DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA NA COMPETÊNCIA TRABALHISTA

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Faculdade Mineira de Direito DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA NA COMPETÊNCIA TRABALHISTA Fernanda Hilbert Antunes

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAISFaculdade Mineira de Direito

DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA NA COMPETÊNCIA TRABALHISTA

Fernanda Hilbert Antunes

Belo Horizonte2011

Fernanda Hilbert Antunes

DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA NA COMPETÊNCIA TRABALHISTA

Monografia apresentada à Faculdade Mineira deDireito, da Pontifícia Universidade Católica deMinas Gerais, como requisito parcial para aobtenção do título de bacharel em Direito.

Orientador(a): Prof. Luiz Augusto de Lima Ávila

Belo Horizonte2011

Fernanda Hilbert Antunes

DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA NA COMPETÊNCIA TRABALHISTA

Monografia apresentada à FaculdadeMineira de Direito, da PontifíciaUniversidade Católica de Minas Gerais,como requisito parcial para a obtençãodo título de bacharel em Direito.

Banca examinadora:

_________________________________________________________________

Luiz Augusto de Lima Ávila - OrientadorPontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas)

Belo Horizonte, 31de outubro de 2011.

Dedico este trabalho ao Senhor que me sustenta a cada dia, nesta curta caminhada.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ser quem sou hoje e ter-me sustentado sob

a rocha e pode vir a tempestade que quiser, Ele estará comigo.

Agradeço ao meu orientador que deu-me a ideia em apresentar

este assunto tão diferente e pelas dicas proveitosas ao longo

da pesquisa.

Agradeço ao meu pai por sua ajuda, almoço pronto, cuidado,

carinho e zelo por mim e minha família.

Agradeço aos meus filhos queridos, que continuem me

estimulando sempre a buscar o melhor, mamãe ama muito vocês!!

Agradeço também aos professores que me ensinaram a pesquisar e

buscar conhecimento seja em quaisquer fontes, principalmente o

Google, meu fiel companheiro.

Agradeço às minhas irmãs que apesar de me descabelarem amo-as

demais, principalmente Renata, culpada de vários fios brancos

em minha cabeça, aos meus cunhados e sobrinhos que nestes

cinco anos, fizeram a família crescer mais.

Agradeço ao meu marido pelo apoio e carinho e por acreditar em

mim.

Também aos amigos desejo lhes passar todo o meu carinho,

principalmente à Vanessa, que sem a sua ajuda não estaria

terminando este curso.

Faço chegar a minha justiça, e não estará ao longe, e a minha salvação não tardará; mas estabelecerei em Sião a salvação, e em Israel a minha glória

Isaías, 46-13.

RESUMO

O objetivo deste trabalho é informar que a Justiça do Trabalho

é competente para processar e julgar crimes onde os sujeitos

são o empregador e obreiro, que oriundos de uma relação

laboral precisam resolver seus delitos na esfera criminal, a

qual, não está preparada para resolver essa lide.

Palavras-chave: Denunciação caluniosa. Competência

trabalhista. Competência criminal. EC nº 45.

LISTA DE ABREVIATURAS

EC – Emenda Constitucional

CF – Constituição Federal

PEC – Proposta de Emenda Constitucional

Art. – Artigo

CLT – Consolidação das Leis do Trabalho

CPB – Código Penal Brasileiro

RE – Recurso Extraordinário

TRF – Tribunal Regional Federal

STF – Supremo Tribunal Federal

STJ – Superior Tribunal de Justiça

MPF – Ministério Público Federal

MPU – Ministério Público da União

MP – Ministério Público

ADI – Ação Direta de Inconstitucionalidade

PGR – Procurador-Geral da República

DF – Distrito Federal

MPT – Ministério Público do Trabalho

LOMPU – Lei Orgânica Ministério Público da União

SUMÁRIO

1 –

INTRODUÇÃO....................................................

.................................................10

2 - ONDAS RENOVATÓRIAS QUE ENSEJARAM A REFORMA PROCESSUAL E

POSTERIOR ACESSO À

JUSTIÇA.......................................................

...................11

2.1 – Primeira onda: assistência

judiciária....................................................

........12

2.2 – Segunda onda: legitimação

extraordinária................................................

...13

2.3 – Terceira onda: meios

alternativos..................................................

...............15

3 - A CRISE DO JUDICIÁRIO E A NECESSIDADE DA REFORMA

PROCESSUAL....................................................

.......................................................15

4 – A EMENDA CONSTITUCIONAL Nº45................................................................164.1 – A ampliação da competência da justiça do

trabalho...................................16

5 –

COMPETÊNCIA...................................................

................................................20

5.1 – Competência e

jurisdição....................................................

...........................20

5.2 – Competência penal na Justiça do

Trabalho.................................................21

6 – DA DENUNCIAÇÃO

CALUNIOSA ....................................................

.................25

6.1 – Bem jurídico a ser protegido e sujeitos do

delito........................................27

7 – DA DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA NA COMPETÊNCIA

TRABALHISTA..........28

7.1 – Da legitimidade do Ministério Público do Trabalho em

matéria penal.......31

8 – CONCLUSÃO......................................................................................................32

REFERÊNCIAS...................................................

.......................................................33

15

1 - INTRODUÇÃO

Este estudo tem como objetivo expor a seguinte

problemática: a Justiça do Trabalho tem competência

criminal para processar e julgar o crime de denunciação

caluniosa quando oriundo da relação obreira?

Percebeu-se ao longo da pesquisa que esta pergunta é

muito relevante, a justiça atravessou um longo período de

processos morosos, sem participação ativa da sociedade de

classe econômica inferior, foram longos anos de luta

incessante para modificar essa forma de participação,

objetivando igualdade, ou seja, que haja entre as partes

igualdade processual, com os mesmos prazos para ambas as

partes e direito de solucionar o conflito sob a orientação

estatal, por tudo isso, houve uma evolução através da

Emenda Constitucional nº 45, trouxe inúmeras mudanças, e

significativas, ocorre que, houve uma pequena discussão

sobre o reconhecimento da competência criminal em sede

trabalhista, o que foi decidido através da ADI nº 3684 que

seria de competência da Justiça Trabalhista apenas habeas

corpus, não cabendo extensão hermenêutica do artigo 114 da

CF para a competência criminal no âmbito do Direito Do

Trabalho.

Esclarecerei o que é a denunciação caluniosa e porque

seria cabível o processamento e julgamento deste crime na

competência Trabalhista, pois o ato ilícito ocorrido fere a

própria Administração da justiça em nosso país.

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Existem várias posições que defendem a tese da

competência criminal no âmbito da relação trabalhista, o

que será demonstrado no decorrer da pesquisa e que através

da analise profunda dos dados, percebe-se que caberia à

Competência Trabalhista a solução dos seus problemas.

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2 - ONDAS RENOVATÓRIAS QUE ENSEJARAM A REFORMA PROCESSUAL E

POSTERIOR ACESSO À JUSTIÇA

Os conflitos fazem parte da sociedade humana. Nos

primórdios eram resolvidos pela autotutela, ou seja, o que

prevalece na solução do conflito é o mais forte sobre o

mais fraco.

Entretanto, no decorrer da história, o Estado tomou

para si este Poder de resolver as desavenças, monopolizando

e se firmando como soberano, buscando a paz social.

É denominado de jurisdição esse poder emanado do

Estado conforme descreve Sérgio Sérvulo da Cunha em seu

livro Dicionário Compacto do Direito “1.Poder, incluso na

soberania, de impor comportamentos dizendo e aplicando o

Direito. 2.Poder conferido a órgão inerte e neutro , de

interpretar e aplicar o Direito, em procedimento

contraditório.”

Segundo Aroldo Plínio Gonçalves:

E a função jurisdicional, no Estado contemporâneo, não éapenas a expressão de um poder, mas é atividade dirigida edisciplinada pela norma jurídica.

No que tem de específico, a função jurisdicional substitui aautodefesa, eliminando o recurso autotutela, da vingança, darepresália. (GONÇALVES, 1992, p. 52)

A jurisdição é própria e exclusiva do Poder Judiciário

que vem sofrendo modificações, como exemplo, a nova

Constituição que foi promulgada em 1988 democratizando

instituições no Brasil.

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Contudo, percebe-se que o Poder Judiciário não

consegue suprir as necessidades da sociedade, e mesmo

havendo reformas processuais, foi necessário alterar a

Carta Magna por meio de Emenda Constitucional 45 em 2004,

para a reforma deste Poder.

