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Governo do Estado do Pará Universidade do Estado do Pará Centro de Ciências Sociais e Educação Licenciatura Plena em Geografia Docente: Lea Maria Gomes Discente: José Henrique Silva Pompeu Relatório sobre o trabalho de campo em Vigia Belém-Pará

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Governo do Estado do Pará

Universidade do Estado do Pará

Centro de Ciências Sociais e Educação

Licenciatura Plena em Geografia

Docente: Lea Maria Gomes

Discente: José Henrique Silva Pompeu

Relatório sobre o trabalho de campo em Vigia

Belém-Pará

2014

Objetivo Geral:

O trabalho de campo interdisciplinar 1 no município de vigia,

busca demonstrar e compreender a realidade política,

econômica, social e cultural do município. Propõe-se a

investigação do processo evolutivo da cidade desde a sua

formação histórica até a formação do espaço do mesmo.

Fomentando a reconstrução da memória histórica, social e

geográfica. Em campo destaca-se como proposta os “roteiros

geo-turisticos que são voltados para o poder público e

sociedade como forma de desenvolvimento de atividades

econômicas voltadas para o crescimento econômico da cidade.

Objetivo Especifico

Investigar e descrever a realidade socioeconômica do

município de vigia com ênfase na proposta de roteiros geo-

turisticos promovendo a visualização de informações do

desenvolvimento econômico da cidade de vigia nas bases

política, econômica, social e cultural. Com o intuito de

traçar e promover a reorganização econômica e evidenciar a

relação do turismo com a modernização da região, relacionando

as transformações no modo de produção assim como no modo de

vida, determinando uma nova dinâmica e reprodução do espaço.

Desenvolvimento

O município de vigia apresenta-se como uma dinâmica tendo

como proposta o desenvolvimento do “turismo alternativo”,

enquanto atividade econômica que contribui para o

desenvolvimento da cidade e redondezas. Dentre essa lógica

temos a comunidade remanescente quilombola, denominada como

“Vila do cacau” localizada na porção nordeste da ilha de

colares em frente a sede do município de Vigia de Nazaré,

sendo uma comunidade remanescente de escravos negros oriundos

de Benguela no continente africano trazidos para o norte do

Brasil, sendo utilizados como mão de obra nas lavouras de cana

de açúcar e cacau e outros produtos que eram produzidos e

exportados única e exclusivamente para a Europa, estabelecendo

o tipo de relação que conhecemos como “pacto colonial”.

A propriedade era composta por grandes plantações de cana

de açúcar, cacau engenho e escravos. Nesta localidade, havia o

“Engenho do Barão do Guajará” que produzia cachaça e rapadura

da cana-de-açúcar. Havia a Casa-Grande, uma represa,

construída de pedras e diversos poços; um forno para olaria,

utilizado para produzir telhas e utensílios. Ainda hoje, há

ruínas que retratam e remontam aquela época. Uma das

características que ressaltam a especificidade da comunidade é

a intensa relação da qual a mesma tem com o município de

vigia, mesmo tendo a sua localização no município de colares,

os residentes que habitam em vila do cacau após o cumprimento

da quarta série do ensino fundamental, deslocam-se ao

município de vigia para o prosseguimento dos estudos. Pois a

justificativa para o detrimento desse processo é por conta da

localização geográfica dos municípios, do qual Vigia de Nazaré

encontra-se mais perto do que Colares geograficamente

relatando.

A rusticidade da vila do cacau ainda é evidente, pois para

se ter o acesso a mesma, do porto no rio tauá-pará até a

comunidade necessita-se caminhar numa ponte de estiva com

cerca de 866 metros de comprimento, tendo como companhia os

ecossistemas de mangue que demonstram o inicio da paisagem

rural até a terra firme. No ato de chegar a comunidade

encontramos um modo de vida voltado para extração do cacau ,

caça, pesca e a extração de madeira. Atividades que garantem a

agricultura de subsistência com produtos essenciais e que

contribuem para o desenvolvimento da região (milho, farinha de

mandioca e feijão) da população intitulada como “quilombola”.

Um projeto desenvolvido pela SAGRI- Secretaria de Agricultura

do Estado do Pará que auxilia e promove atividades que

desempenham o processo evolutivo da comunidade.

