UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
DIRETORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
DOUTORADO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL
DANUSA ANDRADE
A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA E A NOTÍCIA COMO UM PRODUTO
À VENDA: UM ESTUDO DO JORNAL FOLHA DE S.PAULO
SÃO BERNARDO DO CAMPO
2021
2
DANUSA ANDRADE
A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA E A NOTÍCIA COMO UM PRODUTO
À VENDA: UM ESTUDO DO JORNAL FOLHA DE S.PAULO
Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Comunicação Social da Universidade
Metodista de São Paulo (Umesp), área de
concentração “Processos comunicacionais” e linha
de pesquisa “Comunicação midiática, processos e
práticas socioculturais”, como exigência para a
obtenção do título de Doutora em Comunicação
Social.
Orientação: Prof. Dr. Dimas A. Künsch
SÃO BERNARDO DO CAMPO
2021
3
FICHA CATALOGRÁFICA
An24e
Andrade, Danusa
A evolução tecnológica e a notícia como um produto à venda: um estudo do
jornal Folha de S.Paulo / Danusa Andrade. 2021.
325 p.
Tese (Doutorado em Comunicação Social) --Diretoria de Pós-Graduação e
Pesquisa da Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo,
2021.
Orientação de: Dimas A. Künsch.
1. Folha de S.Paulo (Jornal) – Estudo de caso 2. Comunicação e tecnologia
3. Novas tecnologias (Jornalismo) 4. Jornais – Inovações tecnológicas 5.
Modelos de negócios I. Título.
CDD 302.2322
4
A tese de doutorado intitulada: A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA E A NOTÍCIA COMO UM
PRODUTO À VENDA: UM ESTUDO DO JORNAL FOLHA DE S.PAULO, elaborada por
DANUSA ANDRADE, foi apresentada e aprovada em ________________, perante banca
examinadora composta por Prof. Dr. Dimas A. Künsch (Orientador e Presidente da Banca
Examinadora/Umesp), Prof. Dr. Mateus Yuri Passos (Umesp), Prof. Dr. Ivan Paganotti
(Umesp), Profa. Dra. Cicélia Pincer Batista (ESPM) e Profa. Dra. Janaína Capobianco.
PROF. DR. DIMAS A. KÜNSCH
Orientador e Presidente da Banca Examinadora
PROF. DR. VANDER CASAQUI
Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social
Programa: Pós-Graduação em Comunicação Social
Área de Concentração: Processos Comunicacionais
Linha de Pesquisa: Comunicação midiática, processos e práticas socioculturais
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AGRADECIMENTOS
Uma pesquisa desta natureza não se faz do dia para a noite. Como a água do rio que
percorre um longo caminho até desaguar no mar, este estudo teve uma trajetória extensa,
cheia de desafios, que começou há 20 anos, na graduação em Jornalismo, na Unifev, em
Votuporanga (SP), minha cidade natal. Um estudo como este também não se constrói a partir
do empreendimento individual, sendo as sinalizações aqui apontadas resultado de um esforço
conjunto, cristalizado no suporte oferecido generosamente por professores, colegas, amigos e
familiares.
Neste momento, eu dedico os meus agradecimentos àqueles que me apoiaram desde os
primeiros passos desta jornada, como Silvia Cuenca Stipp, na graduação. O que eu entendo
por jornalismo, ética e compromisso com a informação, aprendi com ela.
No início da década de 2010, quando eu ingressei em uma pós-graduação na Unitoledo
(Araçatuba-SP), recebi o apoio da querida e competente Karenine Cunha, que me deu o
suporte necessário para o início das atividades acadêmicas. Menciono aqui, nesse mesmo
período, a ajuda dos queridos Ana Maria e Pedro Rauber, que pacientemente me ensinaram
o beabá da produção científica. Lembro-me, também desta mesma época, das contribuições de
um amigo da família, Euclides Reuter de Oliveira, que bondosamente corrigiu alguns textos
meus, apontando falhas e potencialidades. Roberto Ferreira Filho, considerado um irmão
pelo meu marido e um grande amigo por mim, também me auxiliou, especialmente na
compreensão de um projeto de pesquisa.
Ao ingressar no Mestrado na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS),
tive o privilégio de aprender com professores brilhantes. E, para a minha sorte, a minha
memória guarda os ensinamentos adquiridos nessa etapa. Registro aqui os meus
agradecimentos ao meu então orientador, Prof. Dr. Mario Luiz Fernandes, e aos professores:
Profa. Dra. Márcia Gomes, Profa. Dra Maria Luceli Batistore, Prof. Dr Geraldo Vicente
Martins, Profa. Dra Sônia Virgínia Moreira, Prof. Dr. Josenildo Guerra. A Profa. Dra
Thaís Fenelon foi quem me incentivou a seguir o caminho para o Doutorado e dividiu
comigo a sua boa experiência na Universidade Metodista de São Paulo (Umesp). O Prof. Dr.
Marcos Paulo da Silva, também paulista, de Lençóis Paulista, revelou-se uma figura de
extrema generosidade. Apoiou-me desde o percurso no Mestrado e seguiu ajudando-me de
múltiplas formas no Doutorado, tornando-se um grande amigo.
No Doutorado, senti-me novamente privilegiada pela oportunidade de incorporar as
contribuições de grandes nomes do campo da Comunicação brasileira. Registro meus
agradecimentos aos seguintes professores: Profa. Dra. Cicilia Peruzzo, Prof. Dr. Daniel
Galindo, Prof. Dr. Luciano Satler, Prof. Dr. José Salvador Faro e o Prof. Dr. Sebastião
Squirra, que me orientou até o seu desligamento da Universidade.
Agradeço também aos amigos e aos colegas de profissão, que me apoiaram nesta
trajetória. Registro a ajuda e o apoio de Janaína Capobianco, Krishma Carreira, do casal
Angela Correa e Rafael Gonçalves, de Rogério Andrade, de Reinaldo Cirilo, de Flávio
Agneli Mesquita e de Ricardo Alvarenga.
7
Agradeço imensamente à Profa. Dra. Cicélia Pincer Batista e ao Prof. Dr. Mateus
Yuri Passos pelas irretocáveis contribuições na Banca de Qualificação deste trabalho,
oferecendo caminhos, observações e indicações de grande valia para esta investigação.
À Jaqueline Florentino, revisora deste trabalho, que possui genuíno talento e que
atua com brilhantismo em tudo o que se dispõe a fazer, o meu muito obrigada!
Agradeço a bolsa de estudos concedida pela Capes, que representou apoio
fundamental aos meus estudos no doutorado.
Dedico um registro especial ao meu orientador, Prof. Dr. Dimas Künsch, referência
brasileira do método da Compreensão, que possui riquíssima experiência em orientações de
dissertações e de teses, e que, para mim, beira a genialidade, com uma bagagem frutífera de
conhecimentos. Encorajador, ele soube olhar com carinho para o meu projeto, e forneceu o
melhor direcionamento que ele poderia receber. Foi, neste período de orientação, um amigo
querido, mas, acima de tudo, um grande orientador, exigindo de mim o que ele entendia que
eu poderia alcançar.
Aos amigos Rose Freitas e Hudson Gomes, que acompanham alguns dos momentos
mais importantes da minha vida, o meu apertado abraço e eterno agradecimento. Também
dedico o meu carinho e a minha gratidão à querida Lívia Junqueira, sinônimo de disciplina e
dedicação, pela valiosa ajuda.
Agradeço à minha cunhada Manuela Moraes Junqueira de Andrade, aos meus
irmãos Danilo Augusto de Santana Siqueira e Daniela C. de Santana Siqueira e aos meus
sogros, Simone Andrade e Olavo Junqueira de Andrade, pelo apoio e incentivo.
Ao meu marido, Andrade Neto, e à minha mãe, Antonia C. de Santana, eu rendo os
meus mais profundos agradecimentos pelo suporte, dedicação e apoio incondicional e
imensurável durante esse percurso. Sem vocês eu não teria conseguido.
Por fim, agradeço a nossa cerejinha do bolo, minha amada filha Nicole Santana
Junqueira de Andrade, que acompanhou a minha trajetória no doutorado da forma mais
próxima possível. Primeiro, durante a gestação, no ano de 2017, quando eu frequentava as
aulas, e depois, acompanhando-me no trabalho no computador, no meu colo, muitas vezes.
Ela agora, com quase 3 anos, às vésperas de Natal, me revelou o que gostaria de ganhar do
Papai Noel: aprender a trabalhar. Já valeu o esforço!
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RESUMO
A partir do método da Hermenêutica de Profundidade, como formulado por J. B. Thompson e
com o suporte da pesquisa bibliográfica, análise documental e análise de discurso, investiga-
se como a Folha de S.Paulo se comporta no cenário contemporâneo de transformações do
jornalismo a partir da incorporação de aparatos tecnológicos, o que significa, em resumo,
tentar identificar como essa empresa busca um modelo de negócio, enquanto produtora da
notícia, no universo da cultura digital. De modo específico, a pesquisa estuda como o tema e
esse cenário se deixam representar no mundo da pesquisa; verifica formas alternativas de
produção de notícias no Brasil dentro desse mesmo cenário de transformações, e aprofunda o
tema das recentes alterações no jornalismo sob o prisma da tecnologia. Diante das alterações
vividas pela atividade jornalística e a partir das práticas da Folha, o estudo questiona: como as
empresas jornalísticas buscam respostas para as transformações que atravessam o setor a
partir das inovações tecnológicas, sobretudo, após o surgimento da internet, de modo que a
informação possa continuar sendo oferecida por elas como um produto no mercado da
comunicação? São três os pressupostos, ou hipóteses de trabalho: 1) a adesão da Folha às
mudanças nesse mercado pode representar um indicativo de que o jornal, seguindo tendências
mundiais, abandone em um futuro próximo a produção impressa para dedicar-se apenas à
comercialização de notícias no mundo digital; 2) as grandes organizações jornalísticas
brasileiras, que incorporaram o modelo norte-americano de produção de notícia, deverão
seguir as tendências do setor, como a da automação da produção de notícia; 3) nesse ambiente
de efervescência tecnológica, iniciativas jornalísticas alternativas conquistam um nicho de
mercado emergente, às vezes na contramão dos processos convencionais. O estudo se realiza
em três grandes etapas: 1) Descreve os contornos do fenômeno da emergência de novas
percepções, iniciativas e projetos empresariais jornalísticos; 2) traça um panorama geral sobre
o olhar do pesquisador brasileiro a respeito desses fenômenos, a partir do estudo da produção
científica de duas das mais prestigiadas entidades acadêmicas brasileiras, a Associação
Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (Compós) e a Sociedade
Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor); 3) estuda o caso da Folha de S.Paulo,
que é reconhecidamente um jornal de expressão nacional, pioneiro em várias de suas
inovações. Entre as principais referências consultadas, encontram-se Luciana Mielniczuk,
Poliana Ferrari, Josias de Souza, Cremilda Medina, Janaína Capobianco, Raquel Recuero,
Ramón Salaverría, Edson D´Almonte, Jürgen Habermas e Alex Primo, para o tema da
presença do jornalismo na sociedade e das mudanças que a atividade atravessa no momento, a
partir do prisma tecnológico; a pesquisa também se ampara nas contribuições de Marcos
Palacios, Alexandre Lenzi, Ismael Nafría, Isabela de Souza Gonçalves e Caio Túlio Costa,
sobre os modelos de negócio das organizações jornalísticas no cenário digital. O principal
resultado esperado, além do reforço às pesquisas que vêm sendo desenvolvidas na área da
comunicação e do jornalismo sobre o tema, é o de contribuir para um entendimento dos
modos como o jornalismo se faz e refaz na contemporaneidade, em suas relações com o
direito do cidadão à informação, com a esfera pública e com a democracia.
Palavras-chave: Comunicação. Jornalismo. Tecnologia. Modelo de negócio. Folha de
S.Paulo.
9
ABSTRACT
Based on the method of Depth Hermeneutics, as formulated by J.B. Thompson and with the
support of bibliographic research, document analysis and discourse analysis, it is investigated
how Folha de S. Paulo behaves in the contemporary scenario of changes in journalism from
the incorporation of technological devices, which means, in short, trying to identify how this
company seeks a business model, as a news producer, in the universe of digital culture.
Specifically, the research studies how the theme and this scenario are represented in the world
of research; it verifies alternative forms of news production in Brazil within this same
scenario of transformations, and deepens the theme of recent changes in journalism from the
perspective of technology. In view of the changes experienced by journalistic activity and
based on Folha's practices, the study asks: how journalistic companies seek answers to the
transformations that are going through the sector based on technological innovations,
especially after the emergence of the internet, so that information can it continue to be offered
by them as a product in the communication market? There are three assumptions, or
hypotheses of work: 1) Folha's adherence to changes in this market may represent an
indication that the newspaper, following global trends, will abandon printed production in the
near future to dedicate itself only to the commercialization of news in the digital world; 2) the
large Brazilian journalistic organizations, which incorporated the North American news
production model, should follow the trends in the sector, such as the automation of news
production; 3) in this environment of technological effervescence, alternative journalistic
initiatives conquer an emerging market niche, sometimes against conventional processes.The
study is carried out in three major stages: 1) It describes the contours of the phenomenon of
the emergence of new perceptions, initiatives and journalistic business projects; 2) provides
an overview of the Brazilian researcher's view of these phenomena, based on the study of the
scientific production of two of the most prestigious Brazilian academic entities, the National
Association of Postgraduate Programs in Communication (Compós) and Society Brazilian
Journalism Researchers (SBPJor); 3) studies the case of Folha de S.Paulo, which is
recognized as a national newspaper, a pioneer in several of its innovations. Among the main
references consulted are Luciana Mielniczuk, Poliana Ferrari, Josias de Souza, Cremilda
Medina, Janaína Capobianco, Raquel Recuero, Ramón Salaverría, Edson D´Almonte, Jürgen
Habermas and Alex Primo, for the theme of the presence of journalism in society and the
changes that the activity is going through at the moment, from a technological perspective; the
research is also supported by the contributions of Marcos Palacios, Alexandre Lenzi, Ismael
Nafría, Isabela de Souza Gonçalves and Caio Túlio Costa on the business models of
journalistic organizations in the digital scenario. The main expected result, in addition to
reinforcing the research that has been developed in the area of communication and journalism
on the subject, is to contribute to an understanding of the ways in which journalism is made
and remakes in contemporary times, in its relations with the law from citizens to information,
with the public sphere and with democracy.
Keywords: Communication. Journalism. Technology. Business model. Folha de S.Paulo.
10
RESÚMEN
A partir del método de la Hermenéutica Profunda, formulado por J.B. Thompson y con el
apoyo de la investigación bibliográfica, el análisis documental y el análisis del discurso, se
investiga cómo se comporta Folha de S. Paulo en el escenario contemporáneo de cambios en
el periodismo a partir de la incorporación de la tecnología. dispositivos, lo que significa, en
definitiva, intentar identificar cómo esta empresa busca un modelo de negocio, como
productora de noticias, en el universo de la cultura digital. En concreto, la investigación
estudia cómo la temática y este escenario se representan en el mundo de la investigación;
verifica formas alternativas de producción de noticias en Brasil dentro de este mismo
escenario de transformaciones, y profundiza el tema de los cambios recientes en el periodismo
desde la perspectiva de la tecnología. Ante los cambios experimentados por la actividad
periodística y con base en las prácticas de Folha, el estudio se pregunta: ¿cómo buscan las
empresas periodísticas respuestas a las transformaciones que está atravesando el sector en
base a las innovaciones tecnológicas, especialmente tras el surgimiento de internet, para que
la información ¿Pueden seguir ofreciéndolo como producto en el mercado de la
comunicación? Hay tres supuestos, o hipótesis de trabajo: 1) La adhesión de Folha a los
cambios en este mercado puede representar un indicio de que el periódico, siguiendo las
tendencias globales, abandonará la producción impresa en un futuro próximo para dedicarse
únicamente a la comercialización de noticias en el mundo digital; 2) las grandes
organizaciones periodísticas brasileñas, que incorporaron el modelo de producción de noticias
norteamericano, deben seguir las tendencias del sector, como la automatización de la
producción de noticias; 3) en este entorno de efervescencia tecnológica, las iniciativas
periodísticas alternativas conquistan un nicho de mercado emergente, a veces frente a
procesos convencionales. El estudio se desarrolla en tres grandes etapas: 1) Describe los
contornos del fenómeno del surgimiento de nuevas percepciones, iniciativas y proyectos
empresariales periodísticos; 2) ofrece un panorama de la visión del investigador brasileño
sobre estos fenómenos, a partir del estudio de la producción científica de dos de las más
prestigiosas entidades académicas brasileñas, la Asociación Nacional de Postgrados en
Comunicación (Compós) y la Sociedad Brasileña de Investigadores de Periodismo (SBPJor);
3) estudia el caso de Folha de S.Paulo, que es reconocido como un periódico nacional,
pionero en varias de sus innovaciones. Entre las principales referencias consultadas se
encuentran Luciana Mielniczuk, Poliana Ferrari, Josias de Souza, Cremilda Medina, Janaína
Capobianco, Raquel Recuero, Ramón Salaverría, Edson D´Almonte, Jürgen Habermas y Alex
Primo, por el tema de la presencia del periodismo en la sociedad y los cambios que está
atravesando la actividad en este momento, desde una perspectiva tecnológica; la investigación
también cuenta con las aportaciones de Marcos Palacios, Alexandre Lenzi, Ismael Nafría,
Isabela de Souza Gonçalves y Caio Túlio Costa sobre los modelos de negocio de las
organizaciones periodísticas en el escenario digital. El principal resultado esperado, además
de reforzar la investigación que se ha desarrollado en el área de la comunicación y el
periodismo sobre el tema, es contribuir a la comprensión de las formas en que se hace y
rehace el periodismo en la época contemporánea, en su relaciones con la ley de la ciudadanía
a la información, con la esfera pública y con la democracia.
Palabra clave: Comunicación. Periodismo. Tecnología. Modelo de negocio. Folha de
S.Paulo.
11
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Capa da edição de 18 de dezembro de 2020 da Folha de S.Paulo ....................... 157
Figura 2 – Página inicial do site da Folha de S.Paulo em 18/12/2020, a partir de smartphone
................................................................................................................................................ 169
Figura 3 – Barra principal de assuntos contemplados pelo conteúdo do jornal .................... 171
12
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – núcleos temáticos identificados nas pesquisas selecionadas na Compós e na
SBPJor na última década .......................................................................................................... 83
Tabela 2 – Núcleos temáticos ano a ano na Compós e na SBPJor .......................................... 85
Tabela 3 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2011 ......................................................... 87
Tabela 4 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2012 ......................................................... 88
Tabela 5 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2013 ......................................................... 89
Tabela 6 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2014 ......................................................... 90
Tabela 7 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2015 ......................................................... 91
Tabela 8 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2016 ......................................................... 92
Tabela 9 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2017 ......................................................... 93
Tabela 10 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2018 ....................................................... 94
Tabela 11 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2019 ....................................................... 95
Tabela 12 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2020 ....................................................... 96
Tabela 13 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2012 e suas palavras-chave .................... 99
Tabela 14 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2013 e suas palavras-chave .................. 101
Tabela 15 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2014 e suas palavras-chave .................. 104
Tabela 16 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2015 e suas palavras-chave .................. 106
Tabela 17 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2016 e suas palavras-chave .................. 108
Tabela 18 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2017 e suas palavras-chave .................. 111
Tabela 19 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2018 e suas palavras-chave .................. 115
Tabela 20 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2019 e suas palavras-chave .................. 118
Tabela 21 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2020 e suas palavras-chave .................. 121
13
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Práticas atuais de produção e disseminação de informação no jornalismo .......... 29
Quadro 2 – Características comuns às cinco mídias digitais .................................................. 48
Quadro 3 – Características gerais das mídias estudadas ......................................................... 57
Quadro 4 – Características gerais das soluções para o jornalismo digital .............................. 69
Quadro 5 – Características gerais dos 7 modelos de negócio para o jornalismo .................... 72
Quadro 6 – Síntese dos principais acontecimentos e ações ligadas às incorporações
tecnológicas da Folha de S.Paulo nos primeiros 80 anos do jornal ........................................ 144
Quadro 7 – Ano e título dos sete projetos editoriais da Folha .............................................. 148
Quadro 8 – Hospedagem e desempenho da Folha, O Globo e Estadão no Facebook, Twitter,
Instagram e Youtube ............................................................................................................... 179
Quadro 9 – Análise do Discurso dos depoimentos dos representantes da Folha .................. 189
Quadro 10 – Passagem do objeto discursivo para a formação discursiva da Análise de
Discurso de representantes da Folha ...................................................................................... 197
Quadro 11 – Passagem do objeto discursivo para a formação discursiva da Análise de
Discurso de representante da Folha ........................................................................................ 200
Quadro 12 – Modelo de negócio da Folha em 2020 ............................................................. 201
14
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 15
O FENÔMENO DAS MUDANÇAS NO JORNALISMO E A BUSCA DE SAÍDAS PELAS
ORGANIZAÇÕES ............................................................................................................... 28
1.1 Panorama das alterações do jornalismo na contemporaneidade ........................................ 31
1.2 Nova esfera pública: novos atores, novas experiências e a força do jornalismo local ........... 43
1.2.1 Nova esfera do jornalismo ............................................................................................... 43
1.2.2 Novos atores e suas audiências ......................................................................................... 46
1.2.3 Iniciativas no jornalismo nativo digital .............................................................................. 47
1.2.4 A retomada do jornalismo local pelas organizações ............................................................ 58
1.3 A busca de saídas pelas organizações jornalísticas ............................................................ 64
1.3.1 O modelo do New York Times ......................................................................................... 66
1.3.2 Projetos, intuições e saídas possíveis ................................................................................. 67
O OLHAR DO PESQUISADOR BRASILEIRO .................................................................... 74
2.1 Um panorama dos textos da Compós e da SBPJor ............................................................ 81
2.2 Nível de verificação geral ................................................................................................. 82
2.3 Nível das palavras-chave .................................................................................................. 86
2.4 Nível analítico de amostragem ....................................................................................... 128
2.5 O que a pesquisa brasileira sinaliza ................................................................................ 137
UM ESTUDO DA FOLHA DE S.PAULO SOB O ÂNGULO DA TECNOLOGIA E DA
GERAÇÃO DE NOVOS MODELOS DE NEGÓCIO .......................................................... 140
3.1 Um panorama da história da Folha de S.Paulo ............................................................... 142
3.1.1 Breve história da Folha a partir de inovações tecnológicas ................................................. 142
3.1.2 O compromisso público do Projeto Folha ........................................................................ 148
3.2 Check-up da Folha de S.Paulo ....................................................................................... 156
3.2.1 A Folha de S.Paulo na versão impressa ........................................................................... 156
3.2.2 O retrato do site da Folha .............................................................................................. 169
3.2.3 A Folha nas redes sociais............................................................................................... 178
3.3 A notícia como um produto à venda com o suporte da tecnologia .................................... 181
3.3.1 O discurso da Folha no documentário O Jornal do futuro ................................................... 181
3.3.2 O discurso da Folha na discussão sobre o futuro do jornalismo a partir dos encontros realizados
pelo jornal ........................................................................................................................... 191
3.3.3 O atual modelo de negócio da Folha ............................................................................... 201
3.4 As práticas da Folha pelo enfoque da Hermenêutica de Profundidade ............................. 206
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 210
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 217
APÊNDICE A .................................................................................................................... 230
APÊNDICE B ..................................................................................................................... 249
15
INTRODUÇÃO
Uma das tendências dos estudos atuais do campo comunicacional é a investigação de
fenômenos emergentes que incidem sobre o cotidiano dos seres humanos e que se refletem
nos contextos social, político e cultural da sociedade onde estão inseridos. A atividade
jornalística, que transita por significativas alterações desde os seus primórdios, como
fenômeno da chamada Modernidade, sempre recebeu atenção especial da ciência que
acompanhou, como nenhuma outra, a chegada do jornal, do rádio, da televisão e da internet.
Neste momento de nossa História, por razões que esta tese pretende deixar claras, expressivo
número de pesquisadores se debruça a investigar como as inovações tecnológicas alteram,
transformam e redefinem os formatos do jornalismo e as suas formas de comercialização na
contemporaneidade.
Antes de abarcar o objeto desta pesquisa, é imperioso traçar os seus contornos. Um
dos braços – e talvez também as pernas – desse desenho se refere à tecnologia, que atua como
protagonista das mudanças sofridas pelo jornalismo, e integra um complexo contexto. Em A
realidade complexa da tecnologia, Alberto Cupani defende que a própria definição de
tecnologia, em um breve olhar na bibliografia filosófica, não é apenas plural, como em alguns
casos aparentemente desvinculada. Ele compreende que essa desconcertante multiplicidade de
caracterizações é, por si só, um sinal da complexidade da tecnologia.
Alberto Cupani considera que a questão se complica ao repararmos que, pressuposto o
grau de instrução, todas as pessoas sabem o que significa a tecnologia. Todo mundo pode, se
não defini-la, indicar um objeto tecnológico. Porém, alguns dirão que um telescópio é um
objeto tecnológico, mas um par de óculos, não. Médicos, engenheiros e militares podem estar
certos de usar com regularidade recursos tecnológicos, ao passo que outros, como os artistas,
padres e políticos, poderão alegar que não o fazem, se esquecendo que tintas, instrumentos
musicais e a eletricidade que ilumina os templos são produtos tecnológicos. O autor nos
conclama a buscar a tecnologia não apenas no âmbito dos objetos, mas também das atividades
humanas.
A tecnologia representa um dos principais pontos da obra de Michael Zimmerman
Confronto de Heidegger com a modernidade-tecnologia, política e arte. O autor discute como
Martin Heidegger interpretou e avaliou a tecnologia moderna. De acordo com Zimmerman,
para Heidegger, a tecnologia possui três significados inter-relacionados: primeiro, as técnicas,
16
os instrumentos, sistemas e processos de produção normalmente associados ao industrialismo;
depois, a visão do mundo racionalista, científica, mercantilista, utilitarista, geralmente
associada à modernidade; e, por fim, o contemporâneo modo de compreender e de revelar as
coisas, o qual torna possível tanto os processos de produção industrial, como a visão
modernista do globo.
Adotando como significado mais importante de tecnologia moderna o da revelação
contemporânea das coisas como matéria-prima, Zimmerman sinaliza que Heidegger
sustentava que as atividades humanas não são na sua maior parte autorreferenciais e auto-
geradoras, mas guiadas e moldadas pela interação histórica da linguagem e dos conceitos, que
está fora do controle humano, pois essa interação conceitual-linguística determina as
categorias que moldam as possibilidades de conhecimento e de ação em épocas específicas.
É fato que a humanidade sempre recorreu a aparatos tecnológicos para finalidades
comunicacionais. De acordo com Antonio Costela, em seu clássico Comunicação: do grito ao
satélite, depois do grito, do gesto, da linguagem e da fala, o homem passou a reproduzir cenas
em desenhos. Também criou, a partir da tecnologia que dispunha, a pictografia, a escrita e a
fixação do conhecimento em substrato material. Da mesma forma, o jornalismo incorporou,
desde a sua fase embrionária, ferramentas tecnológicas que foram fundamentais para o seu
desenvolvimento. O jornal impresso, que surgiu por volta do ano de 1600, bebeu da fonte
tecnológica, usufruindo do advento da máquina tipográfica inventada na Europa em meados
do século XV. Depois da invenção da eletricidade, do fio elétrico, do telégrafo, dos cabos
submarinos, do telefone, em 1876, do telégrafo sem fio, surgiram o rádio, em 1920 e a
televisão em 1927, com as demonstrações públicas da Bell Telephone Company. Essas
inovações abriram a passagem para o surgimento da comunicação via satélite, do computador
e da internet, que surgiu no final da década de 1950, a partir de projetos desenvolvidos por
agências do Departamento de Defesa Americano.
Pierry Lévy, um dos pesquisadores contemporâneos que discute a questão das
tecnologias da comunicação com propriedade, sustenta, em sua obra Cibercultura, que a
principal revolução na comunicação planetária surgiu entre 1990 e 1997 a partir de uma
pequena equipe de pesquisadores do CERN, em Genebra, Suíça, que desenvolveu a World
Wide Web. Ele reconhece que foi o movimento da cibercultura – definido pelo autor como o
espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e das memórias
dos computadores – que fez da web o sucesso atual, propagando um dispositivo de
comunicação e de representação que correspondia a suas formas de operar.
17
Walter Teixeira Lima Júnior, em “Big Data, jornalismo computacional e data
journalism: estrutura, pensamento e prática profissional na web de dados”, recorda que as
Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC´s) produziram profundas alterações nos
últimos 60 anos em todos os segmentos da sociedade organizada. O artefato tecnológico que
impulsionou esse campo foi a criação da máquina computacional, que abriu portas para a
Ciência da Computação. A evolução desse domínio possibilitou o barateamento do custo de
produção das máquinas computacionais, embarcadas por computadores, celulares e outros
dispositivos móveis.
Dando seguimento aos contornos de nosso objeto, a pesquisa considera o início da
digitalização das redações e como se deu esse processo no Brasil. Em sua obra
Características e implicações do jornalismo na Web, Luciana Mielniczuk, uma das expoentes
dos estudos sobre o jornalismo no mundo digital no Brasil, resgata que a internet passou a ser
empregada, de forma expressiva, para atender finalidades jornalísticas, a partir da utilização
comercial, que coincide com o desenvolvimento da web, no início dos anos 1990. Outra
importante pesquisadora deste segmento no país, que também acompanhou os primeiros
passos do jornalismo no ambiente digital, Poliana Ferrari recorda, em Jornalismo digital, que,
no Brasil, o primeiro site jornalístico brasileiro foi o do Jornal do Brasil, criado em 1995, 26
anos depois da concepção da internet, nos Estados Unidos.
Luciana Mielniczuk identifica as seguintes fases do jornalismo digital no Brasil: em
um primeiro momento, os produtos oferecidos eram reproduções de partes dos grandes
veículos impressos, que passavam a ocupar espaço na internet. Nas primeiras experiências
realizadas, o que era chamado de online não passava da transposição de matérias em uma
atualização a cada 24 horas. E em alguns casos, como o do O Estado de S.Paulo, era
disponibilizado também o conteúdo de alguns cadernos. Uma segunda tendência nas
iniciativas para o jornalismo online foi favorecida pelo aperfeiçoamento e desenvolvimento da
estrutura técnica da internet, quando, atreladas ao modelo do impresso, começam a surgir
experiências na tentativa de explorar as características específicas oferecidas pela rede. Mas o
cenário começou a se alterar com o surgimento de iniciativas empresariais e editoriais
destinadas à internet, com sítios jornalísticos que ultrapassaram a ideia de uma versão para a
web de um jornal impresso existente. Um dos primeiros exemplos desse modelo foi a fusão
entre a Microsoft e a NBC, em 1996.
Caio Túlio Costa, que representa um dos nomes mais expressivos da Folha de
S.Paulo, sobretudo no processo de digitalização do jornal, pontua, em Um modelo de negócio
para o jornalismo digital: como os jornais devem abraçar a tecnologia, as redes sociais e os
18
serviços de valor adicionado, que um dos efeitos mais disruptivos da internet foi o de
combinar modelos de meios e de comunicação em um único canal. A emergência das novas
mídias deu a todo mundo mais liberdade, e o poder de tornar a informação pública saiu das
mãos dos profissionais e instituições da imprensa. Agora, qualquer indivíduo, qualquer
instituição, qualquer organização tem, em certo sentido, poder da mídia.
Ao dar um passo para trás na história, podemos compreender em que circunstâncias o
ambiente digital foi introduzido nas organizações jornalísticas. Em uma célebre crítica sobre a
televisão, TV em questão, o jornalista Josias de Souza, que trabalhou na Folha por 25 anos,
anunciou os equívocos cometidos pelas corporações jornalísticas na década de 1990:
difundiram a tese de que a adesão do Brasil ao consenso liberal era prenúncio de prosperidade
e acreditaram no devaneio.
Josias de Souza retrata a configuração daquela época. De acordo com o autor, crente
na bonança, a indústria da informação traçou planos expansionistas. Contraiu empréstimos em
dólar e plantou em seus balanços encrencas milionárias. Vítima de si mesma, a mídia virou
notícia ao atravessar uma crise sem precedentes, talvez a maior dos últimos 50 anos,
conforme o autor. Com o destino atado a um iminente socorro financeiro do BNDES, a
maioria das empresas de comunicação ficou distante de suas certezas. Para Josias de Souza, o
jornalismo limitou-se a reproduzir, de modo acrítico, a atmosfera de oba-oba e contemplação
em que se processou o debate econômico.
Josias de Souza também expôs como a imprensa estava lidando com a chegada do
digital. Naquele momento, o poder decisório migrava da esfera pública para a arena privada,
numa velocidade que os meios de comunicação não conseguiam acompanhar. Para o autor,
houve um tempo em que o Brasil era governado por três Poderes: Exército, Marinha e
Aeronáutica. Num processo iniciado sob o comando de José Sarney, tonificado por Fernando
Collor, consolidado sob Fernando Henrique Cardoso e mantido por Lula, quando ocupavam a
Presidência, o país passou a ser comandado pelo poder monocrático do mercado, sem rosto e
disperso, que pode estar num gabinete de Washington, numa corretora de Nova York, ou num
escritório da avenida Paulista. Ainda segundo Josias Souza, o Poder Executivo perdia a
primazia regulatória e limitava-se a chancelar decisões ditadas de fora. O Poder Legislativo
virava peça de ornamento. A dissecação desse fenômeno compreendia, naquele momento, o
maior desafio da imprensa.
A comercialização da internet no Brasil é contemporânea do Plano Real, em torno de
1994 e 1995. A Profa. Dra. Cicélia Pincer Batista, que compôs a banca de Qualificação deste
trabalho, considerou, na oportunidade, a relevância de se pensar nesse fato, porque, para as
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empresas jornalísticas, essa relação tem importância. A crítica formulada por Josias de Souza
considera que, para investir na sua informatização, processo que já tinha iniciado em 1990, as
empresas brasileiras contraíram altas dívidas. E, com a comercialização da internet, o
processo de informatização se intensificou com a criação da www, considerado o segundo
momento da informatização das redações no Brasil.
Como lembrou na ocasião Cicélia Pincer, essas empresas investiram na modernização
da tecnologia de produção e contraíram dívidas em dólares. Num primeiro momento, havia
paridade do dólar com o real. Em 1997, veio a primeira crise e, em 1999, surgiu a crise mais
profunda do real. A crítica de Josias de Souza considera que as empresas não apenas
defenderam, apoiaram e foram porta-vozes do plano real, como também acreditaram e foram
vítimas dessa paridade do dólar, em um processo que foi sanado pelo BNDES. Porém, esse
endividamento teria comprometido a autonomia editorial dos jornais frente ao governo
Fernando Henrique Cardoso.
No Brasil, esse pano de fundo econômico associado a algumas características como
hipertextualidade e interatividade, que são próprias da tecnologia, está na origem da crise do
modelo de negócios enfrentada atualmente pelas empresas jornalísticas que compõem,
conforme Walter Teixeira Lima Júnior no texto citado, o campo comunicacional que transita,
a partir de uma conjunção de fatores, por modificações nos processos e produtos, formando
um novo ecossistema midiático.
Esse breve panorama sobre o processo de digitalização das redações, contextualiza a
paisagem da atividade jornalística da contemporaneidade que vem sofrendo bruscas
alterações, e em períodos cada vez mais curtos, impondo às organizações a busca de saídas
para manterem os seus negócios.
Desde a expansão dos aparatos tecnológicos no setor comunicacional, a crescente
convergência e a hibridização midiática instauradas no ambiente digital possibilitaram saltos
significativos de transformação do jornalismo, a começar pelo engajamento e a participação
do público leitor. Em Cultura da conexão, Henry Jenkins sinaliza que as salas de imprensa
ainda estão se debatendo para tentar entender quais podem ser seus novos papéis nesse
ambiente formatado pelo que acontece com as comunidades on-line, em que os cidadãos
podem cobrar o que os jornalistas devem cobrir e ainda reunir informações recorrendo a uma
diversidade de fontes quando os meios jornalísticos tradicionais de notícias não fornecem as
informações desejadas.
Outra grande alteração no jornalismo, a partir do prisma tecnológico, diz respeito ao
controle da redação. O pesquisador português João Canavilhas, outra expressiva referência no
20
jornalismo digital, compreende, a partir do seu estudo Jornalistas e tecnoatores: a negociação
de culturas profissionais em redações online, que as transformações que atingem o jornalismo
ficam evidentes quando se adota a perspectiva histórica para comparar as redações pré-
digitais e o cenário atual. Os repórteres e editores que mantinham o controle da redação,
agora, precisam estabelecer mecanismos de negociação com profissionais de outras áreas –
como designers e programadores – para levar a cabo a sua missão primordial. Em disputa, o
controle das rotinas e dos produtos, além da própria noção de notícia, antes de exclusivo
domínio do jornalista e, agora, sob a influência também de outros profissionais.
Também é possível elencar, como relevante alteração no jornalismo contemporâneo, a
adoção de redes digitais, como o Facebook, Twitter e Instagram, pelas empresas jornalísticas,
que assumem linguagens e formatos específicos para cada uma delas, impelindo os jornalistas
a encamparem novos desafios.
Uma das mais significativas transformações contemporâneas do jornalismo refere-se à
automação da notícia, no sentido da produção do texto informativo a partir de Inteligência
Artificial. A pesquisadora Krishma Carreira, que se dedica aos estudos deste setor, mapeou,
na investigação “Um panorama das notícias automatizadas no mundo”, entre 2009 e 2017, 62
empresas de jornalismo que produzem notícias automaticamente em 11 países, a saber:
Alemanha, Estados Unidos, França, Israel, Reino Unido, Suécia, Dinamarca, Noruega,
Rússia, China e Coreia do Sul.
Interação do público, mudanças no controle da redação, adoção de redes digitais,
automação da notícia. Essas são algumas das profundas alterações pelas quais o jornalismo
perpassa atualmente e que permeiam um fator central, o tempo. Há um consenso que a
mudança provocada pela tecnologia na comunicação tem ocorrido em intervalos cada vez
mais curtos. Na obra Inevitável: as 12 forças tecnológicas que mudarão nosso mundo, que
traça as tendências tecnológicas que estão em movimento, Kevin Kelly recorda que o telefone
demorou cerca de 75 anos para chegar a 50 milhões de usuários; o rádio, 38, e a televisão, 13,
enquanto a internet levou somente quatro anos, o smartphone apenas três; o Instagram levou
dois anos, o Angry Birds, 35 dias e o Pokemon Go, 15.
A incorporação do mundo digital pelo jornalismo abriu portas para possibilidades
antes impensáveis de produção, circulação e venda de notícias, forçando as organizações
jornalísticas a assumirem grandes desafios nesse ambiente, que sugere a criação de novos
modelos de negócio amparados nas redes e de olho no perfil de público leitor.
Dentro desse contexto, e ao compreender a informação jornalística como produto de
consumo, nos termos de Cremilda Medina, em Notícia, um produto à venda: jornalismo na
21
sociedade urbana e industrial, o estudo objetiva investigar como a Folha de S.Paulo se
comporta neste cenário. Como objetivos específicos, a pesquisa pretende identificar como o
tema e o cenário se deixam representar no mundo da pesquisa; verificar as formas alternativas
de produção de notícias no Brasil e como se localizam nesse ambiente de transformações;
considerar analiticamente as recentes alterações no jornalismo sob o prisma da tecnologia.
Diante das alterações vividas pela atividade jornalística e a partir das práticas do jornal
Folha de S.Paulo, o estudo questiona: como as empresas jornalísticas buscam respostas para a
transformação vivida pelo setor a partir das inovações tecnológicas, sobretudo, após o
surgimento da internet, de modo que a informação possa continuar sendo oferecida por elas
como um produto no mercado da comunicação? Para responder a esta pergunta, o estudo se
apoia em pesquisa bibliográfica e, metodologicamente, recorre à Hermenêutica de
Profundidade e, em um momento específico do trabalho, à Análise de Discurso.
A pesquisa se ampara nos princípios da Análise do Discurso de linha francesa,
derivada de Michel Pêcheux. Em Análise de discurso: princípios e procedimentos, Eni
Orlandi considera que foi justamente pensando que há muitas maneiras de significar que os
estudiosos começaram a se interessar pela linguagem de uma maneira particular, originando a
Análise de Discurso. Esta tomou o discurso como seu objeto próprio nos anos 60 do século
XX, constituindo-se no espaço de questões criadas pela relação entre três domínios
disciplinares: a Linguística, o Marxismo e a Psicanálise. Como dispositivo de observação, a
Análise de Discurso é considerada por Orlandi como a construção de um dispositivo de
interpretação, que tem como característica colocar o dito em relação ao não dito, o que é dito
de um modo como o que é dito de outro, devendo o analista procurar ouvir, naquilo que o
sujeito diz, aquilo que ele não diz, mas que constitui igualmente os sentidos de suas palavras.
Orlandi explica que, na Análise de Discurso, procura-se compreender a língua
enquanto produtora de sentido. Ou seja, a partir da fala, o sujeito constitui um sentido. Orlandi
defende que a Análise de Discurso concebe a linguagem como mediação fundamental entre o
homem e a realidade natural e social, e observa que a Análise de Discurso não trabalha com a
língua enquanto um sistema abstrato, mas com a língua no mundo, com maneiras de
significar, com pessoas falando, considerando a produção de sentidos enquanto parte de suas
vidas. A autora também traça um paralelo entre a Análise de Conteúdo e a Análise de
Discurso. A primeira procura extrair sentidos dos textos respondendo a questão: o que este
texto quer dizer? A segunda coloca a questão: como este texto significa?
Os procedimentos de Análise de Discurso serão utilizados em dois momentos do
capítulo 3 “Um estudo da Folha de S.Paulo sob o ângulo da tecnologia e da geração de novos
22
modelos de negócio”, 1) na compreensão do discurso público que a Folha estabelece sobre as
alterações do Jornalismo e sobre a receita de negócio aplicada pelo jornal, a partir dessas
mudanças, diante das declarações feitas por seus representantes no documentário O jornal do
futuro, de 2010, e 2) no Encontro Folha de Jornalismo de 2016 e de 2020, promovidos pela
organização com o objetivo de discutir os desafios e o futuro do Jornalismo.
O documentário O jornal do futuro retrata as mudanças físicas na redação do jornal,
que permitiram a integração com a Folha.com e mostra o então novo projeto gráfico da Folha.
As edições do Encontro Folha de Jornalismo foram realizadas sempre em celebração ao
aniversário do jornal.
Em Ideologia e cultura moderna: teoria social crítica na era dos meios de
comunicação de massa, John B. Thompson desenvolveu a Hermenêutica de Profundidade
como referencial metodológico para análise dos fenômenos culturais, ou seja, para a análise
das formas simbólicas em contextos estruturados. O autor elaborou uma teoria diferente da
relação entre ideologia e meios de comunicação, repensando a teoria da ideologia à luz do
desenvolvimento dos meios de comunicação. Produziu um referencial teórico que possibilita a
compreensão das características distintivas dos meios de comunicação e o curso específico do
seu desenvolvimento, a partir de um marco referencial, chamado de mediação da cultura
moderna, entendido como o processo geral através do qual a transmissão das formas
simbólicas acabou se tornando sempre mais mediada pelos aparatos técnicos e institucionais
das indústrias de mídia. Sua obra lança o desafio de estudar as formas simbólicas à luz das
relações sociais estruturadas, cujo emprego e articulação podem ajudar em circunstâncias
específicas a criar, apoiar e reproduzir. Delineia, sobretudo, um referencial metodológico
amplo dentro do qual métodos específicos possam ser utilizados e relacionados um com o
outro.
O referencial metodológico desenvolvido por Thompson é fundamentado na tradição
da hermenêutica. O autor incorporou a ideia de Hermenêutica de Profundidade a partir do
trabalho de Paul Ricoeur, que procurou mostrar como a hermenêutica pode oferecer tanto uma
reflexão filosófica sobre o ser e a compreensão, como uma reflexão metodológica sobre a
natureza e tarefas da interpretação social. O valor dessa ideia é que ela permite o
desenvolvimento de um referencial metodológico orientado para a interpretação (ou
reinterpretação) de fenômenos significativos. Permite enxergar que o processo de
interpretação não se opõe aos tipos de análise que tratam das características estruturais das
formas simbólicas, mas, por outro lado, o autor defende que esses tipos de análises podem
23
estar conjuntamente ligados e articulados como passos necessários ao longo do caminho da
interpretação.
A Hermenêutica de Profundidade evidencia o fato de que o objeto de análise é uma
construção simbólica significativa, que exige uma interpretação. Compreende três fases
principais: análise sócio-histórica, análise formal ou discursiva e
interpretação/reinterpretação. A primeira dessas fases se interessa pelas condições sociais e
históricas da produção, circulação e recepção das formas simbólicas. Thompson considera
essa fase essencial, porque as formas simbólicas não subsistem num vácuo. Elas são
fenômenos sociais contextualizados, são produzidas e recebidas dentro de condições sócio-
históricas específicas, que podem ser reconstruídas com a ajuda de métodos empíricos,
observacionais e documentais.
Esse procedimento do referencial da Hermenêutica de Profundidade será aplicado nos
dois primeiros capítulos desta tese. O primeiro, “O fenômeno das mudanças no Jornalismo e a
busca de saídas pelas organizações”, compreende os desafios, projetos e principais alterações
do Jornalismo atualmente. O segundo, “O olhar do pesquisador brasileiro”, reúne as principais
contribuições da pesquisa brasileira da última década sobre as transformações enfrentadas
pelo campo do Jornalismo à luz da tecnologia. O estudo levanta esse panorama ancorado nas
publicações da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação
(Compós) a partir dos Grupos de Trabalho “Comunicação e Cibercultura” e “Estudos de
Jornalismo, que se alinham ao objeto desta tese, e da Associação Brasileira de Pesquisadores
em Jornalismo (SBPJor), em Comunicações Livres ou Individuais e Comunicações
Coordenadas. Essas instituições são reconhecidas no meio acadêmico por reunir os resultados
mais expressivos da pesquisa na área da Comunicação no Brasil.
A segunda fase da Hermenêutica de Profundidade, de acordo com Thompson, pode ser
descrita como a análise formal e discursiva, que estuda as formas simbólicas como
construções simbólicas complexas que apresentam uma estrutura articulada. A pesquisa
elegeu, para essa etapa da Hermenêutica de Profundidade, a análise discursiva da estrutura
narrativa que representa um enfoque comum nos campos de análise literária e textual. Este
tipo de análise permite examinar os padrões, personagens e papéis que são comuns a um
conjunto de narrativas e que constituem uma estrutura subjacente comum. Essa etapa será
aplicada no capítulo 3, “Um estudo da Folha de S.Paulo sob o ângulo da tecnologia e da
geração de novos modelos de negócio”, na análise sobre o modo como a Folha de S.Paulo
opera a produção, circulação e comercialização de notícias atualmente.
24
A terceira e última fase do referencial da Hermenêutica de Profundidade é chamada,
por Thompson, de interpretação (ou reinterpretação). Essa fase volta-se para a explicitação
criativa do que é dito ou representado pela forma simbólica, construindo-se a partir dos
resultados da análise sócio-histórica e da análise formal e discursiva, e indo além. Ela
emprega a análise sócio-histórica e a análise formal ou discursiva para clarear as condições
sociais e as características estruturais da forma simbólica, e procura interpretar uma forma
simbólica sob essa luz. Essa fase da Hermenêutica de Profundidade será aplicada no Capítulo
3, compreendendo as análises anteriores.
O estudo parte do pressuposto, ou, melhor dizendo, levanta a hipótese de que a adesão
da Folha de S.Paulo às mudanças de mercado – que fazem dela, em alguns sentidos, um ícone
brasileiro de modernização –, podem representar um indicativo de que o jornal, seguindo as
tendências mundiais, abandone em um futuro próximo a produção impressa para dedicar-se
apenas à comercialização de notícias no mundo digital. Outra hipótese é a de que as grandes
organizações jornalísticas brasileiras, que incorporaram o modelo norte-americano de
produção de notícia, deverão seguir as tendências do setor, como a automação da produção de
notícia. A pesquisa também compreende que, nesse ambiente de efervescência tecnológica,
iniciativas jornalísticas alternativas estão conquistando um nicho de mercado emergente.
A investigação sobre a notícia como um produto à venda em paralelo à evolução
tecnológica justifica-se pela urgência de se descortinar o contexto, os processos, articulações,
episódios e iniciativas que tangenciam as transformações jornalísticas de uma das maiores
empresas do setor no Brasil. Como Niklas Luhmann, em A realidade dos meios de
comunicação, a pesquisa compreende a relevância central da comunicação como operadora de
todos os sistemas sociais. Portanto, aquilo que sabemos sobre nossa sociedade, ou mesmo
sobre o mundo no qual vivemos, o sabemos pelos meios de comunicação. Na mesma direção,
Douglas Kellner, em A cultura da mídia – estudos culturais: identidade e política entre o
moderno e o pós-moderno, considera que a cultura veiculada pela mídia, cuja imagens, sons e
espetáculos ajudam a urdir o tecido da vida cotidiana, dominam o tempo de lazer, modelando
opiniões políticas e comportamentos sociais.
Também Roger Silverstone, em Por que estudar a mídia?, defende a impossibilidade
de escapar à presença, à representação da mídia, pois passamos a depender da mídia para fins
de entretenimento e informação, de conforto e segurança, para ver algum sentido na
continuidade das experiências. Nesse sentido, todos os esforços empreendidos na tentativa de
se compreender as configurações de um dos principais veículos brasileiros de comunicação
justificam-se por fazer aflorar como são produzidas, circuladas e comercializadas as
25
informações noticiosas que atingem uma representativa parcela do público leitor de notícias
diariamente.
Analisar o processo de transformação nos modos de produção e circulação da notícia
no Brasil significa compreender os contextos social, econômico e cultural vividos pelo país,
que se desdobram em significativas mudanças no principal produto do fazer jornalismo, a
notícia.
A pesquisa justifica-se, ainda, pela abrangência das notícias veiculadas nos meios
digitais junto à audiência. A Comscore, empresa que atua com planejamento, transação e
avaliação de mídia entre plataformas – fonte terceirizada para medição de públicos de
plataforma cruzada –, promoveu uma investigação de dados em 2020, mapeando o consumo
de mídia durante a pandemia de coronavírus no Brasil, comprovando abrangência de usuários
consumidores de informações noticiosas por meios eletrônicos. De acordo com a pesquisa,
sites de informação, categorizados como notícias, revelaram um salto de aproximadamente
440 milhões de acessos por dia para mais de 560 milhões de usuários, representando um
aumento de mais de 27%. O engajamento foi maior em todos os setores, já que o total de
visitas aumentou em 43%. A categoria usuários de mídia, que, segundo o mapeamento, está
sempre entre as três principais, aumentou em 19% os minutos consumidos, sendo que o
consumo de páginas ultrapassou 40 bilhões, o que demonstra um crescimento de 26% entre
uma semana e outra.
Os dados apurados pela última versão da Pesquisa Brasileira de Mídia, em 2016,
confirmam a importância do uso da internet como recurso para obter informação. Quase a
metade dos entrevistados (49%) mencionou em primeiro ou em segundo lugar a rede mundial
de computadores como meio para se informar mais sobre o que acontece no Brasil.
Em nosso entendimento, uma razão básica sustenta a nossa opção pela Análise de
Discurso das declarações dos representantes da Folha de S.Paulo no documentário O jornal
do futuro e nas edições de 2016 e de 2010 do Encontro Folha de Jornalismo: o fato de o
discurso empresarial conter narrativas sobre o futuro do jornalismo e sobre o modelo de
negócio da Folha, que constroem a significação da postura do jornal diante das
transformações do jornalismo.
A abordagem da Hermenêutica de Profundidade será especialmente útil para o
esclarecimento do contexto em que a atividade jornalística se insere na contemporaneidade e
que se articula nos modos de produção e venda de notícias. Os dois primeiros capítulos se
justificam pela necessidade de se entender os processos que ocorrem em contextos ou campos
historicamente específicos e socialmente estruturados, conforme sinaliza Thompson sobre a
26
análise sócio-histórica, primeira fase do referencial metodológico da Hermenêutica de
Profundidade.
A pesquisa chegou à decisão de considerar as investigações sobre as transformações
do jornalismo brasileiro a partir da Compós e da SBPJor, devido ao fato de representarem as
pesquisas mais relevantes da ciência brasileira no cenário comunicacional. O levantamento
aferido na Compós abrange o período de 2011 a 2020, seus anais mais recentes; na SBPJor
compreende o período de 2012 – ano em que a instituição começou a disponibilizar os anais
dos eventos na modalidade online – a 2020. Essa amostragem configura-se como expressiva
devido a sua representatividade na última década.
A pesquisa levantou as contribuições da Compós a partir dos Grupos de Trabalho
“Comunicação e Cibercultura” e “Estudos de Jornalismo”, que se alinham ao objeto desta
investigação. Na SBPJor, o estudo mapeou as investigações que conversam com o tema desta
tese tanto nas Comunicações Livres ou Individuais quanto nas Comunicações Coordenadas.
No início do Capítulo 2, que contempla o olhar do pesquisador brasileiro sobre as recentes
transformações do jornalismo, o assunto será aprofundado.
O estudo está assim dividido: o Capítulo 1, “O fenômeno das mudanças no jornalismo
e a busca de saídas pelas organizações”, traça os contornos do fenômeno da emergência de
novas percepções, iniciativas e projetos empresariais jornalísticos na contemporaneidade.
Constrói um panorama das recentes alterações do jornalismo, compreende a configuração de
novas esferas públicas do jornalismo e abarca um cenário que envolve o surgimento de atores
midiáticos no contexto digital. Considera algumas iniciativas alternativas de jornalismo nativo
digital e ainda sinaliza a ampliação do interesse no jornalismo local. Ao final do capítulo, a
pesquisa identifica alguns projetos, iniciativas e pesquisas que apontam para algumas saídas
possíveis para as organizações jornalísticas da atualidade.
O Capítulo 2, “O olhar do pesquisador brasileiro”, investiga, como o próprio título diz,
o olhar do pesquisador brasileiro sobre o fenômeno das mudanças no Jornalismo e,
especificamente, sobre o tema das novas formas empresariais de produção da notícia, a partir
de um estudo da produção científica da Compós e da SBPJor. O estudo levanta esse panorama
a partir dos textos apresentados anualmente nos Encontros Nacionais das instituições.
Primeiro, traça um panorama dos textos da Compós e da SBPJor; depois a pesquisa conduz
três níveis de análise: o nível de verificação geral, o nível das palavras-chave e o nível
analítico de amostragem.
No Capítulo 3, “Um estudo da Folha de S.Paulo sob o ângulo da tecnologia e da
geração de novos modelos de negócio”, estuda-se o caso da Folha de S.Paulo, que é
27
reconhecidamente um jornal de expressão nacional, pioneiro em várias de suas inovações.
Identifica como o veículo vem cuidando dessa questão desde o advento da internet e como
procura resolver a crise do jornalismo impresso. Para tanto, efetuamos um breve resgate da
história da Folha de S.Paulo com foco nas inovações tecnológicas do jornal desde a sua
fundação, compreendendo, nesse panorama, os sete projetos editoriais do jornal; em seguida,
fazemos um check-up atual sobre a Folha, a partir de três pontos: 1) a versão impressa; 2) a
versão online; 3) a hospedagem no Facebook, Twitter, Instagram e Youtube.
A pesquisa considera o arcabouço desse levantamento documental e aplica o método
de Análise de Discurso para compreender o discurso público que a Folha estabelece sobre as
alterações do Jornalismo e sobre a receita de negócio aplicada pelo jornal a partir dessas
mudanças, tendo em conta declarações feitas por seus representantes no documentário O
jornal do futuro, de 2010, e nas edições do Encontro Folha de Jornalismo de 2016 e de 2020,
promovidas pela organização com o objetivo de discutir os desafios e o futuro do Jornalismo.
Em uma segunda etapa, consideramos o modelo de negócio atual da Folha. Por fim, a
pesquisa avança para o último momento do capítulo, centrado no processo de interpretação e
de reinterpretação de todo o arcabouço apurado, a partir do método de Hermenêutica de
Profundidade, evidenciando a reflexão sobre a notícia como um produto à venda, com o
suporte da tecnologia a partir das práticas da Folha.
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CAPÍTULO 1
O FENÔMENO DAS MUDANÇAS NO JORNALISMO E A BUSCA DE SAÍDAS
PELAS ORGANIZAÇÕES
A aproximação entre o homem e a tecnologia tem se estreitado tanto – e de maneira
tão rápida – que recentes pesquisas chegam a prever uma possível simbiose entre ambos.
Cupani (2014) defende que os artefatos tecnológicos não existem e nem funcionam
isoladamente, mas fazem parte de sistemas que, por sua vez, se intervinculam. Nós, seres
humanos, agimos e pensamos dentro de sistemas tecnológicos que nos condicionam, de forma
consciente ou não. Para o autor, viver na tecnologia não é mera metáfora, e o
condicionamento a que ele se refere tem suas consequências na inclinação de preferirmos os
recursos mais eficientes e as estratégias mais velozes. Dito de outra forma, a tecnologia faz-se
presente como um mundo humano com suas maneiras peculiares de conduta.
É muito comum, em pleno ano de 2021, verificar como as pessoas à nossa volta (ou
até nós mesmos) estão (estamos) naturalizadas(os) com a presença da tecnologia. Utilizar o
Waze para dirigir, chamar um Uber para ir a algum lugar, enviar uma mensagem para um
amigo via WhatsApp, curtir a foto de uma prima no Facebook, fazer o download de um filme
pelo Youtube, olhar as horas e conferir as mensagens no smartwatch. Essas são algumas das
ferramentas das quais o mercado dispõe para facilitar as nossas vidas, de forma que a
existência da tecnologia foi incorporada à rotina das pessoas, especialmente àquelas que
possuem o poder aquisitivo para adquirir os produtos e serviços à disposição no mercado.
Essa incorporação tecnológica se estende – para além do público consumidor – para as
organizações, das mais variadas finalidades, que acompanham as mudanças e se inserem no
entramado tecnológico que reveste o cotidiano das pessoas que, por sua vez, orientam as suas
vidas pelo círculo informacional que recebem diariamente, seja através das relações sociais,
ambiente escolar, familiar e pela mídia, que sempre se alimentou da fonte tecnológica e que
neste momento transita por significativas rupturas.
Em observância a esse ambiente tecnológico que permeia a vida de milhões de
usuários no mundo, a pesquisa concentra-se neste momento no comportamento do jornalismo
contemporâneo, que transita por uma de suas mais significativas alterações e que forçam as
organizações a repensarem os seus modos de produção, circulação e venda de notícias.
Antes de discutir as questões propostas neste capítulo, consideramos algumas
características e definições que irão amparar a reflexão que pretendemos estabelecer. Partimos
29
das características do jornalismo para a web compreendidas por Marcos Palacios (2003),
quando o jornalismo na web ainda estava em construção: multimidialidade/convergência,
interatividade, hipertextualidade, personalização, memória, instantaneidade do acesso,
possibilitando a atualização contínua do material informativo. Elas refletem as
potencialidades oferecidas pelo mundo digital ao jornalismo desenvolvido para a web.
Também na fase embrionária do jornalismo digital, Mielniczuk (2003) considerou a
inexistência de um consenso sobre a terminologia a ser usada quando nos referimos ao
jornalismo praticado na internet, para a internet ou com o apoio da internet. A autora observou
que autores norte-americanos utilizam o termo jornalismo on-line ou jornalismo digital,
enquanto os espanhóis preferem usar o jornalismo eletrônico, com aparições de
nomenclaturas de jornalismo multimídia ou ciberjornalismo. De forma geral, os autores
brasileiros seguem os norte-americanos, recorrendo com maior frequência a jornalismo on-
line ou jornalismo digital. O Quadro 1 traz algumas definições, conforme a proposta de
Mielniczuk (2003), ainda atual.
Quadro 1 – Práticas atuais de produção e disseminação de informação no jornalismo
NOMENCLATURA DEFINIÇÃO
Jornalismo eletrônico Utiliza equipamentos e recursos eletrônicos
Jornalismo digital ou jornalismo multimídia Emprega tecnologia digital, todo e qualquer
procedimento jornalístico que implica o
tratamento de dados em forma de bits
Ciberjornalismo Envolve tecnologias que utilizam o ciberespaço
Jornalismo on-line É desenvolvido utilizando tecnologias de
transmissão de dados em rede e em tempo real
Webjornalismo Diz respeito à utilização de uma parte específica
da internet, que é a web
Fonte: elaborado pela autora com base nas definições formuladas por Mielniczuk (2003).
A partir das formulações do quadro construído por Mielniczuk (2003), a pesquisa
incorpora a definição de jornalismo digital ou jornalismo multimídia.
Instaladas no ambiente digital e com papel preponderante no atual cenário do
jornalismo, as mídias ou redes sociais também merecem ser consideradas. Janaína Cristina
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Marques Capobianco (2019) recorda que os movimentos de rua de 2013,1 no Brasil, levaram
Manuel Castells à inclusão de um prefácio à edição brasileira de sua obra Redes de
indignação e esperança, de 2013, em que analisa movimentos sociais em redes em todo o
mundo na era da internet. Esses estudos apoiaram a edição de 2016 da célebre A sociedade em
rede, inicialmente publicada em 1996, que compreende as estruturas sociais emergentes nos
domínios da atividade e experiência humana. A obra de 629 páginas conclui que, como
tendência histórica, as funções e os processos dominantes na era da informação estão cada vez
mais organizados em torno de redes que desempenham, conforme Castells (2016), papel
central em sua caracterização da sociedade na era da informação.
Antes disso, Recuero (2008) já definia mídia social como a ferramenta de
comunicação que permite a emergência das redes sociais. De acordo com a autora, para
permitir que as redes sociais se manifestem, esses meios de comunicação precisam subverter a
lógica da mídia de massa para a lógica da participação. É social porque permite a apropriação
para a sociabilidade, a partir da construção do espaço social e da interação com outros atores.
É diferente porque permite essas ações de forma individual e em grande escala. As
características fundamentais de mídia social elencadas por Recuero (2008) são: apropriação
criativa, conversação, diversidade de fluxo de informações; emergência de redes sociais e
emergência de capital social mediado.
Em nosso texto introdutório, mencionamos fatores como a interação do público, as
mudanças no controle da redação, a adoção de redes digitais e a automação da notícia,
relacionando-os às recentes alterações provocadas no jornalismo a partir da incorporação de
aparatos tecnológicos. Nesta fase da pesquisa, iremos refletir sobre essas alterações, traçando,
inicialmente, um panorama das recentes mudanças do jornalismo pela ótica da tecnologia.
Também iremos compreender a nova esfera do jornalismo; identificar novos atores e suas
audiências; investigar a produção alternativa de notícias; considerar a ampliação do interesse
pelo jornalismo local e sinalizar a busca de saídas pelas empresas do setor.
Este capítulo também abarca a primeira fase do enfoque da Hermenêutica de
Profundidade em Thompson (2011), a análise sócio-histórica, que possui por objetivo
reconstruir as condições sociais e históricas de produção, circulação e recepção de formas
simbólicas. A intenção desta fase da Hermenêutica de Profundidade é a de identificar e
descrever as situações espaço-temporais específicas em que as formas simbólicas são
1 A autora defendeu em 2019, pela Universidade Metodista de São Paulo (Umesp), a pesquisa de Doutorado O
fazer jornalístico em transformação: a produção da notícia em mídias independentes digitais (CAPOBIANCO,
2019), compreendendo os processos e as rotinas produtivas jornalísticas em mídias independentes digitais.
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produzidas e recebidas. Neste sentido, esta primeira fase da Hermenêutica de Profundidade
concentra-se em construir um panorama sobre as alterações do jornalismo no ambiente
tecnológico, evidenciando o surgimento de formas alternativas de produção de notícias e a
busca de saídas que estão sendo sinalizadas pela ciência e visualizadas pelas organizações.
Essa contextualização será fundamental para solidificar a reflexão sobre os demais pontos que
pretendemos discutir e ainda irá subsidiar as etapas posteriores a esta.
1.1 Panorama das alterações do jornalismo na contemporaneidade
Antes do advento da cultura digital, a notícia era acompanhada no jornal impresso, na
revista, no rádio ou na televisão. Agora, todas essas mídias que estão instaladas no ambiente
digital podem ser acessadas a qualquer momento, de qualquer parte do mundo,
simultaneamente. Além disso, os leitores de notícias, que acompanhavam a circulação
noticiosa como espectadores, idealmente falando, agora participam ativamente da cobertura
jornalística e, como protagonistas, pautam a agenda pública.
Em uma perspectiva histórica, Costa (2009) identificou, no fim da década passada, a
ideia de uma “nova mídia”, como então se chamava. O conceito surgiu em oposição ao que se
pode chamar de “velha mídia” – que representa tudo aquilo a que a comunicação tradicional
diz respeito, tanto produtos impressos, como jornais e revistas, quanto eletrônicos, como rádio
e televisão. O conceito de nova mídia se refere aos meios que lidam com a linguagem, a
informação, o entretenimento e os serviços disponíveis mediante artefatos tecnologicamente
avançados em relação a suportes conhecidos. Ou seja, tudo aquilo capaz de transformar a
comunicação onipresente.
A expressão nova mídia, de acordo com Costa (2009) abarca, inclusive, a “velha
mídia”, uma vez que os novos modos de fazer e distribuir informação se imiscuíram nas
práticas daqueles que veiculam seus conteúdos em suportes tradicionais, trazendo para si uma
nova forma de relacionamento com a informação e com o público – interativa e participativa.
Costa (2009) já considerava a significativa mudança em curso, que afeta não apenas a
maneira como o jornalismo e o entretenimento são fabricados, mas também o modo como são
consumidos. Mudança essa que atinge também a linguagem. Ao mesmo tempo, de acordo
com o autor, os mercados econômicos acompanham a uma progressiva concentração de
empresas nessa área, fato que tende a dar nova face à indústria com a convergência entre
telecomunicações e mídia.
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O processo da revolução das tecnologias de comunicação é estudado por Francisco
Rüdiger (2011). O ator defende que, embora estruturada e moldada pelas empresas privadas e
instituições governamentais, essa revolução é um processo cujo
pano de fundo são as redes telemáticas, a linguagem é a da mídia digital, a
abrangência é global, a dinâmica é interativa e os protagonistas, virtualmente, somos todos
nós que possuímos meios digitais e, com eles, nos inserimos seja em redes sociais, seja nos
mercados articulados pelas empresas e negócios de mídia e comunicação.
A convergência da velha para a nova mídia marca o início da migração da cultura
analógica para a digital nas organizações jornalísticas, representando um dos grandes marcos
na história recente de alterações do setor, abrindo um leque antes inimaginável de
possibilidades para o jornalismo.
Henry Jenkins (2009) considera que a cultura da convergência reside onde as velhas e
as novas mídias colidem, onde mídia corporativa e mídia alternativa se cruzam, onde o poder
do produtor de mídia e o poder do consumidor interagem de maneiras inesperadas. Por
convergência, o autor refere-se ao fluxo de conteúdos através de múltiplas plataformas de
mídia, à cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos
públicos dos meios de comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca das
experiências de entretenimento que desejam.
Machado Filho, Santi, Lima e Alves (2016) apontam que os novos produtores
direcionam, editam e divulgam por meio de plataformas democráticas e autorreguláveis, como
os blogs e redes sociais, aquilo que será pauta de discussão dentro do nicho social, cultural e
político em que o indivíduo está inserido. Deste modo, a repercussão de um fato isolado pode
ter alcance mundial possibilitado pela convergência dos meios.
Refletindo sobre a convergência dentro das redações jornalísticas, Ramón Salaverría,
García e Masip (2010) consideram-na um processo multidimensional que, facilitado pela
implantação generalizada das tecnologias da telecomunicação, afeta os setores tecnológico,
empresarial, profissional e editorial dos meios de comunicação. Propicia uma integração de
aparatos, métodos de trabalho e linguagens, de maneira que, os jornalistas elaboram
conteúdos que são atribuídos através de múltiplas plataformas.
Xosé Pereira Fariña e Xosé Lopez García (2010) recordam que as iniciativas mais
ousadas de integração de redações começaram a surgir a partir de 2007, quando o inglês The
Daily Telegraph deu início a um processo de integração que seria referência para reformas
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similares em jornais concorrentes. Conforme Alexandre Lenzi (2017),2 em 2008, se
multiplicaram as iniciativas, cada uma com suas peculiaridades: Guardian Media Group,
Financial Times, The Times, The New York Times, El Mundo, O Estado de S.Paulo, Clarín, El
Tiempo de Bogotá etc., são alguns dos exemplos.
Lenzi (2017) menciona que um trabalho de Negredo e Salaverría (2009) realizou
estudos de caso com: Tampa News Center (Estados Unidos), The Daily Telegraph
(Inglaterra), The New York Times (Estados Unidos), Financial Times (Inglaterra), Guardian
Media Group (Inglaterra), O Estado de São Paulo (Brasil), Schibsted (Noruega) e Clarín
(Argentina). Com base nesses estudos, os autores reconheceram que a convergência promove
resultados como unificação dos instrumentos e tecnologias com que trabalham os periodistas,
a reorganização dos fluxos e métodos de trabalho e a exploração de novas linguagens
jornalísticas. Como consequência editorial, os jornalistas passam a trabalhar para um só meio,
mas, no entanto, distribuem informações em múltiplas plataformas e meios.
Sebastião Squirra (2015, p. 69-70) desenha os contornos da convergência nas mídias
comunicacionais:
É justo aceitar que nos dias atuais todas as formas massivas da comunicação
– concretizadas pela ampla disseminação das tecnologias – dependem
radicalmente dos processos digitais para o acesso, a codificação, a produção
e a difusão de dados e informações à sociedade. Neste contexto, é crucial
asseverar que o domínio pleno das tecnologias tornou-se essencial para todos
os comunicadores. Olhando a evolução desse setor, é seguramente
sustentável colocar que, atualmente, as múltiplas formas das convergências
tecnológicas digitais configuram-se como elementos estruturantes para todas
as ações dos jornalistas. Isto, pois o comportamento do mercado vem
demarcando que, para competir eficazmente na vida profissional (na
academia ou fora dela), o conhecimento e o pleno domínio das tecnologias
digitais são antecedentes conceituais imprescindíveis e que diferenciam
positiva ou negativamente um especialista do outro.
Capobianco (2019, p.104-105) também considera a convergência no jornalismo:
O jornalismo digital, como praticado na atualidade, é marcado pela
comunicação convergente (do ponto de vista técnico e cultural), que acentua
a mobilidade (com os telefones que ficaram móveis e, mais ainda, com os
recursos multimídia no potente dispositivo moderno chamado smartphone)
com novas possibilidades de leitura (leitores/interatores móveis) e novas
dinâmicas para o jornalista. Isso em contextos de redes (do ponto de vista da
rede mundial de computadores, das redes sociais e da produção em redes).
2 Autor da tese de Doutorado Inversão de papel: prioridade ao digital como um novo ciclo de inovação para
jornais de origem impressa (LENZI, 2017), defendida na Universidade Federal de Santa Catarina.
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Temos, assim, uma produção a partir de dispositivos móveis para ser
distribuída por dispositivos móveis para leitura em dispositivos móveis. Com
a convergência, a mobilidade se intensifica. A mobilidade, no que diz
respeito ao nosso estudo, se aplica ainda, no caso das mídias independentes,
ao fato de elas estarem em movimento no sentido de que são recentes e
dinâmicas, muitas não possuem redação fixa e funcionam em redes, e na
maioria das vezes propõem um tipo de cobertura que rompe com a
linearidade das coberturas realizadas pelas mídias tradicionais.
Edson D´Almonte (2020) defende que desde a percepção de impactos de
reestruturações dos fluxos informacionais em questões de interesse público, fica evidente a
necessidade de ampliar o debate sobre o fenômeno da comunicação contemporânea em suas
dimensões de conectividade e ampla circulação, com ênfase na pluralidade midiática e
implicações daí decorrentes. O tema central, para o autor, engloba questionamentos acerca da
dieta informacional derivada da lógica de hiperconexão contemporânea.
Estruturado pela convergência dos meios e pela conexão dos usuários no ambiente
digital, o novo ambiente do jornalismo confere a esses agentes o papel de protagonistas na
produção da notícia, outra significativa alteração na área proporcionada por aparatos
tecnológicos.
Com relação à interação do jornalismo com o público leitor, antes da utilização da
internet comercial, o diálogo do leitor com a organização jornalística e com o produtor do
texto noticioso restringia-se a instrumentos como correspondência por carta, ligação por
telefone ou aparelho de fax. Após o surgimento do mundo digital, conforme Ferrari (2012), o
texto jornalístico deixou de ser definitivo, já que um e-mail com comentários sobre
determinada matéria pode trazer novas informações ou um novo ponto de vista, tornando-se
parte da cobertura. Atualmente os comentários podem ser inseridos em uma caixa de texto na
própria página do jornal onde a notícia está inserida.
Machado Filho, Santi, Lima e Alves (2016) defendem que a interatividade, como parte
essencial da comunicação contemporânea, transformou as relações entre consumidores e
produtores. Os papéis se modificam e se reinventam o tempo todo. Nessa configuração não
existe uma separação eficiente da estrutura comunicativa, os receptores são produtores e vice-
versa; o canal é o meio e a mensagem é transmitida de um para todos-todos para um e todos
para todos.
Ainda no contexto da interatividade e da participação do público na produção da
notícia, Elias Machado (2017) reflete sobre o lançamento do programa Folhaleaks, ocorrido
em setembro de 2011, como uma decorrência das repercussões das atividades do Wikileaks
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pelas consequências que têm para a prática jornalística.3 O Folhaleaks é um canal aberto da
Folha que recebe informações e documentos inéditos que possam originar reportagens. O
leitor pode enviar a sugestão por meio do site,4 ou ainda de forma anônima, diretamente para
o endereço: Alameda Barão de Limeira, 425 – Campos Elíseos – 4º andar – 01202-900 – São
Paulo – SP, identificando no envelope: “Referência: Folhaleaks”. As mensagens passam por
uma triagem a cargo de uma equipe de jornalistas, e as sugestões mais relevantes são
distribuídas entre os repórteres da redação de São Paulo e enviadas às sucursais e aos
correspondentes.
Machado (2017) considera que o surgimento de organizações sociais inovadoras como
Wikileaks aponta para ao menos quatro tipos de transformações, de uma lista que poderia ser
ainda maior. A primeira está relacionada com a existência de mais de uma instância de
mediação. A segunda diz respeito à flexibilização dos limites legais estabelecidos pelo Estado
Democrático de Direito para a prática do jornalismo. A terceira considera a necessidade da
criação pelas organizações jornalísticas de mecanismos de apuração adaptados ao paradigma
da base de dados. A quarta transformação alerta para a urgência de uma reflexão sobre os
fundamentos deontológicos da prática jornalística, muitos deles consolidados em uma época
totalmente distinta da atual.
Nesta discussão também é possível refletir sobre o surgimento do conceito de
gatewatching, definido por Alex Primo (2011) pela participação das pessoas na filtragem do
que interessa a suas comunidades de interesse. O autor reconhece que gatewatching não acaba
com o gatekeeping que tem, como linha fundamental, o poder de não apenas decidir o que
será noticiado, como também o que não será. O que ocorre entre eles é uma convivência.
Um fator relevante proporcionado pela expansão dos aparatos tecnológicos incide
diretamente na formação do jornalista e na expansão de habilidades que até pouco tempo
limitavam-se à produção de textos noticiosos com o intuito de informar o público leitor. Lenzi
(2017) considera que, com a transformação dos formatos de apresentação de materiais
jornalísticos e dos processos de produção, é natural que ocorram mudanças também no perfil
dos profissionais das redações convergentes e que novas funções apareçam. Para o autor, é
uma mudança que vai além de um domínio técnico das novas ferramentas, que acompanha
tantas outras profissões diante dos avanços tecnológicos. No jornalismo, o papel de contar
histórias na linguagem da internet exige uma nova forma de pensar, de apurar e de trabalhar
3 É uma organização sediada na Suécia, sem fins lucrativos, com atuação transnacional, que publica em sua
página, postagens de fontes anônimas, documentos, imagens e informações confidenciais, vazadas de governos
ou empresas sobre assuntos delicados. Disponível em:https://wikileaks.org/. Acesso em: 29 dez. 2020. 4 https://folhaleaks.folha.com.br/
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em equipe. E é quando gestores e profissionais não estão atentos para estas novas demandas
que acende o alerta vermelho em relação a problemas como imprecisão e superficialidade.
Para Lenzi, experimentação e o método tentativa e erro podem até fazer parte do novo
cenário, mas é com investimento em planejamento, treinamento e equipe que aumentam as
chances de bons resultados.
Walter Teixeira Lima Júnior (2012) já registrava, no início da década passada, essas
transformações, considerando que, naquela época, em função da evolução tecnológica no campo
da mídia, o jornalista deveria se conectar com a necessidade da sociedade por informações de
relevância social, produzida e distribuída por sistemas computacionais conectados através de redes
telemáticas. Lima Júnior considerou que além do Pensamento Computacional, alguns pesquisadores e
profissionais acreditavam na necessidade de formar um jornalista com habilidades em programação,
para que pudessem encontrar e relacionar dados contidos em diversas bases digitais, revelando
informações não triviais, transformando-as em narrativas visuais.
Lima Júnior (2012) recorda que um dos pioneiros a definir o jornalista como
programador foi Adrian Holovaty, antigo editor de inovações do WashingtonPost.com. Ele
desenvolveu em 2005 um sistema que utilizou a base de dados do Departamento de Polícia de
Chicago mapeando com informações por meio da visualização proporcionada pela
geolocalização, fornecidas pelo Google Maps. O conceito que define esse tipo de profissional
é o hacking journalist e o termo, de acordo com Lima Júnior (2012), tem se consolidado
devido à compreensão sobre as novas habilidades do produtor de conteúdo informativo em
um novo ecossistema midiático.
Além da questão técnica que impõe ao jornalista a incorporação de habilidades no
mundo digital, também é possível pensar nesse cenário a partir de uma visão crítica. Em um
estudo sobre um olhar crítico da formação do jornalista, Carlos Costa (2015) menciona uma
entrevista que ele realizou, em 2013, com o sociólogo francês Dominique Wolton. Em um dos
momentos da conversa, discutiram sobre a formação e a atuação dos jornalistas nos tempos
das mídias sociais e Costa se lembrou de uma entrevista feita por ele a um professor francês,
da Universidade de Rennes. Na oportunidade, o convidado afirmara, em sua intervenção, que
qualquer cidadão com um celular na mão se considerava um jornalista. A resposta de Wolton
foi enfática sobre isso, alegando que é uma traição dos professores universitários o fascínio
doente da academia pela tecnologia. Wolton seguiu dizendo que esses docentes mais parecem
propagandistas trabalhando para o Google ou Facebook.
Interrogado por Costa (2015) sobre a formação do jornalista, Wolton citou quatro
pontos importantes a se levar em conta ao pensar na formação desse profissional: grande
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ênfase em estudos gerais, História, Política, teorias da comunicação, etc.; o pensamento
crítico; o pensamento econômico – sobre quais os novos modelos de negócio sejam possíveis
para os jornais, o rádio, a televisão e a internet; ver o mundo e refletir sobre o problema
político que se impõe para os meios de comunicação na atualidade.
Sobre os códigos deontológicos que dispõem sobre a condução do trabalho do
jornalista, cabe mencionar o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, de 2007, que talvez
pela desatualização, desconsidera as recentes mudanças da área, como a participação do
público leitor e os seus desdobramentos, a alteração do controle da redação ou o domínio
técnico do mundo digital pelo profissional de jornalismo.
Também é possível mencionar a incorporação das redes sociais pelo jornalismo.
D´Almonte (2020) considera que, embora parte significativa dos acessos às informações na
web ainda se dê por meio de conexão direta aos sites de empresas jornalísticas, observa-se um
crescimento constante de exposição a informações em sites de redes sociais.
Em pleno ano de 2021, observamos a presença de organizações jornalísticas de todo o
mundo em contas nas redes como o Twitter, Facebook e Instagram. Alguns estudos registram
essas estratégias das organizações: Seixas (2011) reflete sobre os gêneros jornalísticos no
Twitter; Zago (2012) faz uma abordagem sobre filtro e comentário de notícias por
interagentes no Twitter; Mabel O. Teixeira (2012) compreendeu o tweet noticioso como
gênero discursivo; uma proposta de categorização da circulação de notícias a partir das
postagens no Twitter e no Facebook é a proposta de Sousa (2013); papéis de ativistas,
celebridades e imprensa no Twitter foram considerados por Zago, Recuero e Bastos (2014).
Também é possível mencionar narrativas no Twitter (ZAGO, 2014); a dinâmica da
notícia no Twitter (SOUSA, 2014); a mudança do algoritmo do Facebook e o silenciamento
do jornalismo na rede (KONDLATSCH, 2016); a apropriação do Snapchat para a circulação
de conteúdo jornalístico (KANNENBERG; SOUSA, 2016); como jornais regionais brasileiros
utilizam o Facebook como ferramenta para distribuição de conteúdo jornalístico
(MASSUCHIN; SOUSA, 2018); quando o Twitter pauta o jornal (REBOUÇAS, 2019); e a
interação mediada no Twitter (VIANA; HOMSSI, 2019).
Machado (2017) sinaliza que as organizações jornalísticas estão tendo suas práticas
reconfiguradas e, novas formas sociais como as especializadas em infiltrações e na checagem
de informações estão emergindo nesta fase. Sobre as formas inovadoras nas práticas
jornalísticas, Machado (2017) considera novos tipos de organizações ou de iniciativas que
emergem em uma sociedade mais complexa, estruturada pelos oligopólios das tecnologias da
informação e da comunicação, que se orienta pela cultura hacker e que não se confunde e não
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substitui a atividade jornalística, mas a complementa e a obriga a significativas mudanças
concernentes a técnicas de apuração, aos processos de produção e circulação de informações.
Nessa linha, o autor menciona o wikileaks, que ampara-se na cultura hacker para atuar no
limiar da legalidade para divulgar informações sigilosas e também utiliza uma ressalva
deontológica do jornalismo convencional, que opera dentro dos parâmetros do Estado
Democrático de Direito para justificar o segredo das fontes.
Daniel Damasceno e Edgard Patrício (2020) sinalizam que veículos jornalísticos
dedicados à checagem da veracidade de informações e de declarações públicas, prática
conhecida como fact-checking, têm se difundido no ambiente midiático global. Ao contrário
do processo de apuração convencional, que impõe a checagem de informações antes da
publicitação destas, a prática de fact-checking dedica-se à checagem post-hoc, isto é, a
verificação ocorre após a publicação de declarações e de supostos fatos. Os autores recordam
que a prática do fact-checking foi elevada à condição de ferramenta essencial de verificação
de discursos públicos após as discussões causadas pelo uso de fake news no pleito
presidencial de 2016 nos Estados Unidos. Damasceno e Patrício (2020, p. 3) também
sinalizam que a utilização do fact-checking como um meio para combater a proliferação de
conteúdo enganoso e falso também floresceu no ambiente midiático brasileiro:
Em junho de 2018, foi lançado o Projeto Comprova, reunindo jornalistas de
24 redações de diferentes veículos de comunicação com o objetivo de
monitorar e checar informações durante o período de campanha eleitoral.
Além disso, quatro iniciativas brasileiras de fact-checking são signatárias da
IFCN: Aos Fatos, Agência Lupa, O Truco e Estadão Verifica. Destas, Aos
Fatos e Lupa participam do projeto de verificação em parceria com o
Facebook.
Carla Fernandes, Luiz Ademir de Oliveira e Vinícius Borges Gomes (2019), no estudo
sobre as fake news e a reconfiguração do campo comunicacional e político na era da pós-
verdade, consideram que as eleições presidenciais de 2018 no Brasil foram marcadas por
rupturas históricas desde a volta da escolha direta para o cargo, em 1989. A começar pelo fato
de que, pela primeira vez, a internet assumiu papel de incontestável relevância, ao ser alvo de
estratégias, principalmente, por parte do presidente eleito. A conjuntura fez emergir as fake
news, entendidas como uma ambiência contemporânea de caráter inédito, mais pelo modo
como se dão do que por ser uma novidade. As fake news, por sua vez, vem desafiando o
jornalismo tradicional diante do expressivo número que circula pelo ambiente virtual com
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potencial de convencer os leitores de que os conteúdos das matérias refletem a mais cristalina
verdade.
Nesse cenário, de acordo com Fernandes, Oliveira e Gomes (2019), as agências de
Fact-Checking se destacam e passam a atuar como instrumentos no combate às notícias
falsas. No universo da checagem de fatos no Brasil se destaca a agência Lupa, que iniciou
suas atividades em 2015, com aporte da Editora Alvinegra, e está associada ao grupo do
documentarista João Moreira Salles, que também publica a revista piauí.
Jéssica de Almeida Santos e Egle Müller Spinelli (2017) consideram que, diante da
disseminação de notícias falsas e do comportamento do público em relação ao que se produz,
a tendência é de que os grandes veículos de comunicação, com suas redações cada vez mais
enxutas, tenham que usar cada vez mais a mão-de-obra de agências de checagem para auxiliar
nesse processo. No Brasil, as agências certificadas são Lupa, Truco e Aos Fatos.
O que faz do fact-checking uma prática relevante ao jornalismo na era da
pós-verdade é a preocupação com a transparência. Os métodos de checagem
não mudam muito entre as agências, mas todas explicam como chegaram à
conclusão sobre a veracidade das informações publicadas, destacando as
fontes originais de informação com links e referências (SANTOS;
SPINELLI, 2017, p. 10).
Marli dos Santos (2019) sinaliza que, recentemente, por conta das inúmeras aparições
de fake news, os próprios veículos jornalísticos desenvolveram mecanismos de fact-checking.
Machado (2017) salienta que o aparecimento de novas estruturas como os departamentos
especializados em infiltrações dentro dos jornais representa um sintoma do processo de
diferenciação social no ecossistema comunicacional decorrente da reestruturação do sistema
capitalista mundial.
Outra significativa mudança do jornalismo na atualidade, e que reflete na busca, pelas
empresas jornalísticas, de saídas para a nova realidade imposta pelo congraçamento de
aparatos tecnológicos, refere-se à automação da notícia, ou seja, a implementação da
utilização de inteligência artificial na produção do texto informativo.
Para se ter ideia da profundidade da incorporação da automação da notícia para o
jornalismo, recorremos ao arcabouço de Klaus Schwab (2018) em A quarta revolução
industrial, que discute o contexto dessas mudanças causadas pelas tecnologias. O autor
defende que a assombrosa profusão de novidades tecnológicas que abrangem áreas como a
inteligência artificial (IA), a robótica, a internet das coisas (IoT), veículos autônomos,
impressão em 3D, nanotecnologia, biotecnologia, ciência dos materiais, armazenamento de
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energia e computação quântica estão apenas no início, mas já estão chegando a um ponto de
inflexão de seu desenvolvimento, pois elas amplificam e constroem umas às outras, fundindo
as tecnologias do mundo físico, digital e biológico.
Precedida pela chegada das ferrovias e da invenção da máquina a vapor, do
surgimento da eletricidade e pela linha de montagem, pela revolução digital impulsionada
pelo desenvolvimento dos semicondutores, da computação em mainframe, da computação
pessoal e da internet, a quarta revolução industrial postulada por Schwab (2018) condiz com o
tema desta pesquisa. Ela teve início na virada do século e baseia-se na revolução digital,
caracterizada por uma internet mais ubíqua e móvel, por sensores menores e mais poderosos
que se tornaram mais baratos, pela inteligência artificial – nosso interesse aqui – e pela
aprendizagem automática (ou aprendizagem de máquina).
A quarta revolução industrial, no entanto, não diz respeito apenas a sistemas
e máquinas inteligentes e conectadas. Seu escopo é muito mais amplo.
Ondas de novas descobertas ocorrem simultaneamente em áreas que vão
desde o sequenciamento genético até a nanotecnologia, das energias
renováveis, à computação quântica. O que torna a quarta revolução industrial
fundamentalmente diferente das anteriores é a fusão dessas tecnologias e a
interação entre os domínios físicos, digitais e biológicos (SCHWAB, 2018,
p. 16).
De acordo com Rose Marie Muraro (1968), a automação tem um princípio de
funcionamento radicalmente diferente das outras técnicas baseadas na eletricidade, pois os
computadores eletrônicos funcionam de maneira análoga à dos neurônios do cérebro humano.
Suas aplicações vão desde a simulação de todos os estágios da Guerra Fria até a distribuição
de energia elétrica, o controle da temperatura dos pacientes de um hospital, ou da linha de
fabricação de carros.
Em um panorama das notícias automatizadas no mundo, Carreira (2017) sinaliza que
no começo do século atual os algoritmos passaram a fazer algo julgado impossível até então:
apurar, redigir e distribuir notícias automaticamente. Abandonando uma visão determinista,
que considera que a simples existência de uma tecnologia fará com que ela seja adotada em
todos os lugares, como se fosse uma força externa e independente, Carreira (2017) defende
que muitos fatores econômicos e sociais condicionam sua implantação. Porém, compreende
que a inteligência artificial cruzou o caminho de várias profissões e já provoca mudanças em
redações na América do Norte, Europa e Ásia.
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A inteligência artificial, utilizada como recurso do jornalismo, é baseada em campos
diversos do saber, como Filosofia, positivismo lógico do Círculo de Viena, Matemática,
Neurofisiologia, Psicologia, Linguística, Biologia e Cibernética.
Carreira (2017) explica quais são os passos da produção do texto jornalístico com a
automação: os algoritmos de GLN partem de uma base de dados estruturados (planilha,
pública, privada etc.), avaliam os dados com base no que foi programado, identificam o que é
notícia, estruturam o texto, escrevem a matéria (escolhem ou descartam palavras, usam
sinônimos para evitar repetições) e finalizam o documento que ainda pode exibir infográficos,
mapas e tabelas produzidas também automaticamente.
Carreira (2017) também evidencia que o software apura e redige mais rapidamente do
que qualquer jornalista, sugerindo que ele pode ser uma opção interessante em coberturas que
demandam mais velocidade e atualização constante, como os resultados eleitorais. Os
algoritmos também podem gerar, ao mesmo tempo, como já apontado, textos com estilos e
línguas diferentes. A autora sinaliza que o software se sobressai também na identificação de
tendências e padrões contidos nos dados, o que pode levá-lo, inclusive, a fazer certas
previsões. Porém, ao mesmo tempo em que oferece vantagens em relação à produção humana,
o software também possui seus limites, como na produção de nuances de linguagem humana,
a exemplo do humor, sarcasmo e metáforas.
Iniciativa sem precedentes no país, o portal de notícias G1 publicou, no primeiro turno
das eleições, em novembro de 2020,5 um texto para cada um dos 5.568 municípios brasileiros
com o resultado do pleito, graças a um modelo de automação que se utiliza de inteligência
artificial criado em conjunto com a área de tecnologia da Globo. O modelo, que conta com
processamento de linguagem natural, permitiu o registro, em formato de reportagem, dos
prefeitos eleitos ou as disputas que iriam ao 2º turno em todos os municípios brasileiros. O G1
anunciou que todos os textos foram revisados por um jornalista antes de serem publicados e
sintetizou como a organização se preparou para o início da produção do texto noticioso com a
intervenção de inteligência artificial:
[...] houve uma colaboração de profissionais de diversas áreas da Globo. Um
projeto foi trabalhado por meses para que os textos tenham as informações
corretas e estejam totalmente precisos. Primeiro, o G1 criou a base de um
5 Em iniciativa inédita, G1 publica textos com resultado da eleição em cada uma das cidades do Brasil com
auxílio de inteligência artificial. G1, 2020. Disponível em:
https://g1.globo.com/politica/eleicoes/2020/noticia/2020/11/12/em-iniciativa-inedita-g1-publica-textos-com-
resultado-da-eleicao-em-cada-uma-das-5568-cidades-do-brasil-com-auxilio-de-inteligencia-artificial.ghtml.
Acesso em: 16 dez. 2020.
42
texto com as informações mais relevantes a serem levantadas após a
apuração. Uma equipe ficou responsável por captar os dados do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) e outra, formada por engenheiros e cientistas de
dados do COE Analytics, com o apoio do MediaTech Lab (da área de
Tecnologia), desenvolveu um sistema e com o auxílio de inteligência
artificial moldou essa base para que os dados fossem aproveitados da
maneira correta. Com uma metodologia inovadora de processamento de
linguagem natural e técnicas de programação, foram feitas as correções e
adequações sintáticas necessárias para chegar a um texto coeso e coerente.
A iniciativa do G1 de incorporar a automação de notícia no Brasil incide diretamente
em uma das hipóteses desta pesquisa, que compreende que as grandes organizações
jornalísticas brasileiras, que incorporaram o modelo norte-americano de produção de notícia,
deverão seguir as tendências do setor, como a automação da produção de notícia. Estudos de
2020 reforçam esse quadro. Ivan Paganotti (2020), em pesquisa sobre a refutação
automatizada de notícias falsas na pandemia, considera a conta criada em 2017 pela agência
de checagem Aos Fatos. Apelidado de Fátima, o robô varre a rede social do Twitter,
identificando postagens com links que já haviam sido refutadas pela agência. Ao localizar
disseminadores de informações incorretas, Fátima apresenta-se como robô, aponta o erro do
usuário e indica as páginas do Aos Fatos com as justificativas e as explicações das checagens.
Na mesma linha, na investigação sobre os robôs de startups de agência de checagem,
Laura Rayssa de Andrade Cabral (2020) também considerou o funcionamento da robô
conversacional de inteligência artificial usada pela agência Aos Fatos e mencionou que ela
ajuda o usuário, a partir do WhatsApp, na busca por checagens relacionadas ao tema de
interesse. Já Silvia DalBen (2020) identifica, além da robô Fátima, outros dois casos no
jornalismo brasileiro: a robô Rosie, lançada em 2017 pela Operação Serenata de Amor (que
tem como foco fiscalizar os reembolsos efetuados aos deputados federais a partir de uma ideia
do cientista de dados Irio Muskopf, em um projeto desenvolvido em crowdsourcing com um
time formado por oito pessoas e mais de 600 voluntários) e o robô Rui Barbot, lançado em
2018 pelo portal de notícias especializado na cobertura do Poder Judiciário, Jota. Ela
identificou que a robô Rosie e o robô Rui Barbot utilizam algoritmos de inteligência artificial
para o processamento de grandes volumes de dados públicos e produzir alertas para possíveis
pautas a serem trabalhadas pelos repórteres.
Os recentes estudos que identificam três casos de robôs no jornalismo brasileiro,
somados à iniciativa do G1 de produção de notícia automatizada, sinalizam que a automação
da notícia no Brasil é fato consumado, na linha da hipótese de que as grandes organizações
devem continuar seguindo as tendências norte-americanas do setor.
43
Esse breve panorama sobre as recentes alterações do jornalismo indica que o
jornalismo contemporâneo, que incorpora de maneira cada vez mais sólida o ambiente digital,
segue as premissas postuladas por Palacios (2003), como convergência, interatividade,
hipertextualidade, personalização e instantaneidade do acesso. Inserem-se a essa lista outros
elementos fundamentais do jornalismo digital (MIELNICZUK, 2003) da atualidade: a
participação direta do público; adoção de novas técnicas pelos profissionais; investigação e
checagem de fatos e texto noticioso produzido por Inteligência Artificial.
Esse panorama se articula diretamente com um dos objetivos deste estudo, que é o de
refletir sobre as recentes alterações do jornalismo pelo prisma da tecnologia. Identificamos
que o cenário é amplo e envolve uma densa gama de fatores, atores e ações. Parte dessa
amplitude será considerada a seguir, na identificação de projetos, iniciativas, e perspectivas do
jornalismo contemporâneo.
1.2 Nova esfera pública: novos atores, novas experiências e a força do jornalismo local
O panorama até aqui desenhado compreende o cenário vivenciado pelo jornalismo na
atualidade. A partir desse arcabouço, a pesquisa identifica o jornalismo contemporâneo pelo
viés de uma nova esfera pública, permeando uma estrutura complexa e que tem desafiado os
jornalistas e as organizações no ambiente digital.
Essa nova esfera, de natureza holística, é tecida por diversos fatores, como a
ampliação do interesse pelo jornalismo local; iniciativas jornalísticas de atores do ramo da
comunicação que vem conquistando considerável audiência; e empreendimentos inéditos,
como a produção alternativa de notícias. Esse escopo, que integra um dos objetivos da
pesquisa, que é o de refletir sobre as recentes alterações do jornalismo pela ótica da
tecnologia, será considerado a seguir.
1.2.1 Nova esfera do jornalismo
Um dos maiores representantes alemães da escola de Frankfurt, ainda vivo, Jürgen
Habermas, é considerado por cientistas de todo o mundo como uma voz poderosa que
enfrenta bem a questão da nova esfera comunicacional do ponto de vista conceitual. Na obra
vocacionada a compreender a dinâmica das sociedades democráticas modernas, Habermas
(2014) dedica-se a aprofundar a sua história, condições sociais, as funções políticas e os
processos internos de funcionamento a partir da esfera pública. Uma de suas questões centrais
44
é entender em que condições se formaram, nas sociedades modernas, arenas ou espaços
públicos de discussão crítica e racional sobre questões comuns, conduzidos por pessoas
privadas.
O foco é a vida pública e política dos séculos XVII e XVIII até meados do século XX
na Inglaterra, França e Alemanha, ambientada nas novas relações entre economia, sociedade e
Estado. O caminhar de Habermas (2014) consiste na reconstrução histórica de diferentes tipos
de esfera pública, começando com a distinção entre o público e o privado na Grécia clássica;
considera essa distinção na Idade Média e a emergência de uma esfera pública representativa
nas cortes e nos palácios, para chegar nas configurações e mediações entre privado e público
de uma esfera pública burguesa liberal da sociedade moderna, e suas transformações
posteriores nas democracias de massa do assim chamado Estado de bem-estar social.
Habermas (2014) ainda compreende uma relação entre os meios de comunicação e o princípio
de publicidade para a configuração da esfera pública e considera o surgimento de uma esfera
pública burguesa formada por indivíduos que se reuniam para debater assuntos de interesse
geral, em uma instância de controle e legitimação do poder exercido pelo Estado.
Habermas (2014) entende que as conversações e as discussões nos espaços públicos de
uma sociabilidade que é privada, mas não dominada pela economia, e que é pública, mas não
segue a lógica da administração pública, apresentam uma série de características
fundamentais para se entender o potencial emancipatório da esfera pública burguesa. A esfera
pública considerada pelo autor, na qual as democracias de massa do Estado se rendiam às
técnicas dos meios de comunicação, usadas para atribuir uma aura de prestígio às autoridades
públicas, acabava transformando a política em um espetáculo dirigido.
Luís Mauro Sá Martino (2009), em sua obra Teoria da Comunicação. Ideias,
conceitos e métodos, considera que a partir da obra Mudança estrutural da esfera pública,
Habermas tece um estudo sobre a formação e o declínio da esfera pública burguesa,
visualizando na imprensa um de seus pontos mais importantes. Martino observa que a
expressão esfera pública está diretamente ligada ao espaço público e à opinião pública. No
século 18, com a ascensão da burguesia como classe econômica dominante, surge um novo
espaço de discussão. Esta explicação arruma o palco para o surgimento dos meios de
comunicação como principais atores políticos no enredo. Martino considera, a partir do
pensamento de Habermas, que os meios de comunicação asseguram a vida social de uma
ideia. Neste sentido, uma vez lançado ao debate público, um pensamento poderia ser apoiado
ou contrariado, mas não ignorado. A esfera pública permitiu, então, a construção de um tipo
particular de consenso, a opinião pública, instrumento de pressão forte, para colocar em xeque
45
os poderes estabelecidos. No início do século 19, conforme Martino, o jornal como meio
político começou a ver o seu fim, quando deixou progressivamente de ser instrumento político
para se articular como empresa de comunicação. Submetidas a um modelo industrial de
produção, o aspecto político-estratégico das empresas de comunicação passou a ser parte do
interesse econômico. A nova esfera pública deixava se ser um espaço autônomo, sendo
colonizada pelas regras do mercado que regem os meios de comunicação. Esse modelo
vigorou até o advento da internet, que permitiu um modelo mais participativo,
comprometendo a vigência do modelo um para todos.
Costa (2006) recorda que ao receber o “Prêmio Bruno Kreisky”, Habermas dedicou
seu discurso não somente ao caos da esfera pública, como entrou na discussão da questão das
novas tecnologias. Lançou, na oportunidade, uma questão certeira: será que na nossa
sociedade midiática não ocorre uma nova mudança estrutural da esfera pública? Este estudo
compreende que sim.
Ao refletir sobre a esfera global de notícias, Primo (2011) recorda que dois avanços –
um tecnológico e outro estrutural – foram fundamentais na definição da indústria jornalística,
o telégrafo e as agências de notícias. Hoje, com a digitalização dos processos de comunicação,
o cenário é bastante diferente, conforme postula o autor (PRIMO, 2011, p. 131-132):
Diferentemente dos centros monopolistas de transmissão que controlavam a
circulação de informações, as redes digitais da contemporaneidade passam a
ser caracterizadas por um fluxo não linear, que altera significativamente a
forma do que se chama de esfera global de notícias.
