Efeitos indiretos sobre a fauna do corredor bioceânico central em uma área protegida do deserto do...

22
Tendências e Pesquisas Alex Bager ECOLOGIA DE ESTRADAS Ecologia de Estradas

Transcript of Efeitos indiretos sobre a fauna do corredor bioceânico central em uma área protegida do deserto do...

Tend

ênci

as e

Pes

quis

as

EditorAlex Bager

ECOLOGIA DE ESTRADASTe

ndên

cias

e P

esqu

isas

Alex Bager

ECOLOGIA DE ESTRADAS

Ecologia de E

stradasA

lex Bager

EDITOR

Alex Bager

ECOLOGIA DE ESTRADASTendências e Pesquisas

Lavras - MG2012

© 2012 by Alex BagerNenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, por qualquer meio ou forma, sem aautorização escrita e prévia dos detentores do copyright.Direitos de publicação reservados à Editora UFLA.Impresso no Brasil – ISBN: 978-85-8127-006-7

UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRASReitor: Antônio Nazareno Guimarães MendesVice-Reitor: José Roberto Soares Scolforo

Editora UFLACampus UFLA - Pavilhão 6 - Nave 2Caixa Postal 3037 – 37200-000 – Lavras – MGTel: (35) 3829-1532 – Fax: (35) 3829-1551E-mail: [email protected]: www.editora.ufla.br

Diretoria Executiva: Renato Paiva (Diretor)Conselho Editorial: Renato Paiva (Presidente), Brígida de Souza, Flávio Meira Borém, JoelmaPereira e Luiz Antônio Augusto GomesAdministração: Sebastião Gonçalves FilhoSecretaria: Caíque Cleovane E. Carvalho (Secretário), Emanuelle Roberta S. de Castro e Mariana C.AlonsoComercial/Financeiro: Douglas S. Pires, Glaucyane Paula A. Ramos e Quele P.de GoisRevisão de Texto: Rose Mary Chalfoun BertolucciReferências Bibliográficas: Márcio Barbosa de AssisEditoração Eletrônica: Fernanda C. Pereira, Patrícia C. de Morais e Renata de L. RezendeCapa: Alex Bager

Ficha Catalografica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos da Biblioteca da UFLA

Ecologia de estradas : tendências e pesquisas / editor, Alex Bager. – Lavras : Ed. UFLA, 2012. 314 p. : il. ; 17 x 24 cm.

Bibliografia.

1. Road ecology. 2. Ecologia de paisagem. 3. Fragmentação. 4. Impactos antrópicos. 5. Planejamento territorial. I. Título.

CDD – 577.272

PARTE I – Tendências ......................................................

Ecologia de estradas no Brasil.- Contexto histórico e perspectivas futuras

Bager, A.; Fontoura, V. ..........................................................

A rede viária e a fauna: impactos, mitigação e implicações para aconservação das espécies em Portugal

Grilo, C. ...........................................................................

A tomada de decisão sobre grandes estradas amazônicas

Fearnside, P. M. ...............................................................

PARTE II – Métodos de estudo...........................................

Atropelamento de fauna selvagem: Amostragem e análise de dadosem ecologia de estradasRosa, C. A.; Cardoso, T. R.; Teixeira, F. Z.; Bager, A. ............................

Análise do poder do teste de um estudo de atropelamento defauna em uma ferrovia brasileiraScoss, L. M.; Câmara, E. M. V. C. ..........................................................

Métodos de coleta para avaliação longitudinal da ictiofauna emriachos interceptados por tubulaçõesCelestino, E. F.; Kashiwaqui, E. A. L.; Mariano, J. R.; Makrakis, S.;Makrakis, M. C. ....................................................................................

PARTE III – Estudos de caso .............................................

Avaliação da mortalidade de vertebrados em rodovias no BrasilDornas, R. A. P.; Kindel, A.; Bager, A.; Freitas, S. R. .............................

Ecologia de estradas no pampa brasileiro: A perda de répteis poratropelamentosHartmann, P. A.; Mainardi, L. M.; Rebelato, M. M.; Delabary, B. F. ........

A distribuição espacial de atropelamentos da fauna silvestre e suarelação com a vegetação: Estudo de caso da rodovia BR-040Bueno, C.; Freitas, L. E.; Coutinho, B. H.; Oswaldo Cruz, J. H.; CastroJunior, E. de .........................................................................................

Mortalidade de vertebrados na rodovia BR-101, no sul do BrasilDornelles, S. S.; Schlickman, A.; Cremer, M. J. .....................................

SUMÁRIO

11

13

35

59

77

79

101

115

137

139

153

167

179

Atropelamento de mamíferos silvestres de médio e grande portenas rodovias PR-407 E PR-508, planície costeira do estado doParaná, BrasilLeite, R. M. S; Bóçon, R.; Belão, M.; Silva, J. C. .....................................

Levantamento de mamíferos atropelados na rodovia BR-158, Estadode Mato Grosso, BrasilSouza, J. L.; Anacleto, T. C. S................................................................

