As Partidas de Afonso X e a Natureza Jurídico-Política do Estado Português - Seminário...

Natureza Jurídico-Política do Estado Português

José Domingues

(Universidade Lusíada do Porto)

Colóquio Internacional: Natura e natureza na confluência e irradiação cultural da corte de Afonso X, o Sábio FLUP (2013.11.09)

artidas de Afonso X: No ordenamento jurídico português (séc. XIII-XIV):

• Tradução para Português. • Integração na Ordem Jurídica.

Na sistemática compilatória das Ordenações (Séc. XV-XIX):

• Ordenações Afonsinas. • Ordenações Manuelinas. • Ordenações Filipinas.

09-11-2013 2 José Domingues

artidas de Afonso X: I. Nos Inventários de Livros Medievais:

1. 1433-1438 – Biblioteca D. Duarte – Partida I.

2. 1437 – Mosteiro de Santa Maria de Bouro – “Item huum liuro da primeira

partida per lingoajem”.

3. 1474 – Colegiada de Santo André de Mafra – “Item (…) da partida”.

4. 1538 – Igreja de Santiago de Torres Novas – “Item huma Partida, a

primeira”.

5. Séc. XVI – Santa Maria do Olival (Tomar) – “Jtem outro liuro per

lingoaJem da primeira partida”.

II. Códices Actuais Completos: Partida I e III.

09-11-2013 José Domingues 3

artidas de Afonso X: I. Fragmentos:

1. Primeira Partida = 2 fragmentos;

2. Segunda Partida = 7 fragmentos;

3. Terceira Partida = 10 fragmentos;

4. Quarta Partida = (---------------);

5. Quinta Partida = 1 fragmento;

6. Sexta Partida = 1 fragmento (4 tiras de pergaminho);

7. Sétima Partida = 2 fragmentos.


artidas de Afonso X: José Azevedo Ferreira: Teria tido este texto aplicação em Portugal?

A falta de fundamentação de Direito nas sentenças judiciais.

Os únicos testemunhos indirectos:

1341 – Códice da Partida III: “Era de mil e trezentos e seteenta e noue [1341]

quatro dias por andar de Junho [26 de Junho] foy este livro começado. E foy

acabado quatro dyas depos San Miguel [3 de Outubro] da era de suso dita e

som tres meses mays tres dias. Vasco Lourenço dito Çoudo o escreueo. Deus lhj

de boom acabamento”

+ 10 fragmentos da Partida III.

1361 – o clero queixa-se a el-rei contra os juízes régios que aplicavam o Direito

das Sete Partidas em detrimento do Direito canónico.

1361.Abril.13 – os estudantes queixam-se do uso excessivo das Partidas no foro

judicial do Estudo Geral.


artidas de Afonso X: Testemunhos de integração legislativa no reinado de D. Dinis:

1279-1325 – Lei de D. Dinis sobre o direito de asilo nas igrejas: «com

estas sentenças sobreditas acordam mujtos direitos E outrosy a lley iiijº

da primeira partida Titollo xb (P 1.11.4)¶ E diz assy homes hi a que

nom deuem seer enparados em-na igreia E os podem ende sacar sem

coima nhuma ./ assy como os ladroões manefestos E púbricos que teem

os camjnhos E matam os homens E os Roubam».

1305.Maio.04 – Lei de D. Dinis que só o rei pode fazer cavaleiros: «Ca

seede çertos que de dereyto antjgo e das leys dos enperadores que

ante nos forom (P 2.21.2) nenhum homem de conçelho nom pode seer

caualeiro nem auer honra de caualaria senom per seu Rey ou per seu

filho que ha de reinar per seu mandado dElRey»


artidas de Afonso X: Testemunhos de integração em formulários da Chancelaria régia:

1382.Julho.01 –carta de legitimação dos filhos do clérigo Lopo

Rodrigues: considerados filhos legítimos, como se de legítimo matrimónio

fossem nados e criados, «nom embargando as leys e parrafos que falam

em maneira dos Retos e desafiamentos nos liuros das partidas no titollo

dos Retos» (P 7.3).

