\"Trabalho de Campo\" - 9: ISABEL BRANDOA

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"Trabalho de Campo" - 9: ISABEL BRANDOA gente limpa e nobre André Vasconcelos Alves Fernando Brito

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"Trabalho de Campo" - 9: ISABEL BRANDOA gente limpa e nobre

André Vasconcelos Alves Fernando Brito

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E aquesta dor presente / que m´aqueixa /

jamais viver não me deixa / antre gente //.

ORIGENS DOS BRANDÕES DE AROUCA

Diogo Brandão morava na Rua da Lavandeira de Arouca, tabelião do cível e crime em Arouca, Sanfins e Alvarenga. Não casou, mas teve, de Beatriz Anes, Isabel Brandão, que legitimou em 1498. (A ver adiante).

E vou-me por esses montes / desastrado, sospirando / os meus olhos coma fontes / vão

chorando; / das lágrimas desmedidas, / verdadeiras, / vão as águas das ribeiras / mui

crescidas.

O poema parece afeito às montanhas de Arouca. Mas não é, porque o poeta é um outro Diogo Brandão, da Rua Formosa do Porto, irmão de uma outra Isabel Brandão. Aquele Diogo de Arouca, nascido em 1427, teve um irmão, Jerónimo Brandão, e um neto do seu próprio nome, Diogo Brandão; o Diogo do Porto teve um filho chamado Jerónimo Brandão, e sua irmã Isabel teve um filho de nome Diogo Brandão, e seu irmão Fernão, teve um filho, ainda Diogo Brandão. Os nomes próprios das estirpes – a de Arouca e a do Porto – são esses que se afeitam! Esses é que sim! Em Arouca, Jerónimo e Diogo, seguido de Isabel, seguida de Diogo; no Porto, Isabel e Diogo, seguidos de Diogo, e de Jerónimo e de Pedro.

Um outro braço do Porto vem de um outro filho de Isabel: chegada a geração de 1580: Pedro, Frei Brás (que havemos de ver em outro trabalho), Gaspar e Diogo, entre mais. Deste Frei Brás procedem os outros Brandões de Arouca, Brandões de Roças (a apresentar no trabalho ainda inédito - AROUCA ACTOS DO PODER) e, parece que, igualmente, os Brandões da Várzea; os de Roças por um dos filhos de Frei Brás chamado Domingos, do Corregato; os da Várzea por outro filho de Frei Brás chamado Gaspar, da Cavada, com filhos na Pereira, João e Domingos. E muito antes, em Arouca, alguns homónimos - Gaspar Brandão - que iremos ter nos ilustres Brandões da Rua d´Arca e seus colaterais. O pai daquele Diogo do Porto foi João Brandão, magnificamente tumulado no convento de São Francisco do Porto; o pai de Diogo Brandão da Rua da Lavandeira foi Pedro Brandão, tabelião na terra de Arouca e depois tabelião dos Julgados de Arouca, Sanfins e Alvarenga, como seu filho também o vai ser, ambos eventualmente enterrados dentro da primitiva igreja do mosteiro de Arouca. João do Porto e Diogo de Arouca contavam aproximadamente a mesma idade. Diogo de Arouca aposentou-se de 70 anos, em 1497.

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*segundo FERNANDES 2007: 44, o pai de João Brandão seria...

**Senhor da Torre da Mota: Gayo, Almeidas, &25 N13; ver também MACEDO 2012: 17,59,102 e 114

Começamos, pois, com Pedro Brandão.

Antes do começo,

ISABEL.

Foi ela a matriarca dos de Arouca chamados Brandões. Que são tantos, todos, embora alguns com

chamamento diverso. Naqueles dias, Diogo Brandão encetou a estirpe em Arouca, tratando de

legitimar Isabel. Homem solteiro que diz que nunca casou nem é já para casar, o Rei mandou-lhe a

carta na sexta-feira, do inverno de 1498, aos 16 dias andados do mês de Fevereiro. Eis uma Brandoa.

Cabeça de vários braços, até hoje, onde o nome dela se repete e repete no começo de Seiscentos.

Também Gaspar, de ramo em ramo.

(Notem-se as aposições de Diogo, Isabel e Gaspar, no esquema seguinte; embora Diogo no andar

de cima, que não desce.)

O Senhor Dom João I trouxe, o avô dela, para Arouca; e ficou na Rua da Lavandeira, a uns passinhos

do cartório do mosteiro onde consta a primeira nota de tabelião, de 1423. Depois o Senhor Dom

Duarte nomeou-o para os Julgados de Arouca, Sanfins e Alvarenga: carta transcrita pelo Senhor Rei

D. Afonso V no ano de 1439.

Esquema simplificado,

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Figuras a documentar no Inédito ACTOS DO PODER, 9_7 os Brandões de Arouca

_donde provêm os Brandões de Arouca

O livro 9 de Prazos do Mosteiro de Santa Maria de Arouca – III,1ºD,13,1,123 – guardou uma enfiteuse a Jerónimo Brandão – jeronjmo brandom fylho de po brãndo tam delRey em a dta tera

daRouqua – ao tempo de D. Isabel de Ataíde e seu convento – dona isabel / datayde abadesa e

qvento do mo daRouqua –. O documento, um bacelo no lugar do Pinheiro – daquel bazelo que nos e

o dto nosso mo auemos no logo que chamom de p´nhejro [...] mays huã uynha – vem a fls. 38 do dito livro, 1440-1537, e seria uma escritura realizada por 1442 (a julgar pelas suas vizinha imediatas, mas incompleta por perda do fólio seguinte), ou seja nos anos da recém-maioridade de Jerónimo (que teria nascido por 1425, como veremos). E seu pai Pedro Brandão? A chancelaria de D. Duarte, mas já ao tempo da viúva regente, D. Leonor, transcreve a nomeação de Pedro Brandão para tabelião de Arouca, Sanfins e Alvarenga, datada de 1434 – das Cortes de Lisboa, iria iniciar-se neste ano a regência de D. Pedro –, no dia 30 de Abril – chDA5, L.18, f.66v –, logo seguida de confirmação, já nas notas do menino D. Afonso, 7 anos, a 20 Julho de 1439 – chDA5, L.34, f.112v –

