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quando vier a paz

NO TREMENDO

ESFORÇO

DE GUERRA,

APERFEIÇOAMOS

A QUALIDADE

E 0 SERVIÇO

DE

AMANHÃ!

ísso

explosivo mais comum nosengenhos bélicos, o TNT, 6

feito à base de toluol. Esse sub-

produto do carvão entra em gran-des proporções na manufatura debombas, torpedos e granadas.

A organização Esso, desço-bridora da fórmula do toluol siri-

jplico, exiraido do petróleo, deu

aos exércitos das Nações Unidas^nais uma fonte vital de supri-inenlo. E hoje, quando sabemos

que 3 de cada 5 bombas que osnossos soldados atiram sobre oinimigo são preparadas com toluolsintético, sentimo-nos naturalmen-

le satisfeitos por essa nova cola-boraçào prestada aos defensores

da nossa civilização. Mas, as pes-quisas não param. Os laboratórios

Esso lutam 24 horas por dia paradescobrir novas fórmulas, paraarrebatar mais segredos à natu-

reza pródiga e tão amiga dasAméricas.

Dessa luta sem tréguas em

que estão empenhados o Brasil,os EE. Unidos e as demais NaçõesUnidas, coisas novas eslão sur-

gindo como nunca. Obteremos

armas para vencer a guerra. Enessa experiéncia, cada horamelhoramos mais a qualidadee o serviço com que (lucremos ser-ví-lo logo que a paz retorne aocontinente Americano.

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STANDARD OIL COMPANY OF BRAZIL

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Como nas ejlradas

A linha branca que corre a meio

estradas de rodagem auxilia, poderosa-

mente, os automobilistas em dias de nevo-

eiro. Esse traço branco tem evitado muito

desastre, muita perda de vidas preciosas.

Idêntico papel representa, no campo

financeiro, para o Comerciante e para o Industrial, o

''Método Hollerith de Cartão Perfurado". Graças ao

trabalho* das máquinas cjue o integram, fornece,

em tempo - récord, relatorios de rigorosa exatidão

que evitam muitos prejuizos e orientam os homens

de negocios nos seus atos e fatos administrativos.

O "Método

Hollerith de Cartão Perfurado" é ado-

tado em 79 países do mundo.

SERVIÇOS HOLLERITH S.A

INSTITUTO BRASILEIRO DE MECANIZAÇÃO

Matriz -

AVENIDA GRAÇA ARANHA, 182 :f

FONE 22-5111 RIO DE JANEIRO

Filiais em: Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador e S. Paulo

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EXPEDIENTE

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JORGE COELHO BOUÇASDirettor-Responsável

ViCTOR COELHO BOUÇASTesoureiro

GUILHERME C. DALEChefe de Propaganda

Colaboração Permanente deJosé Maria Belo, Stuarfc Gray Roberts

e Theophilo de Andrade

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Publicação mensal

Redação; Avenida Graça Aranha, 182.9.° andar.

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AMAZONAS — Jorge de Andrade —Diretoria da Fazenda — Manaus.

GOIAZ — Distribuidora de Campi-nas — Av. 24 de Outubro — PrédioCine Campinas — Campinas —Goiaz.

Representante ean Buenos AiresValentim Rosa Y Cia. — Avenida de

mayo, 833 — Buenos AiresFotografias de Mozart Alves da SilvaNúmero avulso Cr$ 5,00Mês anterior cr$ 10,00Números atrazados — Preços variáveis

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Ano (com 2 índices) .... Cr$ 60,00Semestre (com 1 índice) . Cr$ 33,00

EXTERIORAno Cri 100,0o

NESTE NÚMERO;

Situação da Lavoura Cacaueira .

(Arthur Leite Silveira)

Homens para a Borracha

O Café na Economia Brasileira

(Bento A. Sampaio Vidal)

Panorama Internacional

Serviço Público Estadual ..

(Luiz Antonio Severo da Costa)

Norte-Sul Via Tocantins

Alimentos Deshidratados

(A. de Miranda Bastos)

Belo Horizonte

O Valor Econômico da China

A Primeira Revista Econômica

(Hélio Vianna)

Política Aduaneira do Brasil

(Heitor Marçal)

Conciência de Guerra

Reconstrução da Europa

(Osoar Tenorio)

O Estado Fiscal

Indústria da Carnaúba

(A. da Cunha Bayma)

A Situação do Café

(Theophilo de Andrade)

Serviços Hollerith S.

International Business Machines Co. of Delaware

Companhia\ Siderúrgica Nacional

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NOTAS EDITORIAIS

Comércio Exterior

Plantações de Borracha

Ipeca e Euretina

O Presidente e o Café ...

Borracha e Boa Vizinhança

Posição do Brasil

O Comércio de Calçado ...

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7

7

SECÇÕES

Observações Econômicas 125

Observações Financeiras 128

Observações Municipais 129Leis & Atos Econômicos 130Mobilização Econômica 131

Produtos & Mercados

Vias de Comunicação Seguros Privados' & SociaisBolsas & Títulos Bancos & Moedas

134

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141

142

As opiniões expendldas em artigos assinados são de exclusiva responsabilidade deseus autores. Todos os artigos publicado» sfio Inédito» » escrito» especialmente paraesta Revista.

IMPRESSO NA EMPRBSA GRAFICA "O CRUZEIRO" S. A. - LIVRAMENTO, 191 RIO.

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O OBSERVADOR

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End. Telegr. "OBSERVADOR" >

NOTAS EDITORIAIS

COMÉRCIO EXTERIOR

? Desde abril do ano passado queO OBSERVADOR suspendeu a pu-blicação dos seus habituais comentá-

rios a respeito do nosso comércio ex-

terior; feitos como eram à base das

publicações do Serviço de Estatística

Econômica e Financeira, e tendo sido

suspensa a publicação total destas em

virtude da necessidade de se manter o

inimigo na ignorância do movimen-

to comercial e econômico do Brasil

com as demais nações, vimo-nos, e

tôda a imprensa, privados do impor-

tante material. A restrição da publi-

cação de estatísticas, porém, tal co-

mo tem sido feita, julgamos que seja

um critério muito radical. Aliás, em

comentário divulgado em nossa edição

de março, já acentuávamos isto. Os

Estados Unidos e a Inglaterra, porexemplo, divulgam diversos infor-

mes, como dados totais sôbre volume

e valor de produção e comércio. De

tal forma, não vemos por que não nos

seja possível fazer o mesmo.

O Relatório do Banco do Brasil,

referente ao ano de 1942, cuja ínte-

gra divulgamos em nossa edição pas-sada e que já se acha posto em vo-

lume enriquecido de importantes ane-

xos, veio fazer luz para quantos ti-

nham interesse em conhecer como se

comportou o comércio exterior do

Brasil no ano findo. Com autorização

especial do sr. Presidente da Repú-

blica, são publicados alguns informes

que dão margem, já, a algumas obser-

vações.

A nossa exportação, que alcançara

cifras records em 1941, superou aque-

Ias por margem relativamente larga;

assim é que, no que respeita ao valor,

fomos de 6.725 milhões de cruzei-

ros a 7.495 milhões de cruzeiros, ou

seja um aumento de 2.851 milhões de

cruzeiros. No que diz respeito ao

valor, porém, houve um decréscimo,

vindo de 3.536 mil toneladas para

2.660 ditas.

A importação montou, em valor,

a 4.644 milhões de cruzeiros, em

1942, contra 5.514 milhões de 1941;

no volume, o decréscimo veio de

4.049 mil toneladas a 3.003 mil, sen-

do este o menor volume de nossas im-

portações desde 1933, isto é, no decê-

nio.

Não vemos razão que justifique a

importância que se tem convenciona-

do atribuir, entre nós, ao valor mé-

dio de tonelada importada ou expor^

tada. Tal maneira de raciocínio con-

traria a regra de que não devem ser

somadas quantidades ou valores he-

terogêneòs,

Para um juízo de momento, a res-

peito da situação de nosso comércio

exterior, julgamos mais interessante

considerar os dados referentes à ex-

portação e à importação, nos seus

totais. Temos desenvolvido as nossas

relações comerciais com as demais re-

públicas do continente, a quem servi-

mos especialmente com produtos de

nossa indústria; os nossos negócios

com os Estados Unidos, nossos maio-

res compradores e vendedores, são

feitos, naturalmente, à base da produ-

ção primária, em todos os ramos de

matéria prima e mais daqueles pro-dutos que industrializamos aqui e

que são necessários ao prosseguimen-to da campanha.

Seguindo os elementos proporciona-dos ainda pelo Relatório do Banco do

Brasil, vemos como predominou em

nosso comércio o continente america-

no; exportamos, para a América,

1.880 milhares de toneladas contra

780 milhares que mandamos para os

demais continentes; as primeiras no

valor de 5.263 milhões de cruzeiros

e as demais no de 2.232 milhões.

Quanto à importação, tivemos, do

continente americano, 2.785 milhares

de toneladas valendo 3.9Í6 milhões

de cruzeiros e dos demais continentes,

218 milhares de toneladas valendo

728 milhões de cruzeiros.

Exportamos menor quantidade e

obtivemos mais dinheiro; o mesmo

fenômeno observa-se na importação.

A análise deste particular, porém, não

sabemos quando possa ser feita, pois

somente tendo em mão os algarismos

por produto será possível raciocinar

a respeito,

O que é evidente, é que logramos,

em 1942, um saldo comercial de Cr$

2.851 milhões.

PLANTAÇÕES DE BORRACHA

? O argumento decisivo contra o

plantio imediato das heveas é a sua

suposta extrema accessibilidade ao

mal da folha. Ainda recentemente,

em artigo publicado em "O

Jornal ,

dizia textualmente o sr. Apolônio

Sales: "Hoje, contra êsse programa,

há o impecilho, difícil de remover,

por demandar muito tempo, da exces-

siva susceptibilidade das heveas às

pragas e doenças, sobretudo a cha-

mada praga da folha (Dothidella

ulei), que tem dizimado plantações

bem cuidadas numa proporção supe-

rior a 60%". Se a questão pudesse

ser colocada nesse pé e a aterradora

cifra mórbida tivesse ligações firmes

com a realidade, de fato, nada mais

restaria aos plantadores do que~a

produção de híbridos resistentes. Com

apenas 40% de suas plantas e, essas

mesmas,reduzidas de muito na sua

quota de látex, não há lavoura que se

agüente. Tôda questão reside em sa-

ber como e onde os técnicos do Insti-

tuto Agronômico do Norte obtiveram

semelhantes dados.

Segundo declarações do sr. Felis-

berto de Camargo, divulgadas pela "A

Manhã", "o Instituto Agronômico do

Norte não encontrou, salvo as realiza-

ções da Companhia Ford, princípioalgum de .trabalho relativo à serin-

gueira do ponto de vista agronômico."

Deve-se, pois, atribuir à Companhia

Ford as cifras em apreço. Mas po-der-se-ia considerar as plantações de

Ford como plantações bem cuidadas?

E' pergunta difícil de responder. A 9

de abril passado, acentuava o sr. Be-

nedito Silva, em artigo publicado pelo"Estado do Pará" de Belém, os mis-

térios que envolvem os trabalhos rea-

lizados em Belterra e Fordlândia. Os

dados públicos que possuímos não nos

4 O OBSERVADOR — LXXXVIII

permitem, entretanto, julgar sem pes-simismo. Começou com a escolha cia

terra e acabou com a importação de

mudas e sementes orientais. Seria o

Tapajoz a região mais indicada paraa cultura de seringueira 'em

grande?Um conhecido agrônomo paraense, o

sr. Enéas Calandrini Pinheiro, acre-

dita que não: "A região onde se en-

contram as notáveis plantações deBele Terre não está localizada em zo-na possivelmente acertada, atendeu-do-se aos rigorosos conhecimentos daecologia moderna."

Pensa do mesmo modo o dr. Aveli-no Inácio de Oliveira, que viajou pelaAmazônia como delegado brasileiro

junto à Missão Schurz e teve oportu-

nidade para o exame do solo. Se abs-

trairmos as duas opiniões, e colocar-

mos a questão num terreno mais aca-

dêmico, encontraremos a mesma ne-

gativa. F. C. Martub, no seu estudo

sobre os solos em relação com as se-

ringueiras, já caracterizara de modo

bastante preciso a necessidade da

planta se desenvolver em terreno pe-netrável às suas raizes...

"a hevea

brasiliensis tem uma exigência muito

bem definida quanto ao caráter físico

do sólo, que é provavelmente mais evi-

dente que qualquer caráter químico."E a experiência histórica da Malásia

é uma confirmação nítida dessa afir-

mativa. De fato, com uma riqueza

química quase nula — 0,3 de azoto,0,02 de ácido fosfórico, 0,10 de po-tassa, 0,02 de cálcio e 0,03 de magné-sia — a Malásia não só concentrou

perto de 60% da borracha cultivada

no Oriente como ofereceu aos planta-dores alguns tipos excepcionais deseringueira. A região do Tapajozestá de acordo com as indicações deMartub? Não. A percentagem anualde chuva é muito menor ao que a quedesaba sobre o Acre e os altos rios e,

como se tanto não bastasse, os técni-

cos da Companhia Ford realizaram os

seus primeiros plantios em terras sê-

cas e altas. O plantio massiço em

Belterra, 90 quilômetros ao norte,

representa uma tentativa de correção

do erro anterior. Ainda aí, porém,mantém o solo as mesmas caracterís-ticas. E as plantas se ressentiram domesmo desequilíbrio vital que tão fun-damente as tocara. Acrescente-se aisso as mudas e sementes orientais,de zona possivelmente infectada, e ter-se-á um quadro mais exato. Tôda vez

que se plantou seringueira em condi-

ções favoráveis a plantação teve êxito.Tôda vez que se fez em condiçõesinadequadas, a plantação malogrou.Aos exemplos de fracassos que nos

possam ser citados, poderemos con-

trapor outros exemplos de sucessos

que aí estão aos olhos de todos. E' fa-

to sabido que só nos três municípios

de Borba, Maués e Manicoré existe

perto de 1 milhão de seringueiras

plantadas. Em seu "Relatório sôbre

o vale do Amazonas", o dr. Avelino

Inácio de Oliveira relata o fato com

minúcias. Mas, vamos oferecer ao lei-

tor um caso de plantação mais bem

estudado: o de São Bento de Lages,

no sul da Baía. O terreno, em geral,

podia ser tido como favorável. Carac-

terísticas tropicais bem definidas e

um coeficiente de chuva e umidade

próximo aos de Sena Madureira. Para

jogarmos com cifras justas — 197

dias de chuva e uma umidade relativa

de 87.5% contra 180 dias de chuva

e uma umidade de 97.9% em Sena

Madurèira, segundo o recenseamento

de 1920. Plantadas aí pelas alturas

de 1909 pelo botânico Zehntner, e porindicação do sr. Miguel Calmon,

"a

seringueira desenvolveu-se bem econstituiu-se prontamente um lindobosque", para usar as expressões tex-tuais de Gregório Bondar em

"A se-

ringueira do Pará" na Baía, Impren-sa Oficial, 1926. Com a queda dos

preços, as plantas de São Bento dasLages cairam em esquecimento. Em.1924, devido ao aumento de procura

provocado pela expansão industrial

norte-americana e a redução da ofer-ta, criada pelo chamado plano Steven-son, os preços subiram vertiginosa-mente. De 2 para 12 cruzeiros na

praça de Manáus, admite MacedoSoares na

"A Borracha". O' Govêr-

no da Baía lembrou-se, então, das se-ringueiras e realizou com elas algu-mas experiências. Um seringueiroespecialista foi contratado ; as plantascomeçaram a ser sangradas e uma cer-ta percentagem de borracha foi obti-da. Enviado para exame, o latesv dasseringueiras baianas atingiu, nos Es-tados Unidos, 3.000 libras de fôrçade tensão e 625% de alongamento.Ora, como os mínimos de tensão ealongamento exigidos pela

"Pará Fi-

na" são, respectivamente, 2.800 e550%, o produto foi considerado óti-mo. A essas duas qualidades deveriase ajuntar, também, uma especial ma-cieza constatada na passagem pela ca-landra. A produtividade das árvoresfoi, igualmente, considerada pelos téc-nicos. Um quilo por pé, com um es-paço inadequado entre as plantas,bem poderia se transformar, seme-lhante melhor tratamento e sangriasmais regulares, nos 543 quilos porhectare das plantações do Oriente, se-gundo a opinião de V. A. Argollo

Ferrão, "Cultura da Seringueira na

Baía", "Salvador, 1926.

Se mal de folha existia no mundo,

êle não foi caracterizado em São Ben-

to de Lages.. . Ou foi constatado de

forma tão benigna que ficou imper-

ceptível e não afetou a planta. Err»

seu famoso relatório de viagem pelovale do Amazonas, o botâniço JamesWeir admitia, aliás, o êxito de planta-

ções com sementes, desde que fossem

realizadas em região adequada e iniul

ne de moléstias. A opinião de um fito-

patólogo dêsse valor que estudou o

vale amazônico em geral e não a re-

gião do Tapajoz, em particular, de-

veria merecer um exame mais demo-

rado pelos técnicos do Instituto Agro-

nômico do Norte. A teoria genéticada origem do mal da folha, descober-

ta na Companhia Ford de Plantação

e adotada imediatamente pelo dr.

Felisberto de Camargo, deveria ser

confrontada com os estudos de JamesWeir sôbre a geografia das moléstias.

Em sua longa viagem, verificou esse

técnico mundialmente conhecido pe-los seus trabalhos que, em certas con-

dições, as árvores são menos acces-

síveis à moléstia, ao passo que, * nou-

tras, infinitamente mais atacadas."Nas

terras inundáveis do BaixoAmazonas — lá nos diz êle textual-mente — as árvores apresentam umaalta percentagem de infecção, tantona floresta como em pequenas planta-ções." Em outra altitude, em dife-rente condição de solo e floresta "es-

tavam inteiramente livres dos seus

principais inimigos fungos." "De mo-

do algum, conclue, é concebível quena marcha da hevea do planalto paraa planície recemformada ela se tornas-se mais susceptível à doença indepen-dente de qualquer imediata influênciarelacionada com o solo e a água." Naregião do Acre e altos rios, o própriomal de folha foi encontrado com me-nos^ continuidade e evidência. Nãoserá êsse um poderoso argumento afavor das idéias de Martub confirma-das tão largamente com a experiên-cia inglesa da Maláia? Parece quesim. O evidente, a qualquer leigo,é que depois de haverem demonstra-do tamanha soma de incapacidade emmatéria fundamental como a escolhado terreno em que ia desenvolver assuas plantações, não podem os agrô-nomos de Ford servir de bússola e ro-teiro para nenhum outro plantador emuito menos para uma organizaçãoespecializada como e o Instituto Agro-nômico do Norte.

Pelos minuciosos estudos de JamesWeir, sabemos que pelo menos qua-tro moléstias importantes das serin-

O OBSERVADOR — LXXXVIII 5

gueiras do oriente não foram consta-

tadas no vale amazônico. Até que

ponto estarão imunes delas esse hí-

bridos que o sr. Felisberto de Ca-

margo quer distribuir daqui a dois

anos? Já temos os exemplos da lagar-

tá rosada, das brocas da cana e do

café, da mosca do Mediterrâneo, por-

que insistir em matéria tão perigosa?

Se essas mudas de Ford, depois de

uma breve aclimatação nos viveiros

do Agronômico, nos trouxerem, numa

virulência nova provocada pela mu-

dança, a moléstia marron, por exem-

pio? Mas, como já dissemos adiante,

foram quatro as moléstias orientais

não encontradas na Amazônia...

Muito melhor, muito mais prático é o

plantio imediato, com sementes de re-

giões latíferas e imunes de qualquer

mal ainda desconhecido. As plantas

do Oriente foram levadas daqui. Na-

da mais ilógico que as irmos buscar,

de volta, com as moléstias que adqui-

riram no árduo processo de ' aclima-

tação! i

Felizmente, possue o nosso país,

neste momento, no Ministério da

Agricultura, um homem que veio da

terra, que viveu sempre próximo à

terra e, por isso mesmo, a ama funda-

mente. As considerações expendidas

em dois ou três artigos de imprensa,

baseadas em dados obtidos em fontes

impuras e que não correspondem, co-

mo demonstramos, à realidade, não

poderão impedi-lo de julgar, como

juiz sereno, os argumentos debatidos

por nós destas colunas. Não temos se-

quer um minuto a perder. Em edito-

rial no número anterior, comentáva-

mos a safra de "guaiule do sudoes-

te dos Estados Unidos computada em

80 mil toneladas, para 1945, pela

revista "Time". Podemos falar, ago-

ra, da aclimatação do "dandelion"

russo em Nova Jersey, onde está sen-

do plantado em proporções esplêndi-

das. Para a pordução massiça de bor-

racha sintética precisam os norte-

americanos apenas de serragem de tri-

go e petróleo. E, a julgar-se por uma

declaração dos industriais Du Pont,

a "Dupréne"

pode ser produzida a 11

cruzeiros, desde que o seja em quan-

tidades consideráveis. Admitindo-se

que as quatro grandes fábricas de Bu-

na-S.do plano governamental, com as

quais as suas -160 mil toneladas, não

venham ter à mão de particulares de-

pois da guerra, ainda assim, teremos

o nosso maior comprador praticamen-

te liberto do mercado estrangeiro.

Segundo uma opinião de William

Jefers, administrador da Borracha,

expressa recentemente e divulgada

pelo "Jornal

do Comércio" de 1.° de

maio dêste ano, dentro de algum tem-

po os Estados Unidos "não

somente

estarão em condições de abastecer o

próprio mercado, mas poderão expor-

tar para outras nações, a um preço

que será capaz de competir com o

preço de antes da guerra da borracha

do extremo oriente". E é por essa ra-

zão que somos pelo plantio imediato

da hevea brasiliensis. "A industria-

lização da borracha é o nosso único

caminho. Mas essa industrialização

só poderá ser feita, em grande, nà

base de uma redução nos preços da

jiiatéria prima. E a redução dos pre-

ços, sem sacrifício do homem, só será

conseguida mediante plantações. A

produção garimpeira, além de deshu-

mana e anti-social, é cara para a in-

dústria. Plantar, eis o problema.Plantar já e, sobretudo, plantar uma

espécie largamente provada em cultu-

ras nacionais e. estrangeiras como a

hevea. Plantar na base de técnicas jáestudadas por homens de idoneidade

conhecida como Zehntner, BarbosaRodrigues, Labroy, Paul Le Cointe,

Jacques "Huber.

Quase tudo já estáfeito em matéria técnica.

Se alguma questão fundamental

resta, ainda, para ser resolvida, é a

questão das regiões mais propícias pa-ra a planta. Depois de haver distri-

buido a seringueira por todo o ori-

ente britânico, os botânicos ingleses

aconselharam a sua cultura de prefe-rência na Malásia. . E a Malásia con-

centrou 60% da cultura. Temos, na

Amazônia, alguns milhões de quilo-metros quadrados. Por que não zo-

near o plantio, como fizeram os ingle-

ses, nas áreas mais produtivas? Não

é por acaso, evidentemente, que nos -

sertões da Rondônia e no Acre con-

seguem os seringueiros uma maior

percentagem de látex, por árvore, e

um produto superior, em conjunto. A

quota anual de chuvas e a umidade

relativa são, ali, as maiores da Ama-

zônia. E há uma relação misteriosa

entre a água e a seringueira. . .i

IPECA E EMETINA

? Em sua edição de abril, O OB-

SERVADOR publicou um estudo a

respeito da ipeca.e da emetina, ana-

lisando a situação do importante pro-

duto extrativo brasileiro, bem; como

a situação excepcional em - que nos

encontramos para . a sua industria-

lização. Fizemos uma exposição bas-

tante. clara do assunto. A poaia bra-

sileira é a mais rica em emetina, no

mundo, e, como não dispúnhamos de

uma indústria química em condições,

a nossa raiz de ipeca era vendida

para os Estados Unidos, para a In-

glaterra, a França, Alemanha, etc.,

que a industrializavam e depois ven-

diam a emetina, inclusive ao Brasil.

Com o advento da guerra, indus-

triais brasileiros cogitaram da crea-

ção da indústria da emetina; foram

realizados estudos, experiências, e

chegaram finalmente a um resultado;

construída e instalada devidamente a

maquinaria, foi iniciada a fabricação

do produto.

Sobre as vantagens de tal indús-

tria, para o Brasil como para as na-

ções unidas, recapitulemos: a) as sa-

fras de ipeca não são grandes f b) o

perigo da perda marítima de um car-

regamento de raiz de ipeca pode sig-

nificar a perda de metade de uma

safra; c) o Brasil, fabricando emeti-

na em condições e quantidades capa-

zes de suprir o mercado das nações

unidas, poupa espaço marítirrço, pois a

emetina pode ser enviada por via aé-

rea.

Mas, nos países importadores, es-

pecialmente na Inglaterra e nos Esta-

dos Unidos, conquanto a ipeca entre

livre de direitos, existe uma taxa de

25% ad-valorem para a entrada da

emetina. "O

Brasil firmou um contra-

to com os Estados Unidos à base da

ipeca, acordo que expira em janeirodo ano próximo. Até aí recapitula-

mos o que expusemos em nosso arti-

gó; agora, queremos juntar aqui algu-

mas conclusões que julgamos impor-

tantes para o assunto :

Temos, por conseguinte, mais uma

indústria nacional, a de cloridrato de

emetina; mas essa indústria, para so-

breviver, está aguardando uma solu-

ção; o Brasil exporta a ipeca e os

recebedores da nossa ipeca isentam-

na de taxas, ao passo que criam uma

taxa especial para o cloridrato de

emetina brasileiro, taxa essa elevada,

de 25% ad-valorem. O Brasil, con-

forme já referimos, assinou um acôr-

do com o govêrno dos Estados Unidos

mediante o qual ficou assegurado quevenderá, durante 18 meses, até 150

toneladas de ipeca, quantidade esta

superior à nossa produção normal.

Êste acordo, firmado em 24 de julhode 1942, expirará por conseguinte em

janeiro de 1943. Torna-se, pois, des-

de já oportuno o estudo de um meio

pelo qual a indústria brasileira possaintervir no mercado internacional em

igualdade de condições com. a norte-

americana e a inglesa, ou, se possível,a desistência da taxa de 25% que está

sendo cobrada pelos Estados Unidos

e pela Inglaterra.

6 O OBSERVADOR — LXXXVUI

O OBSERVADOR é de opinião

que a industrialização do Brasil, des-

de que feita em bases lógicas e racio-nais, deverá merecer todo o apôio do

governo; outra, aliás, não é a orienta-

ção do próprio govêrno. E' de espe-rar, pois, que tão importante assun-to (a emetina vale tanto quanto o ou-ro, atualmente) mereça a melhor aten-

ção de quem de direito.

O PRESIDENTE E O CAFÉ*

? Já disse, com muito conheci-mento das realidades econômicas bra-sileiras, que a vida do café está divi-dida em dois períodos distintos: antese depois cio sr. Getulio Vargas. Ocafé, como tantas outras coisas, não

podia deixar de sentir a presença de

personalidade tão vigorosa e marcan-te como a do atual presidente da Re-

pública. "Em

nenhuma fase da suahistória teve o café defensor mais vi-

gilante", declarou um. dia o sr, Jay-me Fernandes Guedes, com o peso desua autoridade, ao situar o sr. Getu-lio Vargas na paisagem cafeeira danação. E' uma frase que vale por es-

plêndida lição de economia política.Porque, de fato, o sr. Getulio Vargas

tudo tem feito pelo café e pelos cafei-cultores. A passagem, agora, do ani-versário natalício do eminente esta-dista ofereceu uma chance feliz paraque se fizesse uma série de comen-tários a respeito do que tem sido a ori-entação dada pelo grande leader à po-lítica cafeeira da nação.

A revolução de 1930, que deu cami-nhos novos ao 4>aís, ajustando-o àsrealidades do mundo contemporâneo,encontrou a economia cafeeira numdos seus mais agudos períodos decrise, em conseqüência do crack de1929 . Era a agonia, era a morte quese aproximava do nosso produto nú-mero um de exportação. Outro qual-quer estadista, que não tivesse a vi-são clara e precisa do PresidenteVargas, talvez deixasse à margem omaravilhoso produto que dera ao paisuma das mais brilhantes e fortes civi-lizações do Novo Mundo. Mas o con-dottiere vitorioso de 1930 não se dei-xou enganar com essa morte áparen-te do café. O que tornava necessário,

para a sua ressurreição, era dar ao

produto caminhos novos e perspecti-vas mais amplas, còm raizes fortesnas realidades econômicas do país edo mundo. |

Em 1933, em virtude das ligaçõesmuito íntimas do café com a economianacional, resolveu o Presidente Var-

gas transferir para à máquina gover-namental os encargos da orientação

política do café. Instituiu-se, então, o

D. N. C., em substituição ao Con-

selho Nacional do Café, que havia

prestado, como se sabe, bons servi-

ços, principalmente quanto à questãodo

"equilíbrio estatístico" do produ-to. A criação de um organismo tão

amplo, numa época em que ainda o

mundo não tinha os graves proble-mas desta hora, foi taxada de gaúche

por certos economistas de vistas doen-

tes. Mas o tempo — e principalmen-te os acontecimentos de 1937 a esta

data — vieram provar que o Presi-

dente Vargas vira bem os problemasde sua época, antecipando-se, mesmo;-

no caso do café, às ocorrências poste-riores. Foi êle, de certo modo, um

precursor dêsse amplo sistema de or-

ganizações autárquicas, hoje vitorioso

em tôdas as partes da terra. A sua

visão justa e o seu senso de realida-

de fizeram com que nos antecipásse-

mos — no tempo — o que valeu ànossa economia espaço de anos e be-nefícios que só os homens do futuro

poderão avaliar com precisão e segu-rança. Porque, incontestavelmente, osserviços que o eminente homem pú-blico, através da grande autarquia ca-feeira, tem prestado ao país, são osmais brilhantes. Brilhantes e

'perma-

nentes.

Em 1937, não querendo os nossos

concorrentes celebrar conosco umaespécie de

"Entente-cordiale" cafeei-

ra, ordenou o Presidente Vargas quenovos processos fossem postos em

prática. Adotou-se, sem perda detempo, a

"chamada política de con-

corrência", cujos resultados, poucodepois, profundamente abalariam tôdaa estrutura cafeeira dos nossos con-correntes. Batemos, com essa orien-tação eminentemente recuperadora,verdadeiros records de exportação,mandando para o exterior, em 1937-1938, quase trinta e quatro milhões

de sacas de café. Não fossem os acon-tecimentos do outono europeu, de1939, que transformaram por comple-to o quadro econômico do mundo, te-ríamos assistido à redenção da eco-nomia cafeeira do país.

Mas, diante do imprevisto, não va-cilou o Presidente. Foi, então, tra-

çado e executado um dos mais vastose arrojados planos dos últimos tem-

pos, que teve como núcleo a retiradado mercado, ^m massa, de 10.812.000sacas, para restabelecer o "equilíbrio

estatístico" da safra de 1940-41.

Esta guerra, mais do que qualqueroutro acontecimento, veio pôr à pro-va a solidez da orientação cafeeira doPresidente da República. Com a

"re-

volução branca", de 1937, que deu fim

à política valorizadora, preparou o

sr. Getulio Vargas o café para os dias

tumultuosos que viriam dois anos de-

pois. Ganhara o eminente homem

político, com o golpe cafeeiro de 1937,

uma das maiores batalhas econômicas

de nossa história: a "batalha

de quo-tas do Convênio de Washington", em

1940. Graças a essa orientação emi-

nentemente recuperadora, consegui-

mos obter, em Washington, a quotainicial de 9.300.000 sacas. Isso mos-

tra que havíamos ganho, em 1937,

com a "política de concorrência",

uma batalha econômica que se realiza-

ria três anos depois, isto é, em 1940.

Enumerar, entretanto, os benefícios,

prestados pelo sr. Getulio Vargas à

lavoura cafeeira, é assunto que não

pode ser tratado à pressa. Analisa-

mos, apenas, — e por alto — uma

parte do que o Presidente da Repú-

blica tem feito pelo produto número

um da nossa balança comercial. Quan-to às medidas de ordem interna, am-

parando os cafeicultores, são aconte-

cimentos de todos os dias, na sua ad-

ministração. Tornaram-se, mesmo,

belos "lugares

comuns" na sua orien-tação toda voltada para a terra e paraas suas realidades.

BORRACHA E BOA VIZINHANÇA

? Falando ao congresso norte-

americano, o sr, William Jefers teve

oportunidade de fazer algumas decla-

rações sôbre o problema da borracha.

Segundo telegrama a que nos reporta-

mos, transmitido pela "United

Press"

e divulgado no "Correio

Paulista-

no" de 2 de abril, o sr. Jefers teriadito textualmente:

"Enquanto isso,

continua o programa de "guayule",

nos lugares menos próprios para ou-tras culturas, afim de que a Naçãonão volte a estar à mercê do merca-do internacional de borracha, quefixa os preços ao seu arbítrio." Nãonos cabe defender os plantadores bri-tânicos da Malásia ou de outras quais-quer regiões. Mas, na parte que serefere à borracha brasileira, a afirma-

ção do diretor da Administração daBorracha tem um sentido profunda-mente injusto. Os acordos de Wash-ington foram realizados na base deinterêsses recíprocos e entendimentosaltamente cordiais, em que as duas

partes manifestaram largamente osseus pontos de vista. Se temos aagradecer aos nossos aliados do norteo sentido humano com que encararama política de saneamento do vale doAmazonas, por outro lado, êles devemreconhecer que a nossa política não

O OBSERVADOR *7

foi a do arbítrio, a da usura, nem pro-curamos tirar partido da guerra numa

especulação de preços. Elementos

estranhos à administração brasileira

teem criticado os negociadores nacio-

nais por terem fixado o preço da borT

racha numa base tão baixa. Mas, é

justiça dizer — até hoje nenhuma voz

oficial se levantou pedindo que se fi-

zesse qualquer revisão no sentido de

aumento. Daí a estranheza com queencaramos as expressões do sr. Wil-

liam Jefers.

POSIÇÃO DO BRASIL

? Jornalistas, publicistas, econo-

mistas, altos funcionários técnicos es-

trangeiros, principalmente ingleses e

norte-americanos, teem pôsto em re-

levo muitas vezes, nos últimos tempos,

a posição do Brasil em face da guer-ra e na próxima reconstrução do mun-

do. Naturalmente, tais referências

elogiosas muito desvanecem o nosso

amor-próprio nacional. Habituados a

freqüentes maus ou incompletos julga-nientos de estrangeiros que apressada-

mente nos visitavam ou a simples e

banais louvores à grandeza e beleza

de certas paisagens nossas ou às nos-

sas distantes possibilidades, regosija-

mo-nos sobremodo quando somos vis-

tos com olhos mais atentos e quandosentimos que se procura fazer justiçaaos nossos esforços construtivos.

De certo, estamos ainda bem longe

de atingir os limites de força políticae econômica que as nossas condições

naturais nos indicam; mas mesmo sem

o endosso de autoridades estrangeiras

que acompanham de perto o curso

da nossa vida, sabemos bem que mar-

camos uma etapa decisiva da nossa

evolução histórica. Podemos conven-

cer-nos sem nenhuma sombra de nar-

cisismo que não somos mais uma

vasta e simples expressão geográfica,um vago país agrícola, fornecedor ao

inundo de alguns produtos intertro-

picai s e de algumas matérias primas .'Temos

de ser contados no concerto

internacional como um valor de pro-

jeçao própria, como uma coletivida-

de que alarga por si o seu caminho e

que conhece as grandes responsabili-

dades que sobre ela pesam.Não exageram os nossos amigos

americanos e ingleses ao afirmar re-

petidamente que sem o nosso concur-

so a campanha aliada da África do

Norte, passo indispensável à invasão

da Europa e, portanto, à derrota final

das potências do Eixo, seria extrema-

mente difícil ou mesmo impossível.

A cessão das nossas bases marítimas

e aéreas do nordeste foi que a tor-

nou realizável. Todavia, não nos limi-

tamos a êste auxílio passivo; incum-

bindo-se da vigilância do nosso lito-

ral, a nossa marinha de guerra e a

nossa áviação teem aliviado extraordi-

nariamente a tarefa de vigilância do

Atlântico Sul ou o que vale dizer das

rotas africanas, por parte dos norte-

americanos e ingleses. Fornecendo

aos nossos aliados sob o regime de

preferência as matérias estratégicas de

que eles mais necessitam para o esfôr-

ço de guerra, concorremos eficiente-

mente para a vitória. E eles sabem

como nós próprios que o nosso dever

de aliado não se esgota no que temos

feito até hoje; como mais de uma vez

tem dito o Presidente da República,

não hesitamos um instante ante o

possível sacrifício de sangue, aceitan-

do a luta a que fomos brutalmente

arrastados nos termos em que ela pos-sa apresentar-nos. t

Tudo, pois, o concurso direto na

guerra como o nosso trabalho interno

pela solução dos problemas funda-

mentais da nossa economia, mar-

cam previamente a nossa posição nos

futuros debates da paz. Em 1919, jásob a inspiração da política de solida-

riedade com os Estados Unidos e pro-vocados pelas estúpidas agressões daAlemanha do Kaiser, incluímo-nos

também entre as nações que defen-

diam a causa das democracias. Mas,

nem mais limitado do que hoje pode-,ria ser então o nosso auxílio. E

quando grande que fôsse êle não nos

teria dado lugar a uma atitude mais

animadora na Conferência da Paz de

Versalhes, na realidade fechada nas

mãos dos chefes dos governos da

França, da Inglaterra e Estados Uni-

dos, com a Itália e o Japão em segun-

do plano e as outras nações, ainda as

mais duramente sacrificadas na longa

e terrível luta, servindo mais ou me-

nos de moldura do quadro histórico.

Demo-nos por satisfeitos por ter con-

seguido resolver algumas questõesimediatas de nosso interêsse, como a

dos cafés retidos na Alemanha e dos

navios desta nação que tínhamos apre-

endido.

Transformaram-se radicalmente as

condições naturais e morais do mun-

do. Não se imagine mais possível a

repetição dos usos de Versalhes e

nem tão pouco o exclusivismo egoís-

tico das grandes potências. A obra de

remodelação tem de ser feita sob o es-r

pírito de íntima colaboração entre to-

dos os povos vencedores, grandes e

pequenos, num largo pensamento uni-

versai. A sua união interna, a since-

ridade das suas atitudes, a decisão

dos seus propósitos e a certeza da sua

capacidade para a livre existência nos

moldes que melhor lhe convenham

devem poupar para o Brasil uma si-

tuação de inconfundível relêvo. Sem

nenhum pensamento de hegemonia

ou nenhuma preocupação de estulta

vaidade internacional, criamos o di-

reito de ser ouvidos, não mais" como

uma simples força futura, uma remo-

ta possibilidade, mas como um valor

presente e efetivo. Por isto mesmo é

que os problemas da guerra para o

Brasil, como para as outras nações

aliadas, se completam naturalmente

com os da paz próxima. Precisamos

multiplicar por todas as formas os

nossos esforços para apressar a vitó-

ria da nossa causa, atentos sempre, en-

tretanto, ao dia de amanh. em que se

deve ganhar a paz como se ganhou a

guerra.

O COMÉRCIO DE CALÇADOS

? O Brasil produz bom calçado.

Êste refrão, que representa inicial-

mente uma verdade, nasceu hápoucos

anos, quando antes da guerra se vinha

desenvolvendo rapidamente a indús-

tria do turismo. Era comum, então,

vermos, nas casas de calçados do Rio

de Janeiro, estrangeiros que se acha-

vam em trânsito, fazendo cruzeiros

turísticos, abastecendo-se de sapatos

fabricados no Brasil. Foi precisamen-te daí que o preço do calçado brasi-

leiro começou a se elevar a ponto de

ser caso comum, hoje em dia, um parde sapatos que custa ao consumidor

até 300 cruzeiros. Há mais caros

ainda.

Num contrassenso absoluto, quan-

do justamente a industrialização me-

cânica devia ser objeto de atenção, no

afã de fazer sapatos "curiosos",

(di-

gamos assim para classificar a mui-

tiplicidade de modelos), as grandes

fábricas voltaram a adotar um regi-

me de artezanato para a sua produção

de luxo, contribuindo ainda mais pa-

ra o encarecimento do produto. Con-

sequentemente, o sapato barato foi

também subindo de preço, acompa-

nhando o sapato caro, enquanto as

imitações começavam a disputar lu-

gar, nas vitrinas. O aumento de

produção, ou mesmo o volume total

da produção, nunca chegaram a satis-

fazer as necessidades de um país de

mais de quarenta milhões de habi-

tantes; é possível que, computando a

produção de sapatos, chinelos e alper-

catas, venha a caber um par de calça-

do, por ano, a cada brasileiro. E' sa-

bido, no entanto, que grande parte da

população anda de pês descalços.

8 ;Q OBSERVADOR — LXXXVUI

Mapa "O Observador'A GUERRA NA AFRICA

Madnd BULGARIA

A GUERRA NA ÁFRICAMapa "O Observador'

A luta no norte da África aproxima-se finalmente do seu termo. Ao encerrarmos os trabalhos redacionais desta edição ha-via sido ocupada a importante posição de Mateur, na Tunísia e os canhões aliados atingiam Bizerta. Os dois importantes redutosno .Lixo, Bizerta e lums, achavam-se isolados e a aviação aliada iniciava uma ofensiva contra eles, preparação do golpe final Nomapa acima podemos ter uma visão perfeita do percurso coberto pejo inimigo batido, desde El-Alamein, no Egito, assinalando asprincipais derrotas por ele sofrida.

pflnoRftnifl imeRriflcionfiL

RELEMBRANDO A EXPEDIÇÃO

? A expedição anglo-americana à

África foi a mais audaciosa e mais po-derosa operação marítima registrada

pela história. Cercada de impenetrá-

vel mistério, encheu as almas livres

de todas as partes do mundo de alvo-

roçada surpresa e aos assaltantes do

Eixo da mais dolorosa decepção. 350

navios de guerra e 500 navios de

transportes de tropas e abastecimen-

tos, partindo dos Estados Unidos, do

Canadá e da Inglaterra, muitos deles

diretamente dos estaleiros onde aca-

bavam de ser construídos, despejaram

à hora combinada nas praias africa-

nas, os soldados da libertação. Para

se ter uma idéia aproximada da mag-nitude e da complexidade da formidá-

vel emprêsa basta recordar que cadasoldado com o respectivo equipamentoexigia sete toneladas de espaço marí-timo para o seu transporte inicial.. .Tendo-se . livrado dos submarinos doEixo, que as rondavam talvez noAtlântico norte, na expectativa, tãohabilmente insinuada de uma expedi-

ção à Noruega, as tropas americanas

sabiam bem que não iam realizar uma

simples ocupação militar sem luta. A

campanha do general Eisenhower co-

meçou, pois, na primeira hora do de-

sembarque. Vencida a resistência ini-

ciai dos franceses, ainda obedientes à

sombra inglória de Vichy, desfeitos

muitos equívocos posteriores, encer-

rou-se em breve a primeira parte da

guerra da África. As bandeiras dos

Estados Unidos, da Inglaterra e da

França tremularam juntas de Dakar a

Argel. Faltava apenas o espinho da

Tunísia; e é este justamente que os

americanos, vindos do Ocidente, os

ingleses do Oriente e os franceses das

várias direções, estão na véspera de

arrancar.

ENSAIO GERAL „

? Repetidamente nestas crônicastemos insistido no extraordinário al-

cance da ocupação da África do Nor-te pelos aliados. Sem que ela se efe-tivasse, tornar-se-ia sempre muitoaventurosa qualquer tentativ^ de in-vasão da Europa sob o domínio ou ocontrole do Eixo. A África mediter-

CAMPANHA DA ÁFRICA

? O relógio das nações aliadasainda não se atrazou um minuto nacampanha da África, e tudo pareceindicar que em breve acelerará a pró-pria marcha. Estimando no seu justovalor a resistência das tropas do Eixona .área da Tunísia, chefes militaresingleses e norte-americanos —

Prog-nóstico confirmado pelo brigadeirobrasileiro Eduardo Gomes quandoem visita à frente africana — marca-ram o próximo mês de junho como<da expulsão definitiva do AfrikaKorps e das cansadas tropas de Mus-solini. Mês e meio antes dêste prazopouco resta a Hitler e a Mussolinido antigo protetorado francês. Nocurto tempo a contar de novembro

passado, do desembarque norte-ame-ricano nas praias da África do Norte,a sucessão de vitórias aliadas prepa-rou o desfêcho final. Foi um dia o so-nho nazista de domínio do que os

poetas chamavam outrora de Conti-nente Negro, afim de convertê-lo, en-tre outros criminosos objetivos, emtrampolim para a América do Sul...

Mapa "O Observador"

amiudado

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O OBSERVADOR — LXXXl/UIf

Enquanto a luta na África aproxima-se do fim, é intensificada a luta sob os céus do continente. Os russos teem

os seus raides sôbre^a retaguarda alemã, alvejando as ^uas importantes cidades da Prússia oriental. E aviões ingleses e americano

atacam de rijo os grandes centros industriais da Alemanha propriamente dita e dos países ocupados, bem como bases aéreas e nas

vais, meios de comunicações,. etc.

rânea e do Atlântico norte, em mãos

de nazistas, fascistas e franceses co-

laboracionistas, estaria para as nações

aliadas na traiçoeira posição da Itália

relativamente à França na primeirafase da guerra, quando a grande de-

mocracia latina, ferida nos seus cen-

tros vitais, entrava no período pre-agônico. Era a porta da retaguarda

que precisava ser garantida. .. Mas a

expedição africana tem igualmente o

sentido de um grande ensaio geral pa-ra a operação maior e decisiva da in-

vasão da Europa continental. Será

nas terras maculadas pela bruta patanazista e pelo desleal tamanco faseis-

ta que a guerra encontrará o seu epí-

logo. Terríveis bombardeios aéreos,

traiçoeiros golpes de submarinos, des-

truidoras batalhas de navios de su-

perfície, sabotagem e revoltas dos

países ocupados são prelúdios, de sor-

te diversa, da vitória; quem, todavia,

a decidirá, hoje como sempre, é o sol-

dado na frente de batalha, sob o solo

firme...

A SITUAÇÃO DO EIXO

? 'Ninguém pôde, pois, guardar

qualquer ilusão sôbre o próximo de-

senvolvimento da guerra. Ela tem de

saltar da África para a Europa.

Quando e por onde? Evidentemente

nenhuma autoridade militar ou poli-tica poderia responder a semelhante

pergunta. Imaginemos que a invasão

da Europa continental se efetivará

pela Itália ou por qualquer outro pon-to mais vulnerável dos Bálcãs. To-

davia, não será impossível que ela se

verifique em qualquer trecho do lito-

ral atlântico, da Noruega às frontei-

ras da França com a Espanha. O

êxito da. expedição africana ofereceu

ao mundo a medida da capacidade

ofensiva das nações aliadas. Que re-

sistência poderão ainda opor a Alemã-

nha e a Itália? Quanto a esta, Musso-

lini já aconselhou aos seus infelizes

patrícios a receber com a maior pru-dência e a maior urbanidade as futu-

ras tropas de desembarque. Quanto à

Alemanha, suponhamos que a luta se-

rá mais séria. Salvo a hipótese de

um colapso político ou econômico, que

jamais os aliados realmente descon-

taram, ela poderá oferecer brutal re-

sistência. O desespêro e o fanatismo

levarão, porventura, um povo guer-reiro e cruel por instinto e destino

aos últimos sacrifícios. Comprimido,

entretanto, entre os aliados do Oci-

dente e a Rússia, sentindo por toda a

parte a trepidação de revolta dos po-

vos oprimidos, êle tem a sua sorte

previamente escrita. O pesadêlo da

tirania totalitária passará à história,

não como uma página que facilmen-

te se esquece, à semelhança do queaconteceu em 1919 em relação à Ale-

OFENSIVA AÉREA

manha do Kaiser, mas como perma-nente lembrança dos horrores sofri-

dos e permanente alerta para que se

evitem as possibilidades de sua repe

tição.

ONTEM

? Evoquemos rapidamente a si-

tuação da Alemanha há menos de dois

anos comparando-a com a atual. As

suas tropas dominavam quase tôda a

• Europa continental e se alargavam

pelas infinitas planícies russas do Bát-

tico ao Mar Negro. As pequenas na-

ções neutras, que haviam escapado ao

cataclismo, viviam sob a constante

ameaça do nazismo. A quinta coluna

trabalhava impunemente por tôda par-te. Os aviões de Goering controla-

vam os ares e tinham a I

em cheque . Os submarinos enxameia-

vam pelo Atlântico. A Itália ainda

lutava pelo seu antigo Império africa-

no e dificultava o acesso das linhas

vitais do Mediterrâneo. O Japão pre-

parava-se para o traiçoeiro bote con-

tra os Estados Unidos. Hitler e seus

sequazes mantinham- em pé de guerra500 divisões com supremacia que pa-recia inatingível em quantidade e qua-lidade das divisões blindadas e moto-

rizadas. As vitórias eram-lhe fáceis

e fulminantes . Trabalhadores escravi-

zados de quase tôda a Europa su-

priam os operários afastados das in-

M apa "O Observador"

10 O OBSERVADOR — LXXXVI11

dústrias de guerra para as frentes de

batalha.

, A "razzia"

dos países superindus-

trializados ou agrícolas da Europa

assegurava à Alemanha um nível de

produção e de consumo que se afigu-

rava inabalável. O esmagamento da

Rússia e a derrota da Inglaterra eram

mais certos do que a luz do sol, e os

Estados Unidos, amedrontados, far-

se-iam num isolamento egoístico.

Exultavam por tôda parte os Quis-lings de várias espécies e diversas cô-

res...

HOJE

Como é diferente o panorama de

hoje. . . A Inglaterra não foi venci-

da; depois de penosa atitude defensi-

va, que é uma das grandes glórias do

seu longo e modelar passado, tomou

corajosamente a ofensiva. A RAF do-

minou os céus da Europa. Os cen-

tros militares e as grandes cidades e

portos da Alemanha e da Itália e dos

países ocupados são vigorosamente

bombardeados pelos valentes rapazes

ingleses. As terríveis agressões aé-

reas contra Londres e Coventry, porexemplo, foram largamente vingadas

pelos destruidores ataques a Berlim,

Rostock, Colônia, Bremen, Hambur-

go, Essen e cem outros pontos. Ositalianos pagam duramente a sua estú-

pida cumplicidade nas incursões sô-bre o território inglês. Os submari-

nos não evitaram a grande expedição

da África do Norte, como não im-

pedem a incessante passagem de com-boios aliados pelo Atlântico, peloÁrtico, pelo Oceano Índico e peloimenso Pacífico. O império italianoda África esvaiu-se como fumaça.A quinta coluna foi combatida eficaz-mente onde ela poderia ser mais nefas-ta. A Rússia não se limitou, como naépoca de Napoleão, a fazer o deserto

gelado entre o invasor e os grandescentros de resistência vital; refluindodo primeiro e largo recuo estratégico,bate-o de aldeia em aldeia, de cidadeem cidade, obrigando-o a pagar carís-simo o preço da primeira vitória. OsEstados Unidos aceitaram o brutaldesafio das potências agressoras doEixo para apressar-lhe o esmagamen-to final.

CONDIÇÕES INTERNAS

Uma grande nação de 60 mi-

lhoes de almas como era a Alemanhaao tempo da ascensão de Hitler, su-

perindustrializada, de alma gregária,metódica e paciente, cultivando osten-sivamente velha tradição de agressãoe de rapina, trabalhada por mil com-

plexos de orgulho, de desenfreada

ambição, de inveja e de ódios, prepa-rando-se fanaticamente durante anos

seguidos para a guerra, poderia fa-

zer, realmente, coisas assombrosas,

sobretudo quando sabia que iria en-

frentar certos adversários, não só má-

terialmente muito mais fracos, como

moralmente já inclinados ao derrotis-

1110. Eis aí, em curto resumo, o fácil

segredo dos seus primeiros e espeta-

culares êxitos. Tudo corria-lhe mag-

nificaniente; a sua poderosa máquina

bélica trabalhava ém plena eficiência,

perfeitamente articulada com a sua

insidiosa ação política e com as suas

sincronizadas forças econômicas. Os

primeiros revezes bastariam, entre-

tanto, para desorganizar tão formidá-

vel armadura. Com problemas de

ordem interna, moral como política,como econômica e como militar, de-

vem atenazar os dirigentes nazistas.

O espírito do povo alemão não poderáser mais comparável ao do tempo dos

íriunfos sobre a França; as tiranias

de tôda espécie somente conseguem

viver sob o êxito permanente. Umfracasso é suficiente para abalar acrença fanática dos povos que, per-dendo a confiança em si mesmos, seentregaram aos ditadores místicos ouvelhacos. O estado moral do alemãomédio não deve estar longe, pois, do

que êle conheceu em 1918 e o levouao armistício. Os insucessos do ar-razamento da Inglaterra e da conquis-ta da- Rússia mostraram ao mundo eaos nazistas em primeiro lugar, queas forças armadas da Alemanha nadatinham de invulneráveis. Os bombar-deios aliados fatalmente teriam sacri-ficado grande parte de sua produçãobélica como desorganizado o fundo-namento das suas indústrias comuns edo seu sistema de transportes inter-nos. Bloqueados pelos mares, ataca-dos incessantemente pelos ares; tor-turados pelos exércitos russos, os or-

gulhoso vencedores de 1940 devembem sentir que o seu crepúsculo seaproxima. Mais uma vez se confir-ma a milenária lição da história: éefêmero sempre o reino da violên-cia...

DO LADO DO JAPÃO

? Em breve síntese procuramosevocar, deduzindo-as de . raciocínioslógicos ou as induzindo de fatos co-nhecidos, as condições atuais das duaspotências européias do Eixo. Quaisserão, porventura, as do sinistro par-ceiro da Ásia? Na fase corrente daguerra, para êle mal começou, imagi-nemos que o Japão se encontra maisforte do que a Itália e a Alemanha.

Estaria, por exemplo, em situação

análoga à dêste último país depois das

vitórias contra a Rússia ou mais pre-cisamente depois da conquista da ri-

quíssíma Ucrânia; teria atingido, com

as vantagens preliminares que a trai-

ção de Pearl Harbour lhe permitiu o

seu zenite. Agora é esperar o declí-

nio, mais rápido ou menos rápido, não

importa, do que o da Itália de Musso-

lini ou o da Alemanha de Hitler. Foi

depressa e definitivamente quebrado o

seu ímpeto conquistador. Sofreram-

lhe a esquadra e a aviação derrotas

de que de certo não se restaurarão no

prazo que exige o ritmo da guerra,mesmo contingentemente lento, do

Extremo Oriente. Pobre, superpovoa-

do, escasso em quase todos os gêne-ros alimentícios e matérias primas, o

seu futuro, como o da Alemanha e da

Itália, deve encher-se de sombras

tristes. As vitórias da primeira hora,

por mais assinaladas que se afiguras-

sem, não lhe deram nenhuma seguran-

ça definitiva. Enquanto isto, se for-

talece dia a dia o indomável Império

Britânico e o inesgotável reservatório

dos Estados Unidos converte-se no

mais poderoso arsenal de guerra queo mundo já conheceu.

ARMAS DO DESESPÊRO

? Sinais evidentes do desespero

íntimo dos japoneses encontrar-se-iam na redobrada arrogância das pa-lavras dos seus chefes e na requinta-

da crueldade dos seus métodos de

guerra. E' o mesmo velho fenômeno

psicológico tantas vezes já observadoem relação a Mussolini e a Hitler.

Quanto mais próximos sentem os ti-ranos os prenúncios da derrocada fi-nal, mais ameaças multiplicam e maiscruéis se revelam. Os

"senhores da

guerra" do Japão não mais se conten-tam em reivindicar a hegemonia daÁsia e do Pacífico ; sonham com o do-mínio do mundo, do Oriente vem osol... Megalomania idêntica à deHitler. Prometem arrazar os EstadosUnidos, como os nazistas há três anos

juravam reduzir a Inglaterra a es-combros... Indo um pouco mais lon-

ge, no entanto — o que parecia difí-cil •— do que o seu modelo nazista,fuzilam prisioneiros de guerra, comoos bravos pilotos norte-americanos

que lhes bombardearam a frágil capi-tal. O govêrno dos Estados Unidosjá respondem devidamente à infâmia;os dirigentes nipônicos responderãodiretamente pelo miserável crime. En-tretanto, o atentado teve o mérito derevelar mais uma vez a íntima selva-geria dos japoneses.

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do Brasil

O OBSERVADOR — LXXXVIII

JÁ É TEMPO DE SE ACABAR COM

O SISTEMA DE ACÊRTO MANUAL...

O princípio "International" de AClRTO-AUTOMÁTICO é o

passo mais avançado a que já atingiu o sistema de equipamentode relógios elétricos.

Esse princípio é de efeito absolutamente POSITIVO, não exi-

gindo siquer, a mínima atenção. Com o seu emprêgo, não serámais necessário carregar-se uma escada de secção em secção,de relógio em relógio, atraxando uns, adeantando outros, parase conseguir uniformidade nos mostradores.

Unidos foi, por muitos anos,mente politico. O chamado sistema California e Connecticut, 1913, Kan- portantes emendas em 1919 e 1934.dos espolios campeou desenfreada- sas 1915, Maryland 1920, Michigan, Em 1937, uma completa revisao foimente. Esta expressao "sistema

dos Arkansas, Maine e Tennessee 1937, feita a lei de 1913.

O CAPITOLIO EM LANSING%t-4& ~f K

¦ ? ajt0r do Pr«ente eAstudo comparative da organiza^o de services publicos estaduais ha Norte-Am6rica rllizou um cursnespecial.zado em Miclugan. A gravura nos mostra o CaPit61io em Lansing, capital do estado de Michigan.

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O OBSERVADOR — LXXXV1U

Serviço Público Estadual

T^ STE é um trabalho-®--/ comparativo da ma-neira pela qual são opera-das na América do Norte as Comis-sões do Serviço Público estaduais.Pareceu-nos interessante fazer um

paralelo entre as disposições de qua-tro importantes estados americanos.Escolhemos para tal fim: Califórnia,Michigan, Nova York e Wisconsin.A parte final trata das disposições'contidas em um projeto de 4ei de au-toria da Liga Nacional de Reforma doServiço Público, a qual tem por obje-tivo servir de modelo à legislação doserviço público nos Estados.

INTRODUÇÃO

Naturalmente, o critério para pre-encher cargos públicos nos EstadosUnidos foi, por muitos anos, pura-mente político. O chamado sistemados espólios campeou desenfreada-mente. Esta expressão "sistema

dos

/J t . r~) Alabama, Minnessota, Novo

WÈÊníÔnLO Cjeuero CLaV^OSÍCL México, Rhod Island, 1939.

A diferença entre o sistema

espólios" tem origem na afirmativa

de que ao vencedor pertencem os tro-

féus da vitória. Custou muitos anos

para que houvesse uma mudança de

atitude. Quando o presidente Gar-field tombou assassinado por um des-

contente caçador de empregos, o paísinteiro compreendeu os grandes peri-

gos de tal regime. Assim, em 1883,

a chamada Lei do Serviço Público

criava o sistema do mérito no campofederal. Os estados de Nova York e

Massachussets seguem-lhe as pegadas,passando em 1883 e 1884, respectiva-mente, às suas leis. Wisconsin e II-linois fazem o mesmo em 1905 e fo-ram seguidos por Colorado em 1907,Nova Jersey em 1908, Ohio em 1912,Califórnia e Connecticut, 1913, Kan-sas 1915, Maryland 1920, Michigan,Arkansas, Maine e Tennessee 1937,

de escolher candidatos por concurso

e o outro por intervenção política foi-

nos explicada, com o característico

bom humor americano, por um dos di-

retores da Comissão do Serviço Pú-

blico do Estado de Michigan da se-

guinte forma: "no

primeiro o candi-

dato precisa conhecer alguma coisa e

no segundo alguém". O dinâmico sr.

Fiorello La Guardia, prefeito da cida-

de de Nova York, opôs à expressão"ao

vencedor pertencem os espólios"

esta outra — "ao vencedor compete a

responsabilidade de bem adminis-

trar".

Como dissemos, a lei que criou a

Comissão do Serviço Público em Ca-

lifórnia data de 1913. Ela sofreu im-

portantes emendas em 1919 e 1934.

Em 1937, uma completa revisão foi

feita à lei de 1913.

¦ ? ajUt0r doJ?-T-ente eAStudo comParativ° da organização de serviços públicos estaduais na Norte-América realizou um cursnespecial.zado em M1Ch.gan. A gravura nos mostra o Capitólio em Lansing, capital do estado de Michigan.

O CAPITÓLIO EM LANSING

t&rarSK

BSa'agBWi

O OBSERVADOR — LXXXVllt 13

HISTÓRICO

A história do sistema do. mérito no

estado de Michigan é das mais interes-

santes. Em 1935, foi apontada pelo

governador de Michigan uma comis-

são para estudar o problema. Esta

aconselhou a criação de uma agência

central de pessoal. Finalmente, em

1937, a lei n.° 346 criou a Comissão

do Serviço Público. O professor Gra-

ves afirma que esta lei foi a mais bem

elaborada de todas. Mas, nos Estados

Unidos, o legislativo nunca demons-

trou muito interesse, ou mesmo algu-

mas vezes, franca oposição à escolha

de funcionários por meio de exames.

O presidente Roosevelt, na mensa-

gem de aprovação à chamada lei

Hatch, que proibe atividades polílicas

perniciosas, diz: "E* bom que se note

que quase todas as isenções ao siste-

ma do mérito, que teem sido feitas du-

rante os últimos 6 anos e meio, foram

originadas no próprio Congresso e

não no Executivo"; Tal oposição

em Michigan apareceu num ato legis-

lativo de 1939 que removeu cerca de

50% dos 16.000 funcionários do Esta-

do que se achavam sob a jurisdição da

Comissão do Serviço Público. Mas a

contra reação chefiada pelo professorPollock, da Universidade de Michi-

gan, foi bem sucedida. Assim, em

1940, uma emenda foi feita à Consti-

tuição do estado e a Comissão do Ser-

viço Público colocada fora do alcance

das eventualidades políticas.

A lei de 1883, em Nova York, so-

freu, alterações em 1894 e 1909.

O Estado de Wisconsin adotou uma

lei em 1905, a qual foi emendada em

1929._

Pelo que vimos, todos os quatroestados adotaram o sistema do mere-

cimento ou por legislação ou poremendas a constituições estaduais.

O problema de jurisdição das co-

missões é interessante. Em Califór-

nia, Michigan e Wisconsin cobre ape-

nas os funcionários estaduais. Em

Nova York, além dos empregados do

Estado, há, também, um sistema de

supervisão sobre as cidades, mas os

prefeitos apontam as comissões muni-

cipais do serviço público. ,

A organização das Comissões é, em

geral, em forma de um conselho di-

retivo. Em Califórnia, há 5 mem-

bros apontados pelo governador, com

a aprovação do Senado, para o prazode 10 anos, com um salário de $15

por dia de reunião. Em Michigan,

a Comissão é composta de 4 membros

e um diretor do Pessoal. No estado

de Nova York, a Comissão é com-

posta de três membros para o prazode 6 anos. No máximo, dois podemser do mesmo partido político. O sa-

lário do presidente da Comissão é de

$9.000 e cada membro recebe $7.000

por ano. Em Wisconsin, há, igual-

mente, três membros para o prazo de

6 anos. A escolha é feita pelo gover-nador, com a aprovação do Senado

Estadual. O salário dos membros é

de $50 por dia, até um máximo de

$500 por ano.

As Comissões, nos quatro estados,

teem uma autoridade executiva, cujo

nome varia. Na Califórnia e em Nova

York é Oficial Executivo; em Michi-

gan e Wisconsin, Diretor do Pessoal.

Êste Diretor é escolhido pela Comis-

são em Califórnia e Nova York. Em

Michigan, é selecionado pela Comis-

são, por meio de exame. No Estado

de Wisconsin, êle é escolhido pelo go-

vernador, de uma lista de três pes-

soas selecionadas pela Comissão.

Os cargos isentos do sistema do

mérito são, Califórnia: os de eleição,

os de funcionários. apontados pelo le-

gislativo, pelo governador ou gover-

nador e Senado, entre outros. Os

empregados do Judiciário, Legislati-

vo e militares; os empregados dos co-

légios do Estado ou da Universidade

de Califórnia; empregados de pri-

sões; empregados da Comissão Ferro-

viária; empregados que são também

membros ou internos de casas de ve-

teranos e de instituições de correção

ou de caridade; empregados seleciona-

dos de acordo com normas do govêr-

no federal.

No estado de Michigan, a Consti-

tuição excetua as posições preenchi-das por voto popular, os diretores de

Departamentos, os membros de Con-

selhos, empregados das Cortes, do

Legislativo, das altas instituições de

ensino, as pessoas nas forças milita-

res e navais do Estado, e duas posi-

ções para cada oficial administrativo

eleito e cada comissão ou conselho.t

JURISDIÇÃO

Em Nova York não estão sob a ju-risdição da Comissão os cargos quesão preenchidos por eleição; os em-

pregados apontados pelo Legislati-

vo, pelo governador ou pelo governa-dor e Senado; os apontados pelo se-

cretário de Estado, subordinados à

aprovação do governador; chefes de

Departamentos, etc. Os empregados

do Legislativo; superintendentes ou

professores nas escolas públicas do

Estado. Ainda, todos os funcionários

que a Comissão achar que não é pos-

sível examinar. No estado de Wis-

consin: os cargos de eleição, os em-

pregados apontados pelo governador,uma estenógrafa para cada oficial exe-

pivô eleito. Os empregados do Le-

gislativo; professores de estabeleci-

mentos estaduais dê ensino. Todas as

outras posições isentas pela Comissão,

à vista de recomendação do diretor

do Pessoal.

A seleção dos operários braçais é,

também, digna de "ser

estudada. Pela

lei da Califórnia, eles estão sujeitos

à Comissão. No Estado de Nova

York as vagas são preenchidas pormeio de listas contendo o nome dos

aplicantes que se registraram. As leis

de Michigan e Wisconsin não dizem

nada sobre isto.

Os cargos sob a jurisdição da Co-

missão são, Califórnia, todos os quenão fazem parte da relação dos isen-

tos, sendo que o Legislativo pode in-

cluir entre as chamadas posições cias-

sificadas, outras com exceção das

preenchidas por eleição. Em Nova

York, Michigan e Wisconsin a júris-dição da Comissão abrange todos os

que não estão expressamente isentos.

EXAMES E INDICAÇÕES TEM-

PORÁRIAS

De um modo geral, as leis dos qua-tro estados referidos prescrevem queos exames devem ser práticos e ter

por fim verificar a capacidade, efici-

ência e adaptabilidade do candidato.

A nomeação do candidato, na Cali-

fórnia, é feita de acordo com o prin-cípio denominado da regra dos três,

pelo qual os nomes dos três primeirosclassificados são remetidos à autorida-

de que irá nomear o funcionário. ,Es-

ta escolhe um dêles. Os dois outros

nomes voltam à Comissão e, quandohouver uma outra vaga, uma lista é

feita com o nome dêstes dois e o do

quarto da lista, e assim por. diante.

Conversando com pessoas de Lansing,

capital do Estado de Michigan, na

Comissão do Serviço Público, ouvi-

mos diferentes opiniões quanto às

vantagens de tal sistema. Um dos-

principais argumentos em favor dêle

é que dá certa autonomia à autorida-

de que escolhe o candidato. Há, nos

Estados Unidos, uma inegável e forte

discriminação contra o negro; muitas

vezes há uma vaga num distrito em

que só há população branca e coinci-

de que se trata da vez de uma pessoade côr, assim a autoridade tem arbí-

trio para escolher outro candidato.

Contou-nos um dos diretores da Co-

missão do Serviço Público êste fato:

coincidiu que os três candidatos que

14 O OBSERVADOR — LXXXVI11

faziam parte da lista eram de côr e avaga aberta era num distrito branco.Os três candidatos foram chamados àComissão e foi-lhes explicada a situa-

ção e mesmo salientando os perigos eincidentes que, possivelmente, surgi-riam. Os três candidatos decidiramesperar uma possível vaga num distri-to de côr.

Há, também, o caso de diretores

que preferem trabalhar com funcioná-rios do sexo masculino e, assim, po-dem escolher estes de preferência às

mulheres.

Em Michigan e Wrsconsinj a cha-mada regra dos três é seguida. O go-vêrno municipal de Detroit adota osistema de estrita ordem de classifi-cação. Na lei de Nova York não há

nenhuma provisão em relação ao as-

sunto.

As leis dos quatro estados prescre-vem que é possível fazer indicações

temporárias, quando não existir ne-

nhum nome nas listas. Tais indica-

ções não podem durar mais de 6 me-

ses na Califórnia. Em Michigan, há

apontamentos provisórios, transientes

e de emergência. Na ausência de no-

mes na lista dos aprovados, ou no caso

de uma vaga temporária por motivos

de licença, um apontamento provisório

pode ser feito.

Um apontamento transitório é, paraum trabalho que deve durar menos de90 dias. Uma indicação para umavaga de emergência deve ser feita paraa execução de trabalho em condições

que requerem ação imediata. Nenhumapontamento de emergência continua-rá por um período maior do que onecessário para preencher a vaga pelaforma normal. Em Nova York, a du-ração das indicações provisórias é atéo preenchimento da vaga por concur-so, não podendo exceder de 4 meses,sendo o prazo de um mês para posi-ções temporárias. No estado de Wis-consin, a duração da indicação tem-

porária é até que haja nomeação porconcurso, mas não poderá exceder, pa-ra os cargos temporários, de 3 meses,e de dez dias para os casos de emer-agência.

A lei de Califórnia proibe a co-brança de qualquer espécie de taxa deinscrição. Em Nova York; há umataxa de 60 centavos a $5, de acordocom o salário do cargo a que a pessoase candidata. Em Michigan e Wis-consin a inscrição é livre de qualquertaxa.

SALÁRIOS

Vejamos o importante problemados salários. Na Califórnia são êles

fixados pela Comissão do Pessoal.

Em Nova York, há um Conselho de

classificação, composto de um presi-dente indicado pela Comissão e dois

membros apontados pelo diretor.

As tabelas são recomendadas pelodiretor do Pessoal no estado de Wis-

consin. Em Michigan, para evitar quecertas classes tenham ordenados quesejam maiores que os de outras, o quedá sempre margem a campanhas de

aumento por parte das classes que re-

cebem menos, foi estabelecida umaescala uniforme para cada letra. As-

sim temos:

LETRA Mfnimo Aumen" $a}¥10tos Maximo

IC....C 1..B....A 2..A... .Al..

Ia...II...II a..III..III a.IV...IV a..V....Va. .VI...VI a..VII..

$100$105$115$125$135$145$155$175$200$225$250$285$325$360$400$460$525$585$650

$ 5$ 5$ 5$ 5$ 5$ 5$10$10$10$10$15$15$15$15$25$25$25$25$25

$115$125$135$145$155$165$195$215$240$265$310$345$385$420$500$560$625$685$750

A questão da eficiência é verificada

por meio de regras estabelecidas peloConselho do Pessoal na Califórnia.

Em Nova York, por normas baixadas

pela própria Comissão e em Wiscon-sin pelo diretor do pessoal. As pro-moções teem como fonte os departa-mentos. Os registros de eficiência sãoos padrões usados na Califórnia parapromoções. A orientação em Michi-

gan é preencher, tanto quanto possi-vel, as vagas por meio de promoção.Além do exame escrito, o controle daeficiência constitue elemento na conta-

gem final para promoção.\

TRANSFERÊNCIA DEPOSIÇÃO

Na Califórnia, a transferência parauma posição em qualquer classe dedeveres, responsabilidades, qualifica-ções e salários semelhantes pode serautorizada. Em Nova York, a trans-ferência, mas não a promoção, podeser autorizada pela Comissão. Há,ainda, para a cidade de Nova York,uma. provisão que permite a transfe-rencia de uma função estadual para

uma municipal ou do condado (o con-

dado nos Estados Unidos é a maior

unidade do govêrno local). E' neces-

sária a permissão das respectivas co-

missões. Em Michigan, uma autori-

dade que tem capacidade para desig-nar um empregado pode transferí-lo

de uma posição para a outra, na mes-ma classe e na mesma organização.

Em Wisconsin, a transferência podeser autorizada pelo Diretor do Pes-

soai.

O estado de Califórnia permite a

passagem de uma classe superior parauma inferior por iniciativa do candi-

dato. Em Michigan, o rebaixamento

(demotion dos americanos) é possi-vel, quando o empregado não executa

a contento o serviço, mas tem quali-dades para exercer um inferior. Uma

pessoa pode, ainda, ser rebaixada

quando a sua posição cessa de existir

por causa de falta de fundos, ou porcausa da volta ao serviço de um em-

pregado regular que tenha um direitoanterior ao cargo;

No caso de suspensão, a medida é

iniciada pela autoridade que nomeou

o funcionário e pelo Conselho do

Pessoal na hipótese de rebaixamento.

Em Wisconsin, tôdas as penalidadessão iniciadas pela autoridade que no-

meou o funcionário. A lei de Wiscon-sin diz que uma nota seja dada aofuncionário relatando as razões pelas

quais foi dispensado. Em Michigan,

qualquer funcionário deixando deexercer os deveres que lhe são impôs-tos, ou cuja conduta não condiz coma de um empregado do Estado, oucujo coeficiente de trabalho está abai-xo do padrão estabelecido, ficará su-

jeito a demissão. Recebendo notíciade sua demissão, o funcionário podeapelar para a Comissão dentro de 15dias. A lei de Nova York apenas diz

que, pelas razões estabelecidas na co-municação escrita da autoridade quetem competência para demitir. O em-

pregado receberá, por escrito, umacomunicação das razões para a remo-

ção ou dispensa. O funcionário pode-rá pedir um inquérito. Também, emNova York o empregado poderá res-ponder às acusações que lhe são fei-tas. Na Califórnia, o empregado émantido enquanto proceder bem. Alei de Nova York diz que será man-tido até que resigne ou seja remo-vido.

A lei de Nova York não diz nada

quanto à religião, mas a de Wiscon-sin diz que os exames não podem ternenhuma pergunta relativa a este as-sunto, bem como não deve haver ne-nhuma discriminação por tal motivo.

O OBSERVADOR — LXXXVM 15

mesmo se dá na Califórnia. Quan-to a motivos políticos existem, de um

modo geral, as mesmas provisões.

LICENÇAS, FÉRIAS

Em Michigan, para cada mês com-

pleto de trabalho o empregado ganhadia de licença por doença e 1 dia de

férias anuais.

Estas últimas podem ser acumula-

das até um máximo de 24 dias e as

licenças por saúde até um máximo de

100 dias, A lei de Califórnia dá 15

dias de férias e limita, mas não proi-be a acumulação das mesmas.

VETERANOS DE GUERRA

Todos os quatro estados teem nor-

mas dando preferência aos veteranos

das guerras em que os Estados Uni-

dos teem tomado parte. A lei da Ca-

lifórnia inclue os veteranos e as» suas

viuvas. No mesmo estado para os

cargos de polícia e guarda-noturno os

veteranos com mais de 3 meses de

serviço são colocados na frente de to-

dos os outros na lista, caso passem no

exame; nos testes de admissão os ve-

teranos recebem 5 pontos; os vetera-

nos inválidos 10; para promoção os

veteranos de tôda espécie 3 pontos,

que são acrescentados aos pontos con-

seguidos no exame. A lei de Michi-

gan define como veterano de guerra

qualquer pessoa que serviu no Exér-

cito ou na Marinha dos Estados Uni-

dos, ou como enfermeiro na Cruz

Vermelha americana, ou em qualquerexpedição das forças armadas a ter-

ritórios estrangeiro. Em todos estes

casos é necessário que a pessoa tenha

deixado estas funções com dispensa

honrosa. Qualquer candidato nestas

condições ou a viuva dele ao tomar

parte em um exame receberá: 10 pon-tos de crédito aos que obtiver nas

provas, desde que o candidato tenha

alcançado um grau de aprovação. Os

veteranos, ainda, terão preferência se

o total que obtiveram foi igual ao de

um não veterano. No Estado de No-

va York, os veteranos de guerra in-

válidos serão colocados adiante de to-

dos os outros pela ordem dos graus

que tiverem obtido, uma vez que se-

jam aprovados nos exames.

LIGA NACIONAL PARA A RE-

FORMA DO SERVIÇO

PÚBLICO

A Liga Nacional para a Reforma

do Serviço Público e a Liga Munici-

pai dos Estados Unidos, como disse-

mos de início, redigiram, em conjun-

to, um projeto de lei para servir de

modelo aos Estados na adoção de

princípios modernos e científicos na

administração do pessoal. Também,

a tão conhecida Assembléia do Servi-

ço Público dos Estados Unidos e Ca-

nadá colaborou eficientemente na sua

redação.

O senhor Elliot Kaplan, secretá-

rio executivo da mencionada Liga, diz

que êste projeto "inclue os elementos

essenciais de uma completa organiza-

ção de pessoal baseado no mérito".

Afirma êle, ainda, que o mesmo não

pretende ser perfeito, mas se adapta

às necessidades de qualquer Estado,

e mesmo a um condado ou cidade,

com as modificações que as disposi-

ções constitucionais e legais estabele

ceram. Tal projeto tem, ainda, a van-

tagem de incrementar a uniformidade

legislativa,

Muitas leis do Serviço Público em

funcionamento nos Estados podemser alteradas, no sentido de se adapta-

rem aos princípios contidos no pro-

jeto. iVejamos, pois, as principais dispo-

sições que êle contém. O artigo I es-

tabelece os fins principais da lei, afir-

mando que ela visa estabelecer para

o Estado um sistema de administra-

ção de pessoal baseada no princípio

do mérito e em métodos científicos.

O artigo II define diversas expres-

sões usadas na lei. Isto se baseia na

idéia de que é essencial que certos

termos sejam usados consistentemen-

te com o mesmo sentido.

<0 Departamento do Serviço Públi-

co, diz o art. III, será administra-

do por um diretor do Pessoal. A le-

tra "bi do mesmo artigo afirma que

no Departamento haverá uma comis-

são de 3 membros. A idéia da criação

de um corpo de vários membros é

muito comum nos Estados Unidos.

Baseia-se no princípio democrático

que diferentes pontos de vista devem

ser levados em consideração nas deli-

berações finais.. •

Duas interessantes disposições do

projeto queremos aqui salientar: a)

a representação dos dois maiores

partidos políticos na Comissão, com

o fim de evitar que ela seja controla-

da pelos republicanos ou pelos demo-

cratas ; b) os períodos dos membros

da Comissão não terminam ao mesmo

tempo.

Apesar de reconhecer que uma co-

missão, muitas vezes, tende a difun-

dir responsabilidade e a produzir de-

moras, o projeto vê-se em tal organi-

. zação vantagens que compensam a

sua organização.

O art. 4 diz que o diretor será

uma pessoa que tenha experiência em

assuntos de administração de pessoale deverá ser a favor da aplicação de

métodos científicos à administração

pública. Da escolha de um bom dire-

tor do Pessoal depende em grande

parte o êxito ou fracasso do progra-ma.

Tem sido grande a divergência na

América do Norte sobre quem deve

indicar o diretor do Pessoal, Uns

creem que ao chefe do Executivo deve

competir isto. Outros que tôda inter-

venção política na sua escolha é má.

O projeto estabeleceu que a Comis-

são indicará uma banca examinadora

de três membros para realizarem um

exame para o cargo de diretor. Após

o que os nomes dos três primeiros co-

locados serão enviados ao governa-dor, que fará escolha entre êles. O

arbítrio do governador fica, assim,

restrito à escolha de um candidato ha-

bilitado.

O diretor desta forma escolhido

gozará das regalias de funcionário pú-blico e reterá a sua posição, desde quedesempenhe as suas funções com com-

petência.

Os membros da Comissão, por ou-

tro lado, não podem pertencer a hei

nhum comitê de partido político, nem

ser candidatos a qualquer cargo ele-

tivo. Dos três primeiros membros a

serem apontados um será indicado

para um período de 2 anos, outro pa-ra 4, e outro para 6. Daí em diante,

cada membro será indicado para um

período de 6 anos.

Um membro da Comissão pode ser

removido pelo governador por justacausa.

O salário de cada membro deverá

ser de $25 por dia de trabalho, mas

não mais de $1.000 por ano. Have-

rá, pelo menos, uma reunião pormês, a qual é pública.

Os principais deveres do diretor

são: a) Apontar, de acordo com as

prescrições legais, os empregados e

. técnicos do Departamento, necessários

para pôr em prática a Lei do Serviço

Público; b) manter uma relação de

todos os empregados no serviço do

Estado, com as respectivas especifica-

ções; c) atuar como secretário da

Comissão nas reuniões desta; d) de-

senvolver programas de treino e edu-

cação para empregados no serviço

público; e) investigar como a lei quecriou o serviço público vai sendo exe-

cutada.

Os deveres da Comissão podemser assim resumidos: 1) representar

o interêsse público na melhoria da

16 O OBSERVADOR — I.XXXVlll

administração do pessoal; 2) orien-

tar o governador e o diretor em pro-blemas relacionados com a adminis-

tração do pessoal; 3) assistir o dire-

tor no trabalho de despertar o inte-

rêsse de instituições cívicas e de estu-

do, em assuntos relacionados ao pes-soai; 4) fazer investigações em rela-

ção à administração de pessoal e re-

ver qualquer ação do Departamento

que parecer arbitrária, caprichosa ou

ilegal; 5) fazer um relatório anual ao

governador.

As disposições gerais da lei são

completadas por regras que cobrem

outros aspectos e detalhes. O diretor

recomendará à Comissão as regras

que considerar necessárias. Aprova-

das- pela Comissão, as regras assim

adotadas terão força de lei.

Discriminando as posições que não

estão sob a jurisdição da Comissão, o

projeto diz: 1) os cargos eletivos; 2)

os de membros de comissões e chefes

de departamentos apontados pelo go-vernador; 3) um assistente e um se-

cretário particular para cada comissão

ou chefe de departamento indicado

pelo governador; 4) três empregados

no gabinete do governador; 5) juizes,

jurados, notários públicos; 6) um se-

cretário para cada juiz; 7) emprega-

dos e professores das universidades e

outras instituições de ensino do Esta-

do ; 8) pessoas empregadas para fins

profissionais ou científicos para fazer

um inquérito temporário e especial,

ou investigação para o Legislativo,

ou para o governador, ou alguma co-

missão.

Os funcionários que, ao tempo em

que a lei entrar em efeito, tiverem,

pelo menos, 6 meses'de serviço deve-

rão tomar parte, dentro de um ano,

em exames que verificarão se os mes-

mos estão habilitados a realizar satis-

fatoriamente os deveres dos seus car-

gos. Aqueles que provarem, peloexame, que não estão à altura da po-sição que exerciam e os que estive-

tem trabalhando a menos de 6 me-

ses serão demitidos. O diretor pode-rá, todavia, autorizar que o funcioná-

rio que tomou parte em um desses

exames e não logrou manter o seu

cargo seja empregado em uma cate-

goria inferior.

O projeto prevê a organização de

um plano de classificação dos funcio-

nários. Qualquer estudante dos pro-blemas de administração do pessoalreconhece a importância de tal plano,afim de indicar, de maneira clara, osdeveres e as responsabilidades de cadafuncionário.

Uma das mais interessantes dispo-

siçÕes do projeto da Liga Nacional

para reforma do Serviço Público é a

que diz respeito ao plano de paga-

mento. O diretor do Departamento

do Serviço Público, após consultar os

chefes dos Departamentos estaduais e

após uma investigação pública, re-

comendará ao governador um plano

de salários para todos os emprega-

dos do Estado sob a jurisdição da

Comissão. Tal plano compreenderá,

para cada classe, um salário mínimo,

um salário máximo e os salários in-

termediários que forem julgados ne-

cessários. Vários elementos devem

ser levados em consideração, como

11111 estudo dos salários predominamtes para serviços idênticos, tanto em

empregos privados, como em públi-cos; o custo de vida, manutenção e

muitos outros fatores, entre êles, na-

turalmente] a situação financeira do

Estado.

Uma lista de reemprêgo é estabe-

lecida com o fim de permitir a volta

de funcionários cujo serviço tenha

sido satisfatório.

Com o fim de evitar demoras quàn-do um Departamento tem uma vaga

e carece de funcionários, o projetoestabelece que a Comissão deverá ter

preparadas listas com os nomes dos

candidatos habilitados em concurso.

A organização de exames para fins

de promoção e admissão será condu-

zida pelo diretor da Comissão de tem-

pos em tempos. Tais exames podemser escritos, orais, físicos, ou ter ou-tra forma que demonstre o conheci-

mento do candidato. O exame deverálevar em conta fatores como: educa-

ção, experiência, aptidão, capacidade,

conhecimento, caráter, capacidade fí-sica e outras qualidades que, no jul-gamento do diretor, deverão ser exi-

gidas. Para os exames de promoção,o diretor estabelecerá qúe o funcio-nário deve ter estado no cargo porum determinado período.

O diretor, também, estabelecerá as

qualificações para inscrição em con-curso, como^terá poderes para rejei-tar a inscrição de qualquer pessoaque êle vier a saber que não tem boasaúde, ou que tem algum defeito fí-sico ou não possue qualidades moraisnecessárias para funções públicas.

Cada concurso deve ser anunciado,

pelo menos, com duas semanas de an-tecedência. Qualquer pessoa apontada

para uma posição passará por um pe-ríodo probatório de trabalho. Tal pe-ríodo terá a duração que o diretordeterminar e não poderá ser menor

que seis meses.

Sabemos que um exame, por mais

científico e bem organizado que seja,

não é completo. E' necessário adotar

o que os americanos chamam working

tcst — prova de trabalho — durante

a qual o funcionário é observado.

Diferindo da maior parte das leis

de serviço público, o projeto não con-

cede estabilidade automática, imedia-

tamente depois do período no qual o

funcionário esteve sob observação.