Faz-se necessário entender porque houve a necessidade

da reforma nesse sistema e foi através do estudo cientifico

de Mauro Capelletti e Bryant Garth que ficou nominado como

as “três ondas do acesso à justiça”, elas estão diretamente

vinculadas com os paradigmas Constitucionais.

2.1 – Primeira onda: assistência judiciária

Quando se fala em "acesso à Justiça" pensa-se logo

numa Justiça eficaz, acessível a quem dela precisa para

resolver suas demandas imediatas. É difícil definir, mas

podem-se determinar dois objetivos do sistema jurídico: é

um sistema onde as pessoas podem resolver ou reivindicar

direitos sob a proteção do Estado Tutor sendo acessível a

todos, e um segundo objetivo é que apresentem resultados

individuais e socialmente justos.

Para melhor compreender este acesso é necessária a

explicação do Estado Liberal ou Estado Burguês, decorrente

da Revolução Francesa de 1789, baseado nos ideais políticos

de Locke e Montesquieu, onde o Estado será protetor da

liberdade individual que fora muito almejada pela

Burguesia.

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Em oposição à vontade do soberano assume o Estado de

império da lei, com característica bilateral e garantias de

direitos individuais limitando, assim, o poder estatal.

No entanto, a primeira vez em que se fala no “acesso à

justiça” foi neste Estado, pois havia a liberdade dos

indivíduos em ingressarem na jurisdição para compor uma

lide.

Obviamente encontrou-se um entrave, havia o óbice

econômico, ou seja, só postulava quem poderia pagar para

solucionar os problemas.

De fato, os carentes sem recursos econômicos, não

conseguiam custear as despesas de um processo, apesar de

todos terem esse direito.

O acesso à justiça, na verdade, era um direito formal

de ação estendido a todos.

Daí a primeira característica ser a Assistência

Judiciária, como forma de equilibrar essa balança, suprindo

a parte hipossuficiente, dando-lhe condições formais de

litigar.

No Brasil a Lei nº 1.060/50 é um exemplo que, garante

a possibilidade de pleitear em juízo sem o pagamento de

despesas processuais.

Os pesquisadores Capelletti e Garth analisam o Sistema

Judicare resultante da reforma realizada em alguns países da

Europa, que estabelece que a Assistência Judiciária é um

direito para todas as pessoas e que os advogados

particulares são pagos pelo Estado. A destinação desse

sistema é oferecer aos demandantes de baixa renda a mesma

20

representação (em juízo) que teriam se houvesse capacidade

financeira de pagar um advogado particular.

No Brasil quem não tem condições de assumir

responsabilidades econômicas para postular em juízo, poderá

fazê-lo por intermédio de Defensorias Públicas, de

Assistências Judiciárias, por advogado escolhido por ele

designado pela OAB, pelas faculdades de Direito ou nomeados

pelo juiz para auxiliar os menos favorecidos, ficando todos

sujeitos às obrigações descritas na Lei nº 1.060/50 aos

advogados.

2.2 – Segunda onda: legitimação extraordinária

O Estado Social ou Bem-Estar Social (Welfare State) foi o

resultado do conflito entre a burguesia detentora de

propriedades e o proletariado que aspira dignidade e

condições humanas de trabalho.

Foi a partir da Constituição do México (1917) e da

Constituição Alemã da República de Weimar (1919) que se

ouve falar em direitos sociais.

Há uma valoração do homem, enquanto cidadão, de

direitos individuais e sociais, sendo basilares os

princípios de justiça proporcionando a dignidade humana.

Alexandre Bonavides em seu livro Curso de Direito

Constitucional diz que

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O Estado social no Brasil aí está para produzir as condições eos pressupostos reais fáticos indispensáveis ao exercício dos direitosfundamentais. Não há para tanto outro caminho senão reconhecer oestado atual de dependência do individuo em relação às prestaçõesdo Estado e fazer com que este último cumpra a tarefa igualitária edistributivista, sem a qual não haverá democracia nem liberdade.(BONAVIDES, 2008, p. 378-379)

Acrescenta ainda:

São os direitos sociais, culturais e econômicos bem como os direitoscoletivos ou de coletividades, introduzidos no constitucionalismo dasdistintas formas de Estado social, depois que germinaram por obrada ideologia e da reflexão antiliberal do século XX. Nasceramabraçados ao princípio da igualdade, do qual não se podem separar,pois fazê-lo equivaleria a desmembrá-los da razão de ser que osampara e estimula. (BONAVIDES, 2008, p. 564)

Verifica-se que nem todos os interesses jurídicos eram

sujeitos de proteção da atividade jurisdicional.

Na verdade, os direitos difusos não eram protegidos

pelo Estado de forma eficaz conforme Bonavides comenta que

os direitos sociais “pelo menos... não poderá ser

descumprida ou ter sua eficácia recusada com aquela

facilidade de argumentação arrimada no caráter programático

da norma.”(Bonavides, 2008, p.565)

Como o Estado social tem a idéia da instrumentalidade

como justiça social será um meio de pacificação social,

meio de escopos metajurídicos onde a sentença de uma

decisão jurisdicional será avaliada na forma social,

política, econômica e jurídica, fazendo com que o juiz

tenha a preocupação, ao sentenciar, com estes outros campos

acima relacionados, seria uma forma do individuo perceber a

cidadania. Prevalecendo sempre o público ao privado.

Entretanto, há a legitimação extraordinária com os

direitos difusos, onde todos são afetados individual e

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coletivamente difusamente. E a partir disso tem-se a

capacidade de postular uma lide os legitimados: Ministério

Público, entidades de classe, associações etc., para todo o

interesse que seja coletivo. Trazendo economia processual à

jurisdição.

Mas o Brasil está se destacando, pois existem diversos

normas que regularizam esses direitos: Lei nº 8.078/90

(Código do Consumidor), Lei nº 4.717/65 (Lei de Ação

Popular), Lei nº 7.347/85 (Lei de Ação Civil Pública),

assegurando os direitos ou interesses utilizados por

muitos.

2.3 – Terceira onda: meios alternativos

Vencidos os obstáculos econômicos e da tutela de

direitos coletivos, encontra-se mais uma barreira: a

morosidade, trazendo grande insatisfação aos

jurisdicionados, quando processos demoram até 20 anos para

se ter uma solução.

É notório que é uma afronta aos direitos individuais

que buscam no judiciário uma solução para seus conflitos

que não conseguiram que fossem solucionados sem a mão do

Estado.

Mas foi pensada uma nova forma de procedimento, de

estrutura dos tribunais e também a criação de novos

tribunais, como a criação de leis especiais para que

determinadas categorias pudessem postular com mais

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eficácia, atribuindo-lhes celeridade e efetividade, sem,

contudo, fazer com que essas mudanças possam servir como

pano de fundo para a diminuição das garantias processuais.

Por exemplo:

Os Juizados Especiais que são órgãos jurisdicionais

para demandas menos complexas, civis e com valor da

causa inferior a quarenta salários mínimos e no caso

do Jesp Criminal onde as penas são inferiores a dois

anos ou menos. (Lei nº 9.099/95);

Lei do Inquilinato (Lei nº 8.245/91);

Lei do Fiduciário (Lei nº 9.514/97);

CDC (Lei nº 8.078/90).

Todavia é necessária uma reforma do Poder Judiciário,

pois apenas alterar ou fazer novas leis processuais, mesmo

tendo a intenção de desafogá-lo não produzirá os efeitos

desejados, por isso faz-se necessário recorrer a uma

mudança constitucional na tentativa de programar novas

posições judicantes.

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3 - A CRISE DO JUDICIÁRIO E A NECESSIDADE DA REFORMA

PROCESSUAL

Há uma verdadeira insatisfação com o judiciário devido

à morosidade do sistema, a lentidão em solucionar lide e a

ineficácia das decisões, como discorrido acima houve

tentativas de progresso, todavia, a estrutura do Judiciário

não acompanhou tão velozmente o crescimento social,

tornando estagnado, sendo necessária uma verdadeira reforma

desse Poder para tentar um novo equilíbrio entre os

jurisdicionados e a ‘justiça’, retirando-lhes a frustração

de promessas não concretizadas que tramam contra esse

sistema.

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4 – A EMENDA CONSTITUCIONAL Nº45

Ocorreram inúmeras alterações que foram realizadas na

estrutura do Judiciário devidas a alteração Constitucional

através da Emenda 45 de 2004.

.Altera dispositivosdos arts. 5º, 36, 52,92, 93, 95, 98, 99,102, 103, 104, 105,107, 109, 111, 112,114, 115, 125, 126,127, 128, 129, 134 e168 da ConstituiçãoFederal, e acrescentaos arts. 103-A, 103B,111-A e 130-A, e dáoutras providências.

