RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas) Professor: Rafaela Freitas

68
Livro Eletrônico Aula 00 Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas) Professor: Rafaela Freitas

Transcript of RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas) Professor: Rafaela Freitas

Livro Eletrônico

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

Professor: Rafaela Freitas

1 de 66

APRESENTAÇÃO ..................................................................................................... 2

OBJETIVO E CRONOGRAMA DO CURSO .................................................................. 2

1. QUINHENTISMO ................................................................................................. 5

1.1 LITERATURA INFORMATIVA ............................................................................................ 5

1.2 LITERATURA JESUÍTICA ................................................................................................... 8

2. BARROCO ......................................................................................................... 12

2.1 Figuras de Linguagem no Barroco ................................................................................14

2.2 Arte Barroca ..................................................................................................................16

2.3 Aleijadinho ....................................................................................................................17

2.4 Barroco no Brasil ...........................................................................................................20

2.5 Gregório de Matos Guerra: o Boca do Inferno .............................................................20

2.5.1 O poeta religioso ........................................................................................................21

2.5.2 O poeta satírico .........................................................................................................21

2.5.3 O poeta lírico ..............................................................................................................22

2.6 Padre Antônio Vieira .....................................................................................................23

2.6.1 Os sermões .................................................................................................................23

3. ARCADISMO ..................................................................................................... 27

3.1 Lemas árcades ..............................................................................................................28

3.2 O Arcadismo no Brasil ...................................................................................................29

3.3 Principais Autores .........................................................................................................30

Lista der questões comentadas nesta aula ........................................................... 37

Questões comentadas .......................................................................................... 49

Gabarito ............................................................................................................... 66

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

2 de 66

APRESENTAÇÃO

Olá, caro estudando do ENEM! Sejam muito bem-vindos ao curso INTENSIVO que irá prepará-los para a prova de Literatura do Exame Nacional do Ensino Médio, o famoso ENEM!! É um imenso prazer e uma honra fazer parte da sua preparação!

Para que me conheça, falarei brevemente sobre mim: meu nome é Rafaela Freitas, sou graduada em Letras pela Universidade Federal de Juiz de Fora, onde resido, e pós-graduada em Ensino de Língua Portuguesa, pela mesma instituição (UFJF). Desde que me formei, tenho trabalhado com a preparação dos alunos para os mais diversos concursos públicos e para o ENEM, em cursos presenciais e on-line, no que tenho colocado ênfase em minha carreira.

Sou concursada em dois estados diferentes (Minas Gerais e Rio de Janeiro), conquistei (e ainda estou conquistando) muitos objetivos com muito suor! Não foi fácil, tenho uma família para dar atenção, uma filha para criar, mas AMO o que faço, o cansaço não me vence! Sou uma apaixonada pela nossa língua mãe e por ensiná-la! E para vocês eu digo: cada esforço será recompensado no final! Tenham a certeza de que o Português, já neste curso, não será mais um problema, mas sim a solução! Você sabe muito mais dessa língua do que imagina! Confie em mim e principalmente em seu potencial!

OBJETIVO E CRONOGRAMA DO CURSO

Este curso tem por objetivo trazer para os alunos aquilo que CERTAMENTE vai estar na prova do ENEM 2017. Alguns assuntos são sempre cobrados! Mapeei todos e montei um curso “enxuto”, mas com o conteúdo fundamental para a prova!

Algumas informações muito importantes:

O curso será composto por aulas de teoria (em PDF e em Vídeo) e questões (em PDF) TODAS comentadas;

Comentarei muitas questões anteriores do ENEM (a maioria), mas usarei também algumas questões de outras bancas e vestibulares para que o assunto da aula seja trabalhado por completo;

Contaremos com um fórum de dúvidas, que é uma ferramenta de extrema importância para a relação professor/aluno;

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

3 de 66

Custo-benefício: seu investimento dará a tranquilidade de ter aulas em PDF e em vídeo com tudo aquilo de que você precisa! Isso dá segurança! O aluno NÃO precisará recorrer a livros ou apostilas para completar a matéria.

Os cursos do Estratégia são todos elaborados no decorrer da sua preparação. Estamos sempre atualizando e comentando questões novas. Por isso, é importante montarmos um cronograma de liberação das aulas! Fiquem atentos às datas para montar um cronograma de estudo para você também.

Analisando as provas anteriores, bem como os editais das edições passadas, é fácil chegarmos a um conteúdo programático imprescindível.

E o que realmente cai na prova do ENEM, professora? Vejam só:

AULA CONTEÚDO DATA

Aula 0 APRESENTAÇÃO

Arte colonialista (Quinhentismo, Barroco, Arcadismo) 10/08/2018

Aula 1 O Período Romântico e o final do Sec. XIX (Realismo,

Naturalismo, Simbolismo e Parnasianismo.)

17/08/2018

Aula 2 Modernismo I 31/08/2018

Aula 3 Modernismo II 14/09/2018

Observem que cada aula possui a sua data de liberação e que TODO o curso está completamente liberado até o dia 28/09!

Como serão as aulas?

A proposta é a elaboração de aulas bastante didáticas e de fácil leitura. Todas elas contarão com:

Base teórica;

Lista de exercícios sobre o conteúdo abordado (maioria retirados das provas do ENEM, podendo usar alguns de outras provas semelhantes para conseguir fixação plena do conteúdo) sem comentários e gabarito.

Questões da lista, agora com comentários;

Gabarito final.

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

4 de 66

DICAS:

1. Estudem cada aula a medida em que forem liberadas! Não acumule dúvidas nem conteúdo a ser estudado!

2. As aulas em vídeo poderão ajudar principalmente aqueles alunos que tem mais facilidade em aprender assistindo ao professor falar, mas não deixem de ler os PDFs!

Estou inteiramente à disposição para conversarmos, resolver as dúvidas, ajudar no planejamento de aulas, para ouvir críticas e sugestões!!

Contatos:

Fórum de dúvidas.

E-mail: [email protected]

Facebook, Instagram e Youtube: Prof. Rafaela Freitas

Estou muito animada com o curso! Espero que vocês também estejam!

Vamos com tudo!

Durante a aula, vou fazer um panorama do que foi a Literatura Brasileira desde o descobrimento (1500) até a independência do Brasil (1822). Esse foi o período em que o nosso país foi colônia de Portugal. Sendo assim, a nossa literatura dessa época pode ser chamada de COLONIALISTA. Não tínhamos uma expressão de arte autêntica, importávamos ;à ;ヴデWà S;à Iラノレミキ;がà ;キミS;à ケ┌Wがà Wマà ;ノェ┌ミゲà マラマWミデラゲがà デWミエ;à ゲキSラà S;S;à ┌マ;à さI;ヴ;ざà マ;キゲàbrasileira tendo em vista o contexto histórico de cada período. Vamos ver cada período da nossa arte colonialista.

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

5 de 66

1. QUINHENTISMO

Quinhentismo é a denominação dada a todas as manifestações literárias ocorridas no Brasil durante o século XVI, quando a cultura europeia foi introduzida no país. Ainda não tínhamos uma Literatura genuinamente brasileira. Os índios que aqui viviam possuíam uma cultura imensamente diferente da que estava chegando, a portuguesa. O que tivemos entre 1500 e 1600 foi uma literatura ocorrida no Brasil, ligada ao Brasil, mas que denota a visão, as ambições e as intenções do homem europeu mercantilista em busca de novas terras e riquezas. Você acha que os Portugueses estavam apenas curiosos com a nova terra, nada queriam daqui? Sabemos que não. Em 1530 começa a colonização brasileira e as manifestações ocorridas aqui se prenderam, basicamente, à descrição da terra e do índio, ou a textos escritos pelos viajantes, jesuítas e missionários que aqui estiveram. Estou falando da Literatura de Informação.

1.1 LITERATURA INFORMATIVA

A famosa Carta de Caminha inaugura o que se convencionou chamar de Literatura Informativa sobre o Brasil. Foi resultante das Grandes Navegações e faz um levantamento さデWヴヴ;àミラ┗;ざがàSWàゲ┌;àaノラヴWゲデ;àWàa;┌ミ;がàSWàゲW┌ゲàエ;Hキデ;ミtes e costumes, que se apresentaram muito diferentes dos europeus. Daí ser uma literatura meramente descritiva e, como tal, sem grande valor literário. A principal característica da carta é a exaltação da terra (o que marca uma linguagem com exagero de adjetivos), resultante do assombro do europeu diante do exotismo e da exuberância de um mundo tropical. Imaginem só a diferença climática e o susto dos Portugueses ao encontrarem os índios nus e sem nenhuma vergonha de estarem assim?

Você conhece a Carta de Pero Vaz de Caminha? Leia a seguir alguns fragmentos.

Carta a el-Rei Dom Manuel sobre o achamento do Brasil

Senhor, posto que o capitão-mor desta vossa frota, e assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a nova do achamento desta Vossa terra nova, que se ora nesta navegação achou, não deixarei de também dar disso minha conta. (...)

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

6 de 66

E assim seguimos nosso caminho, por este mar, de longo, até terça-aWキヴ;àSげàラキデ;┗;ゲàSWàP=ゲIラ;がàケ┌Wàaラヴ;マàヲヱàSキ;ゲàSげáHヴキノがàケ┌Wàデラヮ;マラゲà;ノェ┌ミゲàゲキミ;キゲàSWàデWヴヴ;àふくくくぶàEà<àケ┌;rta-feira seguinte, pela manhã, topamos aves, a que chamam fura-buchos. Neste mesmo dia, a horas SWà┗YゲヮWヴ;がàエラ┌┗Wマラゲà┗キゲデ;àSWàデWヴヴ;がàキゲデラàYがàヮヴキマWキヴ;マWミデWàSげ┌マàェヴ;ミSWàマラミデWがàマ┌キà;ノデラàWàヴWSラミSラがàWàSげラ┌デヴ;ゲàゲWヴヴ;ゲàマ;キゲàH;キ┝;ゲà;ラàゲ┌ノàSWノWàWàSWàデWヴヴ;àIエ?àIラマàgrandes arvoredos, ao qual monte alto o capitão pôs o nome o Monte Pascoal e à terra A Terra de Vera Cruz. (...)

EàS;ノキàエラ┌┗Wマラゲà┗キゲデ;àSげエラマWミゲがàケ┌Wà;ミS;┗;マàヮWノ;àヮヴ;キ;がàSWàΑàラ┌àΒがàゲWェ┌ミSラàラゲàミ;┗キラゲàpequenos disseram, por chegaram primeiro. (...) A feição deles é serem pardos, maneira d'avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir nem mostrar suas vergonhas. E estão acerca disso com tanta inocência como têm em mostrar o rosto. (...)

Ali andavam entre eles três ou quatro moças, bem moças e bem gentis, com cabelos muito pretos, compridos, pelas espáduas; e suas vergonhas tão altas e tão çarradinhas e tão limpas das cabeleiras que de as nós muito bem olharmos não tínhamos nenhuma vergonha. (...)

E uma daquelas moças era toda tinta, de fundo a cima, daquela tintura, a qual, certo, era tão bem feita e tão redonda e sua vergonha, que ela não tinha, tão graciosa, que a muitas mulheres de nossa terra, vendo-lhes tais feições, fizera vergonha, por não terem a sua como ela. (...)

O capitão, quando eles vieram, estava assentado em uma cadeira e uma alcatifa aos pés por estrado, e bem vestido, com um colar d'ouro mui grande ao pescoço. (...) Um deles, porém, pôs olho no colar do capitão e começou d'acenar com a mão para a terra e despois para o colar, como que nos dizia que havia em terra ouro. E também viu um castiçal de prata e assim mesmo acenava para a terra e então para o castiçal, como que havia também prata. (...)

Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados como os de Entre-Douro-e-Minho, porque neste tempo d'agora assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem! Porém, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. (...)

capitão-mor: trata-se de Pedro Álvares Cabral.

conta: relato.

oitavas de Páscoa: semana que vai desde o domingo de Páscoa até o domingo seguinte.

horas de véspera: final da tarde.

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

7 de 66

chã: plana.

cousa: coisa.

vergonhas: órgãos sexais.

çarradinhas: alguns historiadores consideram "saradinhas", isto é, sem doenças, e outros consideram "cerradinhas", isto é, densas.

tinta: tingida.

alcatifa: tapete, que cobre ou se estende.

Entre-Douro-e-Minho: antiga província de Portugal.

Original da Carta de Caminha

É bom ler sobre o Brasil de antigamente, não é? A literatura informativa satisfaz a curiosidade a respeito do Brasil nos seus primeiros anos de vida, oferecendo o encanto das narrativas de viagem. Para os historiadores, os textos são fontes obrigatórias de pesquisa. Mais adiante, com o movimento modernista, esses textos foram retomados pelos escritores brasileiros, como Oswald de Andrade, como forma de denúncia da exploração a que o país sofrera desde então.

A carta de Caminha não foi o único documento informativo do Quinhentismo, veja os principais documentos que compõem a nossa literatura informativa:

1. Carta do descobrimento (Pero Vaz de Caminha): foi escrita no ano de 1500 e publicada pela primeira vez em 1817.

2. Tratado da terra do Brasil (Pero de Magalhães Gândavo): foi escrito por volta de 1570 e impresso pela primeira vez em 1826.

3. História da Província de Santa Cruz, a que vulgarmente chamamos Brasil (Pero de Magalhães Gândavo): foi editado em 1576.

4. Diálogo sobre a conversão dos gentios (Padre Manuel da Nóbrega): foi escrito em 1557 e impresso em 1880.

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

8 de 66

5. Tratado descritivo do Brasil (Gabriel Soares de Sousa): escrito em 1587 e impresso por volta de 1839.

A carta escrita por Pero Vaz de Caminha, que é hoje a mais famosa do período, não foi publicada logo que chegou às mãos do rei de Portugal. Por conter grande valor e detalhar a riqueza do Brasil, o monarca escondeu o documento que só veia a público em 1817, quase três séculos depois!!!

1.2 LITERATURA JESUÍTICA

Os portugueses não buscavam apenas expansão territorial em suas navegações. Com a igreja católica enfraquecida, era importante salvar os gentios e angariar assim mais fiéis para a igreja. Foi por esse motivo que muitos jesuítas foram desbravar os mares com os navegadores.

Com o Brasil não foi diferente. Como consequência da Contrarreforma, chegam, em 1549, os primeiros jesuítas ao Brasil. Incumbidos de catequizar os índios e de instalar o ensino público no país, fundaram os primeiros colégios, que foram, durante muito tempo, a única atividade intelectual existente na colônia.

