A “crise” do sistema prisional e a sociedade de controle

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03

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inte

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ária

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is,

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iona

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inte

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is,

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, a

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de

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na

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na

fund

amen

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o da

s hi

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as p

or e

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trab

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alta

r, a

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dial

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o da

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nida

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u ca

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no

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com

o sa

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ento

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pris

iona

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ção

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se u

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com

o m

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o qu

e oc

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u se

ja,

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sua

próp

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man

eira

par

a re

forç

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gnif

icad

o et

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seg

reg

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ria

inde

seja

da,

perc

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a co

mo

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, o

pres

ente

est

udo

poss

ui c

omo

obje

tivo

an

alis

ar s

e a

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ilid

ade

da c

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ão e

im

plem

enta

ção

do O

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rio

da J

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tude

e

Ris

co

Cri

min

al

no

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sídi

o C

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Por

to

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gre,

qu

e vi

sa

prom

over

ões

dire

cion

adas

àqu

eles

que

, em

sua

mai

oria

, es

tão

entr

ando

no

sist

ema

pris

iona

l pe

la

prim

eira

vez

, ou

sej

a, o

s jo

vens

, au

xili

ará

na i

nclu

são

e in

serç

ão s

ocia

l do

s jo

vens

eg

ress

os d

o si

stem

a ca

rcer

ário

.

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nca

rcer

am

ento

bra

sile

iro

: a

lise

do

s in

dic

ad

ore

s

A p

arti

r de

um

a an

ális

e do

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dica

dore

s re

fere

ntes

aci

ma

apon

tado

s, é

que

se

pode

co

nfir

mar

a h

ipót

ese

leva

ntad

a pe

lo p

rese

nte

trab

alho

sob

re a

sel

etiv

idad

e pe

nal

do

apar

elho

rep

ress

ivo

esta

tal

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om i

sso,

que

stio

nar

a “c

rise

” e

supo

sta

disf

unci

onal

idad

e do

sis

tem

a pr

isio

nal.

Alé

m d

isso

, po

der-

se-á

ref

eren

dar

(ou

não)

a t

eori

a de

Wac

quan

t so

bre

a ex

clus

ão e

a v

alid

ade

ou n

ão d

a cr

iaçã

o do

Obs

erva

tóri

o da

Juv

entu

de e

Ris

co

Cri

min

al

no

Pre

sídi

o C

entr

al

de

Por

to

Ale

gre.

S

endo

as

sim

, pa

ssa-

se

à an

ális

e in

divi

dual

dos

indi

cado

res.

2.1

Gra

u d

e es

cola

riza

ção

De

acor

do c

om o

s es

tudo

s re

aliz

ados

pel

o In

stit

uto

Bra

sile

iro

de G

eogr

afia

e

Est

atís

tica

(IB

GE

), e

m p

arce

ria

com

o M

inis

téri

o da

Edu

caçã

o e

o In

stit

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Nac

iona

l de

E

stud

os e

Pes

quis

as E

duca

cion

ais

(Ine

p),

cerc

a de

3,1

% d

os e

stud

ante

s do

Ens

ino

Fund

amen

tal

aban

dona

m a

esc

ola.

3 Con

tudo

, va

le r

essa

ltar

que

ain

da d

e ac

ordo

com

o

rela

tóri

o of

icia

l div

ulga

do, o

índi

ce d

e ab

ando

no e

scol

ar n

o E

nsin

o Fu

ndam

enta

l tri

plic

a qu

ando

os

estu

dant

es i

ngre

ssam

no

6º a

no (

anti

ga 5

ª sé

rie)

do

Ens

ino

Fund

amen

tal,

ou

seja

, o

perc

entu

al s

alta

de

1,5%

(ab

ando

no d

o 1º

ao

5º a

no)

para

4,6

% n

o se

xto

ano.

4

Coi

ncid

ente

men

te,

gran

de p

arte

da

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laçã

o ca

rcer

ária

mas

culi

na b

rasi

leir

a po

ssui

o

Ens

ino

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tal

Inco

mpl

eto,

se

gund

o os

da

dos

do

Sis

tem

a In

tegr

ado

de

Info

rmaç

ões

Pen

iten

ciár

ias

(Inf

oPen

).5

Sen

do

atri

buiç

ão

dos

gove

rnos

es

tadu

ais,

a

educ

ação

púb

lica

con

tinu

a se

ndo

uma

espé

cie

de “

prio

rida

de”

retó

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dos

gov

erna

ntes

. A

o se

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leti

r so

bre

tais

tax

as, o

bser

va-s

e, d

e ac

ordo

com

Wac

quan

t, qu

e a

pris

ão

func

iona

com

o um

a vá

lvul

a de

con

trol

e do

mer

cado

de

trab

alho

des

qual

ific

ado,

ou

seja

, “o

apa

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car

cerá

rio

ajud

a a

“flu

idif

icar

” o

seto

r de

em

preg

os m

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mun

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os e

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uz

de m

anei

ra a

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l a

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de

dese

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sub

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rça

mil

hões

de

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vídu

os

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uali

fica

dos

da f

orça

de

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alho

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im, a

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ulaç

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l. E

mp

resa

Bra

sile

ira

d

e C

om

un

ica

ção

. D

ispo

níve

l em

: <

http

://a

genc

iabr

asil

.ebc

.com

.br/

noti

cia/

2012

-05-

22/i

ndic

e-de

-ab

ando

no-e

scol

ar-e

-tre

s-ve

zes-

mai

or-n

o-6%

C2%

BA

-ano

-do-

ensi

no-f

unda

men

tal>

. Ace

sso

em: 3

mai

o 20

13.

