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INSTITUTO CAMILLO FILHO
CURSO BACHAREL EM DIREITO
VALBER DE FARIAS BASTOS
A INCIDÊNCIA DO DANO MORAL À PESSOA JURÍDICA EM FACE DA
APLICABILIDADE DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE
TERESINA - PI
2014
VALBER DE FARIAS BASTOS
A INCIDÊNCIA DO DANO MORAL À PESSOA JURÍDICA EM FACE DA
APLICABILIDADE DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE
TERESINA - PI
2014
A INCIDÊNCIA DO DANO MORAL À PESSOA JURÍDICA EM FACE DA
APLICABILIDADE DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE
RESUMO: O presente artigo objetiva trazer a questão referenteao dano moral da pessoa jurídica, a sua incidência ereparabilidade diante do dano sofrido em ocasião de lesão aosseus direitos de personalidade. Debater controvérsia acercadessa extensão dos direitos da personalidade às pessoasjurídicas, com base interpretativa no artigo 52 do códigocivil brasileiro, fazendo um paralelo com a responsabilidadecivil, em especial no tocante a aplicação do dano moral.
PALAVRAS-CHAVE: DANO MORAL. DIREITOS DA PERSONALIDADE. PESSOA
JURÍDICA. REPARAÇÃO.
THE INCIDENCE OF MORAL DAMAGES TO ENTITY IN FACE OF
APPLICABILITY OF THE RIGHTS OF PERSONALITY
ABSTRACT: This paper aims to bring the question of the moraldamage of the legal entity, its incidence and repairabilitybefore the damage suffered on the occasion of injury to their
personality rights. Discuss the controversy surrounding thisextension of personal rights to corporations, withinterpretative basis of Article 52 of the Brazilian CivilCode, drawing a parallel with civil liability, in particularregarding the application of moral damage.
KEYWORDS: MORAL DAMAGES. RIGHTS OF PERSONALITY. LEGAL ENTITY.
REPAIR.
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1 INTRODUÇÃO
A aplicabilidade da reparação civil a titulo de dano moral
em favor da pessoa jurídica é o foco precípuo do presente
artigo, tratando de aspectos como a incidência dos direitos da
personalidade à pessoa jurídica, provendo desse modo por
consequência a aferição de dano moral à mesma, questões essas
que guardavam certa resistência da doutrina e jurisprudência
no meio jurídico pátrio, que buscavam motivos no fato de que
tínhamos omissão legislativa sobre o tema em questão o que
deixava de certo modo brechas a interpretações equivocados que
não atendiam as demandas das situações jurídicas que surgiam
em torna da temática aqui abordada.
De certo que hoje temos pacificada matéria tanto
doutrinaria como jurisprudência, com visões que apontam a
evolução do ordenamento jurídico e adaptação legislativa
tornando cabível a indenização por danos morais à pessoa
jurídica.
Tal a pertinência, que temos inúmeros doutrinadores com
vasta publicação abarcando o tema em questão, visto o elevado
grau de incidência pratica e de questionamentos que advinham
da matéria, logo por abranger situações do direito civil
(direitos da personalidade) e empresarial (sociedade
empresaria- pessoa jurídica) e crescente a demanda ocorrida na
área ao longo dos anos, alem de abordagens de assuntos
relativamente novos no ramo do direito, tal com a
responsabilidade civil- DANO MORAL. De todo modo como já
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mencionado coadunam entendimentos tanto da aplicação dos
direitos da personalidade à pessoa jurídica no que couber, bem
como, por conseguinte o dano moral decorrente de inobservância
de tais direitos.
Ao longo da pesquisa, buscou-se como apoio autores como
Carlos Alberto Bittar,
Maria Helena Diniz, Carlos Roberto Gonçalves; dentre
outras doutrinas de igual relevância como Sergio Cavalieri
Filho e Flavio Tartuce, convergindo preleções, assim
respondendo indagações pertinentes de modo a abarcar causas e
consequências de tal incidência para uma então pacificação da
matéria.
