Fortificações portuguesas e espanholas na Indonésia Oriental. Lisboa: Prefácio. 2009. ISBN:...

26
Manuel Lobato FORTIFICAÇÕES PORTUGUESAS e ESPANHOLAS NA INDONÉSIA ORIENTAL

Transcript of Fortificações portuguesas e espanholas na Indonésia Oriental. Lisboa: Prefácio. 2009. ISBN:...

Manuel Lobato

FORTIFICAÇÕESPORTUGUESAS e ESPANHOLASNA INDONÉSIA ORIENTAL

Manuel Lobato nasceu em

Lisboa em 1956. Licenciado

em História (1980) e mestre

em História dos Descobri-

mentos e da Expansão Por-

tuguesa (1993), foi bolseiro

de doutoramento da Funda-

ção Oriente. É investigador

auxiliar do Instituto de In-

vestigação Científi ca Tropi-

cal (Lisboa). Especializou-se

na história da presença por-

tuguesa na África Oriental e

na Ásia do Sul e Sueste, sen-

do autor de Política e Comércio

dos Portugueses na Insulíndia.

1575-1605 (IPOR, Macau,

1999) e O Domínio da Distância

(em co-edição, IICT, 2006).

Fort

ific

açõe

s po

rtu

gues

as e

esp

anh

olas

na

Ind

on

ésia

Ori

enta

lM

AN

UE

L L

OB

AT

O

ISBN 978-989-652-054-0

9 7 8 9 8 9 6 5 2 0 5 4 0

Com o apoio de:

Embora dirigido ao grande públi-

co, Fortifi cações Portuguesas e Espanholas

na Indonésia Oriental tem por fi nalida-

de aprofundar o estudo do patrimó-

nio arquitectónico militar erigido por

portugueses e espanhóis nos arqui-

pélagos das Molucas e de Sunda.

Duas dezenas de fortifi cações, de que

subsistem, nalguns casos, apenas

vestígios e ruínas, formam um con-

junto coerente e único, apesar das

destruições e remodelações sofridas

ao longo dos séculos. Esse patrimó-

nio arquitectónico – parte integrante

do império português do Oriente de

1522 a 1605, administrado a partir de

Manila de 1606 a 1663 – está distri-

buído por diversas ilhas, como Terna-

te, Tidore, Amboino e outras.

Esquecido pela historiografi a por-

tuguesa e espanhola, este património

é agora objecto do cruzamento de

dados recolhidos no terreno em Abril

de 2007 com informação documen-

tal e arquivística relativa à história

da presença europeia naquelas ilhas.

A resolução do problema da identi-

fi cação positiva dos sítios arqueoló-

gicos à luz da evidência documental

supera, assim, quer o laconismo das

fontes narrativas e arquivísticas, quer

a valorização na memória colectiva e

nas tradições orais de um património

que constitui um veículo de afi rmação

de identidade das populações locais.

FORTIFICAÇÕES

PORTUGUESAS E ESPANHOLAS

NA INDONÉSIA ORIENTAL

FORTIFICAÇÕES

PORTUGUESAS E ESPANHOLAS

NA INDONÉSIA ORIENTAL

MANUEL LOBATO

Investigador AuxiliarCentro de História / IICT, Lisboa

Título:

FORTIFICAÇÕES PORTUGUESAS E ESPANHOLASNA INDONÉSIA ORIENTAL

Autor.

MANUEL LOBATO

Copyright © Prefácio, Manuel Lobato, 2009

Direitos reservados porPrefácio – Edição de Livros e Revistas, Lda

Rua Bernardo Lima, n.º 8-A 1150-076 LISBOATel: 213143378 Fax: 213143380

e-mail: [email protected]

Proibida a reprodução, no todo ou em parte,

por qualquer meio, sem autorização do editor.

Capa e Paginação:

Artur Cunha

ISBN:

978-989-652-054-0

Impressão e acabamento:

Offsetmais, Artes Gráfi cas, SA

Depósito legal:

??????/??

5

Índice

Nota preambular, Embaixador António Pinto da França ...................... 7

Agradecimentos ................................................................................11

Introdução ..........................................................................................13

1. A fortaleza de S. João Baptista de Ternate ....................................19 A residência do sultão Ciudad del Rosario

2. As fortifi cações espanholas em Ternate .........................................31 Forte de São Pedro e São Paulo (de Don Gil) Kalamata

3. Outros fortes em Ternate .................................................................34 O «Forte Inglês» Forte Orange (Malayu) em Ternate

4. A fortaleza dos Reis Magos de Tidore ............................................35

5. Fortifi cações espanholas em Tidore ..............................................38 Os primeiros baluartes Marieco el Grande Baluarte do Príncipe Forte de San Lucas del Rumen San José del Cobo (ou Chovo) Forte de Tahula (ou Tohula) San José de Marieco ou Marieco el Chico Forte de Sokonora (ou Bokonora) Tomanyira (Tamanira ou Tomarina) Gomafo

6. Fortifi cações em Makian, Bacan e Halmahera .............................45

7. Fortaleza de Nossa Senhora da Anunciada em Amboino ...........51

8. Loki (Hoalmoal, Seram) ....................................................................56

9. Ilhas de Banda ...................................................................................58

10. Fortalezas Portuguesas em Solor e Timor .....................................59 Solor Ende Cupão

11. Outro património material ...............................................................65

Fontes ................................................................................................67

7

Nota preambular

Quase desde a sua fundação, em 2004, que a ALIAC (Associação Luso-Indonésia de Amizade e Cooperação) considerou como acção prioritária enviar à Indonésia diversos especialistas que ali fossem recolher elementos relativos aos vestígios remanescentes da passagem dos portugueses em diferentes regiões da Insulíndia e em várias temáticas e, posteriormente, editar monografi as com os resultados dessas investigações. Subsistiram aqueles vestígios, miraculosamente, durante séculos, mas a usura do tempo, a aceleração da História e a globalização haveriam por força, como aliás se verifi ca, de sobre elas exercer uma corrosão que refl ectiria aqueles fenómenos. Urgia pois tentar registar cientifi camente esse nosso património antes que se esbatesse signifi cativamente ou até mesmo se apagasse.

