ã? ^^^B^^j^^§JB_g^B__l^____S

52
He:^™^p\?ffi™lft8_w_*iSB.-.í^^HB^Bfip_^__BP' s^i^b B^^fl_ Hfl¦^^H ___p-$t!_____rVe'" -'-^"^^¦<.'-*fy.-_.¦.vsí*.*^'< .^x-.^xrvvvi^>. lífu __.* '',1'-iâ_____íV*,í'¦x-'__^___l^_^^^x :v ' *~V33__R^_____BPt?^"^ÍS-V* __B_Br^__B_B_^^^Sffi^_^__^_S____i __P¦¦'¦' -$v¦•¦'¦¦ ¦ P|~jw^S '^Ejft-íi ^^**!$Jj9PPVhBBPtPMÍxL '^af ^___r__P^ _BM%e'___'.-Is. ^& «ã? ^^^B^^j^^§JB_g^B__l^____S^'%'lj I § ¦ >_>_ ..x^--i-.,í_^^."-v: ¦ tj_8*f--i"v -,

Transcript of ã? ^^^B^^j^^§JB_g^B__l^____S

He :^™^p\?ffi™lft8_w_*iSB .-.í^^H B^Bfip_^__BP' s^i^b B^^fl_ Hf l¦^^H ___p-$t!__ ___rVe'" -'-^"^^¦ <.'-*fy.-_. ¦.vsí*.*^' < .^x-.^xrvvvi^>. lífu

__. * '',1'-iâ_____íV*,í '¦x-'__^___l^_^^^x :v ' *~V33__R^_____BPt?^ "^ÍS-V* __B _Br ^__B_B_^^^Sffi^_^__^_S____i __P¦¦'¦' -$v ¦•¦'¦¦ ¦

P| ~jw^S '^Ejft-íi ^^**!$Jj9 PPVhB BPtPMÍxL '^af ^__ _r __P^ _BM%e '___'. -Is.

^& «ã? ^^^B^^j^^§JB_g^B__l^____S^' %'lj I §

¦ >_>_ ..x^--i-.,í_^^."-v: ¦ tj_8*f--i"v -,

èãtf^X ¦• * yí — -

>i'lt_

'«y<«w*yffwi^ "mtím»m^^mBimm^mi»»M-^ • WMMflgnJ''^^^^; •-~::i "~ " -

j

Y.

t?

P'.

,..,.-¦ - ¦..-?—¦;¦¦ .•¦¦:¦..'• "¦¦

yy-y.yr ¦ yyy/--.^.ycyx^.:

'¦y/m/x/¦ //mm'////my-'C//m/xX ''//¦/ ¦//¦ "-"' ;::t ¦ .„.„... . ¦. c • "¦ '-' Y:;YY--^Y: ..;Y.,Y ^',;.,,•.¦..,¦¦¦:-¦. 'Ivyy- Y-yY-VY yC-C, X ':' ~.>íC' ......

'""'/ X"" . '

X,..X C- ¦//-"yyyy. y.. -¦¦¦ yy-yy-.yy- •¦¦-:•¦¦¦ ¦ :¦¦..¦:¦¦.¦:-¦ y y. . ¦¦ yyyy .. ¦• ¦ ¦¦y.-yy: ¦. '.'•- '"'"'""'¦¦'"-**«<'¦»?/?>/'..,y,„...y. y»,„ yy. ¦'-'¦¦¦•¦. yy

y. yyyyy.:xm.. ' ""'mmmy"' ¦ ^/yc y/X/m/y ''/:'¦.¦ -"•''. Y/-y;-;YY:--Y;YY''. :¦:,-.¦:..-:¦ ,. ^ .Y' ¦ §f.: fb

' ¦'•¦'•'. •¦;.' ¦.:¦¦:¦ ''["¦ 'yyyy . X Xm& 'X'y - y '":C- "'.'' yy -y /. "¦ • ¦¦CyXXy ''¦'¦' ¦¦-¦''"¦« ¦'•¦•¦• ¦<--y'"y--'-'yy-..yyyvyyywi*.twv-.yt<sy'.--. ....... .. IÉ> XiX.

:IE?:::>'';':'-- :i"m: / :W' ' Wm::t. 'yx-m:XmyA ¦¦/' -i -; * - -Y'2yYy.yy-¦¦ . :.• '•. • ¦ yy.y "¦ si*'/ Xyyyy..-'C'y y-yyy ¦ yyyyyyy. , X míCM, -yy-.cyyÇy- y- ¦¦'"¦¦':- '¦: '¦->¦¦,¦¦ '¦yyy-yyy :'YY>y ¦¦¦¦%' yyfWÊ?'

' ¦•¦•-¦:¦•¦ '>:-¦.'."¦'.¦ :'¦%?¦' ¦yyiyyy.- yy :.-.'¦¦::. iiyZyiZ:- '"¦: YíYY .Yí:'.''v . "".¦ '¦. .. y-.yy.Cyy. ¦' ''¦¦•-'¦,.. Y.-í ¦.;¦:,:-.;¦, •-,<¦¦ ...;.¦;..

«YYYY. Y:yHy .\YY,.;,Yy '-YY;::y;.. .'."Y."'" :' mm^/,/ -CXy,. y///m/.y'' '" ' »f' Iyy'T:.y-:.;^ ., ¦ , ., mm://-.

..:¦;; ;::;;.r:^:\::.; .:"\:. '...^áill: ° .."Syy:¦''''¦-¦ - ¦¦¦•' " v^ç^ yÍAv;¦/ ¦ '::/

'¦'/'¦' :yXy/m. '¦/.'.'¦'¦•-•'"¦¦'¦-'¦'.::''.•¦• 'mm^/yt/y/ '/¦¦'¦¦:'¦'''¦ "¦¦/'¦ ^&HRv . ;/.\ \< '¦/. /X /^^^^yií '•}'/

¦'"..¦'-'-'-¦ •' •',' 'yy. ',"¦'.¦¦", ¦"¦¦'*¦ ¦.'. Y"—/'" T ¦:'¦ < ¦ '¦¦:^' /

..-'-;,'-::^/.V¦.'.:,--'". '. -.-' -.-'.- -í,. -:"xY.¦;'¦":*':¦¦¦''';¦¦¦' ,-'¦ ' •'¦-'' ¦':. 'À;.-'; "-'W-' ";" '¦' '¦ '-'¦''" ^* "í-'-í* ¦'''"¦''¦ ¦ "•'''".-

,:.-.;;'..;";¦'. :"'..'.,;.;;'...'¦ .¦¦-.¦'.¦ ', '¦' Y.-, i" "Y ' Y' :".'. -; ¦'.' .'.'''.' Y'f ': YSÍYYSíY Y&'V' ••>

. '"

r

11 fe

v—/k^j í/^mmmm ^^>— m\)

Divirta-se, ínsfrúa-se, aprendo e aprovdte seu tempo, lendoALMANAQUE EU SEI TUDO, pam 1948, que está à venda emtodo o Brasifo

Por Cr$ 1 5,00, —- no país inteiro, —- os seus leitores conhece-rào o que há de mais moderno e interessante em todo o mundo e oque guarda, através dos tempos, a eterna beleza do passado.Ciência, arte, esporte, literatura, charadas, diversões, aconteci-mentos palpitantes, e um calendário completo para 1948.

•ATENDE-SE PELO REEMBOLSO POSTAL

SEM AUMENTO DE PREÇOPedidos à COMPANHIA EDITORA AMERICANA

Rua Visconde de Maranguape n.° 15 — Rio de Janeiro

EU I

2Z^________WW?F"***""'•'-'V..'TI3.!rf%..';.-_;¦,-.•;>_,..; " i ^çw^

y - ¦ as .1 /.cr-: / /-^^i^.^/* j />. *

16 \ rAisfc-.-

3; SP

yv* ISi

rONVERSANDO

EBAIXO DA LUA>L-

\ j

U me sentei sobre a grama, mas êle achou que não ficava direito e providenciou umacadeira. Depois comparamos as marcas de cigarros e vimos que fumávamos umaigual. Deu uma solidariedade muito grande. "Não tem cigarro por aí igual a esse",

me disse. Mas, eu queria saber o que é que êle íazia com cacos de vidro e papeis velhos.

Então me explicou: "Caco de vidro tem muita utilidade. A gente vende nas fábricas de

vidro. E papel velho também. Ferrinhos, parafusos, metais, tudo isso presta". E cem os

olhos cheios de sabedoria me informou: "Essas madamçts botam tudo fora. A gente cata."

pensei que tinha uns dez anos de idade. Estava de posse de quatorze. Os ombros eramresguardados por uma camisa fina. os braços magros se agitavam com movimentes muiledecisivos. Minha ignorância a respeito dos cacos de vidro o divertia. Tinha seis anos,

quando começara a sair por aí, muito cedo, de madrugada, por causa dos vidres e daque-Ias outras coisas. Pagavam-lhe a duzenios réis o quilo. Naquele tempo com duzentos réis

podia-se comprar alguma coisa. Ele conseguia sempre uns dez quilos de papel, vidro eferrinhos. Dava para a comida. Olhou-me com os olhos transberdantes de experiência.'Mas, hoje, hein, madama?" Comecei a rir com êle. "Mas, hoje, hein?" — repeti.

Deu uma saudade nele daquele tempo. Ficou olhando o amigo que estava junto"Esse

que está aí é engraxate". Então o amigo dele estendeu a mão e eu perguntei se

queria um cigarro. Não queria. "A mãe largou êle quando êle ainda era muito pequeno",me disse. 0 engraxate sorriu e me contou que depois ela havia voltado. "Passou dez anoslonge da gente. Voltou e deu uma moeda de um cruzeiro para cada um. Que adiantou?"— perguntou com zombaria. Realmente, era inexplicável. O outro se torci 1 de rir. Dalic pouco nós três estávamos atacados da mais sincera hilaridade. "Esse sujeito sempre foi.azarento", 0 outro tomou um ar resignado. "Se não fosse eu, êle amanhã nem ia iraba-lhar. Está sem graxa". Olhou o amigo com um ar protetor. "Mas, deixa que eu .ompro".

Puxou-me para um lado e disse que o engraxate perdia tudo no jogo. Eu quis saberque jogo eia. "Qualquer um", respondeu, "o que êle quer é jogar", lá tinha tirado o ami-go de oacia aperto! Mas estava acostumado. Toda vida íôra chefe de família. No tempodos cacos de vidro, o pai estava tuberculoso. Tinha oito irmãos. Cada um trabalhava deum modo. 0 mais novo, de quatro anos, ficava em casa com a mãe, mas também ajudava.Ajudava como? perguntei, ainda que com certa vergonha. "Carregando água, ué"!

Tinha muito medo de algum dia ser empregado dos Correios. O pai linha sido e ii-cara tuberculoso. Tuberculoso precisa comer maçã, pera, uva, carne, galinha, ovos, beberleite, tomar remédio e não fazer nada. Um perigo de doença. O pai tinha aquilo tudo enão ficara bom. Deu uma certa melancolia nele. Os braços amaram. O cigarro ficou pen-durado entre os dedos magros.

Todo o dinheiro apurado pelos filhos era consumido naquela luta contra a tuberculosedo pai. Ninguém tocava numa pera, num pouco de leite, num pingo de manteiga. Era tudodo pai. Nem o mais novo. Ninguém. "Que é que vocês comiam?" Êle olhou com benevo-lencia. A gente chegava da rua, tomava café, comia um pedaço de pão e, — pronto! —

ia estava alimentado". Declarou-me com orgulho: "Meu pai durou um ano o seis meses.Se não fosse a gente, não durava nem dois". Fiz que sim com a cabeça e procurei outrocigano. "Puxa,

que a gente passou cada aperto! Mas já íaz tempo. Isso foi quando euera criança!" E então me disse que agora as coisas estavam diferentes. Ganhava bastan-te. Gastava muito, porque ia sempre a cinema, comprava coisas, emprestava dinheiro.Oihou o amigo de viez. O engraxate fez um ar de quem deve, mas vai pagar. Queriaser jóquei, Estava treinando. O medo era que começasse a crescer o não pudesse pararmais. "joguei tem que ser pequeno", me disse, acostumado já com a minha ignorância.

r. magro . Magro já era, mas dava umas corridas diárias para evitar que as bannasaparecessem. O dinheiro dele vinha das "barbadas". Dessa vez me abstive de perguntar.Mas era tão importante, tão importante! Vivia daquilo. Afinal, perguntei. Éls cciucou onrmgo, começaram a rir. Não sabe o que é uma "barbada"? Não sabia. Se vocês que estãome lendo não souberem, convém que procurem explicações alhures. Eu me rirei como êie,Porque foi assim que êle fez e acho que é assim que se deve fazer, quando alquém nãcRahe o que é uma"barbada". Fiquei sabendo e é uma coisa bem interessante. Êle me

•> que, no dia que eu quisesse, me daria "barbadas" para qualquer páreo. Não

óquei Clube. Quase vivia lá. O engraxate ás vezes se desapertava com as "bar-cacas dele. Nesse momento da conversa, olhei para cima e vi que estávamos bem debai-

«a. Êle ficou alarmado. "Vamos mudar de lugar, vamos, que isso dá azar!" 'E

puxão advertiu o amigo. "Você saia já daí!" O engraxate deu um salto, eu apa-adeira, fomos para cutio lado. Depois êle íicou liberal e me ofereceu um guaraná.

;'si com a condição de pagar os sanduiches.

LÚCIA BENEDETTI (Especial para REVISTA DA SEMANA)

V

f ^><yM_^>^Mt_»a^^v_MOTÉfli'liit«-i "-—¦__.__. ii- SSSjp iwiÍIwmh*'' . _•— -—¦ — •

COLABORAÇÃO:Conversando debaixo da lua (Lúcia Be-nedetti) 3

A questão Lobo Leite (Viriato Corrêa) . 21

BIOGRAFIA:A vida de Renoir (Henry Thomas e Dana

Lee Thomas) 22/23

REPORTAGENS:70% das alunas de Belas-Artes são mu-

lheres! (Ney Machado) 6/10Será aqui o campo de batalha da nova

guerra? (Aldo MorellrKeystone) .... 26/29A volta de Vivien Leigh 18/19

CONTOS:As pantuías e as galinhas bovinas (PauloPinho) 14/15

Três chelins e meio (Winifred Holtby) . . 16A cocada branca (C. Bousfield Vieira) . 20Um pobre homem rico (Miguel de Una-muno) 24/25

CARICATURA:Bom humor 12/13

SEÇÕES PERMANENTES:A semana em revista 4O mundo marcha 5Música 11Gente de rádio 17Cancioneiro internacional 42Pelas estradas do céu 50Caixa de ressonância (Demóstenes Va-rella) 39

SUPLEMENTO DA MULHER:Nos bastidores femininos 31A personalidade da semana 32Intimidade 32/33"Slacks" 34/35Do guarda-roupa de Merle Oberon 36/37Sugestões de Laraine Day 38/39O espírito feminino através dos tempos .. 34Mães e filhos 35Muro das Lamentações 38Week-End na Cozinha 41

ILUSTRAÇÕES:De Orlando Mattos, Armando Pacheco,

Anna Zagorska e Abelardo Zaluar.

Figura hoje em nossa capa umasugestiva .pose da encantadoraartista da RKO Rádio, BarbaraBates, que, nos últimos meses, temlogrado ascender, no mundo ei-nematográfico graças ao sen ta<lento e à sua beleza. Os fãs têmrazão de sobra para admirar Bar-bara Bates e nossa capa de hojeé um expressivo documento de suabeleza.

Yb:b

!

ti

y

V.

gvjMtwr

;g^v7n. .3_íMw?sjsr___

\*Jmwv*

°S if

xm n ii.i g___3

gMJII^^

77-

M:.

A ALARMANTE DECADÊNCIA DO ENSINO SECUNDÁRIO...Quando se verifica que é permitido, é aceito, é "le-

gal", em suma, afixar num prédio um cartaz comos dizeres: "Artigo 91 — Todos os preparatórios emum ano", não se pode deixar de reconhecer nisso umíndice alarmante da decadência do nosso ensino se-cundárlo. O que acontece c que muitas pessoas fa-zem esses preparatórios de modo "facilitado", semsaber bem as matérias, e que nos exames vestibula-res acabam levando bombas espetaculares... Noestabelecimento de ensino, em geral, são tantas as re-formas, as trocas de livros, as complicações dos pro-gramas, que os estudantes acabam fingindo sabertudo, sem na verdade saber nada... Manuel Bandeira,o grande poeta brasileiro, que é também professor daFaculdade Nacional de Filosofia, Ji escreveu nas

"Crônicas da Província do Brasil" páginas escandalizadas, em que narra seus de-poimentos pessoais, como examinador de futuras professoras, na antiga EscolaNormal. As confusões eram enormes... em certos casos. Ainda agora houve ca-sos curiosos, em tudo quanto foi exame vestibular. Diz-se que na Faculdade deMedicina houve quem dissesse que "o esqueleto é uma das sete partes do corpohumano". Na Escola de Engenharia, foi uma vergonheira. De 630 candidatos,foram aprovados apenas 14! E isso com o máximo de boa vontade, •- pois asnotas já haviam sido reduzidas de 5 para 4... Na Escola de Engenharia, umdesses estudantes ignorantes, não sabendo dar a resposta certa às perguntas da

S___H

Mm\mmmmmmmtMmmmammmmmmnmmm\ nira

prova escrita, fez-se poeta gaiato e escreveu esta versalhada ruim, mas com ai-guma auto-crítica:

"Quanta "burrice" reunida!Quanta "besteira" a escrever!Nesta prova tão renhida,Quanta questão sem fazer!

A primeira já não saí:A segunda é mui banal;Quanto as outras, confessais!Só resolve quem é o "tal".

A escola se esvai ao longe,Pois que o tempo vai se escoando,Estudando como um monge...Passarei... mas não sei quandoI

Viva o vigia feroz!Viva a escola e sua grei!Viga a agonia atroz!Viga o "pau" que levarei."

Tudo isso poderia ser até mesmo engraçado, se não fosse triste, muito tristemesmo...

A CONFERÊNCIA DE BOGOTÁ E O DISCURSO DO CHANCELER DO*MÉXICOImportantes discursos estão sendo proferidos na

Conferência Inter-Americana que ora se realiza emBogotá, na Colômbia. Falou em nome do Brasil ochefe da nossa delegação, sr. João Neves da Fontoura.Falou em nome dos Estados Unidos o general GeorgeMarshall, responsável pela orientação do Departa-mento de Estado. Falou também o chanceler doMéxico, sr. Jayme Torres Bodet, que já conquistararenome internacional na Conferência do ano passa-do, em Petropolis. Foi um grande discurso um dis-curso marcante, uma série de palavras inspiradas edestinadas a alcançar grande repercussão em toda aAmérica Latina. Desse discurso, magnífico e oportu-no, achamos interessante destacar nestas colunas estetrecho, — e este simples fato fica valendo pelos nos-

sos aplausos ao chanceler mexicano: "Quanto ao sistema americano, o que digoé que a América está nascendo. Não limitemos com reticências mesquinhas aprodigiosa vitalidade do nosso Hemisfério. Há necessidade urgente do estabele-cimento da cooperação econômica. Não esperamos que coisa nenhuma nem nln-guém possa substituir-se ao esforço que cada um de nossos povos tem, por si

WÍMmesmo, o dever de desenvolver. Seria imperdoável deixar cada nação ao capri-cho do infortúnio e do isolamento, quando os esforços individuais nao alcançamêxito. O México não participa dessa tendência, porque sob o 60Üo da BoaVizinhança não poderíamos imaginar interdependência econômica que sig-nificasse perda de interdependência. O princípio do livre acesso às ma-térias primas, com a mesma igualdade do acesso dos bens da produção In-dustrial conveniente e justa. O ajuste dos mercados permitindo colocar os pro-dutos das nações débeis em condições equitativas. Assim meu governo preconi-zou que se reconheça como dever de todas as nossas repúblicas o prestar assis-tência econômica às que dela necessitam. Essa colaboração deve determlnar-semediante um conselho econômico e social vigorosamente renovado, com os se-guintes propósitos: outorgar ajuda técnica imprescindível para uma políticaeconômica bem planejada; combater a instabilidade monetária e contribuir parao financiamento, por créditos amplos, dos projetos nacionais que demandem In-versões a longo prazo. A união americana é urgente, para a nossa libertação eco-nõmica, pois uma estrutura inter-americana sólida não poderá erguer-se sobreeconomias raquíticas. Tenho fé na universalidade da Civilização e na Civiliza-ção pela liberdade. Essa fé constitui o escudo inviolável da nossa América. Man-tenhamo-la sem desfalecimento."

ü PREFEITO E OS VETOSNo ano passado foi discutido, combatido e apoiado,

de acordo com as tendências políticas de cada um,a questão da apreciação dos vetos do prefeito às re-soluções da Câmara Municipal. Vetado um projetode lei da Câmara dos Vereadores, cabe ao Senadoapreciá-lo_ forma consentânea com o que preceituaa Lei Orgânica. Vários edis protestaram contra a in-tromissão do Senado em coisas municipais, achandoalguns que isso tirava a autonomia da Câmara doDistrito, já que esta não poderia discutir em últimainstância a aprovação ou não aprovação das leis quepropusesse. O vereador Carlos Lacerda foi ao limitede pedir a sua demissão do cargo que obtivera comorepresentante do povo carioca, demissão que foi ho-mologada agora, com a reabertura da Câmara Muni-

cipal. Outras "vozes se levantaram contra essa medida e afirmavam que sem a vol-ta do veto aos edis, o prefeito ficaria onipotente, imperando, quase, acima do le-gislatlvo carioca. Entretanto, o que acabamos de ver desmente aquelas afirmaçõesavançadas. O prefeito não ficou de modo nenhum com a soberania onipotenteque lhe quiseram emprestar; Isto porque o Senado Federal, que ficou encarre-gado de apreciar os seus vetos, mostrou-se de uma independência louvável aodiscutir na semana passada vinte e sete vetos do senhor Ângelo Mendes de Mo-rais. Quatro vetos foram rejeitados totalmente, depois de longamente discutidos

e muitos outros tiveram vários dispositivos rejeitados. Os quatro rejeitados fo-ram os seguintes: 1) o veto do prefeito à resolução que suspende, por dois anos,a obrigatoriedade da construção de muros e passeios na testada de prédios eterrenos, na zona suburbana e rural (arts. 477 e 400 do dec. 6.000); 2) o vetodo prefeito ao projeto que estende à Cooperativa dos Servidores Públicos os ia-vores concedidos pela legislação vigente sobre cooperativas; 3) o veto do prefeitoà resolução que autorizava a abertura do crédito suplementar de CrS 40.363.80para pagamento de gratificações a servidores das repartições subordinadas à Se-cretaria da Agricultura; 4) o veto do prefeito à resolução que autorizava a obtero financiamento do Banco da Prefeitura para aquisição ou construção de imó-veis destinados à residência de ex-combatentes ainda não proprietários e per-tencentes aos quadros dos servidores públicos locais. Esses foram os quatro vetosrejeitados totalmente. Como se observa, o Senado mostrou que pode estar vigl-lante no auxílio dos interesses da população. Argumentarão alguns que vetos demaior gravidade não foram rejeitados, como o que regulariza o uso de automó-veis oficiais pela Prefeitura, o que disporia sobre a produção, beneficiamento,industrialização e comércio do leite no Distrito Fedçral e muitos outros. E' pos-sivel que tal tenha acontecido, mas o que é importante, é que o Senado provouque poderá ajudar em muito as pretensões da Câmara Municipal. A Prefeituranão ficará autônoma, com atribuições simultâneas de órgão legislativo e exe-cutivo. Caberá à Câmara Alta fiscalizá-la com prudência e honestidade. Se nãoo fizer, a culpa não será da Lei Orgânica...

Dlretor-SecretArto: R. MAGALHÃES 2UNIOB

ANOXLVil —PUBLICAÇÃO DE ARTE, LITERATURA E MODAS

A decana das Revistas nacionais. Premiada com medalha de ouro na Exposição de Turimde 1911 e os Grandes Prêmios nas Exposições de Sevilha e Antuérpia em 1930, e naFeira Internacional-de São Paulo em 1933

ASSINATURAS PARA O BRASIL E AMÉRICASPorte simples: Um ano — CrS 90,00; Seis meses CrS 45,00Registrada: Um ano — Cr$ 110,00; Seis meses — Crf 55,00

ASSINATURAS PARA O ESTRANGEIRORegistrada: Um ano — CrS 200,00; Seis meses — CrS 100,00

O numero avulso custa 2.00 em todo o Brasil; atrasado, Cr$ 2,50Visconde de Maranguape, 15 — Endereço telegrãfico: "REVISTA" — Rio de Janeiro

Tels. — Gerência: 22-2550; Secretaria: 22-4447;Publicidade: 22-9570; Fotografia: 22-1013; Portaria: 22-5802

Corres, na Bahia: J. Machado Cunha, Av. 7 de Setembro, 149, Cid. do Salvador, BahiaEM SAO PAULO — Vendas na Capital a cargo da "Agência Zambardino", à rua Cap.Salomão, 67 — Tel. 4-1569 — Publicidade a cargo de Jarbas Galvão, a rua Brigadeiro

Toblás, 613 — 2.° andar, sala 217. Telefone 8-6718

N.° 15— 10-4-48TEM AGENTES EM TODAS AS LOCALIDADES DO TERRITÓRIO NACIONAL

fqEw^tS?ÍÍIAQNTES ~ Nos Estados Unl*os da América do Norte: Aguiar MWJJJÇ

r««« ^4ítílPotí"eert' New York Cit?- N. Y. Na África Oriental Portuguesa- D JpanosÍÍb2,,n oi* o4^!' TLouren.° Marques. Em Portugal: Helena A. Lima, Av. Fonte» Jjjjífdíí tt 2 dt;f LÍ8boa- No Uruguai: Moratorio & Cia. - Constituyentes, 1746, Montevldeu. Na Argentina: "Inter-Prensa" — Florida, 299. Tel. 82. Avenida 9109, Buenos A^

Propriedade da CIA. EDITORA AMERICANA - Diretor-Presidente: GRATULIANO BRITOOi trabalhoi assinados são de responsabilidade doa auto:es

ESTE NUMERO CONSTA DE 52 PAGINASO corpo de colaboradores da REVISTA DA SEMANA entá organizado. Só PJ**^,colaboração lolicttada pela redação. Não nos responsabilizamos P«la devolução

origina]*, m»*mo craazsdo não publicado».

*U*IHÍ3MBM*iMM

77 nAAMAmm». i—MS*""'¦"" WMWMM— "»t^«^'*>'^-*'"^i««^*^*.«iilWr<'rii*^»»««WM»iwMM»,,,^.M.-..,M^ M[rm f,t| „,___ .

A senhora Roosevelt pediu demissão da O.N.U., por não estar de acordo coma partilha da Palestina. Enquanto os membros da O.N.U. opinam pró ou contraa divisão, centenas de árabes e judeus morrem todos os dias na Terra Santa. QueSolução!... Em New Haven, Estados Unidos, uma águia chocou-se com um avião!derrubando-o e provocando a morte de seus cinco passageiros... Pittigrilli, ofamoso romancista fosconino italiano, foi um dos poucos intelectuais a abraçarardorosamente o fascismo. Com a queda deste, viu-se no ostracismo e no repudiouniversal. Agora, notícias de Buenos Aires informam que Dino Segre (Pittigrilli)renegou suas cinco primeiras obras por serem céticas e materialistas. O

"autor

de «Uma loura dolicocéfala» declarou ter encontrado Deus e espera que sejaperdoado tal qual o foi a pecadora Madalena... Os Estados Unidos estão estu-dando a convocação de duzentos mil homens até o fim de 1948. Os veteranosainda não foram totalmente desmobilizados e os governos já se aprestam paraa nova hecatombe... Transita pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmaraum projeto de lei do deputado Café Filho, segundo o qual os jornalistas sópoderão ser presos em sala especial do Estado Maior do Exército, até que oprocesso criminal passe em julgado. Antes lá que na Polícia Especial... EmBuenos Aires, num jogo de futebol da Liga Independente, o juiz Salvador Naredomarcou uma infração que não agradou a um dos «teams». Torcedores e jogadoresaliaram-se contra o pobre juiz e o espancaram até matá-lo. E ainda se queixamdos torcedores cariocas, que só têm coragem de atirar uns tijolinhos na cabeçados árbitros... Informa a Secretaria de Agricultura do Distrito Federal que estãosobrando quinhentos mil quilos de carne nos frigoríficos da cidade, e que aprodução já supera o consumo. Conversa de Armour, Swift e companhia! O queestá faltando é dinheiro para comprar carne de primeira no câmbio negro...Durante a travessia do bondinho entre os morros da Babilônia e Pão de Açúcar,o empregado Cândido Madureira perdeu o equilíbrio quando esticava um fio deluz, por cima do funicular, dcspencando-se lá do alto e caindo junto ao mar. Veioa falecer depois de internado no Hospital Miguel Couto. Há pouco tempo fizemosuma reportagem sobre as precárias condições de vida que levam os empregadosda empresa exploradora, na qual recebem salários baixíssimos. Qual o montantedo seguro que receberá a viúva do operário morto?... No Pará quinhentos índiosinvadiram uma aldeia de garimpeiros próxima à Cachoeira de Itaboca. Não houvemassacre nem escalpelamentos. Os selvícolas, que ainda não importam conservasamericanas, tinham apenas fome e, como presa de guerra, carregaram os man-timentos dos garimpeiros. Como se vê, não é só o carioca que luta para obtero seu feijão! A crise dos estômagos é geral... Segundo notícias de um vespertino,o pároco de Grajaú resolveu modernizar a sua igreja. Abandonou o arcaico badalardos sinos e chama o pessoal para a missa das almas com o estouro de grandesfoguetões. Os fiéis não concordaram com a inovação e vão se queixar ao bispo...O negociante Antônio de Souza Dias entrou num bar da rua Clapp e pediu umacerveja. Tomou o primeiro gole, achou um gosto esquisito na boca, olhou ofundo da garrafa e viu um... camondongo! O freguês sentiu tanta náusea quefoi parar na Assistência. A imprensa não revelou a marca da cerveja. Teria sidomarca «Rato»?... O presidente da República proibiu até segunda ordem as expor-tações dos gêneros alimentícios. Muito bem, senhor general; a fome é grandena Europa, mas Já provou o ministro do Exterior da Colômbia, em discurso pro-ferido na Conferência de Bogotá, que vários países sul-americanos estão emregime de sub-nutriçâo mais precário que os europeus... Mais um «tamborete»abriu falência. Desta vez foi a Casa Bancária Lage & Cia., que não conseguiudescontar um cheque de com mil cruzeiros. Os banqueiros (?) Renaud Lage eRubens Rodrigues de Carvalho desapareceram... Um fato extra-programa esurpreendente aconteceu a semana passada no Teatro Serrador. Um indivíduo,vítima de perturbação mental, ao que se presume, durante a representação dapeça «A pequena Catarina», que via pela quarta vez, na interpretação de BibiFerreira, subiu ao palco e, sem mais aquela, avançou contra a jovem artista,tentando estrangulá-la. Preso pelos atores e empregados, com auxílio da Rádio-Patrulha, foi conduzido ao 5« Distrito Policial. Foi a segunda vez que o lunáticointerrompeu a representação da peça, tentando investir contra a «estrela»... Doisvaliosos quadros, «Paisagem», de Corot, e «Cabeça de menina», de Renoir, ava-liados em 800 e 1.000 libras respectivamente, foram roubados de uma galeria emLondres. Não se preocupem os adquirentes. Brevemente centenas de «legítimos»«Paisagem» e «Cabeça de menina» estarão à venda... O mecânico Pedro Marti-nengo, de 67 anos, vive maritalmente com Marilza de Souza, de 17 primaveras.Marilza cismou, certa noite, de entrar em casa com dois homens (na certa, paranao se repetir a história do célebre «triângulo»). Pedro, cheio de ciúmes, abriuo gás e saiu de casa. Resultado: toda a vizinhança foi socorrida, vítima de into-xícação... Falou-se muito em intervenção federal em São Paulo, para coibir aschamadas «loucuras do Ademar». Mas o ministro da Guerra, general Canrobertaa Costa, que lá esteve como «olheiro» presidencial, garantiu que o governopaulista está integrado na mesma linha de ação do Catete e que o sr. Ademarde Barros está identificado com o governo federal. E agora?... Num acesso dePaixão, Valter Ribeiro de Souza Aguiar assassinou a esposa, com punhaladas,uma das quais no coração. Preso, declarou que a principal responsável pelatragédia conjugai seria sua sogra. d. Lúcia Barata do Nascimento. Esta, contes-tando o genro, afirmou que o uxoricida abandonara a esposa seis vezes durantesua vida de casado... O sr. Guilherme Romano, a quem o povo deve tanta gra-

dão Ppla sua ação enérgica e honesta à frente dos «comandos sanitários», foiremovido para o Distrito Sanitário da P«nha. E está respondendo a um processomovido pela Prefeitura, relacionado com a sua demissão... Estreou «Anjo Negro»"o Fênlx. com o sucesso resultante da propaganda gratuita que lhe fez a CensuraTeatral... Continua o êxito de «A pequena Catarina», no Serrador, caminhandoPara o tercoiro mês de representações... Esta semana, a 9, estrearão Dulcina eOdilon, no Regina, com a peça de Jean Cocteau «A águia de duas cabeças»...Jaime Costa prepara uma sensacional «reprise» de «Carlota Joaquina» no TeatroGlória... a praça Tiradentes vai estar movimentada, com as funções simultâneasae Chianca de Garcia, Dercy Gonçalves e do mágico Fu-Manchú... Por hoje é8ó... até sábado...

rgMritWBa^MttjMttiaw-nir^-m^^ —MU

Estomago SujoAs vezes, sem saber

porque, sente-se de re-pente grande abatimen-to geral, aborrecimen-to, moleza, indisposiçãoprofunda, mal-estar emtodo o corpo, preguiçapara fazer qualquer es-forço, até dores e pesono estômago, na cabe-ça e no ventre; em-fim nâo se tem vontadenem coragem nenhuma de trabalhar I

Sempre que estas perturbações apa-recém assim de repente, deve-se tera certeza de que o estômago e intes-tinos estão muito sujos e cheios de ma-térias fermentadas e tóxicas, e nesteVentre - Livre,graves.

mesmo dia convém usarafim de prevenir complicações e moléstias mais

Um ConselhoEvite as medicações violentai

e debilitantes I

Para tratar racionalmente a prisão de ventre, use Ventre-Livre.remédio brando e suave, que alivia, limpa e tonifica o esto-mago e intestinos e exerce uma ação muito salutar sobre asfunções do fígado.

Todas estas qualidades é que fazem com que Ventre-Livreseja largamente usado em tão numerosos e importantes países.

Use Ventre-Livre

AOS NOSSOS LEITORESTerminada a segunda grande guerra, todos espera-

ram, para logo, um período de desafogo e facilidades,o que, infelizmente, não aconteceu: continuaram su-bindo os preços dos materiais e da mão de obra, E nãose restabeleceram as facilidades de outrora, no to-cante à obtenção das utilidades.

Vamos, porém, oferecer ao nosso público uma"REVISTA" com maior número de páginas e confec-cionada com melhor material, embora ainda não sejao que desejamos fazer. Mas isso não seria possívelao preço de Cr$ 2,00, motivo por que, a contar dopróximo número, — 17 do corrente, — este semana-rio custará Cr$ 3,00, em todo o território nacional.

Não é lícita a venda por preço superior ao queconsta na capa, de vez que aos agentes a "REVISTA"é fornecida com o necessário desconto.

O NOSSO CONCURSO DE CONTOSREVISTA DA òEJVIAKA" ESTIMULA A£> AFT1DOES L1TEKA-

lÜAd DUb JbJLUb l.í__'1UKJ_<_>ao suâv «ccikww — «wv».— «>«».

|»*V*éV WV iiUi^Vi-ttV

WV^«-»b-wU US.1

.-..4» j_>A abJ_ui>k víium.

—-«-t»-w«- iWà«v4U) |»mwm_fa uiAvw-i •-. ww_k

MfcMfcV w** Mt-Ofc -XJ-t_> t --^.Ol»

»^_.-v.-_»-*_,0 ... _ 4^x*_m — A icu«vou u«. ihj»iwía M^jn. iMuuuia -_*v _» .......... —^-.. ^ ét-^^.CAi^l-lAS «wu-t. «_-«* wwubvfi aw^vAWUaut/« vrt* tr-i-_ ¦rfM.-VI.'tit_r_fd_ fc*431ts ^mwmv«tu». wiWUÍ ""OU VUUUWUU., »~Ut"Uu UO 0CIU» atltlUl.», _« UiUUUI —¦-¦¦•¦?v-r _« y _~^«-«.v,A„ , ,.v,.»iâ.

i»l# pagino jjoi vi* t/u&uu, uob xu_«re* cm «juc «-UVeituu« — o contos «uDineUQo* « cttie concurso devem ier nu mininui _.•«* £o__u aat.Mjtft*

fadas, tipo oficio, em espaço dois, e no máximo oito folhas.— Os autores devem escrever o seu nome e residência na folha ae roato da conto

e na pagina final do mesmo. No caso de usarem pseudônimo e o nome verdadeirt» cataserá utilizado apenas para efeito do pagamento do prêmio. I' desnecessária a remessa daquaisquer cartas encaminhando os contos, bastando a declaração rw> enveloo*"Concurso Permanente de Contos de REVISTA DA 8EMANA"- Ab característica* dos conto* selecionado* devem «?- rtramatlcldaru ir>t*-**_»humorístico • oltor-sco da narrativa, qualidades literária» do #*H1o ^Helnallrtad* «teO* concorrentes devem nrocurar acima d#» tudo. a eorree*o na «ImoHrHsde fustnrto »rlujyar comum e à banalidade Nio é aconselhável desenvolviam Ut#r_r1am*mt* an*dotas!™ T™*

w<" ¦nedofa' "¦•» * "«mio. O gênero tara características próprias • mas pe^aMa-ridades devem ser respeitadas. ^^ v**»*um

'O

-::M

f-^_L

£.... ,.;•

¦^í-timgmmxíátiim^fihmejrçwjraSílSgáRçt

Na pagina à esquerda: a aluna Sebastiana Bueno queixou-se também dos rapazes que cheios de preconceitos ou de malícia teimam em olhá-las de um modo dúbio -««'^ZSZTdS^ T"" 7m"T ,""l,,US

* '""n f""55° "«*"* ' "m"CCt"al" - <,ISfe-"0S «*' Nes,a "^na, en, cima: as tLLDagmárB.Sn«ela etbor oes ,1 ?,„,? co"formaÇâo

d° b^0 e ante-braço do modelo. O estudo da ENBA, para os que o levam a sério, não é um simples passatempo de"Z\? AS

"]TS ^ ° comPenetradas tl0 ™lor «a profissão de belas artes muito mais do que o Julgam os homens. Se estes não tomarem cuidadoxarem continuar essa diferença do número entre mulheres e homens matriculados, dentro de um decênio elas terão suplantado os seus colegas nessa profissão.

- "filesSebas-enchere dei-

70'/. DOS ALUNOS ARTES MULHERES'/%ESTARÁ EM DECLÍNIO O TALENTO ARTÍSTICO _

MAGADA PELA TIRANIA CONJUGAL? — PORQUI OCRESCE O NÚMERO DOS CASAMENTOS ENTRE ARTISTAS

Reportagem de NEY MACHADO &

ENS? — ATÉ QUANDO A MULHER ARTISTA SERÁ ES-~ BURGUÊS ACHA "FEIA" A PROFISSÃO DE PINTORA,O DAS VOCAÇÕES FRUSTRADAS — APELO AOS NOIVOS

Fotos de ARNALDO VIEIRA

A

mulher tomou de assalto a Escola Nacionalde Belas Artes. Desde alguns anos, coinci-dindo com o avanço do feminismo em quase

todos os setores profissionais, a E.N.B.A. vemtendo cada ano que passa um contingente cadavez maior de alunas. Atualmente, setenta porcento dos seus estudantes são mulheres. Até aínada haveria de curioso se não fosse o contrasteque existe entre o número das mulheres que estu-dam artes plásticas e o das que .se dedicam, após0 longo aprendizado, à escultura, à pintura, àgravura e às artes menores. Como se explica queaPós cinco anos de estudos diários, quando algumasvocações feminis fazem prever uma artista de mé-rito, desapareçam quace todas, subitamente, naVlda prática? Será que as moças da E.N.B.A.Pretendem aprender pintura ou escultura por <sno-bismo» ou simples diletantismo artístico? O nú-mero de Pintoras e escultoras em atividade é redu-Zdíssimo, ao passo que o número das estudantes

rês vezes maior que o dos seus colegas rio sexoor 'c Faltará «elan» às moças estudantes ria

•i ..b.A. ? Essas perguntas, reepondirias super-cialmente, por alguém que não estude a fundo

a Posição da mulher na sociedade brasileira, pro-

vocará as mais desencontradas respostas. Algumasaté mesmo desabonadoras para a inteligência damulher brasileira. Resolvemos investigar o apa-rente paradoxo com maior cuidado e chegamos aum resultado diferente. No seio da família bra-sileira — em geral ainda presa a uma série depreconceitos medievais — a profissão das artesplásticas é uma das mais desacreditadas do mundo.Pintor ainda é para muita gente sinônimo de po-bretão e farrfcta. Se um filho tinha a loucura deestudar pintura, era muito triste. . . «Mas. . . quese havia de fazer?» — diziam os «velhosN>. Eradono de sua cabeça e pagaria pela sua falta dejuizo. Mas, ainda hoje, se a menina deseja estudarseriamente pintura ou escultura, a família consi-dera o seu ato como um dos sete pecados mortais.