Para fins desse estudo passaremos a devagar e analisar
toda a trajetória do dano moral, caracterizar e discutir o
dano moral em si, para enfim estudar sua aplicação a pessoa
jurídica, procurando indicar parâmetros de aplicação, reunir e
verificar jurisprudência pertinente e como meio de embasamento
e afirmação usaremos de pesquisa bibliográfica na forma de
levantamento documental , escolha essa feita visto como a mais
adequada ao caso. Para uma melhor leitura e compreensão do
conteúdo aqui abordado optou-se por uma divisão simples porem
não menos detalhada, constituindo-se sua estrutura a priori de
conceitos claros e diretos de doutrina aqui já mencionada e
texto de lei, tratando da pessoa jurídica e sua diferenciação
da pessoa natural, seguindo-se pela seara dos direitos da
personalidade, sua relativa aplicação à pessoa jurídica em
decorrência de construção jurisprudência e preceitos
constitucionais e por fim o foco e principal pilar do presente
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trabalho; o dano moral, sua evolução, fazendo passo a passo, o
caminho por este percorrido ate sua aceitação e aplicabilidade
para as pessoas jurídicas.
A INCIDÊNCIA DO DANO MORAL À PESSOA JURÍDICA EM FACE DA
APLICABILIDADE DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE
2 PESSOA FÍSICA E PESSOA JURÍDICA.
2.1 CONCEITO DE PESSOA FISICA
Pessoa física ou natural é o ente a quem se atribuem
direitos e obrigações, ou seja, os sujeitos de direito, sendo
este um ser humano possuidor de capacidade para adquirir
direitos e assumir obrigações, bastando para isso, que tenha
nascido com vida.
Perante o código civil temos em seu artigo 2º a
personalidade civil;
“A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com
vida, mas a lei pôe a salvo, desde a concepção, os direitos do
nascituro”.
Como já mencionada basta o nascimento com vida para
caracterizar a capacidade de direito, e a capacidade de fato?
A capacidade de fato seria o poder para exercer o direito,
sendo assim podemos dizer que a capacidade de direito é a
capacidade de termos direitos; já a capacidade de fato seria o
exercício dessa capacidade de direito (personalidade), poder
exercer tais direitos. Vale ressaltar, que as pessoas podem
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ter capacidade de direito, sem que para isso tenham a
capacidade de fato, exemplo, o recém-nascido e a pessoa com
discernimento mental incompleto ou retardado, têm capacidade
de direito (personalidade civil), mas não detêm a capacidade
de fato, pois não podem exercer por si os direitos que de que
são titulares.
Ainda quanto à personalidade civil, temos a texto
constitucional estabelecendo em seu artigo 5º, que “a todos
são inerentes direitos e garantias fundamentais inerentes ao
ser humano”.
O código civil de 2002, seguindo na ótica do Código Civil
Italiano, regula alguns direitos da personalidade. São eles;
os direitos a integridade psicofísica, ao nome, do pseudônimo,
à imagem e a privacidade. É importante ressaltar que se trata
de rol não taxativo, visualizando o que podemos chamar de
princípios fundamentais dos direitos da personalidade. O
artigo 5º quis contemplar o mínimo, não impedindo que outros
possam ser considerados como tais.
Como tudo tem um fim, a existência da pessoa física
termina com a morte, que será presumida quanto aos ausentes.
2.2 CONCEITO DE PESSOA JURÍDICA.
Hoje alguns autores definem a pessoa jurídica como
entidade diferente da pessoa física, com o poder de ter
patrimônio, contratar, receber doações e legados, ser credora
e devedora, demandar ou ser demandada na justiça, o que em
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nada destoa da pessoa física, pois da mesma forma tem direitos
e obrigações. Diante de tantas definições do que seja pessoa
jurídica, a temos como agrupamento de seres individuais ou
conjunto de bens destinados a um fim econômico, a que se
reconhece atributos da pessoa natural na vida jurídica.
Ainda no tocante a conceituação podemos defini-la como
aquela que, sendo incorpórea, é compreendida por uma entidade
coletiva ou artificial, legalmente organizada, com fins
políticos, econômicos, sociais e outros, a que se destine, com
existência autônoma, independente dos membros que a integram.