Estudo dos atropelamentos dos animais silvestres na FlorestaNacional de Carajás, Pará, BrasilMartins-Hatano, F.; Monteiro, P. S. D.; Alves, A. G.; Dutra, F. M.; Oliveira,M. C.; Miranda-Silva, R.; Castro, R. B.; Ueoka, P. Y. B.; Hatano, F. H......

Efeitos indiretos sobre a fauna do corredor bioceânico central emuma área protegida do deserto do monte: parque provincialIschigualastoBorghi, C. E.; Campos, C. M.; Ortuño, N.; Beninato, V.; Andino, N.;Campos, V.; De Los Rios, C.; Cappa, F.; Giannoni, S. M.........................

Assimetria flutuante como bioindicadora de impactos de rodoviasem interações entre insetos e plantasGuimarães, C. D. C.; Viana, J. P.; Silva, B.; Cornelissen, T..........................

Influência de rodovias no processo de transformação da paisagem:O caso do sistema anchieta-imigrantesMello, K.; Abessa, D. M. S.; Toppa, R. H................................................

Comparação da estrutura arbórea de reservas e áreas na beira deestradas de cerrado (sentido restrito) no Triângulo MineiroVasconcelos, P. B.; Araújo, G. M............................................................

Adequação ambiental e paisagística do prolongamento da rodoviados Bandeirantes - SPFreitas, L. G .B.; Rodrigues, R. R.............................................................

193

207

223

237

253

267

283

297

usuario
Resaltado
usuario
Resaltado
usuario
Resaltado
usuario
Resaltado

EFEITOS INDIRETOS SOBRE A FAUNA DO CORREDOR

BIOCEÂNICO CENTRAL EM UMA ÁREA PROTEGIDA DO DESERTO

DO MONTE: PARQUE PROVINCIAL ISCHIGUALASTO

BORGHI, C. E1, 2

CAMPOS, C. M1, 2, 3

ORTUÑO, N.1

BENINATO, V.1

ANDINO, N.1, 2

CAMPOS, V.1, 2

DE LOS RIOS, C.1

CAPPA, F.1, 2

GIANNONI, S.M.1, 2

1 Grupo INTERBIODES, Departamento de Biología e Instituto y Museo de Ciencias Naturales, Facultad

de Ciencias Exactas, Físicas y Naturales, Universidad Nacional de San Juan, Argentina, Av. Ignacio de la

Roza 590 (Oeste), J5402DCS, Rivadavia, San Juan, Argentina. 2Consejo Nacional de Investigaciones

Científicas y Técnicas (CONICET-Argentina); 3Grupo INTERBIODES, Instituto Argentino de

Investigaciones de las Zonas Áridas (CCT), Mendoza, Argentina.

Resumo

O Corredor Bioceânico Central é uma estrada que conectará os oceanos do Pacífico e do Atlântico. No

seu trecho pela Argentina, atravessa o Parque Provincial Ischigualasto, um ecossistema árido que

protege espécies com problemas de conservação. O Corredor produzirá efeitos produzidos pelo

incremento e novo uso por trânsito veicular de trechos de estrada dentro do Parque e pelo aumento do

turismo que visitará o Parque devido aos melhores acessos. Os objetivos são: 1) Avaliar os principais

lugares de cruzamento da estrada de duas espécies nativas: Dolichotis patagonum e Lama guanicoe com

o objetivo de propor pontos onde construir passagens de fauna; 2) Avaliar o efeito das estradas

atualmente construídas sobre o uso de habitat das duas espécies; 3) Avaliar o efeito atual do caminho

turístico sobre o uso de habitat por D. patagonum. Com os dados de presença de rastros se estimaram

densidades de uso pelo método de áreas kernel, para sugerir a localização de passagens de fauna

superior. Para avaliar se o uso de habitat por D. patagonum é influenciado pelo caminho turístico foram

comparados abundâncias relativas em duas distâncias do caminho. O caminho com o fluxo atual de

circulação afetou negativamente o uso de hábitat de D. patagonum. Os resultados mostram que as

espécies estudadas utilizam as áreas de estrada ainda sem circulação ou com pouca circulação atual. D.

patagonum prefere ambientes abertos à estrada e suas proximidades são utilizadas, sobretudo quando

não tem circulação veicular. L. guanicoe não parece perceber as áreas de estrada como arriscadas,

utilizando o espaço indistintamente. Propõem-se medidas para mitigar os efeitos da instalação do

Corredor.

Abstract

The Central Bioceanic Corridor is a road that will link ports on the Pacific and Atlantic coasts. In

Argentina, the road traverses the Ischigualasto Provincial Park, an arid ecosystem inhabited by

endangered species. The Corridor will have effects owing to increased and new vehicle traffic along road

sections within the Park and to higher use of the internal trail for tourists. The objectives of this study

are: 1) Evaluating the main road crossing points for two native species: Dolichotis patagonum and Lama

guanicoe to propose places for building wildlife crossings; 2) Assessing the effect of currently built roads

on habitat use by both species; and 3) Assessing the current effect of the Park’s inner trail on habitat use

by D. patagonum. Data on presence of animal signs were used in estimating kernel areas to suggest

location of crossing structures. Animal relative abundance was estimated for different road sections and

related to biotic and abiotic variables. To evaluate the effect of the internal trail on D. patagonum,

relative abundances were compared at two distances from the trail during two seasons. Results show

that both studied species use areas of the road as yet untravelled or with little current traffic. D.

patagonum prefers the inner trail where vehicle traffic is low. L. guanicoe appears not to perceive road

areas as being hazardous. To mitigate the effects of the Corridor, we suggest construction of overhead

and underground wildlife crossings allowing for connectivity between populations.

