Sociologia: Guia do Professor – 11.º ano de escolaridade (ISBN 978-989-8547-56-9)

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Projeto - Reestruturação Curricular do Ensino Secundário Geral em Timor-Leste Cooperação entre o Ministério da Educação de Timor-Leste, o Instuto Português de Apoio ao Desenvolvimento, a Fundação Calouste Gulbenkian e a Universidade de Aveiro Financiamento do Fundo da Língua Portuguesa Guia do Professor DISCIPLINA 11. o ano de escolaridade

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Projeto - Reestruturação Curricular do Ensino Secundário Geral em Timor-Leste

Cooperação entre o Ministério da Educação de Timor-Leste, o Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento, a Fundação Calouste Gulbenkian e a Universidade de AveiroFinanciamento do Fundo da Língua Portuguesa

Guia do ProfessorDISCIPLINA11.o ano de escolaridade

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TítuloNome da Disciplina - Guia do Professor

Ano de escolaridade11.o Ano

Autores(as)xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Coordenador(a) de disciplinaxxxxxxxxxxxx

Consultor(a) científico(a)xxxxxxxx

Colaboradores(as)xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxColaboração das equipas técnicas timorenses da disciplina xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Ilustraçãoxxxxxxxxxxxxxx

Design e PaginaçãoEsfera Crítica Unipessoal, Lda.xxxxxx

Impressão e Acabamentoxxxxxx

ISBNxxx - xxx - x - xxxxx - x

Tiragemxxxxxxx exemplares

1ª Edição

Conceção e elaboraçãoUniversidade de Aveiro

Coordenação geral do ProjetoIsabel P. MartinsÂngelo Ferreira

Ministério da Educação de Timor-Leste

2013

NOTA: Embora os autores estejam conscientes de que a linguagem não é apenas um vínculo pelo qual as ideias são transmi das, mas, também, um código criador de signi cados que contribui fortemente para moldar as prá cas e as representações sociais, optaram pelo uso generalizado do masculino na linguagem. Esta opção prende-se com a necessidade de simpli car o texto e não traduz qualquer signi cado associado ao género.

Índice

4

1 Unidade Temática 1

Introdução

1 Metas de aprendizagem

2 Objetivos

3 Estrutura3.1 Conceitos3.2 Atividades de ensino-aprendizagem

3.2.1 Exemplos de atividades a desenvolver3.2.2 Recursos necessários

3.3 Aulas previstas

4 Bibliografia

5 Propostas de avaliação

1 Apresentação do Guia do Professor

2 Apresentação do Programa

3 Orientações metodológicas

4 Avaliação

20

21

212123243030

30

31

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13

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Unidade Temática 2

1 Metas de aprendizagem

2 Objetivos

3 Estrutura3.1 Conceitos3.2 Atividades de ensino-aprendizagem

3.2.1 Exemplos de atividades a desenvolver3.2.2 Recursos necessários

3.3 Aulas previstas

4 Bibliografia

5 Propostas de avaliação

36

36

373739404545

46

46

2

5

Unidade Temática 3

GlossárioBibliografia

1 Metas de aprendizagem

2 Objetivos

3 Estrutura3.1 Conceitos3.2 Atividades de ensino-aprendizagem

3.2.1 Exemplos de atividades a desenvolver3.2.2 Recursos necessários

3.3 Aulas previstas

4 Bibliografia

5 Propostas de avaliação

52

52

535355556060

60

60

6265

3

Introdução | Guia do Professor

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1 Apresentação do Guia do ProfessorEste Guia do Professor é um auxiliar para o desenvolvimento de estratégias de

ensino e de aprendizagem pelos professores que têm a responsabilidade de ensinar

a disciplina de Sociologia no 11º ano de escolaridade do Ensino Secundário de Timor-

Leste. Para que, ao nível dos principais termos que irão ser usados, a linguagem

utilizada neste Guia se torne mais compreensível, torna-se importante, previamente,

definir as noções de ‘ensinar’ e de ‘estratégia de ensino e aprendizagem’.

Ensinar significa o desenvolvimento pelo professor, na sua prática quotidiana, de

um conjunto de ações sobre um assunto, ou tema, com o objetivo de promover

uma determinada aprendizagem no aluno. Por sua vez, uma estratégia de ensino

e aprendizagem é a maneira como o professor concebe esse conjunto de ações,

ou seja, a maneira como o organiza e orienta, combinando meios (ou recursos

disponíveis), atividades e tarefas para que o aluno possa aprender o melhor possível.

Deste modo, o que o Guia procura é apoiar a prática letiva do professor para

que este possa fazer com que os seus alunos aprendam melhor as matérias que

são propostas no Programa de Sociologia do 11º ano. Este apoio consiste em

fornecer informação geral, e informação sobre várias hipóteses de conceção e

uso de recursos complementares, a propósito da forma como pode ser ensinada e

organizada a aprendizagem na disciplina de Sociologia. O objetivo é tornar possível

e facilitar o acesso dos alunos ao conhecimento teórico e empírico da Sociologia e,

quando os conteúdos surgirem no programa, de outras disciplinas próximas (como

a Antropologia).

Nesta perspetiva, no Guia, apresentam-se algumas propostas que podem ajudar

os professores a explorar os temas e os conteúdos do Programa de Sociologia.

Sugerem-se planos de aulas, atividades, tarefas e fichas de trabalho que permitem

melhorar as técnicas de ensino e a organização das aprendizagens dos alunos, e

proporcionar, assim, uma visão mais global das matérias lecionadas.

O Guia inicia-se com a apresentação do Programa da disciplina, assim como as

principais orientações metodológicas e a avaliação proposta. A secção seguinte

dedica-se, de forma detalhada, à exploração de cada uma das unidades temáticas

que compõem o Programa. Esta exploração está organizada da seguinte forma:

metas de aprendizagem, objetivos e apresentação de cada um dos subtemas,

contendo os principais conceitos, propostas de organização de atividades e tarefas

de ensino e de aprendizagem, e as aulas previstas.

Em cada unidade temática, o Guia apresenta, ainda, alguns exemplos de atividades

e tarefas a desenvolver, em conjunto pelos professores e alunos, ou só pelos alunos,

com a orientação dos professores. Contém, igualmente, referências a publicações

e outros recursos necessários para que o professor aprofunde a sua pesquisa sobre

Guia do Professor | 7

os temas em questão, em estreita relação com o Programa.

Por fim, algumas propostas de avaliação, inseridas no fim de cada unidade temática,

destinam-se a sugerir ideias sobre a forma como o professor pode organizar

exercícios para diagnosticar as aprendizagens dos alunos (o que os alunos já

aprenderam com a unidade temática) ou elaborar os testes.

O professor poderá pedir aos seus alunos que leiam cuidadosamente a informação

dos seus manuais, como introdução aos trabalhos, antes de dar início às atividades

e tarefas sugeridas. As atividades propostas neste Guia foram concebidas de

forma a serem flexíveis, sendo usada uma variedade de métodos e aproximações

às diferentes temáticas. O programa de Sociologia pode ser trabalhado pelos

professores de diversas maneiras, de acordo com as realidades de cada região e de

cada escola.

2 Apresentação do ProgramaA disciplina de Sociologia faz parte do currículo nacional dos alunos que seguem o

percurso das ciências sociais e humanidades nos três anos do ensino secundário

de Timor-Leste. No âmbito deste percurso, o currículo desta disciplina propõe

um conjunto de aprendizagens, sobre vários temas, questões e problemas

sociais e antropológicos, que se consideraram importantes no contexto cultural e

contemporâneo da sociedade timorense.

Nesta perspetiva, as finalidades das aprendizagens, assim como a forma como

o Programa de Sociologia está organizado para as atingir, nos três anos de

Ensino Secundário, têm como intenção estimular nos alunos a análise crítica e a

compreensão da realidade social, cultural e política de Timor-Leste.

Espera-se que o Programa de Sociologia permita a apropriação de conhecimentos

e a construção de competências que capacitem os alunos para interpretarem

a realidade da sociedade timorense de uma forma consciente e crítica e nela se

situarem como cidadãos mais livres, esclarecidos, responsáveis e ativos.

A inclusão da Sociologia no currículo nacional do ensino secundário timorense

possibilita um primeiro contacto e a iniciação dos alunos à aprendizagem de novos

conhecimentos, no domínio das ciências sociais e humanas, ligados às tradições

teóricas e empíricas da Sociologia (e da Antropologia). Ao mesmo tempo, esta

inclusão promove, ainda, a aprendizagem de uma nova forma de organizar o

pensamento e novas metodologias para estudar a diversidade das relações sociais

e o funcionamento das sociedades.

Este conjunto de aprendizagens constitui um meio importante de análise da

realidade macro e micro social de Timor-Leste, podendo surgir como um forte apoio

8 | Introdução

ao desenvolvimento e consolidação de uma sociologia e antropologia timorenses.

Por esta razão, este Programa procura dar uma visão de conjunto de algumas das

questões fundamentais da Sociologia (e Antropologia), combinando-as com vários

aspetos sociais e culturais – ‘tradicionais’ e ‘modernos’ – que fazem parte da vida

quotidiana, da cultura e da organização social e política da sociedade timorense.

A contribuição da Sociologia para a compreensão da realidade macro social surge

sempre valorizada ao longo das diferentes unidades temáticas do Programa, que

tratam das inter-relações complexas entre indivíduo, comunidade e sociedade. É

através da apresentação destas inter-relações, estudadas no contexto da sociedade

timorense, que se procura que os alunos compreendam como é construída a

organização social e a cultura de uma sociedade e quais as normas e valores que

dela fazem parte.

Ao nível micro, a contribuição da Sociologia situa-se na valorização do conhecimento

mais orientado para os domínios sociais da política, economia, trabalho e educação.

Os alunos terão a oportunidade de tomar contacto com vários aspetos centrais na

organização e funcionamento das sociedades, mais uma vez tendo sempre em

atenção as particularidades da sociedade timorense. Por exemplo, são hoje muito

importantes, para a construção de sociedades mais justas, equilibradas e menos

desiguais, temas, que tradicionalmente fazem parte do pensamento e análise da

Sociologia (e da Antropologia), como o papel do trabalho nos diversos tipos de

sociedade, os diferentes papéis e funções do Estado e da política na organização

dessas sociedades e as formas distintas de organização dos sistemas educativos.

Neste último ponto, explora-se, de forma particular, a relação entre educação,

formação, trabalho e desenvolvimento económico.

No âmbito das ciências sociais, a Sociologia e a Antropologia são disciplinas que

propõem, de forma crítica, um conjunto de reflexões e de conhecimentos sobre as

sociedades contemporâneas, quer ao nível local, quer global. Ora, na atualidade,

todas sociedades se estão a tornar mais complexas e interdependentes entre elas,

principalmente ao nível económico, fazendo parte de redes locais (regiões do

mundo) e globais em permanente mudança. Tal obriga a que os indivíduos, os grupos

sociais e as comunidades que as compõem tenham de lidar com novas situações

e acontecimentos. Torna-se importante, por isso, que as diferentes sociedades

tomem consciência, por um lado, da sua posição nos sistemas económicos, sociais

e culturais mundiais, e por outro lado, sejam capazes de tomar decisões de forma

soberana, autónoma e criativa.

As finalidades e os objetivos de ensino e aprendizagem do programa de Sociologia

estão definidos de acordo com os contextos socioculturais de Timor-Leste e as

características dos alunos timorenses do ensino secundário. Na escolha dos temas

do programa, para desenvolver ao longo de três anos, optou-se por valorizar a

Guia do Professor | 9

sua relevância científica, a um nível de iniciação, assim como a sua atualidade e

importância no funcionamento da sociedade timorense. Do mesmo modo, esta

também foi a preocupação principal presente na definição, para os três anos de

escolaridade, da organização e sequência dos temas e dos métodos de trabalho,

orientados para facilitar as aprendizagens dos alunos.

Neste contexto, o programa do 11º ano procura desenvolver a curiosidade, o gosto

e a motivação dos alunos para o estudo e aprendizagem de temas da Sociologia (e

da Antropologia) relacionados com vários aspetos da organização e funcionamento

das sociedades: os diferentes tipos de sociedades e as mudanças que neles

ocorrem, as principais dimensões globais e locais que as influenciam e aos grupos

(e comunidades) que as constituem e, por fim, a forma como estão estruturados do

ponto de vista da sua estratificação social.

Pretende-se dotar os alunos dos instrumentos conceptuais que lhes permitam

analisar, de forma crítica e comparativa, as especificidades das formas de organização

social, cultural e económica das diferentes sociedades. O uso destes instrumentos

é importante para situar as características únicas da sociedade Timorense. Este

carácter único da sociedade Timorense só poderá ser totalmente compreendido

no quadro global das sociedades contemporâneas e nas complexas inter-relações

desenvolvidas entre elas ao nível económico, social, político e cultural.

Assim, o esquema conceptual do programa do 11º ano procura salientar a

importância destes temas, para a compreensão da realidade de Timor-Leste.

O estudo, ao nível geral, das relações estreitas entre as diferentes características

das sociedades, a forma estão socialmente estratificadas e a globalização. Torna-se

assim possível clarificar e identificar melhor na sociedade timorense:

as mudanças, problemas e as desigualdades sociais provocadas pela passagem

de um tipo de sociedade para outro (sociedades pré-industriais, ou agrárias,

sociedades industriais e sociedades pós-industriais);

a influência da globalização política, económica, cultural, social e ambiental nessa

passagem;

as alterações que surgem na estratificação social, ao nível da mudança das

posições e dos papéis que cada grupo ocupa nos diferentes tipos de sociedade.

Unidade Temática 1: Tipos de Sociedades

Esta unidade temática pretende contribuir para estimular a tomada de consciência

e a aprendizagem dos alunos sobre a existência de várias formas de organização

social nas sociedades contemporâneas. Considera-se que o termo ‘sociedades

contemporâneas’ diz respeito não apenas às sociedades industriais e pós-

industriais, mas, igualmente, às sociedades pré-industriais ou agrárias. Todas

as formas de organização social são legítimas, e deverão, por isso, ser estudadas

10 | Introdução

e compreendidas em situação de igualdade. Elas representam o resultado de

diferentes tipos de relações sociais e de atividades de cooperação que os seres

humanos foram estabelecendo, ao longo da sua história, para subsistirem e viverem

em comum. Esta maneira distinta de se organizarem significa, ao mesmo tempo, que

as diversas sociedades foram construindo formas e soluções próprias para resolver

os seus problemas e conflitos sociais, económicos e culturais. A compreensão

deste fenómeno, para ser completa, tem de incluir o estudo das características

gerais de cada tipo de sociedade e a identificação das principais mudanças com as

quais, atualmente, cada um deles está confrontado. Em especial, o conhecimento

das tradições das comunidades e das mudanças nessas tradições, principalmente

durante a transição de um tipo de sociedade para outro, é uma questão muito

importante para a compreensão da sociedade timorense contemporânea.