ao Mosteiro de Arouca, neste de 1439, a 20 de Julho, D. Afonso V confirmou-lhe todos os privilégios, liberdades, usos,

costumes e foros, outorgados e confirmados pelos reis antecessores,

e, mais tarde, de novo confirmada a nomeação e registada no mesmo livro e folha, em 1450, a 16 de Setembro. Pouco tempo antes, o aludido Pedro Brandão havia requerido o ofício de escrivão para [seu filho] Diogo Brandão (como depois se há de apurar, de 23 anos de idade), carta de 1 de Julho – chDA5, L.34,f.102v. E poucos anos depois, o mesmo Diogo, com o pai já falecido, é nomeado em sucessão de seu padre, em 1454, 11 de Junho – chDA5, L.10, f.111 –;

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1454, Sintra, Novembro, 6

Carta régia nomeando Diogo Brandão tabelião do cívil e crime dos julgados de Arouca e Alvarenga em sucessão de seu pai Pedro

Brandão que então era falecido.

AV,10,111

do

brãdam

Dom afonso ect Saude carta de diogo brandam filho de pero brandam portador da petição por que o damos por

tabeliam do cíuel / e críme em os Julgados darouca e daluarenga asy e pella guísa que o era o dito seu padre que

por ora fínou e que a / carta em forma dada em Síntra bj dias de nouembro elRey a mandou por gomes Lourenço

seu basalo e do seu desembargo q ora tem cargo de / sseu chançeler mõor aluaro díaz pedro gomez borges a fez

ano de nosso Senhor Jesu christo de míll iiijc e l iiij //

como também um outro tabelião, Gonçalo Anes (seria Gonçalo Anes Barbosa?) substitui o mesmo Pedro Brandão:

Em 1455, a 20 de Janeiro, [D. Afonso V] a pedido da abadessa, nomeia Gonçalo Eanes, morador no julgado de Arouca,

para o cargo de tabelião do cível e crime, em substituição de Pêro Brandão.

Diogo Brandão vai manter o ofício até ao ano da aposentação, 1497, 20 de Abril em que se declina de 70 anos – chDM1, L.30, f.80v –; entretanto tinha sido nomeado, em 1463, 27 de Outubro, para escrivão da Câmara e dos Orfãos do Julgado de Alvarenga – chDA5,L.9, f.154v –; confirmado em 27 de Abril de 1483 no dito tabelionato de Arouca, Sanfins e Alvarenga – chDJ2, L.24, f.103 –; e no dia seguinte, como escrivão da Câmara e Orfãos de Alvarenga, nota do mesmo livro e folha; ainda, nomeado em 22 de Abril de 1496, para Escrivão das Sisas de Cabril e de Alvarenga – chDM1, L.34, f.17 –, e pela mesma altura, dia 28, para tabelião do Cível e Crime de Alvarenga – chDM1, L.40, f.107v:

LUGAR DE ALVARENGA, DA MERCÊ A DIOGO BRANDÃO, MORADOR EM AROUCA, DE TABELIÃO DO CÍVEL E CRIME, EM

ESSE LUGAR E SEU TERMO, ASSIM COMO ATÉ ENTÃO FORA POR CARTA DE D. JOÃO II.

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Entretanto, o Mosteiro concede-lhe ou confirma o prazo de huas casas na Lavandeira – MSMA, prazos, L.9 (coloc. 1,123), fl.69-69v –. Em 3 de fevereiro de 1494 pela mão do nosso bem conhecido Gonçalo Teixeira, escudeiro, ouvidor e tabelião (prazo de Valdasna, 1485, e demarcação do couto do Salvador, 1496 - "As Doze Portas...", I, p.351), e ao tempo de mais um último abadessado da veneranda D. Catarina Teixeira. feu

3 de mjll e iiij e lR iiij anos tas q presentes esteuã gomes / de payua ouuydor da dita Snra dona abadesa e esteuã / de ffjgeredo 1494 ppor do dito mostro e po diz e outros e eu go / teyra escudro e tam por noso Snor elRey na dita ujlla / e couto e notayro jurado plo dito mostro em estes prazos por / mãdado e outorga da dita Snra dona abadesa / e donas e cõuento po [próprio?] fuy(?) e em elle meu synall ffiz q tal / he [sinal] //

a) AbbA

Finalmente aposentado, 1497, como se viu acima, consta a nomeação de um João Dias para escrivão da Câmara de Alvarenga, por

impedimento de Diogo Brandão – chDM1, L.14, f.72 –:

O documento contém um instrumento público de licença, feito por Pero Anes, tabelião no concelho e terra de Sanfins,

aos 11 do mês de Setembro do ano de 1499. Esse instrumento dizia que no concelho de Alvarenga era escrivão da câmara

um Diogo Brandão, o qual era muito "empedido" e não podia servir o cargo.

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IDADE DE DIOGO BRANDÃO AO TEMPO DE VÁRIAS CARTAS RÉGIAS

12 1434-04-30 nomeação de escrivão para Pero Brandão, tabelião de Arouca, Sanfins e

Alvarenga, segundo carta de D. Duarte; confirmação de D. Afonso V

CA5, L. 18, f. 66v

17 1439-07-20 confirmação de Pero Brandão CA5, L. 18, f. 66v

23 1450-07-01 Diogo Brandão, escrivão do ofício de seu pai Pero Brandão CA5, L. 34, f. 102v

23 1450-09-16 confirmação de Pero Brandão CA5, L. 34, f. 112v

27 1454-11-06 sucessão de Diogo Brandão por morte do pai CA5, L. 10, f. 111

28 1455-01-20 nomeação de Gonçalo Eanes para tabelião de Arouca em substituição de Pero