Devemos dizer que os jesuítas foram responsáveis pela melhor produção literária do Quinhentismo brasileiro. Além da poesia de devoção, cultivaram o teatro de caráter pedagógico, inspirado em passagens bíblicas, e produziram documentos que informavam aos superiores na Europa o andamento dos trabalhos.

O instrumento mais utilizado para atingir os objetivos pretendidos pelos jesuítas (moralizar os costumes dos brancos colonos e catequizar os índios) foi o teatro. Para isso, os jesuítas chegaram a aprender a língua tupi, utilizando-a como veículo de expressão. Os índios não eram apenas espectadores das peças teatrais, mas também atores, dançarinos e cantores.

Os principais jesuítas responsáveis pela produção literária da época foram o padre Manuel da Nóbrega, o missionário Fernão Cardim e o padre José de Anchieta, de quem falaremos com mais detalhes a seguir:

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

9 de 66

José de Anchieta (1534 - 1597)

Nascido em 1534 na ilha de Tenerife, Canárias, o padre da Companhia de Jesus veio para o Brasil em 1553 e fundou, no ano seguinte, um colégio na região da então cidade de São Paulo. Faleceu na atual cidade de Anchieta, litoral do Espírito Santo, em 1597.

Conhecido como o grande piahy ("supremo pajé branco"), Anchieta deixou como legado a primeira gramática do tupi-guarani, verdadeira cartilha para o ensino da língua dos nativos (Arte da gramática da língua mais usada na costa do Brasil). Destacou-se também por suas poesias e autos, nos quais misturava a moral religiosa católica aos costumes dos indígenas.

Peça teatral mais famosa

Entre as peças de teatro da época, destaca-se o Auto de São Lourenço, escrita pelo padre José de Anchieta. Nela, o autor conta em três línguas (tupi, português e espanhol) o martírio de são Lourenço, que preferiu morrer queimado a renunciar a fé cristã. Anchieta intentou conciliar os valores católicos com os símbolos primitivos dos habitantes da terra e com aspectos da nova realidade americana. O sagrado europeu ligava-se aos mitos indígenas, sem que isso significasse contradição, pois as ideias que triunfavam nos espetáculos eram evidentemente as do padre. A liberdade formal das encenações saltava aos olhos: o teatro anchietano pressupunha o lúdico, o jogo coreográfico, a cor, o som.

Anchieta também deixou obras de grande valor poético. Os poemas mais conhecidos dele ゲ?ラぎàさDラà“;ミデケゲゲキマラà“;Iヴ;マWミデラざàWàさáà“;ミデ;àIミZゲざくàVWテ;がà;H;キ┝ラがà┌マàデヴWIエラàSラàヮラWマ;ぎ

A Santa Inês

Cordeirinha linda,

Como folga¹ o povo,

Porque vossa vinda

Lhe dá lume² novo!

Cordeirinha santa,

De Jesus querida,

Vossa santa vida

O Diabo espanta.

Por isso vos canta

Com prazer o povo,

Porque vossa vinda

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

10 de 66

Lhe dá lume novo.

Nossa culpa escura

Fugirá depressa,

Pois vossa cabeça

Vem com luz tão pura.

Vossa formosura

Honra é do povo,

Porque vossa vinda

Lhe dá lume novo.

Virginal cabeça,

Pela fé cortada,

Com vossa chegada

Já ninguém pereça;

Vinde mui depressa

Ajudar o povo,

Pois com vossa vinda

Lhe dais lume novo.

Vós sois cordeirinha

De Jesus Formoso;

Mas o vosso Esposo

já vos fez Rainha.

Também padeirinha

Sois do vosso Povo,

pois com vossa vinda,

Lhe dais trigo novo.

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

Inserir aqui o nome do Curso www.estrategiaconcursos.com.br

11 66

¹folga: se alegra

²lume: luz

Esse poema fala do confronto entre o bem e o mal com bastante simplicidade: a chegada de Santa Inês espanta o diabo e, graças a ela, o povo revigora sua fé. A linguagem é clara, as ideias são facilmente compreensíveis e o ritmo faz com que os versos tenham musicalidade, ajudando o poeta a envolver o ouvinte e a sensibilizá-lo para sua mensagem religiosa.

ENEM/2009

Eckhout

A aWキN?ラ SWノWゲ Y ゲWヴWマ ヮ;ヴSラゲが マ;ミWキヴ; Sげ;┗WヴマWノエ;Sラゲが SW Hラミゲ ヴラゲtos e bons narizes, bem feitos.

Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir, nem mostrar suas vergonhas. E estão acerca disso com tanta inocência como têm em mostrar o rosto.

(CAMINHA, P. V. A carta. www.dominiopublico.gov.br.)

Ao se estabelecer uma relação entre a obra de Eckhout e o trecho do texto de Caminha, conclui-se que:

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

12 66

a) ambos se identificam pelas características estéticas marcantes, como tristeza e melancolia, do movimento romântico das artes plásticas.

b) o artista, na pintura, foi fiel ao seu objeto, representando-o de maneira realista, ao passo que o texto é apenas fantasioso.

c) a pintura e o texto têm uma característica em comum, que é representar o habitante das terras que sofreriam processo colonizador.

d) o texto e a pintura são baseados no contraste entre a cultura europeia e a cultura indígena.

e) há forte direcionamento religioso no texto e na pintura, uma vez que o índio representado é objeto da catequização jesuítica.

Comentário: observem, alunos, que a pintura mostra exatamente o que o texto diz quando descreve a naturalidade com que os índios se portavam, andando nus, sem vergonha de seus corpos, sem esconder suas faces - na pintura, o índio observa o espectador. Eles eram culturalmente assim e não imaginavam estar ofendendo ninguém.

GABARITO: C

2. BARROCO

Estamos entrando agora no período do exagero, da antítese, do homem em meio ao céu e ao inferno sem saber para que lado seguir. O período conhecido como Barroco é constituído pelas primeiras manifestações literárias genuinamente brasileiras ocorridas no Brasil Colônia, embora diretamente influenciadas pelo barroco português.

O termo BARROCO denomina genericamente todas as manifestações artísticas dos anos 1600 e início dos anos 1700, por isso também chamado de seiscentismo. Além da literatura, estende-se à música, pintura, escultura e arquitetura da época.

"Vaidade" (sem data), de Domenico Piola

Contexto Histórico

Impossível estudar o período BARROCO sem conhecer o contexto histórico que o motivou! Após o Concílio de Trento, o Catolicismo sofreu grande reformulação. Em resposta à Reforma

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

13 66

protestante, a disciplina e a autoridade da Igreja de Roma foram restauradas, estabelecendo-se a divisão da cristandade entre protestantes e católicos.

Devemos lembrar que o Renascimento trouxe confiança e outros valores para os homens, ao antropocentrismo renascentista (valorização do homem) opôs-se o teocentrismo (Deus como centro de tudo), inspirado nas tradições medievais. O homem via-se então entre duas realidades:

Nos Estados protestantes, onde as condições sociais foram mais favoráveis à liberdade de pensamento, o racionalismo e a curiosidade científica do Renascimento continuaram a se desenvolver. Já nos Estados católicos, sobretudo na Península Ibérica, desenvolveu-se o movimento chamado Contrarreforma, que procurou reprimir todas as tentativas de manifestações culturais ou religiosas contrárias às determinações da Igreja Católica. Nesse período, a Companhia de Jesus passa a dominar quase que inteiramente o ensino, exercendo papel importantíssimo na difusão do pensamento aprovado pelo Concílio de Trento. O clima geral era de austeridade e repressão.

Essa situação contraditória resultou em um movimento artístico que expressava também atitudes contraditórias do artista em face do mundo, da vida, dos sentimentos e de si mesmo; esse movimento recebeu o nome de Barroco.

O homem busca a salvação de forma angustiada, está colocado entre o céu e a terra, consciente de sua grandeza mas atormentado pela ideia de pecado. Os sentimentos se exaltam, as paixões não são mais controladas pela razão, e o desejo de exprimir esses estados de alma vai se realizar por meio de antíteses, paradoxos e interrogações. Essa oscilação que leva o homem do céu ao inferno, que mostra sua dimensão carnal e espiritual, é uma das principais características da literatura barroca. Os escritores barrocos abusam do jogo de palavras (cultismo) e do jogo de ideias ou conceitos (conceptismo).

Temas frequentes na Literatura Barroca:

- fugacidade da vida e instabilidade das coisas;

- morte, expressão máxima da efemeridade das coisas;

- concepção do tempo como agente da morte e da dissolução das coisas;

- castigo, como decorrência do pecado;

- arrependimento;

- narração de cenas trágicas;

- erotismo;

- misticismo;

- apelo à religião.

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

14 66

Cultismo e conceptismo

O cultismo caracteriza-se pelo uso de linguagem rebuscada, culta, extravagante, repleta de jogos de palavras e do emprego abusivo de figuras de estilo, como a metáfora e a hipérbole. Veja um exemplo de poesia cultista:

Ao braço do Menino Jesus de Nossa Senhora das Maravilhas, A quem infiéis despedaçaram

O todo sem a parte não é todo;

A parte sem o todo não é parte;

Mas se a parte o faz todo, sendo parte,

Não se diga que é parte, sendo o todo. (Gregório de Matos)

Já o conceptismo, que ocorre principalmente na prosa, é marcado pelo jogo de ideias, de conceitos, seguindo um raciocínio lógico, nacionalista, que utiliza uma retórica aprimorada. A organização da frase obedece a uma ordem rigorosa, com o intuito de convencer e ensinar. Veja um exemplo de prosa conceptista:

Para um homem se ver a si mesmo são necessárias três coisas: olhos, espelho e luz. Se tem espelho e é cego, não se pode ver por falta de olhos; se tem espelhos e olhos, e é de noite, não se pode ver por falta de luz. Logo, há mister¹ luz, há mister espelho e há mister olhos. (Pe. Antônio Vieira)

¹mister: necessidade de, precisão.

2.1 FIGURAS DE LINGUAGEM NO BARROCO

Como o homem tentava expor seus sentimentos por meio da arte, as figuras de linguagem aparecem bastante nas poesias. Vejam as que mais aparecem:

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

15 66

Metáfora: é uma comparação implícita. Tem-se como exemplo o trecho a seguir, escrito por Gregório de Matos:

Se és fogo, como passas brandamente?

Se és neve, como queimas com porfia?

Antítese: é a principal figura de linguagem barroca, pois reflete a contradição do homem, seu dualismo. Revela o contraste que o escritor vê em quase tudo. Observe a seguir o trecho de Manuel Botelho de Oliveira, no qual é descrita uma ilha, salientando-se seus elementos contrastantes:

Vista por fora é pouco apetecida

Porque aos olhos por feia é parecida;

Porém, dentro habitada

É muito bela, muito desejada,

É como a concha tosca e deslustrosa,

Que dentro cria a pérola formosa.

Paradoxo: corresponde à união de duas ideias contrárias num só pensamento. Opõe-se ao racionalismo da arte renascentista. Veja a estrofe a seguir, de Gregório de Matos:

Ardor em firme Coração nascido;

pranto por belos olhos derramado;

incêndio em mares de água disfarçado;

rio de neve em fogo convertido.

Hipérbole: traduz ideia de grandiosidade, pompa, exagero. Veja mais um exemplo de Gregório de Matos:

É a vaidade, Fábio, nesta vida,

Rosa, que da manhã lisonjeada,

Púrpuras mil, com ambição dourada,

Airosa rompe, arrasta presumida.

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

16 66

Prosopopeia: personificação de seres inanimados para dinamizar a realidade. Observe um trecho escrito pelo Padre Antonio Vieira:

No diamante agradou-me o forte, no cedro o incorruptível, na águia o sublime, no Leão o generoso, no Sol o excesso de Luz.

2.2 ARTE BARROCA

Trata-se de uma arte rebuscada que tentava captar a realidade em pleno movimento. Mais do que estrutura, porém, o que se buscava era o embelezamento de portas e janelas e da ornamentação de interiores. As colunas, altares e púlpitos eram recobertos com espirais, flores e anjos に revestidos de ouro に, numa integração da pintura, escultura e arquitetura, exercendo sobre o espectador uma grande atração visual. No Brasil, a exploração do ouro e de pedras preciosas na região de Minas Gerais impulsionou a produção da arte barroca.

Basílica de Nossa Senhora do Carmo em Recife (PE), uma das glórias do barroco brasileiro.

A grande marca do BARROCO na decoração das igrejas era o revestimento em outro, o que demonstrava para os fiéis o grande poder e riqueza da instituição católica.

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

17 66

Última Ceia (1795-1796), do escultor Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho

A influência barroca manifestou-se claramente nas pinturas feitas em tetos e paredes de igrejas e palácios. As cenas e elementos arquitetônicos (colunas, escadas, balcões, degraus) proporcionavam uma incrível ilusão de movimento e ampliação de espaço, chegando, em alguns casos, a dar a impressão de que a pintura era a realidade, e a parede, de fato, não existisse.

Afresco da Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto (MG), por Manuel da Costa Athayde

2.3 ALEIJADINHO

Antônio Francisco Lisboa, nosso querido Aleijadinho, nasceu por volta de 1730 em Ouro preto, mineirinho do bão, uai! Orgulho de minha Minas Gerais.

Sua trajetória é praticamente construída pelas obras que deixou como escultor, entalhador e arquiteto, pois os principais documentos sobre sua vida só foram escritos por volta de 40 anos depois de sua morte.

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

18 66

Toda sua obra, entre talha, projetos arquitetônicos, relevos e estatuária, foi realizada em Minas Gerais, especialmente nas cidades de Ouro Preto, Sabará, São João del-Rei e Congonhas. Os principais monumentos que contém suas obras são a Igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto e o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos.

Veja a seguir, algumas obras deixadas pelo mineiro:

Retábulo da capela-mor da Igreja de São Francisco em São João del-Rei

Projeto para a fachada da Igreja de São Francisco em São João del-Rei

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

19 66

Cena do carregamento da cruz, na Via Sacra de Congonhas

Relevo no pórtico da Igreja de São Francisco em São João del-Rei

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

20 66

2.4 BARROCO NO BRASIL

O Barroco foi introduzido no Brasil por intermédio dos jesuítas. Inicialmente, no final do século XVI, tratava-se de um movimento apenas destinado à catequização. A partir do século XVII, o Barroco passa a se expandir para os centros de produção açucareira, especialmente na Bahia, por meio das igrejas. Assim, a função da igreja era ensinar o caminho da religiosidade e da moral a uma população que vivia desregradamente.