5 BR

AS

IL. M

inis

téri

o da

Jus

tiça

. S

iste

ma

In

teg

rad

o D

e In

form

açõ

es P

enit

enci

ári

as

– I

nfo

Pen

. For

mul

ário

cat

egor

ia

e in

dica

dore

s pr

eenc

hido

s –

Tod

as a

s U

F’s

. Dad

os d

e de

zem

bro

de 2

012.

6 W

AC

QU

AN

T, o

p. c

it.

218

mai

s ba

ixos

da

soci

edad

e é

real

izad

a at

ravé

s de

um

vié

s pu

niti

vo e

, po

r su

a ve

z, d

e co

nten

ção

e nã

o ed

ucat

ivo.

Aqu

i par

ece

exis

tir

uma

via

de m

ão d

upla

em

que

a p

riva

ção

de l

iber

dade

nas

cida

dis

so s

e de

sdob

ra e

m p

riva

ções

múl

tipl

as a

o se

tor

nar

egre

sso,

se

ndo

que

a m

esm

a ló

gica

se

apli

ca a

os f

amil

iare

s e

à co

mun

idad

e do

ape

nado

. D

essa

m

anei

ra, é

exp

líci

ta a

vio

laçã

o ao

dis

post

o no

art

. 5º,

XL

V, d

a C

onst

itui

ção

Fede

ral,

que

esta

bele

ce a

gar

anti

a co

nsti

tuci

onal

da

pess

oali

dade

da

pena

.

2.2

Fa

ixa

etá

ria

A m

aior

ia d

os p

reso

s br

asil

eiro

s é

form

ada

por

jove

ns e

ntre

18

e 29

ano

s.7 T

al

indi

cado

r co

njug

ado

com

o q

ue a

nali

sa o

Gra

u de

Esc

olar

izaç

ão c

ompr

ova

a te

se d

a “f

luid

ific

ação

” do

con

ting

ente

de

trab

alha

dore

s, e

xpos

ta a

cim

a, o

u se

ja, “

salt

a-se

dir

eto

da in

fânc

ia a

o m

undo

do

trab

alho

(ou

des

empr

ego)

”.8

Par

a os

jov

ens

com

bai

xa e

scol

arid

ade,

de

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a es

peci

al,

aque

les

oriu

ndos

das

ca

mad

as m

ais

pobr

es d

a so

cied

ade

nega

-se

o ac

esso

à c

idad

ania

e a

o m

erca

do d

e tr

abal

ho (

incl

usão

soc

ial

e ec

onôm

ica)

. D

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for

ma,

a p

arti

r do

fra

cass

o es

cola

r,

dem

onst

rado

pel

os í

ndic

es d

e ev

asão

esc

olar

, os

jov

ens

são

trat

ados

pel

o E

stad

o po

r m

eio

de u

m “

viés

pol

icia

l e

pena

l e

crim

inal

izad

os e

m s

uas

açõe

s, p

rinc

ipal

men

te, p

ela

pers

pect

iva

base

ada

na n

oção

(ve

rdad

eira

-fal

sa)

de “

viol

ênci

as u

rban

as”,

que

é u

m n

on

-

sen

se s

ocio

lógi

co”.

9

Inev

itáv

el n

ão c

ruza

r es

tas

info

rmaç

ões:

os

jove

ns s

ão a

fai

xa e

tári

a m

ais

pres

a, a

qu

e co

rres

pond

e po

r m

ais

da

met

ade

do

dese

mpr

ego

e na

su

a gr

ande

m

aior

ia

pess

imam

ente

inst

ruíd

a.

2.3

Etn

ia

Com

a a

náli

se d

esse

últi

mo

indi

cado

r re

fere

nte

às c

arac

terí

stic

as d

a po

pula

ção

carc

erár

ia m

ascu

lina

bra

sile

ira

em s

i, é

poss

ível

diz

er q

ue e

ssa

é co

mpo

sta

por

jove

ns,

pard

os o

u ne

gros

com

bai

xo g

rau

de e

scol

ariz

ação

e o

riun

dos

de á

reas

per

ifér

icas

. T

al

afir

maç

ão é

pos

síve

l, po

is d

e ac

ordo

com

os

dado

s of

icia

is, c

erca

de

58%

dos

pre

sos

no

Bra

sil a

tual

men

te s

ão p

ardo

s ou

neg

ros.