1. Introdução

O Corredor Bioceânico Central vai liga os dois oceanos (Pacífico e Atlântico), através dos portos do

Coquimbo (Chile) e do Rio Grande (Porto Alegre, Brasil) passando pelo Paso de Agua Negra (San Juan,

Argentina). Esta via é um instrumento “físico-territorial” que agilizará o comercio dos países do cone Sul

da América Latina, principalmente entre o MERCOSUL e Chile. Por tanto, se prevê que terá um alto

trânsito que afetará significativamente o ecossistema.

O Corredor Bioceânico Central, no seu trecho da província de San Juan, atravessa uma área protegida de

singular importância e interesse turístico, paisagístico e cientifico: o Parque Provincial Ischigualasto

(PPI). Este parque foi nomeado Patrimônio da Humanidade (UNESCO) devido à importância de suas

jazidas paleontológicas, sua espetacular beleza paisagística e por que nele se distribui uma

biodiversidade de singular interesse. No PPI habitam espécies endêmicas de flora e fauna com

diferentes problemas de conservação, incrementando o valor biológico da área protegida (ACOSTA &

MURÚA, 1999; CORTÉZ et al., 2005).

Os ambientes áridos em geral são sistemas sensíveis e altamente instáveis devido a suas condições

intrínsecas. A esta situação se adicionam as perturbações originadas pelas infra-estruturas lineais como

as estradas relacionadas com as atividades comerciais e turísticas. O PPI é uma das áreas protegidas do

Bioma Monte Árido que recebe maior afluência de visitantes (cerca de 50.000 ao ano) e as projeções

indicam que o número de turistas se incrementará (CORTÉZ et al., 2006), especialmente depois da

construção do Corredor Bioceânico Central. Por tanto, os efeitos das infra-estruturas lineais sobre o

ecossistema deveriam ser avaliadas para conseguir um desenvolvimento econômico sustentável que

não ponha em risco a conservação da biota da área protegida.

A construção e funcionamento das infra-estruturas lineais de transporte levam a que os processos

ecológicos sofram modificações que repercutem direta e indiretamente sobre a fauna. As estradas

geralmente criam barreiras para o movimento natural da fauna, eliminam e/o fragmentam hábitats e

causam mortalidade direta através de atropelamentos (LAURANCE et al., 2009). A redução da

conectividade entre habitats e a impossibilidade de movimento da fauna pode resultar numa alta

mortalidade, baixa reprodução, redução do tamanho populacional e diminuição da viabilidade das

populações (BENNET, 1991; FORMAN et al., 2003). Devido a estes efeitos deletérios é necessário manter

e/ou restaurar os movimentos da fauna através das vias de transporte, particularmente naquelas

estradas de alto trânsito. De todos os impactos que causam as estradas, a mortalidade por

atropelamento é o efeito mais direto sobre a fauna e, se este efeito se prolongar no tempo, coloca em

risco as populações animais. Além disso, os atropelamentos têm implicações econômicas, sanitárias e

sociais para o homem. Se aos efeitos produzidos no ecossistema pelo traçado das infra-estruturas lineais

de transporte adiciona-se que esta atravessa uma área natural protegida, a problemática se torna mais

complexa já que deve balançar a importância socioeconômica da obra com o valor ambiental da área.

Então, considerando que as áreas protegidas são superfícies representativas de ecossistemas cujo

propósito é manter em longo prazo complexos processos ecológicos, genéticos, comportamentais,

evolutivos e físicos junto a suas interações (FRANKEL & SOULE, 1981; CAUGHLEY & GUNN, 1996), resulta

indispensável conhecer o efeito das estradas e da atividade humana nestes ambientes.

Existe abundante informação sobre os efeitos provocados pelas infra-estruturas lineais de transporte

sobre a biodiversidade para Norte América e vários países da Europa desde a década dos setenta (p. e.

GROOT BRUINDERINK & HAZEBROEK, 1996; FORMAN et al., 2003; HEDLUND et AL., 2003). No entanto, a

informação para América do Sul, e Argentina em particular, é recente e extremadamente escassa.

Então, resulta necessário empreender estudos com o fim de avaliar o efeito das estradas sobre nossa

biodiversidade.

O Corredor Bioceânico Central que atravessará o PPI impactará diretamente o ambiente devido a que:

1) aumentará o uso da estrada atual que chega ao Parque e que vai ser parte desse Corredor, 2) será

colocado em funcionamento um setor da estrada já construída dentro do Parque, que começará ter

trânsito veicular a partir da sua inauguração, e 3) se construirá um setor novo da estrada que

atravessará o Parque. Também impactará indiretamente em conseqüência de que aumentará o turismo

no Parque, o que vai gerar um maior uso do caminho turístico e um aumento do trânsito veicular.

