POSSÍVEIS ICONOGRAFIAS DA DIÁSPORA: UM DIÁLOGO ENTRE AS ARTES VISUAIS, MODA E MÚSICA

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1 POSSÍVEIS ICONOGRAFIAS DA DIÁSPORA: UM DIÁLOGO ENTRE AS ARTES VISUAIS, MODA E MÚSICA 1 . Carol Barreto Laila Rosa Duron Jackson Neste simbólico novembro de consciência negra, é com alegria que trazemos um pouco do que estamos vivenciando no nosso curso de extensão fruto da parceria UFBA/MAM. O curso como um todo, se pauta pela proposta de pensar arte como agência política legítima de enfrentamento ao racismo, ao etnocídio, ao sexismo, a LGBTTIQfobia e outras matrizes produtoras e legitimadoras das desigualdades, questões presentes na produção intelectual e artística de nós três, ainda que de forma bem diferentes. Assumimos que as relações étnicoraciais, bem como, o racismo e etnocídio, reconfiguram as identidades que compõem a diversidade humana, visto que a branquitude ainda se faz hegemônica enquanto parâmetro de produção de conhecimento, estética, beleza e sofisticação como já nos denunciou a escritora nigeriana Chimamanda Adichie. Com estas inquietações, que nada mais são do que frutos de nossas próprias trajetórias de vida, experiências artísticas e enfrentamentos políticos, desejávamos fortalecer um espaço criativo que fosse, sobretudo, de compartilhamentos. Compartilhamentos sobre a historicidade dessas matrizes de desigualdades na diáspora e seus desdobramentos no campo artístico de modo geral. 2 Compartilhamento das histórias de vida de cada participante e de seus desejos e anseios artísticos frente a este panorama político, bem como, da percepção de si enquanto sujeito político e criativo. Compartilhamentos de fazer artístico, o colocar a mão na massa, vendo, sentido com o corpo, ouvindo, produzindo... e esta tem sido nossa proposta felizmente muito bem acolhida pel@s participantes do curso. O curso traz à tona a problematização das identidades, da produção de diferença no 1 Artigo publicado na Revista MAM 2013. 2 Sobre cosmologias da diáspora e descolonização de pensamento a partir do pensamento das mulheres negras brasileiras sugerimos o trabalho de Claudia Pons Cardoso (2012). Sobre diáspora e o conceito de atlântico negro ver GILROY (2002) e MATORY (2005).

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POSSÍVEIS  ICONOGRAFIAS  DA  DIÁSPORA:  

UM  DIÁLOGO  ENTRE  AS  ARTES  VISUAIS,  MODA  E  MÚSICA1.  

Carol  Barreto  Laila  Rosa  

Duron  Jackson    

Neste   simbólico   novembro   de   consciência   negra,   é   com   alegria   que   trazemos   um  

pouco   do   que   estamos   vivenciando   no   nosso   curso   de   extensão   fruto   da   parceria  

UFBA/MAM.  O   curso   como   um   todo,   se   pauta   pela   proposta   de   pensar   arte   como  

agência   política   legítima   de   enfrentamento   ao   racismo,   ao   etnocídio,   ao   sexismo,   a  

LGBTTIQ-­‐fobia   e   outras   matrizes   produtoras   e   legitimadoras   das   desigualdades,  

questões  presentes  na  produção  intelectual  e  artística  de  nós  três,  ainda  que  de  forma  

bem   diferentes.   Assumimos   que   as   relações   étnico-­‐raciais,   bem   como,   o   racismo   e  

etnocídio,  reconfiguram  as  identidades  que  compõem  a  diversidade  humana,  visto  que  

a   branquitude   ainda   se   faz   hegemônica   enquanto   parâmetro   de   produção   de  

conhecimento,   estética,   beleza   e   sofisticação   como   já   nos   denunciou   a   escritora  

nigeriana  Chimamanda  Adichie.    

 

Com  estas  inquietações,  que  nada  mais  são  do  que  frutos  de  nossas  próprias  trajetórias  

de  vida,  experiências  artísticas  e  enfrentamentos  políticos,  desejávamos  fortalecer  um  

espaço   criativo   que   fosse,   sobretudo,   de   compartilhamentos.   Compartilhamentos  

sobre   a   historicidade   dessas   matrizes   de   desigualdades   na   diáspora   e   seus  

desdobramentos  no  campo  artístico  de  modo  geral.2  Compartilhamento  das  histórias  

de   vida   de   cada   participante   e   de   seus   desejos   e   anseios   artísticos   frente   a   este  

panorama  político,  bem  como,  da  percepção  de  si  enquanto  sujeito  político  e  criativo.  