Isto tem por fim evitar qualquer al-

teração na condição de um funcioná-

rio. O projeto exige que, 10 dias an-

tes do termino da prova de trabalho,

a autoridade que apontou o funcioná-

rio notifique o diretor se os serviços

do mesmo foram satisfatórios.

Os empregos provisórios são excep-

cionais. Nenhuma pessoa poderáocupar um cargo provisório por mais

de 4 meses. Os apontamentos poremergência tem por fim atender casos

como enchentes, nevadas, etc., em

que é necessário o emprêgo imedia-

to de um grande número de pessoas.Tal indicação não poderá exceder de

10 dias.

A transferência de uma posição

para outra é, também, estabelecida no

projeto. A transferência tem a fina-

lidade principal de permitir a adapta-

ção do funcionário ao serviço, dando-lhe satisfação no emprêgo e maior

utilização das suas capacidades.

A grande arma que a Comissão

possue para fazer observar as suas de-cisões está contida na disposição quediz que nenhum salário será pagoantes de que a folha de pagamentoseja aprovada pelo diretor da Comis-são do Serviço Público.

O funcionário pode ser suspenso

por razões disciplinares, por ura pe-ríodo que não pode exceder de 60 diasem cada ano. Para que seja suspenso

por um período maior, é necessárionão só que um inquérito seja aberto,mas que haja o consentimento do di-retor do Departamento do ServiçoPúblico. A autoridade que nomeou ofuncionário tem autoridade para de-mití-lo, quando achar que o bem doserviço assim o requer. O empregadodemitido tem o direito de apelar paraa Comissão.

Unia interessante provisão é a quediz respeito a possibilidade de acordocntie o Departamento e os governosmunicipais para cooperar com estesna administração de seus funcioná-rfs. Tal problema é de grande im-poitância nos Estados Unidos, devidoa complexidade das unidades admi-nistrativas.

nave-

coloniais desaparecidos. Couto de clgita^oes

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Poto do "Conselho Nacional de Geografia"

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nIl'.

O OBSERVADOR — LXXXVIII

Norte-Sul Via Tocantins

ti M seu famoso relatório confi-

Fv dencial ao presidente Rodri-

gues Alves, mostrou Calógeras, em

detalhes impressionantes, como o

atual sistema ferroviário foi cons-

truido sôbre as velhas trilhas dos

pioneiros e sertanistas que, por sua

vez, haviam respeitado os cami-

nhos dos selvagens. Algumas des-

sas rotas antigas, esqueceu-se de

observar o arguto engenheiro, en-

velheceram e cairam em desuso,

seja pela construção de ligação mais

viável, seja pelo desaparecimento

da riqueza que as determinara. O

caminho do padre José, cortando

as grimpas da serra do Mar, bem

pode ser responsabilizado pelo fim

melancólico de Santo André da

Borda do Campo. O caminho dos

campos de Bom Jesus de Vacaria,

através dos sertões de Palmas, de-

ve ser associado aos dias mais ilus-

tres de Sorocaba, quando às minas

famosas do Cuiabá estavam ainda

em esplendor e a sua decadência

está profundamente associada ao

termo das grandezas minerais do

Oeste. Antonil, em seu "Cultura

e

Opulência do Brasil por suas Dro-

gas e Minas", dá-nos uma série de

caminhos de gado hoje desapareci-

dos. Que resta hoje da ligação Be-

lém-Cuiabá, pelo Guaporé e o Ma-

deira, a não serem as ruinas da an-

tiga Vila Bela e o forte Príncipe da

Beira? A mesma pergunta se po-deria fazer sôbre o caminho terres-

tre de Cuiabá, antes dos trilhos da

Noroeste.

O Tocantins é desses caminhos

coloniais desaparecidos. Couto de

Magalhães, em meiados do século

passado encontrou ainda a tradição

da passagem de jesuítas que iam

de Assunção a Belém pelas águas

tocantinas. O governador Berredo

mandou descobri-lo da, banda do

Pará. E o primeiro governador de

Goiaz que, por ordem expressa do

conselho ultramarino, o fez nave-

gar recebeu prontamente o título

de Marquês de Palma. Em seu

tempo, o governador Soveral de

Carvalho incumbiu o sertanista An-

tônio Tavares Lisboa de estudá-lo

das proximidades 4o rio do Sono

até Cametá. Os resultados foram

os mais auspiciosos: uma viagem

de cento e quarenta léguas em qua-renta e um dias. Aí pelas alturas

de 1-806, o povoamento do Tocan-

tins • entra nas cogitações práticas

Foto do "Conselho Nacional de Geografia"

TRAPICHE DE CAMETÁ

A linha norte sul, via Tocantins, teria em Cametá um ponto forçado de termo. Do mesmo modo que Santarém, chave daTapajonia, a velha cidade colonial tem deante si um grande destino. O seu porto permite a atracação de gaiolas de bom cala®).Mas a creação de um porto moderno é por enquanto, ali, apenas uma esperança.

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Foto do "Conselho Nacional de Geograi'ia"

Carolina sob o influxo da civilisação maranhense, com base agrícola e pecuária, representa algo de muito diferente de Ma-rabá por exemplo, onde a economia estrativa não permitia a fixação definitiva do homem à terra. Mas o seu porto apresentaa mesma precariedade dos outros da região.

cios governos e passam a ser com-

pensados com isenção cie dízimos

durante o prazo de dez anos todos

aqueles que estabelecem casa e

plantações nas suas proximidades."São

estes os canais por onde há

de vir a felicidade dos goianos".,escreve o governador de Goiaz, Jo-sé Rodrigues Jardim, referindo-se

ao Araguaia e ao Tocantins. Isso

em 1833. De 1847 e 1859 temos dois

papéis igualmente preciosos, — o

memorial de Baena sobre as co-

municações mercantis entre Belém

e Goiaz e o "Itinerário

da Cidade

de Palma a Belém, pelo Tocantins",

de Vicente Ferreira Gomes. Mais

minucioso do que o militar, mostra-

nos Gomes as causas da decadência

do caminho terrestre. "Uma canoa

pequena carrega setecentas arro-bas, que é a carga de cem bes-

tas..."

Com Couto de Magalhães, a 11a-

vegação no Tocantins assume no-

vas características. "Para aí o

goiano deve dirigir as suas vistas

¦¦¦. . ' ¦ í- 'V' fcomo os israelitas se dirigiam paraas colimas de fumo que os guiavamà Terra de Promissão." E como

que encantado pelo éco das pró-

prias palavras, põe-se o sertanistailustre a sonhar sobre a ligação

com o Pará. "A arroba chega mui-

to mais barata vinda do Pará quedo Rio de Janeiro". Toda questãoestava em usar navios a vapor* enão os barcos a remos ou os

"va-

reiros" antigos. A idéia da jorna-da dos jesuítas, que tão fundamen ¦

te o impressionara noutros dias,serve-lhe. agora, como indicação eestímulo. £ desmontando um Ba-vio nas margens do Cuiabá carre-

ga-o em lombos de burros e emcarros de bois, através de cem lé-

guas de sertão bruto pira as águasdo Araguaia. Cortando as cachoei-ras, comegue o pioneiro trazer cieCameta um pequeno navio e umalancha para a região central. A na-vegação do Araguaia, porém, nãoera o bastante. Era preciso estu-dar o Tocantins para que se pudes-

se realizar jornada em região eco-

nomicamente mais regular. Presi-

dente cio Pará, incumbi Couto de

Magalhães o capitão tenente Pa-

raibuna Reis de um estudo detido

sobre os problemas tocantinos. EParaibuna opta pela viabilidade cia

comunicação. Só "era

preciso ex-

trair; as cristas de algum pedre-gais", de modo que na maré baixa

houvesse um mínimo de oito pai-mos e colocar balisas nos pontos

perigosos. Com as pedras obtidas

poder-se-ía calçar, pela banda dorio, a vila de Cametá.

ás conclusões do engenheiro La-

go, em 1871, diferem sensivelmen-

te das de Paraibuna, endossadas

por Couto de Magalhães. Para os

membros da Comissão Lago uni

reajustamento 110 jeito do rio seria

trabalho exaustivo e perigoso eninguém poderia prever o resulta-

do exato da ação da dinamite sô-bre as pedras. Mas a necessidadedo caminho é, por éle também, re-conhecida e éle difere dos seus an

CAROLINA

O (IHSKKVADOK — /..V.V.V/'/// 19

leriores apenas na questão ela for-

ma e Hms meios. "Muitos

criadores

da j)rovíncia do Maranhão estão

mandando o sen gado |)ara o Pará

por acharem mais facilidade e me-

lhor mercado". Como se vê há um

caminho de gado palmilhado pelasboiadas do sul maranhense e pelasdo norte goiano. E não poderia ser,

certamente, aquele de que nos fala-

ra Vicente Ferreira Gomes em

1859, que mal permitia "à

passa-

gerii de um homem carregando

uma saca de sal". Devia ser caíra

nho largo, do contrário não pode-ria oferecer as facilidades mencio-

nadas por Lago. De qualquer modo,

a Comissão Lago o adapta a novas

condições, alargando-o para 3 me-

tros e meio aproximadamente "em

terrenos sempre altos e declíveis

favoráveis ao trânsito". Em São

Vicente, constrói a Comissão uma

balsa para a passagem de trinta re-

zes de cada vez. E diz-nos um do-

cumento do tempo que nada me-

nos de mil foram as que passaram

de um lado para outro só nos meses

de março a novembro de 1874. Pa-

ra o engenheiro Lago a solução no

tráfego do Tocantins deveria ser

mista. A navegação e uma estra-

da de ferro abrangendo o trecho

das cachoeiras.

A navegação a vapor, a indus-

trialização 'da

carne, devem ter in-

fluido na decadência do caminho de

gado tão próspero no tempo de

Lago e tão minguado no fim do

século. O .caminho, entretanto, se-

ja pela sua importância estratégi-

ca como pela comercial, não saira

de foco. Proclamada a República,

foi nomeada uma comissão de en-

genheiros para sistematização de

um plano ferroviário geral pala o

país. O Tocantins, como eixo

geográfico, foi largamente contem-

piado nesses estudos e um dos

membros da comissão, o marechal

Jerônitno de Morais Jardim pro-

pôs-se mesmo a construir a ferro-

via preconizada pelo projeto Lago,

desde que lhe fossem concedidas

certas vantagens de garantia de

juros, concessão de terrenos mar-

einais, navegação subvencionada-*em certos trechos. Acertado o

ajuste, Morais Jardim pôs mãos à

obra, derrubando a floresta, numa

aventura das mais épicas que te-

mos assistido. IO meio mais prá-

tico, argumentava êle, mais eco-

nômico e talvez único, compatível

com os recursos do país para ligar

a futura capital federal que se

projeta estabelecer no planalto

central com os estados do extremo

norte, Pará, Amazonas, Maranhao

e Piauí e, pela linha central, com

Mato Grosso, é o Tocantins". E

olhando mais o lado político e es-

tratégico que o propriamente eco-

nômico, perdeu-se o marechal num

sonho inatingível para os parcos

recursos que amealhara. Ao adean-

tarem-se os trabalhos, verificou

Morais Jardim que construíra suas

conclusões sôbre premissas falsas.

As cachoeiras que êle procuraravencer não eram as únicas...

Foto do §

PORTO DO SEVERINO

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Foto do "Conselho Nacional de Geografia

Do mesmo modo que o porto da cidade, o Porto d d Severino está sempre movimentado. A íotogralia mostra algumas das

embarcações típicas da região.

20O OBSERVADOR — LXXXVIU

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Foto do "Conselho Nacional de Geografia"

A VELHA MATRIZ DE CAMETÁ

Em pleno século XIX ainda se poderia ouvir falar dos "indios canoeiros" do Tocantins, famosos pelos mestiços de lobo que

possuiam. Os "Camutás", possivelmente da mesma raça, eram igualmente grandes canoeiros e foram pacificados pelos jesuítas.

Essa velha matriz, que aí vemos é um marco de acentuada importância na conquista das terras amazônicas.

Inacabada por ocasião do "crack"

da borracha em 1913/ a estrada de

ferro sonhada pelo marechal Mo-

fiais Jardim teve um destino som-

brio. Lá ficou, em plena floresta,

com as locomotivas enferrujando-

se na chuva e os dormentes apo-

drecendo. Recentemente, soube-se

que a Delegacia Fiscal de Belém

recebera um crédito de dois mi-

lhões de cruzeiros destinados a

ela. Mas valeria mesmo termina-

la ? Um técnico do Ministério da

Viação, que esteve durante meses

no Tocantins e estudou o problemacom uma acuidade e uma inteli-o-ência incomuns em nosso meio, o

sr. Américo Barbosa de Oliveira,

pensa que não. E argumenta '

os

seus motivos de modo bastante cia-

ro. Em primeiro lugar, porquenão há grandes massas a transpor-

tar. A jazida de piquei de São

José do Tocantins, — a segunda do

mundo, diga-se de passagem, — de-

ve ser antes ligada á estrada de

ferro de Anápolis e, assim, jogada

para a economia do sul e nunca

tornada dependente do vale ama-

zônico. O niquel é hoje necessário

pára certas ligas de aço especial e,

mesmo do ponto de vista técnico,

parece mais razoável a associação

de São José com Volta Redonda

do que com o porto de Belém. Em

segundo lugar, porque hoje o pro-blema da navegação das cachoeiras

está praticamente resolvido, o quenão acontecia nos tempos do pro-

jeto Lago ou da construção Morais

Jardim. Conseguiu-se encontrar

para o rio um barco-tipo, resulta-

do de muitas experiências amargas

e de muitas mortes e, através dele,

se pôde verificar que há uma rela-

ção quase que absoluta entre os

desastres nas cachoeiras e a potên-cia dos motores. Desde que haja

2 H. P. por tonelada de registro e

prático habilitado, uma cachoeira

se torna zona de navegação tão

fácil e garantida como as águas

mansas de um lago.

UM PLANO DE EMERGÊNCIA

Teoricamente certo, e política e

estrategicamente imprescindível, o

plano Lago-Morais Jardim deve

ser deixado de parte na presenteconjuntura e substituido por um

outro, de emergência. E em queconsiste esse segundo plano? Pri-

meiro em intensificar a navegação,

aproveitando tôda soma de expe-

riências acumulada; segundo, em

romper, outra vez, o velho cami-

nho de gado dos fins do século

XVIII. "O

Tocantins, — diz-nos o

engenheiro Barbosa de Oliveira, —

é, no Brasil, a região onde a popl-lação civilizada tem vivido mais

segregada do convívio da nacionali-

dade." "Em

medicina está-se ain-

da no período empírico do indíge-

na. Nunca se experimentou, ali, o

poder das vacinas; epidemias de

tôda ordem dizimam largamente as

populações." Dois tipos do século

XVII, o tropeiro e o mascate, cons-

tituem os elementos únicos de pro-

gresso... A economia é o que há

de mais rudimentar. Sistema de

trocas. Nos castanhais, como ou-

trora nos seringais amazônicos,

predomina o método feudal do ar-

rendamento por safra e, daí, a ine-

xistência quase de benfeitorias sô-

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O OBSERVADOR — LXXXVIIl 21

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AS MINAS DE NÍQUEL

Só muito recentemente se teve conhecimento da jazida de níquel de São José do Tocantins. Estudada, verificou-se ser, pela

composição do minério e pelas reservas do mesmo talvez a segunda do mundo. O governo cogita ligá-la ao sul do país atravéz

de Anápolis, por ferrovia.

bre a terra. O boi é, pode-se dizer,

a única riqueza real. Mas em vez

de termos fazendas onde predomi-ne pelo menos uma vaga idéia de

conforto, o que temos é aquela"civilização

do couro" de que fa-

lou um historiador e transplanta-

da do âmago do nordeste pelo ser-

tanejo emigrado.

Nunca, como agora, tivemos

oportunidade de construir o plasmada futura ligação sul norte. A

diminuição do comércio pelas cos-

tas atlânticas e impossibilidade em

que nos encontramos de levar a

Belém e Manaus a quantidade de

carne de que carecem os soldados

da batalha da borracha, abrem-

nos ante os olhos uma única pers-

pectiva viável: o Tocantins. E' um

caminho de quatro a cinco mil qul-lômetros argumentarão os céticos.

De acordo. Mas de quatro a cinco

Foto do "Conselho Nacional de Geografia"

mil quilômetros tinha a velha tri-

lha que ligava o Piauí a Ouro Pre-

to, nos tempos áureos das minas

gerais. E talvez mais do que isso,

a rota que vinha dos campos fron-

teiriços do Uruguai à Feira de So-

rocaba, ou à região de Vacaria no

Vale do Paraná, nas épocas de

grandeza do ouro cuiabano. Vol-

vemos a uma situação histórica em

tudo semelhante às . do século

XVIII, a que nos referimos. A so-

lução deve ser uma baseada na ex-

periência histórica. Já tivemos um

caminho terrestre pelo Tocantins

em que o gado era levado a Be-

lém. Porque não o reabrimos agó-

ra? Do mesmo modo que a nave-

gação a vapor matou o velho cami-

¦riflo, a existência de uma situação

como a atual, em que a navegação

a vapor é deixada em termos tão

precários, pode ressuscitá-lo. Espí-

rito de aventura e sacrifício, não é

o que nos falta. Temos aí o exem-

pio do general Rondou e dos seus

soldados do noroeste, abrindo a li-

gação Cuiabá-Madeira através de

1.500 quilômetros de sertão bravio.

A experiência dos seus trabalhos

na parte que se refere â abertura

de pastagens no meio da floresta

pode e deve ser aproveitada.

Temos, por outro lado, os estu-

dos já realizados sôbre a região to-

cantina pelo Correio Aéreo Militar,

pelo. Ministério da Viação e os pró-

prios trabalhos sanitários da Mis-

são Rockfeler. Êsse conjunto in-

for inativo, pode dar-nos um mate-

rial verdadeiramente precioso à

solução do problema. O lado co-

mercial do caminho Palma-Cametá

está aos olhos de todos ; mas para

melhor esclarecer o problema va-

mos alinhar algumas cifras recen-

¦^mwrn

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lljlllilil.v ' ' " *• >Sz>;'MX:~~'/'

Foto do "Conselho Nacional de Geografia"

CASTANHEIROS

Toda economia da alta zona tocantina gira em torno da castanha. A vila de Marabá, grande empório castan heiro, foi edi-

ficada em função dos interesses dos comerciantes. Daí o terem-na plantado numa junção de rios, em terras alagadiças, mas de

onde os comerciantes podem fiscalizar a passagem no rio. Os castanheiros, constituem, como se vê, um tipo social "sui

genens .

tes sôbre a pecuária amazônica.

Segundo o "Diário

Oficial" do es-

tado do Amazonas, em 19 de outu-

bro de 1940, era, ali, a seguinte a

posição dos rebanhos : 325 mil bo-

vinos; 18.700 eqüinos; 6.300 asi-

nos e muares; 12.400 caprinos;

19.400 ovinos. O gado estava con-

centrado no rio Branco numa pro-

porção de 47,70%. Segundo dados

divulgados pela Estatística Esta-

dual do Pará, a situação dos reba-

nhos desse era na mesma época a

seguinte: 750 mil bovinos; 82 mil

eqüinos; 8.500 asininos e muares;

260 mil suinos; 23 mil caprinos; 32

mil lanígeros. O grande ponto de

concentração era a Ilha do Marajó

e regiões adjacentes onde se acha-

vam agrupados 59,16% do total.

Ora, em tempos normais grande

parte da carne consumida no vale

amazônico vem de fora, sob a for-

ma de charque principalmente. Ago-

ra, precisamente, quando se tem

uma população flutuante mínima

de 50 mil almas e quando aumenta

a capacidade aquisitiva dos habitan-

tes, pela entrada de ouro resultan-

te dos acordos de Washington, a

carência de carne torna-se premeu-p.te. Se, noutras épocas, não haja

uma relação perfeita entre os re-

banhos e os índices populativos,com o afluxo humano c aumento

das necessidades, devido ao aban-

dono parcial das lavouras pela cor-

rida para os seringais, esse dcsiii-

vel assume proporções verdadeira-

mente trágicas.

LIGAÇÃO NORTE-SUL PELO '

TOCANTINS

Esperar que a situação marítima

melhore não parece atitude aceita-vel para essa emergência. O To-

cantins aí está com os vestígios do

velho caminho. Antonil contá-nos

ao descrever as boiadas antigas:"Os

que as trazem são brancos,

pretos e mulatos e também índios

que com este trabalho procuramter algum lucro. Guiam-se indo

uns adiante, cantando, para serem

desta sorte seguidos do gado, e ou-

tros veem atras das rezes tangeu-

do-as, e tendo cuidado que não

saiam do caminho e se amontem. As

jornadas são de quatro, cinco e

seis léguas conforme a comodidi-

de dos pastos, aonde hão de parar.Porém, aonde há falta dágua, se-

guem o caminho de quinze e vinte

léguas, marchando de dia e de noi-

te com • pouco descanso, até que

achem paragem aonde possam pa-rar." Conhecida a veracidade abso-luta do jesuíta italiano, pode se ver

que não seria tão difícil o transpor-

te de boiadas do norte de Goiaz, dooeste da Baía e do sul do Mara-

nhão para Gani et á. A construção

de pastagens, vinte ou trinta quetossem, apoiadas nas margens de

um rio navegadíssimo durante o

ano inteiro como é o Tocantins,

não é problemática é a questão dassementes de capim de qualidade

poderia ser solucionada com o au-xílio do Correio Aéreo Militar ou

que isso nao fosse ifflb ou Sao Francisco de Borja. tro mil quilometros. Alas sena mi

ai esta a experiencia das Uma das razoes que levaram o |onto |le partida.

ÜfOTÜlfSi«í?'''Xi'*,x<v/' íf %jm |gj |j

liilp

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velhas charqueadas coloniais e a

chamada carne de sol, que já foi

indústria próspera no Ceará, em

meiados do outro século. Não seria

difícil obter em muitas zonas rir»

país técnicos para essa indústria

rudimentar. E, admitindo-se que

ela não se ajuste ao progresso do

trabalho da carne,, impossível ne-

gar as suas vantagens numa con-

dição de emergência como que

atravessam os habitantes do vale

amazônico. As indústrias simglarej

de lingüiças e presuntos poderiam

ser igualmente levadas a um adio

nível de produção. Algumas cida-

des velhas de São Paulo, — Bra-

gança e Atibaia por exemplo, são

ainda hoje famosas por tipos de

lingüiças que fabricam há pelo me-

nos uma centena de anos. Nas ré-

saões do São Francisco, não seriaodifícil encontrar entendidos nessas

indústrias. Isso quando não se pre-

ferisse ir, diretamente, ás velhas

regiões ganchas como Vacaria. Via-

mão ou São Francisco de Borja.

Uma das razões que levaram o

O ClSS®RvAi)Sr — i.xxxrm

do Ministério da Aeronáutica. A

criação de um campo de pouso, em

ótimas condições, na região lubl

amazônica próxima ao Tocantins,

há muito que se tornem um proble-ma vital para a segurança da na-

vegação aérea sul-norte. F' ver d a-

de que o advento dos grandes mo-

tores relegou a plano secundário a

questão dos campos intermedia-

rios. A segurança, porém, princi-

palmente do ponto de vista militar,

já está a exigir um. programa de

realizações mais largas nesse sen-

tido.

Ideal seria se se pudesse incluir

enlre as prioridades admitidas pellos Acordos ianque-brasileiros a

vinda de um frigorífico de regular

capacidade palia ser instalado nas

proximidades de Cametá. Assim

teríamos, no ponto extremo do ca-

minho. uma condição de beneficia-

mento e industrialização que pode-ria permitir a elevação do preço do

gado em pé em favor do sertanejo

das regiões desoladas cio centro do

pais. Mas ainda que isso não tosse

possível, aí está a experiência dal

engenheiro Lago a optar pela so-

lução mista no tráfego do Tocan-

tins foi precisamente o problema

das baldeacões. Longe de lhe pare-

cerem um mal, pareceram-lhe um

bem. Em cada mudança de meio de

condução brotaria uma aldeia, uma

vila, uma cidade. Os caminhos de

íjado tem sobre os fluviais essaOenorme vantagem povoadora. As

pastagens, os pousos, são elemen-

tos fixadores de homens e creado-

res de vida em pleno deserto. Que

se pode esperar de navegação como

a que sugere o engenheiro Américo

Barbosa de Oliveira, com barcos

pequenos e velozes que mal deixam

rastro sob si? Do ponto de vista de

conquista e povoamento da terra

quase nada. E os barcos sem ca-

lado e de velocidade grande são os

únicos viáveis, por enquanto, nas

águas tocantinas. . . Com o gado e

o caminho terrestre, teríamos umas

vinte ou trinta vilas estáveis. E'

bem pouco para uma linha de qua-

tro mil quilômetros. Mas seria um

ponto de partida.

Foto do "Conselho Nacional de Geograíia'

RUA DE CAMETÁ

A influencia religiosa é ainda hoje muito nítida na região tocanlna. Essa rua, uma das principais, pela proximidade do

porto, intitula-se São João Batista como a chamaram os seus fundadores. .. E' uma lembrança dos tempos da catequese e c os

missionários jesuítas.

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Foto da Panair do BrasilA T * K r* /~\ T-\ nri "l *T /-i -w • W /-. ^ . n . - .

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A IMPORTÂNCIA DO CACAUFoto da Panair do Brasil

No sul do Estado da Baia o cacau não tem apenas o seu proprio valor econômico. Nativo do Amazonas, onde hoje vive emestado selvagem, o cacaueiro emigrou para a Baía encontrando no sul do Estado o seu legítimo "habitat". Uma curiosa experiênciaesta sendo feita nos cacauais baianos: o plantio da seringueira para sombreamento do cacau. Em 1943 estas seringueiras darão

;a, algumas mu toneladas de borracha. '

O OBSERVADOR — 'UM

Situação da Lavoura Cacaueira

L^ INI artigo de nossa au--*—J toria, publicado lies-

ta revista cm outubro dc

1940, respeito à crise que

já então afligia à lavoura

cacaueira, dizíamos o se-

g u i n t e : "Atualmente,

quase todos os lavradores de cacau es-

tão em dificuldades financeiras. Cal-

culamos que os seus débitos ascendema Cji 150.000.000,00. A situação

agora está mais agravada com a guer-ra eugopéia e conseqüente baixa de

preços do produto e, também, origina-

da por outros fatores que passamos acitar;

1.° — Os impostos e encargos se-melhantes, dia a dia aumentados e queabsorvem 25% do valor bruto da pro-dução.

2.° — Os juros que geralmente pa-gani em operações de emergência e -

X

que nunca são inferiores a 12% ao

ano. Essas operações, tomando por

base o padrão do Banco do Brasil,

são feitas a prazo máximo de 120

dias de data e que, levando-se em con-

ta o sêlo adesivo que está sendo cons-

tantemente renovado e mais a capita-

lizaçao daquela taxa, processada três

vezes ao ano, elevam demasiadamente

tais encargos.

3.° — O custo da vida é muito ele-

vado na zona cacaueira. Todos os

gêneros de primeira necessidade são

importados doutros Estados.

4.° — Muitos lavrado-

res levados a uma situa-

cão de desespêro econômi-

co, venderam suas pro-

priedades a vizinhos ou

conhecidos que se encon-

travam em melhor condi-

ção financeira, transferindo a esses

as dividas e, em conseqüência, como

aconteceu sempre, desequilibraram a

economia dos compradores que tive-

ram os seus cálculos fracassados.

5.° — O desequilíbrio da produção,

jamais um lavrador teve duas safras

seguidas iguais em volume. Foi mais

ou menos de conformidade com as

variações climatéricas. Adicione-se a

isso o desequilíbrio de preço. O pro-Rito tem subido a Cr$ 52,00 a arro-

ba e descido a Cr$ 10,00, muita vez

no ano subsequente àquela alta. \

O OBSERVADOR — LXXXVIII 25

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Foto da Panair do Brasil

OPERAÇÃO DE BENEFICIAMENTO

Colhida a fruta, é cortada e, tiradas as sementes, são estas levadas para a secagem em amplos terreiros como vemos na foto-

grafia acima. O cacau exerce papel importante como fundador de cidades. Itabuna, Água Preta, Siqueiro de Espinho, Pirangí, são

algumas das muitas localidades nascidas à sombra do cacau. A sua cultura, os hábitos formados, teem inspirado poetas e romancistas.

6.° — O braço é relativamente caro

na região cacaueira, considerando-se

a capacidade produtiva do trabalha-

dor, às voltas com a ignorância e as

endemias.

7.° — A venda do produto em

flor. Fazem-na mediante adianta-

mentos de numerário a juro de 12%

ao ano e a preços abaixo da cotação

vigorante."

Êsse quadro focalizado há mais de

dois anos, apresenta-se hoje com algu-

mas modificações para melhor e pers-

pectivas que poderão anulá-lo quase

completamente, para grandeza do Es-

tado da Baía e satisfação dos que

mourejam, há um século, nessa indús-

tria agrícola e que merecem o am-

paro e as atenções dos poderes públi-

cos.

As modificações a que nos referi-

mos, prendem-se ao preço que atual-

mente vigora e que é bem compensa-

dor; a atuação da Carteira Agrícola

e Industrial do Banco do Brasil e das

cooperativas organizadas para a ex-

portação do produto.

A CARTEIRA AGRÍCOLA E

INDUSTRIAL DO BANCO

DO BRASIL

Éramos antes uns descrentes dos

benefícios que poderiam advir, para a

lavoura cacaueira, das operações da

Carteira Agrícola e Industrial do

Banco do Brasil, através do penhorrural. Estáv amos acompanhando

aqui, na região, o desenvolvimento

desses negócios e chegamos à conclu-

são de que apenas uma certa parte de

cacauicultores estavam-se beneficiando

dos mesmos e que êsses produtores,

em sua grande maioria, eram homens

habituados às transações bancárias,

sendo que o grosso dos lavradores

permanecia no interior, indiferente

ao penhor, por julgá-lo de execução

complicada, embora passando por se-

ríssimas dificuldades financeiras. Con-

cluimos que a Carteira tinha de se

deslocar para o interior e ir procuraros clientes em seus domicílios. Isto

é. proceder o Banco a uma verdadei-

ra catequese, sem o que nada conse-

euiria. Felizmente essa mesma obser-ovação fizeram os encarregados da

agência do Banco, em Ilhéus, srs.

Francisco Oto Carvalho de Toledo e

Alfredo de Almeida Fonseca, gerentee contador, respectivamente, ambos

inexcedíveis no cumprimento da mis-

são aos mesmos confiada pela admi-

nistração do referido Banco e pro-fundos conhecedores do meio onde la-

butam, por isso que, estamos certos,

os seus superiores lhes acatam os

atos e as sugestões, sempre orienta-

dos pela competência, boa vontade e

pelo conhecimento cie causa.

Assim é que já no ano passado rea-

lizaram inúmeros penhores, embora

ainda muito aquém das possibilidadesda região, mas bem consideráveis em

relação aos processados no ano ante-

rior. E neste ano o movimento da

Carteira será triplicado, de vez queintensificaram o trabalho de cateque-

se, pelo interior.

Outra mentalidade, parece, está

presidindo aos destinos da Agência

do Banco, em Itabuna, cidade vizinha

a Ilhéus. Com um centro muito maior

e mais importante, os negócios das

carteiras agrícola e comercial, ali.

Foto da Panair do Brasil

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O OKSliUVADOR — /-.V.V.VC///

tendem a cair! di|jci|pndo-se as Ipc-

rlçies na previdência fundada cm su-

postos fatores que possam contHuir

para a degradação do crédito, na re-

glão.O penhor agrícola do Banco do

Brasil, em tempos normais, protege o

lavrador contra as vendas do cacau

em flor, no periodo da entre-safra, ne-

gócios esses que teem constituído uma

verdadeira calamidade para o cacaui-

cultor, representando, muita vez, um

ônus que absorve cerca de 1/3 da re-

deita do mesmo, diferença essa repre-

sentada pela redução do preço do pro-duto, juros elevados, descontrole íi-

nanceiro que acarreta, etc.

Nesta emergência o penhor propor-ciona ao lavrador os recursos necessá-

rios afim de que possa dispor da pro-dução com a necessária oportunidade,,

considerando-se que o transtorno do

transporte não possibilita o escoamen-

to da produção com a regularidade do

tempo de paz, evitando-se estejam

sempre a acontecer os fatos que se

desenrolaram rio curso da safra uljj-mada, quando a Irregularidade dotransporte veio por cm cheque a la-

loura que não eslava preparada paraenfrentar essa calamidade oriunda da

guerra, dando lugar à grita que se fez

sentir por todo o país e pelo exterior,

tendo por origem a falta de amparo

financeiro à mesma, desde muitos

anos habituada a buscar recursos uni-

camente nas vendas do produto ao

exportador, o qual, tendo paralizadoas compras, pôs em pânico tòda a co-letividade agrícola que ficou sem ou-tros meios a recorrer.

E da maneira por que está sendo

pi;aticack| o penhor, na zona cacauei-ra, e com as garantias de que se re-veste, não há possibilidade de pré j Si -

zo para o Banco do Brasil.Dos produtos perecíveis, o cacau

é o de maior resistência. E' erro pen-sar-se que o cacau, nesse particular,é semelhante ao feijão ou ao milho.Estes podem durar muito tempo.guando encilados ou expurgados.Talvez durem seis meses em boascondições. O cacau, entretanto, podeconservar-se em boas condições pelomesmo período, simplesmente armaze-nado em depósito de bôa construção,soallgfido e com boa cobertura. Ain-

da após esse período, o produto nà<>

estará perdido. Quando muito pode-rá ter descido cie classificação, pas-sando de qualidade Superior para(íood-jair ou Regular, com diferençasde preços que variam entre $0,50 c

$3,00 por arroba, ou mesmo jjefugò,com a diferença de $10,00. Todavia,ainda representará valor Superior aocompromisso assumido pelo lavrador,no caso do penhor e também peloexportador, no caso do ivarraiits, quenão sabemos por que o Banco do Bra-sil não quer praticar deixando ante-ver-se que falta ao Banco um estudocompleto e perfeito sôbre a situaçãodo cacau, pois, não se deve perder devista as razões acima e mais a de quea produção cacaueira da Baía é deapenas 2.000.000 de sacos, exporta-veis num período de 12 meses, sendo

que 1/4 dêsse volume tem colocaçãocerta no pais e nas repúblicas sul-americanas.

Tivesse o Banco do Brasil, no ano

passado, atendido aos reclamos da la-voura, aceitando o •zvcuTauts, teria lei-to excelente operação, de vez que asaíra supramencionada está sendo to-

DO CAMPO PARA O PÔRTO

Grandes tropas de burros conduzem o cacau do campo para os grandes trapiches da cidade, onde sofre novas operações debeneficiamento. O Estado da Baía embarca o seu cacau pelos portos de Salvador e Ilhéus.

Foto da Panair do Brasil

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o ojServJlxjk imxxi'/// 27

talmente escoada, tlclo indicando

c|ue antes de julho próximo estará

tòda exportada, pois que já está qua-se toda vendida.

Eli Ilhéus e em labuna o Banco

do Brasil opera há mais de 4 lustros,

sem verificar prejuizo de um real,

especialmente com lavradores. Isso

deve representar, para o Banco, uma

condição importante a ser considera-

da. Fases mais difíceis já foram

atravessadas pela região, com inúme-

ris desvalorizações do cacau e queda

da produção, sem que houvesse dano

a registrar-se com respeito aos interês-

sei fio dito Banco. E\ pois, tempo

bastante para que haja confiança e de-

senSoítu-iH nos negócios em geral.

A propósito transcrevemos as in-

íormações abaixo do Instituto de Ca-

cau da Baia:

"A safra de cacau está calculada

cm 1.800.000 ou, no máximo, em

2.000.000 de sacos, aquém, portanto,

da estimativa anterior, em virtude de

vários fatores, tais como chuvas ex-

cessivas, grandes enchentes de diver-

sos rios, abandono de uma parte da

colheita por dificuldades financei-

ras, etc.

Como todos sabem, os americanos

se comprometeram a encaminhar no-

gócios para a América de um milhão

c trezentos mil sacos lu, no caso de

não haver exportação, comprar e ar-

mazenar essa quantidade de cacau,

pagando aos lavradores, a razao de

Cr$ 27,00 a arroba.

A situação atual da saíra é a se-

guinti :

Cacau vendido até hoje pala a

América do Norte — 1 milhai de sa-

cos.

Cacau vendido pari outros países,

principalmente para a América do

Sul — 250.000 sacos.

Restam, portanto, fia safra 42-43,

550.000 ou, no máximo, 750.000 sa-

cos.

Destes ainda serão comprados pelosamericanos, na conformidade do refe-

rido acordo, 300.000 sacos.

As 4 fábricas de Manteiga de Ca-

cau existentes no estado industrializa-

rão no máximo 200.000.

A companhia Organo Ouimica jáadquiriu para industrializar em São

Paulo, segundo declarou hoje aos j<>r-nais o seu diretor, drf Geraldo Re-

zende, 120.000.

Essas 3 parcelas perlazem a soma

de 620.000 sacos.

Se a safra atingir 2 milhões, queserá o máximo, restarao ainda 130 mil

sacos, (|ne poderão ser vendidos pa-ra as fábricas de chocolates de São

Paulo e para os países da América do

Sul. para a Sniça e talvez ainda paraa América do Xorte.

Do cacau vendido já exportailos

um milhão de sacos e temos promessade praça em diversos vapores para

exportai este mês 250.000 Sacos.

ima vez exportados esses 250.000

sacos, todo cacau que esta retido no

interior sem comprador, por falta de

armazém onde guardá-lo, será fácil-

mente vendido.

Foto da Panair do Brasil

VALOR COM Kit Cl AL

O Vilor ,»l do JL exportado pelo estado da Baú, e| 1042 li Cr$ 2 !(,.664.i>(l|o- Os Estales Unidos foram os maiores

compradores Argentina. Suécia. Sniça. Chile, Uruguai. Colombl Portugal e Alnca do Sul lor.m os outros compradores do ,m-

portante produto baiano.

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28 O OBSERVADOR — I-XXXVIU

Não há! portanto, motivo para apre-ensões.

Os lavradores devem fixar bem ês-ses dados que o Instituto de Cacau,com tôda lealdade, lhes fornece e fi|carem prevenidos contra os boatos es-

palhados por interessados, que vivema pregoar estar a safra quase tôda semser vendida e exportada e o cacau em

grande parte estragado.

Êles querem causar confusão e de-sànimo na zona para comprar cacau a

preço vil, como já compraram a maior

parte da safra, tendo a lavoura um

prejuizo de 60 milhões de cruzeiros,crime pelo qual responderão peranteo Tribunal de Segurança".

Essa é a análise serena da posiçãodo cacau, safra de 1942-1943.

A NOVA SAFRA E O FINAN-

CIAMENTO

Tôda a lavoura está com as suasatenções voltadas para o Instituto deCacau, como órgão oficial do Estado,na expectativa das providências ne-cessárias, por parte do mesmo, no sen-

tido do financiamento da próximasafra, a iniciar-se em junho próximo.

Como já dissemos, e o Instituto

confirma, a falta do financiamento na

safra passada causou á lavoura um

prejuizo enorme; proveniente do co-

mércio negro exercido pelos interme-

diários que se aproveitaram da situa-

cão ganhando, em conseqüência, algu-mas dezenas de indivíduos, verdadei-ras fortunas, aesses negócios, em de-trimento da economia de milhares delavradores.

Tudo isso por falta de aparelha-rnento financeiro do Instituto que, jus-tiça se lhe faça, tudo previu e aindamuito esforço dispendeu através daação do seu esforçado presidente, dr.Pedro Fontes, em busca de recursos

para tal cometimento.

Os lavradores de caca uda Baíasão homens práticos e certos fatoresmesológicos contribuíram e conti-nuam a contribuir para que sejam bemespertos no que tange à defesa da suaeconomia. Tivessem êles meios de po-der vender o seu cacau a preços bons,não o teriam vendido a preços vis.

E' que o lavrador de cacau não se

alimenta com cacau. Lavradores queestavam, há dezenas de anos, com a

sua economia vinculada a vendas do

produto em flor, para o custeio da

produção e da subsistência, não po-diam guardar essa mesma produção,

por espaço de 4 e 5 meses, para ven-

dê-la aos preços oficiais.

Sem financiamento, nada é possí-vel fazer-se para evitar o comércio ne-

gro, como não é possível impedir-se,

com medidas teóricas, que as águas

do São Francisco se precipitem pelosrochedos que formam a cachoeira dePaulo Afonso.

E os lavradores também sabemapertar o estômago, sempre que isso

se fizer preciso na defesa dos seusinterêsses. Por isso que se satisfa-zem com muito pouco. Com um finan-ciamento de Cr$ 10,00 por arroba,cuja cotação oficial é, hoje, Cr$ 26,40,em Ilhéus, todos resolverão sua situa-

ção, desde que o órgão financiadordisponha dos elementos necessários

• para não entravar a marcha do ditofinanciamento, tendo, por exemplo,depósitos com capacidade para aten-der aos interessados.

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O CACAU E OS ACORDOS DE WASHINGTON

Foto da Panair do Brasil

O cacau também foi objeto de acordo entre o Brasil e os Estados Unidos. Mediante t Iaa nnnvalendo Cr$ 201.081,000,00, operação que compensou as dificuldades criadas com a perda de mercados acarre^ad^psia guerL^^^

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O OBSERVADOR — LXXXVIII

Se o financiamento não vier, até

junho próximo, assistiremos na pró-

xima safra a todos os fatos que já se

verificaram na passada: o partidista

voltará à cena e será uma calamidade

para a lavoura, se o poder público,

a tempo não evitar que o mercado ne-

gro volte a agir, deixando o lavrador

entregue à sua sorte, sem dinheiro se-

quer para a subsistência.

Verdade, porém, é que se diga: 011

o governo^ olhando o caso de frente,

toma as medidas necessárias ao ampa-

ro do produtor, ou então, na falta de-

Ias, melhor será deixar o lavrador ao

seu destino, permitindo ou tolerando

o próprio mercado negro, porque,

agir de outro modo, com puras medi

das policiais, será aniquilar por com

pleto tôda a lavoura, de vez que o

cau não se venderá no mercado in-

terno e no momento preciso por p

ço algum.

A safra do cacau é de 8.000.000

de arrobas, mais ou menos 1 Inúmeros

são os cacauicultores que podem

prescindir do financiamento. Calcula-

mos representem um terço da produ-

ção acima.

Para financiar-se, pois, os dois ter-

ços restantes, àquela base (Ci*$ 10,00

por arroba), são necessários tão so-

mente uns 60.000.000 de ciuzeiros,

valor idêntico ao que a lavoura per-

deu no ano passado, com o comércio

negro.

MOVIMENTO COOPERATIVIS-

TA REGIONAL

Empenhadas na exportação do ca-

cau dos seus cooperados e operando

em outros ramos, como sejam consu-

mo e crédito, contam-se por oito as co-

operativas dos municípios de Ilhéus e

Itabuna, e entre elas, duas centrais :

uma com séde na capital do Estado, e

outra em Ilhéus. Na safra que se está

encerrando, a exportação das mesmas

subirá a mais de 200 mil sacos de ca-

cau, contando-se por mais de mil os

seus cooperados.

Tais teem sido as vantagens pro-

porcionadas pelo sistema à lavoura

que tudo indica virem essas organiza-

ções, em futuro próximo, exercer

grande predomínio na exportação do

produto.Para atingir aos seus objetivos, as

cooperativas precisam da ajuda dos

poderes públicos e o atual interventor

federal no Estado, general Pinto Alei-

xo, numa sadia compreensão dos pro-

bffmas que afetam à economia, não

tem poupado esforços nesse sentido,

tudo facilitando para que o movi-

mento cooperativista tenha absoluto

êxito.

Foto da Panair do Brasil

MANTEIGA DE CACAU

Serve o cacau de matéria prima para diversas indústrias. Um dos seus produtos

mais importantes é a manteiga, que vem sendo produzida em escala progressiva e en-

contrando, no mercado estrangeiro, a melhor acolhida.

A INDUSTRIA DE PRODUTOS

DE CACAU

No nosso trabalho publicado no O

OBSERVADOR ECONÔMICO E

FINANCEIRO, número de dezem-

bro passado, referindo-nos à indústria

de produtos de cacau, incidimos em

pequeno equívoco no cálculo referente

ao resultado da industrialização de um

saco com 60 quilos de cacau. Agora

fazemos aqui o necessário reparo:

Um saco de 60 quilos de cacau se-

mi-industrializado produz :

26 quilos de manteiga, a $9,0023 quilos de torta, a $1,00

7 quilos de casca, a $1,50

TOTAL

Adquirindo-se um saco de cacau aos

preços atuais, por CrS 110,40. veri-

fica essa indústria um resultado bru-

to de 157,10 cm cada 60 quilos de

matéria prima.

() ( XhSEKVÁli )K / V-V V/'///

No nosso artigo anterior se rc.gi.s-trava quebra, guando reffli lente ela

existe, sendo maior em algumas fá-

bricas e menor em outras, ludl de-

pendente da qualidade da .maquina-ria. Certo é que a referida quebra sóaparece na torta ou na casca, produ-tos de baixo preço e que, por isso

mesmo, pouco influem no lucro, pois,como já dissemos, a base do negócio

é a manteiga.

O preço da matéria prima, aqui ci-

tado, é o oficial da Delegação do Con|

trôle da Exportação de Cacau (naépoca do nosso primeiro trabalho), sa-

bendo-se, entretanto, que a maior par-te da mesma, usada leias indústrias

do Estado, «é adquirida a preços mais

baixos, constituida de cacau relugo,

cujos pregos oscilam entre Cr$ 13,00

e 18,00 por arreba. liai a vantagem

de localização da induMria no estado

produtor, ou mais vantajosamente,

na zona produtora.Dentre os problemas que mais de

perto dizem respeito aos interessesna nacionalidade e a- seu desenvol-vimento, está o da indústria, a cujorespeito o Presidente da República,com inteiro conhecimento de causa,assim se manifestou, em 1938, em en-trevistas concedidas à imprensa:

"O nosso problema siderúrgico é,

a um tempo, problema de importam

cia vital pára a delesa e aparelha

mento do pais e problema de auinen-

to das nossas exportações e diversili-

cação de fontes de saldo da nossa ba-

lança comercial. Além disso, a mar-

gem de lucros que fica entre os pre-

ços médios dos produtos industriais e

agrários, os reflexos das crises nacio-c"> 'nais na economia do Continente, quese baseia no fornecimento de mate-

rias primas e produtos de alimenta-

cão, deixam-nos em situação difícil

fiara satisfazer compromissos. Veja-

mos, por exemplo, o que ocorreu nos

últimos anos. Apesar dos esforços

feitos no sentido de produzir mais e

melhor, diversificando a produção,estandardizando-a e obtendo novos

mercados, passaHo de 182 milhões

a mais, no ano findo, essa melhoria

quantitati va não aumentou o valor da

produção. Os preços ouro dos abro-

dutos agrários dessangram os países

que vivem principalmente de expor-

tar matérias primas. E' uma espécie

de colcnato econômico quase insupe-

rável : a libra ouro passou, nesse pe-ríodo, de Cr$ 40,00 a cerca de CrS160,00. C) quintal exportado baixoumais de S0r/e do seu valor ouro, en-

quinto o importado se conservou maisou menos estável.

( ) valor médio, por tonelada, da

iftssg exportSB). qle era, em 1931,

em libras ouro, 22,2, caiu para 18,7

em 1933. e pari 12,2 em 1936. Co-

mo se vê. os saldos lia balança co-

mercial vão minguando constante-

mente. Há melhoria quantitati va da

exportação e excessiva diminuição do

valor. O resultado é que o ano de

1937 produziu um saldo de balança

comercial inferior a 2.000.000 de li-

bras ouro."

Respeito ao cacau, como vem sendo

exportado, em forma de matéria pri-ma, a situação desse produto não é

menos crítica que os demais produtosbrasileiros. Assim é pie vendemos,

f£ira () exterior, em 1941, 128.254

toneladas no valor de C«

305.280.600,80, Cij. No mesmo pe-riodo, vendemos 2.299 toneladas de

manteiga de cacau, no valor de CrS

1 5 .464.007,20, I:ob. A torta e a cas|

ca foram colocada! no país. Se tivés-

semos industrializado a vWçtàc do ca-

cau exportado, acima citado, teríamos

obtido, aos preços atuais, Cr$

285.899.452,50, Fob, correspondeu

do, consequentemente, a muito mais

do valor de toda a produção cacauei-

ia exportada, levando-se em conta a

diferença de frete, seguro, etc. etc.

DE NO

^ggPP*4

'

e J]

IIm

SHELLjr^

ft.#'

grado as dificuldades creadas pela*

guerra, a Anglo-Mêxican continua manten-

do, de Norte a Sul, as suas filiais e agencias e os

revendedores dos produtos Shell, envidando as-

sim seus melhores esforços no sentido de bem

servir os transportes e as industrias nacionais.

ANGLO-MEXICAN PETROLEUM CO, LTD.

Praça 15 de Novembro, 10 - Rio de Janeiro

I

CIGARRO

CIA. DE CIGARROS SOUZA CRUZ

32 O OBSERVADOR LX XXVIII

Homens para

a Borracha

1 \E vez em quando, depara o lei-¦**-* tor na coluna dos jornais com

a notícia da chegada de mais tan-

tos e tantos homens a Belém ou

a Manaus. As cifras, quando se re-

ferem a homens, são enganadoras

e, dificilmente, se pode ter uma

idéia do que aquela jornada repre-

senta e do extraordinário esforço

silencioso das organizações que a

prepararam e conduziram. E' a

uma das entidades recrutadoras de

soldados para a batalha da borra-

cha, — a mais perfeita de tôdas

elas, o D. N. I. que nos queremosreferir no presente trabalho. De-

partamento Nacional de Imigração

para os leigos e D. N. I., apenasD. N. I. para os que com ela pri-vam mais de perto. Pelo própriodecreto que regula a sua existên-

cia, já temos uma idéia da tremen-

da amplitude de suas funções. Vai

da escolha das terras a serem lo-

teadas á fiscalização dos contratos

agrícolas; do encaminhamento dos

homens e assistência às suas famí-

lias ao controle do movimento tra-

balhista regional visando impedir o

aliciamento de homens de unias

regiões para outras. Praticamente,

como se vê, o D. N. I. não tem

limites. Pode atuar em Tabatinga,

no extremo oeste, do mesmo modo

que agir em Cuiabá e Goiânia ou

Bagé e Jaguarão, no extremo sul.

Na medida em que vão surgindo as

necessidades essa elasticidade se

acentua ainda mais. Hoje, há aqui

uma sêca, amanhã, uma enchente

ali, depois uma crise de produção e

consumo além e em tôda parte es-

tará o D. N. I. assistindo, enca-

minhando, localizando.

QUANDO SURGE UM VELHO

PROBLEMA

Em 1941, quando a queda de

Singapura e perda das plantaçõesdo Oriente britânico, vieram abrir

oportunidades novas à borracha

silvestre do vale do Amazonas, o

problema do encaminhamento de

grandes massas humanas surgiu de

novo como nos velho.s dias do co-

meço do século. E, como se o des-

tino as quisesse ter sempre asso-

ciadas, surgiu também no nordeste,

provocada pelas secas uma fase de

miséria correspondente à época de

grandeza que se abria além. Deze-

nas de milhares de homens agrupa-

vam-se, outra vez, em Fortaleza,

batidos pela desgraça. E a mira-

gem amazônica surgia, como no ou-

tro tempo, aos olhos do sertanejo.

A VELHA IIOSPEDARIA

A gravura acima mostra o velho barracao recoberto de zinco em ciue erMn n„fmn nu„- • • 1davam norte e sul do pais, bagos pelas secas E' verdadc q„e a massa humana fem sido peqfcna Lte7SosS aT^assim, mesmo a um le.go em tecmca .m.gratona, esse velho barracao parecerd demasiadamente precdrio!

¦V :

itH ¦MpipigM»-r-S. iV- ' - .x ** '

A VELHA HOSPEDARIA

iSli

H \Z

O OBSEKVADOR /..Y.Y.Y/7// 33

A BATALHA DA AMAZONIA

O predio acima represeiffia a primeira grande mudancpa no desenvolvimento da imigraqiao para o vale amazonico. Mudanq:a

provisoria, ja se ve, porque os hoteis de imigrantes devem oferecer instala^oes especiais, que nao se encontram em casas comuns.0 numero de privadas, o mimero de banheiros, o refeitorio amplo etc.

As condições, porém, não eram

agora as mesmas. No tempo anti-

go, sobravam os transportes. Ago-

ra, com o perigo submarino, o nú-

mero de embarcações estava limi-

tadíssimo. Como solucionar o pro-blema ? De 11111 lado, uma enorme

massa humana sem trabalho, de

outro, uma oportunidade de traba-

llio sem igual, pode dizer-se. Clial

mado a opinar pelo Conselho de

Imigração e Colonização, o minis-

tro do Trabalho optou pela única

saída. Enviar ao nordeste e a Ama-

zônia os técnicos do D. N. I. Daí

surgiria um estudo detido das con-

dições gerais e um plano especiali-

zado de como se deveria agir. 0

dr. Doria de Vasconcelos, diretor

do D. N. I. não é um nome obs-

curo nesses assuntos de imigração.

Dirigiu durante anos a fio os traba-

llios de imigração do estado de São

Paulo, sem dúvida dos mais per-feitos que possuímos, organizou

serviços congêneres em países es-

trangeiros e há mais de dez anos

que o seu nome figura em congres-

sos internacionais da matéria. E

era a êle pessoalmente e a um dos

seus mais ativos auxiliares, o sr.

Péricles de Carvalho, que o minis-

tro entregava a solução do caso.

O que até então se havia feito

fora bem pouco. Compreendendo o

alcance da oportunidade que se

abria para a Amazônia, o chefe da

nação abrira 11111 crédito de quatromil passagens gratuitas, nos navios

do Loide e da S. N. A. P. P.

para os imigrantes. A seguir, con-

cedera um crédito de milhões de

cruzeiros ao Conselho de Imigra-

ção e Colonização, que distribuirá

os serviços por três ou quatro re-

partições diferentes, reserv a 11 d o

para si o controle efetivo de tudo.

Essa dispersão de atribuições im-

pedira, porém, o êxito completo da

ação do Conselho. Os médicos do

Serviço Sanitário estadual não con-

seguiam se articular de maneira

eficiente com o C. I. C. e a partereferente aos agrônomos do Fo-

mento Agrícola do Ministério da

Agricultura deixara de ser realiza-

da por falta de instruções precisas.A esse tempo se acentuava, cada

vez mais, a necessidade de borracha

por parte dos nosssos aliados. Ba-

tida pela sêca, a massa de homens

acumulada em Fortaleza ia agora

acima de trinta mil. Mas as possi-bilidades de migração continuavam

extremamente reduzidas.

Realizada a sua viagem de estu-

dos pelo nordeste e pela Amazônia,

concluirá o dr. Dória de Vascon-

celos pela impraticabilidadé do pia-110 do Conselho.

"(D plano de enca-

minhamento e colocação de traba-

lhadores nordestinos elaborado pe-lo C. I. C. e aprovado por s. excia.

o sr. presidente da República, difi-

cilmente será executado nos próxi-mos meses, por falta de instalações

adequadas nos estados de proce-dência e de destino, para conve-

niente hospedagem da grande mas-

sa de trabalhadores que, em conse-

quência da grande sêca que assola

o nordeste se concentra, em más

condições físicas, na cidade de For-

taleza, de onde pretendia ser trans-

portada para regiões de maiores

oportunidades econômicas como a

Amazônia e o sul do país."

mm

34Cl OBSERVADOR i xmwü

CRIANÇAS IMIGRANTES

O aspecto mais dramático da primeira jornada dos sertanejos em demanda dos seringais era, sem duvida, a solidão em que o homem

era obrigado a viver. Mulher, filhos, tudo isso seria para o homem sombra e saudade. Olhando esse aspectos social e, por Outro

lado, procurando transplantar o homem com as suas raizes, o D. N. I. leva, também, mulheres e crianças para a grande aventura.

f ¦ ¦ _ ¦ ,

NO INSTANTE DA PARTIDA

Antes de^ partir para o vale do ouro negro, levados pela eterna esperança que move o homem, os sertanejos posam paraa objetiva do "OBSERVADOR". Como se vê, o grupo já tem características definidas. Ao lado dos homens, podem se ver

mulheres e crianças de todas as idades.

?ffiS

o ohsrrvaiw»k v// ^

A MULHER E O LAR

Em "A^onia do seringueiro", conta Carlos de Vasconcellos o episodio do homem que pede ao amigo moribundo que

aconselhe a mulher a ficar com ele, apos a sua morte. Com a ida regular de mulheres ao lado dos homens, esse e urn drama

que tende a desaparecer da vida amazonica. Segundo as cifras mais recentes o D. N. I. ja encaminhou para o extremo norte

nada menos de duas mil mulheres,

O OBSERVADOl

S

:SZ2HE

&MS&B

GRUPO DE HOMENS

Este foi um dos primeiros que seguiu para a Amazônia depois que o D. Ncaminhamento. A esse tempo, acumulavam-se em Fortaleza nada menos de 30 mila sorte de seguir primeiro.

I. passou a controlar os trabalhos de cn-possíveis imigrantes. Estes, porem, tiveram

Pelo plano do Conselho, a uni-

ca parte que estaria afeta ao D.

N. I. seria a hospedagem dos tra-

balhadores. Ora, como fazê-lo se

nos diversos pontos obrigados do

trânsito não havia hospedarias re-

gulares ? Outro aspecto falho do

plano do Conselho que mereceu

crítica do dr. Henrique Dória de

.Vasconcelos foi o que se referia às

pluralidades de organizações que

participavam dele. Devia-se contar

com os agrônomos do Fomento

Agrícola para certas tarefas; com

os médicos dos serviços estaduais

de saúde para outras; e, finalmen-

te, com Divisão de Terras e Colo-

nizacão do Ministério da Agricul-.1 oíura para os contratos. "A

expe-

riencia tem demonstrado, — acen-

tuava o diretor do D. N. I. 110 seu

relatório ao ministro do Trabalho,—

que a dispersão de atribuições e

responsabilidades retarda e emba-

raça a execução de qualquer em-

preendimento." E como prova de

sua afirmação, mostrava a situa-

ção cio imigrante em face do Plano

Cl I. C. Agrônomos, médicos -e

técnicos de colonização não haviam

conseguido uma articulação perfei-ta apesar da boa vontade empenha-

da e dos esforços feitos.

NECESSIDADE DA CEN-

TRALIZAÇÃO

Argumentava o diretor do De-

partamento Nacional de Imigração

com as suas experiências obtidasdurante os anos de atividade em

São Paulo: "As

experiências rea-

jgzadas em São Paulo durante vá-rios anos haviam mostrado a neces-

sidade de centralizar num só órgãotôdas as operações em que se des-dobrava aquela migração. E assim,desde 1936, o Serviço de Imigraçãoe Colonização (S. T. C.) daqueleestado, estendeu sua ação desde os

pontos de embarque em Pirapora eMontes Claros, até a fiscalização dotrabalho nas propriedades agrícolas

previamente registradas. O forne-cimento de cadernetas oficiais par®os contratos agrícolas, da compe-tência do Departamento Estadualdo Trabalho Baqueie estado, foi

confiado ao S. I. C. quando os tra-

balhadores procediam de outros es-

tados,' ou <lo exterior e eram en-caminhados, para o interior, por.seu intermédio. Do mesmo modo.

tanto a assistência médica como ainspeção de saúde dos trabalhado-res migrantes são feitos por mé-dicos do Serviço de Imigração.

A modificação introduzida, noinício da interventoria Ademar deBarros, quando foram transferidosos médicos do Serviço de Imigra-cão para o Departamento de San-de, foi tornada sem efeito, aindadurante aquele governo, diante dosresultados desastrosos causados pe-la supressão da unidade de dire-cao.

Se até aquele momento não sehavia percebido de forma mais ní-tida as desvantagens da descentra-lizaçao, era porque não houvera um

grande a fluxo migratório. A jorna-da vinha se fazendo em pequenosgrupos ou por iniciativa particular.Ioda a intervenção da Cnião limi-tava-se a concessão de passag.cns£i atuitas nos navios do Eoide e da

&

O OBSERVADH — Í..V.VAT///

O OBSERVADOR — /-V.V.V/7// 37

S. N. A. P. P. por intermédio das

Delegacias regionais do Ministério

do Trabalho em Natal, Fortaleza e

João Pessoa.

Nessa migração jamais fôra re-

gistrada uma quota de imigrantes

superior a 300. Não havia o efeito

das secas e a iniciativa particularassegurava algumas formas de as-

sistência prática aos viajantes. As

pequenas e precárias instalações,

algumas improvisadas, davam paraacolher os imigrantes, apesar de

tôda a deficiência que apresenta-

vam de um modo geral. Âgcwa era

preciso encarar o problema em tô-

da sua seriedade. Trinta mil serta-

nejos aí estavam acumulados nos

pontos iniciais à espera da possibi-lidade de viajar e não seria com um

aparelhamento tão precário que se

poderia manter um ritmo de es-

coamento compatível, de um lado,

com a massa humana e, de outro,

com a necessidade de braços cada

vez mais premente da região ama-

zônica. O que havia em Manaus

com o nome de hospedaria era o

Trapiche do Teixeira, em demanda

há vários ânus, e completamente

desaconselhavel pelas suas condi-

çõesl ao fim a que se destinava.

AS DESPESAS DO IMIGRANTE

"O exame de alguns aspectos do

problema migratório, dizia o dire-

tor do D. N. I., em seu relatório,— anterior á agravação das secas,

é útil ao estudo das migrações fu-

turas, em maior escala. E' notória

a pobreza das populações rurais do

Nordeste, principalmente das quesão forçadas a abandonar a terra

natal para tentar a aventura da ex-

ploração da borracha nos sítios dis-

tantes e, geralmente, malsãos do

Vale Amazônico. Apesar das pas-sagens no Loide Brasileiro e na

SNAPP terem sido gratuitas, o

trabalhador nordestino endividou-

se com os gastos nos albergues de

Fortaleza, Belém, Manaus, Boca

do Acre, ou outro porto de baldea-

cão e com as despesas extraordiná-

rias feitas durante o longo trajeto

da viagem. Essas despesas, de acor-

do co/in informações locais, corres-

pondem, em média, a Cr$ 200,00 por

adulto. Elas são, muitas vezes,

maiores, devido à ignorância dos

trabalhadores e à falta de escrúpu-

los dos prepostos incumbidos de

acompanhar e financiar a viagem

dos nordestinos. Em todos os casos,

porém, o futuro "seringueiro" che-

ga ao local do trabalho só, ou

acompanhado de sua família, com

um débito inicial de algumas cei4te-

nas de cruzeiros, ao qual, ainda, se

acrescentará o custo do "aviamen-

to" para instalar-se na sua "colo-

cação" e extrair o látex nas "es-

tradas" que lhe • foram cedidas.

Além dessa sobrecarga de despesas

pela sua viagem, o trabalhador nor-

destino sofre vários vexames e- in-

fortúnios devido ¦ a enfermidades

graves nos adultos e crianças, os

quais, à mingua de assistência, mui-

tas vezes, não sobrevivem. Essa

migração semi-espontanea, desor-

ganizada, mais prejudicial do quebenéfica ao trabalhador nordestino,

continuaria no seu ritmo lento, sem

exigir e nem compensar uma dis-

pendiosa intervenção do poder pú-

i ' s. • ' " < " ;

t'

A NOVA IIOSPEDARIA

Logo que se (ornou possivel, fez-se construir a Hospetlaria de Fortaleza. Apesar tie ter sido feita mini prazo "record"

Se tres meses, a Hospedaipi de Fortaleza pode ser considerada modelo. Em sua estrutura geral assemelha-se muito a de Sao

Paulo (pie, lomo se sabe, foi constagida de acordo com os regulamentos Internacionais e a tecnica mais perleita.

A NOVA HOSPEDARIA

Quadros como estes são comuns na vida da hospedaria. Em última análise, é como se lá estivesse hospedada uma gran-de família. Tecnicamente, uma semana é considerado bom prazo para. a estada do imigrante. Mas a deficiência dos meiosatuais de transporte, muita vez, prolonga por um mês e mais.a parada em Fortaleza.

blico, se não tivessem surgido, no

fim do ano passado e 110 princípiodeste, dois fatos excepcionais queexigiriam o traçado de novos ru-

mos: a elevação da borracha do

Vale Amazônico à categoria de 111a-

terial estratégico de alta valia e a"sêca"

do Nordeste."

Como solucionar o problema? A

essa pergunta natural de quem leu

a parte inicial do referido relatório,

responde o técnico com uma série

de sugestões de ordem prática.Instalação imediata de pequenashospedarias nos altos rios; cons-

trução, 110 prazo máximo de três

meses, de uma hospedaria modelo

em Fortaleza, que viesse a substi-

tuir os antigos galpões da Polícia

Marítima, onde não mais se deve-

ria permitir a estadia dos imigran-

tes pelas contra indicações de or-

dem sanitária e higiênicas; adapta-

ção da hospedaria dos japoneses no

Bairro do Curro, em Belém, de mo-

do que pudesse servir de ponto de

trânsito para o nordestino; cons-

trução de uma hospedaria em Ma-

naus de preferência lia chamada

"Chácara do Pensador". O ante-

projeto da construção a ser reali-

zada em Fortaleza merecia a sua

especial atenção. As dimensões de-

veriam ser calculadas tomando porbase o número de pessoas alojadas

e as suas condições arquitetônicas

deveriam estar de acordo com as

convenções internacionais:

dormitórios com 2.400 m2

refeitórios com 800 m2

cozinha, copa, dispen-

sa com 100 m2

enfermaria, ambula t ó -

rio, farmácia, etc.

com 200 m2

escritório da adminis-

tração, . almo x a 1* i f e

com 100 1112

banheiros e W. C. com 90 m2

lavanderia com 60 m2

3.750 m2

ASSISTÊNCIA E ALI-

MENTACÃO

A previsão de uma considerável

massa humana, semi-indigente. le-

vou o D. N. 1.. de acordo com su-t,-

gestões do C. 1. C. por intermé-

dio do sr.- Dulphe Pinheiro Ma-

chado, e por conta da verba daque-

le conselho, que era de dois mil

contos a estabelecer um plano de

assistência social para os imigran-

tes. Pelas cifras que divulgamos

abaixo, e sua discriminação, o lei-tor terá uma idéia da extensão dês-se auxílio.

Vestuário Homens 5.000 a Cr$20,00 (2 calças e camisas) Cr$ 60.000,00;Mulheres - 3.000 a Cr$ 20,00, Cr$60.000,00; Meninas 5.000 a Cr$ 10,00(2 vestidinhos), Cr$ 50.000,00; Meninos -5.000 a Cr$ 10,00 (2 roupinhas), Cr$ ..50.000,00.

Alimentação Café e pão de Cr$ 0,20-— Almoço — arroz, feijão e farinha --

jantar — feijão, carne e farinha — 6.000maiores de 12 anos, durante 15 dias a Cr$3,50 — Cr$ 52,50 Cr$ 315.000,00;10.000 — de 1 a 12 anos a Cr$ 2,50, em 15dias — Cr$ 375,50 Cr$ 375.000,00.

1 ransportes no porto de Fortaleza, senão puderem ser feitos gratuitamente —Cr$ 30.000,00; Medicamentos — Cr$30.000,00; Material de Higiene (sabão,creolinà, etc.) - Cr$ 5.000,00; Esteiras

1 .000 a Cr$ 2,00 - Cr$ 2.000,00; Extra-numerários (Cr$ 350,00) e eventuais —Cr$ 2ò. 000,00; perfazendo o total de Cr$

1 .000. 000.00.

O OBSERVADOR —

PAIS E FILHOS

LX XXVIII

\

O OBSERVADOR — LXXXVIll 39

3

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EM BELEM

Este cálculo estimativo refere-se

a um período de cerca de 10 meses;

o que eqüivaleria a uma . despesa

mensal de Cr$ 97.700,00 (noventa e

sete mil e setecentos cruzeiros).

A SNAPP E 0 DNI

Na parte final do relatório eram

estudadas as possibilidades de co-

laboração com a rede de navegação

amazônica da S. N. A. P. P. e

o conseqüente escoamento da mas-

sa de imigrantes que se conseguis-

se acumular nas hospedarias de

Belém e Manaus. AS. N. A. P>

P. poderia transportar, em sete

meses, — os últimos de 1942 - —

2.800 e distribuí-los pelas linhas do

Madeira, Purús e Solimões-Javarí.

De Manaus para o interior poder-se-ía contar com mais 1.750, apro-

ximadamente. Como se vê, as pos-sibilidades de escoamento não es-

tavam em relação com o afluxo de

imigrantes a ser considerado no

ponto inicial das linhas de imigra-

cão do D. N. I. O aumento dos

navios do Loide entre Fortaleza e

Belém seria inútil e, mesmo, con-

traproducente, porque as suas li-

nhas eram bastantes para a massa

a ser mobilizada. O problema era a

navegação interior e para este oro-

blema se dirigem as vistas do d§|

retor do Departamento Nacional de

Imigração. Dos seus entendimentos

com o diretor da S, N. A. P. P.

resultara mesmo um plano que êlc

agora propunha ao ministro. A am-

pliação, por meio de várias medi-

das de linhas de navegação da S. N.

A. P. P. Primeiro, pelo frete de

navios mediante a concessão, de

créditos; segundo, pela substitui-

ção de algumas linhas da S:. N. A.

P. P. pelo Loide, de modo a queaquela entidade pudesse ocupar-se

de linhas e finalmente a aquisição

ou construção de navios do tipo"chatinha" destinados à navega-

ção dos altos rios."E'

fora de dúvida, — escrevia

O dr. Dória, — que o aumento de

meios de transporte no vale ama-

zônico constitue um dos problemas

de maior importância e urgência,

pois as condições atuais de nave-

gação já não satisfazem o regular

escoamento da produção."Enfrentando tôda esta série de

complexos problemas que vimos de

focalizar, vai chegando o D. N. I-

ao seu primeiro ano de trabalho na

mobilização de homens para a ba-

talha da Amazônia. O acêrvo dos

seus feitos aí está como um quase

prodígio, se tomarmos como ângu-

lo de exame o prazo curto em que

tudo fez e a precariedade dos meios

que teve para fazê-lo. O seu ponto

de vista quanto à centralização es-

tá vitorioso. Em vez dos galpões da

Polícia Marítima lá se acha em

Fortaleza uma hospedaria moder-

na, construída de acordo com todos

os requisitos da técnica imigratória.

Sua lotação é para nada menos de

1.200 pessoas e, dentro dela, ?e

acham instalados serviços relativa-

mente perfeitos de saúde, e um

eficiente escritório de administra-

ção, onde a ficha do imigrante é

controlada em seus mínimos deta-

Ponto forcado de trânsito, c onde. precisamente, o imigrante se depara com o problema da mudança de tonelagem dos

navios causa da dificuldade atual de escoamento da massa humana trazida do nordeste, Belem e um centro de concentração

de imigrantes De um modo geral, a antiga hospedaria dos japoneses permitiu uma solução relativa ao problema da hospeda-

em> Mas as cozinhas tiveram que ser adaptadas a uma, produção maior de alimentos. ..

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AS "RKDFS

c&WiffSM

Sê^^MÍIM

wÊÈÈÊÊBm I

O OBSERVADOR — LXXXVIII

No sul, a rede é um objeto de luxodo, permitiu, sob o ponto de vista higiênichigiênicas da rede.

lhes. Como o D. N. I. se dedica a

um serviço de colonização perma-nente que deve prosseguir depois

da guerra e da Batalha da Borra-

cha, a imigração familiar é a que

está sendo feita. Enquanto o S. Ei

M. T. A. mobiliza soldados, o D.

N. I. joga com material mais

plástico e fecundo; já leva o grupo

humano selecionado e se encarrega

de instalá-lo na terra, de modo que

ele se radique pelo nascimento de

novos filhos e pela fundação de la-

vouras. Quando a alta de preços e

as oportunidades excepcionais dês-

tes dias passarem, é possível que

muitos milhares de homens que

agora estão seguindo em busca da

grande miragem retornem aos seus

rincões, trazidos pela mesma espe-

rança que os levou. Não assim os

imigrantes do D. N. I. Com a fa-

mília que levam consigo êles po-

ciem ser comparados a essas plan-

tas que são tiradas de uma terra

paia outra com tôdas as suas rai-

zes. Não pensarão jamais em vol-

tar, porque levam consigo tudo o

que amam. E é precisamente esse

. Na Amazônia, constitue o leito usual,o, certas vantagens. Agassiz, na sua

"Via

o grande sentido do trabalho ora

realizado pelo D. N. I. e os seus

delegados em todo o meio e extre-i

mo norte. Em Fortaleza, por exem-

pio, as fichas de saúde são cuidado-

samente examinadas de modo a queexista um homem capaz de traba ¦

lhar para cada grupo de três pes-soas. Duas seleções são agora rea-

lizadas na linha inicial de imigra-

cão. Uma de entrada, outra na saí-

da para verificar se no período de

estadia não ocorreu algum caso de

moléstia. E só após êsses cuidados

é que os trabalhadores são encami-

nhados aos pontos de embarque.

O MERCADO FORNECEDOR E

OS DISTRIBUIDORES DE

BRAÇOS

Fortaleza é, praticamente, hoje

como ontem, o grande centro de

migração. Em Natal, a quota de

recrutamento humano não tem cor-

respondido às esperanças. E a Pa-

raiba tornou-se um canal pratica-mente nulo de evscoamento. A zona

d(| .sertão, batida pela dureza do

i a verdade é que um tal uso, generalisa-;em ao Brasil" já acentuara as vantagens

sol, tem saída natural por Forta-

leza e as regiões litorâneas, benefi-

ciadas cada vez mais pelo governoatual, não impelem o homem paraaventuras externas. Daí o interesse

cada vez maior do D. N. JL pelasua hospedaria de Fortaleza. As

construções prosseguem, visando

dotar, cada vez mais, as instalações

já 1 elai ivamente perfeitas de novas

melhoras. E quem viu os homens

acumulados nos velhos galpões não

pode deixar de surpreender-se ant2

o conforto com que êle se acha Ms-talado ali em oito pavilhões dormi-tórios amplíssimos, com um hosift-tal de 80 leitos e aparelhos ciri.i

gicos para cirurgia de emergência.Não falta nem mesmo o rádio paradar uma idéia dos seus progres-sos...

1 eoricamente, a estadia do imi-

grante não deveria ultrapassar deuma semana. Mas as condições detransporte não permitem muita, vez

que essa regra seja observada. Daías necessidades novas que estãosurgindo v va<> sendo encaradas

pelos diretores da hospedaria: a

AS REDES

m

1^^^ ^j

CAMAS DE MADEIRA

Os japoneses, entretanto, desconhecem a rede. E como se tratava de aproveitar uma hospedai ia consti uida por eles, de

acordo com os seus hábitos nativos, o D. N. I. deixou algumas dezenas de camas de madeira, construídas, como se \e,

modelo "sui

generis", para os que quisessem dormir à japonesa...

GLÓRIA A DEUS NAS ALTURAS

\ cruz c o remo sempre andaram unidos no vale amazônico. Ouando os sertanistas conquistaram na Amazônia e os pri-

meiros rios à frl dos seus remos, levavam a cruz na proa dos barcos. Os novos pioneiros da eonqu.sia da terra nao sao.

como o leitor pode ver, muito dilerentes dos antigos.

42 ¦ OBSERVADOK LXXX VIII

•• in" i -i jj. i" P

|

/T T /~\ T-» i T^\ T-* AT TV^APA

próxima creação de um pequeno

parque de diversão para crianças,

por exemplo.

A hospedaria de Belém, com a

adaptação da antiga hospedaria dos

japoneses no Curro, não parece ha-

ver solucionado o problema. E os

técnicos do D. Ni I. estão pen-sando em construir uma nova, se-

melhante em tipo à de Fortaleza.

Aqui um detalhe interessante sôbre

os trabalhos de construção. Em

cada região vem sendo estudado o

aproveitamento de certos mate-

riais, de acordo com o clima e a

possibilidade de aquisição. A cons-

trução da de Fortaleza é de alve-

naria enquanto que a de Manaus

será de madeira. Mas, em suas li-

ilhas gerais, o tipo é um tipo pa-drão muito semelhante ao da capi-

tal cearense. Como a de Fortaleza,

a hospedaria de Belém está sendo

objeto de grande interêsse por par-te; dos responsáveis pelo serviço de

imigração. Em Belém, há a primei-ra grande alteração de tolelagens

nos meios de transporte usados e

a tendência natural será o imigran-

te se acumular aí mais tempo do

que seria desejável. De acordo com

a S. N. P. A. P. P., que mantém

já agora relações estreitíssimas

com o D. N. I., o transporte vai

se verificando, regularmente, paraas diferentes regiões. A questãotôda está em que a tonelagem vai

se reduzindo na medida em que os• rios reduzem o seu volume dágua

ou se tornam encachoeirados. As-

sim, até Belém e Manaus vão os

navios de grande calado; até cer-

tos pontos mais adiante tem de se

passar para um "gaiola"

de tonela-

geni bem menor; depois, para uma

chata; e a seguir, muita vez, ainda

para outro tipo de embarcação de

menor tonelagem. Como é fácil de

se ver, nos pontos forçados de bal-

deação há o acúmulo de cargas quenão podem seguir viagem devido àredução da tonelagem. A situação,

porém, é mais grave se se trata dehomens. Daí a necessidade de lios-

pl d ar ias em alguns pontos altos dosrios.

Não lia. nu momento, outrosmeios de condução, a não ser o ma-

ritimo-fluvial. O S. E. M. T. A.

tentou, é verdade, uma outra mo-

dalidade. Levaria o trabalhador

por terra até Terezina. De Terezi-

na a São Luiz pela estrada de

ferro. E daí a Belém deveriam se-

guir de avião em grandes "Catali-

nas". Esta modalidade de trans-

porte, porém, não pôde ser realiza-

da em sua última parte, o que a

prejudicou em conjunto. E' idéia do

diretor do D. N. I. organizar um

escritório central de colocações, es-

pécie de Bolsa de Trabalho, em

Manaus ou Belém. Deste modo, po-derá ser mantido um controle mais

eficiente ainda sôbre as relações

entre empregador e empregado.Em entrevista recente, declarou o

dr. Dória de Vasconcelos que "a

assistência ao trabalhador seriabem precária se fosse realizada

pelo D. N. I. apenas nos pontos deembarque". Desenvolvendo ê s s e

pensamento pensa a organização

migratória a que nos referimos am-

pliar a sua assistência, de modo amanter uma relaçao permanentecom as famílias por ela encaminha-

A vida das hospedarias é, em última análise, uma vida de internato. Como nos colégios, a hora em que a sineta toca

para o rancho é uma hora importante na vida do imigrante. Aqui os vemos, num grande grupo na hospedaria de Belem.

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de Estaqao de

"estradas" de seringueiras na

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A HOSPEDARIA DE BELEM

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A HOSPEDARIA DE BELEM

• . fll_i j0 diretor do D. N. I. construir era Belem uma hospedaria modelo, tal como a que |a existe em For-

L projeto d? Jos navios e a demora de semanas e semanas. Belem 6. praticamente, o ponto terminal

da"marcha!" Da"a ne^ssUlade 'ie

ajustar melhor a sua hospedaria à vida de imigrante, pcrmit.ndo-ihe um ma.or conforto.

O OBSERVADOR — LXXXVIll

das. Evidentemente, este é, na

Amazônia, um problema extrema-

mente complexo. As leis trabalhis-

tas são, nos seringais, um assunto

novo. E que, por isso mesmo, deve

ser conduzido com muito tato e

prudência.

A BOLSA DO TRABALHO

Ainda assim, o D. N. I. não fu-

giu dêle-. Em reunião realizada na

Associação Comercial de Manaus

foi mostrada a alguns seringalistas

de maior proeminência a conve-

niência de se estabelecer contratos

escritos de trabalho. O advento de.

uma forma nova de acordo nos se-

ringais, entre patrões e emprega-

dos, só poderia beneficiar a ambos

e, por outro lado, permitiria ao po-

der público intervir em defesa de

um e de outro, tôda vez que se torj

liasse necessário. E' verdade que,

devido às regiões imensas do vale

amazônico, uma fiscalização efi-

ciente se tornava praticamente imf.

possível, a não ser que se utilizas-

se o avião. Mas estava firmado um

ponto de vista teórico de reconhe-

cimento da legislação trabalhista,

estabelecido um contacto do senhor

territorial amazônico com o direito

social instituido pela Revolução de

Outubro. A chamada "compra de

homens" do século passado e prin-

cípio deste, tão duramente estig-

matizada por alguns escritores ilus-

tres, à frente Euclides da Cunha,

acabava de vez. E, muito embora

não fôsse ainda possível manter

fiscais por tôda parte, fazendo cum-

prir a lei, já se tinha certeza do seu

cumprimento nos pontos mais ac-

cessíveis à navegação e onde exis-

tissem senhores territoriais de boa

fé e coração bem formado.

Por uma minuta de contrato vi-

gorante na pequena Bolsa de Tra-

balho existente na hospedaria de

Belém já se pode ter uma idéia do

progresso realizado, 110 terreno so-

ciai, pelos trabalhadores que bus-

cam o vale do Amazonas :"CONTRATO - F. . I proprie-

tário do Seringal ..... município

de , Estação de, contrata

com F. . . ., o arrendamento de . . ."estradas" de seringueiras com...

árvores, 11a gleba ...., ficando o

contratado e o contratante sujeitos

às cláusulas abaixo transcritas.

CLÁUSULAS

X — O arrendamento de que trata

o presente contrato terá a duração

de. . . e será pago à razão de ... %

sôbre a quantidade de borracha co-

lhida pelo arrendatário. O paga-

mento será feito a dinheiro ou em

quantidade — de borracha corres-

pondente.II — Serão fornecidos, gratuita-

mente, ao arrendatário, pelo pro-

prietários, meios de transporte para

si, seu pessoal e suas bagagens, da

estação ou porto próximo ao serin-

gal e deste àquela, depois de findo

o prazo estabelecido neste contrato

e, bem assim, casa para residência.

III — O arrendatário se obriga a

trabalhar nas estradas que lhe fo-

ram indicadas pelo proprietário ou

seu representante, coiji todo o zêlo,

de modo a não danificar a serin-

gueira, preparando conve 11 i e n t e-

mente o látex pelo sistema adotado

11a região e entregando-o à pessoa

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44 O OBSERVADOR — /..Y.Y.Yf-7//

para isto designada pelo proprietá-rio.

IV — No caso de ser provada a

venda clandestina de borracha, o

arrendatário que a houver efetuado

pagará a multa correspondente ao

dobro da importância apurada na

transação, elevada ao tresdôbro no

caso de reincidência.

— Se o proprietário faltar ao

cumprimento das disposições do

presente contrato ou, por meio de

violência, constranger o arrenda-

tário a abandonar o serviço do la-

brico, antes de findo o prazo nele

estipulado, pagará o dobro da im-

portância correspondente ao resto

do tempo de duração, a que se refe-

re a cláusula primeira, computado

sôbre o valor da venda feita no pe-ríodo anterior, pelo arrendatário.

VI — O arrendatário que faltar

ao cumprimento das disposições do

presente contrato ou, antes de fin-

do o prazo nele estipulado, abando-

nar sem causa justa o serviço de

fabrico da borracha, perderá para o

proprietário a prestação que jáhouver pago e mais o direito aos

meios de transporte a que se refe-

re a parte final da cláusula se-

gunda.VII — Será mantida na distri-

buição das "estradas"

tôda a im-

parcialidade por parte do proprie-tário ou de seu representante.

YIII — O arrendatário poderácomprar os gêneros de que precisaronde lhe convier, ou poderá adqui-

ri-lo do proprietário.IX — No caso dos gêneros, de

que trata a cláusula precedente, se-

rem fornecidos pelo proprietário,êste lançará ou mandará lançar,

com tôda a clareza e exatidão, na

caderneta conta-corrente, que é

propriedade do arrendatário, todos

os fornecimentos feitos e as res-

pectivas importâncias, assim como

aquela correspondente â compra da

borracha.

Deverá! outrossim. constar na

caderneta citada, quanto à alimen-

tação, tôdas as especificações de

gênero e preço, não podendo êste

último exceder aos da tabela ofi-ciai pipa o mercado mais próximo.

— O arrendatário trabalhará

. . . . dias por semana, das —. . . hs.às .... lis., com intervalos das . . . .lis. às .... hs., para refeição edescanço.

ga — O presente contrato pode-

rá ser prorrogado por igual prazo,mediante apostila, datada e assina-da pelas partes e visada pe. . .

XII — Tôtteis as questões que sesuscitarem na interpretação ouexecução dêste contrato serão re-solvidas de conformidade com oDecreto n.° 3.010, de 20 de agostode 1938."

lão simples no seu conteúdo

para quem vive nas cidades, o con-trato que o leitor vem de ler cons-titue, na realidade, um importanteinaíco. A entrada do direito socialnos seringais da Amazônia. Já sefala em horas de trabalho, no di-reito do seringueiro comprar forado armazém do patrão e não hámais as famosas multas pela ffaiii-ti caça o das arvores. . . Levando ohomem para a batalha da borracha,o D. X. I. leva. também, a lei queo ampara e protege, n| terra es-tranlia.

Do mesmo modo que a hospedaria de Fortaleza, a de Belem tem, também, os seus médicos e o seu serviço sanitário,feito com a maior eficiência. A fotografia apresenta o pavilhão de isolamento da hospedaria de Belem para os doentes que,eventualmente, venham a apanhar alguma moléstia contagiosa.

PAVILHÃO SANITÁRIO

I

I

O OBSERVADOR — /..Y.Y.YI7// 45

Alimentos Deshidratados

oi / / c/cl TújP

brasileiro, no próprio momen-

to em que os alemães e italianos "se

empenhavam em grandes esforços

contra a navegaçãl aliada pari o nor-

te da África, veio demonstrar quenão se deve mais crer em segurança

de transporte marítimo em qualqueroceano, até que termine esta guer-

ra. Por mais que se agravem as

suas dificuldades e provavelmenteaté mesmo por êste motivo, os pai-

ses do Eixo se alargarão em atos

dispersos de perversidade, onde

quer que lhe apareçam as possibi-

lidades de executá-los.