10

Alé

m d

o pa

nora

ma

desc

rito

, ev

iden

cia-

se a

cha

mad

a in

visi

bili

dade

soc

ial

da

mes

ma

popu

laçã

o qu

e é

mai

oria

no

sist

ema

pris

iona

l. P

or m

eio

da s

érie

de

prec

once

itos

qu

e in

cide

m s

obre

tal s

egm

ento

da

popu

laçã

o e/

ou

[...]

po

r co

nta

da

indi

fere

nça

gene

raliz

ada,

pe

ram

bula

m

invi

síve

is

pela

s gr

ande

s ci

dade

s br

asile

iras

mui

tos

jove

ns p

obre

s, e

spec

ialm

ente

os

negr

os –

so

bre

os q

uais

se

acum

ulam

alé

m d

os e

stig

mas

ass

ocia

dos

à po

brez

a, o

s qu

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riva

m d

o ra

cism

o. U

m d

ia,

um t

rafi

cant

e dá

a u

m d

esse

s m

enin

os u

ma

�����������������������������������������������������������

7 BR

AS

IL. S

iste

ma

In

teg

rad

o D

e In

form

açõ

es P

enit

enci

ári

as

– I

nfo

Pen

.20

12.

8 SO

AR

ES

, Lui

z E

duar

do; M

V B

ILL

; AT

HA

YD

E, C

elso

. Ca

beç

a d

e p

orc

o. R

io d

e Ja

neir

o: O

bjet

iva,

200

5. p

. 211

. 9 W

AC

QU

AN

T, L

oïc.

A c

rim

inal

izaç

ão d

a po

brez

a. I

n: M

ais

Hu

man

a. E

ntre

vist

a. D

ezem

bro,

199

9.

10 B

RA

SIL

. Sis

tem

a I

nte

gra

do

de

Info

rma

ções

Pen

iten

ciá

ria

s –

Info

Pen

.20

12.

219

arm

a. Q

uand

o um

des

ses

men

inos

nos

par

ar n

a es

quin

a, a

pont

ado-

nos

esta

ar

ma

[...]

Ao

fazê

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sal

tará

da

som

bra

em q

ue d

esap

arec

era

e se

tor

nará

vi

síve

l. A

arm

a se

rá o

pas

sapo

rte

para

a v

isib

ilida

de.11

3 I

nv

isib

ilid

ad

e e

o a

cess

o a

os

dir

eito

s

A in

visi

bilid

ade

soci

al r

epou

sa s

obre

a m

aior

par

te d

a po

pula

ção

pris

iona

l que

são

“c

uspi

dos”

pel

o P

oder

Jud

iciá

rio

no s

iste

ma

carc

erár

io,

send

o “‘

rest

os’

da s

ocie

dade

, ‘s

obra

s’ i

ndig

esta

s. O

s pr

esíd

ios

estã

o re

plet

os d

e po

bres

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egro

s, d

o se

xo m

ascu

lino

, jo

vens

”.12

A f

alta

de

aces

so a

os D

irei

tos

da q

ual

os p

reso

s sã

o ví

tim

as é

fla

gran

te,

por

exem

plo,

no

Pre

sídi

o C

entr

al d

e P

orto

Ale

gre,

mai

or c

asa

pris

iona

l da

Am

éric

a L

atin

a,

onde

ser

á in

stal

ado

o O

bser

vató

rio

da J

uven

tude

e R

isco

Cri

min

al,

que

teve

sua

s co

ndiç

ões

rece

ntem

ente

den

unci

adas

à C

omis

são

Inte

ram

eric

ana

de D

irei

tos

Hum

anos

. N

a m

aior

cas

a pr

isio

nal

da A

mér

ica

Lat

ina,

pod

e-se

enc

ontr

ar u

m p

erce

ntua

l ex

cede

nte

de o

cupa

ção

que

ultr

apas

sa 1

00%

da

capa

cida

de o

rigi

nal

e, s

egun

do o

C

onse

lho

Reg

iona

l de

Eng

enha

ria

e A

gron

omia

do

Est

ado

do R

io G

rand

e do

Sul

, ta

is

cond

içõe

s sã

o “p

recá

rias

de

habi

tabi

lida

de e

de

obso

lesc

ênci

a fu

ncio

nal”

.13 A

lém

de

tais

co

ndiç

ões

viol

arem

o o

rden

amen

to j

uríd

ico

pátr

io,

viol

am t

rata

dos

inte

rnac

iona

is e

m

mat

éria

de

Dir

eito

s H

uman

os c

omo,

por

exe

mpl

o, o

art

. 5º

da C

onve

nção

Am

eric

ana

de

Dir

eito

s H

uman

os, q

ue a

bord

a a

form

a co

mo

as p

enas

e o

seu

cum

prim

ento

não

pod

em

ser

“des

uman

os o

u de

grad

ante

s. T

oda

pess

oa p

riva

da d

a li

berd

ade

deve

ser

tra

tada

com

o

resp

eito

dev

ido

à di

gnid

ade

iner

ente

ao

ser

hum

ano”