Na esteira da compreensão de que a sociedade midiática sofre uma nova mudança
estrutural da esfera pública, André Lemos (2009) considera como a esfera pública pode ser
vislumbrada com as redes sociais e o jornalismo na era da web 2.0 e identifica a esfera
conversacional que estaria emergindo com as mídias de função pós-massiva, com as redes
sociais e com os novos formatos do jornalismo cidadão e hiperlocal:
A partir das últimas décadas do século XX surge, com as redes telemáticas
mundiais e com a popularização dos microcomputadores (a sociedade de
informação), um novo formato de consumo, produção e circulação de
informação que tem como característica principal a liberação do pólo da
emissão, a conexão planetária (participação e colaboração) de conteúdos e
pessoas e, consequentemente, a reconfiguração da paisagem comunicacional
(Lemos, 2003). Esta reconfiguração se dá pela instituição de um novo
46
sistema (aberto, “todos-todos”, independente), que chamarei de “pós-
massivo”, em tensão com o sistema clássico caracterizado pelo fluxo “um-
todos” da informação para as massas. Temos agora, neste começo de século
XXI, um sistema infocomunicacional mais complexo, onde convivem
formatos massivos e pós-massivos. Emerge aqui uma nova esfera
conversacional em primeiro grau, diferente do sistema conversacional de
segundo grau característico mass media. Neste, a conversação se dá após o
consumo em um rarefeito espaço público. Naquele, a conversação se dá no
seio mesmo da produção e das trocas informativas, entre atores individuais
ou coletivos. Esta é a nova esfera conversacional pós-massiva (Lemos, 2009,
p. 10).
No mesmo tom, Giovani Vieira Miranda e Antonio Francisco Magnoni (2018, p. 6)
consideram o processo emergente de reconfiguração da esfera pública, associada à criação de
outras mídias:
O debate público foi ampliado com as possibilidades de comunicação vindas
com a ascensão da internet. Passaram a existir outras formas efetivas de
divulgação dos conteúdos críticos e reflexivos que são de interesse público,
com a possibilidade de se fazer uma análise da própria mídia e de publicizar
uma visão considerada alternativa.
Machado (2017) defende que o processo de diferenciação social no ecossistema
comunicacional é liderado pelos oligopólios mundiais das tecnologias da comunicação e da
informação, como Google, Facebook, Twitter, WhatsApp, Instagram, que na prática estão
assumindo a função de estruturação da esfera pública em escala mundial, que desde o século
XVIII era exercida pela imprensa.
Assistimos ao surgimento de uma nova esfera pública, pautada pelas redes sociais,
ambientada no cenário digital e conduzida por todos nós que nos inserimos nesse ambiente.
Essa configuração permeia o complexo contexto que deve ser observado pelas organizações
jornalísticas que pretendem continuar com a produção e venda de notícias na atualidade. A
seguir, a pesquisa considera, como um dos contornos das alterações do jornalismo na
atualidade, o surgimento de novos atores midiáticos.
1.2.2 Novos atores e suas audiências
Dentro do complexo cenário online, emergem novos atores, com consideráveis
audiências. São artistas, músicos, culinaristas, profissionais de educação física e nutrição.
Enfim, representantes dos mais diferentes segmentos e atividades que possam existir. Eles
usam, astutamente, as mídias digitais para vender o seu peixe e transformam-se em
47
influenciadores. O ramo do jornalismo não ficou de fora dessa tendência e concentra vários
desses atores. São profissionais do rádio, da televisão, do impresso ou de revistas que se
apropriaram do ambiente online. Primo (2011, p. 131) considera como essa perspectiva se
deu:
A produção e circulação de notícias dependia de caros meios de produção,
de sistemas de logística e da divisão do trabalho de grandes equipes. Hoje,
com o barateamento e simplificação das formas de publicação na Internet, a
informação se desgarra do imperativo industrial. É através da
potencialização da comunicação, dos afetos, do trabalho voluntário, dos
movimentos de colaboração e das interações em redes que o jornalismo vai
se transformando no contexto da cibercultura.
No setor do jornalismo, encontramos profissionais que concentram parte de suas
atividades nas mídias digitais. Alguns deles reúnem, sozinhos, número equivalente ou
superior de usuários em relação a um jornal inteiro. Uma breve observação no Instagram, por
exemplo, revela essa realidade.
O G1 possui 5,4 milhões de seguidores; a Folha de S.Paulo, 2,4 milhões; o CNN
Brasil possui 2,3 milhões de seguidores; O Globo, 2,1 milhões; o Estadão, 1,7 milhão; Nexo
Jornal, 257 mil; Le Monde Diplomatique Brasil, 105 mil; o Jornal do Brasil, 15,7 mil. Ana
Holanda, ex-editora da revista Vida Simples e que agora dedica-se a consultorias de escrita,
possui 28,3 mil seguidores, número superior ao do Jornal do Brasil. O colunista da Folha
Reinaldo Azevedo reúne 249 mil seguidores, quase um quinto do jornal; o apresentador de
televisão José Luiz Datena conta com 695 mil seguidores, mais do que um terço do Estadão.
Esse quadro reforça o modelo de comunicação todos-para-todos e demonstra como as
redes descentralizam o poder da comunicação, conferindo semelhantes possibilidades a
qualquer usuário ou organização que nelas se hospedam.
1.2.3 Iniciativas no jornalismo nativo digital
Além de compreender o surgimento de iniciativas individuais de agentes ligados ao
jornalismo na web, a pesquisa também considera as mídias independentes digitais, outro
nicho emergente no mercado do jornalismo contemporâneo, e que vem forçando as
organizações jornalísticas da atualidade a repensarem os seus modelos de negócio,
especialmente aqueles que ainda não estão amparados no ambiente digital.
48
Capobianco (2019) discute as atuais dinâmicas de produção de conteúdo em sua tese e
sinaliza que a compreensão de mídia independente é bastante ampla e, por vezes, imprecisa.
Com base em um conjunto de informações sobre essas mídias, a autora, por meio de
categorias que criou, tenta fazer uma síntese dos aspectos que as diferenciam, auxiliando na
compreensão de suas identidades, a saber: a) posição engajada; b) cobertura temática; c)
jornalismo de profundidade; d) uso de voz autoral. Ela considera, ainda, que as mídias são
diversas com relação ao posicionamento editorial, nos processos produtivos e nas suas
narrativas e formatos jornalísticos.
Incorporando a distinção feita por Capobianco em seu conjunto de categorias e a partir
de um levantamento realizado pela Agência Pública,6 a pesquisa elegeu cinco mídias para esta
discussão. A partir de critérios como expressividade, representatividade e militância, optamos
por considerar as seguintes mídias: Mídia Ninja, Nexo Jornal, Repórter Brasil, R.I.A, Revista
Afirmativa. O Quadro 2 sintetiza as características comuns a essas iniciativas.
Quadro 2 – Características comuns às cinco mídias digitais
MÍDIA NINJA, NEXO JORNAL, REPÓRTER BRASIL, RIA, REVISTA AFIRMATIVA
a) posicionam-se como jornalísticas;
b) definem-se pela perspectiva de distribuir um jornalismo de diferenciação ou de
representatividade em relação ao modelo de jornalismo praticado em grandes organizações;
c) constam no Mapa do Jornalismo Independente da Agência Pública;
d) declaram-se independentes;
e) possuem distribuição exclusiva ou quase exclusivamente pela internet;
f) têm formas alternativas ou colaborativas para seu financiamento;
g) adotam formas de gestão da organização que se assemelham a startups.
Fonte: elaborado pela autora.
O Mapa do Jornalismo independente foi realizado pela Agência Pública entre
novembro de 2015 e fevereiro de 2016.7 A apuração traça um mapeamento das mídias
independentes no Brasil a partir de um levantamento realizado pela agência e por indicações
6 Organização de jornalismo investigativo, sem fins lucrativos. Disponível em:
https://apublica.org/?gclid=EAIaIQobChMI_rnTyb_z7QIVgRGRCh0qlAhTEAAYASAAEgKpDfD_BwE.
Acesso em: 17 dez. 2020. 7 Disponível em: https://apublica.org/mapa-do-jornalismo/. Acesso em: 17 dez. 2020.
49
de leitores, considerando certos critérios. Foram selecionadas aquelas iniciativas que
nasceram na rede, fruto de projetos coletivos e não ligados a grandes grupos de mídia,
políticos, organizações ou empresas. Blogs ficaram de fora do levantamento porque,
geralmente, são iniciativas individuais, com tom pessoal, não necessariamente jornalístico.
A Agência Pública mapeou, então, 79 iniciativas em 12 estados e no Distrito Federal.
O estado de São Paulo, de acordo com os dados da Pública do início de 2016, concentra 36
veículos independentes, quase a metade dos que aparecem no Mapa. Foram localizadas sete
organizações descentralizadas e, por terem sido criadas na rede, não têm um só local de
fundação, como é o caso da Revista AzMina, que reúne pessoas de São Paulo, Rio de Janeiro,
Minas Gerais, Estados Unidos e Portugal.
O Mapa do Jornalismo considerou apenas organizações em atividade. Entre as
iniciativas listadas, a mais antiga é o site Scream and Yell, especializado em jornalismo
musical e fundado em 1996. Entre 1996 e 2006, de acordo com o levantamento, o surgimento
de veículos de jornalismo independente no Brasil transitou por períodos instáveis, com alguns
anos sem registro de criação de organizações. A partir de 2006 é possível observar o
surgimento de ao menos um veículo por ano. De 2013 para 2014, conforme a investigação, a
fundação de novas organizações saltou de cinco para 18.
No relatório de pesquisa sobre As relações de comunicação e as condições de
produção no trabalho de jornalistas em arranjos econômicos alternativos às corporações de
mídia, Roseli Figaro (2018) atualizou a investigação do Mapa do Jornalismo e construiu, em
um trabalho de catalogação, o levantamento com 170 mídias independentes no Brasil e 10
mundiais. Em território nacional, elas estão assim distribuídas: 27 na região Sul, 95 na região
Sudeste, 3 na região Norte, 16 na região Nordeste, 5 no Centro Oeste e 24 não identificadas.
Na Grande São Paulo foram catalogadas 70.
Figaro (2018) criou categorias para identificar as características de cada um dos 70
arranjos que ela localizou na região Metropolitana de São Paulo a partir de autodeclaração. O
estudo observa que pequenas empresas e outras formas criativas de organização organizam-
se, formam coletivos e associações como alternativa profissional e cidadã que os grandes
conglomerados de mídia não podem oferecer. Também aponta a necessidade de inserção de
políticas públicas que garantam a existência de arranjos locais do trabalho do jornalista como
forma de proporcionar à população o direito à informação garantido pela Constituição
Federal.
Figaro (2018) também identificou que, como o dinheiro que entra no arranjo não é
regular e nem serve para pagar os jornalistas, estes costumam trabalhar muito próximo do
50
conceito de voluntariado. Mas, apesar das dificuldades, o engajamento pelo jornalismo é a
tônica dos discursos. Ela observou que o trabalho jornalístico com o smartphone permite a
produção de notícia em qualquer lugar. Assim, os processos de trabalho ganham dimensão
colaborativa de maneira difusa, sem o controle presencial de quem trabalha. As relações de
trabalho, por sua vez, estão mediadas por dispositivos comunicacionais. Ainda discutiu os
conceitos de alternativo, independente, comunitário e coletivo e considerou independência
financeira como fundamental nesses novos arranjos independentes.
Como conclusão de seu estudo, Figaro (2018) considerou que o território periférico é o
lugar de fala de quem reivindica a valorização do comunitário. A autora compreendeu como
os jornalistas organizados em arranjos econômicos alternativos às corporações de mídia
sustentam sua autonomia no trabalho; identificou como os jornalistas organizados em arranjos
econômicos alternativos às corporações de mídia mobilizam os dispositivos comunicacionais
a seu dispor para instituir novas prescrições para o trabalho jornalístico e observou que as
prescrições formuladas nesses arranjos econômicos alternativos instituem relações de
comunicação mais democráticas e compartilhadas no processo de trabalho.
Capobianco (2019) também se amparou no estudo realizado pela Agência Pública e
extraiu, dali, algumas iniciativas analisadas em O fazer jornalístico em transformação: a
produção da notícia em mídias independentes digitais. A autora se propôs a fazer uma viagem
ao universo das mídias independentes. A multiplicidade de perspectivas e de compreensões
acerca do que caracteriza essas mídias como independentes, e a própria noção de
independência, chamou a atenção de Capobianco, evocando complexidade.
Capobianco (2019), como uma das conclusões de sua pesquisa, considera que essa
efervescência de iniciativas de novas mídias deve ser olhada sob aspectos políticos, sociais e
econômicos, na busca por novas oportunidades de trabalho, de novos modelos de negócio,
mas também do desejo de escolha de jornalistas por ambientes e dinâmicas de trabalho
alinhados com suas identidades. Ela observou que essas novas mídias estão bastante
organizadas e sistematizadas; identificou jornalistas que se voltam à compreensão dos
conteúdos em profundidade; apontou também para novas referências que aparecem no
horizonte de atuação dessas mídias, como a defesa dos direitos humanos, da democracia, a
previsibilidade das instituições públicas e o combate ao trabalho escravo.
Um aspecto relevante do estudo sobre as mídias alternativas é a compreensão sobre
como elas se sustentam. A partir de informações fornecidas por essas organizações, a Agência
Pública também apurou esse dado. De acordo com o levantamento, entre as 79 mídias
mapeadas, 32 têm caráter comercial e 47 são sem fins lucrativos. Dos 57 veículos que
51
possuem alguma forma de financiamento, 35 mencionaram fontes de renda variadas e 22,
somente uma. As 22 outras organizações ainda não contam com financiamento.
Conforme o Mapa do Jornalismo, a fonte de renda mais mencionada pelas
organizações com fins lucrativos foi a utilização de publicidade (13). Já entre as iniciativas
sem fins lucrativos, sete veículos mencionaram o uso de publicidade, enquanto o modelo de
financiamento mais citado por esse segmento é a doação de pessoas jurídicas (15). Dos 47
veículos sem caráter comercial, 18 apontaram que não contam com fontes de financiamento.
Entre os veículos com caráter comercial, o número cai para sete. As fontes de sustento
empregadas por essas iniciativas incidem diretamente sobre o modelo de negócio dessas
organizações. Esse tema será contemplado ainda neste capítulo, na sinalização de saídas para
as empresas jornalísticas nesse ambiente de mudanças.
A Agência Pública também apurou quais os canais e ferramentas utilizados pelas
mídias alternativas. A maioria dos veículos de jornalismo independente utiliza sites próprios
(59) para publicar seu conteúdo, enquanto 13 divulgam a produção diretamente no Facebook.
Os demais publicam em blogs, no Medium e em outras redes sociais, como Twitter e
YouTube. Já o Farol Jornalismo, de Porto Alegre, distribui sua produção através
de newsletters semanais.
Mídia Ninja
No que diz respeito à análise das cinco mídias selecionadas para este estudo,
começando pela Mídia Ninja,8 esta se intitula como uma rede de comunicação livre, que
busca novas formas de produção e distribuição de informação a partir da tecnologia e de uma
lógica colaborativa de trabalho. Foi fundada em 2013, com a cobertura do Fórum Mundial de
Mídia Livre, na Tunísia. É mantida por colaborações e ganhou notoriedade durante as
manifestações de junho daquele ano, que reuniram milhões nas ruas do Brasil, realizando
coberturas ao vivo de dentro dos protestos, com múltiplos pontos de vista. Naquele ano ela
recebeu o prêmio “Shorty Awards for our Social Media Profile”.9 Em 2016, alcançou um
destaque entre as iniciativas de resistência na luta pelo fortalecimento da democracia em
meio a instabilidade política. Hoje a rede engaja mais de 2 milhões de apoiadores e cerca de
500 pessoas diretamente envolvidas com o suporte de casas coletivas pelo Brasil.10
8 Portal online: https://midianinja.org/ 9 “Shorty Social Good Awards” é um programa de premiação internacional que homenageia o trabalho
impactante de organizações. Disponível em: https://shortyawards.com/. Acesso em: 17 dez. 2020. 10 Conforme definido pela Mídia Ninja representam os espaços ocupados pelos jornalistas em estado permanente
de construções de aplicativos e tecnologias sociais. Esses ambientes servem de moradia, trabalho e convivência.
52
Em 6 de julho de 2019 a Mídia Ninja ampliou os seus negócios e lançou o seu
primeiro endereço internacional em Lisboa, capital portuguesa, com convidados como
Caetano Veloso e a casa lotada. A Casa foi lançada em parceria com o grupo TodoMundo e
desde então conta com uma programação intensa. Além disso, a Mídia Ninja defende que
busca construir frentes internacionais e intercambiar experiências com ativistas, coletivos e
redes de comunicação, além de impulsionar redes regionais, como o Facción – Red
Latinoamericana de Midiativismo, com mais de 200 ativistas de comunicação em 21 países.
A Mídia Ninja está em processo de expansão. Uma das características que faz com que
ela adquira notoriedade tem a ver com a sua linha editorial, considerada aqui a partir do
estudo de Capobianco (2019, p. 51):
Os Ninjas são participantes atuantes dentro dos movimentos sociais, de onde
transmitem ou captam as informações. Para quem acessa o conteúdo
produzido por eles, seja no site, seja nas redes sociais, está claro que se trata
de uma primeira pessoa, um ator da notícia. Eles se tornam, ao mesmo
tempo, redator e personagem, não só cobrindo, mas participando e até
organizando manifestações e protestos, por exemplo.
Além de agir como agente e até como protagonista da notícia, como indicou
Capobianco (2019), a Mídia Ninja também explicita o seu posicionamento político, conforme
demonstra uma publicação em seu Instagram de 17 de novembro de 2020, no início do
segundo turno das eleições para a prefeitura de São Paulo. O post, com uma foto de
Guilherme Boulos (PSOL), que disputou a prefeitura de São Paulo, e de Manuela d'Ávila
(PCB), que foi candidata à prefeitura de Porto Alegre, recebeu a legenda “Brasil que
queremos!”. A organização já demonstrava simpatia e concedeu generoso espaço aos
candidatos no primeiro turno.
A atuação da Mídia Ninja se estende em diversas frentes. Além de manter a sua página
na internet, a organização está presente no Facebook, Twitter, Instagram e Youtube. Incorpora
a linguagem de cada meio comunicativo para divulgar seus textos.
Nexo Jornal
Lançado em 24 de novembro de 2015, o Nexo Jornal é também um veículo nativo
digital, com sede em São Paulo, idealizado por Paula Miraglia, Renata Rizzi e Conrado
Disponível em: https://medium.com/news-quarentena/casas-coletivas-em-quarenten-b469a9ba40ae Acesso em
17 dez. 2020.
53
Corsalette.11 Capobianco (2019) considera que, embora trabalhe com informações diárias, o
modelo editorial foge da ideia de hard news e busca um jornalismo de contexto, com intenção
de imparcialidade. Com apenas cinco anos de existência, ganhou prêmios reconhecidos.12
Em seu estudo sobre o jornalismo nativo digital do Nexo, Lenzi (2019) considera que o
veículo, como marca nova, desde o início teve liberdade de produzir conteúdos próprios,
pensados especificamente para publicação na internet. O autor ressalta que o conceito de
nativo digital tem aparecido em diferentes contextos, especialmente com referência aos jovens
que nasceram cercados pelas tecnologias digitais.
Lenzi (2019) considera que o Nexo apresenta conteúdos inovadores que exploram
características potencializadas no jornalismo online, principalmente a multimidialidade e a
hipertextualidade. Isso ocorre em diferentes níveis de intensidade, de acordo com a seção
publicada. Lenzi (2019, p. 5) ainda traça um perfil do Nexo Jornal:
O Nexo é um jornal digital sem cobertura factual, priorizando trazer contexto
às notícias e ampliar o acesso a dados e estatísticas, conforme comunicado
pela própria empresa na seção Sobre o Nexo. Trata-se de uma iniciativa
independente, financiada com recursos próprios. Sem publicidade no site, o
jornal dá acesso a cinco conteúdos livres por mês. A partir disso, é preciso
pagar assinatura, que é a principal fonte de receitas. Com sede em São Paulo,
conta com uma equipe com pessoas de diferentes formações e habilidades,
incluindo jornalismo, ciências sociais, estatística, ciência de dados, design,
tecnologia, marketing e negócios. Os próprios fundadores são de áreas
distintas: a diretora geral, Paula Miraglia, é cientista social e doutora em
antropologia social, a diretora de estratégia e negócios, Renata Rizzi, é
engenheira e doutora em economia e o editor Conrado Corsalette é jornalista.
O Nexo está estabelecido no Facebook, Twitter, Youtube, Instagram, Spotify e também
no canal NexoEdu, uma ferramenta criada pelo Nexo especialmente para professores e
estudantes.
A Repórter Brasil é uma Organização de Comunicação e Projetos Sociais.13 Foi
fundada em 2001 por jornalistas, cientistas sociais e educadores com o objetivo de fomentar a
reflexão e ação sobre as diversas situações de injustiças sociais, tanto nos casos de flagrante
desrespeito aos direitos humanos, como nas condições sociais e estruturais sub-humanas de
11 Portal online: https://www.nexojornal.com.br/ 12 O Nexo ganhou o prêmio “Online Journalism Awards 2017” na categoria excelência geral em jornalismo on-
line pequenas redações e, em abril de 2019, foi indicado entre os três melhores sites de notícias do mundo, sendo
finalista do “Word Digital Media Awards 2019”.
13 Portal online: https://reporterbrasil.org.br
54
vida. A organização possui quatro eixos de atuação: jornalismo social, projetos de educação e
comunicação, combate à escravidão e pesquisa sobre agrocombustíveis.
Repórter Brasil
A Repórter Brasil divide sua atuação em jornalismo, pesquisa, educação e articulação.
Suas principais atuações são nos campos do jornalismo e da pesquisa. A ONG Repórter Brasil
lançou, em 2006, a Agência de Notícias sobre Trabalho Escravo – o primeiro veículo
jornalístico voltado exclusivamente para o tema no país. O objetivo da agência é aumentar a
circulação de informações a respeito da escravidão contemporânea e de todas as formas de
trabalho degradante, influenciando a pauta de outros veículos de comunicação e servindo de
subsídio para ações dos três poderes e da sociedade civil. As reportagens feitas pela equipe de
jornalismo da Repórter Brasil são disponibilizadas no site da ONG para livre e gratuita
reprodução. A agência também possui um programa de rádio distribuído semanalmente a
rádios comunitárias de todo o país e que também está disponível para download na internet.
Em 2008, a Repórter Brasil e a Comissão Pastoral da Terra receberam o prêmio
internacional “Freedom Awards 2008”, concedido por uma das principais organizações
mundiais na luta contra a escravidão contemporânea, a Free the Slaves, dos Estados Unidos.14
Em 2009, a Repórter Brasil passou a gravar o Vozes da Liberdade, programa de rádio
semanal da organização, em parceria com a Rádio Brasil Atual.
O site da Repórter Brasil não manifesta claramente a maneira como a organização se
sustenta, mas indica a possibilidade de qualquer usuário ser um apoiador, fazendo doações
mensais de valores pré-estabelecidos de R$ 10, R$ 20, R$ 50 ou R$ 100. Essas contribuições
são feitas pelo site do veículo, por meio da ferramenta de pagamento PayPal.15 Além de
figurar em sua página na internet, a Repórter Brasil também está no Facebook, Twitter,
Youtube, Instagram e Flipboard.
Rede de Informações Anarquistas
A R.I.A se autodefine como uma organização e coletividade anarquista e libertária que
tem como princípio a contra-informação como forma de ação direta.16 Mantém conta no
Facebook, Twitter, Instagram, Telegram e no Chat Geral R.I.A. Surgiu em maio de 2014.
14 A Comissão Pastoral da Terra foi fundada em plena ditadura militar, ligada à Igreja Católica, como resposta à
situação vivida pelos trabalhadores rurais, posseiros e peões, sobretudo na Amazônia, explorados em seu
trabalho. Disponível em: https://www.cptnacional.org.br/. Acesso em 16 dez. 2020. 15 Disponível em: https://reporterbrasil.org.br/2015/08/doeparareporterbrasil/. Acesso em: 16 dez. 2020. 16 Portal online: https://redeinfoa.noblogs.org/
55
Na página inicial do seu site constam os links Início; Artigos e Resistência, com
artigos de pessoas que apoiam a causa; Brasil, dividido por regiões; Mundo, também dividido.
Ainda se inserem Links Libertários, com iniciativas econômicas, libertárias e
autogestionárias, contra-informação, organizações e coletividades, cyberativismo, educação
libertária, movimento antiopressão. Constam no portal R.I.A. informações da organização e o
link Contatos. O manifesto do site descreve como se configura a produção de informação pela
rede:
A criação da Rede de Informações Anarquistas sempre teve um objetivo
geral: descentralizar a informação. A organização por trás dos memes e das
notícias concorda que, no período histórico e tecnológico que vivemos,
informação é poder e descentralizá-la para promover a luta dos povos
oprimidos é empoderar a narrativa desses mesmos povos. O
“empoderamento” aqui em questão passa longe do conceito pós-moderno
largamente utilizado pela ex-querda partidária: nosso discurso aborda a
possibilidade das vozes oprimidas de terem poder e autonomia para
expressarem-se. Dessa forma, a R.I.A é, antes de tudo, um projeto de
empoderamento através da informação.
A R.I.A também informa em seu portal que, em relação às tradições existentes no
Brasil antes de 2013/14, a rede teria rompido com um dos fatores que, na visão da R.I.A, mais
atrasavam a difusão dos princípios anarquistas/libertários pelas mídias sociais: o
academicismo, o purismo e o linguajar militante tradicional nas comunicações e estéticas
anarquista/libertárias.
Revista Afirmativa
A Revista Afirmativa é um veículo multimídia de mídia negra.17 Em seu site, a revista
defende que rompe com o discurso de pretensa imparcialidade pregado pela grande mídia,
considerada pelo portal como tradicionalmente racista, machista e heteronormativa. Possui
hospedagem no Instagram, Youtube e Facebook.
A Revista Afirmativa é produzida pelo coletivo de mídia negra, um grupo composto de
jornalistas e outros profissionais da comunicação, que atuam na militância pelo direito à
comunicação da comunidade. A revista atua pela garantia da representatividade da população
negra na mídia. Também promove ações que visam pautar as faculdades de Comunicação da
Bahia sobre a responsabilidade das instituições de ensino na invisibilização do debate racial e
17 Portal online: https://revistaafirmativa.com.br/
56
dos direitos humanos nos cursos de Comunicação, como o ”I Prêmio de Jornalismo Revista
Afirmativa e o Lab Afirmativa de Jornalismo – Respeita a Favela!”
A revista e o coletivo nascem como fruto da organização de três estudantes negros do
curso de jornalismo da UFRB, que reuniram-se com a intenção de produzir um periódico que
dialogasse com os colegas estudantes da instituição, majoritariamente negros. O projeto foi
crescendo, e a Revista Afirmativa apresentou-se como potencial veículo de maior abrangência,
com público leitor cativo na Bahia e em outros estados, sobretudo entre a juventude negra e as
mulheres negras.
O grupo de mídia negra Revista Afirmativa está organizado desde outubro de 2013 e
realizou o lançamento oficial do portal Afirmativa e da primeira edição da revista impressa, no
dia 19 de março de 2014, durante o I Encontro de Estudantes Negrxs da Universidade Federal
do Recôncavo da Bahia (UFRB), na cidade de Cruz das Almas – BA. A revista trouxe um
apanhado histórico sobre a conjuntura e as perspectivas da luta por ações afirmativas no
Brasil.
Uma das evidências na mídia digital (COSTA, 2014) é que os sites especializados
conseguem melhores resultados na cobertura de seus temas do que os sites generalistas. Este
parece ser o caso da Revista Afirmativa, que busca pautar as mídias tradicionais e tem
conquistado reconhecimento pelo trabalho que desenvolve. Em julho de 2015, por exemplo,
sua atuação garantiu à revista a eleição entre os melhores pontos de mídia com abrangência
local, em um concurso nacional organizado pelo Ministério da Cultura. Em outubro de 2015,
foi selecionada pelo intercâmbio Community Journalism, organizado pelo Consulado dos
Estados Unidos no Brasil, e o Instituto Mídia Étnica (IME), em reconhecimento ao trabalho
desenvolvido pelo coletivo e pela revista.
Em resumo
Esse breve panorama sobre as mídias alternativas sinaliza, ainda que de forma
sumária, que elas se inserem em diversas frentes, com linguagens e formatos adequados para
cada canal tecnológico, como o Facebook, Twitter, Instagram, Spotify, Youtube e Flipboard.
Elas imprimem, cada qual à sua maneira, identidade própria na web e conquistam
reconhecimento social. De forma mais ou menos similar, caminham para um jornalismo de
contexto, encorpando as informações noticiosas com ampliação de dados e estatísticas.
O engajamento, ativismo e clara posição política lhes confere audiência e as diferem
dos meios tradicionais. A postura engajada pode resultar em atuação temática, como nos casos
57
da Repórter Brasil, R.I.A e Revista Afirmativa. Sobre as formas de financiamento: a Mídia
Ninja é mantida por colaborações; o Nexo Jornal é sustentado com recursos próprios; a
Repórter Brasil indica aos usuários a possibilidade de colaboração financeira; a R.I.A não
menciona a sua forma de sustento; a Revista Afirmativa também não deixa clara a sua forma
de manutenção.
Algumas possuem características bem definidas. A Mídia Ninja, por exemplo, atua
como um agente e em alguns casos, como protagonista da notícia, tornando-se o repórter, ao
mesmo tempo, redator e personagem. A organização também deixa claro o seu vínculo
político como foi o caso nas eleições municipais de 2020. Já o Nexo Jornal, embora trabalhe
com informações diárias, busca um jornalismo de contexto, ampliando o acesso a dados e
estatísticas.
As mídias independentes atuam de forma engajada, e segmentada, como é o caso da
Repórter Brasil, que integra comissões que buscam a erradicação do trabalho escravo no
Brasil e atua como agência de notícias sobre o tema, disponibilizando o material de forma
gratuita na internet.
Na esteira do engajamento da Repórter Brasil, a R.I.A, que encampa o movimento
anarquista, se proclama como projeto de empoderamento por meio da informação. Ainda no
campo da segmentação, temos o caso da Revista Afirmativa, que defende a representatividade
da voz negra nas mídias tradicionais e atua de forma engajada em outras instâncias. O Quadro
3 traz uma síntese das características gerais das cinco mídias estudadas.
Quadro 3 – Características gerais das mídias estudadas
MÍDIA
NINJA
NEXO JORNAL REPÓRTER
BRASIL
R.I.A REVISTA
AFIRMATIVA
Resistência;
Engajamento;
Jornalista como
ator da notícia.
Jornalismo de
contexto;
Conteúdos
inovadores;
Conteúdos
pensados
exclusivamente
para a internet;
Ampliação de
dados e
estatísticas.
Atua no campo do
jornalismo, da
pesquisa, da
educação e da
articulação;
Voltado para a
divulgação de
notícias sobre o
trabalho escravo.
Comunicação
anarquista e
libertária;
Contra-
informa-ção
como forma de
ação direta.
Produzido por
coletivo de mídia
negra;
Atuação na
militância pelo
direito à
comunicação da
comunidade.
58
Fonte: elaborado pela autora.
Este breve panorama da chamada mídia digital independente conversa de forma direta
com um dos objetivos desta pesquisa, que é o de verificar as formas alternativas de produção
de notícia e como elas se localizam no cenário das transformações. As iniciativas aqui
identificadas, apoiadas pelos estudos de Capobianco (2019) e Figaro (2018), deixam entrever
que a receita desenvolvida por essas organizações tem revelado resultados. Elas valem-se dos
recursos e ferramentas disponibilizadas no mundo digital, formatam suas produções noticiosas
de olho no público nativo digital e, assim, conquistam a audiência.
Cada uma delas encontra meios de se sustentar que parecem ter dado certo, uma vez
que têm garantido a continuidade dos projetos por um tempo, que pode ser maior ou menor,
mas que legitima de alguma maneira o lugar social que esses veículos ocupam. Assim, no
cenário das transformações, essas iniciativas se destacam por vencerem dois grandes desafios
contemporâneos para as organizações jornalísticas: reúnem expressiva audiência e conseguem
se manter. E mais do que isso, estão crescendo dia a dia. A atuação delas lhes garante
reconhecimento e notoriedade.
1.2.4 A retomada do jornalismo local pelas organizações
A recente incorporação de aparatos tecnológicos no jornalismo alterou a atividade em
muitos eixos. Uma dessas alterações, como veremos, foi justamente a ampliação (ou
retomada) do interesse pelo jornalismo local. Antes de considerarmos as iniciativas
contemporâneas que surgem nessa área, faz-se necessária uma breve reflexão sobre o espaço
onde essas comunicações se dão, sobre as dimensões que fortalecem o vínculo social (como a
proximidade) e as circunstâncias do movimento de resgate pelos acontecimentos locais e
regionais, atendendo, desta maneira, à etapa da Hermenêutica de Profundidade estabelecida
neste capítulo.
Conforme Milton Santos (2002), em A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e
emoção, sendo o espaço geográfico um conjunto indissociável de sistemas de objetos e
sistemas de ações, sua definição varia com a época, ou seja, com a natureza dos objetos e a
natureza das ações presentes em cada período histórico. O autor sustenta que não há um
espaço global, mas, somente, espaços de globalização, espaços mundializados reunidos por
redes que, por sua vez, são globais e, desse modo, transportam o universal ao local.
59
Alain Bourdin (2001), na obra A questão local, considera que a localidade às vezes
não passa de uma circunscrição projetada por uma autoridade, em razão de princípios que vão
desde a história a critérios técnicos. A localidade também exprime, em alguns casos, a
proximidade, o encontro diário, a existência de um conjunto de especificidades sociais e
culturais. O autor elenca três grandes dimensões que fundamentam o vínculo social: primeiro,
a complementaridade e a troca; em segundo lugar, o sentimento de pertença à humanidade
que nos leva a reforçar nossos vínculos com os outros seres humanos; por fim, o fato de viver
junto, de partilhar uma mesma cotidianidade. Neste sentido, todas as elaborações do local
(BOURDIN, 2001) concedem um lugar essencial à proximidade e ao seu papel na vida social,
e portanto o local é definido como uma forma social que constitui um patamar de integração
das ações e dos atores, dos grupos e das trocas.
No estudo sobre mídia regional e local, Cicilia Peruzzo (2005, p. 74) defende que:
Hoje está superada a noção de território geográfico como determinante do
local e do comunitário. Para lá das dimensões geográficas, surge um novo
tipo de território, que pode ser de base cultural, ideológica, idiomática, de
circulação da informação etc. Dimensões como as de familiaridade no
campo das identidades histórico-culturais (língua, tradições, valores, religião
etc.) e de proximidade de interesses (ideológicos, políticos, de segurança,
crenças etc.) são tão importantes quanto as de base física. São elementos
propiciadores de elos culturais e laços comunitários que a simples
delimitação geográfica pode não ser capaz de conter.
O autor português Carlos Camponez (2002) retoma a discussão da proximidade para o
jornalismo e considera que a questão está longe de ser apanágio da imprensa regional. Na
realidade, trata-se de uma questão transversal do jornalismo, no esforço de comunicar
conteúdos considerados pertinentes aos seus leitores e na definição de estratégias empresariais
com o objetivo de conseguirem a fidelização dos públicos.
A redescoberta do conceito de proximidade assumiu uma importância tanto
maior, nos últimos anos, quanto a crise de leitores parecia agravar-se,
constituindo-se como uma estratégia para recuperar imensas franjas de
públicos que normalmente estão alheados dos grandes meios de
comunicação de massa, quer pelo acesso ao seu conteúdo, quer pela
possibilidade de se constituírem como sujeitos de comunicação
(CAMPONEZ, 2002, p. 114).
Camponez (2002) considera que a proximidade tem a ver também com as realidades
sociais que nos rodeiam, os serviços de que dispomos na nossa comunidade, e essa realidade
só pode ser apreendida, conforme o autor, pela imprensa local e por uma abordagem bastante
60
segmentada dos públicos. O autor define o conjunto de funções que a imprensa regional
desempenha: servir de elo da comunidade a que se dirige; constituir-se como complemento à
experiência diária dos seus leitores; reduzir a incerteza do ambiente que rodeia o leitor;
funcionar como enciclopédia dos conhecimentos vulgarizados; servir como um importante
banco de dados sobre a região de influência; desempenhar a função de recreio e de
psicoterapia social.
A localidade reúne a proximidade, a cotidianidade, um conjunto de especificidades
sociais e culturais; ela também tem a ver com o vínculo social e constitui um patamar de
integração das ações e dos atores, que pode ser de base cultural, ideológica, idiomática ou de
circulação da informação. Dentro da localidade a comunicação acontece e, especialmente
circunscrita ao local e ao regional, a informação ganha maior repercussão devido à
proximidade das pessoas que integram as comunidades.
Peruzzo (2005) observa que a mídia local existe desde que surgiram os meios de
comunicação de massa. Historicamente o jornal, o rádio e a televisão, ao surgir, atingem
apenas alcance local ou regional. No Brasil, a televisão começa a alterar sua vocação local
com o surgimento do videoteipe, em 1960, e de outras tecnologias das comunicações que
possibilitaram a formação de redes e a nacionalização das transmissões das produções
televisivas.
A produção local e regional (PERUZZO, 2005) nunca esteve ausente dos meios de
comunicação. No final dos anos 1990, pareceu haver uma redescoberta do local pela grande
mídia, e o interesse apresentou-se, num primeiro momento, mais por seu lado mercadológico
do que pela produção de conteúdo regionalizado. Com o desenvolvimento da globalização da
economia e das comunicações, no entanto, chegou-se a pressupor o fim da comunicação local,
para em seguida se constatar a revalorização da mesma.
Danilo Rothberg (2011, p. 153) também considera esse período:
Uma resposta específica para os desafios enfrentados pelo jornalismo na
atualidade foi posta pelo movimento surgido no começo da década de 1990
nos Estados Unidos e chamado ali de jornalismo público ou cívico. Seus
precursores partiram de um diagnóstico dos dilemas então enfrentados pelos
jornalistas de veículos impressos e produziram um conjunto de propostas
para enfrentá-los, abrangendo também TV, rádio e internet. Mais de
seiscentos veículos nos Estados Unidos passaram a adotar as orientações
formuladas, constituindo um repertório de experiências que pode trazer
lições a outros países preocupados com a qualidade de suas mídias
jornalísticas.
61
O jornalismo local pode ser construído de diversas maneiras. Em um modelo de
jornalismo que contribui para a construção da cidadania (PERUZZO, 1999), os meios de
comunicação comunitários/populares surgem com o potencial de serem, ao mesmo tempo,
parte de um processo de organização popular e canais carregados de conteúdos
informacionais e culturais, além de possibilitarem a prática da participação direta nos
mecanismos de planejamento, produção e gestão. Já a comunicação no modelo participativo
(PERUZZO, 2014) coaduna com princípios embutidos nas propostas de desenvolvimento
local, desenvolvimento sustentável e desenvolvimento humano. Peruzzo (2005) também
sinalizou, em 2005, que uma das tendências do jornalismo local da época referia-se aos
vínculos políticos locais, que tendiam a ser fortes e a comprometer a informação de qualidade.
No ambiente contemporâneo do jornalismo, observa-se a retomada, pelas organizações
jornalísticas, de espaços dedicados às notícias locais e regionais. Em resposta ao processo de
globalização e pulverização de meios informativos, Meyer (2007) entende que, ao focar sua
produção de notícias em determinada região, os jornais podem praticar de maneira produtiva
o modelo de influência.
Peruzzo (2014, p. 185) identificou algumas dessas iniciativas:
Tanto no sertão do Piauí, quanto na região de Borborema – semiárido do
estado da Paraíba – e no território do semiárido do sertão do rio São
Francisco-estado da Bahia –, além de outras partes do Nordeste e de outras
regiões do país, se cultivam formas de promoção de intervenção local – e de
comunicação comunitária e local – com vistas ao desenvolvimento humano
em condições condizentes à realidade local. Estas, por sua vez,
proporcionam crescente bem-estar à população, com respeito à terra e à
natureza como um todo.
O processo de ampliação do interesse do jornalismo local fez emergir o conceito de
hiperlocal. Liana Vidigal Rocha (2015) entende que o hiperlocalismo pode ser identificado
como a tendência do jornalismo em explorar temas e discussões de interesse local, organizado
por regiões, cidades ou bairros. Esse modelo está sintonizado, de acordo com José Carlos
Fernandes e Myrian Del Vecchio de Lima (2017), com o jornalismo cidadão, exigindo
vínculo com a cidade e suas comunidades. O jornalismo hiperlocal, nos moldes do jornalismo
cívico e do jornalismo cidadão, dialoga com a sociedade organizada e ali cativa suas fontes.
Miranda e Magnoni (2018) consideram que o hiperlocal começou a ser usado para se
referir à cobertura de notícias em nível de comunidades geralmente esquecidas pela mídia
tradicional, sendo, inclusive, incorporada para o contexto das produções online. A
comunicação hiperlocal se concentra na cobertura de eventos de uma área geográfica
62
específica: um bairro, uma cidade, um Estado, embora os usuários possam estar fora dessa
mesma área geográfica.
Incorporando a noção de mídia hiperlocal cidadã como espaço para a consolidação de
uma microesfera pública no debate democrático, Miranda e Magnoni (2018) analisaram o
blog Mafuá do HPA, de Bauru, no interior de São Paulo. O estudo, que elegeu o blog devido à
propagação de conteúdos de nível local, revela que Bauru se destaca por iniciativas privadas,
com raros casos de mídia independente ou com características cidadãs. A pesquisa sugeriu
relações entre as características dos diferentes modelos de comunicação de massa com a
constituição de microesferas públicas firmemente apoiadas em práticas democráticas.
A investigação sobre o Mafuá do HPA (MIRANDA; MAGNONI, 2018) verificou que
o blog possui uma dinâmica específica de produção. A maioria dos leitores está concentrada
em regiões consideradas abastadas de Bauru, embora o vínculo com a comunidade seja
ressaltado quando se olha a audiência presente nas periferias da cidade, o que pode ser
justificado pelo privilégio editorial por assuntos dessas regiões.
Considerando os imperativos do modelo digital, Fernandes, Conceição, Spenassatto e
Goss (2019) estudam outra iniciativa de jornalismo local, com o nascimento do jornal Plural,
na capital paranaense, que surgiu como um produto hiperlocal e se aproxima dos modelos
norte-americanos de resistência midiática, firmados na relevância e influência. É descrito
pelos seus idealizadores como um jornal raro, criado e administrado exclusivamente por
profissionais de comunicação, com linha editorial independente, dedicado à cobertura de
política, cidades e cultura.
Machado Filho, Santi, Lima e Alves (2016) defendem outra possibilidade na esfera
local, a transmidiação, oportunizada pela TV híbrida, sustentada por uma publicidade baseada
em dados fornecidos pelos motores de busca, abrindo um caminho para a comunicação
regional. Os autores acreditam que os processos de mediação devem se reestruturar por conta
do processo de convergência e ampliação dos canais de comunicação mundial, sugerindo,
como alternativa, que os meios de comunicação se apoiem na exploração qualitativa dos fatos
locais que atuam, sinalizando a necessidade de segmentação na comunicação, da criação de
nichos e grupos que se interessam por recortes temáticos.
Machado Filho, Santi, Lima e Alves (2016) consideram que o modelo brasileiro de
televisão é muito parecido com o americano, evidenciando que um dos elementos presentes
nesses dois formatos, e que se revela como essencial para o seu sucesso, é o localismo. Eles
defendem que a transmidiação, oportunizada pela TV híbrida, representa uma oportunidade
ímpar na história das emissoras locais, capaz de lhes configurarem uma liberdade econômica
63
que lhes possibilite atuarem de forma independente e comprometidas com a democracia e o
desenvolvimento local. Essa configuração híbrida de televisão favorece a TV local, pois traz
para a discussão um modelo de televisão em que a integração entre conteúdo local e nacional
permitiria uma maior oferta de programas e serviços para a audiência.
Rocha (2015) considera dois exemplos de hiperlocalismo, o portal G1 e o jornal online
O Norte. A autora aponta que o G1 segue a divisão geográfica convencional das regiões
brasileiras – Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste, e, em seguida, a subdivisão das
unidades federativas, além de também considerar as relações socioespaciais existentes em
cada unidade, como Vilhena e Cone Sul, Triângulo Mineiro e Região dos Lagos. Apresenta
preocupação com os interesses do público que vão além de uma mera divisão de território,
considerando as semelhanças (proximidades) políticas, econômicas, sociais, ambientais e
culturais em cada espaço social.
O portal O Norte surgiu em 2005, em versão online do impresso O Norte. Na época,
de acordo com Rocha (2015), realizava apenas a transposição de notícias publicadas no meio
impresso. Com a extinção da versão impressa, em 2009, o portal passou a ser o principal
produto de conteúdo jornalístico da região norte do Tocantins. Voltado para o público
araguainense, o site veicula principalmente informações sobre os acontecimentos da cidade.
Produz um jornalismo hiperlocal na medida em que investe em notícias originais sobre sua
comunidade, promove a participação do cidadão e busca aporte financeiro na própria cidade.
A recente ampliação do interesse das organizações jornalísticas pelo jornalismo local,
aqui entendido como hiperlocalismo, demonstra que essas empresas têm investido em
estratégias empresariais no setor, incorporando a proximidade e a identificação de assuntos de
interesse do público leitor que ocorrem nos entornos local e regional. Desta forma, buscam
fidelizar seus públicos, conquistando uma fatia no mercado emergente do jornalismo digital.
A nova esfera do jornalismo é configurada no ambiente digital e comporta diferentes
formatos no fazer jornalismo na contemporaneidade. Essa complexa realidade do setor exige
profunda reflexão por parte das organizações jornalísticas. Algumas já incorporaram as
mudanças, garantindo, de um modo ou de outro, o financiamento de suas empresas e a
aferição de lucros para novos investimentos. Outras tantas ainda estão às voltas para encontrar
um modelo de negócio que fidelize o público leitor e garanta rendimento no final do mês.
Esse quadro suscita a investigação de projetos, pesquisas, intuições e sinalizações de saídas
para essas empresas, cenário este que será considerado a seguir.
64
1.3 A busca de saídas pelas organizações jornalísticas
A sessão anterior considerou atores, projetos e iniciativas jornalísticas que emergem
no ambiente digital. Ao identificar que a paisagem em que operam as organizações
jornalísticas está sendo redefinida, a pesquisa se ocupa, neste momento, com as experiências,
projetos e modelos que podem representar saídas, por parte das organizações na
contemporaneidade. Essas mudanças relacionam-se diretamente com a convergência das
mídias, que proporcionou oportunidades, mas também gerou grandes desafios para as
empresas do setor.
Uma das principais premissas para as organizações jornalísticas imprimirem
estratégias de negócio no mundo digital refere-se à audiência neste ambiente. Conforme
mencionado no texto introdutório, em 2020, durante a pandemia, sites de informação,
categorizados como notícias, saltaram de uma média de 440 milhões de pessoas por dia, para
mais de 560 milhões de usuários, representando um aumento de mais de 27%. O engajamento
foi maior em todos os setores, já que o total de visitas aumentou 43%. O número é
considerável e requer atenção das organizações.
Na fase embrionária do jornalismo digital, Palacios (2003, p. 17) identificou a
inexistência de um modelo para o jornalismo na web:
É igualmente importante que se ressalte que não acreditamos existir um
formato canônico, nem tampouco “mais avançado” ou “mais apropriado” no
jornalismo que hoje se pratica na web. Diferentes experimentos encontram-
se em curso, seguindo uma multiplicidade de formatos possíveis e
complementares, que exploram de modo variado as características das NTC.
Lenzi (2017) considera que a queda da circulação em papel e consequentemente do
valor e da participação da publicidade como fonte de renda foi um golpe forte e que ainda
estão em debate formas de rentabilizar o jornalismo online. De acordo com Lenzi, a queda na
receita em publicidade também é uma queixa do setor, que tem se intensificado nos últimos
anos ao ponto de, na média do mercado, a circulação já responder por uma fatia maior das
finanças do que a propaganda. Ao estudar a circulação paga em jornais impressos e digitais, o
autor reconhece que as oportunidades que a internet traz para as narrativas jornalísticas
também encontram obstáculos, ao ponto de o tradicional modelo de negócio das empresas
jornalísticas, em que a produção de conteúdo é financeiramente sustentada por assinantes e
patrocinadores, ser colocado em xeque.
65
Costa (2006) anunciou, no fim da primeira década de 2000, que a indústria de mídia
engatinhava no seu desenvolvimento digital, e que quem não se levantasse para andar perderia
a corrida. O autor alertava, na ocasião, para a exigência de rapidez na construção desse
modelo, no qual as ferramentas de interação dão o tom. O anúncio profético faz todo sentido.
No estudo em que se dedica a responder por que o que então se chamava de nova
mídia era revolucionária, Costa (2006, p. 21-22) faz um alerta:
Ninguém vai matar o jornal, embora o elemento vivificador, a tecnologia
propiciadora de acesso universal e móvel à profusão das informações, leve
indústrias, como a do jornal, a entrar em declínio. Passou o apogeu. As
circulações dos jornais não crescem mais da maneira como cresciam, não
geram mais resultados crescentes – de uma forma geral. A circulação até
pode aumentar por conta da explosão do mercado de jornais gratuitos ou dos
jornais de preço baixo, mas a indústria não consegue fazer crescer receitas
ou a venda de produtos impressos na mesma escala e velocidade do passado.
Desde a década de 90, do século passado, essa indústria necessita voltar sua
atenção total às margens decrescentes de lucro, e tornou-se imperativo cortar
custos – seja de mão-de-obra, seja de matéria prima. Ela não está condenada
a morrer, mas está destinada a parar de crescer da maneira como sempre
cresceu, a não ser que domine a plataforma da nova mídia, caso contrário,
alguém lhe toma o lugar.
No mesmo tom, Machado Filho, Santi, Lima e Alves (2016) consideram que a
democratização das ferramentas de produção e o advento da internet estão democratizando
também o espaço de construção de conteúdo. Neste sentido, os autores indicam que os
produtores tradicionais de informação noticiosa precisam inovar de forma mais constante e
assertiva para permanecerem no espaço do poder simbólico da mídia.
Lenzi (2017, p. 157) menciona o início do movimento das organizações em busca de
um modelo para manterem seus negócios:
As empresas informativas entre o início da década de 1990 e a virada do
milênio buscavam de forma incessante modelos estratégicos que alterassem
minimamente a estrutura da empresa, seus produtos e o seu processo
operacional, mas que, ao mesmo tempo, explorassem ao máximo as
vantagens da revolução digital.
Nesse ambiente de incertezas, surgem iniciativas que podem revelar uma dose maior
ou menor de consistência. Lenzi (2017) aponta que os dois principais jornais espanhóis, El
País e El Mundo, vivenciam um novo momento de priorização da plataforma online, um
processo para o qual também parecem caminhar jornais brasileiros. A virada da chave, do
impresso para o digital, conforme Lenzi (2017), não é um processo fácil e rápido. Trata-se de
66
uma transformação que condensa planejamento, tempo, disposição e a revisão de rotinas e
procedimentos incorporados à cultura profissional, fortemente pautada pelo ciclo do impresso
ao longo de muitas décadas, no território da chamada velha esfera pública.
1.3.1 O modelo do New York Times
Com um recente estudo sobre o que considera uma reinvenção digital do The New
York Times, Nafría (2017) lista 10 lições aprendidas com o jornal norte-americano: a aposta
no jornalismo de qualidade na oferta de um produto imprescindível aos usuários; a mudança
no modelo de negócio que faz com que usuários já aportem mais dinheiro do que os
anunciantes (o que ocorreu pela primeira vez em 2012); o foco nos usuários, especialmente
nos mais fiéis; a definição clara de missão e valores; a adaptação das equipes para a era digital
e móvel; a crença de que o futuro (e o presente) é móvel; a aposta em um jornalismo cada vez
mais visual; o entendimento de que o caminho para a transformação digital é longo e
complexo; o reconhecimento da necessidade de repensar o diário impresso e o investimento
em um trabalho colaborativo entre todos os departamentos. O The New York Times manteve
um número estável de 1.300 profissionais nos últimos anos, a maior equipe entre os jornais
norte-americanos, de acordo com Nafría (2017), mas variando no perfil de atuação.
No estudo sobre o processo de transição do The New York Times do impresso para o
digital, Gonçalves (2019) afirma que as inovações do tradicional jornal americano ocorrem,
principalmente, no âmbito tecnológico, tendo a empresa investido, a cada dia mais, em seu
conteúdo digital. Essa preocupação, no entanto, é antiga, já que o The New York Times lançou
o seu website em 1996, o mesmo ativo até hoje. Já naquele momento, de acordo com
Gonçalves (2019), o objetivo do jornal americano era o de gerar audiência para uma nova
plataforma. Tal investimento se fortaleceu, principalmente, a partir de 2005, uma vez que o
relatório anual de acionistas de 2004 fez referência à necessidade de se operar em múltiplas
plataformas de distribuição de conteúdo. Essa transformação se intensificou ainda mais em
2006, uma vez que o título do relatório trazia a frase: “Perseguindo um futuro
multiplataforma”. O trecho do documento deixava clara, assim, a mudança de estratégia do
The New York Times, que, a partir daquele ano, procurou criar novos produtos, através de
mídias variadas, além de ter investido em pesquisa, com o objetivo de antecipar iniciativas.
O objetivo de tal preocupação com o ciberespaço, de acordo com Gonçalves (2019),
era o de atrair um maior número de assinaturas digitais, a partir de um modelo de negócios
67
paywall poroso, que permite a leitura de uma determinada quantidade de conteúdo gratuita,
com acesso ilimitado para assinantes.
Costa (2014) recorda que o The New York Times iniciou as tentativas de incorporar o
paywall em 1999 e que, em 2010, quando as receitas da publicidade alcançavam a marca de
60%, o veículo voltou a cobrar pelo conteúdo online. Dois anos depois chegou à marca de 450
mil assinantes e, no final de 2013, a 760 mil.
Ainda de acordo com Gonçalves (2019), o então presidente do The New York Times,
Mark Thompson, considerou, no final da segunda década do segundo milênio, que a ambição
do veículo era a de atingir 10 milhões de assinantes digitais, havendo um interesse também
crescente em publicidade digital. O empresário entende que há a possibilidade de, no futuro,
não existir mais a mídia impressa, embora ele acredite que tais edições ainda devam perdurar
por mais dez anos, por haver um público fiel. Segundo Thompson, a mídia impressa ainda é a
que apresenta maior lucro, mas ele defende que existe um grande mercado para o paradigma
digital. Contudo, ele desejava atender à base de clientes da edição impressa até quando for
possível e, ao mesmo tempo, construir o negócio digital, de forma que a empresa alcance,
assim, um crescimento de sucesso, perdurando por um longo tempo, mesmo após o fim da
mídia impressa.
O The New York Times, como lembra Gonçalves (2019), tem adotado estratégias,
desde o final da década de 1990, para se adaptar ao cenário digital. Mais recentemente, tais
iniciativas também estão voltadas para o seu faturamento, o que pode ser visto, por exemplo,
em suas próprias produções audiovisuais, agora vinculadas à Amazon, Hulu e FX. Além delas,
destacam-se também os livros, que são vendidos na loja virtual da empresa. Nesse sentido,
além de cobrar por suas assinaturas, o periódico amplia a oferta de seus serviços, vendendo,
para tanto, outras produções.
1.3.2 Projetos, intuições e saídas possíveis
Essa seção indica, não mais que de maneira introdutória, alternativas, projetos e
pesquisas que estão sendo visualizados para resolver os desafios enfrentados pelas
organizações jornalísticas na atualidade – que estão às voltas com o problema de garantir
faturamento e margens de lucro com a venda de notícias.
Lenzi (2017) cita o modelo de Plataformas Multilaterais, que envolvem empresas que
atendem dois ou mais grupos distintos, porém interdependentes, de clientes. O autor também
considera o Modelo de Negócio Grátis, quando pelo menos um segmento de clientes
68
substancial é capaz de se beneficiar continuamente de uma oferta livre de custos. Exemplo
tradicional é o caso do jornal impresso com circulação gratuita, gerando maior audiência, e,
com isso, agregando valor comercial aos seus anúncios publicitários. A popularização da
internet, no entanto, fragilizou esta relação.
Lenzi (2017) lançou em sua tese 10 ideias, formulando-as como guia de boas práticas
para redações convergentes, com a identificação de demandas para a produção da reportagem
multimídia no cenário contemporâneo: garantir equiparação salarial; trabalhar em equipe;
promover a visão multimídia; treinar os atuais e os novos funcionários; investir em sistemas
de publicação; criar um fluxo de atualização do online; ampliar a equipe para antecipar o
ritmo de produção; cobrar pelo conteúdo, mas não por qualquer conteúdo; explorar a prática
da grande reportagem; incorporar o fluxo digital como prioridade.
Fruto de uma temporada em 2013 na Columbia University Graduate School of
Journalism, em Nova York, Caio Túlio Costa (2014) elaborou uma estratégia possível para as
empresas jornalísticas formatarem um modelo de negócio rentável na era da internet. A partir
da averiguação de uma disrupção nessa indústria, sugere uma modelagem capaz de garantir
produção jornalística de qualidade, independência e vigilância crítica dos poderes.
Costa (2014) defende que o novo modelo de negócio começa com as redes sociais, que
precisam ser consideradas de maneira estratégica pelas organizações. Aprender a cooperar, de
acordo com o autor, é fundamental no novo desenho de negócio para os jornais, pois, em sua
ótica, nenhum negócio de notícia permanece de pé sem o entendimento da superdistribuição.
Costa (2014, p. 85) considera a importância de as empresas se engajarem nas mídias sociais,
de forma estratégica:
A presença dos jornais nessa mídia é inevitável, não somente pelo que cada
jornal pode ganhar se relacionando com as pessoas, mas também porque,
quer se queira, quer não, a marca de qualquer jornal está presente nas redes.
As pessoas falam nas redes sobre o que leem nos jornais. As pessoas falam
sobre os jornais. Mais: as pessoas falam de assuntos e de notícias que
interessam aos jornais. Ainda mais importante: as pessoas compartilham as
informações com outras. É a superdistribuição em plena ação.
Costa (2014) desenvolve o seu modelo de negócios para o jornalismo digital a partir
de três soluções: o paywall, a publicidade e o que ele chama de serviços adicionados. O autor
garante que, a depender da energia que as organizações jornalísticas estiverem dispostas a
investir nessas estratégias, elas podem, sim, se tornar uma fonte de recursos rentável.
69
A paywall (COSTA, 2014), cuja tradução livre do inglês é muro de pagamento,
resume a questão da venda de assinaturas online. Funciona da seguinte maneira: o leitor
acessa publicações jornalísticas online e, ao tentar seguir com a leitura e ler outro texto,
esbarra em um formulário que vai lhe pedir um cadastro, indicando o pagamento de
determinada quantia. O autor recorda que o primeiro a cobrar pelo acesso ao seu conteúdo foi
o Wall Street Journal, já em 1997.
Uma rede própria de publicidade representa, de acordo com Costa (2014), uma das
melhores saídas para as empresas jornalísticas, em um sistema conjunto e escalável para
trabalhar as diferentes possibilidades de publicidade online nas plataformas atuais e futuras. O
autor justifica que, na combinação de um novo modelo de negócio que mescle publicidade,
assinaturas, venda de serviços de valor agregado e superdistribuição, a publicidade só terá
sentido se tiver escala necessária para vender anúncios segmentados ou baseados nos desejos
do consumidor.
A terceira solução proposta por Costa (2014) refere-se à oferta de uma gama de
subprodutos (além do conteúdo noticioso) do material informativo e de serviços tecnológicos
ligados ou correlatos à produção de informação, como newsletters, dossiês, livros e serviços
segmentados. Trata-se de oferecer, de forma própria ou por meio de parceiros, tudo aquilo que
orbita em torno de serviços de informação que a internet conseguiu reformatar e ampliar a
partir da possibilidade da interação em rede. O Quadro 4 traz um resumo das soluções
apontadas pelo autor.
Quadro 4 – Características gerais das soluções para o jornalismo digital
PAYWALL PUBLICIDADE SERVIÇOS ADICIONADOS
Venda de assinaturas online sob
demanda de leitura das
publicações do jornal
Anúncios segmentados ou
com base no desejo do
consumidor
Subprodutos das publicações em
que usufruem de plataformas ou
serviços de informação
propiciados pela internet
Fonte: elaborado pela autora, com base na formulação de Costa (2014).
Costa (2014) define seis fundamentos para essa nova cadeia de valor, do ponto de vista
estratégico: 1) não ter medo de reinventar a empresa, de começar do zero, nem de buscar
apoio dos jovens nativos digitais; 2) compreender que a indústria do jornalismo na era
industrial representava um negócio de distribuição e que a nova realidade sugere um serviço
cuja administração da relação digital com o consumidor passa a ser chave estratégica; 3)
investir em tecnologia; 4) produzir informação de acordo com o espírito dos nascidos digitais,
70
mirar no público jovem; 5) sintonizar a empresa jornalística com a realidade do
compartilhamento da informação e da sua superdistribuição; e 6) ampliar o leque de serviços
que a empresa jornalística tradicionalmente proporciona.
Por sua vez, a Rede Internacional de Jornalistas, Ijnet,18 divulgou, em junho de 2017,
sete modelos de negócios que podem, segundo a organização, salvar o futuro do jornalismo. A
Ijnet considera que a era digital alterou os padrões do consumidor e, por sua vez, interrompeu
os modelos tradicionais de publicidade dos jornais. Isso levou os profissionais da mídia a
buscar maneiras inovadoras de permanecer lucrativos. Algumas dessas estratégias já estão em
vigência e, de acordo com a Rede, estão provando que o jornalismo continuará existindo no
futuro. São os seguintes os modelos mais promissores para o financiamento de jornalismo de
qualidade, de acordo com o levantamento da Ijnet:
1) Sponsored content (conteúdo patrocinado): refere-se a histórias originais e
autênticas, escritas para promover ou anunciar uma empresa. Como o conteúdo patrocinado é
bastante semelhante à narrativa jornalística, o primeiro geralmente é marcado com um rótulo
de “conteúdo patrocinado”. Conforme a Ijnet, as empresas de mídia são capazes de alavancar
sua reputação para criar histórias de marca que o público provavelmente levará a sério. Em
parte, isso atraiu empresas para anunciar em organizações de notícias e, em grande parte,
funcionou para publicações maiores.
2) Crowdfunding (Financiamento colaborativo): uma série de publicações agora
dependem de doações. Isso se tornou mais evidente, principalmente, para organizações sem
fins lucrativos que se dedicam ao jornalismo investigativo. Enquanto algumas organizações
de mídia convidam pessoas a doar para projetos individuais de jornalismo por meio do
Kickstarter,19 outras, como o The Guardian, incorporaram esquemas de adesão. Embora a
publicação holandesa De Correspondent fature por meio de assinaturas e acesso pago, o site
de notícias foi lançado com um crowdfund de US$ 1,7 milhão, permitindo-lhe pagar os
18 A Ijnet – Rede Internacional de Jornalistas – é produzida pelo Centro Internacional para Jornalistas. A
iniciativa declara em sua página na web que oferece o que há de mais recente sobre inovação de mídia global,
aplicativos e ferramentas jornalísticas, oportunidades de treinamento e dicas de especialistas para jornalistas
profissionais e cidadãos em todo o mundo. A Ijnet acompanha a evolução do jornalismo de uma perspectiva
global em sete línguas (árabe, chinês, espanhol, inglês, persa, português e russo). Tem como parceiros:
HackPack, GEN (Global Editors Network), NiemanLab, CIMA e Global Investigative Journalism Network.
Portal online: https://ijnet.org/pt-br. 19 Com sede em Nova York, a Kickstarter foi lançada em abril de 2009. A organização declara em seu portal que
é uma empresa independente, que reúne cerca de 92 pessoas, que constroem projetos criativos e apoiam o
ecossistema criativo ao seu redor. Em 2015, se tornou uma Corporação de Benefício Público, uma empresa com
fins lucrativos que prioriza resultados positivos para a sociedade, tanto quanto para os seus acionistas. Em sua
página na internet, a Kickstarter sinaliza que 194.339 projetos foram financiados com sucesso desde o ano de sua
fundação. A página está disponível em: https://www.kickstarter.com/discover/categories/journalism. Acesso em
29 dez. 2020.
71
salários dos jornalistas. FrontPageAfrica, um jornal independente na Libéria, é financiado
pela diáspora liberiana. O editor e fundador, Rodney Sieh, pode fazer um relatório sobre
questões de direitos humanos na Libéria graças à independência proporcionada pelo
crowdsourcing.
3) Subscriptions (Assinaturas): “Alguém tem que pagar pelo jornalismo, ou o
jornalismo terá que pagar por isso” é um argumento popular entre os editores, sempre que se
fala em conteúdo de notícias gratuito. Jornais como o The Information, que é totalmente
baseado em um modelo de assinatura, mostraram que as empresas de mídia ainda podem
sobreviver com esse modelo. Embora algumas organizações possam obter receitas
significativas com as assinaturas, no entanto, jornais como o The New York Times não
conseguem ser sustentados apenas pelas assinaturas. Os modelos de assinatura também
dependem em grande parte da segmentação de públicos que não apenas valorizem o conteúdo
produzido, mas também estão dispostos a pagar por ele.
4) Live journalism (Jornalismo ao vivo): graças ao Facebook Live, Periscope e outras
plataformas, os jornalistas agora têm a oportunidade de apresentar suas histórias para uma
audiência ao vivo. O jornalismo ao vivo permite que os jornalistas apresentem as notícias de
maneira nova e interativa. Exemplos de empresas de mídia que estão envolvidas com
jornalismo ao vivo incluem The Boston Globe’s Globe Live e Gannett com seu Arizona
Storytellers Project. Embora parte da receita venha da venda de ingressos, os patrocínios
parecem gerar mais. Em 2015, o Arizona Storytellers Project arrecadou mais de US$ 100.000
por meio de um patrocínio de apresentação.
5) Donor funding (Financiamento de doadores): esse tipo de financiamento abrange
formas variadas, incluindo apoio filantrópico, financiamento do governo e responsabilidade
corporativa. Amabhungane, da África do Sul, é financiado por seis organizações doadoras,
com um terço de seus custos sendo cobertos pelo The Mail e Guardian. Os filantropos
geralmente fazem doações generosas para promover o bom jornalismo. Um exemplo é o
fundador do eBay, Pierre Omidyar,20 que, por meio de sua empresa filantrópica, assumiu o
20 Podemos citar o exemplo clássico do The Intercept, mídia digital independente que opera com grande
financiamento de alguns magnatas. No Brasil, verificamos algumas iniciativas que trabalham com recursos de
apoiadores. A Amazônia Real (disponível em: https://amazoniareal.com.br/e-hora-de-financiar-o-jornalismo-
independente-no-brasil/), organização que declara possuir a missão de fazer jornalismo independente, ético e
investigativo, pautado nas questões da Amazônia e de seu povo, com linha editorial em defesa da
democratização da informação, da liberdade de expressão e dos direitos humanos, instituiu uma campanha em
2019, intitulada “Iniciativas jornalísticas que merecem seu apoio”, com objetivo de apresentar uma lista de
veículos confiáveis para os leitores se informarem, evitando a reprodução da desinformação. Além da Amazônia
Real, constam na relação: agência de checagem Aos Fatos; Pública, agência de jornalismo investigativo sem fins
lucrativos, criada por repórteres mulheres no Brasil; Projeto #Colabora, iniciativa jornalística que aposta na
sustentabilidade; agência de jornalismo Eco Nordeste; Ponte Jornalismo, que defende os direitos humanos por
72
compromisso de doar US$ 100 milhões para apoiar o jornalismo investigativo e combater
notícias falsas. Vários governos ainda financiam jornais nacionais ou públicos. Bons
exemplos incluem países como França e Noruega, que financiam diretamente empresas de
mídia com fins lucrativos. A responsabilidade corporativa é outra forma de financiamento que
os jornais podem buscar. Um exemplo proposto é o Facebook e o Google financiando o
jornalismo como parte de sua responsabilidade corporativa. O principal desafio seria essas
empresas fornecerem recursos sem buscar exercer influência.
6) Micropayments (Micropagamentos): com os micropagamentos, os leitores pagam
pequenas quantias para acessar um único artigo. Blendle, uma plataforma de notícias
holandesa, está atualmente rodando neste modelo, com histórias individuais custando entre 10
e 90 centavos. Basicamente, é o iTunes das notícias. A Blendle licenciou conteúdo de quase
todos os principais veículos de notícias da América e da Europa. Não há anúncios, e os
usuários pagam apenas pelas matérias de que gostam. Se uma pessoa não gostar do artigo que
leu, pode solicitar o dinheiro de volta.
7) Quality journalism (Jornalismo de qualidade): uma razão interessante pela qual os
leitores do Blendle às vezes pedem reembolso para histórias específicas é por causa de sua
qualidade. Artigos Clickbait – histórias de qualidade que as pessoas podem obter em qualquer
lugar e de graça – parecem obter mais reembolsos do que análises e artigos de fundo
aprofundados. As pessoas só pagarão pelo conteúdo que acharem que vale seu dinheiro. O
Quadro 5 traz um resumo dos modelos apontados pela Ijnet.
Quadro 5 – Características gerais dos 7 modelos de negócio para o jornalismo
MODELOS DE
NEGÓCIO
DESCRIÇÃO
Sponsored Content Conteúdo autêntico sob encomenda de marcas;
Indica em seu material informativo, o rótulo “conteúdo patrocinado”
Crowdfunding Doações colaborativas que subsidiam as publicações
Subscriptions Assinaturas que contribuem para obter receita;
Faz-se necessário trabalhar com segmentação de público alvo
Live Journalism O jornalismo ao vivo viabiliza novas formas de interação com sua
audiência e arrecada patrocínio
meio de jornalismo independente; Portal Catarinas, que produz jornalismo especializado em gênero,
feminismos e direitos humanos; Revista AzMina, publicação online e gratuita para mulheres, além da The
Intercept Brasil, agência de notícias dedicada à responsabilização dos poderosos por meio de um jornalismo
combativo.
73
Donor Funding Financiamento de doadores abarca diferentes fontes: filantropia,
financiamento governamental e responsabilidade corporativa
Micropayments Leitores pagam pequenas quantias para ter acesso a um conteúdo sem
anúncio e com direito a devolução do dinheiro caso o leitor não tenha
gostado do artigo
Quality Journalism Jornalismo de qualidade em que é possível fazer com que as pessoas
invistam seu dinheiro, ao contrário de artigos Clickbait
Fonte: elaborado pela autora, com base na Ijnet.
Este capítulo compreendeu as recentes alterações do jornalismo, abarcou o surgimento
de uma nova esfera pública do jornalismo, verificou como atores midiáticos vêm
conquistando audiência no ambiente digital, considerou o surgimento de iniciativas nativas
digitais e identificou a ampliação do interesse pelo jornalismo local. Todo esse arcabouço
indica um cenário complexo e sinaliza que as organizações jornalísticas da atualidade que
desejarem sobreviver precisam amparar os seus negócios no ambiente digital. Isso é o que se
tornou bastante claro nesta última seção, que indicou, a partir de recentes pesquisas, algumas
possíveis soluções – como modelos de negócios – para as empresas do setor, a saber:
plataformas multilaterais; modelo de negócio grátis; paywall; a publicidade; os serviços
adicionados; sponsored content; crowdfunding; subscriptions; live journalism; donor
funding; micropayments e quality journalism.
A discussão proposta incide diretamente sobre um dos objetivos da pesquisa, que é a
reflexão sobre as recentes alterações do jornalismo com olhar atento para o meio digital.
Identificamos, a partir das sinalizações das pesquisas averiguadas, que a atividade está
mergulhada em um caldo tecnológico. As empresas que ainda formatam seus modelos de
negócio amparados em uma estrutura que desconsidere o universo online são desafiadas o
tempo todo a observar esse cenário, reformulando suas estratégias, de modo a garantir sua
sobrevivência no mercado de notícias.
O panorama apresentado neste primeiro momento da tese indica que o estabelecimento
do mundo digital para as organizações jornalísticas é um caminho sem volta. O próximo
capítulo considera a visão do pesquisador brasileiro sobre o tema de nosso estudo, abarcando
uma análise acerca das alterações do jornalismo na última década a partir dos textos
publicados por duas das mais representativas entidades da área do Jornalismo no País, a
Compós e a SBPJor.
74
CAPÍTULO 2
O OLHAR DO PESQUISADOR BRASILEIRO
Neste capítulo, o estudo acolhe as principais contribuições da pesquisa brasileira da
segunda década do segundo milênio, que traduzem as transformações enfrentadas pelo campo
do Jornalismo, sob o viés da tecnologia. O estudo levanta esse panorama a partir de um foco
particular, que são os textos apresentados anualmente nos Encontros Nacionais da Associação
Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (Compós) e da Associação
Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor). As duas Associações são reconhecidas
no meio acadêmico, por revelar alguns dos resultados mais expressivos da pesquisa em
Comunicação no Brasil.
Os temas relativos ao Jornalismo, no caso da Compós, aparecem de forma particular
em Grupos de Trabalho (GT´s) específicos, dentre vários outros vinculados de diferentes
maneiras à área de Comunicação, diferentemente da SBPJor, que reúne tão-somente
pesquisadores, professores e estudiosos dos fenômenos jornalísticos.
Fundada em 1991, a Compós mantém como filiados Programas de Pós-Graduação em
Comunicação nos níveis de Mestrado e Doutorado de instituições de ensino superior públicas
e privadas no Brasil.21 Como espaço de intercâmbio acadêmico entre os pesquisadores dos
vários Programas, a Compós realiza, anualmente, desde 1992, Encontros Anuais estruturados
sob a forma de GT´s, nos quais são apresentados e debatidos estudos e pesquisas, sobre temas
científicos relativos ao campo da Comunicação. Os Encontros são organizados pelos
Programas associados, sob a forma de rodízio. A última edição do evento, que deveria ter
21 Na lista somam-se 52 programas: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; Universidade Federal da
Bahia; Universidade Federal do Rio de Janeiro; Universidade Metodista de São Paulo; Universidade de Brasília;
Universidade Estadual de Campinas; Universidade de São Paulo; Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul; Universidade do Vale do Rio dos Sinos; Universidade Federal de Minas Gerais; Universidade
Federal do Rio Grande do Sul; Universidade Federal Fluminense; Universidade Tuiuti do Paraná; Fundação
Cásper Líbero; Universidade Federal de Pernambuco; Universidade do Estado do Rio de Janeiro; Universidade
Paulista; Universidade Estadual Paulista; Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro; Escola Superior de
Propaganda e Marketing; Universidade Federal de Santa Maria; Universidade de Sorocaba; Universidade
Anhembi Morumbi; Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais; Universidade Federal de Juiz de Fora;
Universidade Federal de Goiás; Universidade Federal de Santa Catarina; Universidade Estadual de Londrina;
Universidade Federal de São Carlos; Universidade Católica da Paraíba; Universidade Federal do Ceará;
Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Universidade de São Paulo; Universidade Federal do Paraná;
Universidade Federal do Pará; Universidade Federal do Piauí; Universidade Federal Fluminense; Universidade
Federal de Sergipe; Universidade Federal do Espírito Santo; Universidade Estadual de Ponta Grossa;
Universidade Federal de Ouro Preto; FIAM-FAAM, Centro Universitário; Universidade Federal do Tocantins;
Universidade Municipal de São Caetano do Sul; Universidade Federal do Recôncavo da Bahia; Universidade
Federal do Mato Grosso do Sul; Fundação Oswaldo Cruz; Universidade Federal da Paraíba; Universidade
Federal de Santa Maria. Disponível em: https://www.compos.org.br/programas.php.
75
ocorrido na modalidade presencial, em Campo Grande (MS), na Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul (UFMS), no mês de junho de 2020, foi realizada entre os dias 24 e 27 de
novembro, no formato online, em função da pandemia do coronavírus.
O estudo compreende as principais investigações da Compós, que conversam mais
diretamente com o tema desta pesquisa, como apontado na Introdução, em dois GT´s:
“Comunicação e Cibercultura” e “Estudos de Jornalismo”. A investigação elegeu esses GT´s
por eles contemplarem (ou poderem contemplar, a partir de suas ementas) estudos reunidos
em torno de dois eixos principais: a) as recentes transformações do Jornalismo provocadas
pelas tecnologias digitais, especialmente após a chegada da internet; e b) a prospecção de
modelos de negócio praticados pelas organizações jornalísticas em virtude dessas
transformações.
Neste sentido, foram adotados para análise todos os estudos que abordaram aspectos
ou nuances do fenômeno, ou que propõem discussões e reflexões concernentes a esses temas
nos anos de 2011 a 2020, considerado o período de maior efervescência das redes sociais e de
ampliação das potencialidades tecnológicas, que tanto provocam mudanças quanto promovem
novas iniciativas, também, no universo do Jornalismo.
O trabalho de apuração desses textos se deu a partir da identificação das investigações
que obedecem ao critério de escolha mencionado, com base nos títulos, resumos e palavras-
chave. Após a seleção dos artigos, as pesquisas escolhidas foram dispostas em tabelas,
localizadas nos Apêndices. Cada tabela traz a indicação do ano, título do trabalho, autoria,
palavras-chave, resumo, endereço na web e data do acesso. As tabelas estão organizadas pelo
ano em que cada texto foi publicado nos Anais de cada evento.
Anualmente, cada GT da Compós seleciona dez trabalhos, para serem apresentados
durante o Encontro Nacional. O número de GT´s passou de 12, em 2010, para 15, no
quadriênio de 2011 a 2014; de 15 para 17 no quadriênio de 2015 a 2018, e chegou a 20 em
2019 e 2020. O processo de estabelecer um número determinado de GT´s a cada quatro anos é
uma prática recorrente na Compós, chamada reclinagem, quando então os GT´s são extintos e
novos podem ser criados, por meio de procedimentos estabelecidos pelo estatuto da
Associação. Os GT´s eleitos por esta pesquisa – “Comunicação e Cibercultura” e “Estudos do
Jornalismo” –, foram mantidos pela Compós durante todo o período analisado.
Em 2020, último ano de nossa análise, replicando o que aconteceu em 2019, foram, ao
todo, apresentados 200 trabalhos, distribuídos pelos 20 GT´s.22 O universo total no período
22 “Comunicação e Cibercultura”; “Comunicação e Cidadania”; “Comunicação e Cultura”; “Comunicação e
Experiência Estética”; “Comunicação e Política”; “Comunicação e Sociabilidade”; “Comunicação, Arte e
76
considerado, tendo em vista todos os GT´s, alcançou um total de 1.800 trabalhos. Somam 200,
os trabalhos apresentados nos dois GT´s selecionados nesse mesmo período, o que configura
o universo a que esta pesquisa, de fato, se refere.
O GT “Comunicação e Cibercultura”, de acordo com a própria Compós em seu portal
online:
Agrega pesquisas sobre as atuais formas de produção, consumo,
armazenamento e distribuição de dados digitais, bem como sobre a correlata
performatividade algorítmica em interfaces com os atuais problemas da
comunicação e da cultura contemporâneas. O GT acolhe pesquisas que têm
por base o aprofundamento da discussão, sobre o papel dos dados e dos
algoritmos na atualidade, buscando reconhecer o caráter procedural dos
dados e dos algoritmos, suas agências, performances e práticas em suas
múltiplas expressões na comunicação contemporânea. Os processos de
dataficação da cultura contemporânea, devem ser tratados por teorias
sociológicas, antropológicas, comunicacionais, filosóficas e políticas amplas,
com o objetivo de compreender áreas/fenômenos emergentes, tais como:
estudos de softwares; games studies; a governança e a democracia digitais;
as dinâmicas sociocomunicativas nas redes sociais, as questões de
sociabilidade, automonitoramento, identidade e formação do sujeito; as
atuais forma de vigilância distribuída e as controvérsias em torno da
privacidade; os desafios teóricos e metodológicos do big data; a expansão de
objetos sencientes com a Internet das coisas e as cidades inteligentes; as
formas de materialidade presente e futura da internet; o Jornalismo de dados;
as transformações no audiovisual (Web, fotografia, cinema, TV, som) com a
prática de dados, e entre outros. A particularidade da linha é a investigação
centrada na materialidade da comunicacional digital, com ênfase no dado e
no algoritmo, focando nas diversas expressões desses fenômenos na
contemporaneidade.23
“De uma perspectiva crítica e analítica, o GT ‘Estudos de Jornalismo’ da Compós
busca aprofundar o estudo do Jornalismo como um campo do conhecimento, assim como
pensar o Jornalismo como processo singular de comunicação e fenômeno cultural na
contemporaneidade”.24 Ainda conforme ementa divulgada no site da Compós:
[...] propõe reflexões sobre abordagens relativas à função social, à história,
aos conceitos, aos modelos, às teorias e à epistemologia do Jornalismo. Da
mesma forma, visa problematizar e discutir distintos modos de estruturação,
apuração, produção, circulação, recepção e consumo de conteúdos e
formatos noticiosos, observando representações e mediações do Jornalismo
na sociedade. Este GT também se interessa por trabalhos que abordam
questões teóricas e experiências de linguagem, metodologias de pesquisa e
Tecnologias da Imagem”; “Comunicação, Gêneros e Sexualidades”; “Consumos e Processos de Comunicação”;
“Cultura das Mídias”; “Epistemologia da Comunicação”; “Estudos de Cinema, Fotografia e Audiovisual”;
“Estudos de Comunicação Organizacional”; “Estudos de Jornalismo”; “Estudos de Som e Música”; “Estudos de
Televisão”; “Imagem e Imaginários Midiáticos”; “Memória nas Mídias”; “Práticas Interacionais, Linguagens e
Produção de Sentido na Comunicação” e “Recepção, Circulação e Usos Sociais das Mídias”. 23 Disponível em: https://www.compos.org.br/ler_gts.php?idGt=Mg==. Acesso em 2 jan. 2021. 24 Disponível em: https://www.compos.org.br/ler_gts.php?idGt=MTE=. Acesso em 2 jan. 2021.
77
ensino, estudos sobre reconfigurações das audiências, interações nas redes
sociais, transformações nos processos produtivos em contexto de
convergência em múltiplas plataformas, mobilidade no jornalismo, bem
como inovações e tendências que orientam a práxis jornalística na
atualidade.25
Antes de avançar para o campo das escolhas no âmbito da SBPJor, pelo menos duas
observações importantes merecem ser feitas, com o complemento de que ambas, a nosso ver,
não comprometem em nada os objetivos da pesquisa.
Uma primeira é que o GT “Estudos de Jornalismo” da Compós tem sua ementa
ajustada em muito maior medida do mundo do Jornalismo que o GT “Comunicação e
Cibercultura”. Essa diferença fundamental merece ser apontada, uma vez que textos do GT da
Cibercultura que dialogam com as nossas preocupações em torno do Jornalismo o fazem, se
não por acaso, pelo menos não com o mesmo nível de exigência, que os textos apresentados
no GT do Jornalismo. A leitura atenta das duas ementas o comprova, sem deixar muita
margem para dúvidas.
A segunda observação, tem a ver com o fato de que não se exclui a presença de textos
sobre o Jornalismo, direta ou indiretamente, vinculados às nossas preocupações nesta
pesquisa, nos demais GT´s da Compós, por meio de distintos recortes que associam esses
textos às diferentes ementas. Isso pode se dar, por exemplo, como efeito de uma submissão,
digamos, com menor adequação aos propósitos de um GT específico, mas que não tenha
implicado a não-escolha do texto submetido. Como é de conhecimento entre os
pesquisadores, os autores, às vezes, preferem submeter os seus textos a GT´s em que a
concorrência não seja tão elevada, em torno das dez vagas anuais, ainda que, para tanto,
tenham às vezes que fazer determinados ajustes ou concessões, para que esses textos possam
ser considerados aptos a ser apresentados no GT escolhido.
Além do panorama das transformações do Jornalismo pelas lentes da Compós, o
estudo dedica-se a reunir as principais pesquisas sobre as transformações do Jornalismo, na
última década, pelo olhar da SBPJor, a partir dos trabalhos apresentados na forma
convencional de Comunicações Livres e de Comunicações Coordenadas.26
25 Disponível em: https://www.compos.org.br/ler_gts.php?idGt=MTE=. Acesso em 2 jan. 2021. 26 Além dos encontros anuais da SBPJor, a entidade realiza, desde 2011, o Encontro de Jovens Pesquisadores,
um evento voltado para estudantes de graduação e recém-graduados em Jornalismo, que a pesquisa não está, no
caso, considerando, para se ater ao propósito de garantir o que pode ser considerado um lugar de excelência da
pesquisa em Comunicação e Jornalismo. Evidentemente, essa escolha não pode ser lida no sentido de uma
desvalorização dos trabalhos dos jovens pesquisadores.
78
Fundada em 29 de novembro de 2003, a entidade promove congressos nacionais
anuais desde então, sempre no mês de novembro.27 A SBPJor agrega estudiosos de um campo
específico do conhecimento e tem como propósito estimular a articulação de uma rede
nacional de pesquisadores em Jornalismo a fim de que se possa constituir um lugar
privilegiado, tanto para a apresentação de trabalhos, quanto para a formação de redes para
pesquisas específicas. De 3 a 6 de novembro de 2020, em virtude das orientações sanitárias
dos governantes, decorrentes da pandemia de covid-19, o evento aconteceu em formato
virtual.
Os anais da SBPJor são divididos, como apontado, nas formas de Comunicações
Livres (ou Comunicações Individuais, em algumas edições), que são os artigos individuais
(ou em coautoria) submetidos diretamente ao evento, e Comunicações Coordenadas, que
reúnem trabalhos de pesquisadores brasileiros sobre temas específicos, coordenados por
pesquisadores que propõem uma mesa específica. Na última edição do evento, as seguintes
mesas de Comunicações Coordenadas marcaram presença: 1) Rede Trabalho e Identidade dos
Jornalistas – SBPJor 2020: Questões emergentes do trabalho jornalístico: olhares cruzados
entre Argentina, Bélgica, México e Portugal; 2) Mesa Coordenada da RENOI – Jornalismo,
Violência contra profissionais, Responsabilidade Social e Media Accountability; 3)
Jornalismo, pandemia e métricas; 4) XXVI Mesa Coordenada JorTec – Uso de algoritmos no
Jornalismo: dilemas práticos e éticos; 5) Sessão Coordenada 1 – Retij – Jornalismo
independente, novos arranjos de Jornalismo e realidades regionais; 6) Rede TeleJor
Coordenada 3 – Telejornalismo e pandemia: apropriações, reconfigurações, espaços, gêneros
e formatos; 7) TeleJor Coordenada 1 - Histórias narradas nas e pelas telas: a construção da
história do tempo presente entre ditos e não-ditos; 8) Mesa Renami: Biografias, perfis e
histórias de vida no Jornalismo; 9) Estudos do Jornalismo contemporâneo: placeification e
territorialidades, acelerações e cooperações, gamergate e misoginias; 10) Trajetórias
profissionais, organização do trabalho e precarização; 11) Jornalismo Imersivo:
desenvolvimento, desafios e tendências; 12) Fundamentos Teóricos do Jornalismo: Crise,
estratégias de enfrentamento e epistemologia; 13) Narrativas Jornalísticas e Literárias – Mesa
Coordenada da Renami; 14) Mesa Renami: Narrativas de Viagem; 15) 5º Painel
IALJS/SBPJor-Renami de Jornalismo Literário; 16) Mesa 1 rede RadioJor: Mudanças
estruturais no radiojornalismo em tempos de pandemia; 17) XXIV Mesa Coordenada da Rede
JorTec – Métodos e soluções de pesquisa aplicada em Jornalismo e Tecnologias digitais:
27 Disponível em: http://sbpjor.org.br/sbpjor/institucional/quem-somos/. Acesso em 2 jan. 2021.
79
análise, coleta, visualização e distribuição de dados em tempos de Covid19; 18) Jornalismo,
democracia, transparência e acesso à informação; 19) Mesa 2 rede RadioJor: Covid-19 e
desafios ao radiojornalismo especializado e local; 20) XXV Mesa Coordenada da Rede
JorTec – Abordagens, modelos, ferramentas de análise, pesquisa em rede e tecnologias na
Pesquisa Aplicada em Jornalismo; 21) Jornalismo, política e subjetividades; 22) 4º Painel
IALJS/SBPJor-Renami de Jornalismo Literário; 23) Jornalismo e segurança pública:
proposições para uma cobertura orientada para a garantia e defesa dos direitos humanos; 24)
Jornalismo, infância e adolescência: discursos e apropriações; 25) Rede TeleJor Coordenada 2
– Narrativas audiovisuais: o fazer e o ensinar telejornalismo em tempos de covid-19; 26)
Coordenada Rede Telejor: Telejornalismo em Mutação: tecnologia, inovação, linguagem e
narrativas; 27) Renami 4: Narrativas da pandemia; 28) Circulação jornalística da crise
sanitária, simulação do Jornalismo e fake news/desinformação; 29) XXVII Mesa Coordenada
JorTec – Plataformas e Inteligência artificial: reconfigurações do Jornalismo.28
A partir dos eixos Comunicações Livres e Comunicações Coordenadas, a pesquisa
levantou, no período de 2012 a 2020, os artigos que tratam dos temas de interesse desta tese,
seguindo os mesmos parâmetros de escolha dos textos da Compós, o mesmo podendo ser dito
a respeito do trabalho de levantamento, leitura e análise indicados. Foram 1.933 os textos
apresentados nas duas modalidades no período.
Um conjunto significativo de textos da Compós e da SBPJor, como se pode ver com
maior profundidade adiante, reforçam o panorama construído no primeiro capítulo desta tese,
incidindo sobre as alterações vividas pelo Jornalismo e indicando a necessidade de as
organizações jornalísticas observarem esse novo universo para a construção de estratégias que
garantam a sua sobrevivência e o cumprimento de sua função social. Outros deles, em muito
menor escala, como os que tratam de modelos de negócios ou especificamente sobre as ações
da Folha nesse contexto, apoiam e reforçam a construção do terceiro capítulo, que investiga
como a Folha de S.Paulo busca respostas para a transformação vivida pelo setor, a partir das
inovações tecnológicas, sobretudo após o surgimento da internet.
Precisando melhor o objetivo do trabalho de análise que vem a seguir, convém anotar
que a pesquisa não se propõe a fazer um estudo comparativo entre as publicações da Compós
e da SBPJor, optando por uma abordagem de tipo amplo e ao mesmo tempo compreensivo de
todos esses textos. Nesse sentido, mapeia preocupações e tendências, eixos investigativos e
intuições acadêmicas. Mostra e aponta, mais do que argumenta e comprova. Desce, num
28 Disponível em: http://sbpjor.org.br/sbpjor/wp-content/uploads/2020/09/COMUNICACO%CC%83ES-
COORDENADAS-2020.pdf. Acesso em: 2 jan. 2021.
80
momento posterior, ao da análise mais geral, para o nível de uma conversa mais direta e
profunda com um conjunto de textos específicos, como foi apontado linhas atrás.
Um dos expoentes do método da compreensão, Dimas Künsch, em sua mais recente
obra, Compreender: indagações sobre o método (2020), que reúne textos produzidos entre
2009 e 2019, alguns dos quais em coautoria, e apresentados durante o Encontro Nacional da
Compós, sinaliza que, no ambiente intelectual, a renúncia deliberada ao estatuto da certeza e
da verdade é informada não apenas pela ideia de não se deixar abalar pela incerteza, mas
ainda pela convicção de que possíveis vazios interpretativos não necessariamente representam
um carimbo de imprestável na arena dos saberes.
O autor convida o leitor a pensar compreensivamente, correndo o risco, como em todo
empreendimento humano, de encontrar surpresas pelo caminho, e chamando a atenção para a
inexistência de garantia de que alcançaremos um porto seguro, idealizado, ou um final feliz
no drama da construção do conhecimento. Künsch insiste na pluralidade de formas e práticas
possíveis de conhecer o mundo e de habitá-lo, compreensivamente. No caso dos textos eleitos
para este trabalho, o método da compreensão, mais do que tentar explicar os fenômenos em
tela, busca situá-los numa rede ampla de conversação sobre o assunto, assumindo os
interlocutores uma atitude de abertura a formas de conhecimento plurais e sempre em
movimento.
Assim como o capítulo anterior, este também compõe, fundamentalmente, a primeira
fase do método de Hermenêutica de Profundidade, conforme postulado por Thompson (2011).
A análise sócio-histórica se interessa pelas condições sociais e históricas da produção,
circulação e recepção das formas simbólicas. Thompson (2011) considera essa fase essencial,
porque as formas simbólicas não subsistem num vácuo – elas são fenômenos sociais
contextualizados, são produzidas e recebidas dentro de condições sócio-históricas específicas,
que podem ser reconstruídas com a ajuda de métodos empíricos, observacionais e
documentais. Como anotado, o contexto sócio-histórico em que esses processos em torno do
Jornalismo se dão é o das mudanças tecnológicas em curso e do aparecimento da cultura
digital, com a internet e as redes sociais. Essa fase da Hermenêutica de Profundidade, iniciada
no primeiro capítulo, irá servir de base para as outras duas, que serão compreendidas no
último momento deste estudo.
Uma última observação se faz ainda necessária a respeito dos eventos e do tipo de
textos selecionados para essa conversa, que, não sendo de todo rigorosa nos moldes do cânone
positivista, nem por isso deixa de ser compreensiva e, como é de se desejar, assistida pelo
rigor (KÜNSCH, 2020; KÜNSCH et al, 2014). Em tese, dever-se-ia eleger textos que, tendo
81
passado pelo crivo dos eventos científicos, encontrassem depois guarida em periódicos ou
livros da área. Pelo menos dois problemas poderiam, no entanto, se revelar, ambos
associados: essa opção implicaria de alguma forma a perda da conversa e do debate, digamos,
“a quente”, no calor da discussão. A outra perda tem a ver com a questão de saber quantos
desses textos possuem efetivamente a chance de ser publicados e, caso disputem e vençam
essa batalha, sempre muito difícil para não-olimpianos, depois de quanto tempo. Sem contar
que os procedimentos de validação dos textos submetidos para os dois eventos, e muito
especialmente para a Compós, já provocam um peneiramento maior ou menor de textos. Na
última edição do Encontro Nacional da Compós somaram 390 os textos submetidos, dos
quais, como mencionado, 200 foram aprovados, ou seja, 51,28% do total.
Este capítulo está dividido da seguinte maneira: inicialmente o estudo considera um
panorama dos textos da Compós e da SBPJor que fornece dados quantitativos do
levantamento apurado e apura algumas dominâncias de temas; depois realiza uma verificação
geral dos textos a partir dos títulos e resumos, nucleando, a partir disso, certas temáticas. Em
um segundo momento, aprofunda a investigação, com foco nas palavras-chave; e por fim, o
estudo se direciona ao último patamar de análise, considerando dois textos de cada um dos
três núcleos temáticos com maior recorrência na apuração.
2.1 Um panorama dos textos da Compós e da SBPJor
A nossa apuração mapeou o total de 229 artigos. Nos Anais da Compós, entre 2011 e
2020, foram localizados 45 textos relacionados aos seus temas de interesse, a saber: 3 em
2011, 3 em 2012, 4 em 2013, 7 em 2014, 3 em 2015, 4 em 2016, 6 em 2017, 5 em 2018, 3 em
2019 e 7 em 2020.29 Uma verificação inicial dos principais temas abordados por esse conjunto
de textos, a partir de seus títulos, e com o apoio, onde necessário, de seus resumos, revela
certas dominâncias no período investigado, que podem ser reunidas nos seguintes tópicos:
práticas de Jornalismo em redes sociais; Jornalismo digital; Jornalismo em rede; Jornalismo
guiado por dados; multimídias; práticas jornalísticas na cibercultura; mudanças nos processos
de produção do Jornalismo; plataforma de conteúdos jornalísticos; ciberacontecimento;
29 Para tecer uma visão panorâmica desse material, a pesquisa apresenta, anualmente, uma tabela com as
seguintes informações: ano, número de pesquisas selecionadas, palavras-chave e número de vezes que elas
aparecem. As palavras-chave se distinguem entre um artigo e outro a partir do ponto final, na coluna em que elas
estão dispostas. Com foco nas palavras-chave utilizadas em cada um dos 45 artigos, esse quadro anual fornecerá
elementos relevantes sobre as principais abordagens dessas investigações. Além de considerar os elementos mais
representativos das palavras-chave, o estudo também sintetiza os assuntos discutidos em cada uma das
investigações, a partir dos títulos desses textos, que estão localizados em quadros no Apêndice.
82
atualização de estudos sobre a teoria da agenda; crise do Jornalismo; fake news e checagem de
fatos no campo do Jornalismo.
A partir das categorias Comunicações Livres e Comunicações Coordenadas da
SBPJor, o estudo apurou, entre 2012 e 2020, 184 pesquisas, a saber: 11 em 2012, 19 em 2013,
12 em 2014, 15 em 2015, 24 em 2016, 25 em 2017, 18 em 2018, 23 em 2019 e 37 em 2020.
Em uma leitura inicial, observamos algumas dominâncias de temas nesse período, a saber:
Jornalismo digital; Jornalismo na internet; Jornalismo no ciberespaço; produção jornalística
em redes sociais; Jornalismo em base de dados; hipermídia, multimídia; convergência das
mídias; Jornalismo convergente; participação da audiência na produção jornalística;
reconfigurações do Jornalismo; fake news e checagem de fatos pelo Jornalismo; automação da
notícia.
2.2 Nível de verificação geral
Partimos agora para o nível de verificação geral dos 229 textos selecionados. Ao
considerar os títulos e os resumos desses artigos, identificamos 12 núcleos temáticos
contemplados por esses estudos, a saber: 1) transformações tecnológicas do Jornalismo na
contemporaneidade; 2) circulação noticiosa em redes sociais; 3) participação da audiência na
produção de notícias; 4) Jornalismo multimídia, transmídia e hipermídia; 5) checagem de
fatos pelo Jornalismo; 6) mídias independentes e os nativos digitais; 7) automação da notícia;
8) pesquisas sobre a Folha de S.Paulo; 9) jornalistas blogueiros e influenciadores digitais; 10)
mídias segmentadas; 11) retomada de interesse pelo Jornalismo local; 12) modelos de negócio
para o Jornalismo.
O núcleo 1 traduz as pesquisas que consideraram os fenômenos recentes do
Jornalismo a partir de inovações tecnológicas; o núcleo 2 diz respeito aos artigos que
discutiram a produção de textos informativos em canais e redes sociais como o Facebook,
Twitter, Instagram, Youtube e Snapchat; o núcleo 3 incide sobre a participação dos leitores
na produção da notícia, incentivada a partir de ferramentas tecnológicas que permitem o envio
de sugestões de pautas pelo aplicativo de mensagens WhatsApp ou a inserção de comentários
ao final das notícias, que podem subsidiar nova cobertura; o núcleo 4 compreende as
pesquisas que refletiram sobre temas como Jornalismo multimídia, transmídia e hipermídia; o
núcleo 5 considera o fenômeno das fake news e a checagem de fatos pelo Jornalismo; o
núcleo 6 concentra as pesquisas que consideraram as mídias independentes e os nativos
digitais, que despontam no ambiente digital; o núcleo 7 trata da questão da automação da
83
notícia, ou seja, a produção do texto noticioso a partir de inteligência artificial; o núcleo 8
considera as pesquisas que teceram reflexões sobre a Folha de S.Paulo, nosso objeto de
pesquisa; o núcleo 9 compreende as investigações sobre as iniciativas de jornalistas que se
revelam como influenciadores digitais; o núcleo 10 considera as mídias segmentadas, ou seja,
aquelas iniciativas que enveredam a cobertura para um tema específico; o núcleo 11 reúne
estudos sobre a retomada de interesse pelo Jornalismo local; o núcleo 12 concentra as
pesquisas que tratam de modelos de negócio para o Jornalismo nesse cenário de mudanças.
A identificação desses 12 núcleos temáticos contou com o apoio do panorama traçado
no primeiro capítulo. Essa primeira fase da pesquisa abarcou as recentes mudanças no
Jornalismo, como a convergência no Jornalismo; abordou a interação com o público;
considerou o conceito de gatewatching, que diz respeito à participação das pessoas na
filtragem do que interessa à suas comunidades de interesse; compreendeu novas habilidades
do jornalista; considerou uma visão crítica; sinalizou o Jornalismo nas redes sociais; observou
as fake news e a checagem de fatos; mencionou a inteligência artificial e a automação da
produção noticiosa; observou os fenômenos pela vertente de uma nova esfera do Jornalismo;
considerou novos atores e suas audiências; abarcou iniciativas do Jornalismo nativo digital;
identificou a retomada do Jornalismo local; compreendeu a busca de saídas pelas
organizações, com a sinalização de modelos de negócio no ambiente digital.
A Tabela 1 indica o número de vezes em que esses temas foram contemplados pela
Compós e pela SBPJor na última década, e a porcentagem de cada um em relação aos 229
textos eleitos pela pesquisa. Os temas estão dispostos pela ordem de expressividade dos
números registrados.
Tabela 1 – núcleos temáticos identificados nas pesquisas selecionadas na Compós e na
SBPJor na última década
NÚCLEOS TEMÁTICOS CONTEMPLADOS
PELA COMPÓS E PELA SBPJOR
TOTAL DE
APARIÇÕES
PORCENTAGEM EM
RELAÇÃO AOS 229
TEXTOS
1) Transformações tecnológicas do Jornalismo na
contemporaneidade
109 47,59%
2) Circulação noticiosa em redes sociais 50 21,83%
3) Participação da audiência na produção de
notícias
20 8,73%
4) Jornalismo multimídia, transmídia e hipermídia 11 4,80%
5) Checagem de fatos pelo Jornalismo 10 4,36%
6) Mídias independentes e os nativos digitais 7 3,05%
7) Automação da notícia 7 3,05%
8) Pesquisas sobre a Folha de S.Paulo 5 2,18%
84
9) Jornalistas blogueiros e influenciadores digitais 3 1,31%
10) Mídias segmentadas 3 1,31%
11) Retomada de interesse pelo Jornalismo local 2 0,87%
12) Modelos de negócio para o Jornalismo 2 0,87%
Fonte: elaborada pela autora.
