Danusa Andrade2.pdf - Universidade Metodista de Sao Paulo

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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO DIRETORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DOUTORADO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL DANUSA ANDRADE A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA E A NOTÍCIA COMO UM PRODUTO À VENDA: UM ESTUDO DO JORNAL FOLHA DE S.PAULO SÃO BERNARDO DO CAMPO 2021

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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO

DIRETORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

DOUTORADO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL

DANUSA ANDRADE

A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA E A NOTÍCIA COMO UM PRODUTO

À VENDA: UM ESTUDO DO JORNAL FOLHA DE S.PAULO

SÃO BERNARDO DO CAMPO

2021

2

DANUSA ANDRADE

A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA E A NOTÍCIA COMO UM PRODUTO

À VENDA: UM ESTUDO DO JORNAL FOLHA DE S.PAULO

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Comunicação Social da Universidade

Metodista de São Paulo (Umesp), área de

concentração “Processos comunicacionais” e linha

de pesquisa “Comunicação midiática, processos e

práticas socioculturais”, como exigência para a

obtenção do título de Doutora em Comunicação

Social.

Orientação: Prof. Dr. Dimas A. Künsch

SÃO BERNARDO DO CAMPO

2021

3

FICHA CATALOGRÁFICA

An24e

Andrade, Danusa

A evolução tecnológica e a notícia como um produto à venda: um estudo do

jornal Folha de S.Paulo / Danusa Andrade. 2021.

325 p.

Tese (Doutorado em Comunicação Social) --Diretoria de Pós-Graduação e

Pesquisa da Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo,

2021.

Orientação de: Dimas A. Künsch.

1. Folha de S.Paulo (Jornal) – Estudo de caso 2. Comunicação e tecnologia

3. Novas tecnologias (Jornalismo) 4. Jornais – Inovações tecnológicas 5.

Modelos de negócios I. Título.

CDD 302.2322

4

A tese de doutorado intitulada: A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA E A NOTÍCIA COMO UM

PRODUTO À VENDA: UM ESTUDO DO JORNAL FOLHA DE S.PAULO, elaborada por

DANUSA ANDRADE, foi apresentada e aprovada em ________________, perante banca

examinadora composta por Prof. Dr. Dimas A. Künsch (Orientador e Presidente da Banca

Examinadora/Umesp), Prof. Dr. Mateus Yuri Passos (Umesp), Prof. Dr. Ivan Paganotti

(Umesp), Profa. Dra. Cicélia Pincer Batista (ESPM) e Profa. Dra. Janaína Capobianco.

PROF. DR. DIMAS A. KÜNSCH

Orientador e Presidente da Banca Examinadora

PROF. DR. VANDER CASAQUI

Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social

Programa: Pós-Graduação em Comunicação Social

Área de Concentração: Processos Comunicacionais

Linha de Pesquisa: Comunicação midiática, processos e práticas socioculturais

5

Dedico à minha mãe, Antonia, ao meu marido, Andrade Neto, e à minha filha, Nicole.

6

AGRADECIMENTOS

Uma pesquisa desta natureza não se faz do dia para a noite. Como a água do rio que

percorre um longo caminho até desaguar no mar, este estudo teve uma trajetória extensa,

cheia de desafios, que começou há 20 anos, na graduação em Jornalismo, na Unifev, em

Votuporanga (SP), minha cidade natal. Um estudo como este também não se constrói a partir

do empreendimento individual, sendo as sinalizações aqui apontadas resultado de um esforço

conjunto, cristalizado no suporte oferecido generosamente por professores, colegas, amigos e

familiares.

Neste momento, eu dedico os meus agradecimentos àqueles que me apoiaram desde os

primeiros passos desta jornada, como Silvia Cuenca Stipp, na graduação. O que eu entendo

por jornalismo, ética e compromisso com a informação, aprendi com ela.

No início da década de 2010, quando eu ingressei em uma pós-graduação na Unitoledo

(Araçatuba-SP), recebi o apoio da querida e competente Karenine Cunha, que me deu o

suporte necessário para o início das atividades acadêmicas. Menciono aqui, nesse mesmo

período, a ajuda dos queridos Ana Maria e Pedro Rauber, que pacientemente me ensinaram

o beabá da produção científica. Lembro-me, também desta mesma época, das contribuições de

um amigo da família, Euclides Reuter de Oliveira, que bondosamente corrigiu alguns textos

meus, apontando falhas e potencialidades. Roberto Ferreira Filho, considerado um irmão

pelo meu marido e um grande amigo por mim, também me auxiliou, especialmente na

compreensão de um projeto de pesquisa.

Ao ingressar no Mestrado na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS),

tive o privilégio de aprender com professores brilhantes. E, para a minha sorte, a minha

memória guarda os ensinamentos adquiridos nessa etapa. Registro aqui os meus

agradecimentos ao meu então orientador, Prof. Dr. Mario Luiz Fernandes, e aos professores:

Profa. Dra. Márcia Gomes, Profa. Dra Maria Luceli Batistore, Prof. Dr Geraldo Vicente

Martins, Profa. Dra Sônia Virgínia Moreira, Prof. Dr. Josenildo Guerra. A Profa. Dra

Thaís Fenelon foi quem me incentivou a seguir o caminho para o Doutorado e dividiu

comigo a sua boa experiência na Universidade Metodista de São Paulo (Umesp). O Prof. Dr.

Marcos Paulo da Silva, também paulista, de Lençóis Paulista, revelou-se uma figura de

extrema generosidade. Apoiou-me desde o percurso no Mestrado e seguiu ajudando-me de

múltiplas formas no Doutorado, tornando-se um grande amigo.

No Doutorado, senti-me novamente privilegiada pela oportunidade de incorporar as

contribuições de grandes nomes do campo da Comunicação brasileira. Registro meus

agradecimentos aos seguintes professores: Profa. Dra. Cicilia Peruzzo, Prof. Dr. Daniel

Galindo, Prof. Dr. Luciano Satler, Prof. Dr. José Salvador Faro e o Prof. Dr. Sebastião

Squirra, que me orientou até o seu desligamento da Universidade.

Agradeço também aos amigos e aos colegas de profissão, que me apoiaram nesta

trajetória. Registro a ajuda e o apoio de Janaína Capobianco, Krishma Carreira, do casal

Angela Correa e Rafael Gonçalves, de Rogério Andrade, de Reinaldo Cirilo, de Flávio

Agneli Mesquita e de Ricardo Alvarenga.

7

Agradeço imensamente à Profa. Dra. Cicélia Pincer Batista e ao Prof. Dr. Mateus

Yuri Passos pelas irretocáveis contribuições na Banca de Qualificação deste trabalho,

oferecendo caminhos, observações e indicações de grande valia para esta investigação.

À Jaqueline Florentino, revisora deste trabalho, que possui genuíno talento e que

atua com brilhantismo em tudo o que se dispõe a fazer, o meu muito obrigada!

Agradeço a bolsa de estudos concedida pela Capes, que representou apoio

fundamental aos meus estudos no doutorado.

Dedico um registro especial ao meu orientador, Prof. Dr. Dimas Künsch, referência

brasileira do método da Compreensão, que possui riquíssima experiência em orientações de

dissertações e de teses, e que, para mim, beira a genialidade, com uma bagagem frutífera de

conhecimentos. Encorajador, ele soube olhar com carinho para o meu projeto, e forneceu o

melhor direcionamento que ele poderia receber. Foi, neste período de orientação, um amigo

querido, mas, acima de tudo, um grande orientador, exigindo de mim o que ele entendia que

eu poderia alcançar.

Aos amigos Rose Freitas e Hudson Gomes, que acompanham alguns dos momentos

mais importantes da minha vida, o meu apertado abraço e eterno agradecimento. Também

dedico o meu carinho e a minha gratidão à querida Lívia Junqueira, sinônimo de disciplina e

dedicação, pela valiosa ajuda.

Agradeço à minha cunhada Manuela Moraes Junqueira de Andrade, aos meus

irmãos Danilo Augusto de Santana Siqueira e Daniela C. de Santana Siqueira e aos meus

sogros, Simone Andrade e Olavo Junqueira de Andrade, pelo apoio e incentivo.

Ao meu marido, Andrade Neto, e à minha mãe, Antonia C. de Santana, eu rendo os

meus mais profundos agradecimentos pelo suporte, dedicação e apoio incondicional e

imensurável durante esse percurso. Sem vocês eu não teria conseguido.

Por fim, agradeço a nossa cerejinha do bolo, minha amada filha Nicole Santana

Junqueira de Andrade, que acompanhou a minha trajetória no doutorado da forma mais

próxima possível. Primeiro, durante a gestação, no ano de 2017, quando eu frequentava as

aulas, e depois, acompanhando-me no trabalho no computador, no meu colo, muitas vezes.

Ela agora, com quase 3 anos, às vésperas de Natal, me revelou o que gostaria de ganhar do

Papai Noel: aprender a trabalhar. Já valeu o esforço!

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RESUMO

A partir do método da Hermenêutica de Profundidade, como formulado por J. B. Thompson e

com o suporte da pesquisa bibliográfica, análise documental e análise de discurso, investiga-

se como a Folha de S.Paulo se comporta no cenário contemporâneo de transformações do

jornalismo a partir da incorporação de aparatos tecnológicos, o que significa, em resumo,

tentar identificar como essa empresa busca um modelo de negócio, enquanto produtora da

notícia, no universo da cultura digital. De modo específico, a pesquisa estuda como o tema e

esse cenário se deixam representar no mundo da pesquisa; verifica formas alternativas de

produção de notícias no Brasil dentro desse mesmo cenário de transformações, e aprofunda o

tema das recentes alterações no jornalismo sob o prisma da tecnologia. Diante das alterações

vividas pela atividade jornalística e a partir das práticas da Folha, o estudo questiona: como as

empresas jornalísticas buscam respostas para as transformações que atravessam o setor a

partir das inovações tecnológicas, sobretudo, após o surgimento da internet, de modo que a

informação possa continuar sendo oferecida por elas como um produto no mercado da

comunicação? São três os pressupostos, ou hipóteses de trabalho: 1) a adesão da Folha às

mudanças nesse mercado pode representar um indicativo de que o jornal, seguindo tendências

mundiais, abandone em um futuro próximo a produção impressa para dedicar-se apenas à

comercialização de notícias no mundo digital; 2) as grandes organizações jornalísticas

brasileiras, que incorporaram o modelo norte-americano de produção de notícia, deverão

seguir as tendências do setor, como a da automação da produção de notícia; 3) nesse ambiente

de efervescência tecnológica, iniciativas jornalísticas alternativas conquistam um nicho de

mercado emergente, às vezes na contramão dos processos convencionais. O estudo se realiza

em três grandes etapas: 1) Descreve os contornos do fenômeno da emergência de novas

percepções, iniciativas e projetos empresariais jornalísticos; 2) traça um panorama geral sobre

o olhar do pesquisador brasileiro a respeito desses fenômenos, a partir do estudo da produção

científica de duas das mais prestigiadas entidades acadêmicas brasileiras, a Associação

Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (Compós) e a Sociedade

Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor); 3) estuda o caso da Folha de S.Paulo,

que é reconhecidamente um jornal de expressão nacional, pioneiro em várias de suas

inovações. Entre as principais referências consultadas, encontram-se Luciana Mielniczuk,

Poliana Ferrari, Josias de Souza, Cremilda Medina, Janaína Capobianco, Raquel Recuero,

Ramón Salaverría, Edson D´Almonte, Jürgen Habermas e Alex Primo, para o tema da

presença do jornalismo na sociedade e das mudanças que a atividade atravessa no momento, a

partir do prisma tecnológico; a pesquisa também se ampara nas contribuições de Marcos

Palacios, Alexandre Lenzi, Ismael Nafría, Isabela de Souza Gonçalves e Caio Túlio Costa,

sobre os modelos de negócio das organizações jornalísticas no cenário digital. O principal

resultado esperado, além do reforço às pesquisas que vêm sendo desenvolvidas na área da

comunicação e do jornalismo sobre o tema, é o de contribuir para um entendimento dos

modos como o jornalismo se faz e refaz na contemporaneidade, em suas relações com o

direito do cidadão à informação, com a esfera pública e com a democracia.

Palavras-chave: Comunicação. Jornalismo. Tecnologia. Modelo de negócio. Folha de

S.Paulo.

9

ABSTRACT

Based on the method of Depth Hermeneutics, as formulated by J.B. Thompson and with the

support of bibliographic research, document analysis and discourse analysis, it is investigated

how Folha de S. Paulo behaves in the contemporary scenario of changes in journalism from

the incorporation of technological devices, which means, in short, trying to identify how this

company seeks a business model, as a news producer, in the universe of digital culture.

Specifically, the research studies how the theme and this scenario are represented in the world

of research; it verifies alternative forms of news production in Brazil within this same

scenario of transformations, and deepens the theme of recent changes in journalism from the

perspective of technology. In view of the changes experienced by journalistic activity and

based on Folha's practices, the study asks: how journalistic companies seek answers to the

transformations that are going through the sector based on technological innovations,

especially after the emergence of the internet, so that information can it continue to be offered

by them as a product in the communication market? There are three assumptions, or

hypotheses of work: 1) Folha's adherence to changes in this market may represent an

indication that the newspaper, following global trends, will abandon printed production in the

near future to dedicate itself only to the commercialization of news in the digital world; 2) the

large Brazilian journalistic organizations, which incorporated the North American news

production model, should follow the trends in the sector, such as the automation of news

production; 3) in this environment of technological effervescence, alternative journalistic

initiatives conquer an emerging market niche, sometimes against conventional processes.The

study is carried out in three major stages: 1) It describes the contours of the phenomenon of

the emergence of new perceptions, initiatives and journalistic business projects; 2) provides

an overview of the Brazilian researcher's view of these phenomena, based on the study of the

scientific production of two of the most prestigious Brazilian academic entities, the National

Association of Postgraduate Programs in Communication (Compós) and Society Brazilian

Journalism Researchers (SBPJor); 3) studies the case of Folha de S.Paulo, which is

recognized as a national newspaper, a pioneer in several of its innovations. Among the main

references consulted are Luciana Mielniczuk, Poliana Ferrari, Josias de Souza, Cremilda

Medina, Janaína Capobianco, Raquel Recuero, Ramón Salaverría, Edson D´Almonte, Jürgen

Habermas and Alex Primo, for the theme of the presence of journalism in society and the

changes that the activity is going through at the moment, from a technological perspective; the

research is also supported by the contributions of Marcos Palacios, Alexandre Lenzi, Ismael

Nafría, Isabela de Souza Gonçalves and Caio Túlio Costa on the business models of

journalistic organizations in the digital scenario. The main expected result, in addition to

reinforcing the research that has been developed in the area of communication and journalism

on the subject, is to contribute to an understanding of the ways in which journalism is made

and remakes in contemporary times, in its relations with the law from citizens to information,

with the public sphere and with democracy.

Keywords: Communication. Journalism. Technology. Business model. Folha de S.Paulo.

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RESÚMEN

A partir del método de la Hermenéutica Profunda, formulado por J.B. Thompson y con el

apoyo de la investigación bibliográfica, el análisis documental y el análisis del discurso, se

investiga cómo se comporta Folha de S. Paulo en el escenario contemporáneo de cambios en

el periodismo a partir de la incorporación de la tecnología. dispositivos, lo que significa, en

definitiva, intentar identificar cómo esta empresa busca un modelo de negocio, como

productora de noticias, en el universo de la cultura digital. En concreto, la investigación

estudia cómo la temática y este escenario se representan en el mundo de la investigación;

verifica formas alternativas de producción de noticias en Brasil dentro de este mismo

escenario de transformaciones, y profundiza el tema de los cambios recientes en el periodismo

desde la perspectiva de la tecnología. Ante los cambios experimentados por la actividad

periodística y con base en las prácticas de Folha, el estudio se pregunta: ¿cómo buscan las

empresas periodísticas respuestas a las transformaciones que está atravesando el sector en

base a las innovaciones tecnológicas, especialmente tras el surgimiento de internet, para que

la información ¿Pueden seguir ofreciéndolo como producto en el mercado de la

comunicación? Hay tres supuestos, o hipótesis de trabajo: 1) La adhesión de Folha a los

cambios en este mercado puede representar un indicio de que el periódico, siguiendo las

tendencias globales, abandonará la producción impresa en un futuro próximo para dedicarse

únicamente a la comercialización de noticias en el mundo digital; 2) las grandes

organizaciones periodísticas brasileñas, que incorporaron el modelo de producción de noticias

norteamericano, deben seguir las tendencias del sector, como la automatización de la

producción de noticias; 3) en este entorno de efervescencia tecnológica, las iniciativas

periodísticas alternativas conquistan un nicho de mercado emergente, a veces frente a

procesos convencionales. El estudio se desarrolla en tres grandes etapas: 1) Describe los

contornos del fenómeno del surgimiento de nuevas percepciones, iniciativas y proyectos

empresariales periodísticos; 2) ofrece un panorama de la visión del investigador brasileño

sobre estos fenómenos, a partir del estudio de la producción científica de dos de las más

prestigiosas entidades académicas brasileñas, la Asociación Nacional de Postgrados en

Comunicación (Compós) y la Sociedad Brasileña de Investigadores de Periodismo (SBPJor);

3) estudia el caso de Folha de S.Paulo, que es reconocido como un periódico nacional,

pionero en varias de sus innovaciones. Entre las principales referencias consultadas se

encuentran Luciana Mielniczuk, Poliana Ferrari, Josias de Souza, Cremilda Medina, Janaína

Capobianco, Raquel Recuero, Ramón Salaverría, Edson D´Almonte, Jürgen Habermas y Alex

Primo, por el tema de la presencia del periodismo en la sociedad y los cambios que está

atravesando la actividad en este momento, desde una perspectiva tecnológica; la investigación

también cuenta con las aportaciones de Marcos Palacios, Alexandre Lenzi, Ismael Nafría,

Isabela de Souza Gonçalves y Caio Túlio Costa sobre los modelos de negocio de las

organizaciones periodísticas en el escenario digital. El principal resultado esperado, además

de reforzar la investigación que se ha desarrollado en el área de la comunicación y el

periodismo sobre el tema, es contribuir a la comprensión de las formas en que se hace y

rehace el periodismo en la época contemporánea, en su relaciones con la ley de la ciudadanía

a la información, con la esfera pública y con la democracia.

Palabra clave: Comunicación. Periodismo. Tecnología. Modelo de negocio. Folha de

S.Paulo.

11

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Capa da edição de 18 de dezembro de 2020 da Folha de S.Paulo ....................... 157

Figura 2 – Página inicial do site da Folha de S.Paulo em 18/12/2020, a partir de smartphone

................................................................................................................................................ 169

Figura 3 – Barra principal de assuntos contemplados pelo conteúdo do jornal .................... 171

12

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – núcleos temáticos identificados nas pesquisas selecionadas na Compós e na

SBPJor na última década .......................................................................................................... 83

Tabela 2 – Núcleos temáticos ano a ano na Compós e na SBPJor .......................................... 85

Tabela 3 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2011 ......................................................... 87

Tabela 4 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2012 ......................................................... 88

Tabela 5 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2013 ......................................................... 89

Tabela 6 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2014 ......................................................... 90

Tabela 7 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2015 ......................................................... 91

Tabela 8 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2016 ......................................................... 92

Tabela 9 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2017 ......................................................... 93

Tabela 10 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2018 ....................................................... 94

Tabela 11 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2019 ....................................................... 95

Tabela 12 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2020 ....................................................... 96

Tabela 13 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2012 e suas palavras-chave .................... 99

Tabela 14 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2013 e suas palavras-chave .................. 101

Tabela 15 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2014 e suas palavras-chave .................. 104

Tabela 16 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2015 e suas palavras-chave .................. 106

Tabela 17 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2016 e suas palavras-chave .................. 108

Tabela 18 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2017 e suas palavras-chave .................. 111

Tabela 19 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2018 e suas palavras-chave .................. 115

Tabela 20 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2019 e suas palavras-chave .................. 118

Tabela 21 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2020 e suas palavras-chave .................. 121

13

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Práticas atuais de produção e disseminação de informação no jornalismo .......... 29

Quadro 2 – Características comuns às cinco mídias digitais .................................................. 48

Quadro 3 – Características gerais das mídias estudadas ......................................................... 57

Quadro 4 – Características gerais das soluções para o jornalismo digital .............................. 69

Quadro 5 – Características gerais dos 7 modelos de negócio para o jornalismo .................... 72

Quadro 6 – Síntese dos principais acontecimentos e ações ligadas às incorporações

tecnológicas da Folha de S.Paulo nos primeiros 80 anos do jornal ........................................ 144

Quadro 7 – Ano e título dos sete projetos editoriais da Folha .............................................. 148

Quadro 8 – Hospedagem e desempenho da Folha, O Globo e Estadão no Facebook, Twitter,

Instagram e Youtube ............................................................................................................... 179

Quadro 9 – Análise do Discurso dos depoimentos dos representantes da Folha .................. 189

Quadro 10 – Passagem do objeto discursivo para a formação discursiva da Análise de

Discurso de representantes da Folha ...................................................................................... 197

Quadro 11 – Passagem do objeto discursivo para a formação discursiva da Análise de

Discurso de representante da Folha ........................................................................................ 200

Quadro 12 – Modelo de negócio da Folha em 2020 ............................................................. 201

14

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 15

O FENÔMENO DAS MUDANÇAS NO JORNALISMO E A BUSCA DE SAÍDAS PELAS

ORGANIZAÇÕES ............................................................................................................... 28

1.1 Panorama das alterações do jornalismo na contemporaneidade ........................................ 31

1.2 Nova esfera pública: novos atores, novas experiências e a força do jornalismo local ........... 43

1.2.1 Nova esfera do jornalismo ............................................................................................... 43

1.2.2 Novos atores e suas audiências ......................................................................................... 46

1.2.3 Iniciativas no jornalismo nativo digital .............................................................................. 47

1.2.4 A retomada do jornalismo local pelas organizações ............................................................ 58

1.3 A busca de saídas pelas organizações jornalísticas ............................................................ 64

1.3.1 O modelo do New York Times ......................................................................................... 66

1.3.2 Projetos, intuições e saídas possíveis ................................................................................. 67

O OLHAR DO PESQUISADOR BRASILEIRO .................................................................... 74

2.1 Um panorama dos textos da Compós e da SBPJor ............................................................ 81

2.2 Nível de verificação geral ................................................................................................. 82

2.3 Nível das palavras-chave .................................................................................................. 86

2.4 Nível analítico de amostragem ....................................................................................... 128

2.5 O que a pesquisa brasileira sinaliza ................................................................................ 137

UM ESTUDO DA FOLHA DE S.PAULO SOB O ÂNGULO DA TECNOLOGIA E DA

GERAÇÃO DE NOVOS MODELOS DE NEGÓCIO .......................................................... 140

3.1 Um panorama da história da Folha de S.Paulo ............................................................... 142

3.1.1 Breve história da Folha a partir de inovações tecnológicas ................................................. 142

3.1.2 O compromisso público do Projeto Folha ........................................................................ 148

3.2 Check-up da Folha de S.Paulo ....................................................................................... 156

3.2.1 A Folha de S.Paulo na versão impressa ........................................................................... 156

3.2.2 O retrato do site da Folha .............................................................................................. 169

3.2.3 A Folha nas redes sociais............................................................................................... 178

3.3 A notícia como um produto à venda com o suporte da tecnologia .................................... 181

3.3.1 O discurso da Folha no documentário O Jornal do futuro ................................................... 181

3.3.2 O discurso da Folha na discussão sobre o futuro do jornalismo a partir dos encontros realizados

pelo jornal ........................................................................................................................... 191

3.3.3 O atual modelo de negócio da Folha ............................................................................... 201

3.4 As práticas da Folha pelo enfoque da Hermenêutica de Profundidade ............................. 206

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 210

REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 217

APÊNDICE A .................................................................................................................... 230

APÊNDICE B ..................................................................................................................... 249

15

INTRODUÇÃO

Uma das tendências dos estudos atuais do campo comunicacional é a investigação de

fenômenos emergentes que incidem sobre o cotidiano dos seres humanos e que se refletem

nos contextos social, político e cultural da sociedade onde estão inseridos. A atividade

jornalística, que transita por significativas alterações desde os seus primórdios, como

fenômeno da chamada Modernidade, sempre recebeu atenção especial da ciência que

acompanhou, como nenhuma outra, a chegada do jornal, do rádio, da televisão e da internet.

Neste momento de nossa História, por razões que esta tese pretende deixar claras, expressivo

número de pesquisadores se debruça a investigar como as inovações tecnológicas alteram,

transformam e redefinem os formatos do jornalismo e as suas formas de comercialização na

contemporaneidade.

Antes de abarcar o objeto desta pesquisa, é imperioso traçar os seus contornos. Um

dos braços – e talvez também as pernas – desse desenho se refere à tecnologia, que atua como

protagonista das mudanças sofridas pelo jornalismo, e integra um complexo contexto. Em A

realidade complexa da tecnologia, Alberto Cupani defende que a própria definição de

tecnologia, em um breve olhar na bibliografia filosófica, não é apenas plural, como em alguns

casos aparentemente desvinculada. Ele compreende que essa desconcertante multiplicidade de

caracterizações é, por si só, um sinal da complexidade da tecnologia.

Alberto Cupani considera que a questão se complica ao repararmos que, pressuposto o

grau de instrução, todas as pessoas sabem o que significa a tecnologia. Todo mundo pode, se

não defini-la, indicar um objeto tecnológico. Porém, alguns dirão que um telescópio é um

objeto tecnológico, mas um par de óculos, não. Médicos, engenheiros e militares podem estar

certos de usar com regularidade recursos tecnológicos, ao passo que outros, como os artistas,

padres e políticos, poderão alegar que não o fazem, se esquecendo que tintas, instrumentos

musicais e a eletricidade que ilumina os templos são produtos tecnológicos. O autor nos

conclama a buscar a tecnologia não apenas no âmbito dos objetos, mas também das atividades

humanas.

A tecnologia representa um dos principais pontos da obra de Michael Zimmerman

Confronto de Heidegger com a modernidade-tecnologia, política e arte. O autor discute como

Martin Heidegger interpretou e avaliou a tecnologia moderna. De acordo com Zimmerman,

para Heidegger, a tecnologia possui três significados inter-relacionados: primeiro, as técnicas,

16

os instrumentos, sistemas e processos de produção normalmente associados ao industrialismo;

depois, a visão do mundo racionalista, científica, mercantilista, utilitarista, geralmente

associada à modernidade; e, por fim, o contemporâneo modo de compreender e de revelar as

coisas, o qual torna possível tanto os processos de produção industrial, como a visão

modernista do globo.

Adotando como significado mais importante de tecnologia moderna o da revelação

contemporânea das coisas como matéria-prima, Zimmerman sinaliza que Heidegger

sustentava que as atividades humanas não são na sua maior parte autorreferenciais e auto-

geradoras, mas guiadas e moldadas pela interação histórica da linguagem e dos conceitos, que

está fora do controle humano, pois essa interação conceitual-linguística determina as

categorias que moldam as possibilidades de conhecimento e de ação em épocas específicas.

É fato que a humanidade sempre recorreu a aparatos tecnológicos para finalidades

comunicacionais. De acordo com Antonio Costela, em seu clássico Comunicação: do grito ao

satélite, depois do grito, do gesto, da linguagem e da fala, o homem passou a reproduzir cenas

em desenhos. Também criou, a partir da tecnologia que dispunha, a pictografia, a escrita e a

fixação do conhecimento em substrato material. Da mesma forma, o jornalismo incorporou,

desde a sua fase embrionária, ferramentas tecnológicas que foram fundamentais para o seu

desenvolvimento. O jornal impresso, que surgiu por volta do ano de 1600, bebeu da fonte

tecnológica, usufruindo do advento da máquina tipográfica inventada na Europa em meados

do século XV. Depois da invenção da eletricidade, do fio elétrico, do telégrafo, dos cabos

submarinos, do telefone, em 1876, do telégrafo sem fio, surgiram o rádio, em 1920 e a

televisão em 1927, com as demonstrações públicas da Bell Telephone Company. Essas

inovações abriram a passagem para o surgimento da comunicação via satélite, do computador

e da internet, que surgiu no final da década de 1950, a partir de projetos desenvolvidos por

agências do Departamento de Defesa Americano.

Pierry Lévy, um dos pesquisadores contemporâneos que discute a questão das

tecnologias da comunicação com propriedade, sustenta, em sua obra Cibercultura, que a

principal revolução na comunicação planetária surgiu entre 1990 e 1997 a partir de uma

pequena equipe de pesquisadores do CERN, em Genebra, Suíça, que desenvolveu a World

Wide Web. Ele reconhece que foi o movimento da cibercultura – definido pelo autor como o

espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e das memórias

dos computadores – que fez da web o sucesso atual, propagando um dispositivo de

comunicação e de representação que correspondia a suas formas de operar.

17

Walter Teixeira Lima Júnior, em “Big Data, jornalismo computacional e data

journalism: estrutura, pensamento e prática profissional na web de dados”, recorda que as

Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC´s) produziram profundas alterações nos

últimos 60 anos em todos os segmentos da sociedade organizada. O artefato tecnológico que

impulsionou esse campo foi a criação da máquina computacional, que abriu portas para a

Ciência da Computação. A evolução desse domínio possibilitou o barateamento do custo de

produção das máquinas computacionais, embarcadas por computadores, celulares e outros

dispositivos móveis.

Dando seguimento aos contornos de nosso objeto, a pesquisa considera o início da

digitalização das redações e como se deu esse processo no Brasil. Em sua obra

Características e implicações do jornalismo na Web, Luciana Mielniczuk, uma das expoentes

dos estudos sobre o jornalismo no mundo digital no Brasil, resgata que a internet passou a ser

empregada, de forma expressiva, para atender finalidades jornalísticas, a partir da utilização

comercial, que coincide com o desenvolvimento da web, no início dos anos 1990. Outra

importante pesquisadora deste segmento no país, que também acompanhou os primeiros

passos do jornalismo no ambiente digital, Poliana Ferrari recorda, em Jornalismo digital, que,

no Brasil, o primeiro site jornalístico brasileiro foi o do Jornal do Brasil, criado em 1995, 26

anos depois da concepção da internet, nos Estados Unidos.

Luciana Mielniczuk identifica as seguintes fases do jornalismo digital no Brasil: em

um primeiro momento, os produtos oferecidos eram reproduções de partes dos grandes

veículos impressos, que passavam a ocupar espaço na internet. Nas primeiras experiências

realizadas, o que era chamado de online não passava da transposição de matérias em uma

atualização a cada 24 horas. E em alguns casos, como o do O Estado de S.Paulo, era

disponibilizado também o conteúdo de alguns cadernos. Uma segunda tendência nas

iniciativas para o jornalismo online foi favorecida pelo aperfeiçoamento e desenvolvimento da

estrutura técnica da internet, quando, atreladas ao modelo do impresso, começam a surgir

experiências na tentativa de explorar as características específicas oferecidas pela rede. Mas o

cenário começou a se alterar com o surgimento de iniciativas empresariais e editoriais

destinadas à internet, com sítios jornalísticos que ultrapassaram a ideia de uma versão para a

web de um jornal impresso existente. Um dos primeiros exemplos desse modelo foi a fusão

entre a Microsoft e a NBC, em 1996.

Caio Túlio Costa, que representa um dos nomes mais expressivos da Folha de

S.Paulo, sobretudo no processo de digitalização do jornal, pontua, em Um modelo de negócio

para o jornalismo digital: como os jornais devem abraçar a tecnologia, as redes sociais e os

18

serviços de valor adicionado, que um dos efeitos mais disruptivos da internet foi o de

combinar modelos de meios e de comunicação em um único canal. A emergência das novas

mídias deu a todo mundo mais liberdade, e o poder de tornar a informação pública saiu das

mãos dos profissionais e instituições da imprensa. Agora, qualquer indivíduo, qualquer

instituição, qualquer organização tem, em certo sentido, poder da mídia.

Ao dar um passo para trás na história, podemos compreender em que circunstâncias o

ambiente digital foi introduzido nas organizações jornalísticas. Em uma célebre crítica sobre a

televisão, TV em questão, o jornalista Josias de Souza, que trabalhou na Folha por 25 anos,

anunciou os equívocos cometidos pelas corporações jornalísticas na década de 1990:

difundiram a tese de que a adesão do Brasil ao consenso liberal era prenúncio de prosperidade

e acreditaram no devaneio.

Josias de Souza retrata a configuração daquela época. De acordo com o autor, crente

na bonança, a indústria da informação traçou planos expansionistas. Contraiu empréstimos em

dólar e plantou em seus balanços encrencas milionárias. Vítima de si mesma, a mídia virou

notícia ao atravessar uma crise sem precedentes, talvez a maior dos últimos 50 anos,

conforme o autor. Com o destino atado a um iminente socorro financeiro do BNDES, a

maioria das empresas de comunicação ficou distante de suas certezas. Para Josias de Souza, o

jornalismo limitou-se a reproduzir, de modo acrítico, a atmosfera de oba-oba e contemplação

em que se processou o debate econômico.

Josias de Souza também expôs como a imprensa estava lidando com a chegada do

digital. Naquele momento, o poder decisório migrava da esfera pública para a arena privada,

numa velocidade que os meios de comunicação não conseguiam acompanhar. Para o autor,

houve um tempo em que o Brasil era governado por três Poderes: Exército, Marinha e

Aeronáutica. Num processo iniciado sob o comando de José Sarney, tonificado por Fernando

Collor, consolidado sob Fernando Henrique Cardoso e mantido por Lula, quando ocupavam a

Presidência, o país passou a ser comandado pelo poder monocrático do mercado, sem rosto e

disperso, que pode estar num gabinete de Washington, numa corretora de Nova York, ou num

escritório da avenida Paulista. Ainda segundo Josias Souza, o Poder Executivo perdia a

primazia regulatória e limitava-se a chancelar decisões ditadas de fora. O Poder Legislativo

virava peça de ornamento. A dissecação desse fenômeno compreendia, naquele momento, o

maior desafio da imprensa.

A comercialização da internet no Brasil é contemporânea do Plano Real, em torno de

1994 e 1995. A Profa. Dra. Cicélia Pincer Batista, que compôs a banca de Qualificação deste

trabalho, considerou, na oportunidade, a relevância de se pensar nesse fato, porque, para as

19

empresas jornalísticas, essa relação tem importância. A crítica formulada por Josias de Souza

considera que, para investir na sua informatização, processo que já tinha iniciado em 1990, as

empresas brasileiras contraíram altas dívidas. E, com a comercialização da internet, o

processo de informatização se intensificou com a criação da www, considerado o segundo

momento da informatização das redações no Brasil.

Como lembrou na ocasião Cicélia Pincer, essas empresas investiram na modernização

da tecnologia de produção e contraíram dívidas em dólares. Num primeiro momento, havia

paridade do dólar com o real. Em 1997, veio a primeira crise e, em 1999, surgiu a crise mais

profunda do real. A crítica de Josias de Souza considera que as empresas não apenas

defenderam, apoiaram e foram porta-vozes do plano real, como também acreditaram e foram

vítimas dessa paridade do dólar, em um processo que foi sanado pelo BNDES. Porém, esse

endividamento teria comprometido a autonomia editorial dos jornais frente ao governo

Fernando Henrique Cardoso.

No Brasil, esse pano de fundo econômico associado a algumas características como

hipertextualidade e interatividade, que são próprias da tecnologia, está na origem da crise do

modelo de negócios enfrentada atualmente pelas empresas jornalísticas que compõem,

conforme Walter Teixeira Lima Júnior no texto citado, o campo comunicacional que transita,

a partir de uma conjunção de fatores, por modificações nos processos e produtos, formando

um novo ecossistema midiático.

Esse breve panorama sobre o processo de digitalização das redações, contextualiza a

paisagem da atividade jornalística da contemporaneidade que vem sofrendo bruscas

alterações, e em períodos cada vez mais curtos, impondo às organizações a busca de saídas

para manterem os seus negócios.

Desde a expansão dos aparatos tecnológicos no setor comunicacional, a crescente

convergência e a hibridização midiática instauradas no ambiente digital possibilitaram saltos

significativos de transformação do jornalismo, a começar pelo engajamento e a participação

do público leitor. Em Cultura da conexão, Henry Jenkins sinaliza que as salas de imprensa

ainda estão se debatendo para tentar entender quais podem ser seus novos papéis nesse

ambiente formatado pelo que acontece com as comunidades on-line, em que os cidadãos

podem cobrar o que os jornalistas devem cobrir e ainda reunir informações recorrendo a uma

diversidade de fontes quando os meios jornalísticos tradicionais de notícias não fornecem as

informações desejadas.

Outra grande alteração no jornalismo, a partir do prisma tecnológico, diz respeito ao

controle da redação. O pesquisador português João Canavilhas, outra expressiva referência no

20

jornalismo digital, compreende, a partir do seu estudo Jornalistas e tecnoatores: a negociação

de culturas profissionais em redações online, que as transformações que atingem o jornalismo

ficam evidentes quando se adota a perspectiva histórica para comparar as redações pré-

digitais e o cenário atual. Os repórteres e editores que mantinham o controle da redação,

agora, precisam estabelecer mecanismos de negociação com profissionais de outras áreas –

como designers e programadores – para levar a cabo a sua missão primordial. Em disputa, o

controle das rotinas e dos produtos, além da própria noção de notícia, antes de exclusivo

domínio do jornalista e, agora, sob a influência também de outros profissionais.

Também é possível elencar, como relevante alteração no jornalismo contemporâneo, a

adoção de redes digitais, como o Facebook, Twitter e Instagram, pelas empresas jornalísticas,

que assumem linguagens e formatos específicos para cada uma delas, impelindo os jornalistas

a encamparem novos desafios.

Uma das mais significativas transformações contemporâneas do jornalismo refere-se à

automação da notícia, no sentido da produção do texto informativo a partir de Inteligência

Artificial. A pesquisadora Krishma Carreira, que se dedica aos estudos deste setor, mapeou,

na investigação “Um panorama das notícias automatizadas no mundo”, entre 2009 e 2017, 62

empresas de jornalismo que produzem notícias automaticamente em 11 países, a saber:

Alemanha, Estados Unidos, França, Israel, Reino Unido, Suécia, Dinamarca, Noruega,

Rússia, China e Coreia do Sul.

Interação do público, mudanças no controle da redação, adoção de redes digitais,

automação da notícia. Essas são algumas das profundas alterações pelas quais o jornalismo

perpassa atualmente e que permeiam um fator central, o tempo. Há um consenso que a

mudança provocada pela tecnologia na comunicação tem ocorrido em intervalos cada vez

mais curtos. Na obra Inevitável: as 12 forças tecnológicas que mudarão nosso mundo, que

traça as tendências tecnológicas que estão em movimento, Kevin Kelly recorda que o telefone

demorou cerca de 75 anos para chegar a 50 milhões de usuários; o rádio, 38, e a televisão, 13,

enquanto a internet levou somente quatro anos, o smartphone apenas três; o Instagram levou

dois anos, o Angry Birds, 35 dias e o Pokemon Go, 15.

A incorporação do mundo digital pelo jornalismo abriu portas para possibilidades

antes impensáveis de produção, circulação e venda de notícias, forçando as organizações

jornalísticas a assumirem grandes desafios nesse ambiente, que sugere a criação de novos

modelos de negócio amparados nas redes e de olho no perfil de público leitor.

Dentro desse contexto, e ao compreender a informação jornalística como produto de

consumo, nos termos de Cremilda Medina, em Notícia, um produto à venda: jornalismo na

21

sociedade urbana e industrial, o estudo objetiva investigar como a Folha de S.Paulo se

comporta neste cenário. Como objetivos específicos, a pesquisa pretende identificar como o

tema e o cenário se deixam representar no mundo da pesquisa; verificar as formas alternativas

de produção de notícias no Brasil e como se localizam nesse ambiente de transformações;

considerar analiticamente as recentes alterações no jornalismo sob o prisma da tecnologia.

Diante das alterações vividas pela atividade jornalística e a partir das práticas do jornal

Folha de S.Paulo, o estudo questiona: como as empresas jornalísticas buscam respostas para a

transformação vivida pelo setor a partir das inovações tecnológicas, sobretudo, após o

surgimento da internet, de modo que a informação possa continuar sendo oferecida por elas

como um produto no mercado da comunicação? Para responder a esta pergunta, o estudo se

apoia em pesquisa bibliográfica e, metodologicamente, recorre à Hermenêutica de

Profundidade e, em um momento específico do trabalho, à Análise de Discurso.

A pesquisa se ampara nos princípios da Análise do Discurso de linha francesa,

derivada de Michel Pêcheux. Em Análise de discurso: princípios e procedimentos, Eni

Orlandi considera que foi justamente pensando que há muitas maneiras de significar que os

estudiosos começaram a se interessar pela linguagem de uma maneira particular, originando a

Análise de Discurso. Esta tomou o discurso como seu objeto próprio nos anos 60 do século

XX, constituindo-se no espaço de questões criadas pela relação entre três domínios

disciplinares: a Linguística, o Marxismo e a Psicanálise. Como dispositivo de observação, a

Análise de Discurso é considerada por Orlandi como a construção de um dispositivo de

interpretação, que tem como característica colocar o dito em relação ao não dito, o que é dito

de um modo como o que é dito de outro, devendo o analista procurar ouvir, naquilo que o

sujeito diz, aquilo que ele não diz, mas que constitui igualmente os sentidos de suas palavras.

Orlandi explica que, na Análise de Discurso, procura-se compreender a língua

enquanto produtora de sentido. Ou seja, a partir da fala, o sujeito constitui um sentido. Orlandi

defende que a Análise de Discurso concebe a linguagem como mediação fundamental entre o

homem e a realidade natural e social, e observa que a Análise de Discurso não trabalha com a

língua enquanto um sistema abstrato, mas com a língua no mundo, com maneiras de

significar, com pessoas falando, considerando a produção de sentidos enquanto parte de suas

vidas. A autora também traça um paralelo entre a Análise de Conteúdo e a Análise de

Discurso. A primeira procura extrair sentidos dos textos respondendo a questão: o que este

texto quer dizer? A segunda coloca a questão: como este texto significa?

Os procedimentos de Análise de Discurso serão utilizados em dois momentos do

capítulo 3 “Um estudo da Folha de S.Paulo sob o ângulo da tecnologia e da geração de novos

22

modelos de negócio”, 1) na compreensão do discurso público que a Folha estabelece sobre as

alterações do Jornalismo e sobre a receita de negócio aplicada pelo jornal, a partir dessas

mudanças, diante das declarações feitas por seus representantes no documentário O jornal do

futuro, de 2010, e 2) no Encontro Folha de Jornalismo de 2016 e de 2020, promovidos pela

organização com o objetivo de discutir os desafios e o futuro do Jornalismo.

O documentário O jornal do futuro retrata as mudanças físicas na redação do jornal,

que permitiram a integração com a Folha.com e mostra o então novo projeto gráfico da Folha.

As edições do Encontro Folha de Jornalismo foram realizadas sempre em celebração ao

aniversário do jornal.

Em Ideologia e cultura moderna: teoria social crítica na era dos meios de

comunicação de massa, John B. Thompson desenvolveu a Hermenêutica de Profundidade

como referencial metodológico para análise dos fenômenos culturais, ou seja, para a análise

das formas simbólicas em contextos estruturados. O autor elaborou uma teoria diferente da

relação entre ideologia e meios de comunicação, repensando a teoria da ideologia à luz do

desenvolvimento dos meios de comunicação. Produziu um referencial teórico que possibilita a

compreensão das características distintivas dos meios de comunicação e o curso específico do

seu desenvolvimento, a partir de um marco referencial, chamado de mediação da cultura

moderna, entendido como o processo geral através do qual a transmissão das formas

simbólicas acabou se tornando sempre mais mediada pelos aparatos técnicos e institucionais

das indústrias de mídia. Sua obra lança o desafio de estudar as formas simbólicas à luz das

relações sociais estruturadas, cujo emprego e articulação podem ajudar em circunstâncias

específicas a criar, apoiar e reproduzir. Delineia, sobretudo, um referencial metodológico

amplo dentro do qual métodos específicos possam ser utilizados e relacionados um com o

outro.

O referencial metodológico desenvolvido por Thompson é fundamentado na tradição

da hermenêutica. O autor incorporou a ideia de Hermenêutica de Profundidade a partir do

trabalho de Paul Ricoeur, que procurou mostrar como a hermenêutica pode oferecer tanto uma

reflexão filosófica sobre o ser e a compreensão, como uma reflexão metodológica sobre a

natureza e tarefas da interpretação social. O valor dessa ideia é que ela permite o

desenvolvimento de um referencial metodológico orientado para a interpretação (ou

reinterpretação) de fenômenos significativos. Permite enxergar que o processo de

interpretação não se opõe aos tipos de análise que tratam das características estruturais das

formas simbólicas, mas, por outro lado, o autor defende que esses tipos de análises podem

23

estar conjuntamente ligados e articulados como passos necessários ao longo do caminho da

interpretação.

A Hermenêutica de Profundidade evidencia o fato de que o objeto de análise é uma

construção simbólica significativa, que exige uma interpretação. Compreende três fases

principais: análise sócio-histórica, análise formal ou discursiva e

interpretação/reinterpretação. A primeira dessas fases se interessa pelas condições sociais e

históricas da produção, circulação e recepção das formas simbólicas. Thompson considera

essa fase essencial, porque as formas simbólicas não subsistem num vácuo. Elas são

fenômenos sociais contextualizados, são produzidas e recebidas dentro de condições sócio-

históricas específicas, que podem ser reconstruídas com a ajuda de métodos empíricos,

observacionais e documentais.

Esse procedimento do referencial da Hermenêutica de Profundidade será aplicado nos

dois primeiros capítulos desta tese. O primeiro, “O fenômeno das mudanças no Jornalismo e a

busca de saídas pelas organizações”, compreende os desafios, projetos e principais alterações

do Jornalismo atualmente. O segundo, “O olhar do pesquisador brasileiro”, reúne as principais

contribuições da pesquisa brasileira da última década sobre as transformações enfrentadas

pelo campo do Jornalismo à luz da tecnologia. O estudo levanta esse panorama ancorado nas

publicações da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação

(Compós) a partir dos Grupos de Trabalho “Comunicação e Cibercultura” e “Estudos de

Jornalismo, que se alinham ao objeto desta tese, e da Associação Brasileira de Pesquisadores

em Jornalismo (SBPJor), em Comunicações Livres ou Individuais e Comunicações

Coordenadas. Essas instituições são reconhecidas no meio acadêmico por reunir os resultados

mais expressivos da pesquisa na área da Comunicação no Brasil.

A segunda fase da Hermenêutica de Profundidade, de acordo com Thompson, pode ser

descrita como a análise formal e discursiva, que estuda as formas simbólicas como

construções simbólicas complexas que apresentam uma estrutura articulada. A pesquisa

elegeu, para essa etapa da Hermenêutica de Profundidade, a análise discursiva da estrutura

narrativa que representa um enfoque comum nos campos de análise literária e textual. Este

tipo de análise permite examinar os padrões, personagens e papéis que são comuns a um

conjunto de narrativas e que constituem uma estrutura subjacente comum. Essa etapa será

aplicada no capítulo 3, “Um estudo da Folha de S.Paulo sob o ângulo da tecnologia e da

geração de novos modelos de negócio”, na análise sobre o modo como a Folha de S.Paulo

opera a produção, circulação e comercialização de notícias atualmente.

24

A terceira e última fase do referencial da Hermenêutica de Profundidade é chamada,

por Thompson, de interpretação (ou reinterpretação). Essa fase volta-se para a explicitação

criativa do que é dito ou representado pela forma simbólica, construindo-se a partir dos

resultados da análise sócio-histórica e da análise formal e discursiva, e indo além. Ela

emprega a análise sócio-histórica e a análise formal ou discursiva para clarear as condições

sociais e as características estruturais da forma simbólica, e procura interpretar uma forma

simbólica sob essa luz. Essa fase da Hermenêutica de Profundidade será aplicada no Capítulo

3, compreendendo as análises anteriores.

O estudo parte do pressuposto, ou, melhor dizendo, levanta a hipótese de que a adesão

da Folha de S.Paulo às mudanças de mercado – que fazem dela, em alguns sentidos, um ícone

brasileiro de modernização –, podem representar um indicativo de que o jornal, seguindo as

tendências mundiais, abandone em um futuro próximo a produção impressa para dedicar-se

apenas à comercialização de notícias no mundo digital. Outra hipótese é a de que as grandes

organizações jornalísticas brasileiras, que incorporaram o modelo norte-americano de

produção de notícia, deverão seguir as tendências do setor, como a automação da produção de

notícia. A pesquisa também compreende que, nesse ambiente de efervescência tecnológica,

iniciativas jornalísticas alternativas estão conquistando um nicho de mercado emergente.

A investigação sobre a notícia como um produto à venda em paralelo à evolução

tecnológica justifica-se pela urgência de se descortinar o contexto, os processos, articulações,

episódios e iniciativas que tangenciam as transformações jornalísticas de uma das maiores

empresas do setor no Brasil. Como Niklas Luhmann, em A realidade dos meios de

comunicação, a pesquisa compreende a relevância central da comunicação como operadora de

todos os sistemas sociais. Portanto, aquilo que sabemos sobre nossa sociedade, ou mesmo

sobre o mundo no qual vivemos, o sabemos pelos meios de comunicação. Na mesma direção,

Douglas Kellner, em A cultura da mídia – estudos culturais: identidade e política entre o

moderno e o pós-moderno, considera que a cultura veiculada pela mídia, cuja imagens, sons e

espetáculos ajudam a urdir o tecido da vida cotidiana, dominam o tempo de lazer, modelando

opiniões políticas e comportamentos sociais.

Também Roger Silverstone, em Por que estudar a mídia?, defende a impossibilidade

de escapar à presença, à representação da mídia, pois passamos a depender da mídia para fins

de entretenimento e informação, de conforto e segurança, para ver algum sentido na

continuidade das experiências. Nesse sentido, todos os esforços empreendidos na tentativa de

se compreender as configurações de um dos principais veículos brasileiros de comunicação

justificam-se por fazer aflorar como são produzidas, circuladas e comercializadas as

25

informações noticiosas que atingem uma representativa parcela do público leitor de notícias

diariamente.

Analisar o processo de transformação nos modos de produção e circulação da notícia

no Brasil significa compreender os contextos social, econômico e cultural vividos pelo país,

que se desdobram em significativas mudanças no principal produto do fazer jornalismo, a

notícia.

A pesquisa justifica-se, ainda, pela abrangência das notícias veiculadas nos meios

digitais junto à audiência. A Comscore, empresa que atua com planejamento, transação e

avaliação de mídia entre plataformas – fonte terceirizada para medição de públicos de

plataforma cruzada –, promoveu uma investigação de dados em 2020, mapeando o consumo

de mídia durante a pandemia de coronavírus no Brasil, comprovando abrangência de usuários

consumidores de informações noticiosas por meios eletrônicos. De acordo com a pesquisa,

sites de informação, categorizados como notícias, revelaram um salto de aproximadamente

440 milhões de acessos por dia para mais de 560 milhões de usuários, representando um

aumento de mais de 27%. O engajamento foi maior em todos os setores, já que o total de

visitas aumentou em 43%. A categoria usuários de mídia, que, segundo o mapeamento, está

sempre entre as três principais, aumentou em 19% os minutos consumidos, sendo que o

consumo de páginas ultrapassou 40 bilhões, o que demonstra um crescimento de 26% entre

uma semana e outra.

Os dados apurados pela última versão da Pesquisa Brasileira de Mídia, em 2016,

confirmam a importância do uso da internet como recurso para obter informação. Quase a

metade dos entrevistados (49%) mencionou em primeiro ou em segundo lugar a rede mundial

de computadores como meio para se informar mais sobre o que acontece no Brasil.

Em nosso entendimento, uma razão básica sustenta a nossa opção pela Análise de

Discurso das declarações dos representantes da Folha de S.Paulo no documentário O jornal

do futuro e nas edições de 2016 e de 2010 do Encontro Folha de Jornalismo: o fato de o

discurso empresarial conter narrativas sobre o futuro do jornalismo e sobre o modelo de

negócio da Folha, que constroem a significação da postura do jornal diante das

transformações do jornalismo.

A abordagem da Hermenêutica de Profundidade será especialmente útil para o

esclarecimento do contexto em que a atividade jornalística se insere na contemporaneidade e

que se articula nos modos de produção e venda de notícias. Os dois primeiros capítulos se

justificam pela necessidade de se entender os processos que ocorrem em contextos ou campos

historicamente específicos e socialmente estruturados, conforme sinaliza Thompson sobre a

26

análise sócio-histórica, primeira fase do referencial metodológico da Hermenêutica de

Profundidade.

A pesquisa chegou à decisão de considerar as investigações sobre as transformações

do jornalismo brasileiro a partir da Compós e da SBPJor, devido ao fato de representarem as

pesquisas mais relevantes da ciência brasileira no cenário comunicacional. O levantamento

aferido na Compós abrange o período de 2011 a 2020, seus anais mais recentes; na SBPJor

compreende o período de 2012 – ano em que a instituição começou a disponibilizar os anais

dos eventos na modalidade online – a 2020. Essa amostragem configura-se como expressiva

devido a sua representatividade na última década.

A pesquisa levantou as contribuições da Compós a partir dos Grupos de Trabalho

“Comunicação e Cibercultura” e “Estudos de Jornalismo”, que se alinham ao objeto desta

investigação. Na SBPJor, o estudo mapeou as investigações que conversam com o tema desta

tese tanto nas Comunicações Livres ou Individuais quanto nas Comunicações Coordenadas.

No início do Capítulo 2, que contempla o olhar do pesquisador brasileiro sobre as recentes

transformações do jornalismo, o assunto será aprofundado.

O estudo está assim dividido: o Capítulo 1, “O fenômeno das mudanças no jornalismo

e a busca de saídas pelas organizações”, traça os contornos do fenômeno da emergência de

novas percepções, iniciativas e projetos empresariais jornalísticos na contemporaneidade.

Constrói um panorama das recentes alterações do jornalismo, compreende a configuração de

novas esferas públicas do jornalismo e abarca um cenário que envolve o surgimento de atores

midiáticos no contexto digital. Considera algumas iniciativas alternativas de jornalismo nativo

digital e ainda sinaliza a ampliação do interesse no jornalismo local. Ao final do capítulo, a

pesquisa identifica alguns projetos, iniciativas e pesquisas que apontam para algumas saídas

possíveis para as organizações jornalísticas da atualidade.

O Capítulo 2, “O olhar do pesquisador brasileiro”, investiga, como o próprio título diz,

o olhar do pesquisador brasileiro sobre o fenômeno das mudanças no Jornalismo e,

especificamente, sobre o tema das novas formas empresariais de produção da notícia, a partir

de um estudo da produção científica da Compós e da SBPJor. O estudo levanta esse panorama

a partir dos textos apresentados anualmente nos Encontros Nacionais das instituições.

Primeiro, traça um panorama dos textos da Compós e da SBPJor; depois a pesquisa conduz

três níveis de análise: o nível de verificação geral, o nível das palavras-chave e o nível

analítico de amostragem.

No Capítulo 3, “Um estudo da Folha de S.Paulo sob o ângulo da tecnologia e da

geração de novos modelos de negócio”, estuda-se o caso da Folha de S.Paulo, que é

27

reconhecidamente um jornal de expressão nacional, pioneiro em várias de suas inovações.

Identifica como o veículo vem cuidando dessa questão desde o advento da internet e como

procura resolver a crise do jornalismo impresso. Para tanto, efetuamos um breve resgate da

história da Folha de S.Paulo com foco nas inovações tecnológicas do jornal desde a sua

fundação, compreendendo, nesse panorama, os sete projetos editoriais do jornal; em seguida,

fazemos um check-up atual sobre a Folha, a partir de três pontos: 1) a versão impressa; 2) a

versão online; 3) a hospedagem no Facebook, Twitter, Instagram e Youtube.

A pesquisa considera o arcabouço desse levantamento documental e aplica o método

de Análise de Discurso para compreender o discurso público que a Folha estabelece sobre as

alterações do Jornalismo e sobre a receita de negócio aplicada pelo jornal a partir dessas

mudanças, tendo em conta declarações feitas por seus representantes no documentário O

jornal do futuro, de 2010, e nas edições do Encontro Folha de Jornalismo de 2016 e de 2020,

promovidas pela organização com o objetivo de discutir os desafios e o futuro do Jornalismo.

Em uma segunda etapa, consideramos o modelo de negócio atual da Folha. Por fim, a

pesquisa avança para o último momento do capítulo, centrado no processo de interpretação e

de reinterpretação de todo o arcabouço apurado, a partir do método de Hermenêutica de

Profundidade, evidenciando a reflexão sobre a notícia como um produto à venda, com o

suporte da tecnologia a partir das práticas da Folha.

28

CAPÍTULO 1

O FENÔMENO DAS MUDANÇAS NO JORNALISMO E A BUSCA DE SAÍDAS

PELAS ORGANIZAÇÕES

A aproximação entre o homem e a tecnologia tem se estreitado tanto – e de maneira

tão rápida – que recentes pesquisas chegam a prever uma possível simbiose entre ambos.

Cupani (2014) defende que os artefatos tecnológicos não existem e nem funcionam

isoladamente, mas fazem parte de sistemas que, por sua vez, se intervinculam. Nós, seres

humanos, agimos e pensamos dentro de sistemas tecnológicos que nos condicionam, de forma

consciente ou não. Para o autor, viver na tecnologia não é mera metáfora, e o

condicionamento a que ele se refere tem suas consequências na inclinação de preferirmos os

recursos mais eficientes e as estratégias mais velozes. Dito de outra forma, a tecnologia faz-se

presente como um mundo humano com suas maneiras peculiares de conduta.

É muito comum, em pleno ano de 2021, verificar como as pessoas à nossa volta (ou

até nós mesmos) estão (estamos) naturalizadas(os) com a presença da tecnologia. Utilizar o

Waze para dirigir, chamar um Uber para ir a algum lugar, enviar uma mensagem para um

amigo via WhatsApp, curtir a foto de uma prima no Facebook, fazer o download de um filme

pelo Youtube, olhar as horas e conferir as mensagens no smartwatch. Essas são algumas das

ferramentas das quais o mercado dispõe para facilitar as nossas vidas, de forma que a

existência da tecnologia foi incorporada à rotina das pessoas, especialmente àquelas que

possuem o poder aquisitivo para adquirir os produtos e serviços à disposição no mercado.

Essa incorporação tecnológica se estende – para além do público consumidor – para as

organizações, das mais variadas finalidades, que acompanham as mudanças e se inserem no

entramado tecnológico que reveste o cotidiano das pessoas que, por sua vez, orientam as suas

vidas pelo círculo informacional que recebem diariamente, seja através das relações sociais,

ambiente escolar, familiar e pela mídia, que sempre se alimentou da fonte tecnológica e que

neste momento transita por significativas rupturas.

Em observância a esse ambiente tecnológico que permeia a vida de milhões de

usuários no mundo, a pesquisa concentra-se neste momento no comportamento do jornalismo

contemporâneo, que transita por uma de suas mais significativas alterações e que forçam as

organizações a repensarem os seus modos de produção, circulação e venda de notícias.

Antes de discutir as questões propostas neste capítulo, consideramos algumas

características e definições que irão amparar a reflexão que pretendemos estabelecer. Partimos

29

das características do jornalismo para a web compreendidas por Marcos Palacios (2003),

quando o jornalismo na web ainda estava em construção: multimidialidade/convergência,

interatividade, hipertextualidade, personalização, memória, instantaneidade do acesso,

possibilitando a atualização contínua do material informativo. Elas refletem as

potencialidades oferecidas pelo mundo digital ao jornalismo desenvolvido para a web.

Também na fase embrionária do jornalismo digital, Mielniczuk (2003) considerou a

inexistência de um consenso sobre a terminologia a ser usada quando nos referimos ao

jornalismo praticado na internet, para a internet ou com o apoio da internet. A autora observou

que autores norte-americanos utilizam o termo jornalismo on-line ou jornalismo digital,

enquanto os espanhóis preferem usar o jornalismo eletrônico, com aparições de

nomenclaturas de jornalismo multimídia ou ciberjornalismo. De forma geral, os autores

brasileiros seguem os norte-americanos, recorrendo com maior frequência a jornalismo on-

line ou jornalismo digital. O Quadro 1 traz algumas definições, conforme a proposta de

Mielniczuk (2003), ainda atual.

Quadro 1 – Práticas atuais de produção e disseminação de informação no jornalismo

NOMENCLATURA DEFINIÇÃO

Jornalismo eletrônico Utiliza equipamentos e recursos eletrônicos

Jornalismo digital ou jornalismo multimídia Emprega tecnologia digital, todo e qualquer

procedimento jornalístico que implica o

tratamento de dados em forma de bits

Ciberjornalismo Envolve tecnologias que utilizam o ciberespaço

Jornalismo on-line É desenvolvido utilizando tecnologias de

transmissão de dados em rede e em tempo real

Webjornalismo Diz respeito à utilização de uma parte específica

da internet, que é a web

Fonte: elaborado pela autora com base nas definições formuladas por Mielniczuk (2003).

A partir das formulações do quadro construído por Mielniczuk (2003), a pesquisa

incorpora a definição de jornalismo digital ou jornalismo multimídia.

Instaladas no ambiente digital e com papel preponderante no atual cenário do

jornalismo, as mídias ou redes sociais também merecem ser consideradas. Janaína Cristina

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Marques Capobianco (2019) recorda que os movimentos de rua de 2013,1 no Brasil, levaram

Manuel Castells à inclusão de um prefácio à edição brasileira de sua obra Redes de

indignação e esperança, de 2013, em que analisa movimentos sociais em redes em todo o

mundo na era da internet. Esses estudos apoiaram a edição de 2016 da célebre A sociedade em

rede, inicialmente publicada em 1996, que compreende as estruturas sociais emergentes nos

domínios da atividade e experiência humana. A obra de 629 páginas conclui que, como

tendência histórica, as funções e os processos dominantes na era da informação estão cada vez

mais organizados em torno de redes que desempenham, conforme Castells (2016), papel

central em sua caracterização da sociedade na era da informação.

Antes disso, Recuero (2008) já definia mídia social como a ferramenta de

comunicação que permite a emergência das redes sociais. De acordo com a autora, para

permitir que as redes sociais se manifestem, esses meios de comunicação precisam subverter a

lógica da mídia de massa para a lógica da participação. É social porque permite a apropriação

para a sociabilidade, a partir da construção do espaço social e da interação com outros atores.

É diferente porque permite essas ações de forma individual e em grande escala. As

características fundamentais de mídia social elencadas por Recuero (2008) são: apropriação

criativa, conversação, diversidade de fluxo de informações; emergência de redes sociais e

emergência de capital social mediado.

Em nosso texto introdutório, mencionamos fatores como a interação do público, as

mudanças no controle da redação, a adoção de redes digitais e a automação da notícia,

relacionando-os às recentes alterações provocadas no jornalismo a partir da incorporação de

aparatos tecnológicos. Nesta fase da pesquisa, iremos refletir sobre essas alterações, traçando,

inicialmente, um panorama das recentes mudanças do jornalismo pela ótica da tecnologia.

Também iremos compreender a nova esfera do jornalismo; identificar novos atores e suas

audiências; investigar a produção alternativa de notícias; considerar a ampliação do interesse

pelo jornalismo local e sinalizar a busca de saídas pelas empresas do setor.

Este capítulo também abarca a primeira fase do enfoque da Hermenêutica de

Profundidade em Thompson (2011), a análise sócio-histórica, que possui por objetivo

reconstruir as condições sociais e históricas de produção, circulação e recepção de formas

simbólicas. A intenção desta fase da Hermenêutica de Profundidade é a de identificar e

descrever as situações espaço-temporais específicas em que as formas simbólicas são

1 A autora defendeu em 2019, pela Universidade Metodista de São Paulo (Umesp), a pesquisa de Doutorado O

fazer jornalístico em transformação: a produção da notícia em mídias independentes digitais (CAPOBIANCO,

2019), compreendendo os processos e as rotinas produtivas jornalísticas em mídias independentes digitais.

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produzidas e recebidas. Neste sentido, esta primeira fase da Hermenêutica de Profundidade

concentra-se em construir um panorama sobre as alterações do jornalismo no ambiente

tecnológico, evidenciando o surgimento de formas alternativas de produção de notícias e a

busca de saídas que estão sendo sinalizadas pela ciência e visualizadas pelas organizações.

Essa contextualização será fundamental para solidificar a reflexão sobre os demais pontos que

pretendemos discutir e ainda irá subsidiar as etapas posteriores a esta.

1.1 Panorama das alterações do jornalismo na contemporaneidade

Antes do advento da cultura digital, a notícia era acompanhada no jornal impresso, na

revista, no rádio ou na televisão. Agora, todas essas mídias que estão instaladas no ambiente

digital podem ser acessadas a qualquer momento, de qualquer parte do mundo,

simultaneamente. Além disso, os leitores de notícias, que acompanhavam a circulação

noticiosa como espectadores, idealmente falando, agora participam ativamente da cobertura

jornalística e, como protagonistas, pautam a agenda pública.

Em uma perspectiva histórica, Costa (2009) identificou, no fim da década passada, a

ideia de uma “nova mídia”, como então se chamava. O conceito surgiu em oposição ao que se

pode chamar de “velha mídia” – que representa tudo aquilo a que a comunicação tradicional

diz respeito, tanto produtos impressos, como jornais e revistas, quanto eletrônicos, como rádio

e televisão. O conceito de nova mídia se refere aos meios que lidam com a linguagem, a

informação, o entretenimento e os serviços disponíveis mediante artefatos tecnologicamente

avançados em relação a suportes conhecidos. Ou seja, tudo aquilo capaz de transformar a

comunicação onipresente.

A expressão nova mídia, de acordo com Costa (2009) abarca, inclusive, a “velha

mídia”, uma vez que os novos modos de fazer e distribuir informação se imiscuíram nas

práticas daqueles que veiculam seus conteúdos em suportes tradicionais, trazendo para si uma

nova forma de relacionamento com a informação e com o público – interativa e participativa.

Costa (2009) já considerava a significativa mudança em curso, que afeta não apenas a

maneira como o jornalismo e o entretenimento são fabricados, mas também o modo como são

consumidos. Mudança essa que atinge também a linguagem. Ao mesmo tempo, de acordo

com o autor, os mercados econômicos acompanham a uma progressiva concentração de

empresas nessa área, fato que tende a dar nova face à indústria com a convergência entre

telecomunicações e mídia.

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O processo da revolução das tecnologias de comunicação é estudado por Francisco

Rüdiger (2011). O ator defende que, embora estruturada e moldada pelas empresas privadas e

instituições governamentais, essa revolução é um processo cujo

pano de fundo são as redes telemáticas, a linguagem é a da mídia digital, a

abrangência é global, a dinâmica é interativa e os protagonistas, virtualmente, somos todos

nós que possuímos meios digitais e, com eles, nos inserimos seja em redes sociais, seja nos

mercados articulados pelas empresas e negócios de mídia e comunicação.

A convergência da velha para a nova mídia marca o início da migração da cultura

analógica para a digital nas organizações jornalísticas, representando um dos grandes marcos

na história recente de alterações do setor, abrindo um leque antes inimaginável de

possibilidades para o jornalismo.

Henry Jenkins (2009) considera que a cultura da convergência reside onde as velhas e

as novas mídias colidem, onde mídia corporativa e mídia alternativa se cruzam, onde o poder

do produtor de mídia e o poder do consumidor interagem de maneiras inesperadas. Por

convergência, o autor refere-se ao fluxo de conteúdos através de múltiplas plataformas de

mídia, à cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos

públicos dos meios de comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca das

experiências de entretenimento que desejam.

Machado Filho, Santi, Lima e Alves (2016) apontam que os novos produtores

direcionam, editam e divulgam por meio de plataformas democráticas e autorreguláveis, como

os blogs e redes sociais, aquilo que será pauta de discussão dentro do nicho social, cultural e

político em que o indivíduo está inserido. Deste modo, a repercussão de um fato isolado pode

ter alcance mundial possibilitado pela convergência dos meios.

Refletindo sobre a convergência dentro das redações jornalísticas, Ramón Salaverría,

García e Masip (2010) consideram-na um processo multidimensional que, facilitado pela

implantação generalizada das tecnologias da telecomunicação, afeta os setores tecnológico,

empresarial, profissional e editorial dos meios de comunicação. Propicia uma integração de

aparatos, métodos de trabalho e linguagens, de maneira que, os jornalistas elaboram

conteúdos que são atribuídos através de múltiplas plataformas.

Xosé Pereira Fariña e Xosé Lopez García (2010) recordam que as iniciativas mais

ousadas de integração de redações começaram a surgir a partir de 2007, quando o inglês The

Daily Telegraph deu início a um processo de integração que seria referência para reformas

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similares em jornais concorrentes. Conforme Alexandre Lenzi (2017),2 em 2008, se

multiplicaram as iniciativas, cada uma com suas peculiaridades: Guardian Media Group,

Financial Times, The Times, The New York Times, El Mundo, O Estado de S.Paulo, Clarín, El

Tiempo de Bogotá etc., são alguns dos exemplos.

Lenzi (2017) menciona que um trabalho de Negredo e Salaverría (2009) realizou

estudos de caso com: Tampa News Center (Estados Unidos), The Daily Telegraph

(Inglaterra), The New York Times (Estados Unidos), Financial Times (Inglaterra), Guardian

Media Group (Inglaterra), O Estado de São Paulo (Brasil), Schibsted (Noruega) e Clarín

(Argentina). Com base nesses estudos, os autores reconheceram que a convergência promove

resultados como unificação dos instrumentos e tecnologias com que trabalham os periodistas,

a reorganização dos fluxos e métodos de trabalho e a exploração de novas linguagens

jornalísticas. Como consequência editorial, os jornalistas passam a trabalhar para um só meio,

mas, no entanto, distribuem informações em múltiplas plataformas e meios.

Sebastião Squirra (2015, p. 69-70) desenha os contornos da convergência nas mídias

comunicacionais:

É justo aceitar que nos dias atuais todas as formas massivas da comunicação

– concretizadas pela ampla disseminação das tecnologias – dependem

radicalmente dos processos digitais para o acesso, a codificação, a produção

e a difusão de dados e informações à sociedade. Neste contexto, é crucial

asseverar que o domínio pleno das tecnologias tornou-se essencial para todos

os comunicadores. Olhando a evolução desse setor, é seguramente

sustentável colocar que, atualmente, as múltiplas formas das convergências

tecnológicas digitais configuram-se como elementos estruturantes para todas

as ações dos jornalistas. Isto, pois o comportamento do mercado vem

demarcando que, para competir eficazmente na vida profissional (na

academia ou fora dela), o conhecimento e o pleno domínio das tecnologias

digitais são antecedentes conceituais imprescindíveis e que diferenciam

positiva ou negativamente um especialista do outro.

Capobianco (2019, p.104-105) também considera a convergência no jornalismo:

O jornalismo digital, como praticado na atualidade, é marcado pela

comunicação convergente (do ponto de vista técnico e cultural), que acentua

a mobilidade (com os telefones que ficaram móveis e, mais ainda, com os

recursos multimídia no potente dispositivo moderno chamado smartphone)

com novas possibilidades de leitura (leitores/interatores móveis) e novas

dinâmicas para o jornalista. Isso em contextos de redes (do ponto de vista da

rede mundial de computadores, das redes sociais e da produção em redes).

2 Autor da tese de Doutorado Inversão de papel: prioridade ao digital como um novo ciclo de inovação para

jornais de origem impressa (LENZI, 2017), defendida na Universidade Federal de Santa Catarina.

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Temos, assim, uma produção a partir de dispositivos móveis para ser

distribuída por dispositivos móveis para leitura em dispositivos móveis. Com

a convergência, a mobilidade se intensifica. A mobilidade, no que diz

respeito ao nosso estudo, se aplica ainda, no caso das mídias independentes,

ao fato de elas estarem em movimento no sentido de que são recentes e

dinâmicas, muitas não possuem redação fixa e funcionam em redes, e na

maioria das vezes propõem um tipo de cobertura que rompe com a

linearidade das coberturas realizadas pelas mídias tradicionais.

Edson D´Almonte (2020) defende que desde a percepção de impactos de

reestruturações dos fluxos informacionais em questões de interesse público, fica evidente a

necessidade de ampliar o debate sobre o fenômeno da comunicação contemporânea em suas

dimensões de conectividade e ampla circulação, com ênfase na pluralidade midiática e

implicações daí decorrentes. O tema central, para o autor, engloba questionamentos acerca da

dieta informacional derivada da lógica de hiperconexão contemporânea.

Estruturado pela convergência dos meios e pela conexão dos usuários no ambiente

digital, o novo ambiente do jornalismo confere a esses agentes o papel de protagonistas na

produção da notícia, outra significativa alteração na área proporcionada por aparatos

tecnológicos.

Com relação à interação do jornalismo com o público leitor, antes da utilização da

internet comercial, o diálogo do leitor com a organização jornalística e com o produtor do

texto noticioso restringia-se a instrumentos como correspondência por carta, ligação por

telefone ou aparelho de fax. Após o surgimento do mundo digital, conforme Ferrari (2012), o

texto jornalístico deixou de ser definitivo, já que um e-mail com comentários sobre

determinada matéria pode trazer novas informações ou um novo ponto de vista, tornando-se

parte da cobertura. Atualmente os comentários podem ser inseridos em uma caixa de texto na

própria página do jornal onde a notícia está inserida.

Machado Filho, Santi, Lima e Alves (2016) defendem que a interatividade, como parte

essencial da comunicação contemporânea, transformou as relações entre consumidores e

produtores. Os papéis se modificam e se reinventam o tempo todo. Nessa configuração não

existe uma separação eficiente da estrutura comunicativa, os receptores são produtores e vice-

versa; o canal é o meio e a mensagem é transmitida de um para todos-todos para um e todos

para todos.

Ainda no contexto da interatividade e da participação do público na produção da

notícia, Elias Machado (2017) reflete sobre o lançamento do programa Folhaleaks, ocorrido

em setembro de 2011, como uma decorrência das repercussões das atividades do Wikileaks

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pelas consequências que têm para a prática jornalística.3 O Folhaleaks é um canal aberto da

Folha que recebe informações e documentos inéditos que possam originar reportagens. O

leitor pode enviar a sugestão por meio do site,4 ou ainda de forma anônima, diretamente para

o endereço: Alameda Barão de Limeira, 425 – Campos Elíseos – 4º andar – 01202-900 – São

Paulo – SP, identificando no envelope: “Referência: Folhaleaks”. As mensagens passam por

uma triagem a cargo de uma equipe de jornalistas, e as sugestões mais relevantes são

distribuídas entre os repórteres da redação de São Paulo e enviadas às sucursais e aos

correspondentes.

Machado (2017) considera que o surgimento de organizações sociais inovadoras como

Wikileaks aponta para ao menos quatro tipos de transformações, de uma lista que poderia ser

ainda maior. A primeira está relacionada com a existência de mais de uma instância de

mediação. A segunda diz respeito à flexibilização dos limites legais estabelecidos pelo Estado

Democrático de Direito para a prática do jornalismo. A terceira considera a necessidade da

criação pelas organizações jornalísticas de mecanismos de apuração adaptados ao paradigma

da base de dados. A quarta transformação alerta para a urgência de uma reflexão sobre os

fundamentos deontológicos da prática jornalística, muitos deles consolidados em uma época

totalmente distinta da atual.

Nesta discussão também é possível refletir sobre o surgimento do conceito de

gatewatching, definido por Alex Primo (2011) pela participação das pessoas na filtragem do

que interessa a suas comunidades de interesse. O autor reconhece que gatewatching não acaba

com o gatekeeping que tem, como linha fundamental, o poder de não apenas decidir o que

será noticiado, como também o que não será. O que ocorre entre eles é uma convivência.

Um fator relevante proporcionado pela expansão dos aparatos tecnológicos incide

diretamente na formação do jornalista e na expansão de habilidades que até pouco tempo

limitavam-se à produção de textos noticiosos com o intuito de informar o público leitor. Lenzi

(2017) considera que, com a transformação dos formatos de apresentação de materiais

jornalísticos e dos processos de produção, é natural que ocorram mudanças também no perfil

dos profissionais das redações convergentes e que novas funções apareçam. Para o autor, é

uma mudança que vai além de um domínio técnico das novas ferramentas, que acompanha

tantas outras profissões diante dos avanços tecnológicos. No jornalismo, o papel de contar

histórias na linguagem da internet exige uma nova forma de pensar, de apurar e de trabalhar

3 É uma organização sediada na Suécia, sem fins lucrativos, com atuação transnacional, que publica em sua

página, postagens de fontes anônimas, documentos, imagens e informações confidenciais, vazadas de governos

ou empresas sobre assuntos delicados. Disponível em:https://wikileaks.org/. Acesso em: 29 dez. 2020. 4 https://folhaleaks.folha.com.br/

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em equipe. E é quando gestores e profissionais não estão atentos para estas novas demandas

que acende o alerta vermelho em relação a problemas como imprecisão e superficialidade.

Para Lenzi, experimentação e o método tentativa e erro podem até fazer parte do novo

cenário, mas é com investimento em planejamento, treinamento e equipe que aumentam as

chances de bons resultados.

Walter Teixeira Lima Júnior (2012) já registrava, no início da década passada, essas

transformações, considerando que, naquela época, em função da evolução tecnológica no campo

da mídia, o jornalista deveria se conectar com a necessidade da sociedade por informações de

relevância social, produzida e distribuída por sistemas computacionais conectados através de redes

telemáticas. Lima Júnior considerou que além do Pensamento Computacional, alguns pesquisadores e

profissionais acreditavam na necessidade de formar um jornalista com habilidades em programação,

para que pudessem encontrar e relacionar dados contidos em diversas bases digitais, revelando

informações não triviais, transformando-as em narrativas visuais.

Lima Júnior (2012) recorda que um dos pioneiros a definir o jornalista como

programador foi Adrian Holovaty, antigo editor de inovações do WashingtonPost.com. Ele

desenvolveu em 2005 um sistema que utilizou a base de dados do Departamento de Polícia de

Chicago mapeando com informações por meio da visualização proporcionada pela

geolocalização, fornecidas pelo Google Maps. O conceito que define esse tipo de profissional

é o hacking journalist e o termo, de acordo com Lima Júnior (2012), tem se consolidado

devido à compreensão sobre as novas habilidades do produtor de conteúdo informativo em

um novo ecossistema midiático.

Além da questão técnica que impõe ao jornalista a incorporação de habilidades no

mundo digital, também é possível pensar nesse cenário a partir de uma visão crítica. Em um

estudo sobre um olhar crítico da formação do jornalista, Carlos Costa (2015) menciona uma

entrevista que ele realizou, em 2013, com o sociólogo francês Dominique Wolton. Em um dos

momentos da conversa, discutiram sobre a formação e a atuação dos jornalistas nos tempos

das mídias sociais e Costa se lembrou de uma entrevista feita por ele a um professor francês,

da Universidade de Rennes. Na oportunidade, o convidado afirmara, em sua intervenção, que

qualquer cidadão com um celular na mão se considerava um jornalista. A resposta de Wolton

foi enfática sobre isso, alegando que é uma traição dos professores universitários o fascínio

doente da academia pela tecnologia. Wolton seguiu dizendo que esses docentes mais parecem

propagandistas trabalhando para o Google ou Facebook.

Interrogado por Costa (2015) sobre a formação do jornalista, Wolton citou quatro

pontos importantes a se levar em conta ao pensar na formação desse profissional: grande

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ênfase em estudos gerais, História, Política, teorias da comunicação, etc.; o pensamento

crítico; o pensamento econômico – sobre quais os novos modelos de negócio sejam possíveis

para os jornais, o rádio, a televisão e a internet; ver o mundo e refletir sobre o problema

político que se impõe para os meios de comunicação na atualidade.

Sobre os códigos deontológicos que dispõem sobre a condução do trabalho do

jornalista, cabe mencionar o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, de 2007, que talvez

pela desatualização, desconsidera as recentes mudanças da área, como a participação do

público leitor e os seus desdobramentos, a alteração do controle da redação ou o domínio

técnico do mundo digital pelo profissional de jornalismo.

Também é possível mencionar a incorporação das redes sociais pelo jornalismo.

D´Almonte (2020) considera que, embora parte significativa dos acessos às informações na

web ainda se dê por meio de conexão direta aos sites de empresas jornalísticas, observa-se um

crescimento constante de exposição a informações em sites de redes sociais.

Em pleno ano de 2021, observamos a presença de organizações jornalísticas de todo o

mundo em contas nas redes como o Twitter, Facebook e Instagram. Alguns estudos registram

essas estratégias das organizações: Seixas (2011) reflete sobre os gêneros jornalísticos no

Twitter; Zago (2012) faz uma abordagem sobre filtro e comentário de notícias por

interagentes no Twitter; Mabel O. Teixeira (2012) compreendeu o tweet noticioso como

gênero discursivo; uma proposta de categorização da circulação de notícias a partir das

postagens no Twitter e no Facebook é a proposta de Sousa (2013); papéis de ativistas,

celebridades e imprensa no Twitter foram considerados por Zago, Recuero e Bastos (2014).

Também é possível mencionar narrativas no Twitter (ZAGO, 2014); a dinâmica da

notícia no Twitter (SOUSA, 2014); a mudança do algoritmo do Facebook e o silenciamento

do jornalismo na rede (KONDLATSCH, 2016); a apropriação do Snapchat para a circulação

de conteúdo jornalístico (KANNENBERG; SOUSA, 2016); como jornais regionais brasileiros

utilizam o Facebook como ferramenta para distribuição de conteúdo jornalístico

(MASSUCHIN; SOUSA, 2018); quando o Twitter pauta o jornal (REBOUÇAS, 2019); e a

interação mediada no Twitter (VIANA; HOMSSI, 2019).

Machado (2017) sinaliza que as organizações jornalísticas estão tendo suas práticas

reconfiguradas e, novas formas sociais como as especializadas em infiltrações e na checagem

de informações estão emergindo nesta fase. Sobre as formas inovadoras nas práticas

jornalísticas, Machado (2017) considera novos tipos de organizações ou de iniciativas que

emergem em uma sociedade mais complexa, estruturada pelos oligopólios das tecnologias da

informação e da comunicação, que se orienta pela cultura hacker e que não se confunde e não

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substitui a atividade jornalística, mas a complementa e a obriga a significativas mudanças

concernentes a técnicas de apuração, aos processos de produção e circulação de informações.

Nessa linha, o autor menciona o wikileaks, que ampara-se na cultura hacker para atuar no

limiar da legalidade para divulgar informações sigilosas e também utiliza uma ressalva

deontológica do jornalismo convencional, que opera dentro dos parâmetros do Estado

Democrático de Direito para justificar o segredo das fontes.

Daniel Damasceno e Edgard Patrício (2020) sinalizam que veículos jornalísticos

dedicados à checagem da veracidade de informações e de declarações públicas, prática

conhecida como fact-checking, têm se difundido no ambiente midiático global. Ao contrário

do processo de apuração convencional, que impõe a checagem de informações antes da

publicitação destas, a prática de fact-checking dedica-se à checagem post-hoc, isto é, a

verificação ocorre após a publicação de declarações e de supostos fatos. Os autores recordam

que a prática do fact-checking foi elevada à condição de ferramenta essencial de verificação

de discursos públicos após as discussões causadas pelo uso de fake news no pleito

presidencial de 2016 nos Estados Unidos. Damasceno e Patrício (2020, p. 3) também

sinalizam que a utilização do fact-checking como um meio para combater a proliferação de

conteúdo enganoso e falso também floresceu no ambiente midiático brasileiro:

Em junho de 2018, foi lançado o Projeto Comprova, reunindo jornalistas de

24 redações de diferentes veículos de comunicação com o objetivo de

monitorar e checar informações durante o período de campanha eleitoral.

Além disso, quatro iniciativas brasileiras de fact-checking são signatárias da

IFCN: Aos Fatos, Agência Lupa, O Truco e Estadão Verifica. Destas, Aos

Fatos e Lupa participam do projeto de verificação em parceria com o

Facebook.

Carla Fernandes, Luiz Ademir de Oliveira e Vinícius Borges Gomes (2019), no estudo

sobre as fake news e a reconfiguração do campo comunicacional e político na era da pós-

verdade, consideram que as eleições presidenciais de 2018 no Brasil foram marcadas por

rupturas históricas desde a volta da escolha direta para o cargo, em 1989. A começar pelo fato

de que, pela primeira vez, a internet assumiu papel de incontestável relevância, ao ser alvo de

estratégias, principalmente, por parte do presidente eleito. A conjuntura fez emergir as fake

news, entendidas como uma ambiência contemporânea de caráter inédito, mais pelo modo

como se dão do que por ser uma novidade. As fake news, por sua vez, vem desafiando o

jornalismo tradicional diante do expressivo número que circula pelo ambiente virtual com

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potencial de convencer os leitores de que os conteúdos das matérias refletem a mais cristalina

verdade.

Nesse cenário, de acordo com Fernandes, Oliveira e Gomes (2019), as agências de

Fact-Checking se destacam e passam a atuar como instrumentos no combate às notícias

falsas. No universo da checagem de fatos no Brasil se destaca a agência Lupa, que iniciou

suas atividades em 2015, com aporte da Editora Alvinegra, e está associada ao grupo do

documentarista João Moreira Salles, que também publica a revista piauí.

Jéssica de Almeida Santos e Egle Müller Spinelli (2017) consideram que, diante da

disseminação de notícias falsas e do comportamento do público em relação ao que se produz,

a tendência é de que os grandes veículos de comunicação, com suas redações cada vez mais

enxutas, tenham que usar cada vez mais a mão-de-obra de agências de checagem para auxiliar

nesse processo. No Brasil, as agências certificadas são Lupa, Truco e Aos Fatos.

O que faz do fact-checking uma prática relevante ao jornalismo na era da

pós-verdade é a preocupação com a transparência. Os métodos de checagem

não mudam muito entre as agências, mas todas explicam como chegaram à

conclusão sobre a veracidade das informações publicadas, destacando as

fontes originais de informação com links e referências (SANTOS;

SPINELLI, 2017, p. 10).

Marli dos Santos (2019) sinaliza que, recentemente, por conta das inúmeras aparições

de fake news, os próprios veículos jornalísticos desenvolveram mecanismos de fact-checking.

Machado (2017) salienta que o aparecimento de novas estruturas como os departamentos

especializados em infiltrações dentro dos jornais representa um sintoma do processo de

diferenciação social no ecossistema comunicacional decorrente da reestruturação do sistema

capitalista mundial.

Outra significativa mudança do jornalismo na atualidade, e que reflete na busca, pelas

empresas jornalísticas, de saídas para a nova realidade imposta pelo congraçamento de

aparatos tecnológicos, refere-se à automação da notícia, ou seja, a implementação da

utilização de inteligência artificial na produção do texto informativo.

Para se ter ideia da profundidade da incorporação da automação da notícia para o

jornalismo, recorremos ao arcabouço de Klaus Schwab (2018) em A quarta revolução

industrial, que discute o contexto dessas mudanças causadas pelas tecnologias. O autor

defende que a assombrosa profusão de novidades tecnológicas que abrangem áreas como a

inteligência artificial (IA), a robótica, a internet das coisas (IoT), veículos autônomos,

impressão em 3D, nanotecnologia, biotecnologia, ciência dos materiais, armazenamento de

40

energia e computação quântica estão apenas no início, mas já estão chegando a um ponto de

inflexão de seu desenvolvimento, pois elas amplificam e constroem umas às outras, fundindo

as tecnologias do mundo físico, digital e biológico.

Precedida pela chegada das ferrovias e da invenção da máquina a vapor, do

surgimento da eletricidade e pela linha de montagem, pela revolução digital impulsionada

pelo desenvolvimento dos semicondutores, da computação em mainframe, da computação

pessoal e da internet, a quarta revolução industrial postulada por Schwab (2018) condiz com o

tema desta pesquisa. Ela teve início na virada do século e baseia-se na revolução digital,

caracterizada por uma internet mais ubíqua e móvel, por sensores menores e mais poderosos

que se tornaram mais baratos, pela inteligência artificial – nosso interesse aqui – e pela

aprendizagem automática (ou aprendizagem de máquina).

A quarta revolução industrial, no entanto, não diz respeito apenas a sistemas

e máquinas inteligentes e conectadas. Seu escopo é muito mais amplo.

Ondas de novas descobertas ocorrem simultaneamente em áreas que vão

desde o sequenciamento genético até a nanotecnologia, das energias

renováveis, à computação quântica. O que torna a quarta revolução industrial

fundamentalmente diferente das anteriores é a fusão dessas tecnologias e a

interação entre os domínios físicos, digitais e biológicos (SCHWAB, 2018,

p. 16).

De acordo com Rose Marie Muraro (1968), a automação tem um princípio de

funcionamento radicalmente diferente das outras técnicas baseadas na eletricidade, pois os

computadores eletrônicos funcionam de maneira análoga à dos neurônios do cérebro humano.

Suas aplicações vão desde a simulação de todos os estágios da Guerra Fria até a distribuição

de energia elétrica, o controle da temperatura dos pacientes de um hospital, ou da linha de

fabricação de carros.

Em um panorama das notícias automatizadas no mundo, Carreira (2017) sinaliza que

no começo do século atual os algoritmos passaram a fazer algo julgado impossível até então:

apurar, redigir e distribuir notícias automaticamente. Abandonando uma visão determinista,

que considera que a simples existência de uma tecnologia fará com que ela seja adotada em

todos os lugares, como se fosse uma força externa e independente, Carreira (2017) defende

que muitos fatores econômicos e sociais condicionam sua implantação. Porém, compreende

que a inteligência artificial cruzou o caminho de várias profissões e já provoca mudanças em

redações na América do Norte, Europa e Ásia.

41

A inteligência artificial, utilizada como recurso do jornalismo, é baseada em campos

diversos do saber, como Filosofia, positivismo lógico do Círculo de Viena, Matemática,

Neurofisiologia, Psicologia, Linguística, Biologia e Cibernética.

Carreira (2017) explica quais são os passos da produção do texto jornalístico com a

automação: os algoritmos de GLN partem de uma base de dados estruturados (planilha,

pública, privada etc.), avaliam os dados com base no que foi programado, identificam o que é

notícia, estruturam o texto, escrevem a matéria (escolhem ou descartam palavras, usam

sinônimos para evitar repetições) e finalizam o documento que ainda pode exibir infográficos,

mapas e tabelas produzidas também automaticamente.

Carreira (2017) também evidencia que o software apura e redige mais rapidamente do

que qualquer jornalista, sugerindo que ele pode ser uma opção interessante em coberturas que

demandam mais velocidade e atualização constante, como os resultados eleitorais. Os

algoritmos também podem gerar, ao mesmo tempo, como já apontado, textos com estilos e

línguas diferentes. A autora sinaliza que o software se sobressai também na identificação de

tendências e padrões contidos nos dados, o que pode levá-lo, inclusive, a fazer certas

previsões. Porém, ao mesmo tempo em que oferece vantagens em relação à produção humana,

o software também possui seus limites, como na produção de nuances de linguagem humana,

a exemplo do humor, sarcasmo e metáforas.

Iniciativa sem precedentes no país, o portal de notícias G1 publicou, no primeiro turno

das eleições, em novembro de 2020,5 um texto para cada um dos 5.568 municípios brasileiros

com o resultado do pleito, graças a um modelo de automação que se utiliza de inteligência

artificial criado em conjunto com a área de tecnologia da Globo. O modelo, que conta com

processamento de linguagem natural, permitiu o registro, em formato de reportagem, dos

prefeitos eleitos ou as disputas que iriam ao 2º turno em todos os municípios brasileiros. O G1

anunciou que todos os textos foram revisados por um jornalista antes de serem publicados e

sintetizou como a organização se preparou para o início da produção do texto noticioso com a

intervenção de inteligência artificial:

[...] houve uma colaboração de profissionais de diversas áreas da Globo. Um

projeto foi trabalhado por meses para que os textos tenham as informações

corretas e estejam totalmente precisos. Primeiro, o G1 criou a base de um

5 Em iniciativa inédita, G1 publica textos com resultado da eleição em cada uma das cidades do Brasil com

auxílio de inteligência artificial. G1, 2020. Disponível em:

https://g1.globo.com/politica/eleicoes/2020/noticia/2020/11/12/em-iniciativa-inedita-g1-publica-textos-com-

resultado-da-eleicao-em-cada-uma-das-5568-cidades-do-brasil-com-auxilio-de-inteligencia-artificial.ghtml.

Acesso em: 16 dez. 2020.

42

texto com as informações mais relevantes a serem levantadas após a

apuração. Uma equipe ficou responsável por captar os dados do Tribunal

Superior Eleitoral (TSE) e outra, formada por engenheiros e cientistas de

dados do COE Analytics, com o apoio do MediaTech Lab (da área de

Tecnologia), desenvolveu um sistema e com o auxílio de inteligência

artificial moldou essa base para que os dados fossem aproveitados da

maneira correta. Com uma metodologia inovadora de processamento de

linguagem natural e técnicas de programação, foram feitas as correções e

adequações sintáticas necessárias para chegar a um texto coeso e coerente.

A iniciativa do G1 de incorporar a automação de notícia no Brasil incide diretamente

em uma das hipóteses desta pesquisa, que compreende que as grandes organizações

jornalísticas brasileiras, que incorporaram o modelo norte-americano de produção de notícia,

deverão seguir as tendências do setor, como a automação da produção de notícia. Estudos de

2020 reforçam esse quadro. Ivan Paganotti (2020), em pesquisa sobre a refutação

automatizada de notícias falsas na pandemia, considera a conta criada em 2017 pela agência

de checagem Aos Fatos. Apelidado de Fátima, o robô varre a rede social do Twitter,

identificando postagens com links que já haviam sido refutadas pela agência. Ao localizar

disseminadores de informações incorretas, Fátima apresenta-se como robô, aponta o erro do

usuário e indica as páginas do Aos Fatos com as justificativas e as explicações das checagens.

Na mesma linha, na investigação sobre os robôs de startups de agência de checagem,

Laura Rayssa de Andrade Cabral (2020) também considerou o funcionamento da robô

conversacional de inteligência artificial usada pela agência Aos Fatos e mencionou que ela

ajuda o usuário, a partir do WhatsApp, na busca por checagens relacionadas ao tema de

interesse. Já Silvia DalBen (2020) identifica, além da robô Fátima, outros dois casos no

jornalismo brasileiro: a robô Rosie, lançada em 2017 pela Operação Serenata de Amor (que

tem como foco fiscalizar os reembolsos efetuados aos deputados federais a partir de uma ideia

do cientista de dados Irio Muskopf, em um projeto desenvolvido em crowdsourcing com um

time formado por oito pessoas e mais de 600 voluntários) e o robô Rui Barbot, lançado em

2018 pelo portal de notícias especializado na cobertura do Poder Judiciário, Jota. Ela

identificou que a robô Rosie e o robô Rui Barbot utilizam algoritmos de inteligência artificial

para o processamento de grandes volumes de dados públicos e produzir alertas para possíveis

pautas a serem trabalhadas pelos repórteres.

Os recentes estudos que identificam três casos de robôs no jornalismo brasileiro,

somados à iniciativa do G1 de produção de notícia automatizada, sinalizam que a automação

da notícia no Brasil é fato consumado, na linha da hipótese de que as grandes organizações

devem continuar seguindo as tendências norte-americanas do setor.

43

Esse breve panorama sobre as recentes alterações do jornalismo indica que o

jornalismo contemporâneo, que incorpora de maneira cada vez mais sólida o ambiente digital,

segue as premissas postuladas por Palacios (2003), como convergência, interatividade,

hipertextualidade, personalização e instantaneidade do acesso. Inserem-se a essa lista outros

elementos fundamentais do jornalismo digital (MIELNICZUK, 2003) da atualidade: a

participação direta do público; adoção de novas técnicas pelos profissionais; investigação e

checagem de fatos e texto noticioso produzido por Inteligência Artificial.

Esse panorama se articula diretamente com um dos objetivos deste estudo, que é o de

refletir sobre as recentes alterações do jornalismo pelo prisma da tecnologia. Identificamos

que o cenário é amplo e envolve uma densa gama de fatores, atores e ações. Parte dessa

amplitude será considerada a seguir, na identificação de projetos, iniciativas, e perspectivas do

jornalismo contemporâneo.

1.2 Nova esfera pública: novos atores, novas experiências e a força do jornalismo local

O panorama até aqui desenhado compreende o cenário vivenciado pelo jornalismo na

atualidade. A partir desse arcabouço, a pesquisa identifica o jornalismo contemporâneo pelo

viés de uma nova esfera pública, permeando uma estrutura complexa e que tem desafiado os

jornalistas e as organizações no ambiente digital.

Essa nova esfera, de natureza holística, é tecida por diversos fatores, como a

ampliação do interesse pelo jornalismo local; iniciativas jornalísticas de atores do ramo da

comunicação que vem conquistando considerável audiência; e empreendimentos inéditos,

como a produção alternativa de notícias. Esse escopo, que integra um dos objetivos da

pesquisa, que é o de refletir sobre as recentes alterações do jornalismo pela ótica da

tecnologia, será considerado a seguir.

1.2.1 Nova esfera do jornalismo

Um dos maiores representantes alemães da escola de Frankfurt, ainda vivo, Jürgen

Habermas, é considerado por cientistas de todo o mundo como uma voz poderosa que

enfrenta bem a questão da nova esfera comunicacional do ponto de vista conceitual. Na obra

vocacionada a compreender a dinâmica das sociedades democráticas modernas, Habermas

(2014) dedica-se a aprofundar a sua história, condições sociais, as funções políticas e os

processos internos de funcionamento a partir da esfera pública. Uma de suas questões centrais

44

é entender em que condições se formaram, nas sociedades modernas, arenas ou espaços

públicos de discussão crítica e racional sobre questões comuns, conduzidos por pessoas

privadas.

O foco é a vida pública e política dos séculos XVII e XVIII até meados do século XX

na Inglaterra, França e Alemanha, ambientada nas novas relações entre economia, sociedade e

Estado. O caminhar de Habermas (2014) consiste na reconstrução histórica de diferentes tipos

de esfera pública, começando com a distinção entre o público e o privado na Grécia clássica;

considera essa distinção na Idade Média e a emergência de uma esfera pública representativa

nas cortes e nos palácios, para chegar nas configurações e mediações entre privado e público

de uma esfera pública burguesa liberal da sociedade moderna, e suas transformações

posteriores nas democracias de massa do assim chamado Estado de bem-estar social.

Habermas (2014) ainda compreende uma relação entre os meios de comunicação e o princípio

de publicidade para a configuração da esfera pública e considera o surgimento de uma esfera

pública burguesa formada por indivíduos que se reuniam para debater assuntos de interesse

geral, em uma instância de controle e legitimação do poder exercido pelo Estado.

Habermas (2014) entende que as conversações e as discussões nos espaços públicos de

uma sociabilidade que é privada, mas não dominada pela economia, e que é pública, mas não

segue a lógica da administração pública, apresentam uma série de características

fundamentais para se entender o potencial emancipatório da esfera pública burguesa. A esfera

pública considerada pelo autor, na qual as democracias de massa do Estado se rendiam às

técnicas dos meios de comunicação, usadas para atribuir uma aura de prestígio às autoridades

públicas, acabava transformando a política em um espetáculo dirigido.

Luís Mauro Sá Martino (2009), em sua obra Teoria da Comunicação. Ideias,

conceitos e métodos, considera que a partir da obra Mudança estrutural da esfera pública,

Habermas tece um estudo sobre a formação e o declínio da esfera pública burguesa,

visualizando na imprensa um de seus pontos mais importantes. Martino observa que a

expressão esfera pública está diretamente ligada ao espaço público e à opinião pública. No

século 18, com a ascensão da burguesia como classe econômica dominante, surge um novo

espaço de discussão. Esta explicação arruma o palco para o surgimento dos meios de

comunicação como principais atores políticos no enredo. Martino considera, a partir do

pensamento de Habermas, que os meios de comunicação asseguram a vida social de uma

ideia. Neste sentido, uma vez lançado ao debate público, um pensamento poderia ser apoiado

ou contrariado, mas não ignorado. A esfera pública permitiu, então, a construção de um tipo

particular de consenso, a opinião pública, instrumento de pressão forte, para colocar em xeque

45

os poderes estabelecidos. No início do século 19, conforme Martino, o jornal como meio

político começou a ver o seu fim, quando deixou progressivamente de ser instrumento político

para se articular como empresa de comunicação. Submetidas a um modelo industrial de

produção, o aspecto político-estratégico das empresas de comunicação passou a ser parte do

interesse econômico. A nova esfera pública deixava se ser um espaço autônomo, sendo

colonizada pelas regras do mercado que regem os meios de comunicação. Esse modelo

vigorou até o advento da internet, que permitiu um modelo mais participativo,

comprometendo a vigência do modelo um para todos.

Costa (2006) recorda que ao receber o “Prêmio Bruno Kreisky”, Habermas dedicou

seu discurso não somente ao caos da esfera pública, como entrou na discussão da questão das

novas tecnologias. Lançou, na oportunidade, uma questão certeira: será que na nossa

sociedade midiática não ocorre uma nova mudança estrutural da esfera pública? Este estudo

compreende que sim.

Ao refletir sobre a esfera global de notícias, Primo (2011) recorda que dois avanços –

um tecnológico e outro estrutural – foram fundamentais na definição da indústria jornalística,

o telégrafo e as agências de notícias. Hoje, com a digitalização dos processos de comunicação,

o cenário é bastante diferente, conforme postula o autor (PRIMO, 2011, p. 131-132):

Diferentemente dos centros monopolistas de transmissão que controlavam a

circulação de informações, as redes digitais da contemporaneidade passam a

ser caracterizadas por um fluxo não linear, que altera significativamente a

forma do que se chama de esfera global de notícias.