Compartilhamentos  de  fazer  artístico,  o  colocar  a  mão  na  massa,  vendo,  sentido  com  o  

corpo,   ouvindo,   produzindo...  e  esta   tem   sido   nossa   proposta   felizmente  muito   bem  

acolhida  pel@s  participantes  do  curso.  

 

O  curso   traz  à   tona  a  problematização  das    identidades,  da  produção  de  diferença  no  

                                                                                                               1  Artigo  publicado  na  Revista  MAM  2013.  2  Sobre  cosmologias  da  diáspora  e  descolonização  de  pensamento  a  partir  do  pensamento  das  mulheres  negras  brasileiras  sugerimos  o  trabalho  de  Claudia  Pons  Cardoso  (2012).  Sobre  diáspora  e  o  conceito  de  atlântico  negro  ver  GILROY  (2002)  e  MATORY  (2005).  

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contexto   de   nação   e   também  transnacional,  tomando   como   referência   a   abordagem  

de  Stuart   Hall  (2010)   sobre   tais   questões  e  de   pensadoras   feministas   pós-­‐coloniais  

como  Rita  Laura  Segato  (2002)  e  Ochy  Curiel  (2010)  que  tratam  dos  marcadores  sociais  

como   raça/etnia,   gênero,   identidade   sexual/sexualidade,   geração,   classe   social,   não  

somente   por  meio   dos   debates   teóricos   como   também  no  olhar   e   fazer  cultural   que  

estendemos   aqui   para   a(s)   arte(s)   contemporânea(s).   Desse  modo,   propomos   novos  

modos  de  ver  e  experimentar  as  fronteiras  entre  o  ativismo  político  e  a  arte  (no  plural),  

a  partir  da  reflexão  proposta  pelo  MAM  sobre  o  “Por  que  e  como  fazer  novas  formas  

de  vida”?  

 

Observa-­‐se   que   fazer   novas   formas   de   vida,   diante   da   falta   de  mobilidade   urbana   e  

crescente  aumento  da  violência  simbólica  e  física,  se  apresenta  como  uma  necessidade  

nos  tempos  atuais,  assim  a   indagação  POR  QUE  FAZER  se  atrela  diretamente  a  COMO  

FAZER,   pois   a   compreensão   da   motivação   se   desenrola   nas   práticas   possíveis   para  

redesenho  da   existência   em  novas   formas  de  vida.  Na   vida   cotidiana  o   fazer   criativo  

parece   ser   de   exclusividade   de   famosos   artistas   e   muito   embora   nos   seja   cara   a  

diferenciação   entre   criatividade   e   criação,   o   que   nos   interessa   é   a   possibilidade   de  

provocar  práticas  criadoras  por  meio  da  desconstrução  política  e  cultural  dos  discursos  

hegemônicos   e   das   suas   representações   sociais   dominantes.   Ao   experimentar  

uma  variedade   de   práticas   artísticas   interdisciplinares   –   interagindo   com   as   artes  

visuais,   moda   e   música,  através   dos   nossos   próprios   trabalhos   e   da   exploração   da  

maneira   como  as   idéias   se   tornam   forma  de   visualização  e  elaboração  de   imagens  e  

sonoridades,  juntamente  à  leitura  de  textos  teóricos  -­‐  históricos  e  contemporâneos  -­‐  de  

artistas,  críticos  e  jornalistas  que  informam  sobre  a  evolução  da  arte  contemporânea  e  

o  debate  feminista,  antirracista,  não-­‐sexista  e  LGBTTIQ.  

 

A  importância  da  interdisciplinaridade  nas  reflexões  sobre  os  nossos  processos...  

