Sociedade civil, Estado e autonomia. Argumentos, contra-argumentos e avanços no debate
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DESAFIOS E AVANÇOS DOS ALUNOS: UM ESTUDO EM UMA ESCOLA DE...
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INTRODUÇÃO
O presente trabalho monográfico busca retratar
várias questões dos indivíduos da Educação de Jovens e
adultos, apresentando uma reflexão mais aprofundada sobre as
problemáticas que permeiam essa modalidade, afinal se trata de
um público que convive em uma sociedade rodeada de inúmeras
transformações, logo voltam a procurar a escola com o objeto
de subsidiar suas necessidades, apreendendo a ler e escrever
para assim relacionar com o mundo contemporâneo. O objetivo
geral desse estudo é identificar os desafios da Educação de
Jovens e Adultos especificamente, conhecer o projeto da EJA na
escola, investigar as dificuldades da Educação de Jovens e
Adultos e analisar a importância da mesma.
Sabe-se que o contexto social que vem vivendo o
país, posiciona o analfabetismo como objetivo de extensas
oportunidades de estudos, na qual jovens e adultos
alfabetizados e conscientes de sua realidade de vida, podem
contribuir com excelência para o processo de satisfatória
qualidade de vida e do desenvolvimento de vários segmentos do
país.
Para compreensão deste estudo se faz
necessário expor o histórico da Educação de Jovens e Adultos,
apresentado no primeiro capítulo, com base em vários
estudiosos como: Cunha (1999), Porcaro (2004), Soares (1996),
dando destaque a Paulo Freire um pioneiro defensor da Educação
10
de Jovens e Adultos, dentre outros autores que também
contribuíram para a realização deste trabalho.
A autonomia, visão de mundo, legislações queasseguram a EJA, a caracterização dos alunos e a formação dos
professores estará em evidência neste trabalho, pois para
Paulo Freire a valorização e o respeito sobre a cultura desses
indivíduos, simultaneamente com a visão de mundo, e a formação
dos educadores, promovem à emancipação desses sujeitos de
direito.
Este estudo constitui a temática Educação
de Jovens e Adultos: Desafios e Avanços, que tem como
objetivos identificar e refletir sobre essas dificuldades que
permeiam a vida escolar desses indivíduos. Foram empregados
vários autores, em destaque está o pioneiro e defensor da
Educação de Jovens e Adultos, Paulo Freire. Este estudo
monográfico faz uma passagem por vários temas como: A
autonomia dos Jovens e adultos, a sua visão de mundo, a
legislação que a assegura essa modalidade, a caracterização
desses sujeitos de direitos e a formação dos educadores.
No segundo capítulo a metodologia utilizada
para conhecer a realidade dos alunos da Educação de Jovens e
Adultos se faz presente pela pesquisa qualitativa de caráter
exploratório, assim como Minayo (1994) salienta explicando que
“A pesquisa qualitativa responde a questão muito particulares”
nesta mesma linha de raciocínio, utilizou-se da entrevista
como o instrumental técnico para realização desta pesquisa de
11
campo, juntamente com a observação da narrativa dos mesmos, no
qual foi direcionada para os alunos do 5º ano do Ensino
Fundamental de uma escola Municipal de Espinosa-MG. O método
utilizado mencionado acima de caráter exploratório, usando
como instrumental técnico a entrevista semi- estruturada, com
10 alunos do ensino fundamental da educação de jovens e
adultos numa escola Municipal de Espinosa-MG. Todos esses
questionamentos na pesquisa de campo acontecem no mês de
setembro no ano de 2013.
No decorrer desse estudo identificou-se que
as dificuldades ainda perpetuam como desafios para que possam
chegar à aprendizagem almejada, pois os alunos tendem a
acreditar que sua aprendizagem ocorrerá em um curto espaço de
tempo, apenas para suprir suas necessidades numa sociedade que
está em constante transformação. No que se refere aos avanços
dos educandos é notório que o ato de ler e escrever é uma
conquista perceptível e triunfal na vida desses indivíduos.
Por fim, se dá a conclusão, através da
interpretação dos dados coletados, onde os alunos perpetuam
nos desafios cotidianos para conciliar trabalho e estudos, e a
luta para se libertar de um passado que está arraigada nas
concepções culturais que, “trabalho e estudos não devem ser
freqüentados juntos”, logo está pesquisa traz considerações
que seus indivíduos estudados atingiram como avanços o triunfo
de ler e escrever.
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CAPÍTULO I
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
1.1- Histórico da Educação de Jovens e Adultos
A modalidade Educação de Jovens e Adultos
assegurada pela Constituição Federal de 1988 e reafirmada pela
LDB 9394/96 é uma conquista importante para a educação do
Brasil, onde obteve na sua trajetória avanços e desafios. Este
estudo apresentará um breve relato sobre a história da
Educação de Jovens e Adultos no Brasil.
Com bases nas ideias de Ribeiro (2001) à existência
do ponto de partida histórico da EJA se dá a partir dos anos
40, sendo assim essa modalidade se constitui como política
educacional, mas na época da colonização começa uma iniciativa
a uma educação onde, as poucas escolas existentes eram para
privilégio das classes médias e altas, nessas famílias os
filhos possuíam acompanhamento escolar na infância, as classes
pobres não tinham acesso a instrução escolar e quando a
recebiam era de forma indireta.
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No Brasil Colônia, a referência à população
adulta era apenas de educação para a doutrinação religiosa,
abrangendo um caráter muito mais religioso que educacional.
Nessa época, pode-se constatar uma fragilidade da educação,
por não ser esta responsável pela produtividade, o que acabava
por acarretar descaso por parte dos dirigentes do país, o que
afirma Cunha (1999).
Neste sentido, Porcaro (2004) continua que
no Brasil Império, começaram a acontecer algumas reformas
educacionais e estas preconizavam a necessidade do ensino
noturno para adultos analfabetos. Em 1876, foi feito então, um
relatório, pelo ministro José Bento da Cunha Figueiredo,
apontando a existência de 200 mil alunos freqüentes às aulas
noturnas. Durante muito tempo, portanto, as escolas noturnas
eram a única forma de educação de adultos praticada no país.
Segue afirmando Cunha (1999) que com o
desenvolvimento industrial, no início do século XX, inicia-se
um processo lento, mas crescente, de valorização da educação
de adultos. Porém, essa preocupação trazia pontos de vista
diferentes em relação à educação de adultos, quais sejam: a
valorização do domínio da língua falada e escrita, visando o
domínio das técnicas de produção; a aquisição da leitura e da
escrita como instrumento da ascensão social; a alfabetização
de adultos vista como meio de progresso do país; a valorização
da alfabetização de adultos para ampliação da base de votos.
A partir de 1940, começou-se a detectar
altos índices de analfabetismo no país, o que acarretou a
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decisão do governo no sentido de criar um fundo destinado à
alfabetização da população adulta analfabeta e, em 1945, com o
final da ditadura de Vargas, iniciou-se um movimento de
fortalecimento dos princípios democráticos no país. Com a
criação da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a
Educação, Ciência e Cultura), ocorreu, então, por parte desta,
a solicitação aos países integrantes (e entre eles, o Brasil)
de se educar os adultos analfabetos explica Porcaro (2004).
Devido a isso, em 1947, o governo lançou a 1ª
Campanha de Educação de Adultos, propondo: alfabetização dos
adultos analfabetos do país em três meses, oferecimento de um
curso primário em duas etapas de sete meses, a capacitação
profissional e o desenvolvimento comunitário. Abriu-se, então,
a discussão sobre o analfabetismo e a educação de adultos no
Brasil. Nessa época, o analfabetismo era visto como causa (e
não como efeito) do escasso desenvolvimento brasileiro. Além
disso, o adulto analfabeto era identificado como elemento
incapaz e marginal psicológica e socialmente, submetido à
menoridade econômica, política e jurídica, não podendo, então,
votar ou ser votado considera (CUNHA, 1999).
Sobre esse aspecto Soares (1996) salienta
que, essa 1ª Campanha foi lançada por dois motivos: o primeiro
era o momento pós-guerra que vivia o mundo, que fez com que a
ONU fizesse uma série de recomendações aos países, entre esta
a de um olhar específico para a educação de adultos. O segundo
motivo foi o fim do Estado Novo, que trazia um processo de
redemocratização, que gerava a necessidade de ampliação do
contingente de eleitores no país. Ainda, no momento do
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lançamento dessa 1ª Campanha, a Associação de Professores do
Ensino Noturno e o Departamento de Educação preparavam o 1º
Congresso Nacional de Educação de Adultos. O Ministério,
então, convocou dois representantes de cada Estado para
participarem do Congresso. O SEA (Serviço de Educação de
Adultos do MEC), a partir daí, elaborou e enviou, para
discussões, aos SEAs estaduais, um conjunto de publicações
sobre o tema. Reforçando e complementando essa ideia Soares
(1996) diz que as concepções presentes nessas publicações,
eram: o investimento na educação como solução para problemas
da sociedade; o alfabetizador identificado como missionário; o
analfabeto visto como causa da pobreza; o ensino de adultos
como tarefa fácil; a não necessidade de formação específica; a
não necessidade de remuneração, devido à valorização do
“voluntariado”. A partir daí, então, iniciou-se um processo de
mobilização nacional no sentido de se discutir a educação de
jovens e adultos no país. De certa forma, portanto, embora a
Campanha não tenha tido sucesso, conseguiu alguns bons
resultados, no que se refere a essa visão preconceituosa, que
foi sendo superada a partir das discussões que foram ocorrendo
sobre o processo de educação de adultos.
Afirmação interessante é a de Soares (1996)
quando diz que diversas pesquisas, então, foram sendo
desenvolvidas e algumas teorias da psicologia foram,
gradativamente, desmentindo a idéia de incapacidade de
aprendizagem designada ao educando adulto. Assim, muitas
críticas foram sendo feitas ao método de alfabetização adotado
para a população adulta nessa Campanha, como as precárias
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condições de funcionamento das aulas, a baixa freqüência e
aproveitamento dos alunos, a má remuneração e desqualificação
dos professores, a inadequação do programa e do material
didático à clientela e a superficialidade do aprendizado, pelo
curto período designado para tal.
Analisando o histórico da EJA Soares, (1996)
lamenta então, o declínio da 1ª Campanha, devido aos
resultados insatisfatórios, porém, dentre todas as delegações,
uma se destacou, por ir além das críticas, apontando soluções.
Foi a delegação de Pernambuco, da qual fazia parte Paulo
Freire, que propunha uma maior comunicação entre o educador e
o educando e uma adequação do método às características das
classes populares. Como resultado da 1ª Campanha, o autor
aponta a criação de uma estrutura mínima de atendimento,
apesar da não valorização do magistério.
