Private Equity and Venture Capital as Funding Alternatives to Small and Middle Enterprises in Brazil

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO MARCELO NOVAES DE OLIVEIRA ORIENTADORA: PROFª. DRª. LILIAM SANCHEZ CARRETE O PRIVATE EQUITY E O VENTURE CAPITAL COMO ALTERNATIVAS DE FINANCIAMENTO A PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS NO BRASIL São Paulo 2013

Transcript of Private Equity and Venture Capital as Funding Alternatives to Small and Middle Enterprises in Brazil

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE

DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO

MARCELO NOVAES DE OLIVEIRA

ORIENTADORA: PROFª. DRª. LILIAM SANCHEZ CARRETE

O PRIVATE EQUITY E O VENTURE CAPITAL COMO

ALTERNATIVAS DE FINANCIAMENTO A

PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS NO BRASIL

São Paulo

2013

ii

MARCELO NOVAES DE OLIVEIRA

O PRIVATE EQUITY E O VENTURE CAPITAL COMO

ALTERNATIVAS DE FINANCIAMENTO A

PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS NO BRASIL

Trabalho de Formatura apresentado à

Faculdade de Economia, Administração e

Contabilidade da Universidade de São Paulo

para obtenção do diploma de Administrador

de Empresas.

Campo do conhecimento: Finanças

Orientadora: Profª. Drª. Liliam Sanchez

Carrete

São Paulo

2013

iii

AGRADECIMENTOS

Agradeço a meus familiares, amigos e colegas; foram incríveis momentos vividos.

Agradeço à Universidade de São Paulo pelo que me proporcionou nestes oito anos.

Agradeço, em especial…

…a meus pais, Dermeval e Márcia;

…aos membros do Clube da Cevada;

…a quem me apoiou, Aline Ruppert;

…a minha orientadora, Liliam Carrete;

…aos meus colegas da Escola Politécnica;

…aos meus colegas da Faculdade de Economia e Administração;

…aos meus colegas da IE Business School;

…aos meus colegas da Intermec Technologies;

…aos meus colegas da Fiducia Asset Management;

…aos meus colegas da Standard & Poor’s;

…aos meus colegas da TopBest Apps & Games;

…aos meus colegas do Shelter Island Capital Management;

…aos meus colegas do Goldman Sachs;

…aos meus colegas da Fisher;

…à aleatoriedade do universo, sempre tão preciosamente caprichosa.

Yup… it was quite a ride.

“‘Mas isso são só números…’, protestou o

meu mestre Caeiro. E depois acrescentou,

olhando com uma formidável infância:

‘O que é o 34, na realidade?’”

(Fernando Pessoa)

v

RESUMO

As micro, pequenas e médias empresas (PMEs) são irrefutavelmente importantes

em todo o mundo, seja na geração de novos empregos, na geração de riquezas de

um país ou no auxílio à recuperação de crises econômicas, como evidenciado após

a crise financeira de 2008. Contudo, essa relevância é verificada com maior impacto

na Europa ou nos Estados Unidos, quando comparado ao Brasil. Acredita-se que um

ponto limitante do potencial das PMEs no Brasil seja a falta de acesso ao

financiamento e a uma administração mais profissional destas empresas, de alto

potencial de crescimento. Desta forma, buscou-se entender como o capital de risco,

em forma de Private Equity (PE) ou Venture Capital (VC), prática difundida em

países desenvolvidos, pode auxiliar as PMEs a crescer e a prosperar, fortalecendo e

dinamizando a economia do país. Ao mesmo tempo, vislumbrou-se o tema sob as

perspectivas de gestores, investidores e empreendedores. O presente estudo, de

caráter exploratório, aborda de maneira abrangente os aspectos fundamentais do

Private Equity no Brasil e no exterior, contextualizados sob a ótica das PMEs.

Evidencia-se através de dados empíricos a importância desta modalidade de

financiamento e de sua aplicação para este segmento de empresas no mercado

Brasileiro, assim como é delineado um panorama das alternativas existentes no país

à disposição das PMEs. Conclui-se que as vantagens do Private Equity para

empreendedores, investidores e profissionais excedem os desafios envolvidos e que

sua utilização é benéfica às PMEs e, por conseguinte, ao país como um todo. Além

disso, comprova-se a relevância das PMEs no Brasil e evidencia-se a lacuna

existente perante seu desempenho nos países desenvolvidos. Expõe-se as

características do mercado nacional de PE, aquém de seu potencial, mas em

momento favorável à prática trazendo consigo métricas atraentes. Por fim, entende-

se que as modalidades de financiamento alternativas para as PMEs existem, mas

são pouco difundidas e de difícil acesso, tornando mercados inesperados como o de

Factoring ou fomento mercantil fundamentais para a sobrevivência dessas

empresas.

Palavras-chave: capital de risco, Venture Capital, Private Equity, pequenas e médias

empresas, PMEs, Brasil

vi

ABSTRACT

Small and medium enterprises (SMEs) are indisputably important in the whole world,

be it by creating new jobs, be it by generating a country’s wealth or by making it more

resilient to economic crises, as evidenced after the 2008 financial crisis. However,

this is noticed with greater impact in Europe or the U.S. rather than in Brazil. It is

believed that the lack of financing aimed at SMEs and the poor management of such

companies curb their high growth potential. Therefore, this paper tries to understand

how Private Equity and Venture Capital – well accepted in the developed countries –

can help SMEs to grow and prosper, thus strengthening and developing the country’s

economy. At the same time, this work does so by looking from the perspectives of

managers, investors and entrepreneurs. By using exploratory techniques, it covers in

a broad manner all the fundamental aspects of Private Equity in Brazil and abroad,

contextualized from the SMEs’ standpoint. The paper brings empirical evidence on

the importance of this type of financing and its further application on Brazilian SMEs,

as well as conveying a panorama of other existing financing alternatives at their

disposal. It comes to conclusion that the advantages brought by Private Equity to

entrepreneurs, investors and professionals far exceeds the challenges involved, as

also that such practice is not only beneficial to the SMEs, but to the country as a

whole. Furthermore, this paper proves the relevance of SMEs in Brazil and brings

light to the gap between their performance and the one observed in developed

countries. By showing the characteristics of the PE domestic market, it is found that

there’s plenty of untapped potential, even though the country seems to be in a

fortunate moment with attractive PE performance. At last, it is understood that there

are financing alternatives for SMEs in Brazil, but they are not well-known and also

very hard to tap. This makes shadow banking companies as Factoring to be essential

for the survival of these companies.

Keywords: Venture Capital, Private Equity, small and medium enterprises, SMEs,

Brazil

vii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Estrutura típica de um fundo de Private Equity ........................................ 26

Figura 2 – Transação típica de aquisição de empresa por fundo de Private Equity .. 29

Figura 3 – Queda abrupta no crescimento de receitas das empresas que se tornam

grandes o suficiente para entrar na lista Fortune 50 de maiores empresas .............. 32

Figura 4 – Valores totais de buyout por ano nos EUA ............................................... 34

Figura 5 – Valores totais de buyout por ano ao redor do mundo............................... 35

Figura 6 – Valores totais de buyout por ano ao redor do mundo............................... 35

Figura 7 – Investimento em mercados emergentes de Private Equity por região ..... 61

Figura 8 – Tamanho mediano dos investimentos em PE em mercados emergentes

entre 2008–2010 ....................................................................................................... 63

Figura 9 – Países atrativos para PE possuem um maior número de empresas de

grande porte .............................................................................................................. 63

Figura 10 – Penetração global de Private Equity 2010–2011 ................................... 64

Figura 11 – Conversão de oportunidades de negócios em investimentos ................ 71

Figura 12 – Distribuição por estágio das empresas investidas em 2009 ................... 71

Figura 13 – Evolução de ofertas de FMIEE e FIP registradas na CVM ..................... 75

Figura 14 – Número de desinvestimentos (totais ou parciais) por ano, por

modalidade de saída ................................................................................................. 77

Figura 15 – Taxa interna de retorno para desinvestimentos no Brasil entre 2004–

2009 .......................................................................................................................... 80

Figura 16 – “Qual o seu MOI e TIR históricos e esperados no Brasil?” Pesquisa com

GPs ........................................................................................................................... 81

Figura 17 – Operações de financiamento via BNDES em 2011 ................................ 90

Figura 18 – Desembolsos do BNDES por setor de atividade .................................... 90

Figura 19 – Participação dos desembolsos da FINEP no dispêndio empresarial em

P&D ........................................................................................................................... 95

viii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Classificação de Pequenas e Médias Empresas quanto ao número de

pessoas ..................................................................................................................... 19

Tabela 2 – Classificação de Pequenas e Médias Empresas quanto a receita ou

ativos ......................................................................................................................... 19

Tabela 3 – Diferentes estruturas de fundos de Private Equity................................... 28

Tabela 4 – TIR calculadas através do múltiplo de saída e duração do investimento 30

Tabela 5 – Retorno médio e volatilidade de diferentes classes de ativos (1980–2000)

.................................................................................................................................. 43

Tabela 6 – Retorno líquido médio de fundos de Private Equity por tipo de Limited

Partner ...................................................................................................................... 43

Tabela 7 – Retornos da indústria de Private Equity baseados em fluxos de caixa ... 45

Tabela 8 – Classificação por porte de empresa segundo o BNDES ......................... 56

Tabela 9 – Classificação por porte de empresa segundo a Receita Federal ............ 56

Tabela 10 – Classificação por porte de empresa segundo IBGE e OECD ................ 57

Tabela 11 – Classificação por porte de empresa segundo SEBRAE ........................ 57

Tabela 12 – Classificação por porte de empresa segundo Mercosul ........................ 57

Tabela 13 – Estoque de empregos formais no Brasil ................................................ 58

Tabela 14 – Dados gerais das empresas industriais no Brasil .................................. 58

Tabela 15 – Dados gerais das empresas comerciais no Brasil ................................. 59

Tabela 16 – Dados gerais das empresas de serviço no Brasil .................................. 59

Tabela 17 – Dados gerais das empresas de serviço ................................................. 60

Tabela 18 – Dados gerais das empresas exportadoras no Brasil ............................. 60

Tabela 19 – Captação de recursos em Private Equity, 2007–2011........................... 62

Tabela 20 – Volume regional de negócios ao ano, 2008–2011 ................................ 62

Tabela 21 – Origem do capital comprometido alocado ao Brasil pelas organizações

gestoras .................................................................................................................... 65

Tabela 22 – Concentração do capital comprometido ................................................ 66

Tabela 23 – Alguns fundos brasileiros entre os 300 maiores do mundo ................... 66

Tabela 24 – Levantamento de Capital ....................................................................... 67

Tabela 25 – Avaliação do Brasil frente a outros BRICs ............................................. 68

Tabela 26 – Requisitos da empresa-alvo que viabilizam o investimento .................. 69

ix

Tabela 27 – Características e situações da empresa-alvo que inviabilizam o

investimento .............................................................................................................. 70

Tabela 28 – Principais motivos que inviabilizam o investimento* .............................. 70

Tabela 29 – Tíquete médio por estágio de investimento ........................................... 72

Tabela 30 – Distribuição das empresas em portfólio em 2009, por setor .................. 73

Tabela 31 – Distribuição Geográfica das Empresas por Portfólio ............................. 74

Tabela 32 – Estrutura legal dos veículos de investimento ........................................ 76

Tabela 33 – Levantamento de fundos em 2009 por estrutura legal .......................... 76

Tabela 34 – Saídas de negócios por mecanismo de saída, em US$ milhões ........... 78

Tabela 35 – Número de veículos por prazo de duração ............................................ 79

Tabela 36 – Retorno líquido para investidores .......................................................... 79

Tabela 37 – Retornos mínimos e máximos esperados por estágio ........................... 80

Tabela 38 – Valores medianos da taxa interna de retorno ........................................ 81

Tabela 39 – Quantitativo de instituições autorizadas a funcionar.............................. 83

Tabela 40 – Participação percentual dos diversos segmentos do SFN nos ativos

totais do sistema ....................................................................................................... 84

Tabela 41 – Listagem das agências de fomento brasileiras ...................................... 85

Tabela 42 – Balanço e resultados das agências de fomento brasileiras ................... 85

Tabela 43 – Maiores bancos atuantes no Brasil, por ativos totais ............................. 86

Tabela 44 – Maiores bancos atuantes no Brasil, por ativos totais ............................. 89

Tabela 45 – Representatividades do BNDES no Sistema Financeiro Nacional ........ 89

Tabela 46 – Operações de Financiamento via BNDES em 2011 .............................. 90

Tabela 47 – Evolução dos desembolsos anuais do BNDES ..................................... 90

Tabela 48 – Carteiras de Factoring por região .......................................................... 92

Tabela 49 – Evolução da captação de recursos para operações de crédito ............. 97

Tabela 50 – Evolução dos valores captados, contratados, liberados e realizável bruto

.................................................................................................................................. 97

Tabela 51 – Fundos de investimento apoiados pela FINEP ...................................... 99

x

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 13

1.1 Objetivo e contribuições esperadas ................................................................. 13

1.2 Justificativa ........................................................................................................ 14

2 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................. 19

2.1 Pequenas e médias empresas (PMEs) .............................................................. 19

2.1.1 Definição .......................................................................................................... 19

2.1.2 Evidência socioeconômica ............................................................................... 20

2.1.2.1 Geração de empregos ............................................................................................ 20

2.1.2.2 Geração de riqueza ................................................................................................ 21

2.1.2.3 Resiliência frente a crises ....................................................................................... 22

2.2 Private Equity e Venture Capital (PE e VC) ....................................................... 22

2.2.1 Origem histórica ............................................................................................... 22

2.2.2 Definição e subcategorias ................................................................................ 24

2.2.3 Organização e estrutura ................................................................................... 25

2.2.4 Funcionamento de uma transação.................................................................... 28

2.2.5 Avaliação de empresas de alto crescimento ..................................................... 31

2.2.6 Dimensão e evolução do mercado.................................................................... 33

2.3 Características do Private Equity ...................................................................... 36

2.3.1 Vantagens às empresas ................................................................................... 36

2.3.1.1 Criação de valor através da gestão ........................................................................ 36

2.3.1.2 Otimização da estrutura de capital ......................................................................... 37

2.3.1.3 Alternativa de financiamento ................................................................................... 38

2.3.1.4 Foco no longo prazo ............................................................................................... 40

2.3.2 Vantagens aos acionistas e investidores .......................................................... 41

2.3.2.1 Diversificação de investimentos ............................................................................. 41

2.3.2.2 Retornos superiores aos de mercado ..................................................................... 42

2.3.2.3 Desinvestimento e saída para os sócios ................................................................ 47

2.3.3 Desvantagens e desafios ................................................................................. 48

2.3.3.1 Conflitos de interesse e custos de agência ............................................................ 49

2.3.3.2 Assimetria de informações entre as partes ............................................................ 49

2.3.3.3 Restrições de liquidez ............................................................................................. 50

3 METODOLOGIA ................................................................................................ 53

4 EVIDÊNCIAS DO BRASIL ................................................................................. 56

xi

4.1 Demografia das PMEs ........................................................................................ 56

4.1.1 Critérios de classificação .................................................................................. 56

4.1.2 Faturamento e pessoal ocupado ...................................................................... 57

4.2 Private Equity e Venture Capital ........................................................................ 61

4.2.1 Brasil dentre os emergentes ............................................................................. 61

4.2.2 Mercado brasileiro ............................................................................................ 64

4.2.3 Empresas e o processo de investimento .......................................................... 68

4.2.4 Estruturas de investimento ............................................................................... 74

4.2.5 Estratégia de desinvestimento .......................................................................... 77

4.2.6 Taxas de retorno .............................................................................................. 79

4.3 Fontes alternativas de financiamento para PMEs ............................................ 81

4.3.1 Sistema Financeiro Nacional ............................................................................ 82

4.3.2 Agências de Fomento ....................................................................................... 84

4.3.3 Bancos Múltiplos .............................................................................................. 86

4.3.4 BNDES ............................................................................................................. 88

4.3.5 Cooperativas de Crédito ................................................................................... 91

4.3.6 Factoring e Fomento Mercantil ......................................................................... 91

4.3.7 Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) ................................................... 93

4.3.8 FINEP e fundos de Private Equity e Venture Capital ........................................ 98

4.3.9 Fundos Constitucionais de Financiamento ..................................................... 100

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 103

6 REFERÊNCIAS ............................................................................................... 109

“If you owe the bank $100,

that’s your problem;

If you owe the bank $100 million,

that’s the bank’s problem.”

(J. Paul Getty)

13

1 INTRODUÇÃO

1.1 Objetivo e contribuições esperadas

As micro, pequenas e médias empresas (MPMEs, denominadas por

conveniência a partir deste ponto simplesmente como “PMEs”, ou pequenas e

médias empresas), são responsáveis pela parcela majoritária do número de

empresas existentes em todo o mundo, do total de empregos gerados, além de

parcela significativa do produto interno bruto da maioria dos países. Sua relevância

no cenário econômico-social mundial é incontestável.

As PMEs são conhecidas também no meio financeiro por seu alto potencial

de crescimento de receitas e fluxos de caixa (chamadas de “growth companies”, ou

empresas em crescimento), fornecendo a possibilidade de multiplicar em muitas

vezes a riqueza de seus acionistas em períodos relativamente curtos de tempo, em

geral de menos de uma década. Entretanto, o risco observado nestes investimentos

é bastante substancial e muito superior ao risco encontrado comumente nas grandes

corporações de segmentos maduros de atuação.

Esta relação de risco-retorno apresentada pelas PMEs tende a ser pouco

atrativa ao segmento de financiamento bancário, dado principalmente ao perfil de

dívida, que os expõe ao risco em caso de falências sem haver a contrapartida na

multiplicação das riquezas em caso de sucesso e crescimento, que premia o

acionista. Soma-se a este fator os altos custos de acompanhamento, baixo volume

individual e a dificuldade em avaliar-se adequadamente o perfil de risco de negócios

incipientes e/ou em segmentos de negócio inovadores.

Dessa forma, há uma lacuna no financiamento das PMEs que pode ser

suprida pelo chamado capital de risco, em forma de Private Equity (PE) ou Venture

Capital (VC, podendo estar incluso deste trecho em diante dentro da denominação

de Private Equity). Estas modalidades de financiamento preenchem o papel de

financiador como um acionista, e não como um credor, possivelmente assim

recompensando o perfil de risco da empresa tomadora do financiamento.

Este formato de financiamento já é desenvolvido em muitos países,

principalmente nos Estados Unidos e na Europa, e apenas mais recentemente tem

14

sido explorado em mercados emergentes, como o Brasil. A saber, pelas

características históricas de incerteza no âmbito econômico-regulatório observadas

no Brasil, e pelas altas taxas de juros praticadas domesticamente há décadas pelos

bancos, de perfil conservador, é de total relevância o estudo do Venture Capital e do

Private Equity como forma de financiamento das PMEs no país.

Através do levantamento da literatura sobre o funcionamento, características

típicas, as vantagens e desvantagens do PE e VC, métodos e cuidados na avaliação

de empresas de alto crescimento, e de dados empíricos sobre o tamanho e o

desempenho desta indústria no Brasil e no mundo, será possível delinear o estágio

atual no qual se encontra o país, entender suas características e limitações, discutir

melhores práticas e recomendações, além de aumentar, aprofundar, sofisticar,

questionar e propagar o conhecimento desta modalidade de financiamento,

considerada por muitos como fundamental no desenvolvimento econômico e social.

Além disso, busca-se abordar de maneira abrangente fontes alternativas de

financiamento para PMEs, que não o Private Equity e o Venture Capital.

O estudo contemplará em diversos momentos as micro empresas por

limitações metodológicas, mas seu foco será preponderantemente no segmento de

pequenas e médias empresas, dada a dimensão relativa entre o mercado de Private

Equity (mais relevante em volume financeiro, e que tende a buscar PMEs, empresas

no chamado “growth stage” ou estágio de alto crescimento) e do mercado de

Venture Capital (relativamente menor, dado o seu interesse em empresas que se

encontrem em estágios mais iniciais, tipicamente de micro e pequena empresas).

Espera-se, por fim, instigar o estudo do Private Equity e do Venture Capital,

possibilitando sua expansão no país, preenchendo a lacuna de financiamento e

fortalecendo financeiramente as empresas de menor porte que se encontram em

fase de alto crescimento, as tornando mais competitivas local e globalmente,

gerando crescimento, empregos e dinamizando e diversificando a economia

brasileira.

1.2 Justificativa

15

É indiscutível o fato de que a chamada crise financeira global de 2008

tornou-se um grande marco na história contemporânea. Embora não haja um

consenso sobre suas causas, seus efeitos puderam ser observados tanto por

profissionais das finanças e economia quanto pela população em geral em quase

todo o mundo, muitas vezes de forma devastadora (LO, 2012).

Logo após o estouro da crise, que culminou no colapso e falência do banco

de investimentos norte-americano Lehman Brothers em Setembro de 2008 (LO,

2012), dois movimentos completamente opostos ocorreram: de um lado, governos,

legisladores e reguladores buscavam injetar liquidez na economia de seus países

através de medidas como a diminuição das taxas básicas de juros ou da compra de

títulos públicos nos mercados abertos, na tentativa de evitar maiores impactos na

economia e na sociedade, como a queda na demanda e na produção, falência de

empresas e o aumento das taxas de desemprego; do outro lado, os credores (com

destaque aos grandes conglomerados bancários) estavam em situação de alerta,

visando a qualquer custo diminuir a quantidade de empréstimos arriscados de seus

balanços, liquidando os empréstimos existentes e fechando-se para novos

tomadores, de modo a garantir a própria sobrevivência e a adequar-se aos novos

limites regulatórios de reservas de capital exigidos pelos órgãos reguladores

(VANDEMBERG, 2009).

Este fenômeno foi especialmente perverso com as micro, pequenas e

médias empresas, que sofreram pressões nas mais variadas frentes: aumento de

custos, diminuição nos pedidos e falta de apoio dos bancos. Embora os governos

nos mais diversos países tentassem desenvolver políticas adequadas para preservá-

las, os métodos adotados foram em geral pouco eficazes por acabar beneficiando

em maior escala as empresas de maior porte e de situação financeira mais robusta.

Percebeu-se então que a dinâmica clássica das políticas econômicas não se

aplicava de maneira simples e direta nestes pequenos empreendimentos,

diferentemente do que é usual para as grandes corporações (VANDEMBERG,

2009).

Pequenas empresas (1-100 funcionários) e empresas maduras (mais de 10

anos) têm as maiores participações na criação de empregos em comparação com

empresas maiores e mais jovens, em países em desenvolvimento. No entanto,

empresas pequenas também enfrentam maiores obstáculos do que empresas

16

maiores e são mais gravemente afetadas por restrições financeiras (AYYAGARI;

DERMIGUC-KUNT; MAKSIMOVIC, 2013).

É também sabido que PMEs são responsáveis por uma maior parcela do

Produto Interno Bruto (PIB) do que empresas de grande porte, como observado já

há quase uma década na Europa, chegando a 57% em 2012 (ECORYS, 2012).

Segundo Berger (2006), a disponibilidade de financiamento externo para

PMEs é uma questão de muito interesse para pesquisas acadêmicas, e também

para legisladores no mundo todo. Grande parte da literatura é focada em como

pequenas empresas são mais severamente restringidas pelo acesso ao

financiamento. Ayyagari et al. (2013) verificaram que o percentual de PMEs com

acesso a instrumentos financeiros aumenta de maneira constante e linear tanto em

países de baixa renda para países de alta renda, não sendo capaz de acompanhar o

aumento da demanda por financiamentos.