Com   a   devida   fluidez   interdisciplinar   de   nossas   distintas   áreas   de   atuação   artística,  

achamos  por  bem  dividir  o  curso  em  módulos,  trazendo  para  a  prática  do  fazer  artístico  

as   linguagens   das   artes   visuais,   da   moda   (pensando   no   corpo   como   território  

identitário,  político  e  cultural  primeiro)  e  do  campo  musical  em  sua  diversidade.  Para  

tanto,  adotamos  algumas  referências  teóricas  importantes  para  pensar  os  marcadores  

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sociais   como   raça,   gênero   e   sexualidade   (Louro,   1997;  Butler,   1999;   Liv   Sovik,   2009;  

Anzaldúa,  2005;  Carneiro,1994)  e  como  os  mesmos  delineiam  alternativas  de  ser  e  de  

fazer  artístico  e  de  performance  (Glusberg,  2009;  Cohen,  2002;    Hikiji,  2003).  A  partir  

deste   diálogo,   a  proposta   é   conduzir,   nas   interação   entre   as   três   linguagens,   uma  

reflexão  sobre  estes  marcadores  sociais  que  nos  formam,  bem  como,  a  partir  deles,  a  

construção  de  um  olhar  reflexivo  e  fazer  artístico  interdisciplinar:      

1.   Nas   artes   plásticas   se   tomamos   como   referência   obras   de   artistas   como  Helio  

Oiticica,   Lygia   Clark,   Cildo   Meireles,   Doris   Salcedo,   Antonio   Manuel,   Artur   Barrio,  

Sanford  Biggers,  Hank  Willis  Thomas,  Terry  Adkins,  etc;    

2.   No   campo   da   moda   propomos   fomentar  uma   análise   do   modo   como  

são  estabelecidos  padrões   de   beleza   específicos,   bem   como,  a  introdução   a   uma  

estética   afro   contemporânea   que   dialoga   com   as   obras   de   artistas   como   Nick   Cave,  

Yinka  Shonibare  e  Emanoel  Araújo;    

3.   Na   parte  musical,   passeamos   entre   a   etnomusicologia   e   apreciação  musical   ativa,  

onde   aguçar   a  escuta   em   sua   diversidade   sonora   e   cultural   que   inclui   nossas  

subjetividades   e   experiências   é   extremamente   importante   para   podermos   então  

experimentar   com   a   improvisação   musical   coletiva   com   objetos   sonoros   fabricados  

pelo  grupo  participante  com  material  reciclável.    

 

Adotando   uma   perspectiva   também   feminista   na   relação   com   o   que   produzimos  

artisticamente,  achamos   importante  situar  nossas   falas  que  vêm  de  distintos   lugares,  

mas   que   dialogam   profundamente.   O   curso   conta   com   a   participação   de   nós   duas,  

professoras   da   UFBA,   que,   além   de   suas   carreiras   acadêmicas,   investem   na   carreira  

artística   produzindo   performances   com   as   temáticas   em   questão   e   que   juntas   têm  

produzido   escritas   sobre  processos   criativos   atrelados   aos   estudos   de   gênero,   raça   e  

sexualidade,   e   ainda   com   a   significativa     colaboração   do   artista   plástico,   norte-­‐

americano   Duron   Jackson,   bolsista   Fullbright   em   residência   artística   no   Brasil.   Logo,  

temos   vivenciado   juntamente   com   a   turma   uma   rica   experiência   de   intercâmbio  

internacional  com  um  artista  plástico  de  larga  experiência.  

 

Situando  nossos  caminhos  criativos...  

Mudando  mais  ainda  o  curso  de  nossa  narrativa  e  trazendo  autoras  como  a  poetisa  e  

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militante  feminista  negra  e  lésbica  Audre  Lorde  (S/D)  e  a  mexicana  feminista  e  lésbica  

Gloria   Anzaldúa   (2005)   que   nos   alertam   para   a   descolonização   também   dos   nossos  

escritos   e   pensares   sobre   nossas   experiências   e   experimentos   enquanto   agência  

política  contra-­‐hegemônica,  mantemos  nossa  perspectiva  de  fala  em  primeira  pessoa,  

o  que   rompe   com   o   distanciamento   entre   quem   escreve   e   quem   lê,   quem   compõe,  

quem   performatiza/toca   e   quem   aprecia.   Para   esta   missão,   assumimos,   ainda   que  

suscintamente,  um  pouco  das  nossas  trajetórias  que,  entrelaçadas,  compõem  um  novo  

tema   singular,   uma   quarta   narrativa.   Trazemos   em   primeira   pessoa,   considerando  

nossas   subjetividades   e   produções   artísticas   como   produções   sociais,   históricas,  

políticas   e   artísticas   diaspóricas.   Para   tanto,   falaremos   um   pouco   sobre   alguns   de  

nossos  trabalhos  e  temas  que  nos  são  caros.  