.14

Adi

cion

a-se

a t

al q

uadr

o a

exis

tênc

ia d

e um

méd

ico

para

ate

nder

tod

a a

popu

laçã

o pr

isio

nal

que

atua

lmen

te é

de

3.97

6 pr

esos

,15 a

lém

da

pres

ença

de

esgo

to

cloa

cal a

céu

abe

rto,

de

acor

do c

om o

Con

selh

o R

egio

nal d

e M

edic

ina

do E

stad

o do

Rio

G

rand

e do

Sul

,16 v

iola

ndo-

se d

e m

anei

ra f

lagr

ante

o e

stip

ulad

o no

art

. 11

do

Pro

toco

lo

de S

an S

alva

dor

à C

onve

nção

Am

eric

ana

de D

irei

tos

Hum

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. Q

uant

o às

con

diçõ

es d

e ac

esso

à J

usti

ça,

exis

tem

, at

ualm

ente

, tr

abal

hand

o no

P

resí

dio

Cen

tral

de

Por

to A

legr

e, a

pena

s qu

atro

def

enso

res

públ

icos

, res

pons

ávei

s pe

los

proc

esso

s de

Exe

cuçã

o P

enal

dos

det

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s. A

qui,

depa

ra-s

e co

m a

vio

laçã

o de

out

ra

norm

a co

nven

cion

al, d

essa

vez

, o P

acto

Int

erna

cion

al d

os D

irei

tos

Civ

is e

Pol

ític

os, q

ue

poss

ui in

scul

pida

s em

seu

art

. 9º

gara

ntia

s co

mo

o ac

esso

à p

esso

a do

adv

ogad

o.

�����������������������������������������������������������

11 S

OA

RE

S; M

V B

ILL

; AT

HA

YD

E, o

p. c

it.,

p. 1

25.

12 I

bide

m, p

. 188

. 13

IN

ST

ITU

ITO

BR

AS

ILE

IRO

DE

AV

AL

IAÇ

ÕE

S E

PE

RÍC

IAS

DE

EN

GE

NH

AR

IA D

O R

S. L

au

do T

écn

ico

de

Insp

eçã

o P

red

ial:

Pre

síd

io C

entr

al

de

Po

rto

Ale

gre

. Dis

poní

vel e

m: <

htt

p://

ww

w.c

rea-

rs.o

rg.b

r/si

te/d

ocum

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s/L

audo

_de_

Insp

ecao

_Pre

sidi

o_C

entr

al_I

BA

PE

_30_

04_2

012_

Ver

sao_

Rev

isad

a.pd

f>.

Ace

sso

em: 1

1 ag

o. 2

012.

14

OR

GA

NIZ

ÃO

DO

S E

ST

AD

OS

AM

ER

ICA

NO

S. C

on

ven

ção

Am

eric

an

a s

ob

re D

irei

tos

Hu

ma

no

s. D

ispo

níve

l em

: < h

ttp:

//ww

w.o

as.o

rg/j

urid

ico/

port

ugue

se/t

reat

ies/

B-3

2.ht

m>

. Ace

sso

em: 1

1 ag

o. 2

012.

15

ES

TA

DO

DO

RIO

GR

AN

DE

DO

SU

L. S

uper

inte

ndên

cia

dos

Ser

viço

s P

enit

enci

ário

s. P

resí

dio

Cen

tra

l d

eP

ort

o

Ale

gre

. Dis

poní

vel e

m: <

http

://w

ww

.sus

epe.

rs.g

ov.b

r/co

nteu

do.p

hp?c

od_m

enu=

203&

cod_

cont

eudo

=21

>. A

cess

o em

: 3 m

aio

2013

. 16

CO

NS

EL

HO

RE

GIO

NA

L D

E M

ED

ICIN

A D

O E

ST

AD

O D

O R

IO G

RA

ND

E D

O S

UL

. Cre

mer

s e

Cre

a-R

S

entr

ega

m l

aud

os

à O

AB

-RS

.D

ispo

níve

l em

: <

http

://w

ww

.cre

mer

s.or

g.br

/ind

ex.p

hp?i

ndic

e=32

&ch

aveB

usca

=pr

esid

io%

20ce

ntra

l&no

tici

aTre

mo=

905>

. Ace

sso

em: 1

1 ag

o.20

12.

220

Res

salt

a-se

que

as

norm

as o

riun

das

do o

rden

amen

to ju

rídi

co in

tern

acio

nal,

cita

das

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a, f

oram

dev

idam

ente

rat

ific

adas

pel

o E

stad

o br

asil

eiro

e c

onst

itue

m,

de a

cord

o co

m a

dou

trin

a m

ais

atua

l ac

erca

do

tem

a, n

orm

as d

e hi

erar

quia

con

stit

ucio

nal,

por

forç

a do

dis

post

o no

par

ágra

fo 3

º do

art

igo

5º d

e no

ssa

Lei

Fun

dam

enta

l.

