DISCIPLINA: DIREITO CIVIL V PROFª. OLINDINA IONÁ DA COSTA LIMA RAMOS
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DISCIPLINA: DIREITO CIVIL VPROFª. OLINDINA IONÁ DA COSTA LIMA RAMOS
DIREITOS REAIS DE GARANTIA
DISPOSIÇÕES GERAIS
I – CÓDIGO CIVIL/2002 (Arts. 1.419 a 1.430)
1. Conceitos
2. Características e Diferenciações
3. Pressupostos Objetivos
4. Pressupostos Subjetivos
5. Objeto
6. Pagamento Parcial da Dívida
7. Direito de Excussão e de Retenção
8. Vencimento Antecipado da Dívida
9. Garantia Assumida por Terceiro
10. Cláusula Comissória
CC/2002 (ARTS. 1.419 A 1.430)
O CC/2002 elenca os Direitos Reais de Garantia,
especificamente no art. 1.225, VIII, IX e X. Já nos arts. 1.419 a
1.430, traz disposições gerais afetas a todos as espécies de
direitos reais de garantia, quais sejam: penhor, hipoteca e
anticrese, para, só depois, em artigos separados tratar
isoladamente de cada um destes institutos.
Importante frisar que a Lei n. 4.728/65, alterada pelo
Decreto-Lei n. 911/69, criou uma outra espécie de garantia real –
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Alienação Fiduciária, instituto este que veio disciplinado pelo
CC/2002 como propriedade fiduciária (arts. 1.361 a 1.368).
1. CONCEITOS
- ARNALDO RIZZARDO: “A finalidade específica dos direitos reais de
garantia é proteger o credor contra a possível insolvência do
devedor. Contrai este uma obrigação, e, para assegurar seu
completo adimplemento, dá uma coisa em garantia, que fica
vinculada, por direito real, ao cumprimento da dívida. A função
objetiva assegurar ao titular do crédito o recebimento da
dívida, em razão da preferência de que goza, por se encontrar o
bem vinculado ao pagamento. O direito do credor funda-se sobre o
patrimônio, ou em parte do patrimônio do devedor.”
- PONTES DE MIRANDA: ”O direito real de garantia tem dupla função:
determina qual o bem destinado à solução da dívida, antes de
outros bens; e pré-exclui, até que se solva a dívida, a solução,
com ele, ou o valor dele, de outras dívidas.”
- CARLOS ROBERTO GONÇALVES: “Além dos privilégios a certos
créditos criados pela lei, podem as partes convencionar uma
segurança especial de recebimento de crédito, a que se dá o nome
de garantia, porque muitas vezes os débitos do devedor podem
exceder o valor de seu patrimônio. Pode, então, o credor exigir
maiores garantias, fidejussórias ou reais, não se contentando
com a garantia geral representada pelo patrimônio do devedor. A
fidejussória ou pessoal é aquela em que terceiro se
responsabiliza pela solução da dívida, caso o devedor deixe de
cumprir a obrigação. Decorre do contrato de fiança (CC, art.
818). É uma garantia relativa, porque pode acontecer que o
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fiador se torne insolvente por ocasião do vencimento da dívida.
A garantia real é mais eficaz, visto que vincula determinado bem
do devedor ao pagamento da dívida.”
- SÍLVIO RODRIGUES: “O direito real de garantia é o que confere ao
seu titular a prerrogativa de obter o pagamento de uma dívida
com o valor ou renda de um bem aplicado exclusivamente à sua
satisfação. Os direitos reais sobre coisas alheias se dividem em
direitos reais de gozo, direitos reais de aquisição e direitos
reais de garantia. Enquanto nos primeiros o titular do direito
real desfruta da coisa, aproveitando-se total ou parcialmente
das vantagens que ela propicia, como, por exemplo, no caso do
usufruto ou das servidões, nos últimos o credor apenas visa, na
coisa, ou ao seu valor ou à sua renda, para pagar-se um crédito
que é seu principal interesse, e do qual o direito real não
passa de acessório. Existindo um direito dessa natureza, ele
afeta um bem do devedor, sujeitando-o precipuamente, e por via
de um laço real, ao resgate da dívida garantida.”
Direitos Reais de Garantia – Duas relações: Relação Pessoal
(Principal) e Relação Real (Acessória). A relação obrigacional
anterior não se descaracteriza por ser agregada a ela uma relação
de natureza real, pelo contrária, passa apenas a ser garantida por
tal relação.
Como se pôde observar pelas várias explicações doutrinárias,
os direitos reais de garantia têm um caráter de acessoriedade, já
que decorrem de um direito obrigacional, preexistente. Na verdade,
nessa relação de caráter pessoal e anterior, o credor quer ver seu
crédito garantido não indistintamente por todo o patrimônio do
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devedor, mas, no ato do comprometimento é eleito determinado bem
do devedor que será objeto de garantia da dívida contraída por
aquele, o que se faz, inclusive, para evitar que os efeitos de uma
possível insolvência do devedor venham repercutir ao ponto de
deixar o credor sem a satisfação de seu crédito.
Diferentemente do que se dá com os direitos reais de gozo ou
fruição, ou mesmo do direito real de aquisição (Compromisso de
Compra e Venda), o credor não tem direito à coisa, objeto da
garantia, ou mesmo de utilizá-la, salvo no caso de anticrese como
adiante se verá, ele terá direito ao valor devido (crédito –
objeto da relação de direito obrigacional ou pessoal). Em caso de
inadimplemento da obrigação anteriormente assumida pelo devedor, o
direito do credor é ao valor da coisa dada em garantia até o
adimplemento da obrigação – produto da venda.
Garantias Real e Pessoal - Assim como existem garantias
reais, ou seja, que incidem sobre determinado bem do patrimônio do
devedor, sendo aquele bem primeiramente responsável pela
satisfação do crédito que está assegurando, há também garantias de
natureza pessoal, como a fiança e o aval. Nestes casos terceira
pessoal funcionará como garante da dívida contraída pelo devedor
para, em caso de inadimplemento e insolvência daquele, seu
patrimônio responder pela satisfação da referida obrigação, como
ocorre na fiança; ou mesmo ser diretamente obrigado pelo
cumprimento da obrigação, independentemente de se interferir
primeiramente no patrimônio do devedor, como no caso do aval. Como
salientado, tais garantias de natureza pessoal se diferem das de
natureza real, porque incidem sobre todo o patrimônio daquele
terceiro.
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* Fiança – CC/2002, art. 818 e seguintes.
* Aval – Garantia de pagamento de título de crédito, de natureza
pessoal, dada por terceiro. O aval não se confunde com o endosso
nem com a fiança. Não se confunde com o endosso porque neste o
endossante é parte do título, proprietário que transfere sua
propriedade a outrem; por outro lado, não se confunde com a fiança
porque esta é obrigação subsidiária, o fiador responde apenas
quando o afiançado não o faz, mas pelo aval o avalista torna-se
co-devedor, em obrigação solidária, e o pagamento da obrigação
pode ser imputado diretamente a ele, sem que o seja,
anteriormente, contra o avalizado.
2. CARACTERÍSTICAS
a) Acessoriedade. Como dito, os direitos reais de garantia, são
acessórios de direitos pessoais – obrigacionais – preexistentes.
Extinta a dívida que os direitos reais garantem, eles também
desaparecem. O mesmo não ocorre, por exemplo, se por algum fato
se extinguir a garantia real, não obstante tal acontecimento,
subsistirá o direito obrigacional do qual tal garantia era
meramente acessória.
b) Preleção. A partir do gravame da garantia real, outorga-se ao
crédito assegurado preferência na mora ou na insolvência do
devedor, em relação aos seus demais credores. Significa dizer
que o bem dado em garantia sustentará em primeira mão o crédito
de tal forma constituído. Tal preferência conferida ao crédito
garantido tem o nome de “preleção”.
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OBS: Preferência de corrente dos Direitos Reais de Garantia e
Créditos Privilegiados - Existem créditos que, por sua natureza e
por disposição legal devem ser satisfeitos primeiramente, recaindo
de forma preferencial sobre todo o patrimônio do devedor,
inclusive sobre os bens onerados com garantia real. Sendo assim,
tais créditos, não obstante ausência de qualquer garantia real,
preferem mesmo aos àqueles garantidos por vinculação real, como
por exemplo:
- créditos trabalhistas;
- créditos de natureza tributária;
- créditos de natureza alimentar;
- pagamento de custas processuais da execução;
- pagamento das despesas para conservação da coisa, feitas por
terceiro, com consentimento de credor e devedor, depois de
constituída a hipoteca, etc.