        AS MESAS DA CÂMARA DOS DEPUTADOS E DO SENADOFEDERAL, nos termos do § 3º do art. 60 da Constituição Federal,promulgam a seguinte Emenda ao texto constitucional:        Art. 1º Os arts. 5º, 36, 52, 92, 93, 95, 98, 99, 102, 103, 104, 105,107, 109, 111, 112, 114, 115, 125, 126, 127, 128, 129, 134 e 168 daConstituição Federal passam a vigorar com a seguinte redação:Art. 5º. LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, sãoassegurados a razoável duração do processo e os meios quegarantam a celeridade de sua tramitação.§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanosque forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em doisturnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serãoequivalentes às emendas constitucionais.

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§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional acuja criação tenha manifestado adesão. (NR)Art. 36. III   de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, derepresentação do Procurador-Geral da República, na hipótese do art.34, VII, e no caso de recusa à execução de lei federal.Art. 52 II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal,os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacionaldo Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade;Art. 92 I-A o Conselho Nacional de Justiça;§ 1º   O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e osTribunais Superiores têm sede na Capital Federal.§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têmjurisdição em todo o território nacional. (NR)Art. 93 I     ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juizsubstituto, mediante concurso público de provas e títulos, com aparticipação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases,exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividadejurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação;II c) aferição do merecimento conforme o desempenho e peloscritérios objetivos de produtividade e presteza no exercício dajurisdição e pela frequência e aproveitamento em cursos oficiais oureconhecidos de aperfeiçoamento;d)   na apuração de antiguidade, o tribunal somente poderá recusar ojuiz mais antigo pelo voto fundamentado de dois terços de seusmembros, conforme procedimento próprio, e assegurada ampladefesa, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação;e) não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver autos emseu poder além do prazo legal, não podendo devolvê-los ao cartóriosem o devido despacho ou decisão;III o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por antiguidade emerecimento, alternadamente, apurados na última ou únicaentrância;IV previsão de cursos oficiais de preparação, aperfeiçoamento epromoção de magistrados, constituindo etapa obrigatória doprocesso de vitaliciamento a participação em curso oficial oureconhecido por escola nacional de formação e aperfeiçoamento demagistrados;VII   o juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo autorização dotribunal;VIII o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria domagistrado, por interesse público, fundar-se-á em decisão por votoda maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacionalde Justiça, assegurada ampla defesa;VIIIA a remoção a pedido ou a permuta de magistrados de comarcade igual entrância atenderá, no que couber, ao disposto nas alíneas a, b , c e e do inciso II;IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serãopúblicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade,podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às própriaspartes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a

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preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo nãoprejudique o interesse público à informação;X as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e emsessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioriaabsoluta de seus membros;XI nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadorespoderá ser constituído órgão especial, com o mínimo de onze e omáximo de vinte e cinco membros, para o exercício das atribuiçõesadministrativas e jurisdicionais delegadas da competência do tribunalpleno, provendo-se metade das vagas por antiguidade e a outrametade por eleição pelo tribunal pleno;XII a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedado fériascoletivas nos juízos e tribunais de segundo grau, funcionando, nosdias em que não houver expediente forense normal, juízes em plantãopermanente;XIII o número de juízes na unidade jurisdicional será proporcional àefetiva demanda judicial e à respectiva população;XIV os servidores receberão delegação para a prática de atos deadministração e atos de mero expediente sem caráter decisório;XV a distribuição de processos será imediata, em todos os graus dejurisdição. (NR)Art. 95. Parágrafo único. Aos juízes é vedado:IV   receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições depessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas asexceções previstas em lei;V exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antesde decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoriaou exoneração. (NR)Art. 98. § 1º (antigo parágrafo único) § 2º As custas e emolumentos serão destinados exclusivamente aocusteio dos serviços afetos às atividades específicas da Justiça." (NR)"Art. 99 § 3º Se os órgãos referidos no § 2º não encaminharem asrespectivas propostas orçamentárias dentro do prazo estabelecido nalei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, parafins de consolidação da proposta orçamentária anual, os valoresaprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com oslimites estipulados na forma do § 1º deste artigo.§ 4º Se as propostas orçamentárias de que trata este artigo foremencaminhadas em desacordo com os limites estipulados na forma do§ 1º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para fins deconsolidação da proposta orçamentária anual.§ 5º Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá havera realização de despesas ou a assunção de obrigações queextrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias,exceto se previamente autorizadas, mediante a abertura de créditossuplementares ou especiais." (NR)"Art. 102 I h) (Revogada)r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o ConselhoNacional do Ministério Público;III d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.

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§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo SupremoTribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade e nasações declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia contratodos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do PoderJudiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferasfederal, estadual e municipal.§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar arepercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso,nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão dorecurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terçosde seus membros." (NR)"Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e aação declaratória de constitucionalidade:IV a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa doDistrito Federal;V o Governador de Estado ou do Distrito Federal;§ 4º (Revogado)." (NR)"Art. 104.  Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal deJustiça serão nomeados pelo Presidente da República, dentrebrasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cincoanos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, depois deaprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:"Art. 105 I i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão deexequatur às cartas rogatórias;III b)   julgar válido ato de governo local contestado em face de leifederal;Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribunal de Justiça:I a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados,cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiaispara o ingresso e promoção na carreira;II o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na forma da lei,a supervisão administrativa e orçamentária da Justiça Federal deprimeiro e segundo graus, como órgão central do sistema e compoderes correicionais, cujas decisões terão caráter vinculante. (NR)Art. 107. § 1º (antigo parágrafo único) § 2º Os Tribunais Regionais Federais instalarão a justiça itinerante,com a realização de audiências e demais funções da atividadejurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.§ 3º Os Tribunais Regionais Federais poderão funcionardescentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim deassegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas asfases do processo. (NR)Art. 109. V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º desteartigo;§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, oProcurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar ocumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionaisde direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar,

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perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquéritoou processo, incidente de deslocamento de competência para aJustiça Federal." (NR)Art. 111. § 1º (Revogado).§ 2º (Revogado).§ 3º (Revogado). (NR)"Art. 112.   A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, nascomarcas não abrangidas por sua jurisdição, atribuí-la aos juízes dedireito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional doTrabalho." (NR)."Art. 114.  Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes dedireito público externo e da administração pública direta e indiretada União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;II as ações que envolvam exercício do direito de greve;III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entresindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quandoo ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição;V os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista,ressalvado o disposto no art. 102, I, o ;VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial,decorrentes da relação de trabalho;VII as ações relativas às penalidades administrativas impostas aosempregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho;VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art.195, I, a , e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças queproferir;IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na formada lei.§ 1º § 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou àarbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizardissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do TTrabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legaisde proteção ao trabalho, bem como as convencionadasanteriormente.§ 3º   Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade delesão do interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderáajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir oconflito." (NR)"Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, nomínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectivaregião, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiroscom mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo:I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetivaatividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalhocom mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto noart. 94;

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II os demais, mediante promoção de juízes do trabalho porantiguidade e merecimento, alternadamente.§ 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiçaitinerante, com a realização de audiências e demais funções deatividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição,servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.§ 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionardescentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim deassegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas asfases do processo. (NR)Art. 125. § 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta doTribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, constituída, em primeirograu, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, emsegundo grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal deJustiça Militar nos Estados em que o efetivo militar seja superior avinte mil integrantes.§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militaresdos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciaiscontra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júriquando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidirsobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação daspraças.§ 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar,singularmente, os crimes militares cometidos contra civis e as açõesjudiciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao Conselho deJustiça, sob a presidência de juiz de direito, processar e julgar osdemais crimes militares.§ 6º O Tribunal de Justiça poderá funcionar descentralizadamente,constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acessodo jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.§ 7º O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com arealização de audiências e demais funções da atividade jurisdicional,nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se deequipamentos públicos e comunitários. (NR)"Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiçaproporá a criação de varas especializadas, com competênciaexclusiva para questões agrárias."Art. 127. § 4º Se o Ministério Público não encaminhar a respectivaproposta orçamentária dentro do prazo estabelecido na lei dediretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins deconsolidação da proposta orçamentária anual, os valores aprovadosna lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limitesestipulados na forma do § 3º.§ 5º Se a proposta orçamentária de que trata este artigo forencaminhada em desacordo com os limites estipulados na forma do §3º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para fins deconsolidação da proposta orçamentária anual.§ 6º Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá havera realização de despesas ou a assunção de obrigações queextrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias,