Na esteira da compreensão de que a sociedade midiática sofre uma nova mudança

estrutural da esfera pública, André Lemos (2009) considera como a esfera pública pode ser

vislumbrada com as redes sociais e o jornalismo na era da web 2.0 e identifica a esfera

conversacional que estaria emergindo com as mídias de função pós-massiva, com as redes

sociais e com os novos formatos do jornalismo cidadão e hiperlocal:

A partir das últimas décadas do século XX surge, com as redes telemáticas

mundiais e com a popularização dos microcomputadores (a sociedade de

informação), um novo formato de consumo, produção e circulação de

informação que tem como característica principal a liberação do pólo da

emissão, a conexão planetária (participação e colaboração) de conteúdos e

pessoas e, consequentemente, a reconfiguração da paisagem comunicacional

(Lemos, 2003). Esta reconfiguração se dá pela instituição de um novo

46

sistema (aberto, “todos-todos”, independente), que chamarei de “pós-

massivo”, em tensão com o sistema clássico caracterizado pelo fluxo “um-

todos” da informação para as massas. Temos agora, neste começo de século

XXI, um sistema infocomunicacional mais complexo, onde convivem

formatos massivos e pós-massivos. Emerge aqui uma nova esfera

conversacional em primeiro grau, diferente do sistema conversacional de

segundo grau característico mass media. Neste, a conversação se dá após o

consumo em um rarefeito espaço público. Naquele, a conversação se dá no

seio mesmo da produção e das trocas informativas, entre atores individuais

ou coletivos. Esta é a nova esfera conversacional pós-massiva (Lemos, 2009,

p. 10).

No mesmo tom, Giovani Vieira Miranda e Antonio Francisco Magnoni (2018, p. 6)

consideram o processo emergente de reconfiguração da esfera pública, associada à criação de

outras mídias:

O debate público foi ampliado com as possibilidades de comunicação vindas

com a ascensão da internet. Passaram a existir outras formas efetivas de

divulgação dos conteúdos críticos e reflexivos que são de interesse público,

com a possibilidade de se fazer uma análise da própria mídia e de publicizar

uma visão considerada alternativa.

Machado (2017) defende que o processo de diferenciação social no ecossistema

comunicacional é liderado pelos oligopólios mundiais das tecnologias da comunicação e da

informação, como Google, Facebook, Twitter, WhatsApp, Instagram, que na prática estão

assumindo a função de estruturação da esfera pública em escala mundial, que desde o século

XVIII era exercida pela imprensa.

Assistimos ao surgimento de uma nova esfera pública, pautada pelas redes sociais,

ambientada no cenário digital e conduzida por todos nós que nos inserimos nesse ambiente.

Essa configuração permeia o complexo contexto que deve ser observado pelas organizações

jornalísticas que pretendem continuar com a produção e venda de notícias na atualidade. A

seguir, a pesquisa considera, como um dos contornos das alterações do jornalismo na

atualidade, o surgimento de novos atores midiáticos.

1.2.2 Novos atores e suas audiências

Dentro do complexo cenário online, emergem novos atores, com consideráveis

audiências. São artistas, músicos, culinaristas, profissionais de educação física e nutrição.

Enfim, representantes dos mais diferentes segmentos e atividades que possam existir. Eles

usam, astutamente, as mídias digitais para vender o seu peixe e transformam-se em

47

influenciadores. O ramo do jornalismo não ficou de fora dessa tendência e concentra vários

desses atores. São profissionais do rádio, da televisão, do impresso ou de revistas que se

apropriaram do ambiente online. Primo (2011, p. 131) considera como essa perspectiva se

deu:

A produção e circulação de notícias dependia de caros meios de produção,

de sistemas de logística e da divisão do trabalho de grandes equipes. Hoje,

com o barateamento e simplificação das formas de publicação na Internet, a

informação se desgarra do imperativo industrial. É através da

potencialização da comunicação, dos afetos, do trabalho voluntário, dos

movimentos de colaboração e das interações em redes que o jornalismo vai

se transformando no contexto da cibercultura.

No setor do jornalismo, encontramos profissionais que concentram parte de suas

atividades nas mídias digitais. Alguns deles reúnem, sozinhos, número equivalente ou

superior de usuários em relação a um jornal inteiro. Uma breve observação no Instagram, por

exemplo, revela essa realidade.

O G1 possui 5,4 milhões de seguidores; a Folha de S.Paulo, 2,4 milhões; o CNN

Brasil possui 2,3 milhões de seguidores; O Globo, 2,1 milhões; o Estadão, 1,7 milhão; Nexo

Jornal, 257 mil; Le Monde Diplomatique Brasil, 105 mil; o Jornal do Brasil, 15,7 mil. Ana

Holanda, ex-editora da revista Vida Simples e que agora dedica-se a consultorias de escrita,

possui 28,3 mil seguidores, número superior ao do Jornal do Brasil. O colunista da Folha

Reinaldo Azevedo reúne 249 mil seguidores, quase um quinto do jornal; o apresentador de

televisão José Luiz Datena conta com 695 mil seguidores, mais do que um terço do Estadão.

Esse quadro reforça o modelo de comunicação todos-para-todos e demonstra como as

redes descentralizam o poder da comunicação, conferindo semelhantes possibilidades a

qualquer usuário ou organização que nelas se hospedam.

1.2.3 Iniciativas no jornalismo nativo digital

Além de compreender o surgimento de iniciativas individuais de agentes ligados ao

jornalismo na web, a pesquisa também considera as mídias independentes digitais, outro

nicho emergente no mercado do jornalismo contemporâneo, e que vem forçando as

organizações jornalísticas da atualidade a repensarem os seus modelos de negócio,

especialmente aqueles que ainda não estão amparados no ambiente digital.

48

Capobianco (2019) discute as atuais dinâmicas de produção de conteúdo em sua tese e

sinaliza que a compreensão de mídia independente é bastante ampla e, por vezes, imprecisa.

Com base em um conjunto de informações sobre essas mídias, a autora, por meio de

categorias que criou, tenta fazer uma síntese dos aspectos que as diferenciam, auxiliando na

compreensão de suas identidades, a saber: a) posição engajada; b) cobertura temática; c)

jornalismo de profundidade; d) uso de voz autoral. Ela considera, ainda, que as mídias são

diversas com relação ao posicionamento editorial, nos processos produtivos e nas suas

narrativas e formatos jornalísticos.

Incorporando a distinção feita por Capobianco em seu conjunto de categorias e a partir

de um levantamento realizado pela Agência Pública,6 a pesquisa elegeu cinco mídias para esta

discussão. A partir de critérios como expressividade, representatividade e militância, optamos

por considerar as seguintes mídias: Mídia Ninja, Nexo Jornal, Repórter Brasil, R.I.A, Revista

Afirmativa. O Quadro 2 sintetiza as características comuns a essas iniciativas.

Quadro 2 – Características comuns às cinco mídias digitais

MÍDIA NINJA, NEXO JORNAL, REPÓRTER BRASIL, RIA, REVISTA AFIRMATIVA

a) posicionam-se como jornalísticas;

b) definem-se pela perspectiva de distribuir um jornalismo de diferenciação ou de

representatividade em relação ao modelo de jornalismo praticado em grandes organizações;

c) constam no Mapa do Jornalismo Independente da Agência Pública;

d) declaram-se independentes;

e) possuem distribuição exclusiva ou quase exclusivamente pela internet;

f) têm formas alternativas ou colaborativas para seu financiamento;

g) adotam formas de gestão da organização que se assemelham a startups.

Fonte: elaborado pela autora.

O Mapa do Jornalismo independente foi realizado pela Agência Pública entre

novembro de 2015 e fevereiro de 2016.7 A apuração traça um mapeamento das mídias

independentes no Brasil a partir de um levantamento realizado pela agência e por indicações

6 Organização de jornalismo investigativo, sem fins lucrativos. Disponível em:

https://apublica.org/?gclid=EAIaIQobChMI_rnTyb_z7QIVgRGRCh0qlAhTEAAYASAAEgKpDfD_BwE.

Acesso em: 17 dez. 2020. 7 Disponível em: https://apublica.org/mapa-do-jornalismo/. Acesso em: 17 dez. 2020.

49

de leitores, considerando certos critérios. Foram selecionadas aquelas iniciativas que

nasceram na rede, fruto de projetos coletivos e não ligados a grandes grupos de mídia,

políticos, organizações ou empresas. Blogs ficaram de fora do levantamento porque,

geralmente, são iniciativas individuais, com tom pessoal, não necessariamente jornalístico.

A Agência Pública mapeou, então, 79 iniciativas em 12 estados e no Distrito Federal.

O estado de São Paulo, de acordo com os dados da Pública do início de 2016, concentra 36

veículos independentes, quase a metade dos que aparecem no Mapa. Foram localizadas sete

organizações descentralizadas e, por terem sido criadas na rede, não têm um só local de

fundação, como é o caso da Revista AzMina, que reúne pessoas de São Paulo, Rio de Janeiro,

Minas Gerais, Estados Unidos e Portugal.

O Mapa do Jornalismo considerou apenas organizações em atividade. Entre as

iniciativas listadas, a mais antiga é o site Scream and Yell, especializado em jornalismo

musical e fundado em 1996. Entre 1996 e 2006, de acordo com o levantamento, o surgimento

de veículos de jornalismo independente no Brasil transitou por períodos instáveis, com alguns

anos sem registro de criação de organizações. A partir de 2006 é possível observar o

surgimento de ao menos um veículo por ano. De 2013 para 2014, conforme a investigação, a

fundação de novas organizações saltou de cinco para 18.

No relatório de pesquisa sobre As relações de comunicação e as condições de

produção no trabalho de jornalistas em arranjos econômicos alternativos às corporações de

mídia, Roseli Figaro (2018) atualizou a investigação do Mapa do Jornalismo e construiu, em

um trabalho de catalogação, o levantamento com 170 mídias independentes no Brasil e 10

mundiais. Em território nacional, elas estão assim distribuídas: 27 na região Sul, 95 na região

Sudeste, 3 na região Norte, 16 na região Nordeste, 5 no Centro Oeste e 24 não identificadas.

Na Grande São Paulo foram catalogadas 70.

Figaro (2018) criou categorias para identificar as características de cada um dos 70

arranjos que ela localizou na região Metropolitana de São Paulo a partir de autodeclaração. O

estudo observa que pequenas empresas e outras formas criativas de organização organizam-

se, formam coletivos e associações como alternativa profissional e cidadã que os grandes

conglomerados de mídia não podem oferecer. Também aponta a necessidade de inserção de

políticas públicas que garantam a existência de arranjos locais do trabalho do jornalista como

forma de proporcionar à população o direito à informação garantido pela Constituição

Federal.

Figaro (2018) também identificou que, como o dinheiro que entra no arranjo não é

regular e nem serve para pagar os jornalistas, estes costumam trabalhar muito próximo do

50

conceito de voluntariado. Mas, apesar das dificuldades, o engajamento pelo jornalismo é a

tônica dos discursos. Ela observou que o trabalho jornalístico com o smartphone permite a

produção de notícia em qualquer lugar. Assim, os processos de trabalho ganham dimensão

colaborativa de maneira difusa, sem o controle presencial de quem trabalha. As relações de

trabalho, por sua vez, estão mediadas por dispositivos comunicacionais. Ainda discutiu os

conceitos de alternativo, independente, comunitário e coletivo e considerou independência

financeira como fundamental nesses novos arranjos independentes.

Como conclusão de seu estudo, Figaro (2018) considerou que o território periférico é o

lugar de fala de quem reivindica a valorização do comunitário. A autora compreendeu como

os jornalistas organizados em arranjos econômicos alternativos às corporações de mídia

sustentam sua autonomia no trabalho; identificou como os jornalistas organizados em arranjos

econômicos alternativos às corporações de mídia mobilizam os dispositivos comunicacionais

a seu dispor para instituir novas prescrições para o trabalho jornalístico e observou que as

prescrições formuladas nesses arranjos econômicos alternativos instituem relações de

comunicação mais democráticas e compartilhadas no processo de trabalho.

Capobianco (2019) também se amparou no estudo realizado pela Agência Pública e

extraiu, dali, algumas iniciativas analisadas em O fazer jornalístico em transformação: a

produção da notícia em mídias independentes digitais. A autora se propôs a fazer uma viagem

ao universo das mídias independentes. A multiplicidade de perspectivas e de compreensões

acerca do que caracteriza essas mídias como independentes, e a própria noção de

independência, chamou a atenção de Capobianco, evocando complexidade.

Capobianco (2019), como uma das conclusões de sua pesquisa, considera que essa

efervescência de iniciativas de novas mídias deve ser olhada sob aspectos políticos, sociais e

econômicos, na busca por novas oportunidades de trabalho, de novos modelos de negócio,

mas também do desejo de escolha de jornalistas por ambientes e dinâmicas de trabalho

alinhados com suas identidades. Ela observou que essas novas mídias estão bastante

organizadas e sistematizadas; identificou jornalistas que se voltam à compreensão dos

conteúdos em profundidade; apontou também para novas referências que aparecem no

horizonte de atuação dessas mídias, como a defesa dos direitos humanos, da democracia, a

previsibilidade das instituições públicas e o combate ao trabalho escravo.

Um aspecto relevante do estudo sobre as mídias alternativas é a compreensão sobre

como elas se sustentam. A partir de informações fornecidas por essas organizações, a Agência

Pública também apurou esse dado. De acordo com o levantamento, entre as 79 mídias

mapeadas, 32 têm caráter comercial e 47 são sem fins lucrativos. Dos 57 veículos que

51

possuem alguma forma de financiamento, 35 mencionaram fontes de renda variadas e 22,

somente uma. As 22 outras organizações ainda não contam com financiamento.

Conforme o Mapa do Jornalismo, a fonte de renda mais mencionada pelas

organizações com fins lucrativos foi a utilização de publicidade (13). Já entre as iniciativas

sem fins lucrativos, sete veículos mencionaram o uso de publicidade, enquanto o modelo de

financiamento mais citado por esse segmento é a doação de pessoas jurídicas (15). Dos 47

veículos sem caráter comercial, 18 apontaram que não contam com fontes de financiamento.

Entre os veículos com caráter comercial, o número cai para sete. As fontes de sustento

empregadas por essas iniciativas incidem diretamente sobre o modelo de negócio dessas

organizações. Esse tema será contemplado ainda neste capítulo, na sinalização de saídas para

as empresas jornalísticas nesse ambiente de mudanças.

A Agência Pública também apurou quais os canais e ferramentas utilizados pelas

mídias alternativas. A maioria dos veículos de jornalismo independente utiliza sites próprios

(59) para publicar seu conteúdo, enquanto 13 divulgam a produção diretamente no Facebook.

Os demais publicam em blogs, no Medium e em outras redes sociais, como Twitter e

YouTube. Já o Farol Jornalismo, de Porto Alegre, distribui sua produção através

de newsletters semanais.

Mídia Ninja

No que diz respeito à análise das cinco mídias selecionadas para este estudo,

começando pela Mídia Ninja,8 esta se intitula como uma rede de comunicação livre, que

busca novas formas de produção e distribuição de informação a partir da tecnologia e de uma

lógica colaborativa de trabalho. Foi fundada em 2013, com a cobertura do Fórum Mundial de

Mídia Livre, na Tunísia. É mantida por colaborações e ganhou notoriedade durante as

manifestações de junho daquele ano, que reuniram milhões nas ruas do Brasil, realizando

coberturas ao vivo de dentro dos protestos, com múltiplos pontos de vista. Naquele ano ela

recebeu o prêmio “Shorty Awards for our Social Media Profile”.9 Em 2016, alcançou um

destaque entre as iniciativas de resistência na luta pelo fortalecimento da democracia em

meio a instabilidade política. Hoje a rede engaja mais de 2 milhões de apoiadores e cerca de

500 pessoas diretamente envolvidas com o suporte de casas coletivas pelo Brasil.10

8 Portal online: https://midianinja.org/ 9 “Shorty Social Good Awards” é um programa de premiação internacional que homenageia o trabalho

impactante de organizações. Disponível em: https://shortyawards.com/. Acesso em: 17 dez. 2020. 10 Conforme definido pela Mídia Ninja representam os espaços ocupados pelos jornalistas em estado permanente

de construções de aplicativos e tecnologias sociais. Esses ambientes servem de moradia, trabalho e convivência.

52

Em 6 de julho de 2019 a Mídia Ninja ampliou os seus negócios e lançou o seu

primeiro endereço internacional em Lisboa, capital portuguesa, com convidados como

Caetano Veloso e a casa lotada. A Casa foi lançada em parceria com o grupo TodoMundo e

desde então conta com uma programação intensa. Além disso, a Mídia Ninja defende que

busca construir frentes internacionais e intercambiar experiências com ativistas, coletivos e

redes de comunicação, além de impulsionar redes regionais, como o Facción – Red

Latinoamericana de Midiativismo, com mais de 200 ativistas de comunicação em 21 países.

A Mídia Ninja está em processo de expansão. Uma das características que faz com que

ela adquira notoriedade tem a ver com a sua linha editorial, considerada aqui a partir do

estudo de Capobianco (2019, p. 51):

Os Ninjas são participantes atuantes dentro dos movimentos sociais, de onde

transmitem ou captam as informações. Para quem acessa o conteúdo

produzido por eles, seja no site, seja nas redes sociais, está claro que se trata

de uma primeira pessoa, um ator da notícia. Eles se tornam, ao mesmo

tempo, redator e personagem, não só cobrindo, mas participando e até

organizando manifestações e protestos, por exemplo.

Além de agir como agente e até como protagonista da notícia, como indicou

Capobianco (2019), a Mídia Ninja também explicita o seu posicionamento político, conforme

demonstra uma publicação em seu Instagram de 17 de novembro de 2020, no início do

segundo turno das eleições para a prefeitura de São Paulo. O post, com uma foto de

Guilherme Boulos (PSOL), que disputou a prefeitura de São Paulo, e de Manuela d'Ávila

(PCB), que foi candidata à prefeitura de Porto Alegre, recebeu a legenda “Brasil que

queremos!”. A organização já demonstrava simpatia e concedeu generoso espaço aos

candidatos no primeiro turno.

A atuação da Mídia Ninja se estende em diversas frentes. Além de manter a sua página

na internet, a organização está presente no Facebook, Twitter, Instagram e Youtube. Incorpora

a linguagem de cada meio comunicativo para divulgar seus textos.

Nexo Jornal

Lançado em 24 de novembro de 2015, o Nexo Jornal é também um veículo nativo

digital, com sede em São Paulo, idealizado por Paula Miraglia, Renata Rizzi e Conrado

Disponível em: https://medium.com/news-quarentena/casas-coletivas-em-quarenten-b469a9ba40ae Acesso em

17 dez. 2020.

53

Corsalette.11 Capobianco (2019) considera que, embora trabalhe com informações diárias, o

modelo editorial foge da ideia de hard news e busca um jornalismo de contexto, com intenção

de imparcialidade. Com apenas cinco anos de existência, ganhou prêmios reconhecidos.12

Em seu estudo sobre o jornalismo nativo digital do Nexo, Lenzi (2019) considera que o

veículo, como marca nova, desde o início teve liberdade de produzir conteúdos próprios,

pensados especificamente para publicação na internet. O autor ressalta que o conceito de

nativo digital tem aparecido em diferentes contextos, especialmente com referência aos jovens

que nasceram cercados pelas tecnologias digitais.

Lenzi (2019) considera que o Nexo apresenta conteúdos inovadores que exploram

características potencializadas no jornalismo online, principalmente a multimidialidade e a

hipertextualidade. Isso ocorre em diferentes níveis de intensidade, de acordo com a seção

publicada. Lenzi (2019, p. 5) ainda traça um perfil do Nexo Jornal:

O Nexo é um jornal digital sem cobertura factual, priorizando trazer contexto

às notícias e ampliar o acesso a dados e estatísticas, conforme comunicado

pela própria empresa na seção Sobre o Nexo. Trata-se de uma iniciativa

independente, financiada com recursos próprios. Sem publicidade no site, o

jornal dá acesso a cinco conteúdos livres por mês. A partir disso, é preciso

pagar assinatura, que é a principal fonte de receitas. Com sede em São Paulo,

conta com uma equipe com pessoas de diferentes formações e habilidades,

incluindo jornalismo, ciências sociais, estatística, ciência de dados, design,

tecnologia, marketing e negócios. Os próprios fundadores são de áreas

distintas: a diretora geral, Paula Miraglia, é cientista social e doutora em

antropologia social, a diretora de estratégia e negócios, Renata Rizzi, é

engenheira e doutora em economia e o editor Conrado Corsalette é jornalista.

O Nexo está estabelecido no Facebook, Twitter, Youtube, Instagram, Spotify e também

no canal NexoEdu, uma ferramenta criada pelo Nexo especialmente para professores e

estudantes.

A Repórter Brasil é uma Organização de Comunicação e Projetos Sociais.13 Foi

fundada em 2001 por jornalistas, cientistas sociais e educadores com o objetivo de fomentar a

reflexão e ação sobre as diversas situações de injustiças sociais, tanto nos casos de flagrante

desrespeito aos direitos humanos, como nas condições sociais e estruturais sub-humanas de

11 Portal online: https://www.nexojornal.com.br/ 12 O Nexo ganhou o prêmio “Online Journalism Awards 2017” na categoria excelência geral em jornalismo on-

line pequenas redações e, em abril de 2019, foi indicado entre os três melhores sites de notícias do mundo, sendo

finalista do “Word Digital Media Awards 2019”.

13 Portal online: https://reporterbrasil.org.br

54

vida. A organização possui quatro eixos de atuação: jornalismo social, projetos de educação e

comunicação, combate à escravidão e pesquisa sobre agrocombustíveis.

Repórter Brasil

A Repórter Brasil divide sua atuação em jornalismo, pesquisa, educação e articulação.

Suas principais atuações são nos campos do jornalismo e da pesquisa. A ONG Repórter Brasil

lançou, em 2006, a Agência de Notícias sobre Trabalho Escravo – o primeiro veículo

jornalístico voltado exclusivamente para o tema no país. O objetivo da agência é aumentar a

circulação de informações a respeito da escravidão contemporânea e de todas as formas de

trabalho degradante, influenciando a pauta de outros veículos de comunicação e servindo de

subsídio para ações dos três poderes e da sociedade civil. As reportagens feitas pela equipe de

jornalismo da Repórter Brasil são disponibilizadas no site da ONG para livre e gratuita

reprodução. A agência também possui um programa de rádio distribuído semanalmente a

rádios comunitárias de todo o país e que também está disponível para download na internet.

Em 2008, a Repórter Brasil e a Comissão Pastoral da Terra receberam o prêmio

internacional “Freedom Awards 2008”, concedido por uma das principais organizações

mundiais na luta contra a escravidão contemporânea, a Free the Slaves, dos Estados Unidos.14

Em 2009, a Repórter Brasil passou a gravar o Vozes da Liberdade, programa de rádio

semanal da organização, em parceria com a Rádio Brasil Atual.

O site da Repórter Brasil não manifesta claramente a maneira como a organização se

sustenta, mas indica a possibilidade de qualquer usuário ser um apoiador, fazendo doações

mensais de valores pré-estabelecidos de R$ 10, R$ 20, R$ 50 ou R$ 100. Essas contribuições

são feitas pelo site do veículo, por meio da ferramenta de pagamento PayPal.15 Além de

figurar em sua página na internet, a Repórter Brasil também está no Facebook, Twitter,

Youtube, Instagram e Flipboard.

Rede de Informações Anarquistas

A R.I.A se autodefine como uma organização e coletividade anarquista e libertária que

tem como princípio a contra-informação como forma de ação direta.16 Mantém conta no

Facebook, Twitter, Instagram, Telegram e no Chat Geral R.I.A. Surgiu em maio de 2014.

14 A Comissão Pastoral da Terra foi fundada em plena ditadura militar, ligada à Igreja Católica, como resposta à

situação vivida pelos trabalhadores rurais, posseiros e peões, sobretudo na Amazônia, explorados em seu

trabalho. Disponível em: https://www.cptnacional.org.br/. Acesso em 16 dez. 2020. 15 Disponível em: https://reporterbrasil.org.br/2015/08/doeparareporterbrasil/. Acesso em: 16 dez. 2020. 16 Portal online: https://redeinfoa.noblogs.org/

55

Na página inicial do seu site constam os links Início; Artigos e Resistência, com

artigos de pessoas que apoiam a causa; Brasil, dividido por regiões; Mundo, também dividido.

Ainda se inserem Links Libertários, com iniciativas econômicas, libertárias e

autogestionárias, contra-informação, organizações e coletividades, cyberativismo, educação

libertária, movimento antiopressão. Constam no portal R.I.A. informações da organização e o

link Contatos. O manifesto do site descreve como se configura a produção de informação pela

rede:

A criação da Rede de Informações Anarquistas sempre teve um objetivo

geral: descentralizar a informação. A organização por trás dos memes e das

notícias concorda que, no período histórico e tecnológico que vivemos,

informação é poder e descentralizá-la para promover a luta dos povos

oprimidos é empoderar a narrativa desses mesmos povos. O

“empoderamento” aqui em questão passa longe do conceito pós-moderno

largamente utilizado pela ex-querda partidária: nosso discurso aborda a

possibilidade das vozes oprimidas de terem poder e autonomia para

expressarem-se. Dessa forma, a R.I.A é, antes de tudo, um projeto de

empoderamento através da informação.

A R.I.A também informa em seu portal que, em relação às tradições existentes no

Brasil antes de 2013/14, a rede teria rompido com um dos fatores que, na visão da R.I.A, mais

atrasavam a difusão dos princípios anarquistas/libertários pelas mídias sociais: o

academicismo, o purismo e o linguajar militante tradicional nas comunicações e estéticas

anarquista/libertárias.

Revista Afirmativa

A Revista Afirmativa é um veículo multimídia de mídia negra.17 Em seu site, a revista

defende que rompe com o discurso de pretensa imparcialidade pregado pela grande mídia,

considerada pelo portal como tradicionalmente racista, machista e heteronormativa. Possui

hospedagem no Instagram, Youtube e Facebook.

A Revista Afirmativa é produzida pelo coletivo de mídia negra, um grupo composto de

jornalistas e outros profissionais da comunicação, que atuam na militância pelo direito à

comunicação da comunidade. A revista atua pela garantia da representatividade da população

negra na mídia. Também promove ações que visam pautar as faculdades de Comunicação da

Bahia sobre a responsabilidade das instituições de ensino na invisibilização do debate racial e

17 Portal online: https://revistaafirmativa.com.br/

56

dos direitos humanos nos cursos de Comunicação, como o ”I Prêmio de Jornalismo Revista

Afirmativa e o Lab Afirmativa de Jornalismo – Respeita a Favela!”

A revista e o coletivo nascem como fruto da organização de três estudantes negros do

curso de jornalismo da UFRB, que reuniram-se com a intenção de produzir um periódico que

dialogasse com os colegas estudantes da instituição, majoritariamente negros. O projeto foi

crescendo, e a Revista Afirmativa apresentou-se como potencial veículo de maior abrangência,

com público leitor cativo na Bahia e em outros estados, sobretudo entre a juventude negra e as

mulheres negras.

O grupo de mídia negra Revista Afirmativa está organizado desde outubro de 2013 e

realizou o lançamento oficial do portal Afirmativa e da primeira edição da revista impressa, no

dia 19 de março de 2014, durante o I Encontro de Estudantes Negrxs da Universidade Federal

do Recôncavo da Bahia (UFRB), na cidade de Cruz das Almas – BA. A revista trouxe um

apanhado histórico sobre a conjuntura e as perspectivas da luta por ações afirmativas no

Brasil.

Uma das evidências na mídia digital (COSTA, 2014) é que os sites especializados

conseguem melhores resultados na cobertura de seus temas do que os sites generalistas. Este

parece ser o caso da Revista Afirmativa, que busca pautar as mídias tradicionais e tem

conquistado reconhecimento pelo trabalho que desenvolve. Em julho de 2015, por exemplo,

sua atuação garantiu à revista a eleição entre os melhores pontos de mídia com abrangência

local, em um concurso nacional organizado pelo Ministério da Cultura. Em outubro de 2015,

foi selecionada pelo intercâmbio Community Journalism, organizado pelo Consulado dos

Estados Unidos no Brasil, e o Instituto Mídia Étnica (IME), em reconhecimento ao trabalho

desenvolvido pelo coletivo e pela revista.

Em resumo

Esse breve panorama sobre as mídias alternativas sinaliza, ainda que de forma

sumária, que elas se inserem em diversas frentes, com linguagens e formatos adequados para

cada canal tecnológico, como o Facebook, Twitter, Instagram, Spotify, Youtube e Flipboard.

Elas imprimem, cada qual à sua maneira, identidade própria na web e conquistam

reconhecimento social. De forma mais ou menos similar, caminham para um jornalismo de

contexto, encorpando as informações noticiosas com ampliação de dados e estatísticas.

O engajamento, ativismo e clara posição política lhes confere audiência e as diferem

dos meios tradicionais. A postura engajada pode resultar em atuação temática, como nos casos

57

da Repórter Brasil, R.I.A e Revista Afirmativa. Sobre as formas de financiamento: a Mídia

Ninja é mantida por colaborações; o Nexo Jornal é sustentado com recursos próprios; a

Repórter Brasil indica aos usuários a possibilidade de colaboração financeira; a R.I.A não

menciona a sua forma de sustento; a Revista Afirmativa também não deixa clara a sua forma

de manutenção.

Algumas possuem características bem definidas. A Mídia Ninja, por exemplo, atua

como um agente e em alguns casos, como protagonista da notícia, tornando-se o repórter, ao

mesmo tempo, redator e personagem. A organização também deixa claro o seu vínculo

político como foi o caso nas eleições municipais de 2020. Já o Nexo Jornal, embora trabalhe

com informações diárias, busca um jornalismo de contexto, ampliando o acesso a dados e

estatísticas.

As mídias independentes atuam de forma engajada, e segmentada, como é o caso da

Repórter Brasil, que integra comissões que buscam a erradicação do trabalho escravo no

Brasil e atua como agência de notícias sobre o tema, disponibilizando o material de forma

gratuita na internet.

Na esteira do engajamento da Repórter Brasil, a R.I.A, que encampa o movimento

anarquista, se proclama como projeto de empoderamento por meio da informação. Ainda no

campo da segmentação, temos o caso da Revista Afirmativa, que defende a representatividade

da voz negra nas mídias tradicionais e atua de forma engajada em outras instâncias. O Quadro

3 traz uma síntese das características gerais das cinco mídias estudadas.

Quadro 3 – Características gerais das mídias estudadas

MÍDIA

NINJA

NEXO JORNAL REPÓRTER

BRASIL

R.I.A REVISTA

AFIRMATIVA

Resistência;

Engajamento;

Jornalista como

ator da notícia.

Jornalismo de

contexto;

Conteúdos

inovadores;

Conteúdos

pensados

exclusivamente

para a internet;

Ampliação de

dados e

estatísticas.

Atua no campo do

jornalismo, da

pesquisa, da

educação e da

articulação;

Voltado para a

divulgação de

notícias sobre o

trabalho escravo.

Comunicação

anarquista e

libertária;

Contra-

informa-ção

como forma de

ação direta.

Produzido por

coletivo de mídia

negra;

Atuação na

militância pelo

direito à

comunicação da

comunidade.

58

Fonte: elaborado pela autora.

Este breve panorama da chamada mídia digital independente conversa de forma direta

com um dos objetivos desta pesquisa, que é o de verificar as formas alternativas de produção

de notícia e como elas se localizam no cenário das transformações. As iniciativas aqui

identificadas, apoiadas pelos estudos de Capobianco (2019) e Figaro (2018), deixam entrever

que a receita desenvolvida por essas organizações tem revelado resultados. Elas valem-se dos

recursos e ferramentas disponibilizadas no mundo digital, formatam suas produções noticiosas

de olho no público nativo digital e, assim, conquistam a audiência.

Cada uma delas encontra meios de se sustentar que parecem ter dado certo, uma vez

que têm garantido a continuidade dos projetos por um tempo, que pode ser maior ou menor,

mas que legitima de alguma maneira o lugar social que esses veículos ocupam. Assim, no

cenário das transformações, essas iniciativas se destacam por vencerem dois grandes desafios

contemporâneos para as organizações jornalísticas: reúnem expressiva audiência e conseguem

se manter. E mais do que isso, estão crescendo dia a dia. A atuação delas lhes garante

reconhecimento e notoriedade.

1.2.4 A retomada do jornalismo local pelas organizações

A recente incorporação de aparatos tecnológicos no jornalismo alterou a atividade em

muitos eixos. Uma dessas alterações, como veremos, foi justamente a ampliação (ou

retomada) do interesse pelo jornalismo local. Antes de considerarmos as iniciativas

contemporâneas que surgem nessa área, faz-se necessária uma breve reflexão sobre o espaço

onde essas comunicações se dão, sobre as dimensões que fortalecem o vínculo social (como a

proximidade) e as circunstâncias do movimento de resgate pelos acontecimentos locais e

regionais, atendendo, desta maneira, à etapa da Hermenêutica de Profundidade estabelecida

neste capítulo.

Conforme Milton Santos (2002), em A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e

emoção, sendo o espaço geográfico um conjunto indissociável de sistemas de objetos e

sistemas de ações, sua definição varia com a época, ou seja, com a natureza dos objetos e a

natureza das ações presentes em cada período histórico. O autor sustenta que não há um

espaço global, mas, somente, espaços de globalização, espaços mundializados reunidos por

redes que, por sua vez, são globais e, desse modo, transportam o universal ao local.

59

Alain Bourdin (2001), na obra A questão local, considera que a localidade às vezes

não passa de uma circunscrição projetada por uma autoridade, em razão de princípios que vão

desde a história a critérios técnicos. A localidade também exprime, em alguns casos, a

proximidade, o encontro diário, a existência de um conjunto de especificidades sociais e

culturais. O autor elenca três grandes dimensões que fundamentam o vínculo social: primeiro,

a complementaridade e a troca; em segundo lugar, o sentimento de pertença à humanidade

que nos leva a reforçar nossos vínculos com os outros seres humanos; por fim, o fato de viver

junto, de partilhar uma mesma cotidianidade. Neste sentido, todas as elaborações do local

(BOURDIN, 2001) concedem um lugar essencial à proximidade e ao seu papel na vida social,

e portanto o local é definido como uma forma social que constitui um patamar de integração

das ações e dos atores, dos grupos e das trocas.

No estudo sobre mídia regional e local, Cicilia Peruzzo (2005, p. 74) defende que:

Hoje está superada a noção de território geográfico como determinante do

local e do comunitário. Para lá das dimensões geográficas, surge um novo

tipo de território, que pode ser de base cultural, ideológica, idiomática, de

circulação da informação etc. Dimensões como as de familiaridade no

campo das identidades histórico-culturais (língua, tradições, valores, religião

etc.) e de proximidade de interesses (ideológicos, políticos, de segurança,

crenças etc.) são tão importantes quanto as de base física. São elementos

propiciadores de elos culturais e laços comunitários que a simples

delimitação geográfica pode não ser capaz de conter.

O autor português Carlos Camponez (2002) retoma a discussão da proximidade para o

jornalismo e considera que a questão está longe de ser apanágio da imprensa regional. Na

realidade, trata-se de uma questão transversal do jornalismo, no esforço de comunicar

conteúdos considerados pertinentes aos seus leitores e na definição de estratégias empresariais

com o objetivo de conseguirem a fidelização dos públicos.

A redescoberta do conceito de proximidade assumiu uma importância tanto

maior, nos últimos anos, quanto a crise de leitores parecia agravar-se,

constituindo-se como uma estratégia para recuperar imensas franjas de

públicos que normalmente estão alheados dos grandes meios de

comunicação de massa, quer pelo acesso ao seu conteúdo, quer pela

possibilidade de se constituírem como sujeitos de comunicação

(CAMPONEZ, 2002, p. 114).

Camponez (2002) considera que a proximidade tem a ver também com as realidades

sociais que nos rodeiam, os serviços de que dispomos na nossa comunidade, e essa realidade

só pode ser apreendida, conforme o autor, pela imprensa local e por uma abordagem bastante

60

segmentada dos públicos. O autor define o conjunto de funções que a imprensa regional

desempenha: servir de elo da comunidade a que se dirige; constituir-se como complemento à

experiência diária dos seus leitores; reduzir a incerteza do ambiente que rodeia o leitor;

funcionar como enciclopédia dos conhecimentos vulgarizados; servir como um importante

banco de dados sobre a região de influência; desempenhar a função de recreio e de

psicoterapia social.

A localidade reúne a proximidade, a cotidianidade, um conjunto de especificidades

sociais e culturais; ela também tem a ver com o vínculo social e constitui um patamar de

integração das ações e dos atores, que pode ser de base cultural, ideológica, idiomática ou de

circulação da informação. Dentro da localidade a comunicação acontece e, especialmente

circunscrita ao local e ao regional, a informação ganha maior repercussão devido à

proximidade das pessoas que integram as comunidades.

Peruzzo (2005) observa que a mídia local existe desde que surgiram os meios de

comunicação de massa. Historicamente o jornal, o rádio e a televisão, ao surgir, atingem

apenas alcance local ou regional. No Brasil, a televisão começa a alterar sua vocação local

com o surgimento do videoteipe, em 1960, e de outras tecnologias das comunicações que

possibilitaram a formação de redes e a nacionalização das transmissões das produções

televisivas.

A produção local e regional (PERUZZO, 2005) nunca esteve ausente dos meios de

comunicação. No final dos anos 1990, pareceu haver uma redescoberta do local pela grande

mídia, e o interesse apresentou-se, num primeiro momento, mais por seu lado mercadológico

do que pela produção de conteúdo regionalizado. Com o desenvolvimento da globalização da

economia e das comunicações, no entanto, chegou-se a pressupor o fim da comunicação local,

para em seguida se constatar a revalorização da mesma.

Danilo Rothberg (2011, p. 153) também considera esse período:

Uma resposta específica para os desafios enfrentados pelo jornalismo na

atualidade foi posta pelo movimento surgido no começo da década de 1990

nos Estados Unidos e chamado ali de jornalismo público ou cívico. Seus

precursores partiram de um diagnóstico dos dilemas então enfrentados pelos

jornalistas de veículos impressos e produziram um conjunto de propostas

para enfrentá-los, abrangendo também TV, rádio e internet. Mais de

seiscentos veículos nos Estados Unidos passaram a adotar as orientações

formuladas, constituindo um repertório de experiências que pode trazer

lições a outros países preocupados com a qualidade de suas mídias

jornalísticas.

61

O jornalismo local pode ser construído de diversas maneiras. Em um modelo de

jornalismo que contribui para a construção da cidadania (PERUZZO, 1999), os meios de

comunicação comunitários/populares surgem com o potencial de serem, ao mesmo tempo,

parte de um processo de organização popular e canais carregados de conteúdos

informacionais e culturais, além de possibilitarem a prática da participação direta nos

mecanismos de planejamento, produção e gestão. Já a comunicação no modelo participativo

(PERUZZO, 2014) coaduna com princípios embutidos nas propostas de desenvolvimento

local, desenvolvimento sustentável e desenvolvimento humano. Peruzzo (2005) também

sinalizou, em 2005, que uma das tendências do jornalismo local da época referia-se aos

vínculos políticos locais, que tendiam a ser fortes e a comprometer a informação de qualidade.

No ambiente contemporâneo do jornalismo, observa-se a retomada, pelas organizações

jornalísticas, de espaços dedicados às notícias locais e regionais. Em resposta ao processo de

globalização e pulverização de meios informativos, Meyer (2007) entende que, ao focar sua

produção de notícias em determinada região, os jornais podem praticar de maneira produtiva

o modelo de influência.

Peruzzo (2014, p. 185) identificou algumas dessas iniciativas:

Tanto no sertão do Piauí, quanto na região de Borborema – semiárido do

estado da Paraíba – e no território do semiárido do sertão do rio São

Francisco-estado da Bahia –, além de outras partes do Nordeste e de outras

regiões do país, se cultivam formas de promoção de intervenção local – e de

comunicação comunitária e local – com vistas ao desenvolvimento humano

em condições condizentes à realidade local. Estas, por sua vez,

proporcionam crescente bem-estar à população, com respeito à terra e à

natureza como um todo.

O processo de ampliação do interesse do jornalismo local fez emergir o conceito de

hiperlocal. Liana Vidigal Rocha (2015) entende que o hiperlocalismo pode ser identificado

como a tendência do jornalismo em explorar temas e discussões de interesse local, organizado

por regiões, cidades ou bairros. Esse modelo está sintonizado, de acordo com José Carlos

Fernandes e Myrian Del Vecchio de Lima (2017), com o jornalismo cidadão, exigindo

vínculo com a cidade e suas comunidades. O jornalismo hiperlocal, nos moldes do jornalismo

cívico e do jornalismo cidadão, dialoga com a sociedade organizada e ali cativa suas fontes.

Miranda e Magnoni (2018) consideram que o hiperlocal começou a ser usado para se

referir à cobertura de notícias em nível de comunidades geralmente esquecidas pela mídia

tradicional, sendo, inclusive, incorporada para o contexto das produções online. A

comunicação hiperlocal se concentra na cobertura de eventos de uma área geográfica

62

específica: um bairro, uma cidade, um Estado, embora os usuários possam estar fora dessa

mesma área geográfica.

Incorporando a noção de mídia hiperlocal cidadã como espaço para a consolidação de

uma microesfera pública no debate democrático, Miranda e Magnoni (2018) analisaram o

blog Mafuá do HPA, de Bauru, no interior de São Paulo. O estudo, que elegeu o blog devido à

propagação de conteúdos de nível local, revela que Bauru se destaca por iniciativas privadas,

com raros casos de mídia independente ou com características cidadãs. A pesquisa sugeriu

relações entre as características dos diferentes modelos de comunicação de massa com a

constituição de microesferas públicas firmemente apoiadas em práticas democráticas.

A investigação sobre o Mafuá do HPA (MIRANDA; MAGNONI, 2018) verificou que

o blog possui uma dinâmica específica de produção. A maioria dos leitores está concentrada

em regiões consideradas abastadas de Bauru, embora o vínculo com a comunidade seja

ressaltado quando se olha a audiência presente nas periferias da cidade, o que pode ser

justificado pelo privilégio editorial por assuntos dessas regiões.

Considerando os imperativos do modelo digital, Fernandes, Conceição, Spenassatto e

Goss (2019) estudam outra iniciativa de jornalismo local, com o nascimento do jornal Plural,

na capital paranaense, que surgiu como um produto hiperlocal e se aproxima dos modelos

norte-americanos de resistência midiática, firmados na relevância e influência. É descrito

pelos seus idealizadores como um jornal raro, criado e administrado exclusivamente por

profissionais de comunicação, com linha editorial independente, dedicado à cobertura de

política, cidades e cultura.

Machado Filho, Santi, Lima e Alves (2016) defendem outra possibilidade na esfera

local, a transmidiação, oportunizada pela TV híbrida, sustentada por uma publicidade baseada

em dados fornecidos pelos motores de busca, abrindo um caminho para a comunicação

regional. Os autores acreditam que os processos de mediação devem se reestruturar por conta

do processo de convergência e ampliação dos canais de comunicação mundial, sugerindo,

como alternativa, que os meios de comunicação se apoiem na exploração qualitativa dos fatos

locais que atuam, sinalizando a necessidade de segmentação na comunicação, da criação de

nichos e grupos que se interessam por recortes temáticos.

Machado Filho, Santi, Lima e Alves (2016) consideram que o modelo brasileiro de

televisão é muito parecido com o americano, evidenciando que um dos elementos presentes

nesses dois formatos, e que se revela como essencial para o seu sucesso, é o localismo. Eles

defendem que a transmidiação, oportunizada pela TV híbrida, representa uma oportunidade

ímpar na história das emissoras locais, capaz de lhes configurarem uma liberdade econômica

63

que lhes possibilite atuarem de forma independente e comprometidas com a democracia e o

desenvolvimento local. Essa configuração híbrida de televisão favorece a TV local, pois traz

para a discussão um modelo de televisão em que a integração entre conteúdo local e nacional

permitiria uma maior oferta de programas e serviços para a audiência.

Rocha (2015) considera dois exemplos de hiperlocalismo, o portal G1 e o jornal online

O Norte. A autora aponta que o G1 segue a divisão geográfica convencional das regiões

brasileiras – Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste, e, em seguida, a subdivisão das

unidades federativas, além de também considerar as relações socioespaciais existentes em

cada unidade, como Vilhena e Cone Sul, Triângulo Mineiro e Região dos Lagos. Apresenta

preocupação com os interesses do público que vão além de uma mera divisão de território,

considerando as semelhanças (proximidades) políticas, econômicas, sociais, ambientais e

culturais em cada espaço social.

O portal O Norte surgiu em 2005, em versão online do impresso O Norte. Na época,

de acordo com Rocha (2015), realizava apenas a transposição de notícias publicadas no meio

impresso. Com a extinção da versão impressa, em 2009, o portal passou a ser o principal

produto de conteúdo jornalístico da região norte do Tocantins. Voltado para o público

araguainense, o site veicula principalmente informações sobre os acontecimentos da cidade.

Produz um jornalismo hiperlocal na medida em que investe em notícias originais sobre sua

comunidade, promove a participação do cidadão e busca aporte financeiro na própria cidade.

A recente ampliação do interesse das organizações jornalísticas pelo jornalismo local,

aqui entendido como hiperlocalismo, demonstra que essas empresas têm investido em

estratégias empresariais no setor, incorporando a proximidade e a identificação de assuntos de

interesse do público leitor que ocorrem nos entornos local e regional. Desta forma, buscam

fidelizar seus públicos, conquistando uma fatia no mercado emergente do jornalismo digital.

A nova esfera do jornalismo é configurada no ambiente digital e comporta diferentes

formatos no fazer jornalismo na contemporaneidade. Essa complexa realidade do setor exige

profunda reflexão por parte das organizações jornalísticas. Algumas já incorporaram as

mudanças, garantindo, de um modo ou de outro, o financiamento de suas empresas e a

aferição de lucros para novos investimentos. Outras tantas ainda estão às voltas para encontrar

um modelo de negócio que fidelize o público leitor e garanta rendimento no final do mês.

Esse quadro suscita a investigação de projetos, pesquisas, intuições e sinalizações de saídas

para essas empresas, cenário este que será considerado a seguir.

64

1.3 A busca de saídas pelas organizações jornalísticas

A sessão anterior considerou atores, projetos e iniciativas jornalísticas que emergem

no ambiente digital. Ao identificar que a paisagem em que operam as organizações

jornalísticas está sendo redefinida, a pesquisa se ocupa, neste momento, com as experiências,

projetos e modelos que podem representar saídas, por parte das organizações na

contemporaneidade. Essas mudanças relacionam-se diretamente com a convergência das

mídias, que proporcionou oportunidades, mas também gerou grandes desafios para as

empresas do setor.

Uma das principais premissas para as organizações jornalísticas imprimirem

estratégias de negócio no mundo digital refere-se à audiência neste ambiente. Conforme

mencionado no texto introdutório, em 2020, durante a pandemia, sites de informação,

categorizados como notícias, saltaram de uma média de 440 milhões de pessoas por dia, para

mais de 560 milhões de usuários, representando um aumento de mais de 27%. O engajamento

foi maior em todos os setores, já que o total de visitas aumentou 43%. O número é

considerável e requer atenção das organizações.

Na fase embrionária do jornalismo digital, Palacios (2003, p. 17) identificou a

inexistência de um modelo para o jornalismo na web:

É igualmente importante que se ressalte que não acreditamos existir um

formato canônico, nem tampouco “mais avançado” ou “mais apropriado” no

jornalismo que hoje se pratica na web. Diferentes experimentos encontram-

se em curso, seguindo uma multiplicidade de formatos possíveis e

complementares, que exploram de modo variado as características das NTC.

Lenzi (2017) considera que a queda da circulação em papel e consequentemente do

valor e da participação da publicidade como fonte de renda foi um golpe forte e que ainda

estão em debate formas de rentabilizar o jornalismo online. De acordo com Lenzi, a queda na

receita em publicidade também é uma queixa do setor, que tem se intensificado nos últimos

anos ao ponto de, na média do mercado, a circulação já responder por uma fatia maior das

finanças do que a propaganda. Ao estudar a circulação paga em jornais impressos e digitais, o

autor reconhece que as oportunidades que a internet traz para as narrativas jornalísticas

também encontram obstáculos, ao ponto de o tradicional modelo de negócio das empresas

jornalísticas, em que a produção de conteúdo é financeiramente sustentada por assinantes e

patrocinadores, ser colocado em xeque.

65

Costa (2006) anunciou, no fim da primeira década de 2000, que a indústria de mídia

engatinhava no seu desenvolvimento digital, e que quem não se levantasse para andar perderia

a corrida. O autor alertava, na ocasião, para a exigência de rapidez na construção desse

modelo, no qual as ferramentas de interação dão o tom. O anúncio profético faz todo sentido.

No estudo em que se dedica a responder por que o que então se chamava de nova

mídia era revolucionária, Costa (2006, p. 21-22) faz um alerta:

Ninguém vai matar o jornal, embora o elemento vivificador, a tecnologia

propiciadora de acesso universal e móvel à profusão das informações, leve

indústrias, como a do jornal, a entrar em declínio. Passou o apogeu. As

circulações dos jornais não crescem mais da maneira como cresciam, não

geram mais resultados crescentes – de uma forma geral. A circulação até

pode aumentar por conta da explosão do mercado de jornais gratuitos ou dos

jornais de preço baixo, mas a indústria não consegue fazer crescer receitas

ou a venda de produtos impressos na mesma escala e velocidade do passado.

Desde a década de 90, do século passado, essa indústria necessita voltar sua

atenção total às margens decrescentes de lucro, e tornou-se imperativo cortar

custos – seja de mão-de-obra, seja de matéria prima. Ela não está condenada

a morrer, mas está destinada a parar de crescer da maneira como sempre

cresceu, a não ser que domine a plataforma da nova mídia, caso contrário,

alguém lhe toma o lugar.

No mesmo tom, Machado Filho, Santi, Lima e Alves (2016) consideram que a

democratização das ferramentas de produção e o advento da internet estão democratizando

também o espaço de construção de conteúdo. Neste sentido, os autores indicam que os

produtores tradicionais de informação noticiosa precisam inovar de forma mais constante e

assertiva para permanecerem no espaço do poder simbólico da mídia.

Lenzi (2017, p. 157) menciona o início do movimento das organizações em busca de

um modelo para manterem seus negócios:

As empresas informativas entre o início da década de 1990 e a virada do

milênio buscavam de forma incessante modelos estratégicos que alterassem

minimamente a estrutura da empresa, seus produtos e o seu processo

operacional, mas que, ao mesmo tempo, explorassem ao máximo as

vantagens da revolução digital.

Nesse ambiente de incertezas, surgem iniciativas que podem revelar uma dose maior

ou menor de consistência. Lenzi (2017) aponta que os dois principais jornais espanhóis, El

País e El Mundo, vivenciam um novo momento de priorização da plataforma online, um

processo para o qual também parecem caminhar jornais brasileiros. A virada da chave, do

impresso para o digital, conforme Lenzi (2017), não é um processo fácil e rápido. Trata-se de

66

uma transformação que condensa planejamento, tempo, disposição e a revisão de rotinas e

procedimentos incorporados à cultura profissional, fortemente pautada pelo ciclo do impresso

ao longo de muitas décadas, no território da chamada velha esfera pública.

1.3.1 O modelo do New York Times

Com um recente estudo sobre o que considera uma reinvenção digital do The New

York Times, Nafría (2017) lista 10 lições aprendidas com o jornal norte-americano: a aposta

no jornalismo de qualidade na oferta de um produto imprescindível aos usuários; a mudança

no modelo de negócio que faz com que usuários já aportem mais dinheiro do que os

anunciantes (o que ocorreu pela primeira vez em 2012); o foco nos usuários, especialmente

nos mais fiéis; a definição clara de missão e valores; a adaptação das equipes para a era digital

e móvel; a crença de que o futuro (e o presente) é móvel; a aposta em um jornalismo cada vez

mais visual; o entendimento de que o caminho para a transformação digital é longo e

complexo; o reconhecimento da necessidade de repensar o diário impresso e o investimento

em um trabalho colaborativo entre todos os departamentos. O The New York Times manteve

um número estável de 1.300 profissionais nos últimos anos, a maior equipe entre os jornais

norte-americanos, de acordo com Nafría (2017), mas variando no perfil de atuação.

No estudo sobre o processo de transição do The New York Times do impresso para o

digital, Gonçalves (2019) afirma que as inovações do tradicional jornal americano ocorrem,

principalmente, no âmbito tecnológico, tendo a empresa investido, a cada dia mais, em seu

conteúdo digital. Essa preocupação, no entanto, é antiga, já que o The New York Times lançou

o seu website em 1996, o mesmo ativo até hoje. Já naquele momento, de acordo com

Gonçalves (2019), o objetivo do jornal americano era o de gerar audiência para uma nova

plataforma. Tal investimento se fortaleceu, principalmente, a partir de 2005, uma vez que o

relatório anual de acionistas de 2004 fez referência à necessidade de se operar em múltiplas

plataformas de distribuição de conteúdo. Essa transformação se intensificou ainda mais em

2006, uma vez que o título do relatório trazia a frase: “Perseguindo um futuro

multiplataforma”. O trecho do documento deixava clara, assim, a mudança de estratégia do

The New York Times, que, a partir daquele ano, procurou criar novos produtos, através de

mídias variadas, além de ter investido em pesquisa, com o objetivo de antecipar iniciativas.

O objetivo de tal preocupação com o ciberespaço, de acordo com Gonçalves (2019),

era o de atrair um maior número de assinaturas digitais, a partir de um modelo de negócios

67

paywall poroso, que permite a leitura de uma determinada quantidade de conteúdo gratuita,

com acesso ilimitado para assinantes.

Costa (2014) recorda que o The New York Times iniciou as tentativas de incorporar o

paywall em 1999 e que, em 2010, quando as receitas da publicidade alcançavam a marca de

60%, o veículo voltou a cobrar pelo conteúdo online. Dois anos depois chegou à marca de 450

mil assinantes e, no final de 2013, a 760 mil.

Ainda de acordo com Gonçalves (2019), o então presidente do The New York Times,

Mark Thompson, considerou, no final da segunda década do segundo milênio, que a ambição

do veículo era a de atingir 10 milhões de assinantes digitais, havendo um interesse também

crescente em publicidade digital. O empresário entende que há a possibilidade de, no futuro,

não existir mais a mídia impressa, embora ele acredite que tais edições ainda devam perdurar

por mais dez anos, por haver um público fiel. Segundo Thompson, a mídia impressa ainda é a

que apresenta maior lucro, mas ele defende que existe um grande mercado para o paradigma

digital. Contudo, ele desejava atender à base de clientes da edição impressa até quando for

possível e, ao mesmo tempo, construir o negócio digital, de forma que a empresa alcance,

assim, um crescimento de sucesso, perdurando por um longo tempo, mesmo após o fim da

mídia impressa.

O The New York Times, como lembra Gonçalves (2019), tem adotado estratégias,

desde o final da década de 1990, para se adaptar ao cenário digital. Mais recentemente, tais

iniciativas também estão voltadas para o seu faturamento, o que pode ser visto, por exemplo,

em suas próprias produções audiovisuais, agora vinculadas à Amazon, Hulu e FX. Além delas,

destacam-se também os livros, que são vendidos na loja virtual da empresa. Nesse sentido,

além de cobrar por suas assinaturas, o periódico amplia a oferta de seus serviços, vendendo,

para tanto, outras produções.

1.3.2 Projetos, intuições e saídas possíveis

Essa seção indica, não mais que de maneira introdutória, alternativas, projetos e

pesquisas que estão sendo visualizados para resolver os desafios enfrentados pelas

organizações jornalísticas na atualidade – que estão às voltas com o problema de garantir

faturamento e margens de lucro com a venda de notícias.

Lenzi (2017) cita o modelo de Plataformas Multilaterais, que envolvem empresas que

atendem dois ou mais grupos distintos, porém interdependentes, de clientes. O autor também

considera o Modelo de Negócio Grátis, quando pelo menos um segmento de clientes

68

substancial é capaz de se beneficiar continuamente de uma oferta livre de custos. Exemplo

tradicional é o caso do jornal impresso com circulação gratuita, gerando maior audiência, e,

com isso, agregando valor comercial aos seus anúncios publicitários. A popularização da

internet, no entanto, fragilizou esta relação.

Lenzi (2017) lançou em sua tese 10 ideias, formulando-as como guia de boas práticas

para redações convergentes, com a identificação de demandas para a produção da reportagem

multimídia no cenário contemporâneo: garantir equiparação salarial; trabalhar em equipe;

promover a visão multimídia; treinar os atuais e os novos funcionários; investir em sistemas

de publicação; criar um fluxo de atualização do online; ampliar a equipe para antecipar o

ritmo de produção; cobrar pelo conteúdo, mas não por qualquer conteúdo; explorar a prática

da grande reportagem; incorporar o fluxo digital como prioridade.

Fruto de uma temporada em 2013 na Columbia University Graduate School of

Journalism, em Nova York, Caio Túlio Costa (2014) elaborou uma estratégia possível para as

empresas jornalísticas formatarem um modelo de negócio rentável na era da internet. A partir

da averiguação de uma disrupção nessa indústria, sugere uma modelagem capaz de garantir

produção jornalística de qualidade, independência e vigilância crítica dos poderes.

Costa (2014) defende que o novo modelo de negócio começa com as redes sociais, que

precisam ser consideradas de maneira estratégica pelas organizações. Aprender a cooperar, de

acordo com o autor, é fundamental no novo desenho de negócio para os jornais, pois, em sua

ótica, nenhum negócio de notícia permanece de pé sem o entendimento da superdistribuição.

Costa (2014, p. 85) considera a importância de as empresas se engajarem nas mídias sociais,

de forma estratégica:

A presença dos jornais nessa mídia é inevitável, não somente pelo que cada

jornal pode ganhar se relacionando com as pessoas, mas também porque,

quer se queira, quer não, a marca de qualquer jornal está presente nas redes.

As pessoas falam nas redes sobre o que leem nos jornais. As pessoas falam

sobre os jornais. Mais: as pessoas falam de assuntos e de notícias que

interessam aos jornais. Ainda mais importante: as pessoas compartilham as

informações com outras. É a superdistribuição em plena ação.

Costa (2014) desenvolve o seu modelo de negócios para o jornalismo digital a partir

de três soluções: o paywall, a publicidade e o que ele chama de serviços adicionados. O autor

garante que, a depender da energia que as organizações jornalísticas estiverem dispostas a

investir nessas estratégias, elas podem, sim, se tornar uma fonte de recursos rentável.

69

A paywall (COSTA, 2014), cuja tradução livre do inglês é muro de pagamento,

resume a questão da venda de assinaturas online. Funciona da seguinte maneira: o leitor

acessa publicações jornalísticas online e, ao tentar seguir com a leitura e ler outro texto,

esbarra em um formulário que vai lhe pedir um cadastro, indicando o pagamento de

determinada quantia. O autor recorda que o primeiro a cobrar pelo acesso ao seu conteúdo foi

o Wall Street Journal, já em 1997.

Uma rede própria de publicidade representa, de acordo com Costa (2014), uma das

melhores saídas para as empresas jornalísticas, em um sistema conjunto e escalável para

trabalhar as diferentes possibilidades de publicidade online nas plataformas atuais e futuras. O

autor justifica que, na combinação de um novo modelo de negócio que mescle publicidade,

assinaturas, venda de serviços de valor agregado e superdistribuição, a publicidade só terá

sentido se tiver escala necessária para vender anúncios segmentados ou baseados nos desejos

do consumidor.

A terceira solução proposta por Costa (2014) refere-se à oferta de uma gama de

subprodutos (além do conteúdo noticioso) do material informativo e de serviços tecnológicos

ligados ou correlatos à produção de informação, como newsletters, dossiês, livros e serviços

segmentados. Trata-se de oferecer, de forma própria ou por meio de parceiros, tudo aquilo que

orbita em torno de serviços de informação que a internet conseguiu reformatar e ampliar a

partir da possibilidade da interação em rede. O Quadro 4 traz um resumo das soluções

apontadas pelo autor.

Quadro 4 – Características gerais das soluções para o jornalismo digital

PAYWALL PUBLICIDADE SERVIÇOS ADICIONADOS

Venda de assinaturas online sob

demanda de leitura das

publicações do jornal

Anúncios segmentados ou

com base no desejo do

consumidor

Subprodutos das publicações em

que usufruem de plataformas ou

serviços de informação

propiciados pela internet

Fonte: elaborado pela autora, com base na formulação de Costa (2014).

Costa (2014) define seis fundamentos para essa nova cadeia de valor, do ponto de vista

estratégico: 1) não ter medo de reinventar a empresa, de começar do zero, nem de buscar

apoio dos jovens nativos digitais; 2) compreender que a indústria do jornalismo na era

industrial representava um negócio de distribuição e que a nova realidade sugere um serviço

cuja administração da relação digital com o consumidor passa a ser chave estratégica; 3)

investir em tecnologia; 4) produzir informação de acordo com o espírito dos nascidos digitais,

70

mirar no público jovem; 5) sintonizar a empresa jornalística com a realidade do

compartilhamento da informação e da sua superdistribuição; e 6) ampliar o leque de serviços

que a empresa jornalística tradicionalmente proporciona.

Por sua vez, a Rede Internacional de Jornalistas, Ijnet,18 divulgou, em junho de 2017,

sete modelos de negócios que podem, segundo a organização, salvar o futuro do jornalismo. A

Ijnet considera que a era digital alterou os padrões do consumidor e, por sua vez, interrompeu

os modelos tradicionais de publicidade dos jornais. Isso levou os profissionais da mídia a

buscar maneiras inovadoras de permanecer lucrativos. Algumas dessas estratégias já estão em

vigência e, de acordo com a Rede, estão provando que o jornalismo continuará existindo no

futuro. São os seguintes os modelos mais promissores para o financiamento de jornalismo de

qualidade, de acordo com o levantamento da Ijnet:

1) Sponsored content (conteúdo patrocinado): refere-se a histórias originais e

autênticas, escritas para promover ou anunciar uma empresa. Como o conteúdo patrocinado é

bastante semelhante à narrativa jornalística, o primeiro geralmente é marcado com um rótulo

de “conteúdo patrocinado”. Conforme a Ijnet, as empresas de mídia são capazes de alavancar

sua reputação para criar histórias de marca que o público provavelmente levará a sério. Em

parte, isso atraiu empresas para anunciar em organizações de notícias e, em grande parte,

funcionou para publicações maiores.

2) Crowdfunding (Financiamento colaborativo): uma série de publicações agora

dependem de doações. Isso se tornou mais evidente, principalmente, para organizações sem

fins lucrativos que se dedicam ao jornalismo investigativo. Enquanto algumas organizações

de mídia convidam pessoas a doar para projetos individuais de jornalismo por meio do

Kickstarter,19 outras, como o The Guardian, incorporaram esquemas de adesão. Embora a

publicação holandesa De Correspondent fature por meio de assinaturas e acesso pago, o site

de notícias foi lançado com um crowdfund de US$ 1,7 milhão, permitindo-lhe pagar os

18 A Ijnet – Rede Internacional de Jornalistas – é produzida pelo Centro Internacional para Jornalistas. A

iniciativa declara em sua página na web que oferece o que há de mais recente sobre inovação de mídia global,

aplicativos e ferramentas jornalísticas, oportunidades de treinamento e dicas de especialistas para jornalistas

profissionais e cidadãos em todo o mundo. A Ijnet acompanha a evolução do jornalismo de uma perspectiva

global em sete línguas (árabe, chinês, espanhol, inglês, persa, português e russo). Tem como parceiros:

HackPack, GEN (Global Editors Network), NiemanLab, CIMA e Global Investigative Journalism Network.

Portal online: https://ijnet.org/pt-br. 19 Com sede em Nova York, a Kickstarter foi lançada em abril de 2009. A organização declara em seu portal que

é uma empresa independente, que reúne cerca de 92 pessoas, que constroem projetos criativos e apoiam o

ecossistema criativo ao seu redor. Em 2015, se tornou uma Corporação de Benefício Público, uma empresa com

fins lucrativos que prioriza resultados positivos para a sociedade, tanto quanto para os seus acionistas. Em sua

página na internet, a Kickstarter sinaliza que 194.339 projetos foram financiados com sucesso desde o ano de sua

fundação. A página está disponível em: https://www.kickstarter.com/discover/categories/journalism. Acesso em

29 dez. 2020.

71

salários dos jornalistas. FrontPageAfrica, um jornal independente na Libéria, é financiado

pela diáspora liberiana. O editor e fundador, Rodney Sieh, pode fazer um relatório sobre

questões de direitos humanos na Libéria graças à independência proporcionada pelo

crowdsourcing.

3) Subscriptions (Assinaturas): “Alguém tem que pagar pelo jornalismo, ou o

jornalismo terá que pagar por isso” é um argumento popular entre os editores, sempre que se

fala em conteúdo de notícias gratuito. Jornais como o The Information, que é totalmente

baseado em um modelo de assinatura, mostraram que as empresas de mídia ainda podem

sobreviver com esse modelo. Embora algumas organizações possam obter receitas

significativas com as assinaturas, no entanto, jornais como o The New York Times não

conseguem ser sustentados apenas pelas assinaturas. Os modelos de assinatura também

dependem em grande parte da segmentação de públicos que não apenas valorizem o conteúdo

produzido, mas também estão dispostos a pagar por ele.

4) Live journalism (Jornalismo ao vivo): graças ao Facebook Live, Periscope e outras

plataformas, os jornalistas agora têm a oportunidade de apresentar suas histórias para uma

audiência ao vivo. O jornalismo ao vivo permite que os jornalistas apresentem as notícias de

maneira nova e interativa. Exemplos de empresas de mídia que estão envolvidas com

jornalismo ao vivo incluem The Boston Globe’s Globe Live e Gannett com seu Arizona

Storytellers Project. Embora parte da receita venha da venda de ingressos, os patrocínios

parecem gerar mais. Em 2015, o Arizona Storytellers Project arrecadou mais de US$ 100.000

por meio de um patrocínio de apresentação.

5) Donor funding (Financiamento de doadores): esse tipo de financiamento abrange

formas variadas, incluindo apoio filantrópico, financiamento do governo e responsabilidade

corporativa. Amabhungane, da África do Sul, é financiado por seis organizações doadoras,

com um terço de seus custos sendo cobertos pelo The Mail e Guardian. Os filantropos

geralmente fazem doações generosas para promover o bom jornalismo. Um exemplo é o

fundador do eBay, Pierre Omidyar,20 que, por meio de sua empresa filantrópica, assumiu o

20 Podemos citar o exemplo clássico do The Intercept, mídia digital independente que opera com grande

financiamento de alguns magnatas. No Brasil, verificamos algumas iniciativas que trabalham com recursos de

apoiadores. A Amazônia Real (disponível em: https://amazoniareal.com.br/e-hora-de-financiar-o-jornalismo-

independente-no-brasil/), organização que declara possuir a missão de fazer jornalismo independente, ético e

investigativo, pautado nas questões da Amazônia e de seu povo, com linha editorial em defesa da

democratização da informação, da liberdade de expressão e dos direitos humanos, instituiu uma campanha em

2019, intitulada “Iniciativas jornalísticas que merecem seu apoio”, com objetivo de apresentar uma lista de

veículos confiáveis para os leitores se informarem, evitando a reprodução da desinformação. Além da Amazônia

Real, constam na relação: agência de checagem Aos Fatos; Pública, agência de jornalismo investigativo sem fins

lucrativos, criada por repórteres mulheres no Brasil; Projeto #Colabora, iniciativa jornalística que aposta na

sustentabilidade; agência de jornalismo Eco Nordeste; Ponte Jornalismo, que defende os direitos humanos por

72

compromisso de doar US$ 100 milhões para apoiar o jornalismo investigativo e combater

notícias falsas. Vários governos ainda financiam jornais nacionais ou públicos. Bons

exemplos incluem países como França e Noruega, que financiam diretamente empresas de

mídia com fins lucrativos. A responsabilidade corporativa é outra forma de financiamento que

os jornais podem buscar. Um exemplo proposto é o Facebook e o Google financiando o

jornalismo como parte de sua responsabilidade corporativa. O principal desafio seria essas

empresas fornecerem recursos sem buscar exercer influência.

6) Micropayments (Micropagamentos): com os micropagamentos, os leitores pagam

pequenas quantias para acessar um único artigo. Blendle, uma plataforma de notícias

holandesa, está atualmente rodando neste modelo, com histórias individuais custando entre 10

e 90 centavos. Basicamente, é o iTunes das notícias. A Blendle licenciou conteúdo de quase

todos os principais veículos de notícias da América e da Europa. Não há anúncios, e os

usuários pagam apenas pelas matérias de que gostam. Se uma pessoa não gostar do artigo que

leu, pode solicitar o dinheiro de volta.

7) Quality journalism (Jornalismo de qualidade): uma razão interessante pela qual os

leitores do Blendle às vezes pedem reembolso para histórias específicas é por causa de sua

qualidade. Artigos Clickbait – histórias de qualidade que as pessoas podem obter em qualquer

lugar e de graça – parecem obter mais reembolsos do que análises e artigos de fundo

aprofundados. As pessoas só pagarão pelo conteúdo que acharem que vale seu dinheiro. O

Quadro 5 traz um resumo dos modelos apontados pela Ijnet.

Quadro 5 – Características gerais dos 7 modelos de negócio para o jornalismo

MODELOS DE

NEGÓCIO

DESCRIÇÃO

Sponsored Content Conteúdo autêntico sob encomenda de marcas;

Indica em seu material informativo, o rótulo “conteúdo patrocinado”

Crowdfunding Doações colaborativas que subsidiam as publicações

Subscriptions Assinaturas que contribuem para obter receita;

Faz-se necessário trabalhar com segmentação de público alvo

Live Journalism O jornalismo ao vivo viabiliza novas formas de interação com sua

audiência e arrecada patrocínio

meio de jornalismo independente; Portal Catarinas, que produz jornalismo especializado em gênero,

feminismos e direitos humanos; Revista AzMina, publicação online e gratuita para mulheres, além da The

Intercept Brasil, agência de notícias dedicada à responsabilização dos poderosos por meio de um jornalismo

combativo.

73

Donor Funding Financiamento de doadores abarca diferentes fontes: filantropia,

financiamento governamental e responsabilidade corporativa

Micropayments Leitores pagam pequenas quantias para ter acesso a um conteúdo sem

anúncio e com direito a devolução do dinheiro caso o leitor não tenha

gostado do artigo

Quality Journalism Jornalismo de qualidade em que é possível fazer com que as pessoas

invistam seu dinheiro, ao contrário de artigos Clickbait

Fonte: elaborado pela autora, com base na Ijnet.

Este capítulo compreendeu as recentes alterações do jornalismo, abarcou o surgimento

de uma nova esfera pública do jornalismo, verificou como atores midiáticos vêm

conquistando audiência no ambiente digital, considerou o surgimento de iniciativas nativas

digitais e identificou a ampliação do interesse pelo jornalismo local. Todo esse arcabouço

indica um cenário complexo e sinaliza que as organizações jornalísticas da atualidade que

desejarem sobreviver precisam amparar os seus negócios no ambiente digital. Isso é o que se

tornou bastante claro nesta última seção, que indicou, a partir de recentes pesquisas, algumas

possíveis soluções – como modelos de negócios – para as empresas do setor, a saber:

plataformas multilaterais; modelo de negócio grátis; paywall; a publicidade; os serviços

adicionados; sponsored content; crowdfunding; subscriptions; live journalism; donor

funding; micropayments e quality journalism.

A discussão proposta incide diretamente sobre um dos objetivos da pesquisa, que é a

reflexão sobre as recentes alterações do jornalismo com olhar atento para o meio digital.

Identificamos, a partir das sinalizações das pesquisas averiguadas, que a atividade está

mergulhada em um caldo tecnológico. As empresas que ainda formatam seus modelos de

negócio amparados em uma estrutura que desconsidere o universo online são desafiadas o

tempo todo a observar esse cenário, reformulando suas estratégias, de modo a garantir sua

sobrevivência no mercado de notícias.

O panorama apresentado neste primeiro momento da tese indica que o estabelecimento

do mundo digital para as organizações jornalísticas é um caminho sem volta. O próximo

capítulo considera a visão do pesquisador brasileiro sobre o tema de nosso estudo, abarcando

uma análise acerca das alterações do jornalismo na última década a partir dos textos

publicados por duas das mais representativas entidades da área do Jornalismo no País, a

Compós e a SBPJor.

74

CAPÍTULO 2

O OLHAR DO PESQUISADOR BRASILEIRO

Neste capítulo, o estudo acolhe as principais contribuições da pesquisa brasileira da

segunda década do segundo milênio, que traduzem as transformações enfrentadas pelo campo

do Jornalismo, sob o viés da tecnologia. O estudo levanta esse panorama a partir de um foco

particular, que são os textos apresentados anualmente nos Encontros Nacionais da Associação

Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (Compós) e da Associação

Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor). As duas Associações são reconhecidas

no meio acadêmico, por revelar alguns dos resultados mais expressivos da pesquisa em

Comunicação no Brasil.

Os temas relativos ao Jornalismo, no caso da Compós, aparecem de forma particular

em Grupos de Trabalho (GT´s) específicos, dentre vários outros vinculados de diferentes

maneiras à área de Comunicação, diferentemente da SBPJor, que reúne tão-somente

pesquisadores, professores e estudiosos dos fenômenos jornalísticos.

Fundada em 1991, a Compós mantém como filiados Programas de Pós-Graduação em

Comunicação nos níveis de Mestrado e Doutorado de instituições de ensino superior públicas

e privadas no Brasil.21 Como espaço de intercâmbio acadêmico entre os pesquisadores dos

vários Programas, a Compós realiza, anualmente, desde 1992, Encontros Anuais estruturados

sob a forma de GT´s, nos quais são apresentados e debatidos estudos e pesquisas, sobre temas

científicos relativos ao campo da Comunicação. Os Encontros são organizados pelos

Programas associados, sob a forma de rodízio. A última edição do evento, que deveria ter

21 Na lista somam-se 52 programas: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; Universidade Federal da

Bahia; Universidade Federal do Rio de Janeiro; Universidade Metodista de São Paulo; Universidade de Brasília;

Universidade Estadual de Campinas; Universidade de São Paulo; Pontifícia Universidade Católica do Rio

Grande do Sul; Universidade do Vale do Rio dos Sinos; Universidade Federal de Minas Gerais; Universidade

Federal do Rio Grande do Sul; Universidade Federal Fluminense; Universidade Tuiuti do Paraná; Fundação

Cásper Líbero; Universidade Federal de Pernambuco; Universidade do Estado do Rio de Janeiro; Universidade

Paulista; Universidade Estadual Paulista; Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro; Escola Superior de

Propaganda e Marketing; Universidade Federal de Santa Maria; Universidade de Sorocaba; Universidade

Anhembi Morumbi; Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais; Universidade Federal de Juiz de Fora;

Universidade Federal de Goiás; Universidade Federal de Santa Catarina; Universidade Estadual de Londrina;

Universidade Federal de São Carlos; Universidade Católica da Paraíba; Universidade Federal do Ceará;

Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Universidade de São Paulo; Universidade Federal do Paraná;

Universidade Federal do Pará; Universidade Federal do Piauí; Universidade Federal Fluminense; Universidade

Federal de Sergipe; Universidade Federal do Espírito Santo; Universidade Estadual de Ponta Grossa;

Universidade Federal de Ouro Preto; FIAM-FAAM, Centro Universitário; Universidade Federal do Tocantins;

Universidade Municipal de São Caetano do Sul; Universidade Federal do Recôncavo da Bahia; Universidade

Federal do Mato Grosso do Sul; Fundação Oswaldo Cruz; Universidade Federal da Paraíba; Universidade

Federal de Santa Maria. Disponível em: https://www.compos.org.br/programas.php.

75

ocorrido na modalidade presencial, em Campo Grande (MS), na Universidade Federal de

Mato Grosso do Sul (UFMS), no mês de junho de 2020, foi realizada entre os dias 24 e 27 de

novembro, no formato online, em função da pandemia do coronavírus.

O estudo compreende as principais investigações da Compós, que conversam mais

diretamente com o tema desta pesquisa, como apontado na Introdução, em dois GT´s:

“Comunicação e Cibercultura” e “Estudos de Jornalismo”. A investigação elegeu esses GT´s

por eles contemplarem (ou poderem contemplar, a partir de suas ementas) estudos reunidos

em torno de dois eixos principais: a) as recentes transformações do Jornalismo provocadas

pelas tecnologias digitais, especialmente após a chegada da internet; e b) a prospecção de

modelos de negócio praticados pelas organizações jornalísticas em virtude dessas

transformações.

Neste sentido, foram adotados para análise todos os estudos que abordaram aspectos

ou nuances do fenômeno, ou que propõem discussões e reflexões concernentes a esses temas

nos anos de 2011 a 2020, considerado o período de maior efervescência das redes sociais e de

ampliação das potencialidades tecnológicas, que tanto provocam mudanças quanto promovem

novas iniciativas, também, no universo do Jornalismo.

O trabalho de apuração desses textos se deu a partir da identificação das investigações

que obedecem ao critério de escolha mencionado, com base nos títulos, resumos e palavras-

chave. Após a seleção dos artigos, as pesquisas escolhidas foram dispostas em tabelas,

localizadas nos Apêndices. Cada tabela traz a indicação do ano, título do trabalho, autoria,

palavras-chave, resumo, endereço na web e data do acesso. As tabelas estão organizadas pelo

ano em que cada texto foi publicado nos Anais de cada evento.

Anualmente, cada GT da Compós seleciona dez trabalhos, para serem apresentados

durante o Encontro Nacional. O número de GT´s passou de 12, em 2010, para 15, no

quadriênio de 2011 a 2014; de 15 para 17 no quadriênio de 2015 a 2018, e chegou a 20 em

2019 e 2020. O processo de estabelecer um número determinado de GT´s a cada quatro anos é

uma prática recorrente na Compós, chamada reclinagem, quando então os GT´s são extintos e

novos podem ser criados, por meio de procedimentos estabelecidos pelo estatuto da

Associação. Os GT´s eleitos por esta pesquisa – “Comunicação e Cibercultura” e “Estudos do

Jornalismo” –, foram mantidos pela Compós durante todo o período analisado.

Em 2020, último ano de nossa análise, replicando o que aconteceu em 2019, foram, ao

todo, apresentados 200 trabalhos, distribuídos pelos 20 GT´s.22 O universo total no período

22 “Comunicação e Cibercultura”; “Comunicação e Cidadania”; “Comunicação e Cultura”; “Comunicação e

Experiência Estética”; “Comunicação e Política”; “Comunicação e Sociabilidade”; “Comunicação, Arte e

76

considerado, tendo em vista todos os GT´s, alcançou um total de 1.800 trabalhos. Somam 200,

os trabalhos apresentados nos dois GT´s selecionados nesse mesmo período, o que configura

o universo a que esta pesquisa, de fato, se refere.

O GT “Comunicação e Cibercultura”, de acordo com a própria Compós em seu portal

online:

Agrega pesquisas sobre as atuais formas de produção, consumo,

armazenamento e distribuição de dados digitais, bem como sobre a correlata

performatividade algorítmica em interfaces com os atuais problemas da

comunicação e da cultura contemporâneas. O GT acolhe pesquisas que têm

por base o aprofundamento da discussão, sobre o papel dos dados e dos

algoritmos na atualidade, buscando reconhecer o caráter procedural dos

dados e dos algoritmos, suas agências, performances e práticas em suas

múltiplas expressões na comunicação contemporânea. Os processos de

dataficação da cultura contemporânea, devem ser tratados por teorias

sociológicas, antropológicas, comunicacionais, filosóficas e políticas amplas,

com o objetivo de compreender áreas/fenômenos emergentes, tais como:

estudos de softwares; games studies; a governança e a democracia digitais;

as dinâmicas sociocomunicativas nas redes sociais, as questões de

sociabilidade, automonitoramento, identidade e formação do sujeito; as

atuais forma de vigilância distribuída e as controvérsias em torno da

privacidade; os desafios teóricos e metodológicos do big data; a expansão de

objetos sencientes com a Internet das coisas e as cidades inteligentes; as

formas de materialidade presente e futura da internet; o Jornalismo de dados;

as transformações no audiovisual (Web, fotografia, cinema, TV, som) com a

prática de dados, e entre outros. A particularidade da linha é a investigação

centrada na materialidade da comunicacional digital, com ênfase no dado e

no algoritmo, focando nas diversas expressões desses fenômenos na

contemporaneidade.23

“De uma perspectiva crítica e analítica, o GT ‘Estudos de Jornalismo’ da Compós

busca aprofundar o estudo do Jornalismo como um campo do conhecimento, assim como

pensar o Jornalismo como processo singular de comunicação e fenômeno cultural na

contemporaneidade”.24 Ainda conforme ementa divulgada no site da Compós:

[...] propõe reflexões sobre abordagens relativas à função social, à história,

aos conceitos, aos modelos, às teorias e à epistemologia do Jornalismo. Da

mesma forma, visa problematizar e discutir distintos modos de estruturação,

apuração, produção, circulação, recepção e consumo de conteúdos e

formatos noticiosos, observando representações e mediações do Jornalismo

na sociedade. Este GT também se interessa por trabalhos que abordam

questões teóricas e experiências de linguagem, metodologias de pesquisa e

Tecnologias da Imagem”; “Comunicação, Gêneros e Sexualidades”; “Consumos e Processos de Comunicação”;

“Cultura das Mídias”; “Epistemologia da Comunicação”; “Estudos de Cinema, Fotografia e Audiovisual”;

“Estudos de Comunicação Organizacional”; “Estudos de Jornalismo”; “Estudos de Som e Música”; “Estudos de

Televisão”; “Imagem e Imaginários Midiáticos”; “Memória nas Mídias”; “Práticas Interacionais, Linguagens e

Produção de Sentido na Comunicação” e “Recepção, Circulação e Usos Sociais das Mídias”. 23 Disponível em: https://www.compos.org.br/ler_gts.php?idGt=Mg==. Acesso em 2 jan. 2021. 24 Disponível em: https://www.compos.org.br/ler_gts.php?idGt=MTE=. Acesso em 2 jan. 2021.

77

ensino, estudos sobre reconfigurações das audiências, interações nas redes

sociais, transformações nos processos produtivos em contexto de

convergência em múltiplas plataformas, mobilidade no jornalismo, bem

como inovações e tendências que orientam a práxis jornalística na

atualidade.25

Antes de avançar para o campo das escolhas no âmbito da SBPJor, pelo menos duas

observações importantes merecem ser feitas, com o complemento de que ambas, a nosso ver,

não comprometem em nada os objetivos da pesquisa.

Uma primeira é que o GT “Estudos de Jornalismo” da Compós tem sua ementa

ajustada em muito maior medida do mundo do Jornalismo que o GT “Comunicação e

Cibercultura”. Essa diferença fundamental merece ser apontada, uma vez que textos do GT da

Cibercultura que dialogam com as nossas preocupações em torno do Jornalismo o fazem, se

não por acaso, pelo menos não com o mesmo nível de exigência, que os textos apresentados

no GT do Jornalismo. A leitura atenta das duas ementas o comprova, sem deixar muita

margem para dúvidas.

A segunda observação, tem a ver com o fato de que não se exclui a presença de textos

sobre o Jornalismo, direta ou indiretamente, vinculados às nossas preocupações nesta

pesquisa, nos demais GT´s da Compós, por meio de distintos recortes que associam esses

textos às diferentes ementas. Isso pode se dar, por exemplo, como efeito de uma submissão,

digamos, com menor adequação aos propósitos de um GT específico, mas que não tenha

implicado a não-escolha do texto submetido. Como é de conhecimento entre os

pesquisadores, os autores, às vezes, preferem submeter os seus textos a GT´s em que a

concorrência não seja tão elevada, em torno das dez vagas anuais, ainda que, para tanto,

tenham às vezes que fazer determinados ajustes ou concessões, para que esses textos possam

ser considerados aptos a ser apresentados no GT escolhido.

Além do panorama das transformações do Jornalismo pelas lentes da Compós, o

estudo dedica-se a reunir as principais pesquisas sobre as transformações do Jornalismo, na

última década, pelo olhar da SBPJor, a partir dos trabalhos apresentados na forma

convencional de Comunicações Livres e de Comunicações Coordenadas.26

25 Disponível em: https://www.compos.org.br/ler_gts.php?idGt=MTE=. Acesso em 2 jan. 2021. 26 Além dos encontros anuais da SBPJor, a entidade realiza, desde 2011, o Encontro de Jovens Pesquisadores,

um evento voltado para estudantes de graduação e recém-graduados em Jornalismo, que a pesquisa não está, no

caso, considerando, para se ater ao propósito de garantir o que pode ser considerado um lugar de excelência da

pesquisa em Comunicação e Jornalismo. Evidentemente, essa escolha não pode ser lida no sentido de uma

desvalorização dos trabalhos dos jovens pesquisadores.

78

Fundada em 29 de novembro de 2003, a entidade promove congressos nacionais

anuais desde então, sempre no mês de novembro.27 A SBPJor agrega estudiosos de um campo

específico do conhecimento e tem como propósito estimular a articulação de uma rede

nacional de pesquisadores em Jornalismo a fim de que se possa constituir um lugar

privilegiado, tanto para a apresentação de trabalhos, quanto para a formação de redes para

pesquisas específicas. De 3 a 6 de novembro de 2020, em virtude das orientações sanitárias

dos governantes, decorrentes da pandemia de covid-19, o evento aconteceu em formato

virtual.

Os anais da SBPJor são divididos, como apontado, nas formas de Comunicações

Livres (ou Comunicações Individuais, em algumas edições), que são os artigos individuais

(ou em coautoria) submetidos diretamente ao evento, e Comunicações Coordenadas, que

reúnem trabalhos de pesquisadores brasileiros sobre temas específicos, coordenados por

pesquisadores que propõem uma mesa específica. Na última edição do evento, as seguintes

mesas de Comunicações Coordenadas marcaram presença: 1) Rede Trabalho e Identidade dos

Jornalistas – SBPJor 2020: Questões emergentes do trabalho jornalístico: olhares cruzados

entre Argentina, Bélgica, México e Portugal; 2) Mesa Coordenada da RENOI – Jornalismo,

Violência contra profissionais, Responsabilidade Social e Media Accountability; 3)

Jornalismo, pandemia e métricas; 4) XXVI Mesa Coordenada JorTec – Uso de algoritmos no

Jornalismo: dilemas práticos e éticos; 5) Sessão Coordenada 1 – Retij – Jornalismo

independente, novos arranjos de Jornalismo e realidades regionais; 6) Rede TeleJor

Coordenada 3 – Telejornalismo e pandemia: apropriações, reconfigurações, espaços, gêneros

e formatos; 7) TeleJor Coordenada 1 - Histórias narradas nas e pelas telas: a construção da

história do tempo presente entre ditos e não-ditos; 8) Mesa Renami: Biografias, perfis e

histórias de vida no Jornalismo; 9) Estudos do Jornalismo contemporâneo: placeification e

territorialidades, acelerações e cooperações, gamergate e misoginias; 10) Trajetórias

profissionais, organização do trabalho e precarização; 11) Jornalismo Imersivo:

desenvolvimento, desafios e tendências; 12) Fundamentos Teóricos do Jornalismo: Crise,

estratégias de enfrentamento e epistemologia; 13) Narrativas Jornalísticas e Literárias – Mesa

Coordenada da Renami; 14) Mesa Renami: Narrativas de Viagem; 15) 5º Painel

IALJS/SBPJor-Renami de Jornalismo Literário; 16) Mesa 1 rede RadioJor: Mudanças

estruturais no radiojornalismo em tempos de pandemia; 17) XXIV Mesa Coordenada da Rede

JorTec – Métodos e soluções de pesquisa aplicada em Jornalismo e Tecnologias digitais:

27 Disponível em: http://sbpjor.org.br/sbpjor/institucional/quem-somos/. Acesso em 2 jan. 2021.

79

análise, coleta, visualização e distribuição de dados em tempos de Covid19; 18) Jornalismo,

democracia, transparência e acesso à informação; 19) Mesa 2 rede RadioJor: Covid-19 e

desafios ao radiojornalismo especializado e local; 20) XXV Mesa Coordenada da Rede

JorTec – Abordagens, modelos, ferramentas de análise, pesquisa em rede e tecnologias na

Pesquisa Aplicada em Jornalismo; 21) Jornalismo, política e subjetividades; 22) 4º Painel

IALJS/SBPJor-Renami de Jornalismo Literário; 23) Jornalismo e segurança pública:

proposições para uma cobertura orientada para a garantia e defesa dos direitos humanos; 24)

Jornalismo, infância e adolescência: discursos e apropriações; 25) Rede TeleJor Coordenada 2

– Narrativas audiovisuais: o fazer e o ensinar telejornalismo em tempos de covid-19; 26)

Coordenada Rede Telejor: Telejornalismo em Mutação: tecnologia, inovação, linguagem e

narrativas; 27) Renami 4: Narrativas da pandemia; 28) Circulação jornalística da crise

sanitária, simulação do Jornalismo e fake news/desinformação; 29) XXVII Mesa Coordenada

JorTec – Plataformas e Inteligência artificial: reconfigurações do Jornalismo.28

A partir dos eixos Comunicações Livres e Comunicações Coordenadas, a pesquisa

levantou, no período de 2012 a 2020, os artigos que tratam dos temas de interesse desta tese,

seguindo os mesmos parâmetros de escolha dos textos da Compós, o mesmo podendo ser dito

a respeito do trabalho de levantamento, leitura e análise indicados. Foram 1.933 os textos

apresentados nas duas modalidades no período.

Um conjunto significativo de textos da Compós e da SBPJor, como se pode ver com

maior profundidade adiante, reforçam o panorama construído no primeiro capítulo desta tese,

incidindo sobre as alterações vividas pelo Jornalismo e indicando a necessidade de as

organizações jornalísticas observarem esse novo universo para a construção de estratégias que

garantam a sua sobrevivência e o cumprimento de sua função social. Outros deles, em muito

menor escala, como os que tratam de modelos de negócios ou especificamente sobre as ações

da Folha nesse contexto, apoiam e reforçam a construção do terceiro capítulo, que investiga

como a Folha de S.Paulo busca respostas para a transformação vivida pelo setor, a partir das

inovações tecnológicas, sobretudo após o surgimento da internet.

Precisando melhor o objetivo do trabalho de análise que vem a seguir, convém anotar

que a pesquisa não se propõe a fazer um estudo comparativo entre as publicações da Compós

e da SBPJor, optando por uma abordagem de tipo amplo e ao mesmo tempo compreensivo de

todos esses textos. Nesse sentido, mapeia preocupações e tendências, eixos investigativos e

intuições acadêmicas. Mostra e aponta, mais do que argumenta e comprova. Desce, num

28 Disponível em: http://sbpjor.org.br/sbpjor/wp-content/uploads/2020/09/COMUNICACO%CC%83ES-

COORDENADAS-2020.pdf. Acesso em: 2 jan. 2021.

80

momento posterior, ao da análise mais geral, para o nível de uma conversa mais direta e

profunda com um conjunto de textos específicos, como foi apontado linhas atrás.

Um dos expoentes do método da compreensão, Dimas Künsch, em sua mais recente

obra, Compreender: indagações sobre o método (2020), que reúne textos produzidos entre

2009 e 2019, alguns dos quais em coautoria, e apresentados durante o Encontro Nacional da

Compós, sinaliza que, no ambiente intelectual, a renúncia deliberada ao estatuto da certeza e

da verdade é informada não apenas pela ideia de não se deixar abalar pela incerteza, mas

ainda pela convicção de que possíveis vazios interpretativos não necessariamente representam

um carimbo de imprestável na arena dos saberes.

O autor convida o leitor a pensar compreensivamente, correndo o risco, como em todo

empreendimento humano, de encontrar surpresas pelo caminho, e chamando a atenção para a

inexistência de garantia de que alcançaremos um porto seguro, idealizado, ou um final feliz

no drama da construção do conhecimento. Künsch insiste na pluralidade de formas e práticas

possíveis de conhecer o mundo e de habitá-lo, compreensivamente. No caso dos textos eleitos

para este trabalho, o método da compreensão, mais do que tentar explicar os fenômenos em

tela, busca situá-los numa rede ampla de conversação sobre o assunto, assumindo os

interlocutores uma atitude de abertura a formas de conhecimento plurais e sempre em

movimento.

Assim como o capítulo anterior, este também compõe, fundamentalmente, a primeira

fase do método de Hermenêutica de Profundidade, conforme postulado por Thompson (2011).

A análise sócio-histórica se interessa pelas condições sociais e históricas da produção,

circulação e recepção das formas simbólicas. Thompson (2011) considera essa fase essencial,

porque as formas simbólicas não subsistem num vácuo – elas são fenômenos sociais

contextualizados, são produzidas e recebidas dentro de condições sócio-históricas específicas,

que podem ser reconstruídas com a ajuda de métodos empíricos, observacionais e

documentais. Como anotado, o contexto sócio-histórico em que esses processos em torno do

Jornalismo se dão é o das mudanças tecnológicas em curso e do aparecimento da cultura

digital, com a internet e as redes sociais. Essa fase da Hermenêutica de Profundidade, iniciada

no primeiro capítulo, irá servir de base para as outras duas, que serão compreendidas no

último momento deste estudo.

Uma última observação se faz ainda necessária a respeito dos eventos e do tipo de

textos selecionados para essa conversa, que, não sendo de todo rigorosa nos moldes do cânone

positivista, nem por isso deixa de ser compreensiva e, como é de se desejar, assistida pelo

rigor (KÜNSCH, 2020; KÜNSCH et al, 2014). Em tese, dever-se-ia eleger textos que, tendo

81

passado pelo crivo dos eventos científicos, encontrassem depois guarida em periódicos ou

livros da área. Pelo menos dois problemas poderiam, no entanto, se revelar, ambos

associados: essa opção implicaria de alguma forma a perda da conversa e do debate, digamos,

“a quente”, no calor da discussão. A outra perda tem a ver com a questão de saber quantos

desses textos possuem efetivamente a chance de ser publicados e, caso disputem e vençam

essa batalha, sempre muito difícil para não-olimpianos, depois de quanto tempo. Sem contar

que os procedimentos de validação dos textos submetidos para os dois eventos, e muito

especialmente para a Compós, já provocam um peneiramento maior ou menor de textos. Na

última edição do Encontro Nacional da Compós somaram 390 os textos submetidos, dos

quais, como mencionado, 200 foram aprovados, ou seja, 51,28% do total.

Este capítulo está dividido da seguinte maneira: inicialmente o estudo considera um

panorama dos textos da Compós e da SBPJor que fornece dados quantitativos do

levantamento apurado e apura algumas dominâncias de temas; depois realiza uma verificação

geral dos textos a partir dos títulos e resumos, nucleando, a partir disso, certas temáticas. Em

um segundo momento, aprofunda a investigação, com foco nas palavras-chave; e por fim, o

estudo se direciona ao último patamar de análise, considerando dois textos de cada um dos

três núcleos temáticos com maior recorrência na apuração.

2.1 Um panorama dos textos da Compós e da SBPJor

A nossa apuração mapeou o total de 229 artigos. Nos Anais da Compós, entre 2011 e

2020, foram localizados 45 textos relacionados aos seus temas de interesse, a saber: 3 em

2011, 3 em 2012, 4 em 2013, 7 em 2014, 3 em 2015, 4 em 2016, 6 em 2017, 5 em 2018, 3 em

2019 e 7 em 2020.29 Uma verificação inicial dos principais temas abordados por esse conjunto

de textos, a partir de seus títulos, e com o apoio, onde necessário, de seus resumos, revela

certas dominâncias no período investigado, que podem ser reunidas nos seguintes tópicos:

práticas de Jornalismo em redes sociais; Jornalismo digital; Jornalismo em rede; Jornalismo

guiado por dados; multimídias; práticas jornalísticas na cibercultura; mudanças nos processos

de produção do Jornalismo; plataforma de conteúdos jornalísticos; ciberacontecimento;

29 Para tecer uma visão panorâmica desse material, a pesquisa apresenta, anualmente, uma tabela com as

seguintes informações: ano, número de pesquisas selecionadas, palavras-chave e número de vezes que elas

aparecem. As palavras-chave se distinguem entre um artigo e outro a partir do ponto final, na coluna em que elas

estão dispostas. Com foco nas palavras-chave utilizadas em cada um dos 45 artigos, esse quadro anual fornecerá

elementos relevantes sobre as principais abordagens dessas investigações. Além de considerar os elementos mais

representativos das palavras-chave, o estudo também sintetiza os assuntos discutidos em cada uma das

investigações, a partir dos títulos desses textos, que estão localizados em quadros no Apêndice.

82

atualização de estudos sobre a teoria da agenda; crise do Jornalismo; fake news e checagem de

fatos no campo do Jornalismo.

A partir das categorias Comunicações Livres e Comunicações Coordenadas da

SBPJor, o estudo apurou, entre 2012 e 2020, 184 pesquisas, a saber: 11 em 2012, 19 em 2013,

12 em 2014, 15 em 2015, 24 em 2016, 25 em 2017, 18 em 2018, 23 em 2019 e 37 em 2020.

Em uma leitura inicial, observamos algumas dominâncias de temas nesse período, a saber:

Jornalismo digital; Jornalismo na internet; Jornalismo no ciberespaço; produção jornalística

em redes sociais; Jornalismo em base de dados; hipermídia, multimídia; convergência das

mídias; Jornalismo convergente; participação da audiência na produção jornalística;

reconfigurações do Jornalismo; fake news e checagem de fatos pelo Jornalismo; automação da

notícia.

2.2 Nível de verificação geral

Partimos agora para o nível de verificação geral dos 229 textos selecionados. Ao

considerar os títulos e os resumos desses artigos, identificamos 12 núcleos temáticos

contemplados por esses estudos, a saber: 1) transformações tecnológicas do Jornalismo na

contemporaneidade; 2) circulação noticiosa em redes sociais; 3) participação da audiência na

produção de notícias; 4) Jornalismo multimídia, transmídia e hipermídia; 5) checagem de

fatos pelo Jornalismo; 6) mídias independentes e os nativos digitais; 7) automação da notícia;

8) pesquisas sobre a Folha de S.Paulo; 9) jornalistas blogueiros e influenciadores digitais; 10)

mídias segmentadas; 11) retomada de interesse pelo Jornalismo local; 12) modelos de negócio

para o Jornalismo.

O núcleo 1 traduz as pesquisas que consideraram os fenômenos recentes do

Jornalismo a partir de inovações tecnológicas; o núcleo 2 diz respeito aos artigos que

discutiram a produção de textos informativos em canais e redes sociais como o Facebook,

Twitter, Instagram, Youtube e Snapchat; o núcleo 3 incide sobre a participação dos leitores

na produção da notícia, incentivada a partir de ferramentas tecnológicas que permitem o envio

de sugestões de pautas pelo aplicativo de mensagens WhatsApp ou a inserção de comentários

ao final das notícias, que podem subsidiar nova cobertura; o núcleo 4 compreende as

pesquisas que refletiram sobre temas como Jornalismo multimídia, transmídia e hipermídia; o

núcleo 5 considera o fenômeno das fake news e a checagem de fatos pelo Jornalismo; o

núcleo 6 concentra as pesquisas que consideraram as mídias independentes e os nativos

digitais, que despontam no ambiente digital; o núcleo 7 trata da questão da automação da

83

notícia, ou seja, a produção do texto noticioso a partir de inteligência artificial; o núcleo 8

considera as pesquisas que teceram reflexões sobre a Folha de S.Paulo, nosso objeto de

pesquisa; o núcleo 9 compreende as investigações sobre as iniciativas de jornalistas que se

revelam como influenciadores digitais; o núcleo 10 considera as mídias segmentadas, ou seja,

aquelas iniciativas que enveredam a cobertura para um tema específico; o núcleo 11 reúne

estudos sobre a retomada de interesse pelo Jornalismo local; o núcleo 12 concentra as

pesquisas que tratam de modelos de negócio para o Jornalismo nesse cenário de mudanças.

A identificação desses 12 núcleos temáticos contou com o apoio do panorama traçado

no primeiro capítulo. Essa primeira fase da pesquisa abarcou as recentes mudanças no

Jornalismo, como a convergência no Jornalismo; abordou a interação com o público;

considerou o conceito de gatewatching, que diz respeito à participação das pessoas na

filtragem do que interessa à suas comunidades de interesse; compreendeu novas habilidades

do jornalista; considerou uma visão crítica; sinalizou o Jornalismo nas redes sociais; observou

as fake news e a checagem de fatos; mencionou a inteligência artificial e a automação da

produção noticiosa; observou os fenômenos pela vertente de uma nova esfera do Jornalismo;

considerou novos atores e suas audiências; abarcou iniciativas do Jornalismo nativo digital;

identificou a retomada do Jornalismo local; compreendeu a busca de saídas pelas

organizações, com a sinalização de modelos de negócio no ambiente digital.

A Tabela 1 indica o número de vezes em que esses temas foram contemplados pela

Compós e pela SBPJor na última década, e a porcentagem de cada um em relação aos 229

textos eleitos pela pesquisa. Os temas estão dispostos pela ordem de expressividade dos

números registrados.