Tendo em conta este cenário, os objetivos do trabalho foram: 1) Avaliar os principais lugares de

cruzamento da estrada de duas espécies nativas com problemas de conservação: Dolichotis patagonum

e Lama guanicoe com o objetivo de propor pontos onde construir passagens de fauna na atual estrada

que atravessa o Parque; 2) Avaliar o efeito das estradas atualmente construídas sobre o uso do habitat

das duas espécies; e 3) Avaliar o efeito atual do caminho turístico sobre o uso do habitat por D.

patagonum.

2. Material e métodos

2.1. Área de estudo.

O estudo foi realizado no Parque Provincial Ischigualasto (29 ° 55 'S, 68 ° 05' W) em San Juan, Argentina,

que, juntamente com o Parque Nacional Talampaya, constitui o Ischigualasto-Talampaya Património

Mundial da Humanidade (UNESCO). O parque se estende por 60.369 hectares a uma altitude média de

1300 m de altitude. O clima é típico do deserto, com uma temperatura média anual abaixo de 18 ° C

(intervalo -10 ° C a 45 ° C) e uma temperatura média acima de 22 ° C durante o mês mais quente.

Precipitação média anual varia de 80-140 mm, concentrados no final da primavera e verão (CORTÉZ et

al., 2005; OVEJERO et al., 2011).

O Monte é o bioma dominante da área protegida (MÁRQUEZ et al., 2005). A cobertura total da planta é

baixa (inferior a 30%), ea vegetação é dominada por uma paisagem aberta, representada por arbustos

como Larrea spp., Plectrocarpa tetracantha, Atriplex. divaricata e Suaeda divaricata, árvores como

Prosopis chilensis, P. flexuosa e Ramorinoa girolae, um cactos colunares como Trichocereus terscheckii e

uma estrato mais baixa e sazonais herbáceas.

2.2. Coleta de dados.

Para definir os lugares de maior probabilidade de cruzamento do Corredor pelas espécies nativas

selecionadas e para recomendar nesses locais a construção de pontes ou passarelas para passagem de

fauna sobre a estrada, se amostraram ao longo de toda a estrada os rastros de animais (fezes e pegadas)

sobre a estrada e aos dois lados da mesma.

Para avaliar o uso de habitat por D. patagonum e L. guanicoe se estimoua freqüência de fezes em

diferentes setores e se relacionou com variáveis abióticas e bióticas. Os setores do Corredor se

diferenciaram segundo a presença de asfalto e de trânsito veicular pelo que as diferentes comparações

permitiram diferenciar o efeito da estrada (efeito do substrato e escassez da cobertura vegetal) e do

trânsito veicular. Os setores são os seguintes: (1) Rodovia 150: com asfalto e trânsito veicular, apresenta

esgotos; (2) Estrada: caminho sem circulação, com asfalto, com presencia de esgotos, passagens de

gado e aramado, e (3) Trilha: caminho de terra sem circulação a 600 m com a mesma orientação da

estrada. Em cada setor se selecionaram ao acaso quatro lugares separados 300 m (4 replicas por setor),

em cada lugar se traçaram 12 transectos (12 unidades amostrais) de 60 m de cumprimento e 3 m de

largura, separados entre si 50 m. Cada transecto se dividiu em 20 parcelas de 3mx3m. Para determinar a

abundância relativa, parcela por meio se registrou o número de fezes das duas espécies. Para avaliar as

características do ambiente se registraram as seguintes variáveis: porcentagem de cobertura vegetal

(estrato arbóreo, arbustivo, de cactáceas, herbáceo) e de solo nu (Figura 1).

Figura 1: Esquema do delineamento de amostragem usado para avaliar o uso dos setores do Corredor

Biocêanico Central por D. patagonum e L. guanicoe.

Para avaliar o efeito do caminho turístico sobre o uso do habitat de D. patagonum, a freqüência das

fezes se registraram em duas distâncias do caminho turístico: (1) Perto: entre 30 e 150 m e (2) Longe: a

mais de 1.500 m, já que as perturbações humanas sobre a fauna seriam mínimas nesta distância

(MADER, 1984; KASELOO, 2006). Os dados foram avaliados para as estações úmidas (verão) e secas

(inverno). Registraram-se rastros de D. patagonum em 80 transectos (2 estações; 20 transectos perto e

20 transectos longe) de 60 m de cumprimento, distanciados no mínimo 20 m. Dentro de cada transecto

se estabeleceram sub-amostras de 3x3 m separadas entre si por 3 m (10 quadrantes por transecto) onde

se registrou a freqüência de rastros da espécie (pegadas e fezes).

2.3. Análise de dados

Para definir os lugares de maior probabilidade de cruzamento do Corredor pelas espécies nativas, com

os dados da presença destes rastros se estimaram áreas kernel (estimadores de densidade de uso;

WORTON, 1989), a largura de banda foi escolhida usando o método de mínimos quadrados por

validação cruzada (LSCV, sigla em inglês) com um fator de alisamento sugerido pelo default ad hoc. A

sobreposição das áreas kernel de maior probabilidade de uso (Kernel 95%, 50%, 35% e 10%) com o

traçado da estrada se utilizou como indicador das zonas onde se sugere a construção de pontes para

passagem de fauna sobre a pista, para manter a conectividade das populações.

