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1 Gestão do Conhecimento Tema 1: Definindo o conhecimento e a aprendizagem organizacional Autor: Ronaldo Barbosa CONVITE À LEITURA Ouvimos cada vez mais expressões como “a única constante hoje é a mudança” ou que “entramos na era do conhecimento”. O que essas frases querem dizer? Na esfera das empresas, que existem imensos desafios pela frente: suportar a concorrência cada vez mais acirrada de outras empresas, prospectar novos mercados, buscar soluções para problemas novos, lidar com cenários que se modificam continuamente. Na esfera pessoal, significa, por exemplo, que precisamos aprender o tempo todo, e também que precisamos saber compartilhar o que aprendemos, porque, ao compartilhar, aprendemos ainda mais. Tal valorização do aprendizado é algo relativamente novo. Ao longo dos séculos, a sociedade evoluiu da era pastoril e agrícola para a era industrial. Nas últimas décadas, da era industrial para a era da informação. Desde então, o que produzimos de mais importante passou a ser intangível, não pode mais ser “tocado”. Mas se no passado recente ter informações significava ter poder, hoje, acessar a informação está fácil demais, talvez a algumas “googladas” de distância. Por isso, o poder se deslocou de ter informação para o que fazer com a informação: o poder está nas mãos das pessoas e das empresas com conhecimento; entramos na era do conhecimento. Assim, precisamos saber como criar, disseminar e utilizar conhecimentos novos, o que facilita o desenvolvimento das empresas, das instituições de uma forma geral e do próprio país. Para nós, indivíduos, significa também elevar nossa capacidade criativa e pensante, significa exercer melhor a cidadania, ter mais recursos para enfrentar os desafios que estão por vir, tanto no terreno profissional quanto no pessoal. Por isso, seja bem-vindo à disciplina Gestão do Conhecimento! Vamos começar falando sobre conhecimento e aprendizagem organizacional. TEXTO E CONTEXTO Vivemos uma época de overdose de informações graças, em grande parte, à internet. Diariamente, temos que domar uma avalanche de e-mails, filtrar notícias, consultar websites, ao mesmo tempo que aparecem novas ferramentas, como twitter, blogs, facebook e outras. Essas ferramentas trazem novas formas de interação e relacionamento entre as pessoas que ninguém poderia imaginar há menos de duas décadas. Por outro lado, depois de horas na frente do computador podemos ter a sensação de que não aproveitamos tudo ou até de que perdemos tempo. Isso ocorre porque as tecnologias de comunicação lidam com dados e informações, e não exatamente com conhecimento, ou seja, nem sempre o que lemos, vemos ou ouvimos em telas de computador é significativo para nós. E quanto às empresas?

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Gestão do ConhecimentoTema 1: Definindo o conhecimento e a aprendizagem organizacional

Autor: Ronaldo Barbosa

CONVITE À LEITURA

Ouvimos cada vez mais expressões como “a única constante hoje é a mudança” ou que “entramos na era do conhecimento”. O que essas frases querem dizer?

Na esfera das empresas, que existem imensos desafios pela frente: suportar a concorrência cada vez mais acirrada de outras empresas, prospectar novos mercados, buscar soluções para problemas novos, lidar com cenários que se modificam continuamente. Na esfera pessoal, significa, por exemplo, que precisamos aprender o tempo todo, e também que precisamos saber compartilhar o que aprendemos, porque, ao compartilhar, aprendemos ainda mais. Tal valorização do aprendizado é algo relativamente novo. Ao longo dos séculos, a sociedade evoluiu da era pastoril e agrícola para a era industrial. Nas últimas décadas, da era industrial para a era da informação. Desde então, o que produzimos de mais importante passou a ser intangível, não pode mais ser “tocado”. Mas se no passado recente ter informações significava ter poder, hoje, acessar a informação está fácil demais, talvez a algumas “googladas” de distância. Por isso, o poder se deslocou de ter informação para o que fazer com a informação: o poder está nas mãos das pessoas e das empresas com conhecimento; entramos na era do conhecimento. Assim, precisamos saber como criar, disseminar e utilizar conhecimentos novos, o que facilita o desenvolvimento das empresas, das instituições de uma forma geral e do próprio país. Para nós, indivíduos, significa também elevar nossa capacidade criativa e pensante, significa exercer melhor a cidadania, ter mais recursos para enfrentar os desafios que estão por vir, tanto no terreno profissional quanto no pessoal.

Por isso, seja bem-vindo à disciplina Gestão do Conhecimento!