Tabela 1 – núcleos temáticos identificados nas pesquisas selecionadas na Compós e na

SBPJor na última década

NÚCLEOS TEMÁTICOS CONTEMPLADOS

PELA COMPÓS E PELA SBPJOR

TOTAL DE

APARIÇÕES

PORCENTAGEM EM

RELAÇÃO AOS 229

TEXTOS

1) Transformações tecnológicas do Jornalismo na

contemporaneidade

109 47,59%

2) Circulação noticiosa em redes sociais 50 21,83%

3) Participação da audiência na produção de

notícias

20 8,73%

4) Jornalismo multimídia, transmídia e hipermídia 11 4,80%

5) Checagem de fatos pelo Jornalismo 10 4,36%

6) Mídias independentes e os nativos digitais 7 3,05%

7) Automação da notícia 7 3,05%

8) Pesquisas sobre a Folha de S.Paulo 5 2,18%

84

9) Jornalistas blogueiros e influenciadores digitais 3 1,31%

10) Mídias segmentadas 3 1,31%

11) Retomada de interesse pelo Jornalismo local 2 0,87%

12) Modelos de negócio para o Jornalismo 2 0,87%

Fonte: elaborada pela autora.

A Tabela 1 sinaliza, a partir do universo de interesse de nossa pesquisa, os núcleos

temáticos mais recorrentes na Compós e na SBPJor na última década. Os números mais

expressivos incidem sobre as transformações tecnológicas do Jornalismo na

contemporaneidade. Esse tema foi discutido em 109 artigos, e representa quase 50% do

número total de textos identificados (229). A circulação noticiosa figura como o segundo

tema que mais recebeu atenção da ciência, com 50 aparições (21,83%). O terceiro número

mais expressivo refere-se à participação da audiência na produção de notícias, com 20 artigos

(8,73%). Na sequência, figuram os núcleos: Jornalismo multimídia, transmídia e hipermídia,

com 11 artigos (4,80%); checagem de fatos pelo Jornalismo, com 10 textos (4,36%); mídias

independentes e os nativos digitais, e automação da notícia, receberam a mesma atenção da

Compós e da SBPJor totalizando 7 textos (3,05%); foram identificadas cinco pesquisas sobre

a Folha de S.Paulo (2,18%); sobre jornalistas blogueiros e influenciadores digitais e mídias

segmentadas em rede, a pesquisa localizou três textos de cada tema (1,31%); os temas sobre a

retomada de interesse pelo Jornalismo local e os modelos de negócio para o jornais foram

considerados, cada um, em dois textos (0,87%).

A partir da indicação da Tabela 1, a pesquisa observa, num primeiro momento, que os

núcleos temáticos identificados dialogam com os temas discutidos no primeiro capítulo,

sinalizando a preocupação da ciência pelos fenômenos emergentes do Jornalismo.

Verificamos que apesar de a ciência acompanhar de perto as mudanças sofridas pelo

Jornalismo na contemporaneidade, conforme o número de aparições de textos que versam

sobre essas alterações (109 dos 229), a academia ainda dedica pouco espaço a solução desses

problemas, como a sinalização de saídas pelas organizações jornalísticas, o que podemos

conferir por meio do número de abordagens sobre modelos de negócio para o Jornalismo

(apenas dois em uma década). As investigações se restringiram, especialmente, à discussão do

fenômeno a partir de reflexões teóricas, que incidiram sobre as vertentes dessas

transformações do Jornalismo. Os três núcleos temáticos mais apurados (transformações

tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade; circulação noticiosa em redes sociais e

participação da audiência na produção de notícias) validam essa sinalização.

85

Nessa verificação geral dos 229 textos apurados na Compós e na SBPJor, também

aferimos a recorrência dos 12 núcleos temáticos ano a ano. A Tabela 2 apresenta a quantidade

de vezes em que cada núcleo temático foi considerado pelos pesquisadores.

Tabela 2 – Núcleos temáticos ano a ano na Compós e na SBPJor

NÚCLEOS

TEMÁTICOS

2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

1 2 8 14 10 14 14 13 13 6 15

2 1 2 5 4 2 6 8 4 4 14

3 0 4 2 3 0 4 3 1 3 0

4 0 0 1 0 1 2 1 2 1 3

5 0 0 0 0 0 0 1 2 4 3

6 0 0 0 0 0 1 0 0 3 3

7 0 0 0 0 0 1 1 0 2 3

8 0 0 0 0 0 0 2 1 1 1

9 0 0 0 2 0 0 0 0 0 1

10 0 0 0 2 0 0 0 0 0 1

11 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1

12 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0

Fonte: elaborada pela autora.

A Tabela 2 demonstra a incidência dos 12 núcleos temáticos identificados

anteriormente, de 2011 a 2020. Em 2011, quando a SBPJor ainda não disponibilizava os

Anais de seus encontros anuais, verificamos que o tema das “Transformações tecnológicas do

Jornalismo na contemporaneidade” (1) foi considerado duas vezes pela Compós. No ano

seguinte, já contemplando as pesquisas da SBPJor, verificamos que essas alterações foram

discutidas em oito pesquisas. Em 2013, que registra o surgimento de um movimento social

que mobilizou milhões de pessoas nas ruas do Brasil organizado a partir das redes digitais,

identificamos um aumento de pesquisas sobre esse tema, com 14 aparições. O número se

manteve na casa decimal até 2018. Em 2019, houve uma queda nas pesquisas que incidiram

sobre o assunto e no ano seguinte, 2020, verificamos o maior número de pesquisas dos

núcleos em um único ano, com 15 aparições.

Já o núcleo temático da “Circulação noticiosa em redes sociais” (2) começou tímido

em 2011, com apenas um artigo identificado; em 2012 identificamos dois estudos; em 2013,

86

quando houve o movimento social no Brasil a partir das redes digitais, o número passou para

cinco; em 2014, quatro, em 2015, dois; em 2016, seis, em 2017 o número aumentou para oito;

em 2018 e 2019 se manteve em quatro e em 2020 identificamos 14 artigos na Compós e na

SBPJor que discutiram questões relacionadas a circulação noticiosa nas redes sociais,

revelando assim, a atenção crescente da ciência sobre esse fenômeno.

O núcleo temático da “Participação da audiência na produção noticiosa” (3) foi

considerado de forma mais expressiva, pelos pesquisadores da Compós e da SBPJor em 2012

e 2016, com o registro de quatro artigos em cada ano. Em 2014, 2017 e 2019 identificamos

três artigos; em 2013, dois; em 2018, um.

Além de considerar os resultados dos três núcleos temáticos que reúnem os números

mais expressivos, compreendemos também fatores como a presença e a ausência de certos

temas em determinados anos.

A partir da Tabela 2, identificamos que 2020 registrou o ano mais expressivo de

artigos cristalizados nos dois primeiros núcleos temáticos, dispostos a partir de sua

expressividade na Tabela 1, considerada linhas atrás. Em 2020, o mundo foi assolado pela

pandemia causada pelo coronavírus, que impediu o contato social das pessoas por um longo

período. Essa realidade provocou uma grande alteração nas estratégias de diversos segmentos

de organizações, como as jornalísticas, que observaram um considerável crescimento do

consumo de mídia digital no período, conforme iremos aprofundar no próximo capítulo. Neste

sentido, como costumeiramente o faz em episódios que mobilizam um número relevante de

pessoas, em fenômenos que dialogam com a Comunicação, a Academia acompanhou a

amplificação da comunicação jornalística pelas vias digitais durante esse período, dedicando

seus esforços, especialmente, aos núcleos temáticos das “Transformações tecnológicas do

Jornalismo na contemporaneidade” e da “Circulação de notícias nas redes sociais”.

Também sentimos falta, especialmente, da discussão de modelos de negócio

amparados na cultura digital, registrando uma lacuna de pesquisas sobre esse tema em 2011,

2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2018, 2019 e 2020. O avanço da hospedagem de empresas

jornalísticas no ambiente digital requer atenção dos pesquisadores, tanto quanto os outros

núcleos temáticos identificados.

2.3 Nível das palavras-chave

Na etapa anterior, realizamos uma verificação geral dos 229 textos apurados,

elencando 12 núcleos temáticos. Agora, diante desses temas, passaremos a uma nova análise,

87

a partir das palavras-chave, identificando a quais núcleos as palavras-chave pertencem. Esse

levantamento será realizado na apresentação de quadros, que fornecem os seguintes dados:

número de pesquisas de cada ano, palavras-chave e o número de vezes em que as palavras-

chave aparecem. A pesquisa também considera na análise, um breve panorama dos temas

tratados em cada um dos artigos, com base nos títulos e resumos. Ao final, iremos tecer

algumas observações. Primeiro compreenderemos os textos da Compós e na sequência, da

SBPJor.

Um breve esclarecimento sobre essa análise se faz necessário. Algumas palavras-

chave como: Jornalismo, gênero jornalístico e narrativas jornalísticas, serão mencionadas no

quadro que apura todas as palavras-chave, mas serão desconsideradas da análise posterior ao

respectivo quadro por representarem o universo costumeiro do Jornalismo. Neste sentido,

iremos compreender na discussão que pretendemos estabelecer, apenas as palavras-chave que

dialogam com os núcleos temáticos identificados anteriormente.

A Tabela 3 apresenta o número de textos selecionados em 2011, com as palavras-

chave que aparecem e quantas vezes aparecem em todos eles.

Tabela 3 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2011

NÚMERO DE

PESQUISAS

SELECIONADAS

PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES EM QUE

AS PALAVRAS-CHAVE

APARECEM

4 Cibercultura;

Niklas Luhmann;

Vilém Flusser.

Jornalismo digital de base de dados;

Texto da cultura;

Jornalismo;

Linguagens digitais;

Semiótica da cultura.

Jornalismo;

Processo de criação;

Jornalismo digital.

Twitter;

Gênero jornalístico;

Gênero jornálico.

1

1

1

1

1

1

1

1

2

1

1

1

1

1

Fonte: elaborada pela autora.

Em 2011, ano em que a pesquisa identificou quatro artigos, verificamos 14 palavras-

chave. Destas, quatro se relacionam com o núcleo temático 1 “Transformações tecnológicas

do Jornalismo na contemporaneidade”: cibercultura, Jornalismo digital de base de dados,

88

linguagens digitais e Jornalismo digital; e uma se refere ao núcleo temático 2 “Circulação

noticiosa em redes sociais”: Twitter. Isso demonstra que no início da década, a preocupação

dos pesquisadores da Compós volta-se prioritariamente às questões recentes das alterações do

Jornalismo, sendo que a circulação de notícias nas redes sociais, um tema já observado. Essas

palavras-chave se relacionam especialmente com o universo do Jornalismo no ambiente

digital.

Os artigos de 2011 discutiram a forma cultural da sociedade em rede; Jornalismo

digital em Base de Dados; Jornalismo em processo e os gêneros jornalísticos no Twitter.

Percebemos que a partir desse ano, as pesquisas já começavam a dedicar as suas atenções para

a produção de Jornalismo nas mídias digitais.

A Tabela 4 apresenta o número de textos selecionados em 2012, com as palavras-

chave que aparecem e quantas vezes se apresentam em todos eles.

Tabela 4 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2012

NÚMERO DE

PESQUISAS

SELECIONADAS

PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES

EM QUE AS PALAVRAS-CHAVE

APARECEM

3 Comunicação digital;

Curadoria de informação;

Algoritmo;

Perfil do comunicador.

Contínuo mediático atmosférico;

Agendamento;

Nova teoria da comunicação.

Jornalismo;

Redes sociais;

Circulação jornalística.

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

Fonte: elaborada pela autora.

Em 2012, o estudo localizou três pesquisas e 10 palavras-chave. Destas, três incidem

sobre o núcleo temático 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo na

contemporaneidade”: Comunicação digital, curadoria de informação e algoritmo; e uma

incide sobre o núcleo temático 2 “Circulação noticiosa em redes sociais”: redes sociais.

Observamos a menção à palavra-chave ‘curadoria da informação’, em 2012, já como uma

apropriação ao Jornalismo na contemporaneidade, resultado das mudanças no ambiente

digital. Assim como no ano anterior, o núcleo mais verificado em 2012 foi o de mudanças no

89

Jornalismo pelo viés tecnológico, demonstrando a atenção dos pesquisadores da Compós ao

tema.

Com relação às pesquisas, a primeira propôs uma discussão sobre o algoritmo curador

e o papel do comunicador; a segunda, elaborou uma proposta de atualização da teoria da

agenda e a terceira abordou a circulação e a recirculação jornalística no Twitter.

A Tabela 5 apresenta o número de textos selecionados em 2013, com as palavras-

chave e quantas vezes aparecem em todos eles.

Tabela 5 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2013

NÚMERO DE

PESQUISAS

SELECIONADAS

PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES

EM QUE AS PALAVRAS-

CHAVE APARECEM

4 Mensalão;

Mídia;

Rede social.

Acontecimento;

Ciberjornalismo;

Redes sociais;

Jornalismo;

Circulação jornalística;

Twitter;

Jornalismo digital em base de dados;

Jornalismo guiado por dados;

Reportagem assistida por computador;

Etnografia;

Hacker.

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

Fonte: elaborada pela autora.

Em 2013, das 14 palavras-chave das quatro pesquisas mapeadas, quatro pertencem ao

núcleo 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade”:

ciberjornalismo, Jornalismo digital em base de dados, Jornalismo guiado por dados e

reportagem assistida por computador; e duas dialogam com o núcleo 2 “Circulação noticiosa

em redes sociais’: rede social, com duas recorrências, e Twitter.

A partir das palavras-chave, verificamos os termos ‘Jornalismo guiado por dados’ e

‘reportagem assistida por computador’, sinalizando as recentes incorporações tecnológicas do

Jornalismo. Assim como nos anos anteriores, o núcleo temático 1 reuniu o número mais

expressivo de palavras-chave.

90

Um dos estudos dedicou-se a discutir questões políticas da época, como é o caso do

julgamento do mensalão, relacionando-as ao Jornalismo digital. As demais pesquisas

incorporaram reflexões sobre o ciberacontecimento e sobre o Jornalismo nas redes sociais.

A Tabela 6 apresenta o número de textos selecionados em 2014, com as palavras-

chave que aparecem e em quantas vezes se apresentam em todos eles.

Tabela 6 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2014

NÚMERO DE

PESQUISAS

SELECIONADAS

PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES

EM QUE AS PALAVRAS-CHAVE

APARECEM

7 Difusão de informações;

Protestos;

Twitter.

Textos;

Competências;

Comunicação digital.

Curadoria;

Breaking news;

Jornalista.

Notícia;

Circulação;

Redes sociais na internet;

Narrativa;

Jornalismo digital;

Computação.

Crise;

Ciberacontecimento;

Movimentos de ocupação global.

Narrativas multimídia;

Convergência jornalística;

Base de dados.

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

Fonte: elaborada pela autora.

Em 2014, o estudo registrou o número mais expressivo de pesquisas – sete –, que se

repetiu apenas em 2020. Foram mapeadas 21 palavras-chave. Destas, sete conversam com o

núcleo temático 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade”:

Comunicação digital, curadoria, Jornalismo digital, ciberacontecimento, narrativas

multimídia, convergência jornalística e base de dados; e duas dialogam com o núcleo temático

2 “Circulação noticiosa em redes sociais”: Twitter e redes sociais na internet.

Novamente, o núcleo temático 1 vigora entre os demais. As 21 palavras-chave, desses

sete textos, tangenciam, sobretudo, os movimentos sociais de 2013 que se formataram nas

91

redes sociais, sobre a convergência jornalística e sobre a circulação do texto noticioso no

ambiente digital.

Em 2014, foram localizadas investigações sobre os papéis de ativistas no Twitter;

apontamentos sobre aprendizado e competência na Comunicação digital; a curadoria em

Jornalismo nas coberturas de breaking news; dinâmica da notícia nas redes sociais na internet;

o sistema narrativo no Jornalismo digital; Jornalismo e movimento em rede; produção

horizontal e narrativas verticais. A Tabela 7 apresenta o número de textos selecionados em

2015, com as palavras-chave que aparecem e em quantas vezes se apresentam em todos eles.

Tabela 7 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2015

NÚMERO DE

PESQUISAS

SELECIONADAS

PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES EM QUE AS

PALAVRAS-CHAVE APARECEM

3 Midiatização;

Cibercultura;

Teoria Ator-Rede.

Rotinas flexíveis;

Telejornalismo;

Rotinas fordistas.

Crise do Jornalismo;

Filosofia da linguagem;

Charlie Hebdo;

The New York Times.

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

Fonte: elaborada pela autora.

Em 2015, foram apuradas 10 palavras-chave nas três pesquisas mapeadas. Destas, 5

incidem sobre o núcleo temático 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo na

contemporaneidade”: midiatização, cibercultura, teoria Ator-Rede, rotinas flexíveis e crise do

Jornalismo. As palavras-chave evidenciam que a cibercultura, que vem sendo considerada

pelos pesquisadores desde 2010, continuou figurando como um tema quente na arena

jornalística. Também identificamos uma menção à teoria Ator-Rede, que tangencia as

alterações do Jornalismo, e também uma outra, com referência à crise do Jornalismo, que

retrata a emergência das redes sociais digitais.

O estudo selecionou as investigações sobre uma teoria da vida midiatizada; 65 anos de

telejornalismo – das notícias fordistas às notícias flexíveis; reflexões sobre a crise do

Jornalismo.

92

A Tabela 8 apresenta o número de textos selecionados em 2016, com as palavras-

chave que aparecem e em quantas vezes se manifestam em todos eles.

Tabela 8 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2016

NÚMERO DE

PESQUISAS

SELECIONADAS

PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES EM QUE

AS PALAVRAS-CHAVE

APARECEM

4 Opinião pública;

Teoria do agendamento;

Big data.

Jornalismo móvel;

Affordances;

Inovação;

Revistas para tablets.

Narrativas jornalísticas;

Jornalismo e cidadania;

Iniciativas emergentes;

SP invisível;

RJ invisível.

Jornalismo digital em base de dados;

Jornalismo estruturado;

Metadados;

Multidisciplinaridade.

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

Fonte: elaborada pela autora.

Em 2016 foram mapeadas quatro pesquisas e 16 palavras-chave. Destas, 6 incidem

sobre o núcleo temático 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo na

contemporaneidade”: Big Data, Jornalismo móvel, revista para tablets, iniciativas emergentes,

Jornalismo digital em base de dados e Jornalismo estruturado.

A partir das palavras-chave, identificamos que os pesquisadores da Compós se

empenharam em compreender nesse período a circulação noticiosa em tablets. Eles também

já consideram em 2016 questões voltadas ao Big Data,30 termo emprestado da Tecnologia da

Informação, que passou a ser alinhado ao Jornalismo após a incorporação de aparatos

tecnológicos.

Em 2016, o estudo apurou pesquisas sobre a construção da agenda pública na era da

Comunicação digital; affordances indutoras de inovação no Jornalismo móvel; a experiência

de outros jornalismos em grandes centros urbanos; uso de metadados para enriquecimento de

30 Trata-se de um grande conjunto de dados que necessitam ser processados e armazenados. Disponível em:

https://www.cetax.com.br/blog/big-data/. Acesso em 2 jan. 2021.

93

bases noticiosas na web. Os quatro textos enveredam suas discussões para o Jornalismo no

campo digital. A Tabela 9 apresenta o número de textos selecionados em 2017, com as

palavras-chave que aparecem e em quantas vezes se revelam em todos eles.

Tabela 9 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2017

NÚMERO DE

PESQUISAS

SELECIONADAS

PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES QUE AS

PALAVRAS-CHAVE

APARECEM

6 Jornalismo;

Home page;

Modos de leitura.

Finalidades do jornalismo;

Leitor;

Jornais de referência.

Teoria do jornalismo;

Crise;

Trabalho.

Jornalismo digital;

Design;

Contrato de leitura.

Jornalismo;

Dialogia;

Cultura participativa.

Jornalismo contemporâneo;

Epistemologia;

Pesquisa de objetos.

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

2

1

1

1

1

1

Fonte: elaborada pela autora.

Em 2017, das seis pesquisas selecionadas, aparecem 18 palavras-chave. Três delas

dialogam com o núcleo temático 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo na

contemporaneidade”: home page, crise e Jornalismo digital. Uma delas incide sobre o núcleo

temático 3 “Participação da audiência na produção de notícias”: cultura participativa.

A partir das palavras-chave, esse estudo identificou que as pesquisas mantiveram os

focos semelhantes aos anos anteriores, com reflexões relacionadas especialmente ao

Jornalismo digital. Foram debatidos, ainda, assuntos relacionados ao trabalho do jornalista, à

crise do campo e à cultura participativa, desdobramentos relacionados à migração do

Jornalismo para o ambiente digital.

Em 2017, a pesquisa mapeou os estudos que discutiram a invisibilidade da home page

e as mudanças nos modos de leitura das notícias; as finalidades do Jornalismo para os leitores,

em um estudo da audiência dos jornais Folha de S.Paulo, O Globo e Estadão; as mutações do

94

trabalho do jornalista e suas contradições; a ludicidade no Jornalismo para tablet;

multiparcialidade, dialogia e cultura participativa como reação à pós-verdade; uma proposta

para pesquisa de objetos no Jornalismo contemporâneo. A palavra-chave ‘Jornalismo’ se

repetiu em dois dos seis artigos.

A Tabela 10 apresenta o número de textos selecionados em 2018, com as palavras-

chave que aparecem e em quantas vezes foram utilizadas em todos eles.

Tabela 10 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2018

NÚMERO DE

PESQUISAS

SELECIONADAS

PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES EM QUE

AS PALAVRAS-CHAVE

APARECEM

5 Jornalismo;

Conhecimento;

Construção social.

Trajetórias profissionais;

Jornalistas brasileiros;

Crise.

Podcast;

Rádio expandido;

Rádio transmídia.

Jornalismo;

Credibilidade;

Pseudo-jornalismo.

Jornalismo de dados;

Mapa das mediações;

Sujeito dados.

1

1

1

1

1

1

1

1

1

2

1

1

1

1

1

Fonte: elaborada pela autora.

Em 2018, das cinco pesquisas mapeadas, foram apuradas 15 palavras-chave. Destas, 5

incidem sobre o núcleo temático 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo na

contemporaneidade”: crise, podcast, rádio expandido, rádio transmídia, Jornalismo de dados.

As palavras-chave indicam que as pesquisas se mantiveram com foco no Jornalismo

no ambiente digital, mas passaram a empregar os termos ‘podcast, rádio expandido, rádio

transmídia e Jornalismo de dados’, que revelam fenômenos recentes da atividade. Já

caminhando para o fim da década, os temas investigados pelos pesquisadores da Compós,

acerca das alterações do Jornalismo, deixaram de contemplar modelos, teorias ou soluções

práticas para as organizações jornalísticas.

Em 2018, o estudo apurou cinco pesquisas. Elas propuseram discussões sobre a

produção de conhecimento no Jornalismo, as transformações e renovações do cenário

95

contemporâneo; trajetórias profissionais de jornalistas no Brasil pelo viés da crise e do

mercado de trabalho; imersividade como estratégia narrativa em podcasts investigativos; uma

análise dos produtores de conteúdo político brasileiros; apontamentos para a discussão do

Jornalismo no cenário Big Data.

A Tabela 11 apresenta o número de textos selecionados em 2019, com as palavras-

chave que aparecem e em quantas vezes aparecem em todos eles.

Tabela 11 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2019

NÚMERO DE

PESQUISAS

SELECIONADAS

PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES EM QUE

AS PALAVRAS-CHAVE

APARECEM

3 Rádio expandido;

Rádio Itatiaia;

Análise de redes sociais.

Agir cartográfico;

Mediação qualificada;

Ciberacontecimento.

Jornalístico;

Fake news;

Eleição 2018.

1

1

1

1

1

1

1

1

1

Fonte: elaborada pela autora.

Em 2019, das três pesquisas selecionadas, foram identificadas 9 palavras-chave.

Destas, duas dialogam com o núcleo temático 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo

na contemporaneidade”: rádio expandido e ciberacontecimento; uma, com o núcleo temático

2 “Circulação noticiosa em redes sociais”: análise de redes sociais; e uma com o núcleo

temático 5 “Checagem de fatos pelo Jornalismo”: fake news.

A partir das palavras-chave, verificamos que o termo ‘rádio expandido’ voltou a ser

considerado pelos pesquisadores da Compós, atualizando os debates anteriores. Também

observamos que o fenômeno das fake news e a checagem de fatos, recebeu atenção dos

pesquisadores.

Em 2019, foram escolhidos os estudos que refletiram sobre a audiência radiofônica e a

interação mediada on-line; o agir cartográfico e uma proposta teórico-metodológica para

compreensão e exercício do Jornalismo em rede; as fake news e a reconfiguração do campo

comunicacional. As propostas, apesar de distintas entre elas, se inserem dentro do macro-

ambiente do Jornalismo digital. Outra vez, os pesquisadores tecem reflexões sobre o

96

fenômeno das transformações do Jornalismo, sem propostas práticas para as organizações do

setor.

A Tabela 12 apresenta o número de textos selecionados em 2020, com as palavras-

chave que aparecem e em quantas vezes se manifestam em todos eles.

Tabela 12 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2020

NÚMERO DE

PESQUISAS

SELECIONADAS

PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES EM QUE

AS PALAVRAS-CHAVE

APARECEM

7 Newsgames;

Interação;

Engajamento.

Circulação de informação;

Líder de opinião;

Recirculação.

Dados digitais;

Pesquisas comunicacionais;

Compós;

Nvivo.

Crítica midiática;

Dispositivos críticos;

Jornalismo.

Fontes jornalísticas;

Promotores de notícias;

Ecossistema jornalístico.

Jornalismo;

Fact-checking;

Fake news.

Violência digital;

Jornalistas;

Eleições presidenciais.

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

2

1

1

1

1

Fonte: elaborada pela autora.

No último ano de levantamento desse estudo, em 2020, somaram-se sete pesquisas e

22 palavras-chave. Destas, três traduzem o núcleo temático 1 “Transformações tecnológicas

do Jornalismo na contemporaneidade”: recirculação, dados digitais, ecossistema jornalístico;

duas conversam com o núcleo temático 3 “Participação da audiência na produção de

notícias”: interação, engajamento; duas dialogam com o núcleo temático 5 “Checagem de

fatos pelo Jornalismo”: fact-checking e fake news. As palavras-chave sinalizam que, os

estudos se concentraram nos desdobramentos do fenômeno das transformações do Jornalismo.

97

Observamos que o leque de temas contemplados em 2020 aumentou de forma

expressiva, indicando o olhar do pesquisador da Compós aos tantos fenômenos em curso no

Jornalismo, tecidos no ambiente digital.

As pesquisas sinalizaram as potencialidades informativas do lúdico no Jornalismo

digital; discutiram a circulação de informação no Twitter; os dados digitais na Comunicação;

dispositivos de crítica jornalística na esfera pública em rede; Jornalismo científico,

ecossistema jornalístico e fontes especializadas; Jornalismo e fact-checking; e violência

digital contra jornalistas.

Observações gerais

A partir de uma perspectiva dos textos da Compós, mapeamos 149 palavras-chave nos

45 artigos selecionados. Foram consideradas para o ambiente descritivo e analítico, para além

dos quadros, apenas as palavras-chave que dialogam com os 12 núcleos temáticos

identificados anteriormente, somando, sob este aspecto, 55 palavras-chave. Identificamos nas

palavras-chave, as dominâncias de temas diante dos 12 núcleos temáticos. Com essas

características, 42 estavam relacionadas ao núcleo 1; 7 estavam relacionadas ao núcleo 2; 3 ao

núcleo 3 e 3 ao núcleo 5. Diante desses resultados, verificamos que os temas mais debatidos

pelos pesquisadores da Compós dialogam, respectivamente, com as transformações do

Jornalismo pelo viés da tecnologia na contemporaneidade, com a produção noticiosa nas redes

sociais, com a participação da audiência na produção da notícia, e com o fenômeno das fake

news e da checagem de fatos.

Diante das palavras-chave, verificamos que em 2010 a cibercultura já figurava como

tema de investigação, a partir do viés do texto noticioso. Em 2011, as palavras-chave

indicavam as discussões da produção do Jornalismo nas redes sociais. Em 2012, as palavras-

chave incidiram sobre as recentes alterações do Jornalismo como: Comunicação digital,

curadoria de informação, algoritmo e circulação jornalística. Em 2013, quando eclodiram as

discussões sobre o ciberacontecimento e o Jornalismo nas redes sociais, as palavras-chave

indicaram que os estudos acompanharam os acontecimentos políticos, a partir da perspectiva

do Jornalismo digital. Em 2014, as palavras-chave dos sete textos localizados, refletiram,

sobretudo, sobre os movimentos sociais de 2013 que se formataram nas redes sociais, sobre a

convergência jornalística e sobre a circulação do texto noticioso no ambiente digital. No ano

seguinte, 2015, os pesquisadores da Compós continuavam a refletir sobre os fenômenos do

Jornalismo a partir da cibercultura, ação identificada desde os estudos de 2010. Foi verificado

98

ainda que em 2015, a ciência recorreu à teoria ator-rede para discutir as alterações do

Jornalismo, e também refletiu sobre a crise do Jornalismo, retratando a emergência das redes

sociais digitais. As quatro pesquisas identificadas em 2016, abordaram o Jornalismo no

ambiente digital, e as palavras-chave indicaram aspectos diferentes sobre esse cenário. Em

2017, verificou-se que as pesquisas consideraram questões relacionadas especialmente ao

Jornalismo digital e refletiram, dentro desse contexto, sobre o trabalho do jornalista, a crise na

área da Comunicação e sobre a cultura participativa. Em 2018, as palavras-chave indicam que

os seus respectivos estudos abordam aspectos diversos do Jornalismo no ambiente digital. Já

caminhando para o fim da década, os temas analisados pelos pesquisadores da Compós,

acerca das alterações do Jornalismo, deixaram de contemplar modelos, teorias ou soluções

práticas para as organizações jornalísticas, realidade verificada também nos dois anos

posteriores. Em 2019, as propostas, apesar de distintas, se revelaram dentro do mesmo macro-

ambiente do Jornalismo digital. Novamente, os pesquisadores teceram reflexões sobre o

fenômeno das transformações do Jornalismo, sem propostas práticas para as organizações do

setor. Em 2020, as palavras-chave sinalizam que os estudos se concentram nos

desdobramentos do fenômeno das transformações do Jornalismo.

De uma forma geral, os estudos mapeados na Compós se dedicaram a temas

relacionados às transformações do Jornalismo, com atenção ao Jornalismo digital. Abarcam

diferentes manifestações do fenômeno contemporâneo, tais como: a produção do Jornalismo

nas redes sociais; mudanças no trabalho do jornalista; crise da área de Comunicação; fake

news e checagem de fatos pelo Jornalismo. Os pesquisadores também se dedicaram ao debate

das teorias, que contemplam os estudos de Jornalismo digital. A pesquisa observou que

durante toda a década investigada, os pesquisadores da Compós privilegiaram discussões

teóricas sobre as transformações do Jornalismo, deixando de lado propostas práticas ou

soluções em formatos de modelos para as organizações jornalísticas. Abordagens estas, que,

poderiam esboçar alternativas, especialmente para aquelas empresas que não migraram, ou o

fizeram de forma parcial para o ambiente digital, de forma que ainda não apresentam um

modelo definido de atuação nesse cenário, que lhes garanta a sobrevivência no mercado.

SBPJor

Dando continuidade à análise, agora passamos a contemplar as pesquisas da SBPJor

para a análise das palavras-chave com base nos 12 núcleos temáticos identificados na Tabela

1.

99

A Tabela 13 apresenta o número de textos selecionados em 2012, com as palavras-

chave que aparecem e quantas vezes se manifestam em todos eles.

Tabela 13 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2012 e suas palavras-chave

NÚMERO DE

PESQUISAS

SELECIONADAS

PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES EM QUE

AS PALAVRAS-CHAVE

APARECEM

11 Jornalismo digital;

Webjornalismo audiovisual;

Webtvs universitárias;

Processo produtivo jornalístico;

Produção webjornalística;

Audiovisual.

Jornalismo;

Notícia;

Notícia líquida;

Webnotícia.

Jornalismo digital;

Ciberjornalismo;

Internet;

Redes sociais;

Jornalismo em base de dados.

Jornalismo online;

Revistas;

Suportes;

Materialidades.

Jornalismo;

Acontecimento;

Circulação jornalística;

Sites de redes sociais;

Twitter.

Gêneros discursivos;

Notícia;

Esfera jornalística;

Twitter;

Tweet noticioso.

Convergência;

Jornalismo em base de dados;

Hackeamento;

Jornalismo colaborativo;

Hacker.

Descentralização;

Colaboração;

Media;

Audiência;

Conteúdo noticioso;

Crowdsourcing.

Acontecimento jornalístico;

Convergência midiática;

Mídias sociais;

1

1

1

1

1

1

1

1

1

2

1

1

1

1

1

1

1

1

2

1

1

1

1

1

2

1

2

1

1

2

2

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

100

Critérios de noticiabilidade;

Cultura participativa.

Jornalismo;

Participação no Jornalismo;

Webjornalismo.

Radiojornalismo;

Economia política do Jornalismo;

Hipermediações;

Fase da multiplicidade da oferta.

1

3

1

1

1

1

1

1

1

Fonte: elaborada pela autora.

A pesquisa observou que das 52 palavras-chave de 2012, 17 se referiram ao núcleo

temático 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade”: Jornalismo

digital (que apareceu duas vezes), webjornalismo audiovisual, produção webjornalística,

notícia líquida, webnotícia, ciberjornalismo, Jornalismo em base de dados (que apareceu duas

vezes), Jornalismo online, suportes, convergência (que apareceu duas vezes), convergência

midiática, webjornalismo, hipermediações, fase da multiplicidade da oferta.

Sete palavras-chave dialogaram com o núcleo temático 2 “Circulação noticiosa em

redes sociais”: redes sociais, sites de redes sociais, Twitter (com duas aparições), gêneros

discursivos, tweet noticioso, mídias sociais; e cinco delas conversaram com o núcleo temático

3 “Participação da audiência na produção de notícias”: Jornalismo colaborativo, colaboração,

audiência, cultura participativa e participação no Jornalismo.

Assim como os pesquisadores da Compós privilegiaram o núcleo temático 1, os

cientistas da SBPJor também o fizeram. Observamos especial interesse dos pesquisadores

pelo webjornalismo e pela circulação noticiosa nas redes sociais que se cristaliza nas palavras-

chave.

Em 2012, os artigos identificados pela pesquisa, discutiram o processo de produção

webjornalística audiovisual; a notícia líquida na nova ecologia midiática; processos

emergentes do Jornalismo na internet brasileira; as mudanças das revistas por conta das

mudanças dos suportes; a participação dos interagentes nos sites de redes sociais como uma

dimensão do acontecimento jornalístico; o tweet noticioso como gênero discursivo;

Jornalismo em base de dados e o hackeamento dos jornais; descentralização dos processos

produtivos da notícia; a construção do acontecimento jornalístico na era das convergências

das mídias; Jornalismo e participação; radiojornalismo, hipermediações e fase da

multiplicidade da oferta no Piauí. A Tabela 14 apresenta o número de textos selecionados em

2013, com as palavras-chave que aparecem e quantas vezes se manifestam em todos eles.

101

Tabela 14 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2013 e suas palavras-chave

NÚMERO DE

PESQUISAS

SELECIONADAS

PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES EM QUE

AS PALAVRAS-CHAVE

APARECEM

19 Jornalismo;

Conteúdo simbólico;

Internet;

Parêntese Gutenberg;

Modo de produção.

Identidade profissional;

Jornalismo multimídia;

Cibercultura;

Redação integrada.

Blogs;

Blogueiros;

Jornalistas;

Categorização.

Tablets;

Smartphones;

Linguagem;

Mobilidade;

Comunicação.

Webtelejornalismo;

Ciberespaço;

Web;

Informação;

Âncora.

Jornalismo online;

Mobilizador de audiência;

Entretenimento;

Gatewatcher;

Gatekeeping.

Jornalismo de revista;

Jornalismo digital;

Intermidialidade;

Mídias digitais;

Tablets.

Jornalismo;

Circulação;

Redes sociais na internet;

Dinâmica da notícia;

Twitter e Facebook.

Jornalismo;

Dispositivos móveis;

Newsmaking;

Valores-notícia;

Circa.

Voz institucional;

Estratégias comunicacionais;

Redes sociais da internet;

Jornalismo em rede;

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

2

1

1

1

1

3

1

1

1

1

1

1

2

1

102

Ethos discursivo.

Ombudsman;

Ética;

Regulação;

Participação;

Redes sociais.

Jornalismo;

Cibercultura;

Novas tecnologias;

Comunicação;

Hipermídia.

Jornalismo;

Mediação;

Midiatização;

Amador;

Enunciação.

Circulação;

Crítica midiática;

Facebook;

Diário de classe;

Jornalismo.

Midiatização;

Telejornalismo;

Zona de contato;

Produções discursivas.

Jornalismo;

Apropriação tecnológica;

Web;

Capital social;

Assimetria;

Informativa.

Jornalismo;

Tecnologia;

Construção social;

Teorias do Jornalismo;

Epistemologia.

Jornalismo;

Leitura;

Revista;

Site;

Tablet.

Notícias;

Valores-notícia;

História do Jornalismo;

Jornalismo online;

Hashtags.

1

1

1

1

1

1

4

2

1

1

1

5

1

1

1

1

2

1

1

1

6

2

1

1

1

7

1

1

1

1

1

8

1

1

1

1

9

1

1

1

1

1

2

1

2

1

Fonte: elaborada pela autora.

As 19 pesquisas mapeadas em 2013, na SBPJor, reúnem 93 palavras-chave. Destas, 18

pertencem ao núcleo temático 1, que incide sobre as transformações recentes do Jornalismo

pelo viés da tecnologia: cibercultura (que aparece duas vezes), redação integrada, tablets (que

103

aparece três vezes), smartphones, webtelejornalismo, ciberespaço, web, Jornalismo online

(que aparece duas vezes), Jornalismo digital, dispositivos móveis, Jornalismo em rede, novas

tecnologias, apropriação tecnológica, site.

Seis palavras-chave dialogam com o núcleo temático 2 “Circulação noticiosa em redes

sociais”: mídias digitais, redes sociais na internet (que aparece duas vezes), Twitter e

Facebook, redes sociais, Facebook, hashtags; duas conversam com o núcleo temático 3

“Participação da audiência na produção de notícias”: gatewatcher e participação. Quatro se

referem ao núcleo temático 4 “Jornalismo multimídia, transmídia e hipermídia”: Jornalismo

multimídia, hipermídia, midiatização (que aparece duas vezes); três pertencem ao núcleo

temático 9 “Jornalistas blogueiros e influenciadores digitais”: blogs, blogueiros e jornalistas.

A pesquisa observou que as nomenclaturas Jornalismo multimídia e hipermídia

passaram a ser empregadas. As palavras-chave também contemplaram as ferramentas

tecnológicas que o Jornalismo passou a incorporar naquele momento, como os tablets e os

smartphones. O Jornalismo recebeu identificações semelhantes como: Jornalismo digital,

Jornalismo online e Jornalismo em rede. Observamos também, a incidência dos termos:

‘mídias digitais’ e ‘redes sociais na internet’, entre as palavras-chave.

Em 2013, a pesquisa apurou: os desafios jornalísticos diante da redefinição do

conceito de conteúdo; o jornalista multimídia; os tipos de jornalistas blogueiros; utilização

dos dispositivos móveis; o desaparecimento do ritual de apresentação no webjornalismo e a

expansão da informação no ciberespaço; reconfigurações das práticas do jornalista online; a

intermidialidade como forma de interpretação do Jornalismo digital de revista; a dinâmica das

notícias nas redes sociais da internet; Jornalismo em dispositivos móveis; transformações

estratégicas na voz do Jornalismo; ombudsman, redes sociais e a participação do público na

mídia; o fazer jornalístico no ciberespaço; destinos da mediação jornalística; tensionamentos

ao Jornalismo pela circulação social de temas nas redes sociais; midiatização do

telejornalismo; níveis de apropriação tecnológica e profissionais do Jornalismo; repensando

Jornalismo e tecnologia a partir das perspectivas construcionistas; a leitura do Jornalismo na

contemporaneidade em versões impressas e eletrônicas; as notícias e os valores-notícias: da

tipografia ao Jornalismo online.

A Tabela 15 apresenta o número de textos selecionados em 2014, com as palavras-

chave que aparecem e quantas vezes são utilizadas em todos eles.

104

Tabela 15 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2014 e suas palavras-chave

NÚMERO DE

PESQUISAS

SELECIONADAS

PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES EM QUE

AS PALAVRAS-CHAVE

APARECEM

12 Jornalismo;

Redes sociais;

Circulação;

Recirculação;

Twitter.

Leitores;

Visibilidade;

Interação;

Whatsapp;

Jornais.

Audiência;

Leitor;

Zero Hora;

Convergência;

Newsmaking.

Audiências;

Blog;

Agapan;

Jornalismo ambiental;

Copa do Mundo Fifa Brasil 2014;

Jornalismo impresso;

Midiatização;

Leitor;

Contrato de leitura;

Zero Hora.

Jornalismo;

Paradigmas jornalísticos;

Convergência jornalística;

Tecnologias digitais;

Dispositivos móveis.

Jornalismo móvel;

Aplicativo;

Tecnologia;

Internet;

Arquitetura da informação.

Ciberjornalismo;

Jornalismo em tablets;

Jornalismo em dispositivos Móveis;

Interfaces touchscreen.

Telejornalismo;

Arte;

Jornalismo cultural;

Facebook.

Telejornalismo;

Webtv;

TVFolha;

TerraTV;

Cultura da convergência.

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

2

1

2

2

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

2

1

1

1

105

Convergência jornalística;

Mobilidade;

Dispositivos móveis;

Produtos autóctones;

Pesquisa aplicada.

Mobilidade;

Ubiquidade;

Wearable;

Google glass;

Oculus rift.

1

1

1

2

1

1

2

1

1

1

Fonte: elaborada pela autora.

Em 2014, das 58 palavras-chave, 15 incidem sobre o núcleo temático 1

“Transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade”: convergência,

midiatização, convergência jornalística (que apareceu duas vezes), tecnologias digitais,

dispositivos móveis (que apareceu duas vezes), Jornalismo móvel, aplicativo, ciberjornalismo,

Jornalismo em tablets, Jornalismo em dispositivos móveis, interfaces touchscreen, webtv,

cultura da convergência.

Cinco palavras-chave se referem ao núcleo temático 2 “Circulação noticiosa em redes

sociais”: redes sociais, recirculação, Twitter, Whatsapp, Facebook; duas se referem ao núcleo

temático 3 “Participação da audiência na produção de notícias”: interação e audiências; uma

diz respeito ao núcleo temático 8 “Pesquisas sobre a Folha de S.Paulo”: tvfolha; uma se

refere ao núcleo temático 9 “Jornalistas blogueiros e influenciadores digitais”: blog.

Observamos a predominância de temas dos núcleos 1 e 2 nas palavras-chave, indicando a

tendência de investigações sobre o Jornalismo nas mídias sociais.

O leque de temas compreendidos pelos pesquisadores da SBPJor foi ampliado em

2014, conferindo a atenção desses cientistas aos fenômenos daquele momento.

Em 2014, a pesquisa mapeou estudos que discutiram: a circulação e recirculação no

Jornalismo em rede; o leitor interativo e a busca por visibilidade na imprensa; tensionamentos

da atividade jornalística no contexto da convergência; blog institucional como espaço de

reformulação do conceito de audiência no webjornalismo; o Jornalismo em vias de

midiatização; reconfigurações do Jornalismo; Jornalismo e dispositivos móveis; a informação

jornalística na ponta dos dedos; arte, cultura, telejornalismo, internet e redes sociais; novas

possibilidades de produção e apresentação telejornalística; Jornalismo convergente e os

desafios em contexto multiplataforma; oculus rift e Google glass como exemplos de um

Jornalismo ubíquo.

106

A Tabela 16 apresenta o número de textos selecionados em 2015, com as palavras-

chave que aparecem e quantas vezes são exibidas em todos eles.

Tabela 16 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2015 e suas palavras-chave

NÚMERO DE

PESQUISAS

SELECIONADAS

PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES

EM QUE AS PALAVRAS-

CHAVE APARECEM

15 Jornalismo;

Multimídia;

Valor-notícia;

Convergência;

Uol Tab.

Plataforma de mídia;

Acesso;

Informação;

Inclusão;

Usabilidade.

Jornalismo;

Publicidade nativa;

Hibridização;

Linguagem digital;

Novas mídias.

Cibermeios;

História;

Internet;

Mato Grosso do Sul;

Trajetória.

Crise do Jornalismo;

Precarização do Jornalismo;

Mudanças estruturais no Jornalismo.

Jornalismo em rede;

Recirculação;

Acontecimento;

Redes sociais;

Twitter.

Jornal impresso;

Linguagem digital;

Jornalismo;

Facebook;

Folha de S.Paulo.

Jornalismo;

Mobilidade;

Ubiquidade;

Wearables;

Smartwatches.

Dispositivos móveis;

Televisão;

Segunda tela;

Jornalismo;

Entretenimento.

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

2

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

2

3

1

1

4

1

1

1

1

1

1

1

5

1

107

Campo jornalístico;

Novas tecnologias de comunicação;

Função social do Jornalismo;

Manifestações sociais.

Jornalismo;

Teoria Ator-Rede;

Verificação digital;

Teoria;

Epistemologia.

Jornalismo local;

Webjornalismo;

Jornalismo impresso;

Hipertextual básico;

Estudo de caso.

Jornalismo;

Transmídia;

Crossmedia;

Redes sociais;

Internet.

Dispositivos móveis

Infotenimento;

Soft news;

Hard news;

Newsgames.

Narrativa jornalística;

Hipermídia;

Reportagem longform;

Jornalismo contemporâneo.

1

1

1

1

6

1

1

1

1

1

1

1

1

1

7

1

1

2

1

2

1

1

1

1

1

1

1

1

Fonte: elaborada pela autora.

Em 2015, das 71 palavras-chave, 18 pertenciam ao núcleo 1 “Transformações

tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade”: convergência, plataforma de mídia,

hibridização, linguagem digital (duas vezes), novas mídias, cibermeios, crise do Jornalismo,

mudanças estruturais do Jornalismo, Jornalismo em rede, smartwatches, dispositivos móveis

(com duas aparições), novas tecnologias de comunicação, teoria ator-rede, verificação digital,

webjornalismo, reportagem longform, Jornalismo contemporâneo.

Quatro palavras-chave incidiram sobre o núcleo 2 “Circulação noticiosa em redes

sociais”: redes sociais (que apareceu duas vezes), Twitter e Facebook; três dialogam com o

núcleo temático 4 “Jornalismo multimídia, transmídia e hipermídia”: multimídia; transmídia,

hipermídia; uma incide sobre o núcleo temático 8 “Pesquisas sobre a Folha de S.Paulo: Folha

de S.Paulo.

A partir do levantamento das palavras-chave dos 15 estudos selecionados, a pesquisa

observou o interesse da ciência por diferentes aspectos das mudanças do Jornalismo, entre

eles, a crise do Jornalismo, a convergência do Jornalismo e seus desdobramentos. A produção

108

de Jornalismo, a partir das mídias sociais, voltou a ser um tema recorrente assim como nos

anos anteriores. As nomenclaturas ‘hipermídia’ e ‘transmídia’ também voltaram a figurar

entre as palavras-chave utilizadas, sinalizando o interesse dos cientistas da SBPJor pelos

novos termos que surgiram durante a década analisada.

As pesquisas de 2015 refletiram sobre: a multimidialização como valor-notícia de

construção; a plataforma digital e as interfaces da mídia contemporânea; a hibridização da

informação na imprensa; trajetória do ciberjornalismo em Mato Grosso do Sul; reflexões

sobre práticas jornalísticas atuais; ressignificações do acontecimento no Jornalismo em rede; o

fluxo do jornal impresso para o Facebook; Jornalismo em wearables; avaliação de aplicativos

de segunda tela; reflexões em torno da legitimidade jornalística; Jornalismo e teoria Ator-

Rede; Jornalismo local na era do hipertextual; Jornalismo “transsocial-media”; a notícia nas

plataformas móveis; a narrativa hipermídia no Jornalismo contemporâneo.

A Tabela 17 apresenta o número de textos selecionados em 2016, com as palavras-

chave que aparecem e quantas vezes se manifestam em todos eles.

Tabela 17 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2016 e suas palavras-chave

NÚMERO DE

PESQUISAS

SELECIONADAS

PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES

EM QUE AS

PALAVRAS-CHAVE

APARECEM

24 Telejornalismo;

Jornalismo participativo;

Coprodutores;

Whatsapp;

NETV.

Telejornalismo;

Notícia;

Conteúdo colaborativo;

Representações;

SPTV.

Jornalismo;

Mudanças estruturais do jornalismo;

Jornalismo impresso;

Jornalismo goiano;

Jornal O Popular.

Jornalismo;

Jornalismo pós-industrial;

Jornalismo independente;

Crise;

Capitalismo.

Jornalismo;

Comunicação pública;

Visibilidade;

1

1

1

1

1

2

1

1

1

1

1

1

1

1

1

2

1

1

1

1

3

1

1

109

Democracia;

Internet.

Jornalismo contemporâneo;

Jornalismo pós-industrial;

Mulheres jornalistas;

Tecnologias digitais;

Jornalismo guiado por dados;

Algoritmo;

Personalização;

Facebook;

Jornalismo em redes sociais;

Instant articles.

Jornalismo;

Tecnologia;

Capital Social;

Inovação;

Tecnologias da informação e da comunicação.

Telejornalismo;

Público;

Facebook;

Segunda tela;

TV social.

Jornalismo;

Inovação;

Jornalismo de inovação.

Epistemologia;

Método;

Simetria;

Teoria Ator-Rede;

Jornalismo.

Jornalismo colaborativo;

Redes sociais digitais;

Ciberespaço;

Fonte de informação;

Cultura da participação.

Jornalismo;

Jornalismo digital;

Circulação;

Site de rede social;

Snapchat.

Internet das coisas;

Narrativas digitais;

Realidade virtual.

Redes sociais;

Jornalismo;

Bots humanos;

UGC;

Ócio digital.

Multimodalidade;

Narrativas;

Narrativas transmídia (NT);

Jornalismo;

Inovação.

Audiência participativa;

1

1

1

2

1

1

1

1

1

1

1

1

4

1

1

1

1

3

1

2

1

1

5

2

1

1

1

1

1

6

1

1

1

1

1

7

1

1

1

1

1

1

1

1

8

1

1

1

1

1

1

9

3

1

110

Narrativas jornalísticas;

Leitor digital;

Fanpage.

Narrativas imersivas;

Webjornalismo;

Interfaces;

Realidade virtual.

TVERS;

Televisão pública;

Telejornalismo;

Convergência;

Transmedia.

Telejornalismo;

Produção de conteúdo;

Inovação;

Tecnologia;

Convergência.

Telejornal;

Circulação;

Recepção.

Jornalismo;

Redes sociais digitais;

Facebook;

Twitter.

Ciberjornalismo;

Crowdsourcing;

Inovação;

Métodos ágeis;

Parque tecnológico.

Jornalismo;

Tecnologias;

Robotização da imprensa;

Automação jornalística;

Jornalismo digital.

1

1

1

1

1

1

2

1

1

4

1

1

5

1

4

2

2

1

2

1

10

2

3

1

1

1

5

1

1

11

1

1

1

2

Fonte: elaborada pela autora.

Em 2016, a pesquisa mapeou 101 palavras-chave nas 24 pesquisas selecionadas.

Destas, 20 incidiram sobre o núcleo temático 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo

na contemporaneidade”: mudanças estruturais do Jornalismo, Jornalismo pós-industrial (que

apareceu duas vezes), crise, Jornalismo contemporâneo, tecnologias digitais, Jornalismo

guiado por dados, algoritmo, tecnologias da informação e da comunicação, Jornalismo de

inovação, teoria Ator-Rede, ciberespaço, Jornalismo digital (que apareceu duas vezes),

narrativas digitais, leitor digital; webjornalismo, convergência (que apareceu duas vezes),

ciberjornalismo.

11 palavras-chave sobre o núcleo temático 2 “Circulação noticiosa em redes sociais”:

Whatsapp, Jornalismo em redes sociais, redes sociais digitais (que apareceu duas vezes), site

111

de rede social, Snapchat, redes sociais, Facebook (que apareceu três vezes), Twitter. 5 sobre o

núcleo temático 3 “Participação da audiência na produção de notícias”: Jornalismo

participativo, conteúdo colaborativo, Jornalismo colaborativo, cultura da participação,

audiência participativa. Duas palavras-chave sobre o núcleo temático 4 “Jornalismo

multimídia, transmídia e hipermídia”: narrativas transmídia (NT) e transmedia; duas do

núcleo temático 7 “Automação da notícia”: robotização da imprensa, automação jornalística.

O estudo observou que os pesquisadores da SBPJor começaram a dedicar suas

atenções à automação da notícia e à participação da audiência na produção jornalística. Os

estudos em telejornalismo também foram evidenciados nesse ano. A teoria Ator-Rede voltou

a ser contemplada nas palavras-chave de 2016. A partir das palavras-chave, o estudo

identificou a menção da rede social Snapchat e da nomenclatura de Jornalismo pós-industrial,

outro conceito que surgiu na contemporaneidade, e que ganhou atenção dos pesquisadores da

SBPJor.

No ano de 2016, a pesquisa elegeu artigos que refletiram sobre o espectador como

coprodutor do telejornal; a produção colaborativa no telejornalismo; o impresso em tempo de

mudanças estruturais do Jornalismo; apontamentos sobre estratégias de sobrevivência do

Jornalismo alternativo de São Paulo; a legitimidade do Jornalismo na era digital; mulheres no

pós-Jornalismo industrial; a mudança do algoritmo do Facebook e o silenciamento do

Jornalismo em rede; desafios teóricos para pensar os estudos sobre Jornalismo e tecnologia;

telejornais e suas redes sociais; Jornalismo de inovação; simetria e assemblage para estudar o

Jornalismo; apropriações das redes sociais digitais como fonte de informação ao Jornalismo;

como o Snapchat está sendo apropriado para circulação de conteúdo jornalístico; notas sobre

um experimento de Jornalismo imersivo; o conteúdo circulante nas redes sociais e a presença

do Jornalismo distorcida por bots humanos; narrativas jornalísticas multimodais; participação

da audiência em narrativas jornalísticas; narrativas imersivas no webjornalismo; uma proposta

de conteúdo transmídia; a inovação e a tecnologia no Jornalismo; telejornal em circulação;

notícias nas redes sociais; tecnologia digital aplicada ao Jornalismo através de parcerias

informais; automatização da produção informativa.

A Tabela 18 apresenta o número de textos selecionados em 2017, com as palavras-

chave que aparecem e em quantas vezes aparecem em todos eles.

Tabela 18 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2017 e suas palavras-chave

ANO NÚMERO DE PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES

112

PESQUISAS

SELECIONADAS

EM QUE AS

PALAVRAS-CHAVE

APARECEM

2017 25 Circulação jornalística;

Twitter;

Polarização;

Filtros-bolha;

Redes sociais na internet.

Jornalismo;

Tecnologia;

Velocidade;

Lento;

Slow.

Ethos;

Valores;

Jornalista multifunção;

Newsmaking;

Convergência de mídias.

Telejornalismo;

Notícia;

Conteúdo colaborativo;

Cidadania;

Globonews.

Comunicação;

Jornalismo;

Projeto editorial da Folha de S.Paulo;

Mito.

Convergência jornalística;

Mídias sociais;

Conteúdo em multiplataformas.

Imersão no Jornalismo;

Narrativas jornalísticas;

Inovação no Jornalismo;

Jornalismo em redes digitais.

Medium;

Jornalismo digital;

Inovação.

Inovação no Jornalismo;

Paywall;

Crowdfunding.

Chatbots;

Marketing de conteúdo.

Jornalismo;

Cobertura jornalística;

Site de rede social;

Snapchat;

Efemeridade.

Jornalismo;

Pós-verdade;

Fake-news;

Fact-checking.

Jornalismo digital em base de dados;

Jornalismo guiado por dados.

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

2

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

2

1

1

1

1

3

1

1

1

1

4

1

1

1

1

1

113

Reportagem assistida por computador;

Etnografia;

Hacker.

Fontes;

Diversidade;

Participação;

Interação;

Acesso.

Jornalismo;

Crise do Jornalismo;

Pesquisa bibliográfica;

Revisão da literatura.

Comunidade interpretativa;

Critérios de noticiabilidade;

Teoria do Jornalismo;

Telejornalismo;

WhatsApp.

Nexo;

Jornal;

Youtube;

Audiovisual;

Vídeo.

Jornalismo ubíquo;

Ubiquidade;

Espaços híbridos;

Dispositivos móveis digitais.

Jornalismo das coisas;

Jornalismo;

Gênero;

Formato;

Linguagem.

Notícia automatizada;

Jornalismo automatizado;

Inteligência artificial e Jornalismo;

Algoritmos jornalísticos;

Geração de linguagem natural.

Hipermídia;

Hipertexto;

Multimídia;

Jornalismo digital;

Narrativa.

Jornalismo móvel;

Jornalismo de cidades;

Smartphone;

Aplicativo;

Pesquisa aplicada.

Inovação;

Jornalismo;

The New York Times.

Ciberjornalismo;

WhatsApp;

Convergência;

Critério de noticiabilidade;

Valores-notícia.

1

1

1

1

1

1

1

1

5

1

1

1

1

1

1

2

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

6

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

2

7

1

1

2

1

1

1

114

Jornalismo móvel;

Smartphone;

Aplicativo;

Design;

Cards.

2

2

2

1

1

Fonte: elaborada pela autora.

Em 2017, das 109 palavras-chave, 19 dialogam com o núcleo temático 1

“Transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade”: jornalista multifunção,

convergência de mídias, convergência jornalística, conteúdo em multiplataformas, inovação

no Jornalismo (duas), Jornalismo digital, Jornalismo digital em base de dados, Jornalismo

guiado por dados, reportagem assistida por computador, crise do Jornalismo, Jornalismo

ubíquo, Jornalismo das coisas, algoritmos jornalísticos, Jornalismo digital, Jornalismo móvel

(duas vezes), ciberjornalismo, convergência. Oito palavras-chave com o núcleo 2 “Circulação

noticiosa em redes sociais”: Twitter, redes sociais na internet, mídias sociais, Jornalismo em

redes digitais, site de rede social, Snapchat, WhatsApp (que aparece duas vezes); duas com o

núcleo 3 “Participação da audiência na produção de notícias”: participação, interação; três

com o núcleo 4 “Jornalismo multimídia, transmídia e hipermídia”: hipermídia, hipertexto,

multimídia.

E ainda, três palavras-chave que dialogam com o núcleo 5 “Checagem de fatos pelo

Jornalismo”: pós-verdade, fake-news, fact-checking; uma com o núcleo temático 6 “Mídias

independentes e os nativos digitais”: Nexo; três com o núcleo 7 “Automação da notícia”:

notícia automatizada, Jornalismo automatizado, inteligência artificial e Jornalismo; uma com

o núcleo 8 “Pesquisas sobre a Folha de S.Paulo”: projeto editorial da Folha de S.Paulo; duas

com o núcleo temático 12 “Modelos de negócio para o Jornalismo”: paywall, crowdfunding.

Assim como em anos anteriores, as palavras-chave contemplaram o fenômeno das fake

news e checagem de fatos, sinalizando uma tendência dos estudos do campo. Também houve

aparições de palavras-chave incidindo sobre interação e a participação do público na produção

da notícia, outra alteração recente do setor, que vem sendo acompanhada pela ciência. Neste

ano, novamente observamos a incidência do termo ‘crise’ para contemplar o cenário

contemporâneo do Jornalismo. Ainda, identificamos palavras-chave indicando a presença do

Jornalismo em ferramentas como o WhatsApp e em plataformas como o Youtube e o Twitter.

Em 2017 localizamos 25 artigos. Eles investigaram a circulação jornalística no

Twitter; tensões entre velocidade e comunicação em ambientes digitais; a reformulação dos

valores profissionais perante um cenário de convergência; um estudo sobre a produção

115

colaborativa; o novo projeto editorial da Folha de S.Paulo; Jornalismo em tempos de

convergência; narrativas jornalísticas em redes sociais; um modelo de produção de conteúdo

na internet; modelos de negócios para o Jornalismo digital; o Jornalismo e o espaço público

na contemporaneidade; o Snapchat como ferramenta de cobertura jornalística no perfil do

Uol; pós-verdade, fake news e fact-checking; Jornalismo guiado por dados; participação,

interação e acesso; uma revisão sobre a crise do Jornalismo; jornalistas no WhatsApp; o

audiovisual jornalístico no Youtube; o desenvolvimento do conceito de Jornalismo ubíquo;

Jornalismo das coisas; um panorama das notícias automatizadas no mundo; hipermídia;

aplicativo como ferramenta do Jornalismo móvel; inovação no Jornalismo; WhatsApp como

ferramenta de produção de conteúdo em cibermeios; notícias em apps.

Em 2017, a pesquisa localizou nos Anais da SBPJor, um dos textos que incidem

diretamente sobre o nosso objeto, a Folha de S.Paulo, em uma investigação sobre o projeto

editorial do jornal. Também, identificou um artigo que contempla modelos de negócio para o

Jornalismo digital, elemento importante para a pesquisa.

A Tabela 19 apresenta o número de textos selecionados em 2018, com as palavras-

chave que aparecem e em quantas vezes aparecem em todos eles.

Tabela 19 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2018 e suas palavras-chave

ANO NÚMERO DE

PESQUISAS

SELECIONADAS

PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE

VEZES

EM QUE AS

PALAVRAS-CHAVE

APARECEM

2018 18 Jornalismo;

Redes sociais digitais;

Facebook;

Linguagem;

Formato dos posts.

Algoritmos;

Gatekeeper;

Agenda.

Radiojornalismo;

Linguagem;

Produção;

Tecnologias;

Afeto.

Jornalismo móvel;

News net;

Ubiquidade comunicacional;

Rotinas produtivas.

Telejornalismo;

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

116

Noticiabilidade;

Rede social;

Ciberacontecimento;

Jornal do Almoço.

Internet das coisas;

Jornalismo;

Fontes eletrônicas;

Notícias;

Cidades inteligentes.

Facebook Live;

Transmissões ao vivo;

Jornalismo digital;

Mídia alternativa;

Narrativas jornalísticas.

Redações;

Reorganização;

Convergência;

Estadão;

HuffPost;

Sistema narrativo;

Visualização de dados jornalísticos;

Fronted narrativo;

Jornalismo de dados.

Jornalismo investigativo;

Algoritmo-ombudsman;

Algoritmos e Jornalismo;

Engenharia reversa;

Preconceito algorítmico.

Telejornalismo;

Convergência;

Multiplataforma;

Bom dia Rio;

G1 RJ.

Jornalismo digital;

Inovações;

Especiais Folha;

Gêneros textuais;

Potencialidades tecnológicas.

Jornalismo de dados;

Tecnologias;

Circulação de informação.

Fact-checking;

Jornalismo de verificação;

Mudanças estruturais do Jornalismo;

Objetividade;

Transparência.

Hipertexto;

Narrativa jornalística;

Jornalismo digital;

Teoria do hipertexto;

Landow.

Webjornalismo;

Jornalismo digital;

Cultura da convergência.

1

1

1

1

1

2

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

2

2

1

1

1

2

1

1

1

1

2

1

1

1

1

1

1

1

1

2

3

1

1

1

4

117

Jornalismo digital;

Interação;

Participação;

Cultura participativa;

Cultura da conexão.

Jornalismo de dados;

Big data;

Grande reportagem multimídia;

Gêneros expressivos.

1

5

1

1

1

1

3

1

1

Fonte: elaborada pela autora.

Das 82 palavras-chave dos artigos de 2018, 19 delas pertencem ao núcleo 1

“Transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade”: algoritmos, internet das

coisas, fontes eletrônicas, Jornalismo digital (que apareceu cinco vezes), convergência (que

apareceu duas vezes), mídia alternativa, visualização de dados jornalísticos, Jornalismo de

dados (que apareceu três vezes), multiplataforma, mudanças estruturais do Jornalismo,

webjornalismo, cultura da convergência, Big Data; quatro correspondem ao núcleo 2

“Circulação noticiosa em redes sociais”: redes sociais digitais, Facebook, rede social,

Facebook Live; quatro ao núcleo temático 3 “Participação da audiência na produção de

notícias”: interação, participação, cultura participativa, cultura da conexão; duas palavras-

chave que dialogam com o núcleo 4 “Jornalismo multimídia, transmídia e hipermídia”:

hipertexto, grande reportagem multimídia; duas pertencem ao núcleo 5 “Checagem de fatos

pelo Jornalismo”: fact-checking, Jornalismo de verificação; uma ao núcleo temático 8

“Pesquisas sobre a Folha de S.Paulo”: especiais Folha.

Em 2018, a predominância das palavras-chave incidiu sobre o Jornalismo digital. As

palavras-chave direcionam especialmente para a produção de Jornalismo nas redes sociais,

como o Facebook Live. Palavras-chave como ‘reorganização’ e ‘convergência’ também

apareceram. Novamente, o tema da automação da notícia, outra alteração recente do

Jornalismo, foi contemplado.

Em 2018 foram apurados artigos sobre: Jornalismo regional no Facebook; algoritmos

como gatekeepers; novas tecnologias no radiojornalismo; o Jornalismo na era da ubiquidade

comunicacional; redes social como critério de noticiabilidade; fontes eletrônicas de

informação jornalística; uso da ferramenta Facebook Live para a construção de narrativas;

convergência e reorganização em redações; visualização de dados jornalísticos; o algoritmo

como pauta de investigação jornalística; telejornalismo multiplataforma; potencialidades

digitais e inovações jornalísticas; Jornalismo de dados; Jornalismo de verificação; o hipertexto

118

no Jornalismo; características do webjornalismo; Jornalismo digital e participação; Jornalismo

de dados.

A Tabela 20 apresenta o número de textos selecionados em 2019, com as palavras-

chave que aparecem e em quantas vezes se apresentam em todos eles.

Tabela 20 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2019 e suas palavras-chave

ANO NÚMERO DE

PESQUISAS

SELECIONADAS

PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES

EM QUE AS

PALAVRAS-CHAVE

APARECEM

2019 23 Telejornalismo;

Sites de redes sociais;

Modo de endereçamento;

Jornal Nacional;

Twitter.

Jornalismo;

Influenciador digital;

Capital social;

Marca;

Líder de opinião.

Fake news;

Jornalismo alternativo;

Redes sociais;

O Pasquim;

O sensacionalista.

Midiatização;

Imagem;

Espetacularização;

Influenciadores digitais;

Jornalismo.

Fake news;

Fact-checking;

Metodologias;

Agências;

Jornalismo.

Telejornalismo;

Jornalismo comunitário;

Redes sociais;

Interação;

Engajamento.

Critérios de noticiabilidade;

Valor-notícia;

Redes sociais;

Jornalismo;

Compartilhamento.

Jornalismo online;

Jornalismo digital;

Jornalismo nativo digital;

Reportagem multimídia;

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

2

2

1

1

1

3

1

1

2

1

1

1

1

3

4

1

1

1

1

1

119

Nexo.

Humanóides-repórteres;

Inteligência artificial;

Jornalismo;

Prospectiva estratégica.

Jornalismo;

Twitter;

Bolsonaro;

Folha de S.Paulo;

Análise de Conteúdo.

Multimidialidade;

Hipertextualidade;

Interatividade;

Grande mídia.

Jornalismo;

Participação;

Seção de comentários;

Público.

Rotina produtiva;

Smartphones;

Diário de Pernambuco;

Jornal do Commercio;

Jornalismo.

Jornalismo;

Dados;

Startups de Jornalismo;

Precisão.

Fake news;

Fact-checking;

Internet;

Política;

Eleição presidencial 2018.

Jornalismo digital;

Modelo de negócio;

Jornal Plural;

Jornalismo local;

Independência jornalística.

Jornalismo digital;

Jornalismo impresso;

Inovação;

Produção de notícias;

Cinform.

Jornalismo de dados;

Inovação;

Tecnologia;

Jornalismo.

Ciberjornalismo;

Ensino de Jornalismo;

Jornalismo de precisão;

Reportagem assistida por computador;

Survey.

Radiojornalismo;

WhatsApp;

CBN;

1

1

1

5

1

6

1

1

1

1

1

1

1

1

7

1

1

1

1

1

1

1

8

9

1

1

1

3

2

1

1

1

2

1

1

1

1

3

1

1

1

1

1

2

1

10

1

1

1

1

1

1

1

1

120

BandNews;

Rotinas produtivas.

Jornalismo digital;

Networked journalism;

Interação;

Conexão;

The Guardian.

Jornalismo automatizado;

Imparcialidade;

Natural Language Generation (NLG);

Algoritmos;

Knowhere.

Jornalismo digital;

Jornalismo de dados;

Nexo Jornal;

Base de dados;

Narrativa.

1

2

4

1

2

1

1

1

1

1

1

1

5

2

1

1

1

Fonte: elaborada pela autora.

Em 2019, das 110 palavras-chave, 15 incidiram sobre o núcleo temático 1

“Transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade”: midiatização,

compartilhamento, Jornalismo online, multimidialidade, hipertextualidade, interatividade,

Jornalismo digital (que apareceu cinco vezes), ciberjornalismo, reportagem assistida por

computador, Jornalismo de dados (que apareceu duas vezes); 7 sobre o núcleo 2 “Circulação

noticiosa em redes sociais”: sites de redes sociais (que apareceu três vezes), Twitter (que

apareceu duas vezes), redes sociais e WhatsApp; 5 sobre o núcleo 3 “Participação da

audiência na produção de notícias”: interação, engajamento, participação, seção de

comentários, público; 5 sobre o núcleo 5 “Checagem de fatos pelo Jornalismo”: fake news

(que apareceu três vezes), fact-checking (que apareceu duas); 4 sobre o núcleo 6 “Mídias

independentes e os nativos digitais”: Jornalismo nativo digital, reportagem multimídia, Nexo,

Nexo Jornal; quatro sobre o núcleo 7 “Automação da notícia”: humanóides-repórteres,

inteligência artificial, Jornalismo automatizado, algoritmos; uma do núcleo 8 “Pesquisas sobre

a Folha de S.Paulo”: Folha de S.Paulo; duas do núcleo temático 9 “Jornalistas blogueiros e

influenciadores digitais”: influenciador digital (que apareceu duas vezes); duas do núcleo 11

“Retomada de interesse pelo Jornalismo local”: Jornalismo comunitário, Jornalismo local;

uma do núcleo 12 “Modelos de negócio para o Jornalismo”: modelo de negócio.

Nesse período, as palavras-chave demonstram a soberania do núcleo temático 1. As

palavras-chave indicam investigações versando sobre questões políticas e a cobertura

jornalística a partir de ferramentas como o Twitter. Também a partir das palavras-chave, a

pesquisa observou que, os temas contemporâneos das alterações do Jornalismo foram

121

contemplados, tais como: as notícias falsas, checagem de fatos, influenciadores digitais,

notícias alternativas, Jornalismo online, Jornalismo digital e reportagem multimídia.

Verificamos também a nomenclatura de Jornalismo nativo digital, tema verificado no

primeiro capítulo desta tese, e que representa um dos recentes fenômenos do Jornalismo

contemporâneo.

Em 2019, foram localizados artigos sobre: o uso do Twitter no Jornalismo; a

ressignificação da notícia; notícias falsas no Jornalismo; midiatização e espetacularização;

agências de checagem no Brasil; protagonismo do telespectador no fazer jornalístico; estudo

sobre Jornalismo nas redes sociais; o Jornalismo nativo digital; os robôs com inteligência

artificial; o jornal pautado pelo Twitter; multimidialidade, hipertextualidade e interatividade; o

público ativo no Jornalismo; a rotina produtiva sob o impacto do uso de smartphones; uso de

dados para elaboração de reportagens; fake news e fact-checking; possibilidades e limites de

um nativo digital; transição do Jornalismo impresso ao digital; Jornalismo de dados;

Jornalismo guiado por dados; o uso de WhatsApp por repórteres; participação no long-form

journalism; Jornalismo automatizado e imparcialidade; Jornalismo de rede de dados do Nexo

Jornal.

A Tabela 21 apresenta o número de textos selecionados em 2020, com as palavras-

chave que aparecem e em quantas vezes se manifestam em todos eles.

Tabela 21 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2020 e suas palavras-chave

ANO NÚMERO DE

PESQUISAS

SELECIONADAS

PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE

VEZES

EM QUE AS

PALAVRAS-

CHAVE

APARECEM

2020 37 Jornalismo automatizado;

Jornalismo de dados;

Algoritmos;

Transparência;

Accountability.

Redes sociais;

Colaboração;

Nativos digitais;

Jornalismo digital.

Jornalismo guiado por dados;

Carreira;

Mundos sociais;

Fronteira profissional.

Plataforma;

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

122

Algoritmos;

Controvérsias;

Jornalismo;

Facebook.

Jornalismo esportivo;

Podcast;

Mídia tradicional;

Mídia radical;

Jornalismo.

Podcast;

Jornalismo especializado;

Inovação;

Missões;

Jornalismo local.

Jornalismo independente;

Jornalismo digital;

Assessoria;

Release;

Mato Grosso.

Memória;

Pandemia;

Gripe espanhola;

Covid-19;

Estadão.

Covid-19;

Jair Bolsonaro;

Análise de Discurso Crítica;

Twitter;

Hegemonia.

Jornalismo feminista;

Mulheres;

Gênero;

Interseccionalidade;

Jornalismo independente.

Jornalismo;

Feminismo;

Redes;

Perspectiva de gênero;

Tradução.

Jornalismo informativo;

Bolsonaro;

Whatsapp;

Ideologia;

Propaganda política.

Notícias falsas;

Checagem;

Twitter;

Robô;

Interação.

Robôs;

Startups;

Agências;

Desinformação;

Covid-19;

2

1

1

1

1

1

1

1

2

2

1

1

1

1

1

2

2

1

1

1

1

1

1

1

2

1

1

1

1

1

1

1

1

2

3

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

2

1

1

2

1

1

1

3

123

Discurso;

Polarização;

Carnaval;

Politização;

Mídias sociais.

Valores-notícia;

Noticiabilidade;

Finalidades do Jornalismo;

Jornalismo especializado;

Linha editorial.

Jornalismo;

Transmidiação;

Reportagem;

Podcast;

Fantástico.

Jornalismo móvel;

Jornalismo científico;

Instagram;

Revista Superinteressante.

Ativismo digital;

Mídia tradicional;

Twitter;

Transmídia;

Semiótica.

Telejornalismo;

Podcast;

Transmídia.

Discurso;

Análise do discurso;

Jornalismo;

Discurso institucional;

O Liberal.

Jornalismo;

Trabalho;

Rotinas produtivas;

Digitalização;

Capitalismo;

Jornalismo;

Rotinas produtivas;

Inovação;

Live streaming;

Covid-19.

Podcast;

Universidades;

Comunicação;

Coronavírus.

Memória;

Youtube;

Jornalismo;

Pedro Janov;

Estudo de caso.

Mediações algorítmicas;

Jornalismo;

Plataformas digitais.

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

4

1

1

3

3

1

1

1

1

1

1

3

3

1

1

4

4

1

1

5

1

1

6

1

1

1

1

7

2

1

1

4

5

5

1

1

1

1

1

1

1

1

8

1

124

Jornalismo de automação;

Natural language generation;

Software;

Repórterrobô.

Jornalismo;

Algoritmos;

Personalização;

Big data;

Globo one.

Jornalismo independente;

Governança editorial;

Comunidade de membros;

Financiamento coletivo.

Plataformização;

Arranjos econômicos alternativos às

corporações de mídia;

Globo News Initiative;

Facebook Journalism;

Project;

Financiamento.

Blog jornalístico;

Jornalismo regional;

Mapeamento;

Análise de conteúdo;

Maranhão;

Radiojornalismo;

Plataformização;

Streaming áudio;

Podcast.

Radiojornalismo;

Rádio expandido;

Podcast;

Notícia;

Estratégia.

Antagonismo;

Engajamento;

Jornalismo;

Mídias sociais;

Análise de redes.

Ciberjornalismo;

Mídias imersivas;

Revistas digitais;

Dispositivos móveis;

Imersão.

Ciberjornalismo;

Ciência e tecnologia;

Redes científicas;

Grupos de pesquisa;

Pesquisa em rede.

Webjornalismo;

Portais;

Filtros-bolha;

Transparência;

Personalização.

1

1

1

1

9

3

1

1

1

3

1

1

1

1

-

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

2

2

1

6

1

1

7

1

1

1

10

1

2

1

1

1

1

1

2

2

1

1

1

1

1

1

1

125

Fonte: elaborada pela autora.

Em 2020, ano que reuniu o maior número de pesquisas, totalizando 37, o estudo

apurou 176 palavras-chave. Destas, 26 foram identificadas como pertencentes ao núcleo 1

“Transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade”: accountability,

colaboração, Jornalismo digital (que apareceu duas vezes), Jornalismo guiado por dados,

podcast (que apareceu sete vezes), redes, Jornalismo móvel, ativismo digital, plataformas

digitais, Big Data, plataformização (que apareceu duas vezes), streaming áudio, rádio

expandido, ciberjornalismo (que apareceu duas vezes), mídias imersivas, revistas digitais,

webjornalismo; 12 do núcleo 2 “Circulação noticiosa em redes sociais”: redes sociais,

Facebook, Twitter (que apareceu três vezes), WhatsApp, mídias sociais (que apareceu duas

vezes), Instagram, live streaming, Youtube, Facebook Journalism; uma do núcleo 3

“Participação da audiência na produção de notícias”: engajamento; duas do núcleo 4

“Jornalismo multimídia, transmídia e hipermídia”: transmidiação, transmídia; cinco do núcleo

5 “Checagem de fatos pelo Jornalismo”: notícias falsas, checagem, startups, agências,

desinformação; duas do núcleo 6 “Mídias independentes e os nativos digitais”: nativos

digitais, Jornalismo independente; nove do núcleo 7 “Automação da notícia”: Jornalismo

automatizado, Jornalismo de dados, algoritmos, robô, interação, robôs, Jornalismo de

automação, natural language generation, repórterrobô; uma do núcleo 9 “Jornalistas

blogueiros e influenciadores digitais”: blog jornalístico; duas do núcleo 11 “Retomada de

interesse pelo Jornalismo local”: Jornalismo local, Jornalismo regional; uma do núcleo 12

“Modelos de negócio para o Jornalismo”: financiamento coletivo.

Os artigos refletiram sobre: robôs no Jornalismo brasileiro; usos das redes sociais por

nativos digitais; Jornalismo guiado por dados; Facebook e plataformização do Jornalismo;

Jornalismo esportivo em podcast; Jornalismo especializado com foco no local; impacto das

assessorias na produção digital independente; webjornalismo e acionamento da memória;

posições de veículos midiáticos no Twitter; o Jornalismo com perspectiva de gênero em

portais independentes; jornalistas feministas em rede; o Jornalismo informativo no WhatsApp;

o robô Fátima, da agência Aos Fatos; robôs de agência de checagem; conversações

polarizadas no Facebook; noticiabilidade em diferentes produtos; a expansão transmídia da

reportagem; Jornalismo científico no Instagram; fluxo transmídia no ativismo digital;

narrativas transmidiáticas no telejornalismo; transformações tecnológicas e processos

jornalísticos; novos modelos de Jornalismo; Jornalismo público e a expansão das lives

informativas; o boom de podcasts universitários; compartilhamento de vídeos jornalísticos no

126

Youtube; mediações algorítmicas nos estudos do Jornalismo; repórter-robô; Jornalismo e

algoritmos; Jornalismo independente e governança editorial; financiamento de arranjos

econômicos alternativos às corporações de mídia; o blog jornalístico regional; a integração de

emissoras de rádio all news às plataformas de streaming de áudio; estratégias de podcasts

noticiosos; antagonismo e engajamento nas mídias sociais; mídias imersivas em aplicativo

jornalístico; tecnologias e competências digitais no Jornalismo brasileiro; filtros-bolha,

personalização e transparência nos portais Globo.com e Uol.

Em 2020, a partir das palavras-chave, o estudo verificou que os pesquisadores da

SBPJor acompanharam os acontecimentos de 2020 e se dedicaram a refletir sobre as

alterações do Jornalismo, a partir da pandemia causada pela covid-19. Também foi possível

averiguar que a produção de Jornalismo, a partir de podcasts, recebeu considerável atenção

desses pesquisadores.

O número mais expressivo de pesquisas foi registrado em 2020, ano em que o mundo

foi assolado pela pandemia do novo coronavírus. Neste ano delicado, em que os meios de

comunicação tiveram papel preponderante na divulgação de informações à população,

conferimos investigações sobre a veiculação de notícias relacionadas à pandemia, a partir de

diferentes abordagens, a maioria delas, sinalizando para algum fator de alteração do

Jornalismo a partir da ótica tecnológica. Também identificamos nesse último ano, a

intensificação da prática de checagem de fake news.

Observações gerais

A partir de uma perspectiva dos textos da SBPJor, mapeamos palavras-chave nos

artigos selecionados. Foram consideradas para o ambiente descritivo e analítico, para além

dos quadros, apenas as palavras-chave que dialogam com os 12 núcleos temáticos

identificados anteriormente, somando, sob este aspecto, 328 palavras-chave. Identificamos

nas palavras-chave, as dominâncias de temas diante dos 12 núcleos temáticos. Com essas

características, 167 estavam relacionadas ao núcleo 1, 64 estavam relacionadas ao núcleo 2 e

26 ao núcleo 3. Diante desses resultados, aferimos a dominância do núcleo 1, que tangencia

questões relacionadas às transformações contemporâneas do Jornalismo, a partir do viés

tecnológico.

Identificamos que no início da década, em 2012, as 11 pesquisas se dedicaram,

prioritariamente, aos estudos do Jornalismo digital, ciberjornalismo e Jornalismo online. A

circulação jornalística em redes sociais já era observada nesse período. Em 2013, das 93

127

palavras-chaves das 19 pesquisas, apenas sete palavras se repetiram. Isso revela que o

fenômeno do Jornalismo configura-se em uma realidade multifacetada, e que os

pesquisadores da SBPJor buscaram identificar e refletir sobre essas nuances. Em 2014, a

predominância dos temas, a partir das palavras-chave, foi a dos estudos sobre a audiência e do

Jornalismo, a partir de dispositivos móveis e de redes sociais. Os pesquisadores da SBPJor

também passaram a dedicar investigações às mudanças do Jornalismo, a partir do sistema

televisivo. Em 2015, observamos que assim como nos anos anteriores, a produção de

Jornalismo a partir das mídias sociais, voltou a ser um tema recorrente.

No ano seguinte, 2016, verificamos que os pesquisadores refletiram sobre o Snapchat,

entre outras ferramentas e canais contemporâneos de circulação de notícias nas redes sociais.

Também surgiu uma discussão sobre o Jornalismo pós-industrial. Em 2017, a pesquisa

identificou, novamente, investigações que privilegiaram a discussão do Jornalismo nas redes

sociais e, também, mapeou estudos de interesse direto nosso sobre a Folha de S.Paulo e sobre

modelos de negócio para o Jornalismo. Em 2018, a predominância das palavras-chave incidiu

sobre o Jornalismo digital. Contemplou fenômenos recentes como: a produção do Jornalismo

nas redes sociais e a automação da notícia. Em 2019, assim como no ano anterior, o

Jornalismo digital foi tema recorrente entre as palavras-chave. Em 2020, a pesquisa

identificou o número mais expressivo de artigos, 37. No ano em que a pandemia do

coronavírus assolou o país, os pesquisadores voltaram as suas atenções para a produção

jornalística do fenômeno. Os podcasts também se destacaram entre as palavras-chave nesse

mesmo ano.

Em uma análise panorâmica, os 184 artigos selecionados na SBPJor priorizaram o

Jornalismo digital. Os estudos contemplaram análises de audiência, investigações sobre as

transformações jornalísticas em diferentes meios, problematizaram as questões que

tangenciam as alterações jornalísticas a partir de estudos teóricos, investigaram as recentes

mudanças do campo, como a automação da notícia, as mudanças no ambiente de trabalho dos

jornalistas, as fake news e a checagem de fatos pelo Jornalismo. Observamos que a produção

de Jornalismo, a partir das mídias sociais, foi um tema recorrente, sinalizando uma tendência

da pesquisa no campo da Comunicação. Foram identificados estudos sobre a produção de

Jornalismo no Twitter, no Facebook, no Snapchat, no Youtube e WhatsApp. Foi verificado um

número expressivo de pesquisas sobre as mudanças no telejornalismo. Ainda, localizamos

estudos sobre o Jornalismo pós-industrial, atualizando as reflexões teóricas sobre as

transformações do Jornalismo. O levantamento identificou artigos que nos interessam,

diretamente, como as pesquisas sobre a Folha de S.Paulo e sobre os modelos de negócio para

128

o Jornalismo no ambiente digital. Além disso, os cientistas da SBPJor ainda sinalizaram

algumas alternativas e modelos que possam colaborar, de forma prática, com as organizações

jornalísticas da atualidade que ainda não se estabeleceram de forma eficiente (a partir de uma

visão mercadológica) no mundo digital.

2.4 Nível analítico de amostragem

A pesquisa já traçou um panorama dos textos da Compós e da SBPJor, apurou um

nível de verificação geral e realizou uma análise pelo viés das palavras-chave. Neste

momento, o estudo concentra-se em um nível analítico a partir de uma amostragem das

pesquisas apuradas. Nesta última fase da investigação, a pesquisa considera dois artigos que

incidem sobre cada um dos 12 núcleos temáticos identificados anteriormente e compreende

uma análise desses textos. Foram escolhidos os estudos que se alinharam de forma mais

fidedigna aos núcleos temáticos apurados. A descrição de cada texto acompanhará uma breve

observação sobre as discussões. Iniciamos a análise com as pesquisas eleitas do núcleo

temático 1.

O artigo “Jornalismo em processo”, com autoria de Cecilia Almeida Salles, publicado

pela Compós em 2011, identificado no núcleo 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo

na contemporaneidade”, discute as mudanças recentes nos processos de produção do

Jornalismo, a partir de sua hospedagem nos meios digitais. O estudo propõe um diálogo

dessas reflexões com os estudos sobre processos de produção, desenvolvidos no Grupo de

Pesquisa em Processos de Criação da PUC/SP. A pesquisa é concluída com uma proposta de

abordagem crítica para os objetos da comunicação, com ênfase nos textos jornalísticos como

objetos não estáticos, mas em processo, que ocorrem nas conexões renovadas a cada

atualização.

Diante do estudo de Salles (2011), observamos que desde o início da década passada,

o Jornalismo era identificado pela ciência como um campo em processo, ao considerar os

problemas, dificuldades e necessidade de modificações que a atividade vinha enfrentando

diante da inter-relação do impresso e do digital.

O artigo “Reconfigurações do Jornalismo: das páginas impressas para as telas de

smartphones e tablets”, de Maíra Sousa, publicado pela SBPJor em 2014, integra o núcleo

temático 1 e contempla as recentes reconfigurações do Jornalismo, sinalizando a necessidade

de adaptação das empresas em investimento em novos produtos para garantir novos públicos,

na mesma medida em que mantém o antigo. A reflexão teórica discute as alterações do

129

Jornalismo, desde a emergência das tecnologias digitais, com ênfase nos dispositivos móveis,

considerando o então processo de convergência e a distribuição de conteúdo em

multiplataformas.

Apesar de o texto de Sousa (2014) alertar para a necessidade de as empresas

investirem em novos produtos, o estudo deixa de revelar em quais núcleos esses

investimentos podem ser direcionados. Além disso, o artigo menciona o termo “conquistar

novos públicos e manter o antigo”; a partir do cenário contemplado nesta tese, entendemos

que se trata muito mais de atender ao público leitor de notícias, a partir de formatos e

linguagens de suas preferências, do que de dividir em apenas dois tipos de público, o antigo e

o novo.

No núcleo temático 2 “Circulação noticiosa em redes sociais”, o texto de Felipe Soares

publicado em 2020 pela Compós, “Circulação de informação no Twitter: como líderes de

opinião ressignificam as notícias”, analisa o processo de circulação e de recirculação de

notícias no Twitter, observando o papel dos líderes de opinião neste processo. A pesquisa

identificou que os líderes de opinião tendem a criar uma nova narrativa, quando as notícias

não são favoráveis à sua ideologia.

Observamos a partir do estudo de Soares (2020), que diante das notícias hospedadas

no ambiente digital, agentes públicos constroem novos significados, defendendo seus

interesses. O cenário digital é contemplado no fim da década como arena de debate de

discussões públicas e todo o conteúdo ali disponibilizado, corre o risco de ser utilizado por

usuários, a partir de diferentes manifestações, fenômeno que vem sendo explorado por líderes

de opinião.

O estudo de Larissa Zuim, “O fluxo do jornal impresso para o Facebook: hibridação

das linguagens jornalísticas”, publicado em 2015 pela SBPJor, que contempla o núcleo

temático 2, trata do hibridismo entre as linguagens jornalística tradicional e digital utilizadas

pela Folha de S.Paulo em duas plataformas, o jornal impresso e as redes sociais. A pesquisa

analisou a conta do Facebook institucional, sinalizando que ele tem o intuito de chamar a

atenção de seus seguidores para o website.

O texto de Zuim (2015) indica que, já no meio da década passada, a Folha, nosso

objeto de estudo, articulava suas estratégias no ambiente digital, investindo esforços nessas

frentes. O próximo capítulo irá aprofundar esta discussão.

A pesquisa “Jornalismo e participação: os conteúdos produzidos pelos usuários no

Jornalismo brasileiro”, de Rodrigo Martins Aragão, publicada em 2012 pela SBPJor, integra o

núcleo temático 3 “Participação da audiência na produção de notícias”. O estudo investiga a

130

veracidade da hipótese do Jornalismo difuso, segundo a qual, a partir do surgimento de

ferramenta de produção e conteúdo e publicação, qualquer pessoa poderia exercer a prática de

um jornalista, a partir dos espaços abertos pelos webjornais brasileiros com a recepção e

publicação de conteúdos produzidos por usuários. Aragão (2012) realizou um mapeamento de

espaços de participação em 31 jornais brasileiros e encontrou evidências da manutenção da

divisão de papéis entre o jornalista profissional e o leitor participante, marcado pela

reafirmação da habilitação do profissional para a seleção e tratamento das informações.

A partir do estudo de Aragão (2012), observamos que desde o início da década

analisada, o tema da participação do público leitor na produção da notícia já gerava

questionamentos nos pesquisadores brasileiros. Ao abrir espaço para comentários de usuários,

as organizações jornalísticas estavam, por um lado, incorporando as recentes alterações do

Jornalismo, para não ficarem atrás daquelas que já utilizavam essa prática. Por outro lado,

corriam o risco, de os comentários mancharem publicamente seus negócios com

manifestações negativas ou insultos.

O estudo de Gabriela Gruszynski Sanseverino (2019), “Um público ativo no

Jornalismo – o que as ações de comentários nos ensinam sobre participação”, integra o núcleo

temático 3. A pesquisa de Sanseverino, assim como a de Aragão (2012), observou o

fenômeno pelo mesmo viés, tendo como ponto de partida as seções de comentários dos

usuários. Diante da observação de oito sites de notícias em língua inglesa, o estudo concluiu

que há uma dualidade frente ao público e frente às prioridades das companhias, indicando a

necessidade de se dar espaço para a participação de usuários, mas com a necessidade de se

gerenciar o público e moderar seu espaço de fala.

A investigação de Sanseverino (2019) atualiza o estudo anteriormente considerado,

sinalizando a postura empresarial das organizações jornalísticas, que precisam ao mesmo

tempo, por uma questão de mercado, manter as seções de comentários, necessitam também

criar mecanismos para acompanhar essas participações, moderando as indicações quando

necessário.

A pesquisa “A narrativa hipermídia longform no Jornalismo contemporâneo”, de

Alciane Baccin, publicada em 2015 pela SBPJor, contempla o núcleo temático 4 “Jornalismo

multimídia, transmídia e hipermídia”. O estudo de Baccin (2015) considera que o Jornalismo

no ambiente digital, experimenta os limites da narrativa na web com estruturas criativas e

contextualizadas para contar histórias, contribuindo para a inovação semântica. O artigo

reflete sobre a narrativa no Jornalismo e retoma a evolução da narrativa no ambiente digital,

desde a transposição até o conceito de hipermídia e uso de dados. O estudo concluiu que a

131

narrativa hipermídia longform tem garantido o aproveitamento de potencialidades do

ambiente digital, tornando-se um produto com características próprias.

A partir do texto de Baccin (2015), verificamos que os estudos sobre o Jornalismo

multimídia, transmídia e hipermídia ganharam adesão junto aos pesquisadores da Compós e

da SBPJor, sinalizando novas abordagens para se pensar a prática do Jornalismo na

contemporaneidade.

O estudo “O que é hipermídia? Um conceito que vai além do hipertexto e da

multimídia”, também de Baccin, publicado pela SBPJor em 2017, discute teoricamente o

conceito de hipermídia, partindo da formulação da Teoria do Hipertexto. Reflete sobre a

configuração do espaço de escrita digital onde se insere a hipermídia, discute e tensiona o

conceito de hipermídia com a intenção de construir a definição de hipermídia, alicerçada na

lógica da remediação.

A pesquisa de Baccin (2017) atualiza o estudo de 2015, com uma abordagem teórica

que reivindica uma definição do conceito, em uma perspectiva que evidencia a distinção de

significados propostos por alguns autores.

A pesquisa “Jornalismo e fact-checking: fontes oficiais na base de checagem e

critérios não explicitados na seleção do que checar orientam a análise de Aos Fatos e Agência

Lupa”, assinada por Daniel Damasceno e Edgard Patrício e publicada pela Compós em 2020,

contempla o núcleo temático 5 “Checagem de fatos pelo Jornalismo”. O estudo de

Damasceno e Patrício (2020) compreende que, a prática de fact-checking iniciou para

verificar a factualidade das informações nos discursos de agentes públicos, mas a proliferação

de informações falsas nas redes sociais na internet e a disseminação de mentiras como

instrumento político, fez com que as metodologias de fact-checking também fosse utilizadas

para combater as fake news. O artigo analisa a atuação de duas agências brasileiras de

checagem, Aos Fatos e Agência Lupa, e sinaliza que apesar da checagem de discursos ter

relação direta com a credibilidade das organizações, as próprias agências não explicitam os

critérios que orientam a seleção do que é checado. Também indica que as plataformas de fact-

checking se valem de dados e estudos fornecidos, sobretudo, por fontes oficiais e instituições

públicas, comprometendo novamente a credibilidade do processo.

A pesquisa de Damasceno e Patrício (2020) segue na contramão da abordagem

primária e descritiva do trabalho realizado pelas agências de checagem, e aprofunda na

problematização dos instrumentos e critérios na seleção do que deve ser checado e a partir de

quais fontes, sinalizando a necessária cautela que deve orientar o trabalho das empresas Aos

Fatos e Lupa, as duas principais agências de checagem do Brasil.

132

O estudo “Agências de checagem no Brasil: uma análise das metodologias de fact-

checking” assinado por Carmen Carvalho, Maria Otero López e Karina Costa de Andrade,

publicado em novembro de 2019 pela SBPJor, integra o núcleo temático 5. O texto envereda

seus esforços para uma análise das metodologias aplicadas, e apresentadas nas matérias

produzidas pelas agências de checagem brasileiras: Aos Fatos, Truco, Boatos.org e Uol

Confere. O estudo concluiu que duas das iniciativas respeitam o princípio básico da atividade,

enquanto as outras duas não são transparentes com a sua audiência.

A pesquisa de Carvalho, López e Andrade (2019) assim como o estudo anterior,

compreende as metodologias aplicadas pelas agências, numa demonstração do interesse da

ciência pelos mecanismos utilizados por essas organizações, para aferir a veracidade das

notícias. Essas abordagens atualizam o tema da checagem de fatos no Brasil.

Alexandre Lenzi assina o artigo “O Jornalismo nativo digital do brasileiro Nexo”

publicado em 2019, pela SBPJor. O texto contempla o núcleo temático 6 “Mídias

independentes e os nativos digitais” e apresenta um olhar sobre o Jornalismo nativo digital do

brasileiro Nexo, um veículo jornalístico exclusivamente digital criado em 2015, refletindo

sobre a comparação entre os conteúdos ainda inspirados em formatos tradicionais e aqueles

que apresentam características próprias do Jornalismo online, valorizando as potencialidades

do meio digital. A pesquisa observou que nas reportagens especiais multimídia, o Nexo tem

conseguido aproveitar mais a liberdade narrativa de um jornal nativo digital.

O estudo de Lenzi (2019) considera uma das principais referências do Jornalismo

nativo digital no Brasil a partir da apresentação da notícia. Espera-se que investigações

posteriores a esta contemplem outros aspectos desse tipo de iniciativa, como os modelos de

negócio que amparam o Jornalismo nativo digital.

O artigo “Possibilidades, limites e fragilidades de um nativo digital: o jornal Plural

(Curitiba, PR)”, publicado pela SBPJor em 2019, assinado por Myrian Del Vecchio-Lima,

Everton Luiz Renaud de Paula, Guilherme de Paula Pires e Artur Oliari Lira, também dialoga

com o núcleo temático 6. A pesquisa considera o surgimento do jornal Plural, em Curitiba,

feito exclusivamente por jornalistas, sem conhecer o perfil de seu leitor, sem uma política

clara de financiamento e em busca de independência, sinalizando suas fragilidades e limites,

bem como, as possibilidades do jornal no cenário local.

O estudo de Del Vecchio-Lima, Paula, Pires e Lira (2019) evidencia uma questão

fundamental enfrentada pelos nativos digitais, que é a do tipo de financiamento incorporado

por essas iniciativas. Observamos já no primeiro capítulo, que no Brasil os jornais nativos

133

digitais ainda não mantêm um modelo definido de sustento. Pelo contrário, as iniciativas

estudadas revelaram maneiras distintas de manutenção.

O artigo “A evolução das tecnologias leva à automatização da produção informativa”,

assinado por Sebastião Squirra e publicado pela SBPJor em 2016, dialoga com o núcleo

temático 7 “Automação da notícia”, considera que o Jornalismo vem sendo forçado a mudar

modelos e estruturas. A pesquisa de Squirra (2016) considera que a robotização se insere na

produção de notícias e novas câmeras alargam conteúdos, exponenciando os relatos.

Squirra (2016) promove uma discussão teórica sobre o fenômeno da automatização da

produção informativa, indicando uma das mais recentes mudanças do Jornalismo. No capítulo

anterior, verificamos que a prática passou a ser empregada na produção de notícias no Brasil,

no final de 2020.

O estudo “Robôs no Jornalismo brasileiro: três estudos de caso”, de Silvia DalBen,

publicado pela SBPJor em 2020, também contempla o núcleo temático 7. A pesquisa

compreende que nos últimos anos, várias redações ao redor do mundo adotaram sistemas de

Inteligência Artificial para automatizar tarefas jornalísticas. O estudo considera três casos

brasileiros: a robô Rosie, da Operação Serenata do Amor, o robô Rui Barbot, do Jota, e a robô

Fátima, do Aos Fatos e observa que o Jornalismo automatizado envolve um complexo

ecossistema, e neste cenário, a transparência e a ética figuram como elementos importantes

para guiar as discussões em torno da adoção desses sistemas pelos jornalistas.

Observamos que a pesquisa de DalBen (2020), quatro anos depois do estudo de

Squirra (2016), identifica três casos de automação no Jornalismo brasileiro, sinalizando a

rápida incorporação das organizações jornalísticas brasileiras à automação.

A investigação “O novo projeto editorial da Folha de S.Paulo: os mitos da

objetividade e da pluralidade de sentidos”, de Carolina Moura Klautau, foi publicado em

2017, pela SBPJor, e incide sobre o núcleo temático 8 “Pesquisas sobre a Folha de S.Paulo”.

O texto lança um olhar sobre o então novo projeto editorial da Folha de S.Paulo, lançado em

março de 2017, com abordagem à objetividade e à pluralidade de vozes como mitos. O estudo

concluiu que a objetividade é confundida com mero relato e que as principais fontes

continuam sendo as oficiais, identificando que objetividade e pluralidade são dois mitos

dentro do documento analisado.

Como veremos no próximo capítulo, a Folha de S.Paulo instituiu os projetos Folha

desde o início da década de 1980, com manifestações públicas dos desafios enfrentados, das

conquistas e do trabalho a ser feito no futuro. Esses documentos são explorados pelos

134

cientistas brasileiros que observam suas limitações e traçam observações sobre a conduta do

jornal.

O artigo “Quando o Twitter pauta o jornal: análise da cobertura da Folha de S.Paulo

sobre o perfil de Jair Bolsonaro” é assinado por Hébely Rebouças e foi publicado pela SBPJor

em 2019. Identificamos que o texto incide sobre o núcleo temático 7. A pesquisa investigou a

cobertura da Folha sobre os conteúdos do presidente Jair Bolsonaro no Twitter, com o

objetivo de analisar como o Jornalismo convencional lida com as estratégias de comunicação

online de agentes políticos. O estudo concluiu que, na maioria das vezes, o jornal explorou o

Twitter de Bolsonaro como mero elemento de contextualização das notícias, privilegiando

conteúdos de relevância pública, como anúncio de medidas de governo.

A investigação de Rebouças (2019) retrata bem o esforço dos cientistas brasileiros de

acompanhar as vertentes e nuances do cenário holístico do Jornalismo na atualidade, ao adotar

como tema a cobertura do maior jornal do país, a partir de uma rede social do presidente

Bolsonaro.