 

CAROL  BARRETO3  

Mulher   negra,   feminista,   desenho   desde   sempre,   antes   mesmo   de   começar   a   ler   e  

escrever.  Crio  roupas  na  tentativa  de  expressar  visualidades  que  não  estão  disponíveis  

no  mercado  ou  que  contemplem  a  diversidade.  Cresci  em  Santo  Amaro  da  Purificação,  

cidade  onde  a   criatividade   sempre  esteve  no   centro  das  práticas   cotidianas,   seja  por  

conta   das   histórias   e   práticas   vigentes   de   opressão   ao   povo   negro   ou   pelo  

redimensionamento   dessa  mesma   condição.  Saí   da   cidade   aos   18   anos   para   estudar  

Letras  com  Inglês  na  UEFS  e  em  Feira  de  Santana  parte  da  história  do  povo  nordestino  

e  sertanejo  me  faziam  fruir  outras  raízes.  Lá  também  cursei  Especialização  em  Desenho  

e  o  Mestrado  em  Desenho,  Cultura  e  Interatividade  UEFS  (bolsista  CAPES  -­‐  2008)  onde  

realizei   escritas   acadêmico-­‐literárias   sobre  as  minhas   relações   com  as   transformistas,  

drag  queens  e  posteriormente  com  as  Travestis  de  Salvador  que  se  reúnem  na  ATRAS-­‐

GGB.    

 

Desde  o  início  da  graduação  os  textos  de  pesquisa  científica  ou  relatos  de  práticas  de  

extensão   no   Núcleo   de   Desenho   e   Artes   se   faziam   por  meio   de   exposição   de   telas,  

desenhos,  instalações,  fotografias  e  textos.  Assim  percorri,  menina,  algumas  galerias  de  

Feira   de   Santana   e   Santo   Amaro   com   trabalhos   que   questionavam   os   padrões   do                                                                                                                  3www.carolbarretoatelier.com.br  

 

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modismo  e  da  branquitude.  Travestis,  mulheres  cisgênero  com  aparência  de   culturas  

tradicionais,   perfis   femininos   e  masculinos  diversos   foram  desenhados  nas   telas,   nos  

textos   e   nos   desfiles.   Os   primeiros   deles   intitulados   Déjà   Vu   e   depois   Démodée  

aconteceram   respectivamente   em   2001-­‐2002   no   campus   universitário   da   UEFS   e  

posteriormente  no  Teatro  Dona  Canô  em  Santo  Amaro.  Mais  tarde,  residente  da  capital  

baiana  desde  2005  investi  na  “adequação”  do  meu  trabalho  à  linguagem  comercial  da  

moda   a   fim   de   alcançar   estrategicamente  maior   visibilidade   e   elaborar  nesse   nicho,  

representações   de   mulheres   negras   e   LGBTTIQ   em   negociação   com   os   padrões  

hegemônicos  a  fim  subverter  no  interior  dessas  mesmas  linguagens.    

 

Como  docente  de  cursos  de  graduação  em  Design  de  Moda  entre  os  anos  de  2006  e  

2013,  me  dediquei  à  elaboração  metodológica  e  teórica  de  discursos  de  enfrentamento  

e   empoderamento   junto   @s   discentes   e   desde   2011   como   Docente   e   Membro   do  

Colegiado  do  Bacharelado  em  Estudos  de  Gênero  e  Diversidade,  do  Departamento  de  

Ciência  Política  da  UFBA,   integrante  da   linha  de  pesquisa   ‘Gênero,  Cultura  e  Arte’  no  

Núcleo   de   Estudos   Interdisciplinares   sobre   a   Mulher   (NEIM-­‐UFBA),   tenho   tido   o  

privilégio   de   reunir   toda   elaboração   de   conteúdo   interdisciplinar   numa   prática   de  

crítica   à   definição   do   que   se   considera   como   conhecimento   acadêmico,   artístico   ou  

metodológico.   Atualmente   como   Designer   de   Moda,   assino   a   marca   que   leva   meu  

nome,  trabalhando  processos  criativos  e  projetos  que  refletem  minha  área  de  pesquisa  

acadêmico/artística,  produzindo  imagens  com  um  discurso  feminista,  anti-­‐racista  e  não  

sexista,  voltadas  para  um  consumo  de  moda  mais  consciente  e  para  a  visibilização  da  

expressão   artística   e   do   design   da   comunidade   negra   na   Bahia   e   no   Brasil.   Nessa  

caminhada   de   passarelas,   desfilei   coleções   em   eventos   de   moda   na   Bahia   e  