Os estudos publicados por Soares (1996)
demonstram que ao final da década de 50 e início da década de
60, iniciou-se, então, uma intensa mobilização da sociedade
civil em torno das reformas de base, o que contribuiu para a
mudança das iniciativas públicas de educação de adultos. Uma
nova visão sobre o problema do analfabetismo foi surgindo,
junto à consolidação de uma nova pedagogia de alfabetização de
adultos, que tinha como principal referência Paulo Freire.
Surgiu um novo paradigma pedagógico – um novo entendimento da
relação entre a problemática educacional e a problemática
social. O analfabetismo, que antes era apontado como causa da
pobreza e da marginalização, passou a ser, então, interpretado
como efeito da pobreza gerada por uma estrutura social não
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igualitária.
O autor citado acima ainda ressalta que a
idéia que foi surgindo foi a de que o processo educativo
deveria interferir na estrutura social que produzia o
analfabetismo, através da educação de base, partindo de um
exame crítico da realidade existencial dos educandos. Na
percepção de Paulo Freire, portanto, educação e alfabetização
se confundem. Alfabetização é o domínio de técnicas para
escrever e ler em termos conscientes e resulta numa postura
atuante do homem sobre seu contexto. Essas idéias de Paulo
Freire se expandiram no país e este foi reconhecido
nacionalmente por seu trabalho com a educação popular e, mais
especificamente, com a educação de adultos. Em 1963, o Governo
encerrou a 1ª Campanha e encarregou Freire de organizar e
desenvolver um Programa Nacional de Alfabetização de Adultos.
Porém, em 1964, com o Golpe Militar, deu-se uma ruptura nesse
trabalho de alfabetização, já que a conscientização proposta
por Freire passou a ser vista como ameaça à ordem instalada.
A partir daí, de acordo Cunha (1999) deu-se o
exílio de Freire e o início da realização de programas de
alfabetização de adultos assistencialistas e conservadores.
Dentro desse contexto, em 1967, o Governo assumiu o controle
da alfabetização de adultos, com a criação do Movimento
Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL), voltado para a população
de 15 a 30 anos, objetivando a alfabetização funcional –
aquisição de técnicas elementares de leitura, escrita e
cálculo. Com isso, as orientações metodológicas e os materiais
didáticos esvaziaram-se de todo sentido crítico e
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problematizador proposto anteriormente por Freire.
Sobre este aspecto Porcaro (2004) salienta
que na década de 70, ocorreu, então, a expansão do MOBRAL, em
termos territoriais e de continuidade, iniciando-se uma
proposta de educação integrada, que objetivava a conclusão do
antigo curso primário. Paralelamente, porém, alguns grupos que
atuavam na educação popular continuaram a alfabetização de
adultos dentro da linha mais criativa. Com a Lei de Diretrizes
e Bases da Educação, LDB 5692/71, implantou-se o Ensino
Supletivo, sendo dedicado um capítulo específico para a EJA.
Esta Lei limitou o dever do Estado à faixa etária dos 7 aos 14
anos, mas reconheceu a educação de adultos como um direito de
cidadania, o que pode ser considerado um avanço para a área da
EJA no país.
Nesta mesma linha de raciocínio Soares (1996)
traz mais detalhes mostrando que em 1974, o MEC propôs a
implantação dos Centros de Estudos Supletivos (CES), que se
organizavam com o trinômio tempo, custo e efetividade. Devido
à época vivida pelo país, de inúmeros acordos entre MEC e
USAID, estes cursos oferecidos foram fortemente influenciados
pelo tecnicismo, adotando-se os módulos instrucionais, o
atendimento individualizado, a auto-instrução e a arguição em
duas etapas - modular e semestral. Como conseqüências,
ocorreram, então, a evasão, o individualismo, o pragmatismo e
a certificação rápida e superficial.
De acordo com o artigo 208 da Constituição
de 1988:
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“O dever do Estado com a educação seráefetivado mediante a garantia de: I – ensinofundamental obrigatório e gratuito, asseguradainclusive, sua oferta gratuita para todos osque a ele não tiveram acesso na idadeprópria;”
A necessidade do governo de aumentar a base
eleitoral favoreceu o aumento das escolas de EJA, pois o voto
era apenas para homens alfabetizados, então a EJA
providenciaria mais eleitores, não importando com a qualidade
do ensino.
Nos anos 80, com a abertura política, as
experiências paralelas de alfabetização, desenvolvidas dentro
de um formato mais crítico, ganharam corpo. Surgiram os
projetos de pós-alfabetização, que propunham um avanço na
linguagem escrita e nas operações matemáticas básicas. Em
1985, o MOBRAL foi extinto e surgiu, em seu lugar, a Fundação
EDUCAR, que abriu mão de executar diretamente os projetos e
passou a apoiar financeira e tecnicamente as iniciativas
existentes, acrescenta a autora Porcaro (2004).
De acordo com Cunha (1999), a década de 80
foi marcada pela difusão das pesquisas sobre língua escrita
com reflexos positivos na alfabetização de adultos. Em 1988,
foi promulgada a Constituição, que ampliou o dever do Estado
para com a EJA, garantindo o ensino fundamental obrigatório e
gratuito para todos.
Na concepção de Porcaro (2004) nos anos 90, o
desafio da EJA passou a ser o estabelecimento de uma política
e de metodologias criativas, com a universalização do ensino
20
fundamental de qualidade. Em nível internacional, ocorreu um
crescente reconhecimento da importância da EJA para o
fortalecimento da cidadania e da formação cultural da
população, devido às conferências organizadas pela UNESCO,
criada pela ONU e responsabilizada por incrementar a educação
nos países em desenvolvimento. Esta, então, chamou uma
discussão nacional sobre o assunto, envolvendo delegações de
todo o país. A partir dessa mobilização nacional, foram
organizados os Fóruns Estaduais de EJA, que vêm se expandindo
em todo o país, estando presentes, atualmente, em todos os
estados brasileiros, com exceção de Roraima.
A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação
– LDB 9334/96 propôs, em seu artigo 3o, a igualdade de
condições para o acesso e a permanência na escola, o
pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, a garantia
de padrão de qualidade, a valorização da experiência extra-
escolar e a vinculação entre a educação escolar, o trabalho e
as práticas sociais. Tais princípios estimularam a criação de
propostas alternativas na área de EJA. Assim, embora a Lei
tenha dedicado apenas uma seção com dois artigos à EJA, os
artigos 2o, 3o e 4o tratam essa educação sob o ponto de vista do
ensino fundamental, o que pode ser considerado um ganho para a
área. Além disso, ao determinar a identificação daqueles que
não tiveram acesso ao ensino fundamental, abriu um espaço de
intervenção que criou possibilidades de confronto entre o
universo da demanda e o volume e qualidade da oferta, o que
pode gerar um maior compromisso do setor público com a EJA,
afirma Porcaro (2004).
21
Porcaro (2004) traz considerações mostrando
que na década de 90, o governo se desobrigou de articular a
política nacional de EJA, incumbindo os municípios disso.
Nesse momento, então, inúmeras iniciativas vão emergindo,
ocorrendo parcerias entre municípios, ONG’s e Universidades.
Surgem, então, nesse contexto, os Fóruns de EJA, como espaços
de encontros e ações em parceria entre os diversos segmentos
envolvidos com a área, com o poder público (administrações
públicas municipais, estaduais e federais), com as
universidades, sistemas, ONG’s, movimentos sociais,
sindicatos, grupos populares, educadores e educandos. Esses
Fóruns têm como objetivo, dentre outros, a troca de
experiências e o diálogo entre as instituições.
De acordo com Soares (2004), os Fóruns são
movimentos que articulam instituições, socializam iniciativas
e intervêm na elaboração de políticas e ações da área de EJA.
Estes ocorrem num movimento nacional, com o objetivo de
interlocução com organismos governamentais para intervir na
elaboração de políticas públicas.
Desta, conclui-se que os Fóruns de EJA têm
o objetivo de socializar informações e trocar experiências,
sendo um espaço de pluralidade. A partir do momento em que o
MEC se ausenta da qualidade de articulador de uma política
nacional para a EJA, os Fóruns surgem como uma estratégia de
mobilização das instituições do país que estão diretamente
envolvidas com a EJA, ou seja, o conhecimento do que se faz, a
socialização de experiências, leva à articulação e à
intervenção. Os Fóruns se instalam, portanto, como espaços de
22
diálogos, onde os segmentos envolvidos com a EJA planejam,
organizam e propõem encaminhamentos em comum. Nesse sentido,
mantêm reuniões permanentes, onde aprendem com o diferente,
exercitando a tolerância Soares, (2004).
Soares (2004) observou que com o surgimento
dos Fóruns, então, a partir de 1997, a história da EJA passa a
ser registrada num Boletim da Ação Educativa, que socializa
uma agenda dos Fóruns e os relatórios dos ENEJAs. De 1999 a
2000, então, os Fóruns passam a marcar presença nas audiências
do Conselho Nacional de Educação para discutir as diretrizes
curriculares para a EJA. Em alguns Estados, ainda, passaram a
participar da elaboração das diretrizes estaduais e em alguns
municípios, participaram da regulamentação municipal da EJA.
Além disso, a Secretaria da Erradicação do Analfabetismo
instituiu uma Comissão Nacional de Alfabetização e solicitou
aos Fóruns uma representação. Os Fóruns, portanto, têm sido
interlocutores da EJA no cenário nacional, contribuindo para a
discussão e o aprofundamento do que seja a EJA no Brasil.
1.2 Educando Jovens e Adultos para o avanço na autonomia.
Afirmação interessante para iniciar esse
subtítulo é a fala de Freire (1996) quando diz que “o respeito
à autonomia e a dignidade de cada um é um imperativo ético e
não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros”
(FREIRE 1996, p.25).
O Ministério da Educação (BRSIL, 2006) traz
23
considerações mostrando que uma das características freqüentes
dos alunos é a baixa auto-estima, muitas das vezes reforçadas
pelas situações de fracasso escolar. A sua eventual passagem
pela escola, muitas vezes foi marcada pela exclusão ou pelo
insucesso escolar. Com seus poucos rendimentos escolares,
volta a sala de aula com baixa auto estima fragilizada,
expressando insegurança e desvalorização pessoal frente aos
novos desafios que o professor os impõem.