Desta unidade temática, fazem parte os seguintes subtemas:

1 Sociedades pré-industriais – o papel das famílias e das comunidades locais

1.1 Sociedades pré-industriais

1.1.1 Sociedades pré-industriais ou sociedades agrárias

1.1.2 Noção de comunidade

1.2 Família – Noção, estruturas, tipos e funções

1.3 Família como unidade de produção e de consumo

1.4 Relações de parentesco e economia

2 Sociedades industriais e pós-industriais – produção, consumo e modos de vida

2.1 Sociedades industriais

2.1.1 A industrialização

2.1.2 As novas relações sociais

2.2 Urbanização

2.2.1 Fatores de crescimento urbano

2.2.2 Consequências da urbanização

2.3 Sociedades pós-industriais

2.3.1 Alterações nos padrões de produção e consumo

2.4 Consumo e estilos de vida

3 Transições e mudanças sociais

3.1 Teorias da mudança social

3.1.1 As teorias cíclicas

3.1.2 A perspetiva funcionalista

3.1.3 As abordagens contemporâneas

3.2 Influências na mudança social

4 Diferenças entre sociedades pré-industriais e industriais

4.1 Desigualdades económicas e relações de dominação

Guia do Professor | 11

4.2 Desigualdades sociais

4.2.1. Pobreza

4.2.2 Exclusão

Unidade Temática 2: Sociedades e globalização

Esta unidade temática tem por objetivo incentivar e estimular a curiosidade dos

alunos pelo estudo, numa perspetiva crítica, de temas sobre os diferentes fatores

externos e globais que condicionam a organização e a vida das sociedades, em

particular da sociedade timorense. Ao nível dos conteúdos, o trabalho dos professores

com os alunos, neste âmbito, consiste na análise crítica da noção de globalização,

dos diversos tipos de globalização – económica, ambiental, cultural e social – e

dos seus efeitos, positivos e negativos, no desenvolvimento das sociedades, em

particular, os efeitos nas comunidades locais e na sociedade timorense. O turismo,

por exemplo, constitui, hoje, um importante instrumento do desenvolvimento dos

países e da comunicação entre os povos. Mas, se as políticas do turismo não forem

adaptadas às realidades de cada país, este fenómeno pode, também, ter efeitos

negativos nas culturas locais, no ambiente e no desenvolvimento económico e social

das populações. A identificação e a compreensão dos diversos aspetos complexos,

negativos e positivos, da globalização passam, igualmente, por um trabalho com os

alunos sobre as seguintes questões: as desigualdades entre países, as desigualdades

sociais, as migrações humanas e a existência de experiências sociais e económicas

alternativas em relação à visão dominante sobre a globalização.

1 Conceitos de globalização

1.1 O que é globalização?

1.2 Perspetivas sobre a globalização

1.3 Globalização e as mudanças nas sociedades

1.3.1 Migrações internacionais e sociedades multiculturais.

2 Globalização, desenvolvimento e desigualdades

2.1 Globalização e desenvolvimento

2.1.1 O movimento do comércio justo

2.2 Problemas e desigualdades da globalização

2.3 Globalização e sustentabilidade

3 O turismo e a globalização

3.1 A crescente internacionalização do fenómeno turístico

3.2 As implicações da globalização no turismo

3.3 Globalização, desenvolvimento e turismo sustentável

4 O impacte da globalização na sociedade timorense

12 | Introdução

4.1 Globalização sociocultural

4.2 Globalização económica

4.3 Globalização política

4.4 Globalização ambiental e tecnológica

Unidade Temática 3: Sistemas de estratificação social

Esta unidade temática está orientada para o trabalho com os alunos sobre temas

relacionados com as desigualdades existentes entre indivíduos e grupos nas

diferentes sociedades. Pretende-se que, após este trabalho, os alunos conheçam

o conceito de estratificação social e saibam identificar e analisar os principais

critérios que conduzem à sua existência. Os diferentes sistemas de estratificação

social existentes, constituem outro dos temas a estudar nesta unidade. Espera-se

que os alunos consigam contextualizar, na realidade timorense, as aprendizagens

que fizeram sobre o conjunto de aspetos que definem um sistema de estratificação

social. Com esta unidade temática, procura-se, igualmente, estimular o gosto e o

interesse dos alunos pelas propostas que as principais teorias sociológicas fazem

sobre a forma com as sociedades estão socialmente estratificadas. Algumas destas

teorias são mais antigas, outras são mais recentes e atuais. No entanto, ainda

hoje, para se compreender bem o fenómeno da estratificação social, é necessário

combinar as teorias mais clássicas com as mais contemporâneas. A compreensão

do fenómeno da estratificação passa, ainda, pela reflexão sobre os mecanismos

de mobilidade social. Esta mobilidade pode ser ascendente (passar para um grupo

social com uma posição mais favorecida), ou descendente (passar para um grupo

como uma posição menos favorecida). A mobilidade pode dar-se, ainda, dentro

de uma geração (mobilidade intrageracional) ou entre duas ou mais gerações

(mobilidade intergeracional).

1 O conceito de estratificação social

1.1 Noção de estratificação social

1.2 Critérios de estratificação

1.2.1 Estratificação económica

1.2.2 Estratificação política

1.2.3 Estratificação social

2 Sistemas de estratificação social

2.1 Formas históricas de estratificação social

2.1.1 A escravatura

2.1.2 As ordens

2.2 Sociedades hierarquizadas

2.2.1 As classes sociais

Guia do Professor | 13

2.2.2 As castas

3 Teorias da estratificação social

3.1 O conceito de estratificação em diferentes autores

3.2 As teorias clássicas

3.2.1 Karl Marx

3.2.2 Max Weber

3.3 As novas abordagens

3.3.1 Pierre Bourdieu

3.3.2 Erik Olin Wright

4 Mobilidade social

4.1 Tipos de mobilidade social

4.1.1 Mobilidade intergeracional

4.1.2 Mobilidade intrageracional

4.1.3 Mobilidade horizontal

4.1.4 Mobilidade vertical

3 Orientações metodológicasEste programa curricular de Sociologia do 11º ano, continua a seguir o princípio,

tal como o do 10º ano, de que a organização do ensino e da aprendizagem nesta

disciplina, deve atender às tradições (e aos condicionalismos) locais. As tradições

locais assentam na atribuição de um lugar central ao professor na organização das

aprendizagens e na comunicação na sala de aula. Esta centralidade traduz-se no

uso frequente de métodos expositivos e de exercícios de repetição, baseados na

exercitação da memória. Trata-se de uma forma de ensinar, entre outras possíveis,

que comporta, também, uma intenção estratégica de promover a melhoria das

aprendizagens dos alunos. É feito um apelo à memorização, mas as técnicas

expositivas e explicativas contribuem, igualmente, para desenvolver o pensamento

crítico dos alunos, em particular se as atividades e tarefas que as acompanham

forem planeadas e dirigidas para promover nos alunos a curiosidade cognitiva.

Mas, mesmo no quadro das estratégias expositivas e explicativas, o professor pode

reservar momentos para a leitura de textos e debates sobre a informação que está

a transmitir aos alunos. É o caso, por exemplo, da análise e discussão de textos com

os alunos, introduzidos no fim da exposição e explicação de um tema. Ou, também,

de momentos de perguntas e respostas no decorrer da aula, em que os alunos

são incentivados a participar em discussões, na troca de opiniões e na partilha

de experiências individuais e coletivas. Estes momentos são importantes para o

desenvolvimento e fundamentação do conhecimento que está a ser transmitido.

Este tipo de participação nas aulas valoriza os alunos como pessoas e membros

14 | Introdução

de uma comunidade e da sociedade timorense. Por outro lado, também permite

problematizar os assuntos e, mais facilmente, relacionar os conteúdos abordados

no programa com a realidade social, política e económica a que se referem.

No entanto, as orientações metodológicas deste programa de Sociologia, preveem,

igualmente, um grande número de atividades e tarefas centradas no aluno. Refere-

se, neste caso, por exemplo, os trabalhos de pesquisa individuais e em grupo,

atividades de perguntas e respostas criadas pelos alunos, análises e discussão

de textos conduzidas pelos alunos, recolha e tratamento de diversos materiais

para ilustrar um tema, realização de entrevistas na comunidade e observação de

situações e acontecimentos sociais, entre outras.

Pretende-se, com estas estratégias, estimular o desenvolvimento de atividades

e tarefas práticas, com base em trabalhos de aplicação e de reflexão sobre os

conteúdos programáticos, que contribuam para promover o aperfeiçoamento dos

métodos de trabalho dos alunos. Este aperfeiçoamento, pressupõe uma maior

autonomia e responsabilização dos alunos pelas suas aprendizagens. Espera-se, ao

mesmo tempo, que estes trabalhos sirvam para facilitar a motivação dos alunos

para aceder a conhecimentos mais teóricos e abstratos que desenvolvam o seu

pensamento sobre a realidade social.

O papel do professor, no âmbito destas estratégias, será o de estimular o interesse

dos alunos pelos temas que estão a ser tratados. É, também, o de supervisionar e

orientar o estudo dos alunos, o que significa apoiá-los na aquisição e construção

dos seus esquemas mentais de compreensão das matérias lecionadas. Assim sendo,

para que o papel do professor seja mais completo e cumprido, é importante que

não se limite ou se concentre, apenas, na exposição e explicação dos conteúdos

programáticos. O trabalho de reflexão individual e de construção de uma postura

crítica do aluno constitui um objetivo educativo que o professor não pode perder

de vista. Para tal sugere-se, por exemplo, que com base na análise e interpretação

crítica de textos, o professor estimule a exposição ou divulgação de opiniões

pessoais críticas dos alunos, relacionadas com os temas que estão a ser tratados.

Mas, também, são um bom exemplo desse estímulo, as atividades e tarefas de

procura autónoma de informação pelos alunos. Esta procura pode ser feita através

da consulta bibliográfica de documentos e livros, nas bibliotecas escolares ou

outras, da pesquisa de informação na internet (quando esta existe) ou da recolha

de materiais e documentos para ilustrar temas tratados nas aulas (por exemplo,

imagens ou histórias orais entre outros).

O desenvolvimento de atividades e tarefas desta natureza tem uma grande

importância para a compreensão das realidades da sociedade timorense pelos

alunos, constituindo, igualmente, um dos melhores contributos para o sucesso

escolar na disciplina de Sociologia. O envolvimento do professor, neste tipo de ação

Guia do Professor | 15

pedagógica é, ainda, particularmente importante para este programa de Sociologia

do 11º ano, no qual estão em causa temas centrais, cujo estudo é muito pertinente

para a análise e compreensão das questões ligadas à organização social e económica

contemporânea da sociedade timorense.

No entanto, sabe-se que este tipo de estratégias de ensino e de aprendizagem têm,

ainda, um alcance limitado no contexto do sistema educativo de Timor-Leste. Este

é relativamente recente e está em expansão constante, surgindo, por estas razões,

um conjunto de carências, ao nível das infraestruturas físicas, dos meios e materiais

de ensino e dos recursos docentes, que limitam a ação pedagógica dos professores.

Por outro lado, o número de efetivos por turma é, ainda, muito elevado, o que

dificulta, igualmente, o recurso a estratégias mais centradas nos alunos, como as

que foram anteriormente referidas.

4 AvaliaçãoA avaliação dos resultados de aprendizagem deve adequar-se à forma como o

professor organizou as atividades e tarefas no ensino de uma dado tema do programa.

Esta avaliação tem de ser articulada com o trabalho que foi desenvolvido pelo

professor. As aprendizagens que vão ser avaliadas devem refletir, principalmente,

o que foi intencionalmente ensinado, embora, também, em complemento, possam

ser considerados outros aspetos exteriores, ligados, por exemplo à formação

cultural que os alunos já possuem.

Para além das situações habituais de avaliação que se conhecem, em especial os

testes, os professores podem criar, igualmente, outras situações de avaliação com

o objetivo de perceberem se os alunos sabem aplicar o que aprenderam. É o caso,

por exemplo, da realização de pequenos estudos sobre a comunidade, a recolha de

materiais no meio, a procura de informação em documentos, etc.

Seja qual for a forma de avaliação que o professor adote, só deve ser avaliado o que

se ensinou, ou através de métodos explicativos e expositivos, ou através de outros

métodos, como a realização de trabalhos, a recolha de informação e materiais pelos

alunos, etc. Tudo o que o professor trabalhou anteriormente com os alunos pode

ser objeto da avaliação.

Por outro lado, o professor tem, também, de registar todas as avaliações que fez

sobre o desempenho dos alunos. Este registo serve de informação para o professor

e o aluno sobre a evolução das aprendizagens deste.

As observações que o professor faz, ao longo das diferentes atividades e das

tarefas que os alunos desenvolvem, não permitem avaliar completamente as

aprendizagens, sendo necessário recolher dados com base noutros momentos de

avaliação (trabalhos diversos, testes, etc.)

16 | Introdução

Tendo por base as orientações metodológicas sugeridas, bem como as metas de

aprendizagem propostas no programa, procura-se, neste ano letivo, combinar

estratégias expositivas e explicativas de ensino com estratégias que promovam

uma participação ativa dos alunos nas aprendizagens. Neste contexto, a avaliação

é assumida no programa como fazendo parte dos processos de aprendizagem,

podendo combinar aspetos formativos e sumativos.

A avaliação é formativa quando é feita ao longo das aulas (por exemplo, durante o

tempo em que decorrem as atividades em cada unidade temática) no sentido de

verificar o progresso contínuo dos alunos nas aprendizagens. O professor pode, por

exemplo, avaliar o desempenho dos alunos em momentos que correspondem às

tarefas que estes estão desenvolver de forma mais autónoma.

A avaliação é sumativa quando corresponde à verificação do desempenho do aluno

no fim de uma unidade ou de um ciclo de conteúdos. Neste caso, propõe-se a

realização de dois pequenos testes de conhecimento por trimestre, nos períodos

escolhidos pelo professor, definidos de acordo com os ritmos em que decorre o

desenvolvimento do programa.

Esta combinação de modalidades de avaliação pressupõe que os professores

mantenham um registo periódico e atualizado dos progressos dos alunos. Os

critérios e indicadores gerais que integram este registo devem ser definidos ao

nível da escola, mas podem, igualmente, ser adaptados ao contexto da disciplina

de Sociologia, tendo em conta os objetivos de ensino e as metas de aprendizagem

definidos no programa. Cada um dos critérios e indicadores pode ser acompanhado

de uma escala qualitativa de avaliação do desempenho do aluno – Muito Bom,

Bom, Regular e Insuficiente.

Os registos das avaliações servem para, periodicamente, informar os alunos

(e a família), sobre os seus progressos, avanços e maiores dificuldades nas

aprendizagens. No final de cada trimestre, os professores devem elaborar uma

informação qualitativa, sintética e resumida, sobre a situação de cada aluno ao nível

dos desempenhos na aprendizagem.

