A PROMOÇAO DO CAPITAL HUMANO: MIDIA, SUBJETIVIDADE E O NOVO ESPIRITO DO CAPITALISMO Organizador:...

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O risco da sacralização da interação no desenvolvimento da cognição em interfaces digitais 1 Maria das Graças Pinto COELHO 2 1. Introdução Talvez, os jovens atuais pudessem entender melhor as expectativas que lhes são lançadas na sociedade contemporânea, se tivessem conhecido as sociedades ágrafas, onde existia apenas educação informal, um misto, de transmissão de valores e habilidades requeridas para a vida em comunidade. Talvez, também, percebessem com mais clareza o que fazer com as suas singularidades e subjetividades, alçadas como commodities no quadro sinóptico do capitalismo tardio (Sennett, 2003). Jovens, de diferentes extratos sociais e localidades estão presos a um paradigma que exige do sujeito, do indivíduo, atitudes e habilidades cognitivas de interação e comunicação. São eles os que se responsabilizam pelo sucesso e pela estrutura socioeconômica na sociedade da cognição, cujas premissas já estão impregnadas nas dobras do social, mas que, por serem 1 Agradeço a leitura atenciosa do professor/pesquisador Paulo Vaz (ECO/UFRJ), meu supervisor no pós-doc, cujas inquietações, somadas às minhas, e os chamados à episteme me ajudaram a nortear esse texto. 2 Pesquisadora e professora do Programa de Pós-graduação em Estudos da Mídia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e Pós-graduação em Educação. E-mail: [email protected]

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O risco da sacralização da interação nodesenvolvimento da cognição em interfaces digitais

1

Maria das Graças Pinto COELHO2

1. Introdução

Talvez, os jovens atuais pudessem entender melhor as

expectativas que lhes são lançadas na sociedade

contemporânea, se tivessem conhecido as sociedades ágrafas,

onde existia apenas educação informal, um misto, de

transmissão de valores e habilidades requeridas para a vida

em comunidade. Talvez, também, percebessem com mais clareza

o que fazer com as suas singularidades e subjetividades,

alçadas como commodities no quadro sinóptico do capitalismo

tardio (Sennett, 2003). Jovens, de diferentes extratos

sociais e localidades estão presos a um paradigma que exige

do sujeito, do indivíduo, atitudes e habilidades cognitivas

de interação e comunicação. São eles os que se

responsabilizam pelo sucesso e pela estrutura

socioeconômica na sociedade da cognição, cujas premissas já

estão impregnadas nas dobras do social, mas que, por serem

1 Agradeço a leitura atenciosa do professor/pesquisador Paulo Vaz(ECO/UFRJ), meu supervisor no pós-doc, cujas inquietações, somadas àsminhas, e os chamados à episteme me ajudaram a nortear esse texto.2 Pesquisadora e professora do Programa de Pós-graduação em Estudos daMídia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e Pós-graduaçãoem Educação. E-mail: [email protected]

novas e atravessaram várias disciplinas, ainda não estão

codificadas em etiquetas normativas.

Para entendermos melhor o que acontece com esse

sujeito cognitivo em interfaces digitais, presos à condição

de mercadoria, quando trocam suas habilidades e

subjetividades por capital simbólico (Bourdieu,1999),

emprestando suas ferramentas do cotidiano ao mundo que se

anuncia, propomos uma investigação junto a jovens

aprendizes de cursos profissionalizantes para formação em

tecnologias de informação e comunicação.

Em princípio, ouvindo esses aprendizes, buscamos as

características da interação que se confrontam com a

mediação, mas dela se distinguem, ao estabelecer um

processo cognitivo que se manifesta em diferentes

movimentos, como o que surge na comunicação aberta ou em

novas formas de estar juntos - que podem, ou não, formar

novas habilidades e competências do usuário cidadão na

ambiência juvenil.

O panorama da pesquisa abrange 839 alunos do curso

de tecnologia da informação do Projeto Metrópole Digital3.3 O Metropole Digital http://www.metropoledigital.ufrn.br/blog/ - é umprojeto integrado ao Polo de Tecnologia Digital da UniversidadeFederal do Rio Grande do Norte para formação de mão-de-obraespecializada em Tecnologia de Comnicação e Informação. Tem comopúblico alvo jovens de nível médio – 15 a 18 anos alunos de escolaspúblicas, 70% das matrículas – e privadas do grande Natal (RN). Ocurso tem duração de 18 meses, com aulas presenciais e online econcede uma bolsa no valor de R$ 161,00. O primeiro edital previu1.200 vagas/ano. Tem como objetivo oferecer formação de mão-de-obraespecializada em desenvolvimento de hardware e software; atuar comopólo gerador de novas oportunidades e empreendimentos em TICs noEstado; inclusão digital e social e estimular jovens talentos aingressar na área para uma formação em nível superior.