Brandão

*

36 1463-05-25 nomeação de Diogo Brandão para escrivão das Sisas de Cabril e Alvarenga, em

substituição de Álvaro Proença, que renunciara

CA5, L. 9, f. 72v

36 1463-10-27 sucessão de Diogo como escrivão da Camara e dos Orfãos de Alvarenga CA5, L. 9, f. 154v

56 1483-04-27 confirmação de Diogo Brandão, tabelião de Arouca, Sanfins e Alvarenga CJ2, L. 24, f. 103

56 1483-04-28 confirmação de Diogo Brandão, escrivão da Camara e dos Orfãos de Alvarenga CJ2, L. 24, f. 103

69 1496-04-22 Diogo Brandão, escrivão das Sisas de Cabril e Alvarenga CM1, L. 34, f. 17

69 1496-04-28 Diogo Brandão, tabelião do Cível e Crime de Alvarenga CM1, L. 40, f. 107v

70 1497-04-20 Diogo Brandão, aposentação aos 70 anos CM1, L. 30, f. 80v

71 1498-02-17 legitimação de Isabel, filha de Diogo Brandão CM1, L. 28, f. 56v

72 1499-09-11 nomeação de João Dias** Escrivão, por impedimento de Diogo Brandão CM1, L. 14, f. 72

[Diogo Brandão, neto]

1520-08-22 Diogo Brandão, Recebedor das Sisas de Arouca CM1, L. 36, f. 65v

1520-09-07 Diogo Brandão, Recebedor das Sisas de Alvarenga CM1, L. 36, f. 67

* http://digitarq.dgarq.gov.pt/details?id=1459101

**Este João Dias poderá ser fº de Diogo Brandão e neto materno de um João como sugere o Anes da Mãe

LOCALIZAÇÃO DOS DOCUMENTOS

CA5, L. 18, f. 66v PT/TT/CHR/I/0018 http://digitarq.dgarq.gov.pt/viewer?id=3822237 m0259

CA5, L. 34, f. 112v PT/TT/CHR/I/0034 http://digitarq.dgarq.gov.pt/viewer?id=3838265 m0138

CA5, L. 34, f. 102v PT/TT/CHR/I/0034 http://digitarq.dgarq.gov.pt/viewer?id=3838265 m0128

CA5, L. 34, f. 112v PT/TT/CHR/I/0034 http://digitarq.dgarq.gov.pt/viewer?id=3838265 m0138

CA5, L. 10, f. 111 PT/TT/CHR/I/0010 http://digitarq.dgarq.gov.pt/viewer?id=3815953 m0220

MSMA 0883/1886 PT/TT/MSMAR http://digitarq.dgarq.gov.pt/details?id=1459101

CA5, L. 9, f. 72v PT/TT/CHR/I/0009 http://digitarq.dgarq.gov.pt/viewer?id=3815952 m0098

CA5, L. 9, f. 154v PT/TT/CHR/I/0009 http://digitarq.dgarq.gov.pt/viewer?id=3815952 m0183

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CJ2, L. 24, f. 103 PT/TT/CHR/J/0024/675 http://digitarq.dgarq.gov.pt/details?id=3857669

CJ2, L. 24, f. 103 PT/TT/CHR/J/0024/675 http://digitarq.dgarq.gov.pt/details?id=3857669

CM1, L. 34, f. 17 PT/TT/CHR/K/34/17-71 http://digitarq.dgarq.gov.pt/details?id=3874221

CM1, L. 40, f. 107v PT/TT/CHR/K/40/107-551V http://digitarq.dgarq.gov.pt/details?id=3878145

CM1, L. 30, f. 80v PT/TT/CHR/K/30/80-336 http://digitarq.dgarq.gov.pt/details?id=3872097

CM1, L. 28, f. 56v PT/TT/CHR/K/28/56-258V http://digitarq.dgarq.gov.pt/details?id=3870954

CM1, L. 14, f. 72 PT/TT/CHR/K/14/72-370 http://digitarq.dgarq.gov.pt/details?id=3865229

CM1, L. 36, f. 65v PT/TT/CHR/K/36/65-365V http://digitarq.dgarq.gov.pt/details?id=3875798

CM1, L. 36, f. 67 PT/TT/CHR/K/36/67-370 http://digitarq.dgarq.gov.pt/details?id=3875803

Não decorrido ainda um ano da aposentação, vem pedir a legitimação de uma filha, Isabel Brandão...

Isabel Brandão, moradora na rua da Lavandeira, legitimada por Diogo Brandão -AN/TT-chDM1, L.28, f.56v.

Legitimação de Isabel Brandoa filha de Diogo Brandão homem solteiro que diz nunca casou e nem é já para casar e Beatriz

Anes outrossim mulher solteira ao tempo da sua nascença

Legitimação de Isabel brandoa filha de do brandam homem soltro

Dom Mannoel ect A quantos esta carta birem ffazemos Saber que nos querendo fazer gça e merce a Isabel bra

doa fa de diougo brandam mor em aRouca homem solteiro que diz que nunca casou e nem he ja pa

casar e bratiz eannes outro ssy molher soltejra ao tpo da sua nascença de nosa certa ciençia e por

o uso dito q hauemos despensamos com ela e ligitimamola e abelitamola e fazemola legitima e quiremos e uos

em forma esta despensaçã lho fazemos ao pedir do dito seu padre quonolo enviou pedir porquanto

dele fomos certo por hum ppo estomto que parecia Ser ffto e asinado por gounçalo teixra tam por nos em o

dito luugar e couto do mostro darouca aos xbj -16- dias do mes de Janeiro da era presente desta carta

e soprimos todo fazendo solomudado quando for ou do dirto for uersauel para esta legitimação

firme Ser de mais valor empor e não he nossa tençã por ela fto prejuizo a alguns herdros ludamos

e uos hehas e a outros quantos quaes peSoas q algum djrto ajarem em os ditos bens e cousas que lho asy forem

dadas e deixadas em testemunho desto lhe mãdamos dar esta nosa carta dada em nosa cidade

de lixboa aos xvij -16- dias do mes de feuo El Rey ho mandou por dom po bpo da guarda Dom capelã moor e plo doutor

fernão Roiz aduã de coimbra ambos do conselho e desembargo e seus de

sembargadores do paço fr.co diaz a ffez anno de noso Sor Jeuu cho de mil e iiijlRbiij -1498- annos