Encontrar scholars qualifi cados, conseguir os mecenatos que asse-gurassem quer os custos dessas missões, quer os gastos com a edição das monografi as que delas resultassem, implicou percorrer um longo caminho.

Graças ao apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, do Millennium BCP e da empresa Altar, chegou enfi m a hora de colher o fruto da primeira missão enviada, com a edição da monografi a que ora se apresenta sob o título de Fortifi cações Portuguesas e Espanholas na Indonésia Oriental, da autoria do Dr. Manuel Lobato.

A real origem destas fortalezas na Indonésia Oriental foi desde há muito tema de polémica, suscitando-se a questão de determinar até que ponto cada uma delas seria de mão portuguesa, espanhola ou holandesa. Este estudo é afi nal o primeiro de um autor português que também se baseia em trabalho de campo.

Ricamente ilustrado, fornece abundante informação num estilo depurado, elegante, simultaneamente denso e leve, dando-nos uma

M a n u e l L o b a t o

8

visão actual do estado dessas ruínas e uma interpretação arejada e inovadora do seu passado.

É com particular satisfação e uma certa emoção que vejo publicado este trabalho que trata de relíquias do passado português na Indonésia que com maravilhamento fui aos poucos descobrindo quando ali vivi entre 1965 e 1970. Era tema virgem em Portugal, onde então não havia consciência do tanto que de nós sobrevivia nesse longínquo país.

Não são apenas materiais os vestígios da nossa passagem pela Insulíndia. Ainda mais surpreendente é a memória viva que as popu-lações de nós guardaram.

Foi justamente nas Molucas, em Ambon, que eu e a minha mulher vivemos um episódio que profundamente nos marcou. Em visita àquela ilha, fomos levados às aldeias de Hitu e Hila, ambas nas margens da baía onde naufragou o navio de Francisco Serrão que Albuquerque, imediatamente após a tomada de Malaca, enviara em busca das ilhas das especiarias, com mais outro navio sob comando de António de Abreu.

Passados tantos séculos persiste a memória desse acontecimento. Hitu, a aldeia que primeiro nos recebeu, quis relembrar solenemente o primeiro encontro com portugueses.

Após as boas-vindas que nos foram dadas às portas da povoação pelos anciãos, rodeados dos ancestrais pendões da comunidade, conduziram-nos até uma réplica de um barco em bambu sem fundo, todo enfeitado com fl ores e estandartes, para onde nos fi zeram entrar. Foi assim que muito lentamente atravessámos as ruas da antiquíssima aldeia entre alas de toda a população que arrebatadamente nos ovacionava. Entre as aclamações soava-nos também um permanente murmúrio: “São os portugueses, são os portugueses!” Quando a procissão estacou e nos vimos fora do navio simbólico, começaram a sair da multidão mulheres com bebés ao colo que recolhidamente se aproximavam da minha mulher, lhe pegavam na mão e a colocavam sobre a cabeça da criança.

Embora num enquadramento menos emocional e dramático, encontrámos formas paralelas deste culto e deste afecto pela memória

9

F o r t i f i c a ç õ e s P o r t u g u e s a s e E s p a n h o l a s n a I n d o n é s i a O r i e n t a l

dos portugueses em muitas outras ocasiões nas mais diversas regiões da Indonésia.

Não será pois imperdoável não retribuir estes sentimentos do povo indonésio, manifestando-lhes o nosso apreço, o nosso interesse através de uma presença empenhada como, por exemplo, pode ser o simples envio de um estudioso de fortalezas na longínqua Indonésia Oriental?

E não será pena, senão incúria, que se desperdice o capital de prestígio de que gozamos na Indonésia, poderosa potência asiática, para estreitar com ela laços de carácter cultural e económico?

Tomar, Anunciada Velha, Maio de 2009

António Pinto da Françapresidente da ALIAC

11

Agradecimentos

O presente trabalho nasceu da vontade dos embaixadores António

Pinto da França, Presidente da Direcção da ALIAC (Associação Luso-

Indonésia de Amizade e Cooperação) e José Manuel Santos Braga,

Embaixador de Portugal em Jacarta, de publicar uma série de pequenas

monografi as sobre temas que se prendem com o longo percurso de

convívio histórico e cultural entre os dois países. Para ambos – de

quem tenho recebido os maior incentivos, pelo seu empenhamento

em assegurar o necessário apoio fi nanceiro e logístico ao projecto,

especialmente na deslocação às ilhas de Maluco, que teve lugar em

Abril de 2007 e permitiu criar as condições para a concretização, no

terreno, do indispensável «trabalho de campo» – vai o meu profundo

reconhecimento.

Sem o contacto directo com a realidade física das ilhas e com os seus

habitantes não teria sido possível apresentar o pequeno documentário

fotográfi co que acompanha esta monografi a, nem recolher algumas

tradições orais e populares a respeito dos vestígios da antiga presença

portuguesa naquelas ilhas. Por isso o meu agradecimento vai natural-

mente para as autoridades regionais e locais de Ternate, Tidore e Ambon,

especialmente para Syamsuddin Muhammad, que incansavelmente me

conduziu pelos caminhos da sua querida Ternate e das ilhas vizinhas, não

se poupando a esforços para que o trabalho decorresse nas melhores

condições e atingisse os mais frutíferos resultados.