Através de dados de pesquisas empresariais feitas entre 2006-2010,

Ayyagari et al. (2013) descobriram que, embora financiamento bancário seja o tipo

de financiamento externo mais comum, uma grande parcela de PMEs não possui

nenhum empréstimo bancário, o que sugere tanto que as empresas podem estar

sendo recusadas por bancos, quanto à falta de bons projetos para serem

financiados. Algumas razões para as empresas não terem acesso a empréstimos

incluem altas taxas de juros, necessidade de garantias, corrupção no sistema

bancário e burocracia. Estes estudos sugerem que o acesso a financiamento é um

dos obstáculos que mais restringem o crescimento de empresas em países em

desenvolvimento (AYYAGARI; DERMIGUC-KUNT; MAKSIMOVIC, 2013).

Entretanto, nem sempre o caso de financiamentos negados é a falta de bons

projetos de investimento. Muitos estudos demonstram que os retornos de

investimentos em microempresas, principalmente de países em desenvolvimento,

podem ser muito altos em alguns casos, enquanto a taxa de retorno marginal médio

dentre as empresas não é particularmente alta, tornando a atividade de investimento

um jogo de muitos erros e poucos, mas excelentes, acertos (AYYAGARI;

DERMIGUC-KUNT; MAKSIMOVIC, 2013).

Nestes casos, de empresas com bons projetos a serem financiados, vê-se

uma continuidade de rodadas de investimento, passando por mais de um fundo de

Venture Capital ou Private Equity. Pesquisas realizadas por Florin (2005) sobre

empreendimentos de alto-potencial mostram que dois estágios críticos de

17

financiamento antecedem um crescimento significativo nas empresas: o Venture

Capital ou Private Equity, nos estágios iniciais, e que pode incluir várias rodadas de

financiamento, e o IPO (“Initial Public Offering”, uma oferta pública inicial de ações).

Estas são formas de se obter acesso a grandes quantias de capital para fomentar o

crescimento. Empresas de Venture Capital e investidores privados são atraídos por

empreendimentos de alto crescimento e com metas de alcançar IPO devido ao

potencial de altos ganhos, combinados à disponibilidade de estratégias de

desinvestimento alternativas.

Em países desenvolvidos, o Private Equity e o Venture Capital são

importantes fontes de financiamento a empresas de todos os tamanhos. Stromberg

(2007) estimou em mais de US$ 3,6 trilhões os investimentos em Private Equity

desde 1970 até 2007, sendo 75% deste volume posterior ao ano de 2000, um

crescimento notável.

Recentemente, as empresas de Private Equity americanas alteraram seu

escopo de investimento para atender a uma escala global, embora os investimentos

realizados fora da América do Norte e Europa Ocidental representem apenas 13%

em quantidade e 7% em valor do total de transações no mundo. Embora ainda

sejam pequenas, estas fontes de financiamento alternativas possuem um papel cada

vez mais importante nos mercados emergentes (AYYAGARI; DERMIGUC-KUNT;

MAKSIMOVIC, 2013).

“Personally, I'm always ready to learn.

Although I do not always like being taught.”

(Sir Winston Churchill)

19

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Pequenas e médias empresas (PMEs)

2.1.1 Definição

Não existe um consenso na classificação de PMEs ao redor do mundo. A

definição mais aceita de PMEs é baseada no número de funcionários ou pessoas

ocupadas: empresas que tenham menos do que 250 funcionários. Esta definição é,

adotada, por exemplo, pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento

Econômico (OECD), União Europeia e pelo Ministério do Trabalho e do Emprego

(MTE) brasileiro, enquanto nos Estados Unidos são consideradas PMEs as

empresas com menos de 500 pessoas ocupadas (Tabela 1). Contudo, essa

classificação pode variar de acordo com o país, órgão ou instituto, além de haver

restrições ou classificações adicionais de acordo com o setor de atuação, o foco

exportador ou certos níveis financeiros de receita ou de ativos no balanço da

empresa (OECD, 2007), como por exemplo na União Europeia (Tabela 2).

Tabela 1 – Classificação de Pequenas e Médias Empresas quanto ao número de pessoas

Órgão ou região Classificação Número de Pessoas Ocupadas

MTE (Brasil), OECD,

União Europeia

Micro até 9 pessoas ocupadas

Pequena 10 a 49 pessoas ocupadas

Média 50 a 249 pessoas ocupadas

Grande 250 ou mais pessoas ocupadas

Órgão ou região Classificação Número de Pessoas Ocupadas

Estados Unidos PMEs até 499 pessoas ocupadas

Fontes: MTE (2010), OECD (2007).

Tabela 2 – Classificação de Pequenas e Médias Empresas quanto a receita ou ativos

Órgão ou país Classificação Vendas anuais (€ milhões)

Total de ativos (€ milhões)

União Europeia

Micro ≤ 2 ≤ 2

Pequena ≤ 10 ≤ 10

Média ≤ 50 ≤ 43

Grande > 50 > 43

Fonte: OECD (2007).

20

Classificações adicionais das PMEs no Brasil são estudadas com mais

detalhamento posteriormente, ao levantar-se as evidências empíricas no país.

2.1.2 Evidência socioeconômica

2.1.2.1 Geração de empregos

Segundo Vandemberg (2009), as pequenas empresas compõe grande parte

da população de empresas, tanto em países desenvolvidos quanto em países em

desenvolvimento, e exercem um papel importantíssimo na criação de postos de

trabalho em economias em desenvolvimento, empregando 33% dos trabalhadores

formalizados em países de baixa renda e consistindo em 62% dos empregos formais

nos países desenvolvidos. Estes números subdimensionam a sua relevância nos

países em desenvolvimento, pois nestes a informalidade é tamanha (chegando a

86% da força de trabalho na Índia, por exemplo) que distorce as estatísticas oficiais.

Na União Europeia, cerca de 67% dos empregos eram gerados por PMEs

em 2010, e portanto mais de 87 milhões de postos de trabalho (ECORYS, 2011).

Nos Estados Unidos, este número chegou em 2007 a mais de 50% dos postos

formais de trabalho fora da agricultura, equivalentes a mais de 60 milhões de

pessoas (USITC, 2010).

No Brasil, esse número corresponde a aproximadamente 40% dos postos

formais de trabalho, constituindo 18,5 milhões de empregos (MTE, 2010). Pode-se

entender essa menor porcentagem de vagas provenientes de PMEs no Brasil

através de uma menor formalização da economia e, portanto há a tendência de se

distorcer a representatividade das grandes empresas, que tendem a formalizar a

maior parte de sua força de trabalho.

Além do número total de empregos, é importante observar a parcela das

PMEs na geração adicional de empregos, visto que grandes corporações tendem a

ter seus quadros de funcionários mais estáveis. Nesse sentido, nos EUA entre 1992-

2009 as PMEs foram responsáveis por 64% das novas vagas (USITC, 2010),

21

enquanto no Brasil, entre 1995-2000, esse número chegou a incríveis 96% (MTE,

2010).

Segundo Mead (1998), o cenário macroeconômico tem impactos óbvios nos

padrões de crescimento de postos de emprego: durante situações de crescimento, a

expansão dos postos de trabalho em empresas existentes contribui mais para o

crescimento do nível geral de emprego, ao passo que a geração de empregos por

novas empresas fica negativa. Posteriormente, quando a economia se torna

estagnada, empresas existentes reduzem seu nível de emprego, enquanto o

crescimento deste em novas empresas torna-se positivo. De forma geral, essa

mudança se deve à taxa de fechamento de empresas, que é muito maior no período

de crescimento do que durante recessões.

2.1.2.2 Geração de riqueza

De acordo com MURA (2012), em economias avançadas pequenas e

médias empresas são responsáveis por aceleração no nível de emprego, inovação e

crescimento econômico.

Nos Estados Unidos, as PMEs foram responsáveis por US$ 4 trilhões do PIB

em 2004, ficando em estáveis 50% da economia ao longo da história, sendo 79%

desse valor gerado em empresas de serviços (nas grandes empresas, o segmento

com a maior fatia era o de indústria manufatureira e mineração, com 23%). Nos

países da União Europeia, 58,4% do valor agregado à economia em 2010 foi

proveniente de PMEs, cerca de € 3,5 trilhões.

No Brasil, essa parcela é de aproximadamente 20% do PIB, algo em torno

de R$ 700 bilhões (BRASIL, 2012). Novamente, assim como no caso da geração de

empregos, o baixo grau de formalização da economia brasileira prejudica a

representatividade das PMEs frente à totalidade da geração de riqueza no país

quando comparada aos países desenvolvidos.

Beck e Demirgüç-Kunt (2006) demonstraram que há uma forte correlação

positiva entre crescimento do PIB per capita e participação de PMEs no nível de

emprego no setor industrial, em diversos países, mas não necessariamente a causa

desse crescimento. Esses dados são consistentes com a visão de que um setor

22

grande de PME é uma característica de economias de crescimento acelerado, mas

não sua causa. Muitos dos projetos de promoção de PMEs ao redor do mundo

procuram influenciar alguma dessas componentes, seja promovendo a abertura de

novas empresas ao abordar as restrições que dificultam isso, seja fornecendo

assistência para ajudar empresas existentes a combaterem os fatores que levam à

falência das mesmas, ou ajudando-as a melhorar seu desempenho e crescer

(MEAD, 1998).

2.1.2.3 Resiliência frente a crises

Segundo estudo elaborado por Ecorys (2011), embora certo número de

PMEs tenha entrado em processos de falência causados pela crise financeira de

2008, quando comparadas de maneira agregada as PMEs se mantiveram mais

resilientes que as grande empresas, observando um menor decréscimo na geração

do PIB. Além disso, a recuperação durante os anos subsequentes na geração de

riquezas das PMEs foi considerada mais rápida que a vista nas grandes

corporações.

Destaca-se também o surgimento de empresas mais inovadoras dentre as

PMEs em períodos de crise, que se utilizam de oportunidades geradas em

momentos de crise para criar vantagens competitivas, além de renda e empregos.

Contudo, vale ressaltar que fatores externos que possam ter incentivado

especificamente as PMEs tornam desiguais a comparação direta com as grandes

corporações.

2.2 Private Equity e Venture Capital (PE e VC)

2.2.1 Origem histórica

23

A história do Private Equity e do Venture Capital se mistura com o

desenvolvimento da própria civilização moderna. Demaria (2013) cita o

financiamento concedido, já no século XV, pela realeza espanhola para a viagem de

Cristóvão Colombo. Este rumaria ao oeste, em busca de uma nova rota de

navegação mais curta às Índias, obtendo vantagem competitiva frente aos vizinhos

portugueses. O financiamento recebido por Colombo poderia ser caracterizado

potencialmente como uma transação de Venture Capital, dadas as suas

características: financiamento através de um investidor externo; alto risco e alto

potencial de retorno; atividade empreendedora; proteção de vantagem competitiva.

Como um exemplo de aquisição do controle majoritário similar ao PE (o

chamado “buyout”), Demaria (2013) comenta sobre o mau negócio realizado pela

holandesa Companhia das Índias Ocidentais em 1667, ao trocar o território hoje

equivalente ao estado de Nova Iorque (parte dos EUA e sinônimo de geração de

riqueza e bem-estar social) por um empreendimento do tipo plantation, no que

atualmente consiste no território do Suriname.

Para que o PE atingisse o nível de profusão e sofisticação atual, uma

mistura de: apoio social, legal e tributário; pessoal qualificado, empreendedor; e

capital foi necessária. Um exemplo icônico de estrutura legal para a realização de

financiamentos foi o Código de Hammurabi, implementado na Babilônia no século

XVII a.C. e que delineou de forma primitiva as distinções entre empreendedor e

financiador; patrimônio e dívida; garantias e privilégios de um empréstimo; dessa

forma dando origem a subsequentes regras e leis ao longo da história da

humanidade (DEMARIA, 2013).

Muitos séculos se passaram de constante aprendizado tanto do lado dos

financiadores quanto dos empreendedores, e os investimentos durante a era

contemporânea focavam principalmente em empreendimentos de infraestrutura.

Logo após a segunda grande guerra, em 1946, o general Francês Georges Doriot

monta uma estrutura de investimento que separaria a atividade de provedor do

capital da figura do gestor deste capital, ao fundar a American Research and

Development Corporation (ARD) dentro da Harvard University. Este formato tornou-

se o mais comum nas estruturas de PE, e dado o seu sucesso, popularizou-se na

década de 1960 dando origem aos chamados leveraged buyouts (LBOs, ou

aquisições alavancadas). Estes, por conseguinte, evidenciaram o Private Equity

como uma alternativa potencialmente mais rentável de investimento em relação ao

24

mercado público de capitais durante as últimas décadas, e estimularam vultosos

investimentos por parte de fundos de pensão de empresas e de universidades, os

chamados “endowments” (DEMARIA, 2013).

2.2.2 Definição e subcategorias

A definição de Private Equity é bastante nebulosa e aberta, englobando

diversas modalidades de investimento através de diferentes instrumentos e em

estágios variados de empreendimentos. Dessa forma, há sobreposições entre as

nomenclaturas e tipos de PE (e.g.: Venture Capital, LBOs). Demaria (2013) tenta de

maneira abrangente definir em seis etapas o Private Equity como:

1. Um investimento negociado em forma de ações ou equivalente:

a. Que possua prioridade sobre os retornos e/ou aumento no

controle sobre as decisões do objeto de investimento;

b. Que possua cobertura adicional pelos riscos incorridos,

como no caso de uma dívida conversível;

2. De prazo de duração máxima definida, por volta de 10 anos;

3. Que implique em riscos específicos;

4. Que tenha retorno potencial elevado;

5. Tomado em nome de investidores qualificados;

6. De forma apoiar empreendedores.

Dentro dessa definição, encontramos dois tipos particularmente importantes

de PE, chamados de Venture Capital (VC, comumente chamado de “capital de

risco”) e Leveraged Buyouts (LBOs, referentes a aquisições de PE com grande

alavancagem financeira). O VC tornou-se bastante popular através do financiamento

de empresas de alta tecnologia a partir da década de 1990, principalmente nos

Estados Unidos, que culminou na chamada “bolha das ponto com” em 2000-2001.

Já os LBOs tornaram-se uma modalidade popular de PE principalmente após a

década de 1980, com a ocorrência de transações de dezenas de bilhões de dólares.

25

Pela dificuldade de se delimitar precisamente os limites do termo, a

Associação Nacional de Venture Capital dos Estados Unidos (2013) define o

Venture Capital segundo uma lista de características:

1. Um investimento através de sociedades privadas ou parcerias;

2. Investido utilizando capital levantado por meio de fundos de pensão

públicos ou privados, indivíduos de grande riqueza, investidores

estrangeiros e os Venture Capitalists em si;

3. Direcionado a empresas inovadoras, de alto potencial de

crescimento e de alta tecnologia;

4. Em forma de ações, preferenciais ou conversíveis, em negócios não

listados em bolsa de valores;

5. Apoiado ativamente pelos investidores no desenvolvimento dos

produtos ou serviços da empresa investida;

6. De alto risco e expectativa de retornos elevados;

7. Em um horizonte de longo prazo, em geral 5-7 anos.

Os termos Leveraged Buyouts ou LBOs são muitas vezes utilizados de

forma indiferente ao Private Equity, tamanha a popularidade destes. Entretanto, os

LBOs são na verdade uma subcategoria do PE, que tipicamente consiste na

aquisição de parte majoritária de uma empresa existente ou madura, se utilizando de

uma parte substancial de instrumentos de dívida ou empréstimos para o

financiamento da transação. Frequentemente, os ativos da empresa adquirida são

usados como garantia para o empréstimo, além dos ativos da empresa adquirente.

O objetivo dos LBOs é permitir às empresas fazer grandes aquisições, contudo sem

o comprometimento de muito capital. Supostamente, as empresas alvo de LBOs tem

capacidade potencial de repagar a parcela de dívida incorrida no momento da

aquisição, posteriormente trazendo altos retornos sobre a participação acionária do

investimento (KAPLAN, 2009).

2.2.3 Organização e estrutura

26

Lerner e Schoar (2004) explicam que em fundos de Private Equity, os

chamados General Partners (GPs, reconhecidamente os “gestores” do fundo de PE)

são responsáveis por levantar capital junto aos Limited Partners (LPs, também

conhecidos como “investidores” do fundo de PE), e de realizar a gestão do fundo,

selecionando empresas para o portfolio, investindo e monitorando estas.

Existe uma diferença entre o capital comprometido (“commited capital”)

pelos LPs e o capital de fato aportado e investido – o comprometimento garante

previamente que, uma vez que o GP tiver encontrado uma oportunidade relevante

de investimento, os LPs aportarão as quantias necessárias para que a transação

seja efetivada. Desta forma, evita-se com que fundos recentes travem a liquidez de

seus futuros investidores de maneira desnecessária.

Os GPs normalmente tem uma atuação ativa frente às empresas investidas

de seu portfolio, buscando melhorias na gestão, resultados e na governança. Uma

estrutura clássica da organização em torno de um fundo de Private Equity pode ser

observada na Figura 1.

Figura 1 – Estrutura típica de um fundo de Private Equity

Fonte: elaboração própria.

General Partners podem investir capital nas empresas do portfolio,

mantendo sua participação no investimento, ou usar outros instrumentos, como

Gestor de Private Equity

(General Partner)

Investidores

(Limited Partners)

Fundo de Private Equity

Empresa Investida

Empresa Investida

Empresa Investida

Gestã

o d

os

investim

ento

s

Participação acionária

Taxas d

e

rem

unera

ção

27

dívida conversível, assim como opções de compra e de venda. Em geral, os GPs

liquidam sua participação nas empresas após cerca de 7 anos, devolvendo então o

capital investido mais lucros aos LPs.

A remuneração dos gestores (os General Partners) dos fundos de Private

Equity é realizada de duas formas distintas, pagas pelos investidores (Limited

Partners) através do fundo de investimento (DEMARIA, 2013):

1. Taxa de administração ou gestão (“management fee”): remuneração

recorrente expressa como uma porcentagem do total de fundos

captados, e portanto o quão maiores os fundos, maiores as taxas de

administração, que gira em torno de 1,5–2,5% dependendo do

tamanho do fundo. O objetivo desta taxa é financiar as atividades

operacionais do GP, sendo o excedente a remuneração dos sócios

gestores. Este formato de remuneração gera um incentivo a

maximizar o tamanho dos fundos de Private Equity.

2. Taxa de performance (“carried interest”): remuneração pontual como

uma porcentagem sobre os lucros do fundo que excederem uma

taxa mínima de retorno (“hurdle rate”), previamente estabelecida. É

paga em geral ao haver algum desinvestimento no fundo, o que

pode levar anos. A taxa de performance geralmente é de 20–30% do

lucro excedente após o pagamento da taxa mínima de retorno, que

varia de 6–8% ao ano, ou seja, primeiramente utiliza-se o lucro

obtido para pagar a taxa mínima aos Limited Partners, e somente

em seguida divide-se o lucro residual entre GPs e LPs. A taxa de

performance é um mecanismo criado de forma a incentivar os

gestores dos fundos a gerarem altas taxas internas de retorno (TIR,

em inglês IRR, “Internal Rate of Return”) aos investidores.

Exemplos de diferentes tamanhos de fundos e taxas praticadas no mercado

Europeu são exemplificados abaixo (Tabela 3).

28

Tabela 3 – Diferentes estruturas de fundos de Private Equity

Venture Capital LBO Médio LBO Grande Fundo de Fundos

Tamanho do fundo € 100 milhões € 300 milhões € 3 bilhões € 500 milhões

Número de investimentos 15–20 10–15 5–10 >20

Número de empregados 10 20 75 25

Taxa de administração 2.5 % 2.0 % 1.5 % 1.0 %

Taxa de adm. por empregado € 250 000 € 300 000 € 600 000 € 200 000

Taxa de adm. ao ano 2.5 milhões 6 milhões 45 milhões 5 milhões

Fonte: DEMARIA, 2013.

Existem outros custos menos visíveis aos investidores, como custos de

criação do fundo, de transferência do capital investido, custos legais, entre outros.

Contudo, em geral estes custos tem destinação específica e são menos

substanciais, e portanto, secundários.

2.2.4 Funcionamento de uma transação

Qualquer que seja o tipo de operação de Private Equity considerada, a

análise das oportunidades de investimento segue um caminho bastante similar: o

esboço progressivo de um retrato completo e justo da empresa, assim como de suas

perspectivas de crescimento e desenvolvimento, culminando na negociação seguida

de auditoria, e por conseguinte a efetivação ou não da transação. Após alguns anos

é feito o desinvestimento, no qual se espera vender a parcela adquirida de uma

empresa por um valor maior, sendo este valor um múltiplo do valor inicialmente

investido, desejavelmente superior a 1.

Um diagrama de uma transação simples de Private Equity (tradicionalmente

chamada de “plain vanilla”) pode ser vista na Figura 2.

29

Figura 2 – Transação típica de aquisição de empresa por fundo de Private Equity

Fonte: elaboração própria.

Demaria (2013) explica que a análise inicial é amplamente condicionada

pela introdução do investimento para o General Partner. Depois, a avaliação do valor

da empresa (o chamado “valuation”) e de suas perspectivas de desenvolvimento

ajudarão a identificar qual supostamente seria o retorno potencial deste investimento

– muitas vezes através de complexos modelos financeiros e análises estatísticas.

O passo seguinte é a negociação, que objetiva estabelecer um certo

equilíbrio entre as as expectativas do vendedor, do comprador, e da alta

administração do empreendimento. A negociação acontece através da discussão de

um conjunto de elementos relevantes, tais como: perspectivas dos interessados,

preço, tempo de negociação, forma de pagamento, ou o futuro da empresa nas

mãos do novo proprietário. Assim que o valuation da empresa estiver concluído, e

caso chegue-se a um consenso sobre este, a estruturação da transação permite

tanto ao vendedor quanto ao comprador definir precisamente os termos do negócio

e o processo operacional.

Enquanto isso, uma verificação sistemática de todos os documentos da

empresa é realizada, para que se assegurar de que os riscos foram completamente

avaliados e que nada foi deixado de fora (esse processo é chamado de “due

diligence”, também chamada por vezes de auditoria). Alguns ajustes podem ser

feitos a medida na qual a auditoria entrega seus resultados, e a transação pode

finalmente ser concluída (DEMARIA, 2013).

General

Partner

Fundo de

Private

Equity

Empresa

alvo Participação acionária

Avaliação do investimento

e autorização da compra

Preço de compra

30

Por fim, ao final de alguns anos espera realizar-se o desinvestimento,

através da venda da participação adquirida por um valor superior ao de

investimento, um múltiplo do preço de compra (TVPI, do inglês “Total Value Paid-

In”). Este desinvestimento é chamado de “saída”, e pode acontecer por meio de uma

transação de fusões e aquisições, oferta pública de ações, venda a outro fundo de

Private Equity ou até mesmo a liquidação da empresa. O retorno é então avaliado

também pela TIR (Taxa Interna de Retorno, ou IRR “Internal Rate of Return”) do

investimento realizado, levando-se em conta as entradas e saídas de caixa ao longo

do tempo (Tabela 4).

Tabela 4 – TIR calculadas através do múltiplo de saída e duração do investimento

TIR (%) Múltiplo de saída

1,25x 1,5x 1,75x 2x 2,5x 3x 3,5x 4x 5x 6x 8x 10x

An

o d

e d

esin

vesti

men

to

2 12 22 32 41 58 73 87 100 124 145 183 216

3 8 14 21 26 36 44 52 59 71 82 100 115

4 6 11 15 19 26 32 37 41 50 57 68 78

5 5 8 12 15 20 25 28 32 38 43 52 58

6 4 7 10 12 16 20 23 26 31 35 41 47

7 3 6 8 10 14 17 20 22 26 29 35 39

8 3 5 7 9 12 15 17 19 22 25 30 33

9 3 5 6 8 11 13 15 17 20 22 26 29

10 2 4 6 7 10 12 13 15 17 20 23 26

Fonte: DEMARIA (2013).