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Isabel Brandão, filha de Diogo Brandão, teria ficado com as casas na Rua da Lavandeira e, prova-velmente, logo na 2ª pessoa ou 2ª vida do prazo (justificada assim a falta de qualquer outra menção no cartório do Mosteiro), e terá casado e havido filhos como o são, efectivamente (a documentar adiante), o padre Martim Brandão com metade huma vivenda de cazas na Rua da Lavandeira, e uma outra Isabel Brandão e Manuel Brandão declinado filho daquela e irmão desta, e ainda um outro Diogo Brandão, igualmente declinado irmão da segunda Isabel Brandão, livro 2,2, fl.63v e 64. Ao padre Martim cabem dois prazos, um no Soto e outro na Lavandeira, livro 2,1, fl.86, 86v e 87 e livro 2,2, fl.41, 41v e 42; a Isabel Brandão (II) o prazo neste mesmo livro, 2,2, fl.63, 63v e 64.

menção de familiares em 4 emprazamentos

Devemos acrescentar um prazo de 27-VIII-1543 a Briolanja Mendes, viúva [de Manuel Brandão], e sua filha Maria Brandão, do mesmo

casal na Carreira de Alvarenga - Lº 6, fl.113.

p.e Martim Brandão

uma quebrada cita no logo do Soto que foi do Cancelo

1529-2,1

f.86-87

pais:

Afonso Martins

e Isabel Brandão

p.e Martim Brandão

metade hua vivenda de cazas na Rua da Lavandeira

1537-2.2

f.41-42

Irmão:

Manuel Brandão

que lhe vendera as cazas na Rua da Lavandeira

Isabel Brandão

olival no logo de Cancelo

1537-2.2

f.63-64

cônjuge:

Pedro Anes de Roças

Irmãos:

Manuel Brandão

Diogo Brandão

Manuel Brandão

casal na Carreira de Alvarenga

1538-2,2

f.225-226v

cônjuge (menção em Isabel Brandão, 1537)

Briolanja Mendes

Irmã (menção em Isabel Brandão, 1537):

Isabel Brandão:

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No primeiro emprazamento ao padre Martim, de hua quebrada cita no logo do Sotto, em 1529, (vem a partir da 21ª linha da f.86): que Vos deu uoso paj e maj ao miz / e Isabell brãdan que hera do

casall de cãcelo e nos pidirã / por merce que volo empraSemos o qãll oliuall parte de huma / parte

cõ a outra metade dljuall do dito ao mjz uoso pay / e dj Vaj ter ao Portall onde esta o cãualho

[carvalho] a ponta do holjVall / de Johã Lço e por o camjnho de nouilhos e cõ o Rjbejro e cõ aue- /

sada do casall q foj de duarte Rjz e dj por onde cõ drto deue / partir aqãll quebrada e casas e oliuall

sobre ditos Vos / asy emprasamos [...]. Note-se quanto o patronímico de Afonso Martins sugere a presença de um Martim, ascendente destes Brandões de Arouca, nome que vai repetir-se nos mesmos: seu filho padre Martim e mais um Martim na geração seguinte.

Uma quebrada no Soto

O segundo prazo é igualmente rico de referências familiares e, além do mais, é o prazo das casas destes Brandões na Rua

da Lavandeira. Na fl. 41, 11ª linha, lê-se: que vos comprastes a manoell bradam / vosso Irmão aquella metade de casas

parte de huã parte cõ a outra metade / delas q demais traz o dito manoell brandam e cõ casas de Jorge glz e de Isa / bel

castanha e com casas q fora de Domingos frz [aparece marido de Brites Anes da Lavandeira, no prazo desta] e cõ a Rua pp

ª [pública] as qães / vos emprazamos asy e da maneira q se contem na dita cãta de mãda q delas / tendes q vos os ajardes

e logrades [...]. E termina assim, mais uma menção a Manuel Brandão: manda / mos aselar dos nosos Verdadeiros selos

pendentes fejtos e outorgados dentro no dito noso mo aos ix dias / do mes doutubro do ano do naçimto de noso Sor Jeu cho

/ Jbcxxxbij [1537] anos tas que erã presentes do djz e manoell / brandan mres na dita vjla darouca e eu go anes escrivã / dos

prazos do dito mo ajuramentado por mdo da dita Sra / abadesa e seu cõvento que para ele tem poder por espçiall /

autoridade del Rey noso Sor em q mãda q todolos prazos / fejtos por seu esprivã e aselados valhã e sejã gardados / em toda

parte como se fosem fejtos por tam ppo seam / ba digo da valoração do segdo livro e por mãdo das ditas / partes este prazo

esprevj

a) Doa abba m¯ lya

a) prioressa a) sup´oressa

(sinal) Manuel Brandão

a) P Martim Brandão

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Rua da Lavandeira

Isabel Brandão de Roças, com prazo de um Olival em 1537, no lugar de Cancelo que é no termo da vila, junto a Pinheiro e Manga (outros lugares destes Brandões), casada com Pedro Anes de Roças, era irmã de Manuel Brandão com prazo na Carreira de Alvarenga em 1538 e era irmã ainda de Diogo

