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Universidade de Brasília
Instituto de Psicologia
Departamento de Processos Psicológicos Básicos
Programa de Pós-Graduação em Ciências do Comportamento
EFEITO DA ÁREA DE FORMAÇÃO NO DESEMPENHO EM TAREFAS DE
AVALIAÇÃO DE SUBCOMPONENTES DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS
ENVOLVENDO NÚMEROS E PALAVRAS
Inaiara de Souza Golob
Brasília, novembro de 2020.
ii
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
INSTITUTO DE PSICOLOGIA
DEPARTAMENTO DE PROCESSOS PSICOLÓGICOS BÁSICOS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO
EFEITO DA ÁREA DE FORMAÇÃO NO DESEMPENHO EM TAREFAS DE
AVALIAÇÃO DE SUBCOMPONENTES DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS
ENVOLVENDO NÚMEROS E PALAVRAS
Inaiara de Souza Golob
Orientadora: Profa. Dra. Wânia Cristina de Souza
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Ciências do Comportamento do
Departamento de Processos Psicológicos Básicos do
Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília,
como requisito parcial à obtenção do Título de Mestre
em Ciências do Comportamento – Área de
Concentração: Cognição e Neurociências do
Comportamento.
Brasília, novembro de 2020.
iii
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
INSTITUTO DE PSICOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO
BANCA EXAMINADORA
Professora Dra Wânia Cristina de Souza – Presidente Departamento de Processos Psicológicos Básicos
Instituto de Psicologia Universidade de Brasília
Professora Dra Ana Idalina de Paiva Silva – Membro Externo Profa Adjunta – Faculdade de Educação – Graduação em Psicologia
Universidade Federal de Goiás
Professora Dra Graziela Furtado Scarpelli Ferreira – Membro Externo
Professora e Coordenadora do Curso de Psicologia Centro Universitário IESB – Campi Sul e Oeste
Professora Dra Goiara Mendonça Castilho – Suplente Departamento de Processos Psicológicos Básicos
Instituto de Psicologia Universidade de Brasília
iv
Aos meus pais, Romildo Moura de Souza
(in memoriam) e Cléa Travassos de Souza
(in memoriam), que sempre valorizaram
meu prazer pela busca de conhecimento.
v
Agradecimentos
Primeiramente, agradeço profundamente a Deus, por me manter cognitivamente
funcional até aqui.
Agradeço sinceramente a todos os participantes, que generosamente contribuíram
com seu tempo e engajamento para que a realização deste trabalho fosse possível.
Agradeço à minha orientadora, Profa Dra Wânia Cristina de Souza, pela
oportunidade, parceria, dedicação, e pela confiança em mim depositada.
Agradeço à Profa Dra Adriana Manso Melchiades Nozima pelo contínuo
encorajamento, desde as primeiras disciplinas, e sua disponibilidade para compartilhar
conhecimento.
A todos que contribuíram, direta ou indiretamente, para a conclusão de mais esta
etapa, o meu sincero agradecimento.
Por último, mas certamente não menos importante, agradeço ao meu marido,
Eduardo, cúmplice e parceiro de mais de três décadas, pelo amor, paciência e suporte
ilimitados, não apenas durante essa empreitada, mas por toda a vida, tornando meus
sonhos viáveis e me inspirando a ser uma pessoa melhor a cada dia.
vi
Sumário
Lista de Figuras .......................................................................................... vii
Lista de Tabelas .......................................................................................... viii
Lista de Abreviações ................................................................................... ix
Resumo ........................................................................................................ x
Abstract ....................................................................................................... xi
Introdução ................................................................................................... 12
Funções Executivas ......................................................................... 12
Modelos ........................................................................................... 15
Subcomponentes .............................................................................. 24
Avaliação neuropsicológica das Funções Executivas ..................... 26
Influência de variáveis sociodemográficas ..................................... 29
Objetivos ...................................................................................................... 30
Método ......................................................................................................... 31
Resultados .................................................................................................... 46
Discussão ..................................................................................................... 62
Conclusão ..................................................................................................... 69
Referências ................................................................................................... 71
Anexos .......................................................................................................... 80
Anexo I – Convite ............................................................................. 80
Anexo II – Roteiro de Entrevista Estruturada ................................... 81
Anexo III – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .............. 84
Anexo IV – Protocolo de Registro TFVA ......................................... 86
Anexo V – Termo para uso de material ............................................. 87
Anexo VI – Gráficos de percentis ...................................................... 88
vii
Lista de Figuras
Figura 1: Regiões cerebrais associadas a diferentes componentes das FE,
com base em estudos de lesões e neuroimagem. ...................................... 14
Figura 2: As três unidades funcionais de Luria ........................................ 16 Figura 3: Modelo de memória de trabalho de Baddeley e Hitch (1974) .. 19 Figura 4: Modelo de Barkley (1997, 2001) .............................................. 21
Figura 5: Distribuição da porcentagem de pessoas por idade, renda,
presença ou ausência de doença psiquiátrica e uso de medicação em toda a
amostra. ....................................................................................................... 33
Figura 6: Distribuição da porcentagem de pessoas por idade, renda,
presença ou ausência de doença psiquiátrica e uso de medicação por
grupo. .......................................................................................................... 33
viii
Lista de Tabelas
Tabela 1: Análise descritiva dos resultados da avaliação de inteligência. 47
Tabela 2: Análise descritiva dos resultados da avaliação de inibição e
flexibilidade (FDT). ................................................................................... 48
Tabela 3: Análise descritiva dos resultados da avaliação de controle
inibitório (HAYLING). .............................................................................. 49
Tabela 4: Análise descritiva dos resultados da avaliação de controle
inibitório e flexibilidade cognitiva (GAN). ................................................ 50
Tabela 5: Análise descritiva dos resultados da avaliação de controle
inibitório e flexibilidade cognitiva (TFVA). ............................................... 51
Tabela 6: Comparação do desempenho dos grupos nas tarefas que avaliam
FE com uso de números. .............................................................................. 52
Tabela 7: Comparação do desempenho dos grupos nas tarefas que avaliam
FE com uso de palavras. .............................................................................. 54
Tabela 8: Comparação do desempenho dos grupos nas medidas de
inteligência. ................................................................................................. 55
Tabela 9: Análise correlacional entre os testes que avaliam FE com uso
de números e entre estes e medidas de QI. . ................................................ 56
Tabela 10: Análise correlacional entre os testes que avaliam FE com uso
de palavras e entre estes e medidas de QI. .................................................. 59
Tabela 11: Análise correlacional entre as principais medidas de cada teste
de FE e entre estas e medidas de QI. ........................................................... 61
ix
Lista de Abreviações
CEE: Ciências Exatas/Engenharias
CHS: Ciências Humanas/Sociais
FDT: Five-Digit Test (Teste dos Cinco Dígitos)
FE: Funções Executivas
GAN: Geração Aleatória de Números
LIPSI: Laboratório Integrado de Pós-Graduação e Pesquisa Experimental em Psicologia com Humanos QI: Quociente de Inteligência
QIE: Quociente de Inteligência de Execução
QIT: Quociente de Inteligência Total
QIV: Quociente de Inteligência Verbal
SAS: Supervisory Attentional System (Sistema Atencional Supervisor)
SATEPSI: Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos
TCLE: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TFV: Teste de Fluência Verbal
TFVA: Teste de Fluência Verbal Alternada
WASI: Wechsler Abbreviated Scale of Intelligence (Escala Wechsler Abreviada de Inteligência)
x
Resumo
Funções executivas são processos mentais superiores que servem para organizar a
cognição e o comportamento e adaptá-los ao contexto e aos objetivos do indivíduo,
permitindo o estabelecimento de metas, a busca e seleção de estratégias para alcançá-las,
o monitoramento dos resultados e a implementação dos ajustes necessários. São, portanto,
competências fundamentais para o bom desempenho acadêmico, profissional e social.
Este estudo buscou investigar se a formação em áreas exatas ou humanas seria um fator
de interferência no desempenho de graduandos em testes de avaliação de funções
executivas que utilizam números ou palavras, com especial ênfase na avaliação do
controle inibitório e da flexibilidade cognitiva. Participaram da pesquisa estudantes de
Ciências Exatas/Engenharias (n=25) e de Ciências Humanas/Sociais (n=25). A Escala
Wechsler Abreviada de Inteligência foi aplicada para descartar um possível efeito da
variável inteligência. Os demais instrumentos aplicados foram o Teste dos Cinco Dígitos,
o Teste Hayling, a tarefa de Geração Aleatória de Números e o Teste de Fluência Verbal
Alternada. Os resultados sugerem que a área de formação e o fator inteligência não
parecem exercer influência sobre o desempenho nesse tipo de avaliação. Futuras
perspectivas devem considerar o desenvolvimento de ferramentas mais ecológicas e
“puras” para avaliar as funções executivas.
Palavras-chave: funções executivas, controle inibitório, flexibilidade cognitiva, avaliação neuropsicológica, área de formação.
xi
Abstract
Executive functions are higher-order cognitive processes responsible for organizing
cognition and behavior and adapting them to the context and the subject’s goals. They
enable humans to establish goals, search, and select strategies to achieve them, monitor
the results, and make the necessary adjustments. Therefore, they have a dramatic impact
on academic, professional, and social performance. This study aimed at investigating if a
major in Natural Sciences or in Human Sciences might interfere in undergraduates’
performance in executive functions tests that assess inhibitory control and cognitive
flexibility with numbers or words. Participants were Natural (n=25) and Human (n=25)
Sciences undergraduates. The Wechsler Abbreviated Scale of Intelligence was used to
rule out a possible effect of the intelligence factor. The Five-Digit Test, the Hayling Test,
the Random Number Generation test, and the Switching Verbal Fluency Test were used.
Our results suggest that neither one’s major nor intelligence influences performance in
this kind of assessment. Future approaches should consider the development of more
ecological and “pure” tasks to assess executive functions.
Key words: executive functions, inhibitory control, cognitive flexibility, neuropsychological assessment, college major.
12
Funções Executivas
O estudo das Funções Executivas (FE) representa, ao mesmo tempo, uma grande
demanda e um enorme desafio. Por constituírem componentes básicos das habilidades de
autocontrole e de autorregulação, as FE têm amplas implicações na vida diária das
pessoas. No entanto, sua conceituação ainda é controversa e sua avaliação difícil (Miyake
& Friedman, 2012), embora haja um consenso em relação ao seu caráter multidimensional
(Amunts et al., 2020; Malloy-Diniz & Dias, 2020).
FE são um conjunto de processos mentais superiores que servem para organizar a
cognição e o comportamento e adaptá-los ao contexto e aos objetivos do indivíduo
(Siqueira et al., 2010). Relacionadas ao comportamento intencional, as FE nos permitem
estabelecer objetivos, elencar estratégias para alcançá-los, selecionar as melhores
estratégias e implementá-las, além de monitorar e avaliar a eficácia dos resultados obtidos
e, quando necessário, fazer os ajustes adequados (Sedó et al., 2015). São funções que
demandam esforço e requerem a concentração e a atenção necessárias em situações nas
quais respostas automáticas – embora mais fáceis – seriam desaconselháveis,
insuficientes, inadequadas ou impossíveis. Essas competências permitem ao indivíduo
interagir e agir intencionalmente com o meio, o que envolve o planejamento da ação,
levando em consideração a experiência prévia e as limitações do ambiente (Campanholo
et al., 2017), sendo, portanto, fundamentais para a saúde física e mental, o sucesso
acadêmico, profissional e pessoal (Amunts et al., 2020; Diamond & Ling, 2016).
Diferentes processos cognitivos estão envolvidos nas FE, sendo estas
responsáveis pela coordenação de tais processos. Seu comprometimento pode levar a
sintomas como dificuldades no planejamento e na tomada de decisões, baixo insight,
despreocupação com as normas sociais, agitação, aumento da distratibilidade, apatia e
perseveração (Hamdan & Pereira, 2009).
13
Neuroanatomicamente, embora esteja bem estabelecida a importante relação entre
o córtex pré-frontal e a mediação das FE (Smolker et al., 2018), modernas técnicas de
neuroimagem – notadamente a ressonância magnética funcional (fMRI, na sigla em
inglês), que permite detectar variações no fluxo sanguíneo em resposta à atividade neural
– possibilitaram um melhor entendimento da participação de outras estruturas cerebrais
nos processos executivos (Uehara et al., 2013).
Achados baseados em estudos de lesões e neuroimagem demonstram conexões
entre o córtex pré-frontal e outras regiões do cérebro, o que, provavelmente, levará
pesquisadores das relações entre cérebro e comportamento a direcionar suas análises para
redes neurais, ao invés de regiões cerebrais (Burgess & Stuss, 2017). O córtex pré-frontal
recebe informações de outras áreas neocorticais, como as regiões parietais e temporais, o
hipocampo e o tálamo. Ele também envia informações a outras estruturas corticais e
subcorticais, como a amígdala, os gânglios basais e o hipotálamo. Conexões com a região
límbica do lobo temporal medial, incluindo a amígdala e o hipocampo, por exemplo, são
fundamentais para a regulação da resposta emocional e para interações mnemônicas
(Cristofori et al., 2019). Assim, o córtex pré-frontal provavelmente regula o
comportamento por meio de uma dinâmica neuronal que envolve regiões mais posteriores
responsáveis pelo processamento sensorial e motor, além da emoção e outros domínios
(Smolker et al., 2018). A Figura 1 ilustra as áreas associadas a diferentes subcomponentes
das FE.
14
Figura 1 Regiões cerebrais associadas a diferentes componentes das FE, com base em estudos de lesões e neuroimagem.
Nota: Adaptado de Cristofori et al. (2019, p.200)
Em adição aos aspectos supracitados, Smolker et al. (2018) apresentam achados
que salientam a importância de se considerar também as diferenças individuais no estudo
dos correlatos neuroanatômicos das FE, uma vez que indivíduos com melhor
funcionamento executivo se utilizam de um conjunto maior de diferentes regiões
cerebrais do que aqueles com pior desempenho executivo, ou seja, indivíduos com pior
desempenho em tarefas de FE recrutam menos sistemas cerebrais durante a realização das
tarefas do que aqueles empregados por indivíduos com melhores habilidades executivas
(Smolker et al., 2018).
15
Casos clínicos clássicos, como o de Phineas Gage1, levaram à inclusão de aspectos
socioafetivos – e não apenas cognitivos – nos processos relacionados às FE. A
apresentação de seu caso, pelo médico John Harlow (Harlow, 1848, 1868), foi seguida
por vários outros estudos e relatos de casos, que demonstraram que lesões no lobo frontal
podem levar a prejuízos não apenas cognitivos, mas também emocionais e
comportamentais relevantes (Uehara et al., 2013).
Modelos
Na tentativa de melhor conceituar este construto e compreender como as FE
trabalham, vários modelos surgiram. A descrição detalhada de cada um dos modelos
existentes foge ao escopo deste estudo. No entanto, alguns deles são aqui revisitados, por
sua reconhecida importância e/ou por serem considerados relevantes para os objetivos da
pesquisa.
Um dos primeiros modelos a abordar a ideia de FE foi proposto pelo
neuropsicólogo russo Alexandr Romanovich Luria. Nesse modelo (Luria, 1966, 1973), o
cérebro humano seria composto de três unidades funcionais básicas, relacionadas de
forma interativa. A primeira unidade seria responsável pelas funções fisiológicas básicas,
como a vigília e a consciência; a segunda responderia pela obtenção, codificação,
processamento e armazenamento de informações; e a terceira teria a função de programar,
regular, verificar e controlar as atividades mentais e o comportamento humano. O papel
atribuído à sua terceira unidade funcional – autorregulação e monitoramento do indivíduo
– corresponde ao que hoje conhecemos como FE. No modelo de Luria, as três unidades
1 Phineas Gage sofreu um grave acidente com explosivos, no qual uma barra de ferro atravessou seu lobo frontal. Apesar da gravidade da lesão, Gage sobreviveu, apresentando boa recuperação física e cognitiva. Entretanto, seu comportamento mudou radicalmente e ele passou a apresentar alterações socioemocionais importantes, como impulsividade, mudanças no humor, comportamento social inadequado, irresponsabilidade, comportamento debochado, rompantes de raiva. Seu caso é considerado uma das primeiras evidências científicas de que lesões no lobo frontal podem alterar a personalidade, as emoções e a interação social (Bear et al., 2017; Krebs et al., 2013; Mendoza & Foundas, 2008).
