobre ela mesma, e que se desenvolve evitando toda
orientação sobre um ponto culminante”, ou seja, evitando uma finalidade absoluta e fechada
em si mesma. Desta forma, as plataformas funcionam como um meio, como instrumento
entre o que é e o que pode ser, sem início nem fim, mas que amplia e carrega a realidade
local de novas possibilidades.
O artista polissêmico, polifônico, que o arquiteto e o urbanista devem se tornar, trabalha com uma matéria humana que não é universal, com projetos individuais e coletivos que evoluem cada vez mais rápido e cuja singularidade – inclusive estética – deve ser atualizada através de uma verdadeira maiêutica, em particular, procedimentos de análise institucional e de exploração das formações coletivas do inconsciente. (GUATARRI, 2008, p. 176-177)
A presente proposta busca evitar que apenas se estabeleça normas, mas também evita a
definição de uma lista rígida de ações (o que poderia engessar o processo de
desenvolvimento da cidade). Constrói, portanto, um conjunto flexível e dinâmico, que
estabelece, através de nove Plataformas, que foram concebidas especificamente para
intervenção neste local. Elas formam caminhos de transformação, concebidos através de
partilhas (RANCIÈRE, 2000) diferenciais (LEFEBVRE, 2006) da realidade urbano-ambiental
de Caldas Novas. Através de uma nova sensibilidade para as possibilidades de
transformação da cidade se permite incorporar uma ampla e aberta gama de ações
possíveis. As plataformas são:
as Áreas de Conflito, cuja tensão social e/ou a tensão homem-natureza gera um
potencial insurgente e transformador nas relações e instituições estabelecidas,
demandando novas soluções e alternativas, são áreas capazes de construir laços de
solidariedade e união de populações com dilemas e demandas em comum;
as áreas de Usos Sustentáveis, formadas por áreas de contato histórico entre a
natureza e a cidade, e cuja proposta é fortalecer sua relação de simbiose onde as duas,
cidade e natureza, possam se desenvolver e ampliar mutuamente;
os Fluxos e a Mobilidade, cada vez mais importante no mundo contemporâneo, buscar-
se-á estratégias de integração da cidade e alternativas de mobilidade sustentável,
enfatizando o uso de transporte não motorizado;
os Parques-Bolsão, que são formados por regiões ambientalmente sensíveis e que
demandam uma centralidade na questão ambiental, além de uma área maior de
predomínio de estruturas verdes, ou seja, áreas “biocêntricas”;
os Corredores Ecourbanos, que formam uma estrutura regular e contínua na estrutura
urbana de Caldas Novas, formadas pelas áreas de preservação permanente dos
diversos córregos e cujas estratégias visam a recuperação centrada na preservação das
matas ciliares e dos veios hídricos visando proteger e evitar a degradação dos recursos
hídricos (fundamentais para economia de Caldas Novas);
as Micro-espacialidades, que são os pequenos espaços capazes de se tornar grandes
referências locais apesar de sua pequena área (principalmente com a idéia de Pocket
Parques);
os Largos, que são os espaços destinados a praças e “Espaços Públicos”, buscando
enfatizar seu potencial imagético, seu potencial de integração social e comunitária. São
fundamentais na construção de uma Consciência Ambiental Urbana, entendendo o
patrimônio cultural edificado da cidade (e os ambientes urbanos existentes) também
como parte do sistema do “patrimônio cultural imaterial” dos cidadãos, assim, deve-se
priorizar estes espaços como uma estrutura de significados articulados, e espaços que
dêem base para com campanhas de conscientização, encontros comunitários, eventos
sociais, etc.;
o Enraizamento da Cidade, que visa a integração e a simbiose cidade-natureza,
buscando romper com a idéia tradicional de espaço urbano como espaço não-natural
(ou espaço morto), visa romper com as fronteiras rígidas entre antrópico/natural,
“enraizando” a cidade em seus espaços naturais, principalmente através das ações em
“Vias Verdes”;
e a formulação de diretrizes de ocupação para os Vazios Urbanos, que têm o potencial
de transformar radicalmente espaços já dotados de infra-estrutura urbana e com baixo
aproveitamento do investimento social aplicado. São áreas potenciais para a formulação
de um outro urbanismo, para a construção de um outro espaço.
Assim, espera-se “modificar a programação dos espaços construídos, em razão das
transformações institucionais e funcionais que o futuro lhes reserva” (GUATARRI, 2008, p.
176).