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Brandão, por certo o Recebedor das Sisas de Alvarenga e também de Arouca, nomeações de 1520, a 22 de Agosto e 9 de Setembro – chDM1, f.65v e f.67; estes, irmãos igualmente do padre Martim Brandão da Rua da Lavandeira, de metade de uma vivenda de casas em 1537, e de outro prazo no Soto, Burgo, em 1529, onde se vê por filho de Afonso Martins e de Isabel Brandão. Teríamos aqui a geração dos nascidos por 1490. Na geração seguinte, 1520, Gayo nomeia outro Martim Brandão (Martim II), pai de Roque Brandão que vai estar casado com Marquesa de Pinho (pais do conhecido licenciado Domingos Brandão da Rua d´Arca); e pai, muito provavelmente, de Manuel Brandão (II) casado com Isabel Pires, tudo gente limpa e nobre, conhecidos das diligências de António Carvalho como avós de sua mulher Leonor de Almeida; pais aqueles de um outro Roque Brandão, sogro do dito licenciado Domingos Brandão. Além de Roque Brandão, pai do licenciado e de Antónia casada nos Malafaias, consta, nos Baptismos de 1574 e nos Crismas de 1576, o padre Domingos Brandão, capelão de Alvarenga, e senhor de alguns prazos, em 1561 a 1577. Por fim, chegámos à geração de 1570, que figura, resumidamente, na última linha do esquema junto. (É nesta linha que cabe um outro Gaspar, irmão do Licenciado.)

Pedro Brandão ~1390

tabelião de Arouca, escrituras de 1423, 1430 e 1431

tabelião dos Julgados de Arouca, Sanfins e Alvarenga, escrivão próprio nomeado D.Duarte, 1434; confirmado D. Af V, 1439; já +1454 ____________________________________ I I Jerónimo ~1425 Diogo Brandão 1427; escrivão do ofº de seu pai, 1450 ; suc. do ofício, 1454 Pz ~1442(L9,fl38, incompleto) pz da Rua da Lavandeira (L9,fl69), aí morador; escrivão Alvarenga, 1463 00 Beatrtiz Anes conf. tab. Alv, Sanfins, Arouca, 1483 _______________ conf. escrivão de Alvarenga, 1483 : I esc. do cível e crime Alvarenga, 149 ~1460 João Dias Isabel Brandão cc Afonso Martins tab. do cível e crime Alvarenga, 1496

escrivão, 1499 Rua da Lavandeira aposentado, 1497 Legitimada, 1494

________________________________________________________________________ I I I I ~1490/1500 Diogo Brandão Manuel Brandão Isabel Br. P.e Martim Brandão ~1505 recebedor das Sisas de Arouca e pz1538 pz1538 pz1529, Soto, Salvador; pz1537 recebedor das Sisas de Alvarenga Carreia de olival no lugar na Rua da Lavandeira em 1520 Alvarenga de Cancelo (metade de uma vivenda de casas) cc Briolanja Mendes cc Po Anes de Roças __________________________________________________ : I : ~1520 Manuel Brandão Maria Brandoa Martim Brandão cc Isabel Pires pz1543 s/ Gayo _______________ ________________________________________ : : : I : ~1550 Mª Brandoa Roque Brandão,1554 Mª Brandoa Roque Brandão P.e Dgos Brandão ~1540 cc Dº de “da Coelhosa” cc cc capelão de Alvarenga Alm Cabr cc Mª Dias, Frco Pires Marquesa de Po pad.1574, pad.Crisma 1576 irmã João Rz Carvº irmã Jera dePinho pz1567 e pz1577(já capelão)

_______________________________________________ ____________________________________ : : : I I I I I Dgos Brandão Jorge Brandão M.el Brandão Inácia da Ascensão cc L.do Dgos Brandão Antónia Pedro Maria pz de pz de pz 1638 1570 1572 1567 1568 Marecos Marecos Manga da vila, s.g. cc Do Malafaia Mascarenhas herds: da Rua d´Arca os Malafaias da Rua d´Arca e ambos com c.g.

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Brandões, prazos do Mosteiro de Santa Maria de Arouca - III, 1ªD, 13

hum bacelo no Pinheiro

Jer.º Brandão fº de P.º Brandão tabelião dEl Rei em a dita terra de Arouca

?-??-1442 Lº9 1440-1537, fls38

1,123 Incompleto, faltam fls

huas casas na Lavandeira

Diogo Brandão 3-II-1494 Lº9 1440-1537, fls69

1,123

Soto (p.e) Martim Brandão de hua quebrada cita no lugar de Sotto

23-10-1529 Lº4 1528-1534, fls86-87

2,1

Rua da Lavandeira p.e Martim Brandão de metade de uma vivenda de casas na rua da Lavandeira

09-10-1537 Lº 5 1536-1543, fls41-42

2,2

Cancelo Isabel Brandoa de Roças

15-12-1537 Lº5 1536-1543, fls63-64

2,2

Carreira de Alvarenga a mesma Carreira

Manuel Brandão e a vossa mer Briolanja Mendes

Briolanja Mendes, viúva, e fª Mª Brandoa

01-04-1538 Lº5 1536-1543, fls225-226v 27-08-1543 Lº6 1542-1548, fls113

2,2

huas casas desta vila, ½ casal da Mó, campo Alvarenga

(p.e) Domingos Brandão 15-VII-1567 Lº12 1567-1573, fls31-34

2,7

Alvarenga p.e Domingos Brandão 26-II-1577 Lº32 1573-1579, fls273-274v

2,8

Cancelo

Simoa fª de Balthazar Brandão 17-03-1618 L.º17 1616-1618, fls345

2,15

Manga

Manuel Brandão 20-02-1638 Lº23 ====-====, fls129

2,19 não encontrado; omisso no "Catálogo"

14

Olival do Cancelo

15

(...)

Vos daquele noso olivall q nos e noso mo temos e ave / mos no logo de cancelo termo desta nossa vjla darouca o quall ho /

livall se chama o temporã he da pretensa do nosso casal de cãcelo q ora traz manoell / brãdã voso Irmão e parte de hua parte cõ

outro olivall do dito ca/ sall q trazem jorge anes e com cãpos da forcada de cima q forão Vas [vossas] / do dito casall e cõ o

cãpo dos figos q ora traz go anes forejro e cõ / o caminho de gado q vaj para o Pto [*] o qual olivall vos cõprastes/ a dº brãdã

vosso Irmão e volo emprazamos que Vos o ajardes e lo / grades [...] e pagardes de Renda e pensão deste dito olivall/ a

manoell brãdam e as pas [pessoas] cõtidas em este prazo e do dito / casall de cancelo tem em cada hum ano [...] e cumpridas

as vidas no prazo do dito manoell brãdã [...] da era de Jbc xxxbiij [1538] e dj en djante en cada hum ano pelo dito dia durãdo as

vjdas [...]