A Tabela 1 sinaliza, a partir do universo de interesse de nossa pesquisa, os núcleos
temáticos mais recorrentes na Compós e na SBPJor na última década. Os números mais
expressivos incidem sobre as transformações tecnológicas do Jornalismo na
contemporaneidade. Esse tema foi discutido em 109 artigos, e representa quase 50% do
número total de textos identificados (229). A circulação noticiosa figura como o segundo
tema que mais recebeu atenção da ciência, com 50 aparições (21,83%). O terceiro número
mais expressivo refere-se à participação da audiência na produção de notícias, com 20 artigos
(8,73%). Na sequência, figuram os núcleos: Jornalismo multimídia, transmídia e hipermídia,
com 11 artigos (4,80%); checagem de fatos pelo Jornalismo, com 10 textos (4,36%); mídias
independentes e os nativos digitais, e automação da notícia, receberam a mesma atenção da
Compós e da SBPJor totalizando 7 textos (3,05%); foram identificadas cinco pesquisas sobre
a Folha de S.Paulo (2,18%); sobre jornalistas blogueiros e influenciadores digitais e mídias
segmentadas em rede, a pesquisa localizou três textos de cada tema (1,31%); os temas sobre a
retomada de interesse pelo Jornalismo local e os modelos de negócio para o jornais foram
considerados, cada um, em dois textos (0,87%).
A partir da indicação da Tabela 1, a pesquisa observa, num primeiro momento, que os
núcleos temáticos identificados dialogam com os temas discutidos no primeiro capítulo,
sinalizando a preocupação da ciência pelos fenômenos emergentes do Jornalismo.
Verificamos que apesar de a ciência acompanhar de perto as mudanças sofridas pelo
Jornalismo na contemporaneidade, conforme o número de aparições de textos que versam
sobre essas alterações (109 dos 229), a academia ainda dedica pouco espaço a solução desses
problemas, como a sinalização de saídas pelas organizações jornalísticas, o que podemos
conferir por meio do número de abordagens sobre modelos de negócio para o Jornalismo
(apenas dois em uma década). As investigações se restringiram, especialmente, à discussão do
fenômeno a partir de reflexões teóricas, que incidiram sobre as vertentes dessas
transformações do Jornalismo. Os três núcleos temáticos mais apurados (transformações
tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade; circulação noticiosa em redes sociais e
participação da audiência na produção de notícias) validam essa sinalização.
85
Nessa verificação geral dos 229 textos apurados na Compós e na SBPJor, também
aferimos a recorrência dos 12 núcleos temáticos ano a ano. A Tabela 2 apresenta a quantidade
de vezes em que cada núcleo temático foi considerado pelos pesquisadores.
Tabela 2 – Núcleos temáticos ano a ano na Compós e na SBPJor
NÚCLEOS
TEMÁTICOS
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
1 2 8 14 10 14 14 13 13 6 15
2 1 2 5 4 2 6 8 4 4 14
3 0 4 2 3 0 4 3 1 3 0
4 0 0 1 0 1 2 1 2 1 3
5 0 0 0 0 0 0 1 2 4 3
6 0 0 0 0 0 1 0 0 3 3
7 0 0 0 0 0 1 1 0 2 3
8 0 0 0 0 0 0 2 1 1 1
9 0 0 0 2 0 0 0 0 0 1
10 0 0 0 2 0 0 0 0 0 1
11 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1
12 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0
Fonte: elaborada pela autora.
A Tabela 2 demonstra a incidência dos 12 núcleos temáticos identificados
anteriormente, de 2011 a 2020. Em 2011, quando a SBPJor ainda não disponibilizava os
Anais de seus encontros anuais, verificamos que o tema das “Transformações tecnológicas do
Jornalismo na contemporaneidade” (1) foi considerado duas vezes pela Compós. No ano
seguinte, já contemplando as pesquisas da SBPJor, verificamos que essas alterações foram
discutidas em oito pesquisas. Em 2013, que registra o surgimento de um movimento social
que mobilizou milhões de pessoas nas ruas do Brasil organizado a partir das redes digitais,
identificamos um aumento de pesquisas sobre esse tema, com 14 aparições. O número se
manteve na casa decimal até 2018. Em 2019, houve uma queda nas pesquisas que incidiram
sobre o assunto e no ano seguinte, 2020, verificamos o maior número de pesquisas dos
núcleos em um único ano, com 15 aparições.
Já o núcleo temático da “Circulação noticiosa em redes sociais” (2) começou tímido
em 2011, com apenas um artigo identificado; em 2012 identificamos dois estudos; em 2013,
86
quando houve o movimento social no Brasil a partir das redes digitais, o número passou para
cinco; em 2014, quatro, em 2015, dois; em 2016, seis, em 2017 o número aumentou para oito;
em 2018 e 2019 se manteve em quatro e em 2020 identificamos 14 artigos na Compós e na
SBPJor que discutiram questões relacionadas a circulação noticiosa nas redes sociais,
revelando assim, a atenção crescente da ciência sobre esse fenômeno.
O núcleo temático da “Participação da audiência na produção noticiosa” (3) foi
considerado de forma mais expressiva, pelos pesquisadores da Compós e da SBPJor em 2012
e 2016, com o registro de quatro artigos em cada ano. Em 2014, 2017 e 2019 identificamos
três artigos; em 2013, dois; em 2018, um.
Além de considerar os resultados dos três núcleos temáticos que reúnem os números
mais expressivos, compreendemos também fatores como a presença e a ausência de certos
temas em determinados anos.
A partir da Tabela 2, identificamos que 2020 registrou o ano mais expressivo de
artigos cristalizados nos dois primeiros núcleos temáticos, dispostos a partir de sua
expressividade na Tabela 1, considerada linhas atrás. Em 2020, o mundo foi assolado pela
pandemia causada pelo coronavírus, que impediu o contato social das pessoas por um longo
período. Essa realidade provocou uma grande alteração nas estratégias de diversos segmentos
de organizações, como as jornalísticas, que observaram um considerável crescimento do
consumo de mídia digital no período, conforme iremos aprofundar no próximo capítulo. Neste
sentido, como costumeiramente o faz em episódios que mobilizam um número relevante de
pessoas, em fenômenos que dialogam com a Comunicação, a Academia acompanhou a
amplificação da comunicação jornalística pelas vias digitais durante esse período, dedicando
seus esforços, especialmente, aos núcleos temáticos das “Transformações tecnológicas do
Jornalismo na contemporaneidade” e da “Circulação de notícias nas redes sociais”.
Também sentimos falta, especialmente, da discussão de modelos de negócio
amparados na cultura digital, registrando uma lacuna de pesquisas sobre esse tema em 2011,
2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2018, 2019 e 2020. O avanço da hospedagem de empresas
jornalísticas no ambiente digital requer atenção dos pesquisadores, tanto quanto os outros
núcleos temáticos identificados.
2.3 Nível das palavras-chave
Na etapa anterior, realizamos uma verificação geral dos 229 textos apurados,
elencando 12 núcleos temáticos. Agora, diante desses temas, passaremos a uma nova análise,
87
a partir das palavras-chave, identificando a quais núcleos as palavras-chave pertencem. Esse
levantamento será realizado na apresentação de quadros, que fornecem os seguintes dados:
número de pesquisas de cada ano, palavras-chave e o número de vezes em que as palavras-
chave aparecem. A pesquisa também considera na análise, um breve panorama dos temas
tratados em cada um dos artigos, com base nos títulos e resumos. Ao final, iremos tecer
algumas observações. Primeiro compreenderemos os textos da Compós e na sequência, da
SBPJor.
Um breve esclarecimento sobre essa análise se faz necessário. Algumas palavras-
chave como: Jornalismo, gênero jornalístico e narrativas jornalísticas, serão mencionadas no
quadro que apura todas as palavras-chave, mas serão desconsideradas da análise posterior ao
respectivo quadro por representarem o universo costumeiro do Jornalismo. Neste sentido,
iremos compreender na discussão que pretendemos estabelecer, apenas as palavras-chave que
dialogam com os núcleos temáticos identificados anteriormente.
A Tabela 3 apresenta o número de textos selecionados em 2011, com as palavras-
chave que aparecem e quantas vezes aparecem em todos eles.
Tabela 3 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2011
NÚMERO DE
PESQUISAS
SELECIONADAS
PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES EM QUE
AS PALAVRAS-CHAVE
APARECEM
4 Cibercultura;
Niklas Luhmann;
Vilém Flusser.
Jornalismo digital de base de dados;
Texto da cultura;
Jornalismo;
Linguagens digitais;
Semiótica da cultura.
Jornalismo;
Processo de criação;
Jornalismo digital.
Twitter;
Gênero jornalístico;
Gênero jornálico.
1
1
1
1
1
1
1
1
2
1
1
1
1
1
Fonte: elaborada pela autora.
Em 2011, ano em que a pesquisa identificou quatro artigos, verificamos 14 palavras-
chave. Destas, quatro se relacionam com o núcleo temático 1 “Transformações tecnológicas
do Jornalismo na contemporaneidade”: cibercultura, Jornalismo digital de base de dados,
88
linguagens digitais e Jornalismo digital; e uma se refere ao núcleo temático 2 “Circulação
noticiosa em redes sociais”: Twitter. Isso demonstra que no início da década, a preocupação
dos pesquisadores da Compós volta-se prioritariamente às questões recentes das alterações do
Jornalismo, sendo que a circulação de notícias nas redes sociais, um tema já observado. Essas
palavras-chave se relacionam especialmente com o universo do Jornalismo no ambiente
digital.
Os artigos de 2011 discutiram a forma cultural da sociedade em rede; Jornalismo
digital em Base de Dados; Jornalismo em processo e os gêneros jornalísticos no Twitter.
Percebemos que a partir desse ano, as pesquisas já começavam a dedicar as suas atenções para
a produção de Jornalismo nas mídias digitais.
A Tabela 4 apresenta o número de textos selecionados em 2012, com as palavras-
chave que aparecem e quantas vezes se apresentam em todos eles.
Tabela 4 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2012
NÚMERO DE
PESQUISAS
SELECIONADAS
PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES
EM QUE AS PALAVRAS-CHAVE
APARECEM
3 Comunicação digital;
Curadoria de informação;
Algoritmo;
Perfil do comunicador.
Contínuo mediático atmosférico;
Agendamento;
Nova teoria da comunicação.
Jornalismo;
Redes sociais;
Circulação jornalística.
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
Fonte: elaborada pela autora.
Em 2012, o estudo localizou três pesquisas e 10 palavras-chave. Destas, três incidem
sobre o núcleo temático 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo na
contemporaneidade”: Comunicação digital, curadoria de informação e algoritmo; e uma
incide sobre o núcleo temático 2 “Circulação noticiosa em redes sociais”: redes sociais.
Observamos a menção à palavra-chave ‘curadoria da informação’, em 2012, já como uma
apropriação ao Jornalismo na contemporaneidade, resultado das mudanças no ambiente
digital. Assim como no ano anterior, o núcleo mais verificado em 2012 foi o de mudanças no
89
Jornalismo pelo viés tecnológico, demonstrando a atenção dos pesquisadores da Compós ao
tema.
Com relação às pesquisas, a primeira propôs uma discussão sobre o algoritmo curador
e o papel do comunicador; a segunda, elaborou uma proposta de atualização da teoria da
agenda e a terceira abordou a circulação e a recirculação jornalística no Twitter.
A Tabela 5 apresenta o número de textos selecionados em 2013, com as palavras-
chave e quantas vezes aparecem em todos eles.
Tabela 5 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2013
NÚMERO DE
PESQUISAS
SELECIONADAS
PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES
EM QUE AS PALAVRAS-
CHAVE APARECEM
4 Mensalão;
Mídia;
Rede social.
Acontecimento;
Ciberjornalismo;
Redes sociais;
Jornalismo;
Circulação jornalística;
Twitter;
Jornalismo digital em base de dados;
Jornalismo guiado por dados;
Reportagem assistida por computador;
Etnografia;
Hacker.
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
Fonte: elaborada pela autora.
Em 2013, das 14 palavras-chave das quatro pesquisas mapeadas, quatro pertencem ao
núcleo 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade”:
ciberjornalismo, Jornalismo digital em base de dados, Jornalismo guiado por dados e
reportagem assistida por computador; e duas dialogam com o núcleo 2 “Circulação noticiosa
em redes sociais’: rede social, com duas recorrências, e Twitter.
A partir das palavras-chave, verificamos os termos ‘Jornalismo guiado por dados’ e
‘reportagem assistida por computador’, sinalizando as recentes incorporações tecnológicas do
Jornalismo. Assim como nos anos anteriores, o núcleo temático 1 reuniu o número mais
expressivo de palavras-chave.
90
Um dos estudos dedicou-se a discutir questões políticas da época, como é o caso do
julgamento do mensalão, relacionando-as ao Jornalismo digital. As demais pesquisas
incorporaram reflexões sobre o ciberacontecimento e sobre o Jornalismo nas redes sociais.
A Tabela 6 apresenta o número de textos selecionados em 2014, com as palavras-
chave que aparecem e em quantas vezes se apresentam em todos eles.
Tabela 6 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2014
NÚMERO DE
PESQUISAS
SELECIONADAS
PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES
EM QUE AS PALAVRAS-CHAVE
APARECEM
7 Difusão de informações;
Protestos;
Twitter.
Textos;
Competências;
Comunicação digital.
Curadoria;
Breaking news;
Jornalista.
Notícia;
Circulação;
Redes sociais na internet;
Narrativa;
Jornalismo digital;
Computação.
Crise;
Ciberacontecimento;
Movimentos de ocupação global.
Narrativas multimídia;
Convergência jornalística;
Base de dados.
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
Fonte: elaborada pela autora.
Em 2014, o estudo registrou o número mais expressivo de pesquisas – sete –, que se
repetiu apenas em 2020. Foram mapeadas 21 palavras-chave. Destas, sete conversam com o
núcleo temático 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade”:
Comunicação digital, curadoria, Jornalismo digital, ciberacontecimento, narrativas
multimídia, convergência jornalística e base de dados; e duas dialogam com o núcleo temático
2 “Circulação noticiosa em redes sociais”: Twitter e redes sociais na internet.
Novamente, o núcleo temático 1 vigora entre os demais. As 21 palavras-chave, desses
sete textos, tangenciam, sobretudo, os movimentos sociais de 2013 que se formataram nas
91
redes sociais, sobre a convergência jornalística e sobre a circulação do texto noticioso no
ambiente digital.
Em 2014, foram localizadas investigações sobre os papéis de ativistas no Twitter;
apontamentos sobre aprendizado e competência na Comunicação digital; a curadoria em
Jornalismo nas coberturas de breaking news; dinâmica da notícia nas redes sociais na internet;
o sistema narrativo no Jornalismo digital; Jornalismo e movimento em rede; produção
horizontal e narrativas verticais. A Tabela 7 apresenta o número de textos selecionados em
2015, com as palavras-chave que aparecem e em quantas vezes se apresentam em todos eles.
Tabela 7 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2015
NÚMERO DE
PESQUISAS
SELECIONADAS
PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES EM QUE AS
PALAVRAS-CHAVE APARECEM
3 Midiatização;
Cibercultura;
Teoria Ator-Rede.
Rotinas flexíveis;
Telejornalismo;
Rotinas fordistas.
Crise do Jornalismo;
Filosofia da linguagem;
Charlie Hebdo;
The New York Times.
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
Fonte: elaborada pela autora.
Em 2015, foram apuradas 10 palavras-chave nas três pesquisas mapeadas. Destas, 5
incidem sobre o núcleo temático 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo na
contemporaneidade”: midiatização, cibercultura, teoria Ator-Rede, rotinas flexíveis e crise do
Jornalismo. As palavras-chave evidenciam que a cibercultura, que vem sendo considerada
pelos pesquisadores desde 2010, continuou figurando como um tema quente na arena
jornalística. Também identificamos uma menção à teoria Ator-Rede, que tangencia as
alterações do Jornalismo, e também uma outra, com referência à crise do Jornalismo, que
retrata a emergência das redes sociais digitais.
O estudo selecionou as investigações sobre uma teoria da vida midiatizada; 65 anos de
telejornalismo – das notícias fordistas às notícias flexíveis; reflexões sobre a crise do
Jornalismo.
92
A Tabela 8 apresenta o número de textos selecionados em 2016, com as palavras-
chave que aparecem e em quantas vezes se manifestam em todos eles.
Tabela 8 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2016
NÚMERO DE
PESQUISAS
SELECIONADAS
PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES EM QUE
AS PALAVRAS-CHAVE
APARECEM
4 Opinião pública;
Teoria do agendamento;
Big data.
Jornalismo móvel;
Affordances;
Inovação;
Revistas para tablets.
Narrativas jornalísticas;
Jornalismo e cidadania;
Iniciativas emergentes;
SP invisível;
RJ invisível.
Jornalismo digital em base de dados;
Jornalismo estruturado;
Metadados;
Multidisciplinaridade.
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
Fonte: elaborada pela autora.
Em 2016 foram mapeadas quatro pesquisas e 16 palavras-chave. Destas, 6 incidem
sobre o núcleo temático 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo na
contemporaneidade”: Big Data, Jornalismo móvel, revista para tablets, iniciativas emergentes,
Jornalismo digital em base de dados e Jornalismo estruturado.
A partir das palavras-chave, identificamos que os pesquisadores da Compós se
empenharam em compreender nesse período a circulação noticiosa em tablets. Eles também
já consideram em 2016 questões voltadas ao Big Data,30 termo emprestado da Tecnologia da
Informação, que passou a ser alinhado ao Jornalismo após a incorporação de aparatos
tecnológicos.
Em 2016, o estudo apurou pesquisas sobre a construção da agenda pública na era da
Comunicação digital; affordances indutoras de inovação no Jornalismo móvel; a experiência
de outros jornalismos em grandes centros urbanos; uso de metadados para enriquecimento de
30 Trata-se de um grande conjunto de dados que necessitam ser processados e armazenados. Disponível em:
https://www.cetax.com.br/blog/big-data/. Acesso em 2 jan. 2021.
93
bases noticiosas na web. Os quatro textos enveredam suas discussões para o Jornalismo no
campo digital. A Tabela 9 apresenta o número de textos selecionados em 2017, com as
palavras-chave que aparecem e em quantas vezes se revelam em todos eles.
Tabela 9 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2017
NÚMERO DE
PESQUISAS
SELECIONADAS
PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES QUE AS
PALAVRAS-CHAVE
APARECEM
6 Jornalismo;
Home page;
Modos de leitura.
Finalidades do jornalismo;
Leitor;
Jornais de referência.
Teoria do jornalismo;
Crise;
Trabalho.
Jornalismo digital;
Design;
Contrato de leitura.
Jornalismo;
Dialogia;
Cultura participativa.
Jornalismo contemporâneo;
Epistemologia;
Pesquisa de objetos.
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
2
1
1
1
1
1
Fonte: elaborada pela autora.
Em 2017, das seis pesquisas selecionadas, aparecem 18 palavras-chave. Três delas
dialogam com o núcleo temático 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo na
contemporaneidade”: home page, crise e Jornalismo digital. Uma delas incide sobre o núcleo
temático 3 “Participação da audiência na produção de notícias”: cultura participativa.
A partir das palavras-chave, esse estudo identificou que as pesquisas mantiveram os
focos semelhantes aos anos anteriores, com reflexões relacionadas especialmente ao
Jornalismo digital. Foram debatidos, ainda, assuntos relacionados ao trabalho do jornalista, à
crise do campo e à cultura participativa, desdobramentos relacionados à migração do
Jornalismo para o ambiente digital.
Em 2017, a pesquisa mapeou os estudos que discutiram a invisibilidade da home page
e as mudanças nos modos de leitura das notícias; as finalidades do Jornalismo para os leitores,
em um estudo da audiência dos jornais Folha de S.Paulo, O Globo e Estadão; as mutações do
94
trabalho do jornalista e suas contradições; a ludicidade no Jornalismo para tablet;
multiparcialidade, dialogia e cultura participativa como reação à pós-verdade; uma proposta
para pesquisa de objetos no Jornalismo contemporâneo. A palavra-chave ‘Jornalismo’ se
repetiu em dois dos seis artigos.
A Tabela 10 apresenta o número de textos selecionados em 2018, com as palavras-
chave que aparecem e em quantas vezes foram utilizadas em todos eles.
Tabela 10 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2018
NÚMERO DE
PESQUISAS
SELECIONADAS
PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES EM QUE
AS PALAVRAS-CHAVE
APARECEM
5 Jornalismo;
Conhecimento;
Construção social.
Trajetórias profissionais;
Jornalistas brasileiros;
Crise.
Podcast;
Rádio expandido;
Rádio transmídia.
Jornalismo;
Credibilidade;
Pseudo-jornalismo.
Jornalismo de dados;
Mapa das mediações;
Sujeito dados.
1
1
1
1
1
1
1
1
1
2
1
1
1
1
1
Fonte: elaborada pela autora.
Em 2018, das cinco pesquisas mapeadas, foram apuradas 15 palavras-chave. Destas, 5
incidem sobre o núcleo temático 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo na
contemporaneidade”: crise, podcast, rádio expandido, rádio transmídia, Jornalismo de dados.
As palavras-chave indicam que as pesquisas se mantiveram com foco no Jornalismo
no ambiente digital, mas passaram a empregar os termos ‘podcast, rádio expandido, rádio
transmídia e Jornalismo de dados’, que revelam fenômenos recentes da atividade. Já
caminhando para o fim da década, os temas investigados pelos pesquisadores da Compós,
acerca das alterações do Jornalismo, deixaram de contemplar modelos, teorias ou soluções
práticas para as organizações jornalísticas.
Em 2018, o estudo apurou cinco pesquisas. Elas propuseram discussões sobre a
produção de conhecimento no Jornalismo, as transformações e renovações do cenário
95
contemporâneo; trajetórias profissionais de jornalistas no Brasil pelo viés da crise e do
mercado de trabalho; imersividade como estratégia narrativa em podcasts investigativos; uma
análise dos produtores de conteúdo político brasileiros; apontamentos para a discussão do
Jornalismo no cenário Big Data.
A Tabela 11 apresenta o número de textos selecionados em 2019, com as palavras-
chave que aparecem e em quantas vezes aparecem em todos eles.
Tabela 11 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2019
NÚMERO DE
PESQUISAS
SELECIONADAS
PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES EM QUE
AS PALAVRAS-CHAVE
APARECEM
3 Rádio expandido;
Rádio Itatiaia;
Análise de redes sociais.
Agir cartográfico;
Mediação qualificada;
Ciberacontecimento.
Jornalístico;
Fake news;
Eleição 2018.
1
1
1
1
1
1
1
1
1
Fonte: elaborada pela autora.
Em 2019, das três pesquisas selecionadas, foram identificadas 9 palavras-chave.
Destas, duas dialogam com o núcleo temático 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo
na contemporaneidade”: rádio expandido e ciberacontecimento; uma, com o núcleo temático
2 “Circulação noticiosa em redes sociais”: análise de redes sociais; e uma com o núcleo
temático 5 “Checagem de fatos pelo Jornalismo”: fake news.
A partir das palavras-chave, verificamos que o termo ‘rádio expandido’ voltou a ser
considerado pelos pesquisadores da Compós, atualizando os debates anteriores. Também
observamos que o fenômeno das fake news e a checagem de fatos, recebeu atenção dos
pesquisadores.
Em 2019, foram escolhidos os estudos que refletiram sobre a audiência radiofônica e a
interação mediada on-line; o agir cartográfico e uma proposta teórico-metodológica para
compreensão e exercício do Jornalismo em rede; as fake news e a reconfiguração do campo
comunicacional. As propostas, apesar de distintas entre elas, se inserem dentro do macro-
ambiente do Jornalismo digital. Outra vez, os pesquisadores tecem reflexões sobre o
96
fenômeno das transformações do Jornalismo, sem propostas práticas para as organizações do
setor.
A Tabela 12 apresenta o número de textos selecionados em 2020, com as palavras-
chave que aparecem e em quantas vezes se manifestam em todos eles.
Tabela 12 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2020
NÚMERO DE
PESQUISAS
SELECIONADAS
PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES EM QUE
AS PALAVRAS-CHAVE
APARECEM
7 Newsgames;
Interação;
Engajamento.
Circulação de informação;
Líder de opinião;
Recirculação.
Dados digitais;
Pesquisas comunicacionais;
Compós;
Nvivo.
Crítica midiática;
Dispositivos críticos;
Jornalismo.
Fontes jornalísticas;
Promotores de notícias;
Ecossistema jornalístico.
Jornalismo;
Fact-checking;
Fake news.
Violência digital;
Jornalistas;
Eleições presidenciais.
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
2
1
1
1
1
Fonte: elaborada pela autora.
No último ano de levantamento desse estudo, em 2020, somaram-se sete pesquisas e
22 palavras-chave. Destas, três traduzem o núcleo temático 1 “Transformações tecnológicas
do Jornalismo na contemporaneidade”: recirculação, dados digitais, ecossistema jornalístico;
duas conversam com o núcleo temático 3 “Participação da audiência na produção de
notícias”: interação, engajamento; duas dialogam com o núcleo temático 5 “Checagem de
fatos pelo Jornalismo”: fact-checking e fake news. As palavras-chave sinalizam que, os
estudos se concentraram nos desdobramentos do fenômeno das transformações do Jornalismo.
97
Observamos que o leque de temas contemplados em 2020 aumentou de forma
expressiva, indicando o olhar do pesquisador da Compós aos tantos fenômenos em curso no
Jornalismo, tecidos no ambiente digital.
As pesquisas sinalizaram as potencialidades informativas do lúdico no Jornalismo
digital; discutiram a circulação de informação no Twitter; os dados digitais na Comunicação;
dispositivos de crítica jornalística na esfera pública em rede; Jornalismo científico,
ecossistema jornalístico e fontes especializadas; Jornalismo e fact-checking; e violência
digital contra jornalistas.
Observações gerais
A partir de uma perspectiva dos textos da Compós, mapeamos 149 palavras-chave nos
45 artigos selecionados. Foram consideradas para o ambiente descritivo e analítico, para além
dos quadros, apenas as palavras-chave que dialogam com os 12 núcleos temáticos
identificados anteriormente, somando, sob este aspecto, 55 palavras-chave. Identificamos nas
palavras-chave, as dominâncias de temas diante dos 12 núcleos temáticos. Com essas
características, 42 estavam relacionadas ao núcleo 1; 7 estavam relacionadas ao núcleo 2; 3 ao
núcleo 3 e 3 ao núcleo 5. Diante desses resultados, verificamos que os temas mais debatidos
pelos pesquisadores da Compós dialogam, respectivamente, com as transformações do
Jornalismo pelo viés da tecnologia na contemporaneidade, com a produção noticiosa nas redes
sociais, com a participação da audiência na produção da notícia, e com o fenômeno das fake
news e da checagem de fatos.
Diante das palavras-chave, verificamos que em 2010 a cibercultura já figurava como
tema de investigação, a partir do viés do texto noticioso. Em 2011, as palavras-chave
indicavam as discussões da produção do Jornalismo nas redes sociais. Em 2012, as palavras-
chave incidiram sobre as recentes alterações do Jornalismo como: Comunicação digital,
curadoria de informação, algoritmo e circulação jornalística. Em 2013, quando eclodiram as
discussões sobre o ciberacontecimento e o Jornalismo nas redes sociais, as palavras-chave
indicaram que os estudos acompanharam os acontecimentos políticos, a partir da perspectiva
do Jornalismo digital. Em 2014, as palavras-chave dos sete textos localizados, refletiram,
sobretudo, sobre os movimentos sociais de 2013 que se formataram nas redes sociais, sobre a
convergência jornalística e sobre a circulação do texto noticioso no ambiente digital. No ano
seguinte, 2015, os pesquisadores da Compós continuavam a refletir sobre os fenômenos do
Jornalismo a partir da cibercultura, ação identificada desde os estudos de 2010. Foi verificado
98
ainda que em 2015, a ciência recorreu à teoria ator-rede para discutir as alterações do
Jornalismo, e também refletiu sobre a crise do Jornalismo, retratando a emergência das redes
sociais digitais. As quatro pesquisas identificadas em 2016, abordaram o Jornalismo no
ambiente digital, e as palavras-chave indicaram aspectos diferentes sobre esse cenário. Em
2017, verificou-se que as pesquisas consideraram questões relacionadas especialmente ao
Jornalismo digital e refletiram, dentro desse contexto, sobre o trabalho do jornalista, a crise na
área da Comunicação e sobre a cultura participativa. Em 2018, as palavras-chave indicam que
os seus respectivos estudos abordam aspectos diversos do Jornalismo no ambiente digital. Já
caminhando para o fim da década, os temas analisados pelos pesquisadores da Compós,
acerca das alterações do Jornalismo, deixaram de contemplar modelos, teorias ou soluções
práticas para as organizações jornalísticas, realidade verificada também nos dois anos
posteriores. Em 2019, as propostas, apesar de distintas, se revelaram dentro do mesmo macro-
ambiente do Jornalismo digital. Novamente, os pesquisadores teceram reflexões sobre o
fenômeno das transformações do Jornalismo, sem propostas práticas para as organizações do
setor. Em 2020, as palavras-chave sinalizam que os estudos se concentram nos
desdobramentos do fenômeno das transformações do Jornalismo.
De uma forma geral, os estudos mapeados na Compós se dedicaram a temas
relacionados às transformações do Jornalismo, com atenção ao Jornalismo digital. Abarcam
diferentes manifestações do fenômeno contemporâneo, tais como: a produção do Jornalismo
nas redes sociais; mudanças no trabalho do jornalista; crise da área de Comunicação; fake
news e checagem de fatos pelo Jornalismo. Os pesquisadores também se dedicaram ao debate
das teorias, que contemplam os estudos de Jornalismo digital. A pesquisa observou que
durante toda a década investigada, os pesquisadores da Compós privilegiaram discussões
teóricas sobre as transformações do Jornalismo, deixando de lado propostas práticas ou
soluções em formatos de modelos para as organizações jornalísticas. Abordagens estas, que,
poderiam esboçar alternativas, especialmente para aquelas empresas que não migraram, ou o
fizeram de forma parcial para o ambiente digital, de forma que ainda não apresentam um
modelo definido de atuação nesse cenário, que lhes garanta a sobrevivência no mercado.
SBPJor
Dando continuidade à análise, agora passamos a contemplar as pesquisas da SBPJor
para a análise das palavras-chave com base nos 12 núcleos temáticos identificados na Tabela
1.
99
A Tabela 13 apresenta o número de textos selecionados em 2012, com as palavras-
chave que aparecem e quantas vezes se manifestam em todos eles.
Tabela 13 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2012 e suas palavras-chave
NÚMERO DE
PESQUISAS
SELECIONADAS
PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES EM QUE
AS PALAVRAS-CHAVE
APARECEM
11 Jornalismo digital;
Webjornalismo audiovisual;
Webtvs universitárias;
Processo produtivo jornalístico;
Produção webjornalística;
Audiovisual.
Jornalismo;
Notícia;
Notícia líquida;
Webnotícia.
Jornalismo digital;
Ciberjornalismo;
Internet;
Redes sociais;
Jornalismo em base de dados.
Jornalismo online;
Revistas;
Suportes;
Materialidades.
Jornalismo;
Acontecimento;
Circulação jornalística;
Sites de redes sociais;
Twitter.
Gêneros discursivos;
Notícia;
Esfera jornalística;
Twitter;
Tweet noticioso.
Convergência;
Jornalismo em base de dados;
Hackeamento;
Jornalismo colaborativo;
Hacker.
Descentralização;
Colaboração;
Media;
Audiência;
Conteúdo noticioso;
Crowdsourcing.
Acontecimento jornalístico;
Convergência midiática;
Mídias sociais;
1
1
1
1
1
1
1
1
1
2
1
1
1
1
1
1
1
1
2
1
1
1
1
1
2
1
2
1
1
2
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
100
Critérios de noticiabilidade;
Cultura participativa.
Jornalismo;
Participação no Jornalismo;
Webjornalismo.
Radiojornalismo;
Economia política do Jornalismo;
Hipermediações;
Fase da multiplicidade da oferta.
1
3
1
1
1
1
1
1
1
Fonte: elaborada pela autora.
A pesquisa observou que das 52 palavras-chave de 2012, 17 se referiram ao núcleo
temático 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade”: Jornalismo
digital (que apareceu duas vezes), webjornalismo audiovisual, produção webjornalística,
notícia líquida, webnotícia, ciberjornalismo, Jornalismo em base de dados (que apareceu duas
vezes), Jornalismo online, suportes, convergência (que apareceu duas vezes), convergência
midiática, webjornalismo, hipermediações, fase da multiplicidade da oferta.
Sete palavras-chave dialogaram com o núcleo temático 2 “Circulação noticiosa em
redes sociais”: redes sociais, sites de redes sociais, Twitter (com duas aparições), gêneros
discursivos, tweet noticioso, mídias sociais; e cinco delas conversaram com o núcleo temático
3 “Participação da audiência na produção de notícias”: Jornalismo colaborativo, colaboração,
audiência, cultura participativa e participação no Jornalismo.
Assim como os pesquisadores da Compós privilegiaram o núcleo temático 1, os
cientistas da SBPJor também o fizeram. Observamos especial interesse dos pesquisadores
pelo webjornalismo e pela circulação noticiosa nas redes sociais que se cristaliza nas palavras-
chave.
Em 2012, os artigos identificados pela pesquisa, discutiram o processo de produção
webjornalística audiovisual; a notícia líquida na nova ecologia midiática; processos
emergentes do Jornalismo na internet brasileira; as mudanças das revistas por conta das
mudanças dos suportes; a participação dos interagentes nos sites de redes sociais como uma
dimensão do acontecimento jornalístico; o tweet noticioso como gênero discursivo;
Jornalismo em base de dados e o hackeamento dos jornais; descentralização dos processos
produtivos da notícia; a construção do acontecimento jornalístico na era das convergências
das mídias; Jornalismo e participação; radiojornalismo, hipermediações e fase da
multiplicidade da oferta no Piauí. A Tabela 14 apresenta o número de textos selecionados em
2013, com as palavras-chave que aparecem e quantas vezes se manifestam em todos eles.
101
Tabela 14 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2013 e suas palavras-chave
NÚMERO DE
PESQUISAS
SELECIONADAS
PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES EM QUE
AS PALAVRAS-CHAVE
APARECEM
19 Jornalismo;
Conteúdo simbólico;
Internet;
Parêntese Gutenberg;
Modo de produção.
Identidade profissional;
Jornalismo multimídia;
Cibercultura;
Redação integrada.
Blogs;
Blogueiros;
Jornalistas;
Categorização.
Tablets;
Smartphones;
Linguagem;
Mobilidade;
Comunicação.
Webtelejornalismo;
Ciberespaço;
Web;
Informação;
Âncora.
Jornalismo online;
Mobilizador de audiência;
Entretenimento;
Gatewatcher;
Gatekeeping.
Jornalismo de revista;
Jornalismo digital;
Intermidialidade;
Mídias digitais;
Tablets.
Jornalismo;
Circulação;
Redes sociais na internet;
Dinâmica da notícia;
Twitter e Facebook.
Jornalismo;
Dispositivos móveis;
Newsmaking;
Valores-notícia;
Circa.
Voz institucional;
Estratégias comunicacionais;
Redes sociais da internet;
Jornalismo em rede;
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
2
1
1
1
1
3
1
1
1
1
1
1
2
1
102
Ethos discursivo.
Ombudsman;
Ética;
Regulação;
Participação;
Redes sociais.
Jornalismo;
Cibercultura;
Novas tecnologias;
Comunicação;
Hipermídia.
Jornalismo;
Mediação;
Midiatização;
Amador;
Enunciação.
Circulação;
Crítica midiática;
Facebook;
Diário de classe;
Jornalismo.
Midiatização;
Telejornalismo;
Zona de contato;
Produções discursivas.
Jornalismo;
Apropriação tecnológica;
Web;
Capital social;
Assimetria;
Informativa.
Jornalismo;
Tecnologia;
Construção social;
Teorias do Jornalismo;
Epistemologia.
Jornalismo;
Leitura;
Revista;
Site;
Tablet.
Notícias;
Valores-notícia;
História do Jornalismo;
Jornalismo online;
Hashtags.
1
1
1
1
1
1
4
2
1
1
1
5
1
1
1
1
2
1
1
1
6
2
1
1
1
7
1
1
1
1
1
8
1
1
1
1
9
1
1
1
1
1
2
1
2
1
Fonte: elaborada pela autora.
As 19 pesquisas mapeadas em 2013, na SBPJor, reúnem 93 palavras-chave. Destas, 18
pertencem ao núcleo temático 1, que incide sobre as transformações recentes do Jornalismo
pelo viés da tecnologia: cibercultura (que aparece duas vezes), redação integrada, tablets (que
103
aparece três vezes), smartphones, webtelejornalismo, ciberespaço, web, Jornalismo online
(que aparece duas vezes), Jornalismo digital, dispositivos móveis, Jornalismo em rede, novas
tecnologias, apropriação tecnológica, site.
Seis palavras-chave dialogam com o núcleo temático 2 “Circulação noticiosa em redes
sociais”: mídias digitais, redes sociais na internet (que aparece duas vezes), Twitter e
Facebook, redes sociais, Facebook, hashtags; duas conversam com o núcleo temático 3
“Participação da audiência na produção de notícias”: gatewatcher e participação. Quatro se
referem ao núcleo temático 4 “Jornalismo multimídia, transmídia e hipermídia”: Jornalismo
multimídia, hipermídia, midiatização (que aparece duas vezes); três pertencem ao núcleo
temático 9 “Jornalistas blogueiros e influenciadores digitais”: blogs, blogueiros e jornalistas.
A pesquisa observou que as nomenclaturas Jornalismo multimídia e hipermídia
passaram a ser empregadas. As palavras-chave também contemplaram as ferramentas
tecnológicas que o Jornalismo passou a incorporar naquele momento, como os tablets e os
smartphones. O Jornalismo recebeu identificações semelhantes como: Jornalismo digital,
Jornalismo online e Jornalismo em rede. Observamos também, a incidência dos termos:
‘mídias digitais’ e ‘redes sociais na internet’, entre as palavras-chave.
Em 2013, a pesquisa apurou: os desafios jornalísticos diante da redefinição do
conceito de conteúdo; o jornalista multimídia; os tipos de jornalistas blogueiros; utilização
dos dispositivos móveis; o desaparecimento do ritual de apresentação no webjornalismo e a
expansão da informação no ciberespaço; reconfigurações das práticas do jornalista online; a
intermidialidade como forma de interpretação do Jornalismo digital de revista; a dinâmica das
notícias nas redes sociais da internet; Jornalismo em dispositivos móveis; transformações
estratégicas na voz do Jornalismo; ombudsman, redes sociais e a participação do público na
mídia; o fazer jornalístico no ciberespaço; destinos da mediação jornalística; tensionamentos
ao Jornalismo pela circulação social de temas nas redes sociais; midiatização do
telejornalismo; níveis de apropriação tecnológica e profissionais do Jornalismo; repensando
Jornalismo e tecnologia a partir das perspectivas construcionistas; a leitura do Jornalismo na
contemporaneidade em versões impressas e eletrônicas; as notícias e os valores-notícias: da
tipografia ao Jornalismo online.
A Tabela 15 apresenta o número de textos selecionados em 2014, com as palavras-
chave que aparecem e quantas vezes são utilizadas em todos eles.
104
Tabela 15 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2014 e suas palavras-chave
NÚMERO DE
PESQUISAS
SELECIONADAS
PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES EM QUE
AS PALAVRAS-CHAVE
APARECEM
12 Jornalismo;
Redes sociais;
Circulação;
Recirculação;
Twitter.
Leitores;
Visibilidade;
Interação;
Whatsapp;
Jornais.
Audiência;
Leitor;
Zero Hora;
Convergência;
Newsmaking.
Audiências;
Blog;
Agapan;
Jornalismo ambiental;
Copa do Mundo Fifa Brasil 2014;
Jornalismo impresso;
Midiatização;
Leitor;
Contrato de leitura;
Zero Hora.
Jornalismo;
Paradigmas jornalísticos;
Convergência jornalística;
Tecnologias digitais;
Dispositivos móveis.
Jornalismo móvel;
Aplicativo;
Tecnologia;
Internet;
Arquitetura da informação.
Ciberjornalismo;
Jornalismo em tablets;
Jornalismo em dispositivos Móveis;
Interfaces touchscreen.
Telejornalismo;
Arte;
Jornalismo cultural;
Facebook.
Telejornalismo;
Webtv;
TVFolha;
TerraTV;
Cultura da convergência.
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
2
1
2
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
2
1
1
1
105
Convergência jornalística;
Mobilidade;
Dispositivos móveis;
Produtos autóctones;
Pesquisa aplicada.
Mobilidade;
Ubiquidade;
Wearable;
Google glass;
Oculus rift.
1
1
1
2
1
1
2
1
1
1
Fonte: elaborada pela autora.
Em 2014, das 58 palavras-chave, 15 incidem sobre o núcleo temático 1
“Transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade”: convergência,
midiatização, convergência jornalística (que apareceu duas vezes), tecnologias digitais,
dispositivos móveis (que apareceu duas vezes), Jornalismo móvel, aplicativo, ciberjornalismo,
Jornalismo em tablets, Jornalismo em dispositivos móveis, interfaces touchscreen, webtv,
cultura da convergência.
Cinco palavras-chave se referem ao núcleo temático 2 “Circulação noticiosa em redes
sociais”: redes sociais, recirculação, Twitter, Whatsapp, Facebook; duas se referem ao núcleo
temático 3 “Participação da audiência na produção de notícias”: interação e audiências; uma
diz respeito ao núcleo temático 8 “Pesquisas sobre a Folha de S.Paulo”: tvfolha; uma se
refere ao núcleo temático 9 “Jornalistas blogueiros e influenciadores digitais”: blog.
Observamos a predominância de temas dos núcleos 1 e 2 nas palavras-chave, indicando a
tendência de investigações sobre o Jornalismo nas mídias sociais.
O leque de temas compreendidos pelos pesquisadores da SBPJor foi ampliado em
2014, conferindo a atenção desses cientistas aos fenômenos daquele momento.
Em 2014, a pesquisa mapeou estudos que discutiram: a circulação e recirculação no
Jornalismo em rede; o leitor interativo e a busca por visibilidade na imprensa; tensionamentos
da atividade jornalística no contexto da convergência; blog institucional como espaço de
reformulação do conceito de audiência no webjornalismo; o Jornalismo em vias de
midiatização; reconfigurações do Jornalismo; Jornalismo e dispositivos móveis; a informação
jornalística na ponta dos dedos; arte, cultura, telejornalismo, internet e redes sociais; novas
possibilidades de produção e apresentação telejornalística; Jornalismo convergente e os
desafios em contexto multiplataforma; oculus rift e Google glass como exemplos de um
Jornalismo ubíquo.
106
A Tabela 16 apresenta o número de textos selecionados em 2015, com as palavras-
chave que aparecem e quantas vezes são exibidas em todos eles.
Tabela 16 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2015 e suas palavras-chave
NÚMERO DE
PESQUISAS
SELECIONADAS
PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES
EM QUE AS PALAVRAS-
CHAVE APARECEM
15 Jornalismo;
Multimídia;
Valor-notícia;
Convergência;
Uol Tab.
Plataforma de mídia;
Acesso;
Informação;
Inclusão;
Usabilidade.
Jornalismo;
Publicidade nativa;
Hibridização;
Linguagem digital;
Novas mídias.
Cibermeios;
História;
Internet;
Mato Grosso do Sul;
Trajetória.
Crise do Jornalismo;
Precarização do Jornalismo;
Mudanças estruturais no Jornalismo.
Jornalismo em rede;
Recirculação;
Acontecimento;
Redes sociais;
Twitter.
Jornal impresso;
Linguagem digital;
Jornalismo;
Facebook;
Folha de S.Paulo.
Jornalismo;
Mobilidade;
Ubiquidade;
Wearables;
Smartwatches.
Dispositivos móveis;
Televisão;
Segunda tela;
Jornalismo;
Entretenimento.
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
2
3
1
1
4
1
1
1
1
1
1
1
5
1
107
Campo jornalístico;
Novas tecnologias de comunicação;
Função social do Jornalismo;
Manifestações sociais.
Jornalismo;
Teoria Ator-Rede;
Verificação digital;
Teoria;
Epistemologia.
Jornalismo local;
Webjornalismo;
Jornalismo impresso;
Hipertextual básico;
Estudo de caso.
Jornalismo;
Transmídia;
Crossmedia;
Redes sociais;
Internet.
Dispositivos móveis
Infotenimento;
Soft news;
Hard news;
Newsgames.
Narrativa jornalística;
Hipermídia;
Reportagem longform;
Jornalismo contemporâneo.
1
1
1
1
6
1
1
1
1
1
1
1
1
1
7
1
1
2
1
2
1
1
1
1
1
1
1
1
Fonte: elaborada pela autora.
Em 2015, das 71 palavras-chave, 18 pertenciam ao núcleo 1 “Transformações
tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade”: convergência, plataforma de mídia,
hibridização, linguagem digital (duas vezes), novas mídias, cibermeios, crise do Jornalismo,
mudanças estruturais do Jornalismo, Jornalismo em rede, smartwatches, dispositivos móveis
(com duas aparições), novas tecnologias de comunicação, teoria ator-rede, verificação digital,
webjornalismo, reportagem longform, Jornalismo contemporâneo.
Quatro palavras-chave incidiram sobre o núcleo 2 “Circulação noticiosa em redes
sociais”: redes sociais (que apareceu duas vezes), Twitter e Facebook; três dialogam com o
núcleo temático 4 “Jornalismo multimídia, transmídia e hipermídia”: multimídia; transmídia,
hipermídia; uma incide sobre o núcleo temático 8 “Pesquisas sobre a Folha de S.Paulo: Folha
de S.Paulo.
A partir do levantamento das palavras-chave dos 15 estudos selecionados, a pesquisa
observou o interesse da ciência por diferentes aspectos das mudanças do Jornalismo, entre
eles, a crise do Jornalismo, a convergência do Jornalismo e seus desdobramentos. A produção
108
de Jornalismo, a partir das mídias sociais, voltou a ser um tema recorrente assim como nos
anos anteriores. As nomenclaturas ‘hipermídia’ e ‘transmídia’ também voltaram a figurar
entre as palavras-chave utilizadas, sinalizando o interesse dos cientistas da SBPJor pelos
novos termos que surgiram durante a década analisada.
As pesquisas de 2015 refletiram sobre: a multimidialização como valor-notícia de
construção; a plataforma digital e as interfaces da mídia contemporânea; a hibridização da
informação na imprensa; trajetória do ciberjornalismo em Mato Grosso do Sul; reflexões
sobre práticas jornalísticas atuais; ressignificações do acontecimento no Jornalismo em rede; o
fluxo do jornal impresso para o Facebook; Jornalismo em wearables; avaliação de aplicativos
de segunda tela; reflexões em torno da legitimidade jornalística; Jornalismo e teoria Ator-
Rede; Jornalismo local na era do hipertextual; Jornalismo “transsocial-media”; a notícia nas
plataformas móveis; a narrativa hipermídia no Jornalismo contemporâneo.
A Tabela 17 apresenta o número de textos selecionados em 2016, com as palavras-
chave que aparecem e quantas vezes se manifestam em todos eles.
Tabela 17 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2016 e suas palavras-chave
NÚMERO DE
PESQUISAS
SELECIONADAS
PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES
EM QUE AS
PALAVRAS-CHAVE
APARECEM
24 Telejornalismo;
Jornalismo participativo;
Coprodutores;
Whatsapp;
NETV.
Telejornalismo;
Notícia;
Conteúdo colaborativo;
Representações;
SPTV.
Jornalismo;
Mudanças estruturais do jornalismo;
Jornalismo impresso;
Jornalismo goiano;
Jornal O Popular.
Jornalismo;
Jornalismo pós-industrial;
Jornalismo independente;
Crise;
Capitalismo.
Jornalismo;
Comunicação pública;
Visibilidade;
1
1
1
1
1
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
2
1
1
1
1
3
1
1
109
Democracia;
Internet.
Jornalismo contemporâneo;
Jornalismo pós-industrial;
Mulheres jornalistas;
Tecnologias digitais;
Jornalismo guiado por dados;
Algoritmo;
Personalização;
Facebook;
Jornalismo em redes sociais;
Instant articles.
Jornalismo;
Tecnologia;
Capital Social;
Inovação;
Tecnologias da informação e da comunicação.
Telejornalismo;
Público;
Facebook;
Segunda tela;
TV social.
Jornalismo;
Inovação;
Jornalismo de inovação.
Epistemologia;
Método;
Simetria;
Teoria Ator-Rede;
Jornalismo.
Jornalismo colaborativo;
Redes sociais digitais;
Ciberespaço;
Fonte de informação;
Cultura da participação.
Jornalismo;
Jornalismo digital;
Circulação;
Site de rede social;
Snapchat.
Internet das coisas;
Narrativas digitais;
Realidade virtual.
Redes sociais;
Jornalismo;
Bots humanos;
UGC;
Ócio digital.
Multimodalidade;
Narrativas;
Narrativas transmídia (NT);
Jornalismo;
Inovação.
Audiência participativa;
1
1
1
2
1
1
1
1
1
1
1
1
4
1
1
1
1
3
1
2
1
1
5
2
1
1
1
1
1
6
1
1
1
1
1
7
1
1
1
1
1
1
1
1
8
1
1
1
1
1
1
9
3
1
110
Narrativas jornalísticas;
Leitor digital;
Fanpage.
Narrativas imersivas;
Webjornalismo;
Interfaces;
Realidade virtual.
TVERS;
Televisão pública;
Telejornalismo;
Convergência;
Transmedia.
Telejornalismo;
Produção de conteúdo;
Inovação;
Tecnologia;
Convergência.
Telejornal;
Circulação;
Recepção.
Jornalismo;
Redes sociais digitais;
Facebook;
Twitter.
Ciberjornalismo;
Crowdsourcing;
Inovação;
Métodos ágeis;
Parque tecnológico.
Jornalismo;
Tecnologias;
Robotização da imprensa;
Automação jornalística;
Jornalismo digital.
1
1
1
1
1
1
2
1
1
4
1
1
5
1
4
2
2
1
2
1
10
2
3
1
1
1
5
1
1
11
1
1
1
2
Fonte: elaborada pela autora.
Em 2016, a pesquisa mapeou 101 palavras-chave nas 24 pesquisas selecionadas.
Destas, 20 incidiram sobre o núcleo temático 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo
na contemporaneidade”: mudanças estruturais do Jornalismo, Jornalismo pós-industrial (que
apareceu duas vezes), crise, Jornalismo contemporâneo, tecnologias digitais, Jornalismo
guiado por dados, algoritmo, tecnologias da informação e da comunicação, Jornalismo de
inovação, teoria Ator-Rede, ciberespaço, Jornalismo digital (que apareceu duas vezes),
narrativas digitais, leitor digital; webjornalismo, convergência (que apareceu duas vezes),
ciberjornalismo.
11 palavras-chave sobre o núcleo temático 2 “Circulação noticiosa em redes sociais”:
Whatsapp, Jornalismo em redes sociais, redes sociais digitais (que apareceu duas vezes), site
111
de rede social, Snapchat, redes sociais, Facebook (que apareceu três vezes), Twitter. 5 sobre o
núcleo temático 3 “Participação da audiência na produção de notícias”: Jornalismo
participativo, conteúdo colaborativo, Jornalismo colaborativo, cultura da participação,
audiência participativa. Duas palavras-chave sobre o núcleo temático 4 “Jornalismo
multimídia, transmídia e hipermídia”: narrativas transmídia (NT) e transmedia; duas do
núcleo temático 7 “Automação da notícia”: robotização da imprensa, automação jornalística.
O estudo observou que os pesquisadores da SBPJor começaram a dedicar suas
atenções à automação da notícia e à participação da audiência na produção jornalística. Os
estudos em telejornalismo também foram evidenciados nesse ano. A teoria Ator-Rede voltou
a ser contemplada nas palavras-chave de 2016. A partir das palavras-chave, o estudo
identificou a menção da rede social Snapchat e da nomenclatura de Jornalismo pós-industrial,
outro conceito que surgiu na contemporaneidade, e que ganhou atenção dos pesquisadores da
SBPJor.
No ano de 2016, a pesquisa elegeu artigos que refletiram sobre o espectador como
coprodutor do telejornal; a produção colaborativa no telejornalismo; o impresso em tempo de
mudanças estruturais do Jornalismo; apontamentos sobre estratégias de sobrevivência do
Jornalismo alternativo de São Paulo; a legitimidade do Jornalismo na era digital; mulheres no
pós-Jornalismo industrial; a mudança do algoritmo do Facebook e o silenciamento do
Jornalismo em rede; desafios teóricos para pensar os estudos sobre Jornalismo e tecnologia;
telejornais e suas redes sociais; Jornalismo de inovação; simetria e assemblage para estudar o
Jornalismo; apropriações das redes sociais digitais como fonte de informação ao Jornalismo;
como o Snapchat está sendo apropriado para circulação de conteúdo jornalístico; notas sobre
um experimento de Jornalismo imersivo; o conteúdo circulante nas redes sociais e a presença
do Jornalismo distorcida por bots humanos; narrativas jornalísticas multimodais; participação
da audiência em narrativas jornalísticas; narrativas imersivas no webjornalismo; uma proposta
de conteúdo transmídia; a inovação e a tecnologia no Jornalismo; telejornal em circulação;
notícias nas redes sociais; tecnologia digital aplicada ao Jornalismo através de parcerias
informais; automatização da produção informativa.
A Tabela 18 apresenta o número de textos selecionados em 2017, com as palavras-
chave que aparecem e em quantas vezes aparecem em todos eles.
Tabela 18 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2017 e suas palavras-chave
ANO NÚMERO DE PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES
112
PESQUISAS
SELECIONADAS
EM QUE AS
PALAVRAS-CHAVE
APARECEM
2017 25 Circulação jornalística;
Twitter;
Polarização;
Filtros-bolha;
Redes sociais na internet.
Jornalismo;
Tecnologia;
Velocidade;
Lento;
Slow.
Ethos;
Valores;
Jornalista multifunção;
Newsmaking;
Convergência de mídias.
Telejornalismo;
Notícia;
Conteúdo colaborativo;
Cidadania;
Globonews.
Comunicação;
Jornalismo;
Projeto editorial da Folha de S.Paulo;
Mito.
Convergência jornalística;
Mídias sociais;
Conteúdo em multiplataformas.
Imersão no Jornalismo;
Narrativas jornalísticas;
Inovação no Jornalismo;
Jornalismo em redes digitais.
Medium;
Jornalismo digital;
Inovação.
Inovação no Jornalismo;
Paywall;
Crowdfunding.
Chatbots;
Marketing de conteúdo.
Jornalismo;
Cobertura jornalística;
Site de rede social;
Snapchat;
Efemeridade.
Jornalismo;
Pós-verdade;
Fake-news;
Fact-checking.
Jornalismo digital em base de dados;
Jornalismo guiado por dados.
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
2
1
1
1
1
3
1
1
1
1
4
1
1
1
1
1
113
Reportagem assistida por computador;
Etnografia;
Hacker.
Fontes;
Diversidade;
Participação;
Interação;
Acesso.
Jornalismo;
Crise do Jornalismo;
Pesquisa bibliográfica;
Revisão da literatura.
Comunidade interpretativa;
Critérios de noticiabilidade;
Teoria do Jornalismo;
Telejornalismo;
WhatsApp.
Nexo;
Jornal;
Youtube;
Audiovisual;
Vídeo.
Jornalismo ubíquo;
Ubiquidade;
Espaços híbridos;
Dispositivos móveis digitais.
Jornalismo das coisas;
Jornalismo;
Gênero;
Formato;
Linguagem.
Notícia automatizada;
Jornalismo automatizado;
Inteligência artificial e Jornalismo;
Algoritmos jornalísticos;
Geração de linguagem natural.
Hipermídia;
Hipertexto;
Multimídia;
Jornalismo digital;
Narrativa.
Jornalismo móvel;
Jornalismo de cidades;
Smartphone;
Aplicativo;
Pesquisa aplicada.
Inovação;
Jornalismo;
The New York Times.
Ciberjornalismo;
WhatsApp;
Convergência;
Critério de noticiabilidade;
Valores-notícia.
1
1
1
1
1
1
1
1
5
1
1
1
1
1
1
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
6
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
2
7
1
1
2
1
1
1
114
Jornalismo móvel;
Smartphone;
Aplicativo;
Design;
Cards.
2
2
2
1
1
Fonte: elaborada pela autora.
Em 2017, das 109 palavras-chave, 19 dialogam com o núcleo temático 1
“Transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade”: jornalista multifunção,
convergência de mídias, convergência jornalística, conteúdo em multiplataformas, inovação
no Jornalismo (duas), Jornalismo digital, Jornalismo digital em base de dados, Jornalismo
guiado por dados, reportagem assistida por computador, crise do Jornalismo, Jornalismo
ubíquo, Jornalismo das coisas, algoritmos jornalísticos, Jornalismo digital, Jornalismo móvel
(duas vezes), ciberjornalismo, convergência. Oito palavras-chave com o núcleo 2 “Circulação
noticiosa em redes sociais”: Twitter, redes sociais na internet, mídias sociais, Jornalismo em
redes digitais, site de rede social, Snapchat, WhatsApp (que aparece duas vezes); duas com o
núcleo 3 “Participação da audiência na produção de notícias”: participação, interação; três
com o núcleo 4 “Jornalismo multimídia, transmídia e hipermídia”: hipermídia, hipertexto,
multimídia.
E ainda, três palavras-chave que dialogam com o núcleo 5 “Checagem de fatos pelo
Jornalismo”: pós-verdade, fake-news, fact-checking; uma com o núcleo temático 6 “Mídias
independentes e os nativos digitais”: Nexo; três com o núcleo 7 “Automação da notícia”:
notícia automatizada, Jornalismo automatizado, inteligência artificial e Jornalismo; uma com
o núcleo 8 “Pesquisas sobre a Folha de S.Paulo”: projeto editorial da Folha de S.Paulo; duas
com o núcleo temático 12 “Modelos de negócio para o Jornalismo”: paywall, crowdfunding.
Assim como em anos anteriores, as palavras-chave contemplaram o fenômeno das fake
news e checagem de fatos, sinalizando uma tendência dos estudos do campo. Também houve
aparições de palavras-chave incidindo sobre interação e a participação do público na produção
da notícia, outra alteração recente do setor, que vem sendo acompanhada pela ciência. Neste
ano, novamente observamos a incidência do termo ‘crise’ para contemplar o cenário
contemporâneo do Jornalismo. Ainda, identificamos palavras-chave indicando a presença do
Jornalismo em ferramentas como o WhatsApp e em plataformas como o Youtube e o Twitter.
Em 2017 localizamos 25 artigos. Eles investigaram a circulação jornalística no
Twitter; tensões entre velocidade e comunicação em ambientes digitais; a reformulação dos
valores profissionais perante um cenário de convergência; um estudo sobre a produção
115
colaborativa; o novo projeto editorial da Folha de S.Paulo; Jornalismo em tempos de
convergência; narrativas jornalísticas em redes sociais; um modelo de produção de conteúdo
na internet; modelos de negócios para o Jornalismo digital; o Jornalismo e o espaço público
na contemporaneidade; o Snapchat como ferramenta de cobertura jornalística no perfil do
Uol; pós-verdade, fake news e fact-checking; Jornalismo guiado por dados; participação,
interação e acesso; uma revisão sobre a crise do Jornalismo; jornalistas no WhatsApp; o
audiovisual jornalístico no Youtube; o desenvolvimento do conceito de Jornalismo ubíquo;
Jornalismo das coisas; um panorama das notícias automatizadas no mundo; hipermídia;
aplicativo como ferramenta do Jornalismo móvel; inovação no Jornalismo; WhatsApp como
ferramenta de produção de conteúdo em cibermeios; notícias em apps.
Em 2017, a pesquisa localizou nos Anais da SBPJor, um dos textos que incidem
diretamente sobre o nosso objeto, a Folha de S.Paulo, em uma investigação sobre o projeto
editorial do jornal. Também, identificou um artigo que contempla modelos de negócio para o
Jornalismo digital, elemento importante para a pesquisa.
A Tabela 19 apresenta o número de textos selecionados em 2018, com as palavras-
chave que aparecem e em quantas vezes aparecem em todos eles.
Tabela 19 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2018 e suas palavras-chave
ANO NÚMERO DE
PESQUISAS
SELECIONADAS
PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE
VEZES
EM QUE AS
PALAVRAS-CHAVE
APARECEM
2018 18 Jornalismo;
Redes sociais digitais;
Facebook;
Linguagem;
Formato dos posts.
Algoritmos;
Gatekeeper;
Agenda.
Radiojornalismo;
Linguagem;
Produção;
Tecnologias;
Afeto.
Jornalismo móvel;
News net;
Ubiquidade comunicacional;
Rotinas produtivas.
Telejornalismo;
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
116
Noticiabilidade;
Rede social;
Ciberacontecimento;
Jornal do Almoço.
Internet das coisas;
Jornalismo;
Fontes eletrônicas;
Notícias;
Cidades inteligentes.
Facebook Live;
Transmissões ao vivo;
Jornalismo digital;
Mídia alternativa;
Narrativas jornalísticas.
Redações;
Reorganização;
Convergência;
Estadão;
HuffPost;
Sistema narrativo;
Visualização de dados jornalísticos;
Fronted narrativo;
Jornalismo de dados.
Jornalismo investigativo;
Algoritmo-ombudsman;
Algoritmos e Jornalismo;
Engenharia reversa;
Preconceito algorítmico.
Telejornalismo;
Convergência;
Multiplataforma;
Bom dia Rio;
G1 RJ.
Jornalismo digital;
Inovações;
Especiais Folha;
Gêneros textuais;
Potencialidades tecnológicas.
Jornalismo de dados;
Tecnologias;
Circulação de informação.
Fact-checking;
Jornalismo de verificação;
Mudanças estruturais do Jornalismo;
Objetividade;
Transparência.
Hipertexto;
Narrativa jornalística;
Jornalismo digital;
Teoria do hipertexto;
Landow.
Webjornalismo;
Jornalismo digital;
Cultura da convergência.
1
1
1
1
1
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
2
2
1
1
1
2
1
1
1
1
2
1
1
1
1
1
1
1
1
2
3
1
1
1
4
117
Jornalismo digital;
Interação;
Participação;
Cultura participativa;
Cultura da conexão.
Jornalismo de dados;
Big data;
Grande reportagem multimídia;
Gêneros expressivos.
1
5
1
1
1
1
3
1
1
Fonte: elaborada pela autora.
Das 82 palavras-chave dos artigos de 2018, 19 delas pertencem ao núcleo 1
“Transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade”: algoritmos, internet das
coisas, fontes eletrônicas, Jornalismo digital (que apareceu cinco vezes), convergência (que
apareceu duas vezes), mídia alternativa, visualização de dados jornalísticos, Jornalismo de
dados (que apareceu três vezes), multiplataforma, mudanças estruturais do Jornalismo,
webjornalismo, cultura da convergência, Big Data; quatro correspondem ao núcleo 2
“Circulação noticiosa em redes sociais”: redes sociais digitais, Facebook, rede social,
Facebook Live; quatro ao núcleo temático 3 “Participação da audiência na produção de
notícias”: interação, participação, cultura participativa, cultura da conexão; duas palavras-
chave que dialogam com o núcleo 4 “Jornalismo multimídia, transmídia e hipermídia”:
hipertexto, grande reportagem multimídia; duas pertencem ao núcleo 5 “Checagem de fatos
pelo Jornalismo”: fact-checking, Jornalismo de verificação; uma ao núcleo temático 8
“Pesquisas sobre a Folha de S.Paulo”: especiais Folha.
Em 2018, a predominância das palavras-chave incidiu sobre o Jornalismo digital. As
palavras-chave direcionam especialmente para a produção de Jornalismo nas redes sociais,
como o Facebook Live. Palavras-chave como ‘reorganização’ e ‘convergência’ também
apareceram. Novamente, o tema da automação da notícia, outra alteração recente do
Jornalismo, foi contemplado.
Em 2018 foram apurados artigos sobre: Jornalismo regional no Facebook; algoritmos
como gatekeepers; novas tecnologias no radiojornalismo; o Jornalismo na era da ubiquidade
comunicacional; redes social como critério de noticiabilidade; fontes eletrônicas de
informação jornalística; uso da ferramenta Facebook Live para a construção de narrativas;
convergência e reorganização em redações; visualização de dados jornalísticos; o algoritmo
como pauta de investigação jornalística; telejornalismo multiplataforma; potencialidades
digitais e inovações jornalísticas; Jornalismo de dados; Jornalismo de verificação; o hipertexto
118
no Jornalismo; características do webjornalismo; Jornalismo digital e participação; Jornalismo
de dados.
A Tabela 20 apresenta o número de textos selecionados em 2019, com as palavras-
chave que aparecem e em quantas vezes se apresentam em todos eles.
Tabela 20 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2019 e suas palavras-chave
ANO NÚMERO DE
PESQUISAS
SELECIONADAS
PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES
EM QUE AS
PALAVRAS-CHAVE
APARECEM
2019 23 Telejornalismo;
Sites de redes sociais;
Modo de endereçamento;
Jornal Nacional;
Twitter.
Jornalismo;
Influenciador digital;
Capital social;
Marca;
Líder de opinião.
Fake news;
Jornalismo alternativo;
Redes sociais;
O Pasquim;
O sensacionalista.
Midiatização;
Imagem;
Espetacularização;
Influenciadores digitais;
Jornalismo.
Fake news;
Fact-checking;
Metodologias;
Agências;
Jornalismo.
Telejornalismo;
Jornalismo comunitário;
Redes sociais;
Interação;
Engajamento.
Critérios de noticiabilidade;
Valor-notícia;
Redes sociais;
Jornalismo;
Compartilhamento.
Jornalismo online;
Jornalismo digital;
Jornalismo nativo digital;
Reportagem multimídia;
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
2
2
1
1
1
3
1
1
2
1
1
1
1
3
4
1
1
1
1
1
119
Nexo.
Humanóides-repórteres;
Inteligência artificial;
Jornalismo;
Prospectiva estratégica.
Jornalismo;
Twitter;
Bolsonaro;
Folha de S.Paulo;
Análise de Conteúdo.
Multimidialidade;
Hipertextualidade;
Interatividade;
Grande mídia.
Jornalismo;
Participação;
Seção de comentários;
Público.
Rotina produtiva;
Smartphones;
Diário de Pernambuco;
Jornal do Commercio;
Jornalismo.
Jornalismo;
Dados;
Startups de Jornalismo;
Precisão.
Fake news;
Fact-checking;
Internet;
Política;
Eleição presidencial 2018.
Jornalismo digital;
Modelo de negócio;
Jornal Plural;
Jornalismo local;
Independência jornalística.
Jornalismo digital;
Jornalismo impresso;
Inovação;
Produção de notícias;
Cinform.
Jornalismo de dados;
Inovação;
Tecnologia;
Jornalismo.
Ciberjornalismo;
Ensino de Jornalismo;
Jornalismo de precisão;
Reportagem assistida por computador;
Survey.
Radiojornalismo;
WhatsApp;
CBN;
1
1
1
5
1
6
1
1
1
1
1
1
1
1
7
1
1
1
1
1
1
1
8
9
1
1
1
3
2
1
1
1
2
1
1
1
1
3
1
1
1
1
1
2
1
10
1
1
1
1
1
1
1
1
120
BandNews;
Rotinas produtivas.
Jornalismo digital;
Networked journalism;
Interação;
Conexão;
The Guardian.
Jornalismo automatizado;
Imparcialidade;
Natural Language Generation (NLG);
Algoritmos;
Knowhere.
Jornalismo digital;
Jornalismo de dados;
Nexo Jornal;
Base de dados;
Narrativa.
1
2
4
1
2
1
1
1
1
1
1
1
5
2
1
1
1
Fonte: elaborada pela autora.
Em 2019, das 110 palavras-chave, 15 incidiram sobre o núcleo temático 1
“Transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade”: midiatização,
compartilhamento, Jornalismo online, multimidialidade, hipertextualidade, interatividade,
Jornalismo digital (que apareceu cinco vezes), ciberjornalismo, reportagem assistida por
computador, Jornalismo de dados (que apareceu duas vezes); 7 sobre o núcleo 2 “Circulação
noticiosa em redes sociais”: sites de redes sociais (que apareceu três vezes), Twitter (que
apareceu duas vezes), redes sociais e WhatsApp; 5 sobre o núcleo 3 “Participação da
audiência na produção de notícias”: interação, engajamento, participação, seção de
comentários, público; 5 sobre o núcleo 5 “Checagem de fatos pelo Jornalismo”: fake news
(que apareceu três vezes), fact-checking (que apareceu duas); 4 sobre o núcleo 6 “Mídias
independentes e os nativos digitais”: Jornalismo nativo digital, reportagem multimídia, Nexo,
Nexo Jornal; quatro sobre o núcleo 7 “Automação da notícia”: humanóides-repórteres,
inteligência artificial, Jornalismo automatizado, algoritmos; uma do núcleo 8 “Pesquisas sobre
a Folha de S.Paulo”: Folha de S.Paulo; duas do núcleo temático 9 “Jornalistas blogueiros e
influenciadores digitais”: influenciador digital (que apareceu duas vezes); duas do núcleo 11
“Retomada de interesse pelo Jornalismo local”: Jornalismo comunitário, Jornalismo local;
uma do núcleo 12 “Modelos de negócio para o Jornalismo”: modelo de negócio.
Nesse período, as palavras-chave demonstram a soberania do núcleo temático 1. As
palavras-chave indicam investigações versando sobre questões políticas e a cobertura
jornalística a partir de ferramentas como o Twitter. Também a partir das palavras-chave, a
pesquisa observou que, os temas contemporâneos das alterações do Jornalismo foram
121
contemplados, tais como: as notícias falsas, checagem de fatos, influenciadores digitais,
notícias alternativas, Jornalismo online, Jornalismo digital e reportagem multimídia.
Verificamos também a nomenclatura de Jornalismo nativo digital, tema verificado no
primeiro capítulo desta tese, e que representa um dos recentes fenômenos do Jornalismo
contemporâneo.
Em 2019, foram localizados artigos sobre: o uso do Twitter no Jornalismo; a
ressignificação da notícia; notícias falsas no Jornalismo; midiatização e espetacularização;
agências de checagem no Brasil; protagonismo do telespectador no fazer jornalístico; estudo
sobre Jornalismo nas redes sociais; o Jornalismo nativo digital; os robôs com inteligência
artificial; o jornal pautado pelo Twitter; multimidialidade, hipertextualidade e interatividade; o
público ativo no Jornalismo; a rotina produtiva sob o impacto do uso de smartphones; uso de
dados para elaboração de reportagens; fake news e fact-checking; possibilidades e limites de
um nativo digital; transição do Jornalismo impresso ao digital; Jornalismo de dados;
Jornalismo guiado por dados; o uso de WhatsApp por repórteres; participação no long-form
journalism; Jornalismo automatizado e imparcialidade; Jornalismo de rede de dados do Nexo
Jornal.
A Tabela 21 apresenta o número de textos selecionados em 2020, com as palavras-
chave que aparecem e em quantas vezes se manifestam em todos eles.
Tabela 21 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2020 e suas palavras-chave
ANO NÚMERO DE
PESQUISAS
SELECIONADAS
PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE
VEZES
EM QUE AS
PALAVRAS-
CHAVE
APARECEM
2020 37 Jornalismo automatizado;
Jornalismo de dados;
Algoritmos;
Transparência;
Accountability.
Redes sociais;
Colaboração;
Nativos digitais;
Jornalismo digital.
Jornalismo guiado por dados;
Carreira;
Mundos sociais;
Fronteira profissional.
Plataforma;
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
122
Algoritmos;
Controvérsias;
Jornalismo;
Facebook.
Jornalismo esportivo;
Podcast;
Mídia tradicional;
Mídia radical;
Jornalismo.
Podcast;
Jornalismo especializado;
Inovação;
Missões;
Jornalismo local.
Jornalismo independente;
Jornalismo digital;
Assessoria;
Release;
Mato Grosso.
Memória;
Pandemia;
Gripe espanhola;
Covid-19;
Estadão.
Covid-19;
Jair Bolsonaro;
Análise de Discurso Crítica;
Twitter;
Hegemonia.
Jornalismo feminista;
Mulheres;
Gênero;
Interseccionalidade;
Jornalismo independente.
Jornalismo;
Feminismo;
Redes;
Perspectiva de gênero;
Tradução.
Jornalismo informativo;
Bolsonaro;
Whatsapp;
Ideologia;
Propaganda política.
Notícias falsas;
Checagem;
Twitter;
Robô;
Interação.
Robôs;
Startups;
Agências;
Desinformação;
Covid-19;
2
1
1
1
1
1
1
1
2
2
1
1
1
1
1
2
2
1
1
1
1
1
1
1
2
1
1
1
1
1
1
1
1
2
3
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
2
1
1
2
1
1
1
3
123
Discurso;
Polarização;
Carnaval;
Politização;
Mídias sociais.
Valores-notícia;
Noticiabilidade;
Finalidades do Jornalismo;
Jornalismo especializado;
Linha editorial.
Jornalismo;
Transmidiação;
Reportagem;
Podcast;
Fantástico.
Jornalismo móvel;
Jornalismo científico;
Instagram;
Revista Superinteressante.
Ativismo digital;
Mídia tradicional;
Twitter;
Transmídia;
Semiótica.
Telejornalismo;
Podcast;
Transmídia.
Discurso;
Análise do discurso;
Jornalismo;
Discurso institucional;
O Liberal.
Jornalismo;
Trabalho;
Rotinas produtivas;
Digitalização;
Capitalismo;
Jornalismo;
Rotinas produtivas;
Inovação;
Live streaming;
Covid-19.
Podcast;
Universidades;
Comunicação;
Coronavírus.
Memória;
Youtube;
Jornalismo;
Pedro Janov;
Estudo de caso.
Mediações algorítmicas;
Jornalismo;
Plataformas digitais.
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
4
1
1
3
3
1
1
1
1
1
1
3
3
1
1
4
4
1
1
5
1
1
6
1
1
1
1
7
2
1
1
4
5
5
1
1
1
1
1
1
1
1
8
1
124
Jornalismo de automação;
Natural language generation;
Software;
Repórterrobô.
Jornalismo;
Algoritmos;
Personalização;
Big data;
Globo one.
Jornalismo independente;
Governança editorial;
Comunidade de membros;
Financiamento coletivo.
Plataformização;
Arranjos econômicos alternativos às
corporações de mídia;
Globo News Initiative;
Facebook Journalism;
Project;
Financiamento.
Blog jornalístico;
Jornalismo regional;
Mapeamento;
Análise de conteúdo;
Maranhão;
Radiojornalismo;
Plataformização;
Streaming áudio;
Podcast.
Radiojornalismo;
Rádio expandido;
Podcast;
Notícia;
Estratégia.
Antagonismo;
Engajamento;
Jornalismo;
Mídias sociais;
Análise de redes.
Ciberjornalismo;
Mídias imersivas;
Revistas digitais;
Dispositivos móveis;
Imersão.
Ciberjornalismo;
Ciência e tecnologia;
Redes científicas;
Grupos de pesquisa;
Pesquisa em rede.
Webjornalismo;
Portais;
Filtros-bolha;
Transparência;
Personalização.
1
1
1
1
9
3
1
1
1
3
1
1
1
1
-
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
2
2
1
6
1
1
7
1
1
1
10
1
2
1
1
1
1
1
2
2
1
1
1
1
1
1
1
125
Fonte: elaborada pela autora.
Em 2020, ano que reuniu o maior número de pesquisas, totalizando 37, o estudo
apurou 176 palavras-chave. Destas, 26 foram identificadas como pertencentes ao núcleo 1
“Transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade”: accountability,
colaboração, Jornalismo digital (que apareceu duas vezes), Jornalismo guiado por dados,
podcast (que apareceu sete vezes), redes, Jornalismo móvel, ativismo digital, plataformas
digitais, Big Data, plataformização (que apareceu duas vezes), streaming áudio, rádio
expandido, ciberjornalismo (que apareceu duas vezes), mídias imersivas, revistas digitais,
webjornalismo; 12 do núcleo 2 “Circulação noticiosa em redes sociais”: redes sociais,
Facebook, Twitter (que apareceu três vezes), WhatsApp, mídias sociais (que apareceu duas
vezes), Instagram, live streaming, Youtube, Facebook Journalism; uma do núcleo 3
“Participação da audiência na produção de notícias”: engajamento; duas do núcleo 4
“Jornalismo multimídia, transmídia e hipermídia”: transmidiação, transmídia; cinco do núcleo
5 “Checagem de fatos pelo Jornalismo”: notícias falsas, checagem, startups, agências,
desinformação; duas do núcleo 6 “Mídias independentes e os nativos digitais”: nativos
digitais, Jornalismo independente; nove do núcleo 7 “Automação da notícia”: Jornalismo
automatizado, Jornalismo de dados, algoritmos, robô, interação, robôs, Jornalismo de
automação, natural language generation, repórterrobô; uma do núcleo 9 “Jornalistas
blogueiros e influenciadores digitais”: blog jornalístico; duas do núcleo 11 “Retomada de
interesse pelo Jornalismo local”: Jornalismo local, Jornalismo regional; uma do núcleo 12
“Modelos de negócio para o Jornalismo”: financiamento coletivo.
Os artigos refletiram sobre: robôs no Jornalismo brasileiro; usos das redes sociais por
nativos digitais; Jornalismo guiado por dados; Facebook e plataformização do Jornalismo;
Jornalismo esportivo em podcast; Jornalismo especializado com foco no local; impacto das
assessorias na produção digital independente; webjornalismo e acionamento da memória;
posições de veículos midiáticos no Twitter; o Jornalismo com perspectiva de gênero em
portais independentes; jornalistas feministas em rede; o Jornalismo informativo no WhatsApp;
o robô Fátima, da agência Aos Fatos; robôs de agência de checagem; conversações
polarizadas no Facebook; noticiabilidade em diferentes produtos; a expansão transmídia da
reportagem; Jornalismo científico no Instagram; fluxo transmídia no ativismo digital;
narrativas transmidiáticas no telejornalismo; transformações tecnológicas e processos
jornalísticos; novos modelos de Jornalismo; Jornalismo público e a expansão das lives
informativas; o boom de podcasts universitários; compartilhamento de vídeos jornalísticos no
126
Youtube; mediações algorítmicas nos estudos do Jornalismo; repórter-robô; Jornalismo e
algoritmos; Jornalismo independente e governança editorial; financiamento de arranjos
econômicos alternativos às corporações de mídia; o blog jornalístico regional; a integração de
emissoras de rádio all news às plataformas de streaming de áudio; estratégias de podcasts
noticiosos; antagonismo e engajamento nas mídias sociais; mídias imersivas em aplicativo
jornalístico; tecnologias e competências digitais no Jornalismo brasileiro; filtros-bolha,
personalização e transparência nos portais Globo.com e Uol.
Em 2020, a partir das palavras-chave, o estudo verificou que os pesquisadores da
SBPJor acompanharam os acontecimentos de 2020 e se dedicaram a refletir sobre as
alterações do Jornalismo, a partir da pandemia causada pela covid-19. Também foi possível
averiguar que a produção de Jornalismo, a partir de podcasts, recebeu considerável atenção
desses pesquisadores.
O número mais expressivo de pesquisas foi registrado em 2020, ano em que o mundo
foi assolado pela pandemia do novo coronavírus. Neste ano delicado, em que os meios de
comunicação tiveram papel preponderante na divulgação de informações à população,
conferimos investigações sobre a veiculação de notícias relacionadas à pandemia, a partir de
diferentes abordagens, a maioria delas, sinalizando para algum fator de alteração do
Jornalismo a partir da ótica tecnológica. Também identificamos nesse último ano, a
intensificação da prática de checagem de fake news.
Observações gerais
A partir de uma perspectiva dos textos da SBPJor, mapeamos palavras-chave nos
artigos selecionados. Foram consideradas para o ambiente descritivo e analítico, para além
dos quadros, apenas as palavras-chave que dialogam com os 12 núcleos temáticos
identificados anteriormente, somando, sob este aspecto, 328 palavras-chave. Identificamos
nas palavras-chave, as dominâncias de temas diante dos 12 núcleos temáticos. Com essas
características, 167 estavam relacionadas ao núcleo 1, 64 estavam relacionadas ao núcleo 2 e
26 ao núcleo 3. Diante desses resultados, aferimos a dominância do núcleo 1, que tangencia
questões relacionadas às transformações contemporâneas do Jornalismo, a partir do viés
tecnológico.
Identificamos que no início da década, em 2012, as 11 pesquisas se dedicaram,
prioritariamente, aos estudos do Jornalismo digital, ciberjornalismo e Jornalismo online. A
circulação jornalística em redes sociais já era observada nesse período. Em 2013, das 93
127
palavras-chaves das 19 pesquisas, apenas sete palavras se repetiram. Isso revela que o
fenômeno do Jornalismo configura-se em uma realidade multifacetada, e que os
pesquisadores da SBPJor buscaram identificar e refletir sobre essas nuances. Em 2014, a
predominância dos temas, a partir das palavras-chave, foi a dos estudos sobre a audiência e do
Jornalismo, a partir de dispositivos móveis e de redes sociais. Os pesquisadores da SBPJor
também passaram a dedicar investigações às mudanças do Jornalismo, a partir do sistema
televisivo. Em 2015, observamos que assim como nos anos anteriores, a produção de
Jornalismo a partir das mídias sociais, voltou a ser um tema recorrente.
No ano seguinte, 2016, verificamos que os pesquisadores refletiram sobre o Snapchat,
entre outras ferramentas e canais contemporâneos de circulação de notícias nas redes sociais.
Também surgiu uma discussão sobre o Jornalismo pós-industrial. Em 2017, a pesquisa
identificou, novamente, investigações que privilegiaram a discussão do Jornalismo nas redes
sociais e, também, mapeou estudos de interesse direto nosso sobre a Folha de S.Paulo e sobre
modelos de negócio para o Jornalismo. Em 2018, a predominância das palavras-chave incidiu
sobre o Jornalismo digital. Contemplou fenômenos recentes como: a produção do Jornalismo
nas redes sociais e a automação da notícia. Em 2019, assim como no ano anterior, o
Jornalismo digital foi tema recorrente entre as palavras-chave. Em 2020, a pesquisa
identificou o número mais expressivo de artigos, 37. No ano em que a pandemia do
coronavírus assolou o país, os pesquisadores voltaram as suas atenções para a produção
jornalística do fenômeno. Os podcasts também se destacaram entre as palavras-chave nesse
mesmo ano.
Em uma análise panorâmica, os 184 artigos selecionados na SBPJor priorizaram o
Jornalismo digital. Os estudos contemplaram análises de audiência, investigações sobre as
transformações jornalísticas em diferentes meios, problematizaram as questões que
tangenciam as alterações jornalísticas a partir de estudos teóricos, investigaram as recentes
mudanças do campo, como a automação da notícia, as mudanças no ambiente de trabalho dos
jornalistas, as fake news e a checagem de fatos pelo Jornalismo. Observamos que a produção
de Jornalismo, a partir das mídias sociais, foi um tema recorrente, sinalizando uma tendência
da pesquisa no campo da Comunicação. Foram identificados estudos sobre a produção de
Jornalismo no Twitter, no Facebook, no Snapchat, no Youtube e WhatsApp. Foi verificado um
número expressivo de pesquisas sobre as mudanças no telejornalismo. Ainda, localizamos
estudos sobre o Jornalismo pós-industrial, atualizando as reflexões teóricas sobre as
transformações do Jornalismo. O levantamento identificou artigos que nos interessam,
diretamente, como as pesquisas sobre a Folha de S.Paulo e sobre os modelos de negócio para
128
o Jornalismo no ambiente digital. Além disso, os cientistas da SBPJor ainda sinalizaram
algumas alternativas e modelos que possam colaborar, de forma prática, com as organizações
jornalísticas da atualidade que ainda não se estabeleceram de forma eficiente (a partir de uma
visão mercadológica) no mundo digital.
2.4 Nível analítico de amostragem
A pesquisa já traçou um panorama dos textos da Compós e da SBPJor, apurou um
nível de verificação geral e realizou uma análise pelo viés das palavras-chave. Neste
momento, o estudo concentra-se em um nível analítico a partir de uma amostragem das
pesquisas apuradas. Nesta última fase da investigação, a pesquisa considera dois artigos que
incidem sobre cada um dos 12 núcleos temáticos identificados anteriormente e compreende
uma análise desses textos. Foram escolhidos os estudos que se alinharam de forma mais
fidedigna aos núcleos temáticos apurados. A descrição de cada texto acompanhará uma breve
observação sobre as discussões. Iniciamos a análise com as pesquisas eleitas do núcleo
temático 1.
O artigo “Jornalismo em processo”, com autoria de Cecilia Almeida Salles, publicado
pela Compós em 2011, identificado no núcleo 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo
na contemporaneidade”, discute as mudanças recentes nos processos de produção do
Jornalismo, a partir de sua hospedagem nos meios digitais. O estudo propõe um diálogo
dessas reflexões com os estudos sobre processos de produção, desenvolvidos no Grupo de
Pesquisa em Processos de Criação da PUC/SP. A pesquisa é concluída com uma proposta de
abordagem crítica para os objetos da comunicação, com ênfase nos textos jornalísticos como
objetos não estáticos, mas em processo, que ocorrem nas conexões renovadas a cada
atualização.
Diante do estudo de Salles (2011), observamos que desde o início da década passada,
o Jornalismo era identificado pela ciência como um campo em processo, ao considerar os
problemas, dificuldades e necessidade de modificações que a atividade vinha enfrentando
diante da inter-relação do impresso e do digital.
O artigo “Reconfigurações do Jornalismo: das páginas impressas para as telas de
smartphones e tablets”, de Maíra Sousa, publicado pela SBPJor em 2014, integra o núcleo
temático 1 e contempla as recentes reconfigurações do Jornalismo, sinalizando a necessidade
de adaptação das empresas em investimento em novos produtos para garantir novos públicos,
na mesma medida em que mantém o antigo. A reflexão teórica discute as alterações do
129
Jornalismo, desde a emergência das tecnologias digitais, com ênfase nos dispositivos móveis,
considerando o então processo de convergência e a distribuição de conteúdo em
multiplataformas.
Apesar de o texto de Sousa (2014) alertar para a necessidade de as empresas
investirem em novos produtos, o estudo deixa de revelar em quais núcleos esses
investimentos podem ser direcionados. Além disso, o artigo menciona o termo “conquistar
novos públicos e manter o antigo”; a partir do cenário contemplado nesta tese, entendemos
que se trata muito mais de atender ao público leitor de notícias, a partir de formatos e
linguagens de suas preferências, do que de dividir em apenas dois tipos de público, o antigo e
o novo.
No núcleo temático 2 “Circulação noticiosa em redes sociais”, o texto de Felipe Soares
publicado em 2020 pela Compós, “Circulação de informação no Twitter: como líderes de
opinião ressignificam as notícias”, analisa o processo de circulação e de recirculação de
notícias no Twitter, observando o papel dos líderes de opinião neste processo. A pesquisa
identificou que os líderes de opinião tendem a criar uma nova narrativa, quando as notícias
não são favoráveis à sua ideologia.
Observamos a partir do estudo de Soares (2020), que diante das notícias hospedadas
no ambiente digital, agentes públicos constroem novos significados, defendendo seus
interesses. O cenário digital é contemplado no fim da década como arena de debate de
discussões públicas e todo o conteúdo ali disponibilizado, corre o risco de ser utilizado por
usuários, a partir de diferentes manifestações, fenômeno que vem sendo explorado por líderes
de opinião.
O estudo de Larissa Zuim, “O fluxo do jornal impresso para o Facebook: hibridação
das linguagens jornalísticas”, publicado em 2015 pela SBPJor, que contempla o núcleo
temático 2, trata do hibridismo entre as linguagens jornalística tradicional e digital utilizadas
pela Folha de S.Paulo em duas plataformas, o jornal impresso e as redes sociais. A pesquisa
analisou a conta do Facebook institucional, sinalizando que ele tem o intuito de chamar a
atenção de seus seguidores para o website.
O texto de Zuim (2015) indica que, já no meio da década passada, a Folha, nosso
objeto de estudo, articulava suas estratégias no ambiente digital, investindo esforços nessas
frentes. O próximo capítulo irá aprofundar esta discussão.
A pesquisa “Jornalismo e participação: os conteúdos produzidos pelos usuários no
Jornalismo brasileiro”, de Rodrigo Martins Aragão, publicada em 2012 pela SBPJor, integra o
núcleo temático 3 “Participação da audiência na produção de notícias”. O estudo investiga a
130
veracidade da hipótese do Jornalismo difuso, segundo a qual, a partir do surgimento de
ferramenta de produção e conteúdo e publicação, qualquer pessoa poderia exercer a prática de
um jornalista, a partir dos espaços abertos pelos webjornais brasileiros com a recepção e
publicação de conteúdos produzidos por usuários. Aragão (2012) realizou um mapeamento de
espaços de participação em 31 jornais brasileiros e encontrou evidências da manutenção da
divisão de papéis entre o jornalista profissional e o leitor participante, marcado pela
reafirmação da habilitação do profissional para a seleção e tratamento das informações.
A partir do estudo de Aragão (2012), observamos que desde o início da década
analisada, o tema da participação do público leitor na produção da notícia já gerava
questionamentos nos pesquisadores brasileiros. Ao abrir espaço para comentários de usuários,
as organizações jornalísticas estavam, por um lado, incorporando as recentes alterações do
Jornalismo, para não ficarem atrás daquelas que já utilizavam essa prática. Por outro lado,
corriam o risco, de os comentários mancharem publicamente seus negócios com
manifestações negativas ou insultos.
O estudo de Gabriela Gruszynski Sanseverino (2019), “Um público ativo no
Jornalismo – o que as ações de comentários nos ensinam sobre participação”, integra o núcleo
temático 3. A pesquisa de Sanseverino, assim como a de Aragão (2012), observou o
fenômeno pelo mesmo viés, tendo como ponto de partida as seções de comentários dos
usuários. Diante da observação de oito sites de notícias em língua inglesa, o estudo concluiu
que há uma dualidade frente ao público e frente às prioridades das companhias, indicando a
necessidade de se dar espaço para a participação de usuários, mas com a necessidade de se
gerenciar o público e moderar seu espaço de fala.
A investigação de Sanseverino (2019) atualiza o estudo anteriormente considerado,
sinalizando a postura empresarial das organizações jornalísticas, que precisam ao mesmo
tempo, por uma questão de mercado, manter as seções de comentários, necessitam também
criar mecanismos para acompanhar essas participações, moderando as indicações quando
necessário.
A pesquisa “A narrativa hipermídia longform no Jornalismo contemporâneo”, de
Alciane Baccin, publicada em 2015 pela SBPJor, contempla o núcleo temático 4 “Jornalismo
multimídia, transmídia e hipermídia”. O estudo de Baccin (2015) considera que o Jornalismo
no ambiente digital, experimenta os limites da narrativa na web com estruturas criativas e
contextualizadas para contar histórias, contribuindo para a inovação semântica. O artigo
reflete sobre a narrativa no Jornalismo e retoma a evolução da narrativa no ambiente digital,
desde a transposição até o conceito de hipermídia e uso de dados. O estudo concluiu que a
131
narrativa hipermídia longform tem garantido o aproveitamento de potencialidades do
ambiente digital, tornando-se um produto com características próprias.
A partir do texto de Baccin (2015), verificamos que os estudos sobre o Jornalismo
multimídia, transmídia e hipermídia ganharam adesão junto aos pesquisadores da Compós e
da SBPJor, sinalizando novas abordagens para se pensar a prática do Jornalismo na
contemporaneidade.
O estudo “O que é hipermídia? Um conceito que vai além do hipertexto e da
multimídia”, também de Baccin, publicado pela SBPJor em 2017, discute teoricamente o
conceito de hipermídia, partindo da formulação da Teoria do Hipertexto. Reflete sobre a
configuração do espaço de escrita digital onde se insere a hipermídia, discute e tensiona o
conceito de hipermídia com a intenção de construir a definição de hipermídia, alicerçada na
lógica da remediação.
A pesquisa de Baccin (2017) atualiza o estudo de 2015, com uma abordagem teórica
que reivindica uma definição do conceito, em uma perspectiva que evidencia a distinção de
significados propostos por alguns autores.
A pesquisa “Jornalismo e fact-checking: fontes oficiais na base de checagem e
critérios não explicitados na seleção do que checar orientam a análise de Aos Fatos e Agência
Lupa”, assinada por Daniel Damasceno e Edgard Patrício e publicada pela Compós em 2020,
contempla o núcleo temático 5 “Checagem de fatos pelo Jornalismo”. O estudo de
Damasceno e Patrício (2020) compreende que, a prática de fact-checking iniciou para
verificar a factualidade das informações nos discursos de agentes públicos, mas a proliferação
de informações falsas nas redes sociais na internet e a disseminação de mentiras como
instrumento político, fez com que as metodologias de fact-checking também fosse utilizadas
para combater as fake news. O artigo analisa a atuação de duas agências brasileiras de
checagem, Aos Fatos e Agência Lupa, e sinaliza que apesar da checagem de discursos ter
relação direta com a credibilidade das organizações, as próprias agências não explicitam os
critérios que orientam a seleção do que é checado. Também indica que as plataformas de fact-
checking se valem de dados e estudos fornecidos, sobretudo, por fontes oficiais e instituições
públicas, comprometendo novamente a credibilidade do processo.
A pesquisa de Damasceno e Patrício (2020) segue na contramão da abordagem
primária e descritiva do trabalho realizado pelas agências de checagem, e aprofunda na
problematização dos instrumentos e critérios na seleção do que deve ser checado e a partir de
quais fontes, sinalizando a necessária cautela que deve orientar o trabalho das empresas Aos
Fatos e Lupa, as duas principais agências de checagem do Brasil.
132
O estudo “Agências de checagem no Brasil: uma análise das metodologias de fact-
checking” assinado por Carmen Carvalho, Maria Otero López e Karina Costa de Andrade,
publicado em novembro de 2019 pela SBPJor, integra o núcleo temático 5. O texto envereda
seus esforços para uma análise das metodologias aplicadas, e apresentadas nas matérias
produzidas pelas agências de checagem brasileiras: Aos Fatos, Truco, Boatos.org e Uol
Confere. O estudo concluiu que duas das iniciativas respeitam o princípio básico da atividade,
enquanto as outras duas não são transparentes com a sua audiência.
A pesquisa de Carvalho, López e Andrade (2019) assim como o estudo anterior,
compreende as metodologias aplicadas pelas agências, numa demonstração do interesse da
ciência pelos mecanismos utilizados por essas organizações, para aferir a veracidade das
notícias. Essas abordagens atualizam o tema da checagem de fatos no Brasil.
Alexandre Lenzi assina o artigo “O Jornalismo nativo digital do brasileiro Nexo”
publicado em 2019, pela SBPJor. O texto contempla o núcleo temático 6 “Mídias
independentes e os nativos digitais” e apresenta um olhar sobre o Jornalismo nativo digital do
brasileiro Nexo, um veículo jornalístico exclusivamente digital criado em 2015, refletindo
sobre a comparação entre os conteúdos ainda inspirados em formatos tradicionais e aqueles
que apresentam características próprias do Jornalismo online, valorizando as potencialidades
do meio digital. A pesquisa observou que nas reportagens especiais multimídia, o Nexo tem
conseguido aproveitar mais a liberdade narrativa de um jornal nativo digital.
O estudo de Lenzi (2019) considera uma das principais referências do Jornalismo
nativo digital no Brasil a partir da apresentação da notícia. Espera-se que investigações
posteriores a esta contemplem outros aspectos desse tipo de iniciativa, como os modelos de
negócio que amparam o Jornalismo nativo digital.
O artigo “Possibilidades, limites e fragilidades de um nativo digital: o jornal Plural
(Curitiba, PR)”, publicado pela SBPJor em 2019, assinado por Myrian Del Vecchio-Lima,
Everton Luiz Renaud de Paula, Guilherme de Paula Pires e Artur Oliari Lira, também dialoga
com o núcleo temático 6. A pesquisa considera o surgimento do jornal Plural, em Curitiba,
feito exclusivamente por jornalistas, sem conhecer o perfil de seu leitor, sem uma política
clara de financiamento e em busca de independência, sinalizando suas fragilidades e limites,
bem como, as possibilidades do jornal no cenário local.
O estudo de Del Vecchio-Lima, Paula, Pires e Lira (2019) evidencia uma questão
fundamental enfrentada pelos nativos digitais, que é a do tipo de financiamento incorporado
por essas iniciativas. Observamos já no primeiro capítulo, que no Brasil os jornais nativos
133
digitais ainda não mantêm um modelo definido de sustento. Pelo contrário, as iniciativas
estudadas revelaram maneiras distintas de manutenção.
O artigo “A evolução das tecnologias leva à automatização da produção informativa”,
assinado por Sebastião Squirra e publicado pela SBPJor em 2016, dialoga com o núcleo
temático 7 “Automação da notícia”, considera que o Jornalismo vem sendo forçado a mudar
modelos e estruturas. A pesquisa de Squirra (2016) considera que a robotização se insere na
produção de notícias e novas câmeras alargam conteúdos, exponenciando os relatos.
Squirra (2016) promove uma discussão teórica sobre o fenômeno da automatização da
produção informativa, indicando uma das mais recentes mudanças do Jornalismo. No capítulo
anterior, verificamos que a prática passou a ser empregada na produção de notícias no Brasil,
no final de 2020.
O estudo “Robôs no Jornalismo brasileiro: três estudos de caso”, de Silvia DalBen,
publicado pela SBPJor em 2020, também contempla o núcleo temático 7. A pesquisa
compreende que nos últimos anos, várias redações ao redor do mundo adotaram sistemas de
Inteligência Artificial para automatizar tarefas jornalísticas. O estudo considera três casos
brasileiros: a robô Rosie, da Operação Serenata do Amor, o robô Rui Barbot, do Jota, e a robô
Fátima, do Aos Fatos e observa que o Jornalismo automatizado envolve um complexo
ecossistema, e neste cenário, a transparência e a ética figuram como elementos importantes
para guiar as discussões em torno da adoção desses sistemas pelos jornalistas.
Observamos que a pesquisa de DalBen (2020), quatro anos depois do estudo de
Squirra (2016), identifica três casos de automação no Jornalismo brasileiro, sinalizando a
rápida incorporação das organizações jornalísticas brasileiras à automação.
A investigação “O novo projeto editorial da Folha de S.Paulo: os mitos da
objetividade e da pluralidade de sentidos”, de Carolina Moura Klautau, foi publicado em
2017, pela SBPJor, e incide sobre o núcleo temático 8 “Pesquisas sobre a Folha de S.Paulo”.
O texto lança um olhar sobre o então novo projeto editorial da Folha de S.Paulo, lançado em
março de 2017, com abordagem à objetividade e à pluralidade de vozes como mitos. O estudo
concluiu que a objetividade é confundida com mero relato e que as principais fontes
continuam sendo as oficiais, identificando que objetividade e pluralidade são dois mitos
dentro do documento analisado.
Como veremos no próximo capítulo, a Folha de S.Paulo instituiu os projetos Folha
desde o início da década de 1980, com manifestações públicas dos desafios enfrentados, das
conquistas e do trabalho a ser feito no futuro. Esses documentos são explorados pelos
134
cientistas brasileiros que observam suas limitações e traçam observações sobre a conduta do
jornal.
O artigo “Quando o Twitter pauta o jornal: análise da cobertura da Folha de S.Paulo
sobre o perfil de Jair Bolsonaro” é assinado por Hébely Rebouças e foi publicado pela SBPJor
em 2019. Identificamos que o texto incide sobre o núcleo temático 7. A pesquisa investigou a
cobertura da Folha sobre os conteúdos do presidente Jair Bolsonaro no Twitter, com o
objetivo de analisar como o Jornalismo convencional lida com as estratégias de comunicação
online de agentes políticos. O estudo concluiu que, na maioria das vezes, o jornal explorou o
Twitter de Bolsonaro como mero elemento de contextualização das notícias, privilegiando
conteúdos de relevância pública, como anúncio de medidas de governo.
A investigação de Rebouças (2019) retrata bem o esforço dos cientistas brasileiros de
acompanhar as vertentes e nuances do cenário holístico do Jornalismo na atualidade, ao adotar
como tema a cobertura do maior jornal do país, a partir de uma rede social do presidente
Bolsonaro.
A pesquisa de Cláudia Nonato “Os tipos de jornalistas blogueiros: uma nova proposta
de categorização”, publicada pela SBPJor em 2013, dialoga com o núcleo temático 9
“Jornalistas blogueiros e influenciadores digitais”. O estudo considera que os blogs surgiram
ainda nos anos 1990, primeiro como diários virtuais e depois foram apropriados por
profissionais de diversas áreas, principalmente jornalistas. O estudo defendeu que nos últimos
anos, grande quantidade de pesquisas demonstra que os blogs tornaram-se importantes meios
de comunicação, e traçou uma nova categorização de jornalistas blogueiros.