Nos séculos XVII e XVIII não havia ainda condições para a formação de uma consciência literária brasileira. A vida social no país era organizada em função de pequenos núcleos econômicos, não existindo efetivamente um público leitor para as obras literárias, o que só viria a ocorrer no século XIX. Por esse motivo, fala-se apenas em autores brasileiros com características barrocas, influenciados por fontes estrangeiras (portuguesa e espanhola), mas que não chegaram a constituir um movimento propriamente dito. Nesse contexto, merecem destaque a poesia de Gregório de Matos Guerra e a prosa do padre Antônio Vieira representada pelos seus sermões.

Autores

2.5 GREGÓRIO DE MATOS GUERRA: O BOCA DO INFERNO

Gregório de Matos Guerra nasceu em Salvador (BA) e morreu em Recife (PE). Estudou no colégio dos jesuítas e formou-se em Direito em Coimbra (Portugal). Recebeu o apelido de Boca do Inferno, graças a sua irreverente obra satírica.

Gregório de Matos firmou-se como o primeiro poeta brasileiro: cultivou a poesia lírica, satírica, erótica e religiosa. O que se conhece de sua obra é fruto de inúmeras pesquisas, pois Gregório não publicou seus poemas em vida. Por essa razão, há dúvidas quanto à autenticidade de muitos textos que lhe são atribuídos.

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

21 66

2.5.1 O POETA RELIGIOSO

A preocupação religiosa do escritor revela-se no grande número de textos que tratam do tema da salvação espiritual do homem. No soneto a seguir, o poeta ajoelha-se diante de Deus, com um forte sentimento de culpa por haver pecado, e promete redimir-se. Observe:

Soneto a Nosso Senhor

Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado, Da vossa alta clemência me despido; Porque quanto mais tenho delinquido Vos tem a perdoar mais empenhado.

Se basta a voz irar tanto pecado, A abrandar-vos sobeja um só gemido:

Que a mesma culpa que vos há ofendido, Vos tem para o perdão lisonjeado.

Se uma ovelha perdida e já cobrada Glória tal e prazer tão repentino

Vos deu, como afirmais na sacra história.

Eu sou, Senhor a ovelha desgarrada, Recobrai-a; e não queirais, pastor divino,

Perder na vossa ovelha a vossa glória.

2.5.2 O POETA SATÍRICO

Gregório de Matos é amplamente conhecido por suas críticas à situação econômica da Bahia, especialmente de Salvador, graças à expansão econômica chegando a fazer, inclusive, uma crítica ao então governador da Bahia Antonio Luis da Camara Coutinho. Além disso, suas críticas à Igreja e a religiosidade presente naquele momento. Essa atitude de subversão por meio das palavras rendeu-lhe o apelido de "Boca do Inferno", por satirizar seus desafetos

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

22 66

Triste Bahia

Triste Bahia! ó quão dessemelhante

Estás e estou do nosso antigo estado! Pobre te vejo a ti, tu a mi abundante.

A ti tricou-te a máquina mercante, Que em tua larga barra tem entrado,

A mim foi-me trocando e, tem trocado, Tanto negócio e tanto negociante.

2.5.3 O POETA LÍRICO

Em sua produção lírica, Gregório de Matos se mostra um poeta angustiado em face à vida, à religião e ao amor. Na poesia lírico-amorosa, o poeta revela sua amada, uma mulher bela que é constantemente comparada aos elementos da natureza. Além disso, ao mesmo tempo que o amor desperta os desejos corporais, o poeta é assaltado pela culpa e pela angústia do pecado.

À mesma d. Ângela

Anjo no nome, Angélica na cara! Isso é ser flor, e Anjo juntamente: Ser Angélica flor, e Anjo florente,

Em quem, senão em vós, se uniformara:

Quem vira uma tal flor, que a não cortara, De verde pé, da rama fluorescente; E quem um Anjo vira tão luzente,

Que por seu Deus o não idolatrara?

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

==0==

23 66

Se pois como Anjo sois dos meus altares, Fôreis o meu Custódio, e a minha guarda,

Livrara eu de diabólicos azares.

Mas vejo, que por bela, e por galharda, Posto que os Anjos nunca dão pesares,

Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.

2.6 PADRE ANTÔNIO VIEIRA

Padre Antônio Vieira nasceu em Lisboa, em 1608, e morreu na Bahia, em 1697. Com sete anos de idade, veio para o Brasil e entrou para a Companhia de Jesus. Por defender posições favoráveis aos índios e aos judeus, foi condenado à prisão pela Inquisição, onde ficou por dois anos.

Padre Antônio Vieira, por Arnold van Westerhout (1651-1725)

Responsável pelo desenvolvimento da prosa no período do barroco, Padre Antônio Vieira é conhecido por seus sermões polêmicos em que critica, entre outras coisas, o despotismo dos colonos portugueses, a influência negativa que o Protestantismo exerceria na colônia, os pregadores que não cumpriam com seu ofício de catequizar e evangelizar (seus adversários católicos) e a própria Inquisição. Além disso, defendia os índios e sua evangelização, condenando os horrores vivenciados por eles nas mãos de colonos e os cristãos-novos (judeus convertidos ao Catolicismo) que aqui se instalaram. Famoso por seus sermões, padre Antônio Vieira também se dedicou a escrever cartas e profecias.

2.6.1 OS SERMÕES

Em estilo conceptista, escreveu cerca de duzentos sermões. Em seus textos, privilegia a retórica e o encadeamento lógico de ideias e conceitos. Estão formalmente divididos em três partes:

I - Intróito ou Exórdio: a apresentação, introdução do assunto.

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

24 66

II - Desenvolvimento ou argumento: defesa de uma ideia com base na argumentação.

III - Peroração: parte final, conclusão.

Seus sermões mais famosos são:

Sermão da Sexágésima (1655):

O sermão, dividido em dez partes, é conhecido por tratar da arte de pregar. Nele, Padre Antônio Vieira condena aqueles que apenas pregam a palavra de Deus de maneira vazia. Para ele, a palavra de Deus era como uma semente, que deveria ser semeada pelo pregador. Por fim, o padre chega à conclusão de que, se a palavra de Deus não dá frutos no plano terreno a culpa é única e exclusivamente dos pregadores que não cumprem direito a sua função. Leia um trecho do sermão:

Ecce exiit qui seminat, seminare. Diz Cristo que "saiu o pregador evangélico a semear" a palavra divina. Bem parece este texto dos livros de Deus ão só faz menção do semear, mas também faz caso do sair: Exiit, porque no dia da messe hão-nos de medir a semeadura e hão-nos de contar os passos. (...) Entre os semeadores do Evangelho há uns que saem a semear, há outros que semeiam sem sair. Os que saem a semear são os que vão pregar à Índia, à China, ao Japão; os que semeiam sem sair, são os que se contentam com pregar na Pátria. Todos terão sua razão, mas tudo tem sua conta. Aos que têm a seara em casa, pagar-lhes-ão a semeadura; aos que vão buscar a seara tão longe, hão-lhes de medir a semeadura e hão-lhes de contar os passos. Ah Dia do Juízo! Ah pregadores! Os de cá, achar-vos-eis com mais paço; os de lá, com mais passos: Exiit seminare. (...) Ora, suposto que a conversão das almas por meio da pregação depende destes três concursos: de Deus, do pregador e do ouvinte, por qual deles devemos entender a falta? Por parte do ouvinte, ou por parte do pregador, ou por parte de Deus? (...)

Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda (1640):

Neste sermão, o padre incita os seguidores a reagir contra as invasões Holandesas, alegando que a presença dos protestantes na colônia resultaria em uma série de depredações à colônia. Leia um trecho do sermão:

Se acaso for assim ね o que vós não permitais ね e está determinado em vosso secreto juízo, que entrem os hereges na Bahia, o que só vos represento humildemente, e muito deveras, é que, antes da execução da sentença, repareis bem, Senhor, no que vos pode suceder depois, e que o consulteis com vosso coração enquanto é tempo, porque melhor será arrepender agora, que quando o mal passado não tenha remédio. Bem estais na intenção e alusão com que digo isto, e na razão,

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

25 66

fundada em vós mesmo, que tenho para o dizer. Também antes do dilúvio estáveis vós mui colérico e irado contra os homens, e por mais que Noé orava em todos aqueles cem anos, nunca houve remédio para que se aplacasse vossa ira. Romperam-se enfim as cataratas do céu, cresceu o mar até os cumes dos montes, alagou-se o mundo todo: já estaria satisfeita vossa justiça, senão quando ao terceiro dia começaram a boiar os corpos mortos, e a surgir e aparecer em multidão infinita aquelas figuras pálidas, e então se representou sobre as ondas a mais triste e funesta tragédia que nunca viram os anjos, que homens que a vissem, não os havia.

Sermão de Santo Antônio (1654):

Também conhecido como "O Sermão dos Peixes", pois nele o padre usa a imagem dos peixes como símbolo para fazer uma crítica aos vícios dos colonos portugueses que se aproveitavam da condição dos índios para escravizá-los e sujeitá-los ao seu poder. Leia um trecho do sermão:

Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção; mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? (...) Enfim, que havemos de pregar hoje aos peixes? Nunca pior auditório. Ao menos têm os peixes duas boas qualidades de ouvintes: ouvem e não falam. Uma só cousa pudera desconsolar o Pregador, que é serem gente os peixes que se não há-de converter. Mas esta dor é tão ordinária, que já pelo costume quase se não sente (...) Suposto isto, para que procedamos com clareza, dividirei, peixes, o vosso sermão em dois pontos: no primeiro louvar-vos-ei as vossas atitudes, no segundo repreender-vos-ei os vossos vícios. (...)

Quando Deus redimiu da tirania

Da mão do Faraó endurecido

O Povo Hebreu amado, e esclarecido,

Páscoa ficou da redenção o dia.

Páscoa de flores, dia de alegria

Àquele Povo foi tão afligido

O dia, em que por Deus foi redimido;

Ergo sois vós, Senhor, Deus da Bahia.

Pois mandado pela alta Majestade

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

26 66

Nos remiu de tão triste cativeiro,

Nos livrou de tão vil calamidade.

Quem pode ser senão um verdadeiro

Deus, que veio estirpar desta cidade

O Faraó do povo brasileiro.

DAMASCENO, D.(Org.). Melhores poemas: Gregório de Matos. São Paulo: Globo, 2006.

ENEM/2014

Com uma elaboração de linguagem e uma visão de mundo que apresentam princípios barrocos, o soneto de Gregório de Matos apresenta temática expressa por

a) visão cética sobre as relações sociais.

b) preocupação com a identidade brasileira.

c) crítica velada à forma de governo vigente.

d) reflexão sobre os dogmas do cristianismo.

e) questionamento das práticas pagãs na Bahia.

Comentário: estamos diante de um soneto do autor baiano Gregório de Matos que apresenta uma intertextualidade (diálogo entre textos, uso de um texto já existente para embasar um novo). Percebe-se claramente que o autor faz referência às Sagradas Escrituras. Sabendo que poeta barroco utilizava sua literatura como meio de criticar a sociedade de sua época, ainda que o fizesse por meio de metáforas, como ocorre no texto acima, podemos confirmar a alternativa C como resposta correta.

GABARITO: C

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

27 66

3. ARCADISMO

Começo falando sobre o Arcadismo comentando a tela a seguir:

O Balanço (década de 1730), de Nicolas Lancret

A obra de Lancret representa brilhantemente o que veio a ser o momento que seguiu o tão conflituoso Barroco. O Arcadismo é leveza, é o culto ao clássico, é estar junto à natureza. Vejam no quadro: ninfetas, festas, bebidas, uma さbaladaざ na floresta. Este é o carpe diem ideal dos arcadistas.

O Arcadismo, movimento que também pode ser chamado de Setecentismo ou Neoclacissismo (retorno ao clássico renascentista), surgiu na Itália e se espalhou pelo mundo até chegar ao Brasil, no século XVIII.

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

28 66

O nome faz referência à Arcádia, região do sul da Grécia que, por sua vez, foi nomeada em referência ao semideus Arcas (filho de Zeus e Calisto). Arcádia é também a morada dos deuses. Viram como a mitologia grega perpassa o movimento?

Algumas mudanças históricas mundiais marcaram o período, como:

- a ascensão do Iluminismo, que pressupunha o racionalismo, o progresso e as ciências.

- Independência dos Estados Unidos, em 1776, abrindo caminho para vários movimentos de independência ao longo de toda a América, como foi o caso do Brasil, que presenciou inúmeras revoluções e inconfidências até a chegada da Família Real em 1808.

- Revolução Francesa, todo apelo popular da revolução reforçaram as ideias iluministas no mundo.

3.1 LEMAS ÁRCADES

O movimento fazia oposição clara ao exagero e riqueza do Barroco. Para marcar tal posicionamento, os autores estipularam lemas que deveriam ser seguidos para uma vida feliz, simples e bucólica. Eram expressões em latim. Conheça algumas delas:

Inutilia truncat: "cortar o inútil", referência aos excessos cometidos pelas obras do barroco. No arcadismo, os poetas primavam pela simplicidade.

Fugere urbem: "fugir da cidade", do escritor clássico Horácio;

Locus amoenus: "lugar ameno", um refúgio ameno em detrimento dos centros urbanos monárquicos;

Carpe diem: "aproveitar a vida", o pastor, ciente da efemeridade do tempo, convida sua amada a aproveitar o momento presente.

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

29 66

Cabe ressaltar, no entanto, que os membros da Arcádia eram todos burgueses e habitantes dos centros urbanos. Por isso a eles são atribuídos um fingimento poético, isto é, a simulação de sentimentos fictícios.

3.2 O ARCADISMO NO BRASIL

Vamos ver o que o grande crítico literário Alfredo Bosi disse em seu livro História Concisa da Literatura Brasileira (São Paulo: editora Cultrix, 2006) sobre os dois momentos do Arcadismo no Brasil:

a) poético: retorno à tradição clássica com a utilização dos seus modelos, e valorização da natureza e da mitologia.

b) ideológico (engajada): influenciados pela filosofia presente no Iluminismo, que traduz a crítica da burguesia culta aos abusos da nobreza e do clero.

Seus principais autores são Cláudio Manoel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Basílio da Gama e Santa Rita Durão. No Brasil, o ano convencionado para o início do Arcadismo é 1768, quando houve a publicação de Obras, do poeta Claudio Manoel da Costa.