Iniciada em 2010 junto aos primeiros inscritos no curso,

começou a ser tabulada em janeiro de 2011. Os dados estão

nas preliminares da interpretação analítica. Para coletá-

los, foram aplicados questionários (estruturados) nas

plataformas digitais, respondidos por 526 alunos, 62,7% do

total dos atores participantes. As questões respondidas

versavam sobre formação social, desenvolvimento da

cognição, perspectivas profissionais, interação social e

comunicacional, além do consumo de informações midiáticas.

O tensionamento analítico também privilegia os relatos dos

atores-personagens que desistiram do curso – e os que o

concluíram em agosto de 2011.

Dos concluintes, 407, em um universo de 1192

selecionados, escutamos alguns relatos que nos levam a crer

que as expectativas do discurso oficial, já presente ás

dobras sociais como preceito ideológico; sobre a

necessidade da apropriação da cultura digital por jovens

aprendizes em condições socioeconômicas adversas, não

abrange todas as dimensões do sentido propugnado. E muito

menos produz ressonância junto aos que fracassaram. São 785

jovens que ao longo dos 18 meses foram excluídos ou se

auto-excluíram do circuito normativo e desistiram do centro

do sistema de aprendizagem. Possivelmente, eles não

entenderam ou não deram importância ao fato de que ao se

engajarem no Metrópole estavam sendo chamados para

participar de um projeto que poderia sanar desigualdades

atávicas em regiões metropolitanas periféricas por meio de

suas próprias singularidades e aptidões.

Para compreender melhor os pressupostos do projeto,

analisamos as provas do certame, compostas por 30 questões

de conhecimentos gerais e raciocínio lógico, elaboradas

pela Comissão Permanente do Vestibular, Comperve/UFRN. O

conteúdo de todas as questões destaca, como saber

constituído, a relevância da cultura algorítmica,

tecnológica digital. Os enunciados apresentam exemplos

sobre redes sociais, mídias impressas e digitais,

fotografias, como lugares comuns previamente instituídos na

convicção humanista de que a ação do homem sobre o meio e

sobre ele mesmo pode gerar empoderamento e transformação

social.

2. Efeitos das novas mídias no contexto social sãoracionalizados e virtualizam a consciência dos sujeitos

As inscrições atuais sobre o processo de

midiatização nas práticas sociais deixam marcas de leituras

de uma genealogia autorreferente da mídia, como instituição

de prestação opositora às habilidades e competências dos

sujeitos, já que ela mesma cria e recria realidades,

materializadas nas relações sociais que se estabelecem com

e a partir das representações de mundo que são feitas pelas

mediações dos dispositivos midiáticos tradicionais. A

partir daí, o processo de midiatização se caracteriza em

uma estesia generalizada, centrado no consumo, que incide

sobre todos os aspectos da vida cotidiana e na política.

Para entendermos melhor este processo, definimos como

midiatização uma ordem de mediações socialmente realizadas

– um tipo particular de interação - porque depende de como

os dispositivos midiáticos afetam os processos

comunicacionais e sociais.

Com a mudança nos canais de produção, nos protocolos de

mediação e na circulação de informações, pode-se afirmar

que processos em rede, voltados para a produção de

conteúdos socialmente produzidos e marcados pela

possibilidade de participação ativa dos sujeitos engajados

em diferentes associações sociointerativas, estimulam a

figura do usuário-cidadão. É a constatação da internet como

campo interativo por natureza que nos faz supor que, numa

sociedade de midiatização abrangente, se desenvolvam

sistemas de observação e de escuta igualmente midiatizados,

como é o caso das interfaces digitais que são propostas na

análise. Mas devemos entender, também, que esse grau de

associação exige uma crítica política sobre o próprio

sistema de interação social. Poderíamos começar a crítica

apresentando o fato de que a grande maioria dos perfis na

rede é falseada. Ou, então, apresentando o percentual de

desistentes do curso do Metrópole Digital: 1192 jovens se

inscreveram e apenas 407 concluíram o curso. A partir daí

surge a questão: será que os estudos na rede permitem que

os interagentes renegociem a todo instante suas situações

particulares de interação, a troca de ponto de vista que

indica que é possível ver o mundo do ponto de vista do

outro? Tal premissa foi pensada na genealogia da cognição

por Jean Piaget (1971), em seu argumento axial sobre a

interação, uma das dimensões do construto da cognição.

Sendo esse o pressuposto que nos interessa observar aqui.