Vamos começar falando sobre conhecimento e aprendizagem organizacional.

TEXTO E CONTEXTO

Vivemos uma época de overdose de informações graças, em grande parte, à internet.

Diariamente, temos que domar uma avalanche de e-mails, filtrar notícias, consultar websites, ao mesmo tempo que aparecem novas ferramentas, como twitter, blogs, facebook e outras. Essas ferramentas trazem novas formas de interação e relacionamento entre as pessoas que ninguém poderia imaginar há menos de duas décadas.

Por outro lado, depois de horas na frente do computador podemos ter a sensação de que não aproveitamos tudo ou até de que perdemos tempo. Isso ocorre porque as tecnologias de comunicação lidam com dados e informações, e não exatamente com conhecimento, ou seja, nem sempre o que lemos, vemos ou ouvimos em telas de computador é significativo para nós. E quanto às empresas?

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Estão imersas também em um ambiente turbulento, carregado de informações, contradições e paradoxos. As empresas necessitam evoluir e inovar, isto é, aprender e gerar conhecimentos novos, para suportar mudanças e a concorrência. Estudiosos da gestão de empresas debruçaram-se sobre essas questões e deram início a um ramo novo de pesquisas, denominado Gestão do Conhecimento. A Gestão do Conhecimento existia antes nas empresas, talvez com o nome de gerenciamento de informações, mas era preciso dar mais foco e atenção ao conhecimento.

A área de Gestão do Conhecimento está relacionada a temas como gestão de pessoas, capital humano, gestão estratégica de informações, sistemas de informação, inovação, entre outros.

Uma definição para Gestão do Conhecimento, entre inúmeras possíveis, é a seguinte: “uma tentativa sistemática de criar, reunir, distribuir e usar conhecimentos” (DAVENPORT; PRUSAK, 1998).

Neste curso daremos especial atenção aos modelos de criação de conhecimento nas empresas, baseados nos estudos de Ikujiro Nonaka e Hirotaka Takeuchi, autores de uma importante teoria. A teoria está em nosso Livro-Texto, que foi aclamado no mundo inteiro como uma das publicações mais importantes dessa área, virou clássico em poucos anos e referência obrigatória nas empresas e universidades.

Em certa medida, falar de conhecimento é falar de inovação. Entende-se por inovação um conjunto amplo de intervenções, decisões e processos, com certo grau de intencionalidade e sistematização, que tratam de modificar atitudes, ideias, culturas, conteúdos, modelos e práticas (CARBONELL, 2002). Criatividade não tem o mesmo significado que inovação porque criatividade não gera diretamente novos produtos ou novos processos, mas sem criatividade não é possível inovar.

Nonaka e Takeuchi observaram que o conhecimento na empresa é criado pelos indivíduos, dos funcionários mais simples aos mais altos executivos. Notaram também que a experiência humana e certos tipos de conhecimento internalizados nas pessoas (na forma de experiências que ela viveu, mas não declara, por exemplo) são importantes na criação de conhecimentos novos para a empresa. Esses estudos nos ajudam a compreender como se dá o processo de criação do conhecimento em grandes organizações no mundo inteiro e como podemos criar uma cultura de inovação que traga benefícios a nossas empresas e à sociedade.

Um ciclo constante de transformações

Para estudar as teorias relacionadas à gestão do conhecimento, precisamos antes diferenciar dados, informação e também conhecimento.

Dados são afirmações sobre a realidade ou sobre outros dados. São representações do mundo – quer seja físico, social, psicológico, organizacional ou qualquer outra forma de realidade. Exemplo: números isolados, letras do alfabeto.

Informações são dados organizados de acordo com preferências e colocados em um contexto, definindo seu sentido e relevância. Exemplo: tabela de nomes de cidades com a população de cada uma delas.

Já conhecimento depende de uma interação humana capaz de absorver e relacionar informações, e uma vez integrado à pessoa, transforma-se em parte de um sistema de crenças próprio. Por

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exemplo: com a tabela de nomes de cidades e população, podemos notar que a maior parte dos municípios brasileiros possui menos de 100.000 habitantes.

Assim, conhecimento é a máxima utilização de informações e dados acoplados ao potencial das pessoas, suas competências, ideias, intuições, compromissos e motivações.

A empresa viva é aquela que aprende e se transforma com o que aprende.

Como dissemos antes, e você verá repetidas vezes, a empresa deve saber transformar informações (tanto aquelas que provêm do ambiente externo quanto do ambiente interno) em conhecimentos novos. Com isso, a empresa transforma a si mesma como se fosse um “organismo vivo”.