16
trabalhariam de forma conjunta, constituindo uma visão integrada do funcionamento
cerebral. Seus estudos, largamente baseados na clínica com pacientes lesionados,
representaram uma inestimável contribuição à neuropsicologia e ainda hoje influenciam
abordagens contemporâneas (Ardila, 2018; Uehara et al., 2013).
Figura 2 As três unidades funcionais de Luria
A teoria do Sistema Atencional Supervisor (Supervisory Attentional System –
SAS), desenvolvida por Norman e Shallice (1986), estabelece uma distinção entre
processamento automático e controlado das percepções, e pressupõe o envolvimento de
dois mecanismos distintos nos processos de programação, regulação e verificação do
pensamento e da ação. Um deles – o organizador pré-programado, sistema de contenção,
ou contention scheduling – seria suficiente para respostas rotineiras, bem aprendidas, que
não exigem controle atencional ou consciente, e que apresentam baixa demanda das FE,
sendo o responsável por evitar conflitos no desempenho, por meio da ativação de
esquemas congruentes ou inibição de esquemas concorrentes/conflitantes. O outro – o
controlador atencional supervisor – envolveria maior demanda executiva e seria acionado
em situações nas quais o funcionamento automático não é adequado ao desempenho bem
sucedido. De acordo com o modelo, esse último processo seria exigido em situações não
rotineiras, que exigem a manipulação ou mesmo a inibição de respostas automáticas e de
https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/5925/1/DM_M%C3%A1rcia%20Silva.pdf
17
mecanismos bem aprendidos, como as que envolvem planejamento, tomada de decisão,
resolução de problemas, identificação e correção de erros, novidade, perigo, risco ou
conflito. Os dois processamentos estariam, em um dado momento, competindo pelos
mesmos recursos. Exemplos de operações desses mecanismos seriam, no primeiro caso,
fazer café e falar ao telefone ao mesmo tempo – ações que não dependem de controle
atencional – e, no segundo, adotar um novo trajeto quando o usual está impedido.
Exemplos de falhas nesses mecanismos incluem, no caso do organizador pré-programado,
um pior desempenho em uma habilidade muito treinada quando se dedica atenção
consciente à atividade, prejudicando o resultado (ex.: malabarismo) e, no caso oposto,
não resistir à tentação de um doce quando se está em dieta de restrição alimentar, ou
cometer um ato não intencional (agir no ‘piloto automático’), quando se pretendia fazer
outra coisa. Interessante mencionar que uma determinada ação, como levantar-se da cama
pela manhã, pode ser automática em alguns momentos, ou exigir grande força de vontade
em outros. De acordo com o modelo do SAS, a explicação para esse fenômeno é que a
ativação de uma ação pelos mecanismos atencionais é baseada no conhecimento das
consequências (ex.: ir ao trabalho ou à praia) que, quando negativas, levam à inibição da
ação, que precisa ser superada. Norman e Shallice (1986) apontam que as funções
exercidas pelo controle atencional supervisor correspondem àquelas atribuídas por Luria
(1966) às regiões pré-frontais do cérebro – programação, regulação e verificação da ação
–, constituindo a terceira unidade funcional daquele modelo.
A teoria do SAS é a mais aceita para a compreensão dos sistemas envolvidos na
realização de três das tarefas utilizadas no presente estudo2 – o Teste HAYLING (Burgess
& Shallice, 1996, 1997; Fonseca et al., 2010; Siqueira et al., 2010), o Teste dos Cinco
Dígitos (Five-Digit Test, ou FDT) (Sedó, 2007; Sedó et al., 2015) e o Teste de Fluência
2 A seção Método deste estudo apresenta uma descrição detalhada de cada um desses testes.
18
Verbal Alternada (TFVA) (Paula et al., 2018), uma vez que estes são instrumentos que
envolvem situações de conflito, de interferência e/ou de alternância (Malloy-Diniz &
Dias, 2020; Stuss et al., 1995). O outro instrumento selecionado para este estudo – o teste
de Geração Aleatória de Números (GAN) (Viapiana et al., 2017), considerado mais
complexo – parece se encaixar no modelo teórico de multicomponentes da memória de
trabalho (Jahanshahi et al., 2006; Miyake et al., 2000) de autoria de Baddeley e Hitch
(1974), descrito a seguir.
Considerado um importante modelo teórico relacionado às FE, o modelo de
Baddeley e Hitch (1974) se consolidou como um dos mais influentes no estudo da
memória de trabalho. Segundo o modelo, a memória de trabalho seria composta por um
executivo central, importante no controle e coordenação de recursos, e dois subsistemas
– a alça fonológica e o esboço visuoespacial – responsáveis pelo processamento e
manipulação de quantidades limitadas de informação em domínios especializados. A alça
fonológica, associada ao lobo parietal do hemisfério dominante, estaria relacionada à
codificação de informações verbais fonéticas, que são mantidas por curto tempo e então
atualizadas. O esboço visuoespacial, associado ao lobo parietal do hemisfério não
dominante, seria responsável pelo mesmo processo no caso das informações
visuoespaciais (Miotto, 2018). Posteriormente, um novo componente foi acrescentado ao
modelo e denominado buffer episódico. Igualmente subordinado ao executivo central,
seria um sistema de armazenamento temporário, com capacidade limitada e acessível à
consciência, responsável pela recuperação da informação e integração dos subsistemas,
de forma semelhante à memória episódica, exceto por sua transitoriedade (Baddeley,
2000). De acordo com Baddeley (1986), o modelo SAS corresponderia, de certa forma,
ao que ele chamou de executivo central.
19
Figura 3 Modelo de memória de trabalho de Baddeley e Hitch (1974)
Posteriormente, estudo conduzido por Miyake et al. (2000) concentrou-se nos
principais subcomponentes das FE – flexibilidade mental, atualização da informação na
memória de trabalho (updating) e inibição – para avaliar a extensão de sua unidade e
diversidade. Para tal, selecionaram tarefas de avaliação de FE que exploram cada um dos
subcomponentes e analisaram suas variáveis latentes, ou seja, o que há em comum entre
as tarefas que supostamente avaliam um mesmo componente, que seria um fator mais
‘puro’. O mesmo estudo também buscou especificar a contribuição relativa de cada um
dos três subcomponentes em testes mais complexos de avaliação das FE, ou seja, aqueles
que avaliam mais de uma função. Os autores consideram a possibilidade de haver tanto
uma unidade quanto uma diversidade na organização desses subcomponentes, uma vez
que há uma relação de interdependência entre eles. Neste estudo clássico, Miyake et al.
(2000) apontam o caráter unitário das FE presente nas versões iniciais tanto do SAS de
Norman e Shallice (1986), quanto do executivo central de Baddeley (1986), que não
estabeleceram uma distinção entre subcomponentes.
Para fundamentar sua tese quanto à diversidade das FE, Miyake et al. (2000) citam
observações clínicas, que indicam a presença de algumas dissociações no desempenho de
tarefas executivas, uma vez que um paciente pode apresentar bom desempenho em um
teste de FE e não se sair bem em outro. Outro argumento apontado e que favoreceria o
caráter não unitário das FE é a baixa correlação encontrada – geralmente não significativa
EXECUTIVO CENTRAL
ALÇA FONOLÓGICA ESBOÇO VISUOESPACIAL BUFFER EPSÓDICO
20
estatisticamente – entre diferentes tarefas de avaliação das FE (Ardila, 2018). No entanto,
os autores consideram que essa baixa correlação pode não estar diretamente relacionada
à independência das funções cognitivas. Ela pode se dar devido à questão da impureza
dos testes de FE, ou seja, à falta de clareza em relação a quais habilidades subjacentes são
exigidas pelo instrumento (Dias et al., 2015). Por este motivo, os autores sugerem a
análise das variáveis latentes, que consideram mais precisa. Miyake et al. (2000) sugerem
que os três subcomponentes nucleares das FE – flexibilidade mental, memória de trabalho
e inibição – são construtos separados, embora moderadamente relacionados, havendo
uma interdependência entre estes subcomponentes que indica tanto a unidade quanto a
diversidade das FE.
Outro importante modelo de FE (Barkley, 1997, 2001) teve como base a
psicologia do desenvolvimento, estudos neuropsicológicos e de neuroimagem e,
especialmente, a pesquisa relacionada ao Transtorno do Déficit de Atenção e
Hiperatividade (TDAH). Neste modelo, o conceito de self é introduzido, visto que as FE
teriam como objetivo a internalização de comportamentos como uma forma de inibir
aspectos comportamentais publicamente observáveis. A inibição comportamental
(equivalente ao controle inibitório em outros modelos) seria uma forma de
comportamento autodirigido, que altera a probabilidade de uma ação (resposta
dominante) e ao qual quatro outros componentes estariam subordinados: 1) a memória de
trabalho não-verbal, semelhante ao esboço visuoespacial de Baddeley (1986), seria
constituída por representações mentais de imagens e sons; 2) a memória de trabalho
verbal, ou discurso autodirigido, corresponderia à alça fonológica de Baddeley (1986) e
seria responsável pelo pensamento, auto questionamento e autoinstruções; 3) a
autorregulação da emoção/motivação seria uma consequência dos dois componentes
anteriores e resultaria na interiorização do sentimento; e 4) a reconstituição, ou jogo
21
autodirigido, também denominada de planejamento, resolução de problemas e fluência,
consistiria na separação de elementos do meio-ambiente e sua reconstituição em novas
combinações. Posteriormente, mais um componente foi adicionado ao modelo (Barkley,
2012) – a atenção autodirigida – que compreende a autoconsciência e o
automonitoramento.
Figura 4 Modelo de Barkley (1997, 2001)
Em uma das principais obras no campo de neuropsicologia, Lezak et al. (2012)
definem as FE como a capacidade de responder de forma adaptativa a situações novas,
servindo de base para muitas habilidades cognitivas, emocionais e sociais. Os autores
citam os seguintes componentes das FE: volição; planejamento e tomada de decisão; ação
intencional; autorregulação; e desempenho efetivo. A volição está relacionada à intenção,
motivação, autoconsciência e à formulação de uma meta; o planejamento e a tomada de
decisão referem-se à sequência de passos necessários ao alcance da meta, à concepção de
alternativas, sua avaliação e escolha; a ação intencional diz respeito à tradução da
intenção e planejamento em comportamentos (ações); a autorregulação é a capacidade de
manter a associação entre intenção, planejamento e ação; e o desempenho efetivo consiste
no monitoramento, autocorreção e regulação do comportamento.
INIBIÇÃO COMPORTAMENTAL
MT NÃO-VERBAL
MT VERBAL
AUTORREGULAÇÃO
RECONSTI-TUIÇÃO
ATENÇÃO AUTODIRI-
GIDA
22
Em contraponto aos modelos anteriores, majoritariamente focados em aspectos
cognitivos, classificações posteriores apresentaram uma visão integrativa das FE,
tentando conciliar aspectos cognitivos, emocionais, motivacionais e sociais (Malloy-
Diniz & Dias, 2020). A perspectiva proposta por Zelazo et al. (2005), categoriza as FE
em processos executivos “frios” e “quentes”3. Os primeiros seriam processos top-down4
e compreenderiam o processamento da informação na ausência de qualquer influência
emocional. Estariam, portanto, relacionados a aspectos lógicos e cognitivos, como
raciocínio lógico, memória de trabalho, planejamento, resolução de problemas, controle
inibitório e flexibilidade cognitiva, entre outros. Os últimos seriam processos mediados
por uma carga emocional, demandados em contextos que podem gerar tensão entre uma
gratificação imediata e uma recompensa futura, incluindo a regulação do afeto, o
comportamento social, a tomada de decisão e o julgamento moral (Uehara et al., 2013).
Em um estudo com 136 adolescentes, Poon (2018) sugeriu que dificuldades nas FE
“quentes” parecem estar especialmente relacionadas a problemas emocionais, gerando
uma tendência a maior impulsividade e envolvimento em situações de risco, o que torna
essa população mais vulnerável a desafios emocionais. Outro estudo com jovens (Liuzzi
et al., 2020) investigou os marcadores neurais e comportamentais do controle inibitório
relacionados a uma maior tendência à irritabilidade. Verificou-se que uma irritabilidade
aumentada se correlacionou de forma significativa a uma ativação neural atípica e à
conectividade da amígdala com regiões temporais, visuais e límbicas, durante a realização
de uma tarefa de avaliação do controle inibitório. Esse resultado sugere que crianças com
níveis mais altos de irritabilidade necessitam de mais recursos neurais para a realização
3 Todos os instrumentos de avaliação de FE selecionados para o presente estudo envolvem processos “frios”. 4 Também chamado de processamento baseado em conhecimento, é o processamento iniciado pela análise de informações de alto nível, como o conhecimento prévio que a pessoa incorpora à situação. Distingue-se do processamento bottom-up, baseado na informação que está sendo recebida no momento (Goldstein, 2014).
23
da tarefa. Dessa forma, é possível que déficits no controle inibitório contribuam para a
irritabilidade, indicando que processos executivos “frios”, inclusive aqueles relacionados
ao controle inibitório, podem ser um dos alvos no tratamento da irritabilidade infanto-
juvenil, aumentando a regulação top-down em contextos variados (Liuzzi et al., 2020).
Posteriormente, Miyake e Friedman (2012) ampliaram o estudo dos três
subcomponentes centrais das FE, em busca de uma melhor compreensão quanto à
natureza e organização das diferenças individuais nas FE. Nesse modelo, considera-se a
existência de um componente geral e componentes específicos das FE. Em seu estudo,
baseado em tarefas de laboratório, análises longitudinais e estudos de gêmeos, os autores
argumentam a favor de quatro conclusões gerais: a) as diferenças individuais nas FE
apresentam tanto uma unidade quanto uma diversidade; b) elas refletem importantes
contribuições genéticas, demonstrando alta hereditariedade; c) medidas puramente
cognitivas das FE podem prever diferenças individuais em fenômenos clínica e
socialmente relevantes; e d) as diferenças individuais nas FE demonstram alguma
estabilidade ao longo do desenvolvimento humano. Como se pode verificar, a partir da
observação da grande variabilidade entre as pessoas em suas habilidades individuais de
regulação de pensamentos e comportamentos, os autores buscaram aspectos cognitivos e
biológicos que pudessem sustentar essas diferenças.
Baseado principalmente no conhecimento acumulado na área de neuropsicologia,
o modelo de Diamond (2013) admite que vários processos superiores são considerados e
estudados no escopo das FE, como planejamento, raciocínio, resolução de problemas e
tomada de decisões, entre outros. No entanto, parece haver um relativo consenso (Amunts
et al., 2020; Miyake & Friedman, 2012; Poon, 2018) em relação aos três subcomponentes
nucleares das FE – controle inibitório, memória operacional (ou memória de trabalho) e
flexibilidade cognitiva –, a partir dos quais os processos mais complexos são construídos.
24
Subcomponentes
O controle inibitório se refere à habilidade de controlar comportamentos,
emoções, pensamentos e a atenção, de modo a inibir respostas habituais e impulsos aos
quais somos predispostos. Tal capacidade nos permite fazer escolhas que não aquelas
originadas de forma automática (Liuzzi et al., 2020). Envolve a inibição de respostas, o
autocontrole, o controle da atenção, permitindo a manutenção do foco e da seletividade
atencional, e a inibição cognitiva – de pensamentos e memórias indesejáveis. É ele que
nos permite fazer mudanças e escolher como nos comportamos (Diamond & Ling, 2016).
Deve-se observar uma distinção relevante entre o controle inibitório automático (ex.: a
tarefa antissacada, na qual o examinando não deve olhar o estímulo alvo, ou seja, deve
ignorá-lo) e a inibição deliberada de respostas preponderantes (ex.: persistir em sua
dissertação mesmo quando sua cama parece muito convidativa), sendo apenas esta última
objeto de estudo deste trabalho (Diamond, 2013).
A memória de trabalho, ou memória operacional, envolve a retenção e
manipulação da informação por curto período. É uma habilidade fundamental, por
exemplo, para compreender a linguagem escrita ou oral, realizar cálculos mentais, seguir
instruções, desenvolver um raciocínio. Memória de trabalho e controle inibitório estão
diretamente relacionados um ao outro e são, de certa forma, interdependentes. A memória
de trabalho serve de suporte ao controle inibitório, uma vez que é necessário que se
mantenha um determinado objetivo em mente para que se decida qual resposta
comportamental é adequada e qual se deve inibir. No sentido inverso, o controle inibitório
também é fundamental à memória de trabalho, já que, para manter o foco em uma
informação que precisa ser retida por um tempo e manipulada, faz-se necessário inibir
distrações internas e externas. Um exemplo clássico de falha nesse tipo de interrelação é
perceber que não sabemos o que acabamos de ler em um trecho de um livro porque nossa
25
mente estava divagando. Trata-se de um lapso temporário, diferente de situações nas
quais há dois objetivos competindo e não parecem envolver um lapso de memória de
trabalho, como comprar uma roupa nova mesmo estando endividado (Diamond, 2013).