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exceto se previamente autorizadas, mediante a abertura de créditossuplementares ou especiais." (NR)Art. 128. § 5º I b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, mediantedecisão do órgão colegiado competente do Ministério Público, pelovoto da maioria absoluta de seus membros, assegurada ampladefesa;IIe) exercer atividade político-partidária;f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições depessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas asexceções previstas em lei.§ 6º   Aplica-se aos membros do Ministério Público o disposto no art.95, parágrafo único, V." (NR)"Art. 129. § 2º As funções do Ministério Público só podem ser exercidaspor integrantes da carreira, que deverão residir na comarca darespectiva lotação, salvo autorização do chefe da instituição.§ 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á medianteconcurso público de provas e títulos, assegurada a participação daOrdem dos Advogados do Brasil em sua realização, exigindo-se dobacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica eobservando-se, nas nomeações, a ordem de classificação.§ 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o disposto no art.93.§ 5º A distribuição de processos no Ministério Público será imediata.(NR)Art. 134. § 1º (antigo parágrafo único) § 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas autonomiafuncional e administrativa e a iniciativa de sua propostaorçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizesorçamentárias e subordinação ao disposto no art. 99, § 2º. (NR)Art. 168. Os recursos correspondentes às dotações orçamentárias,compreendidos os créditos suplementares e especiais, destinados aosórgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Público e daDefensoria Pública, ser-lhes-ão entregues até o dia 20 de cada mês,em duodécimos, na forma da lei complementar a que se refere o art.165, § 9º." (NR)Art. 2º A Constituição Federal passa a vigorar acrescida dos seguintesarts. 103-A, 103-B, 111-A e 130-A:Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou porprovocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, apósreiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmulaque, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeitovinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e àadministração pública direta e indireta, nas esferas federal, estaduale municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, naforma estabelecida em lei.§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficáciade normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual

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entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública queacarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação deprocessos sobre questão idêntica.§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação,revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provocada poraqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade.§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmulaaplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação aoSupremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o atoadministrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, edeterminará que outra seja proferida com ou sem a aplicação dasúmula, conforme o caso.Art. 103-B.   O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de quinzemembros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e seis anosde idade, com mandato de dois anos, admitida uma recondução,sendo:I um Ministro do Supremo Tribunal Federal, indicado pelo respectivotribunal;II um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelorespectivo tribunal;III um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelorespectivo tribunal;IV um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo SupremoTribunal Federal;V um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal;VI um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo SuperiorTribunal de Justiça;VII um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça;VIII um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo TribunalSuperior do Trabalho;IX um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho;X um membro do Ministério Público da União, indicado peloProcurador-Geral da República;XI um membro do Ministério Público estadual, escolhido peloProcurador-Geral da República dentre os nomes indicados pelo órgãocompetente de cada instituição estadual;XII dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dosAdvogados do Brasil;XIII dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada,indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo SenadoFederal.§ 1º O Conselho será presidido pelo Ministro do Supremo TribunalFederal, que votará em caso de empate, ficando excluído dadistribuição de processos naquele tribunal.§ 2º Os membros do Conselho serão nomeados pelo Presidente daRepública, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta doSenado Federal.§ 3º Não efetuadas, no prazo legal, as indicações previstas nesteartigo, caberá a escolha ao Supremo Tribunal Federal.§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa efinanceira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres

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funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lheforem conferidas pelo Estatuto da Magistratura:I zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento doEstatuto da Magistratura, podendo expedir atos regulamentares, noâmbito de sua competência, ou recomendar providências;II zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou medianteprovocação, a legalidade dos atos administrativos praticados pormembros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí-los,revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providênciasnecessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo dacompetência do Tribunal de Contas da União;III receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos doPoder Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias eórgãos prestadores de serviços notariais e de registro que atuem pordelegação do poder público ou oficializados, sem prejuízo dacompetência disciplinar e correicional dos tribunais, podendo avocarprocessos disciplinares em curso e determinar a remoção, adisponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventosproporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sançõesadministrativas, assegurada ampla defesa;IV representar ao Ministério Público, no caso de crime contra aadministração pública ou de abuso de autoridade;V rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinaresde juízes e membros de tribunais julgados há menos de um ano;VI elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos esentenças prolatadas, por unidade da Federação, nos diferentesórgãos do Poder Judiciário;VII elaborar relatório anual, propondo as providências que julgarnecessárias, sobre a situação do Poder Judiciário no País e asatividades do Conselho, o qual deve integrar mensagem doPresidente do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao CongressoNacional, por ocasião da abertura da sessão legislativa.§ 5º O Ministro do Superior Tribunal de Justiça exercerá a função deMinistro-Corregedor e ficará excluído da distribuição de processos noTribunal, competindo-lhe, além das atribuições que lhe foremconferidas pelo Estatuto da Magistratura, as seguintes:I receber as reclamações e denúncias, de qualquer interessado,relativas aos magistrados e aos serviços judiciários;II exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e de correiçãogeral;III requisitar e designar magistrados, delegando-lhes atribuições, erequisitar servidores de juízos ou tribunais, inclusive nos Estados,Distrito Federal e Territórios.§ 6º Junto ao Conselho oficiarão o Procurador-Geral da República e oPresidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil.§ 7º A União, inclusive no Distrito Federal e nos Territórios, criaráouvidorias de justiça, competentes para receber reclamações edenúncias de qualquer interessado contra membros ou órgãos doPoder Judiciário, ou contra seus serviços auxiliares, representandodiretamente ao Conselho Nacional de Justiça.

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Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte esete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de trinta ecinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados pelo Presidente daRepública após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal,sendo:I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetivaatividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalhocom mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto noart. 94;II os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho,oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprioTribunal Superior.§ 1º A lei disporá sobre a competência do Tribunal Superior doTrabalho.§ 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho:I a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistradosdo Trabalho, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar oscursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira;II o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe exercer,na forma da lei, a supervisão administrativa, orçamentária,financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro esegundo graus, como órgão central do sistema, cujas decisões terãoefeito vinculante.Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministério Público compõe-se dequatorze membros nomeados pelo Presidente da República, depoisde aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal,para um mandato de dois anos, admitida uma recondução, sendo:I o Procurador-Geral da República, que o preside;II quatro membros do Ministério Público da União, assegurada arepresentação de cada uma de suas carreiras;III três membros do Ministério Público dos Estados;IV dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Federal e outropelo Superior Tribunal de Justiça;V dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dosAdvogados do Brasil;VI dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada,indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo SenadoFederal.§ 1º Os membros do Conselho oriundos do Ministério Público serãoindicados pelos respectivos Ministérios Públicos, na forma da lei.§ 2º Compete ao Conselho Nacional do Ministério Público o controleda atuação administrativa e financeira do Ministério Público e documprimento dos deveres funcionais de seus membros, cabendo-lhe:I zelar pela autonomia funcional e administrativa do MinistérioPúblico, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de suacompetência, ou recomendar providências;II zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou medianteprovocação, a legalidade dos atos administrativos praticados pormembros ou órgãos do Ministério Público da União e dos Estados,podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem

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as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, semprejuízo da competência dos Tribunais de Contas;III receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos doMinistério Público da União ou dos Estados, inclusive contra seusserviços auxiliares, sem prejuízo da competência disciplinar ecorreicional da instituição, podendo avocar processos disciplinaresem curso, determinar a remoção, a disponibilidade ou aaposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempode serviço e aplicar outras sanções administrativas, asseguradaampla defesa;IV rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinaresde membros do Ministério Público da União ou dos Estados julgadoshá menos de um ano;V elaborar relatório anual, propondo as providências que julgarnecessárias sobre a situação do Ministério Público no País e asatividades do Conselho, o qual deve integrar a mensagem prevista noart. 84, XI.§ 3º O Conselho escolherá, em votação secreta, um Corregedornacional, dentre os membros do Ministério Público que o integram,vedada a recondução, competindo-lhe, além das atribuições que lheforem conferidas pela lei, as seguintes:I receber reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativasaos membros do Ministério Público e dos seus serviços auxiliares;II exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e correiçãogeral;III requisitar e designar membros do Ministério Público, delegando-lhes atribuições, e requisitar servidores de órgãos do MinistérioPúblico.§ 4º O Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados doBrasil oficiará junto ao Conselho.§ 5º Leis da União e dos Estados criarão ouvidorias do MinistérioPúblico, competentes para receber reclamações e denúncias dequalquer interessado contra membros ou órgãos do MinistérioPúblico, inclusive contra seus serviços auxiliares, representandodiretamente ao Conselho Nacional do Ministério Público.Art. 3º A lei criará o Fundo de Garantia das Execuções Trabalhistas,integrado pelas multas decorrentes de condenações trabalhistas eadministrativas oriundas da fiscalização do trabalho, além de outrasreceitas.Art. 4º Ficam extintos os tribunais de Alçada, onde houver, passandoos seus membros a integrar os Tribunais de Justiça dos respectivosEstados, respeitadas a antiguidade e classe de origem.Parágrafo único. No prazo de cento e oitenta dias, contado dapromulgação desta Emenda, os Tribunais de Justiça, por atoadministrativo, promoverão a integração dos membros dos tribunaisextintos em seus quadros, fixando-lhes a competência e remetendo,em igual prazo, ao Poder Legislativo, proposta de alteração daorganização e da divisão judiciária correspondentes, assegurados osdireitos dos inativos e pensionistas e o aproveitamento dos servidoresno Poder Judiciário estadual.