CAMPOFIORITO LEMBRA AS PIONEIRAS

Quirino Campofiorito é um dos grandes batalha-dores em prol do incremento das artes plásticas

. «£—>Dona Sarah Formentl conseguiu conciliar os seus deve-res de bra dona do ca^n com os de boa pintora. Cuidacom igual, carinho do lar, da filhinha. do marido e daspulhetas. Isso prova quo a pintora pode continuar em

atividade mesmo depois do "conjugo vobis'.

»\'r v ~" s vi*?1 ¦ix;r

ÉS WÊÈÊmmÊÊÈM <^flHH|sPI ¦

aTliSa»?A 'A' Í^SÍSSÍIsP S^^^^B^Í AXisM^S»^1 -A !x xvjx^

¦ "aS»'B ¦|;«?a:a,í1. jm m ' va lr^mm ¦•¦ . "¦¦ m ..ièm»vMm K > ¦¦ > ' WHUgB v Ai,; " .t^H

wk' I'-'~'wmm$ i Jl^* %m. .fW . -"j/p. ^¦^SBBBL ** ¦ r '^IhF^ - ^fÜ^Sé ^A09tãm ''^^WSSmW ¦ wk :v7 ' tmm

mX \ 1 W^mí(f^SÊÊ^:ÉÊÊ^^^^^ÊÊ:!«¦ «HB1 1^i$3$8Êíg§!ÊÊ®s£&j®^:iii . ' •• '"fsSSSIBMM^BSMMK^s^í^^Si^mEiSKIa'SRh^ ¦ 'tmqjJHHB %~:'¦¦

!¦. > .•;¦: .¦;:>:-'¦-' .-í':..'¦ - :C^>:>m>l&-fmm->:N.^TT.":^STffjy^BPE@WW

'¦"'«ISl

'íÊÈVíMM

Wm

. ¦:>íí38H

m

,<*^9Blv^ffiHH

xx~:

'..í

f>m

¦¦ ::,k

mm

'ViíM E

. íy -

''¦ 'fflí

¦ i"¦¦fle

fi

%

?àzy

mW.

Em cima, a aiuna Maria Teresa Jordão Vieira desvenda o mistério de uma caveira de bnrre. Flagrante tomado na aula do professor Galvão. Hm baixo, ontra aluna da Escola Na-cional de Belas Artes, fotografada durante a aula do professor Augusto Bracet. Em todas as Mifasr de aulas, corredores e dependências dessa Escola constitui maiori i o elemento fe-minino. Certos alunos acham que isso não é motivo para susto e dizem que grande parte das moças estuda pintura e escultura por diletantismo. "Nós, os homens, seremossempre os "tais" das artes plásticas." Entretanto algumas dezenas de moças estão prontas para mostrar que elas também têm (Lreito a um lugar ao sol neste setor. Veremos, mais

tarde, quem está com a razão...

A<Ciíti.o

,^I^^^sS__^^^m_^--^^^^^^^^l^^^^I^^^^^j^^mS^i. Wm ¦ Pf^ ^31 H^P $sfl ¦

gS3_^l_l e .^_r:^ a __¦ W '¦• fl BÜr ' fl I_í3_i ..ImlP^ ^^^çg^g^^-e;. ^» WÈÊ $¦

H^8P'$-- immSBÊ^ 1 11 jm WÊM I&áHrHpÍ£fl_Ml!t' ^BrW^!:^WÍÍ^B^ÍI ¦ " :PM|B^ - W^^Ja_^|^^rg^^m^- r " ^^«B f^mmmmÉ

v&f?*-*'' _ü_l ?lfe. •- iflflfcy'¦ ^___bP^3_1b__i^ -***£«. ¦'^¦^^^¥-^?'s^_PreCT^__.lMB-^^'^ -»_*_¦• ¦';;-: '__H^_ã____BÍ Bi h*

«3P1

¦smám ...sã

$8lí_*__aSvMü-'- W_^^feí-M#^ilffl^l.ill___BaB-- ¦ - ''-¦ ¦^______Htfli____l_.y 'mBsS: y -s;^mmmWi wMPMm mmmuMMMmMiHp;^. .. ¦¦¦-¦:í'-;'«__BV'' ' -" -''i9il___f___-__-_-___^^^^H_-^_-_-l_-_H

í SMw^^-Viaí; ¦••"¦'' '¦'i3_lBH_B_A'-¦"••'• - í-*M*^"íí..wft rw. S_BM__M_r'pBligl^ ^Sm%//'--^^Km'" 'y:-WmWmmW: ' ''B_ISl'"l__H-Pl';;_H_H___^___n__H___-____ra_Í9^Iw

M_H

:-i: "...

...*__¦'..:..'.C"',C',.: „',.___'_ atwaaww^.!^w?^iRr«v.r.KjR»^«^!i»

'i'AWÈMíMZZí/SÂ'3$ffl&

Jmm\m4t^m\\

imwmmmmm

AÊSt

$ipiiiii§i

¦Ipii11

^W

¦ ¦¦¦¦ ' -¦¦ ¦'¦•¦¦- yíími

<:__É3-Í_É_i '%TSlS* " ffí

í__mhWll_r

Jll|§.: A AyAs%¦ ¦ - yf

Am¦ r&$8$8m

2_HSI

_k --k^Ü8ü_ ''..yWmM

...v ... íPgmí:vX^A5W/.-»*^-:í-S«_!èS_S_S«

:-:¦:¦:¦:¦:-:¦:

*5-í.;í

&$_¦.¦;-:¦:¦!

Ao alto, ã esquerda, a aluna Natãlia Timberg. A direita: a aluna Esther Neiigroschel. füha de poloneses, estuda e aplica os seus conhecimentos em um estabelecimento comer-ciai de modas, desenhando vestidos. Uma das opiniões de Esther é que a diretoria da EN JA deveria substituir os modelos de nus, sempre os mesmos, desannônlcos e anti-esté-ticos, por tipos populares interessantes, como jornaleiros, velhos vendedores, mendigos, etc. Em baixo, à esquerda: Zayda Daltro de Lemos fez esta promessa ãoiene: — "Sei queo casamento impede muitas vezes a continuação da nosí_ vida artística. Se não. encontrar um noivo compreensivo, prefiro ficar solteirona..." À direita, a caloura Irtondina

Rodrigues da Paz que ainda não sabe dos problemas da mullgjjg nas artes. Mais tarde ela dará a sua opinião.

wmf¥'¦¦'"'

i, %y,llilliliii

IImmÊÊÊÈÈÈÈÈÈ

MWM \'XP'\'SiÊÊÈmWÈÉÈÊÊÈI^m

WÊÊÈÈÈÊÊÊÊÈÈsÊÊÊsm

ÜP^^^§i__P^Íi¦tf, "3H

Í":í3

AlÊÈÊÊSÊm IIMmàv

Jllff

j6-<;

¦y-:í

_|Ipll

.**.< * ' ..;

«t^a*»«,f^^~'"c.i',r!Ç??T*'v >:í;ri™.il «MM*7*

¦».,; * ^^i^.^&íííívi^S-SÍB * "íary^ !J^y^^^^^^^S^y:'^^^^^^^y\^^:'^ ¦i§3_> ¦'.'¦/SER lifJKfajlJBjKB^ ^^^^^^^^^^w^^^^wi^^^^^§JSy'''^R '&T&3

_Bl3í ÍBkPl^'''' ' ¦. , ^^^mfmuéÊÊÊÊA'. "'"vriy3

m5j_1!_Hb_b :''iM_fe' ''il la^^ ^r<'^_H«i Bk «i -flB __K Js» '!::'->/'-. ::»—R^ilWW WT'^1

",ía

Dona Georgina de Albuquerque, a van^uurdrlrn das mu-iberos no setor das artes plásticas brasileira!?. Vem pi»*ando continuamente desde 1912, quando expôs pelaprimeira vez no Salão, após ter completado cinco unosile cruzeiro artístico pela Europa, prêmio que ule f^ •conferido pela Escola Nacional de Relas Vrtes. lia vinteunos atrás muita gente duvidada que os quadros assina-dos com o seu nome fossem realmente de sua autoria.•< 3»

como fator de cultura cia nossa mocidade. Pintorvárias vezes premiado, lutou com todas as suasforças pela redemocratização do Salão de BelasArtes, quando o mesmo esteve por vários anos su-bordinado aos caprichos do sr. Osvaldo Teixeira.Professor catedrático da E.N.B.A., está a par daluta da mulher neste setor. Êle nos relembra osvelhos tempos:

— O artista, em geral, não merecia muita con-fiança da classe burguesa. A arte nunca deu di-nheiro. Reconheciam-lhe o talento, mas nem porisso deixava de ser uma dor de cabeça para asfamílias de hábitos tradicionais. Quando a mulherentre nós, quis tomar a sério o estudo da pinturae escultura, sofreu da sociedade tudo quanto sepossa imaginar. Ironia, descrédito, — e pouco fal-tava para que a pintora fosse considerada comomulher sem princípios e sem moral. Lembro-mede que Anita Malfatti e Tarsila do Amaral, as duasmodernistas que, em 1918, revolucionaram o meiopacato de São Paulo, sofreram as maiores ofensas.Até Monteiro Lcbato, o vanguardeiro de hoje, nãoacreditou na sinceridade de Anita Malfatti, e pu-blicou um artigo desancando-a sem piedade. Entreas bandeirantes que continuaram a lutar nummeio hostil e sem esperanças de compreensão, me-rece destaque a figura ímpar de Georgina de Albu-querque, que pode ser considerada como a pioneiradas artes plásticas no Brasil. Ganhou o prêmiode viagem à Europa como aluna da Escola Nacio-nal de Belas Artes, em 1907, se não me engano,e cinco anos depois expunha com sucesso em nossoSalão. Algumas outras apareceram naquela época,como Regina Veiga e Maria Prado Ferreira, masnão continuaram. Georgina de Albuquerque con-tinua até hoje pintando e lecionando na Escola. Seucasamento com um pintor, Lucílio de Albuquerque,ex-diretor da E.N.B.A., de muito lhe serviu paraque pudesse prosseguir sua carreira de artista.

O CASAMENTO ENTRE ARTISTAS

Se a moça consegue vencer a barreira da oposi-

ção familiar, ou se encontra pais cultos e compre-ensivos, está tudo muito bem. Matricula-se, cursaos cinco anos de estudos, aperfeiçoa-se. Na horado noivado vem o grande dilema imposto pelo noivo:ou eu ou a pintura. Quando o noivo não diz nada

antes do casamento é porque está deixando paradepois a pressão contra as atividades artísticas da

esposa. Raro é o marido que, não sendo artista,deixa a mulher se ocupar como semi-profissionalda escultura ou da pintura. Vários argumentossão usados pelos maridos do «contra»: que ela pre-cisa cuidar do lar, dos filhos ou de «coisas mais

sérias». Seriedade para alguns homens não secoa-

duna com a pintura de nus ou participação da

esposa em reuniões de artistas. Uma das alunas

da E.N.B.A., Zayda Daltro de Lemos, disse-nos

textualmente:Eu sei que o casamento no Brasil ainda é um

entrave para as mulheres artistas. Conheço u

porção de casos de alunas da E.N.B.A. queram de abandonar os pincéis c o buril por imp

sição dos esposos.E concluiu, depois, com convicção:

Por isso, já decidi. Prefiro ficar solteirona e

continuar estudando e realizando pinturas.

(Cont. na pág. 50)

-<- ~23?"

Man^lHaydée Santiago, pintora, casada com o pintor ^Santiago, forma ao lado de Georgina Albuqnjfl' •

fljíina Veiga, Sarai. Formentl, Anita Malfatti. Ta (10

Amaral e algumas outras no batalhão das qu ^^^mantendo ativas no Feu trabalho, apesar do n ^

Usino de muitos, da prevenção de outros e '!=» falguns.

I<*

M'±Kj-^'^fmimt:tftími¦-/•'

S TEMPOR Cl"ÊLE CANTA BEM. . . MAS FALA MAL. . . DA VIDA ALHEIA" — UM REPER-TORSO RENOVADO — MALAZARTE, DE CAMARGO GUARNIERI — DFCLA-RAÇÕES DO SECRETÁRIO GERAL DO TEATRO SCALA DE MILÃO, SR IUSG1

i OLDANIDe ROBERTO LYRA FILHO (Especial para REVISTA DA SEMANA)

S intrigas da corte levaram ao conhe-cimento de Luis XIV que certo can-

tor, seu protegido, fizera referências

pouco amáveis a determinado aristocrata. Orei, entretanto, não se zangou com o artista;limitou-se a comentar:

— Êle canta bem., . e fala mal. . da vidaalheia.

As eternas desavenças de uma nobrezaociosa, espalhada pelas luxuosas dependên-cias do palácio real, nao se comparam, to-davia, quer na perversidade dos boatos, querno entrechoque das vaidades, às cenas a que

- os bastidores de um teatro de ópera servemde cenário improvisado. Imaginando-se umambiente onde a menor palavra fere maisfundo do que os punhais de Lucrécia Bórgiae onde os escândalos explodem, destruindomais do que a bomba atômica, não será di-fícil compreender por que para desempenhara espinhosa tarefa de secretário geral do Tea-tro Scala, de Milão, foi escolhido o sr LuigiOldani, um verdadeiro dilomata.

Os planos do representante da tradicionalcasa de espetáculos italiana anima-nos a prè-ver uma temporada lírica vitoriosa para 1948.E esperamos não somente que o Scala nosmande seus melhores artistas, como que, esteano, não se reproduzam as lamentáveis ocor-rências de 1947. Bem organizados, os espe-táculos, confiados, como certamente serão, àresponsabilidade de uma companhia que dis-

poe de recursos e critério, constituirão um su-cesso capaz de apagar a má impressão doque se verificou no ano passado.

CENÁRIOS E REPERTÓRIO

O sr. Oldani esclareceu, em primeiro lugar,que o Teatro Scala, especialmente contratado,trará os seus cenários e o guarda-roupa mo-demo utilizado pela organização, na Itália.Assim, fixados, com o prefeito, os últimos de-talhes referentes à temporada, teremos a se-gurança de que os assinantes não se desa-pontarôo.

No repertório escolhido verifica-se que pre-dominam, como é natural, óperas italianas.Há, porém, como prova de que não se pre-tende ficar na rotina das temporadas líricasde todo o ano, a promessa de apresentaruma ópera brasileira — "Malazarte", de Ca-margo Guarnieri, e "L/Enfant et les Sortilè-ges", de Ravei, duas obras que assegurama presença de um critério eclético, que aco-lherá tanto o melodrama lírico do séculopassado como as obras mais modernas. Alémdisso, acrescentou ainda o sr. Oldani, em pa-lestra, Mozart figurará com o "Cosi Fan Tutti",recentemente revivido no Metropolitan, deNova York. Wagner estará no repertório, com"Tristão e Isolda", e de Massenet será apre-sentado o "Jongleur de Notre Dame", muitopouco conhecido entre nós. Não é só. A"Cenerentola", de Rossini, será, provavelmen-

Elizabetr Barbato, — um dos valores da próxima tem-porada.

te, encenada. Dessa obra prima ouvimos,recentemente, uma ária interpretada em re-.citai, ¦ por Jennie Tourel,

• - GIGLI NOVAMENTE

Conforme prometeu, antes de partir, Benia-mino Gigli voltará, este ano, e trará sua filha,'Rina Gigli, que anda seguindo as pegadasdo pai, na carreira lírica. A crítica italianatranqüiliza os espíritos que ficaram um tantoapreensivos, ao ouvirem falar na jovem can-tora. Acharam, certamente, que era poucoprovável que o talento viesse favorecer duasgerações em seguida. Mas deu-se o milagre.

(Cont. na pág. 50)A esquerda: Tito Schippa, — outro artista famoso que ouviremos em 1948. A direita: Beniamino Gigli, — que vem ai de novo, este ano.

~ ~Jt' T '*$&* * *y t rr*' ' > 'P**'-^'

-Rf-SÉÍ-; ,

;y

'.•' y

¦¦ -y

¦m

¦ m

-*--*¦££*

¥/

"¦ ;":';^lffla

"jnpoMiuaiiMíHiii fiiMmiliüii"ii i wi n i' i ;_m_ _i_'i i ¦ li i ¦ i riMjniijr 11 'mi i i "" r<"'ni" ";i— ' i mi rr ir íiü ; • •; ——; ..---.-—

lii I

I || ^™ ».«»^MpM,a*" ¦¦¦¦"¦wwwwwwi p^^***»^^ I

vS 1// r-^ 1

[í ir. 1E* 1 U2/ÍYIJ* Ks» mLm Li ¦¦¦ ^?rasKS5í*sis^^sssSB^BSíaBSBa^^

II cíí [ ^

"S^"—' ~. ' /vi * jL ' r-r~r"t l" | "¦^*———. i^fr^m riu, 1—| 1 r—1 j—-j 1—

Ii —

Atravessar a rua sozinha, querido, mete-me um medo n D .^.v.^. .-. t\\m I horrível...

Mas a teu lado eü mi sinto tão protegida havl7 a^uma col^ em sSa caíxalT ^ &g0ra r0COnheC° qUe

— Confesse que nunca chorei tanto quanto com este drama «,,'"" ««Pr* saúda as damas com muita rentllen...

' "

fe>»

mu in n ii nniHHiiiH—»'-.?u_-

M.-^.^.^.iw-^L.^^ |Btai*wiiippli»ii»

EI

I

inii)rrrirrt__iiiitiu«iim a—i

^£timMutocisn

^3_L '^ > "^ .'^_____.i^'^_is_iss' v'4iv_^

g

B--M1---——_——___.-. -ii __¦__¦____¦——M

tte*"&

— Descobri ôsse redemoinho e creio que obedece ao mesmo prin-cipio que as máquinas elétricas de lavar pratos...

JZ _^

_U9MCjj|

*

mmmmmt mm

1

¦

{ Desça daí! Eu não vou trabalhar hoje...

Mn_a_-M__N_MMM_____iiNiiMn8u

— Para que esse traba'.ho, mamãe? A senhora já sabe como vouficar daqui a cinco minutos...

^wP1li

• __t• ^v V-^

^

ABSOWTflMENTãNÃO D

tr^frIHB SATUKOAY SVSNDIC KST

•.''iffS

__ .._¦._

.. vi

¦ :

¦ i . -' 0Cf,<«r"

" ''' "****-rf- '- 1 •'aí'' t .-•—•--•—• ~ '' '"^"^^^^^ ¦• «i --«»•*•*»» >¦ ir ....» giMtflITffliBHKlS :¦ ._.zll3S í&ME9£MXHfl^^^6ã9p^Bm\^mSmmmmKmT^^^ma^^^T __.^^^^^^^^. E *

PAULO PINHO

UE eu tinha vocação para lustrador desabia; mas tinha; o resultado mi

Qu^

eu uuxrn >«^v«U paia luswauor cie soalho **sabia; mas tinha; o resultado ali estavanaquela fai$a mais brilhante uor onrlo «,', ; te

ta meus pés. Nada me pagaram pelo serviço de lu tmais de dez salas; não pagaram nem pagam a ne hlustrador ou lustradora da minlu classe. Lusttambém, sim senhores. Lustrei com as minhas ^^fas peludas todo o Museu Imperial de Petrópolta^'principio nao percebi que os de lá queriam explora N°meus serviços e calcei as ditas pantufas por sob

* °3meus sapatos "43". Depois é oue vi então mm v,

re 0slllJ que naqueiac

grandes salas em que as bomtezas cios D. Pedro e TDons e Donas da Coroa quem dá o lustro é o vlaitE' uma boa economia que fazem. Nada me na ^e vi bem que por onde andei ficou muito melhor ou8"1resto. Questão de vocação, naturalmente

Eu Já tinha completamente esquecido aquela aventodos meus tempos de moco — Ia pelos 3G anos erecordaria mais se não fossem as tais pantufas do^8

u siroco o

mu mmm*rtm ^ --"¦¦--n»»W,iÍMil...l gaaw^^m^ariiia^^ .

I«ntest». Itratl

8 P fe ilU É S (5h iü ff»PflÉl§ I I IIa II \* ®i i l VI f IO

itu.'No

• osos

elas Htrosate,ramie o t"

ura¦o a4U-

U

Iseu Imperial. Mns a história das gall-nhas bovinas vais bom uma perda cietempo. Vá lá.

A gerência do Banco estava so!) mi-nha responsabilidade naquela época jáhá mais cto seis ames, quando me apre-sentaram o professor Ramil Yate. Comotodos os que ficam atrás da porta envi-draçada, enquanto não autorizo a en-trada, êle andava para um e outro lado,sentava-se e levantava-se paru sentar-Ee novamente. Psicologicamente tinhauma angustia: como estava ante a ge-rencia de um Banco — angústia de di-nheiro.

Meu velho amigo Tavares foi quem otrouxe à minha presença, como pessoaproba, de ficha limpa e pela qual se res-ponsabilizaria

"in totum'.Com a garantia do Tavares, preza-

do professor, negócio proposto é negóciorealizado; pode trazer o título avalisa-dfo amanhã às 14 horas. Os cem mil cru-zeiros estarão à sua disposição peloscento e oitenta dias a juros comunse desta vez tem a clássica comissão porfora...

E' para uns estudos e experimen-tos que está fazendo — disse-me o Ta-vares e lá se foram ambos.

i

No vencimento pagou pontualmente;fizemos mais três negócios semelhantescom boas soluções sempre, até que cor-ta vez em que devia ainda cinqüentamil cruzeiros a vencer no fim do mêsque corria, chegou-me quase ao fechara porta para o almoço, esbaforido e di-zendo:

Tenha paciência, mas necessito atéamanhã sem falta, de mais cento e cin-quenta mil, e desta vez não devo miaisusar o amigo Tavares; não tenho maisninguém, mas, tenha a paciência, dê-me um jeito que minhas experiências li-nais dependem exclusivamente dessa im-portância para mandar buscar amanhãá tarde a lava de vulcão.

. ÍP.'0 ^A^k ^%* \,- ralé! %,

Lava de vulcão?O' desculpe-me. Estou aturdidoO sucesso crescente me tonteia, 6 a Gló-ria que me chama... depois... comolucrarão todos com os resultados

nao haverá mais esta estúpida crise ali-montar... QUe número de calcado usao senhor? Quarenta e três? Ah' estenumero é difícil, mas eu tenho láAh! Esqueci-me de lhe dizer que vimbuscá-lo para almoçar, mas desta vezo amigo não irá comigo àquele restau-rante a que temos ido. Iremos a outrolugar. Irá ver como as minhas experiên-cias estão em período final e tenho acerteza que não me negará o auxílio pe-dido... será a última transação que fa-remos, pode estar certo.-- Mas isso de dinheiro não dependesó cie mim; com o aval dè um industrial

como o Tavares, tudo se conseguirá,mas sem uma garantia semelhante...'-- Pedirei então ao Tavares mesmopara assumir mais esta responsabilidade.Êle não o negará, mas antes, faço quês-tão que vá comigo até onde ainda nãolevei pessoa alguma, o senhor verá edepois me dirá se não tenho razão dequebrar lanças para conseguir o res-tante que necessito.

Mas isso é longe?E' distante, mas o meu auto está

à norta. Antes das 15 horas estaremosde volta, já almoçados e o senhor fa~zendo outro juízo de mim...

Bem; vamos então ver as suas no-Vidades, disse eu já pegando o chapéu.

•No seu carro voamos pelas avenidas

passando as ruelas suburbanas e ehtran-do na estrada Rio-Petrópolis. Em cercade 45 minutos saímos da via asfaltadae por um sacolejante caminho chegamosatrás de um morrote onde um grandemuro de mais ou menos quatro metroscie alto nos barrou, com seu vasto por-cão de traves de ferro, blindado nos in-tersticios, impedindo a visão.

E' aqui que começa a ligação com ocaso das pantufas.

£le abriu o escaninho lateral do au-to e de lá tirou um par de pantufas cin-zentas, já muito gastas, peiudas, e comum solado escur^ rtvr> mirou. Pediu-me que o aguardasse no próprio carro edesceu, rumando ao portão por ondesumiu, depois de uma complicada ma-nobra para sua abertura. Não demo»rou muito. Cinco minutos depois voltoucom dois pares de pantufas, estican-do-me o menor deles e dizendo: "Expe-rimente este par sobre os sapatos; casonão sirva temos ainda este outro". Nãoserviu o primeiro mas o segundo entroujusto.

«^*»»>*^~-.>i»^^ A"L"^ «w~a*BHU«Ml«^

T**'&&&mm\

aiE*tí>^9SsPll. * "*^>^:-"í^K5-. i» Vhip*-a"**^?iiV*i •^*^t*fe^S'." ^ ^*t&sí.

mmMmmLímmW+ Jmw

Wmm\mmWL.

^SÊMy':y """Ns. li»"***"— flíi f i|M& ^N. - •flfl !

i S3ff ^v i I t"~"< If tr 1 iU8h *w I ! 1 ! f > I

. f \ ¦—«^^.^ rv ii il [ U} r"f I¦i ¦ ——^ ^rH'H*^-_ ! fl I i •" f

Ao ver-me calçado, — o que executeisem nenhuma indagação — ("estes pes-tmisadores são honestos, corretos, massempre muito excêntricos" — dizia-mesempre o Tavares) abriu-me logo a por-ta do carro empurrando-me amistosa-mente pelo portão a dentro.

Entramos numa espécie de quadrado,cercado pelos altos muros, com cerca'Je cem metros em cada lado. de chãointeiramente liso e com enormes reser-vatóries côr de alumínio como se fossemesses tanques-depósitos de gasolina ouóleo que existem lá pela ilha do BraçoPorte na baía de Guanabara. Eram noentretanto menores, talvez com um diâ-metro de quatro a cinco metros e, aoque pude rapidamente calcular, em nú-mero de dez ou doze. No centro, umbem maior de côr vermelho-vivo. Todoseram ligados por uma espécie de enca-namento volumoso, mais alto que u*mhomem de pé( também de côr prateadae formavam no conjunto uma espiralque, interrompida de espaço a espaço pe-los tais reservatórios, se iniciava exter-namente bem à nossa esquerda è ter-minava no grande pavilhão vermelhodo centro.

Cuidado com a porta rotativa, e emhipótese alguma deixe de usar as pan-tufas — disse-me êle, puxando-me parauma estreita entrada, no inicio da espi-ral, no primeiro pavilhão.

•As tais pantufas faziam com que eu

caminhasse como sobre algodão; suas so-Ias espessas, que eram macias, parecen-do de borracha esponjosa e com um chei-ro muito ativo, aderiam muito ao soloe só deixaram de fazê-lo ao transpormosa porta rotativa que me colocou no ga-ünheiro. Sim; aquilo era um galinheirode luxo, mas dessas galinhas chamadas"de Angola" ou "galinhola" ou "Guiné"ou "Conquem" ou "estou fraco, estoufraco", conforme a localidade do Brasil,todas pintalgadas de preto e branco. Oesquisito é que não davam um pio; nadade cacarejar. Umas estavam trópegas,outras pareciam já agonizantes e outrastantas, espertas a se movimentar.

"Aqui é que eu começo a dessensi-bilização. O senhor poderá ver pelasInstalações que vamos percorrer e peloque já divisou de fora, que todos os tos-r.ões que consegui no seu Banco estãoaqui empregados conscienciosamente.Que nenhuma galinha cacareja, já o no-tou certamente. E' a primeira atuaçãodo solo de lava de vulcão metalizado,que se faz sentir. Naturalmente que gri-Lam no princípio, mas do segundo diaem diante desaparece a voz; estas todastêm mais de cinco dias de hospedagemaqui.

Eu apreciava tudo através dum vidro.As galinholas estavam colocadas comoque ai um amplo cilindro de vidro que

deixava em tomo um corre-dor cie largura de um metro,limitado pelo envólucro me-tálico exterior; no teto, queera curvo, uma abertura cir-culnr deixava entrar ar e luz.

Foi com a descrição deleíme prestei mais atenção aoi.olo em que elas se achavam.Hra liso como se fosse um ai-Çalto, mas tendo umas lârnl-nas d-3 me ral incrustadas, quebrilhavam ao menor movi-mento da, cabeça.

As pantufas são paranossa proteção — disse. -*•Tudo aqui está baseado no so-Io especial que criei e que émodificado de pavilhão parapavilhão, cada vez mais ati-vo na direção do centro, paraser de pureza total — minhafórmula completamente puraiá no pavilhão vermelho.

Mas tudo isto para que?perguntei,

— O senhor vá acompanhando e verá.De fato, fui acompanhando e fui ven-

do, fui me surpreendendo cada vez mais.Aquilo iria revolucionar na certa todo ocomercio alimentar.

Pelas suas experiências, que me foipondo ao par, à proporção que entrava-mos e saíamos dos vários tubos e pavi-Ihões, "o crescimento de certos animaisque se apoiam no solo, inclusive o ho-mem, é limitado pela atuação írenado-ra de certos elementos do próprio solo.Asim, vemos que os diversos animaisnascem pequeninos e vão crescendo, crês-cendo, até chegarem a um ponto em quenão aumentam mais. Um homem chegaaté certo limite de altura e para; daínão sobe mais. Ninguém, por mais quecoma, consegue chegar a três ou quatrometros de altura; no entanto o sujeitocontinua comendo as mesmas coisas deBempre; no princípio, cresce, cresce, de-pois continua crescendo e para. Por que?E com os animais a mesma coisa. Umboi é sempre um boi do mesmo taraa-nho aproximado, um leitão também( pormais que os atafulhemos de comida. E'a lei da Natureza. Cada um tem seu li-mite e daí não passa; pelo contrário,com a velhice até diminuem de tama-nho como vemos as nossas avozinhas debastão na mão e pequenininhas. E seconseguíssemos passar esse limite? Nãopara fabricar monstros, não, mas, porexemplo, como na experiência a que mepropus e que o senhor está vendo p re-Bultado" — dizia-me êle no transcorrerdo caminho.

Provava-me então que com um so-Io especial de sua invenção — cuja na-tureza mantinha ainda secreta mas pa-ra o qual contribuía fundamentalmentelava dê vulcões, de certos vulcões doChile — estava conseguindo aumentarde tamanho as galinhas de tal formaque breve teríamos como limite o as-pecto de um boi ou vaca. Suas- expe-riências eram iniciadas pela "galinha deAngola", pelo fato de ser esta "penosa"de constituição muito mais delicada quea galinha comum, portanto muito maissensível também ao solo especial. Queo sucesso era absoluto eu não tinha dú-vidas; já tinha ã minha frente, rio oi-tavo pavilhão, três galinholas enormes,proporcionais a um bezerro comum detrês anos.

Falou-me também da dúvida que ti-vera de que, embora de grande porte,não pudesse a sua carne ser ingerida, oupor ser tóxica ou pela dureza após o co-Kimento ou por outro motivo qualquer,e dos milhares de experimentações fei-tas por êle mesmo dando-a a animais ecomendo-a a miúde.

— E o senhor mesmo a provará aquino pavilhão-restaurante -- disse-me jáapontando a cadeira da ponta da mesa.naquele 9.° pavilhão que externamenteera idêntico aos outros mas um confor-tavel "comedor" por dentro.

Posso jurar que o que comi foi umagalinha como aquelas que havia visto,e posso lhes afirmar que nunca proveicoisa tão macia e gostosa. Era mesmogalinha, mas com cada coxão de metermedo, e o peito então nem se fale...tinha carne a mais não poder. Pedipara ver um tal ossínho do peito emforma de "ypsilon". que nas casas de fa-milia brasileira costumam fazçr íôrça paraquebrar e ver quem tem mais sorte oufelicidade, etc. Quase morri de susto. Oprofessor então ria-se a valer; segura-mos um em cada ponto e só largamos -quando eu disse: — Dè-me um macha-do, por favor... Era enorme, e seu pesohavia de andar pelos três quilos. Pus-me em seguida a rir sozinho ao pensarem certas pessoas que ^apreciam a parte ,posterior, meio carnuda, da galinha,que fica lá para as bandas de onde saio ovo... era uma coisa monstruosa.

(Cont. na pág. 49)

SELECIONADO NO CONCURSO PERMANENTEDE REVISTA DA SEMANA

*'iüiB

¦ m

'f-*'&^fQ3mmm

¦OÍ5¦ I

¦ ís-sí

pM

•¦ ¦"¦

Í4' ?'' W * í!JIÍillli§8__P!^^ ''¦.',1'''.| ' -l IR ' l' >''•' -'• ' í 'i ¦ '¦ ¦'••'. '¦' '' "1'';,!''¦''' H< i "'¦' x'.' '••' *.'1v x"-i.-''','¦;

ri Í' '^WBffli^w-l^vl^JBr^aPiM^m.' /.....-,. . '¦¦¦:¦ _^_ AFAW I ^K^MHUEÉfflk''' JP ' • jax^Wf - -- ^*ílB_____r; liflli ãaátl ' ' T'tf~ l* ¦!—- * I 1 'B *w ' 'i I (, ,

..'à 'iffjMaTOSSP^JPtjP^* *"-<y,'--"K '-•'-' c: iT ^UMGfvíWf *IC í í7 ^La^k fc*T_r>-l\ ^^ iP // 7w I' i au 4 ' I —', \ , *\f '.'¦ ' ¦ l '¦ *?'•¦*¦.

ji BB^^'4frW^'''"'' v.'Vw '¦ ¦' ¦¦¦'-- '^MB naf a' í **• j * ' r oflL.

IJ" iSP iffvPftflíi I Cd o n* i 3 I 'I **

[ji i x*^^^^Éb^bJ x m\\ AÈtiwlt' ¦* *i jMk' Êmktir^^^l mif^^^ulí*' JL^Kw^ 8 ' Á^m%. *•

I ; ' lw^^ãi®íl L^^tam troKL ,3?yJ8 SL ai ' Ibkv i^Â^mm W^^ W

''¦ _________

n^ju^m ftl w *'"fffl Im|M f_^S uMKjl ¦! jí»31* B

v |f, | ; Vm^W^Umr-'' ¦ ''i'A\ESm Wf-) /im\ \PwÊm\< **~*'~^"i'<*.

Wfáwmmmw '" ; i^&AmwmV^J/SmEmS WLàWWmm mmW ^-^tSÍ mmm^m/mmmm\\ X^

Bar^ ^^B HI! !¦ b_»ÍÍÍ^'0'v^ "Msja^yy"? mm

BMaa-La-f H ' /} r -fc • '"'• "' ««l

*'¦' V fl li \-I>^bV La-B-aa-B mWmU^^Ê&mm B^^^^m^5\*tfB aa_R^rt laa_l mK''S''/ ' 9mLmw!m* Wm. \ ÍH 4o

I B fl k'_^WI_l vi ¦ á'MM?*y'y^^^s$&&.>. W\ ^» ¦¦''¦^W af J|'.'';.^B l l*ò 'V? I T>«_

ti|x H -^ /jSêBMmUiAà. 4k 'myÈmWfíu'ir .' 1 ¦ il //Jl/A'/ ~

ti Kf-^^aja-aB ^ÉaaifH^^^f^ ^av —-¦ I * W mIu

II B^fl Bv/ » ^Br^^v^¦'_k'^B_B_B_Bx tífm ^Wy/wO^Sa. P^^^É_bj I I ^^V»

IP. V£_£H VãJ^a. mLy}\Vrm\\t' ¦ iíiQi&m C-, ' ^r t^bíi B^^Dk&I^^ i; **LI Bi '^"Hl KxiH ma^iMãTJFn IwaH l ar "Sm\mUJ^.^^^^^t^

li- mfil wau mi9fcy*j/f. .úfàÂAm zffAy^^^m^iZ?-§ ábÊu. iw_" "••."i cb-b1 B-B.nBB-B-1 B-B-Pl^B-i B.H ^bbIbbIbI^b^V^bb bIKj«tTjb»&' ^* Aftr^Ar. /^^A^^ÊmmmfV^ .*-**^ ¦ • ^^^^3 bW íbVURVa alBalBarã-BK.I IS B*a-B-rTa_ BM^íat'' '•fé'/*svmdm\ my^ -^^^4. jBmi ^g.

~-s»rr-; . ¦¦^•f-»:xij*'"x^j-^^-j

¦"yy

-z22^. AJ^t^^Conto de WINIFRED HOLTBY Ilustração de Á. ZASORSKÀ

flDESTA

vez não haveria_de falhar.A janela da cozinha fechava her-meticamente. Empurraria c capa-

cho para tapar a fresta da porta. E quan-do Bob voltasse de trabalho e lesse o bi-lhete que lhe deixava na mesa do vesti-bulo... Ah! Então... Bem quo êle'me-recia Issc!

Sim; merecia mesmo, Esta havia Fidosua -¦:c-'' c-nn- ira durante h.h três últí-mas semanas enquanto seu espirito ela-borava pcvcc a peuce a ;erri.-el resolu-çãc; "A culpa é dele. iCem que éie me-rees". A mede de refrão de tedes seuspensamentos o €^20:0 causai:. lhe re-peua essas caia-.ras. E ela as muram-rava ainda, ao estender c pequeno ra-

•pe*:e para ceante de fegão a gás. colo-cando uma almoíada para apoiar a ca-beca. Ao menos desta vez teria um pou-co de conforto.

Na cozinha reinava a penumbra: aschaminés c.as fábricas da parte baixaL'a c'dade lançavam vastas nuvens ciefumaça, semelhantes a gigantescas mas-sas c'e algedão avermelhado que anteci-param um crepúsculo exquisito naque-Ia tarde de novembro..

Qua_nd< tornou a se aproximar c'a ja-ne"a para se cerrificar de que estava bemfechada, ;'á n?o distinguiu o texte dojornal aberte em cima da mesa. Ape-

im anuncio se destacava nítido, em'e-s 'Cxi?: "y"os;e",'. Cabeleireiro pa-uacrac. Crr''e de cabalo e ondula-vrês chelins e mele, na. primeira

nr

çao.vez"

Apesar da escuridão, era ainda muitocede. Os garotos não regressavam daescola an;çs cie uma _hora. Tinha tem-po de sebra. Não teria de sair mais paraimpedir cue o guri de Peter Sawiev ra-

biscasse no mármore da janela. Não te-ria de suportar mais.os comentários tro-cistas da vizinha por causa da tampamuito grande da lata do lixo. Afinal,iria embora de vez. Aquela cidade tíeWest Riding Unha acabado com ela. Iriaembora de vez.

Abriu o forno, deitou-se no t aue te edeixou cair a cabeça na almoF;\õ"i c:>io-cada no rebordo da boca do forno, Pelaúltima vez lançou para trás os raros ea-ches de cabelos grisalhos das têmueras.Depois, cem mão firme, abriu a tornei-ra do gás.

Experimentou a vaga satisfação de lheser familiar o cheiro cio gás Assim, tu-do lhe pareceria menos alarmante. Maisde uma vez uma corrente de ar haviaapagado as pequenas chamas debaixoda caçarola e ela, ao entrar na cozinha,tinha percebido aquele cheiro claro,

Traduzido especialmente para REVISTA DA SEMANA por HERMAN LIMA

,i-

ti

y^ ~~ ~

limpo, salgado, Éssey peqirmos acidon-tes ocorriam líio umiudc naquele bairroingrato onde as chaminés das cozinhasnunca estavam dcsentupldas que nãopodia conservar as coninas limpas poruma semana.

Respire lundu. Respire fundo. Assimlhe haviam dito nc íospital, quando lhearrancaram os ienies. Mas o clorofor-mio tinha um cheiro adocicado que en-joava. O gás era muito melhor. E nohospital tinha tornado a si com náu-seas e profundamente aba lida. Ah, masdesta vez não se sentiria abatida! Nãoa adiariam cheia de dores, semi-cons-ciente, incapaz. Não seria mais uma mu-lher cansada, suja, feia. Já não estariamais à mercê cias más línguas, a mercêde pessoas estúpidas. Logo mais iriaembora de vez. . .

Eõtava íaiua da vida Paria cie Bob,que voltava cia fábrica o, sem lavar asmãos, se sentava para tomar o chá; nãoprestava mais atenção a ela cio que a,;ma cadeira. Farta daquele subúrbiode Chorley, com suas ca&inholas sórdidasc suas casas de negócios onde a enea-navam. Farta de seus cinqüenta e trêsano;;, de fazer sempre a mesma coisa,de nunca ver nada cie novo. Farta cie irficando velha.