A transformação de dados e informações em conhecimento para a empresa ocorre, por exemplo, no aumento de “ativos”.

Vamos então esclarecer! Conhecimento nas pessoas é a utilização da informação e dos dados ajustada ao potencial que possuem, suas competências, ideias, intuições, compromissos e motivações. Conhecimento nas empresas está, por exemplo, na forma de ativos intangíveis. Ativos estão associados a bens de uma empresa, como estoques, caixa, equipamentos e prédios (ativos tangíveis), e também a bens não físicos (ativos intangíveis), como patentes, capacidade de inovação e até capacidade de aprendizado. Os ativos intangíveis formam o “capital intelectual” da empresa, que depende da capacidade de seus colaboradores de transformar informação em conhecimento. Assim, o conhecimento organizacional está ligado ao conhecimento dos colaboradores!

Em uma empresa, a criação do conhecimento novo se dá, por exemplo, por meio de projetos inovadores. A grande questão nesse sentido é: como aumentar essa capacidade, tipicamente empreendedora, no contexto da globalização, das mudanças tecnológicas e do conhecimento?

Esse é, justamente, o ponto principal da nossa discussão.

Mas, atenção!

Informações se convertem em conhecimento por meio de ideias, mas uma ideia não é algo que se possa fabricar. Por isso, criar conhecimento e inovação não depende tanto da tecnologia quanto se imagina. Ideias vêm de pessoas, e não de máquinas, e quando são compartilhadas, as ideias não se dividem, mas se multiplicam, inspirando mais e mais pessoas, desencadeando processos de inovação nas empresas, que realimentam o processo.

Em diversos momentos falaremos de compartilhamento de ideias na disciplina de Gestão do Conhecimento!

Vamos a um primeiro desvio na discussão, na verdade, uma parada para abastecer.

Tomar contato com ideias e inovações e saber como os caminhos foram sendo percorridos é um fator importante de motivação para despertar em nós mesmos um sentido de criatividade e inovação, portanto, de vontade de apoiar e desenvolver conhecimentos novos. A inovação é um dos principais motores que movimentam as empresas, inclusive as novas empresas que são criadas. Vamos ver

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alguns exemplos da combinação inovação-empreendedorismo que são altamente inspiradores.

Saiba Mais!

Conheça três exemplos, em vídeo, muito interessantes sobre como nascem as inovações! História de uma das empresas brasileiras mais bem-sucedidas na área de beleza feminina.

Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=ZT0nbUYlrrc>. Acesso em: 17 dez. 2013.

Uma solução inovadora para a escassez de água.

Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=2911hP5Znsw>. Acesso em: 17 dez. 2013.

Bambucicleta: como um material barato, abundante e sustentável pode gerar desejo através do design.

Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=0rcfk_31e5A>. Acesso em: 17 dez. 2013.

Além de ter uma ideia de como empresas inovadoras estão nascendo, a trajetória das pessoas por trás delas também é muito importante.

E quando se fala de inovação e tecnologia, impossível não lembrar de Steve Jobs, fundador das empresas Apple e Pixar. Só no Brasil existem mais de 20 biografias traduzidas, dedicadas a ele.

Em 2005, Jobs fez um discurso marcante na Universidade de Stanford. Ele retornava à universidade como patrono de uma turma de formandos sem nunca ter se formado, embora valorizasse os estudos e tivesse estudado muito, a seu modo. O discurso mexeu e ainda mexe com o coração e a mente de quem o ouve.

Saiba Mais!

Conheça o discurso célebre de Steve Jobs em Stanford.

Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=66f2yP7ehDs>. Acesso em: 17 dez. 2013.

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Ao lado do talento, coragem e energia de pessoas como Steve Jobs e outros grandes empreendedores, existem inúmeras questões ligadas a como transformar informação em conhecimento.

Uma delas é saber lidar com o excesso de informação que a tecnologia acabou propiciando, o que pode sufocar a criatividade e até mesmo atrapalhar a tomada de decisões nas empresas, em vez de ajudar.

Por exemplo, uma busca por “gestão do conhecimento” na internet leva a 1.140.000 links diferentes. Se investíssemos 5 minutos para visitar cada um dos links, levaríamos mais de dez anos para visitar todos eles! O problema é que em dez anos haveria muitos mais milhões de links para visitar. Resultado: pegamos os primeiros links sem saber se são os mais úteis e importantes para nós.