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Art. 5º O Conselho Nacional de Justiça e o Conselho Nacional doMinistério Público serão instalados no prazo de cento e oitenta dias acontar da promulgação desta Emenda, devendo a indicação ouescolha de seus membros ser efetuada até trinta dias antes do termofinal.§ 1º Não efetuadas as indicações e escolha dos nomes para osConselhos Nacional de Justiça e do Ministério Público dentro do prazofixado no caput deste artigo, caberá, respectivamente, ao SupremoTribunal Federal e ao Ministério Público da União realizá-las.§ 2º Até que entre em vigor o Estatuto da Magistratura, o ConselhoNacional de Justiça, mediante resolução, disciplinará seufuncionamento e definirá as atribuições do Ministro-Corregedor.Art. 6º O Conselho Superior da Justiça do Trabalho será instalado noprazo de cento e oitenta dias, cabendo ao Tribunal Superior doTrabalho regulamentar seu funcionamento por resolução, enquantonão promulgada a lei a que se refere o art. 111-A, § 2º, II.Art. 7º O Congresso Nacional instalará, imediatamente após apromulgação desta Emenda Constitucional, comissão especial mista,destinada a elaborar, em cento e oitenta dias, os projetos de leinecessários à regulamentação da matéria nela tratada, bem comopromover alterações na legislação federal objetivando tornar maisamplo o acesso à Justiça e mais célere a prestação jurisdicional.Art. 8º As atuais súmulas do Supremo Tribunal Federal somenteproduzirão efeito vinculante após sua confirmação por dois terços deseus integrantes e publicação na imprensa oficial.Art. 9º São revogados o inciso IV do art. 36; a alínea h do inciso I doart. 102; o § 4º do art. 103; e os §§ 1º a 3º do art. 111.Art. 10. Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data de suapublicação.Brasília, em 30 de dezembro de 2004. (EMENDA CONSTITUCIONAL Nº45, 2004)

Contudo, como o objetivo do presente trabalho é

apresentar a competência do Direito do Trabalho, será esse

o ponto exposto.

Antes de analisar o tema em destaque, é oportuno

lembrar que a EC 45, cuja PEC foi apresentada em 26-03-

1992, pelo então Deputado Hélio Bicudo, promulgada em oito

de dezembro de 2004 e publicada no dia 31 do mesmo mês, é

fruto de um longo debate no Congresso Nacional, que

perdurou por quase 13 anos.

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4.1 – A ampliação da competência da justiça do trabalho

Carlos Maximiliano traduz bem o que seria competência

em seu livro Hermenêutica e Aplicação do Direito, o qual,

ele diz: “Competência não se presume; entretanto, uma vez

assegurada, entende-se conferida com a amplitude necessária

para o exercício do poder ou desempenho da função a que se

refere à lei.” (Maximiliano, 2006. p. 216)

Houve um notável aumento da competência da Justiça do

Trabalho em relação à sua matéria que tem relação com a

causa de pedir e o pedido.

É mister relacionar o artigo 114 da CF que foi

alterado pela referida Emenda para fácil visualização das

mudanças referidas neste capítulo:

Art. 114 - Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:  I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes dedireito público externo e da administração pública direta e indiretada União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; II - as ações que envolvam exercício do direito de greve; III - as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entresindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores; IV - os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data,quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição; V - os conflitos de competência entre órgãos com jurisdiçãotrabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, o; VI - as ações de indenização por dano moral ou patrimonial,decorrentes da relação de trabalho;VII - as ações relativas às penalidades administrativas impostas aosempregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho; VIII - a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art.195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças queproferir;IX - outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, naforma da lei. (BRASIL. 2004)

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Na verdade o conceito da relação existente no âmbito

do trabalho tornou-se excessivamente amplo, ou seja, toda

relação que advêm do labor será considerado expansão do seu

poder, o qual, fora legalmente constituído pelo legislador.

São o que expõe Daniel Roberto Hertel em seu artigo

Aspectos Processual da Emenda Constitucional nº 45, por

exemplo:

Outro aspecto digno de nota, ainda no que concerne àcompetência da Justiça do Trabalho, refere-se ao inciso VIacrescentado ao art. 114 da CF. O preceptivo mencionado reza oseguinte: Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: VI - asações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes darelação de trabalho. (HERTEL, 2005)

É claro o objetivo trazido à Justiça trabalhista, o

qual será processar e julgar ações de indenização por danos

ocorridos dessa vinculação.

Como Marcelo Colombelli Mezzomo em seu artigo

Apontamentos à Emenda Constitucional nº 45/04 e a reforma

do Judiciário explica com muita clareza a ocorrência da

competência laboral para assuntos provenientes desta

relação:O inciso VI versa sobre "as ações de indenização por dano

moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho". Mais umavez se afirma que a relação trabalhista tem de fazer parte da causade pedir como fato relevante. Não é o simples fato de o eventocausador do dever de indenizar ter se dado em ambiente de trabalho.Tampouco basta que este evento tenha se dado na execução de umserviço relativo à relação trabalhista. É mister que figurem comopartes, direta ou indiretamente, da demanda as partes da relaçãojurídica material trabalhista, e que a relação esteja à base da causade pedir. Uma ação de indenização proposta contra terceiro, em vistade evento ocorrido quando o trabalhador exercia seu ofício, não seenquadrará nesta hipótese, salvo se voltar-se também contra oempregador. Face ao terceiro, não tem importância alguma a relaçãode trabalho. Diversamente, se o evento foi protagonizado por outro

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trabalhador da mesma empresa ou órgão, há motivo paracompetência da Justiça do Trabalho.( MEZZOMO, 2005)

Ainda algumas relações continuam na sua competência

originária, por exemplo, ações previdenciárias, desde que,

só versem sobre a Previdência caberá à Justiça Federal o

seu julgamento, contudo, à Justiça do Trabalho compete

“executar, de ofício, as contribuições sociais previstas no

art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais decorrentes

das sentenças que proferir.” (Art. 114, VIII da CF).

Augusto Cesar Ramos em artigo, de sua autoria, com

título Emenda Constitucional n° 45 e a nova competência da

Justiça do Trabalho, também correlacionam várias atuações

desta Justiça:

A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar relaçõesde emprego, de trabalho e de consumo? Em outros termos, temcompetência para apreciar ações em que um médico, advogado,arquiteto ou contador demande em face de um cliente, ou ainda, emque um cliente demande em face de uma oficina de automóveis,porque defeituoso o serviço prestado? (RAMOS, 2006)

Houve uma ampliação do direito material, inclusive no

que tange a área penal, pois ao que consta no inciso IV do

artigo 114 da Constituição Pátria insere o habeas corpus que

é de natureza penal e devem estar relacionados ao campo

trabalhista, assim, compulsionando os julgamentos e dando

efetividade ao direito laboral.

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5 – COMPETÊNCIA

Então com o advento da EC45/04 que alterou em

profundidade o artigo 114 da CF/88 influenciando

diretamente a competência da Justiça do Trabalho, e que em

sua criação objetivou-se uma tradução hermenêutica do

referido artigo a construir uma nova tradução para a

competência da Justiça Laboral, assim como bem expõe o

artigo da Nota técnica sobre projetos de lei, que “a

competência material da Justiça do trabalho para ações

condenatórias, desde que o trabalho humano fosse elementar

do tipo penal, em sede criminal ou contravencional”, com

exceção dos artigos 109, VI, V-A e§5º da CF. ( COMPETÊNCIA

PENAL DA JUSTIÇA DO TRABALHO, 2008)

5.1 – Competência e jurisdição

Os ramos do Direito não são estanques, ele se

movimenta e apresenta pontos de contato com outros ramos

como uma rede se completando, não existe um direito puro em

sua competência sempre circulará de um meio para outro de

forma harmoniosa.