Em campo podemos perceber que diante da rusticidade

encontrada na vida do cacau, a mesma nos tempos atuais já

sofre com a intervenção exterior da sociedade. Pois toda a sua

produção excedente é grande parte comercializada em vigia pelo

fato da proximidade geográfica que se encontra em menor

distancia do que com o município de colares que localiza-se no

outro extremo da ilha. Projetando assim uma maior relação e

dinâmica com o município de vigia, do qual é um grande

parceiro comercial e social. Nos relatos dos moradores

presenciamos uma forte imigração da população quilombola para

a sede do município de vigia no qual são atualmente residentes

e que estão espalhados pela cidade.

Atualmente a vila do cacau encontra-se com aproximadamente

130 moradores, dos quais grande maioria são eleitores da

cidade de vigia e não de colares. Sendo por sua vez um fator

determinante no processo de desenvolvimento de políticas

publicas para a comunidade. Uma vez que vigia não reconhece

que a área geográfica intitulada como comunidade do cacau é

território vigiense. Pois a área em questão é do município de

colares e diante desse impasse, o recurso destinada a mesma

encontra-se sempre em processo de embargo, diante dessa

perspectiva alguns moradores pedem a anexação da comunidade ao

município de vigia, contudo alegando de que a sua intensa

relação econômica e social é um indicativo de que a mesma

dispõem-se a ter o reconhecimento pelo estado como território

vigiense ao invés de colares.

No processo de reconhecimento em campo sobre a área da

comunidade da vila do cacau e diante de relatos de moradores,

a questão fundiária é uma outra fator de discussão bastante

vigente e que as terras localizadas encontram-se em processo

de disputa judicial no qual os moradores relatam de quem as

terras foram adquiridas pelos seus ancestrais através de uma

doação pelo próprio Barão de Guajará na forma verbal. Ao

processo regulamentar as terras pertence a uma empresa de

palmito com sede em Icoaraci-Belém. Diante do impasse o

processo encontra-se em conclusão e determinará a posse

definitiva da comunidade da vila do cacau, tendo em aguardo a

titularidade do espaço em questão.

Em análise atualmente a vila do cacau propõe-se ao seu

desenvolvimento sócio econômico o roteiro geo-turistico como

fonte de acumulo de capital e tendo por sua vez a evolução do

turismo e educação da região. A partir da parceria com as

escolas, estudantes e universidades, o desenvolvimento de

atividades é recorrente e promove o “turismo alternativo” ou

ecológico como forma de reconhecimento da relação homem-

naturza que inserido na comunidade, destaca-se como uma forma

de renda para os moradores locais no intuito de divulgar a

comunidade e promover a comercialização de seus produtos.

Diante de relatos o roteiro geo-turistico é praticado pela

parte da manha, por conta da maior visibilidade e

reconhecimento dos elementos naturais ali encontrados na

localidade, tendo em vista que a mesma não possui eletricidade

e nem meios de acomodação aos turistas, sendo, portanto uma

proposta de visitação aos meios das luzes solares pela manha.

Outra forma de acumulação de capital na comunidade é a

promoção de shows culturais no ritmo do carimbó. O

desenvolvimento da cultura local é proporcionado pelo ritmo de

musica que embala o Estado do Pará, sendo uma nova forma de

atração aos turistas e que proporcionam uma renda complementar

aos moradores locais e que é uma atividade acrescentada pelo

roteiro geo-turistico. O responsável pelo desenvolvimento

dessa atividade é o “Mestre Diquinho”, um representante local

que desenvolve atividades relacionada ao carimbó e também

considerado umas das lideranças mais influentes da comunidade.

Atualmente a vila do cacau encontra-se num processo de

expansão, diante do contraste da rusticidade, o homem por sua

vez conseguiu integrar-se ao meio e hoje se encontra em

disputa pelo território em questão. Pois em análise desse

processo o roteiro geo-turistico é uma forma de atividade

secundária das atividades econômicas desenvolvidas pelos

moradores locais, logo o mesmo passa a ser considerado como

uma forma de alternativa ao desenvolvimento local desse lugar,

como forma de suprir as necessidades que ali se encontram por

parte daqueles que residem naquele espaço. Ao ocorrer esse

processo os moradores se inserem no programa e demonstram o

seu modo de vida que por sua vez, trazem consigo a sua

dinâmica e comercializam a sua produção de peixe, frutas

tropicais, caranguejo e a farinha de mandioca. Tendo em vista

que essa dinâmica promove a organização do espaço e

possibilita a introdução do turismo sustentável, agindo de

forma ecológica, sem agredir a natureza, mostrando os

elementos naturais não como forma de extração e sim como forma

de subsistência.