Respire fundo. Respire fundi. Destanão a fariam voltar a si. Não seria

<::-íü.o naquele verão em oue, tambémcansa Ja, fugiu de casa. para Ir morarcom a filha May. E May a recebera iria-mente, dando-lhe a entender que não aqueria em sua companhia, sem dúvidaporque o marido era um moco bem ves-tido, corretor comércio, e tinhamcriada. Com certeza c marido induziraMay a olhar com certo despreso para amãe, pobre mulher que usava aventai evarria ela própria a calrala O certo écv 3 Ma} não a quis consigo e Tim, o íi-iho cue mora a no ;rn senegou a acolhê-la. Eco não lhe dava im-oortáncia. A única coisa que lhe Inte-ressava eram o sindicato, as corridas eseu copo de coi c'a no boiequhn Nin-gusm. precisava dela. Nem ela mesma.

fundo. Mas.depressa! elxar de uma-*'?.?, ; sta í mm -a isre ambién . esva co-zinha e a própria ;ao to ve-'ninho

pendu-rado em cima da pia.

Respire fundo. Respire íundo. E as-pirou c ar em grau .-, c..mo da-nnela vez em que fora com Bob ao pas-i eio cie Hardrascliífe e as galvotas revo-luteavam sobre *u.i cabeça e cs músi-cos de jaqueta vermelha tuuovam comentusiasmo c "Danúbio Azul". Ah, co-mo . ra ciifc . aquelí 00 em quevendia cigarros e chocolates num quios-que do passeio e usava penteado altorem vrts truníar, e levava na gola umliló azul! Naquele tempo era bonita,ílepaníe, com cintura cie vespa, e então>>•: se sentia orgulhoso oor ir a seulado: Eco. um bom rapaz das fábricasüe West Riding, alto, corpulento, bemapessoado e cem dinheiro bastante nobolso para gastar aos domingos.

Mas. estava realmente perdendo o co-nhecimento? Era aquele, de fato, o nio-mento em que se apartava desta vida?Pois se alguma coisa âie zumbia nosouvidos não era cem certeza cântico deanjos, nem a semi-obscuridade que arodeava era a crera da morte. Respira:fundo. Mas não podia respirar proíun-damente; exalava o ar em rápidos e cur-"os fòlegcs, quase sufocando. Se abriaos olhos via a boca negra do forno e ospratos sem lavar, junto da pia. O chei-ro de gás lhe parecia cada vez mais ira-co e se sentia tão desperta, 'com tantalucidez, como no momento de se deitarno tapete.

Aquilo não era a morte; não era ummnho piedeso nem a .uma que procura-va. Devia ter-se produzido um equívocomais. Ainda se achava no subúrbio deChorley, como nres-j numa armadilha,arquejante, débil. Experimentou um malestar, uma viva repugnância, que a obri-gou a mudar cie posição. Ajoelhou-se edenois se levanto;. Ce.moaieaud' ca-1-unhou até a p.am e u abriu com asmãos trêmulas que apenas lhe ociam. Um instante ctepouplra*a a grandes haindo.-

11 o

ta e nresa desão moral. E

mia >-,ainda es

rem, depois compreenc eu oi*.'< o eus ;1"V.

bede-itio. as-

ar frio de.e desíei-

:c ciepres-¦y:?.' 'PO-

: (.corre-íi e ela

(Cont. na pa<J- 48)

a.w,'w- ,.. ^-'iiliílr^iiiníi-! |, „;,,' £~jfi'.- '¦'¦ •"' ? '$*''i' ¦¦'•'¦ ' * ¦'* '¦''-' ?¦'.' ¦'-¦

"*' "*£"'^m-,,:....¦¦ .', . *.'•../'*

BBBBBBHBBBl fi»

•'•'

¦'•'¦¦ 'm •'::?¦ ,-.¦¦•¦'..-,»>v^.;.'V-*i;

¦*'' **&$£&*

fmWMmWmk -

llHllilillit

RÉMbbbbbIIHlURI-'WÊè flflfllj'. /•- '•,

j

¦¦¦fll WÊÊÈÊB'mÊÈÊÊÊ:

MMWãSSÊWÊiÊÈjjlfiL ' * -;

? ?«

ffiüKi

'WIÈÍIÊÊÈWÊHÊÊÈÊMÍi&êMWZ:mm.. .

¦WÊFWÊ ?

= -S;rí

Mil

VA Garza cartaz internacional que a Rádio Tupi está apresentando, é mexicana_^ de nascimento. Sua longa atuação no "broadcasting'' ianque, porém, levou-a a

naturalizar-se norte-americana. Desse modo, sentiu-se mais à vontade para darexpansão à sua arte, na qualidade de apreciável intérprete das melodias latino-ameri-canas. Atuando ao microfone da Columbia Broadcasting System, a vitoriosa artista foicognominada de "a noiva da canção, latino-americana, donde é fácil concluir-se a sim-patia de que goza nos meios artísticos dos Estados Unidos. Casada com o compositor .e cantor Charro Gil, sempre está ao seu lado nos programas radiofônicos. Sua baga-

'gem musical é das mais apreciáveis, incluindo números de grande sucesso, como "Mlcorazón te llama", "Noch.es cie Ronda", "Noches de Luna", "Un gran Amor", "Fracasso"e outros maiü. No Brasil, Eva Garza terá oportunidade de aparecer através das "emis-soras associadas" e da Rádio Record, cantando o gênero de sua preferência, que é obolero. Também trabalhará numa das "boites" locais.. Jovem e bastante inteligente,nossa biografada já realizou diversas tournées artísticas pelos principais países america-nos, sendo que em Cuba foi considerada a melhor intérprete do bolero cubano. E' aprimeira vez que Eva Garza visita nossa terra e o faz atendendo a vantajoso contrate.

W/tf* i

/&'"'£''' r.;v 'r

t jI i i '*' ' "tjfíl'iZ:;<::-!^!:'!::;:>::-;;!'?3fj:' ¦ :

JmtóÊSfâkiiu!, -

?'Jffi'

m&ml&BÊÊ:

WBB^IIffimffinBil

¦ y ,'X!Ommyymrzm%Z.-:

^ÊÊKKkWmmmm

0^ JtfMÈÊÊÈÈÈÊÈÊm''h1

* «flfaHr " 4<*p3flfl|«?i'!,-' ¦?' \ZmTí^^Ê}W- i V's'ZZ i lzxt§w^S

9 m '¦zr^zmmmwm^JK-;H"' md (.'¦'• z ''-'iTm^mmmfZ ; '•¦'i:íZ'!ul'''^wMa

»V-" /V, A-;, - i',; Zm 'mm

&>:$!¦

¦ ¦ ¦:: W.-PnítTlZf&tttífm' ' • ' m-Whhfi''"-,-

::f**mmii0:yw%ipk¦iZiÊi^-mm z ';

^V-V-;/,V//tf/f.:^ " ""

?::'¦-.'-'"'' ¦¦':¦':'¦¦.,<• ¦'¦¦¦"¦-ZZ i-i-mm.

DECIO MAYER, locutor da Rádio Roquete Pinto, integra a nova geração de valo-

res que o "broadcasting" descobriu. Estudante de direito, cedo deixou-se entu-siasmar pelo microfone, motivo de ter procurado uma emissora para experhnen-

tar suas qualidades na arte de dizer. Dizendo com sobriedade, é o responsável pelaapresentação de diversos programas da PRD-5, inclusive a leitura do comentário oficialdessa estação da Prefeitura. Nascido no Distrito Federal a 22 de fevereiro de 1923, estácursando o quarto ano da Faculdade de Direito. Nas hoias vagas dedica-se á feiturade trabalhos literários, colaborando em algumas revistas cariocas. Iniciou sua car-reira radiofônica na qualidade de "announceur" da Rádio Club do Brasil, em cujo rhi-crofone manteve-se pelo espaço de dez meses. Não fossem compromissos outros

"DecioMayer estaria emprestando seu concurso ã uma emissora particular. Seus afazeres, po-rém, privam-no dessa atuação. Entusiasta da evolução por que atravessa o broadcastingnacional espera, tão logo termine o curso de advocacia,* dividir seu tempo entrs as cau-sas forenses e os programas radiofônicos, uma vez que não lhe faltam qualidades naratriunfar. Bastante jovem, com extraordinária vontade de coneniistar o erande público,é um desses idealistas que têm pela locução verdadeiro entusiasmo.

Yrywn mMiMi»» a——— ¦— ^rmrwpi

DE RÁDIOS DE QUATRO Illsla,lt^ncos biográficos escritos especial-'S d*** ;*ti ~ n»^* para a REVISTA DA SEMANAEM QUATRO Pòr ARMANDO MIGUEIS

rj.g Fidelis, que na vida real atende por Gino Cortopassi, nasceu na capital paulis-ta a vinte e três de setembro de 1910. Ao completar vinte e quatro anos de ida-de, sob a influência de diversos amigos, foi parar nos estúdios da Rádio Record,

onde o deixaram interpretar alguns sambas de sua própria autoria. Um ano depois,ainda levado pela insistência dos amigos, foi animar os programas da Rádio São Paulo.Nessa emissora, atendendo a sugestão" de João Batista de Almeida, resolveu explorar ogênero humorístico, lançando um programa intitulado "Cascatinba do Genaro", emque participavam Alvarenga e Ranchinho, Silvino Neto, Chico Carretei. Jeanete e mui-tos outros etementos famosos do "broadcasting" bandeirante. Depois de apreciável atua-çêo na Rádio de São Paulo, nosso biografado

"retornou ao "ca.st" cia Record. aí manten-

do-se até os dias presentes. Sua presença no rádio carioca deu-se através da Globo.Também participou da temporada levada a efeito por Chianca de Garcia e que desper-tou grande interesse popular. Fora da atividade radiofônica, Zé Fidelis dedica-se àvida ürnaiísiica, colaborando em vários jornais humorísticos e assinando interessantesseções. Também possui diversos livros publicados, a maioria dos quais está com a ediçãoe&goiaãa. Uma cie suas grandes criações é a paródia "O perfume da crioula".

D JALMA Ferreira, ora atuando no "broadcasting" paulista, começou sua carreira ra-diofônica no programa "Samba e outras coisas", ao lado de Noel Rosa, Marilia eHenrique Batista. Isto, quando o mesmo era irradiado piiin Cruzeiro do Sul Mais

tarde.'levado pelo desejo de filmar, tomou parte em "O çrito da mocidade". Foi bemsucedido, pois a Cinédia o aproveitou em diversos "shorts". Nessa ocasião, atendendo avantajosa proposta da Rádio Splendid, de Buenos Aires, Djalma Ferreira para lá seguiu,deixando em calma o rádio carioca. Ao regressar, organizou interessante conjunto, a ouodeu o titulo de "Milionários do ritmo", estreando com o mesmo na Rádio Mayrink Vei--a, no decorrer de 1942. Veio, então, a gravar várias composições de sucesso, entre asquais destacamos "Ela foi embora" e o "Choro Quitandinha"/ Tanto bastou para queos cassinos passassem a se interessar pelo concurso de nosso biografado e do seu conjun-to Atuando em inúmeras "boites" brasileiras, inclusive em Quitandinha, Djalma Fer-reira veio a ser vítima de uma injustiça, motivo do seu ingresso na Rádio Nacional,carde atuou como artista exclusivo de importante firma. Casado com a cantora IsaFerreira, é éle executante de vários instrumentos, inclusive <Jb solovox'. Fera da ativi--dade artística, é apreciador do volante, já tendo levantado uma prova automobilística.

?mi«fo^ *" r - x m'

^^^^SMm'XyymXtmi&^^^^^^^

K^Ss^fôS^cí^í^

IÈÊÊÊBÈÈÈÊ

^^M

^^^B

Plfll

^J4-à" «- \ -\ s- ^"-^Sáss^

' ^^^^1^,; i ^zmm

: . x --¦ j>\ \ ' .. ^AiWflÍ1QI^ > ^-- ?3b1

.^JÉbbbbbbbIbb^C. „;^, ^. X ' ^iBirmÈÊÈÈÈBm ¦ flHflflfl»! hS|

fwkd* ÊÈÊÊm

^ 1 I Miml lü? * - ^ ^ jh

WWT' «»P? i flBBBBBBfc»^BaflBBll^^^ÍWI«.,-^y • ^BBBflW^ -í"^ > 0^WÊÊBÊÊÊMm^ - x ^-^M

Ei. V^Nlà ilM-íi?»' "%«^K^l «' ^^"v ^^t^4*1-* ^^^^^H^fl^ás^^^^^^^B^K^" ^ ""^"Í^IIÉIÉI^^^»-íí% ^ ¦¦* "* *¦ ¦¦ w*'*'' *T \«'';í\^ -y^^ v JSaB^^^asSaOTlitnniBBB^rV..-^ -So^^^^s

s» . m ÜbB 'a^C'4*.- .„.J ^ V'^È^S^-^Mbe?^ " '^B

'¦¦¦'¦¦ ^IIÉMI B^BBBBy€^ás^^»fM||^^^P

^àí^^^S^^^^^ m-SíS^^v-: ¦'¦•'¦¦" # 33&&8bbbb^ « ^BWW^T^^riW s??«

^B '••¦¦ ¦¦•:- ' m ¦¦ ¦ ;^ i ' M&^&«mm y- m j, .É <<£^

imymmxêmxxxM; \.-!0 ^-v ?

'¦¦•¦ ¦Wmmmmmmmz - y - ¦ -mmmxmmmmxXxxmmmrxmxxxx:.xxmmmmyx

RA-SS.ÍÍ2*

¦HBWIp^SpPwWf^>' :"i

IB

A V !v •™V 1- /**--"«** WY L

wmí

Em cima: VIvien Leighrcomo Anna Karenina, ao lado de riièiii por quem ela se apaixona perdidamente, — RieronSir Ralph Rlchardson, que faz o papel de marido; em Moore. Na página à direita: VIvien Leigh, na figura se-baixo: uma cena de amor entre Anna Karenina c o lio- dutora da protagonista de "Anna Karenina", um grande

papel disputado por todas as grandes atrizes...

sssssss mmmummmmllilHMX__W

&5íÃ-SsSÍ

ISllll

¦P;$:--;: ¦¦ .¦¦ yy;:-yyyyyy.y .. VV

!?¦ tWÍ&M

JmWMMê •m^m^yãmmSm

WSÊF X:

mm

m !_E' • V; 4^^ -Jf-éiFWPPB& ¦:-;l\ .4__.PI* V. lÜlP^ ^WBMBfrNx'' x^W^^^BBt ^***^ ^B-yViíB_íS

ítrt (_£ w^ ' ^ *mWí&Ê:*y>M m* ¦ ^ - JStíí ' iKSSjSS* .?x?S «% >• ¦¦v-MBfty :¦. : x . ; > ;>

l&x ';: SS $SÍ$$W-âHlPr Bs X xLy •

0m WÈHÈÊmw x V ¦***"* Vh ilíllkflí i%^vatí_í5

_Jr iliiiíl ^ ^**i$^l|§f

Mclvi¦" -.-vvxvx-

lllp

wêbêsêMÊÊÈmÈÈÊÈ

<i ví-K-x-N-.- \- v: w: ¦:«¦: ¦111111llill»É

y-yy-yyWXyi

¦j«*ml?

J& \ 1 |.>

SL-í:. & :ê'¦¦. í

-^ts

•-t-t-'

IIP8! I 1 ¦¦¦I B sS mk m m Ws my.

tSfm m

I feâ 1 11I

H 1mÜ3@ ||

I

A SCARLETT 0' HARA OS í»

VENTO LEVOU" Eí AGORA A PRQTA

GONISTA DE "ANNA KARENINA"

FÍLME INGLÊS EXTRAÍDO DO M),

MANCE DE LEOH TOLSTOS

XI:

IVIEN Leigh, depois quo filmou "...E O Vento Le-vou" e se casou com o hoje Sir Laurence Olivier,herói de "Rebecca" e de outros filmes de sucesso

fez bem pouca coisa, — e isso em razão de seu precárioestado de saúde. Ao se despedir dos Estados Unidos, fil-mara uma nova versão de "A Ponte cie Waterloo", comRobert Taylor, e só veio a reaparecer no écran em "Ce-

sar e Cleópatra", produção de Gabriel Pascal, com Clau-de Rains, extraída da célebre peça de Bernard Shaw,

que Dulcina e Odilon nos deram a conhecer no TeatroMunicipal, hã quatro anos atrás. Inativa durante al-

gum tempo, Vivien Leigh tampouco fez teatro ou rádio.Cuidou, apenas, de consolidar sua cura e, finalmente,fora de perigo, inteiramente restabelecida, voltou à pie-na atividade dos estúdios londrinos. Enquanto seu ilus-tre marido dirige "Hamlet", em que interpreta tambémo papel principal, Vivien Leigh acaba de terminar umanova verscão de "Anna Karenina", história que já foi

objeto de várias filmagens, uma delas com Greta Garbo.Nesse filme extraído do romance de Leon Tolstoi por Sir

Alexander Korda, mas dirigido pelo regisseur Julien Duvi-

vier, aparecem ao lado de Vivien Leigh o ator inglòs Sir

Ralph Richardson, o ator irlandês Kieren Moore e o ator

italiano Gino Cervi, este no seu primeiro papel cm inglês

(e depois de ter sido, na Itália, "astro" de filmes de grandeinteresse artístico, como "O coração manda"). £sse filme

representa um novo esforço de bom entendimento e de

cooperação, reunindo valores de toda a Europa. Para

começar, o produtor, Sir Alexander Korda, é húngaro de

nascimento, embora seja inglês naturalizado e tenha

merecido o título de "cavaleiro da coroa". O assunto,

como toda gente sabe, c uma das obras primas da lite-

fatura russa, uma das obras eslavas aue mais apaixo-

naram o mundo. O diretor é uma das figuras de excep-

cional relevo do cinema francês, homem com reputação

internacional solidamente firmada, cineasta de grandesrecursos, com filmes que serão sejppre lembrados, a co-

meçar por "Um carnet de baile", verdadeira maravilha jde bom cinema, e a terminar em "A grande valsa", um

dos musicais mais suntuosos até hoje filmados. "Anna

Karenina" é um filme de excepcional luxo, movimentan-

do uma grande massa de "extras" de ambos os sexos em

grandes "toiletees" e uniformes militares. Karenin, o

marido, aparece dominando conferências dos ministro

do Império Russo, ao passo que Anna. sua linda esposa,

aparece dominando o mundo elegante da ópera de Sao

Petersburgo. Nunca Hollywood fez película tão minuciosa,

tão cheia de rigor nos detalhes, como essa produçãoKorda. que nos fraz de volta r, linda Vivien Leigh.

\ xͣm

XiSS

¦ ÍH

wÊÊís i _^_^_^Ho9 _^_^_l

HE¦JBpB-^j

mmi_________J_____MfH_f_____M___! __ffi_5_^____^________^^ _...

mmmsm

___________$WÊBM»Ml_J_

WMMMm.

Mm KS?í______íí___.

S_&4_____3__?__._.í___^:______kí5í:skS?.9__________^_v3iOT

i_8^í_í_

_»<S__i___â_________5___i-__ç^_f___

l^iM^K^^^^^^_. > _. ._**«_£ «<•>_.__.___$_2_.

8_____IÍ_k

_»__SÇ___K**:*

^sE^_aas^S__WS$B»KÍ«S:í?$:

s_s_______&£__»_ _:_-_s_3__í_

___________

______£_] &^^^«l^______»__«______f^^

¦W* % 'WÊKM S*^S^_ín_3^^^^^_^_l_^^_____*___

! * * ' y>mlk*.. *•.m-.. '¦".;__&_';._.:.. s.í:-m»?:I_í.7_>._:__j

::-:-v::í:v:-:::v:_::>':::-í7:o:::.

Hi IISP- ¦¦¦'¦'¦¦ -

-.» Aí'*."*''". >s

____Se______ * :»_-__________IÜP III^â£ã^^%^«%%-___338»3«8SHc^S£

¦ i^_^___li_____f^^^

9HHR.;:-í:;:v::;.-:vK;:v::í:':;:vv':'':::::-:::>:::x.:>:::-7:-7777--::y-*'i:--'::--

:':v:-:-:-:v:.:->;v:.:-:7-:-:;-;-;.;-:v;.:.'-

:7ÍÍ:||IÍP7Í::wmymyyyy

_________í__________fi__1H- .-I IfiMfflH-fflx.

sp.í?m_fcfcí. '*2__H&«.

1§|.• m, -, ¦¦ ..:-.¦

•: -7í.:x:7777í::7í7:_ixí.»^0í^^::^'i:^^.^'"^te?''^:-

?7'Í117lplil77i7il7ii

ÍÍSiSíSBSf

. ¦ -

>^ --*•--¦'¦.

•. . ¦

¦ . ¦

¦ ¦ '¦

¦¦¦ ' ¦ ¦" ¦

WÊÊÈk^ - -¦':¦ .'*¦-"*'"" .-'-vO/

g?S®S&P7óZ^^'''"'^:'

c.-«>>

rr

r-^;

zr K>:

>u ^:X r

2»Vj V

'^/ Sy4S>AE\

VSà i/At?

SI-y

y.

ri

s£>»<

§*5#

fw ,l**V, .7te^

~*i

f // rr

83

ÊAA^v\\

£->'; ;>Sí*

VX X.

T

/•'/7 y\¦/

/

¦i -/ ?

r -V//

\\.

X «*<;:

^

r

c X'

/r^r

ím >?i

x ^

V,r/ rx

fi&r^/¦^NA^Air

fZoosy;

m

r/- 'Bi \o

135

ÂW Â 1

MU'-y-y

'yy-yyyy >¦!¦¦¦

EE-

ififWm/J,tWBVftimãali' Wi<SÊÊÊr/i

g!i iiAhI •Kl

?v..*

¦1\M

7'

S Zòòoo

7v;yyoyiizr7;o:,07.;

OOOíO;

''.'¦'Zo.,Z"Ao

m,\\\

II mm

i í '//

m i MAAt1

V#

i\ mf

\,\::Ek-r

Ali•/A PAI^ I»V.\\

\>WYV

I ;A.

#:

i

N*

l\^=i

m$

»?

i- W 7

-7/

\ii

//.IX

ra

sei"y^ 5K :<^.

.^'

ripaÍS^V

Conto de C BOUSFIELD VIEIRA!'ustracão de ORLANDO MATTOS

NESSE

dia, eu sai mais cedo do co-légio, porque o professor que de-via dar a última aula não veio.Era uma linda manhã de outubro

? as ruas de São Paulo estavam sequi-nhas e ensolaradas. Subi a rua da Gló-"ria, atravessei a Prnça João Mendes, en-veredei por aquela ruazinha estreita quepassa ao lado da Igreja da Sé. entrei noLargo... Mas, ora! Vamos encurtar ajonversa... O que eu sei é que, comumas passadas mais. estava na rua doSeminário, que, àquela hora do dia, jámdava assim de gente.

Náo foi preciso eu caminhar muitopara ver, pouco adiante, uma multidão.1e homens e mulheres agrupados emtorno daquele carro da Policia que servepara carregar cadáveres para o necroté-do e que os paulistas chamam de...ie... Ora, como é mesmo1... Já nemme lembro mais!

Apertei o passo. Cheguei bem perti-nho daquela gente toda. Quis ver o que2 que havia ali. . . E mastiguei mais umpedaço de cocada..-.

Ah! Parece que ainda náo falei da co-oada branca que tinha comprado numadessas casinhas de doces de que a la-ieira da Avenida São João está cheia,não é mesmo? Pois vou falar, então Euera louco por cocadas. Principalmentepor cocadas brancas. E toda vez que eudescia ou subia a ladeira da Avenida SãoJoão, não podia deixar de comprar duasou três delas. Acontece que nesse aia euhavia passado por lá.. .

Pois bem; como eu ia dizendo, aproxi-mei-me dos homens e mulheres reunidosem torno do... do... ^rabecão".. .("Rabecão"! Isso mesmo! Até que eníimiie lembrei desse maldito nome!).

-- Que foi que aconteceu? — pergun-tei à primeira cara simpática que en-contrei.

— Um cara pulou de lá-á-á! de ei-ma....— e o sujeito apontou para oquinto andar dum edifício escuro, emfrente do qual nos achávamos — lá-á-á!

daquela janela que tá aparecendo aqueletapete vermelho.

Olhei a janela e o tapete vermelho.Tornei a olhar para o sujeito que melera a informação. E dei outra dentadana cocada branca... "Puxa! O câmara-da deve ter ficado em papas... Do quin-te andar. .. E neste chão duro!", pensei,j fiz uma bruta força para me infiltrarpela multidão a dentro.

Náo cheguei a ver o homem que seatirara do quinto andar... Ou melhor:não cheguei a ver o que sobrou do ho-mem que se atirara do quinto andar.lá o tinham posto dentro do "rabecão",

quando consegui romper a crosta de gen-te que rodeava o carro. Mas ainda as-sim, pude ver a sangueira coalhada nomeio da rua e uns pedacinhos de car-ne nadando sobre ela. Eh! Meus lábioslogo tremeram. Meus olhos lançaramfaíscas de repugnância. Uma coisa queeu custei a descobrir o que era andavapara cima e para baixo, dentro do meuestômago. Tentei fazer parar essa coisa.Impossível. A "coisa" continuava a su-bir e a descer, a subir e a descer... Des-viei então os meus olhos do sangue coa-lhado e dos pedacinhos de carne. Fi-quei mais aliviado. A "coisa" não tar-dou muito a desaparecer. Tornei a olhar.A "coisa" voltou. Repeti umas quantasvezes os mesmos movimentos e as con-seqüências foram as mesmas. Por fim,me acostumei com a visão daquele san-^ue esparramado no chão e daqueles pe-dacinhos de carne que mergulhavam nop.angue.

Olhei bem, então. Olhei com umolhar especulador e encontrei, entre os

pedacinhos de carne, um que era todobranco e tinha exatamente a forma dacocada que eu estava comendo,

"um

pedacinho dos miolos!", fui logo pensan-do. E náo me enganei. Pois, donde me

achava, eu até podia ver, na crosta do

pedaço de miolos, aquelas voltinhas e

aquelas entradas que separam as voiw-nhas — coisas que o professor de hi-tória natural, lá no colégio, nos ensinou

que são "circunvoluçóes" e "cesuras

iCont. na pág- 42)

SELECIONADO NO CONCURSOPERMANENTE DE CONTOS Oi

REVISTA DA SEMANA

'i

•m w.o,.. y&MW*

,. ,.*-' ¦

***r *flí

»ÍW!<S» ,.~ TW^flí":. p

«Si* IBéIl!7^^HmB BPIllf' ¦'^^PPBwHí,'i;' ¦ 1¦Ser.*' ' " álfilHHMIPMHKHHF -" mm

wm .*.'<<**• í ¦ ¦'-íymmmm^%w-''K$MP • '^^mmwmJ^^ím^MissmTm'^^ytfiyyyyy^yy-WWwmr <> f ¦> { V , ^MMBffldMMWSPafflM;: : • ¦:

S- -4'yW^ W y${\ > mm <n^B;-.r ^^iri^lfflfip'*'' r'*''"f ' *" *??r > -'''.'M^M ' WÊ WÊfâvÈPytf]

\ &,J*BrL,t'<r'' >v,^\y> ' mmÊKm lü&^^^m^^:l0::^^m^yy' xlK«

IWÊÊÈÈÈÊÊÈÈ- > -' -~y- m*mm1L\WÊB0£V 4mmmm\ M», «BMI^mÊSSÊW^i^^^^^^ *d v.^d =-£ T^-lÉfc^fe'^^^bbi mWM.yy ,. .. -.yy ¦ Wsmxi wifflstt Kffi

i * "^^^^^

¦fi M HShH^h^ # 1 ¦

fl Hs*-*!* ?• • v^S R^SS irail^^^^BilBflK^MlIBEli^BWiBliiJWBIW^^^

01 urn pequeno incidente derua que pôs no chão o ga-binete Coleqipe. Foi aqueleincidente conhecido pelo

nome de questão Leite Lobo, queos historiadores incluem no roldas questões militares causado-ras da queda do Império.

Ao entrar o ano de 1888, ogabinete Cotegipe só por mila-gre estava de pé. As forças ar-rnadas vinham-lhe abalando osalicerces desde as questõesCunha Matos e Sena Madureira.Faltava um nada para o Exér-cito atirar em terra o ministérioque êle tinha na conta de per-seguidor das fardas.

Esse nada foi o caso LeiteLobo.

O capitão-tenente Leite Lobo,oficial de inteligência e de cor-reção, teve a desgraça de seratacado por violenta enfermi-dade mental. Quando lhe vi-nham as crises cometia brutali-dades e era dificílimo contê-lo.

Certa noite do mês de marçodaquele ano de 1888, teve êle,em plena rua, um acesso de lou-cura. A polícia tomou-o por bê-bedo e prendeu-o

Em todos os tempos, no Bra-sil, as autoridades policiais pri-maram pelos excessos. Os sol-dados que levaram para o xa-drez o inditoso oficial de Mari-nha castigaram-no cruelmente.Chegou êle à prisão moído -depancadas, sangrando.

Na delegacia, Leite Lobo, queestava à paisana, declarou a suaqualidade de oficial de Marinha.O alferes, comandante da esta-ção policial, não lhe deu ouvidose mandou-o para a enxovia, àsespaldeiradas. O fato chegou aoconhecimento das autoridadesda Marinha de Guerra. O aju-dante-general da Armada man-dou um dos seus ajudantes deordens à estação policiai inter-ceder pela liberdade de LeiteLobo.

Devia estar com o diabo nocorpo o alferes comandante daestação. Ouviu o recado do aju-dante-general da Armada, afir-mou que não o atendia e aindadisse meia dúzia de desaforosao portador.

Um oficial superior do Exér-cito, parente do preso, correu àestação de polícia. O alferes,que cada vez mais ficava azedo,não lhe prestou atenção ne-nhuma.

No dia seguinte, as rodas mi-litares estavam em polvorosa.Na rua do Ouvidor (antigamentea rua do Ouvidor era a cúpolade ressonância dos acontecimen-tos de vulto) os comentários zu-niam.

A Marinha, sensibilizada, re-solve pedir providências ao Go-vêrno. O Clube Naval reune-secom um número excepcional desócios e a sessão corre infla-mada e ruidosa. Fica resolvidoque o Clube peça uma repara-çao ao Governo.

^Nos primeiros dias o Governonao compreendeu a gravidade

'¦$.

A princesa Isabel, regente do Império durante a questão Leite Lobo, em retrato tiradono exílio.

do incidente e desdenhou do pe-dido. A exaltação, porém, foicrescendo. Agora já não ei aunicamente a Marinha que sesentia ofendida: era o Exércitoque tomava as dores da Mari-nha. O Clube Militar reuniu-see enviou uma mensagem deapoio ao Clube Naval. As fôr-ças armadas de terra e mar es-tavam confraternizadas para de-safrontar a classe.

O caso tinha agora um as-pecto gravíssimo. A surdez dogabinete Cotegipe já não eramais possível continuar. E o Go-vêrno, para dar satisfação àsclasses armadas, ordenou que apolícia abrisse inquérito paraapurar as responsabilidades.

A abertura de inquérito noBrasil, em questões em que o

Governo é parte, é urn recursode que as autoridades se ser-vem para protelar os casos. E'uma medida sediça, desmorali-zada, que anda em passo detartaruga e termina pelo esque-'cimento, quando a culpa é go-vernamental.

O inquérito sobre a prisão eespancamento de Leite Lobo,desde o começo, apresentou oaspecto de todos os inquéritosque os governos iniciam pelaforça das circunstâncias. Em vezde ser uma medida de confiançae de pacificação, tornou-se ummotivo de incitamento de desor-dem. A lentidão exaltou a im-paciência das fardas.

E o Rio de Janeiro, durantemuitos dias, assistiu a um espe-

VIRIATO CORRÊA

táculo deprimente. Em plena luzdo sol, e principalmente depoisda noite, davam-se, nas ruas,verdadeiras batalhas em quecorria sangue e se perdiam vi-das. De urn lado, soldados daMarinha e do Exército; do outro,soldados de Polícia.

Tornou-se gravíssima a situa-ção. Depois de certa hora danoite ninguém podia andar pelacidade. Os choques à armabranca, os tiroteios, as embos-cadas, as lutas frente a frente,repetiam-se nas praças e nasruas de maior animação.

O único remédio que o Go-vêrno encontrou, no momento,foi fazer com que a polícia nãosaisse dos quartéis. O policia-mento passou a ser feito pelossoldados de linha. Esse recursonão deu resultado. As classesarmadas, cada vez mais irrita-das com a lentidão do inquérito,faziam exigências e ameaças.

O Clube Naval tomou umamedida extrema: declarou-se emsessão permanente, enquanto oGoverno não lhe mandasse umasatisfação pelas ofensas feitas aLeite Lobo.

O gabinete não compreendeutoda a gravidade da situação.Imaginando lançar água fria na-quela fervura que lhe estavaatribulando os dias, demitiu oalferes comandante da estaçãopolicial.

Nas primeiras horas do inci-dente aquela medida talvez bas-tasse para serenar os ânimos.Naquele momento não. Os mi-litares, agora, não queriam maissaber do alferes: o que queriamera pôr no olho da rua o chefede Polícia.

O ministério fechou os ouvidosà exigência.

Mas um dia. . Um dia a casavem abaixo.

O imperador viajava pelo es-trangeiro. A regência estavacom a princesa Isabel. O barãode Cotegipe, presidente do ga-binete, despachava com a prin-cesa, quando dela ouviu umainsinuação sobre o incidente. Aregente achava que o chefe dePolícia devia deixar o cargo.

Uma ruga vincou o rosto deCotegipe.

O caso é muito grave —disse o presidente do gabinete.

Por que? — perguntou aprincesa.

E' que vossa alteza teráque assinar também a demissãode todo o ministério.

Mas. . .E' uma humilhação a que

nenhum de nós se sujeitará.

E a princesa aceitou a demis-são. O gabinete caiu.

As fardas tinham, finalmente(há muito tempo era esse o de-sejó delas), derrubado Cotegipe— naquele tempo o mais sutile o mais jeitoso dos políticos do

u Império

¦ •

r'y

. -r

i '¦¦;

' $¦*Mm£L

'IU

-•d

f|Í:; f I'' Em cima:

¦BWwTP 'ii' f *"^™í^*"-* ¦ *¦¦; V^fT^I^':'»*-?'*1' ¦ '^''ky'^ ;-M*': ¦yy'^F'%j

¦0^

22

IP

1

\\

f:\ $

iUFJ 1

"A "toilette", — composição de Pierre Auguste Renoír, o mestre da pinturafrancesa do século XIX. Em baixo: "Retrato de Jeanne Samary.

li*^ „ "* . .: "¦.-• ¦¦ í.-. •' ¦. . • ;&&*' ¦¦'¦'•'. - *¦ ' iHHR^áíÁi'^»* • "•* • s - • ¦'*?át-líí ; -• */* *"'•-*. .::4i% ¦ * '^B^^pS'-' '' '' '¦¦'-'--.'*-" '-*|

-' -o, ^ *ífe^»%"« ./-íl*>. n ¦• " ' '^l^l^V

£.- :: :-^;..^f'l-:';^^í^^:|^^ :" .;¦ 0~-^y - 'iram

r ví5£.-..¦••>.; f^-.^-:¦"'•". >'••' •^.A?.'"^v^#i^í^s;:^^ r^^>í1 •¦ ¦i^'*JfcW'-''.. ¦Sá^^^*.v'iV,>*"i->--3*vW"-».'s'.- :¦-«' ¦¦' '-*<'~-V.~*y-:i'-<"&?%'''* '¦**£?¦ : *'*&'•«'• -• *L>*yym& ,;¦.¦**¦.¦ •.-¦•-:

PIERRE-ÀUGUSTE RENOIR — 1841-1919)

Por HENRY THOMAS e DANA LEE THOMAS

(Direitos adquiridos com exclusividade pela REVISTA DA SEMANA)com a Livraria do Globo, de Porto Alegre).

RA 'ura homem pequeno e tímido.c

ESeu lábio inferior saliente dava-lhe

à boca uma aparência de perpétuomau humor, Pêlos ásperos cobriam-lheo lábio superior e as faces, quo erampálidas, enrugadas e magras. Todo orosto refletia o que se poderia esperarde um pintor velho e cansado, de se-tenta e oito anos. todo o rosto, menosos olhos. Estes eram grandes e lumino-sos. Brilhavam excessivamente para umhomem de cerca de SO anos. Pareciam-se com os de uma criança. Cintilavamde tal modo, que pareciam iluminar apele amarelada. Olhavam como se nuncase acalmassem, nem mesmo à hora damorte, como se voltassem a freqüentara terra muito tempo depois do corpohaver sido enterrado.

O velho costumava sentar-se numa ea-deira de rodas. Era enrugado como umpedaço de pergaminho antigo. Torturadopelo reumatismo, fizera inúmeras ope-rações nos pés, nas pernas, nos braçosTinha as mãos retorcidas e magras, comoas nodosas raizes de um pinheiro. Oadedos ficavam, assim, deformados e inú-teis. Ataduras de linho envolviam a?palmas para impedir que as unhas seenfiassem na carne. Um pincel firmava-seentre o polegar e o indicador da mãodireita. O velho movia penosamente opincel sobre um esboço colocado numcavalete, diante dele. Algumas pinceladase depoi3, para evitar a procura de umpincel limpo, mergulhava o único queestava usando na garrafa de tereben-tina. O movimento da mão era negli-gente, mecânico, semelhante ao de umfantasma. Um movimento sem nenhumaforça própria. Eram os olhos que ein-prestavam poder às mãos. í]ra com oeolhos que Renoir pintava, recordandomuito do que vira e sofrerá. Vira seu.^filhos, de Jean e Pierre, irem lutar con-tra o"Kaiser. Estavam agora feridos numhospital, em algum lugar, na frente debatalha. Olhara pouco tempo antes pelaúltima vez, a mais suave e a mais meigadas esposas. Observara o mistério ãamorte e a mipéria da vida. E agora,afinal, depois de muitos anos d.- pro-curas e aflições, penetrara no íntimo danatureza. Apanhara um vestígio da ver-dade — a unidade do espetáculo humaneno palco e a direção do Deus, nos bas-tidores. Enquanto o corpo do pintor setornava cada dia mais fraco e mais dis-forme, a parte imortal, os olhos animodos e compreensivos — olhavam a gigan-tesca catedral da imortalidade atravésdos vidros coloridos da janela de eusinspiração. E haviam encontrado ai oque esperaram sempre encontrar. Diantede um altar, de joelhos, estava umacriança.

IIDurante toda sua vida Renoir teve umaíndole espiritual infantil. Quando lhe

perguntavam o que fazia para criar suasesplêndidas cores, retrucava: — «Nãosei. Arranjo o assunto como desejo, edepois começo a pintar - exatamentecomo uma criança». Apesar de ter ummétodo definido para sua loucura artls-tica, não possuía nenhuma fórmula ri-gida, como nao existe uma fórmularígida para a expressão da felicidade deuma criança. Pintava telas como a crian-Ça ri, riso que brota da exuberânciasadia de um espírito alegre. Sua arteera tão espontânea como a formação deum floco de neve, o crescimento de umaflor, o canto de um pássaro.

Nasceu em Llmoges, a 25 de fevereirode 1841. Quando tinha ainda quatro ano*,o pai de Renoir. que era um alfaiatemudou-se com a família para Paris Naescola um de seus professores era o com-positor Gounod, que. reconhecendo talen-to musical no menino, aconselhou-o atornar-se músico. Mas Renoir Unhamaior talento para a pintura, e quandochegou ai-ja trese anos certas forças mae-

néücas já haviam fixado a extensão dt-seu gênio. Por causa da pobreza de seuspais, foi obrigado a tornar-se aprendizde um fabricante de louça polida, De-corou xícaras de porcelana e louça comdelicadas figurinhas de grandes damas eespalhou ladrilhos nas salas dos burgue-ses de França. Arte superficial paracriaturas superficiais. E ainda assimsua experiência como pintor de porce-lana auxiliou-o a adquirir duas impor-•antes qualidades que caracterizam seugênio — o gosto pelas cores transparen-tes e a habilidade de usar nas telas,

i orno na porcelana, um fundo decorativopara suas pinturas.

Despediram Renoir abruptamente deseu emprego de pintor de porcelanaquando se desenvolveu, no povo, súbita-mente, uma loura preferência pelas por-celanaa decoradas a máquina mais doque pelas feitas a mão. Renoir percor-reu toda parte à procura de um meiode vida. Fez desenhos bonitos para le-quês de senhoras; cobriu os tetos doerestaurantes com afrescos, e pintou aa-suntos religiosos nas tolas de linho paraos missionários que us prendiam emquatro varas perpendiculares por todaparte que viajavam, dando assim aosgentios convertidos a ilusão ue estarer.)numa igreja cristã. E Renoir então dei-xou tudo isso, indo para o atelier doum artista aprender a verdadeira pintura.