Observamos que o estudo de Nonato (2013) compreende no início da década, essa
relevante alteração contemporânea do Jornalismo, que foi abarcada brevemente no primeiro
capítulo desta pesquisa. Lá indicamos que os jornalistas se apropriaram do ambiente digital,
em especial das redes sociais, para lucrarem com a função, configurando-se como um
fenômeno emergente da atividade.
A pesquisa “As mutações no mundo do trabalho do jornalista e suas contradições: uma
perspectiva ontológica da crise do Jornalismo”, de Rafael Bellan Rodrigues de Souza,
publicada em 2017, pela Compós, incide sobre o núcleo temático 9. O estudo investiga as
tendências que orientam a prática jornalística, buscando compreender as mutações no mundo
do trabalho do jornalista. Considera que o Jornalismo tem se tornado uma prática fragmentada
e instável, identificando que o empreendedorismo neoliberal afeta tanto a subjetividade do
repórter e seus projetos profissionais, quanto o papel da informação jornalística na
sociabilidade hegemônica contemporânea.
135
Souza (2017) revela as implicações por trás da manutenção de perfis em redes sociais
pelos jornalistas, problematizando a questão que ainda requer novas abordagens, de forma a
clarear as configurações dessas práticas recentes.
Fabiana Piccinin e Paula Regina Puhl são autoras do artigo “Arte e Cultura,
Telejornalismo, internet e redes sociais: apontamentos sobre o programa Arte 1 em
Movimento” publicado em 2014 pela SBPJor. O texto incide sobre o núcleo temático 10
“Mídias segmentadas”.
O estudo discute como se apresentam as reportagens televisivas do Arte 1 em
Movimento, programa que apresenta características de um telejornal especializado na
cobertura de notícias relacionadas às expressões artísticas e culturais, no telejornal, na internet
e no Facebook. A investigação discute a inserção do Jornalismo cultural na televisão e os
formatos televisivos, utilizados para apresentar as notícias sobre a arte brasileira,
especializado no tema exibido em sinal fechado, e observa como essas reportagens são
recebidas pelos internautas que acessam a página do canal no Facebook.
A pesquisa de Piccinin e Puhl (2014) identifica quase na metade da década, uma
demanda de leitores por notícias especializadas no ambiente digital, cenário compreendido
pelas recentes alterações do Jornalismo.
O estudo “Muito além da ‘caixinha feminista’: o Jornalismo com perspectiva de
gênero em portais independentes”, de Nayara Nascimento de Sousa, publicado em 2020 pela
SBPJor, incide sobre o núcleo temático 10. O trabalho analisa as concepções sobre Jornalismo
Feminista para quatro mulheres jornalistas, que produzem conteúdo com perspectiva de
gênero em portais independentes. Os resultados indicam que as profissionais produzem
conteúdo com enfoque de gênero, priorizando a interseccionalidade nos temas e nas fontes, e
se contrapondo à mídia tradicional. Entretanto, observou que as jornalistas se distanciam do
termo Jornalismo Feminista, relacionando-o muito mais às pautas consideradas “feministas”
do que como uma forma transversal de produção de conteúdo.
Observamos que a pesquisa de Sousa (2020) traduz o fenômeno recente de demandas
especializadas na internet a partir de conteúdo feminista. No primeiro capítulo, identificamos
iniciativas nativas digitais segmentadas sinalizando essa forte tendência do leitor brasileiro.
Rafael Kondlatsch e Karol Natasha Lourenço Castanheira são autores do artigo
“Jornalismo local na era do hipertextual básico: os websites como extensão do impresso”,
publicado em 2015 pela SBPJor. O estudo dialoga com o núcleo temático 11 “Retomada de
interesse pelo Jornalismo local”.
136
A investigação demonstra por meio do jornal Gazeta de Riomafra e do portal Click
Riomafra, que as potencialidades tecnológicas propaladas por muitos veículos, ainda estão
longe de ser efetivadas nos veículos do interior. A pesquisa concluiu que diversos webjornais
ainda encontram-se na fase do hipertextual básico e subutilizam, ou não utilizam, recursos
digitais, como a multimidialidade e a interatividade.
O estudo de Kondlatsch e Castanheira (2015) foge dos grandes centros e mobiliza o
seu esforço na publicação noticiosa do interior, sinalizando a ainda precária utilização de
ferramentas tecnológicas. No primeiro capítulo desta tese, indicamos que a retomada de
interesse das organizações jornalísticas pelo Jornalismo local configura-se em um fenômeno
também recente, ressaltando a importância do local.
“O blog jornalístico regional: características da cobertura e regionalidades no contexto
maranhense” é o artigo de Jordana Fonseca Barros e Samantha Viana Castelo Branco Rocha
Carvalho, publicado pela SBPJor em 2020, que incide sobre o núcleo temático 11.
O artigo trata do papel dos blogs como veículos de cobertura regional no cenário
maranhense. A pesquisa considera que os blogs jornalísticos aparecem como um espaço
paralelo de produção de conteúdo jornalístico e como fonte de informações para outros
veículos, sinalizando que esses blogs priorizam a cobertura da cidade-sede e de outras cidades
do estado.
A partir do critério de proximidade, esses veículos sinalizam uma demanda que vem
crescendo na preferência dos leitores, que é a de notícias que incidem sobre a sua realidade. O
G1, um dos principais portais de notícias do país, absorveu essa demanda, e inclui entre as
suas publicações, notícias de todas as cidades do país.
Liliane de Lucena Ito é autora do artigo “Modelos de negócio para o Jornalismo
digital: do paywall ao crowdfunding”, publicado em 2017 pela SBPJor. O texto considera que
no século passado, as empresas jornalísticas pouco inovaram no modelo de negócio, baseado
em vendas por assinatura avulsas e publicidade, indicando a transformação no setor a partir do
advento da Sociedade em Rede e da web 2.0, que forçaram os veículos de mídia a adotarem
iniciativas disruptivas. O estudo discute alguns modelos de negócio que vêm sendo adotados
nos últimos anos, no Brasil e no exterior (paywall, publicidade de conteúdo, chatbots e
aplicativos, crowdfunding) e considera, como resultado, que a sustentação econômica do
Jornalismo em sua fase pós-industrial está diretamente atrelada a variados formatos
jornalísticos, bem como, à formas distintas de entrega de conteúdo, o que sinaliza a
inexistência de uma fórmula única que seja a promessa de salvação das empresas de mídia.
137
O panorama traçado no primeiro capítulo desta pesquisa, sinalizou algumas saídas
para as organizações jornalísticas, com a indicação de modelos de negócios no ambiente
digital. O estudo de Ito (2017) reforça a necessidade de as organizações se ampararem em
modelos adequados à nova realidade.
O último artigo contemplado nessa análise, “O financiamento de arranjos econômicos
alternativos às corporações de mídia por plataformas digitais”, de Camila Acosta Camargo,
Cláudia Nonato, Fernando Pachi Filho e Thales Vilela Lelo, publicado pela SBPJor em 2020,
incide sobre o núcleo temático 12.
O estudo se apoia nas discussões acerca da “plataformização do Jornalismo” com o
objetivo de analisar, a relação estabelecida entre arranjos econômicos alternativos às
corporações de mídia no Brasil e os programas de financiamento à imprensa pelas plataformas
digitais. Buscou-se compreender as linhas de financiamento ao Jornalismo desenvolvidas pelo
Google News Initiative e pelo Facebook Journalism Project.
O estudo de Camargo, Nonato, Pachi Filho e Lelo (2020) considera uma perspectiva
mais recente de modelos de negócio do Jornalismo amparados no ambiente digital, ao
compreenderem as linhas de financiamento ao Jornalismo, desenvolvidas pelo Google e pelo
Facebook, que por certo buscam uma boa fatia desse mercado em ascensão. Esse tema requer
outras abordagens e suscita novos parâmetros de análise como: modelos de negócio para as
empresas do interior com abrangência local e regional, ou o trabalho desenvolvido por
organizações como o Sebrae, que auxiliam as empresas a garantirem o seu sustento a partir da
realidade de cada atividade.
2.5 O que a pesquisa brasileira sinaliza
Diante do levantamento apurado neste capítulo, composto por algumas das mais
significativas contribuições da produção científica brasileira, sobre as transformações
contemporâneas enfrentadas pelo Jornalismo na última década, é possível tecer algumas
reflexões sobre as sinalizações indicadas pelos pesquisadores brasileiros.
A primeira delas foi a verificação do esforço do pesquisador brasileiro em debater os
fenômenos contemporâneos do Jornalismo e as demandas sociais que emergem do contexto
sócio-histórico, relativas ao tema do exercício do Jornalismo na sociedade brasileira. A partir
da identificação dos 12 núcleos temáticos, averiguados nos textos selecionados da Compós e
da SBPJor, observamos esse empenho.
138
Outra sinalização que podemos tecer, a partir das análises deste segundo capítulo, é
que os pesquisadores da Compós e da SBPJor também compreenderam as mudanças recentes
do Jornalismo, diante de episódios históricos que fomentaram tais alterações, como a
mobilização social realizada no Brasil em 2013 a partir das redes sociais, o fenômeno das fake
news no Brasil e a checagem de fatos pelo Jornalismo, que ganharam notoriedade nas eleições
gerais brasileiras de 2018 e a pandemia causada pelo coronavírus, em 2020. Algumas das
alterações do Jornalismo que a pesquisa apurou a partir dos textos da Compós e da SBPJor
posterior à 2013, foi que os anos de 2018 e 2020 sinalizaram a maior incidência de estudos
sobre esses núcleos temáticos.
O universo de pesquisas compreendido neste segundo capítulo, nos revela que os
pesquisadores da Compós e da SBPJor de um lado, se esforçaram para discutir os fenômenos
emergentes do Jornalismo, mas por outro, dedicaram menor empenho aos modelos de negócio
do Jornalismo no ambiente digital, com a indicação de saídas para as organizações
jornalísticas brasileiras.
Outro aspecto que merece reflexão, incide sobre as iniciativas alternativas de produção
de notícias. A partir da investigação contemplada sobre este tema no primeiro capítulo e com
o endosso das pesquisas apuradas neste segundo momento, reforçamos um dos objetivos da
pesquisa, que é a verificação das formas alternativas de produção de notícia e como se
localizam no cenário das transformações. A pesquisa brasileira sinaliza o surgimento dessas
iniciativas, como é o caso do Nexo Jornal, contemplado pela pesquisa no primeiro capítulo,
indicando uma forma emergente de comercialização de notícias. As formas de financiamento
dessas iniciativas ainda navegam por diferentes formatos, o que requer atualizações de
investigações no setor, para auxiliar na identificação do melhor formato de financiamento
para o Jornalismo neste cenário.
A partir deste segundo capítulo, ainda confirmamos uma das hipóteses desta tese que
incide sobre os projetos alternativos de produção de notícias. Compreende-se que no ambiente
de efervescência tecnológica, essas iniciativas estão conquistando um nicho de mercado
emergente. Consideramos que as formas alternativas de notícias estão se sobressaindo no
atual cenário, ao incorporar as ferramentas e potencialidades da web, de olho no público
nativo digital, que tem se revelado, a partir das pesquisas apuradas neste estudo, como uma
forte promessa de público leitor.
Essas formas alternativas de produção de notícia na contemporaneidade também
conversam diretamente com a questão que norteia esta pesquisa: Como as empresas buscam
respostas para a transformação vivida, sobretudo após o surgimento da internet? Essas
139
organizações estão respondendo que, ao se estruturarem nas redes digitais, com mobilização
da audiência e com formas de sustento amparadas no ambiente digital (como as colaborações
online), o resultado tem sido positivo. No próximo capítulo da pesquisa, iremos contemplar
como a Folha de S.Paulo, nosso objeto de estudo, tem buscado essas respostas.
Alguns objetivos do estudo foram aqui verificados. Um deles, identifica como o tema
e o cenário das mudanças se apresentam no mundo da pesquisa. Compreendemos que os
pesquisadores brasileiros acompanharam com afinco as mudanças da atividade,
expressividade demonstrada com os números de artigos localizados a partir do raio de
interesse deste estudo. Por outro lado, como observamos algumas linhas acima, identificamos
a inexpressividade de pesquisas que incidem sobre os modelos de negócio no ambiente
digital.
140
CAPÍTULO 3
UM ESTUDO DA FOLHA DE S.PAULO SOB O ÂNGULO DA TECNOLOGIA E DA
GERAÇÃO DE NOVOS MODELOS DE NEGÓCIO
O primeiro capítulo desta tese sinalizou algumas das alterações do campo do
Jornalismo na contemporaneidade, a saber: a convergência das mídias; a interação do público
e a respectiva participação no processo de produção da notícia, que incide sobre o conceito de
gatewaching que, por sua vez, versa sobre a participação das pessoas na filtragem do que
interessa a suas comunidades de interesse; também mencionamos as novas habilidades do
jornalista; compreendemos uma visão crítica sobre essas transformações; investigamos a
presença do Jornalismo nas redes sociais; abordamos o fenômeno das fake news e a checagem
de fatos pelo Jornalismo; tratamos da utilização de inteligência artificial e da automação na
produção noticiosa no Brasil. Ainda no primeiro capítulo, consideramos essas transformações
a partir da visão de uma nova esfera pública; indicamos o surgimento de novos atores
midiáticos e suas audiências; evidenciamos iniciativas do Jornalismo nativo digital, e
contemplamos uma reflexão sobre a força do Jornalismo local como um fenômeno emergente.
Por fim, indicamos algumas possíveis soluções para as organizações jornalísticas da
atualidade, com a sinalização de modelos de negócio para o Jornalismo digital.
O segundo capítulo desta pesquisa reforçou as reflexões do momento anterior, ao
considerar o olhar do pesquisador brasileiro acerca dessas mudanças. Permitiu, a partir dessa
fase metodológica, acompanhar e verificar os assuntos de nosso interesse que foram mais
debatidos e investigados, por esses pesquisadores na última década, a saber: transformações
tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade; circulação noticiosa em redes sociais
como o Twitter, Facebook, Instagram e Youtube; Jornalismo multimídia, transmídia e
hipermídia; participação da audiência na produção noticiosa; jornalistas blogueiros e
influenciadores digitais; checagem de fatos pelo Jornalismo; retomada de interesse pelo
Jornalismo local; mídias independentes e os nativos digitais; mídias segmentadas em rede;
automação da notícia; modelos de negócio para o Jornalismo; tipos de financiamento no
Jornalismo digital; pesquisas sobre a Folha de S.Paulo. Além disso, o segundo capítulo
identificou cinco artigos que interessam diretamente a esta fase da pesquisa, por
contemplarem investigações sobre a Folha de S.Paulo, reforçando e apoiando as discussões
que aqui pretendemos estabelecer.
141
Ainda sobre os dois primeiros capítulos desta tese, o estudo contemplou, nesses
momentos anteriores, a primeira fase do método de Hermenêutica de Profundidade,
identificada por Thompson (2011) de análise sócio-histórica. As sinalizações indicadas pelo
panorama, construído sobre as transformações do Jornalismo e pela perspectiva da ciência,
sobre o cenário contemporâneo do campo, apoiam este terceiro e último capítulo da pesquisa,
que abarca a etapa final da Hermenêutica de Profundidade, a de interpretação/reinterpretação.
Thompson defende que por mais rigorosos e sistemáticos que os métodos da análise formal ou
discursiva possam ser, eles não podem abolir a necessidade de uma construção criativa do
significado, ou seja, de uma explicação interpretativa do que está representando ou do que é
dito. Thompson considera que o processo de interpretação, mediado pelos métodos do
enfoque da Hermenêutica de Profundidade, é simultaneamente um processo de
reinterpretação. Para o autor, ao desenvolver uma interpretação que é mediada pelos métodos
do enfoque, estamos reinterpretando um campo pré-interpretado; estamos projetando um
significado possível que pode divergir do significado construído pelos sujeitos que constituem
o mundo sócio-histórico.
Ao considerar a contextualização do cenário vivido pelo Jornalismo contemporâneo,
compreendida nos dois primeiros capítulos, contemplamos neste último momento, o nosso
objeto de estudo, a Folha de S.Paulo, jornal com a maior circulação paga no Brasil, conforme
pesquisa do Instituto Verificador de Comunicação (IVC) de maio de 2020, divulgada pela
Folha.31 Em 26 de junho de 2020, que indicou que o veículo obteve crescimento expressivo
da audiência paga de sua versão online. A matéria afirmou que em maio, a Folha vendeu em
média 338.675 exemplares diários, na soma de suas versões digital e impressa. O segundo
lugar, de acordo com o texto, coube ao Globo, com 333.653 e em terceiro lugar aparece O
Estado de S.Paulo, com 240.093. Nesta fase, a investigação tenciona verificar como o jornal
se comporta no cenário de transformações do Jornalismo, a partir do viés da tecnologia. E
mais, busca responder, a partir de suas práticas, como as empresas buscam respostas para a
transformação vivida pelo setor diante das inovações tecnológicas, sobretudo após o
surgimento da internet, de modo que, a informação possa continuar sendo oferecida por elas
como um produto no mercado da Comunicação. Este último momento da pesquisa, também
considera uma das hipóteses da investigação, a de que a adesão da Folha às mudanças de
mercado, podem representar um indicativo de que o jornal, seguindo as tendências mundiais,
31 Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/06/maior-jornal-do-brasil-folha-consolida-
crescimento-digital.shtml. Acesso em: 18 dez. 2020.
142
abandone, em um futuro próximo, a produção impressa para dedicar-se apenas à
comercialização de notícias no ambiente digital.
Este capítulo está dividido da seguinte maneira: inicialmente construímos um breve
resgate da história da Folha de S.Paulo com foco nas inovações tecnológicas do jornal desde
a sua fundação, compreendendo, neste panorama, os sete projetos editoriais do jornal; em
seguida, apresentamos um check-up atual sobre a Folha a partir de três pontos: 1) a versão
impressa; 2) a versão online; 3) a hospedagem no Facebook, Twitter, Instagram e Youtube. A
pesquisa considera o arcabouço desse levantamento documental, e aplica o método de Análise
de Discurso, para compreender o discurso público que a Folha estabelece sobre as alterações
do Jornalismo e sobre a receita de negócio aplicada pelo jornal a partir dessas mudanças,
diante das declarações feitas por representantes do jornal no documentário O jornal do futuro,
de 2010,32 e no Encontro Folha de Jornalismo de 2016 e de 2020 promovidos pela
organização com o objetivo de discutir os desafios e o futuro do Jornalismo.33 Em uma
segunda etapa, consideramos o modelo de negócio atual da Folha. Por fim, a pesquisa avança
para o último momento do capítulo, que incide sobre o processo de interpretação e de
reinterpretação de todo o arcabouço apurado, a partir do método de Hermenêutica de
Profundidade, evidenciando a reflexão sobre a notícia como um produto à venda, com o
suporte da tecnologia a partir das práticas da Folha.
3.1 Um panorama da história da Folha de S.Paulo
A pesquisa contempla neste momento um breve resgate da história da Folha de
S.Paulo, com ênfase nas mudanças tecnológicas do jornal, observando, sobretudo, a maneira
como o periódico se comporta sob a perspectiva tecnológica. Compreendemos a história da
Folha desde a implantação do jornal Folha da Noite, em fevereiro de 1921, consideramos os
Projetos Editoriais e seguimos até o ano de 2018, quando o jornal implementou um novo
publicador, destinado a agilizar o fluxo de trabalho da redação.
3.1.1 Breve história da Folha a partir de inovações tecnológicas
32 O documentário retrata as mudanças físicas na redação do jornal, que permitiram a integração com a
Folha.com. 33 O estudo desconsiderou o Encontro Folha de Jornalismo de 2018 pela inexistência de declaração de dirigentes
da organização. Os eventos foram promovidos sempre na celebração do aniversário de fundação do jornal.
143
Iniciamos o nosso resgate a partir de um texto cronológico, Oito décadas de história
da Folha, do Brasil e do mundo, divulgado pela Folha na seção Tudo sobre a Folha.34 O
documento identifica as principais fases do jornal nos seus primeiros 80 anos, em paralelo
com os principais acontecimentos do Brasil e do mundo.
De acordo com a cronologia publicada pela Folha, a história do jornal teve início em
19 de fevereiro de 1921, com o surgimento da Folha da Noite, cuja redação era instalada em
uma sala no segundo andar de um prédio na rua São Bento, 66-A, no centro de São Paulo e
com impressão feita nas oficinas de O Estado de S. Paulo, na rua 25 de Março. Em 1925, o
então jornal Folha da Noite deu o primeiro grande passo tecnológico, ao adquirir uma rotativa
alemã. Esse desenvolvimento permitiu ao jornal, expandir os negócios com a edição, no
mesmo ano, do jornal Folha da Manhã, edição matutina da Folha da Noite. Em 1931, ao
passar para as mãos do cafeicultor Octaviano Alves Lima, a empresa que exibia uma tiragem
diária de 15 mil exemplares dos dois jornais, passou para 80 mil. O nome da companhia é
alterado para Empresa Folha da Manhã.
Em um dos artigos relacionados à Folha, mapeados no segundo capítulo desta tese, “O
novo projeto editorial da Folha de S.Paulo: os mitos da objetividade e da pluralidade de
sentidos”, Carolina Klautau (2017) considera que, a Folha nasceu numa época em que apenas
uma tiragem de jornal, não dava conta de narrar os acontecimentos diários. Ela menciona o
período que compreende a metade dos anos 1940, quando as notícias externas e internas
chegavam em grande volume e com grau profundo de complexidade, referindo-se a fatos
como o envio de soldados brasileiros à Itália para lutar durante a Segunda Guerra Mundial, a
abdicação de Getúlio Vargas à presidência do Brasil ou a bomba atômica enviada pelos
Estados Unidos e que atinge Hiroshima e Nagasaki.
Em 1945, de acordo com a Folha,35 o controle acionário passou para as mãos de José
Nabantino Ramos e a companhia passou a defender a adoção da imparcialidade como política
redacional. Os jornais, feitos para a classe média, começavam a encampar questões como o
ensino público e a cédula única. Em 1946, a impressão dos jornais passou da rua do Carmo
para a rua Anhangabaú, onde é instalada uma rotativa Goss, de fabricação norte-americana.
Em 1949, a redação se mudou para um edifício na Alameda Cleveland e a administração, a
publicidade e a composição foram para o mesmo prédio no ano seguinte. Nesta época, o
34 A cronologia Oito décadas de história da Folha, do Brasil e do mundo, está disponível em
https://www1.folha.uol.com.br/folha/80anos/cronologia.shtml. Acesso em: 17 jan. 2021. 35 A cronologia Oito décadas de história da Folha, do Brasil e do mundo, está disponível em
https://www1.folha.uol.com.br/folha/80anos/cronologia.shtml. Acesso em: 17 jan. 2021.
144
jornal era feito por meio de linotipo, processo que usa chumbo derretido para compor o texto.
Em 1º de julho daquele ano era lançada a Folha da Tarde.
Em 1950, conforme a Folha em seu texto cronológico sobre os primeiros 80 anos do
jornal, a impressão dos jornais da organização passou para um prédio entre as alamedas Barão
de Campinas e Barão de Limeira, ainda em construção. Em 1953, o prédio na alameda Barão
de Limeira passou a abrigar todas as instalações dos jornais. Em 1º de janeiro de 1960, quase
40 anos depois do surgimento do primeiro jornal da organização, surge a Folha de S.Paulo,
resultado da fusão dos três títulos da empresa. Em agosto de 1962, os empresários Octavio
Frias de Oliveira e Carlos Caldeira Filho assumiram o controle acionário da Empresa Folha
da Manhã.
Em 1976, de acordo com o jornal, a Folha encampou o processo de redemocratização
do Brasil e abriu as suas páginas ao debate de ideias que fervilhavam na sociedade civil. Em
1991, a Folha afirmou que a organização foi o primeiro órgão da imprensa brasileira a pedir o
impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, que renunciou no ano seguinte. Em
1992, o empresário Octavio Frias de Oliveira passou a deter a totalidade do controle acionário
da companhia. Em janeiro daquele ano, a Folha se consolidou como o jornal com maior
circulação paga aos domingos (média de 522.215 exemplares). Em 22 de março de 1999, é
lançado o jornal Agora pelo Grupo Folha, em substituição à Folha da Tarde, publicação
encerrada no dia anterior. Em 2 de maio do ano 2000, começou a circular o jornal Valor,
especializado em economia e produto da associação do Grupo Folha com as Organizações
Globo.
O Quadro 6 sintetiza alguns dos principais marcos do jornal nesse período, indicando
o ano e uma breve descrição.
Quadro 6 – Síntese dos principais acontecimentos e ações ligadas às incorporações
tecnológicas da Folha de S.Paulo nos primeiros 80 anos do jornal
ANO DESCRIÇÃO DOS ACONTECIMENTOS
1967 A Folha dá início à revolução tecnológica e à modernização do seu parque gráfico.
1971 O jornal abandona a composição a chumbo e adota o sistema eletrônico de fotocomposição,
pioneiro no Brasil.
1973 Em outubro, é criado o Banco de Dados de São Paulo Ltda., que incorpora os arquivos de
imagem, texto e a biblioteca da Folha.
1981 Em junho, o documento de circulação interna “A Folha e alguns passos que é preciso dar”
surge como a primeira sistematização de um projeto editorial. O texto fixa três metas:
informação correta, interpretações competentes sobre essa informação e pluralidade de
opiniões sobre os fatos.
1983 A Folha inaugura a primeira Redação informatizada na América do Sul com a instalação de
terminais de computador para a redação e a edição de textos. O jornal passa a economizar
145
40 minutos no processo de produção. É criado o Datafolha, instituto de pesquisa de opinião
pública e de mercado.
1984 Em junho, surge o documento, também de circulação interna, “A Folha depois da
campanha Diretas-Já”, devido ao destaque do jornal na campanha em relação aos outros
veículos de comunicação. A Folha implanta o Manual da Redação.
1985 Em julho, a Folha publica o novo projeto editorial que tem como política, além de praticar
um jornalismo crítico, apartidário, moderno e pluralista, implantar um Jornalismo de
serviço e adoção de novas técnicas visuais.
1987 É dado início à informatização do Banco de Dados, com a criação de uma base de dados em
convênio com a Editora Abril. A base passaria a conter, a partir de janeiro de 1988, um
índice eletrônico da Folha e de diversas revistas brasileiras.
1990 Em fevereiro, são introduzidas as paginadoras Harris, que permitem a montagem eletrônica
das páginas do jornal, eliminando o processo manual de “paste-up”.
1994 A Folha se transforma no primeiro jornal brasileiro a ter um banco de imagens digital. Em
julho, a Agência Folha passa a comercializar seu serviço noticioso 24 horas por dia. A
Folha investe em uma política de fascículos encartados no jornal. O primeiro lançado é o
“Atlas Folha/The New York Times” e bate recorde de tiragem e de vendas na história de
jornais e revistas do país no dia de lançamento (1.117.802 exemplares) e nas semanas
subsequentes.
1995 O Banco de Dados lança o CD-ROM Folha, que traz o texto integral das edições do jornal
do ano anterior, além do Manual da Redação da Folha. É lançado o Folha Online, cujo
primeiro serviço é o Folha Web, sinopse diária das reportagens. Começa a funcionar o
Centro Tecnológico Gráfico-Folha, em Tamboré.
1996 É lançado o Universo Online, em caráter experimental, com acesso aberto a todos os
usuários da Internet. É o primeiro serviço online de grande porte no país. A Folha implanta
o Programa de Qualidade, com o objetivo de combater erros de português e de informação.
O Grupo Folha anuncia a fusão do Universo Online (Grupo Folha) com o Brasil Online
(Grupo Abril). É constituída uma nova empresa, o Universo Online S.A.
Fonte: elaborado pela autora a partir do documento Oito décadas de história da Folha, do
Brasil e do mundo.36
O Quadro 6 registra de 1967 a 1996 algumas das principais incorporações tecnológicas
da Folha de S.Paulo e identifica nesse período, o início da publicação dos projetos editoriais
do jornal, que discutiremos mais adiante.
Observamos que depois de 16 anos do estabelecimento da impressão offset, conforme
o documento sobre os 80 anos da Folha, o jornal inaugurou a primeira Redação informatizada
na América do Sul, com a instalação de terminais de computador para a redação e a edição de
textos. O jornal descreve em seu texto dos 80 primeiros anos, que o investimento passou a
economizar 40 minutos no processo de produção. Em 1985, a Folha incorpora a adoção de
novas técnicas visuais, iniciando um processo de mudanças estéticas. Dois anos depois,
identificamos novamente a preocupação do jornal com o armazenamento de seu conteúdo,
com o início da informatização do Banco de Dados. Em 1990, com a montagem eletrônica das
páginas do jornal, a organização reforça a sua adesão a ferramentas tecnológicas.
36 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/folha/80anos/cronologia.shtml. Acesso em 17 jan. 2021.
146
Em 1995, verificamos a partir do texto cronológico sobre os 80 primeiros anos da
Folha, um marco importante no jornal, quando a organização deu o início à hospedagem no
ambiente digital, a partir do lançamento do Folha Online, que disponibilizava uma sinopse
diária das reportagens no ambiente digital. Retomamos aqui o registro feito na introdução
deste trabalho, quando recorremos a um retrato feito por Josias de Souza (2004), sobre o
contexto em que o ambiente digital foi introduzido nas organizações jornalísticas, no período
contemporâneo à implantação do Plano Real. A crítica de Josias de Souza indica que para
investir em sua informatização, muitas empresas contraíram altas dívidas.
Ainda na análise documental sobre a trajetória da Folha, identificamos na seção
História da Folha, no portal da organização, um resgate geral do jornal desde 1921 que amplia
o texto cronológico dos primeiros 80 anos da Folha.37 A partir desse texto histórico,
verificamos que 1996, por iniciativa de Luiz Frias, foi lançado o portal de internet UOL,
primeiro serviço online de grande porte no país; em maio de 2000 foi lançado o jornal Valor
Econômico, em parceria com o Grupo Globo, que assumiu, em 2016, o controle do periódico;
em 2010 houve a unificação das redações do impresso e do online, reforma gráfica e editorial
da Folha. O portal Folha Online foi reestruturado e passou a se chamar Folha.com;
aplicativos para Iphone, iPad e Galaxy Tab foram lançados naquele ano.
Registramos que 2010 foi um ano importante para o jornal rumo ao aprimoramento de
sua plataforma digital. Lenzi (2017) considerou essa fase e fez um paralelo entre a Folha e O
Estado de S. Paulo, identificando que os concorrentes diretos no mercado brasileiro
apresentaram movimentos semelhantes, ao longo da migração de suas marcas de origem
impressa para a plataforma digital, sendo o ano de 2010, na visão do autor, o mais
significativo para os dois em sua trajetória recente no caminho à priorização do online.
De acordo com Lenzi, após os primeiros movimentos em busca da integração entre
impresso e online, o jornal O Estado de S. Paulo lançou, em março de 2010, um novo projeto
gráfico da edição em papel e, simultaneamente, entrou no ar o novo estadão.com.br, um
portal com a proposta de ampliar o cardápio de conteúdos em vídeo e áudio, a interação com
os internautas e a conexão com redes sociais e comunidades virtuais. A intenção apontada
pela empresa, era estar o tempo todo perto do leitor, em todas as plataformas. Dois meses
depois, em 23 de maio, sempre de acordo com Lenzi, a Folha de S. Paulo realizou
transformações semelhantes ao do concorrente Estadão e chegou às bancas se intitulando “o
37 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/institucional/historia_da_folha.shtml?fill=4. Acesso em: 17
jan. 2021.
147
jornal do futuro” como o primeiro grande veículo da imprensa brasileira a promover o que
chamou de “fusão orgânica” entre o jornal impresso e a versão online.
Lenzi (2017) recorda que a meta era oferecer um noticiário que fosse ágil e que, ao
mesmo tempo, preservasse a sua qualidade. Para isso, relata o autor, o comando editorial da
Folha Online passou a ser subordinado à editoria-executiva da Folha. Os editores dos
cadernos do impresso passaram a contar com editores-adjuntos da área digital. Foi criado,
ainda, o cargo de secretário-assistente da área digital, responsável pela homepage (a página de
rosto da Folha Online). Cerca de 60 profissionais que trabalhavam na Folha Online, entre
repórteres e redatores, passaram a integrar as equipes das áreas correspondentes da Folha.
O documentário O Jornal do Futuro, de maio de 2010,38 retrata as mudanças físicas na
redação do jornal, que permitiram a integração com a Folha.com. A produção também captou
depoimentos de Otávio Frias Filho, então diretor de Redação da Folha, de colunistas e entre
outros. Esses depoimentos serão considerados na seção A notícia como um produto à venda
com o suporte da tecnologia.
Em 2012, de acordo com a Folha,39 o jornal inaugurou no Brasil a adoção do novo
modelo de negócios para o Jornalismo digital, o paywall poroso, em que o acesso ao
noticiário online é gratuito e possui limitação. 40
Em 1º de fevereiro de 2018, o jornal divulgou a notícia de um novo publicador, com a
proposta de agilizar o fluxo de trabalho da redação.41 O texto informa que a reforma visual e
estrutural da Folha na internet vinha acompanhada de outra, invisível aos leitores. O sistema
utilizado para colocar no ar os textos, páginas e especiais do site, justificava o surgimento do
novo publicador, batizado de Gutenberg, desenvolvido dentro do jornal, pensado para
otimizar o trabalho da redação, de forma a oferecer mais tempo aos jornalistas à apuração e à
edição.
Após considerar os principais avanços tecnológicos da Folha desde os seus primeiros
passos até o ano de 2018, verificamos que o jornal traçou novos rumos, garantiu diferenciação
entre os demais e cresceu como empresa no mercado da comunicação. Passamos agora, a
compreender as declarações da organização em seus Projetos Editoriais.
38 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/folha/videocasts/739063-documentario-revela-bastidores-das-
mudancas-na-folha.shtml. Acesso em: 3 jan. 2021. 39 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/institucional/historia_da_folha.shtml?fill=4. Acesso em: 3 jan.
2021. 40 O atual modelo de negócios será considerado ao final do capítulo. 41 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/02/novo-publicador-agiliza-o-fluxo-de-trabalho-
da-redacao.shtml. Acesso em: 3 jan. 2021.
148
3.1.2 O compromisso público do Projeto Folha
Nesta fase da pesquisa, consideramos as declarações públicas da Folha nos sete
projetos editoriais divulgados ao longo da história da organização. O documento é publicado
de tempo em tempo e possui a finalidade, segundo a própria empresa, de tornar público o
compromisso do jornal com os valores, metas a cumprir e instrumentos por meio dos quais
pretende melhorar a qualidade do serviço prestado aos leitores. Além de sinalizar os pontos a
serem enfrentados, o Projeto Folha também indica os avanços conquistados em relação ao
período anterior e fornece orientações aos jornalistas. Os projetos editoriais traduzem, de
acordo com o jornal em sua página na internet, os princípios que constituem, no seu conjunto,
o Projeto Folha.42
A partir de uma leitura inicial, observamos que o jornal sinaliza que a busca por um
jornalismo crítico, apartidário e pluralista são as características que norteiam o trabalho dos
profissionais do Grupo Folha. Essas características foram expostas desde 1981 e mantidas até
2017, ano que registra a última versão do Projeto Folha. O Quadro 7 traz o ano e o título de
cada um dos sete projetos editoriais.
Na sequência, uma descrição e posterior análise dessas declarações, evidenciando a
postura da Folha sobre os processos de mudança do Jornalismo, observando, sobretudo, como
o jornal se posicionou em cada um desses projetos editoriais, com relação à ampliação de
investimentos em incorporações tecnológicas, e de que maneira, a Folha foi alinhavando
esses avanços com a formatação do seu atual modelo de negócio.
Quadro 7 – Ano e título dos sete projetos editoriais da Folha
PROJETOS EDITORIAIS FOLHA DE S.PAULO
ANO TÍTULO
1981 A Folha e alguns passos que é preciso dar
1984 A Folha depois da campanha Diretas-Já
1985 Novos rumos
1986 A Folha em busca da excelência
1988 A hora das reformas
1997 Caos da informação exige jornalismo mais seletivo, qualificado e didático
2017 Jornalismo profissional é antídoto para notícias falsas
42 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/institucional/linha_editorial.shtml. Acesso em: 26 dez. 2020.
149
Fonte: elaborado pela autora com base em informações divulgadas no portal da Folha.43
Diante do Quadro 7, compreendemos uma breve descrição de cada um dos projetos
editoriais da Folha, que precedem a análise destes textos nos termos em que foram
mencionados anteriormente.
O documento de 1981,44 “A Folha e alguns passos que é preciso dar”, declara que:
o objetivo de um jornal como a Folha é, antes de mais nada, oferecer três
coisas ao seu público: informação correta, interpretação competente sobre
essa informação e pluralidade de opiniões sobre os fatos. Ressalta a
importância de ingredientes importantes: saúde econômica e financeira da
empresa, firme disposição para a independência jornalística e para a
superação das tradições paroquiais da imprensa tradicional, senso de
oportunidade para saber avançar quando as circunstâncias permitem e
reclamam.
No projeto de 1984,45 “A Folha depois da campanha Diretas-Já”, o jornal considerou
que “o movimento faz parte da história da Folha, que encampou a campanha e foi o primeiro
grande meio de comunicação a fazê-lo, impondo-se, ao país inteiro, como uma das principais
forças formadoras de opinião pública”. A Folha declarou, na época, que possuía, a seu favor,
“a ausência de preconceito, uma posição política aberta e uma disposição para crescer e
mudar na relativa estagnação em que se encontrava, na visão do veículo, a maioria dos demais
grandes jornais da época”.
O documento de 1984 declara ainda, que “a Folha era o jornal que mais havia se
desenvolvido naqueles anos”. A declaração também incluía a meta mais alta daquele
momento: “fazer da Folha o principal jornal do país e dos profissionais que nela trabalham os
mais valorizados e respeitados de toda a categoria”. Um trecho do projeto editorial de 1984
informa que o jornal possuía, atrás dele, uma empresa economicamente sólida,
financeiramente saudável e que vinha adotando uma atitude crescentemente agressiva no setor
publicitário e comercial, considerando a situação privilegiada da empresa que assegurava a
autonomia política e a contundência editorial da Folha.
Em 1985, no projeto editorial “Novos rumos”,46 o jornal declarou que:
43 Informações extraídas de: https://www1.folha.uol.com.br/institucional/linha_editorial.shtml. Acesso em: 3 jan.
2021. 44 Disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/folha-projeto-editorial/projetos-editoriais-anteriores/1981-a-
folha-e-alguns-passos-que-e-preciso-dar.shtml. Acesso em: 17 dez. 2020. 45 Disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/folha-projeto-editorial/projetos-editoriais-anteriores/1984-a-
folha-depois-da-campanha-diretas-ja.shtml. Acesso em: 17 dez. 2020. 46 Disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/folha-projeto-editorial/projetos-editoriais-anteriores/1985-novos-
rumos.shtml. Acesso em: 17 dez. 2020.
150
o desenvolvimento do projeto que orienta a Folha, dependeria, sobretudo, de
duas coisas: que ela se caracterizasse de maneira original como uma
publicação com imagem pública ostensivamente diferenciada e que se
tornasse um produto de mercado indispensável ao público pela quantidade
do serviço de interpretação, de opinião e principalmente de informação.
Declarou, naquele momento, que “o Jornalismo não era mais artesanato, mas uma
atividade industrial que reivindica método, planejamento, organização e controle”. Também
sinalizou a necessidade de ampliação do espaço da prestação de serviço no jornal e aumento
do grau de didatismo do material publicado. Declarou que essas duas características, eram
inestimáveis na luta empreendida naquele momento, que visava transformar a Folha num
produto de primeira necessidade para o público leitor, caminho obrigatório do
desenvolvimento e da própria sobrevivência dos jornais, de acordo com o próprio jornal.
Alertou, para a necessidade de modificar a mentalidade, com relação a quadros, mapas,
gráficos e tabelas, que passavam a ser considerados como o meio de expressão sintética e
veloz por excelência. Anunciou também, a segunda edição do Manual Folha, assinalando a
batalha pela exatidão como grande prioridade na área. Expôs os dois problemas cruciais que o
jornal vinha enfrentando: a rede de informações localizada fora da sede e das grandes
sucursais, pelo lado da produção, e a estrutura do Banco de Dados, pelo lado da edição. O
documento definiu o papel de cada editoria.
No projeto editorial de 1986,47 “A Folha em busca da excelência”, o jornal abre o
documento declarando que “o periódico figura com a maior circulação entre os diários
brasileiros, ao informar que de junho de 1984 a 1986 a circulação paga do jornal tinha
crescido 39,5%, chegando a um total de 291.659 exemplares em média por dia”. Creditou
esse avanço ao esforço conjunto de toda a empresa que editava o jornal. O documento
externou os avanços conquistados no departamento de Jornalismo, com melhor estruturação.
Anunciou que o Orçamento da Redação estava pronto para a implantação, em 1986,
permitindo uma descentralização do funcionamento administrativo da redação e das decisões
editoriais vinculadas a esse funcionamento. Pautou, assim como nos demais projetos, “a
necessidade de um texto bem escrito, exigindo nível de excelência”. Propôs uma ofensiva no
domínio da informação a ser publicada no dia seguinte.
47 Disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/projeto-editorial-da-folha/projetos-editoriais-anteriores/1986-a-
folha-em-busca-da-excelencia.shtml#s03e03. Acesso em: 17 dez. 2020.
151
O projeto editorial de 1988,48 “A hora das reformas”, avaliou que o Manual Geral da
Redação correspondeu ao esforço de autodisciplina. Mencionou que, naquele momento, as
transformações no restante da imprensa diária e a concorrência da televisão impuseram um
tipo de preocupação que decorria, não mais da necessidade, de fazer um bom jornal, ideia que
seguiu, de acordo com o documento, sendo absorvida pelos concorrentes, mas de
corresponder ao lugar de liderança obtido pela Folha, até aquele momento. A necessidade de
se investir no pluralismo, na preocupação de como ser um jornal ágil e moderno, de oferecer
informações precisas e confiáveis ao leitor, foi-se tornando evidente e disseminada na
imprensa brasileira, sinal, como o projeto aponta, do sucesso do Projeto Editorial da Folha.
O documento também retratou as transformações comunicacionais da época, tais
como: o surgimento de agências de publicidade com mentalidade nova e agressiva; emissoras
antes desacreditadas, mostravam que eram capazes de desenvolver uma estratégia que lhes
garantisse um lugar ao sol e, novidades no mercado de revistas. No mercado de livros,
editoras novas comprovaram até onde se podia chegar; no setor da imprensa diária, a
competição por prestígio, por mais anúncios e por mais leitores adquiria uma característica
feroz de guerra, em que os jornais que se contentaram com a sua aura de tradição e elegância,
e se viram subitamente ameaçados de extinção; outros jornais, que demoraram a compreender
o que se passava, se lançavam a uma tentativa atabalhoada de recuperar o tempo e a posição
que perderam, ainda que, essa recuperação lhes custasse a própria identidade.
O documento de 1988 defende que “a Folha estava no centro dessa ebulição,
considerando ser a sua causa direta no que diz respeito à imprensa diária, afirmando que o
jornal estava, também, na origem, indiretamente, das alterações velozes e profundas no
restante da mídia, por influência do espírito que criou”. O jornal declarou que ele chegava ao
final da década vitorioso, creditando ao sucesso do Projeto Editorial, reconhecido por quem
antes se mostrava incrédulo e copiado por quem antes a hostilizava. O documento declara que
o Projeto Folha havia se tornado, em poucos anos, “patrimônio coletivo do Jornalismo
brasileiro”.
Ainda revelou que, ao disseminar a ideia de que era preciso estar sempre mudando, a
Folha tornou-se vítima da sua própria estratégia, pois não lhe restava outro caminho senão
continuar. Ao lado da concorrência com outros jornais, que se tornava cada vez mais uma luta
pela melhor qualidade do produto, a Folha sinalizava também a concorrência com a televisão,
resumida pelo jornal como uma luta pela melhor qualidade da informação veiculada. O texto
48 Disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/projeto-editorial-da-folha/projetos-editoriais-anteriores/1988-a-
hora-das-reformas.shtml#s03e02. Acesso em: 17 dez. 2020.
152
tornou a dar importância para os gráficos e ilustrações, para composição do texto, e
considerou a reforma gráfica que estava em estudo, identificando-a como um desdobramento
natural da história gráfica da Folha, congruente com a fisionomia que o periódico havia
desenvolvido ao longo das últimas décadas e, ao mesmo tempo, pragmática do ponto de vista
da produção industrial das edições.
O Projeto Editorial de 1988 anunciou, ainda, que estava nas mãos do jornal conduzir o
panorama de turbulência e competição, numa direção em que as mudanças da linguagem
visual adotadas se transformassem em mudanças mais profundas e permanentes, em que a
evolução do Jornalismo, considerada subitamente acelerada, contribuísse para o
desenvolvimento real da consciência crítica, da qualidade de vida e das ideias.
O projeto editorial de 1997,49 “Caos da informação exige Jornalismo mais seletivo,
qualificado e didático”, condensou uma série de discussões realizadas no âmbito interno da
Folha desde o fim de 1996, com o objetivo de organizar a experiência e apontar perspectivas
para o futuro do Jornalismo brasileiro. Ressaltou as mudanças ocorridas ao longo daquela
década no plano internacional, discutiu o impacto da revolução tecnológica e da expansão de
economia de mercado sobre a imprensa. Com pouca variação de grau, mencionou que havia
uma só receita econômica, o mercado, e uma só fórmula institucional, a democracia, num
mundo que tendia à globalização.
Naquele momento, o jornal considerou que “o Jornalismo refletia fraturas e
deslocamentos que ainda estava por mapear e se encontrava com dilemas capazes de pôr seus
pressupostos em questão: o que informar, para quem e para quê?” Identificou o movimento
que acontecia na base empresarial, tecnológica e de mercado das comunicações, quando
empresas locais se associaram a investimentos estrangeiros, por sua vez aglutinados na forma
de grandes blocos em seus países de origem, transformando todas as modalidades de
comunicação a uma mesma linguagem tecnológica, permitindo a esses blocos integrar um
amplo espectro de serviços, do Jornalismo ao entretenimento, passando por televisão,
telefonia, cinema, vídeo, editoração e internet. Falava-se em direito à não-informação, indício
de um público que se ressentia não da falta, mas do excesso de dados. Também considerou a
proliferação da oferta que acirrava a disputa pelo tempo do consumidor, mencionando que
como o leque de opções era amplo na televisão paga, e praticamente inesgotável na internet, a
tendência era de que as inclinações pessoais e especialidades encontrassem seus nichos,
levando o usuário a dedicar parte crescente do tempo a eles. Ainda compreendeu que o
49 Disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/folha-projeto-editorial/projetos-editoriais-anteriores/1997-caos-
da-informacao-exige-jornalismo-mais-seletivo-qualificado-e-didatico.shtml. Acesso em: 17 dez. 2020.
153
aperfeiçoamento tecnológico dos novos meios estava em curso, conforme eles convergiam
para um mesmo aparelho físico.
Naquele momento de efervescência tecnológica, que foi marcado, conforme nosso
texto introdutório, pelo emprego da internet de forma expressiva para atender à finalidades
jornalísticas, o documento de 1997 considerou a reiterada pergunta sobre se os jornais iriam
sobreviver, afirmando, na oportunidade, que ela possivelmente comportava duas respostas,
sim e não. O jornal considerou a existência de quem julgava as vantagens do formato em
papel como insubstituíveis, porém, antecipou o cenário de decadência ao longo das décadas
seguintes, sem que os jornais desaparecessem na expressão do que é a sua essência: o
panorama dos principais acontecimentos da véspera tal como filtrado por uma personalidade
editorial coletiva. O projeto de 1977 anunciou que “seria o caso de perguntar se a internet iria
substituir a rotativa, não o jornal”. Mencionou que até aquela época, a estratégia
mercadológica que prevalecia era a de agregar produtos de valor cultural, como atlas,
enciclopédias, dicionários, vídeos, congruentes com a natureza do Jornalismo. Alertou que:
[...] dali em diante o Jornalismo teria de fazer frente a uma exigência
qualitativa muito superior à do passado, refinando a sua capacidade de
selecionar, didatizar e analisar, considerando que o êxito da transição para o
novo modelo dependeria de vários fatores como treinamento, reciclagem e
combate a erro.50
O projeto editorial de 2017,51 “Jornalismo profissional é antídoto para notícia falsa e
intolerância”, atualiza os compromissos da Folha em uma era de mudança de hábitos dos
leitores, destacando a relevância do Jornalismo profissional para manter nítida a distinção
entre notícia e falsidade, referindo-se ao fenômeno das fake news. Divulgou, pela primeira
vez, 12 princípios que sintetizam os compromissos editoriais, políticos e éticos do jornal,
considerando, nessa listagem, a legitimidade de novos formatos publicitários, definidos como
conteúdo patrocinado, desde que, fique clara sua natureza não jornalística.
No documento de 2017, o videojornalismo e a reportagem que garimpa bases de
dados, estão elencados entre os campos que necessitam, ainda, se desenvolver. A edição
impressa é tida como a versão referência do último ciclo noticioso, enquanto a plataforma
digital se renova no decorrer do dia. Na lista dos 12 princípios editoriais, o jornal defende a
“preservação do vigor financeiro da empresa como esteio da independência editorial para
50 Informações extraídas de: http://temas.folha.uol.com.br/folha-projeto-editorial/projetos-editoriais-
anteriores/1997-caos-da-informacao-exige-jornalismo-mais-seletivo-qualificado-e-didatico.shtml. Acesso em: 17
dez. 2020. 51 Disponível em: https://temas.folha.uol.com.br/folha-projeto-editorial/projeto-editorial-folha-de-s-
paulo/introducao.shtml. Acesso em: 17 dez. 2020.
154
garantir que a produção jornalística tenha autonomia em relação a interesses de anunciantes”;
também anuncia que assegura, na publicação, características que permitam discernir entre
conteúdo jornalístico e publicitário. Ainda afirmou que “produtores de conteúdo de qualidade
têm o desafio de fazer prevalecer os valores do Jornalismo profissional no meio digital, em
que a informação e entretenimento, realidade e rumor, notícias e fake news tendem a se
confundir e quase tudo é reproduzido de forma desligada do contexto original”. Declara que
“o desafio posto ao Jornalismo profissional torna-se ainda maior devido ao abalo no modelo
de negócios assentado na circulação paga e sobretudo na publicidade, que há décadas sustenta
as empresas de comunicação”.
O documento considera ainda que “por um lado existe um público expressivo disposto
a pagar por assinaturas digitais de veículos jornalísticos, afirmando que a ampliação de um
contingente populacional cada vez mais educado, conectado e exigente em matéria de
conhecimentos, sugere um caminho promissor”. Por outro lado, sinaliza que a “parcela
crescente da verba publicitária é tragada pelo duopólio que controla, em escala mundial, o
mecanismo de busca e as redes sociais da internet.” O texto considera que as diversas formas
de Jornalismo artesanal, praticadas com espírito militante, mostram-se úteis para suprir
lacunas no conjunto da mídia, mas, são limitadas em alcance e escopo pela “parcialidade do
ponto de vista e precariedade de base material”, aspectos que tendem a afetar um Jornalismo
financiado por distintas modalidades de mecenato.
O documento de 2017 defende a necessidade crucial de que as empresas de
comunicação encontrem estratégias, que lhes permitam continuar a sustentar-se com
autonomia no mercado. E, para se chegar a resultado positivo, defende que essa equação
tenha, entre suas variáveis, não só o atendimento mais eficiente e focalizado das demandas
emergentes desse grupo de leitores, mas também o ajustamento de custos, que o setor
forçosamente vem praticando. Afirma que, o que define um jornal não é mais o suporte
impresso, nem a periodicidade diária, mas o propósito de condensar o que ocorre de relevante
para um público interessado em informação, opinião e análise. O texto ainda sinaliza que a
versão impressa continua a responder pela maior parte da receita publicitária e a audiência
online é mensurada em dezenas de milhões de visitantes por mês, dada a possibilidade de
acesso individual e gratuito a um número determinado de textos jornalísticos.
Após as considerações, especialmente, dos pontos de nosso interesse nos Projetos
Folha, passamos para uma breve reflexão sobre essas declarações. Em 1981, ano que registra
o primeiro projeto editorial do jornal, o veículo já ressaltava a relevância da saúde econômica
e financeira da empresa como um dos principais ingredientes para se sobressair, frente à
155
imprensa da época, alinhando esse fator ao senso de oportunidade para avançar. No
documento de 1984, no momento em que a Folha almejava ser o principal jornal do país, ao
amparar-se em uma empresa sólida, que vinha adotando uma atitude agressiva no setor
publicitário e comercial, o veículo voltou a mencionar a disposição para “crescer na
estagnação em que se encontrava a maioria dos demais jornais da época”. O Projeto Editorial
do ano seguinte, 1985, passou a identificar o Jornalismo como uma atividade industrial que
suscitava método, planejamento, organização e controle. No documento de 1986, o jornal
demonstrava colher os frutos dos avanços anteriores, ao declarar que figurava na liderança no
quesito circulação entre os diários brasileiros.
No projeto de 1988 identificamos uma declaração da Folha, ao afirmar que, ao
disseminar a ideia de que era preciso sempre estar mudando, ela tornou-se vítima da sua
própria estratégia, pois não lhe restava outro caminho senão avançar. O projeto de 1997, que
coincidiu com o início da internet comercial no Brasil, já sinalizava a decadência das edições
impressas, enveredando esforços para o caminho digital. O mais recente projeto editorial da
Folha de S.Paulo, de 2017, na fase mais recente da industrialização da notícia, que abarca
novos nichos, anuncia a divulgação de conteúdos que se assemelham a textos jornalísticos,
mas que na verdade são publicitários, justificando a preservação do vigor financeiro da
empresa. Também sinaliza os desafios, provocados pelas transformações tecnológicas no
ambiente digital, considerando o abalo ao modelo de negócios e expondo as vertentes que
envolvem esse cenário: um público disposto a pagar por assinaturas digitais e o duopólio que
concentra verba publicitária. O jornal também acusa a relevância de as empresas de
comunicação buscarem estratégias nesse campo, defendendo o atendimento focado nas
preferências do leitor e o ajustamento de custos. Sinaliza que a versão impressa continua a
responder pela maior parte da receita e indica a volumosa quantidade de visitantes no site, que
se expressa como potencialidade a ser explorada.
Este breve panorama da Folha de S.Paulo observou que, o lugar de importância do
jornal no cenário da mídia foi constatado desde os primeiros passos da história do veículo e,
realçados no discurso público dos projetos editoriais. Com o advento da internet, o jornal, que
já figurava na liderança dos diários brasileiros, foi ampliando os investimentos em
incorporações tecnológicas para acompanhar as mudanças, atender a demanda de leitores e se
sobressair com relação aos concorrentes, estratégia que levou ao seu engessamento, ao
permitir apenas o caminho do avanço constante, seja no sentido de aprimoramento técnico da
produção da notícia, que com o passar do tempo exigiu nível de excelência da equipe de
156
jornalistas, como na apresentação do produto comercializado, a notícia, ao incorporar
componentes gráficos e ilustrações elaboradas.
Ao adotar esse caminho de mudar para avançar, a Folha passou, desde 2010, a apostar
fortemente em sua versão digital. A postura adotada pela Folha no universo global de
mudanças do Jornalismo foi a de tentar absorver as mudanças para garantir e, se possível,
ampliar o seu público consumidor, seus anunciantes e suas distintas formas de receita.
3.2 Check-up da Folha de S.Paulo
Como última fase empírica deste estudo, propomos agora um check-up atual da Folha
de S.Paulo, a partir das versões impressa e digital do jornal e da presença do veículo nas redes
sociais. Esse panorama será importante para observar como a Folha se comporta no cenário
de mudanças do Jornalismo e também para identificar quais modelos de negócio ela está
adotando especialmente no ambiente digital. Para realizar as análises na versão impressa e na
online da Folha, foi eleito o dia 18 de dezembro de 2020, por caber dentro dos propósitos de
pesquisa. Inicialmente consideramos a edição impressa do jornal, depois partimos para o
portal de notícias, e, por fim, abarcamos uma descrição do jornal nas redes sociais.
3.2.1 A Folha de S.Paulo na versão impressa
A pesquisa inicia o diagnóstico da Folha a partir da sua versão tradicional, impressa,
considerando a edição do dia 18 de dezembro de 2020, mesma data em que o site foi apurado.
A pesquisa tece uma descrição dos conteúdos divulgados e, em seguida, indica alguns
apontamentos. A Figura 1 mostra a capa da edição impressa deste dia.
157
Figura 1 – Capa da edição de 18 de dezembro de 2020 da Folha de S.Paulo
Fonte: Folha de S.Paulo (acervo impresso).
Começamos a nossa descrição pela capa do jornal. No topo da página, logo abaixo da
logomarca, da esquerda para a direita, aparece: “Desde 1921”, seguido do desenho de três
estrelas, uma vermelha, uma azul e uma preta, e “Um jornal a serviço da democracia”. Após
uma linha divisória, vermelha, aparecem, da esquerda para a direita, Folha100 faltam 163, um
lembrete para o centenário da Folha de S.Paulo que será celebrado no dia 19 de fevereiro de
2021, com a promessa de uma série de discussões internacionais e nacionais sobre os rumos
158
do Jornalismo. Em 10 de novembro de 2020, a Folha publicou uma notícia,52 iniciando uma
contagem regressiva para o centenário, abordando a proeza de uma empresa de comunicação
completar 100 anos em tempos de alterações do Jornalismo. Depois disso, aparece a data da
edição: Sexta-feira, 18 de dezembro de 2020. Ainda constam: ano 100, nº 33.497, R$ 5,00.
Uma imagem, de 12 centímetros de altura, que ocupa todas as seis colunas, ilustra uma
chamada, feita na legenda da foto, para a página B6, na editoria de Cotidiano. A imagem
registra as fortes chuvas em Santa Catarina que deixaram ao menos 12 mortos e 13
desaparecidos.
Sem imagem ilustrativa, a manchete do dia 18: “Supremo autoriza vacinação
obrigatória contra a Covid-19”, estava acompanhada de um texto de cinco colunas que
chamava para a editoria de Saúde (páginas B1 e B2).53 Havia também outras três pequenas
chamadas para Saúde, todas relacionadas a matérias que contemplam questões da pandemia
causada pela Covid-19. Os títulos delas eram: “Dois em cada três defendem o fechamento de
escolas”, “Rede privada receberá vacina após o SUS, afirma Pazuello” e “Gestores preveem
cenário pior do que no início da pandemia”.
Na capa também constavam duas chamadas, com textos curtos, para as colunas de
Reinaldo Azevedo e de Angela Alonso, na editoria Poder;54 um outro, para a editoria de
Mercado;55 um para Cotidiano;56 um para Ambiente.57 Também havia títulos de cinco
matérias com a indicação da página, ao final. Duas delas, relacionadas a assuntos políticos,
uma sobre a pandemia e outra sobre decisão judicial.
Além da imagem principal, das fortes chuvas em Santa Catarina, havia outras duas,
menores, na capa. Uma, contemplando a editoria Esporte,58 e outra, da editoria Ilustrada.59 A
capa ainda continha três chamadas, cada uma com a indicação da editoria acima (Esporte,
Ilustrada e Guia),60 com título e indicação da página.
A capa da Folha impressa do dia 18 também rendeu uma chamada, no rodapé da
página, para dois editoriais do jornal: “Abrir torneiras” e “Negação da maconha”. Do lado
52 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/11/folha-vai-se-tornar-um-jornal-centenario-em-
cem-dias.shtml. Acesso em 18 dez. 2020. 53 A editoria Saúde comporta conteúdos relacionados ao universo da saúde. 54 A editoria Poder é dirigida prioritariamente à cobertura de política, Justiça, questão agrária, movimentos
sociais, imprensa e religião, além de outros temas. 55 A editoria Mercado reúne conteúdo sobre o mercado, economia e investimentos. 56 Cotidiano contempla as principais notícias de São Paulo e outras cidades brasileiras sobre trânsito, transportes,
tempo, chuvas, crise da água, segurança. 57 A editoria Ambiente reúne conteúdo sobre o meio ambiente e preservação ambiental. 58 A editoria Esporte contempla a cobertura do mundo esportivo. 59 A Ilustrada reúne conteúdos relacionados à arte, cultura, cinema, moda e música. 60 O Guia Folha apresenta um roteiro cultural de São Paulo, indicando os melhores restaurantes, bares, shows,
cinemas, teatros e baladas.
159
oposto da página, à direita, havia um levantamento sobre a pandemia no Brasil, com dados de
casos, número de óbitos e estágios da pandemia, com um mapa dividido nos estágios:
acelerado, estável, desacelerado e reduzido, com indicação do horário e do dia da apuração:
das 20h de 17 de dezembro. Abaixo desse panorama, o jornal apresenta a sua audiência
mensal, indicando o número de páginas vistas: 224.661.655 e de visitantes únicos:
37.058.915. Apesar do jornal não registrar, essa mensuração incide sobre a página do jornal
na internet, já que os termos usados foram “páginas vistas” e “visitantes únicos”.
Depois de descrever os conteúdos da capa do jornal, passamos para uma consideração
quantitativa, do número de páginas da edição observada, e de sua divisão, a partir das
editorias. O primeiro caderno, que comporta Opinião, Poder, Mundo e Mercado, possui 16
páginas; o segundo caderno, com 20 páginas, se divide pelas editorias: Saúde, Cotidiano,
Ciência, Esporte, Ilustrada, Guia Folha, Folha Corrida. A edição de 18 de dezembro de 2020
conta com 36 páginas. A disposição dessas páginas, a partir das editorias está assim
distribuída, do primeiro para o segundo caderno: são dedicadas duas páginas para Opinião;
quatro para Poder; duas para Mundo; quatro para Mercado; no segundo caderno, são
dedicadas cinco páginas para Saúde; uma e meia para Cotidiano; meia página para Ambiente;
uma página para Ciência; duas páginas para Esporte; seis páginas para Ilustrada; duas para o
Guia Folha e uma para Folha Corrida.61
Na página A2, de Opinião, consta, no canto superior, esquerdo, o expediente do jornal,
indicando os nomes do publisher, Luiz Frias; do diretor de redação, Sérgio Dávila; dos
superintendentes, Antonio Manuel Teixeira Mendes e Judith Brito; do conselho editorial:
Rogério César de Cerqueira Leite, Ana Estela de Sousa Pinto, Cláudia Collucci, Hélio
Schwartsman, Mônica Bergamo, Patrícia Campos Mello, Suzana Singer, Vinicius Mota,
Antonio Manuel Teixeira Mendes, Luiz Frias e Sérgio Dávila (secretário); e da diretoria
executiva: Marcelo Benez (comercial), Marcelo Machado Gonçalves (financeiro) e Eduardo
Alcaro (planejamento e novos negócios). No canto superior direito, figura a charge do dia.
Nela, o personagem da campanha de imunização contra a poliomielite, Zé Gotinha, pede
socorro e aparece amarrado e amordaçado por dois homens de terno. Na página constam dois
editoriais do jornal: “Abrir torneiras”, sobre atraso no saneamento básico, e “Negação da
maconha”, sobre a cartilha oficial que contesta os benefícios medicinais da erva. Também
apresenta três artigos: “O STF matou o amor” de Hélio Schwartsman, “Inimigo da vacina e da
61 A Folha Corrida apresenta notícias em perspectiva do passado, resgatando episódios e ações.
160
economia” de Bruno Boghossian, e “Focinheira, camisa de força e jaula” de Ruy Castro.
Também exibe a coluna Fatos e Opiniões, de Cláudia Costin, que escreve às sextas.
A página A3, de Opinião, está distribuída entre: um artigo dos pesquisadores Marco
Alberto e Danielle Hanna Rachel, “Como defender a Amazônia sem ofender o presidente”,
ocupando o maior espaço da página; O Painel do Leitor é ilustrado por uma montagem feita
por um leitor de Porto Alegre, Paulo Arisi; Nela, aparecem quatro imagens. Nas três
primeiras, com a bandeira do Reino Unido, dos Estados Unidos e do Canadá, em cada uma,
aparecem pessoas sendo vacinadas; a última delas, com a bandeira do Brasil, um personagem,
com identificação de especialista em logística aparece se questionando: Tinha que comprar
seringa?, fazendo uma crítica ao governo do Presidente da República, Jair Bolsonaro, pela
condução da saúde na pandemia. O Painel do Leitor reuniu comentários de 11 leitores sobre
assuntos da atualidade como vacinação, decisões do Supremo Tribunal Federal (STF),
pandemia, entre outros. Na página A3 também havia um artigo da professora de antropologia,
Susana Durão, “Que profissionais de segurança queremos?”. No espaço de menor destaque,
no rodapé, no canto direito, consta o Erramos, local onde o jornal indica os erros indicados
por leitores e apurados pela ombudsman, divulgando a informação correta desses equívocos.
A página A4, de Poder, inclui a coluna Painel, assinada por Fábio Zanini, interino do
jornal, com um texto de abertura e pequenas notas sobre o mundo político. Logo abaixo havia
informações sobre o Grupo Folha: endereço da redação de São Paulo (Al. Barão de Limeira,
425, Campos Elíseos); dois telefones para atendimento ao assinante: (11) 3424-3090 e 0800-
775-8080; o contato do ombudsman: e-mail: [email protected] e telefone:
0800-015-9000; Assine a Folha, com indicação do site assine.folha.com.br e do telefone
0800-015-8000. Também constava que o jornal é filiado ao IVC, com informações da
circulação paga às sextas, de outubro de 2020, do impresso mais digital, a partir de pesquisa
do IVC: 336.167 exemplares; páginas vistas no site da Folha em novembro de 2020, a partir
do Google Analytics: 224.661.655; visitantes únicos no site da Folha em novembro de 2020, a
partir do Google Analytics: 37.058.915.
Havia também informações sobre o valor da assinatura semestral do jornal à vista,
com entrega domiciliar diária: para Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo o valor
é de R$ 685,00; para o Distrito Federal e Santa Catarina, o valor sobe para R$ 858,00; para o
Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, R$ 1.089,00;
para Alagoas, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Tocantins, sobe para R$ 1.177,00; para os
demais estados, o valor cobrado é R$ 1.460,00. Também indica informações sobre os valores
da venda avulsa dos jornais a partir de regiões. Para MG, PR, RJ e SP, a venda avulsa custa
161
R$ 5,00 de segunda a sábado e R$ 7,00 no domingo; DF e SC pagam R$ 6,00 de segunda a
sábado e R$ 8,00 no domingo; ES, GO, MT, MS e RS pagam R$ 6,00 de segunda a sábado e
R$ 8,50 no domingo; AL, BA, PE, SE e TO pagam R$ 9,25 de segunda a sábado e R$ 11,00
no domingo; os demais estados pagam R$ 10,00 de segunda a sábado e R$ 11,50 aos
domingos. Na página, ainda exibia uma matéria de José Marques, intitulada: “Doria recua e
desiste de contrato no Rodoanel após indícios de irregularidades”.
A página A5 é destinada a um anúncio, de página inteira, colorida, da Vale. A página
A6, de Poder, divulga duas reportagens, com fotos. A primeira, assinada por Igor Gielow, é
intitulada “Após quase 2 anos e mirando 2022, Kassab deixa a Casa Civil de Doria”, a outra,
de Joelmir Tavares e Daniela Arcanjo, é intitulada “Deputado apalpa colega em plena sessão
na Assembleia de SP”.
A página A7, de Poder, possui um texto do colunista do jornal, Reinaldo Azevedo,
com o título: “A democracia precisa punir a barbárie”. Há a indicação dos colunistas que
escrevem nos demais dias da semana. Logo abaixo, aparece uma reportagem, ilustrada com
foto e gráfico, assinada por Danielle Brant e Thiago Resende, com o título: “Oposição a
Bolsonaro veta Lira na eleição para chefiar Câmara”.
A página A8, da editoria Poder, é dividida por dois conteúdos. O primeiro deles é um
texto da colunista Angela Alonso, com o título “Liberalismo de destruição”; o segundo, uma
reportagem, ilustrada por duas imagens, assinada por Anna Virginia Balloussier, intitulada:
“Bancada evangélica acerta dividir comando entre duas denominações”.
A página A9, na editoria Mundo, dedica quase todo o espaço a uma matéria de Paris,
assinada por AFP e Reuters, anunciando: “Macron recebe diagnóstico de Covid e gera onda
de testes e isolamentos”. Também há uma coluna “O impacto da Covid-19 no mundo”, com
pequenas notinhas sobre o assunto.
A página A10, da editoria Mundo, divulga três textos. O primeiro deles, um texto da
colunista Tatiana Prazeres, intitulado: “4 pontos sobre a década da China”, seguido da
indicação dos demais colunistas, em outros dias da semana. Também havia uma matéria
assinada por Igor Gielow, com o título “Rússia teria matado Navalni se assim quisesse, diz
Putin” e uma outra outra notícia, assinada por Thiago Rezende, Danielle Brant e Renato
Machado, com o título “Congresso libera dinheiro para pagamento de dívida do Brasil com
organismos internacionais”.
A página A11, de Mercado, divide-se em duas reportagens robustas, e uma notícia,
menor. A primeira, de abre de página, é ilustrada por três gráficos, assinada por Isabela
Bolzani, com o título “Fim do auxílio e vencimento de dívidas devem aumentar calote”; a
162
segunda, logo baixo, é ilustrada por quatro pequenos gráficos, assinada por Diego Garcia,
com o título “Quase 7 em cada 10 vítimas de trabalho infantil são pretas ou pardas, afirma
IBGE". O terceiro texto, a notícia mais curta, intitulada “Bolsonaro veta fundo para banda
larga em escolas”, é assinada por Ricardo Della Coletta e Julio Wiziack.
A página A12, de Mercado, possui a coluna Painel S.A., assinada pelo interino
Ricardo Balthazar, com o título “Mude o canal”. A coluna possui um texto de abertura e
pequenas notinhas que ocupam duas colunas. Também aparece um índice com indicadores de
juros, imposto de renda, contribuição à previdência e empregados domésticos. Uma matéria
assinada por Larissa Garcia, com o título “Auxílio emergencial eleva inflação dos mais
pobres, diz Banco Central”, ocupa a maior parte da página. O texto é ilustrado com um
gráfico e tem uma subdivisão intitulada: “Projeção para alta do PIB em 2021 recua para
3,8%”.
A página A13, da editoria de Mercado, conta com três textos. O primeiro, de abre de
página, é de um colunista da Folha, Vinicius Torres Freire, com o título: “Morte e fome no
governo do anticristão”. O segundo texto, ilustrado por uma imagem, é uma reportagem
assinada por Eduardo Sodré, com o título: “Mercedes fecha fábrica em SP e põe Inovar-Auto
em xeque”. O terceiro é uma coluna com textos curtos, uma pequena imagem, com o título
“Linhas de montagem surgidas do Inovar-Auto”, uma subdivisão da reportagem de Sodré.
A página A14, de Mercado, possui apenas uma reportagem, assinada por Nicola
Pamplona, com o título “TCU aponta falhas da CVM na fiscalização do mercado”. Nesta
página encontramos 14 editais. São conteúdos pagos por órgãos públicos, sindicatos,
associações, prefeituras, para dar visibilidade ao anúncio de licitações, leilões, convocações,
etc.
A página A15, de Mercado, possui apenas um texto curto, de uma coluna, sem
imagem, assinado por Nicola Pamplona, intitulado: “Empresa novata é maior destaque em
leilão de linhas de transmissão”. O resto do espaço da página é dedicado a dois editais, um
pequeno, e outro, mais robusto, que ocupa o maior espaço.
A página A16, de Mercado, possui dois textos. Um deles é de um dos colunistas da
Folha, Nelson Barbosa, com o título: “Hipocrisia fiscal” e o outro, do The Wall Street
Journal, ilustrado por uma imagem, anuncia: “Google é alvo de 3ª ação antitruste em 2
meses”. Também há um anúncio colorido, de ¼ de página, da Technos.
Passamos a nossa descrição para o segundo caderno da Folha do dia 18 de dezembro
de 2020. A página B1, da editoria de Saúde, é dividida por dois conteúdos: uma robusta
reportagem, ilustrada por uma imagem, assinada por Matheus Teixeira, com o título: “STF
163
permite que Estado imponha restrições a quem não tomar vacina”. Além do texto principal,
ela contempla duas subdivisões: “Veja verdades e mentiras sobre a vacina contra Covid-19” e
“Lewandowski libera compra de vacina sem aval da Anvisa”. No rodapé da página consta um
texto de Opinião, de Eloísa Machado de Almeida, com o título “Julgamento foi resposta clara
às investidas de Bolsonaro”. Também encontramos duas chamadas (cada uma com título e
palavra-chave) paras as internas no canto direito superior da página. Na parte superior da
página, aparecem informações de três partidas de futebol daquele dia.
A B2, de Saúde, comporta dois conteúdos informativos, que ocupam, juntos, meia
página do jornal. O primeiro, da esquerda para a direita, é assinado por João Valadares,
ilustrado por uma imagem, com o título “Bolsonaro afirma que ninguém pode obrigar a
vacinação”. A segunda matéria, assinada por Natália Cancian e Renato Machado, é intitulada:
“Rede privada receberá imunizante depois que o SUS for atendido”. A outra meia página do
jornal contempla 10 editais e um anúncio da assinatura da Folha.
A página B3, de Saúde, possui apenas uma reportagem, que ocupa meia página. O
texto de Danilo Thomaz, ilustrado por uma imagem, anuncia: “Fiocruz cria vacina própria
contra a Covid”. Nove editais ocupam a outra metade da página.
A B4, de Saúde, contempla um texto de pouco mais que a metade da página, assinado
por Cláudia Collucci, ilustrado por uma imagem e com o título: “Com nova alta de Covid,
cenário pode ser pior do que no início da pandemia”. Outros dois textos, menores, também
aparecem; ambos sem assinatura, apenas com a indicação da cidade de São Paulo no início
dos dois textos. O primeiro deles é intitulado: “Em crescente, novo Coronavírus volta a matar
mais de mil pessoas por dia no Brasil”; o segundo, ilustrado por uma pequena imagem, é
“Atriz Christina Rodrigues morre de Covid à espera de leito em CTI”.
A B5, de Saúde, reúne quatro textos: duas reportagens mais robustas, e duas notícias
menores. Assinada por Isabela Palhares e Ana Bottallo, a matéria de abre de página é
intitulada “SP abrirá escolas mesmo se houver alta de casos em 2021”, com a subdivisão
intitulada: “SP deve entregar plano de volta às aulas em 10 dias”. Ao lado, com a indicação de
“Brasília” no início do texto, aparece a notícia com o título: “MEC defende retorno imediato
na educação básica” . O segundo maior texto da página, ilustrado por um gráfico, assinado
por Thiago Amâncio, anuncia: “2 em cada 3 são contra reabrir escolas, diz Datafolha”. O
último texto, de uma coluna, anuncia: “STF autoriza restrição à bebida alcoólica após 20h”.
A página B6 contempla a editoria Cotidiano e reúne cinco textos: quatro informativos
e um opinativo. Da esquerda para a direita, do canto superior para o inferior: uma matéria de
Thiago Resende e Danielle Brant, ilustrada por uma imagem, com o título “Escolas ligadas a
164
igrejas ficam sem recursos do Fundeb”; uma notícia assinada por Matheus Teixeira, com o
título: “Fachin concede habeas corpus a presos de grupo de risco em cela lotada”; a terceira
matéria, ilustrada por imagem, sem assinatura, apenas com a indicação “Brasília” no início do
texto, anuncia: “Chuvas deixam 12 mortos e 13 desaparecidos em Santa Catarina”; o último
texto noticioso também figura sem assinatura de jornalista, com a indicação de “São Paulo”
no início do texto que aparece intitulado: “Covas diz ter zerado fila por vaga em creche em
São Paulo”. O último texto da página é assinado pela colunista do jornal, Patrícia Pasquini,
com o título “Aproveitou o tempo para buscar a genialidade na arte”, referindo-se à Rosely
Davidman, que morreu em 2020.
A página B7 divide-se pelas editorias de Cotidiano e Ambiente. Ao lado esquerdo da
página aparecem dois textos; o primeiro, assinado por Paula Sperb, anuncia “Ministério
Público denuncia 6 por morte de Beto Freitas”; o segundo, sem assinatura, com a indicação de
“Rio de Janeiro” no início do texto, é intitulado: “Juiz fecha turismo e manda turistas saírem
de Búzios em até 72 horas”. Do lado direito da página, que contempla Ambiente, aparece o
maior texto da página, assinado por Philippe Watanabe e Fábio Takahashi, ilustrado por um
gráfico que ocupa ¼ de página, com o título “Governo Bolsonaro acelera atos de impacto na
área ambiental em 2020”.
A página B8, de Ciência, contém duas reportagens. A primeira, assinada por Isabela
Palhares, com uma ilustração, é intitulada: “Estimular fala, tato e sono pode acelerar
alfabetização”; a outra, ilustrada por uma imagem, assinada por Júlia Barbon, anuncia:
“Museu Nacional atrasa obra com pandemia, mas mantém previsão de reabertura em 2022”.
A B9, de Esporte, é dividida por duas reportagens. A matéria de abre de página é
ilustrada por uma imagem, não possui assinatura de jornalista (apenas a indicação “São
Paulo”) e é intitulada: “Rússia é banida como nação de Olimpíadas e mundiais por 2 anos”. A
segunda matéria é assinada por Alex Sabino e anuncia: “Com meninos, Marino e Cuca,
Santos desafia a lógica de novo”.
A página B10, de Esporte, contempla um texto do colunista Paulo Vinícius Coelho,
ilustrado com duas imagens e com o título “Uma erupção de talento”; o segundo texto, que
também ocupa meia página do jornal, é assinado por Bruno Rodrigues, ilustrado por uma
imagem, é intitulado: “Vulcão e Klopp construíram caminho para Lewandowski”.
A B11, de Ilustrada, possui uma expressiva imagem, que ocupa três colunas inteiras do
jornal, anunciando: “Sinal fechado”. Ao lado esquerdo figuram pequenas notinhas com o
título “Apagão online e off-line” e ao lado direito aparece o texto de João Perassolo que
aborda um possível apagão para o setor da cultura.
165
A B12, de Ilustrada, possui a coluna de Mônica Bergamo, de meia página. A coluna
divulga três fotos de artistas na quarentena e publica pequenos textos. Também aparecem
duas matérias, uma de Clara Balbi, com uma imagem, intitulada: “Tarsila bate recorde e tem
tela vendida por R$ 57,5 mi em leilão”; a outra, de Ana Beatriz Gonçalves, anuncia:
“Advogadas de Dani Calabresa pedem ao MP investigação contra Marcius Melhem”.
A página B13 é dedicada ao anúncio de uma campanha Juntos pela vida, idealizada
pelo Instituto Oncoclínicas, com apoio social da Folha e de 21 empresas, que contribuem com
a luta contra o câncer.
A B14, de Ilustrada, comporta dois textos informativos. Um deles, de David Kamp, do
The Wall Street Journal, ilustrado por uma imagem e anuncia: “Boseman omitiu câncer
durante gravações de seu último trabalho”; o outro, assinado por Fernanda Pereira Neves, é
intitulado: “Anitta diz que foi estuprada na adolescência em seriado documental sobre sua
vida”. Também aparecem três anúncios: um de 1/6 de página (B14) de apresentação musical
no Espaço das Américas; um, de uma coluna por 13,5 cm de outro show; e o último, de uma
coluna por 4,5 cm, de assinatura da Folha.
A B15, de Ilustrada, contempla uma única matéria jornalística. Assinada por Daniela
Kresch, o texto é ilustrado por uma imagem e anuncia: “Israelense retrata família em “kibutz”
mineiro”. No início do texto aparece: “Tel Aviv”. Também aparece um anúncio de pouco
menor que meia página, de assinaturas da Folha, com apelo aos professores: “Professor,
estimule seus alunos com o conteúdo que ainda não está nos livros”. Há a oferta de um ano
assinatura digital gratuita para professores. No anúncio aparece a imagem de uma mulher
negra.
A B16, de Ilustrada, tem um artigo assinado pelo colunista Paulo Terra, intitulado
“Plano de ´vacinassão´”, ilustrado por uma imagem. Também constam a coluna “É hoje em
casa”, de Tony Goes, com notas sobre filmes; quadrinhos assinados por: Laerte, Caco
Galhardo, Fernando Gonsales, Adão Iturrusgarai, André Dahmer, Fabiane Langona e Estela
May; a coluna de sudoku e cruzadas.
A B17, de Ilustrada, possui apenas um texto, da colunista Djamila Ribeiro, com o
título “O álbum de uma mulher selvagem”, com uma imagem. Também há o anúncio de meia
página, da Elo.
A B18, do Guia Folha, comporta dois textos. O primeiro, com oito imagens, é
assinado por Esther Morel e Nathalia Duraval, com o título “Aprenda a decifrar rótulos das
garrafas de vinho”. O segundo texto se apresenta sem assinatura de jornalista, apenas com a
166
indicação do local no início do texto “São Paulo”. O título é: “Seis restaurantes de São Paulo
estão na lista dos 50 Best latino”.
A B19, da Guia Folha, possui uma coluna assinada por Marina Consiglio, com
receitas de Natal; também consta uma matéria, sem assinatura de jornalista, ilustrado por uma
imagem, com a indicação de “São Paulo” no início do texto, intitulada: “´Mulher-Maravilhosa
1984´ domina salas em semana com poucas estreias em SP”. Também há a sub-divisão
“Estreias”, ilustrada por uma imagem, com notinhas sobre estreias de filmes.
A B20, em Folha Corrida, última página da edição, possui uma imagem, com a
indicação de “Imagens do ano”; também há a coluna “Você viu?”, assinada por Rafael
Balago, sobre as atividades ao ar livre no ano assolado pela pandemia; há uma matéria
assinada por Dhiego Maia, ilustrada por uma imagem, com a indicação de “Folha, 100”, com
o título “Antônio Gaudério colecionou prêmios com fotos voltadas às questões sociais”; ainda
aparece uma notinha com menção ao acervo Folha, com uma imagem reduzida do jornal e o
título: “Contra protestos, governo da Polônia fala em utilizar armas”.
A partir da descrição da edição impressa da Folha de S.Paulo, identificamos que a
capa contemplava chamadas para textos informativos e opinativos, sobre diversos temas
inseridos nas páginas internas do jornal: havia quatro chamadas (título seguido de texto) para
a editoria de Saúde; duas chamadas para a editoria de Cotidiano; duas para a de Poder;
também havia uma chamada para Mercado e uma para Ambiente. A capa ainda recebeu uma
chamada (título com indicação de página) para Esporte, Ilustrada e Guia. Também havia uma
chamada para dois editoriais do jornal. Além disso, havia um levantamento sobre a pandemia
no Brasil, com dados de casos, número de óbitos e estágios da pandemia. O jornal, ainda,
apresentava na capa o indicativo da audiência do jornal no mês.
Observamos, a partir de uma leitura inicial nas páginas internas, a incidência de o
jornal publicar um texto informativo sobre determinado assunto e, na mesma página, divulgar
um artigo relacionado ao mesmo tema. Com isso, apesar de o jornal declarar que não é
responsável pelo conteúdo dos artigos, usa os textos de forma a compor uma discussão sobre
o assunto, como na página B1, que comporta uma expressiva reportagem sobre a decisão
judicial que compreende a vacinação compulsória contra a Covid-19. Ao esclarecer alguns
dos pontos “duvidosos” da vacina, colocados em xeque pelo atual governo, o jornal esclarece
questões consideradas como mentiras: a vacina foi produzida rápido demais; há riscos de
tomar a vacina contra a Covid-19; quem não é do grupo de risco não precisa tomar vacina; as
vacinas desenvolvidas na China não estão sendo usadas na China; a vacina causa câncer,
problemas de infertilidade e altera o código genético; as vacinas causam danos neurológicos e
167
levaram à morte mais de 2000 voluntários. Logo abaixo, o jornal publicou um artigo
afirmando que, o julgamento foi uma clara resposta às investidas de Bolsonaro em relação às
ações que ele perdeu no STF, relacionadas às políticas de saúde de enfrentamento à pandemia
de Covid-19; às ações sobre saúde indígena; às ações sobre campanhas desinformativas; às
ações sobre quarentena e, agora, perde as ações sobre vacinação.
O 10º item da lista de princípios editoriais do projeto editorial da Folha de 2017,
“Jornalismo profissional é antídoto para notícia falsa e intolerância”, sustenta o
estabelecimento de distinção visível entre material noticioso, mesmo que permeado de
interpretação analítica, e opinativo, porém desconsidera o fato de o jornal compor
determinado assunto, elegendo textos opinativos sobre determinado tema e divulgando-os no
mesmo espaço das notícias.
Com relação à distribuição das páginas, a partir das editorias, verificamos que das suas
36 páginas, o jornal dedicou seis delas para a editoria Ilustrada e outras seis para a editoria de
Mercado; o segundo número mais expressivo da edição do dia 18 foi da editoria de Saúde,
que contemplada cinco páginas; à editoria de Poder foram dedicadas quatro páginas; foram
dedicadas duas páginas para Opinião, Ambiente, para Mundo e Guia Folha; uma página e
meia, para Cotidiano; às editorias de Ciência e de Folha Corrida foram dedicadas, para cada
uma, uma página.
O ano de 2020 viveu o impacto da pandemia causada pelo novo coronavírus. Na
editoria de Saúde, que contempla o segundo número mais expressivo de editorias pelo jornal
na edição do dia 18, verificamos que a Folha de S.Paulo fez uma ampla cobertura sobre o
tema, a partir de suas notícias e reportagens: o anúncio de uma decisão do STF; concedeu
espaço para o presidente Jair Bolsonaro manifestar-se a respeito da decisão do STF; noticiou
que a rede privada receberá vacinas depois do SUS; divulgou que a Fiocruz criou vacina
própria para a doença; traçou um cenário geral da doença; uma abordagem sobre o
crescimento da Covid-19; também noticiou o falecimento de uma ex-global por conta de
Covid-19; dedicou quase uma página, para discutir a situação das escolas na pandemia.
Conferimos também, o espaço dedicado a editais e anúncios, que representam, com
exceção da assinatura, as duas únicas fontes de renda da versão impressa da Folha. Com
relação aos editais, localizamos um total de 35 aparições. Os tamanhos variaram, de uma
forma geral, de uma coluna por quatro centímetros a duas colunas por 26 centímetros. O
maior deles ocupou quase a página toda. Sobre os anúncios, os espaços destinados eram mais
robustos em relação aos editais. Além disso, todos os anúncios foram impressos em color, o
que eleva o custo da publicação. Verificamos os seguintes anúncios: uma página, da Vale; 1,4
168
de página, Technos; rodapé de 7 cm de altura, das assinaturas Folha; uma página, Juntos pela
Vida; 1/6 de página, Show Espaço das Américas; uma coluna por 13,5 cm, anúncio de show;
uma coluna por 4,5 cm (B14) anúncio da assinatura da Folha; pouco menos que meia página,
de assinatura da Folha, direcionado a professores; meia página, Elo. Destes anúncios, três
deles eram da Folha, que ofertava assinaturas.
Na página A4, havia informações sobre o valor da venda de jornais para cada região
do Brasil. O valor da assinatura semestral do jornal à vista, com entrega domiciliar diária
varia entre R$ 685,00 e R$ 1.177,00. A venda avulsa, para as mesmas regiões possui variação
de preço. Variam entre R$ 5,00 para R$ 10,00 de segunda a sábado e entre R$ 7,00 e R$
11,50 aos domingos.
A partir deste olhar panorâmico sobre a edição impressa da Folha de S.Paulo,
evidenciamos alguns apontamentos sobre o conteúdo informativo. Verificamos o total de 58
textos informativos no jornal, 21 no primeiro caderno e 37 no segundo. Destes 58 textos, a
maioria (41) é assinada por jornalista, com a indicação do local ao qual se refere o texto.
Observamos que uma dessas matérias, na página B3, é uma parceria com a República.org,
organização dedicada a contribuir para a melhoria do serviço público no Brasil, conforme
anuncia o jornal ao final de sua matéria. Também identificamos que alguns destes textos
noticiosos aparecem assinados por duas, ou até três pessoas, como na página A10. Destes 58
textos, 10 não possuíam a assinatura do jornalista e nem a indicação de agência de notícias,
apenas com a menção do local de onde a ação se refere, como na página B4, o que pode ser
um indicativo de texto de agência, com alteração feita por membro da redação. Ainda
averiguamos três textos de outros jornais: dois do The Wall Street Journal e um do Agora,62
além de dois de agência, um da AFP e outro da Reuters. Um deles continha a assinatura do
jornalista ao final da matéria; um outro, do Acervo Folha, não continha nem assinatura do
jornalista e nem o local da ação na abertura do texto.
Sobre os elementos ilustrativos das matérias, percebemos que as imagens são
privilegiadas em detrimento dos gráficos e ilustrações. Dos 74 elementos visuais localizados,
52 eram imagens, 20 eram gráficos e dois eram ilustrações. Eles adotam as diretrizes do
Projeto Folha, que indica os elementos visuais como uma maneira de informar tudo o que há
na notícia, como na imagem da capa, que expressa problemas causados pela chuva. Os
projetos editoriais da Folha também exigem nível de excelência dos elementos visuais. As
colunas, artigos e editoriais figuraram sem acompanhamento de imagens ou ilustrações.
62 De propriedade da organização Folha. Disponível em: https://agora.folha.uol.com.br/.
169
Após considerarmos a versão impressa da Folha de S.Paulo, passaremos ao
diagnóstico do site do jornal. Todo esse levantamento será considerado nas análises finais,
ainda neste capítulo.
3.2.2 O retrato do site da Folha
Damos sequência ao check-up da Folha de S.Paulo a partir do ambiente digital,
precursor das principais mudanças recentes do Jornalismo. Nesta seção, nos dedicamos a uma
descrição panorâmica da disposição dos conteúdos do portal de notícias do jornal. As
observações sobre os conteúdos pagos do site do jornal, bem como da edição impressa, serão
discutidas mais a fundo, ao final do trabalho, na subseção: “O atual modelo de negócio da
Folha”, que considera também a versão impressa.
Partimos da descrição das impressões iniciais no momento em que acessamos o site.
Depois, seguimos para a exposição de cada um dos itens da barra principal de links.
A Figura 2 mostra a página inicial do site no dia 18 de dezembro de 2020, data
escolhida para este levantamento.
Figura 2 – Página inicial do site da Folha de S.Paulo em 18/12/2020, a partir de smartphone
170
Fonte: Folha de S.Paulo (acesso digital).63
Poucos segundos após acessar a página da Folha de S.Paulo na internet,64 aparece um
banner no ângulo superior da página, com anúncio publicitário. A imagem da Figura 2 foi
extraída antes de o anúncio se estabelecer por completo. No registro, aparece apenas a
menção “publicidade”, no canto superior direito. Quando a página carrega completamente, o
usuário visualiza um banner com publicidade paga. O anúncio adota a lógica do cookie. Em
uma reportagem divulgada em 30 de novembro de 2020 pelo Nexo Jornal,65 intitulada “O que
você aceita quando habilita cookies nos sites”, o jornal informa que os cookies, que são
pequenos arquivos de informação que armazenam dados como senhas salvas e as listas de
compras em lojas online, transitam entre o computador e o site em questão como um pacote
fechado. A reportagem do Nexo explica que, os avisos de cookies se tornaram mais comuns
no segundo semestre de 2020, por conta da Lei Geral de Proteção de Dados que passou a
vigorar no Brasil, prevendo que sites e outros serviços digitais passariam a pedir o
consentimento expresso do usuário para uso de seus dados pessoais de qualquer tipo. Nos
termos e condições de uso do portal da Folha,66 o jornal explica que para navegar por algumas
áreas dos sites da Folha, poderia haver a necessidade de identificação por meio de cadastro,
onde, poderiam ser solicitados dados pessoais, e solicitações para aceitar o armazenamento de
cookies, mencionado pelo jornal como pequenos arquivos instalados por sites nos
computadores quando o navegador de internet é usado.
Em um teste bem simples, a partir do banner do anúncio principal do site da Folha,
localizado no canto superior do portal, verificamos como a lógica do cookie se configura.
Duas pessoas além dessa autora, acessaram o site da Folha no dia 18 de dezembro de 2020,
em dispositivos que utilizam de forma costumeira: smartphones e computadores. O mesmo
banner continha anúncios diferentes para cada uma das três pessoas. Para essa autora,
aparecia um anúncio de notebooks (havia feito uma pesquisa recente sobre esses aparelhos na
internet); para uma das pessoas, cuja mãe é médica dermatologista, figurava o anúncio de
aparelhos de depilação facial; para a terceira pessoa, que realizou uma reforma recente em sua
casa, constava o anúncio de uma empresa com produtos de cama, mesa e banho. Resumindo,
os anúncios do mesmo espaço, localizados no mesmo dia, eram diferentes para três pessoas, e
63 Disponível em: https://www.folha.uol.com.br/. Acesso em: 18/12/2020, 22h36. 64 Disponível em: https://www.folha.uol.com.br/. Acesso em 18 dez. 2020. 65 A reportagem está disponível em: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2020/11/30/O-que-voc%C3%AA-
aceita-quando-habilita-cookies-nos-sites. Acesso em: 19 dez. 2020. 66 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2020/04/termos-e-condicoes-de-uso-folha-de-
spaulo.shtml. Acesso em: 20 jan. 2021.
171
isto se deve ao histórico de navegação na internet de cada pessoa, indicando anúncios a partir
dos conteúdos acessados.
Em um artigo que discute a eficiência da publicidade no Instagram, Facebook e
Youtube, Manuel Au-Yong Oliveira, Andreia Sousa, Edna Silva, Fábio Lin e Inês Ferreira
(2020) consideram que ainda existe uma lacuna relativa à publicidade digital. Os
pesquisadores compreendem que a forma como a publicidade se apresenta é determinada pela
maneira como usam a informação a que têm acesso. De acordo com o estudo, o Facebook e o
Instagram, por exemplo, fazem uso de informação detalhada, deixada gratuitamente, e sem a
suspeição do seu uso posterior, pelos utilizadores nas suas plataformas. A pesquisa indica que
o Instagram e o Facebook têm publicidade mais dirigida e segmentada que o Youtube.
Seguimos a nossa observação ao site da Folha de S.Paulo. Ao acessar a página, o
usuário observa ao centro, em destaque, a logo do jornal. Na mesma linha horizontal, à
esquerda, aparecem: menu e ‘assine’ (em vermelho); à direita, contam: entrar e buscar. Logo
abaixo da logomarca da Folha, aparecem a sua data de fundação, três estrelas e a mensagem
“Um jornal a serviço da democracia”. Acima disto, encontra-se a marca UOL. À esquerda,
constam os links: Uol Host, Pagbank, Pagseguro, Cursos. À direita, bate-papo e e-mail.
Nesta visualização inicial da página da Folha, observamos a barra principal, com as
divisões de editorias e temas contemplados pelo jornal a partir de seus conteúdos. Na mesma
barra, existe a possibilidade de alterar o idioma para inglês ou para espanhol. A Figura 3
identifica-a.
Figura 3 – Barra principal de assuntos contemplados pelo conteúdo do jornal
Fonte: Folha de S.Paulo (acesso digital).67
Contemplamos agora, uma descrição dos itens desta barra principal, da esquerda para
a direita: Edição Folha; últimas; Opinião; Poder; Economia; Mundo; Cotidiano; Esporte;
Cultura; podcasts; f5, conforme é possível observar na Figura 3. Ao clicar em cada um deles,
aparece uma nova página, com conteúdo referente a eles. Logo abaixo desta barra principal,
67 Disponível em: https://www.folha.uol.com.br/. Acesso em: 18 dez. 2020, 22h30.
172
surge o anúncio: “Apoie a democracia. Assine a Folha. Oferta especial, apenas R$ 1,90 no
primeiro mês”.
Começamos clicando em Edição Folha. O usuário é direcionado para uma página,
Edição Folha, em que aparece a versão impressa do dia, em tamanho reduzido. Ao clicar na
página, o usuário é direcionado para uma outra, que sugere a assinatura do jornal. Existem os
links: Favoritos, Anotações e Acervo completo. O Favoritos é “uma área exclusiva para
assinantes, oferecendo a possibilidade de leitura da réplica da Folha pelo computador, tablet
ou celular, indicando a assinatura por três meses ao valor de R$ 1,90, mais três de R$ 9,90”.
Ao acessar Anotações, o usuário recebe a mesma mensagem de Favoritos. Ao clicar em
Acervo completo, o usuário é direcionado a uma página que oferece a possibilidade de
realizar uma busca avançada, a partir do período desejado, nos jornais Folha de S.Paulo,
Folha da Manhã e Folha da Noite. Constam os links: Assine, Banco de Dados Folha, Há 50
anos, Buscas recentes, Edição Folha. A barra Menu também figura na página. Ao clicar em
Assine, o usuário é direcionado a uma página que apresenta os planos oferecidos pela Folha.
Eles são divididos em duas categorias: Folha Digital e Folha Impressa + Folha Digital. O
plano Folha Digital oferece acesso ilimitado diariamente a todo conteúdo digital produzido
pela Folha, aplicativos Folha android e IOS, réplica digital do impresso, acervo com edições
desde 1921, ao valor de R$ 1,90 no primeiro mês e R$ 19,90 nos cinco meses seguintes.
Depois, o valor passa para R$ 29,90 ao mês.
Para universitários, “a Folha Digital oferece benefícios, como o plano Acesso
Ilimitado com desconto válido enquanto for estudante, newsletter sobre carreiras e seis meses
grátis, ao valor de R$ 9,90 por mês até o final do curso, representando um desconto de 67%
em relação ao plano normal”. Na assinatura da Folha Impressa + Folha Digital, existem dois
planos também. O premium oferece o impresso diariamente e o digital diariamente, com
jornal entregue no endereço do leitor e benefícios do plano Acesso Ilimitado por R$ 119,90
por mês, concedendo assinatura gratuita por 15 dias. No plano Light, o leitor recebe o
impresso em dois dias da semana (sábado e domingo) no endereço estabelecido, e tem acesso
ao digital diariamente, a partir do plano Acesso Ilimitado, no valor de R$ 61,90 por mês, com
a vantagem de assinar o primeiro mês de forma gratuita.
Em Banco de Dados Folha, o usuário tem acesso a matérias especiais, com referência
a datas, como: “1993: O mais famoso traficante do mundo, Pablo Escobar é morto”. O acesso
às matérias é impedido por conta da paywall, tema que será discutido na seção O atual
modelo de negócio da Folha deste capítulo. Na página existem os links: Saiu no np; Há 50
anos; Prêmio Folha; Quiz; SP: passado e presente; Acervo Folha. Ao acessar: Há 50 anos, o
173
usuário confere matérias com registros históricos. Em Buscas recentes, o usuário é
direcionado para o acesso de uma conta, para que ele possa ler mais reportagens, receber as
principais notícias do dia por e-mail e ter acesso aos serviços da Folha.
Em Últimas, constam as notícias mais recentes, de diversas editorias, que são
atualizadas a todo minuto. As matérias são identificadas pela palavra-chave da editoria à qual
pertencem. A leitura também é limitada. Constam vários anúncios publicitários nesta página.
O usuário pode optar, a partir da barra de opções, acessar conteúdo a partir de Opinião,
Política, Mercado, Mundo, Cotidiano, Esporte, Cultura e F5.
Em Opinião, constam os editoriais da Folha com a nomenclatura: “O que a Folha
pensa”. No dia 18 de dezembro, havia dois deles: “Abrir torneiras”, sobre Política pública;
“Negação da maconha”, sobre Bolsonarismo. Ao clicar em um dos editoriais, a barreira do
paywall impede a leitura. Em Colunas e Blogs aparecem: Últimas, Colunas e Blogs, Colunas e
convidados, Ex-colunas. Acessando o link Últimas traz as últimas postagens da seção. Em
Colunas e Blogs, constam as colunas e os blogs da Folha. São 186 deles, que contemplam
diversos assuntos e temas, em ordem alfabética. Em Colunas de convidados, figuram 75 links
para acessar esses conteúdos, com limitação do paywall. Também existem as Ex-colunas, com
conteúdo de 183 ex-colunistas. Em Tendências/debates, constam artigos. Ao acessar os
artigos, aparecem os ícones: Facebook, WhatsApp, Twitter, Assinantes, comentários e um
outro, em um círculo com reticências, que incorpora outros links: Linkedin, feed, enviar por e-
mail, URL curta, imprimir. O jornal registra o convite para o leitor enviar o seu artigo e
também o seu vídeo. Em Opiniões da Folha, o usuário é direcionado à editoria Poder, que
apresenta uma matéria de 2018 explorando a necessidade de o jornal expressar diariamente
seus pontos de vista sobre controvérsias.
Em Ombudsman, o usuário tem acesso à página de Flávia Lima, ombudsman da Folha.
Apresenta um breve perfil da jornalista, e textos sobre assuntos do cotidiano assinados por
ela, com a barreira de paywall. Em Charges, o usuário tem acesso às charges publicadas pelo
jornal durante o mês. O acesso é liberado.
Em Poder, é possível conferir matérias de cunho político e jurídico. Na página,
existem os links: Eleições 2020, Apuração, Lava Jato, Folha Jus, Legislativo paulista,
Entrevista da 2ª. Também existem os links Agência Lupa, que direciona o leitor para o site da
agência de checagem de fake news, e Piauí, que direciona o usuário para a revista piauí.
Nessa página, também é ofertada a newsletter Folha Jus, que é enviada para o e-mail do
assinante toda terça-feira, com notícias, colunas e análises sobre o universo jurídico.