Para avaliar o uso dos setores do Corredor se registraram rastros (fezes) de D. patagonum e L. guanicoe

Devido que a freqüência de fezes tem distribuição Binomial negativa se utilizaram GLMM para

determinar o fator que determina a variável resposta. Foi utilizada a função glmm.admb para dados com

distribuição Binomial negativa com uma função log-link. Consideraram-se como fatores fixos os setores

(Rodovia 150, Estrada sem circulação e Trilha) e as distâncias. As variáveis ambientais se consideraram

co-variáveis e as replicas foram o fator aleatório. K é o numero de parâmetros estimados. Utilizaram-se

os AIC como uma medida de ajuste do modelo; os modelos com menor AIC são os que melhor se

ajustam. A comparação entre modelos se baseou nos valores de ΔAIC (diferença entre o mínimo valor

de AIC e o modelo i) sendo o modelo com o menor valor de ΔAIC o que melhor explica a variável

resposta. Os modelos com um valor de ΔAIC compreendidos entre 0 e 2 são os que melhor se ajustam à

variável resposta (BURBHAME & ANDERSON, 2002). Os dados foram analisados com o software R 2.10.0

(R DEVELOPMENT CORE TEAM, 2009).

Para avaliar o efeito do caminho turístico sobre o uso do habitat de D. patagonum se utilizou como

estimador indireto a abundância de fezes e pegadas ao longo dos transectos (TELLERIA, 1986; OJASTI,

2000), por se tratar de uma espécie de baixa abundância e difícil de observar diretamente. Os registros

se realizaram no “Jarillal” (Larrea cuneifolia) por ser a comunidade vegetal mais representativa do

caminho turístico. Os dados se analisaram com GLM, utilizou-se o Modelo de Poisson de acordo com a

distribuição da variável resposta (rastros) com função link log.

3. Resultados

A freqüência de uso de habitat por D. patagonum no Corredor, analisados usando GLMM, mostram que

as variáveis que melhor explicam o uso no Corredor são: setores, distância, estrato herbáceo e solo nu.

Os modelos estão em ordem crescente de ΔAIC, considerando os modelos que melhor explicam a

variável resposta aqueles com um ΔAIC ≤ 2. Os AIC não diminuíram quando se agregaram as variáveis

restantes, considerando ou não as interações (Tabela 1).

Tabela 1. Comparação de AIC para a seleção de GLMM que descrevem a freqüência de fezes de

Dolichotis patagonum (MF) e Lama guanicoe (GF). Fatores Fixos: Situação (S) e distância (D); Co-

variáveis: Solo nu (SD), estrato arbóreo (EArb), estrato arbustivo (EA), estrato herbáceo (EH) e cactáceas

(C). Fator Aleatório: replicas. K é o numero de parâmetros estimados. Os modelos estão em ordem

crescente de ΔAIC, considerando os modelos que melhor explicam a variável resposta como aqueles

com um ΔAIC ≤ 2.

Modelo AIC Δ AIC DEVIANCE K

Dolichotis patagonum

MF {EH} 305,828 0 297,828 4

MF {EH +

S * D}

306,078 0,250 276,078 15

MF {EH +

S}

306,174 0,346 294,174 6

MF {S * D} 307,116 1,288 279,116 14

MF {S *

D+ SD}

307,194 1,366 277,194 15

MF {SD +

S}

307,318 1,490 295,318 6

MF {S} 307,492 1,664 297,492 7

Lama guanicoe

GF {Nulo} 322,464 0,000 316,464 3

GF {SD} 322,878 0,414 314,878 4

GF {EH} 323,210 0,746 315,210 4

GF {E A} 323,344 0,880 315,344 4

GF {C} 324,036 1,572 316,036 4

GF {E Arb} 324,370 1,906 316,370 4

Quanto à relação entre Dolichotis patagonum e a distância à Rodovia 150, encontrando-se maior

freqüência de rastros nas zonas mais afastadas à mesma. Na situação Estrada sem circulação observou-

se o efeito contrario já que a maior quantidade de rastros foi encontrada perto do caminho. Por último,

a situação Trilha foi a que apresentou a menor quantidade de rastros desta espécie (Figura 2). Para L.

guanicoe os analise de GLMM mostram que as variáveis que melhor explicam sua presença são: estrato

herbáceo, estrato arbustivo, estrato arbóreo, cactáceas e solo nu. Os AIC não diminuíram quando se

adicionaram o resto das variáveis, considerando ou não as interações (Tabela 1).

Figura 2. Presença de rastros de Dolichotis patagonum em diferentes distâncias da Rodovia 150 no

Parque Provincial Ischigualasto.