Guia do Professor | 17

Unidade Temática 1Tipos de sociedade

1 Sociedades pré-industriais – o papel das famílias e das comunidades locais2 Sociedades industriais e pós-industriais – produção, consumo e modos de vida3 Transições e mudanças sociais4 Desigualdades entre sociedades pré-industriais e industriais

1 Metas de aprendizagemNo final desta unidade temática, o aluno:

Reconhece as principais caraterísticas das sociedades pré-industriais.

Identifica os critérios que definem as sociedades agrárias e avalia a adequação do

conceito para a realidade de Timor-Leste.

Identifica, e aplica ao contexto timorense, as noções de família assim como de

estruturas familiares.

Reconhece os diferentes tipos de famílias e os papéis esperados em diferentes

ambientes sociais.

Identifica a família como a célula básica da sociedade pré-industrial e reconhece

as suas funções como, simultaneamente, uma unidade de produção e consumo.

Reconhece as principais caraterísticas das sociedades industriais.

Compreende a complexidade das mudanças sociais promovidas pela

industrialização.

Identifica o surgimento de novas relações sociais no contexto das mudanças

económicas.

Reconhece as principais dinâmicas do fenómeno da urbanização.

Identifica os fatores de crescimento urbano e as consequências da urbanização,

aplicando-os ao contexto timorense.

Reconhece as principais caraterísticas das sociedades pós-industriais.

Compreende as alterações nos modos de produção e de consumo e de estilos de

vida.

Identifica as diferentes abordagens teóricas, desenvolvidas na Sociologia, sobre o

fenómeno da mudança social.

Identifica as desigualdades sociais resultantes dos modelos de organização

económica.

Reconhece os distintos níveis de desenvolvimento económico e social nas

diferentes regiões do mundo.

Analisa indicadores que permitem classificar comparativamente o nível de

desenvolvimento económico e social dos diferentes países.

Distingue diferentes estádios e formas de dominação económica e social.

Reconhece a existência de diferentes conceitos e formas de medir a pobreza.

Identifica os principais mecanismos que conduzem à exclusão económica, social e

política, e aplica-os à sociedade timorense.

Unidade Temática 1 | Tipos de sociedade

20

2 Objetivos No final desta unidade temática o aluno deve ser capaz de:

> Compreender as principais caraterísticas das sociedades pré-industriais.

> Identificar os diferentes tipos de relação de parentesco e de família.

> Compreender o papel da família como unidade de produção e consumo.

> Identificar as principais caraterísticas das sociedades industriais.

> Compreender a complexidade das mudanças sociais promovidas pela

industrialização.

> Avaliar as principais dinâmicas do fenómeno da urbanização.

> Conhecer os fatores de crescimento urbano e as consequências da urbanização

> Identificar as principais caraterísticas das sociedades pós-industriais.

> Conhecer as diferentes abordagens teóricas, desenvolvidas na Sociologia, > sobre

o fenómeno da mudança social.

> Identificar o meio ambiente, a organização política e os fatores culturais como

influências importantes na mudança social.

3 Estrutura

3.1 Conceitos

Produção| Consumo | AutoConsumo | Autosusbsistênca | Organização comunitária

| Coesão Social | Filiação | Linhagem | Industrialização | Divisão do trabalho |

Urbanização | Periferias | Sociedade pós-industrial | Empreendedorismo| Pós-

fordismo| Fordismo | Mudança social | Teorias cíclicas| Solidariedade mecânica|

Solidariedade orgânica| Diferenciação social | Índice de Desenvolvimento Humano|

Pobreza absoluta | Pobreza relativa | Cultura da pobreza

Organizados à volta destes conceitos, apresentam-se, a seguir, os conteúdos de

ensino e de aprendizagem que o professor pode trabalhar com os alunos nesta

unidade temática. Estes conteúdos estão divididos, da seguinte forma, pelos quatro

subtemas.

Subtema 1 Sociedades pré-industriais - o papel das famílias e das

comunidades locais

As sociedades pré-industriais, ou agrárias, baseiam-se em economias de

autossubsistência. A maioria dos produtos ou bens que os indivíduos consomem

são retirados da natureza para autoconsumo.

Tipos de sociedade | 21

A produção de bens e a organização do trabalho estão centrados na família. Os

excedentes, que as famílias conseguem acumular, podem ser trocados com outras

famílias ou vendidos nos mercados e nas feiras.

Nas sociedades pré-industriais, a vida das famílias organiza-se em comunidades,

ligadas por cooperação, costumes e religião.

A família é um agregado baseado em relações de parentesco formadas por um

conjunto de relações sociais, com base na filiação ou em alianças por casamento.

A filiação estuda a descendência pelo lado da mãe ou do pai e a linhagem situa a

pertença a um grupo social que diz descender de um antepassado comum.

A filiação com uma linhagem chama-se filiação unilinear e pode ser patrilinear ou

matrilinear e a filiação com duas linhagens chama-se filiação bilinear.

Subtema 2 Sociedades industriais e pós-industriais - produção, consumo

e modos e vida

As sociedades industriais caracterizam-se como sociedades em que existe uma

separação entre as famílias e as empresas; a organização do trabalho está centrada

em tecnologias avançadas; há uma maior exigência com os sistemas de gestão; e

os trabalhadores trabalham em troca de um salário.

A industrialização criou novos empregos, novos grupos profissionais e impulsionou

um grande desenvolvimento dos meios de comunicação e transporte.

A urbanização é o resultado da industrialização e tem consequências positivas e

negativas. Das negativas destaca-se a poluição, a falta de água, o saneamento e a

existência de poucas casas para habitação,

Nos dias de hoje, muitos sociólogos falam na existência de sociedades pós-

industriais devido à fase mais avançada do capitalismo e da industrialização.

As sociedades pós-industriais têm como principais características o aparecimento

de novos grupos sociais constituídos por profissionais mais qualificados e pela

importância do conhecimento e da inovação tecnológica.

A produção nas fábricas é o aspeto mais importante na economia das sociedades

industriais enquanto o consumo e os serviços são os aspetos mais importantes

para a economia das sociedades pós-industriais.

Subtema 3 Transições e mudanças sociais

As mudanças sociais são alterações que ocorrem nas sociedades, ao nível das

instituições políticas, sociais e culturais. Também incluem alterações na maneira

das pessoas desenvolverem as suas relações sociais.

22 | Unidade Temática 1

As mudanças sociais são um fenómeno coletivo e não individual, com alterações

profundas e que não são passageiras.

As teorias cíclicas analisam as mudanças sociais tendo em atenção o

desaparecimento e aparecimento de novas civilizações.

Segundo a perspetiva funcionalista, as mudanças sociais acontecem na passagem

da organização de uma sociedade de solidariedade mecânica (adesão total das

pessoas ao seu grupo sem terem consciência dela) para solidariedade orgânica

(baseada na diferença e individualização entre pessoas).

A perspetiva neo-funcionalista também analisa esta passagem e defende que as

sociedades evoluem de forma complexa, o que leva à diferenciação social.

As mudanças sociais também podem acontecer como resultado de revoluções,

lutas pela independência e movimentos sociais.

Subtema 4 Diferenças entre sociedades pré-industriais e industriais

O colonialismo e o desenvolvimento da economia internacional causaram

alterações na forma de organização da produção e do trabalho nas sociedades

pré-industriais.

Estas mudanças continuaram depois da conquista pela independência dos povos

colonizados. As desigualdades mantiveram-se e a pobreza continuou a persistir

nos países em desenvolvimento assim como em muitos países industrializados.

Existem dois tipos de pobreza, a pobreza absoluta (quando as pessoas vivem

com um mínimo de recursos, abaixo do qual o ser humano tem muita dificuldade

em sobreviver) e a pobreza relativa (que está relacionada com o nível médio de

rendimento e de condições de vida em cada país).

O conceito de pobreza está ligado ao conceito de exclusão social, pelo que não

existe pobreza sem exclusão social. No entanto, é possível a existência de exclusão

social sem pobreza.

A exclusão social é uma consequência do agravamento das desigualdades sociais.

A segregação nas cidades e a baixa qualificação escolar dos indivíduos são algumas

das causas da exclusão social.

3.2 Atividades de ensino-aprendizagem

Antes de iniciar as aulas de qualquer unidade temática, o professor deve fazer um

bom planeamento do trabalho que irá desenvolver com os alunos. Antes de mais,

é necessário definir o número de aulas que irá dedicar a esta unidade temática e,

depois, planear cada uma delas, isoladamente e em relação umas com as outras.

Em cada aula concreta é necessário definir, previamente, tanto o conteúdo como a

Tipos de sociedade | 23

estrutura. O planeamento da aula deverá ser realizado incluindo sempre:

os objetivos - o que se pretende que o aluno aprenda;

os conteúdos - tema ou assunto da aula;

as estratégias e procedimentos - o que o professor irá fazer para transmitir o conhecimento ao aluno;

os recursos - os materiais que vai usar nas estratégias que definiu;

a avaliação - verificação dos objetivos.

Existem diversas estratégias e procedimentos que podem ser postos em prática pelo professor para promover o interesse do alunos pela aprendizagem das matérias. Assim, depois de selecionar os conceitos, temas ou assuntos que serão analisados e explorados em cada aula é necessário pensar na forma como estes serão apresentados e trabalhados com os alunos. O professor poderá começar por expor aos alunos, em termos teóricos, os conceitos. Necessita de pensar previamente no que vai dizer e como. É necessário adequar a linguagem aos alunos para que estes possam compreender melhor. Pode, no entanto, começar por questionar os alunos e, em função das suas respostas, ir desenvolvendo os conceitos de uma forma mais teórica ou expositiva. Pode, também, desenvolver trabalhos mais práticos, pedir aos alunos que façam trabalho em grupo, por pares (dois a dois) ou orientar trabalhos fora da escola, entre diversas outras estratégias que poderá usar. Necessita, por isso, de definir o procedimento que irá adotar. É preciso, por exemplo, pré definir quem irá falar, quem e o que vai escrever no quadro e que tipos de exercícios serão desenvolvidos na aula ou pedidos para fazer em casa.

Este planeamento rigoroso não significa, no entanto, que não possam surgir alguns contratempos. Na realidade há sempre alguns imprevistos que fazem com que o planeamento das aulas seja uma constante. O planeamento é particularmente importante quando se leciona uma disciplina pela primeira vez. Neste caso é necessário criar toda uma estrutura didática associada aos conteúdos. No final de cada aula é necessário que o professor possa avaliar o nível de aprendizagem dos

conteúdos pelos alunos.

3.2.1 Exemplos de atividades a desenvolver

Nas estratégias e procedimentos definidos, para cada aula, poderão estar incluídos

diversos exercícios a desenvolver com os alunos.

Apresentam-se de seguida alguns destes exemplos, retirados do Manual do Aluno.

Pretende-se expor, de forma mais pormenorizada, o modo como estas atividades

podem ser aplicadas.

São, ainda, apresentados, para cada subtema da unidade temática, outros exemplos

de atividades que poderão vir a ser desenvolvidas pelos professores. A partir destes

exemplos, os professores devem procurar outros que considerem mais adequados

à realidade dos seus alunos.

24 | Unidade Temática 1

Exemplo de atividade no subtema 1 Sociedades pré-industriais

Neste subtema é necessário que o professor comece por explicar (oralmente e

através do diálogo com os alunos) a importância da agricultura nas sociedades pré-

industriais. Outro conteúdo, que importa transmitir, diz respeito à centralidade da

família no desenvolvimento das atividades agrícolas. Para melhor captar a atenção

dos alunos, o professor poderá questioná-los sobre as atividades que as suas

famílias realizam habitualmente.

Antes de desenvolver a atividade proposta no Manual do Aluno é essencial pensar

nos recursos necessários. Assim, o professor deve desenvolver esforços no sentido

de obter informações sobre os dados dos últimos censos. No caso de ter um

computador na escola com acesso à internet poderá consultar a página: http://dne.

mof.gov.tl/

Caso não seja possível este acesso poderá contatar diretamente a Direção Nacional

de Estatística, (através do endereço: Direção Nacional de Estatística; Rua de Caicoli;

PO Box 10;Dili; Timor-Leste) e pedir que estes dados sejam fornecidos à escola.

Na sala de aula, deve formar grupos de alunos (com 6 elementos), pedir para que

leiam o texto e respondam à primeira questão. Quando todos terminarem, seleciona

um dos elementos do grupo para transmitir as conclusões a que chegaram. No final

promove uma discussão com os alunos baseada nas diferentes respostas que cada

grupo deu.

Atividade Lê, com atenção, o texto seguinte:

Em Timor-Leste aproximadamente três quartos da força de trabalho, entre 2001 e 2004,

estava a trabalhar na agricultura, mas os níveis de produtividade eram muito baixos.

O produto final do trabalho de cada um era muito inferior ao de outros setores, em

particular a indústria e os serviços. A agricultura representava 1/5 do Produto Interno

Bruto (PIB). As taxas de desemprego eram muito elevadas, particularmente entre os

jovens, com um aumento neste período (2001-2004) de 15% para 23%.

UNDP (2011) Timor Leste Human Development Report 2011. Managing natural resources

for human development. UNDP.

Na tua opinião:

- Em Timor-Leste, existem muitas diferenças na forma como as famílias, grupos ou

comunidades, nos diferentes distritos, se organizam para produzir, distribuir e consumir

os seus bens?

- Em conjunto com o teu professor e colegas, analisa os resultados do último Censos e

discute como podes classificar Timor-Leste em relação à atividade económica dominante.

Tipos de sociedade | 25

Depois deste exercício, mantendo os mesmos grupos de trabalho, o professor

distribui os dados dos censos relativos às atividades económicas por cada um.

Concede algum tempo aos alunos para analisarem os dados, ajudando-os no caso

de terem dificuldade. Pede, novamente, ao aluno porta-voz para transmitir as

conclusões do trabalho de grupo. No caso desta atividade ser demasiado longa,

para uma aula, o professor pode pedir aos alunos que realizem o trabalho de análise

dos dados do censos em casa e fazer a discussão na aula seguinte.

Para além das atividades sugeridas no Manual do Aluno o professor pode, ainda,

realizar outras atividades neste subtema. Apenas como exemplo referimos:

Depois de expor os conceitos que dão corpo aos conteúdos e temas deste

primeiro subtema a turma é dividida em pequenos grupos de alunos.

Procura-se que os alunos demonstrem, na prática, o que lhes foi explicado.

Assim, pede-se a cada grupo que recolha a mais diversa informação sobre

a importância da agricultura. Assim, alguns poderão recolher músicas locais

em que se faz referência a atividades agrícolas, textos ou contos tradicionais

e outros, ou ainda, registarem momentos do quotidiano do desenvolvimento

destas atividades na comunidade local.