A pesquisa de Cláudia Nonato “Os tipos de jornalistas blogueiros: uma nova proposta

de categorização”, publicada pela SBPJor em 2013, dialoga com o núcleo temático 9

“Jornalistas blogueiros e influenciadores digitais”. O estudo considera que os blogs surgiram

ainda nos anos 1990, primeiro como diários virtuais e depois foram apropriados por

profissionais de diversas áreas, principalmente jornalistas. O estudo defendeu que nos últimos

anos, grande quantidade de pesquisas demonstra que os blogs tornaram-se importantes meios

de comunicação, e traçou uma nova categorização de jornalistas blogueiros.

Observamos que o estudo de Nonato (2013) compreende no início da década, essa

relevante alteração contemporânea do Jornalismo, que foi abarcada brevemente no primeiro

capítulo desta pesquisa. Lá indicamos que os jornalistas se apropriaram do ambiente digital,

em especial das redes sociais, para lucrarem com a função, configurando-se como um

fenômeno emergente da atividade.

A pesquisa “As mutações no mundo do trabalho do jornalista e suas contradições: uma

perspectiva ontológica da crise do Jornalismo”, de Rafael Bellan Rodrigues de Souza,

publicada em 2017, pela Compós, incide sobre o núcleo temático 9. O estudo investiga as

tendências que orientam a prática jornalística, buscando compreender as mutações no mundo

do trabalho do jornalista. Considera que o Jornalismo tem se tornado uma prática fragmentada

e instável, identificando que o empreendedorismo neoliberal afeta tanto a subjetividade do

repórter e seus projetos profissionais, quanto o papel da informação jornalística na

sociabilidade hegemônica contemporânea.

135

Souza (2017) revela as implicações por trás da manutenção de perfis em redes sociais

pelos jornalistas, problematizando a questão que ainda requer novas abordagens, de forma a

clarear as configurações dessas práticas recentes.

Fabiana Piccinin e Paula Regina Puhl são autoras do artigo “Arte e Cultura,

Telejornalismo, internet e redes sociais: apontamentos sobre o programa Arte 1 em

Movimento” publicado em 2014 pela SBPJor. O texto incide sobre o núcleo temático 10

“Mídias segmentadas”.

O estudo discute como se apresentam as reportagens televisivas do Arte 1 em

Movimento, programa que apresenta características de um telejornal especializado na

cobertura de notícias relacionadas às expressões artísticas e culturais, no telejornal, na internet

e no Facebook. A investigação discute a inserção do Jornalismo cultural na televisão e os

formatos televisivos, utilizados para apresentar as notícias sobre a arte brasileira,

especializado no tema exibido em sinal fechado, e observa como essas reportagens são

recebidas pelos internautas que acessam a página do canal no Facebook.

A pesquisa de Piccinin e Puhl (2014) identifica quase na metade da década, uma

demanda de leitores por notícias especializadas no ambiente digital, cenário compreendido

pelas recentes alterações do Jornalismo.

O estudo “Muito além da ‘caixinha feminista’: o Jornalismo com perspectiva de

gênero em portais independentes”, de Nayara Nascimento de Sousa, publicado em 2020 pela

SBPJor, incide sobre o núcleo temático 10. O trabalho analisa as concepções sobre Jornalismo

Feminista para quatro mulheres jornalistas, que produzem conteúdo com perspectiva de

gênero em portais independentes. Os resultados indicam que as profissionais produzem

conteúdo com enfoque de gênero, priorizando a interseccionalidade nos temas e nas fontes, e

se contrapondo à mídia tradicional. Entretanto, observou que as jornalistas se distanciam do

termo Jornalismo Feminista, relacionando-o muito mais às pautas consideradas “feministas”

do que como uma forma transversal de produção de conteúdo.

Observamos que a pesquisa de Sousa (2020) traduz o fenômeno recente de demandas

especializadas na internet a partir de conteúdo feminista. No primeiro capítulo, identificamos

iniciativas nativas digitais segmentadas sinalizando essa forte tendência do leitor brasileiro.

Rafael Kondlatsch e Karol Natasha Lourenço Castanheira são autores do artigo

“Jornalismo local na era do hipertextual básico: os websites como extensão do impresso”,

publicado em 2015 pela SBPJor. O estudo dialoga com o núcleo temático 11 “Retomada de

interesse pelo Jornalismo local”.

136

A investigação demonstra por meio do jornal Gazeta de Riomafra e do portal Click

Riomafra, que as potencialidades tecnológicas propaladas por muitos veículos, ainda estão

longe de ser efetivadas nos veículos do interior. A pesquisa concluiu que diversos webjornais

ainda encontram-se na fase do hipertextual básico e subutilizam, ou não utilizam, recursos

digitais, como a multimidialidade e a interatividade.

O estudo de Kondlatsch e Castanheira (2015) foge dos grandes centros e mobiliza o

seu esforço na publicação noticiosa do interior, sinalizando a ainda precária utilização de

ferramentas tecnológicas. No primeiro capítulo desta tese, indicamos que a retomada de

interesse das organizações jornalísticas pelo Jornalismo local configura-se em um fenômeno

também recente, ressaltando a importância do local.

“O blog jornalístico regional: características da cobertura e regionalidades no contexto

maranhense” é o artigo de Jordana Fonseca Barros e Samantha Viana Castelo Branco Rocha

Carvalho, publicado pela SBPJor em 2020, que incide sobre o núcleo temático 11.

O artigo trata do papel dos blogs como veículos de cobertura regional no cenário

maranhense. A pesquisa considera que os blogs jornalísticos aparecem como um espaço

paralelo de produção de conteúdo jornalístico e como fonte de informações para outros

veículos, sinalizando que esses blogs priorizam a cobertura da cidade-sede e de outras cidades

do estado.

A partir do critério de proximidade, esses veículos sinalizam uma demanda que vem

crescendo na preferência dos leitores, que é a de notícias que incidem sobre a sua realidade. O

G1, um dos principais portais de notícias do país, absorveu essa demanda, e inclui entre as

suas publicações, notícias de todas as cidades do país.

Liliane de Lucena Ito é autora do artigo “Modelos de negócio para o Jornalismo

digital: do paywall ao crowdfunding”, publicado em 2017 pela SBPJor. O texto considera que

no século passado, as empresas jornalísticas pouco inovaram no modelo de negócio, baseado

em vendas por assinatura avulsas e publicidade, indicando a transformação no setor a partir do

advento da Sociedade em Rede e da web 2.0, que forçaram os veículos de mídia a adotarem

iniciativas disruptivas. O estudo discute alguns modelos de negócio que vêm sendo adotados

nos últimos anos, no Brasil e no exterior (paywall, publicidade de conteúdo, chatbots e

aplicativos, crowdfunding) e considera, como resultado, que a sustentação econômica do

Jornalismo em sua fase pós-industrial está diretamente atrelada a variados formatos

jornalísticos, bem como, à formas distintas de entrega de conteúdo, o que sinaliza a

inexistência de uma fórmula única que seja a promessa de salvação das empresas de mídia.

137

O panorama traçado no primeiro capítulo desta pesquisa, sinalizou algumas saídas

para as organizações jornalísticas, com a indicação de modelos de negócios no ambiente

digital. O estudo de Ito (2017) reforça a necessidade de as organizações se ampararem em

modelos adequados à nova realidade.

O último artigo contemplado nessa análise, “O financiamento de arranjos econômicos

alternativos às corporações de mídia por plataformas digitais”, de Camila Acosta Camargo,

Cláudia Nonato, Fernando Pachi Filho e Thales Vilela Lelo, publicado pela SBPJor em 2020,

incide sobre o núcleo temático 12.

O estudo se apoia nas discussões acerca da “plataformização do Jornalismo” com o

objetivo de analisar, a relação estabelecida entre arranjos econômicos alternativos às

corporações de mídia no Brasil e os programas de financiamento à imprensa pelas plataformas

digitais. Buscou-se compreender as linhas de financiamento ao Jornalismo desenvolvidas pelo

Google News Initiative e pelo Facebook Journalism Project.

O estudo de Camargo, Nonato, Pachi Filho e Lelo (2020) considera uma perspectiva

mais recente de modelos de negócio do Jornalismo amparados no ambiente digital, ao

compreenderem as linhas de financiamento ao Jornalismo, desenvolvidas pelo Google e pelo

Facebook, que por certo buscam uma boa fatia desse mercado em ascensão. Esse tema requer

outras abordagens e suscita novos parâmetros de análise como: modelos de negócio para as

empresas do interior com abrangência local e regional, ou o trabalho desenvolvido por

organizações como o Sebrae, que auxiliam as empresas a garantirem o seu sustento a partir da

realidade de cada atividade.

2.5 O que a pesquisa brasileira sinaliza

Diante do levantamento apurado neste capítulo, composto por algumas das mais

significativas contribuições da produção científica brasileira, sobre as transformações

contemporâneas enfrentadas pelo Jornalismo na última década, é possível tecer algumas

reflexões sobre as sinalizações indicadas pelos pesquisadores brasileiros.

A primeira delas foi a verificação do esforço do pesquisador brasileiro em debater os

fenômenos contemporâneos do Jornalismo e as demandas sociais que emergem do contexto

sócio-histórico, relativas ao tema do exercício do Jornalismo na sociedade brasileira. A partir

da identificação dos 12 núcleos temáticos, averiguados nos textos selecionados da Compós e

da SBPJor, observamos esse empenho.

138

Outra sinalização que podemos tecer, a partir das análises deste segundo capítulo, é

que os pesquisadores da Compós e da SBPJor também compreenderam as mudanças recentes

do Jornalismo, diante de episódios históricos que fomentaram tais alterações, como a

mobilização social realizada no Brasil em 2013 a partir das redes sociais, o fenômeno das fake

news no Brasil e a checagem de fatos pelo Jornalismo, que ganharam notoriedade nas eleições

gerais brasileiras de 2018 e a pandemia causada pelo coronavírus, em 2020. Algumas das

alterações do Jornalismo que a pesquisa apurou a partir dos textos da Compós e da SBPJor

posterior à 2013, foi que os anos de 2018 e 2020 sinalizaram a maior incidência de estudos

sobre esses núcleos temáticos.

O universo de pesquisas compreendido neste segundo capítulo, nos revela que os

pesquisadores da Compós e da SBPJor de um lado, se esforçaram para discutir os fenômenos

emergentes do Jornalismo, mas por outro, dedicaram menor empenho aos modelos de negócio

do Jornalismo no ambiente digital, com a indicação de saídas para as organizações

jornalísticas brasileiras.

Outro aspecto que merece reflexão, incide sobre as iniciativas alternativas de produção

de notícias. A partir da investigação contemplada sobre este tema no primeiro capítulo e com

o endosso das pesquisas apuradas neste segundo momento, reforçamos um dos objetivos da

pesquisa, que é a verificação das formas alternativas de produção de notícia e como se

localizam no cenário das transformações. A pesquisa brasileira sinaliza o surgimento dessas

iniciativas, como é o caso do Nexo Jornal, contemplado pela pesquisa no primeiro capítulo,

indicando uma forma emergente de comercialização de notícias. As formas de financiamento

dessas iniciativas ainda navegam por diferentes formatos, o que requer atualizações de

investigações no setor, para auxiliar na identificação do melhor formato de financiamento

para o Jornalismo neste cenário.

A partir deste segundo capítulo, ainda confirmamos uma das hipóteses desta tese que

incide sobre os projetos alternativos de produção de notícias. Compreende-se que no ambiente

de efervescência tecnológica, essas iniciativas estão conquistando um nicho de mercado

emergente. Consideramos que as formas alternativas de notícias estão se sobressaindo no

atual cenário, ao incorporar as ferramentas e potencialidades da web, de olho no público

nativo digital, que tem se revelado, a partir das pesquisas apuradas neste estudo, como uma

forte promessa de público leitor.

Essas formas alternativas de produção de notícia na contemporaneidade também

conversam diretamente com a questão que norteia esta pesquisa: Como as empresas buscam

respostas para a transformação vivida, sobretudo após o surgimento da internet? Essas

139

organizações estão respondendo que, ao se estruturarem nas redes digitais, com mobilização

da audiência e com formas de sustento amparadas no ambiente digital (como as colaborações

online), o resultado tem sido positivo. No próximo capítulo da pesquisa, iremos contemplar

como a Folha de S.Paulo, nosso objeto de estudo, tem buscado essas respostas.

Alguns objetivos do estudo foram aqui verificados. Um deles, identifica como o tema

e o cenário das mudanças se apresentam no mundo da pesquisa. Compreendemos que os

pesquisadores brasileiros acompanharam com afinco as mudanças da atividade,

expressividade demonstrada com os números de artigos localizados a partir do raio de

interesse deste estudo. Por outro lado, como observamos algumas linhas acima, identificamos

a inexpressividade de pesquisas que incidem sobre os modelos de negócio no ambiente

digital.

140

CAPÍTULO 3

UM ESTUDO DA FOLHA DE S.PAULO SOB O ÂNGULO DA TECNOLOGIA E DA

GERAÇÃO DE NOVOS MODELOS DE NEGÓCIO

O primeiro capítulo desta tese sinalizou algumas das alterações do campo do

Jornalismo na contemporaneidade, a saber: a convergência das mídias; a interação do público

e a respectiva participação no processo de produção da notícia, que incide sobre o conceito de

gatewaching que, por sua vez, versa sobre a participação das pessoas na filtragem do que

interessa a suas comunidades de interesse; também mencionamos as novas habilidades do

jornalista; compreendemos uma visão crítica sobre essas transformações; investigamos a

presença do Jornalismo nas redes sociais; abordamos o fenômeno das fake news e a checagem

de fatos pelo Jornalismo; tratamos da utilização de inteligência artificial e da automação na

produção noticiosa no Brasil. Ainda no primeiro capítulo, consideramos essas transformações

a partir da visão de uma nova esfera pública; indicamos o surgimento de novos atores

midiáticos e suas audiências; evidenciamos iniciativas do Jornalismo nativo digital, e

contemplamos uma reflexão sobre a força do Jornalismo local como um fenômeno emergente.

Por fim, indicamos algumas possíveis soluções para as organizações jornalísticas da

atualidade, com a sinalização de modelos de negócio para o Jornalismo digital.

O segundo capítulo desta pesquisa reforçou as reflexões do momento anterior, ao

considerar o olhar do pesquisador brasileiro acerca dessas mudanças. Permitiu, a partir dessa

fase metodológica, acompanhar e verificar os assuntos de nosso interesse que foram mais

debatidos e investigados, por esses pesquisadores na última década, a saber: transformações

tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade; circulação noticiosa em redes sociais

como o Twitter, Facebook, Instagram e Youtube; Jornalismo multimídia, transmídia e

hipermídia; participação da audiência na produção noticiosa; jornalistas blogueiros e

influenciadores digitais; checagem de fatos pelo Jornalismo; retomada de interesse pelo

Jornalismo local; mídias independentes e os nativos digitais; mídias segmentadas em rede;

automação da notícia; modelos de negócio para o Jornalismo; tipos de financiamento no

Jornalismo digital; pesquisas sobre a Folha de S.Paulo. Além disso, o segundo capítulo

identificou cinco artigos que interessam diretamente a esta fase da pesquisa, por

contemplarem investigações sobre a Folha de S.Paulo, reforçando e apoiando as discussões

que aqui pretendemos estabelecer.

141

Ainda sobre os dois primeiros capítulos desta tese, o estudo contemplou, nesses

momentos anteriores, a primeira fase do método de Hermenêutica de Profundidade,

identificada por Thompson (2011) de análise sócio-histórica. As sinalizações indicadas pelo

panorama, construído sobre as transformações do Jornalismo e pela perspectiva da ciência,

sobre o cenário contemporâneo do campo, apoiam este terceiro e último capítulo da pesquisa,

que abarca a etapa final da Hermenêutica de Profundidade, a de interpretação/reinterpretação.

Thompson defende que por mais rigorosos e sistemáticos que os métodos da análise formal ou

discursiva possam ser, eles não podem abolir a necessidade de uma construção criativa do

significado, ou seja, de uma explicação interpretativa do que está representando ou do que é

dito. Thompson considera que o processo de interpretação, mediado pelos métodos do

enfoque da Hermenêutica de Profundidade, é simultaneamente um processo de

reinterpretação. Para o autor, ao desenvolver uma interpretação que é mediada pelos métodos

do enfoque, estamos reinterpretando um campo pré-interpretado; estamos projetando um

significado possível que pode divergir do significado construído pelos sujeitos que constituem

o mundo sócio-histórico.

Ao considerar a contextualização do cenário vivido pelo Jornalismo contemporâneo,

compreendida nos dois primeiros capítulos, contemplamos neste último momento, o nosso

objeto de estudo, a Folha de S.Paulo, jornal com a maior circulação paga no Brasil, conforme

pesquisa do Instituto Verificador de Comunicação (IVC) de maio de 2020, divulgada pela

Folha.31 Em 26 de junho de 2020, que indicou que o veículo obteve crescimento expressivo

da audiência paga de sua versão online. A matéria afirmou que em maio, a Folha vendeu em

média 338.675 exemplares diários, na soma de suas versões digital e impressa. O segundo

lugar, de acordo com o texto, coube ao Globo, com 333.653 e em terceiro lugar aparece O

Estado de S.Paulo, com 240.093. Nesta fase, a investigação tenciona verificar como o jornal

se comporta no cenário de transformações do Jornalismo, a partir do viés da tecnologia. E

mais, busca responder, a partir de suas práticas, como as empresas buscam respostas para a

transformação vivida pelo setor diante das inovações tecnológicas, sobretudo após o

surgimento da internet, de modo que, a informação possa continuar sendo oferecida por elas

como um produto no mercado da Comunicação. Este último momento da pesquisa, também

considera uma das hipóteses da investigação, a de que a adesão da Folha às mudanças de

mercado, podem representar um indicativo de que o jornal, seguindo as tendências mundiais,

31 Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/06/maior-jornal-do-brasil-folha-consolida-

crescimento-digital.shtml. Acesso em: 18 dez. 2020.

142

abandone, em um futuro próximo, a produção impressa para dedicar-se apenas à

comercialização de notícias no ambiente digital.

Este capítulo está dividido da seguinte maneira: inicialmente construímos um breve

resgate da história da Folha de S.Paulo com foco nas inovações tecnológicas do jornal desde

a sua fundação, compreendendo, neste panorama, os sete projetos editoriais do jornal; em

seguida, apresentamos um check-up atual sobre a Folha a partir de três pontos: 1) a versão

impressa; 2) a versão online; 3) a hospedagem no Facebook, Twitter, Instagram e Youtube. A

pesquisa considera o arcabouço desse levantamento documental, e aplica o método de Análise

de Discurso, para compreender o discurso público que a Folha estabelece sobre as alterações

do Jornalismo e sobre a receita de negócio aplicada pelo jornal a partir dessas mudanças,

diante das declarações feitas por representantes do jornal no documentário O jornal do futuro,

de 2010,32 e no Encontro Folha de Jornalismo de 2016 e de 2020 promovidos pela

organização com o objetivo de discutir os desafios e o futuro do Jornalismo.33 Em uma

segunda etapa, consideramos o modelo de negócio atual da Folha. Por fim, a pesquisa avança

para o último momento do capítulo, que incide sobre o processo de interpretação e de

reinterpretação de todo o arcabouço apurado, a partir do método de Hermenêutica de

Profundidade, evidenciando a reflexão sobre a notícia como um produto à venda, com o

suporte da tecnologia a partir das práticas da Folha.

3.1 Um panorama da história da Folha de S.Paulo

A pesquisa contempla neste momento um breve resgate da história da Folha de

S.Paulo, com ênfase nas mudanças tecnológicas do jornal, observando, sobretudo, a maneira

como o periódico se comporta sob a perspectiva tecnológica. Compreendemos a história da

Folha desde a implantação do jornal Folha da Noite, em fevereiro de 1921, consideramos os

Projetos Editoriais e seguimos até o ano de 2018, quando o jornal implementou um novo

publicador, destinado a agilizar o fluxo de trabalho da redação.

3.1.1 Breve história da Folha a partir de inovações tecnológicas

32 O documentário retrata as mudanças físicas na redação do jornal, que permitiram a integração com a

Folha.com. 33 O estudo desconsiderou o Encontro Folha de Jornalismo de 2018 pela inexistência de declaração de dirigentes

da organização. Os eventos foram promovidos sempre na celebração do aniversário de fundação do jornal.

143

Iniciamos o nosso resgate a partir de um texto cronológico, Oito décadas de história

da Folha, do Brasil e do mundo, divulgado pela Folha na seção Tudo sobre a Folha.34 O

documento identifica as principais fases do jornal nos seus primeiros 80 anos, em paralelo

com os principais acontecimentos do Brasil e do mundo.

De acordo com a cronologia publicada pela Folha, a história do jornal teve início em

19 de fevereiro de 1921, com o surgimento da Folha da Noite, cuja redação era instalada em

uma sala no segundo andar de um prédio na rua São Bento, 66-A, no centro de São Paulo e

com impressão feita nas oficinas de O Estado de S. Paulo, na rua 25 de Março. Em 1925, o

então jornal Folha da Noite deu o primeiro grande passo tecnológico, ao adquirir uma rotativa

alemã. Esse desenvolvimento permitiu ao jornal, expandir os negócios com a edição, no

mesmo ano, do jornal Folha da Manhã, edição matutina da Folha da Noite. Em 1931, ao

passar para as mãos do cafeicultor Octaviano Alves Lima, a empresa que exibia uma tiragem

diária de 15 mil exemplares dos dois jornais, passou para 80 mil. O nome da companhia é

alterado para Empresa Folha da Manhã.

Em um dos artigos relacionados à Folha, mapeados no segundo capítulo desta tese, “O

novo projeto editorial da Folha de S.Paulo: os mitos da objetividade e da pluralidade de

sentidos”, Carolina Klautau (2017) considera que, a Folha nasceu numa época em que apenas

uma tiragem de jornal, não dava conta de narrar os acontecimentos diários. Ela menciona o

período que compreende a metade dos anos 1940, quando as notícias externas e internas

chegavam em grande volume e com grau profundo de complexidade, referindo-se a fatos

como o envio de soldados brasileiros à Itália para lutar durante a Segunda Guerra Mundial, a

abdicação de Getúlio Vargas à presidência do Brasil ou a bomba atômica enviada pelos

Estados Unidos e que atinge Hiroshima e Nagasaki.

Em 1945, de acordo com a Folha,35 o controle acionário passou para as mãos de José

Nabantino Ramos e a companhia passou a defender a adoção da imparcialidade como política

redacional. Os jornais, feitos para a classe média, começavam a encampar questões como o

ensino público e a cédula única. Em 1946, a impressão dos jornais passou da rua do Carmo

para a rua Anhangabaú, onde é instalada uma rotativa Goss, de fabricação norte-americana.

Em 1949, a redação se mudou para um edifício na Alameda Cleveland e a administração, a

publicidade e a composição foram para o mesmo prédio no ano seguinte. Nesta época, o

34 A cronologia Oito décadas de história da Folha, do Brasil e do mundo, está disponível em

https://www1.folha.uol.com.br/folha/80anos/cronologia.shtml. Acesso em: 17 jan. 2021. 35 A cronologia Oito décadas de história da Folha, do Brasil e do mundo, está disponível em

https://www1.folha.uol.com.br/folha/80anos/cronologia.shtml. Acesso em: 17 jan. 2021.

144

jornal era feito por meio de linotipo, processo que usa chumbo derretido para compor o texto.

Em 1º de julho daquele ano era lançada a Folha da Tarde.

Em 1950, conforme a Folha em seu texto cronológico sobre os primeiros 80 anos do

jornal, a impressão dos jornais da organização passou para um prédio entre as alamedas Barão

de Campinas e Barão de Limeira, ainda em construção. Em 1953, o prédio na alameda Barão

de Limeira passou a abrigar todas as instalações dos jornais. Em 1º de janeiro de 1960, quase

40 anos depois do surgimento do primeiro jornal da organização, surge a Folha de S.Paulo,

resultado da fusão dos três títulos da empresa. Em agosto de 1962, os empresários Octavio

Frias de Oliveira e Carlos Caldeira Filho assumiram o controle acionário da Empresa Folha

da Manhã.

Em 1976, de acordo com o jornal, a Folha encampou o processo de redemocratização

do Brasil e abriu as suas páginas ao debate de ideias que fervilhavam na sociedade civil. Em

1991, a Folha afirmou que a organização foi o primeiro órgão da imprensa brasileira a pedir o

impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, que renunciou no ano seguinte. Em

1992, o empresário Octavio Frias de Oliveira passou a deter a totalidade do controle acionário

da companhia. Em janeiro daquele ano, a Folha se consolidou como o jornal com maior

circulação paga aos domingos (média de 522.215 exemplares). Em 22 de março de 1999, é

lançado o jornal Agora pelo Grupo Folha, em substituição à Folha da Tarde, publicação

encerrada no dia anterior. Em 2 de maio do ano 2000, começou a circular o jornal Valor,

especializado em economia e produto da associação do Grupo Folha com as Organizações

Globo.

O Quadro 6 sintetiza alguns dos principais marcos do jornal nesse período, indicando

o ano e uma breve descrição.

Quadro 6 – Síntese dos principais acontecimentos e ações ligadas às incorporações

tecnológicas da Folha de S.Paulo nos primeiros 80 anos do jornal

ANO DESCRIÇÃO DOS ACONTECIMENTOS

1967 A Folha dá início à revolução tecnológica e à modernização do seu parque gráfico.

1971 O jornal abandona a composição a chumbo e adota o sistema eletrônico de fotocomposição,

pioneiro no Brasil.

1973 Em outubro, é criado o Banco de Dados de São Paulo Ltda., que incorpora os arquivos de

imagem, texto e a biblioteca da Folha.

1981 Em junho, o documento de circulação interna “A Folha e alguns passos que é preciso dar”

surge como a primeira sistematização de um projeto editorial. O texto fixa três metas:

informação correta, interpretações competentes sobre essa informação e pluralidade de

opiniões sobre os fatos.

1983 A Folha inaugura a primeira Redação informatizada na América do Sul com a instalação de

terminais de computador para a redação e a edição de textos. O jornal passa a economizar

145

40 minutos no processo de produção. É criado o Datafolha, instituto de pesquisa de opinião

pública e de mercado.

1984 Em junho, surge o documento, também de circulação interna, “A Folha depois da

campanha Diretas-Já”, devido ao destaque do jornal na campanha em relação aos outros

veículos de comunicação. A Folha implanta o Manual da Redação.

1985 Em julho, a Folha publica o novo projeto editorial que tem como política, além de praticar

um jornalismo crítico, apartidário, moderno e pluralista, implantar um Jornalismo de

serviço e adoção de novas técnicas visuais.

1987 É dado início à informatização do Banco de Dados, com a criação de uma base de dados em

convênio com a Editora Abril. A base passaria a conter, a partir de janeiro de 1988, um

índice eletrônico da Folha e de diversas revistas brasileiras.

1990 Em fevereiro, são introduzidas as paginadoras Harris, que permitem a montagem eletrônica

das páginas do jornal, eliminando o processo manual de “paste-up”.

1994 A Folha se transforma no primeiro jornal brasileiro a ter um banco de imagens digital. Em

julho, a Agência Folha passa a comercializar seu serviço noticioso 24 horas por dia. A

Folha investe em uma política de fascículos encartados no jornal. O primeiro lançado é o

“Atlas Folha/The New York Times” e bate recorde de tiragem e de vendas na história de

jornais e revistas do país no dia de lançamento (1.117.802 exemplares) e nas semanas

subsequentes.

1995 O Banco de Dados lança o CD-ROM Folha, que traz o texto integral das edições do jornal

do ano anterior, além do Manual da Redação da Folha. É lançado o Folha Online, cujo

primeiro serviço é o Folha Web, sinopse diária das reportagens. Começa a funcionar o

Centro Tecnológico Gráfico-Folha, em Tamboré.

1996 É lançado o Universo Online, em caráter experimental, com acesso aberto a todos os

usuários da Internet. É o primeiro serviço online de grande porte no país. A Folha implanta

o Programa de Qualidade, com o objetivo de combater erros de português e de informação.

O Grupo Folha anuncia a fusão do Universo Online (Grupo Folha) com o Brasil Online

(Grupo Abril). É constituída uma nova empresa, o Universo Online S.A.

Fonte: elaborado pela autora a partir do documento Oito décadas de história da Folha, do

Brasil e do mundo.36

O Quadro 6 registra de 1967 a 1996 algumas das principais incorporações tecnológicas

da Folha de S.Paulo e identifica nesse período, o início da publicação dos projetos editoriais

do jornal, que discutiremos mais adiante.

Observamos que depois de 16 anos do estabelecimento da impressão offset, conforme

o documento sobre os 80 anos da Folha, o jornal inaugurou a primeira Redação informatizada

na América do Sul, com a instalação de terminais de computador para a redação e a edição de

textos. O jornal descreve em seu texto dos 80 primeiros anos, que o investimento passou a

economizar 40 minutos no processo de produção. Em 1985, a Folha incorpora a adoção de

novas técnicas visuais, iniciando um processo de mudanças estéticas. Dois anos depois,

identificamos novamente a preocupação do jornal com o armazenamento de seu conteúdo,

com o início da informatização do Banco de Dados. Em 1990, com a montagem eletrônica das

páginas do jornal, a organização reforça a sua adesão a ferramentas tecnológicas.

36 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/folha/80anos/cronologia.shtml. Acesso em 17 jan. 2021.

146

Em 1995, verificamos a partir do texto cronológico sobre os 80 primeiros anos da

Folha, um marco importante no jornal, quando a organização deu o início à hospedagem no

ambiente digital, a partir do lançamento do Folha Online, que disponibilizava uma sinopse

diária das reportagens no ambiente digital. Retomamos aqui o registro feito na introdução

deste trabalho, quando recorremos a um retrato feito por Josias de Souza (2004), sobre o

contexto em que o ambiente digital foi introduzido nas organizações jornalísticas, no período

contemporâneo à implantação do Plano Real. A crítica de Josias de Souza indica que para

investir em sua informatização, muitas empresas contraíram altas dívidas.

Ainda na análise documental sobre a trajetória da Folha, identificamos na seção

História da Folha, no portal da organização, um resgate geral do jornal desde 1921 que amplia

o texto cronológico dos primeiros 80 anos da Folha.37 A partir desse texto histórico,

verificamos que 1996, por iniciativa de Luiz Frias, foi lançado o portal de internet UOL,

primeiro serviço online de grande porte no país; em maio de 2000 foi lançado o jornal Valor

Econômico, em parceria com o Grupo Globo, que assumiu, em 2016, o controle do periódico;

em 2010 houve a unificação das redações do impresso e do online, reforma gráfica e editorial

da Folha. O portal Folha Online foi reestruturado e passou a se chamar Folha.com;

aplicativos para Iphone, iPad e Galaxy Tab foram lançados naquele ano.

Registramos que 2010 foi um ano importante para o jornal rumo ao aprimoramento de

sua plataforma digital. Lenzi (2017) considerou essa fase e fez um paralelo entre a Folha e O

Estado de S. Paulo, identificando que os concorrentes diretos no mercado brasileiro

apresentaram movimentos semelhantes, ao longo da migração de suas marcas de origem

impressa para a plataforma digital, sendo o ano de 2010, na visão do autor, o mais

significativo para os dois em sua trajetória recente no caminho à priorização do online.

De acordo com Lenzi, após os primeiros movimentos em busca da integração entre

impresso e online, o jornal O Estado de S. Paulo lançou, em março de 2010, um novo projeto

gráfico da edição em papel e, simultaneamente, entrou no ar o novo estadão.com.br, um

portal com a proposta de ampliar o cardápio de conteúdos em vídeo e áudio, a interação com

os internautas e a conexão com redes sociais e comunidades virtuais. A intenção apontada

pela empresa, era estar o tempo todo perto do leitor, em todas as plataformas. Dois meses

depois, em 23 de maio, sempre de acordo com Lenzi, a Folha de S. Paulo realizou

transformações semelhantes ao do concorrente Estadão e chegou às bancas se intitulando “o

37 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/institucional/historia_da_folha.shtml?fill=4. Acesso em: 17

jan. 2021.

147

jornal do futuro” como o primeiro grande veículo da imprensa brasileira a promover o que

chamou de “fusão orgânica” entre o jornal impresso e a versão online.

Lenzi (2017) recorda que a meta era oferecer um noticiário que fosse ágil e que, ao

mesmo tempo, preservasse a sua qualidade. Para isso, relata o autor, o comando editorial da

Folha Online passou a ser subordinado à editoria-executiva da Folha. Os editores dos

cadernos do impresso passaram a contar com editores-adjuntos da área digital. Foi criado,

ainda, o cargo de secretário-assistente da área digital, responsável pela homepage (a página de

rosto da Folha Online). Cerca de 60 profissionais que trabalhavam na Folha Online, entre

repórteres e redatores, passaram a integrar as equipes das áreas correspondentes da Folha.

O documentário O Jornal do Futuro, de maio de 2010,38 retrata as mudanças físicas na

redação do jornal, que permitiram a integração com a Folha.com. A produção também captou

depoimentos de Otávio Frias Filho, então diretor de Redação da Folha, de colunistas e entre

outros. Esses depoimentos serão considerados na seção A notícia como um produto à venda

com o suporte da tecnologia.

Em 2012, de acordo com a Folha,39 o jornal inaugurou no Brasil a adoção do novo

modelo de negócios para o Jornalismo digital, o paywall poroso, em que o acesso ao

noticiário online é gratuito e possui limitação. 40

Em 1º de fevereiro de 2018, o jornal divulgou a notícia de um novo publicador, com a

proposta de agilizar o fluxo de trabalho da redação.41 O texto informa que a reforma visual e

estrutural da Folha na internet vinha acompanhada de outra, invisível aos leitores. O sistema

utilizado para colocar no ar os textos, páginas e especiais do site, justificava o surgimento do

novo publicador, batizado de Gutenberg, desenvolvido dentro do jornal, pensado para

otimizar o trabalho da redação, de forma a oferecer mais tempo aos jornalistas à apuração e à

edição.

Após considerar os principais avanços tecnológicos da Folha desde os seus primeiros

passos até o ano de 2018, verificamos que o jornal traçou novos rumos, garantiu diferenciação

entre os demais e cresceu como empresa no mercado da comunicação. Passamos agora, a

compreender as declarações da organização em seus Projetos Editoriais.

38 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/folha/videocasts/739063-documentario-revela-bastidores-das-

mudancas-na-folha.shtml. Acesso em: 3 jan. 2021. 39 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/institucional/historia_da_folha.shtml?fill=4. Acesso em: 3 jan.

2021. 40 O atual modelo de negócios será considerado ao final do capítulo. 41 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/02/novo-publicador-agiliza-o-fluxo-de-trabalho-

da-redacao.shtml. Acesso em: 3 jan. 2021.

148

3.1.2 O compromisso público do Projeto Folha

Nesta fase da pesquisa, consideramos as declarações públicas da Folha nos sete

projetos editoriais divulgados ao longo da história da organização. O documento é publicado

de tempo em tempo e possui a finalidade, segundo a própria empresa, de tornar público o

compromisso do jornal com os valores, metas a cumprir e instrumentos por meio dos quais

pretende melhorar a qualidade do serviço prestado aos leitores. Além de sinalizar os pontos a

serem enfrentados, o Projeto Folha também indica os avanços conquistados em relação ao

período anterior e fornece orientações aos jornalistas. Os projetos editoriais traduzem, de

acordo com o jornal em sua página na internet, os princípios que constituem, no seu conjunto,

o Projeto Folha.42

A partir de uma leitura inicial, observamos que o jornal sinaliza que a busca por um

jornalismo crítico, apartidário e pluralista são as características que norteiam o trabalho dos

profissionais do Grupo Folha. Essas características foram expostas desde 1981 e mantidas até

2017, ano que registra a última versão do Projeto Folha. O Quadro 7 traz o ano e o título de

cada um dos sete projetos editoriais.

Na sequência, uma descrição e posterior análise dessas declarações, evidenciando a

postura da Folha sobre os processos de mudança do Jornalismo, observando, sobretudo, como

o jornal se posicionou em cada um desses projetos editoriais, com relação à ampliação de

investimentos em incorporações tecnológicas, e de que maneira, a Folha foi alinhavando

esses avanços com a formatação do seu atual modelo de negócio.

Quadro 7 – Ano e título dos sete projetos editoriais da Folha

PROJETOS EDITORIAIS FOLHA DE S.PAULO

ANO TÍTULO

1981 A Folha e alguns passos que é preciso dar

1984 A Folha depois da campanha Diretas-Já

1985 Novos rumos

1986 A Folha em busca da excelência

1988 A hora das reformas

1997 Caos da informação exige jornalismo mais seletivo, qualificado e didático

2017 Jornalismo profissional é antídoto para notícias falsas

42 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/institucional/linha_editorial.shtml. Acesso em: 26 dez. 2020.

149

Fonte: elaborado pela autora com base em informações divulgadas no portal da Folha.43

Diante do Quadro 7, compreendemos uma breve descrição de cada um dos projetos

editoriais da Folha, que precedem a análise destes textos nos termos em que foram

mencionados anteriormente.

O documento de 1981,44 “A Folha e alguns passos que é preciso dar”, declara que:

o objetivo de um jornal como a Folha é, antes de mais nada, oferecer três

coisas ao seu público: informação correta, interpretação competente sobre

essa informação e pluralidade de opiniões sobre os fatos. Ressalta a

importância de ingredientes importantes: saúde econômica e financeira da

empresa, firme disposição para a independência jornalística e para a

superação das tradições paroquiais da imprensa tradicional, senso de

oportunidade para saber avançar quando as circunstâncias permitem e

reclamam.

No projeto de 1984,45 “A Folha depois da campanha Diretas-Já”, o jornal considerou

que “o movimento faz parte da história da Folha, que encampou a campanha e foi o primeiro

grande meio de comunicação a fazê-lo, impondo-se, ao país inteiro, como uma das principais

forças formadoras de opinião pública”. A Folha declarou, na época, que possuía, a seu favor,

“a ausência de preconceito, uma posição política aberta e uma disposição para crescer e

mudar na relativa estagnação em que se encontrava, na visão do veículo, a maioria dos demais

grandes jornais da época”.

O documento de 1984 declara ainda, que “a Folha era o jornal que mais havia se

desenvolvido naqueles anos”. A declaração também incluía a meta mais alta daquele

momento: “fazer da Folha o principal jornal do país e dos profissionais que nela trabalham os

mais valorizados e respeitados de toda a categoria”. Um trecho do projeto editorial de 1984

informa que o jornal possuía, atrás dele, uma empresa economicamente sólida,

financeiramente saudável e que vinha adotando uma atitude crescentemente agressiva no setor

publicitário e comercial, considerando a situação privilegiada da empresa que assegurava a

autonomia política e a contundência editorial da Folha.

Em 1985, no projeto editorial “Novos rumos”,46 o jornal declarou que:

43 Informações extraídas de: https://www1.folha.uol.com.br/institucional/linha_editorial.shtml. Acesso em: 3 jan.

2021. 44 Disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/folha-projeto-editorial/projetos-editoriais-anteriores/1981-a-

folha-e-alguns-passos-que-e-preciso-dar.shtml. Acesso em: 17 dez. 2020. 45 Disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/folha-projeto-editorial/projetos-editoriais-anteriores/1984-a-

folha-depois-da-campanha-diretas-ja.shtml. Acesso em: 17 dez. 2020. 46 Disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/folha-projeto-editorial/projetos-editoriais-anteriores/1985-novos-

rumos.shtml. Acesso em: 17 dez. 2020.

150

o desenvolvimento do projeto que orienta a Folha, dependeria, sobretudo, de

duas coisas: que ela se caracterizasse de maneira original como uma

publicação com imagem pública ostensivamente diferenciada e que se

tornasse um produto de mercado indispensável ao público pela quantidade

do serviço de interpretação, de opinião e principalmente de informação.

Declarou, naquele momento, que “o Jornalismo não era mais artesanato, mas uma

atividade industrial que reivindica método, planejamento, organização e controle”. Também

sinalizou a necessidade de ampliação do espaço da prestação de serviço no jornal e aumento

do grau de didatismo do material publicado. Declarou que essas duas características, eram

inestimáveis na luta empreendida naquele momento, que visava transformar a Folha num

produto de primeira necessidade para o público leitor, caminho obrigatório do

desenvolvimento e da própria sobrevivência dos jornais, de acordo com o próprio jornal.

Alertou, para a necessidade de modificar a mentalidade, com relação a quadros, mapas,

gráficos e tabelas, que passavam a ser considerados como o meio de expressão sintética e

veloz por excelência. Anunciou também, a segunda edição do Manual Folha, assinalando a

batalha pela exatidão como grande prioridade na área. Expôs os dois problemas cruciais que o

jornal vinha enfrentando: a rede de informações localizada fora da sede e das grandes

sucursais, pelo lado da produção, e a estrutura do Banco de Dados, pelo lado da edição. O

documento definiu o papel de cada editoria.

No projeto editorial de 1986,47 “A Folha em busca da excelência”, o jornal abre o

documento declarando que “o periódico figura com a maior circulação entre os diários

brasileiros, ao informar que de junho de 1984 a 1986 a circulação paga do jornal tinha

crescido 39,5%, chegando a um total de 291.659 exemplares em média por dia”. Creditou

esse avanço ao esforço conjunto de toda a empresa que editava o jornal. O documento

externou os avanços conquistados no departamento de Jornalismo, com melhor estruturação.

Anunciou que o Orçamento da Redação estava pronto para a implantação, em 1986,

permitindo uma descentralização do funcionamento administrativo da redação e das decisões

editoriais vinculadas a esse funcionamento. Pautou, assim como nos demais projetos, “a

necessidade de um texto bem escrito, exigindo nível de excelência”. Propôs uma ofensiva no

domínio da informação a ser publicada no dia seguinte.

47 Disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/projeto-editorial-da-folha/projetos-editoriais-anteriores/1986-a-

folha-em-busca-da-excelencia.shtml#s03e03. Acesso em: 17 dez. 2020.

151

O projeto editorial de 1988,48 “A hora das reformas”, avaliou que o Manual Geral da

Redação correspondeu ao esforço de autodisciplina. Mencionou que, naquele momento, as

transformações no restante da imprensa diária e a concorrência da televisão impuseram um

tipo de preocupação que decorria, não mais da necessidade, de fazer um bom jornal, ideia que

seguiu, de acordo com o documento, sendo absorvida pelos concorrentes, mas de

corresponder ao lugar de liderança obtido pela Folha, até aquele momento. A necessidade de

se investir no pluralismo, na preocupação de como ser um jornal ágil e moderno, de oferecer

informações precisas e confiáveis ao leitor, foi-se tornando evidente e disseminada na

imprensa brasileira, sinal, como o projeto aponta, do sucesso do Projeto Editorial da Folha.

O documento também retratou as transformações comunicacionais da época, tais

como: o surgimento de agências de publicidade com mentalidade nova e agressiva; emissoras

antes desacreditadas, mostravam que eram capazes de desenvolver uma estratégia que lhes

garantisse um lugar ao sol e, novidades no mercado de revistas. No mercado de livros,

editoras novas comprovaram até onde se podia chegar; no setor da imprensa diária, a

competição por prestígio, por mais anúncios e por mais leitores adquiria uma característica

feroz de guerra, em que os jornais que se contentaram com a sua aura de tradição e elegância,

e se viram subitamente ameaçados de extinção; outros jornais, que demoraram a compreender

o que se passava, se lançavam a uma tentativa atabalhoada de recuperar o tempo e a posição

que perderam, ainda que, essa recuperação lhes custasse a própria identidade.

O documento de 1988 defende que “a Folha estava no centro dessa ebulição,

considerando ser a sua causa direta no que diz respeito à imprensa diária, afirmando que o

jornal estava, também, na origem, indiretamente, das alterações velozes e profundas no

restante da mídia, por influência do espírito que criou”. O jornal declarou que ele chegava ao

final da década vitorioso, creditando ao sucesso do Projeto Editorial, reconhecido por quem

antes se mostrava incrédulo e copiado por quem antes a hostilizava. O documento declara que

o Projeto Folha havia se tornado, em poucos anos, “patrimônio coletivo do Jornalismo

brasileiro”.

Ainda revelou que, ao disseminar a ideia de que era preciso estar sempre mudando, a

Folha tornou-se vítima da sua própria estratégia, pois não lhe restava outro caminho senão

continuar. Ao lado da concorrência com outros jornais, que se tornava cada vez mais uma luta

pela melhor qualidade do produto, a Folha sinalizava também a concorrência com a televisão,

resumida pelo jornal como uma luta pela melhor qualidade da informação veiculada. O texto

48 Disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/projeto-editorial-da-folha/projetos-editoriais-anteriores/1988-a-

hora-das-reformas.shtml#s03e02. Acesso em: 17 dez. 2020.

152

tornou a dar importância para os gráficos e ilustrações, para composição do texto, e

considerou a reforma gráfica que estava em estudo, identificando-a como um desdobramento

natural da história gráfica da Folha, congruente com a fisionomia que o periódico havia

desenvolvido ao longo das últimas décadas e, ao mesmo tempo, pragmática do ponto de vista

da produção industrial das edições.

O Projeto Editorial de 1988 anunciou, ainda, que estava nas mãos do jornal conduzir o

panorama de turbulência e competição, numa direção em que as mudanças da linguagem

visual adotadas se transformassem em mudanças mais profundas e permanentes, em que a

evolução do Jornalismo, considerada subitamente acelerada, contribuísse para o

desenvolvimento real da consciência crítica, da qualidade de vida e das ideias.

O projeto editorial de 1997,49 “Caos da informação exige Jornalismo mais seletivo,

qualificado e didático”, condensou uma série de discussões realizadas no âmbito interno da

Folha desde o fim de 1996, com o objetivo de organizar a experiência e apontar perspectivas

para o futuro do Jornalismo brasileiro. Ressaltou as mudanças ocorridas ao longo daquela

década no plano internacional, discutiu o impacto da revolução tecnológica e da expansão de

economia de mercado sobre a imprensa. Com pouca variação de grau, mencionou que havia

uma só receita econômica, o mercado, e uma só fórmula institucional, a democracia, num

mundo que tendia à globalização.

Naquele momento, o jornal considerou que “o Jornalismo refletia fraturas e

deslocamentos que ainda estava por mapear e se encontrava com dilemas capazes de pôr seus

pressupostos em questão: o que informar, para quem e para quê?” Identificou o movimento

que acontecia na base empresarial, tecnológica e de mercado das comunicações, quando

empresas locais se associaram a investimentos estrangeiros, por sua vez aglutinados na forma

de grandes blocos em seus países de origem, transformando todas as modalidades de

comunicação a uma mesma linguagem tecnológica, permitindo a esses blocos integrar um

amplo espectro de serviços, do Jornalismo ao entretenimento, passando por televisão,

telefonia, cinema, vídeo, editoração e internet. Falava-se em direito à não-informação, indício

de um público que se ressentia não da falta, mas do excesso de dados. Também considerou a

proliferação da oferta que acirrava a disputa pelo tempo do consumidor, mencionando que

como o leque de opções era amplo na televisão paga, e praticamente inesgotável na internet, a

tendência era de que as inclinações pessoais e especialidades encontrassem seus nichos,

levando o usuário a dedicar parte crescente do tempo a eles. Ainda compreendeu que o

49 Disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/folha-projeto-editorial/projetos-editoriais-anteriores/1997-caos-

da-informacao-exige-jornalismo-mais-seletivo-qualificado-e-didatico.shtml. Acesso em: 17 dez. 2020.

153

aperfeiçoamento tecnológico dos novos meios estava em curso, conforme eles convergiam

para um mesmo aparelho físico.

Naquele momento de efervescência tecnológica, que foi marcado, conforme nosso

texto introdutório, pelo emprego da internet de forma expressiva para atender à finalidades

jornalísticas, o documento de 1997 considerou a reiterada pergunta sobre se os jornais iriam

sobreviver, afirmando, na oportunidade, que ela possivelmente comportava duas respostas,

sim e não. O jornal considerou a existência de quem julgava as vantagens do formato em

papel como insubstituíveis, porém, antecipou o cenário de decadência ao longo das décadas

seguintes, sem que os jornais desaparecessem na expressão do que é a sua essência: o

panorama dos principais acontecimentos da véspera tal como filtrado por uma personalidade

editorial coletiva. O projeto de 1977 anunciou que “seria o caso de perguntar se a internet iria

substituir a rotativa, não o jornal”. Mencionou que até aquela época, a estratégia

mercadológica que prevalecia era a de agregar produtos de valor cultural, como atlas,

enciclopédias, dicionários, vídeos, congruentes com a natureza do Jornalismo. Alertou que:

[...] dali em diante o Jornalismo teria de fazer frente a uma exigência

qualitativa muito superior à do passado, refinando a sua capacidade de

selecionar, didatizar e analisar, considerando que o êxito da transição para o

novo modelo dependeria de vários fatores como treinamento, reciclagem e

combate a erro.50

O projeto editorial de 2017,51 “Jornalismo profissional é antídoto para notícia falsa e

intolerância”, atualiza os compromissos da Folha em uma era de mudança de hábitos dos

leitores, destacando a relevância do Jornalismo profissional para manter nítida a distinção

entre notícia e falsidade, referindo-se ao fenômeno das fake news. Divulgou, pela primeira

vez, 12 princípios que sintetizam os compromissos editoriais, políticos e éticos do jornal,

considerando, nessa listagem, a legitimidade de novos formatos publicitários, definidos como

conteúdo patrocinado, desde que, fique clara sua natureza não jornalística.

No documento de 2017, o videojornalismo e a reportagem que garimpa bases de

dados, estão elencados entre os campos que necessitam, ainda, se desenvolver. A edição

impressa é tida como a versão referência do último ciclo noticioso, enquanto a plataforma

digital se renova no decorrer do dia. Na lista dos 12 princípios editoriais, o jornal defende a

“preservação do vigor financeiro da empresa como esteio da independência editorial para

50 Informações extraídas de: http://temas.folha.uol.com.br/folha-projeto-editorial/projetos-editoriais-

anteriores/1997-caos-da-informacao-exige-jornalismo-mais-seletivo-qualificado-e-didatico.shtml. Acesso em: 17

dez. 2020. 51 Disponível em: https://temas.folha.uol.com.br/folha-projeto-editorial/projeto-editorial-folha-de-s-

paulo/introducao.shtml. Acesso em: 17 dez. 2020.

154

garantir que a produção jornalística tenha autonomia em relação a interesses de anunciantes”;

também anuncia que assegura, na publicação, características que permitam discernir entre

conteúdo jornalístico e publicitário. Ainda afirmou que “produtores de conteúdo de qualidade

têm o desafio de fazer prevalecer os valores do Jornalismo profissional no meio digital, em

que a informação e entretenimento, realidade e rumor, notícias e fake news tendem a se

confundir e quase tudo é reproduzido de forma desligada do contexto original”. Declara que

“o desafio posto ao Jornalismo profissional torna-se ainda maior devido ao abalo no modelo

de negócios assentado na circulação paga e sobretudo na publicidade, que há décadas sustenta

as empresas de comunicação”.

O documento considera ainda que “por um lado existe um público expressivo disposto

a pagar por assinaturas digitais de veículos jornalísticos, afirmando que a ampliação de um

contingente populacional cada vez mais educado, conectado e exigente em matéria de

conhecimentos, sugere um caminho promissor”. Por outro lado, sinaliza que a “parcela

crescente da verba publicitária é tragada pelo duopólio que controla, em escala mundial, o

mecanismo de busca e as redes sociais da internet.” O texto considera que as diversas formas

de Jornalismo artesanal, praticadas com espírito militante, mostram-se úteis para suprir

lacunas no conjunto da mídia, mas, são limitadas em alcance e escopo pela “parcialidade do

ponto de vista e precariedade de base material”, aspectos que tendem a afetar um Jornalismo

financiado por distintas modalidades de mecenato.

O documento de 2017 defende a necessidade crucial de que as empresas de

comunicação encontrem estratégias, que lhes permitam continuar a sustentar-se com

autonomia no mercado. E, para se chegar a resultado positivo, defende que essa equação

tenha, entre suas variáveis, não só o atendimento mais eficiente e focalizado das demandas

emergentes desse grupo de leitores, mas também o ajustamento de custos, que o setor

forçosamente vem praticando. Afirma que, o que define um jornal não é mais o suporte

impresso, nem a periodicidade diária, mas o propósito de condensar o que ocorre de relevante

para um público interessado em informação, opinião e análise. O texto ainda sinaliza que a

versão impressa continua a responder pela maior parte da receita publicitária e a audiência

online é mensurada em dezenas de milhões de visitantes por mês, dada a possibilidade de

acesso individual e gratuito a um número determinado de textos jornalísticos.

Após as considerações, especialmente, dos pontos de nosso interesse nos Projetos

Folha, passamos para uma breve reflexão sobre essas declarações. Em 1981, ano que registra

o primeiro projeto editorial do jornal, o veículo já ressaltava a relevância da saúde econômica

e financeira da empresa como um dos principais ingredientes para se sobressair, frente à

155

imprensa da época, alinhando esse fator ao senso de oportunidade para avançar. No

documento de 1984, no momento em que a Folha almejava ser o principal jornal do país, ao

amparar-se em uma empresa sólida, que vinha adotando uma atitude agressiva no setor

publicitário e comercial, o veículo voltou a mencionar a disposição para “crescer na

estagnação em que se encontrava a maioria dos demais jornais da época”. O Projeto Editorial

do ano seguinte, 1985, passou a identificar o Jornalismo como uma atividade industrial que

suscitava método, planejamento, organização e controle. No documento de 1986, o jornal

demonstrava colher os frutos dos avanços anteriores, ao declarar que figurava na liderança no

quesito circulação entre os diários brasileiros.

No projeto de 1988 identificamos uma declaração da Folha, ao afirmar que, ao

disseminar a ideia de que era preciso sempre estar mudando, ela tornou-se vítima da sua

própria estratégia, pois não lhe restava outro caminho senão avançar. O projeto de 1997, que

coincidiu com o início da internet comercial no Brasil, já sinalizava a decadência das edições

impressas, enveredando esforços para o caminho digital. O mais recente projeto editorial da

Folha de S.Paulo, de 2017, na fase mais recente da industrialização da notícia, que abarca

novos nichos, anuncia a divulgação de conteúdos que se assemelham a textos jornalísticos,

mas que na verdade são publicitários, justificando a preservação do vigor financeiro da

empresa. Também sinaliza os desafios, provocados pelas transformações tecnológicas no

ambiente digital, considerando o abalo ao modelo de negócios e expondo as vertentes que

envolvem esse cenário: um público disposto a pagar por assinaturas digitais e o duopólio que

concentra verba publicitária. O jornal também acusa a relevância de as empresas de

comunicação buscarem estratégias nesse campo, defendendo o atendimento focado nas

preferências do leitor e o ajustamento de custos. Sinaliza que a versão impressa continua a

responder pela maior parte da receita e indica a volumosa quantidade de visitantes no site, que

se expressa como potencialidade a ser explorada.

Este breve panorama da Folha de S.Paulo observou que, o lugar de importância do

jornal no cenário da mídia foi constatado desde os primeiros passos da história do veículo e,

realçados no discurso público dos projetos editoriais. Com o advento da internet, o jornal, que

já figurava na liderança dos diários brasileiros, foi ampliando os investimentos em

incorporações tecnológicas para acompanhar as mudanças, atender a demanda de leitores e se

sobressair com relação aos concorrentes, estratégia que levou ao seu engessamento, ao

permitir apenas o caminho do avanço constante, seja no sentido de aprimoramento técnico da

produção da notícia, que com o passar do tempo exigiu nível de excelência da equipe de

156

jornalistas, como na apresentação do produto comercializado, a notícia, ao incorporar

componentes gráficos e ilustrações elaboradas.

Ao adotar esse caminho de mudar para avançar, a Folha passou, desde 2010, a apostar

fortemente em sua versão digital. A postura adotada pela Folha no universo global de

mudanças do Jornalismo foi a de tentar absorver as mudanças para garantir e, se possível,

ampliar o seu público consumidor, seus anunciantes e suas distintas formas de receita.

3.2 Check-up da Folha de S.Paulo

Como última fase empírica deste estudo, propomos agora um check-up atual da Folha

de S.Paulo, a partir das versões impressa e digital do jornal e da presença do veículo nas redes

sociais. Esse panorama será importante para observar como a Folha se comporta no cenário

de mudanças do Jornalismo e também para identificar quais modelos de negócio ela está

adotando especialmente no ambiente digital. Para realizar as análises na versão impressa e na

online da Folha, foi eleito o dia 18 de dezembro de 2020, por caber dentro dos propósitos de

pesquisa. Inicialmente consideramos a edição impressa do jornal, depois partimos para o

portal de notícias, e, por fim, abarcamos uma descrição do jornal nas redes sociais.

3.2.1 A Folha de S.Paulo na versão impressa

A pesquisa inicia o diagnóstico da Folha a partir da sua versão tradicional, impressa,

considerando a edição do dia 18 de dezembro de 2020, mesma data em que o site foi apurado.

A pesquisa tece uma descrição dos conteúdos divulgados e, em seguida, indica alguns

apontamentos. A Figura 1 mostra a capa da edição impressa deste dia.

157

Figura 1 – Capa da edição de 18 de dezembro de 2020 da Folha de S.Paulo

Fonte: Folha de S.Paulo (acervo impresso).

Começamos a nossa descrição pela capa do jornal. No topo da página, logo abaixo da

logomarca, da esquerda para a direita, aparece: “Desde 1921”, seguido do desenho de três

estrelas, uma vermelha, uma azul e uma preta, e “Um jornal a serviço da democracia”. Após

uma linha divisória, vermelha, aparecem, da esquerda para a direita, Folha100 faltam 163, um

lembrete para o centenário da Folha de S.Paulo que será celebrado no dia 19 de fevereiro de

2021, com a promessa de uma série de discussões internacionais e nacionais sobre os rumos

158

do Jornalismo. Em 10 de novembro de 2020, a Folha publicou uma notícia,52 iniciando uma

contagem regressiva para o centenário, abordando a proeza de uma empresa de comunicação

completar 100 anos em tempos de alterações do Jornalismo. Depois disso, aparece a data da

edição: Sexta-feira, 18 de dezembro de 2020. Ainda constam: ano 100, nº 33.497, R$ 5,00.

Uma imagem, de 12 centímetros de altura, que ocupa todas as seis colunas, ilustra uma

chamada, feita na legenda da foto, para a página B6, na editoria de Cotidiano. A imagem

registra as fortes chuvas em Santa Catarina que deixaram ao menos 12 mortos e 13

desaparecidos.

Sem imagem ilustrativa, a manchete do dia 18: “Supremo autoriza vacinação

obrigatória contra a Covid-19”, estava acompanhada de um texto de cinco colunas que

chamava para a editoria de Saúde (páginas B1 e B2).53 Havia também outras três pequenas

chamadas para Saúde, todas relacionadas a matérias que contemplam questões da pandemia

causada pela Covid-19. Os títulos delas eram: “Dois em cada três defendem o fechamento de

escolas”, “Rede privada receberá vacina após o SUS, afirma Pazuello” e “Gestores preveem

cenário pior do que no início da pandemia”.

Na capa também constavam duas chamadas, com textos curtos, para as colunas de

Reinaldo Azevedo e de Angela Alonso, na editoria Poder;54 um outro, para a editoria de

Mercado;55 um para Cotidiano;56 um para Ambiente.57 Também havia títulos de cinco

matérias com a indicação da página, ao final. Duas delas, relacionadas a assuntos políticos,

uma sobre a pandemia e outra sobre decisão judicial.

Além da imagem principal, das fortes chuvas em Santa Catarina, havia outras duas,

menores, na capa. Uma, contemplando a editoria Esporte,58 e outra, da editoria Ilustrada.59 A

capa ainda continha três chamadas, cada uma com a indicação da editoria acima (Esporte,

Ilustrada e Guia),60 com título e indicação da página.

A capa da Folha impressa do dia 18 também rendeu uma chamada, no rodapé da

página, para dois editoriais do jornal: “Abrir torneiras” e “Negação da maconha”. Do lado

52 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/11/folha-vai-se-tornar-um-jornal-centenario-em-

cem-dias.shtml. Acesso em 18 dez. 2020. 53 A editoria Saúde comporta conteúdos relacionados ao universo da saúde. 54 A editoria Poder é dirigida prioritariamente à cobertura de política, Justiça, questão agrária, movimentos

sociais, imprensa e religião, além de outros temas. 55 A editoria Mercado reúne conteúdo sobre o mercado, economia e investimentos. 56 Cotidiano contempla as principais notícias de São Paulo e outras cidades brasileiras sobre trânsito, transportes,

tempo, chuvas, crise da água, segurança. 57 A editoria Ambiente reúne conteúdo sobre o meio ambiente e preservação ambiental. 58 A editoria Esporte contempla a cobertura do mundo esportivo. 59 A Ilustrada reúne conteúdos relacionados à arte, cultura, cinema, moda e música. 60 O Guia Folha apresenta um roteiro cultural de São Paulo, indicando os melhores restaurantes, bares, shows,

cinemas, teatros e baladas.

159

oposto da página, à direita, havia um levantamento sobre a pandemia no Brasil, com dados de

casos, número de óbitos e estágios da pandemia, com um mapa dividido nos estágios:

acelerado, estável, desacelerado e reduzido, com indicação do horário e do dia da apuração:

das 20h de 17 de dezembro. Abaixo desse panorama, o jornal apresenta a sua audiência

mensal, indicando o número de páginas vistas: 224.661.655 e de visitantes únicos:

37.058.915. Apesar do jornal não registrar, essa mensuração incide sobre a página do jornal

na internet, já que os termos usados foram “páginas vistas” e “visitantes únicos”.

Depois de descrever os conteúdos da capa do jornal, passamos para uma consideração

quantitativa, do número de páginas da edição observada, e de sua divisão, a partir das

editorias. O primeiro caderno, que comporta Opinião, Poder, Mundo e Mercado, possui 16

páginas; o segundo caderno, com 20 páginas, se divide pelas editorias: Saúde, Cotidiano,

Ciência, Esporte, Ilustrada, Guia Folha, Folha Corrida. A edição de 18 de dezembro de 2020

conta com 36 páginas. A disposição dessas páginas, a partir das editorias está assim

distribuída, do primeiro para o segundo caderno: são dedicadas duas páginas para Opinião;

quatro para Poder; duas para Mundo; quatro para Mercado; no segundo caderno, são

dedicadas cinco páginas para Saúde; uma e meia para Cotidiano; meia página para Ambiente;

uma página para Ciência; duas páginas para Esporte; seis páginas para Ilustrada; duas para o

Guia Folha e uma para Folha Corrida.61

Na página A2, de Opinião, consta, no canto superior, esquerdo, o expediente do jornal,

indicando os nomes do publisher, Luiz Frias; do diretor de redação, Sérgio Dávila; dos

superintendentes, Antonio Manuel Teixeira Mendes e Judith Brito; do conselho editorial:

Rogério César de Cerqueira Leite, Ana Estela de Sousa Pinto, Cláudia Collucci, Hélio

Schwartsman, Mônica Bergamo, Patrícia Campos Mello, Suzana Singer, Vinicius Mota,

Antonio Manuel Teixeira Mendes, Luiz Frias e Sérgio Dávila (secretário); e da diretoria

executiva: Marcelo Benez (comercial), Marcelo Machado Gonçalves (financeiro) e Eduardo

Alcaro (planejamento e novos negócios). No canto superior direito, figura a charge do dia.

Nela, o personagem da campanha de imunização contra a poliomielite, Zé Gotinha, pede

socorro e aparece amarrado e amordaçado por dois homens de terno. Na página constam dois

editoriais do jornal: “Abrir torneiras”, sobre atraso no saneamento básico, e “Negação da

maconha”, sobre a cartilha oficial que contesta os benefícios medicinais da erva. Também

apresenta três artigos: “O STF matou o amor” de Hélio Schwartsman, “Inimigo da vacina e da

61 A Folha Corrida apresenta notícias em perspectiva do passado, resgatando episódios e ações.

160

economia” de Bruno Boghossian, e “Focinheira, camisa de força e jaula” de Ruy Castro.

Também exibe a coluna Fatos e Opiniões, de Cláudia Costin, que escreve às sextas.

A página A3, de Opinião, está distribuída entre: um artigo dos pesquisadores Marco

Alberto e Danielle Hanna Rachel, “Como defender a Amazônia sem ofender o presidente”,

ocupando o maior espaço da página; O Painel do Leitor é ilustrado por uma montagem feita

por um leitor de Porto Alegre, Paulo Arisi; Nela, aparecem quatro imagens. Nas três

primeiras, com a bandeira do Reino Unido, dos Estados Unidos e do Canadá, em cada uma,

aparecem pessoas sendo vacinadas; a última delas, com a bandeira do Brasil, um personagem,

com identificação de especialista em logística aparece se questionando: Tinha que comprar

seringa?, fazendo uma crítica ao governo do Presidente da República, Jair Bolsonaro, pela

condução da saúde na pandemia. O Painel do Leitor reuniu comentários de 11 leitores sobre

assuntos da atualidade como vacinação, decisões do Supremo Tribunal Federal (STF),

pandemia, entre outros. Na página A3 também havia um artigo da professora de antropologia,

Susana Durão, “Que profissionais de segurança queremos?”. No espaço de menor destaque,

no rodapé, no canto direito, consta o Erramos, local onde o jornal indica os erros indicados

por leitores e apurados pela ombudsman, divulgando a informação correta desses equívocos.

A página A4, de Poder, inclui a coluna Painel, assinada por Fábio Zanini, interino do

jornal, com um texto de abertura e pequenas notas sobre o mundo político. Logo abaixo havia

informações sobre o Grupo Folha: endereço da redação de São Paulo (Al. Barão de Limeira,

425, Campos Elíseos); dois telefones para atendimento ao assinante: (11) 3424-3090 e 0800-

775-8080; o contato do ombudsman: e-mail: [email protected] e telefone:

0800-015-9000; Assine a Folha, com indicação do site assine.folha.com.br e do telefone

0800-015-8000. Também constava que o jornal é filiado ao IVC, com informações da

circulação paga às sextas, de outubro de 2020, do impresso mais digital, a partir de pesquisa

do IVC: 336.167 exemplares; páginas vistas no site da Folha em novembro de 2020, a partir

do Google Analytics: 224.661.655; visitantes únicos no site da Folha em novembro de 2020, a

partir do Google Analytics: 37.058.915.

Havia também informações sobre o valor da assinatura semestral do jornal à vista,

com entrega domiciliar diária: para Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo o valor

é de R$ 685,00; para o Distrito Federal e Santa Catarina, o valor sobe para R$ 858,00; para o

Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, R$ 1.089,00;

para Alagoas, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Tocantins, sobe para R$ 1.177,00; para os

demais estados, o valor cobrado é R$ 1.460,00. Também indica informações sobre os valores

da venda avulsa dos jornais a partir de regiões. Para MG, PR, RJ e SP, a venda avulsa custa

161

R$ 5,00 de segunda a sábado e R$ 7,00 no domingo; DF e SC pagam R$ 6,00 de segunda a

sábado e R$ 8,00 no domingo; ES, GO, MT, MS e RS pagam R$ 6,00 de segunda a sábado e

R$ 8,50 no domingo; AL, BA, PE, SE e TO pagam R$ 9,25 de segunda a sábado e R$ 11,00

no domingo; os demais estados pagam R$ 10,00 de segunda a sábado e R$ 11,50 aos

domingos. Na página, ainda exibia uma matéria de José Marques, intitulada: “Doria recua e

desiste de contrato no Rodoanel após indícios de irregularidades”.

A página A5 é destinada a um anúncio, de página inteira, colorida, da Vale. A página

A6, de Poder, divulga duas reportagens, com fotos. A primeira, assinada por Igor Gielow, é

intitulada “Após quase 2 anos e mirando 2022, Kassab deixa a Casa Civil de Doria”, a outra,

de Joelmir Tavares e Daniela Arcanjo, é intitulada “Deputado apalpa colega em plena sessão

na Assembleia de SP”.

A página A7, de Poder, possui um texto do colunista do jornal, Reinaldo Azevedo,

com o título: “A democracia precisa punir a barbárie”. Há a indicação dos colunistas que

escrevem nos demais dias da semana. Logo abaixo, aparece uma reportagem, ilustrada com

foto e gráfico, assinada por Danielle Brant e Thiago Resende, com o título: “Oposição a

Bolsonaro veta Lira na eleição para chefiar Câmara”.

A página A8, da editoria Poder, é dividida por dois conteúdos. O primeiro deles é um

texto da colunista Angela Alonso, com o título “Liberalismo de destruição”; o segundo, uma

reportagem, ilustrada por duas imagens, assinada por Anna Virginia Balloussier, intitulada:

“Bancada evangélica acerta dividir comando entre duas denominações”.

A página A9, na editoria Mundo, dedica quase todo o espaço a uma matéria de Paris,

assinada por AFP e Reuters, anunciando: “Macron recebe diagnóstico de Covid e gera onda

de testes e isolamentos”. Também há uma coluna “O impacto da Covid-19 no mundo”, com

pequenas notinhas sobre o assunto.

A página A10, da editoria Mundo, divulga três textos. O primeiro deles, um texto da

colunista Tatiana Prazeres, intitulado: “4 pontos sobre a década da China”, seguido da

indicação dos demais colunistas, em outros dias da semana. Também havia uma matéria

assinada por Igor Gielow, com o título “Rússia teria matado Navalni se assim quisesse, diz

Putin” e uma outra outra notícia, assinada por Thiago Rezende, Danielle Brant e Renato

Machado, com o título “Congresso libera dinheiro para pagamento de dívida do Brasil com

organismos internacionais”.

A página A11, de Mercado, divide-se em duas reportagens robustas, e uma notícia,

menor. A primeira, de abre de página, é ilustrada por três gráficos, assinada por Isabela

Bolzani, com o título “Fim do auxílio e vencimento de dívidas devem aumentar calote”; a

162

segunda, logo baixo, é ilustrada por quatro pequenos gráficos, assinada por Diego Garcia,

com o título “Quase 7 em cada 10 vítimas de trabalho infantil são pretas ou pardas, afirma

IBGE". O terceiro texto, a notícia mais curta, intitulada “Bolsonaro veta fundo para banda

larga em escolas”, é assinada por Ricardo Della Coletta e Julio Wiziack.

A página A12, de Mercado, possui a coluna Painel S.A., assinada pelo interino

Ricardo Balthazar, com o título “Mude o canal”. A coluna possui um texto de abertura e

pequenas notinhas que ocupam duas colunas. Também aparece um índice com indicadores de

juros, imposto de renda, contribuição à previdência e empregados domésticos. Uma matéria

assinada por Larissa Garcia, com o título “Auxílio emergencial eleva inflação dos mais

pobres, diz Banco Central”, ocupa a maior parte da página. O texto é ilustrado com um

gráfico e tem uma subdivisão intitulada: “Projeção para alta do PIB em 2021 recua para

3,8%”.

A página A13, da editoria de Mercado, conta com três textos. O primeiro, de abre de

página, é de um colunista da Folha, Vinicius Torres Freire, com o título: “Morte e fome no

governo do anticristão”. O segundo texto, ilustrado por uma imagem, é uma reportagem

assinada por Eduardo Sodré, com o título: “Mercedes fecha fábrica em SP e põe Inovar-Auto

em xeque”. O terceiro é uma coluna com textos curtos, uma pequena imagem, com o título

“Linhas de montagem surgidas do Inovar-Auto”, uma subdivisão da reportagem de Sodré.

A página A14, de Mercado, possui apenas uma reportagem, assinada por Nicola

Pamplona, com o título “TCU aponta falhas da CVM na fiscalização do mercado”. Nesta

página encontramos 14 editais. São conteúdos pagos por órgãos públicos, sindicatos,

associações, prefeituras, para dar visibilidade ao anúncio de licitações, leilões, convocações,

etc.

A página A15, de Mercado, possui apenas um texto curto, de uma coluna, sem

imagem, assinado por Nicola Pamplona, intitulado: “Empresa novata é maior destaque em

leilão de linhas de transmissão”. O resto do espaço da página é dedicado a dois editais, um

pequeno, e outro, mais robusto, que ocupa o maior espaço.

A página A16, de Mercado, possui dois textos. Um deles é de um dos colunistas da

Folha, Nelson Barbosa, com o título: “Hipocrisia fiscal” e o outro, do The Wall Street

Journal, ilustrado por uma imagem, anuncia: “Google é alvo de 3ª ação antitruste em 2

meses”. Também há um anúncio colorido, de ¼ de página, da Technos.

Passamos a nossa descrição para o segundo caderno da Folha do dia 18 de dezembro

de 2020. A página B1, da editoria de Saúde, é dividida por dois conteúdos: uma robusta

reportagem, ilustrada por uma imagem, assinada por Matheus Teixeira, com o título: “STF

163

permite que Estado imponha restrições a quem não tomar vacina”. Além do texto principal,

ela contempla duas subdivisões: “Veja verdades e mentiras sobre a vacina contra Covid-19” e

“Lewandowski libera compra de vacina sem aval da Anvisa”. No rodapé da página consta um

texto de Opinião, de Eloísa Machado de Almeida, com o título “Julgamento foi resposta clara

às investidas de Bolsonaro”. Também encontramos duas chamadas (cada uma com título e

palavra-chave) paras as internas no canto direito superior da página. Na parte superior da

página, aparecem informações de três partidas de futebol daquele dia.

A B2, de Saúde, comporta dois conteúdos informativos, que ocupam, juntos, meia

página do jornal. O primeiro, da esquerda para a direita, é assinado por João Valadares,

ilustrado por uma imagem, com o título “Bolsonaro afirma que ninguém pode obrigar a

vacinação”. A segunda matéria, assinada por Natália Cancian e Renato Machado, é intitulada:

“Rede privada receberá imunizante depois que o SUS for atendido”. A outra meia página do

jornal contempla 10 editais e um anúncio da assinatura da Folha.

A página B3, de Saúde, possui apenas uma reportagem, que ocupa meia página. O

texto de Danilo Thomaz, ilustrado por uma imagem, anuncia: “Fiocruz cria vacina própria

contra a Covid”. Nove editais ocupam a outra metade da página.

A B4, de Saúde, contempla um texto de pouco mais que a metade da página, assinado

por Cláudia Collucci, ilustrado por uma imagem e com o título: “Com nova alta de Covid,

cenário pode ser pior do que no início da pandemia”. Outros dois textos, menores, também

aparecem; ambos sem assinatura, apenas com a indicação da cidade de São Paulo no início

dos dois textos. O primeiro deles é intitulado: “Em crescente, novo Coronavírus volta a matar

mais de mil pessoas por dia no Brasil”; o segundo, ilustrado por uma pequena imagem, é

“Atriz Christina Rodrigues morre de Covid à espera de leito em CTI”.

A B5, de Saúde, reúne quatro textos: duas reportagens mais robustas, e duas notícias

menores. Assinada por Isabela Palhares e Ana Bottallo, a matéria de abre de página é

intitulada “SP abrirá escolas mesmo se houver alta de casos em 2021”, com a subdivisão

intitulada: “SP deve entregar plano de volta às aulas em 10 dias”. Ao lado, com a indicação de

“Brasília” no início do texto, aparece a notícia com o título: “MEC defende retorno imediato

na educação básica” . O segundo maior texto da página, ilustrado por um gráfico, assinado

por Thiago Amâncio, anuncia: “2 em cada 3 são contra reabrir escolas, diz Datafolha”. O

último texto, de uma coluna, anuncia: “STF autoriza restrição à bebida alcoólica após 20h”.

A página B6 contempla a editoria Cotidiano e reúne cinco textos: quatro informativos

e um opinativo. Da esquerda para a direita, do canto superior para o inferior: uma matéria de

Thiago Resende e Danielle Brant, ilustrada por uma imagem, com o título “Escolas ligadas a

164

igrejas ficam sem recursos do Fundeb”; uma notícia assinada por Matheus Teixeira, com o

título: “Fachin concede habeas corpus a presos de grupo de risco em cela lotada”; a terceira

matéria, ilustrada por imagem, sem assinatura, apenas com a indicação “Brasília” no início do

texto, anuncia: “Chuvas deixam 12 mortos e 13 desaparecidos em Santa Catarina”; o último

texto noticioso também figura sem assinatura de jornalista, com a indicação de “São Paulo”

no início do texto que aparece intitulado: “Covas diz ter zerado fila por vaga em creche em

São Paulo”. O último texto da página é assinado pela colunista do jornal, Patrícia Pasquini,

com o título “Aproveitou o tempo para buscar a genialidade na arte”, referindo-se à Rosely

Davidman, que morreu em 2020.

A página B7 divide-se pelas editorias de Cotidiano e Ambiente. Ao lado esquerdo da

página aparecem dois textos; o primeiro, assinado por Paula Sperb, anuncia “Ministério

Público denuncia 6 por morte de Beto Freitas”; o segundo, sem assinatura, com a indicação de

“Rio de Janeiro” no início do texto, é intitulado: “Juiz fecha turismo e manda turistas saírem

de Búzios em até 72 horas”. Do lado direito da página, que contempla Ambiente, aparece o

maior texto da página, assinado por Philippe Watanabe e Fábio Takahashi, ilustrado por um

gráfico que ocupa ¼ de página, com o título “Governo Bolsonaro acelera atos de impacto na

área ambiental em 2020”.

A página B8, de Ciência, contém duas reportagens. A primeira, assinada por Isabela

Palhares, com uma ilustração, é intitulada: “Estimular fala, tato e sono pode acelerar

alfabetização”; a outra, ilustrada por uma imagem, assinada por Júlia Barbon, anuncia:

“Museu Nacional atrasa obra com pandemia, mas mantém previsão de reabertura em 2022”.

A B9, de Esporte, é dividida por duas reportagens. A matéria de abre de página é

ilustrada por uma imagem, não possui assinatura de jornalista (apenas a indicação “São

Paulo”) e é intitulada: “Rússia é banida como nação de Olimpíadas e mundiais por 2 anos”. A

segunda matéria é assinada por Alex Sabino e anuncia: “Com meninos, Marino e Cuca,

Santos desafia a lógica de novo”.

A página B10, de Esporte, contempla um texto do colunista Paulo Vinícius Coelho,

ilustrado com duas imagens e com o título “Uma erupção de talento”; o segundo texto, que

também ocupa meia página do jornal, é assinado por Bruno Rodrigues, ilustrado por uma

imagem, é intitulado: “Vulcão e Klopp construíram caminho para Lewandowski”.

A B11, de Ilustrada, possui uma expressiva imagem, que ocupa três colunas inteiras do

jornal, anunciando: “Sinal fechado”. Ao lado esquerdo figuram pequenas notinhas com o

título “Apagão online e off-line” e ao lado direito aparece o texto de João Perassolo que

aborda um possível apagão para o setor da cultura.

165

A B12, de Ilustrada, possui a coluna de Mônica Bergamo, de meia página. A coluna

divulga três fotos de artistas na quarentena e publica pequenos textos. Também aparecem

duas matérias, uma de Clara Balbi, com uma imagem, intitulada: “Tarsila bate recorde e tem

tela vendida por R$ 57,5 mi em leilão”; a outra, de Ana Beatriz Gonçalves, anuncia:

“Advogadas de Dani Calabresa pedem ao MP investigação contra Marcius Melhem”.

A página B13 é dedicada ao anúncio de uma campanha Juntos pela vida, idealizada

pelo Instituto Oncoclínicas, com apoio social da Folha e de 21 empresas, que contribuem com

a luta contra o câncer.

A B14, de Ilustrada, comporta dois textos informativos. Um deles, de David Kamp, do

The Wall Street Journal, ilustrado por uma imagem e anuncia: “Boseman omitiu câncer

durante gravações de seu último trabalho”; o outro, assinado por Fernanda Pereira Neves, é

intitulado: “Anitta diz que foi estuprada na adolescência em seriado documental sobre sua

vida”. Também aparecem três anúncios: um de 1/6 de página (B14) de apresentação musical

no Espaço das Américas; um, de uma coluna por 13,5 cm de outro show; e o último, de uma

coluna por 4,5 cm, de assinatura da Folha.

A B15, de Ilustrada, contempla uma única matéria jornalística. Assinada por Daniela

Kresch, o texto é ilustrado por uma imagem e anuncia: “Israelense retrata família em “kibutz”

mineiro”. No início do texto aparece: “Tel Aviv”. Também aparece um anúncio de pouco

menor que meia página, de assinaturas da Folha, com apelo aos professores: “Professor,

estimule seus alunos com o conteúdo que ainda não está nos livros”. Há a oferta de um ano

assinatura digital gratuita para professores. No anúncio aparece a imagem de uma mulher

negra.

A B16, de Ilustrada, tem um artigo assinado pelo colunista Paulo Terra, intitulado

“Plano de ´vacinassão´”, ilustrado por uma imagem. Também constam a coluna “É hoje em

casa”, de Tony Goes, com notas sobre filmes; quadrinhos assinados por: Laerte, Caco

Galhardo, Fernando Gonsales, Adão Iturrusgarai, André Dahmer, Fabiane Langona e Estela

May; a coluna de sudoku e cruzadas.

A B17, de Ilustrada, possui apenas um texto, da colunista Djamila Ribeiro, com o

título “O álbum de uma mulher selvagem”, com uma imagem. Também há o anúncio de meia

página, da Elo.

A B18, do Guia Folha, comporta dois textos. O primeiro, com oito imagens, é

assinado por Esther Morel e Nathalia Duraval, com o título “Aprenda a decifrar rótulos das

garrafas de vinho”. O segundo texto se apresenta sem assinatura de jornalista, apenas com a

166

indicação do local no início do texto “São Paulo”. O título é: “Seis restaurantes de São Paulo

estão na lista dos 50 Best latino”.

A B19, da Guia Folha, possui uma coluna assinada por Marina Consiglio, com

receitas de Natal; também consta uma matéria, sem assinatura de jornalista, ilustrado por uma

imagem, com a indicação de “São Paulo” no início do texto, intitulada: “´Mulher-Maravilhosa

1984´ domina salas em semana com poucas estreias em SP”. Também há a sub-divisão

“Estreias”, ilustrada por uma imagem, com notinhas sobre estreias de filmes.

A B20, em Folha Corrida, última página da edição, possui uma imagem, com a

indicação de “Imagens do ano”; também há a coluna “Você viu?”, assinada por Rafael

Balago, sobre as atividades ao ar livre no ano assolado pela pandemia; há uma matéria

assinada por Dhiego Maia, ilustrada por uma imagem, com a indicação de “Folha, 100”, com

o título “Antônio Gaudério colecionou prêmios com fotos voltadas às questões sociais”; ainda

aparece uma notinha com menção ao acervo Folha, com uma imagem reduzida do jornal e o

título: “Contra protestos, governo da Polônia fala em utilizar armas”.

A partir da descrição da edição impressa da Folha de S.Paulo, identificamos que a

capa contemplava chamadas para textos informativos e opinativos, sobre diversos temas

inseridos nas páginas internas do jornal: havia quatro chamadas (título seguido de texto) para

a editoria de Saúde; duas chamadas para a editoria de Cotidiano; duas para a de Poder;

também havia uma chamada para Mercado e uma para Ambiente. A capa ainda recebeu uma

chamada (título com indicação de página) para Esporte, Ilustrada e Guia. Também havia uma

chamada para dois editoriais do jornal. Além disso, havia um levantamento sobre a pandemia

no Brasil, com dados de casos, número de óbitos e estágios da pandemia. O jornal, ainda,

apresentava na capa o indicativo da audiência do jornal no mês.

Observamos, a partir de uma leitura inicial nas páginas internas, a incidência de o

jornal publicar um texto informativo sobre determinado assunto e, na mesma página, divulgar

um artigo relacionado ao mesmo tema. Com isso, apesar de o jornal declarar que não é

responsável pelo conteúdo dos artigos, usa os textos de forma a compor uma discussão sobre

o assunto, como na página B1, que comporta uma expressiva reportagem sobre a decisão

judicial que compreende a vacinação compulsória contra a Covid-19. Ao esclarecer alguns

dos pontos “duvidosos” da vacina, colocados em xeque pelo atual governo, o jornal esclarece

questões consideradas como mentiras: a vacina foi produzida rápido demais; há riscos de

tomar a vacina contra a Covid-19; quem não é do grupo de risco não precisa tomar vacina; as

vacinas desenvolvidas na China não estão sendo usadas na China; a vacina causa câncer,

problemas de infertilidade e altera o código genético; as vacinas causam danos neurológicos e

167

levaram à morte mais de 2000 voluntários. Logo abaixo, o jornal publicou um artigo

afirmando que, o julgamento foi uma clara resposta às investidas de Bolsonaro em relação às

ações que ele perdeu no STF, relacionadas às políticas de saúde de enfrentamento à pandemia

de Covid-19; às ações sobre saúde indígena; às ações sobre campanhas desinformativas; às

ações sobre quarentena e, agora, perde as ações sobre vacinação.

O 10º item da lista de princípios editoriais do projeto editorial da Folha de 2017,

“Jornalismo profissional é antídoto para notícia falsa e intolerância”, sustenta o

estabelecimento de distinção visível entre material noticioso, mesmo que permeado de

interpretação analítica, e opinativo, porém desconsidera o fato de o jornal compor

determinado assunto, elegendo textos opinativos sobre determinado tema e divulgando-os no

mesmo espaço das notícias.

Com relação à distribuição das páginas, a partir das editorias, verificamos que das suas

36 páginas, o jornal dedicou seis delas para a editoria Ilustrada e outras seis para a editoria de

Mercado; o segundo número mais expressivo da edição do dia 18 foi da editoria de Saúde,

que contemplada cinco páginas; à editoria de Poder foram dedicadas quatro páginas; foram

dedicadas duas páginas para Opinião, Ambiente, para Mundo e Guia Folha; uma página e

meia, para Cotidiano; às editorias de Ciência e de Folha Corrida foram dedicadas, para cada

uma, uma página.

O ano de 2020 viveu o impacto da pandemia causada pelo novo coronavírus. Na

editoria de Saúde, que contempla o segundo número mais expressivo de editorias pelo jornal

na edição do dia 18, verificamos que a Folha de S.Paulo fez uma ampla cobertura sobre o

tema, a partir de suas notícias e reportagens: o anúncio de uma decisão do STF; concedeu

espaço para o presidente Jair Bolsonaro manifestar-se a respeito da decisão do STF; noticiou

que a rede privada receberá vacinas depois do SUS; divulgou que a Fiocruz criou vacina

própria para a doença; traçou um cenário geral da doença; uma abordagem sobre o

crescimento da Covid-19; também noticiou o falecimento de uma ex-global por conta de

Covid-19; dedicou quase uma página, para discutir a situação das escolas na pandemia.

Conferimos também, o espaço dedicado a editais e anúncios, que representam, com

exceção da assinatura, as duas únicas fontes de renda da versão impressa da Folha. Com

relação aos editais, localizamos um total de 35 aparições. Os tamanhos variaram, de uma

forma geral, de uma coluna por quatro centímetros a duas colunas por 26 centímetros. O

maior deles ocupou quase a página toda. Sobre os anúncios, os espaços destinados eram mais

robustos em relação aos editais. Além disso, todos os anúncios foram impressos em color, o

que eleva o custo da publicação. Verificamos os seguintes anúncios: uma página, da Vale; 1,4

168

de página, Technos; rodapé de 7 cm de altura, das assinaturas Folha; uma página, Juntos pela

Vida; 1/6 de página, Show Espaço das Américas; uma coluna por 13,5 cm, anúncio de show;

uma coluna por 4,5 cm (B14) anúncio da assinatura da Folha; pouco menos que meia página,

de assinatura da Folha, direcionado a professores; meia página, Elo. Destes anúncios, três

deles eram da Folha, que ofertava assinaturas.

Na página A4, havia informações sobre o valor da venda de jornais para cada região

do Brasil. O valor da assinatura semestral do jornal à vista, com entrega domiciliar diária

varia entre R$ 685,00 e R$ 1.177,00. A venda avulsa, para as mesmas regiões possui variação

de preço. Variam entre R$ 5,00 para R$ 10,00 de segunda a sábado e entre R$ 7,00 e R$

11,50 aos domingos.

A partir deste olhar panorâmico sobre a edição impressa da Folha de S.Paulo,

evidenciamos alguns apontamentos sobre o conteúdo informativo. Verificamos o total de 58

textos informativos no jornal, 21 no primeiro caderno e 37 no segundo. Destes 58 textos, a

maioria (41) é assinada por jornalista, com a indicação do local ao qual se refere o texto.

Observamos que uma dessas matérias, na página B3, é uma parceria com a República.org,

organização dedicada a contribuir para a melhoria do serviço público no Brasil, conforme

anuncia o jornal ao final de sua matéria. Também identificamos que alguns destes textos

noticiosos aparecem assinados por duas, ou até três pessoas, como na página A10. Destes 58

textos, 10 não possuíam a assinatura do jornalista e nem a indicação de agência de notícias,

apenas com a menção do local de onde a ação se refere, como na página B4, o que pode ser

um indicativo de texto de agência, com alteração feita por membro da redação. Ainda

averiguamos três textos de outros jornais: dois do The Wall Street Journal e um do Agora,62

além de dois de agência, um da AFP e outro da Reuters. Um deles continha a assinatura do

jornalista ao final da matéria; um outro, do Acervo Folha, não continha nem assinatura do

jornalista e nem o local da ação na abertura do texto.

Sobre os elementos ilustrativos das matérias, percebemos que as imagens são

privilegiadas em detrimento dos gráficos e ilustrações. Dos 74 elementos visuais localizados,

52 eram imagens, 20 eram gráficos e dois eram ilustrações. Eles adotam as diretrizes do

Projeto Folha, que indica os elementos visuais como uma maneira de informar tudo o que há

na notícia, como na imagem da capa, que expressa problemas causados pela chuva. Os

projetos editoriais da Folha também exigem nível de excelência dos elementos visuais. As

colunas, artigos e editoriais figuraram sem acompanhamento de imagens ou ilustrações.

62 De propriedade da organização Folha. Disponível em: https://agora.folha.uol.com.br/.

169

Após considerarmos a versão impressa da Folha de S.Paulo, passaremos ao

diagnóstico do site do jornal. Todo esse levantamento será considerado nas análises finais,

ainda neste capítulo.

3.2.2 O retrato do site da Folha

Damos sequência ao check-up da Folha de S.Paulo a partir do ambiente digital,

precursor das principais mudanças recentes do Jornalismo. Nesta seção, nos dedicamos a uma

descrição panorâmica da disposição dos conteúdos do portal de notícias do jornal. As

observações sobre os conteúdos pagos do site do jornal, bem como da edição impressa, serão

discutidas mais a fundo, ao final do trabalho, na subseção: “O atual modelo de negócio da

Folha”, que considera também a versão impressa.

Partimos da descrição das impressões iniciais no momento em que acessamos o site.

Depois, seguimos para a exposição de cada um dos itens da barra principal de links.

A Figura 2 mostra a página inicial do site no dia 18 de dezembro de 2020, data

escolhida para este levantamento.

Figura 2 – Página inicial do site da Folha de S.Paulo em 18/12/2020, a partir de smartphone

170

Fonte: Folha de S.Paulo (acesso digital).63

Poucos segundos após acessar a página da Folha de S.Paulo na internet,64 aparece um

banner no ângulo superior da página, com anúncio publicitário. A imagem da Figura 2 foi

extraída antes de o anúncio se estabelecer por completo. No registro, aparece apenas a

menção “publicidade”, no canto superior direito. Quando a página carrega completamente, o

usuário visualiza um banner com publicidade paga. O anúncio adota a lógica do cookie. Em

uma reportagem divulgada em 30 de novembro de 2020 pelo Nexo Jornal,65 intitulada “O que

você aceita quando habilita cookies nos sites”, o jornal informa que os cookies, que são

pequenos arquivos de informação que armazenam dados como senhas salvas e as listas de

compras em lojas online, transitam entre o computador e o site em questão como um pacote

fechado. A reportagem do Nexo explica que, os avisos de cookies se tornaram mais comuns

no segundo semestre de 2020, por conta da Lei Geral de Proteção de Dados que passou a

vigorar no Brasil, prevendo que sites e outros serviços digitais passariam a pedir o

consentimento expresso do usuário para uso de seus dados pessoais de qualquer tipo. Nos

termos e condições de uso do portal da Folha,66 o jornal explica que para navegar por algumas

áreas dos sites da Folha, poderia haver a necessidade de identificação por meio de cadastro,

onde, poderiam ser solicitados dados pessoais, e solicitações para aceitar o armazenamento de

cookies, mencionado pelo jornal como pequenos arquivos instalados por sites nos

computadores quando o navegador de internet é usado.

Em um teste bem simples, a partir do banner do anúncio principal do site da Folha,

localizado no canto superior do portal, verificamos como a lógica do cookie se configura.

Duas pessoas além dessa autora, acessaram o site da Folha no dia 18 de dezembro de 2020,

em dispositivos que utilizam de forma costumeira: smartphones e computadores. O mesmo

banner continha anúncios diferentes para cada uma das três pessoas. Para essa autora,

aparecia um anúncio de notebooks (havia feito uma pesquisa recente sobre esses aparelhos na

internet); para uma das pessoas, cuja mãe é médica dermatologista, figurava o anúncio de

aparelhos de depilação facial; para a terceira pessoa, que realizou uma reforma recente em sua

casa, constava o anúncio de uma empresa com produtos de cama, mesa e banho. Resumindo,

os anúncios do mesmo espaço, localizados no mesmo dia, eram diferentes para três pessoas, e

63 Disponível em: https://www.folha.uol.com.br/. Acesso em: 18/12/2020, 22h36. 64 Disponível em: https://www.folha.uol.com.br/. Acesso em 18 dez. 2020. 65 A reportagem está disponível em: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2020/11/30/O-que-voc%C3%AA-

aceita-quando-habilita-cookies-nos-sites. Acesso em: 19 dez. 2020. 66 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2020/04/termos-e-condicoes-de-uso-folha-de-

spaulo.shtml. Acesso em: 20 jan. 2021.

171

isto se deve ao histórico de navegação na internet de cada pessoa, indicando anúncios a partir

dos conteúdos acessados.

Em um artigo que discute a eficiência da publicidade no Instagram, Facebook e

Youtube, Manuel Au-Yong Oliveira, Andreia Sousa, Edna Silva, Fábio Lin e Inês Ferreira

(2020) consideram que ainda existe uma lacuna relativa à publicidade digital. Os

pesquisadores compreendem que a forma como a publicidade se apresenta é determinada pela

maneira como usam a informação a que têm acesso. De acordo com o estudo, o Facebook e o

Instagram, por exemplo, fazem uso de informação detalhada, deixada gratuitamente, e sem a

suspeição do seu uso posterior, pelos utilizadores nas suas plataformas. A pesquisa indica que

o Instagram e o Facebook têm publicidade mais dirigida e segmentada que o Youtube.

Seguimos a nossa observação ao site da Folha de S.Paulo. Ao acessar a página, o

usuário observa ao centro, em destaque, a logo do jornal. Na mesma linha horizontal, à

esquerda, aparecem: menu e ‘assine’ (em vermelho); à direita, contam: entrar e buscar. Logo

abaixo da logomarca da Folha, aparecem a sua data de fundação, três estrelas e a mensagem

“Um jornal a serviço da democracia”. Acima disto, encontra-se a marca UOL. À esquerda,

constam os links: Uol Host, Pagbank, Pagseguro, Cursos. À direita, bate-papo e e-mail.

Nesta visualização inicial da página da Folha, observamos a barra principal, com as

divisões de editorias e temas contemplados pelo jornal a partir de seus conteúdos. Na mesma

barra, existe a possibilidade de alterar o idioma para inglês ou para espanhol. A Figura 3

identifica-a.

Figura 3 – Barra principal de assuntos contemplados pelo conteúdo do jornal

Fonte: Folha de S.Paulo (acesso digital).67

Contemplamos agora, uma descrição dos itens desta barra principal, da esquerda para

a direita: Edição Folha; últimas; Opinião; Poder; Economia; Mundo; Cotidiano; Esporte;

Cultura; podcasts; f5, conforme é possível observar na Figura 3. Ao clicar em cada um deles,

aparece uma nova página, com conteúdo referente a eles. Logo abaixo desta barra principal,

67 Disponível em: https://www.folha.uol.com.br/. Acesso em: 18 dez. 2020, 22h30.

172

surge o anúncio: “Apoie a democracia. Assine a Folha. Oferta especial, apenas R$ 1,90 no

primeiro mês”.

Começamos clicando em Edição Folha. O usuário é direcionado para uma página,

Edição Folha, em que aparece a versão impressa do dia, em tamanho reduzido. Ao clicar na

página, o usuário é direcionado para uma outra, que sugere a assinatura do jornal. Existem os

links: Favoritos, Anotações e Acervo completo. O Favoritos é “uma área exclusiva para

assinantes, oferecendo a possibilidade de leitura da réplica da Folha pelo computador, tablet

ou celular, indicando a assinatura por três meses ao valor de R$ 1,90, mais três de R$ 9,90”.

Ao acessar Anotações, o usuário recebe a mesma mensagem de Favoritos. Ao clicar em

Acervo completo, o usuário é direcionado a uma página que oferece a possibilidade de

realizar uma busca avançada, a partir do período desejado, nos jornais Folha de S.Paulo,

Folha da Manhã e Folha da Noite. Constam os links: Assine, Banco de Dados Folha, Há 50

anos, Buscas recentes, Edição Folha. A barra Menu também figura na página. Ao clicar em

Assine, o usuário é direcionado a uma página que apresenta os planos oferecidos pela Folha.

Eles são divididos em duas categorias: Folha Digital e Folha Impressa + Folha Digital. O

plano Folha Digital oferece acesso ilimitado diariamente a todo conteúdo digital produzido

pela Folha, aplicativos Folha android e IOS, réplica digital do impresso, acervo com edições

desde 1921, ao valor de R$ 1,90 no primeiro mês e R$ 19,90 nos cinco meses seguintes.

Depois, o valor passa para R$ 29,90 ao mês.

Para universitários, “a Folha Digital oferece benefícios, como o plano Acesso

Ilimitado com desconto válido enquanto for estudante, newsletter sobre carreiras e seis meses

grátis, ao valor de R$ 9,90 por mês até o final do curso, representando um desconto de 67%

em relação ao plano normal”. Na assinatura da Folha Impressa + Folha Digital, existem dois

planos também. O premium oferece o impresso diariamente e o digital diariamente, com

jornal entregue no endereço do leitor e benefícios do plano Acesso Ilimitado por R$ 119,90

por mês, concedendo assinatura gratuita por 15 dias. No plano Light, o leitor recebe o

impresso em dois dias da semana (sábado e domingo) no endereço estabelecido, e tem acesso

ao digital diariamente, a partir do plano Acesso Ilimitado, no valor de R$ 61,90 por mês, com

a vantagem de assinar o primeiro mês de forma gratuita.

Em Banco de Dados Folha, o usuário tem acesso a matérias especiais, com referência

a datas, como: “1993: O mais famoso traficante do mundo, Pablo Escobar é morto”. O acesso

às matérias é impedido por conta da paywall, tema que será discutido na seção O atual

modelo de negócio da Folha deste capítulo. Na página existem os links: Saiu no np; Há 50

anos; Prêmio Folha; Quiz; SP: passado e presente; Acervo Folha. Ao acessar: Há 50 anos, o

173

usuário confere matérias com registros históricos. Em Buscas recentes, o usuário é

direcionado para o acesso de uma conta, para que ele possa ler mais reportagens, receber as

principais notícias do dia por e-mail e ter acesso aos serviços da Folha.

Em Últimas, constam as notícias mais recentes, de diversas editorias, que são

atualizadas a todo minuto. As matérias são identificadas pela palavra-chave da editoria à qual

pertencem. A leitura também é limitada. Constam vários anúncios publicitários nesta página.

O usuário pode optar, a partir da barra de opções, acessar conteúdo a partir de Opinião,

Política, Mercado, Mundo, Cotidiano, Esporte, Cultura e F5.

Em Opinião, constam os editoriais da Folha com a nomenclatura: “O que a Folha

pensa”. No dia 18 de dezembro, havia dois deles: “Abrir torneiras”, sobre Política pública;

“Negação da maconha”, sobre Bolsonarismo. Ao clicar em um dos editoriais, a barreira do

paywall impede a leitura. Em Colunas e Blogs aparecem: Últimas, Colunas e Blogs, Colunas e

convidados, Ex-colunas. Acessando o link Últimas traz as últimas postagens da seção. Em

Colunas e Blogs, constam as colunas e os blogs da Folha. São 186 deles, que contemplam

diversos assuntos e temas, em ordem alfabética. Em Colunas de convidados, figuram 75 links

para acessar esses conteúdos, com limitação do paywall. Também existem as Ex-colunas, com

conteúdo de 183 ex-colunistas. Em Tendências/debates, constam artigos. Ao acessar os

artigos, aparecem os ícones: Facebook, WhatsApp, Twitter, Assinantes, comentários e um

outro, em um círculo com reticências, que incorpora outros links: Linkedin, feed, enviar por e-

mail, URL curta, imprimir. O jornal registra o convite para o leitor enviar o seu artigo e

também o seu vídeo. Em Opiniões da Folha, o usuário é direcionado à editoria Poder, que

apresenta uma matéria de 2018 explorando a necessidade de o jornal expressar diariamente

seus pontos de vista sobre controvérsias.

Em Ombudsman, o usuário tem acesso à página de Flávia Lima, ombudsman da Folha.

Apresenta um breve perfil da jornalista, e textos sobre assuntos do cotidiano assinados por

ela, com a barreira de paywall. Em Charges, o usuário tem acesso às charges publicadas pelo

jornal durante o mês. O acesso é liberado.

Em Poder, é possível conferir matérias de cunho político e jurídico. Na página,

existem os links: Eleições 2020, Apuração, Lava Jato, Folha Jus, Legislativo paulista,

Entrevista da 2ª. Também existem os links Agência Lupa, que direciona o leitor para o site da

agência de checagem de fake news, e Piauí, que direciona o usuário para a revista piauí.

