DESVENDANDO RIO PRETO: Pesquisa Descritiva e Exploratória
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Boletim Técnico Nº 17
DESVENDANDO RIO PRETO:Pesquisa Descritiva e Exploratória
Ref: junho/2007
Observatório Socioeconômico – um projeto do
Consórcio Universitário de Pesquisa da Região Norte
Fluminense
Um Convênio:
CEFET – UENF – UFF – UFRRJ – ISECENSA - UNIVERSO
Autores deste Boletim:Gerson Tavares do CarmoPesquisador Convidado
Professor do ISECENSA
André Fernando Uébe MansurProfessor do ISECENSA
Equipe Técnica do Observatório:Romeu e Silva NetoProfessor – CEFET Campos
Ailton Mota de CarvalhoProfessor do CCH – UENF
José Luis ViannaProfessor – UFF
Hamilton Jorge de AzevedoEngenheiro Agrônomo – UFRRJ
Simone Flores SoaresProfessora – UNIVERSO
André Fernando Uébe MansurProfessor - ISECENSA
ApresentaçãoO Observatório Socioeconômico da Região Norte Fluminense foi criado em
02 de janeiro de 2001. Trata-se de um Projeto de Pesquisa desenvolvido através de uma parceria estabelecida entre o NEED – Núcleo de Estudos em Estratégia e Desenvolvimento do CEFET – Centro Federal de Educação Tecnológica de Campos, a UENF – Universidade Estadual do Norte Fluminense representada pelo CCH – Centro de Ciências do Homem, a UFF – Universidade Federal Fluminense representada pelo Instituto de Ciências da Sociedade e Desenvolvimento Regional, a UFRRJ – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro representada pelo Campus Dr. Leonel Miranda, e a UNIVERSO – Universidade Salgado Oliveira (Sede Campos) representada pela Coordenação do Curso de Administração de Empresas. Em novembro de 2005, passou a fazer parte do Observatório o ISECENSA - Institutos Superiores de Ensino do CENSA. Essas seis instituições formam o Consórcio Universitário de Pesquisa da Região Norte Fluminense. Esse consórcio, atualmente, desenvolve dois trabalhos de pesquisa: O Projeto de Pesquisa intitulado Configuração do Mercado de Trabalho da Região Norte Fluminense: Mapeamento das Cadeias Produtivas e Alternativas de Geração de Empregos apoiado pela FAPERJ e o já mencionado Observatório Socioeconômico da Região Norte Fluminense.
O Observatório tem a finalidade principal de coletar, analisar e disponibilizar dados e informações que possam dar suporte à tomada de decisões de agentes públicos e privados e que auxiliem a concepção de políticas e estratégias municipais que venham a melhorar a qualidade de vida da população. Seus estudos estão direcionados para as áreas de emprego, renda, saúde, educação, habitação e saneamento dos municípios da Região Norte Fluminense: Campos dos Goytacazes, Macaé, São João da Barra, Quissamã, Conceição de Macabu, Carapebus, São Fidélis, São Francisco de Itabapoana e Cardoso Moreira.
De forma complementar, o Observatório também monitora indicadores socioeconômicos das principais cidades de cada uma das mesorregiões do Estado do Rio de Janeiro: Noroeste – Itaperuna, Serrana – Petrópolis, Lagos – Cabo Frio, Sul – Volta Redonda, e Metropolitana – Niterói, com a finalidade principal de verificar se uma eventual tendência regional também se apresenta nas demais regiões do Estado.
As fontes dos dados coletados são sempre oficiais para evitar problemas de credibilidade. Dentre essas fontes, destacam-se: RAIS/CAGED do Ministério do Trabalho e Emprego, DataSUS do Ministério da Saúde, INEP do Ministério da Educação, e CIDE do Governo do Estado do Rio de Janeiro. Eventualmente, poderão ser utilizadas informações provenientes das prefeituras locais, ou de suas secretarias, desde que devidamente emitidas em documentos oficiais.
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Nossas Publicações:
O Observatório tem as seguintes publicações à disposição da comunidade no site do NEED/CEFET (www.cefetcampos.br):
Boletim Técnico No. 1: A Evolução do Emprego Formal na Região Norte Fluminense: Um enfoque sobre Campos e Macaé.
Nota Técnica No. 1: A Razão entre o Emprego Formal e a População Total das Cidades de Porte Médio – uma referência para Campos e Macaé em relação ao Rio de Janeiro e ao Brasil.
Boletim Técnico No. 2: A avaliação da Qualidade do Emprego Formal na Região Norte e Fluminense: Um enfoque sobre Campos e Macaé.
Boletim Técnico No. 3: Investigação sobre o Perfil do Trabalho Informal em Campos: Um enfoque sobre os Trabalhadores de Rua (camelôs).
Nota Técnica No. 2: Um Estudo Comparativo entre a Qualidade do Emprego Formal e o Trabalho Informal na Cidade de Campos – Um enfoque sobre o Grau de Escolaridade e a Renda Mensal.
Boletim Técnico No. 4: O Perfil da Educação na Região Norte Fluminense: Ensino Infantil, Fundamental e Médio.
Boletim Técnico No. 5: Favelas/Comunidades de Baixa Renda no Município de Campos dos Goytacazes.
Boletim Técnico No. 6 Uma análise da Cadeia Produtiva de Cana-de-Açúcar na Região Norte Fluminense
Boletim Técnico No. 7 A Evolução do Emprego Formal na Região Norte Fluminense: Uma análise do período 1997-2001.
Boletim Técnico No. 8 Indicadores de Qualidade de Vida nas Cidades das Regiões Norte e Noroeste Fluminense.
Boletim Técnico No. 9 A Evolução do Emprego Formal na Região Norte Fluminense: Uma análise do período 1997-2002.
Boletim Técnico No. 10 A evolução do IDH Municipal nas Cidades da Região Norte Fluminense no período 1991-2000.
Boletim Técnico No. 11 Radiografando o Orçamento de Campos dos Goytacazes: Análise do período 2000 a 2004
Boletim Técnico No. 12 A Evolução do Emprego Formal na Região Norte Fluminense: Uma análise do período jan/1997 - abr/2004
Boletim Técnico No. 13 A Evolução do Emprego Formal na Região Norte Fluminense: Uma análise do período jan/1997 - dez/2004
Boletim Técnico No. 14 Perfil da Cadeia Produtiva de Confecção do Município de Campos dos Goytacazes/RJ
Boletim Técnico No. 15 Desenho e análise da Cadeia Produtiva da Construção Civil no município de Campos dos Goytacazes-RJ
Boletim Técnico No. 16 Transporte Aéreo em Campos dos Goytacazes-RJ: Um Estudo de Caso no Aeroporto Bartolomeu Lizandro
Endereço: CEFET – Centro Federal de Educação Tecnológica de CamposNEED – Núcleo de Estudos em Estratégia e DesenvolvimentoObservatório Socioeconômico da Região Norte FluminenseRua Dr. Siqueira, Nº 273Parque Dom Bosco – Campos dos Goytacazes – RJCEP: 28.030-130
Telefone: (22) 2733-3255 Ramal 4229 / Site: www.cefetcampos.br clique em Observatório
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INSTITUTOS SUPERIORES DE ENSINO
DO CENTRO DE EDUCAÇÃO NOSSA SENHORA AUXILIADORA
ISECENSA CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
DIRETORA
IRMÃ SURAYA BENJAMIN CHALOUB
VICE-DIRETORA
ELIZABETH LANDIM
COORDENADOR DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
ANDRÉ UEBE
Ficha Catalográfica
D489 Desvendando Rio Preto:pesquisa descritiva e explora- tória.Gerson Tavares do Carmo,André Uebe,orga- nizadores.Campos dos Goytacazes (RJ): ISE/CENSA, 2005.
81 p.
1. Rio Preto (RJ). 2. Desenvolvimento Endógeno. 3. Ecoturismo. 4. Desenvolvimento Sustentável. 5.Turismo Ecológico
CDD981.53
5
SUMÁRIO
.
Índice das figuras............................................................................................. 5Índice dos gráficos........................................................................................... 7Índice das tabelas............................................................................................. 81 - APRESENTAÇÃO...................................................................................... 92 - INTRODUÇÃO............................................................................................ 11 2.1 - Perspectivas Conceituais....................................................................... 19 2.1.1 - Urbano versus Rural.................................................................... 19 2.1.2 - Desenvolvimento Endógeno em Espaços Rurais........................ 20 2.2 - A Vocação Turística de Rio Preto........................................................ 243 - METODOLOGIA........................................................................................ 32 3.1 - A Pesquisa Descritiva........................................................................... 33 3.2 - A Pesquisa Exploratória........................................................................ 364 - CARACTERÍSTICAS DA POPULAÇÃO................................................. 37 4.1 - Perfil Populacional................................................................................ 37 4.1.1 - Estrutura da população pesquisada por gênero........................... 38 4.1.2 - Estrutura da população pesquisada por idade............................. 40 4.1.3 - Estrutura da população pesquisada por escolaridade................. 41 4.2 – Perfil Domiciliar................................................................................... 46 4.2.1 - Condições de propriedade.......................................................... 46 4.2.2 - Abastecimento de água............................................................... 47 4.2.3 - Escoadouro Sanitário.................................................................. 47 4.2.4 - Destino do Lixo.......................................................................... 48 4.2.5 - Iluminação elétrica..................................................................... 49 4.3 - PERFIL ECONÔMICO FAMILIAR................................................... 50 4.3.1 - Renda mensal familiar................................................................. 50 4.3.2 - Ocupação principal..................................................................... 52 4.3.3 - Comercialização domiciliar........................................................ 53 4.3.4 – Propriedade de Bens.................................................................. 54 4.3.5 – Classificação Econômica das Famílias de Rio Preto................ 55 4.3.5.1 – Critério de Classificação Econômica Brasil................ 55 4.3.5.2 – Análise do Critério Brasil em Rio Preto...................... 58 4.4- PERCEPÇÃO DOS ENTREVISTADOS QUANTO A LOCALIDADE
DE RIO PRETO......................................................................................
605- CARACTERÍSTICAS DE INFRA-ESTRUTURA.................................... 62
7
5.1- Serviços de Saúde................................................................................. 63 5.2 – Serviços de Transporte........................................................................ 65 5.3- Serviços de Educação Pública............................................................... 67 5.4- Serviços de Limpeza Urbana e Saneamento......................................... 69 5.5- Serviços de Iluminação Elétrica........................................................... 69 5.6- Serviços de Fornecimento de Água..................................................... 70 5.7- Serviços de Comunicação.................................................................... 71 5.8- Serviços de Atendimento Jurídico........................................................ 72 5.9- Serviços Sociais e de Lazer.................................................................. 73 5.10- Serviços de Atendimento Agropecuário............................................. 74 5.11- Serviços de Comércio e Negócios Produtivos................................... 756- CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................... 777. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................ 80
ÍNDICE DAS FIGURAS
Figura 1 (mapa). Localização do distrito de Morangaba no mapa municipal 12Figura 2 (mapa). Vias rodoviárias de acesso à região de Rio Preto................ 12Figura 3 (mapa). Área verde concentrada no distrito de Morangaba ……..... 13Figura 4 (mapa). Destaque da área verde da APA do Desengano e dos limites geográficos inferiores do distrito: Rio Imbé e Lagoa de Cima..............
13
Figura 5 (mapa). Localização do Rio Preto ……………….......…….…….. 14Figura 6 (mapa). Localização do aglomerado populacional de Rio Preto- IBGE.................................................................................................................
15
Figura 7. Imagem da Usina Novo Horizonte em 1983....…….……………... 16Figura 8. Casas em uma das várias ruas de Rio Preto - ao fundo, as ruínas e chaminé da antiga Usina Novo Horizonte ……………………………….….. 16
Figura 9. Imagem de parte do conjunto de casas populares ...…….…….….. 17Figura 10. Imagem de uma das ruas do conjunto de casas populares.…….... 17Figura 11. Croqui das ruas de Rio Preto …………………………….......….. 18Figura 12. Equipe de graduandos e professores do ISECENSA, quando realizaram e aplicaram questionários em Rio Preto……….…..................….. 34
Figura 13. Graduanda Raquel Azevedo entrevistando moradora do bairro “casa nova” ……………….............................................................................. 34
Figura 14. Graduanda Vanessa Viana Pessanha entrevistando moradores do bairro “casa nova” …………………............................................................... 35
Figura 15. Adesivo de controle da pesquisa.……………...………….....….. 35Figura 16 (mapa). Distritos com chefe de domicílio com rendimento médio mensal até 1 salário mínimo ..........………………………………............….. 50
Figura 17. Fachada do Posto de Saúde de Morangaba na entrada de Rio Preto.................................................................................................................. 64
Figura 18. Ônibus da empresa Rogil que faz a linha Campos – Rio Preto .… 65Figura 19. Fachada da Escola Estadual Notival Moll...………………….….. 67Figura 20. Fachada da Escola Estadual Morangaba...........................………. 67Figura 21. Fachada da Escola Municipal Roosevelt Crisóstomo de Oliveira .. 68Figura 22. Fachada da Creche Escola Rio Preto......……………………….... 68Figura 23. Caixa d’água da empresa Águas do Paraíba ..………………….... 70Figura 24. Instalações de tratamento e distribuição de água em Rio Preto..... 70Figura 25. Local onde funciona a rádio comunitária ……………….......….... 71Figura 26. Local onde está instalada a agência dos Correios ………….…… 71Figura 27. Cartório de Registro Civil do 9º distrito ……………………....... 72Figura 28. Prédio do serviço de Assistência Jurídica Municipal – Núcleo Morangaba…………………………………………………………....…….... 72
9
Figura 29. Sede do Grupo de Terceira Idade Eni Fortunato ……………….. 73Figura 30. Sede do Novo Horizonte Futebol Clube..………...…….……….. 73Figura 31. Grupo de Cavalgada...................................................................... 73Figura 32. Entrada para a sede EMATER em Rio Preto.…………….……. 74Figura 33. Casa de material de construção Agropecuária Novo Horizonte.... 75Figura 34. Instalações Pousada Bicho Souto………………………..…….... 75Figura 35. Instalações da Pousada Olho D’Água …………………..…….... 75Figura 36. Instalações da Pousada Recanto das Cachoeiras ……………….. 75Figura 37. Entrada da engarrafadora de Água Mineral Sagrada……….….... 76Figura 38. Instalações do Supermercado Codeço …………………..…….... 76Figura 39. Refrigerador de leite que serve a diversos produtores….............. 76Figura 40. Mostruário da Fábrica de Goiabadas Tia Sônia …...........…….... 76
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ÍNDICE DOS GRÁFICOS
Gráfico 1. Porcentagem dos turistas visitantes, segundo gênero, mai 05 – ago 05...... 25Gráfico 2. Porcentagem dos visitantes, segundo freqüência de visita a região........... 26Gráfico 3. Porcentagem de visitantes, segundo faixa etária........……………............ 26Gráfico 4. Porcentagem de visitantes, segundo cidade de origem......….....…........... 27Gráfico 5. Porcentagem de visitantes, segundo motivo de visita.…...…..…............. 27Gráfico 6. Porcentagem de visitantes, segundo ocupação principal …....…............ 28Gráfico 7. Porcentagem de visitantes, segundo permanência na pousada …............ 29Gráfico 8. Porcentagem de visitantes, quanto o que mais atrai em Rio Preto............ 29Gráfico 9. Porcentagem de visitantes, segundo sugestões para melhoria do turismo em Rio Preto ...............................................................................................................