Os alunos deverão apresentar o trabalho de recolha que realizaram na aula e o

professor deverá reforçar o conhecimento aprendido, e esclarecer possíveis dúvidas

concetuais que possam existir.

Exemplo de atividade no subtema 2 Sociedades industriais e pós-

industriais – Produção, consumo e modos de vida

A atividade do Manual do Aluno a que aqui se faz referência está associada à

temática das caraterísticas das sociedades industriais. Na exposição teórica destes

conceitos, o professor poderá começar por estabelecer um diálogo com os alunos,

questionando-os sobre as ideias que possuem sobre a indústria e as sociedades

mais industrializadas. Após a exposição das imagens pré-concebidas dos alunos

em relação a esta temática, o professor deve orientar estas reflexões com uma

exposição mais teórica.

Para a realização desta atividade, sugerimos que o professor leve os alunos a

realizarem o trabalho em parceria. Isto é, o professor deve pedir aos alunos que

realizem o exercício com o colega que está sentado ao seu lado. Ambos devem

escrever as frases enunciadas no seu caderno e decidir sobre as que são verdadeiras

e falsas. Após o tempo necessário para a realização do exercício um aluno poderá,

no quadro, escrever as frases verdadeiras selecionadas pelo seu grupo. Em diálogo

com os alunos o professor poderá esclarecer melhor os conteúdos e clarificar o seu

nível de aprendizagem.

26 | Unidade Temática 1

Para além das atividades sugeridas no Manual do Aluno o professor pode, ainda,

realizar outras atividades neste subtema. Apenas como exemplo referimos:

Organização de uma viagem de estudo a uma fábrica existente na região.

O professor poderá contatar com a direção de alguma fábrica que exista na

região e planear uma viagem de estudo com os seus alunos. Ao verificarem

no local os alunos terão uma perspetiva mais real das diferenças da produção

agrícola e industrial.

Exemplo de atividade no subtema 3 Transições e mudanças sociais

Neste subtema é necessário que o professor comece por explicar, de uma forma

mais expositiva, as teorias sociológicas desenvolvidas a propósito das transições

e mudanças sociais. As aulas, neste subtema, poderão ter um caráter mais

expositivo, devendo ser complementado com pequenos exercícios que estimulem

o pensamento crítico dos alunos e permitem testar o seu grau de compreensão das

temáticas expostas.

O exemplo de atividade agora transcrito foi retirado do Manual do Aluno e diz

respeito ao subtema 3.1- As abordagens contemporâneas.

Para realizar esta atividade, o professor pode dividir a turma em dois grandes

grupos. Na tentativa de responder às questões enunciadas no exercício, o professor

poderá pedir a um grupo que dê uma resposta favorável e ao outro a resposta

oposta (desfavorável). Numa das aulas anteriores, o professor poderá pedir aos

alunos para preparem o texto em casa e encontrarem argumentos que permitam

Atividade No quadro, em baixo, estão escritas várias afirmações sobre as características das

sociedades industriais. Umas são falsas, outras verdadeiras. Copia o quadro para o teu

caderno e marca a tua resposta com um X na coluna correspondente.

Afirmações sobre as sociedades industriais Verdadeira Falsa

A família está separada da empresa.

O objetivo principal da atividade económica é ganhar dinheiro e conseguir o lucro.

O trabalho é realizado nos grupos, não são pagos salários e todos trabalham uns para os outros.

As empresas não têm um sistema de gestão para organizar as tarefas dos trabalhadores.

Tipos de sociedade | 27

sustentar as opiniões, positivas ou negativas, que lhe foram solicitadas. Na aula, os

dois grupos deverão expor os seus argumentos para sustentar a sua posição positiva

ou negativa face às questões colocadas. O papel do professor é orientar a discussão

para os conteúdos teóricos desenvolvidos na aula face a esta problemática.

Para além das atividades sugeridas no Manual do Aluno o professor pode, ainda,

realizar outras atividades neste subtema. Apenas como exemplo referimos:

O professor poderá pensar em alguma personalidade local ou, em alternativa,

pedir aos alunos para escolherem alguém, para, na aula, dar o seu testemunho

face às mudanças que ocorreram no país. A personalidade em causa deverá

ser escolhida em função do seu envolvimento nos acontecimentos que

ditaram mudanças sociais, políticas ou culturais profundas no país.

Atividade Lê, com atenção, o texto seguinte:

Em 1998, após uma forte contestação e de grandes manifestações do povo

indonésio, o general Suharto foi obrigado a abandonar a presidência da Indonésia.

Nessa altura, debaixo de uma forte pressão internacional, e em resultado da luta

pela independência do povo de Timor-Leste, foi realizado um referendo sobre a

autodeterminação (30 de agosto de 1999), com o controlo e a proteção das Nações

Unidas (ONU). Mais de 78% dos timorenses votaram a favor da independência. A

declaração formal de independência foi feita no dia 20 de maio de 2002. Este dia,

designado pelo dia da Restauração da Independência, representou uma vitória de anos

e anos (desde 1975) de luta pela liberdade. É uma revolução que tem dado origem a

diversas mudanças sociais - criação de um Estado-Nação, de novas instituições políticas

e sociais, novas perspetivas de desenvolvimento social e económico, etc.. Para ter

sucesso, estas mudanças devem promover a participação dos timorenses na vida do

país, a coesão social e não excluir ninguém do desenvolvimento económico, social e

cultural. Elas devem, também, adaptar-se aos valores e maneiras de viver da sociedade

timorense.

Responde, no teu caderno, às seguintes questões:

- Consideras importante a adaptação das mudanças em Timor-Leste às tradições

culturais e sociais das diversas comunidades timorenses?

- Consideras que as mudanças devem beneficiar todos os cidadãos, principalmente os

mais pobres, ou, ao contrário, cada um deve cuidar de si?

- Em vez de uma revolução, que outro tipo de mudança poderia ter ocorrido em

Timor-Leste?

28 | Unidade Temática 1

Exemplo de atividade no subtema 4 Diferenças entre sociedades pré-

industriais e industriais

No subtema 4 - Diferenças entre sociedades pré-industriais e industriais elegemos,

como exemplo de atividade, a que no Manual do Aluno ilustra o exercício sobre a

temática pobreza e exclusão social.

Para concretizar esta tarefa, o professor poderá organizar pequenos grupos de

trabalho (cerca de 6 alunos). Cada grupo deverá ter uma folha tipo cartolina onde

coloca as suas respostas. Esta cartolina deverá, também, ser ilustrada com imagens

recolhidas pelos alunos (em jornais, revistas, etc.) sobre o tema. Após a avaliação

das respostas dadas pelos diferentes grupos, e da adequação das imagens, os

trabalhos poderão ser expostos na sala de aula. A exposição dos trabalhos permite

motivar e valorizar o trabalho dos alunos e poderá também ser utilizado para a

análise de diferentes temáticas.

Atividade Lê, com atenção, o texto seguinte:

Timor-Leste é um dos Estados nacionais mais recentes que possui uma das maiores taxas

de pobreza do mundo. Em 2009, o país estava entre os treze países mais pobres do

mundo. Mas, os seus índices de crescimento económico, no mesmo ano, representaram

uma das maiores taxas da região do Sudoeste Asiático. O ‘Relatório de Desenvolvimento

Humano’, do Programa das Nações Unidas de Desenvolvimento Humano (PNUD), para

Timor-Leste, apresentado em Díli pelo Presidente Ramos Horta (no dia 3 de maio de

2011), reconhece que foram alcançados muitos progressos. Mas os números da pobreza

continuam elevados. O relatório reconhece, também, que a riqueza que vem do petróleo

deve ser utilizada para o desenvolvimento económico de áreas não-petrolíferas e para

a redução da pobreza no país. Houve uma redução da pobreza de cerca de 9% da

população - de 49,9% há catorze anos, para 41% em 2011. Mas as carências continuam

a ser muito grandes, sobretudo nas zonas rurais e em certas zonas mais pobres das

cidades, principalmente em Díli.

Adaptado do Boletim 1.9 do Observatório dos Países de Língua Oficial Portuguesa, “A

pobreza em Timor-Leste: ‘Relatório de Desenvolvimento Humano 2011’ divulga novos

dados”.

Responde, no teu caderno, às seguintes questões:

- Qual é a diferença entre pobreza absoluta e pobreza relativa?

- O que é a ‘linha de pobreza’?

- A pobreza existe só nos países em desenvolvimento?

- Na maioria das sociedades pré-industriais uma pessoa passa fome, se a sua comunidade

não estiver numa situação difícil?

Tipos de sociedade | 29

Para além das atividades sugeridas no Manual do Aluno o professor pode, ainda,

realizar outras atividades neste subtema. Apenas como exemplo referimos:

No caso do professor ter conseguido informação do último censos na Direção

Nacional de Estatística para a atividade do subtema 1 poderá, agora, usar os

mesmos dados para proceder a uma análise do nível de desenvolvimento

das distintas regiões em Timor-Leste. A análise de indicadores como a taxa

de escolarização, as atividades económicas desenvolvidas ou o número de

médicos na população, entre outros, permitem, aos alunos fazer uma lista

com a situação específica, do nível de desenvolvimento em cada região do

país.

3.2.2 Recursos necessários

Os recursos didáticos necessários para as aulas dependem em grande parte das

estratégias e procedimentos que o professor programa adotar em cada aula. Estes

recursos devem ser adequados à situação de cada escola. No entanto, consideram-

se como recursos indispensáveis, os manuais e outros livros de Sociologia e dados

estatísticos nacionais.

Para a concretização, em específico, das atividades aqui enunciadas será necessário

o uso de informação estatística da Direção Nacional de Estatística, o uso de jornais

e revistas e a utilização de cartolinas ou outro material que possa ser facilmente

exposto nas paredes da escola.

3.3 Aulas previstas

Para esta unidade temática estão previstas 50 aulas. O planeamento das aulas

deverá ser efetuado pelo professor, de acordo com as necessidades letivas sentidas

pela turma. No entanto, aconselha-se que o número de aulas seja equilibrado para

o desenvolvimento dos quatro subtemas. Aconselha-se o desenvolvimento do

primeiro subtema em 14 aulas, do segundo em 18 aulas, do terceiro em 10 aulas e

do quarto em 8 aulas.

4 BibliografiaBoletim 1.9 do Observatório dos Países de Língua Oficial Portuguesa, “A pobreza em

Timor-Leste: ‘Relatório de Desenvolvimento Humano 2011’ divulga novos dados”.

Colleyn, J. P. (2005). Elementos de Antropologia Social e Cultural. Lisboa: Edições

70.

Durand, F. (2010). Timor-Leste, país na encruzilhada da Ásia e do Pacífico: Um Atlas

30 | Unidade Temática 1

histórico-geográfico. Lisboa: Lidel e baseado nos Censos de 2004 e 2010.

Estanque, E. (2012). A Classe média: Ascensão e declínio. Lisboa: Fundação Francisco

Manuel dos Santos.

Guterres, J. (s.d.). A organização política e social do povo timorense e a prática

administrativa nos postos administrativos antes de dezembro de 1975. Disponível

em www.ozemail.com.au e em Durand, F. (2010). Timor-Leste, País na Encruzilhada

da Ásia e do Pacífico: Um Atlas Histórico-Geográfico. Lisboa: Lidel.

Lei nº 3/2009 de 8 de julho, sobre as ‘Lideranças Comunitárias e a sua Eleição’, da

República Democrática de Timor-Leste

Narciso, V., & Damião, P. (2008). Desenvolvimento rural, mulheres e terra: Um

olhar sobre Timor-Leste. XVLVI Congresso da Sociedade Brasileira de Economia,

Administração e Sociologia Rural. Rio Branco/Acre.

Narciso, V., & Henriques, P. (2010). As mulheres e a terra: Uma leitura da situação

em Timor Leste. In M. Leach, N. C. Mendes, A. Silva & A. C. Ximenes (eds.),

Compreender Timor Leste (pp. 112-117). Melbourne: Swinburne Press.

UNDP (2011). Timor Leste Human Development Report 2011. Managing natural

resources for human development. UNDP.

5 Propostas de avaliaçãoTomando em consideração as metas de aprendizagem pré-definidas, os objetivos

e, sobretudo, as estratégias propostas para a lecionação das aulas, a avaliação do

desempenho dos alunos nesta unidade temática, tal como para toda a disciplina,

deverá ter um caráter contínuo.

Tal como referido antes, procura-se ao longo do ano, promover uma participação

ativa dos alunos nas aprendizagens, não esquecendo, no entanto, o importante

papel do professor quer na exposição teórica das matérias a lecionar, quer na

orientação do trabalho do aluno. Para concretizar a avaliação deste primeiro

módulo, propomos a definição de vários momentos que passam pela apreciação

do envolvimento e participação dos alunos nas aulas e pela realização de dois

pequenos testes de avaliação. A avaliação da participação no contexto de sala de

aula será realizada através do registo, efetuado ao longo do trimestre, nas pequenas

fichas individuais.

No que diz respeito aos testes de avaliação, o professor poderá usar diversas

modalidades de questões na sua realização. Apresentamos, aqui dois exemplos.

Tipos de sociedade | 31

Exemplo 1

Poderão ser elaboradas questões, em que é dada aos alunos a opção de assinalarem

a verdadeira:

1. Nas sociedades pré-industriais:

a) o setor primário é o que tem maior importância no conjunto das atividades

económicas desenvolvidas.

b) o setor secundário é o que tem maior importância no conjunto das atividades

económicas desenvolvidas.

c) o setor terciário é o que tem maior importância no conjunto das atividades

económicas desenvolvidas.

2. A produção de bens e a organização do trabalho nas sociedades industriais está

centrada:

a) na família;

b) na fábrica;

c) na oficina.

3. Um dos fatores que contribui para a industrialização é:

a) a importância da agricultura;

b) a poluição;

c) o aumento das oportunidades de emprego nas cidades.

4. As sociedades pós-industriais são:

a) as que só existem nos países muito desenvolvidos;

b) têm meios de comunicação muito avançados;

c) as que possuem uma economia centrada no setor terciário.

5. A perspetiva de que as mudanças sociais só ocorrem com revoluções é defendida

pela:

a) teoria cíclica;

b) perspetiva funcionalista;

c) perspetiva das revoluções sociais e políticas.

6. Pobreza e exclusão social:

a) significam o mesmo;

b) são dois conceitos diferentes;

c) não existe uma sem a outra.

32 | Unidade Temática 1

Exemplo 2

Para além das perguntas de escolha múltipla, o professor poderá, também,

colocar perguntas aos alunos de uma forma direta, com o objetivo de testar a sua

compreensão, identificação e memorização dos principais conceitos trabalhados na

sala de aula. Alguns exemplos são as seguintes perguntas:

1. Lê, com atenção, o seguinte texto:

“A guerra que a Indonésia travou no local nos anos posteriores à invasão para tentar dominar a população (cuja fase mais intensa se estendeu de 1976 a 1980) saldou-se por uma destruição significativa das estruturas físicas então existentes, pela destruição das estruturas sociais e políticas mais tradicionais entre o povo timorense - nomeadamente o poder dos liurais e a importância relativa da família alargada - e por uma quase paralisia da atividade económica (agricultura, comércio interno, comércio internacional) a que não é estranha, nomeadamente, a política de transferência das populações de uma zona para outra a que se procedeu com o intuito de desestruturar as estruturas sociais e políticas tradicionais acima referidas.”