(*) Porto, Porta ou Portela, no sentido topográfico, de passagem, ponto de entradas e saídas, ou até de portagem. VITERBO

escreve: "PORTO (...) sendo da razão do Porto o dar passagem, ou entrada (...) entrada, ou portal de huma fazenda."

16

Olival do Cancelo

17

(...)

feitos e outorgados dentro no dito noso mo aos xiij dias / do mes de dzro era do ano do naçjmto de noso

Sor Jeu cho de Jbcxxxbij [1537] / anos e logo hj pelo dito manoell brãdam e sua molher brjolãja /

mendez q presente estauã foi dito q eles cõsentiã e outorgauã / no dito prazo Ser feito a dita Isabel

brãdam nas uidas em ele cõteudas / e serã prosegas [como] em ele he cõteudo tas q erã presentes

Romão / de beça escudo e do piz moradores na dita ujla darouca / ca [sic] go anes espreuã dos prazos

do dito mo ajuramentado por / mdo da dita Sra abadesa e seu cõuendo q pa ele tem puder / por especiall

autorjdade delRey noso Sor em q mãda q todolos / prazos fejtos por seu espruã e aselados valhã e

sejã gãdados / em toda parte como se fosem feitos por tam ppo e por ende e outor / gante dos ditos

prazos este pzo espruj [.] nã faça duvida na / antrelinha onde diz chamado temporã porq he por

Verdade //

[sinal] Manuel Brandão a) Do a abba m¯ lya a) prioressa a) sup´oressa (*) por isso - VITERBO: "POR ende"

Como ficou acima, um prazo de 1442 foi dado a Jerónimo Brandão, filho do tabelião Pero Brandão. Duas gerações à frente - duas, segundo parece - temos em 1529 um prazo ao padre Martim Brandão, de parte de um olival que lhe fora dado por seus pais Afonso Martins e Isabel Brandoa; de pouco depois, em 1537, é um prazo ao mesmo clérigo de missa de uma casas na Rua da Lavandeira, uma parte que comprou a seu irmão Manuel Brandão; e logo no ano seguinte (1538) regista-se Isabel Brandão e o Cancelo, com uma parte que trazia seu irmão Manuel Brandão e outra parte que comprara a outro irmão, Diogo Brandão. Temos pois: o padre Martim, Manuel Brandão, Isabel Brandoa e Diogo Brandão: irmãos, filhos de outra Isabel Brandoa e seu marido Afonso Martins, e referenciados à Rua da Lavandeira e ao lugar de Cancelo. Isabel Brandoa da Rua da Lavandeira, vale de epígrafe ao prazo de 1538, acima, e repete o nome de outra Isabel Brandoa, sua mãe como vimos (mulher de Afonso Martins), que uma carta de legitimação dada por D. Manuel I faz nascida de Diogo Brandão, morador em Arouca, e de Beatriz Anes, ambos solteiros ao tempo do nascimento de Isabel. Diogo Brandão é, sem dúvida, o escrivão de seu pai Pero Brandão, tabelião de Arouca, Sanfins e Alvarenga em 1450, pai também do Jerónimo do prazo de 1442, e muito antes destas datas, dito, Pero Brandão, tabelião na terra de Arouca; o mesmo Diogo Brandão, tabelião que lhe sucede em 1454 e que se aposenta aos 70 de idade, em 1497, nascido portanto em 1427. Podemos agora completar o esquema de gerações com o primeiro, Pero Brandão, nascido pouco depois de 1390, a geração seguinte, com Jerónimo por volta de 1525 e Diogo em 1427, este, pai de Isabel Brandoa, que legitima pelos anos da sua aposentação. É bem possível que o acto de legitimação tenha vindo da necessidade de ajustar o matrimónio da filha com Afonso Martins, ou até antes, porque estes já teriam o seu primeiro filho, sem constar no pedido ao Rei qualquer menção a Isabel casada. Voltando à geração de 1495-1505 - padre Martim e seus irmãos - teria sido o sacerdote o mais novo, nascido por 1505, clérigo de missa pelos seus 24 anos, e o mais velho, talvez fosse Manuel, nascido por 1495, falecido em ou antes de 1543, deixando viúva Briolanja Mendes, que reouve o prazo da Carreira de Alvarenga para si e para sua filha, Maria Brandoa. Da geração de Maria Brandoa é por

18

certo outro Manuel Brandão que os paroquiais documentam casado com Isabel Pires, avós da mulher do familiar do Santo Ofício, António Carvalho, e de um outro Martim Brandão, que Gayo dá como sendo pai de Roque Brandão; este último, da vila de Arouca, e sua mulher Marquesa de Pinho, são os pais dos nossos conhecidos licenciado Domingos Brandão e de Antónia, casada nos Malafaias. O médico Domingos Brandão está casado com uma filha de um outro Roque Brandão e de Maria Dias, irmã esta de João Roiz Carvalho, tudo como sabemos. Os dois Roque Brandão seriam primos coirmãos, um deles filho de Martim Brandão e o outro filho de Manuel Brandão.

O esquema – Pedro Brandão ~1390 – mostra o exposto.