Os governos das Nações Unidas

não alimentam dúvidas a êste res-

peito. Sabem que a arma submari-

na é a que mais auxílio, daqui pordiante, poude prestar aos seus ini-

migos. E preparam-se para comba-

tê-la com todas as armas e para

repor as mais graves perdas que a

mesma infringir. Segundo os alga-

rismos oficiais, só nos Estados Uni-

dos foram construídas, em 1942,

(8.090.000 toneladas de navios mer-

cantes, às quais, durante êste ano.

se juntarão mais 13 milhões.

O reforço é considerável, mas jáse sabe que quantidades por assim

dizer ilimitadas de espaço marítimo

serão progressivamente absorvidas

pelas operações militares em curso

ou em projeto.

Crescentes serão, portanto, as

nossas dificuldades de transpor-

te, para todas as mercadorias

que não sejam imprescindíveis ao

prosseguimento da luta. Falando aos

seus companheiros de diretoria na

Associação Comercial do Rio de

Janeiro, o sr. João Daudt de Oli-

veira disse recentemente estar con-

vencido de que nossos dias vaò se

tornando cada vez mais difíceis, em

conseqüência da falta de comunica-

ções com os países que suprem |s

nossas necessidades. A questão da

tonelagem é gravíssima para nos,

acrescentou.

E de igual gravidade é o proble-ma da navegação de cabotagem,

desde o afundamento do "Baepen-

llf, " Itagiba",

"Arara quara'

Foto "A. de Miranda Bastos"

OVOS FRESCOS

Os ovos frescos se classificam entre os produtos que exigem maiores cuidados na embalagens como no transporte Re-

duzidos a pó/ com uma enorme economia de volume, eles podem, no entanto, via;ar as maiores distancias sem precisai

maras frigoríficas e como qualquer outra carga.

mmsm.

ran

is*.*,.,.

46 O OBSERVADOR — r.XXXFWI

Mapa "O Observador"

DISTRIBUIÇÃO DO GADO

Neste mapa do Brasil, tomadas as regiões conforme a divisão oficial, temos a distri-buição percentual do rebanho brasileiro. A região centro-oeste é detentora da maior por-çao, traduzida em 4,7%.

r Arará" e "Anibal Benevolo", à

vista das costas brasileiras. Gene-

ros essenciais como a carne, o pão,o sal e o açúcar teem faltado em

varias cidades.

Não podendo contar, por enquan-

to, com um aumento da sua frota

mercante, — embora, como O OB-

SERVADOR mostrou 110 seu nú-

mero de janeiro de 1942, o Brasil

possua os principais elementos paraa construção completa de pequenosnavios costeiros, a vapor, — o re-

curso ao nosso alcance para reme-

diar essa falta é forçar uma redu-

ção do volume das mercadorias

cujo transporte precise ser obriga-

toriamentq realizado, gêneros ali-

mentícios impossíveis de ser pron-tamente produzidos na própria re-

gião.Providências bastante adiantadas

e muito bem conduzidas prometemcolocar em breve no mercado 11a-

cional uma série de alimentos de-

shidratados, graças aos quais s<j*á

diminuído cerca de um décimo o

pêso dos volumes destinados ao

abastecimento alimentar dos Esta-

dos mais atingidos pela crise.

DESENVOLVIMENTO

EXTRAORDINÁRIO

A indústria de alimentos deshi-dratados é muito velha. A atual

carne deshidratada tem como an-

cestral no Brasil o antiquíssimo"piracuí",

farinha de peixe que osíndios fabricavam triturando no pi-lão de pau o peixe sêco e que en-

contrei várias vezes na cozinha doscaboclos do interior do Pará.

Mas a modernização dos proces-sos teve como principal pioneiroGail Borden, que para atender àsnecessidades das tropas da União,durante a Guerra Civil dos Estados

Unidos, fundou a bem conhecidafábrica de leite condensado.

Durante a Grande Guerra a in-dúslria experimentou certo incre-mento. porém a seguir esmoreceu..1-imitando-se ao comércio de certosfrutos secos, como uvas, ameixas e

Sibricos ; ovos e leite em po para as

confeitarias.

Ao estender-se, porém, o presen-

te conflito, a necessidade de subs-

tãncias alimentares de pêso redu-

zido tomou importância excepcio-

nal. Nos Estados Unidos, as grau-

des usinas de deshidratação, que

em 1940 não passavam de sete, ele-

vavam-se a dezoito em princípiosde 1942 e o govêrno, além de ex-

piorar por conta própria duas ou-

tras, estava financiando a gpnstru-ção de mais doze.

Segundo uma notícia de "For-

tune", durante os primeiros trinta

meses de vigência da lei de Em-

préstimo e Arrendamento, a "Agifi-

cultural Marketing Adminis t r a -

tion", do Departamento de Agricul-

tura, comprou perto de 200 mi-

lhões de dólares de carne, leite,

ovos, sopas, frutas e verduras de-

shidratadasf cifra que, não obstanl

te, representou apenas um quartodo valor total dos alimentos com-

prados nesse período por aquele

órgão.

Pois calculou-se que se todos os

gêneros embarcados pela AMA pa-ra a Inglaterra, Rússia, China e

outros países, durante o primeiroano da lei, fossem gêneros deshi-

dratados, ter-se-ía economizado o

espaço de oitenta navios de 10.000

toneladas, economia de valor imen-

so, diante dos riscos da navegação.

Por meio de ensaios sucessivos,

os técnicos estadunidenses conse-

guiram com que 1.000 quilos deervilhas frescas, (que depois de en-latadas pesam duas toneladas), se-

jam reduzidas a apenas 150 quilos;que três dúzias de ovos se transfor-mem em menos de meio quilo de

pó, que um litro de leite caiba naconcha de uma colhér.

Falando há pouco aos jornais, ochefe do Serviço Técnico de Ali-mentação Nacional, da MobilizaçãoEconômica, declarou que, pondo em

prática a deshidratação, poderemosacomodar num pequeno avião de

, transporte a carne de duzentosbois, (transformada em apenas 5toneladas de produto deshidrata-do), ao passo que necessitaríamosde todo um campo de avião paracomportar os animais vivos.

Em sua edição de janeiro último,O OBSERVADOR apresentou uniestudo sôbre a economia de espaço

que se consegue nos transportes,

preterindo, aos que antes se con-

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O OUSERVADOR — I.X.XXrill 47'V<~jy§B

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39|

O GADO DA ILHA DE jMARAJO

17B„ tud0 o aue se diz a ilha de ilarajo e sobremodo insuficiente para abastecer de came a popula^o do Para,

pois suas gzendas somam^apenas 600.000 rezes, cuja produ?ao anual nao vai acima de 10%. Supnmentos de came sao in is-

pensaveis a toda a Amazonia.

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p0to "A. de Miranda Bastos"

O OBSERVADOR

Foto "A. de Miranda Bastos

abastecer de carne a população do Para

de 10%. Suprimentos de carne são indis

t^mmm

A. de Miranda BastosFoto

O TRANSPORTE DO GADO

Enquanto que no Nordeste e no Centro o gado segue até os matadouros por meio de longas

' , P-qmo frpnlmente barcos desconfortáveis como este que levam as rezes da ilha de .Harajo aos locais

sumo? onde chegam "desbarrigadas" e maltratadas. O problema de transporte do nosso principal alimento apresenta graves e-

feitos em todo o pais.

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Foto "A. de Miranda Bastos"

O SERVIÇO NOS LABORATÓRIOS

Vários laboratórios oficiais e particulares possuem secções trabalhando atualmente sob a orientação do STAN na pèsqiii-sa da composição dos nossos produtos alimentares, processos de deshidratação e fórmulas de novos alimentos.

sumiam, os alimentos deshidrita-

cios. Êles estão ajudando a vencer

a campanha submarina tão valen-

temente quanto as escoltas dos

comboios. Dispensam as instalações

frigoríficas, que a maioria dos na-

vios não possue e economizam tam-

bém o vasilhame. As conservas

precisam dé latas de folha de

Flandres e de forros de estanho,

ou então, de frascos de vidro; os

modernos deshidratados conten-

tam-se com uma embalagem de pa-

pelão ou celofane.

Simples na sua essência, os pro-cessos de deshidratação de ali-

mentos apresentam, contudo, paracada caso particular, um conjunto

de operações diversas, de cada uma

das quais depende em maior ou

menor grau a qualidade do produ-to pretendido e o seu custo. Recla-

mam também instalações valiosas,

que ainda mais dificultam a orga-

nização da indústria num país novo.

Solicitados, porém, pelos acon-

tecimentos, a se manifestarem nes-

se novo campo de atividade, os téc-

nicos e industriais brasileiros rapi-

damente se organizaram. E ao se

completarem os quatro meses de

lua creação, o Serviço Técnico de

Alimentação Nacional apresentou

as primeiras amostras de carne,

leite, ovos e vários legumes deshi-

dratados.

Assisti o trabalho de alguns dos

técnicos a quem foi conferida a

missão de resolver, com a brevida-

de imposta pelas contingências dá

guerra, questões de tão grande iml

portância, e obtive uma impressão

confortadora. Nos laboratórios rei-

na uma atividade de colméia; sen-

te-se em cada um dos elementos da

equipe mobilizada a confiança noresultado final.

O TERRÍVEL PROBLEMA DA

CARNE

A solicitação mais próxima a miea indústria brasileira de deshidra-

tados terá de atender será sem dú-

vida a das populações civis dos Es-

tados do Norte.

A carne é o produto mais neces-

sário. As concentrações militares e

a migração para os seringais gera-ram em boa extensão, do litoral ena região amazônica problemas de.indisfarçavel gravidade, de que se

pode fazer idéia considerando que,dentre os gêneros de primeira ne-cessidade, um Estado como o Paráapenas produz, com suficiência parao seu próprio consumo, farinha earroz.

— Mas o Pará tem muito gado !comentará o leitor desprevenido.

E a ilha de Marajó?

Sempre que se fala no Norte eem gado, ocorre logo à lembrançaa imagem das grandes campinasmarajoaras, com seus milhares derezes. Pois som em-se as 600.000cabeças de gado bovino da ilha.com as quase 200.000 do BaixoAmazonas, divida-se o total pela

?

L.J

jiviaSe'aucho' c u uiicuuv-ll I Jy ~j- a — --. \ i

, da nutricao sfuiara os nazis na or-kanssimos. . J*

59

1 O nroblema da came 1 alias, (le Paralelamente aos estudos para gagizgqap da sua dietetic* militar.

{ [uase todi <J Brasil. Os grandes a determinacao dos melhores pro- Durante as campanhas da I olonia.

. ... :

ie Mirr.nda BastoV'

0 OBSERVADOR Exxxmn

população e obter-se-á unicamente

o modesto coeficiente de 0,4%.

Leve-se em conta que o rendi-

mento médio anual de uma fazen-

da marajoara, em gado de córte, é

de 10%, (8% em bois, 2% em va-

cas), conceda-se, exagerando mui-

to, que cada rez forneça 200squilos

de carne, e o resultado será desola-

dor: a cada habitante do Pará to-

cam por ano apenas 8 quilos de

carne. » |

O estado, relativamente à sua po-

pulação, e considerando que no

Nordeste se cria muito o carneiro e

a cabra, é um dos mais pobres em

gado' Sempre foi assim. Durante

muitos anos a Amazônia contou

com o reforço das boiadas do Nor-

.deste e até de gado do Piata. lia-

|,via ainda o charque argentino ou

Igauch! e o pirarucu regional, boje

^caríssimos.

\ O problema da carne é, alias, de

todo o R.raiil. Os grandes

centros de criação, com reservas

para fornecer aos outros estados,

são apenas Mato Grosso, Goiaz,

Rio Grande do Sul e Minas. O

qu o ei ente de gado correspondente

a cada habitante nas sete regiões

geográficas, conforme o gráfico

que apresentamos, utilizando os

algarismos coligidos pelo Instituto

de Geografia e Estatística é o se-

guinte :

AS RAÇÕES BALANCEADAS

•Paralelamente aos estudos para

a determinação dos melhores pro-

cessos de secagem das carnes, le-

gumes e outros produtos, os técni-

cos se esforçam pela confecção de

fórmulas de alimentos deshidrata-

dos completos. Rações balancea-

das, que sob reduzido volume for-

neçüm ao indivíduo todos os prin-

cípios necessários para que êle se

mantenha no mais alto grau de

robustez e saúde, são particular-

mente indicadas para o abasteci-

mento das tropas.

Os alemães foram muito ironi-

zados na outra guerra por causa

dos seus "ersatzen", originados da

falta de certas substâncias usuais

na cozinha. Dizia-se que eram ape-

nas produtos para encher o estô-

mago, de mínimo valor nutritivo,

difíceis de tragar. Desta vez, no

entanto, se reconheceu que um só-

lido conhecimento dos princípios

da nutrição guiara os nazis na or-

ganização da sua dietética militar.

Durante as campanhas da Polônia.

. l í¦1

IÊU L VFoto "A. do Miranda Bastofi"

APARELHO DESTILADOR

O problema alimenta,', à luz ,1a ciência contemporânea, está estreitamente ligado ao das vit .minas. Este aparelho cies

tilador, único na América do Sul, destina-se à obtenção de (rações de oleos vegetais ricas em v.taminas.

só1 OBSERVADOR — LXXXrlil

Noruega, Holanda, Bélgica e Fran-

ça, os soldados invasores cobriram

marchas de 30 e 40 quilômetros em

24 horas, sob tôdas as condições de

tempo e terreno, e chegaram ao

seu destino em folgadas condições

de travar combate.

Falou-se que eles tomavam pas-tilhas de drogas contra a fadiga.

Depois, por meio de análises nas

rações de prisioneiros, verificou-se

que o milagre provinha essencial-

mente das virtudes da alimentação

distribuída na qual predominavamo

"Edelsoja" e o

"Bratling".

O Edelsoja é uma farinha de

soja com elevado teor de proteinas,

gorduras e carbohidratos, farinha

que se adiciona às sôpas, pão e

massas, em lugar da carne. O Brat-

ling é um outro substituto da car-

ne, à base de farinha de soja, cujo

paladar os fabricantes fazem va-

riar pela modoficação dos tempe-

ros.

"Food Industries", revista espe-

cializada de Nova York, dedicou

num dos seus números um estudo

aos "Alimentos

que ajudaram a

Blitzkrieg", e nele fez referências,

também, ao "Pemmikan-Landjae-

gar", alimento muito concentrado,

á base de carne defumada, touci-nho, frutos secos, sôro de leite,massa de tomate, levedo, pimentãoe lecitina, bem assim aos "V-

drops", compostos de dextrose,sôro, leite, gordura e vitamina C,

encontrados com os soldados cia in-

vasão da Noruega.

Os japoneses, por seu turno, dei-

xaram saber que, no preparo da

sua sruSrra no Pacífico, cuidaramotão bem do meio de dar as suas

hordas as armas mais compactas

como os alimentos mais eficientes.

Durante a palestra que manteve

com o representante desta revista,

o chefe do Serviço Técnico da Ali-

mentação Nacional, após lisonjeiras

referências ao grande surto que os

norte-americanos estão imprimiu-

do à indústria de alimentos deshi-

dratados afirmou que o Brasil está

em condições de fabricar produtosdo mais alto valor nutritivo, porser imensa a nossa variedade de

substâncias utilizáveis. Vários es-

pecialistas se acham exclusivamen-

te absorvidos pelo delicado traba-

lho das análises; outros procedemaos ensaios semi-industriais. Êles jáchegaram a uma fórmula de ração

de reserva na qual, em uma carga

de um quilo, os soldados encontra-

rão sete refeições balanceadas.

Os esforços bem encaminhados

dos técnicos e que levou os indus-

triais em produtos alimentares a

oferecerem a soma de 5 milhões

de cruzeiros para que seja creado

no Rio de Janeiro um Instituto de

Tecnologia Alimentar, com a fina-

lidade de proceder tôdas as pesqui-sas necessárias para que possamosproduzir bons alimentos e ter uma

alimentação acertada. Reunidos os

^

1

EVITE ESTES CONTRATEMPOS...

o BANCO NACIONAL DE DESCONTOS

FUNCIONA ATÉ ÀS 19 HORAS

50-RUA DA ALFÂNDEGA-50

especialistas sob um único teto e

estimulados pelo conforto de uma

aparelhagem definitiva, serão evi-

dentes mais férteis os resultados a

esperar.

INDÚSTRIA DE GUERRA

E DE PAZ

A indústria de alimentos deshi-

dratados oferece perspectivas quo a

recomendam à atenção dos capita-

listas nacionais. O movimento da"Agricultural Marketing Adminis-

tration" regula agora em 5 milhões

de dólares diários e os gênerosdeshidratados são preferidos a

qualquer outro.

Crescendo contínua e vertigino-

samente o vulto das encomendas, é

nosso dever apressarmos a organi-

zação das nossas fábricas, para queelas possam aliviar a crise interna

de alimentos e aceitar também uma

parte das encomendas que os exér-

citos d^is Democracias estão aprel

sentando.

Num artigo publicado no "Ame-

rican Legion Magazine", de que o

último número de "Seleções"

traz

um resumo, o sr. Ben James, as-

sistente do diretor da AMA decla-

Ia que estes novos produtos revo-

lucionarão os hábitos alimentares

do mundo.

Com efeito, já se calcula que pelomenos durante dezoito meses após

a assinatura da Paz, êles deverão

constituir a base da alimentação

dos povos europeus arruinados

pelo jugo hitlerista. E devido aoslongos transportes, quer nos mer-cados externos como nos nossos, os"deshidratados"

levarão, na maio-ria dos casos, a vantagem do menor

preço.

Êles estão indigitados a acabarcom o regime do transporte dasboiadas em pé, do sertão as inver-nadas e destas aos matadouros. Edestinados do mesmo passo, me-diante a indispensável campanhaeducativa, a combater o regime desub-nutrição que inferioriza para otrabalho grande parte das nossas

populações rurais.

E uma rendosa indústria de

guei 1 a, mas com todos os requisi-tos para se tornar uma rendosa in-dústria de paz.

~ =1

Nao e na hora do =

SBP^ ataque que

se organ iza ||

» m A DEFESA! ^ f

T ANCHAS torpedeiras patrulham as corre bem. Mas se o Sr. viesse a faltar

^ costas para que, conhecidos os movi- subitamente, que faria sua esposa para

mentos do inimigo, possam os coman- sustentar o lar e manter as crian<?as

dantes organizar a defesa com antece- no colegio? Nao deixe este assunto para

dencia. Aquele que nao fizer assim ser resolvido - depois... Quando o

esperar que o inimigo o ataque, para, imprevisto surgir, ser& muito tarde.

so entao, preparar a sua defesa, sera Com um seguro de vida, o Sr. teragaian-

fatalmente derrotado. Na guerra tido antecipadamente a defesa de sua

como na vida — a vitoria pertence familia contra os ataques da adversida-

quero sabe prever. de. A Sul America tem um piano de segu-

O Sr. ia pensou que tambem e preciso ro para cada bolsa. Consulte — sem com-

cuidar, com antecedencia, do futuro de promisso um Agente da Sul America

sua familia? Agora, enquanto o Sr. sobre o piano que melhor se adapta

estd atendendo pessoalmente & manu- ao seu caso. Envie o "coupon abaixo

ten<?ao da esposa e dos filhos, tudo para receber um folheto descntivo.

[" A SUL AMERICAjEgjE CAIXA POSTAL 971-RIO

_ AWflV 41 Aiwar Queiram enviar-me um folheto sobre Seguro de

9111 A IHCr 1L11 Vi<la' 8-YYYY-l 7 8

Companhia Nacional de Seguroa de Vida ^^38 Nome IFuudada em 1895

Cidade Estado

ataque que

se organiza

A DEFESA!

corre bem. Mas se o Sr. viesse a faltar

subitamente, que faria sua esposa parasustentar o lar e manter as crianças

no colégio? Não deixe este assunto paraser resolvido — depois ... Quando o

imprevisto surgir, será muito tarde.

Com um seguro de vida, o Sr. terá garan-tido antecipadamente a defesa de sua

familia contra os ataques da adversida-

de. A Sul America tem um plano de segu-

ro para cada bolsa. Consulte — sem com-

promisso — um Agente da Sul America

sobre o plano que melhor se adapta

ao seu caso. Envie o "coupon" abaixo

para receber um folheto descritivo.

LANCHAS torpedeiras patrulham as

costas para que, conhecidos os movi-

mentos do inimigo, possam os coman-

dantes organizar a defesa com antece-

dencia. Aquele que não fizer assim e

esperar que o inimigo o ataque, para,só então, preparar a sua defesa, será

fatalmente derrotado. Na guerra —

como na vida — a vitoria pertence a

quem sabe prever.O Sr. já pensou que também é preciso

cuidar, com antecedencia, do futuro de

sua familia? Agora, enquanto o Sr.

está atendendo pessoalmente à manu-

tenção da esposa e dos filhos, tudo

como • WoÃx*ueat

Snl America

Companhia Nacional de Seguros de Vida

Fundada em 1895Nome

EstadoCidade

'' .'íKj-S:Â

SI

A SUL AllERICA JA PAGOU MAIS DE MEIO BILHÃO DE CRUZEIROS A SEGURADOS E BENEFICIÁRIOS

1

o OISSKRVAIM >K — /..V.V.VI7//

Belo Horizonte

"^JO seu interesse pela Capital

que administra, o prefeito

Tuscelino Kubitschek, que vem

realizando em Belo Horizonte no-

táveis melhoramentos, o que, aliás,

já tivemos e-nsêjo de assinalar em

outras edições do OBSERVADOR,

deliberou instituir, na encantadora

capital mineira, 110 Concurso de

Fotografias.

Ora, todos reconhecem o valor

documentário da fotografia e, poi -

tanto, a sua extraordinaria efi-

ciência como propaganda, como

motivo de atraçao. 0 pre leito de

Se li Horizonte, instituindo o 1

Concurso de Fotografias de Belo

Horizonte, indicou aos fltógrafos o

modelo, que seria a Capital.

A iniciativa do administrador al-

cançaria vários e esplêndidos obje-

tivos, todos beneficiadores da Ca-

A« I

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Foto "Francisco Fernandes"

'CARICIA'

Na secção de Instantaneos-Figuras, do concurso de fotografias promovido em Belo

Horizonte sob os auspícios da Prefeitura local, foi classificada em primeiro lugar a bela

estampa que vemos acima. Trata-se, não resta dúvida, de um grupo relevantemente

expressionista e de rara felicidade.

pitai. A concessão dos prêmios e,

mais do que isso, a evidenciaçao,

através de um julgamento severo,

dos predicados dos artistas, seria

nn; estímulo para o aperfeiçoa-

mento dos fotógrafos de BeVo Ho-

rizonte.

A escolha de Belo Horizonte co-

mo modelo, como centro de inte-

rêsse para os concorrentes, daria á

Capital, que é uma das mais belas

e atraentes do Brasil, tanto pela

sua natureza como pelo progresso

de epie a teem dotado os governos

de Minas, um elemento precioso

para sua propaganda, para que tos-

sem conhecidos por toda parte as-

pectos que verdadeiramente clis-

sessem o que ela é.

AS BASES DO CONCURSO

Foram previamente fixadas as

bases do I Concurso de Fotogra-

fias,, que abrangeria cinco seções,

a saber : Seção de vistas de Bllo

Horizonte; Seção de Realizações

da atual administração municipal ;

Seção de Instantâneos — Figuras ;.*>Seção de Vistas lia Pampulha.

Na seção \ istas de Belo 1 Iori-

zonte ficava franco ao artista co-

llier, na cidade, de milhares de as-

pectos imponentes, aquele que mais

o impressionasse e que, ao mesmo

tempo, pudesse servir pari cara-

cterizar a Capital de Minas. Foi

por isso mesmo a seção que teve

maior número de concorrentes.

A Seção de Realizações da atual

Administração teve o julgamentoadiado. Resolveu o júri, que se

compôs de artistas e intelectuais de

relevo em Belo Horizonte, que o

Concurso, nessa Seção, permaneçaaberto, uma vez que

• não foram

julgados merecedores de prêmiosos trabalhos apresentados.

A Seção Instantâneos — Figu-

ras possibilitaria aos artistas a de-

monstração de suas verdadeiras

qualidades de técnico, pois e r a1 rança a escolha de motivos e mo-delos. E foi uma seção das mais in-teressantes e sugestivas.

A Seção Vistas da Pampulha se-ria indispensável num certame de

ffotogjlafias de Polo Horizontal

porque a Pampulha que a atual ad-

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O O®ER\#]l0R — LXXXVI11

Tallez, I primeira vista, feega lm pouco extravagantc o fato de se querer a Belo Honzonte o cognome que celebnzou cm

todo o mundo a capital francesa. Mas, apreciando o conjunto desta jotografia

(1.° lugar da Sec^To Vistas de Belo Honzonte), damos

razao a quem pos a legenda. Belo Horizonte - Cidade Luz.

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mmtomwaè&.Amável Costa

Foto "Amável Costa'

'BELO HORIZONTE - CIDADE LUZ"

Talvez, I primeira vista, pareça um pouco extravagante o fato de se querer a Belo Horizonte o cognome que celebrizou em

todo o mundo a capital francesJ Mas, apreciando o conjunto desta fotografia (l.u lugar da Secção \ istas de Belo Horizonte), damos

razão a quem pôs a legenda. Belo Horizonte - Cidade Luz.

"PRAÇA RAUL SOARES"

A praça Raul Soares % um dos mais encantadores logradouros públicos da capital mineira. No concurso de lotografias pre-

movido pela prefcitila de Belo Horizonte, houve uma secção "Vistas cie Belo Horizonte1' e para concorrer a ela, os amadores,o

profissionais mineiros não tiveram dificuldades cm colher boas lotos.

Wswv.

ga&sirlr^ IMS!

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mrS5M

I

O OBSERVADOR — Lx|x J/i

54

"PRIMEIRA VELA"

Dentre as grandes obras levadas a termo pelo atual prefeito de Belo Horizonte, uma que muito envaidece, justamente os

mineiros, e a repress de Pampulha. O fotigrafo fixou aqui a "Primeira Vela que se reflet.u nas aguas de Pampulhaje a sua (oto

foi classificada em 1 .a lugar na Sec?ao Vistas de Pampulha. Lu:

i\v M SI 11182 i L

F-—**r - 1MB . - ?W/¦ ^ - ' ' 'r

mini' * ",*'i^******^-*^"^*^m5iSSSSbb^

Foto "Amavel Costa"

"0 CASSINO, () I ATE E O BAILE"

A fotografia classificada em segundo lugar na sec^ao "Vistas de Pampulha" focaliza o

"cassino, o iate, o bailc - Blade ma-

ravilhosa do cora^ao da Represa".

LXXXVlllO OBSERVAUOI

l^iSBgg

Foto "Vicente Prates

muito envaidece, justamente, os

águas de PampulhaJ|e a sua foto

i*mz

mmSÊMMmm

• .-•

Foto "Amável Costa"

"O CASSINO, O IATE E O BAILE"

A fotografia classificada em segundo lugar na secção "Vistas de Pampulha" focaliza o

"cassino, o iate, o baile - tríade ma

ravilhosa do coração da Represa".

iBHrnBilfP'''/'' ^W 'I^Br

^^^^^MBKai&i^w^V J#%iA (»f y 3^VfriiP KI^^^BHi^^^l^;1^^;';V .m % .^Hv< » m IV JHHP'iraHH^^^H

O OBSERVADOR — LXXXVIU

O RESULTADO

O critério que orientou o concur-

so foi dos mais sãos. Tudo o que

interessasse a Belo Horizonte foi

incluído nas bases. Ficou livre aos

concorrentes, para mostrarem, sem

predeterminação de objetivos, sua

capacidade técnica e seus pendores,

a "Seção de Instantâneos — Fi-

guras".Os trabalhos apresentados fo-

ram magníficos e em número su-

perior a 300, sendo mais de 30

concorrentes entre profissionais e

amadores.

A exposição foi feita no "hall

do] Cassino da Pampulha, pelo qual

desfilaram os elementos- mais re-

presentativos das artes, das letras,

da ciência e da sociedade, enfim,

da Capital mineira, que puderam

admirar os trabalhos expostos.

A Comissão Julgadora, depois de

várias reuniões, conferiu os se-

guintes prêmios :

Seção de Vistas de Belo Horizon-

te: 1.° lugar — Fotógrafo profis-

sional Amável Costa — com o tra-

balho sob a legenda "Belo Hori-

zonte — cidade luz", vista noturna

da Avenida Afonso Pena; em 2.°

lugar o mesmo fotógrafo, com o

trabalho apresentado com a legen-

da "Praça Raul Soares".

Seção de Vistas da Pampulha —

1.° lugar o fotógrafo amador Vi-

cente Pr ates, com a fotogiafia"Primeira Vela"; 2" lugar o fotó-

grafo profissional Amável Costa,

com a fotografia que trazia a le-

genda: "Cassino, Iate, Baile

tríade maravilhosa do coração da

Represa,"

Foto "Carlos Vitor Gomes''CABEÇA DE VELHO"

"Cabeça de Velho", foi a legenda dada pelo autor a fotografia colocada em segundo

lugar no concurso realizado sob os auspícios da prefeitura de Belo Horizonte, A mostra

de arte fotográfica foi motivo de vivos elogios, de parte de quantos a visitaram. A

capital mineira, mercê de realizações semelhantes, vai ocupando um lugar de vanguarda

nas iniciativas artísticas do Brasil.

Seção Instantâneos — Figuras— 1.° lugar: Fotógrafo amador

Francisco Fernandes, com o traba-

lho "Carícia"; em 2.° lugar o fo-

tógrafo Carlos Vitor Gomes, com"Cabeça de Velho".

Os prêmios foram de 3 mil cru-

zeiros para os primeiros lugares e

de mil cruzeiros para os segundos

lugares.

INICIATIVA MERECEDORA DE

APLAUSOS

A iniciativa do prefeito JuscelinoKubitschek foi, como se vê, das

mais interessantes e merecedora de

aplausos.

E' bem uma iniciativa que mere-

ce divulgação, porque digna de ser

imitada por outras capitais do

país, dadas as vantagens que dela

decorrem para o maior conheci-

mento de nossas cidades por parte<dos brasileiros.

Publicamos neste número os

trabalhos premiados no interes-

sante concurso, ideado pelo espíri-

to culto e moderno do prefeito Jus-

celino Kubitschek,

ministração valorizou, é uma nova

cidade entregue a Belo Plorizonte.'A

represa imensa da Pampulha se

transformou num incentivo aos es-

portes náuticos em Belo Horizonte.

O local, onde antes era mataria,

oferece hoje um aspecto desluní-

brante, com uma bela avenida cir-

cuhdándo a lagoa, cheia de cons-

trações estilizadas e elegantes. O

Cassino da Pampulha, num planai-to dominando o cenário, é uma das

mais suntuosas construções e insf

talaçõès do país, como reconhecem

tolos os turistas estrangeiros quevão à Capital mineira. Para Belo

Horizonte, a Pampulha, com os ele-

mentos de progresso e de civiliza-

ção cie que foi dotada,

constituir a maior atração

tica.

ppii '

56O'OBSERVADOR — IXXXVIll

O Valor Econômico da China

M regra geral, os historiógra-J fos modernos — refiro-me es-

pecialmente aos didáticos — não

fazem a menor menção, ao tratar

dos povos do Oriente, lia nltra-ve-

lhíssima, da plnrimilenar, da arqni-

ilustre civilização chinesa. Todos

nós completamos o nosso curso de

História conhecendo admiravelmen-

te as dinastias que se sucederam

no Egito, no longo decurso dos

três impérios. Esquadrinhamos as

civilizações mesopotâmicas e fixa-

mos 110 fundo da memória tudo

quanto se passou no império • cal-

daico, 110 primeiro e no segundo

império assírio e no grandevo e

turbilhonante império babilônico.

Somos capazes de descrever, com

abundância de detalhes, todas as

rotas em todos os mares perlustra-dos pelos marinheiros fenícios, de

retraçar, com tintas mágicas, o

quadro do esplendor de Tyro, nu-

ma precisa visão retrospectiva; de

evocar, 110 estilo mais brilhante,

todo o borborinho e o fausto mer-

cantil da esteril e gigantesca cida-

de de Cartago. Não ignoramos o

complicado sistema religioso dos

hebreus. Somos capazes, em suma,

de esboçar, com riqueza de minú-

cias, todas as peripécias dos mo-

narcas da Pérsia. Mas da índia e

da China e muito principalmente da

China — nada nos ministram nos

bancos escolares.

Entretanto...

ALGUNS ASPECTOS DA HIS-

TÓRIA DA CHINA

E n t r e t a n t o. o "

1 u-1 shing-

kwaw" (o Grande Império Ceies-

te), ou ainda o Tshung-Kwaw (o

Império do Meio), tem, como a

Grécia antiga ou como o antigo

Egito. uma história que se perdenas florestas negras da fábula, com

a sua mitologia, os seus heróis len-

dailos, os seus poetas épicos... Na

China, como acentua Strauss, os

sacerdotes de B.uda e de Lao-tse

ensinavam uma mitologia anti-his-

tórica que remonta a Pankou, o or~

ganizador de Tôdas as Coisas, o

Criador do Mundo. A seguir, vi-

nham os dez Ki, ou períodos histó-

gP^V:' '*-

; , "; £% '-' Do

"The National Geographic Magazine"

SACERDOTES BUDISTAS EM ORACAO

As tres fases importantes do dia convidam os sacerdotes budistas a ora^ao. Ao alvorecer, ao meio dia e ao crepusculoA fotografia acima foi colhida num dos templos de Nanquim. Poucos templos restam na grande cidade chin. Muitos forarriconvertidos em escolas, adaptados para services publicos outros e outros mais em hospitals. 0 budismo, porcm, e religiao p'ra-ticada por milhoes de cidadaos da China, tendo sido introduzida ali, na aurora do Cristianismo, proveniente da India'

m- --V -'-v-iV'' • •••¦.•;.¦•• /. . •:.-. .v v" V; ¦ ¦ ';.::'A .¦' -AW/ ¦ ¦'•.:¦:¦.'/-A'-, Av'A-A\.: YV;\'A> ¦ • vaa ' -:\ ¦ aa~:. T A-AAA ; ;/; -vs-S; •¦¦;;.S -a;-"AAA.::'.- \-v ->:y aWa y^M' y^-n;r:^ -:-a;a '..'A'7

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Do "The National Geographic Magazine

SACERDOTES BUDISTAS EM ORAÇÃO

As três fases importantes do dia convidam os sacerdotes budistas a oração. Ao alvorecer, ao meio dia e ao crepúsculoA fotografia acima foi colhida num dos templos de Nanquim. Poucos templos restam na grande cidade chin. Muitos foramconvertidos em escolas, adaptados para serviços públicos outros e outros mais em hospitais. 0 budismo, porém, é religião pra-ticada por milhões de cidadãos da China, tendo sido introduzida ali, na aurora do Cristianismo, proveniente da índia'

1

VJ WDOi^iv vnwvJA , ...€

,4«iw^; vST'Do "The National Geographic Magazine"

A BOA SORTE É FILHA DA BOA PONTARIA

Na avenida q». leva aos túmulos Minf esisten, 24 f^^ÍnÍt ^T»"W

t

EÉtoTS^d™ ,Sfcle atod. que caia e fique sôbre o dorso de um elefante é sinal de boa sorte.

ricos, que abraçavam 2.650.000

anos da vida do império. Os trinta

e seis imperadores mágicos en-

chiam tôda uma época de 180 mil

anos. A verdadeira história chine-

sa, porém, combate estas divaga-

ções eclesiásticas e não admite se-

não os nove imperadores conside-

rados semi-deuses, dos quais o pri-

meiro — Yeou-tcha-ochi, apaieceu

no Chen-si, onde ensina aos ho-

mens a maneira de construir caba-

nas. Depois, surge Soui-gin-chi,

que passa por ser o inventor do

fogo e da cozinha. You-ki, que o

sucedeu, introduziu o casamento e

inventou o Ciclo de 60 Anos, a es-

critura, os instrumentos de música,

em resumo, tôdas as artes pacífi-

cas e recuou as fronteiras do Sm-

pério até ao Hu-nan. Chin-nong, o

quarto semi-deus, assume o papel

lia Céres da mitologia grega: en-

sinou ao seu povu a arte de culti-

var a terra e de usar a charrua;

descobriu 70 qualidades de plantas

venenosas e 70 de outras contia-

venenosas. Enfim, para melhoi po-

o Chantong,

em Kio-feou. O povo, porém, se

revoltou contra essa medida e co-

locou em seu lugar o general

Hoang-ti, que teve o mérito de de-

senvolver as invenções dos seus

predecessores. Mandou construir

casas de tijolo, templos, fundou a

primeira cidade e o primeiro tribu-

nal que a História conhece. Intro-

duziu a hierarquia entre os oficiais

da tropa, dividiu o império em dez

províncias, cada província em dez

departamentos, cada departamento

em dez distritos e cada distrito em

dez comunas. Inventou o arco, a

flexa, o sabre, a lança, as moedas,

a arte de fundir os metais e etc.

Sua esposa criou o bicho da seda e

ensinou ao povo a arte da sei íci-

cultura. A passagem de Chao-hao

pelo trono chinês assinala-se ape-

nas por este acontecimento: como

Chin-nong, transferiu também a ca-

pitai do país. Êste outro. Tchuen-

io, ocupou-se da astronomia, de-

senvolveu o culto da razão e es-

tendeu os limites da China até a

Tartária, ao norte; à Cochinchina,

ao sul; ao grande deserto, ao oes-

te; e ao Oceano, a léste. liko, seu

sobrinho, continuou-lhe a obra, no

reino, e fundou o rito dos mortos.

O governo de Liko, o oitavo semi-

deus, não tem grande significação

histórica e Yao, que se lhe seguiu,

dá início à fase da verdadeira his-

tória da China, isto é, 2.357 anos

antes da Era Vulgar. A esta epo-

ca, a Europa é inteiramente desço-

nhecida para o povo chinês, da

mesma forma pela qual ignora a

existência da Pérsia e da Assíria.

Os primeiros europeus que se es-

tabeleceram na China foram os

portugueses, no ano de 1537. Con-

seguiram exercer domínio sobre o

território de Macau, à entrada do

rio de Cantão. Desempenharam ali

as mais diversas protissoes: |)rammissionários, soldados e comer-

ciantes. Alguns missionários logra-

ram chegar até Pequim. Pai a obtei

a confiança dos naturais do país, os

missionários lusitanos criarani um"mito chinês", posterior m ente

proibido pelo Papá. Em conse-

quência desta medida, o governo

chinês interditou também a Sropa-

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58 o OBSERVADOR — LXXXVU1

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tânicl na China. Até aos fins do

sécnlo XV|l| não se estendera até

a China o costume de fumar ópio.

Nem os próprios escritores chine-

ses puderam explicar a época em

IJuci esta terrível droga começou a

fazer estragos no povo do Celeste

Império. O representante chinês à

Conferência Internacional do Õpio,

reunida em Bhangai, em 1910, as-

segurava no seu relatório que ha-

viam sido us espanhóis, ao introdu-

zir o fumo na China, nos meiados

do século XVII, os primeiros a

ensinar os naturais do país a fu-

mar ópio misturado com- tabaco.

Conforme assevera J . Andrade,

existe outra hipótese sobre a orjg

gem do uso do ópio nesse império.

Nos começos do século XVIII os

holandeses desembarcaram em For-

mosa. Propagaram na ilha o ^cos-

tume de fumar uma mistura de

ópio. Quando os chineses se esta-

beleceram em Formosa contrairam

rapidamente êste novo costume e

o transportaram ao Império do

Meio. Não obstante tudo quantose tem dito a respeito da paixãodos chineses pelo ópio, o certo é

(|ue o uso dêste alcalóide ali resul-

ta de um vício ocidental, de uma

importação alienígena, relati v a -

mente recente, contra a qual os

chineses jamais deixaram de lutar

com energia e pela qual são res-

ponsáveis, exclusivamente, inescru-

pulosos negociantes estrangeiros.

Êste comércio, primeiro exercido

Meios- portugueses que traziam oópio de Gôa, passou em seguida

para a Companhia das í n diasOrientais que reteve o monópolioexclusivo em 1773. A importânciaaumentava com rapidez extraordi-nária apesar de um édito do impe-rador \ung-Cheng, lavrado em1729, proibindo a entrada da drogano país. Nesse édito, aquele mo-narca castigava a venda do ópiocom a

"canga" (um pesado colar

de madeira) e com o destêrro. Eaquele em cujo poder se encontras-se qualquer quantidade de droga,com a prisão e a morte. Em 1796

publicou-se outro édito que proi-bia, absolutamente, a importaçãodo ópio na China e na Coréa, amea-çando os culpados com a aplicaçãoda pena maxima. Graças! porém,as gratificações pecuniárias, os co-merciantes estrangeiros encontra-vam sempi e numerosos cúmplicesentre os funcionários chineses.

parida do catolicismo e decretou a

perseguição aos missionários. A

China era então, para a Europa,

apenas conhecida. Todos os demais

representantes de nações européias

que, durante o século XVII, foram

â China, não quiseram submeter-se

aos costumes do país, como ante-

riormente o haviam feito, com êxi-

to, os portugueses. Até então, os

chineses não sabiam a respeito da

Europa mais do que a significação

que para êles tinham os comer-

ciantes, que a tudo se adaptavam.

conquanto se realizassem negócios.

Os ocidentais compravam na China

trigo, porcelana e sedas, mas oschineses . nada compravam aos eu-ropeus. O Gabinete Chinês paraarranjar dinheiro permitia que se

fizessem as compras, porém, tãosomente pelo pôrto de Cantão e

por intermédio de uma sociedadeintegrada por comerciantes na cio-nais. O comprador que mais se des-tacava era a Companhia Inglesadas índias que detinha em suasmãos o monopólio do comércio bri-

Um dos grandes vultos da China moderna, morto já e que continua alvo da vene-ração dos patriotas, é o dr Sun Yat-Sen, fundador da República, que faleceu a 12 de mar-ço de 1925, em Peiping. Os seus restos mortais foram removidos para esse impressionantemausoléu situado a éste de Nanquim, quatro anos depois da sua morte. A sudeste dessesepulcro levantou-se um imponente cemitério onde repousam os restos dos soldados re-volucionários anteriormente enterrados por todo o território chinês.

Do "The Naitional Geographic Magazine"

EM MEMÓRIA DO FUNDADOR DA REPÚBLICA

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~fe¦&?,, ^/,c;i ,-

Como a natureza deste apanhado

não permite um esboço mais ou

menos amplo do desenvolvimento

da campanha nacionalista chinesa,

imprescindível para a compreensão

da história hodierna dêsse nobre e

valente povo do Extremo Oriente,

vamos indicar aqui as datas ^

dos

principais acontecimentos políticos

e militares que se verificaram nas

quatro últimas décadas do século

passado e no primeiro quartel do

século atual:

1860 — Sublevação dos "tai

ping" no vale de Kiang.

1895 — Primeiras manifestações

do Kuomintang (Partido Naciona-

lista) fundado por Sun Yat Sen.

Insurreição fracassada de Cantão.

Fuga de Sun Y at Sen.

1899 — Insurreição dos "bo-

>>xers .

1903, 1906/7/8 — Novas tentati-

vas de rebelião do Kuomintang,

fracassadas.

1911 — Insurreições em diversos

pontos da China, principalmente

em (Mangai e em Nanquimj Sun

Yat Sen organiza a revolução e é

eleito presidente provisório da Re-

pública pelos delegados provinciais

reunidos em Nanquim, em dezem-

bro.

1912 — Abdicação da dinastia

mandclui. Sun Yat Sen renuncia

aos poderes que lhe foram confia-

dos. A Assembléia Constitucional

WWP^Mi W iiT' li W 1111 " "I1" "1 <¦1 ^ 1 i I 1 H| 1 1' 1Mtmmwmm^.:.,-í^».-*- »*¦¦•«•••¦¦ •- Do -The National Geographic Magazine"

CHINA DE HOJE E CHINA DE ONTEM

Neste monumento está reunida a China de hoje e I China de ontem. A primem, 6

representada pelo pavilhão republicano, tremulando no mastro central da torre que Ma -

co Polo viu cerca de 650 anos atraz. A torre fora construída por MR 1 ji |S

enquanto

se preparava para uma batalha contra uma força de rebeldes.

de Nanquim elege a Yuen Che Kai

presidente da República. Rutura

entre o Kuomintang e os poderes

republicanos.

1913 — Abertura do Parlamento

chinês. Yuen apoia-se nas potên-

cias estrangeiras para empreender

a luta contra o Kuomintang e es-

magar as forças populaies de Nan-

quim. Sun Yat Sen .foge para o

Japão. Dissolução do Kuomintang.

1914 — Yuen faz-se nomear con-

sul perpétuo.

1915 — Yuen proclama-se impe-

rador. Sublevação das províncias

do Sul. Estabelecimento de um go-

lêrno provisório em Cantao.

1916 — Restauração da Repúbli-

ca. Morte de Yuen.

1917 — o «venerai nortista Chang-

Hiun, subvencionado por elementos

estrangeiros, toma Pequim e pro-

clama a volta da dinastia mandchú.

Duan Si Yui, com o auxílio do Ja-

pão, o expulsa de Pequim e resta-

belece o regime republicano e de-

clara guerra a Alemanha.

1919 — Rutura definitiva entre o

Norte e o Sul. Formação de uma

O OBSERVA DOU — mXMWl

O contrabando aumentava: 6.000

caixas em 1817; 10.000 em 1827;

40.000 em 1837. A China se alar-

liou ante semelhante violação dos

seus decretos e em 1828 destruiu

como represália 2.000 caixas de

ópio depositadas em Cantão, prin-

cipal centro de importação do re-

ferido veneno. Em 1828 o vice-rei

de Cantão já havia proibido as im-

portações do terrível alcalóide. O

resultado foi o de se fazer o infa-

me comércio por outros portos. Em

1830 explode a primeira "Guerra

do Ópio" que irá durar até 1842.

Como se vê, é importante a inter-

venção dêste fator na valorosa his-

tória do povo chinês que vai de to-

do o século XIX até o primeiro

quartel do século XX, para se re-

novar uma década mais tarde com

o brutal e criminoso ataque do Mo-

loch militarista do Japão.

3wk"

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i ' • i -\ 1 ' ?cS 4-43 ?79 • Kinano--.su com vourtcs (tcnclcis) com postrs uctigo Imperio do Me#, o qua

"so tti & i' 1 • - i• i , . 1 33.786.003; Kuanfung com ® pecas. dc cinco a scls pes de!M.l ^eiminai

com a uniao nacional 37.157.70i; e Chant-ung, com altura e colocadas 11 mi sobre a ogi-

de todas as ioicas politicas e 1111I1- 30.803.264. tra. Ouanto ao genuino chines, hataies pari en 1 rental" a ousadia da lim tipo particular (jue o colocacamarilha guerreira do Imperio do A China propriamente dita ain- abaiixo das racas caucasicas (iffdo-Sol Nascentc... da' compreendia populacoes subnie- europeia e semitica), mas tambem

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Do "The National Geographic Magazine''

CHINA, TERRA DE CONTRASTES

F lips onilnis na China sao mais baratos e rapilos que as antigas "ricksha". As viagenJ dc urn a outro textremo di cidadc atraves o amplo e novo perenrso rapido, leva duas horas, quando a tracpao humana custa '>()

cents de dohr O A-1encurta a viagem a mcnos de uma hora e custa seis cents. Mas na China nova ha tradicioniistas que prefcrem o ''Cl'd,'1''aos onions. j|grsna

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A China propriamente dita ain

da compreendia populações subme

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Do "The National Geograpliic Magazine

CHINA, TERRA DE CONTRASTES

uni a outro extremo da ci-0 cents de dólar. () oinhuis que preterem o "ricksha'

/vs viagenshumana cusla tradiciona

60 O OBSERVADOR — /..V.V.V/7//

Confederação do Sul, da qual -Sun

Hat Sen é proclamado presidente.

1922 — Greve los trabalhadoresdo porto de Ilong-Kong. Greve dosmineiros de Tonchai.

1923 — Greve dos Ferroviários.

A\'u Pei Fu deseneandeia luolenta

repressão contra os grevistas. Dijs-solução dos Sindicatos, fechamentodas Cooperativas e dos Centros

Operários em toda a China, comexceção dos de Cantão.

1924 — Greve gelai dos traba-lhadores na indústria têxtil de

Changai e de Hong-Kong, com otriunlo com|)leto do movimento.

(. om os sucessos de Changai em1925 inaugura-le um período fran-

eamente revolucionário para o an-tigo Império do Meio, o qual

• só

iria terminar com a união nacionalde tôdas as forças políticas e mili-

tares para enfrentar a ousadia dacamarilha guerreira do Império doSol Nascente. . .

OS HABITANTES

O território da China, que se es-

tende do 20 ao 53 grau de latitude

e do 74 ao 143 gráu de longitude

E., tem tuna superfície de mais de

11 milhões de quilômetros quadra-dos. Os chineses representam a

sexta parte da população total do

globo. Os dados de procedênciachinesa ("China Vear Book". 1936)

estimam a população da República

em 449.627.333 indivíduos. Os

camponeses compõem oitenta porCento de toda a população! Os

comerciantes, banqueiros, emigre-

gados, artezãos e proletários, doze

e meio por cento. As provínciasmais povoadas são: Chile, com ...

34.166.711 habitantes; Honan, com

30.850.909 ;. Hunan, com

28.443.279; Kinang-suj com

33.786.003 ; Kuan-tung, com

37.167.701; e Chant-ung, com ....

30.803.264.

tidas "in nomine" ao governo de

Pequim, mas. de fato. completa-

mente independentes como os Lo-

lo e os Miao-tze. No Chin-kiang.

ou país dos mandchús. as Iribns

mongóis eram governadas pelos

sens próprio! chefes. Os mongois

conservaram a tisionomia dos seus

a voe íffgo s : rosto largo e chato, la-

ces trigueiras, cabelos negros, olhos

rasgados obliquamente e pouco

abertos, nariz achatado, pómulossalientes, lábios grossos e barba

rala. O talhe é mediano, mas bem

feito. As mulheres se parecem com

os homens. Os mongóis são poli-

dos, mas quando: se trata de ques-tões de interesse pessoal se mos-

tram pérfidos e obcenos. As suas

habitações são móveis : constam de"yourtes"

(tendas) compostas de

duas peças, de cinco a seis pés de

altura e colocadas uma sóbre a ou-

tra. Quanto ao genuíno chinês, há

um tipo particular que o coloca

abaixo das raças caucásicas (indo-

européia e semítica), mas também

C) OliSRRVADOR — IMXXVII1 61

muito acima dos tipos etiópico ou

camitico, cafre, takruriano ou ne-

u-ro. As características da raça chi-

Mesa são : pele amarela, nariz curto

e chato, porém alargado no ângulo

interno cias pálpebras. Conforme a

explicação dos antropologistas, o

abaixamento deste angulo levanta

¦s Lalpebras para os cantos exterl

nos e daí a obliqüidade do olhar. E'

em virtude da saliência dos pômu-

los que os chineses receberam o

nome de "elrvgmatas"

(faces lar-

gas). Nos devios dos pômulos é

que reside a causa da largura do

rosto.

Ag RETJGTOES

Não se pode, em relação à Chi-

na, falar de uma religião dominai!-

te. tantas são as seitas lá existen-

tes. Todas elas se prendem ori-

í/inalmcnte ao Budismo e aos prin-

cípios morais professados por La o-

Tse d por Confúcio. Há completa

1i1)erdade de culto e. assim, vemos

mais de um milhão de muçulmanos

e cerca de setecentos mil jovens

exercerem livremente a sua reli-

!::r!o. Se noutros tempos, conforme

assinalam numerosos historiógra-

fos das religiões orientais, o cris-

ti:inismo foi ali objeto de sérias

perseguições, a causa reside no fato

(\) eonservantismo chinês e na

a versão pelas idéias novas que

ameaçavam subverter as tradições

plurimilenárias do país e, ao mes-

mo tempo, no temor que lhes desg

pertavam a influência política dos

missionários. E' célebre o discurso

pronunciado pelo imperador \on-

ling] e dirigido aos jesuitas, peça

esta que se acha inserta numa obra

filosófica do século XVIII e trans-

Irrito pelo padre Parennin: "Vos-

sos europeus, exclamava o monar-

ca chinês, querem abolir as nossas

leis no Fu-kien ; revoltaram nossos

povos, segundo a denúncia dos tri-

bunais, e eu tive que enfrentar tais

desordens, no interêsse do Império.

Que clirieis vós sè eu enviasse ao

vosso pais um grupo de bonzos e

de lamas afim de que pregassem a

sua fé? Como os receberieis vós?

Vós quereis que os chineses se

transformem em cristãos. Vossa

lei assim o exige. Que nos a conte-

ceria então? Apenas isto: a nossa

sujeição ao vosso chefe! Os cris-

tãos não acreditam senão em vós.

Numa época de revoltas, nao obe-

Do "The National ffieographic Magazine"

UM PALÁCIO MODERNO PARA A JUSTIÇA

O "new deal" chinês erigiu um palácio moderno para a sua CorteSuprema. jMonn-

mentòs de concreto como êle âupam o lugar do famoso Pagodd dc Porcelana de Nan-

quim, que desapareceu há 75 anos,

deceriam a outra voz senão a vos-

sa. Eu permiti aos russos o esta-

belecimento de uma feitoria em í e-

quim; eu vos" permito, da mesma

forma, se íicardes aqui e em Can-

tão, contanto que não deis nenhum

motivo de queixa."

A linguagem dêste discurso atri-

buido ao imperador Yong-ling está

de perfeito acordo com os senti-

mentos.do povo chinês. Os chins

não costumam — porque, natural-

mente não gostem — de discutir

as vantagens morais de uma ou de

outra religião, conforme Strauss

teve ocasião de observar mn loco".

Para êles, embora as seitas sejam

várias, a moral e a razao nao sao

mais do que uma só, apreciadas co-

mo se vê do ângulo do mais tole-

rante dos espíritos. Por isso reu-

nem as três revelações dogmáticas

do Império nesta única frase:"Sanjkio, ki-kio" — "trê-s reli-

giões são iguais a uma religião".

O escritor inglês 1 . H. 1 homp-

sou, que por volta de 1934 viajou a

China, assim nos apresenta a situa-

ção do cristianismo ali: católicos,

1 .961L592; protestantes. 345.853 ;

número de igrejas protestantes,

6.391; número de missões protes-

tantes estrangeiras, 590; igrejas

centrais, 1 .041 ; número de missões

católicas, 1.350; número de igrejas

católicas, 9.317; número de alunos

que freqüentam as diferentes esco-

Ias das missões, 199.694; número

de alunos das escolas dominicais.

220.000; número de auxiliares, pro-

fessores e catequistas protestantes,

24.732; sacerdotes chineses. 1.065;

sacerdotes estrangeiros, 6.635.

Não há notícia a respeito das

idéias religiosas do povo chinês an-

tes do século VII lia Era Paga.

Tudo o que se sabe sobre êste as-

sunto é que havia excelentes livros

de moral e que, do seu retiro, Con-

j 62

fticio resolvent relormar os costu- pensador c|itc neiihunia demociacid

mes do sen pais, segundo as tra- moderna deve desprezar: O que

diqoes da sabedoria antig'a. Setscen- o ceu ve e ouve e o que o povo ve

tos e cinco anos antes de jl CM e diz ; o que o povo julga digno de

Lao-Tse publicou o "Tao-ti-king". recompensa e punigao e o que Deus

isto e, as "memorials da razao pri- quel* punir e recompensar. Ha uma

m or dial" e fundou a seita dos raj conumicaqao intima entre o ceu e

cionalistas (Tao-tse) on ,culto da o povo. Que os governantes de po-

razao primitiva, baseado no res- vos estejam atentos e se mostiem

peito filial e na metempsicose. As- resirvados." Confucio morreu no

sill, pode ele afirmar: "os

pais ano de 479 antes de J. C. Seus dis-

| teem direito de vida ou de morte cipulos expuzeram e desenvolve-

sobre o produto dos seus amores", ram suas doutrinas ate que forma-

pois — alega — uma sociedade que ram uma religiao que procura rea-

desconhece o sentimento de fami- lizar a felicidade do genero huma-

1 lia deve fatalmente corromper-se. no. As ideias do grande filosofo

Esta filosofia, como quer Reinach, cedo se condicionaram com a admi- lado, nao conseguiu eliminar da \ l-

nasceu de uma [enda]

numa flores- ragao e o amor do povo chines que da social a cerimonia em hon-

ta: Lao-tse, ao nascer, possuia ca- lhe ergueu numerosos monumen- ra de Confucio pelo menos a

If belos e supercilios brancos e sua tos: vdrias seitas o colocaram no modificou em muitos dos seus as-

mae trouxe-o ao seio durante oi- rol dos deuses. Hoje, o tumulo de pectos : por exemplo, acaba de sei

1 tenta anos. De onde o seu norne: Confucio ainda e um lugar sagrado abolida oficialmente prosterna^ao."

lao" — velho e ltsl| — ilenino. para o qual se dirigem milhoes de Noti.ciando a festa anual do oulo-

l| Cincoenta e quatro anos apos peregrinos e onde muitos impeia- no, em 1935, a Estiela da China

Lao-tse haver ensinado a sua dou- dores se foram prostar, noutros do Norte", assim se externa: "On-

| trina, nasceu Confucio em Tseou- tempos e muitos letrados o-pro- tem, pela primeira vez, a festa de

y, no principado de Loo, 551 anos curiam pelo menos uma vez n# Confucio. realizou-se com grandes

antes de J. C. Eis aqui uma das vida. Se o culto de Lao-Tse tem ilciina|6es^em lugar das antigas

fe- maximas deste veneravel austero sacerdotes mais ou menos astrolo^ prosternaQoes. Isto e uma conse-

Do "The National Geographic Magazine"EDIFIGIOS MODERNOS CAMOUFLADOS

Pela amJH de ataques aereos, procede-se a camouflagem escura de um hotel de Nanauim. Os trabalhadores cobremas paredes de cimenlo do Metropolitan, um dos mais no vos hoteis da grande metropole, tornando-o menos visivel quer de diaou de noite. A arte do disfarce por pintura ou encobrimento. que se tornou importante na primeira guerra mundial tem sidomuito desenvolvida pelos chineses.

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Do "The National Geographic Magazine"EDIFÍCIOS MODERNOS CAMOUFLADOS

Pela ameaça de ataques aéreos! procede-se a camouflagem escura de um hotel de Nanquim. Os trabalhadores cobremas paredes de cimento do Metropolitan, um dos mais novos hotéis da grande metrópole, tornando-o menos visível quer de diaou de noite. A arte do disfarce por pintura ou encobrimento, (pie se tornou importante na primeira guerra mundial tem sidomuito desenvolvida pelos chineses.

fiicio resolvera reformar os costu-

mes do seu país, segundo as tra-

diçÕes da sabedoria antiga. Seiscen-

tos e cinco anos antes de J. C.I

Lao-Tse publicou o "Tao-ti-king".

isto é, as "memórias da razão pri-

mordial'' e fundou a seita dos ra-

cionalistas (Tao-tse) ou ,culto da

razão primitiva, baseado no res-

peito filial e na metempsicose. As-

sim, pôde ele afirmar: "os

paisteem direito de vida ou de morte

sôbre o produto dos seus amores",

pois — alega — uma sociedade que

desconhece o sentimento de famí-

lia deve fatalmente corromper-se.

Esta filosofia, como quer Reinach,

nasceu de uma lenda, numa flores-

ta : Lao-tse, ao nascer, possuia ca-

belos e superemos brancos e sua

mãe trouxe-o ao seio durante oi-

tenta anos. De onde o seu nome:"lao" — velho e

"tse" — menino.

Cincoenta e quatro anos após

Lao-tse haver ensinado a sua dou-

trina, nasceu Coníúcio em Tseou-

y, no principado de Loo, 551 anos

antes de J. C. Eis aqui uma das

máximas deste veneravel austero

pensador que nenhuma democracia

moderna deve desprezar: O que

o céu vê e ouve é o que o povo vê

e diz ; o que o povo julga digno de

recompensa e punição é o que Deus

quer punir e recompensar. LIá uma

comunicação íntima entre o céu e

o povo. Que os governantes de po-

vos estejam atentos e se mostrem

reservados." Confúcio morreu no

ano de 479 antes de J. C. Seus dis-

cípulos expuzeram e desenvolve-

ram suas doutrinas até que forma-

Iam uma religião que procura rea-

lizar a felicidade do gênero huma-

no. As idéias do grande filósofo

cêdo se condicionaram com a admi-

ração e o amor do povo chinês que

lhe ergueu numerosos monumen-

tos : várias seitas o colocaram no

rol dos deuses, tloje, o túmulo de

Confúcio ainda é um lugar sagrado

para o qual se dirigem milhões de

peregrinos e onde muitos impera-

dores se foram prostar, noutros

tempos e muitos letrados o - pro-

curavam pelo menos uma vez na

vida. Se o culto de Lao-Tse tem

sacerdotes mais ou menos astrólo-

lis, a religião de Confúcio, que é

um severo nionoteisino, nao pos-

sue um só ministro. Não há, se-

não guardiões nos templos que sai

erigidos, como monumentos, à me-

niória dêsse ínclito missionário da

inteligência, numa época em que

nações, ditas mais civilizadas, ele-

vavam templos a deuses imaginá-

rios.. .

Isso tudo, porém, pertence ao

passado. A China moderna já pen-

sa muito diferentemente e o sopro

do vento modernizador se, por um

lado, não conseguiu eliminar da vi-

da social a cerimônia em hon-

ra de Confúcio pelo menos a

modificou em muitos dos seus as-

pectos : por exemplo, acaba de ser

abolida oficialmente prosternação.Noticiando a festa anual do outo-

no, em 1935, a "Estréia da China

do Norte", assim se externa : "On-

tem, pela primeira vez, a festa de

Confúcio . realizou-se com grandesinclinações em lugar das antigas

prosternaçÕes. Isto é uma conse-

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Muralhas como essa, erigidas há 50

que aqui vemos é integrante de um total

ralmente tão expêssas quanto altas.

quência lógica das vestimentas eu-

ropéias que, cada vez mais, vão

sendo adotadas em nosso país. As

prosternações com calças largas e

fraque tornar-se-íam simplesmen-

te ridículas." De onde se infere, lo-

gicamente, que cada povo pensa de

acordo com a existência que leva.

A China dia a dia se transforma,

sob todos os aspectos, e mais de-

pressa se transformará quanto

maiores forem os golpes que lhe

desfiram os estrangeiros conquis-

tadores. Ela se transformará para

lutar e conservar a sua indepen-

dência nacional.

O IDIOMA NACIONAL

A unificação da língua falada é

uma das tarefas mais importantes

entre as mais importantes que sur-

gem dos problemas culturais da

Nova China. Procura-se substituir

a antiga língua escrita pela língua

falada. Dois idiomas diferentes

existiam na China antiga : um, es-

crito, de uso exclusivo dos letra-

dos; outro falado pelo povo. Ago-

rá, a unificação da linguagem tem

ELHAS MURALHAS E NOVAS FINALIDADES

anos, desempenharam novamente o seu jde 20 milhas que é a sua extensão, com

por escopo eliminar com mais faci-

1 idade as velhas concepções, subs-

tituindo-as por novos pontos de vis-

ta, tanto no terreno da política e

da economia como no da religião.

Dentro de poucos anos os anti-

gos livros chineses possuirão ape-

nas um valor histórico. Refletirão

o modo de pensar tão somente de

uma época morta, para sempre ex-

tinta. O movimento nesse sentido

era dirigido pela Universidade de

Pequim, que procurava, simulta-

neamente, criar escolas para in-

troduzir em todo o território da

República a nova língua — o es-

peranto. Eis um dado estatístico

interessante: o número de estudan-

tes que freqüentavam as escolas

superiores era de 4.137.916.

O VALOR ECONÔMICO DA

CHINA

Situada na parte ocidental da

Ásia, a China tem : ao norte a União

das Repúblicas Socialistas Soviéti-

cas (Sibéria) ; ao peste, a própriaSibéria a península da Coréia e o

oceano Pacífico, que toma o nome

xpel na defesa de Nanquim. Este trechoa altura de 20 a 40 pés, em média, ge-

de. mar da China; ao sul, a Indachi-

na francesa e o Império das In-

dias; e ao oeste, êste mesmo impé-

rio e ainda a Sibéria.

A China é um território coberto,

em suas cinco sextas partes, de

montanhas e mesetas. Pelo oeste

correm as montanhas de Tsim-

ling, continuidade das de Kuen-lun,

consideradas as mais importantes.

Estas montanhas se prolongam em

Fumiuchan e nos montes PIwai que

medem, respectivamente, 3 mil e

mil e quinhentos metros de altura.

Do Chensi central e na direção no-

roeste, se estendem as chamadas

cordilheiras do norte, com notáveis

altitudes em vários pontos. Uma

linha tirada da extremidade do Hi-

Bala ia até ao golfo de Liao Tung,

ao sul, divide a China em duas parites bem diferentes. Ao norte e ao

oeste estão as regiões ainda não

muito povoadas, onde se encontra

uma extraordinária elevação como

a do Ti.bet. Ao sul e ao este, que

é a China propriamente dita, o ter-

reno está aberto de ramificações

• da planície central da Ásia com

64O OBSERVADOR _ Lxxxrm

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Do "The National Geographic Magazine"

UM MENINO E UM POETA("Já tenho idade, idade bastante para escrever uma carta". Bem poderia Jean Ir.-

gelow ter pensado nesse menino ao compor o poema "Canções dos Sete anos". O seu ar

grave siigere a sabedoria de várias idades.

montanhas de altura médias e vas-

tas savanas. A China conta Som

muitas e fortes correntes de água.

O Indus, o Yaron, o Saluen, o Ue-

kong* e Sing' Coi são nos que mau-

dam suas águas à índia e à Indo-

china. Ao demais, possue os rios

propriamente chineses: .H iangho,

Yang-tse-kiang, facilitam as comu-

nicações. O chamado Canal Impe-

rial mede 1.200 quilômetros de

comprimento.

e as nevadas, freqüentes, conge-

lando-se os rios. No verão e na

primavera sopra vento quase Inin-

terruptamente, originando-se, às

vezes, tempestades. A parte cen-

trai é úmida e o inverno nessa re-

gião é chuvoso. Na parte meridio-

nal é sub-tropical. O verão é úmi-

do e o inverno, aprazivel.

O clima, dada a vasta extensão

do território, é variadíssimo. Na

parte norte, os invernos são cruéis

A China divide-se em duas par-tes: a China propriamente dita,

composta de 22 províncias e os ter-

ritórios chineses, províncias da

fronteira, mais ou menos tributá-

rias do governo. Conforme as es-

tatísticas apresentadas pelo dr.

Antônio L. Vai verde, o território

da República tem 11.138.400 qui-

lômetros quadrados e uma popula-

cão total de habitantes de

439.894.800 ou uma densidade de

39,3 habitantes por quilômetro qua-

drado. A capital era Pequim, ao

este, no golto de Chihli, com ....

924.000 habitantes, liais povoadas

do que a capital são as seguintes

cidades: Changai, com 1.500.000

habitantes; Hankin e Hong-Cheen,

com 1.000.000. Depois veem : Can-

tão, com 900.000; Tien-tsin, com

800.000; Chung-ton, com 608.000;

Tcehn-cha, com 535.000; Hsin-gan,

com 500.000; Nanquim, com

395.000; Tout-chen, com 314.900;

Tsi-man, com 250.000 e Ivoui-

Seung, com 100.000. As demais ci-

dades contam com menos de cem

mil habitantes.

A 12 de fevereiro de 1012, a Chi-

na deixou de ser monarquia e ado-

tou o governo republicano. A

Constituição que regia o país da-

tava de 11 de março naquele ano,

embora a 10 de outubro de 1923

houvesse sido promulgada outra

que, por sua vez foi derrogada paradar lugar à primeira. Segundo essa

Carta, o poder legislativo é exerci-

do pelo Parlamento, composto de

um Senado (Tsenyiyuan). com 274

membros eleitos por seis anos pe-

Ias altas assembléias locais chama-

das provinciais e por outros orga-

nisinos, renováveis pelo tenso, de

dois em dois anos c de uma Cama-

ra de Deputados (Chamyiyuan),com 596 membros eleitos pelo es-

paço de três anos por colégios elei-

torais, proporcionalmente ao nú-

mero de habitantes. O poder exe-

cutivo, exerce-o o presidente, as-

sistido por um Gabinete. O presi-

dente é eleito por um colégio elei-

toral composto de membros das

duas Câmaras e governa durante

um qüinqüênio. O pavilhão nacio-

nal é vermelho e no ângulo supe-

rior da esquerda, pegado a haste,

tem um restângulo do tamanho

exato da quarta parte da bandeira.

Este retangulo é azul turqueza eostenta, ao centro, um círculo cujasuperfície é branca e se acha cir-cundado por um anel azul, de ondesaem doze pontas triangu laresbrancas. Êste retângulo se deno-mina "Kuomintan

Partv Flair" esimboliza o hino nacional chinês.

}«&wbrim :": *-"r-•' *••:&-•'•.'"•• •-,• • - - :C:-" "•:-, ?..: •: ... '» . •¦«. -> ft ¦ III®

AGRICULTURA

A China é um país eminentemen-

te agrícola, de pequena exploração

e mão de obra familiar, onde ain-

da hoje são empregados sistemas

primitivos para o cultivo da terra,

que variam, extraordinariamente,

de acordo com o clima. Desta for-

ma, pode-se fazer uma especifica-

ção mais ou menos exata das re-

giões produtoras. As regiões do

norte e noroeste produzem trigo,

arroz, milho, cevada, sorgo (espé-

cie de grama), favas, árvores íru-

tíferas, como macieiras, e pereiras,

melancias, melões, etc. Na região

central planta-se também o arroz e

o chá, algodão e amoreiras e como

conseqüência desta última cultura,

cria-se o bicho que produz a seda.

Na região meridional encontram-se.

trigo, milho e arroz se bem que em

pouca quantidade, sendo m u i t o

maior a produção da cana de açú-

car, cacau, tabaco, canela e pai-

rneiras. O ^principal cultivo é

o do arroz, a grande riqueza da

China, base da alimentação do po-

vo, cujo consumo é fenomenal. De

87.944.000 "mus" cultivados em

Hunan, 22.858.000 são de arroz. A.

província do Hunan pode ser con-

siderada como o fabuloso celeiro da

China. Na província de Hupei ha

uma superfície cultivada de

91.430.000 "mus", dos quais cerca

de 23.752.000 são de arroz.

K produção de arroz é calculada,

ao todo, em 242 milhões de quin-

tais métricos. Não obstante essa

gigantesca produção, a China se

vê obrigada a importar arroz, para

o consumo interno, da Indochina,

do Sião e da índia, cm Certo de 80

Do "The National Geographic Magazine"

DUAS ÉPOCAS EM UM SÓ EDIFÍCIO

Neste edifício, de construção recente, vemos se conjugarem harmoniosamente o oci-

dente e o oriente, no plano arquitetural. Projetado por um arquiteto russo o Ministério

das Comunicações foi concluido em 1935. O telhado sugere-nos os dos palácios imperiais

de Pequim, mas o traçado é tipicamente ocidental.

preparada em Hanken e em Fu-

tcheu, e constitue para ambas estas

localidades uma imensa riqueza. A

exportação do chá se faz especial-

•mente para a Turquia, para a União

Soviética, para a Pérsia, para o

Egito e para os Estados Unidos. O

milho e o sorgo sao plantados em

grande escala. A aveia e a cevada

só se empregam na alimentação

dos animais e o trigo, no fabrico de

massas. Os legumes desempenham

um papel precípuo na alimentação

do chinês. A batata também é cul-

tivada. especialmente 110 norte e

no sul de Yang-tse-kiang. As es-

ocupam uma superfície apreciável.

Contudo, o fumo adquire maior de-

senvolvimento, em virtude da proi-

bição do uso do ópio. Tanto as-

sim, que existe um acordo entre a

China e os Estados Unidos pelo

qual se coloca fora da lei o comér-

cio dêste alcalóide. O algodão en-

contra o seu campo ao norte dè

Yang-tsen, particular mente em

Iviang-su, em Hupei, em Chantung

e em Tcheli. Não obstante a sua

notável produção algodoeira, a Chi-

na importava êste produto da In-

dia, se bem que, em parte, o reex-

portasse para o Japão.

o OBSERVADOR — LXXXVIII

O padrão do sistema monetário

chinês é a prata. O decreto de ou-

tubro de 1903, publicado ainda no

tempo do Império, assinala ao"tael",

que é uma medida de pêso,

um papel uniforme na moeda, con-

cedendo-lhe um poder liberatório

legal. Outro decreto, porém, de 25

de maio de 1910, fixou como ©a-

drão monetário o dólar de prata,

ou seja o "yuen". A circulação mo-

netária atual é complicada, sem

que seja possível dar uma explica-

ção detalhada do "tael

Além des

sa moeda, circulam notas dos Ban-

cos do Estado ; e o Banco da Re-

pública Chinesa possue o monopó-

lio das unidades métricas.

a 100 milhões de "taeis"

(cada"tael" eqüivale a 37 gramas e 800).

O chá é cultivado em Hunan, Hu-

pei, Fu-kien, ICiang-si, Kuangtung,

Nganhuei e Yunan. Fazem-se três

colheitas por ano, se bem que a da

primavera é a mais apreciada. Pre-

para-se chá de quatro qualidades:

chá verde, chá preto, em pó e chá

de tijolo. Esta última espécie é

65

tações cálidas e relativamente sê-

cas favorecem a cultura das árvQ-

res frutíferas. A cana de açúcar

vinga mormente em Fu-kian e na

ilha de Hainan. A China não ex-

porta açúcar porque a sua produ-

ção é de mais ou menos 300 mil to-

neladas e o .consumo interno atin-

ge a 800 mil. Ao contrário, impor-

ta esta diferença. O ópio e o fumo

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66 o OBSERVADOK — I.XXXHII

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(¦ ^ Do "The National Geographic Magazine"

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O OBSERVADOR — I.XXXMI

DE PORCELANAS A ARTIGOS ESMALTADOS

Essa loja, em plena China, corresponde as necessidades atuais, apresentando um produto "iiuiuebravel",

preflrmo pelaseconômicas donas de casa. A produção das finíssimas cerâmicas e leques, que tornaram a cidade universalmente célebre, t-hoje escassa e, em vez de porcelanas, artigos esmaltados.

x\s fundições de ferro e de açode Hanyang, se estabeleceram poriniciativa de Chang-chih-tung, vi-

ce-rei de Hupeh e Hunan, mas não

começaram a funcionar antes de1894, durante o vice-reinado deShen-kung-pao. Obtinha-se então

o minério das minas de Tayeh. EmTongshau a Companhia Chinesa deEngenharia e Mineração fabrica la-

drilhos refractários, da mesma for-ma que telhas, mosaicos, tijosos,etc. Há moinhos para sementesoleaginosas em Changai. A im-

prensa se acha difundida por tôdaa República, entretanto as litogra-

fias são raras. Há também manu-faturas de tabaco em Han-keu esão dignos de menção certas in-dústrias como a da porcelana, pro-dutoras em larga escala em várioscentros, sendo o mais importante ode King-Tchcheu, em Kiang-si, de

propriedade do govêrno. Trabalha-se em laca e objetos de arte emFu-cheu. Cantão e Karshan. São

famosos os "cloisonne"

e os es-

maltes de Pequim c Wei-hai-

Wei, as esteiras do delta de Cantão

e do distrito de Ning-po.

A mão de obra é extremamente

abundante e barata em Pequim, o

que permitirá, sem dúvida, rápidos

progressos na indústria quando o

invasor for expulso e o povo chi-nês puder determinar-se por simesmo e de acordo com a sua von-tade. Melhor do que qualquer ou-tro meio, os seguintes dados pode-rao dar uma idéia mais aproxima-

da do que é o poder industrial daChina. Assim, temos, nos seus ra-mos principais, o número de esta-belecimentos consagrados à indús-tria. Fábricas de gelatina, 10; ar-senais, 15; de cimento e ladrilhos,15; de produtos químicos, 1; defiação e tecidos de algodão, 41 ;cervejarias e distilarias, 53; esta1 giros e trabalhos de metalurgia es-

pecial, 24; usinas de energia elétri-ca, 34; moinhos de farinha; 40; gás,

INDÚSTRIA

Do "The National Geographic Magazine"

À exceção das indústrias dom és-

ticas exercidas pelos lavradores,

pode-se dizer que é ainda muito es-

cassa a atividade industrial na Chi-

na. Encontram-se grandes fábricas

de fiação de seda, movidas a vapor,

em Cantão, Changai, Sut-cheu,

Hankeu, She-Fu, Sam-shui e Chin-

Kiang. As manufaturas, de algodão

estão situadas em Changai, em

Ning-po, Hang-keu, Sut-cheu, Wusi

sich, Tung-chen, Hong-Kong, Shok-

sen, Tacheng, TaitsangJ Kianggin,

e Chang-zu. Na Mandchúria, hoje

ocupada pelos japoneses, estavam

estabelecidas as cervejarias e as

distilarias. Há usinas que fornecem

energia e luz elétrica às principaiscidades, como Antung, Cantão,

Changeha, Chapei (subúrbio de

Changai), Cheng-tu, Chin k i a n g ,Chunking, Fu-cheu, Hang- c h e u ,

Han-keu, Kinin, Nanquim, Pequim,

Swatow e numerosas outras.

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.,.^vr-.' SSars&K.H BL: fmMiMa-.¦¦¦^¦K' ^®* •' Do "The National Geographic Magazine"

O OBSERVADOR — LXXXVIIi

2; fábricas de vidro, 6; conserva-

ção de mercadorias pelo gêlo, 9:

ferro e aço, 3; cortumes, 9; fábri-

cas de fósforos ,12; companhias de

mineração, 18; casas de moeda, 9;

fábricas de agulhas e pregos, .1;

moinhos de azeite, 31;. fábricas de

papel, li; tipografias e litografias,

40; de obras ferroviárias, 12; de

trabalhos de limpeza e reparação

nos moinhos de arroz. 7; mánufa-

turas de cordas, 1; serragem, 12;

fração de seda, 17; de obras de fim--

diçãof 11; fábricas de sabão e ve-

Ias, 19; refinarias de açúcar, 4;

manipulação de chá, 6; de massas

para sôpa, 16; de obras hidráulica^,

14; de trabalhos de lã, 5; de lim-

peza e prensas de lã, 11.

A porcelana começou a ser ia-

br içada na província de Kinag-si

de modo especial, na cidade de

King-th-cheu, onde, segundo rela-

tam os historiógrafos nacionais por

volta do ano 1.000, antes de J. C-,

se estabeleceu uma manufatura

imperial, cujas melhores peças se

enviavam a Pequim para o impe-

rador. Assegura-se que chegaram

essas indústrias a empregar um mi-

lhão de pessoas e que os fornos se

contavam por 600. Tais fornos lo-

ram destruidos por Taiping em

1850, mais alguns deles puderam

ser reconstruidos. A porcelana

atual não se compara, é certo, com

a antiga, nem em [cor nem em per-

SjplâO; Ainda há pouco, isto é, an -

tes da invasão japonesa, trabalha-

van! em Kingthe-chen 160 mil ope-

rarios e ali se erguiam 180 fornos.

MINERAÇÃO

As riquezas minerais da China

consistem principalmente em ferro

e carvão, mas encontram-se tam-

bém cobre, antimônio, estanho,

zinco, etc. A falta de meios de co-

múnicação e a ausência de bons

métodos de extração teem impedi-

do o desenvolvimento da indústria

mineira chinesa. Para sintetizar,

vamos agrupar, por províncias, as

principais riquezas minerais do

país: província de Kan-su, carvão,

ferro, ouro, prata, cobre e petró-

leo; de Shen-si, carvão e fero, sal,

ouro, níquel, magnesita, mármore,

pórfiro e petroleo; de Shansi, cai -

vão, ferro e sal; de Hunan, carvão

e ferro, estanho e chumbo argentí-

fero; de Chi—li, carvão, caolim, are-

misca e ouro; de Chang-tung, cai-

vão, ferro, cobre, chumbo argentí-

•¦¦•"" ^ do "The National Geographic Magazine"

POR ONDE 'CHEGA A PRIMAVERA

As bandeiras e estandartes anunciam aos que transitam por ai que já começou a ven-

da da primavera. Os negociantes de Nanquim não prec.sam de nenhum anxd.o dos Oc-

dentais para anunciarem êsse aconteamento comercial anual.

fero, diamantes, gesso, creta e are-

misca; de Szechwan, sal, carvão,

ferro, cobre, cobre branco, prata,

ouro, petróleo, antimônio, enxofre,

salitre, gesso e jaspe; de Hupeh,

carvão, ferro, zinco, gesso e cobre;

de Hunan, carvão, ouro, prata, zin-

co, antimônio, cobre, chumbo e en-

xôfre; de Kiang-si, carvão, caolim

e cobre; de Ankui, carvão, ferro,

cobre e chumbo; de King-su, car-

vão, ferro, mármores e plombagi-

na; de Yunnan, cobre, zinco, chum-

bo, estanho, carvão, sal, ouro, ges-

so e jaspe; de Kuei-chen, mercúrio,

ferro, carvão, cobre, zinco, enxofre

e mármores; de Kuang-si, antimô-

nio, carvão, ouro, prata, ferro e

chumbo; de Kuang-tung, carvão,

ferro, cobre, prata, chumbo, esta-

nho e ouro; de Fakien, carvão,

chumbo, estanho, ferro, prata e

ouro; de Chekiangj carvão, cal,

gesso e pedras de construção;

Sing-kiang, ouro, chumbo, carvão,

enxofre, salitre, petróleo e jaspe.

Embora ocupada pelos nipônicos, a

Mandchúria é parte integrante do

território chinês e por isso vamos

lhe nomear também as riquezas

minerais; ela é fértil em ouro,

principalmente no vale do rio

Amur, em carvão, em ferro, em

prata, em cobre e em chumbo, e daí

a cobiça dos industriais japoneses

que, por intermédio da casta mili-

68 O OBSERVADOR __ LXXXVIII

tar, cravaram ali as afiadas gar~ras...

A seda, desde os tempos mais

remotos, constitue uma indústria

de primeira plana. Entre as pro-víncias que mais exportam esta

mercadoria figuram : em primeirolugar Cantão e em segundo Chan-

gai. A seda destinada à exportação

é monopolizada por duas socieda-

des : a Guilde, de Changai e a Guil-

de de Cantão". Estas possuem comointermediários as seguintes socie-

dades: a Foreing Silk Associationde Changai e a Foreing Silk As-sociation de Cantão, que a vendem

aos compradores estrangeiros. Asindustrias modernas em geral es-tavam nas mãos de comerciantesalienígenas, contando-se, entre ou-tros, os teares de seda e de algo-dão, distilarias, refinarias, moinhos,fábricas de fósforos, estabeleci-mentos metalúrgicos.

O comércio chinês é importan-tíssimo, mas é preciso ter em con-ta o comércio de trânsito que seefetua por Hong-Kong e que re-

presenta 14,7% do comércio chi-nês. A China importa: tecidos dealgodão e algodão em rama, arrozcom e sem casca, açúcar, metais eminérios, petróleo, tabaco, cigar-ros, carvão (embora possua as maisconsideráveis jazidas do mundo) epescados. E exporta: seda bruta eem capuchos, seda em peças, azei-tes vegetais, algodão em bruto,chá, couros, peles, etc.

Os países que mantinham co-mércio mais intenso com a China,antes da guerra atual, eram: Ja-pão e Formosa, Hong-Kong, Esta-dos Unidos, Grã Bretanha, índiasHolandesas, índia Britânica, Ale-manha, Bélgica e França. A Chinatinha 49 portos abertos ao comér-cio estrangeiros, dos quais os maisclassificados são: Changai, Cantão,

Dairen, Tientsing e 1 lankeu. Suas

vias navegáveis são de primeiraordem. O Yangtesn-ki-kiang mede

5 mil quilômetros, porém apenas

mil podem ser navegados por na-

vios de grande calado, os quais so-

bem até Hanken. O canal imperial

de Yunko, de 1.600 quilômetros,une o Hoangho ao Yangtsekiang.

As ferrovias se estendem por um

total de 11.345 quilômetros, dos

quais 7.565 se encontram sob o

controle do Ministério das Comu-

nicações, isto é, pertencem ao Esj

tado.

DIREITOS E PRIVILÉGIOS DOS

ESTRANGEIROS NA CHINA

Êste "aperçu"

não estaria cum~

pleto se não aludisse, embora "à

vol d'oiseau", aos direitos e aos

privilégios que as potências estran-

geiras desfrutam na China. Deeor-

rem êles da existência de um di-

reito: o de extra-territorialidade,

o qual pode ser definido como o d'.-

leito que possue ou se arroga uma

nação de exercer sua jurisdição emnegócios civis e criminais sôbrfe osseus súditos residentes' em outranação. Para isso há uma faixa deterreno dentro de certas cidades

chinesas — chamadas concessões— em que se estabelece a residem-

cia dos estrangeiros que gozam detais benesses. A extra-territoriali-

dade já desapareceu de todos os

países onde era imposta: do Japão,do Sião, da Turquia, da Pérsia, po-réijj ainda não da China. E' precisodistinguir duas espécies de territó-

rios reservados ali para os estran-

gelros: os territórios arrendados,concedidos por noventa e noveanos e as concessões feitas sem li-mitação de tempo. Os territóriosarrendados são: Hong-Kong (àGrã Bretanha), concedido em 1841.Em 1935 contava com uma popula-ção de 839.275 habitantes. Wei-hai-wei (à Grã Bretanha), conce-

SERVIÇO REI

HO 11.IKFI

HOULDER^OfTHER\><

IES E L1VERPOOL

LINES

SANJEÓS & RIO JANEIRO

ob (Brasil) Ltd.

dido em 1898. Em 1935 contava

com 354.000 habitantes. Kwaig-

chanwan (à Prança), concedido em

1898. Port Arthur (ao Japão), con-

cedido antigamente à Rússia im-

Serial que, por seu turno, transfe-

riu seus direitos ao Japão.

