Liderança e satisfação dos enfermeiros com a supervisão
-
Upload
khangminh22 -
Category
Documents
-
view
0 -
download
0
Transcript of Liderança e satisfação dos enfermeiros com a supervisão
CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM
ÁREA DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DE UNIDADES DE CUIDADOS
Liderança e satisfação
dos enfermeiros com a supervisão
Diogo dos Santos Neves
Coimbra, Março de 2013
CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM
ÁREA DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DE UNIDADES DE
CUIDADOS
Liderança e satisfação
dos enfermeiros com a supervisão
Diogo dos Santos Neves
Orientador: Professor Doutor João Rogério Valença Vieira, Professor
Coordenador, Escola Superior de Enfermagem de Coimbra
Co-orientadora: Professora Doutora Rosa Cândida de Carvalho Pereira de
Melo, Professora Adjunta, Escola Superior de Enfermagem de Coimbra
Dissertação apresentada à Escola Superior de Enfermagem de Coimbra
para obtenção do grau de Mestre em Enfermagem
Área de Especialização de Gestão de Unidades de Cuidados
Coimbra, Março de 2013
Agradecimentos
Ao iniciar a apresentação deste trabalho gostaria de deixar a minha gratidão aqueles
que de alguma forma contribuíram para a sua consecução.
Em especial:
Ao meu orientador, Professor Doutor João Rogério Valença Vieira, e à minha co-
orientadora, Professora Doutora Rosa Cândida de Carvalho Pereira de Melo, pelo
apoio e disponibilidade demonstrados, pelos conselhos e incentivos que me deram
confiança e alento para a concretização do estudo.
Ao Conselho de Administração do Centro de Medicina Reabilitação da Região
Centro – Rovisco Pais e ao Conselho de Administração do Hospital Arcebispo João
Crisóstomo que permitiram a colheita de informação.
Aos enfermeiros que colaboraram e participaram na colheita de informação.
Aos professores e colegas do I Mestrado em Enfermagem pela oportunidade de
desenvolvimento que me proporcionaram.
Aos meus pais e irmão pelo carinho e apoio incondicional.
À Karina pela paciência e compreensão nas ausência, pelo amor e apoio
incondicional.
Aos meus amigos pelo carinho e suporte que me deram em todas as circunstâncias
sem nada pedir em troca.
RESUMO
As instituições de saúde são organizações de estruturação complexa, dinâmica e em
constante mudança. Neste contexto, são necessários profissionais de saúde
detentores de competências de liderança, capazes de influenciar os comportamentos
dos subordinados no sentido da consecução dos objectivos organizacionais, e,
simultaneamente, promotores da satisfação. Este estudo foi realizado em contexto
hospitalar e teve como principal objectivo verificar a relação do desempenho dos
papéis de liderança e a satisfação com a supervisão. Foi realizado um estudo
quantitativo, descritivo, correlacional e transversal numa amostra constituída por 79
enfermeiros. Na colheita de dados foi aplicado um questionário, constituído por dados
sociodemográficos, Escala de Liderança e Escala de Satisfação com a Supervisão.
Os resultados apontam para um reconhecimento do desempenho de todos os papéis
de liderança, configurando-se, um pendor para o controlo. Os papéis de liderança
mais reconhecidos foram os de director e produtor, apontando a liderança para o
modelo dos objectivos racionais, indiciando uma maior preocupação dos enfermeiros
chefes com o planeamento, definição de metas, produtividade e eficiência. Os
enfermeiros encontram-se globalmente satisfeitos com a supervisão, verificando-se
diferenças estatisticamente significativas entre a satisfação com a supervisão e a
prática do horário fixo. Verificou-se, também, uma associação positiva significativa
para todos os papéis de liderança, sendo, os papéis de facilitador e mentor, os que
apresentam correlações mais fortes.
A investigação revelou que o líder que desempenha todos os papéis de liderança,
para além de adquirir níveis de performance mais elevados, também, aumenta o nível
de satisfação com a supervisão dos enfermeiros que lidera.
ABSTRACT
Health institutions are a complex, dynamic and constantly changing organization. As
such, they require health professionals with leadership skills, capable of influencing
their subordinates’ behavior towards the achievement of organizational objectives, and
simultaneously be satisfaction promoters. This investigation was carried out in a
hospital setting and has as main objective to verify the relation in the performance of
leadership roles and supervision satisfaction. Therefore, a quantitative, descriptive,
correlational and transversal study was conducted, with a sample constituted by 79
nurses. A questionnaire was applied to collect data, consisting on social-demographic
information; Leadership Scale and a Supervision Satisfaction Scale.
The results indicate an acknowledgement towards all roles of leadership, having a
tendency towards control. The roles of leadership most acknowledged were the
director and producer, indicating leadership to the rational objectives model, revealing
a greater concern with planning, goal setting, productivity and efficiency. Nurses are
globally satisfied with supervision, verifying significant statistical differences in
supervision satisfaction and having a steady schedule. There was also a positive
significant association for all the leadership roles, being the roles of facilitator and
mentor those with strongest correlation.
The investigation revealed that the leader who plays all roles of leadership, in addition
to acquiring higher levels of performance, will also raise the level of supervision
satisfaction of the nurses he leads.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Tipologia sobre os estudos de liderança ....................................................21
Quadro 2: Características de personalidade que definem o líder ...............................22
Quadro 3: Características dos quatro modelos de liderança de Quinn .......................33
Quadro 4: As 24 competências de gestão ..................................................................35
Quadro 5: Causas da satisfação: pessoais e organizacionais ....................................40
Quadro 6: Variáveis sociodemográficas ......................................................................56
Quadro 7: População e amostra dos enfermeiros dos CMRRC – Rovisco Pais
e HAJC ........................................................................................................................58
Quadro 8: Apresentação da correspondência dos diferentes itens da escala
da satisfação com a supervisão e o respectivo valor numérico ..................................59
Quadro 9: Apresentação das contagens e respectivas categorias de interpretação
do nível de satisfação com a supervisão ....................................................................59
Quadro 10: Apresentação da correspondência dos diferentes itens da escala
de liderança e o respectivo valor numérico .................................................................60
Quadro 11: Itens de cada dimensão da escala de liderança ......................................61
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Distribuição dos elementos da amostra segundo as variáveis
sociodemográficas e profissionais ...............................................................................64
Tabela 2: Estatísticas descritivas dos itens da escala de satisfação com a
supervisão ....................................................................................................................65
Tabela 3: Frequência dos níveis de satisfação com a supervisão ..............................67
Tabela 4: Valores mínimos, máximos, médias e desvio padrão dos itens da
escala de liderança relativamente ao que “É característico” e ao que “Devia ser
característico” ..............................................................................................................68
Tabela 5: Mínimo, máximo, média e desvio padrão da percepção dos papéis de
liderança desempenhados pelos enfermeiros chefes .................................................69
Tabela 6: Teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov para a variável satisfação
com a supervisão .........................................................................................................72
Tabela 7: Teste de normalidade de Shapiro-Wilk para a variável satisfação com a
supervisão por sexo ....................................................................................................72
Tabela 8: Teste t para amostras independentes: satisfação com a supervisão por
sexo ..............................................................................................................................73
Tabela 9: Correlação de Pearson entre a idade e a satisfação com a supervisão .....73
Tabela 10: Teste de normalidade de Shapiro-Wilk para a variável satisfação com
a supervisão por habilitação académica .....................................................................73
Tabela 11: Análise da variância: satisfação com a supervisão em função das
habilitações académicas ..............................................................................................74
Tabela 12: Teste de normalidade de Shapiro-Wilk para a variável satisfação com
a supervisão por categoria profissional .......................................................................74
Tabela 13: Correlação de Pearson entre os anos de serviço, os anos de serviço
no serviço actual e a satisfação com a supervisão ......................................................75
Tabela 14: Teste de normalidade de Shapiro-Wilk para a variável satisfação com
a supervisão por tipo de vínculo ...................................................................................75
Tabela 15: Teste de normalidade de Shapiro-Wilk para a variável satisfação com
a supervisão por tipo de horário ...................................................................................76
Tabela 16: Teste t para amostras independentes: satisfação com a supervisão por
tipo de horário ...............................................................................................................76
Tabela 17: Teste t para amostras independentes: satisfação com a supervisão em
função das responsabilidades de gestão ou chefia .....................................................77
Tabela 18: Correlação de Pearson entre o desempenho dos papéis de liderança
e a satisfação com a supervisão ..................................................................................77
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Modelo dos Valores Contrastantes: Eficácia Organizacional.......................32
Figura 2: Modelo dos Valores Contrastantes: papéis de liderança .............................33
Figura 3: Líderes com perfil ineficaz de liderança .......................................................38
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Classificação global da escala de satisfação com a supervisão ................66
Gráfico 2: Percepção dos papéis de liderança desempenhados pelos enfermeiros
chefes relativamente ao ue é caracter stico e dimensões do MVC ........................69
Gráfico 3: Percepção dos papéis de liderança desempenhados pelos enfermeiros
chefes relativamente ao ue devia ser caracter stico e dimensões do MVC ............70
Gráfico 4: Histograma do score total da satisfação com a supervisão com curva
de normalidade .............................................................................................................71
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .............................................................................................................12
PARTE UM: ENQUADRAMENTO TEÓRICO .............................................................16
1 – LIDERANÇA .........................................................................................................17
1.1 – TEORIAS DE LIDERANÇA ..............................................................................20
1.1.1 – Teorias baseadas nos traços de personalidade universais ..................21
1.1.2 – Teorias baseadas no comportamento do líder .......................................23
1.1.3 – Teorias contingenciais ..............................................................................24
1.1.4 – Novas abordagens das teorias da liderança ..........................................27
1.1.4.1 – Teoria da atribuição de liderança ............................................................27
1.1.4.2 – Teoria da liderança carismática ..............................................................28
1.1.4.3 – Teoria da liderança visionária .................................................................29
1.1.4.4 – Liderança transacional/transformacional ................................................29
1.2 – MODELO DOS VALORES CONTRASTANTES ..............................................31
1.2.1 – Papéis de liderança ...................................................................................36
2 – SATISFAÇÃO PROFISSIONAL ..........................................................................39
2.1 – SATISFAÇÃO PROFISSIONAL E ENFERMAGEM .........................................45
2.2 – SATISFAÇÃO COM A SUPERVISÃO ..............................................................48
PARTE DOIS: ESTUDO EMPÍRICO ............................................................................52
3 – METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO ................................................................54
3.1 – TIPO DE ESTUDO, OBJECTIVOS E QUESTÕES DE INVESTIGAÇÃO ........54
3.2 – VARIÁVEIS EM ESTUDO ................................................................................55
3.3 – POPULAÇÃO E AMOSTRA EM ESTUDO .......................................................57
3.4 – INSTRUMENTOS DE RECOLHAS DE DADOS ..............................................58
3.5 – PROCEDIMENTOS ÉTICOS ............................................................................61
4 – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .........................................63
4.1 – CARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA .................................................63
4.2 – ANÁLISE DESCRITIVA ....................................................................................65
4.3 – ANÁLISE INFERENCIAL ..................................................................................70
5 – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ......................................................................78
6 – CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES E PERSPECTIVAS FUTURAS DE
INVESTIGAÇÃO ....................................................................................................87
6.1 – CONCLUSÕES ................................................................................................87
6.2 – LIMITAÇÕES DA INVESTIGAÇÃO ..................................................................89
6.3 – PERSPECTIVAS FUTURAS DE INVESTIGAÇÃO ..........................................89
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANEXOS
ANEXO 1 – Questionário de recolha de dados
ANEXO 2 - Pedido de autorização ao CMRRC – Rovisco Pais para aplicação do
instrumento de colheita de dados
ANEXO 3 - Pedido de autorização ao HAJC para aplicação do instrumento de colheita
de dados
ANEXO 4 - Autorização do CMRRC – Rovisco Pais para aplicação do instrumento de
colheita de dados
ANEXO 5 - Autorização do HAJC para aplicação do instrumento de colheita de dados
12
INTRODUÇÃO
As instituições de saúde são organizações de estruturação complexa, dinâmica e em
constante mudança. Cada vez mais, são procurados cuidados de saúde de
excelência, que obrigam, necessariamente, a uma oferta que cumpra os níveis de
qualidade exigidos. Os enfermeiros são desafiados diariamente, não apenas por lhes
serem solicitadas competências relacionadas com a sua formação académica e
profissional, como também se vêem confrontados com a solicitação de competências
em gestão, para as quais, muitos nem formação adequada receberam para as
desenvolver.
Assim, as capacidades, atitudes e aptidões dos gestores para influenciarem os
comportamentos dos seus colaboradores no sentido de atingirem os objectivos,
assumem uma importância extrema no seio de qualquer organização.
A Associação dos Enfermeiros Norte-americanos (1996), citada por Marquis e Huston
(2005), afirma que as novas responsabilidades administrativas, que são exercidas
pelos profissionais de enfermagem, requerem enfermeiros com conhecimento,
habilidades e competências em todos os aspectos administrativos.
Da mesma forma, tendo em conta os desafios que o ambiente em constante
transformação coloca à gestão das organizações, torna-se também uma enorme
necessidade, que os gestores possuam capacidades de liderança.
A preocupação com os processos de liderança e com a aquisição e desenvolvimento
das respectivas competências já se vem registando há séculos (Bergamini, 1997,
citado por Dias, 2005). Em enfermagem, vem-se assistindo também a uma
preocupação crescente na formação de profissionais com capacidades para liderar.
Segundo Marquis e Huston (2005), a necessidade de desenvolvimento de
competências de liderança nunca atingiu proporções tão elevadas, não só para ocupar
os diferentes níveis de gestão, mas também para manter um grupo funcional coeso e
garantir a prática de cuidados de alta qualidade.
Liderança é um processo bastante complexo que tem sido alvo de exaustivas
investigações. Os autores vêm tentando criar uma definição, mas até ao momento
nenhuma se tornou consensual e paradigmática (Bass, 1990, citado por, Cunha et al.,
2007). Contudo, há um facto em que a maior parte parece concordar, o processo de
influência que o líder exerce sobre os subordinados. Para Santos (2008), a liderança é
13
o processo pelo qual uma pessoa exerce influência sobre outra(s) no sentido de a(s)
orientar para a consecução de determinados objectivos.
A liderança constitui uma das maiores preocupações nestes novos tempos, uma vez
que do seu exercício provém, em grande medida, a eficiência e eficácia dos grupos e
organizações (Jesuíno, 2005). Assim, o enfermeiro chefe apresenta-se como o
elemento chave da dinâmica dos grupos de trabalho de enfermagem, enquanto gestor
da liderança, decisivo para o funcionamento eficaz da organização, e gestor da
motivação, necessidade essencial para o funcionamento dos grupos de trabalho
(Menezes, 2010).
Segundo Cunha et al. (2007), o processo de liderança ocorre em dois sentidos, uma
vez que a influência gerada acontece do líder para os subordinados e dos
subordinados para o líder, sendo que a primeira é necessariamente superior (Cohen e
Fink, 2004). Assim, para existir uma liderança eficaz terá de ocorrer uma relação
simbiótica entre enfermeiro chefe e enfermeiros, no sentido de promover o
fortalecimento do grupo de trabalho, esbatendo o poder na equipa, sobressaindo a
valorização das competências pessoais e fazendo com que cada elemento reconheça
o propósito e o sentido do seu trabalho (Menezes, 2010).
Para a manutenção e incremento desta relação é importante que haja a satisfação dos
enfermeiros face ao seu chefe. De acordo com a American Hospital Association
(2006), Buckingham e Coffman (1999) e Wagner (2006), citados por Watson (2009), o
determinante mais significativo da satisfação profissional e do compromisso
organizacional dos funcionários é a relação positiva com os superiores imediatos.
Quaquebeke et al. (2010), defendem que a satisfação dos subordinados com a
liderança depende se os valores idealizados para um líder perfeito, estão, ou não,
presentes no seu líder actual.
Neste contexto, torna-se necessário perceber em que medida os comportamentos de
liderança dos superiores hierárquicos influenciam a satisfação dos seus subordinados,
no sentido de ajudá-los a desenvolver comportamentos e a criar um clima de trabalho
que favoreça as necessidades dos trabalhadores (Watson, 2009). Menezes (2010)
acrescenta que conhecer os motivos que movem ou influenciam os seus
trabalhadores é uma questão essencial e crucial como instrumento de gestão
(Menezes, 2010).
Esta problemática levou-nos a colocar a seguinte questão: Será que o desempenho
dos papéis de liderança dos enfermeiros chefes contribui para satisfação com a
supervisão dos enfermeiros?
14
Pela pertinência do tema e pelas poucas investigações direccionadas,
especificamente, para o estudo da satisfação com os papéis de liderança, propusemo-
nos realizar uma investigação que tem como objectivos avaliar a percepção dos
enfermeiros sobre o desempenho dos papéis de liderança dos enfermeiros chefes;
identificar o nível de satisfação com a supervisão dos enfermeiros; verificar a relação
entre o desempenho dos papéis de liderança e a satisfação com a supervisão; e
verificar a relação entre as variáveis demográficas e a satisfação com a supervisão.
Para a concretização destes objectivos desenvolvemos um estudo quantitativo,
descritivo, correlacional e transversal com uma amostra não probabilística constituída
por 79 enfermeiros que desempenhavam funções no Centro de Medicina de
Reabilitação da Região Centro – Rovisco Pais e Hospital Arcebispo João Crisóstomo.
Como método de recolha de informação utilizou-se um questionário e duas escalas de
medida: Escala de Satisfação com a Supervisão de Munson (2000), adaptada por
Loureiro (2005); e a Escala de Liderança de Quinn (1988), adaptada por Parreira et al.
(2006).
A motivação para investigar a temática da liderança e satisfação com a supervisão,
prende-se com o facto de, frequentemente, constatarmos relações austeras entre
enfermeiros chefes e enfermeiros, que levam à insatisfação dos enfermeiros e
degradação das equipas, prejudicando severamente a qualidade dos cuidados
prestados às populações.
Esta investigação contribuiu para perceber em que sentido o desempenho dos papéis
de liderança estão relacionados com a satisfação com a supervisão, com
repercussões na satisfação com o trabalho e motivação dos enfermeiros.
O presente trabalho está estruturado em duas partes que estão subdivididas em 6
capítulos. Na primeira parte, constituída por dois capítulos, procedemos ao
enquadramento teórico, onde é realizada a revisão da literatura sobre a liderança, a
evolução das teorias de liderança, o modelo dos valores contrastantes de Quinn
(Quinn, 1988), a satisfação profissional dos enfermeiros e a satisfação com a
supervisão. Na segunda parte, constituída por 4 capítulos, desenvolvemos a
investigação empírica, onde apresentamos a metodologia de investigação, fazendo
referência às questões de investigação, os objectivos, o tipo de estudo, amostra e
variáveis em estudo, bem como, aos instrumentos de colheita de dados e
procedimentos éticos; apresentamos os resultados com respectiva análise e
discussão; as conclusões da investigação realizada, suas limitações e perspectivas
para futuras investigações; e, por fim, a referenciação bibliográfica.
15
Depois da referenciação bibliográfica encontram-se os anexos que incluem pedidos de
autorização para a realização do estudo e instrumentos utilizados no desenvolvimento
da investigação.
17
1 – LIDERANÇA
Actualmente, mudanças organizacionais dramáticas nas instituições de saúde são
uma constante, pelo que a liderança surge neste contexto como uma ferramenta
indispensável para a gestão.
A liderança tem vindo a despertar um interesse crescente entre a comunidade
científica, não só pela sua complexidade mas também pela concepção generalizada
de que liderança é uma condição de sucesso das organizações.
Em inúmeras ocasiões, investigadores tentaram criar uma definição de liderança mas,
até à data, nenhuma se tornou consensual e paradigmática. São muitas as
defini ões, uase tantas uantas as pessoas ue se dedicaram ao tema (Bass, 1990,
citado por, Cunha et al., 2007, p. 332).
Segundo o Dicionário Universal (1998), líder é uma grafia aportuguesada da palavra
inglesa leader, que significa, em português, chefe, dirigente ou guia. Neste contexto, o
significado de líder provém de um estado físico, é alguém que dirige, que guia, alguém
que vai à frente, o que implica, necessariamente, a existência de seguidores. Por outro
lado, liderança é um neologismo derivado da palavra líder, significando qualidade de
líder, chefia (Dicionário Universal, 1998). Como veremos posteriormente, trata-se de
uma abordagem deveras redutora, uma vez que é um fenómeno excessivamente
complexo, que deverá estar associado às diferentes dimensões que lhe estão
consignadas.
Embora o termo líder seja usado desde meados do século XIV, a palavra liderança
surgiu com um uso frequente apenas no início do século XIX (Marquis e Huston,
2005), em escrituras sobre o controlo e influência politica no Parlamento Britânico. Em
Portugal, o conceito de liderança surge relacionado com a arte de comando, com
longa e prestigiosa tradição na literatura castrense, em que o ensino surgia pelo
método de modelação inspirado em líderes celebres e não pela observação
sistemática e experimentação (Jesuíno, 2005), o que leva a crer que a liderança era
encarada como arte e não como ciência.
Com o passar do tempo e o crescente interesse da investigação nesta área,
começaram a emergir diferentes definições de liderança, umas mais técnicas, como a
de Chapin (1924), que refere que a liderança é um ponto de polarização no sentido da
cooperação do grupo; e outras com uma perspectiva mais abstracta, onde é referido
18
ue lideran a não é uma ciência ou disciplina; é uma arte e, como tal, deve ser
sentida, experimentada, criada ( e Pree, 1993, citado por Mar uis e Huston, 2005,
p.34).
De acordo com Bennis e Nanus (1985), citados por Rodrigues (2007), no decurso dos
últimos 75 anos foram realizados milhares de estudo empíricos dos quais emergiram
350 definições diferentes. De qualquer forma, apesar desta diversidade, sobressai um
aspecto central e comum em grande parte das teorias: a capacidade de influenciar o
comportamento dos membros de um grupo no sentido pretendido. Pinto et al. (2006),
corroboram referindo ue a lideran a é o processo de influenciar e motivar os
comportamentos e as atitudes de uma organização (ou parte dela), para
desenvolverem esforços requeridos para a definição e a prossecução dos seu
objectivos (p.149). Para Santos (2008), lideran a é o processo através do ual uma
pessoa, em determinado contexto, exerce influência sobre outra(s), no sentido de
assegurar que esta(s) assuma(m) determinados comportamentos, em ordem à
consecução de determinados objectivos (p.75). Fica pois claro ue, sem influência
não há liderança.
Seguindo a definição proposta por Cohen e Fink (2004), de que influência é qualquer
acto ou acto potencial que afecte o comportamento de outra(s) pessoa(s), leva-nos a
indagar sobre o papel dos seguidores no fenómeno de liderança. Se não há
seguidores para que serve um líder? Liderança deve ser percepcionada no plural,
como uma relação que ocorre entre duas ou mais pessoas. Assim, liderança pode ser
reconhecida como uma relação simbiótica entre líderes e seguidores (Cunha et al.,
2007). E, como em qualquer relação de simbiose, onde a ajuda é mútua, no contexto
da liderança, com a influência é igual, o líder influencia os seguidores e, por outro
lado, os seguidores influenciam também o líder. Nesta perspectiva, emerge a
necessidade de questionar como diferenciar o líder do seguidor no processo de
influência mútua. Segundo Cohen e Fink (2004), para que tal aconteça, deverá existir
influência líquida, ou seja, a influência que X exerce sobre Y é maior comparando com
a que Y exerce sobre X. Só assim X se torna no líder e Y no(s) seguidor(es).
Outra dimensão consignada à influência no âmbito da liderança é o carácter formal ou
informal que lhe está atribuído. Para Cohen e Fink (2004), fala-se em influência formal
quando esta se sustenta num privilégio de posição, isto é, quando ela decorre de um
cargo ou posição num determinado sistema social. Por oposição, influência informal
não advém de nenhum cargo ocupado mas sim das suas características pessoais, que
se fazem sobressair num determinado contexto e o tornam num líder, que é
naturalmente reconhecido e aceite pelos outros.
19
Como verificado anteriormente, alguns teóricos limitam a liderança à tentativa de
influência que suscita o empenho entusiástico dos colaboradores, colocando de lado a
que resulta em obediência passiva ou aberta. Nesta perspectiva, se um chefe
manipular ou coagir os seus subordinados, não está a exercer liderança. Assim,
Peletier (1999), citado por Cunha et al. (2007), aduz que lideran a é a capacidade de
suscitar a participação voluntária das pessoas ou grupos na prossecução de
objectivos definidos (p.332). Ainda na mesma obra, Louren o (2000) defende ue:
para ue a lideran a se exer a, o grupo, explicita ou implicitamente, precisa de
consentir a influência do líder, de admitir (a si mesmo) ser influenciado. Exercer
influência é, assim, exercer autoridade feita de aceita ão voluntária (p.332). Segundo
Cohen e Fink (2004), trata-se de uma influência legítima, dado que a mesma não é
imposta, assim como os resultados que produz. Por outro lado, existem opositores a
esta tese, considerando-a restritiva, já que exclui processos de influência importantes
que poderão determinar se um líder é eficaz ou ineficaz, consoante determinada
situação.