Classificam-se de acordo com sua natureza, constituição e
finalidades, em pessoas jurídicas de direito Publico (União,
Estados, Distrito Federal e Municípios) e pessoas jurídicas de
Direito Privado (Sociedades Civis, Sociedades Comerciais e
Fundações).
2.3 DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE
Uma das mais comemoradas mudanças da parte geral do novo
código civil brasileiro consiste na inserção de um capitulo
próprio, a tratar dos direitos da personalidade. (arts. 11 a
21), Na realidade, não se trata bem de uma novidade, tendo em
vista que a Constituição Federal de 1988 que carregava uma
proteção ate mais abrangente, principalmente no seu artigo 5º,
X, que consagra alguns direitos fundamentais da pessoa
natural.
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Os direitos da personalidade podem ser conceituados como
sendo aqueles direitos inerentes à pessoa e ao exercício de
sua dignidade. Surgem cinco ícones principais: a vida e/ou
integridade física, honra, imagem, nome e intimidade. Os
direitos da personalidade encontram-se ligados aos direito
fundamentais, tendo em vista que todo aquele que tem
personalidade merece uma proteção fundamental. Tal proteção
são os próprios direitos de personalidade e estes constituem
proteção necessária para que a pessoa possa exercer a sua
essência com dignidade.
Leciona Maria Helena Diniz; citando Gofredo da Silva
Telles,
“[...] a personalidade consiste no conjunto decaracteres próprios da pessoa. A personalidade não é umdireito, de modo que seria errôneo afirmar que o serhumano tem direito à personalidade. A personalidade éque apoia os direitos e deveres que dela irradiam, é oobjeto de direito, é o primeiro bem da pessoa, que lhepertence como primeira utilidade, para que ela possa sero que é, para sobreviver e se adaptar as condições doambiente em que se encontra, servindo-lhe de critériopara aferir, adquirir e ordenar outros bens”.(DINIZ. 2003.p 199)
Os direitos fundamentais, inerentes à pessoa humana,
decorrem da própria natureza do homem, sendo, portanto,
indispensáveis e necessários para assegurar a todos uma
existência livre, digna e igualitária, noção essa reguardada
pelo principio da dignidade da pessoa humana.
Não só a pessoa natural possui tais direitos, mais também
a pessoa jurídica, regra expressa no artigo 52 do código
civil, que apenas confirma um entendimento jurisprudencial,
pelo qual a pessoa jurídica pode sofrer um dano moral, em
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casos de lesão a sua honra objetiva, com repercussão social
(sumula 227 do STJ), casos que iremos abordar mais
detalhadamente em momentos posteriores.
Os direitos da personalidade possuem características, de
serem irrenunciáveis e intransmissíveis, segundo prevê o
artigo 11 do código civil de 2002. A transmissibilidade
somente poderá ocorrer em casos excepcionais.
“Art.11 Com exceção dos casos previstos em lei, os
direitos da personalidade são intransmissíveis e
irrenunciáveis, não podendo seu exercício sofrer limitação
voluntária”.
2.3.1 DIREITOS DA PERSONALIDADE DA PESSOA JURÍDICA
Realizada a constituição da sociedade obtem-se a
personalidade jurídica e alguns direitos a ela inerentes, como
a proteção dos direitos da personalidade, descritos no artigo
52 do código civil, aqui já mencionado. Outros direitos são
advindos da Constituição Federal, como o direito ao nome, ao
sigilo de suas atividades, o direito a propriedade em geral
(inciso XXIX, art. 5º, CF/88) e o que iremos tratar com
enfoque maior; o dano moral.
Sumula 227 do Superior Tribunal de Justiça (STJ):
“A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”.
Artigo 52 do código civil:
Aplica-se as pessoas jurídicas, no que couber, a proteção
dos direitos da personalidade.
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3 DANO MORAL E AS PESSOAS JURÍDICAS
3.1 DO DANO MORAL
Etimologicamente, “dano” provém do latim damnum, que
significa todo mal ou ofensa que determinada pessoa tenha
causado a outrem, do qual possa ocorrer deterioração,
diminuição ou prejuízo ao seu patrimônio ou a valor de ordem
moral. Já “moral” advém do latim moralis, que traduz; “relativo
aos costumes”.