As concessões propriamente di-

tas são as seguintes:

A França possue: Changai

(1849); Cantão (1861); Hànklu

(1886) e Tientsin (1861).A Inglaterra possue: Amoy ....

(1851-1852); Cantão-Shameen ....

(1861); Hankeu (1861); Kmkiaii,^

( {86li; Chin-kiang (1861) ; Tietit

sm (1861) ; Newchwang (1.861).O Japão possue: Amoy (1900);

Kankey (1898) ; Chungking (1.901 ) ;

Tientsin e Hangcheu (1895) e Su-

Lheu (1895).

Os Estados Unidos possuem :

Amoy (1899). Itália e Bélgica pos-suem cada qual uma concessão em

Tientsin. Existem ainda conces-

sões internacionais e bairros reser-

vados aos estrangeiros em Clian-

gai, Amoy, Fucheu, N i n g - p o ,

Chang-sha, Wului, Nanquim, Tsi-

nan-tu, Weibsien, Newch w a n g ,.Hangcheu e Sucheu. Notem-se, da

mesma forma, os bairros das dele-

gações estrangeiras em Pequim.

Por ocasião da assinatura do tra-

tado de Versalhes, a Alemanha e aÁustria renunciaram aos seus di-

peitos de extra-territorialidade. AUnião Soviética, mediante outn»tratado, renunciou também a idên-ticos direitos e, presentemente, hános Estados Unidos um movimentotendente a repudiar tais privilégios.

A invasão da China pelas tropasdo Mieado, há mais de um lustro,determinou a transferência da ca-

pitai do país para a cidade centralde Chungking, na província de Sze-cliwan. O controle militar e poli-tico da República se encontra pre-sentemente nas mãos do generalís-simo Chiang-kai-shek que por vá-rias vezes assumiu a presidência do

^ uan executivo, que correspon-de ao cargo de primeiro ministro.Desde 1926 que Chiang-kai-shekexerce o cargo de comandante emchefe das forças armadas chinesas.Em março de 1938 tornou-se dire-tor geral do Kuomintang, pôstoêste ocupado anteriormente so-mente pelo fundador

|lj Partido õ dr. Sun-Yat-Sen.

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ECONOMISE INTELIGENTEMENTE

aplicando o seu capital em terrenos, o que constituiu em todas

as épocas um bom negócio, notadamente no Distrito Federal.

A compra dc terrenos no Jardim Guanabara , na Ilha do

Governador, (D. Federal), em pequenas prestações mensais sem

íuros e num período de 5 anos, eqüivale a um empate de capital

seguro e vantajoso, dentro de um plano de

"ECONOMIA INTELIGENTE".

Companhia Imobiliária Santa Cruz

"JARDIM

GUANABARA"

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Vista de um trecho da magnífica praia balneária do "Jardim Guanabara

ÜNSCKITO SOB ON.» 14 NO REGISTRO GERAL DE IMÓVEIS, CONFORME DECRETO LEI N.° 58)

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70 O OBSERVADOR — LXXXVBI

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O MERCADO DEVE SER DF.FF.Nninn I

mmmm§Ég| 3 r 'S"!

O Café na Economia Brasileira

T^EVEMOS acompanhar atenta--'—'mente a evolução da cultura e

comércio de café. Não é exagero

dizer-se que é ele que tem pago to-

dos os nossos erros e esbanjamen-

tos públicos e particulares. Sem

embargo, sempre foi moda acusar-

se o café de causador de todos os

nossos males e os produtores de

ignorantes e perdulários. A reali-

dade é que como do couro saem as

correias, do café é que sempre sai

quase todo o nosso ouro e que mal

tém quase toda a vida nacional, e

a nossa própria soberania, fome-

cendo as cambiais para as nossas

trocas com os países estrangeiros.

O algodão é produzido na maior

parte à custa das instalações das

fazendas de café, com o pessoal.

f^l^cE* *4*'

transportes ferroviário e rodoviá-

rio e capitais oriundos ou criados

pelo café.

O café está a pique de desapa-

recer e, nesse dia, não sabemos o

que poderá nos salvar. Há 50 anos

acompanhamos a evolução do café

no Brasil, plantamos cinco mi-

Ihões de cafeeiros, tivemos na épo-

ca a maior casa comissária de San-1

tos e fomos banqueiros na grandezona cafeeira durante doze anos.

Assim julgamos serem úteis ao

nosso país as considerações quevamos fazer.

OS CICLOS DO CAFF.' EM SAO

PAULO E NO BRASILi

Estudando-se a produção do ca-

fé em nosso país, verifica-se queas altas de preços são determina-

das pela queda da produção e au-

mento do consumo. A queda da

produção por sua vez é determina-

da pelos preços baixos que fazem

cessar a plantação e também pelas

geadas e secas. A alta máxima foi

devida às grandes geadas de 1874.

A baixa de 1881 a 1886 foi devida

às novas plantações com os escra-

vos comprados no norte do pais.Depois a alta de 1887 e 1896 foi a

conseqüência da perda da safra de

1888 pelas chuvas. Em agosto, o

café estava todo nascido nos caie-

i -, • ° artlcullsta, nome dos mais conhecidos nos meios econômicos e cafeicultores do Brasil, sugere uma nova política para o cafébrasileira. O mercado deve ser defendido e conclue pela necessidade da substituição do Departamento Nacional do Cafito?®orgao sem finalidades comerciais, apenas de estatística, estudos e propaganda 1

O MERCADO DEVE SER DEFENDIDO !

PS

I

O OBSERVADOR — LXXXVIll 71

m

"* *^111

-v' , V ¦' ^j&SgFOMOS DERROTADOS PELA COLOMBIA

H outra lirmacab do Iticulisia. Com a politica que Mmoslara gnosso cafe, fomos derrotados pela C^mbjJDeixamo^

mrnssm

FOMOS DERROTADOS PELA COLÔMBIA

R| outra afirmação do articulista. Com a política que criamos para o nosso café, fomos derrotados pela Colômbia. Deixamos

de plantar! criamos taxas e sacrifícios diversos, enquanto o govêrno colombiano ajudava os seus caleicultores com facdidades de toda sor-

te. Fomos derrotados pela Colombia !

zais, caso jamais visto, lgualmen-

te o trabalho ficou desorganizado

pela abolição da escravatura. Iam-

bém pela baixa anterior não se

plantou mais e o consumo sempre

aumentou. Daí a alta. Na alta de

1887 a 1896 plantou-se em São

Paulo a maior quantidade de ca-

feeiros da história. Foram planta--

dos com o auxílio dos 612.000 ita-

lianos entrados de 1889 a 1895. As

cotações cairam em 1896. Proces-

sou:se uma crise enorme que só

cessou em 1911, no fim de 14 anos,

devido à.cessação de plantações,

envelhecimento dos cafesais e au-

mento sempre do consumo. Depois

de 1911, com a alta do café, incre-

mentaram-se as novas plantações

que causaram a baixa que deter-

minou a organização da defesa do

mercado e retenção do café.

Em 1929 o Govêrno Federal fez

cessar a defesa, ocasionando a bai-

xa de L 5 para 2,1/2 depois í h

para vender mais. Foi uma ilusão

porque vendemos no ano seguinte

menos 53.000 sacas!

Nos anos seguintes o D. N. C.

seguiu a mesma política de vender

barato para vender mais. Chegá-

mos a vender a grande safra de

1933 a Cr$ 38,00 a saca, que teve

preço de custo de mais de Cr$

100,00. Sempre que vendemos, a co-

tações forçadas para baixa, vende-

mos menos! O prejuízo do Brasil

com esta política de vender barato

para vender mais deu o resultado

que se verifica no quadro que da-

mos adiante. De 1924 a 1930 (defe-

sa Epitácio Pessoa) com a cotação

a £ 5 vendemos 100.025.592 sacas

por £ 456.452.606. Abandonada a de-

fesa pelo Govêrno Washington Luis

e, continuado o abandono pelo D. N.

C., verifica-se que de 1931 a 1937,

com as cotações de £ 2,1/2 e 1.

vendemos 101.029.410 sacas por í

161.095.369.

Precisamos deixar aqui consig-

nado que, em todos os ciclos, o

câmbio foi um fator formidável de

forçar maior alta e baixa das co-

tações do café. Temos vários fa-

tores a determinar os ciclos do

café:

1.°) Grandes plantações devido à

alta de preços, safras grandes —

baixa.

2.°) Cessação das plantações de-

vido à queda de preços, safras pe-

quenas, aumento sempre do consu-

mo — alta.

3.°) Grandes geadas ou sècas —

alta.

4.°) Alta ou baixa do câmbio al-

ta ou baixa do café.

Sendo planta vivaz e não anual

como o algodão, o trigo, etc., seis

anos depois de plantado o cafeeiro

não cessa de produzir e o plantador

tem de colher as safras pois re-

presenta enorme capital que não

O OBSERVADOR — LXXXV11I

loclas as grandes industrias fazem legado com plenos poderes, estabe- SjDcieda.de Rural Brasileira, convi-

..jBWK# JHHH|^^^H^

.^'vaas ¦ ^m|t.'~.

nr T ir A * ! /~»r> f-x 1-. n* ^ ._ . DEIXAMOS DE PLANTAR CAFEEIROS

Uma das medidas da política brasileira foi sustar por algum tempo a plantaçao de novos cafeeiros. Hoje pintamos nnvamP f

^aca°fedro.eX'Se ^ ^-"'«J"»^ » Aoresfa, E preciso cuidado, porém, por que nem toda terra conquistada à floresU ser-

O OBSERVADOR — LXXXVU

acordos internacionais. Por que

não fazemos? Porque o Brasil nao

se interessou por êles. Na Confe-

rência Internacional do Café rea-

lizada em São Paulo em 1931 o as-

sunto foi debatido e resolvido com

grande elevação de vistas. Por quenão se realizou? Porque os brasi-

leiros não cumpriram o que ficou

resolvido. Diz o artigo .6,° do cou-

vênio:"Art.

6.° — Para a organização

do Bureau Internacional do Café,

esta Conferência pede ao Governo

do Brasil convidar, enviando-lhes

cópias dêste projeto, todos os pai-ses produtores e exportadores de

café e os demais que concorreram

a esta Conferência para enviarem

seus delegados a urna Convenção

Internacional, que st- reunirá, o

mais tardar, em Lausanne, no cor

rer do mês de julho de 1932.

Cada País deverá enviar um de-legado com plenos pode rés, estabe-

lecendo-se que nesta convenção se

tratará unicamente da organização

do Bureau Internacional do Café,

de acordo com as bases fixadas

neste projeto."OuaS o motivo de termos cruza-*-v

do os braços? A eterna má vontade

contra o café e a ignorância do

problema.Ouve-se a queixa contra os ou-

tros países que não querem acôr-

do. Nós fizemos pior — não exe-

cutamos o acordo feito! A grandeautoridade em café — Augusto

Ramos — dizia que mesmo quenão obtivéssemos tudo do acordo,

devíamos fazê-lo, está claro quesem compromisso unilateral ou

prejudicial para nós. Entendemos

sempre que o Bureau Internacional

do Café votado pela conferência

era um grande passo. Não deve-

mos perdê-lo de vista.

Mais tarde, como presidente da

Sociedade Rural Brasileira, convi-

pode ser abandonado, dê lucro ou

prejuízo. Ao cabo de 15 anos come-

çatn as safras a falhar e cada ano

morrem muitos cafeeiros, as re-

plantas não veem, a lavoura eive-

lhece e vai desaparecendo.

Assim sendo são fatais os ciclos

xlas vacas magras e dás vacas gor-das. Não é possível regular exa-

tamente a produção do café. Me-

diante estatísticas e observações,>

poderemos prevenir as tempestades

que se avizinham, quer pelos ex-

cessos de produção como pelaaproximação dos anos das vacas

magras. Ambos os períodos são

prejudiciais ao país, cuja economiaé tão perturbada pela baixa como

pela alta exagerada.

ACORDO ENTRE OS PAisft

PRODUTORES

Sempre trabalhamos por umacordo entre os países produtores.Todas as grandes indústrias fazem

m

^/jljjjgj^^/jljjjEQ^ * - ljf«Bp

^hhT 4«HBk '- XBIHHMB^HHy^' i^ *•• - "^fc^j^Mjgi||fr-!

O OBSERVADOR - LXXXV11I

damos, por intermédio do nosso

consócio sr. Samuel Ribeiro, o sr.

Afonso Lopes, presidente eleito da

Colômbia, então num Congresso

em Montevidéu, a nos visitar. Aqui

esteve e foi hóspede da Sociedade

Rural Brasileira. Fez longo discur-

s| expondo as vantagens da união

dos países produtores de café para

;i defesa dos nossos interesses.

Não se compreende que a união

dos produtores possa ser prejudi-

ciai às partes. O que não se ad-

Site, porém, é que a união com os

intermediários, os magnatas inter-

nacionais que sempre teem o in-

terêsse de nos fazer colonos seus,

possa nos dar lucro.

CONFERÊNCIA INTERNACIO-

NAL DO CAFE'

Damos abaixo a conclusão do pa-

recer aprovado pela Conferência.

Internacional do Café, reunida em

São Paulo, em 1931. Comparece-

iam os representantes do Brasil,

Colômbia, Equador, Estados Uni-

dos, Guatemala, Holanda, Ingla-

terra, México, Panamá, Paraguai.

Salvador, Venezuela.

"Considerando que a prosperi-

Jlade de um País depende, em

grande parte, do bem estar das

classes produtoras, de cuja situa-

cão financeira e conseqüente po-

der de aquisição resultam as boas

finanças de uma nação; conside-

rando que, por esse motivo, é obri-

gação de todo o governo amparar

a produção agrícola; considerando

que temos assistido, nos últimos

tempos, uma sensível e exagerada

baixa nos preços do café; conside-

rando que, como principal causa

dessa baixa, encontramos o dese-

quilíbrio entre a oferta e a procura

do referido produto; considerando

que qualquer excesso da oferta,

além das necessidades do consu-

mo, produz, geralmente, uma bai-

xa no seu preço; considerando que

tal situação para o café foi criada

por excesso de produção, não ten-

do sido causa a diminuição do con-

sumo; considerando ser também

possível que a quantidade ofereci-

da desse produto, para o futuro,

cresça de ano para ano; conside-

rando que, para colocar essa pro-

dução excessiva, haveria renhida

competição nos mercados consumi-

dores, trazendo como consequên-

cia sérias dificuldades financeiras

a todos os países produtores, sem

exceção; considerando que tal com-

petição nefasta tem sido evitada

em várias indústrias por meio de

um entendimento entre os produ-

tores, que a substituem por uma

cooperação sensata a bem dos inte-

rêsses comuns; considerando que

para restabelecer o equilíbrio en-

tre a. oferta e a procura dois meios

se oferecem : o controle da produ-

cão e o aumento do consumo; con-

O CASO DOS CAFÉS FINOS

O pequeno produtor pode, tanto quanto o grande, apresentar cales de qualidade

Foto da "Sociedade Rural Brasileira"

- diz o dr. Bento Sampaio Vidal.

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^^',t. *^'T^^ #Foto da "Sociedade Rural Brasilcira"

AS FAZENDAS DE CAFE NAO DAO LUCRO

Tem se formado um mau juizo dos fazendeiros de cafe, procurando se atribuir aos indusfriais uma visao mais larga e uma me-

lhor compreensao dos fatos economicos. Chegou ao ponto de se atribuir ao cafeicultor um unico atributo, o de esbanjar o dinheiro ga-nho no campo. E preciso se retificar o erro, diz o articulista. Ha muitos anos. ja, que o fazendeiro trabalha apenas para viver. O proprio

I

pi

«aFoto da "Sociedade Rural Brasileira"

O OBSERVADOR — EXXWM

Tem se formado um mal juizo dos fazendeiros de café, procurando se atribuir aos industriais uma visão mais larga e uma me-

lhor compreensão dos fatos econômicos. Chegou ao ponto de se atribuir ao cafeicultor um único atributo, o de esbanjar o dinheiro ga-nho no campo. É preciso se retificar o erro, diz o articulista. Há muitos anos, já, que o fazendeiro trabalha apenas para viver. O próprioarticulista confessa que tem hoje menos do que tinha há dez anos passados.

fim de fazer chegar o produto às

mãos do consumidor pelo menor

preço possível, facilitando desta

forma o aumento do consumo.

Art. 4.° — Estudar os sistemas

mais adequados ao financiamento

da indústria e do comércio do café.

e bem assim a conveniência de

criar-se um Banco Internacional

do Café.

Art. 5.° — Estudar os meios ecustos dos transportes do café aos

diversos mercados consumidores,bem como o sistema de melhorar e

baratear esses transportes.

Art. 6.° — Para a organização

do Bureau Internacional do Café,esta Conferência pede ao Govêrnodo Brasil convidar, enviando-lhescópias dêste projeto, todos os pai-ses produtores e exportadores dlcafé e os demais que. concorrem aefja Conferência, paga enviarem

siderando que para o sucesso de

qualquer medida é essencial o am-

paro coletivo, pois quaisquer pro-

ventos ou sacrifícios devem ser

equitativos; considerando que só

depois de bem convencidos da gr a-

vidade da situação atual e, sobre-

tudo, futura, é que se pode asse-

gurar a franca e indispensável coo-

peração de todos os interessados;

considerando que, para a determi-

nação das medidas a serem toma-

das, como a análise das estatísti-

cas e a previsão de efeitos, são ne-

cessários conhecimentos técnicos

que só profissionais especializados

possuem; considerando que não só

para tais estudos, senão ainda parao mais franco entendimento e

maior fôrça de convicção um con-

tacto íntimo e contínuo é essen-

ciai, entre as partes interessadas;

os abaixo assinados, membros da

Delegação Brasileira, etc. à II Con-

ferência Internacional do Café re-

solvem :

Os países cafeeiros, presentes à

atual Conferência, acordam em

aconselhar a criação de um Bureau

Internacional do Café, com as atri-

buições que abaixo se enumeram :

Art. l.° — Organização das és-

tatísticas da produção e do consu-

mo do café e dos principais pro-dutos competidores dêste.

Art. 2.° — Estudo e aplicação

de métodos para desenvolver o con-

sumo do café e abrir novos merca-

dos (propaganda de caráter geral,

guerra aos sucedâneos, formas e

maneiras de melhorar o comércio e

distribuição.)

Art. 3.° — Estudar e cooperar,

com as autoridades competentes,

no sentido de conseguir a redução

das tarifas alfandegárias, com o

AS FAZENDAS DE CAFÉ NÃO DÃO LUCRO

ZZ,wm

\£ M? /

XV-iV.^'.

Foto da "Sociedade Rural Brasileira"

AS DEFESAS DO CAFÉ SEMPRE FORAM UM RECURSO

Em todas as épocas do café as operações de defesa foram sempre um recurso que trouxe para o país grandes somas de dinhei-

ro. A Capital da República e a Metrópole paulista estão construídas, nas suas fases de maior desenvolvimento urbano, a custa de de-

fesas" do café.

seus delegados a uma Convenção

Internacional, que se reunirá o

mais tardar, em Lausanne, no cor-

rer do mês de julho de 1932.

§ 1.° — Cada país deverá enviar

um delegado com plenos poder es

estabelecendo-se que nesta conven-

cão se tratará unicamente da or-

ganização do Bureau Internacional

do Café, de acordo com as bases íi-

xadas neste projeto.

§ 2.° — As respostas dos países

convidados a tomar parte na coii-

venção deverso ser obtidas antes

do dia 15 de junho de 1932 e co-

municadas logo após recebidas, a

todos os países convidados.

§ 3 ° — Fica estabelecido que a

constituição do Bureau Internacio-

nal do Café só se realizará no caso

de participação da totalidade ou,

pelo menos, da imensa maioria dos

países produtores de café.

Art. 7." — A convenção de Lau

sanne resolverá sóbre a reunião das

novas Conferências, que deverão

tomar conhecimento dos trabalhos

do Bureau Internacional do Café e

da ação do Fiscal nomeado parafiscalizar seus serviços, assim como

para .tratar de assuntos relativos ao

café.

§ único — Fica entendido que ca-

da país terá liberdade para delibe-

rar sôbre a origem da soma que

lhe caberá, como quota para o Bu-

reau Internacional do Café.

Art. 8.° — Os fundos paracusteio do Bureau Internacional do

Café deverão ser fornecidos pelos

diversos países, em proporção à

média de sua exportação de café

nos últimos três anos, ficando esta-

belecido que a quota de contribui-

ção para o primeiro ano, que será

principalmente de organização, não

excederá de. cinco centavos de do-

lar por saco de 60 quilos.

• § único — Fica entendido que

cada país terá liberdade para de-

liberar sôbre a origem da soma

que lhe caberá, como quota para o

Bureau Internacional do Café.

Art. 9." — Fica entendido que a

propaganda a ser feita pelo Bureau

Internacional do Café terá caráter

Seralj sem mencionar marcas de7

origem ou de qualquer outra es-

pécie, e que cada país ficará com

plena liberdade para fazer a pro-

paganda do seu produto, como me-

lhor lhe convenha.

Art. 10.° — A duração do Bu-

reau Internacional do Café será de

3 anos, no primeiro período, poden-

do ser prorrogado por períodos de

5 em 5 anos, a juizo das Conferén-

cias que se reunirem de acordo

com o art. 7.°.

Art. 11." — As atribuições d<•

Bureau lnternaciona.l do Caie po

O OBSERVADOR — LXXXVI1I

I

iPllPiiBgBSaiW^^W^l^^^WWiWMMMBWMBMM^W^^^^^MMfc*Otffisg*T> . $ 'H'xv*. «'«'y0>j' ^ffi|gjM^» ^flpP||^H^HP|||^^^^^^^^HHHHHHHHHHHH||H^^^^^^^^^^^B.:'^H^-i £$£& • *y^7" .vV""V v ^^^^^Mflflflflfl|^^B&''^ -

Foto da "Sociedade Rural Brasileira,,'

OS PR0CE550S MAIS A.VA§CADOS

No beneficiamento do cafe sao adotados ho;e em dia os processos mais avancados Km diversas fotdjrafiaf que llustrain esteartigo o leitor podera ver fases do beneficiamento, realizadas numa importante propriedade do interior de Sao pJSfo w

BiwmaMHvv .-. '¦ ¦-*" "¦ '•'.. ':'' ^£:';:.v ..' :..:;;". a..': " .A'.; /"A .: ';A .'. \ '..a' '' " A"A' '' 1

I».- :

v:-'->:;V." J'

76

derão ser ampliadas por entendi-

mento unânime entre os países nele

participantes.Esta Comissão considera de real

vantagem a criação de tal Institu-

to, pois de sua permanente atuação

advirão grandes proveitos para a

indústria do café, em geral.

Pensa esta Comissão que a ado-

cão das medidas propostas poderáremover os fatores da crise hodier-

na e preservar a indústria do café

de futuras perturbações prejudi-ciais ao desenvolvimento do coj

mércio de tão valioso produto, que

já se integralizou à vida de muitos

povos, como artigo salutar e de

imediata necessidade.

São Paulo, 16 de junho de 1931."

A LIÇÃO DO PASSADO E OS

LUCROS DA DEFESA

Para esclarecer os observadores

isolados de opinião que devemos

o OBSERVADOR — LXXXVêll

intervenção feliz que fez no mei -

cado quando era Diretor da Cartei-

ra Cambial do Banco do Biasil o

snr. Custódio Coelho. O Presiden-

te Epitácio Pessoa fez a memoia-

vel defesa, em grande estilo; por

intermédio do Conde Siciliano, no

dia em que 110 Palácio do Rio Ne-

gro, em Petrópolis, verilicou que

não era possível sustentar o cam-

bio, que baixava diariamente. Esta

defesa do mercado, que foi conti-

nuldi, fez entrar no País tanto

ouro e creou tanta prosperidade,

que ainda hoje se notá. No govêr-

Jjô Artur Bernardes, quando Mi-

nistro da Fazenda o sr. Sampaio

Vidal, a defesa do mercado firmou

o câmbio, ([lie chegou a 8 d., fa-

zendo entrar para o paíi setenta e

quatro milhões de libras esterlinas

por ano.

A primeira defesa oficial do mer-

calo de café foi feita, pelo presi-

OS PROCESSOS MAIS A VA NC ADr>5

No beneficiamento do café são adotados ho;e em dia os processos mais avançados Km diversas foto^rahas que ilustram esteartigo o leitor poderá ver fases do beneficiamento. realizadas numa importante propriedade do interior de São Paulo

deixar tudo correr à revelia e as

pessoas infensas à defesa do mer-

cado, receando perigos imaginários,

devemos fazer um pequeno histori-

co para reavivar a nossa memória

e mostrar as lições do passado que,

longe de apresentarem quadro

sombrio, constituíram as mais es-

plêndidas realidades e crearam pa-ra o Brasil períodos áureos.

Tôdas as vezes que os estadis-

tas do Império se viram em difi-

culdades financeiras e com o cam-

bio em baixa, a defesa do café foi

a salvação do País. Grande bati-

queiro do Império — o Conde de

Figueiredo — defendeu as cotações

do café por ordem dos . [Ministros

da Fazenda — Francisco Belisário,

Barão de Cotegipe, Visconde do

Ouro Preto e outros. Todos com

esplêndido resultado. Na República

tem se dado o mesmo fato. O C011-

selheiro Rodrigues Alves contava a

Foto da "Bocioriaclr> Rural Brasileira"'

O OBSERVADOR — LXUXVU1 77

dente Jorge Tlnriça. Nessa oca-

sião, esperava-se uma safra de

12.000.000 de sacas, que deu ....

18.000.000, tendo entrado em San-

tos 15.000.000. Para se calcular a

gravidade da situação, é bastante

considerar que o consumo naquele

tempo era de 16.000.000 de sacas,

quando hoje é de 25.000.000. A

geração atual se apavora com es - •

toque muito menor e com cafesais

abandonados que em sua maioria

nunca mais voltarão a produzir.Naquele tempo os cafesais novos

estavam em plena produção en-

quanto hoje, na. verdade, não exis-

tem mais cafesais novos. A defesa

Tibiriçá deu um lucro, para o go-vêrno do estado de pão Paulo-, de

mais de cem mil contos, e, para o

Brasil, os lucros foram incalculá-

veis.

No governo Altino Arantes foi

feita a defesa do mercado median-

te uma emissão de papel moeda, de

(reato c dez mil. coutos, que São

Paulo restituiu ao Governo Fe-

deral, acrescida de mais sessenta e

dois mil contos de lucros. As in-

tervenções de São Paulo na defe-

sa dos mercados sempre foram

coroadas do mais completo êxito.

Em quatro anos, São Paulo liqui-

dou integralmente o grande em-

préstimo da valorização Tibiriçá de

quinze milhões de libras. A in-

tervenção de 1917 foi realizada com

o mais pleno sucesso, dando a

União e a São Paulo um lucro

liquido de cento e vinte mil contos,

fato verdadeiramente notável nos

anais brasileiros. Todas as defesas

de café deram grandes lucros aos

p-ovêriios e trouxeram maior pros-

peridade ao Brasil. Por outro lado,

o consumo mundial sempre aumen-

tou, tanto na baixa como na alta

das cotações. E' o que nos ensina

o estudo da estatística.

A NECESSIDADE DA DEFESA

DO MERCADO

Para se compreender a necessi-

dade da defesa do mercado de café,

é preciso ter o tirocínio de muitos

anos deste negócio. O leigo não in-

tende nem aprende com uma sim-

pies leitura! Em todos os tempos,

antes dl defesa oficial, o mercado

foi defendido por blocos que se

formavam para resistir às investi-

das dos baixistas, «lemos contado

sempre o que foi o Sindicato de

Santos, a mais formidável organi-

zação particular para defesa do

mercado, em 1884. O consumo era

de 10.000.000 de sacas e a produ-

ção de 8.600.000 e o comércio in-

ternacional mantinha a cotação de

Cr$ 2,50. Foram diretores do Sin-

dicato as maiores mentalidades da

praça de Santos, como Francisco

de Paula Ribeiro, Antônio Carlos

da Silva Teles, Joaquim Franco de

Foto da "Sociedade Rural Brasileira"

AS NOSSAS RIQUEZAS ESTÃO A MERCÊ DF. ESTRANGEIROS

Unvi d is afirmações mais serias contidas no presente artigo é a de que as nossas riquezas estão beneficiando apenas elementos

estranhos ao' Brasil. O café. há longos anos, vem sendo vítima desta política. Trabalha todo o setor do produção, .no Brasil, para que

os que sc acham nas grandes metrópoles comerciais do mundo afiam os resultados.

wZSSm

mm

7.X - ü OBSERVADOR - LXXXVIU

Lacerda e alguns exportadores es-

trangeiros, que empregaram gran-cies capitais próprios.

Na sessão da Câmara dos Depu-

tados Federais, em 25 de agosto de

1920, dizia o gr. Rafael Sampaio

Vi dal:

"A falta de organização comer-

ciai e sobretudo a falta de organi-

zação bancária deixam o país ex-

posto à perda lamentável dos valo-

res de sua produção na voragem das

crises repetidas e nas manobras da

especulação desenfreada. Franca-

mente, os brasileiros trabalham co-

mo colonos do capitalismo estran-

geiro. Na hora da apuração das

colheitas, a máquina poderosa da

organização comercial estrangeira

estende para aqui os seus ten-

táculos, as suas bombas de sucção,

e arrebata galhardamente o me-

lhor dos lucros da produção nacio-

nal, promovendo a baixa das cota-

ções, manobrando o mercado à sua

vontade.

E' a triste sorte dos povos sem

organização bancária que possafornecer elementos para a expan-

são de todas as atividades produto-ras e comerciais e para defesa dos

mercados na hora da necessidade.

Ultimamente, tocou a vez ao ca-

fé, sua situação comercial está sen-

do audaciosamente atacada pelaimanobras baixistas, causando uma

cpeda alarmante das cotações. PJ§-

dra angular da nossa estrutura

econômica, principal elemento da

riqueza do país, base da situaçao

cambial, o café representa o gran-de centro de radiação de energias

econômicas para todos os negócios

do exterior e do interior. Tôda a

vida nacional se entrelaça na sua

sorte e se alimenta da sua rica

seiva.

Como é humano, os especulado-

res aproveitarem o momento opor-

tuno para atacar também a situa-

ção do café, da qual podiam agora

arrebatar os mais extraordinai ios

lucros, transferido para o seu bolso

os proventos que deviam ser nos-

sos. Trata-se de uni audacioso

abuso da nossa fraqueza comer-

ciai, trata-se de arrebatar à eco-

nomia nacional uma forte soma de

lucros que são legitimamente nos-

sos .

No memorial enviado ao sr. pre-

s mente da República verifica-se

que, com o abandono da defesa .d<|

mercado, iniciado pelo governo em

1929, em sete anos o Brasil per-

deu 295.357.037 libras esterlinas

comparativamente ao septiênio an-

terior, de acordo com os dados do

Anuário Estatístico do D. N. C.

de 1938. Vamos reproduzir o qua-

dro :

~ ~ %

^ **

*' hI •

Foto da "Sociedade Rural Brasileira'VENDER A QUEM QUISER COMPRAR

O produtor deve vender sua mercadoria a quem a quiser comprar, sem qualquer espécie de limitação. Eis uma das coisas su-

geridas no presente trabalho. Ninguém melhor que o produtor pode defender a sua mercadoria. Quando houver necessidade] os produ-tores formarão cartéis, para um melhor trabalho conjunto. Mas todo o comércio do café deverá ser feito sem restrição, entre o produ-tor e o comprador, se quisermos readquirir a antiga solidez econômica do produto.

(J OBSERVADOR — l.XXXVlli 79

wr-j- i4.n

s

Foto da "Sociedade Rural Brasileira"

cado, era

TRÊS QUOTAS QUE REPRESENTAM UMA SAFRA

A ciuoía de sacrifício, gratuita, que o produtor deveria entregar ao Departamento Nacional do Cafe, para regularizar o mer-

a de 35%. Três anos de quota correspondiam a uma safra que custara dinheiro e trabalho, entregue sem qualquer remuneraça .

EXPORTAÇÃO DE CAFÉ DO BRASIL

OuANTiDADE EM SACAS

192 14.226.4281925 13.481.9551926i ií. 13.751.479192 15.115.061192 13.881.445192 14.280.815193 15.288.409

193 17.850.872193 11.935.244193 15.459.309193 14.146.879193 15.328.791193 14.185.506193 12.122.809

100.025.592

Valor em Libras

101.029.410

192 71.833.0021925 74.032.0531926. 69.751.887192 62.648.5571928 69.701.260192 ... 67.306.8471930... 41.179.000

456.452.606

Não é a primeira vez que o Bra-

sil sofre êste prejuízo colossal

quando abandona a defesa do mer-

cado. O sr. Rafael Sampaio Vidal.

em 1921, mostrava que o Brasil

perdeu, em Um ano, mais de um

193 34.103.507193 26.237.827193 26.168.4831934 21.540.5991935' 17.373.215193 17.785.391193 17.886.647

161.095.569

milhão de contos de réis pela bai-

xa do café.

OS FANTASMAS

Um fantasma precisamos destruir

em nossa imaginação. Não se pode

considerar artiíicialismo a defesa

legítima, que tal é a defesa do pre-

co das mercadorias de nossa pro-_¦>dução, no caso, o café.

Artificialismo existe efetivamen-

te em várias medidas adotadas de

longo tempo nos negócios do café

— e, esse artificialismo, sim, foi

ruinoso. Artificial é a retenção

atual; artificial é a quota de sacri-

fício imposta aos produtores; arti-

ficial é o emprêgo dos cafés obti-

dos por êsse meio para fins outros

que não a destruição e queima dos

excessos de produção; artificial é a

retirada comercial desses excessos,

a preços ínfimos e realizadores de

lucros para a intervenção oficial do

mercado e à custa dos minguados

proventos do produtor; artificial é

o regime de trocas e substituições

desmoralizadoras dos mercados,

quer nacionais, quer estrangeiros,

com as quais só ganham os inter-

medianos comerciais, particulares,

5^5

BS

SSw,¥S

80 O OBSERVADOR — LXXXVIII

¦ ."TV. i- »• £?<. ••to t »V '

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'1SI Si ills I:: fe : ^ j .¦ , 3j • ¦ ^: ¦ v-J;' ¦, ¦¦'; .V: .. -. ,¦•; k ¦' ¦ :feigg|

MfMte;' ¦ ¦ >' k,WW*. --

""vij

Foto da "Sociedade Rural Brasileira"Foto da "Sociedade Rural Brasileira"DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS

Por que sujeitar o café a restrições, a medidas, se tudo aquilo que o cafeicultor precisa não está sujeito a qualquer limitação?O preço do café é limitado, mas o do saco não tem limite. Todo material necessário à lavoura e ao beneficiamento, como os transpor-tes, não estão sujeitos a limite. Restabeleçamos a livre concorrência !

principalmente em benefício do co-

mércio estrangeiro.

E, não é só esse fantasma quecarecemos destruir. Vivemos num

mundo demasiado pequeno em quetodos os interesses devem ser es-

sencialmente recíprocos. E' bem

verdade que as nossas "comodities"

de um modo geral sofreram depre-

ciações em preço unitário papel ou

ouro na última década transcorri-

da. Essa baixa, entretanto, não

tendo encontrado, mercê de nossa

fraqueza ou imprevisão, a necessá-

ria compensação em baixa corres-

pondente nas mercadorias de quecarecemos e das quais vivem nos-

sas alfândegas, não reflete apenas

a pobreza a que ficamos reduzidos,

mas a irremissibilidade da situação

nacional, cativa do estrangeiro,

forte, rico e previdéntemente bem

defendido. Urge reagirmos, poisdo contrário seria a volúpia cia ser-

vidão. Trata-se, porém, de algemas

impostas por um imperativo de or-dem econômica e financeira. E,contra isso, o único meio até hoje

conhecido, é a inteligente com-

preensão da luta comercial, a ado-

ção de um plano conveniente, ca-

paz de retirar o produtor da livre

disposição do comprador. Isto é es-tritamente, sem artifício de espéciealguma, a legitima atuação no am-biente mundial através da defesado preço e dos mercados. Produ-

ção e preço são elementos do mes-mo negócio. Um não pode existirsem o outro e qualquer dos doissucumbe fatalmente, arrancando ocompanheiro para a mesma sorte,desde que não sejam cuidados com

a mesma estima e carinho.

Nós estamos levantando a nossa

economia sôbre o café, a nossa evo-

lução econômica está baseada nessa

privilegiada mercadoria mundial

que nos pode dar 100 a 200 mi-lhões de esterlinos por ano, entre-tanto, não a defendemos por umaorganização inteligente, deixando

que outros povos realizem sôbreessa mesma mercadoria, que é nos-sa, fortunas colossais, 200, 300 cru-zeiros e mais sôbre uma saca decafé que, entretanto, vendemos,não raro, abaixo de seu custo de

produção!Não podemos continuar impas-

síveis diante de um problema detão capital importância.

Eu próprio, em certa ocasião,num comunicado à Sociedade Ru-ral Brasileira, chamei a atenção

para os fatos aqui apontados di-

tendo: Os europeus astutos trocamcom os selvagens das tribus lírica-nas dentes de elefantes, peles, pe-dras de valor, por lenços verme-lhos e outras coisas ridículas. Ostraficantes ganham rios cie dmhei-

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Foto da "Sociedade Rural Brasileira"

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É um princípio elementar de economia política. A boa mercadoria faz o bom preço. A boa conta faz também o bom amigo. O

nosso café pode ser o melhor do mundo livre da sujeição que o rege atualmente. Particulares podem perfeitamente lutar contra os bai-

xistas, quando estes sc apresentem, com uma maior liberdade de movimentos cjue o Departamento ^Nacional do Cafe.

O OlíSEKVADOR — LXXXVI11

pena cie sucumbir. Os processosnão são mais os mesmos de deixar

correr tudo à vontade do adversa-

rio. E' preciso lutar com coragem

e inteligência. Precisamos voltar à

realidade de sempre: "Sem

defesa

do mercado cada dia ficamos mais

pobres".

PREÇOS BAIXOS PARA EX-

PORTAR MAIS

A BOA MERCADORIA FAZ O BOM PREÇO

ro e o selvagem fica contente com

as bugigangas. Não é outra a nos-

sa situação ao presenciarmos a

flor do patriciado paulista que tra-

balha na lavoura cafeeira, esses he-

róis que fizeram a nossa riqueza,

a nossa civilização, desaparecer na

miséria, abandonando seus cafe-

sais que eram o nosso orgulho. Os

países consumidores, usando do seu

privilégio de exercer o domínio sô-

bre os mercados produtores; con-

venceram-nos que para ficar ricos

precisamos produzir café barato e

vendê-lo ainda assim, abaixo do

custo. Nos tempos primitivos, o

comércio era demorado e reduzido.

Não havia telégrafo e os navios a

vela esperavam, para navegar, quesoprassem ventos favoráveis. Des-

de, porém, que cada dia o comércio

se torna mais rápido e nervoso, de

grandes proporções, cumpre a ca-

da um defender o que é seu, sob

Existe a suposição de que o

abandono da política de defesa dos

preços e mercados importa, com a

baixa das cotações, no incremento

do volume das exportações. Êsse

expediente suicida já foi experi-

mentado mais de uma vez e sem-

pre com o mesmo resultado nega-

tivo.

Em 1929 depois de uma quedade preços que trouxe o café de 5

para 2,1/2 libras a saca, o resulta-

do que se verificou no ano seguin-

te foi uma diminuição de 53.000

sacas no volume da safra exporta-

da. Há poucos anos atrás o D. N.

C. repetiu a experiência, baixando

a cotação do café a Cr$ 38,00 a sa-

ca, o resultado foi diminuir mais

uma vez a exportação quando a si-

tuação da lavoura em geral tocava

às raias do desespêro. Devemos in-

sistir no remédio?

Na defesa Sampaio Vidal, o Bra-

sil recebeu 74.000.000 de esterlinos

por ano. Com o abandono do mer-

cado, entregue gentilmente aos

compradores, graças à nossa inge-

nuidade comercial, estávamos re-

cebendo 16.000.000 de esterlinos!

Os baixistas te em argumentos e

usam manobras capciosas para ata-

car o mercado. Cumpre-nos fechar

os ouvidos para não nos encantar-

mos com canto da sereia, como os

marinheiros de Ulisses.

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Poto da "Sociedadp Rural Brasileira"COMO FAZER A PROTEÇÃO?

Como poderá ser feita a proteção do mercado pelos produtores? Esta pergunta vai muito bem sob esta fotografia, um tristedocumento de uma política anti-econômica em que não fomos os únicos nem os últimos a incorrer. Quanta coisa útil a humanidade sequeimou, se lançou ao mar, no mundo, na esperança de com isto ser possível acertar melhores condições de comércio !

'feria alguém

logrado resultado com isto ?

m BASTANTE O FINANCIA-

MENTO PARA DEFESA DO

MERCADO?

Muitas pessoas, não querendo cn-

carar de frente a defesa do merca-

do que, como temos dito, de 1929

para cá é a cabeça de turco à qualse atribuem todos os males que nos

acontecem, quando na verdade

sempre foi a nossa salvação, opi-

liam que é bastante o financiamen-

to para que o produto seja defen-

dido. Não há dúvida alguma que a

primeira defesa é o produtor não

ser obrigada a vender por qual-

quer preço sua mercadoria para

pagar dívidas. O diretor do Banco

de La Nacion, de Buenos Aires, re-

jjetiu-me algumas vezes que na

República Argentina não se vende

a mercadoria para pagar dívidas e

sim quando o preço convém.

Temos, porém, uma prova fri-

zante de que não basta o financia-

mentoi A Colômbia tem feito tudo

para defender o seu café, apesar

de ter também a sua riqueza de pe-tróleo. No princípio da crise che-

gou a baixar a taxa cambial paradefender o produto. Ultimamente

reduziu as dívidas dos produtoresde café de 40%, pagou o restante

em dinheiro e deu prazo de 20 anos,

a juros de 5%, para os produtores,mediante letra hipotecária. Para ocusteio das propriedades adiantou

dinheiro a 5%. Para o café depo-

sitado nos armazéns da Associacion

de Cafeterosj o Banco da Repúbli-

ca desconta letras a 3% ao ano.Pois bem, depois disso tudo, que

parece um sonho para o produtorbrasileiro, informou o escritórioPan-Americano de Café. de NovaYork, do qual fazemos parte, queos cafés da Colômbia baixaram, po-

rém, que o mercado reagiu "com a

intervenção promovida pela Asso-ciacion de Cafeteros que comproutodo o café que estava em mãosdos baixistas". E' assim a Colôm-bia que nos ensina, pioneiros quetomos da defesa do café, a nuncaabandonar a intervenção nos mer-cados e deixar de ouvir as palavrasenganadoras dos nossos amigos in-termediarios que nos querem levaro produto do nosso trabalho porpreço inferior ao do custo de pro-duçao. Êles estão no seu legítimodireito de comerciantes hábeis. Nos-so dever, porém, é defender a ri-queza de nossa terra, fiai a neces-sidade de um organismo dinâmi-co que possa fazer a defesa do pro-(luto. Sem embargo do que disse-mos, fazemos votos para que sejaem breve realidade a instalação IdoBanco Central de Emissão. Existeem todos os países do mundo e

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I OBSERVADOR — LXXMWm 83' - '} Kg®

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Poto da "Sociedade Rural Brasileira"

mesmo nas colônias inglesas. Não

é possível defendermos com van-

íagèm a nossa produçMo sem o

elastério do Banco Central de

Emissão.

1

crédito acrwla

Sem crédito agrícola não há agri-

cultura. Quem tem dinheiro paracomprar terras, custear as cultu-

ras e defender o preço da sua mer-

cadoria não vai exercer a traba-

lhosa e ingrata profissão do agri-

cultor. A lavoura sofre todos os

iiiiprevistcH da falta de chuvas, ex-

cesso de chuvas, geadas, moléstias

nos vegetais e nos animais, baixa

de preço no mercado, espoliações

de tóda ordem por falta de resis-

tência. Assim quem tem dinheiro

fica na cidade, vivendo comoda-

mente dos juros das apólices e ou-

tros títulos.

Entretanto, a nação precisabasear a sua economia na agricul-

tura, cjue é a fornecedora da ma-

téria prima e dos produtos da ali-

mentação e, por outro lado, é a

grande consumidora dos produtosindustriais. O estadista francês

Herriot, discursando há pouco tem-

p| em Lyon, frizou que a França

repousa, e por muito anos repou-

sará a sua economia na agricujgu-

ra. A França, velho país, riquíssi-

mo e possuidor de grandes indús-

trias.

E111 todos os paises do mundo, o

crédito agrícola é proporcionadoaos agricultores pelos Bancos for-mados pelo governo e que operam

de acordo com o Banco Central de

Emissão. E' o maior dos absurdos

o crédito agrícola fornecido pelos

particulares ou pelos comissários.

Os particulares e os Bancos de de-

pósitos .e descontos não tecm orla-

n.ização para estes negócios e nem

podem realizá-los, pois que é um

serviço todo especial.! As casas co-

missárias e os compradores dos

produtos podem financiar, tirando,

porém, a parte do leão ao receber

os produtos e deixando ao produ-

tor a quantia apenas necessaria pa-

ra pagar o miserável salário cios

trabalhadores agrícolas que vivem

uma vida primitiva e sem confôrio.

No ano seguinte, o produtor que

ficou com as mãos abanando, piau-

ta de novo, na eterna esperança

que lhe sobre alguma coisa.

Foto da "Sociedade Rural Brasileira"

É NECESSÁRIO UM NOVO INSTITUTO

Conclue o autor o seu artigo sugerindo ao Governo a substituição do Departamento

Nacional do Café por um novo Instituto, de funções limitadas a problemas de ordem

técnica, como sejam os assuntos de estatística e propaganda. E que o comércio da ru-

biácea torne-se livre, novamente, concorrendo com os demais produtores. Os resultados

auferidos pela Colômbia podem perfeitamente ser conseguidos pelo Brasil.

AS DEFESAS DO CAFE' NADA

CUSTARAM AO TESOUROJ

Como acentuamos em mais de

um tópico desta exposição, as de-

fesas do café, quer feitas pelo es-

tado de São Paulo, quer pela União

Federal, jamais pesaram sôbre os

erários públicos. As defesas pro-

movidas pelo estado de Sao Paulo

produziram para o tesouro, muitas

centenas de milhares de contos. E'

famoso o saldo ainda hoje exis-

tente, de cerca de 200.000 contos,

produto da venda do estoque de

café existente em Antuérpia ao es-

talar a guerra mundial de 1914,

1 .000.000 de sacas requisitadas

rm

84

pelo Governo Imperial Alemão, dij

nheiro de que o Estado é credor

do Tesouro Nacional, gm virtude

dos dispositivos decorrentes do tra-

lado de Versalhes.

As defesas promovidas pelo Go-

vêrno Federal foram tôdas cobertas

pelas pesadas taxas que pagou o

café. Não falemos em cerca de

quatro bilhões de cruzeiros arreca-

dados a titulo de confisco cambial,

sem esquecer ainda a quota de ses-

senta e dois milhões de cruzeiros,

participação do Tesouro Federal

nos lucros de intervenção Altino'

Ar antes, em 1917. A intervenção

do governo Epitácio Pessoa d e u

mais de cem milhões de cruzeiros

de lucro ao governo federal. En-

fim as operações de defesa do café

sempre foram auspiciosas não so-

mente para a economia particular e

pública como para os interesses di-

retos do Tesouro.

Ainda bem moço, quando esteve

em São Paulo o atual chefe da casa

Rotschild, com o seu tino de ban-

Bueiro de algumas gerações, viu

logo que a prosperidade do Brasil

estava baseada na cotação do café.

Insistiu conosco na fixação de um

preço da mercadoria, porque, de-

clarava, as altas e baixas empobrej

ciam o país, causando falências,

baixas e altas de salários, desvalo-

rização das propriedades, etc. Não

era possivel, neste regime, o Bra-

sil ficar rico.

Citamos este fato porque até

hoje admiramos a facilidade com

que o então jovem banqueiro des-

creveu a nossa situação e a insis-

tência com que êle entendia que no

café é que estava a nossa riqueza

e também a nossa pobreza.

PARIDADE DE PREÇOS

Não basta porém, insistimos, a

organização de um financiamento

adequado para que a agricultura

assegure à Nação sua prosperida-de fundamental.

O financiamento é apenas um

meio insubstituível de fomento e

amparo da produção. E alguém jádisse, com sobras de razão, que,terminado o ciclo da produçãoagrícola, começa o mais árduo do

seu calvário.

Nada se produz, pelo prazer de

produzir ou de guardar. Deixando

de considerar a parcela mínima

das coisas que so. plantam paraconsumo próprio

— todos os pro-

dutos tirados da terra, destinam-se

a ter um "valor"

econômico, a sei

permutaclos enfim, vendidos — ob-

jctivo de toda e qualquer ativida-

de econômica.

Não é, portanto, sem motivo,

que alguns economistas modernos

denominam a economia — ciência

do valor, e outros, ciência dos pre-

ços. Ambos teem razão, pois não

há uma coisa sem outra: são os

dois aspectos do mesmo fenômeno,

considerados em seus fundamentos

sociais.

O preço dos produtos agrícolas,

é o objetivo da sua produção. Em

sua função, torna-se possível o"crédito",

tanto oficial quanto

particular, de outra forma, conde-

nado á precariedade e desapareci-

mento de tôdas as explorações de-

ficitárias.

Mas — que preço?Há milênios os homens aprende-

raní a permutar o fruto de seus

trabalhos. Bem cêdo constataram

que havia um gênero de produto

que era mais constantemente pro-curado — o gado,

"poecus" e as-

sim, adotaram-no como instrumen-

to de trocas.

Mais tarde a dificuldade de trans-

porte de tão volumoso instrumen-

to de negócios, muitas vezes reba-

nhos inteiros, levou os homens a

substituí-lo por alguma coisa queo representasse, em metal ou em

papel, enfim — pela

"pecúnia", ou

dinheiro. Era enfim, o "preço",

estimado em função de um valor

ou padrão, constante em tôdas as

trocas.

A humanidade evoluiu e aperfei-

çooúlse; complicaram-se os ©roce-

dimentos financeiros; cresceram

as fórmulas comerciais e bancá-

rias; o dinheiro, enfim, espalhou-

se por tôda parte, ora em moeda,

sob os mais variados sistemas, ora

em papel, promessas e ordens de

pagamento cambiais, de dentro e

de fora. permutas, pseudamentecompensadas, e assim por diante.

Mas, ainda hoje, depois de íiilê-

nios de civilização, de acordo com

os moderníssimos ensinamentos

dos professores universitários ame-ricanos, Dummeier e Heflebower,

em seu trabalho de "Economia

po-lítica aplicada à Agricultura"; —

em todo negócio existe sempre uma

troca de mercadorias por mercado-

rias.

Os produtos agrícolas são mer-cadorias dos agricultores, e. em

O |)

B S fgjv

V A D OI |AA,\/

///

última análise, — seu dinheiro. Se

os produtos agrícolas sao atinai o

dinheiro de uma classe que repie-

senta 80% da populaçau nacional

e de sua riqueza, são também o

próprio dinheiro da Naçao, a sua

única moeda, e o melhor padrao de

suas trocas, Que seria material-

mente das transações mundiais pe-

lo sistema métrico decimal, se los-

se dado ao metro, como padrao ba-

sico, dilatar-se elasticamente ou

contrair-se? Não haveria mais"preço"

possível para as coisas que

se trocam em função de seu volume

e o cáos seria a conseqüência.

Assim acontece com a mercado-

ria, qualquer que ela seja — pa-

drão das permutas e da capacidade

de pagar da agricultura.

Não queremos dizer que os pre-

ços devem ser fixos e imutáveis,

mas, apenas, constantes em função

do valor relativo de tôdas as coi-

sas. Não é possível que o saco de

arroz produzido durante a safra

não dê para o agricultor comprar

uni par de sapatos, e, passada a

colheita, assegure ao intermediá-

rio o poder aquisitivo relativo á

meia dúzia de pares de sapatos.

Como também não é possivel quea mesma enxada que ontem miba

o equivalente ao preço de um fran-

go, deva custar ao avicultor, porcircunstâncias estranhas aos iniri-

cados cálculos dos custos de pro-dução, o equivalente de uma dúzia

de frangos, senão mais.

A disparidade de preços d o s

produtos da agricultura, cm face

do preço corrente das utilidades di-versas, fornecidas pelo comércio e

pela indústria, significa a maiscompleta injustiça social e ceguei-ri econômica, reservando paia os

gêneros indispensáveis e insubsti-

tuíveis para a vida, nenhum valôre a pobreza, enquanto para as de-mais mercadorias todo valor e afortuna.

A pobreza para dezenas de mi-ihões de creaturas -- e a riqueza

para algumas centenas de priviie-g lados!

No mundo internacional as con-seqüências nao são menos aterrori-zantesg de 1929 a 1939, como pro-vou irretorquivelmente o sr. MárioRohm l eles, honrado ex-secretá-lio da Fazenda do estado de SãoPaulo, descuidando da paridade dospreços de exportação do seu café,sob o falacioso pretexto de venderbarato para vender mais, o Brasil

O OHSEKVADOR LA' .VA'/'/// 85

abandonou a defesa de sua merca-

doria, entregue a preço vil, per-

dendo trezentos e treze milhões de

libras esterlinas, ou seja o bastante

para pagar tôda a dívida externa

do país com sobras ainda, para ar-

má-lo eficientemente, como exigem

os imperativos da dignidade na-

cional!

Paridade não significa rigidez.

Traduz a vigilância constante do

Estado, na defesa dos economica-

mente mais fracos, em considera-'

ção do bem coletivo e dos motivos

superiores da ordem pública.

E, nisto não vai sequer novida-

de ou inovação alguma.

Não haveria indústria nacional

sem a paridade, unilateral, que lhe

assegura o Estado, em seus pre-

ços, de concorrência, mediante a

elevação de barreiras alfandegá-

rias intransponíveis. Mas também

é indispensável que essas barreiras,

asseguradoras da independeu c i a

econômica nacional, no terreno da

economia mundial, não se transfor-

me em instrumento de opressão e

privilégio, reservando todo rendi-

mento econômico da Nação a uma

insignificante minoria de pessoas,

que nem sempre, e talvez raramen-

te, mesmo, são ao menos, seus ci-

dadãos!

OS FAZENDEIROS •

Deseja m o s chamar a

atenção para o grande êr-

ro em que laboram os

que julgam que na lavou-

ra existem os lendários"senhores de engenho","fazendeiros de café", de

chapéu de palha, botas e

esporas, chefes políticos,senhores de escravos.

Em primeiro lugar ês-

ses "ferrabrazes" só exis-

tiram na imaginação ar-

dente da cidade. Em se-

gundo lugar, os tão odia-

dos fazendeiros são hoje

uma classe que vive escor-

chada por todos os lados.

Em matéria de pessoal

de trabalho, debate-seI em

um verdadeiro suplício,

receiando ver suas pro-

prie d a d e s abandonadas

por falta de trabalhadores.

Fazem tudo pára satisfa-

tê-los e se não fazem mais

é porque sao explorados

em sua produção e não tem di-

nheiro.

Os fazendeiros, há muitos anos,

nada mais representam, em verda-

de do que meros intermediários

para arranjar a vida dos trabalha-

dores e entregar-lhes todo o di-

nheiro que vem de empréstimos e

do produto das lavouras. Vivem â

espera de um dia melhor, até que

desistam de ser produtores agrá-

rios.

Não há indústria 110 mundo que

suporte os ônus que o café supor-

ta. Os 35% da quota de sacrifício

eqüivalem à entrega gratuita de

uma safra inteira cada três anos.

Além disso o café pagava mais Cr$

100,00 por saca pela restrição cam-

bial, e Cri 55,00 por saca para a

defesa do mercado, para a baixa.

Pagou mais o imposto sôbre a ren-

da quando teve defic.it e os impôs-

tos e taxas estaduais e municipais

e estradas de rodagens. Insistimos

nisto porque entendemos prestar

um serviço ao nosso Govêrno. Co-

mo os fazendeiros ficassem arrui-

nados e 50% perdessem as fazen-

das, alguns industriais que ficaram

arqui-milionários escrevem nos jor-

nais que os fazendeiros são ineptos,

não sabem trabalhar, são perdulá-

rios, vivem nos clubes e que os fi-

lhos dos industriais irão no século

futuro para o campo mostrar, com

processos modernos, como se ga-

nha dinheiro 11a agricultura!

Recebendo em Viena, no Hotel

Bristol, em 1926, a visita do dr.

Dafert, antigo diretor do Instituto

Agronômico de Campinas, êle nos

declarou: Eu era químico quando o

imperador da Alemanha, solicitado

pelo imperador do Brasil D. Pe-

dro II, convidou-me para o cargo

de diretor do Instituto Agronômi-

co de Campinas. Aprendi a cultivar

café com os fazendeiros de Cam-

pinas.

E' ponto pacífico que o dr. Da-

feri até hoje é considerado a auto-

ridade número um em cultura de

café no Brasil. Disse-nos um agro-

nômo brasileiro há poucos dias:"Depois do dl Dafert nada se

tez .

O dr. Luiz Pereira- Barreto es-

creveu: "Sabemos cultivar café co-

mo em parte alguma do mundo se

sabe".

Terminada a éra das bandeiras,

escreveu V icente de Carvalho, os

paulistas dedicaram-se à vida se-

dentária da agricultura. Nos pri-

meiros tempos cultivaram o açú-

car, depois o algodão e depois o

café.

Estes homens que alargaram as

fronteiras do Brasil e criaram os

cafesais paulistas que Ferri decla-

rou ser o maior fenômeno econônii-

O? Radio InternacionalioBrasil

SIGILld

RAPIDEZ

PERFEIÇÃO

AV. ALM. BARRO/O, 91 Cia Gr. ARANHA

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todo O mundo V* Radio Internacional

PARA OUALOUER TUEPHOHE» DO MUNDO,

PEÇA AO INTERURBANO"SERVIÇO

INTERNACIONAL

^ DÉ (UA CAÍA"

PARA TODO O MONDO

[I35E

86 ( ) ()BlERYAD©K

co do século XIX, são acusados

pelos leigos e doutores teóricos denão conhecerem a cultura do café !

LATIFÚNDIOS E NOVAS

PLANTAÇÕES

Outra forma de agredir os fa-zflpdeiros é dizer-se que são ])ro-Betários de latifúndios. E' um dosmaiores disparates esta afirmativa.

Entende-se por latifúndio terra cjueos proprietários não cultivam e asreteem. Talvez na Europa hajamais latifúndios que em São Pau-lo ! Aqui existe uma corrente, ver-dadeira mania, de dividir-se as ter-ras e vendê-las em lotes è presta-

ção.Demais, a excessiva divisão das

terras é prejudicial à riqueza do

país, e ao proprietário do sítio.Conhecemos inúmeros casos que,depois das terras serem vendidasem lotes pequenos, algum mais es-

perto, comprar dos outros a pre-ços menores, e formar uma fazen-da. Junto de Marília temos umafazenda que foi três sítios de café.

Fala-se em café fino. Sitiantesnão fazem café fino. Em sua maio-ria, derriçam o café, deixam secardebaixo das árvores, ajuntam, aven-tam um pouco e depois ensacam evendem. Somente as fazendas po-dem ter terreiros e maquinismos

para preparar o café. Só ignoramisso os leigos e os que fazem teo-rias nas cidades e nunca viram ca-fesais.

Os que fazem oposição à defesado mercado, levados por uma can-dura admirável, própria de um po-vo romântico como o nosso, re-ceiam novas plantações de cafénas mesmas terras onde foi corta-do o cafesal.

Com a autoridade de velho la-vrador desejo afirmar bem um pon-to que é desconhecido desde o sr.Nortz, em Nova York, e em grau-de parte da nossa gente. Só um fa-zendeiro calouro irá plantar caféem terras velhas. Cafesais se plan-tam nos sertões, onde existe a uni-dade da mata virgem e até as roçasnão secam e queimam mal, quan-do ainda existe a geada e se ouveo canto do jacú, o belo pássaropredileto da onça. Nas zonas velhasé uma utopia e um êrro crasso

plantar café. Pode "acontecer que

se descubra para isso alguma qua-lidade de café ou algum métodonovo. Para um lavrador como eu.

de 50 ano;, de vida de cultivar cate,

posso afirmar que é uma "caloura-

da" plantar café em terras velhas.

Insisto neste ponto porque e um

dos terrores dos que teem medo de

llfMsa do mercado — que se plante

café de novo nas terras abando-

nadas.

Devemos facilitar o crédito, o

ensino técnico, e organizar os mer-

cados, para cultivarmos nessas ter-

ras outros produtos que nos darão

uma riqueza tão grande quanto o

café e talvez com menores aborre-

cimentos pois o café é uma merca-

doria essencialmente sujeita a es-

peculação comercial, porque se con-

serva por muito tempo! e é fácil de

guardar. Além disso, todas as

classes, emprêsas de transporte e ofisco teem a sua preferência nas

taxações por essa mercadoria, real-

mente nobre, muito perseguida.

O PERIGO IMAGINÁRIO DAS

PLANTAÇÕES DA COLÔMBIA

Em agosto de 1930, em parecerapresentado à Sociedade RuralBrasileira, o sr. Augusto Ramos

escrevefi sobre as plantações na

Colômbia: ''Ainda,

porém, quandopudesse ela manter, de ora emdiante, o mesmo ritmo no aumen-to de sua produção (o que prati-camente não é possível), o caso nãoteria a grande importância que selhe empresta, pois tal aumento nãoiria além de 110.000 sacas, isto é,igual ao aumento constatado nosúltimos 8 anos : seria um aumento

que perfeitamente suportaríamos ecujos efeitos não nos custaria anu-la r.

Confirmando tal asserção. publi-cou o nosso Ministério do Exteriorrecente informação estatística só-bre a Colômbia, na qual se lê o se-

guinte : "Em

1919 a Colômbia co-lheu 1.600.000 sacas de café; em1927 colheu 2.500.000."

Isso quer dizer que a produçãocolombiana aumentou de 900.000sacas em 8 anos ou 110.000 porano, em média conforme dissemos.

O cálculo feito em 1930 sôbre oaumento da produção colombianatoi quase matemático. Em 12 anos,à razão de 110.000 sacas por ano,o país amigo teria um aumento de1.320.000 sacas, que, somados a

produção de 1927, 2.500.000 sacas,dão 3.820.000 sacas,' que é a pro-dução atual.

Diz. o sr. Augusto Kaitios que o

aumento do consumo é constante

porém pequeno, cerca de1 2 v por

a n o.

Precisamos estar atentos a todo-

estes dados.

Está terminada a crise do caie,

leia redução da produção. Eltra-

iiios no ciclo das safras pequenas.Precisamos lançar os olhos pelo

caminho percorrido® nao para li-

zer crítica porém para tirar os <jh--

sinamentos para quando vier o fio-vo ciclo das safras grandes.

Ouem foi o vendedor ? O P>ras!l

ou a Colômbia? Sem dúvida os

venculos fomos nós.

Aqui nós cortamos e abandona-

mis a metade do nosso rico patri-

mônio cafeeiro. Xa Colômbia não

se abandonou um caleeiro e ?. eco

nomia dos produtores é excelente,

apesar do que sofreu com a baixa

forçada por nós pára a eliminar.

Aqui tivemos a restrição cambial

de CrS 100,00 por saca e hoje de

CrS 25,00. Taxas de CrS 55.00

hoje de Cr$ 12,00, quota de sacri-

fício de 35% gratuita, alem de uma

suplementar paga pela metade do

vaio» Era 1933 vendemos a grandesafra a CrS 38,00 para vender ntíffis.

o que não conseguimos. A Igolòjjí-bia nada cobrou do café, deu prê-mios, baixou o câmbio, forneceu di-

nheiro aos produtores a 2% pelocafé depositado a 5r> para custeiodas lavouras. Reduziu as dividasdos agricultores a 60% e pagou em

poucos dias em letras do Banco daRepública a prazo de 20 anos, ju-rol de 59c.

Dada a organização fotrhidá ve!do comércio internacional, é mis-ter defendermos o produto do nos-so trabalho para nao sermos mérossirvos da gleba. Precisamos eons-tatar que as defesas do café que-fi-zemos nunca objetivaram a defesado produtor e sim dos bancos e docomércio.

A PRODUÇÃO DO CAFE' E'TRABALHO DE ESCRAVO

Lembi o-me bem que. no banque -te que ofeiecemos em Araraquara,ha muitos anos, aos torradoresamei ícanos, dos quais fazia parte osr. Berent Friele. em resposta àmmha saudação, o chefe da cara-\ana insistiu em alirmar que nun-ca imaginou que a cultura do cafétosse tao difícil e penosa e deman-dasse tantos Sacrifícios. Não deve-

O (BSfRVADOR — iXXXMIM 87

müs admirai porque, nicsnío entre

nós, muita gente da cidade não faz

idéia do que é cultivar café, verda-

deiro trabalho de escravo.

Sendo uma cultura permanente e

dando muito lucro quando as árvo-

res são novas, até 20 anos de idade,

e as cotações do mercado são boas,

as plantações aumentam, e temos a

superprodução e a baixa qite causa

a laléncia da maioria dos planta-dores, com a perda de suas eco-

nomias e do trabalho de longos

anos. Muitas vezes as medidas de

:,alvação são novos ônus para o

produtor.Como dissemos, a cultura do ca-

f| é difícil e cara. Aconselhar-se

produzir café barato é desconhe-

cer o problema. \ ende-se o café

barato, caminhando para a ruina e

para a extinção dos cafeeiros.

Para se plantar de novo o café

é preciso ser em mata virgem, por-

que ainda não se descobriu o meio

de cultivar café em terras velhas.

Para isso é preciso um empate de

grande capital, que não existe, e

tamb-ém encontrar-se regiões pró-

prias para o café. Os paulistas de-

vem ter cuidado em não plantar

mais cafesais em matas virgens de

regiões que não sao próprias para

o café, como são a grande quan-

tidade que existe. Para produzir, o

caleeiro leva cinco anos e sua plena

produção é dos oitos aos vinte

anos. Até lá o consumidor tem que

se contentar com o café dos cafeei-

ros existentes, que se salvaram do

corte.

Ninguém mais competente para

conhecer o problema que o sr. Bel

rent Friele, porque em um banque-

te no Automovel Club, há dez anos,

afirmava que os preços de então

eram razoaveis. Êsses preços vai ia-

vam de 24 centavos a libra-peso

quando hoje estão a 12 centavos.

O Brasil pode fornecer o caté

para o consumo do mundo por custo

, de produção e qualidade, fora de

concorrência, assegurando aos pro-

dutores o lucro razoável e indis-

pensável da exploração, o melhor

de seu devotamento e trabalho.

O DINHEIRO DO CAFÉ'

Os palácios e as lindas avenidas

e ruas do l\io de Janeiro, Sue fa-

zem o orgulho dos cariocas e o nos-

so orgulho de brasileiros, foram pa-

gos com o dinheiro ganho com a"valorização do calé . Com o di-

nheiro do café toram teitas a bela

metrópole paulistana e as lindas ci-

dades do interior. Com esse dinhei-'

ro foi mantido o câmbio e a sobe-

lania nacional. Certamente não é

vendendo com prejuizo o nosso

produto nobre que continuaremos a

progredir.Mesmo a pecuária paulista, nos-

sas culturas de algodão, citrus e

outras foram baseadas no dinheiro

ganho com o café.

O produtor precisa ficar com

uma percentagem, embora pequena

dos lucros do café. A maior quan-

tia irá para os Tesouros, para a in-

dústria, comércio e todas as de-

mais classes.

O Brasil precisa se preparar para

defender a produção da sua terra,

pois não podemos continuar a ser

um povo pobre, trabalhando para

enriquecer estrangeiros, como ver-

(ladeira colônia.

A exemplo do café, temos o al-

godão indefeso, presa dos com-

pradorea estrangeiros. O trigo re-

presenta para nós uma servidão se-

cular quando já produzimos e po-

demos produzí-lo aqui em ótimas

condições. Citamos estes dois pro-

llutoi que estão nas mesmas con-

clições do café. Quanto ao trigo, as

nossas dificuldades são maiores

porque os magnatas internacionais

proíbem ao Brasil de produzí-lo.

ESTATÍSTICA DA SOCIEDADE

RURAL BRASILEIRA

A Sociedade Rural Brasileira,

quando seu presidente o sr. Figuei-

r| de Melo, organizou uma esta-

tística da produção do café, duran-

te quarenta anos, de 1903 até 19431

dos cinco maiores Estados produ-

Sores: São Paulo, Minas Gerais,

Espírito Santo, Rio de Janeiro, Pa-

raná, por biênios inclusive quota

D. N. C.:

BIÊNIOS S AC AS

1903/1905 21.597.0001905/1907 31.380.0001907/1909 24.643.0001909/1911 26.670.0001911/1915 27.156.0001915/1915 29.697.0001915/1917 29. 29b. 000

1917/1919 27.144.0001919/1921 24.801. 922

1921 1925 • -6.653. 835

1923/1925 28.865.8951925/1927 32.140.5521927/1929 41.538.1051929/1951 45.999.4721951/1953 44.450.4911955/1955 46.692.2461935/1957 45.859.6491957/1959 45.567.1241959/1941 40.591.67o1941'1945 (Estrmaíiva) 24.728.455

PRODUÇÃO DE SÃO PAULO

ANOS Sacas

1903/04 6.402.0001904/05 7.423.0001905/06 6.983.0001906/07 15.392.0001907/08 7.204.0001908/09 9.533.0001909/10 12.124.0001910/11 8.458.0001911/12 10.580.0001912/13 9.471.0001913/14 11.072.0001914/15 9.207.0001915/16 11.711.0001916/17 9.938.0001917/18 12.210.0001918/19 7.253.0001919/20 4.155.0001920/21 10.246.2001921/22 8.197.7001922/23 7.046.9751923/24 10.374.3551924/25 9.192.6001925/26 10.087.1751926/27 9.876.5451927/28 17.982.3751928/29 8. 814. 580

1929/50 19.489.7121930/31 10.096.8001931/32 18.693.0001952/33 11.689.0001935/34 21.850.1001934/55 11.755.0001955/36...: 13.522.0001936/37. 17.780.0001937/38. 15.888.0001938/39 15.615.0661959/40 12.565.0001940/41 15.598.0001941/42 4.297.8591942/45 8.000.000

O efeito das geadas e secas vão

se fazer sentir nos anos seguintes.

O prejuizo maior é causado pela

morte dos replantas que exige no-

vas replantas, das quais 60% não

vêem. E' o grande problema dos

cafesais velhos. Há fazendas que

teem 20 a 30% de falhas e luta

se para fazer pegar as replantas.

Nos últimos anos, com a baixa do

café a maioria das fazendas não

fizeram replantas e nem mataram

formigas.

A SITUAÇÃO ATUAL DOS

CAFESAIS

Ouvimos há poucos dias a se-

guinte declaração de alta autorida-

de ao sr. ministro da Fazenda:"Os cafesais de Sao Paulo de sai

pareceram ; na zona nova a seca e a

geada exterminaram-nos e na zona

velha foram cortados porque da-

vam prejuizo."Na zona nova, se não houver no-

vas geadas e secas, os cafesais bro-

tarão outra vez porém muito dimi-

nuidos e demandando grande des-

pesa. Boa porcentagem dos cafeei-

18

ros porém e as replantas são dis-

pendiosos e incertos e só produzemdepois de 8 e 10 anos. Na zona ve-

lha os que não foram cortados só

compensarão a cultura quando em

terra boa ou não muito estraga-

dos pela idade, máu trato e cujjSu-

ras intercalares de algodão e ce-

reais.

A SITUAÇÃO DA LAVOURA E

O REI DO CAFÉ'

O sr. Lunardelli, lavrador que á

cafeicultura dedicou, profissional-mente, todo ideal e carinho da sua

vida, teve a respeito do assunto as

seguintes palavras :

"A lavoura tem encontrado da

parte do governo benéfico amparo.

Merecido, saliente. O homem quetrabalha no interior, que lida com a

terra e produz, há anos e anos quesó

'tira o suficiente para cobrir as

despesas. Eu tenho 3 mil alquei-

res cultivados, com algodão e ar-

roz. Tenho sete mil cabeças de ga-do. Dez mil homens trabalham co-

migo. Digo estas cousas não porvaidade, mas para justificação da

afirmativa seguinte: possuo hoje

menos do que há quatorze anos.

Meiis balanços anuais não apre-sentam lucro. Nesse período detempo, 50% dos meus amigos la-vradores arruinaram-se. Houve

quem predissesse que os milhõesde pés de café que possuia seriama minha ruina. Não desanimei.

Agora espero tirar algum lucro,

pois o café já compensa. Enquan-to isso, outras atividades estreita-mente ligadas à lavoura prospera-vam. Montaram-se moinhos para a

fabricação de óleos de caroço de al-

godão que foram pagos num sóano. Uma fábrica para desfibra-mento do algodão ganhou 9 mi-lhões de cruzeiros. Enquanto isso alavoura continuava numa situação

de crise. Seria por não adotar mé-todos racionais de cultivo? Res-

pondo que não. Eu pratico a lavou-ra dentro dos princípios racionais,

aconselhados pela técnica maisevoluída. No entanto, quem quiserverificar os meus balanços nos úl-timos 14 anos não encontrará lu-cros". Tal é a situação dos agri-cultores. O sr. Lunardelli, note-se, é conhecido por ter compreen-

dido que só convém ter cafesaisnovos e em terras boas.

As causas dessa decadência sao

diversas. A política de vender ba-

rato para vender mais seria bas-

tante. Em doze anos caimos de í

5 a £ 1 e menos por saca. A grandesafra de 1933 foi vendida a Cr$

38,00 a saca e o custo foi de Cr®

100,00. Em doze anos vendemos

café por preço abaixo do custo paravender mais e desbancar os con-

correntes. A restrição cambial, em

virtude da qual os compradores pá-ra pôr o café a bordo tinham de

entregar as cambiais ao Banco do

Brasil a Cr$ 56,00 a libra quandona praça pagavam Cr$ 90,00 tirava

Cr$> 100,00 por saca do produtor,imposto este original. Assim o Te-

souro Federal arrecadou mais de

quatro biliões de cruzeiros !

Hoje cobram 30% das cambiais.

A Sociedade Rural Brasileira ri-

clamou sempre dos poderes públi-cos. Respondiam que a Nação pre-cisava e deviam defender o mil

réis. \ Deste modo é o produtor

quem paga a defesa do dinheiro dos

seus credores. Estas cambiais são

destinadas em grande parte a par-ticulares que precisam importar

matéria prima para evitar que con-

corram ao mercado cambial. Para

não citar outros exemplos — a jutaé paga com estas cambiais baratas

e as fábricas vendem os sacos parao café ao produtor por elevados

preços devido à baixa do câmbio.

O produtor compra dos indus-

triais todas as utilidades necessá-

rias à sua cultura por preço quedão ás fábricas às vezes cento porcento de lucro e mais. Vende ofardo de algodão por Cr$ 600,00

que não dá para o trabalhador ali-

mentar-se e vestir-se. Depois detecido, este fardo de algodão é ven-dido ao mesmíssimo produtor porquatro mil cruzeiros !

Deante do déficit, a única solu-cão é o abandono e o corte dos ca-fesais.

A Sociedade Rural Brasileira re-clamou e o sr. ministro da Fazen-da declarou que se a lavoura não

teve renda não devia imposto. Semembargo, foi feita uma revisão doslançamentos de seis anos e os pro-dutores que tinham déficit paga-ram cerca de cento e cincoenta mi-lhões de cruzeiros, sob o pretextode um lucro teórico, proibidos osabatimentos dos juros pagos.

( ) OBSERVADOR —

NOVAS PLANTAÇÕES

O convênio cafeeiro autorizou

novas plantações de calé nas zonas

de café suave. O Paraná que não

produz calé suave tem plantado,

sem atender ao limite estabelecido

no convênio, 50.000.000. Iodos os

cafesais novos foram porém quei-

mados pelas geadas.

Existe uma corrente que é pela

liberdade completa de plantação,

tanto mais que, salvo Sao Paulo, os

demais Estados te em plantado. Ou-

tros entendem que na incerteza de

quando termina a guerra devia-se

autorizar novas plantações durante

dois anos. Se a guerra perdurar

não se renovaria a autorizaçao. Em

dois anos não se plantariam mais

de 200.000.000 de cafeeiros dadas

as dificuldades atuais.

Precisamos considerar que as

terras que se conhecem no sertão,

em sua maioria são impróprias paracafé e inferiores. Todas são baixas

e para se formar cafesais é precisoalguns anos sem geada.

Os poderes públicos deviam, pormeio de medidas indiretas, dificul-

tar plantações de café em terras

impróprias porque representam um

prejuízo para o plantador e para a

Nação. E' um dinheiro posto fora,

plantar café em terra inferior.

() cateeiro produz durante al-

guns anos, o plantador nada .chi-

ga a ganhar porque o cáíeeiro de-saparece e o café que produz vaifazer superprodução no mercado.E' o que nos ensina a experiência.Dos 700.000.000 de cafeeiros quecalculamos terem sido cortados eabandonados em Sao Paulo a me-tade era im terras inferiores.

Se soubéssemos que a guerra ter-minaria logo não se devia hesitarem fazer novas plantações. O ca-feeiro, repetimos, só produz bemdepois de 6 anos. Se os podereipúblicos prestarem a atenção quemei ecem os cafeeiros que ficaram,

grande parte já velhos, São Paulo

poderá! produzir média de 8.000.000

de sacas. Já produzimos 21.850.000.A praça de Nova \ork, assustada

com o desaparecimento dos cafe-sais de Sao Paulo, seus maioresfornecedores de matéria prima,esta insistindo para que plantemoscafé, dizendo que antes da guerraprecisávamos de 29.000.000 de sa-cas t, tei íuinadj esta, precisaremòs

O OBSERVADOR Lxxxviri 89

de 32.000.000. Nortz escreveu etn

1914 que, depois da guerra, devido

a miséria, aumentaria o consumo

do café, porque passariam a fazer

um almoço de café com leite e pão.

Se tivéssemos a certeza de queo Brasil ía compreender que o ca-

fé pôde dar-lhe cem ou duzentos

milhões de esterlinos, não insisti-

ria na política de escorchar com

tributos diversos seus produtores,mercadoria de produção cara e que

precisa ser bem vendida e não car-

regar todos os ônus, não teríamos

dúvida em aconselhar a liberdade

de plantação, em terras adequa-

das.

DEPARTAMENTO NACIONAL

DO CAFÉ'

Nada nos adiantam recrimina-

ções, queixas ou críticas pelo pas-sado. Tendo acompanhado bem de

perto tôda a campanha do café,

devemos reconhecer que para jul-

gar com justiça é preciso ter esta-

do no teatro dos acontecimentos.

Muitos foram os erros cometidos

em virtude das correntes existen-

tes no momento, como foi o erro

de vender barato para vender mais.

Também o erro de quererem sus-

tentar o mil réis e estabelecer o

equilíbrio estatístico, à custa do

Brasil, à custa da ruina do produ-

tor. Devemos declarar que nas

conferências que tivemos como

presidente da Sociedade Rural Bra-

sileira, se encontramos teimosia no

êrro, o D. N. C. estava convenci-

do de que o êrro era nosso.

Existe hoje uma opinião, muito

generalizada, que nada se poderá

fazer para salvar o que nos resta

da cultura cafeeira sem extinguir o

Departamento Nacional do Café.

Estamos de pleno acordo. Entre-

tanto é essencial a existência de um

órgão poderoso, conforme pedimos

no Govêrno Epitácio Pessoa, para

o defender, sem perturbar o mer-

cado do café e a produção com o

mínimo possível de intervenções,

restrições, proibições. Devia ele

cuidar:

1) Estatística..

2) Propaganda.

3) Financiamento por intermé-

dio do Banco do Brasil.

4) Retirada do café do mercado

para manter as cotações.

5) Defesa das cotações.

6) Regularização dos embarques.

Tudo isso com as menores inter-

venções e proibições.

Não é possível funcionar bem

este órgão fora cio seu ambiente

que está nos meios cafeeiros.

Acompanhamos bem de perto as

defesas no tempo do Secretário da

Fazenda de São Paulo e ministro

da Fazenda Rafael SampUio Vi-

dal. E' uma luta diuturna contra os

baixistas.

Basta um fato para mostrar.

Houve em São Paulo 48 bancos de

custeio rural que entraram em li-

quidação. Todos juntos nada re-

presentavam: tinham um passivo

de cerca de Cr$ 8.000.000,00. O

Banco Alemão, sem dúvida por in-

sinuação de baixistas, telegrafou a

todos os mercados estrangeiros quehaviam requerido falência 48

bancos de custeio rural em São

Paulo. Era manobra baixista. O

Secretário da Fazenda mandou

comprar no dia seguinte 20.000 sa-

cas de café em Nova York, Havre e

Hamburgo e fez alta em todos os

mercados. >J

O leigo não compreende. E'

inútil explicar e não se aprende

sem um longo tirocínio. Assim sen-

do, em nosso parecer, deve ser ex-

tinto o Departamento Nacional do

Café e criado um órgão de defesa.

Talvez a melhor solução seja vol-

tarmos ao Conselho Nacional do

Café. Será creado o Conselho com

sede no Rio de Janeiro, tendo um

representante de cada um dos Es-

tados: São Paulo, Minas Gerais,

Rio de Janeiro, Espírito Santo e

Paraná. Os demais Estados, como

produtores de café, são insondá-

veis e não é justo que tenham di-

reito de voto num' Conselho tão

sério como êste.

O presidente do Conselho seria

de nomeação do presidente da Re-

pública, com quem se entenderá, tal

qual o Banco do Brasil, Instituto

do Açúcar e Álcool, Conselho Fe-

deral de Comércio Exterior, Coor-

denação Econômica, Instituto do

Mate e outros órgãos para-esta-tais.

A execução das deliberações do

Conselho Nacional do Café ficaria

a cargo de cada um dos cinco Es-

tados cafeeiros.

Nós brasileiros precisamos enca-

rar êste problema sem caprichos.

Trata-se do interêsse superior do

Brasil. O amor à pátria não é urna

palavra. Precisa ser traduzido em

fatos a começar pela sua riqueza.

O Brasil pode ainda exportar cem

ou duzentos milhões de esterlinos

em café, se soubermos agir.

CONCLUSÃO!

Para salvarmos a lavoura cafeei-

ra é urgente:

1.°) Deixarmos o café em paz,tirando-lhe todos os ônus, taxas,

quotas, de sacrifício, impostos de

renda quando não dê renda, im-

posto de estrada de rodagem paraos outros. Repartir os encargos

com as outras classes que estão ri-

cas, dividindo-os equitativamente.

2.°) Fazer revisão nas tarifas al-

fandegárias, conservando um pro-tecionismo justo e não o de reduzir

à miséria os produtores agrários

pelos preços exagerados das utili-

dades de que necessitam.

3.°) Extinguir o atual Departa-

mento Nacional do Café que fun-

ciona divorciado dos meios do café

e organizar um órgão como foi pe-dido por nós com atribuições limi-

tadas.

4.°) Financiar o café a taxas ra-

zoáveis.

5.°) Comprar café e retirá-lo do

mercado quando houver excesso.

6.°) Defender cotações.

7.°) Regularizar os embarques.

8.°) Incrementar a propaganda e

fazer acordos internacionais.

AGUARDEM

O NOSSO ,NUMERO SOBRE A

BATALHA DA BORRACHA

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Folhas de PagamentoListas d,9 ClientesRelações de 3tockFolhas de CobrançaHecibos Mensais

ENCABECE

Cartões de PontoFichas de c

':ock

Folhas 4| Gontas CorrentesFilhes da CobrançaCartõer de Cadastro

UTILIZANDO A? MÁQUINAS

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AVENIDA 3RAÇA ARANtià 182, 2 °

RIO DE JANEIRO Fone 42-7584

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le Literatura", v. . f *. •*, %*>— "A

primeira re- I j i§gt§f|., \ \ ¦> -'J

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iileira", editada pela v*i.'.,f . • jW J &*$/*¦¦¦'' «

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822; ao "Jornal Ci- :W|L - • ' L

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omico c Liter ario . Lihirtas quw «rtt$ 1Beija-Flo: — Anais • a JLib<<idade qoe seiA?.....•¦ ^

:iencias", "Politica", I' " - -| ^

., de 1830; a "Re- I *

. * ^ mT"Wm' >

;le Ciencias", -"Artes jj %{0 de

-JmwM mi* Jftr« T«*; 4c i**« 4 K-r*™. ^ . "I

i mesmo ano; e, afi- ; > - ; : 1>*. |M . ^ t ;

resilienne", ou "Re- lL# •"

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o- * JBsTESrasnario «erii put>Iico<i!i'l!>d»s at wpsndos Wrt'": cr- . 9la Stafistique Lo- .

mimtvro cwtmM de 24 psginas, sendo a subpcnpeaode¦.¦¦¦¦;¦'•''830 (cf. O artigo do &*» $|g)Ot>U r*. per «{uatro m«aes , pagos so subscrever-?* ; «&tas

ac T ifpt-nrias Ho Pri- » , 'fi&jSb

N'c^bidas <•«» ca«a do Editor sua d5 Ajuda N. fO. £ ok.as Uterarias ao ru t

?>ul|)Pn„ #vuiW Vfnde^-^ « SCO r?. «n d/«. r. da VciKa,)«ft. dos P«^rador»'« IS. 48: M ««>'3. P. da Veiga ma d?,-Qom-

o rmhlirarSn 8 #dn cunio da dc vS. Pedro ; Jia dc Borel rua do Ouvidor, a Oltava publica^ao g^., M dc S, J. d'Almeida, I'ra^a <in (Vni<(i'uif»a N." _ . ¦ .