3.2 As ações como obras
A idéia de direcionar os planos para as “ações” foi proposta por Ermínia Maricato (2000,
2001). Segundo ela, em vez de formular um plano para regular a ação (caráter unicamente
normativo através de leis) deve-se buscar um “plano de ações” que oriente a atuação
concreta. Esta idéia visa: aproximar a formulação de leis da gestão do espaço urbano;
orientar os investimentos públicos de forma objetiva (e não genérica e abstrata com nas
diretrizes tradicionais) tratando de ações, operações, investimentos e obras; incluir o
orçamento participativo e a atuação de ONGs e do Conselho Urbano; ampliar o controle
urbano e a fiscalização; integrar os diversos atores urbanos em objetivos comuns.
Para isso devemos, segundo Maricato, ampliar a consciência da cidade real (incluindo os
espaços ilegais), ampliar o debate democrático e discutir os conflitos, propor reformas
administrativas, formar quadros técnicos, democratizar a informação técnica sobre a cidade;
ampliar a relação do ambiente urbano e ambiental (incluindo a bacia hidrográfica como
referência para planejamento); e pensar políticas de curto, médio e longo prazo.
Tendo em vista a condição das cidade como obra de arte, descrita acima, a concepção das
intervenções na cidade devem ser pensadas como obras de arte “in situ”, ou seja, como
“site specifc art”, que é aquela corrente artística formada por obras de arte endereçadas
especificamente ao lugar. Assim, estas obras tratam da transformação do lugar como objeto
de trabalho e como meio de expressão (assim como a pintura se utiliza do quadro e das
cores). Para Thierry de Duve (1984) estas obras recriam o lugar através de um jogo de
extração/transformação das seguintes categorias que conformam cada sítio:
(1) O Lugar: seria a ancoragem cultural ao solo, ao terreno, ou a identidade implícita a um
determinado ponto do mundo.
(2) O Espaço: O consenso cultural sobre o "grid" perceptivo de referência, a métrica abstrata
utilizada para perceber o mundo.
(3) A Escala: A relação com o corpo humano, que permite considerar a proporção das
coisas.
Desta forma, as obras de intervenção deste plano estão divididos nestas três categorias,
ficando vinculadas aos objetivos que possuem. Cada objeto deve ter claro os objetivos de
transformação da estética urbana que pretendem, valorizando e reestruturando
determinados aspectos da cidade. Estas obras visam articular uma nova forma de fazer o
urbano que restaure os aspectos de obra da cidade através de um engajamento dos
cidadãos/artistas e dos urbanistas/artistas:
uma cartografia multimensional da produção de subjetividade, cujos operadores serão o arquiteto e o urbanista. (...) Um tal recentramento não é apenas tarefa de especialistas mas requer uma mobilização de todos os componentes da ‘cidade subjetiva’. O nomadismo selvagem da desterritorialização contemporânea demanda então, a meu ver, uma apreensão ‘transversalista’ da subjetividade. Quero dizer com isso uma apreensão que se esforçará para articular pontos de singularidade (por exemplo, uma configuração particular do terreno ou do meio ambiente), dimensões existenciais específicas (por exemplo, o espaço visto pelas crianças ou deficientes físicos ou doentes mentais), transformações funcionais virtuais (por exemplo, mudanças de programa e inovações pedagógicas), afirmando ao mesmo tem um estilo, uma inspiração (...) (GUATARRI, 2008)
Assim, as Obras de Escala seriam objetos/ações para produzir a harmonização entre
homem e natureza. Têm o objetivo de construir uma relação mais harmoniosa do homem
com o ambiente, aproximando a escala do lugar com a experiência sensorial dos usuários.
São intervenções de ambientação e de aproximação do homem e da natureza. Envolveriam
a produção de: Lagos; Mirantes; Paisagismo; Percursos; Revegetação; Vias Verdes;
Viveiros.
As Obras de Lugar seriam objetos/ações para produzir identidade e referência na cidade.
Estes objetos de intervenção têm a função de construir uma relação de proximidade e
significância entre o usuário e o lugar. O ambiente impessoal deve se transformar em lugar
de referência a valores significativos para a população. Além disso, é preciso, através de
estratégias de design, construir a “legibilidade” dos diversos espaços da cidade, que é a
capacidade deles de evocar determinados padrões visuais/espaciais, e assim serem
facilmente recordados. A construção da identidade destes lugares também é importante, ao
identificar os valores da população com os símbolos urbanos e objetos presentes no espaço
urbano. Envolveriam a produção de: Áreas Estratégicas; Arte Urbana; Mobiliários; Marcos
Locais; Pórticos.
E as Obras de Espaço seriam objetos/ações para produzir a estruturação, a funcionalização
e a consciência ambiental e urbana. Estas são intervenções que visam dotar o espaço
urbano de infra-estrutura,e interferindo na estrutura urbana. São espaços que devem
reforçar as funções urbanas, e reforçar o caráter democrático e público da cidade,
ampliando o conhecimento e a conscientização da população a cerca da questão ambiental
urbana. Envolveriam a produção de: Ciclovias; Habitações Sustentáveis de Interesse Social;
Equipamentos; Esplanadas; Núcleos de Cidadania e Inclusão Digital; Circulação de
Pedestres.