E para justificar a observação do desenvolvimento da

cognição, na dimensão da interação em interfaces digitais,

podemos acrescentar ainda que a WEB representa, hoje, o

maior ambiente de pesquisa do mundo. A internet se

caracteriza como um domínio interativo no qual é possível

investigar as interações a partir da sua própria

arquitetura, que se projeta em uma perspectiva rizomática,

representada na produção/reprodução ilimitada de links

(liames) interativos. É uma infra-estrutura material que

oferece diariamente diferentes provas da possibilidade de

se realizar rastreamentos precisos das suas múltiplas

associações. E poderia ser chamada de um “laboratório

global" (LATOUR, 2008, p. 172).

No entanto, alguns estudos que se apresentam para

explicar as bases paradigmáticas da cultura digital se

balizam em experiências exógenas, assumindo hipóteses já

pré-estabelecidas em uma afinação central, onde quase

sempre são descartadas as possibilidades das

mediações/interações na sociedade atual. Neutralizam e

absorvem conteúdos, rejeitando contextos diferenciados e as

sociabilidades tradicionais. Apresentam-se como uma espécie

de retórica do "delírio digital", quando impõem uma agenda

tecnognóstica: junção de messianismo, exterminismo e

transcendentalismo para racionalizar os efeitos das novas

mídias no contexto social e virtualizar a consciência dos

sujeitos. A clivagem apriorística é a da idealização da

técnica, como explicação para os diferentes contornos das

interações midiatizadas.

Em relação à pesquisa na ambiência juvenil, a presença

das interfaces digitais se repete na transferência e

assimilação de processos de apropriações, muitas vezes,

relatadas em modelos de descrições empíricas que não levam

em consideração aspectos relacionados ao sentido que será

produzido a partir da experiência dos jovens com os meios.

A apropriação, tal como entendo, visa a uma história social

dos usos e interpretações dos objetos, referendados nas

práticas sociais e inscritos nas práticas específicas dos

sujeitos que as produzem.

Tal axioma pode dar, assim, atenção às condições e aos

processos que, muito concretamente, conduzem as operações

de construção de sentidos de pertencimento, às formações

socioeconômicas inseridas em contextos diversos e às

subjetividades desses jovens atores. Mesmo assim, alguns

autores, que relatam tecnointerações4 na ambiência juvenil,

apresentam tal “fenômeno” como sendo parte de uma demiurgia

tautológica protagonizada pela representação da técnica.

Não validam a transformação dos sujeitos no percurso. Desta

maneira, as apropriações das interfaces digitais se impõem

unilateralmente nas relações do cotidiano, promovendo um

axioma mitológico - como os mitos de Lévi-Strauss (1953) -

que pensam entre si um saber transtornado, incompatível

mesmo com as mediações da cultura de convergências que lhes

4 – Conceito que remete ao letramento digital, que permite aos sujeitos seapropriarem dos significados da cultura digital e da tecnologia, produzindointerações socialmente compartilhadas.

dão suporte. Mesmo que Sodré (1996) afirme que o

ciberespaço “é uma realidade original que se produz por

superação do espaço físico e da interdependência humana

direta. O que descarta e torna anacrônica a cadeia lógica

do ‘passo a passo’ tradicional, contribuindo para a

estetização ou a ‘culturalização’ de toda a realidade

social” (SODRÉ, p. 34, 1996), o sujeito continua o mesmo

ator, agindo e se comunicando no centro desta realidade.

Quando os jovens se aventuram a buscar experiências na

área da educação científica ou mais propriamente em um

curso online de tecnologias da informação e comunicação, nos

sistemas da mecatrônica e no letramento digital, que

permite a inclusão, eles também estão vivenciando preceitos

ideológicos e pertenças identitárias, que são premissas que

se impõem no percurso da apropriação da cultura digital nos

meios tecnológicos. Reafirmam seus laços nas relações

cotidianas, criando novas existências, que produzem novas

subjetividades e, talvez, também, mobilidade social.

Vivenciam um contexto onde residem metanarrativas

transmidiáticas, que projetam a força de trabalho

qualificada e as demandas da economia presente como sendo

uma responsabilidade ímpar e única do sujeito

contemporâneo. Tais metanarrativas, que circulam em canais

de comunicação midiáticos e interpessoais, fabricam valores

estéticos, técnicos, simbólicos e sociais que colocam o

capital humano no centro das forças produtivas. O sujeito

carrega seu próprio capital – imaterial; fruto das

experiências e dos saberes vividos – que o projeta como a

principal substância nas mudanças dos processos societários

atuais (GORZ, 2005).