Demaria (2013) ressalta os fatores de sucesso para um fundo de Private

Equity:

1. As empresas devem possuir um forte potencial para

desenvolvimento, tanto nacional quanto internacionalmente, ou

possuir uma posição com fortes barreiras de entrada (oligopólio ou

monopólio);

2. Investimentos devem ser feitos a valores responsáveis e com

alavancagem sólida e viável;

3. Deve haver um alvo específico para a operação, que seja claro,

alcançável dentro de um horizonte de tempo limitado, e ser fonte de

um benefício ou retorno significativo;

4. Uma via de desinvestimento ou saída que respeite as ambições dos

investidores e forneça um futuro próspero para a empresa.

31

2.2.5 Avaliação de empresas de alto crescimento

Diz-se que para sobreviver e prosperar, as empresas devem busca

crescimento. Koller et al. (2010) explicam que empresas de crescimento lento tem

menos oportunidades interessantes de investimento apresentam dificuldades em

reter grandes talentos. Além disso, existe uma grande chance de serem adquiridas

por empresas de maior crescimento. Existem três formas principais de gerar

crescimento de receitas: crescimento orgânico causado pela expansão natural dos

mercados nos quais a empresa atua; aumento na parcela de mercado (também

conhecido como “market share”) atendida pela empresa; fusões e aquisições

(chamado de “mergers & acquisitions” ou simplesmente M&A), um crescimento

inorgânico conseguido através de compras de outras empresas ou outros tipos de

transação.

Entretanto, não é um feito simples buscar crescimentos anuais de dois

dígitos porcentuais quando já fatura na casa das centenas de milhões ou de bilhões

de reais ou dólares. Empresas de pequeno e médio porte possuem mais facilidade

de alcançar essa velocidade de crescimento, e este é um dos motivos de sua

atratividade para investidores de Private Equity em busca de multiplicar seu capital

em diversas vezes ao longo de alguns anos.

Koller et al. (2010) observaram que enquanto o crescimento mediano das

receitas das empresas norte-americanas crescia 5,4% ao ano entre 1963–2007 em

termos reais, empresas de alto crescimento atingiam mais de 20% de crescimento

anual. Contudo, dentro de cinco anos estas empresas tinham uma queda no

crescimento para cerca de 8%, chegando na mediana do mercado dez anos depois,

ou seja, o crescimento de receitas não era sustentável indefinidamente.

Especialmente empresas de grande porte sofrem deste mal, crescendo apenas 1%

ao ano em média acima da inflação após chegar no porte de uma empresa da lista

Fortune 50, criada pela revista homônima (Figura 3).

32

Figura 3 – Queda abrupta no crescimento de receitas das empresas que se tornam grandes o

suficiente para entrar na lista Fortune 50 de maiores empresas

Fonte: KOLLER, T., GOEDHART, M., WESSELS, D. 2010.

Em um investimento de Private Equity não é apenas o crescimento de

receitas que tem importância. A partir de um certo ponto, é mais interessante para

os acionistas que suas empresas melhorem o retorno sobre o capital investido

(ROIC, ou “Return On Invested Capital”) do que cresçam sua receita total – uma

forma alternativa de se aumentar o valor da empresa. Alto crescimento de receitas é

mais difícil de sustentar ao longo do tempo, dado o ciclo de vida de mercados e

produtos. Desta forma, é possível que empresas de crescimento menos expressivo

sejam também alvos de investimento, buscando consolidação de mercados através

de M&A ou melhorando a eficiência e a gestão das empresas e criando valor ao

acionista (KOLLER, T., GOEDHART, M., WESSELS, D. 2010).

Ao contrário de empresas de grande porte e há muito tempo estabelecidas,

empresas jovens e de alto crescimento apresentam pouca correlação entre histórico

financeiro e desempenho futuro. Neste caso, Koller et al. (2010) preferem abordar o

caso visando mensurar o mercado potencial, prever o nível de lucratividade

sustentável e estimar os investimentos necessários para que se obtenha escala até

um ponto futuro no qual a empresa tenda a se estabilizar. Em seguida, utiliza-se

estas premissas iniciais na elaboração de um modelo de DCF (“Discounted Cash

15

9,5 9

13,5

20

28,6

2 1,4

-0,7 -0,7

0,7 1,20,1

2,1 2,85,1 4,5

-1,6-0,1

-3,9

-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

Anos desde a entrada na lista Fortune 50

Antes de entrar na Fortune 50

Depois de entrar na Fortune 50

Taxa média de crescimento anual (%)

33

Flow”, um tipo de modelagem financeira que busca chegar ao valor justo de uma

empresa ou da parcela devida aos acionistas descontando o valor esperado de

geração ou queima de caixa ao longos dos anos por meio de uma taxa de retorno

compatível com o risco assumido). Este tipo de modelo se comporta melhor em meio

a métricas voláteis e permite com que se teste diferentes premissas de meneira

independente.

Uma alternativa que surge a partir desta modelagem é a de abordar o

desenvolvimento do mercado em múltiplos cenários, cada um com suas respectivas

premissas de crescimento de receita, margens de lucro e investimento necessário, e

de acordo com ponderações probabilísticas consistentes com evidências históricas

de crescimento corporativo. Conforme evidenciado pela bolha das empresas de

Internet, valuations fortemente baseados em premissas não realistas podem levar a

valores superestimados e erros estratégicos, minando os retornos dos investidores

(KOLLER et al., 2010).

2.2.6 Dimensão e evolução do mercado

Kaplan e Schoar (2005) destacam que a indústria de Private Equity

(especialmente Venture Capital e LBO) cresceu muito na década de 1990, sendo

que US$180 bilhões foram investidos no setor em 2000, em comparação com

US$10 bilhões em 1991. Strömberg (2007) analisou a atividade de Leveraged

Buyout (LBO) global, comportamento de desinvestimento, e a duração dos

investimentos realizados usando um conjunto de dados de mais de 21.000

transações de LBO. Estima-se que o valor total das empresas adquiridas nessas

transações seja de US$3,6 trilhões, dos quais US$ 2,7 trilhões representam LBOs

realizados após 2000.

No início de 2007, cerca de 14.000 empresas no mundo todo era

propriedade de LBOs, comparadas com menos de 5.000 em 2000 e menos de 2.000

em meados dos anos 1990. Documentou-se também um grande aumento no escopo

geográfico e industrial das transações de LBO ao longo do tempo. A maior parte das

atividades de LBO consiste em aquisições de empresas privadas, e uma das formas

34

buscadas para desinvestimentos consiste em ofertas públicas, fornecendo um fluxo

líquido positivo de empresas para os mercados de ações no longo prazo.

Segundo a Bain & Company (2013), três anos depois do auge da crise de

crédito global, o setor de Private Equity ainda está aquém da força que caracterizou

seus ciclos do passado (Figura 4). Além disso, o mercado global de buyouts

permaneceu estagnado desde 2010. As condições de Private Equity na América do

Norte estavam razoavelmente fortes quando da coleta dos dados.

Figura 4 – Valores totais de buyout por ano nos EUA

Fonte: BAIN & COMPANY, 2013

Na Europa, pelo contrário, a situação é ainda decepcionante, embora as

condições variem pelo continente entre satisfatório (em geral, nos países ao norte) e

péssimo (principalmente ao sul do continente). Dentre as economias emergentes,

China e Índia, favoritas de investidores, sofreram uma queda dura, enquanto a

América Latina demonstrou mais resiliência (Figura 5).

35

Figura 5 – Valores totais de buyout por ano ao redor do mundo

Fonte: BAIN & COMPANY, 2013

Abaixo, pode-se observar uma comparação entre o número e valor total de

transações de Private Equity nos últimos anos, segmentado por região (Figura 6).

Pode-se notar a queda do número e valor de transações durante o período da crise

de 2008 e a maior participação dos EUA e Europa no total das transações.

Figura 6 – Valores totais de buyout por ano ao redor do mundo

Fonte: BAIN & COMPANY, 2013.

36

2.3 Características do Private Equity

2.3.1 Vantagens às empresas

2.3.1.1 Criação de valor através da gestão

Muito é dito sobre a suposta habilidade dos General Partners de agregar

experiência, profissionalização, recursos humanos, governança e melhores práticas

à gestão das empresas, efetivamente criando valor e aumentando a riqueza de seus

acionistas. Entretanto, o fato de investimentos de PE raramente disponibilizarem

informações ao público dificulta esta mensuração, que fica limitada por exemplo a

diferenças nos valores alcançados entre seguidas avaliações em caso de

transações de fusões e aquisições.

Um método utilizado por Florin (2005) para superar essa limitação foi o de

avaliar o desempenho das empresas após a abertura de capital. Seus achados

indicam que o envolvimento de Venture Capital ou Private Equity melhora o

desempenho de um IPO, diminuindo os custos de uma abertura de capital e

maximizando os proventos líquidos. Apesar de ser um assunto pouco explorado,

descobriu-se também que, assim como um desempenho superior de seu IPO, a

qualidade do monitoramento do Private Equity é positivamente correlacionada com o

desempenho da empresa após o IPO. Estes achados indicam de que haveria,

portanto, a criação de valor na atividade de PE.

Minardi et al. (2013) examinaram os retornos excedentes cumulativos (CAR,

ou “cumulative abnormal returns”, métrica que soma as diferenças entre o retorno

esperado de uma ação e o retorno realizado a cada período, utilizado comumente

para avaliar os impactos de eventos inesperados ou notícias no preço de uma ação)

de um ano de 108 IPOs brasileiros, abrangendo o período de Janeiro de 2004 a

Junho de 2008. A amostra incluiu 42 IPOs resultantes de investimentos de Private

Equity, e os resultados demonstraram que estes IPOs tiveram um melhor

desempenho no longo prazo (13,7% em média, entre 2004-2006, e -38,4% entre

37

2007-2008) do que os IPOs não resultantes de investimentos de Private Equity (-

3,2% e -44,9% em média, nos mesmos períodos, respectivamente).

O desempenho dos IPOs de origem em Private Equity é positivo e muito

correlacionado com o volume de recursos geridos e a idade da empresa de Private

Equity. Segundo os autores citados, isso possivelmente se deve ao fato de que a

empresa de Private Equity traz níveis de governança superiores, profissionalização

da gestão, e uma equipe de bons executivos para as empresas do portfolio, criando

assim valor para estas. Outra contribuição importante de Venture Capitalists é o

papel que exercem em ajudar empresas jovens a criar valor no mercado do produto,

ajudá-las a desenvolver equipes de gestão de alta qualidade, obter contatos e

credibilidade com fornecedores e clientes, e em aprimorar sua eficiência em geral.

2.3.1.2 Otimização da estrutura de capital

Colla (2012) pontua que os investimentos de Private Equity, principalmente

quando em forma de LBOs, representam um exemplo claro de “ponto de

refinanciamento”, pois envolvem uma completa renovação de estrutura de passivos

da empresa alvo. A reestruturação da dívida durante esse tipo transação é tão

profunda que a destaca em relação a outras operações financeiras de duas

maneiras principais: primeiro, elevam de maneira acentuada a alavancagem da

empresa, a níveis onde o risco de insolvência é de prioritária importância; e

segundo, as grandes quantias de financiamento de dívida são tipicamente obtidas

de várias formas distintas, diversificando as contrapartes (bancos, investidores

institucionais, financiamento por coligadas), as características contratuais

(maturidade, senioridade e garantias), e em geral diminuindo os custos de

financiamento, através das melhorias esperadas na empresa, no que tange gestão e

governança, após a entrada da empresa de Private Equity. Portanto, uma análise da

estrutura de capital em LBOs não pode abstrair questões como heterogeneidade dos

credores, senioridade da dívida e custo.

38

2.3.1.3 Alternativa de financiamento

Conforme o exposto na introdução do presente trabalho, um dos maiores

desafios das PMEs é a busca por financiamento. A fonte mais usual de

financiamento de empresas, e talvez a primeira buscada por empresários são os

empréstimos bancários. Isso se deve à extensa presença dessas grandes

instituições geograficamente, à exposição na mídia de massa e no relacionamento já

existente com a pessoa física do empreendedor.

Winton e Yerramill (2008) analisaram como empresas empreendedoras

escolhem entre duas fontes de financiamento: bancos ou Venture Capitalists. Ambas

as fontes possuem uma importante característica em comum: como empresas

empreendedoras geralmente são pequenas e possuem alto risco de falência, as

duas fontes requerem monitoramento cuidadoso dos tomadores de empréstimos.

Bancos monitoram seu investimento menos intensivamente, e enfrentam demandas

de liquidez por parte de seus próprios investidores, enquanto Venture Capitalists

monitoram mais intensivamente, mas possuem um custo de capital mais elevado em

função das restrições de liquidez que impõe a seus próprios investidores.

Os estudos de Winton e Yerramill (2008) presumem que bancos sejam

menos qualificados do que Venture Capitalists nesse monitoramento. Bancos

conseguiriam determinar apenas se uma empresa deveria ser liquidada ou não,

enquanto Venture Capitalists também conseguem descobrir, a um custo maior, se

uma estratégia mais segura ou mais arriscada é melhor para dar continuidade ao

investimento. Isso se deveria ao fato de que Venture Capitalists teriam mais

experiência em administrar empresas reais do que os bancos, que se especializam

em métodos estatísticos de previsão de falência e modelos financeiros baseados em

informações contábeis das empresas.

Empréstimos baseados em demonstrações financeiras são um método de

transação baseado na solidez financeira do tomador do empréstimo. Este método

possui dois requisitos que dependem de informações quantitativas: primeiro

demonstrações financeiras informativas, auditadas por empresas de contabilidade

de boa reputação, e de acordo com princípios contábeis amplamente aceitos; e

segundo, o tomador do empréstimo deve possuir sólida condição financeira, refletida

39

nos múltiplos e margens financeiras calculados a partir desses demonstrativos

(BERGER, 2006).

O contrato de empréstimo que é feito a partir da análise dessas

demonstrações financeiras pode refletir uma grande variedade de elementos, tais

como garantias e aval dos sócios. No entanto, neste método o credor vê o fluxo de

caixa futuro esperado como sua fonte primária de retorno. Ao contrário de outros

métodos de empréstimo, este é destinado a empresas com relativa transparência de

informações (BERGER, 2006).

O ambiente legal, jurídico, e o regime de falências de um país influenciam

muito a maneira como o processo de concessão de empréstimos é conduzido, bem

como a disponibilidade de crédito. Conforme demonstrado em pesquisas recentes,

ineficiência jurídica está associada com diminuição do acesso a crédito. Também foi

demonstrado que países com grande formalismo de procedimentos jurídicos

demoram mais para aplicar alguns tipos de contratos financeiros, o que pode afetar

particularmente empresas menores. Há evidências de que problemas financeiros,

legais, e de corrupção, restringem consistentemente o crescimento de empresas

menores mais do que o de empresas maiores, em uma análise entre diferentes

países (BERGER, 2006).

De forma geral, grandes instituições financeiras possuem economias de

escala para processar dados quantitativos, mas têm dificuldades em dados

qualitativos, em função da dificuldade de transmissão desse tipo informação através

de seus canais de comunicação e seus diversos níveis de gestão. Isso pode dar a

instituições menores uma vantagem relativa nessa modalidade de empréstimo

baseada em relacionamento. Adicionalmente, instituições maiores podem ter

problemas com deseconomias organizacionais pelo fato de também fornecerem

outros serviços de atacado (BERGER, 2006).

A literatura geralmente não identifica os formatos de empréstimos, mas em

alguns casos tira conclusões características das PMEs e seus relacionamentos com

instituições financeiras. Em sua maioria, as pesquisas se baseiam em dados de

bancos dos EUA e PMEs. Acredita-se que grandes instituições concedem mais

empréstimos para PMEs maiores e mais antigas, com múltiplos financeiros mais

sólidos, e instituições menores costumam confiar mais em informações qualitativas e

conceder empréstimos a PMEs com as quais possuem um relacionamento mais

40

estreito (e.g., Haynes et al., 1999; Cole et al., 2004; Scott, 2004; Berger et al.,

2005c) (BERGER, 2006).

Demirgüç-Kunt e Maksimovic (1999) notaram que empresas em países

desenvolvidos costumam ter dívidas de prazos mais longos, independentemente do

tamanho da empresa. Também descobriram que a atividade do mercado de ações

também influencia os níveis de dívida de empresas grandes, mas não de empresas

pequenas (empresas grandes tem mais dívida de longo prazo em países com

mercados de ações ativos), ao passo que o tamanho do setor bancário influencia o

nível de dívida de empresas pequenas, mas não das grandes (empresas pequenas

têm menos dívida de curto prazo e mais dívida de longo prazo em países com

setores bancários grandes).

Pode-se dizer, portanto, que espera-se mais vantagens para uma PME ao

obter financiamento através de Private Equity ou Venture Capital do que através dos

empréstimos bancários típicos, com prazos mais longos, a desnecessidade do

pagamento de juros e a sinergia trazida pelos gestores dos fundos de PE.

2.3.1.4 Foco no longo prazo

Uma antiga controvérsia questiona se fundos de Private Equity ou LBOs

aliviariam os gestores das companhias investidas das pressões de curto prazo,

como as provenientes dos acionistas de companhias listadas em bolsa de valores,

ou se os próprios fundos são motivados por lucros de curto prazo e sacrificariam o

crescimento no longo prazo para aumentar a remuneração imediata dos GPs

(LERNER, J.; SORENSEN, M.; STRÖMBERG, P., 2008).

Lerner et al. (2008) relatam que dada a ênfase em governança corporativa,

propriedade concentrada com monitoramento ativo dos proprietários, fortes

incentivos gerenciais, e uma estrutura de capital mais eficiente, as empresas

investidas por fundos de PE apresentam desempenho superior à corporação de

capital aberto, com acionistas dispersos e fraca governança.

A natureza das mudanças nos horizontes de tempo associados a transações

de Private Equity é comprovada empiricamente e permite aos gestores, portanto,

fazer investimentos de longo prazo sem que se prendam a exigências do mercado,

41

como a obtenção de um crescimento constante e resultados lucrativos

trimestralmente, focando assim nos retornos dos projetos de longo prazo, que

tendem a ser superiores (LERNER, J.; SORENSEN, M.; STRÖMBERG, P., 2008).

2.3.2 Vantagens aos acionistas e investidores

2.3.2.1 Diversificação de investimentos

Muitos, como Ellis et al. (2012), consideram o Private Equity como uma

nova classe de ativos, sendo estes normalmente entendidos como recursos

econômicos, tangíveis ou não, capazes de produzir ou representar valor e

possivelmente conversíveis em dinheiro, a exemplo de: dinheiro, ações, títulos de

dívida ou renda fixa, ativos imobiliários, commodities e derivativos.

No entanto, Ellis et al. (2012) lembram que o Private Equity ainda é uma

classe de ativos relativamente jovem, com algumas características exclusivas. Uma

dessas características são os fluxos de caixa muito irregulares, e, como

consequência, a utilização de métricas de retornos no Private Equity que não são

padrão para outras classes de ativos. Sendo assim, novos investidores podem ter

incertezas ou mesmo desconhecer as diferenças entre métodos comuns para se

medir o desempenho do Private Equity e compará-la a retornos de outras classes de

ativos.

Diferentemente de títulos e ações, que possuem mercados definidos e boa

liquidez, e permitem aos investidores comprar e vender os ativos,

comprometimentos com fundos de Private Equity tipicamente são retidos por longos

períodos de tempo. Além disso, os perfis de tempo dos investimentos são bem

diferentes. Para títulos e ações, investidores aplicam dinheiro no momento da

compra, recebem dividendos ou cupons regulares, e recebem os últimos valores no

momento da venda. Caso os preços de mercado tenham caído ou subido ao longo

do tempo, o preço de venda poderá ser maior ou menor que o preço no momento da

compra. Fluxos de caixa em Private Equity são muito mais irregulares, e esta é uma

42

das características definidoras dessa classe de ativos (ELLIS, C.; PATTNI, S.;

TAILOR, D; 2012).

No entanto, a performance final dos fluxos de caixa não é o único fator

relevante quando investidores consideram diferentes classes de ativos. O grau de

covariância entre as classes de ativos também importa.

Ellis et al. (2012) observaram que, para fundos fechados, o coeficiente de

correlação entre os retornos de Private Equity e o mercado de capital aberto era de

0,29, embora este caia para 0,11 quando outliers foram desconsiderados; ou seja:

insignificante estatisticamente e menor que os resultados das séries temporais. Para

fundos abertos, no entanto, a correlação foi muito maior e significante, de 0,42.

De forma geral, esse estudo sugere que a correlação observada entre

fundos de Private Equity e mercados de capital aberto pode ser reflexo dos

valuations intermediários do Private Equity, que por construção refletem

parcialmente os preços (além de métricas e múltiplos utilizados em modelos

financeiros) das ações de mercado aberto. Ao mesmo tempo, não sugere uma mera

abordagem de “comprar e reter” com alavancagem, na qual o fundo de Private

Equity tem pouco impacto sobre o desempenho da companhia investida.

2.3.2.2 Retornos superiores aos de mercado

O desempenho de investimentos de Private Equity e de Venture Capital

representa um aspecto ainda controverso deste mercado, com diferentes

metodologias e fontes de dados utilizadas em cada estudo.

Demaria (2013) compila em sua obra o retorno médio e a volatilidade

(medida através do desvio-padrão) de investimentos distintos, ao longo de vinte

anos, no mercado norte-americano, no qual é possível dizer que o Private Equity e o

Venture Capital superaram o índice de ações S&P500 no período, apresentando

maior rentabilidade média e menor variabilidade, características desejáveis pelo

investidor (Tabela 5).

43

Tabela 5 – Retorno médio e volatilidade de diferentes classes de ativos (1980–2000)

Classe de ativo Retorno médio Desvio-padrão

Venture Capital 23,17% 19,66%

LBO 18,21% 12,78%

Private Equity 19,87% 10,63%

S&P500 17,7% 17,26%

Bonds 10,43% 8,49%

Fonte: DEMARIA, 2013.

Entretanto, é demasiado simplista agregar os fundos de Private Equity como

um só ativo. As variabilidades entre períodos, regiões e tipo de Limited Partner são

extremamente relevantes, com as seguradoras demonstrando obter os melhores

retornos de forma agregada, e agências do governo norte-americano e Family

Offices ao redor do mundo obtendo os piores resultados no período pesquisado

(Tabela 6).

Tabela 6 – Retorno líquido médio de fundos de Private Equity por tipo de Limited Partner

Por período Por região (1991-2003)

Tipo de Investidor (LP) Amostra completa

1991-1998 1999-2003 EUA Europa Restante do

mundo

Fundos de fundos 14,62% 20,39% 13,00% 13,64% 14,77% 22,39%

Fundos de pensão (públicos) 14,55% 19,26% 10,94% 14,27% 18,29% 17,48%

Fundos de pensão (privados) 15,05% 16,40% 14,47% 13,29% 18,83% 13,44%

Bancos 16,85% 14,38% 17,91% 10,70% 21,97% 18,21%

Seguradoras 18,26% 23,77% 15,85% 16,38% 20,79% 17,64%

Universidades (endowments) 16,00% 24,42% 12,26% 16,01% 18,62% 8,05%

Family Offices 14,60% 19,50% 12,49% 14,33% 20,18% -3,60%

Agências governamentais 11,80% 8,09% 14,66% -2,19% 4,80% 19,36%

Total 14,88% 19,44% 12,46% 14,28% 16,52% 16,68%

Fonte: DEMARIA, 2013.

Em estudos anteriores, porém, descobriu-se que os retornos de fundos de

LBO, líquidos de taxas, são em média ligeiramente menores que os do S&P500

quando calculados através de média aritmética, mas superam o S&P500 em uma

média ponderada por capital. Combinados com dados sobre as taxas cobradas

pelos fundos de Private Equity, no entanto, estes resultados demonstram que, em

média, os retornos brutos do Private Equity superam os do S&P500, em

consonância com o levantado por Demaria (2013). Geralmente, os retornos dos

fundos de Private Equity apresentam grande heterogeneidade entre si e ao longo do

tempo (KAPLAN, S. N.; SCHOAR, A., 2005).