110S. Isto, porem, p,' 55 ; e »a <k' .J. J3. do« Santos iua da C«dea K. 114. Ois Se-

OS de incluil" na mes- I. *&or<* 3H1, wwrw tobscrewr.w , avivaiao ao dv8trib«idor , ^. ' Q1 "T iff/ii-o 1-tr i t}tt* r*-inefwrft5 «« Cpwi puWtcadus: »eos noiws, n:a , r N. , - B ? * *

da C&sa dl> wa tiabitesao, p&t& qw lh<4 s« ja drstvshmdo •e 1830, segundo pe- p, i. Wpu; ad*tf*tiudo que Ijiiando bajSo pa$«odo . Jilgmis uumeroR^ •" ; :.m ]ipresso no Brasil. E, ^ Uu*v rolregar«s gratisO»'&nt«iiorc(i, ^ r;fio txccdercm de ^

do-se da qualifica^ao | ^ ,^0 ' • jDropagador das Cien- ^ C«>m esfW'trt'es pontDH J s«»do >qo«r a cla^ificacSo di-la^K fom~

Anais de Medicina", , ^mquanto- « poiitica»^wra p< )<» Edkior pa>- ^ . •

Tl„, 'r:n »4 p»blic*l-«« , »« ; (jm-m Rtuit« hotir* rro sustoniariacia paia o lm\. k**.** « y-fo. ou coutm dw )uesiSe« qu«- Ibe ^rbuooiiEo aie a

1827-1828, e a Re- p • ' ^ •

dos Trabalhos Le- 'm? *

;amara dos Senhores "j

3 "Semanario", nisto %

imbra de duvida, f./f .• V_ ¦ ;

revista politica e eco- If

a come^ar do titulo, |; J . ;•;: ' '' % :

dos anteriores obje- |% . •' . ... "

^ M

vagamente cientificos S,- ¦ *

) proprio "Patriota", """

^ Foto "P^ervador-

£z.tv$?>k TzmA trtWttÇT.-* *. ' - '. ;

POLÍTICO, INDUSTRIAL, ECOM

Lihirtas quee trítféÊA Íib«td.ade': qoe.

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i HSH| , KamHHMHnHBBBBHBH j „f •> .v • ¦ *¦ «*'- >

'JÍ4STES^manario; »er4 ipublicado tôdas aé KrgvodsV ffítií^: cr-

dá 'numero constaTá-de ?M vpgpms^ senão a subscripcSo; úe. •:

^;p(K)U rs. por quatro mmm,f pagos ao subscrever-se s <írí8«&fítiú. ;jTçebída8 :«»í;.'Ca«a^o JKditor áua 4'^Ajudà -N.- €0.: P.vok, . ¦¦

«vul?o«* vfríáew*s« » 2C0" if». na 'd* «lv. F. da Veijça,' .:mtt- dos P<H rador»«fi Jí. 48 : i>a (U- 3. P. da>Veiga rua dr. Qom-t^ndkAcanto -da 4^:'^. Pedro ; jia dc Borèl ma do OuvidorjM. $04 i aa d^ $, d'Ah«c»ida , .Praça .da 'Constituição .N»'.¦ .

m. a »a d<- 3. J3» dou Santos -rua da Cadêa K. Ií-i. O»? Se-liboreu quixi rem s»bscrt»vrr-fce , avj«aiáõ ao d^tribuidor 9 - .(tít * r*-i*,\HÍcrá0: h Ca&a» puíblicadas : »eos nom«?s,, ri;a ,. r N- . .da CW dl» wa babítação , ipàra quf UiVfe ja drstv!bwídoi. u»p»: advènnido qunndo bajão passado ^alguns n»mero« +

-jsft Jbc* -entregara# ;.graíÍ$-9 o»\ank'i'iore8? :w çáo. exccdeycm de . *

iiOtíü fX<T)!p1;Uffi. •^dioitk-sc toda » rom-spondr ucm quo trnhao rellaçStT •

etm. ¦ mim*l;r*« pcutos} s«ndo >qo«r a «b^^cacSo d«; la<»à- ¦««».:

Pimiwçp&.y kmqpznW,».: .politica:» -strá :f<jía.;; p)o:^Edkíor pa»¦|i«bliral-»«¦,. o« ,»§o ;qm^w iaú ruuita honra rra sustoniar :<»• pr# y ou cobtr» • daé' ^ueslSea w ,ibè prouçobSo

-até a

O OBSERVADOR — LXXXVIII 91

/

A Primeira Revista Econômica

NhO tem merecido a atenção de

nossos bibliógrafos o "Semaná-

rio Político, Industrial e Comercial",

no Rio de Janeiro editado em 1831.

Não é justa a omissão, visto tratar-se

de um dos primeiros periódicos brasi-

leiros a merecerem a classificação de

revista. j

Sucedeu êle às "

Variedades", da

Baía, de 1812; (Sôbre "As Varieda-

des ou Ensáios de Literatura", v. o

estudo do autor — "A primeira re-

vista literária brasileira", publicada

na "Revista Brasileira", editada pela

Academia Brasileira de Letras, ano

III, n.° 5, março de 1943, páginas

11-31) ; a "O Patriota", do Rio de

Janeiro, de 1813-4814; aos "Anais

Fluminenses de Ciências", "Artes e

Literatura", de 1822; ao "Jornal Ci-

en;tífico", "Econômico e Literário",

de 1826; a "O Beija-Flo: — Anais

Brasilienses de Ciências", "Política",

"Literatura", etc., de 1830; à "Re-

vista Brasileira de Ciências", "Artes

e Indústrias", do mesmo ano; e, afi-

nal, à "Révue Brésilienne", ou

"Ré-

cueil de Morceaux Originaux sur les

Affaires Intérieures de VEmpire, la

Politique et sur la Stafistique Lo-

cale", ainda de 1830 (cL o artigo do

autor — "Revistas Literárias do Pri-

meiro Reinado").

Será, portanto, a oitava publicação

do gênero, entre nós. Isto, porém,

caso não tenhamos de incluir na mes-

ma lista um inincontrável "Litterary

Intelligencer", de 1830, segundo pe-

riódico inglês impresso no Brasil. E,

também, excluindo-se da qualificação

de revistas "O Propagador das Ciên-

cias Médicas ou Anais de Medicina",

Cirurgia e Farmácia para o Império

do Brasil", de 1827-1828, e a "Re-

vista Semanária dos Trabalhos Le-

gislativos da Câmara dos Senhores

Deputados", de 1828.

Será, ainda, o "Semanário",- nisto

sem a menor sombra de dúvida, a

nossa primeira revista política e eco-

nômica em que, a começar do título,

foram abandonados anteriores obje-

tivos literários, vagamente científicos

ou artísticos. O próprio "Patriota",

ao qual, com inteira justiça, se tem

concedido a primazia, no setor do fo-

mento às atividades práticas, embora

não a tenha quanto às belas-letras,

como provamos algures, classificava-

etio L̂atina

se como "Jornal Literário, Político,

Mercantil, etc.".

Explica-se, entretanto, o esqueci-

mento em que longamente, permane-ceu o desconhecido

"Semanário Poli-

tico, Industrial e Comercial". Primei-

ramente, não resistiu êle ao conhecido

mal da morte após o primeiro núme-

ro. E não figurando qualquer exem-

plar seu, em bibliotecas públicas, mes-

mo centenárias e opulentas, como a

Nacional e a do Instituto Histórico e

Geográfico Brasileiro — escapou ao

exame dos que até agora teem con-

tribuido para o levantamento da his-

tória de nossa imprensa.

Procurando-o, através ue obras di-

reta ou indiretamente ligadas à biblio-

Foto "Observador"

'O SEMANARIO"

O "Semanário Político, Industrial e Comerciar, que apareceu no Rio de Janeiro em

1831, impresso na tipografia de Lessa & Pereira, é o mais remoto antepassado de

O Observador EconÔiMICO e Financeiro. Surgindo no ano primeiro da Regência do

Império traaia no cabeçalho uma interrogação de Virgilio : "Libertas

quae erit ? .

O OBSERVADOR — LXXXMM

Via

"ALL

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SANTOS

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grafia do jornalismo brasileiro, chega-mos à conclusão de que, quando não

foi omitido, teve, pelo menos, cortado

pela metade o respectivo título, com

prejuízo do conhecimento de sua ver-dadeira finalidade.

Não o citou Francisco de SousaMartins, no estudo intitulado "Pro-

gresso do jornalismo no Brasil", de1846. (Op. cit., na "Revista

Tri-mensal de História e Geografia" —

ou "Jornal

do Instituto Histórico eGeográfico Brasileiro", tomo 8, de1846, 2.a ed., de 1867, págs. 262-

275.) Apareceu apenas como "Sema-

nário Político" na "Origem e desen-

volvimento da imprensa no Rio de

Janeiro", de Moreira de Azevedo, pu-blicada em 1865 (Op. cit. na "Revis-

ta Trimensal do Instituto Histórico,Geográfico e Etnográfico do Brasil",4.° trimestre de 1865, tomo 28, pá-ginas 197-198).

Acompanharam o primeiro dessesautores, por diversos motivos não sereferindo ao efêmero periódico, o

"Ca-

tálogo da Exposição de História doBrasil", de 1881; Alberto Bessa, em"O

Jornalismo", livro publicado emLisboa, em 1904; a

"Biblioteca Brasi-

liense", de José Carlos Rodrigues, de1907; o

"Catálogo da Coleção de

Specimens de Jornais e mais Periódi-cos Brasileiros, organizado para figu-rar na Exposição Comernorativa do1.° Centenário da Imprensa Periódica,

como contribuição da Biblioteca Na-cional do Rio de Janeiro", de 1908

(Existente na Secção de Manuscritosda Biblioteca Nacional do Rio de Ja-neiro) ; Alfredo de Carvalho, na

"Gê~

nese e Progressos da Imprensa Perió-dica no Brasil", volume aparecido namesma ocasião. (Editado pelo Insti-

tuto Histórico e Geográfico Brasilei-ro, como introdução aos catálogos

que seriam publicados pela mesmainstituição, em comemoração ao Cen-tenário da Imprensa. )

Seguindo Moreira de Azevedo, de-ram-no incompletamente como "Se-

manário Político", sem maiores ex-

plicações, a "Relação

dos Jornais Bra-sileiros publicados de 1808 até 1889",utilíssimo manuscrito de Rafael Ar-canjo Galvão, que se guarda na Bi-blioteca Nacional; Max Fleiuss, em"A

Imprensa no Brasil", trabalho in-cluido no Dicionário Histórico, Geo-

gráfico e Etnográfico do Brasil, de1922 (Editado pelo Instituto Histó-rico, em comemoração ao Centenárioda Independência do Brasil, 1.° vol.,

pág 1.557) ; Licurgo Costa e BarrosVidal. na

"História e Evolução da

Imprensa Brasileira", de 1940 (Edi-tada pela Comissão Organizadora daRepresentação Brasileira à Exposiçãodos Centenários de Portugal. Pág.28.); e, afinal, Gondin da Fonseca,na

"Biografia do Jornalismo Carioca"

(1808-1908), de 1941 (Op. cit., pá-gina 295), citando aquele catálogomanuscrito existente na BibliotecaNacional. ,

íAgora, porém, à vista de valioso

exemplar, talvez único, do "Semaná-

rio Político, Industrial e Comercial",

pertencente ao sr. Francisco Marquesdos Santos, membro do ConselhoConsultivo do Patrimônio Histórico eArtístico Nacional, que gentilmente o

colocou à nossa disposição, aqui o po-demos descrever, solicitando a sua in-

clusão à frente da lista de nossas mais

antigas publicações dedicadas a as-

suntos econômicos. Foi, aliás, no país,a primeira a assumir, aberta e exclu-

sivamente, êsse caráter, embora aliado

ao político, o que era inevitável à épo-

ca e no ambiente do respectivo apare-

cimento. •

EXPLICAÇÕES DO DESCONHE-

CIDO REDATOR

Sob o título citado, em folheto in-

4.°, impresso na tipografia de Lessa

& Pereira, apresenta-se a revistai cujo

vol. l.°, n.° 1 (e único), é datado de

10 de outubro de 1831, com a sinto-

mática epígrafe Libertas, quae erit?

(A Liberdade, que será?), de Virgí-

lio.

A metade inferior da primeira pá-

gina, que é também d capa, estáocupada pela seguinte explicação doexpediente do periódico:

"Êste Semanário será publicado tô-

das as segundas-feiras; cada númeroconstará de 24 páginas, sendo a subs-crição de 3$000 por quatro meses,

pagos ao subscrever-se; estas serãorecebidas em casa do editor, à rua daAjuda n.° 90. E os números avulsosvendem-se a $200 na E. F. (Evaris-to Ferreira) da Veiga, rua dos Pes-cadores n.° 49; na de J. P. (JoãoPedro) da Veiga, rua da Quitanda,canto da de São Pedro; na de Borel,rua do Ouvidor n.| 204; na de S. J.d'Almeida, praça da Constituição nú-mero 51; e na de J. B. dos Santos,rua da Cadeia, n.° 114. Os senhores

que quiserem subscrever-se, avisarãoao distribuidor, ou remeterão às casaspublicadas" (isto é, indicadas) —

seus nomes, rua e número da casade sua habitação, para que lhes sejadistribuído em tempo; advertindo quequando hajam passado alguns núme-ros, se lhes entregarão grátis os ante-íioies, se não excederem de doisexemplares.

Admite-se tòda a correspondênciaque tenham (sk) relação com estestres pontos" (isto é, Política, Indús-tna e Comércio) "sendo

que a cias-sificação^ de tais comunicações, en-quanto à política, será feita pelo edi- .tor paia publicá-las, ou não. Quem(sic^ terá muita honra em sustentaro pro ou contra das questões que selhe proponham, até a solução."

Embora sejam relativamente clarosos termos dessa explicação, apesar dama redaçao então vigente, um proble-

i

O OBSERVADOR — LXXXVIll 93

JM

WWKKKk

- AMERICAN STEAMSHIP AGENCIES, INC.

ma dela resulta, e não de fácil solu-

ção: quem seria o editor do "Sema-

nário", aí apenas indicado como resi-

dente à rua da Ajuda n.° 90? Não re-

solveram a questão os almanaques da

época, a que recorremos. Nem tão

pouco os jornais de 1831, em sua

maioria nossos conhecidos, todos em-

briagados de politicagem e solidários

na manutenção de generalizados e pru-dentes anonimatos.

A segunda página do periódico foi

reservada a uma "Dedicatória à So-

ciedade d'Agricultura, Indústria e Co-

mércio", sob cuja proteção queria co-

locar o seu "estabelecimento" o des-

conhecido editor.

A seu respeito, convcm observar

que tal associação carioca não é men-

cionada na memória de Moreira de

Azevedo intitulada "Sociedades fun-

dadas no Brasil desde os tempos co-

loniais até o começo do atual reina-

do" (Publicada na "Revista Trimen-

sal", cit., tomo 48, parte I, de 1885).

Outra, com nome idêntico, porém

baiana, a Sociedade de Agricultura,

Comércio e Indústria da Província da

Baía, aí se constituiu no ano seguinte,

1832, editando um "Jornal",

que du-

1-ou de 1833 a 1936, (N.° 19.549 do"Catálogo da Exposição de História

do ~ Brasil", de 1881. A Biblioteca

Nacional possue, do "Jornal da Socie-

dade de Agricultura, Comércio e In-

dústria da Província da Baía", os nu-

meros de 15-XI-1833, 15-VII e 15-

VIII-1835 e 15-11-1836. O sr. Fran-

cisco Marques dos Santos tem, em sua

coleção, os números de £5-VIII e 15-

X-1834 e o de 14-V-1836. — Enga-

nou-se Moreira de Azevedo (Op. cit.,

pág. 307), dando como título cio pe-

riódico da Sociedade baiana — "Au-

xiliador da Indústria, oCmércio e

Agricultura", quando era, exatamen-

te, o que indicamos.) sendo presidi-da, até 1835, por Manuel Ferreira da

Câmara de Bitencourt e Sá, o famoso

intendente Câmara, e depois de sua

morte, por Miguel Calmon du Pin e

Almeida, futuro Visconde e Marquês

de Abrantes, ao qual erroneamente se

tem atribuído a redação do referido

periódico.

Quanto à distribuição da matéria

na revista, na mesma "Dedicatória"

esclarece o editor que "podia reduzir

meu "Semanário" a um só artigo;

porém a relação íntima que teem en-

tre si os propostos me obrigam a tra-

tar de suas questões separadamente,

tanto para clareza dêles como para

encadear um trabalho bem sistema-

do". Vejamo-los, pois.

"DISSERTAÇÃO SÔBRE A IN-

DEPENDÊNCIA, I N TEGRIDA-

DE E LIBERDADE DO IMPÉ-

RIO DO BRASIL"

Ainda que um pouco fora dos prin-cipais temas a que se propunha, abre

a publicação uma "Dissertação sobre

a Independência, Integridade e Liber-

dade do Império do Brasil". Fê-lo o

editor por não querer dá-la em "fo-

lheto separado, visto ser curta e estar

concluída". |

Os exemplos históricos no trabalho

apontados, relativos a pontos de di-

reito público e questões dinásticas, ti-

nham perfeito cabimento na ocasião

em que apareceram, quando se agi-

tava o país nos difíceis primeiros tem-

pos das Regências.

Apesar da declaração de que a"Dissertação"

prosseguiria, depois de

quatorze páginas de texto, terminou

por esta expressiva afirmação, sem

dúvida oportuna quando o absurdo

fantasma da restauração de D. Pe-

dro I a todos injustamente pre-ocupava:

"O Império do Brasil, que a ne-

nhuma potência cede em dignidade

e grandeza, é invendível por Consti-

tuição; por conseguinte, nem pode

passar a domínio algum, nem menos

deixai de obrar segundo sua indepen-

dência, integridade, liberdade e sobe-

rania."

VANTAGENS DO ESTABELE-

CIMENTO DE INDÚSTRIAS, SE-

GUNDO O EDITOR DO "SE-

MANÁRIO"

O artigo que se segue, sôbre a "In-

dústria", dá a orientação de seu reda-

tor, a respeito do magno assunto da

economia política:"A

lei da concorrência é a única

que pode reduzir os ganhos enormes

dos agentes do comércio, e por, pormeio da indústria, as utilidades ao ní-

vel com os meios do consumador e

com as rendas dos fazendeiros. E'

preciso, pois, não confundir o interês-

se particular do mercador com- o in-

terêsse público, porque o interêsse de

uma/ nação não depende unicamente

da riqueza de seus comerciantes, nem

da classe joraaleira, senão, pelo con-

trário, é evidente, que tudo o que se

puder poupar, de custos e jornais, é

ganho para cada particular e para a

nação. Se, c.om a mesma renda, me

proporciona mais cômodos, porquecada um dêles me custa menos, então

sou com efeito mais rico, visto que a

diminuição de gastos é para mim um

aumento real de riquezas; Isto já se

vê que é um benefício incontestável

para cada indivíduo, e também se

adverte que o que resulta à sociedade

inteira não é menos plausível. Quantomenos custam as preparações e os tra-

balhos da indústria, mais nos achamos

em estado de comprar e de consumir;

por conseqüência, quanto mais se con-

some em um Estado, tantas matérias

primas mais se vendem pelos agri-

cultores; e daqui resulta o estímulo

aos trabalhos produtivos da cultura"

(isto é, da agricultura) "e

o da ri-

queza territorial".

As vantagens resultantes do estabe-

lecimento de indústrias no Brasil,

aliadas à questão da diminuição, pe-Ias máquinas, da dificuldade da falta

de braços, então agravada com a proi-

94 I) OBSERVADOR — LXXXVIII

"**-*i ¦»-¦•¦» i.mwww-'vc-, -MBVIHMniVHVHItPPPHHHHi

bição, mesmo nominal, do tráfico deescravos africanos —

podem ser en-trevistas, com a solução que lhes ofe-rece o periodista, nos seguintes para-grafos do mesmo artigo:

"Concluo, pois, estas observações,

fazendo notar as vantagens que se re-

portarão da indústria em um país co-

mo o Brasil, abundante em uma mui-

tidão de matérias primas, que, se se

beneficiarem nele, acrescentarão as

comodidades e proveitos. Se evitaria

o dôbro do custo que teem nossas

mesmas produções, pela falta de umaindústria bem estabelecida, e o pro-gresso, aumentando os cabedais, fariaa prosperidade da nação, fazendo-a

com o tempo rivalizar (com) as na-

ções mais industriosas. Se se objetarter falta de braços e indivíduos capa-zes, responderei que, havendo-o pre-visto e calculado, é (este) justamen-te o empenho que me hei proposto,atendendo à falta daqueles, em tudo

quanto estiver ao meu alcance e fa-culdades; especialmente daquelas fai-nas que requerem quantidade de es-cravatura, reduzindo o número aomenos possível; quanto à falta de in-divíduos capazes e inteligentes paraos diferentes exercícios das melhoras

que se tratar, também me hei propos-to a facilitar este inconveniente, pormeio do seguinte estabelecimento:

"Desde as 10 horas da manhã até

as 2 da tarde, estará o editor e dire-tor do estabelecimento pronto a aten-der em sua casa todas as pessoas queprecisarem de seus conhecimentos,tanto teóricos como práticos.

"Tôda a máquina, quer nova ou

melhorada, que se anunciar, çstarã de

manifesto em ponto pequeno, e em

plano, para dar-se quantas explicações

se pedirem, e fazendo que trabalhe à

vista."Todos

os indivíduos que adquiri-

rem alguma máquina ou indústria do

diretor do estabelecimento, receberão

grátis um caderno de instrução, parao manejo e uso daquelas não conheci-

das ou menos comuns. As consultas

e revisões daquelas obras que se hou-

verem trajado e anunciado no "Sema-

nário". ou qualquer outra para queseja chamado, serão grátis para os

subscritores, e para os que o não ío-

rem será regulado o trabalho por uminteresse módico, segundo a distância

e o tempo que se empregar."A

pessoa a quem convier o exer-

cício exclusivo da indústria que qui-sei adquirir se afiançará ao compra-

dor o direito de propriedade, debaixodas competentes condições."

Interessante será notar que o mes-mo objetivo de facultar a seus asso-ciados o conhecimento e exame de má-

quinas especialmente importadas ouaqui mesmo construídas, constituíaum dos pontos do programa da bene-mérita Sociedade Auxiliadora da In-dústria Nacional, fundada em 1828,cujo

''Jornal" (aliás em forma de re-

vista), de publicação iniciada em1833, durou até 1891, com grandeproveito para as atividades econômi-cas do país.

O PAPEL DO COMÉRCIO NAVIDA ECONÔMICA DO BRASIL

Quanto ao " Comércio", também

começa por axiomática declarações o

artigo que lhe dedica o editor do "Se-

manário Político, Industrial e Comer-

ciai", último, aliás, do único núme-

ro de sua publicação:"As

riquezas consistem na âbun-

dància dos objetos que teem certo va-lor; logo, na abundância das matérias

primas está a origem da riqueza daterra que as produz. Sendo isto ine-

gável, o é também que o terreno do

Brasil, abundante naquelas, encerra

em si uma grande riqueza, a que só

falta dar-lhe, por meio da indústria e

o comércio, as melhoras e as circula-

ções necessárias.

"O lavrador é, sem dúvida, quem

subministra todas as matérias de quetenho tratado, porém elas, em suasmãos, seriam quase inúteis e de poucovalor, se o artífice não tivesse os co-nhecimentos e modo de lho fazer ad-

quirir; pois que em cada arte que co-meça, e em cada progresso que se faz,adquire-se uma nova riqueza, encon-trando valor em uma produção que onão tinha. Esta produção, a que temdado valor o artífice, dá novo impul-so ao comércio, para o qual é comoum novo fundo, e assim resulta umanova fonte de riqueza; porque de ca-da produção que adquire um certovalor, se faz um novo consumo. Poristo se compreenderá que o comércioé para a nação tanto motivo de ri-

queza como a indústria, pois que de-

pendendo um do outro, não se podeadiantar aonde se não exercem os doisramos, com igual conhecimento e ati-vidade".

Depois de quatro páginas de diva-

gações desse gênero, registra o autora acaciana conclusão de

"que a difi-

culdade de estabelecer e continuartais manufaturas consiste na utilidade

que deixarem. Havendo manifestadoos fundamentos ou bases sobre o quedever-se-ia pôr um estabelecimento,e as possibilidades deles neste país,resta-me provar as vantagens que re-sultam deste negócio, ainda que

-se-

jam no consumo interior". Projeto,êsse, que não foi adiante, de certosem quaisquer prejuízos para a eco-nomia nacional, uma vez que morreuem seu número inicial a primeira re-vista propriamente econômica que teveo Brasil.

De qualquer modo, entretanto, de-vemos reconhecer no "Semanário

Político, Industrial e Comercial" asbom as de ter sido, em um único nú-mero, o primeiro jornal consagradoaos problemas da economia.

IBY ;

O OBSERVADOR — LXXXVili 95

Política Aduaneira do Brasil

A ADMISSÃO nas alfân-

degas do Brasil de to-

dos e quaisquer gêneros, fa-

zendas e mercadorias trans-

portados em navios estrangei-

ros das potências que se con-

servaram em paz e harmonia

com a Coroa portuguesa, parausarmos das expressões contidas na

carta régia — foi efêmera. O tratado

de comércio com a Inglaterra, em bre-

ve prazo, mutilaria sobremaneira a

liberdade estabelecida. Como prelimi-nar é preciso atentar que o favor con-

cedido não era tão amplo: a carta real

consignava restrições quanto ao co-

mércio dos produtos estancados (mo-nopólios) os quais permaneceriamcom os mesmos direitos de saída. A

estipulação dos direitos na carta ré-

gia obedecia a sistemática ad valo-

rem. Pagar-se-ia 24% de direitos,

discriminados em 20% de direitos

grossos e 4% de donativos. Estes os

20% do Mestrado de Cristo. A co-

brança se regularia pelas pautas ou

aforamentos existentes. Da regra ge-ral se excluiam os gêneros denomi-

nados "molhados" sujeitos ao dôbro

dos direitos. Aí repontava um prin-cípio protetor: os gêneros dessa espé-

cie (vinhos, azeites, etc.) represen-

tavam a força do comércio exterior de

Portugal. Pereira de Barros, nos seus"Apontamentos de Direito Financeiro

Brasileiro" definia o tratamento adua-

neiro adotado afirmando que a taxa-

ção dos direitos de importação nas

alfândegas do Brasil era "sem

distin-

ção dos pontos de proveniência das

mercadorias nem da nacionalidade dos

navios; não havia exceção mesmo pa-ra a mãe pátria e tão somente a res-

peito dos gêneros denominados mo-

lhados se dobram os direitos sobre os

estrangeiros." Com êsse diploma se

inicia a política aduaneira do Bra-

sil. Este tratamento inicial em breve

se modificaria. O Tratado com a In-

glaterra transformaria em convencio-

nal essa primeira tarifa.

O TRATADO COM A INGLA-

TERRA»

Os tratados de comércio de Portu-

gal com a Grã-Bretanha vinham se

realizando sempre em condições des-

favoráveis ao primeiro dêsses países:o de 1642, com Carlos I, confirma-

P)

ra todos os antigos privilégios ingle-

ses; o de 1654, de paz e aliança, ao

tempo de Cromwell, equiparara ingle-

ses e portugueses no comércio com o

Brasil; o de 1703, de Methuen, for-

çara Portugal a fechar todas as suas

indústrias de panos. Dessas, a me-

lhor era de Alcobaça, que, no seu

período inicial, merecera uma sátira

num auto de Gil Vicente:

"Antes vossa renda encurta

como os panos de Alcobaça..."

D. João VI, o Regente, pouco te-

ria de se exculpar quanto ao convênio

comercial de 1810. Êste seguira a

norma dos que os haviam antecedido.

Mesmo assim o Regente, no manifes-

to em que se justificou perante Portu-

gal quanto à lavratura dêsse ato, for-

neceu um documento impressivo; re-

memorou fatos "cuja triste lembran-

ça os portugueses guardariam porlongos anos" e explicou que as medi-

das de liberdade, tomadas em relação

ao Brasil, "visavam sustentar o ilus-

tre e esplendor do trono e assegurar a

defesa contra a invasão de um j>ode-roso inimigo". Enumerava

"os prin-

cípios mais demonstrados de sã eco-

nomia política que fôra servido ado-

tar" e fulminava o sistema restrito e

mercantil "pouco aplicável a .um país

(Brasil) onde mal se podiam cultivar,

então, as manufaturas, exceto as mais

grosseiras e as asseguradoras da na-

vegação e da defesa do Estado." Nes-

sa proclamação o Regente definia o

Tratado "como

sistema liberal em queambos os soberanos procuraram igua-

lar as vantagens concedidas às duas

nações e promover o seu recíproco co-

mércio, de que tanto bem deveria re-

sultar."

Henry Koster, em "Traveis in Bra-

zil", oferece um comentário lúcido ao

Tratado. E, salienta o.viajante inglês

que tanto os portugueses como os in-

gleses julgavam-se prejudicados pelomesmo. Mas, demonstrou a experi-

ência, em curto prazo, que a diploma-

cia inglesa tinha levado a me-

lhor no acordo. Tanto que um

ano depois D. João VI viria a

público para afirmar que "os

gêneros da produção do-Esta-

do do Brasil idos de Lisboa e

do Porto não podiam concor-

rer com os que ali chegavam

levados em direitura, pelos ônus de di-

reitos pagos nas alfândegas daquelas

cidades." E à vista dessa situação de

inferioridade, e querendo promovere animar o marinha mercantil e o co-

mércio e a agricultura, ainda com al-

gum sacrifício das rendas reais, esta-

beleceu que "todos os gêneros produ-

zidos no Brasil e que das alfândegas

de Lisboa e do Pôrto saissem para

portos estrangeiros ou se baldeassem

dos navios que os conduziam para ou-

tros, com o mesmo destino, pagassemsomente 2% de direitos de baldeação"

prestando os donos dos produtos as

fianças de estilo até a verificação de

que realmente êsses produtos tinham

entrado em domínios estranhos. Des-

sa forma se buscava atenuar a con-

corrência inglesa possibilitada pelascláusulas do Tratado. Efetivamente,

na forma contratual, as mercadorias

inglesas nas alfândegas do Brasil e de

outros domínios portugueses eram su-

jeitas ao pagamento de 15% de di-

reitos, ou seja 1% a menos do que

pagavam então os produtos portugue-ses. A concessão inglesa no Tratado

fôra a modificação do "Ato

de Nave-

gação". A rigidez do preceito antigo,

proibitório da importação de merca-

dorias em navios que não fossem do

pavilhão britânico, foi atenuada peloAto 51 de Jorge III, de 31 de maio

de 1811, por contingência da obriga-

ção assumida com Portugal. Por essa

lei "quaisquer bens, fazendas e mer-

cadorias que fossem do crescimento,

produção ou manufatura de algum dos

territórios ou domínios da Coroa, cuja

importação de países estrangeiros parao Reino ou ilhas de Gersey e Guer-

nesey não fossem proibidas por lei, se-

riam e poderiam ser importadas parao Reino e referidas ilhas, diretamen-

te de qualquer dos domínios ou terri-

tórios lusos, em navios ou vasos de

guerra pertencentes ao govêrno por-tuguês." No mesmo ato se assegurou

uma paridade de direitos para os gê-neros importados em naus portugue-sas com os que fossem levados em na-

\

96 O OBSERVADOR — LXXXVlll

vios britânicos. Os pontos do Trata-do de 1810 foram discutidos em Lon-dres por comerciantes ingleses, exis-tindo um convênio que foi ratificado

pelòs governos das duas nações. Êsseconvênio regulamentou o Tratado

quanto; a) identificação dos naviosbritânicos; b) verificação das merca-dorias britânicas nos domínios portu-

gueses; c) arranjamento sôbre os di-reitos chamados Scavage, Package eTrinity; d) o modo de cobrar os di-reitos de 15% das mercadorias ingle-sas em portos portugueses.

A ORIENTAÇÃO DO IMPÉRIO

A diretriz da nossa política adüalneira no limiar da independência é derevide à antiga metrópole. Indica-seexpressivamente essa orientação 110ato tributário de 30 de dezembro de1822 que

"sujeitou os gêneros da in-

dústria e manufatura portuguesa ao

pagamento de 24% de direitos de im-

portação", admitindo-se também a en-trada de rapé estrangeiro e estabele-cendo de outra parte

"taxas fixas pa-

ra os gêneros denominados molhados"

produtos êsses na sua totalidade oii-undos de Portugal. Felisbelo Freire,na sua

"Evolução Histórica dos Im-

postos no Brasil", definiu essa situa-

ção: "O

ato tributário de 30 de dc~zembro de 1822 é a primeira manife>-tação de uma política em que o pen-samento dominante era por em pé deigualdade tributária os produtos poi-tugueses e os dos outros países estran-

geiros." As razões dessa política cierepresália eram confessados 110 pgó-prio documento oficial; Portugal,

pela "crescente

e injusta guerra que

fazia ao Brasil, rompidos os antigos

laços de amizade, não fazia jús a

continuação de favores mais que gra-ciosos e longo tempo feitos em benefi-

cio de seu comércio e notório prejuízodo Império."

Êsse tratamento alfandegário hostil

não afetava só a Portugal. Afora a

Inglaterra, favorecidas pelas cláusulas

do Tratado de 1810, as outras nações

compelidas por essa política •/jam-se

forçadas à assinatura de tratados pa-ra fugirem ao rigor dessa disposição

autônoma. Até Portugal valeu-se

dessa norma: reconheceu a indepen-

dência da antiga colônia a troco de fa-

vores comerciais. A insegurança das

disposições autônomas forçaram novos

entendimentos contratuais à base cía

reciprocidade. As operações mercai!

tis de caráter internacional, não en-

contrando clima propício ao seu de-

senvolvimento nessa política unilate-ral de concessão de favores por atos

voluntários, só encontrou o caminho

dos tratados e convênios com ante-

paro às oscilações nesse terreno. Êsseentendimento arraigou-se de tal for-ma que, mesmo após a planificaçãogeral feita por Bernardo de Vascon-celos — a igualdade de direitos paratodos os países que comerciavam como Brasil — surgiram ainda novos atosinternacionais de comércio. (EstadosUnidos e Países Baixos). Efetiva-mente, a duração dos dispositivos au-tônomos e que podiam ser modifica-dos a qualquer momento não se ofe-reciam com suficiente segurança.

Até a ação disciplinadora de Ber-nardo de Vasconcelos processa-se um

período excepcional de transição no

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qual se chegou a mandar adotar nasoutras províncias a pauta alfandegá-ria do Rio de Janeiro (Dec. 54, de1826). ,

Bernardo de Vasconcelos, ao expii-car os benefícios que adviriam, da leide 24 de setembro de 1828 de sua au-toria, exemplificava:

"Admitindo-se as mercadorias de

todas as potências estrangeiras nonosso mercado, debaixo de igualdadede direitos, a condição do consumi-dor necessariamente melhora porquese destrói todo o monopóiio com a ili-mitada concorrência dos vencedo-res.

>9

Êsse regime, na palavra autorizadade Homero Batista, "vicejou

frutifi-cando a mais ampla concorrência co-mercial". A modificação de tal pro-cedimento só foi possível depois devencidos todos os prazos da multidãode atos bilaterais assinados, no iní-cio da nossa vida de país livre.

Em 1841 tentou o govêrno imperiala confecção de uma nova tarifa. Essa,entretanto, ainda na sua fase de estu-dos preliminares já tinha a receber,como encargo contingente, os acrésci-mos arbitrários da lei 243 sôbre ochá, por exemplo, cujos direitos fo-ram gravados de mais 50%, e a dimi-nuição sôbre objetos de ourivesaria,etc. A confecção da nova tarifa seriafeita logo que terminassem os trata-dos em vigor. E

"os direitos de im-

portação seriam estabelecidos entre osíndices mínimos e máximos de 2 e60%, respectivamente."

Essa nova pauta só se concretiza-ria com Alves Branco. O fito de au-ferir maior renda orçamentária atra-vés dos direitos aduaneiros acabou do-ando ao país uma pauta cujos tributos

pelo quantnm excessivo, eram de cará-ter protecionista, embora não fosserealmente essa a intenção dos seuselaboradores.

ÉPOCA DE GETULIO VARGAS

Em outubro de 1930 a tarifa alfan-degária em vigor no Brasil já vence-ra o seu trigésimo ano de vigência.Era um instrumento desatualizado que

H própria guerra de 1914-18 e o pe-ríodo de perturbamento contínuo quese seguiu à conflagração, impondo amodificação de todos clássicos, nãotinham conseguido modificar. Paraatender as circunstâncias especiais domomento foram introduzidas modifi-cações parciais, estas de superfície.As alterações de profundidade exigi-das não foram realizadas. As tarifasbrasileiras vinham se processando numclima em que se suportavam os errosdo passado como tradição, e realiza-

IEI

O OBSERVADOR — LXXXVUI97

das num molde invariável que, nas su-cessivas reformas do Império e daRepública, não houve intento de al-terar. A estrutura permaneceu sem-

pre imutável, as fórmulas mais come-zinhas eram recebidas e transmitidasintactas nas reformas num receio demodificação do qual é índice expressi-vo aquela consignação dos

"valores

oficiais" da Tarifa Alves Branco,alterados em 1900 ao câmbio de 12 d.,e constantes da nossa pauta até a re-forma de 1934. Qualquer melhoriano plano antiquado seria mal recebi-da. As reformas da tarifa vinham se

cingindo apenas ao quantum dos di-reitos: à simples substituição de ci-fras. Estas substituições não eramimpostas por uma necessidade de

"re-

juvenescimento" dos direitos específi-cos, ou seja com o fito de restabelecera relação rompida, por contingênciasdo momento, entre o valor do produ-to e o imposto. Fluiam, via de regra,

do cunho de ordem fiscal que marcava

profundamente o nosos regime adua-neiro; não nasciam da consulta de ou-tros interesses que o do aumento da

arrecadação das alfândegas.

Os que limitaram o nascimento do

nosso protecionismo em 1845 (tarifaAlves Branco) não notaram que essa

orientação era apenas decorrência de

exagerado cunho fiscal que vincaria

energicamente a nossa política adua-

neira. O relativo equilíbrio orçamen-

tário desfrutado até 1844 e, em espe-

ciai as cláusulas dos tratados aindr

vigentes, deram à nossa tarifa uma

feição livre cambista. Essa tendên-

cia liberal já apontada não era abso-

lutamente intencional • provinha da

nossa lei de meios não exigir contri-

buição maior nesse setor de arrecada- .

ção. As modificações que se verifica-

ram no ano seguinte não visavam

modificar o sistema adotado, toman-

do o caminho oposto, o protecionismo,e sim auferir maior renda para a

União. E' o que se infere das pala-vras de Alves Branco, responsável

pela pauta em questão, quando afir-

mava: "Sendo

o primeiro objeto da

tarifa preencher o déficit em que há

anos labora o país, era meu dever fa-

zer a nova taxa de direitos que com-

preendesse a maior soma de valores

importados fosse tal que provavelmen-te o preenchesse."

Essas majorações, como se depre-

ende do trecho citado, não tinham in-

tuito de disciplinação econômica. Di-

ficilmente se enxergaria nesse aumen-

to arbitrário do valor de direitos, a

substituição das tendências liberistas

da nossa pauta, por diretrizes prote-cionistas.

Êsse critério prevaleceu indestrutí-

vel: a tendência de encarar os direitosaduaneiros como simples fonte de re-ceita retirando-se-lhes a característica

política.

A própria estrutura da nossa pautafoi por muito tempo considerada não

suscetível de modificações, cristali-zando-se nas suas linhas imutáveisI

Se o panorama geral era êste, o par-ticular sofria com a introdução demodificações isoladas, muitas delas

contrárias à índole do organismo. Es-

sas alterações não eram raras e mui-

tas vezes criavam fenômenos de difí-

cil identificação. Viveiros de Castrodenunciou o ecletismo das tarifas da

monarquia, e Veiga Filho, para defen-

der-lhe a feição meramente fiscal, teve

que deturpar a fisionomia do sistema,

afirmando que o mesmo só se carac-

terizava quando as rendas aduaneiras

eram colhidas apenas em quantidade

que "bastasse

para ocorrer às despe-

sas com o expediente das alfândegas".

E assim a nossa tarifa fizera jús àque-

la definição de Tito de Rezende: "era

um amontoado de complicações nu-

méricas".

Com tais antecedentes era difícil,

senão impossível realizar uma refor-

ma radical, em imediato. Em 1934,

na gestão do minisro Oswaldo Ara-

nha, o chefe do Govêrno autorizou a

reforma da tarifa. A comissão encar-

regada dessa reforma teve que realizar

um trabalho preparatório de revisão

e "proceder

à sua consolidação escru-

pulosa, tamanhas e ao mesmo tempo

discutidas, pela sua variedade, as dis-

posições esparsas de leis orçamentá-

rias e até interpretações e regras dou-

trinárias do Tesouro e dos Tribu-

nais, que tornavam de difícil compre-

ensão a nomenclatura e a pauta tari-

fária."

Essa reforma se processou numa

orientação na qual sobressaiam três

pontos essenciais: a) simplificação

para o cálculo nos despachos alfande-

gários; b) maior precisão nas classi-

ficações, no intuito de reduzir ao mí-

nimo o arbítrio dos despachos ; c)

maior equidade na tributação.

Entre os principais benefícios da

reforma se incluem: 1) introdução do

drawback; 2) a supressão do inume-

rável cortêjo de taxas incorporadasnum adicional único de 10%.

Outro aspecto que se deve ressal-tar da reforma foi a preferência pelosdireitos específicos. Estes, afora a re-visão periódica que impõem, para re-fazer o equilíbrio rompido entre o va-lor dos produtos e o imposto poucosônus acarretam.

O regime aduaneiro adotado foi o

protecionismo. A êsse respeito frisavao ministro Oswaldo Aranha na expo-sição de motivos que acompanhou atarifa: "foi

mantida a mesma feição

protecionista da atual, relativamente àlavoura, à pecuária, às indústrias ex-

trativas das nossas riquezas como astransformações manufaturo iras ou me-cânicas das matérias primas que pos-suimos, estendendo-se ainda essa pro-teção às indústrias radicadas no paísintegradas na sua economia, emborautilizem, como em tantos outros pai-ses, matéria prima de procedência es-t range ir a."

Os direitos aduaneiros consignadosna nova pauta oferecem uma média de25%, possuindo assim um sentido m-velador, estabelecendo uma relação de

custo, dentro de limites razoáveis,

afim de compensar possíveis iníeriori-

dades de preços entre os produtosnacionais e os estrangeiros, num pia-no de livre concorrência. Dessa? ma-

neira, baniu-se o inconveniente daeliminação completa da concorrência

estrangeira, cujo principal objetivo é

o não aperfeiçoamento técnico da in-

dústria nacional, pela fabricação de

produtos de curso forçado.

Com a estipulação na tarifa de di-reitos que não exorbitam o próprioplano cie custo da produção nacional,estimula-se a concorrência não preju-dicial, evitando-se os abusos gerados

pelas tarifas maj oradas em grau proi-hitivo. Outra vantagem, que uma po-lítica dessa ordem proporciona, é a

supressão da proteção às indústrias

incapazes de terem vida própria, após

um longo período de educação, sem a

concorrência estrangeira.

O govêrno brasileiro compreendeu

bem êsse aspecto complexo e delicado

dá questão e, dadas as medidas queadotou, armou-se dos instrumentos

necessários afim de evitar os inconve-

nientes dessa ordem.

CASPA-QUEDA DOS CABELOS-CALVICIE1

JUVENTUDE ALEXANDRE

E.L.! IV! IÍSJ A A GÁS PA, EVITA A CALVICIE

98 O OBSERVADOR — LXXXVIll

Conciência de Guerra

¥

|j S brasileiros deram inesquecível

^ exemplo de patriotismo e de es-

pírito de disciplina e coesão, aceitan-do com firme decisão o estado de be-ligerância que lhes foi imposto peloscovardes atentados das potências doEixo. As palavras de exortação doPresidente Getulio Vargas encontra-ram éco imediato entre os elementos

dignos do país, prontos à luta e a to-dos os sacrifícios pela honra nacional.E' certo que não poderíamos evitar,como não os conseguiu evitar nenhu-ma outra nação, os quinta-colunistasde tôda espécie, os derrotistas, os re-

ticentes e, mesmo, os traidores, a ser-viço direto ou indireto dos nossos

inimigos. Mas, no momento, não nos

preocupa a existência dêstes lamentá-veis creaturas em constante ajuste decontas com a polícia.

Não foi apenas, todavia, no aspectomoral que os brasileiros souberamaceitar a contingência da guerra, tãoantipática sempre à sua índole, àssuas velhas aspirações de paz e con-córdia humanas. Sabendo bem que a

guerra não se faz com palavras ou de-clarações sentimentais, depressa resig-naram-se às inevitáveis restrições queela teria de determinar e começarama preparar-se para a idéia de mais gra-ves sacrifícios, inclusive os do própriosangue, quando e onde possam sernecessários. Sob a orientação e con-trôle do govêrno, o trabalho nacio-nal principiou também a visar a su-

presa finalidade da defesa nacional,tanto nos setores militares como noseconômicos. Para tal objetivo foramcriados, a exemplo de outras nações

já experimentadas na guerra, vários

órgãos estatais e para-estatais e acele-

rada a produção de indústrias essen-

ciais. Procuramos, em suma, adaptar-

nos às condições novas da tragédia

que parece ainda não ter completado

a sua ronda sinistra pelo globo.

ACOMODAÇÃO

Aconteceu, entretanto, que o desen-

volvimento lento por sua própria na-

tureza das operações de uma guerra,multiplicada por numerosas fontes, em

terra como nos mares, nos ares, vemcriando uma forma de hábito, tenden-te à rotina ou a vago estado de resig-

nação espiritual. Foi assim na pri-meira guerra mundial. Passada a vi-bração da primeira fase, quando elacomeçou a estabilizar-se nas trinchei-ras, raramente sacudida por grandesbatalhas espetaculares, todo o mundo

procurou viver o mais comodamente

possível no seu climax. E como nãofaltam nunca entre os homens o ins-tinto de ganância, de especulação,mesmo sobre a miséria e o sofrimen-to alheios, e de avidez de prazeres'materiais,

proliferaram, ainda nas na-

ções mais brutalmente atingidas peloflagelo, as perigosas classes dos apro-veitadores e dos novos ricos, exibin-do por tôda parte o seu irritante luxo.Na guerra atual, os governos da Eu-ropa e dos Estados Unidos, mais aten-tos à experiência do passado, tiveramo cuidado preliminar de eliminar as

principais fontes de especulação e deenriquecimento. Daí a legislação res-tritiva de guerra, como, por exemplo,a relativa à limitação de lucros, con-trôle de preços, etc.

De certo, as condições do Brasil di-

ferem bem das dos grandes países su-

perindustrializados da Europa ou das

dos Estados Unidos; as possíveis es-

peculações em tôrno da guerra jamaisteriam entre nós o alcance que adqui-

riram naquelas nações, se não fossem

as providências prévias e a constante

vigilância dos seus governos. A natu-

reza mesmo do Estado instituído em

1937 pelo Presidente Vargas, permi-tindo muito mais viva interferência

do govêrno nas iniciativas e ativida-

des privadas, arma-o de poderes defiscalização, que não se conheciam aotempo da guerra de 1914, quando aAlemanha do kaiser nos impôs, comofaria a de Hitler, a situação de belige-rância. j

Entretanto, depois de reconhecer

tudo isto que ligeiramente invocamos,

não seríamos sinceros em nossa aná-

li se se não concordássemos com algu-

mas críticas, já formuladas de públi-co, inclusive pelo presidente da Asso-

ciação Comercial do Rio de Janeiro,sôbre a espécie de indefinida indife-rença com que, nos últimos tempos,acompanhamos o desenvolvimento da

guerra e, sobretudo, com que reagimosàs suas conseqüências imediatas oumediatas sôbre a nossa vida. E' a si-tuação, a que já nos reportamos, veri-ficada na primeira conflragação mun-dial, de passiva resignação ou de fa-talismo ante o mal e que extraordina-riamente facilita a ação corrosiva dosderrotistas e dos traidores. Cada bra-sileiro deve convencer-se de que asua pátria vive a hora mais grave desua história. Concorrendo por todos

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RUA DEBRET, 79 RIO DE JANEIRO

O OBSERVADOR — LX XX VIII99

BANCO ITALO-BELGA

SOCIEDADE ANÔNIMA BELGA

CAPITAL: 100.000.000 DE FRANCOS RESERVAS: 100.000.000 DE FRANCOS

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RIO DE JANEIRO — SÃO PAULO — SANTOS — CAMPINAS

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O BANCO IT.ALO-BELG A, S. A.,

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DE BUENOS AYRES^E MONTEVIDÉO E

PELOS SEUS CORRESPONDENTES NA AMÉRICA DO NORTE GUARANTY TRUST II

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continua ao inteiro dispor de sua prezada clientela para qualquer opera(ão no exterio

os meios para a derrota das potênciasdo Eixo, não praticamos apenas um

ato de solidariedade continental, res-

peitando compromissos voluntaria-

mente assumidos, mas defendemos

igualmente, além da civilização a que

pertencemos, a nossa livre existência

de nação soberana. E' evidente quesemelhante convicção implica por si

mesma um estado de conciência em

permanente alerta e irredutível espí-

rito de luta e de vitória.

De certo, a guerra não significa

luto nacional. Através de todos os

seus sacrifícios e todos os seus horro-

res, a vida continua, e a vida não querdizer apenas trabalho, obrigação, fadi-

ga, pena, e sim, também, horas de re-

pouso, de folga, de honestos prazeres.Nenhum povo por ela mais densamen-

te experimentado, deixa de cumprir

as suas obrigações comuns, de culti-

var os seus hábitos de sociabilidade e

de freqüentar as suas diversões predi-letas. Todavia, mesmo fora dos cam-

pos de luta e das oficinas de traba-

lho, devem pairar sempre um grave

pensamento de sacrifício e um forte

sentimento de dedicação integral à

causa em que está empenhada a sor-

te da Pátria. Será êste, porventura,o atual estado de conciência de certas

parcelas das chamadas elites brasilei-

ras? Não parece. Qualquer observa-

dor poderá verificar sem esforço queraramente, pelo menos na capital do

país, houve tanta * exibição de luxo,

tanta ânsia de mostrar dinheiro fácil-

mente ganho, tanta atração pelos pra-zeres dos sentidos quanto nos dias que

passam . A guerra, que vigia as nos-

sas águas territoriais, afunda nossos

navios, matando centenas de nossos

patrícios, e que tudo indica poderáexigir amanhã o envio de tropas na-

cionais a campos de batalha fora das

nossas fronteiras, afigura-se para mui-

ta gente um drama distante, de apa-

gada repercussão e cujas peripéciasse acompanham mais ou menos curió-

samente através do noticiário telegrá-

fico dos jornais.

O govêrno procura sistematizar e

intensificar cada vez mais os seus es-

forços de guerra. Excelente se evi-

dencia o espírito das forças armadas,

inteiramente integradas na sua árdua

missão de adextramento. A impren-

sa brasileira, na sua quase totalida-

de, pode orgulhar-se da atitude queassumiu desde o primeiro momento

da guerra que assola o mundo, ten-

do tido sempre a antevisão exata dos

verdadeiros interêsses do Brasil.

Mas falta ainda alguma coisa que me-

lhor se sente do que se define, uma

vibração especial, um sentimento novo

do perigo que exalta as melhores fôrg

ças morais e que conhecemos, porexemplo, na primeira hora das prova-

ções do Eixo. Um grupo de homens

dedicados ao serviço público não tem

hesitado em sacrificar os seus inte-

rêsses privados em benefício dos inte-

rêsses da coletividade, corresponden-

do ao apêlo que lhes fez o govêrno.Mas ao lado desta pequena minoria,

é vasto o numero dos egoístas, dos

comodistas, que somente pensam em

aproveitar a oportunidade da situa-

ção para multiplicar os seus proveu-tos pessoais e exibir, como dissemos,

as suas riquezas rapidamente adquiri-

das. Naturalmente, as guerras produ-ziram sempre e por tôda parte flora-

ção análoga. Porque, por definição,

constitue um estado anormal, desor-

granizam o ritmo comum da vida e fa-

cilitam o caminho dos audaciosos e

gananciosos. No desequilíbrio econô-

mico que elas produzem, forçando os

governos a recorrer freqüentemente

ao crédito ou às emissões fiduciárias,

multiplicam-se as possibilidades dos

negócios lucrativos, criando uma aura,

muitas vezes fictícia, de prosperidade.

E' contra isto justamente que lu-

tam as nações empenhadas no formi-

dável conflito. E' contra isto que de-

vem lutar todos os brasileiros côncios

dos seus deveres para com o país e

das tremendas responsabilidades desta

fase histórica. Manter viva sempre a

conciência da guerra, com tudo queesta guarda no seu terrível bojo, é

uma forma de trabalhar na' frente

interna. Há uma pequena frase de

propaganda, adotada por tôda parte— faça tudo que lhe for possível co-

mo se de sua ação dependesse a vitó-

ria final — que sintetiza excelente-

mente o dever individual de cada um

de nós. Os governos teem vários

meios eficientes, diretos e indiretos,

de forçar os cidadãos, menos atentos

ao cumprimento dos seus deveres, a

sobrepor os interêsses coletivos aos in-

terêsses individuais. Mas afora a co-

ação dos poderes públicos, há a pro-

paganda que possa falar aos sentimen-

tos sopitados no atordoamento dos

negócios e dos prazeres materiais.

Esta propáganda bem precisaria ser

intensificada por todo o Brasil, para

que fizesse acender nas conciências

mais sonolentas um sentimento mais

vivo, mais decidido, da missão da pá-tria comum... \

Mais que nunca vivemos um ins-

tante em que a pátria está a exigir de

cada um manifestação de desprendi-

mento, de espírito de renúncia. Os

que se orgulham da qualidade de ci-

daàão brasileiro não devem fugir, no

momento grave que passamos, à com-

preensão das nossas realidades; pelo- contrário, devem esquecer que diante

das ameaças que ainda pesam sôbre

os destinos brasileiros não há lugar

para a manifestação de tendências

egoísticas e ainda muito menos parao fausto, para o comodismo. . .

100 O OBSERVADOR LX XX VIII

Reconstrução da Europa

X GEOGRAFIA histórica

fornece aos estudiosos

dos problemas internacionais

elementos que o habilitam a

compreender, à luz da objeti-

vidade, o drama da Europa.

As flutuações realizadas em suas

fronteiras, desde a aurora da civi-

lização mediterrânea até os dias

presentes, parecem assinaladas pelavontade exclusiva do poderio mili-

tar vitorioso, procurando apenas a

expansão territorial. Entretanto, a

supremacia de um Estado não cons-

tituia o sacrifício da soberania das

pequenas potências. A preponde-rância espanhola, entre o século

XVI e o século XVII, como a fran-

cesa, ao tempo de Luis XIV, não

determinaram o perecimento de

Estados sem prestígio militar e sem

possibilidades de reação a qualquerameaça a sua soberania. O mesmo

ocorreu com., a preponderância in-

glesa no século XVIII. A derrota

dos exércitos de Napoleão afastou

da Europa a ameaça de um impe-

rialismo incontrastável.

O chamado princípio de equilí-

brio há exercido papel de relêvo na

história européia. Pela distribui-

ção das forças, nenhum Estado

pode exercer prestígio incontrolá-

vel. Em livro magistral sôbre o as-

sunto, Dupuis mostra que as ori-

gens do princípio se encontram no

renascimento do absolutismo, após

a desaparição da supremacia do

Papa e do Imperador. As ameaças

de ambições rivais — escreveu o

antigo professor da Escola de Ciên-

cias Políticas — deixavam os Esta-

dos à mercê de novas combinações

de forças. Por isto, a política de

equilíbrio, instintiva em seu comê-

ço, alçou-se, depois, a dignidade de

um princípio. Os três grandes Con-

gressos europeus, o de Westphalia

(1648), o de Viena (1815) e o deVersalhes (1919), esforçaram -se

pela realização de um "conceito".

Teem surgido apenas divergências

em relação ao princípio que deve

presidir a transformação da face

política da Europa. No século XIX,

por exemplo, o princípio das nacio-nalidades se opôs ao legitimismo doCongresso de Viena.

Durante a conflagração mundialde 1914-1918 vários planos de re-

\^coa_ \ J2

construção política foram exami-

nados. Associações socialistas de

países neutros advogaram uma pazbaseada na justiça social. Pre-

ocuparam-se com as questões eco-

nômicas, quer em seu aspecto in-

dividual, do bem estar dos homens,

quer em seu aspecto coletivo, do

destino das Nações.

Na Inglaterra e na França, en-

tretánto, a grande preocupação foi

a da restauração política, no senti-

do de que os vencidos não pudes-sem recuperar suas forças e desen-

cadear nova guerra. Apareceram

críticas veementes ao princípio do

equilíbrio político. Em trabalho fei-

to no Comitê- Nacional de Estudos

Políticos e Sociais, na sessão de 13

de novembro de 1916, Léon Bour-

geois, com a autoridade de estadis-ta, indagou da orientação que se-

güir após a vitória: Política dealianças ou Política da Sociedadedas Nações ?

Para o pensador francês, há duas

políticas. A do equilíbrio, reveladanos tratados, assenta no equilíbriode forças. Dura enquanto duram asforças que o sustentam. Ora — ob-servava Bourgeois — a política doequilíbrio, por mais hábeis que se-

jam os diplomatas — conduz aotriunfo dos mais numerosos e dosmais brutais, e não ao triunfo dosmais nobres e dos mais dignos.

A outra política é a do direito,capaz de dar às Nações um futurode garantia e de tranqüilidade. De-fendeu-a a França ao trabalhar

pela constituição de uma Liga dasNações. Enquanto a França, emvirtude de suas condições geográ-ficas e demográficas, empenhava-se em um plano de garantias co-munsj a Inglaterra, insular e po-derosa nos mares, procurava criaruma comunidade inspirada na opi-nião pública e dirigida por esta.

Coube, contudo, a Wilson, com oprestígio de presidente dos Esta-dos Unidos, expor o mais viávelplano de reconstrução mundial. Os

famosos 14 Princípios consti-

tuiram a base sôbre a qual as

Nações a 1 i adas procuraramedificar um mundo melhor.

Liberdade dos mares, desapa-

rição das barreiras econômicas,

tratamento igual para todos, evacua-

ção dos territórios russos, restauração

da Bélgica, ressurreição da Polônia —

foram alguns pontos do programade Wilson.

A guerra atual, apesar de sérias

divergências que teem surgido, es-

tá sendo conduzida com o firme

propósito de vitória e de recompo-sição do mundo em bases firmes eduradouras. A Carta do Atlânticocontém os princípios essenciais dareconstrução.

Há, entretanto, diferença entre a

mentalidade dos que dirigiram a

guerra em 1914 e dos que se em-

penham pelo têrmo da atual. Os

estadistas de 1919 tinham confian-

ça excessiva na paz e na perenida-de da que iam organizar. O desar-

mamento da Alemanha e a Liga.das Nações eram as duas grandesidéias de recomposição universal.

Os estadistas de 1943 estão certos

de que a paz será mais difícil de serconquistada do que a vitória noscampos de batalha. Não é que en-tire as Nações Unidas haja diver-

gências irreconciliáveis, pois tô-das elas conduzem a guerra com oafã de um destino únicos Problemassurgirão, entretanto, que não pode-rão apresentar aspectos unilaterais,reclamando, sim, uma solução geral.

Estará o mundo ameaçado emsua segurança se algum vencedorentender de, com sacrifício de in-terêsses universais, impor o triunfode interêsses localistas. Não queristo dizer que os Estados se anu-lem, abafando suas reivindicações.As reivindicações deverão ser apre-ciadas em um plano de justiça in-ternacional.

Os tratados de paz de 1919-1920foram a carta política da Europadurante quase duas décadas. Insur-

gindo-se contra ela, Iiitler tem

pretendido lançar a Nova Ordem,inspirada na supremacia continen-tal da Alemanha. A conduta di-

plomática da Inglaterra há sido,de modo geral, a de respeito ao

statu quo". Foi para defendê-lo,

O OBSERVADOR — LXXXVIII 101

após ameaçado em vários pontos,

que Chamberlain não esmoreceu e

obteve do órgão constitucional

competente a declaração de guerraà Alemanha.

Mas desde que o equilíbrio foi

rompido pelas armas, manter o"statu

quo" é impedir o natural

progresso das nações. Há muitos

males que precisam desaparecer. Os

ideais da justiça internacional ca-

racterizam-se por um contínuo e

persistente desejo de melhoria. As

nações não devem perder a opor-

tunidade da solução integral dos

problemas individuais e coletivos.

A guerra atual para ser ganhanecessita do esforço de milhões de

homens nas fábricas e nas linhas

de frente. Necessita, outrossim, do

trabalho dos estadistas e dos técni-

cos na elaboração do mundo de

amanhã. A Carta do Atlântico é

apenas um roteiro.

O importante documento firma-

do por Churchill e Roosevelt não

é, destarte, incompatível com as

sugestões oferecidas por alguns po-líticos e escritores, que se empe-

nham na defesa da política de de-

terminado país. Desde que as su-

gestões não tenham a característi-

ca exclusivista de política nacional,

merecem exame.

Não são em número reduzido os

planos em torno da futura organi-

zação mundial. Como a Europa é,

do organismo internacional, a par-

te mais afetada, convergem para

ela os maiores cuidados.

Dos planos de após guerra, exa-

minaremos o do general Sikorski,

primeiro ministro da Polônia. Em

artigo publicado na revista "Col-

lier's", sugeriu o estabelecimento

de uma organização capaz de as-

segurar ao mundo a paz eterna.

Não tem o trabalho o porte da

obra que o general Smuts, figura

de realce na política sul-africana,

apresentou ao exame de Wilson.

Nota-se, contudo, a preocupação de

libertar, definitivamente, a Polônia

dos "terrores"

que a acompanham

em uma trajetória história ator-

mentada. O art. 87 do Tratado de

Versalhes restaurou a Polônia.

Procurando atender a um dos prin-cípios de Wilson, a Conferência da

Paz erigiu Dantzig em cidade li-

vre, sujeita à soberania da Liga

das Nações e governada segundo

um sistema complicado. O acesso

ao Báltico era de vital importância

para a Polônia.

O grave problema do país res-taurado era — como o da França— o da segurança coletiva. Para-doxalmente, a Polônia advogou,com ingênua sinceridade, o desar-mamento moral, condição precípuada paz em uma Europa devastada,

periodicamente, por conflitos béli-cos. Não abandonou a política dasalianças, das amizades. O acordo

de Locarno, de 1925, apesar de tersurgido de entabolações germano-francesas, interessava a uma gran-de parte da Europa.

As condições geográficas da Po-

lônia teem sido arbitrárias. O re-

talhamento do país criou ódio tra-

dicional do povo polonês em relação

à Alemanha e à Rússia. As duas

potências olhavam os territórios

poloneses como uma prêsa. Estado

tampão — foi considerado por al-

gum tempo como uma barreira

ocidental. O gesto da Rússia so-

viética em apoderar-se de uma par-te da Polônia, quando os exércitos

alemães vitoriosos, chegavam às

portas de Varsóvia, foi impulsiona-

do pela política de garantia nacio-

nal.

Sikorski sabe que a Polônia, parareviver, necessita de uma políticade cooperação. Equivoca-se, en-

tretanto,! o estadista polonês ao

depositar suas esperanças nas "en-

tentes" regionais. Elas ruiram, em

face das ameaças de Hitler, como

castelos de cartas. Na hora do pe-•rigo! cada pequena potência acredi-

tou salvar-se mediante a neutrali-

dade e a rutura dos compromissos

de segurança coletiva. O êrro será

repetido se fôr aceito o ponto de

vista do general Sikorski, de uma

organização das pequenas nações

em uma confederação capaz de de-

fender-se, segundo êle, dentro de

um sistema de govêrno mundial

permanente, para conservar a paz.

A reconstrução de após-guerra

tem de ser geral. A grande con-

seqüência do conflito é que nenhum

país, por mais formidável que seja

o seu esforço para a vitória, ditará,

sozinho, as condições da paz. A paznão será feita apenas para os beli-

gerantes — vencedores e vencidos

—| mas, também, para os neutros.

Em um mundo desolado, os neutros

sofrerão das angústias universais.

A Turquia, a Suécia, a Espanha,

Portugal, e República Argentina e

outros mais terão, deveres na pró-xima reconstrução do mundo. O

princípio da solidariedade terá a

força de impor a cada um soluções

gerais.

Sikorski aludiu a um sistema de

govêrno mundial permanente paraconservar a paz. A sua visão ficou/

entretanto, embaciada, ao pre-ocupar-se com o problema da Eu-

ropa central.

Como preliminares da paz, o po-lítico polonês reclama a puniçãodos culpados de violação das leis

internacionais. A idéia relembra o

artigo 228 do Tratado de Versa-

lhes, segundo o qual o govêrnoalemão reconheceu às Potências

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RIO DE JANEIRO

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I^^Pil'- --'";'' ¦ -lifers i

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; mes da guerra. Pelo artigo 227, substancia, pobre. Desapercebe-se

Guilherme II foi acusado por ofen- de graves problemas. Se o principiosa suprema contra a moral inter- de FederaQoes e Confederates esta

nacional e a autoridade sagrada dos na medifaqao de Churchill, ao d§-

tratados. Urn Tribunal especial, linear o Conselho da Europa e o

| composto de cinco juiz.e's, nomea- Conselho da Asia, nao se pode ne-

dos pelos Estados Unidos, pela In- gar que o projeto ingles abarca

glaterra, pela Franca, pela Italia outros problemas, inclu si ve os

4 pelo Japao, julgaria o ex-Impera- enunciados na Carta do Atlantico.

dor da Alemanha. A primeira grande questao de

Ar , • - i 11 apos-guerra e de reabilitacao eco-Alem da punicao dos culpados, » • T < -r- \

„ 1 cm i • , nc-mica. Inundar a Europa de man-i. general bikorski, seguindo o crite- 1 ,

k|i rpfc j j ,? v 11 timentos e roupas — sera a pn-rio do iratado de Versalhes, aeon- . , Wm tV -1 i UPQu A .<>, • j A meira tarefa. Restaurar, gradual 'selha a desmilitarizacao da Alema- . , , , |. .

i: nha. O Reich - disse - devera me* a Vlda agrl^°la e lnd!lstr,al

, . — constituira o esforco secfumte.

|" serpnvado de sua av.aSao;,a pro- £, necessdrio que ningu£, se ilu.

u^,ao,. e

^P^re os para uso civ;

^ pensanc|0 qUe a restaura<;ao dasera fiscal.zada por uma empresa

Europa pora termo aos grandes dc-

estrangeira pnvada ou por uma co- veres dos estadistas. 0s problemasnnssao mternacional. , , , . . 1ao comercio mternacional e do sis-

A questao das represalias nao tenia monetario terao de ser resol-

I; podia ser esquecida em um piano vidos a luz da justiqa, afim de quetraqado por estadista polones. Pu- novos desequilibrios nao perturbemni^ao dos culpados e represalias a vida das naQoes.sao, ao nosso ver, incompativeis. Ao contrario do que ocorreu nafor<;a moral da justi^a tera de guerra de 1914-1918, a face politica

jfcg^ disputar ao descontrole das reprei da Europa sofrera poucas altera-

[

THE CALORIC COf

1

MATRIZ

— RIO DE JANEIRO — AV. PRES. WILSON,

Caixa Postal: I

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Rio, S. Paulo Santos, Cidade do Salvador, Recife e BeUm

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MATRIZ — RIO DE JANEIRO — AV. PRES. WILSON, 118 — TEL. 22-5133

102 O OBSERVADOR — LXXXVIll

aliadas e associadas a liberdade de

julgarem por tribunais militares,as pessoas acusadas de prática deatos contrários às leis e aos costu-mes da guerra. Pelo artigo 227,

Guilherme II foi acusado por ofen-sa suprema contra a moral inter-

nacional e a autoridade sagrada dostratados. Um Tribunal especial,composto de cinco juizes, nomea-

dos pelos Estados Unidos, pela In-

glaterra, pela França, pela Itália e

pelo Japão, julgaria o ex-Impera-dor da Alemanha.

Além da punição dos culpados, o

general Sikorski, seguindo o crité-rio do Tratado de Versalhes, acon-selha a desmilitarização da Alemã-nha. O Reich — disse — deverá

ser privado de sua aviação;^a pro-dução de aparelhos para uso civilserá fiscalizada por uma emprêsaestrangeira privada ou por uma co-missão internacional.

A questão das represálias não

podia ser esquecida em um planotraçado por estadista polonês. Pu-nição dos culpados e represáliassão, ao nosso vêr, incompatíveis. Aforça moral da justiça terá dedisputar ao descontrole das repre-

sálias a punição dos que transgre-

diram as leis da guerra.O plano Sikorski, segundo o re-

sumo feito pelo telégrafo, é, em

substância, pobre. Desapercebe-se

de graves problemas. Se o princípiode Federações e Confederações está

na meditação de Churchili ao de-

linear o Conselho da Europa e o

Conselho da Ásia, não se pode ne-

gar que o projeto inglês abarca

outros problemas, inclu s i v e os

enunciados na Carta do Atlântico.

A primeira grande questão de

após-guerra é de reabilitação eco-

nc-mica. Inundar a Europa de man-

timentos e roupas — será a pri-meira tarefa. Restaurar, gradual '

mente, a vida agrícola e industrial— constituirá o esforço seguinte.

E' necessário que ninguém se ilu-

da, pensando que a restauração daEuropa porá têrmo aos grandes de-veres dos estadistas. Os problemasdo comércio internacional e do sis-tema monetário terão de ser resol-vidos à luz da justiça, afim de quenovos desequilíbrios não perturbema vida das nações.

Ao contrário do que ocorreu na

guerra de 1914-1918, a face políticada Europa sofrerá poucas altera-

ções. Os problemas econômicos,

financeiros e morais serão aprecia-

dos conjuntamente. Não será revol-

vida apenas a superfície dos corpos

políticos; haverá uma revolução

moral, que, para ganhá-la, precisa-mos de maiores sacrifícios do queos gastos nas batalhas atuais. Dis-

to estão concientes os governos de

Londres e de Washington, ao se

premunirem contra a tragédia dodesemprego, uma das mais podero-sas armas de Hitler contra a de-

mocracia.

Mas, para que o mundo de ama-

nhâ seja capaz de preservar os va-lores de dignidade humana, é pre-ciso que o plano de reconstrução

não seja uma volta ao passado.

A paz que surgirá, após a convul-

são que presenciamos, isenta de

quantos defeitos caracterizaram os

preceitos da paz assinada em 1919,certamente, constituirá uma espe-rança a todos os povos que nesta

hora se empenham na luta de des-truição contra os totalitários; umaesperança de que a humanidade vi-verá dias felizes, livre dos tiranos

que pretenderam reduzí-la a inomi-navel escravidão.

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1060

'PAN-AM

O OBSERVADOR — LXXXVII1 103

O Estado Fiscal

T^VEVE existir em quase todos osjL/ contribuintes certo complexo

de egoismo com o qual os governosde todos os tempos e todos os lü-

gares já se habituaram. Inclinam-

se sempre a supor que o Estado

lhes exige demais, levando-lhes

parte dos salários ou lucros, es-

quecendo entretanto que o dinliei-

ro arrecadado pelo fisco é que per-mite a segurança e o conforto da

vida coletiva. O Estado mantém a

uolícia e as várias formas de as-

sistència, proporciona a instrução,

assegura a propriedade, protege o

trabalho, distribue a justiça, prevêa defesa nacional, procura atender,

em suma, aos numerosos serviços

públicos, para o que, é claro, pre-cisa de recursos pecuniários cada

vez mais largos. No apogeu da

doutrina do Estado contratual, de

essência negativa, quase reduzido

à manutenção da ordem pública,

pelo segurança do indivíduo e da

propiiedade, reduziam-se natural-

mente ao mínimo possível as exi-

gências fiscais. Mas transforma-

ram-se radicalmente as condições

do mundo; o Estado, instante/?.* cmi-

te solicitado, teve de estender a

sua solicitude a cem campos de

atividade que lhe pareciam mais

estranhos. O cidadão que res-

mur.ga porque tem de pagar novos

impostos está pronto sempre a re-

clamar contra a deficiência dos ser-

viços públicos, exigindo novos be-

nefícios e novas garantias. Eis aí

a curta imagem da dificuldade e

da delicadeza da política fiscal de

todos os países.O Brasil herdou da sua antiga

metrópole portuguesa um sistema

fiscal extremamente confuso e

atropelante. Pouco a pouco, toda-

via, vencida a crise econômica e

monetária que se prolongou pelo

primeiro reinado, conseguiu certa

ordem na arrecadação e nas des-

pesas do Tesouro público. Eram

bem módicas, como a de todos os

países da época, as contribuições

fiscais. Dominavam os impostos de

importação, bem mais como recur-

sos fáceis do fisco do que como

forma de proteção ao trabalho na-

cionalj Através das variações cons-

tantes da política financeira, o sis-

tema tributário baseado nas rendas

aduaneiras transmitiu-se à Repú-

blica. A própria natureza do re-

gime federativo impunha, entre-

tanto, maior carga ao contribuin-

te, solicitado por três entidades

fiscais diversas, a União, os Esta-

dos e os Municípios.

Com o govêrno de Campos Sales,

a política de saneamento da moe-

da implicou maior extensão e maior

intensidade do fisco. Criaram-se os

impostos de consumo, limitado a

alguns gêneros que não se julga-vam de primeira necessidade e com

caráter premeditadamente provisó-rio. Mas é muito difícil a qualquerEstado abrir mão de uma fonte

tributária, de tendência sempre

crescente; além disto, o imposto de

consumo apresentava extraordiná-

ria facilidade de arrecadação. De

exercício em exercício, estendeu-

se-lhe a incidência, subindo-lhe a

arrecadação que, em breve, ultra-

passando a dos vários impostos queafetavam a circulação, o colocou

em segundo lugar no índice das

rendas federais. Em 1929, ano típi-

co quase todo de prosperidade, sô-

bre a receita global de 2.201 mil

contos, a renda do impostos de

consumo, calculada em 427 mil con-

tos ficaria aquém apenas da dos

impostos aduaneiros, um milhão

de contos aproximado (reduzida a

papel a parte ouro) e superior em

cerca de 160 mil contos ao produ-to dos impostos de circulação. O

imposto direto de renda concorria

apenas com perto de 68 mil contos.

Tal situação já significava sensí-

vel transformação no regime fis-

cal da União. Os impostos alfan-

degários que representavam mais

de 50% da receita nacional durante

a monarquia e na primeira fase

da república, desciam a percenta-

gens que variavam entre 30 e 35%.

Num exercício como, por exemplo,

o de 1934, em que começava a

acentuar-se o trabalho de recupe-

ração econômica e financeira, de-

pois do "krak" do fim de 1929,

a sua percentagem sôbre a receita

total da União foi precisamente de

33%, enquanto eram de 14% e

11,50% as percentagens dos impôs-

tos de consumo e de circulação. A.

quota da arrecadação do imposto

direto de renda não alcançava 7%

da receita total. A nova guerramundial de 1939, perturbando pro-fundamente o comércio internacio-

naf! determinou, como era de espe-

rar, a queda brusca das rendas al-

fandegárias. Mas indepen dente

dêste fato, cuja análise não cabe „

aqui, o que se poderia verificar

acompanhando a curva dos tribu-

tos federais, era a tendência já bem

acentuada para relativo estaciona-

mento sdos impostos de importa-

ção e para modesta progressão dos

impostos de consumo. Como o

Brasil deixava de basear a sua ex-

portação num único grande produ-to agrícola, procurava também de-

versificar e equilibrar as suas fon-

tes de receita pública. A Consti-

tuição de 1934 não melhorou os ve-

lhos e criticados êrros da discrimi-

nação dos impostos entre a União,

os Estados e os Municípios. O queela não fez, realizaram a Consti-

tuição de 1937 e as reformas tribu-

tárias posteriores executadas pelo

govêrno.O fato marcante, todavia, na

prática da arrecadação federal, quemais de perto nos interessa no

momento, é o extraordinário au-

mento do imposto direto sôbre a

renda. Iniciada a sua arrecadação

no exercício de 1924, depois de nu-

merosas tentativas de implanta-

ção, datando desde o Império, êle

produziu naquele primeiro ano a

quantia de 17.943 contos sôbre

uma receita global superior a . .. .

1.500 mil contos. Já em 1932 a sua

arrecadação cifrava-se em 81.746

contos sôbre uma receita de 1.700

mil contos.

Da evocação dêstes algarismos

poder-se-ía, pois, afirmar que o

sistema tributário brasileiro come-

ça a seguir a orientação dos siste-

mas das grandes nações industriais

e capitalistas, isto é, basear-se prin-

cipalmente nos impostos sôbre a

renda. Mas, aí caberia indagar se

as nossas condições econômicas

permitem a breve consecução de

semelhante objetivo. Sem embargo

dos grandes progressos realizados,

em todos os campos da atividade

produtiva, somos ainda um país

pobre onde os capitais mal princi-

piam a acumular-se. Bastaria para

confirmar semelhante asserção

104 O OBSERVADOR — LXXXVIII

lembrar o baixo nível das rendas

nacionais. Em tese, n i n g u é m

discute as vantagens do imposto di-

reto sôbre a renda; alcançando ca-

da contribuinte na proporção dos

seus próprios proventos e lucros,

êle procura realizar uma forma,

sempre aconselhada, de justiça so-

ciai. Mas na prática a sua aplica-

ção intensiva pode ter tantos in-

convenientes como a de qualquerimposto indireto, maximé tratando-

se, como no caso brasileiro, já foca-•lizado acima, de um país em plenafase de transformação econômica

ou, em outros termos, em marcha

de um regime exclusivamente agro-

pecuário para um regime indus-

trial.

A política fiscal do governo tem

de obedecer a cem determinantes

diversas, procurando sempre as

melhores' formas de equilíbrio en-

tre as necessidades do Estado e do

indivíduo e a situação da eco-

nomia nacional. As condições im-

postas pela contingência trágica

da guerra tornam semelhante poli-tica ainda mais delicada. O Estado,

forçado a despesas extraordinárias

da defesa nacional, precisa duplicar

os próprios recursos. O governo,

pelo órgão do seu Ministério da

Fazenda, tem tido, neste aspecto,

reconhecidamente, iniciativas feli-

zes. A criação dos bônus de guer-ra facultativos ou compulsórios sob

a base dos impostos de renda vem

excedendo, ao que parece, a ex-

pectativa oficial. As rendas inter-

nas mantem-se em alto nível. Mas

de certo o Estado precisa exigir 110-

vos sacrifícios do contribuinte. Oaumento das taxas progressivas doimposto de renda é um alvitre jáem estudo e próximo, pois, da rea-lização. O que importa saber pre-cisamente — e naturalmente a co-missão incumbida de estudá-la de-ve chegar a conclusões positivas é

que espécies de contribuintes com-

portam tal aumento e que produzi-rá êle ao fisco. A guerra determi-nou entre nós como em toda par-te por causas múltiplas, que não

poderiam ser analisadas aqui, rápi-

do encarecimento da vida. Os queestão adstritos a salários e rendi-

mentos fixos — e esta é a formi-

dável maioria da nação, — lutam

com dificuldades crescentes ante aalta vertical dos preços de todas asutilidades. Reconhecendo isto, o

govêrno tem tomado as medidas

possíveis de controle dos mesmos.

Mas ao lado da grande maioria

que sofre em sua economia privadaas conseqüências tão facilmente

previsíveis da guerra, há a pequenaminoria que por efeito da mesma

guerra vê multiplicados sem gran-de esforço os seus proventos. Bas-

taria ver os balanços das empresas

industriais, bancos e sociedades co-

merciais de tôda espécie para se

ter idéia da sua extraordinária

prosperidade. Outro índice da con-

centração de dinheiro em mãos de

limitados grupos encontrar-se-ía

na alta vertiginosa da propriedadeimobiliária nas grandes cidades do

país, especialmente Rio de Janeiro

e São Paulo e seus arredores. Al-

tíssimos preços alcançam igual-

mente os objetos de puro luxo,

como jóias, etc. Temos freqüente-

mente a impressão de novo ensi-

lhamento. Fortunas surgem de um

dia para outro, não resistindo mui-

tas vezes ao gesto do desperdício e

da ostentação. Pela forma mesmo

com que se efetiva grande partedos lucros, provindos de especula-

ções, foge do imposto de renda.

Acontece, pois, que atingindo sem

remissão os que recebem ordenados

fixos ou rendimentos de fácil veri-ficação nas respectivas fontes, co-

mo salários de funcionários públi-cos e empregados particulares, di-

videndos de portadores de títulosda dívida, lucros de pessoas jurídi-cas verificados em balanço, o maisequitativo dos impostos acaba porpoupar involuntariamente os queconseguem multiplicar os próprioslucros, à sombra dos sacrifícios erestrições tantas vezes penosas de-correntes do estado de guerra.

Por isto mesmo, a legislação fis-cal das nações atingidas diretamen-te pela guerra ou lhe sentindo asimediatas conseqüências de ordemeconômica e financeira, procuramtomar medidas acauteladoras, indoaté a limitação dos lucros excessi-vos, que não poderiam ser explica-dos pelo surto normal dos negó-cios. Dir-se-ía que o imposto, pro-gressivo sôbre a renda serve jus-tamente para corrigir semelhanteanomalia. Aumentadas as suas ta-xas, que vão entre nós ao máximode 18%, o Estado terminaria porabsorver boa parte dos lucros, pro-vindos de situação extraordinária,concorrendo também para atenuaros efeitos da inflação e que êlemesmo é forçado. Mas qual o limi-

te de renda, nas condições atuais

de carestia de vida, acima do qual

se justificam a agravação das ta-

xas complementares ? Ademais, pa-rece que haveria sempre a distin-

guir se fosse possível entre lucrqs

e proventos, devidos, por exemplo,

à maior intensidade do trabalho

individual ou à expansão da produ-

ção essencial à vida do país em

guerra e os que resultam apenas

de circunstâncias eventuais ou de

especulações que não enriquecem

propriamente a economia nacional

ou não concorrem para a orienta-

ção de suas bases. Sente-se fácil-

mente, por exemplo, a grande di-

ferença que há para a coletividade

entre uma emprêsa industrial ou

comercial que reserva a melhor

parte dos seus lucros extraordiná-

rios em ampliar as suas legítimas

e úteis explorações e rendas no ca-

so da indústrial fabril a sua ma-

quinária — e a que os distribue em

pingues dividendo aos seus acio-

nistas para o possível esbanjamen-

to individual.

justamente porque se encontra

em caminho para a sua relativa in-

dependência econômica pelo melhor

aparelhamento das suas indústrias

básicas e pela libertação dos mer-

cados monetários estrangeiros, o

Brasil, pelos seus governos bem

orientados, só tem interêsse em

proteger a riqueza nacional, facili-

tando a formação dos capitais que

possam fomentá-la. Quando termi-

nar a guerra, êle deve chegar aos

debates sôbre a reconstrução do

mundo em condições de perfeita,autonomia tanto política como eco-

nômica e não mais como aconteceu

em 1919, na estrita e imediata de-

pendência dos mercados compra-

dores do estrangeiro ou, em outros

termos, do saldo ou do déficit de

sua balança comercial. Evidente-

mente, uma política de excessosfiscais eqüivaleria ao velho apólogoda galinha dos ovos de ouro. Daí

a delicadeza extrema, repetimos,de qualquer reforma ou inovaçãotributária. O Estado precisa au-mentar os próprios recursos, aindatão pequenos ante a imensidade datarefa que lhe cabe, sobretudo noestado de guerra. Mas estudandobem o terreno para evitar qualquermargem de iniqüidade e qualquerentrave ao desenvolvimento de ati-vidades e riquezas indispensáveis aêle próprio, como símbolo ou ex-

pressão da coletividade.

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O OBSERVADOR — LXXXVI11

Rádio Club do Brasil

na empolgante Novela

Mulher Sem Coração

Ouçam a PRA-3 e conheçam as bases do

ande concurso instituído em MULHER Edgard Carvalho,^autor de Mulher

SEM CORAÇÃO, transmitida todas

Terças e Quintas, às 13,30

990 Prêmios todos de valô

as cartas entrarão em concurso. Olga Nobre, «"«tora do "cast" de

Mulher Sem Coraçao

-3 Rádio Club do Brasil

O Maior Concurso do

"Broadcasting" Nacional

10 frascos do extrato predileto de Racilba

frascos de Água de Colônia

50 batons

frascos de Loção Fixadora

caixas de afamado Pó de Arroz

500 entradas de cinema.

C

I

106 O OBSERVADOR — LXXXVIII

Indústria da Carnaúba

OS milhares de quilômetros de

carnaubais estendidos ao longo

das várzeas que acompanham os rios

do nordeste, com uma produção ape-

nas de 11 mil e 700 toneladas de cêra,

em números redondos, e por safra,

fornecem imediatamente, a qualquerobservador, a noção do rendimento

extrativo dessa velha e rotineira in-

dústria. 4j

Para quem não esteja familiariza-

do com êsse gênero de exploração

na qual cada palmeira dá, por ano, em

dois e três cortes, apenas a média

irrisória de 130 gramas de produto,a primeira impressão é francamente

desanimadora.

A capacidade de trabalho dos nor-

destinos, a tenacidade com que en-

frentam todas as dificuldades e o he-

roismo com que sabem contentar-se

com o pouco de que fazem muito, é

que teem sido os fatores dessa rique-

za nacional que êles juntam anual-

mente, grama por grama, dentro dos

cinco estados — habitat da Copernicia

cerifera.

Teem sido essas qualidades ineren-

tes ao homem da região que fizeram

e manteem a indústria na qual é in-

significante o peso do produto cêra,

em relação ao formidável volume da

matéria prima palhas e "olhos"

uti-

lizados.