Lisboa, 6 de Março de 2009

Manuel Lobato

13

Introdução

As relações históricas entre os portugueses e os povos da actual Indonésia remontam ao início do século XVI. A presença ofi cial dos representantes do antigo Estado da Índia, designação ofi cial que era dada ao conjunto de possessões e de interesses que compunham o império português do Oriente, o qual se estendia desde Sofala, em Moçambique, até Macau, no sul da China, fez-se sentir em diversas zonas do arquipélago malaio, irradiando a partir de Malaca, que, desde a sua conquista por Afonso de Albuquerque, em 1511, foi o principal bastião português na Ásia do Sueste. Construída sobre uma presença desigual e descontínua, no espaço e no tempo, a relação cultural entre os portugueses e os habitantes das diversas regiões indonésias costuma ser evocada a partir de uma história que contém inúmeros pontos em comum e de contribuições vocabulares mútuas, expressão visível de intensas trocas comerciais. Desde os trabalhos precursores dos primeiros eruditos, a António Pinto da França1, pioneiro de uma visão cultural integrada, e aos estudos de Paramita R. Abdurachman2 e de Luís Filipe Thomaz3, um longo caminho foi percorrido, no decurso do qual veio a

1 António Pinto da França, Portuguese Infl uence in Indonesia, Gunung Agung, Jacarta, 1970 (reed. FCG, Lisboa, 1985); idem, «Infl uência Portuguesa na Indonésia», Stvdia, 33 (Dez. 1971), CEHU, pp. 161-234.

2 Especialmente Paramita R. Abdurachman, Some Portuguese Loanwords in the Vocabulary of Speakers of Ambonese Malay in Christian Villages of Central Moluccas, Seri Lembaran Khusus No.1, Lembaga Research Kebudayaan Nasional, LIPI, Jacarta, 1972.

3 Deixando de lado a parte da obra de L. F. Thomaz relativa a Timor, a Malaca, ao arquipélago malaio no seu todo e às especiarias asiáticas, em que este autor, entre outros tópicos, trata também do relacionamento entre portugueses e indonésios, mencionam-se aqui apenas os estudos dedicados exclusivamente a esta questão: «Maluco e Malaca», A. Teixeira da Mota (ed.), A viagem de Fernão de Magalhães e a Questão das Molucas, Actas do II Colóquio Luso-espanhol de História Ultramarina, Lisboa, 1975, pp. 29-48 (reed. De Ceuta a Timor, Lisboa, Difel, «Memória e Sociedade», 1994, pp. 537-565); «L’infl uence du malais sur le vocabulaire portugais», III European Colloquium on Malay and Indonesian Studies, Luigi Santa Maria, Faizah Soetono Rivai e Antonio Torrentino (eds.), Nápoles, 1988, pp. 251-265; «Sumatra’s Westcoast in Portuguese Sources of the Mid 16th Century», Bernhard Dahm (ed.), Regions and Regional Developments in the Malay-Indonesian World. European Colloquium on Indonesian and Malay Studies (ECIMS), Otto Harrassowitz, Wiesbaden, 1992, pp. 23-32; «As cartas malaias de Abu Hayat, sultão de Ternate, a el-rei de Portugal e os primórdios da presença portuguesa em Maluco», Anais de História de Além-Mar, nº 4, 2003, pp. 381-446; «O malogrado estabelecimento ofi cial dos portugueses em Sunda e a islamização de Java», Colectânea documental, in Aquém e Além da Taprobana. Estudos luso-orientais à memória de Jean Aubin e Denys Lombard, Lisboa, CHAM, 2002, pp. 381-607.

M a n u e l L o b a t o

14

público a riqueza de um relacionamento que, se nem sempre foi pacífi co, e frequentemente tem sido mesmo atribulado, deixou marcas profundas e duradouras na história e na cultura portuguesa e indonésia.

* * *

Embora dirigido ao grande público, o presente texto tem por fi nalidade aprofundar o estudo do legado histórico e cultural que os portugueses deixaram nas ilhas Molucas. Embora uma tal herança diga respeito a diversos domínios científi cos, que vão da história à antropologia, à arqueologia ou à linguística, é dado aqui um especial destaque ao estudo do património arquitectónico militar erigido pelos portugueses – e também pelos espanhóis que, como veremos adiante, herdaram dos portugueses os estabelecimentos que estes possuíram nas ilhas Molucas.

Chegaram até aos nossos dias diversas fortifi cações e ruínas de fortifi cações cuja origem se pode, com maior ou menor segurança, imputar aos agentes da coroa portuguesa que actuaram nas ilhas Molucas durante o período de quase um século que medeia entre 1522 e 1605. Esse património arquitectónico, outrora parte integrante do império português do Oriente, designado ao tempo por Estado da Índia, está distribuído por diversas ilhas, as mais importantes das quais, embora não as maiores, são as ilhas de Ternate, Tidore e Amboino, subsistindo ainda em outras ilhas, como Halmahera, Bacan e Seram, vestígios de fortifi cações que podem ter sido erguidas por portugueses e espanhóis.

Contudo, o problema de uma identifi cação positiva destes sítios arqueológicos à luz da evidência histórica apresenta-se, nalguns casos, de difícil solução, dado o laconismo das fontes narrativas e arquivísticas e a imprecisão das tradições orais que se lhes referem.

Relativamente numerosas – mais de duas dezenas de construções num universo de 96 fortes recenseados na região4 –, as fortifi cações construídas pelas nações ibéricas nunca possuíram, no seu conjunto, a magnitude das fortifi cações congéneres que os portugueses – para referirmos apenas estes – ergueram em África, na Índia, em Ceilão ou no Brasil, as quais estão frequentemente inseridas em contextos

4 Cf. «Apendix E», in Inventory and Identifi cation of Forts in Indonesia, publicado pela Pusat Dokumentasi Arkitektur, Jacarta, Agosto de 2006.

15

F o r t i f i c a ç õ e s P o r t u g u e s a s e E s p a n h o l a s n a I n d o n é s i a O r i e n t a l

urbanísticos mais vastos e patrimonialmente mais ricos. Ainda assim, e apesar das destruições e remodelações que sofreram ao longo dos séculos, formam um conjunto único e bastante interessante. Apresen-ta-se muito valorizado aos olhos das populações locais, tanto do pontode vista das suas memórias colectivas, uma vez que esse património constitui um veículo de afi rmação da identidade das populações de algumas das ilhas – caso de Ternate e Tidore – e de grupos sociais específi cos, como sejam os cristãos de Amboino, como ainda do ponto de vista turístico, já que se trata de uma região economicamente deprimida, contrastando com a riqueza e o prestígio de que desfrutou no passado.