Muitos autores têm tratado do tema do “excesso de informação” nos dias de hoje em termos de sua relação com a saúde das pessoas, formação, comportamento e produtividade. Por esses motivos, o tema também merece nossa atenção e fortalece a visão que estamos buscando.

Saiba Mais!

(cena do filme: Um homem especial, 2009, dir. Irmãos Cohen)

Os links a seguir discutem o excesso de informação e apresentam algumas sugestões de como aperfeiçoar nosso “comportamento informacional”.

DIGUÊ, Patrícia; LOES, João. Intoxicados de informação. Revista Isto é, Editora Três, n. 2168, maio. 2013.

Disponível em: <http://www.istoe.com.br/reportagens/139296_INTOXICADOS+DE+INFORMACAO>. Acesso em: 20 dez. 2013.

BARBOSA, Christian. Como lidar com o excesso de informações. Administradores, abr. 2012.

Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/tecnologia/como-lidar-com-o-excesso-de-informacoes/62829/>. Acesso em: 20 dez. 2013.

CARDOSO, Roberto. 3 dicas para lidar com o excesso de informação e manter-se criativo. Saúde Web, jul. 2012.

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Disponível em: <http://saudeweb.com.br/30905/excesso-de-informacao-causa-deficit-de-atencao-organizacional/>. Acesso em: 20 dez. 2013.

Um dos projetos da empresa IBM para lidar com o excesso de informação na Internet. Revolução visual: Como a visualização de dados nos ajuda a entender melhor o excesso de informação. Palestra de Fernanda Viégas, nov. 2009.

Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=DUV_oC_Rvy4>. Acesso em: 20 dez. 2013.

Existem questões maiores também para pensarmos.

Toda informação pode se tornar conhecimento?

Para onde a sociedade caminha no uso da tecnologia? Celulares estarão nas mãos de todos? O mundo ficará melhor por causa disso? A internet vai afastar ou aproximar as pessoas? É possível trabalhar e estudar de casa com sucesso? Note que estamos falando sempre de informação e de conhecimento, desta vez olhando para o futuro da sociedade.

Para responder essas e outras questões, com a palavra, os fundadores da Google, talvez a empresa mais sintonizada com as transformações do mundo atual e responsável por parte delas.

Eles lançaram um livro recentemente, que tem uma parte disponibilizada gratuitamente na internet, no próprio site do Google, através do Google Books, uma área em que existem muitas outras obras apresentadas parcialmente, também de graça.

Saiba Mais!

SCHMIDT, Eric; COHEN, Jared. A Nova Era Digital: como será o futuro das pessoas, das nações e dos negócios. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2013. 320 p.

Sinopse: Eric Schmidt, um dos nomes mais notáveis do Vale do Silício, está entre os responsáveis pela transformação do Google de uma modesta start-up em um verdadeiro gigante. Diretor do Google Ideas, Jared Cohen tem profundos conhecimentos de relações internacionais e trabalhou como assessor para o Departamento de Estado do governo norte-americano nas gestões de Condoleezza Rice e Hillary Clinton.

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Schmidt e Cohen combinaram seus conhecimentos para analisar algumas das questões mais relevantes sobre o futuro da sociedade. Quem será mais poderoso, os cidadãos ou o Estado?

Os avanços tecnológicos facilitam ou dificultam o combate ao terrorismo? Será que a privacidade irá se tornar um luxo para poucos na nova era digital? Com clareza e conhecimento de causa, os autores anteveem a maior revolução da tecnologia da informação na história da humanidade.

Disponível em: <http://books.google.com.br/books?id=hT1rAAAAQBAJ&printsec=frontcover&dq=a+nova+era+digital&hl=pt-BR&sa=X&ei=q2uvUr6UMITxkQfi24H4BQ&ved=0CDoQ6AEwAA#v=onepage&q=a%20nova%20era%20digital&f=false>. Acesso em: 20 dez. 2013.

Para encerrar cada uma de nossas aulas, vamos sugerir filmes que tenham relação com o tema tratado.

O cinema tem o poder de instigar nossa imaginação, de estimular nosso senso crítico, de emocionar e entreter ao mesmo tempo!

Saiba Mais!Não deixe de conferir!

Quem quer ser um milionário? (2008, Dir. Danny Boyle)

Filmado na Índia, o filme conta a história de Jamal Malik Othman, um jovem das favelas de Mumbai que aparece na versão indiana do programa de perguntas da televisão “Quem Quer Ser um Milionário?”. Jamal se lembra de passagem de sua vida nas ruas para responder as perguntas do programa e está perto de se tornar um milionário. O filme mostra bem como aprendemos com as experiências de vida e como o aprendizado pode estar, às vezes, em lugares que não esperamos.