I I TCom outros estudantes, levou muitas

horas copiando obras clássicas. Um dia,o professor inclinou-se em seu ombropara observar seu progresso. Depois deo haver observado por urn minuto, ba-teu-lho impacientemente no braço. «Vocênão percebe», disse êle, que o dedogrande do pé de Germanicus deve termais majestade do que o dedo grandedo negociante ao lado, no canto?...«Não se esqueça», repetiu andando d*-um lado para outro, «que é o dedogrande de Germanicus que você estápintando».

Essa falta de respeito pela dignidadepedal do honrado morto não impediuRenoir de colocar um quadro no Salãocom a idade de vinte e dois anos —algo que Cêzanne foi incapaz de fazerdurante toda a vida. Muitos dos pin-(.ores da nova escola haviam sido recusa-do3 à admissão no Salão naquele ano

- 1S63. Protestaram fazendo um grandealarido, Alguns deles induziram o im-perador aventureiro Luis Napoleão aabrir em proveito deles um Salon desRefusées, onde «os Rejeitados» poderiam«xibir seus trabalhos ao público. Essagaleria de segunda mão encheu-se comas telas dos perniciosos Impressionistas.Alguns dos artistas mais esclarecidos,contudo, estavam descontentes com 8exibição no Salon des Refusées. Queriammais atenção individual para seus tra-balhos. E deram vigorosos passos paraassegurar essa atenção. Courbet, um dosprecursores do impressionismo, foi típicoda energia dessa escola. Fizera uma po-derosa contribuição à arte rotulando ho-nestamente lixo como lixo. Mal sucedidoem sua tentativa de alcançar o públicopelos canais regulares, foi pela porta dosfundos. Alugou uma sala vazia bem aolado da principal galeria de exibição econstruiu uma cabana de madeira comuma imensa tabuleta em que se Ha Coor-bot, Tintor. E dormiu no teto dessa ca-bana. Pela manhã, no primeiro dia daexibição, várias pessoas foram à cabanaatraídas pela curiosidade. Courbet ha-via-se levantado da cama. Esquecendo,em sua excitação. que ainda estava coma camisola de dormir de flanela. atirou-se pelos degraus abaixo até a galaria,parou diante de seus quadros, ouvindoas expressões dos visitantes: «Que *|nquadro! Que magnífico! E' incrível! B

suficiente para nos tirar a respiração.».Eram êsíi.s r.a atentados louros e al?u-

23

_.

mas vozes divertidoB que faziam ob im-

preBSlonistas e outros artistas revolucio-

nárioa da época para atrair u públicoA oua mercadoria, Mas o público e es-

peci&lmente os críticos, continuaram pormulto tempo distantes quando náo cia-

romentc hostis. Olhavam fissea expcri-

ftjehtódbrea de novoa valores estéticosCoUrbet, Manei, MOnet — como utnoj

perigosa canalha de radicais que cons-

piravam para derrubar a ordem estabe-

lecida no reinado das cores. Até esse

período, a côr fora pela maior partecmpastada nas tolas, criando um efeito

plano e opaco. Mas agora esses revo-lucionários propunham que se pintassemas cores tridimensionais e transparentescomo uma bola de cristal. Alguns dosmais ardentes impressionistas diziam ha-ver eliminado o preto como uma côr querepresentava um conjunto de. cores, subs-tltuindo-o pelo uso dos violetas e doBaatlis-eSCUros. O termo impressionista foium epíteto arremessado pelo desdenhoso

público a uma paisagem matinal de Clau-de Monet intitulado «Impressão». Monetora uni perfeito -alvo do abuso popular.Esforçou-se para registrar todas as suasImpressões numa tela, não importandoquanto incoerentes pudessem ser. Erarealmente uma torrente de consciênciaartística, mas, ainda mais do que isso.intitulava-se um homem de ciência. Dis-golveu todas formas plásticas dentro deminúsculos pontos coloridos no princl-pio científico do prisma interceptado pe-los raios do espectro. Dividia um ralode luz em seus componentes prismáticospelas colorações delgadas,' manchas decór justapostas umas sobre outras, demaneira que o espectro pudesse produziruma ilusão atmosférica apenas a algumadistância da tela.

Realmente as grandes figuras da novaescola não mereciam a condenação pú-büca. À parte alguns poucos pesquisa-dores sensacionalistas, eram quase todossolidamente tradicionais, no intimo. Cons-truiram suas novidades num fundamentoortodoxo, como veremos no caso de Re-noir.

IVRenoir era considerado um dos impres-

sionistas somente porque expusera algu-mas telas em suas galerias. Além disso,era como uma alegre folha solta. Que

/ - -. ¦////yyyy^y y.:;,,://¦.¦¦¦¦¦%£¦%¦¦¦.?*¦¦¦:/ :.;\

&¦¦¦- .^yyy/yyyW:'' y///y-:.:/ - y.f A< < -.. ".'"'-':' "¦¦:¦-..- ": \

O FAMOSO PINTOR FRANCÊS RENOIR

mais poderia êle ser, senão um impres-sionista? Quando rebentou a guerra fran-co-prussiana em 1870, reuniu-se à cava-laria francesa e passou o inverno fazen-do manobras na neve, em torno de, Bor-rléus. Quando a paz foi declarada, tro-cou a carabina pelo cavalete, dirigindo-

se à margem esquerda do Sena, para-viver entre os artistas boêmios e os idea-listas fracassados. Não havia perdido oardente desejo de criar alguma coisa bo-nita fora da mistura de cores de sua pa-lheta. Sua alma estava plácida enquantoo mundo se conservava em rebelião. Os

trabalhadores parisienses se haviam re-voltado na Comuna. Haviam feito barri-cados nas ruas e derramado sangue comtsuas espingardas. Renoir continuava errocasa. Não sofria de nenhum perigo pe»-soai, porque não estivera particularmente'ansioso em reformar o mundo. Na rea-lidade, não era um reformador, era um*monje. Tomara os votos da antiga ordem»da Arte. Seu altar estava levantado par*a Beleza e seus sentidos extasiavam-se-em sua contemplação. Interessava-se maií»em pintar uma mulher nua do que em1-fazer qualquer outra coisa no mundo.Para êle, toda a mensagem da vida secontinha nas linhas de um corpo demulher. Certa ocasião, um amigo, ob-servando um seu recente estudo de nu,sugeriu que o quadro melhoraria se oartista lhe desse alguns toques extra-finais. «Absurdo», retrucou Renoir. «Estápronto, assim. Quando pinto um dorsode mulher e desejo tocá-lo é porqueestá terminado».

VRenoir não era um renovador. Era

um pintor ortodoxo da beleza de ummomento no eterno fluxo das coisas.Pintou, certa vez, o estudo de uma me-nina francesa com um guarda-sol. Estácom umas luvas brancas, um vestido demusselina bipnca e uma boina colocadagalhardamente na cabçça. Seus olhossão escuros. Dois lagos luminosos nabrancura de neve de sua pele. Este, pa-rada numa floresta, recusando mover-se,,como para desafiar o poder do destinoque estende as mãos para desviá-la desselugar, da segura serenidade do presente,,para a desassossegada incerteza do íu-turo.

O quadro, intitulado «Lisa», foi pintado>por Renoir quando tinha vinte e oito»anos. Nessa ocasião o público o desço-briu. Começou, então, a vender. As pes-soas que haviam comprado suas tela»simplesmente por amizade, agora as ti-ravam dos gabinetes pendurando-as nas»paredes. A sociedade abriu-lhe as por--tas. Madame Charpentier, a esposa do-opulento livreiro de Paris, admitiu-o emseu salão num pé de. igualdade com os«grandes», como o radical ÉnTile Zola,o conservador Daudet, o volúvel Gam-

(Cont. na pág. 46)

i

Em baixo, à esquerda: "La Bohémlenne", — um dos quadros famosos em que se espelha a arte maravilhosa de Renoir. A direita: "La Dormensc", um belo estudo de na.

mÂw%ymms£mmM'^^F^ã^^^tfyT^wWmtWUEM^^y, y.. , 'Y ¦ 4^&uíámL-WmítM-HHB^BBBg™MBsff^^^^^^™^^^^^^^g^^^^K^^^ -IIÍlill>1ÍÍÍf * ,ií^^PÉ^^íP^'##:í"': -

lllfc SÊÈÈÊÊmmÊy< <'á-'"v'ÍK^ A!^^ÂJràWflr -. y iii-iMBffi-gv8^^^ HmãMâ^ Itoife

s^^^^O Wi ;iíl#*'^^^w4.l%1^y?iK^""' YVf....,«

mmWÊÈ$$êmÍim !*SS míí 1 u<»ÍR' -'^^S^SfeS^'

Wm%^^m^^i^^^%t ^Êl$my*y y¦'' ¦ ^âm*^^^MaHaabM»#iWÉV *y y * ^m >>' *->-j&fc< - h^ -^rky:%-mmWMmmmme^.<m-<,:.'i\ -Y *cmAm S-v-Y ^^SsíY. 'Y-.^fe^'*'--..,- *%-y^ '^>%?Y' Y% ^''¦bb—-Httlftf^i^ j^flí \í- wv "^^feM"*1^^^^^ ^^ %\'''

1H:¥'•*. J'--13BB

<i- » .-- — ' -_>«,^ ".

W'¦

»*¦•'¦ •

mm;

m ¦ ¦

bãj' r

¦^

¦H-

MI

tll _v

V

*

1

^

24

BBf

DMectu-s meus misit manum suamper foramen, et venter meus intrem-mite factum eius.

"Cantica OanUoorum^, V. 4.

EMETÉRIO

AFONSO, aos vinte oquatro anos, encontrava-se solteiro,só, e sem responsabilidades de fa-

mília, possuidor de um capitalzinho mo-desto, e empregado num banco. Recorda-va-se vagamente da sua infância e decomo os pais, modestos artesãos que, àforça de economias, tinham conseguidojuntar uma pequena,, fortuna, costuma-vam dizer, ao ouvi-lo recitar os versosdo texto de retórica e poética: «Tu hásde chegar a ministro!». Mas agora, coma rendazinha e o ordenado, não tinhainveja a nenhum ministro.

Era Emetério um jovem fundamentale radicalmente poupado. Todos os me-ses depositava, no próprio banco ondetrabalhava, o fruto da sua economia. Eera poupado, não só no dinheiro, mastambém no trabalho, na saúde, no pen-samento e no afeto. Limitava-se a cum-prir, e nada mais. no seu trabalho* deempregado bancário; era um medrosoque em tudo via perigos, e usava todaa casta de remédios; aceitava todos oslugares comuns do Benso também co-mum; e era parco em amizades. Todasas noites ao deitar-se, quase sempre àmesma hora. pendurava as calças nessescabides que servem para as manter bémvincadas e sem rugas.

Pertencia a uma tertúlia de café ondese ria das anedotas dos outros; mas nãose estafava, êle, a contá-las. O único doscontertulianos com quem chegou a teralguma intimidade foi Celedônio Ibafiez,que o cognominou de «amado Teótimo»,para exercitar as suas faculdades.

Celedônio era discípulo daquele extra-ordinário D. Fulgêncio Entrambosmaresdo Aquilão, de quem se deu prolixaconta na nossa novela «Amor e Peda-gogia».

Celedônio ensinou o seu admiradorEmetério a jogar o xadrez e iniciou-ona arte agradável, inofensiva e honestade decifrar charadas, hieroglifos, pala-vras cruzadas e outros problemas ino-centes. Celedônio, por seu turno, dedica-va-se à economia pura, não à política,com cálculo diferencial, integral e tudo.Era êle o conselheiro, quase o confessor,de Emetério. Este estava ao fato do sig-nificado dos acontecimentos pelos comen-tários de Celedônio; e quanto ao queacontecia e não tinha significado, to-mava dele conhecimento pela «Corres-pondência de Espanha», que lia todasas noites, ao deitar-se. Nos sábados per-mitia-se uma ida ao teatro, mas só paraver comédias ou sainetes. nunca dramas.

Tal era por fora, no exterior, a vidapacífica de Emetério; no interior, senãona intimidade, era um hóspede; um hós-pede da pensão de d. Tomasa. O seuInterior era a pensão; esta era o seu lare a sua única família.

A gente da casa de hóspedes, com-posta de caixeiros viajantes, estudantes,candidatos a professores, e pessoas deocupações ambíguas, renovava-se comfreqüência. O pupilo mais fixo era êle,Emetério, que se ia aproximando cadavez mais da intimidadev da casa de d.Tomaía.

O coração desta intimidade era Rosita,a filha única de d. Tomasa; era ela queajudava a agüentar o negócio e quemservia à mesa dos hóspedes, com grandecontentamento dêsfes. Porque Rosita erafresca, apetitosa, aperitiva e mesmo pro-vocante. Resignava-se sorridente a cer-tos resmungos discretos, pois sabia queos sorrisos encobriam as deficiências dascosteletas servidas, e não só agüentavaae graças picantes, como até as provo»

cava e lhes respondia. Rosita tinha vinteanos floridos. E, entre os hóspedes, aquê-le a quem especialmente dedicava os seuspestaneios, os seus olhos caídos, eraEmetério. «A ver se o pescas...!», cos-tumava dizer-lhe a mãe, d. Tomasa; eela, a menina: «Ou se o caço...». «Masserá êle carne, ou peixe?». «Parece-me,mãe, que não é carne nem peixe, massim rã», «Rã? Pois sedu-lo, filha, se-du-lo; para*que hás de tu querer essesolhos, senão para isso?». «Está bem, mãe,mas não faça a mãe de sedutora, queeu sozinha basto». «Pois a êle, eia!, ecom tato!». E foi desta maneira que Ro-sita se pôs a seduzir o nosso Emetério.ou D. Emetério, como sempre lhe cha-mava. Este procurava alternadamente,por espirito de economia, ora aprovei-tar-se, ora defender-se, porque não que-ria passar por parvo. Arreliava-o. alémdisso, — entre outras arrelias, — o fatode que os hóspedes seguiam com sorri-sos, que a êle, Emetério, pareciam com-passivos, as manobras e as miradas deRosita; todos menos Martinez, que olha-va para elas com toda a severidade quedeve ter um candidato a professor depsicologia. «Mas não, não, a mim nãome pesca ela, — dizia Emetério de sipara consigo, — esta mocinha; carregareu com ela, e com d. Tomasa ainda porcima! O boi solto bem se lambe... Boi...boi... mas nunca touro!».

Além disso, — dizia para Celedônio,como em confissão, — esta rapariguinhasabe de mais. Tem uma tática!...

Pois então, Emetério, contra tática...tato!

Pelo contrário, Celedônio, pelo con-trário. A tática dela. sim, essa é queé tato; é uma tática de tato. Se visse3,como se chega a mim! Sob qualquer pre-texto, e como quem não quer a coisa,lá vem roçar-se por mim. Quer-me se-duzir, não há dúvidas. E eu não sei se,ao fim e ao cabo.,.

Vamos, Emetério; parece que andasmuito receoso.

Pelo contrário; e depois há esseMartinez, o outro candidato à rapariga,que a come com os olhos enquanto mas-tiga o bife, e que parece que a há deapanhar se eu não me decidir.

Decide-te, pois, Emetério, decide-te!E se visses as manhas que ela tem...

Uma vez, quando ia a começar a ler ofolhetim da «Correspondência», entrou-me pelo quarto e, fazendo como se co-rasse toda, — que cores! — disse-me:«Ai! Desculpe, D. Emetério, que me en-ganei...!».

Trata-te por D.?Sempre. E quando uma vez lhe disse

que deixasse o D. e que me tratassesó por Emetério, tu cá, tu lá, sabes oque me respondeu? Pois «tu cá. tu lá?Isso não, D. Emetério; com D.». E essacoisa de fingir que se engana e meter-se-me no quarto...

Estás em casa da mãe dela, d. To-masa, e tenho medo de que, como dizemas Escrituras, te vá meter no quarto daque deu à luz...

As Escrituras? Então as SagradasEscrituras dizem coisas dessas...?

Sim, é do mistico «Cântico dos Cân-ticos», onde, como por um cordão umbi-lical, se têm alimentado tantas almassedentas de amor transmundano. E estacoisa do cordão umbilical é também bí-hlieo, pelos vistos.

Pois tenho que fugir, Celedônio. te-nho que fugir. Essa rapariguinha nãome serve para mulher própria...

E alheia?Seja como for; nada de confusões,

nada de confusões! Ou fazer as coisascomo Deus manda, ou não as fazer...

Sim, e Deus manda: crescei e mui-tiplicai-vos. E tu. pelos vistos, não tequeres multiplicar.

Multiplicar-me? Farto d<> multipli-cações estou eu. no banco, Multiplicar-me, por mim próprio?!

Anda lá. pois. a elevar-te ao cubo.

Vá. por uma potenciação.E, com efeito, todo o cuidado de Eme-

tério era defender-se da tática envol-vente de Rosita.

-- Anda, -- chegou a dizer-lhe uniavez, — já vejo que mo queres fteduzir.mas é trabalho perdido...

Mas o que é que o senhor querdizer com isso, D. Emetério?

Ainda que perdido, não! Porquequalquer dia vou-me por aí e... à tuasaúde, Rosita!

A minha saúde? Será à sua,..Sim. à minha, mas com precau-

<;ões...Pobre Emetério! Rosita cosia-lhe os

botões, pelo que êle deixava que se des-cosessem; Rosita costumava dar-lhe onó da gravata, dizendo-lhe: «Venha aqui,D. Emetério: que o Adão o senhor é!Venha aqui, para lhe ajeitar essa gra-rata...». Rosita é que recolhia, aos sá-bados, a roupa suja, salvo alguma peçaque êle guardava para levar, êle próprio,à lavadcira. Rosita é que. lhe levava àcama o ponche quente, quando, algumavez. tinha de se deitar mais cedo porcausa do catarro. Por seu turno. êle. ai-gumas vezes, levou-a ao teatro, paraverem qualquer coisa que fizesse rir.

Num dia de Finados levou-a a ver o«Tenório». «E por que é que, D. Eme-tério, há de ser isto em dia de Fina-dos?». «Pois porque o comendador...».«Mas esse Don Juan parece-me um in-gènuo».

E com tudo isto Emetério, o poupado,não caía.

Quanto a mim, dizia d. Tomasa àfilha, estou que este ingênuo tem poraí alguma ligação...

Como é que pode ser, mãe, comoé que pode ser? Ligações, êle? Já cáme teria cheirado... "

E se a outra não se perfumar...Já me teria cheirado a outra, mes-

mo sem perfume...E noiva?Noiva, êle? Menos ainda.

E então?Não tem queda para o casório, mãe,

não tem quedu para iseo.Talvez tenha queda para outra

coisa...Comprometer-se, êle? Qual que!Pois então, filha, estamos a marcar

passo, e tu não podes perder assim otempo. Temos de recorrer ao Martinez,mesmo que não seja lá grande coisa.Ora, diz-me: que livros são esses queêle te tem dado para leres...?

Nada. mãe; umas histórias que láos amigos dele escrevem.

Olha lá. A ver se lhe dá a êle paraescrever histórias dessas, e se nos metea nós em alguma delas...

E que rnais queria, mãe?Eu? Ver-me eu em papéis?

Por fim Emetério. depois de ter con-sultado Celedônio e discutido com êle ocaso. resolveu fugir à tentação. Aprovei-tou para tal umas férias de verão; foipara uma praia, a economizar saúde. e.ao voltar para o banco, trasladou-se como seu baú para outra casa de hóspedes.Porque o baú. o seu velho baú. deixa-ra-o. ao ir veranear, em casa de d. To-masa, não levando consigo nada mais queu"a maleta. E à volta não se atreveunem sequer a ir-se despedir de Rosita.e apenas, por uma carta, mandou pediro baú.

Mas o que lhe custou! As noites depesadelo em que o atormentaram as re-cordações de Rosita! Agora é que com-preendia quanto fundamente lhe tinhaficado preso: era agora, na obscuridadedo leito, que o perseguia aquele pes-

tanear a chamá-lo! «A chamar-mo, diziari- si para consigo; porque me chatnaporque é de chama, de chama de fogoTerei feito bem em fugir? Que í quchá de mal em Rosita? Por que é mlhe tomei medo? O boi solto.,, mas pa-rece-me que as lambedelas do boi sàopiores para a saúde...».

Durmo mal, e sonho pior - ^a Celedônio. — Falta-me qualquer coisaparece-me que me afogo...

-- Falta-te a tentação, Emetério, 14Uns contra que lutar.

E' que não faço outra coisa sensosonhai- com ela, e Rosita já se me trans-formou em pesadelo...

Pesadelo, eia! Pesadelo!Sobretudo não posso esquecer aquê-

les olhos caídos, o pestanear dela.Estou-te a ver a caminho de e-scre-

veres um tratado de estética.Ora, vê lá; ainda te não disse. Sa-

bes quo tenho sempre no meu quartoum calendário, desses de. parede, parasaber a quantas ando...

Será para decifrar a charada ou ohierogllfo de cada dia?,..

Também, também. Pois no dia emque saí da pensão cie d. Tomasa, dei-xandn o calendário no fundo do velhobaú, não lhe arranquei a folha..,

Renunciando à charada daquele diasolene!

Sim, não a arranquei: e. assim odeixei ficar, e assim o tenho ainda.

Pois isso faz-me lembrar, Emetério.aquela história do recém-casado que, aomorrer-lhe a mulher, deu uma pancadano relógio, fé-lo parar, e continuou comêle a marcar o trágico momento, as setec treze, parado c sem o consertar.

Não está mal, Celedônio, nâo estámal.

Pois eu julgo que estaria melhorse naquele momento êle tivesse arran-cado os ponteiros ao relógio, e conti-nuasse a dar-lhe corda, de forma que solhe perguntassem: «Que horas são, ca-valheiro?», pudesse responder: «Anda,mas não marca!», em vez de: «Marca,mas não anda!». Usar um relógio pa-rado...? Nunca! Que ande, ainda quonão marque a hora.

E continuou Emetério a freqüentar a

tertúlia do café, a rir das anedotas dos

outros, a ir ao teatro aos sábados, a

depositar no banco, no fim de cada mês.

as suas economias, às quais ia juntandoos iuros dos depósitos anteriores, e a

cuidar, com toda a sorte de precauções,da saúde de solteiro que bem se lambia.

Mas que vazio sentia na vida! Nâo,

não, a tertúlia não era modo de vida.

E ainda por cima um dos companheiro.'o mais gracioso e de melhores Idfltt

um jornalista, apresentou-se um dia

banco para lhe pedir dinheiro emp"

tado; e como êle lho negasse, pespeg»lhe o outro:' «O senhor roubou^«Eu?». «Sim. o senhor; porque a te

lia vai quem quer, cada um com cv

tem para dar, eu fi-lo rir, diverU-o.senhor lá não diz nada, o senhorJâ

^vai senão como homem rico: venn

^consigo para que me ajude, ne

qualidade, e o senhor nega-se-m^ ^o senhor roubou-me!». «Mas e q

^meu caro senhor, não vou Ia cci^

mas sim como consumidor». <J 5

dor de que?,. «De anedotas-Jjsuas. e fui-me em paz!». «^°" t

o senhor i»O que " -"V

da(feE assim era, na teroconsumidor..

consumir-se»E a nova casa de hóspedes!- Que casa. Celedônio, <!"' casa.

Aquilo não é casa é «maJ*- ,¦:¦:ítalagem

T" He d Tomasa.uma pousada. A ue "•essa é que era casa!

- Sim. uma casa de P«P»«* p0r-ta é uma casa de pW^lAiE est de

Conto de MIGUEL.DE ÜNAMUNO * Mustraçõo de ARMANDO

que. as criadas, que bestas! 1^

PACHêC

1:

-¦«te-.

.*j»H,';l.*BV-< :fl ¦¦^'"•mtifc

SNfBSB^***^—*M'y-'A''- -'''- *""'j:¦¦wgW'if;»»vwmm mi mu

que

i4

e a

contas Rosita era a menina da casa, e

lá não tive que lidar com criadas....— Com pupilas, queres tu dizer?__ Mas nesta estalagem! Agora há lá

uma Maria homem que teima em fritar

os ovos a nadarem em azeite, e quandomos traz para a mesa, e eu ralho comela, sui-se-me com um que: é p'ra untar.Imagina só!

...- Claro, Rosita fritava os ovos comomenina chi casa...

Pois claro! Cuidando-me da saúde;mas estas bestas... E depois teima emdeixar o baú encostado à parede, o assimnão se pode abrir bem, porque ô dessesantigos que têm a tampa arqueada.

Estou a ver, sim; é como o céu:côncava-convexa.

Ai! Celedônio, por qu.' deixei euíuiuola cada!

Queres dizer que n«sta ninguém tededuz...

Esta não tem nada de um lar... deurna lareira...

li) nor que não te mudas para outra?São todas iguais...

-- Dependo <ln preço. Assim como forn preço assim -será o tratamento.

Não, nib. Em casa de d. Tomasanão me tratavam conforme o preço, mashími como pessoa da casa.

Claro, puta ti não era uma casa denegócio, E" porque iam atrás de outracoisa.

Com bom fim. Celedônio, com bomfim. Porque começo a dar conta de que,Rosita estava apaixonada por mini, sim,é como estás a ouvir; apaixonada pormim, desiuteressadamente. Mas eu...por que me fui embora?

~- Estou a ver. Emetério, que uindavoltas para casa de Rosita...

Não, agora não; não pode ser. Comohavia do explicar a minha volta? Que

'V- .

esse 'BBVj^kVJfllflFflflHfliVrflBBB TflflflflL '"^BfliflSiUfll n^^^HMwm^^mmm mmB^Bm^^^^^^^^^^w^^^^mmmmmmmmwÊm

pMèCo

B-SRCBtfnJBl-S^ttÃ- s__3

x

#PX: »<i$ÉS*>.*&í

«Ml..-.*»» in- - I —¦ »•«- A>A^^^mÀ

AAA:' ... í%*. .' •; X-S, ¦¦¦ $y .¦'•¦^*?fÉ_^__i!

VI'**?:

| Ali i_B

& tá

i i r'IS* ÍIAxxe;

inundo

ÜS-_$ «.

ÜSl*

\ Turquia que ia íoiurna ameaça p a r a omundo ocidental, no pas-sado, que era um dos

mais poderosos impérios aoo a expansão sarracena

s em perigo muitas nações,§ que, com a batalha naval

Lepanto, solreram os turcosia derrota aniquiladora - éje considerado um baluarte dc

democrático, servindocorno uma espécie de tampãoentre as nações ocidentais e o

atde

mundo

colossoao laaoaa ir

soviéíke""!. Colocando-sedos Estados Unidos e

aterra, recusando-se acapitular as exigências russas, a

v.

uarquia, se houver guerra, serám dos d;

l e*!ta•h

primeiros campos de ba-lha, pois será inevitável o

M choque des seus soldados comm as legiões stalinistas E' arandojl a curiosidade reinante, nestaII hora, em torno da Turquia e

ae sua posição, uo panorama

^Swfssw^Sw ¦-

simm. Am

?m

A TURQUIA Ê SEUSBRANDO ASREFOUmSíéacidadedeanJPOVO TURCO -oTtoCl

SSSTEMCOMFIl|{Z,

Reportagem de fALDOMORELLI í'

Exclusividade de RRfST/

poütico mundial. Daí a gra|atualidade desta reportagem).calizando a capital turca e itransformações pelas quais lepassado o seu povo.

Em 1926 toda a Europa cctava a seguinte anedota. {francês desembarcara num pó:da Turquia e, enquanto serigia ao 'hotel,

encontrara thomem que ia correndo pelacoei ar apavorado. 0 fugitrparou diante do francês, olhos

WSggES^' é":í .^3£ÍÍ___S_

IbH__7SIK^^^K^^psi

¦ A&i

Em cima: mulher turca, no mercado, conduzindo o filho de acordo com o sistema (radieentre a gente do povo, no país. Em baixo: um carro moderno passa por um cai

1011!

npones une con-luz num jumento, para o mercado, o produto de sua plantação de allio e cebolas.

Am _________Bs&ÉÍÉE>%»%»

B&3&&&C

- __! ___1è^-:x:jffiifl __BB___fii_

WSmmWffi \wÊ&tíP__k-3< V ^^¦_B§3*

- ¦¦ ¦*'*>/, ¦

*, ' Wm

>'..¦*¦

mmm.mm

4^s lllil «í^^H^' "«__^_B_S3v < - 'tm. IP^Il? %B

' _* '< *^^-* ?__J«_B__>. l_lílfnffl@_tKTO_—__>[»_ &lP_à _ _}SK^ÍSf^xx®) i ;. IgMlr^P^ ' *"^_HH—_^Wj_HkB__?SHm8_B ^ÉÉIÉt' <^_l__EriI'1p __i» iw L- ^**n«_ "TH8_____f_r g'tz_i_x___t . mãMiiM-a-gl^i

|fíjK| * ^?^«^^^% -*r?ff_iT____r¥^ «______B1I_______HB___Bm

|||j|||||5i ¦¦ '--<»» - '( ^^ W, "** -~~ ,%J^ -«^- xj__B__S Illslíl r ^_llfnT__ TS^!^ *T* _!HP - ! '^üli^^s Bi H •*,*íé_ I ü

BlSispil^^S ^¦lli,»V,<"<>t<v'" <yT^^w!,i*s;_BiM!?___B

wm mim «>:-«»*V«3<

HBH

;XX'

A A,

m

_ 'T,r" 'v^-Xv^síifrwisi^v^.x .< ...^¦'¦'.-- ¦ í - ía-^v-í* *- . ¦¦• í^x .\.-:- ?>.'.-...tx^h»"jlt '^ X. .. <.

'•Ax.:

x.. x;jj

Km cima. à esquerda: um guarda tln tráfego, numa d»s ^0lUsi „

siganiHM-u i>>tãtuu «ie Musfafá Kemal Attaturk. existem j|l0domado

*k* I^MBillfJ^^Mi»

USPÉresSOS SOCSAIS — RELEM-RMAsUMUSTAFA' KEMAL — 0 QUEw'" L A OCIDENTABJZAÇAO DO

•0 DO POVO — OS TURCOS RS-

BA À PRESSÃO RUSSA

f, Fotos da

\ KEYSTONE PRESS AGENCY

deRBfSTA DA SEMANA no Brasil

mmm

I

m' --? T t

um instante, disse ninas paiavras incompreensíveis e afinaltirou-lhe o chapéu cia cabeça,deu-lhe em troca um velho "fez"

vermelho e desatou a correr. O{rances, espantado, viu poucodepois uma turma enfurecidapassar na mesma direção. Ocaminho para o hotel não eratão curto como o viajante ima-ginara; a certa altura começoua chover. O francas., para sedefender da água, cobriu a ca-beca com o "fez"

que recebera

do turco Aí surgiu outra turma,que, sem rnais nem menos, apa-nhou o homem e deu-lhe umasurra nunca vista. Depois o lar-varam no meio da rua com umcartaz pregado no peito, no qualestava escrita em caracteres era-bes a palavra ".fanático"

Naquela época as fábricas ou-ropóias de chapéus recebiamdiariamente grandes encomen-cias per parto de autoridades eparticulares de Stambul c deAnkara. O primeiro presidenteda nova república turca, KemaiAtaturk, tinha empreendido agrande campanha pela renova-ção dos costumes. Apresentava-se nas praças da cidade, parafazer discursos ou comícios, ten-do sobre a cabeça um chapéuà européia: a certa altura dodiscurso o presidente largava osassuntos de política ou de eco-nomia e passava a enumerar asvantagens práticas e estéticas do

• ' i,l>xJmmmmmÊmmMÊBmMMÉ™

, *rP *Í. .'¦'.¦-' ' "'.' PéSÊÊm ''"'^fft*'

m >>MA'*ZMàmmmm JM&'4*B if*' 'ÍMm^''^mmÂmíák'' *í : ímmmwmw v^THMr * \-,p -

eCBMMIUvI Sílv! » ' I mHNHM¦fHksI í:9Hkw * ®m$®£Êm&úffi' -Pm • 1

y;«j

/**0:jft^«íC*''

pí^i^i.1*, &&>PA' m - <¦ - ¦• '^ <7 !-"/ 7;.v" ;VgV 5- ~ ?f-^^ v $S*^^SX^&K|m^^

Wm - ^mmmm- ¦JÈÊÊÈê---^ÊÊX^àr0'*'*' ' ¦'• p^CSS»¦Uk í' WW^W^Ê mmmmmmw&s*** « ' '#

Khk^v-:> : ^MBlfeW:.:rl^MPlWÊ WÈM -M- mis WMmL -'Wm-: ^MÊWmmtimÊmKÊamiMmÈ WMMmmM^m ' gMPmW^ir' * 4^^»P MM B&«^^^i / piliíiliiiss^H^M^» > 1^. w&wm - - ,*: , -^*¦ 'i%* * WMmmwmMmM$&mmwm%r mmjmfâí '-S1&

mÊmiy i :.?-1 ¦:¦ .WÈMÊÈrm%wÈÈÊ&°$ÊmW£$? ' • •• • -• '

/^Wl#' 7-7P7^77\77fa«¦fe»*^^^-. ." ^^IT^^ " -'--'ogy^%^:,^«4tmamm.: *> , ^»> M; ^W^. <% * - <% .^^ 7s'.^^s

O mercado de Ankára está situado numa das ruas mais«velhas da cidade, entre pardieíros. Emcima, \ê-se um detalhe. Em baixo, — uma cena comum no mercado: pessoas ilo povo nmiíean-do preços ao lado de uma saca de arroz, alimento muito apreciado entre a gente tuica. Dizem

(pie este é o mais velho mercado dó imiiuio,

[|7||#;|::;|y;

ti

I #*"iítr

"lasW11"181 móôliFa*

(apiíal íla Ti,r,l'iia. A direita: no centrn ile \nk.ua. alem de uma.jllodíí^ados tUr

S" ,sí;l ''^"'''-íMitu a mullipr ria Turquia, conduzindo uma hala,

A:

MÊmmmí'.. ¦ ¦ •¦¦¦•'•"wHm

" *¦ ^ /• uWBmSÊmmr^^m^í^SÊ mm\ ^M ^mmWTí^^^^ÊÊÊ^^^WÊÊÊÊÊÍtA ^ÊÊÊ^^ÊÊ^Mmmmmuu^, '-'*'4< BP^mIs

" -•íST^íSBS^^&sSS3ftSv^''.w: - ¦-¦¦ -'t?" .,.7- ¦?•¦í*:''.'^' .".¦'7.. .7.. ''n¥''&wWS&í>::'3r.' *Ç*8Bt>^^*^^i* í%^^ \::-"'. y>-.'. -^'y,'- ^^^^H^Bp*^' '¦i--S'-fi'''yií::'P^íí:. ¦' "^:v^'"'"*iS'3^^Hifi3Í

ÍZ.V

ia

.AV: «^*'^%Éy^ 5

YAA

Ê^-WÊét,Sfc^

Bafeis w_9BH^^m_&^HPP^ • 4ÍIÈ1ÍI7 *%' ¦ **&¦Hn_. > l—ffi^i^^iií^iMí^^^K^r^ a-;ípI- ,z -A"'z SH1 Iísa.

-^^i^BíII^p^íS'í;^7'w '^áWmV^P^ÊF-'éW'¦•¦¦*¦H-MSSi2r JSaHfíi^ Ir ^mW^M^^tw V8_««_S*''^^^^B!^'!teí:'^i!^! 'ííia^aii%sí • a \ i*sí;!"mmHF ra» «&s*i'.i¦r.". '¦^Bl%>ví'- ''_HHi'iH«Ír ^««tó^ES^ :» JS?*: 1Br " -%k. 'S_W^Kl 1aaH^_K'âí^^^S^'^*S!1*#^PY A H yffi, mm'¦'¦m^^^y^^^^^i^k%^w^^m^^^^^^i-yy' '-'^mWMm^mW¥mWÊi\ ^WKm^^mmWmmmmmW^ÊmW^^J ¦¦*'> «"«1

BksNs'* zTSS&jte' ^«RM WlwJsHKívv >' z ~ '^ yyfSsÊmWmmWmf^J^miÚÚi-''^ \WÊ z_B- wfâv&JmMmW&níkm.i ;¦'¦'¦¦.,¦>¦¦' '"•; Aallsi

K%%* a-a lll§|illp jHp* ^"^mmmwÈ Wmm^BSm^m'^^:^'-BS-k""" '^HB^_K^'^^;«^^^^^^^^^fR:S

i:fÃ;:'77;'Yz.;.; :

\.:: y' ' '¦; '<fy :f_ ": ¦''¦' Y:.-,;". A^BAz^Y 7- Y Y ^'". y 77. "

Ay7. •¦¦ "¦¦'; '"y"^^'':"-

:¦ :V:,^^:;:V7,: . K.;:-- ,'-Yz,7 ^:A;ázzz- . v ¦¦

¦¦ A. ..:..-....'.. .a.,..™. A.™ A ;..,a™,_ :...;; :—„...' . . ~ . .-.'.s:.:-.. z.Z.v

" f 7'i".-; a'

'

7117

mm

iillfii í»

^SÉ

YilHnil^

|y%I^5_BÊ''' ÜHI

A>-

«f^âf

«

-v--*IaA ¦

7777

ESSSsffi

¦;.fijí

A..^:r¦

-

m^my^^^í^^m^^yi Ê

r%MmiMKm&'bM _H9çW&_3T^r «-A^A^â»lii_f«I^OT^fia^!J_l.^l§v*l

wÊÊãÊüÈAz^^i^l^^^SfflHP^ sh^^Kjm yj YiPip^^^^^^^Ks^S^ "^'' A

chapéu, que ele tirava cia ca-beca e mostrava em iodos os

nulticlâo, com o mes-um vendedor ambu-

detalhes àmo zelo d<:lauto.

r-vemai<i i tazao Par.•a con-vencei os turcos a adquirir umanova mentalidade, era precisomuda; lhes antes de tudo os há-bitos exteriores A Turquia tinhaficado até então num estado deatraso social e cultural sem pre-cedentes. O império dos Sultõesconservara a estrutura feudal daIdade Média até o último dia.Fora o derradeiro baluarte dareação aristocrática no conciliodas grandes potências européias.Por isso mesmo tinha-se aliadcaos impérios da Alemanha e daÁustria, na esperança de derro-tar as nações ocidentais. A der-rota de seus aliados abriu ca-minho à renovação da vidaturca, que teve que se processarpor meios revolucionários, queatingiram às vezes, o "clímax"

da violência.Kemal, conhecido pelo povo

como El Ghazi (isto é, o vitorio-so), o "ditador de olhos azuis",que impressionou os observado-res estrangeiros por sua forçamagnética, entrou logo em ba-talha contra todas as velhariascaracterísticas do império. Antesde tudo, as roupas e os chapéus.Até então só os jovens intelec-tuais vestiam-se à moda ociden-tal, sendo isso causa de gravesincidentes provocados pelos fa-náticos muçulmanos. Os funcio-nários públicos trajavam a "stan-

bulina", espécie de "tight" preto,

com o imancável "fez", que aliás

também os intelectuais manti-nham, pois era um símbolo reli-

gioso, sem o qual eles teriamdemonstrado ser não somenteprogressistas, c o m o tambémateus ou infiéis.

Kemal pôs termo á tradicio-nal inferioridade da mulher, demaneira radical. Mal saíra doharem e mal largara o véu, amulher turca entrou para a vidapública e paia as profissões li-berais. A mudança deu-se danoite para o dia. Era a técnicade Kemal: impor pela força todasas renovações, sem perder tempoem persuasões teóricas. Nasquestões mais graves as penaspara os contraventores das no-vas leis chegavam até a penade morte. Em outros casos osjovens partidário Kemal se

¦y

Ao lado, em cima: soldados da puUclJturca (eles têm «» direito de conduzirsempre anuas d.> togo), patrulhandouma rua; em baixo: artistas do Teatro<:<• Pino, eti.jas representações nüo s«üapenas recreathas. mas, sobretudo, ed«-cativas, de fundo ostensivamente üldu-tico. E»sa foi uma das mais Interessantesinicialí\i!n di' Mustafa K^inal.