Tais disposições vêm elencadas nos arts. 1.419 e 1.422 do
CC/2002.
Pode-se afirmar, portanto, que em relação a tais créditos
privilegiados não se verifica um poder imediato de alguém sobre
determinada coisa, como se dá com os credores que têm seus
créditos assegurados por um bem objeto de garantia real, mas a lei
leva em consideração a natureza daqueles, sua qualidade para,
então, defini-los como créditos que gozam de privilégio de
satisfação, não obstante atinjam todo o patrimônio do devedor,
podendo recair, inclusive, sobre os bens gravados com garantia
real.
OBS: À anticrese não se aplica o direito de preferência
porque o crédito se encontra garantido pelos frutos e rendimentos
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da coisa e não por esta diretamente. Em relação à anticrese cabe,
pois, o direito de retenção da coisa, nos termos do art. 1.423 do
CC/2002.
* Credor Quirografário – Aquele que não é considerado credor
privilegiado ou preferencial, porque seu crédito não possui
qualquer garantia real.
c) Publicidade. Tem com objetivo tornar o direito oponível erga omnes.
Através do competente registro do gravame real, confere-se o
direito de preferência em relação a tal bem em face dos outros
credores do devedor, servindo também para prevenir terceiros que
venham a adquirir tal bem quanto à afetação de ônus real do
mesmo.
d) Especialização da coisa. Necessário que a coisa gravada com garantia
real esteja bem especificada, bem como em relação à dívida que
ela está garantindo.
e) Sequela. A garantia grava o bem, acompanhando-o independente de
quem o venha a possuir depois da instituição. Pode, portanto o
devedor alienar o bem dado em garantia, mas tal bem continuará
onerado pelo gravame real, até que a obrigação seja totalmente
satisfeita ao credor, por parte do devedor. Arnaldo Rizzardo
assevera, pois, que o direito de disposição não chega a ser
limitado pelo gravame.
3. PRESSUPOSTOS OBJETOS (CC/2002, ART. 1.424)
4. PRESSUPOSTOS SUBJETIVOS (CC/2002, ART. 1.420)
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A pessoa que for gravar o bem com qualquer garantia real,
além da capacidade para os atos da vida civil, deve ser o
proprietário do mesmo, podendo dele dispor, já que a execução da
dívida pode gerar a ida do bem à hasta pública, com conseqüente
arrematação do mesmo.
Obs: Bens de menores. Art. 1.691 do CC/2002.
5. OBJETO
- Penhor . Grava bens móveis. Transferindo-se, via de regra, a
posse de tais bens ao credor;
- Hipoteca . Grava bens imóveis, navios e aeronaves, mas a posse
dos referidos bens fica com o devedor;
- Anticrese . Grava bens imóveis e se caracteriza porque a posse de
tais bens, diferentemente da hipoteca, passa ao credor que se
utiliza da coisa, retirando-lhe os frutos e rendimentos até que
a dívida seja paga. Recai sobre os frutos e redimentos do bem.
Obs:
- Bens que não podem ser objeto de garantia real : Via de regra, o
art. 1.420 do CC/2002 estabelece quais os bens que podem ser
gravados com ônus real, aqueles que possam ser alienados. Sendo
assim, apenas as coisas in comercium poderão ser gravadas. Há bens
que não podem ser alienados e, consequentemente gravados, já que
são indisponíveis: Imóveis impenhoráveis, nos termos da lei
8.009/90; bem de família – art. 1.715 CC/2002; bens gravados com
cláusula de inalienabilidade por testamento ou doação – art.
1.919.
- Propriedade Superveniente . Art. 1.420, § 1º CC/2002.
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- Coisa em condomínio . Art. 1.420, § 2º CC/2002. Havendo
consentimento de todos os condôminos não se verifica maiores
problemas. Da mesma forma, o condômino pode gravar apenas a sua
parte ideal do bem se se tratar de bem indivisível, já que tal
indivisibilidade que incide sobre a coisa não interfere no poder
de disposição – Art. 1.314 CC/2002.
6. PAGAMENTO PARCIAL DA DÍVIDA
(Art. 1.421 CC/2002)
AFFONSO FRAGA - “Com efeito, a coisa, seja por sua natureza
divisível, como um rebanho de ovelhas, coleção de moedas, um
imóvel agrícola etc., ou indivisível, como um brilhante, um
cavalo, etc., é, por força de lei, considerada indivisivelmente
vinculada ao credor para segurança não só da soma total do seu
crédito, senão ainda de cada uma das unidades que o constitui.
Essa indivisibilidade, que aliás não é absoluta por poder o credor
convir na divisão, é instituída em seu benefício para o efeito de
não ser obrigado a tolerar que a coisa se divida contra a sua
vontade por meio de soluções parciais do crédito, feitas pelo
devedor, por seus herdeiros ou representantes legais.”
- Indivisibilidade estendida à sucessão – Art. 1.429 do CC/2002.
- Remição das Garantias Reais. Remir neste conteúdo significa
liberar o bem do gravame a partir do pagamento da dívida. Embora
o citado dispositivo fale em remição pelos sucessores, nada
impede que o próprio devedor o faça, no intuito de liberar o bem
do gravame, ademais o art. 1.429 fala em sucessores, não sendo
necessariamente herdeiros, mas posteriores adquirentes do bem
por exemplo.
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7. DIREITO DE EXCUSSÃO E DE RETENÇÃO
Em caso de penhor e hipoteca, nos termos do art. 1.422 do
CC/2002, o credor hipotecário ou pignoratício tem direito de
excutir a coisa hipotecada ou penhorada, preferindo, no pagamento
aos demais credores e, quanto à hipoteca a preferência se dá
àquela que tem prioridade de registro.
Excussão – Execução do bem dado em garantia real – penhor ou
hipoteca.
Vale salientar que, nos temos doa art. 1.430 do CC/2002, se o
bem não for suficiente para o total pagamento da dívida, o devedor
continuará obrigado pessoalmente por ela, tornando-se o credor
privilegiado em credor quirografário.
No que tange à anticrese, nos termos do art. 1.423 do
CC/2002, assiste ao credor o “direito de retenção” do bem até
total satisfação da dívida, já que a garantia pesa sobre os frutos
e rendimentos da coisa e não sobre a coisa propriamente dita.
8. VENCIMENTO ANTECIPADO DA DÍVIDA
Art. 1.425 CC/2002
I – Deterioração ou depreciação da coisa – Causas
supervenientes à instituição do direito real e não contemporâneas.
A coisa deve estar na posse do devedor e não do credor
(penhor e anticrese); O credor deve notificar o devedor para
corrigir o prejuízo, caso este não o faça no prazo estipulado,
ainda não será o caso de execução da quantia devida, por
vencimento antecipado, será necessária a interposição de Ação de
Obrigação de Fazer, para verificado o verdadeiro estado do bem,
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seja imputado ao devedor a condenação no sentido de reparar a
coisa, para somente em caso de procedência da demanda e inexecução
da obrigação ter-se a dívida como vencida.
II – Insolvência ou falecimento do devedor; Insolvência civil
declarada, art. 751, I CPC
III – Caso as prestações não sejam pagas pontualmente.
Recebimento de prestação posterior àquela na qual o devedor se
encontrava em mora induz renúncia tácita a tal vencimento
antecipado;
IV – Perecimento do bem dado em garantia e não for ele
substituído.
V – Desapropriação do bem dado em garantia.
Obs: (Ver art. 333 do CC/2002.)
Art. 1.426 – Juros em caso de vencimento antecipado.
9. GARANTIA ASSUMIDA POR TERCEIRO
(Art. 1.427 do CC/2002)
Nada obsta que um terceiro, estranho à relação de direito
obrigacional firmada entre credor e devedor, submeta um bem seu
como garantia daquela dívida que não é sua. Acontece que em caso
de deterioração ou depreciação do bem, o terceiro não fica
obrigado a substituir a garantia ou reforçá-la, já que ele não
contraiu direito obrigacional, mas real. As partes podem
convencionar de maneira diversa.
- WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO: “Precisamente porque o
terceiro prestador da garantia não se transforma em co-devedor ou
fiador, não fica obrigado a substituir, ou reforçar a garantia, se
a coisa gravada se deteriora ou desvaloriza. Só a própria coisa
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responde pela obrigação. Essa responsabilidade não se amplia aos
demais bens componentes do patrimônio do terceiro.”