Esquecido durante muito tempo pelas historiografi as portuguesa e espanhola – já que aos espanhóis se deve a construção de um razoável número de fortifi cações nas ilhas Molucas e a reconstrução de outras preexistentes – este património não foi, contudo, inteiramente negligenciado pelos historiadores e eruditos holandeses durante o período colonial. Trabalharam, porém, quase exclusivamente a partir dos registos, relatórios e memórias produzidos pelos funcionários e administradores da VOC5. Mais recentemente, a partir de fi nais da década de 1980, alguns especialistas, na sua maioria espanhóis, iniciaram, no quadro da história das Filipinas e do Pacífi co, o trabalho de recuperar nas fontes narrativas ibéricas e nos materiais depositados nos arquivos de Portugal e de Espanha a memória dos antigos estabelecimentos ibéricos e do património arquitectónico deixado pelas comunidades que ali viveram.

Antes porém, em 1955, Charles Boxer divulgara em Portugal uma fotografi a (captada em 1933) das ruínas de uma fortaleza em Ternate supostamente portuguesa6. Poucos anos volvidos, Manuel Teixeira revelou a existência de um sino português em Ternate, num estudo que dedicou aos Bocarros, família de fundidores de artilharia muito activa em Goa e Macau na charneira dos séculos XVI-XVII7. Contudo, será preciso esperar pelos fi nais da década de 80 para que, pela mão de Florentino

5 Cf. F. S. A. de Clercq, Ternate. The Residency and Its Sultanate, Translated from the Dutch (Bijdragen tot de kennis der Residentie Ternate, Leiden, Brill, 1890) by Paul Michael Taylor and Marie N. Richards, Smithsonian Institution Libraries, Digital Edition, Washington, D.C., 1999.

6 Charles Boxer e Frazão de Vasconcelos, André Furtado de Mendonça, Lisboa, Agência Geral do Ultramar, 1955 (reimp. Macau, Fundação Oriente / Centro de Estudos Marítimos de Macau, 1989), entre as pp. 70-71.

7 Manuel Teixeira, The Portuguese Missions in Malacca and Singapore - 1511-1958, vol. I, 2.ª ed., Instituto Cultural de Macau, Macau, 1987, p. 495.

M a n u e l L o b a t o

16

Rodao, surgisse a primeira tentativa de cruzar dados recolhidos no terreno com informação documental e arquivística, num artigo acompanhado de algumas fotografi as das fortifi cações de Ternate e de um mapa da ilha assinalando a localização das mesmas, onde o autor fez uma primeira tentativa de identifi cação positiva das ruínas8.

Apesar do muito que tem sido escrito e repetido ao longo dos anos, este património permanece ainda insufi cientemente estudado. Na verdade, no que toca às fortifi cações portuguesas e espanholas, muito do que circula como divulgação cultural e turística carece ainda de confi rmação. Problemas cruciais continuam por desvendar no que toca à identifi cação de cada um dos fortes existentes em Ternate. Uma identifi cação positiva e bem sucedida só poderá ser efectuada com base na articulação do trabalho de campo com a informação dispersa pelo vasto corpo histórico-documental que diz respeito à história da presença europeia nas ilhas Molucas9.

Antes de prosseguirmos na averiguação das circunstâncias particu-lares que rodearam o nascimento e acompanharam a vida de cada uma das edifi cações, convém esclarecer alguns aspectos essenciais para a compreensão do contexto histórico mais geral em que se insere este património arquitectónico. De entre todas as fortifi cações que os portugueses construíram no arquipélago malaio ao longo do século XVI, apenas três – Malaca (1513), Pacém (1521) e Ternate (1522) – se deveram à iniciativa directa da coroa portuguesa. Embora a de Ternate tenha sido construída já depois da morte do rei D. Manuel (r. 1495-1521), a sua erecção deveu-se a uma ordem expressa deste rei. Por esse motivo e também pelas suas características arquitectónicas, estas fortalezas podem ser consideradas «manuelinas»10.

8 Florentino Rodao, «Restos de la presencia ibérica en las islas Molucas», España y el Pacífi co, Coord. de Florentino Rodao, Prólogo por Leoncio Cabrero, Madrid, Agencia Española de Cooperación Internacional / Asociación Española de Estudios del Pacífi co, 1989, pp. 243-254.

9 Essa é, de resto, na actualidade, a prioridade traçada pelos próprios responsáveis indonésios pelo património arquitectónico, através da implementação de uma parceria indonésio-neerlandesa, à escala de todo o país, denominada precisamente Inventory and Identifi cation of Forts in Indonesia (cf. nota 4).

10 A fortaleza de Pacém era apenas um «fortim» defendido por 60 peças de artilharia. Foi conquistada pelo sultão do Achém em 1523. Cf. «Lembranças de cousas da Índia em 1525», in Rodrigo José de Lima Felner, Subsídios para a historia da India Portugueza, Lisboa, Academia das Ciências, 1868, p. 16; Jorge M. dos Santos Alves, «Une Ville Inquiéte et un Sultan Barricadé: Aceh vers 1588 d’aprés le Roteiro das Cousas do Achém de l’Evêque de Malaka», Archipel, 39, 1990, p. 94. Sobre as fortalezas «manuelinas» na Ásia veja-se o recente estudo de André Teixeira, Fortalezas. Estado Português da Índia. A arquitectura militar na construção do Império de D. Manuel I (Lisboa, Tribuna da História, 2008).