Segundo Freire (1996, p.24):
O professor que desrespeita a curiosidade doeducando, o seu gosto estético, a sua inquietude asua linguagem, mais precisamente, a sua sintaxe ea sua prosódia; o professor que ironiza o alunoque o minimiza que manda que “ele se ponha em seulugar” ao mais tênue sinal de sua rebeldialegítima, tanto quanto o professor que se exime documprimento de seu dever de propor limites àliberdade do aluno que se furta ao dever deensinar de estar respeitosamente presente aexperiência formadora do educando transgride osprincípios fundamentalmente éticos de nossaexistência.
Sobre este aspecto o Ministério da Educação
(BRSIL, 2006) salienta que se vasculhar as próprias lembranças
das escolas tanto as boas tanto as más, verás que o que fica
na memória não são só os conteúdos, mas, marcadamente os
professores. A figura do professor aparece nas lembranças,
como aquele que marcou uma predileção por determinada área do
conhecimento como alguém que influenciou escolhas. Isso ajuda
a compreender que o professor exerce um papel determinante de
responsabilidade tanto pelo sucesso quanto pelo fracasso
escolar do aluno.
24
Reforçando o que foi dito pelo Ministério
da Educação (BRASIL, 2006), Freire (1996) afirma que o
professor autoritário que afoga a liberdade do educando,
amesquinha o seu direito de curiosidade, está negando-o o
dialogo que futuramente o impulsionará ao pensar crítico,
pensando assim os educadores devem dar oportunidade para o
aluno se expressar perante as aulas, sem selecionar o tipo de
aluno “inteligente” ou o com “dificuldade de aprendizagem”.
Acontece que, os alunos com dificuldades de aprendizagem são
preconceituosamente taxados pelos professores, pais e colegas
de “burro”, “preguiçosos”, “deficiente”, “lento”. Essas
palavras são corrosivas e geram cicatrizes profundas, causando
efeitos devastadores na auto-estima do sujeito, negando seu
direito de aprender ao seu modo individual, afirma Ministério
da Educação (BRSIL, 2006).
Sobre esse aspecto Freire (1996, p.25)
salienta que:
Qualquer discriminação é imoral e lutar contra ela é umdever por mais que se reconheça a força doscondicionamentos a enfrentar. A boniteza de ser gente seacha, entre outras coisas, nessa possibilidade e nessedever de brigar. Saber que devo respeito à autonomia e àidentidade do educando exige de mim uma prática em tudocoerente com este saber.
Neste contexto pode-se perceber que quando o
aluno é podado sobre qualquer forma de preconceito pode levá-
lo a estragos na relação consigo mesmo, afetando profundamente
sua identidade e sua autonomia.
Não se pode falar de autonomia do sujeito
sem mencionar o mundo do trabalho, para isso o Ministério da
25
Educação (BRASIL, 2006) ressalta que vale notar que em todas
as regiões do país, o trabalho e apontado pelos alunos de EJA
tanto como motivo para terem deixado a escola, como razão para
voltarem a ela.
Segundo Gadotti, (2001 p.114)
(...) é necessário implementar uma política capaz deresgatar a qualidade de escola pública e criar condiçõespara combater a evasão e a repetência que expulsam daescola os alunos oriundos das classes trabalhadora,tratados como cidadãos de segunda categoria, sem direitoa um ensino que qualidade adequado as suas condições deestudo. Buscamos construir outro modelo de escola paraos excluídos, para jovens e adultos trabalhadores.Criticamos as concepções que conferem à educação deadultos um caráter compensatório, mera reposição deescolaridade regular perdida, ignorando-a como educaçãopara trabalhadores. Essas visões, que inspiram a criaçãodo ensino supletivo, cometem um equivoco de princípio:tornam a escola regular como modelo de referência deadultos. Consideramos necessária a construção de um novoparâmetro de escola para o trabalhador, cuja estrutura,formas de organização, conteúdos produzidos e vinculadostenham por referência, o mundo do trabalho, cujaconstrução todos podem participar.
É largamente conhecido que a qualidade de
escola pública mais especificamente da EJA, como afirma o
autor acima tem estagnado a essência de emancipar seus
educandos, estereotipando seu público alvo de segunda
categoria. No entanto o aluno dessa modalidade, seguindo a
linha de raciocínio do autor requer um modelo de escola
construído para trabalhadores que desejam se tornarem cidadãos
protagonistas de suas próprias autonomias.
Como decorrência, e não menos importante
Silva (2009) complementa que, as ações voltadas para a
educação de jovens e adultos tem se mostrado pouco eficaz se
26
considerando os dados estatísticos e também a realidade de uma
parcela enorme da população jovem e adulta excluída dos bens
sociais e estruturais.
É importante entender que a autonomia do
sujeito se faz a partir de uma dimensão sócio-política, assim
Freire (1987, p.27):
(...) é neste sentido que também que, tanto no caso doprocesso educativo quanto no ato político, uma dasquestões fundamentais seja a clareza em torno de a favorde quem, e do quê, por tanto contra quem e contra o quêdesenvolvemos a atividade política. Quanto mais ganhamosessa clareza através da prática tanto mais percebemos aimpossibilidade de separar a inseparável: a educação dapolítica. Entendemos então, facilmente, não ser possívelpensar, se quer a educação sem que esteja atento aquestão do poder.
Freire (1996) evidencia que um dos piores
males que o governo tem feito aos brasileiros deste muito
tempo e o pouco caso com a educação, deixando-a de lado dando
prioridades a outros setores e encruzando os braços dizendo
que não há o que fazer à educação.
Complementando este pensamento, é uma luta
histórica a melhoria na educação brasileira, especialmente na
EJA, pois, seus integrantes vem com uma bagagem histórica
cheia de conflitos e desistência sobre uma educação que não se
efetivou no tempo adequado a sua faixa etária, logo com
debilitação que o poder público provoca na educação deste os
tempos mais remoto até a atualidade, fica cada vez mais
difícil o alcance de uma educação de qualidade para essa
modalidade.
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Na opinião de Freire (2006) os únicos seres
que social e historicamente que são capazes de aprender são os
homens e as mulheres. Os únicos que aprender é uma aventura
criadora, algo muito mais rico do que a mera repetição da
lição, logo o autor vem clarear que o ser humano é um ser
pensante, críticos para discernir as situações que o leva a
cobrar seus direitos de cidadãos preocupados em uma educação
de qualidade para a elevação do seu conhecimento.
É de suma importância para a autonomia do
indivíduo a aprendizagem, pois, através dela o educando se
valoriza, descobre sua importância na vida social. Para isso
explica Vygotsky a partir do pressuposto que o aprendizado
seria um processo profundamente social e o desenvolvimento
“complexo processo dialético, caracterizado pela
periodicidade, irregularidade no desenvolvimento das
diferentes funções, metamorfose ou transformação qualitativa
de uma forma em outro, entrelaçamento de fatores externos e
internos e processos adaptativos” (VYGOTSKY, 1991, p. 137).
Participando da mesma ideia Scheibel e
Lehenbauer (2006) afirmam que a interação social e o processo
de intervenção social seriam fundamentais para o
desenvolvimento do sujeito, e que esse indivíduo é
influenciado pela transmissão das experiências histórico-
social, do conhecimento socialmente existente.
Freire (1996, p.30) em sua citação nos
descreve que:
28
Ninguém pode estar no mundo, com o mundo e com os outrosde forma neutra. Não posso estar no mundo de luvas nasmãos constatando apenas. A acomodação em mim é apenascaminho para a inserção, que implica decisão, escolha,intervenção na realidade. O mundo não é. O mundo estásendo. Como subjetividade curiosa, inteligente,interferidora na objetividade com que dialeticamente merelaciono, meu papel no mundo não é só o de quemconstata o que ocorre mas também o de quem intervém comosujeito de ocorrências. Não sou apenas objeto daHistória mas sou sujeito igualmente. No mundo daHistória, da cultura, da política, constato não para meadaptar mas para mudar.
Percebe-se que como Freire (1996) afirma a
educação não é neutra, pois tudo tem sua intencionalidade,
logo qualquer escolha na vida tem um objetivo, uma meta,
tornando uma vontade própria, uma proposta consciente, assim a
educação não poderá jamais ser neutra e sim um ato político,
um ato de vontade. Quando existe no sujeito uma
intencionalidade significa a expressão de uma série de aspecto
de sua autonomia.
O Ministério da Educação (BRSIL, 2006) expõe
que a sociedade com suas rápidas e contínuas transformações e
produções nas diferentes áreas do saber e do fazer, aprender a
aprender é talvez o conhecimento primordial, o mais essencial
que a escola pode em parceria com seus alunos, ensinar.
1.3 - Visão de mundo dos alunos da EJA
A visão de mundo de uma pessoa que retorna aos
estudos depois de adulta após um tempo afastado da escola,
ou mesmo daquele que inicia sua trajetória escolar nessa
29
face da vida, é bastante peculiar. Protagonistas de
histórias reais e ricos em experiências vividas, os alunos
jovens e adultos configuram tipos humanos diversos. São
homens e mulheres que chegam a escola com crenças e valores
já construídos (BRASIL 2006, p.4).
Os alunos da EJA através o convívio social onde
adquiram várias sabedorias, cada uma em sua especificidade
trazendo consigo de volta a escola, no entanto cada qual com
suas experiências tem seu modo de ver e compreender as
coisas devido a sua subjetividade. Freire (2002 p.16)
“Respeitando os sonhos, as frustrações, as dúvidas, os
medos, os desejos dos educandos, crianças, jovens ou
adultos, os educadores e educadoras populares têm neles um
ponto de partida para a sua ação. Insista-se, um ponto de
partida e não de chegada”.
O Ministério da Educação (BRASIL, 2006) vem
colocar que as escolas em todas as cidades recebem jovens e
adultos com traços de vida, origens, idades, vivências
profissionais, históricos escolares, ritmos de aprendizagem
e estruturas de pensamentos, completamente variados.
Em seu trabalho Freire (1996, p. 19) descreve:
A experiência histórica, política, cultural e social doshomens e das mulheres jamais pode se dar “virgem” doconflito entre as forças que obstaculizam a busca daassunção de si, por parte dos indivíduos e dos grupos edas forças que trabalham em favor daquela assunção... Asolidariedade social e política de que precisamos paraconstruir a sociedade menos feia e menos arestosa, emque podemos ser mais nós mesmos, tem na formaçãodemocrática uma prática de real importância. Aaprendização da assunção do sujeito é incompatível com o
30
treinamento pragmático ou com o elitismo autoritário dosque se pensam donos da verdade do “saber articulado.
Na concepção de Freire (1996), ninguém está
livre das experiências históricas, políticas e sociais, todos
estão sujeitos a enfrentar conflitos e obstáculos para
assumir o seu eu, não seria diferente com os alunos da EJA.