O Direito Romano foi o primeiro o conceber a possibilidade
de se ter um tipo de condenação àquele que vulnerar o direito
moral do ofendido. Entretanto o direito romano não chegou a
construir uma teoria sobre a responsabilidade civil. Foi a
partir da “Lex Aquilia” que se introduziu a culpa como fundamento
da responsabilidade, como elemento constitutivo do delito.
O fato é que a teoria da responsabilidade civil afirmou-se
ao longo do tempo, desenvolvendo-se ao ponto de encontrar
fundamentos não apenas para reparação dos danos materiais
causados por determinada conduta humana, mas também para
salvaguardar o direito à indenização por prejuízos imateriais;
daí os danos morais (subjetividade).
Varias foram as legislações que influenciaram para a
criação da responsabilidade civil por danos morais no direito
brasileiro; (Direito Português, Canônico, Direito Frances,
Direito Italiano) mas coube a doutrina e jurisprudência a
tarefa de estabelecer os princípios norteadores da reparação
por danos extrapatrimoniais.
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O próprio código civil quando abordou os atos ilícitos
prescreveu expressamente a possibilidade e incidência da
indenização por dano moral.
Art. 186 código civil;
“Aquele que por ação ou omissão voluntaria, negligência ou
imprudência violar direitos ou causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
São varias as conceituações do que seja dano moral. Para
Carlos Alberto Bittar;
Danos morais são aqueles qualificados em razão da esferada subjetividade, ou do plano valorativo da pessoa nasociedade, em que repercute o fato violador, havendo-se,portanto, como tais aqueles que atingem os aspectos maisíntimos da personalidade humana, o da intimidade e daconsideração pessoal, ou o da própria valoração dapessoa no meio em que vive e atua (o da reputação ou daconsideração social)(BITTAR,1993,p.41).
Para Maria Helena Diniz, seria a lesão de interesses não
patrimoniais de pessoa física ou jurídica, provocada pelo fato
lesivo.
Para Sílvio de Salvo Venosa, dano moral “é o prejuízo que
afeta o ânimo psíquico, moral e intelectual da vítima”.
Orlando Gomes, entendendo que a
expressão dano moral deve ser reservada exclusivamentepara designar o agravo que não produz qualquer efeitopatrimonial”, conceitua como sendo “o constrangimentoque alguém experimenta em consequência de lesão emdireito personalíssimo, ilicitamente produzida poroutrem.(GOMES. 1997.p. 271)
A tese pela reparabilidade dos danos morais tornou-se
pacifica com a Constituição Federal de 1988, antes disso, era
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tudo como impossível aceitar a reparação do dano moral, eis
que a doutrina e jurisprudência tinham dificuldade de
visualizar a sua determinação e quantificação no tocante a sua
aplicação à pessoa jurídica.
Constituindo dano moral como uma lesão aos direitos da
personalidade, para sua reparação não se requer a determinação
de um preço para a dor ou para o sofrimento, mas sim um meio
para atenuar, em parte, as consequências do prejuízo
imaterial. Por isso que se utiliza a expressão reparação e não
ressarcimento para os danos morais, desse modo, temos o dano
moral não com a finalidade de acréscimo patrimonial, embora
ainda muito usado para esse fim, mas sim como meio de
compensação pelos maus suportados.
3.2 INCIDÊNCIA DO DANO MORAL À PESSOA JURÍDICA
A questão correspondente ao dano moral sofrido pela pessoa
jurídica não era pacifica entre os doutrinadores, como também
não era na jurisprudência, como veremos adiante. Podemos
dividir tal divergência em duas correntes de pensamento, uma
negando tal incidência e outra favorável à aplicação do dano
moral à pessoa jurídica.
Para aqueles que pronunciam inexistir a possibilidade de
dano moral a uma pessoa jurídica, a defendem com o argumento
de que pelo fato da pessoa jurídica não possuir um organismo
físico, tal como o ser humano, não deter sentimentos, emoções
ou espírito que possa ser passível de lesão, não possuem
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direitos da personalidade inatos à pessoa natural. Defendem
ela não reunir condições para refletir, raciocinar ou
perceber.