174
Em Eleições 2020, constam: “apuração dos votos”, “fichas dos candidatos”,
“jaboticabal brasileira”, “os nós de SP”, “Grande SP”. Em Apuração, aparecem “apurações
das eleições de 2020”. Em Lava Jato, constam matérias referentes à operação. A Folha Jus
compõe-se de matérias sobre o mundo jurídico. Além de oferecer a newsletter semanalmente
no e-mail do leitor, oferece, ainda, assinatura para advogados, um pacote digital com
informações do cenário jurídico e newsletter com o resumo da semana. Legislativo paulista,
reúne as principais discussões sobre o Legislativo de SP. Em Entrevista da 2ª, constam
entrevistas especiais.
Em Economia, aparece uma barra com as opções: “economia em debate”, “mercado
financeiro”, “reforma administrativa”, “tech” e “mpme”. Nesta página, o jornal oferece a
newsletter Folha Mercado, informando que o envio do boletim é feito de segunda a sexta pela
manhã, de forma gratuita, com notícias e análises de economia. Uma notícia da Folha de 27
de agosto de 2020,68 informa sobre o lançamento da newsletter gratuita sobre economia e
negócios. A matéria informa que o público-alvo é constituído de empreendedores,
investidores, executivos e outros profissionais. Menciona também, que o acesso ao e-mail é
liberado mesmo para não-assinantes do jornal.
Em Economia em debate, aparecem artigos e matérias sobre o assunto. Mercado
financeiro, contempla a cobertura do mercado financeiro. Reforma administrativa reúne
matérias e artigos sobre o assunto. Em Tech, onde constam links para o The Wall Street
Journal, há a cobertura desse veículo sobre o mundo tech e games. Em Mpme, verificam-se
matérias sobre negócios e empresas. Em Mundo, aparecem os links: “eleições EUA",
“China”, “governo Trump”, “Venezuela”, "Coreia do Norte”, “diplomacia brasileira”,
“mundo leu”.
Ao acessar o link Cotidiano, o usuário é direcionado para a barra com os links
“educação”, “ambiente”, “saúde”, “coronavírus”, “Rio de Janeiro”, “feminicídio” e “mortes”.
Na barra Esporte, o usuário encontra, ao clicar, os seguintes links: “brasileiro”, “libertadores”,
“Tóquio-2020”, “Copa-2022”, “futebol feminino”, “podcast bola de chumbo”. Ao clicar no
link Cultura, o usuário é direcionado à página da Ilustrada com os links para: “artes plásticas”,
“cinema”, “livros”, “moda”, “música”, “escuta aqui”, “teatro”, “televisão”, “Guia Folha”. Ao
clicar em Podcasts, aparecem os links: “café da manhã”, “epidemia”, “expresso ilustrada”,
“ilustríssima conversa”, “40 semanas”, “Folha na sala”, “presidente da semana”. Em “F5”, o
usuário encontra as principais notícias sobre famosos e celebridades. Aparecem ali os links:
68 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/08/folha-lanca-newsletter-gratuita-sobre-
economia-e-os-negocios.shtml. Acesso em: 18 dez. 2020.
175
“Últimas”, “Astrologia”, “Celebridades”, “TV”, “A Fazenda 12”, “Cinema/Séries”, “Música”,
“Nerdices”, “Estilo/Beleza”, “Viva Bem”, “Colunistas”.
Após descrever os itens da barra principal de opções do site da Folha, partimos para a
descrição dos demais conteúdos do portal, seguindo com a observação até o rodapé da página.
As notícias são atualizadas a todo o tempo. Na noite do dia 18 de dezembro de 2020, a
principal era: “Câmara aprova adesão a consórcio e facilita aval a vacinas de uso emergencial
contra Covid”. Observamos que as notícias possuem ícones para compartilhamento no
Facebook, WhatsApp e Twitter; também constam um ícone para assinantes, um para
comentários, apresentando o número deles (ao clicar neste ícone, o usuário tem acesso às
manifestações dos leitores) e um outro, com outras possibilidades de compartilhamento, a
saber: Linkedin, feed, enviar por e-mail, link para compartilhamento além de, impressão.
Ao descer a barra lateral, observamos conteúdos diversos espalhados pelo site. Ao
descer um pouco mais, aparece uma linha divisória no site, com a palavra “Natal”. A partir
daí, surgem diversos conteúdos sobre o período natalino: matérias, receitas, dicas de
decoração, sugestão de presentes. Uma nova linha divide novamente o conteúdo. Agora
aparecem “Colunas e Blogs”.
Em outra divisão, aparece o ícone “Folha100” com uma contagem regressiva do
centenário do jornal, assim como adotado na versão impressa. Uma nova linha depois, e
seguindo o cursor para baixo, surgem matérias de temas diversos, de notícias sobre o
Supremo Tribunal Federal à mercado. Depois aparece o banner: “Estúdio Folha: conteúdo
patrocinado”, com links de conteúdos patrocinados.69 Em seguida aparece: “Mais lidas”, “Em
escala de um a cinco”. Uma nova divisão e o usuário tem acesso aos podcasts. Abaixo,
notícias esportivas e outros textos ladeados por conteúdos patrocinados (textos com estética
jornalística, mas que na verdade, são pagos). Ao descer um pouco mais, encontramos uma
nova divisão e as palavras “como fazer”, com matérias de cotidiano. Depois aparecem links
para notícias de Economia, Cultura e Esporte. Ao lado, figuram as chamadas para os editoriais
do dia 18 e para as tendências/debates. Também consta: Previsão do tempo, Painel do leitor,
além de outros anúncios, que estão por todo o site. Depois, “notícias sobre artistas e famosos”.
Um banner da “TV Folha” aparece, com vídeos de coberturas. Também há o link Fotografia,
com imagens do dia. Ainda encontramos textos sobre represas e reservatórios, Folhainvest,
“teste de saúde para viver melhor”. Só então aparecem os serviços e conteúdos de todo o site.
Eles estão divididos em: Folha de S.Paulo (Sobre a Folha, Acervo Folha, Clube Folha,
69 O Estúdio Folha será considerado na seção que trata do modelo de negócio da Folha.
176
Expediente, Política de Privacidade, Prêmio Folha, Projeto Editorial, Seminários Folha,
Trabalhe na Folha, Vagas em TI, Treinamento).
Em Fale com a Folha aparecem: “Anuncie”, “publicidade Folha”, “atendimento ao
assinante”, “erramos”, “Fale com a Folha”, “Ombudsman”, “Painel do Leitor”; Editorias:
Poder, Mercado, Cotidiano, Mundo, Esporte, Ilustrada, Ilustríssima, F5, Saúde, Ciência,
Fotografia, TV Folha, Educação, Banco de Dados, Turismo, Guia Folha, Sobre Tudo, Revista
São Paulo. Em Opinião: “Opinião”, “Colunas” e “Blogs”; Mais seções: “Dias Melhores”,
“Empreendedor Social”, “Especiais”, “Folha en Español”, “Folha in English”, “Folhainvest”,
“Folhaleaks”, “Folha Mapas”, “Folha Tópicos”, “Folha Transparência”, “O Melhor de São
Paulo”, “últimas”, “Versão Impressa”, “Mapa do site”. Em Serviços: “Aeroportos”,
“Classificados”, “Folha Informações”, “Horóscopo”, “Loterias”, “Mortes”, “Tempo”. Em
Outros Canais: “Agora”, “e-mail”, “Folha”, “Datafolha”, “Folhapress”, “Folha Eventos”,
“Publifolha”, “Top of Mind”.
Também constam informações sobre a audiência na Folha. No dia de nosso acesso,
observamos o número de 224.661.655 páginas vistas, com referência a novembro de 2020.
Também aparecem “Canais da Folha” (“Fale com a Redação” e “Mapa do site”) e
“Newsletter”, que pede o e-mail do usuário. Ao digitar o meu e-mail, fui direcionada para
outra página, que pergunta sobre quais newsletters eu gostaria de assinar. Na lista constam 14
opções, são elas: Notícias do dia; Colunas e Blogs; Dicas do Editor; Folha Carreiras; Folha
Mercado; Folha Med; Folha Jus; Brasília Hoje; F5; Pra curtir SP; Lá fora; Folha na sala; New
in English; Notícias en Español.
A partir desta descrição, sobre a disposição dos conteúdos do site da Folha de S.Paulo,
no dia 18 de dezembro de 2020, é possível apontar algumas observações sobre o modo como
o jornal está operando atualmente neste canal.
Identificamos que os conteúdos do jornal estão dispostos de maneira estratégica,
contemplando todas as suas editorias tanto na horizontal, quanto na vertical, de modo que, se
o usuário tiver interesse em seguir a leitura a partir de qualquer uma das direções, terá acesso
a diferentes conteúdos. A mesma identificação se aplica aos anúncios, que estão tanto no
banner superior, como nas laterais, e disfarçados como notícias, a partir do projeto Estúdio
Folha. Também localizamos banners sobre a TV Folha, canal da Folha no Youtube.
Sobre os conteúdos jornalísticos, observamos itens como: a instantaneidade, recursos
multimídias (texto, som, gráficos, ilustrações, vídeos) acessibilidade, compartilhamento e
desdobramento. As notícias são atualizadas a todo o instante. Durante o nosso check-up,
verificamos atualizações em poucos segundos. Também identificamos a incidência de uso de
177
recurso gráfico, de ilustrações e vídeos nas matérias, que permitem o seu compartilhamento a
partir das redes sociais acima identificadas. Há a possibilidade de aumento ou diminuição do
tamanho da fonte e também de acesso ao texto a partir de áudio, permitindo o alcance a
pessoas com dificuldades visuais ou auditivas. As matérias possuem links para outros textos
referentes ao assunto divulgado, possibilitando uma ampla gama de informações.
Em um dos textos sobre a Folha levantados no segundo capítulo, “Potencialidades
digitais e inovações jornalísticas: análise quantitativa de especiais da Folha”, Mônica Cristine
Fort, Márcio Morrison Kaviski Marcellino, Lidia Paula Trentin e Ana Paula Heck (2018),
analisaram, quantitativamente, 34 conteúdos jornalísticos considerados especiais pelo próprio
veículo publicados em 2017, no site do jornal. Os autores se propuseram a fazer um
levantamento quantitativo de potencialidades digitais empregadas em produção jornalística no
site da Folha de S. Paulo, e observaram que, os atributos presentes na maior parte das
reportagens são multimidialidade (97% das matérias) e hipertextualidade (68%). Dentre os
aspectos analisados nas reportagens, destacou-se a característica da interatividade. A pesquisa
concluiu que, potencialidades digitais têm sido experimentadas em textos online, com a
verificação de práticas criativas que ilustram as reportagens e também as complementam;
também observou a interação, multissensorial e guiada por dados.
Praticamente todo o conteúdo do jornal tem acesso limitado, com o impedimento da
paywall, questão que será discutida ainda neste capítulo, na investigação sobre o atual modelo
de negócio da Folha. A descrição não aparece antes de se clicar na notícia. Ou seja, para saber
se o conteúdo possui limitação de leitura, é necessário clicar na notícia. Apenas as charges
têm acesso liberado. Em Edição Folha, por exemplo, a edição aparece reduzida, e só pode ser
observada em tamanho superior por assinantes.
Sobre os planos de assinaturas, que aparecem no site, percebemos que a Folha
diversificou as possibilidades de o usuário contrair uma assinatura, pensando em públicos
diferentes. Aos universitários, por exemplo, são concedidos descontos, permitindo o acesso ao
jornal por um preço bem reduzido. A Folha também oferece o plano premium, mais robusto,
que oferece jornal entregue no endereço determinado diariamente, além da assinatura digital.
As assinaturas se dividem, então, em duas categorias: assinatura digital, ou impressa mais a
digital. Nesta última, tem inclusive um plano para a entrega das edições impressas apenas do
final de semana. Os planos variam de R$ 9,90 a R$ 119,90 por mês.
Apesar de a Folha possuir 14 newsletters, apenas a Folha Jus, que é paga, ganhou
disposição de destaque na edição analisada, com o ícone inserido ao lado direito da principal
178
notícia do dia. Pela vocação política do jornal, a newsletter pode representar um bom nicho de
assinaturas.
3.2.3 A Folha nas redes sociais
Uma das recentes alterações do jornalismo contemporâneo recai sobre a produção do
texto noticioso, em diferentes canais e mídias sociais, como o Facebook, Twitter, Instagram e
Youtube. A Folha de S.Paulo também incorporou essas alterações e produz conteúdo
noticioso para cada uma das plataformas. Com o intuito de complementar o diagnóstico atual
da Folha de S.Paulo, consideramos a presença do jornal nessas redes sociais, que foram as
mais investigadas pelos pesquisadores brasileiros, a partir do viés da produção jornalística em
mídias sociais, na última década, conforme indicado no segundo capítulo desta pesquisa. Com
o intuito de contextualizar esse panorama da Folha de S.Paulo no Facebook, Twitter,
Instagram e Youtube, a pesquisa irá tecer um paralelo entre a Folha, O Globo e o Estadão.
Elegemos O Globo e o Estadão para este comparativo a partir do número de vendas dos
jornais. Nos baseamos no levantamento aferido pelo Instituto Verificador de Comunicação e
publicado pela Folha em 26 de junho de 2020, mencionado no início deste capítulo. O IVC
apontou a liderança da Folha, com 338.675 vendas de exemplares diários, seguida do O
Globo, com 333.653 e do Estadão, com 240.093.
Compreendemos esta discussão sobre as organizações midiáticas nas redes sociais,
indicando, a partir das páginas da Folha, do O Globo e do Estadão no Facebook,70 Twitter,71
Instagram72 e Youtube,73 quando esses jornais se hospedaram em cada uma das mídias e
canais indicados, além da expressividade da audiência desses jornais.
70 Página da Folha no Facebook. Disponível em:https://www.facebook.com/folhadesp/. Acesso em: 17 dez.2020.
Página do O Globo no Facebook. Disponível em: https://pt-br.facebook.com/jornaloglobo/. Acesso em: 17 dez.
2020.
Página do Estadão no Facebook: Disponível em: https://pt-br.facebook.com/estadao/. Acesso em: 17 dez. 2020. 71 Página da Folha no Twitter. Disponível em:
https://twitter.com/folha?ref_src=twsrc%5Egoogle%7Ctwcamp%5Eserp%7Ctwgr%5Eauthor. Acesso em: 17
dez. 2020.
Página do O Globo no Twitter. Disponível em:
https://twitter.com/JornalOGlobo?ref_src=twsrc%5Egoogle%7Ctwcamp%5Eserp%7Ctwgr%5Eauthor. Acesso
em: 17 dez. 2020.
Página do Estadão no Twitter. Disponível em:
https://twitter.com/Estadao?ref_src=twsrc%5Egoogle%7Ctwcamp%5Eserp%7Ctwgr%5Eauthor. Acesso em: 17
dez. 2020. 72 Página da Folha no Instagram. Disponível em: https://www.instagram.com/folhadespaulo/?hl=pt-br. Acesso
em: 17 dez. 2020.
Página do O Globo no Instagram. Disponível em: https://www.instagram.com/jornaloglobo/?hl=pt-br. Acesso
em: 17 dez. 2020.
179
O Quadro 8 compreende o levantamento realizado em 17 de dezembro de 2020, com a
distinção dos veículos Folha, O Globo e Estadão, data de hospedagem dos jornais no
Facebook, Twitter, Instagram e Youtube e número de curtidas na página, seguidores e
inscritos dos veículos nessas mídias sociais. A ordem dos veículos na tabela condiz com o
número de vendas de exemplares diários, já mencionado anteriormente.
Quadro 8 – Hospedagem e desempenho da Folha, O Globo e Estadão no Facebook, Twitter,
Instagram e Youtube
VEÍCULOS DESDE QUANDO DESEMPENHO EM DEZ. 2020
Folha Facebook: desde 29 março, 2010
Twitter: desde abril de 2008
Instagram: não informado
Youtube: 1º mar. 2006
Facebook: 5.661.000 de curtidas na página
Twitter: 7,6 milhões de seguidores
Instagram: 2,4 milhões de seguidores
Youtube: 573 mil inscritos
O Globo Facebook: não informado
Twitter: desde junho de 2010
Instagram: não informado
Youtube: 4 de julho de 2008
Facebook: 5.649.123 de curtidas na página
Twitter: 464,9 mil seguidores
Instagram: 2,1 milhões de seguidores
Youtube: 646 mil inscritos.
Estadão Facebook: não informado
Twitter: desde outubro de 2007
Instagram: não informado
Youtube: 6 de setembro de 2006
Facebook: 3.671.434 de curtidas na página
Twitter: 6,9 milhões de seguidores
Instagram: 1,8 milhão de seguidores
Youtube: 474 mil inscritos
Fonte: elaborado pela autora, a partir das páginas iniciais dos jornais Folha de S.Paulo, O
Globo e Estadão, hospedadas nas redes Facebook, Twitter, Instagram e Youtube.
Sobre a hospedagem dos jornais no Facebook, identificamos que apenas a Folha
manifesta a data de criação da página, em março de 2010. Na página do Facebook do O
Globo não consta a data de hospedagem. Aparece apenas a data da fundação do jornal, em 29
de julho de 1925. A página do Estadão, da mesma forma, não divulga quando passou a figurar
no Facebook e divulga também, a data de fundação do jornal, em 4 de janeiro de 1875.
Em um dos estudos mapeados no segundo capítulo desta pesquisa, Gisele Reginato e
Marcia Benetti (2017) apuraram, em 20 de janeiro de 2017, o número de curtidas das páginas
do Facebook da Folha, do O Globo e do Estadão. A Folha contava com 5.806.072, O Globo,
5.140.315 e Estadão, 3.397.624. Quase quatro anos depois, em 17 de dezembro de 2020,
conferimos o número de curtidas das páginas dos três jornais. A Folha continua na liderança
Página do Estadão no Instagram. Disponível em: https://www.instagram.com/estadao/?hl=pt-br. Acesso em: 17
dez. 2020. 73 Página da Folha no Youtube. Disponível em: https://www.youtube.com/user/Folha. Acesso em: 17 dez. 2020.
Página do O Globo no Youtube. Disponível em: https://www.youtube.com/channel/UC-
6xqzMBF2CXTImn_a4aCVg. Acesso em: 17 dez. 2020.
Página do Estadão no Youtube. Disponível em: https://www.youtube.com/user/estadao. Acesso em 17 dez. 2020.
180
quando o assunto é número de curtidas, com 5.661.000; O Globo possui 5.649.123 e Estadão,
3.671.434.74
Com relação ao Twitter, apesar de o Estadão ter sido o primeiro dos três a ter se
hospedado na rede social, em outubro de 2007, a Folha, que passou a ter uma página no
Twitter seis meses depois, lidera o número de seguidores em 2020: 7,6 milhões, 700 mil a
mais que o Estadão, que conta com 6,9 milhões de seguidores. O Globo, que foi o último dos
três jornais a criar uma página no Twitter, em junho de 2010, possui atualmente 464,9 mil
seguidores, número expressivamente inferior em relação aos outros veículos.
Hébely Rebouças (2019) assina o artigo “Quando o Twitter pauta o jornal: análise da
cobertura da Folha de S.Paulo sobre o perfil de Jair Bolsonaro”, identificado no segundo
capítulo sobre a Folha. A pesquisa analisa como o jornalismo convencional lida com as
estratégias de comunicação online de agentes do campo político, investigando a cobertura da
Folha de S.Paulo sobre os conteúdos do presidente Jair Bolsonaro no Twitter em 2019. A
investigação concluiu que, na maioria das vezes, a Folha explorou o Twitter de Bolsonaro
como mero elemento de contextualização das notícias, privilegiando conteúdos de relevância
pública, como anúncio de medidas de governo, além de temas que possuem o conflito e a
política em seu cerne, como crises e disputas político-partidárias.
Nas páginas do Instagram dos três jornais, não existe informação relativa à data de
hospedagem dos veículos, quadro costumeiro nessa rede social, pois os seus usuários, e
mesmo as empresas que se inserem no Instagram, de uma forma geral, não informam quando
criaram suas contas. Quanto ao número de seguidores dos jornais, a Folha está na liderança,
com 2,4 milhões de seguidores, seguida pelo O Globo, com 2,1 milhões de seguidores e do
Estadão, com 1,8 milhão de seguidores.
Com relação às páginas do Youtube, a Folha de S.Paulo foi a primeira a inscrever-se
no canal, em março de 2006; seis meses depois, foi a vez do Estadão. O Globo ingressou em
julho de 2008. O único item em que a Folha é superada neste quadro é o de número de
inscritos no canal do Youtube, o jornal O Globo possui 646 mil inscritos. A Folha possui 573
mil inscritos e o Estadão, 474 mil.
Assim, tanto a Folha quanto O Globo e o Estadão se hospedaram nas mídias sociais
no mesmo período, entre 2006 e 2010. Com relação à audiência, a Folha lidera quase com
74 Folha. Disponível em: https://www.facebook.com/folhadesp/. Acesso em: 17 dez. 2020.
O Globo. Disponível em: https://www.facebook.com/jornaloglobo. Acesso em: 17 dez. 2020.
Estadão. Disponível em: https://www.facebook.com/estadao/. Acesso em: 17 dez. 2020.
181
soberania. Dos quatro canais identificados, o jornal figura em segundo lugar apenas com
relação ao número de inscritos no Youtube.
3.3 A notícia como um produto à venda com o suporte da tecnologia
Este capítulo já contemplou um resgate da história da Folha de S.Paulo, apurou os
projetos editoriais do jornal, traçou um diagnóstico a partir das versões impressa e digital da
organização e verificou a presença da Folha nas redes sociais. Com o apoio desse panorama e
com o suporte dos momentos anteriores, a pesquisa se concentra nas análises aqui propostas
com o intuito de considerar a questão que norteia esta pesquisa: a partir das práticas da Folha,
como as empresas buscam respostas para a transformação vivida pelo setor diante das
inovações tecnológicas, sobretudo após o surgimento da internet, de modo que a informação
possa continuar sendo oferecida por elas como um produto no mercado da comunicação?
Neste momento, enveredamos nossos esforços para três momentos de análise: 1) o discurso da
Folha no documentário O jornal do futuro; 2) o discurso da Folha na discussão sobre o futuro
do jornalismo a partir dos três seminários realizados pelo jornal; 3) o atual modelo de negócio
da Folha.
Procederemos a análise do corpus dos dois primeiros momentos embasados nos
princípios da Análise do Discurso de linha francesa, derivada de Michel Pêcheux. Orlandi
(2009) sintetiza que a Análise de Discurso não trata da língua, não trata da gramática, embora
todas essas coisas lhe interessem. Ela trata do discurso. E a palavra discurso, de acordo com
Orlandi, tem em si a ideia de curso, de percurso, de correr por, de movimento. O discurso é
assim palavra em movimento, prática de linguagem: com o estudo do discurso observa-se o
homem falando.
3.3.1 O discurso da Folha no documentário O Jornal do futuro
O documentário O Jornal do Futuro, 75 de maio de 2010, retrata as mudanças físicas
na redação do jornal, que permitiram a integração com a Folha.com e mostra o então novo
projeto gráfico do jornal que foi, na oportunidade, apresentado a toda a equipe do jornal. O
vídeo captou depoimentos de Otávio Frias Filho, diretor de redação da Folha na época, que
75 Disponível em: https://vimeo.com/13704875.
182
faleceu oito anos mais tarde,76 de Sérgio Dávila, então editor-executivo do jornal e que ocupa,
desde 2019, o cargo de diretor de redação (uma notícia da Folha anunciou a aprovação da
nomeação),77 de colunistas e outros membros da equipe de jornalismo, somando 21
participações.78 A narrativa foi construída de forma a enaltecer o trabalho realizado por
Dávila, que foi a figura central da produção.
Com o objetivo de organizar o escopo do documentário e delimitar o recorte de nossa
análise, faremos inicialmente, uma transcrição de todos os depoimentos da produção, que
possui a duração de 18 minutos. Esse passo inicial incide sobre a primeira etapa da Análise
de Discurso que, de acordo com Orlandi (2009), indica a necessidade de configuração do
corpus, delineando seus limites, fazendo recortes, na mesma medida em que, se vai incidindo
um primeiro trabalho de análise, retomando-se conceitos e noções, em um procedimento que
demanda um ir-e-vir constante entre teoria, consulta ao corpus e análise. Orlandi considera a
análise como um processo que inicia pelo estabelecimento do corpus e que se organiza face à
natureza do material e à pergunta que o organiza. No nosso caso, pretendemos verificar a
postura da Folha de S.Paulo frente aos desafios do jornalismo contemporâneo, e identificar
como são declarados aspectos sobre o modelo de negócio adotado pelo jornal, a partir desse
cenário. Passamos agora, à transcrição do documentário para posteriormente delimitarmos o
corpus da análise.
O documentário é aberto com a mensagem em letras brancas e com fundo preto:
“Enquanto se discutia o futuro do jornal, a Folha fez o jornal do futuro”, passando a mostrar
cenas de São Paulo. Depois, aparecem imagens do prédio em obras com uma locução:
O que a gente chama de velho saguão das rotativas, atualmente é uma parte
que está em reformas, inclusive é uma parte desativada, com pé direito alto,
um assoalho de madeira antiga. Até poucos meses atrás, havia uma velha
rotativa da marca Ross, feita ainda nos anos 40. Era um ambiente que tinha
76 Na notícia sobre a morte de Frias, a Folha anunciou que o jornalista, que foi o mentor do Projeto Folha, havia
modernizado o Jornalismo brasileiro na década de 1980. Disponível em:
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/08/morre-aos-61-otavio-frias-filho-diretor-de-redacao-da-
folha.shtml. Acesso em: 20 jan. 2021. 77 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/03/jornalista-sergio-davila-assume-direcao-de-
redacao-da-folha.shtml. Acesso em: 20 jan. 2021. 78 Verificamos na transcrição dos depoimentos do documentário O jornal do futuro as participações de: Sérgio
Dávila; Juca Kfouri, colunista; José Simão, colunista; Barbara Gancia, colunista; Eliane Stephan, Coordenadora
de Design; Jair de Oliveira, diagramador; José Henrique Mariante, Editor de Esporte; Cleusa Turra, Diretora de
Revistas; Marco Aurélio Canônico, Editor de Fotografia; Ligia Mesquita, repórter da Coluna Mônica Bergamo;
Leandro Nomura, Repórter da coluna Mônica Bergamo; Otávio Frias Filho, Diretor de Redação; Mônica
Bergamo, Editora da Coluna Mônica Bergamo; Sylvia Colombo, Editora da Ilustrada; Rogério Gentile,
Secretário de Redação; Raul Juste Lores, Editor de Mercado; Marcelo Coelho, Colunista; Walkiria Pereira Leite,
redatora; Vinicius Mota, Secretário de Redação; Paulo Werneck, editor da Ilustríssima; Maria Cristina Frias,
colunista.
183
um cenário muito interessante. Eu gosto deste lugar do ponto de vista
arquitetônico, até do ponto de vista afetivo.
Sérgio Dávila, diz, mostrando a instalação:
O prédio velho da Folha para mim é um motivo de orgulho porque é
um jornal que tem 90 anos, então é um jornal sólido, de tradição, que
tem uma história, mas ao mesmo tempo é inquieto, é moderno, é
nervoso. A gente está desde abril trabalhando com essa fusão
orgânica dos dois meios. Não há mais a redação do online, a redação
do papel. Há uma redação só da Folha de S.Paulo com essas duas
plataformas. Antes da reforma que demorou um ano e que fez, que
mudou tudo aqui, você descia desses elevadores, aqui era o quarto
andar, era a redação inteira.
Juca Kfouri, colunista, falou da reforma gráfica que vinha por ali, ressaltando a
importância do novo projeto editorial em curso e do momento que seria liderado por alguém
que ele dizia conhecer bem, que é Sérgio Dávila. José Simão, colunista, aparece nas imagens.
Sérgio Dávila afirma:
Nessa década fora do Brasil eu fui correspondente em Nova York de 2000 a
2003. Bush foi eleito no tapetão e eu estava lá. Onze de setembro de 2001,
eu morava a 20 quadras do 11 de setembro e na manhã do 11 de setembro
eu cheguei já aos escombros e fiz a cobertura pelos próximos meses. Fiz
uma cobertura aí que foi a Guerra do Iraque e aí de lá, tocou o telefone, era
a direção da Folha me fazendo esse convite. Cinco minutos depois eu liguei
para cá e falei que eu iria, já sabendo, desde o convite, que eu iria aceitar.
Barbara Gancia, colunista, falou que Sérgio parecia um playmobill com aquele
capacete, referindo-se ao fato de ele participar da cobertura da guerra do Iraque. “Sérgio
Dávila, cara importantérrimo”, completou.
A produção segue com uma locução de Dávila e imagens de uma reunião para
definição da nova capa, com votos entre os dirigentes. “Esta tem sido a minha vida nos
últimos dias, não tem sábado, domingo, feriado, não tem nada. Toda a equipe está assim,
pilhada, tentando fazer a melhor edição possível, não só no domingo, dia 23, mas na semana
seguinte”, diz Dávila.
Aparecem imagens de reuniões, das obras. Depois, Eliane Stephan, coordenadora de
design, fala:
Chegou a avaliação que o jornal tinha perdido a identidade dele por ter
cada caderno de um jeito, e que, enfim, estava sem parâmetros. Então eles
me chamaram para dar esse redesenho, que na verdade é um redesenho.
Primeiro nós recuperamos a fonte Folha sérifc, desenhada especificamente
para o jornal. É a identidade do jornal, a voz do jornal.
184
Jair de Oliveira, diagramador, diz: “Maior legibilidade do jornal, maior organização,
tá. Maior identidade entre as editorias”. Simão brinca: “A Folha fez uma lipo, é isso? Tirou as
olheiras (risos)”. Depois, aparecem imagens da equipe de redação conhecendo o novo
formato.
José Henrique Mariante, editor de Esporte, também participa:
O volume de trabalho me assusta mais do que a mudança em si. Elas me
parecem necessárias assim, mas eu não sei se existe uma maturidade
profissional minha ou da Folha, mas eu já sei onde a gente vai chegar. O
problema é chegar lá, esse é o grande desafio.
Dávila mostra a sala de reuniões da primeira página e as instalações da redação.
Cleusa Turra, diretora de revistas, faz críticas a imagens de capas da Folha:
Esta aqui é uma ótima foto, não olha para o leitor; esta aqui é uma ótima
foto, não olha para o leitor. Se você for olhar, não olha. Eu interpretei
assim. Vamos sinalizar que a gente tá com um olhar mais moderno para
fotografia. Geralmente, quando tem uma foto assim que eu acho que a gente
está apostando, é uma foto difícil, é uma foto hermética.
Sobre as ponderações, Marco Aurélio Canônico, editor de fotografia, afirma que há
casos e casos, e diz que não dá para traçar isso como uma regra geral.
Se você olhar a capa do jornal de hoje, é uma bela foto e que a mãe não está
olhando para o leitor, e não faria nenhum sentido ela estar olhando para o
leitor, ela tem que estar olhando para a criança. A notícia é isso: a mãe que
tinha tido a criança roubada, recebeu o filho de volta. Não tinha nenhum
sentido ela estar olhando para o leitor.
Ligia Mesquita, repórter da coluna Mônica Bergamo, afirma: “Essas mudanças sempre
causam uma (...), a gente chama de a fofoca do cafézinho. Então, sempre, ali na máquina do
café, tem gente: ‘Ah, eu acho que vai ter muita foto, ou vai ser muito colorido’”. Leandro
Nomura, repórter da mesma coluna, acrescenta: “Eu não sei nada. Para ser sincero eu estou
bem ansioso para saber como é que vai ser. Hoje vai ter uma reunião geral da redação”.
Imagem mostra a reunião geral, em um auditório, com os jornalistas sentados. Sérgio
Dávila abre a reunião e justifica que o Otávio Frias Filho que iria abrir a apresentação pedia
desculpa; por conta de um problema pessoal, não podia comparecer.
Depois, aparece Dávila em uma sala de escritório:
O Otávio é uma pessoa muito reservada. Ele é o cérebro por trás da
redação e dessas mudanças todas, do projeto gráfico, mas ele odeia
aparecer, ele odeia falar, ele odeia dar entrevista. Então os meus cem reais
eu colocaria: 20 que ele vai te dar a entrevista e 80 que ele não vai dar.
Depois você me diz se eu ganhei ou não.
Logo depois, aparece Otávio Frias Filho, em uma sala.
185
Eu procurei ao máximo estimular as ideias originais, estimular as pessoas
que estavam empenhadas em fazer mudanças que pudessem arejar o jornal,
modernizar o jornal, e acho que tivemos aí algum sucesso nesse trabalho de
coordenação, mas quem vai decidir isso evidentemente é o leitor né.
Em seguida, aparece Dávila, na apresentação do projeto à redação: “A gente está
vivendo uma nova versão, uma nova fase, um novo momento do Projeto Folha e que em
conteúdo vai se basear no tripé: furos e informações exclusivas, textos sintéticos e analíticos,
em pouco espaço e no esforço colaborativo”.
Mônica Bergamo, editora da coluna de seu nome. “Eu acho que isso que foi colocado
na reunião é fato. Quer dizer, se você pode contar uma coisa em 20 linhas, por que você vai
gastar 200 para contar? Você vai enrolar”.
Sylvia Colombo, editora da Ilustrada. “A gente sabe que hoje o leitor tem muito menos
tempo para tudo. Hoje a gente concorre com outras mídias, a gente concorre com a internet,
com a tv, então ele tem menos tempo para nós”.
Juca Kfouri considera que cada vez menos se vê boa literatura nos jornais e acredita
que os jornais têm esse papel.
Rogério Gentile, secretário de redação: “O jornalista sempre quer escrever muito, né?
Então, é natural, todo mundo quer, acha que o seu texto merece aquele espaço, e é saudável
que seja assim, um repórter que não briga pelo seu texto”.
Raul Juste Lores, editor de Mercado: “O Caetano Veloso, nos anos 60, já escreveu e
cantou “quem lê tanta notícia”. Hoje em dia ele teria até que reescrever essa canção, porque
nós somos bombardeados por notícias o tempo todo”.
José Simão: “Eu queria ver fazer o jornal como no Twitter, com 140 caracteres. Aí eu
queria ver”.
Marcelo Coelho, colunista, fala, a respeito de um comentário numa das reuniões, sobre
o novo estilo de texto, mais enxuto, a ser desenvolvido: “Eles vão ser menores, mas mais
analíticos? E como é que faz isso? Por mais que a gente tente fazer a coisa seguir, porque são
dois critérios, sintético e analítico junto”.
Frias:
O nosso objetivo é ter um noticiário commodity bem feito e bem sintético
com um panorama da véspera e você teria um outro corredor de leitura, que
seria um corredor de leitura para aqueles 25% de leitores que têm um grau
de exigência maior, têm mais disponibilidade para ler, têm mais interesse
em ler. Esses caras teriam textos mais longos, porque nós continuaremos
tendo textos mais longos. A gente tem procurado estabelecer um critério
informal que em cada edição você tem pelo menos quatro ou cinco textos
que são textos de leitura. E as análises, e as colunas, em tese tem um
tratamento mais delicado do ponto de vista gráfico, porque pressupõe que é
186
um corredor de leitura para o leitor mais elitizado, ou mais exigente, ou com
mais tempo, ou que quer ter algo a mais do que o noticiário commodity.
Dávila, na apresentação das mudanças à redação: “As três estrelas se tornam uma
marca cada vez mais forte do jornal. A vermelha, Folha da Tarde, a azul, Folha da Noite e a
preta, Folha da Manhã”.
Depois de mostrar imagens dos jornalistas fazendo perguntas, o documentário segue
para o comentário de Walkiria Pereira Leite, redatora.
Aquela estrela vermelha, está no lugar errado, principalmente depois que o
Lula e o PT meteu um esparadrapo na boca do Jabor. A Folha está
bombaresca com essa coisa aí, está horrorosa. Quem tem tempo de Folha
aqui sabe que as cores da Folha é azul e amarela. Então eu sugiro que
troque aquela estrela vermelha por uma estrela amarela.
A sugestão foi respondida por Eliane Stephan, coordenadora de design: “O PT não é dono das
estrelas”.
Vinicius Mota, secretário de redação. “Algumas partes das mudanças não vão agradar
a uma parcela do público, não só dos jornalistas, mas também do público leitor. E isso é da
vida”.
Dávila: “Diretor executivo, você acabou de apresentar o novo projeto gráfico e eu não
gostei de nada. Isso é a Folha”. Na reunião com a equipe de redação, Dávila fala dos
colunistas e faz uma rápida apresentação do time de colunistas.
Juca Kfouri diz que é uma belíssima tacada para o jornal que com muita frequência é
acusado de ser tucano, de ser serrista. “Mas o Serra não acha isso, ele está convencido que o
Otávio Frias Filho o detesta. A mesma convicção que o Lula tem em relação ao Otávio”.
Frias: “Eu entendo que uma das minhas responsabilidades é procurar zelar por este
equilíbrio de diferentes pontos de vista abrigados nas páginas da Folha e garantir que o jornal
persevere numa linha de independência, de pluralidade e de apartidarismo”.
Juca Kfouri: “O único patrão de um jornal é o leitor, não é nem sequer o dono do
jornal. Essencialmente a função do jornalista é confrontar o poder, é fiscalizar o poder, é
mostrar o que está errado ou o que podia estar andando melhor”.
Paulo Werneck, editor da Ilustríssima. “O jornal de amanhã, ele vai ser misturado
mesmo, ele vai ser misturado com a internet, ele vai ser misturado com a literatura, com os
quadrinhos, com a crítica de alta qualidade e de alta reflexão que hoje em dia está um pouco
encastelada na universidade”.
Vinicius Mota, Secretário de Redação: “O jornalismo, independentemente do meio,
não está ameaçado, eu acho que ele está revigorado nesses novos tempos”.
187
Maria Cristina Frias, colunista. “O Sr. Frias estaria perguntando: não demoramos
demais para mudar? Não importa se é no papel, o nosso negócio não é o papel. A gente não
vende papel. A gente vende informação”.
Dávila, com um tablet na mão: “Isso aqui eu posso paquerar na rua, mas quem eu vou
levar para casa para dormir comigo é esse papel aqui. Pelo menos hoje. Me pergunta daqui
um ano, daqui a cinco que eu posso mudar de ideia, mas hoje em dia, essa é a relação que eu
tenho”.
Mônica Bergamo:
Eu acho que não pode ser a preocupação de um repórter saber se o jornal
vai ou não acabar. Eu acho que a preocupação de um repórter é estar
preparado para colocar essas informações em qualquer plataforma. A boa
informação é fundamental, né?, para as pessoas poderem conduzir suas
vidas. E ao conduzir suas vidas, vamos supor, eu conduzo a minha vida e a
partir daí, eu conduzo da minha família, a partir daí eu influencio os meus
amigos e no coletivo.
Frias finaliza os depoimentos: “Um jornalismo bem feito pode contribuir para
fortalecer essa prática de cidadania entre as pessoas, sobretudo entre os leitores”.
Nova fase da aplicação do método
Ao indicar os preceitos da Análise de Discurso, Orlandi (2009) considera a existência
de uma passagem inicial fundamental, que é a que se faz entre o material de linguagem bruto
coletado, tal como existe, e o objeto discursivo, este sendo definido pelo fato de que o corpus
já tenha recebido um primeiro tratamento de análise superficial. Após este primeiro momento,
que representa a transcrição do material bruto, com todos os depoimentos do documentário,
passamos às próximas fases da investigação. Orlandi (2009) enumera três etapas para os
procedimentos de Análise de Discurso: 1) passagem da superfície linguística para o texto
(discursivo); 2) passagem do objeto discursivo para a formação discursiva; 3) processo
discursivo para a formação ideológica. Na primeira etapa, fundamenta Orlandi, o analista, em
contato com o texto, procura ver nele a sua discursividade e incidindo um primeiro lance de
análise, desfazendo-se da ilusão de que aquilo que foi dito só poderia sê-lo daquela maneira.
Ao incorporar esta primeira etapa sugerida por Orlandi (2009), sinalizamos uma
observação inicial sobre os depoimentos. Identificamos em algumas das declarações da
produção, a presença dos três pilares difundidos pela organização, desde o seu primeiro
projeto editorial: jornalismo crítico, apartidário e pluralista. Verificamos comentários críticos
de membros do jornal sobre o próprio jornal (prática adotada também nos projetos editoriais,
188
que sinaliza os pontos fracos a serem combatidos) como os de Eliane Stephan, coordenadora
de design, Cleusa Turra, diretora de revistas, Walkiria Pereira Leite, redatora e Marcelo
Coelho, colunista.
A vertente pluralista se mostrou nos depoimentos de Marco Aurélio Canônico, editor
de fotografia, que respondeu à crítica de Turra; de Eliane Stephan, que respondeu à Walkiria;
de Dávila, que considerou que as posturas divergentes traduziam a essência da Folha; de
Frias, que disse estimular as pessoas empenhadas em fazer mudanças que pudessem arejar o
jornal.
Sobre o jornalismo apartidário, verificamos o depoimento do colunista Juca Kfouri
afirmando que o José Serra/PSDB estaria convencido que o Otávio Frias Filho o detesta, e
que essa seria uma convicção compartilhada por Lula/PT, numa tentativa de demonstrar a
imparcialidade do jornal, diante dos grupos políticos representados pelas figuras de Serra e de
Lula. Os dados mostram que a Folha é considerada o maior jornal do país. É inconcebível
imaginar que uma produção como esta, que retrata uma mudança importante, seria produzida
a partir de depoimentos aleatórios, sem um roteiro a ser seguido. Além disso, o documentário
foi editado e, antes de sua divulgação, é natural que tenha sido avaliado pelos representantes
da organização. O fato de a produção ter considerado esses depoimentos, e não outros,
demonstra o interesse da direção do jornal de transmitir a mensagem de jornalismo crítico,
apartidário e pluralista defendida desde os seus primeiros projetos editoriais, na década de
1980. Compreendemos que a Folha tenta, no pequeno (da redação, do seu pessoal) reproduzir
os parâmetros de sua linha editorial para o campo político e social.
Após essas observações iniciais, passamos aos próximos passos da investigação,
alinhando o recorte dos discursos analisados sobre as pistas fornecidas, sobre o modelo de
negócios da Folha daquele momento, que representa o nosso maior interesse aqui. A segunda
etapa da Análise de Discurso, postulada por Orlandi (2009), incide sobre a passagem do
objeto discursivo para a formação discursiva. Neste sentido, a partir de nosso interesse em
verificar a postura da Folha de S.Paulo frente aos desafios do jornalismo contemporâneo e,
identificar como são declarados aspectos sobre o modelo de negócio adotado pelo jornal a
partir desse cenário, selecionamos os discursos que possuem elementos deste nosso interesse:
a frase de abertura do documentário: “Enquanto se discutia o futuro do jornal, a Folha fez o
jornal do futuro”, e partes dos depoimentos de Sérgio Dávila, editor-executivo; Otávio Frias
Filho, diretor de redação; Vinicius Mota, secretário de redação e Maria Cristina Frias,
colunista. Eles são contemplados no Quadro 9.
189
Quadro 9 – Análise do Discurso dos depoimentos dos representantes da Folha
QUEM
DISSE
O QUE FOI DITO O QUE NÃO
FOI DITO
O QUE PODERIA
SER DITO
Folha de
S.Paulo
Enquanto se discutia o futuro
do jornal, a Folha fez o jornal
do futuro
Que o jornal fez as
mudanças depois da
iniciativa do Estadão
A Folha se projeta no
futuro porque essa é a
receita que deu certo
Sérgio
Dávila
Isso aqui eu posso paquerar
na rua, mas quem eu vou
levar para casa para dormir
comigo é esse papel aqui.
Pelo menos hoje.
O jornalismo digital me
atrai, mas o que me
oferece retorno
financeiro continua
sendo o papel.
O meu apreço ainda é
pelo jornal impresso?
Otávio
Frias Filho
O nosso objetivo é ter um
noticiário commodity bem
feito e bem sintético com um
panorama da véspera e você
teria um outro corredor de
leitura, que seria um corredor
de leitura para aqueles 25%
de leitores que têm um grau
de exigência maior.
Temos que ofertar
produtos adequados
para os públicos que
nós atendemos para
preservar a
independência
financeira do jornal.
O nosso objetivo é
oferecer um cardápio de
produtos de acordo com a
demanda dos nossos
leitores.
Vinicius
Mota
O jornalismo
independentemente do meio
não está ameaçado, eu acho
que ele está revigorado nesses
novos tempos.
Não interessa os
formatos, o jornalismo
irá sobreviver.
O jornalismo seguirá o
seu curso, ainda que em
novos tempos.
Maria
Cristina
Frias
O sr Frias estaria
perguntando: não demoramos
demais para mudar? Não
importa se é no papel, o nosso
negócio não é o papel. A
gente não vende papel. A
gente vende informação.
Temos pressa de
avançar para garantir a
nossa soberania. Nossa
preocupação é com a
geração de lucros, seja
como for.
Nossa tradição indica que
devemos avançar logo! O
nosso ramo de atividade
revela-se no produto e
não no formato.
Fonte: elaborada pela autora.
A partir do Quadro 9, evidenciamos a terceira etapa da Análise de Discurso indicada
por Orlandi (2009), que recai sobre a transposição do processo discursivo para a formação
ideológica. Iniciamos a nossa análise ao considerar a mensagem de abertura do documentário:
“Enquanto se discutia o futuro do jornal, a Folha fez o jornal do futuro”. Compreendemos
que, foi silenciado o fato de que a fusão orgânica da plataforma impressa com a digital da
Folha, ocorreu dois meses depois da iniciativa do Estadão, que lançou em março de 2010, um
novo projeto gráfico e colocou no ar o novo site. A mensagem de abertura do documentário
poderia ser expressa talvez desta maneira: A Folha se projeta no futuro porque essa é a receita
que deu certo. Ao se projetar no sentido do avanço, da modernidade e do futuro, preceito
difundido em seus projetos editoriais, a Folha conseguiu manter a sua soberania. O status de
moderna, futurista, exigente com os conteúdos, conferido a partir dos projetos editoriais, lhe
190
garantiu diferenciação entre as organizações do mesmo porte no passado, mas na mesma
medida, também a engessou no sentido de guiar os seus modelos de negócio apenas pelo
mesmo caminho. Em suma, ao adotar o caminho da incorporação de ferramentas tecnológicas
modernas, regredir o passo ou mudar de rumo, pode representar a sua ultrapassagem por
outras organizações da mesma estirpe.
Sobre a declaração de Sérgio Dávila: “Isso aqui eu posso paquerar na rua, mas quem
eu vou levar para casa para dormir comigo é esse papel aqui. Pelo menos hoje”, consideramos
que o discurso silenciado pelo então editor-executivo, era o de que a preferência pela versão
impressa do jornal, na época que o Folha.com começava a se estabelecer como empresa pelo
ponto de vista rentável, incidia pelo setor que representava o maior faturamento da
organização. Acreditamos que o discurso poderia ter sido: “O meu apreço ainda é pelo jornal
impresso?”, justamente, por representar o momento de transição em que o maior volume
financeiro do jornal, daquele momento, o impresso, estava na iminência de perder espaço para
a versão digital. Na análise de discurso do 3º Encontro Folha de Jornalismo, de 2020, mais
recente deles, iremos verificar se a preferência de Dávila permanece a mesma.
Consideramos que a mensagem de Otávio Frias Filho: “O nosso objetivo é ter um
noticiário commodity bem feito e bem sintético com um panorama da véspera e você teria um
outro corredor de leitura, que seria um corredor de leitura para aqueles 25% de leitores que
têm um grau de exigência maior” silenciou uma outra, a de que a necessidade de ofertar
produtos adequados para os diferentes tipos de leitores representa a preservação financeira do
jornal. Compreendemos que a mensagem poderia ser dita desta forma: “O nosso objetivo é
oferecer um cardápio de produtos de acordo com a demanda dos nossos leitores”, revelando a
natureza de mercado da notícia.
A declaração de Vinícius Mota: “O jornalismo independentemente do meio não está
ameaçado, eu acho que ele está revigorado nesses novos tempos” silenciou a mensagem “Não
interessa os formatos, o jornalismo irá sobreviver”, respaldando o discurso posterior, de Maria
Cristina Frias. Compreendemos que a mensagem poderia ser dita desta forma: o jornalismo
seguirá o seu curso, ainda que em novos tempos.
O último depoimento considerado neste recorte é o de Maria Cristina Frias,79 então
colunista da Folha. Consideramos que a mensagem proferida por ela, silenciou a emergência
79 É uma das herdeiras do jornal. De acordo com o portal Comunique-se, ela foi destituída do cargo de diretora
da Folha pelo próprio irmão, Luiz Frias, em março de 2019. Notícias de diversos veículos de comunicação
noticiaram em abril de 2020, que os irmãos estão em disputa judicial por conta de supostas ilegalidades
cometidas por Luiz. Disponível em: https://portal.comunique-se.com.br/casos-de-familia-disputa-judicial-
envolvendo-o-grupo-folha-ganha-mais-um-capitulo/. Acesso em: 20 jan. 2021.
191
de o jornal avançar para garantir o seu lugar ao sol, que a preocupação é com a geração de
lucros, seja como for. Entendemos que o discurso poderia ser dito nos seguintes termos:
“Nossa tradição indica que devemos avançar logo! O nosso ramo de atividade revela-se no
produto e não no formato”.
A partir da Análise de Discurso de dirigentes e membros da redação da Folha no
documentário O Jornal do futuro, evidenciamos que a Folha se projetou como inédita e
inovadora, preceitos que garantiram, no passado, diferenciação entre outras organizações do
mesmo porte. Porém, a organização está lutando para manter-se no ineditismo, fato
comprovado pelas mudanças apresentadas no documentário, terem sido precedidas por
movimento semelhante realizado pelo Estadão, conforme mencionamos no início deste
capítulo.
Observamos ainda que, enquanto membros da redação defenderam que o jornalismo
não estaria com os dias contados, ao sinalizarem que a mudança no formato não prejudicaria o
negócio de venda de notícias, os dirigentes daquela época, Otávio Frias Filho e Sérgio Dávila,
enveredaram o seu discurso privilegiando o formato impresso que representava, naquele
momento, a principal fonte de renda da organização, já que o portal implementou o paywall
em seu modelo de negócios da versão digital dois anos depois, em 2012.
3.3.2 O discurso da Folha na discussão sobre o futuro do jornalismo a partir dos encontros
realizados pelo jornal
Além da Análise de Discurso dos depoimentos dos representantes da Folha de
S.Paulo, em 2010, essa etapa da tese também evidencia as declarações de dirigentes da
organização, sobre o futuro do jornalismo e sobre o modelo de negócios adotado pelo jornal, a
partir da primeira e da última edição do Encontro Folha de Jornalismo, realizadas,
respectivamente, em 2016 e em 2020, sempre na celebração do aniversário do jornal.
Desconsideramos a edição de 2018 por não contemplar conteúdos de nosso interesse,
principalmente, no que tange a ausência de anúncio de dirigentes da organização. Com
patrocínio da Souza Cruz, o 2º Encontro Folha de Jornalismo aconteceu entre os dias 19 e 21
de fevereiro de 2018, em celebração ao 97º aniversário do jornal e o lançamento da nova
versão do Manual da Redação. De acordo com notícia publicada pela Folha,80 foram
80 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/02/seminario-debate-desafios-do-jornalismo.shtml.
Acesso em: 20 jan. 2021.
192
discutidos alguns dos temas do atual cenário jornalístico,81 como notícias falsas,
liberdade/neutralidade em redes sociais, pluralidade e apartidarismo em ano eleitoral. O
Encontro Folha de Jornalismo de 2016 teve duração de dois dias; em 2018, de três e em 2020,
de apenas um.
Edição de 2016 do Encontro Folha de Jornalismo
A primeira edição do Encontro Folha de Jornalismo foi realizada nos dias 18 e 19 de
fevereiro de 2016, no Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo. Gratuito, foi
patrocinado pela Odebrecht82 e pela Fiesp83. Com vagas limitadas, o evento foi aberto para
assinantes. No dia 17 de fevereiro daquele ano, a Folha anunciou que estava celebrando seus
95 anos, com um ciclo de debates sobre os desafios do jornalismo no século 21 e a crise
política e econômica brasileira.84 Entre alguns dos temas abordados, estavam: a importância
crescente do jornalismo profissional, a lei que regulamenta o direito de resposta, o processo
de impeachment contra a então presidente Dilma Rousseff e a relação entre a imprensa e
governo na Argentina e na Venezuela. O evento celebrou os 95 anos da Folha, que completou
aniversário de fundação no dia 19 de fevereiro.
A abertura do Encontro Folha de Jornalismo foi realizada no dia 18, às 9h, pelo então
Diretor de Redação da Folha, Otávio Frias Filho. Ainda no dia 18, foram formadas quatro
81 A programação do 2º Encontro Folha de Jornalismo foi: 19 de fevereiro às 9h30, palestra de Rosental Alves,
da Universidade do Texas; 10h Mesa 1: Jornalismo como antídoto às fake news, com Rosental Alves, Stephanie
Habrich (Joca) e Pablo Ortellado (USP) com mediação de Sérgio Dávilla (Folha); 11h, Talk Show com Chico
Felitti (UOL) e Meredith Talusan (editora trans da Them, publicação LGBTQ da Condé Nast); 12h10, Mesa 2,
“A guerra das palavras: os limites do politicamente correto”, com William Waack (ex-Globo), Sérgio Rodrigues
(Folha) e Carlos Maranhão (ex-Abril) com mediação de Uirá Machado (Folha); 13h30, Mesa 3, “Direitos e
deveres: o que é correto na relação fonte-jornalismo”, com Gilmar Mendes, Ministro do STF, André Petry (Veja)
e Luís Francisco Carvalho Filho (advogado) com mediação de Maria Cristina Frias (Folha); 20 de fevereiro,
09h, Abertura com Antonio Caño (El País); 10h, Mesa 1, “Curti, não curti: jornalistas nas redes sociais”, com
Graciliano Rocha (Buzzfeed), Leonardo Stamillo (Twitter) e Manoel Fernandes (Bites) e mediação de Roberto
Dias, da Folha; 11h, Talk show com Mônica Bergamo (Folha) e Ciro Gomes (PDT); 12h, mesa 2, “Igreja-
Estado: o que muda com os nos formatos comerciais”, com Nizan Guanaes (África), Daniel Conti (Vice) e
Cleusa Turra (Estúdio Folha), com mediação de Vinicius Mota (Folha); 13h, mesa 3, “Era dos extremos:
cobertura política e apartidarismo”, com Ricardo Boechat (Bandeirantes), Maria Cristina Fernandes (Valor) e
Joel Pinheiro da Fonseca (Folha) e mediação de Paula Cesarino (Folha); no dia 21 de fevereiro, às 11h, houve
debate sobre o novo Manual da Redação com Alon Feuerwerker (analista político da FSB Comunicação),
Fernando de Barros e Silva (diretor de Redação da Piauí), Eugênio Bucci (professor titular da ECA-USP) e
Eurípedes Alcântara (Inner Voice), com mediação de Uirá Machado (Folha). 82 Empresa de engenharia e construção, que hoje recebe o nome de Novonor. Disponível em: https://www.oec-
eng.com/. 83 Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Disponível em: https://www.fiesp.com.br/. 84 Disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/folha-95-anos/introducao/folha-comemora-95-anos-com-
encontro-para-debater-jornalismo.shtml. Acesso em: 20 jan. 2021.
193
mesas: Mesa 185 “Novas formas de informar” que reuniu os convidados: Vera Brandimarte,
Diretora de Redação do Valor Econômico; Eugênio Bucci, professor da ECA-USP; Leão
Serva, colunista da Folha. A mediação foi realizada por Sérgio Dávila, editor-executivo da
Folha, na época. A Mesa 286 “Quando a imprensa é vista como oposição” reuniu os
convidados: Hugo Alconada Mon,Secretário, assistente de Redação do jornal argentino La
Nación; Eugenio Martinez, jornalista venezuelano considerado o maior especialista em
cobertura eleitoral no país; Lúcio Flávio Pinto, criador do Jornal Pessoal, veículo alternativo
sobre a região amazônica que circula em Belém desde 1987. A mediação foi realizada por
Clóvis Rossi, repórter especial, colunista e membro do Conselho Editorial da Folha. A mesa
387 “Erramos: Ex-Ombudsmans discutem o direito de defesa” recebeu Junia Nogueira Sá,
jornalista com mais de 30 anos de experiência, trabalhou na Folha como repórter especial e
ombudsman, Agência Folha, Folha da Tarde, Veja e Exame; Tânia Alves, com atuação de
três décadas no jornal cearense O Povo, no qual ocupava o cargo de ombudsman em 2016;
Caio Túlio Costa, primeiro ombudsman da Folha, em 1989. A mediação foi feita por Vera
Guimarães, ombudsman da Folha naquele ano, 11ª jornalista a ocupar o posto; mesa 488
“Crônica” com Fernanda Torres, atriz e colunista da Folha; Luis Fernando Verissimo,
considerado pelo jornal como um dos principais cronistas brasileiros; Ruy Castro, editor e
colunista da Folha. A mediação foi feita por Alcino Leite Neto, jornalista e editor da Três
Estrelas, selo de livros de não ficção da Publifolha.
No dia 19 de fevereiro o evento promoveu mais quatro mesas de debates: Mesa 5,89
“Cifras & Letras: recessão com inflação”, convidados: Eduardo Giannetti, formado em
economia e em ciências sociais pela USP e PhD em economia pela Universidade de
Cambridge; Samuel Pessôa, formado em física e doutor em economia pela USP, atua como
85 Jornalistas comentam os dilemas da grande mídia impressa em um cenário de abundância de informações e
forte concorrência do meio digital. Programação disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/folha-95-
anos/introducao/folha-comemora-95-anos-com-encontro-para-debater-jornalismo.shtml. Acesso em: 20 jan.
2021. 86 Na grande imprensa, ou em sites e jornais independentes, eles são as pedras nos sapatos de políticos e
governos. Revelações de escândalos de corrupção e abusos de poder trouxeram prêmios e prestígio a estes
jornalistas, mas também processos e ameaças. Disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/folha-95-
anos/introducao/folha-comemora-95-anos-com-encontro-para-debater-jornalismo.shtml. Acesso em: 2 jan. 2021. 87 Dois ex e uma atual ombudsman comentam os dilemas que cercam o cargo, a nova lei de direito de resposta e
os erros mais frequentes da imprensa. Disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/folha-95-
anos/introducao/folha-comemora-95-anos-com-encontro-para-debater-jornalismo.shtml. Acesso em: 2 jan. 2021. 88 Eles dominam como poucos a difícil arte de escrever fácil e honram uma ilustre tradição brasileira. Um
encontro com três cronistas que nunca deixamos de ler. Disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/folha-95-
anos/introducao/folha-comemora-95-anos-com-encontro-para-debater-jornalismo.shtml. Acesso em: 2 jan. 2021. 89 O Brasil vive a pior crise econômica de sua história? Quando o país voltará a crescer? Especialistas em
economia explicam e apontam possíveis saídas para a recessão. Disponível em:
http://temas.folha.uol.com.br/folha-95-anos/introducao/folha-comemora-95-anos-com-encontro-para-debater-
jornalismo.shtml. Acesso em: 2 jan. 2021.
194
pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas; Vinicius Torres
Freire, colunista de assuntos econômicos da Folha, onde já foi secretário de redação. A
mediação foi feita por Maria Cristina Frias, então editora da coluna “Mercado Aberto” da
Folha, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial. Mesa 690 “Não Atire, sou
jornalista: cobertura em áreas de conflito”, que reuniu Mayte Carrasco, correspondente de
guerra espanhola, que cobriu conflitos na Síria, na Líbia e no Afeganistão para veículos como
El País e La Nación; James Harkin, jornalista irlandês, escreve para a Vanity Fair e The
Guardian; João Wainer, cineasta e repórter especial da Folha. Mediação de Patrícia Campos
Mello, repórter especial e colunista da Folha, especializada em economia e política
internacional. Mesa 791 “Os bastidores da cobertura da Lava Jato”. Convidados: Mario Cesar
Carvalho, repórter especial da Folha e autor dos livros Carandiru: Registro Geral e Folha
Explica o Cigarro; Thiago Herdy, presidente da Associação Brasileira de Jornalismo
Investigativo (Abraji) e repórter de política no O Globo. Mediação de Mônica Bergamo,
jornalista da Folha e da rádio Band News FM, assina coluna com informações de diversas
áreas, entre elas política, moda e coluna social. Mesa 892 “Sai, Dilma/Fica, Dilma: o que eu
acho do jornalismo de opinião”. Convidados: Josias de Souza, blogueiro e articulista do portal
UOL, trabalhou por 25 anos na Folha; Reinaldo Azevedo, colunista da Folha, mantém um
blog na Veja.com, é âncora do programa Pingos nos Is, na rádio Jovem Pan, e comentarista
político da RedeTV; Ricardo Melo, diretor de jornalismo da Empresa Brasil de Comunicação
(EBC). Mediação de Bernardo Mello Franco, colunista da Folha em Brasília, foi também
correspondente em Londres e editor interino do Painel. O encerramento foi feito por Sérgio
Dávila.
Evidenciamos, a partir de uma leitura inicial, sobre a notícia divulgada pelo jornal a
respeito do evento e considerando a sua programação, que a primeira edição do Encontro
Folha de Jornalismo, foi anunciada com a promessa de um ciclo de debates sobre os desafios
do jornalismo no século 21, mas o jornal enveredou a discussão para temas que fugiram de
questões práticas das organizações jornalísticas, daquele momento. O enredo de discussões se
90 No Iraque, na Síria ou nas ruas de São Paulo, eles arriscam a própria segurança em busca de notícias. Uma
espanhola, um irlandês e um brasileiro descrevem o dia a dia da profissão em meio a tiros, bombas e pancadas.
Disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/folha-95-anos/introducao/folha-comemora-95-anos-com-encontro-
para-debater-jornalismo.shtml. Acesso em: 2 jan. 2021. 91 Três dos principais repórteres investigativos do país revelam detalhes da operação que eletrizou o país e já
provocou a prisão de políticos, banqueiros e empresários. Disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/folha-95-
anos/introducao/folha-comemora-95-anos-com-encontro-para-debater-jornalismo.shtml. Acesso em: 2 jan. 2021. 92 Processo de impeachment, crise política, descrédito do Congresso. O momento atual é farto para comentaristas
políticos que, mais ao centro, à esquerda ou à direita, instigam admiração e ódio entre os leitores. Disponível em:
http://temas.folha.uol.com.br/folha-95-anos/introducao/folha-comemora-95-anos-com-encontro-para-debater-
jornalismo.shtml. Acesso em: 2 jan. 2021.
195
limitou a discutir: novas formas de informar; quando a imprensa é vista como oposição;
erramos: ex-ombudsmans discutem o direito de defesa; crônica; não atire, sou jornalista:
cobertura em áreas de conflito.
Em nossa concepção, o único tema realmente quente dos debates, ou seja, que refletiu
o cenário de transformações do jornalismo daquele momento, foi o da primeira mesa, que
discutiu os desafios da grande imprensa em um cenário de abundância de informações e forte
concorrência do meio digital. Os demais temas trataram de assuntos menos emergentes para
os desafios do jornalismo contemporâneo. Ora, jornalismo investigativo não é uma prática
recente no país; o trabalho realizado pela figura dos ombudsmans também não é inédito no
Brasil; a crônica é um tema que está longe de representar um desafio para o jornalismo
contemporâneo; o tema da cobertura em áreas de conflito foge do ineditismo, haja vista que
desde a 1ª Guerra Mundial são registradas coberturas jornalísticas desse tipo de episódio.
Na apuração realizada no segundo capítulo desta pesquisa, averiguamos os temas mais
debatidos, a partir de nosso interesse, na Compós e na SBPJor em 2016,93 eles evidenciaram a
emergência de novos modelos para o jornalismo digital, a partir das reflexões propostas
daquele momento, ao sinalizar as mudanças ocorridas. No primeiro Encontro Folha de
Jornalismo, sentimos falta de temas como tipos de financiamento do jornalismo digital ou a
automatização da notícia.
Observamos que o primeiro Encontro Folha de Jornalismo anunciou, juntamente ao
ciclo de debates sobre os desafios do jornalismo no século 21, uma discussão sobre a crise
política e econômica brasileira. Porém, se limitou a debater o tema da inflação, os bastidores
da Lava Jato e do jornalismo de opinião na crise enfrentada pela então presidente Dilma
Rousseff. O tema da mesa Cifras & Letras: recessão com inflação, se configura como um
típico assunto da cobertura rotineira de um jornal; ao debater os bastidores da cobertura da
Lava Jato, o jornal se eximiu do fato de a construtora que financiou o evento, ter sido uma das
93 Os temas mapeados em 2016 foram: a construção da agenda pública na era da comunicação digital;
affondances indutoras de inovação no jornalismo móvel de revistas para tablets; as experiências de outros
jornalismos em grandes centros urbanos; uso de metadados para enriquecimento de bases noticiosas na web; o
uso do WhatsApp pelo espectador como coprodutor; a apropriação de conteúdos produzidos pelo telespectador
usuário; o impresso em tempos de mudanças estruturais do jornalismo; estratégias de sobrevivência do
jornalismo alternativo; reflexões sobre a legitimidade do jornalismo na era digital; mulheres no jornalismo pós-
industrial; a mudança do algoritmo do Facebook e o silenciamento do jornalismo na rede; desafios teóricos para
pensar os estudos sobre o jornalismo e tecnologia; telejornais e suas redes sociais; jornalismo de inovação;
simetria e assemblage para estudar o jornalismo; apropriações das redes sociais como fonte de informação do
jornalismo; a apropriação do Snapchat para a circulação de conteúdo jornalístico; o conteúdo circulante nas
redes sociais e a presença do jornalismo distorcida por bots humanos; narrativas jornalísticas multimodais;
participação da audiência em narrativas jornalísticas; narrativas imersivas no webjornalismo; uma proposta de
conteúdo transmedia para os programas jornalísticos da televisão pública; a inovação e a tecnologia no
telejornalismo; telejornal em circulação; notícias nas redes sociais; automatização da produção informativa.
196
grandes empresas a caírem durante o processo. Uma reportagem do Conjur,94 de setembro de
2019, revela que Marcelo Odebrecht, dono da construtora, ficou preso em regime fechado de
junho de 2015 até dezembro de 2017 por conta da condenação na operação Lava Jato, por
pagar propinas a agentes políticos para garantir contratos com a Petrobras. Ou seja, em 2016,
quando o evento foi realizado, o dono da construtora já estava preso. Notícia da Folha sobre a
cobertura do evento,95 cita que durante o encontro, o jornal foi questionado por ter aceitado
patrocínio da Odebrecht, e menciona a resposta de Dávila dizendo que o interesse comercial
não deve se imiscuir nas prioridades das editorias, e que as prioridades da redação não
deveriam interferir nas do comercial.
A abordagem sobre o momento político então enfrentado pela presidente Dilma
Rousseff, também poderia ter ficado de fora de um evento daquela natureza, por apresentar a
discussão de colunistas sobre o momento de crise, que caberia perfeitamente na edição do
jornal.
Após essa observação inicial sobre os temas debatidos no evento, passaremos às
Análises de Discurso aqui propostas. Como a nossa intenção primeira é extrair elementos que
incidem sobre o modelo de negócios da Folha, optamos pelo discurso de abertura do evento,
do então diretor de redação, Otávio Frias Filho,96 e o de encerramento, do então editor-
executivo, Sérgio Dávila,97 por representarem os interesses do jornal. Após uma leitura dos
discursos, elegemos os recortes que interessam à pesquisa, adotando o mesmo procedimento
analítico realizado no momento anterior, que considerou o documentário O jornal do futuro.
A segunda etapa da Análise de Discurso postulada por Orlandi (2009) incide sobre a
passagem do objeto discursivo para a formação discursiva. Neste sentido, a partir de nosso
interesse em verificar a postura da Folha de S.Paulo, frente aos desafios do jornalismo
contemporâneo e identificar como são declarados aspectos sobre o modelo de negócio
adotado pelo jornal a partir desse cenário, selecionamos os trechos dos discursos de Frias e
Dávila que possuem elementos deste nosso interesse, que estão contemplados no Quadro 10.
94 Disponível em: https://www.conjur.com.br/2019-set-12/justica-concede-progressao-marcelo-odebrecht-deixa-
prisao-domiciliar. Acesso em: 2 jan. 2021. 95 Disponível em: https://m.folha.uol.com.br/poder/2016/02/1741106-editor-da-folha-cita-frases-marcantes-ao-
encerrar-o-encontro-folha.shtml?mobile. Acesso em: 2 jan. 2021. 96 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/02/1740674-jornalismo-vive-profundo-paradoxo-
diz-diretor-de-redacao-da-folha.shtml. Acesso em: 2 jan. 2021. 97 Disponível em: https://m.folha.uol.com.br/poder/2016/02/1741106-editor-da-folha-cita-frases-marcantes-ao-
encerrar-o-encontro-folha.shtml?mobile. Acesso em: 2 jan. 2021.
197
Quadro 10 – Passagem do objeto discursivo para a formação discursiva da Análise de
Discurso de representantes da Folha
QUEM
DISSE
O QUE FOI DITO O QUE NÃO FOI
DITO
O QUE PODERIA
SER DITO
Otávio
Frias
..os pilares de sustentação
econômica do jornalismo
foram abalados pela
transformação tecnológica.
Bom jornalismo é atividade
dispendiosa. Embora exista
um público muito promissor
disposto a remunerar o
trabalho jornalístico na forma
de assinatura digital, a
perspectiva publicitária nesse
campo tem se mostrado mais
problemática.
O nosso modelo de
negócio em vigor até
o momento precisa
ser reformulado.
A transformação
tecnológica alterou as bases
econômicas do jornalismo,
motivo que força-nos a
repensar a nossa estratégia
de atuação.
Otávio
Frias
A equação econômica que
permita sustentar o jornalismo
como serviço independente e
criterioso, movido pelo
espírito público, ainda está
por ser solucionada.
Precisamos
solucionar a equação
econômica que
circunda a atividade
do jornalismo.
Em pouco tempo,
solucionaremos a equação
econômica que permite
sustentar o jornalismo
como serviço independente
e criterioso, movido pelo
espírito público.
Otávio
Frias
Mas os avanços na
escolaridade e o próprio
aumento da classe média em
escala mundial são motivo
para confiança. Preparam,
por assim dizer, a demanda,
um leitorado cada vez mais
numeroso e com mais
discernimento.
Vamos investir no
novo nicho de
público leitor para
tentar resolver a
equação econômica
do cenário digital.
Confiamos nos avanços na
escolaridade e no próprio
aumento da classe média
em escala mundial, como
um novo nicho de leitores.
Sérgio
Dávila
Como disse o Otávio Frias
Filho, na sua fala de abertura
ontem: “o jornalismo vive um
profundo paradoxo. Nunca se
divulgou, nem se leu tanta
notícia como hoje, mas a
sustentação econômica da
atividade foi abalada pela
transformação tecnológica
que permitiu que houvesse
esse acesso inédito às
notícias”.
Temos que repensar
as nossas estratégias
a partir desse cenário.
Reitero as considerações de
Frias que sinaliza a
necessidade de uma
reformulação do modelo de
negócios vigorado até o
momento.
Fonte: elaborado pela autora.
A partir do Quadro 10, evidenciamos a terceira etapa da Análise de Discurso indicada
por Orlandi (2009) que recai sobre a transposição do processo discursivo para a formação
ideológica. Iniciamos a nossa análise ao considerar a primeira mensagem de Frias.
198
Compreendemos que foi silenciado o fato de o modelo de negócio em vigor até o momento,
precisar passar por reformulações por conta das alterações do campo da Comunicação e do
jornalismo. Acreditamos que a mensagem poderia ter sido dita desta forma: “A transformação
tecnológica alterou as bases econômicas do jornalismo, motivo que força-nos a repensar a
nossa estratégia de atuação”.
Sobre o segundo trecho extraído da fala de Frias, observamos que foi silenciada a
necessidade de solucionar a equação econômica, que circunda a atividade do jornalismo, e
acreditamos que a mensagem poderia ter sido dita da seguinte maneira: “Em pouco tempo,
solucionaremos a equação econômica que permite sustentar o jornalismo como serviço
independente e criterioso, movido pelo espírito público”.
A partir do terceiro trecho extraído do discurso de Frias, identificamos que foi
silenciada a promessa de se investir no novo nicho de público leitor para tentar resolver a
equação econômica do cenário digital, e consideramos que a mensagem poderia ter sido dito
desta forma: “Confiamos nos avanços na escolaridade e no próprio aumento da classe média
em escala mundial, como um novo nicho de leitores”.
Com relação ao trecho do discurso de Dávila, evidenciamos que a declaração silenciou
a seguinte mensagem: “Temos que repensar as nossas estratégias a partir desse cenário”.
Consideramos que o discurso poderia ter sido dito da seguinte forma: “Reitero as
considerações de Frias que sinaliza a necessidade da uma reformulação do modelo de
negócios vigorado até o momento”.
A partir da análise dos trechos das declarações de Frias e de Dávila, verificamos que
em 2016, ano que a Compós e a SBPJor, a partir do tema de nosso interesse, enveredaram as
discussões sobre as transformações do jornalismo para o ambiente digital, câmara de
ressonância das redes sociais em que as empresas jornalísticas passaram a se hospedar, a
Folha de S.Paulo reagiu à essas mudanças, indicando, a partir dos discursos de seus
representantes, a necessidade de acolher o público disposto a contrair assinaturas digitais,
repensando as estratégias do seu então modelo de negócios.
Passamos agora à Análise do Discurso de trechos selecionados na última edição do
Encontro Folha de Jornalismo.
Edição de 2020 do Encontro Folha de Jornalismo
199
O 3º Encontro Folha de Jornalismo,98 realizado no dia 19 de fevereiro de 2020, das
13h30 às 20h, ocorreu no Centro Cultural de São Paulo. O evento celebrou os 99 anos da
Folha e marcou o início da programação do centenário do jornal que irá celebrar a sua
centúria no dia 19 de fevereiro de 2021. Elegemos como corpus da Análise de Discurso do
Encontro Folha de Jornalismo de 2020, trechos do discurso de abertura realizado por Sérgio
Dávila, já ocupante do cargo de diretor de Redação da Folha.
O Encontro teve a seguinte programação: após a abertura do evento, feita por Dávila,
houve o debate “Jornalistas são mesmo animais em extinção?” com Ana Cristina Rosa,
assessora-chefe de Comunicação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Eugênio Bucci,
professor da ECA-USP, e Patrícia Campos Mello, repórter especial da Folha e mediação de
Flávia Lima, ombudsman da Folha; entrevista aberta ao público com o tema “Ainda existe
jornalismo na Venezuela?” com o repórter venezuelano Roberto Deniz, do site de jornalismo
investigativo Armando.info, que foi entrevistado por Flávia Mantovani, repórter da Folha;
debate sobre o tema “Para onde vai a cultura?” com Alê Youssef, secretário de Cultura da
Prefeitura de São Paulo, Zélia Duncan, cantora e compositora, Catarina Rochamonte, vice-
presidente do Instituto Liberal do Nordeste, e Josias Teófilo, diretor do documentário O
Jardim das Aflições, com mediação de Fernanda Mena, repórter especial da Folha; palestra
“Encontro de gerações” com Laerte, cartunista e chargista da Folha, e Estela May, a mais
nova integrante entre os quadrinhos da Folha, autora da série Péssimas influências, com
mediação de Úrsula Passos, editora-assistente de Cultura da Folha.
A partir de uma leitura inicial sobre os temas da programação do evento, que discutiu
os temas: jornalistas como animais em extinção, jornalismo na Venezuela, para onde vai a
cultura e encontro de gerações, verificamos os assuntos adotados pelos pesquisadores da
Compós e da SBPJor a partir de nosso interesse, em 2020: a produção de notícias a partir de
redes sociais, checagem de fatos pelo jornalismo, violência contra jornalistas, robôs no
jornalismo brasileiro, o jornalismo nativo digital, o jornalismo independente e o
financiamento de arranjos econômicos no jornalismo. Neste sentido, verificamos que a Folha
preferiu fugir dos temas efervescentes, limitando-se a assuntos que, nesse contexto, poderiam
ser considerados mais frios.
A partir do discurso de Dávila, selecionamos os trechos de nosso interesse para
compor o corpus da presente análise.
98 Notícia da Folha sobre o evento disponível em: https://eventos.folha.uol.com.br/evento/3-encontro-folha-de-
jornalismo/276. Acesso em: 2 jan. 2021.
200
Quadro 11 – Passagem do objeto discursivo para a formação discursiva da Análise de
Discurso de representante da Folha
QUEM
DISSE
O QUE FOI DITO O QUE NÃO FOI
DITO
O QUE PODERIA SER
DITO
Sérgio
Dávila
...a Folha entra no ano que levará
a seu centenário olhando para a
frente. E o futuro é bom. O jornal
fechou o ano passado como líder
de assinaturas no país e viu um
aumento expressivo das suas
assinaturas digitais. Parte deste
aumento veio de uma campanha
espontânea de pessoas que
afirmaram que estavam assinando
o jornal pela defesa da
democracia, da liberdade de
expressão, do fluxo livre de
informações.
Que a campanha
identificada como
espontânea, na
verdade esconde a
aplicação do modelo
de negócios baseado
na paywall, que limita
o conteúdo do site.
Seguimos o nosso
caminho inclinados ao
avanço. Investimos no
ambiente digital,
garantimos bons
resultados por conta de
nosso modelo de negócio
nesse ambiente e agora
estamos somando os
louros dessa colheita.
Sérgio
Dávila
Os próximos anos prometem um
crescimento ainda maior, movido
pelos leitores mais jovens. As
novas gerações começam a
enxergar a importância do jornal
como praça pública, um ambiente
aberto a opiniões diversas e
contraditórias..
Vamos investir os
nossos esforços na
captação desse
leitorado, formatando
conteúdos de acordo
com a necessidade
demandada.
Vamos projetar nossas
ações no futuro, com
interesse em captar o
público jovem.
Sérgio
Dávila
A descoberta da Folha pelos novos
leitores dá saúde financeira ao
jornal. Saúde financeira é
sinônimo de independência,
garantida também por um leque
amplo de anunciantes.
O modelo de negócios
no ambiente digital
oferece novos
segmentos de atuação
para a
comercialização da
notícia.
Vamos continuar
buscando novos perfis de
leitores para garantir
saúde financeira ao
jornal.
Fonte: elaborado pela autora.
A partir do Quadro 11, evidenciamos a etapa da Análise de Discurso indicada por
Orlandi (2009) que recai sobre a transposição do processo discursivo para a formação
ideológica. Iniciamos a nossa análise ao considerar o primeiro trecho de Dávila no Quadro 11,
sinalizando que foi silenciado, o fato de a campanha que o jornal intitula ser espontânea, na
verdade, se configura como uma maneira forçada pelo jornal, para garantir a adesão do leitor
à assinatura digital. Em nossa varredura no site, no dia 18 de dezembro, o único acesso
permitido foi ao conteúdo das charges. Nos demais conteúdos visualizados havia o
impedimento do paywall, seguido da oferta da assinatura, com o argumento de patrocínio à
democracia. Consideramos que o discurso poderia ter sido feito da seguinte forma: “Seguimos
o nosso caminho inclinados ao avanço. Investimos no ambiente digital, garantimos bons
201
resultados por conta de nosso modelo de negócio nesse ambiente e agora estamos somando os
louros dessa colheita”.
Sobre o segundo trecho de Dávila contemplado no Quadro 11, consideramos que foi
silenciado o interesse do jornal de captar esse leitorado, formatando conteúdos de acordo com
a demanda. O discurso de Dávila poderia ter sido assim: “Vamos projetar nossas ações no
futuro, com interesse em captar o público jovem”.
Sobre o terceiro trecho do discurso analisado no Quadro 11, consideramos que foi
silenciado que, o modelo de negócios no ambiente digital, oferece novos segmentos de
atuação para a comercialização da notícia. Compreendemos que o trecho do discurso poderia
ser dito assim: “Vamos continuar buscando novos perfis de leitores para garantir saúde
financeira ao jornal”.
Embora o discurso de Dávila em 2010, no documentário O jornal do futuro
demonstrasse a preferência dele pela versão impressa do jornal, no Encontro Folha de
Jornalismo de 2020, 10 anos depois, verificamos que o discurso de Dávila enveredou para o
ambiente digital, sinalizando a liderança de assinaturas digitais no país e a promessa de um
crescimento ainda maior, movido pelos leitores mais jovens, que têm preferência justamente
pelo ambiente digital.
3.3.3 O atual modelo de negócio da Folha
Consideramos agora, a partir do arcabouço construído neste capítulo, cristalizado no
levantamento documental das edições impressa e digital da Folha de S.Paulo, no trabalho
empírico e nas análises aplicadas, o modelo de negócios da Folha em 2020. O Quadro 12
contempla essas verificações.
Quadro 12 – Modelo de negócio da Folha em 2020
NICHOS DE RENTABILIDADE NA
VERSÃO IMPRESSA
NICHOS DE RENTABILIDADE NA
VERSÃO DIGITAL
1) publicação de editais;
2) venda de anúncios;
3) assinatura da edição impressa;
4) conteúdo patrocinado;
5) seminários patrocinados.
1) venda de anúncios;
2) assinatura da versão digital;
3) venda de sub-produtos;
4) conteúdo patrocinado: Estúdio Folha;
5) seminários patrocinados;
6) clickbaits.
Fonte: elaborado pela autora.
202
A partir do Quadro 12, consideramos cada um dos itens da edição impressa e da versão
digital do jornal.
A edição impressa mantém os tradicionais nichos de rentabilidade: publicação de
editais,99 venda de anúncios,100 e assinatura da edição impressa. O valor da assinatura
semestral do jornal à vista, com entrega domiciliar diária varia entre R$ 685,00 e R$ 1.177,00.
A venda avulsa, para as mesmas regiões, possui variação de preço de R$ 5,00 a R$ 10,00 de
segunda a sábado e entre R$ 7,00 e R$ 11,50 aos domingos. Além disso, o jornal tem buscado
outras alternativas de rentabilidade no impresso, como o conteúdo patrocinado e os
seminários patrocinados.
As possibilidades de rentabilidade com a versão digital superam as opções da edição
impressa. O primeiro segmento de geração de lucros, observado no site da Folha de S.Paulo,
incide sobre os anúncios pagos por anunciantes do jornal. No dia de nossa sondagem,
localizamos anúncios de: Ilhabela, vida natural, Universidade Presbiteriana Mackenzie, plano
de saúde SulAmérica Direto Sampa, Iguatemi 365, Pós Einstein, Fundação do ABC; e Abbvie,
para tratamento de dor de artrite e lesões da psoríase. Detran SP, São Judas e Patrocínio
Mastercard. Eles estão dispostos em todo o ambiente do portal, tanto na horizontal como na
vertical, no banner de abertura do site, no rodapé, em colunas laterais.
A Folha também busca a geração de renda com a assinatura da versão digital. O jornal
adotou o modelo de paywall e a maior parte dos textos noticiosos são bloqueados após 30
segundos de visualização, impelindo o usuário a aderir à assinatura do jornal. Recordamos
que a paywall, cuja tradução é muro de pagamento (COSTA, 2014), resume a questão da
venda de assinaturas online. Atualmente, na Folha, funciona da seguinte maneira: ao acessar
uma notícia, o leitor receberá a seguinte mensagem no rodapé da página: “sua assinatura vale
muito”, com o link ao lado, “Entenda”. Após os 30 segundos de leitura, o acesso é impedido e
aparece a mensagem: “continue lendo com acesso ilimitado. Aproveite esta oferta especial: 3
meses por R$ 1,90 + 3 de R$ 9,90. Compromisso com os fatos, newsletters exclusivas e mais
de 130 colunistas. Apoie o jornalismo profissional. Assine a Folha. Cancele quando quiser”.
A mensagem “Assine a Folha” está em destaque e “cancele quando quiser”, aparece em letras
miúdas.
99 Verificamos 35 deles em nossa apuração realizada no dia 18 de dezembro de 2020. 100 No dia de nossa observação, verificamos: uma página, da Vale; 1,4 de página, Technos; um rodapé de 7 cm de
altura, das assinaturas Folha; uma página, Juntos pela Vida; 1/6 de página, Show Espaço das Américas; uma
coluna por 13,5 cm, anúncio de show; uma coluna por 4,5 cm (B14) anúncio da assinatura da Folha; pouco
menos que meia página, de assinatura da Folha, direcionado a professores; meia página, Elo. Destes anúncios,
três deles eram da Folha, que ofertava assinaturas.
203
Em uma matéria de 26 de setembro de 2016, intitulada “Folha é o 1º jornal brasileiro a
ter circulação digital maior do que a impressa”,101 Murilo Bussab, diretor de circulação e
marketing da Folha, informou que a empresa adotou o modelo de paywall flexível em janeiro
de 2012. A notícia de 2016 revelou, a partir de pesquisa do Instituto Verificador de
Comunicação (IVC), que dos 316,5 mil exemplares de média diária no mês, 161,8 mil foram
relativos à edição digital do jornal, contra 154,7 mil da versão impressa. O texto também
informou que, na época, o crescimento da participação digital na circulação dos principais
jornais brasileiros já se revelava como uma tendência. Na oportunidade, Bussab informou que
em 2012, o número de leitores pagantes do digital era zero e que o desafio, daquele momento,
seria o de transformar uma parcela maior, do total de 20 milhões de leitores digitais da Folha,
em leitores pagantes. Outra reportagem do jornal, de janeiro de 2020, intitulada “Conteúdo e
tempo de paywall definem êxito digital” atualiza os dados de assinantes.102 A matéria que
divulgou um levantamento feito em 2019 pela Fipp, sucedânea de uma associação
internacional de imprensa, junto com a consultoria CeleraOne, sobre as listas de circulação
comparativa global, apontou que a Folha estava em 12º lugar no mundo quando o assunto é
assinatura digital. De acordo com a pesquisa mencionada na matéria, o New York Times
encabeçava a lista, com 3,8 milhões de assinantes digitais no terceiro trimestre de 2019.
Sobre os planos de assinaturas, que aparecem no site, percebemos que a Folha
diversificou as possibilidades de o usuário contrair uma assinatura, pensando em públicos
diferentes como universitários (aos quais são concedidos descontos, permitindo o acesso ao
jornal por um preço reduzido) e também a outra categoria de clientes com o plano premium,
mais robusto, que oferece jornal entregue no endereço determinado diariamente, além da
assinatura digital. As assinaturas se dividem, então, em duas categorias: assinatura digital, ou
impressa mais digital. Nesta última, tem inclusive um plano para a entrega das edições
impressas apenas do final de semana. Os planos de assinatura digital, e assinatura digital com
a assinatura da edição impressa, em dias determinados variam de R$ 9,90 a R$ 119,90 por
mês.
O terceiro nicho observado no site da Folha que se converte em geração de renda diz
respeito à venda de subprodutos, como newsletters e box com livros-cd. A Folha é um jornal
com forte instrução política, conforme apresentado no início deste capítulo, a partir dos
projetos e discussões que encampou. Sendo um veículo eminentemente político, oferece
101 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/09/1816633-folha-e-o-1-jornal-do-pais-a-ter-
circulacao-digital-maior-do-que-a-impressa.shtml?cmpid=comptw. Acesso em: 17 dez. 2020. 102 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/01/conteudo-e-tempo-de-paywall-definem-exito-
digital.shtml. Acesso em: 17 dez. 2020.
204
subprodutos a partir deste perfil, como as newsletters Folha Jus e Folha Mercado. A Folha
Jus compõe-se de matérias sobre o mundo jurídico. Além de oferecer a newsletter
semanalmente no e-mail do leitor, oferece, ainda, assinatura para advogados, um pacote
digital com informações do cenário jurídico e a newsletter com o resumo da semana. A Folha
Mercado, já mencionada anteriormente, é ofertada de forma gratuita ao público-alvo de
consumidores de notícias da Folha: empreendedores, investidores e executivos. É natural
ofertar um produto de qualidade de forma gratuita, para garantir investimentos posteriores em
anúncios. Verificamos que apesar de a Folha concentrar 14 newsletters, apenas a Folha Jus,
que é paga, ganhou disposição de destaque na edição analisada, com o ícone inserido ao lado
direito da principal notícia do dia.
Também verificamos que a Folha possui em seu site um segmento de geração de
renda, que incide sobre a publicação de conteúdo pago que se assemelha à notícia, o Estúdio
Folha: conteúdo patrocinado. Ao acessar a página do projeto,103 em “Quem Somos”, o
Estúdio Folha informa que utiliza ferramentas do jornalismo para oferecer conteúdo feito sob
medida para marcas, em diferentes plataformas. O desenvolvimento do conteúdo fica a cargo
de uma equipe de jornalistas e designers gráficos e todo o processo é discutido com o
patrocinador e aprovado por ele. Os conteúdos do Estúdio Folha possuem um tratamento
gráfico distinto daquele do jornal. Em “Nosso Trabalho”, a página do Estúdio Folha também
apresenta os últimos cases. No link “Clientes”, constam marcas como Petrobras, Correios,
Ibmec, Santander. Já em “Soluções”, o Estúdio Folha afirma que: “anúncios nativos de
qualidade atraem mais clientes e têm se mostrado alternativa eficiente para as marcas”,
justificando o investimento no projeto. Também existe o link “Contato”, com duas opções:
Interesse em Nossas Soluções e Sugestões ou Críticas e Dúvidas. O interessado deve
preencher um formulário para obter retorno do Estúdio Folha.
Também observamos, a partir de nossa pesquisa documental, a prática da Folha desde
2017, de promover seminários sobre diversos temas em formato virtual, com a manutenção
dos conteúdos e a indicação de seus patrocinadores no portal de notícias do jornal. Os eventos
acontecem no período de um a dois dias, são todos patrocinados por empresas e organizações
cuja área de atuação incide sobre o assunto discutido. Os seminários de 2020104 foram: Vida
cultural, Open banking, Melanoma, Agricultura urbana, Câncer: 5ª edição, Biossimilares: 2ª
edição, Encarceramento feminino, Sustentabilidade e saneamento, Agronegócio: 4ª edição,
Reforma tributária no livro, Consumo consciente, Saúde do Brasil: 7ª edição, Indústria em
103 Estúdio Folha. Disponível em: http://estudio.folha.uol.com.br/institucional/. Acesso em: 18 dez. 2020. 104 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/seminariosfolha/. Acesso em: 18 dez. 2020.
205
debate, Como posso ajudar?, Escola do futuro, Universidade do futuro, Exploração sexual
infantil: 4ª edição, Doenças raras, Subsídios e Pegada ambiental da carne bovina.
Além disso, verificamos no site o fenômeno de clickbaits. Ao clicar em uma notícia e
ao descer a barra de rolagem, identificamos pequenos anúncios enfileirados, disfarçados de
conteúdo noticioso. Uma reportagem publicada pelo The Intercept Brasil, veículo jornalístico
com vocação investigativa, em 6 de setembro de 2020, anuncia:105 “Você não vai acreditar
como Folha e Globo faturam com propaganda enganosa disfarçada de notícia”. O texto
explica que ao final de textos publicados desses sites de jornalismo, é comum os leitores se
depararem com uma fileira de pequenos anúncios sensacionalistas disfarçados de conteúdos
jornalísticos. A matéria explica que esses títulos são conhecidos como clickbaits e são feitos
com o único objetivo de fazer o visitante clicar. Ao clicar no conteúdo, de acordo com a
reportagem, o leitor é levado para sites desconhecidos de baixíssima qualidade, que oferecem
algum produto duvidoso. A matéria considera que leitores de portais jornalísticos sérios estão
a um clique de distância de fake news e sinaliza que esse modelo de veiculação automática de
anúncios em grandes sites, vem sendo criticado nos Estados Unidos desde 2016.
De acordo com a reportagem do The Intercept Brasil, as empresas Taboola e
Outbrain, ambas fundadas em Israel, são as duas grandes organizações que dominam esse
mercado dos anúncios clickbait. Conforme a reportagem, elas oferecem aos sites de
jornalismo uma solução que automatiza o conteúdo sugerido e reconhece o interesse do leitor,
a partir de pistas contextuais, como o histórico de navegação, por exemplo. Deste modo, a
todo momento, o leitor recebe indicações de conteúdo do próprio site, o que faz com que ele
permaneça consumindo notícias por mais tempo. Porém, em troca desse serviço, Taboola e
Outbrain incluem nessas páginas, propagandas travestidas de notícias. Os anunciantes pagam
para inserir essas chamadas nos sites associados, que também ganham uma fatia do montante.
A matéria sinaliza que boa parte dos veículos de grande imprensa brasileira aderiu a esse
modelo de anúncios, incluindo os sites da Folha e do jornal O Globo, considerados pela The
Intercept como os principais jornais do país, e que estão associados, respectivamente, ao
Outbrain e ao Taboola.
A partir dessa sondagem das formas como a Folha tem buscado sustentar o seu
negócio, por meio da venda de notícias, podemos indicar algumas observações. Verificamos
que a edição impressa da Folha de S.Paulo mantém o modelo de negócio amparado na
publicação de editais, venda de anúncios e assinatura. Já a versão digital parece mais
105 A reportagem está disponível em: https://theintercept.com/2020/09/06/folha-globo-outbrain-taboola-
anuncios-fake-news/. Acesso em: 19 dez 2020.
206
promissora, como evidenciado no discurso de Sérgio Dávila no Encontro Folha de Jornalismo
de 2020. Ela compreende seis possibilidades de o jornal faturar com a venda de notícias hoje
em dia: venda de anúncios, assinatura da versão digital, venda de subprodutos, conteúdo
patrocinado, seminários patrocinados e clickbaits.
Em suma, a Folha adotou as três soluções listadas por Costa (2014) para o jornalismo
digital, que constam no capítulo 1 desta pesquisa, a saber: a paywall, a publicidade e os
serviços adicionados. E foi além, implementando outros nichos.
3.4 As práticas da Folha pelo enfoque da Hermenêutica de Profundidade
A pesquisa percorreu um longo caminho até aqui. Começamos essa trajetória traçando
um panorama recente das alterações do jornalismo, que forçam, por sua vez, as empresas a
repensarem os seus modelos de negócios em vigor até então. Identificamos o debate
estabelecido na última década, a partir do olhar do pesquisador brasileiro sobre os principais
temas relacionados a essas transformações, ao sinalizar discussões teóricas e ao observar
questões práticas das organizações jornalísticas contemporâneas.
Neste último capítulo, construímos um resgate sobre a história da Folha de S.Paulo,
que celebra 100 anos no dia 19 de fevereiro de 2021, com foco nas implementações
tecnológicas do jornal, realizamos um diagnóstico da Folha nas versões impressa e digital,
verificamos a presença do jornal nas redes sociais, apuramos como o jornal evidenciou o seu
discurso público sobre as mudanças sofridas pelo jornalismo no ambiente digital, e de que
forma, a partir desse cenário, declarou a configuração do seu modelo de negócios, na
sequência, a partir desse caminho trilhado, identificamos o atual modelo de negócio da Folha.
Nesta etapa final da pesquisa, de modo particular, uma vez que os momentos da
aplicação do método, como apontado, foram se intercruzando no transcorrer do trabalho,
contemplamos a última fase da Hermenêutica de Profundidade, em Thompson (2011), a de
interpretação/reinterpretação. Para Thompson, o processo de interpretação, mediado pelos
métodos do enfoque da Hermenêutica de Profundidade, é, simultaneamente, um processo de
reinterpretação. Consideramos neste momento, a contextualização estabelecida nas etapas
anteriores e as reflexões evidenciadas nas Análises de Discurso para interpretar o campo já
interpretado, ou seja, reinterpreta-lo, acolhendo a indicação de Thompson: por mais rigorosos
e sistemáticos que os métodos da análise formal ou discursiva possam ser, eles não podem
abolir a necessidade de uma construção criativa do significado, ou seja, de uma explicação
interpretativa do que está representando ou do que é dito.
207
Ao adotar esse passo da Hermenêutica de Profundidade, compreendemos a questão
que norteia este estudo: a partir das práticas da Folha, como as empresas buscam respostas
para a transformação vivida pelo setor diante das inovações tecnológicas, sobretudo, após o
surgimento da internet, de modo que a informação possa continuar sendo oferecida por elas
como um produto no mercado da comunicação. Também consideramos uma das hipóteses da
investigação, a de que a adesão da Folha às mudanças de mercado pode representar um
indicativo de que o jornal, seguindo as tendências mundiais, abandone, em um futuro
próximo, a produção impressa para dedicar-se apenas à comercialização de notícias no
ambiente digital. Desenvolveremos o trabalho de reinterpretação do material anteriormente
interpretado considerando todos os conteúdos deste capítulo que indicaram questões
referentes ao negócio da venda de notícias.
A história da Folha de S.Paulo, construída a partir da criação do jornal Folha da
Noite, em 19 de fevereiro de 1921, demonstra, desde os primórdios, que a incorporação do
jornal a ferramentas tecnológicas favorece o seu crescimento como organização. Ao
abandonar a linha de produção artesanal do jornalismo e passar para o nível industrial, que
suscitava novos métodos de trabalho, com o aprimoramento da mão de obra, e implementação
de aparatos adequados, a Folha desenvolveu-se como empresa já na década de 1930,
demonstrando vultoso crescimento. Mais tarde, entre a década de 1960 e a de 1970, adquiriu
novas rotativas, inaugurou a impressão offset em cores, usada em larga tiragem pela primeira
vez no Brasil e adotou o sistema eletrônico de fotocomposição. Logo após, inaugurou a
primeira redação informatizada na América do Sul com a instalação de terminais de
computador para a redação e a edição de textos.
No início da década de 1980, nas suas declarações públicas de compromissos, desafios
e questões a serem aprimoradas, a partir dos seus projetos editoriais, a Folha passou a adotar
rigidamente essas diretrizes, que se solidificaram em duas frentes principais ao longo dos
anos: a justificativa de apresentar um resultado de ponta para garantir a solidez financeira da
empresa e a provocação e a exigência à equipe, requerendo um trabalho de excelência para
garantir os resultados positivos. Observamos, sinteticamente, como cada um dos sete
documentos declarou questões relativas ao momento vivido pela organização, a partir do
aspecto mercadológico e as frentes que o jornal pretendia encampar a partir desses momentos.
O primeiro projeto editorial, de 1981, já se apoiava na relevância da saúde econômica
e financeira da empresa como um dos principais ingredientes para se sobressair frente à
imprensa da época; o documento de 1984 o veículo voltou a mencionar a disposição para
crescer na estagnação em que se encontrava a maioria dos demais jornais da época; o projeto
208
editorial de 1985 passou a identificar o jornalismo como uma atividade industrial que
suscitava método, planejamento, organização e controle; o documento de 1986, o jornal
demonstrava colher os frutos dos avanços anteriores, ao declarar que figurava na liderança no
quesito circulação entre os diários brasileiros; no projeto de 1988 identificamos uma
declaração relevante da Folha, ao afirmar que ao disseminar a ideia de que era preciso sempre
estar mudando, ela tornou-se vítima da sua própria estratégia, pois não lhe restava outro
caminho senão avançar; o projeto editorial de 1997, dois anos depois do boom da internet nas
organizações jornalísticas e a migração dos jornais, ainda que de forma precária para este
ambiente, como o Folha Online, que disponibilizava uma sinopse diária das reportagens no
ambiente digital, já sinalizava a decadência das edições impressas, enveredando esforços para
o caminho digital.
O projeto editorial de 2017 anunciou a divulgação de conteúdos que se assemelham a
textos jornalísticos, mas que na verdade são publicitários, com a justificativa de preservar o
vigor financeiro da empresa. Também sinaliza os desafios provocados pelas transformações
tecnológicas no ambiente digital, considerando o abalo ao modelo de negócios e expondo as
vertentes que envolvem esse cenário: um público disposto a pagar por assinaturas digitais e o
duopólio que concentra verba publicitária, indicando a relevância de as empresas de
comunicação buscarem estratégias nesse campo.
O ano de 2010, foi importante para a Folha rumo à priorização do online, com a
unificação das redações do impresso e do online, reforma gráfica e editorial do jornal, passo
que rendeu o documentário O jornal do futuro. Nele, foi sinalizado a necessidade de atender
às demandas e exigências do público leitor para cativá-lo, em um cenário de extrema
competição entre as organizações midiáticas e, que também, já registrava que o negócio da
Folha não tinha, em primeiro lugar, a ver com a venda do papel, mas sim, da notícia. Dois
anos depois, a Folha implementaria o modelo de negócios paywall, gerando resultados
positivos nas assinaturas digitais.
Já em 2016, a partir dos discursos analisados na primeira edição do Encontro Folha de
Jornalismo, observamos a busca, pelo jornal, de solucionar a equação econômica daquele
momento, com a confiança em um novo nicho de leitores. Em comparação aos dois
concorrentes diretos, O Globo e Estadão, a Folha lidera com soberania quase absoluta quando
o assunto são redes sociais, a partir de uma sondagem no Facebook, Twitter, Instagram e
Youtube.
Em 2020, a partir da análise de discurso realizada, observamos que o jornal enveredou
os seus esforços para o ambiente digital, sinalizando a liderança de assinaturas digitais no país
209
e a promessa de um crescimento ainda maior, movido pelos leitores mais jovens, que têm
preferência justamente pelo ambiente digital.
A partir da sondagem sobre as formas como a Folha tem buscado garantir o seu
negócio com a venda de notícias, podemos inferir que, a edição impressa do jornal mantém o
modelo de negócio amparado na publicação de editais, venda de anúncios e assinatura. Já a
versão digital parece mais promissora, como evidenciado no discurso de Sérgio Dávila de
2020. Ela compreende seis possibilidades de o jornal lucrar com a venda de notícias hoje em
dia: venda de anúncios, assinatura da versão digital, venda de subprodutos, conteúdo
patrocinado, seminários patrocinados e clickbaits.