Freire ainda destaca que para construir uma sociedade melhor
é preciso valorizar o potencial de cada um, logo haverá uma
educação popular com uma formação democrática com esses
alunos com a real prática que se importa para o educando na
sua aprendizagem que é o conhecimento para que possam ter
discernimento num mundo onde há varias manipulações onde
todos querem ser “o dono da verdade”.
Para Freire (1987), as estórias populares não
devem ser ignoradas, nelas se encontram a riquezas das
linguagens populares, tendo um papel pedagógico indiscutível.
A educação popular não pode estar alheia a essasestórias que não refletem apenas a ideologia dominante,mas mescladas com elas, aspecto da visão de mundo asmassas populares. Na verdade, esta visão de mundo não épura reprodução daquela ideologia (p. 30).
Compreendida e posta em prática, à educação
popular, sugere Silva (2009) que pode ser socialmente
recebida como facilitadora da compreensão científica que
grupos e movimentos podem e devem ter de suas experiências.
O Ministério da Educação em estudos publicados
afirmam que dar voz aos alunos é a maneira mais eficiente de
conhecer sua cultura suas experiências no mundo. Permitir que
eles se expressem e convidá-los a fazê-lo utilizando
31
linguagens diversas, pode ser um caminho bastante
interessando para descobrir suas visões do mundo( BRASIL
2006).
Para saber mais sobre a visão de mundo dos
alunos dessa modalidade o Ministério da Educação traz mais
considerações sobre o tema, dizendo que os alunos e alunas de
EJA trazem consigo uma visão de mundo influenciada por seus
traços culturais de origem e por sua vivência social,
familiar e profissional.
Podemos dizer que eles trazem uma noção de
mundo mais relacionada ao ver e ao fazer, uma visão de mundo
apoiada numa adesão espontânea e imediata às coisas que vê.
Ao escolher o caminho da escola, a interrogação passa a
acompanhar o ver desse aluno, deixando-o preparado para olhar.
Aberto à aprendizagem, eles vêm para a sala de aula com um
olhar que é, por um lado, um olhar receptivo, sensível, e, por
outro, é um olhar ativo: olhar curioso, explorador, olhar que
investiga olhar que pensa. (BRASIL 2006, p. 5).
Piletti (2000, p.9) demonstra que:
É preciso notar, entretanto, que grande parte dasaprendizagens ocorrem informalmente, isto é, não existeum processo sistemático, intencional, que nos conduza aelas. O desenvolvimento de tais processos resulta muitomais da convivência social, da vida em comum que temoscomo nossos semelhantes sejam eles pais, irmãos, amigos,colegas e outros – do que do ensino indireto e explícitodos mesmos. A tais influências que recebemosconstantemente, em qualquer lugar em que nos encontramos– em casa, na rua, no trabalho, etc. - e as mudanças aque nos levam, é que se dá o nome de educação informal.
Em contra partida ao conhecimento informal o
Ministério da Educação vem apresentar o as reações que os
32
alunos da EJA sentem com o conhecimento científico
encontrados na escola. A grande maioria deles é especialmente
receptiva às situações de aprendizagem: manifestam
encantamento com os procedimentos, com os saberes novos e com
as vivências proporcionadas pela escola. Essa atitude de
maravilhamento com o conhecimento é extremamente positiva e
precisa ser cultivada e valorizada pelo (a) professor (a)
porque representa a porta de entrada para exercitar o
raciocínio lógico, a reflexão, a análise, a abstração e,
assim construir um outro tipo de saber: o conhecimento
científico (BRASIL 2006, p.7).
Sabe se que na EJA o aluno chega à escola com seu
conhecimento de mundo já estabelecido, o mesmo acaba criando
uma resistência do novo, no que diz respeito ao modo de ser
alfabetizado, no entanto, carrega em si a vontade de aprender
ler e escrever, pois de certa forma já estão envolvido com a
presença da leitura e da escrita como explica (SOARES 2004).Um adulto pode ser analfabeto, porque marginalizadosocial e economicamente, mas, se vive em um meio em quea leitura e a escrita têm presença forte, se interessaem ouvir a leitura de jornais feita por um alfabetizado,se recebe cartas que outros lêem para ele, se ditacartas para que um alfabetizado as escreva (...) se pedea alguém que lhe leia avisos ou indicações afixados emalgum lugar, esse analfabeto é, de certa forma, letrado,porque faz uso da escrita, envolve-se em práticassociais de leitura e de escrita. (p.24).
Os estudos publicados pelo Ministério da
Educação demonstram que é importante destacar a idéia de que
cada um constrói um corpo de conhecimentos sobre a escrita ou
sobre qualquer outro conteúdo com o qual estabelece contato -
a partir da interação com o meio, de sua capacidade de
33
reflexão e elaboração, movida, muitas vezes, pela necessidade
de compreender, pelo interesse despertado ou por situações de
uso e contato. O domínio de um conhecimento não pode ser
tratado, então, como uma competência individual e nem é
possível falar de estruturas de pensamento superiores ou
inferiores, melhores ou piores. Antes, as diferenças entre um
e outro saber são apenas culturais (BRASIL 2009, p. 37).
É largamente conhecido que se aprende a
entender o mundo, como afirma Freire (1987):
Deste de muito pequeno aprendemos a entender o mundo quenos rodeia. Por isso, antes mesmo de aprender a ler e aescrever palavras e frases já estamos “lendo”, bem omal, o mundo que nos cerca. Mas este conhecimento queganhamos de nossa prática não basta. Precisamos ir além.Precisamos conhecer melhor as coisas que já conhecemos econhecer outras coisas que ainda não conhecemos ( p.40).
Entende-se que existe uma visão diferenciada
para cada indivíduo da modalidade EJA, pois todos eles
carregam em si sua própria cultura, vivenciada cada qual em
sua época, carregados de costumes, crenças, valores, diferença
de idade, dentre outras. Todos estes aspectos estão agregados
ao conhecimento de mundo que irão se transformar no
conhecimento sistemático através da instituição escolar, logo
todos os conhecimentos sejam eles de senso comum ou
assistemático, religioso ou filosófico, serão compartilhado em
sala de aula de forma harmoniosa e recíproca respeitando a
individualidade de cada para assim chegar ao conhecimento
científico.
1.4 Legislações que asseguram a EJA
34
A Constituição Federal 1988 do Brasil uma
das Cartas Magnas que mais valoriza os direitos sociais, e a
mais progressista do mundo se tratando de cartas
constitucionais, logo a LDB 9394/96, Lei de Diretrizes e Bases
da Educação vem afirmar formas de dispositivos legais dando um
novo olhar a legislação educacional Brasileira. A LDB frente
às legislações anteriores na história nacional gera avanços
favoráveis, principalmente no que se refere ao poder Público
em assegurar o direito social: a educação obrigatória e
gratuita à todos seguimentos da sociedade brasileira.
Sabe-se que o Sistema Educacional Brasileiro
está organizado em Educação Básica e Ensino Superior. A
Educação Básica é composta pela Educação Infantil, pelo Ensino
Fundamental pelo Ensino Médio. As modalidades de Ensino são
dividas em cinco (5) dentre elas está a Educação de Jovens e
Adultos — EJA. Na seção V do Capítulo II da LDB, é definida
como modalidade de ensino a Educação de Jovens e Adultos e são
especificados os pareceres, resoluções e artigos de lei que a
amparam.
Nos estudos publicado de Benite et al.
(2010) relata que em 1971 a Lei nº. 5.692 (BRASIL, 1971)
regulamenta o Ensino Supletivo (esse grau de ensino visa a
contemplar os jovens adultos) como proposta de reposição de
escolaridade, o suprimento como aperfeiçoamento, a
aprendizagem e qualificação sinalizando para a
profissionalização, foram contemplados com um capítulo
específico na legislação oficial. Na sequência, o Parecer do
Conselho Federal de Educação nº. 699, publicado em 28 de julho
35
de 1972 e o documento “Política para o Ensino Supletivo” que
tiveram como relator Valnir Chagas, explicita as
características desta Modalidade de Ensino (BENITE et al, 2010,
p. 397,398).
[...] o Ensino Supletivo visou se constituir em “umanova concepção de escola”, em uma “nova linha deescolarização não-formal, pela primeira vez assimentendida no Brasil e sistematizada em capítulo especialde uma lei de diretrizes nacionais”, e, segundo ValnirChagas, poderia modernizar o Ensino Regular por seuexemplo demonstrativo e pela interpenetração esperadaentre os dois sistemas (HADDAD; DI PIERRO, 2000, p.116).
Do ponto de vista conceitual, os artigos 37
e 38 da LDB 9394/96 dão à Educação de Jovens e Adultos o seu
devido valor no qual reafirma o direito a um ensino adequado
as suas especificidades. Alem de alterar a idade mínima para
realização de exames supletivos, de 15 anos para o Ensino
Fundamental e de 17 para o Ensino Médio. Gadotti (2001) afirma
que A LDB nos artigos 37 e 38 estão impulsionados em
“oportunidades educacionais apropriadas”.
Vejamos do que se tratam os artigos 37 e 38
da LDBEN 9394/96:
Seção v
Da Educação de Jovens e Adultos
Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles
que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino
fundamental e médio na idade própria.
§ 1° Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos
36
jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na
idade regular, oportunidades educacionais apropriadas,
consideradas as características do alunado, seus interesses,
condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.
§ 2° O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a
permanência do trabalhador na escola, mediante ações
integradas e complementares entre si.
Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames
supletivos, que compreenderão a base nacional comum do
currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter
regular.
§ 1° Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão:
I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os
maiores de quinze anos;
II - no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores de
dezoito anos.
§ 2° Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos
por meios informais serão aferidos e reconhecidos mediante
exames.
No recorte da LDB nº 9.394/96 sobre a
Educação de Jovens e Adultos, aparece intitulando o Capítulo
XI – “Da Educação Básica de Jovens e Adultos Trabalhadores e
do Ensino Noturno”.
Assim, constituindo, conforme Cury (2000,
p.05),
37
[...] uma dívida social não reparada para com os que nãotiveram acesso e nem o domínio da escrita e leitura comobens sociais, na escola ou fora dela, e tenham sidoforça de trabalho empregada na constituição de riquezase na elevação de obras públicas. Ser privado desteacesso é, de fato, a perda imprescindível para umapresença significativa na convivência social reparadora.
Essa dívida social como menciona Cury
acima, para com os que tem sido força de trabalho na
construção do Brasil,vem através do Cap.XI do Substituto Cid
Sabóia amenizar a situação desses trabalhadores que não
tiveram o acesso a leitura e a escrita na faixa etária
considerada adequada.