Nesse sentido, duas áreas de conhecimento – formação

social e cultura digital - se entrelaçam no desenvolvimento

da cognição para formar um novo contingente de

profissionais, cujo trabalho se aproxima mais do trabalho,

singular, dos artistas, apoiado não só em conhecimento

técnico específico, mas em saberes vividos e, agora,

compartilhados em interfaces midiatizadas, que também

requerem habilidades comunicacionais. Onde o aparato

tecnológico, ou seja, o emissor, a interface digital, as

redes sociais na internet, as que abrigam sujeitos que não

tecem teias de aproximações simbólicas, não possuem o

protocolo mágico de transferir para o sujeito, mesmo sendo

ele a extensão desta “cultura algoritma”, o processo

comunicacional e interativo. Para tanto, outros liames são

criados e estes são partes de suas histórias e identidades

pessoais.

3. A tecnologia que entrelaça jovens aprendizes: capital

humano e subjetividade

Foucault (1984) diz que não há poder sem a produção de

um saber. E como não há espaços de poder que não sejam

imediatamente correlatos aos espaços de saber, então o que

diferencia a apropriação social de jovens atores nas

interfaces digitais que produzem transformações nas

interações em suas relações de cotidiano em regiões

periféricas? Para responder, pensamos em questionar sobre

os saberes que deram forma a essa ambiência, que lhe deram

identidade, que lhe deram visibilidade e uma dizibilidade.

Paradoxalmente, e porque se remete a arqueologia dos

saberes das regiões centrais, a experiência dos jovens

atores-personagens pesquisados no Rio Grande do Norte se

valida na idéia de uma comunidade de valores nas teias

tecnocomunicativas contemporâneas. Aparentemente, nelas,

eles processam novas metanarrativas através de conceitos

articulados a temas relacionados à ciência, tecnologia,

meio ambiente, igualdade de gênero, economia solidária,

produção de conteúdos digitais, que apontam para a

construção de novas sociabilidades e identidades em

ambientes juvenis periféricos.

Porém, o tema é mais complexo. Se, por um lado, as

novas formas de trabalho e vida que vêm sendo propostas

ainda se organizam, por outro, novos gestos e atitudes

preconizam também a reinvenção da vida, para além da

consciência teórica. Embora existam riscos nas diferentes

ofertas que o contexto atual lança, há nessa nova vida a

compreensão de que a junção das bases materiais com as

espirituais da sociedade assaltou a subjetividade em uma

dimensão nunca vista. Nessa direção, a subjetividade tem se

tornado uma matéria prima essencial às relações de

produção. É nela onde habitam as tecnointerações que

transformam a tecnologia em interação social. O uso das

tecnologias ajuda a produzir vida, identidade e

subsistência em localidades periféricas. Tal processo impõe

o deslocamento das forças produtivas para a economia em

pequena escala, que se preocupa em transformar o trabalho e

a vida em uma sobrevida, conduzindo a existência desses

jovens para o eixo produtivo: consumidor/mercadoria.

Nesse contexto se inserem os jovens aprendizes do

Metrópole Digital, reféns e produtores de produtos e

processos (protocolos, algoritmos, conteúdos digitais,

códigos, ações comunicativas) tecnológicos. Alcançam com

suas vivências e subjetividades uma nova modalidade de

trabalho que se expande no ambiente juvenil. E que também

representa uma modalidade de vida que ganha cada vez mais

expressão: o chamado trabalho imaterial, aquele ligado aos

saberes, ao conhecimento e à criação.

Com a expansão e sofisticação da rede imaginária

global, a internet, surgem novas profissões para os jovens

que se apropriam da cultura digital, todas elas pautadas no

trabalho imaterial. Muitos jovens do interior e da capital

estão desenvolvendo habilidades para trabalharem com as

tecnologias da informação, sejam em sistemas mecatrônicos,

sejam desenhando e produzindo protótipos de automação, ou

na internet como webdesigners, criadores de sites,

desenvolvedores de sistemas, produtores de conteúdo digital

e audiovisual. O que eles vendem são formas de vida,

produzidas por formas de vida. Vidas capturadas em uma

ambiência onde o trabalho se torna vida, comunicação,

invenção e criação.

Na opinião de Gorz (2004, p.74), este recorte no

desempenho das forças produtivas pode privilegiar uma

abordagem que coloca o sujeito como base na mediação do

mundo do trabalho. Para ele existe uma nova mentalidade na

geração X5 que não se expressa pública ou politicamente,

onde o lugar do trabalho/emprego torna-se abstrato e

anônimo, mas de uma forma significativa, porque nele

empregam-se as singularidades dos jovens. Aqui, o fazer

comunicativo além de qualificar sujeitos para as práticas

sociais cotidianas, passa a ser de extrema importância no

confronto de seus interesses sociais.