Apegados à noção de que a honra é bem personalíssimo,
exclusivo ao ser humano, pronunciam também que para
caracterização de dano moral requer a percepção de dor,
sofrimento, tristeza etc.; de todo modo situações que a pessoa
jurídica jamais enfrentará.
Temos aqui acórdãos em que os Tribunais, em posição
minoritária, negam o reconhecimento do dano moral à pessoa
jurídica, ou o deferem condicionado somente à existência de
prova do efetivo prejuízo patrimonial.
Ementa: A pessoa jurídica não pode ser sujeito passivode dano moral. O elemento característico do dano moral éa dor em sentido mais amplo, abrangendo todos ossofrimentos físicos ou morais, só possível de serverificada nas pessoas físicas. O ataque injusto aoconceito da pessoa jurídica só é de ser reparada namedida em que ocasiona prejuízo de ordem patrimonial.Recurso desprovido.(Acórdão do TJRJ, 4º Gr. Cs., EInfrs. 17/94, j.27.4.1994, Rel. Des.Miguel Pachá – in RT 716/258).
Ementa: Para que a pessoa jurídica faça jus àindenização por dano material ou por dano moral, peloprotesto indevido de título de crédito, necessária setorna a demonstração do efetivo prejuízo econômicosofrido.(Acórdão do 1º TACSP, 10ª C., Ap. 570.388-0, j.2.4.1996, Rel. Juiz Edgard Jorge Lauand – in RT 731/286).
Deste modo, as ideias dos juristas que negam a
possibilidade de reparação de danos morais causados à pessoa
jurídica têm como embasamento, simplesmente, o fato de não
vislumbrarem nela a ocorrência de fenômenos biológicos e
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psicológicos próprios do ser humano, em que a dor, o
sofrimento, a decepção, a depressão, o constrangimento são
decorrentes da sua mente, do seu centro nervoso, ao contrário
da pessoa jurídica, totalmente desprovida desses elementos
sensoriais.
Para a corrente favorável à incidência do dano moral à
pessoa jurídica é perfeitamente possível e aqui com apoio da
maioria doutrinaria e matéria sumulada pela jurisprudência.
Como é notório a pessoa jurídica pode sofrer dano moral, por
lesão a sua honra objetiva, ou seu nome e sua imagem diante do
meio social em que está inserida.
Vale resaltar que a honra tem dois aspectos: a honra
subjetiva, que se caracteriza pela dignidade, decoro e
autoestima; é exclusiva do ser humano, porém a objetiva
fundada da reputação, no bom nome e imagem perante a sociedade
é muito bem aplicável tanto a pessoa natural , com à pessoa
jurídica.
“Honra é o conjunto de predicados ou condições de umapessoa, física ou jurídica, que lhe conferemconsideração e credibilidade social, é o valor moral esocial da pessoa que a lei protege ameaçando de sançãopenal e civil a quem a ofende por palavras ou atos.”(CAVALIERI. 2014. P.83-84)
Convenhamos que se torna inegável os prejuízos sofridos
pela pessoa jurídica, decorrentes de violação por exemplo de
sua honra objetiva, temos enraizado na sociedade, que assim
como acontece aos seres humanos dotados de percepção e
sensibilidade, pode ocorrer à pessoa jurídica , tamanho os
prejuízos que podem causar um mal nome no meio em que esta
está inserida.
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4 JURISPRUDÊNCIA
Ademais atacando argumentação falha da classe que não
admite dano moral a pessoa jurídica pelo fato desta não sentir
dor, sofrimento, tristeza; Após a Constituição de 1988 a noção
de dano moral não mais se restringe a dor, sofrimento,
tristeza; observa-se isso pela interpretação dada ao art. 5º,
X; são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurando o direito à indenização pelo
dano material e moral decorrente de sua violação. Abrangendo
qualquer ato que ao nome ou imagem da pessoa jurídica, venha
causar dano moral ou material. O conceito moderno de valor
moral não se prende a aspectos da dor íntima, mas a outros
valores objetivos, como o bom nome empresarial, a imagem
diante do público, o crédito pessoal etc.