O tabelião Pedro Brandão andava pelos seus 40 à data das primeiras notícias, quer na Chancelarias Régias, quer no cartório do mosteiro de Arouca. Em 1434 pede ao Rei D. Duarte um ajudante, um escrivão; em 1442 pede à abadessa D. Isabel de Ataíde um bacelo para seu filho Jerónimo. Mais tarde, vai saber-se de um outro filho, Diogo, por hora de 7 e 15 anos apenas, proposto para escrivão de seu pai. Por onde andou Pedro Brandão até 1434? E em que situações passou para tabelião dos três julgados, Arouca, Sanfins e Alvarenga? Aparece no ofício de tabelião de Arouca (notário do cívil e crime) em 1423, 1430 e 1431. Com efeito, Pero Brandom é mencionado 7 vezes em 5 trechos manuscritos do corpo documental do Mosteiro (VIGÁRIO, 2007: 219,236,253,287 e 291).

1423: em presença de mim Pero Brandom tabeliam por el rey na dicta terra d’ Arouca e eu Pero Brandom tabeliam sobredicto 1430: e eu Pero Brandom tabeliam por el rey na dicta terra d’ Arouca e Pero Brandom tabeliam del rey em a dicta terra 1431: escripta em prugaminho fecta e asinada per Pero Brandomtabeliam por ell rey em terra d’ Arouqua e eu Pero Brandom tabeliam por ell rey na dicta terra d’ Arouqua Pero Brandom tabeliam do dicto senhor rey em a dicta terra d’ Arouqua

Andava, então, atendendo àquela primeira data – e supondo que tivesse nascido por 1398 (ou um pouco antes) – andava ele a meio da casa dos vinte (nomeado depois dos 25), e nos 33 ou 35 anos no último daqueles anos; e assim, logo a seguir, teria saltado para tabelião dos Julgados, pois a primeira menção documentada é de 1434, quando pede a el-Rei D. Duarte, escrivão próprio para aquele exercício. Em 1455, consta que D. Afonso V, a pedido da abadessa de Arouca, nomeia Gonçalo Eanes para tabelião de Arouca, como o tinha sido Pero Brandão...

para bibliografia: VIGÁRIO, Rafael Marques, O Mosteiro de Arouca no Século XV (1400-1437), A Comunidade e o Património;

Coimbra: Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 2007 (dissertação de mestrado):

para bibliografia: Disponibilizado em:

http://digitarq.dgarq.gov.pt/details?id=1459101

E, no mesmo ano, seu filho Diogo sucede a seu pai, já então falecido, no tabelionado dos Julgados.

Eis os Brandões de Arouca.

19

Donde proviria Pedro Brandão?

(leitura crítica)

D. Afonso etc. A quantos esta carta virem fazemos saber que Pedro Brandão mostrou perante nós uma carta / d´El Rei meu senhor e

padre cuja alma Deus haja, da qual o teor tal é:

D. Duarte pela / graça de Deus Rei de Portugal e dos Algarves, Senhor d´África:

A vos juízes e concelho e homens bons / de Arouca e de Sanfins e de Alvarenga, saude.

Sabede que nós, querendo fazer graça e mercê a Pedro Brandão / tabelião em os ditos julgados e seus termos, queremos por bem e

damos-lhe por escrivão (<Stpriuam>) para lhe escrever (<stpriuer>) / todas as escrituras, que aos ditos ofícios de tabeliado pertencer

por lei, em o sendo o dito Pedro Brandão / ou separando-se (<pãtjndosse>) dele ou havendo com ele alguma desavença, mandamos

que possa tomar outro / escrivão, seja ele qual for, de maneira que possa, por esta carta, ter livre / escrivão / que seja para si (<que

sseja para elle pertençente>) e mandamos que as escrituras públicas feitas pelo escrivão que Pedro Brandão tiver (<escrituras

públicas que o escrivão que assim dito pº Brandão teuer>), [as escrituras que o escrivão] faz perante o dito Pero Brandão, que o dito

Pero Brandão as autentifique (<escreva em elas e ponha / em ellas sseu synal>), e doutra maneira mandamos que não valham nem

façam fé. E esto aí fazemos / pelo quanto nos mostrou outra tal do mui virtuoso (<bituperoso>) El-Rei meu senhor e padre cuja alma

Deus haja. / Outra coisa não façais (<Em al nom façades>). Dada em Santarém, xxx dias do mes de abril El-Rey e mandou por João

Mendes / seu vassalo e Gor da Corte [governador da casa da justiça da corte] perante escrivão. Em lugar de Filipe Afonso, Afonso a

fez, ano do nascimento / de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil e iiijc xxxiiij. E pediu-nos o dito Pedro Brandão por mercê que lhe confir

/ mássemos a dita carta, e nós, visto seu dizer e pedir, e querendo-lhe fazer graça e mercê, temos por / bem e confirmamos-lhe o

dito ofiçio segundo em esta carta e conteúdo se[m] q[ua]lquer preconceito e / guardar sem outro algum embargo que lhe sobre ele

seja posto. Em al não façades. Dada em / a cidade de Lisboa xx dias de Julho El-Rey e mandou pelo doutor João de Sousa do seu

conselho / e chanceler-mor Diogo Alvares. Em lugar de Filipe Afonso,

Afonso a fez, ano do nascimento de Nosso Senhor / Jesus Cristo de mil iiijcxxxix anos. //

20

Po bãndan (diplomática ou paleográfica)

Dom Afonso ect Aqntos esta ctã birem fazemos ssaber que po brandã mostou perante nos huã ctã / delRey meu Snõ e padre cuja

alma ds aja daqual o theor tal he Dom Edhuãte pella /

graça de ds Rey de põtugal e do algãues Snõr daprica A vos juizes e conçelho e homãs bos /

darouca e de Sam fiz e daluarenga Saude sabede q nos qrendo fazer graça e merçe a po brandã /

tãm em os dttos Julgados e seus termos Queremos põ bem e damoslhe por Stpriuam para lhe stpriuer / todolas stprituras que aos

dtos oficios de taballiado pertãcer por lei em o ssendo o dto po br /

ou pãtjndosse del ou auendo cõ el alguã desauença mandamos que elle possa tomã outro /

que elle possa tomã outo (sic) stpriuam qual elle que for em gsa q posa por esta ctã possa ter lyure /

stpriuam que sseja para elle perttençente e mandamos que as stprituras ppas que o stpriuã que asy dtto po /

brandam teuer fez perante o dtto po brandam que el dtto po brandam nos stpreua em ellas e ponha /

em ellas sseu synal e doutra guysa mandamos que nom ualham nem façã fe e Esto hy fazemos /

pelo qãnto nos mostou outra tal do muy bituperoso ElRey meu Snõ e padre cuja alma ds haja /