Arcádia Ultramarina

Trata-se de uma sociedade literária fundada na cidade de Vila Rica (MG), influenciada pela Arcádia italiana (fundada em 1690) e cujos membros adotavam pseudônimos, isto é, nomes artísticos, de pastores cantados na poesia grega ou latina. Por isso que alguns dos principais nomes do Arcadismo brasileiro publicavam suas obras com nomes inspirados na mitologia grega e romana

Principais características

- inspiração nos modelos clássicos greco-latinos e renascentistas, como por exemplo, em O Uraguai (gênero épico), em Marília de Dirceu (gênero lírico) e em Cartas Chilenas (gênero satírico);

- influência da filosofia francesa;

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

30 66

- mitologia pagã como elemento estético;

- o bom selvagem, expressão do filósofo Jean-Jacques Rousseau, denota a pureza dos nativos da terra fazem menção à natureza e à busca pela vida simples, bucólica e pastoril;

- tensão entre o burguês culto, da cidade, contra a aristocracia;

- pastoralismo: poetas simples e humildes;

- bucolismo: busca pelos valores da natureza;

- nativismo: referências à terra e ao mundo natural;

- tom confessional;

- estado de espírito de espontaneidade dos sentimentos;

- exaltação da pureza, da ingenuidade e da beleza.

3.3 PRINCIPAIS AUTORES

Cláudio Manoel da Costa (1729-1789)

Cláudio Manoel da Costa, o poeta mineiro nascido em 1729, ilustrado por Newton Resende.

Usou o pseudônimo Glauceste Satúrnio. Ficou conhecido também como o "guardador de rebanhos". Cláudio Manoel da Costa nasceu na cidade de Mariana (em Minas Gerais). Estudou Direito em Coimbra, onde teve contato com as principais ideias do Iluminismo e, ao voltar para o Brasil, fundou da Arcádia Ultramarina em Vila Rica. Era um homem muito rico e de posses que influenciou a elite intelectual da época. Por ter participado da Inconfidência Mineira, foi preso e encontrado enforcado na cadeia em 1789.

Os temas iniciais de sua obra giram em torno das reflexões morais e das contradições da vida com forte inspiração nos modelos barrocos.

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

31 66

Posteriormente, dedicou-se à poesia bucólica e pastoril na qual a natureza funciona como um refúgio para o poeta que busca a vida longe da cidade e reflete o as angustias e o sofrimento amoroso com sua musa inacessível Nise. Estes poemas fazem parte do conjunto intitulado Obras (1768).

Cláudio Manoel da Costa também se dedicou à exaltação dos bandeirantes, fundadores de inúmeras cidades da região mineradora e desbravadores do interior do país e de contar a história da cidade de Ouro Preto no poemeto épico Vila Rica (1773).

Veja um exemplo de sua poesia bucólica:

Sonetos X

Eu ponho esta sanfona, tu, Palemo,

Porás a ovelha branca, e o cajado;

E ambos ao som da flauta magoado

Podemos competir de extremo a extremo.

Principia, pastor; que eu te não temo;

Inda que sejas tão avantajado

No cântico amebeu: para louvado

Escolhamos embora o velho Alcemo.

Que esperas? Toma a flauta, principia;

Eu quero acompanhar te; os horizontes

Já se enchem de prazer, e de alegria:

Parece, que estes prados, e estas fontes

Já sabem, que é o assunto da porfia

Nise, a melhor pastora destes montes.

E de sua poesia épica:

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

32 66

Vila Rica

Canto VI

Levados de fervor, que o peito encerra

Vês os Paulistas, animosa gente,

Que ao Rei procuram do metal luzente

Co'as próprias mãos enriquecer o erário.

Arzão é este, é Este, o temerário,

Que da Casca os sertões tentou primeiro:

Vê qual despreza o nobre aventureiro,

Os laços e as traições, que lhe prepara

Do cruento gentio a fome avara.

Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810)

Tomás Antônio Gonzaga, poeta árcade, ilustrdo por artista desconhecido. Patrono da cadeira de número 37 da Academia Brasileira de Letras, Gonzaga deixou como legado importantes obra líricas e satíricas.

Nasceu na cidade de Porto, em Portugal, porém, filho de mãe portuguesa e pai brasileiro, vive parte da vida no Brasil. Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, muda para o Brasil para trabalhar como ouvidor e juiz. Aqui, pretendia se casar com a jovem Maria Dorotéia Joaquina de Seixas Brandão, sua musa Marília.

No entanto, como participara da Inconfidência Mineira, é preso e levado para o Rio de Janeiro. Quando sai da prisão, muda-se para Moçambique, na África, onde casa com Juliana de Sousa Mascarenhas.

Tomás Antônio Gonzaga é o pastor Dirceu, pseudônimo criado pelo poeta para seu conjunto de liras famosas intitulado Marília de Dirceu, publicadas em três partes nos anos de 1792, 1799 e

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

33 66

1812. Nessa obra, Dirceu é o pastor que cultiva o ideal da vida campestre, que vive entre ovelhas em uma choupana e aproveita o momento presente ao lado da amada Marília.

Lira I

Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,

Que viva de guardar alheio gado;

DWàデラゲIラàデヴ;デラがàSげW┝ヮヴWゲゲロWゲàェヴラゲゲWキヴラが

Dos frios gelos, e dos sóis queimado.

Tenho próprio casal, e nele assisto;

Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;

Das brancas ovelhinhas tiro o leite,

E mais as finas lãs, de que me visto.

Graças, Marília bela,

Graças à minha Estrela!

Lira XIX

Enquanto pasta alegre o manso gado,

Minha bela Marília, nos sentemos

À sombra deste cedro levantado.

Um pouco meditemos

Na regular beleza,

Que em tudo quanto vive, nos descobre

A sábia natureza.

Atende, como aquela vaca preta

O novilhinho seu dos mais separa,

E o lambe, enquanto chupa a lisa teta.

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

34 66

Atende mais, ó cara,

Como a ruiva cadela

Suporta que lhe morda o filho o corpo,

E salte em cima dela.

Repara, como cheia de ternura

Entre as asas ao filho essa ave aquenta,

Como aquela esgravata a terra dura,

E os seus assim sustenta;

Como se encoleriza,

E salta sem receio a todo o vulto,

Que junto deles pisa.

Que gosto não terá a esposa amante,

Quando der ao filhinho o peito brando,

E refletir então no seu semblante!

Quando, Marília, quando

DキゲゲWヴàIラミゲキェラぎàさÉàWゲデ;

さDWàデW┌àケ┌WヴキSラàヮ;キà;àマWゲマ;àH;ヴH;が

さáàマWゲマ;àHラI;がàWàデWゲデ;くざ

Lira XV

Eu, Marília, não fui nenhum Vaqueiro,

Fui honrado Pastor da tua aldeia;

Vestia finas lãs, e tinha sempre

A minha choça do preciso cheia.

Tiraram-me o casal, e o manso gado,

Nem tenho, a que me encoste, um só cajado.

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

35 66

Como aponta o crítico Alfredo Bosi em seu História Concisa da Literatura Brasileira (São Paulo: Cultrix, 2006), há uma mudança na cor dos cabelos de Marília, que ora são negros, ora dourados, como se pode observar nos trechos a seguir:

Os seus compridos cabelos,

que sobre as costas odeiam,

são que os de Apolo mais belos,

mas de loura cor não são.

Têm a cor da negra noite;

e com o branco do rosto

fazem, Marília, um composto

da mais formosa união.

Em outra passagem, observa-se:

Os teus olhos espelham a luz divina,

a quem a luz do sol em vão se atreve;

papoila ou rosa delicada e fina

te cobre as faces, que são da cor da neve.

Os teus cabelos sao uns fios d'ouro;

teu lindo corpo bálsamos vapora.

Essa oscilação, segundo o crítico, demonstraria o compromisso árcade entre o real e os padrões de beleza do lirismo inspirado no poeta clássico Petrarca. Outra oscilação presente nos poemas é entre o pastor bucólico e o intelectual da cidade.

Percebe-se, no entanto, uma mudança considerável no discurso do poeta, coincidindo com a época em que o autor esteve preso e passa a refletir sobre as angústias do aprisionamento, a justiça e o destino dos homens.

Cabe ressaltar, no entanto, que, embora o conjunto de liras seja dedicado à amada Marília, em momento algum temos a voz da personagem idealizada. É apenas Dirceu quem discorre acerca dos

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

36 66

seus sentimentos. Segundo alguns críticos literários, esse fato é um reflexo da sociedade patriarcal em que Gonzaga vivia, não permitindo que suas personagens pudessem expressar suas vozes.

Por fim, Tomás Antônio Gonzaga também ficou conhecido por suas Cartas Chilenas, compostas por 13 poemas satíricos escritos antes da Inconfidência Mineira. Novamente, Gonzaga cria personagens e pseudônimos: aqui, Critilo assina as cartas e as envia para Doroteu. O conteúdo das "cartas" são críticas ao suposto governador do Chile (onde vive Critilo) Fanfarrão Minésio, uma referência ao governador de Minas Gerais Luís da Cunha Meneses. Veja um exemplo:

Amigo Doroteu, prezado amigo,

Abre os olhos, boceja, estende os braços

E limpa, das pestanas carregadas,

O pegajoso humor, que o sono ajunta.

Critilo, o teu Critilo é quem te chama;

Ergue a cabeça da engomada fronha

Acorda, se ouvir queres coisas raras.

(...)

Ah! pobre Chile, que desgraça esperas!

Quanto melhor te fora se sentisses

As pragas, que no Egito se choraram,

Do que veres que sobe ao teu governo

Carrancudo casquilho, a quem rodeiam

Os néscios, os marotos e os peraltas!

Seguido, pois, dos grandes entra o chefe

No nosso Santiago junto à noite.

A casa me recolho e cheio destas

Tristíssimas imagens, no discurso,

Mil coisas feias, sem querer, revolvo.

Por ver se a dor divirto, vou sentar-me

Na janela da sala e ao ar levanto

Os olhos já molhados. Céus, que vejo!

Não vejo estrelas que, serenas, brilhem,

Nem vejo a lua que prateia os mares:

Vejo um grande cometa, a quem os doutos

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

37 66

Caudato apelidaram. Este cobre

áàデWヴヴ;àデラS;àIラげàSキゲaラヴマWàヴ;Hラく

LISTA DER QUESTÕES COMENTADAS NESTA AULA

01. (ENEM/2013) TEXTO I Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco começaram a vir mais. E

parece-me que viriam, este dia, à praia, quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta. Alguns deles traziam arcos e flechas, que todos trocaram por carapuças ou por qualquer coisa que lhes davam. ぷぐへà áミS;┗;マà デラSラゲà デ?ラà HWマ-dispostos, tão bem feitos e galantes com suas tinturas que muito agradavam.

CASTRO, S. A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 1996 (fragmento).

TEXTO II

PORTINARI, C. O descobrimento do Brasil. 1956. Óleo sobre tela, 199 x 169 cm Disponível em: www.portinari.org.br.

Acesso em: 12 jun. 2013. (Foto: Reprodução)

Pertencentes ao patrimônio cultural brasileiro, a carta de Pero Vaz de Caminha e a obra de Portinari retratam a chegada dos portugueses ao Brasil. Da leitura dos textos, constata-se que:

a) a carta de Pero Vaz de Caminha representa uma das primeiras manifestações artísticas dos portugueses em terras brasileiras e preocupa-se apenas com a estética literária.

b) a tela de Portinari retrata indígenas nus com corpos pintados, cuja grande significação é a afirmação da arte acadêmica brasileira e a contestação de uma linguagem moderna.

c) a carta, como testemunho histórico-político, mostra o olhar do colonizador sobre a gente da terra, e a pintura destaca, em primeiro plano, a inquietação dos nativos.

d) as duas produções, embora usem linguagens diferentes に verbal e não verbal に, cumprem a mesma função social e artística.

e) a pintura e a carta de Caminha são manifestações de grupos étnicos diferentes, produzidas em um mesmo momentos histórico, retratando a colonização.

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

38 66

02. (UEL) O estilo barroco chega ao Brasil pelas mãos dos colonizadores, sobretudo

portugueses. Desenvolve-se no século XVIII, 100 anos após o surgimento do Barroco na Europa, に ヴWIWHWàキミ。┌ZミIキ;ゲàデ;ミデラàヮラヴデ┌ェ┌Wゲ;ゲàケ┌;ミデラàaヴ;ミIWゲ;ゲがàキデ;ノキ;ミ;ゲàWàWゲヮ;ミエラノ;ゲくàEマàMキミ;ゲàGWヴ;キゲがà;àexpressão estética tanto deverá corresponder às solicitações dos elementos transpostos, como dos WノWマWミデラゲàノラI;キゲàWゲヮラミデ>ミWラゲくàIゲゲラà┗;キàゲWà┗WヴキgI;ヴàデ;ミデラàWm relação aos fatores estruturais, como no que diz respeito às ideias, aos conhecimentos e valores.

(Adaptado: MACHADO, L. R. Barroco Mineiro. São Paulo: Perspectiva, 1983. p. 167-169.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o barroco mineiro, considWヴWà;ゲà;gヴマ;デキ┗;ゲà;à

seguir. I. Nascido da herança europeia, o barroco mineiro é uma arte que traz em si o diálogo entre

sua origem e um novo contexto, caracterizando-se como um meio de expressão ao mesmo tempo barroco e mineiro.

II. O aspecto social contemporâneo à chegada do barroco a Minas contribuiu para que sua organização fosse caótica e para que as características desse movimento acabassem contrastando com a vida mineira.

III. Posto em contato com o clima de efervescência cultural e com as descobertas no campo estético de Minas, o barroco mineiro rompeu com a ideia do barroco universal e se destacou pela ambivalência.

IV. Os elementos transpostos pelos colonizadores apresentavam em suas raízes algumas semelhanças com o universo mineiro, mas o poder instituído pela Academia Nacional de Belas Artes encaminhou o movimento para rumos distintos.