30
Gráfico 10. Porcentagem da população pesquisada, segundo o gênero.....…............ 38Gráfico 11. Porcentagem da população pesquisada, segundo a faixa etária….......... 40Gráfico 12. Taxa de Alfabetização de 15 anos ou mais por situação do domicílio .....................................................................................................................................
41
Gráfico 13. Porcentagem da população pesquisada, segundo a escolaridade........... 43Gráfico 14. Porcentagem de domicílios, segundo as condições de propriedade ..….. 46Gráfico 15.. Porcentagem de domicílios, segundo tipo de abastecimento de água...... 47Gráfico 16. Porcentagem de domicílios, segundo tipo de escoadouro sanitário....….. 47Gráfico 17. Porcentagem de domicílios, segundo tipo de destino dos lixos .....…….. 48Gráfico 18. Porcentagem dos domicílios com energia elétrica..........……………….. 49Gráfico 19. Porcentagem de domicílios, segundo renda familiar ………………..….. 51
Gráfico 20. Porcentagem das ocupações principais dos entrevistados ……............... 52Gráfico 21. Porcentagem dos domicílios que comercializam algum produto ............ 53Gráfico 22. Número de bens domésticos nos domicílios entrevistados...................... 54Gráfico 23. Porcentagem de famílias de Rio Preto por classe econômica - segundo Critério Brasil................................................................................................................
58
Gráfico 24. Porcentagem de famílias, segundo classe econômica, que compara Rio Preto e média nacional - segundo Critério Brasil.…………….................……….......
59
Gráfico 25. Porcentagem de entrevistados quanto ao “desejo de sair de Rio Preto”... 60Gráfico 26. Distribuição percentual de moradores, segundo motivos de fixação de moradia em Rio Preto.................................................................................................. 61
Gráfico 27. Porcentagem dos entrevistados, quanto a serem “nascidos e criados” em Rio Preto....................................................................................................................... 61
Gráfico 28. Porcentagem dos transportes utilizados pelos entrevistados.................... 65
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ÍNDICE DAS TABELAS
Tabela 1. População residente do município de Campos dos Goytacazes/RJ... 37Tabela 2. População por sexo, entrevistados e moradores nos domicílios…... 38Tabela 3. População residente, por situação do domicílio e sexo, segundo os distritos do município de Campos dos Goytacazes ..................................…... 39
Tabela 4. População por idade, entrevistados e moradores nos domicílios..... 40Tabela 5. Taxa de Alfabetização de 15 anos ou mais, por situação do domicilio ………………................................................…………………….. 41
Tabela 6. Pessoas responsáveis pelos domicílios por grupos de anos de estudo …………………………………………………………….......…….. 42
Tabela 7. População por escolaridade, entrevistados e moradores nos domicílios .………………………………………………………………….. 43
Tabela 8. Domicílios particulares permanentes - segundo a condição de ocupação …………………………………………………………....……….. 46
Tabela 9. Domicílios particulares por forma de abastecimento de água, existência de banheiro ou sanitário, tipo de esgotamento sanitário e destino do lixo ……………………………………………………………..................
48
Tabela 10. Descrição da pontuação dos bens domésticos - segundo Critério Brasil ……….............................................………………………………….. 56
Tabela 11. Descrição da pontuação do grau de instrução do responsável pelo domicílio - segundo Critério Brasil.......………………………………………..
56
Tabela 12. Classes de cortes por classes econômicas - segundo Critério Brasil...........………………………………………………………………….. 57
Tabela 13. Faixas de renda por classes econômicas - segundo Critério Brasil..…….........…………………………………………………………….. 57
Tabela 14. Classificação econômica das famílias de Rio Preto - segundo Critério Brasil................................................................................................... 58
Tabela 15. Avaliação dos entrevistados, quanto à qualidade da infra-estrutura urbana de Rio Preto........................................................................... 62
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1 - APRESENTAÇÃOO presente relatório é resultado da primeira fase do projeto Desvendando Rio Preto:
referências para estudos de desenvolvimento endógeno, desenvolvido, no 1ºsemestre letivo de
2005, pelo 6º período do Curso de Administração do ISECENSA – Institutos Superiores de
Ensino do Centro Educacional Nossa Senhora Auxiliadora, no município de Campos dos
Goytacazes – RJ, sob a orientação de Carlos Eduardo Valente1, Gerson Tavares do Carmo2 e
Rodrigo Anido Lira3, respectivamente, professores das disciplinas Tópicos de Gestão
Contemporânea VI, Sociologia & Administração e Gestão de Pequenos Negócios ministradas na
referida turma, com assessoria estatística de Carla Nogueira Patrão Aquino4 professora da
referida disciplina no curso de Administração do ISECENSA.
O projeto justificou-se a partir de uma visão do ISECENSA/Curso de Administração
sobre o importante papel que o administrador pode ter como promotor e gestor do
desenvolvimento sustentável, “enxergando”, em Rio Preto, um locus privilegiado para
construção de um conhecimento que se articula em três dimensões: a teórico-econômico
administrativa aprendida pelos discentes na sala de aula; a sócio-cultural da realidade local; e a
ambiental, que, em crise, ameaça a vida no planeta. A razão que sintetiza a justificativa e
motivação para iniciar o projeto é a demanda por uma Gestão e conhecimento em mão dupla:
rearticulando sociedade e natureza.
O projeto, que teve por objetivo inicial realizar um censo demográfico e sócio-cultural
em Rio Preto, apresentou-se, naturalmente, como projeto pedagógico transdisciplinar5 de cunho
pragmático, desenvolvido durante o primeiro semestre letivo de 2005. No entanto, além do
caráter pontual de projeto pedagógico, envolvendo três disciplinas em um semestre letivo,
também pretendeu apresentar-se como pesquisa exploratória e descritiva referencial sobre o Rio
Preto, servindo de base pública de dados para estudos de naturezas diversas e também de base
comparativa, para pesquisas futuras no referido povoado.
A perspectiva transdisciplinar do projeto pedagógico estende-se também à pesquisa
descritiva e exploratória, tendo em vista que tal perspectiva propõe novos modelos e ações de
desenvolvimentos sustentáveis capazes de avaliar criticamente as contradições subjacentes ao
modelo de desenvolvimento baseado na tecnociência6. Esta escolha justifica o protagonismo
social que foi atribuído a Rio Preto, através das discussões “Urbano versus rural” e 1 Graduado em Economia pela UFF e Mestre em Ciências Contábeis pela UERJ.2 Graduado em Administração Pública pela EBAP/FGV-RJ e Mestre em Cognição e Linguagem pela UENF.3 Graduado em Administração pela UFF e Mestre em Cognição e Linguagem pela UENF.4 Graduada em Administração e Mestre em Economia Empresarial pela UCAM.5 A transdisciplinaridade diz respeito, como indica o prefixo "trans", ao que está, ao mesmo tempo, entre as disciplinas, através das diferentes disciplinas e além de qualquer disciplina. Sua finalidade é a compreensão do mundo presente, sendo que um dos seus imperativos é a unidade do conhecimento, conforme Nicolescu, Basarab. La transdisciplinarité, manifesto, Éditions du Rocher, Mônaco, Coleção "Transdisciplinarité", 1996. O Manifesto da Transdisciplinaridade, Trion, São Paulo, 1999, tradução para o português de Lúcia Pereira de Souza.6 In: Mensagem de Vila Velha/Vitória - II Congresso Mundial de Transdisciplinaridade, 06 a 12 de setembro de 2005 – Brasil
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“Desenvolvimento endógeno, em espaços rurais”, contidas na introdução, visando a um
posicionamento teórico e metodológico transdisciplinar tanto na orientação da pesquisa quanto
na redação do relatório.
Assim, o presente relatório contém tanto informações resultantes da pesquisa em si, como
também dados sobre o processo de trabalho realizado pelos professores e alunos cujos fins são
pedagógicos. O relatório foi organizado pelos professores Gerson Tavares do Carmo e André
Fernando Uebe Mansur, tendo como colaboradores a professora Carla Nogueira Patrão Aquino e
os graduandos Carlos Augusto Rodrigues Machado e Luiz Saulo Machado Pessanha Júnior,
ambos do 7º período do curso de Administração – 2ºsemestre/2005.
Necessário dizer que esta é a primeira vez que o povoado de Rio Preto tem reunido e
organizado em um só documento, informações de diversas fontes e natureza. No entanto, o
documento não esgota a riqueza, beleza e mistérios do lugar. Ainda há muitas informações
dispersas tanto em forma documental, quanto em forma de testemunhos vivos que viveram a
história do lugar, o que justifica a projeção de ações posteriores a este diagnóstico conforme
indicado ao final deste trabalho.
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2 – INTRODUÇÃO
A região do Rio Preto7 localiza-se em Morangaba8, 9º distrito de Campos dos Goytacazes,
a sudoeste do município, na divisa com São Fidélis, compreendendo uma das regiões mais
montanhosas e belas do Norte-Fluminense.
Segundo Bragança Júnior9, Morangaba vem do tupi: moran(ga) e gaba = a beleza, a
formosura, o encanto. Nessa região, encontram-se atrações naturais como: o Rio Bela Joana,
afluente do Rio Preto, que possui águas cristalinas e quedas d’água que formam grandes blocos
rochosos com piscinas naturais; o Pico Peito de Moça, com 700 metros de altitude, com formato
semelhante ao Pão-de-Açúcar (Rio de Janeiro); a Cachoeira Pedra Rasa, uma das mais belas e
uma das maiores cachoeiras da região, com uma queda de 80 m de altura; o Tombo d’Água que
caracteriza-se pelas imensas formações rochosas, por onde jorram as águas, formando 3 saltos.
No local há uma piscina natural com aproximadamente 50m de comprimento, de fundo arenoso.
Ao redor, a vegetação segue intocada onde se destacam bromélias, samambaias, orquídeas de
diversas espécies e árvores de grande porte, como cedro, ipê, jequitibá, jatobá, pau-pereira,
canela e coqueiro indaiá. O Pico de São Mateus, com com 1.605 metros de altitude, localizado
na Serra do Mocotó é o ponto mais elevado do município de Campos dos Goytacazes de onde se
tem ampla vista de todo o distrito e a paisagem natural da Mata Atlântica10.
Um dos acessos a esta região se faz pela RJ-158 (Rodovia Campos - São Fidélis). Saindo
de Campos segue-se aproximadamente, 19km pela rodovia, entra-se à esquerda, em uma estrada
vicinal, na localidade chamada Itereré (onde se localiza um pedreira), que percorrida por mais
16km, chega-se ao povoado de Rio Preto centro do distrito de Morangaba.
7 O Rio Preto é o mais extenso rio do distrito de Morangaba, dando nome à região por onde nascem as suas águas.8 Morangaba possui vários outros povoados menores como: Água Fria, Alegre, Aleluia, Babilônia, Bandeirante, Barra do Jacaré, Barrinha, Batatal, Bela Joana, Conceição, Deserto, Espera Feliz, Fazenda Opinião, Goiabal, Lagoa de Cima, Lagoinha, Marcelino, Matutu, Mocotó, Muzama, Muzungum, Pedra, Pedra Lisa, Penha, Pedrinhas, Ponte Nova, Sabiá, São Benedito, São João, Serraria, Sertão 9 BRAGANÇA JÚNIOR, Álvaro Alfredo.. Morfologia Sufixal Indígena na Formação de Topônimos do Estado do Rio de Janeiro. UFRJ/CiFEFiL. http://www.filologia.org.br/pub_outras/sliit01/sliit01_29-48.html acessado em 20/6/2005.10 Informações sobre atrações naturais extraídas do Estudo Socioeconômico 2003 – Campos dos Goytacazes/TCE –RJ - Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro. Secretaria Geral de Planejamento, Governo do Estado do Rio de Janeiro, outubro 2003 - p. 13 e 14.
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Nos mapas a seguir, pode-se localizar o distrito de Morangaba no município de Campos
e a estrada de acesso à Rio Preto:
Figura 1 (mapa) – Localização do distrito de Morangaba no mapa municipal.
Fonte: Perfil Populacional de Campos dos Goytacazes, 2003, pág. 62 (foi utilizado somente a imagem de Campos dos Goytacazes e dos seus distritos).
Figura 2 (mapa) – Vias rodoviárias de acesso à região de Rio Preto.
Fonte: site www.aondefica.com/maparioc.asp - acessado em 15/09/2005.
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Distrito de Morangaba
Pedreira de Itereré - entrada para Rio Preto
Rio Preto – centrode Morangaba
Estrada CamposSão Fidélis
Conforme se pode observar no mapa abaixo, a maior concentração da Mata Atlântica no
município de Campos dos Goytacazes (destacado em verde escuro) encontra-se no distrito de
Morangaba, como área de preservação ambiental pertencente à Área de Preservação Ambiental
do Parque do Desengano.
Figura 3 (mapa) – Área verde concentrada no distrito de Morangaba.
Fonte: CIDE - Fundação Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro, site http://www.cide2.rj.gov.br/mapas_municipio.php - acessado em 19/08/2005.
No mapa a seguir, pode-se observar o Rio do Imbé e a Lagoa de Cima, como limites
inferiores do distrito de Morangaba, bem como, a extensão da Área de Proteção Ambiental
(APA) do Desengano que ocupa mais de 50% do território do distrito.
Figura 4 (mapa) – Destaque da área verde da APA do Desengano e dos limites geográficos inferiores do distrito: Rio Imbé e Lagoa de Cima
Fonte: CIDE - Fundação Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro, site http://www.cide2.rj.gov.br/mapas_municipio.php - acessado em 19/08/2005.
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Rio Imbé Lagoa de Cima
APA do Desengano
No mapa a seguir pode-se observar o Rio Preto, em toda a sua extensão, nascendo das
áreas montanhosas para desaguar no Rio Ururaí.
Figura 5 (mapa) – Localização do Rio Preto.
Fonte: site www.aondefica.com/maparioc.asp - acessado em 15/09/2005.
Além da exuberante beleza natural, a região possui peculiaridades, conforme Sofiatti
(1996), quando diz que Rio Preto é um rio “diferente”:
Como já foi visto, a Serra do Mar, no norte-noroeste fluminense, sofre uma brusca
interrupção nas imediações da garganta por onde coleia o Paraíba. Os rios que nascem na
vertente interior da Serra deságuam todos eles no maior rio da região [Rio Paraíba]. Os
que nascem na vertente Atlântica correm para a bacia da Lagoa Feia ou diretamente para
o mar, com exceção de um: o rio Preto [grifo nosso]. Seu curso o conduz ao rio Paraíba,
no qual, outrora, desaguava como explica Lamego11. Com as cheias deste, porém, seu
curso era obstruído e desviava-se para o rio Ururaí, do qual atualmente é tributário(...)
Exceções como esta, mostram que a região, além de seu potencial ecoturístico, é
interessante foco para estudos, dadas as suas peculiaridades naturais em relação ao restante do
distrito de Morangaba.
11 LAMEGO, Alberto Ribeiro. “Geologia das quadrículas de Campos, São Tomé, Lagoa Feia e Xexé”. Boletim nª 154. Rio de Janeiro: Departamento Nacional da Produção Mineral/Divisão de Geologia e Mineralogia, 1955, pág. 35.