Nessa página, também é ofertada a newsletter Folha Jus, que é enviada para o e-mail do

assinante toda terça-feira, com notícias, colunas e análises sobre o universo jurídico.

174

Em Eleições 2020, constam: “apuração dos votos”, “fichas dos candidatos”,

“jaboticabal brasileira”, “os nós de SP”, “Grande SP”. Em Apuração, aparecem “apurações

das eleições de 2020”. Em Lava Jato, constam matérias referentes à operação. A Folha Jus

compõe-se de matérias sobre o mundo jurídico. Além de oferecer a newsletter semanalmente

no e-mail do leitor, oferece, ainda, assinatura para advogados, um pacote digital com

informações do cenário jurídico e newsletter com o resumo da semana. Legislativo paulista,

reúne as principais discussões sobre o Legislativo de SP. Em Entrevista da 2ª, constam

entrevistas especiais.

Em Economia, aparece uma barra com as opções: “economia em debate”, “mercado

financeiro”, “reforma administrativa”, “tech” e “mpme”. Nesta página, o jornal oferece a

newsletter Folha Mercado, informando que o envio do boletim é feito de segunda a sexta pela

manhã, de forma gratuita, com notícias e análises de economia. Uma notícia da Folha de 27

de agosto de 2020,68 informa sobre o lançamento da newsletter gratuita sobre economia e

negócios. A matéria informa que o público-alvo é constituído de empreendedores,

investidores, executivos e outros profissionais. Menciona também, que o acesso ao e-mail é

liberado mesmo para não-assinantes do jornal.

Em Economia em debate, aparecem artigos e matérias sobre o assunto. Mercado

financeiro, contempla a cobertura do mercado financeiro. Reforma administrativa reúne

matérias e artigos sobre o assunto. Em Tech, onde constam links para o The Wall Street

Journal, há a cobertura desse veículo sobre o mundo tech e games. Em Mpme, verificam-se

matérias sobre negócios e empresas. Em Mundo, aparecem os links: “eleições EUA",

“China”, “governo Trump”, “Venezuela”, "Coreia do Norte”, “diplomacia brasileira”,

“mundo leu”.

Ao acessar o link Cotidiano, o usuário é direcionado para a barra com os links

“educação”, “ambiente”, “saúde”, “coronavírus”, “Rio de Janeiro”, “feminicídio” e “mortes”.

Na barra Esporte, o usuário encontra, ao clicar, os seguintes links: “brasileiro”, “libertadores”,

“Tóquio-2020”, “Copa-2022”, “futebol feminino”, “podcast bola de chumbo”. Ao clicar no

link Cultura, o usuário é direcionado à página da Ilustrada com os links para: “artes plásticas”,

“cinema”, “livros”, “moda”, “música”, “escuta aqui”, “teatro”, “televisão”, “Guia Folha”. Ao

clicar em Podcasts, aparecem os links: “café da manhã”, “epidemia”, “expresso ilustrada”,

“ilustríssima conversa”, “40 semanas”, “Folha na sala”, “presidente da semana”. Em “F5”, o

usuário encontra as principais notícias sobre famosos e celebridades. Aparecem ali os links:

68 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/08/folha-lanca-newsletter-gratuita-sobre-

economia-e-os-negocios.shtml. Acesso em: 18 dez. 2020.

175

“Últimas”, “Astrologia”, “Celebridades”, “TV”, “A Fazenda 12”, “Cinema/Séries”, “Música”,

“Nerdices”, “Estilo/Beleza”, “Viva Bem”, “Colunistas”.

Após descrever os itens da barra principal de opções do site da Folha, partimos para a

descrição dos demais conteúdos do portal, seguindo com a observação até o rodapé da página.

As notícias são atualizadas a todo o tempo. Na noite do dia 18 de dezembro de 2020, a

principal era: “Câmara aprova adesão a consórcio e facilita aval a vacinas de uso emergencial

contra Covid”. Observamos que as notícias possuem ícones para compartilhamento no

Facebook, WhatsApp e Twitter; também constam um ícone para assinantes, um para

comentários, apresentando o número deles (ao clicar neste ícone, o usuário tem acesso às

manifestações dos leitores) e um outro, com outras possibilidades de compartilhamento, a

saber: Linkedin, feed, enviar por e-mail, link para compartilhamento além de, impressão.

Ao descer a barra lateral, observamos conteúdos diversos espalhados pelo site. Ao

descer um pouco mais, aparece uma linha divisória no site, com a palavra “Natal”. A partir

daí, surgem diversos conteúdos sobre o período natalino: matérias, receitas, dicas de

decoração, sugestão de presentes. Uma nova linha divide novamente o conteúdo. Agora

aparecem “Colunas e Blogs”.

Em outra divisão, aparece o ícone “Folha100” com uma contagem regressiva do

centenário do jornal, assim como adotado na versão impressa. Uma nova linha depois, e

seguindo o cursor para baixo, surgem matérias de temas diversos, de notícias sobre o

Supremo Tribunal Federal à mercado. Depois aparece o banner: “Estúdio Folha: conteúdo

patrocinado”, com links de conteúdos patrocinados.69 Em seguida aparece: “Mais lidas”, “Em

escala de um a cinco”. Uma nova divisão e o usuário tem acesso aos podcasts. Abaixo,

notícias esportivas e outros textos ladeados por conteúdos patrocinados (textos com estética

jornalística, mas que na verdade, são pagos). Ao descer um pouco mais, encontramos uma

nova divisão e as palavras “como fazer”, com matérias de cotidiano. Depois aparecem links

para notícias de Economia, Cultura e Esporte. Ao lado, figuram as chamadas para os editoriais

do dia 18 e para as tendências/debates. Também consta: Previsão do tempo, Painel do leitor,

além de outros anúncios, que estão por todo o site. Depois, “notícias sobre artistas e famosos”.

Um banner da “TV Folha” aparece, com vídeos de coberturas. Também há o link Fotografia,

com imagens do dia. Ainda encontramos textos sobre represas e reservatórios, Folhainvest,

“teste de saúde para viver melhor”. Só então aparecem os serviços e conteúdos de todo o site.

Eles estão divididos em: Folha de S.Paulo (Sobre a Folha, Acervo Folha, Clube Folha,

69 O Estúdio Folha será considerado na seção que trata do modelo de negócio da Folha.

176

Expediente, Política de Privacidade, Prêmio Folha, Projeto Editorial, Seminários Folha,

Trabalhe na Folha, Vagas em TI, Treinamento).

Em Fale com a Folha aparecem: “Anuncie”, “publicidade Folha”, “atendimento ao

assinante”, “erramos”, “Fale com a Folha”, “Ombudsman”, “Painel do Leitor”; Editorias:

Poder, Mercado, Cotidiano, Mundo, Esporte, Ilustrada, Ilustríssima, F5, Saúde, Ciência,

Fotografia, TV Folha, Educação, Banco de Dados, Turismo, Guia Folha, Sobre Tudo, Revista

São Paulo. Em Opinião: “Opinião”, “Colunas” e “Blogs”; Mais seções: “Dias Melhores”,

“Empreendedor Social”, “Especiais”, “Folha en Español”, “Folha in English”, “Folhainvest”,

“Folhaleaks”, “Folha Mapas”, “Folha Tópicos”, “Folha Transparência”, “O Melhor de São

Paulo”, “últimas”, “Versão Impressa”, “Mapa do site”. Em Serviços: “Aeroportos”,

“Classificados”, “Folha Informações”, “Horóscopo”, “Loterias”, “Mortes”, “Tempo”. Em

Outros Canais: “Agora”, “e-mail”, “Folha”, “Datafolha”, “Folhapress”, “Folha Eventos”,

“Publifolha”, “Top of Mind”.

Também constam informações sobre a audiência na Folha. No dia de nosso acesso,

observamos o número de 224.661.655 páginas vistas, com referência a novembro de 2020.

Também aparecem “Canais da Folha” (“Fale com a Redação” e “Mapa do site”) e

“Newsletter”, que pede o e-mail do usuário. Ao digitar o meu e-mail, fui direcionada para

outra página, que pergunta sobre quais newsletters eu gostaria de assinar. Na lista constam 14

opções, são elas: Notícias do dia; Colunas e Blogs; Dicas do Editor; Folha Carreiras; Folha

Mercado; Folha Med; Folha Jus; Brasília Hoje; F5; Pra curtir SP; Lá fora; Folha na sala; New

in English; Notícias en Español.

A partir desta descrição, sobre a disposição dos conteúdos do site da Folha de S.Paulo,

no dia 18 de dezembro de 2020, é possível apontar algumas observações sobre o modo como

o jornal está operando atualmente neste canal.

Identificamos que os conteúdos do jornal estão dispostos de maneira estratégica,

contemplando todas as suas editorias tanto na horizontal, quanto na vertical, de modo que, se

o usuário tiver interesse em seguir a leitura a partir de qualquer uma das direções, terá acesso

a diferentes conteúdos. A mesma identificação se aplica aos anúncios, que estão tanto no

banner superior, como nas laterais, e disfarçados como notícias, a partir do projeto Estúdio

Folha. Também localizamos banners sobre a TV Folha, canal da Folha no Youtube.

Sobre os conteúdos jornalísticos, observamos itens como: a instantaneidade, recursos

multimídias (texto, som, gráficos, ilustrações, vídeos) acessibilidade, compartilhamento e

desdobramento. As notícias são atualizadas a todo o instante. Durante o nosso check-up,

verificamos atualizações em poucos segundos. Também identificamos a incidência de uso de

177

recurso gráfico, de ilustrações e vídeos nas matérias, que permitem o seu compartilhamento a

partir das redes sociais acima identificadas. Há a possibilidade de aumento ou diminuição do

tamanho da fonte e também de acesso ao texto a partir de áudio, permitindo o alcance a

pessoas com dificuldades visuais ou auditivas. As matérias possuem links para outros textos

referentes ao assunto divulgado, possibilitando uma ampla gama de informações.

Em um dos textos sobre a Folha levantados no segundo capítulo, “Potencialidades

digitais e inovações jornalísticas: análise quantitativa de especiais da Folha”, Mônica Cristine

Fort, Márcio Morrison Kaviski Marcellino, Lidia Paula Trentin e Ana Paula Heck (2018),

analisaram, quantitativamente, 34 conteúdos jornalísticos considerados especiais pelo próprio

veículo publicados em 2017, no site do jornal. Os autores se propuseram a fazer um

levantamento quantitativo de potencialidades digitais empregadas em produção jornalística no

site da Folha de S. Paulo, e observaram que, os atributos presentes na maior parte das

reportagens são multimidialidade (97% das matérias) e hipertextualidade (68%). Dentre os

aspectos analisados nas reportagens, destacou-se a característica da interatividade. A pesquisa

concluiu que, potencialidades digitais têm sido experimentadas em textos online, com a

verificação de práticas criativas que ilustram as reportagens e também as complementam;

também observou a interação, multissensorial e guiada por dados.

Praticamente todo o conteúdo do jornal tem acesso limitado, com o impedimento da

paywall, questão que será discutida ainda neste capítulo, na investigação sobre o atual modelo

de negócio da Folha. A descrição não aparece antes de se clicar na notícia. Ou seja, para saber

se o conteúdo possui limitação de leitura, é necessário clicar na notícia. Apenas as charges

têm acesso liberado. Em Edição Folha, por exemplo, a edição aparece reduzida, e só pode ser

observada em tamanho superior por assinantes.

Sobre os planos de assinaturas, que aparecem no site, percebemos que a Folha

diversificou as possibilidades de o usuário contrair uma assinatura, pensando em públicos

diferentes. Aos universitários, por exemplo, são concedidos descontos, permitindo o acesso ao

jornal por um preço bem reduzido. A Folha também oferece o plano premium, mais robusto,

que oferece jornal entregue no endereço determinado diariamente, além da assinatura digital.

As assinaturas se dividem, então, em duas categorias: assinatura digital, ou impressa mais a

digital. Nesta última, tem inclusive um plano para a entrega das edições impressas apenas do

final de semana. Os planos variam de R$ 9,90 a R$ 119,90 por mês.

Apesar de a Folha possuir 14 newsletters, apenas a Folha Jus, que é paga, ganhou

disposição de destaque na edição analisada, com o ícone inserido ao lado direito da principal

178

notícia do dia. Pela vocação política do jornal, a newsletter pode representar um bom nicho de

assinaturas.

3.2.3 A Folha nas redes sociais

Uma das recentes alterações do jornalismo contemporâneo recai sobre a produção do

texto noticioso, em diferentes canais e mídias sociais, como o Facebook, Twitter, Instagram e

Youtube. A Folha de S.Paulo também incorporou essas alterações e produz conteúdo

noticioso para cada uma das plataformas. Com o intuito de complementar o diagnóstico atual

da Folha de S.Paulo, consideramos a presença do jornal nessas redes sociais, que foram as

mais investigadas pelos pesquisadores brasileiros, a partir do viés da produção jornalística em

mídias sociais, na última década, conforme indicado no segundo capítulo desta pesquisa. Com

o intuito de contextualizar esse panorama da Folha de S.Paulo no Facebook, Twitter,

Instagram e Youtube, a pesquisa irá tecer um paralelo entre a Folha, O Globo e o Estadão.

Elegemos O Globo e o Estadão para este comparativo a partir do número de vendas dos

jornais. Nos baseamos no levantamento aferido pelo Instituto Verificador de Comunicação e

publicado pela Folha em 26 de junho de 2020, mencionado no início deste capítulo. O IVC

apontou a liderança da Folha, com 338.675 vendas de exemplares diários, seguida do O

Globo, com 333.653 e do Estadão, com 240.093.

Compreendemos esta discussão sobre as organizações midiáticas nas redes sociais,

indicando, a partir das páginas da Folha, do O Globo e do Estadão no Facebook,70 Twitter,71

Instagram72 e Youtube,73 quando esses jornais se hospedaram em cada uma das mídias e

canais indicados, além da expressividade da audiência desses jornais.

70 Página da Folha no Facebook. Disponível em:https://www.facebook.com/folhadesp/. Acesso em: 17 dez.2020.

Página do O Globo no Facebook. Disponível em: https://pt-br.facebook.com/jornaloglobo/. Acesso em: 17 dez.

2020.

Página do Estadão no Facebook: Disponível em: https://pt-br.facebook.com/estadao/. Acesso em: 17 dez. 2020. 71 Página da Folha no Twitter. Disponível em:

https://twitter.com/folha?ref_src=twsrc%5Egoogle%7Ctwcamp%5Eserp%7Ctwgr%5Eauthor. Acesso em: 17

dez. 2020.

Página do O Globo no Twitter. Disponível em:

https://twitter.com/JornalOGlobo?ref_src=twsrc%5Egoogle%7Ctwcamp%5Eserp%7Ctwgr%5Eauthor. Acesso

em: 17 dez. 2020.

Página do Estadão no Twitter. Disponível em:

https://twitter.com/Estadao?ref_src=twsrc%5Egoogle%7Ctwcamp%5Eserp%7Ctwgr%5Eauthor. Acesso em: 17

dez. 2020. 72 Página da Folha no Instagram. Disponível em: https://www.instagram.com/folhadespaulo/?hl=pt-br. Acesso

em: 17 dez. 2020.

Página do O Globo no Instagram. Disponível em: https://www.instagram.com/jornaloglobo/?hl=pt-br. Acesso

em: 17 dez. 2020.

179

O Quadro 8 compreende o levantamento realizado em 17 de dezembro de 2020, com a

distinção dos veículos Folha, O Globo e Estadão, data de hospedagem dos jornais no

Facebook, Twitter, Instagram e Youtube e número de curtidas na página, seguidores e

inscritos dos veículos nessas mídias sociais. A ordem dos veículos na tabela condiz com o

número de vendas de exemplares diários, já mencionado anteriormente.

Quadro 8 – Hospedagem e desempenho da Folha, O Globo e Estadão no Facebook, Twitter,

Instagram e Youtube

VEÍCULOS DESDE QUANDO DESEMPENHO EM DEZ. 2020

Folha Facebook: desde 29 março, 2010

Twitter: desde abril de 2008

Instagram: não informado

Youtube: 1º mar. 2006

Facebook: 5.661.000 de curtidas na página

Twitter: 7,6 milhões de seguidores

Instagram: 2,4 milhões de seguidores

Youtube: 573 mil inscritos

O Globo Facebook: não informado

Twitter: desde junho de 2010

Instagram: não informado

Youtube: 4 de julho de 2008

Facebook: 5.649.123 de curtidas na página

Twitter: 464,9 mil seguidores

Instagram: 2,1 milhões de seguidores

Youtube: 646 mil inscritos.

Estadão Facebook: não informado

Twitter: desde outubro de 2007

Instagram: não informado

Youtube: 6 de setembro de 2006

Facebook: 3.671.434 de curtidas na página

Twitter: 6,9 milhões de seguidores

Instagram: 1,8 milhão de seguidores

Youtube: 474 mil inscritos

Fonte: elaborado pela autora, a partir das páginas iniciais dos jornais Folha de S.Paulo, O

Globo e Estadão, hospedadas nas redes Facebook, Twitter, Instagram e Youtube.

Sobre a hospedagem dos jornais no Facebook, identificamos que apenas a Folha

manifesta a data de criação da página, em março de 2010. Na página do Facebook do O

Globo não consta a data de hospedagem. Aparece apenas a data da fundação do jornal, em 29

de julho de 1925. A página do Estadão, da mesma forma, não divulga quando passou a figurar

no Facebook e divulga também, a data de fundação do jornal, em 4 de janeiro de 1875.

Em um dos estudos mapeados no segundo capítulo desta pesquisa, Gisele Reginato e

Marcia Benetti (2017) apuraram, em 20 de janeiro de 2017, o número de curtidas das páginas

do Facebook da Folha, do O Globo e do Estadão. A Folha contava com 5.806.072, O Globo,

5.140.315 e Estadão, 3.397.624. Quase quatro anos depois, em 17 de dezembro de 2020,

conferimos o número de curtidas das páginas dos três jornais. A Folha continua na liderança

Página do Estadão no Instagram. Disponível em: https://www.instagram.com/estadao/?hl=pt-br. Acesso em: 17

dez. 2020. 73 Página da Folha no Youtube. Disponível em: https://www.youtube.com/user/Folha. Acesso em: 17 dez. 2020.

Página do O Globo no Youtube. Disponível em: https://www.youtube.com/channel/UC-

6xqzMBF2CXTImn_a4aCVg. Acesso em: 17 dez. 2020.

Página do Estadão no Youtube. Disponível em: https://www.youtube.com/user/estadao. Acesso em 17 dez. 2020.

180

quando o assunto é número de curtidas, com 5.661.000; O Globo possui 5.649.123 e Estadão,

3.671.434.74

Com relação ao Twitter, apesar de o Estadão ter sido o primeiro dos três a ter se

hospedado na rede social, em outubro de 2007, a Folha, que passou a ter uma página no

Twitter seis meses depois, lidera o número de seguidores em 2020: 7,6 milhões, 700 mil a

mais que o Estadão, que conta com 6,9 milhões de seguidores. O Globo, que foi o último dos

três jornais a criar uma página no Twitter, em junho de 2010, possui atualmente 464,9 mil

seguidores, número expressivamente inferior em relação aos outros veículos.

Hébely Rebouças (2019) assina o artigo “Quando o Twitter pauta o jornal: análise da

cobertura da Folha de S.Paulo sobre o perfil de Jair Bolsonaro”, identificado no segundo

capítulo sobre a Folha. A pesquisa analisa como o jornalismo convencional lida com as

estratégias de comunicação online de agentes do campo político, investigando a cobertura da

Folha de S.Paulo sobre os conteúdos do presidente Jair Bolsonaro no Twitter em 2019. A

investigação concluiu que, na maioria das vezes, a Folha explorou o Twitter de Bolsonaro

como mero elemento de contextualização das notícias, privilegiando conteúdos de relevância

pública, como anúncio de medidas de governo, além de temas que possuem o conflito e a

política em seu cerne, como crises e disputas político-partidárias.

Nas páginas do Instagram dos três jornais, não existe informação relativa à data de

hospedagem dos veículos, quadro costumeiro nessa rede social, pois os seus usuários, e

mesmo as empresas que se inserem no Instagram, de uma forma geral, não informam quando

criaram suas contas. Quanto ao número de seguidores dos jornais, a Folha está na liderança,

com 2,4 milhões de seguidores, seguida pelo O Globo, com 2,1 milhões de seguidores e do

Estadão, com 1,8 milhão de seguidores.

Com relação às páginas do Youtube, a Folha de S.Paulo foi a primeira a inscrever-se

no canal, em março de 2006; seis meses depois, foi a vez do Estadão. O Globo ingressou em

julho de 2008. O único item em que a Folha é superada neste quadro é o de número de

inscritos no canal do Youtube, o jornal O Globo possui 646 mil inscritos. A Folha possui 573

mil inscritos e o Estadão, 474 mil.

Assim, tanto a Folha quanto O Globo e o Estadão se hospedaram nas mídias sociais

no mesmo período, entre 2006 e 2010. Com relação à audiência, a Folha lidera quase com

74 Folha. Disponível em: https://www.facebook.com/folhadesp/. Acesso em: 17 dez. 2020.

O Globo. Disponível em: https://www.facebook.com/jornaloglobo. Acesso em: 17 dez. 2020.

Estadão. Disponível em: https://www.facebook.com/estadao/. Acesso em: 17 dez. 2020.

181

soberania. Dos quatro canais identificados, o jornal figura em segundo lugar apenas com

relação ao número de inscritos no Youtube.

3.3 A notícia como um produto à venda com o suporte da tecnologia

Este capítulo já contemplou um resgate da história da Folha de S.Paulo, apurou os

projetos editoriais do jornal, traçou um diagnóstico a partir das versões impressa e digital da

organização e verificou a presença da Folha nas redes sociais. Com o apoio desse panorama e

com o suporte dos momentos anteriores, a pesquisa se concentra nas análises aqui propostas

com o intuito de considerar a questão que norteia esta pesquisa: a partir das práticas da Folha,

como as empresas buscam respostas para a transformação vivida pelo setor diante das

inovações tecnológicas, sobretudo após o surgimento da internet, de modo que a informação

possa continuar sendo oferecida por elas como um produto no mercado da comunicação?

Neste momento, enveredamos nossos esforços para três momentos de análise: 1) o discurso da

Folha no documentário O jornal do futuro; 2) o discurso da Folha na discussão sobre o futuro

do jornalismo a partir dos três seminários realizados pelo jornal; 3) o atual modelo de negócio

da Folha.

Procederemos a análise do corpus dos dois primeiros momentos embasados nos

princípios da Análise do Discurso de linha francesa, derivada de Michel Pêcheux. Orlandi

(2009) sintetiza que a Análise de Discurso não trata da língua, não trata da gramática, embora

todas essas coisas lhe interessem. Ela trata do discurso. E a palavra discurso, de acordo com

Orlandi, tem em si a ideia de curso, de percurso, de correr por, de movimento. O discurso é

assim palavra em movimento, prática de linguagem: com o estudo do discurso observa-se o

homem falando.

3.3.1 O discurso da Folha no documentário O Jornal do futuro

O documentário O Jornal do Futuro, 75 de maio de 2010, retrata as mudanças físicas

na redação do jornal, que permitiram a integração com a Folha.com e mostra o então novo

projeto gráfico do jornal que foi, na oportunidade, apresentado a toda a equipe do jornal. O

vídeo captou depoimentos de Otávio Frias Filho, diretor de redação da Folha na época, que

75 Disponível em: https://vimeo.com/13704875.

182

faleceu oito anos mais tarde,76 de Sérgio Dávila, então editor-executivo do jornal e que ocupa,

desde 2019, o cargo de diretor de redação (uma notícia da Folha anunciou a aprovação da

nomeação),77 de colunistas e outros membros da equipe de jornalismo, somando 21

participações.78 A narrativa foi construída de forma a enaltecer o trabalho realizado por

Dávila, que foi a figura central da produção.

Com o objetivo de organizar o escopo do documentário e delimitar o recorte de nossa

análise, faremos inicialmente, uma transcrição de todos os depoimentos da produção, que

possui a duração de 18 minutos. Esse passo inicial incide sobre a primeira etapa da Análise

de Discurso que, de acordo com Orlandi (2009), indica a necessidade de configuração do

corpus, delineando seus limites, fazendo recortes, na mesma medida em que, se vai incidindo

um primeiro trabalho de análise, retomando-se conceitos e noções, em um procedimento que

demanda um ir-e-vir constante entre teoria, consulta ao corpus e análise. Orlandi considera a

análise como um processo que inicia pelo estabelecimento do corpus e que se organiza face à

natureza do material e à pergunta que o organiza. No nosso caso, pretendemos verificar a

postura da Folha de S.Paulo frente aos desafios do jornalismo contemporâneo, e identificar

como são declarados aspectos sobre o modelo de negócio adotado pelo jornal, a partir desse

cenário. Passamos agora, à transcrição do documentário para posteriormente delimitarmos o

corpus da análise.

O documentário é aberto com a mensagem em letras brancas e com fundo preto:

“Enquanto se discutia o futuro do jornal, a Folha fez o jornal do futuro”, passando a mostrar

cenas de São Paulo. Depois, aparecem imagens do prédio em obras com uma locução:

O que a gente chama de velho saguão das rotativas, atualmente é uma parte

que está em reformas, inclusive é uma parte desativada, com pé direito alto,

um assoalho de madeira antiga. Até poucos meses atrás, havia uma velha

rotativa da marca Ross, feita ainda nos anos 40. Era um ambiente que tinha

76 Na notícia sobre a morte de Frias, a Folha anunciou que o jornalista, que foi o mentor do Projeto Folha, havia

modernizado o Jornalismo brasileiro na década de 1980. Disponível em:

https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/08/morre-aos-61-otavio-frias-filho-diretor-de-redacao-da-

folha.shtml. Acesso em: 20 jan. 2021. 77 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/03/jornalista-sergio-davila-assume-direcao-de-

redacao-da-folha.shtml. Acesso em: 20 jan. 2021. 78 Verificamos na transcrição dos depoimentos do documentário O jornal do futuro as participações de: Sérgio

Dávila; Juca Kfouri, colunista; José Simão, colunista; Barbara Gancia, colunista; Eliane Stephan, Coordenadora

de Design; Jair de Oliveira, diagramador; José Henrique Mariante, Editor de Esporte; Cleusa Turra, Diretora de

Revistas; Marco Aurélio Canônico, Editor de Fotografia; Ligia Mesquita, repórter da Coluna Mônica Bergamo;

Leandro Nomura, Repórter da coluna Mônica Bergamo; Otávio Frias Filho, Diretor de Redação; Mônica

Bergamo, Editora da Coluna Mônica Bergamo; Sylvia Colombo, Editora da Ilustrada; Rogério Gentile,

Secretário de Redação; Raul Juste Lores, Editor de Mercado; Marcelo Coelho, Colunista; Walkiria Pereira Leite,

redatora; Vinicius Mota, Secretário de Redação; Paulo Werneck, editor da Ilustríssima; Maria Cristina Frias,

colunista.

183

um cenário muito interessante. Eu gosto deste lugar do ponto de vista

arquitetônico, até do ponto de vista afetivo.

Sérgio Dávila, diz, mostrando a instalação:

O prédio velho da Folha para mim é um motivo de orgulho porque é

um jornal que tem 90 anos, então é um jornal sólido, de tradição, que

tem uma história, mas ao mesmo tempo é inquieto, é moderno, é

nervoso. A gente está desde abril trabalhando com essa fusão

orgânica dos dois meios. Não há mais a redação do online, a redação

do papel. Há uma redação só da Folha de S.Paulo com essas duas

plataformas. Antes da reforma que demorou um ano e que fez, que

mudou tudo aqui, você descia desses elevadores, aqui era o quarto

andar, era a redação inteira.

Juca Kfouri, colunista, falou da reforma gráfica que vinha por ali, ressaltando a

importância do novo projeto editorial em curso e do momento que seria liderado por alguém

que ele dizia conhecer bem, que é Sérgio Dávila. José Simão, colunista, aparece nas imagens.

Sérgio Dávila afirma:

Nessa década fora do Brasil eu fui correspondente em Nova York de 2000 a

2003. Bush foi eleito no tapetão e eu estava lá. Onze de setembro de 2001,

eu morava a 20 quadras do 11 de setembro e na manhã do 11 de setembro

eu cheguei já aos escombros e fiz a cobertura pelos próximos meses. Fiz

uma cobertura aí que foi a Guerra do Iraque e aí de lá, tocou o telefone, era

a direção da Folha me fazendo esse convite. Cinco minutos depois eu liguei

para cá e falei que eu iria, já sabendo, desde o convite, que eu iria aceitar.

Barbara Gancia, colunista, falou que Sérgio parecia um playmobill com aquele

capacete, referindo-se ao fato de ele participar da cobertura da guerra do Iraque. “Sérgio

Dávila, cara importantérrimo”, completou.

A produção segue com uma locução de Dávila e imagens de uma reunião para

definição da nova capa, com votos entre os dirigentes. “Esta tem sido a minha vida nos

últimos dias, não tem sábado, domingo, feriado, não tem nada. Toda a equipe está assim,

pilhada, tentando fazer a melhor edição possível, não só no domingo, dia 23, mas na semana

seguinte”, diz Dávila.

Aparecem imagens de reuniões, das obras. Depois, Eliane Stephan, coordenadora de

design, fala:

Chegou a avaliação que o jornal tinha perdido a identidade dele por ter

cada caderno de um jeito, e que, enfim, estava sem parâmetros. Então eles

me chamaram para dar esse redesenho, que na verdade é um redesenho.

Primeiro nós recuperamos a fonte Folha sérifc, desenhada especificamente

para o jornal. É a identidade do jornal, a voz do jornal.

184

Jair de Oliveira, diagramador, diz: “Maior legibilidade do jornal, maior organização,

tá. Maior identidade entre as editorias”. Simão brinca: “A Folha fez uma lipo, é isso? Tirou as

olheiras (risos)”. Depois, aparecem imagens da equipe de redação conhecendo o novo

formato.

José Henrique Mariante, editor de Esporte, também participa:

O volume de trabalho me assusta mais do que a mudança em si. Elas me

parecem necessárias assim, mas eu não sei se existe uma maturidade

profissional minha ou da Folha, mas eu já sei onde a gente vai chegar. O

problema é chegar lá, esse é o grande desafio.

Dávila mostra a sala de reuniões da primeira página e as instalações da redação.

Cleusa Turra, diretora de revistas, faz críticas a imagens de capas da Folha:

Esta aqui é uma ótima foto, não olha para o leitor; esta aqui é uma ótima

foto, não olha para o leitor. Se você for olhar, não olha. Eu interpretei

assim. Vamos sinalizar que a gente tá com um olhar mais moderno para

fotografia. Geralmente, quando tem uma foto assim que eu acho que a gente

está apostando, é uma foto difícil, é uma foto hermética.

Sobre as ponderações, Marco Aurélio Canônico, editor de fotografia, afirma que há

casos e casos, e diz que não dá para traçar isso como uma regra geral.

Se você olhar a capa do jornal de hoje, é uma bela foto e que a mãe não está

olhando para o leitor, e não faria nenhum sentido ela estar olhando para o

leitor, ela tem que estar olhando para a criança. A notícia é isso: a mãe que

tinha tido a criança roubada, recebeu o filho de volta. Não tinha nenhum

sentido ela estar olhando para o leitor.

Ligia Mesquita, repórter da coluna Mônica Bergamo, afirma: “Essas mudanças sempre

causam uma (...), a gente chama de a fofoca do cafézinho. Então, sempre, ali na máquina do

café, tem gente: ‘Ah, eu acho que vai ter muita foto, ou vai ser muito colorido’”. Leandro

Nomura, repórter da mesma coluna, acrescenta: “Eu não sei nada. Para ser sincero eu estou

bem ansioso para saber como é que vai ser. Hoje vai ter uma reunião geral da redação”.

Imagem mostra a reunião geral, em um auditório, com os jornalistas sentados. Sérgio

Dávila abre a reunião e justifica que o Otávio Frias Filho que iria abrir a apresentação pedia

desculpa; por conta de um problema pessoal, não podia comparecer.

Depois, aparece Dávila em uma sala de escritório:

O Otávio é uma pessoa muito reservada. Ele é o cérebro por trás da

redação e dessas mudanças todas, do projeto gráfico, mas ele odeia

aparecer, ele odeia falar, ele odeia dar entrevista. Então os meus cem reais

eu colocaria: 20 que ele vai te dar a entrevista e 80 que ele não vai dar.

Depois você me diz se eu ganhei ou não.

Logo depois, aparece Otávio Frias Filho, em uma sala.

185

Eu procurei ao máximo estimular as ideias originais, estimular as pessoas

que estavam empenhadas em fazer mudanças que pudessem arejar o jornal,

modernizar o jornal, e acho que tivemos aí algum sucesso nesse trabalho de

coordenação, mas quem vai decidir isso evidentemente é o leitor né.

Em seguida, aparece Dávila, na apresentação do projeto à redação: “A gente está

vivendo uma nova versão, uma nova fase, um novo momento do Projeto Folha e que em

conteúdo vai se basear no tripé: furos e informações exclusivas, textos sintéticos e analíticos,

em pouco espaço e no esforço colaborativo”.

Mônica Bergamo, editora da coluna de seu nome. “Eu acho que isso que foi colocado

na reunião é fato. Quer dizer, se você pode contar uma coisa em 20 linhas, por que você vai

gastar 200 para contar? Você vai enrolar”.

Sylvia Colombo, editora da Ilustrada. “A gente sabe que hoje o leitor tem muito menos

tempo para tudo. Hoje a gente concorre com outras mídias, a gente concorre com a internet,

com a tv, então ele tem menos tempo para nós”.

Juca Kfouri considera que cada vez menos se vê boa literatura nos jornais e acredita

que os jornais têm esse papel.

Rogério Gentile, secretário de redação: “O jornalista sempre quer escrever muito, né?

Então, é natural, todo mundo quer, acha que o seu texto merece aquele espaço, e é saudável

que seja assim, um repórter que não briga pelo seu texto”.

Raul Juste Lores, editor de Mercado: “O Caetano Veloso, nos anos 60, já escreveu e

cantou “quem lê tanta notícia”. Hoje em dia ele teria até que reescrever essa canção, porque

nós somos bombardeados por notícias o tempo todo”.

José Simão: “Eu queria ver fazer o jornal como no Twitter, com 140 caracteres. Aí eu

queria ver”.

Marcelo Coelho, colunista, fala, a respeito de um comentário numa das reuniões, sobre

o novo estilo de texto, mais enxuto, a ser desenvolvido: “Eles vão ser menores, mas mais

analíticos? E como é que faz isso? Por mais que a gente tente fazer a coisa seguir, porque são

dois critérios, sintético e analítico junto”.

Frias:

O nosso objetivo é ter um noticiário commodity bem feito e bem sintético

com um panorama da véspera e você teria um outro corredor de leitura, que

seria um corredor de leitura para aqueles 25% de leitores que têm um grau

de exigência maior, têm mais disponibilidade para ler, têm mais interesse

em ler. Esses caras teriam textos mais longos, porque nós continuaremos

tendo textos mais longos. A gente tem procurado estabelecer um critério

informal que em cada edição você tem pelo menos quatro ou cinco textos

que são textos de leitura. E as análises, e as colunas, em tese tem um

tratamento mais delicado do ponto de vista gráfico, porque pressupõe que é

186

um corredor de leitura para o leitor mais elitizado, ou mais exigente, ou com

mais tempo, ou que quer ter algo a mais do que o noticiário commodity.

Dávila, na apresentação das mudanças à redação: “As três estrelas se tornam uma

marca cada vez mais forte do jornal. A vermelha, Folha da Tarde, a azul, Folha da Noite e a

preta, Folha da Manhã”.

Depois de mostrar imagens dos jornalistas fazendo perguntas, o documentário segue

para o comentário de Walkiria Pereira Leite, redatora.

Aquela estrela vermelha, está no lugar errado, principalmente depois que o

Lula e o PT meteu um esparadrapo na boca do Jabor. A Folha está

bombaresca com essa coisa aí, está horrorosa. Quem tem tempo de Folha

aqui sabe que as cores da Folha é azul e amarela. Então eu sugiro que

troque aquela estrela vermelha por uma estrela amarela.

A sugestão foi respondida por Eliane Stephan, coordenadora de design: “O PT não é dono das

estrelas”.

Vinicius Mota, secretário de redação. “Algumas partes das mudanças não vão agradar

a uma parcela do público, não só dos jornalistas, mas também do público leitor. E isso é da

vida”.

Dávila: “Diretor executivo, você acabou de apresentar o novo projeto gráfico e eu não

gostei de nada. Isso é a Folha”. Na reunião com a equipe de redação, Dávila fala dos

colunistas e faz uma rápida apresentação do time de colunistas.

Juca Kfouri diz que é uma belíssima tacada para o jornal que com muita frequência é

acusado de ser tucano, de ser serrista. “Mas o Serra não acha isso, ele está convencido que o

Otávio Frias Filho o detesta. A mesma convicção que o Lula tem em relação ao Otávio”.

Frias: “Eu entendo que uma das minhas responsabilidades é procurar zelar por este

equilíbrio de diferentes pontos de vista abrigados nas páginas da Folha e garantir que o jornal

persevere numa linha de independência, de pluralidade e de apartidarismo”.

Juca Kfouri: “O único patrão de um jornal é o leitor, não é nem sequer o dono do

jornal. Essencialmente a função do jornalista é confrontar o poder, é fiscalizar o poder, é

mostrar o que está errado ou o que podia estar andando melhor”.

Paulo Werneck, editor da Ilustríssima. “O jornal de amanhã, ele vai ser misturado

mesmo, ele vai ser misturado com a internet, ele vai ser misturado com a literatura, com os

quadrinhos, com a crítica de alta qualidade e de alta reflexão que hoje em dia está um pouco

encastelada na universidade”.

Vinicius Mota, Secretário de Redação: “O jornalismo, independentemente do meio,

não está ameaçado, eu acho que ele está revigorado nesses novos tempos”.

187

Maria Cristina Frias, colunista. “O Sr. Frias estaria perguntando: não demoramos

demais para mudar? Não importa se é no papel, o nosso negócio não é o papel. A gente não

vende papel. A gente vende informação”.

Dávila, com um tablet na mão: “Isso aqui eu posso paquerar na rua, mas quem eu vou

levar para casa para dormir comigo é esse papel aqui. Pelo menos hoje. Me pergunta daqui

um ano, daqui a cinco que eu posso mudar de ideia, mas hoje em dia, essa é a relação que eu

tenho”.

Mônica Bergamo:

Eu acho que não pode ser a preocupação de um repórter saber se o jornal

vai ou não acabar. Eu acho que a preocupação de um repórter é estar

preparado para colocar essas informações em qualquer plataforma. A boa

informação é fundamental, né?, para as pessoas poderem conduzir suas

vidas. E ao conduzir suas vidas, vamos supor, eu conduzo a minha vida e a

partir daí, eu conduzo da minha família, a partir daí eu influencio os meus

amigos e no coletivo.

Frias finaliza os depoimentos: “Um jornalismo bem feito pode contribuir para

fortalecer essa prática de cidadania entre as pessoas, sobretudo entre os leitores”.

Nova fase da aplicação do método

Ao indicar os preceitos da Análise de Discurso, Orlandi (2009) considera a existência

de uma passagem inicial fundamental, que é a que se faz entre o material de linguagem bruto

coletado, tal como existe, e o objeto discursivo, este sendo definido pelo fato de que o corpus

já tenha recebido um primeiro tratamento de análise superficial. Após este primeiro momento,

que representa a transcrição do material bruto, com todos os depoimentos do documentário,

passamos às próximas fases da investigação. Orlandi (2009) enumera três etapas para os

procedimentos de Análise de Discurso: 1) passagem da superfície linguística para o texto

(discursivo); 2) passagem do objeto discursivo para a formação discursiva; 3) processo

discursivo para a formação ideológica. Na primeira etapa, fundamenta Orlandi, o analista, em

contato com o texto, procura ver nele a sua discursividade e incidindo um primeiro lance de

análise, desfazendo-se da ilusão de que aquilo que foi dito só poderia sê-lo daquela maneira.

Ao incorporar esta primeira etapa sugerida por Orlandi (2009), sinalizamos uma

observação inicial sobre os depoimentos. Identificamos em algumas das declarações da

produção, a presença dos três pilares difundidos pela organização, desde o seu primeiro

projeto editorial: jornalismo crítico, apartidário e pluralista. Verificamos comentários críticos

de membros do jornal sobre o próprio jornal (prática adotada também nos projetos editoriais,

188

que sinaliza os pontos fracos a serem combatidos) como os de Eliane Stephan, coordenadora

de design, Cleusa Turra, diretora de revistas, Walkiria Pereira Leite, redatora e Marcelo

Coelho, colunista.

A vertente pluralista se mostrou nos depoimentos de Marco Aurélio Canônico, editor

de fotografia, que respondeu à crítica de Turra; de Eliane Stephan, que respondeu à Walkiria;

de Dávila, que considerou que as posturas divergentes traduziam a essência da Folha; de

Frias, que disse estimular as pessoas empenhadas em fazer mudanças que pudessem arejar o

jornal.

Sobre o jornalismo apartidário, verificamos o depoimento do colunista Juca Kfouri

afirmando que o José Serra/PSDB estaria convencido que o Otávio Frias Filho o detesta, e

que essa seria uma convicção compartilhada por Lula/PT, numa tentativa de demonstrar a

imparcialidade do jornal, diante dos grupos políticos representados pelas figuras de Serra e de

Lula. Os dados mostram que a Folha é considerada o maior jornal do país. É inconcebível

imaginar que uma produção como esta, que retrata uma mudança importante, seria produzida

a partir de depoimentos aleatórios, sem um roteiro a ser seguido. Além disso, o documentário

foi editado e, antes de sua divulgação, é natural que tenha sido avaliado pelos representantes

da organização. O fato de a produção ter considerado esses depoimentos, e não outros,

demonstra o interesse da direção do jornal de transmitir a mensagem de jornalismo crítico,

apartidário e pluralista defendida desde os seus primeiros projetos editoriais, na década de

1980. Compreendemos que a Folha tenta, no pequeno (da redação, do seu pessoal) reproduzir

os parâmetros de sua linha editorial para o campo político e social.

Após essas observações iniciais, passamos aos próximos passos da investigação,

alinhando o recorte dos discursos analisados sobre as pistas fornecidas, sobre o modelo de

negócios da Folha daquele momento, que representa o nosso maior interesse aqui. A segunda

etapa da Análise de Discurso, postulada por Orlandi (2009), incide sobre a passagem do

objeto discursivo para a formação discursiva. Neste sentido, a partir de nosso interesse em

verificar a postura da Folha de S.Paulo frente aos desafios do jornalismo contemporâneo e,

identificar como são declarados aspectos sobre o modelo de negócio adotado pelo jornal a

partir desse cenário, selecionamos os discursos que possuem elementos deste nosso interesse:

a frase de abertura do documentário: “Enquanto se discutia o futuro do jornal, a Folha fez o

jornal do futuro”, e partes dos depoimentos de Sérgio Dávila, editor-executivo; Otávio Frias

Filho, diretor de redação; Vinicius Mota, secretário de redação e Maria Cristina Frias,

colunista. Eles são contemplados no Quadro 9.

189

Quadro 9 – Análise do Discurso dos depoimentos dos representantes da Folha

QUEM

DISSE

O QUE FOI DITO O QUE NÃO

FOI DITO

O QUE PODERIA

SER DITO

Folha de

S.Paulo

Enquanto se discutia o futuro

do jornal, a Folha fez o jornal

do futuro

Que o jornal fez as

mudanças depois da

iniciativa do Estadão

A Folha se projeta no

futuro porque essa é a

receita que deu certo

Sérgio

Dávila

Isso aqui eu posso paquerar

na rua, mas quem eu vou

levar para casa para dormir

comigo é esse papel aqui.

Pelo menos hoje.

O jornalismo digital me

atrai, mas o que me

oferece retorno

financeiro continua

sendo o papel.

O meu apreço ainda é

pelo jornal impresso?

Otávio

Frias Filho

O nosso objetivo é ter um

noticiário commodity bem

feito e bem sintético com um

panorama da véspera e você

teria um outro corredor de

leitura, que seria um corredor

de leitura para aqueles 25%

de leitores que têm um grau

de exigência maior.

Temos que ofertar

produtos adequados

para os públicos que

nós atendemos para

preservar a

independência

financeira do jornal.

O nosso objetivo é

oferecer um cardápio de

produtos de acordo com a

demanda dos nossos

leitores.

Vinicius

Mota

O jornalismo

independentemente do meio

não está ameaçado, eu acho

que ele está revigorado nesses

novos tempos.

Não interessa os

formatos, o jornalismo

irá sobreviver.

O jornalismo seguirá o

seu curso, ainda que em

novos tempos.

Maria

Cristina

Frias

O sr Frias estaria

perguntando: não demoramos

demais para mudar? Não

importa se é no papel, o nosso

negócio não é o papel. A

gente não vende papel. A

gente vende informação.

Temos pressa de

avançar para garantir a

nossa soberania. Nossa

preocupação é com a

geração de lucros, seja

como for.

Nossa tradição indica que

devemos avançar logo! O

nosso ramo de atividade

revela-se no produto e

não no formato.

Fonte: elaborada pela autora.

A partir do Quadro 9, evidenciamos a terceira etapa da Análise de Discurso indicada

por Orlandi (2009), que recai sobre a transposição do processo discursivo para a formação

ideológica. Iniciamos a nossa análise ao considerar a mensagem de abertura do documentário:

“Enquanto se discutia o futuro do jornal, a Folha fez o jornal do futuro”. Compreendemos

que, foi silenciado o fato de que a fusão orgânica da plataforma impressa com a digital da

Folha, ocorreu dois meses depois da iniciativa do Estadão, que lançou em março de 2010, um

novo projeto gráfico e colocou no ar o novo site. A mensagem de abertura do documentário

poderia ser expressa talvez desta maneira: A Folha se projeta no futuro porque essa é a receita

que deu certo. Ao se projetar no sentido do avanço, da modernidade e do futuro, preceito

difundido em seus projetos editoriais, a Folha conseguiu manter a sua soberania. O status de

moderna, futurista, exigente com os conteúdos, conferido a partir dos projetos editoriais, lhe

190

garantiu diferenciação entre as organizações do mesmo porte no passado, mas na mesma

medida, também a engessou no sentido de guiar os seus modelos de negócio apenas pelo

mesmo caminho. Em suma, ao adotar o caminho da incorporação de ferramentas tecnológicas

modernas, regredir o passo ou mudar de rumo, pode representar a sua ultrapassagem por

outras organizações da mesma estirpe.

Sobre a declaração de Sérgio Dávila: “Isso aqui eu posso paquerar na rua, mas quem

eu vou levar para casa para dormir comigo é esse papel aqui. Pelo menos hoje”, consideramos

que o discurso silenciado pelo então editor-executivo, era o de que a preferência pela versão

impressa do jornal, na época que o Folha.com começava a se estabelecer como empresa pelo

ponto de vista rentável, incidia pelo setor que representava o maior faturamento da

organização. Acreditamos que o discurso poderia ter sido: “O meu apreço ainda é pelo jornal

impresso?”, justamente, por representar o momento de transição em que o maior volume

financeiro do jornal, daquele momento, o impresso, estava na iminência de perder espaço para

a versão digital. Na análise de discurso do 3º Encontro Folha de Jornalismo, de 2020, mais

recente deles, iremos verificar se a preferência de Dávila permanece a mesma.

Consideramos que a mensagem de Otávio Frias Filho: “O nosso objetivo é ter um

noticiário commodity bem feito e bem sintético com um panorama da véspera e você teria um

outro corredor de leitura, que seria um corredor de leitura para aqueles 25% de leitores que

têm um grau de exigência maior” silenciou uma outra, a de que a necessidade de ofertar

produtos adequados para os diferentes tipos de leitores representa a preservação financeira do

jornal. Compreendemos que a mensagem poderia ser dita desta forma: “O nosso objetivo é

oferecer um cardápio de produtos de acordo com a demanda dos nossos leitores”, revelando a

natureza de mercado da notícia.

A declaração de Vinícius Mota: “O jornalismo independentemente do meio não está

ameaçado, eu acho que ele está revigorado nesses novos tempos” silenciou a mensagem “Não

interessa os formatos, o jornalismo irá sobreviver”, respaldando o discurso posterior, de Maria

Cristina Frias. Compreendemos que a mensagem poderia ser dita desta forma: o jornalismo

seguirá o seu curso, ainda que em novos tempos.

O último depoimento considerado neste recorte é o de Maria Cristina Frias,79 então

colunista da Folha. Consideramos que a mensagem proferida por ela, silenciou a emergência

79 É uma das herdeiras do jornal. De acordo com o portal Comunique-se, ela foi destituída do cargo de diretora

da Folha pelo próprio irmão, Luiz Frias, em março de 2019. Notícias de diversos veículos de comunicação

noticiaram em abril de 2020, que os irmãos estão em disputa judicial por conta de supostas ilegalidades

cometidas por Luiz. Disponível em: https://portal.comunique-se.com.br/casos-de-familia-disputa-judicial-

envolvendo-o-grupo-folha-ganha-mais-um-capitulo/. Acesso em: 20 jan. 2021.

191

de o jornal avançar para garantir o seu lugar ao sol, que a preocupação é com a geração de

lucros, seja como for. Entendemos que o discurso poderia ser dito nos seguintes termos:

“Nossa tradição indica que devemos avançar logo! O nosso ramo de atividade revela-se no

produto e não no formato”.

A partir da Análise de Discurso de dirigentes e membros da redação da Folha no

documentário O Jornal do futuro, evidenciamos que a Folha se projetou como inédita e

inovadora, preceitos que garantiram, no passado, diferenciação entre outras organizações do

mesmo porte. Porém, a organização está lutando para manter-se no ineditismo, fato

comprovado pelas mudanças apresentadas no documentário, terem sido precedidas por

movimento semelhante realizado pelo Estadão, conforme mencionamos no início deste

capítulo.

Observamos ainda que, enquanto membros da redação defenderam que o jornalismo

não estaria com os dias contados, ao sinalizarem que a mudança no formato não prejudicaria o

negócio de venda de notícias, os dirigentes daquela época, Otávio Frias Filho e Sérgio Dávila,

enveredaram o seu discurso privilegiando o formato impresso que representava, naquele

momento, a principal fonte de renda da organização, já que o portal implementou o paywall

em seu modelo de negócios da versão digital dois anos depois, em 2012.

3.3.2 O discurso da Folha na discussão sobre o futuro do jornalismo a partir dos encontros

realizados pelo jornal

Além da Análise de Discurso dos depoimentos dos representantes da Folha de

S.Paulo, em 2010, essa etapa da tese também evidencia as declarações de dirigentes da

organização, sobre o futuro do jornalismo e sobre o modelo de negócios adotado pelo jornal, a

partir da primeira e da última edição do Encontro Folha de Jornalismo, realizadas,

respectivamente, em 2016 e em 2020, sempre na celebração do aniversário do jornal.

Desconsideramos a edição de 2018 por não contemplar conteúdos de nosso interesse,

principalmente, no que tange a ausência de anúncio de dirigentes da organização. Com

patrocínio da Souza Cruz, o 2º Encontro Folha de Jornalismo aconteceu entre os dias 19 e 21

de fevereiro de 2018, em celebração ao 97º aniversário do jornal e o lançamento da nova

versão do Manual da Redação. De acordo com notícia publicada pela Folha,80 foram

80 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/02/seminario-debate-desafios-do-jornalismo.shtml.

Acesso em: 20 jan. 2021.

192

discutidos alguns dos temas do atual cenário jornalístico,81 como notícias falsas,

liberdade/neutralidade em redes sociais, pluralidade e apartidarismo em ano eleitoral. O

Encontro Folha de Jornalismo de 2016 teve duração de dois dias; em 2018, de três e em 2020,

de apenas um.

Edição de 2016 do Encontro Folha de Jornalismo

A primeira edição do Encontro Folha de Jornalismo foi realizada nos dias 18 e 19 de

fevereiro de 2016, no Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo. Gratuito, foi

patrocinado pela Odebrecht82 e pela Fiesp83. Com vagas limitadas, o evento foi aberto para

assinantes. No dia 17 de fevereiro daquele ano, a Folha anunciou que estava celebrando seus

95 anos, com um ciclo de debates sobre os desafios do jornalismo no século 21 e a crise

política e econômica brasileira.84 Entre alguns dos temas abordados, estavam: a importância

crescente do jornalismo profissional, a lei que regulamenta o direito de resposta, o processo

de impeachment contra a então presidente Dilma Rousseff e a relação entre a imprensa e

governo na Argentina e na Venezuela. O evento celebrou os 95 anos da Folha, que completou

aniversário de fundação no dia 19 de fevereiro.

A abertura do Encontro Folha de Jornalismo foi realizada no dia 18, às 9h, pelo então

Diretor de Redação da Folha, Otávio Frias Filho. Ainda no dia 18, foram formadas quatro

81 A programação do 2º Encontro Folha de Jornalismo foi: 19 de fevereiro às 9h30, palestra de Rosental Alves,

da Universidade do Texas; 10h Mesa 1: Jornalismo como antídoto às fake news, com Rosental Alves, Stephanie

Habrich (Joca) e Pablo Ortellado (USP) com mediação de Sérgio Dávilla (Folha); 11h, Talk Show com Chico

Felitti (UOL) e Meredith Talusan (editora trans da Them, publicação LGBTQ da Condé Nast); 12h10, Mesa 2,

“A guerra das palavras: os limites do politicamente correto”, com William Waack (ex-Globo), Sérgio Rodrigues

(Folha) e Carlos Maranhão (ex-Abril) com mediação de Uirá Machado (Folha); 13h30, Mesa 3, “Direitos e

deveres: o que é correto na relação fonte-jornalismo”, com Gilmar Mendes, Ministro do STF, André Petry (Veja)

e Luís Francisco Carvalho Filho (advogado) com mediação de Maria Cristina Frias (Folha); 20 de fevereiro,

09h, Abertura com Antonio Caño (El País); 10h, Mesa 1, “Curti, não curti: jornalistas nas redes sociais”, com

Graciliano Rocha (Buzzfeed), Leonardo Stamillo (Twitter) e Manoel Fernandes (Bites) e mediação de Roberto

Dias, da Folha; 11h, Talk show com Mônica Bergamo (Folha) e Ciro Gomes (PDT); 12h, mesa 2, “Igreja-

Estado: o que muda com os nos formatos comerciais”, com Nizan Guanaes (África), Daniel Conti (Vice) e

Cleusa Turra (Estúdio Folha), com mediação de Vinicius Mota (Folha); 13h, mesa 3, “Era dos extremos:

cobertura política e apartidarismo”, com Ricardo Boechat (Bandeirantes), Maria Cristina Fernandes (Valor) e

Joel Pinheiro da Fonseca (Folha) e mediação de Paula Cesarino (Folha); no dia 21 de fevereiro, às 11h, houve

debate sobre o novo Manual da Redação com Alon Feuerwerker (analista político da FSB Comunicação),

Fernando de Barros e Silva (diretor de Redação da Piauí), Eugênio Bucci (professor titular da ECA-USP) e

Eurípedes Alcântara (Inner Voice), com mediação de Uirá Machado (Folha). 82 Empresa de engenharia e construção, que hoje recebe o nome de Novonor. Disponível em: https://www.oec-

eng.com/. 83 Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Disponível em: https://www.fiesp.com.br/. 84 Disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/folha-95-anos/introducao/folha-comemora-95-anos-com-

encontro-para-debater-jornalismo.shtml. Acesso em: 20 jan. 2021.

193

mesas: Mesa 185 “Novas formas de informar” que reuniu os convidados: Vera Brandimarte,

Diretora de Redação do Valor Econômico; Eugênio Bucci, professor da ECA-USP; Leão

Serva, colunista da Folha. A mediação foi realizada por Sérgio Dávila, editor-executivo da

Folha, na época. A Mesa 286 “Quando a imprensa é vista como oposição” reuniu os

convidados: Hugo Alconada Mon,Secretário, assistente de Redação do jornal argentino La

Nación; Eugenio Martinez, jornalista venezuelano considerado o maior especialista em

cobertura eleitoral no país; Lúcio Flávio Pinto, criador do Jornal Pessoal, veículo alternativo

sobre a região amazônica que circula em Belém desde 1987. A mediação foi realizada por

Clóvis Rossi, repórter especial, colunista e membro do Conselho Editorial da Folha. A mesa

387 “Erramos: Ex-Ombudsmans discutem o direito de defesa” recebeu Junia Nogueira Sá,

jornalista com mais de 30 anos de experiência, trabalhou na Folha como repórter especial e

ombudsman, Agência Folha, Folha da Tarde, Veja e Exame; Tânia Alves, com atuação de

três décadas no jornal cearense O Povo, no qual ocupava o cargo de ombudsman em 2016;

Caio Túlio Costa, primeiro ombudsman da Folha, em 1989. A mediação foi feita por Vera

Guimarães, ombudsman da Folha naquele ano, 11ª jornalista a ocupar o posto; mesa 488

“Crônica” com Fernanda Torres, atriz e colunista da Folha; Luis Fernando Verissimo,

considerado pelo jornal como um dos principais cronistas brasileiros; Ruy Castro, editor e

colunista da Folha. A mediação foi feita por Alcino Leite Neto, jornalista e editor da Três

Estrelas, selo de livros de não ficção da Publifolha.

No dia 19 de fevereiro o evento promoveu mais quatro mesas de debates: Mesa 5,89

“Cifras & Letras: recessão com inflação”, convidados: Eduardo Giannetti, formado em

economia e em ciências sociais pela USP e PhD em economia pela Universidade de

Cambridge; Samuel Pessôa, formado em física e doutor em economia pela USP, atua como

85 Jornalistas comentam os dilemas da grande mídia impressa em um cenário de abundância de informações e

forte concorrência do meio digital. Programação disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/folha-95-

anos/introducao/folha-comemora-95-anos-com-encontro-para-debater-jornalismo.shtml. Acesso em: 20 jan.

2021. 86 Na grande imprensa, ou em sites e jornais independentes, eles são as pedras nos sapatos de políticos e

governos. Revelações de escândalos de corrupção e abusos de poder trouxeram prêmios e prestígio a estes

jornalistas, mas também processos e ameaças. Disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/folha-95-

anos/introducao/folha-comemora-95-anos-com-encontro-para-debater-jornalismo.shtml. Acesso em: 2 jan. 2021. 87 Dois ex e uma atual ombudsman comentam os dilemas que cercam o cargo, a nova lei de direito de resposta e

os erros mais frequentes da imprensa. Disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/folha-95-

anos/introducao/folha-comemora-95-anos-com-encontro-para-debater-jornalismo.shtml. Acesso em: 2 jan. 2021. 88 Eles dominam como poucos a difícil arte de escrever fácil e honram uma ilustre tradição brasileira. Um

encontro com três cronistas que nunca deixamos de ler. Disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/folha-95-

anos/introducao/folha-comemora-95-anos-com-encontro-para-debater-jornalismo.shtml. Acesso em: 2 jan. 2021. 89 O Brasil vive a pior crise econômica de sua história? Quando o país voltará a crescer? Especialistas em

economia explicam e apontam possíveis saídas para a recessão. Disponível em:

http://temas.folha.uol.com.br/folha-95-anos/introducao/folha-comemora-95-anos-com-encontro-para-debater-

jornalismo.shtml. Acesso em: 2 jan. 2021.

194

pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas; Vinicius Torres

Freire, colunista de assuntos econômicos da Folha, onde já foi secretário de redação. A

mediação foi feita por Maria Cristina Frias, então editora da coluna “Mercado Aberto” da

Folha, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial. Mesa 690 “Não Atire, sou

jornalista: cobertura em áreas de conflito”, que reuniu Mayte Carrasco, correspondente de

guerra espanhola, que cobriu conflitos na Síria, na Líbia e no Afeganistão para veículos como

El País e La Nación; James Harkin, jornalista irlandês, escreve para a Vanity Fair e The

Guardian; João Wainer, cineasta e repórter especial da Folha. Mediação de Patrícia Campos

Mello, repórter especial e colunista da Folha, especializada em economia e política

internacional. Mesa 791 “Os bastidores da cobertura da Lava Jato”. Convidados: Mario Cesar

Carvalho, repórter especial da Folha e autor dos livros Carandiru: Registro Geral e Folha

Explica o Cigarro; Thiago Herdy, presidente da Associação Brasileira de Jornalismo

Investigativo (Abraji) e repórter de política no O Globo. Mediação de Mônica Bergamo,

jornalista da Folha e da rádio Band News FM, assina coluna com informações de diversas

áreas, entre elas política, moda e coluna social. Mesa 892 “Sai, Dilma/Fica, Dilma: o que eu

acho do jornalismo de opinião”. Convidados: Josias de Souza, blogueiro e articulista do portal

UOL, trabalhou por 25 anos na Folha; Reinaldo Azevedo, colunista da Folha, mantém um

blog na Veja.com, é âncora do programa Pingos nos Is, na rádio Jovem Pan, e comentarista

político da RedeTV; Ricardo Melo, diretor de jornalismo da Empresa Brasil de Comunicação

(EBC). Mediação de Bernardo Mello Franco, colunista da Folha em Brasília, foi também

correspondente em Londres e editor interino do Painel. O encerramento foi feito por Sérgio

Dávila.

Evidenciamos, a partir de uma leitura inicial, sobre a notícia divulgada pelo jornal a

respeito do evento e considerando a sua programação, que a primeira edição do Encontro

Folha de Jornalismo, foi anunciada com a promessa de um ciclo de debates sobre os desafios

do jornalismo no século 21, mas o jornal enveredou a discussão para temas que fugiram de

questões práticas das organizações jornalísticas, daquele momento. O enredo de discussões se

90 No Iraque, na Síria ou nas ruas de São Paulo, eles arriscam a própria segurança em busca de notícias. Uma

espanhola, um irlandês e um brasileiro descrevem o dia a dia da profissão em meio a tiros, bombas e pancadas.

Disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/folha-95-anos/introducao/folha-comemora-95-anos-com-encontro-

para-debater-jornalismo.shtml. Acesso em: 2 jan. 2021. 91 Três dos principais repórteres investigativos do país revelam detalhes da operação que eletrizou o país e já

provocou a prisão de políticos, banqueiros e empresários. Disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/folha-95-

anos/introducao/folha-comemora-95-anos-com-encontro-para-debater-jornalismo.shtml. Acesso em: 2 jan. 2021. 92 Processo de impeachment, crise política, descrédito do Congresso. O momento atual é farto para comentaristas

políticos que, mais ao centro, à esquerda ou à direita, instigam admiração e ódio entre os leitores. Disponível em:

http://temas.folha.uol.com.br/folha-95-anos/introducao/folha-comemora-95-anos-com-encontro-para-debater-

jornalismo.shtml. Acesso em: 2 jan. 2021.

195

limitou a discutir: novas formas de informar; quando a imprensa é vista como oposição;

erramos: ex-ombudsmans discutem o direito de defesa; crônica; não atire, sou jornalista:

cobertura em áreas de conflito.

Em nossa concepção, o único tema realmente quente dos debates, ou seja, que refletiu

o cenário de transformações do jornalismo daquele momento, foi o da primeira mesa, que

discutiu os desafios da grande imprensa em um cenário de abundância de informações e forte

concorrência do meio digital. Os demais temas trataram de assuntos menos emergentes para

os desafios do jornalismo contemporâneo. Ora, jornalismo investigativo não é uma prática

recente no país; o trabalho realizado pela figura dos ombudsmans também não é inédito no

Brasil; a crônica é um tema que está longe de representar um desafio para o jornalismo

contemporâneo; o tema da cobertura em áreas de conflito foge do ineditismo, haja vista que

desde a 1ª Guerra Mundial são registradas coberturas jornalísticas desse tipo de episódio.

Na apuração realizada no segundo capítulo desta pesquisa, averiguamos os temas mais

debatidos, a partir de nosso interesse, na Compós e na SBPJor em 2016,93 eles evidenciaram a

emergência de novos modelos para o jornalismo digital, a partir das reflexões propostas

daquele momento, ao sinalizar as mudanças ocorridas. No primeiro Encontro Folha de

Jornalismo, sentimos falta de temas como tipos de financiamento do jornalismo digital ou a

automatização da notícia.

Observamos que o primeiro Encontro Folha de Jornalismo anunciou, juntamente ao

ciclo de debates sobre os desafios do jornalismo no século 21, uma discussão sobre a crise

política e econômica brasileira. Porém, se limitou a debater o tema da inflação, os bastidores

da Lava Jato e do jornalismo de opinião na crise enfrentada pela então presidente Dilma

Rousseff. O tema da mesa Cifras & Letras: recessão com inflação, se configura como um

típico assunto da cobertura rotineira de um jornal; ao debater os bastidores da cobertura da

Lava Jato, o jornal se eximiu do fato de a construtora que financiou o evento, ter sido uma das

93 Os temas mapeados em 2016 foram: a construção da agenda pública na era da comunicação digital;

affondances indutoras de inovação no jornalismo móvel de revistas para tablets; as experiências de outros

jornalismos em grandes centros urbanos; uso de metadados para enriquecimento de bases noticiosas na web; o

uso do WhatsApp pelo espectador como coprodutor; a apropriação de conteúdos produzidos pelo telespectador

usuário; o impresso em tempos de mudanças estruturais do jornalismo; estratégias de sobrevivência do

jornalismo alternativo; reflexões sobre a legitimidade do jornalismo na era digital; mulheres no jornalismo pós-

industrial; a mudança do algoritmo do Facebook e o silenciamento do jornalismo na rede; desafios teóricos para

pensar os estudos sobre o jornalismo e tecnologia; telejornais e suas redes sociais; jornalismo de inovação;

simetria e assemblage para estudar o jornalismo; apropriações das redes sociais como fonte de informação do

jornalismo; a apropriação do Snapchat para a circulação de conteúdo jornalístico; o conteúdo circulante nas

redes sociais e a presença do jornalismo distorcida por bots humanos; narrativas jornalísticas multimodais;

participação da audiência em narrativas jornalísticas; narrativas imersivas no webjornalismo; uma proposta de

conteúdo transmedia para os programas jornalísticos da televisão pública; a inovação e a tecnologia no

telejornalismo; telejornal em circulação; notícias nas redes sociais; automatização da produção informativa.

196

grandes empresas a caírem durante o processo. Uma reportagem do Conjur,94 de setembro de

2019, revela que Marcelo Odebrecht, dono da construtora, ficou preso em regime fechado de

junho de 2015 até dezembro de 2017 por conta da condenação na operação Lava Jato, por

pagar propinas a agentes políticos para garantir contratos com a Petrobras. Ou seja, em 2016,

quando o evento foi realizado, o dono da construtora já estava preso. Notícia da Folha sobre a

cobertura do evento,95 cita que durante o encontro, o jornal foi questionado por ter aceitado

patrocínio da Odebrecht, e menciona a resposta de Dávila dizendo que o interesse comercial

não deve se imiscuir nas prioridades das editorias, e que as prioridades da redação não

deveriam interferir nas do comercial.

A abordagem sobre o momento político então enfrentado pela presidente Dilma

Rousseff, também poderia ter ficado de fora de um evento daquela natureza, por apresentar a

discussão de colunistas sobre o momento de crise, que caberia perfeitamente na edição do

jornal.

Após essa observação inicial sobre os temas debatidos no evento, passaremos às

Análises de Discurso aqui propostas. Como a nossa intenção primeira é extrair elementos que

incidem sobre o modelo de negócios da Folha, optamos pelo discurso de abertura do evento,

do então diretor de redação, Otávio Frias Filho,96 e o de encerramento, do então editor-

executivo, Sérgio Dávila,97 por representarem os interesses do jornal. Após uma leitura dos

discursos, elegemos os recortes que interessam à pesquisa, adotando o mesmo procedimento

analítico realizado no momento anterior, que considerou o documentário O jornal do futuro.

A segunda etapa da Análise de Discurso postulada por Orlandi (2009) incide sobre a

passagem do objeto discursivo para a formação discursiva. Neste sentido, a partir de nosso

interesse em verificar a postura da Folha de S.Paulo, frente aos desafios do jornalismo

contemporâneo e identificar como são declarados aspectos sobre o modelo de negócio

adotado pelo jornal a partir desse cenário, selecionamos os trechos dos discursos de Frias e

Dávila que possuem elementos deste nosso interesse, que estão contemplados no Quadro 10.

94 Disponível em: https://www.conjur.com.br/2019-set-12/justica-concede-progressao-marcelo-odebrecht-deixa-

prisao-domiciliar. Acesso em: 2 jan. 2021. 95 Disponível em: https://m.folha.uol.com.br/poder/2016/02/1741106-editor-da-folha-cita-frases-marcantes-ao-

encerrar-o-encontro-folha.shtml?mobile. Acesso em: 2 jan. 2021. 96 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/02/1740674-jornalismo-vive-profundo-paradoxo-

diz-diretor-de-redacao-da-folha.shtml. Acesso em: 2 jan. 2021. 97 Disponível em: https://m.folha.uol.com.br/poder/2016/02/1741106-editor-da-folha-cita-frases-marcantes-ao-

encerrar-o-encontro-folha.shtml?mobile. Acesso em: 2 jan. 2021.

197

Quadro 10 – Passagem do objeto discursivo para a formação discursiva da Análise de

Discurso de representantes da Folha

QUEM

DISSE

O QUE FOI DITO O QUE NÃO FOI

DITO

O QUE PODERIA

SER DITO

Otávio

Frias

..os pilares de sustentação

econômica do jornalismo

foram abalados pela

transformação tecnológica.

Bom jornalismo é atividade

dispendiosa. Embora exista

um público muito promissor

disposto a remunerar o

trabalho jornalístico na forma

de assinatura digital, a

perspectiva publicitária nesse

campo tem se mostrado mais

problemática.

O nosso modelo de

negócio em vigor até

o momento precisa

ser reformulado.

A transformação

tecnológica alterou as bases

econômicas do jornalismo,

motivo que força-nos a

repensar a nossa estratégia

de atuação.

Otávio

Frias

A equação econômica que

permita sustentar o jornalismo

como serviço independente e

criterioso, movido pelo

espírito público, ainda está

por ser solucionada.

Precisamos

solucionar a equação

econômica que

circunda a atividade

do jornalismo.

Em pouco tempo,

solucionaremos a equação

econômica que permite

sustentar o jornalismo

como serviço independente

e criterioso, movido pelo

espírito público.

Otávio

Frias

Mas os avanços na

escolaridade e o próprio

aumento da classe média em

escala mundial são motivo

para confiança. Preparam,

por assim dizer, a demanda,

um leitorado cada vez mais

numeroso e com mais

discernimento.

Vamos investir no

novo nicho de

público leitor para

tentar resolver a

equação econômica

do cenário digital.

Confiamos nos avanços na

escolaridade e no próprio

aumento da classe média

em escala mundial, como

um novo nicho de leitores.

Sérgio

Dávila

Como disse o Otávio Frias

Filho, na sua fala de abertura

ontem: “o jornalismo vive um

profundo paradoxo. Nunca se

divulgou, nem se leu tanta

notícia como hoje, mas a

sustentação econômica da

atividade foi abalada pela

transformação tecnológica

que permitiu que houvesse

esse acesso inédito às

notícias”.

Temos que repensar

as nossas estratégias

a partir desse cenário.

Reitero as considerações de

Frias que sinaliza a

necessidade de uma

reformulação do modelo de

negócios vigorado até o

momento.

Fonte: elaborado pela autora.

A partir do Quadro 10, evidenciamos a terceira etapa da Análise de Discurso indicada

por Orlandi (2009) que recai sobre a transposição do processo discursivo para a formação

ideológica. Iniciamos a nossa análise ao considerar a primeira mensagem de Frias.

198

Compreendemos que foi silenciado o fato de o modelo de negócio em vigor até o momento,

precisar passar por reformulações por conta das alterações do campo da Comunicação e do

jornalismo. Acreditamos que a mensagem poderia ter sido dita desta forma: “A transformação

tecnológica alterou as bases econômicas do jornalismo, motivo que força-nos a repensar a

nossa estratégia de atuação”.

Sobre o segundo trecho extraído da fala de Frias, observamos que foi silenciada a

necessidade de solucionar a equação econômica, que circunda a atividade do jornalismo, e

acreditamos que a mensagem poderia ter sido dita da seguinte maneira: “Em pouco tempo,

solucionaremos a equação econômica que permite sustentar o jornalismo como serviço

independente e criterioso, movido pelo espírito público”.

A partir do terceiro trecho extraído do discurso de Frias, identificamos que foi

silenciada a promessa de se investir no novo nicho de público leitor para tentar resolver a

equação econômica do cenário digital, e consideramos que a mensagem poderia ter sido dito

desta forma: “Confiamos nos avanços na escolaridade e no próprio aumento da classe média

em escala mundial, como um novo nicho de leitores”.

Com relação ao trecho do discurso de Dávila, evidenciamos que a declaração silenciou

a seguinte mensagem: “Temos que repensar as nossas estratégias a partir desse cenário”.

Consideramos que o discurso poderia ter sido dito da seguinte forma: “Reitero as

considerações de Frias que sinaliza a necessidade da uma reformulação do modelo de

negócios vigorado até o momento”.

A partir da análise dos trechos das declarações de Frias e de Dávila, verificamos que

em 2016, ano que a Compós e a SBPJor, a partir do tema de nosso interesse, enveredaram as

discussões sobre as transformações do jornalismo para o ambiente digital, câmara de

ressonância das redes sociais em que as empresas jornalísticas passaram a se hospedar, a

Folha de S.Paulo reagiu à essas mudanças, indicando, a partir dos discursos de seus

representantes, a necessidade de acolher o público disposto a contrair assinaturas digitais,

repensando as estratégias do seu então modelo de negócios.

Passamos agora à Análise do Discurso de trechos selecionados na última edição do

Encontro Folha de Jornalismo.

Edição de 2020 do Encontro Folha de Jornalismo

199

O 3º Encontro Folha de Jornalismo,98 realizado no dia 19 de fevereiro de 2020, das

13h30 às 20h, ocorreu no Centro Cultural de São Paulo. O evento celebrou os 99 anos da

Folha e marcou o início da programação do centenário do jornal que irá celebrar a sua

centúria no dia 19 de fevereiro de 2021. Elegemos como corpus da Análise de Discurso do

Encontro Folha de Jornalismo de 2020, trechos do discurso de abertura realizado por Sérgio

Dávila, já ocupante do cargo de diretor de Redação da Folha.

O Encontro teve a seguinte programação: após a abertura do evento, feita por Dávila,

houve o debate “Jornalistas são mesmo animais em extinção?” com Ana Cristina Rosa,

assessora-chefe de Comunicação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Eugênio Bucci,

professor da ECA-USP, e Patrícia Campos Mello, repórter especial da Folha e mediação de

Flávia Lima, ombudsman da Folha; entrevista aberta ao público com o tema “Ainda existe

jornalismo na Venezuela?” com o repórter venezuelano Roberto Deniz, do site de jornalismo

investigativo Armando.info, que foi entrevistado por Flávia Mantovani, repórter da Folha;

debate sobre o tema “Para onde vai a cultura?” com Alê Youssef, secretário de Cultura da

Prefeitura de São Paulo, Zélia Duncan, cantora e compositora, Catarina Rochamonte, vice-

presidente do Instituto Liberal do Nordeste, e Josias Teófilo, diretor do documentário O

Jardim das Aflições, com mediação de Fernanda Mena, repórter especial da Folha; palestra

“Encontro de gerações” com Laerte, cartunista e chargista da Folha, e Estela May, a mais

nova integrante entre os quadrinhos da Folha, autora da série Péssimas influências, com

mediação de Úrsula Passos, editora-assistente de Cultura da Folha.

A partir de uma leitura inicial sobre os temas da programação do evento, que discutiu

os temas: jornalistas como animais em extinção, jornalismo na Venezuela, para onde vai a

cultura e encontro de gerações, verificamos os assuntos adotados pelos pesquisadores da

Compós e da SBPJor a partir de nosso interesse, em 2020: a produção de notícias a partir de

redes sociais, checagem de fatos pelo jornalismo, violência contra jornalistas, robôs no

jornalismo brasileiro, o jornalismo nativo digital, o jornalismo independente e o

financiamento de arranjos econômicos no jornalismo. Neste sentido, verificamos que a Folha

preferiu fugir dos temas efervescentes, limitando-se a assuntos que, nesse contexto, poderiam

ser considerados mais frios.

A partir do discurso de Dávila, selecionamos os trechos de nosso interesse para

compor o corpus da presente análise.

98 Notícia da Folha sobre o evento disponível em: https://eventos.folha.uol.com.br/evento/3-encontro-folha-de-

jornalismo/276. Acesso em: 2 jan. 2021.

200

Quadro 11 – Passagem do objeto discursivo para a formação discursiva da Análise de

Discurso de representante da Folha

QUEM

DISSE

O QUE FOI DITO O QUE NÃO FOI

DITO

O QUE PODERIA SER

DITO

Sérgio

Dávila

...a Folha entra no ano que levará

a seu centenário olhando para a

frente. E o futuro é bom. O jornal

fechou o ano passado como líder

de assinaturas no país e viu um

aumento expressivo das suas

assinaturas digitais. Parte deste

aumento veio de uma campanha

espontânea de pessoas que

afirmaram que estavam assinando

o jornal pela defesa da

democracia, da liberdade de

expressão, do fluxo livre de

informações.

Que a campanha

identificada como

espontânea, na

verdade esconde a

aplicação do modelo

de negócios baseado

na paywall, que limita

o conteúdo do site.

Seguimos o nosso

caminho inclinados ao

avanço. Investimos no

ambiente digital,

garantimos bons

resultados por conta de

nosso modelo de negócio

nesse ambiente e agora

estamos somando os

louros dessa colheita.

Sérgio

Dávila

Os próximos anos prometem um

crescimento ainda maior, movido

pelos leitores mais jovens. As

novas gerações começam a

enxergar a importância do jornal

como praça pública, um ambiente

aberto a opiniões diversas e

contraditórias..

Vamos investir os

nossos esforços na

captação desse

leitorado, formatando

conteúdos de acordo

com a necessidade

demandada.

Vamos projetar nossas

ações no futuro, com

interesse em captar o

público jovem.

Sérgio

Dávila

A descoberta da Folha pelos novos

leitores dá saúde financeira ao

jornal. Saúde financeira é

sinônimo de independência,

garantida também por um leque

amplo de anunciantes.

O modelo de negócios

no ambiente digital

oferece novos

segmentos de atuação

para a

comercialização da

notícia.

Vamos continuar

buscando novos perfis de

leitores para garantir

saúde financeira ao

jornal.

Fonte: elaborado pela autora.

A partir do Quadro 11, evidenciamos a etapa da Análise de Discurso indicada por

Orlandi (2009) que recai sobre a transposição do processo discursivo para a formação

ideológica. Iniciamos a nossa análise ao considerar o primeiro trecho de Dávila no Quadro 11,

sinalizando que foi silenciado, o fato de a campanha que o jornal intitula ser espontânea, na

verdade, se configura como uma maneira forçada pelo jornal, para garantir a adesão do leitor

à assinatura digital. Em nossa varredura no site, no dia 18 de dezembro, o único acesso

permitido foi ao conteúdo das charges. Nos demais conteúdos visualizados havia o

impedimento do paywall, seguido da oferta da assinatura, com o argumento de patrocínio à

democracia. Consideramos que o discurso poderia ter sido feito da seguinte forma: “Seguimos

o nosso caminho inclinados ao avanço. Investimos no ambiente digital, garantimos bons

201

resultados por conta de nosso modelo de negócio nesse ambiente e agora estamos somando os

louros dessa colheita”.

Sobre o segundo trecho de Dávila contemplado no Quadro 11, consideramos que foi

silenciado o interesse do jornal de captar esse leitorado, formatando conteúdos de acordo com

a demanda. O discurso de Dávila poderia ter sido assim: “Vamos projetar nossas ações no

futuro, com interesse em captar o público jovem”.

Sobre o terceiro trecho do discurso analisado no Quadro 11, consideramos que foi

silenciado que, o modelo de negócios no ambiente digital, oferece novos segmentos de

atuação para a comercialização da notícia. Compreendemos que o trecho do discurso poderia

ser dito assim: “Vamos continuar buscando novos perfis de leitores para garantir saúde

financeira ao jornal”.

Embora o discurso de Dávila em 2010, no documentário O jornal do futuro

demonstrasse a preferência dele pela versão impressa do jornal, no Encontro Folha de

Jornalismo de 2020, 10 anos depois, verificamos que o discurso de Dávila enveredou para o

ambiente digital, sinalizando a liderança de assinaturas digitais no país e a promessa de um

crescimento ainda maior, movido pelos leitores mais jovens, que têm preferência justamente

pelo ambiente digital.

3.3.3 O atual modelo de negócio da Folha

Consideramos agora, a partir do arcabouço construído neste capítulo, cristalizado no

levantamento documental das edições impressa e digital da Folha de S.Paulo, no trabalho

empírico e nas análises aplicadas, o modelo de negócios da Folha em 2020. O Quadro 12

contempla essas verificações.

Quadro 12 – Modelo de negócio da Folha em 2020

NICHOS DE RENTABILIDADE NA

VERSÃO IMPRESSA

NICHOS DE RENTABILIDADE NA

VERSÃO DIGITAL

1) publicação de editais;

2) venda de anúncios;

3) assinatura da edição impressa;

4) conteúdo patrocinado;

5) seminários patrocinados.

1) venda de anúncios;

2) assinatura da versão digital;

3) venda de sub-produtos;

4) conteúdo patrocinado: Estúdio Folha;

5) seminários patrocinados;

6) clickbaits.

Fonte: elaborado pela autora.

202

A partir do Quadro 12, consideramos cada um dos itens da edição impressa e da versão

digital do jornal.

A edição impressa mantém os tradicionais nichos de rentabilidade: publicação de

editais,99 venda de anúncios,100 e assinatura da edição impressa. O valor da assinatura

semestral do jornal à vista, com entrega domiciliar diária varia entre R$ 685,00 e R$ 1.177,00.

A venda avulsa, para as mesmas regiões, possui variação de preço de R$ 5,00 a R$ 10,00 de

segunda a sábado e entre R$ 7,00 e R$ 11,50 aos domingos. Além disso, o jornal tem buscado

outras alternativas de rentabilidade no impresso, como o conteúdo patrocinado e os

seminários patrocinados.

As possibilidades de rentabilidade com a versão digital superam as opções da edição

impressa. O primeiro segmento de geração de lucros, observado no site da Folha de S.Paulo,

incide sobre os anúncios pagos por anunciantes do jornal. No dia de nossa sondagem,

localizamos anúncios de: Ilhabela, vida natural, Universidade Presbiteriana Mackenzie, plano

de saúde SulAmérica Direto Sampa, Iguatemi 365, Pós Einstein, Fundação do ABC; e Abbvie,

para tratamento de dor de artrite e lesões da psoríase. Detran SP, São Judas e Patrocínio

Mastercard. Eles estão dispostos em todo o ambiente do portal, tanto na horizontal como na

vertical, no banner de abertura do site, no rodapé, em colunas laterais.

A Folha também busca a geração de renda com a assinatura da versão digital. O jornal

adotou o modelo de paywall e a maior parte dos textos noticiosos são bloqueados após 30

segundos de visualização, impelindo o usuário a aderir à assinatura do jornal. Recordamos

que a paywall, cuja tradução é muro de pagamento (COSTA, 2014), resume a questão da

venda de assinaturas online. Atualmente, na Folha, funciona da seguinte maneira: ao acessar

uma notícia, o leitor receberá a seguinte mensagem no rodapé da página: “sua assinatura vale

muito”, com o link ao lado, “Entenda”. Após os 30 segundos de leitura, o acesso é impedido e

aparece a mensagem: “continue lendo com acesso ilimitado. Aproveite esta oferta especial: 3

meses por R$ 1,90 + 3 de R$ 9,90. Compromisso com os fatos, newsletters exclusivas e mais

de 130 colunistas. Apoie o jornalismo profissional. Assine a Folha. Cancele quando quiser”.

A mensagem “Assine a Folha” está em destaque e “cancele quando quiser”, aparece em letras

miúdas.

99 Verificamos 35 deles em nossa apuração realizada no dia 18 de dezembro de 2020. 100 No dia de nossa observação, verificamos: uma página, da Vale; 1,4 de página, Technos; um rodapé de 7 cm de

altura, das assinaturas Folha; uma página, Juntos pela Vida; 1/6 de página, Show Espaço das Américas; uma

coluna por 13,5 cm, anúncio de show; uma coluna por 4,5 cm (B14) anúncio da assinatura da Folha; pouco

menos que meia página, de assinatura da Folha, direcionado a professores; meia página, Elo. Destes anúncios,

três deles eram da Folha, que ofertava assinaturas.

203

Em uma matéria de 26 de setembro de 2016, intitulada “Folha é o 1º jornal brasileiro a

ter circulação digital maior do que a impressa”,101 Murilo Bussab, diretor de circulação e

marketing da Folha, informou que a empresa adotou o modelo de paywall flexível em janeiro

de 2012. A notícia de 2016 revelou, a partir de pesquisa do Instituto Verificador de

Comunicação (IVC), que dos 316,5 mil exemplares de média diária no mês, 161,8 mil foram

relativos à edição digital do jornal, contra 154,7 mil da versão impressa. O texto também

informou que, na época, o crescimento da participação digital na circulação dos principais

jornais brasileiros já se revelava como uma tendência. Na oportunidade, Bussab informou que

em 2012, o número de leitores pagantes do digital era zero e que o desafio, daquele momento,

seria o de transformar uma parcela maior, do total de 20 milhões de leitores digitais da Folha,

em leitores pagantes. Outra reportagem do jornal, de janeiro de 2020, intitulada “Conteúdo e

tempo de paywall definem êxito digital” atualiza os dados de assinantes.102 A matéria que

divulgou um levantamento feito em 2019 pela Fipp, sucedânea de uma associação

internacional de imprensa, junto com a consultoria CeleraOne, sobre as listas de circulação

comparativa global, apontou que a Folha estava em 12º lugar no mundo quando o assunto é

assinatura digital. De acordo com a pesquisa mencionada na matéria, o New York Times

encabeçava a lista, com 3,8 milhões de assinantes digitais no terceiro trimestre de 2019.

Sobre os planos de assinaturas, que aparecem no site, percebemos que a Folha

diversificou as possibilidades de o usuário contrair uma assinatura, pensando em públicos

diferentes como universitários (aos quais são concedidos descontos, permitindo o acesso ao

jornal por um preço reduzido) e também a outra categoria de clientes com o plano premium,

mais robusto, que oferece jornal entregue no endereço determinado diariamente, além da

assinatura digital. As assinaturas se dividem, então, em duas categorias: assinatura digital, ou

impressa mais digital. Nesta última, tem inclusive um plano para a entrega das edições

impressas apenas do final de semana. Os planos de assinatura digital, e assinatura digital com

a assinatura da edição impressa, em dias determinados variam de R$ 9,90 a R$ 119,90 por

mês.

O terceiro nicho observado no site da Folha que se converte em geração de renda diz

respeito à venda de subprodutos, como newsletters e box com livros-cd. A Folha é um jornal

com forte instrução política, conforme apresentado no início deste capítulo, a partir dos

projetos e discussões que encampou. Sendo um veículo eminentemente político, oferece

101 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/09/1816633-folha-e-o-1-jornal-do-pais-a-ter-

circulacao-digital-maior-do-que-a-impressa.shtml?cmpid=comptw. Acesso em: 17 dez. 2020. 102 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/01/conteudo-e-tempo-de-paywall-definem-exito-

digital.shtml. Acesso em: 17 dez. 2020.

204

subprodutos a partir deste perfil, como as newsletters Folha Jus e Folha Mercado. A Folha

Jus compõe-se de matérias sobre o mundo jurídico. Além de oferecer a newsletter

semanalmente no e-mail do leitor, oferece, ainda, assinatura para advogados, um pacote

digital com informações do cenário jurídico e a newsletter com o resumo da semana. A Folha

Mercado, já mencionada anteriormente, é ofertada de forma gratuita ao público-alvo de

consumidores de notícias da Folha: empreendedores, investidores e executivos. É natural

ofertar um produto de qualidade de forma gratuita, para garantir investimentos posteriores em

anúncios. Verificamos que apesar de a Folha concentrar 14 newsletters, apenas a Folha Jus,

que é paga, ganhou disposição de destaque na edição analisada, com o ícone inserido ao lado

direito da principal notícia do dia.

Também verificamos que a Folha possui em seu site um segmento de geração de

renda, que incide sobre a publicação de conteúdo pago que se assemelha à notícia, o Estúdio

Folha: conteúdo patrocinado. Ao acessar a página do projeto,103 em “Quem Somos”, o

Estúdio Folha informa que utiliza ferramentas do jornalismo para oferecer conteúdo feito sob

medida para marcas, em diferentes plataformas. O desenvolvimento do conteúdo fica a cargo

de uma equipe de jornalistas e designers gráficos e todo o processo é discutido com o

patrocinador e aprovado por ele. Os conteúdos do Estúdio Folha possuem um tratamento

gráfico distinto daquele do jornal. Em “Nosso Trabalho”, a página do Estúdio Folha também

apresenta os últimos cases. No link “Clientes”, constam marcas como Petrobras, Correios,

Ibmec, Santander. Já em “Soluções”, o Estúdio Folha afirma que: “anúncios nativos de

qualidade atraem mais clientes e têm se mostrado alternativa eficiente para as marcas”,

justificando o investimento no projeto. Também existe o link “Contato”, com duas opções:

Interesse em Nossas Soluções e Sugestões ou Críticas e Dúvidas. O interessado deve

preencher um formulário para obter retorno do Estúdio Folha.

Também observamos, a partir de nossa pesquisa documental, a prática da Folha desde

2017, de promover seminários sobre diversos temas em formato virtual, com a manutenção

dos conteúdos e a indicação de seus patrocinadores no portal de notícias do jornal. Os eventos

acontecem no período de um a dois dias, são todos patrocinados por empresas e organizações

cuja área de atuação incide sobre o assunto discutido. Os seminários de 2020104 foram: Vida

cultural, Open banking, Melanoma, Agricultura urbana, Câncer: 5ª edição, Biossimilares: 2ª

edição, Encarceramento feminino, Sustentabilidade e saneamento, Agronegócio: 4ª edição,

Reforma tributária no livro, Consumo consciente, Saúde do Brasil: 7ª edição, Indústria em

103 Estúdio Folha. Disponível em: http://estudio.folha.uol.com.br/institucional/. Acesso em: 18 dez. 2020. 104 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/seminariosfolha/. Acesso em: 18 dez. 2020.

205

debate, Como posso ajudar?, Escola do futuro, Universidade do futuro, Exploração sexual

infantil: 4ª edição, Doenças raras, Subsídios e Pegada ambiental da carne bovina.

Além disso, verificamos no site o fenômeno de clickbaits. Ao clicar em uma notícia e

ao descer a barra de rolagem, identificamos pequenos anúncios enfileirados, disfarçados de

conteúdo noticioso. Uma reportagem publicada pelo The Intercept Brasil, veículo jornalístico

com vocação investigativa, em 6 de setembro de 2020, anuncia:105 “Você não vai acreditar

como Folha e Globo faturam com propaganda enganosa disfarçada de notícia”. O texto

explica que ao final de textos publicados desses sites de jornalismo, é comum os leitores se

depararem com uma fileira de pequenos anúncios sensacionalistas disfarçados de conteúdos

jornalísticos. A matéria explica que esses títulos são conhecidos como clickbaits e são feitos

com o único objetivo de fazer o visitante clicar. Ao clicar no conteúdo, de acordo com a

reportagem, o leitor é levado para sites desconhecidos de baixíssima qualidade, que oferecem

algum produto duvidoso. A matéria considera que leitores de portais jornalísticos sérios estão

a um clique de distância de fake news e sinaliza que esse modelo de veiculação automática de

anúncios em grandes sites, vem sendo criticado nos Estados Unidos desde 2016.

De acordo com a reportagem do The Intercept Brasil, as empresas Taboola e

Outbrain, ambas fundadas em Israel, são as duas grandes organizações que dominam esse

mercado dos anúncios clickbait. Conforme a reportagem, elas oferecem aos sites de

jornalismo uma solução que automatiza o conteúdo sugerido e reconhece o interesse do leitor,

a partir de pistas contextuais, como o histórico de navegação, por exemplo. Deste modo, a

todo momento, o leitor recebe indicações de conteúdo do próprio site, o que faz com que ele

permaneça consumindo notícias por mais tempo. Porém, em troca desse serviço, Taboola e

Outbrain incluem nessas páginas, propagandas travestidas de notícias. Os anunciantes pagam

para inserir essas chamadas nos sites associados, que também ganham uma fatia do montante.

A matéria sinaliza que boa parte dos veículos de grande imprensa brasileira aderiu a esse

modelo de anúncios, incluindo os sites da Folha e do jornal O Globo, considerados pela The

Intercept como os principais jornais do país, e que estão associados, respectivamente, ao

Outbrain e ao Taboola.

A partir dessa sondagem das formas como a Folha tem buscado sustentar o seu

negócio, por meio da venda de notícias, podemos indicar algumas observações. Verificamos

que a edição impressa da Folha de S.Paulo mantém o modelo de negócio amparado na

publicação de editais, venda de anúncios e assinatura. Já a versão digital parece mais

105 A reportagem está disponível em: https://theintercept.com/2020/09/06/folha-globo-outbrain-taboola-

anuncios-fake-news/. Acesso em: 19 dez 2020.

206

promissora, como evidenciado no discurso de Sérgio Dávila no Encontro Folha de Jornalismo

de 2020. Ela compreende seis possibilidades de o jornal faturar com a venda de notícias hoje

em dia: venda de anúncios, assinatura da versão digital, venda de subprodutos, conteúdo

patrocinado, seminários patrocinados e clickbaits.

Em suma, a Folha adotou as três soluções listadas por Costa (2014) para o jornalismo

digital, que constam no capítulo 1 desta pesquisa, a saber: a paywall, a publicidade e os

serviços adicionados. E foi além, implementando outros nichos.

3.4 As práticas da Folha pelo enfoque da Hermenêutica de Profundidade

A pesquisa percorreu um longo caminho até aqui. Começamos essa trajetória traçando

um panorama recente das alterações do jornalismo, que forçam, por sua vez, as empresas a

repensarem os seus modelos de negócios em vigor até então. Identificamos o debate

estabelecido na última década, a partir do olhar do pesquisador brasileiro sobre os principais

temas relacionados a essas transformações, ao sinalizar discussões teóricas e ao observar

questões práticas das organizações jornalísticas contemporâneas.

Neste último capítulo, construímos um resgate sobre a história da Folha de S.Paulo,

que celebra 100 anos no dia 19 de fevereiro de 2021, com foco nas implementações

tecnológicas do jornal, realizamos um diagnóstico da Folha nas versões impressa e digital,

verificamos a presença do jornal nas redes sociais, apuramos como o jornal evidenciou o seu

discurso público sobre as mudanças sofridas pelo jornalismo no ambiente digital, e de que

forma, a partir desse cenário, declarou a configuração do seu modelo de negócios, na

sequência, a partir desse caminho trilhado, identificamos o atual modelo de negócio da Folha.

Nesta etapa final da pesquisa, de modo particular, uma vez que os momentos da

aplicação do método, como apontado, foram se intercruzando no transcorrer do trabalho,

contemplamos a última fase da Hermenêutica de Profundidade, em Thompson (2011), a de

interpretação/reinterpretação. Para Thompson, o processo de interpretação, mediado pelos

métodos do enfoque da Hermenêutica de Profundidade, é, simultaneamente, um processo de

reinterpretação. Consideramos neste momento, a contextualização estabelecida nas etapas

anteriores e as reflexões evidenciadas nas Análises de Discurso para interpretar o campo já

interpretado, ou seja, reinterpreta-lo, acolhendo a indicação de Thompson: por mais rigorosos

e sistemáticos que os métodos da análise formal ou discursiva possam ser, eles não podem

abolir a necessidade de uma construção criativa do significado, ou seja, de uma explicação

interpretativa do que está representando ou do que é dito.

207

Ao adotar esse passo da Hermenêutica de Profundidade, compreendemos a questão

que norteia este estudo: a partir das práticas da Folha, como as empresas buscam respostas

para a transformação vivida pelo setor diante das inovações tecnológicas, sobretudo, após o

surgimento da internet, de modo que a informação possa continuar sendo oferecida por elas

como um produto no mercado da comunicação. Também consideramos uma das hipóteses da

investigação, a de que a adesão da Folha às mudanças de mercado pode representar um

indicativo de que o jornal, seguindo as tendências mundiais, abandone, em um futuro

próximo, a produção impressa para dedicar-se apenas à comercialização de notícias no

ambiente digital. Desenvolveremos o trabalho de reinterpretação do material anteriormente

interpretado considerando todos os conteúdos deste capítulo que indicaram questões

referentes ao negócio da venda de notícias.

A história da Folha de S.Paulo, construída a partir da criação do jornal Folha da

Noite, em 19 de fevereiro de 1921, demonstra, desde os primórdios, que a incorporação do

jornal a ferramentas tecnológicas favorece o seu crescimento como organização. Ao

abandonar a linha de produção artesanal do jornalismo e passar para o nível industrial, que

suscitava novos métodos de trabalho, com o aprimoramento da mão de obra, e implementação

de aparatos adequados, a Folha desenvolveu-se como empresa já na década de 1930,

demonstrando vultoso crescimento. Mais tarde, entre a década de 1960 e a de 1970, adquiriu

novas rotativas, inaugurou a impressão offset em cores, usada em larga tiragem pela primeira

vez no Brasil e adotou o sistema eletrônico de fotocomposição. Logo após, inaugurou a

primeira redação informatizada na América do Sul com a instalação de terminais de

computador para a redação e a edição de textos.

No início da década de 1980, nas suas declarações públicas de compromissos, desafios

e questões a serem aprimoradas, a partir dos seus projetos editoriais, a Folha passou a adotar

rigidamente essas diretrizes, que se solidificaram em duas frentes principais ao longo dos

anos: a justificativa de apresentar um resultado de ponta para garantir a solidez financeira da

empresa e a provocação e a exigência à equipe, requerendo um trabalho de excelência para

garantir os resultados positivos. Observamos, sinteticamente, como cada um dos sete

documentos declarou questões relativas ao momento vivido pela organização, a partir do

aspecto mercadológico e as frentes que o jornal pretendia encampar a partir desses momentos.

O primeiro projeto editorial, de 1981, já se apoiava na relevância da saúde econômica

e financeira da empresa como um dos principais ingredientes para se sobressair frente à

imprensa da época; o documento de 1984 o veículo voltou a mencionar a disposição para

crescer na estagnação em que se encontrava a maioria dos demais jornais da época; o projeto

208

editorial de 1985 passou a identificar o jornalismo como uma atividade industrial que

suscitava método, planejamento, organização e controle; o documento de 1986, o jornal

demonstrava colher os frutos dos avanços anteriores, ao declarar que figurava na liderança no

quesito circulação entre os diários brasileiros; no projeto de 1988 identificamos uma

declaração relevante da Folha, ao afirmar que ao disseminar a ideia de que era preciso sempre

estar mudando, ela tornou-se vítima da sua própria estratégia, pois não lhe restava outro

caminho senão avançar; o projeto editorial de 1997, dois anos depois do boom da internet nas

organizações jornalísticas e a migração dos jornais, ainda que de forma precária para este

ambiente, como o Folha Online, que disponibilizava uma sinopse diária das reportagens no

ambiente digital, já sinalizava a decadência das edições impressas, enveredando esforços para

o caminho digital.

O projeto editorial de 2017 anunciou a divulgação de conteúdos que se assemelham a

textos jornalísticos, mas que na verdade são publicitários, com a justificativa de preservar o

vigor financeiro da empresa. Também sinaliza os desafios provocados pelas transformações

tecnológicas no ambiente digital, considerando o abalo ao modelo de negócios e expondo as

vertentes que envolvem esse cenário: um público disposto a pagar por assinaturas digitais e o

duopólio que concentra verba publicitária, indicando a relevância de as empresas de

comunicação buscarem estratégias nesse campo.

O ano de 2010, foi importante para a Folha rumo à priorização do online, com a

unificação das redações do impresso e do online, reforma gráfica e editorial do jornal, passo

que rendeu o documentário O jornal do futuro. Nele, foi sinalizado a necessidade de atender

às demandas e exigências do público leitor para cativá-lo, em um cenário de extrema

competição entre as organizações midiáticas e, que também, já registrava que o negócio da

Folha não tinha, em primeiro lugar, a ver com a venda do papel, mas sim, da notícia. Dois

anos depois, a Folha implementaria o modelo de negócios paywall, gerando resultados

positivos nas assinaturas digitais.

Já em 2016, a partir dos discursos analisados na primeira edição do Encontro Folha de

Jornalismo, observamos a busca, pelo jornal, de solucionar a equação econômica daquele

momento, com a confiança em um novo nicho de leitores. Em comparação aos dois

concorrentes diretos, O Globo e Estadão, a Folha lidera com soberania quase absoluta quando

o assunto são redes sociais, a partir de uma sondagem no Facebook, Twitter, Instagram e

Youtube.

Em 2020, a partir da análise de discurso realizada, observamos que o jornal enveredou

os seus esforços para o ambiente digital, sinalizando a liderança de assinaturas digitais no país

209

e a promessa de um crescimento ainda maior, movido pelos leitores mais jovens, que têm

preferência justamente pelo ambiente digital.