10. CLÁUSULA COMISSÓRIA
(ART. 1.428 CC/2002)
O credor não pode ficar com o bem pelo valor da dívida,
devendo-se proceder à competente execução da mesma em se tratando
de penhor ou hipoteca, ou poderá o credor retirar da coisa seus
frutos e rendimentos até completa satisfação da dívida em caso de
anticrese. A lei não permite, contudo, que o credor adquira a
propriedade do bem pelo valor da dívida, por uma questão de
justiça para com o devedor, já que, via de regra, a garantia
prestada tem valor bem superior ao da dívida.
Ressalva-se, contudo a possibilidade de adjudicação do bem
pelo preço da dívida, mas isso dentro do processo de execução, o
que é totalmente diferente da cláusula que expressamente prevê o
direito de o credor ficar com o bem por conta da dívida.
Art. 1.428, Parágrafo único. Possibilidade de entrega do bem
pelo montante da dívida, desde que esta se encontre vencida. Norma
de utilidade prática, que significa meio de extinção de obrigação
através da Dação em Pagamento.
***
FONTES:
- CÓDIGO CIVIL COMENTADO – Nelson Nery Junior e Rosa Maria de
Andrade Nery;
- INSTITUIÇÕES DE DIREITO CIVIL, Vol IV, CAIO MÁRIO DA SILVA
PEREIRA;
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- DIREITO DAS COISAS, Arnaldo Rizzardo;
- DIREITO DAS COISAS - SINOPSES JURÍDICAS, Carlos Roberto
Gonçalves.
PENHOR
- CÓDIGO CIVIL/2002 (Arts. 1.431 a 1.472)
1. Conceitos e Constituição
2. Características e Objeto
3. Direitos e Deveres do Credor e Devedor
4. Espécies
I – Convencional e Legal
II – Comum e Especial
4.1. Dos Penhores Especiais
4.1.1. Penhor Rural (Agrícola e Pecuário)
4.1.2. Penhor Industrial e Mercantil
4.1.3. Penhor de Direitos e Títulos de Crédito
4.1.4. Penhor de Veículos
4.1.5. Penhor Legal
5. Extinção
1. CONCEITOS E CONSTITUIÇÃO
- ARNALDO RIZZARDO: “Define-se penhor como a efetiva transmissão
da posse direta, ou a transferência de um bem móvel das mãos ou
do poder do devedor, ou de terceiro anuente, os quais têm o
poder dominial sobre o mesmo, para o poder e a guarda do credor,
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ou da pessoa que o representa, com a finalidade de garantir a
satisfação do débito.”
- SILVIO RODRIGUES: ”Trata-se, com efeito, de um direito real de
garantia, cujo objeto é, ordinariamente, coisa móvel. Pela
entrega desta, efetuada pelo devedor ou alguém por ele, ao
credor ou a quem o represente, procura-se aumentar a
probabilidade de resgate da obrigação. Pois, não sendo ela paga
em seu vencimento, pode o credor proceder à execução, fazendo
recair a penhora sobre a coisa dada em garantia. Realizada a
praça, compete ao credor, no produto alcançado, preferência para
pagamento total de seu crédito, e com exclusão dos demais
credores, que só concorrerão às sobras, se houver. Assim, o
objeto da garantia fica preso, por vínculo real, ao credor, e se
destina ao resgate de seu crédito.”
- CARLOS ROBERTO GONÇALVES: “Trata-se de direito real que vincula
uma coisa móvel ao pagamento de uma dívida. Distingue-se da
hipoteca não só pela transferência do objeto ao credor, o que
não ocorre naquela, como também pelo objeto, já que esta tem por
garantia bens imóveis, embora possa recair também sobre
aeronaves e navios.”
O próprio CC/2002 traz em seu art. 1.431 traz a definição do
instituto, com a ressalva, no Parágrafo único, de que em se
tratando de penhor rural, industrial, mercantil e de veículos a
coisa penhorada permanece na posse direta do devedor que deverá
guardá-la e conservá-la.
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- Constituição – Nos termos do art. 1.432 do CC/2002, o contrato
de penhor (que mesmo podendo ser público ou particular, exige
forma solene, firmado segundo os preceitos do art. 1.424 do
CC/2002) deverá ser registrado em cartório, via de regra o
Cartório de Títulos e Documentos, se se tratar de penhor comum.
Isso para que tal contrato, antes com efeitos meramente
obrigacionais entre os seus signatários, gere efeito erga omnes
e, na qualidade de direito real de garantia, possa valer contra
terceiros.
2. CARACTERÍSTICAS E OBJETO
a) Direito Real. Art. 1.419 do CC/2002. O direito do credor
pignoratício recai diretamente sobre a coisa dada em
garantia. Uma vez constituído o penhor por contrato e, após
ser levado à registro, gera efeito erga omnes, deferindo ao
seu titular o direito de preferência, estando este, ainda,
munido com ação real e de sequela.
b) Acessoriedade. Por estar vinculado a uma relação anterior de
direito obrigacional, tem caráter acessório, sujeitando-se,
portanto, à sorte daquela obrigação principal. Via de regra,
extinta a dívida que garante, também desaparece o penhor –
Exceções que ensejam direito de retenção: arts. 1.433, II e
III e 1.434 do CC/2002. Vale salientar que o mesmo não
ocorre, por exemplo, se por algum fato se extinguir a
garantia real, não obstante tal acontecimento, subsistirá o
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direito obrigacional do qual tal garantia era meramente
acessória.
c) Tradição. Entrega da coisa – Art. 1.431 caput e parágrafo
único. Acrescenta Sílvio Rodrigues que a tradição ou
transferência tinha, originariamente, o intuito de dar
publicidade ao negócio mobiliário, apesar de se exigir,
hodiernamente, o registro do penhor no Cartório de Títulos e
Documentos, para tal desiderato. Contudo, ainda sobrevive o
fim de se evitar a alienação fraudulenta da coisa garantida
pelo devedor. O credor, ao receber a coisa, fica na qualidade
de depositário da mesma, estando obrigado às disposições do
art. 1.435 do CC/2002. Vale salientar que para algumas
espécies de penhor como: rural, industrial, mercantil e de
veículos se dispensa a tradição já que o bem continua na
posse direta do devedor, por efeito da cláusula constituti.
- Objeto : Via de regra o penhor é um direito real de garantia que
recai sobre bens móveis, a doutrina assinala que essa assertiva
não pode ser vista com rigor porque a lei criou espécies
diferenciadas de penhor, cujo objeto são bens imóveis por
acessão física e intelectual, como, por exemplo, o penhor rural
e industrial. Por outro lado, há possibilidade de a hipoteca
recair sobre bens móveis como navios e aeronaves.
3. DIREITOS E DEVERES DO CREDOR
- Direitos do Credor Pignoratício – Arts. 1.433 e 1.434 do CC/2002
- Deveres do Credor Pignoratício – Arts. 1.435 do CC/2002
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4. ESPÉCIES DE PENHOR
Inicialmente, pode-se classificar o penhor em duas grandes
subespécies:
a) Legal ou Convencional – Conforme derive de lei ou da vontade das
partes. O penhor convencional é aquele estabelecido no art.
1.431 do CC/2002. O penhor legal, por seu turno, se justifica
porque para algumas situações a lei expressamente achou por bem
proteger os credores de forma expressa, ou seja, independente da
vontade das partes (CC/2002, Arts. 1.467 a1.472)
b) Comum ou Especial – O comum se caracteriza porque tem por objeto
coisa móvel, corpórea que deve ser entregue espontaneamente pelo
devedor ao credor, já que ele deriva da vontade das partes. Há
penhores considerados especiais, cada um dos quais com suas
peculiaridades como: penhor legal; penhor rural; penhor
industrial e mercantil; penhor e títulos de crédito e penhor de
veículos.
4.1 DOS PENHORES ESPECIAIS
4.1.1. PENHOR RURAL (AGRÍCOLA E PECUÁRIO – ARTS. 1.438 A 1.446 DO
CC/2002)
Tal espécie vem disciplinada pelo CC/2002 nos arts. 1.438 a
1.446. Sendo que nos arts. 1.438 a 1.441 estão previstas
disposições gerais, nos arts. 1.442 e 1.443 está prevista a
subespécie Penhor Agrícola e nos arts. 1.444 a 1.446 a subespécie
Penhor Pecuário.