Pernambuco,  premiada  em  duas  ocasiões.  Recentemente  fui  convidada  a  representar  o  

Brasil  na  Dakar  Fashion  Week,  no  Senegal,  evento  internacional  que  reúne  criadores  de  

diversas  nacionalidades  que  expressem  a  diversidade  cultural  de  seu  país.    

 

Frequentemente   organizo   evento   de   Economia   Criativa,   onde   se   reúnem   estilistas,  

artistas  e  designers  soteropolitanos  para  comercializar  os  seus  produtos  e  atualmente  

ligada   ao   CEN   (Coletivo   de   Entidades   Negras)   tenho   atuado   no   desenvolvimento   e  

gestão  de  projetos   ligados  à  Economia  Criativa  e  à  Economia  Solidária.  Num  pequeno  

  6  

recorte   do   acervo   de   fotografias   de   moda   da   marca   Carol   Barreto,   integrarei   a  

exposição  ‘Ancestors,  Guardians  and  Guides:  A  Visual  Arts  and  Writers’  Exhibition’,  com  

curadoria  de  Jarvis  DuBois.  O  evento  acontece  entre  os  dias  15  de  novembro  e  15  de  

dezembro  de  2013,  no  ‘The  Charles  Sunmer  School  Museum’  na  cidade  Estadunidense  

de  Washington,  DC.    O  museu  que  leva  o  nome  de  uma  figura  importante  na  luta  pela  

abolição  da  escravidão  e  o  estabelecimento  de  direitos  iguais  para  Afro-­‐americanos,  foi  

um  dos  primeiros  edifícios  escolares  públicos  erguidos  para  a  educação  da  comunidade  

negra  de  Washington.    

 

LAILA  ROSA4  

Apresento  um  pouco  do  meu  caminhar,  do  meu  canto  e  da  minha  voz  através  de  breve  

relato  sobre  minhas  pesquisas  e  militâncias,  e,  sobretudo,  das  impressões  sobre  o  meu  

primeiro   disco   a   ser   lançado   neste   mês   histórico   de   novembro,   mês   da   consciência  

negra  e  do  meu  nascimento.  Apresento  ainda  uma  breve  “narrativa  líquida”  que  fluiu  

para   fora  do  CD  recém  parido  “Água  viva:  um  disco   líquido”,  que,  em  parceria  com  o  

Coletivo  Os   Ventos5,   traz   narrativas   sonoras   diversas   que   versam   sobre   a   fluidez   das  

águas,  livremente  inspirado  por  temas  como  vida,  flores,  amor  e  tempo  da  obra  Água  

Viva   de   Clarice   Lispector,   aos   arquétipos   femininos   dos   orixás   femininos   das   águas  

como  Iemanjá  e  Oxum,  e  a  força  ancestral  indígena  de  entidades  caboclas  e  mestras  da  

Jurema   sagrada,   e   também   a   urbanidade   periférica   de   Casa   Amarela   (Recife/PE),  

subúrbio  onde  nasci.    

 

Como  fazer  tudo  soar?  Há  um  conceito  norteador  líquido  que  ao  mesmo  tempo  não  se  

admite  coerente,  estático  e  fluido  sem  suas  devidas  rupturas.  São  narrativas  que  vêm  

do   improviso   experimental   e   performance   coletiva   literalmente   aquática,   onde  

“tocamos  água”  para  cantar  as  possibilidades  várias  das  nossas  vivas  águas,  em  duas  

vinhetas  que  abrem  e  fecham,  respectivamente  “os  trabalhos”  no  disco.  Até  o  armorial,  

o  toque  de  terreiro  Xambá  do  Quilombo  Portão  do  Gelo  (Olinda/PE),  das  coquistas  Del  

                                                                                                               4www.soundcloud.com/laila-­‐rosa  5O  Coletivo  Os  Ventos  é  formado  por  Ângelo  Santiago,  Mariana  Marin,  Maurício  Lourenço    (direção  musical)  e  Ricardo  Hardmann.  O  disco  teve  a  direção  musical  de  Maurício  Lourenço,  Júlio  Caldas  e  minha  e  foi  produzido  por  mim  e  por  Júlio  Caldas.  Contemplado  pelo  edital  de  Demanda  Espontânea  2011  do  Fundo  de  Cultura  do  Estado  da  Bahia.  