A partir da sondagem sobre as formas como a Folha tem buscado garantir o seu

negócio com a venda de notícias, podemos inferir que, a edição impressa do jornal mantém o

modelo de negócio amparado na publicação de editais, venda de anúncios e assinatura. Já a

versão digital parece mais promissora, como evidenciado no discurso de Sérgio Dávila de

2020. Ela compreende seis possibilidades de o jornal lucrar com a venda de notícias hoje em

dia: venda de anúncios, assinatura da versão digital, venda de subprodutos, conteúdo

patrocinado, seminários patrocinados e clickbaits.

A Folha, como adiantamos, adotou as três soluções listadas por Costa (2014) para o

jornalismo digital, que constam no capítulo 1 desta pesquisa, a saber: a paywall, a publicidade

e os serviços adicionados. E foi além, implementando outros nichos.

A partir de toda essas indicações, verificamos a questão que norteia este estudo, que

pode ser respondida nos seguintes termos: as práticas da Folha de S.Paulo, que se alinham

desde os primeiros passos da história do jornal à ferramentas e aparatos tecnológicos, que a

permitiram conquistar avanços e garantir a sua soberania, a partir das indicações do Projeto

Folha. O projeto defende o trabalho de excelência para garantia da sobrevivência, segue na

direção do progresso, do avanço, buscando respostas para as transformações contemporâneas

vividas pelo setor, diante das inovações tecnológicas, a partir do público jovem, dos nativos

digitais, que se revelam como grande promessa da organização. Sobretudo, após o surgimento

da internet, verificamos que a Folha oferece informação com um olhar, cada vez mais,

voltado ao ambiente digital. O leque de opções que contempla o modelo de negócios no

ambiente digital demonstra essa preferência.

Consideramos ainda, uma das hipóteses da investigação, que a adesão da Folha às

mudanças de mercado pode representar um indicativo do jornal, seguindo as tendências

mundiais, possa abandonar, em um futuro próximo, a produção impressa para dedicar-se

apenas à comercialização de notícias no ambiente digital. A partir do arcabouço construído,

verificamos que o discurso da Folha de S.Paulo, diante das declarações de seus dirigentes,

cristaliza-se na venda do produto, a notícia, independentemente do meio. Talvez, seja cedo

para afirmar categoricamente, que a Folha abandonará em um futuro breve, a produção

impressa para dedicar-se apenas a digital. O que vemos, hoje, é que o jornalismo impresso

parece não dar conta mais das demandas dos novos tempos e o ambiente digital revela-se

como um campo promissor, a ser explorado, de forma cada vez mais, potente pela

organização.

210

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao se considerar na pesquisa, como é o caso, um fenômeno recente, emergente,

instigador, que suscita mais interrogações do que promete certezas, torna-se um grande

desafio propor conclusões, fechamentos e pontos finais. É necessário, além disso, observar

que o cenário das alterações contemporâneas do jornalismo, tendo o nosso olhar voltado

especialmente para o jornalismo brasileiro, a partir do início da migração das organizações

jornalísticas do impresso para o ambiente digital, ainda está em pleno curso. Também é

preciso acentuar que, com tantas questões em aberto, surge o imperativo de se dar

continuidade a esta pesquisa, que serve de reforço para e atualiza relevantes contribuições da

ciência brasileira sobre o tema das alterações do Jornalismo como resultado da incorporação

de ferramentas tecnológicas que permitem novos caminhos na forma de atuação das

organizações jornalísticas da atualidade. Sobre o que foi dito, neste mesmo parágrafo, sobre a

ideia de se dar continuidade ao estudo, segue uma observação, no final deste texto, que

abrange o tema dos resultados alcançados.

A partir de Hermenêutica de Profundidade e, dentro dela, de Análise de Discurso, com

apoio de pesquisa bibliográfica e levantamento documental, conseguimos investigar o

fenômeno do jornalismo na contemporaneidade, que força as organizações jornalísticas a

implementarem novos modelos de negócio, amparados no ambiente digital.

Esse cenário complexo foi aprofundado no panorama construído no primeiro capítulo

desta tese, “O fenômeno das mudanças no jornalismo e a busca de saídas pelas organizações”.

Neste momento inicial da pesquisa, foram observados alguns sintomas dessa crise, ou dessa

mudança, expressos em questões como a da convergência das mídias e a da interação do

público, com a sua respectiva participação no processo de produção da notícia, incidindo

sobre o conceito de gatewaching que, por sua vez, versa sobre a participação das pessoas na

filtragem do que interessa a suas comunidades de interesse. Também nos ocupamos, ainda

que de forma breve, na medida adequada às nossas preocupações de pesquisa, com as novas

habilidades do jornalista, convocamos para uma visão crítica sobre essas transformações e nos

debruçamos sobre a presença do jornalismo nas redes sociais. Os fenômenos das fake news e

da checagem de fatos pelo jornalismo, da utilização de inteligência artificial e da automação

na produção noticiosa no Brasil alargaram a lista dos assuntos e temas correlatos. Ainda no

primeiro capítulo, consideramos essas transformações a partir da perspectiva de uma nova

esfera pública, indicamos o surgimento de novos atores midiáticos e suas audiências,

211

evidenciamos iniciativas do jornalismo nativo digital e contemplamos uma reflexão sobre a

força do jornalismo local como um fenômeno emergente. Por fim, indicamos algumas

possíveis soluções para as organizações jornalísticas da atualidade, modelos possíveis de

negócio para o jornalismo digital, a partir das teorias e práticas atuais a respeito do tema.

O segundo capítulo desta tese, “O olhar do pesquisador brasileiro”, sinalizou como a

ciência da Comunicação tem dado conta desses fenômenos recentes, a partir de um

levantamento de textos apresentados anualmente na última década nos Encontros Nacionais

da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (Compós) e da

Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor). Nessa etapa, foram

conduzidos três níveis de análise: o nível de verificação geral, que mapeou 229 artigos, sendo

45 da Compós e 184 da SBPJor, a partir dos assuntos de nosso interesse, tendo sido

identificados 12 núcleos temáticos, por ordem de expressividade: 1) transformações

tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade (109 textos); 2) circulação noticiosa em

redes sociais (50); 3) participação da audiência na produção de notícias (20); 4) Jornalismo

multimídia, transmídia e hipermídia (11); 5) checagem de fatos pelo Jornalismo (10); 6)

mídias independentes e os nativos digitais (7); 7) automação da notícia (7); 8) pesquisas sobre

a Folha de S.Paulo (5); 9) jornalistas blogueiros e influenciadores digitais (3); 10) mídias

segmentadas (3); 11) retomada de interesse pelo Jornalismo local (2); e 12) modelos de

negócio para o Jornalismo (2). A partir desses 12 núcleos temáticos, a pesquisa avançou para

um outro nível de análise, com foco nas palavras-chave dos textos selecionados. No terceiro e

último nível de análise, o estudo observou, em um mergulho mais profundo nas temáticas, o

que a pesquisa brasileira sinaliza, considerando duas pesquisas que representam cada núcleo

temático identificado anteriormente.

No primeiro e no segundo capítulos, a pesquisa perseguiu um dos objetivos do estudo,

ao verificar as formas alternativas de produção de notícias no Brasil e como isso se localiza

no cenário geral de demandas e de transformações. O mundo digital propicia o surgimento de

novos atores nos ambientes jornalísticos, como os jornalistas influenciadores digitais, que

reúnem considerável audiência em suas redes na web (alguns deles com maior número de

usuários do que um jornal inteiro) e que, dito de forma simples, reforçam o modelo de

comunicação “todos para todos”, demonstrando como as redes descentralizam o poder da

comunicação, conferindo, pelo menos em hipótese, semelhantes possibilidades a qualquer

usuário ou organização que nelas se hospedam. Por sua vez, o jornalismo nativo digital

revela-se um negócio emergente do setor, que vem despontando desde o início da década

passada, valendo-se dos recursos e ferramentas disponibilizadas no mundo digital. Serve

212

como exemplo o caso do Nexo jornal, contemplado pela pesquisa no primeiro capítulo e

objeto de estudo de pesquisadores da Compós e da SBPJor, no segundo capítulo, indicando

uma forma emergente de produção e comercialização de notícias.

No grande e complexo cenário das transformações que vêm acontecendo, essas

iniciativas se destacam por vencerem dois grandes desafios contemporâneos para as

organizações jornalísticas: reunir audiência e garantir a sua sustentação como negócio. As

formas de financiamento dessas iniciativas ainda navegam por diferentes formatos, o que

requer novas atualizações de investigações no setor para auxiliar na identificação de possíveis

modelos de negócio para o setor. Algumas dessas iniciativas estão em fase de expansão, como

é o caso da Mídia Ninja, que surgiu em 2013 e possui hoje sede em Portugal.

Essas iniciativas dos jornais nativos digitais incidem diretamente sobre uma das

hipóteses do estudo, que sugere que no ambiente de efervescência tecnológica iniciativas

jornalísticas alternativas estão conquistando um importante nicho de mercado emergente.

Confirmamos essa hipótese, ao observar não apenas a multiplicidade dessas iniciativas,

algumas delas tendo alcançado um grau às vezes invejável de solidez, mas também que essas

mesmas iniciativas imprimem, cada qual à sua maneira, identidade própria na web. De formas

similares, caminham de algum modo para um jornalismo de contexto, encorpando as

informações noticiosas com conteúdo multiplataformas. Os distintos recortes noticiosos e o

engajamento, ativismo e clara posição política de várias delas, lhes confere audiência e as

diferem dos meios ditos tradicionais.

Essas formas alternativas de produção de notícia na contemporaneidade conversam

diretamente com a questão que norteia esta pesquisa: Como as empresas buscam respostas

para a transformação vivida, sobretudo após o surgimento da internet? Essas organizações

estão respondendo que, ao se estruturarem nas redes digitais, com mobilização da audiência e

com modelos de negócio amparados no ambiente digital, as saídas encontradas podem ser

positivas. Elas se revelam como meios com potencial para ser fortemente explorados em um

futuro próximo.

Também a partir dos dois primeiros momentos da pesquisa, verificamos como uma das

percepções iniciais do nosso estudo se mostra pertinente, no fato de que as recentes alterações

no mundo do jornalismo – como em tantos outros setores – ganham expressão em um caldo

fortemente tecnológico. O vetor tecnológico, que neste estudo aparece como um momento-

chave da aplicação do método da Hermenêutica de Profundidade (a saber: a contextualização

histórico-social), é constituído por característica tais como a convergência, a interatividade, a

hipertextualidade, a personalização, a instantaneidade, a participação direta do público, a

213

adoção de novas técnicas com base em recursos tecnológicos pelos profissionais do

jornalismo, a produção ampliada de fake news e o esforço de checagem de fatos pelo

jornalismo e, ainda, sem aspirarmos a ser completos, o texto noticioso produzido por

inteligência artificial.

O cenário é amplo e envolve uma densa gama de fatores, atores e ações. A partir desse

arcabouço, identificamos o jornalismo contemporâneo pelo viés de uma nova esfera pública,

permeando uma estrutura complexa e que tem desafiado os jornalistas e as organizações no

ambiente digital. Essa nova esfera, interconectada, é tecida por fatores como a ampliação do

interesse pelo jornalismo local, por iniciativas jornalísticas de alguns atores do ramo da

comunicação que vem conquistando considerável audiência, por empreendimentos inéditos,

como a produção alternativa de notícias e entre outros. Requer, portanto, atenção por parte das

organizações, no sentido de acompanharem as mudanças para garantir a sua existência e

manutenção no mercado da notícia.

No segundo capítulo da tese se realiza um de seus objetivos, que é o de verificar como

o tema e o cenário de transformações jornalísticas se deixam representar no mundo da

pesquisa em Comunicação. Identificamos o esforço do pesquisador brasileiro em debater os

fenômenos contemporâneos do jornalismo e as demandas sociais que emergem do contexto

sócio-histórico, relativas ao tema do exercício do jornalismo na sociedade brasileira. O tema e

os desafios que esse cenário levanta se mostram fartamente representados entre as

preocupações da nossa área de conhecimento. A partir da identificação dos 12 núcleos

temáticos averiguados nos textos selecionados da Compós e da SBPJor, pudemos nos

certificar sobre esse empenho. Foram 229 textos selecionados. Neles se deixa entrever, já a

partir de uma abordagem inicial, que o pesquisador brasileiro se preocupa em contemplar

diferentes vertentes do fenômeno, com especial destaque para o núcleo das “Transformações

tecnológicas do jornalismo na contemporaneidade”, com 109 trabalhos identificados.

O pesquisador da Compós e da SBPJor também compreendem as mudanças recentes

do jornalismo em sua interface com episódios históricos que fomentaram tais alterações, ou

que as tornaram mais evidentes, como a mobilização social realizada no Brasil em 2013 a

partir das redes sociais, o fenômeno das fake news no Brasil e a checagem de fatos pelo

jornalismo que ganharam notoriedade nas eleições gerais brasileiras de 2018, além da

pandemia causada pelo coronavírus, em 2020. Algumas das mudanças no jornalismo apuradas

pela pesquisa, a partir dos textos da Compós e da SBPJor depois de 2013, 2018 e em 2020

sinalizaram maior incidência de estudos sobre esses núcleos temáticos. Esses cientistas, de um

lado, se esforçam para discutir os fenômenos emergentes do jornalismo, e, de outro, dedicam

214

menor empenho ao tema dos modelos de negócio do jornalismo no ambiente digital, com a

indicação de saídas para as organizações jornalísticas brasileiras. Talvez o tema do “modelo

de negócios”, como se poderia especular, assuste ainda bastante o pesquisador de

comunicação, frente ao fato de que a notícia, como tradicionalmente produzida, aciona

mecanismos que lembram tão de perto um conjunto de procedimentos, normas e

comportamentos que revelam um capitalismo do mais puro-sangue. Talvez esse

distanciamento não se justifique tanto, ou não se justifique da mesma forma, nos ambientes

atuais de geração e divulgação da notícia, com seus novos atores, com e contra os grandes

monopólios midiáticos, que ainda existem.

Uma das hipóteses da pesquisa especula sobre o fato de que as grandes organizações

jornalísticas brasileiras, que incorporaram o modelo norte-americano de produção de notícia,

deverão seguir as tendências do setor, como a automação da produção de informação

noticiosa. É possível, sim, considerar, a partir da pesquisa feita, que o jornalismo brasileiro

deve continuar acompanhando esse paradigma. A prática revela-se antiga, tendo o jornalismo

brasileiro se espelhado, em maior ou menor medida, no jornalismo estadunidense, desde os

primeiros passos, como é o caso da incorporação da gramática da notícia, figurando como

exemplo o modelo da pirâmide invertida. Isso pode ser considerado assim, a despeito das

vozes contrárias, preocupadas em afirmar a identidade e a força do jornalismo nacional. Na

fase embrionária do jornalismo na web, no Brasil, como mostram os estudos, os brasileiros

tornaram a fazê-lo, ao se apropriarem da definição do termo do jornalismo empregado na web

pelos estadunidenses (jornalismo digital ou jornalismo multimídia), recorrendo, de uma forma

geral, com maior frequência, a jornalismo online ou jornalismo digital.

A hipótese de que as grandes organizações jornalísticas brasileiras, que incorporaram

o modelo americano de produção de notícia, deverão seguir as tendências do setor, como a

automação da produção de notícia, também pode ser confirmada, com o início da produção de

notícia no Brasil por meio de inteligência artificial. O primeiro capítulo da tese traz três casos

recentes (2020) de utilização de robôs no jornalismo brasileiro. Além disso, em novembro de

2020, em uma iniciativa inédita no país, o portal de notícias G1 publica, no primeiro turno das

eleições, um texto para cada um dos 5.568 municípios brasileiros com o resultado do pleito,

graças a um modelo de automação que se utiliza de inteligência artificial, criado em conjunto

com a área de tecnologia da rede Globo. O modelo, que conta com processamento de

linguagem natural, permitiu o registro, em formato de reportagem, dos prefeitos eleitos ou as

disputas que iriam ao segundo turno em todos os municípios brasileiros.

215

O terceiro capítulo, “Um estudo da Folha de S.Paulo sob o ângulo da tecnologia e da

geração de novos modelos de negócio”, traça uma breve história da Folha de S.Paulo, com

foco nas inovações tecnológicas assumidas pelo jornal desde a sua fundação, compreendendo,

nessa etapa, os sete projetos editoriais lançados pelo jornal. Na sequência, apresentamos um

check-up atual da Folha a partir de três entradas: 1) a versão impressa; 2) a versão online; 3) a

hospedagem no Facebook, Twitter, Instagram e Youtube. A pesquisa leva em conta o

arcabouço desse levantamento documental e aplica o método de Análise de Discurso para

compreender o discurso público que a Folha estabelece, sobre as alterações do jornalismo e

sobre a receita de negócio aplicada pelo jornal a partir dessas mudanças. O foco recai sobre

declarações feitas por seus representantes no documentário O jornal do futuro, de 2010, e no

Encontro Folha de Jornalismo de 2016 e de 2020, promovidos pela organização com o

objetivo de discutir os desafios e o futuro do jornalismo. Em uma segunda etapa,

consideramos o modelo de negócio atual da Folha. Por fim, a pesquisa avança para o último

momento do capítulo, centrado na etapa de interpretação e de reinterpretação de toda a

produção simbólico sobre o objeto de estudo, nos moldes do método de Hermenêutica de

Profundidade, evidenciando a reflexão sobre a notícia como um produto à venda, com o

suporte da tecnologia a partir das práticas da Folha.

O terceiro capítulo atesta que uma das hipóteses de investigação, a de que a adesão da

Folha às mudanças de mercado pode representar um indicativo de que o jornal, seguindo as

tendências mundiais, abandone, em um futuro próximo, a produção impressa para dedicar-se

apenas à comercialização de notícias no ambiente digital, pode também ser verdadeira. O

discurso da Folha de S.Paulo e de seus dirigentes cristaliza-se na venda do produto, a notícia,

independentemente do meio. Talvez seja cedo para afirmar, categoricamente, que a Folha

abandonará em um futuro breve a produção impressa, para dedicar-se apenas à digital. O que

vemos, hoje, é que o jornalismo impresso parece não dar mais conta das demandas dos novos

tempos, enquanto o ambiente digital revela-se como um campo promissor a ser explorado de

forma cada vez mais potente pela organização. Para cada página e cada caderno reduzido em

suas dimensões vão se acumulando os sinais de que os dias do jornalismo impresso estejam

contados.

A questão central que norteia este estudo, e que na medida do possível se resolve no

terceiro capítulo – Diante das alterações vividas pela atividade e a partir das práticas do

jornal Folha de S.Paulo, o estudo questiona: como as empresas buscam respostas para a

transformação vivida pelo setor a partir das inovações tecnológicas, sobretudo após o

surgimento da internet, de modo que a informação possa continuar a ser oferecida por elas

216

como um produto no mercado da comunicação? –, pode ser respondida nos seguintes termos:

as práticas da Folha de S.Paulo atestam que o jornal busca respostas para essas

transformações, investindo nas demandas do público leitor e aprimorando o leque de opções

para o que a organização chama de corredores de leitura.

Para atender a esse público, a Folha exige da equipe de jornalistas, como o jornal o

expressa, exclusividade, texto objetivo, bem contextualizado e em profundidade. Embora a

edição impressa busque criar reformas gráficas que se alinhem às mudanças, o modelo de

negócio vigente continua sendo o da venda de assinaturas, venda de edições avulsas, anúncios

e editais. Por outro lado, a versão digital revela a atenção da Folha nesse segmento,

investindo, desde 2012, em novas práticas comerciais nesse ambiente e tentando ampliar as

frentes de manutenção do jornal. Neste sentido, o que se torna patente no estudo do caso da

Folha de S.Paulo, é que as empresas estão investindo no cenário digital para faturar com a

venda de notícias, explorando os recursos disponíveis na web.

O principal resultado alcançado neste estudo, além do reforço desejável às pesquisas

que vêm sendo desenvolvidas nas áreas da Comunicação e do Jornalismo sobre o tema, foi o

de contribuir para um melhor entendimento dos modos como as organizações jornalísticas se

situam na contemporaneidade, em suas relações com o direito do cidadão à informação e com

a democracia. Outros resultados, a médio e longo prazos, podem ter a ver com o desejo de se

desenvolver um trabalho futuro, cristalizado em novas análises, em novas produções.

Eventualmente, externamos o desejo da publicação da pesquisa. Passado pela banca, e

anotadas as sugestões críticas e apontamentos, pretende-se, sempre em uma perspectiva

futura, considerar novos panoramas de análise, não da Folha em si, mas do jornalismo e dos

modelos de negócio, que se revelam como uma possibilidade latente de um trabalho de pós-

doutorado.

217

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21 ago. 2020.

230

APÊNDICE A

Textos selecionados do Encontro Anual da Compós (2011-2020).

TEXTOS SELECIONADOS

RESUMO

Ano: 2011

1.

A FORMA CULTURAL DA

SOCIEDADE EM REDE

BASTOS, Marco Toledo.

Palavras-chave:

Cibercultura;

Niklas Luhmann;

Vilém Flusser.

Disponível em:

http://www.compos.org.br/data/biblioteca

_1573.pdf

Acesso em: 4 dez. 2020

O presente artigo reconstrói um debate teórico que

permeia as obras de Niklas Luhmann, Dirk Baecker e

Vilém Flusser acerca da forma cultural que deverá

surgir na sociedade tecnológica. Não obstante a

diferença de perspectiva e de orientação

epistemológica dos três autores assinalados, suas obras

têm em comum o entendimento de que a introdução

dos computadores e da internet altera não apenas a

cultura, mas também a estrutura material da sociedade.

A primeira parte do artigo assinala a necessidade

histórica da emergência de uma forma cultural para a

tecnologia, enquanto a segunda parte do texto sugere

algumas configurações que podem vir a estabilizar o

excesso de sentido criado pelos computadores e pela

internet.

Ano: 2011

2.

JORNALISMO DIGITAL EM BASE DE

DADOS (JDBD) COMO UM TEXTO

DA CULTURA

RAMOS, Daniela Osvald.

Palavras-chave:

Jornalismo Digital de Bases de Dados;

Texto da Cultura;

Jornalismo;

Linguagens digitais;

Semiótica da Cultura.

Disponível em:

http://www.compos.org.br/data/biblioteca

_1676.pdf

Acesso em: 4 dez. 2020

Neste artigo observamos o Jornalismo Digital de

Bases de Dados (JDBD) como um texto da cultura e

pontuamos sua implicação nas mudanças estruturais

no campo do jornalismo. Para isso, encadeamos os

conceitos de texto da cultura, modelização, semiosfera

e fronteira, da escola de semiótica russa de Tártu-

Moscou, notadamente os autores Iuri M. Lotman e

Irene Machado. Também discutimos a delimitação do

texto JDBD, o jornalismo como um texto de fronteira,

suas variantes e invariantes. Apontamos as bases de

dados como o centro da criação jornalística e

iniciamos a discussão da geração das linguagens

digitais e da narrativa nas novas mídias.

Ano: 2011

3.

JORNALISMO EM PROCESSO

SALLES, Cecília Almeida.

A comunicação tem o objetivo de discutir as mudanças

que vêm acontecendo nos processos de produção do

jornalismo, a partir de sua entrada nos meios digitais.

Será, também, estabelecido diálogo dessas reflexões

com os estudos sobre processos de produção, assim

como são desenvolvidos no Grupo de Pesquisa em

231

Palavras-chave:

Jornalismo;

Processo de criação;

Jornalismo digital.

Disponível em:

http://www.compos.org.br/data/biblioteca

_1677.pdf

Acesso em: 4 dez. 2020

Processos de Criação (PUC/SP). Como conclusão, será

feita uma proposta de abordagem crítica para os

objetos da comunicação, com ênfase nos textos

jornalísticos como objetos não estáticos, mas em

processo, que acontecem nas conexões renovadas a

cada atualização.

Ano: 2011

4.

OS GÊNEROS JORNALÍSTICOS NO

TWITTER: UM ESTUDO

COMPARATIVO DE TUÍTES DE

INSTITUIÇÕES JORNALÍSTICAS

SEIXAS, Lia da Fonseca.

Palavras-chave:

Twitter;

Gênero jornalístico;

Gênero Jornálico.

Disponível em:

http://www.compos.org.br/data/biblioteca

_1724.pdf

Acesso em: 4 dez. 2020

O twitter é considerado hoje uma ferramenta

indispensável para as instituições jornalísticas. Mas o

que as instituições jornalísticas têm produzido no

twitter? Pode-se dizer que o twitter gerou novos

gêneros jornalísticos? Com uma análise comparativa

dos tuítes do @guardian_world, da @folha_mundo

(sobre a revolução no Egito), da @folha_cotidiano e

do @el_pais (Últimas) durante o período de uma

semana, constatou-se que existem novos “gêneros

jornálicos” (SEIXAS, 2009), que, embora sejam

comuns em outros campos, não eram frequentes nos

produtos jornalísticos tendo a instituição social como

enunciador do discurso. O único gênero jornalístico

frequente é conhecido como informacional, enquanto

os jornálicos mais frequentes são os “promocionais”,

baseados em atos diretivos (SEARLE, 1998), os de

“mediação,” baseados na republicação do tuíte e os

dialógicos.

Ano: 2012

5.

O ALGORITMO CURADOR: O PAPEL

DO COMUNICADOR NUM CENÁRIO

DE CURADORIA ALGORÍTMICA DE

INFORMAÇÃO

CORRÊA, Elizabeth Saad.

BERTOCCHI, Daniela.

Palavras-chave:

Comunicação digital;

Curadoria de informação;

Algoritmo;

Perfil do comunicador.

Disponível em:

http://www.compos.org.br/data/biblioteca

_1796.pdf

Acesso em: 5 dez. 2020

A recente cena das redes digitais tem indicado com

ênfase a atividade de curadoria e a própria figura do

curador como saída ao problema da abundância

informativa em rede. Argumentamos, contudo, que na

atualidade a curadoria da informação em ambientes

digitais tem se manifestado mais como um

procedimento automático algorítmico que

propriamente humano. Com base em na revisão da

literatura, reiteramos entretanto que o processo

curatorial configura-se como uma atividade inerente

ao campo da Comunicação. O comunicador tem

competências para assumir papéis de seleção,

filtragem, agregação e, mais importante, remediação

de conteúdos para partilha em rede, inclusive com

auxílio de algoritmos.

Ano: 2012

O contínuo mediático atmosférico compõe a base

conceitual da Nova Teoria da Comunicação e refere-se

232

6.

CONTÍNUO MEDIÁTICO

ATMOSFÉRICO: PROPOSTA PARA

ATUALIZAÇÃO DA TEORIA DA

AGENDA

CUNHA, Karenine Miracelly Rocha da.

Palavras-chave:

Contínuo Mediático Atmosférico;

Agendamento;

Nova Teoria da Comunicação.

Disponível em:

http://www.compos.org.br/data/biblioteca

_1895.pdf

Acesso em: 5 dez. 2020

à atmosfera que recebe irradiações dos meios de

comunicação e de outros sistemas, como as

instituições do Estado, empresas etc., para criar as

circunstâncias para a sinalização, informação ou

comunicação. O objetivo deste trabalho é apresentar o

contínuo mediático atmosférico como uma proposta de

atualização conceitual da teoria da agenda. Como

argumentação dessa proposição questionadora da

função do agendamento nos dias atuais, considera-se,

sobretudo, a evolução dos meios de comunicação,

situação em que há uma grande segmentação de temas

na internet (e até mesmo nos canais tradicionais), a

participação importante de redes sociais na

configuração da agenda pública e a formação da

opinião e a ubiquidade da rede, em que os usuários são

geradores de conteúdo e podem lançar temas na

atmosfera de irradiações.

Ano: 2012

7.

DA CIRCULAÇÃO À

RECIRCULAÇÃO JORNALÍSTICA:

FILTRO E COMENTÁRIO DE

NOTÍCIAS POR INTERAGENTES NO

TWITTER

ZAGO, Gabriela da Silva.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Redes sociais;

Circulação Jornalística.

Disponível em:

http://www.compos.org.br/data/biblioteca

_1896.pdf

Acesso em: 5 dez. 2020

Este trabalho tem por objetivo caracterizar a

circulação jornalística em um site de rede social

específico, o microblog Twitter. Discute-se, em

especial, o que se caracterizou como uma

“recirculação jornalística”, ou seja, a colocação em

circulação novamente dos acontecimentos jornalísticos

a partir da apropriação pelos interagentes do conteúdo

jornalístico. Para tanto, buscou-se mapear a circulação

de dois acontecimentos jornalísticos em específico, a

partir de observação simples, análise de conteúdo e

questionários. As conclusões apontam para uma

potencialização da circulação jornalística no Twitter

diante da possibilidade de os interagentes expandirem

o alcance dos conteúdos jornalísticos ao filtrarem e

comentarem notícias em um site de redes sociais.

Ano: 2013

8.

O JULGAMENTO DO MENSALÃO E

AS REDES SOCIAIS DE

INTERPRETAÇÃO. PISTAS PARA

UMA HERMENÊUTICA DA

COMUNICAÇÃO E CULTURA

MIDIÁTICA COMPARTILHADA

PAIVA, Cláudio Cardoso de.

Palavras-chave:

Mensalão;

Mídia;

Rede Social.

Na sociedade midiatizada a experiência política não

desapareceu; transfigurou-se. O fenômeno da internet

e das redes sociais forjaram uma nova ambiência

comunicacional em que os atores-em-rede, e-leitores, a

partir de uma cognição coletiva conectada articulam

novos agenciamentos ético-políticos, virando do

avesso a concepção e a própria atividade política. Este

texto apresenta elementos para uma compreensão das

notícias acerca do chamado “julgamento do

mensalão”, em que as relações entre mídia e poder se

mostram em toda sua complexidade. Observamos a

sua projeção no contexto do ciberespaço, um ambiente

que pulsa permanentemente, num presente contínuo,

agregando diferentes linguagens e sensibilidades, e

cuja forma e sentido solicitam novos parâmetros de

interpretação. Neste sentido propomos algumas pistas

233

Disponível em:

http://compos.org.br/data/biblioteca_1969

.pdf

Acesso em: 5 dez. 2020

para um exercício de interpretação, uma hermenêutica

da comunicação compartilhada, que possa desvelar o

significado do “julgamento do mensalão” nas redes

sociais.

Ano: 2013

9.

APONTAMENTOS SOBRE O

CIBERACONTECIMENTO: O CASO

AMANDA TOOD

HENN, Ronaldo Cesar.

Palavras-chave:

Acontecimento;

Ciberjornalismo;

Redes Sociais.

Disponível em:

http://www.compos.org.br/data/biblioteca

_2068.pdf

Acesso em: 5 dez. 2020

O trabalho analisa conceitualmente a produção de

acontecimentos jornalísticos nas redes sociais da

internet e sua reverberação a partir de um caso

específico: o suicídio da adolescente canadense

Amanda Tood que, depois de postar vídeo no Youtube

em que relata intimidações sofridas no Facebook e na

escola, foi encontrada morta em seu quarto gerando

comoção e transformando-se em pauta para a imprensa

do Canadá. Através do conceito de

ciberacontecimento, busca-se compreender as

dinâmicas de processos com essa natureza, as

transformações que introduzem no sistema jornalístico

e a as articulações dos campos problemáticos

instituídos. A análise fundamenta-se no diálogo entre

as teorias do acontecimento, os conceitos de semiose

de C. S. Peirce e o de semiosfera de Iuri Lotman, mais

as perspectivas que investigam a cibercultura e o

ciberjornalismo.

Ano: 2013

10.

JORNALISMO COMO SISTEMA DE

ALERTA: INTEGRAÇÃO ENTRE

MÍDIA SOCIAL E IMPRESSA NA

TRAGÉDIA DE SANTA MARIA

ZAGO, Gabriela da Silva.

BASTOS, Marco Toledo.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Circulação Jornalística;

Twitter.

Disponível em:

http://compos.org.br/data/biblioteca_2062

.pdf

Acesso em: 5 dez. 2020

Nesse artigo analisamos o jornalismo como um

sistema de alerta que integra diferentes canais de

comunicação. O estudo de caso foi realizado com base

no incêndio da boate Kiss ocorrido na cidade de Santa

Maria, RS, em 27 de janeiro de 2013. Nós

monitoramos todos os links para o jornal Zero Hora

que circularam na rede social Twitter entre 25 e 31 de

janeiro de 2013, compreendendo um conjunto de

dados de 20.012 tweets. Analisamos o volume de

mensagens replicadas, o conteúdo dessas mensagens e

os perfis mais retuitados de modo a poder identificar

como o Twitter funcionou como um sistema de alerta

durante a tragédia. Os resultados dessa investigação

indicam que mídia social e impressa funcionam de

modo coordenado como um sistema de alerta durante

eventos de grande comoção.

Ano: 2013

11.

JORNALISMO GUIADO POR DADOS:

RELAÇÕES DA CULTURA HACKER

COM A CULTURA JORNALÍSTICA

TRÄSEL, Marcelo.

O Jornalismo Guiado por Dados é uma prática de

Jornalismo em Bases de Dados em vias de adoção por

redações de todo o mundo, desde meados dos anos

2000. Trata-se de um desenvolvimento dos conceitos

de Jornalismo de Precisão e Reportagem Assistida por

Computador, propostos inicialmente nos anos 1970 e

impulsionados pelo processo de digitalização das

redações e pela adoção de políticas de acesso à

informação por governos e instituições. O trabalho

234

Palavras-chave:

Jornalismo Digital em Bases de Dados;

Jornalismo Guiado por Dados;

Reportagem Assistida por Computador;

Etnografia;

Hacker.

Disponível em:

http://compos.org.br/data/biblioteca_2065

.pdf

Acesso em: 5 dez. 2020

levanta a hipótese de que o Jornalismo Guiado por

Dados se configura como uma imbricação entre a

cultura profissional dos jornalistas e a cultura hacker.

Os resultados da etapa preliminar de uma pesquisa

etnográfica realizada entre jornalistas brasileiros em

novembro e dezembro de 2012 sugerem que os

jornalistas guiados por dados compartilham algumas

práticas e valores com os membros da cultura hacker.

Ano: 2014

12.

QUEM RETUITA QUEM? PAPÉIS DE

ATIVISTAS, CELEBRIDADES E

IMPRENSA DURANTE OS

#PROTESTOSBR NO TWITTER

ZAGO, Gabriela.

RECUERO, Raquel.

BASTOS, Marco Toledo.

Palavras-chave:

Difusão de informações;

Protestos;

Twitter.

Disponível em:

http://compos.org.br/encontro2014/anais/

Docs/GT01_COMUNICACAO_E_CIBE

RCULTURA/artigocompos2014_2135.pd

f

Acesso em: 5 dez. 2020

O trabalho tem por objetivo identificar características

na apropriação de três grupos específicos que

contribuíram para a difusão de informações no Twitter

durante os protestos realizados em Brasil a partir do

mês de junho de 2013: ativistas, celebridades e

imprensa. Para identificar semelhanças e diferenças

entre os grupos, usamos uma combinação de análise

de conteúdo de foco referencial com análise de redes

sociais. Os resultados apontam para papeis

complementares entre os grupos na difusão de

informações sobre os protestos.

Ano: 2014

13.

TEXTOS, TEXTURAS E

INTERTEXTOS: APONTAMENTOS

SOBRE APRENDIZADO E

COMPETÊNCIA NA COMUNICAÇÃO

DIGITAL

OLIVEIRA, Fátima Cristina Regis

Martins.

Palavras-chave:

Textos;

Competências;

Comunicação digital.

Disponível em:

http://compos.org.br/encontro2014/anais/

O objetivo do artigo é discutir o processo de

aprendizado na comunicação digital. As mídias e redes

digitais fazem emergir práticas de comunicação que

facilitam a apropriação, criação e compartilhamento de

textos híbridos (oral, visual, tátil). Essas práticas

digitais exploram as sensorialidades do corpo e

operam em situações concretas, mobilizando saberes,

habilidades e atitudes que a sociologia do aprendizado

denomina de construção de competências (Perrenoud,

1999). Por apoiar-se em situações concretas, estimular

corpo e engajamento, o aprendizado por competências

se diferencia do aprendizado formal, frequentemente

abstrato e descontextualizado, o que pode explicar o

interesse dos educadores na comunicação digital.

Conclui-se que o aprendizado digital opera como rede

sociotécnica. Assim, retoma-se a etimologia de texto e

revela-se que a cultura escrita o despiu de qualidades

fundamentais: texto inclui textura (relevo, sensorium)

e trama (rede, intertexto) (McKenzie, 2004).

235

Docs/GT01_COMUNICACAO_E_CIBE

RCULTURA/textos_texturas_intertextos_

2134.pdf

Acesso em: 5 dez. 2020

Ano: 2014

14.

A CURADORIA EM JORNALISMO

NAS COBERTURAS DE BREAKING

NEWS EM TEMPO REAL NA

INTERNET

OSÓRIO, Moreno Cruz.

Palavras-chave:

Curadoria;

Breaking News;

Jornalista.

Disponível em:

http://compos.org.br/encontro2014/anais/

Docs/GT10_ESTUDOS_DE_JORNALIS

MO/artigo_moreno_osorio_compos_2014

__2237.pdf

Acesso em: 5 dez. 2020

Este artigo propõe uma discussão sobre a curadoria de

conteúdo como forma de verificação jornalística e

como parte do processo de construção da notícia

durante coberturas de caráter urgente que têm a

internet como suporte de publicação. Revê o conceito

de “jornalista sentado” a partir do poder

proporcionado pelas tecnologias ao profissional longe

do local do fato, utilizando informações que circulam

na rede para gerar conhecimento. Também sugere um

novo olhar para o local de trabalho do jornalista (a

redação), de forma que ela dê condições de executar

tarefas de modo rápido e eficiente.

Ano: 2014

15.

DINÂMICA DA NOTÍCIA NAS REDES

SOCIAIS NA INTERNET: UMA

CATEGORIZAÇÃO DAS AÇÕES

PARTICIPATIVAS DOS USUÁRIOS

NO TWITTER E NO FACEBOOK

SOUSA, Maíra de Cássia Evangelista de.

Palavras-chave:

Notícia;

Circulação;

Redes sociais na internet.

Disponível em:

http://www.compos.org.br/biblioteca/artig

ocomp%C3%93smaira_sousafinal_2235.

pdf

Acesso em: 5 dez. 2020

A dinâmica da notícia nas redes sociais na internet está

relacionada à etapa de circulação a partir da forma de

apresentação e do conteúdo das postagens e a

recirculação a partir das ações participativas dos

usuários. Neste artigo, o objetivo é apresentar uma

proposta de categorização da recirculação no Twitter e

no Facebook a partir das ações participativas dos

usuários (filtro social e reverberação) e analisar como

se dá essa recirculação nas redes sociais na internet. O

objeto empírico é formado por postagens publicadas

em janeiro de 2013 nas contas do Twitter e do

Facebook do portal jornalístico Estadão sobre o

incêndio na Boate Kiss, na cidade de Santa, Maria no

Rio Grande do Sul, que vitimou 242 jovens.

Ano: 2014

16.

DOS DADOS AOS FORMATOS: O

SISTEMA NARRATIVO NO

JORNALISMO DIGITAL

Este artigo resume as principais ideias defendidas em

nossa tese doutoral apresentada à Escola de

Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo

em 2013. A tese apresenta um modelo teórico que

expande o conceito de narrativa digital jornalística.

Partimos da narratologia pós-clássica, da moderna

236

BERTOCCHI, Daniela.

Palavras-chave:

Narrativa;

Jornalismo digital;

Computação.

Disponível em:

http://compos.org.br/encontro2014/anais/

Docs/GT10_ESTUDOS_DE_JORNALIS

MO/bertocchi_daniela_compos2014_men

or_2232.pdf

Acesso em: 5 dez. 2020

teoria dos sistemas e do modelo JDBD (Jornalismo

Digital de Base de Dados). Observamos que o

agenciamento entre os estratos do sistema narrativo

realiza-se de forma coletiva por diversos atores:

jornalistas, engenheiros, designers, webmasters,

usuários, robôs, softwares, algoritmos, entre outros; e

que o jornalista atua sobretudo nas camadas de

frontend do sistema. Uma vez conhecedor das

camadas subterrâneas do sistema narrativo, o que

chamamos de antenarrativa (dados e metadados), o

jornalista abre oportunidades para melhor comunicar

suas histórias no ciberespaço, interfaceando novos

formatos. Assim, o jornalista é potencialmente um

designer da experiência narrativa.

Ano: 2014

17.

JORNALISMO E MOVIMENTOS EM

REDE: A EMERGÊNCIA DE UMA

CRISE SISTÊMICA

OLIVEIRA, Felipe Moura de.

HENN, Ronaldo Cesar.

Palavras-chave:

Crise;

Ciberacontecimento;

Movimentos de ocupação global.

Disponível em:

http://www.compos.org.br/biblioteca/com

pos2014_felipe_ronaldo_2234.pdf

Acesso em: 5 dez. 2020

O artigo oferece desenho conceitual do que se postula

ser a crise enfrentada pelo jornalismo contemporâneo,

cujo processamento se dá em plataformas distintas e

convergentes de produção e circulação da informação.

Entende-se a crise a partir de perspectiva sistêmica

associada a conceitos advindos da Teoria Geral dos

Signos, de C. S. Peirce, e da Semiosfera, de Yuri

Lotman. Compreende-se o jornalismo como um

sistema aberto, dinâmico, complexo e não linear, que

se transforma potencialmente na interação com outros

sistemas de produção de sentido, como os que são

agenciados pelas redes sociais digitais. A

concretização do debate se dá pelo cotejamento dessa

reflexão aos casos observados em pesquisas

atualmente empreendidas pelos autores deste trabalho,

em que os objetos são ciberacontecimetos que

circulam em rede o os chamados movimentos de

ocupação global

Ano: 2014

18.

PRODUÇÃO HORIZONTAL E

NARRATIVAS VERTICAIS: NOVOS

PADRÕES PARA AS NARRATIVAS

JORNALÍSTICAS

BARBOSA, Suzana.

NORMANDE, Naara.

ALMEIDA, Yuri.

Palavras-chave:

Narrativas multimídias;

Convergência jornalística;

Bases de dados.

Disponível em:

http://www.compos.org.br/biblioteca/artig

o_gtjornalismo_sbarbosa_naara_yuri_223

O artigo objetiva discutir as narrativas multimídias

como uma potencialidade da metáfora da estética base

de dados, capaz de romper com a metáfora do

impresso - broadsheet metaphor. Como aporte teórico,

são apresentados conceitos relacionados à

convergência jornalística, ao continuum multimídia, às

narrativas digitais e às bases de dados. Nosso

procedimento metodológico é estruturado na aplicação

de fichas de análise que visam identificar o perfil, o

design, a multimidialidade e a interatividade das

narrativas jornalísticas em redes digitais que

despontaram como casos paradigmáticos, produzidas

pelos grupos The New York Times, The Guardian e

Folha de S. Paulo. Como conclusão, identificamos

padrões para essas narrativas a partir de elementos

relevantes e diferenciadores, tais como a densidade

informativa, a verticalização, a integração dos recursos

multimídias, a utilização consistente de menus de

navegação e os botões de compartilhamento para as

redes sociais.

237

8.pdf

Acesso em: 5 dez. 2020

Ano: 2015

19.

APONTAMENTOS PARA UMA

TEORIA DA VIDA MIDIATIZADA

HOLANDA, André Fabrício da Cunha.

Palavras-chave:

Midiatização;

Cibercultura;

Teoria Ator-rede.

Disponível em:

http://www.compos.org.br/biblioteca/com

pos-2015-20699834-cb48-4742-82b3-

76cce7e22a1d(2)_2741.pdf

Acesso em: 5 dez. 2020

O artigo propõe que diversas transformações na

maneira como as práticas sociais são influenciadas por

meios de comunicação interativos e pósmassivos

podem ser identificadas com um movimento geral de

midiatização da vida social. Este movimento foi

parcialmente explorado pela jovem tradição dos

estudos de Cibercultura bem como por outras

abordagens, porém sem que se pudesse avaliar todo o

seu alcance, principalmente quando se considera

aspectos como a intensificação da comunicação dos

não-humanos, representada pela emergência da

Internet das coisas e outros fenômenos recentes como

o Big data, que representam dificuldades para as

teorias sociológicas ou comunicacionais ancoradas à

uma concepção humanista e assimétrica dos processos

de comunicação social. Este artigo faz a crítica de

algumas destas abordagens, buscando superar seus

limites por meio de uma perspectiva composicionista e

simétrica informada pela Teoria Ator-rede.

Ano: 2015

20.

65 ANOS DE TELEJORNALISMO:

DAS “NOTÍCIAS FORDISTAS” ÀS

“NOTÍCIAS FLEXÍVEIS”

PEREIRA JÚNIOR, Alfredo Eurico

Vizeu.

LORDÊLO, Tenaflae da Silva.

Palavras-chave:

Rotinas flexíveis;

Telejornalismo;

Rotinas fordistas.

Disponível em:

http://www.compos.org.br/biblioteca/com

pos-2015-f447a67b-8fb0-4bf8-bc83-

c742085ec5e0_2844.pdf

Acesso em: 5 dez. 2020

O presente artigo estuda as rotinas produtivas das

notícias, que contribuem para a compreensão do

mundo diariamente construído. No atual contexto de

convergência, que nas últimas décadas pavimentam

perspectivas para a reconfiguração/redesenho do fazer

no telejornalismo, por meio da adoção tecnológica,

evidenciam as alterações e as predominâncias

características de dois momentos: as rotinas do final

do século XX (rotinas fordistas) e do início do século

XIX (rotinas flexíveis). Desta feita, o objetivo é

estabelecer uma breve discussão que perpassa o

contexto das rotinas e as notícias no final da década de

90 tomando por base pesquisa realizada por Vizeu

(2002) e Lordêlo (2015), que aponta como as rotinas

da redação, longe de serem como alguns afirmam

mecânicas, estão em constante transformação, num

fluxo constante de mudanças contribuindo com para a

construção social da realidade a partir de novos

desafios das tecnologias sociais ao Jornalismo.

Ano: 2015

21.

DO ACONTECIMENTO À

MEDIAÇÃO: REFLEXÕES SOBRE A

CRISE DO JORNALISMO

OLIVEIRA, Felipe Moura de.

Palavras-chave:

Crise do jornalismo;

O artigo discute o que postula-se ser a crise enfrentada

pelo jornalismo com a emergência das redes sociais

digitais ao propor a filosofia da linguagem como base

epistemológica – destacando-se os conceitos de

“semiose”, em Peirce, e “semiosfera”, em Lotman. É

um empreendimento ensaístico, mas calcado em dados

empíricos: processos que envolvem práticas e

narrativas jornalísticas e a repercussão do caso “Eu

Sou Charlie”. O debate começa pela caracterização do

“acontecimento” como elemento propulsor da

construção social da realidade, na qual o jornalismo

238

Filosofia da linguagem;

Charlie Hebdo;

The New York Times.

Disponível em:

http://www.compos.org.br/biblioteca/com

pos-2015-bc741313-6b93-4d26-bffc-

bae039139628_2846.pdf

Acesso em: 5 dez. 2020

tem seu protagonismo questionado ante a outras

formas de representação que circulam na esfera

pública, produzidas por diferentes agentes, o que

estabelece uma intensa “disputa de sentidos”. Advoga-

se a necessidade de uma autorreflexão do jornalismo,

com atenção especial às suas funções de mediação e

representação, que pode resultar numa forma mais

complexa de dar a ver dos campos problemáticos que

os acontecimentos potencialmente revelam.

Ano: 2016

22.

A CONSTRUÇÃO DA AGENDA

PÚBLICA NA ERA DA

COMUNICAÇÃO DIGITAL

LYCARIÃO, Diógenes.

SAMPAIO, Rafael Cardoso.

Palavras-chave:

Opinião pública;

Teoria do agendamento;

Big data.

Disponível em:

http://www.compos.org.br/biblioteca/com

-autoria-compos-2016-estudos-de-

jornalismo_3374.pdf

Acesso em: 5 dez. 2020

A teoria do agendamento é, até hoje, umas das mais

poderosas peças intelectuais produzidas pela pesquisa

em Comunicação. Entretanto, não se trata de uma

teoria estabilizada. Isso porque estudos recentes

baseados no processamento de dados massivos na

Internet (big data) indicam resultados, aparentemente,

contraditórios entre si. Enquanto alguns achados

reforçam o modelo original de McCombs e Shaw (i.e.

os media agendam o debate público), outros

demonstram grande capacidade das mídias sociais em

determinar a agenda dos media, o que se designa por

agendamento reverso. Este artigo, a partir de um

modelo interacional de construção da agenda pública,

indica como tais resultados seriam coerentes entre si.

Isso porque eles revelam, a partir do aludido modelo, a

complexa, multidirecional e, em certa medida,

imprevisível rede de interações que acabam por

conformar o debate público em função de diferentes

tipos de agendamento (factual e temático) e

temporalidades (curto, médio e longo prazo).

Ano: 2016

23.

AFFORDANCES INDUTORAS DE

INOVAÇÃO NO JORNALISMO

MÓVEL DE REVISTAS PARA

TABLETS

FONSECA, Adalton dos Anjos.

BARBOSA, Suzana.

Palavras-chave:

Jornalismo Móvel;

Affordances;

Inovação;

Revistas para tablets.

Disponível em:

http://www.compos.org.br/biblioteca/affo

rdancesinovadorasemrevistasparatablets_a

dalton_suzana_16fev2016_template_21fe

v2016_3384.pdf

Acesso em: 5 dez. 2020

Este artigo examina a inovação no jornalismo móvel a

partir do conceito de affordance aplicado no estudo de

revistas para tablets em três momentos definidos entre

2010 e 2016. Criou-se uma ferramenta metodológica

de análise com o objetivo de explorar os quatro

conjuntos de affordances identificados: operação,

coleção, compartilhamento e multimidialidade. A

partir destes grupos, pontuou-se a emersão de

affordances inovadoras possibilitadas pelos recursos e

funcionalidades dos tablets e que também permitem

interações inéditas ou renovadas na relação entre

usuários e revistas. Entre elas estão: ouvir, assistir,

jogar, pesquisar, armazenar. A comparação entre as

revistas analisadas que mais se destacaram pela

inovação também revelou uma tendência de

estabilização de um formato para exploração dos

recursos e funcionalidades do tablet, apesar de

reconhecermos que há possibilidades ainda não

exploradas pelos produtos que têm o potencial de

induzir mais inovações

239

Ano: 2016

24.

CIDADES INVISÍVEIS: AS

EXPERIÊNCIAS DE OUTROS

JORNALISMOS EM GRANDES

CENTROS URBANOS

BORTOLI, Suzana Rozendo.

MONTIPÓ, Criselli.

Palavras-chave:

Narrativas jornalísticas;

Jornalismo e cidadania;

Iniciativas emergentes;

SP Invisível;

Rio invisível.

Disponível em:

http://www.compos.org.br/biblioteca/com

p%C3%B3s2016_comautoria_3386.pdf

Acesso em: 5 dez. 2020

As narrativas humanas são formas simbólicas

organizadas em função de performances

socioculturais. Ademais, o jornalismo tem como uma

de suas funções sociais tratar de temas relacionados à

cidadania, principalmente os invisibilizados, conforme

Medina (2008) e Ijuim (2012). A partir de tal

perspectiva, este artigo visa analisar narrativas

inseridas na cultura de convergência, segundo Jenkins

(2008), que se traduzem em novas oportunidades para

o jornalismo, de acordo com Meditsch (2012). Para o

recorte desta análise foram selecionadas as iniciativas

SP Invisível e Rio Invisível, que dão visibilidade às

pessoas em situação de rua a partir de textos e imagens

em redes sociais. Verificou-se que as referidas

propostas emancipatórias conseguem não apenas

evidenciar a esse grupo minoritário das duas

metrópoles, mas também alcançar a sensibilidade

humana por meio de um modo alternativo de se fazer

jornalismo

Ano: 2016

25.

JORNALISMO ESTRUTURADO: USO

DE METADADOS PARA

ENRIQUECIMENTO DE BASES

NOTICIOSAS NA WEB

LIMA JÚNIOR, Walter Teixeira.

OLIVEIRA, André Rosa de.

Palavras-chave:

Jornalismo Digital em Bases de Dados;

Jornalismo estruturado;

Metadados;

Multidisciplinaridade.

Disponível em:

http://www.compos.org.br/biblioteca/160

224_compos_artigo_nomes_3370.pdf

Acesso em: 5 dez. 2020

Bases de dados abastecidas com notícias produzidas

para a Web representam um repositório de informação

estruturada com potencial tecnológico de ser

reutilizada de inúmeras formas e por outras

plataformas digitais conectadas via redes. No entanto,

a dinâmica de recuperação deste material costuma ser

limitada a busca por palavras-chave; da mesma forma,

a sua organização é composta por categorizações

simples ou apenas por marcações em HTML, não

permitindo a flexibilização do seu uso de outras

formas. Novas ferramentas baseadas na adoção de

vocabulários controlados, ontologias formais e outros

padrões de metadados estruturam melhor a

recuperação da informação jornalística inserida em

banco de dados. Neste artigo, pretende-se relacionar a

informação jornalística a conceitos que estendam

bases de dados além de seu uso como repositório, mas

na obtenção de "relações invisíveis" de temas e

contextos.

Ano: 2017

26.

A INVISIBILIDADE DA HOME PAGE

E AS MUDANÇAS NOS MODOS DE

LEITURA DAS NOTÍCIAS

BARSOTTI, Adriana.

AGUIAR, Leonel Azevedo de.

O artigo apresenta os resultados parciais de uma

pesquisa que investiga como as mudanças nos modos

de leitura das notícias na internet estão provocando

mais uma transformação contemporânea no

jornalismo: a invisibilidade das home pages dos sites

jornalísticos. Analisa como os acessos ao noticiário,

por meio de links distribuídos em redes sociais, em

ferramentas de busca e nos portais acarretam perda de

sentido em um valor fundamental da cultura

profissional. Após levantamento de dados sobre novos

240

Palavras-chave:

Jornalismo;

Home page;

Modos de leitura.

Disponível em:

http://www.compos.org.br/data/arquivos_

2017/trabalhos_arquivo_FIZ9B2A7J51LF

FPMEPUG_26_5465_18_02_2017_18_4

4_07.pdf

Acesso em: 5 dez. 2020

hábitos de leitura, empreende revisão bibliográfica

sobre a home page e utiliza entrevistas em

profundidade com jornalistas para compreender o

impacto do silêncio da primeira página on-line nas

rotinas produtivas. Conclui que, à medida que as

notícias se desprendem do contexto original da edição,

os profissionais sentem-se desafiados, mas sustentam

que é preciso cumprir com sua responsabilidade social,

destacando, em manchetes e chamadas, os temas de

interesse público.

Ano: 2017

27.

AS FINALIDADES DO JORNALISMO

PARA OS LEITORES: ESTUDO DA

AUDIÊNCIA DOS JORNAIS FOLHA,

GLOBO E ESTADÃO

REGINATO, Gisele.

BENETTI, Márcia.

Palavras-chave:

Finalidades do jornalismo;

Leitor;

Jornais de referência.

Disponível em:

http://www.compos.org.br/data/arquivos_

2017/trabalhos_arquivo_N3X1LJHCH6R

LAXRUFUIU_26_5340_13_02_2017_12

_28_41.pdf

Acesso em: 5 dez. 2020

Este artigo mostra como os leitores percebem as

finalidades do jornalismo. A investigação mapeia

comentários coletados nos sites e em páginas no

Facebook dos três maiores jornais de referência

brasileiros (Folha de S.Paulo, O Globo e O Estado de

S. Paulo), utilizando como método a Análise de

Discurso. O trabalho revela que, para os leitores, o

jornalismo tem 11 finalidades a cumprir. As quatro

finalidades principais são, nesta ordem de importância:

a) fiscalizar o poder e fortalecer a democracia, b)

informar, c) esclarecer o cidadão e apresentar a

pluralidade da sociedade e d) verificar a veracidade

das informações. Essas quatro finalidades são

percebidas pelos leitores em mais de 75% dos trechos

analisados. As outras funções são: e) selecionar o que

é relevante, f) investigar, g) registrar história e

construir memória, h) interpretar e analisar a realidade,

i) defender o cidadão, j) fazer a mediação entre os

fatos e o leitor e k) integrar e mobilizar as pessoas.

Ano: 2017

28.

AS MUTAÇÕES NO MUNDO DO

TRABALHO DO JORNALISTA E

SUAS CONTRADIÇÕES: UMA

PERSPECTIVA ONTOLÓGICA DA

CRISE DO JORNALISMO

SOUZA, Rafael Bellan Rodrigues de.

Palavras-chave:

Teoria do Jornalismo;

Crise;

Trabalho.

Disponível em:

http://www.compos.org.br/data/arquivos_

2017/trabalhos_arquivo_SK33UDV7N2C

BDEF7UVCE_26_5799_21_02_2017_11

O artigo investiga as tendências que orientam a prática

jornalística hoje, buscando compreender as mutações

no mundo do trabalho do jornalista. Ao explorar a

esfera da produção noticiosa, torna-se possível

cartografar as contradições no interior do jornalismo,

ressaltando como as dimensões singulares, particulares

e universais interagem na moldura objetiva da crise

que afeta o campo. Como muitas outras profissões,

alteradas historicamente e muitas vezes extintas por

novas forças produtivas, o jornalismo têm se tornado

uma prática fragmentada e instável, sendo que o

empreendedorismo neoliberal afeta tanto a

subjetividade do repórter e seus projetos profissionais,

quanto o papel da informação jornalística na

sociabilidade hegemônica contemporânea. Essa

reflexão apoia-se na edificação de uma ontologia do

jornalismo, proposta de interpretação da práxis

noticiosa hoje.

241

_42_11.pdf

Acesso em: 5 dez. 2020

Ano: 2017

29.

JOGO DA LEITURA: A LUDICIDADE

NO JORNALISMO PARA TABLET

CUNHA, Rodrigo.

FREIRE, Eduardo.

Palavras-chave:

Jornalismo digital;

Design;

Contrato de leitura.

Disponível em:

http://www.compos.org.br/data/arquivos_

2017/trabalhos_arquivo_J5ECBORU9PW

6D5TEI9Z4_26_5213_06_02_2017_19_2

5_44.pdf

Acesso em: 5 dez. 2020

Este artigo trata, de um modo exploratório, do

conceito de ludicidade como estratégia enunciativa da

produção, na estruturação da experiência de leitura em

publicações digitais em tablets. Para discutir a relação

entre produção jornalística e leitura, passamos por uma

ampliação da noção de dispositivo, para além dos

aspectos técnicos, tratando-o como elemento da

produção de sentidos. Desta forma, resgatamos a

noção de contrato de leitura, de Eliseo Verón, quando

analisa os dispositivos de imprensa, para estudar as

condições de produção e de reconhecimento no

tabletjornalismo. A partir de testes de usabilidade, foi

possível constatar que a simplicidade de conteúdos e a

parcimônia no uso de recursos interativos podem ser a

chave para a satisfação dos leitores de publicações

digitais, e podem servir como guia para jornalistas e

designers na hora de escolher quais estratégias e

funcionalidades usar ao construir o caminho que leva

ao leitor no que denominamos de jogo da leitura.

Ano: 2017

30.

MULTIPARCIALIDADE, DIALOGIA E

CULTURA PARTICIPATIVA COMO

REAÇÃO À PÓS-VERDADE: UMA

ABORDAGEM DISCURSIVA SOBRE

O JORNALISMO

CARVALHO, Pedro Henrique Varoni de.

BELDA, Francisco Rolfsen.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Dialogia;

Cultura participativa.

Disponível em:

http://www.compos.org.br/data/arquivos_

2017/trabalhos_arquivo_MGT6FSWS1N

E8LA0U38YW_26_5175_14_02_2017_1

7_03_04.pdf

Acesso em: 5 dez. 2020

Dinâmicas das redes sociais têm redefinido práticas

jornalísticas, levando à percepção de uma crise em

noções como objetividade e imparcialidade. A

discussão sobre pós-verdade durante as eleições norte-

americanas de 2016 é um sintoma de demandas sociais

pela responsabilidade de atores midiáticos em relação

às informações divulgadas e da necessidade de um

reposicionamento deontológico e epistemológico no

campo do jornalismo. No Brasil, esse contexto

também envolve a cobertura jornalística da crise

política que levou ao impeachment da ex-presidente

Dilma Roussef . A partir desse quadro, o trabalho

procura apontar a pertinência dos valores de

multiparcialidade e dialogismo para um

reposicionamento conceitual do jornalismo. Assim, é

proposta uma aproximação teórica entre os estudos

midiáticos da cultura participativa com o campo

linguístico discursivo para se refletir sobre formas

potencialmente mais democráticas e polifônicas do

exercício do jornalismo na contemporaneidade.

Ano: 2017

31.

UMA PROPOSTA TEÓRICO-

METODOLÓGICA PARA A PESQUISA

DE OBJETOS NO JORNALISMO

CONTEMPORÂNEO

Objetivamos aqui discutir uma proposta teórico-

metodológica para fundamentar a pesquisa e

observação de objetos no jornalismo contemporâneo.

Recorremos aos conceitos de materialidade na

Comunicação, associada à TAR - Teoria Ator-Rede,

aos estudos vinculados a sistemas, espumas e objetos

todas elas reunidas sob a proposta de um campo mais

242

SAAD, Elizabeth.

SILVEIRA, Stephanie Carlan da.

Palavras-chave:

Jornalismo contemporâneo;

Epistemologia;

Pesquisa de objetos.

Disponível em:

http://www.compos.org.br/data/arquivos_

2017/trabalhos_arquivo_4ZHZFAW8RE

LTO6443MBI_26_5182_14_02_2017_07

_03_28.pdf

Acesso em: 5 dez. 2020

aberto, interdisciplinar e resiliente para a comunicação

contemporânea. Por fim, propomos alguns pontos de

reflexão para a construção de conteúdos informativos

neste ambiente.

Ano: 2018

32.

A PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO

NO JORNALISMO:

TRANSFORMAÇÕES E

RENOVAÇÕES DO CENÁRIO

CONTEMPORÂNEO

FRANCISCATO, Carlos Eduardo.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Conhecimento;

Construção Social.

Disponível em:

http://www.compos.org.br/data/arquivos_

2018/trabalhos_arquivo_J4EQWHBRIM5

CC0BIT6WY_27_6492_26_02_2018_14

_39_15.pdf

Acesso em: 6 dez. 2020

Este paper propõe realizar uma releitura da produção

de conhecimento no jornalismo. Partimos da tese

clássica do jornalismo como uma forma social de

conhecimento e sugerimos um deslocamento de olhar:

pensar os modos de produção deste conhecimento no

jornalismo, procurando, nessa mudança, enfatizar os

elementos, processos e contextos sociais que

participam desta produção. A pesquisa foi

desenvolvida no método dedutivo e aplicou técnicas

de pesquisa bibliográfica para investigar o cenário

contemporâneo do jornalismo e a construção do

modelo de produção de conhecimento em jornalismo.

Foram aplicadas categorias macrossociais como

conhecimento, tecnologia, capital social e inovação.

Por fim, reconhecemos a importância da noção de

“instituições intermediárias”, de Berger e Luckmann,

para superar uma oposição entre teoria da mediação e

da construção nos estudos de jornalismo.

Ano: 2018

33.

CRISE E MERCADO DE TRABALHO:

TRAJETÓRIAS PROFISSIONAIS DE

JORNALISTAS NO BRASIL (2012-

2017)

PONTES, Felipe Simão.

MICK, Jacques.

Palavras-chave:

Trajetórias Profissionais;

Jornalistas Brasileiros;

Crise.

O artigo apresenta os resultados de survey sobre

trajetórias profissionais de jornalistas brasileiros de

2012 a 2017, período em que às transformações

estruturais do ofício se somou a complexa crise

política, econômica e social no Brasil. Iniciado com

manifestações de massa em 2013, o período de tensões

políticas no país (ainda em andamento) foi alimentado

por notável participação de jornalistas que,

abandonando posições de imparcialidade, defenderam

a derrubada de Dilma Rousseff e a agenda de restrição

a direitos sociais e trabalhistas adotada por Michel

Temer. O survey foi respondido em 2017 por 1.233

profissionais que, cinco anos antes, haviam participado

de pesquisa de perfil da categoria. Os dados permitem

a comparação direta de informações sobre a posição

ocupacional dos respondentes nos dois momentos,

243

Disponível em:

http://www.compos.org.br/data/arquivos_

2018/trabalhos_arquivo_72JHNDAEFV9

AD5MYXI08_27_6951_26_02_2018_14

_58_21.pdf

Acesso em: 6 dez. 2020

além de recolherem representações dos jornalistas a

respeito dos efeitos das duas crises sobre seu trabalho.

Ano: 2018

34.

IMERSIVIDADE COMO ESTRATÉGIA

NARRATIVA EM PODCASTS

INVESTIGATIVOS: PISTAS PARA UM

RADIOJORNALISMO TRANSMÍDIA

EM IN THE DARK

LOPEZ, Débora Cristina.

VIANA, Luana.

AVELAR, Kamilla.

Palavras-chave:

Podcast;

Rádio expandido;

Rádio transmídia.

Disponível em:

http://www.compos.org.br/data/arquivos_

2018/trabalhos_arquivo_VQCYDJI5Z67

BL7QMAUI3_27_6772_26_02_2018_12

_49_26.pdf

Acesso em: 6 dez. 2020

É objetivo deste artigo investigar como se configura o

podcast In the Dark no cenário de convergência. O

aparato teórico é fundamentado nas produções de

Kischinhevsky (2016), Lopez (2009; 2017), Meditsch

(2010) e Martínez-Costa (2015). A metodologia

descritiva (TRIVIÑOS, 2008) conta com a

multiplicidade de fontes (CRESSWELL, 2014)

ampliando a dimensão da amostra. Os resultados

apontam um novo desenho midiático avançando na

complexificação narrativa que investe no caráter

imersivo da produção e considera a audiência como

sujeitos ativos.

Ano: 2018

35.

INDICADORES DE CREDIBILIDADE

NO JORNALISMO: UMA ANÁLISE

DOS PRODUTORES DE CONTEÚDO

POLÍTICO BRASILEIROS

TRÄSEL, Marcelo.

LISBOA, Sílvia.

REIS, Giulia.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Credibilidade;

Pseudojornalismo.

Disponível em:

http://www.compos.org.br/data/arquivos_

2018/trabalhos_arquivo_2OJLTLEUOM

H3PRT4H3Z3_27_6314_23_02_2018_15

_11_04.pdf

Os termos “notícias falsas” e “pós-verdade” vem

sendo usados para descrever a potencialização da

desinformação nas redes digitais na segunda década

dos anos 2000. No Brasil, diversos atores vêm

instrumentalizando as redes sociais para disputas

políticas, espalhando conteúdo que imita materiais

jornalísticos legítimos, muitas vezes obtendo mais

audiência do que o noticiário de veículos tradicionais.

Este artigo apresenta os resultados de uma análise de

24 produtores de conteúdo político do país com maior

audiência no Facebook, a partir dos indicadores de

credibilidade desenvolvidos pelo Projeto Credibilidade

(Trust Project). Os resultados sugerem que, no cenário

atual, não é possível distinguir o jornalismo de

qualidade do pseudojornalismo a partir das

características dos websites e matérias publicadas por

produtores de conteúdo político.

244

Acesso em: 6 dez. 2020

Ano: 2018

36.

SUJEITO DADOS: APONTAMENTOS

PARA A DISCUSSÃO DO

JORNALISMO NO CENÁRIO BIG

DATA

ESTEVANIM, Mayanna.

SAAD, Elizabeth.

Palavras-chave:

Jornalismo de dados;

Mapa das mediações;

Sujeito dados.

Disponível em:

http://www.compos.org.br/data/arquivos_

2018/trabalhos_arquivo_96QE5C03RZOJ

16JAB55R_27_6514_22_02_2018_12_17

_16.pdf

Acesso em: 6 dez. 2020

Neste artigo partimos do olhar do jornalismo de dados

para compreender quem são os sujeitos atuantes das

redes sociais digitais. A proposta é de uma reflexão

teórica de conceitos e autores a partir da temática

discutida no Programa de Pós-graduação em Ciências

da Comunicação, na Universidade de São Paulo, sobre

mediações e midiatizações no consumo. Adotamos

como caminho o mapa das mediações de Jesús Martín-

Barbero numa tentativa de compreender as relações

constitutivas deste jornalismo e consequentemente dos

sujeitos de tais processos.

Ano: 2019

37.

AUDIÊNCIA RADIOFÔNICA

E A INTERAÇÃO MEDIADA ON-

LINE: A HASHTAG

#ITATIAIANACOPA COMO UMA

ESTRATÉGIA FALHA

VIANA, Luana.

HOMSSI, Aline Monteiro.

Palavras-chave:

Rádio Expandido;

Rádio Itatiaia;

Análise de Redes Sociais.

Disponível em:

http://www.compos.org.br/biblioteca/trab

alhos_arquivo_4PF4IVWAAH2O1RI4S0

VI_28_7432_17_02_2019_12_04_53.pdf

Acesso em: 6 dez. 2020

Este artigo analisa as redes formadas a partir do uso da

hashtag #ItatiaiaNaCopa, da Rádio Itatiaia, bem como

do perfil @radioitatiaia, com o objetivo de

compreender como ocorreu a interação mediada on-

line entre os usuários do Twitter e a cobertura

jornalística da Copa do Mundo 2018 realizada pela

Rádio Itatiaia. Os dados foram coletados no período de

28 de maio a 20 de julho de 2018, pela ferramenta

Netlytic e analisados por meio do software Gephi, a

partir dos conceitos da Análise de Redes Sociais

(RECUERO, BASTOS, ZAGO, 2015). Com a

utilização dos conceitos de rádio expandido

(KISCHINHEVSKY, 2016) e interação mediada on-

line (THOMPSON, 2018), observa-se a formação

dessas redes e a forma como a hashtag

#ItatiaiaNaCopa gerou baixo engajamento por parte do

público da Rádio Itatiaia.

Ano: 2019

38.

AGIR CARTOGRÁFICO: PROPOSTA

TEÓRICO-METODOLÓGICA PARA

COMPREENSÃO E EXERCÍCIO DO

JORNALISMO EM REDE

O artigo formula proposta a partir de exercício teórico

diante do que é postulado ser uma crise sistêmica no

jornalismo contemporâneo. Na perspectiva da filosofia

da linguagem, a natureza da crise delineia-se pela

disputa de sentidos que se estabelece na semiosfera,

cuja conformação é afetada intensamente pelo alto

grau de conectividades que se processam no ambiente

digital. Versões contemporâneas do fenômeno

245

OLIVEIRA, Felipe Moura de.

OSÓRIO, Moreno Cruz.

HENN, Ronaldo César.

Palavras-chave:

Agir cartográfico;

Mediação qualificada;

Ciberacontecimento.

Disponível em:

http://www.compos.org.br/biblioteca/trab

alhos_arquivo_VOHR9REETUOVW8I3

TZYF_28_7626_21_02_2019_07_24_15.

pdf

Acesso em: 6 dez. 2020

designado como “fake news” e outros

desdobramentos, como a ascensão de imaginários

retrógados, adensam a configuração dessa crise.

Considerando-se as tensões que esse fenômeno produz

sobre as práticas jornalísticas, emerge a proposta do

agir cartográfico, associado à interface dos conceitos

de ciberacontecimento e breaking news, como

alternativa teórico-metodológica para a compreensão e

o exercício do jornalismo em rede. É um movimento

que projeta o jornalismo na condição de mediação

qualificada, favorecendo formas mais complexas de

representação e interpretação do mundo

Ano: 2019

39.

TENSIONAMENTOS ENTRE CAMPOS

SOCIAIS: AS FAKE NEWS E A

RECONFIGURAÇÃO DO CAMPO

COMUNICACIONAL E POLÍTICO NA

ERA DA PÓS-VERDADE

FERNANDES, Carla Montuori.

OLIVEIRA, Luiz Ademir de.

GOMES, Vinícius Borges.

Palavras-chave:

Jornalístico;

Fake News;

Eleição 2018.

Disponível em:

http://www.compos.org.br/biblioteca/trab

alhos_arquivo_DNGRMEF7ZR3MHMR3

GHHS_28_7634_20_02_2019_13_14_44.

pdf

Acesso em: 6 dez. 2020

O artigo propõe o estudo da reconfiguração do campo

da comunicação em função da nova ambiência

eleitoral de 2018 quando os fluxos midiáticos foram

marcados por alterações em suas dinâmicas. O

trabalho visa a oferecer um contributo de reflexão,

apontando dados e sistematizando aspectos ligados ao

fenômeno das fake news. Nesse sentido, cumpre

entender conceitos de midiatização e abordar

perspectivas de embasamento da realidade política do

País, sobretudo o papel dos campos, como o do

jornalismo, colocado em xeque numa época em que a

pós-verdade assume lugar de destaque na sociedade.

Para a realização da pesquisa, foi desenvolvida uma

análise de conteúdo das matérias da agência de

checagem Lupa durante o período de 23 a 28 de

outubro de 2018.

Ano: 2020

40.

BRINCANDO EM SERVIÇO: AS

POTENCIALIDADES

INFORMATIVAS DO LÚDICO NO

JORNALISMO DIGITAL

LOPES, Olga Clarindo.

Palavras-chave:

Newsgames;

Interação;

Engajamento.

Considerando as dimensões emocional e de identidade

integradas aos papéis sociais que o jornalismo

desempenha na vida cotidiana (HANITZSCH, VOS,

2018) este artigo discute o impacto dos mecanismos de

interação sobre a interpretação do conteúdo

jornalístico decorrente das novas formas de

engajamento com o público. Procuramos examinar de

que maneiras a combinação entre ações lúdicas e

percepções subjetivas em produções interativas

tencionam a forma como os profissionais

conceitualizam o papel da audiência. Observando as

categorias de newsgames e questionários (quizzes)

propostas por Wojdynski (2016) exploramos como

veículos de mídia vêm utilizando esses formatos para

246

Disponível em:

http://www.compos.org.br/biblioteca/trab

alhos_arquivo_DQJX2AD82Z2Q9V236Z

C0_30_8615_26_02_2020_12_54_53.pdf

Acesso em: 6 dez. 2020

situar os leitores em reportagens que lidam com

grandes bases de dados, exemplificar o funcionamento

de sistemas complexos ou auxilia-los a compreender e

compartilhar aspectos de suas identidades e,

consequentemente, repensar a posição que ocupam em

relação ao “outro”.

Ano: 2020

41.

CIRCULAÇÃO DE INFORMAÇÃO NO

TWITTER: COMO LÍDERES DE

OPINIÃO RESSIGNIFICAM AS

NOTÍCIAS

SOARES, Felipe Bonow.

Palavras-chave:

Circulação de Informação;

Líder de opinião;

Recirculação.

Disponível em:

http://www.compos.org.br/biblioteca/trab

alhos_arquivo_6OOX9F1O632DAU0VL

TQG_30_8339_01_03_2020_09_18_41.p

df

Acesso em: 6 dez. 2020

Este estudo tem como objetivo analisar o processo de

circulação e recirculação de notícias no Twitter.

Particularmente, observa-se o papel dos líderes de

opinião neste processo. Para isso, são analisadas duas

conversações que totalizam um conjunto de dados de

mais de 1 milhão de tweets. Utiliza-se uma abordagem

de métodos mistos a partir de Análise de Redes

Sociais e Análise de Conteúdo. Os resultados indicam

que líderes de opinião ressignificam as notícias

conforme suas narrativas políticas. Além disso,

observou-se que os usuários pró-Bolsonaro

apresentam uma dinâmica de superparticipação que

ajuda a impulsionar a visibilidade de certas

mensagens.

Ano: 2020

42.

OS DADOS DIGITAIS NA

COMUNICAÇÃO: UM NOVO

PADRÃO NAS PESQUISAS?

RABELO, Leon Eugênio Monteiro.

CESAR, Daniel Jorge Teixeira.

Palavras-chave:

Dados digitais;

Pesquisas Comunicacionais;

Compós;

NVivo.

Disponível em:

http://www.compos.org.br/biblioteca/trab

alhos_arquivo_90JEHXQW1GEGS82BR

UCE_30_8605_26_02_2020_10_08_40.p

df

Acesso em: 6 dez. 2020

Face à emergência do padrão dos dados digitais na

sociedade contemporânea, este artigo faz uma análise

de sua presença enquanto tema nas pesquisas da

Comunicação. Para tal, escolheu-se fazer um

levantamento de todos os artigos científicos

publicados nos anais da Compós – Associação

Nacional dos Programas de Pós-Graduação em

Comunicação, entre os anos 2000-2019 que tenham

tematizado os dados digitais. Para encontrar os artigos

relevantes em meio a um volume tão expressivo de

textos, usou-se o ‘NVivo’, um software de análise

qualitativa de textos. Essa ferramenta permitiu

também análises estatísticas e cruzamentos de

informação que aclarasse o perfil dessas pesquisas e

suas tendências evolutivas ao longo de 20 anos de

produção científica no campo da Comunicação.

Ano: 2020

43.

O artigo discute a centralidade do conceito de

dispositivo como eixo de análise para os diferentes

episódios de crítica das práticas jornalísticas vistas em

247

DISPOSITIVOS DE CRÍTICA

JORNALÍSTICA NA ESFERA

PÚBLICA EM REDE

COELHO, Alisson.

Palavras-chave:

Crítica midiática;

Dispositivos críticos;

Jornalismo.

Disponível em:

http://www.compos.org.br/biblioteca/trab

alhos_arquivo_YE7H1JH1RYBHW0PS2

6MF_30_8768_02_03_2020_11_55_29.p

df

Acesso em: 6 dez. 2020

rede. Ao final de um percurso de seis anos de

pesquisas em torno de diferentes aspectos da

construção, difusão, circulação e retorno da critica

jornalística nos ambientes em rede e nas redações,

entendemos que não há uma crítica, mas diversas

críticas mais ou menos estabelecidas em torno do

campo jornalístico com diferentes níveis de

epistemologização. Aqui discutimos o conceito de

dispositivo, a partir de Foucault, Agamben e Braga,

como um operacionalizador para compreendermos o

funcionamento conjunto (ou sistêmico) e individual

desses lugares de crítica difusos em rede.

Ano: 2020

44.

JORNALISMO CIENTÍFICO,

ECOSSISTEMA JORNALÍSTICO E

FONTES ESPECIALIZADAS: UMA

NOVA REALIDADE

SILVA, Thalita Mascarelo da.

GENTILLI, Victor.

Palavras-chave:

Fontes jornalísticas;

Promotores de notícias;

Ecossistema jornalístico.

Disponível em:

http://www.compos.org.br/biblioteca/trab

alhos_arquivo_1JIQO6944GKHJWDYM

YAG_30_8473_24_02_2020_18_05_10.p

df

Acesso em: 6 dez. 2020

Um estudo sobre as relações sociais e de poder que

contextualizam as fontes de notícias, compreendidas

aqui como promotores de notícias (news promoters),

no ecossistema jornalístico. A reflexão sobre os modos

como essas transformações se configuram no

jornalismo digital é executado com base em uma

pesquisa bibliográfica, a partir do questionamento

sobre o papel das fontes de notícias nesses processos.

Dois percursos teóricos associados sustentam a

discussão do trabalho: por um lado, o entendimento da

territorialidade e da temporalidade como fenômenos

articulados com ênfase nas modificações espaço-

tempo que se manifestam de forma particular no

jornalismo; de outro, as mediações tecnológicas

imbricadas ao processo de circulação da informação

como uma condição emergente das sociedades

contemporâneas.

Ano: 2020

45.

JORNALISMO E FACT-CHECKING:

FONTES OFICIAIS NA BASE DA

CHECAGEM E CRITÉRIOS NÃO

EXPLICITADOS NA SELEÇÃO DO

QUE CHECAR ORIENTAM A

ANÁLISE DE AOS FATOS E

AGÊNCIA LUPA

DAMASCENO, Daniel.

PATRÍCIO, Edgard.

A prática de fact-checking iniciou para verificar a

factualidade das informações nos discursos de agentes

políticos (GRAVES, 2013). Mas a proliferação de

informações falsas nas redes sociais da internet, e

disseminação de mentiras como instrumento político,

fez com que as metodologias de fact-checking também

fossem utilizadas para combater as fake news (DINIZ,

2018). Numa abordagem cognitiva e comportamental,

Lazer et al (2018) alertam que existem dúvidas quanto

à eficácia dessa utilização. Esse artigo analisa a

atuação de duas agências brasileiras de checagem, Aos

Fatos e Agência Lupa. Demonstramos que, apesar da

checagem de discursos ter relação direta com a

credibilidade das organizações, as próprias agências

248

Palavras-chave:

Jornalismo;

Fact-checking;

Fake news.

Disponível em:

http://www.compos.org.br/biblioteca/trab

alhos_arquivo_QO9GOSFIK2N0BXC199

0P_30_8700_26_02_2020_15_50_50.pdf

Acesso em: 6 dez. 2020

não explicitam os critérios que orientam a seleção do

que é checado. E que as plataformas de fact-checking

se valem, sobretudo, de dados e estudos fornecidos por

fontes oficiais e instituições públicas, comprometendo

mais uma vez a credibilidade do processo.

Ano: 2020

46.

VIOLÊNCIA DIGITAL CONTRA

JORNALISTAS: O CASO DAS

ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2018

RAMOS, Daniela Osvald.

SAAD, Elizabeth.

Palavras-chave:

Violência digital;

Jornalistas;

Eleições presidenciais.

Disponível em:

http://www.compos.org.br/biblioteca/trab

alhos_arquivo_GF08O9WXJ33HGJ5QG

Z69_30_8278_13_02_2020_18_52_07.pd

f

Acesso em: 6 dez. 2020

Este artigo apresenta e analisa o cenário brasileiro de

violência digital contra jornalistas durante o período

das eleições de 2018 e seu desenvolvimento posterior,

com base em uma visão de perspectiva múltipla tanto

para a abordagem teórica quanto para o método de

pesquisa adotado. A abordagem teórica combina

referências da ontologia do jornalismo e sua prática

contemporânea em ambientes digitais, bem como

utiliza conceitos da sociologia da violência

contemporânea para uma abordagem sobre a violência

a partir do sujeito. Propomos também uma coleta de

dados de plataformas sociais de análise de sentimento

no período focalizado bem como a coleta de dados

sobre os três jornalistas entrevistados. Concluímos que

a violência digital contra jornalistas ameaça o futuro

da profissão e, entre outras causas, decorre do

processo de desumanização a partir do uso de robôs na

manipulação do algoritmo nas plataformas de mídia

digital.

249

APÊNDICE B

Textos selecionados do Encontro Anual da SBPJor (2012-2020).

TEXTOS SELECIONADOS

RESUMO

Ano: 2012

1.

O PROCESSO DE PRODUÇÃO

WEBJORNALÍSTICA AUDIOVISUAL

UNIVERSITÁRIA: POSSIBILIDADES

E LIMITAÇÕES PARA MUDANÇAS

TEIXEIRA, Juliana Fernandes.

Palavras-chave:

Jornalismo digital;

Webjornalismo audiovisual; Webtvs

universitárias;

Processo produtivo jornalístico; Produção

webjornalística audiovisual.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XENPJOR/paper/view/1495/62

Acesso em: 5 dez. 2020

Estudar o processo de produção jornalística é

fundamental na contemporaneidade, quando os meios

de comunicação, sobretudo os baseados no

ciberespaço, são marcados por uma reestruturação

tecnológica contínua e profunda, alterando o

funcionamento das fases produtivas. Esse panorama

nos impele a observar as principais possibilidades e

limitações para tais mudanças no processo de

produção, em especial no âmbito do webjornalismo

audiovisual universitário. O objetivo do artigo é,

portanto, verificar se e quais transformações os

produtos webjornalísticos audiovisuais universitários

geram no processo de produção jornalística. A

metodologia empregada foi a desenvolvida pelo

GJOL-UFBA, que combina procedimentos

quantitativos e qualitativos, bem como pesquisa de

campo

Ano: 2012

2.

A NOTÍCIA LÍQUIDA NA NOVA

ECOLOGIA MIDIÁTICA

RUBLESCKI, Anelise.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Notícia;

Notícia líquida;

Webnotícia.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XENPJOR/paper/view/1505/65

Acesso em: 5 dez. 2020

O artigo repensa o próprio conceito de notícia na

sociedade líquida, convergente e midiatizada.

Evidencia que a nova ecologia midiática desequilibra

o clássico binômio produçãorecepção de notícias

verticalmente mediadas por jornalistas e transfere a

tônica para a circulação. Já não basta publicar: as

notícias precisam ser filtradas pelos interagentes,

reelaboradas, recomendadas para as redes sociais das

plataformas digitais. Ao longo do processo, a notícia

adquire um duplo estatuto: o enunciado no seu local de

postagem inicial e os fluxos que se estabelecem entre

os plurais espaços que se inserem no circuito da

notícia online. O somatório desses fluxos resulta na

caracterização da notícia líquida. Metodologicamente,

trata-se de um trabalho de cunho teórico-analítico, a

partir de revisão da literatura.

Ano: 2012

3.

Em tempos de convergência tecnológica, o jornalismo

tem passado profundas transformações em diversos

aspectos. Através do estudo realizado para uma

250

PROCESSOS EMERGENTES DO

JORNALISMO NA INTERNET

BRASILEIRA: “NOVOS

JORNALISTAS” NA ERA DA

INFORMAÇÃO DIGITAL

DEAK, André.

FOLETTO, Leonardo.

Palavras-chave:

Jornalismo digital;

Ciberjornalismo;

Internet;

Redes sociais;

Jornalismo em base de dados.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XENPJOR/paper/view/1779/129

Acesso em: 5 dez. 2020

dissertação de mestrado (DEAK, 2011) sobre alguns

profissionais envolvidos em atividades jornalísticas

tidas como emergentes, este trabalho propõe

categorias para delimitar novas ocupações jornalísticas

dentro do ciberjornalismo. Estas categorias apontam

para um “novo” jornalismo emergente na rede, que

exige cada vez mais dos profissionais noções de área

como programação de sites, desenvolvimento de

bancos de dados, gestão de mídias sociais, produção

multimídia, produção web e empreendedorismo.

Ano: 2012

4.

AS REVISTAS MUDAM PORQUE OS

SUPORTES MUDAM: PANORAMA

DO PRODUTO EM FORMATOS

DIGITAIS

DOURADO, Tatiana Maria.

Palavras-chave:

Jornalismo online;

Revistas;

Suportes;

Materialidades.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XENPJOR/paper/view/1787/122

Acesso em: 5 dez. 2020

Propõe-se associar o panorama histórico da

digitalização das revistas jornalísticas com a

delimitação teórica acerca das materialidades no

campo das Ciências da Comunicação. Para isso, é

apresentado o processo de transição e consolidação do

produto específico nos formatos digitais, desde os

“teletexts magazines”, nos anos 1980, até as atuais

“revistas sociais”, que, novamente, reorienta a lógica

de distribuição e consumo de notícias. A pesquisa é

possibilitada através do método de revisão de literatura

com foco na linha evolutiva das revistas, ainda

escassa, e nos estudos sobre materialidades,

exemplificada com estudos de casos ilustrativos, com

intuito de compreender as diferentes atuações do

produto nas interfaces virtuais.

Ano: 2012

5.

A PARTICIPAÇÃO DOS

INTERAGENTES NOS SITES DE

REDES SOCIAIS COMO UMA

DIMENSÃO DO ACONTECIMENTO

JORNALÍSTICO

ZAGO, Gabriela da Silva.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Em maio de 2012, foi inaugurada a ciclovia da

Avenida Ipiranga, em Porto Alegre, RS, apesar de

estar apenas 4,4% concluída. A peculiaridade do

acontecimento fez com que ele fosse bastante

discutido nos sites de redes sociais. Por conta dessas

características, o acontecimento é tomado como ponto

de partida para discutir a possibilidade de se

considerar a participação dos interagentes como uma

dimensão do acontecimento jornalístico, na medida em

que, através da recirculação, os interagentes podem

atribuir sentidos diversos e inesperados ao

acontecimento, que é posto em circulação novamente

dotado de novos sentidos e pode vir a afetar, de forma

251

Acontecimento;

Circulação jornalística;

Sites de redes sociais;

Twitter.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XENPJOR/paper/view/1790/124

Acesso em: 5 dez. 2020

ressignificada, outros interagentes.

Ano: 2012

6.

O TWEET NOTICIOSO COMO

GÊNERO DISCURSIVO

TEIXEIRA, Mabel Oliveira.

Palavras-chave:

Gêneros discursivos;

Notícia;

Esfera jornalística;

Twitter;

Tweet noticioso.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XENPJOR/paper/view/1834/134

Acesso em: 5 dez. 2020

O presente artigo visa contribuir às pesquisas arroladas

dentro da área de Análise de Gêneros através da

observação de um objeto-textual pouco explorado,

mas amplamente apropriado pela esfera jornalística

como produto informativo, a saber: o tweet noticioso.

A proposta desenvolvida neste trabalho volta-se ao

entendimento do tweet noticioso como um gênero

discursivo transmutado (BAKHTIN, 1990, 2005,

2011). Nosso pressuposto central é que a Web, vista

como (hiper)esfera da atividade humana, estimula a

hibridização de gêneros e esferas que, uma vez

deslocados de seus contextos imediatos, se

transformam em função das novas necessidades

comunicacionais da chamada Sociedade em Rede

(CASTELLS, 2010). Em nossa análise iremos

observar 134 enunciados jornalísticos publicados no

Twitter visando encontrar as possíveis marcas

estilísticas, composicionais e/ou temáticas que

denunciem a gênese de um novo gênero jornalístico.

Ano: 2012

7.

JORNALISMO EM BASES DE DADOS

E O HACKEAMENTO DOS JORNAIS

ALMEIDA, Yuri.

Palavras-chave:

Convergência;

Jornalismo em base de dados;

Hackeamento;

Jornalismo colaborativo;

Hacker.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XENPJOR/paper/view/1903/153

Acesso em: 5 dez. 2020

Os bancos de dados estão no cerne do processo

criativo para a elaboração de produtos para grande

parte das novas mídias (MANOVICH, 2001).

Entretanto, apesar da enorme quantidade de dados

disponíveis, a informação não tem sentido sem a

contextualização, recombinação e estruturação dos

conteúdos. Além de estruturar o jornalismo no

ciberespaço, as bases de dados permitem também

potencializar as práticas colaborativas jornalísticas. A

partir de 2008 observou-se um processo, das grandes

empresas de comunicação, em liberar as suas

respectivas API’s e, paralelamente, criar ações da

hackeamento dos jornais. Defende-se neste artigo que

a disponibilização da API será fundamental para

ampliar o hackeamento dos jornais e contribuir para a

melhoria técnica e social dos meios de comunicação.

Ano: 2012

8.

DESCENTRALIZAÇÃO DOS

Lidar com conteúdo noticioso produzido por amadores

é um desafio enfrentado pelas media tradicionais. A

aquisição das Tecnologias da informação e da

comunicação (Tics) por não profissionais representa

252

PROCESSOS PRODUTIVOS DA

NOTÍCIA: DA MEDIAÇÃO

TRADICIONAL DAS MEDIA À

HIPERMEDIAÇÃO COLABORATIVA

ANJOS, Edienari Oliveira dos.

Palavras-chave:

Descentralização;

Colaboração;

Media;

Audiência;

Conteúdo noticioso;

Crowdsourcing

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XENPJOR/paper/view/2134/210

Acesso em: 5 dez. 2020

um novo momento para as empresa midiáticas, que

sente a necessidade de inovar e inserir a audiência em

seu espaço produtivo. Com o propósito de investigar o

fenômeno, o artigo dedica-se a entender práticas

jornalísticas de colaboração da audiência na

construção de conteúdo noticioso. Tem-se como

objeto de análise a cobertura jornalística colaborativa

da revista Select durante a Feira Internacional SP-

Artes. A revista vale-se da prática crowdsourcing

(open callchamada aberta) para suscitar a colaboração

de seus leitores, o que demonstra uma descentralização

da rotina produtiva da media impressa. Constata-se a

transição do monopólio produtivo da notícia das media

tradicionais à participação efetiva da audiência.

Ano: 2012

9.

A CONSTRUÇÃO DO

ACONTECIMENTO JORNALÍSTICO

NA ERA DA CONVERGÊNCIA DAS

MÍDIAS

BACCIN, Alciane Nolibos.

Palavras-chave:

Acontecimento jornalístico; Convergência

midiática;

Mídias sociais;

Critérios de noticiabilidade; Cultura

participativa.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XENPJOR/paper/view/2147/217

Acesso em: 5 dez. 2020

O presente artigo faz uma reflexão sobre os avanços

das tecnologias digitais, da participação dos usuários

na configuração do acontecimento jornalístico e a

emergência de uma cultura mais inclusiva na seleção,

produção e circulação dos acontecimentos

jornalísticos. Na construção dos acontecimentos

jornalísticos estão presentes questões internas

(critérios de notibilidade) e externas (tecnologia e

participação do público) que ajudam a configurar esses

acontecimentos. Com base nessas questões são

analisados dois exemplos veiculados nos portais G1 e

Terra sobre o Acontecimento Geisy Arruda – Uniban.

Este artigo é parte da dissertação da autora.

Ano: 2012

ARAGÃO, Rodrigo Martins.

10.

JORNALISMO E PARTICIPAÇÃO: OS

CONTEÚDOS PRODUZIDOS PELOS

USUÁRIOS NO JORNALISMO

BRASILEIRO

Palavras-chave:

Jornalismo;

Participação no Jornalismo;

Tendo como pressuposto a hipótese do Jornalismo

Difuso, segundo a qual, a partir do surgimento de

ferramenta de produção de conteúdo e publicação

pessoal qualquer indivíduo poderia fazer as vezes de

jornalista, o estudo investiga a veracidade desta

afirmação dentro dos espaços abertos pelos webjornais

brasileiros para a recepção e publicação de conteúdos

produzidos por usuários. Para colocar em discussão

esta questão e testar tal hipótese, realizou um

mapeamento de espaços de participação em 31 jornais

brasileiros, em que se identificam tendências gerais

relativas às questões de pesquisa acima citadas.

Encontraram-se evidências da manutenção da divisão

253

Webjornalismo.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XENPJOR/paper/view/2148/218

Acesso em: 5 dez. 2020

de papéis entre jornalista profissional e leitor

participante, marcado pela reafirmação da habilitação

do profissional para a seleção e tratamento das

informações.

Ano: 2012

11.

NAS ONDAS HIPERMIDIÁTICAS:

RADIOJORNALISMO,

HIPERMEDIAÇÕES E FASE DA

MULTIPLICIDADE DA OFERTA NO

PIAUÍ

TEIXEIRA, Thays Helena Silva.

DOURADO, Jacqueline Lima.

Palavras-chave:

Radiojornalismo;

Economia Política do Jornalismo;

Hipermediações;

Fase da Multiplicidade da Oferta.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XENPJOR/paper/view/1911/154

Acesso em: 5 dez. 2020

O artigo analisa o processo de produção jornalística

via hipermediações inserido no mercado do rádio

piauiense. A análise parte de uma compreensão do

cenário neoliberal de mercado e como ele reverbera

em processos de globalização e convergência

midiática, fazendo com que a produção de conteúdos

jornalísticos para o rádio assuma nova caracterização,

inserida naquilo que Brittos (2006), chama de Fase da

Multiplicidade da Oferta. A Economia Política do

Jornalismo tráz os elementos teóricos metodológicos

para essa compreensão que analisa a rádio Teresina

FM, como um estudo de caso, no sentido de refletir

sobre o mercado do rádio no Piauí e a sua adesão aos

formatos do jornalismo digital.

Ano: 2013

12.

OS DESAFIOS JORNALÍSTICOS

DIANTE DA REDEFINIÇÃO DO

CONCEITO DE CONTEÚDO

MINGA, Ester.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Conteúdo simbólico;

Internet;

Parêntese Gutenberg;

Modo de produção.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIENPJOR/paper/view/2310/409

Acesso em: 5 dez. 2020

O presente artigo debruça-se sobre as formas de

produção, circulação e apreciação de conteúdos

simbólicos hoje, pela internet, e dos períodos

anteriores, respectivamente, à invenção da imprensa de

Gutenberg e à introdução da eletricidade na

comunicação, com o objetivo de identificar

similaridades entre essas práticas tal como ocorrem

atualmente e da forma que se estabeleciam no passado.

Para isso, parte-se da hipótese de que, apesar do

inegável avanço tecnológico e das possibilidades

intrínsecas às invenções citadas, no sentido de que só

se tornaram possíveis a partir delas, as práticas tal

como existem hoje na internet, são em grande parte as

mesmas verificadas no passado. Portanto, esta volta às

origens torna necessário e urgente ao jornalismo, cujo

produto comercializado por sua indústria é um

conteúdo simbólico, redefinir seu modo de produção

Ano: 2013

13.

O JORNALISTA MULTIMÍDIA:

Este artigo tem por objetivo problematizar as tensões

em torno da identidade profissional do jornalista

diante da incorporação crescente de ferramentas

digitais em suas rotinas produtivas. Para isso, serão

254

TENSÕES EM TORNO DA

(CIBER)CULTURA PROFISSIONAL

SEIBT, Taís.

Palavras-chave:

Identidade profissional;

Jornalismo multimídia;

Cibercultura;

Redação integrada.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIENPJOR/paper/view/2336/423

Acesso em: 5 dez. 2020

recuperadas discussões acerca da identidade

profissional do jornalista, as quais serão colocadas em

perspectiva com conceitos de cibercultura e resultados

empíricos de observações de rotina realizadas na

Redação do jornal Zero Hora, para enfim discutir a

formação de uma identidade do “jornalista

multimídia”.

Ano: 2013

14.

OS TIPOS DE JORNALISTAS

BLOGUEIROS: UMA NOVA

PROPOSTA DE CATEGORIZAÇÃO

NONATO, Cláudia.

Palavras-chave:

Blogs;

Blogueiros;

Jornalistas;

Categorização.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIENPJOR/paper/view/2325/418

Acesso em: 5 dez. 2020

Os primeiros blogs surgiram ainda nos anos 1990,

primeiro como diários virtuais (Schittine, 2004), sendo

mais tarde apropriados por profissionais de diversas

áreas, principalmente jornalistas. Além disso, nos

últimos anos, a grande quantidade de pesquisas,

levantamentos e categorizações publicadas no meio

acadêmico demonstra que os blogs tornaram-se

importantes meios de comunicação, que abalaram as

rotinas produtivas dos meios de massa (Quadros, Rosa

e Vieira, 2005). A partir de um estudo documental e

bibliográfico, observa-se que a maior parte das

categorizações feitas até aqui, partiram do blog como

referência e distinção, e não do blogueiro. Desse

modo, baseados na tipologia criada por Alex Primo

(2008; 2010), pretendemos, com este artigo, apresentar

uma nova categorização de jornalistas blogueiros.

Ano: 2013

15.

LINGUAGENS, PARADIGMAS E

PERSPECTIVAS SOBRE A

UTILIZAÇÃO DOS DISPOSITIVOS

MÓVEIS

PEREIRA, Marcelo da Silva.

Palavras-chave:

Tablets;

Smartphones;

Linguagem;

Mobilidade;

Comunicação.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

O avanço tecnológico, o aumento do número de

usuários de dispositivos móveis nos últimos anos (no

Brasil e no mundo) e a multiplicidade de aplicativos

para comunicação por meio destes aparelhos permite

inúmeras possibilidades para interatividade,

transmissão e consumo da informação. O presente

artigo faz uma análise do uso de tablets e smartphones

a partir das discussões acerca da linguagem, a

utilização dos digitais móveis com abordagem sobre

os aspectos históricos, definições, as características,

usos e processos de linguagem e as perspectivas de

utilização para os próximos anos, em diálogo com os

autores e suas teorias de linguagens da mídia

contemporânea, em especial Lev Manovich e João

Canavilhas.

255

PJor/XIENPJOR/paper/view/2354/427

Acesso em: 5 dez. 2020

Ano: 2013

16.

WEBTELEJORNALISMO: O

DESAPARECIMENTO DO RITUAL DE

APRESENTAÇÃO E A EXPANSÃO

DA INFORMAÇÃO NO

CIBERESPAÇO

RENAULT, Letícia.

Palavras-chave:

Webtelejornalismo;

Ciberespaço;

Web;

Informação;

Âncora.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIENPJOR/paper/view/2391/440

Acesso em: 5 dez. 2020

Este artigo tem por objeto o webtelejornalismo,

compreendido como o telejornalismo produzido para

ser divulgado na web pelas redes brasileiras de

televisão aberta no processo de migração para o

ciberespaço. Ele pode ser compreendido como a fase

hipertextual multimídia do telejornalismo tradicional

produzido pelas maiores redes de televisão aberta no

Brasil. O artigo descreve o primeiro dos atributos do

atual webtelejornalismo no País, em que se evidencia

o desaparecimento do ritual de apresentação e a

expansão da informação no ciberespaço

Ano: 2013

17.

MOBILIZAR OU ENTRETER A

AUDIÊNCIA: RECONFIGURAÇÕES

DAS PRÁTICAS DO JORNALISTA

ON-LINE

BARSOTTI, Adriana.

AGUIAR, Leonel.

Palavras-chave:

Jornalismo on-line;

Mobilizador de audiência;

Entretenimento;

Gatewatcher;

Gatekeeping.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIENPJOR/paper/view/2499/472

Acesso em: 5 dez. 2020

O contexto de superabundância de informação na

internet e a crescente participação dos leitores no

processo de produção da notícia vêm reconfigurando o

papel do jornalista online. A partir de um estudo de

caso no site do jornal Extra, do Rio de Janeiro,

propusemos a revisão, à luz da internet, do conceito de

gatekeeping, aplicado por David White ao jornalismo.

Também analisamos a validade da utilização dos

termos gatewatcher e mediador para definir as novas

funções do jornalista na web. Por último, sugerimos

mais um conceito para esse campo de estudos: a do

jornalista como mobilizador da audiência na internet.