A tentativa de influência pode provocar um empenho entusiástico em alguns
indivíduos em determinada ocasião mas, por outro lado, pode levar à renitência
noutros indivíduos ou situações. Cohen e Fink (2004) classificam-na como uma
influência ilegítima, visto que não é aceite naturalmente, é contestada pelos
seguidores, mas ainda assim vigora por imposição. Cunha et al. (2007) justificam esta
teoria mencionando que é possível que algumas pessoas resistam a uma ordem num
dado momento mas que, no futuro, se empenhem no seu cumprimento, caso
descubram que, afinal, se tratava da melhor opção. Por isso deve ser tida em conta na
conceptualização de liderança.
Em Jesuíno (2005), esta aparece muitas vezes associada a uma rede estrutural de
diferentes concepções, tais como, poder, poder politico e influência social. Neste
contexto Robbins (1999), refere-se ao conceito como a capacidade de influenciar um
grupo em direcção à realização de metas, que advém da sua grande capacidade em
exercer poder, mantendo no entanto um bem estar no seio do grupo (p.157). Pinto et
al. (2006) acrescentam que a razão pela qual os líderes são capazes de influenciar os
colaboradores, dá-se ao facto de liderança estar directamente relacionada com poder.
Para o mesmo autor, poder consiste na capacidade de afectar as decisões, as atitudes
e os comportamentos dos outros. Assim, liderança é o exercício do poder, como
confirma Weber (1947) citado por Jesuíno (2005), ao referir que liderança não será
mais do ue o exerc cio do poder por parte dum actor sobre um grupo (p.9). e
20
acordo com Daft (1999), referido por Parreira (2005), existem três aspectos
importantes que estão subjacentes a este conceito:
- Envolvimento dos seguidores que estão dispostos a aceitar ordens,
consentindo o processo de liderança, já que sem subordinados não há
liderança;
- Distribuição assimétrica do poder entre o líder e subordinados,
obviamente com supremacia para o líder, dado que quanto maior poder deter
mais efectiva será a sua liderança;
- Capacidade no uso das diferentes formas de poder, influenciando o
comportamento dos subordinados, manifestando-se na habilidade em
promover mudança de atitudes ou comportamentos do outro.
Como relatado até aqui, a liderança pode ser abordada de diversas perspectivas.
Inevitavelmente, todas elas suscitaram discórdia entre os demais investigadores, uma
vez que não há consenso sobre qual a mais adequada. As tendências têm sido
direcionadas para o contexto sócio-organizacional e centradas no individuo, na sua
personalidade, nas suas capacidades de líder face aos seguidores.
1.1 – TEORIAS DE LIDERANÇA
A liderança tem sido tema de pesquisa pelos mais diversos campos do conhecimento
humano desde o início do século XX. Contudo, antes desse período, já existiam
muitos livros e artigos que dissertavam sobre como liderar, ainda que sob a forma de
teorias filosóficas ou sugestões baseadas em poucos dados e informações que
sustentassem a sua perspectiva. Com o decorrer do tempo, a investigação sobre
liderança permitiu elaborar diversas teorias, que evoluíram desde as teorias que
descreviam traços e características pessoais dos líderes eficazes, passando por uma
abordagem comportamental que tentava transmitir o que os líder eficazes deveriam
fazer, e chegando a uma abordagem situacional ou contingencial, que aponta um
estilo mais flexível, adaptativo para a liderança eficaz.
Vários estudos foram realizados ao longo dos anos para atestar as diferentes teorias
então em voga. Segundo Jago (1982), citado por Ferreira, Neves e Caetano (2001), os
estudos podem agrupar-se em quatro conjuntos, constituindo, cada um, uma fase
distinta, no estudo científico da liderança (Quadro 1).
21
Quadro 1: Tipologia sobre os estudos de liderança
Características Universal Contingencial
Traços Tipo I Tipo III
Comportamentos Tipo II Tipo IV
Fonte: Ferreira, Neves e Caetano (2001, p.378) adaptado de Jago A. (1982)
De acordo com Parreira (2005) as diferentes abordagens sobre liderança, poderão ser
agrupadas em várias teorias: teorias baseadas nos traços de personalidade
universais; teorias baseadas no comportamento do líder, teorias contingenciais; e
novas abordagens das teorias da liderança. Desta forma, iremos abordar
sumariamente cada uma delas.
1.1.1 – Teorias baseadas nos traços de personalidade universais
Esta teoria foi abordada, inicialmente, na área da psicologia e baseia-se, em grande
medida, na teoria do grande homem , proposta por Thomas Carlyle em 1910, na ual
tentava atribuir o progresso do mundo às realizações de alguns grandes homens que
dominaram a história (Cunha et al., 2007).
Vários estudos realizados neste âmbito, tiveram por base identificar características de
personalidade associadas à liderança. Desta forma, ocorreu a tentativa de definir
atributos pessoais – inteligência, personalidade, motivos e valores – do líder universal,
capaz de liderar qualquer grupo em qualquer situação. Portanto, de acordo com a
tipologia dos estudos de liderança sugerida por Jago (1982), enquadram-se no tipo I
(Ferreira, Neves e Caetano, 2001).
Esta teoria sustenta-se, assim, na ideia de que os líderes verdadeiros devem possuir
um determinado conjunto de características que os distingam dos não líderes.
Características que, segundo esta abordagem, nascem com a pessoa, logo, são
inatas, não dependem da aprendizagem do indivíduo. Chiavenato (1983) corrobora
referindo que se parte do pressuposto de que certas pessoas, ditas líderes, são
detentoras de uma conjugação especial de atributos e características que podem ser
utilizadas para reconhecer futuros líderes, assim como, a sua potencialidade para
exercer uma liderança eficaz.
Santos (2008) identifica algumas características da personalidade que definem o líder,
conforme apresentado no quadro 2.
22
Quadro 2: Características de personalidade que definem o líder
Características físicas peso, altura, aparência, energia
Características de personalidade
domínio, extroversão, bom senso, originalidade, adaptabilidade, agressividade, entusiasmo, espírito de iniciativa, persistência e auto-confiança
Capacidades e habilidades inteligência, conhecimento e competência técnica
Características sociais cooperação, sociabilidade, posição socioeconómica e capacidade de relacionamento interpessoal
Fonte: Adaptado de Santos (2008, p.77.)
Bilhim (1996), Stoner e Freman (1995), citados por Parreira (2005), referem que os
estudos sobre os traços de personalidade evidenciaram que os líderes são, em geral,
mais inteligentes, possuem maior domínio, maior autoconfiança, são mais
extrovertidos, apresentam um nível mais elevado de energia e conhecimentos do que
os subordinados. Neves (2001), de acordo com vários estudos empíricos que reviu,
refere que características como inteligência, personalidade e motivos apresentam
medidas mais elevadas nos líderes quando comparadas com a dos não líderes, ainda
que, com correlações baixas entre inteligência e liderança (0,10 e 0,25) (Parreira,
2005).
Vários investigadores declaram a importância que os traços da personalidade
desempenham no processo de liderança, mas devido à inconsistência encontrada nos
diversos estudos, não foi possível encontrar um perfil de líder, baseado nos traços de
liderança, que fosse reconhecido por todos como um perfil de líder universal. Assim,
os traços de personalidade não são determinantes de eficácia ou ineficácia da
liderança, poderão, por outro lado, ser considerados facilitadores no processo de
liderar.
Esta teoria é posta então de parte, uma vez que se revelou bastante limitada, dado
que não respeita a contingencialidade das situações. Caso esta teoria vigorasse, um
indivíduo só se tornava num líder eficaz, se já nascesse com estes traços atribuídos,
ou seja, era algo inato.
Neste sentido, a investigação partiu para aspectos mais relacionados com o
comportamento, na tentativa de criar teorias que demonstrassem a existência de
comportamentos específicos que levassem a um liderança eficaz.
23
1.1.2 – Teorias baseadas no comportamento do líder
Os estudos de campo sobre liderança, promovidos pelos resultados pouco
satisfatórios da teoria dos traços de personalidade do líder universal, levaram os
investigadores a tentarem a sua sorte por outros caminhos. Assim, o caminho
escolhido foi, preferencialmente, o estudo dos comportamentos dos líderes formais, ou
seja, centram-se agora na tentativa de caracterizar o líder universal, mas partindo da
observação do comportamento do indivíduo no exercício de funções de chefia formal.
De acordo com Ferreira, Neves e Caetano (2001), estes estudos, enquadram-se na
tipologia II.
Esta teoria, ao contrário da dos traços de personalidade que incide sobre o que o líder
é, incide, centralmente, no que o líder faz, procurando identificar o conjunto de
comportamentos capazes de garantir o melhor desempenho e eficácia organizacional.
De acordo com Santos (2008), no âmbito das teorias baseadas no comportamento do
líder, podemos destacar algumas investigações realizadas, tais como:
- Os estudos da Universidade de Iowa, onde foram identificados 3 estilos
comportamentais distintos: o autocrático, em que o líder toma decisões de forma
unilateral, centralizado na autoridade, é ele que dita os métodos de trabalho
restringindo a participação dos subordinados; o democrático, onde o líder procura
envolver o grupo na tomada de decisões, aproveita o feedback como uma
oportunidade para apoiar, orientar, dirigir, treinar, motivar e controlar os subordinados
e delega autoridade; e o laissez-faire, no que qual o líder dá total liberdade ao grupo,
limita-se a fornecer os materiais e equipamentos necessários e evita dar feedback.
- Os estudos da Universidade de Michigan, onde Likert procura estabelecer
relações, já a um nível organizacional, entre os estilos de liderança e eficácia,
concluindo que os grupos submetidos a uma liderança liberal apresentaram piores
resultados comparando-os com os grupos liderados por líderes autocratas e
democratas, quer ao nível da quantidade quer da qualidade do trabalho produzido;
relativamente aos grupos sujeitos a uma liderança autocrática ou democrática,
observou-se que a quantidade de trabalho produzida era semelhante, contudo, nos
grupos liderados democraticamente a qualidade da produção supera, assim como a
satisfação dos subordinados.
- Os estudos da Universidade de Ohio, em vários aspectos idênticos aos de
Michigan, sendo a principal diferença a metodologia seguida. Os investigadores,
através da análise factorial, identificaram dois factores distintos nos comportamentos
de liderança, a estruturação e a consideração, que vigoram em dimensões separadas
24
e, conceptualmente, independentes. Assim, qualquer combinação é possível, isto é,
um líder pode obter pontuações elevadas ou baixas em ambas as dimensões, mas
também elevadas numa e baixa na outra. Desta forma, quatro estilos de liderança
emergem do cruzamento destas duas dimensões dicotómicas: baixa estrutura e alta
consideração, baixa estrutura e baixa consideração, alta estrutura e alta consideração
e alta estrutura e baixa consideração.
Mais tarde surgiu outro desenvolvimento significativo neste âmbito, protagonizado por
Robert Blake e Jane Mouton, a proposta do seu modelo de liderança denominado de
Grelha de Gestão (Managerial Grid). Esta grelha é definida por dois eixos ortogonais
graduados de 1 a 9, sendo que, um traduz o maior ou menor grau de atenção aos
subordinados e o outro a maior ou menor preocupação com a realização da tarefa. O
cruzamento de cada um deles define quatro quadrantes. Segundo Jesuíno (2005), é
atribuído uma classificação nominal a cada estilo, mediante a posição ocupada na
grelha, assim, o estilo 1-9 é o estilo simpático (country-club) e o estilo 9-9 é o estilo
equipa (team), o estilo 5-5 é o equilibrado (middle-road), o estilo 9-1 o estilo tarefa
(task) e o estilo 1-1 o estilo fraco (impoverished).
Esta tese pressupõe que exista uma hierarquia na eficácia destes diferentes estilos
que vai do estilo 1-1 ao estilo 9-9, passando pelo estilo 5-5. No que diz respeito aos
estilos 1-9 e 9-1, são relativamente ineficazes e situam-se entre o estilo 1-1 e 5-5,
sendo que o estilo 9-9 é visto como o estilo verdadeiramente eficaz, o que faz todo o
sentido, se pensarmos que a preocupação teórica desta corrente de pensamento se
insere no grupo das abordagens universalistas.
Devido à crescente insatisfação por parte dos investigadores com a solidez teórica dos
estudos que sustentam este modelo (tipo II), a preocupação deixa de estar centrada
na identificação das características de comportamento do líder universal e passa a
estar direccionada para orientações mais contingenciais, como por exemplo,
capacidades dos liderados e motivações, posicionamento na estrutura hierárquica e
grau de estruturação da tarefa (Ferreira, Neves e Caetano, 2001).
1.1.3 – Teorias contingenciais
Este novo caminho no estudo da liderança, vem dar um enfoque especial à situação,
como factor relevante na sua eficácia. A importância dos factores contextuais emerge,
valorizando-se a preponderância da contingência, no que concerne a traços ou
25
comportamentos conducentes à liderança eficaz. Dentro das teorias contingenciais
destacam-se as mais significativas:
- O modelo de Fiedler, no qual é reassumido o uso da dicotomia tarefa-
relacionamento, isto é, orientação do líder ou para tarefa ou para as relações
humanas, referida em teorias mais remotas. Ao contrário do caminho usado até então,
traduzido em orientações comportamentais específicas, esta teoria valoriza as
atitudes, motivações e valores dos líderes e das suas características de personalidade
(Ferreira, Neves e Caetano, 2001). Este modelo utiliza a distinção entre tarefas e
relacionamento, propondo-se relacionar estas dimensões com diferentes tipos de
situação, no sentido de determinar quais as contingências que tornam mais eficaz um
ou outro estilo;
- O modelo cognitivo-motivacional de House e Mitchell, ou também conhecido
como a teoria do caminho-objectivo. Segundo Robbins (1999), esta teoria possui tal
designação, pelo facto de se valorizar o papel do líder na minimização de obstáculos,
dando a possibilidade aos subordinados de percorrer caminhos mais acessíveis no
sentido da consecução dos objectivos de trabalho. House (1971) propõe uma
explicação dos efeitos do comportamento do líder na satisfação, motivação e
desempenho dos subordinados. Ele retira os elementos chave que constituem este
modelo, dos estudos da Universidade de Ohio e defende que o principal papel do líder
é guiar os subordinados para o cumprimento dos objectivos e oferecer-lhes orientação
e apoio, garantindo que os seus objectivos sejam compatíveis com os da organização
(Robbins, 1999). Os investigadores identificam quatro comportamentos de liderança
distintos: liderança directiva, onde o líder orienta os subordinados para o que devem
fazer e o modo como devem actuar; liderança apoiante, em que o líder mostra respeito
e consideração pelo bem-estar e necessidade dos colaboradores; liderança
participativa, onde o líder consulta os colaboradores, solicitando-lhes sugestões para a
toma de decisão; e liderança orientada para o êxito, em que o líder estabelece metas
desafiantes, enfatiza a excelência e tenta descortinar modos de alcançar melhorias;
- A teoria de Hersey e Blanchard, que se baseia na interacção entre duas
variáveis: comportamento do líder e maturidade dos subordinados (Santos, 2008). A
sua essência reside na proposta segundo a qual os líderes devem ajustar o seu estilo
comportamental ao nível de maturidade dos subordinados. O líder terá que ser capaz
de se adaptar às variadas situações. Sempre que os subordinados demonstrarem
elevados níveis de maturidade, o controlo das actividades a desenvolver e os
comportamentos de relacionamento deveram diminuir, devendo o líder restringir a sua
acção à responsabilização e competência dos subordinados. Assim, a eficácia é tanto
26
maior quanto a capacidade do líder para avaliar o grau de maturidade dos seus
colaboradores e se ajustar à exigência da situação.
- A teoria da troca líder-membro, que se assenta no desenvolvimento de
relações diádicas entre os líderes e os seus subordinados, focando-se na qualidade
dos relacionamentos entre gerentes e subordinados (Kinicki e Kreitner, 2006). Este
modelo sugere abordagens distintas no processo de liderar que se baseiam na
suposição de que os líderes desenvolvem relações únicas um-a-um com cada pessoa
que se reporta a eles, formando-se dois tipos de grupos distintos: os in groups, onde
os subordinados obtêm mais atenção por parte do líder do que os outros elementos do
grupo, são confiáveis, sendo por isso privilegiados na relação, o que conduz a uma
melhor taxa de realização, maior satisfação com o líder e menor turnover; e os out
groups, onde os subordinados recebem menos atenção, menos recompensa,
estabelecendo uma interacção mais formal com o líder (Parreira, 2005). Para este
modelo, o sucesso de um líder irá depender da forma como este ajusta o seu estilo ao
ambiente em que é colocado, assim como, das características individuais dos
subordinados;
- Modelo de Vroom, também conhecido por modelo de líder-participação em
que é estabelecida uma relação de comportamento e participação da liderança com a
tomada de decisão. De acordo com Parreira (2005), pela sua essência não se
considera um modelo contingente mas sim um modelo normativo, apresentado sob a
forma de árvore de decisão. O mesmo autor acrescenta ainda que tal teoria é regida
por um conjunto de regras, permitindo identificar a forma e quantidade de participação
na tomada de decisão em diferentes situações. Pode-se determinar cinco
comportamentos diferentes de participação na decisão, teoricamente mais adequados
face às contingências apresentadas: autocrático I, onde o líder resolve o problema ou
toma a sua decisão, baseado na informação de que dispõe na ocasião; autocrático II,
em que o líder decide sozinho após obter informações necessárias dos subordinados,
procurando apenas os factos relevantes; consultivo I, ocorre partilha do problema com
os subordinados individualmente; consultivo II, ocorre partilha do problema com os
subordinados como um grupo e são recolhidas as ideias e sugestões; grupo II, ocorre
a partilha do problema com os subordinados como um grupo, onde juntos, discutem
alternativas e procuram chegar a uma solução consensual. Este modelo põe de parte
o estilo de liderança e dá sim realce ao comportamento mais adequada à situação,
onde faz mais sentido falar em situações autocráticas e participativas do que sobre
líderes autocráticos e participativos.
27
Algumas das teorias contingenciais foram abandonadas, outras ainda vigoram nas
investigações actuais ou evoluíram dando origem às novas abordagens da liderança.
1.1.4 – Novas abordagens das teorias da liderança
Durante cerca de meio século, a investigação em liderança esteve muito direccionada
para determinadas temáticas: em perceber se a liderança deverá ser autocrática ou
democrática, se o foco é na tarefa ou nas pessoas, se a tomada de decisão é directiva
ou participativa, ou se os comportamentos são superficiais ou de consideração.
Para além dos factores enumerados previamente pelas diversas teorias, as
abordagens contemporâneas consideram também outras variáveis importantes que
constroem a liderança eficaz, as quais se relacionam com o carisma, a moral, os
valores, o género, a liderança transformacional e a liderança transacional (Cañizares,
2001).
A percepção que os subordinados têm do líder é um dos factores chave destas
abordagens. Entretanto também outras características incorporam-se à análise das
variáveis que tornam o líder eficaz, considerações com um carácter subjectivo, assim
como também próprias da organização.
Neste contexto, abordaremos algumas das novas teorias, nomeadamente a teoria da
atribuição, teorias da liderança carismática, liderança visionária e liderança
transaccional/transformacional.
1.1.4.1 – Teoria da atribuição de liderança
Antes de nos debruçarmos sobre a teoria da atribuição de liderança, torna-se
importante esclarecer o conceito de teoria de atribuição per si.
De acordo com Robbins (1999), as percepções que os indivíduos têm sobre objectos
são distintas das percepções que têm sobres outros seres humanos. Isto acontece
porque fazem inferências sobre as acções das outras pessoas, procurando entender a
razão ue as levaram a agir de determinada forma. Assim, a teoria da atribui ão foi
proposta para desenvolver explicações das formas pelas quais julgamos pessoas
diferentemente, dependendo de que significado atribuímos a um dado
comportamento (Robbins, 1999, p.64).
28
Segundo Robbins (1999), esta abordagem tenta criar um padrão de liderança no qual
os liderados atribuirão ao líder o sucesso organizacional. Quando uma organização é
bem sucedida, a relação causa-efeito tem que ser atribuída a algo ou a alguém.
Assim, a liderança considera-se uma atribuição feita pelas pessoas a outros
indivíduos, a qual se baseia em traços de líder como personalidade, inteligência,
habilidades verbais, sociabilidade, compreensão, agressividade e disposição para o
trabalho.
Em suma, de acordo com Schemerhorn (1999), citado por Cañizares (2001), a teoria
da atribuição pretende entender as causas, avaliando responsabilidades e qualidades
pessoais, tendo como características principais, atribuir aspectos relevantes ao líder,
considerando o desempenho, e estabelecer um padrão de liderança, o qual indica o
comportamento do líder em determinada situação.
1.1.4.2 – Teoria da liderança carismática
Esta abordagem tornou-se uma das mais citadas na literatura empresarial dos últimos
tempos. De acordo com Schemerhorn (1999), citado por Cañizares (2001), os líderes
carismáticos são aqueles que, em virtude das suas capacidades pessoais, têm um
efeito profundo sobre os seguidores.
Para Robbins (1999) esta abordagem da liderança é uma extensão da teoria da
atribuição. A variável que leva o líder à eficácia encontra-se na forma como ele é
percebido pelos liderados e, consequentemente na credibilidade que recebe deles.
As características usualmente citadas que diferenciam os líderes carismáticos dos
não-carismáticos, são a autoconfiança extrema, domínio, fortes convicções e forte
compromisso pessoal, visão e clareza na sua comunicação, comportamento algo fora
das normas, autoconhecimento dos seus pontos fortes, reconhecimento como agente
de mudança e sensibilidade à envolvente (Parreira, 2005). O mesmo autor defende
que os líderes carismáticos perspectivam e comunicam altos padrões de desempenho
aos seus seguidores, confiam nos seus subordinados, fazem sacrifícios dando
exemplo, demonstram coragem e grande sentido de visão.
29
1.1.4.3 – Teoria da liderança visionária
O conceito de visão tem vindo a ser usado até aqui relacionado com a liderança
carismática, mas neste momento o conceito de liderança visionária leva essa ideia
muito além do carisma.
De acordo com Robbins (1999) liderança visionária traduz-se na capacidade de criar e
articular uma visão realista, crível e atraente do futuro, perspectivando a melhoria,
crescimento e desenvolvimento da organização.
Parreira (2005) na sua obra faz alusão ao investigador Nanus (1992), referindo que
esta visão, se for seleccionada e implementada adequadamente, pode ser tão
energética que dá o impulso necessário para as coisas acontecerem, solicitando, ao
mesmo tempo, por habilidades, talentos e recursos dos seus colaboradores. A visão
torna-se assim numa poção mágica que os mantém juntos até atingirem a meta, como
nos confirma Robbins (1999) afirmando que a visão é a "cola que une os indivíduos de
um grupo com uma meta comum (...) quando partilhada por empregados, pode manter
uma empresa inteira movendo-se adiante frente a dificuldades, capacitando e
inspirando líderes e empregados da mesma maneira" (p.235). A visão é capaz de
extrair emoção e energia das pessoas.
Existem diversas evidências da importância desta abordagem, alguns investigadores
desenvolveram estudos que corroboram isso mesmo. Dados de uma pesquisa
realizada a 1500 líderes, incluindo nesse grupo 870 presidentes de empresas, indicam
a crescente importância da liderança visionária. Pediu-se aos entrevistados que
descrevessem traços ou talentos desejáveis num líder, sendo que a característica
dominante mais mencionada para um líder foi o forte sentido de visão. Noventa e oito
por cento classificaram tal traço como o mais importante (Robbins, 1999).
De acordo com Robbins (1999), as qualidades de um líder visionário podem ser
divididas em três: capacidade de explicar a visão para outros; capacidade de
expressar a visão não apenas verbalmente, mas através de comportamento do líder; e
ser capaz de estender a visão a contextos diferentes de liderança.
1.1.4.4 – Liderança transaccional/transformacional
Outra abordagem desenvolvida pelo investigador Bass, categoriza a liderança em dois
tipos comportamentais, embora não mutuamente exclusivas, a liderança transaccional
e a liderança transformacional (Parreira, 2005).