Em al nom façades dada em Sttãrem xxx dias do mes de dabril ElRey o mãdou por Joham meendez /

sseu bassallo e Gor da (casa da justica da) cort perante Stpriuam em logo de filipe afonso afonso a fez ãno do naçimento /

de nosso Snõ Ihu xo de mjl e iiijc xxxiiij E pedionos o dtto po brandã por merce que lhe cõfjr /

massemos a ditta ctã e nos bisto seu dizer E pidjr E qrendolhe fazer graça e merce Temos por/

bem E confjrmsmos lhe o dtto oficio segundo em esta ctã e cõtheudo sem qualquer preconsey E/

guãdaar sem outo algum embargo que lhe ssobr ello seja posto Em al nõ façades dada em /

a cidade de llixboa xx dias de Julho ElRey E mãdou pelo douto Johã de Ssous do sseu coselho /

E chançeller moõ diogaluarez em logo de filipe affons a fez ano do nacmto de nosso Snõ /

Ihu xo de mil iiijcxxxy anõs

1439, Julho, 20, Lisboa – D. Afonso V outorga carta para escrivão próprio a Pedro Brandão (em confirmação da carta sigilar de D.

Duarte, 1434, Abril, 30, Santarém).

PT/TT/CHR/I/0018, CA5, L. 18, f. 66v, http://digitarq.dgarq.gov.pt/viewer?id=3822237, m0259

Como ficou apontado, Pero Brandão, muito antes de mencionado nos julgados de Arouca, Sanfins e Alvarenga (primeira nota para escrivão próprio, 1434) outorga escrituras do mosteiro, na qualidade de tabelião de Arouca. É possível que o ofício lhe tivesse sido granjeado pelas influentes monjas Brandoas: Guiomar Martins (sacristã 1394, monja 1417), as sobrinhas desta, Teresa e Berengária Dias (subprioresa 1394, monja 1417-1430) e ainda uma sobrinha desta última, Berengária Peres (professa 1417; Iconima 1435-1439). A viúva de João Martins Brandão, Leonor das Medas ou Medãs, ter-se-ia relacionado com um outro Brandão, Diogo Brandão, “em data posterior a 1365”, mostrando-se assim que mais um Diogo Brandão precedera o filho de Pero Brandão, nascido em 1423, e o próprio Pero, nascido por 1397.

21

esquema de relacionamento de grupos BRANDÃO: SOUZA DA SILVA, 2000 (fac-simile), Nobiliário das Gerações - verde PIZARRO. 1987, Patronos de Grijó - laranja RÊPAS, 1998, As Abadessas Cistersienses- azul VIGÁRIO, 2007, O Mosteiro de Arouca no Século XV - azul

Os deste apelido BRANDÃO, no vale de Arouca, se não são todos do apelido Brandão, são Brandão os habitantes todos. Isto aconteceu ao longo dos três séculos subsequentes ao aparecimento deles, e consolidou-se, provavelmente, por mais dois, no decurso de um total de cinco séculos. Uma parte de Roças advém de Frei Brás Brandão, filho do morgado da Torre da Marca, no Porto. São os Brandão de Vasconcelos (Inédito cit., 9_8); e outros. De mais um da Torre da Marca, de nome Gaspar, provavelmente (o irmão de Frei Brás: “outro mora em Roças de Arouca”), advêm muitos Brandões também nascidos em Roças e com descendência aí e, segundo parece, na vizinha Várzea, lugar da Pereira (tudo, adiante, Inédito cit.). Destes provêm os Ferreira Brandão, igualmente de Roças, que são imensos (para dizer). Aqueles Brandões, que agora conhecemos, fixam-se na vila, a principiar pela Rua da Lavandeira. Também se pode contar outro Gaspar, mais antigo que o irmão de Frei Brás, pois seria da geração de 1540/50. Aqueles relacionam-se igualmente em São Salvador da Várzea, onde se confundem, em Marecos, com o Brandões da Pereira, de Frei Brás. Todavia, nem todas as gerações deles foram fartas, e surpreende que a geração de 1520 da Vila, Manuel e Martim, dois prováveis irmãos de Maria Brandoa do prazo de 1543 – filha de Manuel Brandão e Briolanja Mendes da Carreira de Alvarenga – sejam tão poucos, e ausentes, pelos vistos, de terras de Arouca, salvo Manuel cc Isabel Pires. Teremos, então, de esperar pela geração seguinte para encontrarmos dois do nome Roque, um deles avô de gente de Arouca, outro deles, pai de um rancho de Arouca nascido de uma herdeira, também de Roças, Marquesa de Pinho.

22

Tais são.

Os segredos estão contados.

23

http://digitarq.dgarq.gov.pt/viewer?id=3822237

m0258 = m0259, carta de D. Duarte transcrita por D. Afonso V

24

[...] Tenhamos tempo. Não será hoje mas,/ olhando melhor, ontem, por um

acaso/ medonho, lá estava. Falaremos disso/ mais tarde. Por agora, no lado

da casa/ que canta, faz-se um perfume de cuidados,/ folhas de chá esvaindo-

se, o sabão de ervas,/ a luminescência de um verso tocado/ pelos sons de

uma mulher no banho./ A tarde é prometida a uma sinfonia,/ mas isso fica do

outro lado da casa./ Deste, os segredos estão cansados. [...]

DIOGO VAZ PINTO http://omelhoramigo.blogspot.pt/2015/04/geracoes-tem-caminhado-quanto-elas-tem.html