Para tanto é apresentado aqui na integra o
Cap. XI do Substitutivo Cid Sabóia: “Da educação básica de
jovens e adultos trabalhadores” que segundo Gadotti (2201) dá
um tratamento mais adequado à questão, na medida em que prevê
a eliminação do caráter do sistema paralelo que lhe foi
conferido pela Lei nº5692 de agosto de 1971.
Art. 47 – A educação básica pública oferecerá
alternativas adequadas às necessidades da população
trabalhadora jovem e adulta, que serão reguladas
pelo respectivo sistema de ensino.
Parágrafo único – As alternativas referidas neste
artigo incluirão, no mínimo:
I – disponibilidade de aparelhagem e demais
condições para recepção de programas de tele-
educação no local de trabalho, em empresas e órgãos
públicos com mais de 100 (cem) empregados.
38
II – Oferta regular de ensino noturno, entendendo
como tal oferecido a partir das dezoito horas, nos
mesmos padrões de qualidade do diurno, e em escola
próxima do local de trabalho ou residência.
III – Alternativas de acesso a qualquer série ou
nível, independente de escolaridade anterior, sem
restrições de idade máxima, mediante avaliação dos
conhecimentos e experiências, admitida, quando
necessária, a prescrição de programas de estudos
complementares em paralelo.
IV – conteúdos curriculares centrados na prática
social e no trabalho e metodologia de ensino-
aprendizagem adequada ao amadurecimento e
experiência do aluno.
V – matrícula facultativa em educação física, no
período noturno.
VI – organização escolar flexível, inclusive quanto
à matrícula por disciplina e a outras variações
envolvendo os períodos letivos, a carga horária
anual e o número de anos letivos dos cursos.
VII – professores especializados.
VIII – Programas sociais de alimentação, saúde,
material escolar e transporte, independente do
horário e da modalidade de ensino, financiados com
recursos específicos.
39
IX – Outras formas e modalidades de ensino que
atendam à demandas dessa clientela, nas diferentes
regiões do país.
Art. 48 – O Poder Público viabilizará e estimulará
o acesso e a permanência do trabalhador na escola,
mediante ações integradas e complementares entre
si, que incluirão:
I – ações junto aos empregadores, mediando
processos de negociação com os trabalhadores,
fiscalizando o cumprimento das normas legais, e
criando incentivos e estímulos, inclusive de
natureza fiscal e creditícia, para as empresas que
facilitem a educação básica de seus empregados.
II – ações diretas do Estado, na condição de
empregador, por si e por suas entidades vinculadas
e empresas públicas.
Parágrafo único – O valor das bolsas de estudo e
outros benefícios educacionais, concedidos pelos
empregadores aos seus empregados, não será
considerado, para nenhum efeito, como utilidade e
parcela salarial, não integrando a remuneração do
empregado para fins trabalhistas, previdenciários
ou tributários.
Percebe-se que os efeitos históricos da
educação de jovens e adultos são tendenciosos ao abandono
constante do estudante/trabalhador, para que esta aprendizagem
40
se efetive é preciso enfrentar vários desafios. Na perspectiva
do Substitutivo Cid Sabóia, que vem com um propósito de
caráter continuado no que se referem aos estudos dos jovens e
adultos quando menciona no inciso IV considerando que os
conteúdos curriculares devem ser centrados na prática social e
no trabalho configurando uma associação entre educação
concreta e a prática de vida.
1.5 - Caracterizações dos alunos da EJA
De acordo o ministério da Educação são
homens, mulheres, jovens, adultos ou idosos que buscam a
escola pertencem todos a uma mesma classe social: são pessoas
com baixo poder aquisitivo, que consomem, de modo geral,
apenas o básico à sua sobrevivência: aluguel, água, luz,
alimentação, remédios para os filhos (quando os têm). O lazer
fica por conta dos encontros com as famílias ou dos festejos e
eventos das comunidades das quais participam, ligados, muitas
vezes, às igrejas ou associações. A televisão é apontada como
principal fonte de lazer e informação. Quase sempre seus pais
têm ou tiveram uma escolaridade inferior à sua. (BRASIL, 2006,
p. 15).
Continuando as características dos alunos da
EJA (OLIVEIRA, 1999) vem apresentar que o fato de serem
excluídos da escola os coloca à margem do mercado de trabalho
pela sua condição de não escolarizado e, também, pertencente a
determinados grupos culturais com singularidades marcantes. O
41
migrante constitui uma grande parte desse público e, pelo fato
de ser migrante, não concluiu a sua trajetória escolar.
Os jovens e adultos trabalhadores lutam para superarsuas condições precárias de vida, (moradia, saúde,alimentação, transporte, emprego e etc.), que estão naraiz do problema do analfabetismo. O desemprego, osbaixos salários e as péssimas condições de vidacomprometem o processo de alfabetização dos jovens e dosadultos (GADOTTI, 2001, p.31).
Sobre esse aspecto como explanou o autor as
características dos alunos da EJA se dá pelo ingresso no mundo do
trabalho precocemente, pelas questões sociais que o Brasil vem
enfrentando deste a expansão do capitalismo. Fazendo destes
indivíduos objetos de exploração da força de trabalho comprometendo
a sua vida escolar.
[...] são adultos ou jovens adultos, via de regra maispobres e com vida escolar mais acidentada. Estudantesque aspiram a trabalhar, trabalhadores que precisamestudar, a clientela do ensino médio tende a tornar-semais heterogênea, tanto etária quantosocioeconomicamente, pela incorporação crescente dejovens adultos originários de grupos sociais, até opresente, sub–representados nessa etapa da escolaridade.(PARECER CNE/CEB nº.11/2000).
É notório que as pessoas que dedicaram toda
sua vida ao labor, marginalizadas pela pobreza, logo chega a
face adulta e percebe a lacuna que a falta da vida escolar
provoca na vida de um ser humano, desencadeando uma série de
aspetos como: constrangimentos por não saber assinar um
documento, não ler uma carta, ler uma placa, ler um cartão
informativo na reunião escolar do filho, dentre outros.
42
Esses indivíduo coagidos na sociedade
devido concorrência de empregos sentem a necessidade da
leitura e da escrita e vão em busca da escola, como afirma
Lemos.
[...] os adolescentes e adultos procuram a escola,inicialmente, motivados pela expectativa de conseguir umemprego melhor, ou então são levados pelo desejo deelevação da auto-estima, da independência e da melhoriade sua vida pessoal, como por exemplo, dar bons exemplosaos filhos, ajudá-los em suas tarefas escolares. Emsíntese, pode-se inferir que o maior motivo da procurada escola é a necessidade de fixação de sua identidadecomo ser humano e ser social. (LEMOS, 1999, p. 25).
Para Lopes e Souza o aluno da EJA não vai à
escola para recuperar o tempo perdido, o que ele visa é suprir
as necessidades para sua vida na sociedade, seja na família,
na sociedade, sempre com o intuito de sobreviver às questões
que o cotidiano lhe proporciona.
Além de ser preciso que a sociedade compreenda que oaluno da EJA vivencia problemas com preconceitos,vergonha, descriminação, criticas, dentre tantas outras.E que tais questões são vivenciadas tanto no cotidianofamiliar como na comunidade. O adulto não retorna escolacom intenção de recuperar o tempo perdido ou paraaprender algo que não aprendeu quando criança. O que elebusca é um aprendizado para suas necessidades atuais(LOPES e SOUZA, 2005, p. 2).
Santana (2011) diz que hoje não só temos
alunos jovens e adultos nas salas de aula da EJA, mas também
adolescentes que são reprovados varias vezes e não conseguem
concluir o Ensino Fundamental ou o Médio na idade regular. Na
maioria das vezes, esse aluno, para conclusão do Ensino
Fundamental ou Médio, opta pelo supletivo, que pode ser
43
concluído em menor tempo e acaba freqüentando a sala somente
para ter um diploma ou certificado de conclusão.
Diferentemente do jovem ou adulto que na sala de aula não esta
ali só para adquirir um certificado, mas criar amizades, ter
um espaço de dialogo, vivências, troca de experiências e
aprendizagem (SANTANA 2011, p.17).
1.6 - Formações dos Educadores da EJA
A princípio Soares (2008) afirma que a
profissionalização do educador de EJA tem se tornado cada vez
mais nuclear, tanto nas práticas educativas quanto nos fóruns
de debate. Com base na ação do voluntariado, a primeira
Campanha Nacional de Educação de Adultos no Brasil, lançada em
1947, passou a ser sistematicamente criticada por não preparar
adequadamente professores para trabalhar com essa população.
A Educação de Jovens e Adultos requer do educadorconhecimentos específicos no que diz respeito aoconteúdo, metodologia, avaliação, atendimento, entreoutros, para trabalhar com essa clientela heterogênea etão diversificada culturalmente. (ARBACHE, 2001, p.19)
Concordando com esta idéia de clientela
heterogênea e tão diversificada citada pela autora acima,
Scheibel e Lehenbauer (2006, p. 138) reforça que “ser jovem é
diferente de ser adulto” por isso a preocupação de uma boa
formação dos educadores para saber trabalhar com jovens e
adultos. As autoras continuam afirmando que “nós, professores,
também precisamos ‘mergulhar’ no universo da alfabetização nas
classes de EJA, para aprendermos com os jovens e adultos, como
44
eles aprendem a ler e escrever” (SCHEIBEL e LEHENBAUER, 2006,
p. 42).
Como pode notar nos estudos feitos pelas
autoras uma professora, com longa experiência com crianças,
precisa utilizar essa experiência para a alfabetização nas
classes de EJA, mas não pode fazer uma transposição pura e
simples das atividades de uma turma para outra, afirma
Scheibel e Lehenbauer, na verdade as autoras explicam que ela
precisa experienciar, analisar e pesquisar se pode fazer
“aproximações” (SCHEIBEL e LEHENBAUER, 2006, p. 41).
O papel do avaliador, ativo em termos do processo,transforma-se no de partícipe do sucesso ou fracasso dosalunos, uma vez que os percursos individuais serão maisou menos favorecidos a partir de suas decisõespedagógicas que dependerão, igualmente, da amplitude dasobservações. Pode-se pensar, a partir daí, que não é oaluno que deve estar preparado para a escola, masprofessores e escolas é que devem preparar-se paraajustar propostas pedagógicas favorecedoras de suaaprendizagem, sejam quais forem seus ritmos, seusinteresses e ou singularidades. (HOFFMANN, 2004, p.18).
A autora explana muito bem a questão da
escola e do professor estarem preparados pra receber os jovens
e adultos, trabalhando com a realidade a qual estão inseridos,
dando oportunidade de troca de experiências no âmbito escolar,
para que possam usá-las de acordo a sua necessidade na vida
social.