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Percurso doRio Preto Rio Ururaí
Morangaba, segundo o IBGE, situa-se na Latitude 21º43’33 S e Longitude 41º36’10 W, a
uma altitude de 35m na área de planície. O distrito, ainda segundo o Censo IBGE 2000, possui
uma população de 3.322 habitantes e uma área territorial de 550,9km2 (CIDE12), configurando
uma densidade demográfica de 6 hab/km2. O maior núcleo de moradores de Morangaba é Rio
Preto, com aproximadamente 1350 habitantes residindo em aproximadamente 350 moradias. No
mapa do IBGE abaixo, podem ser observados diversos pontos relativos às concentrações de
moradias, configurando o povoado de Rio Preto.
Figura 6 (mapa) – Localização do aglomerado populacional de Rio Preto, maior área povoada do distrito de Morangaba.
Fonte: IBGE – Carta Topográfica 1:50.000, 2000.
A concentração populacional, em Rio Preto, ocorreu a partir da falência da Usina Novo
Horizonte, em 23 de março de 1987, quando o governo federal desapropriou 4.335 ha da área
agrícola, pelo Decreto nº 94.128/87, para aplicação do Programa de Reforma Agrária (Neves,
2004). Até então, o número de pequenos proprietários, na região, era muito reduzido.
Praticamente inexistiam povoados e eram raras as possibilidades de os trabalhadores comprarem
um pedaço de terra para fazerem uma casa própria. Por isso, a maioria deles tinha que morar
dentro das fazendas aí situadas.
Abaixo, podemos observar uma imagem da Usina em funcionamento no ano de 1983 e o
pequeno aglomerado de casas próximas da usina.
12 Fonte: CIDE - Fundação Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro.
19
Povoado de Rio Preto
Figura 7 - Imagem da Usina Novo Horizonte em funcionamento e arredores o ano de 1983.
Fonte: Revista Manchete, edição especial do Carnaval de 198313.
Já na imagem seguinte, é possível observar, ao fundo, as ruínas da Usina Novo Horizonte
e, em destaque, uma das várias ruas que foram criadas para ligar as pequenas propriedades do
assentamento rural.
Figura 8 - Casas em uma das várias ruas de Rio Preto, ao fundo as ruínas e chaminé da antiga Usina Novo Horizonte, maio de 2005.
Fonte: Coleção Projeto Desvendando Rio Preto / ISECENSA.
Atualmente, conforme registros pesquisados na Campos Luz / Prefeitura de Campos dos
Goytacazes, as moradias de Rio Preto estão concentradas em 25 ruas, a saber: Estrada
13 Editoração gráfica a partir da referida fonte, cedida gentilmente por Jorge Gama, presidente da APRONIB - Associação de Produtores do Assentamento Rural Novo Horizonte e Baiano.Coleção Projeto Desvendando Rio Preto/ISECENSA
20
Morangaba, Rua do Cemitério, Rua Margem da Linha, Rua Alto Santo Antonio, Rua Mané
Manso, Estrada Principal, Rua da Balança, Rua do Norte, Escadaria da Queda D’água, Rua
Projetada A, Rua Projetada B, Rua da Assembléia, Rua Sabiá, Rua Beija-Flor, Rua João de
Barro, Rua Rouxinol, Rua Andorinha, Rua Papa-Capim, Rua Canário, Rua Quero-Quero, Rua
Gaivota Rua Tucano, Rua Marreco, Praça das Casas Populares, Rua da Subida (estas últimas
ruas com nome de pássaros foram construídas para atender as famílias que ficaram desabrigadas
após enxurrada ocorrida em dezembro de 2001).
Abaixo, podemos observar o conjunto de casas populares em dois ângulos.
Figura 9 – Imagem de parte do conjunto de casas populares construídas para famílias que ficaram desabrigadas depois de enxurrada ocorrida em dezembro de 2001.
Fonte: Coleção Projeto Desvendando Rio Preto / ISECENSA.
Figura 10 – Imagem de uma das ruas onde foram construídas casas populares para famílias que ficaram desabrigadas após enxurrada ocorrida em dezembro de 2001.
Fonte: Coleção Projeto Desvendando Rio Preto/ISECENSA.
Um croqui das ruas do povoado mostra a localização dos principais negócios e instituições de Rio Preto:
21
Figura 11 – Croqui das ruas de Rio Preto.
Fonte: Composição gráfica de Suyanne Gama S. Campos (graduanda 2º período Administração/2ºsem-2005)14.
14 A composição gráfica não apresenta escala ou medida de qualquer natureza. Foi desenhada com o objetivo único de proporcionar uma provisória visibilidade dos logradouros de Rio Preto, que não ainda não se encontram mapeados na Prefeitura de Campos dos Goytacazes, conforme pesquisa realizada.
22
Saída paraCampos
Cartório e Posto de Saúde
Pousada Bicho Souto
RioPreto
2.1- PERSPECTIVAS CONCEITUAIS
Povoado, segundo o dicionário Aurélio corresponde, à “pequena aglomeração urbana;
lugarejo, vila, aldeia”. Nos estudos de Geografia, campo da demografia, dinâmica populacional e
construção do espaço geográfico, o conceito de povoado é associado à densidade demográfica
sendo considerado um conceito fundamental.
Com uma densidade demográfica de 6 hab/km2, segundo Veiga (2004, p. 9), Morangaba
é um distrito predominantemente rural, apesar do IBGE (2000) considerar que ali somente 55%
da população residente seja rural, o que configura uma controvérsia. Por isso, implica uma
necessária revisão conceitual, desenvolvida a seguir, no que tange ao tema “urbano versus rural”
e ao “desenvolvimento endógeno em espaços rurais”.
2.1.1 – Urbano versus Rural
No centro desse debate, está uma questão muita bem explicitada por Veiga (2002),
quando discute o que o IBGE considera como rural. Os fundamentos do IBGE, para classificar
uma população como rural ou urbana, “provêm de uma lei de 193015 que considera urbana toda
sede de município (cidade), sejam quais forem suas características”. Esta é uma discussão
pertinente porque mostra que o processo de urbanização do Brasil tem premissas equivocadas,
conforme Veiga (2002, p.32): “Essa é uma regra muito peculiar, que é única no mundo”. No Rio
Grande do Sul, há um caso extremo desse equívoco: a sede do município União da Serra é uma
“cidade” na qual o Censo Demográfico de 2000 registrou 18 habitantes, classificados como
população da área urbana.
Uma outra questão abordada por Veiga (2004, p. 6) sobre o “urbano versus rural” trata de
um desafio assumido por pesquisadores do Serviço de Desenvolvimento Territorial da
Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico - OCDE que “configuraram
indicadores territoriais de emprego com foco no desenvolvimento rural”. Após análise minuciosa
das “estatísticas de 50 mil comunidades locais de 2 mil regiões dos 26 países membros da
OCDE, foi possível distinguir níveis hierárquicos para a análise territorial” (Id., ib.). Em nível
local, a OCDE passou a considerar rurais, apenas as comunidades com densidade populacional
inferior a 150 habitantes por quilômetro quadrado e a classificá-las como predominantemente
rural e, as outras com maior densidade, em significativamente rural ou predominantemente
urbana.
15 Esta referência “uma lei de 1930” provavelmente diz respeito à Lei Sistematizadora nº 2335 de 27 de dezembro de 1929 pela qual todas as sedes dos municípios seriam consideradas como cidade. Esta lei veio eliminar a distinção vila / cidade, anteriormente existente para dar mérito às vilas que se destacavam no cenário econômico, político social, sendo “elevadas à condição de cidade”, conforme mencionado no trabalho CANTAGALO (RJ). Correção da idade de Cantagalo. Gerson Tavares do Carmo (Org.). Cantagalo,RJ: Secretaria Municipal e Cultura, (mimeo), 2004, p. 21.
23
Acrescente-se a essa breve discussão o fato que, nos últimos vinte anos, tornou-se cada
vez mais forte a atração pelos espaços rurais nas sociedades mais desenvolvidas. No entanto,
esse é um fenômeno novo, que pouco ou nada tem a ver com as relações que essas sociedades
mantiveram no passado com tais territórios. Como dizem Hervieu & Viard (apud, Veiga 2004,
p.58), a cidade e o campo se casaram, e enquanto ela cuida de trabalho e lazer urbanizado, ele
oferece liberdade e beleza natural. Ainda conforme Veiga (2004, p. 58), a ‘revolução do espaço’
que engendra a ‘sociedade urbana’ (ou pós-industrial) tende a revigorar a ruralidade, mas
mediante mutação, e não ‘renascimento’.
Dessa forma, para o presente relatório, estamos considerando o povoado de Rio Preto,
bem como todo o distrito de Morangaba, como território e população essencialmente rurais,
importando entender que o seu futuro dependerá, cada vez mais, de articulações capazes de
diagnosticar as vocações do território que compartilham, de articulações voltadas
especificamente para o desenvolvimento sustentável de um Rio Preto rural, conforme adaptação
de palavras de Veiga (2002, p.36)
2.1.2 – Desenvolvimento Endógeno em Espaços Rurais
Um aspecto a ser ressaltado neste tópico, diz respeito à evolução política, econômica e
social no Brasil e no mundo. Esta seção, à luz de uma breve revisão de literatura, fundamenta-se
em duas tendências:
a- Reavaliação integral das relações de crescimento econômico versus
desenvolvimento social
Conforme Kliksberg (apud Simões 2004), numa visão convencional, pensava-se que ao
alcançarem-se taxas significativas de crescimento econômico, o mesmo se ‘derramaria’ sobre as
classes sociais mais desfavorecidas e as tiraria da pobreza. Assim, “crescimento seria, ao mesmo
tempo, desenvolvimento social”. No entanto, é consenso que o capitalismo sempre se apoiou no
desenvolvimento econômico e deixou, em segundo plano, uma variedade de fatores de
determinante importância social. Há tempos, percebe-se que o desenvolvimento social não é uma
conseqüência natural do desenvolvimento econômico, como podemos exemplificar em uma
recente reportagem do telejornal, Bom Dia Brasil, da rede Globo16:
(...) De acordo com o IBGE, foi o crescimento industrial que levou municípios do interior para a lista dos que produzem mais riquezas no país.
16 Esta reportagem foi levada ao ar sob o título “A riqueza que vem do interior”, no dia 04/05/2005.
24
(...) Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, pulou do 15º lugar, em 1999, para o sexto, em 2002. (...).
(...) Mas tanta riqueza nem sempre significa melhorias na qualidade de vida da população. Em Duque de Caxias, não há rede de esgoto em 43,62% das casas, segundo o último censo. E 30,65% dos domicílios não recebem água tratada. (grifo nosso)
A literatura acadêmica e os relatórios de agências internacionais que tratam do tema do
capital social partem de modo quase generalizado, da constatação de que as variáveis
econômicas não são suficientes para produzir desenvolvimento social e ambientalmente
sustentável. Afirmam que o crescimento econômico não produz, necessária e diretamente, o
desenvolvimento social, relembram que as instituições e o sistema social são elementos-chave na
resolução do problema do acesso aos benefícios econômicos produzidos e de sua repartição.
(Milani, 2004, p.1)
Assim, relacionaremos topicamente aspectos teóricos / metodológicos que precisam ser
explicitados desde já, para serem levados em conta no processo decisório que orienta este
projeto, em sua dimensão referencial / prospectiva, que supõe continuidade de ações articuladas
entre ISECENSA, a comunidade de Rio Preto, a comunidade Campista e outras instituições
nacionais ou internacionais (em cada tópico sublinhamos termos ou expressões chaves):
- considerado como projeto, como caminho histórico, pluridimensional, o desenvolvimento local é sabidamente marcado pela cultura do contexto em que se situa;
- o desenvolvimento local pode ser considerado como o conjunto de atividades culturais, econômicas, políticas e sociais que participam de um projeto de transformação consciente da realidade local;
- neste projeto de transformação social, há significativo grau de interdependência entre os diversos segmentos que compõem a sociedade (âmbitos político, legal, educacional, econômico, ambiental, tecnológico e cultural) e os agentes presentes em diferentes escalas econômicas e políticas (do local ao global).
- é fundamental pensar o desenvolvimento local, enquanto projeto integrado no mercado, mas não somente: o desenvolvimento local é também fruto de relações de conflito, competição, cooperação e reciprocidade entre atores, interesses e projetos de natureza social, política e cultural.
(Adaptado de Milani, 2004, p.1)
Estas “recomendações” teóricas e metodológicas têm uma dimensão concreta na
condução do projeto, ou seja, aquela que aponta para o cuidado com o histórico de um projeto de
marketing em Rio Preto voltado para o turismo, a fim de que este não se feche em concepções e
ações, somente para a área turística, tendo em vista impactos negativos que podem surgir com o
seu crescimento.
25
b- A atração cada vez mais forte por espaços rurais em todas as sociedades
mais desenvolvidas
De acordo com Veiga (2004, p.12), quando se analisa as significativas mudanças, nas
atividades econômicas, em todo o mundo em andamento, nas últimas décadas, encontra-se de
forma recorrente:
desconcentração territorial, com terceirização de atividades industriais e de se serviços em espaços essencialmente rurais, com novas características organizacionais e tecnológicas fora dos limites urbanos, à procura muitas vezes de ecossistemas menos artificializados pela ação do homem, conforme Lopes (apud Veiga, 2002, p. 25 e 28).
Uma constatação desta tendência pode ser verificada, como já citamos, no trabalho
realizado pela OCDE – Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico, em 50
mil comunidades locais dos 26 países membros que passaram a ser enquadradas em três novas
categorias: essencialmente rurais, relativamente rurais e essencialmente urbanas. É uma
tipologia que gerou uma nova imagem de povoamento territorial assumindo que “ruralidade não
é mais sinônimo de atraso”.
Ainda, conforme Lopes (ib., p.26), é visível como as indústrias de vestuário, de calçados,
de serviços ligados à produção e atividades de lazer e turismo, no Brasil, são percebidas na
crescente pluriatividade dos agricultores familiares, “na expansão da agricultura familiar, na
diversificação agrícola e econômica, como esteio fundamental de um desenvolvimento rural
sustentável”.
De acordo com Veiga (2004, p. 12), foi simultâneo o crescente interesse dos
pesquisadores pelas diversas dinâmicas das áreas rurais, ou sobre as políticas que ajudariam a
impulsionar a “revitalização” das mais remotas ou deprimidas17. Os principais resultados dessa
produção científica indicam uma concentração das vantagens competitivas das áreas rurais, em
quatro aspectos, que foram subestimados por quase todas as teorias sobre o crescimento e sobre
o desenvolvimento: civismo, cultura, meio ambiente, e conhecimento local.
Acrescente-se que autores como, Robert Putnam (1996), James Coleman (1988), tratam
as “redes de compromisso moral, as normas de confiança mútua e a riqueza do tecido
17 Cf. o Journal of Rural Studies (publicado na Inglaterra desde 1985), assim como em algumas das páginas da ‘web’ consagradas ao tema do desenvolvimento rural. Três dos mais significativos ‘sites’desse tipo são: a) o da rede “DORA” (“Dynamics of Rural Areas”, do Arkleton Centre for Rural Development Research, da Universidade de Aberdeen, Escócia: www.abdn.ac.uk/arkleton) ; b) o do projeto “NRE” (New Rural Economy Project, da CRRF, Canadian Rural Revitalization Foundation: nre.concordia.ca/crrf_publications.htm) ; c) o do “CRRAS”, Center for Rural and Remote Area Studies, do Institute for Social Research, campus de Whyalla da Universidade da Austrália do Sul: www.unisa.edu.au/crras/. - Citado por Veiga, 2004, p. 12.