Basta pensar que, na média conheci-

da de 5 grs. por palha, a safra de 11

mil e 700 toneladas de cera provém de

dois bilhões, 340 milhões de palhas,cortadas em cerca de 90 milhões de

carnaubeiras, disseminadas numa área

imensa e sob o regime de proprieda-de em geral bastante subdividida.

Daí, aliás, é que nasceu a menta-

lidade até aqui mantida nos meios su-

periormente interessados no melhora-

mento dos processos de extração e be-

neficiamento da mais importante "cêra

vegetal do mundo, em virtude da

qual as máquinas de beneficiar, porexemplo, deveriam ser obrigatoria-

mente portáteis, sob pena de fugir às

suas finalidades.

Tomou vulto e alastrou-se a opi-nião de que a indústria da carnaúbatinha que ser forçosamente volante,

realizando-se a extração do pó, hoje

aqui, amanhã acolá, debaixo das mes-

mas palmeiras de onde tivessem sido

cortadas as palhas, ou em todo lugar

onde estas pudessem ser postas a se-car.

A opinião dos propugnadores da i e-

novação do primitivo sistema de tra-

balho, baseada na disparidade da re-

lação entre matéria prima e produto,

e no regime incontestável da pequena

indústria, foi sempre essa.

O espírito da lei federal de 1935,

que estabeleceu um prêmio de Cr$

50.000,00 ao inventor de máquina

para extrair cêra de carnaúba, foi

ainda um reflexo dessa mentalidade,

quando estipulou como uma das con-

dições do futuro invento "ser fácil-

mente transportável".

O legislador que era conhecido, nos

bastidores da Câmara dos Deputados

de então, como familiarizado com os

problemas econômicos do nordeste,

pensou, — e com êle pensou a Comis-

são de Agricultura — que a chave do

problema era um aparelho não só ao

alcance de tôda gente, mas principal-mente transportável cada dia para

qualquer lugar.

Nas capitais dos Estados produto-res, na imprensa regional, em associa-

ções e congressos mais ou menos

agrícolas, tem sido apontado sempre o

mesmo rumo para solução econômica

e industrial da questão.Os inventores que se inscreveram

como concorrentes àquele prêmio, nos

memoriais apresentados ao Govêrno,

argumentaram com tanto mais fôrça

em favor dos respectivos aparelhos,

quanto mais estes pareciam se pres-tar a êsse beneficiamento volante, tão

generalizadamente recomendado como

a forma mais prática para êsse espe-

cializado trabalho no nordeste.

E' tempo, porém, de quebrar essa

corrente da opinião e essa cadeia de

princípios que teem cercado os pro-cessos de trabalho nos carnaubais,

que há mais de um século veem serealizando numa imutabilidade semsemelhança.

A nossa indústria de cêra, rotinei-ra ou mecanizada, não pode nem deveser uma indústria volante.

As operações principais de extraire de fundir o pó, como as que lhe sãocomplemeritares ou secundárias, teem

que se realizar necessariamente numlocal determinado e fixo, como se temfeito até hoje, pelos métodos primiti-

vos, ou como se fará de agora em di-

ante, por processos mecânicos.

O transporte das palhas cortadas

para os "estaleiros" ou terreiros de

secar, ou para as futuras estufas, é e

será sempre um detalhe inevitável, do

qual, aliás, não se queixam os produ-

tores, uma vez que aí não residem

causas de perdas ou de maior encare-

cimento do produto.Êsse carregamento é, na verdade,

feito a jumento conduzido por mulhe-

res e meninos, — o animal que pro-duz, para pequenas distâncias, no ser-

tão, o trabalho mais barato do Brasil!

Além disto, admitido que a sub-di-

visão da propriedade seja regra geral,mesmo para os pequenos produtores,não cabe o argumento de que seja

conveniente andar atrás das palhas

para beneficiá-las onde elas forem co-

lhidas. Justamente estes é que teem

e hão de ter sempre um só e mesmo

local para as operações da extração e

do preparo do produto.Aproveitamos a oportunidade para

esclarecer, de passagem, que essa sub-

divisão de propriedades, na região de

carnaubais nordestinos, é bastante re-

lativa. . .

E' freqüente apenas em certas zonas

de alguns Estados como, por exem-

pio, no vale cearense do Jaguaribe,onde tôda gente tem algumas dezenas

de braças de terra ao longo do rio,

com meia légua de fundo.

Aliás, no Ceará, comenta-se comouma grande renda o fato de um pro-dutor, como o dr. Paula Rodrigues,extrair de uma só propriedade, nomunicípio de Santa Quitéria, cêrca de10 mil quilos de cêra.

Mas no Piauí, para envolver osdois Estados mais produtores, em ge-ral o regime é o da grande proprieda-de. Vinte e trinta léguas de carnau-bais estiram-se aò longo dos rios, deum único dono.

No município de Parnaiba citam-sevários proprietários que, como os srs.Sebastião Furtado e Domingos deFreitas, produzem 90 mil quilos decêra por ano, ou seja safra de cjf1.800.000,00! A mesma coisa reali-zam os srs. Almendra & Irmão nomunicípio de Livramento, quando ex-traem dos carnaubais de suas terras4 mil toneladas de cêra por ano.

Tendo em vista estar a maior parteda produção em tais condições é quese aconselha a industrialização da

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dos ve-

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III BANCO DO BRASIL S. A. 1 .

O MAIOR ESTABELECIMENTO DE CRfcDITO DO PAIS

Agendas e Sub-Agencias em todas as Capitals e principals cidades do Brasil,

III Populares (limite de Cr$ 10.000,00) 4% a. a. ( » * ? ||l

HI i/IMlTADOS (limite de Cr$ 50.000,00) 3% a. a. ( *11

HI Prazo Fixo — de 6 meses • 4% a .a.

PRAZO FIXO COM RENDA MENSAL

HI — de 6 meses 3,1/2% a. a. j||

III — de 12 meses 4,1/2% a. a. Ill

inS HI De Aviso — Para retiradas (de quaisquer quantias) mediante |||

HI — de 30 dias 3,1/2% a. a. II

I LETRAS A PRfiMIO (sujeitas a selo proporcional)

HI — de 6 meses 4% a. a. Ill

Gloria-Largo do Machado (Edificio Rosa) Madureira-^Rua^ Carvalho de

II Ttradentes — Rua Vise, do Rio Branco, 52 _ , ir»n III

'O OBSERVADOR — LXXXVIII

carnaúba, propriamente falando, isto

é, o estabelecimento de fábricas de

cera em maior ou menor escala, mas

sempre fixas.

Em grande escala, como tipo de

verdadeira uzina onde foram inverti-

dos cêrca de Cr$ 2.000.000,00, jaexiste, aliás, um exemplo que é a S.

A. Johnson & Cia., estabelecida no

Ceará, — uma iniciativa do empreen-

dedor e fecundo espírito americano,

perfeitamente dentro dos princípiosde industrialização a que estamos nos

referindo.

Note-se que os planos dessa Com-

panhia, que é filiada aos maiores im-

portadores de cêra de carnaúba do

mundo, nos Estados Unidos, assen-

tam no que se pode desejar de mais

racional em matéria de organização e

de técnica.

E foram traçados depois de um

conciencioso estudo do meio em que a

cera é produzida, pela expedição téc-

nico-científica que percorreu e obser-

vou todos os carnaubais do nordeste,

em plena época de safra.

A Companhia Johnson, segundo

seu programa de trabalhos, passada

essa fase de experimentação, está es-

tabelecendo outras usinas semelhan-

tes a que tem funcionando no Cea-

rá, em outras zonas e Estados produ--

tores de cêra, nas mesmas propor-

ções, e com os mesmos objetivos de

receber e comprar a palha como ma-

téria prima, cujo beneficiamento se-

guirá sempre a regra geral das de-

mais indústrias.

E fato ainda mais interessante, pa-

rã o ponto de vista ora abordado, é

que os extratores, aparelhos imagi-

nados e construídos para um traba-

lho volante, estão sendo empregados,

já por mais de uma centena de pro-

prietários, como maquina fixa, em ins-

talações definitivas, inamovíveis, para

o que se prestam, aliás, da mesma

forma.

As pessoas mais autorizadas, que

são os próprios e diretamente interes-

sados, manifestam assim suas prefe-

rências e demonstram que, na prática,

não é verdade que seja mais vantajo-

so e mais econômico andar benefici-

ando palha dentro do mato, em qual-

quer lugar.

As observações valiosas que teem

sido colhidas e anotadas em torno des-

sa primeira centena de extratores que

funcionam no nordeste, mostram, ao

contrário do que até então se tem di-

to, a conveniência geral de ser^ fixo

o beneficiamento das palhas da car-

nauba, mesmo quando o trabalho seja

realizado com máquinas portáteis.

São os próprios fabricantes ou in-

dustriais do sertão que teem tomado a

iniciativas das instalações fixas, des-

prezando, por exemplo, o depósito co-

letor de pó quê acompanha os extra-

tores e ligando estes diretamente a

compartimentos de alvenaria de gran-

de capacidade, quartos apropriada-

mente construídos, nos quais o exaus-

tor vai depositando o pó retirado de

dezenas de milheiros de palhas sem

interrupção de funcionamento.

Seria longo citar nominalmente os

proprietários que assim o estão fazen-

do nos principais Estados produtores,

mas como exemplo vai aqui o sr.

Francisco Mendes, de Catuana, Esta-

do do Ceará, que foi dos primeiros a

demonstrar praticamente que, mesmo

com processos mecânicos, não há con-

veniência de bateduras fora das ins-

.talações fixas.»

Tem sido e há de ser esta a tendên-

cia na indústria da cêra, nessa ou na-

quela escala, sobretudo quando se tra-

ta da racionalização dos processos em

uso que, afinal de contas, não consis-

tem apenas na extração do pó.

As operações subsequentes e que

são a separação das impurezas do pó,

a fusão, a filtração, a prensagem e o

resfriamento, exigem uns tantos cui-

dados e outros utensílios (no proces-

so rotineiro), ou outros aparelhos

(em processo racional), que implicam

numa instalação, embora pequena,

praticamente incompatível com o cará-

ter volante que se tem pretendido im-

primir à fabricação de nosso privile-

giado produto.

Pelo que deixamos exposto verifica-

se que, no tocante à extração e benefi-

ciamento da cera de carnaúba já não

mais prevalece a velha mentalidade

daqueles que defenderam o caráter

portátil das máquinas utilizadas no

trato da mais privilegiada de tôdas as

ceras vegetais. E' que o progresso, é

que a técnica veio dar razão àqueles

que propugnam a renovação dos ve-

lios sistemas empregados para a ex-

tração do principal produto da carna-

ubeira, conforme acentuamos, citando

exemplos de fábricas de cêra, fixas, e

não volantes.

BANCO DO BRASIL S. A.

O MAIOR ESTABELECIMENTO DE CRÉDITO DO PAÍS

Agências e Sub-Agências em todas as Capitais e principais cidades do Brasil,.

Correspondentes nas demais e em todos os países do mundo.

CONDIÇÕES PARA AS CONTAS DE DEPÓSITOS:

Com Juros (sem limite) f% a- a- (retiradas livres)

Populares (limite de Cr$ 10.000,00) 4% a. a. ( » » )

^IMITADOS (limite de Cr$ 50.000,00) 3% a. a. ( * )

Prazo Fixo — de 6 meses • 4% a. a.de 12 » 5% a, a.

PRAZO FIXO COM RENDA MENSAL

de 6 meses 3,1/2% a. a.de 12 meses 4,1/2% a. a.

Nota: —• Nesta conta, o depositante retira a renda, mensalmente,

por meio de cheques.

De Aviso — Para retiradas (de quaisquer quantias) mediante

prévio aviso: |§|de 30 dias 3,1/2% a. a.

—de 60 dias 4% a. a.

. — de 90 dias 4,1/2% a. a.

(Os avisos só poderão ser feitos decorridos 30 dias da data dos depósitos)

LETRAS A PRÊMIO (sujeitas a selo proporcional)de 6 meses 4% a. a.de 12 meses 5% a. a.

DIREÇÃO GERAL E AGÊNCIA CENTRAL:

Rua Io de Março, 66

— Rio de Janeiro —

AGÊNCIAS METROPOLITANAS:

Gloria - Largo do Machado (Edificio Rosa) Madurara - Rim Carvalho de

Bandeira — Rus do JVLcitosO; 12 ^ « ,•Meyer — Av. Amaro Calvacanti, 27

Ttradentes — Rua Vise. do Rio Branco, 52 _ , ir»nSub-AGÊNCIA de Campo Grande — Rua Campo Grande, 100

108 O OBSERVADOR — LXXXV1I1

A Situação do Café

ÁVIDA cafeeira do Brasil girou,

nos últimos tempos, em torno daexecução do Acôrdó realizado, emoutubro do ano passado, entre os

governos do Brasil e dos EstadosUnidos, na parte referente ao café.Em março último o nosso país só

poude exportar, dadas as conhecidas difi-culdades de transporte marítimo, 510.978sacas, o que fica muito abaixo da médiamensal necessária ao preenchimento da quo-ta a nós reservada, no Convênio Intera-mericano do Café. A maneira de equili-brar as coisas seria a execução do Acordode Outubro, firmado exatamente em virtu-de da situação criada pela guerra.

Esta necessidade era sentida por to-dos. Havia mesmo reclamações insis-tentes, neste sentido, por parte do co-mércio, se bem que os preços estivessemmantidos, dada a conhecida resolução doDepartamento Nacional do Café, que fi-xou preços mínimos para a mercadoria edeterminou que nenhuma venda fosse re-

gistrada, a não ser dentro das cotaçõesoficiais.

Aquele ambiente de espectativa foi,afinal, quebrado, na segunda quinzena demarço, em virtude de uma nota publica-da, nos matutinos de 21 daquele mês,

pela qual se comunicou ao público queos representantes americanos e brasilei-ros haviam encontrado uma fórmula

para a execução da parte cafeeira doAcordo de Outubro.

Tendo sido aquele fato o acontecimen-to maior no mundo cafeeiro, em fins demarço e durante todo o mês de abril,constitue êle, naturalmente, o objeto prin-cipal da nossa presente crônica do café.

vjjwvjhl*

Preliminarmente, precisamos explicara questão da data daquele Acordo. Acerimônia da sua divulgação verificou-sea 6 de outubro do ano passado. Foi so-Iene, tendo havido discursos do minis-tro da Fazenda e do embaixador Jeffer-son Caffery. O primeiro, referiu-se aosacordos "

que acabavam de ser assina-dos". E o segundo, aludiu, taxativamen-te, "à assinatura, hoje, dos acordos".Por êste motivo, sempre temos nos refe-rido, aqui, àquele ajuste, como sendo de6 do aludido mês. Esta data tem sidocitada por quantos se ocuparam do as-sunto. Na nota divulgada, porém, osAcordos de Outubro, e, consequentemen-te, o Acordo sôbre o café, foram dadoscomo sendo de 3 do mesmo mês. Podia

parecer simples lapso de redação. Não ofoi, porém. As notas trocadas àquelaépoca estão, efetivamente, datadas de 3,só tendo sido, porém, a sua divulgaçãorealizada, aliás, de maneira solene, trêsdias depois.

Explicada esta divergência que, segu-ramente, foi notada por quantos acom-

panham a matéria, tratemos do assunto,

propriamente dito.Segundo o discurso pronunciado em

outubro, pelo sr. Souza Costa, os ajus-

tes feitos com o govêrno americano pre-viram a compra, por parte dos Estados

Unidos, através da " Commodity Credit

Corporation", do seguinte:Primeiro — da parte da quota brasilei-

ra de café, relativa ao " ano de contro-

lei de 1941/42, que, por motivo de im-

pedimento de transporte, não pôde che-

gar aos Estados Unidos, até 30 de se-tembro do ano passado, estimada emcerca de 3.200.000 sacas, no valor apro-

ximado de 39 milhões de dólares;Segundo — de 9.300.000 sacas de café,

da quota brasileira, do " ano de contro-le" de 1942/43, aos preços vigentes, novalor aproximado de 115 milhões de dó-lares;

Terceiro — de 1.300.000 sacas de ca-cau, correspondentes a 57% da safra en-tão em curso, no valor aproximado de 11milhões de dólares;

Quarto — de 7.590 toneladas de casta-nhas em casca e 500 toneladas de casta-nhas descascadas, em Belém do Pará,e 2.500 toneladas de castanhas com cas-ca e descascadas, que se encontravamem Manaus, tudo no valor de cerca de1.300.000 dólares.

Aqueles Acordos, segundo o titular dapasta da Fazenda, tinham a finalidadede assegurar mercados e preços para osprodutos citados, mantendo o equilíbrioda produção agrícola.

Vamos deixar de lado a parte referen-te ao cacau e à castanha, para atermo-nos, exclusivamente, ao café.

O Acordo de Outubro foi provocadopela crise dos transportes marítimos.Inicialmente, quando a guerra fechou osmercados europeus aos produtos brasi-leiros de exportação, entre êles o café,os Estados Unidos, dando uma demons-tração de espírito continental, concorda-ram em dar a sua garantia a um Con-vênio firmado entre os países cafeicul-tores do hemisfério, assinado em novem-bro de 1940. Aquele instrumento assegu-rou a colocação, no mercado americano,de determinadas quantidades fixadas combase nas exportações de 1938; eliminoua concorrência pela posse daquele únicodos grandes mercados que ainda resta-vam abertos, e majorou os preços emquase 100%, dando, assim, aos produtoresuma compensação, no valor, pelas quanti-dades que não mais podiam ser expor-tadas, em virtude da guerra.

O Convênio de Washington, como faichamado, funcionou, normalmente, e comreais proveitos, durante bastante tempo.A agressão dos países do Eixo aos Es-tados Unidos e, seis meses depois, aoBrasil, veio, porém, criar uma situaçãonova. Em primeiro lugar, a guerra sub-marina, obrigando a formação de com-boios, veio diminuir o tráfego marítimo,

nas águas continentais. Por outro

lado, a navegação passou a ser res-

tringida, em virtude de terem sido

desviadas, para rotas de guerra, mui-

tas unidades que, antigamente, fa-

ziam a linha entre as Américas do

Norte e do Sul.

Com isso, o Brasil viu-se na imposs-i-

bilidade de preencher as quotas que lhe

haviam sido reservadas pelo Convênio. A

Junta Interamericana do Café, que ad-

ministra aquele instrumento continental,

viu-se na contingência de majorar todas

as quotas, afim de poder receber café

dos produtores em situação geográficafavorável, e que, por isso mesmo, ainda

podiam remeter o produto em quantida-des relativamente elevadas, para os Es-

tados Unidos.

Essa situação criava empecilhos novos

à nossa exportação cafeeira e de outros

produtos. Estando o Brasil em frater-

nidade de armas com os Estados Unidos

e tendo mesmo colocado a sua frota

mercante à disposição do esforço de

guerra comum, resolveu-se dar uma com-

pensação aos lavradores e exportadoreslDrasileiros, de sorte a manter-se o ritmonatural da nossa vida econômica.

Foi esta a origem do Acordo de Outu-bro do ano passado.

Acordo de tal natureza exigia, porém,para a sua realização, uma regulamenta-

ção complexa, tanto mais que, desde oinício, ficou estabelecido deverem ser ascompras realizadas pela

" Commodity

Credit Corporation", através das viasnormais de comércio. Quer isto dizer quedeveriam ser mobilizados tanto os ex-portadores brasileiros, quanto os impor-tadores americanos. A mobilização dosprimeiros foi fácil porque o Departa-mento Nacional do Café, pelo fato de virrealizando economia dirigida, há dezanos, tinha a organização necessária àdistribuição equitativa das quotas, nãosó pelos portos de escoamento da mer-cadoria, como pelas firmas exportadoras.Essa distribuição, aliás, já vinha sendofeita desde que se assinou o Convênio deWashington, ou seja, desde a época emque se inaugurou o regime de quotas.

A " Commodity Credit Corporation"por seu lado, preparou-se para a tarefa.Havia, porém, particularidades que eramister ajustar, como o futuro transportedas quantidades compradas, o seu ar-mazenamento no Brasil, o seguro damercadoria, a distribuição das compraspelos portos, tendo em vista os "stocks"

existentes e as qualidades, etc.Entre os representantes dos dois go-

vêrnos foi acertado, com a finalidade depôr em execução o Acordo de Outubro,o seguinte:

1; Os dois Govêrnos farão todo opossível para facilitar o embarque paraos Estados Unidos da América, do totaldas quotas estabelecidas pelo ConvênioInteramericano de Café.

O OBSERVADOR — LXXXVIll 109

tantes resoectivamente, das pragas de roi a yuuui« uC

Santos, Rio e Vitoria, para, nas bases do que nos garantiu este ajustamento de m-

acordo, organizar, com os representari- teresses, no vasto campo da batalha ec -

tes da " Commodity Credit Corporation", nomica que e, para a America, o corola-

The

I National City Bank 1

of New York

Ja instalado em sua nova sede

oferece os seus servigos em todos

os ramos bancarios, inclusive cofres

de aluguel, de varios tamanhos.

AVENIDA RIO BRANCO, 85 - 85 A

The

National City Bank

of New Yorfe

Já instalado em sua nova sede

oferece os seus serviços em todos

os ramos bancários, inclusive cofres

de aluguel, de vários tamanhos.

AVENIDA RIO BRANCO, 85 - 85 A

Fica entendido que a " Commodity Cre-

d,it Corporation" comprará o café pelos

canais comerciais estabelecidos e dentro

das normas de comércio, atualmente exis-

tentes.2. Para o ano de quota — 1941/1942,

a CCC concorda em comprar a parte do

café dos tipos consumidos nos Estados

Unidos da América integrante da dita

quota não embarcada até 30 de setem-,

bro de 1942, fixada em 2.659.279 sacas.

3. Findo o ano de quota 1941/42 que

termina em 30 de setembro de 1942, o

café comprado no Brasil, de acordo com

o item 2, poderá ser embarcado para os

Estados Unidos da América por conta da

quota 1942/1943, devendo, porém, as

quantidades assim embarcadas serem re-

postas, simultaneamente, por compra no

Brasil, de cafés da produção corrente.

4. Para o ano de quota 1942/43, a

CCC concorda em comprar cafés, dos ti-

pos consumidos nos Estados Unidos da

América, até o montante da quota basi-

ca anual de 9.300.000 sacas atribuída ao

Brasil, cujo embarque não possa ser rea-

lizado.5. As compras de café pela Commodi-

ty Credit Corporation, serão feitas f. o.

b. portos usuais de embarque, julgadossatisfatórios pela CCC, e conforme a

distribuição estabelecida para os mesmos

portos pelo Departamento Nacional do

Café, na base de preços máximos, esta-

belecidos pela Lista de preços revista N.j

50 _ (Café Crú, da Repartição de Ad-

ministração de Preços), e suas emendas,

ou na base dos preços então^ em vigor

nos Estados Unidos da América, caso

sejam inferiores. Em qualquer das hipó-

teses, serão descontados 2% para des-

pesas de manipulação e administração.

6. Sempre que houver a possibilidadede sua deterioração, o café adquirido

pela CCC, no Brasil, poderá ser vendido

no mercado brasileiro, mediante substi-

tuição, por compra, de quantidade igual.

O Govêrno Brasileiro facilitará estas

substituições de acordo com medidas a

serem combinadas com a CCC.

7. As despesas de armazenagem se-

rão pagas pela CCC, a contar de 90 dias

da data de armazenagem; essa armaze-

nagem será aprovada pela CCC e forne-

cida pelo Brasil a preços nominais ou,

no caso de armazéns particulares, a pre-

ços que não excedam os atualmente em

vigor. ; .8. Os vendedores serão responsáveis

pelas:a) entregas f. o. b. de qualquer café

comprado com garantia de compra;

b) taxas de exportação e demais des--

pesas com a colocação do café a bordo

do navio;

c) custo do seguro do café (exceto o

do seguro contra riscos de guerra), du-

rante o período de 90 dias da armazena-

gem, por meio de apólices de seguro emi-

tidas por companhias estabelecidas no

Brasil, ou por entidades oficiais brasi-

lepras aceitas pela CCC; e

d) armazenagem por um período de

90 dias, em armazéns .aprovadas pela

CCC.9. Sempre que a CCC receber o café

antes de ser embarcado, serão conven-

cionados, entre os vendedores e a CCC,

acordos mutuamente satisfatórios, que

assegurem à compradora o pagamentodas taxa se demais despesas de exporta-

ção devidas pelos vendedores ou a de-

dução definitiva destes ônus, se o café

fôr entregue à compradora para ter ou-

tro destino que não a exportação."

os tipos padrões de café e os respectivos

preços, para posterior aprovação por par-te do Govêrno brasileiro.

Aquela comissão trabalhou dias segui-dos, chegando-se a uma conclusão satis-faporia, a 28 de abril. Quer isto dizer queo mês de maio será marcado pelos ne-

gócios decorrentes do ajuste de execuçãoassinado com a " Commodity CreditCorporation".

Esta exposição mostra a importânciado ajuste de Outubro, para o mercado

cafeeiro. Durante os sete meses, de en-

tão até hoje decorridos, a exportaçãotem ficado no nível de cerca de 50% da-

quilo que seria necessário para o cum-

primento fiel do Convênio de Washing-

ton. Quer isto dizer que grandes são os" stocks" remanescentes à espera de co-

locação. Agora, contudo, as compras se

iniciaram. Embora a exportação só se

venha a fazer dentro das possibilidadesdo transporte marítimo, as vendas estão

sendo realizadas, dando-se, assim,^ vida

ao comércio e garantindo-se, através de-

le, ao lavrador, a colocação de sua co-

lheita.

Tudo isso parece e é, até certo ponto,artificial. Os preços são artificiais. E as

vendas não correspondem à exportação

imediata. Mas tal acontece, exatamente

em época anormal e graças às medidas

de defesa da produção tomadas pelo go-vêrno.

A economia cafeeira tem sido prote-'

gida porque, de outra maneira, a crise

não teria, sequer, qualificativo. Mas a

solução favorável a que, agora, nos es-

tamos referindo, não teria sido possívelse o Brasil não houvesse encontrado, por

parte dos Estados Unidos, uma com-

preensão generosa das suas necessidades

econômicas.

Foi a política de "boa vizinhança"

que nos garantiu este ajustamento de in-

teresses, no vasto campo da batalha eco-

nômica que é, para a América, o corolá-

Para a execução do ajustado, a " Com-

modity Credit Corporation" expediu o

Regulamento de Compras. O Regulamen-

to, se bem que datado de 23 de fevereiro

foi publicado a 23 de março.

Expedido que foi, o comércio, espe-

cialmente o de Santos, apresentou algu-

mas objeções. Achou que as fórmulas

propostas não atendiam, in totum, ao

desideratum de serem as compras efe-

tuadas "pelas vias normais de comércio"

e "aos preços mínimos vigentes. Havia,

pois, particularidades técnicas a ajustar.

Nisso, levou-se boa parte do mês de abril.

A 15 daquele mês, houve, no Ministério

da Fazenda, sob a presidência do sr.

Souza Costa, importante reunião, em que

tomaram parte os senhores Jayme Fer-

nandes Guedes, presidente do Departa-

mento Nacional do Café, Walter J.

Donnely, conselheiro comercial da Em-

baixada dos Estados Unidos, Henri Pro-

chet e demais representantes da " Com-

modity Credit Corporation", Eurico Pen-

teado, chefe do Escritor,io do D. N. C.

em Nova York, chamado a esta capital,

Garibaldi Dantas, da Comissão dos Acor-

dos de Washington, e João Melão, José

Mendes de Oliveira Castro e Argemiro

Hungria Machado, afim de discutir ^ a

forma de dar execução imediata ao acôr-

do de café celebrado entre os governosdo Brasil e dos Estados Unidos.

Depois de trocadas opiniões a respeito,

ficou resolvida a criação de uma comis-

são, composta dos senhores João Melão,

José Mendes de Oliveira Castro e Arge-

miro Hungria Machado, como represeri-

tantes, respectivamente, das praças de

Santos, Rio e Vitória, para, nas bases do

acordo, organizar, com os representan-

tes da " Commodity Credit Corporation",

11

/

110O OBSERVADOR — LXXXVIII

rio indispensável da batalha militar, tra-vada pela liberdade do Continente.

%

E' sabido que o acordo que agora en-

tra em execução, foi determinado peladeficiência dos transportes marítimos,

que nos impede, presentemente, de preen-cher as quotas que nos foram reservadas,

pelo Convênio de Washington, no mer-

cado consumidor dos Estados Unidos.

Mas o fato do Brasil não poder levai

toda a sua quota ao mercado americano,

produziu a escassez do café, ali, de vez

que a quota brasileira representa nada

menos de 58,49 por cento do total a ser

importado. .Três fatores têm contribuído para que

o café se torne mercadoria rara nos Es-

tados Unidos. O primeiro é a referida

carência de transportes; o segundo sao

as retiradas feitas pelo govêrno para su-

primento aos homens chamados ao servi-

ço da defesa do país, seja diretamente

nas forças armadas, seja nas fábricas de

apetrechos bélicos; o terceiro é o próprio

consumo civil, pois o café, se bem que

racionado, na base de uma libra-pêso por

cinco semanas, para as pessoas maiores

de quinze anos; tende, naturalmente, a

desaparecer dos "stocks".

A situação a que chegaram os amera-

canos, neste particular, pode ser medida

pelo levantamento das cifras referidas

às existências do produto, divulgadas

pelo " Bureau do Censo". Por elas ve-

mos que os "stocks" visíveis atingiam, a

1.° de julho de 1941, a 6.552.000 sacas. A

31 de março de 1942, data em que as

quantidades reservadas às forças arma-

das, deixaram de ser divulgadas, estavam

reduzidos a 3.752.770 sacas. E, finalmen-

te, a 31 de janeiro último, o café desti-

nado ao consumo civil, cifrava-se em

apenas 1.103.752 sacas.

Esta queda dos "stocks" visíveis, fez

com que a Junta Interamericana do Ca-fé, que administra o Convênio de Was-

hington, tomasse medidas tendentes a au-

mentar a importação e melhorar a posi-

ção dos "stocks". Isso deveria ser feitorespeitando-se, formalmente, os termosdo instrumento de 28 de novembro de

1940. A fórmula encontrada foi a já pos-ta em execução, no período anterior, ouseja, a majoração geral das quotas. Au-mentadas as quantidades, cuja importa-

ção deverá ser permitida no país, os pro-dutores que tiverem facilidades de trans-

portes marítimos poderão levar ao mer-cado americano todo o café que for pos-sível.

Com êste objetivo, resolveu a Junta, a4 de março, autorizar o embarque ante-cipado de 20 por cento das quotas bási-cas, referentes ao quarto ano de contro-le", ou seja, ao que deverá iniciar-se a

1.° de outubro próximo futuro. Comojsso riao bastasse, ainda, para cobrir to-das as probabilidades de exportação, re-solveu a mesma Junta, uma semana de-

pois, a 11 de março, majorar todas as

quotas, para 200 por cento das básicas,com vigor, porém, a partir do dia 5, ouseja, com efeito retroativo. Em virtudedisso, foi a quota brasileira, para o " anode controle", de 1942/43, aumentada para16.422.932 sacas. Todas as outras tiverammajoração Correspondente. A Colômbiaficou.com uma quota de 5.562.916 sacas,ou seja, superior à sua exportação anual,

para todo o mundo, em qualquer época

da sua história. A quota dos paises

signatários ascendeu a um total de ....

27.379.472 sacas e a quota geral, para

todos os países exportadores, foi trazi-

da a 27.953.794 sacas.E' evidente que os Estados Unidos

nunca importaram, nem poderiam impor-

tar agora, em um só ano, cerca de _ 30

milhões de sacas de café. Esta quantida-de representa o dobro de seu consumo

normal em época de paz. A conclusao^ a

que se chega, é a de que o Convênio,

praticamente já não existe. Mantem-se

apenas em teoria.Não há motivos para recriminações por

isto. Estamos em face de uma situação

anormal, provocada por uma guerra em

que tanto o Brasil quanto os Estados

Unidos estão envolvidos, com o mesmo

objetivo. A manutenção teórica do Con-

vênio já é, em si, uma grande coisa, pela

possibilidade de voltar êle a funcionarem todas as suas cláusulas e respeitadasas proporções de capacidade de produ-ção, de todos os signatários, assim quetermine o presente conflito.

Por outro lado, temos a compensaçãodo Acordo de Outubro, presentementeposto em execução, fato que restituiu aomercado cafeeiro do Brasil a sua norma-lidade.

Muitos são os aspectos sob que sepode encarar a relação existente entre ocafé e a guerra. Os econômicos, teemsido por nós já estudados. Não todos,

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lA-O 105

porém, porque o campo é vastíssimo. A

matéria pòderia ser abrangida em uma

pequena série de proposições. Assim,

por exemplo, poderíamos dizer que a

guerra prejudica aos países produtores

porque impede a regularidade das expor-

tações. Prejudica aos comerciantes e

torradores, dos mercados de consumo,

porque impede a chegada, até êles, dos

suprimentos habituais. Prejudica ao pú-blico porque o condena ao racionamentoda mercadoria. Prejudica a difusão doartigo, porque incentiva o consumo dossucedâneos ou adulterantes. Por outrolado, sabemos que o café é um produtode grande utilidade nas trincheiras, quar-téis e campos de operações. A sua falta

pôde, perfeitamente, redundar em dimi-nuição da capacidade de combater dossoldados. Alas, além disso tudoy o café

pôde também ser símbolo. A presença-ou ausência do café, em determinadasregiões, em certos centros de consumo,

pôde ser o indicio da gravidade da si-tuação militar.

" Ninguém melhor do que os america-nos do norte sentem isso. As operaçõesmilitares, a não ser as de guerra sub-marina, não atingem, diretamente, o ter-ritório continental dos Estados Unidos.As suas águas e as suas ilhas adjacentesteem sido teatro de lutas. Não, porém, oseu solo, propriamente dito. Hoje, po-rém, o norte-americano sente que estáem guerra. E sente-o porque, entre asmedidas decretadas, de restrição ao con-sumo, está o racionamento do café. Che-gou-se mesmo a traçar um paralelo en-tre a situação atual e a dos "confedera-

dos" na Guerra Civil, que dividiu os Es-tados do Sul e os do Norte, da UniãoAmericana, em meados do século passa-do. Este paralelo está muito bem traça-do em um artigo publicado, a 12 de se-tembro de 1942, pelo

"News & Obser-

ver", de Raleigh, da Caroljna do Norte,ou seja, quando ainda não havia sido de-creto o racionamento do café nos Esta-dos Unidos, que só entrou em vigor a 29de novembro seguinte. Disse aquele pe-riódico:

" Relembrando as tradições confede-radas, eu sempre digo que e6te país nãose compenetrará de que está em guerraenquanto houver abundância de café.Os americanos que combatem na Chinasabem que estão em guerra e sabe-lo-iammesmo que não estivessem constante-mente pipocando os japoneses. E' cjueali o café é escasso. O preço do café,naquele país, é de U. S. $ 150 por libra,e de oito dólares por chícara. Isso fazlembrar os preços

"confederados". Mas

ainda há outra analogia: os preços sãoexpressões em moeda chinesa, cujo va-lor, penso, pode ser comparado ao damoeda "confederada",

no terceiro ano deguerra."

Hoje, chegou-se ao ponto a que aludeo articulista. Os norte-americanos estãocom o café racionado, embora os preçosestejam controladas pelo

"Office of Pri-

ce Administration". Há falta de muitacoisa, inclusive de café e principalmentede café, entre os artigos de consumo, aque o grande público estava habituado.O solo dos Estados Unidos não se tornou

e temos a certeza de que não se tor-nará nunca, nesta guerra — em campode operações militares, propriamente di-

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O OBSERVADOR — LXXXVIll 111 J

las. Mas a escassez clo cafe faz sentir ao III III II I III II |||cidadac)^ nortc-aniericano que o pais, efe- I

I

11 |||

III

C^

'de

cafe foi criado ^

pelos brasileiros. E temos sido nos os III I I I I v*mm «¦ mm A Jk," I I I II IIIseus maiores supridores. Somos tambem ^UCSLrAKUA

aqueles que f azem com que o consumo III III 11 I /) Off 4 I III III III

all se incremente, gragas a uma inteli- I ^ JSZgE* O TdTWrU/MtGi' I

gente ~ campanha de propaganda direta, III III 11 I

III III ill

que dela seria de esperar, mas cujos I 11 I g.,Mn I JIefeitos nao poderao deixar de fazer-se No ropidez com que forem executodoi I

sentir, dentro de alguns anos. E' que, ate a% <erwicos de carregamemos « descarqajl I I I

o presente, o grande consumo se limitou aproveltamento do mqierial <odante. Ia Buenos Aires e, em proporgoes muito ,amhUS,ivei

• nomenores, a algumas cidades importantes « «onom.a "• «"bus"».« ?

das provincias. O interior, a bem dizer, aceleramento do* transporter residem I

ainda nao'se torriou III III II J

H m m

ver os argentinos transformados em I I ||| |j| j|j

grandes bebedores da rubiacea, como sao ||| ]|| ||| .————————————rvQ pmpric3.iios do ISTortc c 3.1fftins povos ^ «

europeus, estes, infelizmente, agora disj tal coisa foi que o instrumento de Was- possibilidades de colocia^gr^agas a ei -

servidos porque a guerra nao lhes deixa hington previu a retengao das sobras, vagao das quo as,^ no me ll

reclber a mercadoria. pelos paises cafeicultores da America. tados Umdos, ma^res quantidades, de-

1 o Rrasil orocedeu de acordo com sapareceu a sua concorrencia, no mcr-A afirmativa de que o merca o

^ ar- espirito

do Convenio. Os seus pregos cado argentino. Tudo o que a Venezuela

gentino de cafe e posse do Brasil, par y w^m Qpmnre os mes- vendeu a Argentina (e isto certamente,

droit de conquete", pareceu ser desmen- mini q mercado americano, em, virtude de embarques feitos nos ul-

coloci Quantidades

"anfes "aTconse- seja'para o'

que"™

m Com °cafTs ^ef^ fe,

"querendo evita'r a ret^ao d..|o- preseutou 2,45 per cento do total impor-

1 WSl ^ifqllStou pL"^ nos Lercados dlS. £sse o Em 1940, haviamos suprido 97,49 porcifra de 107.101 sacas, o que jepresentou . em 1941 colocaram tao cento das importagoes cafeeiras argen-1860 por cento das in;por^°"o grandes

quantidades no mercado argen- tinas, cifra a altura das medias anterio-nomeno venficou-se, porem, porque os :

QS caf6s brasiieiros res. Em 1941, baixamos, pelos motivesvenezuelanos fizeram o dumping do

hou;essem entrado aJ naquele mesmo explicados, para 78,22 por cento. Mas,

produto, embora fenndo o esP^to ano em quantidade verdadeiramente

41 re- em 1942, voltamos a suprir 93,50 porConvenio Interamencano do Cafe. cento,

o que demonstra o nosso predo-guerra feehou os mercado.

fern que os c<^^e4^^| S^udt)

de um mo. naquele mercado.paises Prod"to"s

stias^°colhdtas F°ca- vimento de comer'cio anormal, que, no A evoluQao das importagoes cafee.rascavam parte das suas colheitas. J^ica cemiinte

de 1942 quando a situa- argentinas, nos tres ultimos anos, poderam todos, a bem d.ze^, reduz.dos a^m no

|gumte J ^ ^mercado grande - <o dos Estados Um V

distensao da guerra as aguas .uzamos abaixo, no qual se confirma tu-

Continentej gmT oTanadi TtZB$ amerieanas - e os venezuelanos tiveram do o que acma de.xamos d,to:

tina. Nao era logico e atentava contra _=___=_=_ ==—===—==============!========!^^-o espirito daquele instrumento continen-

tal que os paises;i produtores fossem ofe- ANO Total Brasil % Venezuela %

recer em outras' pragas americanas^ o

cafe, a pregos inferiores aos defendidos ~~

em Nova York, por todos os signatarios 423.414 412.787 97,49 0,00

e com a aquiescencia dos consumidores. ^

375.895 450.488 78,22 107.101 18,60

Seria uma deslealdade para com os de- 1942/. ........ 385.284 360.245 93,50 9.442 2.45

mais paises signatarios e para com os ——^ ======:proprios Estados Unidos. Afim de evitar """ """ "" ""

O OBSERVADOR — LXXXVUI

Ias. Mas a escassez do café faz sentir ao

cidadão norte-americano que o país, efe-tivamente, está empenhado em uma luta

armada de grandes proporções.E o mais doloroso é que tal escassez

se verifica, quando nadamos em oafé quenão podemos exportar por falta de trans-

porte. E' a guerra.

E S CARGA

feáo&J-e (y idtfo&le/ma, '

possibilidades de colocar, graças a eie-

vagão das quotas, no mercado dos Es-

tados Unidos, maiores quantidades, de-

sapareceu a sua concorrência, no mer-

cado argentino. Tudo o que a Venezuela

vendeu à Argentina (e isto certamente,

em, virtude de embarques feitos nos úl-

timos dias de 1941 e que ali chegaram

em 1942) foram 9.442 sacas, o que re-

presentou 2,45 por cento do total impor-

tado.Em 1940, havíamos suprido_ 97,49 por

cento das importações cafeeiras argen-

tinas, cifra à altura das médias anteno-

res. Em 1941, baixamos, pelos motivos

explicados, para 78,22 por cento. Mas,

em 1942, voltamos a suprir 93,50 porcento, o que demonstra o nosso predo-mínio naquele mercado.

A evolução das importações cafeeiras

argentinas, nos três últimos anos, podeser vista do pequeno quadro que orga-

nizamos abaixo, no qual se confirma tu-

do o que acima deixamos dito:

V enezuelaBrasilTotal

D

112 O OBSERVADOR — LXXXVI1I

Serviços Hollerith S. A

(Instituto Brasileiro de Mecanização -- I. B. M.)

RELATÓRIO DA DIRETORIAI

Senhores acionistas:i}

Vimos submeter à vossa apre-

eiação as principais ocorrências de

ordem técnica e administrativa,

bem como os resultados financeiros

e o balanço geral minucioso e de-

talhado referente ao exercício en-

cerrado a 31 de janeiro de 1943,

acompanhado do parecer do Con-

selho Fiscal.

PRESIDÊNCIA

Esteve afastado várias vezes da

suprema direção de nossa OrganiJ

zação o presidente, sr. Valentim

F. Bouças.

Os encargos de ordem técnica,

decorrentes do exercício de fun-

ções de confiança, atribuídos peloGoverno da República, motivaram

a ausência, por períodos prolonga-dos, do sr. Valentim F. Bouças.

Além do cargo de secretário do

Conselho Técnico de Economia e

Finanças, o sr. Valentim F. Bouças

passou, também, a desempenhar,

em virtude de nomeação pelo sr.

Presidente da República, as fun-

ções de diretor executivo da Co-

missão de Controle dos Acordos de

Washington e de membro da Co-

missão Organizadora das Confe-

rências Financeiras, criadas pelodecreto n. 9.610, de 9 de junho de

1942.

Pelos colegas da Comissão Orga-

nizadora das Conferências Finan-

ceiras foi também distinguido o sr.

Valentim F. Bouças tendo sido

eleito vice-presidente da mesma.

Exerce ainda as funções de presi-dente da Comissão Brasileira da

Câmara de Fomento Inter-Ameri-

cano.

E' para nós motivo de júbilo esatisfação verificarmos o reconhe-

cimento pelos poderes públicos, emvários atos de marcante reper-cussão, das qualidades excepcionaisdo nosso dirigente máximo.

A opinião clara que norteia sem-

pre os seus pareceres de ordem

técnica já lhe grangearam títulos

de alta benemerência, como a no-

meação para diretor executivo da

Comissão de Acordos de Washing-

ton, considerada de relevante ser-

viço prestado ao País.

Acostumados ao ritmo acelerado

de trabalho que o dinamismo do

sr. Valentim F. Bouças sabe im-

primir a todas as iniciativas em

que colabora, e conhecendo em to-

da sua plenitude a notável capa-

cidade de trabalho de que é dotado,

temos absoluta segurança e certe-

za que mais uma vez será de êxi-

to indiscutível a sua colaboração

com os poderes governamentais.

Inúmeras viagens realizou o sr.

Valentim F. Bouças a serviço dos

superiores interesses nacionais, co-

mo integrante de comitivas oficiais.

Visitou os vales do Amazonas e

do Rio Doce realizando estudos eobservações tanto na longínqua

Manaus como na grandiosa zonado Cauê.

Registando a ausência, por lon-

gos períodos, do nosso presidente,não poderiam deixar de prestar,como prestamos, a homenagemmerecida ao seu esforço construti-vo e merecimento indiscutível, noconsenso unânime dos bons pátrio-tas.

i

VICE-PRESIDÊNCIA

Os serviços da vice-presidênciaforam sobremodo acrescidos duran-te o ano social.

Em obediência às prescrições es-tatutárias em vigor, foi atribuida àVice-presidência a Superintendên-cia dos trabalhos, tanto da partetécnica como da parte administra-tiva.

Várias foram as sugestões parti-das do sr. vice-presidente, aprova-das pela direção.

Destacam-se as seguintes cria-

ções:

1. Divisão Técnica;2. Superintendências especializa-

das;

3. Departamento de Controle;

4. Departamento de Pesquisas eDivulgação.

A Divisão Técnica, estamos cer-

tos, foi uma criação feliz e em boa

hora realizada.

Para caracterizar a importância

da Divisão Técnica lembramos que

uma série de atribuições foi confe-

rida e delegada, e de tal importân-

cia que exigiram a criação de um

cargo de Diretor Geral.

As superintendências especializa-

das, com funções de ordem técni-

ca, são, também, colaboradoras da

direção da nova Divisão.

Os dois novos departamentos

com trabalhos eficientes estão com-

provando o acerto da sua criação.

INTERNATIONAL BUSINESS

MACHINES

A nossa Organização brasileira é

grata à Diretoria da nossa repre-

sentada americana à International

Business Machines, fabricante dos

equipamentos eletro-me c â n i c o s"International",

os quais, como le~

gítima expressão da própria mar-

ca, são universalmente conhecidos.

A sua implantação no Brasil há

mais de 25 anos, quando represen-

tada pessoalmente pelo sr. Valen-

tim F. Bouças, começando por on-

de começam os verdadeiros lutado-

res, venceu todos os obstáculos, des-

ta natureza, conquistando, passo a

passo, a confiança dos homens pú-blicos e dos dirigentes de grandese pequenas empresas.

Para atingir a êsses resultados,a nossa representada jamais faltouaos seus compromissos para com oBrasil. Não somente isto: excedeu-os leal e expontaneamente, conser-vando em nosso País os seus re-cursos financeiros, inver tendo,constantemente, parte deles na in-trodução aqui, dos seus métodoseducativos, capazes de transformarrotinas de trabalho e aumentar, noBrasil, o coeficiente de técnicos es-tatísticos.

Não é somente no campo da

preparação técnica que al. B. M.coopera para o engrandecimento donosso país. Em todos os movimen-tos que interessam a vida nacio-nal, ela se manifesta com a sua ex-

O OBSERVADOR — LXXXV1II 113

periência e concurso econômico,

como temos tido ocasião de verifi-

car inúmeras vezes.

Os nossos esforços teem sido

compreendidos e recompen s a d o s

com a crescente colaboração da

nossa representada, e isto o paten-

teamos nestas linhas, com a refe-

rêneia especial de Mr. Thomas J.

Watson que alia a um grande pa-

triotismo o título de verdadeiro

cidadão das Américas.

Idealista, com a visão larga dos

problemas pan-americanos, Mr.

Thomas J. Watson, que foi um dos

precursores do bom entendimento

entre as Américas, vem se dedican-

do no sentido de uma maior coope-

ração entre os países deste hemis-

fério.ESTATUTOS

Duas foram as assembléias ex-

traordinárias realizadas durante o

exercício.

A primeira em 30 de maio e a se-

gunda em 30 de julho.

A iniciativa das duas reuniões

partiu de nós.

Como é do conhecimento de VV.

ssl srs. acionistas, na assembléia

de maio foi debatida a reforma do

estatuto social, tendo sido consa-

gradas várias sugestões julgadas

úteis e convenientes.

Na reunião extraordinária de

julho, a assembléia, como sempre

no uso e goso de sua soberania,

procedeu a eleição dos componen-

tes do corpo de Diretores Técnicos,

elegeu um membro do Conselho

Fiscal e seu respectivo suplente.

Obedecendo às determinações le-

gais divulgadas com oportunidade

as decisões tomadas.i

DEPARTAMENTO DE

EDUCAÇÃO!

O nosso Departamento de Edu-

cação, já tradicional pelos serviços

que vem prestando à mocidade es-

tudiosa da Capital e de vários Es-

tados da União, que aqui aportam

para frequentá-lo, teve, nesse exer-

cício, além do funcionamento regu-

lar de seus cursos, a criação do

Curso de Economia e Finanças"Valentim F. Bouças".

Esse curso teve em seu primeiro

ano 89 alunos, recomendados, em

sua maioria, pelos presidentes de

Institutos para-estatais, chefes de

serviços de vários ministérios e

quatro indicações de interventores

federais e mereceu, em junho, a

insigne honra de receber do sij.

Reitor da Universidade do Brasil o"

mandato universitário" — pri-

meira distinção concedida a estabe-

lecimento de curso particular em

nosso país.

Os diplomas do Curso de Eco-

nó mia e Finanças "Valentim F.

Bouças" são concedidos pela Uni-

versidade do Brasil e assinados •

pelo sr. Reitor.

Seria já fastidioso enumerar os

dados estatísticos de freqüência;

queremos, entretanto, agradecer ao

corpo docente e aos discentes, a

inestimável cooperação e estímulo,

tanto nos cursos de "Economia e

Finanças" e de "Contabilidade

como nos cursos de "Brasilidade"

e de "Enfermagem" além dos de-

mais anteriormente criados e man-

tidos, como os de "Perfuração",

"Secretariado", "Arquivo", Opera-

dores", "Mecanização", "Organi-

zação", "Administração", e os de

"Mecânica" aplicada aos equipa-

mentos "International".

PESSOAL

Expressando o nosso agradeci-

mento ao pessoal da Organização

não destacaremos nomes. Todos

foram dedicados e leais.

Desejando ampliar sempre os

serviços de assistência aos funcio-

nários, devemos declarar que esta-

mos cogitando do aumento e des-

dobramento de vários trabalhos de

assistência social.

Para servir à Pátria, cumprindo

os deveres e obrigações cívicas, fo-

ram convocados 22 auxiliares.

Com pezar devemos registar^ a

perda da colaboração, por motivo

de falecimento, do nosso antigo di-

retor sr. Arthur Thomaz Coelho,

velho companheiro de trabalho.

Temos a lamentar, também, a

morte dos auxiliares Roberto Oli-

veira da Veiga e Eduardo Alexan-

dre Baumann, vítima do bárbaro

torpedeamento por submarinos ini-

migos de navios nacionais, quando

em serviço ao longo de nossas cos-

tas.

MOVIMENTO FINANCEIRO

Devemos finalmente dizer algo

aos senhores acionistas sobre os re-

sultados financeiros do exei cício

que ora se encerra.

Os números do nosso balanço são

expressivos. O valor das suas con-

tas financeiras ativos atinge a ci-

fra de Cr$ 31.609.562,10 contra

Cr$ 29.101.913,80 do exercício an-

terior, isto é, apresentam essas

contas um acréscimo de Cr$

2.507.638,30.

Participam desse acréscimo no

ativo Cr$ 1.011.139,10 de conclusão

das obras e melhoramentos no Edi-

ficio Hollerith e Cr$ 732.984,20 de

aumento de 1.200m2 da área útil do

edifício I. B. M. e ajardinamento

dos terrenos contíguos.

Para aquele total ativo temos no

passivo Cr$ 25.787.651,20 de con-

tas exigíveis e de resultado pen-

dente, dos quais, Cr$ 5.350.319,10

são a curto prazo.

Êsses créditos a curto prazo, são,

entretanto, cobertos com um ativo

a curto prazo de Cr$ 10.346.758,70,

dos quais temos Cr$ 1.379.979,80

em caixa e bancos, Cr$ 6.135.550,10

em contas a receber de clientes,

sendo o excedente, letras e contas

correntes diversas.

Se, porém compararmos, englo-

badamente, as contas ativas ^

com

seus valores moveis e imóveis, e

as passivas a curto e a longo pra-

zo, verificaremos que aquelas mon-

tam a Cr$ 31.123.333,40 e estas a

Cr$ 24.547.097,50, sendo a dife-

rença de Cr$ 6.576.235,90 repre-

sentada, em grande parte, pelas

contas de capital e reservas, ou

sejam Cr$ 5.821.910,90 que, 110

exercício anterior, acusavam Ci$

5.645.076,40.

As contas de receita e despesa

somaram Cr$ 15.270.413,50 e Cr$

14.355.541,60, sendo os lucros lí-

quidos deste exercício de Cr$ ....

914.871.90, contra Cr$ 750.589,80

no período anterior.

Ainda com referência às reservas

para garantia de capital e dividen-

dos e as de renovação de bens

imóveis e indenizações de leis so-

ciais, devereis notar | que foram

acrescidas neste ano de Cr$

176.834,50, elevando-se. agora, a

Cr$ 821.910,90, o que bem demons-

tra a crescente solidez do nosso

patrimônio.

Do referido lucro de Cr$

914.871,90, deduzidas a reserva de

capital e a destinada ao imposto de

lenda, já separadas na demonstra-

ção da conta Lucros e Perdas, res-

114 O OBSERVADOR — LXXXV1II

SERVIÇOS HOLLERITH S. A.

Matriz e Filiais

BALANÇO GERAL EM 30 DE JANEIRO DE 1943

17.184.949,30

1.379.979,80

ATIVOImobilizado

Imóveis, ¦Edifício Hollerith, à avenida Graça Aranha n.° 182: Edifício IBM, à rua Jaraguá, n.° 28; prédio

à rua Jaraguá n.° 38; terrenos nas ruas Jaraguá, Alegria, Praça Natividade Saldanha e rua ^Pompeu Loureiro oni '9711'in

Títulos da Dívida Pública cn nnn'nnAções — Cia. Siderúrgica Nacional ' '

Mobiliários & Instalações:Móveis & UtensíliosInstalações — Filiais *' ¦Biblioteca 107.409,60Veículos 15.700,00

1.451.697,80Menos: Reserva para Depreciação 732.484,30 719.213,50

Direitos & PrivilégiosDireitos Exploração Patentes 2.980.000,00

Disponível "Dinheiro em Caixa e em Bancos

Realizavel *a) Curto Prazo,

Letras a receber 2.580.910,00Contas a Receber de Clientes 4.942.369,70Contas de Serviços a Extrair 1.193 . 180,40Devedores Diversos 250.318,80 8.966.778,90

b) Longo Prazo, ~ —

Letras a Receber 67.490,00Cia. Nacional de Máquinas Comerciais 544.135,40Valentim F. Bouças c/Especial 2.980.000,00 3.591.625,40

Contas de Resultado PendentePrêmios de Seguros Adiantados 33.482,80Adiantamentos para Despesas 15.890,30Depósitos em Garantia 22.040,60Gastos com Serviços em Execução 216.803,90Diversas Contas em Suspenso 296.463,10Menos: Reserva para Duvidosos 98.452,00 198.011,10

Contas de CompensaçãoAções Caucionadas ^30.000,00Títulos Caucionados 40.000,00Contratos de Serviços 29.261 .284,10Bancos, Valores Caucionados e Outras Responsabilidades 5.479.528,40

Total Geral do Ativo

12.558.404,30

486.228,70

31.609.562,10

34.810.812,50

66.420.374,60

„ PASSIVOExigívela) Curto Prazo,

Contas a Pagar de Fornecedores 187.913 50Contas Correntes Diversas 291 355 60Títulos Descontados 2.150.000,00Despesas a Pagar 393.919,70.Bancos — Créditos em Contas Garantidas 2.327.330,30 5.350.519 10

b) Longo Prazo,Credores Hipotecários,

Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários 4 877 449,30Valentim F. Bouças cjEspecial

Contrato Exploração Patentes 2 980 000 00Cia. Representada,

I. B. M. Co. of. Delaware c/Arrendamento 11.339.129,10 19.196.578,40 24 547 097 50Não Exigível

ft,; 5.000.000,00Para Garantia do Capital 9í;l ror HnPara Garantia de DividendosPara Renovação Bens Imóveis 1 '

7f 7'nftP.ra Indenização Leis do Trabalho " li" ! 1!!!!!!!!!! ^ "

I """J

r::;";;;;;;; 103:302:90 821.910,90 5.821.910,90Contas de Resultado Pendente

Provisões,Para Imposto a Pagar rAO ~nPara Quotas de Previdência IAPC e LBA... rraris/inPara Juros Bancários o, ,fo'lnPara Auditores . . V *

; ' ';

! ;' ' ' ¦ ]

' ; ; 7

21 ¦Para Aluguéis Equipamentos IBM oo'Para Comissões Deferidas

r k v 155.620,40 426.317,70Lucros oi PerdasSaldo desta Conta 814.236,00 1.240.553,70

Contas de Compensação 31.609.562,10Caução da DiretoriaTítulos em Cauição 30.000,00Serviços Técnicos Contratados 40.000,00Valores Caucionados e Responsabilidades Diversas 29.261.284,10

5.479.528,40 34.810.812,50Total Geral do Passivo

66.420.374,60

Victor Coelho Bouças, presidente em exercício. — José Gomes Coimbra diretor /Intnnln Cnnr m ,— César Cantanhede, diretor. — José Cupertino da Silva, contador, registo n.°29.930. Oliveira Majra, diretor. — P. V. Tavares de Lyra, diretor

O OBSERVADOR — IX XXVIII 115

tam Cr$ 814.236,00 cios quais de-

vereis determinar o "quantum"

para a distribuição de dividendos.

Outrossim, permitimo-nos sugerir

para este exercício uma quota de

15% como melhor recompensa do

capital, passando-se o excesso de

Cr$ 64.236,00 para a conta de re-

serva para garantia de dividendos

que, deste modo, se elevará para

Cr$ 365.491,20, capaz de suportar

as eventualidades do momento queestamos atravessando.

Esperando a aprovação do ba-

lanço geral, bem como dos atos e

contas da administração relativas

ao exercício ora encerrado, lembra-

mos aos senhores acionistas a elei-

ção do Conselho Fiscal e suplentes

para o próximo ano social, e a fi-

xação da remuneração aos mem-

bros efetivos do mesmo Conselho.

Rio de Janeiro, 18 de .março de

1943. — Assinados: Victor Coelho

Bouças, presidente em exercício.— José Gomes Coimbra, diretor. —

Antonio Carlos de Oliveira Mafra,

diretor. — P. V. Tavares de Lyra,

diretor. — César Cantanhede, di-

retor. í

SERVIÇOS HOLLERITH S. A.

Demonstração da Conta Lucros e Perdas

CRÉDITO Cr$

Renda de Serviços

Renda de Comissões

Renda de Imóveis

Rendas Diversas

DÉBITO

Despesas Gerais

-- ; 589.269,60Comissoes ' •;

Honorários da Diretoria e Conselho Fiscal. Vencimentos e Gratificações ao Pessoal 6.567.555,00

Quotas de Previdência I.A.P.C. e Legião Brasileira de Assistência 239.177,60

_ 0 . . ,T. 838.353,60Despesas Sociais, Viagens e Locomoção

.. „ t n i~ 3.006.109,60Alugéis de Equipamentos e Cartões

Aluguéis, Papelaria e Material de Expediente ^ ' 131.543,40

Outras Despesas Gerais

Impostos

Juros e Despesas Bancárias

Amortizações e Depreciações Diversas

Reservas e Fundos Especiais

Reserva de 5% sôbre Cr$ 914.871,90 de lucros do exercício, para garantia do Capital 45.743,60

Reserva de 6% sôbre Cr$ 914.871,90 idem, para Imposto de Renda 54.892,30

Saldo a ser aplicado como for determinado pela Assembléia Geral Ordinária

7.849.548,10

6.744.920,00

497.190,10

178.755,30

15.270.413,50

13.136.138,50

296.964,80

305.091,40

617.346,90

I

14.355.541,60

100.635,90

814.236,00

15.270.413,50

Viciar Coelho Bouças, Presidente em exercício. - Josi Gomes Coimbra, Diretor. - Antonio Carlos de Oliveira Mafra, Diretor

-P. V. Ta,ares de Lyra, Diretor. - C-esar Cantanhede, diretor .-José Çupertino da Silva, contador, registo n. 29.930

116 O OBSERVADOR — LXXXVIII

PARECER DO CONSELHO FISCAL

Sobre o Relatório, Balanço, Contas e Atos da Diretoria, referentes ao exercício de 1942, encerrado em 30 de Janeiro de

1943.

Senhores Acionistas :

No fiel desempenho dos nossos deveres e atribuições legais, efetuamos, durante o exercício ora encerrado, quatro exames

periódicos nos livros e documentos da Sociedade, conferindo os seus valores em cobrança, e lançando, neste livro competente,

os termos dessas verificações.

Os trabalhos da Sociedade, executados metodicamente, por funcionários capazes e dedicados, muito facilitaram a nossa

missão. Verificada a boa ordem, a clareza e a regularidade de seus serviços, bem como as altas finalidades das determinações dos

sevis administradores, levam-nos a propor aos senhores acionistas a aprovação do Balanço, Atos e Contas da Diretoria, na pro-

xima Assembléia Geral Ordinária, bem como a recomendar a aprovação na mesma Assembleia da distribuição do dividendo de

15% proposto pela Diretoria, em seu Relatório e a sugestão do destino a ser dado ao remanescente dos lúcios do exeicicio.

Rio de Janeiro, 18 de março de 1943. — Adalberto Darcy. — Aritonio Ferraz. Jack. O. Tebyriçâ. /llberlo Braga Iuce.

International Business Machines

Co. of Delaware

h BRINDO espaço para a publi-JTÍ- . cação do Balanço Geral da In-

ternational Business Machines Co.

of Delaware, filial do Brasil, en-

cerrado a 31 de dezembro do ano

findo, desejamos precedê-lo de al-

guBas considerações que julgamosnecessárias para um mais amplo

conhecimento dos nossos leitores a

respeito dessa organização que tem

os seus serviços acreditados em

mais de oitenta países, distribuidos

por todos ¦ os continentes. Os prés-timos da International Business

Machines são utilizados não só pe-Ias mais progressistas organizações

particulares, mas também pelosserviços públicos e órgãos paraes-tatais, o que é recomendação mais

do que suficiente a ilustrar a sua

larga folha de ofícios.

O Brasil, há mais de vinte e cin-

co anos, é um dos países servidos

pelos equipamentos e pelos recur-

sos da International Business Ma-

chinês Co. of Delaware, aqui re-

presentada pela Serviços Hollerith

S. A., de quem divulgamos, nas

páginas anteriores, o Relatório da

Diretoria, Balanço, Demonstração

das contas de Lucros e Perdas e

respectivo Parecer do Conselho

. Fiscal.

Na sua prestação de contas a

Hollerith fez mençã-o aos serviços

da I. B. M. e aqui, neste breve

comentário, desejamos reafirmar

tais referências. A International

Business Machines é fabricante dos

equipamentos eletro-me c â n i c o s"International",

universalmente co-

nhecidos. A sua implantação no

Brasil, ocorrida há mais de vinte e

cinco anos, quando era a organiza-

ção americana representada pes-soalmente pelo sr. Valentim F.

Bouças; o ponto de partida dos

trabalhos da I. B. M. em nosso

país foi assinalado pelos árduos

trabalhos e esforços exigidos sem-

pre para o credenciamento de uma.inovação, especialmente q u andoesta inovação está destinada a de-sempenhar um vasto papel socialna vida do homem e da sociedade.A implantação entre nós dos apare-lhos

" International", desde que

aqui chegou o primeiro equipamen-to, foi tomada como uma religião,

quase, dada a fé que neles deposi-tava o homem que havia assumido

perante a grande organização aresponsabilidade de dar ao Brasilmais êste utilíssimo recurso da téc-nica moderna. Assim, a I. B. M.nasceu no Brasil e viveu como nas-cem e vivem os lutadores e hoje aíestá cobrindo uma vasta senda nodesenvolvimento acelerado do nos-so país, marcando no panoramageral da nossa vida de hoje um pa-pel de inestimável importância,através dos Serviços Hollerith S. A.

Afirma o relatório da Serviços

Plollerith S. A. : "Para

atingir a

esses resultados, a nossa represen-

tada jamais faltou aos seus com-

promissos para com o Brasil. Não

somente isto: excedeu-se leal e es-

pontaneamente, conservando em

nosso país os seus recursos finan-

ceiros, invertendo, constantemente,

parte deles na introdução, aqui,

dos seus métodos educativos, capa-

zes de transformar rotinas de tra-

pilho e aumentar, no Brasil, o

coeficiente de técnicos estatísticos.

Não pára aí, porém, a cooperação

da I. B. M. para o engrandeci-mento do país. Ela se manifesta,

sempre, em todos os movimentos

que interessam à vida nacional,com a sua experiência e o seu con-curso econômico.

Não devemos porém fechar estaslinhas sem algumas palavras a res-

peito de Mr. Thomaz J. Watson,

que tem sido um legítimo precur-sor no bom entendimento entre os

povos americanos; freqüentemente,através de declarações, de apôioa iniciativas culturais e científicas,dá provas do seu esforço em prolda boa-vizinhança posta no pontonão apenas idealista, mas sobretu-do no da realidade da prática. Mr.

1 homas J. W atson tem direito,

por todos estes títulos, a ser umlegítimo Cidadão da América.

O OBSERVADOR — LXXXVIIl 117

International Business Machines Co. of Delaware

Filial do Brasil — Sede: Rio de Janeiro

BALANÇO GERAL EM 31 DE DEZEMBRO DE 1942

ATIVO

Imobilizado:. . .... 463.073,80Maquinismos. . . 191.465,30

Móveis e Utensílios 86.596,30Veículos 165.152',70Ferramentas 95.644,40Quadros e Objetos de Arte 202.889,00Instalações • • 43.051.269,70Equipamentos International

44.256.091,20^ 28.068.276,10 16.187.815,10

menos: Reserva para Dcpreciaçao

Apólices e Obrigações 4.055^00 11.861,90 16.199.677,00Ações e Títulos

D,ÍPON,V,!l! 3.472.116.00

The National City Bank of New York

Realizavel:

Contas a Receber:1 ti , ,, , 18.880.771,90

Contas de Clientes a Receber 490.500,00Letras a Receber 455,00Juros a Receber 2.331.343,90 21.703.070,80Devedores Diversos

Inventário2.679.387,70

Matéria Prima 483.943,00Mercadorias em Trânsito 686.817,60Peças 1.001.139,00 QnMercadorias em Estoque 433.186,70 5.284.474,00 26 .987.o44,80Material de Consumo. ..

Contas de Resultado Pendente:11.307,60

Seguros e Impostos Adiantados ' 35.040,00

SSSEf *

: '• '• '¦ '• '¦ '•

¦ '•

• '¦ '• '•'• '¦ '¦ '¦ '•¦;^ ^•;:;; '¦::::: I23-005'40

Adiantamentos para Despesas

Contas de Compensação:27.406,20 M C07 sn

c0nsignat/i rios ••_• ; ¦• • •;;;;;;;;;;;;;;; 425.117,60

452.523,80Bancos c/Cobrança 47.234.867,00

Total do Ativo

PASSIVOExigivel:

Contas a Pagar:108.224,40

Contas de Fornecedores 970.137,50 1.078.361,90Credores Diversos

' International Business Machines:

Corp. —New York: J.Sifesl 17.361.054,90 18.439.416,80

Saques a PagarConta de Movimento

Não Exigivel: 786.700,00

Capitai...." — 619.287,20 1.405.987,20Reserva para Garantia do Capital

Contas de Resultado Pendente:

Provisões:397.764,90

Para Imposto de Renda 4.467.091,70Para Comissões a Pagar 12.500,00Para Auditores 33.933,50Para Diferenças de Câmbio 61.624,10 Q_. qu ,nPara Clientes Duvidosos. 2.000,00 ,

Para Convenções e Prêmios

Lucros Acumulados gg2 025,00

Saldo desta conta(Exercícios de 1934 a 1942)

Contas de Compensação:„ . - 27.406,20 452.523,S0

Mercadorias cm Consignaçao 425.117,60 Valores em Cobrança 47.234.867,00

Total do Passivo

tv , ^ Lincoln Costa, Contador, registo n. 36.356

Valentim F. Bouças, viçe-Presidente e Diretor Geral

-V.

118 O OBSERVADOR — LXXXVIll

International Business Machines Co. of Delaware

Demonstração de Lucros e Perdas

DÉBITO Cr$

Despesas Gerais :

Donativos 105.735,00

Comissões 6.734.640,50

Despesas Sociais 160.622,90

Ordenados 801.622,80

Despesas de Viagem 142.017,60

Aluguel 401.600,00

Papelaria e Material de Expediente 36.169,30

Propaganda 43.892,30

Despesas de Vendas 474.018,90

Conservação Mecânica 1.516.781,20

Fretes e Carretos 166.549,20

Prêmios de Seguros 75.606,00

Despesas Legais 141.377,90

Telefones, Telegramas e Selos Postais 99.014,80

Diversas Despesas Gerais 852.762,80 11.752.411,20

Impostos Diversos 191.770,50

Imposto de Renda (diferença do exercício de 1941) 51.760,00

Juros e Despesas Bancárias 14.678,20

Amortizações e Depreciações Diversas:

Depreciação de Móveis e Utensílios 42.884,10

Depreciação de Veículos 16.975,30 59.859,40

Descontos a Vista

Reservas: »

Para Garantia do Capital 291 811 80Para Imposto de Renda 397 75490Para Clientes Duvidosos.

?Para Auditores

Para Convenções e Prêmios

Saldo do exercício anterior.

Vendas Bruta de Mercadorias g gg7 302 90menos: Custo de Vendas 4 332 564 00

Renda de Equipamentos International 21 180 593 80menos: Depreciação de Equipamentos 5 470 706 20

2.534.738,90

15.709.887,60

Rendas Diversas

Diferenças em Câmbio.

23.255,80

26.304,10 .

12.000,00

24.000,00 751.880,80

Saldo disponível para o exercício seguinte (acumulados no Brasil e não transferidos) 21 962 025,00l

CRÉDITO34.807.640,90

16.417.601,50

77.419,70

67.993,20 18.390.039,40

Valcntim F. Buoças, vice-presidente e diretor geral .-Lincoln Costa, contador, registo n. 36.356

34.807.640,90

O OBSERVADOR — LXXXVIII 119

Companhia Siderúrgica Nacional

Relatório da Diretoria, correspondente ao ano de 1942, a ser

apresentado à Assembléia Geral Ordinaria

Srs. Acionistas. (

As vicissitudes que assinalaram o ano

de 1942 não podiam deixar de causar sé-

rios embaraços a empreendimentos que,

como os da nossa Companhia, excedem

as proporções das iniciativas de maior

vulto em nosso pais. Nao obstante, ao

apresentar aos srs. acionistas, na forma

da lei e dos estatutos, as contas da Di-

retoria no exercício findo, apraz-nos afir-

mar que as atividades da Companhia se

desenvolveram satisfatoriamente, re.ali-

zando-se o programa de trabalho pre-visto. i

As contas que oferecemos ao exame e

deliberação dos srs. acionistas atestam

o ritmo progressivo das obras de cons-

trução da usina e o aumento da cadên-

cia de entrega e transporte dos equipa-

mentos encomendados nos Estados Uni-

dos. E antes de passarmos a relatar a

marcha dos negócios sociais nesse perío-do, desejamos tranquilizá-los quanto à

dúvida que naturalmente a todos ocor-

re, sôbre o transporte desses valiosos

equipamentos através os mares infesta-

dos de submarinos inimigos. Sem pre-

tender atenuar os riscos que corremos,

devemos registrar o fato de que era

mais de 21.000 toneladas recebidas ate

agora dos Estados Unidos somente per-

demos 322 toneladas de refratários e 25

toneladas e meia de peças diversas^ de

equipamento, que aliás não retardarão a

marcha das nossas instalações.

As conseqüências da guerra, com todos

os ônus que esta provoca, cr,iaram-nos,

porém, novos encargos financeiros, que

nos primeiros meses de 1942 já se esbo-

çavam, notadamente em relação aos fre-

tes e aos seguros marítimos e de guerra.

No relatório que submetemos à apre-

ciação dos srs. acionistas em 25 de mar-

ço do ano passado, assinalamos a reper-

cussão dessas circunstâncias de todo

excepcionais sôbre o custo dos^ materiais

a importar, assim como dos próprios ma-

teriais de produção nacional; e embora

se nos afigurando impossível estabelecer

qualquer previsão, admitimos, então o

aumento dos nossos encargos, como con-

seqüência inevitável das perturbações

que vinham sofrendo as relações comer-

ciais, e que escapavam ao nosso controle.

No correr de 1942 esses aumentos

foram-se acentuando com a elevação das

taxas do seguro de guerra, as quais

atingiram a 15% do valor dos materiais,

para baixarem, depois, a 12%, estando

agora a 7,5%. As taxas do seguro man-

timo também se elevaram em conse-

quência da utilização de navios de toda

classe e idade. Igualmente o custo dos

materiais aumentou em cêrca de 25%, e

essa diferença incidiu sobre o custo dos

materiais cujas encomendas foram sendo

colocadas nesse período e dos que ainda

temos de encomendar para completar o

equipamento da usina, de acordo com o

plano traçado.Evidentemente o nosso esquema fi-

nanceiro não comportava êsse aumento

de encargos. Impunha-se, portanto, o seu

reajustamento.

Exposta a situação ao Governo brasi-

leiro e demonstrada a necessidade de ,

U$S 20.000.000,00 para atender a esses

encargos. Sua Excelência-o Senhor Pre-

sidente da República fez apoiar as nos-

sas gestões junto ao Export-Import

Bank no sentido de nos ser concedido

êsse novo crédito, em aditamento ao em-

préstimo de U$S 25.000.000,00.Encontramos no Export-Import Bank

a mais perfeita compreesão das nossas

necessidades e o desejo de nos atender

prontamente, como de fato nos atendeu.

O nosso empréstimo de U$S

25.000.000,00 ficará elevado a U$S ....

45.000.000,00, conforme contrato aditivo

que vais ser assinado em Washington

nas condições que foram ajustadas no

Rio de Janeiro com o ilustre Presidente

do Export-Import Bank, entre as quais

desejamos destacar as que dilatam de

1945 para 1947 o prazo para .início da

amortização do nosso empréstimo e am-

pliam êsse prazo de 10 para 18 anos,

evitando-se, assim, que a soma dos nos-

sos futuros encargos anuais se eleve

substancialmente.

Continuamos a encontrar da parte das

autoridades americanas a melhor boa

vontade e decidido apôio para efetiva-

ção das nossas encomendas e sua pron-

ta entrega. Foi-nos concedida prioridadeigual à de que gozam as encomendas de

maquinária para novas fábricas do pro-

grama de defesa dos Estados Unidos.

As encomendas dos equipamentos e

materiais para a usina continuam a ser

feitas pela nossa Comissão de Compras

nos Estados Unidos sob a competente e

criteriosa direção de nosso Vice-Presi-

dente, secundado por alguns técnicos bra-

sileiros.Instalados em Cleveland, Ohio, onde

funciona a Comissão, esses técnicos pa-trícios trabalham intimamente com 90

técnicos americanos da firma A. G.

McKee & Co., nossos engenheiros-con-,

sultores, na elaboração do grande pio-

jeto da usina, que exigirá cerca de 3.000

desenhos de conjunto e centenas de es-

pecificações e listas de materiais.

A decisão na escolha dos materiais

cabe unicamente à nossa Comissão^ quenão deixa de aproveitar a experiência

norte-americana.

Toda a maquinária para a usina vem

sendo adquirida pela Comissão, depois de

feitas as especificações realizadas, con-

corrências pelo menos entre três firmas

especializadas, e assinados contratos que

teem sido sempre aprovados pelo Ex-

port-Import Bank.

As aquisições que a Comissão já fez

constituem 90% do total dessa maqui-

nana.Além disso, a Comissão de Compras

que receberá dos fornecedores de equi-

pamentos cêrca de 25-000 desenhos, os

examina e aprova, remetendo-os para

Volta Redonda, e tem ainda de manter

contato com as autoridades americanas

para a obtenção das licenças de exporta-

ção, de espaços em armazéns e de trans-

porte marítimo.

E' árduo o trabalho dessa nossa ^ Co-

missão é os nossos técnicos e funciona-

rios que a integram teem ^ demonstrado

uma operosidade e dedicação dignas de

encômios, elevando o bom nome do Bja-

sil entre as grandes empresas industriais

norte-americanas que teem concorrido

aos nossos fornecimentos.

Aprovados os projetos, feitas as enco-

mendas, recolhidos os dados fornecidos

pelos fabricantes, a Comissão de Com-

pras nos Estados Unidos I desenha, redi-

ge as necessárias memórias explicativas

e encaminha os materiais, desenhos e

informações técnicas para o Brasil.

Em "Volta

Redonda com esses desenhos

e informações técnicas, os departamentos

de engenharia calculam e projetam as

estruturas de concreto armado, as fun-

daçÕes em geral, as rêdes dágua e de

esgotos, bem como todo o sistema de

distribuição da energia elétrica e exe-

cutam essas obras e a montagem do aP^-

relhamento adquirido para a instalação

da usina. Aos mesmos departamentos

estão afetos o projeto e a construção da

nova cidade, onde serão abrigados^ os

empregados da usina e onde ja vivem

os que labutam na realização desta. So-

mente em 1942, elevou-se a 6.854 o nú-

mero de desenhos de construção e de

montagem, feitos em Volta Redonda,

trabalho a que se junta o da organiza-

ção e redação das necessárias especifica-

çÕes técnicas.

Para a montagem de cada uma das

grandes unidades da usina, vem^ dos Es

tados Unidos, um ou mais técnicos,; cuja

função é orientar o pessoal brasileiro e

cuidar de que sejam observadas as ins-

truções especiais remetidas. Os fornece-

dores de material assegurarão, assim, o

bom funcionamento e rendimento das

instalações, cuja garantia é exigida em

nossos contratos.Para a montagem das 170.000 tonela-

das de máquinas e outros^ materiais ad-

quiridos nos Estados Unidos, virão 46

técnicos, dos quais 9 de nossos engenhei-

ros-consultores.O pessoal brasileiro atualmente empre-

gado abrange 67 engenheiros, 60 dese-

nhistas, 7.191 empregados de escritorio e

operários.Em abril de 1942, o nosso diretor-tec-

nico, que de regresso dos Estados Uni-

dos dedicára-se nos primeiros meses do

120

19 4 2

M0VIMENT0 MENSAL DO ALMO-

XARIFADO EM VOLTA-REDONDA

201 ^~4

¦ 18 ^

16 /

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</> 8 I /a» // ,/

11| ^

0 J. F M. A. M. J. d A. S. 0. N. D.

Esfoque mensal f B =

Saldode 41 I A =

5 A i D A

E N TRADAS

ano a organizagao da diregao tecnica,deu initio a construgao da usina, pros-seguindo ao mesmo tempo nos trabalhosindispensaveis a execugao do piano gerale ao abrigo e manutengao do pessoal tec-nico e operario, que cresce a medida dodesenvolvimento das obras e instalagoes.

A construgao da Coqueria foi ataca-da com intensidade e em fins de 1942ja estava adiantada a construgao dessaunidade. j

O Alto Forno, cuja construgao exigeoe maiores cuidados tecnicos, se apre-sentava no fim do ano em estado bemavangado com as fundagoes concluidas,passando-se a montagem de sua estru-tura.

A par dessas construgoes de maiorvulto, a diregao tecnica executou os inu-meros e complexos servigos previstos nopiano geral, como os de terraplenagem,de construgao das linhas ferreas do pa¬tio da usina, de adugao de agua, de es-gotos, de retificagao e canalizagao docorrego Brandao, de rede distribuidorade energia eletrica e respectivas estagoestransformadoras, de construgao de ofici-nas de reparagao e de montagem.

Igualmente realizou a Diregao Tecnicao trabalho de projetar em seus porme-nores, todas as obras e instalagoes a fa-zer, orga-las, programa-las e preparar os

respectivos canteiros de servigos.O que representa esse trabalho pode

ser avaliado quando se considera o vul¬to das construgoes e instalagoes da usi¬na, sem precedentes na America do Sul,

O OBSERVADOR — LXXXVUl

rios, dado o espírito de cooperação queencontramos da parte da diretoria doInstituto de Aposentadoria e Pensões

dos Industriários, cujas reservas dispo-níveis poderão ser aplicadas com vanta-

gem nas construções dessa cidade ope-rária, que se enquadram nas finalidadesdesse Instituto.

Temos encontrado, também, a melhorcooperação por parte das autoridades es-taduais e municipais para solução dos

problemas atinentes à assistência médicae à educação pública em Volta Redondae contamos com a colaboração do Go-vêrno do Estado do Rio de Janeiro e doMunicípio de Barra Mansa para dotar-mos a nossa cidade operária de todos osórgãos de que carece uma comunidademoderna. j

Desejamos igualmente consignar a co-laboração que temos recebido da direto-ria da Estrada de Ferro Central do Bra-sil, da Comissão de Marinha Mercante,da Inspetoria da Alfândega do Rio deJaneiro, da Superintendência da Admi-ms traça o do Porto do Rio de Janeiro e,em geral, das autoridades federais e es-taduais. A compreensão que todos têmda alta finalidade do cometimento con-fiado à Companhia e o espírito de coo-peração de que estão animados, contri-buem para facilitar a resolução de pro-blemas e casos que o vulto sem prece-dente do nosso empreendimento tem fei-to surgir.

*

grafico n.1

ano à organização da direção técnica,deu início à construção da usina, pros-seguindo ao mesmo tempo nos trabalhosindispensáveis à execução do plano gerale ao abrigo e manutenção do pessoal téc-nico e operário, que cresce à medida dodesenvolvimento das obras e instalações.

A construção da Coqueria foi ataca-da com intensidade e em fins de 1942já estava adiantada a construção dessaunidade. j

O Alto Forno, cuja construção exigeoe maiores cuidados técnicos, se apre-sentava no fim do ano em estado bemavançado com as fundações concluídas,passando-se à montagem de sua estru-tura.

A par dessas construções de maiorvulto, a direção técnica executou os inú-meros e complexos serviços previstos noplano geral, como os de terraplenagem,de construção das linhas férreas do pá-tio da usina, de adução de água, de es-gotos, de retificação e canalização docórrego Brandão, de rêde distribuidorade energia elétrica e respectivas estaçõestransformadoras, de construção de ofici-nas de reparação e de montagem.

Igualmente realizou a Direção Técnicao trabalho de projetar em seus porme-nores, todas as obras e instalações a fa-zer, orçá-las, programá-las e preparar osrespectivos canteiros de serviços.

O que representa esse trabalho pôdeser avaliado quando se considera o vul-to das construções e instalações da usi-na, sem precedentes na América do Sul.

Não menos ingentes foram os serviçosde administração em Volta Redonda,"para disciplinar a . atividade de tantosmilhares de operários e trabalhadorespara prover à subsistência dêsse pessoalque ali não encontra onde se abastecer,para oferecer aos operários e trabalha-dores, bem como aos técnicos e funcio-nár.ios alojamentos e residências; paradar-lhes assistência médica, e enfim paracuidar de tudo quanto a vida modernaexige numa comunidade de mais de 10.000almas.

A construção da cidade operária foitambém intensificada, dentro do planourbanístico e até o fim de 1942 já esta-vam residindo em casas confortáveisgrande número de técnicos, funcionáriose operários.

A construção de casas para todo opessoal da Companhia em Volta RedonSda constitue objeto de nossas principaispreocupações visando proporcionar umambiente propício à elevação do padrãode vida dos que labutarem na usina.

Nunca foi, todavia, intenção da Com-panhia, reservar-se o privilégio de cons-truir a cidade operária da usina. O nos-so pensamento,, ao elaborar o plano fi-nanceiro da empresa, foi o de interessarnesse problema um dos Institutos dePrevidência Social, aliviando assim os en-cargos da Companhia. Não teria sido,porém, aconselhável essa solução na faseinicial dos trabalhos. Já agora, no en-tanto, a estamos estudando e esperamoschegar, em breve, a resultados satisfató-

Os estudos e trabalhos iniciados em1941, no Sul de Santa Catarina, paraescolha da área carbonífera exploradapela Companhia, foram ampliados e in-tensificados com o emprego de sondasque importamos para êsses trabalhos, eassim fixamos na zona de Beluno, mu-nicípio de Urussanga, a área de 10.000hectares cujo subsolo nos foi cedido, pordoação, pela Companhia CarboníferaMetropolitana, concessionária de muitomaior área. j

Já estamos trabalhando nessa área edentro de alguns dias assinaremos a res-pectiva escritura com aquela Companhia,efetivando-se assim a doação.

Além dessa área cedida pela Compa-nhia Carbonífera Metropolitana, dispo-remos de mais 10.000 hectares que igual-mente nos foram cedidos, por doação,pela Sociedade Carbonífera Próspera S.A., como também tivemos oportunidadede informar no relatório anterior.

Não podemos, todavia, deixar de con-tar com o aumento da produção de to-^.as._as emPresas carboníferas daquelaregião, para assegurar o abastecimentode cóque à usina de Volta Redonda.

As ativ.dades que essas empresas veemdesenvolvendo são animadoras, apesarcias dificuldades com que lutam quer pelafalta de capital, quer pela impossibilida-ue de importação de máquinas adequadasa extração intensiva do carvão, querainda pela falta de braços.

Em Tubarão iniciamos os serviços deconstrução da us;na de beneficiamentode carvão, na área cuja desapropriaçãofoi decretada, a pedido nosso, pelo Go-verno Federal.