Referência como fonte de Direito em cartas de quitação:

1430.Dezembro.15 – ao tesoureiro-mor do rei: “todos liuros de partida”;

1456.Março.06 – ao recebedor das sisa dos panos de Lisboa, João Afonso:

“todollos liuros de partida”;

1460.Outubro.20 – à mulher e herdeiros do mercador João Afonso de Bazán:

“todollos liuros da partida”.


artidas de Afonso X: Aplicação no foro judicial: 1396/97 – Processo de Alcácer do Sal, com invocação

processual da Terceira Partida (P 3.7.15).

«he dirreito em na terceira partida e no titulo dos emprazamentos Ley que se

começa huum dos avisos do mundo e etc em que diz que se alguum homem

suspeitando que alguum outro o queriia emprazar per razom d'algua cousa de que

era theedor ou emalheasse ante que fosse emprazado sobr'ella enganosamente a

outro que fosse mais poderoso de sy ou doutro senhoriio ou homem que fosse mais

escatimoso ou revoltoso mais que el por razom que ao outro fosse mais enbargado

o seu dirreito aguisando lhe que ouvesse averssairo mais forte que assi. Em tal

caso o que tal engano fezer que nom valha e que seja em escolhença do

demandador pera poder demandar a el aquella cousa bem assy como se fosse em

seu poder ou ao outro a que fosse em alheada e que esta demanda pode fazer com

todollos danos e mazcabos que fezerem por esta razom».


artidas de Afonso X: Aplicação no foro judicial: 1396/97 – Processo de Alcácer do Sal,

o procurador da parte contrária também invocou uma lei da

Terceira Partida (P 3.2.29).

«ley estrreyta (sic) em dirreito na terceira parada (sic) titulo segundo

ley que se começa teença e senhoriio (…) a qual ley contem que se

alguum quer demandar aquelle que for teedor dela ou doutra guisa

seguramente nom pode seer demandada segundo todo esto e outra

cousas na dita ley mais compridamente sam contheudas» (P

3.2.29).


As Partidas serviram de fonte para diversos títulos das Ordenações.

Acolhimento das Partidas como Ius proprium (Séc. XV-XIX).


artidas – rdenações: Fontes do Direito (OA 2.9):

Fontes imediatas:

Lei do reino, costume antigo, estilos da Corte.

na falta das primeiras (subsidiárias):

Direito romano, Direito canónico, Glosa de Acúrsio, Opinião de

Bártolo, Decisão do monarca.

Exclusão das Partidas de Afonso X.


artidas – rdenações: Ordenações Afonsinas Liv. 3 Terceira Partida

3.21.pr.-2 3.5.24

3.21.1 3.3.24

3.23.pr.-2 3.5.23

3.36.pr. 3.2.33

3.36.1 3.2.34

3.36.2 3.2.36

3.36.3 3.2.37

3.36.4 --.--.--

3.36.5-9 3.2.35

3.36.10-11 3.2.38


artidas – rdenações: OA 3.36.6 Partida 3.2.35

«Outro sy poderam ouvir os preitos, que forem movidos per razam de mantimento, que o Orfãao demandasse a seu Titor, ou Curador, ou outrem em nome do Orfãao, ou o Padre ao filho, ou o filho ao Padre, ou o forrado a aquel que o forrou, ou o forrador ao forrado, havendo-o mester».

«Otrosi, puede oyr pleytos, que fuessen mouidos en razon de gouierno, que demandasse el huerfano e su guardador o el guardador a otro, en nome del huerfano, o el padre al fijo, o el fijo al padre, o el aforrado a aquel que lo aforro, o el aforrador al aforrado, auiendo lo menester».


Obrigado a Todos

FIM 09-11-2013 14 José Domingues

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