26
associativo” como fatores fundamentais do desenvolvimento local (rural e urbano). De acordo
com Milani (2004, p.1):
Os fatores de ordem social, institucional e cultural são, assim, reconhecidos por terem impacto direto no incremento qualitativo da comunicação entre indivíduos e atores sociais, na produção de melhores formas de interação social e na redução dos dilemas da ação coletiva.
Esse é o campo onde se encontra presente a questão do desenvolvimento endógeno,
muito debatido nas décadas de 1970 e 1980, que “defende o crescimento econômico como forma
de manifestação particular de uma determinada sociedade”, ao contrário do desenvolvimento
incentivado por fatores externos, próprio do capitalismo globalizado. (Simões, 2004, p. 8).
Conclui-se essa breve discussão, apoiando-se, mais uma vez, em Veiga (2002 p. 99):
“foi-se o tempo em que a virtude da cidade era ‘arrancar’ a população do embrutecimento da
vida no campo.
27
2.2 - A VOCAÇÃO TURÍSTICA DE RIO PRETO
Em Rio Preto, o turismo ecológico vem crescendo nos últimos anos, através da iniciativa
privada e do poder público municipal, como se pode atestar pela cronologia da instalação de três
pousadas no povoado - a primeira surgiu em 1997 e duas outras em 2002. A região conta hoje,
com atividades relacionadas a este tipo de turismo, como a prática de esportes radicais (rapel,
alpinismo, montanhismo, tirolesa, rali, etc.), além de oportunizar aos naturalistas e adeptos ao
turismo ecológico e rural, ambiente com conforto e segurança, através das referidas pousadas
localizadas na região. Essa vocação turística traz elementos de auto-estima para a população
local, bem como oportuniza ações de cuidado com o ambiente, a fim de manter o que mais atrai
os turistas, configurando possibilidades de rearticulação sociedade-natureza, conforme é possível
observar nas palavras de Leandro da Gama, que se auto denomina “Leandro de Rio Preto”:
(...) Adoro. Aqui pra mim é o paraíso. Porque aqui tem,... são praticamente três pousadas, tem cachoeira. Então pra gente,... as pessoas normalmente da cidade procuram o nosso lugar porque é um lugar de sossego, um lugar que tem qualidade (...) Me sinto feliz, porque as pessoas vêm à gente. Normalmente, a gente procura um lugar movimentado, [mas] a gente aqui não precisa sair do nosso lugar pra ver isso. É muito importante pra mim isso, e tem a coisa da natureza pra... um lugar turístico agora né...
Verifica-se, através deste depoimento, uma sugestiva idéia de que o povoado é
reconhecido não só por turistas, que se impressionam com o seu potencial ecológico, mas
também pela, comunidade residente. De acordo com Dona Benice, de 64 anos, que diz gostar de
Rio Preto
(...) porque foi o lugar que eu nasci. Eu me criei aqui, com a minha mãe, o meu pai. E perdi eles. Agora mesmo que eu não tenho vontade de sair. Porque está aqui pertinho. Toda hora eu olho e estou lembrando, né?!?
Vale ressaltar que esse orgulho do lugar expresso de modo espontâneo, sem negatividade
não é uma característica comum aos pequenos povoados ou cidades pequenas, que se sentem
preteridos pela modernidade que hierarquizou as cidades grandes como opulentas e as cidades
pequenas como atrasadas. Ao contrário do que nos revelaram os moradores acima, estas últimas
[cidades pequenas] tendem a dizer, espontaneamente, “aqui não tem nada, aqui nada vai pra
frente”, “você não conhece o atraso desse lugar...”.
Prado (1997), em seus estudos sobre as cidades pequenas, identifica que estas são
valorizadas por suas tradições (que “lamentavelmente estão se acabando” nas palavras de seus
moradores), mas ao mesmo tempo, são desvalorizadas porque “não vão pra frente”.
Continuando, Prado menciona que, de uma certa forma, as avaliações positivas e negativas dos
28
moradores das pequenas cidades ou povoados deixam transparecer uma visão bipolar referente à
“tradição X progresso” e parecem encerrar também um paradoxo, como se dissessem: o que é
bom também é ruim. No entanto, esta constante, segundo Prado, não foi verificada nas falas
espontâneas dos diversos riopretenses com quem conversamos. Tenham sido eles crianças,
jovens, adultos ou idosos.
Estes fatos revelam que Rio Preto é um lugar que se destaca na topografia campista com
atrativos turísticos, cujos moradores conservam auto-estima por sua terra e a respeito do turismo
em Rio Preto, foi iniciada, em maio de 2005, enquanto eram processados os questionários da
pesquisa, uma aproximação com as três pousadas rurais de Rio Preto, no sentido de fomentar o
hábito de registro de informações sobre turistas visitantes. Dos 396 formulários que nos foram
entregues pelas três pousadas, após um período de quatro meses (maio a agosto de 2005) pode-se
constatar:
a- Quanto ao gênero
Pode-se verificar que quase 60% da população visitante são do sexo masculino. Um dos
motivos para esta proporcionalidade pode ser a atração pelos esportes radicais e/ou cavalgadas,
práticas realizadas por maioria masculina.
29
Masculino56%
Feminino44%
Gráfico 1 – Porcentagem dos turistas visitantes, segundo gênero, mai 05 – ago 05.
Fonte: Pesquisa Desvendando Rio Preto – ISECENSA.
b – Quanto à freqüência de visita a região
Mais da metade dos visitantes entrevistados afirmaram ter ido duas ou mais vezes a Rio
Preto, o que mostra o potencial turístico, mesmo sem ainda terem-se constatadas ações
estratégicas voltadas para o desenvolvimento do ecoturismo na região.
c - Quanto a faixa etáriaGráfico 3 – Porcentagem de visitantes, segundo faixa etária .
É interessante verificar que uma significativa parcela da população acima de 40 anos
(37%) encontra, em Rio Preto, uma opção de lazer e descanso. Isto mostra o potencial para que
se instalem spas e instâncias de repouso na região, um público que, conforme se comprova em
regiões como, Caxambu e São Lourenço/MG e Raposo/RJ, cresce a cada ano.
30
Fonte: Pesquisa Desvendando Rio Preto – ISECENSA.
É a primeira vez que visita Rio Preto?
Sim43%
Não 57%
Gráfico 2 – Porcentagem dos visitantes, segundo freqüência de visita a região.
Fonte: Pesquisa Desvendando Rio Preto – ISECENSA.
14% 12%
10%6%
21%
37%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
De 15 a 20anos
De 21 a 25anos
De 26 a 30anos
De 31 a 35anos
De 36 a 40anos
Acim a de40 anos
d –Quanto à cidade de origem
Verifica-se que quase 90% dos visitantes provêm do município de Campos. Este
resultado mostra que os munícipes se utilizam dos benefícios ecoturísticos da região provando o
potencial da mesma. Além disso aponta para a urgente necessidade de um plano estratégico para
o desenvolvimento ecoturístico na região, o que atrairia capital externo para a mesma e
promoveria um desenvolvimento endógeno e não agressivo aos moradores do local.
e- Quanto ao motivo da visita
Gráfico 5 - Porcentagem de visitantes, segundo motivo de visita.
31
Fonte: Pesquisa Desvendando Rio Preto – ISECENSA.
Gráfico 4 – Porcentagem de visitantes, segundo cidade de origem.
1%1%2%2%4%6%
84%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
Campos SãoFidélis
Macaé São Joãoda Barra
Rio Preto Muriaé Niterói
Fonte: Pesquisa Desvendando Rio Preto – ISECENSA.
91%
3%1%
5%
0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
100%
Descanso /Lazer
Retiro Religioso TreinamentoProfissional
Outros
Verifica-se, no gráfico 5, que em sua quase totalidade (91%), o visitante busca a região
de Rio Preto para descanso e lazer. Como apenas 14% destes visitantes são de outra localidade,
pode-se constatar o quanto é mal explorado o potencial para o ecoturismo.
Vale ressaltar que qualquer ação, que busque incrementar o percentual de visitantes de
outros municípios e regiões do Brasil, deve ser seriamente pautada, em um programa estratégico
de desenvolvimento. Se assim não for feito podem-se causar danos irreversíveis aos recursos
naturais ecoturísticos existentes.
f- Quanto à ocupação profissional do visitante
Gráfico 6 - Porcentagem de visitantes, segundo ocupação principal.
O gráfico reflete a atual situação econômica do município que tem, no comércio,
sua principal fonte de renda. Fica a surpresa do baixo percentual de funcionários públicos
(passível de um estudo à parte), haja vista serem, os mesmos, um número significativo no
município.
Quanto ao percentual de estudantes, pode-se justificar o percentual, devido a
muitos deles, por uma limitação financeira e proximidade da região com Campos, irem e
voltarem no mesmo dia. Esta observação se faz pertinente tendo em vista o município ser,
atualmente, um pólo universitário regional.
32
Fonte: Pesquisa Desvendando Rio Preto – ISECENSA.
5%7%5%
15%16%
19%
24%
3% 3% 3%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
Com
erci
ante
Pro
fess
or
Pro
fissi
onal
Libe
ral
Est
udan
te
Ope
rário
Em
pres
ário
Pro
duto
rR
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Func
ioná
rioP
úblic
o
Seg
uran
ça
Apo
sent
ado
g- Quanto ao tempo de permanência na pousada
Gráfico 7 - Porcentagem de visitantes, segundo permanência na pousada.
Dada a proximidade com a cidade, sede do município, Campos dos Goytacazes, pode
significar que as pessoas busquem mais a região em estudo, aos finais de semana e feriados. No
entanto, seria necessário ter a freqüência de todo os meses para traçar um gráfico de
sazonalidade.
h- Quanto ao que mais atrai o turista em Rio Preto
Gráfico 8 - Porcentagem de visitantes, segundo o que mais atrai o turista em Rio Preto.
Fonte: Pesquisa Desvendando Rio Preto - ISECENSA
33
1 dia41%
1 pernoite41%
2 pernoites7%
3 pernoites ou mais11%
Fonte: Pesquisa Desvendando Rio Preto – ISECENSA.
1%2%
4%8%11%
17%
57%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Paisagem Tranqüilidade Pousada Boareceptividade
Culinária Diversão Trilhas
Verifica-se que 74% dos visitantes procuram a região para desfrutar de suas belezas
naturais e tranquilidade, a princípio, independente da infraestrutura. Os resultados mostram
também, que com todo este potencial in natura, os 11% atribuídos às pousadas poderiam ser
mais significativos, indicando que um bom trabalho sob o ponto de vista administrativo e
mercadológico pode ser feito para incrementar este resultado.
i – Quanto a sugestões para melhoria
Gráfico 9 - Porcentagem de visitantes, segundo sugestões para melhoria do turismo em Rio Preto.
Fonte: Pesquisa Desvendando Rio Preto – ISECENSA.
Partindo-se do fato que há, atualmente, estrada asfaltada do grande centro da cidade de
Campos dos Goytacazes até o centro urbano do povoado de Rio Preto, constata-se que os 53%
das sugestões para “melhorar o acesso” podem ser entendidas, também, como melhorar as
sinalizações turísticas oficiais (atualmente inexistentes), com indicações dos caminhos e pontos
turísticos. Além disso, necessita-se de uma melhor sinalização de segurança nas rodovias de
acesso. O percentual de 21%, referente à “mais divulgação”, pode corroborar esta análise, se
entendida como “dar mais visibilidade” sobre Rio Preto como lugar onde se pode fazer turismo e
não só visitar a natureza.
Vale ressaltar, novamente, que a falta de um plano estratégico integrado à região é
crucial, haja vista que ações isoladas não têm levado a resultados cumulativos nem satisfatórios.
As informações anteriores sobre os visitantes de Rio Preto, embora não nos revelem a
quantidade de turistas por mês, indicam números significativos que corroboraram o depoimento
34
4%2%2%
53%
21%
6% 4% 4%2% 2%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Mel
hora
rA
cess
o
Mai
orD
ivul
gaçã
o
Aum
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Méd
icos
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cina
s
Brin
qued
osP
edag
ógic
os
DP
O
Farm
ácia
de “Leandro de Rio Preto”, quanto à vocação turística local, objeto de nosso projeto quanto à
preservação da beleza natural integrada a um turismo sustentável.
Apesar do tom otimista das palavras anteriores há, no entanto, que se ter um olhar crítico
para uma dimensão concreta na condução deste projeto, ou seja, aquela que aponta para o
cuidado de não transformar o nascente turismo ecológico de Rio Preto em idéia de “salvação da
Pátria”.
É certo que o turismo é um fenômeno em expansão no mundo e, por isso, tem sido
freqüentemente apontado como uma “saída estratégica” para o desenvolvimento, sendo
incentivado pelos governos, desejado pelos empresários, procurado pelos consumidores e para os
núcleos receptores, sobretudo os economicamente deprimidos (Simões, 2004, p. 10). No entanto,
o turismo não deve ser visto como uma alternativa milagrosa com resultados econômicos em
curto prazo. Às vezes, o desenvolvimento da atividade pode ter resultados catastróficos, nas
localidades receptoras, decorrentes da ausência ou de um mau planejamento turístico.
A sua gestão deve ter como objetivo a integração econômica e social, além de agir no
sentido de impedir e controlar o que Pereira (1999) denomina como "efeitos perversos do
turismo”. Destaca-se, a desqualificação dos empregos, que freqüentemente, encontra-se ligada ao
setor informal e sofre precariedades como, a sazonalidade, os impactos ambientais
excessivamente predatórios, o agravamento das deficiências de saneamento básico e até, algumas
mazelas sociais contundentes, como a prostituição – incluída à infantil.
35
3 – METODOLOGIA
Partimos da definição de Benko (apud Simões, 2004, p. 8) que afirma “o conceito de
local e de global (...) não é apenas uma oposição entre os objetos de estudo, mas uma oposição
de métodos”. Conforme Santos (2004, p. 786), as alternativas que vêm sendo criadas global e
nacionalmente, porém sem visibilidade, leva à proposição de uma abordagem que diz respeito ao
processo político-cultural endógeno, geralmente infra-nacional, em que reduzidos os espaços
políticos e geográficos (povoados, municípios ou grupo de municípios) se reconhecem enquanto
identidade. O ‘meio local’ configura-se, assim, como formador/construtor de uma ‘personalidade
regional’, com características físicas e humanas, instituições e um ethos (atmosfera que a
envolve).
Essa é a diretriz metodológica geral do projeto a ser praticada de modo a disputar espaço
com representações sociais (formas de perceber de uma determinada cultura) que subjugam e
desqualificam o conhecimento e produções sociais, econômicas e culturais, nas pequenas cidades
e povoados.
Tal direcionamento implica não admitir um relatório pretensamente objetivo apenas, com
gráficos e números. Nossa perspectiva é promover, ao mesmo tempo, uma visão ampla e
detalhada de suas características demográficas, sociais, culturais e ambientais, o que poderá
concorrer para análises diversas, dentre elas, busca e perspectivas de um desenvolvimento
endógeno na região.