- Disposições Gerais. (CC/2002, Arts. 1.438 a 1.446)
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Tal espécie nasceu como forma de viabilizar a atividade
rural, seja no que tange a plantações ou no que concerne à criação
de animais. O penhor comum não era suficiente, já que seu objeto
eram apenas coisas móveis e implicaria em efetiva entrega da coisa
empenhada, a hipoteca, por seu turno, restaria por demais
dificultosa já que exigiria renovação periódica.
Sendo assim, não obstante o tratamento que o CC/1916 dava à
matéria em seus arts. 781/788, houve novo disciplinamento com a
Lei n. 492/1937, posteriormente completada pela Lei n. 3.253/1957
que, por sua vez, foi revogada pelo Decreto-lei n. 167/67 que
criou as cédulas de crédito rural. Tais dispositivos legais, até o
CC/2002 regulavam a matéria.
O penhor rural derroga alguns princípios do penhor comum, a
saber:
a) Tradição . Observa-se a conservação da coisa empenhada nas mãos
do devedor, este se qualifica como depositário fiel da mesma, o
que, via de regra, vai de encontro à característica precípua do
penhor convencional, qual seja, a tradição. Ao devedor é
deferida a posse direta ou de fato, sendo que o devedor detém a
posse indireta ou jurídica da coisa, por força da clausula
constituti. Na qualidade de depositário, pois, para o devedor
resultam duas conseqüências: 1ª Deve entregar a coisa quando se
inicia a excussão da mesma; 2ª Deve permitir que o credor, na
qualidade de depositante, verifique o estado das coisas dadas em
garantia (Art. 1.450 do CC/2002).
b) Objeto . Enquanto o penhor tradicional tem como objeto coisas
móveis corpóreas. O penhor rural, por recair sobre animais ou
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culturas – plantações, tem por objeto bens imóveis por acessão
física ou intelectual.
c) Garantia sobre coisas futuras . Nesta modalidade de penhor,
especialmente no penhor agrícola, possibilita-se que a garantia
recaia sobre coisa futuras, colheitas em via de formação (art.
1.442, II do CC/2002). No penhor comum exige-se a efetiva
tradição da coisa ao credor, o que pressupõe a existência da
mesma no ato da entrega.
Registro Imobiliário - O registro do penhor rural deve ser
feito no Cartório Imobiliário - caput do art. 1.438 do CC/2002
Cédula de Crédito Rural Pignoratícia – Art. 1.438, Parágrafo
único. Através da cédula de crédito rural, o legislador tentou dar
mobilidade aos valores correspondentes ao crédito rural,
efetivando circulação rápida e representativas dos valores da
produção dos campos. O valor do crédito, pois, se incorpora à
cédula rural pignoratícia que ganha autonomia e começa a circular,
constituindo-se em título de crédito negociável. Para se
transferir basta o endosso em preto e deve ser averbada junto ao
registro do penhor. Está disciplinada pelo Decreto-lei n. 167/67.
Importante salientar que a cédula é uma promessa de pagamento em
dinheiro, com ou sem garantia real.
Prazo de máximo de duração – Penhor agrícola 03: anos; Penhor
pecuário: 04 anos. Prorrogação de prazo permitida uma vez por
igual período. Art. 1.439 CC/2002.
Prédio Hipotecado. Ainda que o imóvel onde se encontrem os
bens empenhados no penhor rural se encontre hipotecado, haverá
possibilidade de ser instituída a garantia rural, independente da
19
anuência do credor hipotecário. Acontece que nem o direito de
preferência daquele credor, nem a extensão da hipoteca serão
prejudicados. – Art. 1.440 do CC/2002.
Excussão do penhor rural – Importante observar, inicialmente,
se houve ou não a emissão de cédula rural pignoratícia. Em
havendo, tal cédula assume a posição de título de crédito e o
processo de execução se dá de forma semelhante ao título cambial,
devendo haver o protesto da cédula que põe em mora o devedor e
assegura a responsabilidade dos endossantes. Se não houve emissão
de cédula de crédito, segue-se, de pronto, a execução normal, com
citação do devedor para pagar em 48 hs. ou depositar em juízo o
objeto dado em garantia, sob pena de seqüestro dos mesmos e prisão
civil daquele.
- Penhor Agrícola (CC/2002, arts. 1.442 e 1.443)
Objeto. Art. 1.442 do CC/2002. Podem ser objeto do Penhor
Agrícola:
I – Máquinas e instrumentos de agricultura (imóveis por destinação
do proprietário – essa é a antiga classificação de imóveis por
acessão intelectual);
II – Colheitas pendentes (imóveis por acessão física), ou em via
de formação (bens futuros);
III – frutos acondicionados ou armazenados (bens móveis);
IV – lenha cortada e carvão vegetal (bens móveis);
VI – animais a serviço ordinário de estabelecimento agrícola (bens
semoventes).
Frustração de safra – Art. 1.443 do CC/2002. Quando a safra
dada em garantia pelo devedor venha a perecer ficando insuficiente
20
para o resgate da dívida, a safra imediatamente posterior
garantirá a dívida. Contudo poderá o devedor notificar o credor
para o financiamento de nova safra, caso o devedor se negue a
fazê-la, poderá o devedor tentar novo financiamento, sendo que a
safra posterior garantirá, em primeiro lugar, o segundo
financiamento. Tal disposição tem o fito de não atrapalhar a
produção nacional.
- Penhor Pecuário (CC/2002, arts. 1.444 a 1.446)
Objeto. Art. 1.444 do CC/2002. Animais que integram a
atividade pastoril, agrícola ou de laticínios.
Art. 1.445 do CC/2002. O devedor não poderá alienar os
animais empenhados sem autorização expressa do credor. Caso o
credor se sinta ameaçado quanto à venda dos animais por parte do
devedor, pode requerer o pagamento imediato da dívida ou o
depósito dos animais com terceira pessoa.
Art. 1.446. Os animais mortos deverão ser substituídos por
outros da mesma espécie, sub-rogando-os no penhor, para não haver
desfalque na garantia.
Importante salientar que, com base no art. 1.425 do CC/2002,
os animais devem ser especificamente designados no contrato.
4.1.2. PENHOR INDUSTRIAL E MERCANTIL (ARTS. 1.447 A 1.450 DO CC/2002)
Objeto. Art. 1.447 do CC/2002.
Registro Imobiliário - O registro do penhor rural deve ser
feito no Cartório Imobiliário - caput do art. 1.448 do CC/2002.
Parágrafo único. Cédula de crédito industrial ou mercantil
pignoratícia.
21
O devedor não pode, sem o consentimento do credor, vender as
coisas empenhadas e, mesmo com anuência daquele, o devedor deverá
repor os bens com outros de igual natureza para sub-rogação do
penhor. Art. 1.449 do CC/2002.
Pode o credor verificar o estado das coisas. Art. 1.450 do
CC/2002.
4.1.3. PENHOR DE DIREITOS E TÍTULOS DE CRÉDITO (ART. 1.451 A 1.460 DO
CC/2002)
Também chamado de caução de títulos de crédito, tem por
objeto direitos e créditos, recaindo, portanto, sobre bens
imateriais. Os direitos e títulos de crédito são considerados
parte do patrimônio do credor, sendo suscetíveis de alienação,
desta forma, podem circular como coisas do comércio, passíveis de
serem, pois, gravados com ônus real de garantia.
O credor pignoratício torna-se mandatário do credor original
do título, seu devedor, devendo zelar pela conservação do título e
cobrar o valor do título mais juros e correção (Art. 1.454 do
CC/2002), podendo reter a quantia que lhe cabe e restituir o
restante ao seu devedor – credor original (Art. 1.455, Parágrafo
único do CC/2002). O devedor do título, por seu turno, deve ser
avisado de que deverá pagar a quantia representada pelo título de
crédito ao credor do seu credor, sob pena de pagar mal e até ser
responsabilizado por perdas e danos em relação ao credor
pignoratício (Art. 1.460 do CC/2002), tal procedimento também se
apresenta como condição primordial para validade do penhor, nos
termos do art. 1.453 do CC/2002.
22
O Titular do crédito original só poderá recebê-lo, com a
anuência, por escrito, do credor pignoratício, quando, então
estará extinto o penhor – Art. 1.457 do CC/2002.