Con

juga

da a

sér

ie d

e pr

econ

ceit

os d

a po

pula

ção-

alvo

das

pol

ític

as r

epre

ssiv

as

esta

tais

, po

de-s

e ad

icio

nar

a sé

rie

de e

stig

mas

que

são

pro

jeta

dos

sobr

e os

egr

esso

s do

si

stem

a pr

isio

nal.

A f

alta

de

qual

ific

ação

pro

fiss

iona

l e

de i

nstr

ução

, m

uita

s ve

zes,

ca

usad

ora

do “

ingr

esso

” na

cri

min

alid

ade,

não

são

sup

rida

s, u

ma

vez

que

o ac

esso

à

educ

ação

nas

uni

dade

s pr

isio

nais

não

é g

aran

tido

de

form

a ef

icaz

pel

o E

stad

o, e

os

trab

alho

s of

erta

dos

dent

ro d

o si

stem

a pr

isio

nal

não

qual

ific

am n

em p

rofi

ssio

nali

zam

os

dete

ntos

qua

ndo

exis

tem

. Val

e re

ssal

tar,

a tí

tulo

de

exem

plo,

que

, no

Pre

sídi

o C

entr

al d

e P

orto

Ale

gre,

os

dete

ntos

tra

balh

ador

es n

ão s

ão “

bem

vis

tos”

pel

os d

emai

s, t

endo

que

, en

tão,

est

ar a

loja

dos

em g

aler

ia d

iver

sa d

os “

não

trab

alha

dore

s”.

Des

sa f

orm

a, o

egr

esso

do

sist

ema,

des

qual

ific

ado,

ret

orna

ao

mer

cado

de

trab

alho

de

sreg

ulad

o co

min

ado

com

a c

rise

do

guet

o qu

e m

arca

a t

rans

ição

do

Wel

fare

Sta

te a

o E

stad

o-P

enit

ênci

a, c

omo

apon

ta W

acqu

ant.

Ess

e pr

oces

so ta

mbé

m é

car

acte

riza

do p

elas

“f

raçõ

es d

esqu

alif

icad

as d

a cl

asse

ope

rári

a, a

os q

ue r

ecus

am o

trab

alho

mal

rem

uner

ado

e se

vol

tam

par

a a

econ

omia

inf

orm

al d

a ru

a, c

ujo

carr

o-ch

efe

é o

tráf

ico

de d

roga

s”.17

A t

ese

do p

ensa

dor

fran

cês

é co

mpr

ovad

a, p

ois,

de

acor

do c

om o

s da

dos

ofic

iais

, os

cr

imes

que

mai

s ca

usam

enc

arce

ram

ento

no

país

são

aqu

eles

pre

vist

os n

a L

ei d

e D

roga

s.

Ain

da,

sobr

e as

co

ndiç

ões

de

trab

alho

en

fren

tada

s pe

los

ex-d

eten

tos

é co

men

tada

pel

o so

ciól

ogo:

Ex-

dete

ntos

di

fici

lmen

te

pode

m

exig

ir

algo

m

elho

r qu

e um

em

preg

o de

grad

ante

e d

egra

dado

em

raz

ão d

as t

raje

tóri

as i

nter

rom

pida

s, d

os l

aços

so

ciai

s es

garç

ados

, do

sta

tus

jurí

dico

ign

omin

ioso

e d

o am

plo

lequ

e de

re

stri

ções

lega

is e

obr

igaç

ões

civi

s im

plic

adas

. O m

eio

mil

hão

de c

onde

nado

s qu

e es

coam

das

pri

sões

am

eric

anas

tod

os o

s an

os f

orne

ce a

for

ça d

e tr

abal

ho

vuln

eráv

el a

prop

riad

a pa

ra s

upri

r a

dem

anda

de

empr

egos

tem

porá

rios

, o

seto

r do

mer

cado

de

trab

alho

[...

].18

Alé

m

diss

o,

de

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do

com

R

awls

, “a

s op

ortu

nida

des

de

adqu

irir

cu

ltur

a e

qual

ific

açõe

s nã

o de

vem

dep

ende

r da

cla

sse

soci

al [

...]

deve

des

tina

r-se

a d

emol

ir a

s ba

rrei

ras

entr

e as

cla

sses

”19 s

ão f

unda

men

tais

par

a qu

e se

pos

sa c

oncr

etiz

ar o

pro

jeto

da

just

iça

com

o eq

uida

de.

4 V

iab

ilid

ad

e d

a i

mp

lem

enta

ção

do

ob

serv

ató

rio

da

ju

ven

tud

e e

risc

o c

rim

ina

l

Apó

s an

alis

arm

os o

per

fil

da m

aior

ia d

aque

les

que

ingr

essa

m d

iari

amen

te n

o si

stem

a pr

isio

nal

bras

ilei

ro (

jove

ns n

egro

s co

m b

aixa

esc

olar

idad

e) e

a i

nvis

ibil

idad

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nada

à f

alta

de

aces

so a

dir

eito

s po

r pa

rte

dos

dete

ntos

, pas

sa-s

e ag

ora

a an

alis

ar a

�����������������������������������������������������������

17 W

AC

QU

AN

T, o

p. c

it.,

1999

. 18

WA

CQ

UA

NT

, op.

cit

., 20

08.