A seguir são apresentadas informações sobre o caráter descritivo e exploratório da
pesquisa.
36
3.1. – A PESQUISA DESCRITIVA
As pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de
determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis.
São inúmeros estudos que podem ser classificados sob esse título e uma das suas características
mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o
questionário e a observação sistemática. Embora a pesquisa descritiva não tenha compromisso de
explicar os fenômenos que descreve, serve de base para leituras diversas conforme escopo
conceitual do interessado.
No caso do projeto Desvendando Rio Preto, o caráter descritivo da pesquisa foi
desenvolvido de modo sistemático, expondo características populacionais, econômicas e sociais
de Rio Preto. Para elaborar o questionário foram seguidas as normas do IBGE – Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística. Para avaliar o potencial de consumo da população
pesquisada, os itens relativos à existência de bens duráveis e grau de instrução seguiram o
Critério de Classificação Econômica do Brasil, mais conhecido como Critério Brasil18. Para dar
visibilidade aos tópicos pesquisados, foram fotografados prédios, paisagens e pessoas. Para a
aplicação dos questionários, foi feita capacitação com 45 graduandos voluntários do curso de
Administração do ISECENSA, bem como um mapeamento do centro de Rio Preto em oito áreas
de aplicação de questionários.
Para identificar as residências pesquisadas, foram confeccionados adesivos com espaço
para numeração a serem afixados nas residências, em local visível, após a aplicação do
questionário. Para movimentação dos grupos e controle do trabalho, durante a pesquisa, foram
utilizados três carros e seis rádios transmissores. A pesquisa, nas 295 moradias, foi iniciada às
14h e finalizada às 17 h 30 min do dia 29 de abril de 2005. Abaixo, seguem fotos do grupo que
aplicou os questionários e imagem do adesivo:
18 Segundo a ANEP - Associação Nacional de Empresas de Pesquisa, o Critério Brasil é uma ferramenta cientificamente válida capaz de estabelecer a unidade dos mecanismos de avaliação do potencial de consumo da população brasileira. Foi implementado em 1996 e desenvolvido pela ANEP a pedido da ABA - Associação Brasileira de Anunciantes (ANEP, 2002).
37
Figura 12 - Equipe de graduandos e professores do ISECENSA – curso de Administração, no dia 29 de abril de 2005, em Rio Preto, quando aplicaram questionários para a pesquisa demográfica e sócio-cultural.
Fonte: Coleção Projeto Desvendando Rio Preto / ISECENSA.
Figura 13 - Graduanda Raquel Azevedo, entrevistando moradora do bairro “casa nova”, no dia 29 de abril de 2005, em Rio Preto.
Fonte: Coleção Projeto Desvendando Rio Preto / ISECENSA.
38
Figura 14 - Graduanda Vanessa Viana Pessanha, entrevistando moradores do bairro “Casa Nova”, dia 29 de abril de 2005, em Rio Preto.
Fonte: Coleção Projeto Desvendando Rio Preto / ISECENSA.
Figura 15 - Adesivo de controle da pesquisa - Editoração gráfica de Maria Nathércia Damian Ribeiro / ISECENSA.
Fonte: Coleção Projeto Desvendando Rio Preto / ISECENSA.
39
3.2 – A PESQUISA EXPLORATÓRIA
As pesquisas exploratórias têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o
problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. Pode-se dizer que essas
pesquisas têm como principal objetivo o aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições.
Adotou-se, também, um caráter exploratório de pesquisa, tendo em vista que as
informações sobre Rio Preto encontram-se dispersas, havendo pouco conhecimento acumulado e
sistematizado a respeito. Esta etapa da pesquisa foi realizada de modo assistemático, consistindo
na coleta de cópias ou originais de documentos orais ou escritos durante um semestre. O material
coletado encontra-se em vários tópicos do relatório, mas principalmente na parte histórica,
geográfica e cultural de Rio Preto.
Na etapa exploratória da pesquisa os graduandos de Administração participaram,
buscando mapas, documentos, informações e fazendo registros de áudio e/ou fotográficos de
pessoas, instituições e paisagens.
40
4 – CARACTERÍSTICAS DA POPULAÇÃO A seguir será apresentado o perfil populacional, o perfil domiciliar, o perfil econômico-
familiar, a percepção dos entrevistados quando ao povoado. Neles, estão sendo contemplados,
tanto dados primários quanto secundários, concomitantes na perspectiva descritiva e exploratória
da pesquisa.
4.1 - PERFIL POPULACIONAL
Como breve histórico populacional de Morangaba, podemos observar, no gráfico a
seguir, que sua população, em números redondos, em 1970, contava 6.500 habitantes. Caiu para
4.300 em 1980 e para 3.300 no ano 2000, ou seja, redução de, aproximadamente, 50% em 30
anos. É possível que tal redução, entre a década de 80 e o ano 2000, tenha sido motivada pela
falência da usina de açúcar Nova Horizonte que forçou mudanças das relações de trabalho
assalariado para relações de trabalho como produtores rurais mercantis, acoplada à atração de
trabalho que os centros de Campos e Macaé passaram a constituir neste período.
Tabela 1 - População residente do município de Campos dos Goytacazes/RJ.
Fonte: IBGE – População residente, segundo os distritos – Município de Campos dos Goytacazes – 1970 – 2000
Com relação à população pesquisada, o total foi de 1164 habitantes, em 295 residências e
esta se restringiu ao centro de Rio Preto, área onde está concentrada a maioria dos recursos de
infra-estrutura urbana do distrito, bem como a maior densidade de domicílios. O restante da
população de Rio Preto, estimada em 50 famílias, que se distribui pela periferia, não foi
pesquisado, mas como a amostra utilizada se revela, quantitativamente, próxima ao universo da
população de Rio Preto (84%), o índice de erro é próximo de zero.
41
4.1.1 - Estrutura da população pesquisada por sexo
Como é possível observar na tabela abaixo, a maioria da população de Rio Preto é
feminina, correspondendo a 53% do total da população, embora não seja uma diferença
significativa.
A predominância das mulheres na coluna “Entrevistado no domicílio”, 72%, pode ser
atribuída ao fato de que, no horário da pesquisa, os homens estivessem ou trabalhando ou em
momento de lazer com os amigos.
Tabela 2 – População entrevistada e residente, segundo gênero, na localidade de Rio Preto.
Fonte: Pesquisa Desvendando Rio Preto - ISECENSA
O gráfico a seguir permite uma visão geral do percentual de pesquisados por gênero:
42
Sexo
Entrevistado no
domicílio(A)
%
(A)
Moradores no domicílio
(B)
%
(B)
Total da população pesquisada
(C)
%
(C)
Masculino 82 28 465 53,5 547 47feminino 213 72 404 46,5 617 53
Total 295 100 869 100 1164 100
Masculino 47%Feminino
53%
Gráfico 10 – Porcentagem da população pesquisada, segundo o gênero.
Fonte: Pesquisa Desvendando Rio Preto – ISECENSA.
Consideradas as informações da tabela abaixo, com relação ao total de homens e
mulheres de todo o distrito de Morangaba, onde se situa Rio Preto, pode-se inferir que a situação
se inverte. A população feminina configura um percentual de 47,5% e os homens de 52,5%.
Tabela 3– População residente, por situação do domicílio e sexo, segundo os distritos, os subdistritos e os bairros – município de Campos dos Goytacazes – 2000.
Fonte: IBGE – Censo Demográfico 2000
43
4.1.2 - Estrutura da população pesquisada por idade Neste quadro, observamos o quantitativo de crianças e jovens em Rio Preto ( 27%) que
“aguardam” a maior idade para, provavelmente, saírem em busca de trabalho na “cidade
grande”. Esse indicador nos levou a julgar ser de suma importância traçar um objetivo dentro do
projeto para fixar os jovens em sua terra natal.
Tabela 4 – População de entrevistados e moradores nos domicílios, segundo a faixa etária.
Fonte: Pesquisa Desvendando Rio Preto - ISECENSA
Gráfico 11 – Porcentagem da população pesquisada, segundo à faixa etária.
Fonte: Pesquisa Desvendando Rio Preto – ISECENSA.
44
Faixas etárias
Entrevistado no domicílio
(A)
%
(A)
Moradores do domicílio
(B)
%
(B)
Total da população pesquisada
(C)
%
(C)
0 a 14 0 0 311 36 311 27
15 a 19 16 5,5 108 12,5 124 11
20 a 29 62 21 123 14 185 16
30 a 39 72 24,5 93 11 165 14
40 a 49 51 17 64 7 115 10
50 a 59 40 13,5 55 6 95 8
acima de 60 anos 54 18,5 47 5,5 101 8,5
Não respondeu 0 0 68 8 68 5,5
TOTAL 295 100 869 100 1164 100
5,5%
27%
11%
16% 14%
10% 8% 8,5%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
0 a 14 anos 15 a 19anos
20 a 29anos
30 a 39anos
40 a 49anos
50 a 59anos
60 anos oumais
Nãorespondeu
4.1.3 - Estrutura da população pesquisada por escolaridade
As tabelas e os gráficos adiante apresentam, de forma comparativa, as taxas de
escolaridade de Rio Preto, Morangaba e Campos dos Goytacazes.
Vale observar, no gráfico a seguir, que as taxas de alfabetização do município de Campos
dos Goytacazes são inferiores às da média estadual, mesmo quando comparadas separadamente
nas áreas urbanas e rurais:
Gráfico 12 - Taxa de Alfabetização de 15 anos ou mais segundo situação do domicilio – Estado, Região Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes – 2000.
Fonte: Prefeitura de Campos dos Goytacazes – Perfil Populacional 2003, p. 56.
Tabela 5 - Taxa de Alfabetização de 15 anos ou mais, segundo situação do domicílio – Estado, Região Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes – 2000.
45
Observa-se, também, a partir da tabela acima, que a taxa de alfabetização de Morangaba é
a mais baixa de todo o município de Campos dos Goytacazes, considerando também que seja
inferior à média no Estado e na Região Norte-Fluminense.
Na tabela adiante, são apresentados os chefes de domicílios segundo grupos de anos de
estudos. Praticamente um terço dos chefes do município (32,6%) mal sabem ler e escrever. Se
considerarmos aqueles que têm menos de três anos de estudo como analfabetos funcionais, no
distrito de Morangaba, está o mais alto índice de baixa escolaridade de Campos dos Goytacazes,
com um percentual de 71,3%.
Tabela 6 – Pessoas responsáveis pelos domicílios segundo grupos de anos de estudo – Estado, Região Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes – 2000.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta, no ano de 1996,
15.560.260 pessoas analfabetas na população de 15 anos de idade ou mais, perfazendo 14,7% do
universo de 107.534.609 pessoas nesta faixa populacional. Apesar de queda anual e de marcantes
diferenças regionais e setoriais, a existência de pessoas que não sabem ler ou escrever, por falta
de condições de acesso ao processo de escolarização, deve ser motivo de autocrítica constante e
severa. É de se notar que, segundo as estatísticas oficiais, o maior número de analfabetos se
constitui de pessoas com mais idade, moradores em regiões pobres e interioranas e provenientes
dos grupos afro-brasileiros.
46
A situação da escolaridade, em Rio Preto, resultado da pesquisa Desvendando Rio Preto,
confirma as informações:
Tabela 7 – População de entrevistados e moradores nos domicílios, segundo a escolaridade.
Fonte: Pesquisa Desvendando Rio Preto – ISECENSA
Gráfico 13 – Porcentagem da população pesquisada, segundo a escolaridade.
Fonte: Pesquisa Desvendando Rio Preto – ISECENSA.
Um número a destacar nos dados acima é o percentual de 53,5 % da população com o
Ensino Fundamental incompleto, que somados aos 16% dos que não sabem ler, totalizam 69,5%
de jovens e adultos analfabetos ou analfabetos funcionais. Estes não devem prosseguir os estudos
devido à ausência de ensino para jovens e adultos na localidade.
O depoimento de uma diretora de uma escola de Rio Preto é taxativo:
Níveis de escolaridadeEntrevistadosno domicílio
(A)
%
(A)
Moradores no domicílio
(B)
%
(B)
Total da população pesquisada
(C)
%
(C)Crianças com menos de 6 anos 0 0 109 12,5 109 9 Não sabe ler 75 25,4 110 12,5 185 16Fundamental Incompleto 157 53,2 464 53 621 53,5Fundamental Completo 36 12,3 57 6,5 93 8Ensino Médio Incompleto 15 5,1 58 6,5 73 6Ensino Médio Completo 11 3,7 16 2 27 2,5Superior Incompleto 1 0,3 1 0 2 0Superior Completo 0 0 0 0 0 0Não Respondeu 0 0 54 7 54 5Total 295 100 869 100 1164 100
47
16%
8%
53,5%
2,5%6% 9% 5%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Não
sab
e le
r
Fund
amen
tal
com
plet
o
Fund
amen
tal
inco
mpl
eto
Ens
ino
Méd
ioco
mpl
eto
Ens
ino
Méd
ioin
com
plet
o
Cria
nças
com
men
osde
6 a
nos
Não
resp
odeu
(...) é urgente ter Educação de Jovens e Adultos em Rio Preto, mas com professores locais por causa do transporte. A violência aqui está aumentando entre as crianças que ficam vendo esses homens que arrumam briga nas festas ... é preciso muita educação por aqui.
No que tange à Educação de Jovens e Adultos (EJA), esta representa uma dívida social
não reparada para com os que não tiveram acesso e nem domínio da escrita e leitura como bens
sociais, na escola ou fora dela. Ser privado deste acesso é, de fato, a perda de um instrumento
imprescindível para uma presença significativa na convivência social contemporânea.
Esta observação, tendo em vista a intencionalidade de promover o desenvolvimento
endógeno em Rio Preto, faz lembrar que a ausência da escolarização não pode e nem deve
justificar uma visão preconceituosa do analfabeto ou iletrado, como inculto ou "vocacionado",
apenas para tarefas e funções "desqualificadas" nos segmentos de mercado. Muitos destes jovens
e adultos, dentro da pluralidade e diversidade de regiões do país, nos mais diferentes estratos
sociais, desenvolveram uma rica cultura baseada na oralidade como: a literatura de cordel, o
teatro popular, o cancioneiro regional, os repentistas, as festas populares e as festas religiosas.
Como diz a professora Magda Soares (1998, p. 24):...um adulto pode ser analfabeto, porque marginalizado social e economicamente, mas, se vive em um meio em que a leitura e a escrita têm presença forte, se interessa em ouvir a leitura de jornais feita por um alfabetizado, se recebe cartas que outros lêem para ele, se dita cartas para que um alfabetizado as escreva (...), se pede a alguém que lhe leia avisos ou indicações afixados em algum lugar, esse analfabeto é de certa forma, letrado, porque faz uso da escrita, envolve-se em práticas sociais de leitura e de escrita.
Igualmente, deve-se considerar a riqueza das manifestações, cujas expressões artísticas
vão da cozinha ao trabalho, em madeira e pedra, entre outras, atestando habilidades e
competências insuspeitas.