Este filme meio americano, meio indiano, fala de um jeito muito interessante sobre formas como informações se tornam conhecimentos. Aproveite!

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CONCEITOS FUNDAMENTAIS

Aprendizagem organizacional – associada à apropriação de conhecimentos novos na organização. O nome mais conhecido na área é o de Peter Senge, autor do livro A Quinta Disciplina.

Ativos da empresa – associados aos bens de uma empresa, como estoques, caixa, equipamentos e prédios (ativos tangíveis), e também a bens não físicos (ativos intangíveis), como patentes, capacidade de inovação e até capacidade de aprendizado.

Conhecimento – é a utilização de informações e dos dados ajustada ao potencial das pessoas, suas competências, ideias, intuições, compromissos e motivações. É relacionado à ação humana e depende do contexto.

Dados – são afirmações sobre a realidade ou sobre outros dados, representações do mundo, quer seja físico, social, psicológico, organizacional ou qualquer outra forma de realidade.

Informação – são dados contextualizados, interpretados, com um sentido determinado.

Inovação – capacidade de transformar conhecimento em produtos ou serviços para a sociedade. A grande questão é como aumentar essa capacidade, tipicamente empreendedora, no contexto da globalização, das mudanças tecnológicas e do conhecimento.

Gestão do Conhecimento – processo sistemático apoiado na criação, apropriação e disseminação do conhecimento com o propósito de atingir a excelência organizacional.

Paradoxo – estamos perante um paradoxo quando um argumento aparentemente sólido conduz a uma afirmação falsa ou contraditória. Por exemplo, a ideia de que “produtos mais baratos são os de maior qualidade” pode parecer paradoxal para a maioria das pessoas.

AGORA É A SUA VEZ

Questão 01

Indique (1) para dado, (2) para informação e (3) para conhecimento.

I. Tsunamis. II. Livros escolares de Ciência na Inglaterra tratam do assunto tsunamis. III. Em 2005, uma garota inglesa em férias na Indonésia se lembrou das aulas de Ciências quando

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viu o repentino recuo do mar, o que sinaliza um tsunami. A garota alertou os banhistas que se afastaram da enorme onda na praia e com isso salvou a vida de dezenas de pessoas. Este é um caso real!

No contexto deste curso, a sequência I-II-III corresponde mais propriamente a:

a) 1-3-2.

b) 3-1-2.

c) 2-1-3.

d) 1-2-3.

e) 3-2-1.

Resposta: Alternativa D

Questão 02

1969: Homem na Lua.

A chegada do homem na Lua foi um dos grandes feitos do século XX com inúmeras consequências, embora possamos pensar que tanto esforço e dinheiro foi gasto para não achar nada por lá, apenas rochas e poeira.

Mas para permitir essa viagem foi necessário desenvolver uma série de inovações, por exemplo, um tremendo avanço nas tecnologias de satélites espaciais, que hoje possuem um enorme leque de utilidades: do monitoramento de tropas, desmatamento e mudanças climáticas até atividades corriqueiras, como atender ao telefone, assistir televisão ou acessar à internet. Na medicina, o sistema de telemetria (envio de sinais a distância), criado para monitorar a saúde dos astronautas, rendeu aplicações em marca-passos e ambulâncias. As frigideiras de teflon, calçados e muitos outros materiais são também resultado do esforço para levar o homem à Lua.

Em relação ao que estudamos sobre as transformações de informação em conhecimento e considerando a viagem do homem à Lua, podemos dizer que:

a) Dados, informações e conhecimento foram necessários para que o homem chegasse à Lua e mesmo após a viagem, com o retorno dos astronautas, as amostras de rochas que foram trazidas e os dados coletados durante a viagem permitiram que o ciclo dados->informação-> conhecimento continuasse até hoje.

b) O conhecimento necessário para levar o homem à Lua foi importante apenas para

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aquela viagem, não sendo aproveitado em outras viagens e projetos espaciais.

c) O conhecimento gerado pela viagem à Lua foi importante apenas para demonstrar a superioridade tecnológica dos Estados Unidos em relação aos demais países.

d) Viagens espaciais são importantes apenas para a indústria aeroespacial.

e) As alternativas C e D estão corretas.