Outro estudo de relevância foi realizado por
Pereira e La Fare (2011) onde afirmam Brasil, até a edição das
Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Pedagogia,
ainda era possível encontrarmos cursos de graduação com a
habilitação em EJA disponível. De 2006 para cá, desaparecida a
45
prerrogativa de oferta dessa natureza, o máximo que
encontramos é alguma disciplina específica ofertada ao longo
dos currículos ou como modalidade de estágio, ou em nível de
pós-graduação (especialmente lato sensu). Em termos de pós-
graduação stricto sensu, vale o destaque para a Universidade
Federal da Paraíba (UFPB) e para a Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG), que oferecem a oportunidade de cursar o
mestrado ou o doutorado em linhas de pesquisa mais dirigidas
para a EJA (linha de pesquisa em Educação Popular, na UFPB, e
Movimentos Sociais, Educação
e Cultura, na UFMG (PEREIRA e LA FARE 2011, p. 75e 76).
Neste sentido Pereira e La Fare (2011)
ressaltam que as pesquisas sobre formação de professores do
campo educacional mais amplo muitas vezes tiveram por objetivo
pensar como deve se dá o processo de formação desses sujeitos
que vão capitanear a experiência de formação de outros
sujeitos: como devem ser, o que devem saber, como devem
proceder a esses sujeitos que vão implementar situações de
ensino e aprendizagem? Essas perguntas são pertinentes no
contexto de formação de profissionais da Educação de Jovens e
Adultos. Pereira e La Fare (2011) trazem mais detalhes
mostrando que no caso da formação de professores para a EJA,
entretanto, esse material é escasso: o que encontramos, às
vezes, são propostas de deslocamento ou transposição de
procedimentos, prescrições, metodologias e currículos de
outros níveis e modalidades para a formação de educadores de
jovens e adultos, (PEREIRA e LA FARE 2011, p.77).
46
No dizer de Haddad (2000), há, portanto, uma
variedade de possibilidades teóricas de análise, o que
sinaliza, ao mesmo tempo, a necessidade da constituição de um
campo de conhecimentos sobre a EJA:
Por este espectro geral dos referenciais teóricosutilizados nestas vinte pesquisas em EJA podemosconstatar a variedade de intersecções que são realizadasnesta área temática. Isto acaba por revelar uma riquezaem termos de aportes que são utilizados para buscarcompreender as práticas e a formação dos professores queatuam em EJA, ao mesmo tempo em que aponta para algumasfragilidades em termos da consistência e segurança nautilização de um referencial mais homogêneo (HADDAD,2000, p. 25).
Segundo Laffin (2013) a tese de Araujo
(2008), A formação do professor alfabetizador em cursos de
Pedagogia: contribuições e lacunas teórico-práticas, que a
prática pedagógica do professor alfabetizador exige dele uma
formação alicerçada em saberes docentes, requeridos na
alfabetização de crianças, jovens e adultos, defendendo que o
curso de Pedagogia é o lócus, por excelência, para essa
formação, a despeito de possíveis limitações estruturais e
curriculares que apresenta. Os dados analisados apontaram:
[...] para a necessidade de uma revisão das propostascurriculares desse curso, chamando a atenção para aimportância de uma proposta curricular de formação maisvoltada para o processo de alfabetização/letramento epara a inclusão social. Formação que, emborainsuficiente, é condição fundamental para que se promovauma prática pedagógica alfabetizadora, de fato,inclusiva e promotora do sucesso escolar. (ARAÚJO, 2008,p.8).
O curso de pedagogia embora não valorizado
pelo poder público e com inúmeras deficiências, ainda é a
47
formação mais apropriada para proporcionar o ensino
aprendizagem aos indivíduos do ensino fundamental na
modalidade EJA, principalmente quando os educadores dão
continuidade aos estudos, trazendo para sala de aula mais
conhecimento com novas estratégias para trabalhar as
disciplinas fazendo do educando sujeitos autônomos.
Segundo Pimenta:
(...) a posição que temos assumido é a de que a escolapública necessita de um profissional denominadopedagogo, pois entendemos que o fazer pedagógico, queultrapassa a sala de aula e a determina, configura-secomo essencial na busca de novas formas de organizar aescola para que esta seja efetivamente democrática. Atentativa que temos feito é a de avançar da defesacorporativista dos especialistas para a necessidadepolítica do pedagogo, no processo de democratização daescolaridade. (PIMENTA 1988)
No entanto o MEC (2007) lança o Plano
Nacional de Formação de Professores da educação Básica, com a
intenção de formar professores que atuam na educação básica e
ainda não são graduados. De acordo com o Educacenso 2007,
cerca de 600 mil professores em exercício na educação básica,
publica não possuem graduação ou atuam em áreas diferentes das
licenciaturas em que se formaram.
A as Diretrizes Curriculares Nacionais
apresenta que o seu maior desafio é tornar a formação de
professores uma formação profissional de alto nível sustenta
uma concepção mais voltada à técnica, cuja ênfase passa a ser
a de proporcionar o “atendimento das demandas de um exercício
profissional específico que não seja uma formação genérica e
nem apenas acadêmica” (DCN, 2001, p. 28).
48
Porém o que acontece, são professores
mestres e doutorado que obtiveram seus estudos continuados,
não retornarem a sala de aula, onde os ingressos destes
titulados na sua maioria estão em universidades públicas e em
segundo lugar em setores privados (VELLOSO 2004).
É notável a preferência dos indivíduos que dão continuidade
aos estudos, pois a precariedade da educação básica está
afugentando cada vez mais os educadores, Cury afirma que:
Sabemos todos que a distribuição de renda e da riquezano país determina o acesso e a permanência dosestudantes na escola. Sabemos também que o aumento dapermanência de estudantes na escola depende darealização do direito ao saber, sob um padrão dequalidade possível de ser incrementado. E sabemos tambémque não se deve exigir da escola o que não é dela,superando a concepção de uma educação salvífica eredentora. Problemas há na escola que não são dela, masque estão nela e problemas há que são dela e obviamentepodem também estar nela, (CRURY, 2002, p. 169).
Gadotti (2001), afirma que os professores
que trabalham na EJA, em sua maioria, não estão preparados
para o campo especifico de sua atuação. Em geral são
professores leigos ou pertencentes no próprio corpo docente de
ensino regular. Em muitos lugares principalmente em cidades
interiorana do nordeste do Brasil, existem muitos destes
professores leigos citado por Gadotti, estagnados na
perspectiva de estudos continuados, desestimulam os alunos
quando falam em fazer o curso de pedagogia, alegando não
compensar devido ao baixo salário, tirando desses alunos a
oportunidade da tentativa de serem indivíduos de senso crítico
na sociedade.
49
Sobre esse aspecto Scheibel e Lehenbauer,
(2006):
Como um motivo para o desenvolvimento humano não sódaquele que estão se alfabetizando mas do já“escolarizando” que encontram agora uma ocasião deaprimorar e humanizar seu aprendizado transitando pordiversas áreas e potencializando sua capacidade decompreender o mundo, ou seja, o educador se visualizandoe tornando-se um eterno aprendente.
Por fim nesta abordagem as autoras propõem
significar e ressignificar nossas concepções sobre o mundo é
fundamental para continuarmos vivos, pois, ao chegarmos à
conclusão de que estamos prontos estagnaremos o pensar, o
agir, o viver.
CAPÍTULO II
50
ESTUDO DE CAMPO COM JOVENS E ADULTOS DE UMA ESCOLA DO
MUNICÍPIO DE ESPINOSA-MG
Este segundo capítulo teve como destaque a
execução da entrevistas com os alunos do 5º ano da educação de
Jovens e adultos de uma escola Municipal da cidade de
Espinosa. Uma vez que, o que se questiona nesta monografia é
sobre os avanços e desafios dos alunos da EJA.
Os procedimentos metodológicos, também foram
abordados seguidos da apresentação e analise dos dados
obtidos.
2. 1 - Procedimentos metodológicos
A metodologia utilizada para o
desenvolvimento dessa pesquisa se deu através da pesquisa de
campo, pela abordagem qualitativa de pesquisa de acordo com
Lakatos e Marconi (2007, p. 15) que afirmam que a pesquisa “é
um procedimento formal, com método de pensamento reflexivo,
que requer tratamento científico e se constitui no caminho
para reconhecer a realidade ou para descobrir verdades
parciais”. As autoras trazem considerações mostrando que a
finalidade da pesquisa é levantar respostas para uma dada
realidade pesquisada, que se dá através de métodos
científicos, para isso ocorre a princípio uma investigação que
caminha para comprovar os fatos observados e constatados.
51
Sobre este aspecto Gil (1999, p. 42) explana
que pesquisa é um “procedimento formal e sistemático de
desenvolvimento do método científico” que entra em consenso
com as autoras Lakatos e Marconi citada acima, corroborando
com a linha de pensamentos.
Para mais esclarecimentos Gil citando Selltiz salienta:
Estas pesquisas têm como objetivo proporcionar maiorfamiliaridade com o problema, com vistas a torná-lo maisexplícito ou a construir hipóteses. Pode-se dizer queestas pesquisas têm como objetivo principal oaprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições.Seu planejamento é, portanto, bastante flexível, de modoque possibilite a consideração dos mais variadosaspectos relativos ao fato estudado. Na maioria doscasos essas pesquisas envolvem: (a) levantamentobibliográfico; (b) entrevistas com pessoas que tiveramexperiências práticas com problema pesquisado; e (c)análise de exemplos que “estimulam a compreensão”. (Gil,2008, p.40).
Assim com Gil (2008) salienta que a
entrevista deve ser feita com pessoas que tiveram experiência
práticas com o problema, Vergara (2004) em trabalho descreve
que o pesquisador deve definir o tipo de pesquisa, por isso
foi decidido que a abordagem qualitativa foi a que mais se
adequou ao objetivo dessa monografia, que buscou analisar os
desafios que os Jovens e Adultos enfrentou e vem enfrentando,
destacando os avanços que os mesmos adquiriram no decorrer
desse processo para o encontro da aprendizagem.
2.2 Apresentação e análises dos dados
A pesquisa foi realizada em uma escola da
rede municipal de Espinosa-MG, e a metodologia utilizada para
52
a realização desse trabalho foi à pesquisa de campo, para
tanto foi selecionado o 5º ano noturno da modalidade EJA do
Ensino Fundamental como possibilidade de uma aproximação dos
alunos objetivando nessa pesquisa, conhecê-lo, estudá-lo, a
partir de sua realidade.