Estas orientações expressas no Parecer CEB nº 11/2000 pelo relator Jamil Cury servem
perfeitamente como diretrizes de ação, em Rio Preto, por parte dos órgãos públicos vinculados,
direta ou indiretamente com a EJA:
A função reparadora da EJA, no limite, significa não só a entrada no circuito dos direitos civis pela restauração de um direito negado: o direito a uma escola de qualidade, mas também o reconhecimento daquela igualdade ontológica de todo e qualquer ser humano. Desta negação, evidente na história brasileira, resulta uma perda: o acesso a um bem real, social e simbolicamente importante. (2000, p. 7)
Lemos também, na Declaração de Hamburgo sobre a Educação de Adultos, de 1997, da
qual o Brasil é signatário,
(...) a alfabetização, concebida como o conhecimento básico, necessário a todos, num mundo em transformação, é um direito humano fundamental. Em toda a sociedade, a alfabetização é uma habilidade primordial em si mesma e um dos pilares para o desenvolvimento de outras habilidades. (...) O desafio é oferecer-lhes esse direito... A
48
alfabetização tem também o papel de promover a participação em atividades sociais, econômicas, políticas e culturais, além de ser um requisito básico para a educação continuada durante a vida.
A ação deliberada de fundamentar a Educação de Jovens e Adultos, neste relatório deve-
se à importância da educação para o sucesso de qualquer projeto no povoado.
Tal qual a diretora da escola de Rio Preto, este relatório enfatiza a urgência de uma
intervenção sólida e continuada no campo da educação, dentro e fora da escola no povoado,
principalmente na EJA, sob o risco de comprometer, como vêm comprometendo, os esforços de
investimentos que lá são feitos. Um plano estratégico situacional para Rio Preto, integrando as
áreas da educação, saúde, cultura, econômica e ambiental, pode vir a constituir um projeto piloto
de gestão social para pequenos povoados como existem às dezenas em Campos dos Goytacazes.
49
4.2 – PERFIL DOMICILIARDe um modo geral, pode-se observar que os domicílios do centro de Rio Preto, em sua
maioria, possuem infra-estrutura urbanizada, no que diz respeito às condições de saneamento,
fornecimento de água / luz e coleta de lixo. Além disso, as condições de propriedade indicam
que a maioria é proprietária de seu imóvel (70%). Abaixo, seguem informações sobre a infra-
estrutura dos domicílios.
4.2.1 - Condições de propriedadeGráfico 14 – Porcentagem de domicílios, segundo as condições de propriedade.
Fonte: Pesquisa Desvendando Rio Preto - ISECENSA
Tabela 8 – Domicílios particulares-permanentes segundo a condição de ocupação – Estada, Região Norte Fluminense e Campos dos Goytacazes – 2000.
Comparando o gráfico de Rio Preto com a tabela de Campos, percebemos que a diferença
de percentual de imóveis próprios é pequena. Já a comparação entre o percentual de imóveis
cedidos pelo empregador é significativa: em Campos, 2% e Rio Preto, 9%.
50
Campos = 79%
Campos = 2%
2%1%
18%
9%
70%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
Próprio - Jápago
Cedido porem pregador
Cedido poroutra form a
Alugado Outra condição
4.2.2 - Abastecimento de água
4.2.3 - Escoadouro sanitário
4.2.4 - Destino do lixo
51
Poço ou nascente
44%Rede Geral
53%
Outra 3%
Gráfico 15 – Porcentagem de domicílios, segundo tipo de abastecimento de água.
Fonte: Pesquisa Desvendando Rio Preto - ISECENSA
Fossa61%Vala
9%
Rede geral de esgoto / Pluvial
29%
Outro escoadouro
1%
Gráfico 16 – Porcentagem de domicílios, segundo tipo de escoadouro sanitário.
Fonte: Pesquisa Desvendando Rio Preto - ISECENSA
Gráfico 17 – Porcentagem de domicílios, segundo tipo de destino dos lixos.
Fonte: Pesquisa Desvendando Rio Preto – ISECENSA
Quando se observa a tabela dos dados de Campos dos Goytacazes, relativos ao
abastecimento de água, Campos e Rio Preto se aproximam em termos percentuais: 57% e 53%,
respectivamente; quanto ao destino do lixo, observamos que em Rio Preto, há um percentual
bem acima ao de Campos: 82% contra 60%, respectivamente.
Tabela 9 – Domicílios particulares por forma de abastecimento de água, existência de banheiro ou sanitário, tipo de esgotamento sanitário e destino do lixo – Estado, Região Norte-Fluminense e Campos dos Goytacazes – 2000.
Fonte: IBGE, Censo Demográfico – 2000.
52
82%
14%
3% 1%0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
Coletado porserviço de lim peza
Queim ado Colocado emcaçam ba
Outro des tino
4.2.5 - Iluminação elétrica
No gráfico, podemos observar o reduzido número de domicílios sem energia elétrica: 2%.
No povoado, alguns depoimentos de líderes da comunidade são recorrentes ao afirmarem que
este percentual de domicílios sem energia elétrica é 5%, porém acrescentam que “a Ampla é
rápida quanto aos cortes quando há atraso de pagamento, mas demorada quanto à religação dos
relógios ou quando há falta de energia no povoado, por falta de manutenção da rede”.
No entanto, conforme tabela 15, na página 62, as informações acima contradizem a
avaliação de 69,5 % dos moradores que classificaram os serviços de iluminação como “bons”.
Uma hipótese para a contradição pode ser o fato de que os incômodos, com o atraso de
manutenção ou religação, ainda são concebidos como menores do que aqueles que havia antes da
iluminação chegar à maioria dos domicílios de Rio Preto.
Gráfico 18 – Porcentagem dos domicílios com energia elétrica.
53
Fonte: Pesquisa Desvendando Rio Preto - ISECENSA
Sim98%
Não2%
4.3 - PERFIL ECONÔMICO FAMILIAR
Abaixo encontraremos informações que revelam as condições de baixa renda da
população de Rio Preto. É interessante observar que 66% dos domicílios têm a mulher com a
ocupação de cuidar da casa e da família o que possibilita como revela o gráfico,
“comercialização familiar”. Alguns domicílios (15%) produzem algo para melhorar a renda
familiar, configurando potencial de produção caseira.
Os tipos de produtos comercializados são: artesanatos com metal, biscuit, contas, crochê,
material orgânico como sementes, raízes, palhas etc; salgados assados e fritos; doces
cristalizados, em compota, bolos, docinhos de forma, paçoca; queijos minas, frescal e ricota;
bebidas aguardentes e licores; coisas da roça como lingüiça, galinha e ovo caipira.
4.3.1 - Renda mensal familiarFigura 16 (mapa) – Distritos com chefe de domicílio com rendimento médio
mensal até 1 salário mínimo.
Fonte: Perfil Populacional de Campos dos Goytacazes, 2003, pág. 62
54
Legenda - % de chefes de domicílio com Rendimento médio mensal até 1 salário mínimo De 60% a 65% De 60% a 65% De 60% a 65% De 60% a 65% De 60% a 65%TOTAL MUNICÍPIO: 35,67%FONTE: IBGE/Censo Demográfico 2000
No mapa anterior, Morangaba destaca-se, negativamente, como um dos três distritos de
Campos com a maior concentração de responsáveis, de 60 a 65%, por domicílio com renda até 1
salário mínimo.
A pesquisa Desvendando Rio Preto comprova que o índice de pobreza é semelhante entre
os riopretenses.
Gráfico 19 - Porcentagem de domicílios, segundo renda familiar.
Fonte: Pesquisa Desvendando Rio Preto - ISECENSA
Verifica-se que, em Rio Preto, o fato é alarmante: quase 70% da população recebem,
apenas, até um salário mínimo por mês. Em uma região com o já comprovado potencial
ecoturístico, este quadro não seria necessário e mais uma vez, mostra a necessidade de um
planejamento estratégico público para a região.
4.3.2 - Ocupação principal
No gráfico abaixo, o maior percentual de entrevistados, 54%, mostra a ocupação principal
“do lar”, que geralmente refere-se ao gênero feminino. A provável causa deste índice pode estar
no fato de a entrevista ter sido realizada no sábado, à tarde, horário em que, provavelmente, os
homens ainda estariam trabalhando ou em momento de lazer com amigos, deixando em casa a
mulher com os filhos.
55
67%
26%
6%
1%0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
Até 1 saláriomínimo
De 1 a 3 saláriosmínimos
De 3 a 5 saláriosmínimos
De 5 a 10 saláriosmínimos
Mas, apesar disso, pode-se inferir que o perfil “empreendedor” não está incutido no
consciente coletivo local, corroborando a necessidade de um planejamento ecoturístico e a
presença de agentes externos à comunidade, como é o caso do presente projeto que prevê iniciar
um processo down up (de baixo para cima), fazendo a população despertar seus potenciais,
através de ações planejadas de modo integrado e estruturante.
Gráfico 20 – Porcentagem das ocupações principais dos entrevistados
Fonte: Pesquisa Desvendando Rio Preto - ISECENSA
4.3.3 - Comercialização domiciliar
Gráfico 21 - Porcentagem dos domicílios que comercializam algum produto.
Fonte: Pesquisa Desvendando Rio Preto - ISECENSA
56
8%7%2%1%
6%3%
54%
4%2%
13%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Do
lar
Empr
egad
ado
més
tica
Estu
dant
e
Arte
são
Prof
issi
onal
do
com
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iços
Trab
alha
dor
rura
l
Func
ioná
rioPú
blic
o
Des
empr
egad
o
Out
ra
Sim 15%
Não85%
Apesar de ter sido detectado um número significativo de atividades artesanais voltadas
para a vocação da região (produção de doces caseiros, queijos etc) verifica-se o quanto à região
tem a oferecer. A intervenção de instituições, como o SEBRAE, poderia alavancar este
percentual tornando os resultados, neste aspecto, mais favoráveis.
4.3.4 - Propriedade de bens
Gráfico 22 – Número de bens domésticos nos domicílios entrevistados.
Fonte: Pesquisa Desvendando Rio Preto - ISECENSA
Os resultados mostram que aproximadamente 90% dos moradores das residências
entrevistadas possuem televisão e 85% geladeira, em contraponto, ao baixo percentual da
presença de outros tipos de eletrodomésticos.
Isto mostra que a população encontra-se no “limiar mínimo de conforto” o que, de certa
forma, aparenta um paradoxo para uma população que possui uma “mina de ouro” ambiental aos
seus pés, em relação aos demais distritos do município.
57
77
273
58
249
271
254
320
50
100
150
200
250
300
Tele
visã
o
Rád
io
Car
ro
Aspi
rado
rde
Pó
Máq
. de
Lava
r
Gel
adei
ra
Víde
o/D
VD
Free
zer
4.3.5 – Classificação Econômica das Famílias de Rio Preto
A seguir, apresenta-se uma classificação econômica para as famílias de Rio Preto.
Objetivou-se mostrar como foram calculados os resultados. Por isso, preferiu-se explicitar os
passos para aplicar o Critério Brasil, junto aos quadros e análises dos resultados, ao invés de
colocá-los no item 3 – Metodologia.
4.3.5.1 – Critério de Classificação Econômica Brasil 19
Buscando unificar um critério de avaliação econômica do consumidor brasileiro, a ABA
– Associação Brasileira de Anunciantes, ANEP – Associação Nacional de Empresas de Pesquisa
e ABIPEME - Associação Brasileira de Institutos de Pesquisa de Mercado vêm trabalhando,
desde 1996, na busca de uma alternativa que incorporasse, ao mesmo tempo, as experiências e
dados anteriores com as propostas de atualização, levando-se em consideração as realidades do
mercado contemporâneo.
Este novo sistema, batizado de CRITÉRIO DE CLASSIFICAÇÃO ECONÔMICA
BRASIL (CCEB), ou simplesmente Critério Brasil, enfatiza a função de estimar o poder de
compra das pessoas, abandonando a pretensão de classificar a população em termos de classes
sociais.
De acordo com seus criadores, o CCEB foi “construído para definir grandes classes que
atendam às necessidades de segmentação (por poder aquisitivo) da grande maioria das
empresas”. Elaborado a partir de técnicas estatísticas fundamentadas em dados coletivos, os
autores não se omitem quanto aos dilemas estatísticos quando dizem que “em uma determinada
amostra, de determinado tamanho, tem-se uma determinada probabilidade de classificação
correta e uma probabilidade de erro de classificação”. Neste caso, tendo em vista o treinamento
dos entrevistadores, a prática tem mostrado que as ocorrências de casos incorretamente
classificados são pouco numerosas, não distorcendo significativamente os resultados da
investigação.
O Critério Brasil está sendo utilizado pela ABA, ANEP e ABIPEME, desde primeiro de
agosto de 1997, com a recomendação expressa aos associados para que o utilizem. Para a
melhora e atualização contínua do Critério Brasil, as três entidades fazem um acompanhamento
permanente do critério, além de estudos de avaliação a cada dois anos.
Abaixo seguem informações técnicas para a construção do gráfico do Critério Brasil de
Rio Preto que será comparado ao do país. O Sistema de Pontos apresenta-se do seguinte modo:
19 Informações sobre o Critério Brasil disponível em http://www.abep.org/codigosguias/ABEP_CCEB.pdf.
58
Tabela 10 – Descrição da pontuação dos bens domésticos - segundo Critério Brasil.
Posse de Itens 0 1 2 34 ou
+Televisão em cores 0 2 3 4 5Videocassete 0 2 2 2 2Rádio 0 1 2 3 4Banheiro 0 2 3 4 4Automóvel 0 2 4 5 5Empregada mensal 0 2 4 4 4Aspirador de pó 0 1 1 1 1Máquina de lavar 0 1 1 1 1Geladeira 0 2 2 2 2Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira
duplex)0 1 1 1 1
Fonte: Pesquisa Desvendando Rio Preto - ISECENSA
Tabela 11 – Descrição da pontuação do grau de instrução do responsável pelo domicílio - segundo Critério Brasil.
Grau de Instrução PontosAnalfabeto/Primário incompleto 0Primário completo/Ginasial incompleto 1Ginasial completo/Colegial incompleto 2Colegial completo/Superior incompleto 3Superior completo 5
Fonte: Pesquisa Desvendando Rio Preto - ISECENSA
Considerando esses itens de consumo, grau de instrução do chefe da família e presença de
empregada mensalista, foi obtida uma distribuição de pontos que permitiu dividir a população
brasileira, em cinco classes econômicas, ou seja, em cinco grupos com poder de compra
diferenciado. Foi feita, ainda, uma subdivisão, nas duas classes superiores, chegando-se a um
total de sete segmentos de renda e poder de compra, conforme pode ser observado a seguir:
Tabela 12 – Classes de cortes por classes econômicas, segundo Critério Brasil.
Cortes do Critério Brasil (dados LSE 96) PontosA1 30 - 34A2 25 - 29B1 21 - 24B2 17 - 20C 11 - 16D 6 -10E 0 - 5Fonte: Pesquisa Desvendando Rio Preto - ISECENSA
59
A divisão das classes A e B em A1, A2, B1 e B2 atende às necessidades das empresas
interessadas em ter uma "sintonia fina" do mercado, em função do processo de segmentação
atual. De qualquer forma, é importante notar, mais uma vez, que o Critério Brasil não estabelece
diferenças ou classificações culturais, pois tem características exclusivamente econômicas.
Usando-se técnicas e cálculos adequados, foi possível estabelecer um parâmetro confiável de
renda familiar de cada classe, tanto em termos de faixa de renda como de renda média. As
referências são apresentadas abaixo:
Tabela 13 – Faixas de renda por classes econômicas - segundo Critério Brasil.