A Folha, como adiantamos, adotou as três soluções listadas por Costa (2014) para o
jornalismo digital, que constam no capítulo 1 desta pesquisa, a saber: a paywall, a publicidade
e os serviços adicionados. E foi além, implementando outros nichos.
A partir de toda essas indicações, verificamos a questão que norteia este estudo, que
pode ser respondida nos seguintes termos: as práticas da Folha de S.Paulo, que se alinham
desde os primeiros passos da história do jornal à ferramentas e aparatos tecnológicos, que a
permitiram conquistar avanços e garantir a sua soberania, a partir das indicações do Projeto
Folha. O projeto defende o trabalho de excelência para garantia da sobrevivência, segue na
direção do progresso, do avanço, buscando respostas para as transformações contemporâneas
vividas pelo setor, diante das inovações tecnológicas, a partir do público jovem, dos nativos
digitais, que se revelam como grande promessa da organização. Sobretudo, após o surgimento
da internet, verificamos que a Folha oferece informação com um olhar, cada vez mais,
voltado ao ambiente digital. O leque de opções que contempla o modelo de negócios no
ambiente digital demonstra essa preferência.
Consideramos ainda, uma das hipóteses da investigação, que a adesão da Folha às
mudanças de mercado pode representar um indicativo do jornal, seguindo as tendências
mundiais, possa abandonar, em um futuro próximo, a produção impressa para dedicar-se
apenas à comercialização de notícias no ambiente digital. A partir do arcabouço construído,
verificamos que o discurso da Folha de S.Paulo, diante das declarações de seus dirigentes,
cristaliza-se na venda do produto, a notícia, independentemente do meio. Talvez, seja cedo
para afirmar categoricamente, que a Folha abandonará em um futuro breve, a produção
impressa para dedicar-se apenas a digital. O que vemos, hoje, é que o jornalismo impresso
parece não dar conta mais das demandas dos novos tempos e o ambiente digital revela-se
como um campo promissor, a ser explorado, de forma cada vez mais, potente pela
organização.
210
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao se considerar na pesquisa, como é o caso, um fenômeno recente, emergente,
instigador, que suscita mais interrogações do que promete certezas, torna-se um grande
desafio propor conclusões, fechamentos e pontos finais. É necessário, além disso, observar
que o cenário das alterações contemporâneas do jornalismo, tendo o nosso olhar voltado
especialmente para o jornalismo brasileiro, a partir do início da migração das organizações
jornalísticas do impresso para o ambiente digital, ainda está em pleno curso. Também é
preciso acentuar que, com tantas questões em aberto, surge o imperativo de se dar
continuidade a esta pesquisa, que serve de reforço para e atualiza relevantes contribuições da
ciência brasileira sobre o tema das alterações do Jornalismo como resultado da incorporação
de ferramentas tecnológicas que permitem novos caminhos na forma de atuação das
organizações jornalísticas da atualidade. Sobre o que foi dito, neste mesmo parágrafo, sobre a
ideia de se dar continuidade ao estudo, segue uma observação, no final deste texto, que
abrange o tema dos resultados alcançados.
A partir de Hermenêutica de Profundidade e, dentro dela, de Análise de Discurso, com
apoio de pesquisa bibliográfica e levantamento documental, conseguimos investigar o
fenômeno do jornalismo na contemporaneidade, que força as organizações jornalísticas a
implementarem novos modelos de negócio, amparados no ambiente digital.
Esse cenário complexo foi aprofundado no panorama construído no primeiro capítulo
desta tese, “O fenômeno das mudanças no jornalismo e a busca de saídas pelas organizações”.
Neste momento inicial da pesquisa, foram observados alguns sintomas dessa crise, ou dessa
mudança, expressos em questões como a da convergência das mídias e a da interação do
público, com a sua respectiva participação no processo de produção da notícia, incidindo
sobre o conceito de gatewaching que, por sua vez, versa sobre a participação das pessoas na
filtragem do que interessa a suas comunidades de interesse. Também nos ocupamos, ainda
que de forma breve, na medida adequada às nossas preocupações de pesquisa, com as novas
habilidades do jornalista, convocamos para uma visão crítica sobre essas transformações e nos
debruçamos sobre a presença do jornalismo nas redes sociais. Os fenômenos das fake news e
da checagem de fatos pelo jornalismo, da utilização de inteligência artificial e da automação
na produção noticiosa no Brasil alargaram a lista dos assuntos e temas correlatos. Ainda no
primeiro capítulo, consideramos essas transformações a partir da perspectiva de uma nova
esfera pública, indicamos o surgimento de novos atores midiáticos e suas audiências,
211
evidenciamos iniciativas do jornalismo nativo digital e contemplamos uma reflexão sobre a
força do jornalismo local como um fenômeno emergente. Por fim, indicamos algumas
possíveis soluções para as organizações jornalísticas da atualidade, modelos possíveis de
negócio para o jornalismo digital, a partir das teorias e práticas atuais a respeito do tema.
O segundo capítulo desta tese, “O olhar do pesquisador brasileiro”, sinalizou como a
ciência da Comunicação tem dado conta desses fenômenos recentes, a partir de um
levantamento de textos apresentados anualmente na última década nos Encontros Nacionais
da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (Compós) e da
Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor). Nessa etapa, foram
conduzidos três níveis de análise: o nível de verificação geral, que mapeou 229 artigos, sendo
45 da Compós e 184 da SBPJor, a partir dos assuntos de nosso interesse, tendo sido
identificados 12 núcleos temáticos, por ordem de expressividade: 1) transformações
tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade (109 textos); 2) circulação noticiosa em
redes sociais (50); 3) participação da audiência na produção de notícias (20); 4) Jornalismo
multimídia, transmídia e hipermídia (11); 5) checagem de fatos pelo Jornalismo (10); 6)
mídias independentes e os nativos digitais (7); 7) automação da notícia (7); 8) pesquisas sobre
a Folha de S.Paulo (5); 9) jornalistas blogueiros e influenciadores digitais (3); 10) mídias
segmentadas (3); 11) retomada de interesse pelo Jornalismo local (2); e 12) modelos de
negócio para o Jornalismo (2). A partir desses 12 núcleos temáticos, a pesquisa avançou para
um outro nível de análise, com foco nas palavras-chave dos textos selecionados. No terceiro e
último nível de análise, o estudo observou, em um mergulho mais profundo nas temáticas, o
que a pesquisa brasileira sinaliza, considerando duas pesquisas que representam cada núcleo
temático identificado anteriormente.
No primeiro e no segundo capítulos, a pesquisa perseguiu um dos objetivos do estudo,
ao verificar as formas alternativas de produção de notícias no Brasil e como isso se localiza
no cenário geral de demandas e de transformações. O mundo digital propicia o surgimento de
novos atores nos ambientes jornalísticos, como os jornalistas influenciadores digitais, que
reúnem considerável audiência em suas redes na web (alguns deles com maior número de
usuários do que um jornal inteiro) e que, dito de forma simples, reforçam o modelo de
comunicação “todos para todos”, demonstrando como as redes descentralizam o poder da
comunicação, conferindo, pelo menos em hipótese, semelhantes possibilidades a qualquer
usuário ou organização que nelas se hospedam. Por sua vez, o jornalismo nativo digital
revela-se um negócio emergente do setor, que vem despontando desde o início da década
passada, valendo-se dos recursos e ferramentas disponibilizadas no mundo digital. Serve
212
como exemplo o caso do Nexo jornal, contemplado pela pesquisa no primeiro capítulo e
objeto de estudo de pesquisadores da Compós e da SBPJor, no segundo capítulo, indicando
uma forma emergente de produção e comercialização de notícias.
No grande e complexo cenário das transformações que vêm acontecendo, essas
iniciativas se destacam por vencerem dois grandes desafios contemporâneos para as
organizações jornalísticas: reunir audiência e garantir a sua sustentação como negócio. As
formas de financiamento dessas iniciativas ainda navegam por diferentes formatos, o que
requer novas atualizações de investigações no setor para auxiliar na identificação de possíveis
modelos de negócio para o setor. Algumas dessas iniciativas estão em fase de expansão, como
é o caso da Mídia Ninja, que surgiu em 2013 e possui hoje sede em Portugal.
Essas iniciativas dos jornais nativos digitais incidem diretamente sobre uma das
hipóteses do estudo, que sugere que no ambiente de efervescência tecnológica iniciativas
jornalísticas alternativas estão conquistando um importante nicho de mercado emergente.
Confirmamos essa hipótese, ao observar não apenas a multiplicidade dessas iniciativas,
algumas delas tendo alcançado um grau às vezes invejável de solidez, mas também que essas
mesmas iniciativas imprimem, cada qual à sua maneira, identidade própria na web. De formas
similares, caminham de algum modo para um jornalismo de contexto, encorpando as
informações noticiosas com conteúdo multiplataformas. Os distintos recortes noticiosos e o
engajamento, ativismo e clara posição política de várias delas, lhes confere audiência e as
diferem dos meios ditos tradicionais.
Essas formas alternativas de produção de notícia na contemporaneidade conversam
diretamente com a questão que norteia esta pesquisa: Como as empresas buscam respostas
para a transformação vivida, sobretudo após o surgimento da internet? Essas organizações
estão respondendo que, ao se estruturarem nas redes digitais, com mobilização da audiência e
com modelos de negócio amparados no ambiente digital, as saídas encontradas podem ser
positivas. Elas se revelam como meios com potencial para ser fortemente explorados em um
futuro próximo.
Também a partir dos dois primeiros momentos da pesquisa, verificamos como uma das
percepções iniciais do nosso estudo se mostra pertinente, no fato de que as recentes alterações
no mundo do jornalismo – como em tantos outros setores – ganham expressão em um caldo
fortemente tecnológico. O vetor tecnológico, que neste estudo aparece como um momento-
chave da aplicação do método da Hermenêutica de Profundidade (a saber: a contextualização
histórico-social), é constituído por característica tais como a convergência, a interatividade, a
hipertextualidade, a personalização, a instantaneidade, a participação direta do público, a
213
adoção de novas técnicas com base em recursos tecnológicos pelos profissionais do
jornalismo, a produção ampliada de fake news e o esforço de checagem de fatos pelo
jornalismo e, ainda, sem aspirarmos a ser completos, o texto noticioso produzido por
inteligência artificial.
O cenário é amplo e envolve uma densa gama de fatores, atores e ações. A partir desse
arcabouço, identificamos o jornalismo contemporâneo pelo viés de uma nova esfera pública,
permeando uma estrutura complexa e que tem desafiado os jornalistas e as organizações no
ambiente digital. Essa nova esfera, interconectada, é tecida por fatores como a ampliação do
interesse pelo jornalismo local, por iniciativas jornalísticas de alguns atores do ramo da
comunicação que vem conquistando considerável audiência, por empreendimentos inéditos,
como a produção alternativa de notícias e entre outros. Requer, portanto, atenção por parte das
organizações, no sentido de acompanharem as mudanças para garantir a sua existência e
manutenção no mercado da notícia.
No segundo capítulo da tese se realiza um de seus objetivos, que é o de verificar como
o tema e o cenário de transformações jornalísticas se deixam representar no mundo da
pesquisa em Comunicação. Identificamos o esforço do pesquisador brasileiro em debater os
fenômenos contemporâneos do jornalismo e as demandas sociais que emergem do contexto
sócio-histórico, relativas ao tema do exercício do jornalismo na sociedade brasileira. O tema e
os desafios que esse cenário levanta se mostram fartamente representados entre as
preocupações da nossa área de conhecimento. A partir da identificação dos 12 núcleos
temáticos averiguados nos textos selecionados da Compós e da SBPJor, pudemos nos
certificar sobre esse empenho. Foram 229 textos selecionados. Neles se deixa entrever, já a
partir de uma abordagem inicial, que o pesquisador brasileiro se preocupa em contemplar
diferentes vertentes do fenômeno, com especial destaque para o núcleo das “Transformações
tecnológicas do jornalismo na contemporaneidade”, com 109 trabalhos identificados.
O pesquisador da Compós e da SBPJor também compreendem as mudanças recentes
do jornalismo em sua interface com episódios históricos que fomentaram tais alterações, ou
que as tornaram mais evidentes, como a mobilização social realizada no Brasil em 2013 a
partir das redes sociais, o fenômeno das fake news no Brasil e a checagem de fatos pelo
jornalismo que ganharam notoriedade nas eleições gerais brasileiras de 2018, além da
pandemia causada pelo coronavírus, em 2020. Algumas das mudanças no jornalismo apuradas
pela pesquisa, a partir dos textos da Compós e da SBPJor depois de 2013, 2018 e em 2020
sinalizaram maior incidência de estudos sobre esses núcleos temáticos. Esses cientistas, de um
lado, se esforçam para discutir os fenômenos emergentes do jornalismo, e, de outro, dedicam
214
menor empenho ao tema dos modelos de negócio do jornalismo no ambiente digital, com a
indicação de saídas para as organizações jornalísticas brasileiras. Talvez o tema do “modelo
de negócios”, como se poderia especular, assuste ainda bastante o pesquisador de
comunicação, frente ao fato de que a notícia, como tradicionalmente produzida, aciona
mecanismos que lembram tão de perto um conjunto de procedimentos, normas e
comportamentos que revelam um capitalismo do mais puro-sangue. Talvez esse
distanciamento não se justifique tanto, ou não se justifique da mesma forma, nos ambientes
atuais de geração e divulgação da notícia, com seus novos atores, com e contra os grandes
monopólios midiáticos, que ainda existem.
Uma das hipóteses da pesquisa especula sobre o fato de que as grandes organizações
jornalísticas brasileiras, que incorporaram o modelo norte-americano de produção de notícia,
deverão seguir as tendências do setor, como a automação da produção de informação
noticiosa. É possível, sim, considerar, a partir da pesquisa feita, que o jornalismo brasileiro
deve continuar acompanhando esse paradigma. A prática revela-se antiga, tendo o jornalismo
brasileiro se espelhado, em maior ou menor medida, no jornalismo estadunidense, desde os
primeiros passos, como é o caso da incorporação da gramática da notícia, figurando como
exemplo o modelo da pirâmide invertida. Isso pode ser considerado assim, a despeito das
vozes contrárias, preocupadas em afirmar a identidade e a força do jornalismo nacional. Na
fase embrionária do jornalismo na web, no Brasil, como mostram os estudos, os brasileiros
tornaram a fazê-lo, ao se apropriarem da definição do termo do jornalismo empregado na web
pelos estadunidenses (jornalismo digital ou jornalismo multimídia), recorrendo, de uma forma
geral, com maior frequência, a jornalismo online ou jornalismo digital.
A hipótese de que as grandes organizações jornalísticas brasileiras, que incorporaram
o modelo americano de produção de notícia, deverão seguir as tendências do setor, como a
automação da produção de notícia, também pode ser confirmada, com o início da produção de
notícia no Brasil por meio de inteligência artificial. O primeiro capítulo da tese traz três casos
recentes (2020) de utilização de robôs no jornalismo brasileiro. Além disso, em novembro de
2020, em uma iniciativa inédita no país, o portal de notícias G1 publica, no primeiro turno das
eleições, um texto para cada um dos 5.568 municípios brasileiros com o resultado do pleito,
graças a um modelo de automação que se utiliza de inteligência artificial, criado em conjunto
com a área de tecnologia da rede Globo. O modelo, que conta com processamento de
linguagem natural, permitiu o registro, em formato de reportagem, dos prefeitos eleitos ou as
disputas que iriam ao segundo turno em todos os municípios brasileiros.
215
O terceiro capítulo, “Um estudo da Folha de S.Paulo sob o ângulo da tecnologia e da
geração de novos modelos de negócio”, traça uma breve história da Folha de S.Paulo, com
foco nas inovações tecnológicas assumidas pelo jornal desde a sua fundação, compreendendo,
nessa etapa, os sete projetos editoriais lançados pelo jornal. Na sequência, apresentamos um
check-up atual da Folha a partir de três entradas: 1) a versão impressa; 2) a versão online; 3) a
hospedagem no Facebook, Twitter, Instagram e Youtube. A pesquisa leva em conta o
arcabouço desse levantamento documental e aplica o método de Análise de Discurso para
compreender o discurso público que a Folha estabelece, sobre as alterações do jornalismo e
sobre a receita de negócio aplicada pelo jornal a partir dessas mudanças. O foco recai sobre
declarações feitas por seus representantes no documentário O jornal do futuro, de 2010, e no
Encontro Folha de Jornalismo de 2016 e de 2020, promovidos pela organização com o
objetivo de discutir os desafios e o futuro do jornalismo. Em uma segunda etapa,
consideramos o modelo de negócio atual da Folha. Por fim, a pesquisa avança para o último
momento do capítulo, centrado na etapa de interpretação e de reinterpretação de toda a
produção simbólico sobre o objeto de estudo, nos moldes do método de Hermenêutica de
Profundidade, evidenciando a reflexão sobre a notícia como um produto à venda, com o
suporte da tecnologia a partir das práticas da Folha.
O terceiro capítulo atesta que uma das hipóteses de investigação, a de que a adesão da
Folha às mudanças de mercado pode representar um indicativo de que o jornal, seguindo as
tendências mundiais, abandone, em um futuro próximo, a produção impressa para dedicar-se
apenas à comercialização de notícias no ambiente digital, pode também ser verdadeira. O
discurso da Folha de S.Paulo e de seus dirigentes cristaliza-se na venda do produto, a notícia,
independentemente do meio. Talvez seja cedo para afirmar, categoricamente, que a Folha
abandonará em um futuro breve a produção impressa, para dedicar-se apenas à digital. O que
vemos, hoje, é que o jornalismo impresso parece não dar mais conta das demandas dos novos
tempos, enquanto o ambiente digital revela-se como um campo promissor a ser explorado de
forma cada vez mais potente pela organização. Para cada página e cada caderno reduzido em
suas dimensões vão se acumulando os sinais de que os dias do jornalismo impresso estejam
contados.
A questão central que norteia este estudo, e que na medida do possível se resolve no
terceiro capítulo – Diante das alterações vividas pela atividade e a partir das práticas do
jornal Folha de S.Paulo, o estudo questiona: como as empresas buscam respostas para a
transformação vivida pelo setor a partir das inovações tecnológicas, sobretudo após o
surgimento da internet, de modo que a informação possa continuar a ser oferecida por elas
216
como um produto no mercado da comunicação? –, pode ser respondida nos seguintes termos:
as práticas da Folha de S.Paulo atestam que o jornal busca respostas para essas
transformações, investindo nas demandas do público leitor e aprimorando o leque de opções
para o que a organização chama de corredores de leitura.
Para atender a esse público, a Folha exige da equipe de jornalistas, como o jornal o
expressa, exclusividade, texto objetivo, bem contextualizado e em profundidade. Embora a
edição impressa busque criar reformas gráficas que se alinhem às mudanças, o modelo de
negócio vigente continua sendo o da venda de assinaturas, venda de edições avulsas, anúncios
e editais. Por outro lado, a versão digital revela a atenção da Folha nesse segmento,
investindo, desde 2012, em novas práticas comerciais nesse ambiente e tentando ampliar as
frentes de manutenção do jornal. Neste sentido, o que se torna patente no estudo do caso da
Folha de S.Paulo, é que as empresas estão investindo no cenário digital para faturar com a
venda de notícias, explorando os recursos disponíveis na web.
O principal resultado alcançado neste estudo, além do reforço desejável às pesquisas
que vêm sendo desenvolvidas nas áreas da Comunicação e do Jornalismo sobre o tema, foi o
de contribuir para um melhor entendimento dos modos como as organizações jornalísticas se
situam na contemporaneidade, em suas relações com o direito do cidadão à informação e com
a democracia. Outros resultados, a médio e longo prazos, podem ter a ver com o desejo de se
desenvolver um trabalho futuro, cristalizado em novas análises, em novas produções.
Eventualmente, externamos o desejo da publicação da pesquisa. Passado pela banca, e
anotadas as sugestões críticas e apontamentos, pretende-se, sempre em uma perspectiva
futura, considerar novos panoramas de análise, não da Folha em si, mas do jornalismo e dos
modelos de negócio, que se revelam como uma possibilidade latente de um trabalho de pós-
doutorado.
217
REFERÊNCIAS
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229
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https://conferencias.unb.br/index.php/ENPJor/XIIIENPJor/paper/view/4579/938. Acesso em:
21 ago. 2020.
230
APÊNDICE A
Textos selecionados do Encontro Anual da Compós (2011-2020).
TEXTOS SELECIONADOS
RESUMO
Ano: 2011
1.
A FORMA CULTURAL DA
SOCIEDADE EM REDE
BASTOS, Marco Toledo.
Palavras-chave:
Cibercultura;
Niklas Luhmann;
Vilém Flusser.
Disponível em:
http://www.compos.org.br/data/biblioteca
_1573.pdf
Acesso em: 4 dez. 2020
O presente artigo reconstrói um debate teórico que
permeia as obras de Niklas Luhmann, Dirk Baecker e
Vilém Flusser acerca da forma cultural que deverá
surgir na sociedade tecnológica. Não obstante a
diferença de perspectiva e de orientação
epistemológica dos três autores assinalados, suas obras
têm em comum o entendimento de que a introdução
dos computadores e da internet altera não apenas a
cultura, mas também a estrutura material da sociedade.
A primeira parte do artigo assinala a necessidade
histórica da emergência de uma forma cultural para a
tecnologia, enquanto a segunda parte do texto sugere
algumas configurações que podem vir a estabilizar o
excesso de sentido criado pelos computadores e pela
internet.
Ano: 2011
2.
JORNALISMO DIGITAL EM BASE DE
DADOS (JDBD) COMO UM TEXTO
DA CULTURA
RAMOS, Daniela Osvald.
Palavras-chave:
Jornalismo Digital de Bases de Dados;
Texto da Cultura;
Jornalismo;
Linguagens digitais;
Semiótica da Cultura.
Disponível em:
http://www.compos.org.br/data/biblioteca
_1676.pdf
Acesso em: 4 dez. 2020
Neste artigo observamos o Jornalismo Digital de
Bases de Dados (JDBD) como um texto da cultura e
pontuamos sua implicação nas mudanças estruturais
no campo do jornalismo. Para isso, encadeamos os
conceitos de texto da cultura, modelização, semiosfera
e fronteira, da escola de semiótica russa de Tártu-
Moscou, notadamente os autores Iuri M. Lotman e
Irene Machado. Também discutimos a delimitação do
texto JDBD, o jornalismo como um texto de fronteira,
suas variantes e invariantes. Apontamos as bases de
dados como o centro da criação jornalística e
iniciamos a discussão da geração das linguagens
digitais e da narrativa nas novas mídias.
Ano: 2011
3.
JORNALISMO EM PROCESSO
SALLES, Cecília Almeida.
A comunicação tem o objetivo de discutir as mudanças
que vêm acontecendo nos processos de produção do
jornalismo, a partir de sua entrada nos meios digitais.
Será, também, estabelecido diálogo dessas reflexões
com os estudos sobre processos de produção, assim
como são desenvolvidos no Grupo de Pesquisa em
231
Palavras-chave:
Jornalismo;
Processo de criação;
Jornalismo digital.
Disponível em:
http://www.compos.org.br/data/biblioteca
_1677.pdf
Acesso em: 4 dez. 2020
Processos de Criação (PUC/SP). Como conclusão, será
feita uma proposta de abordagem crítica para os
objetos da comunicação, com ênfase nos textos
jornalísticos como objetos não estáticos, mas em
processo, que acontecem nas conexões renovadas a
cada atualização.
Ano: 2011
4.
OS GÊNEROS JORNALÍSTICOS NO
TWITTER: UM ESTUDO
COMPARATIVO DE TUÍTES DE
INSTITUIÇÕES JORNALÍSTICAS
SEIXAS, Lia da Fonseca.
Palavras-chave:
Twitter;
Gênero jornalístico;
Gênero Jornálico.
Disponível em:
http://www.compos.org.br/data/biblioteca
_1724.pdf
Acesso em: 4 dez. 2020
O twitter é considerado hoje uma ferramenta
indispensável para as instituições jornalísticas. Mas o
que as instituições jornalísticas têm produzido no
twitter? Pode-se dizer que o twitter gerou novos
gêneros jornalísticos? Com uma análise comparativa
dos tuítes do @guardian_world, da @folha_mundo
(sobre a revolução no Egito), da @folha_cotidiano e
do @el_pais (Últimas) durante o período de uma
semana, constatou-se que existem novos “gêneros
jornálicos” (SEIXAS, 2009), que, embora sejam
comuns em outros campos, não eram frequentes nos
produtos jornalísticos tendo a instituição social como
enunciador do discurso. O único gênero jornalístico
frequente é conhecido como informacional, enquanto
os jornálicos mais frequentes são os “promocionais”,
baseados em atos diretivos (SEARLE, 1998), os de
“mediação,” baseados na republicação do tuíte e os
dialógicos.
Ano: 2012
5.
O ALGORITMO CURADOR: O PAPEL
DO COMUNICADOR NUM CENÁRIO
DE CURADORIA ALGORÍTMICA DE
INFORMAÇÃO
CORRÊA, Elizabeth Saad.
BERTOCCHI, Daniela.
Palavras-chave:
Comunicação digital;
Curadoria de informação;
Algoritmo;
Perfil do comunicador.
Disponível em:
http://www.compos.org.br/data/biblioteca
_1796.pdf
Acesso em: 5 dez. 2020
A recente cena das redes digitais tem indicado com
ênfase a atividade de curadoria e a própria figura do
curador como saída ao problema da abundância
informativa em rede. Argumentamos, contudo, que na
atualidade a curadoria da informação em ambientes
digitais tem se manifestado mais como um
procedimento automático algorítmico que
propriamente humano. Com base em na revisão da
literatura, reiteramos entretanto que o processo
curatorial configura-se como uma atividade inerente
ao campo da Comunicação. O comunicador tem
competências para assumir papéis de seleção,
filtragem, agregação e, mais importante, remediação
de conteúdos para partilha em rede, inclusive com
auxílio de algoritmos.
Ano: 2012
O contínuo mediático atmosférico compõe a base
conceitual da Nova Teoria da Comunicação e refere-se
232
6.
CONTÍNUO MEDIÁTICO
ATMOSFÉRICO: PROPOSTA PARA
ATUALIZAÇÃO DA TEORIA DA
AGENDA
CUNHA, Karenine Miracelly Rocha da.
Palavras-chave:
Contínuo Mediático Atmosférico;
Agendamento;
Nova Teoria da Comunicação.
Disponível em:
http://www.compos.org.br/data/biblioteca
_1895.pdf
Acesso em: 5 dez. 2020
à atmosfera que recebe irradiações dos meios de
comunicação e de outros sistemas, como as
instituições do Estado, empresas etc., para criar as
circunstâncias para a sinalização, informação ou
comunicação. O objetivo deste trabalho é apresentar o
contínuo mediático atmosférico como uma proposta de
atualização conceitual da teoria da agenda. Como
argumentação dessa proposição questionadora da
função do agendamento nos dias atuais, considera-se,
sobretudo, a evolução dos meios de comunicação,
situação em que há uma grande segmentação de temas
na internet (e até mesmo nos canais tradicionais), a
participação importante de redes sociais na
configuração da agenda pública e a formação da
opinião e a ubiquidade da rede, em que os usuários são
geradores de conteúdo e podem lançar temas na
atmosfera de irradiações.
Ano: 2012
7.
DA CIRCULAÇÃO À
RECIRCULAÇÃO JORNALÍSTICA:
FILTRO E COMENTÁRIO DE
NOTÍCIAS POR INTERAGENTES NO
ZAGO, Gabriela da Silva.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Redes sociais;
Circulação Jornalística.
Disponível em:
http://www.compos.org.br/data/biblioteca
_1896.pdf
Acesso em: 5 dez. 2020
Este trabalho tem por objetivo caracterizar a
circulação jornalística em um site de rede social
específico, o microblog Twitter. Discute-se, em
especial, o que se caracterizou como uma
“recirculação jornalística”, ou seja, a colocação em
circulação novamente dos acontecimentos jornalísticos
a partir da apropriação pelos interagentes do conteúdo
jornalístico. Para tanto, buscou-se mapear a circulação
de dois acontecimentos jornalísticos em específico, a
partir de observação simples, análise de conteúdo e
questionários. As conclusões apontam para uma
potencialização da circulação jornalística no Twitter
diante da possibilidade de os interagentes expandirem
o alcance dos conteúdos jornalísticos ao filtrarem e
comentarem notícias em um site de redes sociais.
Ano: 2013
8.
O JULGAMENTO DO MENSALÃO E
AS REDES SOCIAIS DE
INTERPRETAÇÃO. PISTAS PARA
UMA HERMENÊUTICA DA
COMUNICAÇÃO E CULTURA
MIDIÁTICA COMPARTILHADA
PAIVA, Cláudio Cardoso de.
Palavras-chave:
Mensalão;
Mídia;
Rede Social.
Na sociedade midiatizada a experiência política não
desapareceu; transfigurou-se. O fenômeno da internet
e das redes sociais forjaram uma nova ambiência
comunicacional em que os atores-em-rede, e-leitores, a
partir de uma cognição coletiva conectada articulam
novos agenciamentos ético-políticos, virando do
avesso a concepção e a própria atividade política. Este
texto apresenta elementos para uma compreensão das
notícias acerca do chamado “julgamento do
mensalão”, em que as relações entre mídia e poder se
mostram em toda sua complexidade. Observamos a
sua projeção no contexto do ciberespaço, um ambiente
que pulsa permanentemente, num presente contínuo,
agregando diferentes linguagens e sensibilidades, e
cuja forma e sentido solicitam novos parâmetros de
interpretação. Neste sentido propomos algumas pistas
233
Disponível em:
http://compos.org.br/data/biblioteca_1969
Acesso em: 5 dez. 2020
para um exercício de interpretação, uma hermenêutica
da comunicação compartilhada, que possa desvelar o
significado do “julgamento do mensalão” nas redes
sociais.
Ano: 2013
9.
APONTAMENTOS SOBRE O
CIBERACONTECIMENTO: O CASO
AMANDA TOOD
HENN, Ronaldo Cesar.
Palavras-chave:
Acontecimento;
Ciberjornalismo;
Redes Sociais.
Disponível em:
http://www.compos.org.br/data/biblioteca
_2068.pdf
Acesso em: 5 dez. 2020
O trabalho analisa conceitualmente a produção de
acontecimentos jornalísticos nas redes sociais da
internet e sua reverberação a partir de um caso
específico: o suicídio da adolescente canadense
Amanda Tood que, depois de postar vídeo no Youtube
em que relata intimidações sofridas no Facebook e na
escola, foi encontrada morta em seu quarto gerando
comoção e transformando-se em pauta para a imprensa
do Canadá. Através do conceito de
ciberacontecimento, busca-se compreender as
dinâmicas de processos com essa natureza, as
transformações que introduzem no sistema jornalístico
e a as articulações dos campos problemáticos
instituídos. A análise fundamenta-se no diálogo entre
as teorias do acontecimento, os conceitos de semiose
de C. S. Peirce e o de semiosfera de Iuri Lotman, mais
as perspectivas que investigam a cibercultura e o
ciberjornalismo.
Ano: 2013
10.
JORNALISMO COMO SISTEMA DE
ALERTA: INTEGRAÇÃO ENTRE
MÍDIA SOCIAL E IMPRESSA NA
TRAGÉDIA DE SANTA MARIA
ZAGO, Gabriela da Silva.
BASTOS, Marco Toledo.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Circulação Jornalística;
Twitter.
Disponível em:
http://compos.org.br/data/biblioteca_2062
Acesso em: 5 dez. 2020
Nesse artigo analisamos o jornalismo como um
sistema de alerta que integra diferentes canais de
comunicação. O estudo de caso foi realizado com base
no incêndio da boate Kiss ocorrido na cidade de Santa
Maria, RS, em 27 de janeiro de 2013. Nós
monitoramos todos os links para o jornal Zero Hora
que circularam na rede social Twitter entre 25 e 31 de
janeiro de 2013, compreendendo um conjunto de
dados de 20.012 tweets. Analisamos o volume de
mensagens replicadas, o conteúdo dessas mensagens e
os perfis mais retuitados de modo a poder identificar
como o Twitter funcionou como um sistema de alerta
durante a tragédia. Os resultados dessa investigação
indicam que mídia social e impressa funcionam de
modo coordenado como um sistema de alerta durante
eventos de grande comoção.
Ano: 2013
11.
JORNALISMO GUIADO POR DADOS:
RELAÇÕES DA CULTURA HACKER
COM A CULTURA JORNALÍSTICA
TRÄSEL, Marcelo.
O Jornalismo Guiado por Dados é uma prática de
Jornalismo em Bases de Dados em vias de adoção por
redações de todo o mundo, desde meados dos anos
2000. Trata-se de um desenvolvimento dos conceitos
de Jornalismo de Precisão e Reportagem Assistida por
Computador, propostos inicialmente nos anos 1970 e
impulsionados pelo processo de digitalização das
redações e pela adoção de políticas de acesso à
informação por governos e instituições. O trabalho
234
Palavras-chave:
Jornalismo Digital em Bases de Dados;
Jornalismo Guiado por Dados;
Reportagem Assistida por Computador;
Etnografia;
Hacker.
Disponível em:
http://compos.org.br/data/biblioteca_2065
Acesso em: 5 dez. 2020
levanta a hipótese de que o Jornalismo Guiado por
Dados se configura como uma imbricação entre a
cultura profissional dos jornalistas e a cultura hacker.
Os resultados da etapa preliminar de uma pesquisa
etnográfica realizada entre jornalistas brasileiros em
novembro e dezembro de 2012 sugerem que os
jornalistas guiados por dados compartilham algumas
práticas e valores com os membros da cultura hacker.
Ano: 2014
12.
QUEM RETUITA QUEM? PAPÉIS DE
ATIVISTAS, CELEBRIDADES E
IMPRENSA DURANTE OS
#PROTESTOSBR NO TWITTER
ZAGO, Gabriela.
RECUERO, Raquel.
BASTOS, Marco Toledo.
Palavras-chave:
Difusão de informações;
Protestos;
Twitter.
Disponível em:
http://compos.org.br/encontro2014/anais/
Docs/GT01_COMUNICACAO_E_CIBE
RCULTURA/artigocompos2014_2135.pd
f
Acesso em: 5 dez. 2020
O trabalho tem por objetivo identificar características
na apropriação de três grupos específicos que
contribuíram para a difusão de informações no Twitter
durante os protestos realizados em Brasil a partir do
mês de junho de 2013: ativistas, celebridades e
imprensa. Para identificar semelhanças e diferenças
entre os grupos, usamos uma combinação de análise
de conteúdo de foco referencial com análise de redes
sociais. Os resultados apontam para papeis
complementares entre os grupos na difusão de
informações sobre os protestos.
Ano: 2014
13.
TEXTOS, TEXTURAS E
INTERTEXTOS: APONTAMENTOS
SOBRE APRENDIZADO E
COMPETÊNCIA NA COMUNICAÇÃO
DIGITAL
OLIVEIRA, Fátima Cristina Regis
Martins.
Palavras-chave:
Textos;
Competências;
Comunicação digital.
Disponível em:
http://compos.org.br/encontro2014/anais/
O objetivo do artigo é discutir o processo de
aprendizado na comunicação digital. As mídias e redes
digitais fazem emergir práticas de comunicação que
facilitam a apropriação, criação e compartilhamento de
textos híbridos (oral, visual, tátil). Essas práticas
digitais exploram as sensorialidades do corpo e
operam em situações concretas, mobilizando saberes,
habilidades e atitudes que a sociologia do aprendizado
denomina de construção de competências (Perrenoud,
1999). Por apoiar-se em situações concretas, estimular
corpo e engajamento, o aprendizado por competências
se diferencia do aprendizado formal, frequentemente
abstrato e descontextualizado, o que pode explicar o
interesse dos educadores na comunicação digital.
Conclui-se que o aprendizado digital opera como rede
sociotécnica. Assim, retoma-se a etimologia de texto e
revela-se que a cultura escrita o despiu de qualidades
fundamentais: texto inclui textura (relevo, sensorium)
e trama (rede, intertexto) (McKenzie, 2004).
235
Docs/GT01_COMUNICACAO_E_CIBE
RCULTURA/textos_texturas_intertextos_
2134.pdf
Acesso em: 5 dez. 2020
Ano: 2014
14.
A CURADORIA EM JORNALISMO
NAS COBERTURAS DE BREAKING
NEWS EM TEMPO REAL NA
INTERNET
OSÓRIO, Moreno Cruz.
Palavras-chave:
Curadoria;
Breaking News;
Jornalista.
Disponível em:
http://compos.org.br/encontro2014/anais/
Docs/GT10_ESTUDOS_DE_JORNALIS
MO/artigo_moreno_osorio_compos_2014
__2237.pdf
Acesso em: 5 dez. 2020
Este artigo propõe uma discussão sobre a curadoria de
conteúdo como forma de verificação jornalística e
como parte do processo de construção da notícia
durante coberturas de caráter urgente que têm a
internet como suporte de publicação. Revê o conceito
de “jornalista sentado” a partir do poder
proporcionado pelas tecnologias ao profissional longe
do local do fato, utilizando informações que circulam
na rede para gerar conhecimento. Também sugere um
novo olhar para o local de trabalho do jornalista (a
redação), de forma que ela dê condições de executar
tarefas de modo rápido e eficiente.
Ano: 2014
15.
DINÂMICA DA NOTÍCIA NAS REDES
SOCIAIS NA INTERNET: UMA
CATEGORIZAÇÃO DAS AÇÕES
PARTICIPATIVAS DOS USUÁRIOS
NO TWITTER E NO FACEBOOK
SOUSA, Maíra de Cássia Evangelista de.
Palavras-chave:
Notícia;
Circulação;
Redes sociais na internet.
Disponível em:
http://www.compos.org.br/biblioteca/artig
ocomp%C3%93smaira_sousafinal_2235.
Acesso em: 5 dez. 2020
A dinâmica da notícia nas redes sociais na internet está
relacionada à etapa de circulação a partir da forma de
apresentação e do conteúdo das postagens e a
recirculação a partir das ações participativas dos
usuários. Neste artigo, o objetivo é apresentar uma
proposta de categorização da recirculação no Twitter e
no Facebook a partir das ações participativas dos
usuários (filtro social e reverberação) e analisar como
se dá essa recirculação nas redes sociais na internet. O
objeto empírico é formado por postagens publicadas
em janeiro de 2013 nas contas do Twitter e do
Facebook do portal jornalístico Estadão sobre o
incêndio na Boate Kiss, na cidade de Santa, Maria no
Rio Grande do Sul, que vitimou 242 jovens.
Ano: 2014
16.
DOS DADOS AOS FORMATOS: O
SISTEMA NARRATIVO NO
JORNALISMO DIGITAL
Este artigo resume as principais ideias defendidas em
nossa tese doutoral apresentada à Escola de
Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo
em 2013. A tese apresenta um modelo teórico que
expande o conceito de narrativa digital jornalística.
Partimos da narratologia pós-clássica, da moderna
236
BERTOCCHI, Daniela.
Palavras-chave:
Narrativa;
Jornalismo digital;
Computação.
Disponível em:
http://compos.org.br/encontro2014/anais/
Docs/GT10_ESTUDOS_DE_JORNALIS
MO/bertocchi_daniela_compos2014_men
or_2232.pdf
Acesso em: 5 dez. 2020
teoria dos sistemas e do modelo JDBD (Jornalismo
Digital de Base de Dados). Observamos que o
agenciamento entre os estratos do sistema narrativo
realiza-se de forma coletiva por diversos atores:
jornalistas, engenheiros, designers, webmasters,
usuários, robôs, softwares, algoritmos, entre outros; e
que o jornalista atua sobretudo nas camadas de
frontend do sistema. Uma vez conhecedor das
camadas subterrâneas do sistema narrativo, o que
chamamos de antenarrativa (dados e metadados), o
jornalista abre oportunidades para melhor comunicar
suas histórias no ciberespaço, interfaceando novos
formatos. Assim, o jornalista é potencialmente um
designer da experiência narrativa.
Ano: 2014
17.
JORNALISMO E MOVIMENTOS EM
REDE: A EMERGÊNCIA DE UMA
CRISE SISTÊMICA
OLIVEIRA, Felipe Moura de.
HENN, Ronaldo Cesar.
Palavras-chave:
Crise;
Ciberacontecimento;
Movimentos de ocupação global.
Disponível em:
http://www.compos.org.br/biblioteca/com
pos2014_felipe_ronaldo_2234.pdf
Acesso em: 5 dez. 2020
O artigo oferece desenho conceitual do que se postula
ser a crise enfrentada pelo jornalismo contemporâneo,
cujo processamento se dá em plataformas distintas e
convergentes de produção e circulação da informação.
Entende-se a crise a partir de perspectiva sistêmica
associada a conceitos advindos da Teoria Geral dos
Signos, de C. S. Peirce, e da Semiosfera, de Yuri
Lotman. Compreende-se o jornalismo como um
sistema aberto, dinâmico, complexo e não linear, que
se transforma potencialmente na interação com outros
sistemas de produção de sentido, como os que são
agenciados pelas redes sociais digitais. A
concretização do debate se dá pelo cotejamento dessa
reflexão aos casos observados em pesquisas
atualmente empreendidas pelos autores deste trabalho,
em que os objetos são ciberacontecimetos que
circulam em rede o os chamados movimentos de
ocupação global
Ano: 2014
18.
PRODUÇÃO HORIZONTAL E
NARRATIVAS VERTICAIS: NOVOS
PADRÕES PARA AS NARRATIVAS
JORNALÍSTICAS
BARBOSA, Suzana.
NORMANDE, Naara.
ALMEIDA, Yuri.
Palavras-chave:
Narrativas multimídias;
Convergência jornalística;
Bases de dados.
Disponível em:
http://www.compos.org.br/biblioteca/artig
o_gtjornalismo_sbarbosa_naara_yuri_223
O artigo objetiva discutir as narrativas multimídias
como uma potencialidade da metáfora da estética base
de dados, capaz de romper com a metáfora do
impresso - broadsheet metaphor. Como aporte teórico,
são apresentados conceitos relacionados à
convergência jornalística, ao continuum multimídia, às
narrativas digitais e às bases de dados. Nosso
procedimento metodológico é estruturado na aplicação
de fichas de análise que visam identificar o perfil, o
design, a multimidialidade e a interatividade das
narrativas jornalísticas em redes digitais que
despontaram como casos paradigmáticos, produzidas
pelos grupos The New York Times, The Guardian e
Folha de S. Paulo. Como conclusão, identificamos
padrões para essas narrativas a partir de elementos
relevantes e diferenciadores, tais como a densidade
informativa, a verticalização, a integração dos recursos
multimídias, a utilização consistente de menus de
navegação e os botões de compartilhamento para as
redes sociais.
237
8.pdf
Acesso em: 5 dez. 2020
Ano: 2015
19.
APONTAMENTOS PARA UMA
TEORIA DA VIDA MIDIATIZADA
HOLANDA, André Fabrício da Cunha.
Palavras-chave:
Midiatização;
Cibercultura;
Teoria Ator-rede.
Disponível em:
http://www.compos.org.br/biblioteca/com
pos-2015-20699834-cb48-4742-82b3-
76cce7e22a1d(2)_2741.pdf
Acesso em: 5 dez. 2020
O artigo propõe que diversas transformações na
maneira como as práticas sociais são influenciadas por
meios de comunicação interativos e pósmassivos
podem ser identificadas com um movimento geral de
midiatização da vida social. Este movimento foi
parcialmente explorado pela jovem tradição dos
estudos de Cibercultura bem como por outras
abordagens, porém sem que se pudesse avaliar todo o
seu alcance, principalmente quando se considera
aspectos como a intensificação da comunicação dos
não-humanos, representada pela emergência da
Internet das coisas e outros fenômenos recentes como
o Big data, que representam dificuldades para as
teorias sociológicas ou comunicacionais ancoradas à
uma concepção humanista e assimétrica dos processos
de comunicação social. Este artigo faz a crítica de
algumas destas abordagens, buscando superar seus
limites por meio de uma perspectiva composicionista e
simétrica informada pela Teoria Ator-rede.
Ano: 2015
20.
65 ANOS DE TELEJORNALISMO:
DAS “NOTÍCIAS FORDISTAS” ÀS
“NOTÍCIAS FLEXÍVEIS”
PEREIRA JÚNIOR, Alfredo Eurico
Vizeu.
LORDÊLO, Tenaflae da Silva.
Palavras-chave:
Rotinas flexíveis;
Telejornalismo;
Rotinas fordistas.
Disponível em:
http://www.compos.org.br/biblioteca/com
pos-2015-f447a67b-8fb0-4bf8-bc83-
c742085ec5e0_2844.pdf
Acesso em: 5 dez. 2020
O presente artigo estuda as rotinas produtivas das
notícias, que contribuem para a compreensão do
mundo diariamente construído. No atual contexto de
convergência, que nas últimas décadas pavimentam
perspectivas para a reconfiguração/redesenho do fazer
no telejornalismo, por meio da adoção tecnológica,
evidenciam as alterações e as predominâncias
características de dois momentos: as rotinas do final
do século XX (rotinas fordistas) e do início do século
XIX (rotinas flexíveis). Desta feita, o objetivo é
estabelecer uma breve discussão que perpassa o
contexto das rotinas e as notícias no final da década de
90 tomando por base pesquisa realizada por Vizeu
(2002) e Lordêlo (2015), que aponta como as rotinas
da redação, longe de serem como alguns afirmam
mecânicas, estão em constante transformação, num
fluxo constante de mudanças contribuindo com para a
construção social da realidade a partir de novos
desafios das tecnologias sociais ao Jornalismo.
Ano: 2015
21.
DO ACONTECIMENTO À
MEDIAÇÃO: REFLEXÕES SOBRE A
CRISE DO JORNALISMO
OLIVEIRA, Felipe Moura de.
Palavras-chave:
Crise do jornalismo;
O artigo discute o que postula-se ser a crise enfrentada
pelo jornalismo com a emergência das redes sociais
digitais ao propor a filosofia da linguagem como base
epistemológica – destacando-se os conceitos de
“semiose”, em Peirce, e “semiosfera”, em Lotman. É
um empreendimento ensaístico, mas calcado em dados
empíricos: processos que envolvem práticas e
narrativas jornalísticas e a repercussão do caso “Eu
Sou Charlie”. O debate começa pela caracterização do
“acontecimento” como elemento propulsor da
construção social da realidade, na qual o jornalismo
238
Filosofia da linguagem;
Charlie Hebdo;
The New York Times.
Disponível em:
http://www.compos.org.br/biblioteca/com
pos-2015-bc741313-6b93-4d26-bffc-
bae039139628_2846.pdf
Acesso em: 5 dez. 2020
tem seu protagonismo questionado ante a outras
formas de representação que circulam na esfera
pública, produzidas por diferentes agentes, o que
estabelece uma intensa “disputa de sentidos”. Advoga-
se a necessidade de uma autorreflexão do jornalismo,
com atenção especial às suas funções de mediação e
representação, que pode resultar numa forma mais
complexa de dar a ver dos campos problemáticos que
os acontecimentos potencialmente revelam.
Ano: 2016
22.
A CONSTRUÇÃO DA AGENDA
PÚBLICA NA ERA DA
COMUNICAÇÃO DIGITAL
LYCARIÃO, Diógenes.
SAMPAIO, Rafael Cardoso.
Palavras-chave:
Opinião pública;
Teoria do agendamento;
Big data.
Disponível em:
http://www.compos.org.br/biblioteca/com
-autoria-compos-2016-estudos-de-
jornalismo_3374.pdf
Acesso em: 5 dez. 2020
A teoria do agendamento é, até hoje, umas das mais
poderosas peças intelectuais produzidas pela pesquisa
em Comunicação. Entretanto, não se trata de uma
teoria estabilizada. Isso porque estudos recentes
baseados no processamento de dados massivos na
Internet (big data) indicam resultados, aparentemente,
contraditórios entre si. Enquanto alguns achados
reforçam o modelo original de McCombs e Shaw (i.e.
os media agendam o debate público), outros
demonstram grande capacidade das mídias sociais em
determinar a agenda dos media, o que se designa por
agendamento reverso. Este artigo, a partir de um
modelo interacional de construção da agenda pública,
indica como tais resultados seriam coerentes entre si.
Isso porque eles revelam, a partir do aludido modelo, a
complexa, multidirecional e, em certa medida,
imprevisível rede de interações que acabam por
conformar o debate público em função de diferentes
tipos de agendamento (factual e temático) e
temporalidades (curto, médio e longo prazo).
Ano: 2016
23.
AFFORDANCES INDUTORAS DE
INOVAÇÃO NO JORNALISMO
MÓVEL DE REVISTAS PARA
TABLETS
FONSECA, Adalton dos Anjos.
BARBOSA, Suzana.
Palavras-chave:
Jornalismo Móvel;
Affordances;
Inovação;
Revistas para tablets.
Disponível em:
http://www.compos.org.br/biblioteca/affo
rdancesinovadorasemrevistasparatablets_a
dalton_suzana_16fev2016_template_21fe
v2016_3384.pdf
Acesso em: 5 dez. 2020
Este artigo examina a inovação no jornalismo móvel a
partir do conceito de affordance aplicado no estudo de
revistas para tablets em três momentos definidos entre
2010 e 2016. Criou-se uma ferramenta metodológica
de análise com o objetivo de explorar os quatro
conjuntos de affordances identificados: operação,
coleção, compartilhamento e multimidialidade. A
partir destes grupos, pontuou-se a emersão de
affordances inovadoras possibilitadas pelos recursos e
funcionalidades dos tablets e que também permitem
interações inéditas ou renovadas na relação entre
usuários e revistas. Entre elas estão: ouvir, assistir,
jogar, pesquisar, armazenar. A comparação entre as
revistas analisadas que mais se destacaram pela
inovação também revelou uma tendência de
estabilização de um formato para exploração dos
recursos e funcionalidades do tablet, apesar de
reconhecermos que há possibilidades ainda não
exploradas pelos produtos que têm o potencial de
induzir mais inovações
239
Ano: 2016
24.
CIDADES INVISÍVEIS: AS
EXPERIÊNCIAS DE OUTROS
JORNALISMOS EM GRANDES
CENTROS URBANOS
BORTOLI, Suzana Rozendo.
MONTIPÓ, Criselli.
Palavras-chave:
Narrativas jornalísticas;
Jornalismo e cidadania;
Iniciativas emergentes;
SP Invisível;
Rio invisível.
Disponível em:
http://www.compos.org.br/biblioteca/com
p%C3%B3s2016_comautoria_3386.pdf
Acesso em: 5 dez. 2020
As narrativas humanas são formas simbólicas
organizadas em função de performances
socioculturais. Ademais, o jornalismo tem como uma
de suas funções sociais tratar de temas relacionados à
cidadania, principalmente os invisibilizados, conforme
Medina (2008) e Ijuim (2012). A partir de tal
perspectiva, este artigo visa analisar narrativas
inseridas na cultura de convergência, segundo Jenkins
(2008), que se traduzem em novas oportunidades para
o jornalismo, de acordo com Meditsch (2012). Para o
recorte desta análise foram selecionadas as iniciativas
SP Invisível e Rio Invisível, que dão visibilidade às
pessoas em situação de rua a partir de textos e imagens
em redes sociais. Verificou-se que as referidas
propostas emancipatórias conseguem não apenas
evidenciar a esse grupo minoritário das duas
metrópoles, mas também alcançar a sensibilidade
humana por meio de um modo alternativo de se fazer
jornalismo
Ano: 2016
25.
JORNALISMO ESTRUTURADO: USO
DE METADADOS PARA
ENRIQUECIMENTO DE BASES
NOTICIOSAS NA WEB
LIMA JÚNIOR, Walter Teixeira.
OLIVEIRA, André Rosa de.
Palavras-chave:
Jornalismo Digital em Bases de Dados;
Jornalismo estruturado;
Metadados;
Multidisciplinaridade.
Disponível em:
http://www.compos.org.br/biblioteca/160
224_compos_artigo_nomes_3370.pdf
Acesso em: 5 dez. 2020
Bases de dados abastecidas com notícias produzidas
para a Web representam um repositório de informação
estruturada com potencial tecnológico de ser
reutilizada de inúmeras formas e por outras
plataformas digitais conectadas via redes. No entanto,
a dinâmica de recuperação deste material costuma ser
limitada a busca por palavras-chave; da mesma forma,
a sua organização é composta por categorizações
simples ou apenas por marcações em HTML, não
permitindo a flexibilização do seu uso de outras
formas. Novas ferramentas baseadas na adoção de
vocabulários controlados, ontologias formais e outros
padrões de metadados estruturam melhor a
recuperação da informação jornalística inserida em
banco de dados. Neste artigo, pretende-se relacionar a
informação jornalística a conceitos que estendam
bases de dados além de seu uso como repositório, mas
na obtenção de "relações invisíveis" de temas e
contextos.
Ano: 2017
26.
A INVISIBILIDADE DA HOME PAGE
E AS MUDANÇAS NOS MODOS DE
LEITURA DAS NOTÍCIAS
BARSOTTI, Adriana.
AGUIAR, Leonel Azevedo de.
O artigo apresenta os resultados parciais de uma
pesquisa que investiga como as mudanças nos modos
de leitura das notícias na internet estão provocando
mais uma transformação contemporânea no
jornalismo: a invisibilidade das home pages dos sites
jornalísticos. Analisa como os acessos ao noticiário,
por meio de links distribuídos em redes sociais, em
ferramentas de busca e nos portais acarretam perda de
sentido em um valor fundamental da cultura
profissional. Após levantamento de dados sobre novos
240
Palavras-chave:
Jornalismo;
Home page;
Modos de leitura.
Disponível em:
http://www.compos.org.br/data/arquivos_
2017/trabalhos_arquivo_FIZ9B2A7J51LF
FPMEPUG_26_5465_18_02_2017_18_4
4_07.pdf
Acesso em: 5 dez. 2020
hábitos de leitura, empreende revisão bibliográfica
sobre a home page e utiliza entrevistas em
profundidade com jornalistas para compreender o
impacto do silêncio da primeira página on-line nas
rotinas produtivas. Conclui que, à medida que as
notícias se desprendem do contexto original da edição,
os profissionais sentem-se desafiados, mas sustentam
que é preciso cumprir com sua responsabilidade social,
destacando, em manchetes e chamadas, os temas de
interesse público.
Ano: 2017
27.
AS FINALIDADES DO JORNALISMO
PARA OS LEITORES: ESTUDO DA
AUDIÊNCIA DOS JORNAIS FOLHA,
GLOBO E ESTADÃO
REGINATO, Gisele.
BENETTI, Márcia.
Palavras-chave:
Finalidades do jornalismo;
Leitor;
Jornais de referência.
Disponível em:
http://www.compos.org.br/data/arquivos_
2017/trabalhos_arquivo_N3X1LJHCH6R
LAXRUFUIU_26_5340_13_02_2017_12
_28_41.pdf
Acesso em: 5 dez. 2020
Este artigo mostra como os leitores percebem as
finalidades do jornalismo. A investigação mapeia
comentários coletados nos sites e em páginas no
Facebook dos três maiores jornais de referência
brasileiros (Folha de S.Paulo, O Globo e O Estado de
S. Paulo), utilizando como método a Análise de
Discurso. O trabalho revela que, para os leitores, o
jornalismo tem 11 finalidades a cumprir. As quatro
finalidades principais são, nesta ordem de importância:
a) fiscalizar o poder e fortalecer a democracia, b)
informar, c) esclarecer o cidadão e apresentar a
pluralidade da sociedade e d) verificar a veracidade
das informações. Essas quatro finalidades são
percebidas pelos leitores em mais de 75% dos trechos
analisados. As outras funções são: e) selecionar o que
é relevante, f) investigar, g) registrar história e
construir memória, h) interpretar e analisar a realidade,
i) defender o cidadão, j) fazer a mediação entre os
fatos e o leitor e k) integrar e mobilizar as pessoas.
Ano: 2017
28.
AS MUTAÇÕES NO MUNDO DO
TRABALHO DO JORNALISTA E
SUAS CONTRADIÇÕES: UMA
PERSPECTIVA ONTOLÓGICA DA
CRISE DO JORNALISMO
SOUZA, Rafael Bellan Rodrigues de.
Palavras-chave:
Teoria do Jornalismo;
Crise;
Trabalho.
Disponível em:
http://www.compos.org.br/data/arquivos_
2017/trabalhos_arquivo_SK33UDV7N2C
BDEF7UVCE_26_5799_21_02_2017_11
O artigo investiga as tendências que orientam a prática
jornalística hoje, buscando compreender as mutações
no mundo do trabalho do jornalista. Ao explorar a
esfera da produção noticiosa, torna-se possível
cartografar as contradições no interior do jornalismo,
ressaltando como as dimensões singulares, particulares
e universais interagem na moldura objetiva da crise
que afeta o campo. Como muitas outras profissões,
alteradas historicamente e muitas vezes extintas por
novas forças produtivas, o jornalismo têm se tornado
uma prática fragmentada e instável, sendo que o
empreendedorismo neoliberal afeta tanto a
subjetividade do repórter e seus projetos profissionais,
quanto o papel da informação jornalística na
sociabilidade hegemônica contemporânea. Essa
reflexão apoia-se na edificação de uma ontologia do
jornalismo, proposta de interpretação da práxis
noticiosa hoje.
241
_42_11.pdf
Acesso em: 5 dez. 2020
Ano: 2017
29.
JOGO DA LEITURA: A LUDICIDADE
NO JORNALISMO PARA TABLET
CUNHA, Rodrigo.
FREIRE, Eduardo.
Palavras-chave:
Jornalismo digital;
Design;
Contrato de leitura.
Disponível em:
http://www.compos.org.br/data/arquivos_
2017/trabalhos_arquivo_J5ECBORU9PW
6D5TEI9Z4_26_5213_06_02_2017_19_2
5_44.pdf
Acesso em: 5 dez. 2020
Este artigo trata, de um modo exploratório, do
conceito de ludicidade como estratégia enunciativa da
produção, na estruturação da experiência de leitura em
publicações digitais em tablets. Para discutir a relação
entre produção jornalística e leitura, passamos por uma
ampliação da noção de dispositivo, para além dos
aspectos técnicos, tratando-o como elemento da
produção de sentidos. Desta forma, resgatamos a
noção de contrato de leitura, de Eliseo Verón, quando
analisa os dispositivos de imprensa, para estudar as
condições de produção e de reconhecimento no
tabletjornalismo. A partir de testes de usabilidade, foi
possível constatar que a simplicidade de conteúdos e a
parcimônia no uso de recursos interativos podem ser a
chave para a satisfação dos leitores de publicações
digitais, e podem servir como guia para jornalistas e
designers na hora de escolher quais estratégias e
funcionalidades usar ao construir o caminho que leva
ao leitor no que denominamos de jogo da leitura.
Ano: 2017
30.
MULTIPARCIALIDADE, DIALOGIA E
CULTURA PARTICIPATIVA COMO
REAÇÃO À PÓS-VERDADE: UMA
ABORDAGEM DISCURSIVA SOBRE
O JORNALISMO
CARVALHO, Pedro Henrique Varoni de.
BELDA, Francisco Rolfsen.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Dialogia;
Cultura participativa.
Disponível em:
http://www.compos.org.br/data/arquivos_
2017/trabalhos_arquivo_MGT6FSWS1N
E8LA0U38YW_26_5175_14_02_2017_1
7_03_04.pdf
Acesso em: 5 dez. 2020
Dinâmicas das redes sociais têm redefinido práticas
jornalísticas, levando à percepção de uma crise em
noções como objetividade e imparcialidade. A
discussão sobre pós-verdade durante as eleições norte-
americanas de 2016 é um sintoma de demandas sociais
pela responsabilidade de atores midiáticos em relação
às informações divulgadas e da necessidade de um
reposicionamento deontológico e epistemológico no
campo do jornalismo. No Brasil, esse contexto
também envolve a cobertura jornalística da crise
política que levou ao impeachment da ex-presidente
Dilma Roussef . A partir desse quadro, o trabalho
procura apontar a pertinência dos valores de
multiparcialidade e dialogismo para um
reposicionamento conceitual do jornalismo. Assim, é
proposta uma aproximação teórica entre os estudos
midiáticos da cultura participativa com o campo
linguístico discursivo para se refletir sobre formas
potencialmente mais democráticas e polifônicas do
exercício do jornalismo na contemporaneidade.
Ano: 2017
31.
UMA PROPOSTA TEÓRICO-
METODOLÓGICA PARA A PESQUISA
DE OBJETOS NO JORNALISMO
CONTEMPORÂNEO
Objetivamos aqui discutir uma proposta teórico-
metodológica para fundamentar a pesquisa e
observação de objetos no jornalismo contemporâneo.
Recorremos aos conceitos de materialidade na
Comunicação, associada à TAR - Teoria Ator-Rede,
aos estudos vinculados a sistemas, espumas e objetos
todas elas reunidas sob a proposta de um campo mais
242
SAAD, Elizabeth.
SILVEIRA, Stephanie Carlan da.
Palavras-chave:
Jornalismo contemporâneo;
Epistemologia;
Pesquisa de objetos.
Disponível em:
http://www.compos.org.br/data/arquivos_
2017/trabalhos_arquivo_4ZHZFAW8RE
LTO6443MBI_26_5182_14_02_2017_07
_03_28.pdf
Acesso em: 5 dez. 2020
aberto, interdisciplinar e resiliente para a comunicação
contemporânea. Por fim, propomos alguns pontos de
reflexão para a construção de conteúdos informativos
neste ambiente.
Ano: 2018
32.
A PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO
NO JORNALISMO:
TRANSFORMAÇÕES E
RENOVAÇÕES DO CENÁRIO
CONTEMPORÂNEO
FRANCISCATO, Carlos Eduardo.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Conhecimento;
Construção Social.
Disponível em:
http://www.compos.org.br/data/arquivos_
2018/trabalhos_arquivo_J4EQWHBRIM5
CC0BIT6WY_27_6492_26_02_2018_14
_39_15.pdf
Acesso em: 6 dez. 2020
Este paper propõe realizar uma releitura da produção
de conhecimento no jornalismo. Partimos da tese
clássica do jornalismo como uma forma social de
conhecimento e sugerimos um deslocamento de olhar:
pensar os modos de produção deste conhecimento no
jornalismo, procurando, nessa mudança, enfatizar os
elementos, processos e contextos sociais que
participam desta produção. A pesquisa foi
desenvolvida no método dedutivo e aplicou técnicas
de pesquisa bibliográfica para investigar o cenário
contemporâneo do jornalismo e a construção do
modelo de produção de conhecimento em jornalismo.
Foram aplicadas categorias macrossociais como
conhecimento, tecnologia, capital social e inovação.
Por fim, reconhecemos a importância da noção de
“instituições intermediárias”, de Berger e Luckmann,
para superar uma oposição entre teoria da mediação e
da construção nos estudos de jornalismo.
Ano: 2018
33.
CRISE E MERCADO DE TRABALHO:
TRAJETÓRIAS PROFISSIONAIS DE
JORNALISTAS NO BRASIL (2012-
2017)
PONTES, Felipe Simão.
MICK, Jacques.
Palavras-chave:
Trajetórias Profissionais;
Jornalistas Brasileiros;
Crise.
O artigo apresenta os resultados de survey sobre
trajetórias profissionais de jornalistas brasileiros de
2012 a 2017, período em que às transformações
estruturais do ofício se somou a complexa crise
política, econômica e social no Brasil. Iniciado com
manifestações de massa em 2013, o período de tensões
políticas no país (ainda em andamento) foi alimentado
por notável participação de jornalistas que,
abandonando posições de imparcialidade, defenderam
a derrubada de Dilma Rousseff e a agenda de restrição
a direitos sociais e trabalhistas adotada por Michel
Temer. O survey foi respondido em 2017 por 1.233
profissionais que, cinco anos antes, haviam participado
de pesquisa de perfil da categoria. Os dados permitem
a comparação direta de informações sobre a posição
ocupacional dos respondentes nos dois momentos,
243
Disponível em:
http://www.compos.org.br/data/arquivos_
2018/trabalhos_arquivo_72JHNDAEFV9
AD5MYXI08_27_6951_26_02_2018_14
_58_21.pdf
Acesso em: 6 dez. 2020
além de recolherem representações dos jornalistas a
respeito dos efeitos das duas crises sobre seu trabalho.
Ano: 2018
34.
IMERSIVIDADE COMO ESTRATÉGIA
NARRATIVA EM PODCASTS
INVESTIGATIVOS: PISTAS PARA UM
RADIOJORNALISMO TRANSMÍDIA
EM IN THE DARK
LOPEZ, Débora Cristina.
VIANA, Luana.
AVELAR, Kamilla.
Palavras-chave:
Podcast;
Rádio expandido;
Rádio transmídia.
Disponível em:
http://www.compos.org.br/data/arquivos_
2018/trabalhos_arquivo_VQCYDJI5Z67
BL7QMAUI3_27_6772_26_02_2018_12
_49_26.pdf
Acesso em: 6 dez. 2020
É objetivo deste artigo investigar como se configura o
podcast In the Dark no cenário de convergência. O
aparato teórico é fundamentado nas produções de
Kischinhevsky (2016), Lopez (2009; 2017), Meditsch
(2010) e Martínez-Costa (2015). A metodologia
descritiva (TRIVIÑOS, 2008) conta com a
multiplicidade de fontes (CRESSWELL, 2014)
ampliando a dimensão da amostra. Os resultados
apontam um novo desenho midiático avançando na
complexificação narrativa que investe no caráter
imersivo da produção e considera a audiência como
sujeitos ativos.
Ano: 2018
35.
INDICADORES DE CREDIBILIDADE
NO JORNALISMO: UMA ANÁLISE
DOS PRODUTORES DE CONTEÚDO
POLÍTICO BRASILEIROS
TRÄSEL, Marcelo.
LISBOA, Sílvia.
REIS, Giulia.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Credibilidade;
Pseudojornalismo.
Disponível em:
http://www.compos.org.br/data/arquivos_
2018/trabalhos_arquivo_2OJLTLEUOM
H3PRT4H3Z3_27_6314_23_02_2018_15
_11_04.pdf
Os termos “notícias falsas” e “pós-verdade” vem
sendo usados para descrever a potencialização da
desinformação nas redes digitais na segunda década
dos anos 2000. No Brasil, diversos atores vêm
instrumentalizando as redes sociais para disputas
políticas, espalhando conteúdo que imita materiais
jornalísticos legítimos, muitas vezes obtendo mais
audiência do que o noticiário de veículos tradicionais.
Este artigo apresenta os resultados de uma análise de
24 produtores de conteúdo político do país com maior
audiência no Facebook, a partir dos indicadores de
credibilidade desenvolvidos pelo Projeto Credibilidade
(Trust Project). Os resultados sugerem que, no cenário
atual, não é possível distinguir o jornalismo de
qualidade do pseudojornalismo a partir das
características dos websites e matérias publicadas por
produtores de conteúdo político.
244
Acesso em: 6 dez. 2020
Ano: 2018
36.
SUJEITO DADOS: APONTAMENTOS
PARA A DISCUSSÃO DO
JORNALISMO NO CENÁRIO BIG
DATA
ESTEVANIM, Mayanna.
SAAD, Elizabeth.
Palavras-chave:
Jornalismo de dados;
Mapa das mediações;
Sujeito dados.
Disponível em:
http://www.compos.org.br/data/arquivos_
2018/trabalhos_arquivo_96QE5C03RZOJ
16JAB55R_27_6514_22_02_2018_12_17
_16.pdf
Acesso em: 6 dez. 2020
Neste artigo partimos do olhar do jornalismo de dados
para compreender quem são os sujeitos atuantes das
redes sociais digitais. A proposta é de uma reflexão
teórica de conceitos e autores a partir da temática
discutida no Programa de Pós-graduação em Ciências
da Comunicação, na Universidade de São Paulo, sobre
mediações e midiatizações no consumo. Adotamos
como caminho o mapa das mediações de Jesús Martín-
Barbero numa tentativa de compreender as relações
constitutivas deste jornalismo e consequentemente dos
sujeitos de tais processos.
Ano: 2019
37.
AUDIÊNCIA RADIOFÔNICA
E A INTERAÇÃO MEDIADA ON-
LINE: A HASHTAG
#ITATIAIANACOPA COMO UMA
ESTRATÉGIA FALHA
VIANA, Luana.
HOMSSI, Aline Monteiro.
Palavras-chave:
Rádio Expandido;
Rádio Itatiaia;
Análise de Redes Sociais.
Disponível em:
http://www.compos.org.br/biblioteca/trab
alhos_arquivo_4PF4IVWAAH2O1RI4S0
VI_28_7432_17_02_2019_12_04_53.pdf
Acesso em: 6 dez. 2020
Este artigo analisa as redes formadas a partir do uso da
hashtag #ItatiaiaNaCopa, da Rádio Itatiaia, bem como
do perfil @radioitatiaia, com o objetivo de
compreender como ocorreu a interação mediada on-
line entre os usuários do Twitter e a cobertura
jornalística da Copa do Mundo 2018 realizada pela
Rádio Itatiaia. Os dados foram coletados no período de
28 de maio a 20 de julho de 2018, pela ferramenta
Netlytic e analisados por meio do software Gephi, a
partir dos conceitos da Análise de Redes Sociais
(RECUERO, BASTOS, ZAGO, 2015). Com a
utilização dos conceitos de rádio expandido
(KISCHINHEVSKY, 2016) e interação mediada on-
line (THOMPSON, 2018), observa-se a formação
dessas redes e a forma como a hashtag
#ItatiaiaNaCopa gerou baixo engajamento por parte do
público da Rádio Itatiaia.
Ano: 2019
38.
AGIR CARTOGRÁFICO: PROPOSTA
TEÓRICO-METODOLÓGICA PARA
COMPREENSÃO E EXERCÍCIO DO
JORNALISMO EM REDE
O artigo formula proposta a partir de exercício teórico
diante do que é postulado ser uma crise sistêmica no
jornalismo contemporâneo. Na perspectiva da filosofia
da linguagem, a natureza da crise delineia-se pela
disputa de sentidos que se estabelece na semiosfera,
cuja conformação é afetada intensamente pelo alto
grau de conectividades que se processam no ambiente
digital. Versões contemporâneas do fenômeno
245
OLIVEIRA, Felipe Moura de.
OSÓRIO, Moreno Cruz.
HENN, Ronaldo César.
Palavras-chave:
Agir cartográfico;
Mediação qualificada;
Ciberacontecimento.
Disponível em:
http://www.compos.org.br/biblioteca/trab
alhos_arquivo_VOHR9REETUOVW8I3
TZYF_28_7626_21_02_2019_07_24_15.
Acesso em: 6 dez. 2020
designado como “fake news” e outros
desdobramentos, como a ascensão de imaginários
retrógados, adensam a configuração dessa crise.
Considerando-se as tensões que esse fenômeno produz
sobre as práticas jornalísticas, emerge a proposta do
agir cartográfico, associado à interface dos conceitos
de ciberacontecimento e breaking news, como
alternativa teórico-metodológica para a compreensão e
o exercício do jornalismo em rede. É um movimento
que projeta o jornalismo na condição de mediação
qualificada, favorecendo formas mais complexas de
representação e interpretação do mundo
Ano: 2019
39.
TENSIONAMENTOS ENTRE CAMPOS
SOCIAIS: AS FAKE NEWS E A
RECONFIGURAÇÃO DO CAMPO
COMUNICACIONAL E POLÍTICO NA
ERA DA PÓS-VERDADE
FERNANDES, Carla Montuori.
OLIVEIRA, Luiz Ademir de.
GOMES, Vinícius Borges.
Palavras-chave:
Jornalístico;
Fake News;
Eleição 2018.
Disponível em:
http://www.compos.org.br/biblioteca/trab
alhos_arquivo_DNGRMEF7ZR3MHMR3
GHHS_28_7634_20_02_2019_13_14_44.
Acesso em: 6 dez. 2020
O artigo propõe o estudo da reconfiguração do campo
da comunicação em função da nova ambiência
eleitoral de 2018 quando os fluxos midiáticos foram
marcados por alterações em suas dinâmicas. O
trabalho visa a oferecer um contributo de reflexão,
apontando dados e sistematizando aspectos ligados ao
fenômeno das fake news. Nesse sentido, cumpre
entender conceitos de midiatização e abordar
perspectivas de embasamento da realidade política do
País, sobretudo o papel dos campos, como o do
jornalismo, colocado em xeque numa época em que a
pós-verdade assume lugar de destaque na sociedade.
Para a realização da pesquisa, foi desenvolvida uma
análise de conteúdo das matérias da agência de
checagem Lupa durante o período de 23 a 28 de
outubro de 2018.
Ano: 2020
40.
BRINCANDO EM SERVIÇO: AS
POTENCIALIDADES
INFORMATIVAS DO LÚDICO NO
JORNALISMO DIGITAL
LOPES, Olga Clarindo.
Palavras-chave:
Newsgames;
Interação;
Engajamento.
Considerando as dimensões emocional e de identidade
integradas aos papéis sociais que o jornalismo
desempenha na vida cotidiana (HANITZSCH, VOS,
2018) este artigo discute o impacto dos mecanismos de
interação sobre a interpretação do conteúdo
jornalístico decorrente das novas formas de
engajamento com o público. Procuramos examinar de
que maneiras a combinação entre ações lúdicas e
percepções subjetivas em produções interativas
tencionam a forma como os profissionais
conceitualizam o papel da audiência. Observando as
categorias de newsgames e questionários (quizzes)
propostas por Wojdynski (2016) exploramos como
veículos de mídia vêm utilizando esses formatos para
246
Disponível em:
http://www.compos.org.br/biblioteca/trab
alhos_arquivo_DQJX2AD82Z2Q9V236Z
C0_30_8615_26_02_2020_12_54_53.pdf
Acesso em: 6 dez. 2020
situar os leitores em reportagens que lidam com
grandes bases de dados, exemplificar o funcionamento
de sistemas complexos ou auxilia-los a compreender e
compartilhar aspectos de suas identidades e,
consequentemente, repensar a posição que ocupam em
relação ao “outro”.
Ano: 2020
41.
CIRCULAÇÃO DE INFORMAÇÃO NO
TWITTER: COMO LÍDERES DE
OPINIÃO RESSIGNIFICAM AS
NOTÍCIAS
SOARES, Felipe Bonow.
Palavras-chave:
Circulação de Informação;
Líder de opinião;
Recirculação.
Disponível em:
http://www.compos.org.br/biblioteca/trab
alhos_arquivo_6OOX9F1O632DAU0VL
TQG_30_8339_01_03_2020_09_18_41.p
df
Acesso em: 6 dez. 2020
Este estudo tem como objetivo analisar o processo de
circulação e recirculação de notícias no Twitter.
Particularmente, observa-se o papel dos líderes de
opinião neste processo. Para isso, são analisadas duas
conversações que totalizam um conjunto de dados de
mais de 1 milhão de tweets. Utiliza-se uma abordagem
de métodos mistos a partir de Análise de Redes
Sociais e Análise de Conteúdo. Os resultados indicam
que líderes de opinião ressignificam as notícias
conforme suas narrativas políticas. Além disso,
observou-se que os usuários pró-Bolsonaro
apresentam uma dinâmica de superparticipação que
ajuda a impulsionar a visibilidade de certas
mensagens.
Ano: 2020
42.
OS DADOS DIGITAIS NA
COMUNICAÇÃO: UM NOVO
PADRÃO NAS PESQUISAS?
RABELO, Leon Eugênio Monteiro.
CESAR, Daniel Jorge Teixeira.
Palavras-chave:
Dados digitais;
Pesquisas Comunicacionais;
Compós;
NVivo.
Disponível em:
http://www.compos.org.br/biblioteca/trab
alhos_arquivo_90JEHXQW1GEGS82BR
UCE_30_8605_26_02_2020_10_08_40.p
df
Acesso em: 6 dez. 2020
Face à emergência do padrão dos dados digitais na
sociedade contemporânea, este artigo faz uma análise
de sua presença enquanto tema nas pesquisas da
Comunicação. Para tal, escolheu-se fazer um
levantamento de todos os artigos científicos
publicados nos anais da Compós – Associação
Nacional dos Programas de Pós-Graduação em
Comunicação, entre os anos 2000-2019 que tenham
tematizado os dados digitais. Para encontrar os artigos
relevantes em meio a um volume tão expressivo de
textos, usou-se o ‘NVivo’, um software de análise
qualitativa de textos. Essa ferramenta permitiu
também análises estatísticas e cruzamentos de
informação que aclarasse o perfil dessas pesquisas e
suas tendências evolutivas ao longo de 20 anos de
produção científica no campo da Comunicação.
Ano: 2020
43.
O artigo discute a centralidade do conceito de
dispositivo como eixo de análise para os diferentes
episódios de crítica das práticas jornalísticas vistas em
247
DISPOSITIVOS DE CRÍTICA
JORNALÍSTICA NA ESFERA
PÚBLICA EM REDE
COELHO, Alisson.
Palavras-chave:
Crítica midiática;
Dispositivos críticos;
Jornalismo.
Disponível em:
http://www.compos.org.br/biblioteca/trab
alhos_arquivo_YE7H1JH1RYBHW0PS2
6MF_30_8768_02_03_2020_11_55_29.p
df
Acesso em: 6 dez. 2020
rede. Ao final de um percurso de seis anos de
pesquisas em torno de diferentes aspectos da
construção, difusão, circulação e retorno da critica
jornalística nos ambientes em rede e nas redações,
entendemos que não há uma crítica, mas diversas
críticas mais ou menos estabelecidas em torno do
campo jornalístico com diferentes níveis de
epistemologização. Aqui discutimos o conceito de
dispositivo, a partir de Foucault, Agamben e Braga,
como um operacionalizador para compreendermos o
funcionamento conjunto (ou sistêmico) e individual
desses lugares de crítica difusos em rede.
Ano: 2020
44.
JORNALISMO CIENTÍFICO,
ECOSSISTEMA JORNALÍSTICO E
FONTES ESPECIALIZADAS: UMA
NOVA REALIDADE
SILVA, Thalita Mascarelo da.
GENTILLI, Victor.
Palavras-chave:
Fontes jornalísticas;
Promotores de notícias;
Ecossistema jornalístico.
Disponível em:
http://www.compos.org.br/biblioteca/trab
alhos_arquivo_1JIQO6944GKHJWDYM
YAG_30_8473_24_02_2020_18_05_10.p
df
Acesso em: 6 dez. 2020
Um estudo sobre as relações sociais e de poder que
contextualizam as fontes de notícias, compreendidas
aqui como promotores de notícias (news promoters),
no ecossistema jornalístico. A reflexão sobre os modos
como essas transformações se configuram no
jornalismo digital é executado com base em uma
pesquisa bibliográfica, a partir do questionamento
sobre o papel das fontes de notícias nesses processos.
Dois percursos teóricos associados sustentam a
discussão do trabalho: por um lado, o entendimento da
territorialidade e da temporalidade como fenômenos
articulados com ênfase nas modificações espaço-
tempo que se manifestam de forma particular no
jornalismo; de outro, as mediações tecnológicas
imbricadas ao processo de circulação da informação
como uma condição emergente das sociedades
contemporâneas.
Ano: 2020
45.
JORNALISMO E FACT-CHECKING:
FONTES OFICIAIS NA BASE DA
CHECAGEM E CRITÉRIOS NÃO
EXPLICITADOS NA SELEÇÃO DO
QUE CHECAR ORIENTAM A
ANÁLISE DE AOS FATOS E
AGÊNCIA LUPA
DAMASCENO, Daniel.
PATRÍCIO, Edgard.
A prática de fact-checking iniciou para verificar a
factualidade das informações nos discursos de agentes
políticos (GRAVES, 2013). Mas a proliferação de
informações falsas nas redes sociais da internet, e
disseminação de mentiras como instrumento político,
fez com que as metodologias de fact-checking também
fossem utilizadas para combater as fake news (DINIZ,
2018). Numa abordagem cognitiva e comportamental,
Lazer et al (2018) alertam que existem dúvidas quanto
à eficácia dessa utilização. Esse artigo analisa a
atuação de duas agências brasileiras de checagem, Aos
Fatos e Agência Lupa. Demonstramos que, apesar da
checagem de discursos ter relação direta com a
credibilidade das organizações, as próprias agências
248
Palavras-chave:
Jornalismo;
Fact-checking;
Fake news.
Disponível em:
http://www.compos.org.br/biblioteca/trab
alhos_arquivo_QO9GOSFIK2N0BXC199
0P_30_8700_26_02_2020_15_50_50.pdf
Acesso em: 6 dez. 2020
não explicitam os critérios que orientam a seleção do
que é checado. E que as plataformas de fact-checking
se valem, sobretudo, de dados e estudos fornecidos por
fontes oficiais e instituições públicas, comprometendo
mais uma vez a credibilidade do processo.
Ano: 2020
46.
VIOLÊNCIA DIGITAL CONTRA
JORNALISTAS: O CASO DAS
ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2018
RAMOS, Daniela Osvald.
SAAD, Elizabeth.
Palavras-chave:
Violência digital;
Jornalistas;
Eleições presidenciais.
Disponível em:
http://www.compos.org.br/biblioteca/trab
alhos_arquivo_GF08O9WXJ33HGJ5QG
Z69_30_8278_13_02_2020_18_52_07.pd
f
Acesso em: 6 dez. 2020
Este artigo apresenta e analisa o cenário brasileiro de
violência digital contra jornalistas durante o período
das eleições de 2018 e seu desenvolvimento posterior,
com base em uma visão de perspectiva múltipla tanto
para a abordagem teórica quanto para o método de
pesquisa adotado. A abordagem teórica combina
referências da ontologia do jornalismo e sua prática
contemporânea em ambientes digitais, bem como
utiliza conceitos da sociologia da violência
contemporânea para uma abordagem sobre a violência
a partir do sujeito. Propomos também uma coleta de
dados de plataformas sociais de análise de sentimento
no período focalizado bem como a coleta de dados
sobre os três jornalistas entrevistados. Concluímos que
a violência digital contra jornalistas ameaça o futuro
da profissão e, entre outras causas, decorre do
processo de desumanização a partir do uso de robôs na
manipulação do algoritmo nas plataformas de mídia
digital.
249
APÊNDICE B
Textos selecionados do Encontro Anual da SBPJor (2012-2020).
TEXTOS SELECIONADOS
RESUMO
Ano: 2012
1.
O PROCESSO DE PRODUÇÃO
WEBJORNALÍSTICA AUDIOVISUAL
UNIVERSITÁRIA: POSSIBILIDADES
E LIMITAÇÕES PARA MUDANÇAS
TEIXEIRA, Juliana Fernandes.
Palavras-chave:
Jornalismo digital;
Webjornalismo audiovisual; Webtvs
universitárias;
Processo produtivo jornalístico; Produção
webjornalística audiovisual.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XENPJOR/paper/view/1495/62
Acesso em: 5 dez. 2020
Estudar o processo de produção jornalística é
fundamental na contemporaneidade, quando os meios
de comunicação, sobretudo os baseados no
ciberespaço, são marcados por uma reestruturação
tecnológica contínua e profunda, alterando o
funcionamento das fases produtivas. Esse panorama
nos impele a observar as principais possibilidades e
limitações para tais mudanças no processo de
produção, em especial no âmbito do webjornalismo
audiovisual universitário. O objetivo do artigo é,
portanto, verificar se e quais transformações os
produtos webjornalísticos audiovisuais universitários
geram no processo de produção jornalística. A
metodologia empregada foi a desenvolvida pelo
GJOL-UFBA, que combina procedimentos
quantitativos e qualitativos, bem como pesquisa de
campo
Ano: 2012
2.
A NOTÍCIA LÍQUIDA NA NOVA
ECOLOGIA MIDIÁTICA
RUBLESCKI, Anelise.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Notícia;
Notícia líquida;
Webnotícia.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XENPJOR/paper/view/1505/65
Acesso em: 5 dez. 2020
O artigo repensa o próprio conceito de notícia na
sociedade líquida, convergente e midiatizada.
Evidencia que a nova ecologia midiática desequilibra
o clássico binômio produçãorecepção de notícias
verticalmente mediadas por jornalistas e transfere a
tônica para a circulação. Já não basta publicar: as
notícias precisam ser filtradas pelos interagentes,
reelaboradas, recomendadas para as redes sociais das
plataformas digitais. Ao longo do processo, a notícia
adquire um duplo estatuto: o enunciado no seu local de
postagem inicial e os fluxos que se estabelecem entre
os plurais espaços que se inserem no circuito da
notícia online. O somatório desses fluxos resulta na
caracterização da notícia líquida. Metodologicamente,
trata-se de um trabalho de cunho teórico-analítico, a
partir de revisão da literatura.
Ano: 2012
3.
Em tempos de convergência tecnológica, o jornalismo
tem passado profundas transformações em diversos
aspectos. Através do estudo realizado para uma
250
PROCESSOS EMERGENTES DO
JORNALISMO NA INTERNET
BRASILEIRA: “NOVOS
JORNALISTAS” NA ERA DA
INFORMAÇÃO DIGITAL
DEAK, André.
FOLETTO, Leonardo.
Palavras-chave:
Jornalismo digital;
Ciberjornalismo;
Internet;
Redes sociais;
Jornalismo em base de dados.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XENPJOR/paper/view/1779/129
Acesso em: 5 dez. 2020
dissertação de mestrado (DEAK, 2011) sobre alguns
profissionais envolvidos em atividades jornalísticas
tidas como emergentes, este trabalho propõe
categorias para delimitar novas ocupações jornalísticas
dentro do ciberjornalismo. Estas categorias apontam
para um “novo” jornalismo emergente na rede, que
exige cada vez mais dos profissionais noções de área
como programação de sites, desenvolvimento de
bancos de dados, gestão de mídias sociais, produção
multimídia, produção web e empreendedorismo.
Ano: 2012
4.
AS REVISTAS MUDAM PORQUE OS
SUPORTES MUDAM: PANORAMA
DO PRODUTO EM FORMATOS
DIGITAIS
DOURADO, Tatiana Maria.
Palavras-chave:
Jornalismo online;
Revistas;
Suportes;
Materialidades.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XENPJOR/paper/view/1787/122
Acesso em: 5 dez. 2020
Propõe-se associar o panorama histórico da
digitalização das revistas jornalísticas com a
delimitação teórica acerca das materialidades no
campo das Ciências da Comunicação. Para isso, é
apresentado o processo de transição e consolidação do
produto específico nos formatos digitais, desde os
“teletexts magazines”, nos anos 1980, até as atuais
“revistas sociais”, que, novamente, reorienta a lógica
de distribuição e consumo de notícias. A pesquisa é
possibilitada através do método de revisão de literatura
com foco na linha evolutiva das revistas, ainda
escassa, e nos estudos sobre materialidades,
exemplificada com estudos de casos ilustrativos, com
intuito de compreender as diferentes atuações do
produto nas interfaces virtuais.
Ano: 2012
5.
A PARTICIPAÇÃO DOS
INTERAGENTES NOS SITES DE
REDES SOCIAIS COMO UMA
DIMENSÃO DO ACONTECIMENTO
JORNALÍSTICO
ZAGO, Gabriela da Silva.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Em maio de 2012, foi inaugurada a ciclovia da
Avenida Ipiranga, em Porto Alegre, RS, apesar de
estar apenas 4,4% concluída. A peculiaridade do
acontecimento fez com que ele fosse bastante
discutido nos sites de redes sociais. Por conta dessas
características, o acontecimento é tomado como ponto
de partida para discutir a possibilidade de se
considerar a participação dos interagentes como uma
dimensão do acontecimento jornalístico, na medida em
que, através da recirculação, os interagentes podem
atribuir sentidos diversos e inesperados ao
acontecimento, que é posto em circulação novamente
dotado de novos sentidos e pode vir a afetar, de forma
251
Acontecimento;
Circulação jornalística;
Sites de redes sociais;
Twitter.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XENPJOR/paper/view/1790/124
Acesso em: 5 dez. 2020
ressignificada, outros interagentes.
Ano: 2012
6.
O TWEET NOTICIOSO COMO
GÊNERO DISCURSIVO
TEIXEIRA, Mabel Oliveira.
Palavras-chave:
Gêneros discursivos;
Notícia;
Esfera jornalística;
Twitter;
Tweet noticioso.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XENPJOR/paper/view/1834/134
Acesso em: 5 dez. 2020
O presente artigo visa contribuir às pesquisas arroladas
dentro da área de Análise de Gêneros através da
observação de um objeto-textual pouco explorado,
mas amplamente apropriado pela esfera jornalística
como produto informativo, a saber: o tweet noticioso.
A proposta desenvolvida neste trabalho volta-se ao
entendimento do tweet noticioso como um gênero
discursivo transmutado (BAKHTIN, 1990, 2005,
2011). Nosso pressuposto central é que a Web, vista
como (hiper)esfera da atividade humana, estimula a
hibridização de gêneros e esferas que, uma vez
deslocados de seus contextos imediatos, se
transformam em função das novas necessidades
comunicacionais da chamada Sociedade em Rede
(CASTELLS, 2010). Em nossa análise iremos
observar 134 enunciados jornalísticos publicados no
Twitter visando encontrar as possíveis marcas
estilísticas, composicionais e/ou temáticas que
denunciem a gênese de um novo gênero jornalístico.
Ano: 2012
7.
JORNALISMO EM BASES DE DADOS
E O HACKEAMENTO DOS JORNAIS
ALMEIDA, Yuri.
Palavras-chave:
Convergência;
Jornalismo em base de dados;
Hackeamento;
Jornalismo colaborativo;
Hacker.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XENPJOR/paper/view/1903/153
Acesso em: 5 dez. 2020
Os bancos de dados estão no cerne do processo
criativo para a elaboração de produtos para grande
parte das novas mídias (MANOVICH, 2001).
Entretanto, apesar da enorme quantidade de dados
disponíveis, a informação não tem sentido sem a
contextualização, recombinação e estruturação dos
conteúdos. Além de estruturar o jornalismo no
ciberespaço, as bases de dados permitem também
potencializar as práticas colaborativas jornalísticas. A
partir de 2008 observou-se um processo, das grandes
empresas de comunicação, em liberar as suas
respectivas API’s e, paralelamente, criar ações da
hackeamento dos jornais. Defende-se neste artigo que
a disponibilização da API será fundamental para
ampliar o hackeamento dos jornais e contribuir para a
melhoria técnica e social dos meios de comunicação.
Ano: 2012
8.
DESCENTRALIZAÇÃO DOS
Lidar com conteúdo noticioso produzido por amadores
é um desafio enfrentado pelas media tradicionais. A
aquisição das Tecnologias da informação e da
comunicação (Tics) por não profissionais representa
252
PROCESSOS PRODUTIVOS DA
NOTÍCIA: DA MEDIAÇÃO
TRADICIONAL DAS MEDIA À
HIPERMEDIAÇÃO COLABORATIVA
ANJOS, Edienari Oliveira dos.
Palavras-chave:
Descentralização;
Colaboração;
Media;
Audiência;
Conteúdo noticioso;
Crowdsourcing
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XENPJOR/paper/view/2134/210
Acesso em: 5 dez. 2020
um novo momento para as empresa midiáticas, que
sente a necessidade de inovar e inserir a audiência em
seu espaço produtivo. Com o propósito de investigar o
fenômeno, o artigo dedica-se a entender práticas
jornalísticas de colaboração da audiência na
construção de conteúdo noticioso. Tem-se como
objeto de análise a cobertura jornalística colaborativa
da revista Select durante a Feira Internacional SP-
Artes. A revista vale-se da prática crowdsourcing
(open callchamada aberta) para suscitar a colaboração
de seus leitores, o que demonstra uma descentralização
da rotina produtiva da media impressa. Constata-se a
transição do monopólio produtivo da notícia das media
tradicionais à participação efetiva da audiência.
Ano: 2012
9.
A CONSTRUÇÃO DO
ACONTECIMENTO JORNALÍSTICO
NA ERA DA CONVERGÊNCIA DAS
MÍDIAS
BACCIN, Alciane Nolibos.
Palavras-chave:
Acontecimento jornalístico; Convergência
midiática;
Mídias sociais;
Critérios de noticiabilidade; Cultura
participativa.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XENPJOR/paper/view/2147/217
Acesso em: 5 dez. 2020
O presente artigo faz uma reflexão sobre os avanços
das tecnologias digitais, da participação dos usuários
na configuração do acontecimento jornalístico e a
emergência de uma cultura mais inclusiva na seleção,
produção e circulação dos acontecimentos
jornalísticos. Na construção dos acontecimentos
jornalísticos estão presentes questões internas
(critérios de notibilidade) e externas (tecnologia e
participação do público) que ajudam a configurar esses
acontecimentos. Com base nessas questões são
analisados dois exemplos veiculados nos portais G1 e
Terra sobre o Acontecimento Geisy Arruda – Uniban.
Este artigo é parte da dissertação da autora.
Ano: 2012
ARAGÃO, Rodrigo Martins.
10.
JORNALISMO E PARTICIPAÇÃO: OS
CONTEÚDOS PRODUZIDOS PELOS
USUÁRIOS NO JORNALISMO
BRASILEIRO
Palavras-chave:
Jornalismo;
Participação no Jornalismo;
Tendo como pressuposto a hipótese do Jornalismo
Difuso, segundo a qual, a partir do surgimento de
ferramenta de produção de conteúdo e publicação
pessoal qualquer indivíduo poderia fazer as vezes de
jornalista, o estudo investiga a veracidade desta
afirmação dentro dos espaços abertos pelos webjornais
brasileiros para a recepção e publicação de conteúdos
produzidos por usuários. Para colocar em discussão
esta questão e testar tal hipótese, realizou um
mapeamento de espaços de participação em 31 jornais
brasileiros, em que se identificam tendências gerais
relativas às questões de pesquisa acima citadas.
Encontraram-se evidências da manutenção da divisão
253
Webjornalismo.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XENPJOR/paper/view/2148/218
Acesso em: 5 dez. 2020
de papéis entre jornalista profissional e leitor
participante, marcado pela reafirmação da habilitação
do profissional para a seleção e tratamento das
informações.
Ano: 2012
11.
NAS ONDAS HIPERMIDIÁTICAS:
RADIOJORNALISMO,
HIPERMEDIAÇÕES E FASE DA
MULTIPLICIDADE DA OFERTA NO
PIAUÍ
TEIXEIRA, Thays Helena Silva.
DOURADO, Jacqueline Lima.
Palavras-chave:
Radiojornalismo;
Economia Política do Jornalismo;
Hipermediações;
Fase da Multiplicidade da Oferta.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XENPJOR/paper/view/1911/154
Acesso em: 5 dez. 2020
O artigo analisa o processo de produção jornalística
via hipermediações inserido no mercado do rádio
piauiense. A análise parte de uma compreensão do
cenário neoliberal de mercado e como ele reverbera
em processos de globalização e convergência
midiática, fazendo com que a produção de conteúdos
jornalísticos para o rádio assuma nova caracterização,
inserida naquilo que Brittos (2006), chama de Fase da
Multiplicidade da Oferta. A Economia Política do
Jornalismo tráz os elementos teóricos metodológicos
para essa compreensão que analisa a rádio Teresina
FM, como um estudo de caso, no sentido de refletir
sobre o mercado do rádio no Piauí e a sua adesão aos
formatos do jornalismo digital.
Ano: 2013
12.
OS DESAFIOS JORNALÍSTICOS
DIANTE DA REDEFINIÇÃO DO
CONCEITO DE CONTEÚDO
MINGA, Ester.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Conteúdo simbólico;
Internet;
Parêntese Gutenberg;
Modo de produção.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIENPJOR/paper/view/2310/409
Acesso em: 5 dez. 2020
O presente artigo debruça-se sobre as formas de
produção, circulação e apreciação de conteúdos
simbólicos hoje, pela internet, e dos períodos
anteriores, respectivamente, à invenção da imprensa de
Gutenberg e à introdução da eletricidade na
comunicação, com o objetivo de identificar
similaridades entre essas práticas tal como ocorrem
atualmente e da forma que se estabeleciam no passado.
Para isso, parte-se da hipótese de que, apesar do
inegável avanço tecnológico e das possibilidades
intrínsecas às invenções citadas, no sentido de que só
se tornaram possíveis a partir delas, as práticas tal
como existem hoje na internet, são em grande parte as
mesmas verificadas no passado. Portanto, esta volta às
origens torna necessário e urgente ao jornalismo, cujo
produto comercializado por sua indústria é um
conteúdo simbólico, redefinir seu modo de produção
Ano: 2013
13.
O JORNALISTA MULTIMÍDIA:
Este artigo tem por objetivo problematizar as tensões
em torno da identidade profissional do jornalista
diante da incorporação crescente de ferramentas
digitais em suas rotinas produtivas. Para isso, serão
254
TENSÕES EM TORNO DA
(CIBER)CULTURA PROFISSIONAL
SEIBT, Taís.
Palavras-chave:
Identidade profissional;
Jornalismo multimídia;
Cibercultura;
Redação integrada.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIENPJOR/paper/view/2336/423
Acesso em: 5 dez. 2020
recuperadas discussões acerca da identidade
profissional do jornalista, as quais serão colocadas em
perspectiva com conceitos de cibercultura e resultados
empíricos de observações de rotina realizadas na
Redação do jornal Zero Hora, para enfim discutir a
formação de uma identidade do “jornalista
multimídia”.
Ano: 2013
14.
OS TIPOS DE JORNALISTAS
BLOGUEIROS: UMA NOVA
PROPOSTA DE CATEGORIZAÇÃO
NONATO, Cláudia.
Palavras-chave:
Blogs;
Blogueiros;
Jornalistas;
Categorização.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIENPJOR/paper/view/2325/418
Acesso em: 5 dez. 2020
Os primeiros blogs surgiram ainda nos anos 1990,
primeiro como diários virtuais (Schittine, 2004), sendo
mais tarde apropriados por profissionais de diversas
áreas, principalmente jornalistas. Além disso, nos
últimos anos, a grande quantidade de pesquisas,
levantamentos e categorizações publicadas no meio
acadêmico demonstra que os blogs tornaram-se
importantes meios de comunicação, que abalaram as
rotinas produtivas dos meios de massa (Quadros, Rosa
e Vieira, 2005). A partir de um estudo documental e
bibliográfico, observa-se que a maior parte das
categorizações feitas até aqui, partiram do blog como
referência e distinção, e não do blogueiro. Desse
modo, baseados na tipologia criada por Alex Primo
(2008; 2010), pretendemos, com este artigo, apresentar
uma nova categorização de jornalistas blogueiros.
Ano: 2013
15.
LINGUAGENS, PARADIGMAS E
PERSPECTIVAS SOBRE A
UTILIZAÇÃO DOS DISPOSITIVOS
MÓVEIS
PEREIRA, Marcelo da Silva.
Palavras-chave:
Tablets;
Smartphones;
Linguagem;
Mobilidade;
Comunicação.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
O avanço tecnológico, o aumento do número de
usuários de dispositivos móveis nos últimos anos (no
Brasil e no mundo) e a multiplicidade de aplicativos
para comunicação por meio destes aparelhos permite
inúmeras possibilidades para interatividade,
transmissão e consumo da informação. O presente
artigo faz uma análise do uso de tablets e smartphones
a partir das discussões acerca da linguagem, a
utilização dos digitais móveis com abordagem sobre
os aspectos históricos, definições, as características,
usos e processos de linguagem e as perspectivas de
utilização para os próximos anos, em diálogo com os
autores e suas teorias de linguagens da mídia
contemporânea, em especial Lev Manovich e João
Canavilhas.
255
PJor/XIENPJOR/paper/view/2354/427
Acesso em: 5 dez. 2020
Ano: 2013
16.
WEBTELEJORNALISMO: O
DESAPARECIMENTO DO RITUAL DE
APRESENTAÇÃO E A EXPANSÃO
DA INFORMAÇÃO NO
CIBERESPAÇO
RENAULT, Letícia.
Palavras-chave:
Webtelejornalismo;
Ciberespaço;
Web;
Informação;
Âncora.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIENPJOR/paper/view/2391/440
Acesso em: 5 dez. 2020
Este artigo tem por objeto o webtelejornalismo,
compreendido como o telejornalismo produzido para
ser divulgado na web pelas redes brasileiras de
televisão aberta no processo de migração para o
ciberespaço. Ele pode ser compreendido como a fase
hipertextual multimídia do telejornalismo tradicional
produzido pelas maiores redes de televisão aberta no
Brasil. O artigo descreve o primeiro dos atributos do
atual webtelejornalismo no País, em que se evidencia
o desaparecimento do ritual de apresentação e a
expansão da informação no ciberespaço
Ano: 2013
17.
MOBILIZAR OU ENTRETER A
AUDIÊNCIA: RECONFIGURAÇÕES
DAS PRÁTICAS DO JORNALISTA
ON-LINE
BARSOTTI, Adriana.
AGUIAR, Leonel.
Palavras-chave:
Jornalismo on-line;
Mobilizador de audiência;
Entretenimento;
Gatewatcher;
Gatekeeping.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIENPJOR/paper/view/2499/472
Acesso em: 5 dez. 2020
O contexto de superabundância de informação na
internet e a crescente participação dos leitores no
processo de produção da notícia vêm reconfigurando o
papel do jornalista online. A partir de um estudo de
caso no site do jornal Extra, do Rio de Janeiro,
propusemos a revisão, à luz da internet, do conceito de
gatekeeping, aplicado por David White ao jornalismo.
Também analisamos a validade da utilização dos
termos gatewatcher e mediador para definir as novas
funções do jornalista na web. Por último, sugerimos
mais um conceito para esse campo de estudos: a do
jornalista como mobilizador da audiência na internet.
