La teoría de la armonía de las esferas en el libro quinto de ...
ANÁLISE DA OBRA “A ABERTURA DO QUINTO SELO” DE EL GRECO
Transcript of ANÁLISE DA OBRA “A ABERTURA DO QUINTO SELO” DE EL GRECO
1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIAS
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
ANÁLISE DA OBRA “A ABERTURA DO QUINTO SELO” DE EL GRECO
CUIABÁ-MT
AGOSTO/2014
2
ALISSA MIDORI OCHIAI SEIXAS LIMA
ANA LETÍCIA MENDES DE FIGUEIREDO STRINGHINI
MONIQUE CAROLINE MENDES DUARTE
THAÍS CANAVARROS FRANÇA
MANEIRISMO
Disciplina: História da Arte I
Docente: Igor Paiva
CUIABÁ-MT
AGOSTO/2014
3
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................ 4
2 DESENVOLVIMENTO............................................................................................... 5
2.1 MANEIRISMO...................................................................................................... 5
2.2 EL GRECO............................................................................................................. 5
2.3 ANÁLISE DA OBRA............................................................................................ 6
2.3.1 Ernst Gombrich................................................................................................. 7
2.3.2 Joan Santacana.................................................................................................. 8
2.3.3 Gülfem Demiray............................................................................................... 9
3 CONCLUSÃO..............................................................................................................10
4 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA..............................................................................11
4
INTRODUÇÃO
Nesse artigo iremos analisar a obra ‘Abertura do Quinto Selo’, de El Greco, de
acordo com as teorias de Gombrich, Joan Santacana e Gülfem Demiray. Esta pintura
representa a passagem bíblica de São João (Apocalipse. VI. 9-11), que é seguida por
uma visão daqueles que foram mortos por conta da palavra de Deus. Os traços
maneiristas de atmosferas de intenso misticismo estão bem representados nesta arte de
El Greco, o qual possui traços fantasmagóricos e figuras alongadas.
5
DESENVOLVIMENTO
MANEIRISMO
Paralelamente ao renascimento clássico, desenvolve-se em Roma, do ano de 1520
até por volta de 1610, um movimento artístico afastado conscientemente do modelo da
antiguidade clássica: o maneirismo (maniera, em italiano, significa maneira). Uma
evidente tendência para a estilização exagerada e um capricho nos detalhes começa a ser
sua marca, extrapolando assim as rígidas linhas dos cânones clássicos.
Alguns historiadores o consideram uma transição entre o renascimento e o barroco,
enquanto outros preferem vê-lo como um estilo, propriamente dito. O certo, porém, é
que o maneirismo é uma consequência de um renascimento clássico que entra em
decadência. Os artistas se vêem obrigados a partir em busca de elementos que lhes
permitam renovar e desenvolver todas as habilidades e técnicas adquiridas durante o
renascimento.
Uma de suas fontes principais de inspiração é o espírito religioso reinante na
Europa nesse momento. Não só a Igreja, mas toda a Europa estava dividida após a
Reforma de Lutero. Carlos V, depois de derrotar as tropas do sumo pontífice, saqueia e
destrói Roma. Reinam a desolação e a incerteza. Os grandes impérios começam a se
formar, e o Iníciom já não é a principal e única medida do universo.
Pintores, arquitetos e escultores são impelidos a deixar Roma com destino a outras
cidades. Valendo-se dos mesmos elementos do renascimento, mas agora com um
espírito totalmente diferente, criam uma arte de labirintos, espirais e proporções
estranhas, que são, sem dúvida, a marca inconfundível do estilo maneirista. Mais
adiante, essa arte acabaria cultivada em todas as grandes cidades europeias.
EL GRECO
Pintor Maneirista espanhol, cujos trabalhos, igualmente aos de Francisco de Goya e
Diego Velazquez, representam o auge da arte Espanhola. El Greco nasceu na cidade de
Candia, hoje Iráklion, Creta (pertencente na época à Republica de Veneza),em 1541
com o nome de Domenikos Theotokopoulos. Detalhes de sua juventude e estudos são
superficiais, mas provavelmente começou a estudar pintura em sua cidade natal.
6
Embora à nenhum destes trabalhos se tenha conhecimento, eles provavelmente
foram pintados no estilo Bizantino, popular em Creta naquela época. Reminiscências
deste estilo são vistos em seus trabalhos mais antigos. Ele foi um homem erudito cujo
gosto pela literatura clássica e contemporânea, mostra-se tê-la adquirido em sua
juventude.
Começou trabalhando em Veneza e Roma. Por volta de 1566, El Greco foi para
Veneza, aonde permaneceu até 1570. Ele trabalhou no atelier de Titian e foi também
fortemente influenciado por Tintoretto, ambos, mestres da Alta Renascença.