Classe Pontos Faixa de RendaA1 30 - 34 R$ 7.793,00 ou maisA2 25 - 29 R$ 4.648,00B1 21 - 24 R$ 2.804,00B2 17 - 20 R$ 1.669,00C 11 - 16 R$ 927,00D 6 -10 R$ 424,00E 0 - 5 até R$ 207,00
Fonte: Pesquisa Desvendando Rio Preto - ISECENSA
Embora seja de fundamental importância que todo o mercado tenha ciência de que o
Critério Brasil, ou qualquer outro critério econômico, não seja suficiente para uma boa
classificação, em pesquisas qualitativas, a presente análise serve como base referencial de
comparação para estudos posteriores, sobre o potencial de consumo de Rio Preto, tendo em vista
as perspectivas de desenvolvimento endógeno na região.
4.3.5.2 – Análise do Critério Brasil em Rio Preto
Os quantitativos encontrados por classe econômica como referido acima foram:
Tabela 14 – Classificação econômica das famílias de Rio Preto - segundo Critério Brasil.Fonte: Pesquisa Desvendando Rio Preto - ISECENSA
Na pesquisa de opinião, realizada pelo projeto Desvendando Rio Preto, verificou-se que
65% dos entrevistados pertencem à classe econômica D, o que significa que a renda média
dessas famílias é de R$ 424,00. Verificou-se também que apenas duas das 294 famílias visitadas
(cerca de 1%) apresentam uma renda familiar na média de R$1.669,00. Conforme o gráfico
CLASSE A1 A2 B1 B2 C D E Pontuação 30 - 34 25 - 29 21 - 24 17 - 20 11 - 16 6 -10 0 - 5
Quantidade de famílias 0 0 0 2 43 193 56
60
abaixo, cerca de 19% das famílias se enquadram na classe econômica E, com uma renda média
familiar de até R$ 207,00.
A seguir, podemos observar o gráfico que sintetiza as informações acima:
Gráfico 23 - Porcentagem de famílias de Rio Preto por classe econômica - segundo Critério Brasil.
Fonte: Pesquisa Desvendando Rio Preto - ISECENSA Para efeito comparativo, entre as médias das classes econômicas nacionais com as de Rio
Preto, a localidade mostra um baixo potencial de consumo, concentrando 84% dos entrevistados,
com renda média inferior a R$ 424,00, enquanto a média nacional é de apenas 35%, conforme
explicitado no gráfico abaixo:
Gráfico 24 - Porcentagem de famílias, segundo classe econômica, que compara Rio Preto e a média nacional - conforme Critério Brasil.
Fonte: Pesquisa Desvendando Rio Preto - ISECENSA
61
0% 0% 0% 1%
43 famílias
15%
193 famílias
65%
57 famílias
19%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
Classe A1 Classe A2 Classe B1 Classe B2 Classe C Classe D Classe E
9%
19%
65%
15%
1%0%0%0% 1%
5% 14%
36%31%
4%0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
Classe A1 Classe A2 Classe B1 Classe B2 Classe C Classe D Classe E
Rio Preto Brasil
4.4 - PERCEPÇÃO DOS ENTREVISTADOS QUANTO A RIO PRETO
A seguir, apresenta-se uma breve investigação exploratória sobre a relação dos
entrevistados com Rio Preto. Apesar de terem sido somente três perguntas sobre o tema, é
possível inferir que há uma relação positiva do morador com a sua terra.
No primeiro gráfico (gráfico 25), a maioria, 78%, diz que não gostaria de sair de Rio
Preto. No segundo (gráfico 26), também a maioria, 58%, diz que mora em Rio Preto porque
gosta, que somados aos 21% que moram em Rio Preto, por uma relação afetiva/dependência com
a família, totalizam 79% de vínculo positivo com o torrão natal. No terceiro (gráfico 27),
descobre-se que um pouco mais de dois terços dos riopretenses entrevistados são “nascidos e
criados” no lugar. Revelam a existência de uma população própria do lugar, com tecido
histórico, social e cultural enraizado, detentora de conhecimentos e saberes próprios do fazer e
construir um cotidiano. Se não é rico materialmente, é rico em formas imateriais o suficiente
para manter o gosto da população por seu lugar no planeta.
a – Quanto ao desejo de sair de Rio Preto;
Gráfico 25 – Porcentagem de entrevistados quanto ao “desejo de sair de Rio Preto”.
Fonte: Pesquisa Desvendando Rio Preto - ISECENSA
63
Sim22%
Não78%
b – Quanto ao vínculo com o lugar
Gráfico 26 – Distribuição percentual de moradores, segundo motivos de fixação de moradia em Rio Preto.
Fonte: Pesquisa Desvendando Rio Preto - ISECENSA
c – Entrevistados “nascidos e criados” em Rio Preto
Gráfico 27 - Porcentagem dos entrevistados, quanto a serem “nascidos e criados” em Rio Preto.
64
58%
13% 21%
3%15%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
Poque gos ta Porque nãoteve
oportunidadede sair
Pela fam ília Pelo em prego Outro
Sim69%
Não31%
Fonte: Pesquisa Desvendando Rio Preto - ISECENSA
5 - CARACTERÍSTICAS DE INFRA-ESTRUTURA
Esse tópico trata da avaliação dos moradores quanto à infra-estrutura dos serviços sociais,
econômicos e urbanos disponíveis no povoado, conforme pode ser observado na tabela abaixo
que sintetiza as informações. A avaliação dos moradores está mesclada a informações e/ou
imagens de pesquisa exploratória sobre cada serviço, conforme pudemos coletar, em maior ou
menor quantidade, conforme a disponibilidade dos informantes.
Tabela 15 - Avaliação dos entrevistados quanto à qualidade da infra-estrutura urbana de Rio Preto
Serviços sociais, econômicos e sociais Bom(A)
%(A)
Regular(B)
%(B)
Ruim(C)
%(C)
Serviços de saúde pública 75 25,5 121 41 99 33,5Serviço de transporte coletivo 151 51 98 33,5 46 15,5
Educação pública 143 48,5 107 36 45 15,5Limpeza urbana 157 53 97 33 41 14
Saneamento básico 96 33 103 34 96 33Iluminação pública 205 69,5 71 24 19 6,5
Fornecimento de água 184 62 64 22 47 16Serviços de comunicação 101 34 110 37 84 29
Fonte: Pesquisa Desvendando Rio Preto - ISECENSA
Como é possível observar, os riopretenses destacam quatro serviços como bons
(percentuais cujo valor é maior que a soma dos índices “regular” e “ruim”): iluminação pública,
fornecimento de água, limpeza urbana e transporte. Nestes casos, será interessante observar, nos
itens subseqüentes, que a avaliação positiva, principalmente, sobre a iluminação elétrica, que é
considerada o melhor serviço pelos percentuais apresentados, deve ser relativizado, quando
ouvidos depoimentos mais detalhados.
O pior serviço em Rio Preto, na opinião dos entrevistados, é o serviço de saúde. Os
serviços considerados regulares são os de saneamento e o de comunicação, haja vista a
proximidade dos percentuais nas categorias bom, regular e ruim.
O serviço de educação está entre regular e bom, na opinião dos entrevistados.
5.1 – SERVIÇOS DE SAÚDE
O serviço de saúde em Rio Preto é realizado pelo POSTO DE SAÚDE MORANGABA,
fundado em 1972 e municipalizado em 1980. O posto é procurado não só pela população de Rio
Preto, mas pelas outras localidades vizinhas. Possui 29 funcionários e as suas dependências são:
1 sala de curativo 1 sala de vacina 1 sala de esterilização 4 consultórios:
ginecológico
65
pediátrico clínicoodontológico
1 sala de espera 1 sala de CCZ com 2 funcionários 1 cozinha 7 banheiros
O número de médicos e dentistas é:
01 ginecologista02 clínicos gerais01 pediatra03 dentistas
O horário de atendimento é das 7h às 17h, de segunda à sábado. Possui uma ambulância
com funcionamento 24h. Abaixo, podem-se observar os horários de atendimentos por
especialidade, conforme informações da Chefe do Posto de Saúde:
PEDIATRIA -3ª feira (manhã)
CLÍNICA MÉDICA - 4ª feira (tarde); 6ª feira (manhã)
GINECOLOGIA - 3ª feira (manhã)
DENTISTA - 2ª feira aos sábados
Como é possível observar, os plantões são poucos para a demanda das diversas
localidades, tornando-se um fator de insatisfação com os serviços de saúde, conforme assinalado
na tabela no início deste tópico.
No atendimento pediátrico, as doenças mais comuns são: diarréia, febre, verminose,
pneumonia e sinusite. São atendidas, em média, 40 crianças no dia do plantão pediátrico.
No atendimento clínico, as doenças mais comuns são: hipertensão (em média 80% dos
pacientes atendidos), diabetes e gripe. São atendidos 40 pacientes no dia do plantão de clínica
médica.
No atendimento ginecológico, as doenças mais comuns são as sexualmente transmissíveis
(com exceção de AIDS) e doenças citopatológicas. Os exames realizados no posto são os
preventivos e pré-natais.
No atendimento odontológico, as três dentistas fazem atendimento adulto e pediátrico,
com média de 25 atendimentos ao dia.
66
As vacinas são aplicadas em períodos de campanha, ou fora dela. Três auxiliares de
enfermagem atendem a comunidade, quanto aos primeiros socorros e curativos, de segunda a
sábado, das 8h às 17h. A distribuição de remédios é feita regularmente no posto.
Figura 17 - Fachada do Posto de Saúde de Morangaba, na entrada de Rio Preto.
Fonte: Coleção Projeto Desvendando Rio Preto/ISECENSA
5.2 – SERVIÇOS DE TRANSPORTEO serviço de transporte coletivo é realizado pela Empresa ROGIL Ltda em diversos
horários:
RP/Campos Campos/ RP
5:15 6:00 6:00 10:00 6:30 12:00 8:00 14:00 10:00 15:0011:30 17:0013:00 19:30
67
Figura 18 - Ônibus da empresa Rogil que faz a linha Campos – Rio Preto
Fonte: Coleção Projeto Desvendando Rio Preto/ISECENSA.
Gráfico 28 – Porcentagem dos transportes utilizados pelos entrevistados
Fonte: Pesquisa Desvendando Rio Preto - ISECENSA
Os moradores de Rio Preto, em sua maioria (88%), utilizam ônibus para se locomover
como mostra o gráfico acima.
Rio Preto tem três acessos, a partir da RJ 158, cuja entrada é frontal à Usina Santa Cruz e
a outra que inicia na pedreira Itereré, ambas asfaltadas. O terceiro acesso é por Tapera. A entrada
de Rio Preto é asfaltada e as principais ruas são calçadas com paralelepípedos de granito.
O asfaltamento da estrada que liga as localidades de Itereré e Rio Preto foi concretizado,
no segundo semestre de 2000, facilitando o escoamento da produção local e transporte em geral.
As obras na estrada foram realizadas com uma parceria entre a Prefeitura de Campos e a
68
2%2%8%
88%
0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
100%
Ônibus Carro particular TransporteAlternativo
Outros
Petrobrás. A estrada asfaltada mudou a rotina dos moradores, segundo o senhor Paulo de Souza,
criador de gado, num depoimento para um jornal campista. Contou àquela época:
A estrada nova fez mudar muita coisa por aqui. Até as carroças andam mais rápido e a gente tem mais tempo para cortar e levar a ração e o leite. O cavalo descansa mais porque a carroça corre soltinha no asfalto. Acabaram os solavancos porque não tem mais pedregulho na estrada, nem lama para atolar e atrasar a vida da gente.
Entende-se que a pavimentação da estrada foi um marco na história do desenvolvimento
econômico e social de Rio Preto.
5.3 – SERVIÇOS DE EDUCAÇÃO PÚBLICA
A educação pública no centro de Rio Preto é realizada por duas escolas estaduais, uma
escola municipal e uma creche municipal.
A Escola Estadual Notival Pedro Moll, fundada em 1968, possui 12 turmas de CA à 8ª
série. São 344 alunos matriculados no turno diurno. Possui TV escola.
Figura 19 - Fachada da Escola Estadual Notival Moll, situada no final da rua principal do centro de Rio Preto.
Fonte: Coleção Projeto Desvendando Rio Preto/ISECENSA
A Escola Estadual Morangaba, fundada em 1977, possui 7 turmas de CA à 4ª série. São
175 alunos matriculados no turno diurno. Está localizada no extremo oposto da Escola Notival
Moll, na via principal do centro de Rio Preto.
69
Figura 20 - Fachada da Escola Estadual Morangaba, situada no início da rua principal do centro de Rio Preto.
Fonte: Coleção Projeto Desvendando Rio Preto/ISECENSA.
A Escola Municipal Roosevelt Crisóstomo de Oliveira possui 4 turmas, da 1ª à 4ª série,
com 35 alunos no turno diurno. Está localizada fora do centro urbano de Rio Preto, em uma
fazenda que denominam Fazenda do Barbosa.
Figura 21 - Fachada da Escola Municipal Roosevelt Crisóstomo de Oliveira, situada fora do centro de Rio Preto, em área de propriedade rural.
Fonte: Coleção Projeto Desvendando Rio Preto/ISECENSA
A Creche Escola Rio Preto, fundada, em 8 de maio de 2001, possui 5 turmas, 92 crianças
matriculadas. Está localizada no centro de Rio Preto, próxima à entrada do povoado.
70
Figura 22- Fachada da Creche Escola Rio Preto, situada no centro de Rio Preto, próximo à entrada do povoado.
Fonte: Coleção Projeto Desvendando Rio Preto/ISECENSA.
5.4 – SERVIÇOS DE LIMPEZA URBANA E SANEAMENTO
A limpeza urbana em Rio Preto é realizada por quatro funcionários da empresa Queiroz
Galvão. A empresa Queiroz Galvão possui dois caminhões que recolhem o lixo dos domicílios.
Somente 29% dos 295 domicílios entrevistados estão ligados à rede de esgoto, 61% utiliza fossa
e 9% o escoamento, que é feito por vala a céu aberto.
5.5 – SERVIÇOS DE ILUMINAÇÃO ELÉTRICA
Os serviços de iluminação são realizados pela empresa Ampla S.A.. Segundo a pesquisa
realizada dos 295 domicílios, 98% possuem luz elétrica. As vias públicas, que totalizam
aproximadamente 5 km, no centro de Rio Preto, são iluminadas por 197 postes com lâmpadas.
No entanto, segundo informações da vice-presidente da Associação de Moradores de Rio
Preto, 5% dos domicílios não possuem energia elétrica e 70% não têm condições de pagar em
dia. Além da pobreza que dificulta o pagamento das contas, há a dificuldade de locomoção para
quitá-las. Rio Preto não tem banco nem casa lotérica para receber as contas de luz. Os cortes são
rápidos e freqüentes. Segundo depoimentos, a Ampla corta a energia na sexta-feira à tarde,
deixando famílias sem energia todo o final de semana. Famílias estas que tem pessoas idosas,
crianças e medicamentos que tem que ser mantidos em baixa temperatura.