<r

'^§SêÊêMê^M¥!ÊÍ^" "[" I "" '" ' ' iimmmm-mmam*m

<r

" _^______*^_____J1^^ .a """" "" " ^.^x^^Ê^^t^^ ^*ú

_¦ ^tes»_«__^_ ;íl^__^___l WÊaWm::': ; fl ^^^_^ü_â_^s"*<-iX~.'i~w" -Wm. yx. -yy ¦¦ ¦¦¦¦ yyyWi

•¦*¦¦.'¦ ¦—.¦¦*

''

»__C. '—

Em cima: unia vista do "Boulevard Attaturk", multo bem arborizado e assim denominado em homenagem a Mustafá Kcmal, o reformador da nação turca. A Turquia é hoje con»feiderado um baluarte do mundo democrático contra a expansão russa.

encarregavam de liquidar cornmeios enérgicos as superstições,como aquele francês pôde expe-rimentar. Foi o fim dos últimossequazes de Kerabán o Teimoso,aquele personagem de Júlio Ver-ne que tinha feito a volta domar Cáspio para não subir numtrem,

O analfabetismo foi debeladomediante o ensino público eobrigatório do alfabeto ociden-tal. Isto deu a Kemal uma ótimaoportunidade para destruir osprivilégios da classe dos padrese dos funcionários, baseados nomonopólio da cultura. Mas aque-Ia cultura já não servia. Os ho-mens cultos de outrora acharam-se diante do novo regime namesma situação dos analfabetos.Contemporaneamente, todos osapelidos de "aga", "bey", "eííen-di", "pachá" desapareceram,substituídos pelos simples "bay"(senhor) e "bayan" (senhora),apelidos de cortesia que não in-dicarn nenhum privilégio social.

Foi assim que um país aíé en-tão reduzido a ser um mercadopara a indústria e o comércio es-trangeiro, um enorme impérioincapaz de produzir até os gê-neros de primeira necessidade,cheio de dívidas até aos olhos,completamente desprovido detécnicos e de operários, come-çou a tornar-se uma nação in-dustrial moderna. Desde 1922até 1933, isto é, no período maisintenso das reformas, oi? 'com-

binat" ("trusts" de pequenos in-dustriais) subiram de 324 a 2.397,sem ter em conta as indústriasnacionalizadas e dirigidas pelopróprio Estado. A Turquia pas-sou a explorar os minérios, osprodutos químicos, a celulose, ea transformar numa grandiosaindústria têxtil a tradicional ati-vidade dos pequenos artesãos.

A República, na Turquia, foideclarada pela Assembléia Na-cional, em 1923, sendo eleito Ke-

mal Pachá o primeiro presidente.Imediatamente, lançou-se êle àmodernização do país. Em 25anos, as transformações são as-sombrosas. Hoje, a Turquia temmodelares instituições de assis-tência social, hospitais magnífi-cos, — e a alfabetização é gra-tuita e obrigatória. Ainda hojeestão sendo construídos edifíciosprojetados em vida de MustafáKemal Pachá. O povo goza hojeas vantagens de educação e re-

Em baixo: aspecto de unia das rua* tradicionais do centro de Ankara, capital da Turquia.

Ml í\m WÈB ¦¦''>-¦ ^^T^KÊÊÊiÊÊÊmmÊÊtíUBã^ 0. ilsisÉ lliil. • ' ' H^ ^_SR_l^^ll-í^___^lsÍS^^f^g^5__l^5^5^^^sl_^^lfl^lf^lf^"%_¦' W/ÊÊ** pll ''¦¦'-¦¦•'¦ WmW^n^K^^W^F^^mWÊ

! •»_* U llllte • . • /w|^^^Éf'VK ^-Ü^Ü -""'Pi '-'.'____S"_

s&Sy '^ ^_k. I ^-_HHHSI^fl____ l£sT " ¦¦^'^^^^qS^^^^BBCTÍÍ^À'-f^MÉ_____P^^iíl^^_____Mw8__Prff ^1

il H i1^^^^p??Wi^k " i" m-^^^^MMmW^mm^^mMW^^^III . li í ;^litfPw ,¦ Mlif^-k * |MTOjBr #. '^^^IitS_^ *PU Ü r--í®lllp__$_* >.-íll? u&àíÉáí • I_^Pw1#^to_h_kPs^|I^^B í* - -'^__B1$. ,í v ^^ü^w ~ slH _^lla__^__*' -. IM^^M«gfa ¦- - yjBis'

'^zà*- m> ¦ ^^m^SÊaaW'' " :: p* r '- x : x-'l"::' ,

am&SSWÊÊÊ-- 'Ws-

creação do Teatro do Povo. êssteatro, mantido pelo governo",proporciona ensinamentos mo-rais, realiza dramatizações dacontecimentos históricos e depisódios da vida atual, sendèconstituído apenas por amadçlres. Os turcos gostam de mos-trá-lo aos estrangeiros, a fim dçj|que estes possam comprovai!seus progressos artísticos.

Os continuadores de Kemal le|varam a grande transformaçõesaos resultados definitivos, de qiifa atual colaboração da Turqui"com as potências democrátioé a demonstração mais clcn.a|Ankara é hoje uma cidade mo|,'derna, exemplar por sua arquitetura, sua limpeza, a ordem pú-blica, o grau de cultura dos q|dadãos. Talvez as fotografidêem uma impressão algo diferente do que os olhos dos amqlricanos estão acostumados a erÜcarar como "cidade modem*Mas não se enganem: esta iÉfpressão é devida apenas ao \<Êmanho das casas. Pode haver!!grande civilização também senÈarranha-céus. A Turquia pstqcom o mundo democrático, fluma nação amiga e digna daapreço dos países democráticói|— uma nação corajosa que nase intimida ante o poderio rus:e continua a trabalhar, firmmente, fiel aos ensinamentos dseus lideres, à sua norma. <J,vida, resistindo a todas as tr*tativas de sovie.ização,

mWi,"

mWm-&y

wm'• '"mW-:mW '

!#

30

NOTAS TERAPÊUTICAS

A Obesidade na ClínicaDR. LAURO LANA

••¦'.' -'.'; ¦ ¦ '" "X?:* ' '"• ;: ' ¦ / W" ' i M "' i Ü^ÊM'' %&Wyw yyy'%. yw$i '¦ -x?x;v

¦ :;'¦: yy,y:'¦ yy.y.,./¦ v x'XX' - -¦*$

¦•'¦:'«i«x-^,^ yy ¦ ¦¦: yyyywlÊÈÈMíMmMmz

&X;. ^^^é^^^^ '!|^^WÍ ;f Xf*

^ ¦

#• ¦¦.: '/im/<i ¦ I <?*-I ^ *.. #" Xy-y ¦¦¦¦// ."*<&¥¦¦ :¦>/:/

yyy/,y*>,..

'\- ~ X*íÊP^

¦TsXfc,

Antes de usar EMAGRINA Após o tratamento com EMAGRINA

Mão resta a menor dúvida que a obe-sidade influi de maneira decisiva sobre oencurtamento da vida. Via de regra oobeso vive muito menos que o indivíduode peso aproximado do normal. As esta-tísticas no mundo inteiro provam com exu-berância tal verdade. Seja a obesidadeum distúrbio metabólico ou glandular ouqualquer outra perturbação orgânica, o fatoé que as pessoas gordas sofrem demasiadocom a excessiva massa adiposa que pos-suem. O problema para explicar a obe-sidade continua em discussão. Newburghe outros mantêm-se na dianteira negandoalterações endócrinas ou metabólicas naexplicação da origem da obesidade. Achameles que o peso resulta simplesmente deum balanço calórico positivo e que os obe-ses comem mais do que gastam sob aforma de trabalho. E' possível, dizem, quepara uma dieta idêntica, uma pessoa poderealizar .um .balanço, positivo e outra um

balanço negativo, de modo. que a primeiraterá seu peso aumentado e a segunda di-minuido.

Dez casos - de obesidade foram pornós tratados e o resultado obtido va-riou de 20 a 50% de perda de peso.Um deles, J. M. C, português, casado,com 41 anos, residente à rua ÁlvaroRamos, 35, pesando 112 quilos e me-dindo l,70m de altura, obteve resultadoaltamente satisfatório com o tratamento,perdendo em dois meses 28 quilos. Suaaparência é hoje agradável, a pressãoarterial que anteriormente era de 20x10passou a 14x8. Havia, antes do trata-mento, presença de glicose na urina,o que não acontece no momento.

Suas refeições, que habitualmenteeram abundantes e exageradas, passa-ram a ser feitas com critério, sem queo paciente sentisse fome. A função cir-

culatória foi a mais beneficiada como tratamento. O exame clínico do pa-ciente revelou que o coração era oórgão que mais sofria com a adiposi-dade, devido à intensa sobrecarga fun-cional. A hematose era deficiente, ea gordura rnediastínica, aliada ao re-calçamento do músculo diafragma paracima, provocava perturbações aos mo-vimentos cardíacos.

Em todos os casos de emagrecimentolançamos mão do medicamento "Emagri-

na", composto de tireóide, iodo, estrondoe lítio. Trata-se, incontestavelmente, de um

produto altamente eficiente, no emagreci-mento. Não notamos em qualquer pacientea 'menor

perturbação orgânica ou intole-rânda pelo medicamento.

(Transcrito do "Brasil-Médico" de

28-2-48).n iwrr^ —^ y— iijf jjji.u^h jpup. .jw^..

'-'¦vJ.-. ."-;y ¦' ¦ . i1 ..-,•¦•¦¦

'<»!X$%¦¦>.-'¦ ti

S.5

yy

¦i^^Êmkí-' '•

ti f-'' '""/''' 'v»&'"-¦-"íí""-"-^u '..*¦-. ¦'¦¦'../. ¦;'¦-.¦' *-. >..".*'y'..'. y fyyy'.y'' .- .-yy.:yy..'^WB _______n?^?Wfrr^ffiyfflfof__^-.Vr •- '' -^-'j^''*. i""->v^t í'1-'''*"1*fe ^í/^t--' ''¦ ¦ - ^5w, --Í./'¦>/Jt^^^K^"'ÍÉSfc^s!^?t' V^^X ''. *X< * '-.v-v ^* ... ^-¦^t,,\ .- ^K?vSfc^'' ' '-.L''-.¦/. ^Hnb'j.v.¦_;j',.../fc * ::¦¦.¦.-.._ ..,...¦¦.¦¦¦.¦<¦-¦.¦.¦¦.m^. .'".^_ jfci'/ Li

* * *ÍV< ,/í/'í' mmmmm^wÊi^ÈSíbi^^^llle^^^ * TBBH^%^^. v'- ***.'*!. '' ^$S^^BÍ?I^,^?£' >-:?W"'*í ^^^"'/¦^¦bi* ^*'<a^'j/ ?^* ^ / ;#%yB I^NP^y^%iwl^MÍtiH «^ 4-#/ ^^^^^^^^m ¦¦¦ ¦'*w^,<' yy*'' ¦¦¦¦¦- ¦ yfy&tyyv

Cllsabeth Taylor, linda "estrelinha" da Metro, adora a vida ao ar livre, os esportes, etc. Para ela nada como o sol, o ar, a natureza, para conservar-se a juventude e a beleza. Vê«mo-la aqui num belo flagrante tomado nos jardins da sua residência em Hollywood.

BASTIDORES FEMÜ SDIFICILMENTE

poderá uma mulher contar com o res-peito e a admiração do marido, quando, em suapresença e, pior ainda, na presença de estranhos,

usar de linguagem e atitudes vulgares. Existem criaiu-ras que, pelo fato de serem casadas, se julgam com odireito de falar livremente sobro qualquer assunto, masnao o fazem, como só então seria permitido fazer, visan-ao os conhecimentos que possuem ou possam auferiraos assuntos, mas o lado da maldade e da malícia.Não há assunto, por escabroso que seja, uue, quandose tema absolutamente necessário mencioná-lo, nãc oPossa ser feito em linguagem digna e decente. TudoP°de «ar dito som chocar ou feri/ c susceíibiiidadeQuWia. No entanto, BEistem numeroEÍssÀiaafi "senhoras"''

casadas, não importa a situação social, que, por igno-rância, malícia ou exibição, abusam da linguagem vul-gar, chegando algumas ao ponto de em roda de amigoscontar anedotas das consideradas "só para homens".Muitas assim o fazem com o fito de se tornarem engra-çadas ou interessantes; outras porque querem demons-trar a sua indiferença por preceitos, outras enfim,sejamos francas, per absoluta falta de educação. E óessa falta de educação que as leva a desrespeitar oesposo, os amigos e a si mesma. Estejam certas, vocês,de que nunca a mulher perderá coisa alguma com asua distinção e dignidade. Ela pode 3er maliciosa,pode rir com uma frase de "dcuble-sense'', mas sdheiásempre manter a oua "linha". Numa reunifio, ou me»-

mo na intimidade do lar, ela saberá sempre conservara necessária cerimônia e a necessária consideraçãopelos sentimentos alheios. Compreenderá, períeitamen-te que nunca conseguirá impor respeito a não ser queela mesma demonstre o respeito que tem por si própria.Afastará assim muitos aborrecimentos e muitos impor-tunos, os quais, julgando-a pelas suas atitudes, não seatreverão, tão facilmente, a uma "investida" e, ainda,não correrão, como as outras, o risoo de serem tonadascomo levianas...

Saberá, finalmente, que sá ctesiça poderá contar com aadmiração integral do marido e o respeito dos demais.

ETty

ra-JTt*" ""-ii-T tt *t

ÜSr

—iii¦mui»» iiwmmmwmmmmmmWwmKmBS>immi^mmK • •><«¦>¦ -:mnfm*miBi**wm> ><*>«*•*•• ¦ ..m^-^a^T-

£

C-1

Ifll

y t.

r r<.

>

llf'

_pi ir IM\o; ^rl/MáiiiU^Ail/M j

CARMEN PORTINHO

Esconireí -i

Sc«jecísd*

>m Cs r _

* f-' "

no oar aa

ira da qual éc rÊ£iíiè"n*fe.j*scobr-'do em pleno cen-rro da. cidade este clube'«OFse^ad-o e simpático quei.á acs seus sócios a opor-runíclade de se encontra-r&.-n p&rs discutir proble-"nas profissionais ou para

I íescansar, conversando, ícj*;ando bridge e tomando

chá. Como disse que- a sobriedade do bar lembra-va a atmosfera do:* clubes Ingleses, Carmen Portí-nhr, contou-me algumas impressões sobre a In-glatcrra, onde assistiu aos três dias de festejos queseguiram a vitória aliada. Falou-me tambémtf.rv-p o$> restaurantes e teatros parisienses, sobreõ Canadá que o outono cobre de folhas avermelha-das é sobre os Estados Uniuus onde adquiriu mui-tos conhecimentos técnicos.

Diversas sócias aproxlmaram-se da nossa mesari exprimi Ingenuamente meu espanto diante detantas engenheiras. Pensava que as mulheres ra-ramente escolhiam urna profissão que exige conhe-cimento» sérios de matemática. Soube então quesxistem cerca de cem engenheiros e arquitetos do•x-xo feminino no Rio e que a maioria ocupa cargosde grande responsabilidade.

Carmen Portinho expllcou-me que erarn multounidos entre si, ajudandõ-se sempre mutuamentexern. entretanto, serem feministas e mantendo, aocontrário, relações profissionais muito cordiaiscern todos seus companheiros. Parece que estãoIntegradas mais profundamente ao melo do tra-balho que a maioria das mulheres das outras pro-fissões. Falòu-me de inumeráveis mulheres consí-deradas como peritos nas suas especializações eque Já ocuparam as mais altas funções nos órgãosde classe.

Carmen Portinho especializou-se em urbaniza-Çâo, Descreveu-me longamente seu trabalho atualque a empolga. A diretora do Departamento deHabitações Populares da Prefeitura despertou meuentueiasmo expllcando-me os projetos de grandesconjuntos de prédios de apartamentos destinadosaos funcionários da Prefeitura a serem construídos:.m todos os bairros.

O primeiro será o conjunto de Pedregulhoqúe já foi aprovado pelo" prefeito. Se for executa-rio conforme os planos, teremos habitações mara-vllhcsas pois não nos contentamos em obedecer atodas as necessidades sociais como também faze-mos questão de dar muita Importância ao aspectoestético para que haja equilíbrio plástico.- Quantas pessoas poderão rnorar neste con-junto?

~ Quinhentas e setenta famílias 'leremos mui-tos apartamentos duplos, o que será uma grandeInovação, listes têm muitas vantagens: evitam apromiscuidade c permitem uma melhor aeração.Náo são mais caros quo apartamentos ocupandoum único andar. Uma outra inovação é a rampa

ue substituirá as escadas habituais. Uma rampaiiuave é mais prática ern muitos casos do que umaescada; por exemplo, parn a mãe que desce como carrinho dõ criança. Naturalmente a rampacò servirá em casos .ic emergoncia, pois haveráelevadores.

Quais são os serviços sociais que serão insta-lados em Pedreguliio?Teremos um ambulatório, médico, dentista eassistentes sociais que visitarão regularmente tõ-

das as famílias. Náo somente para acudir aosdoentes, mas principalmente para educá-los e fls-callza-los. Teremos uma creche para os bebês,uma escola maternal para as crianças de dois aquatro anos, um Jardim de infância para as crlan-ças de quatro a sois anos o uma escola primária.Estará tudo arborizado e haverá uma piscina quepoderá ser utilizada pelos adultos nas horas emque a escola estiver fechada. Também haverá umrestaurante e -lojas de comestíveis, e uma lavan-daria mecânica, tfste conjunto é relativamente pe-queno. Nos maiores que construiremos mais tar-de, poderemos pensar num cinema, num teatrlnhoB em multas outras coisas...

Carmen Portinho continuou por muito tempoa dar-me pormenores sobre estes projetos. Desper-lou meu Interesse e meu entusiasmo', não Kòmenteporque 6s1.es planos >áo de Importância vital nomomento atual e parecem ter cornado em conslde-ração as necessidades reais dos futuros morado-res destas residências, mas também porque um as-huuIo que riâo me é familiar me foi apresentadodo maneira viva e clara. Isto só pode ser feito poralguém que gosta profundamente do seu trabalhoo que pode transformar seus sonhos em realidadesgraças n conhecimentos técnicos profissionais sé-rios e reais.

yvo.vm: jean

PARA

você que sabe que devemanter sempre a sua "linha",oferecemos estas sugestões. Ao

alto: Arlene Dahl, com uma lindacamiEOla em "mussellne" pérola, "ro-be" de pesada seda branca. Na pági-na ao lado: "Robe" de flanela bran-ca bordado a ouro. Criação de Adrian,

especialmente para Loretta Young,"estréia" da RKO. Em baixo: JanisPaige, da Warner Bros., dá preíerèn-

:ia a este "robe" de pesada seda pre-ta, com punhos de, cetim rosa. Sobreuma belíssima camisola de gaze erenda. Ann Sheridan, da RKO, us*aum "neglígée" também de "chifíon",com mangas muito largas, pala fran-zida, c ombros de cetim arremata-dos por dois grandes laços.

fflflFi*'lm ¦

-^

i ,

Il

Bro^^E-BSlfevijWE^S.-:.. íí:''; - ;.. jSJS^JW'iil,, ¦¦•'¦'¦' ,v^^ 1*''"' ' 'h^^^H^^im^m^u^mvfíi^MtMtuti Kf ^3^Ik ír ^'Síi^- a~V vr. ¦ m¥ ÃíL "'^R^-f c j^'

'^^wp:'''' * ->(â3^1 mm^^íiê^^S^&i^^íMmm- '¦ ¦:*tf'^B aE^P^L >*^?VB ^B& -^^1

I^^^^^^^^^^B^^^^^^^IEuGlfl8!^BI^KX^?-^^'£^iÈ

*D HPffBI^DF- ^ tã aGyftta'}-^ff-r^^*i°°^**^-^^iTV*N^^^r*^V^f*^^iiffT^)Tfiftftl*lnn'^ -A^m^mu ^^BT' v-' A- 'Ix^'' >*-"'*ÍS'v*-^^^^Eb^H

M^BBSE^KigJn^^^^.^^^v?v$y^^y-'i *^-;-^j^wi»jw^Kfj>--^^^^BP^^-^^y^-^^^^^f -,:**-.-¦:'-."-.>-. í --:¦<-?%-:-:*.\-55^ *^i \â^^BS3⣣HP^-'-':*'*--' ^ ---v-.-*-:-' >\*--: ¦'¦-"'"¦x-:.' "-:-'\: ¦:'.-..'<.•¦-'. 7'->::¦>:-'.j ;¦¦'-:- ^- ."x-^ \.*¦!>:f> ¦.*-*,. :¦-¦-.-. \.:-.-.-..-*JPç».- 4[j

MjflEjnyMQl BKyR-fcJC^^ í-- 4K v -'jA íSftí---' "' *í ">>íí"-' '>Y¦.^*w^^¦ ' -<,>¦ -.*.--.- . .y...-:.>:v>>:^--> - ÍS>>:- --.-'.--V---: - Hfc- .-: Í''-''.L,"".Í^''-'?Í-'V ^v^SãnlFI if!y

wÊSm-^e-

ÜEtof ¦"

JSJatSSiSí^SS^*^'... ¦¦,..'.I'--.-.'¦*¦:**:->..,.,_,:,,. ...*>.-w,•'-.**:,^.v,itW.>.«*'id^.vtó-_«-*^*A^*-^í-*^».^ S^i^f*

Kg'*

fc*

il

»_•'

í

rfc

¦ B^B^^B________H_»8Wli__wJSB<B_l^ _______________

A C Rjl A N Ç A Ml M* A"D A

JA' insisti várias vezes aqui sobre os malefí-

cios decorrentes de. uma educação baseadana violência física; agora quero abordar

também o extremo oposto, isto é, os mimos exa-gerados e as suas conseqüências funestas.

A criança mimada, quase sempre o filho únicoou o caçula, e um sêr mal preparado para a vida:acredita firmemente que fora do lar hã de en-contrar todos og privilégios e carinhos que lheforam proporcionados pela mãe emotiva ou peloparente que a mimou Suas reações são típicas eo médico ou a mestra bem orientados reconhecemfacilmente a criança que se tornou nervosa pelovício educacional. Todos os atos fisiológicos e co-tidianos que são executados automaticamente pe-Ias demais crianças adquirem aspectos dramáticose transcendentes para a criança mimada; o sonosó é conciliado quando a casa emerge no maisprofundo silêncio e o menor ruído a sobressalta deuma forma trágica; quando não, são terrores no-turnos espantosos pela sua encenação que au-mentam mais ainda o halo de ternura e preo-cupaçáo em volta do garoto uitranquilo; altas ho-ras da noite a criança desperta aos gritos, cha-mando pela mãe, ou pela pessoa a quem ela estámais afeiçoada, põe-se de pé na caminha, não re-conhece as pessoas que vêm acudi-la embora este-a de olhos abertos, murmura estranhas palavras

e dificilmente se acalma; ordinariamente é a pre-sença da mãe no quarto e a sua atenção vigilanteaté que adormeça novamente o que a criança?xige; é muito importante observar então, para_iue o médico ou psicoterapeuta se oriente, qualíi atitude exata da criança, que palavras diz ela.

¦ que pessoa solicita, como gesticula como grita,porque na descrição destes detalhes está a origemdo seu terror e o meio de eliminá-lo. Uma dascausas mais freqüentes geradoras do terror notur-no é o medo que amas ou mesmo mães fazem áscrianças para conseguir uma obediência que a máeducação não logrou imprimir. A criança amea-cada com o velho do saco, a policia, a cigana, bi-chos papões, fantasmas tanto mais terríveis quan-to imaginários e portanto livres de se conforma-rem terrivelmente pela exaltação infantil, teráforçosamente sonhos assustadores que lhe darãodespertar angustiosos. Neste ponto o hábito per-nicioso de inculcar medo está tão arraigado naeducação infantil que até mesmo pessoas de cul-tura e compreensão suficientes utilizam este pro-cesso como já tenho tido ocasião de observar.

Dirão agora os que me lêem: — Mas se todasas crianças sofrem estes erros educacionais porque só algumas delas revelam as conseqüências domal? E' exato; mas a experiência nos ensina queos crianças que tiveram uma educação em que seapelou demasiado para as fontes emocionais é queapresentam estes distúrbios; desde cedo são em-baladas constantemente ou carregadas á saciedadeno.colo; qualquer arranhão ou queda provoca oscomentários mais assustadores da família e come-ça a perceber que é alguma coisa de precioso quemerece extraordinário desvelo dos que a cercam;suas vontades são satisfeitas imediatamente equando não por intermédio de um choro espas-módico habilmente encenado consegue o que quer.Por fim, a criança passa a si mesma e a todos osseus atos, como comer, dormir, defecar, como fato-res importantes da vida do lar que devem ser as-.istides e controlados exaustivamente pelas pessoasde casa. Toda atenção que não se dirige para elaprovoca-lhe extremados ciúmes; a sua sensibili-dade desperta cedo demais, seus sentimentos secrescem sem amadurecimento e desaguam afinalem explosões sentimentais como crises de nervosnos adultos infantis.

E' preciso, pois. que as mães e os pais ofereçamaos seus filhos um ambiente de segurança, sem pai-soes, ternura sem pieguices, autoridade sem vio-lència, para que a criança po^sa se desenvolvernormalmente, sem desvios de emotividade.

ZOIA f)E LAET

«-*' '"^W..„*¦*>....

;l> yfe^- &w

. . ¦¦'> n i i ii , . > inii ii i ¦ ii ————p-rrp-runmipny-;»ifvw:yv *t*. ,

' í!'f

HIlis

: :¦•>¦¦; ,:¦¦¦.¦¦

:<*

¦:¦;:

IÍRRfERR

¦.'.'¦:

¦.¦:-í:-\-.vX«'"v"v.--::;í-:.,:*>¦;• ..:¦:;>«';:;vv'-,.'

¦¦O»:-V' «SfcMÜI.-. 1 • RH.R.-,

¦¦:';"¦ ¦'•;. «*sKt:-

Os trajes esportivos continuam pro-dominando em todo o mundo, nadade "toilettes" complicadas e custosas,um "slack" e uma interessante"sweater", formam um conjuntoagradável, c quando usado cora dis-tinção poderá constituir sempre um

traje elegante. Aqui temos nestas pá-

quartos, à esquerda vemos três mu-"dêlos que nos chegam de Paris; e àdireita modelos de Hollywood, apre-sentados ao alto por Janis Carter eem baixo, um diferente e encantador

ginas elegantes modeles esportivos, conjunto apresentado por "Esther

onde predominam os "slacks" três- Williams.

*^__í*^í_i~ATzrJ7*f

y-M/^ti >.. 83w_B)'CTwl.«yülM lüil i

m

mmk '•"¦"'r-'r'rrr-1,i "-"' MJááWJÉMMMM

0 ESPIRITO,Ai

[(PMSDOSIlMPOsl¦ _£»*» J.U.H ¦iw; »,.,..ii.,,u.j»,.i<)i,iiiii.i.)i,aiuMiii.i.i,ii.,'.i.i.'i!. ."|y;JViy.*li;'!Sy.''V;ly;V'«á'^:'l!V;^^'V{^:>''^yr'.:'"!r?y,i:l

fcfccÚM,

A VTÜVASarah Bernhardt chegou à América. Multidão

no cais. Marselhesa. "üíar Spartgled Banner" (hl-tio nacional americano). Discursos em inglês. A"estrela" responde em francês. O povo delira.

No mesmo navio, uma mulher de preto aguardao lim daquilo. Por fim a multidão se dispersa. Amulher sái do seu obscuro recanto no refeitório edesembarca. E' a viuva de Lincoln, qvie voltava daEuropa no mesmo navio que a rainha do palcofrancês.

A RAINHA E OS .MINISTROSO príncipe de Ligne perguntava a Catarina II,

imperatriz da Rússia, como se entendia com osseus ministros.

— Estou sempre de acordo com eles, esclare-_U — quando eles têern a mesma epinião que eu.

DE HOMEM PAlíA HOMEM

Diderot discutia com Catarina II, quando subi-tamente notou que a argumentação estava sendofeita num tom por demais acalorado.

Sou obrigado a me conter, esbravejou. A se-nhora pode dizer o que quizer sem correr nenhumrisco. Mas eu, a qualquer momento posso faltarao respeito a uma imperatriz!

Continue, retrucou Catarina, entre nós, oshomens, não pode haver dessas coisas.

MUITO CAROPanny Marchió saía de um teatro, depois de um

ensaio exaustivo, num lugar distante do centro.Perdera a última condução e estava sem automó-vel. Um homem que sé dirigia de carro para ocentro, ofereceu-lhe condução e ela aceitou. Du-rante todo o trajeto, o homem portou-se comcliscrecão. Falando pouco, gentil, um perfeito ca-valheiro. Levou-a até à. porta da casa. Fannyestava encantada.

Não sei como lhe agradecer, disse, despedin-do-se.Posso lhe indicar, uma forma, respondeu ohomem fitando-a.

Nesse caso prefiro passar por mal educada enão agradecer nunca, retrucou a encantadora atrizse afastando.

:.'•/. •FIDELIDADE

Mademoiselle de Mars, célebre atriz francesa,teve por Napoleão não só um grande amor, comotambém a admiração mais irrestrita. Durante oscem dias, ela se encontrava no meio do povo,nuando Napoleão passava em revista as tropas nasrulherlas. Descobrindo-a, fé-la vir para junto desi. Era notória a paixão de ambos. Depois da der-rota do corso, por fidelidade, continuava a vestir-se de roxo, todas as vezes que o papel lhe davaensejo. Simplesmente porque era o roxo a côr fa-vorita de Napoleão.

Certa vez, já sob o reinado de Luís XVIII, quan-do representava num dè seus costumes roxos, umrios oficiais que assistia à representação, irritou-sede tal forma que exigiu que ela gritasse do proscê-nio: "Viva o Rei!"

A a'riz procurou esquivar-se, mas, a coisa ia dergenerando em tumulto. Aproximando-se, então, dabeca de cena, disse: — "Vejo que desejam que eudiga "viva o rei". Pois bem. já o disse"!

Isso não impediu Luís XVIIT de ser tão tole-rante a ponto de lhe dar uma pensão anual. NemMademoiselle de Mars se sentiu constrangida emrecebê-la, porque era inimiga do rei, mas não ti-nha nada contra o tesouro.

SEGREDOS DE ESTADOA duquesa de Bourbon explicava a Madame de«'"'"'•''noii o sucesso da Rainha Elizateth como es-

tadista.^..a governa melhor que Luís XIV, não resta

dúvida. Porque aqui na França, mandam as mu-lheres. Ao passo que na Inglaterra os homens éque dão a última palavra...

GRA-CRUZ

Em unia reunião, a que estava presente a gran-:;e poetisa Erminia Fua, também reconhecida co-mo grande patriota italiana, comentava-se o fatodo governo distribuir a cruz de cavaleiros a ho-tnens sem nenhuma importância, enquanto quemulheres de valor permaneciam ignoradas. Ermí-nia se exprimiu com um epigrama mais ou menosassim:

Sabe, Excelência, qual é a razãoDe se' dar tanta condecoraçãoa homens sem valor, a um qualquerE nunca se laurear uma mulher?E' que a mulher já é condecoradaQuando carrega i* cruz de ser casada!

(Seleção de L. li., especial paraREVISTA DA SEMANA)

"'¦fl

•Ifflr4I_____.•M

-R.

1

Z/\

-1

' m

m

,.;

»«M«^wum'.imui.M.Jw^^ —,eJB!»)£ato,ai^,w,^^g}pPHW!^*«^-w^^* "'*v'

II' 36

?M]!^%^??%$y; ';'¦

.vj^wvv. ¦- T*>***T^">^^R jJÍ6SuSBm^' ' ¦'-' .' "jJj^xSüLBulBIifljnStl " ¦.'-'..-*.v.>.

MERLE Oberon é lide como uma das mais belas mulheres do mundo e também uma dasRr*---- '"O

mais elegantes, Aqui apresentamos, alguns modelos do seu guarda-roupa particular;».?^¦ -/ ^1 — Lenho rio lar, c vemos com um traje bastante interessante, composto da calçasKiíií .- ; ^pretas, impecáveis uma blusa de seda bronca e um colete em brecado cem flores az.isB||£-C^".. '*"-je rosa. 2 — Vest.dc para a note em cetim pérola. Grande decete com original acn.3-Bsr^*i "

^preta cem gola de cetim. Blusa de organza branca cem laço de veludo preto. Chapes!» ¦.'..' ,-~-preto cem "vivo" branco e "aigrettes"

pretas. 4 — Sóbrio e elegante é òsie mcdèloB;*. ' ' ¦', /j

. ^*SB_iBi3Íymmmwmm-' ¦ "::-i.mmmmm

"V•^pp^çscsesw—W»

%JS'' ¦

'w*W:

i I

t

sv

b,; rí

KS

1- r &V

1

¦Sü»-

ífe-' .

"l|p.<"'

f-MjL-y'~

Wm*

^Y-:>. 3>'-3.\..

^; ...3 ,, ^;,- «3,-;;, ,,,,^ iiimiI 'ii'ii I iHiniji. 'llnii* riiiiiiii.i ¦»>'vi!

COMO VENCER A TIMIDEZ

A palavra timidez tem a mesma origem lati-na da palavra temor. Mais simplesmente,timidez é medo. A principio, medo de pra-

ticar certos pequenos atos que poderiam ser oh-servados pelos outros, aepois medo da opiniãoalheia, medo de assumir ctrtas atitudes exigidaspela nossa personalidade, e, finalmente, medo to-tal de viver.

Essa, a carreira terrivelmente dramática porque passa o tímido que náo coube lutar a tempocontra os receios inibidores. Cheio de possibilida-des, de esperanças e de ambições, êle foi aos pou-cos se encolhendo na casca, que nem um caramujo,e acabou enclausurado lá dentro, solitário, fracas-Bado, infeliz.

A pessoa tímida, porisso, deve meditar seria-mente sobre o seu temperamento, e procurar osmeios para libertar-se, ou, pelo menos, para ate-nuar os feitos desastrosos de seus temores. Se onão fizer, perderá todas as oportunidades que avida lhe trouxer, será um lento assassino de sipróprio.

O mais engraçado é que a timidez escolhe suasvitimas, de preferência, entre as pessoas melhordotadas. Em geral é o temperamento ultra sensi-vel, é a inteligência muito imaginativa, pontosde partida preferidos para inúmeros casos de timi-dez. Isso porque os broncos e os insensíveis nãotêm capacidade de análise, enfrentam a vida cega-mente, encouraçados pela ignorância, e sem o sa-ber usufruem as vantagens da sua inconsciência.

Na análise está a arma destruidora do tímido,aquela pela qual êle conhece todas as suas ira-quezas, prevê todos os possíveis fracassos, e. emconseqüência, se recolhe a uma imobilidade nega-tivista. Na análise, também, está a sua únicaBalvação.

O tímido precisa conhecer suas fraquezas nãopara temê-las, mas para superá-las. Não de umavez só, em gestos espetaculares — prova tambémde fraqueza galvanizada pelo desespero, — masatravés de um lento e paciente esforço de auto-educação.

Fazendo diariamente exercícios de concentração,de sugestão consciente, e ao mesmo tempo de pre-paro técnico nos assuntos que ll.e causem maiorreceio, poderá ultrapassar aos poucos as limitaçõesque lhe foram impostas pelas debilidades de suapersonalidade. Poderá, assim, tirar vantagens dospróprios defeitos, transformando a exagerada sen-Gibilidade em fonte de requintes sociais, artísticosou filosóficos, e usando a imaginação como embe-lezadora da vida, e náo como raiz de pavores in-venciveis.

Recentemente, o professor francês L. E. Gratíaescreveu um livro, intitulado "O acanhamento ea timidez", que recomendamos aos nossos leitorespela soma de conhecimentos práticos que traz só-bre o assunto. Além de estudar detalhadamenteas causas da timidez, êle apresenta uma série desugestões para lutar contra ela, sobremaneiraúteis.

CONFIDENTE

CORRESPONDÊNCIA

Responderemos no próximo número a algumasdas consultas que nos foram dirigidas. Àquelesque desejarem ouvir nosso conselho amir-o a res-peito de seus assuntos particulares, poderão es-crever-nos aos cuidados da KEVISTA DA SEMA-NA. rua Visconde de Maranguape, 15. Rio.

') pOi)

;.3::?;-v' --tf-''¦ "¦ ¦'.:*':¦!';.. >-"i.:<* ¦¦: ¦<¦•• --tf :y':'tfy:ytf.tfy:-yL.:tf:'íáSê;MS

^^^^***3 -i ,- ^c^âi '^^^^tf^tf--.

i •

tftf

¦ . ¦¦ 1>"- ¦Jl..."HJ..,lll|IHIlg.Wv

«às

H

Hly!ivt§

8&iy-.yy-. »:'j

111

yy. í-"í j

"PII

jj' y 'íêíM '' ^yyyyy.y:! ¦¦¦•. y^y-yy -y . jjjjj1-;:\ AWM--tytmmK ,. ;

' - ' r/r V ;«* 'j éjm', - ¦

¦ws^^íytí

Laraine Day, "estrela" da RKO Radio apresenta aqui seus mais recentes modelos, para meia estação. Na página aolado, ao alto: "Tailleur" de "shantung" branco, gola arredondada, fita de gorgúrão em côr contrastante. "'Bouquet"de flores de organdí no tom da fita. Nesta página: Conjunto composto de saia de lã, blusa de seda branca e coletede flanela enfeitado com tiras e ootões da côr da saia. Em baixo, ao lado: Conjunto esportivo em gabardine cinza.Blusa branca. Nesta página: Com uma saia de lã cinza, Laraine usa uma blusa de talhe masculino em jersey cinza

claro. Colar dourado. Cinto de couro com medalhões dourados.

yy yMyyyy yy y y. ¦¦¦yyyyyy: .:>¦ n mim-:.: < yyy.yyy j

fllillllillilillyy&^:\\^:x:>:^+-<yyy^WÈÊ: ,: < /W

.yy yyy

= v flllily !#?'"¦ ? a-: \lff -^ -# '

í^^^^-" ^ , V* /

WÊÊm/"K/ VVt^y///:Vy ¦ ¦.. ^ :.: } '.

. Á%- IS-l-y:amm'y.yyyy:- - yymayy- yyy yy y f ¦• •• ..yym yyyyyyy.yyyyyyy^yyyyyyyyyyyy yyyyy7mmymmm7ymym:yy

mj$S$''-''i'f'<:''?' ¦¦'¦ ¦¦:-'¦• "^' '^'J^ ..¦.,.<*. íí >.;,.... :»'jj JjJJJ: - -'' J ., ¦ . .' • '¦'.¦¦ .'"/ ,'..""'.... - .- "'Í3saffiãg§?y".' v:v .- -'.":y -j--y ... ^..yyy>i. V';y-''':,vv: - :.; „ y : .. y-: ¦¦V'V' • "¦¦ '¦¦:-\": ;.¦•;:¦¦. ,-yVy ^, '' "V¦¦.¦r/.-. ¦>

k*^t*aèa' Vil i i¦¦»¦«¦¦¦¦ i.Vta*MiliiiiiiiV'""•'' Ti'"•' ¦¦"'¦'""ll ' ' ¦ ¦."!é ¦ ili11 imMê*ÉMÉààà—if^itjijtSSSSlSmmmmmam^mimam^maMmai^^^

/

UM ATOR CARACTERÍSTICO-:''{. y!.;::JJ&::-'^''ÍXi'

y yy m¦ llm^ê-¦''¦'¦'-.. '¦'//''4-JXÍr^^' )*fc'^'':';83H8»''' ' '¦''¦'¦'•

f Ifflr ^$^$^1^-^ llllllpl

Jayme Costa é um dosnossos atores mais opero-sos e mais antigos. Sua vi-tória junto ao público nãofoi fácil. O terreno que êleconquistou representou ofruto de um rude corpo-a-corpo, em que demonstrou,antes de mais nada, umatenacidade incrível. Várias,vezes tentou atrair a aten-ção do público, ora no ve-ího Lírico, ora no Trianon.Nessa época, a concorrên-

cia não era pequena. Havia Leopoldo Próes, comrenome firmado. Havia a Companhia AbigailMaia, dirigida por Oduvaldo Vianna. Havia Pro-copio Ferreira, que já se consagrara com "A Ju-rity". Havia Chaby Pinheiro, em constantes visi-tas ao Brasil. Jayme Costa, ainda muito jovem,Era um rapaz saído da opereta, onde se apresen-tara como um rival de Vicente Celestino. Era bo-nito, moço, dono de uma boa voz. Mas era o tea-tro de comédia que o seduzia. Depois de muitastentativas vãs, Jayme Costa começou a colher osresultados da semeadura tenaz que fizera. Em1930, já era um cartaz nacional, no teatro, aju-dando a preencher as vagas de Fróes, que se forapara a Europa, e de Raul Roulien, que desertara,atraído pelas seduções de Hollywood e do cinemanorte-americano. Então, Dulcina e Odilon eramainda dois artistas jovens lutando para firmar no-mes hoje gloriosos e estabelecidos. Por isso mes-tno, ao lado do nome de Procópio, nessa épocafulgia na comédia apenas o de Jayme Costa, —pois Mesquitinha era, então, o grande cartaz dasrevistas do Recreio e Alda Garrido se dedicava aomesmo gênero. Uma coisa predominava nos pia-nos de Jayme Cesta, — a preocupação de ofere-cer oportunidades aos jovens autores brasileiros.Com êle, estrelaram Paschoal Carlos Magno, MeloNóbrega, Maria Jacintha, Roque Taborda, RuyCosta, Sarah Marques e muitos outros, tendomontado peças de Henrique Pongetti, RobertoGomes, Viriato Corrêa, Cláudio de Souza, ArthurAzevedo. Moreira Sampaio, César Leitão, MiguelSantos, Armando Gonzaga, — em suma, de quasetodos os autores brasileiros de teatro ligeiro.Não sendo . uni galã, não tendo pretensões aconquistar o público feminino, mas o público emgeral. Jayme Costa contentava-se a manter umaposição que, de resto, ninguém lhe pôde disputar:a de ser o maior ator característico do teatro bra-dleiro. Tentou, algumas vezes, ser vanguardeirocio teatro moderno, com obras de grande expres-são intelectual, —. e foi o primeiro a dar, emnosso país, Luigi Pirandello e Eugéne 0'Neill.Mas não é por isso que é mais lembrado, — comd que lhe fasem uma injustiça. Entretanto,não há quem não o identifique como o homem dasmuitas caras, dos tipos mais pitorescos do nossoteatro, podendo rivalizar com qualquer fabrican-te de "machiettas" do teatro napolitano. O bur-guês de grandes bigodes, o funcionário públicohumilde, o mendigo hirsuto. o médico ao velho es-fcilo, com seu cavanhaque ponteagudo, o milioná-do de face escanhoada e mcnóculo insolente, —a cada uma dessas caracterizações Jayme Costa dáum toque pessoal, particular, evitando que seconfunda com uma outra O seu tipo de alemão,bebeder de chope, de uma das farsas alemãs quecostuma representar, é de tal veracidade q"ue, seaparecesse durante a guerra, na Cinelândia, comaquele aspecto, certamente teria &ido preso, con-fundido pela policia secreta com um perigoso es-pião de Adolf Hitler...

r Na galeria dos seus grandes tipos, das suas ca-racterizações exemplares, uma ficou famosa e aela o nome de Jayme Costa está e estará perma-nentemente ligado. Aludimos à caracterização deD. João VI, em "Carlota Joaquina", a peça his-tórica que Jayme Costa levou no Rival a 226 re-presentações consecutivas, com casas esgotadas.Corre, agora, no meio teatral, a notícia de queJayme Costa vai reviver seu papel máximo, nopalco do Glória. Tem êle de novo, em sua compa-nhia, vários dos elementos que triunfaram na pri-meira apresentação de "Carlota Joaquina", — en-tre eles Darcy Cazarré, que foi um irrepreensívelLobato, e Déa Selva, que foi uma magnífica Ger-trudes Pedra Carneiro Leão. Se essa notícia fôrconfirmada, os "fans" de Jayme Costa, estarão deparabéns, pois terão, dez anos depois de sua fa-mosa criação, a oportunidade de aplaudi-lo, denovo, no papel de D. João VI. que o historiadorLuís Edmundo, membro da Academia Brasileirade Letras, qualificou de "milagre", dizendo queera o velho rei, redivivo com seus cacoetes e asua gulodice céleore...