Em relação à avaliação do uso do caminho turístico por D. patagonum, o modelo selecionado para

explicar o uso de habitat incluiu apenas a distância ao caminho turístico como variável explicativa (DF=1,

Log-likelihd=-1867,75; chi-quadrado 234,96, p< 0,0001) e não incluiu o efeito da estação (seca e úmida)

nem sua interação (Figura 3). Assim, D. patagonum usou com maior freqüência as áreas afastadas ao

caminho turístico encontrando-se o mesmo padrão nas duas espécies estudadas.

Figura 3. Uso de habitat da Dolichotis patagonum perto e longe do caminho turístico do Parque

Provincial Ischigualasto.

Geramos kernels com um nível de contorno de 10%, 35%, 50% e 95% para L. guanicoe e D. patagonum,

para detectar áreas de alta densidade de utilização (Fig. 4) para detectar os lugares de alta densidade de

uso. Encontrámos 2 sites com alta probabilidade de uso por L. guanicoe que interceptam com o

corredor bi-oceânico (kernel 10% e kernel 50%) e 3 sites para D. patagonum (kernel 10%, 50% e 95%).

Sobreposição das áreas kernel de maior probabilidade de uso com o traçado da estrada se utilizou como

indicador das zonas onde se sugere a construção de pontes para passagem de fauna sobre a pista, para

manter a conectividade das populações. Os lugares propostos para a construção de pontes para

passagem de fauna sobre a pista calculados através das áreas kernel fueron luego priorização en función

del kernel level (Fig. 5).

Figura 4. Áreas kernel (maior probabilidade de uso) para L. guanicoe (A) e D. patagonum (B) na rodovia

do Corredor Bioceânico Central que atravessa o Parque Provincial Ischigualasto. ■ kernel 95% ■ kernel

50% ■ kernel35% □ kernel 10%.

Figura 5. Lugares propostas para construir pontes para passagem de fauna, L. guanicoe (A) e D.

patagonum (B) na rodovia do Corredor Bioceânico Central, que atravessa o Parque Provincial

Ischigualasto. Os lugares propostos para a construção de passagem de fauna sobre a pista foram

calculados através das áreas kernel, e se indicam com setas. Priorização de construção: 1 seta branca, 2

seta cinza claro e 3 seta cinza.

4. Discussão

Em relação ao efeito do Corredor Bioceânico Central sobre D. patagonum, quase todos os modelos que

melhor se ajustam aos dados com menor valor de AIC incluem a situação (Rodovia 150, Estrada sem

circulação e Trilha de terra sem circulação), distância e/ou suas interações. Além disso, incluem o

estrato herbáceo como co-variável. No entanto, as situações não apresentaram efeitos similares,

enquanto na Estrada sem circulação se observa um maior uso perto da estrada, na Estrada com

circulação e na Trilha de terra sem circulação não se observa esse efeito. Observou-se que em alguns

locais D. patagonum utiliza freqüentemente a estrada e suas proximidades, especialmente quando não

tem circulação veicular. Isso coincide com o encontrado para a espécie sobre o uso de habitat em outros

ambientes do Monte. Dolichotis patagonum seleciona hábitats abertos (KUFNER & CHAMBOULEYRON,

1991; RODRÍGUEZ, 2009), inclusive alguns ambientes antropizados, como as áreas nuas geradas pelo

gado, áreas que rodeiam os postos de estância ou aguadas artificiais (TABENI & OJEDA, 2003; BALDI,

2007). Nossos resultados evidenciam que as estradas estariam incluídas nesses hábitats antrópicos

utilizados por D. patagonum. Com o começo do funcionamento do Corredor a probabilidade de

atropelamento será alta, pois a espécie utiliza o ambiente próximo à estrada com alta freqüência. Por

este motivo, se sugere a implementação de passagens de fauna em tuneis sob a estrada com as

dimensões adequadas para a espécie alvo, como bueiros de tamanho que evite o “efeito túnel”. Além

disso, são necessárias placas de sinalização indicando a presença de fauna silvestre no local, e a

construção de pontes para passagem de fauna sobre a pista nos pontos estratégicos indicados.

Em relação ao efeito do Corredor Bioceânico sobre L. guanicoe, os modelos com menor valor AIC não

incluíram nem o fator situação (Rodovia 150, Estrada sem circulação e Trilha de terra sem circulação)

nem a distância a estas. Isso significa que, atualmente, esta espécie não percebe a estrada como um

fator que afeta seu uso do hábitat. Ao não perceber a estrada como um lugar arriscado, os animais

gerariam um problema quando a estrada com circulação aumentar sua intensidade de trânsito e quando

a estrada sem circulação se abrir à circulação veicular ao pôr-se em funcionamento o Corredor

Bioceânico Central. Na Patagônia argentina num trajeto de 1532 Km da Rodivia-3 (Ruta Nacional 3), se

contabilizou um número de 55 indivíduos de L. guanicoe atropelados (Susana Martínez, com. pers.), o

que representa uma taxa de 0,04 animais atropelados por quilômetros/dia, o que mostra que numa

zona com população importante desta espécie e alto trânsito há uma grande mortalidade da espécie

por atropelamentos e seguramente uma grande proporção de danos econômicos.