Humberto Theodoro Junior cita Liebman ao informar qual

é a função da Jurisdição “como o poder que toca ao Estado,

entre as suas atividades soberanas, de formular e fazer

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atuar praticamente a regra jurídica concreta que, por força

do direito vigente, disciplina determinada situação

jurídica.” (THEODORO JUNIOR, 2009, p.36)

A jurisdição é o poder emanado pelo Estado em uma só

função e dele se ramifica em competências para atribuir

‘capacidades’ diferentes, como Humberto Theodoro Junior bem

coloca “a competência é justamente o critério de distribuir

entre vários órgãos judiciários as atribuições relativas ao

desempenho da jurisdição”. (THEODORO JUNIOR, 2009, p.157)

Portanto, jurisdição é diferente de competência, pois

esta é a função que o Estado tem de exercer sua jurisdição.

5.2 – Competência penal na Justiça do Trabalho

O juiz por diversas vezes se depara com conceitos do

Direito Penal como dolo, culpa, legitima defesa,

denunciação caluniosa e até mesmo a justa causa descrita no

rol taxativo do artigo 482 da CLT.

A Justiça Do Trabalho embora seja especializada na

relação laboral o juiz deve zelar por sua efetividade.

Percebe-se, portanto, que não há harmonia doutrinária e

jurisprudencial em matéria de competência criminal na

Justiça do Trabalho.

Como bem enfatiza Carlos Henrique Bezerra Leite

existem três correntes:

Na primeira corrente, ao se preocupar com decisões

colidentes em ações que sucedem do mesmo caso concreto,

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assumem o principio da unicidade da convicção, ou seja, se

o mesmo fato fora analisado em outras oportunidades e mais

de uma vez, deverá ser feito pelo próprio juízo.

Marcelo José Ferlin D’Ambroso defende esta posição:

O princípio ou teoria da unidade da convicção, resguardadopelo STF, implica na necessidade de se reconhecer que o crimenascido da relação de trabalho seja processado e julgado na Justiçado Trabalho, competente para a ação trabalhista...

O exercício da ação penal trabalhista na Justiça do Trabalhopossibilitará, em curto prazo, diminuir sensivelmente as ocorrênciasde investidas criminosas comuns nas relações de trabalhoconcernentes a trabalho e salário sem registro, truck-system,cooperativismo irregular, discriminações e fraudes diversas,acarretando diminuição de ações trabalhistas e acrescendo elementode valor e qualidade à jurisdição especializada.(D’AMBROSO, 2006)

A segunda corrente não admite a competência penal da

Justiça laboral pelos seguintes argumentos traduzidos pelo

Carlos Henrique Bezerra Leite:

a) a Justiça do Trabalho não está preparada para recepcionar estadistribuição;b) corre-se o risco de descaracterizar a jurisdição trabalhistaampliando demasiadamente o rol de suas competências;c) os Juízes do Trabalho não detêm conhecimento penal;d) o legislador de 2004 retirou da PEC convertida na EC n. 45 o incisoque previa a competência para os crimes contra a organização dotrabalho;e) não há atribuição expressa de competência criminal no art. 114;f) o STF está julgando em favor da competência da Justiça Federal noscasos de redução à condição análoga à escravidão – art. 149 do CP; g) a nova disposição do art. 109, que possibilita a federalização decrimes contra direitos humanos, advinda da EC n. 45/04 constituiriaforte argumento contrário à tese de que a competência para julgar ocrime do art. 149 do CP agora pertence à Justiça do Trabalho;h) o processo penal é capaz de solver, de forma satisfatória, osconflitos penais, logo, despiciendo trazê-lo à jurisdição trabalhista.( LEITE, 2010, p. 192)

Na terceira corrente, é admitida a competência da

Justiça Laboral em matéria penal no caso de, nos termos do

inciso IX, do art. 114 da Constituição da República existir

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lei programando em tal sentido. Justifica-se que se o

legislador estivesse com intenção de dispor a atuação

criminal na esfera penal estaria disposto, expressamente,

tal entendimento. Devendo ficar atento à esfera penal, pois

nesse caso a atuação do juiz é mínima na esfera individual,

no que tange sua liberdade, ao contrário do jurista

trabalhista, que intervêm sobremaneira na sua intimidade.

No entanto, entende-se que a Justiça Federal é

competente para processar e julgar crime de redução à

condição análoga à escravidão, decidido em Plenário pelo

STF através do RE nº 398.048.

O RE foi interposto pelo Ministério Público Federal

contra decisão do TRF da 1ª Região, onde fora declarada a

incompetência da Justiça Federal em processar e julgar tal

crime (art. 149, CP), quando analisada a peça inauguratória

da ação penal de um fazendeiro paraense, região propensa a

referido crime.

Não houve um consenso na decisão tomada, Carlos

Henrique Bezerra Leite comenta sobre o Ministro Gilmar

Mendes, o qual esclarece à alteração elencada no art. 109,

§5º, da CF, depois da EC 45/04, que poderá ser promovido

pelo Procurador-Geral da República ao STJ a transferência

das investigações para a Justiça Federal:

Nos casos em que esteja configurada a grave violação dedireitos humanos, e, em que, por razões variadas, a Justiça Comumnão esteja atuando de forma eficiente”, e “poderá também oprocurador-geral da República, tendo em vista as circunstancias docaso, sempre em hipóteses excepcionais, formular, ao Supremo

45

Tribunal Federal, pedido de intervenção federal no Estado paraassegurar a observância de direito de pessoa humana. (LEITE apudMENDES, 2010, p. 193)

Destaca ainda que a violação ao bem jurídico

“organização do trabalho”, legitimando a competência

federal julgar a matéria. Mas o entendimento da Corte foi o

afastamento da competência da Justiça do trabalho em

matéria criminal, nos casos originados de crimes contra a

organização do trabalho, advindos da relação obreira,

seria, portanto, de competência das justiças comum, federal

ou estadual, mas não da especialidade trabalhista.

Entretanto, o Procurador-Geral da República ajuizou

ação direta junto ao STF, para argüir a competência da

Justiça Laboral em matéria criminal. Era a ADI nº 3684-DF,

com pedido liminar, perante aos incisos I, IV e IX do art.

114 da CF/88, pela redação dada pela EC 45 /04, os quais, o

requerente mencionava como prova a violação aos arts. 5º,

caput, inciso LIII, e 60, §§ 2º e 4º, inciso IV, todos da

Constituição Federal.

O Procurador alega que houve lesão ao processo

legislativo, pois na época da aprovação da EC 45, o texto

que foi aprovado na Câmara dos Deputados fora alterado pelo

Senado e não foi observada a votação do segundo turno para

nova deliberação, como está previsto no processo

legislativo. Portanto, o texto que fora aprovado

possibilitou a interpretação de que a Justiça do Trabalho e

o Ministério do Trabalho podem julgar e processar em

matérias de competência da especialização criminal, o que

46

fere princípios que se encontram na CF/88, e se referem ao

juiz natural e a repartição de competências jurisdicionais,

descritos de forma expressa na Carta Magna. (ADI nº 3684 –

STF de 09 de Março de 2006)

Bezerra Leite descreve de forma incisiva a decisão do

STF:

O plenário do STF deferiu, por unanimidade, a liminar na ADInº 3684. Em seu voto, relator da Ação, Min. Cezar Peluso, afirmou queo inciso IV do art. 114 determina a competência da Justiça doTrabalho para julgar Habeas corpus , Habeas data, mandado desegurança, “quando o ato questionado envolver matéria sujeita à suajurisdição”. Ele lembra, porém, que o pedido de habeas pode serusado “contra atos ou omissões praticados no curso de processos dequalquer natureza”, e não apenas em ações penais.Se fosse a intenção da Constituição outorgar à justiça trabalhistacompetência criminal ampla e inespecífica, não seria preciso prever,textualmente, competência para apreciar habeas. Destacou, ainda,que a Constituição “circunscreve o objeto inequívoco da competênciapenal genérica”, mediante o uso dos vocábulos ”infrações penais” e“crimes”. No entanto, a competência da justiça do trabalho para oprocesso e julgamento de ações oriundas da relação trabalhista serestringe apenas às ações destituídas de natureza penal. Ele diz que aaplicação do entendimento que se pretende alterar violariafrontalmente o principio do juiz natural, uma vez que, segundo anorma constitucional, cabe à justiça comum – estadual ou federaldentro de suas respectivas competências – julgar e processar matériacriminal, quanto à alegada inconstitucionalidade formal, o MinistroPeluso argumenta que a alteração no texto da EC nº 45 durante suatramitação no legislativo, “em nada alterou o âmbito semântico dotexto definitivo” , por isso não haveria a violação ao § 2º, art. 60 daCF. por unanimidade, portanto, foi deferida a liminar na ADI, comefeitos ex-tunc, para atribuir a interpretação conforme a Constituiçãoaos incisos I, IV e IX do seu artigo 114, declarando que, no âmbito dajurisdição da justiça do trabalho, não está incluída competência paraprocessar e julgar ações penais. ( LEITE, 2010, p. 194-195)