DEMÓSTENI3S VARELA

'1 IRJ!J 841

.;j| »

y

¦'li 9

*0iy ¦

m

..-:.. HZ - ----- -»•«*- »»—«—»»-«»»»*«

¦*^»fc««»^^.j><ae»nmnjieHe^ ^. ~__ ifB ¦"«Br :i*?*S^|l| ¦ . ^yg.-,,;' ^^^*^^'*~ •- ,-.^ ,- -*^«^-'' ^^É^^^ ..^f*»*^~«S*í*^ ¦ ;J 0>H

OOOAOí

TnrtMBiTiíffr uwj th::^t^^ :.-~~.. c . .. .-

o ça-A':'

¦ y\'*yy

,'.... iI

c:-£vV:f:::

;ci;|f

ól|ͧO''*ío0fl:

OOAAAI

oootfCOCAO.ííCoA¦ yyyyyy---yy.

mi

OA

MH$^PJ|

Hollywood continua esmerando-se cada vez mais em sua moda, uma provadisto são os modelos que aqui apresentamos. Ao lado: Janis Carter, da Colômbia,cia preferência a este luxuoso pijama de lamé dourado, usado com blusa deJersey vermelho. Colares vistosos emprestam maior brilho ainda â sua "toilette".Ao alto: a encantadora Jane Greer, da RKO, exibe um modelo estampado,fundo preto com grandes flores em cores vivas, e grande laço de tafetá sobre obusto. Em baixo: Rita Hayworth, "A Dama de Shangai", aparece-nos maravilho-sa neste elegante vestido de seda preta; saia longa e corpo em renda preta.

;í«:cWÈmyyy....000:0 O'OCOíAA

11»K*. :¦¦¦-yyyyy-- y y':<'WÍ«'5i.'¦.::-.¦• :¦. ;"y-yyy oo.<^:./'o.;;:.:c::.;O0 •¦¦:

«i Si*íí ¦ifwSoOv..

aa

wÊʦMmràé

Èmiilyy-y/y^yyyy

:WÊÊê

jlplilllP-«li

OBiOA"u:y '-y,.-..yyyyyy-y..íiví :¦¦:¦:¦¦:-.:,::¦.¦¦ "

^MoSOOACOAAO

Il -

Sf^j*^ >¦- ...

Ingredientes: 250 grs. de farinha de trigo; 50grs. de manteiga; 1 gema,; 2 ou três gotas de li-mão; sal.

Preparação: Põem-se todos os Ingredientes sobreuma tábua, ou mármore, acrescenta-se-lhes águaem quantidade necessária para fazer u'a massapouco consistente, mistura-se tudo, amassa-sebem e deixa-se descansar durante uma hora.

MASSA PARA EMPADAS

Ingredientes: 500 grs. de farinha de trigo; 250grs. de banha; 1 colher das de sopa de manteiga;3 ovos; sal.

Preparação: Peneira-se a farinha e põe-se emmonte sobre uma tábua ou mármore; faz-se umacavidade no centro, onde se colocam a banha, amanteiga, os ovos e o sal. Mistura-se bem até fi-car tudo ligado e depois vai-se juntando a fari-nha aos poucos, espremendo-a e não r.massando-a.até ficar bem ligada. , '

Ml$fâ&

^ .^mwW. .wPffiff** o^SaBHBfSWjSfrJtrll II Mim i I U bITii t o oo ¦ - ¦¦ ,

**&&>> > % %^'>'> "H.^a • ~>> *.

i5$ãsͧ§Í5£Íf^

MASSA PARA CANUDOS

Ingrediente?: 250 grs. de fartnha de trigo; 1 co-lher, das de sopa, de manteiga; 2 gemas.

Preparação: Põem-se todos os ingredientes nu-ma tábua ou mármore, amassa-se bem até que amassa fique lisa. Passa-se o rolo e fazem-se oscanudos.

mm*m

ÜP^ o • ¦¦'.... ^.y-i-y '...:.

flllill»?^*'

k&Smíí-sSwlCV -0* x-!.>0 ' A'C:'".

MASSA DOCE PARA TORT VS

Ingredientes: 500 grs. de farinha de trigo; 250irs. de manteiga fresca: 4 còlheres das de sopa.de açúcar, 4 gemas.

Preparação: Peneira-se a tarinha. põe-se srbreuma tábua ou mármore, faz-se uma cavidade nocentro onde se põem a manteiga, as gemas e oaçúcar. Mistura-se muito bem estes três ingredien-tes e depois vai-se-lhes juntando pouco a pouco, afarinha, espremendo-se com a mão até ficar tudoligado. Com esta massa forram-se as fôrmas paraas tortas.

A*mi

o-4.

aijSggB»A?»

aV.

-¦ ¦%

' - 4T;

^3H

..c

m

''Ã*fPy:

¦ o ^«^raO. "'''"^Wmm

viamp/A'*' /-//A :-"—r; ^TT^III^^S

OÍÍÍÍLüI^^ """ ,

f^wawwggwgf^

42

;:

^...^¦ I— '¦¦»"'" ¦¦¦MM«»«M»1»U«««^^

AUTORES NOVOS

NAO há oDortunidade para o autor novo no Brasil. O compositor que se esti-

\°er iniãando entre Sós e desejar gravar uma produção jM^J P«»

realizar esse intento, caso não se sujeite a vender composições, aceitai par-rPirns gratuitamente ou pagar de seu bolso a um ou outro cantor que exija euta

condfcão poíque -escaíidalizem-se à vontade - entre nós há ate cantores queS&em dinheiro de compositores para fazer gravações de músicas suas O q eA mnia interessante em tudo isso é que o autor precisa ser conhecido para con-

Í^^SíSÍVSdu^to. Se fôr inteiramente estranho, não consegue EstoIfimn coisa aue náo se justifica, porque nunca ouvi dizer que no Brasil qual-aue?pessoí effie numa loja de discou para escolher gravações de determinados2u?orePS Sunía vimos alguém deixar de obter um disco^^ somente porque o au-tor da música seja um ilustre desconhecido. Antes de tudo, nao ha autores conheãdiSimos entre nós. Se formos selecionar os verdadeiramente populares ti-ríremos p?uquísimos. E, se formos tirar os que se tornaram populares exclusi-vãmente compondo, talvez não consigamos uma exceção... Portanto, nao naí_Sto Sra oue c autor novo não tenha sua permanente oportunidade nas fabri-cm de dfscos Qu, selecionem os cantores mais conhecidos, é justo, porque o pu-bUcotem cantores preferidos. Que escolham com rigor as produções musicais,também é justíssimo. Mas que não dêem oportunidade aos valores que surgem,é cretinice.. NESTOR DE HOLANDA

HOW BLUE THE NIGHT

Cantado por Dick Haymes no seu pri-meiro filme, "Quatro 7?ioc<w e um jeep",

da 20th.

How blue the night, how long the dayHow blue the night with you awayHow strange it seems just living in

[ dreamsI'm left the moon glowBut where did the moon go!The stars on high that used to bumAre standling by for your returnUntil my arms are holding you tightHow blue my heart. how blue the night.

TIME WAITS FOR NO ONE

Apresentado no filme "Melodias doamor", com Dennis Morgan, da Warner.

Time waits for no one lt passes you byIt rolls on forever like the cloudsTime waits for no one goes on in the

[ sky endelsslyIt's just like a river flowing out to the

[ sea.You'11 find that love is like thisEach precious moment we miss wih

[ never return againSo don't let us throw one sweet moment

[ awayTime waits for no one lefs take love

[ while we may.

LONG AGO AND FAB AWAY

Dc Jcrome Kem, dos filmes "Modelos"

e "Quando as nuvens passem''.

Long ago and far awayI dreamed a dream one dayAnd now that dream is here beside nieLong the skies were overcast.But now the clouds have passedYou're here at last.Chills run up and down my spineAlladin's lamp is minoThe dream I dreamed was not denied

[ meJust one look and then I knewThat ali I long:d for long ago was you.

MEU BAIRRO CANTA

Samba de Wáldemar Ressurreição.

I

Eu quero enaltecerUm bem que adoroO meu bairro onde moroMeus amigos fieisDizer que do meu coração não saiSaenz-Pefia à rua UruguaiA 'Muda. o ponto cem réisCitar a velha fábrica das chitasTodas garotas bonitasQue o Salgueiro tem aoa péa.

I ISim, também eu quase que me esqueçoNão é somente endereçoMeu samba vai mais alémEu queroDar um salve a todo panoSalve unidos TijucanoaE' minha gente, o que é que temQuando à cidade manda os seus clarinsConvocar os tamborinsMeu bairro canta também.

SERÁS MINHA

Valsa de Raphael Anticrio CapareUi.

Ao som desta valsa, um certo dia,Vi que- a minha doce melodiaEra diferente das demais.Na forma, no eco, nos sinais...Pois te quero ver, contentea meu lado, feliz,Como ninguém jamais te quis...

I Bis.Sei que tu me queres muito bem,Sinto que te chegas, toda a mim...Crê-não existirá, jamais,, ninguém,Que te queira sempre tanto assim...Vem,, tem confiança, ouvir o apelo,

t querida,Do meu sêr u tua vida...

II

Quisera contigo viver,ter em frenesi o teu sêr...Contar-te, afinal, meu amor,A história da valsa que eu fiz.Com fervor...

Dlzer-te, baixinho, em segredo,O que vais ouvir, sem msdo,Pois tenho certeza que a belezaE' tanta, só se vê,Num amor como este. inspirado em

[ você..

UM CORPO DE MULHER(Valsa)

Augusto Vasseur e Mario Rossi.

Não há um beijo igual a outro beijoXa pauta emocional dos coraçõesA nota dominante do desejoInspira mais de mil modulaçõesCapaz de conseguir o qv-i quiserFazendo o homem crer em sonhos vãos— Um delicado corpo de mulherDetém o Universo em suas mãos.

I IUm corpo de mulher tem o destinoDas lindas melodias imortaisE tem as vibrações de um violinoEm mórbidos acordes sensuais.Mulher é o apelido da poesiaMais simples e profunda que há na

[t-rra.E oa sábios pesquisando noite e diaNão sabem os mistérios • que ela en-

[ cerra.

COCADA BRANCA Um pobre homem rico •(Cont. da pág. 20)

que... Bem. mas isto náo nos interee-

sa..."Engraçado!II Igualzinho ã minha co-

cada'" . • Ao pensar nisso, eu náo podiaafastar de mim a idéia de que a minha

cocada estava misturada com o sangue

do sujeito que pulara do quinto andar.

E ainda mais: que a cocada ora o peda-

ço de miololos do sujeito. Prá que! Pois

não é que a coisa que subia e descia

dentro de minha barriga voltou? Puxa!

Passei um mau bocado. ,.

Impressionado, sai do lugar em quome achava. Continuei o meu caminho,

pela rua do Seminário. Olhei longo tem-

po para a cocada que tinha na mão.

Era o pedaço dos miolos do sujeito, dl-

reitinho! A "coisa" então subiu e desceu

mais depressa ainda o degenerou numa•ontade louca. Eh-eh-eh-eh! Vomitar!!!

Coisa nojenta! Tenho pavor a vomitar.Procurei afastar os meus pensamentosdo pedaço de miolos. Joguei fora a co-

cada. Era um elo entre a minha memó-ria e o pedaço de miolos. Mas joguei-a- burrice minha -- para a frente, em

vez de jogá-la para traz ou pelo menos

para o lado. E olhei-a ainda uma vez.

Não queria olhar, mas o outro "eu" meagarrou pelo cangote e me gritou em

plena cara: — "Olha, desgraçado! Pior,

pior! Prá que é que eu fui olhar?"Comer miolos.,. Miolos brancos com

cocada... Comer miolos...*' era só o

que eu pensava, embora não quisessepensar. Estava tonto, tonto. Sentia acabeça rodando. Passei os olhos em tôr»no de mim. Nem um lugar para me sen-tar e descansar daquela súbita verti-

gem. Só o melo fio da calçada. Mas alieu seria notado por todo mundo quepassasse. Ficava feio... "Eu, estudante,metido no meu bom terno de casimira,com os livros debaixo cio braço, senta-do no meio-fio duma rua central deSão Paulo, numa hora dessa!" — essaidéia me enchia do terror. E continuei acaminhar.

"Hum! Como tá bom êsse pedaço demiolos!... Você vai querer um naco?...Miolos gostosos... Come miolos, seutrouxa!.. ." E o desgranhento pedaço demiolos não me saia da cabeça. Tentei,mais uma vez. afastá-lo da memória,usando o velho método do desvio dospensamentos — método mais velho queas cocadas brancas e talvez tão velhoquanto os miolos da gente. Não adian-tou nada. Os miolos náo me saiam dacabeça. .. Os miolos do sujeito, que pu-lou do quinto andar, não os meus, éclaro.

"Manda lá um pedaço desses miolos...Miolos. . . Miolos gostosos. .. Vamos co-mer mais miolos..." Os pensamentos gi-ravam só em torno desta palavrinha;miolos. A vontade de vomitar aumen-tava. A "coisa" dava cada aescida e ca-da subida de arrebentar o estômago.Eu olhava para o meio-fio, sem ter aindacoragem suficiente para me arriar ali."Eu, estudante, metido no meu..."

Dai a pouco, a "coisa" deu unia brutasubida e eu senti uma bola de não seio que desusar pelo esòfago acima e...bo-o-o-éf. Lã'me saem pela boca aio-ra uns pedaços mastigados de cocadabranca e de pão que eu tinha comidocom o café da manhã. Bem, aí entãonão pude mais resistir. Botei o meu lu-xg de estudante de lado. E me senteino meio-fio da calçada. Vomitei atédizer: "chega!". Quasi botei as tripaspela boca. Mas foi um alívio, ah-ah-ah!Passou tudo, tudinho. E esqueci, feliz-mente, cocada, sangue, miolos e o su-jeito que pulara do quinto andar. Pe-guei os livros, que havia deixado na bei-ra da calçada, e me levantei. Só entãofoi que notei alguns olhares de transeun-tes voltados para mim. Envermelhei emdois tempos. "Eu estudante, metido .."Virei a cara a tedas as pessoas que rneolhavam e segui o meu caminho.

Depois disso. — coisa interessante! —toda vez que vejo uma cocada branca,me lembro dos miolos do sujeito que seatirou do quinto andar, e, logo, sintoaquela "coisa" subir e descer dentro domeu estômago. Não, positivamente, mm-ca mais comerei cocada branca na mi-nha vida i

(Cont. da pág. 25)Sabes Lu, Ccledônio, com quem rno

encontrei ontem?Com Rosita, é claro. Ia sozinha?

Não, não ia sozinha; ia com o Mar-tinez, com quem, afinal, casou; masalém disso, ela, Rosita, na sua própriapessoa, não ia sozinha...

Não te percebo; como não queresdizer na tua que ela ia acompanhada...

Não, ia no que chamam o estadointeressante. Foi ela mesma quem seapressou cm dizer-mo, c com que olharde triunfo, com que mirada de alto abaixo: «Estou, como o senhor está a ver,D. Emetério, em estado interessante». Eeu fiquei-me a pensar em qual poderiaser o interesse desse estado.

—- Claro: Observação muito natural porparte de um empregado bancário. Porseu turno, o outro, o Martinez, seriacurioso saber o que pensa êle desse es-tado em relação com a psicologia, a ló-gica e a ética. E então, qiie, efeito tefez tudo isso?

Se visses...! A Rosita ganhou coma mudança.

Com que mudança?Com a mudança dc estado; arre-

dondou-se, fez-se matrona... Se vissescom que solenidade majestosa caminhavaapoiada no braço de Martinez...

E tu, com certeza, ficaste a pensar: •«Por que não caí? Por que não me ati-rei... de cabeça, ao matrimônio?». Earrependeste-te da tua fuga, não é assim?

Não deixas de ter razão, sim, nãodeixas de ter razão...

E o Martinez?—- O Martinez olhava para mim com

um sorriso sério, como que a querer di-zer-me: «Não a quiseste? Agora 6 mi-nha!».

E é dele também o miúdo...Ou miúda. Porque se fosse meu

sairia miúdo, mas... do Martinez?Está-me a parecer que está com

ciúmes do Martinez...Que tolo que eu fui!E a d. Tomasa?A d. Tomasa? Ah, sim! A d. To-

masa morreu. E parece que. foi isso quelevou Rosita a casar-se para poder con-tinuar a manter a casa respeitavelmente...

E. desta forma, o Martinez passou,de pupilo, a mentor de pupilos?

Tal e qual; mas continua a dar assuas lições particulares e a apresentar-seaos concursos. E agora, até parece pro-videncial, arranjou, por fim, um lugarde professor e vai-se embora daqui, coma mulher e com o que ela leva lá den-tro...

O que tu desperdiçaste, Emetério!E o que a Rosita desperdiçou!E o que ganhou o Martinez!Pff! Um lugar de professor de cá-

que-racá. Porém eú já não terei lar, yi-verei como um boi solto... a lamber-me... Que vida, CeledÔnio, que vida!

Mas, se o que sobeja são mulhe-res...:

Como a Rosita, não; como a Rosita,não. E o que ela ganhou, com a mu-dança:

Uma cátedra, também.Estou-te a dizer. Celedônio: já não

sou homem.E. com efeito, toda a vida íntima, toda

v a oculta intimidade do pobre EmetérioAfonso — Afonso era apelido, pelo queCeledônio lhe aconselhava que assinasseEmetério de Afonso, com um de oe

nobreza — toda a vida intima se lhe ia

sumindo num redemoinho de mortal >•diferença. Já não achava graça às ane-

dotas, nem gozava em decifrar chara-das. hieroglifos e logogrifos; nem Já. a

vida tinha encantos para êle. Dormia,

porém o coração velava, como diz misti-camente o «Cântico dos Cânticos», e a

velada do coração era o sonho. Dor-

mia-lhe a cabeça, mas o coração sonhava.Na repartição, fazia as contas com

Jcabeça adormecida, enquanto o coraCsonhava com Rosita. o com Rosita e

estado interessante. Era assim que tinna

do calcular interesses alheios. E os s *

perinres tiveram que lhe chamar a ate *

ção para certos erros. Duma vez cü •

mou-o D. llilarion e disse-lhe:Queria falar consigo, sr. AfonW.Diga. D. llilarion. .Não é porque não estejamos ia«»

feitos com o seu trabalho, sr. Aíon '

não. O senhor é uni empregado « ^

dêlo. assíduo, trabalhador, discreto.

além dis90E' aqui qu<E por cortuma fortuide me perunão de su

quase deNão 1

que o seiilpai, c quedevo este inomizar o.1-xou; o seide me per

Para <nomizar ah

Emetérioduma panevem nem ]D. Hilarioi

Pois..ciou.

__ E' ecczer-se rico

Não igosto de i

Mas cro... e se

Respoalarmou-sesabilidadesas tenho..

Pois.Que é

D. HilárioAs si

erros queaparecemconselho.

O quelarion.

O quipara se eisar-se! Capós melhecasados.

Mas cEmetériocom quem

Pensetanto, e c

E errtroísível, de rda tertúlkafastados,ninguém icia ningu<sobretudolias de opi

quiçáque lâ

para to mio concertevia a mãepequenitosmaternais,costumavade d. Tonpara a esciana ondtraía asque estegica e étioutras. E— casa nsada, —sórdidasbiocado imeu ricoenquantorico? D.quê, ricominhas cum estadpapéis d'este Estame interePor quenão me ;

Aquilopercorrertidão à íinterior <zava, omnão só o.'«Se eu s<SigO — ;noz... êcom a raue fui (fim, quesaúde, 6se-ão êle

Deu. pdepois o:Pois deuapostasdeu em ]

¦a.

.unijij-jij.i_ jui r >mn . i

e a

43

senhor ;i arranjarular, Poióin, há

unta, sr. Afonso,

I lilarlon,meu

i CO-

dei-

do me— Para que

lém disso o senhor 6 cliente do banco

E' aqui que deposita as suas economias.

E ,,or certo está o

uma fortunazinhá reg

dc me permitir uma pergnão de superior hicrúrciúico, mas sim

quase de um pai...Nao posso esquecer. D.

oue o senhor foi íntimo amigo d

pai. e duc a si' "Klis '1U" ° "Í11L:': '¦'

devo este emprego que me permitinomizar os juros do que éle m<

xou; o senhor, portanto, tem o direito'1C perguntar o que lhe apetecer...

é que o senhor quer eco-

nomizar assim, e fazer fortuna'.'Enietério ficou atoleimado como depois

duma pancada que não se sabe donde

vem nem para onde vai. Que pretendiap. Hilarion com essa pergunta?

Pois... pois... não sei balbu-

ciou._-E' economizar por economizar? Fa-

zer-se rico para ser rico?Não sei, D. Hilarion, não sei..,

gosto de economizar. . .Mas economizar, um homem soltei-

ro... e sem responsabilidades?Responsabilidades? — e Emetório

alarmou-se. — Não, não tenho respon-sabilidades; juro-o, D. Hilarion, que nãoas tenho...

Pois. nesse caso. não compreendo. Que é que o senhor não compreendo,•

D. Hilarion, diga-me claramente.As suas freqüentes distrações, os

erros que, de algum tempo para cá,aparecem nas suas contas. E agora umconselho.

O que o senhor me disser, D. lli-larion. ,

O que a si lhe convém, sr. Afonso,para se curai- dessas distrações, é... ia-sar-se! Case-se, sr. Afonso, caso-so. Dão-lios melhor rendimento os empregadoscasados.

Mas casar-me, eu. D. Hilarion, eu?!Emetório Afonso?! Casar-me, eu?! Ecom quem?

Pense nisso, em vez de so distrairtanto, e case-se, sr. Afonso, case-se!

E entrou Enietério mima vida impôs-sível, de profunda solidão interior. Fugiada tertúlia tradicional e ia para os cafésafastados, os cafés dos arrabaldes, ondeninguém o conhecia c onde não conhe-cia ninguém. E observava com tristeza,sobretudo aos domingos, aquelas famí-lias de operários e de pequenos bu: gueses

quiçá algum professor dc psicologiaque lá iam, o casal com os filhos,

para tomar café com torradas, e ouviro concerto popular de piano. E quandovia a mãe a limpar o ranho de um dospequenitos, recordava-se dos cuidadosmaternais, sim, maternais, que a Rositacostumava ter para com éle, em casade d. Toniasa. E fugia-lhe o pensamentopara a escura e afastada cidade provimciana onde a Rosita, a sua Rosita, dis-traía as distrações do Martinez, paraque este pudesse ensinar psicologia, ló-gica o ética aos filhos dos outros e dasoutras. E quando, ao voltar para... casa,— casa não, mas sim albergue ou pou-sada, — ao atravessar alguma daquelassórdidas vicias uma voz saindo do em-biocado dum chaile lhe dizia: «Ouve,meu rico!» — dizia de si para consigo,enquanto fugia: — «Rico'.' E para quê,rico? D. Hilarion 6 que tem razão. RaraQuê, rico? Que interesse posso ter nasminhas economias, senão o de ajudarum estado interessante? Tara comprarpapéis do Estado? Mas uma vez queeste Estado não me é interessante, nãome interessa... Por que fugi. meu Deus?Por que não me deixei cair? Por quenão me atirei? E de cabeça!?».

Aquilo já não era viver. E deu empercorrer as ruas, cm mergulhar na mui-tidão à solta, em ir a imaginar a vidainterior das pessoas com quem se cru-zava, em desnudar-lhes, com os olhos,não só os corpos, mas também as almas.«Se eu soubesse — dizia de si para con-sigo — a psicologia que sabe o Marti-nez... Esse Martinez a quem eu caseic°m a Rosita. Porque não há dúvidasQue fui eu, eu, qve o? casei... Mas, en-«m, que sejam felizes <• que tenham boasaúde, é o que lhes desejo... Recordar-se-ào eles de mim? E se assim for?

Deu. primeiro, em seguir a? mocitas;depois os que seguiam atrás delas: dc-Pois deu em escutar os galanteies e asr°spostas que elas davam; o. por fim.deu em Perseguir casais.

O que gozava vendo-as acasaladas!•/Ora aí está, dizia, - a esta já adeixou o noivo, . . OU lá o que é. . . " jávai sozinha, mas depressa outro há devir... Êstes, parece-me que trocaram comaqueles outros; será uma nova combi-nação? Quantas combinações binárias sepodem fazer com quatro elenieiuos? Es-lou a. começar a esquecer as materna-ticas»...

Alas homem — disse-lhe um dia Ce-ledònto, ao encontrá-lo num daquelespasseios investigadores, ou numa daque-Ias investigações passeantes — mas ho-1,1 m, sab 'S que começas a tornares-tepopular entro noivos e noivas?

Como assim?Já te descobriram o fraco; diver-

tem-se muito com êY, e já te chamamo fiscal dos noivados. E todos dizem:pobre homem!

Pois olha, sim, atrai-me esta coisa,não o posso negar. Sofro quando vejoque algum mocifo deixa a sua pequenapor outra, o quando estas têm de tro-car d.' rapaz, ou quando uma que omerece não acha quem lhe 'diga: «Poraí não arranjas nada», ou quando, pormais que ponha escritos, não descobreinquilino.

Ou hóspede.Como quiseres. Sofro muito, e se

não fosse por ser o que é, montariauma agência de matrimônios ou far-nie-ia casamenteiro.

Ou outra coisa no gênero...Tanto se me dá. E fazendo-o, como

eu o faria, por amor do próximo, porhumanidade, por caridade, não creio queisso fosse desprimoroso...

Por que havia de sê-lo, Enietério,por que havia de sê-lo? Lembra-te deqim D. Quixote, cavaleiro que é umexemplo do cúmulo do desinteresse, afir-ma -Mião é tal como se diz o ofício dealeoviteiro, que é ofício de discretos enecossaríssimo em toda a república bemordenada», e mais «que não o deviaexercer senão gente muito bem nascida,e ainda para essa devia haver exami-nadores...» e tudo o mais que êle diza êsfe respeito, e que já me não lembra.

Pois, sim, sim, Coledônio, atrai-meesla coisa, mas por amor da arte; a artepela arte, por puro desinteresse, e nemsequer para que a república esteja bemordenada, mas apenas para que eles go-zem melhor a vida, e para que eu goze,vendo-os satisfeitos.

E é natural que D. Quixote sen-tisse um fraquinho pelos alcoviteiros epor outras pessoas. Lembra-te que cari-tativas, que maternais, foram para êleas mocas a que chamam do partido, ea caridosa Maritornes, que sabia pôr aandar a honestidade quando se tratavade aliviar a fraqueza do próximo. Oujulgas que D. Quixote seria como essessenhores da Real Academia da LínguaEspanhola que dizem que a rameira é«•mulher que ganha a vida, com o corpovilmente entregue ao vicio da lascívia»?Porque ganhar a vida é uma coisa, ea lascívia é outra. E há-as que, nempara ganhar a vida. nem por lascívia,mas sim paia se divertirem.

Sim, por desporto.Como tu, por desporto, e náo por

ganância, nem por lascívia, não é assim?Isso dc perseguir casais...

Juro-te que...Sim. a questão é passar o tempo sem

um tipo se prender com compromissossérios. E tu sempre fugiste aos compro-missos. E mais divertido comprometeros outros.

._ e olha. dá-me uma pena quandovejo uma rapariga que vale o seu quêa mudar de noivos, sem conseguir pren-der nenhum deles...

És um artista. Enietério. Nunca sen-tiste a vocação para a arte?

Sim. houve tempos em que me deu

para modelar.. .Ah. sim! Gostavas de manusear o

barro...Era qualquer coisa como isso...Divino oficio, o de oleiro, que foi

assim, dizem, que Deus fez o primeirohomem, como quem faz um púcaro...

Pois a mim. Celedônio, agradava-me mais restaurar autoras antigas...

Deita-gatos? Quê. com arames?Homem, não; isso dos arames é

uma'grosseria. Porém imagina, apanharuma Anfora...

Chama-lhe botija. Enietério

.¦muM*rxaaijmaiiiai*Mitamewiai'iii

__-_h_kwBF1 \X\w^C_iE_8wfi_P^?S^r35^ &1__£___b5__B_. I __H_Ih_D

_af ABE»mÊimm%^Vm_Bm«fiar zS^mwLmWjá t_T^ *1 _tj___________ BS _fi_fii_8ifn_E___l

g&ãitrelWuáulfflr (flLmmm^^mKjS&Mm^mmttmLymW ÍT^ ^jTJjlFfl ImFtamVm

__H_-_M_i__8_-Sli__nwk-__!^_i_^ ^hf^ffr /—X 9 HI HH

tirmjM mty&HlÊ ar fj 181 li

flyB _B*W Kf Nada simples que «W^2»__ w n'over ° interruptor. A luz «

5_rTr__ft W faz-se instantaneamente. VW Resta, porém, saber sealuzque «

B_7 se tez instantaneamente é a que ^1convém aos olhos. Sc sue in- ^EflK

W tensidade é suficiente e apropriada aos ^ SW fins a que se destina, sejam eles o trabalho ^H

m ou a leitura. Pense sempre no valor dos seus jãm olhos e no que representa a boa visão. A prote- M

' ¦ ção de ambos depende da qualidade e tamanho 1

I das lâmpadas usadas no lar, escritório fábrica |^^^^^H^^^HSS ou estabelecimento comercial. As lâmpadas I

I Edison G-E Mazda - econômicas, eficientes, II satisfatórias - são as que mais lhe convém, por- 1A que proporcionam melhor luz, melhor visão! M

gk '$%.'. Ouça os ''FESTIVAIS G-E" M__k

"-'^S "" todas as Quartas-feiras ^Êm\ .-\-% na __fl R

^k da jAJÉ^ __¦

__ia^ ^mmmm

99%*. jáÊ^^^^^^ÊS^m)t}' ^m^mmm^HwÊSm

• ''Mr^lt^^í^mimm^a^M^mÈéMTm^Wmmmm mlk m> *.VaIâ Vi li jj g ft ¦ ?,--?f^^y''j

k^^^R_^__^__(s_!2J^_11Sh__^__m_«_^£_Í ______! iif\ 'Bi iííU^í^s_íb_1_[1iíJbíbEiMB_b

...«-.rrr -« 4^i«fiaMB*^í_____»S_l-8__^

I1*1- '.-hi

%,

Jp

4

_-_HI-BbjKm

\y/. •. 4.-."." 77 x.w»wbiM»MWii^ a ¦-¦:. ...:¦ ......y^.^^^m^^mmmBIW^^ing^iSTSTTff i'~

*

;ía

rUm w^íadeiyr<y

a J0"%

BIDÊ &

1§W

PARA FERIDAS, ECZEMAS,INFLAMAÇÕES, COCEIRAS,FRIEIRAS, ESPINHAS, ETC.

NUNCA EXISTIU IGUAL

COM 1948 CHEGOU 0 NOVO

44

NT3USTR1ASNEVEX3T5A. Rua Rc\sa e Silva. 74 — Fones

5-1311 e 5-1822 — Sâo Paulo

A.

VENDAS E EXPOSIÇÃO

ÚNICO REPRESENTANTEB LU M SOBRINHO -

RIA DO CARMO. 6 — 10.° AND.42-2455

SALAS 1.009 1010

* Tara a beleza, acomodidade e a eco-nomia de sua resl-dência. O novo ripoKITXEYE apresentamelhoramentos, \a-Hesos e modemi**i-mo*. Coiisiilte-no*> e m compromisso.nara detalhes.

DR. SP1NQSA R0,aS

Doenças sexuais e armários. Lavagem endoscópka da re&íaala, Próstata

SENADOR DANTAS. 45-B — TeL 22-33S7. De 1 às 7 horas.

— RUA

imiiimn i»hcrer.;«piyfr -,tll1mUl ll>Wl|_ .„WB-WMt. I Ai'.'. \-'''

¦ I

..... Dom, apanhar vum botija feita ei»¦u'03 e doi.-.á-la como nova...!

. Repito-to duo todo tu és artista,

motório. Doviaa montai uma louoana._ E di/., Colodôniu, quando Dous tirou

,m, costola do Adão pura com ola fazer

Kva formou-a logo?_ Imagino quo sim. Depois de a ma-

usoar. é claro._ Enfim, Cclodômo, nâo lho posso dai

mediu: utrai-mo osso ofício quo a D.

,ulxote parece tão necessário, mas náo

tão pouco, por gosto de nuuiuarar..._ poie não. tu contentas-te cum o

iliar...E' mais espiritual.

Assim parece._ b. mais que uma vez, pensando na•nha solidão lembrei-me que devia ter-

;o feito padre...Tara quê?

-- raia confessar...Ah. sim! Tara que os outros dos-

idassem a alma diante de ti. ?- Lembra-me quo, quando ora moço

me ia confessar, o padre, énvro duas

.tadas do rapo. me perguntava: «Sem•ntir, sem mentir; quantas, quantas

.Zl.s?». Mas ou não podia desnudar

oisa nenhuma. Nem sequer o entendia. E agora, entendes mais?

Oiha, Celedônio, o que agora se

á cumigo o quo.. .E' que to aborreces soberanamente.,.

Algo pior, algo pior...Claro, vivendo-nessa solidão...Na solidão rias minhas recordações

.a casa de hóspedes do d. Tuinasa...Sempre a Rosita!

Sempre, sim, sempre a Rosita...E separaram-se.Uma daquelas observações em excur-os furtivas deixou-lhe uma impressão

rofunda. E foi o caso que, uma noite,i sentar-se num café, quase logo a se-air a êle ter entrado, entrou uma moça.>m umas grandes unhas, e com umasrandes pestanas — como a Rosita! —

3 unhas tingidas do vermelho, o as¦stanas negras por baixo das sobrar.-lhas aparadas e pintadas de preto,

.nas pestanas como garras, a condize-¦m cora os lábios grossos côr de amora.«Pestanuda!», pensou Emetério. E lem-rou-se duma coisa que tinha ouvido aeledônio — quo era erudito — a res-¦ito de certa planta carnívora, a dro-ra, que, com uma espécie de pestanas,

.rarra os pobres insetos atraídos pelaer e os suga, Entrou a pestanuda aenear-se, percorreu o recinto com 03hos, resvalou uma mirada por Emeté-o, e lixou a vista num velhote careca;e sorvia aos golinhos o café com leite,pois de ter engolido meia torrada.

ançou-lhe as garras das pestanas, numaamada, ao mesmo tempo que umedeciai lábios grossos com a língua.Ao velhote lncendiou-se-lhe a calva,ae se pôs da côr das unhas da moça

enquanto esta umedecia os lábios côr? amora. êle engolia em seco — assimesmo! — a saliva. Voltou ela a cabeçaerguendo-se como soei a ação duma

.ola. saiu. E atrás dela cocando oíris como a disfarçar, l- arrastado p- Ias"stanas da pestanuda. seguiu êle, o.¦bre cliabo áo café com leite. E atrás

ie ambos, todo transido, Emetério, que..na com os seus botões: «Terá razão,>. Hilarion?».

E assim corriam os anos e Emetério.via como uma sombra errante e eco-iiuizadora, como um fungo, sem futuroquase sem passado.Porque ia perdendo a recordação deste.

i não se encontrava com Celedônio e..:ase que lhe fugia. Principalmente des-.e que êle se tinha casado com a criada.

Mas que é feito de ti. Emetério? —yrguntou-íhe aquele uma vez que se••.centraram. — Que é feito de ti?

Olha, homem, não sei. Já nem sei,:e:n sou.

E dantes, sabias ?Já nem sequer sei se seu.. o...E enriqueces, disseram-me.

Z da He Ala" Que é feito dela'? Por-.'.:•? ele. c Martinez. ja produziu tudo

que tinha a produzir.Mais estados interessantes!

Calo-to, cala-to, não falou nisso!Enn-térii) fugiu, u pensar na vaga, g

já a sua úirca pn-ncupação, debaixo daMumora nebulosa em que se lhe iam fun-dindo as passadas recordações, era avira. E para se distrair, para esquecerque envolhroia, para não pousar que umdia havia d- se reformar, — reformadoc boi solto, boi reformado! — percorriaus ruas, com olhai' ansioso, em procurado alguma imagem a que se agarrasse,«Reformado i boi — pousava; — ]llagque roíuiina! E qual seria a reformaque lhe ficou, a Rosita, além da filha?»,

Até que um dia, de repente, como emsúbita revelação providencial, o coraçãod. u-lhe um baque e sentiu que renasciao passado que podia ter sido e não foraque renascia o seu ex-futuro. Quem eraaquela aparição maravilhosa que encheua rua como um aroma de selva virgem?Quem ora aquela rapariguinha arrogan-to, de olhar provocador, que rejuvenes-ria todos oa que para ela olhavam? Epôs-se a segui-la. E ela, que se sentiuseguida, pisou com mais firmeza, e vol-toti a cabeça com m ia mirada toda sor-risos, jubilosos sorrisos de lástima aovê-lo, a ele, que olhava para ela. «Estamirada — disse de si para consigo Eme-tério — vem-me do outro mundo,.,sim, parece-me que me chega do meuvelho mundo, daquede onde me esperao caK-ndário d< outrora».

Mas tinha já uma ocupação, que eraa de seguir a aparição misteriosa, averi-guar onde vivia, quem era e... E aque-Ias distrações ao calcular interessesalheios!

Poucos dias depois, durante os seuspasseios pelo bairro em que a apariçãolhe tinha surgido, viu-a acompanhadapor um rapazinho. E recordou-lhe, nãosabia bem por quê, o Martinez. E teveciúmes. «Vá! Estou-me a tornar chocho— nensou. ¦— Essa reforma à bica...!Essa reforma!».

I oucos dias depois encontrou-se comCeledônio.

Sabes, Celedônio, quem eu encon-trei ontem?

Claro está que sei: a Rosita!E como soubeste?Casta ver os teus olhos. Porque te

acho rejuvenescido, Emetério.Deveras? Pois é assim mesmo.

E como é que a encontraste?Ora olha: há já alguns dias, numa

das minhas vagabundagens pelas ruas,dei com uma aparição divina, digo-te,Celedônio, que divina... com uma rapa-riguinha toda chama nos olhos, todaviva, toda ..