A capacidade de mudar de perspectiva, considerar outras possibilidades, “pensar
fora da caixa”, é denominada flexibilidade cognitiva, considerada como um dos
subcomponentes das FE que exigem maior esforço. Ela pressupõe, ainda, habilidades
como mudar prioridades de acordo com a demanda, admitir um erro e/ou aproveitar
oportunidades inesperadas, ver uma situação sob outro ponto de vista (muitas vezes o
ponto de vista do outro) (Diamond & Ling, 2016). No modelo citado, a flexibilidade
cognitiva envolveria uma interação entre os dois subcomponentes anteriores, uma vez
que, para mudar de perspectiva, é necessário inibir minha visão anterior e adicionar à
memória de trabalho uma perspectiva diferente (Diamond, 2013; Dias et al., 2015) .
Como se pode inferir a partir dos modelos supracitados, ainda há pouca
uniformidade em relação à conceituação das FE e seus subcomponentes. Em uma revisão
de literatura dos 60 estudos mais frequentemente citados à época, Packwood et al. (2011)
identificaram 68 subcomponentes das FE e conseguiram reduzir esta multiplicidade de
termos para 18, após a aplicação de técnicas estatísticas objetivas que permitiram a
exclusão de sobreposições semânticas e psicométricas5. Ainda assim, os autores
consideram este número bastante extenso, uma vez que a ciência é guiada pelo princípio
da parcimônia, que pressupõe que devem ser adotadas simplicidade e economia em
hipóteses teóricas para explicar um fenômeno, eliminando-se os conceitos supérfluos.
Assim, um dos principais objetivos daquele estudo foi enfatizar a inconsistência teórica
e psicométrica da área, que dificulta a comparação entre diferentes estudos e a
identificação de funções centrais. Os autores sugerem que uma abordagem mais
5 No caso do estudo, sobreposições psicométricas seriam o nível de concordância entre os autores em relação a qual FE é supostamente avaliada por uma determinada tarefa.
26
parcimoniosa do tema seria considerar os inúmeros subcomponentes das FE como
exemplos de comportamentos executivos, ao invés de funções propriamente ditas
(Packwood et al., 2011). Uma década depois do estudo, a conceituação de FE parece não
ter avançado no sentido de uma maior simplicidade e consistência.
Apesar da existência de diversos modelos, a organização dos componentes básicos
das FE e sua forma de contribuição para a realização de tarefas ainda precisam ser mais
bem elucidadas, para que se possa avançar na compreensão das dificuldades apresentadas
e das limitações dos instrumentos de avaliação disponíveis, bem como planejar
intervenções mais eficazes (Dias et al., 2015).
Avaliação neuropsicológica das Funções Executivas
Entre os instrumentos selecionados para avaliação das FE neste estudo, FDT e
HAYLING têm maior foco na avaliação do controle inibitório, embora envolvam também
a flexibilidade cognitiva. Exigindo menos da flexibilidade cognitiva e mais do controle
inibitório, o GAN apresenta, ainda, uma significativa demanda sobre a memória de
trabalho, sendo considerado, por este motivo, uma tarefa complexa (Dias et al., 2015;
Miyake et al., 2000). O TFVA, por sua vez, é um instrumento clássico de avaliação da
flexibilidade cognitiva6 (Snyder et al., 2015).
Em uma elegante revisão do impacto da pesquisa em avaliação neuropsicológica
das FE nos últimos 50 anos, Burgess e Stuss (2017) identificaram onze
princípios/desafios relacionados à avaliação das FE, sendo três deles já conhecidos há 50
anos e oito surgidos ao longo desse período. Por sua relevância, os princípios são aqui
reproduzidos. Os princípios ‘herdados’ são: 1) testes que avaliam as FE geralmente
medem múltiplas habilidades cognitivas simultaneamente; 2) testes que avaliam as FE
6 É importante mencionar que o Teste Wisconsin de Classificação de Cartas (WCST) é considerado padrão ouro para a avaliação da flexibilidade cognitiva. No entanto, trata-se de um instrumento baseado em estímulos não verbais, fora do escopo deste estudo.
27
não avaliam apenas as funções do lobo frontal. Pacientes com disfunções em outras áreas
também podem apresentar baixo desempenho nesses testes; e 3) as características do
melhor teste clínico de FE e do melhor teste experimental de FE podem diferir, já que
têm objetivos diferentes. Os chamados novos princípios são: 1) provavelmente não é
possível medir todas as habilidades cognitivas utilizando a mesma abordagem
metodológica; 2) função e estrutura são dois níveis diferentes de explicação. Embora um
dos objetivos seja compreender a relação entre uma e outra, não se pode esperar uma
correspondência direta entre esses níveis; 3) pequenas mudanças no formato de tarefas
executivas podem, aparentemente, levar a grandes mudanças nos resultados obtidos; 4) é
comum encontrar variabilidade e inconsistência entre pacientes e entre resultados de um
mesmo paciente. É necessário realizar uma ampla investigação sobre as razões desse
fenômeno; 5) aquilo que foi tradicionalmente considerado o sistema executivo consiste,
na verdade, de múltiplos subsistemas, que exigirão diferentes testes para avaliá-los; 6)
alguns processos executivos são recrutados em diversas situações e sua avaliação pode
ser útil na previsão da competência em várias situações da vida diária; 7) testes que
simulam situações realistas podem ser tão eficazes quanto aqueles que não o fazem; e 8)
se um paciente não apresenta um déficit a partir de uma testagem das FE, isso não
significa que ele não tenha algum prejuízo executivo. Talvez o domínio específico no
qual reside o seu problema não tenha sido avaliado. Os autores lamentam que, apesar do
grande arcabouço teórico desenvolvido nos últimos 50 anos voltado à compreensão do
sistema executivo, a teoria não se refletiu em melhores instrumentos psicométricos
(Burgess & Stuss, 2017).
Em uma revisão dos instrumentos disponíveis para avaliação das FE e
identificação de questões críticas, Chan et al. (2008) apontaram alguns problemas
relativos à análise e interpretação dos resultados. Em primeiro lugar, a equivalência dos
28
escores é altamente dependente das características da população da qual os grupos são
obtidos. Dessa forma, a hipótese de distribuição normal dos escores muito provavelmente
será falsa. Além disso, os modelos tradicionais são baseados em dados normativos, o que
significa que a distribuição dos escores específicos de um teste é determinada pela
habilidade de um grupo em particular (o grupo normativo) em um momento específico.
Assim, essa distribuição pode ser instável ao longo do tempo (Chan et al., 2008).
Considerando a ampla gama de funções cognitivas envolvidas nas FE e sua
natureza multidimensional, sua avaliação deve contemplar o uso de diferentes medidas,
de forma complementar, visto que nenhuma das ferramentas disponíveis avalia todos os
seus domínios (Hamdan & Pereira, 2009). Assim, a avaliação do funcionamento
executivo como um todo deve ser realizada por meio de diversos testes neuropsicológicos
e/ou tarefas que forneçam medidas de seus subcomponentes.
Outro aspecto crítico a ser considerado na escolha de instrumentos de avaliação
das FE é a impureza das tarefas, ou seja, a dificuldade de se obter medidas puras de cada
um de seus subcomponentes por meio de um teste específico (Snyder et al., 2015). Essa
parece ser uma característica inevitável das tarefas de FE, uma vez que, por definição, as
FE envolvem processos não executivos que podem interferir no desempenho, além do
próprio subcomponente de interesse (Friedman & Miyake, 2017). A impureza das tarefas
também é decorrente, em parte, do interrelacionamento e/ou interdependência entre os
subcomponentes das FE, já mencionados anteriormente, o que dificulta o isolamento de
um determinado componente em uma tarefa específica.
Nesse universo, e de modo a atender aos objetivos do estudo, foram selecionados
testes e tarefas cujos estímulos são baseados em palavras – TFVA e HAYLING – e em
números – FDT e GAN7. No presente trabalho, foram utilizados os quatro instrumentos
7 Os critérios de escolha dos testes e as descrições detalhadas dos procedimentos para cada um dos instrumentos citados podem ser encontrados na seção Método deste estudo.
29
citados. Os subcomponentes das FE estudados ficaram circunscritos ao controle inibitório
e à flexibilidade cognitiva, por serem estes os aspectos predominantemente avaliados por
essas ferramentas.
Influência de variáveis sociodemográficas
Estudos indicam que o avanço da idade, como também o sexo e a escolaridade
interferem nos resultados obtidos por pessoas submetidas à avaliação das FE. A influência
de outras variáveis, como fatores genéticos, hábitos de leitura e mesmo a exposição a
atividades cognitivamente estimulantes, ainda precisa ser mais bem elucidada, visto que
estas não são controladas na maioria dos estudos. Algumas outras variáveis
sociodemográficas, como a ocupação prévia e o nível socioeconômico, são menos
estudadas na literatura (Campanholo et al., 2017; Cotrena et al., 2016; Zimmermann et
al., 2017).
O presente estudo mostra-se relevante porque, embora possamos encontrar vários
instrumentos que se propõem a avaliar as FE – poucos deles padronizados e normatizados
– fatores como a área de formação talvez não sejam considerados de especial relevância
na análise dos resultados. No entanto, esta é uma variável de controle clínico e impacta
diretamente no tipo de tarefa de escolha para a avaliação dos subcomponentes das FE.
Além disso, a variedade de instrumentos para avaliação das FE realça a importância de
estudos mais aprofundados sobre as ferramentas disponíveis. Embora a observação
clínica e a análise qualitativa sejam os principais elementos de qualquer avaliação
neuropsicológica que se proponha a alcançar um nível aceitável de qualidade e acurácia,
o conhecimento da possível interferência de mais um dado sociodemográfico poderia ser
um fator relevante, tanto na escolha dos instrumentos mais adequados a este ou àquele
paciente, quanto no desenvolvimento e validação de novos instrumentos.
30
Objetivos
Este estudo teve como objetivo geral investigar se a área de formação – Ciências
Exatas/Engenharias (CEE) ou Ciências Humanas/Sociais (CHS) – seria mais um fator
interveniente, gerando resultados diferentes no desempenho em tarefas cognitivas que
fazem uso de números ou palavras para a avaliação das FE. Os objetivos específicos
incluíram: investigar possíveis interferências do fator inteligência nos resultados obtidos
nas tarefas; analisar a correlação entre os testes que usam números, entre aqueles que
usam palavras e entre todos os testes de avalição das FE utilizados.
Hipótese
A presente pesquisa partiu da hipótese de que os estudantes de graduação em CEE
teriam melhor desempenho nos testes com números (FDT e GAN) e os de CHS se sairiam
melhor nas tarefas com palavras (HAYLING e TFVA).
31
Método
A presente pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de
Ciências Humanas da Universidade de Brasília e aprovada sob o número CAAE:
18958719.3.0000.5540.
Participantes
Participaram deste estudo 50 estudantes universitários da Universidade de
Brasília, de ambos os sexos (64% mulheres), com idades entre 18 e 26 anos (M= 21,4;
Dp= 1,87), divididos em dois grupos: estudantes de Ciências Exatas/Engenharias (CEE)
(n=25) e de Ciências Humanas/Sociais (CHS) (n=25). O grupo de CEE foi composto por
52% de mulheres, com idades entre 18 e 25 anos (M= 21,68; Dp= 1,65). O grupo de CHS
contou com 76% de participantes do sexo feminino, com idades entre 18 e 26 anos (M=
21,12; Dp= 1,87).
A área de CEE incluiu estudantes de diferentes cursos de Engenharia, Física e
Biotecnologia. Da área de CHS, participaram estudantes de Arquivologia,
Biblioteconomia, Comunicação Social, História, Psicologia, entre outros cursos. A
amostra foi constituída por conveniência e os participantes foram recrutados por meio de
divulgação interna na universidade (ANEXO I).
Os critérios de inclusão foram: a) estar cursando a graduação em CEE ou CHS; b)
ter o Português como língua nativa; e c) ter idade entre 18 e 35 anos. Foram adotados
como critérios de exclusão: a) a presença de história prévia de doenças neurológicas; b)
o uso de drogas psicoativas; e c) limitações motoras ou sensoriais não corrigidas que
pudessem comprometer a execução das tarefas. Essas informações foram obtidas por
meio de entrevista estruturada, adaptada de Melchiades (2014), para coleta de dados
sociodemográficos e breve histórico médico (ANEXO II). Quanto à faixa etária, 30% dos
32
participantes tinham entre 18 e 20 anos, 60% entre 21 e 23, e 10% entre 24 e 26 anos. Em
relação à renda familiar, 42% declararam ser entre dois e cinco salários-mínimos, 32%
entre cinco e dez salários-mínimos, 14% acima de dez salários-mínimos e 12% até dois
salários-mínimos. Dentre os dezoito participantes que referiram problemas psiquiátricos
(36%), seis informaram Transtorno de Ansiedade Generalizada, quatro Transtorno de
Ansiedade Generalizada associado a Transtorno Depressivo, três Transtorno Depressivo,
dois Transtorno de Ansiedade Social, um Transtorno Depressivo associado a Transtorno
Obsessivo-Compulsivo, um Transtorno de Pânico e um Transtorno de Ansiedade
Generalizada associado a Transtorno Depressivo e Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade. Seis desses participantes fazem uso de psicofármacos que alegam não
interferir em seu desempenho diário. A inclusão da questão sobre a presença de alguma
doença psiquiátrica no questionário teve como intenção poder detectar algum transtorno
grave e observar melhor algum grau de desconforto acima do esperado durante a execução
das tarefas, o que não ocorreu. A decisão de manter estes dezoito participantes no estudo
foi baseada na avaliação da pesquisadora – psicóloga –, a partir das respostas fornecidas
durante a entrevista estruturada, visto que a maioria destes estudantes reportaram não ter
um diagnóstico feito por um profissional de saúde mental. Alguns sequer tinham certeza
quanto a um diagnóstico, enquanto outros usavam o senso comum para se
autodiagnosticar. Quanto aos seis que fazem uso de psicofármacos sob orientação médica,
todos relataram estar em condições favoráveis à realização das tarefas. As Figuras 2 e 3
apresentam o perfil sociodemográfico da amostra total e separada por grupos,
respectivamente. Todos os participantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE) antes do início da coleta de dados (ANEXO III).
33
Figura 5
Distribuição da porcentagem de pessoas por idade, renda, presença ou ausência
de doença psiquiátrica e uso de medicação em toda a amostra.
Figura 6
Distribuição da porcentagem de pessoas por idade, renda, presença ou ausência
de doença psiquiátrica e uso de medicação por grupo.
de 1
8 a
20
de 2
1 a
23
de 2
4 a
26
< 2
salá
rios
mín
imos
de 2
a 5
sal
ário
s m
ínim
os
de 5
a 1
0 sa
lário
s mín
imos
> 10
salá
rios
mín
imos sim
não
sim
não
Idade Renda DoençaPsiquiátrica
Usamedicamento
30
60
10 12
4232
14
36
64
12
88de
18
a 20
de 2
1 a
23
de 2
4 a
26
< 2
salá
rios
mín
imos
de 2
a 5
sal
ário
sm
ínim
os
de 5
a 1
0 sa
lário
sm
ínim
os
> 10
sal
ário
s m
ínim
os sim
não
sim
não
Idade Renda DoençaPsiquiátrica
Usamedicamento
24
68
8 1236 32
2036
64
12
88
3652
12 12
4832
8
36
64
12
88
Exatas Humanas
34
Materiais
Instrumentos
Para a avaliação do controle inibitório e da flexibilidade cognitiva, dois dos
principais subcomponentes das FE, foram utilizados os seguintes instrumentos: FDT,
HAYLING, GAN e TFVA. Dois destes instrumentos fazem uso de números – FDT e
GAN – e dois utilizam palavras – HAYLING e TFVA.
Com o objetivo de verificar possíveis interferências do fator inteligência nos
resultados das avaliações, também foi aplicada aos participantes a Escala Wechsler
Abreviada de Inteligência – WASI (Wechsler, 2014).