44

Kaplan e Choar (2005) se utilizam de dados de fluxos de caixa reais de

fundos de Private Equity para comparar seu desempenho ao dos mercados abertos,

representados através do índice de ações S&P500 (Tabela 7). Quando igualmente

ponderadas, a mediana e a média da métrica do Public Market Equivalent1 (PME)

dos fundos são, respectivamente, 0,74 e 0,96, indicando que o Private Equity gerou

retornos levemente menores que um investimento no S&P500 no mesmo período;

todavia, quando ponderadas pelo tamanho, mostram uma mediana de 0,82 e média

de 1,05 de PME, ou seja, levemente superiores ao S&P500.

Para Venture Capital e Fundos de LBO, a mediana e a média são

aproximadamente as mesmas (0,96 e 0,97, respectivamente), porém sobem para

1,05 e 1,21 quando ponderadas pelo tamanho. Há grande dispersão das TIR entre

fundos individuais, apresentando os fundos do 25º percentil uma TIR de fluxo de

caixa de 3%, enquanto fundos do 75º percentil apresentam uma TIR de 22% ao ano.

Tal variação está presente em todas as métricas de desempenho, e é geralmente

maior para os fundos de Venture Capital.

1 O PME é um índice que compara um investimento a outro, e é calculado por Kaplan e Schoar (2005) através do desconto dos fluxos de caixa dos fundos de PE pelos retornos do índice de ações S&P500 em um mesmo período.

45

Tabela 7 – Retornos da indústria de Private Equity baseados em fluxos de caixa

Ponderação

Simples Ponderação por

Tamanho do Fundo

Métrica2

Todos os Fundos

Fundos de VC

Fundos de LBO

Todos os Fundos

Fundos de VC

Fundos de LBO

TIRVE (%) 0,12 0,11 0,13 0,14 0,14 0,15

0,17 0,17 0,19 0,18 0,18 0,19

-0,32 -0,34 -0,27 -0,19 -0,19 -0,19

[0,04;0,20] [0,03;0,19] [0,06;0,24] [0,08;0,22] [0,05;0,22] [0,09;0,23]

TIRCF (%) 0,12 0,11 0,13 0,12 0,13 0,13

0,17 0,17 0,18 0,18 0,17 0,18

-0,31 -0,3 -0,22 -0,26 -0,31 -0,26

[0,03;0,22] [0,03;0,22] [0,05;0,22] [0,04;0,23] [0,03;0,23] [0,06;0,20]

PME (x) 0,74 0,66 0,8 0,82 0,92 0,83

0,96 0,96 0,97 1,05 1,21 0,93

-0,81 -0,69 -0,52 -0,7 -0,74 -0,65

[0,45;1,14] [0,43;1,13] [0,62;1,12] [0,67;1,11] [0,55;1,40] [0,72;1,03]

Número de observações

746 577 169 746 577 169

Fonte: KAPLAN, S. N., SCHOAR, A., 2005.

Segundo os estudos de Kaplan e Schoar (2005), fundos de Private Equity

que superam o desempenho do mercado recebem maiores entradas de capital.

Estas descobertas mostram que fundos com bom desempenho consistente são

favorecidos no processo de levantar novos fundos frente aos investidores.

Lerner et al. (2007) também descobriram que dentro de grupos distintos,

Limited Partners mais antigos tendem a ter melhor performance do que aqueles que

entraram na indústria mais recentemente, e essas diferenças são ainda mais

acentuadas em fundos de pensão corporativos. Estes achados implicam

possivelmente em um aprendizado de gestores e investidores.

Lerner et al. (2007) documentam diferenças dramáticas nas performances

dos investimentos de diferentes instituições, sendo que endowments (fundos de

pensão de universidades) em média possuem um retorno anual por volta de 14%

2 A primeira linha de cada métrica indica o retorno mediano; a segunda linha indica o retorno médio; a terceira linha indica o desvio padrão dos retornos; e a quarta linha indica os percentis 25 e 75 da distribuição. De acordo com Kaplan e Schoar (2005), a TIR e o Public Market Equivalent (PME) são calculados baseados no fluxo de caixa dos fundos. A TIRCF variável é a TIR no final do ciclo de vida do fundo, baseado nas entradas e saídas de caixa. A TIRVE variável contém as TIR que são reportadas para a Venture Economics (um provedor de informações e análises da indústria de Venture Capital) ao final do ciclo de vida do fundo para a amostra para a qual se pode calcular a TIRCF.

46

superior ao de outras instituições, ao passo que fundos selecionados por bancos e

assessores financeiros tem desempenho particularmente ruim.

Observando mais detalhadamente os endowments, Lerner et al. (2007)

verificaram que existem diferenças entre a performance de endowments de

fundações e universidades privadas quando comparadas às instituições públicas.

Endowments de fundações e universidades privadas apresentam TIR superior à de

instituições públicas do mesmo tipo, e todos os endowments tiveram um

desempenho igualmente fraco no segmento de LBOs, indicando que possivelmente

endowments possuam recursos humanos ou organizacionais que lhes permitem um

desempenho melhor em Venture Capital.

Para fundos de pensão, tanto públicos quanto corporativos, o cenário é bem

diferente, apresentando TIR mais moderadas (8% e 5%, respectivamente), e com

menor viés, apresentando em média 10% para Venture Capital e 2% para buyouts.

Finalmente, fundos selecionados por assessorias financeiras e bancos possuem

performances especialmente baixas (-2% e -3%, respectivamente), curiosamente

com destaque para o desempenho nos fundos de Venture Capital, com TIR de -

14%.

Lerner et al. (2007) também mencionam a importância das estratégias de

reinvestimento dos fundos na diferença entre as performances dos Limited Partners.

Seus estudos demonstram que endowments e fundos de pensão corporativos têm

menor probabilidade de reinvestir em uma dada parceria (“partnership”). Os autores

ressaltam ainda a possibilidade de que a performance superior dos endowments

seja devido a fatores históricos, ou seja, que estes Limited Partners, por sua

experiência mais antiga poderiam ter maior acesso a fundos de alta performance.

Lerner et al. (2007) afirmam que Limited Partners tendem a reinvestir no

próximo fundo do mesmo General Partner se o fundo anterior apresentar TIR

elevada (em média tais fundos possuem TIR de 25%). Segundo os autores, nos

casos em que o Limited Partner optou por não reinvestir, o fundo avaliado

apresentava TIR consideravelmente mais baixa, de 17% O referido padrão se

confirmou ao observarem as TIR dos fundos subsequentes, sendo que aqueles que

receberam reinvestimentos apresentaram performance significativamente maior

(7%) do que aqueles nos quais os Limited Partners não investiram novamente (-2%).

Finalmente, Lerner et al. (2007) examinam diferenças específicas de Limited

Partners quanto à seleção e performance de fundos. Esse exame indica que Limited

47

Partners apresentam diferenças consistentes nos retornos de seus investimentos, e

suas estratégias adotadas variam muito dependendo do tamanho, idade e

localização geográfica dos fundos nos quais investem.

Pode-se concluir pelos estudos apresentados que a possibilidade de

retornos superiores ao mercado é real, principalmente quando desconsiderados os

custos e taxas. Contudo, quando considerados os retornos líquidos baseados em

entradas e saídas de caixa, percebe-se que fundos de LBO e Venture Capital tem

desempenho levemente inferior ao mercado, de forma agregada. Ainda assim, a alta

dispersão e os achados dos autores demonstram que fundos mais antigos, de

gestores e investidores mais experientes, tendem a ter retornos muito superiores ao

mercado.

É importante lembrar que, quando considerados os chamados investidores-

anjo (os “angels”), praticamente não há evidência dos resultados dos investimentos

feitos, e estes tem um papel crucial no financiamento de empreendimentos em

estágios de startup e crescimento inicial. Em uma comparação entre o perfil dos

retornos de fundos de Venture Capital de estágio inicial, Mason e Harrison (2002)

sugerem que investidores-anjo possuem poucos investimentos que geram prejuízo,

uma proporção mediana de investimentos de desempenho moderado, e uma

proporção similar de investimentos de alto desempenho.

Ainda assim, Mason e Harrison (2002) afirmam que business angels são

capazes de gerar retornos excepcionais com seus investimentos. Os autores

sugerem que isso pode refletir uma habilidade superior de avaliar e selecionar

transações, comparados a gestores de fundos de Venture Capital, ou possivelmente

devido a sua capacidade de fazer contribuições pessoais que agreguem maior valor

ao desenvolvimento dos negócios nos quais investem.

2.3.2.3 Desinvestimento e saída para os sócios

O empreendedor investe intensamente seu tempo, um bem precioso e

limitado, na criação, sobrevivência, crescimento e valorização de sua empresa.

Muitos empreendedores deixam de lado, inclusive, carreiras maduras e altamente

rentáveis em troca da incerteza de um novo empreendimento – tem-se aí, portanto,

48

um custo de oportunidade relevante. Assim, é natural que o dono da empresa tenha

a expectativa de retornos futuros substanciais, sejam eles provenientes de

dividendos, da valorização do patrimônio e/ou da venda de participação acionária a

terceiros, a exemplo de outros investidores, empresas ou fundos de investimento,

comumente referida no mercado como “evento de liquidez”.

Segundo Carter et al. (2003), diferentes indivíduos acreditam que suas

chances de obterem altos níveis de renda eram muito maiores através da fundação

de uma empresa de alto crescimento, do que através de outras formas de emprego.

Um estudo recente também identificou sucesso financeiro e independência como

duas importantes razões para empreendedores fundarem novas empresas. Gundry

e Welsch (2001) identificaram a percepção de sucesso de empreendedores

relacionada à reputação da empresa, à qualidade de seus produtos, à

disponibilidade de caixa para crescimento, e a sua eficácia como líderes.

Em consonância com os estudos de Carter et al. (2003) e Gundry e Welsch

(2001), Amit et al. (2001) relatam que empreendedores de empresas de alto

crescimento responderam que riqueza não seria o motivo mais importante pelo qual

iniciaram suas empresas, sendo outras motivações, como independência, por

exemplo, mais importantes. Os mesmos indivíduos também relataram, no entanto,

que acreditavam ter muito mais chances de obter maior riqueza através de

empreendimentos de alto crescimento do que através de outras formas de emprego.

Strömberg (2007) afirma que a forma mais comum de desinvestimento,

inclusive para transações de Private Equity, são vendas para outras corporações,

que representam 38% de todos os desinvestimentos. A segunda forma mais comum

de desinvestimento são vendas de participação acionária a terceiros (24%), que

aumentaram em importância ao longo da última década, em consistência com as

evidências encontradas em outros trabalhos. Comparativamente, IPOs

correspondem a apenas 13% dos desinvestimentos, e parecem ter diminuído em

importância ao longo do tempo.

2.3.3 Desvantagens e desafios

49

2.3.3.1 Conflitos de interesse e custos de agência

A teoria da agência considera dois comportamentos do agente (no caso do

PE, o General Partner) em detrimento do principal (os Limited Partners de um fundo

de PE), que são o risco moral (negligência de esforços por parte do agente) e a

seleção adversa (a representação não completamente fidedigna das habilidades do

agente). Ambos os comportamentos se baseiam em assimetrias de informação e na

falta de transparência do agente (SOMMER, 2012).

Sommer (2012) propõe a criação de mecanismos de incentivo e de controle

para mitigar possíveis desvios do agente dos interesses do principal, a exemplo de

estruturas de compensação que alinhem os interesses de ambos, assim como

dispositivos legais e de governança corporativa. Contudo, incorre-se deste modo nos

chamados custos de agência, que incluem tanto o custo de criar-se os mecanismos

de monitoramento e incentivo quanto a perda de riqueza do principal causada pelos

comportamentos danosos do agente.

A teoria da agência se aplica de diversas formas a transações de Private

Equity: General Partners são incentivados a maximizar os riscos corridos dado seu

formato de compensação (a taxa de performance ou “carried interest”); GPs podem

investir em segmentos nos quais tem pouca experiência exatamente para ganharem

conhecimento destes, às custas de decisões ruins; GPs que gerem mais de um

fundo de PE podem preterir certos LPs de acordo com as oportunidades de

investimento existentes, alocando as melhores oportunidades nos fundos os quais

há maior participação dos GPs; GPs podem diminuir a quantidade de recursos

alocada a selecionar e monitorar investimentos em fundos antigos, focando apenas

em fundos a serem captados no futuro (SOMMER, 2012).

2.3.3.2 Assimetria de informações entre as partes

Em um investimento em Private Equity há ao menos duas situações que

trazem consigo o problema da assimetria de informações.

50

A primeira se dá entre os General Partners e os Limited Partners. Lerner e

Schoar (2004) indicam que os investidores de Private Equity tipicamente adquirem

informações sobre os fundos nos quais investirão através do próprio processo de

investimento, de forma iterativa, e também que há grande continuidade nos Limited

Partners de sucessivos fundos de Private Equity de uma mesma organização.

Assim, em um primeiro momento, os futuros investidores não têm informações

suficientes sobre o gestor de PE que não as informações históricas fornecidas por

este ou por antigos investidores.

Dessa forma, pode-se dizer que em casos de fundos com investimentos que

demoram a trazer resultados observáveis tendem a apresentar maior assimetria de

informação entre GPs e LPs, e que parte da decisão de investir ou não em

determinado fundo de PE é baseada puramente na confiança e no relacionamento

entre GPs e LPs.

O segundo caso de assimetria de informações se dá entre os General

Partners e os donos/alta administração de uma potencial empresa alvo em uma

transação de Private Equity. Segundo Sommer (2012), os acionistas atuais da

empresa têm informações privilegiadas sobre esta e seu futuro desempenho e, por

conseguinte sobre seu valor justo. Dessa forma, apenas aceitariam um valor que

excedesse esse potencial futuro de fluxos de caixa, acarretando em um problema de

seleção adversa. Os GPs, sabendo de antemão desta assimetria, tendem a ofertar

um preço inferior ao valor justo percebido, de forma a tentar chegar durante as

negociações a um valor intermediário que agrade ambas as partes, concretizando a

transação.

A partir dessa assimetria entre empresa e GPs que surge a possibilidade

destes de adicionar valor a seus investimentos, sob forma de gestão e governança.

O desafio do GP é, portanto, de aumentar o valor futuro da empresa comprada

através de sua gestão ativa, superando superar o valor justo estimado pelos donos

do negócio previamente à transação. Assim, o bom gestor de fundos de PE tende a

diminuir a assimetria de informação existente entre estes e a companhia adquirida,

tanto antes quanto após a transação.

2.3.3.3 Restrições de liquidez

51

Segundo Lerner e Schoar (2004), afirma-se que uma maior liquidez pode

apresentar vantagens e desvantagens. Ativos mais líquidos apresentam melhor

capacidade de avaliação de desempenho e permitem a seus investidores que

redirecionem o capital para alocações mais eficientes; por outro lado, uma maior

liquidez pode reduzir os incentivos para que os maiores investidores exerçam seu

papel de monitoramento.

Sommer (2012) lembra que, pelas características naturais dos fundos de

Private Equity, o capital comprometido pelos LPs tende a ficar por muitos anos sob

tutela dos GPs. Vista a natureza cíclica dos mercados, investimentos realizados em

períodos com grande disponibilidade de crédito tendem a ser supervalorizados,

diminuindo a taxa de retorno para os investidores do fundo.

Strömberg (2007) evidenciou que a duração dos investimentos de LBO está

se tornando mais longas do que havia sido documentado anteriormente, sendo que

apenas 8% das empresas ficam em posse de LBOs por menos de dois anos, e que

uma empresa fica, em média, 9 anos em posse do LBO. A habilidade de conseguir

realizar o desinvestimento de maneira bem sucedida antes do final da vida do fundo

é considerada crucial para a performance financeira de um investidor de Private

Equity.

Historicamente, o prêmio esperado a ser pago aos investidores pela baixa

de liquidez presente em investimento nos fundos de Private Equity tem estado entre

1,5–3,5% ao ano na Europa, e por volta de 3,0% quando comparados aos mercados

norte-americanos (DEMARIA, 2013).

“Adventure is just bad planning.”

(Roald Amundsen)

53

3 METODOLOGIA

A metodologia deste trabalho consistiu em uma pesquisa qualitativa e

exploratória acerca da temática de financiamento às pequenas e médias empresas

no Brasil através das modalidades de Private Equity e Venture Capital, por meio de

procedimentos bibliográficos e documentais – levantamento de artigos acadêmicos,

bases de dados profissionais, websites e documentos institucionais de empresas

públicas e privadas, além de consultas a experts nesta temática. A escolha pela

tipologia de objetivo exploratório foi realizada com base no volume e profundidade

insuficientes quando tratado o tema no Brasil.

A abordagem do problema de pesquisa foi de metodologia qualitativa. As

pesquisas qualitativas são especialmente comuns nas ciências sociais, pois

permitem o conhecimento da natureza de fenômenos sem a utilização de métodos

estatísticos com base do processo de análise do problema (RICHARDSON, 1999).

A tipologia exploratória foi adotada para a realização do presente estudo.

Segundo Gil (1999), é comum que haja a caracterização de uma pesquisa como

exploratória ao haver conhecimento limitado acerca do tema abordado, buscando-se

uma visão generalista sobre um tema. Desta forma, trazer clareza, profundidade e

levantar questões relevantes são pertinentes a esta tipologia, que não comporta a

formulação de hipóteses precisas e de operação.

A pesquisa exploratória fornece mais informações sobre um determinado

assunto, possivelmente incorporando fatos inéditos, orienta a fixação de objetivos e

formulação de hipóteses, melhor delimita um tema de pesquisa ou descobre novos

enfoques sobre um assunto – tendo algum destes fins, pode-se caracterizar a

pesquisa em questão como de cunho exploratório. Por fim, a pesquisa exploratória

permite que futuras pesquisas se utilizem de tipologias descritivas ou explicativas

através do que traz à tona (ANDRADE, 2002).

Quantos aos procedimentos de realização deste trabalho, adotou-se as

abordagens de pesquisa bibliográfica e documental que, embora similares,

apresentam importantes diferenciais.

A pesquisa bibliográfica é realizada através de artigos, documentos e livros

já publicados sobre o tema. Possíveis fontes de conteúdo, segundo Gil (1999), são

publicações avulsas, livros, pesquisas, teses, dissertações, monografias, etc.

54

Segundo Cervo e Bervian (1983), a pesquisa bibliográfica:

[…] explica um problema a partir de referenciais teóricos publicados em documentos. Pode ser realizada independentemente ou como parte da pesquisa descritiva ou experimental. Ambos os casos buscam conhecer e analisar as contribuições culturais e científicas do passado existentes sobre um determinado assunto, tema ou problema. Cervo e Bervian (1983, p. 55)

A pesquisa documental difere da pesquisa bibliográfica no que tange a

origem das fontes, pois na pesquisa documental é praxe agregar e organizar

informações de primeira ou segunda mão que se encontram dispersas, gerando

novos significados e relevância para consultas posteriores. Tais documentos podem

ser reportagens de jornal, cartas, contratos, documentos oficiais, etc. (GIL, 1999).

Além disso, Silva e Grigolo (2002) entendem que as pesquisas de procedimentos

documentais se valem de materiais os quais não receberam ainda análises

aprofundadas, obtendo significância e a valorização destes.

Os documentos e artigos utilizados ao longo da elaboração deste trabalham

abrangem, contudo não se limitam a: meios eletrônicos, bibliotecas, bases de dados

de Journals (e.g.: Science Direct), websites de instituições governamentais,

empresas públicas e privadas, reguladores, legisladores, associações e empresas

de pesquisa de mercado, entre diversas outras.

Após o levantamento destas fontes, os dados foram filtrados e, na medida

do possível, relacionados e agregados – as metodologias utilizadas pelos

fornecedores de dados secundários apresenta bastante variabilidade tanto no

método como o escopo e na periodicidade, dificultando comparações diretas. Por

fim, as informações foram organizadas, catalogadas e analisadas de forma a

delinear um entendimento ao mesmo tempo mais abrangente e aprofundado sobre o

tema do presente estudo.

“The future is here. It's just not widely

distributed yet.”

(William Gibson)

56

4 EVIDÊNCIAS DO BRASIL

4.1 Demografia das PMEs

4.1.1 Critérios de classificação

As definições e os critérios de classificação de empresas não financeiras

segundo seu porte variam consideravelmente de instituição para instituição.

Em alguns casos, a classificação é ligada a métricas financeiras da empresa,

como nos casos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

(BNDES) e pela Receita Federal do Brasil (Tabela 8 e Tabela 9);

Tabela 8 – Classificação por porte de empresa segundo o BNDES

Classificação Receita Operacional Bruta Anual

Microempresa Menor ou igual a R$ 2,4 milhões Pequena empresa Maior que R$ 2,4 milhões e menor ou igual a R$ 16 milhões

Média empresa Maior que R$ 16 milhões e menor ou igual a R$ 90 milhões

Média-grande empresa Maior que R$ 90 milhões e menor ou igual a R$ 300 milhões

Grande empresa Maior que R$ 300 milhões Fonte: BNDES, 2010.

Tabela 9 – Classificação por porte de empresa segundo a Receita Federal

Classificação Receita Bruta Anual

Microempresa igual ou inferior a R$ 360.000,00

Empresa de pequeno porte superior a R$ 360.000,00 e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00

Médio e Grande Porte a legislação não fixa enquadramento fiscal para média e grande empresa.

Grande porte ativo total superior a R$ 240.000.000,00 ou receita bruta anual superior a R$ 300.000.000,00

Fonte: BRASIL, 2006 e 2011.

Já outras instituições buscam comparar as empresas de acordo com o

número de pessoas ocupadas, como definido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

57

(OECD), e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

(SEBRAE) conforme exposto (Tabela 10 e Tabela 11).

Tabela 10 – Classificação por porte de empresa segundo IBGE e OECD

Classificação Número de Pessoas Ocupadas

Micro até 9 pessoas ocupadas Pequena 10 a 49 pessoas ocupadas Média 50 a 249 pessoas ocupadas Grande 250 ou mais pessoas ocupadas Fonte: IBGE, 2010a.

Tabela 11 – Classificação por porte de empresa segundo SEBRAE

Número de Pessoas Ocupadas

Classificação Indústria e Construção Civil Comércio e Serviços

Microempresa até 19 pessoas ocupadas até 9 pessoas ocupadas

Pequena empresa de 20 a 99 pessoas ocupadas de 10 a 49 pessoas ocupadas

Média empresa de 100 a 499 pessoas ocupadas de 50 a 99 pessoas ocupadas

Grande empresa 500 pessoas ocupadas ou mais 100 pessoas ocupadas ou mais

Fonte: SEBRAE, 1999.

O Mercado Comum do Sul (Mercosul) se aproxima da abordagem europeia,

ao definir tanto uma classificação financeira através das receitas anuais quanto de

acordo com o número de pessoas ocupadas (Tabela 12).

Tabela 12 – Classificação por porte de empresa segundo Mercosul

Indústria e Construção Civil Comércio e Serviços

Classificação Número de Pessoas Ocupadas Número de Pessoas Ocupadas

Microempresa Até 10 Até 5

Pequena empresa de 11 a 40 de 6 a 30

Média empresa de 41 a 200 de 31 a 80

Grande empresa acima de 200 acima de 80

Classificação Faturamento Anual Faturamento Anual

Microempresa Até US$ 400 M Até US$ 200 M

Pequena empresa de US$ 400 M até US$ 3,5 MM de US$ 200 mil até US$ 1,5 MM

Média empresa de US$ 3,5 MM até US$ 20 MM de US$ 1,5 MM até US$ 7 MM

Grande empresa acima de US$ 20 MM acima de US$ 7 MM

Fonte: MERCOSUL, 2013.