Serra, A. (2000). Timor Lorosa’e: construir um novo país no limiar do séc. XXI: propostas de estratégia e de políticas económicas de desenvolvimento. ISEG – CesA. Documento de Trabalho/60.Pg.4

Responde às seguintes questões:

1. Dá uma noção de família.

2. Indica duas funções da família

3. Comenta o texto tendo em atenção os tipos de família que dominam hoje em Timor-Leste.

2. Lê, a seguinte notícia sobre Timor-Leste:

“Cumpridos os cinco anos em que a Lei do Fundo Petrolífero não podia ser alterada, três grandes questões preenchem o debate político em torno da sua revisão: o aumento da percentagem que o Governo pode retirar do Fundo (atualmente apenas três por cento), a possibilidade do Estado timorense se financiar no exterior, quando obtiver por essa via juros mais baixos do que aqueles que recebe das suas aplicações, e por último, a diversificação dos ativos. Na primeira, inscreve-se o Plano Estratégico de Desenvolvimento de Xanana Gusmão, que pretende fazer investimentos avultados em infraestruturas e criar a base industrial que o país não possui.”

Notícias Lusófonas, 15 novembro de 2010

1. Como podemos classificar Timor-Leste em função das atividades económicas dominantes?

2. Comenta o texto tendo em atenção as desigualdades económicas e as relações de dominação entre diferentes países.

Tipos de sociedade | 33

Unidade Temática 2Sociedades e globalização

1 Conceitos de globalização2 Globalização, desenvolvimento e desigualdades3 O turismo e a globalização4 O impacte da globalização na sociedade timorense

1 Metas de aprendizagemNo final desta unidade temática, o aluno:

Identifica o conceito de globalização e reconhece os problemas associados à sua

definição.

Analisa criticamente as diversas perspetivas sobre a globalização.

Identifica a globalização como um fator que influencia as mudanças nas sociedades.

Analisa as principais mudanças sociais decorrentes do fenómeno da globalização,

nomeadamente as migrações internacionais e o multiculturalismo das sociedades.

Analisa criticamente a relação entre globalização e desenvolvimento.

Conhece formas alternativas de estabelecer relações comerciais no contexto de

globalização.

Identifica os benefícios e os principais problemas sociais, culturais e políticos

associados à globalização.

Avalia criticamente a relação entre globalização e sustentabilidade social e

económica no contexto da sociedade timorense.

Identifica o turismo como uma atividade de reconhecida importância à escala

mundial.

Reconhece a evolução do turismo e os fatores que estão na origem desse

crescimento.

Analisa os principais fluxos turísticos a nível internacional.

Avalia o impacte da globalização na atividade turística.

Reconhece a problemática entre turismo, globalização e sustentabilidade, dando

particular relevo aos impactes sociais da atividade turística.

Distingue os vários tipos de globalização.

Identifica as principais características da globalização sociocultural.

Identifica os problemas provocados pela globalização económica e política na

soberania dos países.

Avalia criticamente as principais características da globalização ambiental e

tecnológica.

Relaciona as mudanças da sociedade atual de Timor-Leste com os diversos

mecanismos da globalização.

2 Objetivos No final desta unidade temática o aluno deve ser capaz de:

> Identificar o conceito de globalização e as suas diversas perspetivas.

Unidade Temática 2 | Sociedades e globalização

36

> Analisar criticamente a relação entre globalização e desenvolvimento.

> Identificar o turismo como uma atividade de reconhecida importância à escala

mundial e avaliar o impacte da globalização na atividade turística.

> Reconhecer a problemática entre turismo, globalização e sustentabili-dade.

> Identificar as principais características e problemas da globalização sociocultural,

política, ambiental, económica e tecnológica.

> Avaliar criticamente a relação entre globalização e sustentabilidade social e

económica no contexto da sociedade timorense.

3 Estrutura

3.1 Conceitos

Globalização | Multinacionais | Agenda 21 | Ocidentalização | Sociedades

Multiculturais | Glocalização | Comércio justo | Exclusão digital | Turismo |

Ecoturismo | Turismo de massas

Organizados em torno destes conceitos, apresentam-se, a seguir, os conteúdos de

ensino e de aprendizagem que o professor pode trabalhar com os alunos nesta

unidade temática. Estes conteúdos estão divididos, da seguinte forma, pelos quatro

subtemas.

Subtema 1 Conceitos de globalização

A globalização é um fenómeno que consiste na mundialização do espaço geográfico, através de ligações económicas, políticas, sociais e culturais.

É um fenómeno complexo que pode ser estudado segundo várias perspetivas: económica, política, tecnológica, social, cultural e ambiental.

As alterações ou a eliminação de barreiras em relação aos movimentos de pessoas, mercadorias e serviços favorecem a globalização, assim como, o desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação.

O fenómeno da globalização provoca consequências positivas (abertura a outras culturas, novos conhecimentos e novos produtos) e negativas (dificuldades no desenvolvimento de economias nacionais).

Com a globalização, existe uma maior movimentação de pessoas entre países na procura, por exemplo, de melhores condições de vida.

A globalização influenciou os movimentos migratórios que estão na base da construção de sociedades multiculturais. Estas sociedades são formadas por

grupos sociais de diversos países.

Sociedades e globalização | 37

Subtema 2 Globalização, desenvolvimento e desigualdades

A globalização apresenta diversas vantagens que estão associadas ao acesso a

novos bens e serviços, à difusão de informação, ao surgimento de novos empregos,

ao crescimento de novos mercados, ao aumento do comércio, etc..

Contudo, a globalização também apresenta problemas como o aumento das

desigualdades entre países: a exclusão social, os custos sociais relacionados com

as tecnologias, o domínio sobre as culturas nacionais, a exploração de mão de

obra, etc..

A preocupação com os problemas causados pela globalização levou ao surgimento

da ideia de desenvolvimento sustentável.

Para existir um desenvolvimento sustentável, as atividades têm que ser

ecologicamente corretas, economicamente viáveis, socialmente justas e

culturalmente aceites.

Os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio são uma ação global que visa

fomentar novas bases para o desenvolvimento sustentável dos povos em todo o

mundo.

Subtema 3 O turismo e a globalização

O turismo é um fenómeno relativamente recente e que tem crescido rapidamente.

O desenvolvimento tecnológico e das infraestruturas de transportes e

comunicação, a melhoria das condições de vida e as mudanças políticas e nas

leis sobre o turismo são alguns dos fatores que permitiram um crescimento do

turismo.

A Europa e a América são as principais regiões turísticas do mundo, mas a região

da Ásia e Pacífico ultrapassou a América, tornando-se no segundo destino mais

popular.

Em Timor-Leste, o turismo ainda tem pouca expressão, mas é um setor em

crescimento devido aos atrativos naturais e culturais e à localização geográfica.

O turismo possibilita o crescimento económico, mas o seu crescimento

descontrolado também pode provocar problemas ambientais e socioculturais.

Em Timor-Leste, o turismo faz parte das estratégias de planeamento nacional e é

um setor prioritário de desenvolvimento.

Subtema 4 O impacte da globalização na sociedade timorense

A convivência dos timorenses com outros povos que têm passado pelo território

pode levar a mudanças na forma de vestir, nos padrões de consumo e de

alimentação.

38 | Unidade Temática 2

A nível económico, a integração de Timor-Leste na economia mundial, acontece

através da importação e exportação de produtos.

O governo de Timor-Leste tem incentivado o investimento estrangeiro de modo a

fomentar o desenvolvimento empresarial e das infraestruturas.

Ao nível político, Timor-Leste também se encontra globalizado, sendo importante

referir a existência de várias agências e organismos internacionais que estão a

trabalhar no sentido de assegurar a paz e o desenvolvimento.

Timor-Leste enfrenta alguns problemas, a nível ambiental, como a poluição e a

desflorestação.

Ao nível cultural também se verificam mudanças em Timor-Leste como a

introdução e difusão das tecnologias de informação e comunicação.

3.2 Atividades de ensino-aprendizagem

As aulas e atividades a desenvolver devem ser planeadas tendo em conta os

conceitos que se pretendem transmitir e a forma mais adequada de os apresentar

aos alunos. Desta forma, o professor deverá, antes de iniciar as aulas, fazer uma

planificação do trabalho a desenvolver, assim como o número de aulas a dedicar a

cada subtema da unidade temática. As aulas deverão ser planeadas isoladamente,

mas sempre tendo em conta a globalidade das temáticas abordadas, de modo a

que exista uma relação de complementaridade entre todas elas. O planeamento de

cada aula deverá ser feito de forma a incluir os objetivos, conteúdos, estratégias e

procedimentos, recursos e avaliação.

Deste modo, depois de se definir o que se pretende que o aluno aprenda e os

temas a abordar, é necessário decidir a forma como estes serão apresentados e

trabalhados com os alunos, existindo diversas estratégias e procedimentos para

promover o interesse dos alunos pela aprendizagem das matérias. Em cada aula,

o professor poderá começar por explicar, por palavras suas, os conceitos contidos

no manual do aluno, recorrendo, sempre que possível, a exemplos com os quais os

alunos estejam familiarizados, para que estes consigam entender mais facilmente

as temáticas abordadas. Poderá ainda explorar as experiências pessoais ou práticas

do dia a dia dos alunos, recorrer à análise crítica de textos, mostrar várias imagens

(com recurso a jornais, revistas ou internet) ou vídeos sobre os assuntos que

pretende tratar. Num segundo momento, poderá recorrer a atividades, de modo

a estimular a capacidade de reflexão dos alunos sobre os conceitos apreendidos,

através do desenvolvimento de trabalhos mais práticos, individuais ou em grupo, na

sala de aula ou fora da escola, entre outras estratégias que poderá usar. No final de

cada aula, é necessário que o professor possa avaliar o nível de aprendizagem dos

conteúdos pelos alunos.

Sociedades e globalização | 39

3.2.1 Exemplos de atividades a desenvolver

Nas estratégias e procedimentos definidos para cada aula poderão estar incluídas diversas atividades a desenvolver com os alunos. Todos os exemplos de exercícios apresentados a seguir, para trabalhar na sala de aula, encontram-se no Manual do Aluno. Pretende-se enunciar, de forma mais pormenorizada, o modo como estas atividades podem ser desenvolvidas. Estes exemplos, que correspondem a cada um dos subtemas, têm como objetivo, apenas, fornecer um conjunto de referências para a organização do trabalho na aula. São, ainda, apresentados outros exemplos de atividades que poderão vir a ser desenvolvidas pelos professores. A partir destes exemplos, o professor deve procurar outros que considere mais adequados à

realidade dos alunos.

Exemplo de atividade no Subtema 1 Conceitos de globalização

Depois de se ter trabalhado com os alunos o conceito de globalização e as suas diversas perspetivas, assim como as mudanças que este fenómeno produz na sociedade, pretende-se que o professor promova a consolidação do conhecimento acerca desta temática, através de diversas atividades. O objetivo da atividade que se apresenta a seguir é o de conseguir que os alunos identifiquem alguns problemas e benefícios decorrentes do fenómeno da globalização social e que os discutam, em grupo, com o auxílio do professor.

Atividade Lê, com atenção, o texto seguinte:

Num relatório, de 2001, elaborado pela ‘Comissão Mundial das Dimensões Sociais da Globalização’ (pertencente à Organização Internacional do Trabalho), é referido o seguinte sobre a globalização:

O processo atual da globalização está a provocar desequilíbrios nos resultados, quer no interior dos países, quer entre países. Foi criada riqueza, mas numerosos países e pessoas não partilham os benefícios dessa riqueza. Estes países e pessoas têm pouco poder de influência sobre o processo de globalização. Vista através dos olhos da grande maioria de mulheres e homens, a globalização não foi ao encontro das suas simples e legítimas aspirações a um emprego decente e a um melhor futuro para os seus filhos. Muitas destas mulheres e destes homens vivem da economia informal (economia quase clandestina) sem direitos formais e em países pobres que subsistem precariamente nas margens da economia global. Mesmo em países com sucesso económico, alguns trabalhadores e comunidades foram negativamente afetados pela globalização. Entretanto, a revolução nas comunicações globais fez aumentar a consciência dessas disparidades. Estes desequilíbrios globais são moralmente inaceitáveis e politicamente insustentáveis.

Adaptado de Stiglitz, J. (2006). Making globalization work. London: Penguin Books.

Em grupo, procura fazer uma lista do que consideram ser consequências positivas e negativas da globalização social. Discutam os resultados a que chegaram com o professor e os restantes colegas.

40 | Unidade Temática 2

Depois da leitura individual do texto pelos alunos, o professor deverá formar grupos

de seis elementos e pedir para que respondam à questão. Todos os elementos do

grupo deverão pensar em consequências positivas e negativas e contribuir para a

discussão. No final, deverá solicitar ao representante de cada grupo para apresentar

as conclusões a que chegaram e promover a discussão baseada nas diferentes

respostas que cada grupo deu.

Para além das atividades sugeridas no Manual do Aluno, o professor pode, ainda,

realizar outras atividades neste subtema. Apenas como exemplo referimos:

A orientação dos alunos para a pesquisa de informação na imprensa (jornais

e fotografias em revistas) que servirá de suporte à discussão de temas sobre

a globalização cultural. A partir do material recolhido, os alunos, orientados

pelo professor, podem desenvolver um pequeno projeto de estudo e de

investigação sobre as opiniões dos colegas da sua escola sobre as temáticas

analisadas. A recolha da informação para este pequeno estudo pode ser

realizada durante o intervalo das aulas, ou no final do dia, à saída das aulas.

As conclusões a que os diferentes grupos de trabalho chegaram podem ser

apresentadas em cartazes, que podem ser afixados na sala de aula.

Exemplo de atividade no Subtema 2 Globalização, desenvolvimento e

desigualdades

Na exposição teórica sobre a problemática da globalização e desenvolvimento, o

professor poderá começar por estabelecer um diálogo com os alunos questionando-

os sobre a relação que possa existir entre estes dois conceitos, partindo dos

conhecimentos adquiridos no subtema anterior. O objetivo é que os alunos

tenham consciência da importância do desenvolvimento local e da promoção da

sustentabilidade, e das desigualdades que a globalização pode provocar. Depois

do professor ter explicado os conceitos teóricos subjacentes a esta temática, a

atividade aqui reproduzida pretende trabalhar, com os alunos, esses conceitos e

aplicá-los à realidade de Timor-Leste. Este exercício refere-se ao desenvolvimento

das comunidades locais, procurando consolidar os conhecimentos adquiridos pelos

alunos.