A escolha dos instrumentos da pesquisa pautou-se nos seguintes critérios: (a)
testes ou tarefas de avaliação das FE que utilizam números ou palavras; (b) testes
aprovados pelo Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI), quando
possível; (c) testes de uso frequente em pesquisa e na prática clínica; (d) tempo de
execução; (e) existência de estudos com adaptação e normas brasileiras e pesquisas
nacionais com esses instrumentos.
Dentre os instrumentos utilizados, o FDT e a WASI são testes padronizados, de
uso privativo do psicólogo, aprovados pelo SATEPSI e encontram-se favoráveis para uso.
Os demais são tarefas de avaliação neuropsicológica publicadas em artigos ou capítulos
de livros, com estudos de normatização publicados. As respectivas referências
encontram-se na descrição de cada instrumento. Foram utilizados todos os procedimentos
indicados e materiais necessários à aplicação de cada instrumento, como manuais e/ou
artigos, protocolos de registro e aplicação, tabelas normativas e instruções para correção.
Os instrumentos estão descritos a seguir, na ordem em que foram aplicados na coleta de
dados.
35
Escala Wechsler Abreviada de Inteligência
A WASI é um instrumento breve de avaliação da inteligência, para uso em
contextos clínicos e de pesquisa. Ela é composta de quatro subtestes – Vocabulário,
Cubos, Semelhanças e Raciocínio Matricial –, que avaliam o funcionamento intelectual
geral, verbal e não verbal. A WASI fornece informações sobre o QI Total, QI de Execução
e QI Verbal. A escala permite, ainda, a avaliação do QI Total a partir da aplicação de dois
subtestes apenas. Neste estudo, foram aplicados os quatro subtestes da escala. O subteste
Vocabulário é composto por 42 itens apresentados individualmente ao participante, oral
e visualmente, para que este os defina. O subteste Cubos é composto por 13 desenhos
geométricos bidimensionais que devem ser reproduzidos pelo avaliando utilizando cubos
de duas cores. No subteste Semelhanças, o participante deve explicar o que há em comum
entre pares de palavras que representam objetos ou conceitos e que lhe são apresentados
oralmente. O subteste Raciocínio Matricial consiste na apresentação de 35 matrizes, cada
uma contendo um padrão incompleto. O examinando deve identificar, entre cinco
alternativas, aquela que melhor completa a matriz que está sendo exibida. Embora todos
os subtestes avaliem a inteligência geral, eles também são, respectivamente, medidas de
inteligência cristalizada, coordenação visuomotora, raciocínio verbal abstrato e raciocínio
fluido não verbal (Wechsler, 2014). Neste estudo, optou-se pela utilização dos três índices
fornecidos – QI Verbal, QI de Execução e QI Verbal – expressos em percentis nas análises
descritivas e em escore-z para as demais análises.
Teste dos Cinco Dígitos
O FDT é um instrumento desenvolvido para a avaliação do controle inibitório e
da flexibilidade cognitiva por meio do paradigma da interferência, também chamado de
efeito Stroop (denominação que deriva de teste homônimo), no qual uma rotina
36
automática deve ser inibida e substituída por uma outra, controlada. Além de ser um teste
simples e rápido, o FDT apresenta a vantagem de utilizar estímulos pouco sensíveis a
diferenças sociodemográficas (somente leitura de dígitos e contagem de quantidades de
1 a 5), tornando-o acessível a diversas populações e possibilitando sua aplicação em
qualquer idioma (Sedó et al., 2015). Sua validade ecológica foi avaliada em estudo (Paiva
et al., 2016) que identificou que sua medida de flexibilidade foi a mais preditiva de falhas
cognitivas na vida real, conforme relatadas pelos participantes no Questionário de Falhas
Cognitivas. O efeito de interferência ocorre quando é preciso processar duas informações
conflitantes e selecionar a menos automática ou dominante (Campos et al., 2016). O
controle dessa interferência é um aspecto do controle inibitório, avaliado nessa tarefa.
Desenvolvido por Sedó (2007), o FDT é composto por quatro etapas – leitura, contagem,
escolha e alternância –, cada uma delas precedida por uma sessão de treino. As duas
primeiras etapas envolvem processos automáticos e as duas últimas processos
controlados. Na etapa de leitura, o participante deve ler dígitos em quantidades que
correspondem a seus valores, reconhecendo e nomeando os números. Na fase de
contagem, o participante deve contar asteriscos agrupados de um a cinco e informar a
quantidade de asteriscos em cada grupo. Na etapa de escolha, há uma demanda maior de
mobilização de recursos cognitivos superiores, visto que o participante deve dizer quantos
números existem em cada estímulo, inibindo a leitura dos números impressos nos
estímulos (que, nessa fase, substituem os asteriscos da etapa anterior). A última fase, de
alternância, exige controle ainda maior, já que estímulos com borda mais grossa sinalizam
ao participante a necessidade de leitura de apenas um dos dígitos do grupo,
diferentemente dos demais estímulos dessa etapa, que devem receber o mesmo tratamento
da fase anterior (escolha). Além de avaliar o controle inibitório, a etapa de alternância
verifica também a flexibilidade cognitiva (Campos et al., 2016). São obtidas medidas de
37
tempo e erros (velocidade de processamento e eficiência das respostas) para cada uma
das quatro etapas, além de dois outros índices relevantes: inibição e flexibilidade. No
presente estudo, os índices selecionados para análise foram: escolha, alternância,
flexibilidade e inibição, expressos em percentis nas análises descritivas e em escore-z nas
demais análises. A obtenção das pontuações e respectivos percentis foi feita com base nas
normas publicadas no manual do teste. Posteriormente, para fins de comparação com os
resultados dos demais testes de forma mais precisa, foi calculado o escore-z, tomando-se
por base a média e o desvio-padrão também publicados nas normas, procedimento
igualmente adotado em estudos anteriores (Machado et al., 2017; Paranhos, 2019; Santos,
2019; Segamarchi, 2018) . Por não contribuírem para o objetivo da pesquisa, visto que
não avaliam FE, os índices de leitura e contagem não foram considerados nas análises
estatísticas.
Teste Hayling
O Teste Hayling é também um instrumento de avaliação de FE, mais
especificamente de iniciação e inibição verbal. Desenvolvido por Burgess e Shallice
(1997) e adaptado ao português brasileiro por Fonseca et al. (2010), é composto por duas
partes, com 15 frases cada, nas quais a última palavra é omitida. Na parte A, cada frase
deve ser completada oralmente pelo participante, o mais rapidamente possível, com uma
palavra (altamente previsível) que lhe dê sentido, ou seja, que se encaixe semântica e
sintaticamente na frase (ex.: O Brasil é um grande ____, onde a resposta esperada é
país.)8. Na parte B, a instrução é a mesma, só que a palavra deve ser aleatória e não deve
manter qualquer relação de sentido com a frase (ex.: O índice de votos nulos aumentou
nesta ____, onde uma resposta possível é abacaxi.). A tarefa tem por base o modelo
8 Para evitar a divulgação de conteúdo do teste, os exemplos apresentados neste estudo são semelhantes àqueles contidos no teste, e não exemplos reais do instrumento.
38
teórico do SAS, anteriormente descrito. Avalia, portanto, de forma separada, os dois
mecanismos envolvidos no modelo – o processo organizador pré-programado e o
controlador atencional supervisor. A parte A avalia principalmente a iniciação verbal,
velocidade de processamento e processos sintático-semânticos, enquanto a parte B avalia
controle inibitório, flexibilidade cognitiva e velocidade de processamento. Cinco medidas
são obtidas: acerto ou erro na evocação da palavra, conforme instruções das partes A e
B; tempo de latência para a verbalização da palavra, também em cada parte; e diferença
entre os tempos totais de latência da parte B e A (Fonseca et al., 2010). O teste permite,
ainda, uma avaliação qualitativa a partir desses erros e das diferentes estratégias adotadas
na Parte B (omissões, repetições de uma mesma palavra, uso de palavra semanticamente
relacionada à frase, uso de palavras que nomeiam algum objeto presente na sala, etc.)
(Miotto et al., 2018; Zimmermann et al., 2017). Por questões de tempo e tamanho da
amostra, o presente estudo restringiu-se à análise quantitativa dos resultados de todos os
instrumentos de avaliação. Todas as medidas fornecidas pela tarefa foram utilizadas nas
análises estatísticas, e os resultados foram expressos em percentis nas análises descritivas
e em escore-z nas demais análises. Para fins deste estudo, foram adotados os
procedimentos de aplicação, registro9, pontuação e interpretação fornecidos por Fonseca
et al. (2010) e os dados normativos apresentados por Zimmermann et al. (2017).
Geração Aleatória de Números
O GAN é um instrumento sobre o qual parece haver um consenso em relação às
habilidades executivas exigidas para sua realização, particularmente o monitoramento e
atualização da informação na memória de trabalho (updating), o controle inibitório e, em
9 A única alteração adotada nos procedimentos de registro foi a gravação, em áudio, da realização da tarefa, para posterior conferência dos registros anotados. Essa medida visou à obtenção de maior acurácia nos registros e já foi anteriormente adotada no estudo de Siqueira, Scherer, Reppold e Fonseca (2010).
39
menor medida, a flexibilidade cognitiva. O teste é considerado surpreendentemente
complexo, apesar de sua execução parecer fácil. Sua complexidade reside na variedade
de processos cognitivos recrutados para a geração de uma sequência randômica. Quando
os resultados são avaliados com base em critérios de aleatoriedade, o desempenho é
geralmente fraco. O aumento da velocidade do teste também leva a uma piora no
desempenho, redução da sincronicidade com o estímulo auditivo, e à adoção de
estratégias simplistas, como a contagem (Jahanshahi et al., 2006; Sexton & Cooper,
2014). Na clínica, análises qualitativas poderiam ser realizadas a partir dos resultados do
teste, como a estratégia empregada (ex. sequências de números pares e ímpares), a
tendência à contagem sequencial ou em séries, ou a ocorrência de padrões repetidos. A
tarefa consiste em solicitar ao participante que verbalize um número de 1 a 10, em ordem
aleatória, cada vez que ouvir um estímulo sonoro de um metrônomo, previamente
gravado. Os números não podem ser sequenciais (como 5-6-7, ou 4-3-2, por exemplo) e
não é permitido que se repitam números próximos a outro dito recentemente. São
realizadas duas rodadas. Na primeira, com duração de 90s, o intervalo de tempo entre os
estímulos é de 2s (GAN-2s), e espera-se obter 45 números aleatórios. A segunda rodada
tem duração igual, mas o intervalo de tempo entre os estímulos é menor (1s), o que exige
maior velocidade do participante (GAN-1s) e a produção de 90 números aleatórios. Após
as instruções, foi realizado um rápido ensaio para familiarização com o ritmo e o estímulo
sonoro. As medidas obtidas incluem o total de acertos, número de erros por omissões, por
repetições (erros perseverativos) e por emissão de sequências numéricas crescentes ou
decrescentes (Viapiana et al., 2017). As medidas utilizadas neste estudo foram: número
de acertos com intervalo de 2s; número de acertos com intervalo de 1s; e a diferença entre
GAN-1s e GAN-2s, com resultados expressos em percentis nas análises descritivas e em
escore-z nas demais análises. Essa tarefa compartilha vários processos em comum com o
40
TFVA, descrito a seguir, particularmente a inibição de respostas não adequadas à regra e
a monitoração das respostas prévias. A versão utilizada neste estudo e respectivos
procedimentos de aplicação, registro10, pontuação e interpretação, bem como os dados
normativos, são aqueles apresentados por Viapiana et al. (2017).
Teste de Fluência Verbal Alternada
Uma das tarefas mais utilizadas na avaliação das FE é a fluência verbal, tanto
fonêmica quanto semântica, em suas várias versões, uma vez que exigem o
monitoramento das regras e a inibição de respostas inadequadas, além de habilidades
linguísticas (Campanholo et al., 2017). Os testes de fluência verbal (TFV) envolvem,
ainda, a busca e a recuperação de dados na memória de longo prazo, além de exigir
habilidades de autorregulação, organização e memória operacional, sendo, por isso,
considerados indicadores do funcionamento das FE. No entanto, os TFV são ferramentas
úteis também na avaliação de uma série de construtos cognitivos, como linguagem,
velocidade de processamento e inteligência (Paula et al., 2013). O TFVA também permite
uma análise qualitativa da produção de palavras, sendo possível analisar o agrupamento
por subcategorias, ou clusters (ex. animais domésticos, selvagens, peixes, etc.) e as trocas
de subcategorias, o que demonstraria a adoção de uma estratégia na execução da tarefa
(Silva et al., 2011). Comparado a outras versões de testes de fluência verbal, o TFVA
demonstrou maior associação entre flexibilidade cognitiva e o número de pares de
categorias alternadas produzidos durante a tarefa. O instrumento poderia, desta forma, ser
uma variação simples de outras versões de tarefas de fluência verbal, mas com maior
especificidade para a avaliação de FE (Paula et al., 2015).
10 A única alteração nos procedimentos de registro originais foi a gravação, em áudio, da realização da tarefa, para posterior conferência dos registros anotados. Essa medida visou à obtenção de maior acurácia nos registros.
41
Nos TFV semântica, o participante deve enumerar, durante o período de 1 minuto,
todas as palavras que conseguir, dentro de uma determinada categoria, como animais ou
frutas (Silva et al., 2011). Já nos TFV fonológica, o participante deve dizer todas as
palavras que conseguir, iniciadas por uma determinada letra, como F, A e S, também no
período de 1 minuto para cada letra. A versão utilizada neste estudo é a versão modificada
do Teste de Fluência Verbal Alternada (Paula et al., 2018), na qual as demandas
executivas, particularmente aquelas relacionadas à flexibilidade cognitiva, são
aumentadas, uma vez que o participante deve alternar entre categorias. Nessa versão
adaptada de fluência verbal semântica, há três etapas: na primeira, o participante deve
produzir, durante um minuto, o maior número de nomes de animais que conseguir; na
segunda etapa, o procedimento é repetido, desta vez com a enumeração de nomes de
frutas; na terceira etapa, o participante deve alternar entre essas categorias, também
durante um minuto, podendo repetir palavras já mencionadas nas duas etapas anteriores.
Todas as palavras ditas pelo participante devem ser registradas no protocolo de aplicação
(ANEXO IV), reproduzido e utilizado com permissão do autor (ANEXO V). Cada
período de 60 segundos deve ser dividido em quatro blocos de 15 segundos cada, que
devem ser identificados no protocolo de aplicação por um traço a cada 15 segundos (15s,
30s, 45s e 60s). As palavras repetidas em cada uma das duas primeiras etapas, caso
ocorram, devem ser registradas e identificadas com um “R” na frente. Outro tipo de erro,
como palavras que não pertencem à categoria, deve ser identificado com um “E”. Na
terceira etapa, de alternância, os pares devem ser agrupados por chaves. A correção deve
conter, para cada etapa, o registro da quantidade de palavras corretas, dos erros
perseverativos (palavras repetidas) e de outros erros. Na terceira etapa, também será
registrado o número de pares corretos (animal-fruta ou fruta-animal), visto ser essa a
principal medida de flexibilidade cognitiva. Foram utilizados os procedimentos de
42
aplicação, registro11, pontuação, interpretação e dados normativos preliminares
apresentados pelos autores para a avaliação do desempenho dos participantes. As medidas
utilizadas nas análises estatísticas deste estudo foram: fluência verbal (categoria animais);
fluência verbal (categoria frutas); alternância; e número de pares corretos na alternância.
Os resultados foram expressos em percentis nas análises descritivas e em escore-z nas
demais análises.
Tarefas bipartidas como as utilizadas neste estudo exigem a mudança de uma
atividade automática, mais simples, para um processo mais complexo e controlado de
pensamento e ação exigido em situações não usuais (Zimmermann et al., 2017).
Equipamentos
Para todas as tarefas com medida de tempo, foi utilizado um cronômetro da marca
Vollo, modelo VL-501. Os estímulos sonoros necessários à aplicação do GAN foram
gravados em arquivo de áudio e apresentados aos participantes a partir de um notebook
Samsung Style S51pen. Por serem tarefas cujo registro, em alguns casos, exige muita
velocidade, e de modo a permitir a verificação posterior da acurácia dos registros de
tempo e produção durante as tarefas, toda a coleta de dados foi gravada em áudio, em um
iPhone 7S Plus, com o devido consentimento individual dos participantes, expresso no
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Ambiente
A coleta foi realizada no Laboratório Integrado de Pós-Graduação e Pesquisa
Experimental em Psicologia com Humanos (LIPSI), do Instituto de Psicologia da
11 A única alteração nos procedimentos de registro originais foi a gravação, em áudio, da realização da tarefa, para posterior conferência dos registros anotados. Essa medida visou à obtenção de maior acurácia nos registros.