Para essa usina, que pelas suas pro-porções e pela sua localização beneficia-ra o carvão procedente de todas as mi-

MOVIMENTO MENSAL DO ALMO-

XARIFADO EM VOLTA-REDONDA

Esfoque mensal í BSaldo de 41 1 A

SAÍDA S-'-|

ENTRADAS

O OBSERVADOR — LXXXVIII 121

graficon.2 8

19 4 2

GRAFICO DOS BALANCETES

30011— MENSAISX

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Acionisfas |Caixas e Bancos—— iAtivo fixo =====

Credores jDevedores- t ;

Almoxarifados 'JBj"wi«i — iw in tiw in im-rr-n-r

Acionistas —Caixas e BancosAtivo fixoCredoresDevedores-Almoxarifados-

nas cio sul de Santa Catarina, espeia-mos receber dentro em breve a maqui-nária que encomendamos à McNallyPittsburgh Corporation, de Pittsburgh,EE. UU., de acordo com o projeto ela-borado à vista dos resultados das pes-quisas e experiências feitas naquele paíscom o carvão catarinense.

Estamos também vivamente empenha-dos em solucionar um dos mais sériosproblemas, quiçá o mais difícil, que senos apresenta para o abastecimento dausina de Volta Redonda, qual o do trans-porte marítimo do carvão, dos portos deLaguna e Imbituba para o do Rio deJaneiro. ;

*

A realização do nosso capital em cru-zeiros vem se operando com a maior re-gularidade. O número de acionistas ematrazo de suas entradas é insignificantee não mereceria a mais breve referênciase essa circunstância não patenteasse aconfiança que a Companhia inspira aostitulares de suas ações.

Em abril próximo vindouro iniciare-mos a quinta e última chamada de ca-pitai, correspondente a 20%, e assim fi-cará integralizado o capital social, deCr$ 500.000.000,00.

Acreditamos que nenhuma das socie-dades anônimas brasileiras possue tãoelevado número de acionistas como anossa Companhia. De um terço das nos-sas ações ordinárias eram titulares ....26.527 brasileiros, em 31 de dezembro de1942.

A atitude patriótica e desinteressadados 51 bancos nacionais, das 7 CaixasEconômicas e das 3 Bolsas de Valoresque se prestaram a oferecer ao públicoessas ações através de suas rêdes deagências, e a receber as respectivas en-tradas, nas épocas próprias, sem qual-quer remuneração, merece ser posta emdestaque pela alta significação que tem.A Companhia muito se desvanece dessapreqiosa colaboração, graças à qual pou-de colocar suas ações nos mais longin-quos rincões do país, e realizar o seucapital dentro dos prazos previstos, semmaiores ônus e dificuldades. E nem pas-sará despercebida a alta compreensão eelevada visão dos Bancos, Caixas e Boi-sas, cooperando dessa forma com o Go-vêrno do país para interessar os brasi-leiros na fundação da grande siderur-gia, com o inspirar-lhes a maior con-fiança nesse empreendimento nacional.

Neste momento em que o mundo sedebate em meio à maior de suas crises,seria temerária qualquer previsão a res-peito das repercussões desse estado decoisas, num futuro próximo, sôbre a si-tuação da Companhia.

Com o aumento dos U$S 20.000.000,00que obtivemos do Export-Import Bank,e a que aludimos de início, estamos habi-litados a fazer face a todos os encargosno estrangeiro. Ainda não podemos co-nhecer, porém, se o nosso capital emcruzeiros virá a se tornar insuficiente

para todas as despesas no país, se bem

que tenhamos tido necessidade, em 1942,de adquirir cambiais para alguns paga-mentos nos Estados Unidos, além dos

que correm pelo empréstimo do Export-Import Bank.

Essa aplicação nos foi imposta pelascircunstâncias apontadas, posto que não

19 4 2

GRAFICO DOS BALANCETESMENSAIS

g 200

• o 100sz

estivesse prevista no nosso esquema |m-

ciai, que também não abrangia a compra

do equipamento para a usina de benefi-

ciamento de carvão em Santa Catarina e

sua construção e instalação.

A par desses encargos imprevistos, so-

mente a marcha dos acontecimentos nes-

tes próximos meses poderá habilitar-nos

a examinar, no fim do ano, os reajusta-

mentos que porventura venham a se im-

por.As profundas perturbações que a guer-

ra provocou em todos os setores da ati-

vidade humana teriam talvez forçado o

adiamento da execução do plano traça-

do para a implantação da grande side-

rurgia no Brasil se o presidente Getulio

Vargas não nos tivesse dado apôio^ ir-

restrito, com ânimo de solucionar esse

grande problema, vencendo todos os obs-

táculos.Jamais deixou sua excelência de resol-

ver prontamente as questões e dificul-

dades que vão surgindo, com a mais com-

pleta confiança no êxito dêsse empreen-

dimento, que constitue um dos pontosbásicos do seu programa|governamentale a grande aspiração nacional.

*

A vida financeira da Companhia no

seu segundo ano de atividade pôde ser

considerada através do Balanço encerra-

do em 31 de dezembro de 1942.

Por ainda não estarmos produzindo,resulta a inexistência da conta de^lucros

e perdas, não cabendo distribuição de

dividendos.

No Balanço Geral que submetemos à

deliberação da Assembléia Geral Ordiná-

ria, e no minucioso Parecer do Conse-

lho Fiscal, encontram os srs. acionistas

uma apreciação clara e precisa das con-

tas de nossa gestão.O Conselho Fiscal da Companhia, cujo

zêlo e competência estão patenteados no

seu Parecer sôbre as contas do exerci-

cio de 1942, focaliza os principais aspec-

tos do Balanço, apontando sucintamente

a marcha dos negócios sociais.

Embora acreditando serem completos

os esclarecimentos oferecidos pelo Con-

selho Fiscal, ficamos à disposição dos

srs. acionistas para quaisquer outros

informes que desejarem para deliberar

sôbre as contas da Diretoria.*

Em agosto de 1942 o nosso ilustre e

dedicado colega de diretoria, dr._ Ary F.

Torres, resignou o cargo de vice-presi-

dente, para que fôra reeleito na Assem-

bléia Geral Ordinária de Abril.

Com essa renúncia perdeu a Compa-

nhia a" colaboração eficiente e compe-

tente de um abalizado técnico, que des-

de a sua fundação vinha emprestando

à obra em que estamos empenhados, a

invulgar capacidade de trabalho e profi-ciência que todos lhe reconhecem.

Para substituí-lo, interinamente, na

forma do art. 22 dos estatutos, a dire-

toria convocou o acionista Coronel Svl-

vio Raulino de Oliveira, que se encontra

à testa da nossa Comissão de Compras

nos Estados Unidos, desde 10 de De-

122O OBSERVADOR — LXXXVIII

grafico n.3

101

100i

r r\r\ .

19 4 2

CUSTOS ACUMULADOS, POR MÊS, DAS

CONSTRUÇÕES EM VOLTA REDONDA a

E DOS EQUIPAMENTOS

\ A INSTALAR

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2° I

J -—

J. r M. A. M. J. SI A. S. 0. N D.F M. A. M ü. A. 5. 0. N

Construções em

Volta Redonda=

Equipamentos -

zembro de 1941, e que foi empossado nocargo de vice-presidente em 6 dé novem-bro de 1942, permanecendo sob sua dire-ção aquela Comissão.

Cabe, pais, à Assembléia Geral Ordiná^-ria deliberar sôbre o provimento efetivodo cargo de vice-presidente, elegendo oacionista que deverá exercer êsse man-dato até 1946.

Os srs. acionistas terão igualmente deeleger os membros do Conselho Fiscal erespectivos suplentes, cuja eleição éanual, na forma da lei e dos estatutos.

Rio de Janeiro, 26 de março de 1943.— Guilherme Guinle, presidente. — Ed-mundo de Macedo Soares e Silva, dire-tor-técnico — Oscar Weinschenck, dire-tor-comercial — Daniel de Carvalho, di-retor-secretárió.

PARECER DO CONSELHO FISCALi

Senhores acionistas:

De acordo com a lei (item III, do art.127 do decreto-lei n. 2.627, de 26-9-40),o Conselho Fiscal de toda a sociedadeanônima deve apresentar à AssembléiaGeral parecer sôbre os negócios e ope-rações sociais, tomando por base o in-ventário, o balanço e as contas dos dire-

tores.Vamos desobrigar-nos, agora, de nos-

sa tarefa.Na redação de nosso parecer conside-

rámos como inventário a relação analí-tica dos bens físicos, como balanço, ademonstração sintética do ativo e passi-vo da empresa, extraída da escrita, e, fi-

nalmente, como contas dos diretores, asque representam as operações da gestão.

Inventário

Com referência às obras em Volta Re-donda, na fase atual das construções,não há inventário, tendo-nos sido exibi-da uma relação pormenorizada de todasas obras em andamento, com indicaçãodo respectivo custo direto até 31-12-42.Nesta relação estão incluídos, entre ou-tros, os itens seguintes:

Alto forno, coqueria, silos de carvão,oficinas, edifícios (alojamentos, residên-cias, armazéns, depósitos, garages, escri-tórios, restaurantes, hotel, etc.), canali-zação de rios, pontilhões e horto flores-tal.

O custo total (direto e indireto) de to-das as obras em Volta Redonda, regis-trado até àquela data, é de Cr$ 112.142.566,60, assim discriminados:

1941

Custo apurado até 31/12/1941

Para os imóveis o inventário é repre-

sentado pela respectiva conta no Razão

e documentação (escritura) correspon-

dente.

Para os móveis e utensílios, os veículos

e os semoventes, existe um inventário

permanente que é a coleção das fichas,

mantidas em dia pela contabilidade. Pa-

ra cada bem patrimonial, há uma ficha,

em que são consignados todos os caracte-

rísticos necessários à sua identificação e

indicações relativas ao lugar onde se

encontra.

Para os materiais existentes nos almo-

xarifados foram levantados inventários

completos, cujos totais conferem com os

dados da escrita e do balanço. Quantoaos materiais dos almoxirifados, este

Conselho sempre considerou de máxima

importância a escrituração regular e em

dia as respectivas entradas e saídas, por-que

"material eqüivale dinheiro" e porisso sempre acompanhou o seu movimen-

to mensal, o que permitiu organizar párao Almoxarifado de Volta Redonda, o grá-fico n.° 1.

O gráfico mostra o impulso que em1942 tomaram as entradas de materiaisindispensáveis às construções. Nele se

podem acompanhar as entradas e as saí-das e, ainda, os stocks no fim de cadamês. Nota-se que os stocks aumentaramcontinuamente, fato que se explica, nomomento atual, pela necessidade de evi-tar que as construções se retardem porfalta de materiais e ainda pelo aumentoconstante dos preços. O gráfico mostra,

portanto, a prudência e a experiência daAdministração da Companhia.

Balanço

balanço apresentado e examinadoobserva os agrupamentos de contas exi-gidos pela lei e dispensa, para muitos,maiores esclarecimentos. Umas rápidasexplicações, porém, não deixam de seroportunas.

Conta Abastecimento do Carvão —Ci® 1.747.240,00 — Esta importânciarepresenta a despesa feita aqui e nos Es-tados Unidos, em pesquisas, análises eestudos nos trabalhos preparatórios daescolha e exploração das minas de car-vão em Santa Catarina, que deverão su-prir a Companhia, em grande parte, ocarvão necessário à sua indústria. Amesma importância distribue-se em trêsgrupos:

— Móveis, Imóveis e Utensílios;II — Despesas locais e no Rio;III — Despesas nos Estados Unidos.

Cr $

19.114.893,701942

Despesas diretasDespesas indiretas, (inclusive' as

' da' Administração Superior' e' dc. escritório nos Estados Unidos)

ouptnor e dcoerviços auxiliares (oficinas, pedreira, etc.).

Cr $

58.947.176,90

32.932.734,707.804.745,40 99.684.657,00

A aumentar:Prejuízo do exercício agrícola.

A DIMINUIR:Rendas diversas (juros bancários, descontos, aluguíis, etc.).

CUSTO

118.799.550,70

2.930,70

118.802.481,40

6.659.914,80

112.142.566,60

O OBSERVADOR — LXXXVlll 123

"Export Import Bank— As promissórias que

Contas referentes aos contratos de em-

préstimos com oof Washington"figuram no balanço (parte do passivo)na quantia de Crf 674.-050.000,00 — fo-ram emitidas de acordo com o contratoaprovado pelo Govêrno Federal e se re-ferem ao seguinte:

empregado para conseguir, nas circuns-tâncias presentes, o transporte de mate-rial dos Estados Unidos ao Rio.

Como última consideração sobre ascontas da Diretoria, diremos que divi-dindo-se em dois grupos,

Recursos obtidos, eRecursos aplicados,

aprovação das contas do exercício de1942, apresentadas pelos senhores dire-tores.

Valor do crédito de 25.000.000 de dólares ao câmbio nominal dc Cr $ 20,00. . . .Promissórias referentes a juros a ajustar, dependentes das datas eni que as importan-

cias do crédito foram efetivamente utilizadas nos Estados UnidosJuros a "amortizar e ainda não vencidos, incluídos nas promissórias correspondentes ao

valor do empréstimo

TOTAL.

Estando incluído nesta importância as

quantias relativas aos referidos juros,torna-se claro que, ao crédito da contadas promissórias deve ser contraposto,no ativo, um débito que corresponda aesses juros.

O débito do Export Import Bank deCr$ 405.876.986,80 — corresponde ao to-tal do empréstimo computado-, como vi-mos, em Cr$ 500.000.000,00, de que foideduzida a quantia de cruzeiros 94.124.063,20, já utilizada em comprasnos Estados Unidos, segundo as comu-nicações recebidas até a data do balanço.

Contas dos diretores

Só se chega ao Balanço pelas contasdas operações registradas durante o anona escrita.

Foi por. isso, que este Conselho julgounecessário, para vossa orientação, orga-nizar com os balancetes recebidos e

examinados mensalmente, o quadro ane-

xo, em que são transcritos os saldos

mensais das contas da Companhia.

Com o fim (£e pôr em maior destaque

os movimentos mais importantes, êsse

mesmo quadro é reproduzido neste grá-fico (gráfico n.° 2).

Prestando atenção ao gráf;ico, vê-se,

sem esforço, por exemplo:

a diminuição do débito dos acio-

nistas;

o aumento progressivo do capital

fixo.

Dentre as contas do capital fixo, cuja

linha se observa no gráfico n. 2, desta-camos duas, pela sua importância.

a das construções e usina em VoltaRedonda; e

a do equipamento ainda não ins-talado.

O movimento dessas duas contas J é

mostrado no anexo e ainda no gráficon. 3.

Digno de realce é o crescimento nor-

mal, mês a mês, das construções em

Volta Redonda e a importação mínima,

até outubro, do equipamento e seus au-

mentos nos meses de novembro e de"

zembro.

O primeiro fato deye ser ressaltado,

porque demonstra a constância de orien-

tação e o ritmo que presidem aos traba-

lhos em Volta Redonda ; o segundo tam-

bém, porque evidencia o esforço tiitânico

chegamos a este resultado até 31 de dezembro de 1942:

Ao propor-vos, senhores acionistas, aaprovação dessas contas, queremos rei-

terar, neste segundo parecer, a nossa sa-

tisfação pelo modo com que se desen-

volvem os trabalhos da instalação da

grande Usina de Volta Redonda, no meio

das mil e uma dificuldades provindas da

natureza do empreendimento, e de modo124.050.000,00 especial, da situação mundial presente, e

confirmar, ainda, a certeza que temos de

que a Companhia Siderúrgica Nacional

virá realizar a alta missão que dela to-dos esperam. j

500.000.000,00

50.000.000,00

674.050.000,00

Origem dos recursos obtidos:

Dos acionistasDe empréstimosDe credores diversos.

TOTAL

Destino dos recursos:

Obras e outros valores imobilizadosBens patrimoniais nos almoxarifadosDepósitos nos Bancos e dinheiro em caixa.Devedores diversos

TOTAL.

Cr $391.442.480,00

94.123.013,2017.195.311,00

502.760.804,20

Cr $.217.254.605,3034.671.109,90

141.436.493,80109.398.595,20

502.760.804,20

Conclusão

Chegados a este ponto, não temos dú-

vida em concluir o nosso parecer pela

Rio de Janeiro, 22 de março de 1943 —

General José Meira de Vasconcellos.— Paulo de Lyra Tavares — UbaldoLobo.

Em o próximo número

publicaremos os seguin-

tes trabalhos:

Situação Baiana

A Borracha — Passado, Presen

te e Futuro

Rebanhos de Marajó

A Borracha Matogrossense

A Pesca na

A •

O OBSERVADOR -

124

Companhia Siderurgica Nacional

BALANQO GERAL EM 31 DE DEZEMBRO DE 1942

~~ " P

A S S I V OA T I V

Fixo

Imoveis 3.202.255,00

Equipamentos e Instalaijoes da Constru^ao 5.941.501,30

Moveis, Utensilios e Equipamentos Me-

canograficos 7.756.942,00

Veiculos 6.140. 890,/0

Semoventes 543.578,00

Equipamentos e Materials Importados. . 79.779.631,50

Estudos e Prospeccjao Sobre Carvao 1 . 747 . 240,20

Constru?oes e Obras da Usina de Volta

Redonda 112.1

Realizarel a prazo longo

Acionistas Preferenciais C/Capital a Rea-

lizar 36.(

Acionistas Comuns C/Capital a Realizar 50J

Causes

Dep6§itos p/Garantia de Riscos e Aciden-

tes no Trabalho 1

Realizavel a prazo curio

Almoxarifado de Volta Redonda 19.Almoxarifado do Rio de Janeiro

Almoxarifado de Sao Paulo

Materials em Servi^o 2.

Materials em Transito 13.

kg.. Adiantamentos

Empreiteiros e Contratantes — (Adianta-P" mentos)

Poderes Publicos em C/Correntes 32.

Obras por conta do Governo Federal. ... 2.

Bancos c/ Juros s/ Dep6sitos a Prazo Fixo 1.

Devedores Diversos

Fornecedores (Adiantamentos) 7.955.755,60 \Export Import Bank of Washington C/ \

Abert. de Credito 405.876.986,80

Banco do Brasil—C/Abertura de Credito 54.118.155,00 \.

Contas Correntes Estrangeiras 83.705.961,20 \.

Acionistas — C/Chamadas de Capital. .. . 22.557,520,00 648.241.646,90 \.

Disponivcl \

Caixa 17.181,30 \

Caixa de Volta Redonda 284.618,20 \.

Bancos 78.391.995,50 \

Fundos no Exterior 203.861,80 V

Caixas Econ6micas e Institutos de Apo- \

sentadoria 701.657,70 \

Bancos — C/Dep6sitos Vinculados 61.764.000,00 \.

Envelopes Recolhidos 73.179,30 141.436.493,80 \

Resultados pendentes \

Export Import Bank of Washington C/Juros a Amortizar. . . 124.050.000,00 \

1.217.166.476,00

ICompensagao

Valores de Terceiros Recebidos em Ga-

t0nli* Oarantias Divcrsas 450.000.00AgSes em Cau?ao 240.000,00 Cau?So da Diretoria 240 000 00Recibos Remetidos p/Cobran9as 15.663.260,00 lg 353.260,00 Red bos de Chamadas dc Capital15.663.260,00 16.353.260,00

1.233.519.736,001 233 .519 736 00

" Rio de Janeiro, 31 de Dezembro de 1942. — Guilherme Guinlc, Presidente.— Edmundo de

Diretor Comercial. — Daniel de Carralho, Diretor Secret&rio. — Frederico Hermann Jr., Contador Geral Re^g 'num

4^*602* T^cnico- — Oscar Welnschenck,

Fixo

Imóveis 3.202.255,00

Equipamentos e Instalações da Construção 5 .941. 501,30

Moveis, Utensílios e Equipamentos Me-

canográficos 7.756.942,00

Veículos 6.140. 890,/0

Semoventes 543.578,00

Equipamentos e Materiais Importados. . 79.779.631,50

Estudos e Prospecção Sôbre Carvão 1 . 747. 240,20

Construções e Obras da Usina de Volta

Redonda 112.142.566,60 217.254.605,30

Realizarei a prazo longo

Acionistas Preferenciais C/Capital a Rea-

lizar 36.000.000,00

Acionistas Comuns C/Capital a Realizar 50.000.000,00

Cauções 23. 5o0,00

Depósitos p/Garantia de Riscos e Aciden-

tes no Trabalho 160.200,00 86. 183.730,00

Realizarei a prazo curto

Almoxarifado de Volta Redonda 19.359.316,70

Almoxarifado do Rio de Janeiro 734.131,90Almoxarifado de São Paulo 90.297,00

Materiais em Serviço 2.907.888,00

Materiais em Trânsito 13.077.203,50

Adiantamentos 600.025,20

Empreiteiros e Contratantes — (Adianta-mentos) 363.433,10

Poderes Públicos em C/Correntes 32. 722. 707,80

Obras por conta do Governo Federal. . . 2.893.364,60

Bancos c/ Juros s/ Depósitos a Prazo Fixo 1.144.943,30

Devedores Diversos 133.957,20

Fornecedores (Adiantamentos) 7.955.755,60Export Import Bank of Washington C/

Abert. de Crédito 405.876.986,80

Banco do Brasil — C/Abertura de Crédito 54.118.155,00

Contas Correntes Estrangeiras 83.705.961,20

Acionistas — C/Chamadas de Capital. . . 22.557,520,00 648.241.646,90

Disponi vcl

Caixa 17.181,30

Caixa de Volta Redonda 284.618,20

Bancos 78.391.995,50

Fundos no Exterior 203.861,80

Caixas Econômicas é Institutos de Apo-

sentadoria 701.657,70

Bancos — C/Depósitos Vinculados 61.764.000,00

Envelopes Recolhidos 73.179,30 141.436.493,80

Resultados pendentes

Export Import Bank of Washington C/Juros a Amortizar. . . 124.050.000,00

Compensação

Valores de Terceiros Recebidos em Ga-

rantía

Ações em Caução

Recibos Remetidos p/Cobranças

1.217.166.476,00

450.000,00

240.000,00

15.663.260,00 16.353.260,00

1.233.519.736,00

Capita l

Capital em Ações Preferenciais 250.000.000,00

Capital em Ações Ordinárias 250.000.000,00 ^

Provisões

Provisões para Férias 791.013,90

Provisões para Quebras de Estoque 230.981,80

Provisões para Conversão de Espécie 1 .476.919,60

Exigirei a prazo longo

Promissórias a Prazo Longo 674,050.000,00

Menos: — Juros a Ajustar, incluídos

nas promissórias, conforme

contrato do Export Import

Bank of Washington, de . .

22/5/41 (—) 50.000.000,00

Exigirei a prazo longo

Contas a Pagar 2.993,80

Credores por Depósitos em Dinheiro 10.000,00

Folhas a Pagar 632.788,40

Credores Diversos 9.084.283,70

Fornecedores 14.398.589,00

Salários não Reclamados 73.179,30

Empreiteiros e Contratantes 151.657,20

Poderes Públicos em C/Correntes 6.500.000,00

Contratos de Abertura de Crédito 54.118.155,60

Contas Correntes Estrangeiras 5.606.129,40

Resultados pendentes

Contas Suspensas a Classificar

Compensação

Garantias Diversas

Caução da DiretoriaRecibos de Chamadíis de Ccipita]

500.000.000,00

2.498.915,30

624.050.000,00

90.577.775.80

1.217.166.476,00

450.000,00

240.000,00

15.663.260,00 16.353.260,00

1 233 519 736 00

Guilherme Guinle, Presidente. Edmundo de Al acedo SoaDiretor Comercial. — Daniel de Carralho, Diretor Secretário. — Frederico 'Útrmann

Jr.^^ont&do^Gtra^Reg <nú<"'<3' Técnico. — Oscar IVcinschenck,unerò 40.602.

O OBSERVADOR

Companhia Siderúrgica Nacional

BALANÇO GERAL EM 31 DE DEZEMBRO DE 1942

LX XXVIII

125

1^/

^

r

Economia La tino-Americana

si ECONOMIA latino-americana vem sendo objetivo de oportunos estudos da parte degp técnicos e publicistas. O fato primordial, o ponto de partida do interesse de tais es-tudos, é a transformação que está tal economia sofrendo sob o impulso da guerra e odestino ou a orientação que semelhante transformação tomará logo após a guerra em buscade um ritmo nonúal de trabalho pacífico. E' evidente que a mutação que está Se operandoagora] sob a premência de circunstâncias excepcionais, traz a marca da emergência, o queterá de ser corrigido logo que se atinja a paz universal para que tal pròcesso possa ad-quirir fôrça de realidade justamente econômica.

C. C. Martin, publicista norte-americano de há longo tempo dedicado aos estudos eco-nômicos, em recente trabalho publicado nos Estados Unidos, tratando da diversificaçãoagrícola e industrial, que se está operando neste hemisfério, observa que a tal circunstân-cia se deve também o impulso que tem recebido as várias culturas e outras atividades dagleba. Citando exemplos, destaca o de Cuba, anteriormente subordinada quase que porcompleto aos Estados Unidos no que diz respeito às gorduras animais e aos produtos de-rivados do leite e que hoje possue excedentes de tais artigos disponíveis até para a expor-tação. Em todos os países do continente . são. cultivadas fibras diversas, como a juta,o cânhamo, henequim e o abacá; no setordas fibras como em outros, o Brasil podeservir de exemplo convincente, pois aíestão o caroá, ramie, abacaxi, e os resul-tados da primeira reunião de fibras realiza-da em São Paulo e da qual demos amplanotícia em uma das nossas edições anterio-res, em artigo do nosso colaborador Wil-liam Coelho de Souza.

No campo industrial, então, é onde teem'sido realizados os progressos mais notáveis.Apesar da dificuldade de transporte marí-timo, o que veio reduzir as remessas depetróleo e carvão e reduzir as possibilida-des para obtenção de máquinas dos EstadosUnidos e da Inglaterra, a indústria la-tino-americana conseguiu realizar, no ano

passado, desenvolvimento ainda não atingi-do em períodos anteriores. Em todos os

países surgiram muitas fábricas, foram lan-

çadas bases de indústrias novas. As jáexistentes teem gozado das facilidades na-turais da ausência de concorrência dos pai-ses industriais que se acham empenhadosno esforço de guerra.

Neste particular está uma das caracterís-ticas da transformação econômica que seopera sob o signo da guerra. E' certo quemuitas destas indústrias não poderão sub-sistir aos primeiros anos de paz, quando asindústrias dos grandes países indutrializa-dos, reequipadas de maquinária moderna,com o seu pessoal técnico novamente re-composto, se lancem à produção para re-conquista dos mercados. Outras hão desubsistir, mas terão que atravessar certa-mente fases difíceis. Terão essencialmen-te que se submeter a uma fase de prepara-ção para resistir, logo seja firmada a paz,readaptando a sua própria maquinária.

Os países que puderem se preparar parafabricarem as suas próprias máquinas goza-rão, sem dúvida, das melhores vantagens.A Argentina, por exemplo, tem fundiçõesde ferro e oficinas de maquinária montadasa moderna e nos seus diques podem ser fei-tos tôda a espécie de reparações de navios.O Brasil, por seu turno, vem se preparan-do para concorrer ao comércio da paz. Es-tá sendo montada a sua siderurgia pesada.O nosso parque industrial tem se amplia-do grandemente em todos os sentidos. Ve-

mos surgirem inúmeras indústrias novas,algumas da maior importância. As já exis-tentes cuidam da sua melhoria, do seu re-equipamento. Nos nossos estaleiros fazemosjá os nossos navios. Fabricamos os nossosaviões. Dentro de pouco tempo fabricare-mos os motores. Trabalhamos para atingirao nível de podermos produzir manufaturase indústrias utilizando tôda espécie de ma-téria prima existente no nosso território.O nosso comércio vai se expandindo. Atra-vés de um trabalho meticuloso, levamoshoje os nossos produtos a uma série de no-vos mercados que procuraremos manterdepois da guerra.

"Fabricado no Brasil",

é uma etiqueta hoje freqüente em todos ospaíses da América Latina, na África e atémesmo na Europa.

Também o México está montando umafundição de aço e a Colômbia está em vés-peras de abrir em Medellin o seu primeirofôrno elétrico para fundição de aço, no qualse utilizará primeiro ferro velho e depoiso ferro virgem. O Perú também projeta ainstalação de sua indústria pesada.

O panorama que se oferece, pois, é dosmais amplos e animadores. A economia la-tino-americana entrou numa fase decisivade construção, onde todos os países traba-lham no sentido de transformarem em rea-lidade a sua riqueza em potencial.

OS PRODUTORES DE MATE ORGA-

NIZADOS EM COOPERATIVASi|^ COMISSÃO de Organização Coope-

rativa dos Produtores de Mate foicriada com o fito de resolver vários pro-blemas, muito notadamente o de obter um

preço certo e remunerador para os pro-dutores dêsse artigo.

A Comissão iniciou os seus trabalhosem fins de dezembro de 1942, já tendoincluído em organização cooperativistatodos os produtores do Paraná e SantaCatarina. Para isso, segundo informa oMinistério da Agricultura, os produtoresde mate desses estados estão distribuí-dos pelas seguintes entidades cooperati-vistas: — No Paraná — Curitiba, com-

preendendo os municípios de Curitiba,Bocaiúva, Serro Azul, Piraguara, CampoLargo, São José dos Pinhais e Araucá-ria; Legendária, municípios de Lapa eRio Negro; Triunfo, os de S. João deTriunfo e Palmeira; Iguassú, o de SãoMaheiro; Florestal, os de Iratí e Teixei-ra Soares; Imbituva; Ipiranga; Pruden-tópolis, os de Prudentópolis e Guara-puava; Linha Sul, os de Rebouças, RioAzul, Mallet e União da Vitória. EmSanta Catarina — Campo Alegre, com-preendendo os municípios de CampoAlegre, Joinville e S. Bento; Mafra, osde Mafra e Itaiópolis; Canoinhas ePorto União.

Para o bom êxito desta organização, aComissão, que é presidida por um técni-co . do Serviço de Economia Rural, con-tou com o apoio do interventor no Pa-raná, em cuja capital se acha a séde danova entidade. Esta, aliás, está agoraaguardando, entre outras providências asnecessárias medidas de fixação de preçose de quota de absorção do mate para osindustriais e exportadores, providênciasessas que serão tomadas pio InstitutoNacional do Mate, de acordo com a de-terminação legal que estabeleceu a orga-nização.

DECLÍNIO NO INTERCÂMBIO CO-

MERCIAL ENTRE O CANADA' E O

BRASIL

Q MINISTRO do Canadá no Rio deJaneiro pronunciou, perante a Cá-

mara Britânica de Comércio Exterioruma palestra a respeito do intercâmbiocomercial entre o Domínio do Canadáe o Brasil, abordando alguns aspectos docomércio exterior do seu país em faceda guerra.

Conforme as declarações prestadas, ocomércio canadense com o Brasil sofreuum declínio, nestes últimos tempos, emvista da falta de meios de transporte etambém, pelo fato do Canadá se haverdedicado inteiramente à tarefa de trans-formar o país na mais completa máqui-na de guerra possível. O comércio deartigos de luxo e produtos não essenciais,desapareceu.

Para que se tenha uma melhor idéiado que seja o esforço do Canadá, nomomento, basta citar que, conforme de-claração do seu Ministro da Fazenda, dareceita orçada para 1943, calculada emCr|> 11.000.000.000,00, nada menos de 80%seriam destinados a fins de guerra. Omais recente empréstimo de guerra demais de um bilhão de dólares, represen-ta uma importância superior a tôda adespesa com a guerra, no curso do pri-meiro ano de hostilidades, superando tô-da a despesa do Canadá durante a guer-ra de 1914-1918.

126 O OBSERVADOR — LXXXVIIl

Companhia Docas de Santos

\ 30 de abril transado realizou-se a

Assembléia Geral Ordinária da Com-

panhia Docas de Santos, com a finalida-

de de apreciar o Relatório da Diretoria,

correspondente ao ano de 1942. Do do-

cumento em apreço, facultamos aos nos-sos leitores a apreciação de um extratoonde estão reunidos os pontos mais |m-portantes do mesmo.

Depois de examinar as relações da

Companhia com o Governo Federal, atin-

ge-se ao tópico referente à ampliaçãodas in-stalações do porto de Santos, a

respeito do que informa o Relatório:" Durante o ano próximo findo, pros-

seguimos na realização das obras novas

e aquisições autorizadas pelo Governo

para ampliação das instalações do portode Santos. A diretoria, atendendo, po-rém, à persistência dos motivos quetrouxeram como conseqüência o grandedecréscimo observado no movimento do

porto, reduziu a marcha das realizações

que empreendera. No ano de 1942, nãoiniciamos obras novas, tendo apenas

prosseguido na execução do alargamen-to da faixa do cais, cuja facilidade'paraimediata realização foi criada pela que-da do movimento do porto em conse-

quênc.ia da guerra.No ano próximo findo foram aplicados

nessas realizações, cerca de 10.310.000,00cruzeiros.

No minucioso e interessante relatórioapresentado pelo nosso Inspetor Geral,encontrareis completas informações sô-bre essas obras e aquisições."

Um ponto de grande importância nosrelatórios da Companhia Docas de San-tos, é o que diz respeito aos serviços dotráfego. No Relatório referente ao exer-cício de 1942, o dito capítulo reveste-seda segurança de sempre, na exposiçãosucinta de fatos documentados em alga-rismos absolutos. Do referido capítulo é

a transcrição que se segue:i

Serviços do tráfego" Os serviços do tráfego foram presta-

dos com a mesma eficiência e regulari-dade, que conquistaram, para o porto de

Santos, a posição lisongeira, que ocupa,a êsse respeito, entre os grandes portosaparelhados de todo o mundo.

A tonelagem das mercadorias movi-mentadas, como conseqüência da propa-gação da guerra aos países da América,sofreu uma notável redução. Temos,contudo, continuado a distribuir igual-mente pelo pessoal o trabalho reduzido

que o tráfego oferece. Assim proceden-do, procuramos evitar a dispensa emmassa dos trabalhadores, cujo número setornou excessivo.

1.° — Renda bruta — A renda brutaarrecadada em 1942 atingiu a importân-cia de Cr$ 62.410.090,25, sendo inferior àde 1941, de Cr$ 15.745.950,50, isto é, de20,147%.

2.° — Despesas de custeio — O servi-

ço de conservação da profundidade do

porto e do canal de acesso foi feito com

grande dificuldade, em virtude da faltade combustível. Apesar disso, o volume

do material dragado e transportado se

elevou a 894.800 metros cúbicos.Foi, atentamente, cuidada a conserva-

ção dos edifícios e instalações portuá-rias, bem como, do aparelhamento aces-

sório, quer terrestre, quer marítimo.

Com êsses serviços de conservação c

com a realização dos serviços portuáriosdo tráfego e os da instalação hidro-elé-

trica de Itatinga, foi dispendida a im-

portância de Cr$ 49.978.699,70 que, con-

frontada com a correspondente de 1941,

demonstra uma diferença para menos de

Cr$ 3.985.507,20, isto é, de 7,385%.Em relação à renda bruta arrecadada,

as despesas de custeio em 1942 repre-

sentam 80,081%. A elevação desse coe-

f.iciente proveio dos seguintes fatores:

a) — a diminuição da receita em vir-

tude da grande redução de tonelagemdas mercadorias movimentadas no porto,sem que nos fosse possível reduzir pro-porcionalmente, as despesas a que está-vamos obrigados;

b) — a elevação" do custo de todos osmateriais indispensáveis à execução dosserviços portuários, em conseqüência da

guerra;c) — a exigência de pagamento, pela

Companhia, de impostos de que estáisenta em virtude de seus contratos.

A máxima atenção da Diretoria temmerecido sempre o problema da compen-sação desses acréscimos nas despesas decusteio e, com prazer, podemos informaraos srs. acionistas que teem sido ani-madores os resultados conseguidos.

Não podemos, como nos anos anterio-res, consignar neste relatório os resulta-dos acusados pelas estatísticas do ano de1942, estabelecendo o necessário confron-to com os do ano anterior, em virtudeda Resolução n. 189, do Instituto Brasi-leiro de Geografia e Estatística, aprovada

pelo exmo. sr. presidente da República,

publicada no "Diário Oficial", de 24 deoutubro de 1942."

Emissão de debêntures

Em Assembléia Geral Extraordináriarealizada em 16 de julho de 1940 havia

sido autorizado a, lançamento de um

empréstimo; dadas dificuldades surgidas,

somente em 1942 foi possível dar cará-

ter efetivo à permissão. Assim é que,

por escritura pública de 22 de dezembrode 1941, foi contraído o empréstimo de

Cr$ 120.000.000,00, dlgdido em 600.000

debêntures do valor nominal de Cr$200,00 cada uma, juros de 7% ao ano,

contados a partir de 1.° de janeiro de1942. Seu resgate será. iniciado no ano

de 1945, devendo estar concluído a 31 de

dezembro de 1979. A respeito do lan-

çamento do empréstimo, colhemos no re-latório os seguintes pormenores :

" O lançamento do empréstimo foi fei-

to por intermédio do Banco Boavista, emsubscrição pública, aberta em 5 de janei-ro de 1942, na conformidade do " Mani-festo" publicado no

"Diário Oficial" de2 de janeiro do mesmò ano, à página nú-mero 54, e nos demais órgãos de grandepublicidade desta Capital e de S. Paulo.

Os novos títulos tiveram grande acei-tação, o que nos levou a proceder aóencerramento da subscrição antes do

prazo estabelecido no aludido manifesto.De conformidade com o resolvido pela

Assembléia Geral Extraordinária acimareferida, foi feito o resgate do emprésti-mo anterior de Cr$ 60.000.000,00.

Dessa antiga emissão, achavam-se emcirculação, em 31 de dezembro de 1941,258.551 debêntures, das quais somente 384deixaram de ser apresentadas por seus

possuidores para troca ou resgate.

De acordo com os editais de citação,publicados no "Diário da Justiça", de13, 15 e 18 de agosto de 1942, recolhemosao Banco do Brasil, na conta " DepósitosJudiciais", à disposição do Juizo de Di-reito da Vara de Registros Públicos, aquantia correspondente ao valor daquelas384 debêntures."

Movimento de ações

O movimento de ações nominativasverificado no ano de 1942, foi o demons-trado no quadro abaixo:

Resgate Tqtais

MESES Venda Cau?ao de Heran?a Termos

CaiKjao Mensal Anual

1.° Semestre:

Janeiro 2.527 300 1.347 4.174 18Fevereiro 2.086 150 265 2.501 28Mar?o 1.278 132 661 2.071 34Abril 625 180 805 10Maio 927 200 1.127 16Junho 3.550 1.000 1.000 5.550 16.228 9

2.° Semestre:

Jul Ho 2.852 240 3.092 31Agosto 1.196 1.000 604 2.800 20Setembro 430 300 764 1.494 11Outubro 587 •— 186 773 25Novembro 529 347 2.102 2.978 21Dezembro 1.558 1.558 12.695 11

18.145 1.8271 3.586 5.365 28.823 234

O OBSERVADOR — LXXXVIII

As 569.526 ações nominativas destaCompanhia achavam-se em 31 de de-zembro de 1942, em mãos de 1.168 acio-nistas.

Conclusão

No extrato do Relatório que fizemosacima deixamos os pontos mais impor-tantes do documento. No parecer doConselho Fiscal está contido o aplausoao trabalho da diretoria. A renda brutaarrecadada em 1942 atingiu a Cr$ ....62.410.090,25 havendo uma diferença paramenos sôbre a de 1941 de Cr$ 15.745.950,50. A despesa de custeio nesse

período foi de Cr$ 49.978,699,10, menor

portanto que a de 1941, em Cr$ 3.985.507,20. Essa despesa representa80,081% sôbre a renda bruta arrecadada,apesar das enérgicas medidas tomadaspela Administração, visando a maiorcompressão de despesas possível semcausar a desorganização dos serviços.

FIXAÇÃO DE CAPITAIS NA

ARGENTINAI

U M aspecto importante da economia,estudou — com a autoridade que se

depreende da sua obra — o Boletim daBolsa do Comércio", de Buenos Aires,no número referente a 14 de dezembrode 1942. No citado Boletim apareceu umartigo, bem documentado, sôbre

"A fi-xação de capitais na Argentina".

Deve-se notar — diz a referida publi-cação — que damos à palavra fixação,a acepção que implica a sua definiçãoacadêmica de

"estabelecimento, larga

permanência, prática e duração dum uso,costume", não fazendo pois, confusãocom a mera entrada de capitais que te-ve lugar devido aos acontecimentos mun-diais e que se materializou em duas fa-ses: uma, a mais simples, pelos enviosfeitos do exterior para o nosso país, ea outra, indiretamente, pela permanêncianele, das somas que habitualmente eramtransferidas para o estrangeiro como

pagamento de lucros devidos por ante-riores inversões.

Êste procedimento motivou uma abun-dância anormal de dinheiro disponível

que em busca de uma imediata e diretacolocação se lançou no mercado de va-lores, influindo na alta de preços dos tí-tulos ou que manteve um prudente com-

passo de espera refugiado nas arcas ban-cárjas, com o que aumentaram em for-ma tal as reservas metálicas que até se

pensou oportunamente em aproveitar

essa circunstância, fazendo-a servir de

base para um plano oficial denominado

de reativação econômica.

O "Boletim da Bolsa do Comércio",

diz logo, que essa situação não se man-

teve estacionária; a prolongação e ex-

tensão da guerra afastou, para êsses ca-

pitais, a possibilidade de voltarem aos

seus países de origem; a sua própriaafluência determinou na nossa praçauma redução apreciável dos juros a cur-

to e longo prazo, e, finalmente, a fir-

meza evidenciada pela cotação dos títu-

los, ofereceu a possibilidade das opera-

ções de conversão de empréstimos a ju-

ros menores, que são por todos conhe-cidas.

De tal maneira, esse metal que se man-tinha flutuante, teve que encarar a pos-sibilidade duma larga estada e a evi-dência duma diminuição no seu rendi-mento, confluência esta de fatores queconduziu, pela sua natural gravitação, abuscar em inversões mais estáveis, re-sultados maiores.

Afirma o Boletim que, cumprido êsteencadeamento de fatos, começará a fi-xação de capitais. Informa logo, que asamplas possibilidades oferecidas pela in-dústria e a sua favorável evolução nosúltimos anos, foi um incitamento paramuitos inversores que juntaram a êsseritmo a fecunda entrega do seu capital,por meio da criação de numerosas enti-dades- comerciais e industriais ou uniu-do-se a outras já existentes. A provafac.il e visível desta asseveração — acres-centa — é o extraordinário êxito comque foram efetuadas ultimamente impor-tantes emissões de ações de diversas so-ciedades anônimas, que oferecidas publi-camente, foram colocadas imediatamentecom excesso, obrigando a efetuar rateiosaté 15%.

Estão entre estas emprêsas algumasdedicadas à navegação, vinhedos e ade-gas, comércio e fabricação de produtosde farmácia, metalúrgicas, indústrias ex-trativas e outras. Mais acentuado aindaé o auge observado no que concerne àstransações de bens de raiz, onde um sódetalhe revela em que forma se empre-garam neste ramo os capitais em buscade colocação. Durante os primeiros oito

"meses do ano de 1942, as vendas de imó-veis na cidade de Buenos Aires subirama $ 405.037.000, com uma superfícieconstruída de 1.046.000 metros quadra-dos, sendo êste caso duplamente signifi-cativo, se o compararmos com as cifrascorrespondentes à totalidade do ano de1941, no qual, as vendas somaram $ 374.634.000 com uma superfície de 1.897.000 metros quadrados, sendo porsua vez estes números os mais altos dosúltimos cinco anos anteriores.

Também às transacções respeitantesàs terras chegou esta corrente de fáceiscompradores a bom preço e não sómen-te os campos para pastagem, o que seexplicaria pela próspera situação da nos-sa gadaria, como também os de agri-cultura, apesar das adversas possibilida-des que oferecem atualmente.

Diz ainda o Boletim da Bolsa do Co-mércio, que todos os artigos foram es-timulados pela presença de novos capi-tais disponíveis e necessitando dum sãoemprego, sendo disso uma prova a re-

petida freqüência com que, nas liquida-

ções dos seus créditos, efetuadas peloBanco Hipotecário Nacional, os compra-dores das propriedades levantam v ime-diatamente o gravame que sôbre elas

pesa, algumas vezes por somas superio-res a um milhão de pesos.

Influe neste movimento a presença decapitais nacionais, os quais as circuns-

tâncias impedem que sejam aplicados nos

negócios habituais e que, abrindo um

parêntesis, procuram fixar-se dalguma

maneira, esperando o ensejo de podervoltar ao destino em que sram prévia-mente empregados.

127

INTERCÂMBIO ARGENTINA-

BRASIL

O relatório do Banco Central da Re-

pública Argentina, referente a 1942,

são feitos alguns comentários sôbre o

convênio de pagamentos entre aquele

país e o nosso, assinado em 1941. Teveaquele convênio por objetivo a soluçãodo problema criado com a existência deum excesso sistemático das exportaçõesargentinas sôbre as importações de ori-

gem brasileira. A cláusula principal doreferido acordo é a que dispõe que o ex-cedente do intercâmbio mercantil, sôbreum equivalente de dólares 2,5 milhões só

poderia fazer-se efetivo mediante o au-mento das compras pelo país credor.

Consigna o relatório que, no momentoem que foi assinado o convênio, corres-

pondia à Argentina realizar esforço paradesenvolver suas importações do Brasil.Assim o fez, outorgando uma quota mui- .to ampla parados nossos tecidos de algo-dão e tratando de estimular as aquisi-

ções de madeiras, ferro, borracha e ou-tros produtos do Brasil.

O deslocamento de mercados provoca-do pela guerra, porém, e a alta de pre-ços de quase todos os artigos que a Ar-

gentina importava do Brasil, inverterama situação, que existia quando se pôs nosmeiados de 1941, em vigência o acôr-do e à raiz dêle se acumularam impor- •

tantes saldos a nosso favor. Entre asmercadorias brasileiras, para cuja aqui-s-ição a Argentina fixou autorização alémdas outorgadas pelo convênio, figuram ostecidos de algodão, havendo também ascompras de fios de algodão, madeiras ediversos artigos de menor importância.

As importações argentinas do Brasil

passaram de 68 milhões de pesos, em1940, a 190 milhões em 1942, enquanto

que as suas exportações para o Brasil

passaram de 76 milhões para 102 mi-lhões, naqueles mesmos anos, notando-senelas sensível desenvolvimento quanto aoembarque de lã, cimento, frutas frescase diversos artigos industriais. No primei-ro ano da aplicação do convênio, até ju-lho de 1942, a conta de pagamentos, en-tre as duas nações, deu um saldo favo-rável ao_ Brasil de 63 milhões de pesos enos seis' meses seguintes 22 milhões, ousejam, 85 milhões de pesos até 31 de de-zembro último..

1 ¦

?

REGULAMENTADO O SEGURO-

FIDELIDADE

J NSTITUIDO já há algum tempo, pordecreto-lei, o seguro-fidelidade con-

tinuava, todavia, sem aplicação, uma vezque faltavam instruções indispensáveispara a sua prática, em benefício dos in-teressados.

Em atenção aos pedidos que lhe fo-ram formulados, o presidente do Insti-tuto de Aposentadoria e Pensão dosServidores do Estado resolveu baixar asinstruções devidas afim de que, sem ne-nhum impecilho, o seguro de fidelidade

profissional seja facultado aos que o so-licitem, o que é justo.

128

#sat

0^ IS' r

Recursos para a Guerra

T NDUB1TAVELMENTE, um dos pontos que mais chamam a atenção do comentador

JL leigo dos fatos atinentes à guerra é o custo da mesma. O Brasil, que se acha^ partici-

pando dela ativamente} desde fins de agosto do ano passado| teve, logo nos primeiros dias

da declaração do estado de beligerância, que encarar o assunto do custo da guerra que ia

fazer. Em semelhante coisa, efetivamente, os orçamentos teem que ser imprecisos no que

diz respeito à despesa. Esta pode ser maior ou mnor, oscilar sujeita a acontecimentos que

nem sempre nos é dado ditar ou prever. A receita, ou pelo menos uma receita, pwem,

deve ser calculada e arrecadada para possibilitar ao governo1 as condições de nccessaria h-

quidez para as despesas,. .A emissão dos Bônus de Guerra, no valor de três mliões de cruzeiros, foi sem duvida

a primeira medida do gdvêrno brasileiro no sentido de criar uma reserva para atender às

despesas decorrentes da guerra; esta emissão, feita em bases as mais seguras, rendendo ao

capital nela invertido um lucro razoável, vem encontrando de parte do público a melhor

aceitação possível, não sendo de estranhar o se dizer que a sua cobertura vem excedendo

as expectativas. ,Existem outras fontes onde pode o governo colher novos fundo# para o custeio da

guerra; há um imposto direto, como o imposto de renda, capaz de proporcionar renovados

recursos: e há o veiculo do imposto indi- ~» 4 . • Ireto, de consumo. Neste último já está

sendo feita uma experiência, a da eleva-

ção da tarifa sôbre o fumo e produtos de-

rivados .Quanto ao primeiro, está sendo es-

tudado um projeto que, cremos, poderá

produzir os melhores resultados, uma vez

transformado em lei.

Com os aumentos já postos em práticano imposto de consumo de fumo e produ-tos derivados, os produtores e consumido-res irão reforçar a arrecadação da União

de 120 a 150 milhões de cruzeiros anuais,

visto como a arrecadação que foi no ano

passado de cerca de 320 milhões de cru-

zeiros, irá agora ultrapassar de 459 mi-

lhões. 1

No que diz respeito especialmente, ao ci-

garro, é interessante ver como êle ocupa

o primeiro lugar no quadro das nossas ren-

das fiscais, pagando o consumidor 45% de

imposto, percentagem esta que sobe para53%, se, o cálculo for feito não pela base

do preço pago pelo público e sim jfela base

do pVeço por que é vendido pelo produtor.

No que diz respeito ao projeto de modi-

ficar parte da estrutura da lei de imposto

de renda, tem sido o mesmo objetivo de

desencontrados comentários, nascidos, pos-sivelmente, de má intenção para estabelecerconfusão no ambiente nacional. Em decla-rações prestadas à imprensa, o ministro daFazenda pôs a coisa nos seus justos termos,

tirando margem a qualquer novo intentoconfusionista.

A lei do imposto sôbre a renda que seacha em vigor foi promulgada há poucomais de um ano e o seu objetivo_ principalé dotar a administração de maiores ele-mentos de controle, aperfeiçoando-lhe o sis-tema de cadastro e de fiscalização — base

do financiamento de todo o aparêlho tribu-tário da renda.

"O aumento, que está sendo objeto de

estudo — declarou o titular da pasta da Fa-zenda — entre o govêrno e os representan-tes das classes conservadoras, atingirá, no

que diz respeito às pessoas físicas, apenasaquelas cuja renda anual exceda à impor-tãncia de duzentos mil cruzeiros. As ren-

das individuais, inferiores a esse limite,

não serã atingidas pelo aumento de taxasem estudo."

Um outro ponto que serviu à quinta-co-luna foi o boato de que o govêrno iria ta-xar os lucros de guerra. Também a êsterespeito o ministro da Fazenda prestou de-clarações decisivas: " Sôbre lucros de guer-ra, tudo o que se está apregoando, até aqui,é ação da quinta-coluna, com o propósitode lançar a confusão nos espíritos. Emmatéria de lucros dessa natureza, o queconstitue preocupação do govêrno é fazer

com que êlcs, na parte que se refere à in-

dústria, sejam aplicados no aperfeiçoa-

mento técnico da produção. A utilização

dêsses benefícios da guerra para o finan-

ciamento desta não passa de boato, inten-

cionalmente alarmista."

O Brasil, pelo seu govêrno, tem absolu-

ta conciência do momento que esta vivendo

e sabe perfeitamente a capacidade de con-

tribuição do seu povo; somos um pais onde

o capital é uma entidade ainda em forma-

ção e não há por onde se justifique qualquermovimento que, ao em vez de significar

apôio àquilo de que realmente carecemos

para as nossas iniciativas, possa se traduzir

em desapreço.

O DÉFICIT PAULISTA

Q PRESIDENTE da República foi in-

formado pelo secretário da Fazenda

do Estado de São Paulo que o exercício

financeiro de 1942 apresenta um ^ déficit

de 57 milhões de cruzeiros, excluídos os

serviços de estradas de ferro. Segundo

a mesma informação o referido déficit é

inferior ao verificado em 1941.

O déficit de 1942, na história financei-

ra de S. Paulo, é o menor verificadodesde 1926.

Empréstimo Mineiro de Consolidação

Série B - Lei n. 131, de 6 de Novembro de 1936

RELAÇÃO DAS APÓLICES PREMIADAS

No sorteio de 30 de Abril de 1943

Cr$ 500.000,00 1.560.581

Cr$ 50.000,00 1.603.930Cr$ 20.000,00 1.341.183Cr$ 10.000,00 1.116.457Cr$ 10.000,00 1.589.938Cr$ 10.000,00 1.813.421

PRÊMIOS DE CR$ 5.000,00

1.121.169 1.243.445 1.429.740 1.853.174 1.892.552

PRÊMIOS DE CRf 1.000,00

1018 506 1.237.438 1 500 121 1.721224 1.809.3681.024 276 1.281.256 1.511.583 1.736 243 1 823.9791.026 372 1.302.769 1 535 025 1736.957 1826.2581.035 467 1.304.041 1.546.615 1 748 954 1.865.3091.058.338 1.318 129 1.549.548 1.757 818 1.877.4671.060.066 1.330.593 1.649.915 1.761.798 1.888.4531.060.392 1.330.628 1.663.076 1.766.749 1.893.2521.064.497 1.360.999 1.667 617 1.776.066 1.895.7501.102.902 1.424.369 1.671 249 1776.993 1.923.0711.120.901 1.469.895 1.676 808 1.778.350 1.931.1911.129.877 1.481.380 1.680.527 1.778.406 1.969.2481.140.402 1.486.300 1.696.429 1.790.212 1.965 4311.161.867 1.486.391 1.710.210 1.790 692 1.966.2631.186.277 1.487.576 1.713.907 1.797.199 1992.4971.211.355 1.491.669 1.719.207 1.799.728 1.995 414

Secretaria das Finanças, 30 de Abril de 1943. J. AMILCAR M0URÃ0, chefe da 1.« Secção.Visto. B. TtRTULIANO, Superintendente do Departamento da Despesa Variavel.

O OBSERVADOR — LXXXVIU 129

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Nova Divisão Administrativa dos Muni-

cípios Brasileiros

TJM recente entrevista à imprensa local, o Secretário Geral do Conselho Nacional deE* Geografia e Estatística leve oportunidade de ressaltar um assunto de viva importân-

cia relativamente ao municipalisino nacional: a sistematizarão da divisão territorial brasi-

leira. Ao fazer, porém, as suas considerações em torno de tão palpitante assunto, não fu-

giu, o entrevistado, a uma interpretação sincera do Decreto-Lei n.° 311, de 2 de março de

1938, incontestavehnente a mais importante reforma já consubstanciada em .dispositivo le-

gal, visando ao mesmo tempo proteger a constituição dò$ municípios brasileiros e evitar

c cáos na divisão territorial do país. .De fato, na entrevista do dr. Cristóvão Leite de Castrà destacamos, de início, a sua

opinião valiosa a respeito do Decreto-Lei 311, como reforma relevante da nossa vida mu-

nicipal que pôs ordem, principalmente, nos seguintes pontos de desordem: a) os municí-

pio's e os distritos não tinham sequer direito à existência tranqüila, pois de um momento

para outro o Governo do Estado podia desmembrá-lo, mudar o nome e o local de sua séde

e até mesmo extingui-lo; b) os limites dos municípios e dos distritos Mo eram definidos

na sua grande maioria, e os poucos de cujos limites se tinha conhecimento, eram-no pordescrições defeituosas a tal ponto que limi-

tes de vários municípios se superpunhamaos de outros; c) o âmbito territorial comformas extravagantes, havendo, mesmo, ca-sos de municípios cujas sédes estavam forade seu âmbito de jurisdição; d) a questãoda nomenclatura dos municípios e distritos,onde a "confusão era geral".

Contra essa situação anormal, contrastan-do com o sentido de ordem que se impri-

mia aos grandes problemas da vida nacio-

nal, o governo brasileiro tomou a única pro-vidência cabível, a que se consubstanciouno decreto-lei 311, transformando a balbúr-

bia reinante, pondo termo ao cáos que até

então se verificava. E enaltecendo, ainda

mais, o espírito da medida posta em vigor

em 1936, o dr. Crsitóvão Leite de Cas-

tro, assinala como pontos principais da re-

forma: a) somente por leis gerais quinque-nais é alterada a divisão do país; b) no

dia 1.° de janeiro, ao início de cada quin-

quênio, é comemorado em tôdas as cidades

do Brasil o "Dia do Município", com a so-

Iene instalação dos novos quadros territo-

riais, que, inalteráveis, permanecerão du-

rante 5 anos; c) os âmbitos territoriais dos

municípios e distritos são contínuos e con-

cordes; d) cada município tem seus limites

definidos em minuciosa descrição e o seu

território figura em um mapa oficial; e)

cada distrito tem também seus limites de-

finidos em lei e constitue o âmbito terri-

torial menor e sub-múltiplo comum dos

âmbitos maiores da divisão administrativa

e da divisão judiciária; f) é cidade toda

séde municipal e vila tôda sede distrital,

e em ambas estão definidos e representados

os perímetros urbanos e suburbanos; g)

o nome do município é igual ao de sua séde

e o do distrito também, e dentro de cada

unidade federativa não há duas sédes de' município ou distrito com o mesmo nome.

Ainda o entrevistado externou que, con-

forme preceito legal, o primeiro período

qüinqüenal encerrar-se-á a 31 de dezembro

de 1943, razão pela qual serão realizados,

ainda no decorrer do presente ano, todos os

estudos relativos à revisão territorial. Es-

ses estudos estão sendo realizados com um

duplo sentido: estrutural e de nomenclatu-

ra. Quanto ao primeiro, estudar-se-ão

quais os municípios e distritos que serãoconfirmados, alterados, extintos ou criados;será feita, ainda, uma revisão completa nasdescrições das divisas inter-municipais e in-ter-distritais; quanto ao segundo, de acôr-do com dispositivo legal, será evitada arepetição dos nomes de cidades e vilas.

A oportunidade da entrevista do secretá-rio geral do Conselho Nacional de Geogra-fia e Estatística foi feliz, sob todos os as-

pectos. Evidenciou que as autoridades, nes-te momento encarregadas do controle dadivisão administrativa do país, cumprindoa sua tarefa ingente, estão preparadas paraa campanha geográfica que travarão em1943.

ESTADO DE MINAS GERAIS

O progresso de Caxambú

T}AS estâncias hidro-minerais brasilei-

ras, Caxambú, pela sua importância,

é uma das mais visitadas, anualmente,

por aquáticos provenientes de todo o

país. A posição privilegiada que desfru-

ta Caxambú, todavia, pode, ainda, tor-

nar-se mais atrativo aos que ali repousam

nas estações dágua, uma vez que sejam

realizadas determinadas remodelações in-

dispensáveis a um centro turístico de

sua fama. Os aquáticos necessitam de

conforto; e é com êsse pensamento quea atual administração de Caxambú vem

empregando esforços no sentido de do-

tar a importante estância mineira da

maior comodidade possível, de modo a

deixar uma recordação agradavel aos quea procuram.

Já foram tomadas providências afim

de ficar assentado, em definitivo, o pro-blema do acesso a Caxambú, para os fo-

rasteiros que saem do Rio de Janeiro, o

que até presentemente se tornava difícil

em virtude da falta de ajustamento de

horários dos comboios que partem desta

capital e de Belo Horizonte. O municí-

pio vai saldando as suas dívidas ao mes-

mo tempo que realizando novos empreen-

dimentos, tornando-se, assim, sob o pon-to de vista urbanístico, digno da fama

que desfruta como estância hidro-mi-

neral.Desenvolve-se a conservação dos ser-

viços de utilidade pública; foram au-

mentadas as redes de abastecimento dá-

gua, de esgotos e de eletricidade; cons-

truiram-se praças; rasgaram-se ruas.

De 1939 a 1942 foram calçados a asfalto

4.700 metros quadrados; nesse mesmo

espaço de tempo foram colocados 4.024.87 metros lineares de meio fio e

cerca de 12.986.172 metros quadrados de

calçamento a paralelepípedo.A receita de Caxambú, de 1942, foi or-

çada em Cr$ 927.617,00; a despesa não

passou de Cr$ 888.063,70.

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

O desenvolvimento de Cachoeira

Ç\ MUNICÍPIOde Cachoeira, incontes-tavelmente, é um dos mais progres-

sistas do Estado do Rio Grande do Sul.

A sua arrecadação, nos últimos cinco

anos tem crescido num ritmo contínuo,sendo que, a de 1942 ultrapassou em Cr$738.955,70 à receita prevista.

À disposição do município encontra-seuma excelente rede rodoviária, que cortaas suas terras em todos os sentidos e

liga-o aos municípios adjacentes. Relati-vãmente à educação e saúde da sua po-

pulação, Cachoeira tem dispensado osmaiores cuidados. Conta o município,

presentemente, com 71 escolas isoladas e7 grupos: 16 escolas isoladas e quatrogrupos na cidade e suburbios; 8 aulasisoladas em Capaué; 5 aulas isoladas emBarro Vermelho; 11 aulas isoladas e 1

grupo no distrito de Restinga Seca; 9aulas isoladas e 1 grupo no distrito deDona Francisca; 6 aulas isoladas e um

grupo no distrito de Agudo; 6 aulas iso-ladas no distrito de Cerro Branco; 10aulas isoladas no distrito de Paraíso. Em1942 as matrículas em todas as escolasmunicipais atingiram o número de 3.211alunos e a freqüência média a 2.639.

A economia do município baseia-se nasua principal produção: o arroz. A cul-tura do arroz nas terras feríilíssimas deCachoeira, atingiu a uma tal importân-cia que, por ocasião de cada safra rea-liza-se a "festa do arroz", oportunidade

para que os lavradores e o povo em ge-ral externem a sua alegria.

O aspecto da cidade de Cachoeira éagradavel, notando-se que a sua popula-ção dispõe de quantos requisitos exige aestética urbanística: boa iluminação,ruas bem calçadas, largas avenidas arbo-rizadas, algumas pavimentadas, jardinsencantadores, edificações públicas e par-ticulares agradáveis a todos. Com razão,essa cidade dos pampas é cognominadaa "Princesa de Jacuí".

130

Abastecimento do Vale Amazônico

PORAM assinados acordos cm 1 de março c 3 de abril do ano em curso', entre a Sn-

perintcndência de Abastecimento do Vale Amazônico (S. A. V. A.) e Rubber De-velopment Corporation, para a colocação de trabalhadores no Vale Amazônico e o supri-incuto de gêneros básicos.

Pelo acordo de 1 de março a S. A. V. A. se compromete, às expensas da RubberDevelopment Corporation, ao seguinte: a receber e aceitar em acampamentos construídosos trabalhadores recrutados pela S. E. M. T. A.; providenciar o transporte de tais tra-balhadores para os acampamentos no Vale Amazônico e porto fluvial mais próximo do lo-cal contratados; em cooperação com outras entidades brasileiras competentes, compremele-se a colocar os trabalhadores com empregadores idôiieos, etc. ..

Compromete-se ainda a S. A. V. A. nesise contrato a providenciar a colocação dostrabalhadores mediante um contrato individual de colocação de serviços, sendo que talcontrato deverá garantir ao trabalhador toda a proteção da legislação civil e trabalhistabrasileira atualmente em vigor, incluindo, ainda, a S. A. V. A. no contrato o seguinte:"que o trabalhador tenha a liberdade de mudar de empregador quando bem entender, res-pondendo o novo empregador pelas dívi- das porventura contraídas com o anterior;

que o seringalista estabelecerá um limitede crédito para o trabalhador, limite êssenecessário às suas despesas essenciais, como intuito de procurar reduzir ao mínimo oseu débito; que o seringalista não cobrará

pelos víveres e materiais fornecidos aostrabalhadores, preço superior ao publicadopela autoridade competente; que as com-

pras mensais de materiais, etc., feitas pelotrabalhador e as entregas de borracha porêle efetuadas, sejam escrituradas em sua"caderneta individual", sujeita à inspe-

ção, em qualquer ocasião, pela autoridadecompetente.

Compromete-se a Rubber DevelopmentCorporation a indenizar a S. A. V. A.

por todas as operações confiadas a esta emvirtude desse acordo, etc.

Pelo acordo de 3 de abril a Rubber De-velopment Corporation empregará os seusmelhores esforços para formar e manterem seus armazéns estoques regulares dosseguintes gêneros considerados de primei-ra necessidade: açúcar, anzóis, arroz, ba-nha, café, cartuchos, cafeteiras, canecas,chumbo para caça, colheres estanhadas oude ferro, espoletas, espingardas, facascompletas, faróis tubulares, farinha de tri-go, farinha de mandioca, feijão, foices, fós-foros, fumo em folha, milho em corda, lan-ternas e lamparinas, leite condensado empó, linhas para pesca, manteiga, machados,óleos comestíveis, papel para cigarro, pei-xes salgados ou secos, pirarucu, pólvora pa-ra caça, pratos esmaltados ou de folha, que-rozene, sal, tarlatana, talheres de ferro ouestanhados, terçados, tijelas, tijelinhas, tou-cinhos, charque, etc.

Êsses gêneros serão vendidos nos arma-zéns da Rubber Development Corporation,observadas as condições seguintes: a) ospreços de venda dos gêneros não poderãoexceder o limite máximo alcançado no mêsde março de 1942, época em que se estabi-lizou o preço da borracha, e serão basea-dos no custo dêsses gêneros cif-Belem,acrescido da percentagem dos aumentos dopreço da borracha ocorridos posteriormen-te àquela data; b) a fixação dos preçosde venda será feita por uma delegação

constituida por um representante da Super-intendência de Abastecimento do ValeAmazônico, um da Rubber DevelopmentCorporation, um do Govêrno do Estado doPará, um do Govêrno do Estado do Ama-zonas, um do Govêrno do Território doAcre e um do Banco de Crédito da Bor-racha; c) os preços de venda serão cal-culados para cada localidade em que a Rub-ber Development Corporation mantenha es-toques, bem como para as diferentes re-giões tributárias, computando-se o custo defretes, impostos, taxas portuárias e demaisdespesas; d) aos revendedores será asse-gurada uma margem de lucro na base de15% (quinze por cento) ; e) dos preços dcvenda se fará ampla divulgação e serão es-tabelecidos periodicamente da maneira se-guinte: o primeiro período, até 15 de julhode 1943; o segundo, até 31 de dezembro de1943; e os seguintes, semestralmente, até31 de dezembro de 1944; f) as vendas se-rão efetuadas à vista e aos fornecedorescapazes de efetuar o transporte das merca-dorias dos pontos onde forem estabeleci-dos os estoques. Para o consumo nas ci-dades onde existam estoques as vendas so-mente serão feitas às firmas importadoras,cuja relação nominal será fornecida à Rub-ber Development Corporation pela Superin-tendência de Abastecimento do Vale Ama-zônico.

PRAZOS PARA APRESENTAÇÃO EEXAMES DOS BALANÇOS GERAIS

Q DECRETO-LEI n. 5.346 de 26-3-943.publicado no "Diário

Oficial" de 30de março do ano em curso, prorrogouaté 31 de maio do corrente ano o prazopara apresentação, pela Contadoria Ge-ral da República, dos balanços gerais doexercício de 1942 e relatório circunstan-ciado a que se refere o art. I.0,'letra c,do decreto n. 5.808, de 13-6-940.

Os balanços acima referidos serão sub-metidos, até 30 de junho seguinte, aoexame do Tribunal de Contas que teráo^ prazo de sessenta dias para os fins in|dicados no § 5.° do art. 20 do decreto-lei n. 426 de 12-5-938.

INSPETORIAS REGIONAIS DE FO-

MENTO DA PRODUÇÃO ANIMALi

l^ORAM criadas na Divisão de Fomen-

to da Produção Animal do Departa-

mento Nacional da Produção Animal,

duas inspetorias regionais: uma com se-

de em Fortaleza, no Estado do Ceará;

outra, com sede em Belém, no Estado do

Pará.

Essas inspetorias denominar-se~ão Ins-

petoria Regional em Fortaleza e Inspeto-

ria Regional em Belém, e terão as mes-

mas finalidades e atribuições previstaspara as demais Inspetorias Regionais deFomento da Produção Animal já exis-tentes.

(Decreto-lei n.° 5.361, de 30-3-943,"Diário Oficial" de 1-4-943).

RESOLUÇÕES DO INSTITUTONACIONAL DO MATE

Ofi-oes ns

"PORAM publicadas no "Diário

ciai" de 1-4-943, as Resoluçõ135, 136 e 137.

A primeira resolve que os industriais eexportadores dos Estados do Paraná eSanta Catarina registados no Instituto,ficam obrigados a adquirir mate canchea-do em quantidade igual às suas quotasanuais, nas épocas e percentagens seguin-tes: 20% (vinte por cento) até 31 deagosto, 30% (trinta por cento) até 30 denovembro, 30% (trinta por cento), até 28de fevereiro, 20% (vinte por cento) até31 de maio. Para efeito do disposto aci-ma„ consideram-se as quotas dos expor-tadores para a Argentina, distribuídasna base de um montante anual de 13.000.000 de quilos.

A Resolução 136 resolve que ficam es-tabelecidos nos Estados do Paraná eSanta Catarina, para o mate cancheadode primeira qualidade, classificado empeneira de um e meio milímetro, por 15quilos, conforme procedência e local deentrega — sédes municipais, os seguintespreços em cruzeiros: a) Mate dos cam-pos (2.° e 3.° planaltos): Curitiba, 8,20;Rio Negro, 7,20; Ponta Grossa, 6,70; SãoMateus, 6,70; Rebouças, 6,40; Joinvile,8,20; Mafra, 7,40; Canoinhas, 6,70; Va-lões, 6,30. b) Mate do 1.° planalto deno-minado "Herva

timoneira": Curitiba,7,80; Joinvile, 7,80; Campo Alegre, 6,80.

Os preços correspondentes à segundaqualidade são os enunciados acima, como desconto de Cr$ 0,50.

A 137 resolve que os preços mínimosde mate para mercado uruguaio, F. O.B. Montevidéu, embarcado pelos portosdos Estados do Paraná e de S. Catarinasão os seguintes: Tipo PU 1 — Cr$ 1,55por quilo, Tipo PU 2 — Cr$ 1,40 porquilo, Tipos CB 1 e CC 1 — U$S 0,70 pordez quilos.

O OBSERVADOR — LXXXVUt 131

mOBILIZflCAO econômicfl

Comissão de Preços de Cardápios

de Restaurantes

A NOSSA Revista já tem se ocupado e camentado as diferenças de preços nos cardá-** pios de restaurantes, salientando a necessidade de serem tomadas medidas para prote-(jer a economia alimentar do povo.

A Coordenação da Mobilização Econômica, que cada vez mais amplia suas obrigações,

estudando esse assiintô, resolveu criar a Comissão de Preços de Cardápios de Restaurou-

tes" com as seguintes atribuições:'< II _ Estabelecer dentro de 90 dias o tabelamento dos preços de cardápios adotados

em restaurantes.II — O tabelamento deverá ser feito considerando: a) o preço dos gêneros alimen-

ti cios utilizados, na base das tabelas em vigor adotadas pela Coordenação; b) as despesas

cie instalaçãof equipamento, aluguéis, pessoal, impostos e outras de cada estabelecimento,

atendida a classe dos restaurantes; c) a necessidade de uma razoável margem de lucros

para as instituições, firmas ou pessoas que explorem, tal ramo de comércio.

III — Para atender a situação econômica-alimentar da pôpulação, a Comissão estuda-

rá a instituição obrigatória de um cardápio racionalmente elaborado e a •preço razoável,

considerada a classe dc restaurante.IV — A Comissão efetuará o tabelamen-

to inicialmente para o Distrito Federal

estendendo-se, a seguir, para os' Estados,

de acordo com os estudos que forem rea-

lizados posteriormente, tendo em vista as

condições locais.

— Realizado o tabelamento, receberá

a Comissão as redações dos interessados

durante o prazo de 60 dias, as quais, con-

venientemente apreciadas e julgadas, servi-

rão de elemento para as modificações que

se fizerem necessárias nos preços estabele-

cidos.

VI _ Incumbe à Comissão estabelecer

as normas e recomendações consideradas

indispensáveis para uma completa íegula-

mentação dos reefridos preços.yil O tabelamento organizado, assim

como as medidas indicadas, terão o carátei

de proposta ao assistente responsável pelo

Setor Preços, que as submeterá, devidamen-

te informadas, ao Coordenador da Mobi-

lização Econômica, para decisão e aprova-

ção.''

INDÚSTRIA DE CONSTRUÇÕESCIVÍS

PELA Portaria n.° 47, de 5-4-943, ten-r

do em vista a importância da mdus-

tria de construções civis para o pais, toi

determinada a competência do betor

Construções Civis. .

Compete ao S. C. C. o segum e. p

vativamente dentro da C. M. E.^, o estu-

do e o exame de todas as questões re e-

rentes à indústria de construçoes civis,

cabendo-lhe propor todas as providen-

cias resultantes de tais estudos e exa-

mes, bem como reunir todos os elemen-

tos e executar todas as medidas de con

trole, indispensáveis ao cumprimento c e

suas atribuições. , J T 4nc+r:ilIncumbe ao Setor Produção Industual

O contato das indústrias de material de

construção sob seu controle com o .. .

C. C. devendo este enviar periódica

mente ao primeiro, a lista das necessu a-

des das construções civis e a classifica-

ção destas por ordem de impoga""»-

Pela Portaria n.° 48, de 5-4-943, foi de-

terminada um levantamento mensal das

necessidades da indústria de construçõescivis pelo Setor Construções Civis.

Será feito mensalmente um levanta-mento das necessidades dessa indústria c

os elementos a serem fornecidos e quese relerem a cada obra em andamentoou que, embora aiuda não começada, jáesteja licenciada, são as seguintes: I) No

primeiro mês em que forem enviados os

dados de uma obra: a) firma constru-

tora; b) prefixo indicativo da obra; c">

proprietário; d) localização; e) frnalida-

de; f) breve descrição; g) área de cons-

trução e número de pavimentos, em se

tratando de prédios; h) principais carac-

terísticos, em se tratando de outras

construções civis; i) orçamento total, j)

data da licença; lc) data de início da

construção; 1) volume total de concie-

to armado; m) volume de concreto ar-

mado a construir; n) quantidade de ci-

mento total necessária; o) quantidade de

cimento que ainda precisa utilizar, p)

consumo provável de cimento nos pio-

ximos trinta dias; g) tonelagem de fer-

ro necessário; r) tonelagem de ferro

que ainda precisa utilizar e sua distn-

buição por diâmetros; s) consumo pro-

vavel de ferro nos próximos trinta dias

e sua distribuição por diâmetros ;^t) di-

ficuldades existentes na execução da

construção; u) engenheiro encarregado

da obra; v) data da informaçao; w)

responsável pela informaçao.

II) Nos meses subsequentes: a) firma

construtora; b) prefixo indicativo da

obra * c) volume de concreto ^armado e

construir; d) consumo de cimento nos

trinta dias anteriores; e) quantidade de

cimento que ainda precisa utilizar;^ t)

consumo provável de cimento nos pioxi-

mos trinta dias; g) consumo de ferro nos

trinta dias anteriores; h) tonelagem de

ferro que a'.nda precisa utilizar e sua

distribuição por diâmetros; i) c°"sll™°

provável de ferro nos proximos oO dias

e sua distribuição por diâmetros; j) difi-

culdades existentes na execução da cons-

trução; k) data da informação; j)/es-ponsavel pela informação. Na hipótese

de ser alterado algum dos elementos da

informação inicial, incluídos nas alíneas

c, e, g, h, i, l| n, q e u, do inciso I deste

artigo na informação imediata â ocurrên-

cia de tal modificação, esta deverá ser

acrescida ao texto normal.

USINAS PRODUTORAS E COMÉR-

CIO DE FERRO PARA CONCRETO

ARMADO

A PORTARIA n.° 45, de 1-4-943, de-

termina às usinas produtoras de fer-

ro para concreto armado que distribuam

êsse material no E. de S. Paulo, obede-

cendo a listas organizadas, mensalmente,

pelo Escritório Regional do Setor Pro-

dução Industrial com a colaboração do

Sindicato das Grandes Estruturas, do

mesmo Estado, de modo a atender às

diversas obras, tendo em vista suas ti-

nalidades.

A Resolução n.° 34 (D. O. de 5-4-94o)

aprova para o comércio de ferro paraconcreto armado, as seguintes tabelas de

preços máximos de vendas em cruzeiros:

a) barras de aço comum, classe 37CA e

de "ferro de pacote" para concreto ar-

mado: De 1 7/8 até 1", exclusive, 3,50;

De 1" até 5/8, 2,90; De 1/2, 3,05; De

3/8, 3,50; De 5/16, 3,57; De 1/4, 3,62; De

3/16, 3,95; b) barras de aço, alta resis -

tência, classe 50 CA, para concreto ar-

mado: De 1" a 5/8", 3,35; De 1/2 , 3,50,

De 3/8", 3,95; De 5/16", 4,02; De 1/4,

4,07; De 3/10", 4,40.

Os preços acima entendem-se a 90 dias

ou com 3% de desconto para pagamentoà vista, posto obra na Capital e, nas

vendas para o interior, posto vagão São

Paulo, sendo o ferro fornecido nos com-

primentos usuais de 10 a 12 metros.

As presentes cifras abrangem, ex-

clusivamente, o Estado de São Paulo, de-

vendo os preços para as demais regiões

do Brasil constituir objeto de resolução

própria.

COMISSÃO DE RECENSEAMENTODOS CONSUMIDORES DO DISTRI-

TO FEDERAL

A PORTARIA n.° 46, de 1-4-943, criou

a Comissão de Recenseamento dos

Consumidores, composta de três meni-

bros nomeados pelo coordenador' da Mo-

bilização Econômica, com a finalidade

de: levantar o cadastro dos consumidores

no Distrito Federal; fixar as unidades de

consumo de acordo com o produto que

tiver de ser racionado; propor ao coor-

denador as medidas que se toi narem ne-

cessárias para regulamentar a maneira

de se proceder o racionamento de gêne-ros alimentícios.

132 O OBSERVADOR — LXXXVIll

FARELO, TRIGO, ALGODÃO ETORTAS

PORTARIA n.° 51 de 9-4-943, rc-serva para fins de alimentação ani-

mal toda a produção brasileira de farelo,de trigo, de algodão e tortas. O uso

para outras finalidades principalmentecomo combustível só será permitido, ex-cepcionalmente, pela Coordenação.

MÃO DE OBRA PARA PRODUÇÃODE CARVÃO

A FALTA de carvão devido a diminui-

ção de importação veio nos alertarda necessidade de incrementar por todosos meios a produção de carvão nacional.

As minas de carvão do Rio Grande doSul acham-se atualmente ameaçadas, se-

gundo a exposição enviada ao presidenteda República, de paralização parcial de-vido ao exôdo de trabalhadores.

Assim é que o Coordenador da Mo-bilização Econômica, pela Portaria n.43 de 10-3-943, resolveu mobilizar a mãode obra destinada à produção e ao trans-

porte do carvão no Estado do Rio Gran-de do Sul.

A mão de obra mobilizada compreen-de os operários (mestres, contra-mestres,carvoeiros, mecânicos, topógrafos, auxi-liares de topógrafo, motoristas e serven-tes) que trabalham nas minas, na lava-

gem de carvão, no seu transporte, sejano páteo das minas, seja no percurso dês-se pateo às estações ferroviárias, sejano transporte por via férrea, seja final-mente nas operações de carregamentonos portos do Estado do Rio Grande doSul.

Ficam obrigadas as companhias, socie-dades ou empresas carboníferas do es-tado do Rio Grande a fornecer dentrode 72 horas a contar da data da publi-cação da portaria, uma lista completa dopessoal empregado e que esteja inclui-do nas especificações da mão de obra.Não será permitida a transferência detrabalhadores de uma para outras em-presas sem prévia aquiescência da Di-retoria da Produção Mineral da Secre-taria de Agricultura do Estado.

Essas medidas vieram colocar a baciacarbonífera do Rio Grande do Sul namesma situação de igualdade com a deSta. Catarina, onde essas medidas fo-ram adotadas com êxito.

AS PORTARIAS SÔBRE PREÇOS

SETOR de Preços da Coordenaçãoda Mobilização Econômica vem exer-

cendo grande atividade e as medidas to-madas até agora teem sido de enormesbenefícios para a economia popular.

Da necessidade surgida de esclareceras portarias em vigor sôbre preços, oassistente responsável pelo Setor Preços,baixou as Instruções n. 1 de 2-3-943.

A Instrução é a seguinte: 1.° — Ospreços máximos permissíveis no merca-do interno a quaisquer vendedores são ospreços vendedores são òs preços cor-rentes em 1 de dezembro de 1942. 2.° —Estes preços máximos abrangem indis-tintamente todas as mercadorias, maté-rias primas, produtos manufaturados, in-

clúsive artigos de importação, bem comotransportes de qualquer natureza nas d.-versas modalidades de suas tarifas. 3.° —

Os preços máximos acima fixados iguaisaos preços correntes em 1 de dezembrode 1942 só podem ser alterados: a) pelasComissões de Preços na forma legal; b)

por autorização expressa do coordenadorda Mobilização Econômica ou pelo seuassistente responsável do Setor Preços;4.° — os preços máximos assim fixadospermanecerão em vigor até serem rea-justados nos seus justos níveis, de acor-do com os estudos que se estão realizan-do; 5.° — Quaisquer vendedores que ma-jorarem os preços sem a devida autori-zação incorrerão nas penalidades da lei.

MODIFICAÇÃO DO PREÇO DOFEIJÃO

^^TENDENDO o Coordenador da Mo-bilização Econômica a calamidade

que atingiu os centros produtores defeijão preto do Rio Grande do Sul, re-solveu modificar os preços dêsse produ-to e que passa a ser o seguinte: a).paraos representantes o preço máximo per-missível passa a ser cie Cr$ 66,00 por sacode 60 quilos; b) para os atacadistas opreço máximo permissível passa a serde Cr$ 71,00 por saco de 60 quilos.

Manteve a Portaria o preço máximopermissível de Cr$ 1,40 o quilo para osvaregistas.

?

COMPRA E VENDA DE FRUTAS ELEGUMES

JJOMOLOGOU o assistente responsa-vel pelo setor preços, para a compra

e venda de frutas e legumes no DistritoFederal uma tabela de preços que foi pu-blicada juntamente com a Resolução n.31 de 23-3-943, publicada no "Diário

Ofi-ciai" de 25-3-943.

Estabelece a Resolução também que ospreços mínimos estabelecidos para osprodutores são considerados para osprodutos colocados nos mercados do Dis-trito Federal e a ninguém é lícito pagaraos referidos lavradores preços menoresdo que os constantes da tabela.

Ainda que para aquisição de qualquerdesses produtos aos lavradores nas di-ferentes zonas de produção do DistritoFederal ou zonas que os abasteçam, sãomantidos os mesmos preços, diminuindo-se unicamente o custo de transporte atéos mercados municipais do Distrito Fe-deral. Os preços para os vendedores sãoconsiderados os máximos permissíveis.Os preços de atacadistas ou de consigna-tários são considerados para as pessoasou firmas que efetuem tais transaçõescom fins comerciais.

O vasilhame não poderá ser cobradopelo vendedor, salvo: pote, gigo, jacá deburro, cobrando-se unicamente em depó-sito, a importância de seus respectivoscustos.

?

FECHAMENTO DE GARAGE NODISTRITO FEDERAL

pELA Portaria n. 44 de 17-3-943, pu-blicada no "Diário

Oficial" de 19 domesmo mês e ano, o Coordenador da

Mobilização Econômica, tendo em vista'

as irregularidades, conforme constatou o

serviço de Fiscalização da Comissão deRacionamento e Distribuição de Com-bustíveis Líquidos do Distrito Federal,

resolveu fechar a Garage Americana si-tuada à Praia de Botafogo n. 420.

TABELA PARA COMPRA E VENDADO PESCADO

Q ASSISTENTE responsável pelo Se-tor Preços resolveu homologar para o

Pescado, a título de experiência, e peloprazo dt três meses, as tabelas de preçosmínimos de compra ao produtor e preçosmáximos de vencia ao intermediário e dêsteao consumidor] organizadas pela ComissãoExecutiva da Pesca.

Os preços mínimos de compra ao produ-tor abrangem o Distrito Federal e o muni-cípio dc Santos, em São Paulo, e os preçosmáximos de venda ao intermediário e aoconsumidor abrangem o Distrito Federal eo município de Niterói, no Estado do Rio.

As tabelas não abrangem o pescado con-sumido pela indústria, o qual constituiráobjeto de resolução própria.

Entrará cm vigor a tabela quando a Co-missão Executiva da Pesca assumir o co-mércio do pescado, no Entreposto da Capi-tal Federal, cumprindo-lhe eliminar o sis-tema de vendas em leilão atualmente emprática. Na hipótese da Comissão Exe-cutiva da Pesca não assumir o comércio dopescado, no Entreposto da Capital, as ta-belas para o consumidor entrarão em vigorna data de 10 de abril do corrente ano.

(Resolução n.° 32, publicada no DiárioOficial de 31-3-943, juntamente com a ta-bela para compra e venda de pescado.)

4>

PROVENTOS DE APOSENTADORIA DESÚDITOS DO EIXO POR COMPANHIA

DE SECUROS

COMISSÃO de Defesa Econômica,pela Resolução n.° 39, tomou conheci-

mento e resolveu i;m caso importante quelhe foi submetido pela Companhia Nacio-nal de Seguros de Vida "Sul América".Trata-se do seguinte: um ex-empregadodessa companhia, Georg Adolph Knolle,de nacionalidade alemã, acha-se aposentado,percebendo, mensalmente, os proventos deCr$ 5.000,00, A partir de 1.° de Julhode 1939, data em que se aposentou, GeorgAdolph transferiu-se para a Argentina,onde fixou domicílio. Depois que o Brasilfoi obrigado a declarar guerra aos paísesdo eixo, os bem dos súditos alemães, italia-nos e japoneses domiciliados no estrangei-ro passaram à administração do GovernoFederal; e em virtude dessa situação, aCompanhia Sul América fez a aludida con-sulta, afim de ter ciência da licitude ou nãodo pagamento dos proventos de GeorgAdolph.