Para a realização desta atividade, numa primeira fase, o professor deve pedir aos

alunos que leiam individualmente o texto. Posteriormente deverá encorajá-los

a realizar um pequeno texto, em que justifiquem o papel que as comunidades

locais podem desempenhar no desenvolvimento de Timor-Leste. No final, quando

Sociedades e globalização | 41

todos terminarem, deverá selecionar alguns alunos, que deverão ler em voz alta

o seu texto. O professor poderá ir anotando no quadro os principais argumentos

enunciados pelos alunos, devendo, no final, perguntar se existem mais alguns

argumentos que ainda não tenham sido abordados nos textos lidos. Para concluir

o exercício, o professor, em diálogo com os alunos, poderá clarificar melhor alguns

pontos, ou acrescentar outros que não tenham sido mencionados pelos alunos.

Para além das atividades sugeridas no Manual do Aluno o professor pode, ainda,

realizar outras atividades neste subtema. Apenas como exemplo referimos:

Organização de uma viagem de estudo a uma loja de comércio justo ou a

um projeto de desenvolvimento local. O professor deverá contactar com a

entidade respetiva e planear uma viagem de estudo com os seus alunos,

os quais deverão elaborar questões para efetuarem aos responsáveis da

entidade, de modo a clarificarem dúvidas que possam ter ou conhecerem

melhor a realidade de Timor-Leste.

Exemplo de atividade no Subtema 3 O turismo e a globalização

Neste subtema, pretende-se abordar a evolução do setor do turismo a nível mundial

Atividade Lê, com atenção, o texto seguinte:

Um dos pilares do sucesso do desenvolvimento são as comunidades. Estas organizam

o trabalho das pessoas, às vezes com a ajuda dos governos e das organizações não-

governamentais. Em vários países em desenvolvimento, a maior parte das ações

coletivas surgem ao nível local. Em Bali, como em muitos sítios da Ásia, a irrigação

para a agricultura é fornecida por uma rede de canais. Esta é mantida pela comunidade

que assegura a partilha justa da água entre as aldeias e entre os agricultores. Também

é bem conhecida a história do banco Grameen, de microcrédito, nas zonas rurais do

Bangladeche, que faz pequenos empréstimos às mulheres pobres das zonas rurais, para

estas criarem pequenos negócios. Os grupos de mulheres responsabilizam-se uns pelos

outros, ajudando-se mutuamente ou assegurando que cada um paga a sua dívida.

Adaptado de Stiglitz, K. (2006). Making globalization work. Londres: Penguin Books.

Responde às seguintes questão:

1. Na tua opinião, as comunidades rurais podem ter um papel importante no

desenvolvimento económico de Timor-Leste? Escreve um pequeno texto sobre este

assunto a justificar a tua resposta.

2. Discute, com os teus colegas, as conclusões a que chegaram.

42 | Unidade Temática 2

e os principais efeitos da globalização no turismo, assim como o papel que este

setor poderá ter no desenvolvimento de Timor-Leste. Para isso, o professor deverá

recorrer à apresentação dos conceitos teóricos, suportados por dados estatísticos

e outro material de apoio (imagens, vídeos, recortes de jornal, etc.). A atividade

aqui proposta tem como objetivo os alunos identificarem sinais da globalização do

turismo em Timor-Leste.

Para o desenvolvimento desta atividade, o professor deverá pedir aos alunos que

leiam individualmente o texto, e que, em grupo de seis elementos, reflitam sobre o

que leram, identificando os problemas e vantagens da globalização do turismo. Em

grupo, devem identificar elementos que sugiram a globalização da atividade turística

em Timor-Leste e tentar relacioná-los com o exercício que fizeram anteriormente,

no sentido de classificar esses elementos como tendo efeitos positivos ou negativos.

O professor deverá sintetizar essa informação no quadro.

Para além das atividades sugeridas no Manual do Aluno o professor pode, ainda,

realizar outras atividades neste subtema. Apenas como exemplo referimos:

Elaboração de um guião de entrevista para averiguar a perceção dos impactes

do turismo nos timorenses. Os alunos deverão pensar individualmente em

questões a efetuar aos membros da sua comunidade, acerca dos efeitos

positivos e negativos do turismo. Em conjunto, e com a ajuda do professor,

deverão chegar a um guião de entrevista único, que deverá ser aplicado por

Atividade Lê, com atenção, o texto seguinte:

Na relação entre o turismo e a globalização, verifica-se que o desenvolvimento do

turismo se dá, frequentemente, pela entrada de empresas internacionais nos territórios

nacionais, sobretudo no setor do alojamento. A forma como estas empresas se instalam

leva, muitas vezes, à criação de locais turísticos onde as populações locais são deixadas

para segundo plano, em favor da permanência dos turistas. Nestes sítios há um uso

excessivo dos recursos locais. Assim, muitas das vezes o desenvolvimento que se

pretendia alcançar através da atividade turística acaba por nunca se concretizar. Pelo

contrário, a instalação destas empresas agrava ainda mais o fosso que separa os mais

dos menos desenvolvidos.

Adaptado de Duarte, J. G, Fontes, A., Franco; R. S., & Almeida, H. (2009). A globalização

e o turismo. Disponível em http://www.publituris.pt/2009/11/11/a-globalizacao-e-o-

turismo/

Identifica, em conjunto com os teus colegas de turma, sinais da globalização na atividade

turística em Timor-Leste.

Sociedades e globalização | 43

todos na sua comunidade local. Na aula seguinte, os alunos deverão levar

os resultados das entrevistas, os quais deverão ser analisados, permitindo

retirar conclusões. As conclusões deverão ser retiradas de uma forma geral,

nomeadamente se os efeitos são maioritariamente positivos ou negativos, mas

também tendo em conta a idade, o sexo do inquirido, o local de residência,

etc.

Exemplo de atividade no Subtema 4 O impacte da globalização na

sociedade timorense

Este subtema tenta aplicar as temáticas apreendidas nos subtemas anteriores, de

modo a relacioná-los com uma realidade que é mais próxima dos alunos, a realidade

de Timor-Leste, e a esclarecer melhor os conteúdos, clarificando o seu nível de

aprendizagem. Neste exemplo em particular, pretende-se que os alunos pesquisem

acerca da política económica de Timor-Leste.

Para a realização desta atividade, o professor deverá orientar os alunos para o

material a utilizar, nomeadamente o Plano Estratégico de Desenvolvimento de

Timor-Leste (que se encontra disponível em http://timor-leste.gov.tl/wp-content/

uploads/2011/07/Plano-Estrategico-Desenvolvimento-TL3.pdf). Além disso, deverá

incentivar a pesquisa ativa dos alunos junto de outras fontes de informação,

nomeadamente a imprensa. Após a recolha do material, a turma deverá ser

dividida em grupos de seis alunos, os quais deverão comparar a informação que

recolheram e analisá-la. Depois de terminarem, o professor deverá pedir a cada

grupo para partilhar com o resto da turma as conclusões a que chegaram. No final,

deverão discutir se a globalização contribui para o desenvolvimento desses setores

de atividade.

Para além das atividades sugeridas no Manual do Aluno o professor pode, ainda,

realizar outras atividades neste subtema. Apenas como exemplo referimos:

Identificação de projetos de desenvolvimento sustentáveis que têm vindo

a ser desenvolvidos em Timor-Leste. O professor deverá depois organizar a

Atividade Procura em jornais ou documentos do governo, dados que te permitam saber o que está

a ser feito para o desenvolvimento económico de Timor-Leste.

Na aula compara as tuas informações com as dos teus colegas e discutam quais são os

setores económicos que estão a ser mais favorecidos ou estimulados.

44 | Unidade Temática 2

turma em grupos, que deverão desenvolver uma pesquisa sobre um projeto

em particular. Cada grupo deverá, desta forma, encontrar mais informação,

em jornais e revistas, ou na internet, acerca do projeto que se encontram

a estudar, nomeadamente acerca do local onde foi desenvolvido, principais

características, benefícios do seu desenvolvimento para as comunidades

locais, etc. O trabalho deverá ser apresentado numa folha tipo cartolina, sendo

ilustrado com imagens recolhidas pelos alunos (em jornais, revistas, etc.). Os

trabalhos poderão depois ser expostos na sala de aula, permitindo motivar

e valorizar o trabalho dos alunos. O professor poderá, ainda, convidar o(s)

responsável(eis) por um destes projetos para, na sala de aula, apresentar com

mais detalhe o projeto em causa, de forma a enriquecer a recolha efetuada

pelos alunos.

3.2.2 Recursos necessários

A utilização de recursos didáticos para apoio a professores e alunos depende

da disponibilidade dos mesmos nas escolas, e que, em alguns casos, podem ser

comuns a outras disciplinas, assim como das estratégias e procedimentos adotadas

pelo professor. Nesta unidade temática em particular, os recursos considerados

necessários são os manuais e outros livros de Sociologia, dados estatísticos nacionais

e internacionais, alguma documentação publicada por organismos internacionais

e imprensa timorense. Idealmente, esta informação deveria estar disponível aos

alunos através da existência de uma pequena biblioteca escolar. Adicionalmente

deverão ser, também, utilizados materiais como caderno, lápis, fotografias e filmes.

O professor poderá, ainda, organizar um dossier para arquivar os trabalhos realizados

pelos alunos, os quais podem, mais tarde, ser consultados com o objetivo dos

alunos retirarem informações importantes para outros trabalhos, ou para servir de

base a outras atividades posteriores. Os professores podem, igualmente, organizar

o trabalho desenvolvido, de modo a que o mesmo possa ser exposto na escola

ou na sala de aula, nomeadamente através do uso de cartolinas ou outro tipo de

material.

3.3 Aulas previstas

Para esta unidade temática estão previstas 42 aulas. O planeamento das aulas

deverá ser efetuado, pelo professor, de acordo com as necessidades letivas sentidas

nas turmas. No entanto, aconselha-se que o número de aulas seja equilibrado para

o desenvolvimento dos quatro subtemas. Recomenda-se o desenvolvimento do

primeiro subtema em 14 aulas, do segundo em 10 aulas, do terceiro em 10 aulas e

do quarto em 8 aulas.

Sociedades e globalização | 45

4 BibliografiaCarrascalão, A. (2006). Timor-Leste, a língua e a identidade nacional. Disponível em

http://timor2006.blogspot.pt/2006/11/timor-leste-lngua-e-identidade.html

Castelo Branco, E. (2004). O que é globalização. Disponível em http://www.

eduquenet.net/textglobalizacao.htm

CIDAC (s.d.). Ahimatan ba Futuru - Redução da pobreza em Timor-Leste através do

turismo de base comunitária. Disponível em http://www.cidac.pt/ProjectoAhimatan.

html

Cuche, D. (2004). A Noção de Cultura nas Ciências Sociais. Lisboa: Fim de Século.

Cunha, L. (1997). Economia e política do turismo. Lisboa: McGraw-Hill.

Cunha, L. (2001). Introdução ao turismo. Lisboa: Editorial Verbo.

Duarte, J. G, Fontes, A., Franco; R. S., & Almeida, H. (2009). A globalização e o

turismo. Disponível em http://www.publituris.pt/2009/11/11/a-globalizacao-e-o-

turismo/

Faculdade de Arquitetura da Universidade Técnica de Lisboa & GERTiL (2002).

Atlas de Timor-Leste. Lisboa: Lidel.

Giddens, A. (2010). Sociologia (8ª ed.). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

Governo de Timor-Leste (2011). Plano Estratégico de Desenvolvimento de Timor-

Leste. Disponível em http://timor-leste.gov.tl/wp-content/uploads/2011/07/Plano-

Estrategico-Desenvolvimento-TL3.pdf

Stiglitz, J. (2006). Making globalization work. London: Penguin Books.

5 Propostas de avaliaçãoAs aprendizagens dos alunos devem ser apoiadas por modalidades de avaliação

contínua, a qual deve ser seguida em todas as unidades temáticas lecionadas,

combinando a avaliação formativa e a avaliação sumativa. Tal significa que, no final

desta unidade temática, o professor deverá recorrer às fichas de avaliação sumativas

que foi desenvolvendo ao longo das aulas para avaliar o desempenho dos alunos,

a que deverá juntar os resultados de dois testes de avaliação realizados. A título

de exemplo, podemos referir alguns modelos de perguntas a serem colocadas aos

alunos nestes testes de avaliação.

46 | Unidade Temática 2

Exemplo 1

Poderão ser elaboradas afirmações, em que é dada a opção aos alunos de indicarem

as opções verdadeiras e falsas, justificando a sua resposta.

Cerca de 20.000 polícias patrulhavam a cidade italiana de Génova e seus arredores enquanto

cerca de 50.000 pessoas realizavam, nas vésperas do início da reunião do Grupo dos Oito

(G-8), o primeiro de uma série de protestos contra a globalização e, de maneira geral, contra

as políticas do Primeiro Mundo em relação aos países pobres.

Sobre o tema tratado na notícia acima, distingue as afirmações verdadeiras e falsas,

e justifica o porquê da tua escolha.

1) Os movimentos sociais contrários à globalização têm uma única reivindicação:

que os governos dos países desenvolvidos impeçam a entrada e a permanência

de imigrantes pobres vindos dos países periféricos, em busca de emprego e de

melhores condições de vida.

2) Embora a globalização se tenha acentuado nas últimas décadas, alguns estudiosos

afirmam que o seu início aconteceu na altura das grandes navegações europeias

(século XV).

3) Organismos internacionais como o G-8, o Fundo Monetário Internacional (FMI)

e a Organização Mundial de Comércio (OMC) não têm tido grande influência nas

políticas económicas nacionais.

4) O processo de globalização valoriza e promove a circulação de ideias e de

informações à escala mundial. No entanto, este facto não leva ao fim das culturas

e dos conhecimentos locais ou à destruição das individualidades regionais ou

religiosas.

Exemplo 2

Poderão ser elaboradas perguntas de escolha múltipla, em que é dada a opção aos

alunos de selecionarem a resposta mais correta.

Sobre a globalização:

1) É contraditória, pois ao mesmo tempo em que se caracteriza pela integração

económica, também provoca o crescimento do regionalismo e de movimentos

separatistas.

2) Com a globalização, deu-se a ampliação dos direitos dos trabalhadores e as

conquistas sindicais em função da crescente necessidade de mão de obra qualificada.

3) Apesar da abertura de novos mercados comerciais, os fluxos internacionais de

Sociedades e globalização | 47

mercadorias apresentam uma tendência de declínio.

4) A integração económica acaba por beneficiar principalmente as grandes

empresas multinacionais interessadas em diminuir as diferenças entre os países

ricos e pobres.