43
Universidade de Brasília (UnB). Foi utilizada uma sala de aproximadamente 6m²,
climatizada, bem iluminada, sem ruídos ou interferências, contendo uma mesa e duas
cadeiras, uma utilizada pela pesquisadora e outra pelo participante, sentando-se um de
frente para o outro.
Procedimento
O estudo contou com uma única sessão de coleta com duração aproximada de 80
minutos. O tempo de aplicação de cada instrumento está ilustrado na Figura 4. A partir
de agendamento prévio, cada participante era recebido pela pesquisadora na recepção do
LIPSI e acompanhado à sala de coleta, onde era convidado a acomodar-se em uma
cadeira. Após o estabelecimento de rapport, era realizada a leitura e assinatura do Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido, seguidas da aplicação do Questionário
Sociodemográfico (QS) por meio de entrevista estruturada.
Após essa etapa inicial, foram aplicados os instrumentos selecionados para o
estudo, na seguinte ordem: 1) WASI; 2) FDT; 3) Teste HAYLING; 4) GAN; e 5) TFVA.
A aplicação de cada instrumento seguiu rigorosamente as instruções indicadas em seus
respectivos manuais ou capítulos dos livros em que são apresentados. Suas descrições e
referências estão contidas na seção Instrumentos.
Figura 4
Tempo e sequência de aplicação dos instrumentos, totalizando 80 minutos.
20min 30min 10min 10min 5min 5min
A seleção dos instrumentos se deu de modo a atender aos objetivos do estudo.
Desta forma, foram buscadas tarefas de avaliação de subcomponentes das FE que
TCLE+QS WASI Hayling TFVA GAN FDT
44
utilizassem números e palavras. A sequência de aplicação escolhida incluiu a bateria
breve de inteligência inicialmente, por ser mais longa, seguida das tarefas de FE,
alternando-se entre aquelas que envolvem números e as que fazem uso de palavras.
Delineamento Experimental e Análise Estatística
O presente estudo apresenta um delineamento quasi-experimental, visto que a
seleção da amostra foi por conveniência, a distribuição dos grupos pelas condições
experimentais não foi aleatória, e por não haver manipulação da variável independente
(Fife-Schaw, 2010, p. 504). As variáveis independentes (VI) adotadas foram a formação
em CEE ou CHS; a variável dependente (VD) foi o desempenho na realização de tarefas
que utilizam números e palavras para a avaliação dos subcomponentes controle inibitório
e flexibilidade cognitiva das FE. Os resultados foram analisados entre grupos, de acordo
com as áreas de estudo (CEE e CHS). Foram comparados os desempenhos dos
participantes nas tarefas de avaliação das FE com números e com palavras em cada grupo.
As análises foram realizadas utilizando o pacote estatístico Statistical Package for
the Social Sciences (SPSS 22.0). Inicialmente, foi realizado o teste de normalidade
Kolmogorov-Smirnov, para verificação da distribuição dos dados. A maioria dos dados,
em todas as variáveis, apresentou um valor estatisticamente significativo (p < 0,05) no
referido teste, o que implica dizer que as amostras dos dois grupos apresentaram
distribuição de dados diferente. Desta forma, foi realizada uma análise não paramétrica
dos dados. Os testes estatísticos empregados para a comparação entre os grupos foram
Mann-Whitney (U) e Wilcoxon (W). Para essa análise, foram utilizados os resultados
expressos em escore-z. Foram realizadas, ainda, análises correlacionais entre os testes
FDT e GAN, HAYLING e TFVA, e entre a escala WASI e os testes que avaliam FE. Para
tanto, foi utilizado o teste estatístico de correlação de rô de Spearman. Além das análises
45
supracitadas, foi feita uma análise descritiva, por grupo, utilizando os resultados de todas
as tarefas, em percentis. Com exceção do FDT, cujos percentis adotados foram aqueles
descritos no manual do teste, para os demais instrumentos foi feita a conversão dos
escores-z em percentis de acordo com as tabelas publicadas em Miotto et al. (2018) e
Strauss et al. (2006). Embora nas demais análises se tenha utilizado o escore-Z, a fim de
se obter valores mais pontuais, diferentemente daqueles distribuídos em faixas, nas
análises descritivas optou-se pelo uso dos percentis, uma vez que estes últimos
geralmente representam faixas de desempenho relacionadas a determinadas
classificações12.
12 Muito superior, superior, média superior, média, média inferior, limítrofe e deficitária (Miotto et al., 2018).
46
Resultados
Uma vez que os dados apresentaram distribuição fora da curva de normalidade,
foram realizadas análises não-paramétricas neste estudo. Para a comparação, entre
grupos, do desempenho nas tarefas que avaliam FE, foram realizados os testes estatísticos
de Mann-Whitney e Wilcoxon. Foram feitas análises para os testes que utilizam números
– FDT e GAN –, para os que utilizam palavras – HAYLING e TFVA –, e para verificar
possível interferência do fator inteligência nos resultados obtidos. Para essas análises, foi
utilizado o escore-z.
A seguir são apresentadas as análises descritivas. As Tabelas 1, 2, 3, 4 e 5
contemplam, respectivamente, o desempenho de cada grupo e de toda a amostra reunida
em cada um dos testes aplicados: WASI (medidas de QI), FDT, HAYLING, GAN e
TFVA. Os resultados estão expressos em percentis. O ANEXO VI apresenta a mesma
informação em forma de gráficos.
47
Tabela 1
Análise descritiva dos resultados da avaliação de inteligência.
Percentil <5 = deficitário; 5-8 = limítrofe; 9-24 = média inferior; 25-74 = média;
75-90 = média superior; 91-97 = superior; >97 = muito superior (Miotto et al., 2018).
As células assinaladas em laranja indicam desempenho limítrofe. As células
assinaladas em amarelo indicam desempenho na média-inferior.
Entre os resultados apresentados na Tabela 1, ainda que não seja o foco deste
estudo, nos chama a atenção a presença de um participante com desempenho na categoria
limítrofe, no QI de Execução, e alguns outros na média inferior, presentes em todas as
medidas de QI, resultados não esperados para alunos de graduação em uma universidade
pública, cujo processo seletivo costuma ser rigoroso.
Grupo Percentil QI Verbal QI Execução QI Total
N % N % N %
Exatas
<5 0 0,0 0 0,0 0 0,0
5-8 0 0,0 0 0,0 0 0,0
9-24 2 8,0 3 12,0 2 8,0
25-74 12 48,0 11 44,0 13 52,0
75-90 7 28,0 9 36,0 7 28,0
91-97 4 16,0 1 4,0 3 12,0
>97 0 0,0 1 4,0 0 0,0
Humanas
<5 0 0,0 0 0,0 0 0,0
5-8 0 0,0 1 4,0 0 0
9-24 0 0,0 5 20,0 0 0,0
25-74 17 68,0 16 64,0 21 84,0
75-90 4 16,0 3 12,0 1 4,0
91-97 3 12,0 0 0,0 3 12,0
>97 1 4,0 0 0,0 0 0,0
Exatas + Humanas
<5 0 0 0 0 0 0
5-8 0 0 1 2,0 0 0
9-24 2 4,0 8 16,0 2 4,0
25-74 29 58,0 27 54,0 34 68,0
75-90 11 22,0 12 24,0 8 16,0
91-97 7 14,0 1 2,0 6 12,0
>97 1 2,0 1 2,0 0 0,0
48
Tabela 2
Análise descritiva dos resultados da avaliação de inibição e flexibilidade (FDT).
Grupo
Percentil FDT TE FDT EE FDT TA FDT EA FDT IN FDT FLEX
N % N % N % N % N % N %
<5 1 4,0 0 0,0 0 0,0 1 4,0 0 0,0 0 0,0
5-25 6 24,0 0 0,0 6 24,0 1 4,0 7 28,0 3 12,0
25-50 3 12,0 5 20,0 7 28,0 1 4,0 3 12,0 10 40,0
Exatas 50-75 8 32,0 0 0,0 5 20,0 0 0,0 5 20,0 5 20,0
75-95 5 20,0 0 0,0 5 20,0 0 0,0 9 36,0 7 28,0
>95 2 8,0 0 0,0 2 8,0 0 0,0 1 4,0 0 0,0
NULO 0 0,0 20 80% 0 0,0 22 88,0 0 0,0 0 0,0
<5 0 0,0 2 8,0 1 4,0 0 0,0 1 4,0 1 4,0
5-25 10 40,0 4 16,0 6 24,0 7 28,0 8 32,0 3 12,0
25-50 7 28,0 5 20,0 6 24,0 5 20,0 7 28,0 8 32,0
Humanas 50-75 2 8,0 0 0,0 6 24,0 0 0,0 5 20,0 8 32,0
75-95 4 16,0 0 0,0 6 24,0 0 0,0 4 16,0 5 20,0
>95 2 8,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0
NULO 0 0,0 14 56,0 0 0,0 13 52,0 0 0,0 0 0,0
<5 1 2,0 2 4,0 1 2,0 1 2,0 1 2,0 1 2,0
5-25 16 32,0 4 8,0 12 24,0 8 16,0 15 30,0 6 12,0
25-50 10 20,0 10 20,0 13 26,0 6 12,0 10 20,0 18 36,0
Exatas + Humanas
50-75 10 20,0 0 0,0 11 22,0 0 0,0 10 20,0 13 26,0
75-95 9 18,0 0 0,0 11 22,0 0 0,0 13 26,0 12 24,0
>95 4 8,0 0 0,0 2 4,0 0 0,0 1 2,0 0 0,0
NULO 0 0,0 34 68,0 0 0,0 35 70,0 0 0,0 0 0,0
Percentil <5 = deficitário; 5-25 = limítrofe; 25-75 = média; 75-95 = superior; >95 = muito superior; NULO = significa
que nenhum erro foi cometido (Sedó et al., 2015).
TE: tempo de escolha; EE: erros de escolha; TA: tempo de alternância; EA: erros de alternância; IN: inibição; FLEX:
flexibilidade.
As células assinaladas em laranja indicam desempenho deficitário e limítrofe. As células assinaladas em amarelo
indicam desempenho na média-inferior.
A Tabela 2 demonstra desempenhos deficitários e limítrofes na avaliação de
controle inibitório e flexibilidade cognitiva. Todas as medidas do teste FDT apresentaram
algum resultado nessas duas categorias, algo igualmente inesperado para a amostra.
49
Tabela 3
Análise descritiva dos resultados da avaliação de controle inibitório (HAYLING).
Grupo Percentil HAYLING TA HAYLING EA HAYLING TB HAYLING EB HAYLING T B-A
N % N % N % N % N %
Exatas
<5 0 0,0 10 40,0 0 0,0 1 4,0 1 4,0
5-8 0 0,0 0 0,0 1 4,0 2 8,0 0 0
9-24 1 4,0 0 0,0 2 8,0 1 4,0 2 8,0
25-74 7 28,0 15 60,0 9 36,0 19 76,0 15 60,0
75-90 12 48,0 0 0,0 13 52,0 2 8,0 7 28,0
91-97 5 20,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0
>97 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0
Humanas
<5 0 0,0 7 28,0 2 8,0 2 8,0 2 8,0
5-8 1 4,0 0 0 0 0,0 1 4,0 0 0,0
9-24 1 4,0 0 0 0 0,0 5 20,0 0 0,0
25-74 11 44,0 18 72,0 9 36,0 15 60,0 12 48,0
75-90 9 36,0 0 0,0 11 44,0 2 8,0 11 44,0
91-97 2 8,0 0 0,0 3 12,0 0 0,0 0 0,0
>97 1 4,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0
Exatas + Humanas
<5 0 0,0 17 34,0 2 4,0 3 6,0 3 6,0
5-8 1 2,0 0 0,0 1 2,0 3 6,0 0 0,0
9-24 2 4,0 0 0 2 4,0 6 12,0 2 4,0
25-74 18 36,0 33 66,0 18 36,0 34 68,0 27 54,0
75-90 21 42,0 0 0,0 24 48,0 4 8,0 18 36,0
91-97 7 14,0 0 0,0 3 6,0 0 0,0 0 0,0
>97 1 2,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0
Percentil <5 = deficitário; 5-8 = limítrofe; 9-24 = média inferior; 25-74 = média; 75-90 = média superior; 91-97 = superior;
>97 = muito superior (Miotto et al., 2018).
TA: tempo na parte A; EA: erros na parte A; TB: tempo na parte B; EB: erros na parte B; TB-A: tempo na parte B
menos tempo na parte A (controle inibitório).
As células assinaladas em laranja indicam desempenho deficitário e limítrofe. As células assinaladas em amarelo
indicam desempenho na média-inferior.
Conforme se vê na Tabela 3, houve um acentuado índice de desempenhos
deficitários, a maioria nos erros na etapa A do teste HAYLING, que avalia a iniciação
verbal. Desempenhos limítrofes e na média inferior também estiveram presentes na
avaliação do controle inibitório (etapas B e B-A).
50
Tabela 4
Análise descritiva dos resultados da avaliação de controle inibitório e flexibilidade
cognitiva (GAN).
Grupo Percentil GAN A2S GAN A1S GAN A1S-A2S
N % N % N %
Exatas
<5 16 64,0 19 76,0 13 52,0
5-8 3 12,0 2 8,0 7 28,0
9-24 3 12,0 2 8,0 1 4,0
25-74 3 12,0 2 8,0 4 16,0
75-90 0 0,0 0 0,0 0 0,0
91-97 0 0,0 0 0,0 0 0,0
>97 0 0,0 0 0,0 0 0,0
Humanas
<5 16 64,0 19 76,0 10 40,0
5-8 5 20,0 3 12,0 6 24,0
9-24 1 4,0 1 4,0 6 24,0
25-74 3 12,0 1 4,0 2 8,0
75-90 0 0,0 1 4,0 0 0,0
91-97 0 0,0 0 0,0 1 4,0
>97 0 0,0 0 0,0 0,0 0,0
Exatas + Humanas
<5 32 64,0 38 76,0 23 46,0
5-8 8 16,0 5 10,0 13 26,0
9-24 4 8,0 3 6,0 7 14,0
25-74 6 12,0 3 6,0 6 12,0
75-90 0 0,0 1 2,0 0 0,0
91-97 0 0,0 0 0,0 1 2,0
>97 0 0,0 0 0,0 0,0 0,0
Percentil <5 = deficitário; 5-8 = limítrofe; 9-24 = média inferior; 25-74 = média;
75-90 = média superior; 91-97 = superior; >97 = muito superior (Miotto et al., 2018).
A2S: acertos com intervalo de 2 seg.; A1S: acertos com intervalo de 1 seg.;
A1S-A2S: acertos com intervalo de 1 seg. menos acertos com intervalo de 2 seg.
(controle inibitório e flexibilidade cognitiva).
As células assinaladas em laranja indicam desempenho limítrofe. As células
assinaladas em amarelo indicam desempenho na média-inferior.
A Tabela 4 apresenta os resultados do teste no qual o desempenho dos
participantes foi o mais inesperado – GAN. A maioria da amostra obteve resultados
equivalentes a um desempenho deficitário, seguido pelo desempenho limítrofe e na média
inferior, o que provavelmente não corresponde ao perfil deste grupo. O teste avalia
51
controle inibitório, flexibilidade cognitiva e memória de trabalho, sendo este último
componente das FE fora do escopo deste estudo.
Tabela 5
Análise descritiva dos resultados da avaliação de controle inibitório e flexibilidade
cognitiva (TFVA).