4.1.2 Faturamento e pessoal ocupado

Segundo os dados mais recentes do Ministério do Trabalho e do Emprego do

Brasil (2010), as pequenas e médias empresas respondem por 18,5 milhões dos

58

postos de trabalho formais, ou cerca de 40,0% do total dos postos de trabalho

atualmente existentes no Brasil. Quando consideradas também as micro empresas,

este número chega a 56,4% dos empregos formais no país (Tabela 13):

Tabela 13 – Estoque de empregos formais no Brasil

Porte Número de Pessoas Ocupadas Postos de Emprego Formais

Micro Até 9 7.599.140

Pequena 10 a 49 9.774.907

Média 50 a 249 8.730.864

Grande 250 ou mais 20.205.720

Total 46.310.631

Porte Número de Pessoas Ocupadas Postos de Emprego Formais

Micro Até 4 16,4%

Pequena 5 a 49 21,1%

Média 50 a 249 18,9%

Grande 250 ou mais 43,6%

Total 100,0%

Fonte: MINISTÉRIO DO TRABALHO E DO EMPREGO DO BRASIL (MTE), 2010.

Embora sejam responsáveis por apenas 24% do total da produção industrial

Brasileira, as micro, pequenas e médias empresas empregam mais de 50% do setor

industrial e constituem 98,7% das empresas Brasileiras (Tabela 14):

Tabela 14 – Dados gerais das empresas industriais no Brasil

Em R$ Milhões

Porte Número de Pessoas

Ocupadas Empresas

Ativas Pessoal

Ocupado Valor bruto da produção ind.

Micro Até 4 122.871 280.189 24.682

Micro/Peq. 5 a 49 154.825 2.212.691 153.743

Média 50 a 249 18.158 1.769.246 260.435

Grande 250 ou mais 3.900 4.119.027 1.381.275

Total 299.753 8.381.152 1.820.134

Porte

Número de Pessoas Ocupadas

Empresas Ativas

Pessoal Ocupado

Valor bruto da produção ind.

Micro Até 4 41,0% 3,3% 1,4%

Micro/Peq. 5 a 49 51,7% 26,4% 8,4%

Média 50 a 249 6,1% 21,1% 14,3%

Grande 250 ou mais 1,3% 49,1% 75,9%

Total 100,0% 100,0% 100,0%

Fonte: IBGE, 2010a.

59

Quando consideradas somente as empresas comerciais, as micro,

pequenas e médias empresas totalizam 99,9% das empresas do setor, responsáveis

por algo entre 23,7% (exclui micro e pequenas empresas com menos de 20

funcionários) a 80,4% das vagas formais (inclui todas as empresas menores do que

250 funcionários), e entre 35% e 62,5% das receitas líquidas operacionais totais

(Tabela 15):

Tabela 15 – Dados gerais das empresas comerciais no Brasil

Em R$ MM

Porte Número de Pessoas Ocupadas Empresas

Ativas Pessoal

Ocupado Receita Líq. Operacional

Micro/Peq. Até 19 2.952.838 10.604.006 1.023.317

Pequena 20 a 49 74.746 2.275.700 484.500

Média 50 a 249 21.616 2.159.648 814.625

Grande 250 ou mais 3.148 3.677.170 1.394.558

Total 3.052.348 18.716.524 3.717.000

Porte Número de Pessoas Ocupadas

Empresas Ativas

Pessoal Ocupado

Receita Líq. Operacional

Micro/Peq. Até 19 96,7% 56,7% 27,5%

Pequena 20 a 49 2,4% 12,2% 13,0%

Média 50 a 249 0,7% 11,5% 21,9%

Grande 250 ou mais 0,1% 19,6% 37,5%

Total 100,0% 100,0% 100,0%

Fonte: IBGE, 2010b.

Os dados do IBGE (2010b) para o setor de serviços não apresentam

segmentação por tamanho de empresa, ou seja, por faixas de pessoas ocupadas

(Tabela 16 e Tabela 17).

Tabela 16 – Dados gerais das empresas de serviço no Brasil

Em R$ MM Em R$ MM

Categoria de Serviço Receita Líq.

Anual (A)

Pessoal Ocupado

(B)

Número de empresas

(C)

Receita Média (A/C)

Pessoal Médio (B/C)

Prestados às famílias 86.237,87 2.260.965 310.958 0,28 7,27 De informação e comunicação 233.541,22 800.542 81.767 2,86 9,79 Profissionais, administrativos 220.799,53 4.319.524 296.944 0,74 14,55 Transportes e auxiliares 251.117,85 2.229.110 147.022 1,71 15,16 Atividades imobiliárias 19.845,67 146.754 28.065 0,71 5,23 Manutenção e reparação 15.285,28 400.395 97.618 0,16 4,10 Outras atividades de serviços 42.480,30 464.496 30.434 1,40 15,26

Total 869.307,73 10.621.786 992.808.00 0,88 10,70

Fonte: IBGE, 2010b.

60

Tabela 17 – Dados gerais das empresas de serviço

Categoria de Serviço Receita Líq.

Anual (A)

Pessoal Ocupado

(B)

Número de empresas

(C)

Receita Média (A/C)

Pessoal Médio (B/C)

Prestados às famílias 9,9% 21,3% 31,3% - -

De informação e comunicação 26,9% 7,5% 8,2% - -

Profissionais, administrativos 25,4% 40,7% 29,9% - -

Transportes e auxiliares 28,9% 21,0% 14,8% - -

Atividades imobiliárias 2,3% 1,4% 2,8% - -

Manutenção e reparação 1,8% 3,8% 9,8% - -

Outras atividades de serviços 4,9% 4,4% 3,1% - -

Total 100,0% 100,0% 100,0% - -

Fonte: IBGE, 2010b.

Os dados obtidos para o volume financeiro de exportações também refletem

as dificuldades enfrentadas pelas PMEs no Brasil. Embora 58,3% das empresas

exportadoras em 2010 fossem pequenas ou médias, o valor exportado totalizou

apenas 17,0% do total do volume financeiro de exportações. Quando incluídas as

micro empresas, estes números se tornam ainda mais discrepantes, de

respectivamente 85,9% e 17,1% (Tabela 18):

Tabela 18 – Dados gerais das empresas exportadoras no Brasil

Em US$ Milhões

Porte Número de Pessoas Ocupadas Empresas

Ativas Valor

Exportado

Ind., Const., Agr., Outros

Comércio e Serviços

Micro Até 19 Até 9 5.331 169

Pequena 20 a 99 10 a 49 7.720 15.213

Média 100 a 499 50 a 99 3.513 19.057

Grande 500 ou mais 100 ou mais 2.101 167.159

N/C - - 609 317

Total 19.274 201.915

Porte Número de Pessoas Ocupadas

Empresas Ativas

Valor Exportado

Ind., Const., Agr., Outros

Comércio e Serviços

Micro Até 19 Até 9 27,7% 0,1%

Pequena 20 a 99 10 a 49 40,1% 7,5%

Média 100 a 499 50 a 99 18,2% 9,4%

Grande 500 ou mais 100 ou mais 10,9% 82,8%

Total 100,0% 100,0%

Fonte: IBGE, 2010a.

61

4.2 Private Equity e Venture Capital

4.2.1 Brasil dentre os emergentes

Os investimentos de Private Equity realizados em mercados emergentes são

tendem a estar localizados principalmente na China e na Índia, que absorvem parte

majoritária do capital investido, seguidos pelo Brasil (estes, fazendo jus à alcunha

dos BRICs – Brasil, Rússia, Índia e China). De um total de US$ 173 bilhões

investidos nos mercados emergentes entre o terceiro trimestre de 2007 e o ano de

2011, US$ 107 bilhões foram alocados no sudeste asiático, enquanto que dos US$

25 investidos na América Latina e Caribe, cerca de 65% foram direcionados ao

Brasil (Figura 7).

Figura 7 – Investimento em mercados emergentes de Private Equity por região

Fonte: BAIN & COMPANY, 2012.

BAIN & COMPANY (2012) descrevem uma interessante característica do

Brasil em seus estudos: é um mercado dominado por investimentos de pequeno e

médio porte em empresas de controle familiar. Além disso, há diversos problemas

para que os fundos consigam realizar transações nos país, comumente causados

por diferenças de expectativas no valor justo dos empreendimentos, reduzindo o

potencial de negócios em 2011.

25 23 10 9 Total =

100% US$ 173 Bi

80%

60%

40%

20%

0%

Am. Latina &

Caribe

Leste Europeu Oriente

Médio

África

Outros

África

do Sul

Outros

107

Ásia Emergente

OutrosSudeste asiático

índia

China

Brasil

Russia

Outros

62

O EMPEA (2012) analisou a variação na captação de fundos para Private

Equity entre 2007–2011, com foco nos mercados emergentes – em 2011, houve a

captação de mais de US$ 38 bilhões. Dentre os países e regiões pesquisados, o

Brasil foi o responsável pelo maior crescimento entre 2010 e 2011, após um

desempenho ruim logo posteriormente a crise de 2008. Contudo, a maior parte dos

recursos ainda são alocados no sudeste asiático, em especial na China (Tabela 19).

Tabela 19 – Captação de recursos em Private Equity, 2007–2011

Ano (em US$ milhões) 2007 2008 2009 2010 2011 Cresc. 2010–2011

Brasil 2.510 3.589 401 1.078 7.079 556%

Rússia 1.790 880 455 75 135 80%

Índia 4.569 7.710 3.999 3.268 2.737 -16%

China 3.890 14.461 6.617 7.509 16.616 121%

Ano (em US$ milhões) 2007 2008 2009 2010 2011 Cresc. 2010–2011

Am. Latina e Caribe 4.419 4.461 2.248 5.608 8.441 51%

Leste Europeu 14.629 5.559 1.586 1.192 1.752 47%

Oriente Médio e N Africano 5.333 6.875 1.070 448 423 -6%

África Subsaariana 2.034 2.241 964 1.499 1.332 -11%

Ásia Emergente 28.668 39.660 15.938 14.206 26.251 85%

Multi-regional 4.077 7.721 801 524 350 -33%

Mercados Emergentes 59.160 66.517 22.607 23.478 38.549 64%

Fonte: EMPEA, 2012

Quando comparado aos outros BRICS, o Brasil apresenta transações que

utilizam o dobro de volume de recursos financeiros. Corroborando os estudos de

BAIN & COMPANY (2012), o número de negócios no Brasil tem sido inferior aos de

seus pares emergentes (Tabela 20).

Tabela 20 – Volume regional de negócios ao ano, 2008–2011

Fonte: EMPEA, 2012.

Volume Regional de Negócios ao Ano, 2008-2011Em US$ Milhões

Região

Nº de

negócios

Capital

Investido

Nº de

negócios

Capital

Investido

Nº de

negócios

Capital

Investido

Nº de

negócios

Capital

Investido

Ásia Emergente 500 28.269,7 473 13.866,5 576 18.307,5 607 18.714,0

Leste Europeu 74 6.343,9 76 3.322,5 117 2.397,8 114 3.480,1

Am. Latina e Caribe 64 6.961,7 54 1.317,6 92 6.648,4 88 3.245,3

Oriente Médio e N Africano 67 3.369,8 34 2.214,6 23 793,0 22 385,2

África Subsaariana 50 2.889,1 37 1.382,8 48 631,0 45 1.059,0

Mercados Emergentes 755 47.834,2 674 22.104,0 856 28.777,7 876 26.883,6

Brasil 36 3.019,7 20 989,2 53 4.603,7 47 2.461,0

China 222 8.993,8 233 6.287,7 276 9.190,0 270 10.528,5

Índia 203 7.483,0 176 4.011,1 251 6.222,4 275 6.171,7

Rússia 29 2.647,4 20 217,2 45 1.516,0 29 1.578,5

Nota: Números referentes a regiões incluemos países exibidos exibidos aqui. Os números referentes a países são destes;

Fonte: Emerging Markets Private Equity Association. Data as of 31 December 2011. Published 15 March 2012.

2008 2009 2010 2011

63

De maneira oposta ao que ocorre nos mercados asiáticos, nos quais o

tamanho mediano dos investimentos era relativamente baixo e tente a aumentar ao

longo dos anos, os investimentos medianos em empresas brasileiras têm baixado

consistentemente de valor. Este efeito se deve possivelmente à ausência de novas

empresas-alvo de grande porte, forçando os investidores de Private Equity a buscar

empresas de menor porte (Figura 8). Este efeito é comprovado através de estudos

estatísticos da BAIN & COMPANY (2012), que correlacionam o número de grandes

empresas à atratividade do país para o Private Equity (Figura 9).

Figura 8 – Tamanho mediano dos investimentos em PE em mercados emergentes entre 2008–2010

Fonte: EMPEA, 2012.

Figura 9 – Países atrativos para PE possuem um maior número de empresas de grande porte

Fonte: BAIN & COMPANY, 2012.

64

O EMPEA (2012) comparou a penetração do PE em diferentes países ao

redor do mundo através da relação de capital investido em Private Equity e o PIB de

cada país. Curiosamente, para o período estudado, as chamadas novas economias

emergentes observaram um aumento na penetração de PE. Ao mesmo tempo,

houve uma queda nesta relação de penetração dentre BRICs (Figura 10).

Figura 10 – Penetração global de Private Equity 2010–2011

Fonte: EMPEA, 2012.

4.2.2 Mercado brasileiro

O crescimento do PIB Brasileiro em 2012 recuou para apenas 1% em

comparação com os 7,5% de dois antes. Ainda assim, isso não foi o suficiente para

retirar as oportunidades na maior economia da América latina da mira dos fundos de

Private Equity. O Brasil foi o centro das atenções do Private Equity em 2012, com

um aumento de 78% sobre os 2,5 bilhões investidos em 2011, de acordo com o

relatório da Bain & Company (2013).

Apesar da recente freada no crescimento, as oportunidades de investimento

continuam grandes, com o país em meio a um ciclo de vultosos investimentos em

2,05

0,98

0,75

0,33

0,14

0,12

0,10

0,10

0,10

0,09

0,08

0,04

0,01

0,01

Israel

EUA

Reino Unido

Índia

China

África do Sul

Turquia

Japão

Brasil

Outros África

Rússia

Coreia do Sul

Oriente Médio

México

Investimento em PE / PIB (%)

2011

2010

65

infra-estrutura para suportar as grandes expansões das indústrias de Óleo e Gás, de

energias renováveis e as atividades relacionadas à realização da Copa do Mundo e

dos jogos olímpicos de 2014 e 2016, respectivamente.

Além disso, continua a expansão dos investimentos nos setores de

educação, saúde e os outros que sejam afetados pelo aumento do poder aquisitivo e

pela queda dos juros, como imobiliário e de viagens.

Um ambiente propício para a realização de transações, com um número

crescente de empresas de escala, fortes equipes de gestão e mercados de capitais

cada vez mais sofisticados, o Brasil atraiu fundos de Private Equity especializados,

dotados de mais de US$12 bilhões em ativos líquidos no início de 2012 – quase o

dobro da quantia de 2010 (BAIN & COMPANY, 2013).

Nota-se, portanto, que a participação de estrangeiros é relevante no

mercado brasileiro. Atualmente existem cerca de 150 instituições de Private Equity

(entre nacionais e estrangeiras) atuando no país. De acordo com uma pesquisa da

INSEAD-PwC (2011), 42% do total de capital sob gestão por fundos de PE no Brasil

foi levantado por fundos estrangeiros. No levantamento realizado pelo GVcepe

(2011), percebe-se uma evolução histórica que favorece o aumento da participação

do capital estrangeiro no total comprometido com alocação a investimentos no Brasil

(Tabela 21).

Tabela 21 – Origem do capital comprometido alocado ao Brasil pelas organizações gestoras

2004

Origem dos recursos Número de

Organizações Porcentagem

Comprometimento (US$ bilhões)

Porcentagem

Brasil 53 74,70% 3,54 63%

América Latina - - - -

Estados Unidos 10 14,10% 1,76 32%

Europa 4 5,6 0,19 2%

Outros 71 100% 5,58 100%

2009

Origem dos recursos Número de

organizações Porcentagem

Comprometimento (US$ bilhões)

Porcentagem

Brasil 102 72% 21,5 50%

América Latina 3 5% 0,4 1%

Estados Unidos 22 13% 6,6 20%

Europa 7 2% 3,3 16%

Outros 140 100% 35,1 100%

Fonte: GVCEPE, 2011.

66

Conforme constatado em estudo do Centro de Estudos em Private Equity e

Venture Capital da FGV-EAESP (GVcepe, 2011):

“No início de 2005 existiam 71 organizações gestoras com não mais do que US$ 6 bilhões em veículos de investimento (fundos) de PE/VC, o equivalente a 0,7% do PIB. Ao final de 2009, 144 gestores administravam comprometimentos de capital de US$ 36,1 bilhões alocados ao Brasil, 2,3% do PIB. Essas organizações gestoras empregavam em torno de 1593 profissionais (dos quais 2/3 detinham formação superior), e possuíam participação acionária e realizavam governança ativa em 502 empresas, a maioria fechadas ou levadas a abertura de capital em bolsa por aqueles gestores de PE/VC.” (2011, p. 30)

Uma das características do mercado Brasileiro de Private Equity é sua

concentração, embora esta tenha diminuído ao longo dos anos. Em 2004,

praticamente metade do capital comprometido estava nas mãos dos cinco maiores

gestores; em 2009, o capital comprometido em mãos dos cinco maiores perfazia

menos de um terço do total (Tabela 23). Por este motivo, vemos alguns dos fundos

brasileiros dentre os maiores de todo o mundo (Tabela 23 e Tabela 24).

Tabela 22 – Concentração do capital comprometido

Em US$ bilhões Em US$ milhões Em US$ bilhões Em US$ milhões

Grupo de Organizações

por porte

2004 2009

Comprometimento Comprometimento

médio Comprometimento

Comprometimento médio

5 maiores 2,6 513,0 11,3 2.264,8

10 maiores 3,6 361,0 18,1 1.811,2

15 maiores 4,3 283,0 22,8 1.519,5

Demais 1,3 26,0 13,3 106,5

Todas 5,6 85,0 36,1 257,9

Amostra: 140 organizações gestoras com um capital comprometido de US$ 35,1 bilhões.

Fonte: GVCEPE, 2011.

Tabela 23 – Alguns fundos brasileiros entre os 300 maiores do mundo

Fundo 2011 PEI Rank 2012 PEI Rank

Gávea Investimentos 136 84

GP Investments 110 138

Pátria Investimentos 252 187

BTG Pactual N/A 203

Vinci Partners N/A 228

Modal Administradora de Recursos N/A 271

BRZ Investimentos N/A 291

Fontes: PEI, 2011; PEI, 2012.

67

Tabela 24 – Levantamento de Capital

Fundo Tamanho USD Ano

Advent International 1.65 bilhão 2010

GP Investments 1,4 bilhão 2008

Gávea 1,5 bilhão 2010

Carlyle 1 bilhão 2010

BTG Pactual 1 bilhão 2010

Vinci Partners 1 bilhão 2010

Fonte: Preqin, 2011.

De acordo com a Latin America Venture Capital Association (LAVCA, 2012),

cerca de US$ 8,1 bilhões haviam sido captados para a América Latina em 2010,

sendo 76% do comprometimento de capital voltado a investimentos no Brasil.

Em 2011, enquanto as projeções apontavam para mais US$ 16 bilhões

comprometidos, uma pesquisa do INSEAD-PwC (2011) indicou 70% de respostas

positivas para Limited Partners afirmando já terem capital comprometido para o

Brasil. Importante notar que os outros 30% indicavam planos de começar a operar

no Brasil em um futuro próximo.

Entretanto, o Brasil tem também pontos negativos que são detratores frente

a uma atividade de investimento mais intensa. Os pontos fracos do país mais citados

por gestores de PE quando comparado aos outros BRICs são: o sistema tributário

nacional, demasiadamente complexo e de taxas elevadas de tributação; e a baixa

disponibilidade de financiamento adequado em forma de dívida, pela dificuldade em

obtenção de crédito e as altas taxa de juros praticadas no mercado (INSEAD-PWC,

2011).

Uma característica decorrente dessas fraquezas no Brasil é a fraca

alavancagem. Por outro lado, os entrevistados ressaltaram a estabilidade

macroeconômica atual como o fator mais positivo, e uma governança corporativa

visivelmente superior à média dos outros BRICs como o segundo fator mais positivo

(Tabela 25).

68

Tabela 25 – Avaliação do Brasil frente a outros BRICs

(Notas de 1 = pior a 5 = melhor) General

Partnerships Limited

Partnerships

Sistema Tributário 1,79 2,60

Disponibilidade de dívida 2,46 2,30

Atividade informal 2,50 2,70

Framework Legal e Regulatório 3,25 3,40

Governança Corporativa 3,39 3,70 Instabilidade Potencial do Ambiente Macroeconômico 3,79 3,60

Média 2,86 3,05

Fonte: INSEAD, PWC, 2011.

Rubenstein, do Grupo Carlyle, deu em uma conferência uma lista de dez

fundamentos de longo prazo que justificariam o investimento de longo prazo no

Brasil (informação verbal)3. Estes são:

1. Mercado doméstico de tamanho considerável e em crescimento;

2. Espaço para expansão de crédito para empresas familiares;

3. Baixo índice de dependência externa, mercado consumidor que

representa 60,9% do PIB;

4. Mercado e produtos de exportação diversificados;

5. Quinze anos de estabilidade econômica e política;

6. Disciplina fiscal e indicadores macroeconômicos sólidos;

7. Reservas estrangeiras altas e estáveis;

8. Intervenção governamental proativa e efetiva, gestão

macroeconômica de alta qualidade técnica;

9. Sistema financeiro suficientemente capitalizado;

10. Recursos naturais abundantes.

4.2.3 Empresas e o processo de investimento

Os aspectos macroeconômicos são, portanto, bastante conhecidos pelos

gestores e investidores no país. Contudo, é necessário que haja fatores específicos

3 Discurso realizado por David Rubenstein no Congresso da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP), em abril de 2010.

69

das organizações brasileiras que incentivem e viabilizem investimentos de Private

Equity em empresas nacionais.

Corroborando os achados de INSEAD-PwC (2011), o questionário aplicado

por GVcepe (2011) a organizações gestoras de PE indica que a necessidade de

governança corporativa, seja por meio de poder de veto ou por influência direta no

conselho de administração das empresas é o fator mais importante para que se

viabilize um investimento (Tabela 26).

Tabela 26 – Requisitos da empresa-alvo que viabilizam o investimento

Respostas fornecidas por 59 organizações gestoras (40% do universo) em dezembro de 2009.

Característica Discordância % Neutro %

Concordância Discordância %

Total Parcial Total Parcial

A organização gestora tem direito de veto em decisões que considera “chave” na empresa investida

3,3 0 3,3 18,3 75

A organização gestora tem assento ou pode indicar membros do conselho de administração

1,6 1,6 3,3 18 75,4

A organização gestora pode adquirir controle

45,9 14,8 18 14,8 6,6

A empresa-alvo já recebeu capital de investidores-anjo

61,7 11,7 26,7 0 0

Fonte: GVCEPE, 2011.

Por outro lado, a informalidade é um forte detrator para a efetivação de

transações no país, possivelmente causada pela carga tributária excessiva apontada

anteriormente. Em muitos dos casos, a mera formalização dos negócios ou do

empreendimento os tornaria economicamente inviáveis. Outro ponto que inviabiliza

os investimentos, indo ao encontro do encontrado por Bain & Company (2012), é a

divergência de expectativas sobre a divergência de expectativas entre investidores e

investidos, inviabilizando, por exemplo, um acordo de acionistas (Tabela 27 e Tabela

28).

70

Tabela 27 – Características e situações da empresa-alvo que inviabilizam o investimento

Respostas fornecidas por 59 organizações gestoras (40% do universo) em dezembro de 2009.

Característica Discordância % Neutro %

Concordância Discordância %

Total Parcial Total Parcial

Grande parte dos negócios da empresa-alvo está na informalidade e o negócio não se sustenta ao formalizar-se

1,7 3,4 1,7 8,5 84,7

Não se chega a um acordo prévio sobre os termos básicos do acordo de acionistas

3,4 3,4 5,2 37,9 50

A empresa-alvo é familiar 61 23,7 13,6 0 1,7

A empresa-alvo está a mais de 100km da organização gestora

67,8 11,9 6,8 11,9 1,7

Fonte: GVCEPE, 2011.