Os jovens são os seus próprios repertórios, criados a

partir de ecossistemas tecnodigitais e interacionais, mas

não só isso; a condição sócio-econômica é permeada por uma

ordem técnico-discursiva que se entrelaça com as lógicas

das operações que são empreendidas nos ambientes

tecnológicos. As subjetividades, entretanto, se constituem,

também, para além dos conteúdos e lógicas nesses mesmos

ambientes.

Patrício, nome fictício, 16 anos, morador do grande

Natal (RN) e aprendiz do Metrópole, ao responder sobre o

consumo de informações em ambientes virtuais de

aprendizagem, reafirma o lugar central que a tecnologia

ocupa na vida destes jovens: “(...) passo todo o dia na rede.

Sempre encontro novos amigos e trocamos sobre programas de computador e

marcamos encontros no shopping (...). Também trocamos músicas, filmes e

5 Foi o escritor Douglas Coupland que, em uma obra que se situa entreuma pesquisa-reportagem e um romance, batizou de Geração X a geraçãode jovens que “se recusa a morrer aos 30 anos, esperando ser enterradaaos 70” – COUPLAND, David, Generation X. Tales for an AcceleratedCulture, New York, St. Martin´s Press, 1991.

informações”. A história de Patrício revalida o assalto à

subjetividade dos jovens em ambientes de interfaces

digitais. Ele não só interage socialmente na rede, mas

também apresenta ao mundo o lugar comum que aproxima jovens

de todos os extratos e localidades na experiência cotidiana

engajada no paradigma da economia da cognição.

Nesse contexto, a idéia de capital humano6, do sujeito

que era formado ou instrumentalizado para atividades

específicas, alienado de seu corpo e de seus desejos, como

metas de desenvolvimento no capitalismo industrial para

dimensionar os custos da produção, desaparece no

capitalismo tardio cognitivo. Ainda, segundo Gorz (2004,

p.77), no presente, todo homem pode ser visto como uma

força de trabalho encarnada. São as suas subjetividades que

estão no mercado. Há “um mercado de personalidades” em uma

sociedade que se regula pelas interações dos sujeitos. A

auto-estima dos sujeitos e as habilidades colaborativas

estão em jogo.

São esses os novos rearranjos produtivos. São essas as

dimensões interativas que reiteram as potencialidades das

mutações socioculturais e econômicas no esteio das

comunidades tecnodigitais na ambiência juvenil. Igualmente,

é inegável que estes grupos utilizam os bens disponíveis e

6 O conceito de capital humano tem origem durante a década de 1950, nosestudos de Theodore Schultz. Seu livro, lançado no Brasil em 1971,insere a discussão na economia da educação. O conceito é amplamentedifundido no Brasil também a partir da década de 80, quando aspolíticas educacionais ensejam os preceitos neoliberais difundidospelo Banco Mundial para dimensionar etapas do crescimento econômicorelacionadas ao custo-benefício da educação.

as experiências de maneiras diferentes para recriarem novas

condições de existência nas tecnointerações.

A partir das pesquisas realizadas, revelam-se

situações de conflitos e negociações identitárias entre os

jovens integrados a um projeto de inserção social em um

meio distante das atrações e desafios dos grandes pólos

industriais urbanos brasileiros. Eles demonstram estar em

permanente negociação com suas identidades locais a partir

do contato direto com a rede imaginária global. Estão

preocupados em dar sentido ao universo de significações que

são evidenciadas no exercício diário das suas práticas de

formação social, que transcendem a tarefa de ensinar noções

de informática.

Nesse sentido, poderíamos citar Michel Foucault,

quando apresenta a analítica histórica das práticas de

poder no curso que ministrou no Collège de France entre

1974-1975, intitulado Os Anormais (2001). Nesse curso ele

introduz o surgimento do controle social por meio de

técnicas discursivas, que medem o sujeito que falha. Ou, no

caso da nossa análise, a tecnologia do poder que imprime ao

jovem as responsabilidades por manter as engrenagens da

sociedade tecnológica, mesmo que esses parafusos dependam

de suas singularidades e subjetividades. Foucault (2001)

descreve o começo e a abrangência das normativas no tecido

e nas dobras sociais, assim:

“(...) essa emergência das técnicas de

normalização, com os poderes que lhes são

ligados (...) a maneira como ele se formou,

a maneira como se instalou, sem jamais se

apoiar numa só instituição, mas pelo jogo

que conseguiu estabelecer entre diferentes

instituições, estendeu sua soberania em

nossa sociedade - é o que eu gostaria de

*estudar*. ” (FOUCAULT, 2001, p. 31).