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do  coco  e  Graça  do  coco  ao  rock  progressivo  e  violino  distorcido  em  meio  a  quarteto  de  

cordas,  alaúde  e  pifes  encantados.   Incoerente?  Fora  do  objeto?  Talvez.  Mas  coerente  

em   sua   incoerência   líquida.   Risco   de   afogamento   ou   de  mergulho   profundo   no  mar  

abissal   do   amor   compartilhado   e   das   sonoridades   experimentais,   com   direito   a  

participações  mais  que  especiais.  Gratidão.  

 

E   essa   gratidão  musical   se   entrelaça   profundamente   com  minha   trajetória   enquanto  

feminista   branca   antirracista,   compositora,   musicista,   pesquisadora,   etnomusicóloga,  

cozinheira   que   adora   temperar   a   vida,   pessoa   enfim.   Foram   mais   de   dez   anos   de  

pesquisa  e  convivência  no  Terreiro  Xambá,  onde  aprendi  sobre  os  orixás,  seus  cantos,  

sobre   o   enfrentamento   das  mulheres   negras   ao   racismo   institucional   que   fechou   os  

terreiros  de  matrizes  africanas  em  inícios  do  século  XX,  onde  enfim  compreendi  o  que  

significa   Diáspora   no   seu   sentido   mais   doloroso   e   de   profundo   poder   criativo.6   Ali  

aprendi   também   sobre   as   importantes   articulações   diaspóricas   com   as   tradições  

indígenas,   através   da   presença   da   jurema   sagrada   e   de   suas   entidades   espirituais,  

encantadas,  caboclas  e  pretas-­‐velhas  na  “direita”  até  as  entidades  da  “esquerda”  como  

são  consideradas  e  respeitadas  as  entidades  mestras,  exus  e  pombagiras.  Assim  como  

no  universo  dos  orixás,  são  extensos  e  ricos  os  repertórios  musicais  de  cada  entidade,  

suas   narrativas,   corporalidades,   coreografias,   vestes,   pratos,   ervas.   Enfim,   são  

cosmologias   particulares   da   diáspora   que   oferecem   perspectivas   bem   particulares   e  

complexas   de  mundo,   sendo,   em  primeiro   plano   inclusivas   em   relação   à   diversidade  

humana,   aprendizagem   que,   sem   dúvida   trago   nesta   soma   a   narrativas   e  

materialidades  sonoras7das  possíveis  iconografias  que  ora  apresentamos.  

 

DURON  JACKSON  

Apresento  um  pouco  das   três  dimensões  do  meu  trabalho  que  estão  profundamente  

interligadas   aos  marcadores   sociais   já   citados   anteriormente:  1.   as   instalações;  2.   as  

pinturas  corporais  e  3.  as  fotografias  de  vista  aéreas  de  prisões  Estadunidenses.  

                                                                                                               6A  respeito  do  universo  musical  dos  orixás  e  entidades  femininas  da  jurema  no  contexto  do  Terreiro  Xambá  ver  ROSA  (2009  e  2005).  7Sobre  materialidade  do  musical  em  relação  a  contextos  de  violência  ver  OCHOA  (2006).  

  8  

1.   Das   instalações:8minhas   instalações,   performances,   vídeos,   esculturas   e   pinturas  

tentam   expor   tanto   as   inter-­‐relações   formais   e   sociais   da   '   escuridão   '   dentro   do  

contexto   mais   amplo   da   cultura   contemporânea.   Como   um   artista   multi-­‐disciplinar  

minha  prática  funde  a  pesquisa  acadêmica  e  artística,  e  freqüentemente  usa  arquivos  

de   instalação,  objetos   ,   fotografia  e  vídeo  para  criar  novas  perspectivas  críticas  sobre  

narrativas   históricas   dominantes.   Meus   interesses   estão   na   criação   de   discurso   em  

torno  de  representações  contemporâneas  e  debates  dentro  discurso  crítico  ocidental,  

e   são  direcionados  para   fins   sociais.   Estou   interessado  pela   forma   como  os   sistemas  

afetam  as  populações,   com  foco  em  histórias   sociais  e  políticas  dos  EUA  relativas  ao  

encarceramento  ,  a  criminalidade,  vigilância  e  espectador  .  