Assinale a alternativa correta. ;ぶà“ラマWミデWà;ゲà;gヴマ;デキ┗;ゲàIàWàIIàゲ?ラàIラヴヴWデ;ゲく Hぶà“ラマWミデWà;ゲà;gヴマ;デキ┗;ゲàIàWàIIIàゲ?ラàIラヴヴWデ;ゲく Iぶà“ラマWミデWà;ゲà;gヴマ;デキ┗;ゲàIIàWàIVàゲ?ラàcorretas. Sぶà“ラマWミデWà;ゲà;gヴマ;デキ┗;ゲàIがàIIIàWàIVàゲ?ラàIラヴヴWデ;ゲく Wぶà“ラマWミデWà;ゲà;gヴマ;デキ┗;ゲàIIがàIIIàWàIVàゲ?ラàIラヴヴWデ;ゲく 03. (UFV) Leia a estrofe abaixo e faça o que se pede: Dos vícios já desligados nos pajés não crendo mais, nem suas danças rituais, nem seus mágicos cuidados. (ANCHIETA, José de. O auto de São Lourenço [tradução e adaptação de Walmir Ayala] Rio de Janeiro: Ediouro[s.d.]p. 110)

Assinale a afirmativa verdadeira, considerando a estrofe acima, pronunciada pelos meninos

índios em procissão:

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

39 66

a) Os meninos índios representam o processo de aculturação em sua concretude mais visível, como produto final de todo um empreendimento do qual participaram com igual empenho a Coroa Portuguesa e a Companhia de Jesus.

b) A presença dos meninos índios representa uma síntese perfeita e acabada daquilo que se convencionou chamar de literatura informativa.

c) Os meninos índios estão afirmando os valores de sua própria cultura, ao mencionar as danças rituais e as magias praticadas pelos pajés.

d) Os meninos índios são figuras alegóricas cuja construção como personagens atende a todos os requintes da dramaturgia renascentista.

e) Os meninos índios representam a revolta dos nativos contra a catequese trazida pelos jesuítas, de quem querem libertar-se tão logo seja possível.

04. (ENEM 2014) Quando Deus redimiu da tirania Da mão do Faraó endurecido O Povo Hebreu amado, e esclarecido, Páscoa ficou da redenção o dia. Páscoa de flores, dia de alegria Àquele povo foi tão afligido O dia, em que por Deus foi redimido; Ergo sois vós, Senhor, Deus da Bahia. Pois mandado pela Alta Majestade Nos remiu de tão triste cativeiro, Nos livrou de tão vil calamidade. Quem pode ser senão um verdadeiro Deus, que veio estirpar desta cidade o Faraó do povo brasileiro.

(DAMASCENO, D. Melhores poemas: Gregório de Matos. São Paulo: 2006)

Com uma elaboração de linguagem e uma visão de mundo que apresentam princípios barrocos,

o soneto de Gregório de Matos apresenta temática expressa por a) visão cética sobre as relações sociais. b) preocupação coma identidade brasileira. c) crítica velada à forma de governo vigente. d) reflexão sobre dogmas do Cristianismo. e) questionamento das práticas pagãs na Bahia. 05. (ENEM 2014)

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

40 66

BARDI, P. M. Em torno da escultura no Brasil. São Paulo: Banco Sudameris Brasil, 1989. (Foto: Reprodução/Enem)

Com contornos assimétricos, riqueza de detalhes nas vestes e nas feições, a escultura barroca

no Brasil tem forte influência do rococó europeu e está representada aqui por um dos profetas do pátio do Santuário do Bom Jesus de Matosinho, em Congonhas (MG), esculpido em pedra-sabão por Aleijadinho. Profundamente religiosa, sua obra revela:

a) liberdade, representando a vida de mineiros à procura da salvação. b) credibilidade, atendendo a encomendas dos nobres de Minas Gerais. c) simplicidade, demonstrando compromisso com a contemplação do divino. d) personalidade, modelando uma imagem sacra com feições populares. e) singularidade, esculpindo personalidades do reinado nas obras divinas As questões 6 e 7 referem-se ao seguinte texto:

Torno a ver-vos, ó montes; o destino (verso 1) Aqui me torna a pôr nestes outeiros, Onde um tempo os gabões deixei grosseiros Pelo traje da Corte, rico e fino. (verso 4) Aqui estou entre Almendro, entre Corino, Os meus fiéis, meus doces companheiros, Vendo correr os míseros vaqueiros (verso 7) Atrás de seu cansado desatino. Se o bem desta choupana pode tanto,

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

41 66

Que chega a ter mais preço, e mais valia (verso 10) Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto, Aqui descanse a louca fantasia, E o que até agora se tornava em pranto (verso 13) Se converta em afetos de alegria.

Cláudio Manoel da Costa. In: Domício Proença Filho. A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002, p. 78-9.

06. (ENEM 2008) Considerando o soneto de Cláudio Manoel da Costa e os elementos constitutivos do Arcadismo

brasileiro, assinale a opção correta acerca da relação entre o poema e o momento histórico de sua produção.

;ぶàOゲàさマラミデWゲざàWàさラ┌デWキヴラゲざがàマWミIキラミ;Sラゲàミ;àヮヴキマWキヴ;àWゲデヴラaWがàゲ?ラà キマ;ェWミゲàヴWノ;Iキラミ;S;ゲà<àMWデヴルヮラノWがàラ┌àゲWテ;がà;ラàノ┌ェ;ヴàラミSWàラàヮラWデ;àゲWà┗Wゲデキ┌àIラマàデヴ;テWàさヴキIラàWàaキミラざく

b) A oposição entre a Colônia e a Metrópole, como núcleo do poema, revela uma contradição vivenciada pelo poeta, dividido entre a civilidade do mundo urbano da Metrópole e a rusticidade da terra da Colônia.

c) O bucolismo presente nas imagens do poema é elemento estético do Arcadismo que evidencia a preocupação do poeta árcade em realizar uma representação literária realista da vida nacional.

SぶàáàヴWノ;N?ラàSWà┗;ミデ;ェWマàS;àさIエラ┌ヮ;ミ;ざàゲラHヴWà;àさCキS;SWざがàミ;àデWヴIWキヴ;àWゲデヴラaWがàYàaラヴマ┌ノ;N?ラàliterária que reproduz a condição histórica paradoxalmente vantajosa da Colônia sobre a Metrópole.

e) A realidade de atraso social, político e econômico do Brasil Colônia está representada esteticamente no poema pela referência, na última estrofe, à transformação do pranto em alegria.

07. Assinale a opção que apresenta um verso do soneto de Cláudio Manoel da Costa em que o

poeta se dirige ao seu interlocutor. áぶàさTラヴミラà;à┗Wヴ-┗ラゲがàルàマラミデWゲきàラàSWゲデキミラざàふ┗くヱぶ Bぶàさáケ┌キàWゲデラ┌àWミデヴWàáノマWミSヴラがàWミデヴWàCラヴキミラがざàふ┗くヵぶ CぶàさOゲàマW┌ゲàaキYキゲがàマW┌ゲàSラIWゲàIラマヮ;ミエWキヴラゲがざàふ┗くヶぶ DぶàさVWミSラàIラヴヴWヴàラゲàマケゲWヴラゲà┗;ケ┌Wキヴラゲざàふ┗くΑぶ EぶàさQ┌WがàS;àCキS;SWがàラàノキゲラミテWキヴラàWミI;ミデラがざàふ┗くヱヱぶ

08. (UEL-PR) O Barroco manifesta-se entre os séculos XVI e XVII, momento em que os ideais da

Reforma entram em confronto com a Contra-Reforma católica, ocasionando no plano das artes uma difícil conciliação entre o teocentrismo e o antropocentrismo. A alternativa que contém os versos que melhor expressam este conflito é:

a) Um paiá de Monal, bonzo bramá, Primaz da Cafraria do Pegu, Que sem ser do Pequim, por ser do Açu, Quer ser filho do sol, nascendo cá. (Gregório de Matos)

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

42 66

b) Temerária, soberba, confiada, Por altiva, por densa, por lustrosa, A exaltação, a névoa, a mariposa, Sobe ao sol, cobre o dia, a luz lhe enfada. (Botelho de Oliveira) c) Fábio, que pouco entendes de finezas! Quem faz só o que pode a pouco obriga: Quem contra os impossíveis se afadiga, A esse cede amor em mil ternezas. (Gregório de Matos) d) Luzes qual sol entre astros brilhadores, Se bem rei mais propício, e mais amado; Que ele estrelas desterra em régio estado, Em régio estado não desterras flores. (Botelho de Oliveira) e) Pequei Senhor; mas não porque hei pecado, Da vossa alta clemência me despido; Porque quanto mais tenho delinqüido, Vos tenho a perdoar mais empenhado. (Gregório de Matos)

09. (UFV) Sobre o Arcadismo no Brasil, podemos afirmar que: a) produziu obras de estilo rebuscado, pleno de antíteses e frases tortuosas, que refletem o

conflito entre matéria e espírito. b) não apresentou novidades, sendo mera imitação do que se fazia na Europa. c) além das características europeias, desenvolveu temas ligados à realidade brasileira, sendo

importante para o desenvolvimento de uma literatura nacional. d) apresenta já completa ruptura com a literatura europeia, podendo ser considerado a

primeira fase verdadeiramente nacionalista da literatura brasileira. e) presente sobretudo em obras de autores mineiros como Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio

Manuel da Costa, Silva Alvarenga e Basílio da Gama, caracteriza-se como expressão da angústia metafísica e religiosa desses poetas, divididos entre a busca da salvação e o gozo material da vida.

10. (UFSM) Sobre a literatura produzida no primeiro século da vida colonial brasileira, é correto

afirmar que: a) É formada principalmente de poemas narrativos e textos dramáticos que visavam à

catequese. b) Inicia com Prosopopeia, de Bento Teixeira.

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

43 66

c) É constituída por documentos que informam acerca da terra brasileira e pela literatura jesuítica.

d) Os textos que a constituem apresentam evidente preocupação artística e pedagógica. e) Descreve com fidelidade e sem idealizações a terra e o homem, ao relatar as condições

encontradas no Novo Mundo.

11. (ENEM 2013) LXXVIII (Camões, 1525?-1580) Leda serenidade deleitosa, Que representa em terra um paraíso; Entre rubis e perlas doce riso; Debaixo de ouro e neve cor-de-rosa; Presença moderada e graciosa, Onde ensinando estão despejo e siso Que se pode por arte e por aviso, Como por natureza, ser fermosa; Fala de quem a morte e a vida pende, Rara, suave; enfim, Senhora, vossa; Repouso nela alegre e comedido: Estas as armas são com que me rende E me cativa Amor; mas não que possa Despojar-me da glória de rendido.

CAMÕES, L. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008.

SANZIO, R. (1483-1520) A mulher com o unicórnio. Roma, Galleria Borghese. Disponível em: www.arquipelagos.pt. Acesso

em: 29 fev. 2012.

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

44 66

A pintura e o poema, embora sendo produtos de duas linguagens artísticas diferentes, participaram do mesmo contexto social e cultural de produção pelo fato de ambos

a) apresentarem um retrato realista, evidenciado pelo unicórnio presente na pintura e pelos adjetivos usados no poema.

b) valorizarem o excesso de enfeites na apresentação pessoal e na variação de atitudes da mulher, evidenciadas pelos adjetivos do poema.

c) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela sobriedade e o equilíbrio, evidenciados pela postura, expressão e vestimenta da moça e os adjetivos usados no poema.

d) desprezarem o conceito medieval da idealização da mulher como base da produção artística, evidenciado pelos adjetivos usados no poema.

e) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela emotividade e o conflito interior, evidenciados pela expressão da moça e pelos adjetivos do poema.

12. (ENEM 2015) Síntese entre erudito e popular Na região mineira, a separação entre cultura popular (as artes mecânicas) e erudita (as artes

liberais) é marcada pela elite colonial, que tem como exemplo os valores europeus, e o grupo popular, formado pela fusão de várias culturas: portugueses aventureiros ou degredados, negros e índios. Aleijadinho, unindo as sofisticações da arte erudita ao entendimento do artífice popular, consegue fazer essa síntese característica deste momento único na história da arte brasileira: o barroco colonial.

No século XVIII, a arte brasileira, mais especificamente a de minas Gerais, apresentava a valorização da técnica e um estilo próprio, incluindo a escolha dos aterias. Artistas como Aleijadinho e Mestre Ataíde têm suas obras caracterizadas por peculiaridades que são identificadas por meio

a) do emprego de materiais oriundos da Europa e da interpretação realista dos objetos representados.

b) do uso de recursos materiais disponíveis no local e da interpretação formal com características próprias.

c) da utilização de recursos materiais vindos da Europa e da homogeneização e linearidade representacional.

d) da observação e da cópia detalhada do objeto representado e do emprego de materiais disponíveis na região.

e) da utilização de materiais disponíveis no Brasil e da interpretação idealizada e linear dos objetos representados.

13. (ENEM 2015) Casa dos Contos & em cada conto te cont o & em cada enquanto me enca

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

45 66

nto & em cada arco te a barco & em cada porta m e perco & em cada lanço t e alcanço & em cada escad a me escapo & em cada pe dra te prendo & em cada g rade me escravo & em ca da sótão te sonho & em cada esconso me affonso & em cada claúdio te canto & e m cada fosso me enforco &

ÁVILA, A. Discurso da difamação do poeta. São Paulo: Summus, 1978.

O contexto histórico e literário do período barroco-árcade fundamenta o poema Casa dos

Contos, de 1975. A restauração de elementos daquele contexto por uma poética contemporânea revela que

a) a disposição visual do poema reflete sua dimensão plástica, que prevalece sobre a observação da realidade social.

b) a reflexão do eu lírico privilegia a memória e resgata, em fragmentos, fatos e personalidades da Inconfidência Mineira.

Iぶà;àヮ;ノ;┗ヴ;àさWゲIラミゲラざàふWゲIラミSキSラぶàSWマラミゲデヴ;àラàSWゲWミI;ミデラàSラàヮラWデ;àIラマà;à┌デラヮキ;àWàゲ┌;àラヮN?ラàpor uma linguagem erudita.

d) o eu lírico pretende revitalizar os contrastes barrocos, gerando uma continuidade de procedimentos estéticos e literários.

e) o eu lírico recria, em seu momento histórico, numa linguagem de ruptura, o ambiente de opressão vivido pelos inconfidentes.

14. (ENEM 2009) A dança é importante para o índio preparar o corpo e a garganta e significa energia para o

corpo, que fica robusto. Na aldeia, para preparo físico, dançamos desde cinco horas da manhã até seis horas da tarde, passa-se o dia inteiro dançando quando os padrinhos planejam a dança dos adolescentes. O padrinho é como um professor, um preparador físico dos adolescentes. Por exemplo, o padrinho sonha com um determinado canto e planeja para todos entoarem. Todos os デキヮラゲà SWà S;ミN;à ┗Zマà Sラゲà ヮヴキマWキヴラゲà ┝;┗;ミデWゲぎà W;マ;ヴサS┣;S;S┣Wキ┘;┘一, Butséwaw一, Tseretomodzatsewaw一, que foram descobrindo através da sabedoria como iria ser a cultura Xavante. Até hoje existe essa cultura, essa celebração. Quando o adolescente fura a orelha é obrigatório ele dançar toda a noite, tem de acordar meia-noite para dançar e cantar, é obrigatório, eles vão chamando um ao outro com um grito especial.