Grupo Percentil TFVA A TFVA F TFVA ALT TFVA ALT_P
N % N % N % N %
Exatas
<5 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0
5-8 0 0,0 1 4,0 1 4,0 1 4,0
9-24 2 8,0 3 12,0 2 8,0 4 16,0
25-74 16 64,0 13 52,0 14 56,0 13 52,0
75-90 4 16,0 7 28,0 5 20,0 5 20,0
91-97 2 8,0 1 4,0 2 8,0 1 4,0
>97 1 4,0 0 0,0 1 4,0 1 4,0
Humanas
<5 0 0 0 0 1 4,0 1 4,0
5-8 1 4,0 1 4,0 1 4,0 2 8,0
9-24 5 20,0 4 16,0 6 24,0 6 24,0
25-74 16 64,0 15 60,0 10 40,0 12 48,0
75-90 2 8,0 3 12,0 4 16,0 2 8,0
91-97 1 4,0 2 8,0 2 8,0 2 8,0
>97 0 0,0 0 0,0 1 4,0 0 0,0
Exatas + Humanas
<5 0 0,0 0 0,0 1 2,0 1 2,0
5-8 1 2,0 2 4,0 2 4,0 3 6,0
9-24 7 14,0 7 14,0 8 16,0 10 20,0
25-74 32 64,0 28 56,0 24 48,0 25 50,0
75-90 6 12,0 10 20,0 9 18,0 7 14,0
91-97 3 6,0 2 4,0 4 8,0 3 6,0
>97 1 2,0 1 2,0 2 4,0 1 2,0
Percentil <5 = deficitário; 5-8 = limítrofe; 9-24 = média inferior; 25-74 = média; 75-90 = média
superior; 91-97 = superior; >97 = muito superior (Miotto et al., 2018).
TFVA A: fluência verbal – animais; TFVA F: fluência verbal – frutas; TFVA ALT: fluência
verbal alternada; TFVA ALT_P: fluência verbal alternada/pares.
As células assinaladas em laranja indicam desempenho limítrofe. As células assinaladas em
amarelo indicam desempenho na média-inferior.
Conforme se vê na Tabela 5, neste teste houve um pequeno índice de desempenhos
limítrofes e deficitários, a maioria concentrados nas etapas de avaliação da flexibilidade
cognitiva e do controle inibitório.
52
A Tabela 6 apresenta a comparação dos resultados dos dois grupos nos testes que
utilizam números para a avaliação das FE.
Tabela 6
Comparação do desempenho dos grupos nas tarefas que avaliam FE com uso de
números.
Variáveis Grupos N Média
dos Postos
U W Z p
FDT Tempo Escolha Score Z
exatas 25 29,20
220,00 545,00 -1,796 0,072 humanas 25 21,80 Total 50
FDT Erros Escolha Score Z
exatas 25 29,62
209,50 534,50 -2,302 0,021* humanas 25 21,38 Total 50
FDT Tempo Alternância Score Z
exatas 25 27,64
259,00 584,00 -1,039 0,299 humanas 25 23,36 Total 50
FDT Erros Alternância Score Z
exatas 25 29,60
210,00 535,00 -2,361 0,018* humanas 25 21,40 Total 50
FDT Inibição Score Z
exatas 25 29,16
221,00 546,00 -1,778 0,075 humanas 25 21,84 Total 50
FDT Flexibilidade Score Z
exatas 25 27,94
251,50 576,50 -1,186 0,236 humanas 25 23,06 Total 50
GAN (Acertos 2" Escore Z) – Controle Inibitório e Flexibilidade Cognitiva
exatas 25 25,98
300,50 625,50 -0,233 0,816 humanas 25 25,02 Total 50
GAN (Acertos 1" Escore Z) – Controle Inibitório e Flexibilidade Cognitiva
exatas 25 22,54
238,50 563,50 -1,437 0,151 humanas 25 28,46 Total 50
GAN (Acertos 1" - Acertos 2" Score Z) – Eficiência do Controle Inibitório e Flexibilidade Cognitiva
exatas 25 21,98
224,50 549,50 -1,709 0,088 humanas 25 29,02 Total 50
U (Mann-Whitney) e W (Wilcoxon)
*existe diferença estatística significativa p≤0,05
Como se pode observar, os dados apontam uma diferença estatisticamente
significativa entre os grupos de alunos de CEE e CHS no desempenho em tarefas que
53
avaliam as FE utilizando números somente em relação ao teste FDT, nas dimensões erros
de escolha e erros de alternância, indicando que os alunos de CEE (Média dos Postos
erros de escolha = 29,62; Média dos Postos erros de alternância = 29,60) apresentaram
melhor desempenho nestes aspectos do que os alunos de CHS (Média dos Postos erros de
escolha = 21,38; Média dos Postos erros de alternância = 21,40). Já em relação às demais
dimensões do FDT e às medidas do teste GAN, não houve diferença estatisticamente
significativa entre o desempenho dos dois grupos.
A Tabela 7 apresenta a comparação dos resultados dos dois grupos nos testes que
utilizam palavras para a avaliação das FE.
54
Tabela 7
Comparação do desempenho dos grupos nas tarefas que avaliam FE com uso de
palavras.
Variáveis Grupos N Média
dos Postos
U W Z p
HAYLING Tempo A (Iniciação Verbal) Score Z
exatas 25 27,80
255,00 580,00 -1,116 0,264 humanas 25 23,20
Total 50
HAYLING Erros A (Iniciação Verbal) Score Z
exatas 25 23,78
269,50 594,50 -1,001 0,317 humanas 25 27,22
Total 50
HAYLING Tempo B (Controle Inibitório) Score Z
exatas 25 23,38
259,50 584,50 -1,028 0,304 humanas 25 27,62
Total 50
HAYLING Erros B (Controle Inibitório) Score Z
exatas 25 27,52
262,00 587,00 -1,010 0,313 humanas 25 23,48
Total 50
HAYLING T (B - A) (Controle Inibitório - Iniciação Verbal) Score Z = Controle inibitório
exatas 25 22,12
228,00 553,00 -1,640 0,101 humanas 25 28,88
Total 50
TFVA – Fluência Verbal Alternada - Animais Escore-Z
exatas 25 28,06
248,50 573,50 -1,247 0,212 humanas 25 22,94
Total 50
TFVA – Fluência Verbal Alternada - Frutas Escore-Z
exatas 25 27,20
270,00 595,00 -,831 0,406 humanas 25 23,80
Total 50
TFVA – Fluência Verbal Alternada - Alternada Escore-Z – Controle Inibitório e Flexibilidade Cognitiva
exatas 25 27,46
263,50 588,50 -,955 0,340 humanas 25 23,54
Total 50
TFVA – Fluência Verbal Alternada - Alt/Pares Escore-Z – Controle Inibitório e Flexibilidade Cognitiva
exatas 25 27,96
251,00 576,00 -1,206 0,228 humanas 25 23,04
Total 50
U (Mann-Whitney) e W (Wilcoxon)
Os dados relativos ao desempenho dos dois grupos nos testes que utilizam
palavras para a avaliação das FE (HAYLING e TFVA) não apontaram diferença
estatisticamente significativa entre os grupos em qualquer das dimensões avaliadas.
55
A Tabela 8 apresenta a comparação dos resultados dos dois grupos na avaliação
de inteligência.
Tabela 8
Comparação do desempenho dos grupos nas medidas de inteligência.
Variáveis Grupos N Média
dos Postos
U W Z p
QI VERBAL Score Z
exatas 25 25,36
309,00 634,00 -0,07 0,95 humanas 25 25,64
Total 50
QI EXECUÇÃO Score Z
exatas 25 28,80
230,00 555,00 -1,60 0,11 humanas 25 22,20
Total 50
QI TOTAL Score Z
exatas 25 27,42
264,50 589,50 -0,93 0,35 humanas 25 23,58
Total 50 U (Mann-Whitney) e W (Wilcoxon)
Como se verifica na Tabela 8, os resultados da avaliação da inteligência por meio
da escala WASI também não apresentaram diferença estatisticamente significativa entre
os grupos no QI Verbal, QI de Execução ou no QI Total.
A fim de investigar as possíveis relações entre os instrumentos utilizados no
estudo que fazem uso de números para a avaliação das FE, e também a relação destes
com as medidas de inteligência, foi utilizado o teste estatístico de correlação de rô de
Spearman, conforme demonstrado na Tabela 9. Nessas análises, o valor adotado também
foi o escore-z.
56
Tabela 9
Análise correlacional entre os testes que avaliam FE com uso de números e entre estes e medidas de QI.
Variáveis 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
1. QI VERBAL r 1
p
2. QI EXECUÇÃO r ,380** 1
p ,006
3. QI TOTAL r ,810** ,823** 1
p ,000 ,000
4. FDT Tempo Escolha r ,235 ,313* ,329* 1
p ,100 ,027 ,020
5. FDT Erros Escolha r ,160 ,295* ,275 ,268 1
p ,266 ,038 ,053 ,060
6. FDT Tempo Alternância r ,172 ,222 ,259 ,754** ,074 1
p ,234 ,122 ,070 ,000 ,609
7. FDT Erros Alternância r ,299* ,345* ,382** ,164 ,344* ,141 1
p ,035 ,014 ,006 ,254 ,015 ,327
8. FDT Inibição r ,176 ,158 ,195 ,850** ,221 ,612** ,076 1
p ,221 ,272 ,175 ,000 ,123 ,000 ,601
9. FDT Flexibilidade r ,063 ,070 ,087 ,541** ,067 ,856** ,111 ,646** 1
p ,663 ,630 ,550 ,000 ,644 ,000 ,443 ,000
10. GAN - Acertos 2" (CI e FC) r ,280* ,221 ,276 ,284* -,066 ,408** ,051 ,192 ,316* 1
p ,048 ,122 ,052 ,046 ,649 ,003 ,726 ,182 ,025
11. GAN - Acertos 1" (CI e FC) r ,113 -,077 ,031 ,293* -,154 ,416** -,035 ,249 ,348* ,646** 1
p ,434 ,593 ,828 ,039 ,285 ,003 ,812 ,081 ,013 ,000
12. GAN - Acertos 1" - Acertos 2" (Eficiência de CI e FC)
r -,080 -,234 -,168 ,201 -,125 ,241 -,093 ,221 ,209 ,117 ,785** 1
p ,583 ,102 ,244 ,162 ,386 ,092 ,519 ,123 ,146 ,419 ,000 Teste estatístico correlação de rô de Spearman.
CI: Controle Inibitório; FC: Flexibilidade Cognitiva.
As células assinaladas indicam correlação estatística significativa entre dois testes diferentes.
*. A correlação é significativa no nível 0,05 (2 extremidades). **. A correlação é significativa no nível 0,01 (2 extremidades).
57
Ao avaliar o desempenho na escala WASI, que avalia inteligência, observou-se
que há correlação estatística significativa positiva entre o QI Verbal e o desempenho nos
testes FDT, na dimensão “erros de alternância” (r=0,299; p= 0,035), e GAN, na medida
“número de acertos com dois segundos” (r= 280; p= 0,048). Pôde-se constatar, ainda, que
existe correlação estatística significativa positiva entre o QI de Execução e o desempenho
no teste FDT, nas dimensões “tempo de escolha” (r= 0,313; p= 0,027), “erros de escolha”
(r=0,295; p= 0,038) e “erros de alternância” (r= 0,345; p= 0,014). Ainda quanto às
medidas de inteligência, observou-se que há correlação estatística significativa positiva
entre o QI total e o desempenho no teste FDT, nas dimensões “tempo de escolha”
(r=0,329; p= 0,020) e “erros de alternância” (r=0,382; p= 0,006). Apesar dos achados
supracitados, observa-se que nenhuma das principais medidas dos dois testes de FE
(Inibição e Flexibilidade no FDT, e Acertos 1” – Acertos 2” no GAN) apresenta
correlação significativa com as medidas de inteligência.
Ao observar os testes que avaliam as FE com uso de números, pôde-se constatar
que as dimensões “tempo de escolha” e “tempo de alternância” do FDT apresentaram
correlação estatística significativa positiva com duas dimensões do teste GAN: “número
de acertos com dois segundos” (r=0,284; p=0,046 para o “tempo de escolha”, e r=0,408;
p=0,003 para o “tempo de alternância”); e “número de acertos com um segundo”
(r=0,293; p=0,039 para o “tempo de escolha”, e r=0,416; p=0,003 para o “tempo de
alternância”). O mesmo ocorreu com a dimensão “flexibilidade” do FDT, que apresentou
correlação estatística significativa positiva com as dimensões “número de acertos com
dois segundos” (r=0,316; p=0,025), e “número de acertos com um segundo” (r=0,348;
p=0,013) do teste GAN. A partir destes dados pode-se inferir que quanto melhor o
resultado nas dimensões “tempo de escolha”, “tempo de alternância” e “flexibilidade” do
FDT, melhor é o desempenho em relação às tarefas do teste GAN, o que está dentro do
58
esperado, uma vez que ambos os instrumentos se propõem a avaliar os mesmos construtos
– controle inibitório e flexibilidade cognitiva.
Para investigar as possíveis relações entre os instrumentos utilizados no estudo
que fazem uso de palavras para a avaliação das FE, e também a relação destes com as
medidas de inteligência, foi utilizado o teste estatístico de correlação de rô de Spearman,
conforme demonstrado na Tabela 10.
59
Tabela 10
Análise correlacional entre os testes que avaliam FE com uso de palavras e entre estes e medidas de QI.
Variáveis 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
1. QI VERBAL r 1 p
2. QI EXECUÇÃO r ,380** 1 p ,006
3. QI TOTAL r ,810** ,823** 1 p ,000 ,000
4. HAYLING Tempo A (IV) r ,071 ,061 ,073 1 p ,624 ,674 ,613
5. HAYLING Erros A (IV) r ,056 -,117 -,047 ,046 1 p ,699 ,420 ,745 ,753
6. HAYLING Tempo B (CI) r ,034 ,006 ,038 ,166 -,178 1 p ,816 ,969 ,793 ,249 ,217
7. HAYLING Erros B (CI) r ,099 ,336* ,219 ,072 ,030 ,208 1 p ,492 ,017 ,127 ,621 ,836 ,148
8. HAYLING T (B - A) (CI) r ,001 -,011 ,014 -,093 -,188 ,945** ,255 1 p ,992 ,941 ,920 ,520 ,191 ,000 ,074
9. TFVA - Animais r ,079 ,061 ,087 ,180 -,191 ,279* -,004 ,182 1 p ,585 ,673 ,547 ,210 ,184 ,050 ,980 ,206
10. TFVA - Frutas r -,053 ,093 ,018 ,313* -,050 ,235 ,161 ,153 ,603** 1 p ,713 ,521 ,899 ,027 ,730 ,100 ,265 ,290 ,000
11. TFVA - Alternada (CI eFC) r -,337* -,255 -,322* ,275 -,056 ,041 -,060 -,046 ,557** ,501** 1 p ,017 ,074 ,022 ,053 ,699 ,777 ,677 ,754 ,000 ,000
12. TFVA - Alternada/Pares (CI eFC) r -,296* -,216 -,281* ,290* -,046 ,024 -,054 -,072 ,576** ,515** ,979** 1
p ,037 ,132 ,048 ,041 ,751 ,867 ,708 ,617 ,000 ,000 ,000 Teste estatístico correlação de rô de Spearman. IV: Iniciação Verbal; CI: Controle Inibitório; FC: Flexibilidade Cognitiva.
As células assinaladas indicam correlação estatística significativa entre dois testes diferentes.
*. A correlação é significativa no nível 0,05 (2 extremidades). **. A correlação é significativa no nível 0,01 (2 extremidades).
60
A análise do desempenho na escala de inteligência WASI aponta uma correlação
estatística significativa negativa entre o QI Verbal e as dimensões “fluência verbal
alternada” (r= -0,337; p=0,017) e “fluência verbal alternada/pares” (r= -0,296; p= 0,037)
do TFVA. Pôde-se constatar que existe correlação estatística significativa positiva entre
a dimensão QI de Execução e o desempenho no teste HAYLING, na dimensão “erros B”
(r= 0,336; p= 0,017). O QI Total apresentou correlação estatística significativa negativa
com as dimensões “fluência verbal alternada” (r= -0,322; p=0,022) e “fluência verbal
alternada/pares” (r= - 0,281; p= 0,048) do TFVA. Esses dados sugerem que, quanto mais
altas as medidas de QI Verbal e QI Total, pior o desempenho no TFVA no que diz respeito
à avaliação do controle inibitório e flexibilidade cognitiva.
A partir dos dados relativos aos dois testes que avaliam FE por meio de palavras,
a dimensão “tempo A” do teste HAYLING (iniciação verbal) apresentou correlação
estatística significativa positiva com as dimensões do TFVA em relação à “fluência verbal
– frutas” (r=0,313; p=0,027) e em relação à “fluência verbal alternada/pares” (r=0,290;
p=0,041). Pôde-se constatar também que a dimensão “tempo B” do HAYLING (controle
inibitório) apresentou correlação estatística significativa positiva com a dimensão
“fluência verbal – animais” do TFVA (r=0,279; p=0,050).