ANÁLISE DA OBRA
A Abertura do Quinto Selo foi pintada nos últimos anos da vida de El Greco (de
1608 a 1614) para um altar lateral da igreja de San Juan Baltista de Toledo. Foi uma
obra inspirada em uma passagem bíblica de S. João (Apocalipse. VI. 9-11) em que o
cordeiro convida São João para ver a abertura dos Sete Selos.
“Quando ele abriu o quinto selo, viu debaixo do altar as almas daqueles que
tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho
que sustentavam. Clamaram em grande voz dizendo: 'Até quando, ó
Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgam nem vingas o nosso sangue
dos que habitam sobre a terra? ' Então cada um deles foi dada uma vestidura
branca”
El Greco (1541-1614),
Autorretrato, Museu
Metropolitano de Arte
de Nova York, óleo
sobre tela, 53 x 47cm.
7
A Abertura do Quinto Selo foi sugerida como sendo a fonte primária da inspiração
de Picasso para o quadro "Les Demoiselles d' Avignon". Enquanto Picasso trabalhava
no Les demoiselles, visitou seu amigo Ignacio Zuloaga que estava de posse do quadro
de El Grego, no seu estúdio em Paris. A relação entre o quadro de Picasso e o de El
Greco foi notada nos primeiros anos da década de 1980, quando as similaridades
estilísticas e o relacionamento entre os motivos das suas obras foram analisados. O
manto azul usado por São João é uma cor semelhante no cortina de fundo de Les
demoiselles, assim também o modo como Picasso executa o pano, que parece dever
muito ao uso que El Grego faz da tinta branca, das linhas nítidas e do sombreamento
dramático para que as dobras e pregas pareçam profundas e sinuosas. Há uma alusão
direta na tela de Picasso as três graças que estão nuas no centro da pintura de El Greco,
tendo ele chegado até a retratar uma das figuras de perfil, voltada para as outras duas. E
o céu apocalíptico tenso e sombrio não poderia ter passado desapercebido a um jovem
artista que estava tentando evocar uma atmosfera similarmente intensa.
El Greco (1541-1614),
Abertura do Quinto Selo,
Museu Metropolitano de
Arte de Nova York, óleo
sobre tela, 222.3 x 193cm.
8
GOMBRICH
Gombrich no livro Historia da Arte analisa brevemente a obra “A Abertura do
Quinto Selo”. Para o autor não existe pintura ou desenho que expressam com força tão
convincente e sobrenatural a terrível visão que São João teve do Juízo Final. Um
momento onde até os santos clamavam pela destruição do mundo. No quadro nos
deparamos com figuras nuas em seus gestos excitados, se contorcem em um desespero
que beira ao caos, representam os mártires que se levantam para receber a prenda
celestial dos mantos brancos. São João aparece no canto do quadro, a figura maior em
seu manto azul com os braços e os olhos em direção ao céu em um gesto profético e em
um êxtase visionário. Através desse quadro nota-se que El Greco tinha aprendido muito
através do método não-ortodoxo de composição assimétrica e da dramaticidade de
Tintoretto e que também adotou do maneirismo as figuras alongadas, distorcidas, e
desmaterializadas. Mesmo usando cores vivas o quadro transmite um sentimento de
agonia, de sombrio. A luz é incandescente transmitindo a impressão de que todas as
figuras são iluminadas pela graça divina. Para Gombrich essa obra impressiona por ser
incrivelmente moderna, seus contemporâneos na Espanha não parecem ter levantado
quaisquer objeções, mas uma geração posterior á sua morte desdenhou seu trabalho
devido ao fato da sua obra ser oposta, em muitos aspetos. Criticavam o uso das suas
formas e cores não naturais e diziam que seus quadros eram uma piada de mau gosto. El
Picasso (1907), Les
Demoiselles d’Avignon,
Museu de Arte Moderna
de Nova York, óleo sobre
tela, 243.9 x 233.7cm.
9
Greco foi considerado incompreensível e não tinha seguidores de relevo. Apenas depois
da I guerra mundial que El Greco foi compreendido e finalmente reconhecido.
JOAN SANTACANA
Joan Santacana analisa a obra de acordo com o significado teológico da cor e do
número. O amarelo da tela à esquerda representa a glória de Deus, o solo vermelho é a
cor do martírio, o sangue de Cristo e o sacrifício, e o verde à direita é o símbolo de uma
nova vida, a esperança. As almas dos mortos saem debaixo do altar nuas, como todas as
almas dos que morreram, surgiram a partir de um profundo buraco negro. Há sete almas
simbólicas, o número sete na Bíblia significa perfeição, por que Jesus disse a Pedro que
ele deve perdoar o irmão setenta vezes sete e, no mesmo Apocalipse há Sete Igrejas da
Ásia, os Sete Espíritos do trono de Deus, as Sete Trombetas, sete chifres, etc.