Exemplo 3

O professor poderá, também, colocar perguntas aos alunos de uma forma direta, de

forma a testar a sua compreensão dos principais conceitos trabalhados na sala de

aula. Constituem exemplos deste tipo de perguntas:

1. Quais as várias perspetivas do fenómeno da globalização?

2. Quais as principais características do processo de globalização?

3. Qual o papel dos meios de comunicação na globalização cultural?

4. Quais os fatores que permitiram o desenvolvimento do turismo a nível mundial?

5. Que tipo de impactes o turismo pode causar ao nível do ambiente?

6. O que é o movimento do comércio justo? Que vantagens possui, para as

comunidades locais, em relação ao comércio tradicional?

Exemplo 4

Perguntas introduzidas por uma informação curta que, pelo significado que veicula,

prepara o aluno para responder a um certo número de perguntas.

A crise que se originou na Ásia na segunda metade de 1997 teve efeitos consideráveis,

deixando um rastro de instabilidade financeira que se alastrou a outras regiões e durou

durante alguns anos.

1. Quais os perigos da globalização económica?

2. A globalização económica pode trazer consequências sociais negativas. Quais?

3. Qual a importância do processo de globalização para expansão da atuação

das empresas multinacionais? Cite algumas dessas empresas que se encontram

representadas em Timor-Leste.

Exemplo 5

Perguntas introduzidas por um texto prévio, no qual o aluno pode encontrar

elementos ou indicações para orientar as suas respostas.

Lê, com atenção, o texto seguinte:

48 | Unidade Temática 2

Os sociólogos usam o termo globalização quando se referem aos processos que

intensificam cada vez mais a interdependência e as relações sociais a nível mundial.

Trata-se de um fenómeno social com vastas implicações. Não deve pensar-se

na globalização apenas como o desenvolvimento de redes mundiais - sistemas

económicos e sociais afastados das nossas preocupações individuais. É também um

fenómeno local, que afeta a vida quotidiana de todos nós. Essa interdependência

significa que o que fazemos tem consequências na vida dos outros e que os

problemas mundiais têm consequências para nós.

Adaptado de Giddens, A. (2007). Sociologia (5ª ed.). Lisboa: Fundação Calouste

Gulbenkian.

1. O que é a globalização?

2. Quais os principais desafios que se colocam em relação à globalização social?

Sociedades e globalização | 49

Unidade Temática 3Sistemas de estratificação social

1 O conceito de estratificação social2 Sistemas de estratificação social3 Teorias da estratificação social4 Mobilidade social

1 Metas de aprendizagemNo final desta unidade temática, o aluno:

Descreve o conceito de estratificação social.

Identifica diferentes critérios de estratificação social.

Relaciona o conceito e os critérios com o contexto específico da sociedade de

Timor-Leste.

Distingue e compreende a existência de diferentes sistemas de estratificação.

Identifica os estados e a escravatura como dois sistemas situados no tempo.

Reconhece a complexidade associada à definição do conceito de classe social.

Reconhece o sistema de castas como um sistema particular de estratificação.

Avalia a adequação dos sistemas de estratificação identificados para a análise da

sociedade timorense.

Identifica e distingue diferentes teorias sociológicas sobre a estratificação social.

Compreende os conceitos de feudalismo, consciência de classe, burguesia e

proletariado como dominantes na teoria de Marx.

Reconhece as principais caraterísticas do esquema de estratificação de Weber.

Compreende o contributo das novas abordagens da Sociologia na análise da

estratificação.

Reconhece a existência de diferentes tipos de mudança no estatuto social.

Identifica os vários tipos de mudança com base na geração.

Reconhece a ocupação profissional como uma variável importante na mudança

de estatuto.

Aplica os diferentes tipos de mobilidade ao contexto da sociedade de Timor-Leste.

2 Objetivos No final desta unidade temática o aluno deve ser capaz de:

> Descrever o conceito de estratificação social.

> Identificar diferentes critérios de estratificação social.

> Relacionar o conceito e os critérios com o contexto específico da sociedade de

Timor-Leste.

> Distinguir e compreender a existência de diferentes sistemas de estratificação.

> Identificar os estados e a escravatura como dois sistemas situados no tempo.

> Reconhecer a complexidade associada à definição do conceito de classe social.

> Reconhecer o sistema de castas como um sistema particular de estratificação.

Unidade Temática 3 | Sistemas de estratificação social

52

> Identificar e distinguir teorias clássicas e novas abordagens sociológicas sobre a

estratificação social.

> Reconhecer e identificar diferentes tipos de mudança no estatuto social.

> Aplicar os diferentes tipos de mobilidade ao contexto de Timor-Leste.

3 Estrutura

3.1 Conceitos

Estratificação económica | Estratificação política | Estratificação social | Escravatura

| Escravos | Ordens | Classe | Casta | Status | Partido | Habitus | Localizações

contraditórias de classe | Mobilidade Social | Mobilidade intergeracional |

Mobilidade intrageracional | Mobilidade horizontal | Mobilidade vertical

Organizados à volta destes conceitos, apresentam-se, a seguir, os conteúdos de ensino e de aprendizagem que o professor pode trabalhar com os alunos nesta unidade temática. Estes conteúdos estão divididos, da seguinte forma, pelos quatro

subtemas.

Subtema 1 O conceito de estratificação social

O conceito de estratificação social trata as diferenças ou desigualdades existentes

entre membros de uma sociedade.

As desigualdades podem ser de diversos níveis, como de género, religião,

económicas, oportunidades de trabalho e acesso à educação.

A estratificação inclui a existência de uma hierarquia, em que se situam camadas

superiores que têm poder sobre a grande maioria, que se encontra nas camadas

inferiores.

Existem três principais razões para a estratificação: económicas, sociais e políticas.

A estratificação económica decorre da situação económica das pessoas.

A estratificação política está centrada no acesso ou na detenção de poder por

cada indivíduo.

A estratificação social está relacionada com a importância que a sociedade dá a

determinadas características pessoais ou a certas atividades e valores.

Subtema 2 Sistemas de estratificação social

A escravatura e as ordens são as formas mais antigas de estratificação social,

sendo que as classes sociais e as castas são as mais recentes.

Sistemas de estratificação social | 53

Na escravatura, alguns seres humanos eram considerados mercadoria ou

propriedade de outras pessoas e não tinham liberdade. Podiam ser comprados

ou vendidos.

As ordens eram comuns nos países da Europa, na época do feudalismo, sendo

definidas como grupos sociais hierarquizados em função da dignidade atribuída

às diferentes famílias ou grupos sociais.

As classes sociais são definidas como um grupo de pessoas que têm em comum

um conjunto de recursos económicos que permite a diferenciação dos restantes.

O sistema de castas baseava-se nas crenças religiosas hindus e a hierarquia do

sistema estava relacionada com o tipo de ocupação ou profissão desempenhado

por cada um.

Subtema 3 Teorias de estratificação social

Os primeiros sociólogos a desenvolverem teorias sobre a estratificação social

foram Karl Marx e Max Weber.

Segundo Karl Marx, a questão económica era o fator que originava a classificação

de diferentes grupos na sociedade. As sociedades eram caracterizadas por uma

luta entre duas classes, a dominante e a dominada.

Para Max Weber, a estratificação social estava associada não só ao fator económico,

mas também ao status (prestígio social que as pessoas possuíam) e ao partido

(mobilização de grupos de pessoas para atingirem certos objetivos semelhantes).

Autores mais recentes como Pierre Bourdieu e Eric Olin Wright também estudaram

a estratificação social.

Pierre Bourdieu defendia a importância do capital social, cultural e simbólico, em

conjunto com o capital económico, para a constituição das classes.

Eric Olin Wright valorizava as diferentes dimensões de controlo económico.

Sustentava a existência de pessoas em localizações contraditórias de classes.

Estas correspondiam às que não podiam ser classificadas como capitalistas nem

como operários.

Subtema 4 Mobilidade social

Nos dias de hoje, a posição dos indivíduos na estrutura de classes é definida,

sobretudo, pelo lugar conquistado e não pelo lugar onde se nasce ou pela sua

família.

A mobilidade é definida como o movimento de indivíduos e grupos entre

diferentes posições socioeconómicas.

54 | Unidade Temática 3

A mobilidade pode ser intrageracional (movimentos numa mesma geração),

intergeracional (movimento entre gerações), horizontal (movimento entre

diferentes regiões) ou vertical (movimento ascendente ou descendente entre

classe).

No entanto, a mobilidade é limitada, já que a maioria das pessoas permanece na

mesma situação da sua família ou muito perto desta situação.

3.2 Atividades de ensino-aprendizagem

Esta última unidade temática é mais propícia ao desenvolvimento de aulas de caráter

mais expositivo. Tal não significa, no entanto, que o professor não tenha de fazer

o habitual planeamento do trabalho que virá a desenvolver com os alunos. Como

nas unidades temáticas anteriores, é necessário definir o número de aulas que irá

dedicar a esta unidade temática e, depois, planear cada uma delas, isoladamente

e em relação umas com as outras. Também para cada aula é necessário que o

professor defina: objetivos; conteúdos; estratégias e procedimentos; recursos e

avaliação.

Apesar de, como referimos, a exposição teórica ser, neste caso, mais adequada,

esta deve ser sempre efetuada numa postura de diálogo constante com os alunos.

Tal permite não só manter a sua atenção e motivação face ao que se pretende

ensinar como, ainda, verificar se os alunos estão, realmente a conseguir apreender

o que lhes é transmitido. Existem diversas estratégias e procedimentos que podem

ser postos em prática pelo professor para promover o interesse dos alunos pela

aprendizagem das matérias definidas nesta unidade temática. No caso de existir

acesso à internet, o professor pode, por exemplo, pesquisar pequenos vídeos sobre

a estratificação social dominante noutros países. Existem, por exemplo, vários

filmes que procuram retratar o sistema de castas na índia. Mas, caso não exista

acesso à internet, o professor poderá, também, procurar alguns textos em jornais,

revistas ou, até, em romances que descrevam ou exemplifiquem as relações entre

diferentes grupos sociais ou que relatem casos de mobilidade social (qualquer que

seja a sua forma).

3.2.1 Exemplos de atividades a desenvolver

Para ajudar, de algum modo, a concretização deste planeamento, baseado em

diversas estratégias e procedimentos a desenvolver no contexto de sala de aula,

apresentamos, de seguida, alguns exemplos de atividades para cada um dos

subtemas que constituem esta unidade temática. Algumas destas atividades são

retiradas do Manual do Aluno outras são novas.

Sistemas de estratificação social | 55

Exemplo de atividade no subtema 1 O conceito de estratificação social

Os temas a desenvolver neste subtema são novos para os alunos. Deste modo é

importante que o professor possa expor os conceitos teóricos de forma clara para

que os alunos os possam compreender. Deve, por isso, começar por explicar os

conceitos de estratificação social bem como os critérios usados para a estratificação.

O exemplo que aqui transcrevemos, retirado do manual do aluno, terá de ser

desenvolvido em diversas aulas.

Numa primeira aula, o professor poderá fazer com os alunos as questões que estes

devem colocar. As questões mais relevantes neste exercício são: ‘Na sua opinião

quais são as profissões mais importantes no país?’ ou, outra forma de colocar a

questão é, perguntando: ‘Que profissão gostaria que o(s) seu(s) filho(s) viessem a

ter e porquê?’

Depois de realizado o conjunto de questões a colocar, deve ser decidido o número

de pessoas que cada aluno deverá questionar. No prazo de 15 dias os alunos

deverão trazer os resultados com os dados das questões que colocaram na sua

comunidade. Na aula, o professor poderá pedir a colaboração de um aluno. Este

poderá escrever no quadro as profissões que foram mencionadas pelos colegas e

registar o número de vezes. No final, deverão contabilizar as profissões que foram

referidas mais vezes, para concluírem sobre as profissões consideradas de maior

prestígio pela população. No final, é importante refletir, com os alunos, se estas

profissões também correspondem às que são melhor remuneradas, e sobre as

razões que poderão ter levado a estes resultados.

Para além das atividades sugeridas no Manual do Aluno, o professor pode, ainda,

realizar outras atividades neste subtema. Apenas como exemplo referimos:

O professor poderá realizar o mesmo exercício mas no contexto de sala de

aula. Dependendo do tempo estipulado no planeamento anual nestas aulas.

E, em função dos ajustamentos que foi realizando ao longo do ano, o professor

poderá ter a necessidade de desenvolver esta atividade num tempo mais

Atividade Elabora, com os teus colegas e professor, um pequeno questionário e faz uma pesquisa,

junto da população da área onde vives, para saber quais são as profissões consideradas

mais relevantes/importantes. Que conclusões se podem retirar sobre a posição destes

profissionais na estrutura de classes?

56 | Unidade Temática 3

curto. Para tal poderá fazer o mesmo exercício mas na escola. Na primeira

parte da aula define as questões com os alunos. No intervalo cada um deverá

colocar estas questões a um número mínimo de 10 alunos de outras turmas.

No final do intervalo poderão desenvolver a atividade da mesma forma como

foi exposto em cima.

Exemplo de atividade no subtema 2 Sistemas de estratificação social

Também, neste subtema 2, é necessário que o professor explique muito bem os

conceitos teóricos aos alunos. Por vezes, pode recorrer a fotos ou imagens de livros,

a que tenha acesso na biblioteca, para exemplificar melhor aos alunos os assuntos

ou temas que está a expor.

Retirámos do Manual do Aluno uma atividade como exemplo do que poderá ser

desenvolvido pelo professor com os alunos.

Esta atividade também terá de ser organizada em mais do que uma aula. O professor

deverá pedir aos alunos que façam esta pesquisa como trabalho de casa. Na sala de

aula, pode pedir aos alunos que escrevam um pequeno texto com as respostas às

questões colocadas.

Para além das atividades sugeridas no Manual do Aluno, o professor pode, ainda,

realizar outras atividades neste subtema. Apenas como exemplo referimos:

O professor poderá organizar os alunos em grupos de seis e pedir que

realizem um pequeno trabalho sobre os diversos sistemas de estratificação

social. É importante que os alunos tomem posição em relação ao sistema que

consideram mais adequado para a sociedade timorense. Para a realização do

trabalho, os alunos poderão consultar livros na biblioteca ou, até, jornais e

revistas que possuam. Numa aula planeada para o efeito, o professor poderá

pedir aos alunos que apresentem os trabalhos que realizaram. No final poderão

discutir, em conjunto, as diversas opiniões sobre o sistema de estratificação

que, para os alunos, é mais adequado para a sociedade de Timor-Leste.

Atividade Procura, na internet ou em livros na tua escola ou nas bibliotecas, informação sobre as

castas. O que achas sobre este sistema e as condições de vida das pessoas pertencentes

a diferentes castas?

Discute com os teus colegas e professor as várias opiniões existentes.