19 R

AW

LS

, Joh

n. U

ma

teo

ria d

a j

ust

iça

. 3. e

d. S

ão P

aulo

: M. F

onte

s, 2

003.

p. 8

8.

221

viab

ilid

ade

da i

mpl

emen

taçã

o do

Obs

erva

tóri

o da

Juv

entu

de e

Ris

co C

rim

inal

no

Pre

sídi

o C

entr

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e P

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Ale

gre.

Mai

s da

met

ade

dos

pres

os q

ue in

gres

sam

dia

riam

ente

na

mai

or c

asa

pris

iona

l da

Am

éric

a L

atin

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com

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r jo

vens

. D

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fo

rma,

a

Coo

rden

ador

ia

da

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ntud

e,

liga

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à S

uper

inte

ndên

cia

dos

Ser

viço

s P

enit

enci

ário

s do

Est

ado

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io G

rand

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, em

con

junt

o co

m o

s cu

rsos

de

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uaçã

o em

Dir

eito

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sico

logi

a, d

o C

entr

o U

nive

rsit

ário

Met

odis

ta (

IPA

), p

or m

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do P

roje

to d

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xten

são

Dir

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s H

uman

os n

a P

risã

o e

com

a F

orça

-Tar

efa

Can

arin

ho d

a B

riga

da M

ilit

ar,

que

adm

inis

tra

o P

resí

dio

Cen

tral

, es

tão

desd

e o

mês

de

mar

ço e

m

trat

ativ

as p

ara

a im

plem

enta

ção

do O

bser

vató

rio.

O

pro

jeto

que

vis

a ap

roxi

mar

a a

cade

mia

da

real

idad

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cial

tra

balh

ará

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dive

rsos

mom

ento

s e

em d

ifer

ente

s ár

eas

com

o. E

stim

a-se

que

cer

ca d

e 50

pes

soas

in

gres

sam

dia

riam

ente

no

Pre

sídi

o C

entr

al d

e P

orto

Ale

gre

com

a s

aída

diá

ria

de

apro

xim

adam

ente

25

pess

oas.

Des

se f

luxo

pop

ulac

iona

l gr

ande

par

te c

orre

spon

de a

o pa

drão

des

crit

o an

teri

orm

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. O

pro

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do

Obs

erva

tóri

o de

Ris

co C

rim

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pre

vê u

m

acom

panh

amen

to m

ulti

disc

ipli

nar

desd

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ingr

esso

do

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m n

o si

stem

a po

r m

eio

de

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atég

ias

de a

colh

imen

to (

tria

gem

) at

é a

sua

saíd

a. A

lém

dis

so,

o pr

ojet

o ta

mbé

m

prev

ê aç

ões

que

trag

am u

ma

mai

or e

feti

vida

de e

ace

sso

aos

dire

itos

dos

det

ento

s qu

e,

no P

resí

dio

Cen

tral

, ch

egam

dia

riam

ente

e n

ão t

erão

por

mui

to t

empo

ate

ndim

ento

de

um d

efen

sor

públ

ico.

E

stra

tegi

cam

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tra

ta-s

e de

obl

iter

ar a

tra

jetó

ria

de a

prop

riaç

ão d

o ap

enad

o qu

e as

rel

açõe

s pr

isio

nais

est

abel

ecem

; pa

ctos

, pr

omes

sas,

com

prom

isso

s e

clie

ntel

ism

os

dos

mai

s di

vers

os s

ão e

stab

elec

idos

à f

orça

ou

por

mei

o de

out

ras

prát

icas

ent

re a

po

pula

ção

pris

iona

l.

Com

iss

o, o

Obs

erva

tóri

o pr

eten

de r

ompe

r co

m o

cic

lo “

vici

oso”

que

lev

a os

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vens

, em

esp

ecia

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rein

cidi

rem

. O

s ga

stos

com

seg

uran

ça p

úbli

ca a

umen

tara

m c

erca

de

14%

, en

tre

os a

nos

de

2010

e 2

011,

de

acor

do c

om o

Anu

ário

Bra

sile

iro

de S

egur

ança

Púb

lica

ult

rapa

ssan

do,

com

iss

o, a

cif

ra d

e R

$ 51

bil

hões

no

ano

de 2

011.

20 A

nual

men

te,

com

mai

s de

qu

inhe

ntos

mil

pre

sos,

o s

iste

ma

pris

iona

l br

asil

eiro

con

tém

um

flu

xo c

ontí

nuo

de

pess

oas

que

por

ele

tran

sita

m,

seja

m p

reso

s (d

efin

itiv

os,

prov

isór

ios

ou t

empo

rári

os),

se

jam

fam

ilia

res

e fu

ncio

nári

os,

é ca

paz

de d

emon

stra

r qu

e em

bora

a p

risã

o se

ja

“inv

isív

el”,

com

o di

z Fo

ucau

lt, e

la n

ão é

“is

olad

a”/”

inac

essí

vel”

da

soci

edad

e. P

or m

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de t

ais

dado

s, é

pos

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serv

ar q

ue o

sis

tem

a pr

isio

nal,

inst

itui

ção

tota

l po

r na

ture

za,

não

é he

rmét

ica,

ou

seja

, pa

ssa

a op

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atr

avés

de

uma

cres

cent

e ló

gica

cir

cula

r e

tran

sitó

ria.