Deixa o «.Cântico dos Cânticos*, evamos á história.

E deu-me para a seguir. Sem sus-

peitar, é claro, quem ela fosse. Ainda

quo talvez o coração mo dissesse; umb..;u- no coração dizia-mo. sem que o

- Qui

ap-utas unia vaga no limar...V--'.

— Sim. morreu, deixando a RositaA:-.a e cem una filha. E tu também.

.Aerie algum cia hás de deixar uma

entendesse bem, eSSe. •

-- Sim, o que o Martinez, seu pai, cha-

maria o subconsciente...Pois si, ê.=se subcociente...E' subconsciente que se diz...Pois o subconsciente dizia-mo, mas

eu... sem o compreender. E via-a com

um rapazito. o noivo, e tive ciúmes...Sim. do Martinez,E até me propus desbancar o ra-

paz ito.A qu mi vão desbancar é a ti, Eme-

tério.-- Mão me lembres a reforma que,

agora todo o meu coração é alegria.

Caro que eu dizia com os meus botões..Olha lá. Emetério. a ver se agora, com

os teus cinqüenta bem contados, te va«

deitar a perder com uma garotita que

bm podia ser tua filha... Olha bem,

Emetério».. .Bem. e em que ficou tudo isso?

Em que ontem, ao chegar, atrai

dessa rapariguinha divina, à ca» *

que ela vive. descobri que sala de

a Rosita em pessoa: a mãe dela! E

visses como está: Mal se diria que P«r

ela passaram tantos anos.- Não, foi por ti que passaram-

com

'uma mulher durázia. de quarelarenta

Sim,ceuu marcas do tempo-

inCerta idade.. ^lu: .Ditosos olhos. T>. BJ

,,, , <^y?yy-y^y."convidou a *

... B entraBifilha...

_ .j.ai e qtr„. Sempre a

que eu, mulhbras.

_ Mas te X» 0 que e

ao fato de ti

filha e aue,pensa ''in t<;

teus juros, pa_ Já vais •

tou-we commas esta foi-8ob não sei tj

reco que não_ Claro, ia_ E ficamo.

Agora co_ E contou

viuvez. Vaisn!C lembrar:nos escapou..E eu: «Es...desde que oeu fiquei incoconheça-o 0foi bem feito

pareça... B ime casar. Qurido?» — <hMartinez? Polnobre que 6'

- E ela, Eique um pobro melhor...

Não sei.quinhas...

Sim, a pda filhn

E disse-rSem engfQue que:Nada; qu

em ti...Mas do (

ledônio...Elã, ela.Creio qtnNão, se

não ser que ede a colocar

E se assQue já

caiste: o"P j^E quê?Naua; q

formar.E ao ací

agora volte qesta casa é s

E há deDepende

Não, derE com efei'

tre a Rositaespécie ,de di

Olha, mpenses bemcriancices. Ê;quito, não me por outro 1

Partido?Sim, par

tant.es mais iidade, podiamas ainda ftudo, inforniírespeito dele,de cofre...

E claro.rà-lo, quar.diagora, queresAntigualhas,We é que 0

Como fctinha a presaúde. E nã«brado que jc°migo...

Pois agCOi* a idadeÍQisa da saúíe"<ler... de,"~ Pois eua safide já ;contrário, e

Pois oi:8l»to-me jovme a fazer (pols com unquero gozar

"~ Que tol;sabes a hist~~ O que (~~ Ora olhinh°i- que te

r

:¦}¦¦ '

I

I..-S

filha

nisso!vaga". E

abaixo (jaiam fun-

s. era aesquecer

'' Que um''•-'formadopercorria

11 procuraagarrasse,! — mas

1 reformaa filha?».como em

o coraçãoe renascia

não fora,Quem era

ue encheua virgem?• arrogan-rejuvenes-liavam? E

se sentiuza, e vol-toda sor-

ástima aoela. «Esta

isigo Eme-mundo,.,

a do meume espera

), que eraosa, averi-.. E aque-

interesses

e os seusa apariçãoompanhadam-lhe, nãoez. E tevenar choclio

à bica...!

rou-se com

eu encon-

3sltal

Porque te

nesmo.raste?dias, numapelas ruas,ia, digo-te,

uma rapa-olhos, toda

Cânticos», e

*, Sem sus-osse. Aindaissesse; umsem que o

;eu pai, cha-

e...diz...

zia-mo, mas3 via-a comciúmes...

ancar o ra-

é a ti, Eme*

eforma que.o é alegria.meus botões:} agora, comados, te vais

garotita q"eOlha bem,

.ido isso?•negar, atrás

à casa em. saía de »

, dela! E se

üria que Por

saram- com

E,

de quarentatempo. Fi'«idade.

hos. D- E,11C"" Rosita- tâo

_ «Mas Que_ e pusem»)nvidou a &'

entraste, e ela apresentou-to fi

Tal e qual!"* Sempre a RoBiUi foi, melhor o «abe.

q~ eu, mulher de tática o do mano-

bras._ Mag te Julpaa .

0 que eu julgo e que ela estava~r,to

de tu tins andado a seguir a

quo, Já aue tu lhe osoapasto..

„ 1 em te caçar, ou pescar, com os

S Juros, para a filhaja vais ver, já vais ver! Apresen-

tou-me con> efeito à filha, a Clot.lde,

L esta fol-B-a embora logo a segmr,

üb não sei que pretexto, o que; me pa-Lequenfto agradou lá muito a m:,e.

_ Claro, ia atrás do nono...

_ e ficamos sozinhos..._ Agora começa a parte interessante-.

_E contou-me da.sua vida e da sua

viuvez. Vais ver, se eu for capaz do

n!e lembrar: «Desde que o senhor se

n03 escapou...* - começou a dizer-me.

E ou: «Es...capar-me?». E ela: «Sun,

desdfi que o senhor se noa es...capou,

eu fiquei inconsolável, porque aquilo, re-

conJ,eCa-o o senhor. D. Emetério, náo

foi bem feito, não, nem coisa que se

pareça... B ao fim e ao cabo tive que

me casar. Que remédio!». «E o seu ma-

rid0?> __ disse-lhe eu. -- «Quem, o

Martinez? Pobrezito! Uni pobre homem...

pobre que é o pior de tudo»...' _ E ela, Emetório, entretanto pensava

que um pobre- homem rico como tu, é

o melhor...Não sei. E começou a fazer-me bo-

quinhas...Sim, a pensar no futuro dela e no

da 1'llhnE disse-me que esta é uma jóia...

~- Sem engaste...--Que queres dizer com isso?

Nada; que agora trata de a engastarem ti...

Mas do que tu te vais lembrar, Ce-ledônio...

Elã, ela.Creio que te enganas ao supor...Não, se eu não suponho nada, a

não ser que ela trata de colocar a filha,de a colocar em ti...!

E se assim fosse, quê?Que já caiste, Emetério, quo já

caiste: o"P já te caçou, ou pescou.E que?Naoa; que agora já se podes rc-

formar.E ao acabar a visita disse-me: «E

agora volte quando quiser, D. Emetério,esta casa 6 sua».

E há de sê-lo.Depende da Clotilde.

Não, depende da Rosita.E com efeito começou, entretanto, en-

tre a Rosita e a sua filha Clotilde umaespécie ,de duelo.

Olha, minha filha, é preciso quepenses bem nisso e que te deixes decriancices. Êsse teu namorado, êsse Pa-quito, não me parece que seja partido,e por outro lado, D. Emetério o é...

Partido?Sim, partido. E' claro quo tem bas-

tantes mais anos do que tu, e que, pelaidade, podia muito bem ser teu pai;mas ainda faz boa vista o, acima detudo, informei-me com muito cuidado arespeito delo, e sei que anda muito bemde cofre...

E claro, já que não pudeste agar-•"â-lo, quando eras moça como eu souagora, queres agarrá-lo agora para mim...Antigualhas, para mim?! E diz-me: por¦Wi e que o deixasto escapar?Como foi sempre muito econômico,unha a preocupação de economizar asaúde. E não sei do que lho teria lem-brado que podia acontecer se casassec°migo...

Pois agora, mamão. pior. porque^oai

a idade dele e com a minha, essa.'0lSf da saúde... que já te estou a en-ien^r... dev(-Poisa sa

*"e preocupá-lo mais.eu penso que não, que agoras de já não o preocupa: antes, pelorario, e deves aproveitar-te disso.

slnt °i3 °lha' mamãe> pu sou ,lovn-°-™e jovem e não quero sacrificar-

polsa de onf'"nn''ir.-. para ficar de-ano-,

C°m Um c«PÍtnlzito. Não, não, euqUero e°z*r a minha vida...~~ Que tola és, minha filha! Tu não003 a história da corrente?~~° Que é isso?

nw. 0lha: tu casas-te com este se-

que te traz... bem. e que te trou-"t. trates <Je]e£.v

Trato-lhe da imftde, hoki?Man não de mais; nao é necewsário

que te sacrifiqur:S. O que interuflfta 6cumprir. Cumpre'-!.,.

E 6ie?-- VA>}. cumpre, e ficas viúva, feita já

matrona, mas ainda de boa idade...Cuino tu agora, não é assim?

• Sim, corno eu; só quo eu não tenhoonde cair mm ta, enquanto que Lu, sete casaros com D. Emetério, ficarásviúva rui outras condições...

-- Sim, e viúva tendo onde cair?...Aí é que está indo. Porque então,

viúva, rica e além disso a Lazeres boavista., porque tu sais a mim o hús d'*lucrar com os anos... viúva o rica, podescomprar o Paquito ou- mais te apetecer.

O qua!, por sua vez, vem a herdaia minha fortuna, o procura, D. Emeté-lio filo por sua wz, uma nova Clotilde...

E assim por diante, e essa é qu.é a corrente, minha filha.

Pois eu, mamãe, não me prendocom ela.

Quer dizer que te obstinas, ou me-lhor, que te acorrentas ao teu mais-quo-tudo? «O amor e uma cabana?».Pensa bem nisso, filha, pensa bem.

Já pensei e repensei, Com D. Eme-lério, não. Eu saberei ganb.ar a minhavida, se for preciso: nada do cofre dele.

Olha, filha, que êle está entusias-mado, babado, babadinho, o pobre ho-mom; a tal ponto que é capaz de faz""por ti toda a espécie de loucuras; olhaque...

O dito, dito, mamãe.Bom, o agora? Que lhe hei de eu

dizer, quando voltar? Que hei de fazerdele?

-- Pois. volta a seduzi-lo.Mas, filha...!

A senhora percebe-me, mão.Até de mais, filha.

E D. Emetério voltou, claro está, àcasa da Rosita.

Olhe, D. Emetério, a minha filhanão quer ouvir falar no senhor...

Nem falar?Vamos, sim; o que não quer é que

se penso nisso do casório...Não, não; nada de a querer for-

çar. Rosita, nada disso... Mas eu...parece-me que rejuvenesço... pareço ou-tro... sou capaz de...

De lhe dar um dote?Sou capaz de... Ser-me-ia tão agra-

dável, com a minha idade... sempre tãosó... ter um lar... criar uma família...o celibato já me custa'. ..a reforma e avaga perseguem-me.,.

Na verdade, Emetério — e ao mos-mo tempo que suprimiu (pela primeiravez') o D., encostou-se mais a êle —achava estranho que o senhor se dedi-casse a juntar assim uma fortuna, nãoto.ndo família... não o compreendia...

Isso é o que também diz D. Hila-rion.

Mas diga-me, Emetério — e comuma tática cheia de astúcia encostou-sea êle, ainda mais — diga-me, já lhepassaram aquelas preocupações com osaúde, que tinha nos nossos bons tem-pos?

Emetério já não sabia se sonhava açor-dado: julgava-se transportado para trêsàqueles tempos saudosos de havia vintee tantos anos: tudo o que tinha vindodepois se lhe tinha desvanecido da me-mória. e até a aparição de Clotilde lhoesquecia. Sentia-Se tonto.

Já lhe passaram essas preocupaçõescom a saúde, Emetério?

Agora, Rosita, agora sinto-me capazde tudo. E nao tenho medo nem... davaga! Por que é que eu deixei, meuDeus, escapar aquela ocasião?

-- Mas não estou eu aqui, Emetério?Tu, tu, Rosita? Eu?...Sim. eu... eu...Mas...

Ora, vamos, Emetério. que tal te

pareço?E vai. o sentou-se-lhe nos joelhos. E

Emetério começou a tremer de júbilo. Eagarrou com os braços a cinta maternal.

.- O que tu pesas, rapariguinha!Sun. há onde uma pessoa se agarre.

Emetério.Unia mulher de peso.Se quando nos conhecemos eu sou-

besse o que sei hoje...Se eu o tivesse sabido, Rosita, se

eu o tivesse sabido...Ai. Emetério. Emetério — e aca-

riciava-o passando-lhe a mão pelo naria— que tolos éramos nesse tempo... t

45

,«¦ IIIII um I nn j i-'-'-'{{'¦

>¦¦¦¦¦¦¦ y*®l - I

M

TNVH RJ !x:>'

j39

irerifiame a cansa úa1ênc'a Se sua vista!

Quando s: muni sta qual-quer anormalidade visual,torna-s necessária umaconsulta ao oculista, a íimdo corrigir o mal, por meiode óculos adequados.

!

Um exame oportuno ev±ta mui-tas vezes, graves consequênci-as. Somente o oculista poderáindicar, com precisão, os ócu-los que V. S. deve usar.

Obtida a receita, entregue-a aLÜTZ Fjfc-RRANDO que, por umaexperiência de mais de 60 anoinasuaesp-c;alidade, e pela suacapacidade técnica, representaum t garantia de confiança naconfecção dos seus óculos. Mes-mo que V. S. resida em localida-de distante, poderá, através do) eembôlso Postal, adquirir seusóculos em Lutz Ferrando.

Para i so, enviaremos, gratuita-mento, um catálogo ilustrando ostipos mais modernos de arma-ções, e V. S. nos remeterá o seupedido, junto com a receita dooculista, sendo servido como se fosseatendido em nosso próprio balcão.

\\

\

\

ÓTICA E INSTRUMENTAL CIENTÍFICO S. A.

RUA OUVIDOR, 88 RIO DE JANEIRO yyfnter-Amcrú-ina LF-5

Wm"*'*'-'v VSSSSiHfll

'ÊÊ\

s^ssa^ [imnHHtt- ¦• ¦:::¦. - -> • .s:'.-s«»>--*««—-- .?.rfflj»;.5-£;

MP

¦»!.'¦

_».

i ^_0___!^^_A^_3WAmmmr€P&W*>4FS&1ê*m\mw7A ^k(f/T^7/7í^ml_f__rtrr^_r 1--^^«fl

--wiv*5__fe_____5e__R^

11 ^^cJE HEmDHHlflDBS |

f s ^^>V^ _—_^—-

1

46

oturora Faífio

MENAGOLREGULA»

Tu. nem tanto: tolo... eu.Quando a minha mãe me at-lçava

am '^ encarniçasse, e tu tão...Tão râ.Mas agora...Agora, quê?

- Não queres que reparemos o pas-sado?

Mas isso ó uma declaração em regra?Tal e qual! Porém não como a do

renório, esse ingênuo, -porque nem ém verso, nem esta 6 u'a margem soli-ária, nem aqui brilha a lua, nem...

Mas. e a tua filha. Rosita? E aClotilde?

Isto vai ser a salvação dela...E a tua. Rosita!E a tua, Emetério!E' claro que vai ser a minha sal-

ação.E assim foi.E depois ela, matreira, dizia-lhe, com

ática:Olha, meu rico. juro-te que. quando

"Stava a gerar a Clotilde. em quem eunais pensava era em ti... tive taisipetites quando estava grávida...

E eu juro-te que. quando aqui vim,.trás da Clotilde. vinha, mesmo sem osaber, atrás de ti. atras de ti. Rosita,•.trás de ti... Era o querer-te... ou.orno creio, que o Martinez dizia, o sub>

.onciente...E isso com que é que -se come?

'orque eu nunca ouvi falar de tal coisa..,Não, não é coisa que se coma...'-Pm é preciso, porque para comer, e

omer bem, temos mais que o suficiente,om a minha fortuna...

Sim: para comermos... os quatro"?Que quatro, Rosita'?Prós tu... eu... Clotilde...São três. ...E.. . o Paquito!

O Paquito também? Seja! À memó-via do Martinez!

E foi tal a alegria de Rosita. senhora:á de incerta idade que se pôs a chorar— histerismo? — e Emetério atirou-se,com beijos nos olhos, a chupar-lhe aslágrimas, deliciando-se com o seu docesabor amargo. Que não eram. não. lá-grimas de crocodilo.

E ficou resolvido, o selado com beijose abraços, que se casariam os quatro:Rosita com Emetério, Clotilde com Pa-quito, e que viveriam 'juntos, e que Eme-tério daria um dote ji Clotilde.

Não esperava menos de ti. Eme-tério. e vais ver agora os anos que hásde \ iver...

Sim. e com alegria, ainda que venhan r'-'<-»—-ia. E não tenciono deixar vagatão cedo.

j^ am-so no mesmo dia, a mãecom Emetério e a filha com Paquito. Eforam viver juntos os <joi.. casais. Ereforniou-se o Emetério. E foi uma du-pia lua de mel, uma minguante e aoutra crescente.

A nossa, dizia Emetério, com umataque de melancolia retrospectiva —não é de mel, mas sim de cera...

- Bem, cala-te, e náo penses em to-lices.

Se não tivesse sido tão tolo, fazagora... tantos anos...!

Não sejas grosseiro. Emetério, emuito menos agora.

Agora que és uma senhora de certaidade...

Pareço-te...'?Melhor que quando eras mocas! Po-

des-me acreditar!E então'?Ai. Rosita! Rosita de Saron, estás

como nova!E diz-me. Emetério. Já t_ passou

aquela mania das. charadas... ? Forqueme fazia pena ver-te com aquelas histó-rias dj: «a mini.a primeira... a minhasegunda... a minha terceira...».

Cala-te. meu tudo!E enquanto a apertava contra o peito,

dizia com os olhos fechados: Rota...tata... rono... tarro... sita... sim...

E depois:Mas diz-me. o teu primeiro marido.

o Martinez, o pai da Clotilde...Agora, com ciúmes retrospectivos?E' o subcunciente!Pois êle estava-to muito grato, e

até tinha uma certa admiração por ...Tinha admiração? Por mim?Por ti. sim. por ti. E' bem verdade

que eu fiz-lhe sabor quanto tu tinhas

sulo correto comigo, e como te tiulianportado como um cavalheiro...

O cavalheiro foi êle, o Martinez!E olha; vês este medalhão? Aqui

trazia um retrato do Martinez; mas porbaixo, tapado pi Io dele, estava o teu.,e agora, vês?

E agora por baixo du meu, se ca-lhar está o do outro, não?

Qual? O <lo defunto? Qual quê! Nãosou tão romântica como isso!

Pois eu tenho que te contar do ca-lendário que tinha no meu quarto quan-do decidi aquela escapada. Não arran-quei a folha desse dia e assim o con-servo.

E agora, pensas em lhe arrancar sfolhas?

Para quê? Para decifrar as chara-das do resto daquele ano fatídico? Não,meu tudo, vão.

Ai, meu rico!Rico, hein? Pico? Eu sou um pobre

homem, mas não um pobre homem...pobre.

E quem foi que disse isso?Digo-o eu,

Apenas passada a lua de mel, encon-trou-se um dia Emetério com Celedônio.

Acho-te rejuvenescido, Emetério. Vê-se que te faz bem à saúde o matrimônio.

E muito. Celedônio, e muito. EssaRosita é um remédio... Parece impôs-sível! Cloro, tantos anos viúva!...

Tudo é uma questão de economia,Emetério: claro que não política, massim d" máximos e mínimos. Há que sa-br uma pessoa poupar-se. Cuidado, pois,com a tua Rosita, para que não te dissi-pes e não vás ainda esticar... Alémdisso, essa convivência com o casal maisjovem... essa Clotilde... esse Paquito...

Quem! O marido da minha enteada!E' um pobre diabo que se casou porlibertinagem.

Por libertinagem.Sim. imagina que entre os livros

di le encontrei um intitulado «Manual dope-.-íoito amante». Manual! Imagina, ma-nual!

Sim. estaria melhor prontuário, ouepítome, ou catocismo...

Ou cartilha! Mas. manual! Garanto-te que é um macaquinho, um mico...

A vida de Renoir(Cont. da oàg. 23)

betta, o excêntrico Maupassant. Todosque fossem aceitos na companhia dessesprósperos intelectuais triunfavam defini-tivamente. Um amigo, visitando seu ate-lier. encontrou um esboço do Moulin deIa Galette. um cabaré de Paris. «Vocêdeve fazer um quadro desse esboços, su-geriu êle ao artista. E Renoir começoua trabalhar. Alugou uma casa cercadade um largo jardim, nas vizinhanças doMoulin de Ia Galette. e contratou mode-los para pousar para êle. O quadro queresultou daí. lateja com cores alegres.Está inundado com o vinho do riso. Nafrente, um grupo de homens bebe ecome. enquanto duas moças, uma sentadaa um banco próximo à mesa. outra pou-sanéo a mão no ombro da primeira sorrialegremente. Atrás deles, à direita, estãodois homens com engraçados chapéus pri-maveris, conversando com amigos. Algunsaristocratas em traje de rigor passeiamcom suas companheiras. Uma das moçasencosta o rosto ao companheiro e acom-panha em estado de embriaguez o com-passo da música. O próprio Renoir eraum intoxicado pelo romance da vida.Deixou a outros pintores suas. sóbriasrealidades. Não se interessava pela su-jeira do limpador de chaminés e nempelos seus companheiros de trabalho. In-teressava-se somente pela alegria dosPríncipes Encantados e suas Cindereias.fosse em linho rústico ou em seda. Nãodeveria haver nenhuma tristeza nos can-tos que entoava com seu pincel. Porqueachava que a alegria estava no coraçãoda vida.

Pintou um grupo de pessoas num pavi-lhão. fazendo um piquenique no quentesol da tarde. Um deles, em mangas decamisa, com a pele tostada pelo sol, estásentado de pernas abertas de frente parao encosto da sua cadeira de lona. Umamoça. com um chapéu enfeitado de flò-res. descansa seus cotovelos na mesa.Um rapaz de espessa barba, em mangasde camisa, com os músculos saiientan-do-se proeminentemente, um chapéu depalha colocado displicentemente a umlado da cabeça, encosta-se com preguiçaà balaustrada. Os outros membros dogrupo são representados em atitudes se-melhantes, de descuidado relaxamento.iA vida naqueles dias era uma perpétuafestas», escreveu Renoir muitos anos maistarde, durante o pesadelo áa GrandeGuerra. «O povo sabia rir naquelesdias!--.

V 1

Tendo experimentado vários afeitos decores. Renoir começou a trabalhar forada então chamada nova escola. Percorreuas galerias de arte. Uma visita à Itália,o lar dos velhos mestres da Renascença,convenceu-o de que a forma era tantouma propriedade da pintura quanto acôr. Deliciou seus oihos nos modelosclássicos de Rafael. Miguel Ângelo. Do-natello. Foi à Espanha e excitou-se tantoao ver a ...Rendição de Bredai. de Ve-lasquez. que teve a sensação de estar«abraçando as figuras na telas. Aprendeucom Velasquez o segredo da alegria quebrota do pincel do artista. Fará Renoir.assim como para Velasquez. um quadroé tão vivo como uma mulher. *Comogosto de passear abraçado a um quadroou toma-lo em minhai mãos.», gíss»

Renoir uma" ocasião. "Não é bastantepara o artista ser uni artífice inteli-gente. Deve também gostar d- acariciarsuas telas?.

Renoir gostava de acariciar suas telas.Abusou da «arrogante sensualidade» deseu trabalho. Dessa acusação seria cul-pado. Pintou uma série de banhistasnuas — firmes e carnudas, amplas mu-lheres de estrutura forte. «Pintar umamulher», notou um de s.-us amigos. <_ex-cita Renoir muito mais do que abraçá-la».O público ficava atônito com essa francaadoração da forma humana. • Essas mu-lheres nuas de Renoir», escreveu um cri-tico. csão jardins — jardins de luxúria...figuras pneumáticas intumescidas. unta-das com uma espécie de óleo avermelha-do. r-clinadas num pomar onde parecemestar amadurecendo...!.. «Há duas foi'-mas de arte, exatamente como há duasespécies de amor», escreveu outro crítico.(E a forma característica de amor emRenoir — apesar de deliciosa — nãoé erandr. arte?. Ainda assim, é na pró-pria compreensão da sensualidade de IP -noir que encontraremos o fio de suaarte. Renoir náo era apenas sensual nosentido comum da palavra. Era mais deque isso. Um gênio que sublimava asensualidade em beleza. E por essa ra-zão está redimido. O impulso para criara arte é em si mesmo tão digno quantoo impulso para criar filhos. Mas êlegostava de criar arte não por ser útilpara êle, nem por suas qualidades tran-sitórias. mas principalmente pelo seuvalor intrínseco. Não havia nenhumaexpressão Ia seiva em seus olhos quandomedia seus modelos. Avaliava-os menospor eles mesmos do que pelos seus va-lores como ponto de partida. «Ai estão

somente para me deixarem caminhar»,notou certa vez. ..para me permitiremousar coisas que. sem eles, nunca teriapensado em inventar». A beleza, numamulher, não era suficiente., A sensuali-dade de Renoir tinha uma qualidademais sensível. .Posso me associar como primeiro libertino sujo que aparecer— contanto que encontre nele uma peleque não rejeite a luz...

Somos inclinados a pensar que as pes-soas sensuais são necessariamente irreli-giosas. Mas não é verdade, especialmenteno caso dos grandes artistas e grandesmísticos. Renoir foi uma alma intensa-mente devota. Uma vez notou que aforça cia arte amiga baseava-se na féreligiosa dos artistas. *Para eles Deusestava sempre presente: o homem nãoexistia», Nos gregos, eram Apoio e Mi-nerva. Os pintores do tempo de Giottotambém possuíam um protetor celeste.Mas o homem, em seu orgulho moderno,preferiu rejeitar esses padroeiros, por-que o diminui., a seus próprios olhos.Êle baniu Deus. E assim fazendo, baniua í • 1 i c i d a d o tan i b é m.

O pintor dos mais excitantes nus dostempos modernos era o mais ascéticodos espíritos. Até o fim. seu« olhos pro-curaram a beleza, mesmo depois de suasmãos. imobilizadas pela paralisia, nave-rem-se recusado a trabalhar. Nos últimosanos sentou-se ereto em sua cadeira derodas, torturado pelo sofrimento. Masum misterioso, confortador sorriso espa-lhou-se em seu rosto. «Realmente, souum homem feliz, por estar assim presoa um só lugar-, disse êle aos amigos.cAgora não posso fazer mais nada senãopintar.s E acrescentou, com um brilho

BANC*"»-._ - - " - . -3v~: -»-_r;;- *--__. .__--s-¦¦----¦„. .- --_

NA Cl O NAL

S 1 T O S D E S C O N T__?. C*-. '.¦¦-.¦-¦¦'-.¦•-,"¦ _ . V - - - ..-:"""

VAtFÀND^GA, 5Ó;

DESÇO N T O SV* f ,A ¦ y :.fc_r" - As~~- ¦

________

_____ ¦

,j S - C ftíü Ç O E S

rem >'mesmo

a vi

ao

dados

ou

4

cjnii uni qutidrumano, queres tu

dizer. Pois esses ó" que são os perigosos,E3stá-mo a lembrar de uma vez, em que

ia em viagem com um casalito dorec5m-casad03 que não faziam outra coisa

aproveitar os túneis e, como sea exceder nisso (10 arruina-

senãoestivessemvem »' fazerem earícias um ao outromesmo de Crente do meu nariz, chamei-lhes discretamente a atenção. IO salte»com " quo so me saiu a ranhosa? Poiscom mn «Quê? Agu(;aino.<3-lho o dente,avozinlio?».

_ E tu, que lhe dissestc?

_-Eu? Eu disse-lhe; «O dente? Agu-r;ar o dente? Já há muitos anos, me-nina, que uso dentadura postiça, e denoite ponho-a de molho num copo deágua asséptica». E ela calou-se. Como que... cuida da tua saúde!

— Quem me trata dela são eles, ostrês. Olha, ainda há pouco tempo tivedc ficar de cama com uma forte cons-üpação, e se tu visses com quo carinhome trazia os ponchcs quentes a Clotil-dita! E' um encanto, E depois, sabes?A Clotildita tem uma habilidade queparece ter herdado da avó materna, d.Tomasa, que foi minha patroa, e 6. queassobia quo nem um canário. D. To-inasa também assobiava, sobretudo quan-do se punha a fritar ovos, mas a netanão chegou a conhecer — ela morreuantes de a Clotilde ter nascido — ecomo a Rosita nunca soube assobiar, quePU saiba, onde é que a Clotilde arran-jou essa habilidade com que assobia asúltimas cançonetas das zarzuelas? Mia-tórios da natureza feminina!

Isso, Emetério, deve ter que verqualquer coisa com a serpente da queda,ou melhor, da expulsão do paraíso...

E o curioso, Celedônio, é que, foradisso, usa sempre palavras de sentidosimples, e não tem complicações ne-nhunias...

Julgas tu isso, Emetério...Sim; aparte o físico, ó completa-

mento Martinez.Sim, a metafísica dela é. paterna,

martinezeana. Mas... e não há bulhasentro os dois casais?

Qual quê! E nos sábados vamosos quatro ao teatro, e nada de dramas.A Rosita e a Clotilde gostam de rir: co-médias, forcas; e nós outros, eu e oPaquito, gostamos de as ver a rir. Enão lhes metem medo as graças picantes,e como eu não vejo mal nelas...

Polo contrário, Emetério — e aodizer isto pós-se Celedônio mais sérioQue um catedrático de estética. — Pelocontrário; o riso tudo purifica. Não hágraças imorais, porque se forem imoraisnao têm graça; só é imoral o vício triste,fi a virtude triste também. O riso estáindicado para os mesquinhos, os rnisan-tropos e os que sofrem de prisão de ven-tre; é melhor que a água de Carabana.

a virtude purgativa cia arte, a catar-«s. como disse Aristóteles, ou Aristó-tanes, ou lá quem foi. E, com isto, tereieu dito alguma coisa, Emetério?

47Sim, Celedônio, sim; há que cultl-

var o sentimento cômico da vida, digao que disser esse tal Unamuno.

• Sim, Emetério, e há que cultivaraté a pornografia metafísica, que nãoé o mesmo — claro está! — que a me-tafísica pornográfica...

-- Mas, se toda a metafísica é por-nográfica, Celedônio!Eu, cá por mim, Emetério, comecei

já a escrever uma dissertação apologé-tico-exegético - místico - metafísica acercade Raliab, aquela meretriz que figura nagenealogia de S. José bendito. E poupo-te as citações bíblicas com capítulos eversículos porque eu, graças a Deus, nãosou o Unamuno.

Pois olha, Celedônio, isso que modizes de estares a escrever uma tal dis-sertação, faz-me lembrar que, falandocom a Rosita a respeito do Martinez,disse-me ela que este se tinha posto aescrever uma novela em que, com osnomes trocados, figurávamos, ela, eu, e acasa de hóspedes da d. Tomasa, mas queela, a Rosita, não lha deixou publicar:«Que a escrevesse, muito bem — dizia-meela — se com isso se divertia, mas pu-blicá-la?!». «E por que não — disse-lheeu — se assim outros se haviam de di-vertir a lê-la?». Nâo te parece?-- Tens razão com isso, Emetério, mui-ta razão. E sobretudo cultivemos, comomuito bem dizias antes, o sentimento cô-mico da vida, sem pensar nas vagas quepossam vir. Porque já sabes aquele ve-lho e acreditado aforismo metafísico:«deste mundo levarás o que puderes enada mais».

E separaram-se, de acordo a respeitodo seu amor à vida que passa, e me-lhores, mais otimistas do que antes. Seé que sabemos o que seja isso de oti-mismo. E o que sejam o júbilo, e atristeza, e a metafísica, e a pornogra-fia. Camelos de. críticos!

Um dia Rosita aproximou-se de Eme-tério com certo sorriso misterioso e,abraçando-o, disse-lhe ao ouvido:

Sabes, rico, uma novidade? Uma,adivinha?

O que é?Adivinha, toleirão: quantos dedos

tem a mão?E quantas mãos têm os dedos?Bem, não me venhas cá com histó-

rias e responde. Sabes a resposta? Sim,ou não, como Cristo nos ensina.

Não! Não sei; desisto.Pois é que vamos ter um netinho...Um netinho. Teu ainda pode ser.

Agora meu é que não.Bem, não sejas mesquinho.Não, não; gosto da propriedade do

linguagem. O filho duma enteada nãoé neto.

E o enteado da filha? Como é?Tens razão, Rosita... E depois di-

zem que é rica esta nossa pobre línguacastelhana... rica língua... rica lingua...

Que coisas que te lembram sempre,Emetério!

—- Que coisas que te lembram, a ti?E Emetério ficou a pensar ao ver Pa-

quito: «E este, o genro da minha mu-lher, o que será êle a mim? Mas quecomplicação!».

E veio ao mundo a criança, e Emetériotornou-se ainda mais babado.

Não sabes o amor que lhe estou ater — dizia êle a Celedônio. — Êle éque vai herdar de mim; será o meuherdeiro universal o único, o do meudinheiro, entende-se; e em troca mor-rerei com a satisfação de náo lhe tertransmitido nenhuma tara física e a deque, assim, não herdará nada desta sim-plicidade que tem sido a minha vida. Ecuidarei de que não tome gosto à deci-fração de palavras cruzadas.

E a Clotilde, claro, com essa coisade ser mãe, deve ter melhorado.

Está esplêndida, Celedônio, digo-teque esplêndida, e mais atraente do quenunca. Mas para mim continua a seruma olha-me mas não me toques!

E se calhar consolas-te com umtoca-me e não me olhes.

Nem tanto, Celedônio, nem tanto.Bah! O seguro é fazer como S. Tome

Apóstolo, e torno a dizer-te a frase:«Tocar e crer!».

Com a Clotilde, Celedônio, conten-to-me com ver; e ver que é uma jóia,como diz a mãe; é a mãe melhorada.

Vamos! Sim, melhor engastada. Masnesse caso consola-te, porque se che-gasses a casar a tempo com a Rosita,a Clotilde não teria saído como saiu.

Sim. Muitas vezes' me ponho apensar como teria sido a Clotilde se eutivesse sido o verdadeiro pai dela...

Bah! Talvez que para ela tenhapassado o que de melhor há em ti: aidéia que a teu respeito tinha a Rosita...

Foi o que ela me disse, e maisagora, que estou reduzido à idéia...Mas o pequenito não é nenhuma idéia!

E esse deve-se a ti, à tua gênero-sidade, porque tu é que casaste o Pa-quito com a Clotilde. Recordas-te dequando falávamos da tua vocação parao ofício necessaríssimo na república bemorganizada?...

Se me recordo!...E tu, seguindo, por vocação casa-

menteira o casalzinho da Clotilde e doPaquito, fizeste de casamenteiro de tipróprio. Admiráveis são os caminhos daProvidência!

Sim, e quando me começava a can-sar dos caminhos da vida.

Tu serviste a Rosita para ela pes-car o Martinez, o predestinado que, semti, não teria mordido o anzol, e o Mar-tinez serviu-a, a ela própria, fazendo-lhe a Clotilde, para que te pescasse agoraa ti... ''|

E se o Martinez não tivesse morrido?Diz-me o coração que teria ela aca-

bado por te pescar da mesma forma.Mas então...Sim, é mais decentemente moral

tê-la tirado ao morto...E assim resolveu o problema da sua

vida.

nos olhos, «não precisamos de mãos paraPintar».Conservou-se em sua tarefa de criara bcleza através do sofrimento, até oUltimo dia de sua vida. A 17 de dezem-'"'o de 1919, levantou-se de seu leito dcdoente, depois de quinze dias de umacesso de pneumonia. Sentou-se dianteo cavalete e preparou-se para desenharl'm vaso.~ Um lápis, faz favor — disse êle ao011iProg-ado.O empregado foi ao quarto ¦ próximoPara buscar o lápis. Quando voltou, oait'Sta estava morto.(D° livro «Vidas de grandes pintores».)

80 CATALISADOR(Conclusão cia pág. ant.

Se" lamento era tão trágico quantopapel de suas mãos,;ôml«>. Tomei

,e^° «tam jato"Lavoisier"lavoisier"

seiCm?° Cl6Ve Sabcr- nã0 " amo. Ca-

üad"° °0m Vn<,r' por uma d^ssas fatali-

perJ,-^ nâ° SC c*P»«»n. Em com-nha^ao encontrei em Gil tudo qu: so-t(, r,i

Al,lam,H!,lS sinceramente. Parinútil qualquer tentativa

para rehaver-me. Como não cheguei bema ser "sua" esposa... Perdôe-me eprocure esquecimento nos seus livros dequímica.. .

"Clarisse".

Nota: Sei de tudo que se tem pas-sado entre vocês. Não tente nada!

"Gil".O miserável! — Explodi, esquecen-

do a presença do marido. — Enganou-me o bandido...

Como?! Que diz você? Levou algoseu?! — Exclamou na sua obtusidade.

Estendeu-se sobre o sofá, soluçandodesesperadamente.

Puz-me a medir o quarto em grandespassadas, enquanto meditava. Clarisseestava perdida, tanto para mim como

para Lavoisier. Gil não era homem quedesistisse de seus intentos. Mereciabem que fosse procurado e sofresse ocastigo de seu ato. Mas quem o faria?Eu?! Não tinha nenhum direito e de-mais Gil não era homem que se deixas-se castigar facilmente. Lavoisier?! Bah!O pobre diabo tremia só de falar em

Gil! Era conformarmos.Fitei penalizado o marido abandona-

do que se contorcia no sofá, como se es-tivesse sofrendo violenta eólica de fi-

gado! "Deve ser o único momento em

que a química não lhe avassala as idéi-

as", pensei. Instantaneamente me con-solei da perda de Clarisse, como já meconsolara antes ao perder outros amo-res. Pelo menos aquela besta não apossuiria mais... Se é que a possuiráalgum dia...

Erguí-o do sofá, abraçando-o, egoisti-camente quase feliz, enquanto lhe dizia:

Console-se, homem de Deus! Afi-nal de contas a culpa foi toda sua ,. Ocatalisador falhou...

Que diz você?! — Inquiriu, abrin-do desmesuradamente os olhos nos quaisse refletiam toda estupidez!

Expliquei-lhe, então, satisfeito pordar-lhe uma lição de química:

Duas substâncias, você e Clarisse,não se combinavam ou o faziam muitolentamente. Procurou você uma tercei-ra para apressar a reação da sintes^,agindo como catalisador. Entretanto,esta última, em presença das outras,comportou-se como reagente combinamdo-se com uma delas...

E o catalisador fui eu!... — Inte;-rompeu Lavoisier. num gemido.

Embora sempre o considerasse um im-becil. incapaz de qualquer dedução, eon-fesso que, nesse instante, tive um poucode admiração pela rapidez e lógica doseu raciocínio!

... e continua

brilhando m 1948 !QUAL O SEÜ SEGREDO!

loção brilhantei Ricardo sabe, po?experiência própria u que a Loção Bri»lhante conserva a beleza e a juventudedos cabelos, limpa o couro cabeludOtdiminui a seborréia e evita a caspa.Si V. tem cabelos brancos, a LoçãoBrilhante — que nâo é tintura— de-volve aos seus cabelos a sua côr pri»mitiva. Brilhe agora e continue semprebrilhando no futuro, sem temer osanos! Use, como Ricardo, a LoçãoBrilhante contra os cabelos brancos

e a caspa, para a eternamocidade de seus cabelos!

H PGR QUE CAEM OS CABELOS?

Os cabelos, eomo as plantas,necessitara de muito cuida-do e alimentação. A plantamorre por falta de ar. Omesmo acontece com os ca-belos. A seborréia e o excessode células mortas (caspa),causam a obstrução dos po-ros, asfixiam as raízes docabelo a o debilitam. Porisso caem os cabelos. Nãodeixe que isto Ibe aconteça!Use a Loção Brilbante, cujaação bigienizadora elimina

obstrução dos poros, pe«netra nos bulbos capilares

dá nora vida ao cabelo*

\mvJlL

__^^^^^?^^^^^^___ll___9_r &lxP^ *S? Üw————fc__B___k)_BH_Rl_L_ii Tffiim ifln|f"_l__i mmm 4 ' ¦¦ii»™w_,___^_________»

^^^m

AOS ASSINANTES

E DISTRIBUIDORES

D ESTA REVISTA

Rogamos indiquem sempre,

com as suas remessas de di-

nheiro, nome e endereço cer-

tos a que as mesmas se des-

tinam.

: ¦ 1

"liÜl" ¦

i V_' X I

11tim 1

¦fm

%"

__s

:f.

::'èH"mm

w

m

x.v>!