Ainda por meio do teste estatístico de correlação de rô de Spearman, buscou-se
verificar as possíveis relações entre as principais medidas – controle inibitório e
flexibilidade cognitiva – de todos os instrumentos de avaliação de FE utilizados no
estudo, bem como a relação destas com as medidas de inteligência. Os resultados desta
análise são apresentados na Tabela 11.
61
Tabela 11
Análise correlacional entre as principais medidas de cada teste de FE e entre estas e
medidas de QI.
Variáveis 1 2 3 4 5 6 7 8
1. QI VERBAL r 1
p
2. QI EXECUÇÃO r ,380** 1
p ,006
3. QI TOTAL r ,810** ,823** 1
p ,000 ,000
4. FDT Inibição r ,176 ,158 ,195 1
p ,221 ,272 ,175
5. FDT Flexibilidade r ,063 ,070 ,087 ,646** 1
p ,663 ,630 ,550 ,000
6. GAN - Acertos 1" - Acertos 2" (Eficiência de CI e FC)
r -,080 -,234 -,168 ,221 ,209 1
p ,583 ,102 ,244 ,123 ,146
7. HAYLING T (B - A) (CI) r ,001 -,011 ,014 -,200 -,259 -,083 1
p ,992 ,941 ,920 ,164 ,069 ,569
8. TFVA - Alternada/Pares (CI eFC) r -,296* -,216 -,281* ,113 ,303* ,227 -,072 1
p ,037 ,132 ,048 ,436 ,033 ,113 ,617
Teste estatístico correlação de rô de Spearman.
CI: Controle Inibitório; FC: Flexibilidade Cognitiva.
As células assinaladas indicam correlação estatística significativa entre dois testes diferentes.
*. A correlação é significativa no nível 0,05 (2 extremidades).
**. A correlação é significativa no nível 0,01 (2 extremidades).
Nesta análise, um achado adicional aos já anteriormente citados foi uma
correlação estatística significativa positiva entre a dimensão “fluência verbal
alternada/pares” do TFVA e a dimensão “flexibilidade” do FDT (r = 0,303, p = 0,033).
Trata-se de uma relação esperada, visto que ambos medem flexibilidade cognitiva.
62
Discussão
O objetivo principal deste estudo foi investigar se estudantes de graduação em
Ciências Exatas/Engenharias (CEE) e em Ciências Humanas/Sociais (CHS)
apresentariam desempenho diferente entre si em testes de avaliação das Funções
Executivas (FE) que fazem uso de números ou palavras. A hipótese inicial foi que essa
diferença existiria, sendo os alunos de CEE favorecidos pelos testes que empregam
números e os de CHS por aqueles que empregam palavras. Embora os resultados
encontrados no estudo não tenham confirmado a hipótese inicial, outras análises
interessantes podem contribuir para a construção de conhecimento.
Cagnin (2010) apresenta alguns dos problemas que podem surgir na pesquisa
neuropsicológica com ênfase experimental, entre eles a existência de vieses na seleção
dos participantes; a fadiga e/ou ansiedade que podem ocorrer durante a testagem em si;
problemas a partir dos instrumentos utilizados; e a interpretação dos achados, que podem
ser atribuídos a diferentes fatores e que demandariam uma avaliação mais focal e
detalhada no caso da clínica. No presente estudo, de fato, algumas destas questões
estiveram presentes.
Pode-se enumerar algumas possíveis razões para que a hipótese inicial não tenha
sido corroborada. Uma delas, certamente a que mais agradaria aos neuropsicólogos
clínicos por aumentar a confiabilidade dos instrumentos, seria o fato de os testes
selecionados avaliarem as FE igualmente, independentemente de seu formato e dos meios
utilizados para se chegar ao fim esperado. Assim, o emprego de números ou de palavras
não teria qualquer impacto no desempenho de examinandos de qualquer área de
formação. Como se verá adiante, no entanto, essa não parece ter sido a razão para a não
confirmação da hipótese.
Uma explicação plausível diz respeito à idade dos participantes, que implica em
63
dois aspectos. Considerando que 30% da amostra tem idade entre 18 e 20 anos, pode-se
admitir que a maioria destes tenha acabado de iniciar sua graduação, não tendo, portanto,
avançado em sua formação o suficiente para que as diferenças hipotetizadas possam ser
expressas. Os resultados talvez pudessem ser diferentes em uma amostra composta por
estudantes de graduação em final de curso. O segundo aspecto é referente ao processo
maturacional do cérebro. Sabe-se hoje que o lobo frontal é a última região cerebral a se
desenvolver e que, somente por volta dos 30 anos de idade, mudanças neuroanatômicas,
como a poda neuronal, a mielinização dos axônios e a sinaptogênese, começam a se
estabilizar. Tais alterações possibilitam a especialização cerebral e a otimização de
diversos processos cognitivos, inclusive das FE (Gomes et al., 2018; Smolker et al.,
2018). Em nossa amostra, 90% dos participantes pertencem à faixa etária de 18 a 23 anos,
o que pode ter interferido em seus resultados.
Outra razão para que a hipótese inicial tenha sido refutada poderia estar
relacionada à baixa validade ecológica dos testes, ou seja, à discrepância entre o
desempenho do indivíduo em um determinado teste e o seu funcionamento no “mundo
real” (Malloy-Diniz & Dias, 2020). Situações do dia a dia apresentam um contexto que
envolve afetos e emoções, cuja reprodução em laboratório é, no mínimo, improvável
(Gomes et al., 2018). Pessoas que apresentam bom desempenho em medidas de avaliação
das FE podem demonstrar alta desorganização na vida cotidiana. Desta forma, em uma
situação controlada de avaliação, podemos não obter informações de qualidade sobre as
dificuldades ou habilidades individuais específicas que se manifestam na vida diária das
pessoas.
Embora a baixa correlação encontrada entre diferentes tarefas de avaliação das FE
seja bem estabelecida na literatura (Ardila, 2018), um achado interessante neste estudo
foi a correlação estatisticamente significativa entre a alternância do TFVA e a
64
flexibilidade do FDT (r = 0,303, p = 0,033). Considerando que ambas as dimensões
desses testes medem flexibilidade cognitiva, essa seria uma relação esperada.
Um resultado que chama a atenção, por ser aparentemente contraintuitivo, foi o
fato de ter-se observado uma correlação positiva estatisticamente significativa entre o QI
Verbal e os dois instrumentos de avaliação de FE com números (FDT e GAN), enquanto
a correlação estatisticamente significativa encontrada foi negativa entre o QI Verbal e um
dos testes de avaliação de FE com palavras – TFVA – em ambas as etapas do teste que
avaliam flexibilidade cognitiva e controle inibitório. Pode-se inferir, a partir destes dados,
que um QI Verbal mais alto não favoreceu o desempenho nos testes que avaliam FE por
meio de palavras, mas pode ter tido um efeito positivo no desempenho dos testes que as
avaliam por meio de números.
Esses resultados se tornam menos contraintuitivos a partir do estudo de Friedman
et al. (2006), que buscou correlacionar medidas de inteligência fluida – conjunto de
habilidades mentais superiores, como o raciocínio – e de inteligência cristalizada –
conhecimento adquirido por meio da educação, da cultura e de outras experiências – aos
diferentes subcomponentes das FE: inibição de respostas preponderantes (controle
inibitório), flexibilidade cognitiva e atualização da informação na memória de trabalho
(updating). Os autores demonstraram que, embora a atualização da informação na
memória de trabalho (updating) tenha apresentado grande correlação com as medidas de
inteligência, o mesmo não ocorreu com a inibição e a flexibilidade, cujas correlações com
a inteligência foram pequenas e não significativas (Ardila, 2018). Esse resultado é
convergente com o que foi encontrado no presente estudo. É importante mencionar, no
entanto, que a inteligência fluida parece ser mais vulnerável a prejuízos frontais (Lezak
et al., 2012), o que tornaria as escalas Wechsler de avaliação de inteligência menos
sensíveis a déficits executivos, uma vez que são parcialmente dependentes de medidas de
65
inteligência cristalizada. Essa distinção é menos relevante em populações não clínicas, e
o estudo de Friedman et al. (2006) investigou a hipótese de que, em adultos jovens
saudáveis, ambos os tipos de inteligência – fluida e cristalizada – estariam relacionados
às FE, o que não se confirmou no estudo. Outros estudos, entretanto, têm revelado uma
correlação entre inteligência e FE (Arffa, 2007; Roca et al., 2010).
É importante ressaltar, no entanto, que tal inconsistência entre estudos talvez
possa ser explicada exatamente pelo fato de que nem todos os tipos de inteligência e nem
todos os subcomponentes das FE se relacionam entre si (Godoy et al., 2010). Ardila
(2018) propõe que FE intelectuais (ou “frias”, no modelo de Zelazo et al. (2005)) estariam
mais relacionadas à inteligência geral, diferentemente das FE emocionais (ou “quentes”
no referido modelo). No entanto, o autor reconhece que a relação entre FE e inteligência
ainda é um tema controverso (Ardila, 2018).
Outro aspecto que merece discussão neste estudo é o fato de que, com exceção do
FDT, os demais instrumentos utilizados na pesquisa para avaliação de FE não são
padronizados, validados e aprovados pelo SATEPSI, embora haja estudos de adaptação
brasileira e normatização para todos. Os resultados encontrados, vários deles inesperados
para a faixa etária e nível de escolaridade da amostra, apontam para uma possível
necessidade de estudos mais robustos para elaboração de normas mais seguras. Futuros
estudos de normatização, com uma amostra maior, são recomendados para o HAYLING
(n = 364) (Zimmermann et al., 2017) e para o TFVA (n = 387) (Paula et al., 2018). Os
dados normativos para o GAN também se basearam em uma amostra relativamente
reduzida (n = 252) (Viapiana et al., 2017). Vale ressaltar que a amostra total para cada
instrumento é categorizada por idade e, em alguns casos, escolaridade, o que reduz ainda
mais o tamanho da amostra por categoria, sendo esta geralmente composta por algumas
dezenas de indivíduos. Ainda assim, a seleção dos instrumentos foi mantida, tanto por
66
atenderem aos critérios citados anteriormente, quanto pela escassez de ferramentas que
avaliam FE, particularmente que utilizem números ou palavras.
O teste GAN foi o que apresentou os resultados mais surpreendentes, devido ao
baixo desempenho dos participantes, inclusive de forma incongruente com os resultados
dos demais testes. Algumas hipóteses podem ser consideradas para justificar essa baixa
performance. Uma delas diz respeito ao fato de o instrumento apresentar também uma
grande demanda para a memória de trabalho (Jahanshahi et al., 2006; Sexton & Cooper,
2014), uma das principais funções avaliadas pelo teste e não tão exigida nos demais
instrumentos, cujo principal objetivo é avaliar o controle inibitório e, em dimensões
variadas, a flexibilidade cognitiva. Poderia ser, então, uma questão atribuída à impureza
do teste e ao fato de ser a única tarefa complexa (Miyake et al., 2000) entre as selecionadas
para o estudo.
Para Sexton e Cooper (2014), algumas possíveis fontes de prejuízo no
desempenho no GAN seriam a capacidade limitada de alternar entre esquemas, baixa
capacidade de monitorar e inibir respostas dominantes e pouca capacidade de manter uma
representação mental de esquemas já utilizados, processos atribuídos ao executivo central
no modelo de multicomponentes de Baddeley (1986).
Por ser uma tarefa de alta demanda, é possível que o momento de sua aplicação
não tenha sido o mais adequado, uma vez que foi a penúltima atividade realizada, após
WASI, FDT e HAYLING. A hipótese da fadiga se enfraquece diante do estudo de
Amunts et al. (2020), igualmente realizado com participantes saudáveis em uma única
sessão – de 150-180 minutos –, na qual eram aplicadas 16 tarefas. Além disso, Lezak et
al. (2012) alertam que examinandos que se cansam facilmente podem não conseguir
manter seu nível de desempenho por muito mais do que duas horas, levando-nos a inferir
que um tempo inferior a este seria adequado a participantes saudáveis. Ainda assim, não
67
se pode descartar totalmente o efeito da fadiga nesta tarefa, cuja demanda executiva é
considerada bastante alta.
Embora o teste HAYLING apresente uma dificuldade bem menor em sua etapa A
(completar 15 frases com uma palavra que lhes dê sentido), 34% dos participantes se
mantiveram no percentil <5 (deficitário) por cometer erros. No entanto, este resultado,
aparentemente preocupante, deve ser interpretado com cautela e torna-se menos
surpreendente quando consideramos que, de acordo com as normas adotadas
(Zimmermann et al., 2017), apenas 1 erro em 15 frases já caracteriza um desempenho
deficitário. Quando comparamos estes resultados com aqueles obtidos na etapa B do
mesmo teste, bem mais demandante por exigir que outras 15 frases sejam completadas
com uma palavra que não mantenha qualquer relação de sentido com a frase, verificamos
que apenas 6% dos participantes obtiveram o percentil <5, o que sugere que os
participantes tiveram melhor desempenho na tarefa mais complexa do que na mais
simples. Esse percentil, entretanto, ainda de acordo com as mesmas normas
(Zimmermann et al., 2017), corresponde a 7 erros ou mais no universo de 15 frases. Duas
inferências podem ser feitas a partir destas observações: (a) talvez seja necessário rever
as normas, idealmente com uma amostra ampliada; e (b) um resultado semelhante a este,
na clínica, exigiria uma rigorosa análise qualitativa, mais aprofundada, para melhor
compreensão do fenômeno.
Uma estratégia frequentemente adotada pelos participantes, observada durante a
aplicação do teste, foi olhar ao redor da sala e utilizar os nomes de objetos ali presentes,
como mesa, caneta, parede, mochila, entre outros. Esse comportamento coincide com a
observação feita no estudo original de Burgess e Shallice (1996), que consideram o uso
de estratégias um processo fundamental para o bom desempenho no teste HAYLING
(Robinson et al., 2015).
68
Uma dificuldade que deve ser solucionada em estudos futuros é a obtenção das
medidas de tempo em testes extremamente rápidos, como o HAYLING. A velocidade de
emissão de uma palavra dificilmente pode ser medida de forma precisa por meio de um
cronômetro manual, visto que ocorre em milésimos de segundos. Há que se considerar,
entre outros aspectos, o tempo de resposta motora do examinador. Somente uma versão
computadorizada do teste, que inicie a contagem do tempo ao som de uma voz, poderia
obter medidas acuradas de tempo.
Como se pode depreender dos aspectos discutidos acima, este estudo possibilitou
a identificação de algumas oportunidades de aperfeiçoamento na pesquisa em FE,
relacionadas tanto a conceitos (FE e seus subcomponentes) e instrumentos (validade
ecológica, normatização e padronização), quanto à sua forma de aplicação e registro
(procedimentos mais avançados).
69
Conclusão
Os resultados do presente estudo sugerem que a formação em Ciências
Exatas/Engenharias (CEE) ou em Ciências Humanas/Sociais (CHS) não representa um
fator de interferência no desempenho em tarefas de avaliação das Funções Executivas
(FE) baseadas em números ou palavras. O fator inteligência também não parece interferir
no desempenho em tarefas deste tipo.
Um objetivo subjacente ao estudo foi avaliar a vulnerabilidade dos instrumentos
selecionados em relação às habilidades individuais dos participantes. Embora a hipótese
inicial não tenha sido confirmada, foi possível verificar alguma fragilidade dos
instrumentos no que se refere à consistência de resultados entre as tarefas, visto que um
mesmo indivíduo pode obter desempenho médio, médio inferior e deficitário na avaliação
do controle inibitório em cada um dos diferentes instrumentos.
Uma das limitações deste estudo refere-se à falta de medidas de avaliação do
humor, o que poderia ter contribuído tanto para um maior esclarecimento quanto à
gravidade dos transtornos relatados pelos participantes, quanto para a verificação do
efeito da ansiedade na realização das tarefas.
Outra limitação do presente estudo diz respeito aos instrumentos e normas
utilizados e à dificuldade de avaliar FE por meio destes e da maioria dos demais testes
disponíveis para esse fim. Além de apresentar baixa confiabilidade, as medidas de FE são
“impuras”, visto que avaliam mais de uma função, havendo pouca clareza sobre qual
subcomponente das FE teve maior impacto sobre o resultado (Friedman & Miyake, 2017).