4 CONCLUSÕES
Para Deleuze e Guatarri (1995, p. 12) devemos nos preocupar menos com o
significado das idéias e textos, e nos preocupar mais com o modo como elas funcionam,
como elas se conectam com outras idéias, como produzem novas intensidades, e como
essas idéias se introduzem e metamorfoseiam um determinado contexto. Neste sentido,
meta-morfosear uma determinada situação é um processo de reconstrução dessa realidade
através de novas dimensões que são atingidas pela inserção de novos olhares, em seus
termos, um novo ponto de fuga.
A construção de pontos de fuga é um processo que envolve uma desterritorialização,
uma captura de um determinado código da realidade, que interliga transversalmente uma
série de planos da realidade (plataformas). Esta extração (n-1) de uma visão sobre o mundo
é sempre múltipla e temporária, mas tem a capacidade de transformar a natureza das coisas
ao conectar diferencialmente seus diversos aspectos, contribuindo para que determinadas
conexões sejam estabelecidas entre os campos (DELEUZE e GUATARRI, 1995, p. 17-22).
As diversas obras desta proposta pretendem construir pontos pragmáticos (e não
universais) de ação e interligação entre as diferentes plataformas, de maneira a sempre
interagir e recriar as relações de intensidade presentes nelas. Ou seja, as ações funcionam
como a criação, dinâmica, única, transitória e temporária, de “linhas de fuga que permita
explodir os extratos, romper as raízes e operar novas conexões” (DELEUZE e GUATARRI,
1995, p. 24). Trata-se de reinventar a territorialidade existente através de um jogo de
desterritorialização e ressignificação, fundado pelo processo artístico de apropriação da
realidade.
Por outro lado, a parceria entre as pesquisas realizadas no âmbito do INOVE da UFG e as
iniciativas do Ministério Público e da AMAT demonstraram uma fértil e necessária relação
entre a academia e a práxis urbana. Idéias que muitas vezes se restringem ao meio
universitário encontraram ressonância nas ações e propostas concretas de ação sobre a
cidade, e apontam para futuras parcerias.
Sempre com o intuito de renovar e rever o papel do urbanista na concepção do espaço
urbano e de seu meio natural, a proposta estabeleceu novos parâmetros, e uma nova lógica
de intervenção, avançando sobre reflexões antes não experimentadas no campo prático.
Percebeu-se, também, a necessidade de desenvolver novos tipos de cartografias, que
sejam capazes de mapear e articular a nova visualidade construída sobre a cidade. A busca
por esta nova cartografia é o caminho ao qual a pesquisa agora se orienta. Além disso,
pretende-se desenvolver um site na internet que permita uma contínua participação da
população, através de intervenções, propostas e acréscimos no plano proposto. Este
site/mapa, se constitui como uma nova espécie de cartografia, mutante e que se transforma
continuamente, aproximando a população da formulação de seu espaço. Ou seja: “um mapa
que deve ser produzido, construído, sempre desmontável, conectável, reversível,
modificável, com múltiplas entradas e saídas” (DELEUZE e GUATARRI, 1995, p. 33).
Acredita-se que repensar o papel do planejamento nas cidades contemporâneas, o papel do
meio natural e do meio construído na vida social, e traçar novas estratégias de intervenção
para a realidade contemporânea é um trabalho coletivo, em que a academia tem um papel
reflexivo e fundamental.
REFERÊNCIAS
ARGAN, G. C. História da Arte como História da Cidade. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 1998.
CAMPOS FILHO, C. M. As visões conflitantes do que é Planejamento Urbano in Cidades Brasileiras: seu controle ou o caos. São Paulo: Nobel, 1989.
CASTELLS, M. A sociedade em rede. (A era da Informação: economia, sociedade e cultura; Vol.1) 6. ed. rev. e ampl. Sao Paulo: Paz e Terra, 2002.
___________. The urban question. London: Edward Arnold, 1977.
CASTELLS, M.; BORJA, J. As cidades como atores políticos. Novos Estudos. n. 45. São Paulo: CEBRAP, 1996. p. 152-166.SOUZA, 2003
COLBY, M. E. Environmental Management in Development: The Evolution of Paradigms. World Bank Discussion Papers, 80. Washington: WB, 1990.
DE DUVE, T. Ex-Situ. in Les Cahier du Musée National d'art moderne. Printtemps, 1989. p. 39-65
DELEUZE, G., GUATTARI, F. Mil Platôs: Capitalismo e Esquizofrenia. Vol. 1. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1995.