Nessa perspectiva, verificamos que, no Extra, o

jornalista on-line oscila entre o papel de entreter e

mobilizar, dado que os valores-notícia relacionados ao

entretenimento têm papel fundamental na

alavancagem da audiência do site.

Ano: 2013

18.

A INTERMIDIALIDADE COMO

FORMA DE INTERPRETAÇÃO DO

JORNALISMO DIGITAL DE REVISTA

O presente trabalho objetiva estudar uma das

modalidades atuais de jornalismo – o jornalismo

digital de revista. Especificamente temos como objeto

a prática realizada nos tablets e como ela pode ser

abordada pelo viés dos estudos de intermidialidade. Os

estudos de intermidialidade abordam os movimentos

256

ZSCHABER, Felipe.

Palavras-chave:

Jornalismo de Revista;

Jornalismo Digital;

Intermidialidade;

Mídias Digitais;

Tablets.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIENPJOR/paper/view/2557/486

Acesso em: 5 dez. 2020

(históricos e atuais) das mídias, suas próprias relações

e as relações sociais que tecem com os usuários. Com

essa proposta pretendemos buscar uma compreensão

mais complexificada dessa prática, considerando tanto

a dinâmica histórico-social quanto técnico-material

entre mídias e entre mídias-usuários.

Ano: 2013

19.

A DINÂMICA DA NOTÍCIA NAS

REDES SOCIAIS NA INTERNET:

UMA PROPOSTA DE

CATEGORIZAÇÃO DA CIRCULAÇÃO

A PARTIR DO CONTEÚDO DAS

POSTAGENS NO TWITTER E NO

FACEBOOK

SOUSA, Maíra.

Palavras-chave:

Jornalismo; Circulação;

Redes sociais na internet;

Dinâmica da Notícia;

Twitter e Facebook.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIENPJOR/paper/view/2592/495

Acesso em: 5 dez. 2020

Consideramos que a dinâmica da notícia diz respeito à

etapa de circulação a partir da forma de apresentação e

do conteúdo das postagens e a recirculação a partir das

ações participativas dos usuários. Nesse sentido, este

artigo tem por objetivo apresentar nossa proposta de

categorização da circulação a partir do conteúdo das

postagens (alerta, atualização, contextualização,

impacto, convergência, colaboração e composto) e

analisar como a notícia é construída no Twitter e no

Facebook. O estudo foi realizado a partir de 121

postagens do Twitter.com/estadao e 69 do

Facebook.com/estadao publicadas entre os dias 27 e

31 de janeiro de 2013, à respeito da Tragédia em Santa

Maria (RS).

Ano: 2013

20.

JORNALISMO EM DISPOSITIVOS

MÓVEIS: NEWSMAKING E O

APLICATIVO CIRCA

GOSS, Bruna Marcon.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Dispositivos móveis;

Newsmaking;

Valores-notícia;

Circa.

Esse trabalho pretende analisar o jornalismo em

dispositivos móveis, considerando as questões de

mobilidade e conectividade constantes,

proporcionadas pelos celulares e smartphones com

acesso à internet, e como o jornalismo se comporta

nesse contexto. Para isso, escolhemos o aplicativo de

notícias Circa, lançado em 2012, que apresenta

notícias em pequenos parágrafos, e analisamos as

notícias publicadas utilizando a hipótese do

newsmaking e os valores notícias de seleção de

Traquina (2008) para compreender quais são os

valores mais presentes e como o formato de produção

do Circa se apresenta nesse contexto de notícias para

mobilidade.

257

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIENPJOR/paper/view/2602/499

Acesso em: 5 dez. 2020

Ano: 2013

21.

TRANSFORMAÇÕES

ESTRATÉGICAS NA VOZ

INSTITUCIONAL DO JORNALISMO:

REDES SOCIAIS DA INTERNET NA

CONSTRUÇÃO DA IMAGEM DE SI

CARVALHO, Luciana Menezes.

RUBLESCKI, Anelise.

BARICHELLO, Eugenia Mariano da

Rocha.

Palavras-chave:

Voz institucional;

Estratégias comunicacionais;

Redes sociais da internet;

Jornalismo em rede;

Ethos discursivo.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIENPJOR/paper/view/2638/507

Acesso em: 5 dez. 2020

Neste trabalho, de caráter teórico-analítico, parte-se da

hipótese de que o jornalismo adota transformações

estratégicas em sua voz institucional para se adequar

ao ecossistema midiático digital. Entende-se que tais

adaptações decorrem principalmente da ampliação da

participação dos interagentes nas redes sociais da

internet, que representam papel central na atual

configuração midiática, desencadeando nas

organizações novas formas de representação de seu

ethos. Tais mudanças na construção da imagem de si

podem ser observadas em enunciados de natureza

editorial, em que o discurso institucional é mais

claramente exposto. Toma-se como caso de ilustração

o jornal Zero Hora (RS), que recentemente utilizou

manifestações das redes sociais da internet para

construir seu discurso institucional em uma carta

assinada pela diretora de redação.

Ano: 2013

22.

OMBUDSMAN, REDES SOCIAIS E A

PARTICIPAÇÃO DO PÚBLICO NA

MÍDIA

PAULINO, Fernando Oliveira.

OLIVEIRA, Madalena.

HOLLANDA, Marianna.

FIDALGO, Joaquim.

Palavras-chave:

Ombudsman;

Ética;

Regulação;

Participação;

Redes sociais.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIENPJOR/paper/view/2645/510

Acesso em: 5 dez. 2020

As atividades dos ombudsmen tem sido estudada

especialmente do ponto de vista da ética como

instrumento mediação entre o veículo de comunicação

e o público. Partindo deste pressuposto, neste artigo

procuramos explorar também a relação desta atividade

com a participação do público a partir do uso de redes

sociais por ombudsmen da RTP e da EBC. Na matriz

original da atividade do ombudsman, que em Portugal

adotou a designação de Provedor (dos Leitores, do

Ouvinte e do Telespectador) e no Brasil também é

conhecida como Ouvidor, está ímplicito um princípio

de interação com as audiências. Respondendo a

interpelações do público, o ombudsman é, por isso, um

dos canais que na mídia contemporânea procurar

cultivar precisamente os mecanismos de participação.

A este princípio acresce o fenômeno das redes sociais

que representam não apenas um estímulo adicional ao

contacto com o ombudsman, mas também uma

extensão do debate sobre a deontologia dos

profissionais de comunicação. Tal prática pode

possibilitar maior participação do público e prescreve

a necessidade de um profissional destacado para

administrar tal canal.

258

Ano: 2013

23.

O FAZER JORNALÍSTICO NO CIBER

ESPAÇO

MONTEIRO, Ana Carolina da Silva.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Cibercultura;

Novas Tecnologias;

Comunicação;

Hipermídia.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIENPJOR/paper/view/2668/521

Acesso em: 5 dez. 2020

Este artigo trata do fazer jornalístico e suas

especificidades na era da Internet. Por mais que este

objeto tenha sido discutido por diversos autores, ainda

pode desencadear excelentes reflexões, em especial

sobre a ótica do ciberjornalismo, dos novos papéis do

jornalista e do cidadão no atual universo

hipermidiático. A dinâmica do jornalismo, no que se

refere ao uso de técnicas e tecnologias, é problemática

para algumas teorias que tentam explicar o fato da

apropriação de suportes e sua relação com a produção.

Não existe no jornalismo uma teoria geral que dê

conta das mudanças e efeitos das tecnologias. O que

hoje parece ser delimitado para as outras mídias, ainda

é incógnita quando se trata das características do

jornalismo na web. Ainda no ano de 2013, o

ciberjornalismo emerge com mais desafios do que

certezas.

Ano: 2013

24.

DESTINOS DA MEDIAÇÃO

JORNALÍSTICA

FAUSTO NETO, Antonio.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Mediação;

Midiatização;

Amador;

Enunciação.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIENPJOR/paper/view/2515/561

Acesso em: 5 dez. 2020

As lógicas e operações digitais que estruturam e

dinamizam a 'relação com o outro' e a 'relação com os

dados' produzem transformações na atividade da

mediação, especialmente a de caráter jornalístico. Na

condição de 'peritos’, jornalistas têm suas práticas

atravessadas pelo 'exército de amadores' que fustigam

conhecimentos e procedimentos que, até, então se

mantinham nas fronteiras de suas atividades. Registros

sobre tais intervenções se manifestam nos ambientes

jornalísticos , nos processos formativos dos jornalistas

e em outros aspectos do seu ëthos” como os que

envolvem a autonomia e a testemunhalidade. . A

formulação de Robert Dahrton – “notícia, tudo que

couber a gente publica” , parece debilitada ou mesmo,

condenada ao desaparecimento, na medida em que a

mediação jornalística se mostra , crescentemente ,

afetada pelos efeitos da midiatização em curso.Para

refletir sobre tais proposições,valemo-nos de registros

que envolvem o campo jornalístico, especialmente

processos enunciativos através dos quis a narrativa

jornalística relata o acontecimento.

Ano: 2013

25.

TENSIONAMENTOS AO

JORNALISMO PELA CIRCULAÇÃO

SOCIAL DE TEMAS NAS REDES

SOCIAIS

KLEIN, Eloísa.

Palavras-chave:

Circulação;

Crítica midiática;

Facebook;

Este texto tem o objetivo de refletir sobre as relações

entre o jornalismo e os variados circuitos

comunicacionais alimentados por instituições, pessoas,

materialidades, considerando-se contextos digitais. O

artigo analisa o caso do Diário de Classe, página do

Facebook criada por uma estudante de 13 anos para

escrever sobre a rotina, os problemas do ensino e das

instalações da escola em que estudava. A página gerou

polêmica, repercutiu no Facebook e foi amplamente

pautada pelo jornalismo, resultando em melhorias na

estrutura da escola, tensionamentos aos governos e

uma transformação na vida de Isadora Faber, criadora

do Diário de Classe. O presente artigo considera dois

ângulos para análise: o tratamento do Diário de Classe

259

Diário de Classe;

Jornalismo.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIENPJOR/paper/view/2515/563

Acesso em: 5 dez. 2020

sobre o jornalismo (e a manifesta vontade da criadora

da página de se tornar jornalista) e os modos de

tematizar, questionar, noticiar Diário de Classe pelo

jornalismo. Para ser possível uma análise relacional

entre estes âmbitos, desenvolvemos uma síntese

analítica do caso.

Ano: 2013

26.

MIDIATIZAÇÃO DO

TELEJORNALISMO: ECOS DO

ENCONTRO ENTRE O NOTICIÁRIO

TELEVISIVO E SITE DE REDE

SOCIAL

SGORLA, Fabiane.

Palavras-chave:

Midiatização;

Telejornalismo;

Zona de contato;

Produções discursivas.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIENPJOR/paper/view/2515/565

Acesso em: 5 dez. 2020

O objetivo desta discussão é sinalizar e refletir acerca

das marcas da midiatização do telejornalismo no

contexto brasileiro. Para tanto, observamos

dispositivos de “zonas de contato” (FAUSTO, 2010) -

como espaços arquitetados por instâncias midiáticas

em que produtores e receptores travam contatos e,

supostamente, interagem – com a finalidade de

perceber os movimentos das construções discursivas

propostas por um telejornal. Através da análise de um

modelo de “zona de contato”- Fanpage do Jornal

Nacional, das Organizações Globo, no site de rede

social Facebook - percebemos vestígios de que o uso

desses espaços tem um enfoque maior no convite para

o dispositivo televisivo do noticiário, bem como para

seu site, em detrimento da efetivação de processos de

interação.

Ano: 2013

27.

NÍVEIS DE APROPRIAÇÃO

TECNOLÓGICA E PROFISSIONAIS

DO JORNALISMO

LIMA JUNIOR, Walter Teixeira.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Apropriação Tecnológica;

Web;

Capital Social;

Assimetria informativa.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIENPJOR/paper/view/2584/580

Acesso em: 5 dez. 2020

O atual estágio tecnológico da Web permite todos os

tipos de apropriações, desde as mais domésticas, como

abertura de uma conta em uma rede social, até as mais

sofisticadas, como a procura de rastros e dados. Desde

a introdução da dinamicidade na Web, quando os

componentes das páginas começaram a serem

armazenados em bancos de dados, a co-evolução da

rede permitiu a cada nível de apropriação pelo

profissional de jornalismo determinar qual o patamar

de obtenção de capital social cognitivo dele. Para

diminuir a assimetria informativa e contribuir para o

aumento informativo da esfera pública interconectada,

o profissional de jornalismo deve apropriar-se com

mais profundidade das técnicas e tecnologias da Web.

Ano: 2013

28.

REPENSANDO JORNALISMO E

O objetivo é investigar de que modo uma crescente

confluência entre, de um lado, as tecnologias

contemporâneas de comunicação estruturadas na

convergência entre a digitalização ampla e a formação

260

TECNOLOGIA A PARTIR DAS

PERSPECTIVAS

CONSTRUCIONISTAS

FRANCISCATO, Carlos Eduardo.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Tecnologia;

Construção social;

Teorias do jornalismo;

Epistemologia.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIENPJOR/paper/view/2536/575

Acesso em: 5 dez. 2020

de redes de comunicação com alto potencial de

mobilidade e interação e, de outro, o jornalismo

constituído nos modelos das mídias tradicionais,

massivas, unidirecionais, analógicas e classicamente

diferenciadas (jornal, rádio e televisão) estão

demandando uma reformulação nas teorias elaboradas

no século XX para descrever e interpretar o jornalismo

reconfigurado no século XXI. Utilizaremos uma

investigação teórica, de ordem bibliográfica, para

aproximar duas perspectivas: a tecnologia analisada a

partir dos estudos de construção social e as teorias

construcionistas do jornalismo. Buscamos, a partir

deste quadro teórico supostamente comum, revisar,

sistematizar e sugerir interpretações desta

aproximação.

Ano: 2013

29.

A LEITURA DO JORNALISMO NA

CONTEMPORANEIDADE EM

VERSÕES IMPRESSAS E

ELETRÔNICAS

FALCO, Alessandra de.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Leitura;

Revista;

Site;

Tablet.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIENPJOR/paper/view/2536/576

Acesso em: 5 dez. 2020

O presente trabalho aborda a leitura do Jornalismo na

contemporaneidade, quando esta ação é possível de ser

realizada em diferentes dispositivos como revistas

impressas, computadores e tablets. As considerações

apresentadas baseiam-se na observação de veículos de

comunicação atuais pela autora, utilizando como

referencial teórico os estudos de Rorger Chartier, que

analisa a história das práticas de leitura, incluindo os

objetos que dão suporte a ela. E ainda, estabelece-se a

relação das leituras jornalísticas nos diversos

dispositivos como um meio para o processo de ensino-

aprendizagem, considerando a crescente inserção de

recursos tecnológicos entre a comunidade jovem e,

inclusive, no ambiente de ensino. Apesar dos avanços

e dos novos formatos, não são apagadas as

representações relacionadas aos meios mais

tradicionais, portanto, considera-se que ainda falta um

aprofundamento crítico tanto no polo da produção de

conteúdo, quanto no polo da recepção, sobre como

trabalhar a relação entre os diferentes formatos, desde

o impresso até o eletrônico.

Ano: 2013

30.

AS NOTÍCIAS E OS VALORES-

NOTÍCIA: DA TIPOGRAFIA AO

JORNALISMO ONLINE

PADILHA, Sônia.

MUNARO, Luís Francisco.

Palavras-chave:

Notícias;

Valores-notícia;

História do Jornalismo;

Jornalismo online;

O que leva um fato a ser notícia? Para abordar esta

questão serão destacadas as transformações ocorridas

nos valores-notícia, sua flexibilidade cultural e

temporal e as vertentes de estudo que surgiram a partir

do Jornalismo online. Feito isso, será possível

perceber que os valores-notícia estão vinculados a

estruturas móveis dependentes da cultura jornalística e

da variedade de meios de comunicação em que

emergem. A análise de construções noticiosas no

Ciberespaço permite, por fim, respaldar essa visão de

que longe de amontoados uniformes de dados, as

notícias são orientadas pela tentativa da captura da

atenção do leitor e ocupação harmônica dos espaços.

261

Hashtags.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIENPJOR/paper/view/2584/582

Acesso em: 5 dez. 2020

Ano: 2014

31.

CIRCULAÇÃO E RECIRCULAÇÃO

NO JORNALISMO EM REDE:

NARRATIVAS NO TWITTER SOBRE

O EXOESQUELETO NA ABERTURA

DA COPA DE 2014

ZAGO, Gabriela da Silva.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Redes sociais;

Circulação;

Recirculação;

Twitter.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIIENPJor/paper/view/3578/689

Acesso em: 5 dez. 2020

O trabalho tem por objetivo analisar a estrutura de

rede das narrativas no Twitter em torno do reduzido

espaço concedido ao exoesqueleto na abertura da Copa

de 2014. Para tanto, parte-se de considerações sobre o

jornalismo em rede e sobre os processos de circulação

e recirculação nos sites de rede social. O estudo é

operacionalizado a partir do emprego de análise de

redes sociais para observar um conjunto de 5.056

tweets sobre o acontecimento. Resultados trazem

elementos para compreender o cenário contemporâneo

do jornalismo em rede, em especial no contexto dos

sites de rede social.

Ano: 2014

32.

O LEITOR INTERATIVO E A BUSCA

POR VISIBILIDADE NA IMPRENSA:

ESTUDO DO CASO WHATSAPP

GERK, Cristine.

Palavras-chave:

Leitores;

Visibilidade,

Interação;

Whatsapp;

Jornais.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIIENPJor/paper/view/3621/700

Acesso em: 5 dez. 2020

Esse artigo tem como objetivo avaliar a troca entre

leitores e jornalistas da grande mídia através de

aplicativos como o Whatsapp do ponto de vista da

busca por visibilidade e interação. Estes conceitos são

tratados a partir das perspectivas de George Mead,

Erving Goffman e Michel Foucault. Trabalha-se a

teoria de Mead sobre o outro significante incorporado

à fala e a importância das trocas comunicacionais. De

Goffman, são analisadas as interações da visibilidade

com as percepções de perigo e as possíveis diferenças

de enquadramento entre leitor e jornalista. As

considerações de Foucault sobre sociedade disciplinar

a Panóptico são adaptadas à relação entre meios de

comunicação e o público, agora sempre vigilante e

vigiado. Por fim, é enfatizada a importância do vínculo

e da participação mais efetiva do leitor na produção da

pauta, a partir das contribuições de autores como

Muniz Sodré e Jesús Martín-Barbero.

Ano: 2014

33.

O JORNAL ZERO HORA E SUA

Considerando o contexto de convergência jornalística,

problematiza-se a permeabilidade do jornalismo

vinculado a empresas tradicionais de comunicação a

partir do viés da audiência, tomando como objeto

262

AUDIÊNCIA: TENSIONAMENTOS DA

ATIVIDADE JORNALÍSTICA NO

CONTEXTO DA CONVERGÊNCIA

LINDEMANN, Cristiane.

GRUSZYNSKI, Ana.

Palavras-chave:

Audiência;

Leitor;

Zero Hora;

Convergência;

Newsmaking.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIIENPJor/paper/view/3622/701

Acesso em: 5 dez. 2020

empírico o jornal Zero Hora (ZH). Com base em dados

obtidos pela pesquisa bibliográfica e documental,

observação dos processos de trabalho na redação,

entrevistas e análise de edições exemplares, avalia-se

de que modo o leitor vem influenciando na atividade

jornalística. Observou-se que o projeto de inserção da

audiência na produção de conteúdo divulgado pelos

gestores em 2013 (identificado com a Editoria do

Leitor) restringiu as intervenções da audiência aos

espaços já tradicionais. O imbricamento entre os

âmbitos empresarial, tecnológico, profissional e

editorial evidenciou a assimetria nas forças que

orientam o processo de convergência em ZH, em que a

permeabilidade ao público se dá fundada no pólo

econômico do jornalismo.

Ano: 2014

34.

BLOG INSTITUCIONAL COMO

ESPAÇO DE REFORMULAÇÃO DO

CONCEITO DE AUDIÊNCIA NO

WEBJORNALISMO: ESTUDO DE

CASO AGAPAN

FANTE, Eliege Maria.

MORAES, Cláudia Herte de.

Palavras-chave:

Audiências;

Blog;

Agapan;

Jornalismo Ambiental;

Copa do Mundo Fifa Brasil 2014.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIIENPJor/paper/view/3674/712

Acesso em: 5 dez. 2020

Os cortes de árvores em Porto Alegre/RS, feitos em

2013, foram chamados de “arborecídio” por

ambientalistas e ativistas nas redes sociais. O artigo

analisa a argumentação do blog ambientalista

(Agapan) e as fontes ouvidas, identificando como a

entidade atuou diretamente no evento midiático,

contribuindo com a reformulação do conceito de

audiências numa perspectiva sociocultural

(DAMASIO, 2005). Conclui que o blog problematizou

e aprofundou o tema, através do pluralismo dos

argumentos e estrategicamente desfazendo a ideia de

produção de conteúdo apenas pelo polo emissor.

Ano: 2014

35.

O JORNALISMO EM VIAS DE

MIDIATIZAÇÃO: O CONTRATO DE

LEITURA E SUAS NEGOCIAÇÕES

EM ZERO HORA

DIAS, Marlon Santa Maria.

Palavras-chave:

Jornalismo impresso;

Este artigo propõe uma reflexão sobre as mutações

pelas quais passa o jornalismo, inserido em um

contexto de midiatização. Discutimos como o processo

de midiatização afeta a prática jornalística e, mais

especificamente, o contrato de leitura estabelecido

entre jornal e leitor. Analisamos o caso da reforma

empreendida pelo jornal Zero Hora no ano de 2014, a

fim de identificar algumas características do

jornalismo midiatizado (protagonização do leitor,

autorreferencialidade, atorização do jornalista,

autorreflexividade) na nova proposta editorial do

jornal gaúcho. Para tanto, realizamos uma observação

263

Midiatização;

Leitor;

Contrato de leitura;

Zero Hora.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIIENPJor/paper/view/3676/713

Acesso em: 5 dez. 2020

sistemática durante dois meses.

Ano: 2014

36.

RECONFIGURAÇÕES DO

JORNALISMO: DAS PÁGINAS

IMPRESSAS PARA AS TELAS DE

SMARTPHONES E TABLETS

SOUSA, Maíra.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Paradigmas Jornalísticos;

Convergência jornalística;

Tecnologias digitais;

Dispositivos móveis.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIIENPJor/paper/view/3709/730

Acesso em: 5 dez. 2020

Assim como a sociedade, o jornalismo também passa

por reconfigurações. Com a emergência das

tecnologias digitais no século XX, empresas

jornalísticas precisaram se adaptar e investir em novos

produtos, a fim de conquistar novos públicos e manter

o antigo, concomitantemente. De cunho teórico, este

artigo busca discutir as reconfigurações pelas quais o

jornalismo tem passado desde a emergência das

tecnologias digitais, com ênfase aos dispositivos

móveis, considerando o atual processo de

convergência, e consequentemente, a distribuição de

conteúdo em multiplataformas.

Ano: 2014

37.

JORNALISMO E DISPOSITIVOS

MÓVEIS: UM ESTUDO SOBRE OS

APLICATIVOS DE NOTÍCIAS DO

UOL, ESTADÃO E O GLOBO

SANTANA, Carol Correia.

FRANCISCATO, Carlos Eduardo.

Palavras-chave:

Jornalismo móvel;

Aplicativo;

Tecnologia;

Internet;

Arquitetura da Informação.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIIENPJor/paper/view/3889/782

Esta pesquisa teve como foco estudar o jornalismo

móvel, que é uma das manifestações mais recentes de

uma reconfiguração do jornalismo em razão do

desenvolvimento das novas tecnologias de

comunicação. Seu objetivo foi realizar uma análise da

estrutura de três aplicativos jornalísticos: UOL

Notícias, Estadão e O Globo Notícias, considerando

terem sido desenvolvidos associados a três dos

maiores portais jornalísticos do País: UOL, Estadão e

O Globo. Utilizamos como metodologia a análise da

estrutura dos aplicativos com base na Arquitetura da

Informação, com a finalidade de compreender os

sistemas de organização, navegação, nomeação e

busca dos aplicativos, tendo como referência os

respectivos portais jornalísticos. A análise se realizou

nos produtos e conteúdos disponíveis online durante o

mês de janeiro de 2014.

264

Acesso em: 5 dez. 2020

Ano: 2014

38.

A INFORMAÇÃO JORNALÍSTICA NA

PONTA DOS DEDOS: O

CIBERJORNALISMO

E A LEITURA TOUCHSCREEN

MARTINS, Gerson Luiz.

OLIVEIRA, Elton Tamiozo de.

Palavras-chave:

Ciberjornalismo;

Jornalismo em tablets;

Jornalismo em dispositivos móveis;

Interfaces touchscreen.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIIENPJor/paper/view/3685/790

Acesso em: 5 dez. 2020

O uso da tecnologia pode ser visto como um

diferencial para quem a inventa ou a utiliza melhor, e

tem influenciado a maneira de viver da sociedade em

todos os afazeres cotidianos, o que inclui a relação

entre as pessoas. O jornalismo mantém,

historicamente, uma relação estreita com a tecnologia:

invenções como o tipo mecânico móvel, telégrafo,

rádio, TV e internet mudaram a forma de se produzir e

consumir jornalismo. Esta última – a internet – tem

mudado rapidamente o viver cotidiano, e a maneira

como as pessoas acessam a internet tem mudado, indo

dos desktops e notebooks aos dispositivos móveis. Por

meio de pesquisa bibliográfica este artigo busca

explorar, ainda que de maneira inicial, conceitos que

envolvem a leitura dos ciberjornais e permeiam a

apresentação das informações jornalísticas aos leitores

em tablets, dispositivos móveis que possuem uma

interface sensível ao toque (touchscreen).

Ano: 2014

39.

ARTE E CULTURA,

TELEJORNALISMO, INTERNET E

REDES SOCIAIS: APONTAMENTOS

SOBRE O PROGRAMA ARTE 1 EM

MOVIMENTO

PICCININ, Fabiana.

PUHL, Paula Regina.

Palavras-chave:

Telejornalismo;

Arte;

Jornalismo Cultural;

Facebook.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIIENPJor/paper/view/3759/816

Acesso em: 5 dez. 2020

O presente artigo discute como se apresentam as

reportagens televisivas do Arte em 1 em Movimento

no telejornal, na internet e no facebook. O programa

que apresenta características de um telejornal

especializado na cobertura de notícias relacionadas às

expressões artísticas e culturais, faz parte do canal por

assinatura Arte 1, que tem como slogan ser o primeiro

canal brasileiro com vinte e quatro horas de

programação especializado em arte. A pesquisa

discute a inserção do jornalismo cultural na televisão e

os formatos televisivos utilizados para apresentar as

notícias sobre a arte brasileira em um telejornal

especializado no tema exibido em sinal fechado. Na

sequência, são observadas também como essas

reportagens são recebidas pelos internautas que

acessam a página do canal na rede social facebook.

Para análise, foi escolhida a edição do dia vinte e dois

de junho.

Ano: 2014

40.

NOVAS POSSIBILIDADES DE

PRODUÇÃO E APRESENTAÇÃO

TELEJORNALÍSTICA:

UMA ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS

A possibilidade de interação do usuário com a

programação é uma das principais vantagens da

Webtv. Porém, muitas delas apenas importam o

conteúdo da televisão tradicional para a internet.

Evidencia-se, diante disso, uma reconfiguração no

sistema de produção e de distribuição de conteúdos

televisivos. Quando disponíveis na rede, através de

265

WEBTVS

NEGRINI, Michele.

ROSSASI, Carolina.

ROOS, Roberta.

Palavras-chave:

Telejornalismo;

Webtv;

TVFolha;

TerraTV;

Cultura da convergência.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIIENPJor/paper/view/3759/818

Acesso em: 5 dez. 2020

webtvs, têm a possibilidade de linguagem própria,

com conteúdo voltado aos usuários e tratamento

diferenciado da notícia. Estamos diante de novas

possibilidades no processo de produção

telejornalística, que pode variar de acordo com o

suporte de difusão. Assim, este artigo tem como

objetivo fazer uma reflexão sobre novas perspectivas

do fazer e apresentar telejornalismo no contexto da

cultura da convergência e das webtvs.

Ano: 2014

41.

PESQUISA TEÓRICA E APLICADA

SOBRE JORNALISMO

CONVERGENTE E MOBILIDADE E

OS DESAFIOS EM CONTEXTO

MULTIPLATAFORMA

BARBOSA, Suzana.

SILVA, Fernando Firmino da.

Palavras-chave:

Convergência jornalística;

Mobilidade;

Dispositivos móveis;

Produtos autóctones;

Pesquisa aplicada.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIIENPJor/paper/view/3877/830

Acesso em: 5 dez. 2020

As pesquisas e os estudos sobre processos de

convergência jornalística e de comunicação móvel já

demarcam um mapeamento considerável tanto teórico

(em termos de densidade de literatura e de conceitos)

quanto de práticas. Partindo deste contexto, este artigo

explora a experiência do Projeto Laboratório de

Jornalismo Convergente (FAPESB | CNPq), sediado

na Faculdade de Comunicação da Universidade

Federal da Bahia (FACOM | UFBA), que através de

três núcleos de pesquisa (Convergência de Conteúdos,

Formatos e Gêneros e Design) e da participação de

pesquisadores brasileiros, portugueses e franceses

desenvolveu pesquisas relevantes sobre o fenômeno. O

trabalho apresenta os resultados da iniciativa e o relato

da experiência do projeto nos seus aspectos teóricos,

metodológicos e aplicados. Além da abordagem

teórico-metodológica e de mapeamento dos objetos

empíricos, trazemos para o debate o desenvolvimento

do aplicativo para dispositivos móveis Academo, um

banco de fontes com informações sobre pesquisadores

da UFBA.

Ano: 2014

42.

NOVOS OLHARES DIGITAIS:

OCULUS RIFT E GOOGLE GLASS

COMO EXEMPLOS DE UM

JORNALISMO UBÍQUO

PASE, André Fagundes.

PELLANDA, Eduardo Campos.

Palavras-chave:

Mobilidade;

A crescente expansão de um ambiente ubíquo de

informação é um fator transformação constante dos

conceitos intrínsecos ao jornalismo. Agora, com a

iminência de produtos comerciais que fazem parte de

uma categoria chamada “computação de vestir”, ou

wearables, temos novos debates de potencialidades.

Este texto usa como exemplo desta categoria o Google

Glass e o Oculus Rift que estão em testes por diversas

pessoas e devem se tornar produtos comercial em

breve. O artigo analisa como a reprodução de

realidades virtuais ou a integração entre o físico e o

virtual podem acrescentar novos elementos ao

jornalismo digital.

266

Ubiquidade;

Wearable;

Google Glass;

Oculus Rift.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIIENPJor/paper/view/3877/831

Acesso em: 5 dez. 2020

Ano: 2015

43.

MULTIMIDIALIZAÇÃO COMO

VALOR-NOTÍCIA DE CONSTRUÇÃO:

A EXPERIÊNCIA DO UOL TAB

LENZI, Alexandre.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Multimídia;

Valor-notícia;

Convergência;

UOL TAB.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIIIENPJor/paper/view/4475/984

Acesso em: 5 dez. 2020

Toda pauta jornalística pode ser trabalhada como uma

reportagem multimídia. Partindo deste pressuposto,

este artigo traz uma reflexão sobre a multimidialização

como um valornotícia de construção, trabalhando o

conceito abordado por Wolf (1999) e Traquina (2005)

e a análise das 30 primeiras edições do UOL TAB,

seção de reportagens multimídia do portal UOL criada

em 2014. Busca-se reforçar a ideia de que, em tempos

de redações convergentes, a produção jornalística para

a plataforma online deve explorar as diferentes

potencialidades do meio e não apenas transpor o que já

se fazia em outras plataformas. Mas diante das

reconhecidas dificuldades de multimidializar cada

notícia produzida, é a reportagem que se destaca como

o gênero jornalístico onde a multimidialização pode

ser melhor construída.

Ano: 2015

44.

A PLATAFORMA DIGITAL E AS

INTERFACES DA MÍDIA

CONTEMPORÂNEA:

POSSIBILIDADES AMPLIADAS NA

PRODUÇÃO DA INFORMAÇÃO COM

PROPRIEDADES INCLUSIVAS

SAMPAIO, Amanda Brito.

OTA, Daniela Cristiane.

Palavras-chave:

Plataforma de mídia;

Acesso;

Informação;

Inclusão,

Usabilidade.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIIIENPJor/paper/view/4528/919

Através das várias interfaces da mídia contemporânea,

mais do que simplesmente ter acesso aos dispositivos

em rede, as novas linguagens capacitam para a

autonomia de obtenção da informação. Este artigo

discute e relaciona, por meio de revisão bibliográfica e

documental, no âmbito digital da produção e

distribuição de informação, com a exploração de

múltiplas plataformas midiáticas. Da acessibilidade,

por meio da interatividade ou não, apresentando a

pertinência das formas alternativas de acesso às

informações para a socialização e desenvolvimento do

indivíduo.

267

Acesso em: 5 dez. 2020

Ano: 2015

45.

JORNALISMO E PUBLICIDADE: A

HIBRIDIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO

NA IMPRENSA E SUA INFLUÊNCIA

PELA LINGUAGEM DAS NOVAS

MÍDIAS

FRAGA, Bruno Navarros.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Publicidade nativa;

Hibridização;

Linguagem digital;

Novas mídias.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIIIENPJor/paper/view/4557/927

Acesso em: 5 dez. 2020

O trabalho procura contextualizar a hibridização da

informação, que se apresenta como tendência de

conteúdo em veículos de comunicação online; além de

exemplos de como, sob a ótica de Manovich, a

linguagem das novas mídias a potencializa. De um

lado está o Jornalismo e a imprensa, que, ao mesmo

tempo em que carregam o compromisso histórico de

informar a sociedade, buscam modelos de negócios

sustentáveis em cenário de incertezas. De outro, a

Publicidade e as empresas, à procura de uma

comunicação menos invasiva através de veículos que

deem credibilidade ao discurso, para estimular o

consumo ou ajudar a fixar a marca junto ao público.

Estas realidades têm ido ao encontro uma da outra; e,

como consequência a ser debatida, conectado

estratégias de divulgação publicitárias a narrativas

jornalísticas nos cibermeios.

Ano: 2015

46.

TRAJETÓRIA DO

CIBERJORNALISMO EM MATO

GROSSO DO SUL

FORTUNA, Fernanda França.

Palavras-chave:

Cibermeios;

História;

Internet;

Mato Grosso do Sul;

Trajetória.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIIIENPJor/paper/view/4700/1058

Acesso em: 5 dez. 2020

O objetivo deste artigo é apresentar a história dos

principais cibermeios de Mato Grosso do Sul a partir

de 1997, quando os veículos online pioneiros

iniciaram suas atividades no estado. Isso ocorreu

pouco tempo depois da criação das primeiras versões

de jornais brasileiros para o ciberespaço. Por meio de

revisão bibliográfica e entrevistas com os proprietários

dos principais veículos, localizados nos maiores

municípios do estado, o artigo traz o retrato do

ciberjornalismo em uma região peculiar, onde os

cibermeios se multiplicam rapidamente, na mesma

velocidade em que alguns deixam de existir. Tanto na

capital, Campo Grande, quanto no interior, Mato

Grosso do Sul tem um ciberjornalismo ativo e volátil,

o que fica constatado a partir do histórico dos

cibermeios e da evolução do jornalismo local

especializado em internet.

Ano: 2015

47.

CRISE, PRECARIZAÇÃO E

MUDANÇAS ESTRUTURAIS NO

JORNALISMO: REFLEXÕES SOBRE

PRÁTICAS JORNALÍSTICAS ATUAIS

DANTAS, Juliana Bulhões Alberto.

PINHEIRO, Elton Bruno Barbosa.

É comum nos depararmos com um discurso de que o

Jornalismo atravessa uma crise: de valores, de

identidade e de mercado. Cumpre-nos, portanto,

refletir analiticamente sobre essa crise e entender a que

ela está atrelada. Seria a crise do Jornalismo um

fenômeno estritamente atual? Também é de praxe a

abordagem teórica de que a profissão de jornalista

passa por uma precarização, uma mutação e que essa

prática social/forma de conhecimento tem sofrido

modificações em suas estruturas. Diante desse cenário,

268

SILVA, Vinícius Pedreira Barbosa da.

BELTRAME, Vanessa.

DAVID, Hadassa Ester.

Palavras-chave:

Crise do Jornalismo;

Precarização do Jornalismo;

Mudanças estruturais no Jornalismo.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIIIENPJor/paper/view/4624/1046

Acesso em: 5 dez. 2020

buscamos refletir sobre os limites e aderências de

correntes e conceitos que envolvem tal temática e que

têm se mostrado recorrentes nas pesquisas acadêmicas

da área. Trata-se de uma discussão teórico-

epistemológica acerca do uso dos conceitos-chave:

crise jornalística, precarização da profissão de

jornalista e mudanças estruturais no Jornalismo.

Ano: 2015

48.

RESSIGNIFICAÇÕES DO

ACONTECIMENTO NO JORNALISMO

EM REDE

ZAGO, Gabriela da Silva.

Palavras-chave:

Jornalismo em rede;

Recirculação;

Acontecimento;

Redes sociais;

Twitter.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIIIENPJor/paper/view/4513/910

Acesso em: 5 dez. 2020

O trabalho procura abordar as possíveis

ressignificações do acontecimento no jornalismo em

rede. Para tanto, tweets sobre acontecimentos

relacionados à Copa do Mundo de 2014 são utilizados

como recorte, em caráter ilustrativo. Resultados

apontam para um papel ativo de participação dos

usuários na circulação de conteúdos, atuando não

apenas no espalhamento da informação, como também

atribuindo novos sentidos aos acontecimentos que, ao

recircularem, são reconstruídos.

Ano: 2015

49.

O FLUXO DO JORNAL IMPRESSO

PARA O FACEBOOK: HIBRIDAÇÃO

DAS LINGUAGENS JORNALÍSTICAS

ZUIM, Larissa.

Palavras-chave:

Jornal impresso;

Linguagem digital;

Jornalismo;

Facebook;

Folha de S. Paulo.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIIIENPJor/paper/view/4579/938

Este trabalho trata do hibridismo entre as linguagens

jornalística tradicional e digital utilizadas pelo jornal

Folha de S. Paulo em duas plataformas diferentes de

divulgação, o jornal impresso e as redes sociais, com o

intuito de verificar se há uma correlação entre essa

utilização. Para isso, analisa o Facebook institucional,

que tem o intuito de chamar a atenção dos seus

“seguidores” para a leitura das matérias produzidas

para o seu website, acompanhando todas as

publicações e suas respectivas linkagens para o

website durante uma semana. Tem como objetivo

ainda, identificar os modos como essas linguagens

verbo-visual se estruturam a fim de organizar o media

e dotá-lo de sentido por meio da problematização da

estrutura da linguagem jornalística digital. Portanto,

pretende descrever o hibridismo textual ora proposto

comparando-o entre o site www.folha.uol.com.br e o

Facebook da Folha de S. Paulo.

269

Acesso em: 5 dez. 2020

Ano: 2015

50.

JORNALISMO EM WEARABLES:

APONTAMENTOS INICIAIS SOBRE A

CIRCULAÇÃO DE NOTÍCIAS EM

SMARTWATCHES

SOUSA, Maíra.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Mobilidade;

Ubiquidade;

Wearables;

Smartwathes.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIIIENPJor/paper/view/4744/1060

Acesso em: 5 dez. 2020

Os dispositivos vestíveis, chamados wearables

devices, começam a ser usados pelo jornalismo para a

produção e a distribuição de conteúdos. Este artigo, de

caráter exploratório, tem o objetivo de trazer

apontamentos iniciais sobre a circulação de notícias

em wearables, mais especificamente, em

smartwatches. O estudo utiliza como metodologia a

combinação de técnicas qualitativas. São trabalhadas

noções de tecnologias vestíveis (wearable technology),

mobilidade e ubiquidade no contexto do jornalismo. A

investigação foi realizada a partir de notificações dos

aplicativos The Guardian, NYTimes e CNN, em

smartwathes, entre os dias 25 e 27 de junho de 2015.

Ano: 2015

51.

DO ENTRETENIMENTO AO

JORNALISMO: AVALIAÇÃO DE

APLICATIVOS DE SEGUNDA TELA

VENTURA, Mariane Pires.

ALEXANDRE, Tássia Becker.

Palavras-chave:

Dispositivos móveis;

Televisão;

Segunda tela;

Jornalismo;

Entretenimento.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIIIENPJor/paper/view/4598/1010

Acesso em: 5 dez. 2020

Com a expansão da internet e o crescimento no acesso

aos dispositivos móveis, o consumo de informações

pelo público não se limita às mídias tradicionais. Por

isso, cada vez mais as empresas de comunicação têm

investido em aplicativos para smartphones e tablets,

buscando atrair a atenção dessa audiência

multiplataforma. Esse é caso da segunda tela, recurso

utilizado por emissoras de televisão para disponibilizar

conteúdos extras às transmissões televisivas. Diante

deste cenário, este trabalho tem como objetivo

identificar recursos potenciais da segunda tela que

podem ser explorados pelo telejornalismo por meio de

uma pesquisa exploratória. Para tanto, apresenta-se um

panorama do que tem sido feito atualmente nesta área,

com avaliação das ferramentas disponibilizadas pelos

aplicativos “Globo” e “Sherlock Holmes: a game of

shadows”.

Ano: 2015

52.

DISPUTAS EM CAMPO: REFLEXÕES

EM TORNO DA LEGITIMIDADE

JORNALÍSTICA EM TEMPO DE

REDES SOCIAIS

FACCIN, Milton Julio.

O campo jornalístico vem sofrendo rápidas fissuras

nas últimas décadas. As transformações dos fluxos de

informação provocadas pelas novas tecnologias de

comunicação, o surgimento de novas formas de

mediações sociais e a queda da exigência formal do

diploma para o exercício profissional, dentre outros

fatores, evidenciaram um questionamento sobre que

tipo de jornalismo a sociedade demanda. Aos poucos,

o trabalho jornalístico foi dividindo espaço com forças

de outros campos sociais, obrigando a área a repensar

270

Palavras-chave:

Campo Jornalístico;

Novas Tecnologias de Comunicação;

Função Social do Jornalismo;

Manifestações Sociais.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIIIENPJor/paper/view/4740/1007

Acesso em: 5 dez. 2020

a sua função social e (re)posicionar o seu lugar de fala

no espaço público até então sustentado pela defesa dos

interesses coletivos. Este artigo busca detectar

sintomas latentes dessa nova conjuntura, em especial

motivados pelas condições de cobertura das

manifestações sociais ocorridas no Brasil, em 2013

Ano: 2015

53.

JORNALISMO E TEORIA ATOR-

REDE: POSSIBILIDADES E LIMITES

DO PRINCÍPIO DA SIMETRIA A

PARTIR DA VERIFICAÇÃO DIGITAL

OSÓRIO, Moreno Cruz.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Teoria Ator-Rede;

Verificação digital;

Teoria;

Epistemologia.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIIIENPJor/paper/view/4657/1006

Acesso em: 5 dez. 2020

A partir de uma sistematização das principais

reflexões sobre jornalismo sob a perspectiva da Teoria

Ator-Rede (TAR), este artigo propõe uma discussão

sobre teoria e prática jornalística em função de uma

das principais características da TAR: a simetria na

relação entre atores humanos e não-humanos. Para

isso, lança seu olhar ao jornalismo digital,

especificamente às técnicas de verificação digital. Sem

ignorar desafios ontológicos e metodológicos,

entende-se que os pressupostos da TAR oferecem

argumentos para se pensar a relação cada vez mais

estreita do jornalismo com a tecnologia e que também

podem abrir novas perspectivas na busca do

jornalismo por seu objeto de estudo.

Ano: 2015

54.

JORNALISMO LOCAL NA ERA DO

HIPERTEXTUAL BÁSICO: OS

WEBSITES COMO EXTENSÃO DO

IMPRESSO

KONDLATSCH, Rafael.

CASTANHEIRA, Karol Natasha

Lourenço.

Palavras-chave:

Jornalismo local;

Webjornalismo;

Jornalismo impresso;

Hipertextual básico;

Estudo de caso.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIIIENPJor/paper/view/4733/1003

Os jornais impressos deparam-se atualmente com

novas e interativas tecnologias de informação,

produção, transmissão e consumo de notícias. Este

novo paradigma levou o jornalismo impresso a

dialogar com novas mídias e contribuiu para a

formação e “evolução” do que hoje se denomina

webjornalismo. No entanto, este artigo busca

demonstrar por meio do estudo de caso do jornal

Gazeta de Riomafra e do portal Click Riomafra, que

estas potencialidades tecnológicas propaladas por

muitos, ainda está longe de ser efetiva nos veículos do

interior. Diversos webjornais ainda encontram-se na

fase do hipertextual básico e subutilizam ou não

utilizam recursos digitais, como a multimidialidade e a

interatividade.

271

Acesso em: 5 dez. 2020

Ano: 2015

55.

AS MUDANÇAS TECNOLÓGICAS

QUE PROJETAM UBIQUIDADE E O

JORNALISMO “TRANSSOCIAL-

MEDIA”

ESSENFELDER, Renato.

RANIERI, Paulo Rodrigo.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Transmídia;

Crossmedia;

Redes sociais;

Internet.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIIIENPJor/paper/view/4566/930

Acesso em: 5 dez. 2020

O artigo aponta para a complexidade do papel do

jornalista na atualidade e o surgimento de novos

formatos e narrativas ligadas aos usos de redes sociais

na internet, em um cenário marcado pela disseminação

do uso de dispositivos móveis. Nada caracteriza

melhor os tempos atuais do que a ubiquidade. Pessoas,

espaços e tecnologias estão o tempo todo

hiperconectados. O conhecimento é individual, mas

também coletivo, cruzado e compartilhado. Após uma

revisão da literatura específica sobre o assunto, o

estudo busca também debater a emergência de um

profissional que se aproxima ao máximo das

tecnologias digitais da informação e se torna

conhecedor, mesmo que de maneira básica, da

linguagem da internet. O jornalista multimídia dos

anos 90 já cede espaço ao hipermídia do início do

século, que, por sua vez, tornou-se crossmedia e

“transsocial-media”.

Ano: 2015

56.

A NOTÍCIA NAS PLATAFORMAS

MÓVEIS: TIPIFICAÇÃO,

INFOTENIMENTO E NEWSGAMES

OLIVEIRA, Vivian Rodrigues de.

Palavras-chave:

Dispositivos móveis;

Infotenimento;

Soft news;

Hard news;

Newsgames.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIIIENPJor/paper/view/4551/925

Acesso em: 5 dez. 2020

A pesquisa estuda o modo como os conteúdos

jornalísticos concebidos para tablets e smartphones se

apropriam e configuram as tipificações noticiosas. O

objetivo mais amplo do trabalho é caracterizar a

cobertura jornalística projetada para tablets e

smartphones quanto aos critérios de tipificação e

tratamento das notícias. Buscou-se aprofundar a

fundamentação teórica das seminais tipificações

noticiosas de Tuchman (1978); bem como os aportes

conceituais das principais pesquisas acerca do

jornalismo digital. Os conceitos de infotenimento e

newgames foram debatidos à luz dos novos formatos

jornalísticos digitais. A metodologia utilizada é a

análise de conteúdo qualitativa com observação

semiestruturada de cinco edições da publicação móvel

O Globo A Mais. Verificou-se que os conteúdos do

produto privilegiam a cobertura contextual e os

assuntos leves (soft news), com emprego de

entretenimento.

Ano: 2015

57.

A NARRATIVA HIPERMÍDIA

LONGFORM NO JORNALISMO

CONTEMPORÂNEO

BACCIN, Alciane.

O jornalismo no ambiente digital tem experimentado

os limites da narrativa na web, com estruturas criativas

e contextualizadas para contar histórias, que

contribuem para a “inovação semântica” (LEAL,

2014). O artigo reflete sobre a narrativa no jornalismo

e retoma a evolução da narrativa no ambiente digital

desde a transposição até o conceito de hipermídia e

uso de base de dados. O objetivo é compreender o

papel da narrativa longform (JACOBSON; MARINO;

272

Palavras-chave:

Narrativa jornalística;

Hipermídia;

Reportagem longform;

Jornalismo contemporâneo.

Disponível em:

https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIIIENPJor/paper/view/4763/1105

Acesso em: 5 dez. 2020

GUTSCHE, 2015; LONGHI; WINQUES, 2015;

LONGHI, 2014; DOWLING; VOGAN; 2014;

SHARP, 2013; MEYER, 2012) no jornalismo em

ambiente digital, destacando suas características.

Analisamos três reportagens, sendo uma de cada

jornal: New York Times/EUA, Público/Portugal e

Folha de SP/Brasil. Entre as considerações,

destacamos que a narrativa hipermídia longform tem

garantido o aproveitamento de potencialidades do

ambiente digital, tornando-se um produto com

características próprias.

Ano: 2016

58.

NETV 1ª EDIÇÃO E O USO DO

WHATSAPP: O ESPECTADOR COMO

COPRODUTOR OU FONTE DO

TELEJORNAL?

ANDRADE, Lorena Borges de.

Palavras-chave:

Telejornalismo;

Jornalismo Participativo;

Coprodutores;

Whatsapp;

NETV.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/48/120

Acesso em: 5 dez. 2020

Observamos que o telejornalismo está atravessando

uma fase de mudanças, e uma delas é o incentivo à

colaboração nos telejornais. Ao percebermos isto

também no noticiário regional em Pernambuco,

decidimos fazer uma análise sobre a participação do

público através do aplicativo Whatsapp no NETV 1ª

edição, telejornal local da Rede Globo Nordeste.

Pretendíamos entender se o noticiário valorizava a

participação do público, se essa possível participação

pautava o telejornal, de que forma os materiais

enviados pelos espectadores eram utilizados no

programa e, especialmente, se esses espectadores

podem ser considerados como coprodutores do NETV

1ª edição. A metodologia escolhida para realizar esta

pesquisa foi a análise de conteúdo, tanto pelo caráter

quantitativo quanto pelo qualitativo.

Ano: 2016

59.

A PRODUÇÃO COLABORATIVA NO

TELEJORNALISMO: UM ESTUDO

SOBRE A APROPRIAÇÃO DE

CONTEÚDOS PRODUZIDOS PELO

TELESPECTADOR-USUÁRIO PELO

SPTV

DARDE, Vicente Willian da Silva.

LEME, Fernando Albino.

Palavras-chave:

Telejornalismo;

Notícia;

Conteúdo colaborativo;

Representações;

SPTV.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

Ferramentas e tecnologias digitais disponíveis

possibilitam, na atualidade, que o cidadão atue como

colaborador na produção de notícias. Ao capturar a

realidade pelas câmeras dos smartphones ou tablets, o

espectador-usuário busca compartilhar essas

informações “brutas” com o maior número de pessoas

possível, por isso o envio desse material para as

emissoras de TV se torna um atrativo. Porém, a

apropriação desse material informativo pelos

jornalistas propicia uma participação efetiva do

público na produção da notícia? Para além disso, essa

produção colaborativa nas coberturas dos telejornais

resulta em relatos mais plurais e contextualizados dos

acontecimentos? Em busca dessas respostas,

analisamos a utilização do material colaborativo pelo

SPTV 1ª edição, um dos principais telejornais exibidos

pela TV Globo na cidade de São Paulo.

273

bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/75/123

Acesso em: 5 dez. 2020

Ano: 2016

60.

O IMPRESSO EM TEMPO DE

MUDANÇAS ESTRUTURAIS DO

JORNALISMO: ESTUDO DE CASO

DO JORNAL O POPULAR

FERRO, Raphaela Xavier de Oliveira.

ROCHA, Jordânia Bispo.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Mudanças estruturais do jornalismo;

Jornalismo impresso;

Jornalismo goiano;

Jornal O Popular.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/83/125

Acesso em: 5 dez. 2020

O jornalismo vive um tempo de mudanças estruturais.

O presente estudo é uma tentativa de compreender

melhor como os veículos regionalizados têm se

portado no atual período de transição. Para tanto, este

artigo realiza um estudo do processo de reformulação

gráfica e editorial do jornal impresso goianiense O

Popular, realizado em 2016, e busca situar essa ação

dentro do contexto de reestruturação do campo

jornalístico como um todo. A sociedade tem se

reestruturado e o jornalismo tradicional, bem como

seus produtos, tem se adequado de modo consequente

ao processo de transformação das comunicações

sociais. A análise foi feita a partir de um estudo de

caso, em que foram estabelecidas as categorias:

formato, estrutura, texto, recursos gráficos e colunas

jornalísticas. Entende-se, ao fim, que o veículo

estudado, tensionado por diversos campos, apresentou

falhas ao tentar se readequar à nova realidade.

Ano: 2016

61.

PORTAIS, COLETIVOS E AGÊNCIAS

DE CONTEÚDO: APONTAMENTOS

SOBRE AS [NOVAS] ESTRATÉGIAS

DE SOBREVIVÊNCIA DO

JORNALISMO ALTERNATIVO EM

SÃO PAULO

SEIBT, Taís.

LÜCKMAN, Ana Paula.

AMORIM, Francisco Rocha.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Jornalismo pós-industrial;

Jornalismo independente;

Crise;

Capitalismo.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/210/136

Acesso em: 5 dez. 2020

O artigo promove uma discussão acerca das

transformações no exercício do jornalismo profissional

no século XXI, sob a perspectiva da passagem do

modelo industrial para o pósindustrial, da crise que se

manifesta na e pela transição entre esses modelos e da

potencial mudança do paradigma jornalístico que

resulta desse processo. Tais proposições são

tensionadas com casos empíricos de iniciativas

jornalísticas independentes com sede em São Paulo, a

fim de apontar tendências para a prática jornalística no

novo contexto.

Ano: 2016

62.

O presente artigo propõe apresentar o percurso de

fundação de alguns dos valores deontológicos e das

essencialidades da prática jornalística moderna a fim

274

COMUNICAÇÃO E DEMOCRACIA:

REFLEXÕES SOBRE A

LEGITIMIDADE DO JORNALISMO

NA ERA DIGITAL

BECKER, Camila Lângaro.

Palavras-chave:

Jornalismo; Comunicação pública;

Visibilidade; Democracia; Internet.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/261/143

Acesso em: 5 dez. 2020

de discutir a sua importância como parte da esfera de

visibilidade pública dominante na atualidade. Para

tanto, desenvolve conceitos relativos à comunicação

pública, compreendendo o jornalismo como fator

constitutivo da publicização e do debate de temas de

interesse público. Busca, por fim, levantar aspectos

referentes aos desafios contextuais e estruturais

surgidos para profissão na contemporaneidade — a

partir do avanço de tecnologias da comunicação e do

desenvolvimento de novas formas de sociabilidade —,

com o objetivo de refletir a respeito da permanência da

relevância do jornalismo nas sociedades democráticas.

Ano: 2016

63.

MULHERES NO JORNALISMO PÓS-

INDUSTRIAL: A RELAÇÃO COM AS

TECNOLOGIAS DIGITAIS E O JGD

SANTOS, Marli.

MATEOS, Jéssica de Oliveira Collado.

Palavras-chave:

Jornalismo contemporâneo;

Jornalismo pós-industrial;

Mulheres jornalistas;

Tecnologias digitais;

Jornalismo Guiado Dados.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/327/148

Acesso em: 5 dez. 2020

Este artigo apresenta dados preliminares do estudo

sobre mulheres no jornalismo pós-industrial, como

recorte do projeto de pesquisa “Práticas de

investigação jornalística na contemporaneidade e

relações de gênero”. Tendo em vista a convergência

tecnológica e a feminização das redações, o objetivo é

verificar a relação da mulher com as tecnologias

digitais na produção jornalística em um cenário de

abundância de informação. A metodologia utilizada é

quantitativa com a aplicação de questionário online

(survey). O universo da pesquisa abrangeu jornalistas

do Estado de São Paulo, entre 21 e 50 anos. Os

resultados preliminares apontam para uma consciência

das mulheres em relação às transformações no

jornalismo, porém, a maioria está pessimista em

relação ao futuro. As jornalistas incorporaram no seu

cotidiano a produção multimídia, e a maioria afirma

utilizar o JGD no processo jornalístico.

Ano: 2016

64.

A MUDANÇA DO ALGORITMO DO

FACEBOOK E O SILENCIAMENTO

DO JORNALISMO NA REDE

KONDLATSCH, Rafael.

Palavras-chave:

Algoritmo;

Personalização;

Facebook;

Jornalismo em Redes Sociais;

Instant Articles.

Disponível em:

Recentemente o Facebook declarou que houve uma

mudança no seu algoritmo e os usuários irão receber

mais atualizações de familiares e amigos e menos

conteúdo das páginas que seguem. Essa postura terá

um impacto na circulação de notícias na rede social

uma vez que muitas páginas de notícias terão

veiculação diminuída entre os seus seguidores. Este

artigo discute a questão da personalização da Internet e

traz alguns dados para discutir como essa alteração do

algoritmo pode interferir no uso que as pessoas fazem

da rede enquanto fonte de informação e qual a posição

dos veículos de comunicação nessa mudança.

275

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/250/154

Acesso em: 5 dez. 2020

Ano: 2016

65.

DESAFIOS TEÓRICOS PARA PENSAR

OS ESTUDOS SOBRE JORNALISMO E

TECNOLOGIA

FRANCISCATO, Carlos Eduardo.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Tecnologia;

Capital social;

Inovação;

Tecnologias da informação e da

comunicação.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/336/164

Acesso em: 5 dez. 2020

O objetivo deste paper é localizar, em estudos de largo

espectro sobre tecnologia, problemas teóricos que

indiquem formas de tratar desafios estruturais para a

formulação de um modelo explicativo mais denso,

coeso e com maior potencial de generalização para as

investigações em jornalismo e tecnologia. Com base

em literatura de referência sobre estudos em

tecnologia, indicamos quatro tipos de problemas: a) a

constituição de teorias, paradigmas ou tradições de

pesquisa; b) a necessidade de compreender as

interações disciplinares que conduzem esses trabalhos;

c) o entendimento da raiz social desses estudos; d) a

produção de conhecimento tecnológico de dimensão

inovativa em ambientes organizacionais. Com esta

lista de problemas, pretendemos indicar alguns

caminhos de sistematização teórica dos estudos em

jornalismo e tecnologia.

Ano: 2016

66.

TELEJORNAIS E SUAS REDES

SOCIAIS: OS PRIMEIROS OLHARES

DE UM PERCURSO DE PESQUISA

SOBRE AS VOZES DO PÚBLICO DE

TELEJORNAIS, EM SUAS PÁGINAS

NO FACEBOOK

JESUS, Rosane Martins de.

Palavras-chave:

Telejornalismo;

Público;

Facebook;

Segunda tela;

TV social.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/45/170

Acesso em: 5 dez. 2020

Este artigo apresenta uma sistematização de olhares

acerca das vozes do público de telejornal, reunidas nas

suas fanpages. Tal sistematização é resultado de um

esforço aproximativo, que emergiu apartir de um

exercício de pré-observação (Braga, 2016). Para isso,

observamos as listas de comentários das fanpages

oficiais de três telejornais brasileiros, entre os dias 27

de junho e 02 de julho de 2016. Assim, o objetivo

deste artigo é apresentar os resultados dessa

observação, dentre eles: 1) os usos que o público faz

das listas, por meio das interações; 2) possíveis

potencialidades analíticas e 3) possíveis acionamentos

teóricos. Ao final, dentre outros resultados,

verificamos o potencial dessas listas de comentários,

enquanto espaço propício para o estudo de uma

audiência transmidiática, fruto das novas relações dos

públicos com o telejornalismo, a partir das interações

em sites de redes sociais.

Ano: 2016

67.

JORNALISMO DE INOVAÇÃO: UM

CONCEITO MÚLTIPLO

Pensar a atividade jornalística para além de suas

formas tradicionais é uma prática já recorrente no

jornalismo contemporâneo. A pluralidade de públicos,

comportamentos e tecnologias desafiam os modelos

clássicos do jornalismo em um movimento que

276

FLORES, Ana Marta M.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Inovação;

Jornalismo de inovação.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/208/185

Acesso em: 5 dez. 2020

incentiva a inovação em diferentes aspectos da

atividade. No entanto, o termo inovação vem sendo

aplicado de forma ampla sem um rigor e delimitação

relevantes para a academia. Nesse sentido, propomos

direcionamentos iniciais sob quais aspectos podemos

compreender o jornalismo de inovação. Partimos da

origem do conceito na área da Economia e

Administração para ampliar seu sentido nas Ciências

Sociais e no Jornalismo. Expomos três instâncias das

quais o jornalismo contemporâneo já apresenta

novidades para entender o jornalismo de inovação

como processo e produto: 1) conteúdo e narrativa, 2)

tecnologia e formato e 3) modelo de negócio. Por fim,

apresentamos algumas iniciativas com o intuito de

ilustrar cada subcategoria e projetar uma conceituação

atualizada de jornalismo de inovação.

Ano: 2016

68.

SIMETRIA E ASSEMBLAGE PARA

ESTUDAR O JORNALISMO: TEORIA

ATOR-REDE COMO GUIA TEÓRICO-

METODOLÓGICO

FOLETTO, Leonardo Feltrin.

Palavras-chave:

Epistemologia;

Método;

Simetria;

Teoria ator-rede;

Jornalismo.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/255/192

Acesso em: 5 dez. 2020

Este trabalho traz dois entendimentos da Teoria Ator-

Rede que podem contribuir para o estudo do

jornalismo: a simetria generalizada, que aponta para o

estudo do que está importando na ação, sem distinção

prévia de atores, sejam eles humanos ou não-humanos;

e o de assemblage, que Law (2004) propõe como um

não-método mais amplo, solto e devagar do que o

método científico da tradição Euro-Americana. O

artigo conclui com dois apontamentos que o

entendimento da simetria generalizada e do

assemblage pode trazer para as pesquisas em

jornalismo: a atenção aos processos de mediação que

ocorrem na produção de informação jornalística; e a

consciência de que o método não é apenas um

caminho para um fim, mas construtor de realidades e,

consequentemente, de ausências.

Ano: 2016

69.

CONSIDERAÇÕES ACERCA DAS

APROPRIAÇÕES DAS REDES

SOCIAIS DIGITAIS COMO FONTE DE

INFORMAÇÃO NO JORNALISMO

BARRETO, Simone Rodrigues.

Palavras-chave:

Jornalismo colaborativo;

Redes sociais digitais;

Ciberespaço;

Fonte de informação;

Cultura da participação.

O presente trabalho apresenta resultados de pesquisa

qualitativa que visa discutir os mecanismos utilizados

por jornalistas da região Norte Fluminense para

identificar informações provenientes de redes sociais

digitais na garimpagem de material para elaboração de

reportagens, como também a confiança na qualidade e

veracidade dessas fontes apenas utilizando

informações que circulam no ciberespaço. O artigo

discute, com base na teoria, o resultado da coleta e

análise de dados adquiridos por meio de respostas ao

questionário online aplicado pelo Google Docs a 115

profissionais da área de comunicação. Acredita-se que

as Redes Sociais Digitais já se estabeleceram como

fontes de informação, mas os antigos critérios do

jornalismo de conferir a veracidade, checando tais

informações para garantir a matéria isenta não devem

ser abandonados.

277

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/299/202

Acesso em: 5 dez. 2020

Ano: 2016

70.

O FANTASMAGÓRICO SITE DE

REDE SOCIAL: COMO O SNAPCHAT

ESTÁ

SENDO APROPRIADO PARA A

CIRCULAÇÃO DE CONTEÚDO

JORNALÍSTICO

KANNENBERG, Vanessa.

SOUSA, Maíra Evangelista de.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Jornalismo digital;

Circulação;

Site de rede social;

Snapchat.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/169/218

Acesso em: 5 dez. 2020

Discutir como os veículos jornalísticos têm se

apropriado do site de rede social (SRS) Snapchat para

a circulação de conteúdo noticioso é o objetivo deste

artigo. De caráter descritivoanalítico, o estudo utiliza

como metodologia a combinação de técnicas

quantitativas e qualitativas (revisão de literatura,

coleta de dados, descrição e análise). A investigação

foi realizada a partir das publicações dos perfis do

jornal The Washington Post e do portal de notícias

UOL no Snapchat entre os dias 22 de junho e 05 de

julho de 2016 e tem como base as noções de sites de

redes sociais (BOYD; ELLISON, 2007; RECUERO,

2009a) e de apropriações do Snapchat pelo jornalismo

(BRADSHAW, 2016).

Ano: 2016

71.

PROJETO JUMPER E INTERNET DAS

COISAS: NOTAS SOBRE UM

EXPERIMENTO DE JORNALISMO

IMERSIVO

SANTOS, Márcio Carneiro dos.

Palavras-chave:

Internet das coisas;

Narrativas digitais;

Realidade virtual.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/20/221

Acesso em: 6 dez. 2020

O trabalho relata a iniciativa, ora em andamento, de

criação de um ambiente imersivo para a distribuição

de notícias que utiliza como dispositivos de entrega

equipamentos de realidade virtual como Cardboard e

Oculus Rift. Partindo de uma hierarquia expandida de

emissores, que inclui entes não humanos conectados a

partir da categoria que se convencionou chamar de

internet das coisas (IoT), apresentamos o modelo de

jornalismo de inserção e sua possível utilidade para

aumentar a percepção de relevância entre os

consumidores de conteúdo, permitindo também a

exploração de novas formas narrativas.

Ano: 2016

72.

O CONTEÚDO CIRCULANTE NAS

REDES SOCIAIS E A PRESENÇA DO

A crescente atenção que o público dirige às redes

sociais – muitas vezes em detrimento a sites de notícia

– tem preocupado as empresas jornalísticas, cujo

modelo de negócio se sustenta pela audiência

quantitativa de suas páginas. O seeding de links por tal

278

JORNALISMO DISTORCIDA POR

BOTS HUMANOS

BRAMBILLA, Ana Maria.

Palavras-chave:

Redes sociais;

Jornalismo;

Bots humanos;

UGC;

Ócio digital.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/239/223

Acesso em: 6 dez. 2020

ambiente é uma alternativa dos veículos para se

manterem visíveis e disponíveis ao clique. Porém, as

pessoas parecem mais dispostas a publicar assuntos

pessoais, de acordo com a amostra desta pesquisa,

seguindo uma vertente de comportamento balizada

pelo ócio digital. Além disso, os bots humanos e os

perfis dos próprios veículos podem estar iludindo as

empresas editoriais, certas de que existe um domínio

de seus conteúdos nestes espaços de relacionamento.

Ano: 2016

73.

NOVOS MODOS DE DIZER O

MUNDO: NARRATIVAS

JORNALÍSTICAS MULTIMODAIS

TÁRCIA, Lorena.

SILVA JÚNIOR, Maurício Guilherme.

Palavras-chave:

Multimodalidade;

Narrativas;

Narrativa transmídia (NT);

Jornalismo;

Inovação.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/43/37

Acesso em: 6 dez. 2020

No presente artigo, buscamos analisar conceitos e

práticas de multimodalidade – aproximando-os às

definições de Narrativa Transmídia (NT) –, de maneira

a investigar o uso e os efeitos, no jornalismo, de

recursos e ferramentas como realidade virtual,

imagens em 360° e imersão. Para tal, recorremos a

estudo de Ana Elisa Ribeiro (2016), que, em pesquisa

sobre os processos de leitura e de produção textual no

ambiente universitário, propõe caminhos teóricos

relevantes ao que aqui se almeja problematizar. A

realidade virtual aplicada ao jornalismo, em sua versão

digital, embora em expansão, encontra-se ainda em

processo de amadurecimento. Entretanto, é possível

perceber uma proposta narrativa em formação, com

foco no usuário, além de crescente investimento das

empresas na perspectiva da formação e da

participação, por meio de ambientes virtuais

interativos. Neste sentido, é possível vislumbrar a

conexão entre a proposta educacional para as

narrativas multimodais de Ribeiro e a perspectiva

transmídia de Jenkins, embora novos estudos sejam

necessários para confirmar tal vínculo teórico.

Ano: 2016

74.

PARTICIPAÇÃO DA AUDIÊNCIA EM

NARRATIVAS JORNALÍSTICAS

AUDIOVISUAIS AO VIVO NAS

REDES SOCIAIS

CAJAZEIRA, Paulo Eduardo Lins.

SOUSA JÚNIOR, Cícero Ferreira de.

Palavras-chave:

Audiência participativa;

Narrativas jornalísticas;

Leitor digital;

Fanpage.

O objetivo deste estudo é investigar como se

estabelecem as interações entre o público e os jornais

digitais, em narrativas audiovisuais, transmitidas em

vídeo ao vivo na internet. O uso de customizações da

notícia, a partir do sistema de notificações ou push de

transmissões ao vivo (live streaming), por meio de

aplicações digitais e na web em redes sociais dos

jornais digitais é o que nos interessa neste estudo. A

pesquisa de natureza qualitativa foi realizada em dois

jornais diários digitais, Gazeta do Povo (Brasil) e El

País Brasil (Espanha), com extensões na rede social

Facebook, que realizam transmissões instantâneas em

vídeo ao vivo para os webleitores na multiplataforma

279

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/43/38

Acesso em: 6 dez. 2020

Ano: 2016

75.

NARRATIVAS IMERSIVAS NO

WEBJORNALISMO. ENTRE

INTERFACES E REALIDADE

VIRTUAL

LONGHI, Raquel.

Palavras-chave:

Narrativas imersivas;

Webjornalismo;

Interfaces;

Realidade Virtual.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/43/39

Acesso em: 6 dez. 2020

Discute o conceito de imersão nas narrativas

webjornalísticas, verificando esta tendência recente da

produção de conteúdos em dois objetos de análise:

"The Displaced", do New York Times.com e "6 X 9: a

virtual experience of solitary confinement", do The

Guardian. Através, ainda, de pesquisa bibliográfica,

reflete sobre a concepção de narrativas imersivas e em

Realidade Virtual (RV), os diferentes tipos de

conteúdos considerados imersivos no jornalismo e

analisa até que ponto as interfaces e os dispositivos de

visualização de RV, como os óculos estilo Google

Cardboards são capazes de proporcionar uma efetiva

imersão nas narrativas de não-ficção.

Ano: 2016

76.

TVERS: UMA PROPOSTA DE

CONTEÚDO TRANSMEDIA PARA OS

PROGRAMAS JORNALÍSTICOS DA

TELEVISÃO PÚBLICA

FINGER, Cristiane.

Palavras-chave:

TVERS;

Televisão pública;

Telejornalismo;

Convergência;

Transmedia.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/62/67

Acesso em: 6 dez. 2020

Neste artigo estão os resultados de uma pesquisa que

analisou a programação da TVERS com o objetivo de

encontrar os entraves e as oportunidades para a adoção

da narrativa transmedia nos atuais programas da

emissora, de modo que a televisão pública também

possa enfrentar os desafios da convergência digital.

Para tanto, utilizamos a Análise de Conteúdo

(BARDIN, 2011) para sistematizar o corpus de duas

semanas da programação e a técnica de observação

participativa para estudar as rotinas de produção

durante dois dias, acompanhando a produção,

captação, edição e apresentação de uma revista e de

um telejornal apresentados diariamente na emissora.

Encontramos como principal dificuldade a

inconstância na grade de programação. Identificamos

uma redução nos gêneros de programas ofertados ao

público. Verificamos nos programas Radar e Canal

Aberto as oportunidades para a os conteúdos

transmedia.

Ano: 2016

77.

PARA ENTENDER A INOVAÇÃO E A

TECNOLOGIA NO

TELEJORNALISMO

Embora a relação entre telejornalismo e inovação

tecnológica parece ser quase inerente ao processo do

ser/fazer jornalismo para diferentes telas, nem sempre

estes elementos e processos tecnologicamente

inovadores agregam, de fato, o noticiar, ou seja,

contribuem para qualificar a informação que está

280

EMERIM, Cárlida.

Palavras-chave:

Telejornalismo;

Produção de conteúdo;

Inovação;

Tecnologia;

Convergência.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/62/68

Acesso em: 6 dez. 2020

sendo repassada ao público receptor. A proposta do

presente artigo é a de refletir sobre alguns aspectos do

que a inovação e a tecnologia vêm contribuindo para

potencializar a notícia no telejornalismo, a partir de

alguns resultados de pesquisas empreendidas nos

últimos anos em torno do jornalismo produzido para as

telas e disponibilizado em diferentes plataformas. Para

tanto, parte do conceito de inovação, tecnologia e

telejornalismo; apresenta a relação que se estabelece

com o campo; exemplifica algumas inovações e

contextualiza com resultados das pesquisas para

propor acepções sobre a potencialidade desta relação.

Ano: 2016

78.

TELEJORNAL EM CIRCULAÇÃO:

DAS CHEGADAS E PARTIDAS DAS

MÍDIAS E SUAS AUDIÊNCIAS

PICCININ, Fabiana.

Palavras-chave:

Telejornal;

Circulação;

Recepção.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/62/69

Acesso em: 6 dez. 2020

Esse artigo discute o lugar que vem sendo ocupado

pelas audiências do telejornal por meio das novas

interações oportunizadas pelo cenário sócio-técno-

discursivo contemporâneo. A partir dos novos

encontros interativos, potencializados pelos diferentes

suportes midiáticos e suas possibilidades de

mobilidade e portabilidade, as audiências tem

produzido interferências progressivamente mais

significativas na dimensão da produção do telejornal,

incidindo nas práticas, rotinas, hierarquias e critérios

de noticiabilidade da redação. Assim, o telejornal, que

publiciza seus conteúdos nas grades de programação

de televisão em sinal aberto e fechado, em sites, redes

sociais e aplicativos de dispositivos móveis permite e

convida o público a ocupar os canais de comunicação

com o programa, conferindo um sentido novo à

circulação, enquanto espaço de negociação e

articulação entre os polos da emissão e recepção, e

relativizando estes lugares, antes distantes, e agora não

mais tão categoricamente diferenciados.

Ano: 2016

79.

NOTÍCIAS NAS REDES SOCIAIS E

REDES SOCIAIS DE NOTÍCIAS

MARTINS, Elaíde.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Redes sociais digitais;

Facebook;

Twitter.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/212/84

Acesso em: 6 dez. 2020

A fim de abordar a relação entre jornalismo e redes

sociais na internet, este artigo propõe uma reflexão

sobre essa relação a partir de três momentos:

jornalismo se apropriando dessas redes; jornalismo

profissional nas redes e instrumentos das redes para

notícias; e redes se apropriando do jornalismo.

Amparando-se no conceito de redes sociais na internet

(RECUERO, 2009a, 2009b, 2014), a pesquisa adota

como procedimentos metodológicos a revisão

bibliográfica, incluindo textos acadêmicos e

jornalísticos, e a técnica da observação direta,

visitando os sites das redes sociais Twitter e Facebook

em dias aleatórios durante a segunda quinzena do mês

julho de 2016. Com isso, espera contribuir para melhor

compreender o contexto atual dessa relação, identificar

suas possíveis tendências e discutir as consequências

para o jornalismo.

Ano: 2016 A área da Comunicação, nas universidades brasileiras,

281

80.

REGISTRO LIVRE: UM EXEMPLO DE

DESENVOLVIMENTO DE

TECNOLOGIA DIGITAL APLICADA

AO JORNALISMO ATRAVÉS DE

PARCERIAS INFORMAIS

TRÄSEL, Marcelo Ruschel.

Palavras-chave:

Ciberjornalismo;

Crowdsourcing;

Inovação;

Métodos ágeis;

Parque tecnológico.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/212/86

Acesso em: 6 dez. 2020

é tradicionalmente carente em desenvolvimento de

tecnologia, mas as políticas que favorecem a pesquisa

interdisciplinar e as mudanças culturais e econômicas

engendradas pela microinformática e pelas redes

digitais oferecem novas oportunidades para este tipo

de empreendimento científico. O artigo relata o

processo de produção do software Registro Livre,

concebido como pesquisa aplicada em Jornalismo e

materializado através de uma parceria informal entre a

academia e o setor privado, ensejada pela interação

entre ambos no Parque Tecnológico da PUCRS. A

descrição evidencia a existências de vias alternativas

aos editais de agências de fomento e ao investimento

direto para o desenvolvimento de pesquisa aplicada no

Brasil.

Ano: 2016

81.

A EVOLUÇÃO DAS TECNOLOGIAS

LEVA À AUTOMATIZAÇÃO DA

PRODUÇÃO INFORMATIVA

SQUIRRA, Sebastião.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Tecnologias;

Robotização da imprensa;

Automação jornalística;

Jornalismo digital.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/212/87

Acesso em: 6 dez. 2020

O jornalismo vem sendo forçado a mudar modelos e

estruturas. Neste paper apontamos que o mesmo está

encantado pelas novas possibilidades tecnológicas, que

alteram a disponibilização de informação. A

informatização reformata as práticas, tendo levado as

formas narrativas para realidade onde todos produzem

conteúdos e volume inédito de informação está à

disposição. A robotização se insere na produção de

notícias e novas câmeras alargam conteúdos,

exponenciando os relatos. Como o ser necessita de

fontes experientes e informações seguras, os modelos

atuais sobreviverão indicando que na plena

informação, os jornalistas deverão estar presentes.

Ano: 2017

82.

CIRCULAÇÃO JORNALÍSTICA NO

TWITTER: A COBERTURA DO

IMPEACHMENT DE DILMA

ROUSSEFF

RECUERO, Raquel

ZAGO, Gabriela.

SOARES, Felipe Bonow.

A circulação jornalística em redes sociais como o

Twitter apresenta especificidades devido à ação dos

atores dentro do próprio processo de constituição da

mídia social. Escolher retuitar ou não determinados

conteúdos, por exemplo, pode levar à formação de

filtros-bolha. Com base nesse cenário, o presente

trabalho tem por objetivo analisar o posicionamento

dos veículos jornalísticos nas redes de conversação

sobre o processo de impeachment de Dilma Rousseff

no Twitter. Para tanto utilizaremos quatro conjuntos de

dados coletados em momentos-chave, ao longo de

2016. Os resultados indicam que os veículos acabam

282

Palavras-chave:

Circulação jornalística;

Twitter;

Polarização;

Filtros-bolha;

Redes sociais na internet.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/597/495

Acesso em: 6 dez. 2020

sendo posicionados dentro de clusters favoráveis ou

contrários ao impeachment, a partir das percepções de

suas coberturas. Uma vez dentro de um cluster, os

veículos acabam tendo sua circulação prejudicada

pelos filtros-bolha, tendendo a permanecer naquele

cluster.

Ano: 2017

83.

JORNALISMO LENTO. TIPIFICANDO

TENSÕES ENTRE VELOCIDADE E

COMUNICAÇÃO EM AMBIENTES

DIGITAIS

CUNHA, Michelle Prazeres.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Tecnologia;

Velocidade;

Lento;

Slow.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/521/480

Acesso em: 6 dez. 2020

Este artigo busca agregar categorias conceituais para a

construção de um diagrama de referências que apoie a

compressão do jornalismo lento. Sabe-se que este não

se trata apenas de um formato jornalístico; de uma

nova linguagem; ou de um mecanismo estratégico de

produção e engajamento; mas sim de um processo que

envolve necessariamente (1) o contexto célere da

comunicação na cibercultura; e (2) a modalidade

prática de jornalismo alicerçada no contraponto a este

contexto. Ao propor a desaceleração da produção, da

oferta e da recepção do produto jornalístico, o

jornalismo lento se inscreve no campo da crítica da

comunicação e da velocidade; e, do ponto de vista

prático, se situa na zona de interface entre

comunicação, compreensão e afeto. Ainda que a

comunicação lenta seja relativamente demarcada pelo

movimento “slow media”, o jornalismo lento como

campo carece de reflexão, que permita avançar na sua

tipificação.

Ano: 2017

84.

AS TRANSFORMAÇÕES NO ETHOS

DO JORNALISTA: A

REFORMULAÇÃO DOS

VALORES PROFISSIONAIS PERANTE

UM CENÁRIO DE CONVERGÊNCIA

MAIA, Bárbara.

Palavras-chave:

Ethos;

Valores;

Jornalista multifunção;

Newsmaking;

Convergência de mídias.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/522/379

A presente pesquisa dispõe-se a analisar como os

jornalistas identificam as mudanças no ethos

profissional e quais valores surgem presentes no

jornalismo. Como base teórica utilizase os conceitos

de convergência de mídias (FIDLER, 1997; JENKINS,

2006), de ethos profissional (TRAQUINA, 2012), do

newsmaking (WOLF, 1999; PENA, 2005) e os de

rádio expandido (KISCHINHEVSKY, 2016) e

profissional multifunção (MORETZSOHN, 2014). O

desenvolvimento empírico da pesquisa se dá com o

recorte dos resultados obtidos na dissertação de

mestrado da autora, defendido no início de 2017.

Como principal resultado da análise compreende-se

que, apesar de alguns tradicionais valores ainda

estarem presentes no fazer jornalísticos, outros

desaparecem do discurso dos profissionais e novos

valores surgem como balizadores nas redações.

283

Acesso em: 6 dez. 2020

Ano: 2017

85.

OS USOS DO APLICATIVO “NA

RUA” PELOS CIDADÃOS: UM

ESTUDO

SOBRE A PRODUÇÃO

COLABORATIVA NOS TELEJORNAIS

DA GLOBONEWS

DARDE, Vicente Willian da Silva.

SALES, Fabrício Augusto.

Palavras-chave:

Telejornalismo;

Notícia;

Conteúdo colaborativo;

Cidadania;

Globonews.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/544/487

Acesso em: 6 dez. 2020

O objetivo deste artigo é buscar compreender a

influência do jornalismo colaborativo na produção de

conteúdo dos telejornais da Globonews através do

aplicativo para dispositivos móveis “Na Rua”, que

completa 1 ano em 2017. Através do conceito de

cidadania, buscamos entender a função do usuário-

cidadão como também produtor de conteúdo para os

veículos de comunicação. Nesse estudo, também

problematizamos os critérios de noticiabilidade para os

registros se tornarem notícia, além do papel de

gatekeeper desempenhado pelos jornalistas na

checagem das informações recebidas. O conceito de

participação da audiência, as recompensas nessa

participação, os impactos e os resultados nesta nova

forma de produção da notícia apresentadas nos

telejornais da emissora Globonews são preponderantes

para identificarmos se há uma real contribuição para a

pluralidade de perspectivas de enunciação no

telejornalismo.

Ano: 2017

86.

O NOVO PROJETO EDITORIAL DA

FOLHA DE S.PAULO: OS MITOS DA

OBJETIVIDADE E DA

PLURALIDADE DE SENTIDOS

KLAUTAU, Carolina Moura.

Palavras-chave:

Comunicação;

Jornalismo;

Projeto editorial da Folha de S.Paulo;

Mito.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/556/496

Acesso em: 6 dez. 2020

Este artigo busca um olhar sobre o novo projeto

editorial da Folha de S.Paulo, lançado em 30 de março

de 2017. Dos vários pontos que aparecem no

documento, nos interessa, particularmente, abordar a

objetividade (questão que sempre esteve na base das

discussões sobre o jornalismo) e a pluralidade de

vozes (que ganha força após a Primeira Guerra

Mundial com o “surgimento” do jornalismo

interpretativo) como mitos, na perspectiva de Roland

Barthes em Mitologias (2003). Selecionamos três

matérias publicadas no site da Folha sobre rebeliões

em presídios no nordeste do país para entender como a

objetividade é praticada e para investigar se a Folha é

um jornal que dá voz aos vários personagens

envolvidos no fato. Concluímos que a objetividade é

confundida com mero relato e que as principais fontes

continuam sendo as oficiais. Objetividade e

pluralidade, portanto, são dois mitos dentro do novo

projeto editorial da Folha.

Ano: 2017

87.

JORNALISMO EM TEMPOS DE

CONVERGÊNCIA: A DISTRIBUIÇÃO

DE CONTEÚDO EM

MULTIPLATAFORMAS

A partir deste trabalho busca-se discutir como a

convergência jornalística em paralelo as mídias sociais

modificaram as lógicas de circulação de notícias no

veículo informativo Gazeta do Povo. O jornal que

recentemente convergiu para as plataformas digitais,

busca distribuir conteúdo em diferentes plataformas

on-line (Facebook, Instagram, Twitter, Google+ e

284

SABINO, Vinícius José Biazotti.

Palavras-chave:

Convergência jornalística;

Mídias sociais;

Conteúdo em multiplataformas.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/564/493

Acesso em: 6 dez. 2020

YouTube), mostrando que se preocupa em garantir um

material que se difere em formato, linguagem e texto.

Atendendo assim, as demandas do processo de

convergência.

Ano: 2017

88.

UMA ANÁLISE DA IMERSÃO EM

NARRATIVAS JORNALÍSTICAS EM

REDES DIGITAIS

FONSECA, Adalton dos Anjos.

Palavras-chave:

Imersão no jornalismo;

Narrativas jornalísticas;

Inovação no jornalismo;

Jornalismo em redes digitais.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/596/365

Acesso em: 6 dez. 2020

Este trabalho tem como objetivo a análise da imersão

em narrativas jornalísticas em redes digitais. Parte-se

da premissa de que a imersão é uma categoria para o

jornalismo e um lugar propício para a investigação da

inovação no jornalismo. Faz-se um recorte para a

observação da inovação no jornalismo através das

mudanças nos valores jornalísticos construídos

historicamente. Explora-se a narratologia e a

convergência jornalística como aportes

teóricometodológicos na análise empírica de duas

reportagens longform (UOL TAB) e em vídeo 360º

(Vice) sobre refugiados no Brasil. Encontramos

elementos de rupturas com relação à objetividade,

autonomia e imediaticidade.

Ano: 2017

89.

A BUSCA POR INOVAÇÃO NA

BREVE HISTÓRIA DO MEDIUM:

TENTATIVA DE CONSTITUIÇÃO DE

UM NOVO MODELO DE PRODUÇÃO

DE CONTEÚDO NA INTERNET

BITTENCOURT, Maria Clara Aquino.

Palavras-chave:

Medium;

Jornalismo digital;

Inovação.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/619/501

Acesso em: 6 dez. 2020

Na tentativa de refletir sobre como as urgências e as

demandas impostas pela emergência de novos modelos

de lucratividade e negócio incidem sobre práticas

jornalísticas, observa-se como o Medium busca inovar

na tentativa de constituir um novo modelo de produção

de conteúdo para a internet. A partir de um anúncio

feito pela empresa no início de 2017, o texto é um

recorte no âmbito de um projeto que investiga

processos de produção e circulação de conteúdos por

iniciativas jornalísticas na plataforma.

Ano: 2017 Durante todo o século passado, as empresas

285

90.

MODELOS DE NEGÓCIO PARA O

JORNALISMO DIGITAL: DO

PAYWALL AO CROWDFUNDING

ITO, Liliane de Lucena.

Palavras-chave:

Inovação no jornalismo;

Paywall;

Crowdfunding;

Chatbots;

Marketing de conteúdo.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/671/432

Acesso em: 6 dez. 2020

jornalísticas pouco inovaram no modelo de negócio,

baseado em vendas por assinatura e avulsas e, acima

de tudo, publicidade. Entretanto, com o advento da

Sociedade em Rede e da web 2.0, além do surgimento

e popularização de tecnologias móveis de

comunicação digital, há uma transformação marcante

no consumo da informação, fazendo com que os

veículos de mídia adotem iniciativas disruptivas. Neste

trabalho, são discutidos cinco modelos de negócio

inovadores que vêm sendo adotados nos últimos anos,

no Brasil e no exterior. Como resultado, considera-se

que a sustentação econômica do jornalismo em sua

fase pós-industrial está diretamente atrelada a variados

formatos jornalísticos, bem como a formas distintas de

entrega de conteúdo, o que sinaliza não haver uma

fórmula única, por mais inovadora que seja, que

prometa a salvação das empresas de mídia.

Ano: 2017

91.

REDES SOCIAIS DIGITAIS: O

JORNALISMO E O ESPAÇO PÚBLICO

NA CONTEMPORANEIDADE

ESTEVANIM, Mayanna.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Redes sociais digitais;

Espaço público;

Mediação;

Comunicação generalizada.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/673/370

Acesso em: 6 dez. 2020

Partindo do pressuposto de que as mídias digitais são

espaços públicos na contemporaneidade, a proposta

deste artigo, de cunho teórico, é discutir onde o

jornalismo se encontra e qual o seu papel mediador

nas ambiências digitais. O que de imediato podemos

perceber é que a complexidade do funcionamento das

sociedades modernas conduziu para a complexidade

do espaço público. Estamos em um ciberespaço

híbrido, que flutua entre as esferas pública, privada e

de exposição do fórum íntimo, com hierarquias de

mediações. Onde se torna importante compreender as

formas de difusão e de organização, os modos de

institucionalização dos suportes e questionar sobre as

relações de poder.

Ano: 2017

92.

MUITO ALÉM DA EFEMERIDADE: O

SNAPCHAT COMO FERRAMENTA

DE COBERTURA JORNALÍSTICA NO

PERFIL DO UOL

KANNENBERG, Vanessa.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Cobertura jornalística;

Site de rede social;

Entender como o portal UOL tem se apropriado do

Snapchat para fazer cobertura jornalística é a proposta

deste artigo. Para a análise empírica, nos inspiramos

no processo metodológico desenvolvido por Fonseca

(2015), que consiste na formulação de quadro

metodológico, em que descrevemos os principais

parâmetros de análise e os agrupamos em conceitos e

categorias. Para auxiliar na aplicação desse quadro,

desenvolvemos um questionário composto por

perguntas a serem feitas ao corpus. O método foi

aplicado em uma amostra formada por três Stories

produzidas pelo perfil do UOL no Snapchat durante os

Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. Ao final,

identificamos quais elementos são consensuais, quase-

286

Snapchat;

Efemeridade.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/698/393

Acesso em: 6 dez. 2020

consensuais, raramente utilizados e potencialidades.

Este estudo-piloto faz parte do projeto de mestrado em

curso, portanto, ainda está sendo aprimorado e

ampliado.

Ano: 2017

93.

PÓS-VERDADE, FAKE NEWS E

FACT-CHECKING: IMPACTOS E

OPORTUNIDADES PARA O

JORNALISMO

SANTOS, Jessica de Almeida.

SPINELLI, Egle Müller.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Pós-verdade;

Fake news;

Fact-checking.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/746/462

Acesso em: 6 dez. 2020

Este artigo se propõe a compreender, por meio de uma

revisão de literatura, a era da pós-verdade no

jornalismo com um recorte a partir de 2016, em que a

expressão ganhou o título de palavra do ano pelo

dicionário Oxford. Na era em que fatos objetivos são

menos influentes na opinião pública do que emoções e

crenças pessoais, o campo se torna fértil para a

disseminação de fake news. O momento é decisivo

para que o jornalismo seja agente de combate às

notícias falsas usando como base um trabalho sério de

apuração de fatos e defesa da credibilidade. Nesse

cenário, as agências de fact-checking ganham espaço

ao investigar e repassar ao público e aos próprios

veículos jornalísticos o que foi checado sobre

determinadas informações.

Ano: 2017

94.

JORNALISMO GUIADO POR DADOS:

CARACTERÍSTICAS DEFINIDORAS E

UMA PROPOSTA DE FORMULAÇÃO

DO CONCEITO

TRÄSEL, Marcelo.

Palavras-chave:

Jornalismo Digital em Bases de Dados;

Jornalismo Guiado por Dados;

Reportagem Assistida por Computador;

Etnografia;

Hacker.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/794/464

Acesso em: 6 dez. 2020

O jornalismo guiado por dados (JGD) compreende

diversas práticas profissionais, cujo ponto em comum

é o uso de bases de dados como principal fonte de

informação para a produção de notícias. As práticas de

JGD envolvem técnicas de reportagem assistida por

computador (RAC), visualização de dados, infografia,

criação e manutenção de bases de dados e a política de

acesso à informação e transparência pública de

governos. A partir de manuais e publicações sobre o

tema, são analisados alguns dos principais elementos

das práticas e rotinas produtivas ligadas ao JGD.

Finalmente, é oferecida uma proposta de definição do

conceito de Jornalismo Guiado por Dados.

Ano: 2017

95.

O artigo realiza uma análise das interações entre

ouvintes e jornalistas via WhatsApp no programa

BandNews Rio 1ª Edição e de que forma são

287

PARTICIPAÇÃO, INTERAÇÃO E

ACESSO: O MODELO AIP NA

SELEÇÃO DAS FONTES VIA

WHATSAPP NO BANDNEWS RIO

CHAGAS, Luan José Vaz.

Palavras-chave:

Fontes;

Diversidade;

Participação;

Interação;

Acesso.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/830/369

Acesso em: 6 dez. 2020

acionados como fontes para a construção da notícia no

rádio. Com base no modelo AIP e a distinção entre os

conceitos de participação, interação e acesso

(CARPENTIER, 2012; MOLOTCH e LESTER,

1999), o paper diferencia os modelos de subsídio de

informações pela audiência no radiojornalismo. O

objetivo é analisar a seleção das fontes populares e o

exercício de encaixe temático destas vozes em lugares

de fala distintos de setores profissionalizados ou

oficiais da sociedade.

Ano: 2017

96.

O QUE SE SABE SOBRE A CRISE DO

JORNALISMO? UMA REVISÃO DA

LITERATURA INTERNACIONAL

TAVARES, Camila Quesada.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Crise do jornalismo;

Pesquisa bibliográfica;

Revisão da literatura.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/844/454

Acesso em: 6 dez. 2020

Este paper tem por objetivo apresentar o estado da arte

sobre as produções que se destinam a estudar a atual

crise do jornalismo. Embora muito falada no mercado

e na academia, ainda são poucos os esforços

científicos destinados a compreender essa crise,

especialmente na literatura nacional. O que se observa,

até o momento, é que o foco de estudo se divide em

quatro eixos principais, identificados por Siles e

Boczkowski (2012): a) as causas da crise; b) suas

manifestações; c) as implicações da crise e d) as

soluções propostas para resolvê-la, sendo a primeira e

a última as linhas de estudo mais “populares”. A partir

da pesquisa bibliográfica, observa-se que, embora haja

um considerável número de pesquisas voltadas a essa

temática na literatura internacional, ainda existem

linhas de investigação que carecem de pesquisas

empíricas. Por fim, este trabalho busca contribuir para

a discussão sobre a crise do jornalismo no Brasil.

Ano: 2017

97.

JORNALISTAS NO WHATSAPP:

A FORÇA DA COMUNIDADE

INTERPRETATIVA DO GRUPO

MÍDIA-RJ

ANDRADE, Ana Paula Goulart de.

Palavras-chave:

Comunidade interpretativa;

Critérios de noticiabilidade;

Teoria do jornalismo;

Telejornalismo;

Whatsapp.

Nesse artigo, é avaliada a força da comunidade

jornalística via dispositivos móveis a partir da análise

da interação de 768 profissionais de comunicação, que

estão conectados 24 horas por meio do aplicativo

Whatsapp. O objetivo é contabilizar os critérios de

noticiabilidade utilizados e investigar de que forma os

membros participantes reforçam e estendem a ideia de

comunidade interpretativa dos jornalistas ao

assumirem, de forma colaborativa, o papel de

gatekeeper, desenhando o que é notícia na imprensa

carioca, sobretudo no telejornalismo com o trânsito de

imagens cedidas. O trabalho também busca

compreender, por meio de entrevista com o mediador

do grupo, a perspectiva organizacional implícita nesse

processo. Assim, ancorada nas Teorias do Jornalismo

e em estudos sobre Telejornalismo, a pesquisa propõe

288

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/856/367

Acesso em: 6 dez. 2020

um debate sobre o jornalista contemporâneo e o prazer

da atividade profissional.

Ano: 2017

98.

O AUDIOVISUAL JORNALÍSTICO NO

YOUTUBE: UM ESTUDO

EXPLORATÓRIO DO CANAL NEXO

JORNAL

HOEWELL, Gabriel Rizzo.

GRUSZYNSKI, Ana.

Palavras-chave:

Nexo;

Jornal;

YouTube;

Audiovisual;

Vídeo.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/859/527

Acesso em: 6 dez. 2020

O artigo analisa o canal do jornal nativo digital Nexo

no YouTube a fim de identificar elementos que

permitam investigar articulações entre os modos de

agregação, apresentação e acesso a produtos

audiovisuais singulares produzidos pelo jornal. De

caráter exploratório, o trabalho problematiza o canal

do YouTube a partir da noção de dispositivo

(MOUILLAUD, 1997), constituindo eixos e categorias

que possibilitem avaliar as diversas relações que o

texto audiovisual estabelece com os dispositivos que o

conformam e, em rede, produzem sentidos. Observam-

se quatro áreas do canal para a identificação de seis

eixos de análise: seções e playlists; canais

relacionados; miniaturas; títulos; metadados; dados

gerados pela plataforma. Estabelecem-se categorias

para a investigação desses eixos, delineando-se um

roteiro para análise do canal de audiovisual

jornalístico no YouTube.

Ano: 2017

99.

PARA ALÉM DO JORNALISMO

MÓVEL: O DESENVOLVIMENTO DO

CONCEITO DE JORNALISMO

UBÍQUO

SILVEIRA, Stefanie Carlan da.

Palavras-chave:

Jornalismo ubíquo;

Ubiquidade;

Espaços híbridos;

Dispositivos móveis digitais.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/880/528

Acesso em: 6 dez. 2020

O objetivo deste trabalho é apresentar de forma mais

aprofundada o conceito de jornalismo ubíquo. Para

isso, na parte inicial focamos em apresentar dados e

elementos que constroem o contexto vivido atualmente

pela coletividade. Por isso, trazemos estatísticas e

dados de acesso à internet, conexão e consumo de

conteúdo via dispositivos móveis digitais. Também

trazemos no trabalho os conceitos que acreditamos ser

fundamentais para formar a discussão: mobilidade,

ubiquidade e espaços híbridos. No momento seguinte,

discutimos e aprofundamos a proposta de jornalismo

ubíquo, visto enquanto algo mais abrangente daquilo

que conhecemos como jornalismo móvel. Isto é feito a

partir da apresentação do desenvolvimento das

terminologias e conceitos que envolvem o jornalismo.

Ano: 2017

100.

JORNALISMO DAS COISAS (JOT):

NOVO GÊNERO JORNALÍSTICO EM

O artigo discute a proposta de novo gênero do

jornalismo (JoT) a partir da incorporação da

tecnologia da Internet das Coisas (IoT) na produção do

noticiário diário global. Assim, apresenta-se novos

modelos de narrativas, linguagens e formatos para o

289

CARROS CONECTADOS, OBJETOS

INTELIGENTES E WEREABLE’S NA

CIDADE DIGITAL

BARCELOS, Marcelo Silva.

Palavras-chave:

Jornalismo das Coisas;

Jornalismo;

Gênero;

Formato;

Linguagem.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/931/530

Acesso em: 6 dez. 2020

jornalismo do futuro baseado em objetos cognificados

na cidade digital (smart citie), formada por casas

inteligentes, veículos conectados e computação

vestível. Sob método indutivo e exploratório, propõe-

se uma taxonomia preliminar para agrupar essas novas

telas em categorias de consumo jornalístico. Como

considerações finais, relacionamos ainda questões

como vigilância, vazamento de dados e a

hipersaturação do consumo de informação, além de

questões técnicas, como a construção de um padrão

global de protocolo para conectar esses objetos e a

importância da qualidade da conexão.

Ano: 2017

101.

UM PANORAMA DAS NOTÍCIAS

AUTOMATIZADAS NO MUNDO

CARREIRA, Krishma.

Palavras-chave:

Notícia automatizada;

Jornalismo automatizado;

Inteligência artificial e jornalismo;

Algoritmos jornalísticos;

Geração de linguagem natural.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/897/529

Acesso em: 6 dez. 2020

O cruzamento do Jornalismo com sistemas de

inteligência artificial possibilitou que tarefas básicas

dos jornalistas, como apuração e redação de notícias,

em texto, áudio e vídeo, pudessem ser feitas

exclusivamente por algoritmos. A presença humana

nestes casos é indispensável – do ponto de vista

tecnológico - somente na programação dos softwares.

Neste artigo será apresentado um mapeamento de 62

empresas de jornalismo, como Reuters, Le Monde e

Associated Press, que produzem notícias

automaticamente sobre oito tópicos (política, finanças,

esporte, previsão do tempo, crime, viagem, trânsito e

entretenimento) em 11 países. As reflexões deste

trabalho partem de uma pesquisa bibliográfica de

caráter exploratório interdisciplinar de áreas como

Jornalismo, Filosofia da Tecnologia, Inteligência

Artificial e da abordagem da Teoria Ator-Rede.

Ano: 2017

102.

O QUE É HIPERMÍDIA? UM

CONCEITO QUE VAI ALÉM DO

HIPERTEXTO E DA MULTIMÍDIA

BACCIN, Alciane.

Palavras-chave:

Hipermídia;

Hipertexto;

Multimídia;

Jornalismo digital;

Narrativa.

Disponível em:

O objetivo do artigo é discutir teoricamente o conceito

de hipermídia, partindo da formulação da Teoria do

Hipertexto, que tem como principal expoente George

Landow (1997, 2001, 2009), e no processo de

Remediação, proposto por Jay Bolter e Richard Grusin

(1999). Para tanto, refletimos primeiramente sobre a

configuração do espaço de escrita digital (BOLTER,

2001), onde se insere a hipermídia. Procuramos ao

longo do artigo, discutir e tensionar o conceito de

hipermídia com alguns autores que percebem a

semelhança e até tratam hipertexto e hipermídia como

sinônimos. Nossa intenção é, com esse tensionamento,

construir a definição de hipermídia alicerçada na

lógica da remediação. Assim como o hipertexto

remodela o texto no espaço de escrita digital, também

as mídias se renovam nesse espaço.