30
Entre as diversas teorias da liderança que foram surgindo ao longo do século XX, a da
liderança transformacional foi, certamente, uma das que mais importância adquiriu. De
acordo com Bass e Riggio (2005), citados por Rezende (2010), esta abordagem
caracteriza-se por possuir uma forte componente pessoal, uma vez que o líder
transformacional motiva os subordinados, influenciando e modificando as suas
atitudes no sentido de os inspirar para a consecução de objectivos suportados por
valores e ideais. Possui quatro componentes essenciais: a carismática, caracterizada
pelo desenvolvimento de uma visão e de indução do orgulho, da confiança e do
respeito; a inspiracional, de motivação, de estabelecimento de objectivos e metas
elevadas, de transformação de comportamentos, para atingir os fins estabelecidos; e a
de estimulação intelectual, de desafio e de estímulo aos seguidores com novas metas
e novos caminhos para as atingir.
Diversas investigações demonstraram que a liderança transformacional pode conduzir
os liderados a uma superação do desempenho esperado, da mesma forma que eleva
os seus níveis de satisfação e compromisso, tanto com o grupo como com a
organização (Bass e Riggio, 2005, citados por Rezende, 2010).
Bass e Avolio (1993), citados por Rosinha (2009), sugerem que os líderes
transformacionais usam processos de influência de ordem superior quando
comparados com os líderes transaccionais, ainda que, de certo modo, a liderança
transformacional se considere uma expansão da liderança transaccional. Os mesmos
autores acrescentam ainda que os efeitos da liderança transformacional aumentam
nos colaboradores os efeitos dos comportamentos de liderança transaccional.
Para Bass (1999), citado por Rosinha (2009), a liderança transaccional traduz-se na
relação de troca entre o líder e os subordinados para responder aos seus próprios
interesses. Podsakoff, Mackenzie, Moorman e Fetter (1999), citados por Rezende
(2010), acrescentam que essa relação de troca é baseada no líder, que discute as
exigências com o outro e especifica as circunstâncias e recompensas que eles
receberão se as metas forem cumpridas. No caso de acções não desejáveis podem
existir formas de punição.
A liderança transformacional é capaz de elevar a liderança a um outro nível, no
sentido em que envolve os seguidores e partilha com eles a visão e os objectivos de
uma organização, desafiando-os a inovarem na resolução de problemas e
desenvolvendo a própria liderança dos seguidores através de formação e tutoria.
Assim o líder coloca o desafio mas ao mesmo tempo fornece o suporte para a
resolução (Bass e Riggio, 2005, citados por Rezende, 2012).
31
Para Quinn et al. (1996), citados por Rodrigues (2007), e fazendo alusão ao modelo
que será a base da presente investigação, a liderança transaccional e
transformacional são identificadas no Modelo dos Valores Contrastantes. Esta
abordagem assenta na análise a partir de dois eixos: eixo da flexibilidade/controlo e
eixo de focus interno/externo, os quais estabelecem quatro domínios: a organização, o
mercado, o sistema operacional e o futuro.
Nesta teoria desenvolvida por Quinn, o líder transaccional é descrito segundo dois
modelos: o modelo do objectivo racional, que presta atenção ao desempenho, resolve
problemas e influencia níveis baixos de decisão; e o modelo dos processos internos,
que avalia projectos propostos, presta atenção à eficácia das operações e integra
perspectivas contraditórias e necessidades. Por sua vez, o líder transformacional
descreve-se também em dois modelos: o modelo dos sistemas abertos, onde existe
uma preocupação com o futuro, mantém-se em constante actualização face à
mudança, focaliza-se nos objectivos, na gestão e transmite o caminho pretendido da
organização a longo prazo; e o modelo das relações humanas, onde o relevo de
actuação vai para a escalada do compromisso, dando ênfase aos valores da
organização, desafiando as pessoas para novos objectivos e aspirações e criando um
senso de entusiasmo entre os colaboradores.
Em conclusão, Quinn e Rohrbaugh (1983) afirmam que o líder que interpretar os
quatro papéis, ou seja, que conjugar a liderança transaccional com a transformacional,
adquire níveis de performance mais elevados, independente da natureza, do tamanho
da sua empresa ou do nível de ambiente competitivo.
1.2 – MODELO DOS VALORES CONTRASTANTES
Quinn e Rohrbaugh (1983) desenvolveram uma investigação no sentido de
compreender os fenómenos que envolvem a eficácia organizacional, de onde emergiu
o Modelo dos Valores Contrastantes (Competing Values Framework). De acordo com
Have et al. (2003), citado por Parreira et al. (2007) é considerado um dos 40 modelos
mais importantes da história da gestão e tem vindo a ser largamente usado na
pesquisa organizacional há mais de 25 anos.
O Modelo dos Valores Contrastantes (MVC) é um modelo espacial constituído por
quatro quadrantes, que surgem da sobreposição de dois eixos representantes das
duas dimensões-chave para a conceptualização da eficácia organizacional, a
flexibilidade versus controlo (eixo vertical), que representa o contraste entre
32
estabilidade/controlo e flexibilidade/mudança, e a orientação interna versus orientação
externa (eixo horizontal), a qual está relacionada com o focos organizacional,
deslocando-se desde uma ênfase interna, centrada no bem-estar e desenvolvimento
das pessoas da organização, ao focos externo, centralizado no bem-estar e
desenvolvimento da organização como um todo (Quinn e Rohrbaugh, 1983).
Uma das principais razões que leva este modelo a ser alvo de inúmeras investigações,
encontra-se subjacente nos valores contrastantes das suas dimensões. As
organizações devem ser flexíveis e adaptáveis à mudança mas também, estáveis e
controladas. Elas apresentam necessidades de crescimento, de aquisição de recursos
e apoio externo, mas também, simultaneamente, gestão de informação e de
comunicação formal rigorosa (Rodrigues, 2007).
Este modelo espacial integrado posiciona nos quatro quadrantes os quatro grandes
modelos de eficácia organizacional propostos na literatura de gestão (Quinn et al.,
1990, citado por Parreira et al., 2007), o modelo das relações humanas, o modelo dos
sistemas abertos, o modelo dos processos internos e o modelo dos objectivos
racionais (figura 1). No quadro 3 estão representadas as características de cada um
destes modelos.
Figura 1: Modelo dos Valores Contrastantes: Eficácia Organizacional
FONTE: Adaptado de Memphis Division of Business and Finance (2001)
33
Quadro 3: Características dos quatro modelos de liderança de Quinn
Objectivos Racionais
Processos Internos
Relações Humanas
Sistemas Abertos
Critérios de eficácia Produtividade/lucro
Estabilidade, continuidade
Compromisso, coesão, moral
Adaptabilidade, apoio externo
Teoria referente a
meios e fins
Uma direcção clara leva a resultados
produtivos
A rotina leva à estabilidade
Envolvimento resulta em
compromisso
Adaptação e inovação contínuas levam à aquisição e manutenção de recursos externos
Ênfase Explicitação de metas,
análise racional e tomada de iniciativas
Definição de responsabilidade,
mensuração, documentação
Participação, resolução de
conflitos e criação de consenso
Adaptação política, resolução criativa
de problemas, inovação, gestão
da mudança
Atmosfera Económico – racional: lucro l uido
Hierárquico Orientada para as
equipas Inovadora, flexível
Papéis de liderança Director e Produtor
Monitor e Coordenador
Mentor e Facilitador Inovador e broker
Fonte: Melo (2011, p.59) adaptado de Quinn et al. (2003)
Quinn realizou uma revisão da literatura sobre liderança e confrontou-a com o seu
MVC, fazendo emergir oito categorias de comportamento de liderança ou papéis.
Cada quadrante/modelo insere dois desses papéis cujas características estão
associadas ao modelo teórico de comportamento organizacional e de gestão em
questão (figura 2).
Figura 2: Modelo dos Valores Contrastantes: papéis de liderança
FONTE: Parreira et al. (2007, p. 21)
34
No quadrante superior esquerdo, situa-se o modelo das relações humanas,
representado pelas dimensões flexibilidade e orientação interna e inclui os papéis de
facilitador e de mentor. Esta perspectiva valoriza aspectos como a confiança e o
sentido de pertença, enfatizando o processo de interacção humana. É dado, também,
grande ênfase à coesão, abertura moral e compromisso. A premissa deste modelo é
que o envolvimento resulta em compromisso, tendo como valores centrais a
participação, a resolução de conflitos e a construção do consenso. Preconiza que o
gestor seja um facilitador centrado nos processos e um mentor empático. Segundo
Quinn e Rohrbaugh (1983), os mentores valorizam o desenvolvimento individual
mediante a orientação cuidadosa e a empatia, contribuindo para o aperfeiçoamento de
competências e planeamento do desenvolvimento dos seus subordinados. Os
facilitadores encorajam a expressão de opinião, promovem a coesão e o trabalho de
equipa e gerem os conflitos pessoais.
O modelo dos sistemas abertos, situando-se no quadrante superior direito, conjuga a
flexibilidade e a orientação externa e inclui o papéis de inovador e broker. Esta
perspectiva valoriza a adaptação, inovação, crescimento, suporte externo e aquisição
de recursos, como processos geradores de eficácia. Estes autores defendem que o
gestor para além de ser um inovador criativo, facilmente adaptável à mudança, terá de
ser um negociador com capacidades de persuasão e influência, bem como, deverá
possuir uma preocupação com a sustentação da legitimidade exterior e a obtenção de
recursos externos.
No quadrante inferior esquerdo, situa-se o modelo do processo interno, representado
pelas dimensões controlo e orientação interna e inclui os papéis de coordenador e
monitor. Esta perspectiva vê como critérios de eficácia o controlo e estabilidade,
comunicação e gestão de informação, tendo como premissa que a rotina gera
estabilidade. Assim, os gestores, como coordenadores, devem dar ênfase à
coordenação dos esforços da equipa e organização, enquanto como monitores,
devem estar ocorrentes do que se passa na unidade e verificam se a performance e
desempenho dos seus subordinados ocorre como planeado.
O modelo dos objectivos racionais, situando-se no quadrante inferior direito, conjuga o
controlo e a orientação externa e inclui os papéis de produtor e director. Este modelo
vê o planeamento, definição de metas, produtividade e eficiência, como critérios de
eficácia. Os gestores figuram como uma autoridade com capacidade de decisão,
premiando os subordinados pelos níveis de performance atingidos. Como produtores,
são orientados para a tarefa, mantêm o foco no trabalho e manifestam alto grau de
35
interesse e motivação, enquanto como directores, dão ênfase ao planeamento,
estabelecimento de metas e definição dos objectivos.
Estudos desenvolvidos por Quinn et al. (1990), citados por Parreira et al. (2007),
vieram identificar três competências de gestão específicas associadas a cada papel
(quadro 4). Assim, cada quadrante, e através dois papéis, reflete um conjunto do
núcleo de competências que são exigidas na gestão. Neste sentido, importa
esclarecer o conceito de competência, ue segundo a mesma fonte, significa colocar
os conhecimentos e as capacidades no desempenho de determinada tarefa ou papel
(p.21).
Segundo o MVC, as competências têm que estar presentes sendo mobilizadas de
forma adequada em diferentes graus pelos gestores, consoante as situações geridas e
em que gerem, exibindo assim a natureza multidimensional e paradoxal do
desempenho em gestão (Parreira et al., 2007).
Quadro 4: As 24 competências de gestão
Papel Competências Chave
Inovador
1. Conviver com a mudança
2. Pensamento criativo
3. A gestão da mudança
Broker
4. Criar e manter uma base de poder
5. Negociar acordos e compromissos
6. Apresentar as ideias: apresentações verbais eficazes
Produtor
7. Produtividade e motivação pessoal
8. Motivar os outros
9. Gestão do tempo e do stresse
Director
10. Tomada de iniciativas
11. Fixação de metas
12. Delegação eficaz
Coordenador
13. Planificação
14. Organização e desenho
15. Controlo
Monitor
16. Reduzir a sobrecarga de informação
17. Analisar a informação criticamente
18. Apresentar a informação: redigir com eficácia
Facilitador
19. Criação de equipas
20. Tomada de decisões participativa
21. Gestão do conflito
Mentor
22. Autocompreensão e compreensão dos outros
23. Comunicação interpessoal
24. Desenvolvimento dos subordinados
FONTE: Parreira et al. (2007, p.21) adaptado de Quinn, Faerman, Thompson e McGrarth (1990)
36
De acordo com Cameron et al. (2006), citados por Parreira et al. (2007), este modelo
possui a vantagem de, reunindo as competências num modelo multidimensional,
conjugar diferentes níveis de análise úteis quando se pretende criar valor, destacando
a necessidade de congruência entre a dinâmica individual, a dinâmica organizacional
e os diferentes tipos de outcomes associados à criação de valor.
Os mesmos autores acrescentam ainda que nesta grelha de leitura mais ampla são
destacadas tensões e contradições que as organizações e líder enfrentam enquanto
navegam nos seus meios complexos e em constante mudança.
1.2.1 – Papéis de liderança
Como referido anteriormente, o MVC contém em cada quadrante dois papéis de
liderança, perfazendo um total de oito, cada um com características inerentes ao
modelo de gestão em questão. Assim, o modelo das relações humanas é
representado pelos papéis de mentor e facilitador; o modelo dos sistemas abertos
pelos papéis de broker e inovador; o modelo dos processos internos pelos papéis de
monitor e coordenador; e o modelo dos objectivos racionais pelos papéis de director e
produtor.
Para Quinn e Rohrbaugh (1983), o líder, como mentor apresenta uma preocupação
elevada com as necessidade individuais dos seus subordinados, escuta activamente
cada um, aceita pedidos com legitimidade, facilita o desenvolvimento do indivíduo e
distribui elogios e reconhecimento. Ele é afável, atencioso e justo.
No papel de facilitador, o líder deve promover a coesão e o trabalho em equipa, bem
como estimular esforços colectivos e gerir conflitos interpessoais. O facilitador
encoraja também a expressão de opinião, procura o consenso e negoceia
compromissos.
No papel de inovador, pressupõem-se que o líder seja criativo e visionário, encoraje e
facilite a mudança. Para tal, deve estar alerta para as transformações que ocorrem no
ambiente externo, bem como, identificar tendências significativas.
Os líderes, no papel de broker, devem ser politicamente astutos, adquirem recursos,
mantêm uma legitimidade externa de desenvolvimento da unidade e mantêm uma
rede de contactos externos.
37
No papel de monitor, o líder recolhe e distribui informação, verifica a performance e o
desempenho dos liderados, e providencia uma direcção de comunidade e
estabilidade.
Como coordenador, o líder mantem a estrutura, faz a programação, coordena, resolve
problemas e garante que as regras e as normas são cumpridas. Espera-se, ainda, que
seja digno de confiança e crédito.
O líder, ao desempenhar o papel de director, é esperado que se comprometa na
clarificação dos papéis através dos diferentes processos, no planeamento,
estabelecimento dos objectivos, na constituição de expectativas claras, como um
iniciador decisivo na identificação de problemas, que seleciona alternativas, que define
papéis e tarefas, estabelece normas e políticas, e dá instruções. Sempre que um
indivíduo se assume neste papel de director não existem dúvidas em quem está no
comando. Estas pessoas são sentidas como fortes condutoras na busca do
discernimento e de uma assumida atitude de mudança. São altamente competitivos,
ágeis na acção de tomada de decisão e claros ao estabelecer expectativas.
Como produtor, o líder é orientado para a tarefa e focalizado para o trabalho. Ele
motiva comportamentos que resultam na finalização da tarefa do grupo, demonstra
elevado interesse, motivação, energia e é um excelente indivíduo para conduzir
pessoas. É tido como indivíduo aceitador de responsabilidade, assume a
responsabilidade do seu cargo, e mantem os altos níveis de produção da equipa.
Normalmente envolve os seus colaboradores de forma a aumentar a produção e a
atingirem os objectivos estabelecidos.
Segundo Quinn et al. (2003), citados por Melo (2011), verifica-se, por vezes, que o
líder apresenta baixo desempenho nos papéis de liderança de uma forma global ou,
por outro lado, um desempenho desproporcional, dando maior ênfase aos papéis
localizados nos quadrantes superiores (mentor, facilitador, inovador e broker). Em
contrapartida, descora os papéis dos quadrantes inferiores (coordenador, monitor,
director e produtor), o que leva a que o líder não apresente um desempenho eficaz na
sua liderança. Na figura 3 estão os perfiz identificados como ineficazes por estes
autores.
38
Figura 3: Líderes com perfil ineficaz de liderança
Fonte: Quinn et al. (2003, p.378), referenciado em Melo (2011, p.63)
2 – SATISFAÇÃO PROFISSIONAL
A satisfação no trabalho tem tido um lugar central nas investigações desde décadas.
Provavelmente, trata-se mesmo da variável dependente mais estudada no seio da
disciplina do comportamento organizacional. Presumivelmente, uma das razões que
leva a que tal aconteça, é o facto de, implícita ou explicitamente, a satisfação
profissional associar-se ao desempenho, o que significa esperar que trabalhadores
mais satisfeitos sejam também mais produtivos. Judge et al. (2001), citados por Cunha
et al. (2007), chegam mesmo metaforizar esta relação classificando-a como o Santo
Graal dos psicólogos organizacionais.
Staw (1986), citado por Cunha et al. (2007, p.178), enaltece também a investigação da
relação satisfação profissional e desempenho, referindo que:
A busca do trabalhador feliz/produtivo poderia ser vista como um sonho impossível do ponto de vista marxista do inevitável conflito trabalhador-gestão. Poderia também ser visto como simplista ou naif da perspectiva das relações industriais tradicionais no termo da qual os resultados são necessariamente um produto do regateio e compromisso. Todavia, de uma perspectiva psicológica, a prossecução do trabalhador feliz/produtivo tem-se afigurado como um objectivo meritório, ainda que difícil – um objectivo que pode ser alcançado se incrementarmos fortemente o nosso conhecimento acerca das atitudes e comportamentos.
Neste contexto, torna-se importante esclarecer o conceito de satisfação profissional.
De acordo com Thierry e Koopman-Iwema (1984), referidos por Cunha et al. (2007,
p180), satisfação profissional define-se como o grau de bem-estar vivido no trabalho
ou na situa ão de trabalho . A defini ão talvez mais conhecida de satisfa ão
profissional seria a de Locke ue em 1976 a descreveu como um estado emocional
positivo ou de prazer, resultante da avaliação do trabalho ou das experiências
proporcionadas pelo trabalho (Cunha et al., 2007, p.180). George e Jones (1999),
citados por Cunha et al., (2007, p.180) acrescentam à definição graus de satisfação e
influência das atitudes descrevendo-a como:
O conjunto de sentimentos e crenças das pessoas sobre o seu actual trabalho. Os graus ou níveis de satisfação das pessoas sobre o seu trabalho podem ir da satisfação extrema à insatisfação extrema. Além de terem atitudes sobre o seu trabalho como um todo, as pessoas podem também ter atitudes sobre os vários aspectos do seu trabalho – como o tipo de trabalho que fazem, os seus colegas, supervisores ou subordinados ou o pagamento.
Assim, a satisfação no trabalho quer seja definida como uma emoção ou como uma
atitude, trata-se de um constructo que visa dar conta de um estado emocional positivo
40
ou de uma atitude positiva face ao trabalho e às experiências em contexto de trabalho
(Vala e Monteiro, 1997, p.109).
Esta inclusão de elementos cognitivos e afectivos proporciona, assim, uma plataforma
conceptual para o relacionamento com a variável desempenho (Cunha et al., 2007).
Na base de muitos estudos sobre esta temática, implícita ou explicitamente, está o
desejo de intervenção. A tentativa de saber o que provoca a satisfação para tentar
melhorar os níveis de satisfação dos trabalhadores.
Algumas questões podem surgir neste momento: quais são as causas da satisfação
profissional? Que variáveis relacionadas com o emprego determinam a satisfação no
trabalho?
A satisfação laboral deve ser entendida como a resposta a um conjunto de factores
percepcionados pelos indivíduos como mais ou menos ajustados às suas
expectativas. Neste contexto, Cunha et al. (2007) determinam que as causas da
satisfação podem ser divididas em pessoais e organizacionais (quadro 5).
Quadro 5: Causas da satisfação: pessoais e organizacionais
Causas pessoais Causas organizacionais
- Factores demográficos;
- Diferenças individuais.
- Salário;
- Trabalho em si mesmo;
- Perspectivas de carreira;
- Liderança;
- Supervisão;
- Colegas;
- Condições físicas.
FONTE: Adaptado de Cunha et al. (2007) e Bruxel e Junqueira (2011)
As vareáveis pessoais encerram dois tipos distintos: as diferenças individuais e os
factores demográficos. As diferenças individuais referem-se a variáveis como o locus
de controlo, o afecto positivo ou negativo e a necessidade de crescimento psicológico.
Cunha et al. (2007), depois de realizarem uma revisão de diversos estudos sobre a
matéria, sugeriram que as variáveis pessoais criam um efeito sobre o níveis de
satisfação sentidos, o que significa que os indivíduos parecem estar, por força das
suas características pessoais, moderadamente predispostos para reagir de
determinada forma ao seu trabalho. Contudo, os mesmos autores salientam que as
relações entre características individuais e satisfação no trabalho devem ser lidas com
algumas reservas, porque as correlações são modestas, os resultados são
41
inconsistentes ou as técnicas estatísticas e as interpretações teóricas dos resultados
obtidos são criticáveis.
No que concerne a variáveis demográficas, as mais frequentemente consideradas são
a idade e o sexo. No que se refere à idade, os dados parecem indicar que existe uma
relação positiva entre a idade e a satisfação profissional (Rhodes, 1983, citado por
Conceição, 1999), os trabalhadores mais jovens tendem a revelar-se menos satisfeitos
do que os seus colegas mais velhos (Luthans, 1989, citado por Cunha et al., 2007).
Algumas razões tentam explicar este resultado, nomeadamente o facto de
trabalhadores mais jovens tenderem a ocupar posições hierarquicamente mais baixas
e funções de menor responsabilidade ou, por outro lado, verifica-se um desfasamento
entre as expectativas profissionais e a realidade laboral. Relativamente ao sexo, as
mulheres revelaram níveis de satisfação inferiores aos dos homens (Dubno, 1985,
citado por Cunha et al., 2007), por oposição estudos mais recentes realizados por
Graham e Welbourne demonstraram que as mulheres estão mais satisfeitas com o
seu trabalho, ou seja, parece poder-se concluir que não existem diferenças
significativas no efeito da variável género sobre a satisfação, como confirma Jayaratne
(1993) citado por Cunha et al. (2007).
No que toca a causas organizacionais, as mais frequentemente consideradas
envolvem factores como:
- o salário, pode ser considerado como um dos principais determinantes da
satisfação organizacional. Para o funcionário é um resultado importante do seu
trabalho, é um reconhecimento do seu esforço. Duas razões parecem explicar a sua
importância: o dinheiro abre as possibilidades de acesso à resolução das
necessidades individuais e garante estatuto, prestígio e reconhecimento social (Cunha
et al., 2007). Se o trabalhador percepcionar que o salário auferido não corresponde à
qualidade e quantidade de trabalho desempenhado, ou que é injusto, comparado com
o dos colegas, poderá se tornar num factor de insatisfação (Lawler, 1971, citado por
Conceição, 1999), por outro lado, se o salário for de encontro com as suas
expectativas, poderá funcionar como um estímulo motivador e, consequentemente,
conduzir à melhoria do desempenho.
- o trabalho em si mesmo, ou características e desenho do posto, estão
significativamente e positivamente relacionadas com a satisfação profissional (White e
Mitchell, 1979, Hackman e Olddham, 1976, Griffin, 1981, citados por Conceição,
1999). Factores intrínsecos ao posto ocupado podem conferir diferentes graus de
satisfação, por exemplo, algumas pessoas são mais desejosas de autonomia do que
42
outras, ou algumas preferem trabalhos onde exista uma rotina diária, ao invés de
outros que a monotonia das tarefas é fonte de insatisfação.
- a perspectiva de carreira ou possibilidade de progressão/promoção, é outro
factor que influencia a satisfação na medida em que representa ganhos ao nível da
remuneração, do estatuto e do prestígio. Para Cunha et al. (2007), a satisfação passa,
entre outros factores, pela existência de um ajustamento entre os planos de carreira
da organização e as expectativas de carreira dos trabalhadores.
- a liderança, e a sua relação com a satisfação tem sido um dos temas que
tem despertado mais interesse a nível da investigação. Os aspectos mais investigados
têm sido as relações entre liderança e desenvolvimento de satisfação. Em geral, têm
sido encontradas correlações positivas e significativas entre a conduta de liderança e
satisfação. De acordo com Robbins (1999), os estudos geralmente descobrem que a
satisfação do empregado aumenta quando o supervisor imediato é compreensivo e
amigável, oferece elogios pelo bom desempenho, ouve as opiniões dos empregados e
mostra um interesse pessoal por eles, isto é, demonstre orientação para as
pessoas/relacionamento assim como um estilo de liderança participativa.
- a supervisão, é considerado por muitos como um dos factores que mais
influência tem sobre a satisfação. Segundo Davis e Newstrom (1992), citados por
Bruxel e Junqueira (2011), a supervisão anda de braço dado com a liderança, uma vez
que os supervisores são líderes formais que ocupam posições claras numa
organização. Os mesmos autores acrescentam que o supervisor é uma pessoa chave
na gestão, ele toma decisões, controla o trabalho, interpreta as políticas e move os
colaboradores no sentido da consecução dos objectivos.