Ficou claro que o STF entende que se deve restringir a

hermenêutica quanto à extensão do entendimento na

competência criminal quando se tratar de Direito do

Trabalho;

47

48

6 – DA DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA

Segundo o Código Penal Brasileiro, denunciação

caluniosa é o seguinte:

Art. 339 – Dar causa à instauração de investigação policial, deprocesso judicial, instauração de investigação administrativa,inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém,imputando-lhe crime de que o sabe inocente:Pena – reclusão, de 2(dois) a 8(oito) anos, e multa.§ 1º A pena é aumentada se sexta parte, se o agente se serve deanonimato ou de nome suposto.§ 2º A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática decontravenção. ( CPB, 1941)

Luiz Regis Prado descreve bem a parte histórica da

denunciação caluniosa:

A denunciação caluniosa foi inicialmente prevista pelo DireitoPenal romano, que sancionava, sob o nomen juris de calumnia, o fatode dar causa à interposição de ação penal contra inocente.Denominava-se calumnia, portanto, a interposição de uma ação –através das quaestiones – cuja falta de fundamento era sabida peloautor. A configuração da denunciação caluniosa tinha comopressuposto a absolvição do acusado. A Lex Remmia (90 a.C)estabelecia, para aqueles que intentassem ações penais de má-fé, aperda dos direitos conferidos pela cidadania (infâmia). Ademais,aquele condenado por sentença judicial como caluniador era privado,pelo magistrado – tal como acontecia com os condenados por furto -,do direito de ocupar cargos públicos, de votar, de peticionar e derepresentar outrem judicialmente; além disso, sua fronte eramarcada, a ferro em brasa, com a letra K, para que fosse reconhecidocomo caluniador. Essa pena corporal, porém, não foi aplicada emefetivo pelos tribunais romanos – talvez por não se adequar aosistema sancionatório daqueles povos. O que de fato ocorria era aimposição de penas severas ao caluniador, ao arbítrio do tribunal,que não estava condicionado à natureza da pena cominada ao crimeimputado. ( MOMMSEN apud PRADO, 2004, p. 813 e 814)

49

Depois de Constantino (319 a.C.) o que prevalecia era

a Lei de Talião, ou seja, o autor da denunciação estaria

sujeito à mesma pena, caso fosse julgado procedente

acusação, usando o mesmo sistema da referida Lei, ocorreu

na Idade Média.

Segundo Prado no Brasil Império também era previsto no

Código Criminal do Império (1830) a denunciação caluniosa

com penas semelhantes à Lei de Talião. De forma semelhante,

ocorreu no Código Penal Republicano (1890). O Código Penal

de 1940 modificou a matéria denunciação caluniosa com pena

menos severa e colocou-a entre os delitos contra a

administração da justiça e será configurado crime quando o

agente dê causa a uma simples investigação policial, mesmo

que desprendida do rigor formal do inquérito.

Hoje o que prevalece é a denunciação caluniosa,

conhecida como calúnia qualificada, prevista no art. 339,

dada pela redação do art. 1º da Lei nº 10.028, de 19-10-

2000, como dispõe Mirabete em seu livro Manual de Direito

Penal. (MIRABETE, 2003, p. 405)

Como dispõe o artigo em questão tem elementos que

conduzem as tipificações, segundo Rogério Greco:

A conduta de dar causa a instauração de procedimento

legal que leve a investigação ou instauração criminal; a

investigação policial, processo judicial, investigação

administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade

50

administrativa; contra alguém; imputando-lhe crime; de que

o sabe inocente:

Na investigação policial deverá ser entendida em seu

sentido amplo, ou seja, qualquer forma de investigação, sem

até mesmo o inquérito policial, ficará configurado o delito

nomeado;

No processo judicial, também é assunto controverso,

pois depois da Lei nº 10.028/00, a qual, reformou o artigo

339 do CP, abrange a competência civil, e não somente a

competência penal, pois fora incluído a instauração de

investigação administrativa, inquérito civil ou ação de

improbidade administrativa, o simples inquérito faz “o

condão de caracterizar a infração penal em estudo, que dirá

o ajuizamento de uma ação civil pública com base no suposto

crime praticado pelo agente”;

Já na investigação administrativa, faz-se necessária

quando motivada pela denunciação caluniosa de uma infração

penal inexistente, ou que ao agente que fora imputado o

crime não o era. É uma forma de controle dos administrados,

servidores, alunos, militares, ou a quem estiver vinculado

a serviço público de forma hierárquica;

No inquérito civil, como descreve o art. 129, III, da

CF/88 “promover o inquérito civil e a ação civil pública,

para a proteção do patrimônio público e social, do meio

ambiente e de outros interesses difusos e coletivos”, e

51

somente haverá a infração se o Ministério Público instaurar

inquérito civil contra alguém que sabidamente era inocente;

- Na ação de improbidade administrativa, dispõe a Lei nº

8.429/92, sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos

que praticam atos de enriquecimento ilícito no exercício do

mandato, cargo ou emprego ou função da administração

pública direta, indireta ou de Fundações.

6.1 – Bem jurídico a ser protegido e sujeitos do delito

O bem jurídico a ser protegido é a administração da

justiça, que é espécie do gênero administração pública que,

segundo Prado, se destaca o “papel relevante que assume

especialmente a boa administração da justiça na

estabilidade da ordem social e o predomínio cada vez mais

acentuado de sua função, como fator de garantia para os

interesses gerais”. (COVELO apud PRADO, 2004. P. 816-817)

A denunciação caluniosa alcança a instituição da

justiça, em sua qualidade jurisdicional da atividade ou

função.

O objeto jurídico do delito é a ofensa representada à

administração da justiça, sendo que qualquer pessoa poderá

figurar como sujeito ativo do delito em questão.

52

Por ser ação penal privada ou de ação penal pública

condicionada à representação, contudo, inexiste restrição

quanto à autoria, podendo qualquer um levar ao conhecimento

da autoridade a propositura de queixa-crime ou oferecimento

de representação, é cabível que se caracterize o delito do

art. 339 do Código Penal, acima transcrito.

O sujeito passivo “são o Estado – que é o titular do

interesse relativo ao regular funcionamento da atividade

judiciária – e, secundariamente, a pessoa inocente, atinge

em sua honra ou liberdade pela denunciação caluniosa”,

segundo Prado. (PRADO, 2004, p. 818)

Prado continua: conduta tipificada baseia-se

Em dar causa (motivar, provocar, originar) a instauração deinvestigação policial, de processo judicial, instauração deinvestigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidadeadministrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabeinocente. (PRADO, 2004, P. 819)

Delamanto acrescenta que é “indiferente a maneira como a

comunicação é feita (oral, escrita, anônima etc.). Deve referir-se, porém, a

crime ou contravenção imaginário, ou seja, a fato que o agente sabe que não

ocorreu.” (DELAMANTO e OUTROS, 2002. P. 697).

Então qualquer conduta praticada pelo agente com o fim

de criminalizar outra pessoa pratica crime de denunciação

caluniosa, desde que, o faça sabendo que era inocente o

“acusado”, fere, assim, a administração da justiça, sendo

ela a principal interessada em punir àquele que sem pudor,

apresentou queixa de um terceiro apenas para prejudicá-lo.

53

54

7 – DA DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA NA COMPETÊNCIA TRABALHISTA

É estranho falar em denunciação caluniosa na

competência da justiça do trabalho, mas não deveria, pois o

objetivo do artigo criminal é penalizar quem comete ato

ilícito contra a administração da justiça, ou seja,

empregado ou empregador, que comete ato atentatório,

acusando-o de que sabe inocente de um crime a ele imputado,

movimentando toda a máquina processual, para, às vezes, se

esquivar de alguma obrigação que lhe imposta.