À esquerda da imagem há uma figura de joelhos que não está nu, e não é uma alma. Ele
está vestindo azul safira, a cor da revelação divina. Este ajoelhado e com os braços
invocando ao céu é João, o autor do Apocalipse, o autor do livro revelado, por isso está
de azul, a cor da revelação divina. É um personagem enorme, mesmo quando estando
ajoelhado é um gigante, tem a boca fechada e os braços estendidos é a atitude do orador
que está recebendo a revelação de Deus sobre o segredo do que vai acontecer.
E de cima, de um céu terrível surgem anjos que trazem lenços brancos que cobrem
aqueles que subiram. Branco da pureza dos que sofreram o martírio e agora, clamam ao
Senhor Todo-Poderoso do Selo que não difere o dia da justiça.
El Greco (1541-1614),
Abertura do Quinto Selo,
Museu Metropolitano de
Arte de Nova York, óleo
sobre tela, 222.3 x 193cm.
10
GÜLFEM DEMIRAY
Segundo Gülfem Demiray a Abertura do Quinto Selo é uma obra visionária de
El Greco. Nela, São João é uma figura exageradamente alongada que enche o lado
esquerdo da composição com os braços para cima, olhando para o céu em reverência.
Há figuras nuas não individualizadas, representações pálidas das almas, alinhadas em
uma linha horizontal em um cenário indeterminado. As seis figuras no meio parecem
estar em um estado de perplexidade da mente, envolvendo-se com roupas amarelas e
verdes dadas pela criança nua que está acima delas. Uma sétima figura parece querer
chegar à túnica branca. Falta de equilíbrio e clareza na obra, a composição desafia a
tradicional regra estrutural das escolas clássicas e barrocas. Os alongados corpos das
figuras empregam verticalidade, enquanto as cortinas e manchas iluminadas de nuvens
formam linhas horizontais onduladas na composição. No entanto, estas linhas não
constroem uma estrutura linear na pintura.
A grande figura de São João está muito perto do primeiro plano, como se
apresentasse a cena no palco para o espectador. O tratamento de profundidade é muito
pouco habitual, assim como a distância entre as almas e São João parece ser grande
devido à diferença na escala de suas dimensões. Contudo, a cortina vermelha entre as
figuras é muito curta para contar essa diferença.
A abordagem de El Greco da luz e cor na superfície revela a formação do pintor
veneziano, aumentando a excitação da cena dramática. Uma fonte de luz na parte
superior da pintura ilumina São João, as quatro figuras nuas e a túnica vermelha,
enquanto os dois nus ajoelhados à direita estão na sombra. A luz lançada sobre São João
pontua a expressão dramática no rosto do santo, bem como sugere a tensão através da
interação do claro e escuro nas pregas do manto do santo. As manchas de luz que
rompem o céu sombrio em diferentes texturas aumentam a sensação de movimento na
pintura, transportando o olho constantemente de um ponto para o outro. Cores fortes
como o vermelho, verde, azul e amarelo destacam-se contra ambos os nus pálidos e o
fundo. Apesar de ter efeito teatral e dinâmico na grande figura, a intensidade da luz
aumenta a sensualidade do alongamento das figuras nuas. O tratamento sensual de seus
corpos criam um certo ar de leveza e alívio, somando-se ao sentido visionário na
pintura. As figuras parecem estar em constante movimento para cima, como se fossem
11
chamas. O olho não para de mover-se ao redor da tela e não foca em uma determinada
parte; é constantemente levado para cima.
A sensação teatral da cena, figuras como chamas, e a dinâmica interação de luz e
cores contrastantes transmitidas por El Greco constroem uma cena altamente expressiva
que sacode o espectador até mesmo à primeira vista.
12
CONCLUSÃO
Podemos observar que o Maneirismo possui um difícil perfil de definição, pois
são vários os estilos presentes nas pinturas, esculturas e arquitetura desse período. Ao
analisar a obra de El Greco, percebemos que estão presentes a valorização da
originalidade e a interpretação individual, o dinamismo e complexidade de suas formas,
o tratamento artificial do tema presente na pintura, a fim de se demonstrar maior
emoção, poder e tensão. Com forte influência de Tintoretto, a composição assimétrica
deixa claro a agonia e o desespero daqueles que morreram. As cores transmitem os
significados da passagem bíblica e representam o cenário descrito por São João. El
Greco posicionou as 7 figuras de forma que cada uma representasse uma personagem ou
um momento da passagem, levando em consideração também a importância do número
sete na Bíblia.