Tabela 28 – Principais motivos que inviabilizam o investimento*

Fonte: GVCEPE, 2011.

Essa série de empecilhos impostos por aspectos gerais do país e

específicos das empresas, juntamente às necessidades de governança do GPs

torna as atividades de investimento e gestão de fundos de PE no Brasil bastante

desafiadoras. Através das respostas de parte majoritária dos gestores de Private

Equity no país, pode-se criar um modelo de afunilamento durante a análise de

oportunidade de investimentos, na qual a expectativa é de que apenas 1,3% das

empresas com propostas inicialmente recebidas tornem-se efetivamente parte de

transações e investimentos (Figura 11).

Principais Motivos que Inviabilizam o Investimento*Em % de respostas**

Razão Proporção

Falência do negócio 0,5

Aspectos regulatórios/concorrenciais (ex: CADE) 1,1

Desistência do vendedor sem causa aparente 3,2

Dificuldade da estruturação jurídica da transação 3,2

Mudança no ambiente macroeconômico 6,8

Conclusão do investimento por outro potencial comprador 8,3

Mudança de parâmetros de valor em função de ajustes contábeis 9,9

Exercício do poder de veto por um ou mais membros do comitê de Investimentos 11,3

Mudanças de parâmetros de valor em função de alterações permanentes de mercado 16,2

O gestor não dispõe deste controle 18,1

Contingências/passivos surgidos na due diligence não revelados pelos empreendedores 21,4

Total 100,0

*Propostas que Chegaram a Fase de Due Diligence

**Respostas fornecidas por 88 organizações gestoras (60% do universo).

Fonte: Base de Dados GVcepe – Fundação Getulio Vargas

71

Respostas fornecidas por 88 organizações gestoras (60% do universo)

em dezembro de 2009 referentes aos dados do período de janeiro a

dezembro de 2009.

Figura 11 – Conversão de oportunidades de negócios em investimentos

Fonte: GVCEPE, 2011.

Das empresas efetivamente investidas, mais de um terço se encontra em

estágio de vida de alto crescimento (“PE - Growth”), sendo o alvo típico de fundos de

Private Equity. Os seguintes estágios mais populares dentre os gestores estão os de

startup e de early Venture Capital, que consistem em estágios extremamente iniciais

da empresa, nos quais o investimento necessário é relativamente baixo e a

possibilidade de retorno (assim como de fracasso) é bastante alta – e portanto

investe-se em um grande número de empresas de modo a obter alguns poucos

investimentos vencedores que compensem o fracasso dos demais (Figura 12).

Figura 12 – Distribuição por estágio das empresas investidas em 2009

Fonte: GVCEPE, 2011.

72

Dada a natureza privada e confidencial dos dados e a utilização de fontes

secundárias, não é possível definir com certeza a distribuição por tamanho das

investidas. Contudo, um proxy razoável para essa comparação é a de utilização dos

diferentes estágios de investimento das firmas investidas em PE e VC – e.g.:

seed/startup, Venture Capital, Private Equity – (Tabela 29).

1. Estágio Inicial:

a. Seed

b. Startup

2. Desenvolvimento:

a. Venture Capital

3. Expansão:

a. Private Equity – Growth

4. Maturidade:

a. Private Equity – Later Stage

b. Distressed

c. Greenfield

Tabela 29 – Tíquete médio por estágio de investimento

Considera 77 investimentos com valor e estágio declarados (81%)

Estágios Tíquete Médio (US$ Milhões)

Nº de Investimentos

Seed/Startup 0,4 12

Venture Capital 4,4 22

Greenfield 46,6 6

Mezanino 50,2 4

Distressed 64,4 1

Private Equity 73,4 30

PIPE 91,8 2

Total 39,4 77

Fonte: GVCEPE, 2011.

Os setores ou segmentos de atuação mais beneficiados pelo foco de

investimento em empresas de alto crescimento ou em estágios bastante iniciais são,

por conseguinte, os de maior representatividade na amostra, reconhecidamente os

de alta tecnologia (estágios iniciais) e imobiliário/energia/indústria – alto crescimento

(Tabela 30).

73

Tabela 30 – Distribuição das empresas em portfólio em 2009, por setor

Macrosetor Nº de Empresas em

Portfólio Porcentagem Válida %

(total)

Informática e Eletrônica 103 20,5

Construção Civil/Imobiliário 69 13,7

Energia e Combustíveis 56 11,2

Indústrias Diversas 55 11,0

Comunicação 33 6,6

Varejo 26 5,2

Agronegócios 25 5,0

Serviços de Transporte e Logística 20 4,0

Alimentos e bebidas 19 3,8

Infraestrutura 19 3,8

Serviços Financeiros 16 3,2

Farmacêutica/Medicina/Estética 15 3,0

Biotecnologia 14 2,8

Serviços Diversos 10 2,0

Educação 8 1,6

Entretenimento/Turismo 7 1,4

Indústrias Extrativas 7 1,4

Total 502 100,0

Fonte: GVCEPE, 2011.

Geograficamente, a maior parcela das empresas investidas está localizada

na região Sudeste do Brasil, sendo mais da metade somente no estado de São

Paulo. Dentre as possíveis razões para que a distribuição seja tão desigual, estão a

maior concentração na região de instituições financiadoras, como bancos e fundos

de PE, um maior desenvolvimento econômico e educacional e uma concentração d

empresas de alta tecnologia, com maior frequência de investimento (Tabela 31).

74

Tabela 31 – Distribuição Geográfica das Empresas por Portfólio

Estado

2004 2009

Nº de empresas Porcentagem %

Válida (total) Nº de empresas Porcentagem %

Válida (total)

Sudeste SP 127 41,8 274 56,6

RJ 39 12,8 75 15,5

MG 28 9,2 34 7

ES 1 0,3 4 0,8

Subtotal 195 64,1 387 80

Sul PR 15 4,9 24 5

RS 38 12,5 18 3,7

SC 30 9,9 12 2,5

Subtotal 83 27,3 54 11,2

Nordeste

PE 5 1,6 9 1,9

CE 3 1 8 1,7

BA 5 1,6 5 1

MA - - 3 0,6

PI - - 2 0,4

Fonte: GVCEPE, 2011.

4.2.4 Estruturas de investimento

O atual ciclo de estruturas dos veículos de investimento de Private

Equity/começou com a criação de um arcabouço regulatório através de diversas

instruções da CVM ao longo dos anos (CVM, 2013):

1. Instrução CVM 209/94 – dispõe sobre os Fundos Mútuos de

Investimento em Empresas Emergentes (FMIEE);

2. Instrução CVM 309/99 – dispõe sobre os Fundos de Investimento

em Títulos e Valores Mobiliários de Companhias Abertas, não

abrangendo, valores mobiliários de companhias fechadas;

3. Instrução CVM 391/2003 – dispõe sobre os Fundos de Investimento

em Participações (FIPs);

4. Instrução CVM 462 – regulamentação do funcionamento do fundo;

75

5. Instrução CVM 398 – Dispõe sobre a constituição, a administração, o

funcionamento e a divulgação de informações dos Fundos de

Financiamento da Indústria Cinematográfica Nacional – FUNCINE; e

6. Lei No 11.312/2006 – reduziu à zero a alíquota de imposto de renda

sobre os ganhos auferidos por investidores nos FMIEEs e FIPs.

A Instrução CVM Nº 209, entende por empresa emergente aquela que

apresente um faturamento líquido anual, ou faturamento líquido anual consolidado,

inferior a R$ 100.000.000,00 (cem milhões de Reais), conforme deve ser verificado

no balanço de encerramento do exercício anterior à aquisição dos valores

mobiliários de sua emissão.

O Fundo de Investimento em Participações (FIP CVM 391/03) tem sido

bastante utilizado pela indústria em função da significativa redução do impacto fiscal

para investidores internacionais, quando comparado a estrutura tradicional de

holding, basicamente em função do tratamento vantajoso dado aos ganhos de

capital esperados quando da concretização da estratégia de saída (CVM, 2013).

Conforme seria esperado, após a evolução das regulamentações acima

dispostas a utilização de de estruturas FIP disparou entre 2004 e 2009, perdendo

apenas para veículos de LP tanto em número de transações como de capital

comprometido (Figura 13 e Tabela 32 e Tabela 33).

*Até Outubro/2013.

Figura 13 – Evolução de ofertas de FMIEE e FIP registradas na CVM

-

5

10

15

20

25

-

25

50

75

100

125

19

99

20

00

20

01

20

02

20

03

20

04

20

05

20

06

20

07

20

08

20

09

20

10

20

11

20

12

20

13*

R$

bilh

õe

s

R$

mil

es

FMIEE (eixo esquerdo) FIP (eixo direito)

76

Fonte: CVM, 2013.

Tabela 32 – Estrutura legal dos veículos de investimento

Distribuição dos veículos de investimentos segundo a estrutura legal utilizada. Valores reportados em reais foram convertidos em dólares, usando a cotação média anual, tal como publicado pelo Banco Central. Em relação a 2009 as respostas foram fornecidas por 239 veículos (94% do universo) que possuem US$ 35,1 bilhões de capital comprometido (97% do universo).

Estrutura Legal

2004 2008 2009

Nº de Veículos

Comprometimento (US$ bilhões)

Nº de

Veículos Comprometimento

(US$ bilhões)

Nº de Veículos

Comprometimento (US$ bilhões)

Limited Partnership 29 3,45

45 9,06

63 13,41

FMIEE (CVM 209) 21 0,17 26 10,39 34 0,58

FIP (CVM 391) 11 0,62

37 -

67 5,96

CVM 302 e 409 12 0,5 9 - 9 0,65

CVM 398 - -

1 -

1 0,01

Empresa de participação (holding)

20 0,52 31 0,53 31 0,85

Investimento direto - -

13 4,53

16 5,06

Divisão de empresa não-financeira

2 0,31 4 0,27 3 0,35

Outros 2 0,01

15 1,87

15 2,06

Total 97 5,6 181 26,6 239 28,9

Fonte: GVCEPE, 2011.

Tabela 33 – Levantamento de fundos em 2009 por estrutura legal

Distribuição dos veículos de investimentos segundo a estrutura legal utilizada. Valores reportados em reais foram convertidos

em dólares, usando a cotação média anual, tal como publicado pelo Banco Central. Em relação a 2009 as respostas por

Amostra: 239 veículos (94% do universo) que possuem US$ 35,1 bilhões de capital comprometido (97% do universo).

Estrutura Legal R$ (US$) US$ Total

Fundo CVM 906 - 906

Fundo CVM (Infraestrutura) 764 - 764

Fundo CVM (Investimento ao Custo) 80 - 810

Limited Partnership - 1.317 1.317

Limited Partnership (Investimento ao Custo) - 736 736

Limited Partnership (Aumento da Alocação para o Brasil)

- 540 540

Outros fundos (Infraestrutura) 245 - 245

Investimento direto Partnership - 200 200

(Aumento da Alocação para o Brasil)

Investimento direto (Investimento ao Custo) 23 252 275

Holding 406 - 406

Total 2.424 3.045 5.469

Fonte: GVCEPE, 2011.

77

4.2.5 Estratégia de desinvestimento

Para o período analisado durante 2005–2008, a amostra do GVcepe (2011)

consistiu em 180 saídas ou desinvestimentos (sendo 113 destes plenos e 67

parciais), dos quais 34% são representados pelo estágio de Venture Capital e 42%

por Private Equity, em um total de US$ 2,3 bilhões.

Especificamente em 2009, foi obtida uma amostra de 41 desinvestimentos

(31 totais e 10 parciais) fornecidos por 22 instituições gestoras na qual 34% é

representado pelo estágio de Venture Capital e 54% por Private Equity e dos quais o

valor realizado de 32 saídas totaliza US$ 2,9 bilhões.

Em 2009 o tíquete (nomenclatura dada para o valor da transação) médio de

saída de empresas no estágio de Venture Capital foi de US$ 1,4 milhão e de US$

130 milhões no estágio de Private Equity. Neste período houve saídas de negócios

de PE de grande porte, como Brasil Telecom, BR Malls, DASA, Hypermarcas, Tivit e

Zamprogna Comércio e Indústria (GVCEPE, 2011).

Já quanto à modalidade de saída, observa-se que neste período as mais

comuns foram o Buyback (recompra pelo empreendedor), Secondary Public Sale

(oferta pública secundária), Trade-Sale (venda a terceiros) e IPOs (ofertas públicas

iniciais de ações) (Figura 14).

Figura 14 – Número de desinvestimentos (totais ou parciais) por ano, por modalidade de saída

Fonte: GVCEPE, 2011.

Essa configuração da indústria reflete o período de crise financeira em 2008

e 2009, no qual a saída por meio de IPOs não seria rentável, aumentando assim

78

saídas através de Buyback e Trade-Sale e reduzindo as saídas via IPO. Neus e

Walz (2005) descobriram que empresas gestoras de PE e VC com melhor

desempenho histórico são capazes de desinvestir, por meio de IPOs, de forma mais

rápida e por um valor mais justo do que as demais empresas gestoras.

Outros pontos de destaque são o aumento de recompras pelos

empreendedores, que quintuplicam em 2008 e, em 2007, os Trade Sales

ultrapassam os Secondary Sales, indicando um aumento de compradores

estratégicos, um amadurecimento da indústria Brasileira e um potencial maior de

rentabilidade para organizações gestoras de PE/VC. O ano de 2007 marca o auge

dos IPOs e representa a maturidade da indústria Brasileira de PE/VC mostrando a

capacidade de organizações gestoras em realizar um ciclo completo de

investimentos (Tabela 34).

Tabela 34 – Saídas de negócios por mecanismo de saída, em US$ milhões

Valor de saídas realizadas anualmente segundo mecanismo de saída. A amostra inclui 151

desinvestimentos (107 totais e 44 parciais) de 2005–2008 e 37 desinvestimentos (30 totais e 7

parciais) em 2009 com informação sobre os respectivos mecanismos de saída.

Mecanismo de Saída 2005 2006 2007 2008 2009

IPO - 380 130 - 273

Secondary Public Sale 180 484 336 228 772

Trade Sale 2 9 104 338 1.825

Secondary Private Sale - - 4 3 13

Buyback/Amortização 13 14 2 97 20

Write-off - 1 - - 59

TOTAL 194 888 576 666 2.961

Fonte: GVCEPE, 2011.

O prazo médio de desinvestimento nos fundos de Private Equity Brasileiros

se concentra entre os tradicionais 7–10 anos (Cerca de 60% em 2009), havendo

também uma parcela substancial (22%) sem prazo definido de duração (Tabela 35).

79

Tabela 35 – Número de veículos por prazo de duração

Prazo de Duração Censo 2005 Censo 2009

Veículo % Veículo %

<5 0 0,0 8 4,4

5 e 6 9 9,28 18 9,89

7 e 8 24 24,74 49 26,92

9 e 10 33 34,02 58 31,87

12 e 20 7 7,22 8 4,4

>20 0 0,0 1 0,55

Sem prazo 24 24,74 40 21,98

Total 97

182 100

Fonte: GVCEPE, 2011.

4.2.6 Taxas de retorno

Estudos da Cambridge Associates, utilizando dados disponíveis desde 1981

e de uma amostra de 1.279 operações de Private Equity e Venture Capital (75% das

captações de recursos totais nos EUA), encontraram um retorno líquido médio ao

ano de 19,1% para América Latina e Caribe, maiores do que em outras regiões

geográficas, possivelmente refletindo o perfil de risco da região (Tabela 36).

Tabela 36 – Retorno líquido para investidores

Região 5 anos 10 anos Retorno Absoluto % Retorno

PE – America Latina e Caribe 19,06% 1,71% 17,35 1015%

PE/VC – Mercados Emergentes 12,83% 6,63% 6,2 94%

Buyout – EUA 10,44% 7,68% 2,76 36%

VC – Europa Ocidental -2,01% -4,13% 2,12 51%

Fonte: GVCEPE, 2011.

Quando pesquisada a realidade exclusivamente Brasileira através de

questionários aplicados a gestores de fundos de PE e VC, percebe-se que a

distribuição dos retornos tem sido bastante generosa no país, com os retornos

medianos de cada estágio de investimento superiores aos observados em outras

regiões do mundo, incluso até mesmo a América Latina e Caribe (Tabela 37).

80

Tabela 37 – Retornos mínimos e máximos esperados por estágio

Nas respostas por estágio, uma organização pode ter respondido para mais de um estágio.

Respostas fornecidas por 71 organizações gestoras (50% do universo) em dezembro de 2009.

Estágio de Desenvolvimento

Retorno esperado (%) Respostas por estágios

Desvio padrão Mínimo Máximo Mediano

Distressed 45,92 114,47 42,5 26 15

PIPE 41,52 79,74 42,5 25 15

Mezanino 32,78 110 35 27 28,36

Private Equity – Later Stage 27,94 57,5 30 31 21,07

Private Capital – Early Stage 22,51 40,93 25 54 13,97

Greenfiel 20 28,5 22,5 31 12,99

Private Equity – Later Stage 15,62 24,33 19,5 21 9,8

Startup 18,29 40 22,5 17 18,86

Seed 16,89 23,19 19,75 18 15

Private Equity – Growth 23 32,5 26,25 16 14,7

Fonte: GVCEPE, 2011.

A grande dispersão observada por Demaria (2013) e Kaplan e Schoar

(2005) é também verificada na realidade das taxas internas de retorno dos

investimentos brasileiros, com grande diferença interquartis. O quartil superior

apresenta uma TIR mediana de 162%, enquanto o quartil inferior apresenta uma TIR

de 18% (Figura 15 e Tabela 38).

Figura 15 – Taxa interna de retorno para desinvestimentos no Brasil entre 2004–2009

Fonte: GVCEPE, 2011.

81

Tabela 38 – Valores medianos da taxa interna de retorno

Nota: A amostra inclui 25 negócios (15 IPOs e 10 Trade Sales) no período de 2004 a 2009.

Quartil Intervalo Mediana

Superior 100 > 162%

3º 50–99,9 66%

2º 25–49,9 37%

Inferior 0–24,9 18%

Fonte: GVCEPE, 2011.

INSEAD-PWC (2011), ao questionar gestores de fundos de PE e VC sobre

seu desempenho histórico e esperado de investimentos em empresas no Brasil,

perceberam que, embora a expectativa seja sempre de se obter múltiplos ou

retornos acima de um determinado patamar, nem sempre isso é possível. Contudo,

o desempenho histórico tende a surpreender os gestores quando se leva em conta

os percentis mais altos de múltiplo e de retorno (Figura 16).

Figura 16 – “Qual o seu MOI e TIR históricos e esperados no Brasil?” Pesquisa com GPs

Fonte: INSEAD, PWC, 2011.

4.3 Fontes alternativas de financiamento para PMEs

Embora muitas vezes limitadas, desconhecidas dos empreendedores e

empresários ou apenas difíceis de obter, existe uma série de alternativas de

financiamento para as PMEs. Tais alternativas variam desde empréstimos bancários

22%

44%

33%

73%

18% 9%

<2x 2-3x 3-4x >4x

Histórico Esperado

Múltiplo de investimento (MOI)

11%

22%

33% 33% 27%

55%

18%

<20% 20-25% 25-30% >30%

Histórica Esperada

Taxa interna de retorno (TIR)

% do total de respondentes

82

nos grandes conglomerados financeiros do país até mesmo participações acionárias

de agências governamentais. A seguir será delineado um plano de fundo da

evolução do sistema financeiro nacional, seus participantes e quais as suas funções

frente ao financiamento da pequena e média empresa no Brasil.

4.3.1 Sistema Financeiro Nacional

No decorrer das últimas décadas houve substancial concentração entre os

participantes do sistema financeiro nacional, seja nos setores de bancos privados,

bancos de desenvolvimento, sociedades de arrendamento mercantil, sociedades de

crédito imobiliário e corretoras.

Muita dessa movimentação se deveu a uma consolidação natural dos

mercados, embora as privatizações realizadas na década de 1990 tenham sido

determinantes para que fossem delineados traços do que viriam a ser os grandes

conglomerados financeiros de atualmente. Em contrapartida, houve a criação de

agências de fomento, companhias hipotecárias, sociedades de crédito às PMEs, e a

expansão das cooperativas de crédito (Tabela 39).

83

Tabela 39 – Quantitativo de instituições autorizadas a funcionar

Crescimento

Segmento 1993 2003 2011 2003 2011 2011

Dez Dez Dez 1993 2003 1993

Banco Múltiplo 206 141 139 -31,6% -1,4% -32,5%

Banco Comercial 35 23 20 -34,3% -13,0% -42,9%

Caixa Econômica 2 1 1 -50,0% 0,0% -50,0%

Banco de Desenvolvimento 7 4 4 -42,9% 0,0% -42,9%

Banco de Investimento 17 21 14 23,5% -33,3% -17,6%

Banco de Câmbio - - 2 - - - Sociedade de Arrendamento Mercantil

67 58 31 -13,4% -46,6% -53,7%

Sociedade de CFI 41 47 59 14,6% 25,5% 43,9% Sociedade de Crédito Imobiliário e Associação de Poupança e Empréstimo

27 18 14 -33,3% -22,2% -48,1%

Sociedade Corretora de TVM 240 147 99 -38,8% -32,7% -58,8%

Sociedade Corretora de Câmbio 45 43 47 -4,4% 9,3% 4,4%

Sociedade Distribuidora de TVM 378 146 126 -61,4% -13,7% -66,7%

Agência de Fomento - 11 16 - 45,5% -

Companhia Hipotecária - 6 8 - 33,3% -

Subtotal 1.065 666 580 -37,5% -12,9% -45,5%

Cooperativa de Crédito 877 1.454 1.312 65,8% -9,8% 49,6%

Sociedade de Crédito ao Microempreendedor e à Empresa de Pequeno Porte

- 49 42 - -14,3% -

Subtotal 1.942 2.169 1.934 11,7% -10,8% -0,4%

Consórcio 485 365 284 -24,7% -22,2% -41,4%

Totais 2.427 2.534 2.218 4,4% -12,5% -8,6%

Fonte: BACEN, 2011.

Quanto ao percentual de ativos totais do sistema financeiro nacional, bancos

comerciais perderam terreno nas últimas décadas, assim como as caixas

econômicas, dando espaço principalmente aos bancos múltiplos. Parte desta

movimentação se deve à migração de alguns bancos comerciais para o conceito de

bancos múltiplos. As sociedades de arrendamento mercantil, de crédito e

investimento, e cooperativas de crédito cresceram timidamente durante o período

(Tabela 40).

84

Tabela 40 – Participação percentual dos diversos segmentos do SFN nos ativos totais do sistema

Segmento Dez/96 Dez/03 Dez/11

Banco Múltiplo 52.76 69.33 70.11

Banco Comercial 15.10 1.83 0.57

Caixa Econômica 13.64 10.51 8.10

Cooperativas de Crédito 0.25 1.04 1.37

Banco de Desenvolvimento 7.08 10.89 9.76

Banco de Investimento 1.67 1.53 0.86

Sociedade de Crédito, Financiamento e Investimento 0.59 1.00 1.93

Sociedade de Arrendamento Mercantil 3.36 2.52 6.54

Companhia Hipotecária - 0.004 0.03

Sociedade de Cred. Imob. e Assoc. de Poupança e Empréstimo 1.11 0.29 0.08

Agência de Fomento - 0.20 0.11

Sociedade Corretora de Títulos e V. Mobiliários e Corr. de Câmbio 1.50 0.53 0.34

Sociedade Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários 2.94 0.32 0.18

Sociedade de Crédito ao Microempreendedor e à EPP - 0.002 0.002

Total 100.00 100.00 100.00

Fonte: BACEN, 2011.