Em reforço ao tema temos também a jurisprudência que assim
vem julgando:
STJ - EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO EM RECURSOESPECIAL: EDcl no AREsp 450479 MA 2013/0409514-2PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. EMBARGOS DEDECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO AGRAVO REGIMENTAL. TELEFONIA.DANOS MORAIS. PESSOA JURÍDICA. COMPROVAÇÃO. ANÁLISE DEMATÉRIA PROBATÓRIA. SÚMULA 7/STJ. REVISÃO DO QUANTUMINDENIZATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE NA ESPÉCIE. SÚMULA 7/STJ.Esta Corte possui entendimento pacífico quanto àpossibilidade de a pessoa jurídica sofrer dano moral,nos termos da Súmula 227/STJ, desde que haja ofensa àsua honra objetiva. Ocorre que, para averiguar se houveou não comprovação dos danos morais sofridos, necessárioo revolvimento de matéria fático-probatória, o que évedado nesta seara recursal, ante o óbice da Súmula7/STJ.[...].
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TJPI. 3ª câmara especializada cìvil. Apelação Cìvil nº2011.0001.003112-2. Relator: Des. Ricardo Gentil EulálioDantas. 22/10/2014. Teresina 4ª vara civil.DANO MORAL. LESÃO À IMAGEM/HONRA DA EMPRESA. SÚMULA 227– STJ. LIBERDADE DE EXPRESSÃO LIMITADA PELOS DIREITOS ÀHONRA E À IMAGEM, CUJA VIOLAÇÃO GERA DANO MORAL.INDENIZAÇÃO. 1. Em análise dos autos constata-se que a Empresaapelada sofreu gravosos danos morais consequentes dedeclarações acusatórias, em termos ásperos,depreciativos e ignóbeis, de contundente carga negativa,veiculadas em meios de comunicação de ampla coberturaque, além de não conferirem com a verdade, malferiram aimagem da apelada e a desabonaram publicamente. 2. ASúmula 277, do STJ fixou a possibilidade dea pessoa jurídica sofrer danos morais. Viável, pois, oseu reconhecimento na hipótese de ser promovida violaçãoà sua imagem e, consequentemente, devida a reparaçãoindenizatória. 3. Embora seja livre a manifestação dopensamento, tal direito não é absoluto e, se asacusações são graves e não se apresentam provas de suaveracidade, configurado está o dano moral, especialmentese as acusações são veiculadas em jornais de amplacirculação e consequentemente, devida é a indenizaçãocorrespondente. 3. Apelação conhecida e improvida.
STJ.3ª Turma.REsp. 1334357/ SP. 2012/0147415-7. Relator:Ministro Ricardo Villas Boas Cueva. São Paulo.16/09/2014.RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL. AÇÃO INDENIZATÓRIA.RESPONSABILIDADE CIVIL. DANOS MORAIS. PESSOA JURÍDICA.SÚMULA Nº 227/STJ. LEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM.CAPACIDADE PROCESSUAL. OFENSA À HONRA OBJETIVA DEINSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR. [...]A pessoa jurídica, por ser titular de honra objetiva,faz jus à proteção de sua imagem, seu bom nome e suacredibilidade. Por tal motivo, quando os referidos bensjurídicos forem atingidos pela prática de ato ilícito,surge o potencial dever de indenizar (Súmula nº227/STJ).Garantia constitucional de liberdade de manifestação dopensamento não é absoluta. Seu exercício encontra limiteno dever de respeito aos demais direitos e garantiasfundamentais também protegidos, dentre os quais destaca-se a inviolabilidade da honra das pessoas, sob pena deindenização pelo dano moral provocado.
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Relembrando que o fundamento do dano moral não é apenas a
ideia de compensação, indenização por dano moral tende a
assumir caráter punitivo, como já mencionado antes; seria uma
injustiça deixar impune o causador do dano moral, pelo simples
fato de não ser a pessoa jurídica passível de reparação. Nesse
sentido deve ser entendido o artigo 52 do código civil, que
manda aplicar às pessoas jurídicas, no que couber a proteção
dos direitos da personalidade.