WÉRÉ' É TSI'RÓBÓ, E. A dança e o canto-celebração da existência xavante. VIS-Revista do Programa de Pós-Graduação em Arte da UnB. V. 5, n. 2, dez. 2006.

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

46 66

A partir das informações sobre a dança Xavante, conclui-se que o valor da diversidade artística e da tradição cultural apresentados originam-se da

a) iniciativa individual do indígena para a prática da dança e do canto. b) excelente forma física apresentada pelo povo Xavante. c) multiculturalidade presente na sua manifestação cênica. d) inexistência de um planejamento da estética da dança, caracterizada pelo ineditismo. e) preservação de uma identidade entre a gestualidade ancestral e a novidade dos cantos

a serem entoados. "Nasce o Sol, e não dura mais que um dia. Depois da luz, se segue a noite escura, Em tristes sombras morre a formosura, Em contínuas tristezas a alegria." 15. (FUVEST-SP) Na estrofe acima, de um soneto de Gregório de Matos, a principal

característica do Barroco é: a. culto da Natureza b. a utilização de rimas alternadas c. a forte presença de antíteses d. culto do amor cortês e. uso de aliterações AS COUSAS DO MUNDO Neste mundo é mais rico o que mais rapa: Quem mais limpo se faz, tem mais carepa; Com sua língua, ao nobre o vil decepa: O velhaco maior sempre tem capa. Mostra o patife da nobreza o mapa: Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa; Quem menos falar pode, mais increpa; Quem dinheiro tiver, pode ser Papa. A flor baixa se inculca por tulipa; Bengala hoje na mão, ontem garlopa. Mais isento se mostra o que mais chupa. Para a tropa do trapo vazo a tripa E mais não digo, porque a Musa topa Em apa, epa, ipa, opa, upa.

(Gregório de Matos, "Seleção de Obras Poéticas")

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

47 66

16. (FATEC) Fica claro, no poema acima, que a principal crítica do autor à sociedade de sua época é feita por meio da

a) denúncia da proteção que o mundo de então dava àqueles que agiam de modo condenável, embora sob a capa das leis da Igreja.

b) enumeração de certos tipos que, por seus comportamentos, revelam um roteiro que identifica e recomenda a ascensão social.

c) elaboração de uma lista de atitudes que deviam ser evitadas, por não condizerem com as práticas morais encontradas na alta sociedade.

d) comparação de valores e comportamentos da faixa mais humilde daquela sociedade com os da faixa mais nobre e aristocrática.

e) caracterização de comportamentos que, embora sejam moralmente condenáveis, são dissimulados em seus opostos.

17. (UFJF/PISM/2003) O poema a seguir servirá de base para as duas próximas questões: O ser herói, Marília, não consiste Em queimar os impérios: move a guerra, Espalha o sangue humano, E despovoa a terra Também o mau tirano. Consiste o ser herói em viver justo: E tanto pode ser herói o pobre, Como o maior Augusto. Eu é que sou herói, Marília bela, Seguindo da virtude a honrosa estrada: Ganhei, ganhei um trono, Ah! não manchei a espada, Não o roubei ao dono! Ergui-o no teu peito e nos teus braços: E valem muito mais que o mundo inteiro Uns tão ditosos laços. Aos bárbaros, injustos vencedores Atormentam remorsos e cuidados; Nem descansam seguros Nos Palácios, cercados De tropa e de altos muros. E a quantos não nos mostra a sábia História A quem mudou o fado em negro opróbrio A mal ganhada glória!

GONZAGA, Tomás Antônio. A poesia dos inconfidentes. Org. Domício Proença Filho. Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar, 1996. 5ª, 6ª e 7ª estrofes da Lira XXVII. pp. 616/617.

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

48 66

De acordo com a primeira estrofe, podemos afirmar que: a) os heróis são sempre associados à guerra. b) os tiranos também podem ser heróis. c) a correção da vida é que define os heróis. d) o poeta declara ser o maior de todos os heróis. e) os poderosos e ricos é que podem ser heróis. 18. (UFJF/PISM/2003) As referências a Marília revelam: a) a declaração de amor implícita a uma jovem. b) o uso de pseudônimos da convenção pastoril. c) a referência a uma dama que devia ficar oculta. d) o desejo de transformar a amada em objeto poético. e) a afirmação implícita de que queria casar-se. 19. (PUC-SP) "Que falta nesta cidade? Verdade. Que mais por sua desonra? Honra. Falta mais que se lhe ponha? Vergonha. O demo a viver se exponha, Por mais que a fama a exalta, Numa cidade onde falta Verdade, honra, vergonha." Pode-se reconhecer nos versos acima, de Gregório de Matos: a. caráter de jogo verbal próprio do estilo barroco, a serviço de uma crítica, em tom de

sátira, do perfil moral da cidade da Bahia. b. caráter de jogo verbal próprio da poesia religiosa do século XVI, sustentando piedosa

lamentação pela falta de fé do gentio. c. estilo pedagógico da poesia neoclássica, por meio da qual o poeta se investe das

funções de um autêntico moralizador. d. caráter de jogo verbal próprio do estilo barroco, a serviço da expressão lírica do

arrependimento do poeta pecador. e. estilo pedagógico da poesia neoclássica, sustentando em tom lírico as reflexões do

poeta sobre o perfil moral da cidade da Bahia.

20. (UFSM) Sobre a literatura produzida no primeiro século da vida colonial brasileira, é correto afirmar que:

a) É formada principalmente de poemas narrativos e textos dramáticos que visavam à catequese.

b) Inicia com Prosopopeia, de Bento Teixeira. c) É constituída por documentos que informam acerca da terra brasileira e pela literatura

jesuítica.

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

49 66

d) Os textos que a constituem apresentam evidente preocupação artística e pedagógica. e) Descreve com fidelidade e sem idealizações a terra e o homem, ao relatar as condições

encontradas no Novo Mundo. Soneto VII Onde estou? Este sítio desconheço: Quem fez tão diferente aquele prado? Tudo outra natureza tem tomado; E em contemplá-lo tímido esmoreço. Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço De estar a ela um dia reclinado: Ali em vale um monte está mudado: Quanto pode dos anos o progresso! Árvores aqui vi tão florescentes, Que faziam perpétua a primavera: Nem troncos vejo agora decadentes. Eu me engano: a região esta não era; Mas que venho a estranhar, se estão presentes Meus males, com que tudo degenera!

COSTA, C. M. Poemas. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 7 jul. 2012.

21. (ENEM 2016) No soneto de Cláudio Manuel da Costa, a contemplação da paisagem permite

ao eu lírico uma reflexão em que transparece uma a) angústia provocada pela sensação de solidão. b) resignação diante das mudanças do meio ambiente. c) dúvida existencial em face do espaço desconhecido. d) intenção de recriar o passado por meio da paisagem. e) empatia entre os sofrimentos do eu e a agonia da terra.

QUESTÕES COMENTADAS

01. (ENEM/2013) TEXTO I Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco começaram a vir mais. E

parece-me que viriam, este dia, à praia, quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta. Alguns deles traziam arcos e flechas, que todos trocaram por carapuças ou por qualquer coisa que lhes davam.

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

50 66

ぷぐへà áミS;┗;マà デラSラゲà デ?ラà HWマ-dispostos, tão bem feitos e galantes com suas tinturas que muito agradavam.

CASTRO, S. A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 1996 (fragmento).

TEXTO II

PORTINARI, C. O descobrimento do Brasil. 1956. Óleo sobre tela, 199 x 169 cm Disponível em: www.portinari.org.br.

Acesso em: 12 jun. 2013. (Foto: Reprodução)

Pertencentes ao patrimônio cultural brasileiro, a carta de Pero Vaz de Caminha e a obra de Portinari retratam a chegada dos portugueses ao Brasil. Da leitura dos textos, constata-se que:

a) a carta de Pero Vaz de Caminha representa uma das primeiras manifestações artísticas dos portugueses em terras brasileiras e preocupa-se apenas com a estética literária.

b) a tela de Portinari retrata indígenas nus com corpos pintados, cuja grande significação é a afirmação da arte acadêmica brasileira e a contestação de uma linguagem moderna.

c) a carta, como testemunho histórico-político, mostra o olhar do colonizador sobre a gente da terra, e a pintura destaca, em primeiro plano, a inquietação dos nativos.

d) as duas produções, embora usem linguagens diferentes に verbal e não verbal に, cumprem a mesma função social e artística.

e) a pintura e a carta de Caminha são manifestações de grupos étnicos diferentes, produzidas em um mesmo momentos histórico, retratando a colonização.

Comentários: A carta de Caminha foi um importante documento escrito no século XVI que

apresentou para o povo europeu os relatos do escriba português sobre sua viagem ao novo continente. A carta apresenta a perspectiva do colonizador durante sua estadia e ajudou a difundir o imaginário do índio na Europa.

Séculos depois, o pintor Candido Portinari retratou em sua pintura mural "O Descobrimento do Brasil" a chegada dos portugueses no Brasil pela perspectiva dos índios, que se inquietam ao observar a vinda dos estrangeiros.

GABARITO: C 02. (UEL) O estilo barroco chega ao Brasil pelas mãos dos colonizadores, sobretudo

portugueses. Desenvolve-se no século XVIII, 100 anos após o surgimento do Barroco na Europa, に

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

51 66

ヴWIWHWàキミ。┌ZミIキ;ゲàデ;ミデラàヮラヴデ┌ェ┌Wゲ;ゲàケ┌;ミデラàaヴ;ミIWゲ;ゲがàキデ;ノキ;ミ;ゲàWàWゲヮ;ミエラノ;ゲくàEマàMキミ;ゲàGWヴ;キゲがà;àexpressão estética tanto deverá corresponder às solicitações dos elementos transpostos, como dos WノWマWミデラゲàノラI;キゲàWゲヮラミデ>ミWラゲくàIゲゲラà┗;キàゲWà┗WヴキgI;ヴàデ;ミデラàWマàヴWノ;N?ラà;ラゲàa;デラヴWゲàWゲデヴ┌デ┌ヴ;キゲがàIラマラàno que diz respeito às ideias, aos conhecimentos e valores.

(Adaptado: MACHADO, L. R. Barroco Mineiro. São Paulo: Perspectiva, 1983. p. 167-169.)

CラマàH;ゲWàミラàデW┝デラàWàミラゲàIラミエWIキマWミデラゲàゲラHヴWàラàH;ヴヴラIラàマキミWキヴラがàIラミゲキSWヴWà;ゲà;gヴマ;デキ┗;ゲà;à

seguir. I. Nascido da herança europeia, o barroco mineiro é uma arte que traz em si o diálogo entre

sua origem e um novo contexto, caracterizando-se como um meio de expressão ao mesmo tempo barroco e mineiro.

II. O aspecto social contemporâneo à chegada do barroco a Minas contribuiu para que sua organização fosse caótica e para que as características desse movimento acabassem contrastando com a vida mineira.

III. Posto em contato com o clima de efervescência cultural e com as descobertas no campo estético de Minas, o barroco mineiro rompeu com a ideia do barroco universal e se destacou pela ambivalência.

IV. Os elementos transpostos pelos colonizadores apresentavam em suas raízes algumas semelhanças com o universo mineiro, mas o poder instituído pela Academia Nacional de Belas Artes encaminhou o movimento para rumos distintos.

Assinale a alternativa correta. a) Somente aゲà;gヴマ;デキ┗;ゲàIàWàIIàゲ?ラàIラヴヴWデ;ゲく Hぶà“ラマWミデWà;ゲà;gヴマ;デキ┗;ゲàIàWàIIIàゲ?ラàIラヴヴWデ;ゲく Iぶà“ラマWミデWà;ゲà;gヴマ;デキ┗;ゲàIIàWàIVàゲ?ラàIラヴヴWデ;ゲく Sぶà“ラマWミデWà;ゲà;gヴマ;デキ┗;ゲàIがàIIIàWàIVàゲ?ラàIラヴヴWデ;ゲく Wぶà“ラマWミデWà;ゲà;gヴマ;デキ┗;ゲàIIがàIIIàWàIVàゲ?ラàIラヴヴWデ;ゲく Comentário: O barroco mineiro apresenta características regionais, em contraposição ao

barroco europeu. No Brasil, o barroco se fez presente principalmente nas zonas com produção de cana-de-açúcar e mineração. Dentre suas principais características, estão a ornamentação de igrejas com ouro e rebuscados detalhes em janelas, portas, etc. Isso feito para enfatizar o poderio da Igreja católica. Diferente do barroco europeu, que visava o campo do universal (privação de elementos locais em prol de uma arte que aborde temas universais), o barroco mineiro colocou muito dos elementos culturais locais em sua expressão, como a já citada presença do ouro em diversos elementos das igrejas e traços locais em feições sacras.

GABARITO: B 03. (UFV) Leia a estrofe abaixo e faça o que se pede: Dos vícios já desligados

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

52 66

nos pajés não crendo mais, nem suas danças rituais, nem seus mágicos cuidados. (ANCHIETA, José de. O auto de São Lourenço [tradução e adaptação de Walmir Ayala] Rio de Janeiro: Ediouro[s.d.]p. 110)

Assinale a afirmativa verdadeira, considerando a estrofe acima, pronunciada pelos meninos

índios em procissão: a) Os meninos índios representam o processo de aculturação em sua concretude mais visível,

como produto final de todo um empreendimento do qual participaram com igual empenho a Coroa Portuguesa e a Companhia de Jesus.

b) A presença dos meninos índios representa uma síntese perfeita e acabada daquilo que se convencionou chamar de literatura informativa.

c) Os meninos índios estão afirmando os valores de sua própria cultura, ao mencionar as danças rituais e as magias praticadas pelos pajés.

d) Os meninos índios são figuras alegóricas cuja construção como personagens atende a todos os requintes da dramaturgia renascentista.

e) Os meninos índios representam a revolta dos nativos contra a catequese trazida pelos jesuítas, de quem querem libertar-se tão logo seja possível.

Comentário: O trecho do auto de José de Anchieta, que diz respeito à aculturação dos líderes

indígenas, fica ainda mais forte simbolicamente quando somos informados que os próprios índios curumins eram colocados para recitar o auto sobre a perda da identidade de seu povo. As Missões Jesuíticas mandadas pela Coroa Portuguesa ao Brasil tinham justamente essa função de impor a fé e cultura católica sobre os costumes e tradições indígenas.