È nesse sentido que a vila do cacau nos possibilita

enxergar um tipo de organização que só pode ser compreendida

em campo. Haja vista que a mesma encontra-se em processo de

expansão graças as atividades propostas pelo roteiro geo-

turistico que desempenham um papel fundamental na forma

econômica e social, uma vez que a mesma faz parte da nossa

história e nos reafirma a sua valorização de forma consistente

diante do olhar geográfico, destacando-se pela relação homem-

natureza, no qual em campo podemos observar de forma clara, a

forma de desenvolvimento e organização do espaço, de acordo

com a necessidade do ser humano que ali reside.

INTRODUÇÃO

Este trabalho busca abarcar aspectos voltados para uma

análise social da cidade de Vigia, no interior do Pará. Ao

visitarmos a cidade observamos vários aspectos peculiares

como a música (muito forte na Vigia pela influência da

colonização portuguesa), a dança (carimbó), aspectos

históricos, religiosos, econômicos (voltado para a pesca) e

sociais. Nos dia 30 de junho ao dia 1 de julho de 2014,

verificamos diversos aspectos sociais, principalmente no

dia 1º quando nos voltamos a fazer o trabalho de campo nas

áreas periféricas da cidade e na área de expansão da mesma.

Neste segundo dia, tivemos a oportunidade de ver de perto

grandes problemas sociais que afligem a população que ali

habitam. É dentro deste quadro de análise que este trabalho

se embasa.

Em primeira instância, faremos uma pequena abordagem

quanto ao aspecto histórico da cidade de Vigia, sua

fundação, sua influência, sua localização e a materialidade

dessa história encontrada nos principais pontos turísticos

do município, ao qual faremos uma descrição um pouco mais

detalhada. Falaremos também da comunidade quilombola Vila

do Cacau, onde tivemos o privilégio de visitar. Esta

comunidade, localizada na porção nordeste da ilha de

Colares, e situada a “frente” de Vigia de Nazaré, é uma

comunidade de remanescentes de escravos negros, cujos

descendentes eram provenientes de Benguela no Continente

Africano. Trazidos para o Norte do Brasil, muitos foram

utilizados como mão-de-obra nas lavouras de cana de açúcar,

cacau e outros produtos que eram comercializados e

exportados para a Europa. Tanto na localidade de Cacau

quanto na localidade de Ovos, ambas situadas na Ilha de

Colares encontra-se descendentes de escravos e de ex-

escravos que ali habitam, e que fizeram e fazem parte da

história do município de Vigia.

Outra análise, mais voltada ao social, é a área

periférica da cidade de Vigia de Nazaré, esta parte da

cidade tem aspecto de paisagem amazônica e ribeirinha. O

espaço geográfico do município onde está concentrada em

maior quantidade a população, as indústrias, o comércio; o

espaço geográfico dotado de esgotos, praças, ruas, lazer e

segurança e o ambiente com saneamento básico e água potável

de boa qualidade, são características do conceito de meio

ambiente urbano em Vigia de Nazaré/PA que necessitam ser

reavaliados pelo poder público, e pela sociedade civil

organizada. Junto a essa proposta, faremos uma observação

quanto a área de expansão da cidade que tem modificado e

muito os aspectos geográficos e sociais. A análise

histórica e social de Vigia de Nazaré/PA apresentada neste

trabalho mostra que há uma a necessidade de mudança para se

otimizar o meio urbano no referido município com

perspectivas à qualidade de vida da comunidade e

particularmente a valorização da paisagem vigiense que

remonta os anos 1616.

PRIMEIRO DIA

UM BREVE HISTÓRICO DA CIDADE DE VIGIA

A cidade de Vigia fica localizada na mesorregião do

nordeste do estado paraense e na microrregião do salgado,

surgiu seis dias antes da fundação da cidade de Belém, em 6

de janeiro de 1616 por Francisco Caldeira Castelo Branco em

sua expedição pela conquista do Grão-Pará. Na então fundada

cidade existia os índios Tupinambás que viviam na aldeia,

cujo nome fora dado pelos próprios nativos, Uruitá. Os

colonizadores construíram um posto fiscal para fiscalizar

as embarcações que abasteciam Belém, até hoje muitos

acreditam que tenha sido desta função de vigiar, de

fiscalizar, de guarnecer, que se deu o surgimento do nome

da cidade de Vigia. Porém, é importante enfatizar que

existem outras hipóteses quanto à origem do nome da cidade,

uma dessas hipóteses se refere ao simples fato de que em

Portugal existia e existe uma vila chamada Vigia, e a

partir disto os colonizadores portugueses, por

familiaridade ao nome, depositaram-no na referida cidade.