Nessa mesma direção, a literatura aponta que é mais comum encontrar indicações de
falhas na associação entre sintomas executivos e o desempenho em testes de FE do que
demonstrações de associações claras (Burgess & Stuss, 2017).
Particularmente no Brasil, a escassez de estudos para o desenvolvimento,
70
validação e normatização de novos instrumentos de avaliação das FE, o tamanho da
população, a morosidade do SATEPSI na aprovação dos testes, e o consequente
predomínio de testes na versão ‘lápis e papel’, cujo registro é menos confiável, tornam os
avanços nos estudos de FE ainda mais complexos.
Ainda um outro aspecto que poderia comprometer a generalização dos resultados
deste estudo diz respeito à seleção e composição da amostra. De modo a atender ao
objetivo principal do estudo, a randomização não foi possível. Sugere-se estudo futuro
com uma amostra ampliada, composta por profissionais e estudantes de diferentes áreas
e faixas etárias.
Futuros estudos poderiam, ainda, investigar a relação entre a adoção de estratégias
na resolução das tarefas (uma habilidade em si mesma) e o desempenho, visto que estas
representam aspectos-chave em instrumentos como HAYLING, GAN e TFVA.
Outra sugestão para futuros estudos seria a seleção de uma amostra composta por
estudantes em final do curso de graduação, momento em que as diferenças supostamente
existentes em nossa hipótese inicial poderiam estar mais acentuadas.
Estudos relacionados à interferência da fadiga no desempenho no teste GAN,
comparando resultados sem qualquer sobrecarga cognitiva e após alguma sobrecarga,
poderiam elucidar a presença ou ausência deste fenômeno. Esse dado pode ser de grande
valor para o emprego desta ferramenta tanto na clínica quanto em pesquisa.
Espera-se que o presente estudo possa contribuir para uma perspectiva futura na
avaliação das FE, que deve incluir o desenvolvimento de testes e tarefas mais ecológicos,
relacionados ao funcionamento real na vida diária, de modo que um baixo desempenho
no teste possa, de fato, prever prováveis dificuldades no dia a dia. Esses instrumentos
seriam de grande importância, tanto para diagnósticos mais precisos quanto para o
planejamento de intervenções mais objetivas.
71
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80
ANEXO I
Universidade de Brasília - UnB Instituto de Psicologia Departamento de Processos Psicológicos Básicos
Programa de Pós-Graduação em Ciências do Comportamento Prezado(a) aluno(a), Buscamos voluntários para participar de pesquisa de mestrado que está sendo desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Ciências do Comportamento (PPG-CdC) da UnB, linha de pesquisa em Cognição e Neurociências do Comportamento, pela mestranda Inaiara de Souza Golob, sob a orientação da Profª Dra Wânia Cristina de Souza. A pesquisa tem por objetivo identificar as possíveis relações entre a área de formação e o desempenho em algumas tarefas de avaliação neuropsicológica de componentes das Funções Executivas.
Entender isso é importante, pois esta pesquisa pode contribuir, no futuro, para a escolha de instrumentos mais adequados para a avaliação de um ou outro paciente, como também para o desenvolvimento e validação de novos instrumentos de avaliação neuropsicológica. A população do estudo será formada por estudantes universitários das áreas de Ciências Exatas/Engenharias ou Ciências Humanas/Sociais, com idades entre 18 e 35 anos.
A coleta de dados será realizada nos meses de outubro e novembro de 2019, no Laboratório Integrado de Pós-Graduação e Pesquisa Experimental em Psicologia com Humanos (LIPSI), do Instituto de Psicologia da UnB, e terá duração de, no máximo, duas horas. Nesse encontro, você responderá a um questionário de dados sociodemográficos e histórico de saúde, realizará quatro tarefas de avaliação das Funções Executivas e uma bateria de avaliação da inteligência. Seus dados pessoais e resultados não serão divulgados em hipótese alguma. Os dados coletados serão utilizados apenas para fins de pesquisa. Todos os participantes receberão um relatório com seus resultados e aqueles que desejarem poderão ter, ainda, uma sessão devolutiva para discussão desses resultados. Sua participação neste estudo é voluntária e, a qualquer momento, é possível desistir por qualquer motivo, sem nenhum tipo de prejuízo para você. Caso tenha interesse em participar, favor enviar mensagem por WhatsApp para a autora do estudo – Inaiara – no número (21) 98849-2619, informando seu nome, curso, endereço de e-mail e melhor(es) dia(s) da semana e turno para agendamento (ex.: quartas e sextas pela manhã, etc.). As mesmas informações podem também ser enviadas para o e-mail [email protected] . Agradecemos muito a sua participação e/ou divulgação entre seus colegas!
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ANEXO II
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - INSTITUTO DE PSICOLOGIA DEPARTAMENTO DE PROCESSOS PSICOLÓGICOS BÁSICOS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO
Questionário / Roteiro de Entrevista Estruturada13
Nome: ________________________________________________________________
Sexo: ( ) F ( ) M Idade: _________
Escolaridade (nível): __________________ Escolaridade (anos): ____________
Profissão: ___________________________
Renda familiar: ( ) Até 2 salários mínimos ( ) De 2 até 5 salários mínimos
( ) De 5 até 10 salários mínimos ( ) Acima de 10 salários mínimos
E-mail para contato: _____________________________________________________
A seguir, peço que você leia com atenção e responda às seguintes perguntas com sinceridade. Não se preocupe, pois sua identidade e respostas serão mantidas em total sigilo. As informações aqui obtidas serão utilizadas apenas para os fins desta pesquisa e não serão compartilhadas com outros pesquisadores.
1. Você dormiu bem na noite anterior? ( ) Sim ( ) Não
2. Você possui histórico de alguma doença psiquiátrica? ( ) Sim ( ) Não
Se sim, qual(is) diagnóstico(s) melhor se aplicam a você?
( ) Depressão ( ) Episódio Depressivo Único
( ) Transtorno Bipolar ( ) Episódio Hipomaníaco
( ) Transtorno do Stress Pós- Traumático ( ) Esquizofrenia
( ) Transtorno de Ansiedade Generalizada ( ) Fobia
( ) Episódio Maníaco
( ) Outra(s): ________________________________________________
13 Adaptado de Melchiades, A. M. (2014). Parâmetros oculares no rastreamento visual de cenas com
conteúdo emocional [Dissertação de Mestrado, Universidade de Brasília].
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3. Caso você tenha assinalado a opção “Fobia”, qual seria a melhor descrição para aquilo que lhe causa medo?
( ) Aranha ( ) Cobra ( ) Fogo
( ) Altura ( ) Violência ( ) Barata
( ) Outros: ___________________
4. Em caso de ter respondido “Episódio Depressivo Único”, qual é a data aproximada de ocorrência do episódio? ______________________
Ainda mantém uso de medicação? ( ) Sim ( ) Não
Se sim, qual? __________________________________________
5. Você já apresentou:
Crise convulsiva? ( ) Sim ( ) Não
Com que frequência? ___________________________
Há quanto tempo? ______________________________
Epilepsia? ( ) Sim ( ) Não
Crises com que frequência? _____________________
6. Você apresenta ou já apresentou alguma outra condição neurológica?
( ) Sim ( ) Não
Se sim, qual? ________________________________________________
7. Você faz uso de alguma medicação para tratamento psiquiátrico ou neurológico?
( ) Sim ( ) Não
Se sim, qual(is)?______________________________________________
8. Você possui alguma dificuldade visual?
( ) Sim ( ) Não
83
9. Caso tenha alguma dificuldade visual, você usa óculos ou lentes de contato adequados para ela?
( ) Sim ( ) Não
10. Você possui alguma dificuldade auditiva?
( ) Sim ( ) Não
11. Caso tenha alguma dificuldade auditiva, você usa algum aparelho?
( ) Sim ( ) Não
12. Você faz uso frequente e/ou fez uso recente de alguma substância psicoativa?
( ) Sim ( ) Não
13. Como você classificaria o seu estado de humor nesse exato momento (Escolha no máximo três opções):
( ) Feliz ( ) Angustiado(a) / Preocupado(a)
( ) Calmo(a) ( ) Triste
( ) Irritado(a) / Impaciente ( ) Ansioso(a)
( ) Indiferente ( ) Outro (s) __________________
Declaro para os devidos fins que as informações acima são verídicas.
Brasília, _____ de ____________ de 2019.
___________________________________________
Assinatura
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ANEXO III
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
O (a) senhor (a) está sendo convidado (a) a participar de uma pesquisa de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Comportamento da Universidade de Brasília – Unb – sobre as possíveis relações entre a área de formação e o desempenho em algumas tarefas de avaliação neuropsicológica de componentes das Funções Executivas. O objetivo é compreender se a área de formação seria um dos fatores intervenientes no desempenho em tarefas cognitivas voltadas à avaliação das Funções Executivas, cujo conteúdo compreenda maior desenvolvimento de habilidades numéricas ou linguísticas. Entender isso é importante, pois essa pesquisa pode contribuir, no futuro, para a escolha de instrumentos mais adequados para a avaliação de um ou outro paciente, como também para o desenvolvimento e validação de novos instrumentos de avaliação neuropsicológica. Nossa pesquisa está dividida em quatro etapas: 1) Essa conversa inicial, quando lemos este Termo de Consentimento; 2) O preenchimento de um questionário sobre dados socioeconômicos e seu histórico de saúde; 3) A aplicação de quatro tarefas de avaliação das Funções Executivas; e 4) A devolutiva, com os seus resultados na avaliação. As três primeiras etapas serão realizadas em um único encontro, com duração aproximada de 1 hora e trinta minutos, no Laboratório Integrado de Pós-Graduação e Pesquisa Experimental em Psicologia com Humanos (LIPSI), do Instituto de Psicologia da UnB. O simples fato de ser submetido (a) a uma avaliação poderá causar um leve grau de ansiedade no início, mas não será, absolutamente, prejudicial ao (à) senhor (a), e essa sensação deve se diluir ao longo da avaliação. O segundo encontro, também no LIPSI, terá duração de até 1 hora e nele serão apresentados os resultados de sua avaliação. Por compreender tarefas cujo registro exige muita velocidade da examinadora e de modo a permitir a verificação posterior da exatidão dos registros de tempo e produção durante as tarefas, toda a coleta de dados será gravada em áudio. Após a conferência dos registros, os áudios serão descartados. Ao assinar esse Termo de Consentimento, o (a) senhor (a) manifesta sua concordância com esse procedimento. Todas as informações relacionadas a sua participação serão mantidas em rigoroso sigilo. Seus dados pessoais não serão divulgados em hipótese alguma. Os dados coletados serão utilizados apenas para fins de pesquisa. Depois de encerrado, você poderá ter acesso ao trabalho, caso tenha interesse. Lembramos que sua participação neste estudo é voluntária e, a qualquer momento, é possível desistir por qualquer motivo, sem nenhum tipo de prejuízo para o (a) senhor (a). No caso de algum dano direto ou indireto decorrente de sua participação na pesquisa, o (a) senhor (a) será indenizado, obedecendo-se as disposições legais vigentes no Brasil. Caso haja qualquer outra dúvida, a pesquisadora ou, ainda, o Comitê de Ética podem ser contatados a partir dos telefones e/ou e-mails que constam deste documento. Caso concorde em participar, pedimos que assine este documento, elaborado em duas vias: uma ficará com a pesquisadora responsável e a outra com o (a) senhor (a).
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Desde já, agradecemos por sua confiança e colaboração. Tendo em vista as informações acima apresentadas, eu, de forma livre e esclarecida, manifesto meu consentimento em participar da pesquisa. Declaro que recebi cópia deste termo de consentimento, no qual autorizo a realização da pesquisa e a divulgação dos resultados obtidos, desde que preservado o sigilo da minha identidade.
Brasília, ____ / ____ / _______
__________________________________________________________________ Assinatura do participante
Nome do participante: ________________________________ Identidade: __________ Telefone: _______________________ e-mail: _________________________________
_______________________________________________________________ Pesquisadora responsável: Psicóloga Inaiara de Souza Golob
Telefone: (61) 98626-8511 – e-mail: [email protected]
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ANEXO IV
Laboratório de Ensino e Pesquisa em Neuropsicologia (LABEP_Neuro)
Versão modificada do Teste de Fluência Verbal Alternada
Versão original de Paula, J.J., Paiva, G.C.C., & Costa, D.S. (2015). Use of a modified version of the switching verbal fluency test for the assessment of cognitive flexibility. Dementia & Neuropsychologia, 9(3), 258-264.4.
FOLHA DE REGISTRO
Categorias na etapa de fluência animais ______________________________________________________________________ Domésticos/Criação Selvagens Invertebrados Peixes Pássaros Répteis/Anfíbios
Animais
Frutas
Animais x Frutas
Palavras
Erros
Repetições
Palavras
Erros
Repetições
Palavras
Erros
Repetições
Pares
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ANEXO V
Termo para uso de material/ métodos disponibilizados pelo LABEP_Neuro
Eu, Inaiara de Souza Golob, CPF 600.939.867-34, me comprometo a utilizar o
material solicitado de forma ética e responsável, seguindo as orientações éticas e
profissionais de meu conselho de classe e em acordo com a legislação brasileira.
Compreendo que o uso do material em questão, produzido ou adaptado pelo
Laboratório de Ensino e Pesquisa em Neuropsicologia (Labep_neuro),
representado por seu coordenador, Prof. Dr. Jonas Jardim de Paula, é de minha
inteira responsabilidade.
Nome: Inaiara de Souza
Golob CPF: 600.939.867-34
CRP: 01/20035
Prof. Dr. Jonas Jardim de Paula
CPF 081.235.066-94
CRP 04/32077
88
ANEXO VI
Gráficos correspondentes às Tabelas 1, 2, 3, 4 e 5.
Percentual de resultados em cada percentil na avaliação de inteligência (WASI). Correspondente à Tabela 1.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
QIV QIE QIT QIV QIE QIT QIV QIE QIT
Exatas Humanas Exatas e Humanas
<5
de 5 a 8
de 9 a 24
de 25 a 74
de 75 a 90
de 91 a 97
> 97
89
Percentual de resultados em cada percentil na avaliação de inibição e flexibilidade (FDT). Correspondente à Tabela 2. Nulo = ausência de erros.
0 20 40 60 80 100
FDT TE
FDT EE
FDT TA
FDT EA
FDT IN
FDT FLEX
FDT TE
FDT EE
FDT TA
FDT EA
FDT IN
FDT FLEX
FDT TE
FDT EE
FDT TA
FDT EA
FDT IN
FDT FLEXE
xata
sH
um
anas
Ext
atas
e H
uman
as
Nulo
> 95
de 75 a 95
de 50 a 75
de 25 a 50
de 5 a 25
<5
90
Percentual de resultados em cada percentil na avaliação de controle inibitório HAYLING). Correspondente à Tabela 3.
0 10 20 30 40 50 60 70 80
HAYLING TA
HAYLING EA
HAYLING TB
HAYLING EB
HAYLING T B_A
HAYLING TA
HAYLING EA
HAYLING TB
HAYLING EB
HAYLING T B_A
HAYLING TA
HAYLING EA
HAYLING TB
HAYLING EB
HAYLING T B_A
Exa
tas
Hum
anas
Exa
tas
e H
um
anas
> 97
de 91 a 97
de 75 a 90
de 25 a 74
de 9 a 24
de 5 a 8
<5
91
Percentual de resultados em cada percentil na avaliação de controle inibitório e flexibilidade cognitiva (GAN). Correspondente à Tabela 4.
Percentual de resultados em cada percentil na avaliação de controle inibitório e flexibilidade cognitiva (TFVA). Correspondente à Tabela 5.
01020304050607080
GA
N A
2S
GA
N A
1S
GA
N A
1S-A
2S
GA
N A
2S
GA
N A
1S
GA
N A
1S-A
2S
GA
N A
2S
GA
N A
1S
GA
N A
1S-A
2S
Exatas Humanas Exatas e Humanas
<5
de 5 a 8
de 9 a 24
de 25 a 74
de 75 a 90
de 91 a 97
> 97
0
10
20
30
40
50
60
70
TF
VA
A
TF
VA
F
TF
VA
AL
T
TF
VA
AL
T_P
TF
VA
A
TF
VA
F
TF
VA
AL
T
TF
VA
AL
T_P
TF
VA
A
TF
VA
F
TF
VA
AL
T
TF
VA
AL
T_P
Exatas Humanas Exatas e Humanas
<5
de 5 a 8
de 9 a 24
de 25 a 74
de 75 a 90
de 91 a 97
> 97