GABARITO: A 04. (ENEM 2014) Quando Deus redimiu da tirania Da mão do Faraó endurecido O Povo Hebreu amado, e esclarecido, Páscoa ficou da redenção o dia. Páscoa de flores, dia de alegria Àquele povo foi tão afligido O dia, em que por Deus foi redimido; Ergo sois vós, Senhor, Deus da Bahia. Pois mandado pela Alta Majestade Nos remiu de tão triste cativeiro, Nos livrou de tão vil calamidade.

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

53 66

Quem pode ser senão um verdadeiro Deus, que veio estirpar desta cidade o Faraó do povo brasileiro.

(DAMASCENO, D. Melhores poemas: Gregório de Matos. São Paulo: 2006)

Com uma elaboração de linguagem e uma visão de mundo que apresentam princípios barrocos,

o soneto de Gregório de Matos apresenta temática expressa por a) visão cética sobre as relações sociais. b) preocupação coma identidade brasileira. c) crítica velada à forma de governo vigente. d) reflexão sobre dogmas do Cristianismo. e) questionamento das práticas pagãs na Bahia. Comentário: Gregório de Matos, também conhecido como Boca do Inferno, foi famoso por seus

diversos inimigos políticos adquiridos pela produção de seus poemas. Aqui podemos ver um apelo à figura de Deus para que livre o povo brasileiro (principalmente na Bahia) do "Faraó" tirano e endurecido.

GABARITO: C

05. (ENEM 2014)

BARDI, P. M. Em torno da escultura no Brasil. São Paulo: Banco Sudameris Brasil, 1989. (Foto: Reprodução/Enem)

Com contornos assimétricos, riqueza de detalhes nas vestes e nas feições, a escultura barroca

no Brasil tem forte influência do rococó europeu e está representada aqui por um dos profetas do

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

54 66

pátio do Santuário do Bom Jesus de Matosinho, em Congonhas (MG), esculpido em pedra-sabão por Aleijadinho. Profundamente religiosa, sua obra revela:

a) liberdade, representando a vida de mineiros à procura da salvação. b) credibilidade, atendendo a encomendas dos nobres de Minas Gerais. c) simplicidade, demonstrando compromisso com a contemplação do divino. d) personalidade, modelando uma imagem sacra com feições populares. e) singularidade, esculpindo personalidades do reinado nas obras divinas Comentário: O Barroco foi um período histórico, no qual encontramos um forte apelo ao

misticismo e à religião. No Brasil, foi marcado pelo trabalho de Aleijadinho, que impelia sua personalidade em suas obras, retratando o próprio povo em suas esculturas sacras.

GABARITO: D As questões 6 e 7 referem-se ao seguinte texto:

Torno a ver-vos, ó montes; o destino (verso 1) Aqui me torna a pôr nestes outeiros, Onde um tempo os gabões deixei grosseiros Pelo traje da Corte, rico e fino. (verso 4) Aqui estou entre Almendro, entre Corino, Os meus fiéis, meus doces companheiros, Vendo correr os míseros vaqueiros (verso 7) Atrás de seu cansado desatino. Se o bem desta choupana pode tanto, Que chega a ter mais preço, e mais valia (verso 10) Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto, Aqui descanse a louca fantasia, E o que até agora se tornava em pranto (verso 13) Se converta em afetos de alegria.

Cláudio Manoel da Costa. In: Domício Proença Filho. A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002, p. 78-9.

06. (ENEM 2008) Considerando o soneto de Cláudio Manoel da Costa e os elementos constitutivos do Arcadismo

brasileiro, assinale a opção correta acerca da relação entre o poema e o momento histórico de sua produção.

;ぶàOゲàさマラミデWゲざàWàさラ┌デWキヴラゲざがàマWミIキラミ;Sラゲàミ;àヮヴキマWキヴ;àWゲデヴラaWがàゲ?ラà キマ;ェWミゲàヴWノ;Iキラミ;S;ゲà<àMWデヴルヮラノWがàラ┌àゲWテ;がà;ラàノ┌ェ;ヴàラミSWàラàヮラWデ;àゲWà┗Wゲデキ┌àIラマàデヴ;テWàさヴキIラàWàaキミラざく

b) A oposição entre a Colônia e a Metrópole, como núcleo do poema, revela uma contradição vivenciada pelo poeta, dividido entre a civilidade do mundo urbano da Metrópole e a rusticidade da terra da Colônia.

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

55 66

c) O bucolismo presente nas imagens do poema é elemento estético do Arcadismo que evidencia a preocupação do poeta árcade em realizar uma representação literária realista da vida nacional.

SぶàáàヴWノ;N?ラàSWà┗;ミデ;ェWマàS;àさIエラ┌ヮ;ミ;ざàゲラHヴWà;àさCキS;SWざがàミ;àデWヴIWキヴ;àWゲデヴラaWがàYàaラヴマ┌ノ;N?ラàliterária que reproduz a condição histórica paradoxalmente vantajosa da Colônia sobre a Metrópole.

e) A realidade de atraso social, político e econômico do Brasil Colônia está representada esteticamente no poema pela referência, na última estrofe, à transformação do pranto em alegria.

Comentário: No caso do texto, Cláudio Manuel da Costa evidencia as diferenças entre a Colônia

e a metrópole, observando os vaqueiros que o remetem à colônia. De acordo com a leitura do poema o eu-poético valoriza a vida simples e natural, sugerindo uma nostalgia, presente na Colônia. Essa dicotomia campo e urbe é muito presente entre os árcades. Há aqui também outras ideias próprias do Arcadismo, como as definidas pelas expressões em Latim, locus amenus, ou lugar ameno, que determina e idealiza a natureza como um local perfeito e fugere urbem, ou fugir da cidade, que se mostra como uma fonte de sofrimento.

GABARITO: B 07. Assinale a opção que apresenta um verso do soneto de Cláudio Manoel da Costa em que o

poeta se dirige ao seu interlocutor. áぶàさTラヴミラà;à┗Wヴ-┗ラゲがàルàマラミデWゲきàラàSWゲデキミラざàふ┗くヱぶ Bぶàさáケ┌キàWゲデラ┌àWミデヴWàáノマWミSヴラがàWミデヴWàCラヴキミラがざàふv.5) CぶàさOゲàマW┌ゲàaキYキゲがàマW┌ゲàSラIWゲàIラマヮ;ミエWキヴラゲがざàふ┗くヶぶ DぶàさVWミSラàIラヴヴWヴàラゲàマケゲWヴラゲà┗;ケ┌Wキヴラゲざàふ┗くΑぶ E) さQ┌WがàS;àCキS;SWがàラàノキゲラミテWキヴラàWミI;ミデラがざàふ┗くヱヱぶ Comentário: O interlocutor do eu lírico são os montes, para os quais o eu do poema almeja

regressar. O eu lírico deixou esse lugar bucólico, e agora retorna, pois ali, no campo, busca ter sossego e se livrar das preocupações da cidade. Para melhor compreender, você pode voltar à p. 33 da aula de hoje.

GABARITO: A 08. (UEL-PR) O Barroco manifesta-se entre os séculos XVI e XVII, momento em que os ideais da

Reforma entram em confronto com a Contra-Reforma católica, ocasionando no plano das artes uma difícil conciliação entre o teocentrismo e o antropocentrismo. A alternativa que contém os versos que melhor expressam este conflito é:

a) Um paiá de Monal, bonzo bramá, Primaz da Cafraria do Pegu, Que sem ser do Pequim, por ser do Açu, Quer ser filho do sol, nascendo cá. (Gregório de Matos) b) Temerária, soberba, confiada,

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

56 66

Por altiva, por densa, por lustrosa, A exaltação, a névoa, a mariposa, Sobe ao sol, cobre o dia, a luz lhe enfada. (Botelho de Oliveira) c) Fábio, que pouco entendes de finezas! Quem faz só o que pode a pouco obriga: Quem contra os impossíveis se afadiga, A esse cede amor em mil ternezas. (Gregório de Matos) d) Luzes qual sol entre astros brilhadores, Se bem rei mais propício, e mais amado; Que ele estrelas desterra em régio estado, Em régio estado não desterras flores. (Botelho de Oliveira) e) Pequei Senhor; mas não porque hei pecado, Da vossa alta clemência me despido; Porque quanto mais tenho delinqüido, Vos tenho a perdoar mais empenhado. (Gregório de Matos) Comentário: Nesse famoso poema de Gregório de Matos, vemos o autor evidenciando sua

condição como eterno pecador e procurador da clemência de Deus. Isso explicita o conflito entre a vida pecatória (geralmente atribuída à vida de excessos das condições básicas humanas como a de se alimentar ou o sentimento da raiva), e a reverência a Deus como ser onipotente de quem se busca o perdão por esses exageros.

GABARITO: E 09. (UFV) Sobre o Arcadismo no Brasil, podemos afirmar que: a) produziu obras de estilo rebuscado, pleno de antíteses e frases tortuosas, que refletem o

conflito entre matéria e espírito. b) não apresentou novidades, sendo mera imitação do que se fazia na Europa. c) além das características europeias, desenvolveu temas ligados à realidade brasileira, sendo

importante para o desenvolvimento de uma literatura nacional. d) apresenta já completa ruptura com a literatura europeia, podendo ser considerado a

primeira fase verdadeiramente nacionalista da literatura brasileira. e) presente sobretudo em obras de autores mineiros como Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio

Manuel da Costa, Silva Alvarenga e Basílio da Gama, caracteriza-se como expressão da angústia metafísica e religiosa desses poetas, divididos entre a busca da salvação e o gozo material da vida.

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

57 66

Comentário: O Arcadismo foi um importante movimento literário que acrescentou à produção nacional elementos claramente locais. Ideais referentes à independência política no estado de Minas Gerais, por exemplo, e a inauguração do lirismo pessoal deram grande voz e status a esse movimento.

GABARITO: C 10. (UFSM) Sobre a literatura produzida no primeiro século da vida colonial brasileira, é correto

afirmar que: a) É formada principalmente de poemas narrativos e textos dramáticos que visavam à

catequese. b) Inicia com Prosopopeia, de Bento Teixeira. c) É constituída por documentos que informam acerca da terra brasileira e pela literatura

jesuítica. d) Os textos que a constituem apresentam evidente preocupação artística e pedagógica. e) Descreve com fidelidade e sem idealizações a terra e o homem, ao relatar as condições

encontradas no Novo Mundo. Comentário: A literatura quinhentista apresenta forte cunho informativo sobre as novidades

descobertas na colônia e também grande quantidade de material relativo à catequização dos índios feito pelas missões jesuíticas.

GABARITO: C 11. (ENEM 2013) LXXVIII (Camões, 1525?-1580) Leda serenidade deleitosa, Que representa em terra um paraíso; Entre rubis e perlas doce riso; Debaixo de ouro e neve cor-de-rosa; Presença moderada e graciosa, Onde ensinando estão despejo e siso Que se pode por arte e por aviso, Como por natureza, ser fermosa; Fala de quem a morte e a vida pende, Rara, suave; enfim, Senhora, vossa; Repouso nela alegre e comedido: Estas as armas são com que me rende E me cativa Amor; mas não que possa Despojar-me da glória de rendido.

CAMÕES, L. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008.

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

58 66

SANZIO, R. (1483-1520) A mulher com o unicórnio. Roma, Galleria Borghese. Disponível em: www.arquipelagos.pt. Acesso

em: 29 fev. 2012.

A pintura e o poema, embora sendo produtos de duas linguagens artísticas diferentes,

participaram do mesmo contexto social e cultural de produção pelo fato de ambos a) apresentarem um retrato realista, evidenciado pelo unicórnio presente na pintura e

pelos adjetivos usados no poema. b) valorizarem o excesso de enfeites na apresentação pessoal e na variação de atitudes

da mulher, evidenciadas pelos adjetivos do poema. c) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela sobriedade e o equilíbrio,

evidenciados pela postura, expressão e vestimenta da moça e os adjetivos usados no poema. d) desprezarem o conceito medieval da idealização da mulher como base da produção

artística, evidenciado pelos adjetivos usados no poema. e) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela emotividade e o conflito

interior, evidenciados pela expressão da moça e pelos adjetivos do poema. Comentário: A mulher está no centro da tela, com expressão singela e pouco expressiva, ou

seja, a mesma serenidade sobre a qual fala o poema de Camões. O classicismo (ou quinhentismo) pensa o homem como o centro do mundo, associando a beleza feminina a uma espécie de equilíbrio entre razão e emoção.

GABARITO: C 12. (ENEM 2015) Síntese entre erudito e popular Na região mineira, a separação entre cultura popular (as artes mecânicas) e erudita (as artes

liberais) é marcada pela elite colonial, que tem como exemplo os valores europeus, e o grupo popular, formado pela fusão de várias culturas: portugueses aventureiros ou degredados, negros e

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

59 66

índios. Aleijadinho, unindo as sofisticações da arte erudita ao entendimento do artífice popular, consegue fazer essa síntese característica deste momento único na história da arte brasileira: o barroco colonial.

No século XVIII, a arte brasileira, mais especificamente a de minas Gerais, apresentava a valorização da técnica e um estilo próprio, incluindo a escolha dos aterias. Artistas como Aleijadinho e Mestre Ataíde têm suas obras caracterizadas por peculiaridades que são identificadas por meio

a) do emprego de materiais oriundos da Europa e da interpretação realista dos objetos representados.

b) do uso de recursos materiais disponíveis no local e da interpretação formal com características próprias.

c) da utilização de recursos materiais vindos da Europa e da homogeneização e linearidade representacional.

d) da observação e da cópia detalhada do objeto representado e do emprego de materiais disponíveis na região.

e) da utilização de materiais disponíveis no Brasil e da interpretação idealizada e linear dos objetos representados.

Comentário: O Barroco brasileiro, importado da Europa e facilitador da doutrina católica, foi o

momento artístico que mais dominou o período colonial no Brasil. Conforme o tempo passava os artistas locais, como Aleijadinho e Mestre Ataíde, por exemplo, começaram a dar feições locais às suas obras, dando início à primeira manifestação artística propriamente brasileira.

GABARITO: B 13. (ENEM 2015) Casa dos Contos & em cada conto te cont o & em cada enquanto me enca nto & em cada arco te a barco & em cada porta m e perco & em cada lanço t e alcanço & em cada escad a me escapo & em cada pe dra te prendo & em cada g rade me escravo & em ca da sótão te sonho & em cada esconso me affonso & em cada claúdio te canto & e m cada fosso me enforco &

ÁVILA, A. Discurso da difamação do poeta. São Paulo: Summus, 1978.