Resposta: Alternativa A

Questão 3

Marque a opção que corresponde melhor ao que estudamos nesta aula

a) A informação nos chega pelos sentidos. Quando transformada em conhecimento, potencializa nossa forma de compreender e interagir com o mundo.

b) Conhecimento está pronto nos livros, basta ler e já somos capazes de aplicá-lo.

c) Os livros são a única fonte de conhecimento.

d) Informação e conhecimento são sinônimos.

e) Não há informação sem conhecimento.

Resposta: Alternativa A

Questão 04

O escritor italiano Umberto Eco faz uma análise irônica e bem humorada das inovações e do que elas podem significar ao longo do tempo:

“[…] existe uma lei inexorável da tecnologia: quando as invenções mais revolucionárias se tornam acessíveis a qualquer um, deixam de ser acessíveis. A tecnologia promete os mesmo serviços, mas só funciona quando é usada pelos ricos. Quando os pobres também começam a usar ela dá tilt. Quando um trem levava duas horas para ir de A a B, eis que apareceu o automóvel fazendo o mesmo trajeto em uma hora. E por isso era caríssimo. Mas bastou o automóvel se tornar acessível às massas para as estradas ficarem totalmente congestionadas e o trem voltar a ser mais rápido. Basta pensar em como é absurdo o apelo ao uso dos meios de transporte coletivos em plena era do automóvel: no entanto, usando os meios de transporte coletivos e aceitando abrir mão dos privilégios, você chega a seu destino antes dos privilegiados.” (ECO, U. O segundo diário mínimo. Rio de Janeiro: Record, 1994).

As inovações sempre beneficiam a todos da mesma maneira? Isso faz das inovações as “culpadas”?

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Resposta: Em um primeiro momento, somos levados a crer que sim, que as inovações serão boas para todos; com o tempo, porém, somos levados a crer que novos problemas e desafios são criados. No caso da opção histórica pelo transporte individual, as cidades tornaram-se poluídas, há desperdício de tempo e consumo de energia, comprometendo a mobilidade urbana. Mas a culpa não é “dos carros” em si. E mesmo os novos problemas podem desencadear inovações para um ambiente melhor, como por exemplo, o uso de bicicletas na Alemanha. Confira na reportagem disponível em: <http://g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2013/10/alemanha-adota-plano-de-mobilidade-urbana-que-prioriza-uso-de-bicicletas.html>. Acesso em: 19 dez. 2013.

Questão 05

Procurando a seguinte informação: “Como fazer um filme?”

Estudantes das gerações anteriores à internet tinham a enciclopédia impressa para consultar: duas ou três páginas de informações sobre um tópico.

Estudantes da era da internet.

No Google: 45.700.000 páginas!

Compare essas duas formas de pesquisa, em termos qualitativos e quantitativos, de vantagens, desvantagens, riscos e oportunidades que elas oferecem.

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Resposta: Na enciclopédia impressa ou nos livros, havia relativamente pouca informação, apenas o que pudesse caber em algumas páginas impressas. As informações eram até certo ponto confiáveis porque tinham um autor e um editor que se responsabilizavam por elas, porém, estavam congeladas e logo se desatualizavam.

Na internet há vasta quantidade de informação, mas há muitos links e escolhemos os primeiros links que aparecem, geralmente apenas porque aparecem entre os primeiros. Outra dificuldade é quanto à veracidade de informações. É fácil encontrar resultados para uma busca que nada têm a ver com o que se buscava, ou ainda, encontrar informações equivocadas.

FINALIZANDO

Vimos aqui as diferenças entre informação e conhecimento e que a gestão do conhecimento é parte de uma estratégia maior, que torna as empresas mais competitivas. Vimos que isso se dá por diversos caminhos; interessa-nos a visão de gestão do conhecimento, voltada mais especificamente para a inovação. Começamos a estudar um modelo de inovação presente no Livro-Texto desta disciplina.

Na próxima aula, veremos alguns tipos de conhecimento que existem e começaremos a ver um importante modelo teórico de como transformar informação em conhecimento novo, raiz da inovação.

Reflita sobre esse cenário desde já, acompanhando o material a seguir!

Bons estudos!

REFERÊNCIAS

CARBONELL, J. A aventura de inovar: a mudança na escola. Porto Alegre: Artmed Editora, 2002.

DAVENPORT, T.; PRUSAK, L. Conhecimento empresarial. Rio de Janeiro: Campus, 1998.

GOLEMAN, D. (org.) Textos fundamentais (Biblioteca de gestão). Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

NONAKA I.; TAKEUCHI, H. Gestão do Conhecimento. Porto Alegre: Bookman, 2008.