- as características dos colegas, têm sido consideradas como outro factor de
satisfação. Pessoas tiram mais do trabalho do que meramente dinheiro ou realizações
tangíveis. Para a maioria dos funcionários, o trabalho também preenche a
necessidade de interacção social e o ambiente humano pode funcionar como fonte de
apoio e de bem-estar, como corrobora Jesuíno (1993), citado por Cunha et al. (2007),
referindo que membros de grupos coesos tendem a mostrar-se mais satisfeitos do que
membros de grupos pouco coesos.
- as condições físicas do trabalho, apresentam também relevância sobre a
satisfação profissional, porém, segundo Herzberg (1996), mencionado por Cunha et al.
(2007), há razões para presumir que só interferirão realmente com o nível de
satisfação a partir do momento em que se tenham degradado até um ponto abaixo do
qual se torne impossível ignorá-las.
43
O interesse dos gestores nesta temática tende a centrar-se nos efeitos que a
satisfação provoca no desempenho dos seus funcionários. Vários investigadores têm-
se debruçado sobre este assunto no sentido de estudar a relação de satisfação com a
produtividade, satisfação com o absentismo, satisfação com a rotatividade e satisfação
com comportamentos de cidadania organizacional (Cunha et al., 2007).
No que concerne à satisfação e produtividade, é uma associação claramente
apelativa, já que um dos principais objectivos, senão o principal, de qualquer
organização é a alta produtividade. Todavia, os resultados das investigações
desenvolvidas não são de molde a apoiá-la consistentemente. Nos anos 30, 40 e 50
vigorava a premissa de que trabalhador feliz é um trabalhador produtivo (Robbins,
1999), mas esta crença baseava-se mais em ilusões do que em evidência sólida. Já
em finais dos anos 50 e 60, começou-se a obter resultados de que trabalhadores mais
satisfeitos não são necessariamente os mais produtivos. A presumida relação está,
portanto, longe de constituir um facto pacífico na investigação sobre comportamento
organizacional. Por exemplo, de um estudo realizado por Miller e Monge (1986),
confirmou a sua existência, ao passo que Iffaldano e Muchinsky (1985) encontraram
apenas uma modesta correlação de 0,17 entre as duas variáveis (Cunha et al., 2007).
Entretanto, de acordo com Robbins (1999), a introdução de variáveis de moderação
melhorou a relação, por exemplo, quando o comportamento do empregado não é
restringido nem controlado por factores externos a relação é mais forte. Recorrendo a
um exemplo, a produtividade de um empregado em trabalhos de acompanhamento de
máquinas será muito mais influenciada pela velocidade da máquina do que pelo seu
nível de satisfação. Segundo o mesmo autor, o nível do trabalho também parece ser
uma variável de moderação importante, já que as correlações satisfação-desempenho
são mais fortes para empregados de níveis mais altos, ou seja, é esperado que para
indivíduos em posições profissionais de supervisão e gestão a relação seja mais
relevante.
Outro ponto interessante nesta relação é a direcção da seta causal. Grande parte dos
estudos desenvolvidos não conseguiram provar a causa e efeito. Porém,
investigações que controlaram esta possibilidade indicam que a conclusão mais válida
é de que produtividade leva à satisfação, mais do que o contrário (Robbins, 1999). Se
o funcionário faz um bom trabalho, intrinsecamente ele irá sentir-se bem com isso.
Além disso, se a empresa premiar a produtividade dos seus colaboradores com
recompensas, certamente, irá aumentar ainda mais os níveis de satisfação com o
trabalho.
44
De acordo com Robbins, pesquisa mais recente oferece apoio renovado para a
relação original satisfação-desempenho. Quando dados de satisfação e produtividade
são reunidos para a organização como um todo, mais do que em nível individual, os
investigadores descobriram que as organizações com mais empregados satisfeitos
tendem a ser mais eficazes do que organizações com menos empregados satisfeitos.
No que diz respeito à satisfação e absentismo parece existir uma relação inversa entre
as duas variáveis: as pessoas mais (menos) satisfeitas denotam menor (maior) índice
de absentismo. Porém, segundo Cunha et al. (2007), a análise deverá centrar-se no
absentismo voluntário, já que uma pessoa pode ausentar-se do trabalho por motivos
alheios à sua vontade e independentemente do seu nível de satisfação.
Esta relação entre absentismo e satisfação tem sido apoiada empiricamente (Scott e
Taylor, 1985, citado por Cunha et al., 2007), parecendo indicar que, embora existam
outras causas do absentismo, a satisfação é um preditor importante. Segundo Robbins
(1999), um exemplo de como a satisfação leva directamente a maior fre uência ao
trabalho, uando o impacto de outros factores é m nimo, é um estudo realizado na
Sears Roebuck, com sede em Chicago e Nova York, que tinha uma política de não
permitir a ausência do funcionário por razões evitáveis, sob pena de punição. A
ocorrência de um nevão fora de época em Chicago criou a oportunidade para ue se
comparasse a assiduidade dos funcionários deste escrit rio com o de ova ork, onde
o tempo estava perfeitamente normal. A dimensão mais interessante deste estudo é
que o nevão deu aos funcionários de Chicago uma desculpa natural para não
comparecer ao trabalho. A tempestade de neve comprometeu o tráfego da cidade, e
as pessoas sabiam que poderiam faltar ao trabalho sem correr riscos de penalização.
Este acontecimento permitiu a comparação da assiduidade dos funcionários,
satisfeitos e insatisfeitos, nos dois locais – um, onde todos deveriam estar trabalhando
(com as pressões normais para isso), e o outro, onde havia a possibilidade de
escolha, sem punição. Se a satisfação leva ao comparecimento, quando não existem
outros factores de influencia, os funcionários mais satisfeitos de Chicago deveriam
comparecer ao trabalho, enquanto que os insatisfeitos ficariam em casa. O estudo
revelou que naquele dia os índices de absenteísmo em Nova York foram iguais para
funcionários satisfeitos e insatisfeitos, enquanto que em Chicago os funcionários com
maior nível de satisfação compareceram em maior número para trabalhar do que os
insatisfeitos.
Estes resultados são exactamente os esperados para corroborar a tese de ue a
satisfa ão está negativamente correlacionada com o absentismo.
45
À semelhança do que acontece no absentismo, a satisfação também está
negativamente relacionada com a rotatividade, inclusivamente, apresenta uma
correlação mais forte. Nesta relação, existem também outros factores de influência,
como as condições do mercado, as expectativas quanto às oportunidades de emprego
e o tempo de exercício profissional na instituição, que são limitadores importantes na
decisão de deixar o emprego (Robbins, 1999). Cunha et al. (2007) acrescenta ainda
que a insatisfação com a liderança desempenha uma influência importantíssima na
rotatividade.
Relativamente à relação satisfação com comportamentos de cidadania organizacional,
parece lógico pressupor que a satisfação no trabalho pode ser o principal
determinante de comportamentos pró-sociais ou de cidadania organizacional (Cunha
et al., 2007). Neste sentido, funcionários satisfeitos parecem mais propensos a falarem
bem da organização, a ajudar os colegas e a ultrapassar as expectativas em relação
ao seu trabalho. Além disso, funcionários satisfeitos podem estar mais dispostos a ir
além das suas atribuições regulares porque querem retribuir as suas experiências
positivas. Da mesma forma, Rego (2002), citado por Cunha et al. (2007), corrobora
este parecer referindo que indivíduos mais satisfeitos e com afecto positivo tenderão a
exibir mais frequentemente comportamentos de cidadania organizacional, por
exemplo, tenderão a ser mais prestáveis, independentemente do comportamento de
ajuda fazer parte das suas obrigações profissionais ou de estar para além delas.
Parece-nos então legítimo afirmar que se os funcionários de uma organização se
limitarem habitualmente a fazer aquilo que lhes é pedido sem demonstrarem qualquer
tipo de iniciativa ou interesse, deverão ser tomadas medidas no sentido de medir a
sua satisfação, de modo a diagnosticar eventuais problemas.
2.1 – SATISFAÇÃO PROFISSIONAL E ENFERMAGEM
Desde a década de 60 que alguns autores se debruçam sobre a temática da
satisfação profissional na profissão de enfermagem, num âmbito não só nacional mas
também internacional.
Esta temática é uma área importante da investigação, dado que os níveis de
satisfação dos enfermeiros podem ter impacto na força global desta classe
profissional. Como vimos anteriormente, os efeitos mais comuns da satisfação no
trabalho recaem sobre a produtividade, desempenho, absentismo, rotatividade,
cidadania organizacional, saúde e bem-estar, satisfação na vida e satisfação dos
46
clientes, daí ter-se tornado fonte de preocupação das organizações, inclusive na área
da saúde, onde, de um lado, há a satisfação por diminuir o sofrimento do próximo e,
por outro lado, o descontentamento com a sobrecarga de trabalho e as suas
condições precárias que levam à exaustão física e mental, perda de interesse pelo
conforto do cliente e baixa autoestima, desencadeando comportamentos que vão
desde eficácia, rapidez, alegria e generosidade até desinteresse, mau humor,
irritabilidade e indelicadeza (Gallo, 2005, citado por Mello, Barbosa e Souza, 2011).
Neste sentido, a investigação sobre satisfação no trabalho da equipa de enfermagem
pode contribuir, não só, para a melhoria no ambiente de trabalho, mas também para a
identificação de problemas nos serviços de saúde, o planeamento de possíveis
soluções e consequentes melhorias na qualidade dos serviços prestados (Mello et al.,
2011). Quando um profissional está motivado e satisfeito, desfruta de uma sensação
de bem-estar, refletindo-se na satisfação profissional e concomitantemente na
qualidade dos cuidados de enfermagem (Cura e Rodrigues, 1999)
Nas diversas investigações realizadas sobre a satisfação no profissional de
enfermagem, tem-se encontrado uma variedade de características que influenciam
significativamente a satisfação dos enfermeiros com a sua profissão. Assim, torna-se
importante conhece-las, bem como o porquê de profissionais, nas mesmas condições,
apresentarem níveis de motivação e desempenho diferentes. Através da literatura
consultada, deparamo-nos com um quadro complexo, vasto e multifacetado em
relação aos seus determinantes. Todavia, apercebemo-nos que o grau de força de
cada um destes factores resulta da interligação entre eles e não tanto da actuação
isolada dos mesmos.
Recorrendo às já apresentadas causas de satisfação profissional (Cunha et al., 2007)
e comparando-as com pesquisas empíricas sobre satisfação no trabalho em
enfermagem, podemos chegar a algumas conclusões interessantes. No que toca a
causas de índole demográfica, apenas alguns factores apresentaram resultados
estatisticamente significativos, tais como: a idade, que de acordo com o estudo
realizado por Batista et al. (2010) a 218 enfermeiros, quanto maior a idade maior a
satisfação. Os autores tentam explicar esta relação referindo que com o passar dos
anos o vencimento auferido aumenta, assim como, possivelmente, a sua posição
hierárquica na unidade de saúde. Yamashita (1995) corrobora estes resultado
referindo que existe uma correlação positiva entre a idade e a satisfação profissional.
O mesmo autor refere que os enfermeiros com habilitações académicas mais
elevadas, mais jovens e solteiros apresentam-se menos satisfeitos com os seus
trabalhos. Yaktin, Azoury e Doumit (2003) sustentam estes resultados com o seu
47
estudo, dado que obtiveram também resultados estatisticamente significativos
associando os níveis elevados de habilitações académicas, assim como, o estado civil
solteiro a um menor grau de satisfação. Em Portugal estes resultados também se
confirmam, já que Duarte (1999) asseverou isso mesmo com a sua investigação.
Relativamente a causas organizacionais, mais concretamente o salário auferido,
parece ter um efeito importante sobre a satisfação do enfermeiro com o seu trabalho.
Em Portugal em todos os estudos encontrados evidenciou-se como uma fonte de não
satisfação profissional (Quintela e Santos, 1996; Rodrigues, 2000; André e Neves,
2001; Santos et al., 2006; Loureiro, Ferreira e Duarte, 2007). Nestas investigações
verificou-se que as percepções dos enfermeiros acerca dos seus vencimentos
relativamente baixos, comparado com outros funcionários do sector público, levam a
uma significativa deterioração na satisfação profissional.
As características do trabalho em si apresentam também influência no nível de
satisfação com a profissão nos enfermeiros. De acordo com Tonges, Rothstein e
Carter (1998) a autonomia profissional promove significativamente a satisfação
profissional dos enfermeiros. Estudos de Fonseca (1998), Lino (1999) e Ferreira
(2001) realizados a enfermeiros demonstraram que a falta de autonomia leva à
insatisfação. Outras características relevantes para a satisfação do enfermeiro são a
actividade profissional por turnos e o desgaste físico inerentes à profissão de
enfermagem como comprovam as investigações de Ferreira e Sousa (2006) e Amaro
(2006).
Na enfermagem as expectativas de progressão de carreira em Portugal afiguram-se
também como uma fonte relevante de não satisfação, os enfermeiros manifestam que
as possibilidades de progredir na carreira são bastante escassas (Sousa, 1999, citado
por Branco, 2000; Ferreira e Sousa, 2006; Loureiro et al., 2007; Seixas, 2009; Fontes,
2009).
A liderança e supervisão em enfermagem assumem-se como áreas de importância
extrema, uma vez que, como qualquer profissão que trabalhe em equipa necessita de
um líder para funcionar em harmonia, a profissão de enfermagem não foge à regra,
necessita de alguém com a capacidade de influenciar cada elemento no sentido da
consecução dos objectivos. Já em 1976 (Everly e Falcione, citado por Lucas, 1984), a
componente mais significativa para a satisfação era a relação com o líder da equipa
de trabalho. Este efeito bastante evidente da liderança perante o nível de satisfação
profissional do enfermeiro mantém-se até a actualidade. Estudos como os de Ferreira
48
e Sousa (2006), Loureiro et al. (2007) e Delgado, Pereira, Morais, Delgado e Castro
(2009) apresentaram resultados que reforçam isso mesmo.
Cunha et al. (2007) referenciaram ainda as características dos colegas e a relação
mantida com os mesmos, como uma causa de satisfação importante. Nas
investigações realizadas a enfermeiros, foi encontrada também esta valorização. Os
enfermeiros conferem importância para a sua satisfação profissional no
relacionamento e afinidade que mantêm com os seus colegas trabalho (Campos,
2005; Fontes, 2009; Delgado, Pereira, Morais, Delgado e Castro, 2009).
Finalmente, no que concerne à fonte de satisfação condições físicas, Herzberg (1996),
citado por Cunha et al. (2007), referiu que elas só interferirão no grau de satisfação
quando se degradarem ao ponto de se tornar impossível ignorá-las. Relativamente à
enfermagem não foram encontrados estudos realizados em Portugal onde as
condições físicas fossem fonte de não satisfação, contudo, num hospital de Nevarra
em Espanha e Concepción no Chile, foi realizada uma investigação por Olivan (1992,
citado por Branco, 2000) e Larraguibel e Klijn (2003), respectivamente, onde as
condições físicas do trabalho foram classificadas como um factor significativo de não
satisfação nos enfermeiros.
Em suma, todos estes factores influenciam o grau de satisfação dos enfermeiros,
isolados podem não ter força suficiente para o afectar significativamente mas, quando
associados entre si, poderão tornar-se devastadores, interferindo no desempenho do
profissional de enfermagem e, consequentemente, deteriorar a qualidade da prestação
de cuidados ao cliente.
2.2 – SATISFAÇÃO COM A SUPERVISÃO
A supervisão em enfermagem tem um carácter fundamental e imprescindível, uma vez
que, fomenta práticas de qualidade, confere apoio e suporte aos profissionais
promovendo a segurança dos clientes (Bond e Holland, 1998).
De acordo com Davis e Newstrom (1992), citados por Bruxel e Junqueira (2011), o
processo de supervisão é concretizado pelo líder formal. Este líder é uma pessoa que
ocupa uma posição hierárquica definida pela organização e é considerado como a
pessoa chave na gestão, na tomada de decisão, no controlo do trabalho da equipa
que lidera e na influencia dos seus subordinados para a consecução dos objectivos
organizacionais.
49
Na enfermagem, o líder formal que deverá deter tais competências é o enfermeiro
chefe. Segundo o Decreto – Lei nº188/2003 de 20 de Agosto, cabe ao enfermeiro
chefe, entre outras funções, supervisionar os cuidados de enfermagem e coordenar,
tecnicamente, a actividade de enfermagem; colaborar na preparação de planos de
acção e respectivos relatórios do serviço e promover a utilização optimizada dos
recursos, com especial relevo para o controlo dos consumos; propor o nível e tipo de
qualificação exigido ao pessoal de enfermagem, em função dos cuidados de
enfermagem a prestar; incrementar métodos de trabalho que favoreçam um melhor
nível de desempenho do pessoal de enfermagem e responsabilizar-se pela garantia
da qualidade dos cuidados de enfermagem prestados; e promover a divulgação da
informação com interesse para o pessoal de enfermagem.
Assim, supervisão em contexto clínico é descrito como um processo formal de
sustentação profissional e de aprendizagem que proporciona aos profissionais o
desenvolvimento de conhecimentos e competências (Cutcliffe, 2001, citado por
Garrido, 2004). O autor refere ainda que a supervisão clínica transmite
responsabilidade profissional e de protecção dos utentes, o que leva a uma prática
mais segura em situações clínicas complexas; e estimula a expansão da prática
clínica, devendo ser encarada como meio de incentivo para a autoavaliação
encorajadora e habilidades analíticas e reflexivas.
Kron (1983, p.114), refere que a supervisão clínica dirigida aos enfermeiros passa por
desempenhar:
de e .
Existe alguma dificuldade no que concerne ao desenvolvimento de um definição que
descreva o processo de supervisão clínica de forma consensual e paradigmática,
porém, Brocklehurst (1994) citado por Garrido (2004), identifica um conjunto de
aspectos que parecem reunir consensualidade na comunidade científica: a relação é
uma dimensão central no processo de supervisão; a supervisão clínica está subjugada
a um conjunto de definições e propósitos (desenvolver competências, garantir práticas
de qualidade, motivar, desenvolver competências, encorajar e dar suporte à equipa); o
processo de supervisão implica a existência de uma estrutura e de procedimentos
específicos (início do processo, experimentação e autonomização e distanciamento
crítico); o processo de supervisão só será bem sucedido se houver um forte
empenhamento de ambos os actores.
50
Neste contexto, e sabendo que a supervisão clínica em enfermagem se processa na
base do relacionamento profissional entre o enfermeiro e o enfermeiro chefe que
supervisiona as suas práticas clínicas, é de importância extrema que os enfermeiros
se sintam satisfeitos com a supervisão desempenhada pelo seu líder formal.
A satisfação com o líder é considerada por muitos como uma das fontes de satisfação
com mais pendor na avaliação do nível de satisfação profissional. A American Hospital
Association (2006), Buckingham e Coffman (1999) e Wagner (2006), citados por
Watson (2009), corroboram aludindo que as investigações apontam como o
determinante mais significativo da satisfação profissional e do compromisso
organizacional dos funcionários, a relação positiva com os superiores imediatos.
Segundo Quaquebeke et al. (2010), a satisfação dos subordinados com o
desempenho do líder depende se os valores idealizados para um líder perfeito estão,
ou não, presentes no seu. Para os mesmos autores, a eficácia reconhecida num líder
torna-se também uma fonte de satisfação.
Um líder para ser eficaz, deverá estar alerta e prever as constantes mudanças, não só
dentro da organização, mas também no meio que a rodeia, de forma a adaptar-se e
manter-se competente no processo de liderar e, consequentemente, supervisionar.
Assim, a enfermagem como profissão complexa que é, também ela sujeita a
constantes mudanças, exige novas competências por parte de quem lidera. O líder
eficaz conhece profundamente os diferentes elementos do seu grupo, as suas
aspirações e motivações e serve de regulador e catalisador dos processos
comunicacionais, adaptando-se às características do meio, da tarefa e do grupo,
exercendo um estilo de liderança adequado à situação, independentemente do tempo
(Menezes, 2010).
A influência que os comportamentos de liderança exercem no nível de satisfação
profissional e compromisso organizacional é um fenómeno que tem sido estudado
exaustivamente pelos investigadores das ciências sociais. Estes têm sugerido que os
líderes em contexto de prestação de cuidados, têm as melhores oportunidades para
influenciar a satisfação no trabalho dos seus colaboradores (Garman, Butler e
Brinkmeyer, 2006, citados por Watson, 2009). De acordo com Watson (2009) perceber
em que medida os comportamentos de liderança dos superiores hierárquicos
influenciam a satisfação dos seus subordinados, irá ajudá-los a desenvolver
comportamentos e a criar um clima de trabalho que favoreça as necessidades dos
trabalhadores.
51
Diversos estudos têm-se debruçado sobre esta temática. Uma grande percentagem
tem encontrado evidências em que os trabalhadores apresentam maior satisfação
perante uma liderança transformacional. Shibru e Darshan (2011) na sua revisão
sistemática da literatura corroboram esta afirmação recorrendo a dois estudos de
Dumdum: Lowe e Avolio (2002) e Lowe et al. (1996) onde ficou demonstrada a forte
correlação da liderança transformacional com a satisfação dos subordinados.
Contudo, Watson (2009) com a sua investigação demonstrou que complementando a
liderança transformacional com as recompensas propostas pela liderança trasaccional
pode aumentar ainda mais os níveis de satisfação com a liderança.
No mesmo estudo, Watson (2009) evidenciou a não satisfação dos liderados perante
um estilo laissez-faire. Os trabalhadores sentem necessidade de orientação, querem
ser guiados na execução das suas actividades laborais. Porém, o líder terá de
conceber alguma autonomia ao subordinado para participar na tomada de decisão, já
que a falta da mesma é um determinante importante de não satisfação com a
liderança (Loureiro et al., 2007; Menezes, 2010).
Nos estudos de Loureiro et al. (2007) e Menezes (2010) realizados a enfermeiros
obtiveram também resultados em que a satisfação com a supervisão é maior com
líderes orientados para as relações e não para a tarefa. Os enfermeiros valorização
muito a comunicação, o envolvimento, relacionamento e feedback por parte do líder.
De acordo com Branco (2000), quanto maior o feedback maior será a satisfação.
Os estudos realizados a profissionais de enfermagem relatam diversas consequências
da não satisfação com a supervisão, mas a que apresentou maiores evidências foi o
turnover. Os enfermeiros mudavam intencionalmente de serviço para evitar colaborar
com os enfermeiros chefes provocadores de baixos níveis de satisfação (Loureiro et
al., 2007; Menezes, 2010).
Assim, gerir pessoas, seus desempenhos e desenvolver competências individuais, é
uma tarefa complexa, constituindo um factor determinante, quer para o profissional de
saúde repercutindo-se na sua satisfação, quer para o sucesso organizacional.
53
Depois de realizado o enquadramento teórico, onde foram referenciados vários
aspectos inerentes à liderança e à satisfação profissional recorrendo a uma vasta
bibliografia, é essencial definir a metodologia a seguir, designadamente a
caracterização do tipo de estudo, os objectivos e questões de investigação, a definição
das variáveis em estudo, escolha da amostra, instrumentos de recolha de dados e
procedimentos éticos para a colheita de dados.
Nesta parte é também apresentado o tratamento e análise dos dados, bem como, a
discussão de resultados.
Finalmente são apresentadas as conclusões da presenta investigação, as limitações e
perspectivas de investigação futuras.
54
3 – METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO
Neste capítulo serão abordados todos os aspectos inerentes à metodologia de
investigação, tais como o tipo de estudo, objectivos e questões de investigação,
variáveis em estudo, população e amostra em estudo, instrumentos de recolha de
dados e procedimentos/implicações éticas
3.1 – TIPO DE ESTUDO, OBJECTIVOS E QUESTÕES DE INVESTIGAÇÃO
Para esta investigação optou-se por realizar um estudo de carácter descritivo,
correlacional e transversal.
O estudo considera-se descritivo, dado ue visa estudar, compreender e explicar a
situa ão actual do objecto de investiga ão (...). s dados numa investiga ão descritiva
são normalmente recolhidos mediante a administra ão de um uestionário, a
realiza ão de uma entrevista ou recorrendo à observa ão da situa ão real (Carmo e
Ferreira, 1998, p.213). Fortin (2003) aduz que o objectivo da componente descritiva de
um estudo consiste em discriminar os factores determinantes ou conceito que,
eventualmente, possam estar associados ao fenómeno que está a ser estudado.