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

60 66

O contexto histórico e literário do período barroco-árcade fundamenta o poema Casa dos Contos, de 1975. A restauração de elementos daquele contexto por uma poética contemporânea revela que

a) a disposição visual do poema reflete sua dimensão plástica, que prevalece sobre a observação da realidade social.

b) a reflexão do eu lírico privilegia a memória e resgata, em fragmentos, fatos e personalidades da Inconfidência Mineira.

Iぶà;àヮ;ノ;┗ヴ;àさWゲIラミゲラざàふWゲIラミSキSラぶàSWマラミゲデヴ;àラàSWゲWミI;ミデラàSラàヮラWデ;àIラマà;à┌デラヮキ;àWàゲ┌;àラヮN?ラàpor uma linguagem erudita.

d) o eu lírico pretende revitalizar os contrastes barrocos, gerando uma continuidade de procedimentos estéticos e literários.

e) o eu lírico recria, em seu momento histórico, numa linguagem de ruptura, o ambiente de opressão vivido pelos inconfidentes.

Comentário: A linguagem de ruptura pode ser apreciada através da maneira em que os versos

estão dispostos, além da inserção de um símbolo ligado ao comercial. A Casa dos Contos, local de câmbio do século XVIII, é, atualmente, um museu em Ouro Preto (cidade que marca o período colonial brasileiro e a Inconfidência), ou seja, o eu lírico se refere à resistência aos escritores portugueses. Cláudio Manuel da Costa é o nome de maior notoriedade nesse aspecto.

GABARITO: E 14. (ENEM 2009) A dança é importante para o índio preparar o corpo e a garganta e significa energia para o

corpo, que fica robusto. Na aldeia, para preparo físico, dançamos desde cinco horas da manhã até seis horas da tarde, passa-se o dia inteiro dançando quando os padrinhos planejam a dança dos adolescentes. O padrinho é como um professor, um preparador físico dos adolescentes. Por exemplo, o padrinho sonha com um determinado canto e planeja para todos entoarem. Todos os tキヮラゲà SWà S;ミN;à ┗Zマà Sラゲà ヮヴキマWキヴラゲà ┝;┗;ミデWゲぎà W;マ;ヴサS┣;S;S┣Wキ┘;┘一, Butséwaw一, Tseretomodzatsewaw一, que foram descobrindo através da sabedoria como iria ser a cultura Xavante. Até hoje existe essa cultura, essa celebração. Quando o adolescente fura a orelha é obrigatório ele dançar toda a noite, tem de acordar meia-noite para dançar e cantar, é obrigatório, eles vão chamando um ao outro com um grito especial.

WÉRÉ' É TSI'RÓBÓ, E. A dança e o canto-celebração da existência xavante. VIS-Revista do Programa de Pós-Graduação em Arte da UnB. V. 5, n. 2, dez. 2006.

A partir das informações sobre a dança Xavante, conclui-se que o valor da diversidade artística

e da tradição cultural apresentados originam-se da a) iniciativa individual do indígena para a prática da dança e do canto. b) excelente forma física apresentada pelo povo Xavante. c) multiculturalidade presente na sua manifestação cênica. d) inexistência de um planejamento da estética da dança, caracterizada pelo ineditismo. e) preservação de uma identidade entre a gestualidade ancestral e a novidade dos cantos

a serem entoados.

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

61 66

Comentário: A dança é um elemento ancestral da cultura indígena que foi preservado.

Portanto, é muito importante e foi preservada dentro do contexto da comunidade até hoje, mantendo-se desde os primeiros Xavantes.

GABARITO: E "Nasce o Sol, e não dura mais que um dia. Depois da luz, se segue a noite escura, Em tristes sombras morre a formosura, Em contínuas tristezas a alegria." 15. (FUVEST-SP) Na estrofe acima, de um soneto de Gregório de Matos, a principal

característica do Barroco é: a. culto da Natureza b. a utilização de rimas alternadas c. a forte presença de antíteses d. culto do amor cortês e. uso de aliterações Comentário: A principal característica do Barroco, no Brasil e no mundo, foi o princípio da

antítese, ou seja, utilizar conceitos opostos. No poema acima observamos alguns contrastes, tais como luz/sombra, noite/dia, tristeza/alegria. As demais alternativas, embora cumpram recursos e temas da linguagem literária, não correspondem ao Barroco. O poema reflete sobre a inconstância das coisas que, mesmo belas, acabam. Para melhor compreender, você pode voltar à p. 15 da aula de hoje.

GABARITO: C AS COUSAS DO MUNDO Neste mundo é mais rico o que mais rapa: Quem mais limpo se faz, tem mais carepa; Com sua língua, ao nobre o vil decepa: O velhaco maior sempre tem capa. Mostra o patife da nobreza o mapa: Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa; Quem menos falar pode, mais increpa; Quem dinheiro tiver, pode ser Papa. A flor baixa se inculca por tulipa; Bengala hoje na mão, ontem garlopa. Mais isento se mostra o que mais chupa.

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

62 66

Para a tropa do trapo vazo a tripa E mais não digo, porque a Musa topa Em apa, epa, ipa, opa, upa.

(Gregório de Matos, "Seleção de Obras Poéticas")

16. (FATEC) Fica claro, no poema acima, que a principal crítica do autor à sociedade de sua

época é feita por meio da a) denúncia da proteção que o mundo de então dava àqueles que agiam de modo condenável,

embora sob a capa das leis da Igreja. b) enumeração de certos tipos que, por seus comportamentos, revelam um roteiro que

identifica e recomenda a ascensão social. c) elaboração de uma lista de atitudes que deviam ser evitadas, por não condizerem com as

práticas morais encontradas na alta sociedade. d) comparação de valores e comportamentos da faixa mais humilde daquela sociedade com os

da faixa mais nobre e aristocrática. e) caracterização de comportamentos que, embora sejam moralmente condenáveis, são

dissimulados em seus opostos. Comentários: Na primeira estrofe o eu lírico se refere a alguém que faz trapaças, revelando, na

segunda estrofe, o enriquecimento desse tipo de pessoa. Na terceira estrofe essas pessoas mostram-se como algo que não são verdadeiramente, para, na última estrofe revelar-se em um metapoema, pois o poeta utiliza o soneto como lugar de externar quão intensamente essas pessoas não tem WゲIヴ┎ヮ┌ノラゲ ふさE マ;キゲ ミ?ラ Sキェラが ヮラヴケ┌W ; M┌ゲ; デラヮ;ざぶく GヴWェルヴキラ SW M;デラゲ Wヴ; IラミエWIキSラ ヮラヴ ゲW┌ゲ versos sagazes e críticos à maneira como se comportava a sociedade da época.

GABARITO: E 17. (UFJF/PISM/2003) O poema a seguir servirá de base para as duas próximas questões: O ser herói, Marília, não consiste Em queimar os impérios: move a guerra, Espalha o sangue humano, E despovoa a terra Também o mau tirano. Consiste o ser herói em viver justo: E tanto pode ser herói o pobre, Como o maior Augusto. Eu é que sou herói, Marília bela, Seguindo da virtude a honrosa estrada: Ganhei, ganhei um trono, Ah! não manchei a espada, Não o roubei ao dono! Ergui-o no teu peito e nos teus braços:

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

63 66

E valem muito mais que o mundo inteiro Uns tão ditosos laços. Aos bárbaros, injustos vencedores Atormentam remorsos e cuidados; Nem descansam seguros Nos Palácios, cercados De tropa e de altos muros. E a quantos não nos mostra a sábia História A quem mudou o fado em negro opróbrio A mal ganhada glória!

GONZAGA, Tomás Antônio. A poesia dos inconfidentes. Org. Domício Proença Filho. Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar, 1996. 5ª, 6ª e 7ª estrofes da Lira XXVII. pp. 616/617.

De acordo com a primeira estrofe, podemos afirmar que: a) os heróis são sempre associados à guerra. b) os tiranos também podem ser heróis. c) a correção da vida é que define os heróis. d) o poeta declara ser o maior de todos os heróis. e) os poderosos e ricos é que podem ser heróis. Comentário: Gonzaga está ancorada na idealização da vida pastoril, na busca pela natureza e

pelo equilíbrio, em contraste com a vida urbana de vícios. Assim, o herói árcade vai negar a visão do rei poderoso e tirano, aproximando-se do pastor justo e correto, que vive sua vida praticando o bem e integrado à natureza, além, claro, de ser dedicado à sua amada, Marília. Ainda, pode-se perceber ao longo do poema que o verdadeiro herói é aquele que, por ter em sua vida apenas atos corretos para se vangloriar, não precisa se arrepender de seus feitos e nem carregar remorsos, reafirmando o princípio da justiça.

GABARITO: C

18. (UFJF/PISM/2003) As referências a Marília revelam: a) a declaração de amor implícita a uma jovem. b) o uso de pseudônimos da convenção pastoril. c) a referência a uma dama que devia ficar oculta. d) o desejo de transformar a amada em objeto poético. e) a afirmação implícita de que queria casar-se. Comentário: O arcadismo, assim como o barroco e o quinhentismo, construiu uma lírica

amorosa baseada na idealização da mulher, perfeita e inalcançável, para quem o poeta cantará seus amores. No caso do arcadismo, essa busca pela natureza, como um retorno ao natural, e, com isso, ao equilíbrio, ao ameno に em contraposição à urbes に fez com que a mulher idealizada encontrasse a figura da pastora, par perfeito do pastor que a corteja. Ainda, alguns nomes se consolidaram na lírica amorosa árcade, como nomes convencionais do estilo literário, como é o caso de Marília. Assim, ao o poeta escolher Marília como o nome da pessoa amada, ele não só a preenche de significado,

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

64 66

retomando essa ideia da pastora pura e idílica, como também reforça sua filiação a tradição árcade, reconhecendo essa convenção de nomes como traço distintivo da mesma.

GABARITO: B 19. (PUC-SP) "Que falta nesta cidade? Verdade. Que mais por sua desonra? Honra. Falta mais que se lhe ponha? Vergonha. O demo a viver se exponha, Por mais que a fama a exalta, Numa cidade onde falta Verdade, honra, vergonha." Pode-se reconhecer nos versos acima, de Gregório de Matos: a. caráter de jogo verbal próprio do estilo barroco, a serviço de uma crítica, em tom de

sátira, do perfil moral da cidade da Bahia. b. caráter de jogo verbal próprio da poesia religiosa do século XVI, sustentando piedosa

lamentação pela falta de fé do gentio. c. estilo pedagógico da poesia neoclássica, por meio da qual o poeta se investe das

funções de um autêntico moralizador. d. caráter de jogo verbal próprio do estilo barroco, a serviço da expressão lírica do

arrependimento do poeta pecador. e. estilo pedagógico da poesia neoclássica, sustentando em tom lírico as reflexões do

poeta sobre o perfil moral da cidade da Bahia. Comentários: A estética barroca está calcada na construção de jogos de opostos, marca de um

sujeito que busca explicitar seus conflitos através da contradição. Pode-se perceber essa marca estilística em pares presentes no poema, como honra/desonra; exalta/falta. Ainda, Gregório será um crítico feroz, baseado na moral da elite e da igreja católica, da imoralidade da cidade da Bahia, dedicando-se a maldizê-la, a ela e a seus habitantes. Vale ressaltar que a cidade vivia o impasse da abertura dos portos aos navios estrangeiros, além de uma abertura ligeira para a ascensão social de mestiços, pessoas com sangue negro. Esses novos atores sociais eram vistos como indignos pela poesia de Gregório, uma vez que fugiam aos preceitos da fidalguia, sendo, portanto, indignos e imorais (sem honra), e responsáveis por impregnar a cidade de imoralidade. A cidade da Bahia é, então, uma figura que, em determinados poemas, o eu-poético se identifica e se compadece, vendo sua própria decadência projetada na cidade. Em outros, ela passa a ser também ré no julgamento moral do eu-poético, uma vez que teria permitido toda essa situação.

GABARITO: A 20. (UFSM) Sobre a literatura produzida no primeiro século da vida colonial brasileira, é correto

afirmar que:

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

65 66

a) É formada principalmente de poemas narrativos e textos dramáticos que visavam à catequese.

b) Inicia com Prosopopeia, de Bento Teixeira. c) É constituída por documentos que informam acerca da terra brasileira e pela literatura

jesuítica. d) Os textos que a constituem apresentam evidente preocupação artística e pedagógica. e) Descreve com fidelidade e sem idealizações a terra e o homem, ao relatar as condições

encontradas no Novo Mundo. Comentário: Os textos produzidos no Brasil durante o primeiro século da vida colonial se

resumiam basicamente à literatura jesuítica e os relatos de viagem, pelo fato do país ainda não possuir uma identidade cultural formada. Sendo assim, ainda não tínhamos uma literatura nacional, que pudesse ser chamada de brasileira.

GABARITO: C Soneto VII Onde estou? Este sítio desconheço: Quem fez tão diferente aquele prado? Tudo outra natureza tem tomado; E em contemplá-lo tímido esmoreço. Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço De estar a ela um dia reclinado: Ali em vale um monte está mudado: Quanto pode dos anos o progresso! Árvores aqui vi tão florescentes, Que faziam perpétua a primavera: Nem troncos vejo agora decadentes. Eu me engano: a região esta não era; Mas que venho a estranhar, se estão presentes Meus males, com que tudo degenera!

COSTA, C. M. Poemas. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 7 jul. 2012.

21. (ENEM 2016) No soneto de Cláudio Manuel da Costa, a contemplação da paisagem permite

ao eu lírico uma reflexão em que transparece uma a) angústia provocada pela sensação de solidão. b) resignação diante das mudanças do meio ambiente. c) dúvida existencial em face do espaço desconhecido. d) intenção de recriar o passado por meio da paisagem.

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0

66 66

e) empatia entre os sofrimentos do eu e a agonia da terra. Comentário: a natureza tem papel fundamental no Arcadismo, período no qual viveu o poeta

Cláudio Manuel da Costa. No soneto, as incertezas e os sofrimentos que lírico vive se fundem com seu desnorteio em relação à natureza desfigurada que ele (poeta) vê no instante em que tece as considerações contidas no texto.

GABARITO: E

GABARITO

Chegamos ao final da nossa primeira aula do intensivo! Muita coisa boa está por vir! Espero de coração que tenham gostado!

No caso de qualquer dúvida, sugestão, entrem em contato comigo por meio do fórum de dúvidas ou pelo e-mail [email protected]

Facebook e Instagram: Prof. Rafaela Freitas

Abraços,

Rafaela Freitas

Rafaela Freitas

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)

www.estrategiaconcursos.com.br

0