Para ter validade, nos termos do art. 1.452 do CC/2002, o
contrato que institui o penhor sobre direitos deve ser constituído
mediante instrumento público ou particular e registrado no
Cartório de Títulos e Documentos, devendo o credor originário
entregar os documentos comprobatórios do seu crédito ao credor
pignoratício, salvo se tiver legítimo interesse em conservá-los.
O penhor de títulos de crédito se perfaz, por seu turno,
mediante instrumento público ou particular ou endosso
pignoratício, com a tradição do título ao credor, regendo-se pelas
Disposições Gerais do Penhor – Art. 1.458 do CC/2002.
Se o referido título ou direito de crédito tiver vários
penhores, o devedor deverá efetuar o pagamento àquele que tiver
preferência, podendo os demais credores notificar o credor
preferencial para fazer a devido cobrança, respondendo perante
estes, em caso de inércia, por perdas e danos (Art. 1.456 do
CC/2002).
Direitos do credor pignoratício – Art. 1.459 do CC/2002.
- Diferença entre caução e cessão de direitos. Em se tratando
de cessão há transferência da efetiva da titularidade e
propriedade do direito ou crédito cedido, mas em caso de caução o
credor pignoratício obtém apenas a posse do documento que embasa o
direito ou o crédito, agindo na qualidade de mandatário do seu
devedor, verdadeiro dono do crédito ou direito, para que exerça no
lugar do caucionante os direitos do título, retirando-lhe após o
23
efetivo recebimento do valor respectivo a quantia que o mandatário
lhe deve e devolvendo-lhe o restante.
4.1.4. PENHOR DE VEÍCULOS (ARTS. 1.461 A 1466 DO CC/2002)
Seu objeto é veículo destinado a qualquer espécie de
transporte ou condução, nos termos do art. 1.461 do CC/2002.
Deve ser instituído mediante instrumento público ou
particular e registrado no Cartório de Registro de Títulos e
Documentos do domicílio do devedor, devendo tal ônus ser também
registrado no documento de propriedade do veículo.
Há possibilidade de emissão de cédula de crédito, quando a
obrigação principal for de pagamento em dinheiro.
O veículo objeto da penhora deve estar segurado e poderá ser
previamente inspecionado pelo credor.
O devedor não pode alienar o veículo ou mudar de garantia sem
prévia autorização do credor, sob pena de vencimento antecipado do
crédito pignoratício.
Tal penhor tem um prazo máximo de duração de 02 anos,
prorrogável por igual prazo.
4.1.5. PENHOR LEGAL (ARTS. 1.467 A 1.472 DO CC/2002)
O legislador estabeleceu o penhor legal visando proteger
certas pessoas, em determinadas situações, garantido-lhes o
resgate de seu crédito, independente de prévio acordo entre as
partes.
É diferente do direito de retenção, sendo mais amplo que
aquele, já que se constitui como verdadeiro direito de defesa e
24
não privilégio pessoal. Deve ser homologado por sentença judicial
para se concretizar – Art. 1.471 CC/2002 c/c Art. 874 CPC.
5. EXTINÇÃO DO PENHOR
- Art. 1.436 do CC/2002.
Dá-se a extinção do penhor nos seguintes casos:
I – Extinção da obrigação. Importante salientar que a extinção da
obrigação tem que ser total, sob penas de ainda subsistir a
garantia - art. 1.421 CC/2002;
II – Perecimento da coisa – Perecendo o objeto, perece o direito
real de garantia, não obstante ainda subsistir a relação de
direito obrigacional, se tornado o credor, credor quirografário.
Vale salientar que se houver perecimento da coisa por culpa de
terceiro ou se a mesma se encontra no seguro, o direito do devedor
se sub-roga no valor da indenização advinda da responsabilidade
civil, do valor recebido no seguro, o mesmo se aplicando em caso
de desapropriação – art. 1.425 ,§ 1º;
III – Renúncia do credor – O credor renuncia à garantia e não ao
seu crédito oriundo da relação obrigacional. Tal renúncia pode ser
expressa ou tácita. A renúncia será tácita quando por exemplo: a)
houver restituição da posse da coisa ao devedor; b) substituição
da garantia; c) consentimento na venda particular do penhor, sem
reserva de preço. Renúncia – Art. 1.436 ,§ 1º;
IV – Confusão – Quando credor e devedor se acharem na mesma
pessoa. Titularidade de crédito e domínio da coisa dada em
garantia; Confusão – Art. 1.436, § 2o;
V – Adjudicação judicial, remissão ou venda da coisa empenhada.
Adjudicação – Se dá quando, após a avaliação e a praça, sem que se
25
apresente lançador, o credor requer a incorporação ao seu
patrimônio do bem em causa, oferecendo preço não inferior ao que
consta do edital (Art. 714 do CPC); Remição – Prerrogativa
concedida ao devedor solvente de excluir da penhora determinado
bem, oferecendo antes da arrematação, ou da adjudicação, a
importância da dívida + juros + custas + honorários (Art. 651 do
CPC), o Credor insolvente não pode dispor da remição do bem,
podendo, neste caso, fazê-lo seu cônjuge, descendentes e
ascendentes (Art. 787 do CPC); Venda amigável – Deve ser
expressamente prevista no contrato.
- Art. 1.437. Cancelamento do Registro . Nos termos do art. 1.437
do CC/2002, para que a extinção do penhor produza efeitos,
deverá ser observada a averbação do cancelamento do registro
junto ao cartório competente.
***
FONTES:
- CÓDIGO CIVIL COMENTADO – Nelson Nery Junior e Rosa Maria de
Andrade Nery;
- INSTITUIÇÕES DE DIREITO CIVIL, Vol IV, CAIO MÁRIO DA SILVA
PEREIRA;
- DIREITO DAS COISAS, Arnaldo Rizzardo;
- DIREITO DAS COISAS - SINOPSES JURÍDICAS, Carlos Roberto
Gonçalves.
26
HIPOTECA
- CÓDIGO CIVIL/2002 (Arts. 1.473 a 1.505)
1. Conceitos e Constituição
2. Características e Objeto
3. Efeitos
4. Remição Hipotecária
5. Espécies
6. Extinção
1. CONCEITOS
- SILVIO RODRIGUES: “(...) Porque a hipoteca é, basicamente, o
direito real que o devedor confere ao credor, sobre um bem
imóvel de sua propriedade ou de outrem, para que o mesmo
responda preferentemente ao credor, pelo resgate da dívida.”
- MARIA HELENA DINIZ: ”A hipoteca é um direito real de garantia de
natureza civil, que grava coisa imóvel ou bem que a lei entende
por hipotecável, pertencente ao devedor ou a terceiro, sem
transmissão da posse ao credor, conferindo a este o direito de
promover a venda judicial, pagando-se preferencialmente, se
inadimplente o devedor. É, portanto, um direito sobre o valor da
coisa onerada e não sobre sua substância”
- CARLOS ROBERTO GONÇALVES: “É direito real de garantia que tem
por objeto bens imóveis, navio ou avião pertencentes ao devedor
27
ou a terceiro e que, embora não entregues ao credor, asseguram-
lhe, preferencialmente o recebimento de seu crédito”
- Constituição: CC/2002, arts. 1.492 a 1.498
2. CARACTERÍSTICAS E OBJETO
a) Direito Real. Art. 1.225, IX c/c 1.419 do CC/2002. Conferindo ao
seu titular direitos de preferência e de sequela;
b) Acessoriedade. Por estar vinculado a uma relação anterior de
direito obrigacional, tem caráter acessório, sujeitando-se,
portanto, à sorte daquela obrigação principal;
c) Posse com o devedor. Diferentemente do que acontece com a
anticrese e em algumas espécies de penhor, na hipoteca a
posse do bem permanece com o devedor. Tal fato faz com que o
instituto se revista de algumas vantagens tanto para o credor
que possui sua garantia real, como para o devedor que não
terá que se desfazer da posse do bem dado em garantia,
podendo continuar do mesmo usufruindo. Segundo Maria Helena
Diniz, isso representa um estímulo ao desenvolvimento
econômico já que proporciona a abertura de créditos, a
execução de planos habitacionais, a realização de negócios e
a movimentação de riquezas ligadas ao solo. Sobre esta
característica, importante esclarecer, ainda, que será nula a
cláusula comissória que confira ao credor a posse do bem dado
em garantia (CC/2002, art. 1.428);
d) Indivísivel. Grava o bem em sua totalidade e, mesmo que se pague
parte da dívida, o ônus só será liberado do bem após o
28
pagamento integral da mesma (CC/2002, art. 1.421). Segundo
Maria Helena, tal indivisibilidade pode ser afastada se ficar
convencionado entre as partes que o pagamento parcial da
dívida libera alguns bens gravados, principalmente se forem
diversos e autônomos;
e) Especialização. O bem objeto de hipoteca deve ser descrito com
suas particularidades, assim como a dívida que o mesmo está
garantindo, o prazo para o pagamento e taxa de juros, se
houver (CC/2002, art. 1.424);
f) Publicidade. Registro do título constitutivo da garantia no
Cartório de Registro de Imóveis (CC/2002, art. 1.492 c/c Art.