A escola definida para a pesquisa dessa
monografia, em busca de um menor índice de analfabetismo, a
administração municipal desenvolve um trabalho de
alfabetização de jovens e adultos, o que já permitiu reduzir o
índice de analfabetos, com novas exigências e novas teorias
pedagógicas. O município atende 244 alunos do Ensino Regular
noturno, na sede e nos povoados, todos recebendo material
escolar e assistência pedagógica. O Projeto “Cidadão Nota 10”
do município de Espinosa atende a 36 turmas, que também atuam
tanto na sede como nos povoados da zona rural, logo todos os
alunos da comunidade escolar pertencentes a um nível
socioeconômicos baixo.
A instituição conta com um corpo de funcionários
composto de oitenta pessoas, sendo eles, um diretor; um vice-
diretor, dois pedagogos atuando na supervisão, cinqüenta
professores regentes, três bibliotecárias, três assistente
administrativos; vinte quatro servidores de apoio – dentre
eles merendeira, zeladora, bem como auxiliar de serviços
gerais dentre ele porteiros de acordo o Regimento Escolar, PPP
e o Plano de desenvolvimento escolar da mesma.
A pesquisa qualitativa é exploratória, ou seja,
estimula os entrevistados a pensarem sobre algum tema sem
influenciá-lo na sua resposta com afirma Chizzotti:
53
O entrevistador deve manter-se na escuta ativa e com aatenção receptiva a todas as informações prestadas,quaisquer que sejam elas, intervindo com discretasinterrogações de conteúdo ou com sugestões queestimulem a expressão mais circunstanciada de questõesque interessem à pesquisa. A atitude disponível àcomunicação, a confiança manifesta nas formas eescolhas de um diálogo descontraído devem deixar oinformante inteiramente livre para exprimir-se, semreceios falar sem constrangimentos sobre os seus atos eatitudes, interpretando-os no contexto em que ocorreram(CHIZZOTTI, 1991, p. 93).
Na visão de Santos Filhos (1995), o objetivo da
pesquisa qualitativa é “a compreensão ou interpretação do
fenômeno social, como base nas perspectivas dos autores por
meio da participação em suas vidas. O pesquisador precisa
compreender o significado que os outros dão as suas próprias
situações”.
O universo desta pesquisa foi composto por 10
alunos do 5º ano noturno da EJA e o período da coleta de dados
foi durante o mês de setembro de 2013, visando uma análise
qualitativa assim como explica Gil:
A análise qualitativa é menos formal do que a análisequantitativa, pois nesta última seus passos podem serdefinidos de maneira relativamente simples. A análisequalitativa depende de muitos fatores, tais como anatureza dos dados coletados, a extensão da amostra, osinstrumentos de pesquisas e os pressupostos teóricos quenorteiam a investigação. Pode-se, no entanto, definiresse processo como uma sequência de atividades, queenvolve a redução dos dados, a categorização dessesdados, sua interpretação e a redação do relatório. (GIL,2008, p.133).
No primeiro momento os alunos tiveram resistência
em participar da entrevista, porém a pesquisadora foi
54
persistente esclarecendo a importância dos mesmos colaborarem
com pesquisa, agindo assim haveria a possibilidade de um
estudo efetivo com sucesso. Logo a professora regente
reforçou a importância da pesquisa e todos da sala foram
unânimes na participação.
Durante a realização da entrevista os alunos
apresentaram ansiedade, mas no decorrer do processo foram se
acalmando e respondendo gradativamente a todas as perguntas
propostas pela entrevistadora.
A maioria dos alunos entrevistados são adultos, e
suas respostas eram dadas de forma natural, porém curtas. Na
sala entrevistada os alunos matriculados tem a faixa etária de
19 a 73 anos e seus níveis de aprendizagem também variam,
assim considerado alunos heterogêneo. Isso exigiu um
tratamento diversificado dados ao saberes dos alunos,
existentes ali, e em consequência as entrevistas ocorreram de
forma individualizada para que os alunos se sentissem a
vontade para expor suas experiências de vida.
Percebe-se que os alunos da EJA tiveram uma
passagem muito rápida a escola quando criança, devido aos
trabalhos domésticos, rurais, e ou qualquer outra forma de
trabalho, hoje denominado em trabalho infantil, que podem ser
classificados em motivos culturais, sociais, econômicos e até
mesmo políticos, numa época em que estudar estava sempre em
segundo plano na visão da família, priorizando apenas labor.
A entrevista é iniciada com a seguinte pergunta:
O que levou você a retornar a escola?
55
Todos os alunos foram unissonantes em responderem
que a vontade de ler e escrever foram o que os levou a
retornarem a escolas, pois, essa façanha na sua vida lhe daria
condições melhores de vida, com exceção de Tiago de 19 anos.
Como podemos constatar aqui em seu relato.
“Tiago 19 anos estudante da EJA diz: Voltei à escolapara ser alguém no futuro. Percebi que sem estudo nãosomos nada e dificilmente chegarei a lugar algum”(setembro2013).
Através do relato do aluno Tiago é possível
notar a vontade que esse jovem tem em retornar a escola não
apenas para ler e escrever como o demais entrevistados, mas
sim uma vontade incansável de ser alguém, pois a sua percepção
de que a escola é imprescindível na vida do cidadão surgiu a
tempo para sua efetiva mudança. Complementa Ferrari e Amaral:
Numa sociedade como a nossa, cujo valor social dado àescola é muito grande, o fato de uma pessoa não terestado na escola, numa fase em que deveria estar, é umamarca distintiva como a da pobreza, é característica dacondição de subalternidade, da exclusão oriunda de suasraízes culturais imposta pelo grupo dos letrados. Apossibilidade de superação deste estigma destaca a EJAcomo um dos meios privilegiados de mudança. (FERRARI eAMARAL, p. 04).
Os alunos na sua maioria, quando dizem que o que
os levaram a retornar a escola foi a vontade de ler e
escrever, não percebem que a leitura de mundo que os mesmos
adquiriram antecede o ato de ler como diz Freire (1989),
fazendo-os ler o mundo através de suas experiências de vida.
Logo sua aprendizagem acontecerá conforme seu interesse e a
sua necessidade.
56
Na segunda pergunta da entrevista: Qual foi a maior
dificuldade ou desafio enfrentado por você ao voltar a escola?
Ficou perceptível que 10 dos alunos entrevistados, 5 deles
ainda encontram dificuldades em conciliar a escola e o
trabalho, pois é dele que provém o seu sustento e de sua
família como conta:
“Juraci, lavrador de 45anos. Trabalho deste de muitopequeno e hoje quando chega à noite, fico muito cansado.Porém Dona Tereza de 57 anos também trabalha o dia todo,mas diz que o cansaço não a impede” (setembro2013).
“Ana 65 anos dona de casa que cuida da filha deficientefala emocionada: Tenho uma filha de 25 anos deficientena cadeira de rodas, mas foi ela quem me deu força praeu estudar, todos os dias ela fala, mãe pode ir eu ficosozinha, vai estudar” (setembro 2013).
“Mauricio, 58 anos lavrador, Dona Zilda 62 anos dona decasa, todos alegam o trabalho como dificuldades aovoltar à escola” (setembro2013).
Neste sentido o Ministério da Educação
(2006) coloca que a procura de jovens e adultos pela escola
não se dá de forma simples. Ao contrário, em muitos casos,
trata-se de uma decisão que envolve as famílias, os patrões,
as condições de acesso e as distâncias entre casa e escola, as
possibilidades de custear os estudos e, muitas vezes, trata-se
de um processo contínuo de idas e vindas, de ingressos e
desistências. Ir à escola, para um jovem ou adulto, é antes de
tudo, um desafio, um projeto de vida.
Os demais destacaram a falta de estimulo como
dificuldade e desafio ao enfrentar o retorno à escola, mas o
que chamou atenção foi o depoimento de Dona Maria, solteira
57
aos 73 anos que sempre teve o sonho de estudar, mas o medo foi
o empecilho para sua chegada na EJA: “O medo. Medo de não conseguir, porque estou velha,cabeça não entra mais nada. Medo também dos outros riremde mim porque sou velha” (Maria, setembro2013).
Sobre este aspecto Coura (2008) salienta
que “Entre medos e sonhos nunca é tarde para estudar: A
terceira idade na educação de Jovens e Adultos” a autora
mostra que a questão da idade é sem dúvida um dos maiores
medos dos alunos, onde a insegurança de não serem aceito
devido à idade avançada, se transformam em empecilho pra
retornar a escola.
Sonhar não é apenas um ato político necessário, mastambém uma boa conotação da forma histórico-social deestar no mundo de mulheres e homens. Faz parte danatureza humana que, dentro da história, se acha empermanente processo de tornar-se... não há mudança semsonho como não há sonho sem esperança... (FREIRE, 2001,p. 13)
Freire (2001) em seus estudos analisa que
por mais que as pessoas sonhem é preciso que ajam mudanças,
para que assim os sonhos sejam realizados, pois não há sonhos
sem esperança. A aluna Dona Maria Tinha um sonho de estudar,
mas a esperança de chegar o momento de realizar esse sonho foi
maior que o medo do preconceito por ser idosa numa sala de
aula.
No decorrer da entrevista surge a pergunta:
Que importância tem a escola pra você? Foi prazeroso ouvir de
cada um deles a resposta com um sorriso no rosto dizendo que:
A escola é muito boa é tem muitas utilidades na minha vida;
58
Sem escola não somos ninguém; A escola é uma maravilha nada
vida das pessoas; A escola é muito importante na vida da
gente;
O aluno Tiago de 19 anos foi mais
categórico quando disse:
“Tiago, estudante 19 anos diz: A escola é tudo na minhavida” (setembro 2013).
Quando se questionou: Você se sentiu
descriminado ou envergonhado em alguma situação por não ter
escolaridade? Logo se obteve as seguintes respostas:
“Marli, lavradora 23anos. Sim, Quando eu ia assinar etinha que colocar o dedo” (setembro 2013).
“Juraci, lavrador 45 anos. Sim, na hora de assinar. Nasépocas de eleições eu tinha que colocar o dedo”(setembro2013).
“Dona Maria, lavradora 73 anos. Sim, me sentienvergonhada a vida toda, pois tinha que pedir paraoutros lerem as cartas ou escrever, às vezes era atésegredo mais não tinha outro jeito. Na hora de ir pracidade não sabia andar porque não linha leitura. Aíagente ficava sempre quieta num canto sem puder resolvernada” (setembro 2013).
“Tereza, lavradora 57 anos. Sim, No banco quando fuisacar um dinheiro, então uma pessoa viu que eu estava,insegura e me disse: A máquina não morde não! Fiqueimuito envergonhada” (setembro 2013).
“Ana, lavradora, 65 anos. Sim, nas reuniões dos meusfilhos. A professora dava um bilhetinho e não sabia oque estava escrito” (setembro2013).