As atividades turísticas afetam negativamente o uso de habitat de D. patagonum, já que abandona os

hábitats próximos ao caminho turístico e usa com maior intensidade os mais afastados, em ambas as

épocas do ano. O efeito das perturbações sobre as populações mediante o abandono ou menor uso das

áreas próximas ao caminho, pode acarretar uma redução na qualidade ou quantidade de hábitat

disponível, o que pode afetar o desempenho (fitness) dos indivíduos (GREEN & GIESE, 2004; KASELOO,

2006; RAMILO et al., 2007). Este efeito pode agravar-se por serem ambientes desérticos onde o

alimento é escasso em tempo e espaço, e resulta crítico em momentos de grande demanda energética,

como a amamentação, o que poderia deixar em risco a sobrevivência da espécie (FRID & DILL, 2002;

GREEN E GIESE, 2004).

Através das áreas kernel se conseguiu detectar os lugares de alta densidade de uso por L. guanicoe e D.

patagonum. Em relação a L. guanicoe, ao longo da Rodovia 150 se encontraram dois lugares de alta

densidade de uso. Para D. patagonum, se encontraram dois locais de alta densidade de uso, dois na

Estrada sem circulação, mais um na Rodovia 150, muito próximo da Vila da Baldecitos. Este método

permitiu localizar lugares de alta densidade de uso e cruzamentos de fauna antes que ocorram os

atropelamentos, já que num caso, a Rodovia 150 ainda tem pouco trânsito, e em outro caso, ainda não

tem (Estrada sem circulação). Com a instalação do Corredor Bioceânico Central, estes lugares serão de

alto trânsito veicular, com o conseqüente aumento da probabilidade de atropelamentos. Os lugares de

alta densidade de uso por parte destas espécies têm sido sugeridos para a construção a construção de

pontes para passagem de fauna sobre a pista à Vialidad Nacional, o ente encarregado da licitação das

obras dentro do Parque.

5. Conlusão geral

Os administradores das unidades de conservação devem identificar e quantificar os efeitos produzidos

pelos diferentes impactos antrópicos relacionados com o desenvolvimento, a fim de garantir a

conservação das populações de animais (TARLOW & BLUMSTEIN, 2007). Para D. patagonum, os

problemas de conservação em relação ao Corredor Bioceánico Central se geram pela preferência da

espécie pelos hábitats abertos, o que coincide com os gerados pela construção de estradas, esta

situação pode aumentar a probabilidade de atropelamentos. Os resultados mostram que D. patagonum

e L. guanicoe usam freqüentemente a zona do PPI por onde atravessará o Corredor Bioceânico. Assim se

sugerem como medidas de mitigação: a construção de pontes para passagem de fauna sobre a estrada

que permitam a conectividade das populações; placas de sinalização viária informando a presencia de

fauna silvestre no local. Isso evitaria acidentes e garantiria uma maior probabilidade de permanência

das espécies na área protegida, e ainda diminuiria a probabilidade de acidentes nas vias. Destaca-se a

importância de realizar estudos como uma linha de base de fluxo genético entre as populações nos dois

lados do futuro Corredor e monitoramentos que permitam avaliar o efeito sobre as populações

presentes no Parque.

6. Agradecimentos

Nossa gratidão pela cooperação recebida das autoridades e pessoal de Vialidad Nacional (Ing. Rubén

Darío Lomas e Ing. Jorge Deiana); as autoridades e pessoal do Parque Provincial Ischigualasto (Sr. Juan

Carlos Salica e Sr. Eduardo Cortéz); aos membros da Escuela de Ingeniería de Caminos de Montaña da

UNSJ (especialmente o seu diretor, Ing. Juan E. Marcet e ao Ing. Carlos González); ao Prof. Martin R.

Alvarez e Catalina Lalinde pelo auxilio na tradução do manuscrito ao português. Alex Bager e revisores

anônimos fizeram comentários importantes nas primeiras versões desse manuscrito.

7. Referências Bibliográficas

ACOSTA, C. J. & MURÚA, F. 1999. LISTA PRELIMINAR Y ESTADO DE CONSERVACIÓN DE LA MASTO-FAUNA DEL PARQUE

NATURAL ISCHIGUALASTO, SAN JUAN-ARGENTINA. MULTEQUINA 8:121-129.

BALDI, R. 2007. Breeding success of the endemic mara Dolichotis patagonum in relation to habitat selection:

Conservation implications. Journal of Arid Environments 68:9-19.

BENNETT, A.F. 1991. ROADS, ROADSIDES AND WILDLIFE CONSERVATION: A REVIEW. IN NATURE CONSERVATION 2: THE ROLE OF

CORRIDORS (D.A. SAUNDERS & R.J. HOBBS, EDS). R.J. SURREY BEATTY, CHIPPING NORTON, AUSTRALIA, P.99-117.

BURNHAM, K.P. & ANDERSON, D.R. 2002. Model selection and multimodel inference: a practical

information-theoretic approach. 2nd Edition. Springer-Verlag, New York, USA.

CAUGHLEY, G. & GUNN, A. 1996. Conservation biology in theory and practice. Blackwell Science,

Cambridge MA.