167 da LRP).
- Dívida Futura . Nos termos do art. 1.487 do CC/2002, a hipoteca
poderá recair sobre débito futuro ou condicionado, desde que se
possa auferir o valor máximo do respectivo débito. Para a
execução judicial do bem dado em garantia, nestes casos, deverá
se recorrer primeiramente ao devedor, a saber se o mesmo
concorda com o implemento da condição ou mesmo com o montante
da dívida, cabendo ao credor, em caso de discordância,
demonstrar o valor de seu crédito.
- OBJETO : Art. 1.473 do CC/2002:
Via de regra, os bens passíveis de hipoteca são imóveis,
embora a lei disponha que certos bens móveis podem ser objeto da
referida garantia. Os bens devem pertencer ao devedor ou a
terceiro. É preciso também que sejam passíveis de alienação, não
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podendo ser objeto de hipoteca, por conseguinte, os bens fora do
comércio, a saber:
- Bens públicos de uso comum ou especial, pois os bens dominiais
podem ser hipotecados, nos termos da lei, através de autorização
legislativa;
- Bens de família;
- Bens de órfãos;
- Bens de menores, exceto se precedidos de autorização judicial,
uma vez provada tal necessidade;
- Bens gravados com cláusula de inalienabilidade;
- Direitos hereditários;
Os bens que podem ser objeto de hipoteca estão descritos no
art. 1.473, do CC, vejamos:
I – Imóveis e acessórios. Envolvendo o solo e tudo o que nele se
incorporar natural ou artificialmente, como árvores, casas,
edifícios, construções, abrangendo ainda as acessões e
melhoramentos do bem – Art. 1.474 do CC/2002;
- Bem pertencente a mais de uma pessoa – Pode ser hipotecado desde
que com a anuência dos condôminos, se indivisíveis e, se
divisíveis, cada condômino poderá dar em garantia sua parte
ideal (CC/2002, art. 1.314, in fine e 1.420).
- Imóvel loteado – O ônus deverá gravar cada unidade autônoma até
sua respectiva proporção, desde que requerido ao juiz pelo
interessado (CC/2002, art. 1.488). O credor só poderá se opor ao
desmembramento da hipoteca se provar que isto implica em
desvalorização do imóvel (CC/2002, art. 1.488, § 1º). Despesas
judiciais e extrajudiciais cabem a quem requerer o
desmembramento, salvo disposição em contrário, e a obrigação
30
pessoal continua se a hipoteca for insuficiente (CC/2002, art.
1.488, §§ 2º e 3º).
II – Domínio Direto. Enfiteuse – senhorio;
III – Domínio Útil. Enfiteuse – enfiteuta. Não subsistirá a
obrigação de pagar o laudêmio neste caso (CC/2002, art. 2.038, §
1º);
IV – Estradas de ferro; (CC/2002, arts. 1.502 – 1.505);
V – Recursos Naturais (CC/2002, art. 1.203);
VI – Navios;
VII – Aeronaves;
Regendo-se estas últimas por legislação especial – Lei n.
2.180/54 e Lei n. 7.565/86
- Gasoduto – Trata-se de bem imóvel que possui bens acessórios que
também são considerados imóveis por acessão física artificial,
bem como pertenças – bens móveis destinados à utilização daquele
imóvel, além das servidões prediais administrativas de passagem
(dutos). A hipoteca deverá ser feita em conjunto, informando que
abrange todos os bens antes descritos (CC/2002, Art. 1.473, I).
Registro – Cartório Imobiliário correspondente ao local da
primeira estação de compressão (aplicação do art. 1.502 do
CC/2002).
- Bens Imóveis Rurais – Registro da hipoteca deve ser precedido de
Certificado do INCRA, art. 22, § 1º da Lei n. 4.497/66
3. EFEITOS
- Para o devedor:
31
1. Continua com a posse direta do bem, podendo defender sua posse
de terceiros ou do próprio credor se for molestado;
2. Não poderá alterar sua substância, no sentido de desvalorizá-lo,
devendo conservar o bem;
3. Poderá alienar o bem, já que não perde o jus disponiendi . Qualquer
cláusula que fale em favor da proibição de venda do bem é nula,
mas as partes poderão convencionar que a alienação do bem
acarretará no vencimento do crédito (CC/2002, art. 1.475). Vale
lembrar que se o devedor fizer a alienação do bem antes do
registro incorrerá no crime de estelionato – CP, art. 171, § 2º;
4. Proposta a ação executiva, o bem sairá do domínio do devedor
para ser posto em hasta pública, cabendo-lhe, se for o caso, o
excedente do valor apurado na respectiva hasta;
5. Sub-hipoteca - O bem poderá ser hipotecado mais de uma vez ao
mesmo credor ou a outro diverso (CC/2002, art. 1.476), desde que
o valor do imóvel exceda a garantia anterior, para que se possa
pagar a segunda dívida com o remanescente da excussão da
primeira, caso não seja possível, o credor da segunda garantia
passará a ser credor quirografário.
Para que seja possível a efetivação da segunda hipoteca, é
necessário que não haja cláusula proibitiva quanto a isto no
contrato anterior, devendo ser feito novo título, sem
possibilidade de simples averbação no cartório, ainda que se trate
de reforço da garantia constante na primeira hipoteca, sendo
necessário também, a menção no novo título da hipoteca anterior,
sob pena do devedor incorrer em crime de estelionato.
32
Poderá, contudo haver prorrogação da hipoteca já instituída,
pelo prazo máximo de 20 anos, mediante averbação (CC/2002, art.
1.485).
Vale lembrar ainda que antes de vencida a primeira hipoteca,
o credor da segunda não poderá promover a execução judicial do
bem, devendo esperar o vencimento da primeira, já que tem apenas
direito ao valor remanescente. Isso não se aplica em caso de
falência ou insolvência do devedor – CC/2002, art. 1.477. A
insolvência não pode ser considerada apenas com base no não
pagamento das prestações da hipoteca anterior, devendo ser
considerada aquela nos termos do art. 748 a 786 do CPC.
6. O credor sub-hipotecário poderá remir a primeira hipoteca, no
seu vencimento, se o devedor não se oferecer para pagá-la,
consignando o valor do débito e das despesas judiciais, em caso
de já se estar promovendo a execução, devendo-se citar o credor
da primeira hipoteca para receber o valor, bem como o devedor
para pagá-lo, se quiser, caso contrário, ficará o credor da
segunda hipoteca sub-rogado nos direitos do primitivo credor
(CC/2022, art. 1.478 e Parágrafo único);
7. O devedor tem direito à liberação do bem quando da extinção da
obrigação principal;
8. O devedor pode antecipar o pagamento da obrigação principal,
ainda que parceladamente, podendo o credor exigir que tal
pagamento não seja inferior a 25% da dívida.
- Para o credor:
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1. Direito de exigir a conservação do bem, podendo requerer reforço
de garantia se a mesma se reduzir, sob pena de vencimento
antecipado da obrigação;
2. Promover a execução judicial da hipoteca quando vencida e não
paga a dívida, exceto quando se trata de perecimento ou
desapropriação da coisa, quando seu crédito se sub-rogará nos
respectivos valores da indenização e desapropriação.
O imóvel será excutido por via de ação de execução – CC/2002,
art. 1.501, in fine. Haverá penhora do bem e após a hasta pública o
produto de sua venda será destinado à satisfação do crédito, com
preferência do crédito garantido pela hipoteca sobre os demais,
devendo-se, contudo, pagar as despesas judiciais e demais créditos
preferenciais como tributários, trabalhistas, etc. (CC/2002, art.
1.422).
Quanto aos imóveis do SFH (Sistema Financeiro de Habitação),
o Decreto 70/66 permitiu a execução de créditos hipotecários
extrajudicialmente, através de um agente fiduciário e a Lei n.