“Zilda, Dona de casa 62. Sim, As vezes na igreja na horade ler a bíblia. Na hora de assinar” (setembro 2013).
59
Na visão de Freire (2006), deve ser
respeitadas todos os níveis de entendimentos de cada indivíduo
que possui de sua própria existência vividas em sociedades.
É largamente conhecido que os alunos da EJA
já passaram por vários constrangimentos por serem analfabetos
com confirma Silva (2009) “Pode verificar que são alunos
trabalhadores, às vezes desempregados, oriundos da zona rural
onde tiveram uma passagem curta ou nenhuma pela escola”.
Ao serem interrogados sobre Qual o motivo
que levou você a não completar ou iniciar os estudos no tempo
certo? Dona Maria de 73 anos conta tristemente sua historia na
infância expondo os fatos pelo qual não pode iniciar os
estudos na idade considerada adequada.
“Lembro que deste de muito pequenina, já labutava com ascoisas dentro de casa, meu pai criava muitos porcos,muitas galinhas, muitas roças, e ainda tinha muitosirmãos. Então, eu que ficava para dar comidas àscriações e ainda dar conta e arrumar a casa e fazer acomida pra todo mundo da casa. Então não sobrava tempode ir à escola, porque a escola era muito longe, tomavaquase o dia todo pra chegar até lá. Pai achava melhordeixar para lá. Pois mulher não precisava saber muito, oque precisa mesmo era da labuta dentro de casa.” (DonaMaria, entrevista realizada em setembro de 2013).
Entre os artigos que compõem o Estatuto do Idoso
(Brasil, 2005), é importante destacar o Título II, Dos
Direitos Fundamentais, em seu Capítulo V, Da Educação,
Cultura, Esporte e Lazer. Segundo o Estatuto do Idoso no seu
artigo 20, “o idoso tem direito a educação, cultura, esporte,
lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviços que
respeitem sua peculiar condição de idade”.
60
É indispensável apresentar aqui os avanços
que Dona Maria aos 73 anos adquiriu, como o direito a educação
como está assegurado no Estatuto do Idoso (Brasil, 2005) que
reza no seu artigo 21 “oportunidades de acesso do idoso à
educação, adequando currículos, metodologias e material
didático aos programas educacionais a ele destinados”. Assim
como Dona Maria não pode estudar na infância hoje esse
privilégio é direito.
Deste a constituição de 1988 a educação já
era direito garantida a todas as pessoas, porém por diversos
motivos muitas crianças, hoje adultos não estudaram. Hoje as
escolas estão acessíveis a todos esses indivíduos, por isso os
mesmos voltam a procurarem os estudos depositando toda a
confiança s seus desempenhos de aprendizagens mesmo com todos
os tipos de preconceitos enfrentados nas famílias, nas escolas
e na sociedade.
No sexto questionamento a pergunta: Há quantotempo está na EJA? As respostas variavam de 5 anos a 7 meses
que equivale a 1º a 5º ano.
O Ministério da Educação (2006) revela que
“os alunos buscam a escola para satisfazer necessidades
particulares, para se integrar à sociedade letrada da qual
fazem parte por direito, mas da qual não pode participar
plenamente quando não domina a leitura e a escrita”. Percebe
se que os alunos da EJA buscam a escola porque a vida em
sociedade não é mais como há alguns anos atrás, logo sentem a
61
necessidade de mudanças para poder sanar suas dificuldades na
convivência em uma sociedade contemporânea.
Quanto à sétima indagação que se resume a: Você pretende dar continuidade aos estudos? Todos os
entrevistados afirmaram continuar com exceção de Dona Zilda de
62 anos, que alega a distância da próxima escola que terá de
percorrer caso decida continuar.
Freire contribui dizendo:
[...] queremos uma educação que nos ligue com os que têmcoragem de levar adiante a luta também permanente delibertação. Queremos uma educação que nos ensine, emtodos e modalidades, a prosseguir na direção de umasociedade que supere as desigualdades sociais. Faz-senecessário uma Educação que nos ajude a passar de umaconsciência fragmentada para uma consciência crítica,através da análise da realidade, da interpretação denossa experiência individuais e coletivas, livres dosfiltros impostos pelas ideologias dos grupos dominantes.(FREIRE. 1977, p 85)
Quanto à penúltima pergunta: Quais os avanços
que você obteve estando na EJA? Os seguintes relatos confirmam
a autonomia e a capacidade que os alunos tiveram em considerar
os seus avanços, estando inseridos na modalidade Educação de
jovens e Adultos na escola Municipal referida, nos quais a
maioria se referiu, ao ato de ler e escrever como avanços
adquiridos no decorrer do seu ingresso na EJA.
“Hoje já sei ler e escrever. Pouco, mais sei. E estoufeliz” (Marli, setembro 2013).
“Aprendi a ler e a escrever” (Juraci, setembro 2013).
“Muitos amigos. Aprendi a ler e escrever também” (Antônio, setembro 2013).
62
E não só confirmando o ato de ler e
escrever, mas enfatizando através de Freire quando cita que:
A alfabetização é a criação ou a montagem da expressãooral. Está montagem não pode ser feita pelo educadorpara ou sobre o alfabetizado. Aí tem ele um momento desua tarefa criadora. (FREIRE, p. 1987).
Muitas das vezes, os alunos da EJA também
vão a busca de uma socialização, pois os mesmos estão
condicionados ao espaço trabalho e âmbito familiar, assim como
Dona Maria relata:
“Ah! Aqui eu fiz amigos, agente escuta informação, agente tem uma distração” (Maria, setembro 2013).
O Ministério da Educação (2006) traz mais
detalhes mostrando que no contato com o outro e nas vivências
de relações e experiências diversas que enriquecemos o nosso
modo de ver e agir no mundo.
Nesse sentido, a escola desempenha um papel importante:o de proporcionar esse encontro do (a) aluno (a) com asoutras possibilidades de relação e de realizaçãopessoal. Quanto mais cientes estivermos desse nossopapel, melhor poderemos favorecer a construção de redesde sociabilidade entre alunos que, muitas vezes, vivem amesma realidade, partilham das vantagens e dificuldadesdessa comunidade, percorrem as mesmas ruas, freqüentamos mesmos ambientes e muitas vezes, sequer secumprimentam. (MEC, 2006 p. 24).
O ultimo questionamento indagou aos
entrevistados: Como a escola pode enfrentar os desafios e
superar as dificuldades para você concluir seus estudos? As
entrevistas realizadas com os alunos revelaram que, os mesmos
advertem a falta do ensino médio na referida escola, pois, a
63
escola mais próxima para darem continuidade aos estudos fica
inacessível em relação ao local em que eles residem.
Conforme Silva (2009) o que acontece com
muitos jovens é que quando criança ou adolescente desistiram
de estudar, devido a falta de escola nas zonas rurais onde
moram ou moravam, ou veículos para transportá-los até a
escola, pois a sua condição de vida os levavam a trabalhar com
os pais na roça ou mesmo ajudar em casa.
Todos esses depoimentos deixam claro que os
alunos entrevistados que vieram de diferentes regiões, seja da
cidade ou principalmente do campo, como mostra os dados da
pesquisa, no qual em sua maioria são lavradores que tiveram
dificuldades de continuar ou dar início aos estudos na época
considerada adequada, agregando o trabalho como motivo maior
de sua desistência da vida escolar.
Argumentando este resultado o Ministério da
Educação (2006) complementa que os alunos Jovens e Adultos que
não tiveram a oportunidade de estudar, busca na escola, sem
dúvidas, mais do que conteúdos prontos para serem produzidos.
Como cidadãos e trabalhadores que são esses alunos querem se
sentir sujeitos ativos, participativos e crescer cultural,
social e economicamente.
64
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A abordagem feita neste estudo intitulado
Educação de Jovens e Adultos buscou abordar os desafios e
avanços dos alunos nesta Modalidade de Ensino, considerando o
processo de vida, dentre elas suas necessidades, nas quais
induziram a retornarem aos estudos.
As consequências deste trabalho apontaram que
os alunos da EJA são constantemente desafiados para
permanecerem ingressados nos estudos, no qual os problemas com
o trabalho continuam, porém com uma nova roupagem, onde antes
eram crianças trabalhadoras, e hoje são adultos que muitas das
vezes sacrificam sua aprendizagem na escola para garantirem o
sustento de sua família.
No que se refere aos avanços nota-se que cada
um teve sua motivação particular para conseguir alcançar sua
meta, no entanto, a satisfação de terem aprendido ler e
escrever é uma conquista almejada por todos.
65
Os jovens apresentado na pesquisa pretendem
dar continuidade aos estudos, depositando a esperança de serem
cidadãos que irão fazer a diferença na sociedade, sendo
otimistas na expectativa de uma melhoria na educação, contudo
os adultos veem na escola a solução de suas necessidades para
sobreviver em uma sociedade contemporânea em constantes
transformações com inúmeras tecnologias. Para tal sociedade os
mesmos devem estar atualizados no mundo globalizado em que
vivemos, logo estarão em consonância e incluídos.
Esta monografia oportunizou a busca de
conhecimentos para identificar os avanços e os desafios que os
alunos da EJA encontram no seu processo de aprendizagem, com
isso a função dessa pesquisa não é chegar a resultados finais,
mas sim que tais conhecimentos contribuam para uma boa
reflexão sobre esses alunos que desprovidos de uma Educação
Básica, não tiveram as mesmas oportunidades de aprendizagem.
Por fim, que se abram novos horizontes para que
os pesquisadores com diversas concepções a fim de contribuírem
a cerca da Educação de qualidade, possam terem estratégias
inovadoras para a EJA transformando-a em uma modalidade com
êxito, valorizando as especificidades desse público, com um
lente multidisciplinar, priorizando sua autonomia e
valorizando sua subjetividade, tornando-os seres emancipado.
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APÊNDICE
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Universidade Estadual de montes Claros- UNIMONTESCentro de Ciências Humanas - CCHCurso de Pedagogia-8º PeríodoPesquisadora: Alosângela dos Santos
Entrevista Nome:______________________________________Idade:_________
Profissão:___________________________________
1. O que levou você a retornar a escola?
2. Qual foi a maior dificuldade ou desafio enfrentadopor você ao voltar à escola?
3. Que importância tem a escola para você?
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4. Você se sentiu descriminado ou envergonhado em alguma situação por não ter escolaridade?
5. Qual o motivo que levou você a não completar ou iniciar os estudos no tempo certo?
6. Há quanto tempo está na EJA?
7. Você pretende dar continuidade aos estudos?
9. Quais os avanços que você obteve estando na EJA.
10. Como a escola pode enfrentar os desafios e superar as dificuldades para você concluir seus estudos?