17

F o r t i f i c a ç õ e s P o r t u g u e s a s e E s p a n h o l a s n a I n d o n é s i a O r i e n t a l

As restantes fortifi cações fi caram a dever-se à iniciativa de homens que se encontravam no terreno, agentes da coroa portuguesa uns, merca-dores ou missionários outros. Assim, as fortalezas de Nossa Senhora da Anunciada, na ilha de Amboino, e a dos Reis Magos, na ilha de Tidore, as únicas verdadeiras fortalezas que, além de Ternate, os portugueses possuíram nas três décadas que antecederam a partilha do domínio militar sobre as ilhas das especiarias entre espanhóis e holandeses, ambas foram erguidas – em 1576 a primeira e em 1578 a segunda – por iniciativa do capitão de Amboino, Sancho de Vasconcelos (1572-91). Ora este fi dalgo guindou-se ao cargo de capitão de fortaleza ou praça-forte – cargo equiparável ao de governador provincial, para empregar a terminologia usual noutros impérios coloniais – ao tornar-se chefe dos sobreviventes de uma expedição militar enviada pela coroa às Molucas em 1565 com o fi to de proteger estas ilhas da ameaça representada pela armada de Miguel López de Legazpi, que haveria de estabelecer o domínio espanhol sobre as ilhas Filipinas. O cargo de capitão da fortaleza de Amboino, que Vasconcelos efectivamente exerceu, só viria a ser plenamente reconhecido pelas autoridades portuguesas aquando da nomeação do seu sucessor, António Pereira Pinto, motivo pelo qual o primeiro foi permanecendo naquele cargo ao longo de quase duas décadas, quando era prática corrente no Estado da Índia a capitania das fortalezas ser concedida por períodos não renováveis de apenas três anos, de acordo com os regimentos.

Finalmente encontramos uma terceira categoria de pequenas fortifi cações e feitorias fortifi cadas, geralmente com uma funcionalidade limitada e um ocupação militar efémera, construídas em materiais perecíveis e/ou taipa e, mais raramente, em pedra. Tanto se fi caram a dever à acção dos capitães das principais fortalezas, como, isoladamente, à iniciativa de capitães de navios e outros cabos de guerra, ou aos esforços de casados portugueses e até de missionários que contavam com o apoio de populações locais. Por vezes, aliás, o sistema defensivo estava reduzido a uma cerca construída para proteger uma povoação indígena preexistente, como a que o jesuíta Diogo de Magalhães ergueu em Nusanive, na ilha de Amboino, em 156211. Os privados, quer mercadores quer missionários jesuítas, não ergueram nas ilhas Molucas

11 Veja-se adiante a secção 7.

M a n u e l L o b a t o

18

fortalezas da magnitude das que os padres dominicanos construíram em Solor e Ende, nas Pequenas Ilhas de Sunda, que funcionavam como reduto defensivo dos cristãos e como base naval para o comércio de sândalo de Timor.

67

Fontes

Fontes manuscritas

AN/TTMiscelâneas Manuscritas do Convento da Graça, Cx. 2, t. III.

Núcleo Antigo, n.º 75.

Arquivo Histórico UltramarinoConselho Ultramarino, códices 217 e 500.

Archivo General de IndiasFilipinas, Leg. 18B, R. 9; Leg. 60, N. 12 e N. 18.

Patronato, Leg. 46, R. 8; Leg. 47, R. 3 e R. 21; Leg. 53, R. 25.

SimancasSecretarias de Estado, Cod. 1551.

Fontes impressas e estudos

AAVV, Inventory and Identifi cation of Forts in Indonesia, Pusat Dokumentasi Arkitektur, Jacarta, Agosto de 2006.

ABDURACHMAN, Paramita R., «Atakiwan, Casados and Tupassi. Portuguese Settlements and Christian Communities in Solor and Flores (1536-1630)», Masyarakat Indonesia, X, 1 (1983), pp. 83-117.

Idem, Some Portuguese Loanwords in the Vocabulary of Speakers of Ambonese Malay in Christian Villages of Central Moluccas, Seri Lembaran Khusus No.1, Lembaga Research Kebudayaan Nasional, LIPI, Jacarta, 1972.

ALVES, Jorge M. dos Santos, «Une Ville Inquiéte et un Sultan Barricadé: Aceh vers 1588 d’aprés le Roteiro das Cousas do Achém de l’Evêque de Malaka», Archipel, 39, 1990, pp. 93-112.

ANDAYA, Leonard Y., The World of Maluku. Eastern Indonesia in the Early Modern Period, Honolulu, University of Hawaii Press, 1993.

ARGENSOLA, Bartolomé Leonardo de, Conquista de las Islas Malucas, 3.ª ed., Madrid, Ediciones Miraguano-Polifemo, «Biblioteca de Viajeros Hispánicos», n.º 7,

1992 [Madrid, 16091; Madrid, Imprenta del Hospicio Provincial, 18912].

M a n u e l L o b a t o

68

BARNES, R. H., «Avarice and iniquity at the Solor Fort», Bijdragen tot de Taal-,

Land- en Volkenkunde, 143 (1987), 2-3, pp. 208-236

BARROS, João de, Ásia. Dos Feitos que os Portugueses fi zeram no Descobrimento e

Conquista dos Mares e Terras do Oriente, 4 vols. (Década Primeira, Segunda, Terceira

[15631] e Quarta[16151]), actualização ortográfi ca e anotações de Hernâni

Cidade, anotações históricas de Manuel Múrias, Lisboa, Agência-Geral

das Colónias, 1945-1948 [reed. em CD-ROM, Lisboa, CNCDP, «col. Ofhir»,

1998].

BASÍLIO DE SÁ, Artur (sel., leit. e notas), Documentação para a História das Missões

do Padroado Português do Oriente — Insulíndia, 6 vols., Lisboa, AGU - CEHCA

(IICT), 1954-1988.

BASSET, D. K., «English Trade in Celebes, 1613-1667», Journal of the Malayan

Branch of the Royal Asiatic Society, XXXI, 1 (1958), pp. 1-39.