E qual o modo de produção da alteridade que pode ser

internalizada por esses jovens, além do medo – imoralidade

– e do sofrimento que lhes é facultado no caso do fracasso

ao se apropriarem da cultura digital? Quem é esse outro que

interage no Metrópole Digital? O que leva 16 jovens de

baixa escolaridade – número coletado no primeiro relatório

de evasão, ainda no início do projeto -, que convivem em

situações de risco na periferia de Natal, a largarem o

curso do Metrópole sem nenhuma explicação às autoridades

constituídas no projeto – professores, psicólogos e

técnicos de informática? Lembramos que esses jovens passam

por uma maratona de testes e entrevistas para serem

classificados e que são escolhidos por méritos, que também

são revistos na observação de seus perfis. Descobrimos que

alguns deles usavam a bolsa concedida pelo projeto de R$

161,00 para ir ao cinema e encontrar amigos no shopping.

Sendo, que ao observarmos o relatório não descobrimos

qualquer diferença entre esses jovens da periferia de Natal

e os jovens de outros centros urbanos. Estes são os mesmos

artifícios e as mesmas modalidades de consumo que são

empregadas por jovens de diferentes extratos

socioeconômicos em localidades distintas.

4. Contextualizando as novas demandas por cognição

A partir da década de 1970, um novo paradigma

tecnológico, organizado com base na tecnologia da

informação se constitui e passa a remodelar as bases

materiais da sociedade em ritmo acelerado. Institui-se um

padrão de descontinuidade na economia, na cultura, e nas

interações sociais, de modo que as sociedades passam a

manter uma interdependência global, caracterizada por uma

nova forma de relacionamento entre economia, Estado e

sujeitos. A economia imaterial ganha forma.

As tecnologias de informação e comunicação, entre eles

protótipos mecatrônicos e ambientes digitais, têm grande

penetrabilidade nas mais diversas esferas das atividades

humanas, de modo que foram sendo apropriadas pelas mais

diferentes instituições, com objetivos e usos distintos,

possibilitando a ampliação do escopo das transformações

tecnológicas. São os jovens quem codificam, descodificam e

recodificam produtos, protótipos e conteúdos tecnodigitais.

Essa relação dialética entre base (técnica, ciência,

produção e serviços/economia) e superestrutura (sociedade,

política e cultura) evidencia as conexões entre o

desenvolvimento tecnológico e as relações socioculturais.

Segundo CASTELLS (2008), o agrupamento dessas

tecnologias em torno de redes de empresas, organizações e

instituições formaram um novo paradigma sociotécnico, cujas

principais características são: a centralidade da

informação (tecnologias que veiculam, controlam e difundem

informação); a penetrabilidade dos efeitos das novas

tecnologias; a lógica de redes em todo o conjunto de

relações (sociais, culturais, econômicas e políticas, sejam

comunicacionais ou interpessoais) usando essas tecnologias;

a flexibilidade; e a convergência de tecnologias

específicas para um sistema altamente integrado.

Então o que caracteriza os princípios operacionais

dessa sociedade é a aplicação de conhecimentos e informação

para a geração de novos conhecimentos e dispositivos de

processamento/comunicação da informação, em um ciclo de

realimentação cumulativo entre a inovação e o uso, e não na

centralidade de conhecimentos e informação. Nesse sentido,

a veiculação da informação e do conhecimento na

reorganização das bases materiais são processos

inseparáveis. Diferente de GORZ (2004), que centraliza as

mudanças do sistema produtivo na autodeterminação do

sujeito em consonância com os saberes vividos e no

desenvolvimento da cognição, CASTELLS (2008) acredita em um

capitalismo informacional, que se registra na sofisticação

e abrangência das novas tecnologias.

[...] o fator histórico mais decisivo paraa aceleração, encaminhamento e formação doparadigma da tecnologia da informação epara a indução de suas conseqüentes formassociais foi/é o processo de reestruturaçãocapitalista, empreendido desde os anos 80,

de modo que o novo sistema econômico etecnológico pode ser adequadamentecaracterizado como capitalismoinformacional. (CASTELLS, 2008, p. 55)

Não existem contradições entre o foco analítico de

CASTELLS (2008) e GORZ (2004), ambos fazem menção à junção

entre as bases materiais e espirituais da sociedade, ao

tentarem compreender as transformações que ocorrem no

capitalismo tardio. Os autores deixam evidente que as

mudanças societárias não são apenas de ordem tecnológica ou

econômica, mas contemplam todas as esferas da vida social.