É de carácter correlacional, uma vez que passa pelos objectivos verificar a natureza
das relações entre as variáveis. De acordo com Fortin (2003, p.173), este tipo de
estudos subentende que o fenómeno já foi identificado e descrito, pressupõe ir para
além disso, uer seja explorando as rela ões entre essas variáveis, uer
estabelecendo relações mais definitivas entre elas por meio da verificação de
hipóteses de associação ou de verificação de modelos teóricos, de maneira a
compreender melhor um fenómeno ou a iniciar uma explicação do que se passa numa
determinada situa ão .
O estudo é transversal, uma vez que regista determinada informação num dado
momento, ou seja, determina-se a relação entre variáveis, tal como elas existem,
numa população definida e num momento particular do tempo (Last, 1995).
Na presente investigação, foi utilizado o método quantitativo, por se considerar o mais
adequado para a compreensão do fenómeno. No método quantitativo, estratégias
como o controlo, os instrumentos metodológicos e a análise estatística visam tornar os
55
dados válidos, assegurando uma representação da realidade, de modo a que os
dados sejam generalizáveis a outras populações (Fortin, 2003)
Os objectivos deste estudo passam por avaliar a percepção dos enfermeiros sobre o
desempenho dos papéis de liderança dos enfermeiros chefes; identificar o nível de
satisfação com a supervisão dos enfermeiros; verificar a relação entre o desempenho
dos papéis de liderança e a satisfação com a supervisão; e verificar a relação entre as
variáveis demográficas e a satisfação com a supervisão.
Qualquer estudo parte de uma ou mais questões de investigação. Assim, este estudo
desenvolveu-se no sentido de encontrar respostas para as seguintes questões de
investigação:
- Qual é a percepção dos enfermeiros sobre o desempenho dos papéis de
liderança dos enfermeiros chefes?
- Qual é o nível de satisfação com a supervisão predominante?
- Existe relação entre as variáveis sociodemográficas e a satisfação com a
supervisão?
- Existe relação entre o desempenho dos papéis de liderança e a satisfação com a
supervisão?
Estas questões de investigação foram formuladas no sentido de perceber se os
factores sociodemográficos, bem como, o desempenho dos papéis de liderança dos
enfermeiros chefes, assumem um relevo significativo na satisfação com a supervisão.
3.2 – VARIÁVEIS EM ESTUDO
No contexto de qualquer investigação há necessidade, desde logo, em definir as
variáveis a medir.
Segundo Fortin (1999, p.36), um conceito toma definição de variável quando é
colocado em ac ão numa investiga ão e esta pode ser definida por ter uma
propriedade inerente de varia ão e atribui ão de valores . Este autor descreve variável
como um conceito ue corresponde às ualidades, propriedades ou caracter sticas de
objectos, pessoas ou de situa ões, ue são estudadas numa investiga ão (2003,
p.36).
Assim, as variáveis deste estudo foram seleccionadas em função das questões de
investigação. As variáveis estudadas são a satisfação com a supervisão e a
56
percepção do desempenho dos papéis de liderança dos enfermeiros chefes, bem
como, as variáveis pessoais e profissionais consideradas relevantes que possibilitem a
caracterização da amostra e a análise das relações destas com a satisfação com a
supervisão (quadro 6).
Quadro 6: Variáveis sociodemográficas
Variável Definição Operacionalização
Sexo Conjunto de caracteres físicos e funcionais que distinguem o homem e a mulher.
Engloba as seguintes opções:
1 – Masculino
2 - Feminino
Idade Intervalo de tempo que vai desde o nascimento até ao momento a que se refere.
Idade dos indivíduos em anos
Habilitações académicas
Corresponde ao mais elevado grau de instru ão completo ue o indiv duo atingiu até à data de aplica ão do instrumento de recolha de dados.
Engloba as seguintes opções:
1 – Bacharelato em Enfermagem
2 – Licenciatura em Enfermagem
3 – Pós-graduação
4 – Especialidade (mencionando a área de especialização)
5 – Mestrado
6 – Doutoramento
Categoria profissional
Define o posicionamento que o individuo ocupa no que diz respeito às categorias existentes na carreira de enfermagem (foram usadas as categorias aprovadas no decreto-lei nº437/91 de 8 de Novembro, dado que nos hospitais alvo, no momento da investigação, ainda não estava aplicada a nova carreira em vigor definida no decreto-lei nº247/2009 de 22 de Setembro.
Compreende as seguintes opções:
1 – Enfermeiro nível I
2 – Enfermeiro graduado
3 – Enfermeiro especialista
Anos de serviço
Define o intervalo de tempo, em anos, que decorre entre o início do exercício da actividade profissional de enfermagem até ao momento a que se refere.
Tempo de serviço em anos.
Anos de serviço no serviço actual
Define o intervalo de tempo, em anos, que decorre entre a entrada para o serviço onde se encontra até ao momento a que se refere.
Tempo de serviço em anos.
Tipo de vínculo
xpressa o tipo de contrato ue o indiv duo tem com a institui ão onde exerce a sua actividade profissional à data ue o instrumento de recolha de dados foi aplicado.
Abrange as seguintes opções:
1 – Contrato individual de trabalho sem termo
2 – Contrato individual de trabalho com termo
3 – Contrato individual de trabalho a termo incerto
4 – Contrato de prestação de serviços (Recibos Verdes)
5 – Outro
Tipo de horário
Expressa o regime de trabalho por turnos ou não a ser realizado pelos profissionais na prestação da sua actividade profissional.
Engloba as seguintes opções:
1 – Fixo
2 - Rollman
Responsabilidade de gestão ou chefia
do serviço
Indica se o inquirido assume na sua actividade profissional, por vezes, responsabilidade de gestão ou chefia do serviço.
Compreende as seguintes opções:
1 – Sim
2 – Não
57
3.3 – POPULAÇÃO E AMOSTRA EM ESTUDO
Numa investigação é essencial definir correctamente a população com que se
pretende trabalhar. Hungler e Polit (1995) designam população como a agregação de
elementos que apresentam uma ou mais características comuns a todos eles, e que
os distinguem de outros conjuntos de elementos. Assim, a população da presente
investigação constitui-se por enfermeiros que exercem funções em instituições de
saúde.
O investigador raramente tem acesso à totalidade da população alvo, mas apenas ao
conjunto de sujeitos disponíveis, designando-se por população acessível, e, nem
sempre, esta é abrangida na totalidade por limitações diversas, formando assim a
amostra em estudo (Fortin, 2009; Hungler e Polit, 1995). De acordo com Fortin (1999,
p.202) a amostra é um subconjunto de uma popula ão ou de um grupo de sujeitos
ue fazem parte de uma mesma popula ão . este contexto, a presente investiga ão
tem por base uma amostragem não probabilística, uma vez que não nos é possível
alcançar a totalidade da população.
Segundo Fortin (2003), existem quatro técnicas de amostragem não probabilística
mais correntes: a amostragem de conveniência ou acidental, a amostragem por
quotas, a amostragem por escolha racional e a amostragem por redes. Assim, neste
estudo a técnica de amostragem usada foi a de conveniência, uma vez que é
constituído por indivíduos facilmente acessíveis e que respondem a critérios de
inclusão precisos. Assim, para integrar a amostra foram escolhidos os enfermeiros do
Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro - Rovisco Pais (CMRRC-
Rovisco Pais) e do Hospital Arcebispo João Crisóstomo (HAJC), uma vez que
tínhamos um acesso privilegiado aos Conselhos de Administração, obtendo assim
celeridade no processo de obtenção de autorização para a aplicação dos instrumentos
de recolha de dados.
A população acessível deste estudo é constituída por 89 enfermeiros, pelo que foi
entregue o mesmo número de questionário pelos serviços que constituem o CMRRC-
Rovisco Pais e o HAJC. No momento da recolha obtiveram-se 79 questionários
preenchidos, correspondendo a uma taxa de resposta de 88,76%.
No quadro 7 apresenta-se a distribuição dos enfermeiros pelos diferentes serviços,
assim como a amostra total que obtivemos após aplicação do instrumento de recolha
de dados. Os serviços serão identificados por letras maiúsculas de forma a garantir o
anonimato a que nos comprometemos.
58
Quadro 7: População e amostra dos enfermeiros dos CMRRC – Rovisco Pais e HAJC
Unidade Hospitalar
Serviço
Enfermeiros
População acessível
Amostra Percentagem
(%)
CMRRC – Rovisco Pais
A 8 7 87,50
B 16 14 87,50
C 19 15 78,85
D 9 9 100
Total 52 45 86,54
HAJC
E 18 15 83,33
F 10 10 100
G 7 7 100
H 2 2 100
Total 37 34 91,89
Total 89 79 88,76
Assim, a amostra constituiu-se por 79 enfermeiros que exerciam funções em 8
serviços de 2 hospitais. Obtivemos uma taxa de resposta maior no CMRRC-Rovisco
Pais (56,96%) do que no HAJC (43,04%).
Foi estabelecido como critério de inclusão que cada enfermeiro teria de ser liderado
por um enfermeiro chefe. Foram, igualmente, considerados alguns critérios de
exclusão, como: todos os enfermeiros que se encontrassem ausentes do serviço
durante o decorrer da aplicação do instrumento de recolha de dados, os enfermeiros
chefes e os enfermeiros que exercem funções no actual serviço há menos de um ano,
uma vez que é o tempo mínimo legal exigível para efeitos de atribuição da avaliação
de desempenho (Despacho 2/93 de 30 de Março e Portaria nº242/2011 de 21 de
Junho).
3.4 – INSTRUMENTOS DE RECOLHAS DE DADOS
Neste estudo foi aplicado um questionário aos enfermeiros do CMRRC - Rovisco Pais
e HAJC. Este questionário é constituído por três partes: a primeira refere-se aos dados
sociodemográficos que caracterizam os profissionais de enfermagem; a segunda é
constituída pela Escala de Satisfação com a Supervisão de Munson (2000), adaptada
por Loureiro (2005), a qual procura avaliar a satisfação com a supervisão; e, por
59
último, a Escala de Liderança de Quinn (1988), adaptada para a população
portuguesa por Parreira et al. (2006) (anexo 1).
Escala de Satisfação com a Supervisão
Esta escala apresenta-se sob a forma de uma escala de tipo Likert de 1 a 6, variando
entre discorda plenamente e concorda plenamente . constitu da por 23
afirmações. O enfermeiro, com base na sua opinião, assinala para cada afirmação um
item que tem uma correspondência numérica, conforme o quadro 8.
Quadro 8: Apresentação da correspondência dos diferentes itens da escala da
satisfação com a supervisão e o respectivo valor numérico
Designação Valor numérico
Discorda plenamente 1
Discorda 2
Discorda ligeiramente 3
Concorda ligeiramente 4
Concorda 5
Concorda plenamente 6
Do somatório do valor numérico dos 23 itens, resulta o score final, sendo uma medida
global. A nota global pode oscilar entre 23 (mínimo) e 138 (máximo) e as categorias de
interpretação são as apresentadas no quadro 9. Devem considerar-se merecedoras de
intervenção, as contagens inferiores a 70 para acautelar ruptura significante do
processo de supervisão (Loureiro, 2005).
Quadro 9: Apresentação das contagens e respectivas categorias de interpretação do
nível de satisfação com a supervisão
Score total obtido Nível de satisfação com a supervisão
23 a 46 Muito baixo
47 a 69 Baixo
70 a 92 Moderado
93 a 115 Alto
116 a 138 Muito alto
60
Escala de Liderança de Quinn
A escala de liderança apresenta-se sob a forma de uma escala de tipo Likert com sete
opções de resposta, variando entre uase nunca e uase sempre ( uadro 10). A
escala é constituída por 32 questões, que avaliam as competências de liderança,
distribuídas por 8 papéis: inovador, broker, produtor, director, coordenador, monitor,
facilitador e mentor (quadro 11). Estes oito papéis inserem-se nas duas dimensões
chave da liderança (flexibilidade/controlo e orientação externa/interna), a partir dos
quais se configuram os quatro modelos de liderança. O modelo das relações humanas
faz-se representar pelos papéis de mentor e facilitador; o modelo dos sistemas abertos
pelos papéis de broker e inovador; o modelo dos processos internos pelos papéis de
monitor e coordenador; e o modelo dos objectivos racionais é representado pelos
papéis de produtor e director. A presente escala permite avaliar a percepção dos
liderados sobre o ue é caracter stico e o ue devia ser caracter stico no l der,
assim como, o gap entre o percebido e o esperado (Melo, 2011).
Quadro 10: Apresentação da correspondência dos diferentes itens da escala de
liderança e o respectivo valor numérico
“É característico” “Devia ser característico”
Designação Valor numérico Designação Valor numérico
Quase nunca 1 Quase nunca 1
Muito pouco 2 Muito pouco 2
Pouco 3 Pouco 3
Ocasionalmente 4 Ocasionalmente 4
Frequentemente 5 Frequentemente 5
Muito frequentemente 6 Muito frequentemente 6
Quase sempre 7 Quase sempre 7
61
Quadro 11: Itens de cada dimensão da escala de liderança
Dimensões
(Papéis de liderança) Itens
Papel de Monitor 4, 14,17, 32
Papel de Broker 3, 13, 18, 27
Papel de Coordenador 2, 9, 21, 28
Papel de Director 7, 12, 19, 26
Papel de Facilitador 6, 11, 24, 31
Papel de Inovador 1, 10, 22, 25
Papel de Mentor 8, 16, 20, 29
Papel de Produtor 5, 15, 23, 30
3.5 - PROCEDIMENTOS ÉTICOS
Para a recolha de dados, foi realizado um pedido formal, por escrito, dirigido aos
conselhos de administração do CMRRC – Rovisco Pais (anexo 2) e do HAJC (anexo
3), apresentando os objectivos da investigação e requerendo consequente autorização
para a aplicação dos instrumentos de recolha de dados a aplicar aos enfermeiros que
integram as equipas de cada serviço. O pedido para a realização do estudo foi aceite
e autorizado por escrito (Anexo 4 e 5).
Foi enviado, também, um pedido formal de autorização, via correio electrónico, aos
autores que adaptaram para a população portuguesa os instrumentos utilizados. Para
a Escala de Liderança foi enviado pedido de autorização ao Professor Doutor Pedro
Parreira, que autorizou e para a Escala de Satisfação com a Supervisão, foi enviado
pedido de autorização ao Professor Doutor Rui Loureiro, que autorizou.
Após as aprovações, a colheita de dados foi realizada durante o período de 1 a 31 de
Março de 2012.
A informação foi recolhida em todos os serviços do CMRRC - Rovisco Pais e HAJC.
Como estratégia, decidiu-se entregar os questionários aos enfermeiros chefes após
esclarecimento prévio dos objectivos do estudo e suas condicionantes, tendo sido
solicitada a sua colaboração no sentido de proceder à entrega dos questionários aos
enfermeiros. Para assegurar o anonimato e confidencialidade dos dados, os
questionários depois de preenchidos foram recolhidos no mesmo envelope fechado,
garantindo desta forma a confidencialidade da informação fornecida. Segundo Polit e
62
Hungler (1995), quando se pretende utilizar pessoas/indivíduos como sujeitos de
investigação, torna-se extremamente importante que os seus direitos sejam
salvaguardados.
63
4 – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Nesta fase da investigação apresentamos os dados recolhidos e procedemos à sua
análise descritiva e inferencial. Começamos por apresentar a caracterização
sociodemográfica da amostra, seguida da análise descritiva da satisfação com a
supervisão, análise descritiva da percepção do desempenho dos papéis de liderança e
análise inferencial.
No tratamento dos dados foi utilizado o programa IBM Satistical Package for the Social
Sciences (IBM SPSS) para Mac OS X, versão 21.0.
4.1 – CARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA
Da análise das características sociodemográficas dos 79 enfermeiros, verificamos, na
tabela 1, que 57,0% (n=45) pertencem ao CMRRC-Rovisco Pais e 43,0% (n=34)
pertencem ao HAJC. 29,1% da amostra (n=23) é representada por enfermeiros do
sexo masculino, enquanto que 70,9% (n=56) é representada pelo sexo feminino. A
média de idades dos inquiridos é de 36,37 anos, com um desvio padrão de 8,59 e uma
mediana de 37 anos, sendo a idade mínima de 23 anos e a idade máxima de 58 anos.
Relativamente às habilitações académicas, obtivemos uma maior frequência de
enfermeiros com licenciatura, apresentando um total de 49, o que corresponde a 62%
da amostra. Por outro lado, 5,1% (n=4) possui pós-graduação, 25,3% (n=20) possui
especialidade e 7,6% (n=6) possui mestrado. Com a habilitação académica de
bacharelato e doutoramento não foi encontrado qualquer caso.
Quanto à categoria profissional, 32,9% da amostra (n=26) é constituída por
enfermeiros de nível 1, enquanto que 52,2% (n=42) são enfermeiros graduados e
13,9% (n=11) são enfermeiros especialistas. Relativamente ao tempo de serviço
apresentam uma média de 13,20 anos com um desvio padrão de 8,66 e uma mediana
de 15 anos, sendo que o tempo mínimo é 1 ano e o tempo máximo é 38 anos. Em
relação ao tempo de serviço no serviço actual, os enfermeiros apresentam uma
mediana de 4 e uma média de 4,31 anos, com um desvio padrão de 3,51 e moda de 1
ano, sendo que o tempo mínimo no serviço actual é de 1 anos e o máximo é de 22
anos.
No que toca ao tipo de vínculo, 73,4% da amostra (n=58) é detentora de contrato
individual de trabalho sem termo, enquanto que 26,6% (n=21) possui contrato de
64
prestação de serviços (recibos verdes). Quanto a casos com contrato individual de
trabalho com termo e contrato individual de trabalho com termo incerto não foi
registado qualquer frequência.
No que concerne ao tipo de horário, 83,5% dos enfermeiros (n=66) pratica horário do
tipo rollman, enquanto 16,5% (n=13) pratica horário fixo.
Quanto ao facto dos enfermeiros assumirem responsabilidades de gestão ou chefia do
serviço, 43% (n=34) respondeu sim e 57% (n=45) respondeu não.
Tabela 1: Distribuição dos elementos da amostra segundo as variáveis
sociodemográficas e profissionais
Variáveis n %
Sexo Masculino 23 29,1 Feminino 56 70,9
Habilitações académicas
Licenciatura 49 62,0
Pós-graduação 4 5,1
Especialidade 20 25,3 Mestrado 6 7,6
Categoria profissional
Enfermeiro nível I 26 32,9
Enfermeiro graduado 42 53,2 Enfermeiro especialista 11 13,9
Tipo de vínculo
Contrato individual de trabalho sem termo 58 73,4
Contrato de prestação de serviços (recibos verdes) 21 26,6
Tipo de horário
Fixo 13 16,5 Rollman 66 83,5
Responsabilidades de gestão ou chefia
Sim 34 43,0
Não 45 57,0
Min. Máx. Média DP Moda Mediana
Idade (em anos) 23 58 36,37 8,59 33 37
Anos de serviço 1 38 13,20 8,66 1a 15
Anos de serviço no serviço actual 1 22 4,31 3,51 1 4
a. Há várias modas. O menor valor é mostrado.
65
4.2 – ANÁLISE DESCRITIVA
Nesta fase, recorrendo à estatística descritiva, realizámos a análise descritiva dos
dados obtidos.
Satisfação com a supervisão
Recorrendo à escala que avalia a satisfação com a supervisão, obtivemos uma média
de satisfa ão mais elevada nos itens 10, u desejo manter as minhas sessões de
avalia ão (4,89); item 1, meu supervisor respeita-me como profissional (4,73); e
item 2, meu supervisor dá-me autonomia para realizar o meu trabalho (4,73). s
itens com uma média de satisfa ão mais baixa foram os itens 20, meu supervisor
usa gravações e registos individualizados como material de apoio durante as
entrevistas do processo de avalia ão ; item 5 meu supervisor sabe ensinar (3,82);
item 6 o meu supervisor tem-me ajudado a desenvolver a minha autoconfian a (3,82)
(tabela 2).
Tabela 2: Estatísticas descritivas dos itens da escala de satisfação com a supervisão
Item Média Desvio padrão
satisfação 1 4,7342 1,28810
satisfação 2 4,7342 1,34649
satisfação 3 3,9620 1,53124
satisfação 4 4,1013 1,43755
satisfação 5 3,8228 1,35646
satisfação 6 3,8228 1,31811
satisfação 7 4,3924 1,04290
satisfação 8 4,4177 1,02040
satisfação 9 4,1772 1,44789
satisfação 10 4,8861 0,69775
satisfação 11 3,9114 1,40685
satisfação 12 3,9114 1,38850
satisfação 13 4,0000 1,34926
satisfação 14 4,0380 1,51440
satisfação 15 4,0633 1,46184
satisfação 16 4,1646 1,27531
satisfação 17 4,1139 1,44104
satisfação 18 4,2405 1,50397
satisfação 19 4,0886 1,68850
satisfação 20 2,9620 1,48879
satisfação 21 4,5823 1,08140
satisfação 22 4,5063 1,25956
satisfação 23 4,5696 1,24739
66
Recorrendo ao gráfico 1, observamos que o valor de satisfação mais baixo obtido é de
41, o que corresponde a um nível de satisfação muito baixo, por outro lado, o valor
máximo é 138, correspondente a um nível de satisfação muito alto. O valor da média é
de 96,20 o que corresponde a um nível de satisfação alto. A mediana é 103, o que
significa que, pelo menos, 50% da amostra apresenta um nível de satisfação alto ou
muito alto. Para o percentil 25 obtivemos um valor de 77, o que significa que 75% da
amostra apresenta um nível de satisfação com a supervisão considerado positivo,
correspondendo a níveis de satisfação moderado, alto ou muito alto.
Gráfico 1: Classificação global da escala de satisfação com a supervisão
Analisando agora a frequência para cada categoria da escala de satisfação com a
supervisão, obtivemos uma frequência de 3 enfermeiros com uma satisfação muito
baixa, o que corresponde a 3,8% da amostra. 12,7% (n=10) apresenta um nível de
satisfação baixo, 22,8% (n=18) nível moderado, 41,8% (n=33) nível alto e 19% (n=15)
nível muito alto (tabela 3).
67
Tabela 3: Frequência dos níveis de satisfação com a supervisão
n %
Muito baixo 3 3,8
Baixo 10 12,7
Moderado 18 22,8
Alto 33 41,8
Muito alto 15 19
Percepção do desempenho dos papéis de liderança
Recorrendo à escala que avalia a percepção do desempenho dos papéis de liderança,
relativamente aos valores obtidos nas medidas de tendência central e de dispersão
representados na tabela 4, nas respostas acerca do ue é caracter stico , podemos
verificar uma heterogeneidade de respostas obtidas, uma vez que obtivemos
respostas em todos os pontos da escala em todos os itens, excepto nos itens 7, 12, 18
e 21. As médias variam entre 3,94 e 5,54 e o desvio padrão entre 1,11 e 1,91,
denotando uma dispersão apreciável (desvio padrão mínimo observado > 1,1),
indicador de um bom poder discriminativo. As questões 7 e 18 apresentam os valores
mais baixos e as questões 19 e 29 apresentam os valores mais elevados.
Os valores da média situam-se ligeiramente acima do ponto médio da escala,
consequência do maior número de respostas Muito Fre uentemente e Quase
sempre , sugerindo um reconhecimento global de competências de lideran a.
Os itens da escala que apresentam valores médios mais elevados são o item 18
( Tem acesso a pessoas de n vel mais elevados ) e o item 21 ( Mantem-se ao corrente
do que se passa na unidade ), sugerindo que os enfermeiros consideram que os seus
enfermeiros chefes têm acesso fácil a pessoas de nível hierárquico superior, bem
como, um conhecimento geral do que se passa na unidade que gerem.
No que concerne aos valores obtidos nas medidas de tendência central e de
dispersão, nas respostas acerca do ue devia ser caracter stico , é evidente a menor
heterogeneidade das resposta obtidas em rela ão ao ue é caracter stico . s
valores médios variam entre 5,47 e 6,51 e o desvio padrão entre 0,64 e 1,12, o que
evidencia uma menor dispersão, correspondendo a um menor poder discriminativo em
rela ão ao ue é caracter stico .
Os valores da média situam-se acima do ponto médio da escala, consequência do
maior número de respostas muito fre uentemente e uase sempre , sugerindo um
grau de exigência elevado por parte dos enfermeiros liderados.
68
Os itens que apresentam valores médios mais elevados são o item 20 ( Trata as
pessoas de modo delicado e cuidado ) e 31 ( esenvolve trabalho em e uipa ),
sugerindo que os enfermeiros consideram como aspectos que deveriam ser
característicos nos enfermeiros chefes o relacionamento cuidado e a promoção do
trabalho em equipa.