5.471/71 previu rito sumário para ação de cobrança de dívidas
hipotecárias, cabendo ao credor escolher a forma de cobrança,
neste caso. Extrajudicial – Credor comunica ao agente o vencimento
do crédito, este, no prazo de 10 dias notifica o devedor para
purgar a mora em 20 dias. No silêncio do devedor o agente venderá
o bem em hasta pública, depois de 15 dias da publicação do
respectivo edital.
3. Necessidade de notificação dos demais credores para que seja
válida a venda do bem em hasta pública, sob pena de nulidade da
adjudicação ou da arrematação (CC/2002, art. 1.501);
4. Direito de preferência e sequela.
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- Em relação a terceiros:
1. Uma vez registrada no Cartório Imobiliário competente, gera
efeitos erga omnes;
2. É possível a alienação de bens hipotecados a terceiros que os
recebem com os respectivos ônus. Se o adquirente do bem não
optar por remir o mesmo para se livrar do ônus, poderá abandoná-
lo em favor dos credores hipotecários (CC/2002, arts. 1.479 e
1.480);
3. A cessão do crédito hipotecário poderá ser feita sem o
consentimento do devedor;
4. Possível a sub-rogação da hipoteca. Substituição do credor
satisfeito por aquele que paga o débito.
4. REMIÇÃO DA HIPOTECA
Remição da hipoteca é o direito concedido a certas pessoas de
liberar o imóvel onerado, mediante o pagamento da quantia devida,
independente do consentimento do credor. São essas pessoas:
a) Credor sub-hipotecário – CC/2002, art. 1.478;
b) Adquirente do imóvel hipotecado – CC/2002, art. 1.481;
c) Devedor da hipoteca e membros de sua família - CC/2002, art.
1.482 c/c arts. 787 e 651 do CPC;
d) Massa falida – CC/2002, art. 1.483.
5. ESPÉCIES DE HIPOTECA
I – Hipoteca Convencional. Estipulada pelo acordo feito entre as
partes, respeitadas as formalidades para sua instituição como
contrato solene, com a especificação do bem, da dívida, da forma
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de pagamento, da incidência de juros, bem como o conseqüente
registro no cartório competente para valer contra terceiros;
II – Hipoteca Legal (CC/2002, arts. 1.489 a 1.491). São
conferidas certas prerrogativas de hipoteca, independentemente do
acordo entre as partes, o que incide sobre situações e pessoas
expressamente estipuladas em lei, quais sejam:
a) Pessoas de direito público interno sobre imóveis pertencentes a
funcionários encarregados de cobrança, guarda ou administração
de seus bens, como, por exemplo, tesoureiros; (Art. 1.489, I)
b) Filhos sobre imóveis dos pais que convolaram novas núpcias,
antes de fazer inventário e partilha dos bens do casal,
anteriormente; (Art. 1.489, II);
c) Ofendido e herdeiros sobre imóvel do delinquente (Art. 1.489,
III);
d) Co-herdeiro p/ garantia do seu quinhão sobre imóvel adjudicado
ao herdeiro reponente. É comum adjudicar-se o imóvel
inventariado a um único herdeiro que se compromete a repor em
dinheiro o quinhão pertencente aos demais co-herdeiros (Art.
1.489, IV c/c art. 2.019);
e) Ao credor sobre o imóvel arrematado para garantia do pagamento
do restante do preço da arrematação (Art. 1.489, V)
III – Hipoteca Judicial (CPC, art. 466) Direito real de garantia
que permite ao vencedor da demanda perseguir o imóvel gravado em
poder de terceiro que venha a adquiri-lo, promovendo-lhe a
excussão. Requisitos:
- Sentença Condenatória – Entrega da coisa ou pagamento de perdas
e danos;
- Liquidez;
36
- Trânsito em julgado da sentença;
- Especialização do bem e do débito;
- Registro da sentença no Cartório Imobiliário.
OBS: Não confere direito de preferência ao credor se com a
insolvência do devedor se instalar o concurso de credores.
6. EXTINÇÃO
Extingue-se a hipoteca:
I – Extinção da obrigação principal;
II – Perecimento da coisa;
III – Resolução da Propriedade. Em se tratando de propriedade
resolúvel, ou seja, sujeita à condição ou termo, uma vez
verificado o implemento destes, extingue-se o direito de
propriedade, não subsistindo a garantia (ver CC/2002, arts. 1.359
e 1.360);
IV – Renúncia do credor;
V – Remição.
OUTRAS CAUSAS:
- Sentença que reconheça nulidade no ônus real;
- Prescrição aquisitiva. Por exemplo, se alguém adquire o bem
gravado, como livre e desembaraçado de qualquer ônus real e fica
na posse ininterrupta daquele bem pelo prazo de 10 anos –
CC/2002, art. 1.242;
- Arrematação ou Adjudicação do bem;
- Consolidação;
- Perempção legal – 20 anos (usucapião de liberdade) – CC/2002,
art. 1.485.
37
OBS: Extinta a hipoteca deve se proceder ao cancelamento do
registro.
***
FONTES:
- CURSO DE DIREITO CIVIL, 4º Vol, MARIA HELENA DINIZ;
- DIREITO CIVIL - DIREITO DAS COISAS, Sílvio Rodrigues;
- DIREITO DAS COISAS - SINOPSES JURÍDICAS, Carlos Roberto Gonçalves.
- CÓDIGO CIVIL COMENTADO – Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade
Nery;
ANTICRESE
- CÓDIGO CIVIL/2002 (Arts. 1.506 a 1.510)
1. Conceitos e Constituição
2. Características e Objeto
3. Os Inconvenientes do Instituto
4. Direitos e Deveres do Credor e Devedor
5. Cumulação com Hipoteca
6. Extinção
1. CONCEITOS E CONSTITUIÇÃO
- MARIA HELENA DINIZ: “É uma convenção, mediante a qual o credor,
retendo um imóvel do devedor, percebe, em compensação da dívida,
os seus frutos e rendimentos para conseguir a soma de dinheiro
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emprestada, imputando na dívida, e até o seu resgate, as
importâncias que for recebendo.”
- SILVIO RODRIGUES: ”Anticrese é um direito real, oriundo de um
contrato que se estabelece pela entrega de um imóvel frugífero
ao credor, que fica autorizado a retê-lo e a perceber-lhe os
frutos, imputando na dívida, e até o seu resgate, as
importâncias que for recebendo.”
- CARLOS ROBERTO GONÇALVES: “É direito real sobre coisa alheia, em
que o credor recebe a posse de coisa frugífera, ficando
autorizado a percebe-lhe os frutos e imputá-los no pagamento da
dívida.”
O próprio CC/2002 traz em seu art. 1.506 a definição do
instituto, com a ressalva, no Parágrafo único, de que em é
possível que a percepção dos frutos e rendimentos do imóvel se dê
para pagamento dos juros da dívida, salientando-se que o que
exceder os limites legais de juros, o remanescente será utilizado
para amortização do capital.
- Constituição – A anticrese se estabelece por meio de contrato
solene signatado entre as partes segundo os preceitos do art.
1.424 do CC/2002. Como contrato de direito real que versa sobre
a fruição do imóvel afetado, para que se aperfeiçoe é necessária
a tradição da coisa ao credor. Contudo, para valer perante
terceiros e nascer de fato como direito real oponível erga omnes
o contrato deve ser registrado no Cartório Imobiliário da
circunscrição onde o bem é situado – Art. 167 da Lei de
Registros Públicos – Lei n. 6.015/73.
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OBS1: Valor do bem superior a 30 x o valor do salário mínimo
vigente, dispensa-se que o contrato se dê mediante escritura
pública – Art. 108 do CC/2002. Contudo não será dispensado o
competente registro imobiliário para gerar efeitos de direito
real.
OBS2: A outorga uxória é necessária, já que se trata de bens
imóveis a serem afetados, dispensando-se a mesma se o regime de
casamento for o de separação total de bens, nos termos do art.
1.647, I do CC/2002.