Desse modo, estamos diante de um processo em que as

inovações tecnológicas impulsionam a globalização da

economia, contribuindo para a transformação dos princípios

produtivos de bens e serviços. E transformam, também, a

reorganização do cotidiano na instituição de sociabilidades

agregadas ao sujeito, à cognição e a produção, originando

novas necessidades de formação social que atendam ao

deslocamento das forças produtivas para a economia da

cognição

5. Conclusão

Como outros autores que observam as tecnointerações no

ambiente juvenil, argumentamos que o que assistimos no

cenário atual é a incorporação das tecnologias em todas as

esferas da sociedade, facilitando assim a comunicação e a

interação entre pessoas e abrindo espaço para a interação

humana de forma colaborativa. O que apresentamos como

novidade é o cotidiano desses jovens sendo transferido para

o campo das interações como extensão dos novos processos

societários. Apresentamos, ainda, a história de fracasso de

alguns jovens que desistem do curso e da normativa de vida

com processos interativos pré-definidos, após transgredirem

na mobilidade que lhes é oferecida pelo projeto de inclusão

social: Metrópole Digital. Superamos, assim, a idéia de que

a ordem técnica transfigura e modifica, em um sistema de

mão única, suas sociabilidades.

Por outro lado, os novos princípios operacionais, que

se estendem para todas as experiências da vida humana,

entre elas os processos de apropriação das interfaces

digitais, também trazem em si uma nova mentalidade, a da

intelectualização do trabalho. O que resulta em preceitos

ideológicos, autocentrados, que colocam o sujeito como

extensão do capital. A identificação destes jovens com o

ofício torna-os produto – mercadoria – o que esvazia as

expectativas deles em relação às tradicionais formas

processuais de formação e de acesso ao emprego, mas não os

largam à margem do sistema produtivo. Muito pelo contrário,

as aquisições das habilidades e competências cognitivas

para o ofício são extensões de suas próprias capacidades

criadoras, expressivas e imaginativas, já vivenciadas na

cultura digital.

E como previu MCLUHAN (1969, p. 65), “chegará o dia – e

talvez este já seja uma realidade – em que as crianças aprenderão muito mais

e com mais rapidez em contato com o mundo exterior do que no recinto da

escola”. Dessa forma, a educação como processo integral,

como formação social, não só incorpora aspectos

curriculares, mas sim modifica toda uma vida do educando e

principalmente age fora do contexto escolar. A aprendizagem

dos conteúdos conceituais em aulas que envolvem noções de

mecatrônica, desenvolvimento de sistemas inteligentes,

automação e conteúdos digitais, torna-se um elo para uma

compreensão maior da vida, de autoconhecimento e de

possibilidades de mobilidade social.

No axioma que cria para estruturar os conceitos de

‘personalidade individual’ e ‘interação social’, GOFFMAN

(1985, p. 221-222) afirma que “quando um indivíduo se apresenta

diante dos outros, projeta uma definição da situação, da qual uma parte

importante é o conceito de si mesmo”, o que o ajuda nas interações

sociais e nas mudanças da realidade social, agindo também

na personalidade do indivíduo. Então, pode se afirmar que

os jovens atores pesquisados colocam como marcas de

apropriação nas interfaces digitais, aspectos de suas

personalidades já postas nas relações interativas de seus

cotidianos de jovens habitantes da periferia de Natal (RN).

E é inevitável que tal engajamento entre

autoconhecimento do sujeito, vida cotidiana e formação

social continuada em um processo de midiatização social

acelerada, requer mais mediações sociais para formar

sujeitos capazes de dialogarem com as imprevisibilidades do

que uma educação diferenciada. Projetar e fabricar

dispositivos mecânicos motorizados, desenvolver programas

de computador, a princípio pode soar como algo mecanizado e

sem contextualização com o entorno em que o individuo vive.

Contudo, quando o desafio agrega valores de

autoconhecimento e comunitários à atividade, a tecnologia

transfigura-se e passa a freqüentar o mundo vivido.

Alguns jovens aprendizes, que usam sucatas em suas

atividades, costumam trazer de casa ventiladores e

liquidificadores quebrados para reciclá-los e recolocá-los

em seus cotidianos de crianças que não consomem o último

modelo, mas que reinventam a vida, recriando sociabilidades

no entorno em que vivem. Dessa mesma forma, pode se pensar

sobre aqueles jovens que usam a bolsa do Metrópole Digital

para ir passear e consumir no shopping. O fato de eles

saírem da norma, não nos autoriza a estigmatizá-los como

fracassados. Pode ser que ao escaparem para ver um filme

eles aprendam mais sobre interações do que na experiência

de aprendizagem formal do Metrópole.