Tal

for

ma

de o

pera

r do

sis

tem

a já

não

dis

ting

ue m

ais

aqui

lo e

stá

dent

ro

daqu

ilo

que

está

for

a.

�����������������������������������������������������������

20 F

ÓR

UM

BR

AS

ILE

IRO

DE

SE

GU

RA

A P

ÚB

LIC

A. A

nuá

rio

Bra

sile

iro

de

Seg

ura

nça

bli

ca, a

no 6

, 201

2.

222

5 C

on

clu

sões

A p

rim

eira

e a

seg

unda

par

tes

do p

rese

nte

trab

alho

par

ecem

sug

erir

aqu

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que

os

hist

oria

dore

s de

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vers

as

corr

ente

s id

enti

fica

m

com

o um

at

avis

mo

hist

óric

o:

a pe

rsis

tênc

ia d

as p

ráti

cas

excl

uden

tes

sobr

e os

mes

mos

gru

pos

soci

ais

hist

oric

amen

te

alij

ados

, com

o p

rivi

legi

ado

pape

l dos

sis

tem

as p

enal

e p

risi

onal

nes

ta o

pera

ção.

D

e fa

to,

as p

esqu

isas

his

tóri

cas

reve

lam

mui

to d

as p

erm

anên

cias

est

rutu

rais

, no

en

tant

o, o

que

as

inci

pien

tes

pesq

uisa

s es

tão

mos

tran

do s

ão d

esdo

bram

ento

s no

vos

e re

leva

ntes

de

mod

elos

de

cont

role

soc

ial

que

o ge

renc

iam

ento

da

“cri

se”

do s

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ma

pris

iona

l aju

da a

ali

men

tar.

A

inv

isib

ilid

ade

dos

indi

vídu

os q

ue a

dent

ram

no

sist

ema

pris

iona

l, ad

icio

nada

à

séri

e de

est

igm

as e

pre

conc

eito

s pr

ojet

ados

sob

re a

par

cela

da

popu

laçã

o qu

e é

alvo

das

po

líti

cas

de p

erse

cuçã

o cr

imin

al a

caba

por

con

dena

r so

cial

men

te e

det

erm

inar

o d

esti

no

dos

jove

ns.

Ass

im,

ente

nde-

se

com

o vi

ável

a

impl

emen

taçã

o do

O

bser

vató

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da

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ntud

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Ris

co C

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no

Pre

sídi

o C

entr

al d

e P

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Ale

gre,

um

a ve

z qu

e es

se v

em

a ga

rant

ir u

ma

mai

or e

feti

vida

de e

ace

sso

aos

dire

itos

por

par

te d

a po

pula

ção

carc

erár

ia.

Ess

a in

vest

igaç

ão a

inda

pre

cisa

ser

apr

ofun

dada

, po

is s

e co

mo

dizi

a o

juri

sta

“a

pris

ão é

um

a ex

igên

cia

amar

ga, m

as i

mpr

esci

ndív

el”,

21 u

ma

inst

ituiç

ão q

ue a

soc

ieda

de

mod

erna

inv

ento

u e

da q

ual

não

cons

egue

se

livr

ar,

esta

mos

mai

s do

que

nun

ca d

entr

o de

um

a pr

isão

de

novo

tip

o. R

eela

bora

da e

rec

onst

ituí

da,

a pr

isão

afa

sta-

se d

e su

as

feiç

ões

disc

ipli

nare

s e

ford

ista

s e

capi

lari

za-s

e de

for

ma

tent

acul

ar p

or to

da a

soc

ieda

de.

Ref

erên

cia

s

BA

RA

TT

A, A

less

andr

o. C

rim

ino

log

ia c

ríti

ca e

crí

tica

do d

irei

to p

ena

l. R

io d

e Ja

neir

o: R

evan

, 200

2.

BIT

TE

NC

OU

RT

, Céz

ar R

ober

to. F

alê

nci

a d

a p

ena

de

pri

são

: cau

sas

e al

tern

ativ

as. S

ão P

aulo

: Rev

ista

do

s T

ribu

nais

, 199

3.

BR

ASI

L. M

inis

téri

o da

Jus

tiça.

Sis

tem

a I

nte

gra

do

de

Info

rma

ções

Pen

iten

ciá

ria

s –

In

foP

en. F

orm

ulár

io

cate

gori

a e

indi

cado

res

pree

nchi

dos

– T

odas

as

UF’

s. D

ados

de

deze

mbr

o de

201

2.