4.3.2 Agências de Fomento

A resolução N. 2828 de 2001 do Banco Central dispõe sobre as agências de

fomento e suas permissões para atuar no mercado financeiro, delimitando assim sua

função e área de atuação. Segundo a resolução, as agências não têm permissão

para captar recursos junto ao público, contratar depósitos interfinanceiros na

qualidade de depositante ou de depositária, nem ter participação societária em

outras instituições financeiras, não têm acesso ao redesconto, conta de reserva no

Banco Central, embora sejam consideradas instituições financeiras (mas não

bancos). Agências de Fomento são financiadas com recursos próprios e repasses

de fundos constitucionais, orçamentos federal, estadual e municipal, e organismos e

instituições financeiras nacionais e internacionais de desenvolvimento. Segundo ela,

as agências fornecem financiamentos de capital de giro e capital fixo para projetos

dentro de seu estado (Tabela 41).

85

Tabela 41 – Listagem das agências de fomento brasileiras

Agência de fomento Sigla/Nome Website

Agência de Fomento de Alagoas Desenvolve www.desenvolve-al.com.br

Agência de Fomento do Amapá S.A. AFAP www.afap.ap.gov.br

Agência de Fomento do Estado do Amazonas S.A. AFEAM www.afeam.org.br

Agência de Fomento do Estado da Bahia S.A. Desenbahia www.desenbahia.ba.gov.br

Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo Bandes www.bandes.com.br

Banco de Desenvolvimento do Extremo Sul BRDE www.brde.com.br

Financiadora de Estudos e Projetos FINEP www.finep.gov.br

Agência de Fomento do Estado de Goiás S.A. Goiás Fomento www.fomento.goias.gov.br

Agência de Fomento do Estado de Mato Grosso S.A. MT Fomento www.mtfomento.mt.gov.br

Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais BDMG www.bdmg.mg.gov.br

Agência de Fomento do Estado do Paraná S.A. AFPR www.afpr.pr.gov.br

Agência de Fomento e Desenvolvimento do Estado do Piauí S.A.

PIAUÍ FOMENTO www.fomento.pi.gov.br/

Agência de Fomento do Estado do Rio de Janeiro Investe Rio www.investerio.com.br

Agência de Fomento do Rio Grande do Norte S.A. AGN www.agnrn.com.br

Badesul Desenvolvimento S.A. Agência de Fomento/RS

Badesul www.badesul.com.br

Agência de Fomento do Estado de Roraima S.A. Aferr www.aferr.rr.gov.br

Agência de Fomento do Estado de Santa Catarina S.A.

Badesc www.badesc.gov.br

Agência de Fomento do Estado de São Paulo Desenvolve SP agenciadefomentopaulista.com.br

Agência de Fomento do Estado do Tocantins S.A. FomenTO www.to.gov.br/fomento

Fonte: elaboração própria.

As maiores agências de fomento (segundo o total bruto da carteira de

crédito) são as dos estados de MG, RS e ES (Tabela 42).

Tabela 42 – Balanço e resultados das agências de fomento brasileiras

R$ Mil

B

A (%)

(%)

Local Crédito A-B PL Repasses Ativo Total TVM Carteira de

Crédito Cred./

AT Receita

Bruta Lucro

Liq. Mar-gem

AL 538 - 20,421 N/D 22,481 20,820 538 2.39 2,091 590 28.22 AP 3,414 3,414 (899) - 4,924 1,130 3,414 69.33 N/D N/D N/D AM

-

BA 265,701 48,028 381,693 279,196 738,373 283,909 327,224 44.32 99,054 23,521 23.75 ES 619,166 65,458 156,174 558,918 1,033,975 386,070 624,376 60.39 87,670 11,009 12.56 Sul 6,983,268 219,717 1,253,564 6,794,609 8,338,332 1,049,158 7,014,326 84.12 768,049 92,134 12.00 FINEP - 3,394,138 1,102,257 1,038,127 6,333,286 125,759 4,432,265 69.98 541,655 85,656 15.81 GO 30,180 27,143 106,138 3,037 118,744 4,426 30,180 25.42 14,297 6,380 44.62 MT 3,953 - 16,735 N/D 91,443 11,170 4,258 4.66 4,518 (246) (5.44) MG 1,741,942 941,907 1,150,733 1,186,704 2,639,942 551,042 2,128,611 80.63 279,384 81,510 29.17 PR 12,252 642,310 1,305,134 3,420 1,355,402 709,745 645,730 47.64 146,440 88,093 60.16 PI 531 - 9,137 N/D 9,295 8,759 531 5.71 551 (170) (30.8) RJ N/D 20,585 312,787 34,097 352,809 303,551 54,682 15.50 N/D (85) N/D RN N/D 4,714 17,543 3,476 24,524 13,144 8,190 33.40 1,200 238 19.79 RS 1,589,695 104,384 561,004 1,579,485 2,273,543 610,942 1,683,869 74.06 205,083 77,593 37.83 RO

-

SC 260,720 164,727 455,507 173,114 685,999 378,154 337,841 49.25 106,206 2,205 2.08 SP 305,388 235,826 1,024,642 101,159 1,153,348 819,151 336,985 29.22 122,896 57,103 46.46 TO 7,480 6,924 8,521 910 9,593 3,373 7,834 81.66 2,036 (1,315) (64.6)

Total 11,824,228 5,879,275 7,881,091 11,756,252 25,186,013 5,280,303 17,640,854 45.75 2,381,130 524,216 15.44

Fonte: Demonstrações Contábeis das Agências, elaboração própria.

86

4.3.3 Bancos Múltiplos

Os bancos múltiplos são a espinha dorsal do sistema financeiro nacional,

contanto com cerca de 70% dos ativos totais em balanço. Considerado um

segmento bastante concentrado, seus cinco maiores participantes são responsáveis

por R$ 3,6 trilhões de reais em ativos e quase 19 mil agências em todo o país,

formando um patrimônio líquido estimado em quase R$ 300 bilhões (Tabela 43).

Tabela 43 – Maiores bancos atuantes no Brasil, por ativos totais

Fonte: BACEN, 2012.

Maiores bancos atuantes no Brasil, por ativos totais

Em R$ Mil Data-base: Junho/2012 - Balancetes processados até: 14/08/2012

Instituições Ativo totalPatrimônio

Líquido

Lucro

líquidoNº de func.

Nº de

agências

Índice de

Basiléia

BB 998.360.274 62.528.364 5.630.698 131.125 5.318 14,5

ITAU 838.254.744 76.886.624 6.713.873 122.455 3.871 16,6

BRADESCO 723.478.469 64.107.300 5.629.363 100.393 4.659 16,8

BNDES 630.097.633 55.981.933 2.743.512 3.124 1 19,5

CEF 596.370.638 21.397.946 2.846.348 111.496 2.412 12,9

SANTANDER 448.428.308 66.386.234 1.451.324 54.375 2.535 21,9

HSBC 148.409.405 9.415.367 602.46 30.186 868 13,5

VOTORANTIM 116.311.893 9.303.812 -1.132.162 1.643 37 15,5

SAFRA 90.506.617 6.367.901 596.755 5.813 106 13,1

BTG PACTUAL 82.308.853 8.935.868 923.513 1.098 7 18,7

CITIBANK 62.054.085 7.580.030 470.502 6.124 128 16,1

BANRISUL 42.975.291 4.653.001 419.602 11.441 455 19,3

JP MORGAN CHASE 38.709.122 3.417.944 162.639 931 6 13,8

CREDIT SUISSE 34.809.676 3.246.670 213.018 39 2 17,4

DEUTSCHE 32.831.529 1.430.819 51.027 329 2 14,0

BNB 29.652.698 2.570.425 246.006 10.644 188 17,0

VOLKSWAGEN 24.077.219 2.021.038 33.836 955 1 14,3

BMG 21.857.333 3.175.724 -279.244 630 19 13,2

BANSICREDI 19.303.936 475.3 22.454 348 5 15,7

BNP PARIBAS 17.930.129 2.490.111 89.229 573 11 14,4

BIC 17.864.563 2.013.785 67.247 936 38 17,1

PANAMERICANO 14.264.212 2.835.836 -322.585 738 1 20,1

BANCOOB 13.583.691 435.852 21.953 405 4 13,7

ALFA 13.275.267 1.960.545 88.227 1.281 9 17,6

SOCIETE GENERALE 13.202.348 790.419 -133.82 478 3 14,9

RABOBANK 13.039.585 970.076 96.973 467 15 13,3

DAYCOVAL 13.034.875 2.013.361 176.558 1.048 34 18,1

ABC-BRASIL 12.918.067 1.565.771 111.924 561 7 14,2

MERCANTIL DO BRASIL 12.430.731 857.919 29.511 3.646 167 12,4

FIBRA 11.567.810 1.008.724 6.223 603 17 12,7

87

Os bancos múltiplos agem no fomento a micro e pequenas empresas

principalmente através de repasses do BNDES, além de outras operações de crédito

e capital de giro. O histórico do BNDES o coloca como principal financiador da

indústria, infraestrutura, e geração e transmissão de energia no país nos últimos 60

anos. Seu objetivo é de apoiar via financiamentos de longo prazo empreendimentos

que contribuam para o desenvolvimento econômico e social do Brasil. Dentre eles,

podemos destacar investimentos em negócios privados focados em infraestrutura,

insumos básicos para retomada do crescimento industrial, exportações, tecnologia

nacional, fomento a pequenas e médias empresas e integração continental para a

América do Sul. Uma das características de interesse no BNDES é seu papel na

formulação de políticas públicas e na identificação de soluções para problemas de

cunho estrutural na economia Brasileira (BNDES, 2010).

O Banco do Brasil é um dos maiores atuantes do segmento de micro e

pequenas empresas, fazendo uso de sua capilaridade superior para atingir um

grande número de empresas. Suas operações no setor contam com

aproximadamente 2,1 milhões de clientes, e somam um saldo de R$68,1 bilhões (no

balanço) ao final de 2011, dos quais R$ 47,9 bilhões eram de capital de giro. No

setor de fomento, o BB age em parceria com outras organizações, como os Arranjos

Produtivos Locais (APL), que buscam promover a associação e a cooperação entre

os empreendedores, ampliar a concessão de crédito e fomentar a expansão e a

inovação tecnológica, e o Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste

(FCO). Os APL somavam 21 mil empreendimentos, com um volume de empréstimos

junto ao BB de R$2,7 bilhões, enquanto o FCO recebeu R$ 5,5 bilhões em 73,5 mil

operações, das quais 36% beneficiaram tomadores de mini/micro e pequeno porte

(BANCO DO BRASIL, 2012).

O Banco Itaú atende pequenas e médias empresas através do setor de

empresas de seu banco de varejo, que atende empresas de faturamento até R$150

milhões. No último trimestre de 2011 este possuía R$85,7 bilhões nesta modalidade

em sua carteira de crédito, o que representa um crescimento de 2,2% em relação ao

trimestre anterior, e 12,6% em relação ao final de 2010 (ITAÚ, 2012).

O Bradesco, em 2011, se manteve pelo nono ano consecutivo, como o

maior repassador de recursos do BNDES para micro, pequenas e médias empresas,

com 21,4% do total dessas operações, somando R$8,6 bilhões (até Outubro de

88

2011), e com R$31,4 bilhões em carteira desse tipo de operação. Considerando as

operações de repasse do BNDES como um todo, e não apenas PMEs, O Bradesco

também é um dos maiores repassadores do mercado, com 19,48% do total de

operações, com R$13,2 bilhões (BRADESCO, 2012).

Para a Caixa Econômica Federal (2012) As operações de crédito em 2011

apresentaram saldo de R$ 249,5 bilhões, um crescimento de 42,0% em 12 meses,

com destaque para o crédito habitacional, que evoluiu 41,1%, somando R$ 152,9

bilhões. A concessão de crédito às pequenas, médias e grandes empresas,

incluindo o setor público, totalizou R$ 65,7 bilhões.

4.3.4 BNDES

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é uma

empresa pública federal brasileira, de personalidade jurídica de direito privado e

patrimônio próprio, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e

Comércio Exterior (Lei nº 5.662 e Decreto nº 68.786 de 1971). O BNDES foi fundado

na década de 1950 (Lei nº 1.628), durante o governo do presidente Gaspar Dutra,

como uma autarquia e órgão de fomento econômico do Plano SALTE (Saúde,

Alimentação, Transporte e Energia) (BNDES, 2010).

O histórico do BNDES o coloca como principal financiador da indústria,

infraestrutura, e geração e transmissão de energia no país nos últimos 60 anos. Seu

objetivo é de apoiar via financiamentos de longo prazo empreendimentos que

contribuam para o desenvolvimento econômico e social do Brasil. Dentre eles,

podemos destacar investimentos em negócios privados focados em infraestrutura,

insumos básicos para retomada do crescimento industrial, exportações, tecnologia

nacional, fomento a pequenas e médias empresas e integração continental para a

América do Sul. Uma das características de interesse no BNDES é seu papel na

formulação de políticas públicas e na identificação de soluções para problemas de

cunho estrutural na economia Brasileira (BNDES, 2010).

O BNDES possui posição de grande relevância no mercado financeiro do

Brasil, sendo o quarto maior banco em ativos, totalizando R$630,1 bilhões

89

(superando inclusive a Caixa Econômica Federal) com capital de quinto maior em

patrimônio líquido e quinto maior em lucro líquido, ao final de 2011 (Tabela 44).

Tabela 44 – Maiores bancos atuantes no Brasil, por ativos totais

Fonte: BACEN, 2012.

A significância do BNDES pode ser mais bem apreciada através de suas

métricas quando comparadas ao total do Sistema Financeiro Nacional brasileiro:

este banco é responsável por mais de 11% dos ativos e patrimônio líquido, e 8,9%

dos lucros líquidos apurados no segundo trimestre de 2012 (Tabela 45).

Tabela 45 – Representatividades do BNDES no Sistema Financeiro Nacional

Fonte: BACEN, 2012.

Em número de operações, a maior parte dos financiamentos foram feitos

junto a micro e pequenas empresas, somando 76% do total de operações, seguido

por pessoas físicas, com 11%, e médias empresas, com 7%. No entanto, em valores

investidos, 64% dos recursos foram destinados a grandes empresas, 20% para

micro e pequenas empresas, e 10% para as médias. Esse padrão é recorrente de

longa data, e demonstra a dificuldade de acesso a crédito e a capital para empresas

de menor porte no Brasil (Tabela 46 e Tabela 47, Figura 17 e Figura 18).

Maiores bancos atuantes no Brasil, por ativos totais

Em R$ Mil Data-base: Junho/2012 - Balancetes processados até: 14/08/2012

Instituições Ativo totalPatrimônio

Líquido

Lucro

líquidoNº de func.

Índice de

Basiléia

Índice de

imobilização

BB 998.360.274 62.528.364 5.630.698 131.125 14,5 29,6

ITAU 838.254.744 76.886.624 6.713.873 122.455 16,6 40,2

BRADESCO 723.478.469 64.107.300 5.629.363 100.393 16,8 43,5

BNDES 630.097.633 55.981.933 2.743.512 3.124 19,5 36,0

CEF 596.370.638 21.397.946 2.846.348 111.496 12,9 14,9

SANTANDER 448.428.308 66.386.234 1.451.324 54.375 21,9 33,6

HSBC 148.409.405 9.415.367 602.46 30.186 13,5 33,8

VOTORANTIM 116.311.893 9.303.812 -1.132.162 1.643 15,5 2,6

SAFRA 90.506.617 6.367.901 596.755 5.813 13,1 24,1

BTG PACTUAL 82.308.853 8.935.868 923.513 1.098 18,7 35,6

Representatividade do BNDES no Sistema Financeiro Nacional

Em R$ Mil Data-base: Junho/2012 - Balancetes processados até: 14/08/2012

Instituições Ativo total Depósito totalPatrimônio

LíquidoLucro líquido Nº de func.

BNDES 630,097,633 21,079,266 55,981,933 2,743,512 3,124

SFN 5,532,739,372 1,741,209,406 502,960,074 30,882,316 632,490

BNDES/SFN 11.4% 1.2% 11.1% 8.9% 0.5%

90

Tabela 46 – Operações de Financiamento via BNDES em 2011

Figura 17 – Operações de financiamento via BNDES em 2011

Fonte: BNDES, 2012.

Tabela 47 – Evolução dos desembolsos anuais do BNDES

__________________________________________________________

Fonte: BNDES, 2012.

Figura 18 – Desembolsos do BNDES por setor de atividade

Fonte: BNDES, 2012.

Operações de Financiamento via BNDES em 2011Em R$ Bilhões

Porte de

Empresa

Número de

Operações

Distribuição

das operações Desembolsos

Proporção dos

desembolsos

Pessoa Física 102,616 11.4% 8.3 6.0%

Micro e Pequeno 681,760 76.1% 27.5 19.6%

Médio 62,137 6.9% 14.0 10.0%

Grande 49,933 5.6% 89.1 63.8%

Total 896,446 100.0% 139.7 100.0%

5.6%

63.8%

6.9%

10.0%

76.1%

19.6%

11.4% 6.0%

0%

25%

50%

75%

100%

Número de Operações Desembolsos

Pessoa Física

Micro e Pequeno

Médio

Grande

Evolução dos Desembolsos Anuais do BNDESInclui mercado secundário

Ano 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Em R$ Bilhões 23.4 25.7 47.1 52.3 64.9 92.2 137.4 168.4 139.7

Em US$ Bilhões 11.7 13.7 19.6 24.1 34.0 49.8 72.2 96.3 82.3

Convertidos em US$ nas datas de desembolso

7 8 5 5 7 12 12 14 16 21

35 30 38 36 33 40 39 35 31

40

46 48 40 50 53 40 43 46 47 32

7 8 5 5 7 12 12 14 16 21

0%

20%

40%

60%

80%

100%

2002 2005 2008 2011

Agronegócio

Indústria

Infraestrutura

Comércio/Serviços

91

4.3.5 Cooperativas de Crédito

As Cooperativas de Crédito são constituídas sob a forma de sociedade

cooperativa, com o objetivo de prestar serviços financeiros aos associados, como

por exemplo: concessão de crédito, captação de depósitos, recebimento e

pagamentos por conta de terceiros em convênio com instituições financeiras e

correspondentes no país. A circular Nº 3.502 do Banco Central do Brasil dispõem

sobre os procedimentos a serem tomados pelas cooperativas. Cerca de 40% da

carteira de microcrédito do BNDES é constituída de repasses para as cooperativas

que operam com micro e pequenas empresas e empreendedores individuais

(BNDES, 2012).

4.3.6 Factoring e Fomento Mercantil

Também conhecido no Brasil como ‘fomento comercial’, ‘fomento mercantil’

ou ainda ‘faturização’, o Factoring foi iniciado no país a partir de 1982, data de

fundação da Associação Nacional das Sociedades de Fomento Mercantil – Factoring

(ANFAC). As empresas de Factoring não necessitam de autorização do Banco

Central do Brasil para atuarem, pois não são classificadas como instituições

financeiras (embora já haja certa discussão nesse sentido). A principal diferença em

relação aos bancos é a não captação de recursos de terceiros, e por conseguinte

não agem como intermediadores financeiros. Suas atividades são regidas pelo

direito mercantil no Brasil, mas já são reguladas em 67 outros países (ANFAC,

2010).

Segundo a ANFAC (2010), agência autorreguladora do mercado, o Factoring

é uma atividade caracterizada pela prestação de serviços variados e abrangentes de

apoio às pequenas e médias empresas (PMEs), conjugada à compra de direitos

creditórios originados de vendas mercantis realizadas por seus clientes. Além de

realizar o desconto de DCs, há o controle de estoques, o acompanhamento de

92

contas a pagar e a receber, a expansão de vendas, a orientação de tomada de

decisões, controle de qualidade de crédito e o fornecimento de recursos necessários

para a produção. Suas utilidades à PME vão portanto além de mera fonte de

financiamento, que não consiste em empréstimos, mas sim no adiantamento de

recebíveis.

Em 2010 a ANFAC registrou entre seus mais de mil associados pouco

menos de R$ 81 bilhões de giro nas carteiras de Factoring, sendo 80,2% desse

volume na região Sudeste do Brasil (Tabela 48). Segundo dados de 2012, o setor

beneficia cerca de 150 mil PMEs e 2,5 milhões de pessoas, de maneira direta e

indireta.

A composição do capital social deste tipo de instituição era representada por

80% de capital dos sócios, 12,5% recursos de mútuos e 7,5% de crédito bancário.

Os principais segmentos beneficiados pelo Factoring são o metalúrgico (26,5% da

carteira de Factoring), comercial (18,5%), serviços (13,0%), têxtil (8,5%), sucro-

alcooleiro (5,5%) e outros diversos (28,0%) (ANFAC, 2010).

Tabela 48 – Carteiras de Factoring por região

_________________________________________________________________

Fonte: ANFAC, 2010.

O SEBRAE (2013) lista uma série de vantagens diretas e indiretas da

utilização do Factoring por PMEs:

1. Pagamento à vista, de vendas realizadas a prazo, pelo empresário;

2. Garantia de pagamento de créditos comerciais;

3. Ampliação do capital de giro das empresas;

4. Redução do endividamento das empresas, proveniente de clientes

inadimplentes;

# R$ Milhões R$ Milhões (%) # #

Regiões Associadas Capital Carteira Inadimplência Empregados Clientes

Sudeste 337 19.795 67.335 3,63 5.650 95.045

Sul 73 3.111 6.585 3,43 1.200 16.850

Nordeste 71 2.242 3.930 3,78 1.195 15.605

Centro-Oeste 38 899 1.860 3,90 730 8.945

Norte 34 562 1.035 4,05 470 4.155

Total 553 26.609 80.745 3,63 9.245 140.600

93

5. Acesso a fontes legais de recursos, com disponibilidade imediata de

dinheiro, amenizando as restrições impostas às micro e pequenas

empresas, que dependem de empréstimos bancários;

6. Acesso seguro às exportações;

7. Capitalização da empresa.

8. Aprimoramento de estruturas financeiras, simplificação contábil e

redução de custos fixos nas vendas a prazo, eliminando esforços de

cobrança de crédito duvidoso;

9. Reorganização interna dos setores administrativos e contábil, com

redução de custos internos;

10. Maior confiança na expansão de vendas das empresas;

11. Otimização de capacidade gerencial do empresário em termos de

compras e vendas;

12. Maior estabilidade empresarial – o Factoring assume riscos de

impontualidade do comprador;

O Factoring é um grande utilizador da securitização como forma de

financiamento próprio. De acordo a Anbima, fundos de investimentos em direitos

creditórios (FIDCs) de Fomento Mercantil constituíam em Agosto de 2012 cerca de

R$ 4,7 bilhões em patrimônio líquido, ou seja, 7,4% do PL total de FIDCs e apenas

0,22% do total de fundos no Brasil, sendo distribuídos entre cerca de 115 fundos de

investimento. Entre a categoria dos FIDCs, os fundos de Factoring captaram cerca

de 15% (R$ 894,6 milhões) do volume entre 2011 e 2012. Embora relevantes,

constituíram assim menos de 0,1% do total de captações no período (ANBIMA,

2013).

4.3.7 Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP)

A Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) é uma empresa pública de

direito privado constituída (Decreto no. 61.056, que regulamentou a autorização

disposta no art. 191 do Decreto-lei n. 200 e no Decreto-lei n. 298, e carta Carta-

Patente n. A-67/3247, todos de 1967). A FINEP objetiva de financiar o

94

desenvolvimento de estudos, projetos e programas de desenvolvimento econômico

estabelecidos nos planos de ação do Governo Federal, assim como apoiar o

aperfeiçoamento da tecnologia nacional, na área de engenharia de projetos e

assistência técnica (FINEP, 2012).

Em 1971 (Decreto n. 68.748), a FINEP assumiu a Secretaria Executiva do

Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), responsável

pelo financiamento da expansão do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e

Inovação (SNCTI). No primeiro semestre de 1985, a FINEP se desvinculou do

Ministério do Planejamento e Coordernação-Geral, passando a ser vinculada ao

Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI, decreto n. 91.146).