 

2.  Pinturas  Corporais:  o  corpo  de  trabalho  que  consta  no  meu  site  e  é  um  exame  em  

curso  e  destina-­‐se  como  uma  declaração  de  estar.  Cada  pintura  é  uma  impressão  em  

tamanho  natural,  tirada  diretamente  da  figura  masculina,  criando  uma  única  marca  ou  

símbolo,  que  cataloga  e  indexa  o  corpo  ,  produzindo  um  traço  (evidência)  ,  linguagem  

figurada  ",  narrando  uma  maneira  de  ser  .  "  A  série  inclui  uma  projeção  animada  digital  

na  adição  a  um  componente  de  desempenho  ,  que  ilustra,  em  adição  ao  processo  de  

colocação   no   corpo   negro   masculino   sem   adornos   no   discurso   com   o   corpo   social,  

permitindo  que  o  público  projete  também  a  sua  experiência  em  relação  ao  sujeito.  A  

projeção   digital   é   usada   para   manipular   em   escala   facilitando   o   aparecimento   de  

ascendência,   vivificando   a   sublimidade   final   da   nossa   experiência   através   da   nossa  

relação  com  o  corpo  .  

 

3.   Vista   Aérea   da   Prisão:     o   conjunto   de   trabalhos   que   se   dedica   a   este   tema,  

especificamente,  aborda  o  encarceramento,  a  vigilância,  os  sistemas  de  justiça  criminal  

e   penal   dos   Estados  Unidos.   É   conceitual   e   tem   sido   exibido   em  multi-­‐meios   (vídeo,  

fotografia,  escultura,  instalação  e  técnica  mista).  A  série  negro  é  inspirado  pelos  Quilts  

da   curvatura  do  Gee,   "RooftopVariations",   e   trabalho  em  3D  não-­‐local   de   referência  

Robert  Smithson,  já  que  cada  peça  é  uma  abstração  de  um  lugar  real,  eles  também  são  

metáforas   para   os   presos   enquanto   esquecidos   e   colocados   em   "não-­‐locais".   Estes                                                                                                                  8www.duronjackson.com  

 

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desenhos   são   demarcações   aéreas   ou   pegadas   arquitetônicas   de   prisões   dentro   os  

EUA,  e   são  de  grafite  e   tinta   lousa  no   cartão  duro.  Através  deste   trabalho,   eu  estou  

vigiando   o   suveillor   enquanto   explora   como   os   sistemas   de   influenciar   a   condição  

humana,  afetam  a  cultura  e  visão  de  mundo.  

 

Aqui   em   Salvador   venho   desenvolvendo   pesquisa   sobre   as  “Raízes   Africanas   nas  

práticas  da  Arte  Contemporânea  na  Diáspora,  com  foco  no  Brasil”  composta  também  

pela  fase  de  interlocução  com  a  sujeitos  de  diversos  âmbitos  de  participação  na  cultura  

local,   e   portanto   a   oportunidade   do   curso   em   questão   tem   sido   de   interlocução  

extremamente  frutífera.    

 

Da  quarta  narrativa  conjunta:  nós  e  tod@s  

A   partir   da   curta   exposição   de   nossas   experiências,   trabalhos   e   inquietações   que  

trazemos  para  o  curso  UFBA/MAM  talvez   fique  explícito  que  nossa  provocação  maior  

seja  que  as  práticas  interdisciplinares  e  temas  como  arte  conceitual,  Diáspora  Africana,  

artes   visuais,   bem   como,   suas   interações   com   a   música   e   a   moda   não   podem   ser  

pensados   sem   os   seus   marcadores   sociais:   raça/etnia,   gênero,   identidade  

sexual/sexualidade,  classe  social,  idade/geração,  dentre  outros.    Simplesmente  por  que  

são   estes   marcadores   que   situam   imagens   e   narrativas   de   moda   e   aparência,  

sonoridades,  performances,  paisagens  sonoras  e  humanas  diversas.  