BLAIR, Emma Helen e ROBERTSON, James Alexander, The Philippine Islands 1493-

1898, vols. 15 e 27, Cleveland, Ohio, Arthur H. Clark, 1904 e 1905 [reimp.

anastática em 16 tomos, 1973].

BLANCO, Maria Manuela Sobral, O Estado português da Índia. Da rendição de Ormuz

à perda de Cochim (1622-1663), vol. II, «Apêndice documental», Dissertação

de Doutoramento, Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras, Lisboa,

1992, policop.

BOHIGIAN, Gary William, Life on the Rim of Spain’s Pacifi c-American Empire: Presidio

Society in the Molucca Islands, 1606-1663, Dissertação (MA), Los Angeles,

Universidade da Califórnia, 1994, dactil.

BOTELHO DE SOUSA, Alfredo, Subsídios para a história militar-marítima da Índia

(1585-1669), 4 vols., vols. I (1585-1605) e II (1605-1617), Lisboa, 1930-1948.

BOXER, C. R., Francisco Vieira de Figueiredo: A Portuguese Merchant-Adventurer in South

East Asia, 1624-1667, Haia, Martinus Nijhoff, 1967.

Idem, «The Topasses of Timor», Koninklijke Vereeniging Indisch Institute, Mededling,

LXXIII, 24 (1947), pp. 1-21 [trad. port. «Timor turbulento», Fidalgos no Extremo

Oriente, 1550-1770, Macau, Fundação Oriente / Centro de Estudos Marítimos

de Macau, 1990, pp. 181-204].

Idem e VASCONCELOS, Frazão de, André Furtado de Mendonça, Lisboa, Agência

Geral do Ultramar, 1955 (reimp. Macau, Fundação Oriente / Centro de

Estudos Marítimos de Macau, 1989).

CASTANHEDA, Fernão Lopes de, História do Descobrimento e Conquista da India pelos

Portugueses [15541], n. ed., introdução e revisão de M. Lopes de Almeida,

2 vols., Porto, Lello & Irmão, col. «Tesouros da Literatura e da História»,

1979.

69

F o r t i f i c a ç õ e s P o r t u g u e s a s e E s p a n h o l a s n a I n d o n é s i a O r i e n t a l

CLERCQ, F. S. A. de, Ternate. The Residency and Its Sultanate, Translated from the

Dutch (Bijdragen tot de kennis der Residentie Ternate, Leiden, Brill, 1890) by Paul

Michael Taylor and Marie N. Richards, Smithsonian Institution Libraries,

Digital Edition, Washington, D.C., 1999.

Colección de documentos inéditos relativos al descubrimiento, conquista y organización de

las antiguas posesiones espanolas de América y Oceanía, vol. V, D. Luiz Torres de

Mendoza, Madrid, Real Academia de la Historia, 1888, reimp. Nendeln,

Liechtenstein, 1967.

COLÍN, Francisco e PASTELLS, Pablo, Labor evangélica, ministerios apostólicos de

los obreros de la Compañia de Jesús, fundación y progresso de su provincia en las Islas

Filipinas, historiados por el padre Francisco Colin provincial de la misma compañia

(...). Parte primera sacada de los manuscritos del padre Pedro Chirino el primero de

la Compañia que passó de los reynos de España a estas islas por orden y a costa de la

Catholica y Real Magestad, Nueva ed. il. con copia de notas y documentos (…)

por Pablo Pastells, S.J., Barcelona, 3 vols., 1900-1904.

COMMELIN, Isaac, Begin ende Voortgangh van de Vereenighde Nederlandsche Geoctroyeerde

Oost-Indische Compagnie, Amsterdão, 1646.

CORREIA, Gaspar, Lendas da Índia, Rodrigo José de Lima Felner, Lisboa, Academia

Real das Sciencias, 4 tomos em 8 vols., 1856-1866.

COUTO, Diogo do, Da Ásia. Dos feitos, que os portuguezes fi zeram na conquista, e

descobrimento das terras, e mares do Oriente. Decada Sexta. Parte Segunda, Facsimile

da ed. Regia Offi cina Typografi ca [Lisboa, 1781], Lisboa, Livraria Sam Carlos,

1974.

Idem, Da Ásia. Dos feitos, que os portuguezes fi zeram na conquista, e descobrimento das terras,

e mares do Oriente. Decada Nona, Facsimile da ed. Regia Offi cina Typografi ca

[Lisboa, 1786], Lisboa, Livraria Sam Carlos, 1974.

Idem, Década Quarta da Ásia, edição crítica e anotada coordenada por M. Augusta

Lima Cruz, vol. I, Lisboa, CNCDP, Fundação Oriente, Imprensa Nacional-

Casa da Moeda, 1999.

DALGADO, Sebastião Rodolfo, Glossário Luso-Asiático, 2 vols., Academia das

Ciências de Lisboa, Imprensa da Universidade, Coimbra, 1919-21.

EREDIA, Godinho de, Malaca, l’Inde Méridionale et le Cathay, trad. e ed. de M. Léon

Janssen, Bruxelas, 1882.

FARIA E SOUSA, Asia portugueza, trad. de Maria Vitória Garcia Santos Ferreira,

vol. II, Porto, 1947.

FOSTER, William (ed.), The Voyage of Sir Henry Middleton to the Molluccas, 1604-1606,

Hakluyt Society, 1943, Klaus Reprint, Millwood, Nova Iorque, 1990.

GARCÍA-ABÁSOLO, Antonio e PORRAS, José Luis, Spain in the Moluccas. Galleons

around the wold, Jacarta, 1992.

M a n u e l L o b a t o

70

GIESE, Wilhelm, «Mots malaisiens empruntés au portugais», Actas do IX Congresso Internacional de Linguistica Românica, Boletim de Filologia, t. XVIII, 1959, pp. 274-295.

GONÇALVES VIANA, A.R., «Vocabulário malaio, derivado do português», Revista Lusitana, t. VIII, pp. 4-28, Lisboa

GIRAUD, Yves, Voyages et aventures du capitaine Ripon aux Grandes Indes. Journal inédit d’un mercenaire (1617-1627), Thonon-les-Bains, Éditions de l’Albaron, 1990.