Tabela 4: Valores mínimos, máximos, médias e desvio padrão dos itens da escala de
lideran a relativamente ao ue caracter stico e ao ue evia ser caracter stico
Nº item
Itens É característico Devia ser característico
n Min Max Med DP n Min Max Med DP
1 Propõe ideias criativas 79 1 7 3,94 1,45 79 2 7 5,80 0,94
2 Promove a continuidade das operações 79 1 7 4,59 1,29 79 4 7 5,97 0,93
3 Exerce influencia positiva na unidade 79 1 7 4,25 1,74 79 4 7 6,38 0,76
4 Revê de forma detalhada toda a informação 79 1 7 4,59 1,36 79 4 7 5,96 0,87
5 Mantém na unidade uma orientação para os resultados 79 1 7 4,57 1,53 79 4 7 6,15 0,79
6 Facilita a construção de consensos 79 1 7 4,27 1,53 79 4 7 6,30 0,79
7 Define áreas de responsabilidade para os subordinados 79 2 7 5,16 1,23 79 3 7 5,94 1,07
8 Ouve os problemas pessoais dos subordinados 79 1 7 4,38 1,71 79 4 7 5,82 1,05
9 Minimiza as perturbações no fluxo de trabalho 79 1 7 4,10 1,55 79 3 7 6,04 0,88
10 Utiliza/experimenta conceitos e procedimentos novos 79 1 7 4,16 1,40 79 4 7 5,97 0,90
11 Encoraja a tomada de decisão participativa 79 1 7 4,14 1,67 79 2 7 6,18 0,92
12 Assegura que todos saibam os objectivos da unidade 79 2 7 4,61 1,41 79 4 7 6,35 0,80
13 Influencia decisões tomadas em níveis superiores 79 1 7 4,20 1,60 79 4 7 5,47 1,07
14 Compara registos e relatórios na procura de discrepâncias 79 1 7 4,22 1,47 79 1 7 5,76 1,12
15 Verifica se a unidade cumpre os objectivos estabelecidos 79 1 7 4,82 1,50 79 3 7 6,24 0,89
16 Demonstra empatia e preocupação no relacionamento 79 1 7 4,16 1,76 79 4 7 6,18 0,87
17 Trabalha com informação técnica 79 1 7 4,86 1,53 79 4 7 6,23 0,89
18 Tem acesso a pessoa de nível mais elevados 79 3 7 5,54 1,11 79 4 7 5,97 0,91
19 Estabelece objectivos claros para o trabalho da unidade 79 1 7 4,48 1,77 79 3 7 6,23 0,92
20 Trata as pessoas de modo delicado e cuidado 79 1 7 4,51 1,91 79 5 7 6,47 0,64
21 Mantém-se ao corrente do que se passa na unidade 79 2 7 5,49 1,33 79 3 7 6,30 0,85
22 Resolve problemas com criatividade e inteligência 79 1 7 4,24 1,73 79 4 7 6,38 0,74
23 Impulsiona a unidade para o cumprimento dos seus objectivos 79 1 7 4,92 1,37 79 3 7 6,33 0,84
24 Encoraja os subordinados a partilhar ideias em grupo 79 1 7 4,32 1,75 79 4 7 6,43 0,71
25 Procura inovações e melhorias potenciais 79 1 7 4,29 1,72 79 3 7 6,23 0,88
26 Clarifica prioridades e direcções 79 1 7 4,29 1,65 79 4 7 6,23 0,78
27 Apresenta ideias novas aos superiores de modo persuasivo 79 1 7 4,32 1,58 79 3 7 6,09 0,92
28 Proporciona à unidade um sensação de ordem 79 1 7 4,42 1,69 79 4 7 6,30 0,84
29 Demonstra preocupação com as necessidades dos subalternos 79 1 7 4,19 1,78 79 5 7 6,20 0,74
30 Enfatiza a realização dos objectivos propostos para a unidade 79 1 7 4,61 1,38 79 4 7 6,28 0,83
31 Desenvolve trabalho em equipa 79 1 7 4,33 1,75 79 3 7 6,51 0,78
32 Analisa planos escritos e projectos 79 1 7 4,54 1,51 79 4 7 6,19 0,82
Como se pode observar na tabela 5, todos os papéis de liderança percepcionados
pelos enfermeiros como caracter stico , apresentam médias superiores a 4,31, sendo
os papéis de produtor (4,73), coordenador (4,65) e director (4,64) aqueles que
apresentam valores médios superiores, se bem que não muito superiores aos
restantes. O papel de liderança percepcionado com menor enfâse foi o de inovador
(4,16) (gráfico 2).
69
Relativamente à percep ão do ue devia ser caracter stico na lideran a (gráfico 3),
apresentam médias superiores a 5,98, sendo os papéis de facilitador (6,35) e produtor
(6,25) os mais enfatizados nas expectativas dos enfermeiros. O papel menos
valorizado pelos enfermeiros no ue devia ser caracter stico nos seus chefes é o de
broker (5,98).
Quanto ao gap obtido entre a percep ão do ue é caracter stico e o ue devia ser
caracter stico verificam-se valores médios mais baixos no papel de broker (1,40) e
valores médios mais elevados no papel de facilitador (2,09).
Tabela 5: Mínimo, máximo, média e desvio padrão da percepção dos papéis de
liderança desempenhados pelos enfermeiros chefes
Papéis de liderança É característico Devia ser característico Gap
n Min Max Med DP n Min Max Med DP n Min Max Med DP
Papel de Broker 79 2,00 6,75 4,58 1,30 79 4,25 7,00 5,98 0,72 79 -1,50 4,25 1,40 1,22
Papel de Facilitador 79 1,00 7,00 4,26 1,56 79 3,75 7,00 6,35 0,67 79 -1,00 6,00 2,09 1,74
Papel de Inovador 79 1,25 6,50 4,16 1,42 79 3,75 7,00 6,10 0,68 79 -1,25 5,00 1,94 1,46
Papel de Mentor 79 1,00 7,00 4,31 1,69 79 4,75 7,00 6,17 0,66 79 -1,50 5,75 1,86 1,59
Papel de Monitor 79 1,75 6,75 4,55 1,20 79 4,25 7,00 6,03 0,74 79 -0,75 4,75 1,48 1,21
Papel de Produtor 79 1,75 7,00 4,73 1,33 79 4,00 7,00 6,25 0,70 79 -1,00 4,50 1,52 1,30
Papel de Coordenador 79 1,50 7,00 4,65 1,19 79 3,50 7,00 6,15 0,73 79 -1,75 5,50 1,50 1,33
Papel de Director 79 2,25 7,00 4,64 1,24 79 4,25 7,00 6,19 0,67 79 -1,00 4,25 1,55 1,22
Gráfico 2: Percepção dos papéis de liderança desempenhados pelos enfermeiros
chefes relativamente ao ue é caracter stico e dimensões do MVC
70
Gráfico 3: Percepção dos papéis de liderança desempenhados pelos enfermeiros
chefes relativamente ao ue devia ser caracter stico e dimensões do MVC
4.3 – ANÁLISE INFERENCIAL
Após a análise descritiva dos dados obtidos realizámos através de estatística analítica
a análise inferencial dos mesmos.
De modo a garantir a confiabilidade dos resultados começámos por avaliar a
consistência interna dos instrumentos usados através do cálculo do alfa de Cronbach
que, de acordo com Fortin (1999), é a técnica mais usada na avaliação da
consistência interna de um instrumento onde existam várias opções de resposta com
diferentes pontuações, como é o exemplo da escala de Likert.
Desta forma, para o questionário que avalia a satisfação com a supervisão, obtivemos
um alfa de Cronbach para o total dos itens de 0,975, sendo que para cada item
obtiveram-se coeficientes que variam entre 0,972 e 0,976. Estes resultados
manifestam uma consistência interna bastante aceitável.
Para o instrumento que avalia a percepção do desempenho dos papéis de liderança,
obteve-se um alfa de Cronbach, para os 32 itens que o constituem, de 0,983. Os
coeficientes obtidos em cada dimensão foram superiores a 0,821, sendo que para o
71
papel de broker obteve-se um alfa de Cronbach de 0,878, para o papel de monitor
0,833, para o papel de coordenador 0,821, para o papel de director 0,825, para o
papel de facilitador 0,945, para o papel de mentor 0,957, para o papel de produtor
0,936 e para o papel de inovador 0,917. Estes resultados confirmam uma consistência
interna do instrumento muito aceitável.
Para nos balizarmos no que toca ao uso de testes paramétricos ou não-paramétricos,
começámos por determinar o histograma de score da variável satisfação com a
supervisão, assim como, testar a normalidade da distribuição da amostra através do
teste de Kolmogorov-Smirnov.
Analisando o gráfico 4, verificamos que não existe normalidade, dado que não se
obtém simetria da curva de normalidade. Contudo, para conferir maior credibilidade a
esta observação, realizada apenas da visualização do gráfico, realizou-se o teste de
Kolmogorov-Smirnov (tabela 6), do qual podemos verificar um nível de significância de
0,001, o que vem confirmar a dedução feita previamente, de que a variável satisfação
com a supervisão não apresenta distribuição normal.
Gráfico 4: Histograma do score total da satisfação com a supervisão com curva de
normalidade
72
Tabela 6: Teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov para a variável satisfação
com a supervisão
Estatística df Sig.
Satisfação com a supervisão 0,137 79 0,001
Estes dados conduzir-nos-iam ao uso de testes não-paramétricos, mas de um modo
geral, assume-se que para amostras de dimensão superior a 30 a distribuição da
média amostral é satisfatoriamente aproximada à normal (Maroco, 2003, p.47).
Coelho, Cunha e Martins (2008) referem também que as variáveis de índole
psicológica comportam-se na população de forma normal ou, pelo menos,
aproximadamente da normal, desenvolvendo as suas medidas de estudo dentro desta
conformidade. Assim, de acordo com o exposto, optámos pelo uso dos testes
paramétricos dada a maior robustez que comportam face aos não-paramétricos.
Diferenças na satisfação com a supervisão em função das variáveis
sociodemográficas
Para analisar as diferenças entre a satisfação com a supervisão em função do sexo,
teremos primeiro de verificar a normalidade da distribuição da amostra para o sexo
masculino, uma vez que n=23, o que não cumpre o pressuposto para uso de testes
paramétricos enunciado em epígrafe. Desta forma, através do teste de Shapiro-Wilk
(tabela 7) obtivemos um nível de significância para o sexo masculino de 0,609, o que
nos permite afirmar que a amostra do sexo masculino apresenta uma distribuição
normal, permitindo o uso de testes paramétricos.
Tabela 7: Teste de normalidade de Shapiro-Wilk para a variável satisfação com a
supervisão por sexo
Sexo Estatística df Sig.
Satisfação com a supervisão Masculino 0,967 23 0,609
Feminino 0,915 56 0,001
Assim, para a variável sexo foi aplicado o teste t para amostras independentes. Da
análise da tabela 8, podemos verificar que os valores médios do score da satisfação
com a supervisão são relativamente próximos para os dois sexos, não havendo
diferenças estatisticamente significativas (p=0,180).
73
Tabela 8: Teste t para amostras independentes: satisfação com a supervisão por sexo
Sexo N Média D.P. Sig.
Satisfação com a supervisão Masculino 23 90,35 19,31
0,180 Feminino 56 98,61 26,51
A análise relativa à relação entre a variável idade e a satisfação com a supervisão foi
efectuada a partir do cálculo do coeficiente de correlação de Pearson.
Como podemos verificar na tabela 9, apesar da idade se correlacionar positivamente
com a satisfação com a supervisão, não é de uma forma estatisticamente significativa
(r=0,203; p=0,073).
Tabela 9: Correlação de Pearson entre a idade e a satisfação com a supervisão
Idade
r p
Satisfação com a supervisão 0,203 0,073
Para analisar diferenças entre a satisfação com a supervisão em função das
habilitações literárias, teremos primeiro de verificar a normalidade da distribuição da
amostra para as habilitações pós-graduação, especialidade e mestrado, uma vez que
n=4, n=20 e n=6, respectivamente, o que não cumpre o pressuposto para uso de
testes paramétricos: quando a amostra possui n>30 a sua distribuição tende para a
normalidade (Maroco, 2003). Desta forma, através do teste de Shapiro-Wilk (tabela
10) obtivemos um nível de significância para as habilitações académicas pós-
graduação (p=0,52), especialidade (p=0,403) e mestrado (p=0,178) que nos permite
afirmar que as respectivas amostras independentes apresentam uma distribuição
normal, permitindo o uso de testes paramétricos.
Tabela 10: Teste de normalidade de Shapiro-Wilk para a variável satisfação com a
supervisão por habilitação académica
Habilitações académicas Estatística df Sig.
Satisfação com a supervisão
Licenciatura 0,924 49 0,004
Pós-graduação 0,765 4 0,052
Especialidade 0,952 20 0,403
Mestrado 0,857 6 0,178
74
Assim, para avaliar diferenças no nível de satisfação com a supervisão por habilitação
académica procedemos à análise da variância (ANOVA). Analisando a tabela 11
verificamos que as médias do score para cada habilitação académica estão muito
próximas, o que nos leva a afirmar que não existem diferenças estatisticamente
significativas no nível da satisfação com a supervisão em função das habilitações
académicas (p=0,645).
Tabela 11: Análise da variância: satisfação com a supervisão em função das
habilitações académicas
Licenciatura
Pós-graduação
Especialidade Mestrado F Sig.
Méd. DP Méd. DP Méd. DP Méd. DP
Satisfação com a
supervisão
94,37 22,81 91,25 34,10 98,50 28,09 106,83 26,35 0,558 0,645
Para analisar diferenças entre a satisfação com a supervisão em função da categoria
profissional teremos primeiro de verificar a normalidade da distribuição da amostra
para as categorias enfermeiro nível I e enfermeiro especialista, uma vez que n=26 e
n=11, respectivamente, o que não cumpre o pressuposto para uso de testes
paramétricos (Maroco, 2003). Desta forma, através do teste de Shapiro-Wilk (tabela
12) obtivemos um nível de significância para a categoria profissional de enfermeiro
nível I de 0,028, o que não nos permite o uso de testes paramétricos. Assim, de forma
a avaliar as diferenças entre os níveis de satisfação com a supervisão por categoria
profissional iremos usar o teste não-paramétrico Kruskall-Wallis para amostras
independentes.
Tabela 12: Teste de normalidade de Shapiro-Wilk para a variável satisfação com a
supervisão por categoria profissional
Categoria profissional Estatística df Sig.
Satisfação com a supervisão
Enf.º nível I 0,911 26 0,028
Enf.º graduado 0,954 42 0,089
Enf.º especialista 0,916 11 0,288
De acordo com a significância obtida após aplicação do teste de Kruskal-Wallis
(p=0,420), verificámos que não existem diferenças estatisticamente significativas no
nível da satisfação com a supervisão em função da categoria profissional.
A análise relativa à relação entre os anos de serviço, os anos de serviço no serviço
actual e a satisfação com a supervisão foi efectuada a partir do cálculo do coeficiente
75
de correlação de Pearson.
Conforme podemos observar na tabela 13, apesar das correlações serem positivas
entre satisfação com a supervisão e anos de serviço (r=0,199; p=0,079), e satisfação
com a supervisão e anos de serviço no serviço actual (r=0,056; p=0,623), não são
estatisticamente significativas.
Tabela 13: Correlação de Pearson entre os anos de serviço, os anos de serviço no
serviço actual e a satisfação com a supervisão
Anos de serviço Anos de serviço no serviço actual
Satisfação com a supervisão
r p r p
0,199 0,079 0,056 0,623
Para analisar diferenças entre a satisfação com a supervisão em função do tipo de
vínculo teremos primeiro de verificar a normalidade da distribuição da amostra para o
tipo de vínculo por contrato de prestação de serviços, uma vez que n=21, o que não
cumpre o pressuposto para uso de testes paramétricos (Maroco, 2003). Desta forma,
através do teste de Shapiro-Wilk (tabela 14) obtivemos um nível de significância para
o tipo de vínculo por contrato de prestação de serviços de 0,005, o que não nos
permite o uso de testes paramétricos. Assim, de forma a avaliar diferenças entre os
níveis de satisfação com a supervisão por categoria profissional iremos usar o teste
não-paramétrico Mann-Whitney para amostras independentes.
Tabela 14: Teste de normalidade de Shapiro-Wilk para a variável satisfação com a
supervisão por tipo de vínculo
Tipo de vínculo Estatística df Sig.
Satisfação com a supervisão
Contrato individual de trabalho sem termo
0,967 58 0,110
Contrato de prestação de serviços
0,851 21 0,005
De acordo com a significância obtida após aplicação do teste de Mann-Whitney
(p=0,520), verificámos que não existem diferenças estatisticamente significativas no
nível da satisfação com a supervisão em função do tipo de vínculo.
De forma a analisar diferenças entre a satisfação com a supervisão em função do tipo
de horário teremos primeiro de verificar a normalidade da distribuição da amostra para
o tipo de horário fixo, uma vez que n=13, o que não cumpre o pressuposto para uso de
testes paramétricos (Maroco, 2003). Desta forma, através do teste de Shapiro-Wilk
76
(tabela 15) obtivemos um nível de significância para o tipo de horário fixo de 0,375, o
que nos permite o uso de testes paramétricos.
Tabela 15: Teste de normalidade de Shapiro-Wilk para a variável satisfação com a
supervisão por tipo de horario
Tipo de horario Estatística df Sig.
Satisfação com a supervisão
Fixo 0,933 13 0,375
Rollman 0,934 66 0,002
Assim, para a variável tipo de horário foi aplicado o teste t para amostras
independentes. Da análise da tabela 16, podemos verificar diferenças estatisticamente
significativas entre os valores médios do score da satisfação com a supervisão em
função do tipo de horário (p=0,013). Sendo que os enfermeiros que praticam horário
fixo apresentam um valor médio mais elevado (111,69).
Tabela 16: Teste t para amostras independentes: satisfação com a supervisão por tipo
de horário
Tipo de horário N Média D.P. Sig.
Satisfação com a supervisão
Fixo 13 111,69 21,96 0,013
Rollman 66 93,15 24,32
Para analisar diferenças entre os valores médios da satisfação com a supervisão entre
enfermeiros que já exerceram, na sua prática, responsabilidades de gestão ou chefia e
enfermeiros que não, não houve necessidade de testar a normalidade da distribuição
uma vez que n= 34 e n=45, respectivamente, o que de acordo com o teorema do limite
central, amostras com n>30, apresentam distribuições que tendem para a normalidade
(Maroco, 2003).
Assim, para avaliar as diferenças entre os valores médios da satisfação em função
das responsabilidades de gestão ou chefia foi aplicado o teste t para amostras
independentes. Da análise da tabela 17 podemos verificar que não existem diferenças
estatisticamente significativas entre as médias do score da satisfação com a
supervisão em função das responsabilidades de gestão ou chefia (p=0,332). Contudo,
os enfermeiros que nunca assumiram responsabilidades de gestão ou chefia
apresentam uma satisfação com a supervisão mais elevada, observando-se um score
médio de 98,67.
77
Tabela 17: Teste t para amostras independentes: satisfação com a supervisão em
função das responsabilidades de gestão ou chefia
Responsabilidades de gestão ou chefia
N Média D.P. Sig.
Satisfação com a supervisão
Sim 34 92,94 28,53 0,332
Não 45 98,67 21,57
Relação entre a satisfação com a supervisão e o desempenho dos papéis de
liderança
A análise relativa à relação entre a percepção dos enfermeiros sobre o desempenho
dos papéis de liderança dos enfermeiros chefes e a satisfação com a supervisão foi
efectuada a partir do cálculo do coeficiente de correlação de Pearson.
Conforme podemos verificar na tabela 18, todos os papéis de liderança se
correlacionam significativamente com uma correlação moderada positiva com a
satisfação com a supervisão, excepto os papéis de facilitador (r=0,842; p=0,000) e
mentor (r=0,871; p=0,000) que se correlacionam significativamente mas com uma
correlação forte positiva.
Tabela 18: Correlação de Pearson entre o desempenho dos papéis de liderança e a
satisfação com a supervisão
Satisfação com a supervisão
r p
Papel de broker 0,770 0,000
Papel de coordenador 0,772 0,000
Papel de director 0,764 0,000
Papel de facilitador 0,842 0,000
Papel de inovador 0,786 0,000
Papel de mentor 0,871 0,000
Papel de monitor 0,727 0,000
Papel de produtor 0,779 0,000
78
5 – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Apesar da análise já efectuada aos resultados obtidos, reservámos este ponto para
uma discussão mais detalhada comparando os resultados aos de estudos idênticos.
Assim, começámos por discutir os resultados que caracterizam a amostra, seguindo-
se a discussão dos resultados obtidos pela análise inferencial das variáveis em
estudo.
De acordo com os resultados obtidos nesta investigação, observámos uma maior
percentagem de enfermeiros do sexo feminino (70,9%), traduzindo a feminização
persistente da prática de cuidados de enfermagem observada desde a idade média
até a actualidade (Lopes e Leal, 2005). Segundo os dados mais recentes fornecidos
pela Ordem dos Enfermeiros (OE, 2012), em Portugal há 65467 enfermeiros com
inscrição válida neste órgão, dos quais 53301 são mulheres e 12166 são homens.
Fontes (2009) realça também que esta discrepância deve-se essencialmente ao
contexto histórico da profissão e à natureza da sua prática.
A média de idades dos enfermeiros pertencentes à amostra encontra-se nos 36,37
anos, com um desvio padrão de 8,59 e uma mediana de 37 anos, sendo a idade
mínima de 23 anos e a idade máxima de 58 anos. Este grupo insere-se num nível
etário médio, mas com uma grande amplitude de variação de idades. Este facto pode-
se considerar positivo, uma vez que, diferentes níveis de experiência profissional, de
conhecimentos, de maturidade e, possivelmente, de motivação poderão contribuir para
o equilíbrio funcional das equipas.
Relativamente à distribuição de enfermeiros por habilitação académica constatámos
que a maior parte dos respondentes possuem o grau de licenciatura (62%). Por outro
lado, 25,3% dos enfermeiros possuem a especialidade, enquanto 7,6% possui
mestrado e 5,1% pós-graduação. Estes resultados manifestam-se positivos, uma vez
que não foi encontrado nenhum enfermeiro apenas com o grau de bacharelato e, por
outro lado, um quarto da amostra possui especialidade, o que demonstra o interesse
na aquisição de conhecimentos mais especializados no sentido de melhorar a sua
prática profissional. Segundo a OE (2012), em Portugal 18,87% dos enfermeiros são
detentores do título de especialista.
Quanto à categoria profissional podemos verificar que a maior parte detém a categoria
profissional de enfermeiro de nível I (32,9%) e enfermeiro graduado (52,2%), sendo a
percentagem da categoria de enfermeiro especialista muito baixa (13,9%). É de
79
salientar a diferença entre os enfermeiros que possuem a especialidade e os que
detém a categoria de enfermeiro especialista, uma vez que até 2009 muitos viam na
aquisição da especialidade um oportunidade para subir na carreira, mas com os
escassos concursos que surgiram para ingressar na categoria de enfermeiro
especialista e, actualmente, com a nova carreira de enfermagem vêem esse objectivo
mais dificultado, o que se pode tornar num factor de desmotivação e/ou insatisfação.
No que concerne ao tempo de serviço, os inquiridos apresentam uma média de 13,20
anos com um desvio padrão de 8,66 e uma mediana de 15. O que justifica a
percentagem elevada de enfermeiros graduados. Por outro lado, no que diz respeito
ao tempo de serviço dos respondentes no serviço actual, obtivemos uma média de
4,31 anos, com um desvio padrão de 3,51, uma mediana de 4, tempo mínimo de 1 e
máximo de 22 anos. Recorrendo também ao cálculo do percentil 75 obteve-se um
valor de 4,75, o que significa que pelo menos 75% da amostra situa-se abaixo dos 6
anos de serviço no serviço actual que, segundo Benner (2005), citado por Melo
(2011), é o período que um enfermeiro necessita para atingir o nível de perito.
Relativamente ao tipo de vínculo apenas obtivemos respondentes possuindo contrato
de trabalho sem termo e contrato de prestação de serviços (recibos verdes). A maior
parte é constituída por enfermeiros detentores de contrato individual de trabalho sem
termo (73,4%), o que, de acordo com Ferreira (2011), é um bom indicador, uma vez
que enfermeiros com contrato individual de trabalho sem termo apresentam níveis de
satisfação e motivação superiores aos restantes.
Quanto ao tipo de horário praticado pelos enfermeiros que integram a amostra 83,5%
é do tipo rollman. Este valor elevado pode ser explicado pelo facto dos enfermeiros
respondentes pertencerem a instituições de saúde que integram serviços de
internamento onde os cuidados de enfermagem são assegurados 24h por dia.
Segundo Dias, Marcello e Dias (2005), o trabalho por turnos tem um importante
impacto ao nível do bem-estar físico, mental e social dos enfermeiros, levando-os a
apresentar frequentemente, queixas de fadiga crónica e alternações gastrointestinais,
comparativamente aos enfermeiros que trabalham em horário fixo. Amaro (2006) na
sua investigação, também verificou que os enfermeiros que trabalham por turnos
apresentam níveis de despersonalização mais elevados.
