O Projeto de pesquisa: conteúdo e partes do projeto de pesquisa. Parte 3: Metodologia, fontes e...

23
O Projeto de Pesquisa Conteúdo e Partes do Projeto de Pesquisa Parte III: Metodologia, Fontes e Referências Bibliográficas © Guilherme Amaral Luz - 2008

Transcript of O Projeto de pesquisa: conteúdo e partes do projeto de pesquisa. Parte 3: Metodologia, fontes e...

O Projeto de Pesquisa

Conteúdo e Partes do Projeto de Pesquisa

Parte III: Metodologia, Fontes e Referências Bibliográficas

© Guilherme Amaral Luz - 2008

Fontes e Metodologia

Os “meios” da pesquisa

O que são as metodologias na História?

Metodologias são instrumentais de pesquisa que se constituem a partir da reflexão teórica sobre diversas “fontes” com as quais trabalha ou pode trabalhar o Historiador;

A metodologia, portanto, deve adequar-se ao lugar teórico de partida da proposta e às particularidades de testemunhos cuja utilização é necessária para o estudo da temática-problema.

Que critérios devem ser utilizados na escolha da metodologia e das fontes?

Em primeiro lugar, é preciso levar em conta os objetivos e a problemática da pesquisa e, a partir disso, formular a seguinte pergunta: “que tipo de material pode me fornecer elementos para análise”? Em seguida: “que instrumentos eu posso utilizar para retirar desse material aquilo que necessito para a minha proposta”?

Existe de fato uma “Metodologia Histórica”?

Não. A história é uma disciplina que opera com uma multiplicidade de métodos, muitos dos quais derivados de outras áreas do saber, como a Arqueologia, a Estatística, a Demografia, a Análise do Discurso, a Antropologia etc.

A escolha dos métodos mais apropriados, como já se afirmou, depende da temática-problema específica da proposta de pesquisa.

O que são as “fontes” da História?

Conforme modernamente se entende, tudo que as sociedades humanas produzem pode se tornar “fontes” históricas, desde que interrogado apropriadamente (com método) pelo Historiador. Tudo aquilo que testemunha a experiência humana e social no tempo pode se transformar em fonte histórica.

As obras literárias e os objetos artísticos são “fontes” históricas?

Como produções humanas que testemunham suas experiências no tempo, sim, esses objetos são fontes históricas;

Isso, contudo, não quer dizer que elas testemunham qualquer coisa. A questão, para o historiador, não é usá-las ou não, mas como e com quais fins.

Há “fontes” melhores do que outras?

Sim e não. Sim porque, dependendo da temática-problema, há testemunhos mais acessíveis e mais próprios para fornecer respostas para aquelas perguntas perseguidas;

Não porque não existe um critério universal que hierarquize as “fontes” históricas independentemente das temáticas-problemas.

Quais os tipos básicos de “fontes” históricas?

As “fontes” históricas variam muito em temos de linguagem, suporte e natureza, tornando-se difícil uma classificação muito estanque;

Em geral, as “fontes” podem ser divididas nos seguintes grupos: cultura material (incluindo a paisagem e as transformações ambientais), fontes orais, documentos escritos e gestos.

Há métodos próprios para cada tipo de fonte?

Há sim, mas isso não quer dizer que eles não possam ser intercambiáveis. Por exemplo, pode-se utilizar procedimentos de arqueologia para a análise de textos, bem como “ler” as transformações ambientais como se formassem uma narrativa;

As metodologias servem para interpretar os testemunhos históricos, transformando-os em documentos, logo, elas têm papel na própria caracterização da fonte.

Trabalhar com cultura material significa necessariamente fazer Arqueologia?

Não necessariamente. A Arqueologia apresenta inúmeros instrumentos para interpretar fontes materiais, mas há outros. A análise iconológica, derivada da História da Arte, e procedimentos derivados da Geografia e da Geologia, por exemplo, podem ser muito úteis;

Da mesma forma, lidar com fontes orais, não significa necessariamente fazer História Oral; lidar com documentos escritos não significa necessidade de fazer Análise do Discurso ou Análise Quantitativa e Serial, e lidar com gestos e performances não impõe a necessidade de lançar mão de procedimentos Etnográficos ou de Observação Participante.

Como escolher a metodologia a ser aplicada às fontes?

A escolha depende do potencial que determinado método possui para fornecer elementos pertinentes ao que se perseguirá na pesquisa;

Para isso, é conveniente que o pesquisador conheça reflexões sobre procedimentos metodológicos que lhe possam ser úteis;

Tais reflexões normalmente vêm acompanhadas do(s) referencial(is) teórico(s) adotado(s) no projeto.