2. CARACTERÍSTICAS E OBJETO
a) Direito Real. Art. 1.225, X c/c 1.419 do CC/2002. O direito do
credor anticrético recai diretamente sobre a coisa dada em
garantia. Uma vez constituída a anticrese por contrato e,
após ser levado à registro, gera efeito erga omnes, deferindo
ao seu titular o direito de retenção do bem até que a dívida
seja adimplida pelos frutos e rendimentos oriundos do bem
imóvel gravado, estando este, ainda, munido com ação real
(defesa da posse) e de seqüela.
b) Tradição. Entrega da coisa – Art. 1.506 do CC/2002. Evidente
que para que o credor usufrua do bem é necessário que esteja
na posse do mesmo. Vale salientar sobre a possibilidade que é
conferida ao credor de arrendar o imóvel a terceiros, desde
que não se pactue de forma diversa, podendo reter a coisa até
que se efetive o pagamento da dívida (CC/2002, art. 1.507, §
2º).
c) Não confere direito de preferência ao credor. O credor anticrético não
tem a exemplo dos demais credores – pignoratício e
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hipotecário, o direito de preferência na excussão dos bens
dados em garantia, mesmo em caso de execução da dívida e
penhora do bem objeto da anticrese, será credor quirografário
(CC/2002, art. 1.509, § 1º). Da mesma forma, em caso de
seguro ou indenização o valor respectivo não poderá sub-rogar
a anticrese, preferencialmente (CC/2002, art. 1.509, § 2º).
Seu direito é de retenção do bem para lhe auferir os frutos e
rendimentos até a satisfação da dívida – obrigação principal.
Se houver excussão ou simples execução do bem objeto de
anticrese, o credor anticrético deverá opor seu direito de
retenção em relação a tal execução, nos termos do caput do
art. 1.509 do CC/2002.
- Objeto : Recai sobre bem imóvel passível de alienação. Importante
salientar que o imóvel afetado pela anticrese pode pertencer a
terceiro, não obrigado originalmente com o credor anticrético.
Ao proprietário ou a terceiro devem assistir o direito de dispor
do bem, o credor anticrético, contudo, não terá o direito de
dispor da coisa ou aliená-la, apenas de usufruir dela.
3. OS INCONVENIENTES DO INSTITUTO
A doutrina elenca que a anticrese trata-se de instituto de
pouca utilização prática, muitos autores até se admiram em relação
à sobrevivência do mesmo no Novo Código.
Em primeiro lugar, porque a anticrese pode ser mais
adequadamente substituída por outros institutos como a hipoteca ou
o penhor (aquele que incide sobre bens imóveis por acessão física
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ou intelectual – hoje denominadas de pertenças –, já que seu
objeto é bem imóvel).
Sílvio Rodrigues elenca os seguintes inconvenientes advindos
do instituto:
a) A anticrese implica em deslocação do bem das mãos do credor para
o devedor, privando aquele da posse e usufruto de bem de sua
propriedade, confiando-se, por outro lado ao credor sua
utilidade, lembrando-se, contudo que, não obstante o dever de
conservar a coisa, o credor anticrético tem um interesse menor
sobre o bem, tão somente o pagamento da sua dívida, o que pode
resultar em restrição à produtividade do mesmo, afetando não só
o próprio devedor, mas também um interesse social;
b) A transferência da posse, apesar de não impedir a alienação do
bem por parte do devedor, já que este ainda detém a sua posse
jurídica, sendo, na verdade proprietário do mesmo, dificulta ou
embaraça tal alienação, já que o eventual adquirente não tem
interesse em comprar um imóvel afetado com tal garantia que
implique em verdadeira proibição à utilização do mesmo;
c) Uma vez constituída a anticrese, esgota-se, ou pelo menos
dificulta-se para o devedor a possibilidade de adquirir novos
créditos a partir da instituição de novas garantias sobre o
referido bem, já que não há possibilidade de ser instituída
outra anticrese e dificilmente haverá aceitação daquele bem em
hipoteca;
d) Para o credor não gera nem direito de preferência, nem direito
de excussão, como já observado. O seu direito prefere apenas aos
credores quirografários, bem como hipotecários que tenham seu
crédito instituído posteriormente ao registro da anticrese,
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podendo, neste caso, opor seu direito de retenção sobre a coisa
em caso de execução. Mas, ao contrário do penhor e da hipoteca,
não confere a anticrese preferência ao credor, no pagamento do
crédito, com a importância obtida na excussão do objeto dado em
garantia. A lei só lhe dá a prerrogativa de opor-se à excussão,
imprescindível para cobrar-se do crédito, com as rendas do
imóvel. Se, porém, executar o imóvel pelo não-pagamento da
dívida, ou permitir que outro credor o execute sem por seu
direito de retenção ao exequente, não terá, como já dito,
preferência sobre o preço apurado em praça.
4. Direitos e Deveres do Credor e Devedor Anticrético
Credor – DIREITOS:
- Adquirir a posse da coisa e retirar dela os furtos e rendimentos
para satisfação da dívida (obrigação principal), sendo que este
pagamento pode servir para amortização da dívida principal –
anticrese extintiva ou satisfativa; ou simplesmente para o pagamento dos
juros, dento dos limites legais anticrese compensativa – (Art.
1.506, § 1º do CC/2002);
- Administrar o bem recebido em anticrese (Art. 1.507 do CC/2002);
- Direito de retenção do bem até o pagamento da dívida, pelo prazo
máximo de 15 anos (Art. 1.423 do CC/2002);
- Opor seu direito de retenção em se tratando de excussão ou
execução que recaia sobre o imóvel, tendo sido tais créditos
constituídos após o registro da anticrese;
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- Se transformar em credor hipotecário do bem recebido em
anticrese, pela ampliação da garantia (Art. 1.506, § 2º do
CC/2002);
- Ação real para defender a posse da coisa;
- Direito de sequela, podendo reivindicar o bem das mãos de que o
possua para exercer o direito que lhe assiste de retirar da
coisa seus frutos e rendimentos;
- Arrendar o bem recebido em anticrese, desde que pactuado com o
proprietário do mesmo (Art. 1.507, § 2º do CC/2002)
Credor – DEVERES:
- Conservar o bem em perfeito estado, respondendo pelas
deteriorações do imóvel, derivados de sua culpa e pelos
rendimentos que deixar de receber por conduta negligente (Art.
1.508, CC/2002);
- Prestar contas de sua administração, mediante balanço anual
(Art. 1.507 do CC/2002);
- Restituir o bem finda a anticrese.
Devedor – DIREITOS:
- Alienar o bem dado em anticrese, já que continua sendo
proprietário do mesmo, podendo, inclusive, o adquirente pagar a
dívida e excluir a garantia (Art. 1.510 do CC/2002);
- Questionar os balanços apresentados pela prestação de contas do
credor (Art. 1.507, § 1º do CC/2002)
- Ser ressarcido das deteriorações causadas ao imóvel, bem como
dos frutos que deixou de receber, por negligência do credor;
- Reaver o imóvel, liquidado o débito.
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Devedor – DEVERES:
- Transferir a posse do imóvel;
- Solver os débitos, respeitando o direito de anticrese do credor,
para tanto;
5. CUMULAÇÃO DA ANTICRESE COM A HIPOTECA
Art. 1.506, § 2o do CC/2002. O imóvel hipotecado pode ser dado em
anticrese ao credor hipotecário, da mesma forma que o imóvel dado
em anticrese, pode ser hipotecado pelo credor anticrético. Sendo
assim, somente ao beneficiário de um destes direitos reais seria
possibilitada a ampliação da sua respectiva garantia, não obstante
haver possibilidade de sobre o mesmo bem recair mais de uma
garantia, em relação a diferentes débitos, consoante se depreende
do art. 1.509, in fine, não obstante a dificuldade de haver quem
aceite em garantia um bem sujeito à anticrese. A citada ampliação
da garantia, na verdade, se apresenta como vantagem para o credor,
para o anticrético porque passaria a ter direito de preferência e
não apenas de retenção e para o hipotecário porque poderia
usufruir do bem e, com isso, viabilizar o pagamento da dívida,
independente de excussão.
6. EXTINÇÃO
- Extinção da dívida, obrigação principal (Ver art. 1.510 do
CC/2002 – pagamento da dívida pelo adquirente do bem e imissão
na posse);
- Perecimento do bem dado em garantia (Ver art. 1.509, § 2ºdo
CC/2002);
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- Caducidade do direito real, transcorridos 15 anos sem que tenha
se efetivado o pagamento da dívida – Art. 1.423 do CC/2002 ***
FONTES:
- CURSO DE DIREITO CIVIL, 4º Vol, MARIA HELENA DINIZ;
- DIREITO CIVIL - DIREITO DAS COISAS, Sílvio Rodrigues;
- DIREITO DAS COISAS - SINOPSES JURÍDICAS, Carlos Roberto Gonçalves.
- CÓDIGO CIVIL COMENTADO – Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade
Nery;
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