Ao caminhar pelas ruas estreitas da cidade vigiense,

observamos uma grande herança histórica, cultural e

religiosa, cravadas nas celebrações, nas ruas, nos prédios,

no vocabulário, e entre outras características que

perduraram ao longo do tempo na Vigia. A força do

simbolismo nesta cidade é muito forte, e esta altamente

vinculado aos patrimônios histórico que ali existem:

CAPELA DO SENHOR DOS PASSOS OU IGREJA DE PEDRA:

Conhecida hoje como igreja do Bom Jesus. A igreja

de Pedra hoje é vista como o principal patrimônio

da cidade, datada do século XVIII, é um templo

construído pelos Jesuítas toda em pedras

sobrepostas e sem reboco. Já se passaram,

praticamente, 300 anos e por ser uma construção

rústica e inacabável, tornou-se um cartão postal

do município.

www.ferias.tur.br

IGREJA DA MADRE DE DEUS: Em 1731, um dos padres

da Companhia de Jesus constrói o Colégio da Mãe

de Deus que dois anos mais tarde é transformado

em templo. A igreja Matriz Madre de Deus

surpreende pela beleza e grandiosidade. É

considerada Patrimônio da Cultura Nacional, tendo

sido tombada com a denominação de Igreja de Nossa

Senhora da Madre de Deus

www.skyscrapercity.com

TREM DE GUERRA: No início do século XX existia na

Vigia um casarão que era morada e local de

trabalho do Juiz de Paz do município, João de

Sousa Ataíde, e armazenava as armas e munições da

Guarda Municipal da Vigia. Em razão do alto grau

de deterioração, foi totalmente demolido e

reconstruído com materiais contemporâneos, em

alvenaria e tijolo, mantendo, parcialmente, as

características originais do Antigo Trem de

Guerra. Neste local, ocorreu um sangrento

episódio da Cabanagem em Vigia.

www.musemidiastico.blogspot.com

MUSEU MUNICIPAL BARÃO DE GUAJARÁ: A importância do

prédio onde funcionou o Grupo Escolar Barão de

Guajará, maior historiador do Pará, está associada

à história educacional no Município, pelo fato de

abrigar o primeiro Grupo Escolar da cidade, além de

suas características arquitetônicas fazerem parte

de um tempo remoto. Hoje o velho Barão abriga o

Museu Municipal, mantendo o nome de “Barão de

Guajará” em homenagem ao homem mais ilustre de

Vigia. O museu foi criado no dia 14 de fevereiro de

2004.

Existem outros pontos turísticos na cidade, entretanto os

relacionados a cima são um dos mais importantes da Vigia.

Município considerado o mais antigo em fundação da Amazônia

ainda mantém as marcas históricas. Hoje, sua maior

referência cultural é o Carnaval. Fora esta época, a cidade

é altamente tranqüila, porém por trás dessa tranqüilidade

existe uma história a ser contada. Vigia é assim, simples

como a maioria das cidades do interior e cheia de histórias

e mistérios.

SEGUNDO DIA

PRIMEIRO MOMENTO:

O modo de vida da população, vinculado ao rio

Começando com o reconhecimento da nascente do rio rocinha,

e que é mostrada a historicidade da periferia de vigia e

seu vínculo com o rio. Predominantemente o rio Rocinha

perpassa por toda a área periférica da cidade, e as margens

deste se propaga um crescente habitacional descontrolado e

desordenado. Onde nota-se que a população ali presente tem

por maioria relação com a pesca ou com a construção de

embarcação.

A partir da análise do crescimento populacional, dado as

margens do rio Rocinha, é possível notar que se deu devido

um inchaço na área onde se localiza o centro histórico da

cidade, sendo assim direcionando este crescimento

horizontal as margens do rio.

Na relação econômica dos moradores das zonas periféricas, é

importante destacar a maneira como eles se utilizam da

pesca e também da construção de embarcações, em um primeiro

momento ficou evidente que devido a proximidade com áreas

de mangue e rios as atividades pesqueiras e a que possui um

maior destaque.