O depoimento de mau atendimento foi corroborado por vários entrevistados que já
tiveram prejuízos econômicos em seus negócios por falta de energia:
Foram feitas várias reivindicações junto a Ampla para atender essas necessidades onde há de 8 a 10 resfriadores de leite (...) às vezes, há uma perda de mais de cinco mil litros de
71
leite devido à falta de energia. O transformador desarma e a Ampla leva mais de três dias para vir corrigir. A rede tem falta de manutenção, a fiação está podre. (político que representante a comunidade no legislativo campista)O atendimento da Ampla é péssimo, demora no atendimento para manutenção e para religar, acarretando prejuízos de eventos, perda de leite e produtos em geral, por isso entramos com processo contra a Ampla. (proprietária de pousada rural) Quanto há falta de energia demora muito para religar e com isso há perda de produtos como massas em geral, carnes, queijos etc. (proprietário de comércio local).
Em que pese os objetivos de desenvolvimento endógeno na região de Rio Preto, é patente
a necessidade de melhoria da qualidade dos serviços de energia na localidade de forma a, não só
reduzir prejuízos, mas permitir a instalação de outros negócios.
5.6 – SERVIÇOS DE FORNECIMENTO DE ÁGUA
O serviço de abastecimento é feito pela empresa Águas do Paraíba e esta serve a 53% dos
295 domicílios entrevistados. Abaixo, podemos observar as instalações da caixa d’água e
instalações de tratamento e distribuição da água para a população.
Figura 23 - Caixa d’água da empresa Águas do Paraíba que abastece 53% dos domicílios de Rio Preto.
Fonte: Coleção Projeto Desvendando Rio Preto/ISECENSA.
72
Figura 24 - Instalações de tratamento e distribuição de água em Rio Preto, a partir de dois ângulos de visão.
Fonte: Coleção Projeto Desvendando Rio Preto/ISECENSA.
5.7 – SERVIÇOS DE COMUNICAÇÃO
Rio Preto possui pouco mais que uma dezena de “orelhões“ e algumas poucas linhas de
telefonia fixa. A única operadora de celular que, até o momento, possui sinal, em Rio Preto, é a
Vivo.
Rio Preto possui uma rádio comunitária AM que pertence à Igreja Pentecostal El Triunfo.
Há uma agência de Correios com horário de funcionamento irregular.
Figura 25 - Local onde funciona a rádio comunitária, dentro da igreja El Triunfo.
Fonte: Coleção Projeto Desvendando Rio Preto/ISECENSA.
73
Figura 26 - Local onde está instalada a agência dos Correios, localizado no centrode Rio Preto (observar a placa da EBCT).
Fonte: Coleção Projeto Desvendando Rio Preto/ISECENSA.
5.8 – SERVIÇOS DE ATENDIMENTO JURÍDICO
Em Rio Preto há, um cartório, fundado em 1917, que antes funcionava na Estrada Bela
Vista (rua principal de Rio Preto) e desde 2001, está localizado ao lado do Posto de Saúde, na
entrada do Povoado. Possui registros de propriedades e registros civis.
Figura 27 - Prédio do Cartório de Registro Civil do 9º distrito, localizado na entrada de Rio Preto.
Fonte: Coleção Projeto Desvendando Rio Preto/ISECENSA
Em Rio Preto, também funciona o Núcleo de Assistência Jurídica, fundado em 6 de
outubro de 1999. O atendimento é feito por um advogado e uma estagiária às quartas-feiras. As
informações mais procuradas são sobre pensão alimentícia e separação, totalizando, em média,
oito atendimentos por dia.
74
Figura 28 - Prédio do serviço de Assistência Jurídica Municipal – Núcleo Morangaba
Fonte: Coleção Projeto Desvendando Rio Preto/ISECENSA
5.9 – SERVIÇOS SOCIAIS E DE LAZER
Rio Preto possui duas associações: a Associação de Moradores de Rio Preto e a
APRONIB – Associação dos Pequenos Produtores Rurais Assentados em Novo Horizonte e
Baiano. Há também o Grupo da Terceira Idade Eni Fortunato.
Embora Rio Preto não tenha um Clube do Cavalo, as atividades de prova do laço, de
cavalgada, são constantes, inclusive com lideranças locais que participam de concursos na
região.
Coleção Projeto Desvendando Rio Preto/ISECENSA Coleção Projeto Desvendando Rio Preto/ISECENSA
75
Figura 30 - Sede do Novo Horizonte Futebol Clube, localizado na rua principal de Rio Preto
Figura 29 - Sede do Grupo de Terceira Idade Eni Fortunato, localizado na rua principal de Rio Preto
Figura 31 – Grupo de Cavalgada, realizando passeio em Rio Preto
Fonte: Coleção Projeto Desvendando Rio Preto/ISECENSA5.10 – SERVIÇOS DE ATENDIMENTO AGROPECUÁRIO
Em Rio Preto, há um posto da EMATER para atendimento aos produtores locais. O
escritório da EMATER foi inaugurado em novembro de 1990 tendo realizado atividades de
naturezas diversas como:
- Unidades demonstrativas didáticas – com fornecimento de sementes de
maracujá e laranja, além da estrutura de arame, esteio e acompanhamento
técnico;
- Incentivo à piscicultura – com realização de barragens e tanques para criação
de peixes;
- Cursos de indústria caseira em parceria com a Fundação Leão XIII, com o
sentido de aproveitar a própria produção local;
- Apoio ao associativismo promovendo encontros com produtores
- Incentivo ao escoamento à produção local através da “Feira da Roça”;
- Curso de avicultura caipira e incentivo à olericultura.
76
Figura 32 – Entrada para a sede EMATER em Rio Preto, localizada no centro de Rio Preto
Fonte: Coleção Projeto Desvendando Rio Preto/ISECENSA
5.11 – SERVIÇOS DE COMÉRCIO E NEGÓCIOS PRODUTIVOS
Em Rio Preto, o maior número de comércio é o de bares ou botequins. Os maiores
estabelecimentos comerciais são um supermercado, uma loja de material de construção, um
açougue e uma lanchonete. Na área de prestação de serviço, destacam-se as três pousadas: Bicho
Souto, mais antiga, fundada em 1997; Olho D’água e Recanto das Cachoeiras, fundadas em
2003. Há em torno de 25 pequenos produtores de artesanato, de queijos, de salgados, de cachaça,
de doces diversos e de produtos da roça, como lingüiça, galinha e ovos caipira. Destacam-se,
também, a engarrafadora de água mineral “Sagrada” e a produção de leite. Em Rio Preto, são 31
produtores que levam em torno de 1600 litros diários para um resfriador no centro do povoado.
O maior negócio de Morangaba é a fábrica de goiabada, Tia Sônia, com 21 empregados, porém
não está situada na região de Rio Preto.
Abaixo seguem algumas fotos ilustrativas dos negócios existentes em Rio Preto:
77
Figura 33 – Casa de material de construção Agropecuária Novo Horizonte.
Figura 34 – Instalações Pousada Bicho Souto
Coleção Projeto Desvendando Rio Preto/ISECENSA Coleção Projeto Desvendando Rio Preto/ISECENSA
Coleção Projeto Desvendando Rio Preto/ISECENSA Coleção Projeto Desvendando Rio Preto/ISECENSA
Coleção Projeto Desvendando Rio Preto/ISECENSA Coleção Projeto Desvendando Rio Preto/ISECENSA
Coleção Projeto Desvendando Rio Preto/ISECENSA Coleção Projeto Desvendando Rio Preto/ISECENSA
78
Figura 36 – Instalações da Pousada Olho D’Água
Figura 35 – Instalações da Pousada Recanto das Cachoeiras
Figura 38 – Instalações do Supermercado Codeço, localizado no centro de Rio Preto
Figura 39 – Refrigerador onde é recolhido leite de diversos produtores, no centro de Rio Preto
Figura 37 – Entrada da engarrafadora de Água Mineral Sagrada, localizada na estrada, entre Itereré e Rio Preto
Figura 40 – Mostruário de goiabadas da Fábrica de Goiabadas Tia Sônia, estrada de acesso a Rio Preto.
6- COMENTÁRIOS FINAIS
Tendo em vista o cunho descritivo e exploratório da pesquisa, os comentários serão de
caráter indicativo, apontando caminhos para ações integradoras e sistêmicas visando à
transformação de mentalidade, hábitos e atitudes, individuais e coletivas para garantir resultados
continuados para um desenvolvimento endógeno e para recuperação ambiental em Rio Preto.
Afinal, acreditamos como Sachs (2004, p. 29) que “o maior potencial de empregos e de auto-
empregos decentes esteja no mundo rural” mesmo considerando, paradoxalmente, o alto índice
de redução de postos de trabalho no setor agropecuário na atualidade.
Como foi possível perceber, ao longo dos gráficos e tabelas da pesquisa, há uma série de
indicadores sociais e econômicos insatisfatórios que não se justificam, tendo em vista a
quantidade de investimentos e projetos já realizados na região e, mais ainda, tendo em vista o
potencial turístico da região.
As análises apontam duas questões estratégicas que não estão sendo levadas em conta e
que, de certa forma, explicam os resultados insatisfatórios: a desarticulação entre as iniciativas
de investimentos e de projetos em Rio Preto e a orientação de “cima para baixo” na elaboração
dos projetos incentivadores de sustentabilidade no povoado.
Em decorrência disso, como sugestão, indica-se um plano diretor para a região de Rio
Preto, tal como foi indicado para a Região do Imbé, na Lei Orgânica Municipal em 199020, que
contemple um plano estratégico ecoturístico e um plano operacional que contemple ações,
principalmente, por parte do poder público, que reforce as já iniciadas neste projeto para que
tragam, através do desenvolvimento endógeno pelo ecoturismo, o desenvolvimento sustentável
da região, o que implica, também, pensar na questão ambiental.
No entanto, sob o olhar sistêmico rigoroso, só é possível garantir resultados permanentes,
em desenvolvimento endógeno e em recuperação ambiental, se houver profunda transformação
de mentalidade, hábitos e atitudes, individuais e coletivas, de cidadãos e organizações locais.
20 Lei orgânica de Campos dos Goytacazes - Título VI – Disposições Gerais e TransitóriasArt. 53- Para os efeitos de aplicação prioritária dos recursos e investimentos de que tratam os artigos 99, 163 a 166 e o art. 28 do Título das Disposições Gerais e Transitórias desta Lei, fica declarada área de interesse turístico, social e ecológico a região do Imbé, integrante do distrito de Morangaba.§1°- Noventa dias após a promulgação desta Lei, será criada Comissão de Estudos para o Desenvolvimento do Imbé, composta de três membros indicados pelo Poder Legislativo, três pelo Poder Executivo e três pela Comunidade interessada, com a finalidade de elaborar estudos e anteprojetos que resultem num Plano Integrado.§2°- No prazo de 04 (quatro) meses, a Comissão submeterá ao Poder Legislativo o referido plano, em forma de projeto de lei, para ser votado nos 06 (seis) meses subseqüentes, extinguindo-se logo após.§3°- Caberá ao Poder Executivo a execução das ações inseridas no Plano Integrado, em articulação com órgãos e entidades das administrações federal e estadual, além de outras da esfera particular e comunitária, no que couber.§4°- Qualquer empreendimento na área a que se refere este artigo só poderá ser iniciado depois que o respectivo projeto for aprovado pelos órgãos públicos encarregados da defesa do meio ambiente.
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Dessa forma, é necessário criar uma estrutura para a sustentação de ações permanentes de
desenvolvimento endógeno, bem como de restauração da biodiversidade da Bacia de Rio Preto,
situada em Morangaba, 9º distrito de Campos dos Goytacazes – RJ, junto as, aproximadamente,
quatrocentas famílias residentes em sua sede denominada Rio Preto.
Tal perspectiva leva este relatório a deixar algumas indicações prévias para serem
submetidas à discussão com possíveis parceiros para o projeto, tendo em vista ações de sucesso
que o ISECENSA vem obtendo naquela região, orientado por uma metodologia que privilegia os
conceitos de articulação e confiança comunitária.
Prioritariamente, como eixo estruturante, haveria um objetivo que seria criar projeto para
trabalhar a “Marca Rio Preto”, de arranjo sócio-produtivo de ecoturismo de base comunitária, no
qual poderiam estar vinculados mais três objetivos:
1- criar um projeto para a população jovem do Rio Preto, concentrando formação
intensiva na infância e juventude local, em idade escolar, em torno dos 600
alunos, em ações complementares às das escolas, incentivadoras de
subjetividades empreendedoras e cidadãs, fixadoras do jovem a sua terra
nativa;
2- criar um projeto de Memória e História de Rio Preto para constituir acervo dos
saberes/ histórias locais para difusão e valorização da cultura local;
3- criar um projeto para a Mata Atlântica, no sentido de educar para cuidar e para
não faltar aquilo que mais atrai os turistas. Forjar ações cidadãs recuperadoras
de matas ciliares e nascentes, através por meio do cultivo e plantio de mudas
de espécies nativas e, principalmente, promotoras de educação ambiental de
jovens de Campos e municípios vizinhos, em torno daquilo que mais atrai os
turistas para Rio Preto, a beleza natural, com a intenção de configurar Rio
Preto como centro de referência em educação ambiental regional.
A iniciativa do ISECENSA, (instituição que já atua naquela região com um projeto sócio-
acadêmico “Desvendando Rio Preto: um despertar para o desenvolvimento social”), há seis
meses, é considerada como trabalho prático de aplicação de conhecimentos adquiridos pelos
graduandos do curso de Administração, que poderá ter a aliança de instituições parceiras da
esfera pública ou privada. Ao investir na recuperação ambiental, no crescimento sustentável e na
fixação do jovem de Rio Preto, através do fomento aos pequenos negócios de turismo rural, pode
significar a estruturação de ponto de apoio estratégico e operacional da Prefeitura de Campos dos
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Goytacazes, com fins de replicação em outras áreas, em processo de degradação ambiental/social
da cidade de Campos dos Goytacazes e municípios circunvizinhos na Bacia de Campos.
Por outro lado, a recuperação de nascentes e matas ciliares, com plantio de mudas de
espécies nativas, em uma área que já vem demonstrando, segundo moradores, redução do fluxo
de água nos rios, é ação estruturante para a população assumir o compromisso com a vocação
sócio-econômica que se fortaleceu a partir de 2002: o ecoturismo. A beleza natural da região
está, paulatinamente, tornando-se a “galinha dos ovos de ouro” de Rio Preto. “Cuidar para não
faltar” passa a ser uma estratégia educadora de bom senso a ser incentivada na região,
ampliadora não só dos recursos naturais em processo de degradação, mas também ampliadora de
renda na região.
O desafio que se impõe é de dupla natureza. A dimensão ambiental – que envolve tanto
as bases das amenidades naturais, quanto fontes de energia e biodiversidade – no sentido de agir
essencialmente no sentido de torná-las cada vez mais valiosas à qualidade da vida. E a dimensão
humana, que constitui a base para o comprometimento com o sucesso de qualquer projeto ou
investimento social.
Por isso, um fator comum a todos os objetivos seria o caráter administrador / educador,
que os atravessaria, dando-lhes coesão e coerência. Dessa forma, o projeto pretenderia que Rio
Preto estabelecesse novas relações entre o urbano e o rural, a partir da aliança, no presente, do
mundo rural com o mundo do jovem urbano, sob o paradigma ecológico, promotor de
sustentabilidade no futuro. Além disso, integrar Rio Preto, no movimento mais recente da
globalização, em que o alcance das responsabilidades cívicas, sobre as condições naturais do
desenvolvimento humano, passou a fazer parte da agenda das relações internacionais.
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