BR

ASI

L. I

nstit

uto

Bra

sile

iro

de G

eogr

afia

e E

stat

ístic

a. B

an

co d

e D

ad

os

Sér

ies

Est

atí

stic

as

& S

érie

s

His

tóri

cas.

Dis

poní

vel e

m:

<ht

tp://

seri

eses

tatis

ticas

.ibge

.gov

.br/

seri

es.a

spx?

no=

4&op

=0&

vcod

igo=

M10

1&t=

apro

vaca

o-re

prov

acao

-ab

ando

no-e

nsin

o-fu

ndam

enta

l-se

rie>

. Ace

sso

em: 3

mai

o 20

13.

CIE

GL

INSK

I, A

man

da. Í

ndic

e de

aba

ndon

o es

cola

r é

três

vez

es m

aior

no

6º a

no d

o E

nsin

o Fu

ndam

enta

l. E

mp

resa

Bra

sile

ira

de

Co

mu

nic

açã

o. D

ispo

níve

l em

: < h

ttp:/

/age

ncia

bras

il.eb

c.co

m.b

r/no

tici

a/20

12-0

5-22

/indi

ce-d

e-ab

ando

no-e

scol

ar-e

-tre

s-ve

zes-

mai

or-n

o-6%

C2%

BA

-ano

-do-

ensi

no-f

unda

men

tal>

. Ace

sso

em: 3

mai

o 20

13.

CO

NSE

LH

O R

EG

ION

AL

DE

ME

DIC

INA

DO

EST

AD

O D

O R

IO G

RA

ND

E D

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UL

. Cre

mer

s e

Cre

a-R

Sen

treg

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la

udo

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B-R

S.

Dis

poní

vel e

m:

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w.c

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cent

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rem

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. Ace

sso

em: 1

1 ag

o. 2

012.

E

STA

DO

DO

RIO

GR

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DE

DO

SU

L. S

uper

inte

ndên

cia

dos

Serv

iços

Pen

itenc

iári

os. P

resí

dio

Cen

tra

l

de

Po

rto

Ale

gre

. Dis

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m:

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w.s

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eudo

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u=20

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nteu

do=

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. Ace

sso

em: 3

mai

o 20

13.

FÓR

UM

BR

ASI

LE

IRO

DE

SE

GU

RA

A P

ÚB

LIC

A. A

nu

ári

o B

rasi

leir

o d

e S

egu

ran

ça P

úb

lica

, ano

6,

2012

.

�����������������������������������������������������������

21 B

ITT

EN

CO

UR

T, C

ézar

Rob

erto

. Fa

lên

cia

da

pen

a d

e p

risã

o. S

ão P

aulo

: RT

, 199

3. p

. 40.

223

INST

ITU

ITO

BR

ASI

LE

IRO

DE

AV

AL

IAÇ

ÕE

S E

PE

RÍC

IAS

DE

EN

GE

NH

AR

IA D

O R

S. L

au

do

Téc

nic

o d

eIn

speç

ão

Pre

dia

l: P

resí

dio

Cen

tra

l d

e P

ort

o A

leg

re. D

ispo

níve

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: <ht

tp://

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rea-

rs.o

rg.b

r/si

te/d

ocum

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s/L

audo

_de_

Insp

ecao

_Pre

sidi

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entr

al_I

BA

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_30_

04_2

012_

Ver

sao_

Rev

isad

a.pd

f>. A

cess

o em

: 11

ago.

201

2.

OR

GA

NIZ

ÃO

DO

S E

STA

DO

S A

ME

RIC

AN

OS.

Co

nve

nçã

o A

mer

ica

na

so

bre

Dir

eito

s H

um

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os.

D

ispo

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: < h

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w.o

as.o

rg/j

urid

ico/

port

ugue

se/t

reat

ies/

B-3

2.ht

m>

. Ace

sso

em: 1

1 ag

o. 2

012.

R

AW

LS,

Joh

n. U

ma

teo

ria

da

ju

stiç

a. 3

. ed.

São

Pau

lo: M

. Fon

tes,

200

3.

SA

LL

A, F

erna

ndo.

Os

impa

sses

da

dem

ocra

cia

bras

ileir

a: o

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anço

de

uma

déca

da d

e po

lític

as p

úblic

as

para

pri

sões

no

Bra

sil.

In: P

eral

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ngel

ine

(Org

.). V

iole

nce

s et

co

ntr

ole

de

la v

iole

nce

au

Bré

sil,

en

Afr

ica

et

Go

a. L

usot

opie

, 200

3.

SOA

RE

S, L

uiz

Edu

ardo

; MV

BIL

L; A

TH

AY

DE

, Cel

so. C

ab

eça

de

po

rco

. Rio

de

Jane

iro:

Obj

etiv

a,

2005

. W

AC

QU

AN

T, L

oïc.

A c

rim

inal

izaç

ão d

a po

brez

a. M

ais

Hum

an

a. E

ntre

vist

a. D

ezem

bro,

199

9.

____

_. O

luga

r da

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