Ainda, quanto à reparação civil, deve-se aduzir que não só
prejuízos extrapatrimoniais são causados no momento de ofensas
aos direitos da personalidade; podem também ser causados danos
materiais, advindos, por exemplo, de perda sensível nos
resultados econômicos, provenientes de abalo na honra da
pessoa jurídica; incide, nesse caso, a Súmula nº 37 do
Superior Tribunal de Justiça sobre cumulação dos danos moral e
material, pelo que admissível na mesma ação o pedido de
reparação de todos os danos causados pela ofensa ao direito da
personalidade.
O Superior Tribunal de Justiça, dando a última palavra
sobre o tema, vem contemplando a pessoa jurídica como parte
legítima ativa para auferir direito a indenização por dano
moral sofrido, tendo, inclusive, encerrado a controvérsia com
a edição da Sumula nº 227, vejamos:
“Súmula 227 - A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”.
Que é perfeitamente possível e aplicável o dano moral à
pessoa jurídica já sabemos e temos isso pacificado. E a quem
será devido o dano moral? A própria pessoa jurídica ou a seus
sócios, representantes, administradores? Com tudo já exposto e
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relatado no presente artigo, temos a convicção de que a pessoa
jurídica é o ente a quem si deve a indenização, visto ela ser
sujeito de direitos , poder estar presente no processo, tanto
como demandante ou demandada, confirmando isso vislumbramos a
teoria da separação patrimonial que cerca a pessoa jurídica ,
não se confundindo seus sócios , administradores (patrimônio)
com ela própria. Fábio Ulhoa Coelho bem anota que
quanto à titularidade processual, a personalização dasociedade empresária importa a definição da sualegitimidade para demandar e ser demandada em juízo. Nosprocessos relacionados às suas obrigações, a partelegítima para mover ou responder é a própria pessoajurídica da sociedade, e não os seus sócios.(ULHOA. 1998. P.35).
O princípio da autonomia patrimonial da pessoa jurídica
recebeu reconhecimento no Código Civil anterior, que em seu
artigo 20 asseverava que “as pessoas jurídicas têm existência
distinta da de seus membros.” A mesma regra é mantida no
direito em vigor, não com os mesmos termos, mas com idêntico
conteúdo.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pela observação dos aspectos analisados, por uma
perspectiva doutrinaria e construção jurisprudencial,
abordamos a discussão a respeito da existência ou não dos
danos morais à pessoa jurídica, notando que tal questão
dividiu juristas em duas grandes correntes doutrinarias, uma
negando-lhe o direito, por entender não haver a ocorrência de
fenômenos biológicos e psicológicos, presentes aos seres
humanos. Outra corrente reconhece, de maneira taxativa, o dano
21
moral perpetrado a pessoa jurídica, asseverando não haver
necessidade de uma lesão a um bem patrimonial para a
configuração de um dano moral. É possível a existência de um
dano moral direto, com bem afirma Zanoni, consistente na lesão
a um interesse que visa a satisfação ou gozo de um bem
jurídico extrapatrimonial contido nos direitos da
personalidade.
Verificamos que o Código Civil de 2002 assinala, de modo
taxativo, em seu art. 52, que se aplica às pessoas jurídicas,
no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.
Assim, concluímos que a pessoa jurídica pode sofrer danos
morais, resultantes de violação aos seus direitos da
personalidade, consistentes na honra objetiva, na imagem, na
intimidade, no sigilo, na liberdade, na identidade e na
invenção. Sua reparação poderá ser requerida com base no art.
186 do Código Civil, que assevera cometer ato ilícito a pessoa
que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral. Assim, com doutrina mansa e
jurisprudência pacificada temos que a pessoa jurídica pode
sofrer dano moral decorrente da violação do seu direito à
honra objetiva e à sua imagem, na medida em que a sua
reputação, nome ou boa fama dentro do meio social se encontram
prejudicados. Essa violação poderá se verificar de várias
maneiras, seja ela escrita, seja sonora ou verbal.
REFERÊNCIAS
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22
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