Deve-se adotar mais de uma metodologia na pesquisa?

Depende muito da temática-problema e do conjunto de fontes que ela exige analisar;

Normalmente é adequado fazer uso de diversos métodos, mas é importante ter em vista a abrangência da pesquisa e as condições (tempo, disponibilidade...) de sua realização;

O mais importante não é a quantidade de procedimentos a serem utilizados, mas a qualidade que os procedimentos selecionados poderão agregar à futura argumentação.

Como escolher as fontes de uma pesquisa?

A inexistência ou a dificuldade de acesso às fontes são alguns dos principais entraves para a realização de uma pesquisa, logo, desde a formulação de uma temática-problema, a questão do acesso às fontes deve estar presente;

A partir daí, a escolha será relacionada ao foco recortado na temática-problema. As melhores fontes serão, dentre as acessíveis, aquelas que, através de determinados procedimentos metodológicos, possam conferir mais e melhores elementos para responder a problemática proposta.

Que tipo de informações sobre as fontes deve o projeto conter?

Além de trazer uma listagem das fontes levantadas, o projeto deve:

- fornecer a morfologia dessas fontes;

- explicitar os “lugares” (institucional, social...) de construção dessas fontes;

- descrever as condições de seu acesso;

- justificar teórica e historiograficamente a escolha por elas;

- considerar as potencialidades e os limites dessas fontes para a pesquisa a ser realizada;

- indicar como essas fontes serão “lidas” ou interpretadas: Metodologia.

O que o projeto deve trazer no que se refere à Metodologia?

Definições sobre os procedimentos por meio dos quais as fontes serão analisadas/interpretadas;

Reflexões sobre esses procedimentos conforme os lugares teóricos que orientam a formulação da temática problema;

Considerações sobre as potencialidades e limites dos procedimentos escolhidos para responder as problemáticas do projeto.

É obrigatório fazer um cronograma com etapas da pesquisa?

Não é obrigatório, mas é muito útil, desde que não configure, futuramente, uma “camisa de força”;

O cronograma pode funcionar bem como um plano de ação dos passos que se imaginam necessários para o bom andamento da pesquisa;

Raramente ele é seguido à risca e é bom que não seja, pois a pesquisa traz caminhos que não correspondem totalmente aos previstos no momento de redação do projeto.

Referências Bibliográficas

Levantamento prévio da pesquisa

O que são as referências bibliográficas do projeto?

As referências bibliográficas formam uma listagem de obras referidas no projeto e também daquelas que, em levantamento preliminar, deverão ser estudadas e/ou consultadas durante a pesquisa;

Quando as referências incluem também obras não citadas no projeto, mas que serão usadas na pesquisa, elas passam a ser denominadas “Levantamento Bibliográfico”.

As fontes devem constar nas Referências Bibliográficas?

Se o projeto contiver o item “Levantamento Bibliográfico”, as fontes devem constar nele em sub-item próprio;

Se o projeto contiver tão somente “Referências Bibliográficas”, a listagem das fontes deve ser feita no item correspondente, que pode ser “Fontes” ou “Fontes e Metodologia”, por exemplo.

O importante é que as informações constem no projeto.

Há normas que devo seguir nas Referências ou no Levantamento Bibliográfico?

Há normas técnicas, que variam de acordo com sistemas de referenciação. Ex.: ABNT, Chicago...

No Brasil, o sistema mais utilizado é o da ABNT;

O uso de um sistema de referenciação permite que as informações necessárias sejam apresentadas de maneira organizada e sintética;

O mais importante é que o projeto não adote mais um tipo de sistema de referenciação. Qual deles adotar é o que menos importa;

As fontes manuscritas, orais, imagéticas, digitais, eletrônicas etc. também devem seguir padrões formais de referenciação, conforme normas específicas para cada caso.

Como tenho acesso aos sistemas de referenciação?

Há diversos manuais técnicos que orientam neste sentido. O importante é apoiar-se em manuais recentes e atualizados;

Alguns desses manuais são acessíveis na Internet;

Resumos de sistemas de referenciação também costumam ser acessáveis em sites de revistas acadêmicas da área;

Na dúvida, também se pode recorrer a trabalhos congêneres recentes já finalizados e bem avaliados.

Para que serve um Levantamento Bibliográfico e de Fontes?

Serve para que se indique o campo de interlocução e o material disponível para análise e/ou auxílio na pesquisa;

O levantamento é muito útil no planejamento da pesquisa e na organização das leituras;

Quando completas, as referências auxiliam na localização dos objetos necessários à pesquisa.