-,e

, j

'S&jjEuSamSE^^Mám^^^E-vri p^PiP^»S5!BH^»«Jim!«f««.-^-

*

ifri

f:

> f.a.BBSg

? - : ¦

H,lfl "'•

tlflrin riIffi

(ijlrdl

%

n

Até você está emperigo

de ter PIORRÉID !Década 5 pessoas-4 estão ameaçadasGengivas moles e sensíveis... gengivas quelangram ao escovar cs dentes... são sinaisde que a implacável Piorréia — que minaas gengivas e faz perder os dantes — e-tái espreita-

Se notar qualquer destes sintomas de mauagouro — acautele-se! Comece a proteger selogo contra a Piorréia usando o métodoexperimentado Forhan. Escove os dentesduas vezes ao dia (fazendo, ao mesmo tempo,massagem nas gengivas) com_Forhan's paraas Gengivas— o único dentifrício que con-tém o adstringente especial do Dr. Forhan

para evitar a Piorréia. Exames clínicos re-centes demonstraram que 95% dos casosameaçados de Piorréia apresentaram notávelmelhora em apenas 30 dias deste tratamento«imples. .

Vá ao seu dentista com regularidade, bigaas indicações dele. E para manter seus den-tes firmes e brilhantes, suas gengivas sãs cvigorosas — comece a usar hoje mesmo odenufrício Forhan's.

Escove os dentes com

Forli

Wo_

ans/es fe&vn MS.-m ESFtRf. SOFRER íi

ORRtlft PftRR ÜSftR F0nHSH*S -

USE FGRHÜNS E EYIÍE li fiORREliT4FP13

48

Qual?Quo pergunta! O do ser tirada a

alguém! E tu o da tua.E qual é o problema da minha vida,

Celedònio?O aborrocimento da solidão economi-

zadoraparvo.

— E

A beleza é obrigaçãoA mulher tem obrigação de ser bonl-

ta. Hoje em dia só é íeio quem quer.Essa é a verdade. Os cremes protetorespara a pele se aperfeiçoam dia a dia.

Agora Já temos o creme de alface"Brilhante" ultra-concentrado que secaracteriza por sua ação rápida paraembranquecer, afinar e refrescar a cuüs.

Depois de aplicar este creme observecomo a sua cutis- ganha um ar de na-turalidade encantada à vista.

A pele que não respira resseca e tor-na-se horrivelmente escura. O creme deAlface "Brilhante" permite à pele res-

pirar ao mesmo tempo que evita os

panos, as manchas, as Impurezas e a ten-dêncla para plgmentaçáo.

O viço, o brilho de uma pele viva e sa-dia volta a imperar com o uso do Cremede Alface "Brilhante". Experimente-o.

E' um produto dos Laboratórios Al-rtm & Freitas.

por não quoi\ r fazer figura

verdadeé que

é verdade...

o solitário, o aborrecido,dá em fazer solitários — entendes-me?— e isto acaba por imbecilizar. E o re-

médio é fazer solitários em companhia...

Homem, eu te diga.: Agora depoisda ceia. costumamo-nos pôr, a Rosita e

eu, junto ã braseira, a jogar a bisea...

Não to dizia, Emetério. não to dizia?Estás a ver? E ela faz batota contigo.não é isso?

Às vezes...E a ti' diverte-te que ela a faça,

e ris-te, como se te fizessem cócegas, de

que ta façam. E deixas-te enganar?Deixas que ela te faça isso? Pois essaé toda a filosofia do sentimento cômicoda vida. Dos gracejos quo se fazem nascomédias por conta dos cornos ninguémse ri mais do que os próprios cornosquando são filósofos, quando são herói-cos. Gozar em sentir-se ridículo? Prazerdivino, esse de alguém se rir de quese riam dele!.. .

Sim. já se disse aquela de que:cNão mos ponha minha mulher: se mospuser que eu não o saiba: e seu eu osouber que me não importe...».

Isso. Emetério, é mesquinho e triste.Há que se elevar mais do que isso edeve ser assim: «se ela goza em mospôr, eu, por amor dela, que lhe dê esseprazer...».

Mas...E mesmo há outro grau maior de

elevação, que o de alguém se fazer espe-táculo para que o mundo se divirta?..,

Mas eu. Celedônio...Não, tu, Emetério, não te elevaste

a esses cumes de excelcitude, ainda quetenhas cumprido perfeitamente. E agoracontinua a jogar a bisca, mas sem arris-car nada. desinteressadamente, que nodesinteresse é que está a graça... E nagraça é que está a vida...

Bom, basta, porque esses conceitosperturbam-me a cabeça.

Pois coca o cachaço, que assim tecairá a caspa.

E agora, meus leitores, os que tenhamlido antes os meus «Amor y pedagogia»e cXiebla». e as minhas outras novelase contos, recordando que todos os pro-tagonistas delas, os que me fizeram,morreram ou se mataram — e um je-suita já chegou a dizer que sou um in-dutor ao suicídio — perguntarão a sipróprios como acabou Emetério Afonso..Mas estes homens assim, como o Eme-tério Afonso. — ou D. Emetério deAfonso. — não se matam, nem morrem;são imortais, ou melhor, ressuscitam emcadeia. E confio, leitores, que o meuEmetério Afonso será imortal.

— FIM —

Por três cheíins e mtio(Cont, da pág. 10)

devia pôr outro chelim no medidor paraque êle continuasse correndo. Agitada,ifogando soluços, entrou em casa emprocura de um chalim para o medidor.N"ão podia suportar que desta, vez tam-bém fosse burlada. Havia fracassado noseu intento; toda sua vida tinha sidoisso: fracassar. A vida a tinha humilha-do e era demais para ela. A morte a hu-milhava agora e isto era também de-mais. Era preciso conseguir a moeda deum chelim.

No bolsinho da blusa de malha náoencontrou a desejada moeda; tudo o quecontinha era uma de meio chelim, ou-tra de três pence e, três de meio penny.Tampouco achou um chelim no jarroda chaminé. Teria que ir, desfeita e en-joada. pedir emprestado o preço de sualiberdade. A tarifa para abandonaraquele subúrbio de Chorley era um che-Um e para pagá-lo teria que pedir umfavor, ficar devendo ao subúrbio. Depoisr

os outros diriam: "Não tinha cm casa

nem um chelim para fazer funcionar o

medidor de gás. Velu pedir-nos um,

emprestado." Assim, até depois de mor-

ta zombariam de .suas misérias. Porem.

estava ficando tarde. Estava perdendotempo. Bob chegaria dum momento pa-ra outro. Seria preciso deixar tudo para

outra vez. Ou, supondo que a surpreeu-

dessem no seu intento, seriam capazes

de prendê-la e processá-la por tentativa

de suicídio. . . Sem poder viver. Sem po-ler morrer. Que situarão horrível!

Deixou de soluçar. Acabava de ouvir

uma pancada na porta.Que batam. Que chamem às vezes que

queiram. Que lhe importava?Repetiu-se o chamado e ela pensou

de repente: "Talvez possa emprestar-meum chelim," Era uma coisa corrente, no

bairro, pedir emprestado um chelim pa-ra o medidor de gás.

Atravessou o vestibulo escuro e abriu

a porta.Cobrador do gás — anunciou uma

voz cordial.Cobrador do gás,.. — repetiu ela

vagamente.Sim, senhora; para retirar seus

chelins do medidor. Tarde escura, hein?Ah! tem o medidor na cozinha? Olá!

parece que há um escapamento...Precedeu o homem, mostrando-lhe o

caminho. Com um pontapé apartou ocapacho. Aproximou-se do fogão e íe-chou a chave.

As vezes uma corrente de ar apagaa chama...

Cuidado, senhora! E* preciso evi-tar essas coisas, Não sabe que uma ex-

plosão de gás pode mandá-la pelos arespor cima deste subúrbio de Chorley?Hein? Que lhe parece?

Era um homem de bom humor. Chel-rou o forno e abriu e fechou as tornei-ras. Depois subiu na mesa para alcan-çar o medidor, Retirou as moedas dacaixa e as depositou sobre a mesa paracontá-las, Chelins, chelins... E paraabandonar Chorley bastava só um. Amulher o olhava fascinada.

A senhora tem sorte. Este medidoré do tipo antigo e o preço do gás bai-xou, como a senhora sabe. Tenho quedevolver-lhe três chelins e meio. Aquiestão.

Deixou-os cair em cima do Jornalaberto, e, ao fazê-lo, viu o anuncio.

Que casualidade' Três chelins emeio; o preço de um corte de cabelo euma ondulação, neste salão, aqui. — Eacrescentou sorrindo: — As senhoras sópensam em mudar de cara, hein?

Faça-me o favor de pôr um chelimno medidor...

Não! Absolutamente, minha senho-ra. \3' perigoso. Há um escapamento emalgum logar. Vou avisar "para que ve-nham revistar a instalação. Per era serámelhor cozinhar com carvão.

A mulher apanhou as moedas do jor-nal e acompanhou o cobrador até aporta. Descia a trava noturna. Maisalém das chaminés das fábricas, as co-Unas cinzentas esmaeciam nos sombriosresplendores do crepúsculo. O bairro es-tava situado num alto e da porta darua a mulher podia contemplar todoaquele turvo West Riding, sumido nafumaça de suas fábricas que se levan-tavam no vale, entre duas colinas. WestRiding, a vila que por tantos anos ti-nha sido seu cárcere. O ar frio picava apele, porém, era vivificante, depois dogás que mordia os pulmões.

Sem se dar conta do que estava fazen-ao, largou a andar pela rua pavimenta-da de seixos. Com mão trêmula aperta-ra as moedas preciosas. Queria tomarum pouco de ar puro. Logo, mais ani-mada, voltaria a casa para repetir seupropósito que desta vez não falharia.

A ruela formava no final um cotove-Io que desembocava na avenida ondepassavam bondes entre alegro repique decampainhas e brilhavam as vitrinas dascasas de comércio. Numa delas, a deHoster. viu o letreiro dourado: "Cortede cabelo e ondulação, três chelins emeio."

Através da blusa de malha fina, ovento frio lhe mordia as carnes. Sentiads lábios secos e endurecidos. Os joe-lhos afrouxavam. Se não se sentasselogo, cairia em plena rua.

Entrou, procurando refugio, no salãode cabeleireiro. O ambiente cálldo e per-

fumado lhe produziu imediatamenteuma sensação de bem estar.

Que é que a senhora deseja'perguntou-lhe uma jovem de guardapóbranco que .se lhe aproximou muito gen-(il.

Porém, ela não podia proferir unia pa.Vavra. Estendeu-lhe a mão com os trêschelins e meio. olhando um alvo, semcaber porque, sem mais desejo que o dedescansar um pouco naquela atmosfera'perfumada, luminosa, antes de voltar àtua cozinha escura.

— Cabelo e ondulação? Vai ficar mui-co bem na senhora. Fazemos por umpreço tão baixo porque a casa é nova equeremos que a conheçam. Afirmo-lhe;jue vai ficar surpresa com a transíor-inação. Venha, minha senhora, Porp.qul.

E seguiu a jovem.Três quartos de hora depois mirou»

je assombrada num espelho. Dizendomelhor, náo se contemplava a si mesma.tjuem era aquela graciosa dama de ida-•ae madura, de faces levemente rosadas,de cabeleira sedosa e curta que descaiaum elegantes e perfeitas ondas na fren-te, sobre as orelhas, na nuca de uma ca-oeça bem conformada, conforme via poroutro espelho que lhe punham atrás?

— Não é verdade, minha senhora, queparece outra pessoa?

Era outra pessoa.Pagou com as moedas mornas e pe«

gajosas que tinha apertadas na mão,No bolsinho da blusa ainda tinha guar-dada a moeda de seis pence e a de trôs.Deu-as à jovem, como gorgeta. A jovemapanhou um pulverizador e lhe perfu-mou o cabelo e o peito com essência deverbena; depois lhe escovou a blusa.

E agora um pouquinho de pó, mi«nha senhora?

Estava satisfeita com a gorgeta. Amaioria das freguesas daquela (lasse sólhe davam três pence.

Digo-lhe outra vez, minha senho-ra: parece outra mulher. Poucas vezesnos sai tão bem o trabalho. Volte den-tro de quinze dias e lhe apararei o ca-belo somente por um chelim e meio.

Outra mulher.E embora no caminho de volta a

Chorley se lembrasse pela primeira vezde que já náo tinha a moeda para o

gás e que Bob chegaria dentro de meiahora e que tinha de acender o fogarel-ro, preparar o chá e aquecer a água paraque êle se lavasse e que teria de lazer omesmo amanhã, depois de amanha esempre, não se importava...

Pois. anual, tinha fugido. Tinha íu-

gido, não de Bob, nem de Chorley, nemda fumaça, nem das vizinhas, nem dos

garotos, mas de si mesma. Tinha se

apartado de seus cinqüenta e três anos,da sordidez em qut vivia, da contantehumilhação. Era uma mulher diferente.Ema mulher de aspecto agradável, ele-

gante, atraente, o tipo de mulher quebob admirava e que ela sempre desejaraser.

E quando entrou em casa e procurouàs apalpadelas os fósforos, notou que

pela primeira vez, fazia quinze anos,

aguardava com agradável ansiedade 8

volta de Bob.

DA VIDA NADA SE LEVA,.A tocios os homens e mulheres, d**

luüidos ae alcançarem a suprema M*"

ciuaue Humana, recomendamos as a»

manas Pílulas Maratu, aprovadas *«

cenciaüas pelo D. N. baude PuW»

como tônico nervino no watamentoaaestema neuro-muscuiar e suas bm»

testaçoes e isentas de qualquer ação n

eiva. As Püulas Maratu sao íabrioW»

com extratos de Catuaba e MarapUi

(Acantb.es Virills), duas plantas ei

tuues extraordinárias a que .abundantemente em alguns Estacu»

norte do Brasil. Aliás, elas Já ^nhecidas desde longa data pelo»

^uos brasileiros que as usavam

poderoso tônico e levantador uo

ma nervoso. Quando alguém senw ^ligeira depressão uo ritmo no _^sua vida, mesmo que seja devl° u„.de avançada, deve recorrer a ««"

las. que «arao. nao so o •»«"££'.üiüo. como ainda, uma se^^eDJ debem-estar e alegria de viver. ^pessimismo... Tomar as Piam»e saber gozar a vida. mesmo P°*h

da vicu» n&OH se leva.

-.-¦--

ii—"••-"*>~mU mÈF 'MBBíÍ• SÈbWí MmmaWÊÊ: ¥~¦£¦-... !

T.-.^^^wsrinif^fnn <mpw$m9mmwgimuu wmm^wwffl*w«9i&

49^ecllatamentear.a deseja'' ...de guardapô

»u muito gen-

ferir uma pa.> com os três-ini alvo, semsejo que o doela atmosfera;s de voltar a

•7ai ficar mui-ímos por umcasa é nova e1 • Afirmo-lhen a transíor-senhora. Por

depois mirou»3lho. Dizendoa a si mesma,dama de ida-

nente rosadas,:a que descaiamdas na freii-ca de uma ca-íforme via poríham -Uras?a senhora, que

mornas e pe-adas na mão.da tinha guar-ce e a de três.rgeta. A jovemr e lhe perfu-om essência de)vou a blusa,ano de pó, mi«

a gorgeta. Aquela (lasse só

, minha senho-a Poucas vezeslho. Volte den-: apararei o ca-helim e meio.

o de volta aIa primeira vez

moeda para odentro de meia

mder o togarei-scer a água parateria de lazer o

de amanha ea...gido. Tinha fu-de Chorley, nemzinhas, nem dosísma. Tinha semta e três anos,ria, da contantenulher diferente.3 agradável, ele-

de mulher quesempre desejara

casa e procurouoros, notou que:ia quinze anos,ivel ansiedade a

K SE LEVA,.e mulheres, cUil-, a suprema »*»"íendamo» as ai»*

aprovadas * »'' baude Púbica

no tratamento d»ar e suaa man1"aualquer ação no-xxx sao fabricada»aba e Marapu*-1as plantas de vir-

aP que exutemalguns Estada i°

eias Jb, eram co'

data pelo» «8n'as usavam **»,-antador do *+alguém aentiru^ritmo normal^seja devido _ JJ

!0rrer a estas pU»o entusiasmo pe-

uma sensação

. as pnuias M»*8*

, mesmo po^6"'

Dr. José de AlbuquerqueMembro eletivo da Sociedade

de Sexologia de ParisDOENÇAS SIÍXUA1S DO HOMEM

B. Rosário, Ü8 — Rio de .Janeiro

&

ASPANTUFAS.E AS GALINHAS

BOVINAS(Cont. da pág. 15)

___ Meu caro professor/ disse-lhe eu,

Qáo sei como cumprimentá-lo pelos ré-

pitados, e sobretudo pela discreção que

tem mantido em relação a este assunto.

Isto vai revolucionar o comércio da car-

ne. Pode agora faltar carne de boi à

eontade... Mas, diga-me, Já pensou que

Isto também possa ser aplicado ao ho-

tnem e a animais ferozes, com efeito no-

Civo à Humanidade, ao invés do benéfi-

co efeito que pretende conseguir?_ Já, meu amigo. Não lhe queria di-

ter totalmente o conjunto das minhas

experiências, mas posso lhe afirmar que

esta minha fórmula — a única que da-

rei conhecimento ao Mundo — só age

nas galinhas, mas nelas em qualquer

que seja a raça. Elas se dessensibilizam

quase que automaticamente logo às

primeiras pisadas no solo.Então porque estas pantufas, que

embora não me tenha dito, vejo que de-

vem ter uma substância protetora qual-

quer; para que esta defesa para nós?"E' o tal negócio do "seguro mor

reu de velho". Mal comparando é como

D cirurgião que desinfeta as mãos jáenluvadas para mexer em um lugar em

que há supuraçáo... "Por que já mio há

pús?" "Então a desinfecção das mãos

e luvas não é para esterilizar antisseti-camente, quimicamente, evitando con-duzir germens para o foco?" "Alas que

germens?" "Aqueles cia supuraçáo, não?""Mas se eles já lá estão, que motivos

persistem para tais desinfecções?" "Ex-

cesso de zôlo, "seguro morreu de velho",amigo..." Pelas minhas experiências,este solo é inofensivo para o homem,ttias( continuemos a nos defender...

Ah! Estou compreendendo, disseeu num assentimento.

"Pois é. O radiologista tambémnão usa seu avental de chumbo, muitoembora esteja fora da trajetória dosHalos X? E* que existe também o que sechamam "ralos secundários ou refleti-tios" e eles podem ter a sua influenciamaléfica, náo um ou outro lsoladamen-te, mas a soma de muitos que se ab-sorvem esparsamente... Não pude pre-cisar ainda se a atuação do solo queconstruí e que o senhor vê que de pa-trilhão para pavilhão é cada vez maispuro, mais brilhante — aqui é quaseliga metálica pura — se esta atuaçãotambém se Irradia ao ar que se respira.E' como vê um outro ramal do meu es-curto, talvez uma máscara venha a serutilizada, ®u coisa parecida, cemo com-plemento de proteção além das pantu-fas. Não, não precisa pôr o lenço no na-fiz; nesta fase ern que ainda estou —i maior galinha que o senhor verá nodécimo pavilhão só pesa trezentos qui-l°s — nesta fase ainda não há perigo".

Entramos então no último, no pavl-lhâo vermelho. Era bem maior do que°s outros; o chão. liso, brilhava de ofus-Car' Parecendo uma vasta lamina cro-ülaU*' esPelhaâKio o ambiente No cen-

tro, bem debaixo da tal abertura clr-cular, estava de pé, parada, a galinhabovina. Era seguramente maior que umboi destes de pasto e como me afirma-ra o professor, estava ainda mais man-ta do que as outras, pelo maior efeitodo solo de lava de vulcão metalizada,na irradiação sob suas patas. Teve umaespécie de bocejo — bocejo de galinha,Já se vê que é só abrir o bico e ficarcom os olhos tristes — e abriu as asas.Que gigante! As penas que só serviriampara a petéca do homem das botas desete léguas, varreram o vidro oem nolugar em que eu olhava arregalado ecurioso, escurecendo tudo.

Professor; pode contar com o em-

préstimo para terminar suas experiên-cias. O senhor é um verdadeiro cientis-ta e benfeitor da Humanidade — disseeu já no automóvel, a pensar em nãoentrar mais na fila da carne de vaca.

-— Obrigado. Sabia que seria assim.Mostrei-lhe tudo em desespero de causa,para conseguir o dinheiro. Creio que nâonecessito apelar para suas qualidadesde cavalheiro em relação ao segredo quepeço manter.

Dou-lhe minha palavra de honra.No dia seguinte levou a importância

e a seguir perdi-o de vista, transferidoque fui para a agência de Porto Alegre.

Passaram-se alguns meses, e já estavaeu para pedir ao Tavares qualquer notí-cia, quando entre a correspondência en-contro o seguinte telegrama:

Urgente, Gerente Banco Dlnhelral.Porto Alegre.Comum amigo professor llamil car-bonlzado violenta explosão íllo-Pe-trópolis deposito lava vulcão aque-cida destruiu totalmente local ex-

perlências pt. Enviei coroa nosso no-me pt Abraços Tavares"

Foi esta a estranha aventura de queme lembrei ao calçar as pantufas.

LETRAS INGLESAS"The Thealrc Outlook" — De

J. B. Priestley — Um grandedramaturgo inglês, J. B. Pries-tley, autor de peças corno "La-barnum Grove", "The Rounda-bout", "Dangerous Corner" e ou-trás, dá-nos em interessante li-vro, com oito ilustrações colori-das e trinta e duas em branco epreto, uma interessante visão domovimento do teatro de arte naInglaterra. A edição é de Nichol-son & Watson. Priestley estáatualmente, vinculado ao Insti*tuto Internacional de Teatro, fi-liado ao UNESCO.

"I Have Been Here Before" —J. B. Priestley — A última daspeças em três atos do grandedramaturgo inglês aparece emelegante edição de Longmans,Green & Co., como parte da co-lecão "Essential English Libra-ry", dirigida por CE. Eckers-íey. Trata-se de uma obra defundo espiritualista, muito "efi-

ciente como obra dramática, 7-e seguida de um elucidário, de-monstrando a significação daspalavras coloquiais usadas noseu texto.

"The Other Theatre" — Nor-man Marshall — JNiuma excelenteedição de John Lehmann, o cri-tico teatral Norman Marshallhistoria a vida do teatro não co-mercial na Inglaterra, revelandoautênticos milagres do bomamadorismo. Numerosas gravu-ras mostram como têm sidomontadas numerosas peças deShakespeare, inclusive • "Mac-beth" e "Hamlet", ambas em tra-jos modernos, eliminando despe-sas de encenação, e igualmentecomo foram dadas peças de Le-normund, Eugene 0'Neill, Wil-liam Saroyan e outros. Um ex-celente livro. Particularmenteinteressante o capítulo sobre odesenvolvimento do "ballet" in-glês."Peace In Our Time" — NoelCoward — O mais prolífico e es-fusiante dos novos dramaturgosingleses, dialogador incompará-vel especialmente quando tratasituações e personagens satíri-cos, em "Peace in our time" dá-nos outra peça séria, que se podecolocar ao lado de "CavalcaUe".Essa nova obra, em dois atos eoito quadros, foi dada no LyricTheatre, de Londres, tendo me-recido uma longa apreciação emum artigo de Jorge Maia para aREVISTA DA SEMANA. Aedição é de William Heinemann,Ltda.

"19 Stories" — Graham Gree-ne — Romancista de sucesso,com vários livros filmados, en-tre os quais "Ministry of Fear",Graham Greene aparece comocontista, com dezenove esplendi-das narrativas, edição de Wil-liam Heinemann, Ltda. São par-ticularmente impressivos os con-tos "A second death" e "Theother side of the border". Gra-ham Greene será, em breve, umadas grandes figuras de renomeinternacional das letras ingle-sas.

"The Gipsy's Baby And OtherStories" — Rosamond Lehmann

Uma escritora inglesa cujonome já é bastante conhecido noBrasil, através de várias tradu-ções de seus romances e contos,assina esse volume que foi re-centemente lançado pelo editorCollins, de Londres. Cinco dife-rentes histórias, na melhor tra-dição de Rosamond Lehmann,compõem esse volume, sendoque a primeira lhe dá o título.Trata-se de um volume compôs-to com colaborações que apare-ceram, primitivamente, na exce-lente publicação "New Writing",da Penguin Books.

"Thereza And Other Stories"Senn 0'Zaolain — Um escri-

tor de origem irlandesa, — que étambém a de Liam 0'Flaherty,Sean 0'Casey, Oscar Wilde, G.B. Shaw, Lady Gregory, PaulVincent Carroll, etc, — brilhaem Londres como contista deprimeira ordem. Uma das me-lhores histórias do volume é ade uma mulher que se apaixo-nou por Clark Gable e obriga-va p marido a assistir, com ela,inúmeras vezes, a mesma pelí-cuia, sobre o terremoto de SanFrancisco.

PROTEJA SEU FILHO CONSULTANDO 0

U!Ada$P1A&9!

uimymm __*»_,_

'y:yy/yyyyyAwiVVaVa

¦:¦¦'•¦;;:¦•--:;¦:¦;.;¦::. :¦¦:¦;¦'-.¦:',

,/wiTTROCK !O grande Coelho Netto escreveu:"Este livro à cabeceira das mães, será

um escudo de proteção para os filhos".Acaba de sair a 10.a edição.

Preço: Cr§ 50,00Pedidos à Livraria Francisco Alves.Rio — Rua do Ouvidor, 166. Siio PauloRua Libero Badaro, 292, Belo Horlzon-

te, Rua Rio de Janeiro, 656.

Fome! Mantenha porém, seudentes livres das anti-estélicu

Mancbas de Nicolinal

O Creme Dental Nicotan (fórmula originalamericana) é recomendado especialmentepara fumantes. Remove completamente aimanchas da nicotina acumulada nos interstt-cios dos oentes e causadas pelo usocontínuo do cigarro. Nicotan dá aos denteium brilho deslumbrante e ás gengivas um*coloração natural e sadia. Não ataca oesmalte. Não contem pedra pomes nemsubstâncias ácidas ou corrosivas. Tem laborde cerejas.

NICOTANCREME DENTAL ESPECIAL PARA FUMANTIS

AGORA SÓ SOFRE DO ES-TÔMAGO QUEM QUER!!!

Certas doenças do estômago têm, qua-se sempre, como causa básica o excessode acidez do suco gástrico. Com o correrdo tempo, essa anomalia funcional doestômago provoca sérios distúrbios queacabam por desequilibrar completamen-te o sistema digestivo dando lugar auma infinidade de moléstias, que vão setornando cada vez mais agudas e sãocausa de graves sofrimentos e sacrifícios.A flatulência, a dispepsia, a má digestão,o máu hálito, a língua saburrosa, as dô-res de estômago, as digestões lentas edolorosas, as caimbras na boca do esto-mago, e mesmo, as perlgosíssimas úlce-ras são provocadas pelo excesso de aci-dez do suco gástrico. Felizmente, agora,com os Papéis Bankets, é fácil corrigirrapidamente e para sempre estes malesque causam tantos sofrimentos e quetornam a vida de tantas pessoas umverdadeiro inferno, impossibilitadas co-mo ficam de alimentar-se bem e mesmo,de atender as suas obrigações diárias.Se V. S. é vítima de algumas destas mo-léstias do estômago, proceda a um tra-tamento racional com os Papéis Ban-kets. As suas propriedades sedativas emedicamentosas atuam decisivamentesobre o mal, corrigindo-o em pouco tem-po e para sempre.

_______

iwÀ iiiiti'*A»'* 'i'"' i'"tmmmwmmt?M&mvim«<1*'<*™<^.^

¦"-r-^-^^- ...;y \. .Mjy- 4 ifev^j'

^^^^.yi^iV^HIWCHt,» ¦i.HhHMÉi*jl»«W»<mMIIUl*

R^^^^M\ C aVF\ £>€^F^"yí i 7flL:r:\ ^V*^ sár AT

;^>V^~» $£||#ÉNTÕ AERONÁUTICOfBÉBRASIL -êi DÒ MUNDO i#iiiiííéIí

Assumiu a presidência do Aeroclube do Brasilo engenheiro Lima Neto, em virtude de ter solicl-tado demissão o sr. Camilo Nader. O novo presi-dente exercerá as funções em caráter provisórioaté as próximas eleições, que se deverão realizarcm junho vindouro. Atualmente essa entidade es-tá passando por uma fase de ampla reorganiza-ção, não só para incrementar suas atividades devôo como ainda para recuperar e remodelar o seumaterial.

O Aeroclube do Brasil, tendo terminado a ins-trução de 8 alunos monitores e 8 candidatos àcarteira de pilotos de recreio e desporto, solicitoubanca examinadora à Diretoria de AeronáuticaCivil. Os exames dos novos instrutores e pilotoscivis realizar-se-ão, provavelmente, em princípiosde abril próximo.

kA Lockheed Aircraft Corporation está planejan-

do uma versão de carga do "Constellatlon", comportas maiores, fundo reforçado e um transpor-tador de carga.

•Encontra-se no Rio de Janeiro o novo avião de

passageiros fabricado pela "Glen Martin Mars".Trata-se de um bimotor, projetado e construídodepois da guerra, com características que o colo-cam em condições de substituir com vantagens oatual "DC3". E' o "Martin-0", com capacidadepara 40 passageiros, desenvolvendo uma veloclda-de de cruzeiro superior a 260 milhas horárias, ousejam mais de 420 quilômetros. O aparelho temainda qualidades extraordinárias de decolagem,pouso e ângulo de subida, e o seu custo de opera-não é baixo.

Segundo estamos informados, uma de nossasmaiores empresas aéreas adquiriu 4 desses aviõespara serem empregados na linha Rio-S. Paulo.

•O Conselho da Organização de Aviação Civil In-

ternacional (ICAO) deu início a um trabalho des-tinado a reduzir o número de acidentes aeronáu-ticos produzidos por choques contr-a elevações doterreno, devido as más condições meteorológicasreinantes, tendo, paia isso, pedido a cada um dos46 países membros da ICAO que faça um estudocrítico de seus regulamentos e métodos de nave-çacão aérea vigentes, afim de determinar as de-ficíéncias que sejam causa de tais acidentes. Osresultados desse estudo deverão ser remetidos an-tes de 1.° de maio ao Conselho, que os considera-rá e decidirá se a ICAO poderá ou não aumentar,em forma mais adequada, a segurança dos vôosinternacionais.

En informe enviado aos países cujas linhas aé-reas atravessam o Atlântico do Norte, o Conselhoda Organização de Aviação Civil Internacional(OAGI) estuda a possibilidade de dividir, median-te acordo entre essas nações, os gatos de expio-ração dos serviços de radiocomunicação, radloaju-das a navegação aérea, instalações de regulação dotrânsito aéreo e serviço meteorológico existentes naIslândia. Calcula-se que o custo desses serviços,os quais compreendem estações de rádio emisso-ras e receptoras, um centro regulador do trânsitoaéreo e uma rede de estações que fornecem infor-mações e previsões meteorológicas, se elevaria a600.000 dólares por ano.

O Comitê de Comércio Interestadual e Estran-geiro do Senado norte-americano aprovou, semdiscrepância de um voto, a nomeação de JohnR. Alison, da Flórida, para Secretário Assistentede Comércio para o Ar. A oposição a Alison, ba-seada na sua alegada participação no mercado decereais, não chegou a se materializar.

Um avião transporte estratosférico "BoeingMC-97A". o primeiro de uma série de três de seutipo que estão sendo construídos para a ForçaAérea dos Estados Unidos, fez seu primeiro voode experiência com pleno êxito, ficando 1 horae 13 minutos no ar. O transporte é uma cópiada Superfortaleza 'Boeing B-50", pesa 61.235 qui-los, tem uma envergadura de asas de 42m,98 e33m,53 de comprimento. Externamente é idênticoaó transporte comercial "Boeing Stratocruiser".

A Forca Aérea dos Estados Unidos divulgou, emLos Angeles, que as provas de vôo com o "FlylngWlng" de 100 toneladas da Northrop demonstra-ram ser este o aparelho a jato mais potente e demaior autonomia de vôo do mundo, bem como omais veloz. Segundo o relatório da Força Aérea,a autonomia de vôo do "Flying Wlng" é de "ai-

gumas centenas de milhas" maior do que a dequalquer outro avião a jate e sua velocidade éligeiramente inferior à velocidade do som. O mo-dêlo único tem como resultado maior capacidadede transporte de carga.

(Noticiário compilado por E. DE OLIVEIRA, es-

pecialmente para REVISTA DA SEMANA)

50

1 lEMIM URI IJi „,Riria Gigli, na opinião dos que a ouviram,não desmerece o nome. Aliás a filha de EzioPinza estreou, recentemente, com muito su-cesso. Vamos escapando, pouco a pouco,àquele preconceito de que participava Rossmi:aos filhos de homens de talento, em geral,falta toda a inteligência e a sensibilidade quesobrou nos pais.. . Era, de resto, esta a tesefavorita de Rossini. Consultado por certa pia-nista de grande fama sôbre a filha desta se-nhora com um cantor, igualmente ilustre, Ros-sini, convidado pela mãe a investigar qualdas duas artes estaria mais de acordo coma disposição da menina, declarou:

Ora, minha senhora, quer um conselho?Faça dela uma boa mãe de família. . .

OUTROS CANTORESO sr. Luigi Oldani, adiantando detalhes sô-

bre a temporada, citou alguns dos nomes queconstituirão o elenco do Scala a ser trazidoao Brasil. Elizabetta Barbato, que já conhe-cemos e admiramos; Mafalda Favero, EbbeStignani, que, como Gigli, aqui esteve, o anopassado, matando saudades; Enzo Masche-rini, Giulio Neri, Alessandro Sved, que emtemporadas anteriores nos visitaram. Alémdesses virão, também, Ramon Vinay, Fran-cesco Albanese. Provavelmente teremos, ain-da, Tito Schippa e Raffaele de Falchi.

E é baseado nesses elementos, com orepertório a que aludi, — concluiu o sr. OI-dani, — que posso assegurar que, honradoscom o convite do Teatro Municipal, traremosa autêntica arte lírica italiana ao Rio deJaneiro.

701o DOS ALUNOS DA ESCOLA DE BELAS ARTESSAO MULHERES

(Cont da pág. 10)Uma das soluções encontradas até agora pelas

estudantes foi a de procurarem casar-se com pin-tores e escultores. E o número desses «casamentosprofissionais» é enorme. Podemos citar, entre ou-tros, os casais: Ivone e H. Cavallero; Haydéa eManoel Santiago; Hilda e Quirino Campofiorito;Ana Caribe e Almeida Júnior; Olga Mary e RaulPedrosa; Beatriz Oswald e Ahmés Paula Machado;Elsy Guimarães e Teimo Jesus Pereira; Alda Mon-teiro de Barros e Pacheco da Rocha; Cordélia Eloyde Andrade e Gilson Navarro... A lista seria longase fosse completa. Bastam, porém, esses exemplos.Das mulheres que conseguiram se projetar nasartes plásticas, só se conhecem os nomes daquelasque tiveram a felicidade de encontrar um maridoartista.

SÓ PARA HOMENSComo a invasão das artes plásticas no Brasil

pelo elemento feminino é relativamente recente ea sua entrada tem sido permanentemente dificul-tada, as glórias conseguidas pelas artistas têm sidobem pequenas em número. Até agora nenhumprêmio de viagem do Salão foi concedido a umamulher, muito embora a sua pioneira, d. Geor-gina de Albuquerque, — prêmio da Escola, —tenha exposto o seu primeiro trabalho no Salãode 1912. Até há alguns anos atrás, quando se viano Salão uma pintura perfeita, mas assinada pormão feminina, surgiam logo os julgamentos: —«Isto não foi pintado por ela». E' possível queesse descrédito não tenha influenciado os membrosdos júris; de qualquer modo era um elemento des-favorável para as expositoras. Acreditava-se tam-bém que a mão feminina somente. seria capaz depintar florzinhas em jarros e paisagens medíocres.Foi necessário que o trayo vigoroso de Georginade Albuquerque, Hilda Campofiorito, Dinorah SimasEnéas e algumas outras desfizessem essa impressãoabsurda. Assim mesmo, apesar de todo o indife-rentismo, das oposições e combates surgidos contraelas, várias alunas da E.N.B.A. conseguiram a«medalha de ouro» na terminação do curso, ven-cendo valentemente os seus colegas barbados. Entreas premiadas com medalhas de ouro podemos des-tacar: Dinorah Simas Enéas, a primeira mulhera receber tal distinção. Isso aconteceu em 1915.A segunda foi a escultora Margarida Lopes deAlmeida, filha da romancista Júlia Lopes de Al-meida e do poeta Filinto de Almeida, que a rece-beu por volta de 1925. Pouco antes da extinçãodesses prêmios, foi agraciada a artista Zélia Fer-reira, pintora e escultora.

A PINTURA JA É UM USUALMEIO DE VIDA

Um dos fatores que têm contribuído para tornarmais acreditadas as artes plásticas são as diversasatividades que começam a se utilizar dos dese-nhistas, pintores e escultores. Jornais, revistas de

modas, figurinistas, escritórios de publicidadeveitam rapazes e moças da E.N.B.A. apro-

dessas' profissões pagam salários compensador^Isto quer dizer que a arte posta a serviço" domércio e da indústria produz dinheiro. E

"

dos nossos artistas, hoje famosos, sermuitos

erviram-se dessautilidade para o custeio dos seus estudos o nabafar um pouco as críticas da família e dos viz'&nhos que teimavam ver no ideal do artista unifuturo de miséria. Entre esses podemos citarArmando Pacheco, Percy Lau, Percy Dcanne, Yantock, Alberto Lima, Quirino Campofiorito, 'Santa

Rosa, Felicitas (mulher), Calmon Barreto, Hen.rique Sálvio, Cândido Portinari, José Rangei ?rê"mio de Viagem ao País no Salão de 1947) e muitosoutros.

A MULHER COMO PROFESSORADE BELAS ARTES

Outra grande barreira vencida pela mulher foia do ensino na própria Escola Nacional de BelasArtes. Depois de Georgina de Albuquerque algumasdezenas de moças passaram pela E.N.B.A. Ne-nhuma, nem a própria vanguardeira, conseguiralecionar. Havia prevenção e, como já dissemoscompleto descrédito pela capacidade feminina. Sóem 1935"ê que a pintora Dinorah Simas Enéas con-seguiu vencer um concurso e lecionar. Outras vie-ram depois, e hoje o seu número já é bem ra-zoável. Contam-se como professoras e assistentesas pintoras ou escultoras: Maria Adelaide Albano,Georgina de Albuquerque, Celita Vaccani, CordéliaEloy Navarro, Dulce Horta Barbosa, Maria DulceMachado, Giuseppina Pirro e Diana Barberi,

UM PEDIDO DAS MULHERESAOS SENHORES MARIDOS

Nessa reportagem nós ouvimos dezenas de artis-tas. Homens, mulheres, estudantes, veteranos. Cre-mos estar interpretando o pensamento de todosquando dirigimos este apelo aos maridos, Sim,principalmente aos maridos, porque são eles queperturbam, impedem e sacrificam muitas vezes acarreira artística da jovem esposa. O desenvolvi-mento das artes plásticas é propagação de culturae, de qualquer forma, esses maridos ciumentos,retrógrados.^egoistas e obtusos estão prejudicandoa coletividade. O apelo das estudantes dirige-seprincipalmente aos noivos. Por favor, mocinhosdesconfiados, peçam a pequena em casamento, masnão imponham condições a respeito do abandonoda pintura. Sejam os primeiros a incentivá-las enão criem complexos de inferioridade ante a glóriada noiva ou da esposa.

áà&Am.*at4í

m (S

Ptqja

Ej EB <r]

<1BT... ^)

jíflD™ 1

lir#wlÉ1W íV" M

O produto preferido pelassenhoras modernas para asua HIGIENE INTIMA.

1

mmm,mmms^i^:;:^.ii. ,x.

—•,. • * r* • ^'»«- ?¦p"*"""^^ - —¦ -f***4***8* ylm-:>. T***Wí^^ . . ' Xy-xx-y ¦&¦ ''y-XXyX^^xiyyy "m

j 'tòftítttòStòjg^ ...,:, /''f^f/ .' '- X, /«»?,',« ».wx.' f^^ri*,».»!.*» «, t, „ ivt , ....-,.,i. ,..v.,í ma

TRADICIONAL QUINZENA DOS TAPETES

.__. Tapetes e passadeiras de forrcsçóoNACIONAIS, FRANCESES, INGLESES, AMERICANOS, PORTUGUESES, INDIANOS.. PERSAS (LEGÍTIMOS), ETC.

A preços que convém

fundada em 1912

65, RUA DA CARIOCA, 67 - Rio

Orçamentos e sugestões por técnicos especializados em decorações

1

l

^jSSt^K^^jJSS^^í^w*1.**-^'*-' mK^mpmf