Nessa perspectiva, verificamos que, no Extra, o
jornalista on-line oscila entre o papel de entreter e
mobilizar, dado que os valores-notícia relacionados ao
entretenimento têm papel fundamental na
alavancagem da audiência do site.
Ano: 2013
18.
A INTERMIDIALIDADE COMO
FORMA DE INTERPRETAÇÃO DO
JORNALISMO DIGITAL DE REVISTA
O presente trabalho objetiva estudar uma das
modalidades atuais de jornalismo – o jornalismo
digital de revista. Especificamente temos como objeto
a prática realizada nos tablets e como ela pode ser
abordada pelo viés dos estudos de intermidialidade. Os
estudos de intermidialidade abordam os movimentos
256
ZSCHABER, Felipe.
Palavras-chave:
Jornalismo de Revista;
Jornalismo Digital;
Intermidialidade;
Mídias Digitais;
Tablets.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIENPJOR/paper/view/2557/486
Acesso em: 5 dez. 2020
(históricos e atuais) das mídias, suas próprias relações
e as relações sociais que tecem com os usuários. Com
essa proposta pretendemos buscar uma compreensão
mais complexificada dessa prática, considerando tanto
a dinâmica histórico-social quanto técnico-material
entre mídias e entre mídias-usuários.
Ano: 2013
19.
A DINÂMICA DA NOTÍCIA NAS
REDES SOCIAIS NA INTERNET:
UMA PROPOSTA DE
CATEGORIZAÇÃO DA CIRCULAÇÃO
A PARTIR DO CONTEÚDO DAS
POSTAGENS NO TWITTER E NO
SOUSA, Maíra.
Palavras-chave:
Jornalismo; Circulação;
Redes sociais na internet;
Dinâmica da Notícia;
Twitter e Facebook.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIENPJOR/paper/view/2592/495
Acesso em: 5 dez. 2020
Consideramos que a dinâmica da notícia diz respeito à
etapa de circulação a partir da forma de apresentação e
do conteúdo das postagens e a recirculação a partir das
ações participativas dos usuários. Nesse sentido, este
artigo tem por objetivo apresentar nossa proposta de
categorização da circulação a partir do conteúdo das
postagens (alerta, atualização, contextualização,
impacto, convergência, colaboração e composto) e
analisar como a notícia é construída no Twitter e no
Facebook. O estudo foi realizado a partir de 121
postagens do Twitter.com/estadao e 69 do
Facebook.com/estadao publicadas entre os dias 27 e
31 de janeiro de 2013, à respeito da Tragédia em Santa
Maria (RS).
Ano: 2013
20.
JORNALISMO EM DISPOSITIVOS
MÓVEIS: NEWSMAKING E O
APLICATIVO CIRCA
GOSS, Bruna Marcon.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Dispositivos móveis;
Newsmaking;
Valores-notícia;
Circa.
Esse trabalho pretende analisar o jornalismo em
dispositivos móveis, considerando as questões de
mobilidade e conectividade constantes,
proporcionadas pelos celulares e smartphones com
acesso à internet, e como o jornalismo se comporta
nesse contexto. Para isso, escolhemos o aplicativo de
notícias Circa, lançado em 2012, que apresenta
notícias em pequenos parágrafos, e analisamos as
notícias publicadas utilizando a hipótese do
newsmaking e os valores notícias de seleção de
Traquina (2008) para compreender quais são os
valores mais presentes e como o formato de produção
do Circa se apresenta nesse contexto de notícias para
mobilidade.
257
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIENPJOR/paper/view/2602/499
Acesso em: 5 dez. 2020
Ano: 2013
21.
TRANSFORMAÇÕES
ESTRATÉGICAS NA VOZ
INSTITUCIONAL DO JORNALISMO:
REDES SOCIAIS DA INTERNET NA
CONSTRUÇÃO DA IMAGEM DE SI
CARVALHO, Luciana Menezes.
RUBLESCKI, Anelise.
BARICHELLO, Eugenia Mariano da
Rocha.
Palavras-chave:
Voz institucional;
Estratégias comunicacionais;
Redes sociais da internet;
Jornalismo em rede;
Ethos discursivo.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIENPJOR/paper/view/2638/507
Acesso em: 5 dez. 2020
Neste trabalho, de caráter teórico-analítico, parte-se da
hipótese de que o jornalismo adota transformações
estratégicas em sua voz institucional para se adequar
ao ecossistema midiático digital. Entende-se que tais
adaptações decorrem principalmente da ampliação da
participação dos interagentes nas redes sociais da
internet, que representam papel central na atual
configuração midiática, desencadeando nas
organizações novas formas de representação de seu
ethos. Tais mudanças na construção da imagem de si
podem ser observadas em enunciados de natureza
editorial, em que o discurso institucional é mais
claramente exposto. Toma-se como caso de ilustração
o jornal Zero Hora (RS), que recentemente utilizou
manifestações das redes sociais da internet para
construir seu discurso institucional em uma carta
assinada pela diretora de redação.
Ano: 2013
22.
OMBUDSMAN, REDES SOCIAIS E A
PARTICIPAÇÃO DO PÚBLICO NA
MÍDIA
PAULINO, Fernando Oliveira.
OLIVEIRA, Madalena.
HOLLANDA, Marianna.
FIDALGO, Joaquim.
Palavras-chave:
Ombudsman;
Ética;
Regulação;
Participação;
Redes sociais.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIENPJOR/paper/view/2645/510
Acesso em: 5 dez. 2020
As atividades dos ombudsmen tem sido estudada
especialmente do ponto de vista da ética como
instrumento mediação entre o veículo de comunicação
e o público. Partindo deste pressuposto, neste artigo
procuramos explorar também a relação desta atividade
com a participação do público a partir do uso de redes
sociais por ombudsmen da RTP e da EBC. Na matriz
original da atividade do ombudsman, que em Portugal
adotou a designação de Provedor (dos Leitores, do
Ouvinte e do Telespectador) e no Brasil também é
conhecida como Ouvidor, está ímplicito um princípio
de interação com as audiências. Respondendo a
interpelações do público, o ombudsman é, por isso, um
dos canais que na mídia contemporânea procurar
cultivar precisamente os mecanismos de participação.
A este princípio acresce o fenômeno das redes sociais
que representam não apenas um estímulo adicional ao
contacto com o ombudsman, mas também uma
extensão do debate sobre a deontologia dos
profissionais de comunicação. Tal prática pode
possibilitar maior participação do público e prescreve
a necessidade de um profissional destacado para
administrar tal canal.
258
Ano: 2013
23.
O FAZER JORNALÍSTICO NO CIBER
ESPAÇO
MONTEIRO, Ana Carolina da Silva.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Cibercultura;
Novas Tecnologias;
Comunicação;
Hipermídia.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIENPJOR/paper/view/2668/521
Acesso em: 5 dez. 2020
Este artigo trata do fazer jornalístico e suas
especificidades na era da Internet. Por mais que este
objeto tenha sido discutido por diversos autores, ainda
pode desencadear excelentes reflexões, em especial
sobre a ótica do ciberjornalismo, dos novos papéis do
jornalista e do cidadão no atual universo
hipermidiático. A dinâmica do jornalismo, no que se
refere ao uso de técnicas e tecnologias, é problemática
para algumas teorias que tentam explicar o fato da
apropriação de suportes e sua relação com a produção.
Não existe no jornalismo uma teoria geral que dê
conta das mudanças e efeitos das tecnologias. O que
hoje parece ser delimitado para as outras mídias, ainda
é incógnita quando se trata das características do
jornalismo na web. Ainda no ano de 2013, o
ciberjornalismo emerge com mais desafios do que
certezas.
Ano: 2013
24.
DESTINOS DA MEDIAÇÃO
JORNALÍSTICA
FAUSTO NETO, Antonio.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Mediação;
Midiatização;
Amador;
Enunciação.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIENPJOR/paper/view/2515/561
Acesso em: 5 dez. 2020
As lógicas e operações digitais que estruturam e
dinamizam a 'relação com o outro' e a 'relação com os
dados' produzem transformações na atividade da
mediação, especialmente a de caráter jornalístico. Na
condição de 'peritos’, jornalistas têm suas práticas
atravessadas pelo 'exército de amadores' que fustigam
conhecimentos e procedimentos que, até, então se
mantinham nas fronteiras de suas atividades. Registros
sobre tais intervenções se manifestam nos ambientes
jornalísticos , nos processos formativos dos jornalistas
e em outros aspectos do seu ëthos” como os que
envolvem a autonomia e a testemunhalidade. . A
formulação de Robert Dahrton – “notícia, tudo que
couber a gente publica” , parece debilitada ou mesmo,
condenada ao desaparecimento, na medida em que a
mediação jornalística se mostra , crescentemente ,
afetada pelos efeitos da midiatização em curso.Para
refletir sobre tais proposições,valemo-nos de registros
que envolvem o campo jornalístico, especialmente
processos enunciativos através dos quis a narrativa
jornalística relata o acontecimento.
Ano: 2013
25.
TENSIONAMENTOS AO
JORNALISMO PELA CIRCULAÇÃO
SOCIAL DE TEMAS NAS REDES
SOCIAIS
KLEIN, Eloísa.
Palavras-chave:
Circulação;
Crítica midiática;
Facebook;
Este texto tem o objetivo de refletir sobre as relações
entre o jornalismo e os variados circuitos
comunicacionais alimentados por instituições, pessoas,
materialidades, considerando-se contextos digitais. O
artigo analisa o caso do Diário de Classe, página do
Facebook criada por uma estudante de 13 anos para
escrever sobre a rotina, os problemas do ensino e das
instalações da escola em que estudava. A página gerou
polêmica, repercutiu no Facebook e foi amplamente
pautada pelo jornalismo, resultando em melhorias na
estrutura da escola, tensionamentos aos governos e
uma transformação na vida de Isadora Faber, criadora
do Diário de Classe. O presente artigo considera dois
ângulos para análise: o tratamento do Diário de Classe
259
Diário de Classe;
Jornalismo.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIENPJOR/paper/view/2515/563
Acesso em: 5 dez. 2020
sobre o jornalismo (e a manifesta vontade da criadora
da página de se tornar jornalista) e os modos de
tematizar, questionar, noticiar Diário de Classe pelo
jornalismo. Para ser possível uma análise relacional
entre estes âmbitos, desenvolvemos uma síntese
analítica do caso.
Ano: 2013
26.
MIDIATIZAÇÃO DO
TELEJORNALISMO: ECOS DO
ENCONTRO ENTRE O NOTICIÁRIO
TELEVISIVO E SITE DE REDE
SOCIAL
SGORLA, Fabiane.
Palavras-chave:
Midiatização;
Telejornalismo;
Zona de contato;
Produções discursivas.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIENPJOR/paper/view/2515/565
Acesso em: 5 dez. 2020
O objetivo desta discussão é sinalizar e refletir acerca
das marcas da midiatização do telejornalismo no
contexto brasileiro. Para tanto, observamos
dispositivos de “zonas de contato” (FAUSTO, 2010) -
como espaços arquitetados por instâncias midiáticas
em que produtores e receptores travam contatos e,
supostamente, interagem – com a finalidade de
perceber os movimentos das construções discursivas
propostas por um telejornal. Através da análise de um
modelo de “zona de contato”- Fanpage do Jornal
Nacional, das Organizações Globo, no site de rede
social Facebook - percebemos vestígios de que o uso
desses espaços tem um enfoque maior no convite para
o dispositivo televisivo do noticiário, bem como para
seu site, em detrimento da efetivação de processos de
interação.
Ano: 2013
27.
NÍVEIS DE APROPRIAÇÃO
TECNOLÓGICA E PROFISSIONAIS
DO JORNALISMO
LIMA JUNIOR, Walter Teixeira.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Apropriação Tecnológica;
Web;
Capital Social;
Assimetria informativa.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIENPJOR/paper/view/2584/580
Acesso em: 5 dez. 2020
O atual estágio tecnológico da Web permite todos os
tipos de apropriações, desde as mais domésticas, como
abertura de uma conta em uma rede social, até as mais
sofisticadas, como a procura de rastros e dados. Desde
a introdução da dinamicidade na Web, quando os
componentes das páginas começaram a serem
armazenados em bancos de dados, a co-evolução da
rede permitiu a cada nível de apropriação pelo
profissional de jornalismo determinar qual o patamar
de obtenção de capital social cognitivo dele. Para
diminuir a assimetria informativa e contribuir para o
aumento informativo da esfera pública interconectada,
o profissional de jornalismo deve apropriar-se com
mais profundidade das técnicas e tecnologias da Web.
Ano: 2013
28.
REPENSANDO JORNALISMO E
O objetivo é investigar de que modo uma crescente
confluência entre, de um lado, as tecnologias
contemporâneas de comunicação estruturadas na
convergência entre a digitalização ampla e a formação
260
TECNOLOGIA A PARTIR DAS
PERSPECTIVAS
CONSTRUCIONISTAS
FRANCISCATO, Carlos Eduardo.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Tecnologia;
Construção social;
Teorias do jornalismo;
Epistemologia.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIENPJOR/paper/view/2536/575
Acesso em: 5 dez. 2020
de redes de comunicação com alto potencial de
mobilidade e interação e, de outro, o jornalismo
constituído nos modelos das mídias tradicionais,
massivas, unidirecionais, analógicas e classicamente
diferenciadas (jornal, rádio e televisão) estão
demandando uma reformulação nas teorias elaboradas
no século XX para descrever e interpretar o jornalismo
reconfigurado no século XXI. Utilizaremos uma
investigação teórica, de ordem bibliográfica, para
aproximar duas perspectivas: a tecnologia analisada a
partir dos estudos de construção social e as teorias
construcionistas do jornalismo. Buscamos, a partir
deste quadro teórico supostamente comum, revisar,
sistematizar e sugerir interpretações desta
aproximação.
Ano: 2013
29.
A LEITURA DO JORNALISMO NA
CONTEMPORANEIDADE EM
VERSÕES IMPRESSAS E
ELETRÔNICAS
FALCO, Alessandra de.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Leitura;
Revista;
Site;
Tablet.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIENPJOR/paper/view/2536/576
Acesso em: 5 dez. 2020
O presente trabalho aborda a leitura do Jornalismo na
contemporaneidade, quando esta ação é possível de ser
realizada em diferentes dispositivos como revistas
impressas, computadores e tablets. As considerações
apresentadas baseiam-se na observação de veículos de
comunicação atuais pela autora, utilizando como
referencial teórico os estudos de Rorger Chartier, que
analisa a história das práticas de leitura, incluindo os
objetos que dão suporte a ela. E ainda, estabelece-se a
relação das leituras jornalísticas nos diversos
dispositivos como um meio para o processo de ensino-
aprendizagem, considerando a crescente inserção de
recursos tecnológicos entre a comunidade jovem e,
inclusive, no ambiente de ensino. Apesar dos avanços
e dos novos formatos, não são apagadas as
representações relacionadas aos meios mais
tradicionais, portanto, considera-se que ainda falta um
aprofundamento crítico tanto no polo da produção de
conteúdo, quanto no polo da recepção, sobre como
trabalhar a relação entre os diferentes formatos, desde
o impresso até o eletrônico.
Ano: 2013
30.
AS NOTÍCIAS E OS VALORES-
NOTÍCIA: DA TIPOGRAFIA AO
JORNALISMO ONLINE
PADILHA, Sônia.
MUNARO, Luís Francisco.
Palavras-chave:
Notícias;
Valores-notícia;
História do Jornalismo;
Jornalismo online;
O que leva um fato a ser notícia? Para abordar esta
questão serão destacadas as transformações ocorridas
nos valores-notícia, sua flexibilidade cultural e
temporal e as vertentes de estudo que surgiram a partir
do Jornalismo online. Feito isso, será possível
perceber que os valores-notícia estão vinculados a
estruturas móveis dependentes da cultura jornalística e
da variedade de meios de comunicação em que
emergem. A análise de construções noticiosas no
Ciberespaço permite, por fim, respaldar essa visão de
que longe de amontoados uniformes de dados, as
notícias são orientadas pela tentativa da captura da
atenção do leitor e ocupação harmônica dos espaços.
261
Hashtags.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIENPJOR/paper/view/2584/582
Acesso em: 5 dez. 2020
Ano: 2014
31.
CIRCULAÇÃO E RECIRCULAÇÃO
NO JORNALISMO EM REDE:
NARRATIVAS NO TWITTER SOBRE
O EXOESQUELETO NA ABERTURA
DA COPA DE 2014
ZAGO, Gabriela da Silva.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Redes sociais;
Circulação;
Recirculação;
Twitter.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIIENPJor/paper/view/3578/689
Acesso em: 5 dez. 2020
O trabalho tem por objetivo analisar a estrutura de
rede das narrativas no Twitter em torno do reduzido
espaço concedido ao exoesqueleto na abertura da Copa
de 2014. Para tanto, parte-se de considerações sobre o
jornalismo em rede e sobre os processos de circulação
e recirculação nos sites de rede social. O estudo é
operacionalizado a partir do emprego de análise de
redes sociais para observar um conjunto de 5.056
tweets sobre o acontecimento. Resultados trazem
elementos para compreender o cenário contemporâneo
do jornalismo em rede, em especial no contexto dos
sites de rede social.
Ano: 2014
32.
O LEITOR INTERATIVO E A BUSCA
POR VISIBILIDADE NA IMPRENSA:
ESTUDO DO CASO WHATSAPP
GERK, Cristine.
Palavras-chave:
Leitores;
Visibilidade,
Interação;
Whatsapp;
Jornais.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIIENPJor/paper/view/3621/700
Acesso em: 5 dez. 2020
Esse artigo tem como objetivo avaliar a troca entre
leitores e jornalistas da grande mídia através de
aplicativos como o Whatsapp do ponto de vista da
busca por visibilidade e interação. Estes conceitos são
tratados a partir das perspectivas de George Mead,
Erving Goffman e Michel Foucault. Trabalha-se a
teoria de Mead sobre o outro significante incorporado
à fala e a importância das trocas comunicacionais. De
Goffman, são analisadas as interações da visibilidade
com as percepções de perigo e as possíveis diferenças
de enquadramento entre leitor e jornalista. As
considerações de Foucault sobre sociedade disciplinar
a Panóptico são adaptadas à relação entre meios de
comunicação e o público, agora sempre vigilante e
vigiado. Por fim, é enfatizada a importância do vínculo
e da participação mais efetiva do leitor na produção da
pauta, a partir das contribuições de autores como
Muniz Sodré e Jesús Martín-Barbero.
Ano: 2014
33.
O JORNAL ZERO HORA E SUA
Considerando o contexto de convergência jornalística,
problematiza-se a permeabilidade do jornalismo
vinculado a empresas tradicionais de comunicação a
partir do viés da audiência, tomando como objeto
262
AUDIÊNCIA: TENSIONAMENTOS DA
ATIVIDADE JORNALÍSTICA NO
CONTEXTO DA CONVERGÊNCIA
LINDEMANN, Cristiane.
GRUSZYNSKI, Ana.
Palavras-chave:
Audiência;
Leitor;
Zero Hora;
Convergência;
Newsmaking.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIIENPJor/paper/view/3622/701
Acesso em: 5 dez. 2020
empírico o jornal Zero Hora (ZH). Com base em dados
obtidos pela pesquisa bibliográfica e documental,
observação dos processos de trabalho na redação,
entrevistas e análise de edições exemplares, avalia-se
de que modo o leitor vem influenciando na atividade
jornalística. Observou-se que o projeto de inserção da
audiência na produção de conteúdo divulgado pelos
gestores em 2013 (identificado com a Editoria do
Leitor) restringiu as intervenções da audiência aos
espaços já tradicionais. O imbricamento entre os
âmbitos empresarial, tecnológico, profissional e
editorial evidenciou a assimetria nas forças que
orientam o processo de convergência em ZH, em que a
permeabilidade ao público se dá fundada no pólo
econômico do jornalismo.
Ano: 2014
34.
BLOG INSTITUCIONAL COMO
ESPAÇO DE REFORMULAÇÃO DO
CONCEITO DE AUDIÊNCIA NO
WEBJORNALISMO: ESTUDO DE
CASO AGAPAN
FANTE, Eliege Maria.
MORAES, Cláudia Herte de.
Palavras-chave:
Audiências;
Blog;
Agapan;
Jornalismo Ambiental;
Copa do Mundo Fifa Brasil 2014.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIIENPJor/paper/view/3674/712
Acesso em: 5 dez. 2020
Os cortes de árvores em Porto Alegre/RS, feitos em
2013, foram chamados de “arborecídio” por
ambientalistas e ativistas nas redes sociais. O artigo
analisa a argumentação do blog ambientalista
(Agapan) e as fontes ouvidas, identificando como a
entidade atuou diretamente no evento midiático,
contribuindo com a reformulação do conceito de
audiências numa perspectiva sociocultural
(DAMASIO, 2005). Conclui que o blog problematizou
e aprofundou o tema, através do pluralismo dos
argumentos e estrategicamente desfazendo a ideia de
produção de conteúdo apenas pelo polo emissor.
Ano: 2014
35.
O JORNALISMO EM VIAS DE
MIDIATIZAÇÃO: O CONTRATO DE
LEITURA E SUAS NEGOCIAÇÕES
EM ZERO HORA
DIAS, Marlon Santa Maria.
Palavras-chave:
Jornalismo impresso;
Este artigo propõe uma reflexão sobre as mutações
pelas quais passa o jornalismo, inserido em um
contexto de midiatização. Discutimos como o processo
de midiatização afeta a prática jornalística e, mais
especificamente, o contrato de leitura estabelecido
entre jornal e leitor. Analisamos o caso da reforma
empreendida pelo jornal Zero Hora no ano de 2014, a
fim de identificar algumas características do
jornalismo midiatizado (protagonização do leitor,
autorreferencialidade, atorização do jornalista,
autorreflexividade) na nova proposta editorial do
jornal gaúcho. Para tanto, realizamos uma observação
263
Midiatização;
Leitor;
Contrato de leitura;
Zero Hora.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIIENPJor/paper/view/3676/713
Acesso em: 5 dez. 2020
sistemática durante dois meses.
Ano: 2014
36.
RECONFIGURAÇÕES DO
JORNALISMO: DAS PÁGINAS
IMPRESSAS PARA AS TELAS DE
SMARTPHONES E TABLETS
SOUSA, Maíra.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Paradigmas Jornalísticos;
Convergência jornalística;
Tecnologias digitais;
Dispositivos móveis.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIIENPJor/paper/view/3709/730
Acesso em: 5 dez. 2020
Assim como a sociedade, o jornalismo também passa
por reconfigurações. Com a emergência das
tecnologias digitais no século XX, empresas
jornalísticas precisaram se adaptar e investir em novos
produtos, a fim de conquistar novos públicos e manter
o antigo, concomitantemente. De cunho teórico, este
artigo busca discutir as reconfigurações pelas quais o
jornalismo tem passado desde a emergência das
tecnologias digitais, com ênfase aos dispositivos
móveis, considerando o atual processo de
convergência, e consequentemente, a distribuição de
conteúdo em multiplataformas.
Ano: 2014
37.
JORNALISMO E DISPOSITIVOS
MÓVEIS: UM ESTUDO SOBRE OS
APLICATIVOS DE NOTÍCIAS DO
UOL, ESTADÃO E O GLOBO
SANTANA, Carol Correia.
FRANCISCATO, Carlos Eduardo.
Palavras-chave:
Jornalismo móvel;
Aplicativo;
Tecnologia;
Internet;
Arquitetura da Informação.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIIENPJor/paper/view/3889/782
Esta pesquisa teve como foco estudar o jornalismo
móvel, que é uma das manifestações mais recentes de
uma reconfiguração do jornalismo em razão do
desenvolvimento das novas tecnologias de
comunicação. Seu objetivo foi realizar uma análise da
estrutura de três aplicativos jornalísticos: UOL
Notícias, Estadão e O Globo Notícias, considerando
terem sido desenvolvidos associados a três dos
maiores portais jornalísticos do País: UOL, Estadão e
O Globo. Utilizamos como metodologia a análise da
estrutura dos aplicativos com base na Arquitetura da
Informação, com a finalidade de compreender os
sistemas de organização, navegação, nomeação e
busca dos aplicativos, tendo como referência os
respectivos portais jornalísticos. A análise se realizou
nos produtos e conteúdos disponíveis online durante o
mês de janeiro de 2014.
264
Acesso em: 5 dez. 2020
Ano: 2014
38.
A INFORMAÇÃO JORNALÍSTICA NA
PONTA DOS DEDOS: O
CIBERJORNALISMO
E A LEITURA TOUCHSCREEN
MARTINS, Gerson Luiz.
OLIVEIRA, Elton Tamiozo de.
Palavras-chave:
Ciberjornalismo;
Jornalismo em tablets;
Jornalismo em dispositivos móveis;
Interfaces touchscreen.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIIENPJor/paper/view/3685/790
Acesso em: 5 dez. 2020
O uso da tecnologia pode ser visto como um
diferencial para quem a inventa ou a utiliza melhor, e
tem influenciado a maneira de viver da sociedade em
todos os afazeres cotidianos, o que inclui a relação
entre as pessoas. O jornalismo mantém,
historicamente, uma relação estreita com a tecnologia:
invenções como o tipo mecânico móvel, telégrafo,
rádio, TV e internet mudaram a forma de se produzir e
consumir jornalismo. Esta última – a internet – tem
mudado rapidamente o viver cotidiano, e a maneira
como as pessoas acessam a internet tem mudado, indo
dos desktops e notebooks aos dispositivos móveis. Por
meio de pesquisa bibliográfica este artigo busca
explorar, ainda que de maneira inicial, conceitos que
envolvem a leitura dos ciberjornais e permeiam a
apresentação das informações jornalísticas aos leitores
em tablets, dispositivos móveis que possuem uma
interface sensível ao toque (touchscreen).
Ano: 2014
39.
ARTE E CULTURA,
TELEJORNALISMO, INTERNET E
REDES SOCIAIS: APONTAMENTOS
SOBRE O PROGRAMA ARTE 1 EM
MOVIMENTO
PICCININ, Fabiana.
PUHL, Paula Regina.
Palavras-chave:
Telejornalismo;
Arte;
Jornalismo Cultural;
Facebook.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIIENPJor/paper/view/3759/816
Acesso em: 5 dez. 2020
O presente artigo discute como se apresentam as
reportagens televisivas do Arte em 1 em Movimento
no telejornal, na internet e no facebook. O programa
que apresenta características de um telejornal
especializado na cobertura de notícias relacionadas às
expressões artísticas e culturais, faz parte do canal por
assinatura Arte 1, que tem como slogan ser o primeiro
canal brasileiro com vinte e quatro horas de
programação especializado em arte. A pesquisa
discute a inserção do jornalismo cultural na televisão e
os formatos televisivos utilizados para apresentar as
notícias sobre a arte brasileira em um telejornal
especializado no tema exibido em sinal fechado. Na
sequência, são observadas também como essas
reportagens são recebidas pelos internautas que
acessam a página do canal na rede social facebook.
Para análise, foi escolhida a edição do dia vinte e dois
de junho.
Ano: 2014
40.
NOVAS POSSIBILIDADES DE
PRODUÇÃO E APRESENTAÇÃO
TELEJORNALÍSTICA:
UMA ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS
A possibilidade de interação do usuário com a
programação é uma das principais vantagens da
Webtv. Porém, muitas delas apenas importam o
conteúdo da televisão tradicional para a internet.
Evidencia-se, diante disso, uma reconfiguração no
sistema de produção e de distribuição de conteúdos
televisivos. Quando disponíveis na rede, através de
265
WEBTVS
NEGRINI, Michele.
ROSSASI, Carolina.
ROOS, Roberta.
Palavras-chave:
Telejornalismo;
Webtv;
TVFolha;
TerraTV;
Cultura da convergência.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIIENPJor/paper/view/3759/818
Acesso em: 5 dez. 2020
webtvs, têm a possibilidade de linguagem própria,
com conteúdo voltado aos usuários e tratamento
diferenciado da notícia. Estamos diante de novas
possibilidades no processo de produção
telejornalística, que pode variar de acordo com o
suporte de difusão. Assim, este artigo tem como
objetivo fazer uma reflexão sobre novas perspectivas
do fazer e apresentar telejornalismo no contexto da
cultura da convergência e das webtvs.
Ano: 2014
41.
PESQUISA TEÓRICA E APLICADA
SOBRE JORNALISMO
CONVERGENTE E MOBILIDADE E
OS DESAFIOS EM CONTEXTO
MULTIPLATAFORMA
BARBOSA, Suzana.
SILVA, Fernando Firmino da.
Palavras-chave:
Convergência jornalística;
Mobilidade;
Dispositivos móveis;
Produtos autóctones;
Pesquisa aplicada.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIIENPJor/paper/view/3877/830
Acesso em: 5 dez. 2020
As pesquisas e os estudos sobre processos de
convergência jornalística e de comunicação móvel já
demarcam um mapeamento considerável tanto teórico
(em termos de densidade de literatura e de conceitos)
quanto de práticas. Partindo deste contexto, este artigo
explora a experiência do Projeto Laboratório de
Jornalismo Convergente (FAPESB | CNPq), sediado
na Faculdade de Comunicação da Universidade
Federal da Bahia (FACOM | UFBA), que através de
três núcleos de pesquisa (Convergência de Conteúdos,
Formatos e Gêneros e Design) e da participação de
pesquisadores brasileiros, portugueses e franceses
desenvolveu pesquisas relevantes sobre o fenômeno. O
trabalho apresenta os resultados da iniciativa e o relato
da experiência do projeto nos seus aspectos teóricos,
metodológicos e aplicados. Além da abordagem
teórico-metodológica e de mapeamento dos objetos
empíricos, trazemos para o debate o desenvolvimento
do aplicativo para dispositivos móveis Academo, um
banco de fontes com informações sobre pesquisadores
da UFBA.
Ano: 2014
42.
NOVOS OLHARES DIGITAIS:
OCULUS RIFT E GOOGLE GLASS
COMO EXEMPLOS DE UM
JORNALISMO UBÍQUO
PASE, André Fagundes.
PELLANDA, Eduardo Campos.
Palavras-chave:
Mobilidade;
A crescente expansão de um ambiente ubíquo de
informação é um fator transformação constante dos
conceitos intrínsecos ao jornalismo. Agora, com a
iminência de produtos comerciais que fazem parte de
uma categoria chamada “computação de vestir”, ou
wearables, temos novos debates de potencialidades.
Este texto usa como exemplo desta categoria o Google
Glass e o Oculus Rift que estão em testes por diversas
pessoas e devem se tornar produtos comercial em
breve. O artigo analisa como a reprodução de
realidades virtuais ou a integração entre o físico e o
virtual podem acrescentar novos elementos ao
jornalismo digital.
266
Ubiquidade;
Wearable;
Google Glass;
Oculus Rift.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIIENPJor/paper/view/3877/831
Acesso em: 5 dez. 2020
Ano: 2015
43.
MULTIMIDIALIZAÇÃO COMO
VALOR-NOTÍCIA DE CONSTRUÇÃO:
A EXPERIÊNCIA DO UOL TAB
LENZI, Alexandre.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Multimídia;
Valor-notícia;
Convergência;
UOL TAB.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIIIENPJor/paper/view/4475/984
Acesso em: 5 dez. 2020
Toda pauta jornalística pode ser trabalhada como uma
reportagem multimídia. Partindo deste pressuposto,
este artigo traz uma reflexão sobre a multimidialização
como um valornotícia de construção, trabalhando o
conceito abordado por Wolf (1999) e Traquina (2005)
e a análise das 30 primeiras edições do UOL TAB,
seção de reportagens multimídia do portal UOL criada
em 2014. Busca-se reforçar a ideia de que, em tempos
de redações convergentes, a produção jornalística para
a plataforma online deve explorar as diferentes
potencialidades do meio e não apenas transpor o que já
se fazia em outras plataformas. Mas diante das
reconhecidas dificuldades de multimidializar cada
notícia produzida, é a reportagem que se destaca como
o gênero jornalístico onde a multimidialização pode
ser melhor construída.
Ano: 2015
44.
A PLATAFORMA DIGITAL E AS
INTERFACES DA MÍDIA
CONTEMPORÂNEA:
POSSIBILIDADES AMPLIADAS NA
PRODUÇÃO DA INFORMAÇÃO COM
PROPRIEDADES INCLUSIVAS
SAMPAIO, Amanda Brito.
OTA, Daniela Cristiane.
Palavras-chave:
Plataforma de mídia;
Acesso;
Informação;
Inclusão,
Usabilidade.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIIIENPJor/paper/view/4528/919
Através das várias interfaces da mídia contemporânea,
mais do que simplesmente ter acesso aos dispositivos
em rede, as novas linguagens capacitam para a
autonomia de obtenção da informação. Este artigo
discute e relaciona, por meio de revisão bibliográfica e
documental, no âmbito digital da produção e
distribuição de informação, com a exploração de
múltiplas plataformas midiáticas. Da acessibilidade,
por meio da interatividade ou não, apresentando a
pertinência das formas alternativas de acesso às
informações para a socialização e desenvolvimento do
indivíduo.
267
Acesso em: 5 dez. 2020
Ano: 2015
45.
JORNALISMO E PUBLICIDADE: A
HIBRIDIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO
NA IMPRENSA E SUA INFLUÊNCIA
PELA LINGUAGEM DAS NOVAS
MÍDIAS
FRAGA, Bruno Navarros.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Publicidade nativa;
Hibridização;
Linguagem digital;
Novas mídias.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIIIENPJor/paper/view/4557/927
Acesso em: 5 dez. 2020
O trabalho procura contextualizar a hibridização da
informação, que se apresenta como tendência de
conteúdo em veículos de comunicação online; além de
exemplos de como, sob a ótica de Manovich, a
linguagem das novas mídias a potencializa. De um
lado está o Jornalismo e a imprensa, que, ao mesmo
tempo em que carregam o compromisso histórico de
informar a sociedade, buscam modelos de negócios
sustentáveis em cenário de incertezas. De outro, a
Publicidade e as empresas, à procura de uma
comunicação menos invasiva através de veículos que
deem credibilidade ao discurso, para estimular o
consumo ou ajudar a fixar a marca junto ao público.
Estas realidades têm ido ao encontro uma da outra; e,
como consequência a ser debatida, conectado
estratégias de divulgação publicitárias a narrativas
jornalísticas nos cibermeios.
Ano: 2015
46.
TRAJETÓRIA DO
CIBERJORNALISMO EM MATO
GROSSO DO SUL
FORTUNA, Fernanda França.
Palavras-chave:
Cibermeios;
História;
Internet;
Mato Grosso do Sul;
Trajetória.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIIIENPJor/paper/view/4700/1058
Acesso em: 5 dez. 2020
O objetivo deste artigo é apresentar a história dos
principais cibermeios de Mato Grosso do Sul a partir
de 1997, quando os veículos online pioneiros
iniciaram suas atividades no estado. Isso ocorreu
pouco tempo depois da criação das primeiras versões
de jornais brasileiros para o ciberespaço. Por meio de
revisão bibliográfica e entrevistas com os proprietários
dos principais veículos, localizados nos maiores
municípios do estado, o artigo traz o retrato do
ciberjornalismo em uma região peculiar, onde os
cibermeios se multiplicam rapidamente, na mesma
velocidade em que alguns deixam de existir. Tanto na
capital, Campo Grande, quanto no interior, Mato
Grosso do Sul tem um ciberjornalismo ativo e volátil,
o que fica constatado a partir do histórico dos
cibermeios e da evolução do jornalismo local
especializado em internet.
Ano: 2015
47.
CRISE, PRECARIZAÇÃO E
MUDANÇAS ESTRUTURAIS NO
JORNALISMO: REFLEXÕES SOBRE
PRÁTICAS JORNALÍSTICAS ATUAIS
DANTAS, Juliana Bulhões Alberto.
PINHEIRO, Elton Bruno Barbosa.
É comum nos depararmos com um discurso de que o
Jornalismo atravessa uma crise: de valores, de
identidade e de mercado. Cumpre-nos, portanto,
refletir analiticamente sobre essa crise e entender a que
ela está atrelada. Seria a crise do Jornalismo um
fenômeno estritamente atual? Também é de praxe a
abordagem teórica de que a profissão de jornalista
passa por uma precarização, uma mutação e que essa
prática social/forma de conhecimento tem sofrido
modificações em suas estruturas. Diante desse cenário,
268
SILVA, Vinícius Pedreira Barbosa da.
BELTRAME, Vanessa.
DAVID, Hadassa Ester.
Palavras-chave:
Crise do Jornalismo;
Precarização do Jornalismo;
Mudanças estruturais no Jornalismo.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIIIENPJor/paper/view/4624/1046
Acesso em: 5 dez. 2020
buscamos refletir sobre os limites e aderências de
correntes e conceitos que envolvem tal temática e que
têm se mostrado recorrentes nas pesquisas acadêmicas
da área. Trata-se de uma discussão teórico-
epistemológica acerca do uso dos conceitos-chave:
crise jornalística, precarização da profissão de
jornalista e mudanças estruturais no Jornalismo.
Ano: 2015
48.
RESSIGNIFICAÇÕES DO
ACONTECIMENTO NO JORNALISMO
EM REDE
ZAGO, Gabriela da Silva.
Palavras-chave:
Jornalismo em rede;
Recirculação;
Acontecimento;
Redes sociais;
Twitter.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIIIENPJor/paper/view/4513/910
Acesso em: 5 dez. 2020
O trabalho procura abordar as possíveis
ressignificações do acontecimento no jornalismo em
rede. Para tanto, tweets sobre acontecimentos
relacionados à Copa do Mundo de 2014 são utilizados
como recorte, em caráter ilustrativo. Resultados
apontam para um papel ativo de participação dos
usuários na circulação de conteúdos, atuando não
apenas no espalhamento da informação, como também
atribuindo novos sentidos aos acontecimentos que, ao
recircularem, são reconstruídos.
Ano: 2015
49.
O FLUXO DO JORNAL IMPRESSO
PARA O FACEBOOK: HIBRIDAÇÃO
DAS LINGUAGENS JORNALÍSTICAS
ZUIM, Larissa.
Palavras-chave:
Jornal impresso;
Linguagem digital;
Jornalismo;
Facebook;
Folha de S. Paulo.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIIIENPJor/paper/view/4579/938
Este trabalho trata do hibridismo entre as linguagens
jornalística tradicional e digital utilizadas pelo jornal
Folha de S. Paulo em duas plataformas diferentes de
divulgação, o jornal impresso e as redes sociais, com o
intuito de verificar se há uma correlação entre essa
utilização. Para isso, analisa o Facebook institucional,
que tem o intuito de chamar a atenção dos seus
“seguidores” para a leitura das matérias produzidas
para o seu website, acompanhando todas as
publicações e suas respectivas linkagens para o
website durante uma semana. Tem como objetivo
ainda, identificar os modos como essas linguagens
verbo-visual se estruturam a fim de organizar o media
e dotá-lo de sentido por meio da problematização da
estrutura da linguagem jornalística digital. Portanto,
pretende descrever o hibridismo textual ora proposto
comparando-o entre o site www.folha.uol.com.br e o
Facebook da Folha de S. Paulo.
269
Acesso em: 5 dez. 2020
Ano: 2015
50.
JORNALISMO EM WEARABLES:
APONTAMENTOS INICIAIS SOBRE A
CIRCULAÇÃO DE NOTÍCIAS EM
SMARTWATCHES
SOUSA, Maíra.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Mobilidade;
Ubiquidade;
Wearables;
Smartwathes.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIIIENPJor/paper/view/4744/1060
Acesso em: 5 dez. 2020
Os dispositivos vestíveis, chamados wearables
devices, começam a ser usados pelo jornalismo para a
produção e a distribuição de conteúdos. Este artigo, de
caráter exploratório, tem o objetivo de trazer
apontamentos iniciais sobre a circulação de notícias
em wearables, mais especificamente, em
smartwatches. O estudo utiliza como metodologia a
combinação de técnicas qualitativas. São trabalhadas
noções de tecnologias vestíveis (wearable technology),
mobilidade e ubiquidade no contexto do jornalismo. A
investigação foi realizada a partir de notificações dos
aplicativos The Guardian, NYTimes e CNN, em
smartwathes, entre os dias 25 e 27 de junho de 2015.
Ano: 2015
51.
DO ENTRETENIMENTO AO
JORNALISMO: AVALIAÇÃO DE
APLICATIVOS DE SEGUNDA TELA
VENTURA, Mariane Pires.
ALEXANDRE, Tássia Becker.
Palavras-chave:
Dispositivos móveis;
Televisão;
Segunda tela;
Jornalismo;
Entretenimento.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIIIENPJor/paper/view/4598/1010
Acesso em: 5 dez. 2020
Com a expansão da internet e o crescimento no acesso
aos dispositivos móveis, o consumo de informações
pelo público não se limita às mídias tradicionais. Por
isso, cada vez mais as empresas de comunicação têm
investido em aplicativos para smartphones e tablets,
buscando atrair a atenção dessa audiência
multiplataforma. Esse é caso da segunda tela, recurso
utilizado por emissoras de televisão para disponibilizar
conteúdos extras às transmissões televisivas. Diante
deste cenário, este trabalho tem como objetivo
identificar recursos potenciais da segunda tela que
podem ser explorados pelo telejornalismo por meio de
uma pesquisa exploratória. Para tanto, apresenta-se um
panorama do que tem sido feito atualmente nesta área,
com avaliação das ferramentas disponibilizadas pelos
aplicativos “Globo” e “Sherlock Holmes: a game of
shadows”.
Ano: 2015
52.
DISPUTAS EM CAMPO: REFLEXÕES
EM TORNO DA LEGITIMIDADE
JORNALÍSTICA EM TEMPO DE
REDES SOCIAIS
FACCIN, Milton Julio.
O campo jornalístico vem sofrendo rápidas fissuras
nas últimas décadas. As transformações dos fluxos de
informação provocadas pelas novas tecnologias de
comunicação, o surgimento de novas formas de
mediações sociais e a queda da exigência formal do
diploma para o exercício profissional, dentre outros
fatores, evidenciaram um questionamento sobre que
tipo de jornalismo a sociedade demanda. Aos poucos,
o trabalho jornalístico foi dividindo espaço com forças
de outros campos sociais, obrigando a área a repensar
270
Palavras-chave:
Campo Jornalístico;
Novas Tecnologias de Comunicação;
Função Social do Jornalismo;
Manifestações Sociais.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIIIENPJor/paper/view/4740/1007
Acesso em: 5 dez. 2020
a sua função social e (re)posicionar o seu lugar de fala
no espaço público até então sustentado pela defesa dos
interesses coletivos. Este artigo busca detectar
sintomas latentes dessa nova conjuntura, em especial
motivados pelas condições de cobertura das
manifestações sociais ocorridas no Brasil, em 2013
Ano: 2015
53.
JORNALISMO E TEORIA ATOR-
REDE: POSSIBILIDADES E LIMITES
DO PRINCÍPIO DA SIMETRIA A
PARTIR DA VERIFICAÇÃO DIGITAL
OSÓRIO, Moreno Cruz.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Teoria Ator-Rede;
Verificação digital;
Teoria;
Epistemologia.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIIIENPJor/paper/view/4657/1006
Acesso em: 5 dez. 2020
A partir de uma sistematização das principais
reflexões sobre jornalismo sob a perspectiva da Teoria
Ator-Rede (TAR), este artigo propõe uma discussão
sobre teoria e prática jornalística em função de uma
das principais características da TAR: a simetria na
relação entre atores humanos e não-humanos. Para
isso, lança seu olhar ao jornalismo digital,
especificamente às técnicas de verificação digital. Sem
ignorar desafios ontológicos e metodológicos,
entende-se que os pressupostos da TAR oferecem
argumentos para se pensar a relação cada vez mais
estreita do jornalismo com a tecnologia e que também
podem abrir novas perspectivas na busca do
jornalismo por seu objeto de estudo.
Ano: 2015
54.
JORNALISMO LOCAL NA ERA DO
HIPERTEXTUAL BÁSICO: OS
WEBSITES COMO EXTENSÃO DO
IMPRESSO
KONDLATSCH, Rafael.
CASTANHEIRA, Karol Natasha
Lourenço.
Palavras-chave:
Jornalismo local;
Webjornalismo;
Jornalismo impresso;
Hipertextual básico;
Estudo de caso.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIIIENPJor/paper/view/4733/1003
Os jornais impressos deparam-se atualmente com
novas e interativas tecnologias de informação,
produção, transmissão e consumo de notícias. Este
novo paradigma levou o jornalismo impresso a
dialogar com novas mídias e contribuiu para a
formação e “evolução” do que hoje se denomina
webjornalismo. No entanto, este artigo busca
demonstrar por meio do estudo de caso do jornal
Gazeta de Riomafra e do portal Click Riomafra, que
estas potencialidades tecnológicas propaladas por
muitos, ainda está longe de ser efetiva nos veículos do
interior. Diversos webjornais ainda encontram-se na
fase do hipertextual básico e subutilizam ou não
utilizam recursos digitais, como a multimidialidade e a
interatividade.
271
Acesso em: 5 dez. 2020
Ano: 2015
55.
AS MUDANÇAS TECNOLÓGICAS
QUE PROJETAM UBIQUIDADE E O
JORNALISMO “TRANSSOCIAL-
MEDIA”
ESSENFELDER, Renato.
RANIERI, Paulo Rodrigo.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Transmídia;
Crossmedia;
Redes sociais;
Internet.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIIIENPJor/paper/view/4566/930
Acesso em: 5 dez. 2020
O artigo aponta para a complexidade do papel do
jornalista na atualidade e o surgimento de novos
formatos e narrativas ligadas aos usos de redes sociais
na internet, em um cenário marcado pela disseminação
do uso de dispositivos móveis. Nada caracteriza
melhor os tempos atuais do que a ubiquidade. Pessoas,
espaços e tecnologias estão o tempo todo
hiperconectados. O conhecimento é individual, mas
também coletivo, cruzado e compartilhado. Após uma
revisão da literatura específica sobre o assunto, o
estudo busca também debater a emergência de um
profissional que se aproxima ao máximo das
tecnologias digitais da informação e se torna
conhecedor, mesmo que de maneira básica, da
linguagem da internet. O jornalista multimídia dos
anos 90 já cede espaço ao hipermídia do início do
século, que, por sua vez, tornou-se crossmedia e
“transsocial-media”.
Ano: 2015
56.
A NOTÍCIA NAS PLATAFORMAS
MÓVEIS: TIPIFICAÇÃO,
INFOTENIMENTO E NEWSGAMES
OLIVEIRA, Vivian Rodrigues de.
Palavras-chave:
Dispositivos móveis;
Infotenimento;
Soft news;
Hard news;
Newsgames.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIIIENPJor/paper/view/4551/925
Acesso em: 5 dez. 2020
A pesquisa estuda o modo como os conteúdos
jornalísticos concebidos para tablets e smartphones se
apropriam e configuram as tipificações noticiosas. O
objetivo mais amplo do trabalho é caracterizar a
cobertura jornalística projetada para tablets e
smartphones quanto aos critérios de tipificação e
tratamento das notícias. Buscou-se aprofundar a
fundamentação teórica das seminais tipificações
noticiosas de Tuchman (1978); bem como os aportes
conceituais das principais pesquisas acerca do
jornalismo digital. Os conceitos de infotenimento e
newgames foram debatidos à luz dos novos formatos
jornalísticos digitais. A metodologia utilizada é a
análise de conteúdo qualitativa com observação
semiestruturada de cinco edições da publicação móvel
O Globo A Mais. Verificou-se que os conteúdos do
produto privilegiam a cobertura contextual e os
assuntos leves (soft news), com emprego de
entretenimento.
Ano: 2015
57.
A NARRATIVA HIPERMÍDIA
LONGFORM NO JORNALISMO
CONTEMPORÂNEO
BACCIN, Alciane.
O jornalismo no ambiente digital tem experimentado
os limites da narrativa na web, com estruturas criativas
e contextualizadas para contar histórias, que
contribuem para a “inovação semântica” (LEAL,
2014). O artigo reflete sobre a narrativa no jornalismo
e retoma a evolução da narrativa no ambiente digital
desde a transposição até o conceito de hipermídia e
uso de base de dados. O objetivo é compreender o
papel da narrativa longform (JACOBSON; MARINO;
272
Palavras-chave:
Narrativa jornalística;
Hipermídia;
Reportagem longform;
Jornalismo contemporâneo.
Disponível em:
https://conferencias.unb.br/index.php/EN
PJor/XIIIENPJor/paper/view/4763/1105
Acesso em: 5 dez. 2020
GUTSCHE, 2015; LONGHI; WINQUES, 2015;
LONGHI, 2014; DOWLING; VOGAN; 2014;
SHARP, 2013; MEYER, 2012) no jornalismo em
ambiente digital, destacando suas características.
Analisamos três reportagens, sendo uma de cada
jornal: New York Times/EUA, Público/Portugal e
Folha de SP/Brasil. Entre as considerações,
destacamos que a narrativa hipermídia longform tem
garantido o aproveitamento de potencialidades do
ambiente digital, tornando-se um produto com
características próprias.
Ano: 2016
58.
NETV 1ª EDIÇÃO E O USO DO
WHATSAPP: O ESPECTADOR COMO
COPRODUTOR OU FONTE DO
TELEJORNAL?
ANDRADE, Lorena Borges de.
Palavras-chave:
Telejornalismo;
Jornalismo Participativo;
Coprodutores;
Whatsapp;
NETV.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/48/120
Acesso em: 5 dez. 2020
Observamos que o telejornalismo está atravessando
uma fase de mudanças, e uma delas é o incentivo à
colaboração nos telejornais. Ao percebermos isto
também no noticiário regional em Pernambuco,
decidimos fazer uma análise sobre a participação do
público através do aplicativo Whatsapp no NETV 1ª
edição, telejornal local da Rede Globo Nordeste.
Pretendíamos entender se o noticiário valorizava a
participação do público, se essa possível participação
pautava o telejornal, de que forma os materiais
enviados pelos espectadores eram utilizados no
programa e, especialmente, se esses espectadores
podem ser considerados como coprodutores do NETV
1ª edição. A metodologia escolhida para realizar esta
pesquisa foi a análise de conteúdo, tanto pelo caráter
quantitativo quanto pelo qualitativo.
Ano: 2016
59.
A PRODUÇÃO COLABORATIVA NO
TELEJORNALISMO: UM ESTUDO
SOBRE A APROPRIAÇÃO DE
CONTEÚDOS PRODUZIDOS PELO
TELESPECTADOR-USUÁRIO PELO
SPTV
DARDE, Vicente Willian da Silva.
LEME, Fernando Albino.
Palavras-chave:
Telejornalismo;
Notícia;
Conteúdo colaborativo;
Representações;
SPTV.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
Ferramentas e tecnologias digitais disponíveis
possibilitam, na atualidade, que o cidadão atue como
colaborador na produção de notícias. Ao capturar a
realidade pelas câmeras dos smartphones ou tablets, o
espectador-usuário busca compartilhar essas
informações “brutas” com o maior número de pessoas
possível, por isso o envio desse material para as
emissoras de TV se torna um atrativo. Porém, a
apropriação desse material informativo pelos
jornalistas propicia uma participação efetiva do
público na produção da notícia? Para além disso, essa
produção colaborativa nas coberturas dos telejornais
resulta em relatos mais plurais e contextualizados dos
acontecimentos? Em busca dessas respostas,
analisamos a utilização do material colaborativo pelo
SPTV 1ª edição, um dos principais telejornais exibidos
pela TV Globo na cidade de São Paulo.
273
bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/75/123
Acesso em: 5 dez. 2020
Ano: 2016
60.
O IMPRESSO EM TEMPO DE
MUDANÇAS ESTRUTURAIS DO
JORNALISMO: ESTUDO DE CASO
DO JORNAL O POPULAR
FERRO, Raphaela Xavier de Oliveira.
ROCHA, Jordânia Bispo.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Mudanças estruturais do jornalismo;
Jornalismo impresso;
Jornalismo goiano;
Jornal O Popular.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/83/125
Acesso em: 5 dez. 2020
O jornalismo vive um tempo de mudanças estruturais.
O presente estudo é uma tentativa de compreender
melhor como os veículos regionalizados têm se
portado no atual período de transição. Para tanto, este
artigo realiza um estudo do processo de reformulação
gráfica e editorial do jornal impresso goianiense O
Popular, realizado em 2016, e busca situar essa ação
dentro do contexto de reestruturação do campo
jornalístico como um todo. A sociedade tem se
reestruturado e o jornalismo tradicional, bem como
seus produtos, tem se adequado de modo consequente
ao processo de transformação das comunicações
sociais. A análise foi feita a partir de um estudo de
caso, em que foram estabelecidas as categorias:
formato, estrutura, texto, recursos gráficos e colunas
jornalísticas. Entende-se, ao fim, que o veículo
estudado, tensionado por diversos campos, apresentou
falhas ao tentar se readequar à nova realidade.
Ano: 2016
61.
PORTAIS, COLETIVOS E AGÊNCIAS
DE CONTEÚDO: APONTAMENTOS
SOBRE AS [NOVAS] ESTRATÉGIAS
DE SOBREVIVÊNCIA DO
JORNALISMO ALTERNATIVO EM
SÃO PAULO
SEIBT, Taís.
LÜCKMAN, Ana Paula.
AMORIM, Francisco Rocha.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Jornalismo pós-industrial;
Jornalismo independente;
Crise;
Capitalismo.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/210/136
Acesso em: 5 dez. 2020
O artigo promove uma discussão acerca das
transformações no exercício do jornalismo profissional
no século XXI, sob a perspectiva da passagem do
modelo industrial para o pósindustrial, da crise que se
manifesta na e pela transição entre esses modelos e da
potencial mudança do paradigma jornalístico que
resulta desse processo. Tais proposições são
tensionadas com casos empíricos de iniciativas
jornalísticas independentes com sede em São Paulo, a
fim de apontar tendências para a prática jornalística no
novo contexto.
Ano: 2016
62.
O presente artigo propõe apresentar o percurso de
fundação de alguns dos valores deontológicos e das
essencialidades da prática jornalística moderna a fim
274
COMUNICAÇÃO E DEMOCRACIA:
REFLEXÕES SOBRE A
LEGITIMIDADE DO JORNALISMO
NA ERA DIGITAL
BECKER, Camila Lângaro.
Palavras-chave:
Jornalismo; Comunicação pública;
Visibilidade; Democracia; Internet.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/261/143
Acesso em: 5 dez. 2020
de discutir a sua importância como parte da esfera de
visibilidade pública dominante na atualidade. Para
tanto, desenvolve conceitos relativos à comunicação
pública, compreendendo o jornalismo como fator
constitutivo da publicização e do debate de temas de
interesse público. Busca, por fim, levantar aspectos
referentes aos desafios contextuais e estruturais
surgidos para profissão na contemporaneidade — a
partir do avanço de tecnologias da comunicação e do
desenvolvimento de novas formas de sociabilidade —,
com o objetivo de refletir a respeito da permanência da
relevância do jornalismo nas sociedades democráticas.
Ano: 2016
63.
MULHERES NO JORNALISMO PÓS-
INDUSTRIAL: A RELAÇÃO COM AS
TECNOLOGIAS DIGITAIS E O JGD
SANTOS, Marli.
MATEOS, Jéssica de Oliveira Collado.
Palavras-chave:
Jornalismo contemporâneo;
Jornalismo pós-industrial;
Mulheres jornalistas;
Tecnologias digitais;
Jornalismo Guiado Dados.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/327/148
Acesso em: 5 dez. 2020
Este artigo apresenta dados preliminares do estudo
sobre mulheres no jornalismo pós-industrial, como
recorte do projeto de pesquisa “Práticas de
investigação jornalística na contemporaneidade e
relações de gênero”. Tendo em vista a convergência
tecnológica e a feminização das redações, o objetivo é
verificar a relação da mulher com as tecnologias
digitais na produção jornalística em um cenário de
abundância de informação. A metodologia utilizada é
quantitativa com a aplicação de questionário online
(survey). O universo da pesquisa abrangeu jornalistas
do Estado de São Paulo, entre 21 e 50 anos. Os
resultados preliminares apontam para uma consciência
das mulheres em relação às transformações no
jornalismo, porém, a maioria está pessimista em
relação ao futuro. As jornalistas incorporaram no seu
cotidiano a produção multimídia, e a maioria afirma
utilizar o JGD no processo jornalístico.
Ano: 2016
64.
A MUDANÇA DO ALGORITMO DO
FACEBOOK E O SILENCIAMENTO
DO JORNALISMO NA REDE
KONDLATSCH, Rafael.
Palavras-chave:
Algoritmo;
Personalização;
Facebook;
Jornalismo em Redes Sociais;
Instant Articles.
Disponível em:
Recentemente o Facebook declarou que houve uma
mudança no seu algoritmo e os usuários irão receber
mais atualizações de familiares e amigos e menos
conteúdo das páginas que seguem. Essa postura terá
um impacto na circulação de notícias na rede social
uma vez que muitas páginas de notícias terão
veiculação diminuída entre os seus seguidores. Este
artigo discute a questão da personalização da Internet e
traz alguns dados para discutir como essa alteração do
algoritmo pode interferir no uso que as pessoas fazem
da rede enquanto fonte de informação e qual a posição
dos veículos de comunicação nessa mudança.
275
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/250/154
Acesso em: 5 dez. 2020
Ano: 2016
65.
DESAFIOS TEÓRICOS PARA PENSAR
OS ESTUDOS SOBRE JORNALISMO E
TECNOLOGIA
FRANCISCATO, Carlos Eduardo.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Tecnologia;
Capital social;
Inovação;
Tecnologias da informação e da
comunicação.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/336/164
Acesso em: 5 dez. 2020
O objetivo deste paper é localizar, em estudos de largo
espectro sobre tecnologia, problemas teóricos que
indiquem formas de tratar desafios estruturais para a
formulação de um modelo explicativo mais denso,
coeso e com maior potencial de generalização para as
investigações em jornalismo e tecnologia. Com base
em literatura de referência sobre estudos em
tecnologia, indicamos quatro tipos de problemas: a) a
constituição de teorias, paradigmas ou tradições de
pesquisa; b) a necessidade de compreender as
interações disciplinares que conduzem esses trabalhos;
c) o entendimento da raiz social desses estudos; d) a
produção de conhecimento tecnológico de dimensão
inovativa em ambientes organizacionais. Com esta
lista de problemas, pretendemos indicar alguns
caminhos de sistematização teórica dos estudos em
jornalismo e tecnologia.
Ano: 2016
66.
TELEJORNAIS E SUAS REDES
SOCIAIS: OS PRIMEIROS OLHARES
DE UM PERCURSO DE PESQUISA
SOBRE AS VOZES DO PÚBLICO DE
TELEJORNAIS, EM SUAS PÁGINAS
NO FACEBOOK
JESUS, Rosane Martins de.
Palavras-chave:
Telejornalismo;
Público;
Facebook;
Segunda tela;
TV social.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/45/170
Acesso em: 5 dez. 2020
Este artigo apresenta uma sistematização de olhares
acerca das vozes do público de telejornal, reunidas nas
suas fanpages. Tal sistematização é resultado de um
esforço aproximativo, que emergiu apartir de um
exercício de pré-observação (Braga, 2016). Para isso,
observamos as listas de comentários das fanpages
oficiais de três telejornais brasileiros, entre os dias 27
de junho e 02 de julho de 2016. Assim, o objetivo
deste artigo é apresentar os resultados dessa
observação, dentre eles: 1) os usos que o público faz
das listas, por meio das interações; 2) possíveis
potencialidades analíticas e 3) possíveis acionamentos
teóricos. Ao final, dentre outros resultados,
verificamos o potencial dessas listas de comentários,
enquanto espaço propício para o estudo de uma
audiência transmidiática, fruto das novas relações dos
públicos com o telejornalismo, a partir das interações
em sites de redes sociais.
Ano: 2016
67.
JORNALISMO DE INOVAÇÃO: UM
CONCEITO MÚLTIPLO
Pensar a atividade jornalística para além de suas
formas tradicionais é uma prática já recorrente no
jornalismo contemporâneo. A pluralidade de públicos,
comportamentos e tecnologias desafiam os modelos
clássicos do jornalismo em um movimento que
276
FLORES, Ana Marta M.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Inovação;
Jornalismo de inovação.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/208/185
Acesso em: 5 dez. 2020
incentiva a inovação em diferentes aspectos da
atividade. No entanto, o termo inovação vem sendo
aplicado de forma ampla sem um rigor e delimitação
relevantes para a academia. Nesse sentido, propomos
direcionamentos iniciais sob quais aspectos podemos
compreender o jornalismo de inovação. Partimos da
origem do conceito na área da Economia e
Administração para ampliar seu sentido nas Ciências
Sociais e no Jornalismo. Expomos três instâncias das
quais o jornalismo contemporâneo já apresenta
novidades para entender o jornalismo de inovação
como processo e produto: 1) conteúdo e narrativa, 2)
tecnologia e formato e 3) modelo de negócio. Por fim,
apresentamos algumas iniciativas com o intuito de
ilustrar cada subcategoria e projetar uma conceituação
atualizada de jornalismo de inovação.
Ano: 2016
68.
SIMETRIA E ASSEMBLAGE PARA
ESTUDAR O JORNALISMO: TEORIA
ATOR-REDE COMO GUIA TEÓRICO-
METODOLÓGICO
FOLETTO, Leonardo Feltrin.
Palavras-chave:
Epistemologia;
Método;
Simetria;
Teoria ator-rede;
Jornalismo.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/255/192
Acesso em: 5 dez. 2020
Este trabalho traz dois entendimentos da Teoria Ator-
Rede que podem contribuir para o estudo do
jornalismo: a simetria generalizada, que aponta para o
estudo do que está importando na ação, sem distinção
prévia de atores, sejam eles humanos ou não-humanos;
e o de assemblage, que Law (2004) propõe como um
não-método mais amplo, solto e devagar do que o
método científico da tradição Euro-Americana. O
artigo conclui com dois apontamentos que o
entendimento da simetria generalizada e do
assemblage pode trazer para as pesquisas em
jornalismo: a atenção aos processos de mediação que
ocorrem na produção de informação jornalística; e a
consciência de que o método não é apenas um
caminho para um fim, mas construtor de realidades e,
consequentemente, de ausências.
Ano: 2016
69.
CONSIDERAÇÕES ACERCA DAS
APROPRIAÇÕES DAS REDES
SOCIAIS DIGITAIS COMO FONTE DE
INFORMAÇÃO NO JORNALISMO
BARRETO, Simone Rodrigues.
Palavras-chave:
Jornalismo colaborativo;
Redes sociais digitais;
Ciberespaço;
Fonte de informação;
Cultura da participação.
O presente trabalho apresenta resultados de pesquisa
qualitativa que visa discutir os mecanismos utilizados
por jornalistas da região Norte Fluminense para
identificar informações provenientes de redes sociais
digitais na garimpagem de material para elaboração de
reportagens, como também a confiança na qualidade e
veracidade dessas fontes apenas utilizando
informações que circulam no ciberespaço. O artigo
discute, com base na teoria, o resultado da coleta e
análise de dados adquiridos por meio de respostas ao
questionário online aplicado pelo Google Docs a 115
profissionais da área de comunicação. Acredita-se que
as Redes Sociais Digitais já se estabeleceram como
fontes de informação, mas os antigos critérios do
jornalismo de conferir a veracidade, checando tais
informações para garantir a matéria isenta não devem
ser abandonados.
277
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/299/202
Acesso em: 5 dez. 2020
Ano: 2016
70.
O FANTASMAGÓRICO SITE DE
REDE SOCIAL: COMO O SNAPCHAT
ESTÁ
SENDO APROPRIADO PARA A
CIRCULAÇÃO DE CONTEÚDO
JORNALÍSTICO
KANNENBERG, Vanessa.
SOUSA, Maíra Evangelista de.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Jornalismo digital;
Circulação;
Site de rede social;
Snapchat.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/169/218
Acesso em: 5 dez. 2020
Discutir como os veículos jornalísticos têm se
apropriado do site de rede social (SRS) Snapchat para
a circulação de conteúdo noticioso é o objetivo deste
artigo. De caráter descritivoanalítico, o estudo utiliza
como metodologia a combinação de técnicas
quantitativas e qualitativas (revisão de literatura,
coleta de dados, descrição e análise). A investigação
foi realizada a partir das publicações dos perfis do
jornal The Washington Post e do portal de notícias
UOL no Snapchat entre os dias 22 de junho e 05 de
julho de 2016 e tem como base as noções de sites de
redes sociais (BOYD; ELLISON, 2007; RECUERO,
2009a) e de apropriações do Snapchat pelo jornalismo
(BRADSHAW, 2016).
Ano: 2016
71.
PROJETO JUMPER E INTERNET DAS
COISAS: NOTAS SOBRE UM
EXPERIMENTO DE JORNALISMO
IMERSIVO
SANTOS, Márcio Carneiro dos.
Palavras-chave:
Internet das coisas;
Narrativas digitais;
Realidade virtual.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/20/221
Acesso em: 6 dez. 2020
O trabalho relata a iniciativa, ora em andamento, de
criação de um ambiente imersivo para a distribuição
de notícias que utiliza como dispositivos de entrega
equipamentos de realidade virtual como Cardboard e
Oculus Rift. Partindo de uma hierarquia expandida de
emissores, que inclui entes não humanos conectados a
partir da categoria que se convencionou chamar de
internet das coisas (IoT), apresentamos o modelo de
jornalismo de inserção e sua possível utilidade para
aumentar a percepção de relevância entre os
consumidores de conteúdo, permitindo também a
exploração de novas formas narrativas.
Ano: 2016
72.
O CONTEÚDO CIRCULANTE NAS
REDES SOCIAIS E A PRESENÇA DO
A crescente atenção que o público dirige às redes
sociais – muitas vezes em detrimento a sites de notícia
– tem preocupado as empresas jornalísticas, cujo
modelo de negócio se sustenta pela audiência
quantitativa de suas páginas. O seeding de links por tal
278
JORNALISMO DISTORCIDA POR
BOTS HUMANOS
BRAMBILLA, Ana Maria.
Palavras-chave:
Redes sociais;
Jornalismo;
Bots humanos;
UGC;
Ócio digital.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/239/223
Acesso em: 6 dez. 2020
ambiente é uma alternativa dos veículos para se
manterem visíveis e disponíveis ao clique. Porém, as
pessoas parecem mais dispostas a publicar assuntos
pessoais, de acordo com a amostra desta pesquisa,
seguindo uma vertente de comportamento balizada
pelo ócio digital. Além disso, os bots humanos e os
perfis dos próprios veículos podem estar iludindo as
empresas editoriais, certas de que existe um domínio
de seus conteúdos nestes espaços de relacionamento.
Ano: 2016
73.
NOVOS MODOS DE DIZER O
MUNDO: NARRATIVAS
JORNALÍSTICAS MULTIMODAIS
TÁRCIA, Lorena.
SILVA JÚNIOR, Maurício Guilherme.
Palavras-chave:
Multimodalidade;
Narrativas;
Narrativa transmídia (NT);
Jornalismo;
Inovação.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/43/37
Acesso em: 6 dez. 2020
No presente artigo, buscamos analisar conceitos e
práticas de multimodalidade – aproximando-os às
definições de Narrativa Transmídia (NT) –, de maneira
a investigar o uso e os efeitos, no jornalismo, de
recursos e ferramentas como realidade virtual,
imagens em 360° e imersão. Para tal, recorremos a
estudo de Ana Elisa Ribeiro (2016), que, em pesquisa
sobre os processos de leitura e de produção textual no
ambiente universitário, propõe caminhos teóricos
relevantes ao que aqui se almeja problematizar. A
realidade virtual aplicada ao jornalismo, em sua versão
digital, embora em expansão, encontra-se ainda em
processo de amadurecimento. Entretanto, é possível
perceber uma proposta narrativa em formação, com
foco no usuário, além de crescente investimento das
empresas na perspectiva da formação e da
participação, por meio de ambientes virtuais
interativos. Neste sentido, é possível vislumbrar a
conexão entre a proposta educacional para as
narrativas multimodais de Ribeiro e a perspectiva
transmídia de Jenkins, embora novos estudos sejam
necessários para confirmar tal vínculo teórico.
Ano: 2016
74.
PARTICIPAÇÃO DA AUDIÊNCIA EM
NARRATIVAS JORNALÍSTICAS
AUDIOVISUAIS AO VIVO NAS
REDES SOCIAIS
CAJAZEIRA, Paulo Eduardo Lins.
SOUSA JÚNIOR, Cícero Ferreira de.
Palavras-chave:
Audiência participativa;
Narrativas jornalísticas;
Leitor digital;
Fanpage.
O objetivo deste estudo é investigar como se
estabelecem as interações entre o público e os jornais
digitais, em narrativas audiovisuais, transmitidas em
vídeo ao vivo na internet. O uso de customizações da
notícia, a partir do sistema de notificações ou push de
transmissões ao vivo (live streaming), por meio de
aplicações digitais e na web em redes sociais dos
jornais digitais é o que nos interessa neste estudo. A
pesquisa de natureza qualitativa foi realizada em dois
jornais diários digitais, Gazeta do Povo (Brasil) e El
País Brasil (Espanha), com extensões na rede social
Facebook, que realizam transmissões instantâneas em
vídeo ao vivo para os webleitores na multiplataforma
279
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/43/38
Acesso em: 6 dez. 2020
Ano: 2016
75.
NARRATIVAS IMERSIVAS NO
WEBJORNALISMO. ENTRE
INTERFACES E REALIDADE
VIRTUAL
LONGHI, Raquel.
Palavras-chave:
Narrativas imersivas;
Webjornalismo;
Interfaces;
Realidade Virtual.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/43/39
Acesso em: 6 dez. 2020
Discute o conceito de imersão nas narrativas
webjornalísticas, verificando esta tendência recente da
produção de conteúdos em dois objetos de análise:
"The Displaced", do New York Times.com e "6 X 9: a
virtual experience of solitary confinement", do The
Guardian. Através, ainda, de pesquisa bibliográfica,
reflete sobre a concepção de narrativas imersivas e em
Realidade Virtual (RV), os diferentes tipos de
conteúdos considerados imersivos no jornalismo e
analisa até que ponto as interfaces e os dispositivos de
visualização de RV, como os óculos estilo Google
Cardboards são capazes de proporcionar uma efetiva
imersão nas narrativas de não-ficção.
Ano: 2016
76.
TVERS: UMA PROPOSTA DE
CONTEÚDO TRANSMEDIA PARA OS
PROGRAMAS JORNALÍSTICOS DA
TELEVISÃO PÚBLICA
FINGER, Cristiane.
Palavras-chave:
TVERS;
Televisão pública;
Telejornalismo;
Convergência;
Transmedia.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/62/67
Acesso em: 6 dez. 2020
Neste artigo estão os resultados de uma pesquisa que
analisou a programação da TVERS com o objetivo de
encontrar os entraves e as oportunidades para a adoção
da narrativa transmedia nos atuais programas da
emissora, de modo que a televisão pública também
possa enfrentar os desafios da convergência digital.
Para tanto, utilizamos a Análise de Conteúdo
(BARDIN, 2011) para sistematizar o corpus de duas
semanas da programação e a técnica de observação
participativa para estudar as rotinas de produção
durante dois dias, acompanhando a produção,
captação, edição e apresentação de uma revista e de
um telejornal apresentados diariamente na emissora.
Encontramos como principal dificuldade a
inconstância na grade de programação. Identificamos
uma redução nos gêneros de programas ofertados ao
público. Verificamos nos programas Radar e Canal
Aberto as oportunidades para a os conteúdos
transmedia.
Ano: 2016
77.
PARA ENTENDER A INOVAÇÃO E A
TECNOLOGIA NO
TELEJORNALISMO
Embora a relação entre telejornalismo e inovação
tecnológica parece ser quase inerente ao processo do
ser/fazer jornalismo para diferentes telas, nem sempre
estes elementos e processos tecnologicamente
inovadores agregam, de fato, o noticiar, ou seja,
contribuem para qualificar a informação que está
280
EMERIM, Cárlida.
Palavras-chave:
Telejornalismo;
Produção de conteúdo;
Inovação;
Tecnologia;
Convergência.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/62/68
Acesso em: 6 dez. 2020
sendo repassada ao público receptor. A proposta do
presente artigo é a de refletir sobre alguns aspectos do
que a inovação e a tecnologia vêm contribuindo para
potencializar a notícia no telejornalismo, a partir de
alguns resultados de pesquisas empreendidas nos
últimos anos em torno do jornalismo produzido para as
telas e disponibilizado em diferentes plataformas. Para
tanto, parte do conceito de inovação, tecnologia e
telejornalismo; apresenta a relação que se estabelece
com o campo; exemplifica algumas inovações e
contextualiza com resultados das pesquisas para
propor acepções sobre a potencialidade desta relação.
Ano: 2016
78.
TELEJORNAL EM CIRCULAÇÃO:
DAS CHEGADAS E PARTIDAS DAS
MÍDIAS E SUAS AUDIÊNCIAS
PICCININ, Fabiana.
Palavras-chave:
Telejornal;
Circulação;
Recepção.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/62/69
Acesso em: 6 dez. 2020
Esse artigo discute o lugar que vem sendo ocupado
pelas audiências do telejornal por meio das novas
interações oportunizadas pelo cenário sócio-técno-
discursivo contemporâneo. A partir dos novos
encontros interativos, potencializados pelos diferentes
suportes midiáticos e suas possibilidades de
mobilidade e portabilidade, as audiências tem
produzido interferências progressivamente mais
significativas na dimensão da produção do telejornal,
incidindo nas práticas, rotinas, hierarquias e critérios
de noticiabilidade da redação. Assim, o telejornal, que
publiciza seus conteúdos nas grades de programação
de televisão em sinal aberto e fechado, em sites, redes
sociais e aplicativos de dispositivos móveis permite e
convida o público a ocupar os canais de comunicação
com o programa, conferindo um sentido novo à
circulação, enquanto espaço de negociação e
articulação entre os polos da emissão e recepção, e
relativizando estes lugares, antes distantes, e agora não
mais tão categoricamente diferenciados.
Ano: 2016
79.
NOTÍCIAS NAS REDES SOCIAIS E
REDES SOCIAIS DE NOTÍCIAS
MARTINS, Elaíde.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Redes sociais digitais;
Facebook;
Twitter.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/212/84
Acesso em: 6 dez. 2020
A fim de abordar a relação entre jornalismo e redes
sociais na internet, este artigo propõe uma reflexão
sobre essa relação a partir de três momentos:
jornalismo se apropriando dessas redes; jornalismo
profissional nas redes e instrumentos das redes para
notícias; e redes se apropriando do jornalismo.
Amparando-se no conceito de redes sociais na internet
(RECUERO, 2009a, 2009b, 2014), a pesquisa adota
como procedimentos metodológicos a revisão
bibliográfica, incluindo textos acadêmicos e
jornalísticos, e a técnica da observação direta,
visitando os sites das redes sociais Twitter e Facebook
em dias aleatórios durante a segunda quinzena do mês
julho de 2016. Com isso, espera contribuir para melhor
compreender o contexto atual dessa relação, identificar
suas possíveis tendências e discutir as consequências
para o jornalismo.
Ano: 2016 A área da Comunicação, nas universidades brasileiras,
281
80.
REGISTRO LIVRE: UM EXEMPLO DE
DESENVOLVIMENTO DE
TECNOLOGIA DIGITAL APLICADA
AO JORNALISMO ATRAVÉS DE
PARCERIAS INFORMAIS
TRÄSEL, Marcelo Ruschel.
Palavras-chave:
Ciberjornalismo;
Crowdsourcing;
Inovação;
Métodos ágeis;
Parque tecnológico.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/212/86
Acesso em: 6 dez. 2020
é tradicionalmente carente em desenvolvimento de
tecnologia, mas as políticas que favorecem a pesquisa
interdisciplinar e as mudanças culturais e econômicas
engendradas pela microinformática e pelas redes
digitais oferecem novas oportunidades para este tipo
de empreendimento científico. O artigo relata o
processo de produção do software Registro Livre,
concebido como pesquisa aplicada em Jornalismo e
materializado através de uma parceria informal entre a
academia e o setor privado, ensejada pela interação
entre ambos no Parque Tecnológico da PUCRS. A
descrição evidencia a existências de vias alternativas
aos editais de agências de fomento e ao investimento
direto para o desenvolvimento de pesquisa aplicada no
Brasil.
Ano: 2016
81.
A EVOLUÇÃO DAS TECNOLOGIAS
LEVA À AUTOMATIZAÇÃO DA
PRODUÇÃO INFORMATIVA
SQUIRRA, Sebastião.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Tecnologias;
Robotização da imprensa;
Automação jornalística;
Jornalismo digital.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/212/87
Acesso em: 6 dez. 2020
O jornalismo vem sendo forçado a mudar modelos e
estruturas. Neste paper apontamos que o mesmo está
encantado pelas novas possibilidades tecnológicas, que
alteram a disponibilização de informação. A
informatização reformata as práticas, tendo levado as
formas narrativas para realidade onde todos produzem
conteúdos e volume inédito de informação está à
disposição. A robotização se insere na produção de
notícias e novas câmeras alargam conteúdos,
exponenciando os relatos. Como o ser necessita de
fontes experientes e informações seguras, os modelos
atuais sobreviverão indicando que na plena
informação, os jornalistas deverão estar presentes.
Ano: 2017
82.
CIRCULAÇÃO JORNALÍSTICA NO
TWITTER: A COBERTURA DO
IMPEACHMENT DE DILMA
ROUSSEFF
RECUERO, Raquel
ZAGO, Gabriela.
SOARES, Felipe Bonow.
A circulação jornalística em redes sociais como o
Twitter apresenta especificidades devido à ação dos
atores dentro do próprio processo de constituição da
mídia social. Escolher retuitar ou não determinados
conteúdos, por exemplo, pode levar à formação de
filtros-bolha. Com base nesse cenário, o presente
trabalho tem por objetivo analisar o posicionamento
dos veículos jornalísticos nas redes de conversação
sobre o processo de impeachment de Dilma Rousseff
no Twitter. Para tanto utilizaremos quatro conjuntos de
dados coletados em momentos-chave, ao longo de
2016. Os resultados indicam que os veículos acabam
282
Palavras-chave:
Circulação jornalística;
Twitter;
Polarização;
Filtros-bolha;
Redes sociais na internet.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/597/495
Acesso em: 6 dez. 2020
sendo posicionados dentro de clusters favoráveis ou
contrários ao impeachment, a partir das percepções de
suas coberturas. Uma vez dentro de um cluster, os
veículos acabam tendo sua circulação prejudicada
pelos filtros-bolha, tendendo a permanecer naquele
cluster.
Ano: 2017
83.
JORNALISMO LENTO. TIPIFICANDO
TENSÕES ENTRE VELOCIDADE E
COMUNICAÇÃO EM AMBIENTES
DIGITAIS
CUNHA, Michelle Prazeres.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Tecnologia;
Velocidade;
Lento;
Slow.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/521/480
Acesso em: 6 dez. 2020
Este artigo busca agregar categorias conceituais para a
construção de um diagrama de referências que apoie a
compressão do jornalismo lento. Sabe-se que este não
se trata apenas de um formato jornalístico; de uma
nova linguagem; ou de um mecanismo estratégico de
produção e engajamento; mas sim de um processo que
envolve necessariamente (1) o contexto célere da
comunicação na cibercultura; e (2) a modalidade
prática de jornalismo alicerçada no contraponto a este
contexto. Ao propor a desaceleração da produção, da
oferta e da recepção do produto jornalístico, o
jornalismo lento se inscreve no campo da crítica da
comunicação e da velocidade; e, do ponto de vista
prático, se situa na zona de interface entre
comunicação, compreensão e afeto. Ainda que a
comunicação lenta seja relativamente demarcada pelo
movimento “slow media”, o jornalismo lento como
campo carece de reflexão, que permita avançar na sua
tipificação.
Ano: 2017
84.
AS TRANSFORMAÇÕES NO ETHOS
DO JORNALISTA: A
REFORMULAÇÃO DOS
VALORES PROFISSIONAIS PERANTE
UM CENÁRIO DE CONVERGÊNCIA
MAIA, Bárbara.
Palavras-chave:
Ethos;
Valores;
Jornalista multifunção;
Newsmaking;
Convergência de mídias.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/522/379
A presente pesquisa dispõe-se a analisar como os
jornalistas identificam as mudanças no ethos
profissional e quais valores surgem presentes no
jornalismo. Como base teórica utilizase os conceitos
de convergência de mídias (FIDLER, 1997; JENKINS,
2006), de ethos profissional (TRAQUINA, 2012), do
newsmaking (WOLF, 1999; PENA, 2005) e os de
rádio expandido (KISCHINHEVSKY, 2016) e
profissional multifunção (MORETZSOHN, 2014). O
desenvolvimento empírico da pesquisa se dá com o
recorte dos resultados obtidos na dissertação de
mestrado da autora, defendido no início de 2017.
Como principal resultado da análise compreende-se
que, apesar de alguns tradicionais valores ainda
estarem presentes no fazer jornalísticos, outros
desaparecem do discurso dos profissionais e novos
valores surgem como balizadores nas redações.
283
Acesso em: 6 dez. 2020
Ano: 2017
85.
OS USOS DO APLICATIVO “NA
RUA” PELOS CIDADÃOS: UM
ESTUDO
SOBRE A PRODUÇÃO
COLABORATIVA NOS TELEJORNAIS
DA GLOBONEWS
DARDE, Vicente Willian da Silva.
SALES, Fabrício Augusto.
Palavras-chave:
Telejornalismo;
Notícia;
Conteúdo colaborativo;
Cidadania;
Globonews.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/544/487
Acesso em: 6 dez. 2020
O objetivo deste artigo é buscar compreender a
influência do jornalismo colaborativo na produção de
conteúdo dos telejornais da Globonews através do
aplicativo para dispositivos móveis “Na Rua”, que
completa 1 ano em 2017. Através do conceito de
cidadania, buscamos entender a função do usuário-
cidadão como também produtor de conteúdo para os
veículos de comunicação. Nesse estudo, também
problematizamos os critérios de noticiabilidade para os
registros se tornarem notícia, além do papel de
gatekeeper desempenhado pelos jornalistas na
checagem das informações recebidas. O conceito de
participação da audiência, as recompensas nessa
participação, os impactos e os resultados nesta nova
forma de produção da notícia apresentadas nos
telejornais da emissora Globonews são preponderantes
para identificarmos se há uma real contribuição para a
pluralidade de perspectivas de enunciação no
telejornalismo.
Ano: 2017
86.
O NOVO PROJETO EDITORIAL DA
FOLHA DE S.PAULO: OS MITOS DA
OBJETIVIDADE E DA
PLURALIDADE DE SENTIDOS
KLAUTAU, Carolina Moura.
Palavras-chave:
Comunicação;
Jornalismo;
Projeto editorial da Folha de S.Paulo;
Mito.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/556/496
Acesso em: 6 dez. 2020
Este artigo busca um olhar sobre o novo projeto
editorial da Folha de S.Paulo, lançado em 30 de março
de 2017. Dos vários pontos que aparecem no
documento, nos interessa, particularmente, abordar a
objetividade (questão que sempre esteve na base das
discussões sobre o jornalismo) e a pluralidade de
vozes (que ganha força após a Primeira Guerra
Mundial com o “surgimento” do jornalismo
interpretativo) como mitos, na perspectiva de Roland
Barthes em Mitologias (2003). Selecionamos três
matérias publicadas no site da Folha sobre rebeliões
em presídios no nordeste do país para entender como a
objetividade é praticada e para investigar se a Folha é
um jornal que dá voz aos vários personagens
envolvidos no fato. Concluímos que a objetividade é
confundida com mero relato e que as principais fontes
continuam sendo as oficiais. Objetividade e
pluralidade, portanto, são dois mitos dentro do novo
projeto editorial da Folha.
Ano: 2017
87.
JORNALISMO EM TEMPOS DE
CONVERGÊNCIA: A DISTRIBUIÇÃO
DE CONTEÚDO EM
MULTIPLATAFORMAS
A partir deste trabalho busca-se discutir como a
convergência jornalística em paralelo as mídias sociais
modificaram as lógicas de circulação de notícias no
veículo informativo Gazeta do Povo. O jornal que
recentemente convergiu para as plataformas digitais,
busca distribuir conteúdo em diferentes plataformas
on-line (Facebook, Instagram, Twitter, Google+ e
284
SABINO, Vinícius José Biazotti.
Palavras-chave:
Convergência jornalística;
Mídias sociais;
Conteúdo em multiplataformas.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/564/493
Acesso em: 6 dez. 2020
YouTube), mostrando que se preocupa em garantir um
material que se difere em formato, linguagem e texto.
Atendendo assim, as demandas do processo de
convergência.
Ano: 2017
88.
UMA ANÁLISE DA IMERSÃO EM
NARRATIVAS JORNALÍSTICAS EM
REDES DIGITAIS
FONSECA, Adalton dos Anjos.
Palavras-chave:
Imersão no jornalismo;
Narrativas jornalísticas;
Inovação no jornalismo;
Jornalismo em redes digitais.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/596/365
Acesso em: 6 dez. 2020
Este trabalho tem como objetivo a análise da imersão
em narrativas jornalísticas em redes digitais. Parte-se
da premissa de que a imersão é uma categoria para o
jornalismo e um lugar propício para a investigação da
inovação no jornalismo. Faz-se um recorte para a
observação da inovação no jornalismo através das
mudanças nos valores jornalísticos construídos
historicamente. Explora-se a narratologia e a
convergência jornalística como aportes
teóricometodológicos na análise empírica de duas
reportagens longform (UOL TAB) e em vídeo 360º
(Vice) sobre refugiados no Brasil. Encontramos
elementos de rupturas com relação à objetividade,
autonomia e imediaticidade.
Ano: 2017
89.
A BUSCA POR INOVAÇÃO NA
BREVE HISTÓRIA DO MEDIUM:
TENTATIVA DE CONSTITUIÇÃO DE
UM NOVO MODELO DE PRODUÇÃO
DE CONTEÚDO NA INTERNET
BITTENCOURT, Maria Clara Aquino.
Palavras-chave:
Medium;
Jornalismo digital;
Inovação.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/619/501
Acesso em: 6 dez. 2020
Na tentativa de refletir sobre como as urgências e as
demandas impostas pela emergência de novos modelos
de lucratividade e negócio incidem sobre práticas
jornalísticas, observa-se como o Medium busca inovar
na tentativa de constituir um novo modelo de produção
de conteúdo para a internet. A partir de um anúncio
feito pela empresa no início de 2017, o texto é um
recorte no âmbito de um projeto que investiga
processos de produção e circulação de conteúdos por
iniciativas jornalísticas na plataforma.
Ano: 2017 Durante todo o século passado, as empresas
285
90.
MODELOS DE NEGÓCIO PARA O
JORNALISMO DIGITAL: DO
PAYWALL AO CROWDFUNDING
ITO, Liliane de Lucena.
Palavras-chave:
Inovação no jornalismo;
Paywall;
Crowdfunding;
Chatbots;
Marketing de conteúdo.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/671/432
Acesso em: 6 dez. 2020
jornalísticas pouco inovaram no modelo de negócio,
baseado em vendas por assinatura e avulsas e, acima
de tudo, publicidade. Entretanto, com o advento da
Sociedade em Rede e da web 2.0, além do surgimento
e popularização de tecnologias móveis de
comunicação digital, há uma transformação marcante
no consumo da informação, fazendo com que os
veículos de mídia adotem iniciativas disruptivas. Neste
trabalho, são discutidos cinco modelos de negócio
inovadores que vêm sendo adotados nos últimos anos,
no Brasil e no exterior. Como resultado, considera-se
que a sustentação econômica do jornalismo em sua
fase pós-industrial está diretamente atrelada a variados
formatos jornalísticos, bem como a formas distintas de
entrega de conteúdo, o que sinaliza não haver uma
fórmula única, por mais inovadora que seja, que
prometa a salvação das empresas de mídia.
Ano: 2017
91.
REDES SOCIAIS DIGITAIS: O
JORNALISMO E O ESPAÇO PÚBLICO
NA CONTEMPORANEIDADE
ESTEVANIM, Mayanna.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Redes sociais digitais;
Espaço público;
Mediação;
Comunicação generalizada.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/673/370
Acesso em: 6 dez. 2020
Partindo do pressuposto de que as mídias digitais são
espaços públicos na contemporaneidade, a proposta
deste artigo, de cunho teórico, é discutir onde o
jornalismo se encontra e qual o seu papel mediador
nas ambiências digitais. O que de imediato podemos
perceber é que a complexidade do funcionamento das
sociedades modernas conduziu para a complexidade
do espaço público. Estamos em um ciberespaço
híbrido, que flutua entre as esferas pública, privada e
de exposição do fórum íntimo, com hierarquias de
mediações. Onde se torna importante compreender as
formas de difusão e de organização, os modos de
institucionalização dos suportes e questionar sobre as
relações de poder.
Ano: 2017
92.
MUITO ALÉM DA EFEMERIDADE: O
SNAPCHAT COMO FERRAMENTA
DE COBERTURA JORNALÍSTICA NO
PERFIL DO UOL
KANNENBERG, Vanessa.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Cobertura jornalística;
Site de rede social;
Entender como o portal UOL tem se apropriado do
Snapchat para fazer cobertura jornalística é a proposta
deste artigo. Para a análise empírica, nos inspiramos
no processo metodológico desenvolvido por Fonseca
(2015), que consiste na formulação de quadro
metodológico, em que descrevemos os principais
parâmetros de análise e os agrupamos em conceitos e
categorias. Para auxiliar na aplicação desse quadro,
desenvolvemos um questionário composto por
perguntas a serem feitas ao corpus. O método foi
aplicado em uma amostra formada por três Stories
produzidas pelo perfil do UOL no Snapchat durante os
Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. Ao final,
identificamos quais elementos são consensuais, quase-
286
Snapchat;
Efemeridade.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/698/393
Acesso em: 6 dez. 2020
consensuais, raramente utilizados e potencialidades.
Este estudo-piloto faz parte do projeto de mestrado em
curso, portanto, ainda está sendo aprimorado e
ampliado.
Ano: 2017
93.
PÓS-VERDADE, FAKE NEWS E
FACT-CHECKING: IMPACTOS E
OPORTUNIDADES PARA O
JORNALISMO
SANTOS, Jessica de Almeida.
SPINELLI, Egle Müller.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Pós-verdade;
Fake news;
Fact-checking.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/746/462
Acesso em: 6 dez. 2020
Este artigo se propõe a compreender, por meio de uma
revisão de literatura, a era da pós-verdade no
jornalismo com um recorte a partir de 2016, em que a
expressão ganhou o título de palavra do ano pelo
dicionário Oxford. Na era em que fatos objetivos são
menos influentes na opinião pública do que emoções e
crenças pessoais, o campo se torna fértil para a
disseminação de fake news. O momento é decisivo
para que o jornalismo seja agente de combate às
notícias falsas usando como base um trabalho sério de
apuração de fatos e defesa da credibilidade. Nesse
cenário, as agências de fact-checking ganham espaço
ao investigar e repassar ao público e aos próprios
veículos jornalísticos o que foi checado sobre
determinadas informações.
Ano: 2017
94.
JORNALISMO GUIADO POR DADOS:
CARACTERÍSTICAS DEFINIDORAS E
UMA PROPOSTA DE FORMULAÇÃO
DO CONCEITO
TRÄSEL, Marcelo.
Palavras-chave:
Jornalismo Digital em Bases de Dados;
Jornalismo Guiado por Dados;
Reportagem Assistida por Computador;
Etnografia;
Hacker.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/794/464
Acesso em: 6 dez. 2020
O jornalismo guiado por dados (JGD) compreende
diversas práticas profissionais, cujo ponto em comum
é o uso de bases de dados como principal fonte de
informação para a produção de notícias. As práticas de
JGD envolvem técnicas de reportagem assistida por
computador (RAC), visualização de dados, infografia,
criação e manutenção de bases de dados e a política de
acesso à informação e transparência pública de
governos. A partir de manuais e publicações sobre o
tema, são analisados alguns dos principais elementos
das práticas e rotinas produtivas ligadas ao JGD.
Finalmente, é oferecida uma proposta de definição do
conceito de Jornalismo Guiado por Dados.
Ano: 2017
95.
O artigo realiza uma análise das interações entre
ouvintes e jornalistas via WhatsApp no programa
BandNews Rio 1ª Edição e de que forma são
287
PARTICIPAÇÃO, INTERAÇÃO E
ACESSO: O MODELO AIP NA
SELEÇÃO DAS FONTES VIA
WHATSAPP NO BANDNEWS RIO
CHAGAS, Luan José Vaz.
Palavras-chave:
Fontes;
Diversidade;
Participação;
Interação;
Acesso.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/830/369
Acesso em: 6 dez. 2020
acionados como fontes para a construção da notícia no
rádio. Com base no modelo AIP e a distinção entre os
conceitos de participação, interação e acesso
(CARPENTIER, 2012; MOLOTCH e LESTER,
1999), o paper diferencia os modelos de subsídio de
informações pela audiência no radiojornalismo. O
objetivo é analisar a seleção das fontes populares e o
exercício de encaixe temático destas vozes em lugares
de fala distintos de setores profissionalizados ou
oficiais da sociedade.
Ano: 2017
96.
O QUE SE SABE SOBRE A CRISE DO
JORNALISMO? UMA REVISÃO DA
LITERATURA INTERNACIONAL
TAVARES, Camila Quesada.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Crise do jornalismo;
Pesquisa bibliográfica;
Revisão da literatura.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/844/454
Acesso em: 6 dez. 2020
Este paper tem por objetivo apresentar o estado da arte
sobre as produções que se destinam a estudar a atual
crise do jornalismo. Embora muito falada no mercado
e na academia, ainda são poucos os esforços
científicos destinados a compreender essa crise,
especialmente na literatura nacional. O que se observa,
até o momento, é que o foco de estudo se divide em
quatro eixos principais, identificados por Siles e
Boczkowski (2012): a) as causas da crise; b) suas
manifestações; c) as implicações da crise e d) as
soluções propostas para resolvê-la, sendo a primeira e
a última as linhas de estudo mais “populares”. A partir
da pesquisa bibliográfica, observa-se que, embora haja
um considerável número de pesquisas voltadas a essa
temática na literatura internacional, ainda existem
linhas de investigação que carecem de pesquisas
empíricas. Por fim, este trabalho busca contribuir para
a discussão sobre a crise do jornalismo no Brasil.
Ano: 2017
97.
JORNALISTAS NO WHATSAPP:
A FORÇA DA COMUNIDADE
INTERPRETATIVA DO GRUPO
MÍDIA-RJ
ANDRADE, Ana Paula Goulart de.
Palavras-chave:
Comunidade interpretativa;
Critérios de noticiabilidade;
Teoria do jornalismo;
Telejornalismo;
Whatsapp.
Nesse artigo, é avaliada a força da comunidade
jornalística via dispositivos móveis a partir da análise
da interação de 768 profissionais de comunicação, que
estão conectados 24 horas por meio do aplicativo
Whatsapp. O objetivo é contabilizar os critérios de
noticiabilidade utilizados e investigar de que forma os
membros participantes reforçam e estendem a ideia de
comunidade interpretativa dos jornalistas ao
assumirem, de forma colaborativa, o papel de
gatekeeper, desenhando o que é notícia na imprensa
carioca, sobretudo no telejornalismo com o trânsito de
imagens cedidas. O trabalho também busca
compreender, por meio de entrevista com o mediador
do grupo, a perspectiva organizacional implícita nesse
processo. Assim, ancorada nas Teorias do Jornalismo
e em estudos sobre Telejornalismo, a pesquisa propõe
288
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/856/367
Acesso em: 6 dez. 2020
um debate sobre o jornalista contemporâneo e o prazer
da atividade profissional.
Ano: 2017
98.
O AUDIOVISUAL JORNALÍSTICO NO
YOUTUBE: UM ESTUDO
EXPLORATÓRIO DO CANAL NEXO
JORNAL
HOEWELL, Gabriel Rizzo.
GRUSZYNSKI, Ana.
Palavras-chave:
Nexo;
Jornal;
YouTube;
Audiovisual;
Vídeo.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/859/527
Acesso em: 6 dez. 2020
O artigo analisa o canal do jornal nativo digital Nexo
no YouTube a fim de identificar elementos que
permitam investigar articulações entre os modos de
agregação, apresentação e acesso a produtos
audiovisuais singulares produzidos pelo jornal. De
caráter exploratório, o trabalho problematiza o canal
do YouTube a partir da noção de dispositivo
(MOUILLAUD, 1997), constituindo eixos e categorias
que possibilitem avaliar as diversas relações que o
texto audiovisual estabelece com os dispositivos que o
conformam e, em rede, produzem sentidos. Observam-
se quatro áreas do canal para a identificação de seis
eixos de análise: seções e playlists; canais
relacionados; miniaturas; títulos; metadados; dados
gerados pela plataforma. Estabelecem-se categorias
para a investigação desses eixos, delineando-se um
roteiro para análise do canal de audiovisual
jornalístico no YouTube.
Ano: 2017
99.
PARA ALÉM DO JORNALISMO
MÓVEL: O DESENVOLVIMENTO DO
CONCEITO DE JORNALISMO
UBÍQUO
SILVEIRA, Stefanie Carlan da.
Palavras-chave:
Jornalismo ubíquo;
Ubiquidade;
Espaços híbridos;
Dispositivos móveis digitais.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/880/528
Acesso em: 6 dez. 2020
O objetivo deste trabalho é apresentar de forma mais
aprofundada o conceito de jornalismo ubíquo. Para
isso, na parte inicial focamos em apresentar dados e
elementos que constroem o contexto vivido atualmente
pela coletividade. Por isso, trazemos estatísticas e
dados de acesso à internet, conexão e consumo de
conteúdo via dispositivos móveis digitais. Também
trazemos no trabalho os conceitos que acreditamos ser
fundamentais para formar a discussão: mobilidade,
ubiquidade e espaços híbridos. No momento seguinte,
discutimos e aprofundamos a proposta de jornalismo
ubíquo, visto enquanto algo mais abrangente daquilo
que conhecemos como jornalismo móvel. Isto é feito a
partir da apresentação do desenvolvimento das
terminologias e conceitos que envolvem o jornalismo.
Ano: 2017
100.
JORNALISMO DAS COISAS (JOT):
NOVO GÊNERO JORNALÍSTICO EM
O artigo discute a proposta de novo gênero do
jornalismo (JoT) a partir da incorporação da
tecnologia da Internet das Coisas (IoT) na produção do
noticiário diário global. Assim, apresenta-se novos
modelos de narrativas, linguagens e formatos para o
289
CARROS CONECTADOS, OBJETOS
INTELIGENTES E WEREABLE’S NA
CIDADE DIGITAL
BARCELOS, Marcelo Silva.
Palavras-chave:
Jornalismo das Coisas;
Jornalismo;
Gênero;
Formato;
Linguagem.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/931/530
Acesso em: 6 dez. 2020
jornalismo do futuro baseado em objetos cognificados
na cidade digital (smart citie), formada por casas
inteligentes, veículos conectados e computação
vestível. Sob método indutivo e exploratório, propõe-
se uma taxonomia preliminar para agrupar essas novas
telas em categorias de consumo jornalístico. Como
considerações finais, relacionamos ainda questões
como vigilância, vazamento de dados e a
hipersaturação do consumo de informação, além de
questões técnicas, como a construção de um padrão
global de protocolo para conectar esses objetos e a
importância da qualidade da conexão.
Ano: 2017
101.
UM PANORAMA DAS NOTÍCIAS
AUTOMATIZADAS NO MUNDO
CARREIRA, Krishma.
Palavras-chave:
Notícia automatizada;
Jornalismo automatizado;
Inteligência artificial e jornalismo;
Algoritmos jornalísticos;
Geração de linguagem natural.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/897/529
Acesso em: 6 dez. 2020
O cruzamento do Jornalismo com sistemas de
inteligência artificial possibilitou que tarefas básicas
dos jornalistas, como apuração e redação de notícias,
em texto, áudio e vídeo, pudessem ser feitas
exclusivamente por algoritmos. A presença humana
nestes casos é indispensável – do ponto de vista
tecnológico - somente na programação dos softwares.
Neste artigo será apresentado um mapeamento de 62
empresas de jornalismo, como Reuters, Le Monde e
Associated Press, que produzem notícias
automaticamente sobre oito tópicos (política, finanças,
esporte, previsão do tempo, crime, viagem, trânsito e
entretenimento) em 11 países. As reflexões deste
trabalho partem de uma pesquisa bibliográfica de
caráter exploratório interdisciplinar de áreas como
Jornalismo, Filosofia da Tecnologia, Inteligência
Artificial e da abordagem da Teoria Ator-Rede.
Ano: 2017
102.
O QUE É HIPERMÍDIA? UM
CONCEITO QUE VAI ALÉM DO
HIPERTEXTO E DA MULTIMÍDIA
BACCIN, Alciane.
Palavras-chave:
Hipermídia;
Hipertexto;
Multimídia;
Jornalismo digital;
Narrativa.
Disponível em:
O objetivo do artigo é discutir teoricamente o conceito
de hipermídia, partindo da formulação da Teoria do
Hipertexto, que tem como principal expoente George
Landow (1997, 2001, 2009), e no processo de
Remediação, proposto por Jay Bolter e Richard Grusin
(1999). Para tanto, refletimos primeiramente sobre a
configuração do espaço de escrita digital (BOLTER,
2001), onde se insere a hipermídia. Procuramos ao
longo do artigo, discutir e tensionar o conceito de
hipermídia com alguns autores que percebem a
semelhança e até tratam hipertexto e hipermídia como
sinônimos. Nossa intenção é, com esse tensionamento,
construir a definição de hipermídia alicerçada na
lógica da remediação. Assim como o hipertexto
remodela o texto no espaço de escrita digital, também
as mídias se renovam nesse espaço.