GUERREIRO, Fernão, Relação anual das coisas que fi zeram os Padres da Companhia de Jesus nas suas missões [...] nos anos de 1600 a 1609, t. II (1604-1606), Coimbra, Imprensa da Universidade, 1931.

JACOBS, Hubert, S. J.,«The Discurso Politico del Gobierno Maluco of Fr. Francisco Combés and its Historical Impact», Philippine Studies, 29 (1981), pp. 309-344.

Idem (ed.), Documenta Malucensia (1542-1682), Edited and Annotated by **, 3 vols., Roma, Instituto Historico Societatis Iesu, col. «Monumenta Historica Societatis Iesu», n.os 109-119-126, Monumenta Missionum Societatis Iesu - Missiones Orientalis, XXXII / XXXIX / XLIII; vol. I (1542-1577), 1974; vol. II. (1577-1606) 1980; vol. III (1606-1682) 1984.

Idem, «The Portuguese town of Ambon, 1567-1605», Luís de Albuquerque e Inácio Guerreiro (eds.), II Seminário Internacional de História Indo-portuguesa, Lisboa, IICT, 1985, pp. 601-614.

Idem, A Treatise on the Molucas (c. 1544) Probably the Preliminary Version of António Galvão’s lost Historia das Molucas, edited, annotated and translated into English from the portuguese manuscript in the Archivo General de Indias, Seville, Roma e St. Louis, USA, Historical Institute, Sources and Studies for the History of the Jesuits, III 1971.

KNAAP, Gerrit, «Headhunting, Carnage and Armed Peace in Amboina, 1500-1700», Journal of the Economic and Social History of the Orient, 46, 2 (2003), pp. 165-192.

LLANOS, Maria Bellén Bañas, Islas de las Espécies. Fuentes etnohistóricas sobre las Islas Molucas (s. XIV-XX), Cáceres, Universidad de Extremadura, 2000.

LIMA FELNER, Rodrigo José de, Subsídios para a historia da India Portugueza, col. «Monumentos Ineditos para a História das conquistas dos portugueses», tomo V, 1.ª série, Academia Real das Sciencias, 1868.

LOBATO, Manuel, «Fortalezas do Estado da Índia: do centro à periferia», A arquitectura militar na expansão portuguesa, CNCDP, Porto, 1994, pp. 43-55.

Idem, «Implementar a União Ibérica na Ásia: o relato da viagem de Francisco de Dueñas de Manila a Maluco em 1582», O reino, as ilhas e o mar-oceano. Estudos em homenagem a Artur Teodoro de Matos, Avelino de Freitas de Meneses e João Paulo Oliveira e Costa (coord.), vol. 2, Ponta Delgada, Lisboa, Universidade dos Açores-CHAM, 2007, pp. 785-811.

71

F o r t i f i c a ç õ e s P o r t u g u e s a s e E s p a n h o l a s n a I n d o n é s i a O r i e n t a l

Idem, «Timor», História dos Portugueses no Extremo Oriente, A. H de Oliveira Marques

(dir.), 1.º vol., t. II, Lisboa, Fundação Oriente, 2000, p. 358.

Idem, Política e comércio dos portugueses na Insulíndia. Malaca e as Molucas de 1575 a

1605, Macau, Instituto Português do Oriente, 1999.

LOPES, David, A expansão da Lingua Portuguesa na Oriente nos Séculos XVI,

XVII e XVIII, Barcelos, 1936.

LUCENA, João de, História da Vida do Padre Francisco Xavier, Comentário de Luís de

Albuquerque, transcrição em português actual por Maria da Graça Pericão, II,

Lisboa, Publicações Alfa, «Biblioteca da Expansão Portuguesa», Lisboa, 1989.

MATOS, A. Teodoro de, Na Rota das Especiarias. De Malaca à Austrália, IN/CM,

1995.

NUNES, Fernando Oudinot Larcher, «D. Frei Miguel Rangel e as problemáticas

da missionação no Oriente do seu tempo», Actas do Congresso Internacional de

História. Missionação Portuguesa e Encontro de Culturas, II, Braga, 1993, pp. 149-

216.

NAVARRETE, Don Martin Fernández de, Colección de los viages y descubrimientos que

hicieron por mar los Espanoles desde fìnes del siglo XV, con varios documentos ineditos

concernientes a la historia de la marina castellana y de los establecimientos españoles,

2.ª ed., vol. III, Estudio Preliminar de D. Carlos Seco Serrano, Biblioteca

de Autores Españoles desde la formacion del lenguaje hasta nuestros dias

(continuacion), Biblioteca de Auctores Españoles, Madrid, 1964.

PÉREZ, Lorenzo OFM, «Historia de las misiones de los Franciscanos en las islas

Malucas y Célebes», Archivum Franciscanum Historicum, VII (1914), pp. 198-226.

PINTO DA FRANÇA António, Portuguese Infl uence in Indonesia, Gunung Agung,

Jacarta, 1970 (reed. FCG, Lisboa, 1985).

Idem, «Infl uência Portuguesa na Indonésia», Stvdia, 33 (Dez. 1971), CEHU, pp.

161-234.

PINTO PEREIRA, António, Historia da India no tempo em que a governou o visorey

dom Luis de Ataide, reprodução em fac-símile do exemplar com data de 1617

da Biblioteca da INCM, Introdução de Manuel Marques Duarte, Imprensa

Nacional-Casa da Moeda, 1987.

PURCHAS, Samuel, Hakluytus Posthumus or Purchas His Pilgrimes Contayning a

History of the World in Sea Voyages and Lande Travells by Englishmen and others, Vols.

II e III, Glasgow, 1905.

RAMERINI, Marco, Le fortezze spagnole nell’isola di Tidore, www.colonialvoyage.com.