No que toca ao facto dos enfermeiros, por vezes, assumirem ou não funções de
gestão ou chefia durante a sua actividade, verificámos que 43,0% respondeu
positivamente. Esta percentagem considerável pode ser um indicador da capacidade
80
em delegar competências e/ou tarefas dos enfermeiros gestores aos seus
subordinados.
Percepção dos enfermeiros sobre o desempenho dos papéis de liderança dos
enfermeiros chefes
Relativamente à percepção dos papéis de liderança tida como característica pelos
enfermeiros respondentes, os resultados obtidos demonstram valores médios acima
do ponto médio para todos os papéis de liderança. O que denota um reconhecimento
por parte dos enfermeiros no desempenho dos papéis de liderança. Os papéis de
liderança que apresentaram valores médios superiores foram os papéis de produtor,
coordenador e director. Por outro lado, o papel de liderança menos reconhecido foi o
de inovador. Estes achados corroboram os resultados obtidos por Parreira et al.
(2006) no seu estudo.
As evidências apontam para uma predominância do modelo dos objectivos racionais,
uma vez que, são os papéis de director e produtor que apresentam valores médios
mais elevados. Este modelo vê o planeamento, definição de metas, produtividade e
eficiência, como critérios de eficácia (MDBF, 2001). Assim, as competências que os
enfermeiros respondentes mais reconhecem nos seus enfermeiros chefes são: a
produtividade e motivação pessoal, capacidade de motivar os outros, gestão do tempo
e do stresse, tomada de iniciativas, fixação de metas e delegação eficaz (Quinn et
al.,1990, citado por Parreira et al., 2007).
No que concerne às duas dimensões chave postuladas por Quinn e Rohrbaugh
(1983), para o Modelo dos Valores Contrastantes, orientação externa/orientação
interna e flexibilidade/controlo verificámos, relativamente à primeira, uma tendência
para a externalização, o que significa que existe uma importância atribuída ao meio
externo da organização, ou seja, é dado um enfâse especial ao bem-estar e
desenvolvimento da organização como um todo e às suas relações com o exterior, em
vez de se focarem no bem-estar e desenvolvimento das pessoas que lá trabalham. No
que diz respeito à dimensão flexibilidade/controlo, é bastante notório o pendor para o
controlo, isto é, os enfermeiros chefes tendem a focalizar-se mais nos papéis
relacionados com o controlo, estabilidade, produtividade e eficiência, ao invés dos
papéis relacionados com a flexibilidade e mudança.
Estes resultados vêm corroborar os resultados obtidos por Melo (2011) na sua
investigação, onde identificou uma predominância de enfermeiros gestores que
81
tendem a focalizar-se mais nos papéis de liderança relacionados com o modelo dos
objectivos racionais, assim como, um pendor para o controlo e organização externa.
Esta maior tendência para o desempenho de papéis de liderança relacionados com o
controlo, de acordo com Quinn et al. (1996), citados por Rodrigues (2007), remete-nos
para uma liderança do tipo transaccional que, segundo Bass (1999), aludido por
Rosinha (2009), traduz-se na relação de troca entre o líder e os subordinados para
responder aos seus próprios interesses e da organização. Esta relação é baseada no
líder que discute as exigências com o outro e especifica as circunstâncias e
recompensas que eles receberão se as metas forem cumpridas (Podsakof et al., 1999,
citados por Rezende (2010). Esta perspectiva de liderança transaccional enquadra-se
perfeitamente na dimensão controlo do MVC, que se rege pelo controlo, estabilidade,
produtividade e eficiência.
O modelo dos processos internos, que integra os papéis de monitor e coordenador,
também é valorizado, o que sugere que os enfermeiros reconhecem nos seus
enfermeiros chefes uma cultura de hierarquia, que assenta em regras e políticas
formais. Facto que nos leva a concordar com Melo (2011, p.129) que afirma que os
profissionais de saúde sentem a necessidade da cria ão de regras e procedimentos
que facilitem o desenvolvimento dos projectos, mediante orientação cuidadosa e
empática . Silva (2010) acrescenta ainda que estes carecem de uma atmosfera
estável e previsível em que haja administração de directrizes e procedimentos que
promovam serviços uniformes.
O papel de liderança menos reconhecido pelos enfermeiros respondentes foi o de
inovador. Estes baixos resultados na percepção do papel de inovador é frequente em
diversos estudos (Parreira, 2006; Domingos, 2009; Melo 2011), tanto na área
hospitalar, bem como na empresarial. O medo de partir para o desconhecido em
busca do que é novo ainda está muito presente nos nossos gestores, persiste a
dificuldade em sair da zona de conforto. Domingos (2009) refere que a gestão actual
em Portugal prende muito os seus objectivos no manter, estabilizar, resistindo à
mudança. Para esta autora, vão surgindo algumas ideias de inovação numa ou noutra
área, mas sempre conduzidas sob uma perspectiva de estabilidade e de segurança,
ou seja, como nos confirmam os nossos resultados, há alguma dificuldade em
desempenhar papéis de liderança baseados na dimensão flexibilidade. Mintzberg
(1995), citado por Melo (2011), corrobora este facto referindo que os hospitais mantém
burocracias profissionalizantes valorizando mais o planeamento e as regras, ao invés
de apostar na inovação e criatividade.
82
Assim, é imperativo que haja um equilíbrio no desempenho dos papéis de liderança,
de forma a promover também a inovação e mudança nos hospitais, uma vez que, de
acordo com Quinn e Rohrbaugh (1983), o líder que interpretar todos os papéis dentro
de um equilíbrio consciente, adquirirá níveis de performance mais elevados,
independentemente da natureza, do tamanho da sua empresa ou do nível de
ambiente competitivo.
Relativamente à percep ão do ue devia ser caracter stico na lideran a, verificamos
que todos apresentam valores médios superiores a 6, excepto para o papel broker
(5,98), o que corresponde a um elevado nível de exigência por parte dos enfermeiros.
As expectativas dos respondentes dão maior ênfase ao modelo das relações humanas
(papel de mentor e facilitador) e ao modelo dos objectivos racionais (papel de director
e produtor), sugerindo a necessidade por parte dos enfermeiros de um líder que seja
capaz de criar regras e normas, de estabelecer metas claras e objectivas, de definir
papéis e tarefas para cada um e, simultaneamente, consiga criar laços de confiança e
união entre a equipa, escutar activamente as necessidade individuais e facilitar o
desenvolvimento de cada um. Estes dados corroboram os de Melo (2011),
evidenciado, segundo a autora, a natureza contrastante e paradoxal da liderança.
Parreira et al. (2007) também reforça este facto, referindo a necessidade da presença
no líder de todas as competências, no sentido de serem mobilizadas de forma
adequada em diferentes graus, consoante as situações geridas e em que gerem,
exibindo assim a natureza multidimensional e paradoxal do desempenho em gestão.
O gap obtido entre a percepção do desempenho dos papéis de liderança
caracter sticos e o ue deviam ser caracter sticos foi superior para a dimensão
flexibilidade. Contudo, os valores mais elevados foram para o quadrante relativo ao
modelo das relações humanas, o que denota uma maior necessidade de líderes com
competências direccionadas para a gestão de conflitos, criação de coesão entre a
equipa, comunicação interpessoal e desenvolvimento dos subordinados. É sabido que
a dimensão flexibilidade é consonante com a liderança transformacional (Quinn e
Rohrbaugh, 1983), desta forma, é necessário que o líder adquira mais comportamento
transformacionais, como aduz Bass (1990), citado por Domingos (2009) referindo que
a principal lacuna dos líderes está ao nível da liderança inspiradora, a fórmula para
levar a liderança a um outro nível. Porém, a performance do líder atinge níveis mais
elevados quando a liderança transformacional é combinada com a transaccional, ou
seja, a conjugação do desempenho dos oito papéis de liderança (Quinn e Rohrbaugh,
1983). Melo (2011, p.130) corrobora referindo ue os dirigentes eficazes são
percebidos como detentores do desenvolvimento simultâneo de todos os papéis de
83
liderança, apresentando uma representação espacial dos papéis próxima do modelo
da circunferência .
Satisfação com a supervisão
Relativamente à satisfação dos enfermeiros com a supervisão os resultados obtidos
apontam genericamente para uma satisfação positiva, em que, 41,8% da amostra
apresenta um nível de satisfação alto e 19% muito alto. 16,5% dos enfermeiros
respondentes mostram-se insatisfeitos, sendo que 3,8% apresentam um nível muito
baixo e 12,7% um nível baixo. Nos estudos de Loureiro et al. (2007) os resultados
obtidos para a satisfação com a supervisão, no que toca a níveis negativos,
apresentam frequências menores, sendo que 3,6% apresentavam uma satisfação
baixa e apenas 1% apresentava satisfação muito baixa, da mesma forma, Menezes
(2010) na sua investigação achou 5,4% de enfermeiros com um nível de satisfação
com a supervisão baixo e 1,2% com um nível muito baixo. Contudo, para o nível de
satisfação com a supervisão alto os resultados destas investigações corroboram os
nossos. Menezes encontrou 41,6% dos enfermeiros com um nível de satisfação com a
supervisão alto, enquanto Loureiro et al. (2007) encontraram 48,4%.
Loureiro (2005) considera que quando detectados níveis de satisfação com a
supervisão negativos, isto é, baixos ou muito baixos, deverão ser tomadas medidas no
sentido de acautelar rupturas significativas no processo de supervisão. Os níveis
baixos de satisfação com a supervisão de 16,5% dos respondentes podem sugerir um
não reconhecimento de competências ao seu enfermeiro chefe no processo de
supervisão, uma vez que Quaquebeke et al. (2010) referem que o facto do
subordinado não reconhecer competências no seu líder, funciona como fonte de
insatisfação. Watson (2009) acrescenta que a satisfação com o superior imediato é o
determinante mais significativo da satisfação profissional e do compromisso
organizacional dos funcionários.
Diferenças na satisfação com a supervisão em função das variáveis
sociodemográficas
Relativamente à variável sexo, verificámos que os valores médios da satisfação com a
supervisão dos enfermeiros são aproximados para os dois sexos, não havendo
84
diferenças estatisticamente significativas. Estes resultados são corroborados por
Loureiro, et al. (2007) que não encontraram também diferenças estatisticamente
significativas. Por outro lado, Menezes (2010) na sua investigação encontrou
diferenças estatisticamente significativas que a levaram a afirmar que os enfermeiros
do sexo masculino tendem a estar mais satisfeitos com a supervisão.
Quanto à relação entre a variável idade e a satisfação com a supervisão verificámos
que não existe relação estatisticamente significativa apesar da correlação ser positiva,
o que, genericamente, permite-nos assinalar que a satisfação com a supervisão
aumenta com a idade, ainda que de uma forma não significativa, o que corrobora os
resultados de Loureiro et al. (2007). Porém, Menezes (2010) obteve uma relação
estatisticamente significativa entre a satisfação com a supervisão e a idade, em que os
enfermeiros mais velhos tendem a estar mais satisfeitos.
No que concerne à variável habilitações académicas também não observamos
diferenças estatisticamente significativas. Contudo, os enfermeiros com mestrado
foram os que apresentaram níveis de satisfação com a supervisão mais elevados.
Meyer (2011), na sua investigação, corrobora estes resultados referindo que o grau de
habilitações académicas não influência o nível de satisfação com a supervisão dos
enfermeiros. Estes resultados vão, também, ao encontro do estudo de Menezes
(2010) que mostrou a ausência de relação significativa entre as habilitações
académicas e a satisfação com a supervisão. Contudo, Loureiro et al. (2007)
encontraram diferenças estatisticamente significativas, sendo os enfermeiros
licenciados os que apresentam maior satisfação com a supervisão, ao passo que os
enfermeiros com mestrado são os que se apresentam mais insatisfeitos.
Da análise relativa à relação entre a satisfação com a supervisão e a categoria
profissional não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas, o que
corrobora os resultados obtidos por Menezes (2010). No entanto, Loureiro et al. (2007)
encontraram diferenças estatisticamente significativas que apontam para os
enfermeiros especialistas como os mais satisfeitos com a supervisão e os enfermeiros
graduados como os mais insatisfeitos.
Quanto à relação entre os anos de serviço, anos nos actual serviço e a satisfação com
a supervisão, apesar de apresentarem correlações positivas, não são estatisticamente
significativas, o que sugere que a satisfação aumenta com os anos de serviço, bem
como o tempo de serviço no serviço actual, mas não de uma forma significativa, indo
assim de encontro com os resultados de Menezes (2010). Garrido (2005) também não
encontrou uma relação significativa entre o tempo de serviço na actual unidade e a
85
satisfação com a supervisão, por outro lado, Loureiro et al. (2007) encontraram
diferenças estatisticamente significativas entre o tempo de serviço no serviço actual e
a satisfação com a supervisão, levando-os a afirmar que os melhores valores de
satisfação com a supervisão são apresentados pelos enfermeiros com menos de 1,5
anos de exercício no serviço e os que apresentam mais de 9,5 anos.
Para a variável tipo de vínculo, não foram encontradas diferenças estatisticamente
significativas que nos permita relacionar a satisfação com a supervisão e o tipo de
vínculo à instituição dos enfermeiros. Estes resultados são corroborados por Menezes
(2010) que não encontrou também diferenças estatisticamente significativas entre o
tipo de vínculo e a satisfação com a supervisão. Eventualmente, poderia ser
espectável, uma relação significativa entre estas variáveis, no sentido dos enfermeiros
com contrato de trabalho de presta ão de servi os ( recibos verdes ) apresentarem
uma maior insatisfação, uma vez que situações precárias de emprego como é o caso,
é uma situação geradora de stresse e com impacto na satisfação global dos
enfermeiros (Pereira, 1996; Silva e Cetino, 2011, citado por Menezes, 2010). Contudo
Loureiro et al. (2007) na sua investigação encontraram diferenças estatisticamente
significativas que os levou a afirmar que os enfermeiros detentores de contracto de
substituição são os mais satisfeitos com a supervisão e, por outro lado, são os
enfermeiros com contrato de trabalho sem termo aqueles que se apresentam mais
insatisfeitos.
Relativamente à variável tipo de horário, foram encontradas diferenças
estatisticamente significativas que nos permitem afirmar que os enfermeiros que
praticam horário fixo apresentam níveis de satisfação com a supervisão mais
elevados. Estes resultados são corroborados pela investigação de Loureiro et al.
(2007), porém, nos estudos de Garrido (2005) e Menezes (2010) não foram
encontradas diferenças significativas, ainda que, os enfermeiros que praticam horário
fixo também apresentam níveis de satisfação com a supervisão mais elevados. Estes
resultados podem ser, eventualmente, explicados não só pelo facto do trabalho por
turnos provocar um impacto negativo ao nível do bem-estar físico, mental e social dos
enfermeiros (Dias, Marcello e Dias, 2005), mas também pelo facto dos enfermeiros
que praticam horário fixo passarem mais tempo junto do seus enfermeiros chefes, o
que lhes dá a oportunidade de estabelecerem uma relação de confiança mais próxima.
No que concerne à variável que se refere ao facto se os enfermeiros assumem ou não
responsabilidade de gestão ou chefia na sua actividade profissional, os valores médios
da satisfação com a supervisão não diferem muito entre os que responderam
positivamente e os que responderam negativamente, pelo que não foram encontradas
86
diferenças estatisticamente significativas. Menezes (2010) e Loureiro et al. (2007)
também não encontraram significado estatístico para esta relação nas suas
investigações.
Relação entre o desempenho dos papéis de liderança e a satisfação com a
supervisão
Os resultados apontam para uma relação significativa positiva para todos os papéis de
liderança, indicando uma associação entre uma maior percepção dos enfermeiros
sobre o desempenho dos papéis de liderança dos enfermeiros chefes e um maior nível
de satisfação com a supervisão. Este facto pode ser, eventualmente, explicado pelo
nível elevado de exigência dos enfermeiros encontrado, para a percepção do que
devia ser caracter stico para todos os papéis, sugerindo ue os enfermeiros
reconhecem que o desempenho de todos os papéis é fundamental para a eficácia do
processo de liderança, o que é corroborado por Quinn e Rohrbaugh (1983), que
afirmam que o líder que desempenhar todos os papéis, adquirirá níveis de
performance mais elevados, independentemente da natureza, do tamanho da sua
empresa ou do nível de ambiente competitivo. Melo (2011, p.130) refere também que
os líderes eficazes são percebidos como detentores do desenvolvimento simultâneo
de todos os papéis de liderança .
O papel de facilitador e de mentor são os papéis que apresentam uma correlação mais
forte, corroborando as expectativas dos enfermeiros que tendem para o modelo das
relações humanas.
87
6 – CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES E PERSPECTIVAS FUTURAS DE
INVESTIGAÇÃO
Neste capítulo apresentamos os principais resultados e respectivas conclusões da
investigação, finalizando com as suas limitações e perspectivas futuras de
investigação.
6.1 – CONCLUSÕES
Cada vez mais, as exigências dos tempos actuais solicitam aos enfermeiros
competências ao nível da gestão, não só derivadas às restrições financeiras que
assolam o país mas também a necessidade constante de aumentar os níveis de
eficácia e eficiência da prestação de cuidados.
Neste sentido, tendo em conta os desafios que são colocados diariamente à gestão
dos hospitais, é de extrema importância que os gestores possuam capacidades de
liderança, em particular os enfermeiros que chefiam os serviços. De acordo com
Rodrigues (2000), é um facto que a eficiência dos serviços está dependente da
qualidade da sua estrutura organizacional, porém são os enfermeiros que a
potencializam e incrementam.
A liderança exige uma aprendizagem assente em valores imutáveis e reconhecidos
como essenciais à existência do indivíduo e das colectividades (Loureiro et al., 2007).
Liderar pessoas, influenciando os seus comportamentos e desenvolvendo as suas
competências, é um processo complexo mas determinante, quer para o profissional de
saúde, repercutindo-se na sua satisfação no trabalho, quer para o sucesso
organizacional.
Cada vez mais, a liderança deve ser percebida como a capacidade de influenciar
comportamentos que levem ao cumprimento dos objectivos organizacionais. Para tal,
o líder, além de influenciar os subordinados, terá de espalhar confiança em seu redor,
terá de motivar os outros a seguirem-no.
Neste estudo, no que diz respeito à percepção dos enfermeiros sobre o desempenho
dos papéis de liderança dos enfermeiros chefes, observou-se a tendência para o
modelo dos objectivos racionais, apontando os papéis de director e produtor como os
88
mais reconhecidos pelos enfermeiros, indiciando uma maior preocupação dos
enfermeiros chefes com o planeamento, definição de metas, produtividade e
eficiência. O papel de coordenador também se encontra entre os mais reconhecidos,
reforçando o pendor dos papéis de liderança para a dimensão controlo, evidenciando
a tendência de focalização dos enfermeiros gestores em papéis relacionados com o
controlo, estabilidade, produtividade e eficiência, ao invés dos papéis relacionados
com a flexibilidade e mudança. Foi identificada também uma tendência para a
orientação externa, que se traduz no maior ênfase dado pelo enfermeiro chefe ao
bem-estar e desenvolvimento do serviço como um todo e às suas relações com o
exterior, em vez de se focar no bem-estar e desenvolvimento dos enfermeiros que lá
trabalham. Por outro lado o papel de liderança menos percepcionado foi o de
inovador, revelando a dificuldade dos nossos gestores em sair da zona de conforto,
deixando o que é controlável e conhecido e partir para o desconhecido em busca da
inovação e da criatividade.
Relativamente às expectativas dos enfermeiros acerca dos papéis de liderança, foi
identificada uma exigência elevada para todos os papéis, com maior incidência nos
papéis relacionados com o modelo das relações humanas e modelo dos objectivos
racionais, evidenciando a necessidade sentida pelos enfermeiros em terem
enfermeiros gestores que sejam capazes de criar regras e normas, de estabelecer
metas claras e objectivas, de definir papéis e tarefas para cada um e,
simultaneamente, consiga criar laços de confiança e união entre a equipa, escutar
activamente as necessidade individuais e facilitar o desenvolvimento de cada um.
No que toca à diferença obtida entre a liderança percepcionada e a expectável foi
observado um maior gap nos papéis relacionados com o modelo das relações
humanas, denunciando a necessidade dos líderes desenvolverem competências
direccionadas para a gestão de conflitos, criação de coesão entre a equipa,
comunicação interpessoal e desenvolvimento dos subordinados.
Este estudo permitiu-nos verificar que os enfermeiros encontram-se, globalmente,
satisfeitos com a supervisão. Relativamente às diferenças na satisfação com a
supervisão em função das variáveis sociodemográficas só foram identificadas
diferenças estatisticamente significativas para o tipo de horário, sendo que os
enfermeiros que praticam horário fixo são os mais satisfeitos com a supervisão. Estes
resultados podem ser, eventualmente, explicados não só pelo facto do trabalho por
turnos provocar um impacto negativo ao nível do bem-estar físico, mental e social dos
enfermeiros (Dias, Marcello e Dias, 2005), mas também pelo facto dos enfermeiros
que praticam horário fixo passarem mais tempo junto do seus enfermeiros chefes, o
89
que lhes dá a oportunidade de estabelecerem uma relação de confiança mais próxima
e de um maior reconhecimento e valorização do desempenho dos papéis de liderança
Os resultados da relação existente entre a percepção dos papéis de liderança e a
satisfação com a supervisão indicam uma associação positiva significativa para todos
os papéis de liderança, sugerindo que os enfermeiros reconhecem que o desempenho
de todos os papéis é fundamental para a eficácia do processo de liderança.
Este estudo permite-nos afirmar que o enfermeiro chefe que desempenhar todos os
papéis de liderança, para além de adquirir níveis de performance mais elevados
(Quinn e Rohrbaugh, 1983), irá, também, elevar o nível de satisfação com a
supervisão dos enfermeiros que lidera.
Apesar de todos os papéis de liderança apresentarem uma correlação positiva e
significativa, os que apresentaram uma correlação mais forte foram os papéis de
facilitador e mentor, corroborando as expectativas dos enfermeiros que tendem para o
modelo das relações humanas.
Os resultados desta investigação evidenciam que os líderes que promovem a coesão
e trabalho de equipa, a tomada de decisão participativa, a comunicação interpessoal,
o desenvolvimento dos subordinados e a gestão de conflitos, tendem a gerar níveis de
satisfação com a supervisão mais elevados nos enfermeiros.
6.2 – LIMITAÇÕES DA INVESTIGAÇÃO
Após a apresentação das principais conclusões da investigação efectuada,
consideramos útil e importante mencionar algumas limitações da mesma.
Devido à sensibilidade desta temática pareceu-nos o mais adequado recorrer a
instituições onde a obtenção de autorização para a aplicação do instrumento de
recolha de dados fosse mais fácil, no sentido de acelerar o processo dada a escassez
de tempo, pelo que o tamanho da amostra e a baixa abrangência geográfica
configuram-se como as principais limitações desta investigação, o ue consideramos
poder ser um obstáculo à representatividade da popula ão em estudo.
Uma outra limitação prende-se com a forma como foi recolhida a informação, podendo
ter provocado constrangimento nos enfermeiros e condicionando as suas respostas.
90
6.3 – PERSPECTIVAS FUTURAS DE INVESTIGAÇÃO
Face aos resultados obtidos e às limitações desta investigação, ficam em aberto
algumas possibilidades de investigação.
No sentido de conferir maior representatividade, sugere-se que em estudos futuros se
contemple uma amostra maior, se poss vel respeitando a regra do polegar (Hill e Hill,
2005), e se possa abranger amostras geograficamente mais alargadas.
Sugere-se também que em investigações futuras possam ser avaliados parâmetros de
eficácia e eficiência relacionando-os com os diferentes níveis de satisfação com a
supervisão, no sentido de perceber se maior satisfação com a supervisão aumenta os
níveis eficácia e eficiência dos enfermeiros.
Propõem-se ainda, dada a escassez de estudos em Portugal relacionados com a
satisfação com a supervisão, que se investigue consequências a nível organizacional
resultantes da baixa satisfação com a supervisão.
91
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMARO, H. (2006). .
Dissertação de mestrado, Universidade do Algarve, Faro, Portugal.
A R , O.; NEVES, A. (2001). A satisfação profissional dos enfermeiros em serviços
de urgência. Nursing, Vol.13; nº157, pp.15-19.
BOND, M.; HOLLAND, S. (1998). Skills of clinical supervision for nurses. Buckingham:
Open University Press.
BRANCO, M. (2000). Satisfação profissional dos enfermeiros. Dissertação de
mestrado, Instituto Superior Miguel Torga, Coimbra, Portugal.
BRUXEL, A.; JUNQUEIRA, A. (2011). Gestão de pessoas: satisfação dos profissionais
de uma organização do ramo de telecomunicações. Revista Destaques Académicos.