CORTÉZ, E.; GIANNONI, S.M. & BORGHI, C. 2005. PLAN DE MANEJO DEL PARQUE PROVINCIAL ISCHIGUALASTO, FASE I Y II.

FORMAN, R.T.T.; SPERLING, D.; BISSONETTE, J.; CLEVENGER, A.; CUTSHALL, C.; DALE, V.; FAHRIG, L.; FRANCE,

R.; GOLDMAN, C.; HEANUE, K.; JONES, J.; SWANSON, F.; TURRENTINE, T. & WINTER, T. 2003. ROAD ECOLOGY:

SCIENCE AND SOLUTIONS. ISLAND PRESS, WASHINGTON, D.C.

FRANKEL, O. H. & SOULE, M.E. 1981. Conservation and Evolution. Cambridge University Press, New York.

FRID, A. & DILL, L. 2002. Human caused disturbance stimuli as a form of predation risk. Conservation Ecology

6:11. [online] URL: http://www.consecol.org/vol6/iss1/art11-

GREEN, R.J. & GIESE, M. 2004. The negative effects of wildlife tourism on wildlife. In Wildlife Tourism (K.

Higginbottom, ed.). Sustainable Tourism, CRC.

GROOT BRUINDERINK, G.W.T.A. &HAZEBROEK, E. 1996. UNGULATE TRAFFIC COLLISIONS IN EUROPE. CONSERVATION

BIOLOGY 10:1059-1067.

HEDLUND, J.H.; CURTIS, P.D.; CURTIS, G. &WILLIAMS, A.F. 2003. METHODS TO REDUCE TRAFFIC CRASHES INVOLVING

DEER: WHAT WORKS AND WHAT DOES NOT. INSURANCE INSTITUTE FOR HIGHWAY SAFETY, ARLINGTON, VA.

KASELOO, P.A. 2006. SYNTHESIS OF NOISE EFFECTS ON WILDLIFE POPULATIONS. IN PROCEEDINGS OF THE 2005 INTERNATIONAL

CONFERENCE ON ECOLOGY AND TRANSPORTATION (C.L. IRWIN,P. GARRETT & K.P. MCDERMOTT, EDS.). CENTER FOR

TRANSPORTATION AND THE ENVIRONMENT, NORTH CAROLINASTATEUNIVERSITY, RALEIGH, NC, P.33-35.

KUFNER, M.B. & M. CHAMBOULEYRON. 1991. Actividad espacial de Dolichotis patagonum en relación a

la estructura de la vegetación en el Monte Argentino. Studies on Neotropical Fauna and

Environments 26:249-255.

LAURANCE, W.F.; GOOSEM, M. & LAURANCE, S.G.W. 2009. IMPACTS OF ROADS AND LINEAR CLEARINGS ON TROPICAL

FORESTS. TRENDS IN ECOLOGY AND EVOLUTION 24: 659-669.

MADER, H.J. 1984. ANIMAL HABITAT ISOLATION BY ROADS AND AGRICULTURAL FIELDS. BIOLOGICAL CONSERVATION 29:81-96.

OJASTI, J. 2000. MANEJO DE FAUNA SILVESTRE NEOTROPICAL. (F. DALLMEIER ED.) SIMAB SERIES NO. 5. SMITHSONIAN

INSTITUTION/MAB PROGRAM. WASHINGTON, D.C.

OVEJERO, R.J.A.; ACEBES P.; MALO J.E.; TRABA J.; MOSCA TORRES M.E. & BORGHI, C.E. 2011. LACK OF FERAL

LIVESTOCK INTERFERENCE WITH NATIVE GUANACO DURING THE DRY SEASON IN A SOUTH AMERICAN DESERT. EUROPEAN

JOURNAL OF WILDLIFE RESEARCH. DOI 10.1007/S10344-011-0511-4

RAMILO, E.; SERRET, A.; VILA, A. & PASTORE, H. 2007. MEDIDAS DE INFRAESTRUCTURA PARA MITIGAR EL EFECTO BARRERA

DE LOS ALAMBRADOS Y EVITAR EL ATROPELLAMIENTO DE HUEMULES EN CAMINOS Y RUTAS. PLAN NACIONAL DE

CONSERVACIÓN Y RECUPERACIÓN DEL HUEMUL EN ARGENTINA. BARILOCHE P.1-9.

RODRÍGUEZ, D. 2009. Modeling habitat use of the threatened and endemic mara Dolichotis patagonum,

Rodentia, Caviidae) in agricultural landscapes of Monte Desert. Journal of Arid Environments,

73:444-448.

TABENI, M. S. & OJEDA, R.A. 2003. Assessing mammal responses to perturbations in temperate arid lands

of Argentina. Journal of Arid Environments 55: 715–726.

TARLOW, E. & BLUMSTEIN, D.T. 2007. Evaluating methods to quantify anthropogenic stressors on

animals. Appl. Anim. Behav. Sci. 102:429-451.

TELLERIA, J.L. 1986. Manualparaelcensodelosvertebradosterrestres. Raíces, Madrid.

WORTON, B.J. 1989.Kernel methods for estimating the utilization distribution in homerange studies. Ecology

70:164-168.