Talvez as tecnointerações, atreladas ao mundo vivido,

às sociabilidades tradicionais, extraiam do individuo a

capacidade de operar com resoluções de problemas, muitos

dos quais já estão consoantes com suas vivências, e com as

relações intra e interpessoais às quais compartilham. E

permitem, também, que o sujeito descubra outros mundos em

contextos diversos, o que o projeta para os múltiplos modos

de operar na sociedade atual. A junção da sociabilidade

tradicional – passear no shopping – com as tecnointerações

também o faz reconhecer um agrupamento de vários tipos de

saberes e inteligências na ação comunicativa.

É nesse sentido que a interação forma para as mudanças

societárias e para o capitalismo cognitivo. Ainda segundo

Gorz (2005), esse é um tipo de capitalismo que sobrevive à

debilidade de suas categorias fundamentais:

Agora, porém, a força produtiva decisivanão pode mais reduzir o saber a umdenominador uniforme, medido em unidades devalor e de tempo. O saber não é umamercadoria qualquer, seu valor (monetário)é indeterminável; ele pode, uma vez que édigitalizável, se multiplicarindefinidamente e sem custos; suapropagação eleva sua fecundidade, suaprivatização a reduz e contradiz a suaessência (GORZ, p. 59:2005)

Em discursos observados na ambiência da pesquisa no

Projeto Metrópole Digital, os alunos também demonstraram

que os conteúdos de matemática, mecatrônica e língua

estrangeira (inglês) estão presentes em seus cotidianos

através de experiências em que utilizam os conhecimentos

adquiridos em seu ambiente social de forma significativa.

Eles afirmam que estes conteúdos auxiliam na construção de

habilidades para solucionar problemas domésticos, como o

entendimento e o concerto de equipamentos eletroeletrônicos

de parentes e amigos, produzindo novas sociabilidades e

interações comunicativas. Há relatos ainda em que os alunos

creditam aos cursos de tecnologia da informação a melhoria

no entendimento dos conteúdos curriculares, como nas

disciplinas de Física e Matemática e nos relacionamentos

interpessoais, por meio do trabalho em equipe. No seu

conjunto, as experiências do Metrópole Digital mostram que

o desenvolvimento da cognição na ambiência tecnológica não

é um projeto demiúrgico da ciência Funciona como extensão

dos sujeitos que vivenciam a experiência da cultura digital

em todas as suas amplitudes, como: produção do imaginário,

de desejos, de sensibilidades, em suma, das subjetividades

que compõem a economia da cognição.

Neste cenário, também se podem constatar sintomas das

marcas cognitivas ou dos saberes locais que interagem com a

cultura digital. Estas são ressaltadas na construção de um

ambiente de aprendizagem que se preocupa em circundar uma

periferia e atender jovens carentes na iniciação à ciência

e à tecnologia como parte de um projeto de agregação de

capital cultural cognitivo. Estes jovens também respondem

pelas noções de diferença, de responsabilidade civil,

comunitária e de pertencimento, que estão sendo produzidas

em um determinado lugar, com específicas formações

discursivas e práticas, quando interagem em ambientes de

interfaces digitais ou quando fogem da norma para se

reconhecerem como sujeitos em um mundo em transição.

Coincidentemente, reside nesse lócus – na interação

entre sujeito e capital – a negociação das novas formas

simbólicas que marcam as transformações econômicas e os

produtos socioculturais na atualidade. Pensar a apropriação

das interfaces digitais em ambientes juvenis é estar

dialogando com identidades globais e periféricas, que são

ao mesmo tempo objeto e sujeito das mediações

contemporâneas. É nesse lócus, onde a informatização, o

letramento digital e a mecatrônica têm permitido produzir

cada vez mais trabalho imaterial, onde as metanarrativas

criam mundos de representações simbólicas, que surge a

metáfora do sujeito autônomo, do trabalho vivo. Seriam

esses jovens protagonistas de uma nova geração de atores

que encontrou na comunicação e nos processos de

transformação da midiatização uma nova forma de revalidar o

empoderamento dos sujeitos sociais – de autodeterminação,

criação e invenção - nas práticas cotidianas que os

produzem?

Mas é do reconhecimento analítico que existe uma

coalizão de naturezas distintas – arcaicas e tribais com

ambientes tecnológicas ou bens experimentais – a fundir-se

em um sonho recorrente, que ensina a colocar raízes, ou

seja: ajuda a definir a identidade do sujeito, seu

empoderamento social e as atitudes cidadãs nas interfaces

digitais. Por último, constata-se, que o que existe de novo

é uma primeira percepção de que há um novo imaginário

circundando o cotidiano destes jovens, que ao se

apropriarem da comunicação aberta lutam para se

familiarizarem com algoritmos, códigos e conteúdos digitais

na perspectiva de produzirem vida e mobilidade social em

ambientes periféricos.

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