Vol. 3, n.º1, pp.127-145.
CAMPOS, R. (2005). Satisfação da equipe de enfermagem do Serviço de Atendimento
Móvel às Urgências (SAMU) no ambiente de trabalho. Dissertação de mestrado,
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/RN, Brasil. Acedida a 27 de
Fevereiro de 2012 em: http://biblioteca.universia.net/html_bura/ficha/params/id/
13143469.%20html.
CAÑIZARES, J. (2001). Análise da gestão do líder formal em relação à implementação
da mudança organizacional: estudo de caso na Universidade Federal do Rio Grande
do Sul. Dissertação de mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, Brasil. Acedido em 12 de Fevereiro de 2012 em:
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/2131/000314673.pdf?sequence=1.
CARMO, H.; FERREIRA, M. (1998). Metodologia de investigação: guia para
autoaprendizagem. Lisboa: Universidade Aberta.
CHAPIN, F. (1924). Socialized Leadership. The journal of Social Forces, vol.3, nº1, pp.
57-60. Acedido em 2 de Novembro de 2011 em: www.jstor.org/stable/
3005462.
92
CHIAVENATO, I. (1983). Introdução à teoria geral da administração. (3ªed.) São
Paulo: McGraw-Hill.
COELHO, J., CUNHA L. e MARTINS I. (2008). . Lisboa: di ões
S labo.
COHEN, A.; FINK, S. (2003). Comportamento organizacional: conceitos e estudos de
caso. Rio de Janeiro: Editora Campus.
CONCEIÇÃO, V. (1999). Clima e satisfação profissional. Dissertação de mestrado,
Universidade Portucalense Infante D. Henrique, Porto, Portugal.
CUNHA, M. et al. (2007). Manual de comportamento organizacional e gestão. (6ªed.)
Lisboa: Editora RH.
CURA, M.; RODRIGUES, A. (1999). Satisfação profissional do enfermeiro. Revista
Latino-Americana de Enfermagem, Vol. 7, nº4, pp.21-28. Acedido a 24 de Setembro
de 2012 em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
11691999000400004.
DECRETO-LEI Nº 437/91 – R Série-A, 257 (91-11-08).
DECRETO-LEI Nº 188/2003 – .R. Série-A, 191 (03-08-20).
DECRETO-LEI Nº 247 2009 – R Série-A, 184 (09-09-22)
DESPACHO Nº 2 93, 30 MAR – Regulamenta a avaliação do desempenho
dos enfermeiros.
DIAS, L. (2005). O papel da liderança no processo de satisfação e fidelização de
clientes nas organizações comerciais: um estudo de caso. Dissertação de mestrado,
Universidade Federal de Itajubá, Itajubá, Brasil. Acedido em 8 de Novembro de 2011
em: www.cipedya.com/web/FileDetails.aspx?IDFile=161336.
DIAS, S.; MARCELLO, K.; DIAS, M. (2005). Fatores
. Acedido em 24
Fevereiro de 2012, de http://www.aedb.br/seget/artigos05/57_artigo%20Fatores%20
Indutores.pdf.
93
DOMINGOS, M. (2009). Gestão da cultura pelas chefias intermédias. Estudo de caso
de uma entidade pública empresarial – OPART. Dissertação de mestrado, ISCTE,
Instituto Universitário de Lisboa, Lisboa, Portugal.
DUARTE, F. (1999). Que satisfação? Que atitude? Dissertação de mestrado, Instituto
Superior Miguel Torga, Coimbra, Portugal.
FERREIRA, J.; NEVES, J.; CAETANO, A. (2001). Manual de psicossociologia das
organizações. Lisboa: McGraw-Hill.
F RR RA, M.; S SA, L. (2006). Satisfa ão no trabalho e comportamentos
estratégicos. Revista Portuguesa de Enfermagem. Nº6, pp. 37-46.
FERREIRA, P. (2001). Satisfação profissional dos Enfermeiros do Centro Regional de
Oncologia de Coimbra. Revista Investigação em Enfermagem. Nº4, pp. 20-28.
FERREIRA, V. (2011). A satisfação profissional dos enfermeiros em cuidados de
saúde primários no distrito de braga. Dissertação de mestrado, Faculdade de
Economia da Universidade do Porto, Porto, Portugal. Acedido em 26 de Fevereiro de
2013 em: http://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/56197/2/DissertaoMestrado
Vera.pdf.
FONSECA, J. (1998). Satisfação profissional dos enfermeiros especialistas na
prestação de cuidados. Informar. Nº14, pp. 4-9.
FONTES, A. (2009).
. isserta ão de mestrado, Instituto
de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Universidade do Porto, Portugal. Acedido a 26
de Fevereiro de 2012 em: http://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/
20175/2/Dissertao%20de%20Mestrado%20CE%20Ana%20Fontes%202009.pdf.
FORTIN, M. (1999). O processo de investigação: da concepção à realização. Lisboa:
Lusociência.
FORTIN, Marie.(2003). O processo de .
Loures: Lusodidacta.
FORTIN, M. (2009). . Loures:
Lusodidacta.
94
GARRIDO, A. (2004). A supervisão clínica e a qualidade de vida dos enfermeiros.
Dissertação de mestrado. Universidade de Aveiro, Aveiro, Portugal.
GARRIDO, A. (2005). Supervisão Clínica em Enfermagem. Revista Investigação em
Enfermagem. Nº12, pp. 27-34.
HILL, A.; HILL, M. (2005). Investigação por questionário. (2ª Ed.) Lisboa: Edições
Sílabo.
HOUSE, R. (1971). A Path Goal Theory of Leader Effectiveness. Administrative
Science Quarterly. Vol.16, nº3, pp. 321-339.
HUNGLER, B.; POLIT, D. (1995). Fundamentos de pesquisa em enfermagem. (3ªed)
Porto Alegre: Artes Médicas.
JESUÍNO, J. (2005). Processos de liderança. Lisboa: Livros Horizonte.
KINICKI, A.; KREITNER, R. (2006). Comportamento Organizacional. (2ª ed.) São
Paulo: McGraw-Hill.
KRON, T. (1983). Liderazgo y administracion en enfermeria. (5ª ed) México: Nueva
Editorial Interamericana.
LARRAGUIBEL, B.; KLIJN, T. (2003). vel de satisfacci n laboral en enfermeras de
hospitales públicos y privados de la prov ncia de Concepci n, Chile. Ciencia y
Enfermeria, Vol. 9, nº 2, pp. 57-66. Acedido a 1 de Março de 2012 em:
http://www.scielo.cl/scielo.php?pid=S0717-95532003000200006&script=sci_arttext.
LAST, J. (1995). Um dicionário de epidemiologia. (4ªed) Lisboa: Ministério da Saúde,
Departamento de Estudos e Planeamento da Saúde, 1995.
LINO, M. (1999). :
transcultural do Index of Work Satisfaction. Dissertação de mestrado, Universidade de
São Paulo, São Paulo, Brasil. Acedida em 27 de Setembro de 2011 em:
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7138/tde-12112004-163915/publico/Dissert
MML.pdf.
LOPES, M; LEAL, S. (2005). A feminização persistente na qualificação profissional da
enfermagem brasileira. Cadernos Pagu. Nº24, pp.105-125. Acedida em 15 de
Fevereiro de 2013 em: http://www.scielo.br/pdf/cpa/n24/n24a06.pdf.
95
LOUREIRO, R. (2005). Liderança em enfermagem: satisfação dos enfermeiros
segundo o tipo de liderança da chefia. Dissertação de mestrado, Instituto Superior de
Ciências do Trabalho e da Empresa, Lisboa, Portugal.
LOUREIRO, R.; FERREIRA, M.; DUARTE, J. (2007). Liderança em enfermagem
versus satisfação profissional. Revista de Investigação em Enfermagem. Nº 17, pp. 11-
26.
LUCAS, J. (1984). Satisfação profissional dos profissionais de saúde: teorias e
conceitos. , Vol. 2, nº1, pp. 63-68.
MAROCO, J. (2003). . Lisboa: di ões S labo.
MARQUIS, B.; HUSTON, C. (2005). Administração e liderança em enfermagem. (4ª
ed.) Porto Alegre: Artmed.
MELLO, M.; BARBOSA, M.; SOUZA, P. (2011). Satisfação no trabalho da equipe de
enfermagem: revisão integrativa. Revista Latino-America Enfermagem. Vol. 4, nº19.
Acedida em 26 de Setembro de 2011 em: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v19n4/
pt_26.pdf.
MELO, R. (2011). Estratégias promotoras do desenvolvimento de competências
relacionais de ajuda: o contributo dos dirigentes. Tese de doutoramento, Universidade
Católica Portuguesa, Lisboa, Portugal.
MEMPHIS DIVISION OF BUSINESS AND FINANCE (2001). Introduction to the
Competing Values Framework. Memphis, Estados Unidos da América. Acedido a 10
de Fevereiro de 2012 em: http://bf.memphis.edu/vp/TheoreticalFramework.pdf.
MENEZES, M. (2010). Liderança e satisfação profissional em enfermagem.
Dissertação de mestrado, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real,
Portugal. Acedido em 13 de Fevereiro de 2012 em: http://repositorio.utad.pt/bitstream/
10348/669/1/msc_mhvfmenezes.pdf.
MEYER, R. (2011). Front-line managers as boundary spanners: effects of spam and
time on nurse supervision satisfaction. Journal of Nursing Management. Nº19, pp. 611-
622.
96
ORDEM DOS ENFERMEIROS (2012). Dados estatístico: 2000-2012. Acedido em 25
de Fevereiro de 2013 em: http://www.ordemenfermeiros.pt/membros/dados_
estatisticos/index.html.
PARREIRA, P. (2005). As organizações. Coimbra: Formasau.
PARREIRA, P. et al. (2006). Papéis de lideran a: Um instrumento avaliativo. Revista
de investigação em enfermagem. Nº13, pp. 3-14.
PARREIRA, P. et al. (2007). Competências de gestão: Um instrumento de medida
para a realidade portuguesa. Revista portuguesa e brasileira de gestão. Vol.6, nº 3.
Acedido a 12 de Fevereiro de 2012 em:
http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/rpbg/v6n3/v6n3a03.pdf.
PINTO, C. et al. (2006). Fundamentos de gestão. Lisboa: Editorial Presença.
PORTARIA Nº 242 2011 21 H : Subsistema de avalia ão do desempenho
dos trabalhadores integrados na carreira especial de enfermagem. iário da
República, 1 série, nº 118.
QUAQUEBEKE, N. et al. (2010). Two lighthouses to navigate: effects of ideal and
counter-ideal values on follower identification and satisfaction with leaders. Journal of
Business Ethics. Nº 93, pp. 293-305.
QUINN, R.; ROHRBAUGH, J. (1983). A spatial model of effectiveness criteria: towards
a competing values approach to organizational analysis. Management Science, vol. 29,
nº3, pp. 363-377. Acedido em 12 de Fevereiro de 2012 em:
http://www.angelfire.com/creep/brendan/Quinn_effectiveness.pdf.
QUINN, R. (1988) Beyound racional management. San Francisco: Jossey-Bass
Publishers.
Q T LA, M.; SA T S, P. (1996). Satisfa ão profissional dos enfermeiros do H de
Lamego. Servir, Vol. 44, nº1, pp. 22-31.
REZENDE, H. (2010). A liderança transformacional e transaccional e as suas
influências nos comportamentos de cidadania organizacional. Dissertação de
mestrado, Instituto Universitário de Lisboa. Lisboa, Portugal. Acedido em 12 de
Fevereiro de 2012 em: http://repositorio-iul.iscte.pt/bitstream/10071/2524/1/tese_
Helena_Rezende.pdf.
97
ROBBINS, S. (1999). Comportamento Organizacional. (8ª ed.) Rio de Janeiro: LTC.
RODRIGUES, A. (2007). Caracterização da liderança nas tecnologias da saúde: o
caso do Hospital Garcia de Orta. Dissertação de mestrado, Instituto de Ciências do
Trabalho e Empresa, Lisboa, Portugal. Acedido em 8 de Novembro de 2011 em:
http://repositorio.iscte.pt/handle/10071/657.
R R S, V. (2000). Satisfa ão profissional dos enfermeiros da Sub-Região de
Saúde de Viseu. Nursing, Vol.12, nº141, p.32-36.
ROSINHA, A. J. (2009). Conhecimento tácito em contexto militar: Incursões na
promoção do desenvolvimento de competências de comando. Dissertação de
Doutoramento, Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal.
Acedido a 2 de Fevereiro de 2012 em: http://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/
967/10/20686_ulsd057394_td_parte2_11.pdf.
SANTOS, A. (2008). Gestão estratégica: conceitos, modelos e instrumentos. Lisboa:
Escolar Editora.
SANTOS, M. et al. (2006). Satisfa ão profissional dos enfermeiros do H M, S.A.
Nursing, Vol. 16, nº 212, pp. 7-12.
SEIXAS, N. (2009). Satisfação Profissional do Enfermeiro do Serviço de Urgência.
Monografia de licenciatura, Universidade Fernando Pessoa, Porto, Portugal. Acedido a
26 de Fevereiro de 2012 em: http://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/1182/2/
mono_nadiaseixas%5B1%5D.pdf.
SHIBRU, B.; DARSHAN, G. (2011). Transformational leadership and its relationship
with subordinate satisfaction with leader. Interdisciplinary Journal of Contemporary
Research in Business. Vol. 3, nº 5, pp. 686-697.
SILVA, M. (2010). Avaliação de competências de liderança nos líderes intermédios:
desempenho/eficácia organizacional. Dissertação de Mestrado, Faculdade de
Economia da Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal. Acedido a 15 de Fevereiro
de 2012 em: http://pt.scribd.com/doc/73689096/37/O-Modelo-dos-Valores-
Contrastantes.
STONER, J.; FREEMAN, R. (1995). Administração. (5ª ed.) Rio de Janeiro: Prentice-
Hall do Brasil.
98
TONGES, M.; ROTHSTE H.; CART R H. (1998), Source of Satisfaction in Hospital
ursing Practice: A uide to ffective ob esign , Journal of Nursing Administration.
Vol. 28, Nº5, pp. 47-61.
UNIVERSAL (1998). Dicionário universal da língua portuguesa – fundamental. Lisboa:
Texto Editora.
VALA, J., MONTEIRO, B. (1997). Psicologia Social. (3ª ed.) Lisboa: Fundação
Calouste Gulbenkian.
WATSON, L. (2009). Leadership’s influence on job satisfaction. Radiologic
Technology. Vol. 80, nº 4, pp. 297-308.
YAKTIN, U.S.; AZOURY N.B., DOUMIT M.A. (2003). Personal Characteristics and Job
Satisfaction Among Nurses in Lebanon. Journal of Nursing Administration. Vol. 33, nº
7/8, pp. 384-390.
AMASH TA, Mineko. (1995), ob satisfaction in apanese nurses , Journal of
Advanced Nursing. Vol. 22, nº 1, pp. 158-164.
PARTE I
Caracterização Sócio-Demográfica
1. Sexo
Masculino
Feminino
2. Idade: ______ anos
3. Habilitações Académicas
Bacharelato em Enfermagem
Licenciatura em Enfermagem
Pós-graduação
Especialidade – Área de especialização _____________________________
Mestrado
Doutoramento
4. Categoria Profissional
Enfermeiro Nível I
Enfermeiro Graduado
Enfermeiro Especialista
5. Tempo de exercício profissional: ______ anos ______ meses
6. Tempo de exercício no serviço em que se encontra actualmente: ______ anos
______ meses
ANEXO 1: Questionário de recolha de dados
7. Tipo de vínculo à instituição:
Contrato individual de trabalho sem termo
Contrato individual de trabalho com termo
Contrato individual de trabalho a termo incerto
Contrato de prestação de serviços (Recibos Verdes)
Outro _____________________________________________
8. Tipo de horário praticado:
Fixo
Rollman
9. Assume, por vezes, responsabilidade de gestão ou chefia do serviço?
Sim
Não
PARTE III
Short Form Supervision Satisfaction Questionnaire, (Munson, 2000)
Adaptado por Loureiro (2005) Ex.mo(a) Sr.(a) Enfermeiro(a) leia com cuidado todas as questões, assinalando o círculo que melhor represente a sua opinião acerca do enfermeiro(a) chefe do seu serviço. As suas respostas são confidenciais (respeitando-‐se rigorosamente o anonimato). Nota: entenda-‐se por supervisor o chefe imediato D
iscorda plenam
ente
Discorda
Discorda ligeiramente
Concorda ligeiram
ente
Concorda
Concorda plenamente
1 – O meu supervisor respeita-‐me como profissional 1 2 3 4 5 6 2 – O meu supervisor dá-‐me autonomia para realizar o meu trabalho 1 2 3 4 5 6 3 – Sinto que o meu supervisor tem contribuído paro o meu crescimento profissional 1 2 3 4 5 6 4 – O meu supervisor é bom a organizar o trabalho 1 2 3 4 5 6 5 – O meu supervisor sabe ensinar 1 2 3 4 5 6 6 – O meu supervisor tem-‐me ajudado a desenvolver a minha auto-‐confiança 1 2 3 4 5 6 7 – Penso que a avaliação que o meu supervisor faz do meu trabalho é justa 1 2 3 4 5 6 8 – A avaliação que o supervisor faz do meu trabalho é correcta 1 2 3 4 5 6 9 – Globalmente estou satisfeito com a experiência profissional demonstrada pelo meu
supervisor 1 2 3 4 5 6
10 – Eu desejo manter as minhas sessões de avaliação 1 2 3 4 5 6 11 – O meu supervisor ajudou-‐me a melhorar a eficiência como enfermeiro/a 1 2 3 4 5 6 12 – O meu supervisor tem-‐me ajudado a melhorar a eficácia como enfermeiro/a 1 2 3 4 5 6 13 – Os meus valores acerca do que constitui um bom cuidado são semelhantes aos do meu
supervisor 1 2 3 4 5 6
14 – Posso confrontar o meu supervisor com uma situação 1 2 3 4 5 6 15 – O meu supervisor está receptivo a novas ideias 1 2 3 4 5 6 16 – O meu supervisor tem conhecimentos teóricos e aplica a teoria nos aspectos práticos
do meu desempenho 1 2 3 4 5 6
17 – O meu supervisor é simpático 1 2 3 4 5 6 18 – O meu supervisor põe-‐me à vontade quando falo com ele 1 2 3 4 5 6 19 – O meu supervisor fala claramente nas reuniões de supervisão 1 2 3 4 5 6 20 – O meu supervisor usa gravações e registos individualizados como material de apoio
durante as entrevistas do processo de avaliação 1 2 3 4 5 6
21 – A minha Instituição é um lugar bom para se trabalhar 1 2 3 4 5 6 22 – Raramente me aborreço com o meu supervisor 1 2 3 4 5 6 23 – Raramente tenho conflitos com o meu supervisor 1 2 3 4 5 6
FIM! MUITO OBRIGADO!
PARTE III
Short Form Supervision Satisfaction Questionnaire, (Munson, 2000)
Adaptado por Loureiro (2005)
Ex.mo(a) Sr.(a) Enfermeiro(a) leia com cuidado todas as questões, assinalando o círculo que melhor represente a sua opinião acerca do enfermeiro(a) chefe do seu serviço. As suas respostas são confidenciais (respeitando-se rigorosamente o anonimato).
Nota: entenda-se por supervisor o chefe imediato D
isco
rda
ple
nam
ente
Dis
cord
a
Dis
cord
a li
geir
amen
te
Co
nco
rda
lige
iram
ente
Co
nco
rda
Co
nco
rda
ple
nam
ente
1 – O meu supervisor respeita-me como profissional
2 – O meu supervisor dá-me autonomia para realizar o meu trabalho
3 – Sinto que o meu supervisor tem contribuído paro o meu crescimento profissional
4 – O meu supervisor é bom a organizar o trabalho
5 – O meu supervisor sabe ensinar
6 – O meu supervisor tem-me ajudado a desenvolver a minha auto-confiança
7 – Penso que a avaliação que o meu supervisor faz do meu trabalho é justa
8 – A avaliação que o supervisor faz do meu trabalho é correcta
9 – Globalmente estou satisfeito com a experiência profissional demonstrada pelo meu
supervisor
10 – Eu desejo manter as minhas sessões de avaliação
11 – O meu supervisor ajudou-me a melhorar a eficiência como enfermeiro/a
12 – O meu supervisor tem-me ajudado a melhorar a eficácia como enfermeiro/a
13 – Os meus valores acerca do que constitui um bom cuidado são semelhantes aos do meu
supervisor
14 – Posso confrontar o meu supervisor com uma situação
15 – O meu supervisor está receptivo a novas ideias
16 – O meu supervisor tem conhecimentos teóricos e aplica a teoria nos aspectos práticos
do meu desempenho
17 – O meu supervisor é simpático
18 – O meu supervisor põe-me à vontade quando falo com ele
19 – O meu supervisor fala claramente nas reuniões de supervisão
20 – O meu supervisor usa gravações e registos individualizados como material de apoio
durante as entrevistas do processo de avaliação
21 – A minha Instituição é um lugar bom para se trabalhar
22 – Raramente me aborreço com o meu supervisor
23 – Raramente tenho conflitos com o meu supervisor
FIM!
MUITO OBRIGADO!
ANEXO 2: Pedido de autorização ao CMRRC – Rovisco Pais para aplicação do
instrumento de colheita de dados
Exmoº Senhor
Presidente do Conselho de Administração do Centro
de Medicina de Reabilitação da Região Centro –
Rovisco Pais
Assunto: Pedido de autorização para aplicação de questionários a enfermeiros
Diogo dos Santos Neves, enfermeiro do CMRRC – Rovisco Pais, actualmente a exercer
funções no serviço de Lesionados Vertebro-Medulares, a realizar o I Mestrado em
Enfermagem com especialização em gestão de unidades de cuidados, na Escola Superior de
Enfermagem de Coimbra, vem muito respeitosamente solicitar a V. Ex.ª autorização para
aplicar os instrumentos de recolha de dados aos enfermeiros dessa instituição em dias a
definir posteriormente. Os dados a recolher destinam-se à dissertação de mestrado
subordinada ao tema “Liderança em enfermagem e satisfação profissional”, em que são
estudados alguns aspectos relacionados com a liderança e a satisfação dos enfermeiros face
à mesma.
Para o efeito é indispensável o preenchimento do questionário e de ambas as escalas –
“Quinn leadership competing values framework”, onde são determinados os papéis de
liderança dos chefes, e a “Short Form Supervision Satisfaction Questionnaire”, que avalia o
grau de satisfação dos enfermeiros com a supervisão. Pretende-se obter uma amostra que
inclua todos os enfermeiros da instituição, nomeadamente dos serviços de:
- Ex-Hansenianos;
- Reabilitação Geral de Adultos;
- Lesionados Vertebro-Medulares;
- Ambulatório;
- Unidade de Cuidados Continuados.
O preenchimento é anónimo, estando salvaguardada a confidencialidade dos dados.
Encontra-se anexado o questionário e as escalas a serem utilizadas.
Com os melhores cumprimentos, pede deferimento,
Coimbra, 2 de Novembro de 2011
ANEXO 3: Pedido de autorização ao HAJC para aplicação do instrumento de colheita
de dados
Exmoº Senhor
Presidente do Conselho de Administração do
Hospital do Arcebispo João Crisóstomo
Assunto: Pedido de autorização para aplicação de questionários a enfermeiros
Diogo dos Santos Neves, enfermeiro do CMRRC – Rovisco Pais, actualmente a exercer
funções no serviço de Lesionados Vertebro-Medulares, a realizar o I Mestrado em
Enfermagem com especialização em gestão de unidades de cuidados, na Escola Superior de
Enfermagem de Coimbra, vem muito respeitosamente solicitar a V. Ex.ª autorização para
aplicar os instrumentos de recolha de dados aos enfermeiros dessa instituição em dias a
definir posteriormente. Os dados a recolher destinam-se à dissertação de mestrado
subordinada ao tema “Liderança em enfermagem e satisfação profissional”, em que são
estudados alguns aspectos relacionados com a liderança e a satisfação dos enfermeiros face
à mesma.
Para o efeito é indispensável o preenchimento do questionário e de ambas as escalas –
“Quinn leadership competing values framework”, onde são determinados os papéis de
liderança dos chefes, e a “Short Form Supervision Satisfaction Questionnaire”, que avalia o
grau de satisfação dos enfermeiros com a supervisão. Pretende-se obter uma amostra que
inclua todos os enfermeiros da instituição, nomeadamente dos serviços de:
- Cuidados de convalescença;
- Cuidados paliativos;
- Cirurgia de ambulatório;
- Consulta externa.
O preenchimento é anónimo, estando salvaguardada a confidencialidade dos dados.
Encontra-se anexado o questionário e as escalas a serem utilizadas.
Com os melhores cumprimentos, pede deferimento,
Coimbra, 2 de Novembro de 2011