290
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/948/366
Acesso em: 6 dez. 2020
Ano: 2017
103.
DESENVOLVIMENTO E ANÁLISE DE
UM APLICATIVO COMO
FERRAMENTA DE JORNALISMO
MÓVEL PARA COBERTURA DE
QUESTÕES URBANAS EM ARACAJU
FRANCISCATO, Carlos Eduardo.
OLIVEIRA, Camila de Jesus.
SILVA, Leandro Pereira Gomes da.
COSTA, Maria Izabel de Jesus.
Palavras-chave:
Jornalismo móvel;
Jornalismo de cidades;
Smartphone;
Aplicativo;
Pesquisa aplicada.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/892/553
Acesso em: 6 dez. 2020
Este paper apresenta resultados de um projeto de
pesquisa aplicada cujo objetivo consistiu no
desenvolvimento de um aplicativo (app) de
comunicação móvel para celulares tipo smartphones
que auxiliem na qualificação da cobertura jornalística
em questões urbanas na região metropolitana de
Aracaju, capital do estado de Sergipe. Há um esforço
em compreender conceitos específicos dos
dispositivos de comunicação móvel (mobilidade,
ubiquidade, geolocalização), assim como aspectos
sobre a cidade e o urbano e o jornalismo de cidades
em suas formas de base de dados e visualidades.
Utilizamos a arquitetura da informação e a cartografia
como metodologias para o desenvolvimento do
aplicativo. Espera-se que a ferramenta ofereça um
incremento na atividade jornalística e gere, nos testes
em situações de uso, compreensões sobre a atividade e
o desenvolvimento de novas funcionalidades.
Ano: 2017
104.
MODOS E SENTIDOS DA INOVAÇÃO
NO JORNALISMO
MARTINS, Elaide.
Palavras-chave:
Inovação;
Jornalismo;
The New York Times.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/892/272
Acesso em: 6 dez. 2020
Esta pesquisa busca identificar, analisar e
compreender modos, aspectos e sentidos da inovação
no jornalismo. Debruçando-se sobre os relatórios de
inovação do New York Times, o trabalho adota dois
procedimentos metodológicos de forma
complementar: análise documental, uma das vertentes
do estudo de caso (YIN, 2001; DUARTE, 2008;
CLEMENTE JR, 2012) e as categorias de análise
sistematizadas por Rosseti (2013), baseadas na
classificação aristotélica do conceito de mudança. A
partir de Barbosa (2012), Mazza (2013), Giacomini
Filho (2015), Silverman (2015), Fonseca (2015) e
outros, traz uma importante discussão sobre inovação
no jornalismo e seus resultados indicam que a mesma
se faz presente em produtos, processos, equipe e
gestão. Uma análise que aponta novas tendências para
o campo do jornalismo.
Ano: 2017
105.
ANÁLISE DE QUALIDADE DE
NOTÍCIA: WHATSAPP COMO
FERRAMENTA DE PRODUÇÃO DE
CONTEÚDO EM CIBERMEIOS
O WhatsApp é uma ferramenta de interatividade que
ganhou destaque nas redações dos ciberjornais de
Mato Grosso do Sul nos últimos três anos. Leitores
enviam sugestões de pauta aos jornais via aplicativo e
notícias são publicadas com informações, fotos e
vídeos. Os leitores já participavam com opiniões e
pautas por meio de canais digitais como e-mail,
291
JORNALÍSTICOS
MARTINS, Gerson Luiz
WERDEMBERG, Angela.
Palavras-chave:
Ciberjornalismo;
WhatsApp;
Convergência;
Critério de noticiabilidade; Valores-
notícia.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/892/273
Acesso em: 6 dez. 2020
Facebook e Twitter. O tema deste artigo é recortado a
partir do estudo da adesão do aplicativo WhatsApp nas
redações do Campo Grande News, Correio do Estado
e Midiamax News, três ciberjornais de maior
audiência no Estado. Com base nas Ferramentas para
Análise de Qualidade no Ciberjornalismo, organizada
por Marcos Palacios, foi possível quantificar,
relacionar e analisar as notícias publicadas
mencionando o WhatsApp, além de mensurar o
impacto desta forma para pautar o noticiário cotidiano
e as implicações na produção da notícia.
Ano: 2017
106.
INTERATIVIDADE E
VISUALIZAÇÃO DE NOTÍCIAS EM
APPS: UM DESIGN BASEADO EM
CARDS
PAULINO, Rita.
EMPINOTTI, Marina.
Palavras-chave:
Jornalismo móvel;
Smartphone;
Aplicativo;
Design;
Cards.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/892/958
Acesso em: 6 dez. 2020
A interação do usuário com as pequenas telas de
tablets e smartphones exige dos produtores de
informação a coordenação de um trabalho
multidisciplinar, que englobe jornalistas, designers e
programadores, para que a experiência oferecida seja
adequada à nova realidade do jornalismo móvel. O
design de notícias baseado em Cards vem sendo o
formato mais utilizado pelas empresas que operam em
plataformas iOS e Android. Este artigo analisa como
três aplicativos de veículos tradicionais utilizam
componentes de interface mobile. Buscou-se
identificar características e elaborar categorias de
análise para se compreender o modo como a
informação é apresentada disponível nos apps da
BBCNews, CNN e O Globo. Como aporte teórico-
metodológico principal se utilizou uma retórica
audiovisual digital, a fim de analisar formas, gestos e
impactos da relação usuário-smartphone.
Ano: 2018
107.
DAS PÁGINAS IMPRESSAS PARA AS
FANPAGES: ADAPTAÇÕES DE
LINGUAGEM E FORMATO DOS
JORNAIS REGIONAIS NO
FACEBOOK A PARTIR DE UMA
PERSPECTIVA COMPARADA
MASSUCHIN, Michele Goulart.
SOUSA, Suzete Gaia de.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Este paper faz uma análise comparativa sobre como
jornais regionais brasileiros - “A Tarde” (Nordeste),
“Correio Braziliense” (Centro-Oeste), “Diário do
Pará” (Norte), “Gazeta do Povo”(Sul) e “O Globo”
(Sudeste) – se utilizam do Facebook como ferramenta
para distribuição de conteúdo jornalístico. O objetivo é
averiguar de que maneira os jornais selecionados
utilizam o Facebook a partir de características
relacionadas ao estilo textual, tal como a linguagem –
formal ou informal – e os diferentes formatos que
acompanham a legenda – foto, vídeo, emoticons, gifts,
entre outros. O método da pesquisa é quantitativo é a
técnica utilizada é a análise de conteúdo. O período da
análise compreende duas semanas (entre abril e maio
de 2018), sendo que o corpus da pesquisa corresponde
292
Redes sociais digitais;
Facebook;
Linguagem;
Formato dos posts.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2018/paper/view/1191/829
Acesso em: 6 dez. 2020
a 2825 postagens realizadas pelos cinco veículos no
período estipulado.
Ano: 2018
108.
ALGORITMOS COMO
GATEKEEPERS: OS RISCOS PARA O
JORNALISMO E PARA A
SOCIEDADE
BARSOTTI, Adriana.
Palavras-chave:
Algoritmos;
Gatekeepers;
Agenda.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1264/67
4
Acesso em: 6 dez. 2020
Mais da metade da população mundial (51%) usa as
mídias sociais para se informar, revelou a Digital
News Report 2015. A pesquisa observou que a
ascensão das redes sociais como meio de acesso às
notícias leva ao fenômeno do “conteúdo distribuído”.
Links para notícias desprendem-se do contexto
original de edição e ganham vida própria nas redes.
Nelas, os regimes de visibilidade das notícias são
norteados, em última instância, por algoritmos que
cruzam preferências individuais e localização
geográfica dos usuários, entre outros critérios. Embora
continuem selecionando as notícias, os jornalistas
estariam agora dividindo o papel de gatekeepers com
os algoritmos. A hipótese é que o jornalista esteja
perdendo poder na proposição de uma agenda para a
sociedade. O artigo apresenta 11 entrevistas em
profundidade com jornalistas da Folha de S.Paulo, O
Estado de S.Paulo, O Globo e G1 discutindo a questão.
Ano: 2018
109.
CONSIDERAÇÕES SOBRE O
IMPACTO DAS NOVAS
TECNOLOGIAS NO
RADIOJORNALISMO
BUFARAH JÚNIOR, Alvaro.
CARVALHO, Marcus Aurélio de.
Palavras-chave:
Radiojornalismo;
Linguagem;
Produção;
Tecnologias;
Afeto.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1328/86
5
Este artigo apresenta análise sobre as linhas de força
que alteraram as lógicas discursivas e a linguagem do
meio rádio – com foco nos programas jornalísticos - a
partir dos anos 1990, quando a Internet passou a
mudar as próprias dinâmicas de escuta do meio, seja
na audição de conteúdo em qualquer horário (e não
mais, necessariamente, com o compromisso pactuado
na grade da programação), seja no caráter
multiplataforma dos aparatos para a recepção dos
programas: celular, computador pessoal, o velho rádio
de pilha, etc. Nossa abordagem dedica especial
atenção às mudanças na linguagem e nas rotinas dos
processos de produção dos noticiários. Em que medida
os roteiros, o tempo dedicado à apuração das
reportagens, a divisão de tarefas na redação e o uso
dos chamados “cinco idiomas do rádio” (voz, música,
efeitos sonoros, pausas e trilhas anímicas) ganharam
novos sentidos nas últimas duas décadas?
293
Acesso em: 6 dez. 2020
Ano: 2018
110.
DA “NEWS NET” À REDE
HIPERDENSA: O JORNALISMO NA
ERA DA UBIQUIDADE
COMUNICACIONAL
SATUF, Ivan.
Palavras-chave:
Jornalismo móvel;
News net;
Ubiquidade comunicacional;
Rotinas produtivas.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1335/84
9
Acesso em: 6 dez. 2020
O conceito de “news net” foi introduzido nos anos
1970 por Gaye Tuchman para definir a rotina
operacional dos meios de comunicação de massa em
uma época marcada por restrições estruturais e
humanas. Muita informação relevante deixava de ser
apurada devido à existência de diversos “buracos” na
estrutura de captação, resultando numa rede noticiosa
(“news net”) cuja trama apresentava baixa densidade.
A emergência de tecnologias digitais móveis
reconfigura os processos de coleta e circulação de
informação jornalística no século XXI. Este artigo
propõe a noção e “rede hiperdensa” com o objetivo de
atualizar a clássica noção de “news net” a partir de um
conjunto de evidências que permitem tratar da
ubiquidade comunicacional, das redes colaborativas e
da expansão das fronteiras jornalísticas
Ano: 2018
111.
REDE SOCIAL COMO NOVO
CRITÉRIO DE NOTICIABILIDADE:
CARACTERÍSTICAS E
POTENCIALIDADES APLICADAS AO
TELEJORNALISMO
OLEGÁRIO, Leandro.
Palavras-chave:
Telejornalismo;
Noticiabilidade;
Rede Social;
Ciberacontecimento;
Jornal do Almoço.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1389/67
7
Acesso em: 6 dez. 2020
No cenário da hipertelevisão (SCOLARI, 2014), as
realidades cotidianas vêm ganhando espaço nos
noticiários televisivos por meio de
ciberacontecimentos (ARIAS, 2008). A proposta deste
artigo é apresentar as fases que envolvem a produção
de notícias no telejornalismo a partir da seleção de
conteúdos oriundos das redes sociais. Para isso,
analisa-se a rotina produtiva de uma revista eletrônica
regional, o Jornal do Almoço, da RBS/TV, emissora
afiliada da Rede Globo no Rio Grande do Sul. Desse
modo, aplica-se técnicas de entrevista em
profundidade e observação participante. Este trabalho
é um recorte da pesquisa de doutoramento que propõe
a rede social, a partir do conteúdo disseminado pelos
usuários, como um novo valornotícia estabelecendo
alterações no fazer-jornalístico na televisão à luz das
teorias do newsmaking e gatekeeper (WOLF, 2012).
Ano: 2018
112.
FONTES ELETRÔNICAS DE
INFORMAÇÃO JORNALÍSTICA:
SENSORES, SINALIZADORES E
PROCESSADORES DA INTERNET
DAS COISAS (IOT) PARA
Este artigo apresenta uma discussão teórica e análise
descritiva-explicativa a partir de fontes eletrônicas de
informação e captação, aqui compreendidas como
sensores, sinalizadores e processadores da Internet das
Coisas (IoT), no contexto de uma cidade digital
inteligente ou smart city. O objetivo é otimizar a
mineração de dados que atendam uma melhor
assertividade para o usuário, sob a ótica da
294
COMPLEMENTAÇÃO DE NOTÍCIAS
BARCELOS, Marcelo.
Palavras-chave:
Internet das Coisas;
Jornalismo;
Fontes eletrônicas;
Notícias;
Cidades Inteligentes.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1304/84
6
Acesso em: 6 dez. 2020
personalização de conteúdo jornalístico. Dessa forma,
acredita-se que será possível tornar mais eficiente a
extração e aproveitamento dessas tecnologias para
implementar personalização de conteúdo, uma das
características da informação noticiosa centrada nas
preferências de um determinado leitor em um contexto
de hiperconexão e mobilidade informacional ubíqua,
como aposta futura para as malhas
infocomunicacionais cognificadas na Teoria Ator-
Rede.
Ano: 2018
113.
A PRISÃO DE LULA AO VIVO NO
FACEBOOK: USO DA FERRAMENTA
FACEBOOK LIVE PARA A
CONSTRUÇÃO DE NARRATIVAS EM
VÍDEO PELA MÍDIA NINJA E PELO
ESTADÃO
SANTOS, William da Silva.
NUNES, Márcia Vidal.
Palavras-chave:
Facebook Live;
Transmissões ao vivo;
Jornalismo digital;
Mídia alternativa;
Narrativas jornalísticas.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1438/66
5
Acesso em: 6 dez. 2020
O presente artigo tem como principal objetivo
identificar características do uso da ferramenta
Facebook Live para a realização de coberturas
jornalísticas na mídia tradicional e na mídia
alternativa, notadamente pelo jornal O Estado de S.
Paulo e pelo coletivo Mídia Ninja, buscando
evidenciar estratégias de construção de narrativas em
vídeos transmitidos ao vivo nas respectivas páginas no
Facebook. Para isso, utilizamos, como recurso
metodológico para uma investigação quantitativa e
qualitativa da cobertura da prisão do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, a análise pragmática da
narrativa jornalística (MOTTA, 2007). Notamos, a
partir de resultados preliminares, que a ferramenta
Facebook Live foi mais utilizada pela Mídia Ninja. O
estudo observou, ainda, estratégias diferentes de
objetivação e subjetivação, apontando para intenções
comunicativas – com motivações políticas e culturais
– em disputa no debate público.
Ano: 2018
114.
PROCESSOS DE CONVERGÊNCIA E
REORGANIZAÇÃO EM REDAÇÕES
JORNALÍSTICAS: UM OLHAR SOBRE
A ESTRUTURA E A PRODUÇÃO DE
NOTÍCIAS EM CIBERMEIOS
BRASILEIROS
GONÇALVES, Jonas.
Os constantes ciclos de transformação das redações
jornalísticas contemporâneas, transformadas em
ecossistemas adaptáveis com fluxos de trabalho
tecnológicos (“cibermeios”), demandam uma
sistematização que viabilize estudos mais
aprofundados dessas mudanças, diretamente
influenciadas pelo fenômeno da convergência. Este
artigo é uma síntese da dissertação desenvolvida pelo
autor no âmbito do programa de Mestrado Profissional
em Produção Jornalística e Mercado da ESPM-SP, que
estudou os casos vivenciados pelos sites Estadão e
HuffPost (um analógico digital e outro nativo digital) e
295
Palavras-chave:
Redações;
Reorganização;
Convergência;
Estadão;
HuffPost.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1513/84
7
Acesso em: 6 dez. 2020
propôs uma metodologia para classificar, por meio de
indicadores, os diferentes modelos de redação em
termos de características estruturais (tipo de
ecossistema, etapas de reconfiguração e contexto
organizacional) e produtivas (procedimentos de pauta,
apuração, edição e publicação de notícias).
Ano: 2018
115.
VISUALIZAÇÃO DE DADOS
JORNALÍSTICOS: A PRODUÇÃO NA
PERSPECTIVA DA NARRATIVA
COMO SISTEMA
ESTEVANIM, Mayanna.
Palavras-chave:
Sistema narrativo;
Visualização de dados jornalísticos;
Backend narrativo;
Frontend narrativo;
Jornalismo de dados.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1448/66
6
Acesso em: 6 dez. 2020
Este artigo visa discutir a visualização jornalística em
base de dados na contemporaneidade. Sustentamos
que esta produção, no ambiente digital, está inserida
em sistemas narrativos, iniciados em codificações
maquínicas, com bases de dados que dialogam com
outras camadas até chegar a uma interface com o
usuário. Neste contexto o jornalista não é somente um
narrador de fatos, é o responsável por coletar, apurar,
interpretar e contextualizar as informações. Recorre a
gráficos interativos, conta com a participação do
público/leitor, disponibiliza acesso direto a bancos de
dados e distribui matérias por redes sociais.
Defendemos que o jornalista familiarizado com as
camadas subterrâneas do sistema narrativo, o backend,
encontra melhores maneiras de contar histórias
Ano: 2018
116.
O ALGORITMO COMO PAUTA DE
INVESTIGAÇÃO JORNALÍSTICA
CARREIRA, Krishma Anaísa Coura.
Palavras-chave:
Jornalismo investigativo; Algoritmo-
ombudsman;
Algoritmos e jornalismo;
Engenharia reversa;
Preconceito algorítmico.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1651/67
9
Os algoritmos computacionais têm papel central nos
processos comunicacionais materializados através da
internet, com consequências econômicas, políticas e
sociais. Apesar disso, suas operações, em geral, não
são transparentes ou são incompreendidas pela maior
parte dos internautas. Os algoritmos transmitem uma
ideia de objetividade, mas seus processos de
programação seguem priorizações e associações que
podem resultar, inclusive, em preconceitos. Alguns
estudiosos sinalizam a importância da realização de
uma investigação jornalística capaz de desvendar
como os algoritmos geram determinados resultados.
Outros apontam a necessidade de um algoritmo-
ombudsman. Neste artigo, são apresentadas algumas
técnicas sugeridas a partir de uma revisão bibliográfica
interdisciplinar de áreas como Comunicação,
Jornalismo e Inteligência Artificial.
296
Acesso em: 6 dez. 2020
Ano: 2018
117.
TELEJORNALISMO
MULTIPLATAFORMA: UMA
ANÁLISE DO USO DA
CONVERGÊNCIA DE CONTEÚDO NO
QUADRO “G1 NO BOM DIA RIO”
ANDRADE, Lorena Borges de.
SILVA, Fernando Firmino da.
Palavras-chave:
Telejornalismo;
Convergência;
Multiplataforma;
Bom Dia Rio;
G1 RJ.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1584/71
8
Acesso em: 6 dez. 2020
O jornalismo pós-industrial indica que o jornalismo
passa por transformações em decorrência da
digitalização nos processos. Nesse cenário, “explorar
outros métodos de trabalho e processos viabilizados
pelas mídias digitais” (ANDERSON; BELL;
SHIRKY, 2013, p.38) passou a ser condição essencial
para sobreviver a um mercado cada vez mais exigente
e multiplataforma. Partindo desse princípio e da noção
de convergência jornalística, no tocante à dimensão de
conteúdo, este trabalho tem como objetivo analisar de
que maneira as experiências de convergência de
conteúdo no telejornal Bom Dia Rio da TV Globo são
colocadas em prática na TV e no portal G1 RJ. Os
resultados apontam para uma convergência de
conteúdo no aspecto de multiplataforma ainda
incipiente entre o telejornal e o portal.
Ano: 2018
118.
POTENCIALIDADES DIGITAIS E
INOVAÇÕES JORNALÍSTICAS:
ANÁLISE QUANTITATIVA DE
ESPECIAIS DA FOLHA
FORT, Mônica Cristine.
MARCELLINO, Márcio Morrison
Kaviski.
TRENTIN, Lidia Paula.
HECK, Ana Paula.
Palavras-chave:
Jornalismo digital;
Inovações;
Especiais Folha;
Gêneros textuais;
Potencialidades tecnológicas.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1257/78
6
Acesso em: 6 dez. 2020
O presente texto apresenta um levantamento
quantitativo realizado em especiais publicados pelo
site do jornal Folha de S. Paulo. Trata-se de uma das
etapas de um projeto de pesquisa em rede que
investiga práticas inovadoras e criativas em jornalismo
a partir de potencialidades digitais. No estudo ora
apresentado, observam-se as características dos
denominados especiais pelo próprio veículo,
selecionando o que são consideradas narrativas
jornalísticas, seus gêneros, seus suportes imagéticos e
demais recursos digitais. Também são consideradas as
características do webjornalismo. Percebem-se
inovações narrativas em determinadas abordagens,
mas ainda não se experimentam todas as
possibilidades como prática das rotinas produtivas.
Ano: 2018 Pesquisadores e jornalistas dedicados ao Jornalismo de
297
119.
A NOÇÃO DE JORNALISMO DE
DADOS NO JORNALISMO
CONTEMPORÂNEO
BARROS, Vanessa Teixeira de.
Palavras-chave:
Jornalismo de Dados;
Tecnologias;
Circulação de Informação.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1270/84
5
Acesso em: 6 dez. 2020
Dados o resumem (com algumas variáveis) como
técnicas e procedimentos (através do computador) que
auxiliam a visualização, o cruzamento e o tratamento
de grandes quantidades de dados, os quais uma pessoa
seria incapaz de extrair com tanta rapidez. O objetivo
deste artigo é situar quando surge essa noção de
jornalismo e o quanto isto está articulado com as
mudanças tecnológicas e as novas formas de
circulação de informação. Busca-se, portanto,
problematizar a ideia da emergência do jornalismo de
dados, tencionando o que há de novo de fato nesse
método, e o que se apresenta como continuidade do
jornalismo no modelo tradicional de redação.
Ano: 2018
120.
“JORNALISMO DE VERIFICAÇÃO”:
O FACT-CHECKING EM EVIDÊNCIA
NUM ECOSSISTEMA DE MÍDIA
DOMINADO POR PLATAFORMAS
SEIBT, Taís.
Palavras-chave:
Fact-checking;
Jornalismo de verificação;
Mudanças estruturais do jornalismo;
Objetividade;
Transparência.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1411/67
1
Acesso em: 6 dez. 2020
No artigo, argumenta-se em torno da hipótese de que o
“jornalismo de verificação” surge como tipo desviante
do paradigma do “jornalismo de comunicação”
(CHARRON; DE BONVILLE, 2016) em um
ecossistema de mídia dominado por plataformas
digitais. À reflexão teórica sob a ótica das mudanças
estruturais do jornalismo, soma-se a descrição de um
caso empírico envolvendo agências de fact-checking
(checagem de fatos) brasileiras, bem como resultados
de estudos anteriores realizados sobre essa prática nos
Estados Unidos, no intuito de debater potencialidades
e limites desse movimento para o jornalismo no século
XXI.
Ano: 2018
121.
O HIPERTEXTO NO JORNALISMO:
UMA PROPOSTA DE
CARACTERIZAÇÃO DO
HIPERTEXTO JORNALÍSTICO
BACCIN, Alciane.
MIELNICZUK, Luciana.
Palavras-chave:
Hipertexto;
Este artigo tem como objetivo apresentar uma
proposta de aplicação da Teoria do Hipertexto
(LANDOW, 1987, 1995, 1997, 2009), com base na
literatura, ao campo do jornalismo. Essa proposta
surgiu da identificação de adequação dessa Teoria aos
estudos de jornalismo digital, a partir da análise feita
de produtos jornalísticos digitais. Com forte inspiração
na Teoria do Hipertexto, nossa proposta defini como
características do hipertexto jornalístico a tipologia
dos links, a multivocalidade e a estrutura de
navegação. A intenção com este trabalho é contribuir
para os estudos das especificidades das narrativas
jornalísticas hipermídia.
298
Narrativa jornalística;
Jornalismo digital;
Teoria do Hipertexto;
Landow.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1627/89
4
Acesso em: 6 dez. 2020
Ano: 2018
122.
CARACTERÍSTICAS DO
WEBJORNALISMO
CONTEMPORÂNEO EM GAÚCHA
ZH: TRANSFORMAÇÕES DA
PLATAFORMA JORNALÍSTICA
BELOCHIO, Vivian.
Palavras-chave:
Webjornalismo;
Jornalismo digital;
Cultura da convergência.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1627/89
5
Acesso em: 6 dez. 2020
Este artigo apresenta pesquisa em fase inicial sobre o
desenvolvimento das seis características do
webjornalismo no cenário da cultura da convergência,
que marca a formação de ecossistema midiático
distinto (JENKINS, 2008; 2016; SCOLARI, 2016). O
foco é o que pode ser visto nas publicações. São
discutidos, num primeiro momento, os aspectos que
transformam os webjornais em plataformas noticiosas,
com limitações e possibilidades peculiares.
Posteriormente, são descritos os resultados da
observação das características de webjornais cuja
mídia matriz é impressa. A verificação foi realizada no
webjornal GaúchaZH (Porto Alegre/RS), a título de
exemplo.
Ano: 2018
123.
JORNALISMO DIGITAL E
PARTICIPAÇÃO: DEZ ANOS DEPOIS
DO “VOCÊ REPÓRTER” O QUE
MUDOU?
SILVEIRA, Stefanie Carlan.
Palavras-chave:
Jornalismo digital;
Interação;
Participação;
Cultura participativa;
Cultura da conexão.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1627/89
7
Há pouco mais de dez anos as pesquisadoras
Mielniczuk e Silveira (2007, 2008) propuseram um
trabalho no qual discutiam a abertura dos veículos
jornalísticos aos processos de interação da internet. As
autoras discutiam se os canais de interação abertos em
veículos jornalísticos de referência e também os
veículos independentes e não necessariamente
compostos por profissionais designavam
continuidades, potencializações ou rupturas nas
características do jornalismo digital na época. Nosso
objetivo aqui é ampliar esta discussão e atualizá-la a
partir dos novos conceitos e elementos que se
somaram ao debate na atualidade. Aspectos como
plataformas de redes sociais online, mobilidade e
ubiquidade fizeram com que os processos interativos
fossem ainda mais modificados e consequentemente
também o cenário jornalístico, o que justifica o
interesse em desenvolver este trabalho a fim de
mapear tal complexidade.
299
Acesso em: 6 dez. 2020
Ano: 2018
124.
JORNALISMO DE DADOS E GRANDE
REPORTAGEM MULTIMÍDIA:
COMBINAÇÕES POSSÍVEIS
VENTURA, Mariane Pires.
Palavras-chave:
Jornalismo de dados;
Big data;
Grande reportagem multimídia;
Gêneros expressivos.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1259/73
2
Acesso em: 6 dez. 2020
O fenômeno do Big Data e as políticas de dados
abertos fertilizaram o terreno do jornalismo de dados.
A facilidade no acesso aos dados tem possibilitado a
elaboração de novas pautas e narrativas e há veículos
que já apostam no JGD como um caminho para se
manter no mercado. Observando a ascensão e a aposta
das redações no jornalismo de dados, esse artigo visa
verificar se a combinação do JGD aos recursos
narrativos da Grande Reportagem multimídia estaria
criando um novo nicho dentro do webjornalismo. Para
tanto, são analisados sete vencedores do Data
Journalism Awards 2018 a fim de verificar a nova
classificação proposta.
Ano: 2019
125.
DA TELEVISÃO À INTERNET: O USO
DO TWITTER NA CONSTRUÇÃO DO
MODO DE ENDEREÇAMENTO DO
JORNAL NACIONAL
BEVILAQUA, Leire Mara.
Palavras-chave:
Telejornalismo;
Sites de redes sociais;
Modo de endereçamento;
Jornal Nacional;
Twitter.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/1916/11
25
Acesso em: 6 dez. 2020
A televisão vivencia um momento de transformação
impulsionado pela tecnologia e pelas práticas sociais e
culturais vigentes. Novas e velhas audiências
coexistem, reafirmando, mas também renovando
contratos assumidos com a televisão. O telejornalismo,
enquanto instituição social, não poderia ficar
indiferente a esse cenário. Neste artigo, apresenta-se
como o Jornal Nacional, da Rede Globo de Televisão,
vem modificando o modo de endereçamento, o estilo
próprio de falar ao telespectador (GOMES, 2011), em
razão da aproximação aos sites de redes sociais,
principalmente o Twitter. Parte-se do entendimento de
que o modo de endereçamento do telejornal não se
constrói mais somente por intermédio do conteúdo
veiculado na televisão. Estende-se também a essa
plataforma digital.
Ano: 2019
126.
OS SECONDARY DEFINERS E A
RESSIGNIFICAÇÃO DA NOTÍCIA
BEZERRA, Juliana Freire.
O artigo possui como temática de pesquisa a atuação
dos influenciadores digitais no processo de circulação
dos conteúdos jornalísticos. Parte da reflexão de que,
no contexto em rede, alguns atores sociais se destacam
nas audiências ativas exercendo um segundo filtro no
modo como a notícia é significada. Diante disto,
objetiva-se neste estudo: a) fundamentar o conceito
denominado de secondary difiner, a partir da
300
Palavras-chave:
Jornalismo;
Influenciador digital;
Capital Social;
Marca;
Líder de Opinião.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2012/10
93
Acesso em: 6 dez. 2020
concepção de primary definer elaborada por Stuart
Hall (1993) e b) propor uma sistematização por
categorias dos tipos de secondary definers, a partir do
modelo de categorização de influenciadores produzido
pelo GPS Ideológico da Folha de S. Paulo. Para o
embasamento teórico, conta-se com os conceitos de
Capital Social (PUTNAM, 2000) e de Líder de
Opinião formulado por Lazarsfeld, Berelson e Gaudet,
na década de 1940. Uma tipologia preliminar dos
secondary difiners é proposta no artigo.
Ano: 2019
127.
DAS NOTÍCIAS FALSAS NO
JORNALISMO ALTERNATIVO ÀS
FAKE NEWS NAS REDES SOCIAIS:
DILEMAS DE UM CONCEITO
JORGE FILHO, José Ismar Petrola.
Palavras-chave:
Fake news;
Jornalismo alternativo;
Redes sociais;
O Pasquim;
O Sensacionalista.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2025/10
81
Acesso em: 6 dez. 2020
Neste artigo discutimos alguns problemas do conceito
de fake news, tal como apresentado por autores como
Allcott e Gentzkow (2017), Wardle (2017) e Bucci
(2018). Frequentemente as fake news tentam se
colocar como uma das diversas espécies de
jornalismos alternativos que circulam nas redes
sociais. Por outro lado, notícias falsas constituem
também um gênero do jornalismo, comumente usado
como sátira com finalidade humorística. Um exemplo
histórico é o tabloide O Pasquim, um dos principais
veículos da imprensa alternativa de oposição à
ditadura militar. Na atualidade, sites como O
Sensacionalista investem na notícia falsa como sátira a
outros veículos. Uma distinção entre o jornalismo
alternativo e as fake news deve ser encontrada na
própria deontologia do jornalismo – que, ao contrário
das fake news, compromete-se com o real, mesmo
quando apela a recursos ficcionais de sátira e ironia.
Ano: 2019
128.
MIDIATIZAÇÃO E
ESPETACULARIZAÇÃO: O
JORNALISTA COMO
INFLUENCIADOR DIGITAL
TEIXEIRA, Raphael Moroz.
Palavras-chave:
Midiatização;
Imagem;
Espetacularização;
Influenciadores digitais;
Jornalismo.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
Com a midiatização, amplia-se o consumo de
informações e imagens em nível global e
reconfiguram-se os hábitos de vida, as formas de
trabalho e as manifestações culturais. Diante desse
cenário, o jornalismo é um dos campos profissionais
que tem se reconfigurado em termos ideológicos,
técnicos e estéticos. Considerando isso, este artigo
analisa, sob o ponto de vista estético, a forma com que
jornalistas têm se projetado nas redes sociais digitais.
Foram empregados, na análise, os preceitos teóricos de
autores como Mark Deuze, Gilles Lipovetsky, Jean
Serroy, Henry Jenkins e Derrick de Kerckhove.
Conclui-se que a conduta de jornalistas e a forma com
que eles se projetam publicamente em redes sociais
digitais têm sido contaminada pela lógica do
espetáculo.
301
bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2141/11
06
Acesso em: 6 dez. 2020
Ano: 2019
129.
AGÊNCIAS DE CHECAGEM NO
BRASIL: UMA ANÁLISE DAS
METODOLOGIAS DE FACT-
CHECKING
CARVALHO, Carmen.
LÓPEZ, Maria Otero.
ANDRADE, Karina Costa de.
Palavras-chave:
Fake news;
Fact-checking;
Metodologias;
Agências;
Jornalismo.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2145/10
87
Acesso em: 6 dez. 2020
A disseminação de fake news, potencializada pela
velocidade de compartilhamento das redes sociais, fez
com que o campo jornalístico investisse em uma nova
especialidade da profissão, o Fact-Checking, a
checagem de fatos, prática originária dos Estados
Unidos. Esta pesquisa se propõe a analisar as
metodologias aplicadas e apresentadas nas matérias
produzidas pelas agências de checagem brasileiras Aos
Fatos, Truco, Boatos.org e Uol Confere, considerando
que a transparência é premissa básica do Fact-
Checking. Para atingir este objetivo, utilizou-se a
Análise de Conteúdo (AC) como método de pesquisa,
seguindo uma abordagem quantitativa. O resultado
mostra que duas das iniciativas de checagem
brasileiras analisadas respeitam o princípio básico da
atividade, enquanto as outras duas não são
transparentes com a sua audiência.
Ano: 2019
130.
IMPACTOS DO PROTAGONISMO
DO TELESPECTADOR NO FAZER
JORNALÍSTICO
LIMA, Bruno Denis.
Palavras-chave:
Telejornalismo;
Jornalismo comunitário;
Redes sociais;
Interação;
Engajamento.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/1930/11
24
Acesso em: 6 dez. 2020
Este artigo é o resultado da investigação de estratégias
de interlocução com o público na página oficial da TV
Anhanguera, afiliada da Rede Globo em Goiás, no
Facebook. A intenção é identificar em que medida a
emissora desenvolve ações voltadas ao engajamento e
à interação com o telespectador nessa rede social, em
relação ao conteúdo jornalístico veiculado no canal de
televisão. A coleta dos dados foi feita ao longo de 62
dias, de 15 de maio a 15 de julho de 2019. Espera-se
contribuir com pesquisas voltadas aos impactos de um
novo protagonismo do telespectador na concepção do
jornalismo, especialmente de amplitude regional e
caráter comunitário.
Ano: 2019
131.
Este artigo volta-se para o estudo do
compartilhamento de notícias em redes sociais à luz
das Teorias do Jornalismo. O objetivo é propor uma
302
CRITÉRIOS DE NOTICIABILIDADE E
VALORES-NOTÍCIA NA
CONTEMPORANEIDADE: UM
ESTUDO SOBRE JORNALISMO NAS
REDES SOCIAIS
NOVAES, Aline da Silva.
Palavras-chave:
Critérios de noticiabilidade;
Valor-notícia;
Redes sociais;
Jornalismo;
Compartilhamento.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2153/11
13
Acesso em: 6 dez. 2020
reflexão sobre os critérios de noticiabilidade e valores-
notícia, matrizes do exercício do jornalismo, presentes
nesses textos jornalísticos, uma vez que atingem um
número significativo de usuários das plataformas
virtuais. Nossa proposta é, inicialmente, realizar uma
revisão desses critérios e valores fundamentada em
pesquisas de Gislene Silva, Leonel Aguiar, Marcos
Paulo da Silva, Nelson Traquina e Ivan Satuf. Torna-
se relevante, também, um estudo sobre o impacto
dessas novas tecnologias na rotina de produção
jornalística. Com essa intenção, foram realizadas
entrevistas com profissionais da área. Trata-se,
portanto, de uma tentativa de compreender o exercício
do jornalismo na contemporaneidade, momento em
que impera a cultura da participação e do
compartilhamento.
Ano: 2019
132.
O JORNALISMO NATIVO DIGITAL
DO BRASILEIRO NEXO
LENZI, Alexandre.
Palavras-chave:
Jornalismo on-line;
Jornalismo digital;
Jornalismo nativo digital;
Reportagem multimídia;
Nexo.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/1857/10
16
Acesso em: 6 dez. 2020
Este artigo apresenta um olhar para o jornalismo
nativo digital do brasileiro Nexo, um veículo
jornalístico exclusivamente digital criado em 2015 e
que tem se destacado em premiações internacionais. O
trabalho foi realizado por meio de pesquisa
bibliográfica sobre o tema e da análise exploratória de
16 seções fixas identificadas no citado jornal. Busca-se
refletir sobre a comparação entre os conteúdos ainda
inspirados em formatos tradicionais e aqueles que
apresentam características próprias do jornalismo on-
line, valorizando as potencialidades do meio digital. E
percebe-se que é nas reportagens especiais multimídia
que o Nexo tem conseguido aproveitar mais a
liberdade narrativa de um jornal nativo digital.
Ano: 2019
133.
HUMANOIDES-REPÓRTERES, OS
ROBÔS COM INTELIGÊNCIA
ARTIFICIAL: DESAFIO REAL OU
FETICHE TECNOLÓGICO?
BARCELOS, Marcelo.
Palavras-chave:
Humanoides-repórteres;
Inteligência Artificial;
Este artigo apresenta uma discussão contextual, teórica
e histórica sobre a chegada dos humanoides-
repórteres, robôs dotados com Inteligência Artificial
que estão ocupando posições jornalísticas em
redações, especialmente na China e no Japão. A partir
de uma narrativa sobre o estado da arte destas
invenções, o autor debate implicações da emulação do
modus operandi jornalístico na construção de um
imaginário em que o apresentador/repórter pode ser
um ser biônico, sob olhar crítico para além do que
representa a voz sintética criada por algoritmos de
Processamento de Linguagem Natural (PLN). Toma-se
como base contextual a crescente adoção dos
303
Jornalismo;
Prospectiva Estratégica.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2143/12
56
Acesso em: 6 dez. 2020
assistentes pessoais com AI, como novas interfaces de
comunicação, para prever, sob o método da
prospectiva estratégica (GODET, 2017) que, em um
futuro nada distante, robôs-jornalistas podem se tornar
populares em telejornais, inclusive, no Brasil.
Ano: 2019
134.
QUANDO O TWITTER PAUTA O
JORNAL: ANÁLISE DA COBERTURA
DA FOLHA DE S.PAULO SOBRE O
PERFIL DE JAIR BOLSONARO
REBOUÇAS, Hébely.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Twitter;
Bolsonaro;
Folha de S.Paulo;
Análise de Conteúdo.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/1979/10
60
Acesso em: 6 dez. 2020
Com o objetivo de analisar como o Jornalismo
convencional lida com as estratégias de comunicação
on-line de agentes do campo político, o artigo
investiga a cobertura da Folha de S. Paulo sobre os
conteúdos do presidente Jair Bolsonaro no Twitter.
São analisadas 94 notícias da Folha publicadas de 1º
de janeiro a 30 de abril de 2019. Por meio de Análise
de Conteúdo, as notícias são investigadas em duas
dimensões: 1) editorias e temas privilegiados na
cobertura; e 2) grau de relevância das postagens na
construção das matérias. Conclui-se que, na maioria
das vezes, a Folha explorou o Twitter de Bolsonaro
como mero elemento de contextualização das notícias,
privilegiando conteúdos de relevância pública, como
anúncio de medidas de governo, além de temas que
têm o conflito e a polêmica em seu cerne, como crises
e disputas políticopartidárias.
Ano: 2019
135.
MULTIMIDIALIDADE,
HIPERTEXTUALIDADE E
INTERATIVIDADE NA GRANDE
MÍDIA E MÍDIA INDEPENDENTE
SANTOS, Marli.
Palavras-chave:
Multimidialidade;
Hipertextualidade;
Interatividade;
Grande mídia.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/1984/10
92
Acesso em: 6 dez. 2020
Este artigo é um recorte de pesquisa mais ampla,
Produção e circulação de conteúdo no jornalismo do
século XXI, apoiada pela FAPESP. O objetivo é
identificar as características do webjornalismo:
multimidialidade, hipertextualidade e interatividade
em portais da grande mídia e em veículos
independentes e/ou alternativos, comparando as
matérias principais das homes de cada veículo. A
pesquisa foi realizada em julho de 2019, e incluiu 9
portais/sites. Para a análise utilizou-se como protocolo
as fichas de avaliação disponíveis em “Ferramentas
para análise de qualidade no ciberjornalismo –
Modelos”, Palácios (2011), com adaptações. A
principal consideração é que a mídia tradicional e
mídia independente e/ou alternativa apresentam um
padrão semelhante, com variações relacionadas a
factualidade das matérias e ao perfil editorial dos
veículos.
304
Ano: 2019
136.
UM PÚBLICO ATIVO NO
JORNALISMO – O QUE AS SEÇÕES
DE COMENTÁRIOS NOS ENSINAM
SOBRE PARTICIPAÇÃO
SANSEVERINO, Gabriela Gruszynski.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Participação;
Seção de comentários;
Sites de notícias;
Público.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/1982/10
94
Acesso em: 6 dez. 2020
Nosso trabalho propõe pensar de que forma o
engajamento com usuários vem se constituindo no
jornalismo, a partir de um recurso popular em sites de
notícias – as seções de comentários dos usuários. A
partir da pesquisa bibliográfica e documental,
estabelecemos como as seções de comentários podem
ser pensadas como Conteúdo Gerado por Usuários e
discutimos, na teoria, quais as possibilidades de
apresentação dessa forma de participação. Realizamos
também a observação de oito sites de notícias em
língua inglesa, de importantes empresas jornalísticas
nos Estados Unidos e no Reino Unido (Huffington
Post, New York Times, Washington Post, BuzzFeed
News, USA Today, The Sun, The Daily Mail e The
Guardian), casos práticos de como seções de
comentários estão sendo implementadas. Delineamos
como este recurso de participação está sendo utilizado
e debatemos que inferências podemos fazer do que
significa sua integração ou não as novas práticas do
jornalismo online.
Ano: 2019
137.
A ROTINA PRODUTIVA SOB
IMPACTO DO USO DE
SMARTPHONES
FREIRE, Flora Leite.
Palavras-chave:
Rotina produtiva;
Smartphones;
Diário de Pernambuco;
Jornal do commercio;
Jornalismo.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/1873/11
11
Acesso em: 6 dez. 2020
O presente artigo tem como objetivo ampliar a
discussão sobre impactos de tecnologias na rotina
produtiva das redações jornalísticas iniciada com a
dissertação “As transformações nas rotinas produtivas
das redações: Diario de Pernambuco e Jornal do
Commercio”, publicada em 2018. Dentre as diferentes
ferramentas tecnológicas observadas nesta pesquisa,
optamos por analisar aqui o uso de smartphones, cada
vez mais inseparáveis da atividade jornalística. A
observação participante, realizada entre os meses de
outubro e novembro de 2017 permitiu confirmar não
apenas que as práticas mudam com as mudanças
tecnológicas, mas também como elas mudam. Um
exemplo seria a inserção de uma nova etapa: a
replicação ou publicização de conteúdos.
Ano: 2019
138.
NOVO JORNALISMO? REFLEXÕES
ACERCA DO LIMITE DO USO DE
DADOS PARA A ELABORAÇÃO DE
REPORTAGENS
COSTA, Ana Cristina.
ALMEIDA, Raquel de Queiroz.
Este artigo tem por objetivo discutir os usos da
tecnologia no jornalismo, seja pela criação de novos
negócios que seguem um movimento de
“startupização” do segmento, seja no emprego de
análise de dados para a elaboração de reportagens. As
reflexões propostas apontam para o desenvolvimento
de uma espécie de jornalismo combinatório entre a
otimização oferecida pelas ferramentas de RAC
(Meyer, 2002) e a manutenção de técnicas jornalísticas
ditas tradicionais, como apuração, observação, escuta
305
Palavras-chave:
Jornalismo;
Dados;
Startups de jornalismo;
Precisão.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/1895/10
75
Acesso em: 6 dez. 2020
do contraditório e presença in loco para entender a
ambiência dos acontecimentos. A partir dessa
combinação, preserva-se o jornalismo como um mapa
de significados (Hall et al, 1973) que contribui para a
leitura das coisas do mundo.
Ano: 2019
139.
FAKE NEWS E FACT-CHECKING: AS
MOVIMENTAÇÕES NO CAMPO
COMUNICACIONAL VISTAS A
PARTIR DA MIDIATIZAÇÃO DA
SOCIEDADE E DA OBJETIVIDADE
JORNALÍSTICA
SANTOS, Lucas de Almeida.
Palavras-chave:
Fake news;
Fact-checking;
Internet;
Política;
Eleição presidencial 2018.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2167/10
86
Acesso em: 6 dez. 2020
O presente artigo tem como objetivo analisar as
movimentações no campo jornalístico a partir do
contraponto das agências de checagem (fact-checking)
às fake news, com foco no ambiente político, em que o
fenômeno é mais facilmente observado. Para isso,
foram selecionadas 18 (dezoito) matérias de checagem
veiculadas pelo blog “Estadão Verifica”, vinculado ao
jornal O Estado de S. Paulo, após o primeiro turno das
eleições gerais brasileiras de 2018, no período entre 21
e 27 de outubro de 2018, uma semana após o pleito. A
pesquisa se propôs a identificar, quantitativamente e
qualitativamente, os temas das checagens e estratégias
de validação do discurso de verdade por parte da
checagem.
Ano: 2019
140.
POSSIBILIDADES, LIMITES E
FRAGILIDADES DE UM NATIVO
DIGITAL: O JORNAL PLURAL
(CURITIBA, PR)
DEL VECCHIO-LIMA, Myrian.
DE PAULA, Everton Luiz Renaud.
PIRES, Guilherme de Paula.
LIRA, Artur Oliari.
Palavras-chave:
Jornalismo digital;
Modelo de negócio;
Jornal Plural;
Após a digitalização do jornal Gazeta do Povo, em
maio de 2017, e uma série de dispensas de
profissionais de sua redação, surge em janeiro de
2019, em Curitiba, o jornal digital Plural, que se
coloca como “o primeiro jornal da cidade feito
exclusivamente por jornalistas, por gente de
comunicação. Sem patrão nem herdeiros.” Ao tomar
como objeto este veículo, que enfatiza reportagens
locais, tentamos entender como o nativo digital pode
se desenvolver sem ainda conhecer o perfil de seu
leitor, sem uma política clara de financiamento e
buscando independência. A metodologia qualitativa
busca por meio de entrevista em profundidade e
pesquisa documental entender o modelo de negócio do
jornal, em um cenário de jornalismo pós-industrial e
em um momento marcado por incertezas político-
econômicas e midiáticas. Ao final, pode-se
306
Jornalismo local;
Independência jornalística.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2056/10
15
Acesso em: 6 dez. 2020
compreender as atuais fragilidades e limites, bem
como as possibilidades do jornal no cenário local.
Ano: 2019
141.
FATORES SOCIAIS DA INOVAÇÃO
NA TRANSIÇÃO DO JORNALISMO
IMPRESSO AO DIGITAL
FRANCISCATO, Carlos Eduardo.
SILVA, Gilson Souza.
Palavras-chave:
Jornalismo digital;
Jornalismo impresso;
Inovação;
Produção de notícias;
Cinform.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2180/12
31
Acesso em: 6 dez. 2020
Esta pesquisa buscou aplicar o modelo explicativo da
inovação, problematizando-o em um referencial da
teoria social para abordar o processo de transição do
jornalismo impresso para as plataformas digitais nos
anos recentes no Brasil. Considerou-se o contexto do
espaço social do jornalismo na região Nordeste do País
em um estudo de caso de um jornal do estado de
Sergipe, o Cinform, em Aracaju (SE) em 2017 e 2018.
O trabalho analisa a adequação e o grau de
consistência de elementos inovativos, aplicando
categorias da teoria social como campo social, capital
social, espaço social e sistemas locais de inovação
com o objetivo de explicar fragilidades e
incongruências nas estratégias inovativas, no modelo
de negócio, nas rotinas de trabalho jornalístico e no
nível de protagonismo dos atores envolvidos.
Ano: 2019
142.
O JORNALISMO DE DADOS COMO
UM PRODUTO DA INOVAÇÃO
VENTURA, Mariane Pires.
Palavras-chave:
Jornalismo de Dados;
Inovação;
Tecnologia;
Jornalismo.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2180/12
32
Acesso em: 6 dez. 2020
O presente artigo tem como objetivo identificar traços
da utilização do Jornalismo de Dados (JD) como o
resultado de um processo de inovação dentro das
redações. Discutem-se as definições acerca da
inovação e o seu contexto dentro da comunicação e do
jornalismo. Inicialmente, exploram-se diferentes
entendimentos do que é a inovação e de que forma ela
é vista; seguindo para um panorama da inovação
dentro da comunicação e por fim, delimitam-se
algumas definições a respeito do Jornalismo de Dados
e apresentam-se exemplos de diferentes utilizações
identificando produtos possíveis de serem vistos como
inovadores na área.
Ano: 2019
O artigo apresenta os resultados de uma pesquisa sobre
a difusão das técnicas de reportagem baseadas em
307
143.
PANORAMA DO ENSINO DE
JORNALISMO GUIADO POR DADOS
NO BRASIL
TRÄSEL, Marcelo.
Palavras-chave:
Ciberjornalismo;
Ensino de jornalismo;
Jornalismo de precisão;
Reportagem Assistida por Computador;
Survey.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2180/12
38
Acesso em: 6 dez. 2020
coleta, extração, tratamento, análise e visualização de
dados na comunidade profissional jornalística
brasileira a partir do ensino em suas várias
modalidades: graduação universitária, extensão, ensino
a distância (EAD), cursos oferecidos por instituições
não acadêmicas, entre outros. Através de análise
documental e aplicação de questionários, foi possível
identificar 66 ofertas de treinamentos em Jornalismo
Guiado por Dados no Brasil. Além disso, a pesquisa
traz as opiniões dos informantes a respeito dos fatores
mais relevantes para o ensino dessas técnicas.
Ano: 2019
144.
ROTINAS PRODUTIVAS: O USO DO
WHATSAPP POR REPÓRTERES DE
RÁDIOS ALL NEWS
SCHUCH, Matheus.
JORGE, Thaís de Mendonça.
Palavras-chave:
Radiojornalismo;
WhatsApp;
CBN;
BandNews;
Rotinas produtivas.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2180/12
39
Acesso em: 6 dez. 2020
Diante das mudanças provocadas pelas novas
tecnologias no jeito de fazer e consumir notícias,
repórteres de rádio enfrentam severas transformações
nas rotinas produtivas. A necessidade de adaptação
não é nova. Desde que surgiu no Brasil, em 1922, o
rádio passou por diversas fases de reinvenção,
sobreviveu às desconfianças de que seria soterrado
pela TV e segue como um meio relevante. Agora, a
profusão de celulares que funcionam como
computador portátil potencializou alterações também
no modo de coletar e transmitir informações. De forma
a jogar luz sobre parte desse cenário, este artigo
analisa o uso do aplicativo de mensagens WhatsApp
por repórteres das rádios CBN e Band News,
investigando permanências e câmbios nas rotinas de
produção para o meio. Os resultados indicam que o
uso de mensagens instantâneas se afirmou como
instrumento de apuração, alterando formas de trabalho
no radiojornalismo
Ano: 2019
145.
AS INTERAÇÕES ENTRE OS
LEITORES DO SITE THE GUARDIAN:
A PARTICIPAÇÃO NO LONG-FORM
JOURNALISM
MACEDO, Keyse Caldeira de Aquino.
QUADROS, Cláudia Irene de.
Palavras-chave:
Este artigo analisa como os leitores podem contribuir
para o fortalecimento do jornalismo em profundidade
na plataforma digital. Para tanto, selecionamos uma
reportagem especial, The sugar conspiracy, publicada
na seção The long read do jornal britânico The
Guardian, com maior número de compartilhamentos
no Facebook. Os 10 comentários com maior número
de recomendações e discussões foram analisados para
conhecer as naturezas dessas interações. Por meio da
análise de conteúdo (BARDIN, 2016), apresentamos
possíveis categorias de interação do leitor com o
jornal. A base teórica está centrada em diferentes
308
Jornalismo digital;
Networked journalism;
Interação;
Conexão;
The Guardian.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/1921/11
45
Acesso em: 6 dez. 2020
perspectivas – do networked journalism, da conexão e
da dinâmica das interações. Os comentários analisados
mostram, a princípio, uma construção dialógica
coletiva dos leitores, indicando certo nível de
reciprocidade, persistência e engajamento nas
discussões na plataforma digital do tradicional
periódico.
Ano: 2019
146.
JORNALISMO AUTOMATIZADO E
IMPARCIALIDADE: UMA ANÁLISE
DAS NOTÍCIAS DA STARTUP
KNOWHERE
STORCH, Laura.
FEIL, Bruna Eduarda.
Palavras-chave:
Jornalismo Automatizado;
Imparcialidade;
Natural Language Generation (NLG);
Algoritmos;
Knowhere.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/1921/11
46
Acesso em: 6 dez. 2020
O trabalho discute a automação no jornalismo
buscando contribuições da Natural Language
Generation (NLG), que explora a capacidade de
produção de textos em linguagens humanas.
Analisamos a startup norte-americana Knowhere, que
desenvolveu algoritmos com a proposta de produzir
notícias “imparciais”. A Inteligência Artificial
processa dados online de forma que os algoritmos
escrevam três versões de um mesmo acontecimento,
com vieses distintos - identificadas a partir de
etiquetas como “positivo”, “imparcial” e “negativo”.
Mapeamos, durante a semana de 21 a 28 de junho de
2019, 18 textos referentes a seis acontecimentos
diferentes publicados no site da empresa. Inspirados na
Análise de Conteúdo, analisamos os textos buscando
reconhecer os modos como os algoritmos operam a
sistematização das categorias principais de NLG
(conceitualização, formulação e articulação) e suas
implicações sobre a capacidade de produção de
percepções de imparcialidade.
Ano: 2019
147.
A CONSTRUÇÃO DA NARRATIVA
NO JORNALISMO DE DADOS DO
NEXO JORNAL
BACCIN, Alciane.
VIEIRA, Mateus.
Palavras-chave:
Jornalismo digital;
Jornalismo de dados;
Nexo Jornal;
Base de dados;
Narrativa.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
Este trabalho tem o objetivo de compreender como o
Jornalismo de Dados (JD) é utilizado na construção da
narrativa jornalística nas matérias do Nexo Jornal. A
base teórica (MANOVICH, 2015; BARBOSA, 2008;
TRÄSEL, 2014; MANCINI, VASCONCELOS, 2016)
procura propor uma conceituação. Elaboramos
categorias para averiguar em profundidade a produção
do JD do Nexo Jornal. Analisamos 44 matérias de
quatro seções diferentes do jornal. Os elementos
encontrados indicam o uso de bases de dados como
meio estruturante do conteúdo, uso de fontes como
inclusão convergente de métodos narrativos
jornalísticos e inovações que prezam pelo uso
contextual de dados como forma de afirmar a
credibilidade e aprofundar a experiência do leitor.
309
bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2133/12
11
Acesso em: 6 dez. 2020
Ano: 2020
148.
ROBÔS NO JORNALISMO
BRASILEIRO: TRÊS ESTUDOS DE
CASO
DALBEN, Silvia.
Palavras-chave:
Jornalismo automatizado;
Jornalismo de dados;
Algoritmos;
Transparência;
Accountability.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2836/12
74
Acesso em: 6 dez. 2020
Nos últimos anos, várias redações ao redor do mundo
adotaram sistemas de Inteligência Artificial para
automatizar tarefas jornalísticas. No Brasil, três
estudos de caso chamam a atenção: a robô Rosie da
Operação Serenata de Amor, o robô Rui Barbot do
Jota e a robô Fátima do Aos Fatos. Defendemos que o
jornalismo automatizado envolve um complexo
ecossistema para ser implementado e, neste cenário, a
transparência e a ética são importantes elementos que
devem guiar as discussões em torno da adoção destes
sistemas pelos jornalistas.
Ano: 2020
149.
USOS DAS REDES SOCIAIS POR
NATIVOS DIGITAIS: UM ESTUDO
DA COBERTURA ESPECIAL COVID-
19, DA REVISTA AZMINA,
DATA_LABE, GÊNERO E NÚMERO E
ÉNOIS
RAMOS, Alessandra Natasha Costa.
LOPES, Olga Clarindo.
Palavras-chave:
Redes sociais;
Colaboração;
Nativos digitais;
Jornalismo digital.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2565/13
68
Acesso em: 6 dez. 2020
A emergência e popularização das redes sociais
digitais, considerados os novos gatekeepers no acesso
das pessoas à informação, levou a uma mudança na
relação do público com a notícia. Estes intermediários
digitais se tornaram atores cruciais no ecossistema
midiático, fazendo com que meios jornalísticos
tivessem de se apropriar destas plataformas em suas
rotinas de trabalho. Neste ambiente das redes sociais,
os nativos digitais brasileiros Revista AzMina, Gênero
e Número, Énois e data_labe se uniram no Especial
Covid-19, para realização de cobertura conjunta da
pandemia. A partir do estudo deste projeto
colaborativo nas plataformas sociais, este artigo
procura identificar os usos dessas redes por meios
jornalísticos nativos digitais. Parte-se do pressuposto
de que essas redes, para além da função de distribuição
de conteúdo, podem servir como canais de
relacionamento com seu público.
Ano: 2020
150.
O artigo analisa as trajetórias de profissionais do
Jornalismo Guiado por Dados (JGD) no Brasil para
compreender como se estruturam as carreiras no
310
JORNALISMO GUIADO POR DADOS:
RECONVERSÃO DE CARREIRA
MASTRELLA, Bruna.
Palavras-chave:
Jornalismo guiado por dados;
Carreira;
Mundos sociais;
Fronteira profissional.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2600/15
57
Acesso em: 6 dez. 2020
segmento. Por meio de entrevistas semiestruturadas
com 15 trabalhadores entre jornalistas e pessoas com
outras formações, buscou-se identificar os mecanismos
de ingresso e de permanência na área, o que foi
discutido com base no conceito de mundos sociais,
com destaque para a noção carreiras. As análises
revelam um mercado de trabalho emergente, ainda
restrito, com profissionais jovens e autodidatas que
estão permanentemente acumulando conhecimento em
ciência de dados como uma vantagem competitiva.
Essa expertise os coloca em uma zona de fronteira
profissional que se apresenta como uma oportunidade
de trabalho fora do jornalismo.
Ano: 2020
151.
FACEBOOK E A
PLATAFORMIZAÇÃO DO
JORNALISMO: UMA CARTOGRAFIA
DAS DISPUTAS, PARCERIAS E
CONTROVÉRSIAS ENTRE 2014 E
2019
JURNO, Amanda Chevtchouk.
Palavras-chave:
Plataforma;
Algoritmos;
Controvérsias;
Jornalismo;
Facebook.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2642/12
73
Acesso em: 6 dez. 2020
Descrevemos o processo de "plataformização" do
jornalismo pelo Facebook, de janeiro de 2014 a julho
de 2019, com foco nas disputas e controvérsias em
torno das parcerias comerciais, tecnológicas e
editoriais estabelecidas entre a plataforma e
instituições jornalísticas. Plataformização refere-se ao
processo de imbricamento e mútua moldagem entre a
lógica das plataformas e diferentes setores sociais. No
caso do jornalismo, o Facebook se oferece como
infraestrutura prometendo soluções e demandando
ajustes nas práticas e lógicas das instituições. No
período analisado, identificamos dois momentos
principais: 1) centrado na implementação dos Instant
Articles; e 2) em torno do Facebook Journalism
Project. Como referencial teórico nos baseamos nos
Science and Technology Studies, especificamente
autores de Estudos de Plataforma. A metodologia
inspira-se na Cartografia de Controvérsias e no
método cartográfico.
Ano: 2020
152.
JORNALISMO ESPORTIVO EM
PODCAST: DISCUSSÕES SOBRE UM
FORMATO EM ASCENSÃO
ORLANDO, Matheus Ramalho.
Palavras-chave:
Jornalismo esportivo;
Podcast;
Mídia tradicional;
Este artigo tem o objetivo de discutir, em termos
teóricos, o jornalismo esportivo em podcasts, formato
que vem crescendo no Brasil e no mundo. Os podcasts
vêm apresentando alta, em número de ouvintes e em
quantidade de programas, o que justifica a atenção
pela academia na área de comunicação midiática. No
jornalismo esportivo, há podcasts produzidos por
canais que se declaram independentes e por veículos
tradicionais da imprensa. A promessa dessa plataforma
geralmente seja a de entregar conteúdos diferenciados
do que se vê de forma dominante na mídia, e isso de
fato acontece, mas muitas vezes os podcasts
permanecem reféns de antigos formatos e costumes do
311
Mídia radical;
Jornalismo.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2516/12
91
Acesso em: 6 dez. 2020
jornalismo esportivo.
Ano: 2020
153.
PODCAST ALÉM DA TERRA
VERMELHA: JORNALISMO
ESPECIALIZADO COM FOCO NO
LOCAL
BURCHARD, Larissa Pereira.
FEITOSA, Sara Alves.
Palavras-chave:
Podcast;
Jornalismo especializado;
Inovação;
Missões;
Jornalismo local.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2569/12
81
Acesso em: 6 dez. 2020
O artigo propõe uma discussão sobre as
potencialidades do podcast como um formato inovador
na produção jornalística local a partir da experiência
de uma pesquisa aplicada realizada no Programa de
Pós-graduação em Comunicação e Indústria Criativa
da Universidade Federal do Pampa, em São Borja, no
Rio Grande do Sul. O podcast “Além da terra
vermelha” é um projeto de pesquisa, desenvolvimento
e inovação (PDI) que busca inovar nas narrativas
jornalísticas na região das Missões, interior do estado,
com técnicas de Storytelling e a metodologia Design
Thinking. Entendemos inovação como qualquer
mudança que possa potencializar a produção e o
consumo jornalístico (MACHADO, 2010), assim o
projeto utiliza o podcast como um formato de
mediação entre inovação e jornalismo local
especializado. O trabalho também traz discussões
sobre a importância do jornalismo local e com maior
contato com a comunidade.
Ano: 2020
154.
IMPACTO DAS ASSESSORIAS NA
PRODUÇÃO DIGITAL
INDEPENDENTE EM MATO GROSSO
COÊLHO, Tamires Ferreira.
SOUZA,Vinícius.
SALESSE, Marcos.
PEREIRA, Letícia.
AMORIM, Thays.
Palavras-chave:
Jornalismo independente;
Jornalismo digital;
Assessoria;
Release;
Mato Grosso.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
Para compreender a atuação de veículos digitais
potencialmente independentes nas cinco zonas
intermediárias de Mato Grosso, observamos a relação
entre iniciativas jornalísticas e assessorias de
imprensa. Para a seleção de 21 iniciativas, partimos de
critérios como: uso de plataformas digitais com
periodicidade minimamente mensal; entendimento do
veículo como uma iniciativa jornalística e com
produções autorais; e menção de termos e expressões
que indiquem indícios de independência nas
autodescrições. Em um contexto de precarização das
relações trabalhistas (VAZ CHAGAS, 2020) e de
“crise de autoria no jornalismo” (MACIEL, 2006),
problematizamos como as assessorias interferem na
agenda pública, mesmo em veículos dos quais se
espera uma produção autoral e com contrapontos,
substituindo práticas jornalísticas por uma
questionável curadoria de conteúdo, e como isso se
desenrola em um momento de pandemia.
312
bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2549/12
99
Acesso em: 6 dez. 2020
Ano: 2020
155.
WEBJORNALISMO E
ACIONAMENTO DA MEMÓRIA:
UMA ANÁLISE DA COBERTURA DA
PANDEMIA DO COVID-19 E DA
GRIPE ESPANHOLA NO SITE DO
ESTADÃO
BONIFÁCIO, Samuel Amaral Veras.
SOUSA, Joana Belarmino de.
Palavras-chave:
Memória;
Pandemia;
Gripe espanhola;
Covid-19;
Estadão.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2685/13
35
Acesso em: 6 dez. 2020
O presente artigo analisa o acionamento da memória
relativa à gripe espanhola no contexto da cobertura da
covid-19 pelo site do jornal O Estado de São Paulo. O
Estadão é um dos jornais mais antigos em circulação
no país, que desde 2012 vem promovendo a
digitalização do seu acervo. Em meio ao fluxo
contínuo de informações que caracteriza uma
“infodemia”, a preocupação do jornal com a memória
aciona o “efeito de enciclopédia”, com o resgate de
elementos do passado relativos à gripe espanhola, que
são organizados e atualizados à luz da atual pandemia.
O corpus da pesquisa corresponde às notícias
veiculadas no site do jornal entre os meses de março e
julho de 2020 em quatro editorias: “Notícias”,
“Saúde”, “Acervo” e “Aliás”, e será analisado à luz de
três categorias: comparação, efeito de enciclopédia e
arquivo.
Ano: 2020
156.
“#URGENTE BOLSONARO ESTÁ
COM CORONAVÍRUS”: POSIÇÕES
DISCURSIVAS DE VEÍCULOS
MIDIÁTICOS NO TWITTER
ROCHA JÚNIOR, Carlos Augusto de
França.
Palavras-chave:
Covid-19;
Jair Bolsonaro;
Análise de Discurso Crítica;
Twitter;
Hegemonia.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2703/12
90
Acesso em: 6 dez. 2020
O estudo a seguir busca compreender como através de
perfis na rede social Twitter, oito veículos midiáticos
abordam o anúncio de Jair Bolsonaro com Covid-19
em igual número de mensagens publicadas no dia 07
de julho de 2020. A discussão teórica trata do discurso
midiático, presente em Charaudeau (2006),
especificamente sobre a construção da pauta e
realização da apuração em tempo real, seja por
critérios externos, relacionados a aparição do
acontecimento; e os internos, ligados a escolha pelo
que se sobressai no agendamento do tema; com
autoras como Pinto (2012) e Jorge (2008). Adota-se a
Análise de Discurso Crítica como metodologia por
contribuições de Carvalho e Magalhães (2017);
Macedo e Vieira (2018).
Ano: 2020 O trabalho analisa as concepções sobre Jornalismo
313
157.
MUITO ALÉM DA “CAIXINHA
FEMINISTA”: O JORNALISMO COM
PERSPECTIVA DE GÊNERO EM
PORTAIS INDEPENDENTES
SOUSA, Nayara Nascimento de.
Palavras-chave:
Jornalismo Feminista;
Mulheres;
Gênero;
Interseccionalidade;
Jornalismo independente.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2822/13
61
Acesso em: 6 dez. 2020
Feminista para quatro mulheres jornalistas que
produzem conteúdo com perspectiva de gênero em
portais independentes. Para tanto, utilizamos a
abordagem qualitativa na análise comparativa dos
dados, coletados entre 22 de outubro a 22 de
novembro de 2019, pelas técnicas da entrevista
semiestruturada e aplicação de questionário. Os
resultados indicam que as profissionais produzem
conteúdo com enfoque de gênero, priorizando a
interseccionalidade nos temas e nas fontes, e se
contrapondo à mídia tradicional, características ligadas
ao Jornalismo Feminista – conforme a literatura
aponta. Entretanto, as jornalistas se distanciam do
termo Jornalismo Feminista, relacionando-o muito
mais às pautas consideradas “feministas”, do que
como uma forma transversal de produção de conteúdo,
o que nos leva a crer que a terminológica pode ter sido
estereotipada.
Ano: 2020
158.
JORNALISTAS FEMINISTAS EM
REDE: RESISTÊNCIAS E ALIANÇAS
NA AMÉRICA LATINA
GUSTAFSON, Jéssica.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Feminismo;
Redes;
Perspectiva de gênero;
Tradução.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2572/13
64
Acesso em: 6 dez. 2020
O presente artigo apresenta uma discussão teórica
inicial sobre as redes de jornalistas feministas
existentes nas últimas décadas na América Latina a
partir da possibilidade de pensar o jornalismo
enquanto potência para a construção de alianças
inesperadas (CADENA, 2018) e na busca por
conexões parciais (HARAWAY, 1995; 2019).
Considero que a ideia de uma perspectiva de gênero
no jornalismo acomoda outras/várias formas de fazer e
pensar a prática jornalista enquanto resistência à lógica
colonial/moderna que afeta a região há séculos. As
possibilidades de aliança entre diferentes povos,
corpos e gramáticas, no âmbito da reflexão sobre o
jornalismo, perpassa o exercício de conviver e atuar a
partir do equívoco (VIVEIROS DE CASTRO, 2018),
em um movimento de resistência tradutória (COSTA,
2010; 2014; 2020).
Ano: 2020
159.
NOTÍCIA ENTRE ASPAS: O
JORNALISMO INFORMATIVO NO
WHATSAPP BOLSONARISTA
RATIER, Rodrigo Pelegrini.
Palavras-chave:
Jornalismo informativo;
O presente artigo é um recorte de uma pesquisa mais
ampla sobre a comunicação em grupos de apoio ao
presidente Jair Bolsonaro no WhatsApp. Descreve e
analisa padrões do jornalismo informativo em
circulação no aplicativo. Constata que o conteúdo
informativo em circulação nesses ambientes privilegia
links para sites hiperpartidários ou de mídia
independente/local, nem sempre editorializados mas
sempre com pautas favoráveis ao presidente e
negativas aos adversários. Faltam observáveis
elementares à credibilidade jornalística (assinatura nos
314
Bolsonaro;
WhatsApp;
Ideologia;
Propaganda política.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2887/13
73
Acesso em: 6 dez. 2020
textos, expediente, canal para contato etc.) e preceitos
básicos de qualidade (apuração independente, coleta
de dados primários, pluralidade de fontes etc.).
Argumenta-se que o “noticiário” se mimetiza, assim,
em discurso ideológico, no sentido proposto por
Thompson (1995), servindo de suporte à propaganda
política bolsonarista.
Ano: 2020
160.
REFUTAÇÃO AUTOMATIZADA DE
NOTÍCIAS FALSAS NA PANDEMIA:
INTERAÇÕES COM O ROBÔ
FÁTIMA, DA AGÊNCIA AOS FATOS
PAGANOTTI, Ivan.
Palavras-chave:
Notícias falsas;
Checagem;
Twitter;
Robô;
Interação.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2781/13
30
Acesso em: 6 dez. 2020
Agências de checagem de fatos enfrentam o desafio de
fazer com que suas verificações alcancem públicos
que desconhecem, desconfiam ou hostilizam seus
métodos de verificação. Redes sociais, espaço em que
proliferam notícias falsas, podem ser um espaço para
ampliar o público dessas agências. O artigo avalia a
experiência da conta automatizada no Twitter criada
pela agência Aos Fatos para identificar e interagir com
usuários dessa rede social que publicam informações
falsas. O robô apelidado de “Fátima” varre o Twitter
para identificar postagens com links que já foram
refutados pela agência de verificação, e responde aos
usuários indicando o erro e sua correção. Esta pesquisa
procura avaliar quais notícias falsas foram mais
frequentes durante a pandemia em 2020, e de que
forma os usuários interagiram em resposta a essas
correções.
Ano: 2020
161.
ROBÔS DE STARTUPS DE AGÊNCIA
DE CHECAGEM: COMBATE À
DESINFORMAÇÃO NA PANDEMIA
DE COVID-19
CABRAL, Laura Rayssa de Andrade.
Palavras-chave:
Robôs;
Startups;
Agências;
Desinformação;
Covid-19.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2749/13
45
Compreender os recursos tecnológicos utilizados pelos
novos modelos de negócios jornalísticos, como as
startups de checagem, é fundamental para depreender
aspectos que circundam o jornalismo na
contemporaneidade. Portanto, este artigo objetiva
compreender o funcionamento da robô conversacional
de inteligência artificial da agência Aos Fatos, para
entender sua atuação no aplicativo de mensagens
WhatsApp no combate à desinformação na pandemia
de Covid-19. Através da metodologia do estudo de
caso (YIN, 2001; GIL, 2008), os dados da pesquisa
tem abordagem qualitativa. As principais conclusões
apontam que a robô cumpre com sua função, porém,
limitando-se a uma programação restrita à base de
checagens da agência.
315
Acesso em: 6 dez. 2020
Ano: 2020
162.
CARNAVAL RIO 2018:
REPRESENTAÇÕES NA MÍDIA E
CONVERSAÇÕES POLARIZADAS NO
RODRIGUES, Raquel Timponi Pereira.
MAIA, Alessandra.
BOMFIM, Tatiane.
Palavras-chave:
Discurso;
Polarização;
Carnaval;
Politização;
Mídias sociais.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2778/13
25
Acesso em: 6 dez. 2020
Este artigo discorre sobre a emergência das
polarizações discursivas em diferentes perfis do
Facebook de sites veículos jornalísticos tradicionais,
como o G1 e Carta Capital, que se tornaram
recorrentes nas práticas de divulgação e conversação
realizadas nas redes sociais online a partir de 2017 e
2018. Em um percurso teórico, elegeu-se, a título de
exemplificação, as postagens geradas nestes veículos,
a partir da cobertura midiática realizada pela TV
Globo do carnaval Rio 2018, sobre o posicionamento
político de uma escola de samba de tendência
discursiva de esquerda (Paraíso do Tuiuti) e outra, de
vertente ideológica direitista (Beija-Flor). Como
resultado, os comentários simbolizam um movimento
que se torna cada vez mais constante e corriqueiro nas
formas de manifestação cultural das mídias sociais
online: a oposição dos discursos nas redes digitais.
Ano: 2020
163.
NOTICIABILIDADE EM DIFERENTES
PRODUTOS: O QUE PODE EXPLICAR
VALORES-NOTÍCIA COMUNS A
FOLHA, VOGUE E NEXO
REIS, Estela Marques dos.
Palavras-chave:
Valores-notícia;
Noticiabilidade;
Finalidades do jornalismo;
Jornalismo especializado;
Linha editorial.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2797/15
80
Acesso em: 6 dez. 2020
O objetivo deste artigo é averiguar se existem valores-
notícia que atravessam características editoriais e
como as finalidades do jornalismo podem ajudar a
entender a existência desses valores-notícia em
comum. Analisamos notícias em destaque nos sites da
Folha de S.Paulo, Vogue Brasil e Nexo, a partir da
contribuição de autores relevantes para os estudos de
noticiabilidade (Brighton & Foy, 2007; Galtung &
Ruge, 1999; Gans, 2004; Golding & Elliott, 1979;
Harcup & O’Neill, 2001; Harcup & O’Neill, 2016;
Shoemaker & Reese, 1996; G. Silva, 2005; Traquina,
2005a). Para articular às finalidades do jornalismo,
usamos a sistematização de estudos publicados nos
últimos cem anos elaborada por Reginato (2016). A
análise indica a existência de cinco valores-notícia
comuns: novidade, significância, interesse,
notabilidade e proximidade.
Ano: 2020
164.
ISSO É FANTÁSTICO: A EXPANSÃO
Os veículos de jornalismo têm procurado acompanhar
o movimento migratório das audiências para as
plataformas digitais utilizando-se do modelo de
produção transmídia. Um dos formatos que ganham
316
TRANSMÍDIA DA REPORTAGEM
TELEVISIVA AO PODCAST
MACEDO, Marcos Carvalho.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Transmidiação;
Reportagem;
Podcast;
Fantástico.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2805/13
53
Acesso em: 6 dez. 2020
destaque nesse cenário é podcast. Para compreender
como se manifesta a complementaridade entre
conteúdos própria da transmidiação, esse artigo
investiga as estratégias de expansão entre as
reportagens especiais televisivas do Programa
Fantástico e o podcast Isso é Fantástico, enfatizando
como se dá seu desdobramento temático-textual.
Partindo do conceito de transtextualidade,
identificamos os procedimentos utilizados pelos
produtores para criação de conteúdos complementares
através da ampliação de vozes das fontes e do
testemunho dos repórteres na apuração, bem como
explorando um jornalismo de serviço.
Ano: 2020
165.
JORNALISMO CIENTÍFICO NO
INSTAGRAM: ANÁLISE DAS
PUBLICAÇÕES DA REVISTA
SUPERINTERESSANTE
GOULART, Júlia Saldanha.
BACCIN, Alciane.
Palavras-chave:
Jornalismo móvel;
Jornalismo científico;
Instagram;
Revista Superinteressante.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2807/13
75
Acesso em: 6 dez. 2020
Este trabalho tem por objetivo analisar a forma
como a revista Superinteressante se apropriou das
ferramentas disponíveis no Instagram para
publicar seus conteúdos no feed, levando em
conta o período de 01 de janeiro a 30 de junho de
2020. Para isso, utilizamos revisão bibliográfica,
perpassando por conceitos de jornalismo digital,
jornalismo móvel (SATUF, 2012) e mídias
sociais; de jornalismo científico, divulgação e
popularização da ciência (BUENO, 2010); além
de nos inspirarmos na análise de conteúdo para
identificar como a Superinteressante utiliza cada
ferramenta da redes social Instagram (IGTV,
carrossel, vídeo e imagem/card). Ao final,
consideramos que a Revista desempenha um
papel importante no que diz respeito à
Popularização da Ciência e consegue aproveitar as
potencialidades da rede social, relacionando o
conteúdo com o formato que julgam mais
adequado.
Ano: 2020
166.
FLUXO TRANSMÍDIA NO ATIVISMO
DIGITAL: NOTÍCIAS FORMADAS
ENTRE AS REDES SOCIAIS DIGITAIS
E A MÍDIA TRADICIONAL
CARVALHO, Marina Aparecida Sad
Albuquerque de.
Palavras-chave:
Ativismo digital;
Mídia tradicional;
O artigo objetiva estudar a relação entre a mídia
tradicional e o ativismo digital em uma dinâmica
transmídia, trabalhada a partir das ideias de
semiose de Charles S. Peirce. A intenção é
pesquisar como a mídia tradicional trabalha um
conteúdo ativista produzido no Twitter, Instagram
e Facebook. Para tanto, além de uma revisão de
literatura, pretende-se analisar qual é a quantidade
de conteúdos ativistas que circularam nessas
plataformas e são expandidos para o site G1 a
partir do tema óleo no Nordeste brasileiro, e como
esses conteúdos aparecem em tais sites, se há
317
Twitter;
Transmídia;
Semiótica.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2821/13
65
Acesso em: 6 dez. 2020
algum tipo de ressignificação. Conclui-se que o
G1 utiliza publicações ativistas, promovendo a
ressignificação principalmente por meio da
contextualização.
Ano: 2020
167.
NARRATIVAS TRANSMIDIÁTICAS
NO TELEJORNALISMO E O
AUMENTO DO CONSUMO DE
PODCASTS DURANTE O
ISOLAMENTO SOCIAL
GUIMARÃES, Rackel Cardoso Santos.
Palavras-chave:
Telejornalismo;
Podcast;
Transmídia.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2874/12
84
Acesso em: 6 dez. 2020
Outrora apenas visual, a televisão busca caminhos para
reinventar-se em meio a um mundo globalmente
conectado. A telinha que chegou a ser rainha de
consumo de mídia por muitos anos, hoje compete a
atenção dos telespectadores com as inúmeras opções
de aparelhos móveis e práticos, que cada vez estão
mais modernos e agregam várias funções. O mundo
também mudou, durante o ano de 2020 toda a
população mundial se viu ameaçada por um vírus
mortal e de fácil contágio, o Covid19. Governantes de
todo o mundo incentivaram o isolamento social e as
pessoas passaram a ficar mais tempo em casa. A busca
por informação aumentou, como também o tempo para
consumir notícias. O telejornalismo, que já vinha
caminhado para uma adaptação das narrativas
transmidiáticas, encontrou a oportunidade de ampliar o
alcance se suas produções, porém agora com
desdobramentos das narrativas através dos podcasts.
Este último, passou a ser ainda mais popular durante o
isolamento social, ganhando mais espaço no dia a dia
da população. O presente artigo busca apresentar como
se dá esse diálogo transmidiático entre a TV e o
podcast, e quais são as principais características,
trazendo exemplos do jornalismo nacional.
Ano: 2020
168.
ANÁLISE DO DISCURSO
AUTORREFERENCIAL DO JORNAL
O LIBERAL SOBRE
TRANSFORMAÇÕES
TECNOLÓGICAS E PROCESSOS
JORNALÍSTICOS
ABREU, Giovanna Figueiredo de.
SOUSA, Maíra Evangelista de.
Palavras-chave:
Discurso;
Análise do discurso;
Jornalismo;
Discurso institucional;
O Liberal.
Disponível em:
Este artigo tem como objetivo analisar o discurso do
jornal O Liberal sobre as transformações tecnológicas
que impactam nos processos jornalísticos da
organização noticiosa. De abordagem qualitativa, esta
investigação se fundamenta em elementos da análise
do discurso da linha francesa (BENETTI, 2008, 2010;
ORLANDI, 1988, 1996, 2005 e PECHÊUX, 1978,
1988). O corpus é constituído por 10 matérias -
voltadas para assuntos sobre processos jornalísticos e
tecnologia – da Edição Especial em comemoração aos
73 anos do periódico.
318
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2879/12
79
Acesso em: 6 dez. 2020
Ano: 2020
169.
MEDIAÇÕES E TRABALHO NOS
NOVOS MODELOS DE
JORNALISMO: UMA ANÁLISE NA
PERSPECTIVA DA EPC
PREVEDELLO, Carine Felkl.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Trabalho;
Rotinas produtivas;
Digitalização;
Capitalismo.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2870/13
21
Acesso em: 6 dez. 2020
As reconfigurações apresentadas pela Internet como
adaptação das Indústrias Culturais à nova fase do
capitalismo indicam rupturas com os modelos de
rotinas produtivas adotadas no Jornalismo. A partir da
perspectiva da Economia Política da Comunicação
(EPC), entendendo movimentos como o Jornalismo
Independente e o midiativismo como mediações
surgidas com a Digitalização, o artigo propõe uma
discussão teórica sobre as alterações provocadas pelas
tecnologias digitais como suporte para a Informação e
para o trabalho dos jornalistas, procurando apontar
perspectivas neste cenário.
Ano: 2020
170.
JORNALISMO PÚBLICO E A
EXPANSÃO DAS LIVES
INFORMATIVAS: O CASO DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE
PERNAMBUCO (UFPE)
NÓBREGA, Zulmira.
RODRIGUES, Suzy Anne Batista.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Rotinas produtivas;
Inovação;
Live streaming;
Covid-19.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2852/13
72
Acesso em: 6 dez. 2020
A pandemia do novo coronavírus acarretou impactos
em diversos setores, a exemplo do jornalismo
praticado nos veículos e assessorias de comunicação.
O presente contexto transformou as rotinas produtivas
dos espaços, demandando a adoção de ferramentas
inovadoras, novos formatos e linguagens. Este artigo
discute o fenômeno das lives informativas articuladas
pela Ascom da Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE) na rede social Instagram, além das mudanças
nas práticas jornalísticas surgidas na atual
configuração de trabalho. Para tanto, realiza entrevista
com jornalista responsável; analisa produtos da Ascom
UFPE; e utiliza conceitos de tecnologia live streaming
(ao vivo), jornalismo público, interatividade e
circulação de notícias. Como resultados, temos que a
pandemia acelerou um movimento já iniciado na
UFPE, de produção e consumo de lives,
democratizando a informação e a interação com o
usuário.
Ano: 2020 Por meio de análise de conteúdo, essa pesquisa buscou
319
171.
O BOOM DE PODCASTS
UNIVERSITÁRIOS DURANTE A
PANDEMIA DE CORONAVÍRUS NO
BRASIL
FALCÃO, Bárbara Mendes.
Palavras-chave:
Podcast;
Universidades;
Comunicação;
Coronavírus.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2875/12
83
Acesso em: 6 dez. 2020
compreender melhor o fenômeno de lançamento de
podcasts ligados a instituições de ensino superior
durante os primeiros meses da pandemia de
coronavírus no Brasil. Foram mapeadas 30 produções,
ligadas principalmente a universidades federais, que
foram analisadas a partir de categorias de análise.
Enquanto muitas, principalmente ligadas a
universidades particulares, demonstraram caráter
institucional, outras se mostraram diretamente ligadas
à pesquisa, com vínculos com projetos de extensão.
Concluiu-se, entre outras coisas, que o podcast pode
ser uma nova ferramenta de comunicação das
universidades diante da nova realidade imposta pelo
vírus de suspensão de aulas presenciais.
Ano: 2020
172.
MEMÓRIA EM REDE: UM ESTUDO
DE CASO SOBRE O
COMPARTILHAMENTO DE VÍDEOS
JORNALÍSTICOS NO YOUTUBE
FREITAS, Antônio Carlos Santiago.
PINHEIRO, Roseane Arcanjo.
Palavras-chave:
Memória;
YouTube;
Jornalismo;
Pedro Janov;
Estudo de caso.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2858/13
32
Acesso em: 6 dez. 2020
Este artigo visa compreender como a memória coletiva
pode ser construída e acionada a partir da cultura
participativa em rede. O estudo parte de uma análise
do canal Pedro Janov, no site YouTube. A página tem
por finalidade recuperar e lançar arquivos antigos da
televisão brasileira na internet. Através de um estudo
de caso (DUARTE, 2005) e o uso da técnica da
observação encoberta não-participativa (JOHNSON,
2010), a compreensão do processo está delimitada à
observação dos vídeos jornalísticos mais populares do
canal. Observou-se que os conteúdos com maior
número de visualizações são gravações dos programas
Linha Direta, Jornal Nacional, Fantástico, Globo
Repórter e Globo Rural, transmitidos pela Rede Globo
de Televisão entre os anos 1970 e 2000. Verificou-se
que o canal mais documenta e situa os acontecimentos
no tempo do que os ressignifica, cabendo ao público
tecer suas impressões e opiniões.
Ano: 2020
173.
POR QUE FALAR DE MEDIAÇÕES
ALGORÍTMICAS NOS ESTUDOS DE
JORNALISMO?
WINQUES, Kérley.
LONGHI, Raquel Ritter.
O trabalho explora a noção de mediações algorítmicas
(WINQUES, 2020) e sua pertinência para os estudos
de Jornalismo. Utiliza revisão bibliográfica para
examinar alguns aspectos fundamentais do Jornalismo
no sentido de compreender em que medida teorias
clássicas da produção, circulação e consumo da notícia
são impactadas. Na forma de uma proposta inicial, este
artigo elege quatro ideias clássicas do jornalismo para
refletir sobre o impacto das mediações algorítmicas,
320
Palavras-chave:
Mediações algorítmicas;
Jornalismo;
Plataformas digitais.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2555/14
60
Acesso em: 6 dez. 2020
tendo como pano de fundo os novos regimes
interacionais (MATTOS et al., 2013) e a construção
mediada da realidade (COULDRY; HEPP, 2020):
gatekeeper (WHITE, 1993); agenda-setting
(MCCOMBS, 2009); enquadramento (GOFFMAN,
2012) e espiral do silêncio (NOELLE-NEUMANN,
2010). Conclui-se que as mediações algorítmicas têm
impacto na circulação dos discursos jornalísticos, nas
decisões editoriais e na sustentabilidade financeira.
Ano: 2020
174.
REPÓRTER-ROBÔ: ENTRE
CONCEITOS E PRÁTICAS DO
JORNALISMO
FIEBIG, Manoella Fortes.
QUADROS, Cláudia Irene.
Palavras-chave:
Jornalismo de automação;
Natural language generation;
Software;
Repórterrobô.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2555/14
61
Acesso em: 6 dez. 2020
O estudo reflete sobre abordagens e pesquisas
referentes ao conceito de jornalismo de automação,
tendo como objetivo principal compreender como as
aplicações de processamento de linguagem natural
funcionam. Apresentamos um guia com três
aplicações diferentes para os programas de automação
de notícias (news automation software): 1) via
funções, 2) processamento de linguagem natural e 3)
processamento de linguagem natural por módulos (em
pipeline). Dessa maneira, esperamos demonstrar a
evolução da arquitetura de softwares e suas respectivas
possibilidades. O estudo ainda traz exemplos de
desenvolvedores de programas de produção
automática de notícias, discutindo as possibilidades de
um repórter-robô capaz de realizar, além da
sistematização dos dados do lead, a contextualização
das narrativas jornalísticas.
Ano: 2020
175.
JORNALISMO E ALGORITMOS: O
USO DE DADOS DE LEITORES E A
PERSONALIZAÇÃO DAS NOTÍCIAS
NO GLOBO ONE
BARSOTTI, Adriana.
STORCH, Laura.
Palavras-chave:
Jornalismo;
Algoritmos;
Personalização;
Big data;
Globo One.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
O artigo discute os impactos das mediações
algorítmicas no Globo One, um dos 33 projetos
selecionados na América Latina, em 2019, para
receber financiamento da Google News Initiative. A
iniciativa prevê a criação de algoritmos capazes de
predizer padrões de consumo a partir dos hábitos de
navegação dos usuários de O Globo para oferecer a
eles notícias personalizadas. Buscamos observar as
compreensões dos jornalistas sobre o uso de
algoritmos nos processos de personalização de
conteúdos para os leitores, tensionando conceitos
como gatekeeping e agenda-setting, as rotinas
produtivas e a ética jornalística. Como metodologia,
utilizamos a revisão bibliográfica e entrevistas em
profundidade. Os resultados indicaram que os
jornalistas acreditam ser possível valerem-se de
algoritmos para melhorar o desempenho de seu
trabalho, mas preocupam-se com a manutenção de
uma agenda a ser proposta para a sociedade e
defendem uma maior transparência no uso de dados
321
bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2555/14
63
Acesso em: 6 dez. 2020
pessoais da audiência.
Ano: 2020
176.
JORNALISMO INDEPENDENTE E
GOVERNANÇA EDITORIAL: A
COMUNIDADE DE MEMBROS DO
THE INTERCEPT BRASIL
LIMA, Samuel Pantoja.
GIUSTI, Tânia Regina de Faveri.
Palavras-chave:
Jornalismo independente;
Governança editorial;
Comunidade de membros;
Financiamento coletivo.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2563/13
87
Acesso em: 6 dez. 2020
Ao propor analisar as dimensões que asseguram a
independência jornalística de um veículo, durante a
pesquisa de mestrado defendida em agosto de 2019,
esclarecemos a relação existente entre a governança
editorial, financeira e de gestão, do site The Intercept
Brasil. Destacamos, entre os achados e percepções
resultantes do estudo, que há maior autonomia no
fazer jornalístico quando não há preocupação com a
sustentabilidade financeira. Ficou evidenciado, ainda,
que a modalidade de financiamento proposta pelo site
(crowdfunding), no caso da cobertura jornalística das
eleições de 2018, aproximou os jornalistas do seu
público, resultando em um novo contrato social entre
as partes, uma relação de novo tipo. Neste artigo,
apresentamos uma parte dos resultados da pesquisa,
especificamente sobre a comunidade de membros, que
evidenciam a força da governança editorial do veículo.
Ano: 2020
177.
O FINANCIAMENTO DE ARRANJOS
ECONÔMICOS ALTERNATIVOS ÀS
CORPORAÇÕES DE MÍDIA POR
PLATAFORMAS DIGITAIS
CAMARGO, Camila Acosta.
NONATO, Cláudia.
PACHI FILHO, Fernando.
LELO, Thales Vilela.
Palavras-chave:
Plataformização;
Arranjos econômicos alternativos às
corporações de mídia;
Google News Initiative;
Facebook Journalism Project;
Financiamento.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2563/13
88
Acesso em: 6 dez. 2020
Este artigo se aporta nas discussões acerca da
“plataformização do jornalismo” com o objetivo de
analisar a relação estabelecida entre arranjos
econômicos alternativos às corporações de mídia no
Brasil e os programas de financiamento à imprensa
pelas plataformas digitais. Com base em uma
triangulação de métodos de pesquisa, buscamos
compreender as linhas de financiamento ao jornalismo
desenvolvidas pelo Google News Initiative e pelo
Facebook Journalism Project; o discurso acionado por
estas iniciativas em seus programas de apoio a
imprensa; e as adequações dos processos de trabalho
dos arranjos contemplados a eventuais exigências
feitas por estas corporações.
322
Ano: 2020
178.
O BLOG JORNALÍSTICO REGIONAL:
CARACTERÍSTICAS DA
COBERTURA E REGIONALIDADES
NO CONTEXTO MARANHENSE
BARROS, Jordana Fonseca.
CARVALHO, Samantha Viana Castelo
Branco Rocha.
Palavras-chave:
Blog jornalístico;
Jornalismo Regional;
Mapeamento;
Análise de Conteúdo;
Maranhão.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2563/13
91
Acesso em: 6 dez. 2020
Este artigo trata do papel dos blogs como veículos de
cobertura regional no cenário maranhense. Os blogs
jornalísticos aparecem como um espaço paralelo de
produção de conteúdo jornalístico e como fonte de
informações para outros veículos. Esta pesquisa parte
das discussões da linha de Geografias da Comunicação
e discuti os desafios enfrentados pela cobertura local.
Reflete conceito de blog jornalístico e suas
características. Este trabalho traz os resultados do
levantamento descritivo dos blogs jornalísticos e
análise de conteúdo das postagens de dois blogs das
cidades de São Luís e Imperatriz, as duas maiores do
Maranhão e visa caracterizar a cobertura dessas
páginas. Percebe-se que esses blogs priorizam a
cobertura da cidade sede e do outras cidades do estado.
Trabalham as temáticas de política e política a partir
fontes oficiais.
Ano: 2020
179.
A INTEGRAÇÃO DE EMISSORAS DE
RÁDIO ALL NEWS BRASILEIRAS ÀS
PLATAFORMAS DE STREAMING DE
ÁUDIO
BIANCO, Nelia R. Del.
PINHEIRO, Elton Bruno.
Palavras-chave:
Radiojornalismo;
Plataformização;
Streaming;
Áudio;
Podcast.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2722/14
08
Acesso em: 6 dez. 2020
No cenário da convergência (BIANCO, 2012),
emissoras dedicadas ao radiojornalismo estão se
conectando a um fenômeno multidimensional: a
plataformização. Com o objetivo de analisar esse
processo, identificamos as estratégias de integração
das rádios CBN e BandNews em três plataformas de
streaming agregadoras de conteúdo sonoro: Apple
Podcast, Google Podcast e Spotify. Entendemos as
plataformas digitais como infraestruturas
(re)programáveis que moldam interações
personalizadas entre usuários, organizados através da
coleta sistemática, processamento algorítmico,
monetização e circulação de dados (POELL;
NIEBORG; VAN DIJCK, 2019). A partir de uma
abordagem cartográfica, revelamos conexões,
especificidades, regularidades, irregularidades e
heterogeneidades (KASTRUP, 2007) que tensionam a
sustentabilidade social e econômica do rádio. A
plataformização pode confrontar lógicas editoriais de
produção jornalística.
Ano: 2020
180.
ESTRATÉGIAS SONORAS DE
PODCASTS NOTICIOSOS DIÁRIOS
Esta pesquisa pretende mapear estratégias sonoras dos
podcasts noticiosos de veiculação diária no Brasil
oriundos de jornais impressos, de emissoras de rádio e
televisão e de portais da internet. Optamos por uma
análise descritiva de operadores sonoros e pudemos
323
BRASILEIROS E A NOVA
SUPERAÇÃO DO GÊNERO GRÁFICO
CHAGAS, Luãn Vaz.
VIANA, Luana.
Palavras-chave:
Radiojornalismo;
Rádio Expandido;
Podcast;
Notícia;
Estratégia.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2722/14
09
Acesso em: 6 dez. 2020
observar como essas produções têm desafiado os
jornalistas e empresas de mídia a encontrarem
estratégias para a utilização do áudio em uma nova
“superação eletrônica do gênero gráfico”
(MEDITSCH, 2001). Os resultados apontam para
reflexões baseadas em três eixos: 1) Classificação e
formatos destes produtos; 2) Sonoridade e elementos
utilizados nas paisagens sonoras; e 3) A utilização do
protocolo metodológico de coleta. Além disso,
indicam uma nova superação eletrônica do gênero
gráfico, mas desta vez por parte meios de
comunicação que não são essencialmente sonoros.
Ano: 2020
181.
ANTAGONISMO E ENGAJAMENTO
REVELADOS NAS MÍDIAS SOCIAIS:
ANÁLISE DAS HASHTAGS
#SOMOS70PORCENTO E
#FECHADOCOMBOLSONAROATE20
16
PAULINO, Rita de Cássia Romeiro.
EMPINOTTI, Marina Lisboa.
VENTURA, Mariane.
Palavras-chave:
Antagonismo;
Engajamento;
Jornalismo;
Mídias Sociais;
Análise de Redes.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2725/13
83
Acesso em: 6 dez. 2020
Em meio à pandemia do novo coronavírus e à
polarização política no Brasil, o final do primeiro
semestre de 2020 no Twitter é marcado pelo uso de
duas hashtags: #Somos70porcento e
#FechadoComBolsonaroAte2016. A primeira surge no
dia 30 de maio após a divulgação da pesquisa
Datafolha e se refere ao percentual de pessoas
descontentes com o governo Bolsonaro; a segunda
surge após a prisão de Fabrício Queiroz, em 20 de
junho. Aparentemente, diferente da primeira hashtag,
essa teria sido retuítada, inicialmente, por robôs, pois
um segundo mandato de Bolsonaro terminaria em
2026 e não 2016. Esta pesquisa utiliza a metodologia
de Análise de Redes Sociais (ARS) para examinar a
partir de uma Análise Textual a polarização e o
engajamento presentes nas duas hashtags, e também
identificar perfis mais ativos e comportamentos de Bot
nos perfis. Constata-se nas amostras que discursos
com viés ideológico apareceram em ambas as hashtags
sendo publicadas por humanos e Bots, marcando um
posicionamento que reflete níveis de polarização
antagônicas e um grau de engajamento relacionado à
revolta e ao ódio.
Ano: 2020
182.
FERRAMENTAS DE ANÁLISE DE
MÍDIAS IMERSIVAS EM
APLICATIVO JORNALÍSTICO PARA
DISPOSITIVOS MÓVEIS
Este artigo discute o termo imersão no contexto do
jornalismo para dispositivos móveis, apresenta uma
ferramenta de análise a partir da perspectiva da
produção de conteúdo e mostra um estudo de caso
realizado em reportagens da Revista Veja para tablet e
smartphone. Realizada sob a perspectiva da produção,
a análise considerou os seguintes formatos de mídias
imersivas: Vídeo 360º ou esférico; Vídeo panorâmico
324
MARTINS, Gerson Luiz.
FLORENCE, Maria Matheus de Andrade.
Palavras-chave:
Ciberjornalismo;
Mídias imersivas;
Revistas digitais;
Dispositivos móveis;
Imersão.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2733/14
58
Acesso em: 6 dez. 2020
ou cilíndrico; Vídeo 3D; Fotografia em 360º;
Fotografia Panorâmica; Imagem estática em 3D;
Realidade Aumentada, Realidade Mista e Realidade
Virtual. Um questionário apoia o diagnóstico de
elementos que influenciam a imersão do interagente na
história, funcionando como estímulo ou como barreira.
Ano: 2020
183.
TECNOLOGIAS E COMPETÊNCIAS
DIGITAIS NO JORNALISMO
BRASILEIRO: CONSTRUÇÃO DE UM
PROTOCOLO DE PESQUISA EM
REDE
FRANCISCO, Rodrigo Eduardo Botelho.
Palavras-chave:
Ciberjornalismo;
Ciência e Tecnologia;
Redes Científicas;
Grupos de Pesquisa;
Pesquisa em Rede.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2733/15
82
Acesso em: 6 dez. 2020
O objetivo deste artigo é discutir um protocolo de
pesquisa nacional em rede sobre tecnologias e
competências digitais de estudantes de Jornalismo.
Especificamente, pretende-se refletir sobre a Digital
Journalism Studies como uma área de pesquisa
generalista dentro do campo de estudos do Jornalismo;
apresentar um ensaio sobre tecnologias e competências
digitais no âmbito do Jornalismo; refletir sobre as
redes de pesquisa e a pesquisa em rede na ciência
brasileira; e apresentar um protótipo de um protocolo
de pesquisa sobre tecnologias e competências digitais.
Para discutir este contexto e propor o protocolo,
apresenta algumas reflexões elaboradas a partir de
revisão documental e bibliográfica, caucada em
referencial produzido no próprio âmbito da Rede
JorTec, bem como de instituições e atores
fomentadores da pesquisa brasileira.
Ano: 2020
184.
FILTROS-BOLHA,
PERSONALIZAÇÃO E
TRANSPARÊNCIA NOS PORTAIS
GLOBO.COM E UOL
DANTAS, Ivo Henrique.
Palavras-chave:
Webjornalismo;
Portais;
Filtros-bolha;
Diante da crescente quantidade de informações
disponíveis no ambiente digital, plataformas de redes
sociais e portais de notícias têm recorrido cada vez
mais à utilização de algoritmos para selecionar o que
mostrar para cada usuário. Com o funcionamento
baseado na coleta de dados, os algoritmos atuam como
filtros-bolha, mostrando conteúdos cada vez mais
personalizados de acordo com os interesses de cada
pessoa. O presente estudo procura analisar o nível de
transparência oferecido pelos dois maiores portais
brasileiros, Globo.com e UOL, acerca das formas de
coleta e utilização desses dados para oferecer
conteúdos individualizados. Apesar dos constantes
questionamentos às empresas donas das plataformas
325
Transparência;
Personalização.
Disponível em:
http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s
bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2810/14
64
Acesso em: 6 dez. 2020
de redes sociais e de motores de busca, este estudo
demonstra que os portais também são marcados por
baixos índices de transparência nessa área.
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