ENGELS, F. Do socialismo Utópico ao Socialismo Científico. Mimeo. sem data [1880].
ESCOBAR, A. Constructing Nature: Elements for a poststructural political ecology. in PEET, R., WATTS, M. (eds) Liberation Ecology: Environment, Development, Social Movements. London: Routledge, 1996. p. 46-68.
FOUCAULT, M. Arqueologia das Ciências e História dos Sistemas de Pensamento. Ditos & Escritos II . 2a edição. Rio Janeiro: Ed. Forense Universitária, 2005.
GUATARRI, F. As Três Ecologias. 3ª Ed. Campinas: Papirus, 1991.
GUATARRI, F. Restauração da Cidade Subjetiva. In______. Caosmose. São Paulo: Ed. 34, 2008.
HARVEY, D. Justice, Nature and the Geography of Difference. 2a edição. Oxford: Blackwell, 2000.
KUROKAWA, Kisho. Intercultural architecture: the philosophy of symbiosis. London: Academy Editions, 1991.
LEFEBVRE, H. A Revolução Urbana. Belo Horizonte: Ed. UFGM, 1999.
___________. A Produção do Espaço. Trad. Doralice Barros Pereira e Sérgio Martins. (mimeo) Primeira versão : início - fev 2006.
___________. La production de l'espace. 3ª ed. Paris: Editions Anthropos, 1986.
___________. LEFEBVRE, H. Metafilosofia: Prolegômenos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1967.
___________. O Direito à Cidade. trad. R. E. Frias. São Paulo: Centauro, 2001.
MARCUSE, H. A dimensão estética. São Paulo: Martins Fontes, 1981.
MARICATO, Ermínia. As idéias fora do lugar e o lugar fora das idéias. In: ARANTES, Otília et al. A cidade do pensamento único: Desmanchando Consensos. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. p. 121-192. 192 p.
MARICATO, Ermínia. Brasil, cidades: alternativas para a crise urbana. Petrópolis: Vozes, 2001.
MONTE MÓR, R. L. M. A Cidade e o Urbano. in: BRANDÃO, C. A. L. (Org.). As Cidades da Cidade. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006. p. 185-197.
RANCIÈRE, J. A Partilha do Sensível. Rio de Janeiro: Ed. 34, 2005.
RANCIÈRE, J. O dissenso. in NOVAES, Adauto. (org.) A crise da razão. São Paulo: Cia das Letras, 1996. p. 367-382.
SANTOS, M. A natureza do Espaço. Técnica e Tempo - Razão e Emoção. 2. ed. São Paulo: Huicitec, 1997.
SANTOS, M. Metamorfoses do Espaço Habitado. 4ª edição. São Paulo: Huicitec, 1996.
SERRES, M. O contrato Natural. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991.
SOJA, E. Geografias Pós-modernas - A Reafirmação do Espaço na Teoria Social Crítica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993.
SOJA, E. Geografias Pós-modernas - A Reafirmação do Espaço na Teoria Social Crítica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993.
SOJA, E. Postmetropolis: Critical Studies of Cities and Regions. Oxford: Backwell, 2000.
SOLÀ-MORALES, Ignasi de. Territórios. Barcelona: Gustavo Gili, 2002.
VEIGA, J. E. A Insustentável Utopia do Desenvolvimento. in LAVINAS, L. et alli (org) Reestruturação do Espaço Urbano e Regional no Brasil. São Paulo: Hucitec, 1993. p. 149-169.
1 "todo ser orgânico é, a qualquer instante, ele mesmo e outro; a todo Instante, assimila matérias absorvidas
do exterior e elimina outras do seu interior; a todo instante, morrem certas células e nascem outras em seu organismo; (...) examinando o caso concreto em sua concatenação com a imagem total do universo, se juntam e se diluem na idéia de uma trama universal de ações e reações, em que as causas e os efeitos mudam constantemente de lugar e em que o que agora ou aqui é efeito adquire em seguida ou ali o caráter de causa, e vice-versa." (ENGELS, s.d. [1880]: s.p.) 2 O termo estratégia é utilizado na concepção dada por Henri Lefebvre, que é oriunda da teoria dos jogos (cf.
LEFEBVRE, 1971: 170-172; 208-209 e ss.). Nestas teorias, tal qual aplicadas ao jogo de xadrez, a estratégia é formada pelo movimento global e pelas idéias dominantes que coordenam as pequenas ações (as táticas). Desta forma, a estratégia visa coordenar ações de curto prazo que garantam uma situação prevista ou pretendida no futuro. Como, por exemplo, a “estratégia urbana” formulada por Henri Lefebvre.