Em observações jurisprudenciais percebe-se o quão

interessante é esta questão, pois se verifica que por

diversas vezes empregadores para não indenizar regularmente

seus funcionários ao dispensá-los, acusa-os de praticar

crime, ou seja, para que entre nas hipóteses de dispensa

por justa causa e conseqüentemente, havendo rescisão do

contrato de trabalho pelo empregador, como dispõe o art.

482 da CLT, alíneas d, j e k, não terá que pagar verbas

indenizatórias, nem multa.

Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato detrabalho pelo empregador: a) ato de improbidade;b) incontinência de conduta ou mau procedimento; c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão doempregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa paraa qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço; d) condenação criminal do empregado, passada em julgado, casonão tenha havido suspensão da execução da pena; e) desídia no desempenho das respectivas funções; f) embriaguez habitual ou em serviço; g) violação de segredo da empresa;

55

h) ato de indisciplina ou de insubordinação;i) abandono de emprego;j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contraqualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo emcaso de legítima defesa, própria ou de outrem; k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadascontra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso delegítima defesa, própria ou de outrem; l) prática constante de jogos de azar.Parágrafo único - Constitui igualmente justa causa para dispensa deempregado a prática, devidamente comprovada em inquéritoadministrativo, de atos atentatórios à segurança nacional. (CLT, 1943)

São inúmeros os crimes listados no Código Penal, e

qualquer deles caberá para a denunciação caluniosa, desde

que, aconteça o tipo penal.

Pode-se citar, por exemplo, um empregador, que não

desejando pagar ao empregado, “cria uma ofensa”, v.g.,

injúria (art. 140 do CPB), e mediante queixa-crime,

instaura um procedimento contra seu funcionário, com o fim

de obter uma resposta “justa” à sua ofensa, e para tanto,

fica configurado no art. 482 da CLT, alínea K, o fato: “ato

lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas

praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos,

salvo em legitima defesa, própria ou de outrem”.

Instaurado o procedimento, percebe-se que não houve

qualquer ofensa e fica provado que o objetivo era se

esquivar da indenização devida ao empregado, justificável

pela alta carga tributária do nosso país, o que não vem a

ser, objeto desse trabalho.

Fica configurada, a denunciação caluniosa, ou seja,

seria uma ofensa à justiça do trabalho, pois o fim, não era

56

o de instaurar procedimento criminal, mas sim, não cumprir

com as obrigações legais impostas ao empregador.

A pergunta que se faz é a seguinte: a denunciação

caluniosa ocorreu em decorrência de fato criminal ou em

detrimento do labor? Percebe-se que, se a relação for entre

empregador e obreiro, será contra a administração da

Justiça do Trabalho, sendo da competência Trabalhista.

Jomara Cadó Bessa bem expressa o constante conflito

que há entre as competências da Justiça Penal e Justiça

Trabalhista:

Nesse diapasão, e pelo quanto exposto, fere o espírito e afinalidade mesma da chamada Reforma do Poder Judiciário negaraos juízes do trabalho a chamada competência penal estrita (comoos fere, paralelamente, negar ao Ministério Público do Trabalho alegitimidade penal correspondente). ( BESSA, 2009)

Sendo legitimo a Justiça Laborativa trabalhar para que

não haja atos ofensivos contra sua estrutura

administrativa, ora, se ela não o fizer, será deixado para

a justiça Criminal processar e julgar crimes que são

oriundos da relação entre trabalhador e empregador, ou

seja, a justiça penal deverá ter os cuidados concernentes

ao vínculo existentes entre eles.

7.1 – Da legitimidade do Ministério Público do Trabalho em

matéria penal

57

Faz-se uma ressalva e abre espaço para apresentar a

competência do Ministério Público conforme constam no art.

127 e seguintes da Constituição Federal do Brasil de 1988,

que atribuem ao MPT:

Art. 127 – O Ministério Público é instituição permanente,essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesada ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociaisindividuais e indisponíveis.§ 1º - São os princípios institucionais do Ministério Público a unidade,a indivisibilidade e a independência funcional.Art. 128 – O Ministério Público abrange:I – O Ministério Público da União, que compreende:b) O Ministério Público do Trabalho;Art. 129 – São funções institucionais do Ministério Público: I – promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;( BRASIL, 1988)

Portanto, inquestionável a legitimidade do MPT, não há

que se falar em condição quanto à direção de um ou outro

Ministério Público.

Entretanto, existe a Lei Orgânica do Ministério

Público da União (LOMPU) em seu artigo 84, caput, atribui

ao MPT atuação dentro de suas atividades desenvolvidas, ou

seja, dentro da atividade advinda do labor, e ainda quando

tiver conhecimento de fato criminoso que decorrem das

relações obreiras.

58

8 – CONCLUSÃO

Constatou-se no presente trabalho que pode haver

competência criminal na esfera trabalhista, como bem

explica D’Ambroso em seu artigo Comentários à ADI nº 3684:

em defesa da competência criminal da Justiça do Trabalho,

diz que:

...a jurisdição penal trabalhista é limitada a algumas condutascapituladas no ordenamento como delituosas, e o seu exercício, aindaque em pequena escala, estimula a solução amigável das lideslaborais e contribui para a erradicação de comportamentos graves enocivos ao trabalhador e à própria sociedade, como trabalho esalário sem registro (informalidade e sonegação de direitos sociais|),falsas anotações de jornada etc., diminuindo, por conseguinte, o graude litigiosidade nas relações entre capital x trabalho. (D’AMBROSO,

Bem escreve Jaqueline Cazoti dos Santos em seu artigo

Competência penal da Justiça do Trabalho:

Com a Constituição Cidadã, o Direito do Trabalho não se resumeapenas a guarnecer Direitos Trabalhistas como férias, salário, décimoterceiro salário, FGTS, dentre outros, mas ganha uma amplitude quelhe é peculiar. A dogmática trabalhista deve zelar pela dignidade dotrabalhador, sua honra, vida, integridade física e moral, fazendo comque o Direito do Trabalho não se torne um ramo desconexo dopreceito fundamental, mas que venha a ser um dos ferrenhos aliadosna busca e concretização da tão sonhada dignidade da pessoahumana e, para o alcance de tal fim, o caminho mais acertado édevolver à Justiça do Trabalho uma competência que sempre foi delapermitindo-se que a Justiça Especializada em comento diga o juspuniendi nos crimes que lhe são próprios, para que, assim, estesfiquem albergados no manto da impunidade. (SANTOS, 2010)

Entretanto, tem-se uma boa notícia, está tramitando no

Congresso nacional uma Proposta de Emenda à Constituição do

Sr. Valtenir Pereira, com objetivo em dar qualificação à

59

Justiça Trabalhista de competência criminal conflitos

oriundos de jurisdição laboral.

Não há razão que justifique, nos dias de hoje, que justamente oramo que trata do direito social seja o único desprovido decompetência penal e, portanto, suscetível a ataques à sua jurisdiçãosem os meios necessários para a repulsa da agressão...

Quanto aos crimes contra a administração da Justiça, abre-se àpossibilidade de melhor enfrentamento das questões de ataque nãosó ao valor social do trabalho humano, como também à própriaJustiça do Trabalho, quando veiculadas através de crimes comodesacato ou falso testemunho, que, deslocados, como tem ocorrido,para o campo da Justiça Federal, resultam em sensível diminuição doramo especializado perante os demais, e entraves decorrentes deprioridades diversas que deságuam, inevitavelmente, na prescriçãoou arquivamento...

Com isso, abre-se caminho à paz social no ambiente laboral e àimposição do valor ético nas relações laborais, pela certeza derepressão de condutas criminosas trabalhistas ou sindicais, já que aagilidade no conhecimento e julgamento das ações penais impedirá aprescrição, fator este que tem inibido o curso do processo penal oumesmo a execução das raríssimas sentenças condenatóriasprolatadas pela Justiça Federal, dado a demora em provocação eresposta do referido ramo judiciário, tanto mais, porque distante daslides trabalhistas e incapaz de responder às necessidades urgentes derepressão no campo das relações capital-trabalho, e que repercutemdiretamente no desenvolvimento econômico sustentável do País. (PEC329, 2008)

Portanto, a denunciação caluniosa na competência

trabalhista, desde que, decorrente de relação obreira, e

não de pura relação criminal, caberia à Justiça do

trabalho resolver estes conflitos oriundos de sua relação

sem qualquer prejuízo para as competências relacionadas

acima, pois, a Justiça Laboral pratica grande intervenção

na esfera intima o que não é permitido na Justiça Penal,

mas serão respeitados o devido processo legal e a ampla

defesa, que são princípios constitucionais auferidos a

todas as jurisdições elencadas na Carta Magna.

60

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