Segundo a própria FINEP (2012), sua atuação é impar, inclusive quando

comparada a outras experiências internacionais, pois seu escopo de atuação

compreende o apoio financeiro a todos os segmentos e atores que compõem o

SNCTI, como: universidades, institutos de pesquisas, instituições governamentais,

organizações não governamentais, empresas e agentes repassadores de recursos,

públicos e privados, que atuam no plano nacional ou federal, estadual e municipal.

Considerando seus diversos papéis, a FINEP se constitui como Agência Brasileira

da Inovação, podendo captar recursos financeiros de diferentes fontes – recursos do

orçamento fiscal e de terceiros públicos, nacionais e internacionais.

Na última década houve uma mudança no padrão de financiamento à

inovação. Em 2000 apenas a FINEP concedia crédito, participando com 2,2% do

gasto em P&D do setor produtivo. Ao longo da década a renúncia fiscal da Lei do

Bem entrou em operação, bem como as linhas de crédito do BNDES (Figura 19).

Estima-se que em 2011 o apoio da FINEP deva superar o patamar de 10%

do dispêndio em P&D, tendo em vista que o desembolso com as operações de

crédito cresceu cerca de 44% em 2011, em relação a 2010 (FINEP, 2012).

95

Figura 19 – Participação dos desembolsos da FINEP no dispêndio empresarial em P&D

Fonte: FINEP, 2012.

Estima-se atualmente que os instrumentos operados pela FINEP e BNDES,

acrescidos da renúncia fiscal, representem cerca de 30% do dispêndio empresarial

em P&D. No entanto, esses dispêndios duplicaram na década, demonstrando que os

recursos públicos alavancaram novos investimentos em P&D, o que permite

considerar que a taxa de crescimento do investimento, efeito desejado para alcançar

a meta de governo, possa ser conseguido com a ampliação da oferta de recursos

financeiros (FINEP, 2012).

De modo geral, todos os instrumentos utilizados para o financiamento às

empresas estão previstos no Estatuto da FINEP e na Lei nº 11.540/2007, que

regulamentou o FNDCT, são eles:

1. Subvenção econômica: concessão de recursos não reembolsáveis

para empresas (Ação 0A29 da LOA do FNDCT – exclusivamente na

função de Secretaria Executiva do FNDCT).

2. Crédito: concessão de recursos reembolsáveis para empresas (Ação

0A37 da LOA das “Operações Oficiais de Crédito”, sob supervisão

do FNDCT).

2,2

%

1,4

%

1,8

%

2,7

%

2,6

%

3,3

%

5,2

%

4,7

%

8,5

%

7,1

%

8,7

%

0,0%

10, 0%

20, 0%

30, 0%

40, 0%

50, 0%

60, 0%

70, 0%

80, 0%

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Dispêndio empresarial em P&D % Desembolso FINEP

Valores constantes (ano base 2010), em R$ MM, índice IGP-DI

96

3. Equalização de taxa de juros: instrumento que permite à FINEP

conceder às empresas crédito subsidiado (Ação 0741 da LOA do

FNDCT).

4. Investimento: operações de participação minoritária em fundos de

investimentos privados (Ação 0745 da LOA do FNDCT).

5. Garantia de liquidez: instrumento de mitigação parcial do risco

inerente às aplicações nos fundos de investimento, atualmente

utilizado no âmbito do Programa Inovar Semente, garantindo aos

investidores privados retorno do principal investido. (Ação 0748 da

LOA do FNDCT).

Os recursos do orçamento de 2011 referentes ao empréstimo do FNDCT

para financiamento de projetos de empresas (ação 0A37) no valor de R$ 794,7

milhões (R$ 500 milhões – valor Lei – mais R$ 294,7 milhões – créditos adicionais)

foram totalmente transferidos para a FINEP, gerando uma execução orçamentária e

financeira de 100%. Deste montante, R$ 550 milhões foram liberados às empresas,

representando 31,4% do total de recursos liberados em 2011 para projetos

reembolsáveis. Com estes recursos foram efetuadas 79 liberações referentes a 57

projetos financiados da carteira de projetos em desembolso (176 projetos).

A captação de recursos da FINEP se dá através do Fundo de Amparo ao

Trabalhador (FAT), Fundo Nacional de Desenvolvimento (FND), Fundo para o

Desenvolvimento das Telecomunicações (FUNTTEL), Tesouro Nacional (Programa

de Sustentação do Investimento, PSI) e o Fundo Nacional de Desenvolvimento

Científico e Tecnológico (FNDCT) (Tabela 49):

97

Tabela 49 – Evolução da captação de recursos para operações de crédito

(em R$ Milhões)

Fonte de Recursos(3)

(crédito) 2007 2008 2009 2010 2011

FAT 230 180 180 0 220(1)

FND 120 120 0 - -

FUNTTEL 0 0 0 50 50

Tesouro/PSI - - - 0 3750(2)

FNDCT 38 225 619,2 406,5 794,7

Total 388 525 799,2 456,5 4.814,70 Notas:

(1) FAT – Captação: R$ 220,0 milhões / Ingresso: R$ 63,0 milhões;

(2) Tesouro/PSI Empréstimo – Captação: R$ 3,0 bilhões / Ingresso: R$ 999,9 milhões;

(2) Tesouro/PSI Agente Financeiro – Captação: R$ 750,0 milhões / Ingresso: R$102,4 milhões;

(3) Não contempla os recursos do Fundo Setorial do Audiovisual – FSA/ANCINE, em função da característica das suas

operações que, diferentemente das fontes citadas, são operações de investimento, e não de crédito.

Fonte: FINEP, 2012

Ao final de dezembro de 2011, a carteira de projetos em acompanhamento

era de 348 contratos em vigor provenientes de 273 empresas, totalizando um saldo

devedor de R$ 4,2 bilhões, o que representa 97,8% do Realizável correspondente às

rubricas Financiamentos-Contratos no valor de R$ 4,3 bilhões, conforme consta no

Balanço Patrimonial da FINEP (Tabela 50).

Tabela 50 – Evolução dos valores captados, contratados, liberados e realizável bruto

2008 2009 2010 2011

Valores Captados (1)

525 799 456 4.815

Valor Contratado 872 1.679 1.510 1.992

Valor Liberado 741 880 1.218 1.753

Realizável Bruto (2)

1.966 2.504 3.318 4.432 Notas:

(1) Os valores contratados, liberados e o realizável bruto não referem-se

necessariamente à captação realizada em cada exercício, visto que para

algumas fontes os valores captados podem ser utilizados inclusive ao longo de

outros exercícios.

(2) O Realizável Bruto corresponde ao somatório das seguintes rubricas do

Balanço Patrimonial da FINEP: Financiamentoscontratos, Encargos s/

Empréstimos e Financiamentos e Cobrança Judicial.

Fonte: FINEP, 2012.

Segundo a FINEP (2012), o valor contratado em 2011 chegou a quase R$ 2

bilhões de reais, focado principalmente nas regiões Sudeste (44,4% do montante) e

Sul (39,8%) do país. Os setores mais favorecidos foram o da indústria (57,8% do

98

total monetário) e serviços (27,8%). O índice de inadimplência tem caído

substancialmente desde 2008, de 8% do total realizável para apenas 1% ao final de

2011. Entretanto, não há abertura clara dos montantes contratados e

desembolsados por porte da empresa nos relatórios institucionais da FINEP.

Finalmente, desde 2006 a FINEP lança editais de Subvenção Econômica e

já atenderam cerca de 800 empresas de todos os portes, com investimentos na casa

de R$ 1,5 bilhão. Desse universo, 74%, ou seja, cerca de 600, são micro ou

pequenas empresas. Elas receberam mais de 60% dos recursos, o que representa

cerca de R$ 1 bilhão. A classificação utilizada para o porte das empresas é a mesma

do BNDES (FINEP, 2012).

4.3.8 FINEP e fundos de Private Equity e Venture Capital

A FINEP operacionaliza esta ação através do Programa INOVAR, que é

constituído do INOVAR Fundos, o INOVAR Semente, o Venture Fórum FINEP e o

Seed Fórum FINEP. Através deste Programa são apoiadas empresas inovadoras

com alto potencial de crescimento através de investimento em fundos de capital

semente, Venture Capital e fundos de Private Equity (FINEP, 2012).

Em 2011, treze empresas foram investidas através dos fundos Inovar, porém

não houve a aprovação de nenhum fundo novo. O Fundo FSCRec não atingiu a

captação mínima para entrar em operação e foi cancelado. O Fundo de Fundos CD

Brasil teve sua aprovação revogada devido ao desligamento da maioria dos

membros da equipe-chave do fundo e da consequente e prejudicial ampliação do

tempo de captação de recursos.

A FINEP (2012) relata que o orçamento total aprovado para essa ação em

2011 foi de R$ 61,0 milhões, dos quais foram empenhados R$ 58,7 milhões, com

uma execução orçamentária de 96%. Em relação à execução física, um fundo foi

contratado e aprovado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e entrou em

operação. Cabe registrar que a meta estabelecida não condiz com a realidade da

atividade de investimento em fundos da FINEP tendo em vista, principalmente, o

volume de orçamento e a demanda de mercado.

99

Atualmente a carteira da FINEP é composta por 24 fundos: 21 em operação,

2 aprovados e 1 desinvestido. Até o momento, 88 empresas inovadoras foram

apoiadas pelos fundos (Tabela 51).

Tabela 51 – Fundos de investimento apoiados pela FINEP

Fundo Gestor Patrimônio Total

(R$ milhões) Participação

FINEP

GP Tecnologia GP Investimentos 44,2 5,25%

SPTEC CRP Companhia de Participações 24 13,33%

Stratus GC I Stratus Investimentos 24,1 19,96%

RB Investech II Rio Bravo Investimentos 35,3 14,16%

Novarum Jardim BotânicoPartners 12,8 29,80%

CRP VI CRP Companhia de Participações 61,5 16,26%

Stratus GC III Stratus Investimentos 60 20,00%

FIPAC DGF Gestão de Fundos 102 13,72%

Fundotec II FIR Capital Partners 77,4 18,09%

JB VC I Jardim Botânico Partners 100 10,00%

RB Nordeste II Rio Bravo Investimentos 131,8 11,38%

Brasil Governança BR Educacional 600 5,00%

Capitaltech Invest Tech 31,4 28,66%

Horizon TI SPE HorizonTI (Confrapar) 19,9 37,22%

Terra Viva DGF Gestão de Fundos 296,2 6,75%

Brasil Agronegócio BRZ Investimentos 840 5,00%

CAPITAL MEZANINO II Neo Gestão de Recursos 288,8 6,93%

CRP VII CRP Companhia de Participações 313 9,58%

Fundo SC SPE Fundo SC (FIR Capital Partners) 12 49,00%

NascenTI SPE NascenTI (Confrapar) 35 40,00%

Burril BrasilI Burril Brasil Investimentos 200 10,00%

DGF Inova DGF Gestão de Fundos 50 70,00%

Performa SC I Performa Investimentos 26,6 48,96%

Portfolio FIR DFJ SPE Portfolio FIRDFJ 50 70,00%

TOTAL 3.436,00

Legenda: Fundos Encerrados

Fundos em Operação

Fundos Aprovados em Captação Fonte: FINEP, 2012

No exercício de 2011, a FINEP (2012) comenta que foram realizadas as

seguintes atividades: o 19º Venture Forum FINEP, durante o congresso anual da

ABVCAP; 2 edições do Seed Forum FINEP, em São Paulo e no Rio de Janeiro; o 6º

Fórum Abertura de Capital, em parceria com a BM&F BOVESPA; e o 1º Fórum Sul

100

Brasileiro, em que a FINEP transferiu metodogia para a Federação das Indústrias do

Paraná (FIEP).

Durante estes eventos, foram avaliadas 103 empresas na banca de seleção,

e 53 empresas receberam um programa de capacitação com duração de 6 semanas

pelos analistas da FINEP antes da apresentação para uma plateia de investidores.

Seed Forum, além de 6 edições do Fórum Brasil Abertura de Capital, evento para

grandes empresas que foi retomado este ano. Estas ações já receberam mais de

4.250 cadastros através do portal Venture Capital FINEP

(www.venturecapital.gov.br). Destas empresas, 345 foram capacitadas, sendo 105

apenas nos últimos dois anos, isto é, pouco mais de 30% das empresas foram

capacitadas apenas neste período. Do total, 75 receberam alguma modalidade de

investimento (FINEP, 2012).

4.3.9 Fundos Constitucionais de Financiamento

São fundos criados com o objetivo de financiar o setor produtivo das regiões

Norte, Nordeste e Centro-Oeste, e municípios incluídos na área de atuação da

Sudene dos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo. Esses fundos têm como

objetivo financiar pessoas físicas e jurídicas, diminuindo a desigualdade regional do

País, e podem ser acessados pelos setores agroindustrial, agropecuário, comercial,

industrial, mineral, de serviços e turístico.

Há três fundos constitucionais: FCO – Fundo Constitucional de

Financiamento do Centro-Oeste, destinado exclusivamente à região Centro-Oeste,

operado pelo Banco do Brasil (BB); FNE – Fundo Constitucional de Financiamento

do Nordeste, destinado exclusivamente à região Nordeste e municípios dos estados

de Minas Gerais e do Espírito Santo incluídos na área de atuação da Sudene,

operado pelo Banco do Nordeste (BNB); FNO – Fundo Constitucional de

Financiamento do Norte, destinado exclusivamente à região Norte, operado pelo

Banco da Amazônia (BASA).

As taxas de juros variam de acordo com o porte da empresa e o uso dos

recursos emprestados, sendo de 6,75% ao ano, para empreendedores individuais e

microempresas; 8,25% ao ano para pequenas empresas; 9,50% ao ano, para

101

médias empresas; e 10,00% ao ano para grandes empresas. O prazo de pagamento

é de até 12 anos (há casos especiais como o de projetos de infraestrutura, que

podem chegar a até 15–20 anos de prazo de pagamento), com 3–5 anos de

carência (BANCO DO BRASIL, 2013).

“A conclusion is the place where you got

tired of thinking.”

(Harold Fricklestein)

103

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Das origens do financiamento de empreendedores de através do capital de

risco nos primórdios da civilização, a exemplo da viagem de Colombo financiada

pela realeza Espanhola no século XV, até transações multibilionárias efetuadas por

gigantes do Private Equity, como o LBO de US$ 25 bilhões da RJR Nabisco pela

KKR (MICHEL, SHAKED, 1991) na década de 1980, houve óbvias evoluções no que

tange os métodos e práticas do Private Equity e Venture Capital – contudo, a

essência manteve-se a mesma: a busca do equilíbrio entre retornos excepcionais e

o risco de se falhar completamente; a incerteza é mesmo inexorável.

Por sua essa natureza, o capital de risco desenvolveu ao longo dos séculos

formas de se garantir a sobrevivência do financiador e (de parte) dos

empreendedores. Estruturas de diversificação como a organização em forma de

fundos permitem que insucessos limitem o impacto dos inevitáveis fracassos

(DEMARIA, 2013).

O formato agora já tradicional de organização em forma de General Partners

e Limited Partners evoluiu de maneira intensa ao longo do tempo (LERNER, J.,

SCHOAR, A., 2004), mas ainda prevê alguns problemas inerentes a seu espírito,

como os conflitos de interesse e os custos de agência decorrentes da assimetria de

informação entre os participantes de fundos e transações, e de estruturas de

incentivo nem sempre alinhados (SOMMER, 2012).

A criação de mecanismos de governança corporativa e de gestão garantem

o alinhamento de incentivos e uma mais proximidade entre quem financia e quem

empreende. Esta forte ligação que se cria entre os participantes é o que torna o PE

e o VC tão singular para as pequenas e médias empresas – mais do que apenas

capital, essas empresas são beneficiadas pela melhora de sua administração,

experiência e rede de relacionamentos (FLORIN, 2005).

As PMEs são, nos países desenvolvidos, o grande motor da economia e da

sociedade. Gerando a parcela majoritária dos empregos (VANDELBERG, 2009) e

parte substancial do produto interno bruto destes países (MURA, 2012), além de

colchão de resiliência a crises econômicas (ECORYS, 2011), sua importância é

inegável.

104

No entanto, percebe-se que em países de menor desenvolvimento, como no

Brasil, as PMEs não alcançaram ainda seu verdadeiro potencial. Embora

empreguem a maior parte da população – ainda que desconsiderada a distorção

gerada pelo permeio da informalidade na economia doméstica – tais empresas

consistem em menos de um quinto do produto nacional gerado, o que demonstra

uma lacuna na dinamização da economia do país, ainda baseada no fomento a

grandes corporações (BRASIL, 2012).

Dessa forma, o Private Equity e o Venture Capital surgem como possíveis

motores do desenvolvimento econômico e social do Brasil. Ao servir como fonte

alternativa aos empréstimos bancários, agências de fomento ou empresas de

Factoring, por exemplo, o PE comprovadamente cria valor nas PMEs por meio da

melhoria na administração das empresas (MINARDI et al., 2013), da reestruturação

e barateamento da estrutura de capital da empresa (COLLA, 2012), e do foco no

crescimento e em projetos de longo prazo, mais consistentes e de retornos mais

substanciais (LERNER, J.; SORENSEN, M.; STRÖMBERG, P., 2008).

Por outro lado, o PE surge como fonte de investimento, diversificação e

geração de riqueza para investidores dentro e fora do país, ao criar uma dinâmica de

renda diferente das aplicações e produtos mais corriqueiros como ações ou renda

fixa, apresentando uma baixa correlação aos mercados abertos porém com maior

risco de liquidez (DEMARIA, 2013).

Soma-se a isso o fato de que investimentos de capital de risco têm

apresentado retornos superiores dos que os observados nos mercados abertos

(DEMARIA, 2013), tanto os desenvolvidos quanto os em desenvolvimento. Ademais,

os resultados decorrentes de investimentos em PE e VC no Brasil se mostram

superiores aos percebidos em mercados concorrentes (GVCEPE, 2011). Sem

dúvidas, isso serve de incentivo a fluxos de capital para dentro do Brasil,

fomentando o desenvolvimento da economia.

Vale lembrar, todavia, que a dispersão entre os retornos do PE ou VC são

bastante grandes (KAPLAN, S. N.; SCHOAR, A., 2005). Alguns fatores que foram

possíveis de se observar que se correlacionam positivamente a maiores retornos ao

redor do mundo são os relacionados à experiência dos gestores e investidores, ao

tipo de investidor (LERNER, J., SCHOAR, A., WONG, W., 2007), ao quão inicial o

estágio da empresa e as regiões das empresas investidas (GVCEPE, 2011). Assim,

gestores e investidores há mais tempo no mercado acabam sendo expostos às

105

melhores oportunidades de investimento, enquanto novatos tendem a encontrar

mais desafios até que se provem no mercado.

Para o empreendedor, o PE não é visto somente como uma forma de

financiamento a seus negócios, mas também como um possível caminho de saída

de sua posição acionária. Estas saídas, em empresas de sucesso, tendem a atingir

valores bastante altos e podem se dar de uma diversidade de maneiras, tornando

ainda maior o incentivo ao empreendedorismo na sociedade (CARTER et al., 2003).

A avaliação do valor dessa participação nos empreendimentos não é

simples, pois as PMEs são caracterizadas pelo ambiente dinâmico e volátil, de alto

crescimento – a avaliação por múltiplos, portanto, não é recomendada. Deste modo,

é favorável que seja criado um modelo de avaliação baseado no fluxo de caixa

descontado, criando-se uma diversidade de cenários com diferentes premissas

(KOLLER, T., GOEDHART, M., WESSELS, D. 2010).

No Brasil, a situação de financiamento para as PMEs é bastante deficiente,

mas ao menos parece estar melhorando, principalmente devido a agências

governamentais e aos mercados de capital de risco. China e Índia ainda são os

destinos prediletos dos investidores internacionais em Private Equity (EMPEA,

2012), mas estes têm crescido expressivamente em participação no mercado

brasileiro de PE, sendo o maior crescimento observado entre os mercados nos

últimos anos (GVCEPE, 2011).

Pesa ainda para um melhor desenvolvimento do mercado de PE no Brasil a

diminuição da alta carga tributária, a dificuldade de se buscar fontes de

financiamento que complementem o PE e um alto grau de informalidade nos

negócios (GVCEPE, 2011). Em contrapartida, fatores como uma melhor governança

corporativa que em outros países emergentes, o alto número de grandes empresas

e as perspectivas macroeconômicas favoráveis tornam o investimento em terras

brasileiras mais atrativo (INSEAD-PWC, 2011).

Os investidores no Brasil enfrentam muitos desafios para que consigam

eleger suas empresas-alvo e efetivar as transações. Apenas 1% das empresas

inicialmente analisadas recebem aportes de capital. A estrutura de investimento

preferida pelos gestores e investidores de PE no país é a de Fundo de Investimento

em Participações (FIP), que surgiu em 2003 e virtualmente substituiu os Fundos

Mútuos de Investimento em Empresas Emergentes (FMIEE) (CVM, 2013).

106

As empresas investidas no Brasil seguem uma demografia bastante

concentrada, sendo tipicamente localizadas no estado de São Paulo, focadas no

segmento de alta tecnologia e em estágios mais iniciais de maturidade. Contudo,

existe também um forte apelo de em empresas em fase de alto crescimento de

setores como o imobiliário, o de energia e o industrial (GVCEPE, 2011).

Os desinvestimentos, anteriormente à crise de 2008, eram feitos

principalmente em forma de IPOs, mas que com o enxugamento de liquidez dos

mercados foram alternados para ofertas secundárias, compradores estratégicos e

recompras dos empreendedores (GVCEPE, 2011). As taxas de retorno medianas e

múltiplos obtidos pelos investidores no Brasil são bastante altas, quando

comparados a outros mercados. A dispersão, porém, faz com que esse retorno

mediano possa surpreender tanto positiva quanto negativamente os gestores

(INSEAD-PWC, 2011).

As alternativas de financiamento disponíveis e às PMEs no Brasil são pouco

diversificadas, concentrando-se na mão de bancos de agências governamentais.

Desafio maior, porém, é de que são fontes pouco divulgadas e nem sempre simples

de serem obtidas. Além disso, mesmo órgãos com fins especiais como o BNDES

tendem a investir a maior parte de seu capital em grandes empresas, embora faça

também repasses aos bancos múltiplos, que tem maior capilaridade (BNDES, 2012).

Uma alternativa bastante acessada por PMEs e recentemente fonte de

preocupações para reguladores por não serem consideradas instituições financeiras

(também chamado de “shadow banking”), as empresas de Factoring ou fomento

mercantil são altamente relevantes em volume de negócios (ANFAC, 2010). Até

mesmo o SEBRAE (2013), reconhecida instituição de fomento ao

empreendedorismo, reconhece como o Factoring fornece muito além de recursos

financeiros às PMEs.

Por fim, a FINEP merece destaque pelo grande incentivo à tecnologia frente

a universidades, institutos de pesquisa e empresas, sendo uma das grandes fontes

de financiamento à pesquisa e desenvolvimento nacional. Além disso, fornece

diversas modalidades de financiamento, que vão desde crédito a investimentos em

participação – sendo assim também co-investidoras de diversos fundos de Venture

Capital (FINEP, 2012).

Em suma, acredita-se que a presente obra seja valiosa ao corpo de

conhecimento brasileiro de finanças por explorar de forma abrangente – e até onde

107

possível, profunda – um tema que está em voga nos meios profissionais mas ainda

não recebeu a devida atenção por parte do meio acadêmico. As limitações deste

estudo derivam principalmente da dificuldade de se obter e da heterogeneidade das

informações obtidas, refletindo a baixa transparência na indústria. Espera-se, porém,

que novas pesquisas sejam capazes de focar e trazer à tona aspectos ignorados de

pontos específicos neste trabalho dispostos.

“Read books are far less valuable than

unread ones. […] You will accumulate more

knowledge and more books as you grow

older, and the growing number of unread

books on the shelves will look at you

menacingly. Indeed, the more you know, the

larger the rows of unread books. Let us call

this collection of unread books an

antilibrary.”

(Nassim Nicholas Taleb)

109

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