 

Compreendendo,  portanto,  a  relevância  de  se  abrir  um  debate  para  a  multiplicidade  de  

referências   artísticas   e   políticas   no   campo   da   arte,   propomos   a   exploração   da  

multilinguagem:    

 

1.   dos   modos   como   imagens   materializam   ideias   e   como   textos   históricos   e  

contemporâneos   de   artistas,   críticos   e   jornalistas   informam   sobre   a   evolução   da(s)  

arte(s)  contemporânea(s),  bem  como,  dos  avanços  políticos  no  campo  dos  estudos  pós-­‐

coloniais.   Discutir   como   o   conteúdo   teórico   debatido   pode   informar   materiais,  

processos   e   iconografias   através   do   prisma   das   tendências   culturais   e   sócio-­‐políticas  

pós-­‐coloniais   da   atualidade,   considerando   a   articulação   entre   raça/etnia,   gênero   e  

sexualidade  (Kamnitzer,  2007;Calirman,  2012;  Rochter,  2012).    

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2.   Dentro   da   perspectiva   do   que   chamamos   de   possíveis   iconografias   pós-­‐coloniais,  

pensamos  sobre  o  campo  da  moda  e  de  que   forma  padrões  de  beleza   informam  (ou  

não)   políticas   de   representação   (Lipovetsky,   1989;   Sant’Anna,   2007;   Preciosa,   2005;  

Cidreira,  2005).    

 

3.   Das   iconografias   musicais,   consideramos   como   os   marcadores   sociais   compõem  

distintas  paisagens   sonoras   (Schafer,  2001;  Pinto,2008;  Ochoa,  2003;  Werneck,   2007;  

Sovik,  2009)  e  como  precisamos  ampliar  nossa  percepção  não  somente  sonora,  como  

humana   em   relação   `a   diferença   que   sempre   esteve   aí   nos   seus   “sistemas   abertos”,  

mas   que,   na   realidade,   nossos   “territórios   fechados”   de   perceber   que   nos   limitou   a  

enxergá-­‐los  como  nos  sugere  Rita  Segato  e  José  Jorge  de  Carvalho  (1994).    

 

Trabalhando   a   partir   dessa   interdisciplinaridade   sob   o   ponto   de   vista   das   artes  

plásticas,  da  música  e  da  moda  em  interação  com  os  marcadores  sociais  supracitados  e  

a  prática  artística  no  campo  das  artes  visuais,  esperamos  abrir  um  espaço  de  troca  de  

experiências,   considerando   a   multiplicidade   possível   dentre   o   público   integrante   do  

curso   como  parte   central   para   o   debate   sobre   diversidade   e   interdisciplinaridade   no  

fazer  artístico  enquanto  campo  do  político  e  das  subjetividades  múltiplas.    Acionando  

diversas  possibilidades  de  expressão  e  de  empoderamento  por  meio  das  visualidades,  

dos  toques  e  das  sonoridades.  

 

Referências  

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Etnomusicologiapela   Universidade   Federal   da   Bahia   (2009),   com   bolsa   CAPES   de   doutorado  sanduíche  de  1  ano  realizado  na  New  York  University  (Nova  York,  2007).Profa  Adjunta  da  Escola  de   Música/Programa   de   Pós-­‐Graduação   em   Música   da   UFBA,   Pesquisadora   do   Núcleo   de  Estudos   Interdisciplinares   da   Mulher   -­‐   NEIM/UFBA.   Com   o   Coletivo   os   Ventos  (www.myspace.com/lailarosa)   está   lançando   seu   primeiro   disco   autoral,   contemplado   pelo  edital  de  Demanda  Espontânea  2011:   "Água  Viva:  um  disco   líquido",  livremente   inspirado  na  obra  homônima  de  Clarice  Lispector.    Professor/artista   colaborador:   Duron   Jackson   –   Bolsista   Fulbright   de   Residência   Artística,  pintor,  escultor,  trabalha  com  as  linguagens  de  vídeo,  performance  e  instalação.Formação:  2010   Bard  College,  Milton  Avery  Graduate  School  of  Arts  –  Masters  of  Fine  Art,  Sculpture  2004   BA,  Visual  Art,  SUNY  Empire  State  College  Studio  Art  Program,  New  York,  NY    

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