Sistemas de estratificação social | 57

Exemplo de atividade no subtema 3 Teorias da estratificação social

No desenvolvimento dos conteúdos deste subtema, é necessário que o professor

tenha em atenção que se trata de conceitos teóricos aos quais os alunos ainda não

tiveram acesso. As diferentes teorias devem ser bem explicadas pelo professor,

numa linguagem acessível aos alunos, usando, tanto quanto possível, exemplos de

vivências do seu quotidiano.

Transcrevemos, de seguida, um exemplo, de uma atividade, retirada do Manual do

Aluno, que poderá ser usada pelo professor.

No caso do professor ter em sua posse os dados da Direção Nacional de Estatística

pode mostrar os dados aos alunos. Poderá, então, pedir a um aluno que, no quadro,

responda à questão colocada. Os restantes deverão, também, dar a sua opinião e

avaliar se a resposta do colega estava correta.

Para além das atividades sugeridas no Manual do Aluno, o professor pode, ainda,

realizar outras atividades neste subtema. Apenas como exemplo referimos:

O professor poderá recolher imagens, em livros na biblioteca, ou na internet,

dos autores mencionados nesta temática. Poderá, depois, perguntar aos

alunos se reconhecem o autor e quais as suas principais ideias relativamente

à estratificação social.

Exemplo de atividade no subtema 4 Mobilidade social

No desenvolvimento deste subtema será já mais fácil estabelecer o diálogo com os

alunos. Nestes casos, a aula pode começar, precisamente, com questões de caráter

geral, para que o professor possa diagnosticar as ideias que os alunos já possuem em

relação ao tema. A partir das respostas dos alunos, o professor poderá aproveitar

para aprofundar o subtema de acordo com as teorias sociológicas e as ideias dos

alunos. Ou, pelo contrário, poderá confrontar as ideias que os alunos possuem em

relação ao subtema da mobilidade com a exposição das teorias sociológicas.

Atividade De acordo com os dados da Direção Nacional de Estatística de Timor-Leste, nos últimos

anos, o número de trabalhadores na administração pública tem vindo a aumentar.

Baseados na teoria de Erik Olin Wright, como podemos classificar estes trabalhadores

na estratificação social de Timor-Leste?

Discute a tua resposta com os teus colegas e com o professor.

58 | Unidade Temática 3

O exemplo que transcrevemos, referente a este subtema, é retirado do Manual

do Aluno. Nesta aula, o professor poderá começar por explicar o conceito de

mobilidade vertical, especificando a sua orientação descendente ou ascendente.

Pede, então aos alunos para abrir o Manual na pág. 137 e solicita a um dos alunos a

leitura do texto. No final da leitura deverá esclarecer alguma dúvida que os alunos

possuam em relação ao texto.

No seguimento deste exercício, o professor poderá, então, pedir aos alunos que

escrevam, individualmente, numa folha, as respostas às questões colocando o

seu nome. No final, o professor recolhe as respostas dos alunos, leva-as para casa

e corrige-as. Na aula seguinte, inicia a aula esclarecendo as respostas corretas e

voltando a clarificar os conceitos que considera que não foram bem apreendidos

pelos alunos.

Esta atividade permite a professores e alunos testar se a matéria foi, ou não, bem

compreendida. Por outro lado, surge, também, como um exercício de treino para os

testes de avaliação que os alunos terão de realizar.

Depois, poderá perguntar aos alunos se reconhecem na sua família, ou na sua

comunidade, exemplos de mobilidade vertical.

Para além das atividades sugeridas no Manual do Aluno, o professor pode, ainda,

realizar outras atividades neste subtema. Apenas como exemplo referimos:

O professor poderá perguntar aos alunos como gostariam que fosse o seu

futuro. A partir das respostas dos alunos, poderá iniciar-se uma discussão

sobre os fatores que poderão possibilitar ou inibir a mobilidade social

ascendente.

Atividade Lê, com atenção, o texto seguinte:

Os que estudaram um pouco tiveram mudanças na vida. Possuíam uma posição social

invejável: tinham dinheiro, tinham bicicletas e motorizadas, tinham boas namoradas,

falavam Português, fumavam bons cigarros de Fabrico Nacional, que a gente simplificava

por FN, bebiam cerveja nas lojas nas horas de calor.

Sousa, D. (2007). Colibere. Lisboa: Lidel

Responde, no teu caderno, às seguintes questões:

1. A que tipo de mobilidade se faz referência neste texto?

2. Na tua opinião, o que significa a mobilidade social ascendente?

Sistemas de estratificação social | 59

3.2.2 Recursos necessários

De acordo com os exemplos aqui definidos para esta última unidade temática, os

recursos necessários estão, mais uma vez, relacionados com os livros existentes na

biblioteca da escola e com o acesso à internet. O uso de jornais e revistas poderá,

também, ser considerado um recurso a utilizar nestas aulas.

3.3 Aulas previstas

Para esta unidade temática estão previstas 5 aulas. O planeamento das aulas deverá

ser efetuado pelo professor, de acordo com as necessidades letivas sentidas pela

turma. No entanto, aconselha-se que o número de aulas seja equilibrado para o

desenvolvimento dos quatro subtemas. Aconselha-se o desenvolvimento de cada

subtema em 6 aulas e o último deverá ter 7 aulas.

4 BibliografiaAlmeida, J. (2000). Introdução à Sociologia. Lisboa. Universidade Aberta.

Cazeneuve, J. (1978). Dez grandes noções de Sociologia. Lisboa: Moraes Editores.

Faculdade de Arquitetura da Universidade Técnica de Lisboa & GERTiL (2002). Atlas de Timor-Leste. Lisboa: Lidel.

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Sousa, D. (2007). Colibere. Lisboa. Lidel.

Varón, J. (ed.) (1990). As raças humanas. Lisboa: Resomnia Editores.

5 Propostas de avaliaçãoTal como referido para as restantes unidades temáticas do manual, também, nesta

unidade, se procura promover uma participação ativa dos alunos nas aprendizagens.

No entanto, esta unidade contém temas que necessitam de uma intervenção

teórica mais ativa do professor quer na exposição das matérias a lecionar, quer na

orientação do trabalho do aluno. A avaliação desta última unidade temática obedece

aos mesmos momentos de avaliação das restantes. Estes momentos passam pela

apreciação do envolvimento e participação dos alunos nas aulas e pela realização

de dois pequenos testes de avaliação. A avaliação da participação no contexto de

sala de aula será realizada através do registo, efetuado ao longo do trimestre, nas

pequenas fichas individuais.

60 | Unidade Temática 3

No que diz respeito aos testes de avaliação o professor poderá usar diversas

modalidades de questões na sua realização. Apresentamos, aqui dois exemplos.

Exemplo 1

Podem ser colocadas questões diretas que apelam, essencialmente, à memorização

dos alunos. Alguns exemplos são as seguintes questões:

1. Dá uma definição de estratificação social.

2. Diz o que entendes por classe social.

3. Identifica os critérios de estratificação social.

Exemplo 2

Outro tipo de questões apela mais à criatividade e à capacidade de interpretação

dos alunos e menos à memorização. É o caso do seguinte conjunto de questões:

Lê, com atenção, o texto:

“(Em relação ao ensino superior em Timor-Leste) há quem defenda que, numa

primeira fase, a maior ênfase deveria ser dada aos programas mais práticos em

determinadas áreas críticas para Timor-Leste, canalizando para esses setores

maiores recursos financeiros e humanos. Há quem seja da opinião que o ensino

superior de Timor-Leste deveria apenas conceder o primeiro grau (bacharelato),

sendo os restantes obtidos fora de Timor-Leste. Uma alternativa apontada seria o

estabelecimento de acordos com instituições estrangeiras de renome, aliados a uma

vontade política firme e determinada. Para promover maior mobilidade, alguns são

da opinião de que os cursos devem estar relacionados a um sistema de créditos

internacionalmente aceite. Acrescentam, ainda, que as nações desenvolvidas

tendem a atender a critérios de empregabilidade. Contudo, na sua opinião, há que

equilibrá-los com outras disciplinas de crescimento humano”.

Araújo, M. (2006) Estudos comparados de sistemas de ensino superior - Caso

de Timor-Leste. Tese de Mestrado em Políticas e Gestão do Ensino Superior da

Universidade de Aveiro.

Responde às questões:

1. Que tipo de mobilidade é referida no texto?

2. Na tua opinião a mobilidade geográfica traduz-se em mobilidade vertical

ascendente? Justifica a tua resposta.

3. Tendo em atenção a estratificação social, como vês a importância do ensino

superior em Timor-Leste?

Sistemas de estratificação social | 61

Glossário

62

Agenda 21 constitui um dos principais resultados da Conferência das Nações

Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, ocorrida no Rio de Janeiro,

Brasil, em 1992. Esta pretendia encontrar meios para conciliar o desenvolvimento

socioeconómico com a conservação e proteção dos ecossistemas da Terra.

AutoConsumo é a produção de bens apenas para uso da família e do seu grupo

social

Autosusbsistênca é a atividade própria de bens para satisfação das necessidades

das famílias e dos seus grupos sociais.

Casta é o sistema de estratificação hereditário, em que os grupos estão separados

por regras muito rígidas.

Classe é o grupo de pessoas que têm recursos económicos idênticos.

Coesão Social quando todos sentem que fazem parte de um grupo.

Comércio justo é o movimento que tem como objetivo o estabelecimento de preços

justos, bem como de padrões sociais e ambientais equilibrados.

Consumo é o tipo de bens ou produtos que as pessoa se os grupos têm ou de que

necessitam.

Cultura da pobreza é definida como as formas de pensar e de agir das pessoas com

carências.

Diferenciação social significa que a organização da sociedade vai evoluindo de

estruturas mais simples para outras mais complexas.

Divisão do trabalho é a especialização das tarefas nas sociedades

Ecoturismo é o segmento de atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o

património natural e cultural, incentiva a sua conservação e procura a formação de

uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo

o bem-estar das populações envolvidas.

Empreendedorismo é o termo utilizado para significar o espírito de iniciativa e as

capacidades individuais na criação de empresas.

Escravatura é o sistema em que alguns seres humanos são considerados propriedade

de outros e não têm liberdade.

Escravos são seres humanos que podem ser vendidos ou comprados contra a sua

vontade.

Estratificação económica é a estratificação baseada na situação económica e

financeira das pessoas ou famílias.

Estratificação política é a estratificação baseada no acesso ou na detenção do poder

de cada indivíduo ou grupo.

Estratificação social resulta da importância que a sociedade dá a certas caraterísticas

pessoais ou a certas atividades e valores.

Glossário | 63

Exclusão digital é o conceito que diz respeito às consequências sociais, económicas

e culturais da distribuição desigual no acesso às tecnologias de informação.

Filiação estuda a descendência pelo lado da mãe ou do pai.

Fordismo refere-se à produção e distribuição de bens baseada na maior importância

da economia industrial em relação à economia de serviços.

Globalização é o fenómeno que consiste na mundialização do espaço geográfico,

através da interligação económica, política, social e cultural, a nível mundial.

Glocalização é a valorização e promoção da cultura local promovida pelos processos

de globalização.

Habitus é o esquema de pensamento e de comportamento que os indivíduos vão

adquirindo ao longo da vida.

Índice de Desenvolvimento Humano é uma medida comparativa usada para

classificar os países pelo seu grau de desenvolvimento humano e para separar

os países desenvolvidos (muito alto desenvolvimento humano), países em

desenvolvimento (desenvolvimento humano médio e alto) e subdesenvolvidos

(desenvolvimento humano baixo

Industrialização é a produção de bens em fábricas com o uso de máquinas e de

recursos energéticos.

Linhagem situa a pertença a um grupo social que diz descender de um antepassado

comum.

Localizações contraditórias de classe os indivíduos que têm caraterísticas comuns

a mais do que uma classe.

Mobilidade horizontal é o movimento de indivíduos entre diferentes regiões.

Mobilidade intergeracional é o movimento de indivíduos de diferentes gerações na

estrutura social.

Mobilidade intrageracional é o movimento de indivíduos da mesma geração na

estrutura social.

Mobilidade Social é o movimento de indivíduos e grupos entre diferentes posições

na estrutura social.

Mobilidade vertical é o movimento de indivíduos, ascendente (para cima) ou

descendente (para baixo) na estrutura social.

Mudança social é constituída por alterações nas instituições de uma sociedade,

com caraterísticas coletivas, profundas e não passageiras

Multinacionais são empresas que produzem bens ou prestam serviços em muitos

países.

Ocidentalização quando as sociedades orientais são influenciadas pelas formas de

atuação do ocidente nos mais diversos domínios da sociedade.

64 | Glossário

Ordens grupos sociais hierarquizados em função da dignidade atribuída às diferentes

funções sociais.

Organização comunitária é uma forma de cooperação social coletiva baseada na

partilha do trabalho, da distribuição, do consumo e dos valores, crenças e normas

sociais.

Partido grupo de indivíduos que unem os seus esforços em torno de ideais, valores

ou interesses em que acreditam.

Periferias são zonas das cidades longe das áreas centrais e habitadas pelas

populações mais pobres.

Pobreza absoluta é uma situação social em que os seres humanos estão abaixo do

mínimo de condições de vida necessárias para sobreviver.

Pobreza relativa as pessoas estão abaixo dos padrões médios de vida de uma dada

sociedade.

Pós-fordismo significa que se alterou a forma de fabricar os bens, através do uso de

novas tecnologias e que a economia de serviços se tornou dominante.

Produção é a maneira de fabricar os bens ou os produtos de que as pessoas e os

grupos necessitam.

Sociedade pós-industrial é um conceito criado pela Sociologia para dar conta das

transformações e novas realidades que surgiram na sociedade industrial.

Sociedades Multiculturais esta designação é dada às sociedades que são

constituídas por grupos sociais vindos de vários países e continentes.

Solidariedade mecânica é a adesão total das pessoas ao seu grupo sem dela terem

consciência.

Solidariedade orgânica surge à medida que a sociedade industrial se vai tornando

mais complexa.

Status diferenças de prestígio social dos diferentes grupos sociais.

Teorias cíclicas as mudanças sociais surgem quando uma civilização (cultura)

desparece e é substituída por outra.

Turismo quando as pessoas viajam durante um período que pode ir até um ano para

sítios diferentes daqueles em que vivem por razões de lazer, negócios ou outros.

Turismo de massas fenómeno que designa a deslocação de um grande número de

pessoas, geralmente em grupo, para um determinado destino turístico, provocando

impactes negativos no ambiente e a nível sociocultural.

Urbanização resulta do avanço do capitalismo e da industrialização, com a

deslocação para as cidades de pessoas das zonas rurais.

Bibliografia geral

65

Almeida, J. (1995). Introdução à Sociologia. Lisboa: Universidade Aberta.

Almeida, J. (2000). Introdução à Sociologia. Lisboa. Universidade Aberta.

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Créditos das Imagens

Filipe Morato Gomes (contra-capa, pp. 1)

Maurício Borges (pp. 18)

Zélia Breda (pp. 34)