RODAO, Florentino, «Restos de la presencia ibérica en las islas Molucas»,

España y el Pacífi co, Coord. de Florentino Rodao, Prólogo por Leoncio Cabrero,

Madrid, Agencia Española de Cooperación Internacional / Asociación Espa-

ñola de Estudios del Pacífi co, 1989, pp. 243-254.

M a n u e l L o b a t o

72

SILVA, D.. Jerónimo de, Correspondencia de Don Gerónimo de Silva con Felipe III, Don Juan de Silva, el rey de Tidore y otros personajes, desde abril de 1612 hasta febrero de 1617, sobre el estado de las islas Molucas, Sacada de una copia coetánea perteneciente á don Martín Fernandez de Navarrete por los señores marques de Mirafl ores y D. Miguel Salva, «Colección de Documentos Inéditos para la Historia de España», vol. LII, Madrid, Imprenta de la Viuda de Calero, 1868.

SILVA REGO, A. da (ed.), Documentação Ultramarina Portuguesa, vols. I-II, Lisboa, CEHU, 1960-62.

Idem, Gavetas (As) da Torre do Tombo, vols. I e III, Lisboa, Centro de Estudos Históricos Ultramarinos, 1960 e 1963.

Idem, «As Molucas em princípios do século XVI», A Viagem de Fernão de Magalhães e a Questão das Molucas, ed. A. Teixeira da Mota, Lisboa, Junta de Investigações Científi cas do Ultramar, 1975, pp. 75-89.

SOUSA VITERBO (dir.), Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Constructores Portuguezes (...), II, Lisboa, 1904 [reimp. 1988].

SOUSA, Francisco de, S. J., Oriente Conquistado a Jesus Christo pelos padres da Companhia de Jesus da Provincia de Goa, introdução e revisão de M. Lopes de Almeida, Porto, Lello & Irmão, col. «Tesouros da Literatura e da História», 1978.

TEIXEIRA, André, Fortalezas. Estado Português da Índia. A arquitectura militar na construção do Império de D. Manuel I, Lisboa, Tribuna da História, 2008.

TEIXEIRA, Manuel, The Portuguese Missions in Malacca and Singapore (1511-1958), I, Lisboa, 1961 [reimp., Macau, Instituto Cultural de Macau, 1987].

THOMAZ, L. F., «As cartas malaias de Abu Hayat, sultão de Ternate, a el-rei de Portugal e os primórdios da presença portuguesa em Maluco», Anais de História de Além-Mar, nº 4, 2003, pp. 381-446.

Idem, «L’infl uence du malais sur le vocabulaire portugais», III European Colloquium on Malay and Indonesian Studies, Luigi Santa Maria, Faizah Soetono Rivai e Antonio Torrentino, Nápoles, 1988, pp. 251-265.

Idem, «O malogrado estabelecimento ofi cial dos portugueses em Sunda e a islamização de Java», Colectânea documental organizada, apresentada e anotada por ***, in L. F. Thomaz (dir.), Aquém e Além da Taprobana. Estudos luso-orientais à memória de Jean Aubin e Denys Lombard, Lisboa, CHAM, 2002, pp. 381-607.

Idem, Os Portugueses em Malaca (1511-1580), I,Diss. De Lic., Lisboa, FLUL, 1964, (dactil.).

VARELA, Consuelo (ed., introd. e notas), El viaje de don Ruy López de Villalobos a las

islas del Poniente, 1542-1548, de, Milão, Cisalpino-Goliardica, 1983.

Lisboa, 6 de Março de 2009Manuel Lobato

Manuel Lobato

FORTIFICAÇÕESPORTUGUESAS e ESPANHOLASNA INDONÉSIA ORIENTAL

Manuel Lobato nasceu em

Lisboa em 1956. Licenciado

em História (1980) e mestre

em História dos Descobri-

mentos e da Expansão Por-

tuguesa (1993), foi bolseiro

de doutoramento da Funda-

ção Oriente. É investigador

auxiliar do Instituto de In-

vestigação Científi ca Tropi-

cal (Lisboa). Especializou-se

na história da presença por-

tuguesa na África Oriental e

na Ásia do Sul e Sueste, sen-

do autor de Política e Comércio

dos Portugueses na Insulíndia.

1575-1605 (IPOR, Macau,

1999) e O Domínio da Distância

(em co-edição, IICT, 2006).

Fort

ific

açõe

s po

rtu

gues

as e

esp

anh

olas

na

Ind

on

ésia

Ori

enta

lM

AN

UE

L L

OB

AT

O

ISBN 978-989-652-054-0

9 7 8 9 8 9 6 5 2 0 5 4 0

Com o apoio de:

Embora dirigido ao grande públi-

co, Fortifi cações Portuguesas e Espanholas

na Indonésia Oriental tem por fi nalida-

de aprofundar o estudo do patrimó-

nio arquitectónico militar erigido por

portugueses e espanhóis nos arqui-

pélagos das Molucas e de Sunda.

Duas dezenas de fortifi cações, de que

subsistem, nalguns casos, apenas

vestígios e ruínas, formam um con-

junto coerente e único, apesar das

destruições e remodelações sofridas

ao longo dos séculos. Esse patrimó-

nio arquitectónico – parte integrante

do império português do Oriente de

1522 a 1605, administrado a partir de

Manila de 1606 a 1663 – está distri-

buído por diversas ilhas, como Terna-

te, Tidore, Amboino e outras.

Esquecido pela historiografi a por-

tuguesa e espanhola, este património

é agora objecto do cruzamento de

dados recolhidos no terreno em Abril

de 2007 com informação documen-

tal e arquivística relativa à história

da presença europeia naquelas ilhas.

A resolução do problema da identi-

fi cação positiva dos sítios arqueoló-

gicos à luz da evidência documental

supera, assim, quer o laconismo das

fontes narrativas e arquivísticas, quer

a valorização na memória colectiva e

nas tradições orais de um património

que constitui um veículo de afi rmação

de identidade das populações locais.