290

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/948/366

Acesso em: 6 dez. 2020

Ano: 2017

103.

DESENVOLVIMENTO E ANÁLISE DE

UM APLICATIVO COMO

FERRAMENTA DE JORNALISMO

MÓVEL PARA COBERTURA DE

QUESTÕES URBANAS EM ARACAJU

FRANCISCATO, Carlos Eduardo.

OLIVEIRA, Camila de Jesus.

SILVA, Leandro Pereira Gomes da.

COSTA, Maria Izabel de Jesus.

Palavras-chave:

Jornalismo móvel;

Jornalismo de cidades;

Smartphone;

Aplicativo;

Pesquisa aplicada.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/892/553

Acesso em: 6 dez. 2020

Este paper apresenta resultados de um projeto de

pesquisa aplicada cujo objetivo consistiu no

desenvolvimento de um aplicativo (app) de

comunicação móvel para celulares tipo smartphones

que auxiliem na qualificação da cobertura jornalística

em questões urbanas na região metropolitana de

Aracaju, capital do estado de Sergipe. Há um esforço

em compreender conceitos específicos dos

dispositivos de comunicação móvel (mobilidade,

ubiquidade, geolocalização), assim como aspectos

sobre a cidade e o urbano e o jornalismo de cidades

em suas formas de base de dados e visualidades.

Utilizamos a arquitetura da informação e a cartografia

como metodologias para o desenvolvimento do

aplicativo. Espera-se que a ferramenta ofereça um

incremento na atividade jornalística e gere, nos testes

em situações de uso, compreensões sobre a atividade e

o desenvolvimento de novas funcionalidades.

Ano: 2017

104.

MODOS E SENTIDOS DA INOVAÇÃO

NO JORNALISMO

MARTINS, Elaide.

Palavras-chave:

Inovação;

Jornalismo;

The New York Times.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/892/272

Acesso em: 6 dez. 2020

Esta pesquisa busca identificar, analisar e

compreender modos, aspectos e sentidos da inovação

no jornalismo. Debruçando-se sobre os relatórios de

inovação do New York Times, o trabalho adota dois

procedimentos metodológicos de forma

complementar: análise documental, uma das vertentes

do estudo de caso (YIN, 2001; DUARTE, 2008;

CLEMENTE JR, 2012) e as categorias de análise

sistematizadas por Rosseti (2013), baseadas na

classificação aristotélica do conceito de mudança. A

partir de Barbosa (2012), Mazza (2013), Giacomini

Filho (2015), Silverman (2015), Fonseca (2015) e

outros, traz uma importante discussão sobre inovação

no jornalismo e seus resultados indicam que a mesma

se faz presente em produtos, processos, equipe e

gestão. Uma análise que aponta novas tendências para

o campo do jornalismo.

Ano: 2017

105.

ANÁLISE DE QUALIDADE DE

NOTÍCIA: WHATSAPP COMO

FERRAMENTA DE PRODUÇÃO DE

CONTEÚDO EM CIBERMEIOS

O WhatsApp é uma ferramenta de interatividade que

ganhou destaque nas redações dos ciberjornais de

Mato Grosso do Sul nos últimos três anos. Leitores

enviam sugestões de pauta aos jornais via aplicativo e

notícias são publicadas com informações, fotos e

vídeos. Os leitores já participavam com opiniões e

pautas por meio de canais digitais como e-mail,

291

JORNALÍSTICOS

MARTINS, Gerson Luiz

WERDEMBERG, Angela.

Palavras-chave:

Ciberjornalismo;

WhatsApp;

Convergência;

Critério de noticiabilidade; Valores-

notícia.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/892/273

Acesso em: 6 dez. 2020

Facebook e Twitter. O tema deste artigo é recortado a

partir do estudo da adesão do aplicativo WhatsApp nas

redações do Campo Grande News, Correio do Estado

e Midiamax News, três ciberjornais de maior

audiência no Estado. Com base nas Ferramentas para

Análise de Qualidade no Ciberjornalismo, organizada

por Marcos Palacios, foi possível quantificar,

relacionar e analisar as notícias publicadas

mencionando o WhatsApp, além de mensurar o

impacto desta forma para pautar o noticiário cotidiano

e as implicações na produção da notícia.

Ano: 2017

106.

INTERATIVIDADE E

VISUALIZAÇÃO DE NOTÍCIAS EM

APPS: UM DESIGN BASEADO EM

CARDS

PAULINO, Rita.

EMPINOTTI, Marina.

Palavras-chave:

Jornalismo móvel;

Smartphone;

Aplicativo;

Design;

Cards.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/892/958

Acesso em: 6 dez. 2020

A interação do usuário com as pequenas telas de

tablets e smartphones exige dos produtores de

informação a coordenação de um trabalho

multidisciplinar, que englobe jornalistas, designers e

programadores, para que a experiência oferecida seja

adequada à nova realidade do jornalismo móvel. O

design de notícias baseado em Cards vem sendo o

formato mais utilizado pelas empresas que operam em

plataformas iOS e Android. Este artigo analisa como

três aplicativos de veículos tradicionais utilizam

componentes de interface mobile. Buscou-se

identificar características e elaborar categorias de

análise para se compreender o modo como a

informação é apresentada disponível nos apps da

BBCNews, CNN e O Globo. Como aporte teórico-

metodológico principal se utilizou uma retórica

audiovisual digital, a fim de analisar formas, gestos e

impactos da relação usuário-smartphone.

Ano: 2018

107.

DAS PÁGINAS IMPRESSAS PARA AS

FANPAGES: ADAPTAÇÕES DE

LINGUAGEM E FORMATO DOS

JORNAIS REGIONAIS NO

FACEBOOK A PARTIR DE UMA

PERSPECTIVA COMPARADA

MASSUCHIN, Michele Goulart.

SOUSA, Suzete Gaia de.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Este paper faz uma análise comparativa sobre como

jornais regionais brasileiros - “A Tarde” (Nordeste),

“Correio Braziliense” (Centro-Oeste), “Diário do

Pará” (Norte), “Gazeta do Povo”(Sul) e “O Globo”

(Sudeste) – se utilizam do Facebook como ferramenta

para distribuição de conteúdo jornalístico. O objetivo é

averiguar de que maneira os jornais selecionados

utilizam o Facebook a partir de características

relacionadas ao estilo textual, tal como a linguagem –

formal ou informal – e os diferentes formatos que

acompanham a legenda – foto, vídeo, emoticons, gifts,

entre outros. O método da pesquisa é quantitativo é a

técnica utilizada é a análise de conteúdo. O período da

análise compreende duas semanas (entre abril e maio

de 2018), sendo que o corpus da pesquisa corresponde

292

Redes sociais digitais;

Facebook;

Linguagem;

Formato dos posts.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2018/paper/view/1191/829

Acesso em: 6 dez. 2020

a 2825 postagens realizadas pelos cinco veículos no

período estipulado.

Ano: 2018

108.

ALGORITMOS COMO

GATEKEEPERS: OS RISCOS PARA O

JORNALISMO E PARA A

SOCIEDADE

BARSOTTI, Adriana.

Palavras-chave:

Algoritmos;

Gatekeepers;

Agenda.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1264/67

4

Acesso em: 6 dez. 2020

Mais da metade da população mundial (51%) usa as

mídias sociais para se informar, revelou a Digital

News Report 2015. A pesquisa observou que a

ascensão das redes sociais como meio de acesso às

notícias leva ao fenômeno do “conteúdo distribuído”.

Links para notícias desprendem-se do contexto

original de edição e ganham vida própria nas redes.

Nelas, os regimes de visibilidade das notícias são

norteados, em última instância, por algoritmos que

cruzam preferências individuais e localização

geográfica dos usuários, entre outros critérios. Embora

continuem selecionando as notícias, os jornalistas

estariam agora dividindo o papel de gatekeepers com

os algoritmos. A hipótese é que o jornalista esteja

perdendo poder na proposição de uma agenda para a

sociedade. O artigo apresenta 11 entrevistas em

profundidade com jornalistas da Folha de S.Paulo, O

Estado de S.Paulo, O Globo e G1 discutindo a questão.

Ano: 2018

109.

CONSIDERAÇÕES SOBRE O

IMPACTO DAS NOVAS

TECNOLOGIAS NO

RADIOJORNALISMO

BUFARAH JÚNIOR, Alvaro.

CARVALHO, Marcus Aurélio de.

Palavras-chave:

Radiojornalismo;

Linguagem;

Produção;

Tecnologias;

Afeto.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1328/86

5

Este artigo apresenta análise sobre as linhas de força

que alteraram as lógicas discursivas e a linguagem do

meio rádio – com foco nos programas jornalísticos - a

partir dos anos 1990, quando a Internet passou a

mudar as próprias dinâmicas de escuta do meio, seja

na audição de conteúdo em qualquer horário (e não

mais, necessariamente, com o compromisso pactuado

na grade da programação), seja no caráter

multiplataforma dos aparatos para a recepção dos

programas: celular, computador pessoal, o velho rádio

de pilha, etc. Nossa abordagem dedica especial

atenção às mudanças na linguagem e nas rotinas dos

processos de produção dos noticiários. Em que medida

os roteiros, o tempo dedicado à apuração das

reportagens, a divisão de tarefas na redação e o uso

dos chamados “cinco idiomas do rádio” (voz, música,

efeitos sonoros, pausas e trilhas anímicas) ganharam

novos sentidos nas últimas duas décadas?

293

Acesso em: 6 dez. 2020

Ano: 2018

110.

DA “NEWS NET” À REDE

HIPERDENSA: O JORNALISMO NA

ERA DA UBIQUIDADE

COMUNICACIONAL

SATUF, Ivan.

Palavras-chave:

Jornalismo móvel;

News net;

Ubiquidade comunicacional;

Rotinas produtivas.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1335/84

9

Acesso em: 6 dez. 2020

O conceito de “news net” foi introduzido nos anos

1970 por Gaye Tuchman para definir a rotina

operacional dos meios de comunicação de massa em

uma época marcada por restrições estruturais e

humanas. Muita informação relevante deixava de ser

apurada devido à existência de diversos “buracos” na

estrutura de captação, resultando numa rede noticiosa

(“news net”) cuja trama apresentava baixa densidade.

A emergência de tecnologias digitais móveis

reconfigura os processos de coleta e circulação de

informação jornalística no século XXI. Este artigo

propõe a noção e “rede hiperdensa” com o objetivo de

atualizar a clássica noção de “news net” a partir de um

conjunto de evidências que permitem tratar da

ubiquidade comunicacional, das redes colaborativas e

da expansão das fronteiras jornalísticas

Ano: 2018

111.

REDE SOCIAL COMO NOVO

CRITÉRIO DE NOTICIABILIDADE:

CARACTERÍSTICAS E

POTENCIALIDADES APLICADAS AO

TELEJORNALISMO

OLEGÁRIO, Leandro.

Palavras-chave:

Telejornalismo;

Noticiabilidade;

Rede Social;

Ciberacontecimento;

Jornal do Almoço.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1389/67

7

Acesso em: 6 dez. 2020

No cenário da hipertelevisão (SCOLARI, 2014), as

realidades cotidianas vêm ganhando espaço nos

noticiários televisivos por meio de

ciberacontecimentos (ARIAS, 2008). A proposta deste

artigo é apresentar as fases que envolvem a produção

de notícias no telejornalismo a partir da seleção de

conteúdos oriundos das redes sociais. Para isso,

analisa-se a rotina produtiva de uma revista eletrônica

regional, o Jornal do Almoço, da RBS/TV, emissora

afiliada da Rede Globo no Rio Grande do Sul. Desse

modo, aplica-se técnicas de entrevista em

profundidade e observação participante. Este trabalho

é um recorte da pesquisa de doutoramento que propõe

a rede social, a partir do conteúdo disseminado pelos

usuários, como um novo valornotícia estabelecendo

alterações no fazer-jornalístico na televisão à luz das

teorias do newsmaking e gatekeeper (WOLF, 2012).

Ano: 2018

112.

FONTES ELETRÔNICAS DE

INFORMAÇÃO JORNALÍSTICA:

SENSORES, SINALIZADORES E

PROCESSADORES DA INTERNET

DAS COISAS (IOT) PARA

Este artigo apresenta uma discussão teórica e análise

descritiva-explicativa a partir de fontes eletrônicas de

informação e captação, aqui compreendidas como

sensores, sinalizadores e processadores da Internet das

Coisas (IoT), no contexto de uma cidade digital

inteligente ou smart city. O objetivo é otimizar a

mineração de dados que atendam uma melhor

assertividade para o usuário, sob a ótica da

294

COMPLEMENTAÇÃO DE NOTÍCIAS

BARCELOS, Marcelo.

Palavras-chave:

Internet das Coisas;

Jornalismo;

Fontes eletrônicas;

Notícias;

Cidades Inteligentes.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1304/84

6

Acesso em: 6 dez. 2020

personalização de conteúdo jornalístico. Dessa forma,

acredita-se que será possível tornar mais eficiente a

extração e aproveitamento dessas tecnologias para

implementar personalização de conteúdo, uma das

características da informação noticiosa centrada nas

preferências de um determinado leitor em um contexto

de hiperconexão e mobilidade informacional ubíqua,

como aposta futura para as malhas

infocomunicacionais cognificadas na Teoria Ator-

Rede.

Ano: 2018

113.

A PRISÃO DE LULA AO VIVO NO

FACEBOOK: USO DA FERRAMENTA

FACEBOOK LIVE PARA A

CONSTRUÇÃO DE NARRATIVAS EM

VÍDEO PELA MÍDIA NINJA E PELO

ESTADÃO

SANTOS, William da Silva.

NUNES, Márcia Vidal.

Palavras-chave:

Facebook Live;

Transmissões ao vivo;

Jornalismo digital;

Mídia alternativa;

Narrativas jornalísticas.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1438/66

5

Acesso em: 6 dez. 2020

O presente artigo tem como principal objetivo

identificar características do uso da ferramenta

Facebook Live para a realização de coberturas

jornalísticas na mídia tradicional e na mídia

alternativa, notadamente pelo jornal O Estado de S.

Paulo e pelo coletivo Mídia Ninja, buscando

evidenciar estratégias de construção de narrativas em

vídeos transmitidos ao vivo nas respectivas páginas no

Facebook. Para isso, utilizamos, como recurso

metodológico para uma investigação quantitativa e

qualitativa da cobertura da prisão do ex-presidente

Luiz Inácio Lula da Silva, a análise pragmática da

narrativa jornalística (MOTTA, 2007). Notamos, a

partir de resultados preliminares, que a ferramenta

Facebook Live foi mais utilizada pela Mídia Ninja. O

estudo observou, ainda, estratégias diferentes de

objetivação e subjetivação, apontando para intenções

comunicativas – com motivações políticas e culturais

– em disputa no debate público.

Ano: 2018

114.

PROCESSOS DE CONVERGÊNCIA E

REORGANIZAÇÃO EM REDAÇÕES

JORNALÍSTICAS: UM OLHAR SOBRE

A ESTRUTURA E A PRODUÇÃO DE

NOTÍCIAS EM CIBERMEIOS

BRASILEIROS

GONÇALVES, Jonas.

Os constantes ciclos de transformação das redações

jornalísticas contemporâneas, transformadas em

ecossistemas adaptáveis com fluxos de trabalho

tecnológicos (“cibermeios”), demandam uma

sistematização que viabilize estudos mais

aprofundados dessas mudanças, diretamente

influenciadas pelo fenômeno da convergência. Este

artigo é uma síntese da dissertação desenvolvida pelo

autor no âmbito do programa de Mestrado Profissional

em Produção Jornalística e Mercado da ESPM-SP, que

estudou os casos vivenciados pelos sites Estadão e

HuffPost (um analógico digital e outro nativo digital) e

295

Palavras-chave:

Redações;

Reorganização;

Convergência;

Estadão;

HuffPost.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1513/84

7

Acesso em: 6 dez. 2020

propôs uma metodologia para classificar, por meio de

indicadores, os diferentes modelos de redação em

termos de características estruturais (tipo de

ecossistema, etapas de reconfiguração e contexto

organizacional) e produtivas (procedimentos de pauta,

apuração, edição e publicação de notícias).

Ano: 2018

115.

VISUALIZAÇÃO DE DADOS

JORNALÍSTICOS: A PRODUÇÃO NA

PERSPECTIVA DA NARRATIVA

COMO SISTEMA

ESTEVANIM, Mayanna.

Palavras-chave:

Sistema narrativo;

Visualização de dados jornalísticos;

Backend narrativo;

Frontend narrativo;

Jornalismo de dados.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1448/66

6

Acesso em: 6 dez. 2020

Este artigo visa discutir a visualização jornalística em

base de dados na contemporaneidade. Sustentamos

que esta produção, no ambiente digital, está inserida

em sistemas narrativos, iniciados em codificações

maquínicas, com bases de dados que dialogam com

outras camadas até chegar a uma interface com o

usuário. Neste contexto o jornalista não é somente um

narrador de fatos, é o responsável por coletar, apurar,

interpretar e contextualizar as informações. Recorre a

gráficos interativos, conta com a participação do

público/leitor, disponibiliza acesso direto a bancos de

dados e distribui matérias por redes sociais.

Defendemos que o jornalista familiarizado com as

camadas subterrâneas do sistema narrativo, o backend,

encontra melhores maneiras de contar histórias

Ano: 2018

116.

O ALGORITMO COMO PAUTA DE

INVESTIGAÇÃO JORNALÍSTICA

CARREIRA, Krishma Anaísa Coura.

Palavras-chave:

Jornalismo investigativo; Algoritmo-

ombudsman;

Algoritmos e jornalismo;

Engenharia reversa;

Preconceito algorítmico.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1651/67

9

Os algoritmos computacionais têm papel central nos

processos comunicacionais materializados através da

internet, com consequências econômicas, políticas e

sociais. Apesar disso, suas operações, em geral, não

são transparentes ou são incompreendidas pela maior

parte dos internautas. Os algoritmos transmitem uma

ideia de objetividade, mas seus processos de

programação seguem priorizações e associações que

podem resultar, inclusive, em preconceitos. Alguns

estudiosos sinalizam a importância da realização de

uma investigação jornalística capaz de desvendar

como os algoritmos geram determinados resultados.

Outros apontam a necessidade de um algoritmo-

ombudsman. Neste artigo, são apresentadas algumas

técnicas sugeridas a partir de uma revisão bibliográfica

interdisciplinar de áreas como Comunicação,

Jornalismo e Inteligência Artificial.

296

Acesso em: 6 dez. 2020

Ano: 2018

117.

TELEJORNALISMO

MULTIPLATAFORMA: UMA

ANÁLISE DO USO DA

CONVERGÊNCIA DE CONTEÚDO NO

QUADRO “G1 NO BOM DIA RIO”

ANDRADE, Lorena Borges de.

SILVA, Fernando Firmino da.

Palavras-chave:

Telejornalismo;

Convergência;

Multiplataforma;

Bom Dia Rio;

G1 RJ.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1584/71

8

Acesso em: 6 dez. 2020

O jornalismo pós-industrial indica que o jornalismo

passa por transformações em decorrência da

digitalização nos processos. Nesse cenário, “explorar

outros métodos de trabalho e processos viabilizados

pelas mídias digitais” (ANDERSON; BELL;

SHIRKY, 2013, p.38) passou a ser condição essencial

para sobreviver a um mercado cada vez mais exigente

e multiplataforma. Partindo desse princípio e da noção

de convergência jornalística, no tocante à dimensão de

conteúdo, este trabalho tem como objetivo analisar de

que maneira as experiências de convergência de

conteúdo no telejornal Bom Dia Rio da TV Globo são

colocadas em prática na TV e no portal G1 RJ. Os

resultados apontam para uma convergência de

conteúdo no aspecto de multiplataforma ainda

incipiente entre o telejornal e o portal.

Ano: 2018

118.

POTENCIALIDADES DIGITAIS E

INOVAÇÕES JORNALÍSTICAS:

ANÁLISE QUANTITATIVA DE

ESPECIAIS DA FOLHA

FORT, Mônica Cristine.

MARCELLINO, Márcio Morrison

Kaviski.

TRENTIN, Lidia Paula.

HECK, Ana Paula.

Palavras-chave:

Jornalismo digital;

Inovações;

Especiais Folha;

Gêneros textuais;

Potencialidades tecnológicas.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1257/78

6

Acesso em: 6 dez. 2020

O presente texto apresenta um levantamento

quantitativo realizado em especiais publicados pelo

site do jornal Folha de S. Paulo. Trata-se de uma das

etapas de um projeto de pesquisa em rede que

investiga práticas inovadoras e criativas em jornalismo

a partir de potencialidades digitais. No estudo ora

apresentado, observam-se as características dos

denominados especiais pelo próprio veículo,

selecionando o que são consideradas narrativas

jornalísticas, seus gêneros, seus suportes imagéticos e

demais recursos digitais. Também são consideradas as

características do webjornalismo. Percebem-se

inovações narrativas em determinadas abordagens,

mas ainda não se experimentam todas as

possibilidades como prática das rotinas produtivas.

Ano: 2018 Pesquisadores e jornalistas dedicados ao Jornalismo de

297

119.

A NOÇÃO DE JORNALISMO DE

DADOS NO JORNALISMO

CONTEMPORÂNEO

BARROS, Vanessa Teixeira de.

Palavras-chave:

Jornalismo de Dados;

Tecnologias;

Circulação de Informação.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1270/84

5

Acesso em: 6 dez. 2020

Dados o resumem (com algumas variáveis) como

técnicas e procedimentos (através do computador) que

auxiliam a visualização, o cruzamento e o tratamento

de grandes quantidades de dados, os quais uma pessoa

seria incapaz de extrair com tanta rapidez. O objetivo

deste artigo é situar quando surge essa noção de

jornalismo e o quanto isto está articulado com as

mudanças tecnológicas e as novas formas de

circulação de informação. Busca-se, portanto,

problematizar a ideia da emergência do jornalismo de

dados, tencionando o que há de novo de fato nesse

método, e o que se apresenta como continuidade do

jornalismo no modelo tradicional de redação.

Ano: 2018

120.

“JORNALISMO DE VERIFICAÇÃO”:

O FACT-CHECKING EM EVIDÊNCIA

NUM ECOSSISTEMA DE MÍDIA

DOMINADO POR PLATAFORMAS

SEIBT, Taís.

Palavras-chave:

Fact-checking;

Jornalismo de verificação;

Mudanças estruturais do jornalismo;

Objetividade;

Transparência.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1411/67

1

Acesso em: 6 dez. 2020

No artigo, argumenta-se em torno da hipótese de que o

“jornalismo de verificação” surge como tipo desviante

do paradigma do “jornalismo de comunicação”

(CHARRON; DE BONVILLE, 2016) em um

ecossistema de mídia dominado por plataformas

digitais. À reflexão teórica sob a ótica das mudanças

estruturais do jornalismo, soma-se a descrição de um

caso empírico envolvendo agências de fact-checking

(checagem de fatos) brasileiras, bem como resultados

de estudos anteriores realizados sobre essa prática nos

Estados Unidos, no intuito de debater potencialidades

e limites desse movimento para o jornalismo no século

XXI.

Ano: 2018

121.

O HIPERTEXTO NO JORNALISMO:

UMA PROPOSTA DE

CARACTERIZAÇÃO DO

HIPERTEXTO JORNALÍSTICO

BACCIN, Alciane.

MIELNICZUK, Luciana.

Palavras-chave:

Hipertexto;

Este artigo tem como objetivo apresentar uma

proposta de aplicação da Teoria do Hipertexto

(LANDOW, 1987, 1995, 1997, 2009), com base na

literatura, ao campo do jornalismo. Essa proposta

surgiu da identificação de adequação dessa Teoria aos

estudos de jornalismo digital, a partir da análise feita

de produtos jornalísticos digitais. Com forte inspiração

na Teoria do Hipertexto, nossa proposta defini como

características do hipertexto jornalístico a tipologia

dos links, a multivocalidade e a estrutura de

navegação. A intenção com este trabalho é contribuir

para os estudos das especificidades das narrativas

jornalísticas hipermídia.

298

Narrativa jornalística;

Jornalismo digital;

Teoria do Hipertexto;

Landow.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1627/89

4

Acesso em: 6 dez. 2020

Ano: 2018

122.

CARACTERÍSTICAS DO

WEBJORNALISMO

CONTEMPORÂNEO EM GAÚCHA

ZH: TRANSFORMAÇÕES DA

PLATAFORMA JORNALÍSTICA

BELOCHIO, Vivian.

Palavras-chave:

Webjornalismo;

Jornalismo digital;

Cultura da convergência.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1627/89

5

Acesso em: 6 dez. 2020

Este artigo apresenta pesquisa em fase inicial sobre o

desenvolvimento das seis características do

webjornalismo no cenário da cultura da convergência,

que marca a formação de ecossistema midiático

distinto (JENKINS, 2008; 2016; SCOLARI, 2016). O

foco é o que pode ser visto nas publicações. São

discutidos, num primeiro momento, os aspectos que

transformam os webjornais em plataformas noticiosas,

com limitações e possibilidades peculiares.

Posteriormente, são descritos os resultados da

observação das características de webjornais cuja

mídia matriz é impressa. A verificação foi realizada no

webjornal GaúchaZH (Porto Alegre/RS), a título de

exemplo.

Ano: 2018

123.

JORNALISMO DIGITAL E

PARTICIPAÇÃO: DEZ ANOS DEPOIS

DO “VOCÊ REPÓRTER” O QUE

MUDOU?

SILVEIRA, Stefanie Carlan.

Palavras-chave:

Jornalismo digital;

Interação;

Participação;

Cultura participativa;

Cultura da conexão.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1627/89

7

Há pouco mais de dez anos as pesquisadoras

Mielniczuk e Silveira (2007, 2008) propuseram um

trabalho no qual discutiam a abertura dos veículos

jornalísticos aos processos de interação da internet. As

autoras discutiam se os canais de interação abertos em

veículos jornalísticos de referência e também os

veículos independentes e não necessariamente

compostos por profissionais designavam

continuidades, potencializações ou rupturas nas

características do jornalismo digital na época. Nosso

objetivo aqui é ampliar esta discussão e atualizá-la a

partir dos novos conceitos e elementos que se

somaram ao debate na atualidade. Aspectos como

plataformas de redes sociais online, mobilidade e

ubiquidade fizeram com que os processos interativos

fossem ainda mais modificados e consequentemente

também o cenário jornalístico, o que justifica o

interesse em desenvolver este trabalho a fim de

mapear tal complexidade.

299

Acesso em: 6 dez. 2020

Ano: 2018

124.

JORNALISMO DE DADOS E GRANDE

REPORTAGEM MULTIMÍDIA:

COMBINAÇÕES POSSÍVEIS

VENTURA, Mariane Pires.

Palavras-chave:

Jornalismo de dados;

Big data;

Grande reportagem multimídia;

Gêneros expressivos.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1259/73

2

Acesso em: 6 dez. 2020

O fenômeno do Big Data e as políticas de dados

abertos fertilizaram o terreno do jornalismo de dados.

A facilidade no acesso aos dados tem possibilitado a

elaboração de novas pautas e narrativas e há veículos

que já apostam no JGD como um caminho para se

manter no mercado. Observando a ascensão e a aposta

das redações no jornalismo de dados, esse artigo visa

verificar se a combinação do JGD aos recursos

narrativos da Grande Reportagem multimídia estaria

criando um novo nicho dentro do webjornalismo. Para

tanto, são analisados sete vencedores do Data

Journalism Awards 2018 a fim de verificar a nova

classificação proposta.

Ano: 2019

125.

DA TELEVISÃO À INTERNET: O USO

DO TWITTER NA CONSTRUÇÃO DO

MODO DE ENDEREÇAMENTO DO

JORNAL NACIONAL

BEVILAQUA, Leire Mara.

Palavras-chave:

Telejornalismo;

Sites de redes sociais;

Modo de endereçamento;

Jornal Nacional;

Twitter.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/1916/11

25

Acesso em: 6 dez. 2020

A televisão vivencia um momento de transformação

impulsionado pela tecnologia e pelas práticas sociais e

culturais vigentes. Novas e velhas audiências

coexistem, reafirmando, mas também renovando

contratos assumidos com a televisão. O telejornalismo,

enquanto instituição social, não poderia ficar

indiferente a esse cenário. Neste artigo, apresenta-se

como o Jornal Nacional, da Rede Globo de Televisão,

vem modificando o modo de endereçamento, o estilo

próprio de falar ao telespectador (GOMES, 2011), em

razão da aproximação aos sites de redes sociais,

principalmente o Twitter. Parte-se do entendimento de

que o modo de endereçamento do telejornal não se

constrói mais somente por intermédio do conteúdo

veiculado na televisão. Estende-se também a essa

plataforma digital.

Ano: 2019

126.

OS SECONDARY DEFINERS E A

RESSIGNIFICAÇÃO DA NOTÍCIA

BEZERRA, Juliana Freire.

O artigo possui como temática de pesquisa a atuação

dos influenciadores digitais no processo de circulação

dos conteúdos jornalísticos. Parte da reflexão de que,

no contexto em rede, alguns atores sociais se destacam

nas audiências ativas exercendo um segundo filtro no

modo como a notícia é significada. Diante disto,

objetiva-se neste estudo: a) fundamentar o conceito

denominado de secondary difiner, a partir da

300

Palavras-chave:

Jornalismo;

Influenciador digital;

Capital Social;

Marca;

Líder de Opinião.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2012/10

93

Acesso em: 6 dez. 2020

concepção de primary definer elaborada por Stuart

Hall (1993) e b) propor uma sistematização por

categorias dos tipos de secondary definers, a partir do

modelo de categorização de influenciadores produzido

pelo GPS Ideológico da Folha de S. Paulo. Para o

embasamento teórico, conta-se com os conceitos de

Capital Social (PUTNAM, 2000) e de Líder de

Opinião formulado por Lazarsfeld, Berelson e Gaudet,

na década de 1940. Uma tipologia preliminar dos

secondary difiners é proposta no artigo.

Ano: 2019

127.

DAS NOTÍCIAS FALSAS NO

JORNALISMO ALTERNATIVO ÀS

FAKE NEWS NAS REDES SOCIAIS:

DILEMAS DE UM CONCEITO

JORGE FILHO, José Ismar Petrola.

Palavras-chave:

Fake news;

Jornalismo alternativo;

Redes sociais;

O Pasquim;

O Sensacionalista.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2025/10

81

Acesso em: 6 dez. 2020

Neste artigo discutimos alguns problemas do conceito

de fake news, tal como apresentado por autores como

Allcott e Gentzkow (2017), Wardle (2017) e Bucci

(2018). Frequentemente as fake news tentam se

colocar como uma das diversas espécies de

jornalismos alternativos que circulam nas redes

sociais. Por outro lado, notícias falsas constituem

também um gênero do jornalismo, comumente usado

como sátira com finalidade humorística. Um exemplo

histórico é o tabloide O Pasquim, um dos principais

veículos da imprensa alternativa de oposição à

ditadura militar. Na atualidade, sites como O

Sensacionalista investem na notícia falsa como sátira a

outros veículos. Uma distinção entre o jornalismo

alternativo e as fake news deve ser encontrada na

própria deontologia do jornalismo – que, ao contrário

das fake news, compromete-se com o real, mesmo

quando apela a recursos ficcionais de sátira e ironia.

Ano: 2019

128.

MIDIATIZAÇÃO E

ESPETACULARIZAÇÃO: O

JORNALISTA COMO

INFLUENCIADOR DIGITAL

TEIXEIRA, Raphael Moroz.

Palavras-chave:

Midiatização;

Imagem;

Espetacularização;

Influenciadores digitais;

Jornalismo.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

Com a midiatização, amplia-se o consumo de

informações e imagens em nível global e

reconfiguram-se os hábitos de vida, as formas de

trabalho e as manifestações culturais. Diante desse

cenário, o jornalismo é um dos campos profissionais

que tem se reconfigurado em termos ideológicos,

técnicos e estéticos. Considerando isso, este artigo

analisa, sob o ponto de vista estético, a forma com que

jornalistas têm se projetado nas redes sociais digitais.

Foram empregados, na análise, os preceitos teóricos de

autores como Mark Deuze, Gilles Lipovetsky, Jean

Serroy, Henry Jenkins e Derrick de Kerckhove.

Conclui-se que a conduta de jornalistas e a forma com

que eles se projetam publicamente em redes sociais

digitais têm sido contaminada pela lógica do

espetáculo.

301

bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2141/11

06

Acesso em: 6 dez. 2020

Ano: 2019

129.

AGÊNCIAS DE CHECAGEM NO

BRASIL: UMA ANÁLISE DAS

METODOLOGIAS DE FACT-

CHECKING

CARVALHO, Carmen.

LÓPEZ, Maria Otero.

ANDRADE, Karina Costa de.

Palavras-chave:

Fake news;

Fact-checking;

Metodologias;

Agências;

Jornalismo.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2145/10

87

Acesso em: 6 dez. 2020

A disseminação de fake news, potencializada pela

velocidade de compartilhamento das redes sociais, fez

com que o campo jornalístico investisse em uma nova

especialidade da profissão, o Fact-Checking, a

checagem de fatos, prática originária dos Estados

Unidos. Esta pesquisa se propõe a analisar as

metodologias aplicadas e apresentadas nas matérias

produzidas pelas agências de checagem brasileiras Aos

Fatos, Truco, Boatos.org e Uol Confere, considerando

que a transparência é premissa básica do Fact-

Checking. Para atingir este objetivo, utilizou-se a

Análise de Conteúdo (AC) como método de pesquisa,

seguindo uma abordagem quantitativa. O resultado

mostra que duas das iniciativas de checagem

brasileiras analisadas respeitam o princípio básico da

atividade, enquanto as outras duas não são

transparentes com a sua audiência.

Ano: 2019

130.

IMPACTOS DO PROTAGONISMO

DO TELESPECTADOR NO FAZER

JORNALÍSTICO

LIMA, Bruno Denis.

Palavras-chave:

Telejornalismo;

Jornalismo comunitário;

Redes sociais;

Interação;

Engajamento.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/1930/11

24

Acesso em: 6 dez. 2020

Este artigo é o resultado da investigação de estratégias

de interlocução com o público na página oficial da TV

Anhanguera, afiliada da Rede Globo em Goiás, no

Facebook. A intenção é identificar em que medida a

emissora desenvolve ações voltadas ao engajamento e

à interação com o telespectador nessa rede social, em

relação ao conteúdo jornalístico veiculado no canal de

televisão. A coleta dos dados foi feita ao longo de 62

dias, de 15 de maio a 15 de julho de 2019. Espera-se

contribuir com pesquisas voltadas aos impactos de um

novo protagonismo do telespectador na concepção do

jornalismo, especialmente de amplitude regional e

caráter comunitário.

Ano: 2019

131.

Este artigo volta-se para o estudo do

compartilhamento de notícias em redes sociais à luz

das Teorias do Jornalismo. O objetivo é propor uma

302

CRITÉRIOS DE NOTICIABILIDADE E

VALORES-NOTÍCIA NA

CONTEMPORANEIDADE: UM

ESTUDO SOBRE JORNALISMO NAS

REDES SOCIAIS

NOVAES, Aline da Silva.

Palavras-chave:

Critérios de noticiabilidade;

Valor-notícia;

Redes sociais;

Jornalismo;

Compartilhamento.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2153/11

13

Acesso em: 6 dez. 2020

reflexão sobre os critérios de noticiabilidade e valores-

notícia, matrizes do exercício do jornalismo, presentes

nesses textos jornalísticos, uma vez que atingem um

número significativo de usuários das plataformas

virtuais. Nossa proposta é, inicialmente, realizar uma

revisão desses critérios e valores fundamentada em

pesquisas de Gislene Silva, Leonel Aguiar, Marcos

Paulo da Silva, Nelson Traquina e Ivan Satuf. Torna-

se relevante, também, um estudo sobre o impacto

dessas novas tecnologias na rotina de produção

jornalística. Com essa intenção, foram realizadas

entrevistas com profissionais da área. Trata-se,

portanto, de uma tentativa de compreender o exercício

do jornalismo na contemporaneidade, momento em

que impera a cultura da participação e do

compartilhamento.

Ano: 2019

132.

O JORNALISMO NATIVO DIGITAL

DO BRASILEIRO NEXO

LENZI, Alexandre.

Palavras-chave:

Jornalismo on-line;

Jornalismo digital;

Jornalismo nativo digital;

Reportagem multimídia;

Nexo.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/1857/10

16

Acesso em: 6 dez. 2020

Este artigo apresenta um olhar para o jornalismo

nativo digital do brasileiro Nexo, um veículo

jornalístico exclusivamente digital criado em 2015 e

que tem se destacado em premiações internacionais. O

trabalho foi realizado por meio de pesquisa

bibliográfica sobre o tema e da análise exploratória de

16 seções fixas identificadas no citado jornal. Busca-se

refletir sobre a comparação entre os conteúdos ainda

inspirados em formatos tradicionais e aqueles que

apresentam características próprias do jornalismo on-

line, valorizando as potencialidades do meio digital. E

percebe-se que é nas reportagens especiais multimídia

que o Nexo tem conseguido aproveitar mais a

liberdade narrativa de um jornal nativo digital.

Ano: 2019

133.

HUMANOIDES-REPÓRTERES, OS

ROBÔS COM INTELIGÊNCIA

ARTIFICIAL: DESAFIO REAL OU

FETICHE TECNOLÓGICO?

BARCELOS, Marcelo.

Palavras-chave:

Humanoides-repórteres;

Inteligência Artificial;

Este artigo apresenta uma discussão contextual, teórica

e histórica sobre a chegada dos humanoides-

repórteres, robôs dotados com Inteligência Artificial

que estão ocupando posições jornalísticas em

redações, especialmente na China e no Japão. A partir

de uma narrativa sobre o estado da arte destas

invenções, o autor debate implicações da emulação do

modus operandi jornalístico na construção de um

imaginário em que o apresentador/repórter pode ser

um ser biônico, sob olhar crítico para além do que

representa a voz sintética criada por algoritmos de

Processamento de Linguagem Natural (PLN). Toma-se

como base contextual a crescente adoção dos

303

Jornalismo;

Prospectiva Estratégica.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2143/12

56

Acesso em: 6 dez. 2020

assistentes pessoais com AI, como novas interfaces de

comunicação, para prever, sob o método da

prospectiva estratégica (GODET, 2017) que, em um

futuro nada distante, robôs-jornalistas podem se tornar

populares em telejornais, inclusive, no Brasil.

Ano: 2019

134.

QUANDO O TWITTER PAUTA O

JORNAL: ANÁLISE DA COBERTURA

DA FOLHA DE S.PAULO SOBRE O

PERFIL DE JAIR BOLSONARO

REBOUÇAS, Hébely.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Twitter;

Bolsonaro;

Folha de S.Paulo;

Análise de Conteúdo.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/1979/10

60

Acesso em: 6 dez. 2020

Com o objetivo de analisar como o Jornalismo

convencional lida com as estratégias de comunicação

on-line de agentes do campo político, o artigo

investiga a cobertura da Folha de S. Paulo sobre os

conteúdos do presidente Jair Bolsonaro no Twitter.

São analisadas 94 notícias da Folha publicadas de 1º

de janeiro a 30 de abril de 2019. Por meio de Análise

de Conteúdo, as notícias são investigadas em duas

dimensões: 1) editorias e temas privilegiados na

cobertura; e 2) grau de relevância das postagens na

construção das matérias. Conclui-se que, na maioria

das vezes, a Folha explorou o Twitter de Bolsonaro

como mero elemento de contextualização das notícias,

privilegiando conteúdos de relevância pública, como

anúncio de medidas de governo, além de temas que

têm o conflito e a polêmica em seu cerne, como crises

e disputas políticopartidárias.

Ano: 2019

135.

MULTIMIDIALIDADE,

HIPERTEXTUALIDADE E

INTERATIVIDADE NA GRANDE

MÍDIA E MÍDIA INDEPENDENTE

SANTOS, Marli.

Palavras-chave:

Multimidialidade;

Hipertextualidade;

Interatividade;

Grande mídia.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/1984/10

92

Acesso em: 6 dez. 2020

Este artigo é um recorte de pesquisa mais ampla,

Produção e circulação de conteúdo no jornalismo do

século XXI, apoiada pela FAPESP. O objetivo é

identificar as características do webjornalismo:

multimidialidade, hipertextualidade e interatividade

em portais da grande mídia e em veículos

independentes e/ou alternativos, comparando as

matérias principais das homes de cada veículo. A

pesquisa foi realizada em julho de 2019, e incluiu 9

portais/sites. Para a análise utilizou-se como protocolo

as fichas de avaliação disponíveis em “Ferramentas

para análise de qualidade no ciberjornalismo –

Modelos”, Palácios (2011), com adaptações. A

principal consideração é que a mídia tradicional e

mídia independente e/ou alternativa apresentam um

padrão semelhante, com variações relacionadas a

factualidade das matérias e ao perfil editorial dos

veículos.

304

Ano: 2019

136.

UM PÚBLICO ATIVO NO

JORNALISMO – O QUE AS SEÇÕES

DE COMENTÁRIOS NOS ENSINAM

SOBRE PARTICIPAÇÃO

SANSEVERINO, Gabriela Gruszynski.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Participação;

Seção de comentários;

Sites de notícias;

Público.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/1982/10

94

Acesso em: 6 dez. 2020

Nosso trabalho propõe pensar de que forma o

engajamento com usuários vem se constituindo no

jornalismo, a partir de um recurso popular em sites de

notícias – as seções de comentários dos usuários. A

partir da pesquisa bibliográfica e documental,

estabelecemos como as seções de comentários podem

ser pensadas como Conteúdo Gerado por Usuários e

discutimos, na teoria, quais as possibilidades de

apresentação dessa forma de participação. Realizamos

também a observação de oito sites de notícias em

língua inglesa, de importantes empresas jornalísticas

nos Estados Unidos e no Reino Unido (Huffington

Post, New York Times, Washington Post, BuzzFeed

News, USA Today, The Sun, The Daily Mail e The

Guardian), casos práticos de como seções de

comentários estão sendo implementadas. Delineamos

como este recurso de participação está sendo utilizado

e debatemos que inferências podemos fazer do que

significa sua integração ou não as novas práticas do

jornalismo online.

Ano: 2019

137.

A ROTINA PRODUTIVA SOB

IMPACTO DO USO DE

SMARTPHONES

FREIRE, Flora Leite.

Palavras-chave:

Rotina produtiva;

Smartphones;

Diário de Pernambuco;

Jornal do commercio;

Jornalismo.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/1873/11

11

Acesso em: 6 dez. 2020

O presente artigo tem como objetivo ampliar a

discussão sobre impactos de tecnologias na rotina

produtiva das redações jornalísticas iniciada com a

dissertação “As transformações nas rotinas produtivas

das redações: Diario de Pernambuco e Jornal do

Commercio”, publicada em 2018. Dentre as diferentes

ferramentas tecnológicas observadas nesta pesquisa,

optamos por analisar aqui o uso de smartphones, cada

vez mais inseparáveis da atividade jornalística. A

observação participante, realizada entre os meses de

outubro e novembro de 2017 permitiu confirmar não

apenas que as práticas mudam com as mudanças

tecnológicas, mas também como elas mudam. Um

exemplo seria a inserção de uma nova etapa: a

replicação ou publicização de conteúdos.

Ano: 2019

138.

NOVO JORNALISMO? REFLEXÕES

ACERCA DO LIMITE DO USO DE

DADOS PARA A ELABORAÇÃO DE

REPORTAGENS

COSTA, Ana Cristina.

ALMEIDA, Raquel de Queiroz.

Este artigo tem por objetivo discutir os usos da

tecnologia no jornalismo, seja pela criação de novos

negócios que seguem um movimento de

“startupização” do segmento, seja no emprego de

análise de dados para a elaboração de reportagens. As

reflexões propostas apontam para o desenvolvimento

de uma espécie de jornalismo combinatório entre a

otimização oferecida pelas ferramentas de RAC

(Meyer, 2002) e a manutenção de técnicas jornalísticas

ditas tradicionais, como apuração, observação, escuta

305

Palavras-chave:

Jornalismo;

Dados;

Startups de jornalismo;

Precisão.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/1895/10

75

Acesso em: 6 dez. 2020

do contraditório e presença in loco para entender a

ambiência dos acontecimentos. A partir dessa

combinação, preserva-se o jornalismo como um mapa

de significados (Hall et al, 1973) que contribui para a

leitura das coisas do mundo.

Ano: 2019

139.

FAKE NEWS E FACT-CHECKING: AS

MOVIMENTAÇÕES NO CAMPO

COMUNICACIONAL VISTAS A

PARTIR DA MIDIATIZAÇÃO DA

SOCIEDADE E DA OBJETIVIDADE

JORNALÍSTICA

SANTOS, Lucas de Almeida.

Palavras-chave:

Fake news;

Fact-checking;

Internet;

Política;

Eleição presidencial 2018.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2167/10

86

Acesso em: 6 dez. 2020

O presente artigo tem como objetivo analisar as

movimentações no campo jornalístico a partir do

contraponto das agências de checagem (fact-checking)

às fake news, com foco no ambiente político, em que o

fenômeno é mais facilmente observado. Para isso,

foram selecionadas 18 (dezoito) matérias de checagem

veiculadas pelo blog “Estadão Verifica”, vinculado ao

jornal O Estado de S. Paulo, após o primeiro turno das

eleições gerais brasileiras de 2018, no período entre 21

e 27 de outubro de 2018, uma semana após o pleito. A

pesquisa se propôs a identificar, quantitativamente e

qualitativamente, os temas das checagens e estratégias

de validação do discurso de verdade por parte da

checagem.

Ano: 2019

140.

POSSIBILIDADES, LIMITES E

FRAGILIDADES DE UM NATIVO

DIGITAL: O JORNAL PLURAL

(CURITIBA, PR)

DEL VECCHIO-LIMA, Myrian.

DE PAULA, Everton Luiz Renaud.

PIRES, Guilherme de Paula.

LIRA, Artur Oliari.

Palavras-chave:

Jornalismo digital;

Modelo de negócio;

Jornal Plural;

Após a digitalização do jornal Gazeta do Povo, em

maio de 2017, e uma série de dispensas de

profissionais de sua redação, surge em janeiro de

2019, em Curitiba, o jornal digital Plural, que se

coloca como “o primeiro jornal da cidade feito

exclusivamente por jornalistas, por gente de

comunicação. Sem patrão nem herdeiros.” Ao tomar

como objeto este veículo, que enfatiza reportagens

locais, tentamos entender como o nativo digital pode

se desenvolver sem ainda conhecer o perfil de seu

leitor, sem uma política clara de financiamento e

buscando independência. A metodologia qualitativa

busca por meio de entrevista em profundidade e

pesquisa documental entender o modelo de negócio do

jornal, em um cenário de jornalismo pós-industrial e

em um momento marcado por incertezas político-

econômicas e midiáticas. Ao final, pode-se

306

Jornalismo local;

Independência jornalística.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2056/10

15

Acesso em: 6 dez. 2020

compreender as atuais fragilidades e limites, bem

como as possibilidades do jornal no cenário local.

Ano: 2019

141.

FATORES SOCIAIS DA INOVAÇÃO

NA TRANSIÇÃO DO JORNALISMO

IMPRESSO AO DIGITAL

FRANCISCATO, Carlos Eduardo.

SILVA, Gilson Souza.

Palavras-chave:

Jornalismo digital;

Jornalismo impresso;

Inovação;

Produção de notícias;

Cinform.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2180/12

31

Acesso em: 6 dez. 2020

Esta pesquisa buscou aplicar o modelo explicativo da

inovação, problematizando-o em um referencial da

teoria social para abordar o processo de transição do

jornalismo impresso para as plataformas digitais nos

anos recentes no Brasil. Considerou-se o contexto do

espaço social do jornalismo na região Nordeste do País

em um estudo de caso de um jornal do estado de

Sergipe, o Cinform, em Aracaju (SE) em 2017 e 2018.

O trabalho analisa a adequação e o grau de

consistência de elementos inovativos, aplicando

categorias da teoria social como campo social, capital

social, espaço social e sistemas locais de inovação

com o objetivo de explicar fragilidades e

incongruências nas estratégias inovativas, no modelo

de negócio, nas rotinas de trabalho jornalístico e no

nível de protagonismo dos atores envolvidos.

Ano: 2019

142.

O JORNALISMO DE DADOS COMO

UM PRODUTO DA INOVAÇÃO

VENTURA, Mariane Pires.

Palavras-chave:

Jornalismo de Dados;

Inovação;

Tecnologia;

Jornalismo.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2180/12

32

Acesso em: 6 dez. 2020

O presente artigo tem como objetivo identificar traços

da utilização do Jornalismo de Dados (JD) como o

resultado de um processo de inovação dentro das

redações. Discutem-se as definições acerca da

inovação e o seu contexto dentro da comunicação e do

jornalismo. Inicialmente, exploram-se diferentes

entendimentos do que é a inovação e de que forma ela

é vista; seguindo para um panorama da inovação

dentro da comunicação e por fim, delimitam-se

algumas definições a respeito do Jornalismo de Dados

e apresentam-se exemplos de diferentes utilizações

identificando produtos possíveis de serem vistos como

inovadores na área.

Ano: 2019

O artigo apresenta os resultados de uma pesquisa sobre

a difusão das técnicas de reportagem baseadas em

307

143.

PANORAMA DO ENSINO DE

JORNALISMO GUIADO POR DADOS

NO BRASIL

TRÄSEL, Marcelo.

Palavras-chave:

Ciberjornalismo;

Ensino de jornalismo;

Jornalismo de precisão;

Reportagem Assistida por Computador;

Survey.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2180/12

38

Acesso em: 6 dez. 2020

coleta, extração, tratamento, análise e visualização de

dados na comunidade profissional jornalística

brasileira a partir do ensino em suas várias

modalidades: graduação universitária, extensão, ensino

a distância (EAD), cursos oferecidos por instituições

não acadêmicas, entre outros. Através de análise

documental e aplicação de questionários, foi possível

identificar 66 ofertas de treinamentos em Jornalismo

Guiado por Dados no Brasil. Além disso, a pesquisa

traz as opiniões dos informantes a respeito dos fatores

mais relevantes para o ensino dessas técnicas.

Ano: 2019

144.

ROTINAS PRODUTIVAS: O USO DO

WHATSAPP POR REPÓRTERES DE

RÁDIOS ALL NEWS

SCHUCH, Matheus.

JORGE, Thaís de Mendonça.

Palavras-chave:

Radiojornalismo;

WhatsApp;

CBN;

BandNews;

Rotinas produtivas.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2180/12

39

Acesso em: 6 dez. 2020

Diante das mudanças provocadas pelas novas

tecnologias no jeito de fazer e consumir notícias,

repórteres de rádio enfrentam severas transformações

nas rotinas produtivas. A necessidade de adaptação

não é nova. Desde que surgiu no Brasil, em 1922, o

rádio passou por diversas fases de reinvenção,

sobreviveu às desconfianças de que seria soterrado

pela TV e segue como um meio relevante. Agora, a

profusão de celulares que funcionam como

computador portátil potencializou alterações também

no modo de coletar e transmitir informações. De forma

a jogar luz sobre parte desse cenário, este artigo

analisa o uso do aplicativo de mensagens WhatsApp

por repórteres das rádios CBN e Band News,

investigando permanências e câmbios nas rotinas de

produção para o meio. Os resultados indicam que o

uso de mensagens instantâneas se afirmou como

instrumento de apuração, alterando formas de trabalho

no radiojornalismo

Ano: 2019

145.

AS INTERAÇÕES ENTRE OS

LEITORES DO SITE THE GUARDIAN:

A PARTICIPAÇÃO NO LONG-FORM

JOURNALISM

MACEDO, Keyse Caldeira de Aquino.

QUADROS, Cláudia Irene de.

Palavras-chave:

Este artigo analisa como os leitores podem contribuir

para o fortalecimento do jornalismo em profundidade

na plataforma digital. Para tanto, selecionamos uma

reportagem especial, The sugar conspiracy, publicada

na seção The long read do jornal britânico The

Guardian, com maior número de compartilhamentos

no Facebook. Os 10 comentários com maior número

de recomendações e discussões foram analisados para

conhecer as naturezas dessas interações. Por meio da

análise de conteúdo (BARDIN, 2016), apresentamos

possíveis categorias de interação do leitor com o

jornal. A base teórica está centrada em diferentes

308

Jornalismo digital;

Networked journalism;

Interação;

Conexão;

The Guardian.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/1921/11

45

Acesso em: 6 dez. 2020

perspectivas – do networked journalism, da conexão e

da dinâmica das interações. Os comentários analisados

mostram, a princípio, uma construção dialógica

coletiva dos leitores, indicando certo nível de

reciprocidade, persistência e engajamento nas

discussões na plataforma digital do tradicional

periódico.

Ano: 2019

146.

JORNALISMO AUTOMATIZADO E

IMPARCIALIDADE: UMA ANÁLISE

DAS NOTÍCIAS DA STARTUP

KNOWHERE

STORCH, Laura.

FEIL, Bruna Eduarda.

Palavras-chave:

Jornalismo Automatizado;

Imparcialidade;

Natural Language Generation (NLG);

Algoritmos;

Knowhere.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/1921/11

46

Acesso em: 6 dez. 2020

O trabalho discute a automação no jornalismo

buscando contribuições da Natural Language

Generation (NLG), que explora a capacidade de

produção de textos em linguagens humanas.

Analisamos a startup norte-americana Knowhere, que

desenvolveu algoritmos com a proposta de produzir

notícias “imparciais”. A Inteligência Artificial

processa dados online de forma que os algoritmos

escrevam três versões de um mesmo acontecimento,

com vieses distintos - identificadas a partir de

etiquetas como “positivo”, “imparcial” e “negativo”.

Mapeamos, durante a semana de 21 a 28 de junho de

2019, 18 textos referentes a seis acontecimentos

diferentes publicados no site da empresa. Inspirados na

Análise de Conteúdo, analisamos os textos buscando

reconhecer os modos como os algoritmos operam a

sistematização das categorias principais de NLG

(conceitualização, formulação e articulação) e suas

implicações sobre a capacidade de produção de

percepções de imparcialidade.

Ano: 2019

147.

A CONSTRUÇÃO DA NARRATIVA

NO JORNALISMO DE DADOS DO

NEXO JORNAL

BACCIN, Alciane.

VIEIRA, Mateus.

Palavras-chave:

Jornalismo digital;

Jornalismo de dados;

Nexo Jornal;

Base de dados;

Narrativa.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

Este trabalho tem o objetivo de compreender como o

Jornalismo de Dados (JD) é utilizado na construção da

narrativa jornalística nas matérias do Nexo Jornal. A

base teórica (MANOVICH, 2015; BARBOSA, 2008;

TRÄSEL, 2014; MANCINI, VASCONCELOS, 2016)

procura propor uma conceituação. Elaboramos

categorias para averiguar em profundidade a produção

do JD do Nexo Jornal. Analisamos 44 matérias de

quatro seções diferentes do jornal. Os elementos

encontrados indicam o uso de bases de dados como

meio estruturante do conteúdo, uso de fontes como

inclusão convergente de métodos narrativos

jornalísticos e inovações que prezam pelo uso

contextual de dados como forma de afirmar a

credibilidade e aprofundar a experiência do leitor.

309

bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2133/12

11

Acesso em: 6 dez. 2020

Ano: 2020

148.

ROBÔS NO JORNALISMO

BRASILEIRO: TRÊS ESTUDOS DE

CASO

DALBEN, Silvia.

Palavras-chave:

Jornalismo automatizado;

Jornalismo de dados;

Algoritmos;

Transparência;

Accountability.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2836/12

74

Acesso em: 6 dez. 2020

Nos últimos anos, várias redações ao redor do mundo

adotaram sistemas de Inteligência Artificial para

automatizar tarefas jornalísticas. No Brasil, três

estudos de caso chamam a atenção: a robô Rosie da

Operação Serenata de Amor, o robô Rui Barbot do

Jota e a robô Fátima do Aos Fatos. Defendemos que o

jornalismo automatizado envolve um complexo

ecossistema para ser implementado e, neste cenário, a

transparência e a ética são importantes elementos que

devem guiar as discussões em torno da adoção destes

sistemas pelos jornalistas.

Ano: 2020

149.

USOS DAS REDES SOCIAIS POR

NATIVOS DIGITAIS: UM ESTUDO

DA COBERTURA ESPECIAL COVID-

19, DA REVISTA AZMINA,

DATA_LABE, GÊNERO E NÚMERO E

ÉNOIS

RAMOS, Alessandra Natasha Costa.

LOPES, Olga Clarindo.

Palavras-chave:

Redes sociais;

Colaboração;

Nativos digitais;

Jornalismo digital.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2565/13

68

Acesso em: 6 dez. 2020

A emergência e popularização das redes sociais

digitais, considerados os novos gatekeepers no acesso

das pessoas à informação, levou a uma mudança na

relação do público com a notícia. Estes intermediários

digitais se tornaram atores cruciais no ecossistema

midiático, fazendo com que meios jornalísticos

tivessem de se apropriar destas plataformas em suas

rotinas de trabalho. Neste ambiente das redes sociais,

os nativos digitais brasileiros Revista AzMina, Gênero

e Número, Énois e data_labe se uniram no Especial

Covid-19, para realização de cobertura conjunta da

pandemia. A partir do estudo deste projeto

colaborativo nas plataformas sociais, este artigo

procura identificar os usos dessas redes por meios

jornalísticos nativos digitais. Parte-se do pressuposto

de que essas redes, para além da função de distribuição

de conteúdo, podem servir como canais de

relacionamento com seu público.

Ano: 2020

150.

O artigo analisa as trajetórias de profissionais do

Jornalismo Guiado por Dados (JGD) no Brasil para

compreender como se estruturam as carreiras no

310

JORNALISMO GUIADO POR DADOS:

RECONVERSÃO DE CARREIRA

MASTRELLA, Bruna.

Palavras-chave:

Jornalismo guiado por dados;

Carreira;

Mundos sociais;

Fronteira profissional.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2600/15

57

Acesso em: 6 dez. 2020

segmento. Por meio de entrevistas semiestruturadas

com 15 trabalhadores entre jornalistas e pessoas com

outras formações, buscou-se identificar os mecanismos

de ingresso e de permanência na área, o que foi

discutido com base no conceito de mundos sociais,

com destaque para a noção carreiras. As análises

revelam um mercado de trabalho emergente, ainda

restrito, com profissionais jovens e autodidatas que

estão permanentemente acumulando conhecimento em

ciência de dados como uma vantagem competitiva.

Essa expertise os coloca em uma zona de fronteira

profissional que se apresenta como uma oportunidade

de trabalho fora do jornalismo.

Ano: 2020

151.

FACEBOOK E A

PLATAFORMIZAÇÃO DO

JORNALISMO: UMA CARTOGRAFIA

DAS DISPUTAS, PARCERIAS E

CONTROVÉRSIAS ENTRE 2014 E

2019

JURNO, Amanda Chevtchouk.

Palavras-chave:

Plataforma;

Algoritmos;

Controvérsias;

Jornalismo;

Facebook.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2642/12

73

Acesso em: 6 dez. 2020

Descrevemos o processo de "plataformização" do

jornalismo pelo Facebook, de janeiro de 2014 a julho

de 2019, com foco nas disputas e controvérsias em

torno das parcerias comerciais, tecnológicas e

editoriais estabelecidas entre a plataforma e

instituições jornalísticas. Plataformização refere-se ao

processo de imbricamento e mútua moldagem entre a

lógica das plataformas e diferentes setores sociais. No

caso do jornalismo, o Facebook se oferece como

infraestrutura prometendo soluções e demandando

ajustes nas práticas e lógicas das instituições. No

período analisado, identificamos dois momentos

principais: 1) centrado na implementação dos Instant

Articles; e 2) em torno do Facebook Journalism

Project. Como referencial teórico nos baseamos nos

Science and Technology Studies, especificamente

autores de Estudos de Plataforma. A metodologia

inspira-se na Cartografia de Controvérsias e no

método cartográfico.

Ano: 2020

152.

JORNALISMO ESPORTIVO EM

PODCAST: DISCUSSÕES SOBRE UM

FORMATO EM ASCENSÃO

ORLANDO, Matheus Ramalho.

Palavras-chave:

Jornalismo esportivo;

Podcast;

Mídia tradicional;

Este artigo tem o objetivo de discutir, em termos

teóricos, o jornalismo esportivo em podcasts, formato

que vem crescendo no Brasil e no mundo. Os podcasts

vêm apresentando alta, em número de ouvintes e em

quantidade de programas, o que justifica a atenção

pela academia na área de comunicação midiática. No

jornalismo esportivo, há podcasts produzidos por

canais que se declaram independentes e por veículos

tradicionais da imprensa. A promessa dessa plataforma

geralmente seja a de entregar conteúdos diferenciados

do que se vê de forma dominante na mídia, e isso de

fato acontece, mas muitas vezes os podcasts

permanecem reféns de antigos formatos e costumes do

311

Mídia radical;

Jornalismo.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2516/12

91

Acesso em: 6 dez. 2020

jornalismo esportivo.

Ano: 2020

153.

PODCAST ALÉM DA TERRA

VERMELHA: JORNALISMO

ESPECIALIZADO COM FOCO NO

LOCAL

BURCHARD, Larissa Pereira.

FEITOSA, Sara Alves.

Palavras-chave:

Podcast;

Jornalismo especializado;

Inovação;

Missões;

Jornalismo local.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2569/12

81

Acesso em: 6 dez. 2020

O artigo propõe uma discussão sobre as

potencialidades do podcast como um formato inovador

na produção jornalística local a partir da experiência

de uma pesquisa aplicada realizada no Programa de

Pós-graduação em Comunicação e Indústria Criativa

da Universidade Federal do Pampa, em São Borja, no

Rio Grande do Sul. O podcast “Além da terra

vermelha” é um projeto de pesquisa, desenvolvimento

e inovação (PDI) que busca inovar nas narrativas

jornalísticas na região das Missões, interior do estado,

com técnicas de Storytelling e a metodologia Design

Thinking. Entendemos inovação como qualquer

mudança que possa potencializar a produção e o

consumo jornalístico (MACHADO, 2010), assim o

projeto utiliza o podcast como um formato de

mediação entre inovação e jornalismo local

especializado. O trabalho também traz discussões

sobre a importância do jornalismo local e com maior

contato com a comunidade.

Ano: 2020

154.

IMPACTO DAS ASSESSORIAS NA

PRODUÇÃO DIGITAL

INDEPENDENTE EM MATO GROSSO

COÊLHO, Tamires Ferreira.

SOUZA,Vinícius.

SALESSE, Marcos.

PEREIRA, Letícia.

AMORIM, Thays.

Palavras-chave:

Jornalismo independente;

Jornalismo digital;

Assessoria;

Release;

Mato Grosso.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

Para compreender a atuação de veículos digitais

potencialmente independentes nas cinco zonas

intermediárias de Mato Grosso, observamos a relação

entre iniciativas jornalísticas e assessorias de

imprensa. Para a seleção de 21 iniciativas, partimos de

critérios como: uso de plataformas digitais com

periodicidade minimamente mensal; entendimento do

veículo como uma iniciativa jornalística e com

produções autorais; e menção de termos e expressões

que indiquem indícios de independência nas

autodescrições. Em um contexto de precarização das

relações trabalhistas (VAZ CHAGAS, 2020) e de

“crise de autoria no jornalismo” (MACIEL, 2006),

problematizamos como as assessorias interferem na

agenda pública, mesmo em veículos dos quais se

espera uma produção autoral e com contrapontos,

substituindo práticas jornalísticas por uma

questionável curadoria de conteúdo, e como isso se

desenrola em um momento de pandemia.

312

bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2549/12

99

Acesso em: 6 dez. 2020

Ano: 2020

155.

WEBJORNALISMO E

ACIONAMENTO DA MEMÓRIA:

UMA ANÁLISE DA COBERTURA DA

PANDEMIA DO COVID-19 E DA

GRIPE ESPANHOLA NO SITE DO

ESTADÃO

BONIFÁCIO, Samuel Amaral Veras.

SOUSA, Joana Belarmino de.

Palavras-chave:

Memória;

Pandemia;

Gripe espanhola;

Covid-19;

Estadão.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2685/13

35

Acesso em: 6 dez. 2020

O presente artigo analisa o acionamento da memória

relativa à gripe espanhola no contexto da cobertura da

covid-19 pelo site do jornal O Estado de São Paulo. O

Estadão é um dos jornais mais antigos em circulação

no país, que desde 2012 vem promovendo a

digitalização do seu acervo. Em meio ao fluxo

contínuo de informações que caracteriza uma

“infodemia”, a preocupação do jornal com a memória

aciona o “efeito de enciclopédia”, com o resgate de

elementos do passado relativos à gripe espanhola, que

são organizados e atualizados à luz da atual pandemia.

O corpus da pesquisa corresponde às notícias

veiculadas no site do jornal entre os meses de março e

julho de 2020 em quatro editorias: “Notícias”,

“Saúde”, “Acervo” e “Aliás”, e será analisado à luz de

três categorias: comparação, efeito de enciclopédia e

arquivo.

Ano: 2020

156.

“#URGENTE BOLSONARO ESTÁ

COM CORONAVÍRUS”: POSIÇÕES

DISCURSIVAS DE VEÍCULOS

MIDIÁTICOS NO TWITTER

ROCHA JÚNIOR, Carlos Augusto de

França.

Palavras-chave:

Covid-19;

Jair Bolsonaro;

Análise de Discurso Crítica;

Twitter;

Hegemonia.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2703/12

90

Acesso em: 6 dez. 2020

O estudo a seguir busca compreender como através de

perfis na rede social Twitter, oito veículos midiáticos

abordam o anúncio de Jair Bolsonaro com Covid-19

em igual número de mensagens publicadas no dia 07

de julho de 2020. A discussão teórica trata do discurso

midiático, presente em Charaudeau (2006),

especificamente sobre a construção da pauta e

realização da apuração em tempo real, seja por

critérios externos, relacionados a aparição do

acontecimento; e os internos, ligados a escolha pelo

que se sobressai no agendamento do tema; com

autoras como Pinto (2012) e Jorge (2008). Adota-se a

Análise de Discurso Crítica como metodologia por

contribuições de Carvalho e Magalhães (2017);

Macedo e Vieira (2018).

Ano: 2020 O trabalho analisa as concepções sobre Jornalismo

313

157.

MUITO ALÉM DA “CAIXINHA

FEMINISTA”: O JORNALISMO COM

PERSPECTIVA DE GÊNERO EM

PORTAIS INDEPENDENTES

SOUSA, Nayara Nascimento de.

Palavras-chave:

Jornalismo Feminista;

Mulheres;

Gênero;

Interseccionalidade;

Jornalismo independente.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2822/13

61

Acesso em: 6 dez. 2020

Feminista para quatro mulheres jornalistas que

produzem conteúdo com perspectiva de gênero em

portais independentes. Para tanto, utilizamos a

abordagem qualitativa na análise comparativa dos

dados, coletados entre 22 de outubro a 22 de

novembro de 2019, pelas técnicas da entrevista

semiestruturada e aplicação de questionário. Os

resultados indicam que as profissionais produzem

conteúdo com enfoque de gênero, priorizando a

interseccionalidade nos temas e nas fontes, e se

contrapondo à mídia tradicional, características ligadas

ao Jornalismo Feminista – conforme a literatura

aponta. Entretanto, as jornalistas se distanciam do

termo Jornalismo Feminista, relacionando-o muito

mais às pautas consideradas “feministas”, do que

como uma forma transversal de produção de conteúdo,

o que nos leva a crer que a terminológica pode ter sido

estereotipada.

Ano: 2020

158.

JORNALISTAS FEMINISTAS EM

REDE: RESISTÊNCIAS E ALIANÇAS

NA AMÉRICA LATINA

GUSTAFSON, Jéssica.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Feminismo;

Redes;

Perspectiva de gênero;

Tradução.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2572/13

64

Acesso em: 6 dez. 2020

O presente artigo apresenta uma discussão teórica

inicial sobre as redes de jornalistas feministas

existentes nas últimas décadas na América Latina a

partir da possibilidade de pensar o jornalismo

enquanto potência para a construção de alianças

inesperadas (CADENA, 2018) e na busca por

conexões parciais (HARAWAY, 1995; 2019).

Considero que a ideia de uma perspectiva de gênero

no jornalismo acomoda outras/várias formas de fazer e

pensar a prática jornalista enquanto resistência à lógica

colonial/moderna que afeta a região há séculos. As

possibilidades de aliança entre diferentes povos,

corpos e gramáticas, no âmbito da reflexão sobre o

jornalismo, perpassa o exercício de conviver e atuar a

partir do equívoco (VIVEIROS DE CASTRO, 2018),

em um movimento de resistência tradutória (COSTA,

2010; 2014; 2020).

Ano: 2020

159.

NOTÍCIA ENTRE ASPAS: O

JORNALISMO INFORMATIVO NO

WHATSAPP BOLSONARISTA

RATIER, Rodrigo Pelegrini.

Palavras-chave:

Jornalismo informativo;

O presente artigo é um recorte de uma pesquisa mais

ampla sobre a comunicação em grupos de apoio ao

presidente Jair Bolsonaro no WhatsApp. Descreve e

analisa padrões do jornalismo informativo em

circulação no aplicativo. Constata que o conteúdo

informativo em circulação nesses ambientes privilegia

links para sites hiperpartidários ou de mídia

independente/local, nem sempre editorializados mas

sempre com pautas favoráveis ao presidente e

negativas aos adversários. Faltam observáveis

elementares à credibilidade jornalística (assinatura nos

314

Bolsonaro;

WhatsApp;

Ideologia;

Propaganda política.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2887/13

73

Acesso em: 6 dez. 2020

textos, expediente, canal para contato etc.) e preceitos

básicos de qualidade (apuração independente, coleta

de dados primários, pluralidade de fontes etc.).

Argumenta-se que o “noticiário” se mimetiza, assim,

em discurso ideológico, no sentido proposto por

Thompson (1995), servindo de suporte à propaganda

política bolsonarista.

Ano: 2020

160.

REFUTAÇÃO AUTOMATIZADA DE

NOTÍCIAS FALSAS NA PANDEMIA:

INTERAÇÕES COM O ROBÔ

FÁTIMA, DA AGÊNCIA AOS FATOS

PAGANOTTI, Ivan.

Palavras-chave:

Notícias falsas;

Checagem;

Twitter;

Robô;

Interação.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2781/13

30

Acesso em: 6 dez. 2020

Agências de checagem de fatos enfrentam o desafio de

fazer com que suas verificações alcancem públicos

que desconhecem, desconfiam ou hostilizam seus

métodos de verificação. Redes sociais, espaço em que

proliferam notícias falsas, podem ser um espaço para

ampliar o público dessas agências. O artigo avalia a

experiência da conta automatizada no Twitter criada

pela agência Aos Fatos para identificar e interagir com

usuários dessa rede social que publicam informações

falsas. O robô apelidado de “Fátima” varre o Twitter

para identificar postagens com links que já foram

refutados pela agência de verificação, e responde aos

usuários indicando o erro e sua correção. Esta pesquisa

procura avaliar quais notícias falsas foram mais

frequentes durante a pandemia em 2020, e de que

forma os usuários interagiram em resposta a essas

correções.

Ano: 2020

161.

ROBÔS DE STARTUPS DE AGÊNCIA

DE CHECAGEM: COMBATE À

DESINFORMAÇÃO NA PANDEMIA

DE COVID-19

CABRAL, Laura Rayssa de Andrade.

Palavras-chave:

Robôs;

Startups;

Agências;

Desinformação;

Covid-19.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2749/13

45

Compreender os recursos tecnológicos utilizados pelos

novos modelos de negócios jornalísticos, como as

startups de checagem, é fundamental para depreender

aspectos que circundam o jornalismo na

contemporaneidade. Portanto, este artigo objetiva

compreender o funcionamento da robô conversacional

de inteligência artificial da agência Aos Fatos, para

entender sua atuação no aplicativo de mensagens

WhatsApp no combate à desinformação na pandemia

de Covid-19. Através da metodologia do estudo de

caso (YIN, 2001; GIL, 2008), os dados da pesquisa

tem abordagem qualitativa. As principais conclusões

apontam que a robô cumpre com sua função, porém,

limitando-se a uma programação restrita à base de

checagens da agência.

315

Acesso em: 6 dez. 2020

Ano: 2020

162.

CARNAVAL RIO 2018:

REPRESENTAÇÕES NA MÍDIA E

CONVERSAÇÕES POLARIZADAS NO

FACEBOOK

RODRIGUES, Raquel Timponi Pereira.

MAIA, Alessandra.

BOMFIM, Tatiane.

Palavras-chave:

Discurso;

Polarização;

Carnaval;

Politização;

Mídias sociais.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2778/13

25

Acesso em: 6 dez. 2020

Este artigo discorre sobre a emergência das

polarizações discursivas em diferentes perfis do

Facebook de sites veículos jornalísticos tradicionais,

como o G1 e Carta Capital, que se tornaram

recorrentes nas práticas de divulgação e conversação

realizadas nas redes sociais online a partir de 2017 e

2018. Em um percurso teórico, elegeu-se, a título de

exemplificação, as postagens geradas nestes veículos,

a partir da cobertura midiática realizada pela TV

Globo do carnaval Rio 2018, sobre o posicionamento

político de uma escola de samba de tendência

discursiva de esquerda (Paraíso do Tuiuti) e outra, de

vertente ideológica direitista (Beija-Flor). Como

resultado, os comentários simbolizam um movimento

que se torna cada vez mais constante e corriqueiro nas

formas de manifestação cultural das mídias sociais

online: a oposição dos discursos nas redes digitais.

Ano: 2020

163.

NOTICIABILIDADE EM DIFERENTES

PRODUTOS: O QUE PODE EXPLICAR

VALORES-NOTÍCIA COMUNS A

FOLHA, VOGUE E NEXO

REIS, Estela Marques dos.

Palavras-chave:

Valores-notícia;

Noticiabilidade;

Finalidades do jornalismo;

Jornalismo especializado;

Linha editorial.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2797/15

80

Acesso em: 6 dez. 2020

O objetivo deste artigo é averiguar se existem valores-

notícia que atravessam características editoriais e

como as finalidades do jornalismo podem ajudar a

entender a existência desses valores-notícia em

comum. Analisamos notícias em destaque nos sites da

Folha de S.Paulo, Vogue Brasil e Nexo, a partir da

contribuição de autores relevantes para os estudos de

noticiabilidade (Brighton & Foy, 2007; Galtung &

Ruge, 1999; Gans, 2004; Golding & Elliott, 1979;

Harcup & O’Neill, 2001; Harcup & O’Neill, 2016;

Shoemaker & Reese, 1996; G. Silva, 2005; Traquina,

2005a). Para articular às finalidades do jornalismo,

usamos a sistematização de estudos publicados nos

últimos cem anos elaborada por Reginato (2016). A

análise indica a existência de cinco valores-notícia

comuns: novidade, significância, interesse,

notabilidade e proximidade.

Ano: 2020

164.

ISSO É FANTÁSTICO: A EXPANSÃO

Os veículos de jornalismo têm procurado acompanhar

o movimento migratório das audiências para as

plataformas digitais utilizando-se do modelo de

produção transmídia. Um dos formatos que ganham

316

TRANSMÍDIA DA REPORTAGEM

TELEVISIVA AO PODCAST

MACEDO, Marcos Carvalho.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Transmidiação;

Reportagem;

Podcast;

Fantástico.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2805/13

53

Acesso em: 6 dez. 2020

destaque nesse cenário é podcast. Para compreender

como se manifesta a complementaridade entre

conteúdos própria da transmidiação, esse artigo

investiga as estratégias de expansão entre as

reportagens especiais televisivas do Programa

Fantástico e o podcast Isso é Fantástico, enfatizando

como se dá seu desdobramento temático-textual.

Partindo do conceito de transtextualidade,

identificamos os procedimentos utilizados pelos

produtores para criação de conteúdos complementares

através da ampliação de vozes das fontes e do

testemunho dos repórteres na apuração, bem como

explorando um jornalismo de serviço.

Ano: 2020

165.

JORNALISMO CIENTÍFICO NO

INSTAGRAM: ANÁLISE DAS

PUBLICAÇÕES DA REVISTA

SUPERINTERESSANTE

GOULART, Júlia Saldanha.

BACCIN, Alciane.

Palavras-chave:

Jornalismo móvel;

Jornalismo científico;

Instagram;

Revista Superinteressante.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2807/13

75

Acesso em: 6 dez. 2020

Este trabalho tem por objetivo analisar a forma

como a revista Superinteressante se apropriou das

ferramentas disponíveis no Instagram para

publicar seus conteúdos no feed, levando em

conta o período de 01 de janeiro a 30 de junho de

2020. Para isso, utilizamos revisão bibliográfica,

perpassando por conceitos de jornalismo digital,

jornalismo móvel (SATUF, 2012) e mídias

sociais; de jornalismo científico, divulgação e

popularização da ciência (BUENO, 2010); além

de nos inspirarmos na análise de conteúdo para

identificar como a Superinteressante utiliza cada

ferramenta da redes social Instagram (IGTV,

carrossel, vídeo e imagem/card). Ao final,

consideramos que a Revista desempenha um

papel importante no que diz respeito à

Popularização da Ciência e consegue aproveitar as

potencialidades da rede social, relacionando o

conteúdo com o formato que julgam mais

adequado.

Ano: 2020

166.

FLUXO TRANSMÍDIA NO ATIVISMO

DIGITAL: NOTÍCIAS FORMADAS

ENTRE AS REDES SOCIAIS DIGITAIS

E A MÍDIA TRADICIONAL

CARVALHO, Marina Aparecida Sad

Albuquerque de.

Palavras-chave:

Ativismo digital;

Mídia tradicional;

O artigo objetiva estudar a relação entre a mídia

tradicional e o ativismo digital em uma dinâmica

transmídia, trabalhada a partir das ideias de

semiose de Charles S. Peirce. A intenção é

pesquisar como a mídia tradicional trabalha um

conteúdo ativista produzido no Twitter, Instagram

e Facebook. Para tanto, além de uma revisão de

literatura, pretende-se analisar qual é a quantidade

de conteúdos ativistas que circularam nessas

plataformas e são expandidos para o site G1 a

partir do tema óleo no Nordeste brasileiro, e como

esses conteúdos aparecem em tais sites, se há

317

Twitter;

Transmídia;

Semiótica.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2821/13

65

Acesso em: 6 dez. 2020

algum tipo de ressignificação. Conclui-se que o

G1 utiliza publicações ativistas, promovendo a

ressignificação principalmente por meio da

contextualização.

Ano: 2020

167.

NARRATIVAS TRANSMIDIÁTICAS

NO TELEJORNALISMO E O

AUMENTO DO CONSUMO DE

PODCASTS DURANTE O

ISOLAMENTO SOCIAL

GUIMARÃES, Rackel Cardoso Santos.

Palavras-chave:

Telejornalismo;

Podcast;

Transmídia.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2874/12

84

Acesso em: 6 dez. 2020

Outrora apenas visual, a televisão busca caminhos para

reinventar-se em meio a um mundo globalmente

conectado. A telinha que chegou a ser rainha de

consumo de mídia por muitos anos, hoje compete a

atenção dos telespectadores com as inúmeras opções

de aparelhos móveis e práticos, que cada vez estão

mais modernos e agregam várias funções. O mundo

também mudou, durante o ano de 2020 toda a

população mundial se viu ameaçada por um vírus

mortal e de fácil contágio, o Covid19. Governantes de

todo o mundo incentivaram o isolamento social e as

pessoas passaram a ficar mais tempo em casa. A busca

por informação aumentou, como também o tempo para

consumir notícias. O telejornalismo, que já vinha

caminhado para uma adaptação das narrativas

transmidiáticas, encontrou a oportunidade de ampliar o

alcance se suas produções, porém agora com

desdobramentos das narrativas através dos podcasts.

Este último, passou a ser ainda mais popular durante o

isolamento social, ganhando mais espaço no dia a dia

da população. O presente artigo busca apresentar como

se dá esse diálogo transmidiático entre a TV e o

podcast, e quais são as principais características,

trazendo exemplos do jornalismo nacional.

Ano: 2020

168.

ANÁLISE DO DISCURSO

AUTORREFERENCIAL DO JORNAL

O LIBERAL SOBRE

TRANSFORMAÇÕES

TECNOLÓGICAS E PROCESSOS

JORNALÍSTICOS

ABREU, Giovanna Figueiredo de.

SOUSA, Maíra Evangelista de.

Palavras-chave:

Discurso;

Análise do discurso;

Jornalismo;

Discurso institucional;

O Liberal.

Disponível em:

Este artigo tem como objetivo analisar o discurso do

jornal O Liberal sobre as transformações tecnológicas

que impactam nos processos jornalísticos da

organização noticiosa. De abordagem qualitativa, esta

investigação se fundamenta em elementos da análise

do discurso da linha francesa (BENETTI, 2008, 2010;

ORLANDI, 1988, 1996, 2005 e PECHÊUX, 1978,

1988). O corpus é constituído por 10 matérias -

voltadas para assuntos sobre processos jornalísticos e

tecnologia – da Edição Especial em comemoração aos

73 anos do periódico.

318

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2879/12

79

Acesso em: 6 dez. 2020

Ano: 2020

169.

MEDIAÇÕES E TRABALHO NOS

NOVOS MODELOS DE

JORNALISMO: UMA ANÁLISE NA

PERSPECTIVA DA EPC

PREVEDELLO, Carine Felkl.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Trabalho;

Rotinas produtivas;

Digitalização;

Capitalismo.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2870/13

21

Acesso em: 6 dez. 2020

As reconfigurações apresentadas pela Internet como

adaptação das Indústrias Culturais à nova fase do

capitalismo indicam rupturas com os modelos de

rotinas produtivas adotadas no Jornalismo. A partir da

perspectiva da Economia Política da Comunicação

(EPC), entendendo movimentos como o Jornalismo

Independente e o midiativismo como mediações

surgidas com a Digitalização, o artigo propõe uma

discussão teórica sobre as alterações provocadas pelas

tecnologias digitais como suporte para a Informação e

para o trabalho dos jornalistas, procurando apontar

perspectivas neste cenário.

Ano: 2020

170.

JORNALISMO PÚBLICO E A

EXPANSÃO DAS LIVES

INFORMATIVAS: O CASO DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE

PERNAMBUCO (UFPE)

NÓBREGA, Zulmira.

RODRIGUES, Suzy Anne Batista.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Rotinas produtivas;

Inovação;

Live streaming;

Covid-19.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2852/13

72

Acesso em: 6 dez. 2020

A pandemia do novo coronavírus acarretou impactos

em diversos setores, a exemplo do jornalismo

praticado nos veículos e assessorias de comunicação.

O presente contexto transformou as rotinas produtivas

dos espaços, demandando a adoção de ferramentas

inovadoras, novos formatos e linguagens. Este artigo

discute o fenômeno das lives informativas articuladas

pela Ascom da Universidade Federal de Pernambuco

(UFPE) na rede social Instagram, além das mudanças

nas práticas jornalísticas surgidas na atual

configuração de trabalho. Para tanto, realiza entrevista

com jornalista responsável; analisa produtos da Ascom

UFPE; e utiliza conceitos de tecnologia live streaming

(ao vivo), jornalismo público, interatividade e

circulação de notícias. Como resultados, temos que a

pandemia acelerou um movimento já iniciado na

UFPE, de produção e consumo de lives,

democratizando a informação e a interação com o

usuário.

Ano: 2020 Por meio de análise de conteúdo, essa pesquisa buscou

319

171.

O BOOM DE PODCASTS

UNIVERSITÁRIOS DURANTE A

PANDEMIA DE CORONAVÍRUS NO

BRASIL

FALCÃO, Bárbara Mendes.

Palavras-chave:

Podcast;

Universidades;

Comunicação;

Coronavírus.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2875/12

83

Acesso em: 6 dez. 2020

compreender melhor o fenômeno de lançamento de

podcasts ligados a instituições de ensino superior

durante os primeiros meses da pandemia de

coronavírus no Brasil. Foram mapeadas 30 produções,

ligadas principalmente a universidades federais, que

foram analisadas a partir de categorias de análise.

Enquanto muitas, principalmente ligadas a

universidades particulares, demonstraram caráter

institucional, outras se mostraram diretamente ligadas

à pesquisa, com vínculos com projetos de extensão.

Concluiu-se, entre outras coisas, que o podcast pode

ser uma nova ferramenta de comunicação das

universidades diante da nova realidade imposta pelo

vírus de suspensão de aulas presenciais.

Ano: 2020

172.

MEMÓRIA EM REDE: UM ESTUDO

DE CASO SOBRE O

COMPARTILHAMENTO DE VÍDEOS

JORNALÍSTICOS NO YOUTUBE

FREITAS, Antônio Carlos Santiago.

PINHEIRO, Roseane Arcanjo.

Palavras-chave:

Memória;

YouTube;

Jornalismo;

Pedro Janov;

Estudo de caso.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2858/13

32

Acesso em: 6 dez. 2020

Este artigo visa compreender como a memória coletiva

pode ser construída e acionada a partir da cultura

participativa em rede. O estudo parte de uma análise

do canal Pedro Janov, no site YouTube. A página tem

por finalidade recuperar e lançar arquivos antigos da

televisão brasileira na internet. Através de um estudo

de caso (DUARTE, 2005) e o uso da técnica da

observação encoberta não-participativa (JOHNSON,

2010), a compreensão do processo está delimitada à

observação dos vídeos jornalísticos mais populares do

canal. Observou-se que os conteúdos com maior

número de visualizações são gravações dos programas

Linha Direta, Jornal Nacional, Fantástico, Globo

Repórter e Globo Rural, transmitidos pela Rede Globo

de Televisão entre os anos 1970 e 2000. Verificou-se

que o canal mais documenta e situa os acontecimentos

no tempo do que os ressignifica, cabendo ao público

tecer suas impressões e opiniões.

Ano: 2020

173.

POR QUE FALAR DE MEDIAÇÕES

ALGORÍTMICAS NOS ESTUDOS DE

JORNALISMO?

WINQUES, Kérley.

LONGHI, Raquel Ritter.

O trabalho explora a noção de mediações algorítmicas

(WINQUES, 2020) e sua pertinência para os estudos

de Jornalismo. Utiliza revisão bibliográfica para

examinar alguns aspectos fundamentais do Jornalismo

no sentido de compreender em que medida teorias

clássicas da produção, circulação e consumo da notícia

são impactadas. Na forma de uma proposta inicial, este

artigo elege quatro ideias clássicas do jornalismo para

refletir sobre o impacto das mediações algorítmicas,

320

Palavras-chave:

Mediações algorítmicas;

Jornalismo;

Plataformas digitais.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2555/14

60

Acesso em: 6 dez. 2020

tendo como pano de fundo os novos regimes

interacionais (MATTOS et al., 2013) e a construção

mediada da realidade (COULDRY; HEPP, 2020):

gatekeeper (WHITE, 1993); agenda-setting

(MCCOMBS, 2009); enquadramento (GOFFMAN,

2012) e espiral do silêncio (NOELLE-NEUMANN,

2010). Conclui-se que as mediações algorítmicas têm

impacto na circulação dos discursos jornalísticos, nas

decisões editoriais e na sustentabilidade financeira.

Ano: 2020

174.

REPÓRTER-ROBÔ: ENTRE

CONCEITOS E PRÁTICAS DO

JORNALISMO

FIEBIG, Manoella Fortes.

QUADROS, Cláudia Irene.

Palavras-chave:

Jornalismo de automação;

Natural language generation;

Software;

Repórterrobô.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2555/14

61

Acesso em: 6 dez. 2020

O estudo reflete sobre abordagens e pesquisas

referentes ao conceito de jornalismo de automação,

tendo como objetivo principal compreender como as

aplicações de processamento de linguagem natural

funcionam. Apresentamos um guia com três

aplicações diferentes para os programas de automação

de notícias (news automation software): 1) via

funções, 2) processamento de linguagem natural e 3)

processamento de linguagem natural por módulos (em

pipeline). Dessa maneira, esperamos demonstrar a

evolução da arquitetura de softwares e suas respectivas

possibilidades. O estudo ainda traz exemplos de

desenvolvedores de programas de produção

automática de notícias, discutindo as possibilidades de

um repórter-robô capaz de realizar, além da

sistematização dos dados do lead, a contextualização

das narrativas jornalísticas.

Ano: 2020

175.

JORNALISMO E ALGORITMOS: O

USO DE DADOS DE LEITORES E A

PERSONALIZAÇÃO DAS NOTÍCIAS

NO GLOBO ONE

BARSOTTI, Adriana.

STORCH, Laura.

Palavras-chave:

Jornalismo;

Algoritmos;

Personalização;

Big data;

Globo One.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

O artigo discute os impactos das mediações

algorítmicas no Globo One, um dos 33 projetos

selecionados na América Latina, em 2019, para

receber financiamento da Google News Initiative. A

iniciativa prevê a criação de algoritmos capazes de

predizer padrões de consumo a partir dos hábitos de

navegação dos usuários de O Globo para oferecer a

eles notícias personalizadas. Buscamos observar as

compreensões dos jornalistas sobre o uso de

algoritmos nos processos de personalização de

conteúdos para os leitores, tensionando conceitos

como gatekeeping e agenda-setting, as rotinas

produtivas e a ética jornalística. Como metodologia,

utilizamos a revisão bibliográfica e entrevistas em

profundidade. Os resultados indicaram que os

jornalistas acreditam ser possível valerem-se de

algoritmos para melhorar o desempenho de seu

trabalho, mas preocupam-se com a manutenção de

uma agenda a ser proposta para a sociedade e

defendem uma maior transparência no uso de dados

321

bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2555/14

63

Acesso em: 6 dez. 2020

pessoais da audiência.

Ano: 2020

176.

JORNALISMO INDEPENDENTE E

GOVERNANÇA EDITORIAL: A

COMUNIDADE DE MEMBROS DO

THE INTERCEPT BRASIL

LIMA, Samuel Pantoja.

GIUSTI, Tânia Regina de Faveri.

Palavras-chave:

Jornalismo independente;

Governança editorial;

Comunidade de membros;

Financiamento coletivo.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2563/13

87

Acesso em: 6 dez. 2020

Ao propor analisar as dimensões que asseguram a

independência jornalística de um veículo, durante a

pesquisa de mestrado defendida em agosto de 2019,

esclarecemos a relação existente entre a governança

editorial, financeira e de gestão, do site The Intercept

Brasil. Destacamos, entre os achados e percepções

resultantes do estudo, que há maior autonomia no

fazer jornalístico quando não há preocupação com a

sustentabilidade financeira. Ficou evidenciado, ainda,

que a modalidade de financiamento proposta pelo site

(crowdfunding), no caso da cobertura jornalística das

eleições de 2018, aproximou os jornalistas do seu

público, resultando em um novo contrato social entre

as partes, uma relação de novo tipo. Neste artigo,

apresentamos uma parte dos resultados da pesquisa,

especificamente sobre a comunidade de membros, que

evidenciam a força da governança editorial do veículo.

Ano: 2020

177.

O FINANCIAMENTO DE ARRANJOS

ECONÔMICOS ALTERNATIVOS ÀS

CORPORAÇÕES DE MÍDIA POR

PLATAFORMAS DIGITAIS

CAMARGO, Camila Acosta.

NONATO, Cláudia.

PACHI FILHO, Fernando.

LELO, Thales Vilela.

Palavras-chave:

Plataformização;

Arranjos econômicos alternativos às

corporações de mídia;

Google News Initiative;

Facebook Journalism Project;

Financiamento.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2563/13

88

Acesso em: 6 dez. 2020

Este artigo se aporta nas discussões acerca da

“plataformização do jornalismo” com o objetivo de

analisar a relação estabelecida entre arranjos

econômicos alternativos às corporações de mídia no

Brasil e os programas de financiamento à imprensa

pelas plataformas digitais. Com base em uma

triangulação de métodos de pesquisa, buscamos

compreender as linhas de financiamento ao jornalismo

desenvolvidas pelo Google News Initiative e pelo

Facebook Journalism Project; o discurso acionado por

estas iniciativas em seus programas de apoio a

imprensa; e as adequações dos processos de trabalho

dos arranjos contemplados a eventuais exigências

feitas por estas corporações.

322

Ano: 2020

178.

O BLOG JORNALÍSTICO REGIONAL:

CARACTERÍSTICAS DA

COBERTURA E REGIONALIDADES

NO CONTEXTO MARANHENSE

BARROS, Jordana Fonseca.

CARVALHO, Samantha Viana Castelo

Branco Rocha.

Palavras-chave:

Blog jornalístico;

Jornalismo Regional;

Mapeamento;

Análise de Conteúdo;

Maranhão.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2563/13

91

Acesso em: 6 dez. 2020

Este artigo trata do papel dos blogs como veículos de

cobertura regional no cenário maranhense. Os blogs

jornalísticos aparecem como um espaço paralelo de

produção de conteúdo jornalístico e como fonte de

informações para outros veículos. Esta pesquisa parte

das discussões da linha de Geografias da Comunicação

e discuti os desafios enfrentados pela cobertura local.

Reflete conceito de blog jornalístico e suas

características. Este trabalho traz os resultados do

levantamento descritivo dos blogs jornalísticos e

análise de conteúdo das postagens de dois blogs das

cidades de São Luís e Imperatriz, as duas maiores do

Maranhão e visa caracterizar a cobertura dessas

páginas. Percebe-se que esses blogs priorizam a

cobertura da cidade sede e do outras cidades do estado.

Trabalham as temáticas de política e política a partir

fontes oficiais.

Ano: 2020

179.

A INTEGRAÇÃO DE EMISSORAS DE

RÁDIO ALL NEWS BRASILEIRAS ÀS

PLATAFORMAS DE STREAMING DE

ÁUDIO

BIANCO, Nelia R. Del.

PINHEIRO, Elton Bruno.

Palavras-chave:

Radiojornalismo;

Plataformização;

Streaming;

Áudio;

Podcast.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2722/14

08

Acesso em: 6 dez. 2020

No cenário da convergência (BIANCO, 2012),

emissoras dedicadas ao radiojornalismo estão se

conectando a um fenômeno multidimensional: a

plataformização. Com o objetivo de analisar esse

processo, identificamos as estratégias de integração

das rádios CBN e BandNews em três plataformas de

streaming agregadoras de conteúdo sonoro: Apple

Podcast, Google Podcast e Spotify. Entendemos as

plataformas digitais como infraestruturas

(re)programáveis que moldam interações

personalizadas entre usuários, organizados através da

coleta sistemática, processamento algorítmico,

monetização e circulação de dados (POELL;

NIEBORG; VAN DIJCK, 2019). A partir de uma

abordagem cartográfica, revelamos conexões,

especificidades, regularidades, irregularidades e

heterogeneidades (KASTRUP, 2007) que tensionam a

sustentabilidade social e econômica do rádio. A

plataformização pode confrontar lógicas editoriais de

produção jornalística.

Ano: 2020

180.

ESTRATÉGIAS SONORAS DE

PODCASTS NOTICIOSOS DIÁRIOS

Esta pesquisa pretende mapear estratégias sonoras dos

podcasts noticiosos de veiculação diária no Brasil

oriundos de jornais impressos, de emissoras de rádio e

televisão e de portais da internet. Optamos por uma

análise descritiva de operadores sonoros e pudemos

323

BRASILEIROS E A NOVA

SUPERAÇÃO DO GÊNERO GRÁFICO

CHAGAS, Luãn Vaz.

VIANA, Luana.

Palavras-chave:

Radiojornalismo;

Rádio Expandido;

Podcast;

Notícia;

Estratégia.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2722/14

09

Acesso em: 6 dez. 2020

observar como essas produções têm desafiado os

jornalistas e empresas de mídia a encontrarem

estratégias para a utilização do áudio em uma nova

“superação eletrônica do gênero gráfico”

(MEDITSCH, 2001). Os resultados apontam para

reflexões baseadas em três eixos: 1) Classificação e

formatos destes produtos; 2) Sonoridade e elementos

utilizados nas paisagens sonoras; e 3) A utilização do

protocolo metodológico de coleta. Além disso,

indicam uma nova superação eletrônica do gênero

gráfico, mas desta vez por parte meios de

comunicação que não são essencialmente sonoros.

Ano: 2020

181.

ANTAGONISMO E ENGAJAMENTO

REVELADOS NAS MÍDIAS SOCIAIS:

ANÁLISE DAS HASHTAGS

#SOMOS70PORCENTO E

#FECHADOCOMBOLSONAROATE20

16

PAULINO, Rita de Cássia Romeiro.

EMPINOTTI, Marina Lisboa.

VENTURA, Mariane.

Palavras-chave:

Antagonismo;

Engajamento;

Jornalismo;

Mídias Sociais;

Análise de Redes.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2725/13

83

Acesso em: 6 dez. 2020

Em meio à pandemia do novo coronavírus e à

polarização política no Brasil, o final do primeiro

semestre de 2020 no Twitter é marcado pelo uso de

duas hashtags: #Somos70porcento e

#FechadoComBolsonaroAte2016. A primeira surge no

dia 30 de maio após a divulgação da pesquisa

Datafolha e se refere ao percentual de pessoas

descontentes com o governo Bolsonaro; a segunda

surge após a prisão de Fabrício Queiroz, em 20 de

junho. Aparentemente, diferente da primeira hashtag,

essa teria sido retuítada, inicialmente, por robôs, pois

um segundo mandato de Bolsonaro terminaria em

2026 e não 2016. Esta pesquisa utiliza a metodologia

de Análise de Redes Sociais (ARS) para examinar a

partir de uma Análise Textual a polarização e o

engajamento presentes nas duas hashtags, e também

identificar perfis mais ativos e comportamentos de Bot

nos perfis. Constata-se nas amostras que discursos

com viés ideológico apareceram em ambas as hashtags

sendo publicadas por humanos e Bots, marcando um

posicionamento que reflete níveis de polarização

antagônicas e um grau de engajamento relacionado à

revolta e ao ódio.

Ano: 2020

182.

FERRAMENTAS DE ANÁLISE DE

MÍDIAS IMERSIVAS EM

APLICATIVO JORNALÍSTICO PARA

DISPOSITIVOS MÓVEIS

Este artigo discute o termo imersão no contexto do

jornalismo para dispositivos móveis, apresenta uma

ferramenta de análise a partir da perspectiva da

produção de conteúdo e mostra um estudo de caso

realizado em reportagens da Revista Veja para tablet e

smartphone. Realizada sob a perspectiva da produção,

a análise considerou os seguintes formatos de mídias

imersivas: Vídeo 360º ou esférico; Vídeo panorâmico

324

MARTINS, Gerson Luiz.

FLORENCE, Maria Matheus de Andrade.

Palavras-chave:

Ciberjornalismo;

Mídias imersivas;

Revistas digitais;

Dispositivos móveis;

Imersão.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2733/14

58

Acesso em: 6 dez. 2020

ou cilíndrico; Vídeo 3D; Fotografia em 360º;

Fotografia Panorâmica; Imagem estática em 3D;

Realidade Aumentada, Realidade Mista e Realidade

Virtual. Um questionário apoia o diagnóstico de

elementos que influenciam a imersão do interagente na

história, funcionando como estímulo ou como barreira.

Ano: 2020

183.

TECNOLOGIAS E COMPETÊNCIAS

DIGITAIS NO JORNALISMO

BRASILEIRO: CONSTRUÇÃO DE UM

PROTOCOLO DE PESQUISA EM

REDE

FRANCISCO, Rodrigo Eduardo Botelho.

Palavras-chave:

Ciberjornalismo;

Ciência e Tecnologia;

Redes Científicas;

Grupos de Pesquisa;

Pesquisa em Rede.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2733/15

82

Acesso em: 6 dez. 2020

O objetivo deste artigo é discutir um protocolo de

pesquisa nacional em rede sobre tecnologias e

competências digitais de estudantes de Jornalismo.

Especificamente, pretende-se refletir sobre a Digital

Journalism Studies como uma área de pesquisa

generalista dentro do campo de estudos do Jornalismo;

apresentar um ensaio sobre tecnologias e competências

digitais no âmbito do Jornalismo; refletir sobre as

redes de pesquisa e a pesquisa em rede na ciência

brasileira; e apresentar um protótipo de um protocolo

de pesquisa sobre tecnologias e competências digitais.

Para discutir este contexto e propor o protocolo,

apresenta algumas reflexões elaboradas a partir de

revisão documental e bibliográfica, caucada em

referencial produzido no próprio âmbito da Rede

JorTec, bem como de instituições e atores

fomentadores da pesquisa brasileira.

Ano: 2020

184.

FILTROS-BOLHA,

PERSONALIZAÇÃO E

TRANSPARÊNCIA NOS PORTAIS

GLOBO.COM E UOL

DANTAS, Ivo Henrique.

Palavras-chave:

Webjornalismo;

Portais;

Filtros-bolha;

Diante da crescente quantidade de informações

disponíveis no ambiente digital, plataformas de redes

sociais e portais de notícias têm recorrido cada vez

mais à utilização de algoritmos para selecionar o que

mostrar para cada usuário. Com o funcionamento

baseado na coleta de dados, os algoritmos atuam como

filtros-bolha, mostrando conteúdos cada vez mais

personalizados de acordo com os interesses de cada

pessoa. O presente estudo procura analisar o nível de

transparência oferecido pelos dois maiores portais

brasileiros, Globo.com e UOL, acerca das formas de

coleta e utilização desses dados para oferecer

conteúdos individualizados. Apesar dos constantes

questionamentos às empresas donas das plataformas

325

Transparência;

Personalização.

Disponível em:

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s

bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2810/14

64

Acesso em: 6 dez. 2020

de redes sociais e de motores de busca, este estudo

demonstra que os portais também são marcados por

baixos índices de transparência nessa área.