Resolvendo o caso, a Comissão de Defe-sa Econômica deliberou que as mensalida-des de CrS 5.000,00, abonadas a partir de31 de Março de 1942, pela Sul AméricaCompanhia Nacional de Seguros de Vida,a Georg Adolph Kiiolle, a título de pro-ventos de aposentadoria, devem, enquantoestiver o mesmo domiciliado no estrangeiro,ser integralmente recolhidas ao Banco doBrasil, a conta do fundo de indenização.

ív

O OBSERVADOR — LXXXV11I 133

CRIAÇÃO DO SETOR DA PESCA

Foi criado e organizado pela Portaria

|'.° 52 de 9-4-943, o Setor da Pescacom a finalidade de manter estreita co-laboração com a Comissão Executiva daPesca e com todos os órgãos federais,estaduais, municipais autárquicos e para-estatais, bem como particulares, cujasatividades se relacionem direta ou indi-retamente com o fomento, a exploraçãocomercial ou industrial e atividades pro-fissionais relativas a produção agrícola.

?

EXPORTAÇÃO DE ARROZ

^ NECESSIDADE de regular o abas-tecimento dos mercados nacionais de

arroz e a exportação desse produto parao exterior, resolveu a Coordenação dn

Mobilização Econômica pela Portaria n.

50 de 9-4-943, que o arroz produzido noPaís, uma parte será obrigatoriamentedestinada ao abastecimento dos merca-dos nacionais, sendo permitida a expor-tação, para o exterior, da parte restan-te desde que não exceda do seguinte:em relação ao Estado do Rio Grande doSul, de 50 % da produção total, verifica-da no território do Estado; em relaçãoaos demais Estados, de um terço da pro-dução de cada um.

#

PRODUÇÃO DE RAPADURA EAÇÚCAR BRUTO

T"\EVIDO os efeitos da guerra, o Coor-

denador da Mobilização Econômica,

depois de consultar o Instituto do Açú-

car e do Álcool, resolveu suspender to-

das as medidas restritivas de produçãode rapadura e açúcar bruto.

Trata ainda a Portaria de outras me-

didas quanto as fábricas que se instala-

rem; registo das fábricas, etc.

(Portaria n.° 49, de 8-4-943, "Diário

Oficial" de 10-4-943).

?k

COMISSÃO TÉCNICA DO PREÇO

DOS PRODUTOS QUÍMICOS E

FARMACÊUTICOS

F OI criada pela Resolução n. 3o, de

31-3-943, a Comissão Técir.ca do

Preço dos Produtos Químicos e Far-

macêuticos com as seguintes atribuições ." j __ Organizar dentro de curto prazo

um tabelamento de emergência paia os

produtos químicos e farmacêuticos; de

comércio usual no Brasil. § 1.° — ta

belamento de emergência devera ser feito

em etapas por grupos de produtos e de

tal modo que trinta dias após a sua ins-

talação, a Comissão organ.ze a tabela de

um primeiro grupo de produtos conside-

rados mais essenciais à população, e a

seguir em prazos nunca supenoies a

vinte dias, as dos demais grupos de pro-

dutos. § 2.° — O tabelamento de emei-

gência deverá estabelecer os preços ma-

ximos de venda pelos Laboratono» aos

intermediários e os preços máximo» es

tes ao consumidor. § 3.° — Osjjgeços de

base para o consumidor deverão ser de-

terminados para as praças, sedes dosLaboratórios, cumprindo na medida do

possível, estabelecer preços únicos davenda para o Distrito Federal e o mu-nicípio de São Paulo, capital do Estadode São Paulo. § 4.° — Para as demais

praças do Brasil, os preços do consu-midor serão os preços de base determina-dos na forma anterior, acrescidos dosrespectivos custos de transporte e de talforma que fique sempre eliminada a pos-sibilidade de prêmios por simples efeitode transportes de um local para outro.

II — A fixação dos preços de emer-

gência deverá obedecer ao critério docusto de produção acrescido de uma mar-

gem remuneradora de lucro, adotada

para estrutura do custo o #que a técnicacontábil estabelecer para as indústrias

químicas e farmacêuticas. § 1.° — As

parcelas constantes do custo de produ-ção serão computadas na base atual deseus valores e de acordo com os preçosem vigor das matérias primas, mão deobra, equipamentos e demais despesas defabricação, embalagem, distribuição, pro-paganda e fiscais. § 2.° — As margensde lucros serão estabelecidas dentro doscritérios normais às atividades econômi-cas, permitindo-se sôbre elas um acrés-cimo razoavel proporcionado ao valorcientífico dos produtos originais.

III — Realizado o tabelamento deemergência, incumbe à Comissão Técni-ca, dentro de um prazo suplementar de 90

dias, proceder ao estudo aprofundado da

indústria farmacêutica no Brasil, quer no

aspecto técnico, quer no seu aparelha-mento industrial, quer no seu mecanismode distribuição, devendo: 1.°) definir e

fixar os preços justos das mercadorias ao

seu estudo sujeitos; 2.°) estabelecer asnormas e recomendações que se fizerem

neces-sárias para uma completa regula-mentação dos referidos preços.

IV — Os tabelamentos organizados as-

sim como as medidas indicadas, terão o

carater de propostas ao assistente res-

ponsave! pelo Setor Preços que as sub-

meterá, devidamente informadas, ao coor-denador da Mobilização Econômica, paradeqisão e aprovação.

? ¦

COBRANÇA DA TAXA DE ARMA-ZENAGEM INTERNA

T~)EVIDO a necessidade de desconges-

tionar os armazéns alfandegados de

alguns portos do país, baixou o Govêrno

o decreto-lei n. 5.369 de 1-4-943, auto-

rizando as Administrações dos Portos

Organizados e as Alfândegas e Mesas de

Renda dos portos não organizados, quanldo fôr conveniente ao descongestiona-

mento dos armazéns e depósitos alfan-

degados, a juízo do Ministério compe-

tente, a suspender a aplicação do dis-

posto no parágrafo único do art. 4.° do

decreto n. 24.324 de 1-6-934.

Expirado o prazo de isenção de arma-

zenagem, previsto no art. 2.° do decreto

n. 24.324, de 1 de junho de 1934, sera

cobrada a taxa de 1% em cada período

de seis dias úteis de permagencia _ das

mercadorias nos armazéns e depositos.

Ficam as Administrações dos Portos

organizados autorizadas a reduzir de 30

para 6 dias, com prévia anuência do Mi-

nistério da Viação e Obras Públicas, o

período de tempo sôbre que se aplicará

a taxa da tabela D, incidente sôbre mer-

cadorias provenientes de navios arribadosou sôbre mercadorias que sofreram ava-

ria grossa. Essa redução de prazo só po-derá ter lugar quando as mercadoriasse encontrarem desembaraçadas para en-

trega aos respectivos consignatários.

?

COBRANÇA DE IMPOSTOSINTERESTADUAIS

"DESOLVEU o Govêrno pelo decreto-

lei n. 5.368 de 1-4-943, publicado no"Diário Oficial" de 3-4-943, extinguir afaculdade concedida aos Estados pelodecreto-lei n. 379 de 18-4-938, para co-

brança de impostos interestaduais deexportação

O disposto acima entrará em vigor nodia 1 de janeiro de 1944, ficando prorro-gado até essa data o prazo estabelecidono decreto-lei n. 4.994 de 26-11-942, evedada, nos orçamentos estaduais para oexercício de 1944 e seguintes, a inclusãode qualquer rubrica relativa

' ao imposto

mencionado.

?

PAGAMENTO DE APOSENTADORIADE FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS

DECRETO-LEI n. 5.365 de 31-3-943,

publicado no "Diário Ofical" de

2-4-943, dispõe sôbre o pagamento de

aposentadoria de funcionários públicoscontribuintes de caixas de aposentadoria

e pensões, aposentados no interêsse do

serviço público.Compete ao Tesouro Nacional aten-

der ao pagamento dos proventos de apo-

sentadoria dos funcionários públicos,contribuintes de caixas de aposentadoriae pensões, aposentados no interêsse do

serviço público, enquanto não estiveremnas condições de* inatividade estabeleci-das pelos regulamentos das Caixas a que

pertencem.Afim de serem verificadas as condições

de inatividade os funcionários públicosaposentados na forma estipulada, nò pri-meiro semestre de cada ano, serão sub-metidos a inspeção de saúde pelas res-

pectivas Caixas, que passarão a custear,de acordo com a legislação correspon-dente, as aposentadorias dos que foremconsiderados em situação de invalidez.

?

MOVIMENTO DA BOLSA EM 1942

A CÂMARA Sindical dos Corretoresde Fundos Públicos do Rio de Ja-

neiro vem de divulgar os dados relativosao movimento da Bolsa de Valores du~rante o ano de 1942. Foram negociados,nos doze meses do ano último, 1.824.474títulos pela soma total de Cr$ 747.745.558,60; em relação aos resulta-dos de 1941 registou-se um aumento na

quantidade de títulos, de 21.668 unida-des, ao passo que no valor houve umdecréscimo de Cr$ 31.220.217,40.

No quadro a seguir damos um resumo

geral das transações:

134 <O OBSERVADOR — LXXXVU1

t

O Açúcar

XJ A segunda quinzena de abril findo o Rio de Janeiro viveu, por assim dizer, a sua pn-vieira provação de guerra; pôsto o sacrifício diante dos que teem sido feitos tantos

povos, é, de certo modo irrisório, a que a âle chamemos de provação. Foi, no^ entanto, a

primeira oportunidade para que se estabelecesse, entre a população do Distrito Fedeial,

de uni modo geral, e o grande fenômeno, um contado mais positivo. Queremos nos refe-

rir ao "caso" do açúcar. De "caso" se quis chamar ao fato, mas, evidentemente, nenliu-

ma característica teve cie de " caso ', a não ser o desencontro das infoi inações que, pela

sua procedência, deveriam estar ungidas de unidade e disciplina.

Entrando diretamente no assunto, vejamo-lo nos seus devidos limites. Pi inveii o ——

Fim virtude da irregularidade dos transportes marítimos, irregularidade esta acarretada

pela situação anormal a que estamos sujeitos pela guerra de que participamos com justos

motivos, foram muito reduzidos os estoques de açúcar no Distrito Federal. Segundo —

Dada a incerteza da proximidade ou da distância do abastecimento, foi necessário que a

Coordenação da Mobilização' EconômicÊ estabelecesse uma restrição ao consumo, através

de um racionamento singular.

O racionamento é unia contingência na-

tural aos países que se acham em guerra e

do seu estabelecimento entre nós nada há

demais a inferir. E, aí, se dizemos racio-

namento, não é do modo total, absoluto,

como temos, porém no caso dos combustí-veis, em que cada um tem o seu cartão e

não pode adquirir mais combustível do queestá estipulado no talão. No caso do açú-car, temos um racionamento singular, con-

fiado às refinarias que servem ao DistritoFederal, às quais foram limitadas quotas de

porcentagem sobre o respectivo consumonormal de cada classe: Armazéns — 50% ;Feiras Livres — suspensas; Confeitarias —

10%; Cafés e leiterias — 60%; Hotéis e

restaurantes — 50%; Fábricas de doces ebalas — suspensa; Colégios (internatos)— 60% ; Corporações militares — 60% ;Indústrias farmacêuticas — 70%; Farmá-cias — 90% ; Cooperativas de consumo —

50%; S. A. P. S. — 50%; Asilos e hos-

pitais — 90%; Empresas de navegação,mediante requisição à Coordenação; Expor-tação para outros Estados, mediante requi-sição à Coordenação. Pela mesma portariado Setor Preços da Coordenação da Mobi-lização Econômica, ficou estabelecido queas vendas ao público não poderiam ser su-

periores a dois quilos por freguês.

'O caso do transporte reveste-se de impor-tância e está intimamente ligado ao caso doabastecimento. Em tôrno dêste ponto nãotem faltado a exploração insidiosa do der-rotismo organizado. Existem no sul do

país dois Estados grandes produtores deaçúcar, o> Rio de Janeiro e São Paulo,sendo êste último o segundo Estado produ-tor, do Brasil, vindo logo depois de Per-nambuco. A produção do Rio de Janeiro ede São Paulo e mais a pequena produçãodos outros Estados (Minas Gerais, Goiaz,Mato Grosso), não é suficiente para o abas-tecimento de todo o sul do país. Grandeparte do suprimento é feito, normalmente,pelos Estados do Nordeste, especialmentePernambuco, Alagoas, Sergipe e Baía. Es-ta mercadoria, porém, é transportada porvia marítima. A sua vinda por via terres-tre, desde que não haja estrada de ferro,não compensa de maneira alguma, pois nãoé artigo de que alguns milhares de quilosbastem a alguma coisa. As safras açucarei-ras, no sul, começam quando terminam asdo norte, isto é, devem estar sendo inicia-

das agora. Uma vez que os suprimentosdo norte não puderam chegar normalmenteao Rio, houve a redução de estoques emvirtude da qual foi necessária a medida doracionamento que está vigorando.

Logo após a entrada em vigor do racio-namento, chegou ao Rio de janeiro um na-vio trazendo três milhões de quilos de açú-car de Pernambuco; é naturalmente uma

quantidade respeitável, mas nem por istodará folga aos estoques do Distrito Fe-deral; a população do Rio de Janeiro é'deaproximadamente dois milhões e meio dehabitantes e, num regime de comércio li-vre, o consumo de açúcar mensal, per ca-

pita, é muito superior a um quilo, de ondeos três milhões de quilos bastariam talvezpara menos de um mês. O racionamentodeve prosseguir, até que as reservas sejamde modo a não pairar dúvidas sobre a ga-rantia da estabilidade do consumo.

O norte está- em condições de atender àsnecessidades normais do país, mesmo asnormais de agora, tempo de guerra. Aítranscrevemos a comunicação que na segun-da quinzena de abril o Instituto do Açúcare do Álcool distribuiu aos jornais:

" Dados estatísticos demonstram a exis-tência de 4.225.982 sacas de açúcar emstock nos Estados do Norte, a saber: Per-nambuco — 2.565.264 sacos; Alagoas —626.613 sacos; Sergipe — 645.699 sacos;Baía — 327.177 sacos; outros Estados —61.229 sacos. Êsses stocks, comparados comos de igual período da safra passada, evi-denciam a existência de um excesso de ...1.364.546 sacos sobre o stock em 31 demarço de 1942. Por outro lado, em 31 demarço de 1942 os stocks no Sul se manti-nham em 1.436.442 sacos, contra 748.990sacos em igual data dêste ano, havendo, as-sim, um déficit de 667.452 sacos no stockde 31 de março de 1942. Balanceando osaldo do Norte com o déficit do Sul, osstocks de açúcar apresentam um saldo, ouseja, um excesso de stock de 667.094 sa-cos, em 31 de março de 1943, sobre o de 31de março de 1942."

Deixamos justamente para o final a re-ferência ao importante assunto que é o dainformação ao público de fatos da impor-tância dos referentes ao abastecimento.A unidade das informações, a segurança dasmesmas, é um elemento primordial no espí-

rito de confiança que o povo deve ter nas

autoridades. No caso presente, por exemplo,

tivemos esta dualidade; assim é que no dia

18 de abril, por intermédio da Agência Na-

cional, a Coordenação da Mobilização Eco-

nômica distribuiu um comunicado em que,confessando as dificuldades que a escassez

do transporte acarreta ao abastecimento,dizia no entanto que estava afastada " anecessidade de um racionamento compulsó-rio do açúcar", conquanto recomendandoaos consumidores uma rigorosa restriçãodo consumo. Em outro comunicado, publi-cado pelos matutinos de 21 de abril, o Se-tor Preços, reiterando à população

" nãohaver razoes para alarmante quanto à pos-sibilidade de vir a faltar açúcar ao seu con-sumo indispensável", tornava pública a re-solução do racionamento.

Completando os informes que reunimosnesta nota, cumpre-nos referir à entrevista

que concedeu à imprensa o ministro JoãoAlberto, Coordenador da Mobilização Eco-nômica, que pôs o caso do açúcar nos justoslimites e informou da medida do raciona-mento rigoroso, com a distribuição de car-tões de consumo, ficando o consumo diáriolimitado a cincoenta gramas por pessoa. Es-ta providência está dentro da lógica e levasobre a anterior, dos dois quilos por fre-guês, a grande vantagem de evitar o pâ-nico e a corrida aos armazéns, com osatropelos e demais conseqüências.

ALGODÕES DE FIBRA LONGA

O PROFESSOR E. J. ICile, america-no, visitou o nordeste e estudou a si-

tuação de mistura em qué encontrou oalgodão Mocó, apresentando suas suges-tões. A maneira de resolver o problemaseria a execução de um plano metódicode melhoramento desta espécie.

Os estabelecimentos que existem nonordeste teem tentado trabalhos de me-lhoramento mas se encontram em difi-culdade para atingir o seu objetivo por-que até hoje não compreendemos o pa-pel das estações experimentais e comodevem viver.

No período de 1920 a 1923, tentou-se afundação de estações experimentais des-tinadas à cultura do algodão e liberta-Ias das asfixiantes praxes administrativasque impediam a marcha de seus traba-lhos. Parte dos obstáculos foram re-movidos por melo de adiantamentos coma remessa de fundos para as mesmas.Era uma solução de momento e deemergência que não podia continuar.

Procurou-se outra solução de caráterestável baseada na lei americana Smith,por meio da qual as estações experimen-tais teem fundos especiais por determi-nado período de cinco anos e ficam li-vres das peias administrativas.

Quando foi da Conferência Internacio-nal Algodoeira de 1922, os diretores deestações experimentais americanas, quenos visitaram, ficaram admirados de quenós aqui pretendêssemos realizar traba-

/

O OBSERVADOR — LXXXVIII 135

lhos experimentais dentro de normas ad-ministrativas tão estreitas, em que um

diretor de estação experimental tem dese preocupar com a maneira de adquirir

e pagar — um simples pente para pen-tear fibras, uma escala de bolso e qual-quer pequeno ou grande objeto de cam-

po ou de laboratório, que sejam neces-

sários aos seus trabalhos; sem falar nos

embaraços para manter e pagar o pes-soai operário.

Declararam que, nessas condições se-

ria impossível aos diretores de estações

experimentais americanas realizar o queteem feito.

Passam-se os anos, as praxes e nor-

mas administrativas ficaram muito mais

complicadas de tal sorte, a manietar^ a

ação dos diretores. Nestas condições

fica prejudicado o plano técnico das es-

tações experimentais e elas em condi-

ções de não poderem preencher os seus

fins.Daí não haver sementes de algodão

arbustivas em quantidades suficientes

para atender às necessidades do plan-tio.

Talvez fosse possível tentar uma ma-

neira de modificar semelhante estado de

coisas com a colaboração dos america-

nos, ou o govêrno se dispondo a modi-

ficar a legislação existente tornando au-

tárquicas as estações experimentais em

moldes liberais. |Ao contrário continuaremos no mes-

mo estado de ineficiência e_ deixando os

diretores de estações experimentais nu-

ma situação de desagradavel constran-

gimento.

BENEFICIAMENTO

Conseguida a separação das espécies e

variedades para distribuição ampla de

sementes selecionadas, impõe-se o bene-ficiamento do algodão Mocó em máqui-

nas adequadas.Promoveu-se a instalações dos primei-

ros desfibradores de rolo, nas usinas do

Nordeste.

A idéia era de futuro promover a mon-

tagem de usinas dotadas com estes des-

fibradores, a exemplo do que se faz no

Egito e na própria América do Norte,

na região do algodão " Sea-Island".

Como a situação hoje seja a mesma,

tal qual era em 1920, poder-se-ía pro-

mover a instalação de uma usina dota-

da de desfibradores de rolo, em série, ou

de máquinas de serra próprias para os

algodões de fibras longas; organizar

uma cooperativa de produtores dessas

fibras no vale do Seridó, entregando-lhes

a usina. Talvez com o auxílio america-

no se pudesse fazer alguma coisa de

prático nesse sentido.Uma das dificuldades seria a impor-

tação dos desfibradores, mas no mo-

mento talvez não estejam funcionando as

fábricas de construção dessas máquinas.

AUMENTA A EXPORTAÇÃO MA-RANHENSE

r)S índices expressivos da nossa expor-

tação, pelo porto de S. Luiz, no pri-

meiro semestre de 4942, em comparação com

o período idêntico do ano anterior, bem

EXPORTAÇÃO BRASILEIRA DE CAFÉ EM MARÇO DE 1943

Unidade: Saca de 60 quilos

PORTOS DE EXPORTAÇÃO

OuANTIDADE EXPORTADA

Para o exterior Por cabotagem

Total

SantosRio de Janeiro. .VitóriaParanaguá. . . . .Angra dos Reis.São Salvador. . .Recife •

Total

316.030164.751

12.5004.673

5.6247.400

510.978

2666.710

2002.796

1.7621.085

12.819

316.296171.461

12.7007.469

7.3868.485

525. 797

C»FÉ DISPONÍVEL »!»¦>« Ç^KÍSD&S'

31 °É DE

PORTOS DE EXPORTAÇAO

SantosRio de J aneiroVitóriaParanaguá. . Angra dos Reis. . •

São SalvadorRecife

Total.

Quantidade

1.443.872416.653131.92172.54547.10742.64825.008

2.179.754

traduzem, no setor agro-pecuário, os novos

rumos da exploração econômica em que se

veem orientando os órgãos de produção do

Estado.

Verifica-se, além da sensível majoração

em volume de quase todos os produtosexportados, a consignação de outros quenão figuraram no primeiro semestre de1941, como sejam: bucho de peixe, cumarú,casca de abaçú, óleos de caroço de algo-

dão, mamona, farinhas de babaçu e man-dioca, milho e camarão em conserva, etc.

De acordo com os dados fornecidos pelaSecção de Fomento Agrícola do Maranhãoao Serviço de Informação Agrícola doMinistério da Agricultura, aquele Estadoexportou vários produtos que proporciona-ram sensível majoração dos valores ofi-ciais durante o segundo semestre de 1942.Entre os produtos que concorreram paraessa majoração, tanto em valor como emquantidade, no movimento da exportaçãomaranhense, figuram os seguintes: amêndoasde babaçu, com o aumento de 1.532.001quilos, no valor de Cr$ 23.518.420,30; óleode babaçú, com 126.881 quilos, no valorde Cr$ 1.532.761,20; tucum, com 305.000quilos e Cr$ 514.851,00; mamona, com95.000 quilos e Cr$ 143.144,90 e outras

quantidades é valores inferiores a 2.000 qui-Ios e 8 mil cruzeiros.

Com relação aos produtos alimentícios,verificou-se também diferença para maisnas exportações de arroz pilado, 659.467

quilos, e Cr$ 871.322,00; milho, 403.620

quilos e Cr$ 146.202,00; farinha de man-dioca, 340.190 quilos e Cr$ 260.461,00, e

nas de arroz em casca, camarão sêco e em

conserva, farinha de babaçú e outros gêne-ros que apresentaram majorações inferiores

à quantia de Cr$ 70.000,00.

Justificando a diminuição do movimento•exportador do algodão em pluma, devem

ser realçados os seguintes aumentos da pro-dução industrial maranhense que se serve

do algodão como matéria prima. Esses au-

mentos foram, em valor e quantidade, res-

pectivamente, de Cr$ 111.579,00 e 482.250

quilos para a torta de resíduos de algodão:

de Cr$ 127.028,00 e 92.724 quilos para os

resíduos de algodão; de Cr$ 466.817,30 e

15.144 quilos para os fios de algodão; de

Cr$ 53.466,00 e 866 quilos para o algodão

hidrófilo e de Cr$ 19.470,30 e 8.810 qui-

los e Cr$ 13.597,30 e 1.102 quilos para.* respectivamente, o óleo de caroço de algo-

dão e o algodão tinto.

Finalmente, para um aumento de

4.400,725 quilos em 1942, no total da ex-

portação semestral, correspondeu o valor

oficial de 32.387.794.030 cruzeiros, que re-

presenta 131% do valor geral da nossa ex -

portação no primeiro semestre de 1941.

PRODUÇÃO MINERAL

r) DEPARTAMENTO N a ei onal da

Produção Mineral, órgão a que estão

atribuídos encargos que abrangem vários

e amplos setores de atividades intima-

mente ligadas à economia nacional, de-

senvolveu um grande esforço duiante o

ano de 1942.Os encargos do D. N. P. M., que sao

136 O OBSERVADOR — LXXXVlll

de ordem científica, de ordem técnica ede ordem econômica, estão distribuídospor três Divisões e um Laboratório: —Divisão do Fomento da Produção Mine-ral, Divisão de Águas, Divisão de Geo-logia e Mineralogia e Laboratório daProdução Mineral.

E êsses encargos se completam har-moniosamente, indo, no campo mineral,desde as pesquisas e os estudos geoló-gicos e mineralógicos até a prospecçãomineira, os estudos de beneficiamentQ. cda utilização dos minérios e o estudodas autorizações de pesquisa e lavra das

jazidas e respectiva fiscalização. Nocampo hidrológico, vai desde o estudodo regime de nossos cursos dágua e denossas fontes de energia hidráulica atéa previsão e anúncio prévio das inunda-

ções, o projeto e construção de camposde irrigação, o estudo das autorizaçõese concessões para aproveitamento deenergia hidráulica e fiscalização das em-presas que exploram energia termo ouhidro-elétrica.

O Departamento Nacional da ProduçãoMineral, como repartição técnico-admi-nistrativa, não é pesado aos cofres pú-blicos, pois a importância arrecadadaimediatamente em função de serviços porêle prestados é superior às verbas quelhe são consignadas para o custeio totalde suas despesas com pessoal e mate-rial. Assim, as taxas de autorização depesquisa e lavra de jazidas minerais, deavaliação e classificação de quartzo, des-tinado à exportação e as de fiscalizaçãode usinas elétricas somaram, em 1942,cêrca de 30 milhões de cruzeiros, en-quanto que as verbas consignadas ao De-partamento, inclusive os créditos espe-ciais para estudos das jazidas de carvão,somaram Cr$ 25.632.000,00.

Não só por êsse fato, | profundamentesignificativo, mas ainda pela indiscutívele crescente importância, para o nossopaís, da indústria mineral, da indústriada eletricidade e da irrigação, é altamen-te louvável e digno de tôda atenção oesforço que vem fazendo o ministro Apo-lônio Sales no sentido de demover osóbices que impossibilitam uma ação maisampla e mais eficiente do D. N. P. MiÊsses óbices são a falta de técnicos, adeficiência de verbas e a dificuldade demovimentá-las e a absoluta exiguidadede espaço no prédio em que está insta-lado o DNPM que, apesar do enorme de-senvolvimento verificado de 1933 até estadata, ocupa ainda praticamente a mes-ma área que era ocupada pelo antigoServiço Geológico e Mineralógico doBrasil. ,

Para que se avalie o desenvolvimentocontínuo do Departamento Nacional daProdução Mineral, é bastante que seçomputem alguns números indicadores desua atividade. Assim, por exemplo,quanto a processos novos protocoladosno Departamento: 1940 — 6601; 1941 —9243; 1942 Í1.701. E note-se que, de-vido à medida tomada pelo ministro,pondo teri*o ao abuso da apresentaçãode requerimentos de autorizações depesquisa sem qualquer dos documentosde instrução exigidos no Código de Mi-nas, o que dava lugar à proliferação deuma nova espécie de " barreurs de mi-nes", o aumento de processos protocola-dos em 1942 não foi mais sensível.

A diretoria geral do D. N. P. M., a

cargo do eng. A. J. Alves de Scuza, ex-

pediu em 1942 mais de 5.300 ofícios, con-

tra 3.140 no ano anterior. A arrecada-

ção vem aumentando da seguinte for-ma: — 1940 — 223.879 cruzeiros; 1941 —

782.897 cruzeiros e 1942 — 1.464.904 cru-zeiros.

Quanto a decretos de autorização de

pesquisas, o movimento foi igualmenteintenso: em 1940 — 214; 1941 — 505 e1942 — 1.216 decretos. Quanto a decre-tos de autorização de lavra: em 1940 —1

24; 1941 — 33 e 1942 — 74.O constante acréscimo de serviço no

D. N. P. M. tem sido estreitamenteacompanhado de um constante decrésci-mo do número de seus técnicos, ò quetraz como conseqüência a dificuldade ca-da vez maior de poder o Departamentoestudar, por seus técnicos, as jazidas mi-nerais mais importantes e de exercer a

função de orientar as múltiplas e espar-sas pesquisas, bem como os problemasrelativos ao aproveitamento de nossas

grandes forças hidráulicas. E' particular-mente elouvável e digno de atenção eapôio o esforço do ministro da Agricul-tura no sentido de dar ao D. N. P. M.os elementos indispensáveis ao conve-niente desenvolvimento de sua ativi-dade.

¦<

DIQUES PARA DEFESA DE PORTOALEGRE

cheias que em 1941 causaram enor-mes prejuízos a várias cidades do"Rio Grande, ainda na memória de todos

pelo seu caráter excepcional, determina-ram, por parte das autoridades ¦ adminis-trativas gaúchas, medidas de diversa na-tureza, tendentes a fazer com que numaoutra oportunidade, as populações sul-rio-grandenses se vejam o mais possívelprotegidas contra o flagelo das cheias.

Os horrores das enchentes que assola-ram o Rio Grande do Sul, em 1941, emsíntese, podem aqui ser recordados atra-vés dos transtornos causados : 25 milhõesde metros quadrados foram inundados;70.000 pessoas, ao desamparo, ficaram àmercê de abrigos improvisados; monta-ram a 300 milhões de cruzeiros os pre-juízos das cheias. Foi t;ma verdadeiracalamidade pública a que não faltou oapôio geral do govêrno e de todos osbrasileiros.

Passados, porém, os instantes doloro-sos, a visão do govêrno gaúcho pôs emprática uma série de providências pre-cavendo-se contra o futuro. Uma dessasmedidas foi. a construção do dique deterra, destinado a evitar as futuras cheiasdo Gravataí.

Os trabalhos de construção do diquede Porto Alegre, a cargo de uma comis-são de engenheiros do Estado, prosse-guem de modo intenso. Trabalhando cer-ca de 20 horas por dia, a comissão pre-tende preparar a obra a.nda no ano cor-rente. Cumpre aqui destacar-se que osistema de dique de terra, ora emprega-do na defesa de Porto Alegre, mereceuaprovação após um estudo atento de to-dos os.processos clássicos de defesa con-tra inundação. O dique, ora em cons-trução, e uma faixa de terreno situadaem cota mais elevada que os terrenos

adjacentes, com o seu coroamento, ge-ralmente situado muitos metros acima das

máximas enchentes. Pode tomar aspectos

diversos, em obediência às medidas de

urbanismo.

. No caso de Porto Alegre, três regiões

distintas deverão ser protegidas pelo di-

que: a zona rural, à margem esquerda

do Gravataí; os bairros de São João e

Navegantes — zona industrial; e a zona

portuária.A construção do dique de terra requer

cuidados especiais, se bem que se asse-melhe à de uma estrada. Toda a faixacompreendida entre o dique e o rio édesmatada e destocada. Uma camada deterra, com cerca de 0,40 m. de profun-didade é retirada em toda a largura dabase de modo que o dique fique apoiadosôbre o terreno firme, isento de maté-rias orgânicas. Além disso, segundo oeixo do dique, é aberta uma fossa com1,00 m. de profundidade cujo intuito é,interromper a continuidade das camadas

porosas, servir como uma sondagem e as-segurar uma união completa entre o ater-ro e o solo.

?

MUNICÍPIOS AMAZONENSES

^TRAVÉS de dados recentes publica-dos pela repartição competente — o

Departamento das Municipalidades —temos uma visão geral da situação dosmunicípios amazonenses, todos, atual-mente, desfrutando de excelente situaçãoeconômica e financeira graças ao empe-nho que para isso têm dispendido o or-gão encarregado do progresso das mu-nicipalidades do Estado.

No que concerne à lavoura, por exem-pio, é elogiavel a ação do Departamentodas Municipal.dades junto ao Ministérioda Agricultura, no sentido de desenvolve-la, quer facilitando, na medida do pos-sível, as atividades do trabalhador rural,quer incentivando, pela propaganda eatravés de medidas práticas, o alarga-mento das áreas cultiváveis dos diversosmunicípios, quase todos entregues à di-reção de agrônomos diplomados. Demaio de 1941 a maio de 1942 todas asmunicipalidades amazonenses haviam sa-tisfeito os seus compromissos relativos aêsse período financeiro.

Os municípios do Amazonas produzem,no setor da indústria extrativa vegetal,-— borracha, castanha, babaçú, cumarú,chicle, balata, plantas medicinais, fibras,guai aná,^ leite de sorva, madeiras paraconstruções civis e navais, óleo de co-paiba, patauá, orquídeas, piaçava, quina,timbo,^ etc., etc. No setor das indústriasextrativas animais veremos que os mu-nicipios amazonenses produzem peles deanimais silvestres, dentre as quais sedestacam as de veados, caititús, queixa-as, capivaras, onças, lontras, maracajás,peixe-boi e peixes de milhares de espé-cies, vendidos frescos, secos e em sal-moura.

Relativamente à indústria extrativamineral, quase todos os municípios ama-zonenses possuem minéreos variados, deregião a região. A indústria agrícola das\ árias municipalidades consistem em mi-lho, arroz, cacau, feijão, mandioca, ma-

O OBSERVADOR — LXXXVM 137

cacheira, cará, tabaco, laranja, jaças,abacates, mangas, sorvas, etc. À inclús-tria fabril e produtos transformadoscresce dia a dia, destacando-se principal-mente, artefactos de borracha, aguar-dente, farinha de mandioca, cerveja, li-nalol, extrato de guaraná efervescente,quina tônica, t,igelinhas para seringa, ro-lhas metálicas, sabão, espoletas paracartuchos, calçados, etc.

O COMÉRCIO EXTERIOR DOS ES-

TADOS UNIDOS NOS PRIMEIROS

NOVE MESES DE 1942

exportações dos Estados^ Unidosatingiram, nos primeiros nove meses

de 1942, o nível mais alto já registado,superando os algarismos de 1920, ano em

que havia se observado cifra record.Calcula-se que 60% de todas estas ex-portações. tenham sido feitas à base daLei de Empréstimos e Arrendamentos.Para melhor idéia, damos a seguir os al-'garismos

mensais de janeiro a setembrodo ano'passado e os de 1941:

Total das Exportações

MESES 1941 1942

J aneiro....Fevereiro..MarçoAbrilMaioJunhoJulhoAgosto. . . .Setembro...

$324.$303.$356.$387.$384.$329.$364.$460$424

864,000118,000750,000219,000

.717,000

. 765,000

.982,000

.226,000

. 572,000

$479.$478.$610.$695.$525.$618.$628$702$718

464,000355,000973,000355,000

. 115,000. 984,000.681,000. 340,000. 187,000

O MERCADO DE VALORES EMS. PAULO

O MERCADO de Valores de S. Paulo,visto através dos negócios regista-

dos na Bolsa Oficial de Valores de SãoPaulo, auspiciosamente entrou no anode 1943. Se em janeiro de 1942 os ne-

gócios da Bolsa se expressaram em Cr$29.550.987,20, em igual período de 1943alcançaram Cr$ 42.948.709,60.

Os negócios de títulos públicos foramaumentados sensivelmente, tendo apre-sentado um acréscimo, em confronto como mês anterior de Cr$ 9.627.721,60. Den-tre os títulos públicos, como é comum,os que foram negociados em maior nú-mero foram os do estado de São Paulo,seguindo-se. em volume, os do estado doEspírito Santo, estado do Rio Grande doSul, prefeituras do estado de São Paulo,União, estado de Minas, estado do Pa-raná, estado de Pernambuco, DistritoFederal e prefeitura de Porto Alegre.

AÇÕES DE COMPANHIAS

Para o total de Cr$ 5.327.836,50, con-tribuiram as ações da Companhia Pau-lista de Estradas de Ferro, Fábrica Na-cional de Parafuso Santa Rosa, Com-panhia Mogiana de Estradas de F«rro,Companhia Agricultura, Imigração e Co-lonização "CAIC", Melhoramentos deSão Paulo, Matogrossense de Eletrici-dade, Força e Luz Casa Branca, Caf.Machado e Junqueira, São Paulo Alpar-

gatas e Ferroviária São Paulo Goiaz.

Os totais dos nove primeiros meses,foram, para 1942, $ 5.457.454,000 e para1941 $ 3.336.213,000.

As cifras relativas às importações são

pequenas e nos últimos meses, mesmo,

são as menores desde que começou a

guerra. São os seguintes, para os pri-meiros nove meses de 1942 e também os

de 1941: i

Total das Importações

MESES 1941 1942

Janeiro.. . $228.665,000 $253. 522,000

Fevereiro $233.698,000 $25^.563,000Marco... $267.788,000 $272.118,000Abril $287.468,000 $234.085,000Maio. ... $296.981,000 $190.609,000Junho $279.509,000 $219.919,000Julho.. $277.552,000 $214.394,000Agosto. . . $282.491,000 $184.432,000Setembro... $262.421,000 $ 189.642,000

AÇÕES DE BANCOS

Destes títulos temos a escala abaixo,

pelo valor Cr$ negociados: — Banco

Comercial do Estado de São Paulo, Ban-

co Noroeste, Banco de São Paulo, Ban-

co do Comércio e Industrial, Banco

Paulista do Comércio, Banco Industrial

de São Paulo, Banco Mercantil de São

Paulo e Banco Nacional da Cidade de S.

Paulo.

DEBENTURES

As Debentures da Companhia Mogia-

na de Estradas de Ferro, como vem

acontecendo desde a sua emissão, ocupa-ram o lugar de destaque dentre as de-

mais, não só no número de títulos como

no valor venal. A sua contribuição, num

total de Cr$ 8.762.528,50, foi de . Cr$7.490.366,00. Foram ainda negociadasdebentures da Cia. Antártica Paulista,Banco Hipotecário Lar Brasileiro, Cen-trai Elétrica Rio Claro, Indústria Papéise Cartonagem, Luz e Fôrça Santa Cruz,Melhoramentos de São Paulo Usina Milranda.

»DIREITOS

Foram ainda negociados 840 Direitosde Prefeitura para subscrição das novasações do Banco Noroeste, relativas aoaumento de seu capital social de Cr$12.000.000,00 para Cr$ 24.000.000,00. Ês-

ses direitos foram negociados entre Cr$150,00 e Cr$ 155,00 cada um, represen-tando o preço médio de Cr$ 152,38.

CAFÉ ELIMINADO NO BRASIL

Unidade: Saca de 60 quilos

ANO Quantidade

1931931931931931931931931931941941941943 (até 15 de Abril)

Total •

2.825.7849.329.633

13.687.0128.265.7911.693.1123.731.154

17.196.4288.004.0003.519.8742.816.0633.422.8352.312.805

558.939

77.363.430

CAFE ELIMINADO NO BRASIL NO ANO DE 1943, COM DETALHE

QUINZENAL, SEGUNDO A QUANTIDADE

Primeira Segunda Total do

M E SQuinzena Quinzena mes

-• r~ i ~

i

Nos primeiros nove meses de 1942 as

importações subiram a $ 2-012.274.000 e

em igtfal período de 1941 a $ 2.416.573,000.

J aneiro. .FevereiroMarço. . .Abril... .

25.13251.77677.385

127.450

42.44969.344

165.403

67.581131.120242.788

Abril, sujeito a pequenas retificações.

138 O OBSERVADOR — LXXXVIII

uns ií comuMCRCflo

A Guerra e os Transportes

/°OM a redução a um mínimo de todo o velho sistema de navegação pelas costas atlân-

yS ficas, o problema dos transportes está se fazoido sentir em tôda sua dureza. A raçãode açúcar, que ora se anuncia, o problema da falta de sal, a carestia da milho e a defi-ciência em geral dc um scni número de produtos que mnham do extremo e do meio norte,são, em última análise, conseqüência dos transportes. E, admitindo-se para breve a con-clusão do trecho de fcrrozna que liga o norte ao sul do país, através dos sertões da Baía,ainda assim, não é de crer que as coisas melhorem muito, porque a massa a transportarserá bem maior do que a capacidade do sistema construido.

Devemos, pois, nos preparar para uma mentalidade de guerra e uma política dc res-triçÕes e racionamento. Todo o aparelhamento econômico do pais, baseado no equilíbrioaos mercados internos, muita vez distantes uns dos outros, está afetado pela guerra e aconseqüência lógica é êsse acúmulo de produtos em alguns pontos do país, enquanto quecm outros se faz sentir a falta mais absoluta.

Na realidade, nada nos falta. Apenas transporte. Os depósitos das usinas do nor-deste estão pejados dc sacas dc açúcar. Do mesmo modo, milhares de toneladas de salse amontoam nas regiões salineiras do meionorte. Tôda questão está em fazer cir-cular essas riquezas pelo grandioso orga-nismo do país. E essa circulação é que étodo o problema.

A política dos caminhos interiores, jáesboçada pelo nosso governo, é, sem dú-vida, a mais inteligente. E' preciso, entre-tanto, que essa política seja levada a todasas suas conseqüências com uma espécie deprotecionismo aos que se proponham a abrirnovas estradas ou retomar rotas interrom-pidas há séculos, adaptando-as às contin-gências modernas. Outra coisa que se tor-na profundamente necessária por parte dogoverno é a divulgação, particularmenteentre os criadores, das rotas que possamser aproveitadas de acordo com a sitiaçãoexcepcional que atravessamos. Vamos darum exemplo: como é sabido, o número deburros existente no centro do país não épequeno. Ora, no Acre e em todo o valeamazônico, o burro está hoje valendo umapequena fortuna. O criador e o interme-diário veem, apenas, as costas atlânticaspraticamente fechadas pela deficiência denavegação e, assim, nada lhes sugere obom negócio que poderiam fazer se levas-sem os seus burros a Cuiabá, e, daí, pelaestrada que vai de Diamantina até SantoAntônio do Madeira e Porto Velho.

As boiadas podem ser levadas, igualmen-te, pelo mesmo caminho e, em circunstân-cias especiais, até mesmo os porcos. Talatividade seria não só profundamente utilpara o criador como para o produtor deborracha, que teria assegurado meio detransporte e abastecimento. Em artigo nes-te número mostramos a necessidade de re-tomar o caminho dos antigos boiadeirosatravés do Tocantins, de modo que a popu-lação do vale amazônico não venha a sen-tir a ausência de carne a que tem sido su-jeita nestes dois últimos anos. O gado donorte de Goiaz, o do Oeste da Baía e o doSul maranhense são, hoje, aqueles que po-dem ser comprados mais em conta, devidoà ausência de meios perfeitos de comunica-ção. Mas se o fazendeiro goiano, a exem-pio dos seus maiores, procurasse romper ovelho caminho, poderia contar com um mer-cado bastante compensador para as suascriações como é, atualmente pelo menos, ovale amazônico. Citamos apenas dois ca-minhos, um no centro, outro mais a oeste.

O problema dos caminhos interiores, porém,é muito largo .E uma divulgação, em ba-ses populares, da nossa geografia econômi-ca condicionada aos problemas de guerrapoderia ter utilidade excepcional a produ-tores e consumidores, particularmente osdo extremo norte, sem dúvida os mais pre-judicados pelas circunstâncias atuais.

GAZOLINA SINTÉTICA

O PROBLEMA da navegação intensi-va dos rios amazônicos veio por em

fóco ali, em tôda a sua força, a ques-tão dos combustíveis. A solução esboça-da foi a utilização de petróleo, ou pelomenos do óleo crú de algum país do Pa-cífico. Como é sabido, a Bolívia, o Perú,o Equador e a Venezuela possuem petró-leo em quantidades apreciáveis, sendomesmo a Venezuela o terceiro produtormundial. Logo no início da guerra, aempresa "Ganso Azul", que tem comofigura mais representativa o sr. ManoelFerreira Guimarães, antigo diretor pre-sidente da Associação Comercial, tratoude encomendar nos Estados Unidos al-guns navios petrolíferos adequados à na-vegação entre o Brasil e o Perú. Mas,muito embora êsses navios tenham sidoobjeto de prioridade por parte do gover-no "yankee®

até hoje inda não pude-ram ser entregues no vale amazônico.Agora, cogita-se de estudar os caminhosque ligam o nosso país e a Venezuela. E'sabido não ser este o roteiro mais ade-quado para petróleo. A navegação doOrenoco deixa muito a desejar e deman-daria uma larga caminhada por terra, notrecho das cachoeiras que vai de SãoGabriel a Santa Izabel. A rota da Co-lombia parece tão favoravel quanto a doPerú. Demandaria, apenas, de uma es-trada aos poços petrolíferos, uma vez queo Iça-Putomayo é navegavel todo êle notempo das cheias. O objeto da presentenota não é, porém, êsse problema do pe-tróleo do oeste que apenas afloramospara que o leitor tivesse uma idéia dasdificuldades que se têm apresentadoquanto à obtenção de combustível naAmazônia. Queremos nos referir à ga-zolina sintética. Como é sabido, a gazo-

lina sintética foi aconselhada pelos téc-nicos "yankees" como uma solução parao caso especial da China. País imenso,com as mesmas condições daquele, oBrasil deve estudar, igualmente este pro-blema. Ainda recentemente o sr. MoacyrSoares publicava no Jornal do Brasil"um trabalho, bastante interessante, sobo título de | Plano de produção de ga-zolina sintética e acetona no Brasil" (J.B. 9 de Abril). Segundo o trabalho a

que nos reportamos, foi descoberto nosEstados Unidos, e já se acha na fase daindustrialização, um processo de fabricação de gazoiina sintética, à base deálcool etílico ou butílico. "

O produto re-sultante da polimerização dessas subs-tâncias químicas, na presença de um ca-talisador, óleo leve cuja composição é se-gredo do inventor, recebeu o nome de"Jeanite" em sua honra, o químico nor-te-americano dr. J. W. Jean." Segundodados divulgados na imprensa

"yankee",

e citados pelo articulista, a "jeanite" éobtjida na base de 75% mediante a uti-lização de álcool butílico e na de 54%mediante do citílico. Como produtor emlarga escala da cana de açúcar e da man-dioca e, por outro lado, sofrendo tama-ilha carestia de combustíveis líquidos, oBrasil não pode deixar de se interessarpela descoberta do dr. Jean. Quanto aocaso especial da Amazônia, a "jeanite"

poderia, ser um grande elemento, desdeque se obtivesse oficialmente nos Esta-dos Unidos, em acordo especial, priori-dade para aquisição do maquinário ne-cessário.

RODOVIA PANAMERICANA

UM dos problemas mais interessantesda viação Sul americana é, no mo-

mento, a conclusão da chamada EstradaPanamericana. Construída em grandeparte, — e ainda recentemente impren-sa noticiava o término do trecho quevai de São Francisco da Califórnia aFairbanks, em pleno Alaska — a rodo-via em apreço será um escoadouro paraa produção das zonas interiores ao Pací-fico e um inestimável veículo de inter-câmbio entre as manufaturas ianques eas matérias primas e produtos agrícolasda América do Sul e Central.

Segundo cálculos divulgados por espe-cialistas, perto de 75% do total da rodo-via já se acham em ótimas condições detráfego, devendo ser incluído neste tre-cho três mil e quinhentos quilômetroscontínuos e pavimentados no México.Mas além dêsses trechos, passíveis deserem utilizados em qualquer época doan?. restam, ainda, alguns milhares dequilômetros que podem ser trafegadosnas épocas sêcas. Atualmente, a estra-da atinge a fronteira colombo-paname-nha e cogita-se de acelerar os trabalhosno interior da Venezuela. Conseguidotal objetivo, ter-se-á estabelecido umalarga rota através do oeste cuja impor-tância é desnecessário acentuar.

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O OBSERVADOR — LXXXVMI 139O OBSERVADO!

Conferência Inter-Americana de Seguros

T^TOTICIAMOS, no momento oportuno, como um acontecimento de realce no setor dosl\ seguros nas Américas, a realizarão da Conferência Internacional de Seguros Sociais;;agora, através da "Revista Internacional dei Trabajo" podemos adiantar aos nossos lei-

tores como decorreu o grande certame e quais as conclusões a que chegaram os seus par-ticipantes.

Covnpareceram ao Congresso delegações de todos os países americanos, integradas

por estudiosos que se teem consagrado à causa da previsão social: professores, presiden-tes de instituições, funcionários de departamentos de previdência de vários países; repre-

sentantes das classes trabalhadoras 1 conselheiros de serviços médicos; responsáveis porserviços atuariais, enfim, autoridades, de todas as nações do continente, em assuntos de

previdência, acorreram ao certame de Santiago, afim de prestarem a sua colaboração

ó empresa que se projeta: uma nova estrutura para os seguros sociais nas Américas.

Passadas as primeiras atividades do Congresso — discursos, problemas da ordem dô

diQ} etc. — travam-se os debates sôbre os mais variados temas de previdência, destacou-

do-se os djssuntos ventilados por quase todas as representações. A. seguir, de modo su-

cinto, apreciaremos alguns dos assuntos de- .batidos

Seguros para os trabalhadores agrícolas,independentes, e pessoal doméstico: A pri-meira Conferência do Trabalho dos Esta-dos Unidos da América já havia delibe-rado o princípio de que o seguro socialobrigatório deyeria abranger todos os as-salariados, compreendidos, nesse grupo, ostrabalhadores independentes de escassos re-

cursos. Somente o Chile, desde 1925, apli-

cava às classes independentes, aos traba-lhadores agrícolas, semelhante medida, poressa razão, constituiu o primeiro assunto

da ordem do dia a extensão do Seguro So-

ciai a tais classes. Foi relator o dr. Manuel

de Viado, que apreciou, em suas linhas ge-rais, a lei chilena sôbre a matéria, de

1924; analisou as dificuldades da adminis-

tração do seguro social para os trabalha-

dores agrícolas em virtude da densidadeescassa da população rural, da má nutri-

ção, da pouca educação e da falta de ^ sani-

dade. O seguro social, também, é indispen-

sável ao pessoal doméstico. Representantes

de todos os países emitem, a seguir, o seu

parecer sôbre o problema.

Eficácia e economia das prestações médi-

cas e farmccêuticas: o delegado peruano,dr. Rebagliati, externou-se a respeito da

eficácia c economia das prestações médicas

e farmacêuticas do seguro de enfermidade,

demonstrando a forma com que os servi-

ços da Caixa do Perú teem aplicado êstes

dois princípios. Tomadas em conjunto, a

eficácia e a economia exigem para sua

realização que o serviço médico esteja to-

talmente racionalizado. Êsse tema foi^ de-

senvolvido sob vários aspectos, por vários

delegados.

Funcionamento das pensões de invalide::— O delegado norte-americano, st*. Arthur

J. Altmeyer, presidente da Junta de Pre-

vidência Social, manifestou-se a respeito

deste assunto, principalmente porque, no

seu país, não existe um sistema geral de

seguro que cubra o risco da invalidez pei -

manente. A sua tese considera que o segu-

ro-invalidez deveria ser uma extensão do

atual sistema de seguro federal de velhi-

ce e morte. Para determinar a invalidez

permanente, deve tomar-se em conta uma

série de fatores; o seguro invalidez não po-

de deixar de rehabilitar aqueles beneficia-

rios cuja capacidade de lucro é suscetível

de recuperação; por outro lado, não ne-

cessita criar seus próprios serviços de te-

habilitação, bastando-lhe só desenvolver os

já existentes. Eis algumas das idéias ex-

postas no informe do sr. Altmeyer.Proteção da saúde através do seguro so-

ciai — Os drs. Júlio Bustos e Manuel deViado, chilenos, apresentaram uma tesecontendo idéias básicas para um programageral de saúde, baseado na experiência desua pátria — 17 anos de consagração dosseguros sociais. O dr. Bustos analisouas etapas da evolução dos serviços médicosda Caixa de seguro obrigatório e de con-

ta do trabalho de "medicina dirigida" in-troduzida pela lei de medicina preventiva,de 1938. A ação da medicina social deve di-rigir-se principalmente às enfermidades detranscendência coletiva, tais como a tu-berculose, a sífilis, etc. Um programa ge-ral de proteção da saúde deve considerar-se sob o tríplice aspecto da profissão, darecuperação e da indenisação, através ^ deum sistema unificado de seguro social, istoé. de um sistema unitário, total e fami-liar.

Sistema financeiro do seguro social —

Ainda nor um representante chileno, sr.

Rolando González, atuário do Departamen-

to de Previdência Social do Chile — foi

submetido ao Congresso um " informe sô-

bre os regimes finaceiros mais recomendá-

veis em consideração ao campo de aplica-

ção do seguro, às características da po-

pulação protegida e à necessidade de esta-

belecer a continuidade da previsão.

Quanto ao primeiro aspecto — magnitu-

de do campo de aplicação — o sr. Rolan-

do Gonçalves chega à conclusão seguinte:

quando o sistema de seguro cobre a maior

parte dos assalariados cie um país e outor-

ga pensões elevadas, a aplicação de um sis-

tema de capitalização exigiria uma contri •

buição muito alta, _ o que _ redundaria em

uma redução do nivel de vida das popula-

ções asseguradas. As características da po-

pulação protegida podem comprometer o

equilíbrio financeiro de um sistema que

outorga pensões baseadas sôbre o salário

da pessoa assegurada. A existência, dentro

do mesmo país, de diversos sistemas de

seguros, com a possibilidade de cada indi-

víduo poder filiar-se a todos êles, sucessi-

vãmente, exige medidas afim de assegurai

que a passagem de um sistema a outro

não signifique perda dos direitos adquiri-

dos no antigo sistema. Para isso deve

estabelecer-se em todos êles uma cerla

uniformidade fundamental e devem manter-

se as expectativas de benefícios alcançadas

em cada instituição, afim de serem liqui-

dadas no momento em que se produza um

risco.Os temas a que fizemos alusão, os quais

constituíram a ordem do dia do Congresso,

foram debatidos pelas diversas delegações,

que também esclareceram qual a situação

do regime de seguros sociais em seus res-

pectivos países. Além das resoluções rela-

tivas aos assuntos mencionados, o Comitê

Geral considerou, ainda, outras resoluções

sôbre diversos aspectos da segurança so-

ciai.

Três das resoluções a que aludimos se

referem à unificação ou cooperação dos ser-

viços de segurança social. Uma recomenda

que nos países em que os seguros sociais

não cobrem a totalidade da população e

existem serviços de beneficência e assis-

tência social, se coordenem ou unifiquemestes serviços com os do seguro social,afim de aumentar sua eficácia e economia.O professor brasileiro, dr. Cesarino Júnior,defendeu, na Conferência, o seguro social

para as profissões liberais; das propostasda delegação chilena, da Universidade, a

Conferência adotou aquelas relacionadas àmanutenção dos direitos de seguro às pes-soas mobilizadas e ao estabelecimento doseguro social contra acidentes do trabalhoe enfermidades profissionais. O institutointeramericano de proteção à infância sub-meteu à Conferência uma recomendação

para organizar serviços de proteção à ma-ternidade, à infância e à adolescência emtodos os seus aspectos, de acordo com um

programa técnico geral. A Conferênciaadotou a " Declaração de Santiago do Chi-le", que reafirma a solidariedade continen-tal das Américas no setor dos seguros so-ciais.

?

O NOVO EDIFÍCIO DO INSTITUTODE RESSEGUROS DO BRASIL

A SSINALANDO o transcurso do 4.°aniversário de sua fundação, o Ins-

tituto de Resseguros do Brasil inaugu-rou, solenemente, o novo edifício de suaséde, à Avenida Perimetral.

E' um prédio moderníssimo, com ca-racterísticas desconhecidas no Brasil,dada a sua construção ter sido feita comuma finalidade exclusiva: " uma casa de

trabalho, um lugar aprazível e alegre,completamente indispensável a uma açãoconciente e eficiente, quebrando velhastradições que só concebem austeridade e

disciplina em ambientes pesados e es-curos."

Destacamos da circular que o sr.

João Carlos Vital, diretor do I. R. B.,

deu a conhecer à imprensa, a respeito do

edifício recem inaugurado podemos adian-tar o seguinte:

No oitavo andar estão instalados a di-retoria, secretaria, salas de espera, salãode reuniões e diversos outros gabinetesda alta administração. Tudo instaladode maneira a facilitar os serviços dentrode um conforto notável pela eficiência esimplicidade. Noutro andar a seção de

f

¦>

mi

140 O OBSERVADOR — LXXXVllI

mecanografia e os serviços "Hollerith",

instalados de maneira inédita em nosso

país. As paredes e o teto foram cons-truidos à prova de som, sendo que osaparelhos "Hollerith" funcionam

'em

cabines construídas com material apro-

priado para observar os ruidos, impedin-do que o ruido de u'a máquina per-turbe o trabalho do funcionário instaladona cabine ao lado. Aliás, as salas ondefuncionam secções que produzem barulhoforam dotadas também do mesmo siste-ma de absorção do som.

O mobiliário geral do Instituto é todoem sucupira, ao natural, arquivos deaço e armários embutidos. Em cada me-sa há um porta-papéis, e nela é possível,à primeira vista, notar uma originalida-de : nenhuma possue gaveta!

Foi o próprio presidente do I. R. B.que assim explicou:

— Este sistema apresenta grandes van-tagens: elimina as gavetas cheias de pa-péis, a perda de documentos e de tempopara procurá-los. Não existindo a gaveta,ou gavetas, o material fica todo sôbre asmesas, e, no fim do dia, com facilidadeé possível verificar se algum funcionáriodeixou de proceder ao arquivamento dosseus documentos, pois tudo o que nãofor solucionado, encaminhado ou arqui-vado terá de ficar à vista. E, como noInstituto não toleramos atrazos, ao fimdo dia todas as mesas estão completa-mente limpas.

A parte higiênica do edifício foi re-solvida de maneira notável. As paredesde vidro são incontáveis, principalmenteaqueles que dão para fora, onde janelasenormes permitem uma ventilação per-feita. As demais paredes, tetos e colu-nas, são todas pintadas pelo sistema"Duco".

As portas, na altura do fecho— lugar, onde, em virtude do uso, apoeira se acumula, redundando emgrandes manchas — possuem uma chapade alumínio, o que facilita a limpeza. Asinstalações sanitárias são anexas aos ves-tiários, onde cada funcionário possue umarmário de aço. Na seção feminina, háainda, uma sala onde foram instaladas di-versas penteadeiras.

?

INSTITUTO DE APOSENTADORIA EPENSÕES DOS INDUSTRIÁMOS

N ÂO podemos diexar de tecer, na pre-sente edição, algumas considerações

em torno do Balanço Geral de 31 de De-zembro último, do Insttiuto de Aposenta-doria e Pensões dos Industriários. Atra-vés das cifras que ali apreciamos, pode-mos destacar a vitória de uma das nossasmais poderosas instituições autárquicas,que, no seu quinto ano de funcionamento,tem prestado já, e vai prestando cada vezmais, valiosa soma de serviços aos que aêle acorrem.

Para avaliarmos, no setor dos benefícios,e aqui poderemos enaltecer as finalidadesda instituição, o quanto o I. A. P. I. des-pendeu basta relembremos que, somente emaposentadorias, as cifras montaram a Cr$29.091.475,50. Os gastos de pensões, porsua vez, atingiram a Cr$ 7.770.405,70; osde auxílios-enfermidade perfizeram ummontante de Cr$ 15.707.724,70, e os de au-xílios-funeral somaram a Cr$ 1.154 .'976,30.Esses algarismos revelam, de modo incon-

testável, como foram amplas, em apenasuma de suas finalidades, as atribuiçõescumpridas pelo Instituto de Aposentadoriae Pensões dos Industriários. Outros aspec-tos da autarquia, no entanto, merecem um

pouco de atenção, consoante os dados doúltimo balanço. Digno de nota, no tocanteà receita do I. A. P. I., é o conjunto dáscontribuições dos três grupos de contri-buintes: os associados, os empregadores ea União. Cada um contribuindo com a

parcela de CB 103.333.135,10, perfizeram,todos ,o total de Cr$ 309.999.405,30, quaseo total da receita do Instituto, acrescida,ainda, de rendas patrimoniais (Juros Ban-cários, Rendas de Títulos, Renda Imobi-liária e Rendas Patrimoniais Diversas), novalor de Gr| 24.410.992,10; Receita deInfrações (Juros de Mora, Multas), numtotal de 4.085.377,10, e Receitas Diversas,um total de Cr$ 3.243.511,30.

?

ORÇAMENTO BRITÂNICO

O S países que se acham empenhados na

guerra teem dado ao povo, atravésdas cifras de sua-vida financeira, umaidéia da capacidade de arrecadar e gas-tar. Certamente nunca se imaginou, nemo mais otimista dos cidadãos, que fos-se possível a um governo,'dispender numano as cifras que estão sendo dispen-didas realmente. Temos em mão algunsinformes a respeito do orçamento britâ-nico para o período de 1943-1944, no quediz respeito à receita prevista.

5.756.114.000 esterlinos, eis a quantomonta a .formidável previsão. Divididaesta soma pelo número de habitantes daInglaterra, está visto que cabe a cadapessoa ali residente 120 libras na previ-são da receita para o exercício de 1943-1944, conforme o projeto apresentado pelochanceler do Erário à Câmara dos Co-muns. Esta quantidade de dinheiro re:presenta uma diferença, sôbre o orça-mento anterior, de 119 milhões de ester-linos.

Para conseguir a realização do queprevê, o chanceler do Erário teve ne-cessidade de tomar várias medidas, den-tre as quais o aumento de várias taxasque afetarão todo o mundo, sem distin-ção. Majorou o imposto sôbre o fumo,de modo a elevar o preço da carteirade 20 cigarros a dois shillings e quatropence, em lugar de dois shillings. Meiolitro de cerveja passará a custar umpenny mais. Os licores serão novamentetaxados. As localidades de cinema e tea-tro serão mais oneradas, também. Iláum aumento porém que atingirá somen-te os ricos: o de 665 a 100% sôbre osartigos de luxo. A taxa do imposto sô-bre a renda, porém, será mantida a mes-ma que vinha vigorando no exercícioanterior.

Segundo a proposta de orçamento, as •receitas provenientes dos impostos dire-tos e indiretos somarão 2 biliões e 900milhões esterlinos, ou sejam 56% dasdespesas totais, quando em 1941 repre-sentaram apenas 48% e em 1942, 52%. Oimposto sôbre a renda concorrerá com1.176.000.000 esterlinos contra 1.006.000.000, ou seja um aumento de169 milhões. O acréscimo, conforme de-claração de Kingsley Wood é proceden-

te do aumento do número de contribuiu-tes, que subiu de alguns milhões.

Em seu discurso o chanceler do Erá-rio revelou ainda que o custo da guer-ra, até agora, para a Inglaterra, foi de 13

biliões de esterlinos. Em 1940 as despe-sas diárias com o conflito atingiram a

cinco milhões, passando em 1942 a 12 mi-

lhões, para subir, atualmente, a 15 mi-

lhões.?

FINANÇAS DO PIAUÍ

^ONFORME comunicação dirigida pe-

lo Interventor Federal ao sr. Presi-dente da República, o encerramento doexercício financeiro do Estado do Piauí,relativo a 1942, verificou-se com a apu-ração de uma receita arrecadada no to-tal de CrM 29.167.968^20, a qual, adicio-nada ao saldo do exercício anterior,constante de Cr$ 6.152.086,10, perfaz asoma de Cr$ 35.320.054,30, ou sejam re-cursos financeiros bastantes a cobrir adespesa do ano orçamentário e permiti-rem um saldo favorável de Cr$ 1.382.155,50.

Considerando a crise de exportaçãocriada pelas dificuldades do tráfego ma-rítimo, a situação financeira do Piauídeve ser considerada como muito boa.Em 1941, quando a guerra ainda não noshavia atingido, a receita do estado al-cançou a cifra de 33.000.000 de cruzeiro?,a maior já registada na história finan-ceira do Piauí. Em 1942 o govêrno cs-tadual suspendeu tôdas as obras adiáveisafim de comprimir as despesas e condi-cioná-las aos fatores novos criados pelasituação.

?

A MOEDA MEXICANA

Q SECRETÁRIO da Fazenda do Mé-xico fez declarações à imprensa a res-

peito da moeda mexicana. Diz êle que opeso mexicano não será super-valorizado.A relação do pêso com o dólar, atualmen-te, para compra, é de 4 pesos e 85 e, paravenda, de 4,85 1/16.

' Alguns círculos econômicos mexicanospediram que essa relação fosse modificada,afim de limitar as importações de capitaisque estão causando sérios inconvenientes àeconomia mexicana. Com efeito, os capi-tais estrangeiros estão chegando com abun-dãncia. Apenas os capitais norte-america-nos estão entrando no México a uma mé-dia semanal de 600.000 dólares, para fugi-rem aos impostos no país de origem.

Atualmente circulam no México mais de2.000 milhões de pesos contra 1.100 mi-lhões de há poucos meses, provocando abaixa do poder aquisitivo da moeda e aalta dos preços no mercado interno .

O Observador é a

mais lida de todas as

revistas de economia

do Brasil.

O OBSERVADOR — LXXXVIU 141

Bolsa de Valores do Rio de Janeiro

PURANTE o mês de março o movimenta da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro vol-

ton a oferecer aos técnicos índice de apreciável progressão, se tomarmos em separada

os seus algarismos comparando-os com as do mês anterior, fevereiro. Foram negociados

durante março 153.694 títulos, valendo Cr$ 75.603.577,50. Em fevereiro o movimento forade 169.946 no valor de 72.116 mil cruzeiros. Se apanharmos os resultados de março do

ano anterior, teremos ainda o fato de que março do ano corrente o superou em 2.543 títulos

no vaiar de'Cr$ 12.614.068,50. Será curioso observar, outrossim, que com o Carnaval, as

transações §Mistas sofreram a interrupção de alguns dias, em março, o que mais acentua

a importância da progressão apontada.Os títulos governamentais e municipais, conto sempre, tomaram dois terços dos inte-

rêsses tanto em volume como em valor; o terço restante está distribuído entre os títulop

das companhias. Entre os títulos da Dívida Pública, as apólices da União se distinguiram

ainda uma vez pelo grande volume.de transações, com 23.390 títulos no valor de Cr$

20.752.611,50. Em fevereiro as transações dos mesmos títulos tinham registrado o se-

gvdnie resultado: 23.389 e Cr$ 20.467.182,00. Uma aproximação muito grande, como se

vê. No setor dos preços, porém, os diversos títulos diferiram sensivelmente dos de feve-

reiro. As Diversas Emissões de Cr$ .... ^

1.000,00 — 5%, port., ultrapassaram de

longe, quanto ao volume dos negócios, tô-

das as outras categorias; foram negocia-

dos 10.100 títulos a preços variáveis, eiig

tre Cr$ 867,00 e Cr$ 895,00. Manifestou-

se uma alta especial dos títulos do Re-

ajustamento Econômico de Cr$ 10.000,00— 5%, port., que atingiram ao preço má-

ximo de Cr$ 945,00, aproximando-se da

paridade nominal.

A maior parte dos outros títulos da Uniãosofreu aumento nos seus preços, em 'rela-

ção do mês de fevereiro, de .10 cruzeiros

por título. i

Os títulos do. Espírito Santo estiveramfirmes e animados. As apólices de 8% dês-se Estado atingiram a um preço de quase10% acima da paridade nominal. As Uni-formizadas de São Paulo, Cr$ 1.000,00 —

8%, passaram de Cr$ 1.190,00 a Cr$ ....1.202,00.

No setor das ações, as do Banco doBrasil atraíram a atenção, como é de re-

gra neste período, às vésperas da publica-ção da demonstração de lucros e perdas e

do relatório anual. O preço máximo dasações do nosso principal instituto de cré-dito subiram de Cr$ 585,00 em fevereiroa Cr$ 626,00 em março.

No mercado das ações industriais, ^.a ci-fra de negócios mais importante foi regis-trada para a Companhia Força e Luz deMinas Gerais, tendo mudado de mãos 14.145títulos no valor global de perto de cincomilhões de cruzeiros, ao preço de Cr$ ....320,00-385,00. As transações se relacio-nam, sem dúvida, ao aumento do capitaldessa grande einprêsa mineira, de 25 para90 milhões de cruzeiros. A CarboníteraMinas de Butiá passou de 157 a 159, com

um volume de 5.750 títulos. A Belgo-Mi-

neira acusou nova e considerável alta, atin-

gindo ao preço máximo de 745 (contra 718

em fevereiro), com um volume de 5.000

títulos. As ações recentemente introduzi-das na Bolsa do Rio, da Companhia Indús-

trias Martins Ferreira, deram um salto ain-

da maior, passando de 495 a 560, com um

volume de 4.450 títulos.

PREGÃO IMOBILIÁRIO

grupo de corretores de imóveis vemde lançar uma nova organização para

encaminhamento de transações de imó-

veis; trata-se do Pregão Imobiliário,

que vem realizando semanalmente ses-sões públicas onde os sócios da orga-nização apregoam os negócios que lhesão confiados.

A novel entidade de caráter eminente-mente bolsista, feita nas bases de socie-dade civil, com o capital de 500.000 cru-zeiros, está credenciada a realizar umaação benéfica no ramo mais vultoso decomércio que atualmente funciona noDistrito Federal e onde se operam asmaiores inversões de capital.

O desenvolvimento que de há temposvem tomando o comércio imobiliário es-tava de fato a exigir um organismo quepudesse atuar de maneira benéfica, ser-vindo as diversas partes nele interes-sadas.

Para melhor se aquilatar o movimentode transações imobiliárias, damos a se-

guir os algarismos relativos ao movi-mento de empréstimos realizados em1942 com a finalidade de financiamentoimobiliário:

MESESNúmero deoperações Cr $

JaneiroFevereiroMarçoAbrilMaio.JunhoJulhoAgostoSetembroOutubroNovembroDezembro

Totais de 1942

Totais do ano de 1941.

Totais do ano de 1940.

91 18.358.365,5072 14.849.091,3078 20.859.479,3084 10.474.188,9094 21.070.767,1078 7.934.128,7172 12.590.840,7095 10.714.630,2093 16.233.625,2079 23.392.749,9081 16.251.916,2071 9.658.074,60

989 193.387.857,61

1.150 174.595.309,00

959 143.321.400,00

Segundo as empresas financiadoras, o movimento do mes de dezembro passadose discrimina como segue:

COMPANHIAS NoUp?ra°8edse Cr $

• " "" , ,

Caixa Econômica. . Sul América CapitalizaçãoCompanhia Sul AméricaInstituto dos Industriaria!Instituto dos ComerciáriosInstituto da EstivaCompanhia Auxiliadora Predial

Banco Lar Brasileiro •

Companhia Auxiliar de Imóveis e Construções.

A Fortaleza, Companhia de Seguros

Companhia Seguros Loide Atlântico

Companhia Seguros Aliança da Baía

Banco ítalo Belga

Totais

42 4.012.623,60572.000,00470.000,002.102.750,00180.000,00232.000,0037.201,00126.500,00175.000,00150.000,00

1 40.000,00

60.000,001.600.000,00

71 9.658.074,60

142 O OBSERVADOR — LXXXVIll

O Plano Keynes

AT ESTE momento, quando já c possível, acompanhando a inclinação da balança da guer-

lp|f Ta, prever como chegará ela a seu fim, começam a aparecer à luz da publicidade planosdestinados a serem aproveitados na construção do mundo novo quando a paz voltar a rei-

nar integralmente sobre o mundo, num ambiente de nova confiança e de mútua segui an-

ça. Um dos aspectos mais estudados e de maior importância é o que diz respeito à moe-

da. Neste sentido dois planos são no momento discutidos, enquanto ]á foi convocada uma

conferência para o exame do problema monetário. Dos dois planos em debate, apreciando

o problema referido, um e americano — o WJiite — c outro é inglês — o de Lord Key-

lies. Nesta nota vamos proporcionar aos leitores algumas notas sôbre este último.

O Plano Keynes, como está sendo chamado, envolve apenas o mecanismo de circula-

ção e do câmbio. Fazendo ¦uma apreciação sobre o mesmo, uni articulista londrino cscrc-

veu — "Na sua preparação ¥expositiva, teve-se o cuidado de permanecer no terreno kit cr-

nacional com a mínima interferência possível nas políticas internas nacionais. Para asse-

gurar um funcionamento genuinamente internacional propôs-se uma União sem a prepo-derância do poder de veto ou reforço de qualquer país ou grupo de países, ficando sal-

vaguardados os direitos dos pequenos países. Nenhum participante pode fazer ou oferecer

nada que não esteja verdadeiramente den-tro do seu próprio interesse a longo prazo.'

Resumidamente, os objetivos do planosão: promover um acordo geral sôbre anecessidade de criar, de maneira aceitável

para todos um instrumento de circulaçãointernacional capaz de evitar os saldos blo-queados e os clearings bilaterais; um açor-do quanto ao método de determinar o câm-bio relativo dos valores evitando a depre-ciação do câmbio unilateral ou competiti-vo; quanto ao volume da circulação inter-nacional governada pelas exigências corren-tes do comércio mundial; quanto ao estabe-lecimento de um mecanismo capaz de esti-mular o equilíbrio na balança dos paga-mentos; quanto ao plano que permita àsnações "porem a casa em ordem" duranteo período transitório de após-guerra; quan-to à fundação de uma instituição puramentetécnica e não política de auxílios relaciona-da com a vida econômica do mundo; quan-to à inutilização daqueles métodos de res-trição e discriminação até aqui adotados pe-los países como medida de auto-proteçãocontra forças externas além do seu con-trôle.

Para fazer face a essas necessidades,fica proposto o estabelecimento de umaUnião internacional de ajuste baseada 11aaplicação internacional do princípio baricá-rio.

A União de ajuste não exige nenhumacontribuição do orçamento ou dos contri-bmntes.de qualquer país. Trata-se de umainstituição que é solicitada unicamente afazer transferências nos seus próprios li-vros de um registro para outro segundoas necessidades de um capital subscrito —

pois o ativo será sempre igual ao passivosem uma ajuda suplementar. Os bancoscentrais de todos os Estados membros man-teriam registros nos termos da moedabancária internacional da União, fixada, po-rém, não de maneira inalterável, em rela-ção com o ouro. Por intermédio da União,êles estariam capacitados a fazer o assen-tamento dos seus saldos de câmbio, uns comos outros, segundo o seu valor par, defini-do em termos de bancor. Os países que ti-vessem um balanço favorável com o restodo mundo em conjunto teriam um registrode crédito com a União e aqueles paísesque tivessem um balanço desfavorável te-riam um registro de débito.

Todas as Nações Unidas estão convida-

das a serem membros fundadores da União,sendo que outras nações poderão ser con-vidadas mais tarde. Se os Estados inimigosforem convidados, condições especiais se-rão aplicadas.

Cada membro assina uma quota que de-termina a sua participação no governo daUnião e o direito às facilidades de crédi-to. A quota será talvez determinada inicial-mente pela referência do comércio externode cada país. Os Estados membros acor-darão entre si sôbre os valores das suaspróprias circulações em termos de bancor,os quais, por sua vez, serão fixados em ter-mos de ouro pela Junta governante. Aosmembros cabe aceitar o pagamento dos sal-dos de circulação pela transferência de ban-cor para os seus créditos nos livros daUnião. Os membros podem obter créditosde bancor depositando ouro, mas não po-dem pedir ouro contra bancor.

Estão aí, em resumo, alguns pontosdo Plano Keynes. Em edição futura tere-mos oportunidade de comentar o mesmo,estabelecendo as suas vantagens ou desvan-tagens para o Brasil.

BANCO PORTUGUÊS DO BRASIL

25 de março último realizou-se areunião de Assembléia Geral Ordiná-

ria do Banco Português do Brasil afimde apreciar o relatório anual da Direto-ria e o balanço referente ao exercícioencerrado a 31 de dezembro de 1942.

O Relatório, em si, é uma peça sim-pies, de poucas palavras, se quisermosavaliar as palavras pelo vulto da emprê-sa que elas explicam, deixando aos nú-meros do Balanço a exposição dos fa-tos. Não há no Relatório a trepidaçãodos adjetivos, das definições, naturaisaos organismos jovens, ainda em fase deformação, mas apenas a notícia sucinta,discreta, de acontecimentos tão naturaisà vida de sempre, dada porém de ma-neira tão própria, indiciando a matura-ção do legítimo espírito conservador.

No pequeno período do Relatório quetranscrevemos a seguir encontrarão osleitores a definição perfeita do que é oBanco Português do Brasil: "Não

obs-tante os problemas resultantes da situa-

ção internacional, os nossos negócios

continuaram a se desenvolver satisfato-

riamente, sem prejuízo da segurança com

que foram conduzidos e da orientação

que, de início, nos impusemos, e inerente

a um Banco de Depósitos. A parte, hoje

considerável, do comércio e da indústria

que conosco transige aonde estamos es-tabelecidos, encontrou, sempre, nesteBanco o apoio que os nossos recursos

permitiram. Atendidos os nossos encar-

gos normais e legais e pago — no pri-meiro e segundo semestre, — o dividen-do anual de 6%, ficou à disposição daAssembléia, que determinará o seu des-tino] a quantia de Cr$ 3.627.909,90."

Compulsando os dois balanços relati-vos ao exercício de 1942, um encerrado a30 de junho e outro a 31 de dezembro,vamos a seguir fazer uma breve síntesedas cifras mais importantes. Em se tra-tando de um banco de depósitos, é ló-

gico que tomemos em primeiro lugar o

que a isto diz respeito. Com um total deCr$ 250.275.660,43, de depósitos, no pri-meiro semestre, evoluiu, no segundo, paraCr$ 276.505.901,60. O aumento dos depó-sitos é, por si, um sinal evidente da cou-fiança do público no conceituado estabeleci-mento bancário.

Continuando a apreciação da funçãodo Banco Português como um banco dedepósitos, cumpre ver agora o que dizrespeito à sua carteira de descontos. Aoinvés de retração, demonstra por si con-fiança; o desconto de títulos comerciais,pois em geral essas operações são feitasa prazos curtos, dentro da praxe comer-ciai, o que representa não só maior ga-rantia mas também uma mais rápida li-quidez. Os títulos descontados, repre-sentados em 1938 por 15.260 contos, sãorepresentados em dezembro de 1942 pelacifra de 133.915 contos (133.915 mil cru-zeiros), além de CrS 75.514.000 de em-préstimos em contas correntes, perfazen-do o total, em aplicação de Cr$ 209.429.000,00.

Na análise dos balanços de 1942 en-contramos um decréscimo dos emprésti-mos em conta corrente, o qual é larga-mente, compensado pelo aumento das con-tas de títulos descontados. Além dos em-préstimos em conta corrente podemos apon-tar as "Letras

e efeitos a receber", queem junho montavam a um total de Çr§110.077.665,30 (Letras do Exterior, Cr $3.683.052,80 e Letras do Interior, Cr$106.395.612,d0), subindo em dezembro atéC4 121.338.942,90 (Letras do Exterior,Cr$ 4.554.872,00 e Letras do Interior, Cr$116.784.070,90). No setor de hipotecas asituação não sofreu modificação, sendoa sua importância registada em Cr$3.356.350,20.

, Ao fundo de reserva legal, em 31 de

dezembro, estavam computados Cr!jj>365.663,70 e ao fundo de reserva CrS1.178.100,80.

Lstes elementos que colhemos nos doisalanços de 1942 bastam perfeitamente

para ilustrar a respeito das atividadesdo Banco no curso do exercício findo.

O atual Conselho Administrativo do

¦

m

O OBSERVADOR — LXXXV1U 143

Banco foi eleito em 28 de outubro de1938; é interessante, o espaço de tempodecorrido da sua gestão, para uma apre-ciação das principais rúbricas do Balan-

ço, servindo-nos para tanto do quadroque inserimos a seguir.

daí até 1940 sofreu pequenas evoluções,tendo atingido seu ponto mais alto em 1936,com pouco mais de 300 milhões de pesos;em 1940 o total dos depósitos estava abai-xo de 200 milhões de pesos; em 1941 che-

gou a 700 milhões para 1942 ir a 1.680

TITULOS 31/12/938 31/12/939 31/12/940 31/12/941 31/12/942

Letras Descontadas 15.260 37.872 66.930 102.424 133.915Emprestimos em G/Corrente. 38.709 41.014 53.644 69.300 75.514Depositos 58.095 90.721 139.529 202.991 276.506Cobran<;as 23.903 51.418 68.615 88.333 121.339Valores em Administra^ao. . 83.331 84.619 103.464 112.076 126.695

Está suficientemente indicado, aí nes-te quadro, o resultado da atuação doatual Conselho Administrativo.

Com justas razões o transcurso do 25.°aniversário de fundação do Banco Por-tuguês do Brasil merece na sua signifi-cação o destaque das suas realidades pre-sente, dadas no Balanço de 31 de dezem-bro do ano findo. Tendo o seu caminho

já aplainado por um quarto de século deexistência, o que lhe resta pela frente,agora, é o desenvolvimento constante,acompanhando o ritmo da vida econômi-ca brasileira. E isto, esperamos, se-lo-áconseguido, pois para tanto teem os seusoperosos dirigentes tirocínio necessário.

BANCO DA REPÚBLICA DO PARAGUAI

A "MEMÓRIA" do Banco da Repúbli-ca do Paraguai relativa ao exercício

de 1942 traz uma série de informaçõesmuito úteis à compreensão que devemosfazer da vida econômica da república medi-

terrànea. Mais do que nenhum outro pais,o Paraguai vem sofrendo dificuldades ori-

undas do estado de guerra do mundo; se

a sua posição geográfica lhe protege de

determinados vexames, também ela contri-

bue para que aumente o vulto das suas

dificuldades. Vivendo ainda uma fase emi-

nente agro-pastoril, dependendo para a sua

vida interna dos artigos importados, o Pa-

raguai atravessa uma época de sua vida

que mais que nenhuma outra merece a

nossa simpatia.

Em outra parte da revista comentamos

alguns elementos relativos ao seu comer-

cio; aqui nos deteremos nos que^ dizem

mais de perto aos problemas bancários e

de moeda. Examinando, por exemplo, al-

guns dos gráficos inclusos a memória te-

mos, em primeiro lugar, o referente à cir-

culação de moeda papel. Em 1932 esta an-

dava abaixo de 200 milhões de pesos de

curso legal. Em 1938 a circulação era de

aproximadamente 900 milhões; em 1939 su-

biu um pouco acima de 900 milhões; em

1940 era de quase 1.000 milhões; em 1941

atingira a 1.450 milhões e, por fim, em

1942, sobe a 2.100 milhões, com um au-

mento, de 1941 para 1942, de 650 milhões

de pesos. Em onze anos houve um aumen-

to de mais de 1.900 milhões, na circulação

paraguaia! Eis um grave problema, de cau-

sas certamente diversas, cuja solução deve

estar preocupando seriamente o governo do

Paraguai.Um outro gráfico que nos aponta sinto-

mas graves é o relativo aos depósitos. Em

1934 estes andavam abaixo de 100 milhões;

milhões, sendo que desta soma a maior

parte (1.050 milhões) cabe aos depósitosem conta corrente. A relação entre os em-

préstimos a particulares e os depósitos par-. ticulares em contas correntes oferece ou-tro problema: para um total de depósitos

que vai acima de 1.100 milhões de pe-sos, em 1942, há empréstimos no valor de

pouco mais de 100 milhões, soma estacio-nária desde o mês de abril.

Pelas diversas exposições que encontra-

mos na "Memória", relativas aos vários

setores de atuação do Banco, vemos que o

govêrno está envidando esforços no sentido

de resolver todos os problemas sugeridos

pelos gráficos. Assim é que estimula o

empréstimo para fins industriais, exerce um

rigoroso controle de câmbio, etc.

FEDERAL RESERVE BANK OFNEW YORK

28.° Relatório do Federal Reserve

Bank of New York traz informa-

ções oportunas sôbre a balança de paga-mentos entre os Estados Unidos e ou-

tros países, agora em grande parte na

base de transações de govêrno para go-vêrno, o que não mais requer paga-mentos à vista.

O Banco estimou a exportação total

dos Estados Unidos em 1942 em

7.825.000.000 dólares (156 biliões e meio

de cruzeiros), um aumento de 52% só-

bre 1941, e a importação em

2.743.000.000 dólares (54 biliões e 860

milhões de cruzeiros), menos 18% queem 1941.

Informa o relatório: I Enquanto em

anos anteriores o saldo da balança co-

mercial constituiu um fator importante

na aquisição pelos Estados Unidos da

maior parte das reservas de ouro do

mundo, houve uma redução do nosso" stock" de ouro em 1942 a despeito do

excesso da exportação sôbre a importa-

ção, que foi o maior de que se tem no-

tícia. Isso se deve ao fato de mais da

metade da exportação realizada em 1942

haver sido feita sob a Lei de Emprésti-

mo e Arrendamento.As exportações a dinheiro montando a

3.158.000.000 dólares (63 bilhões e 160

milhões de cruzeiros) foram ligeiramente

superiores às importações também feitas

a dinheiro, excluídas as mercadorias

compradas e armazenadas no estrangei-

ro. De março de 1941 a dezembro de 1942

o total das mercadorias exportadas e dos

serviços prestados sob a Lei de Emprés-

timo e Arrendamento subiu a 8.253.000.000dólares (165 bilhões de cruzeiros), dos

quais 7.000.000.000 dólares (140 bilhõesde cruzeiros), se verificaram em 1942.

No fim do ano passado, os auxílios de

empréstimo e arrendamento estavamsendo providos à razão de 10.000.000.000

dólares (200 bilhões de cruzeiros), anual-mente.

Além dêsses auxílios de empréstimo e

arrendamento, tem sido prestada ajuda fi-nanceira a muitos países hostis ao Eixo.Êstes créditos e pagamentos conferiram

aos países estrangeiros grande disponibi-lidade de câmbio em dólares, agora queo Programa de Empréstimo e Arrenda-mento reduziu a procura dêsse câmbio.Dessa fôrma, houve em 1942 um acúmu-

lo de fundos estrangeiros depositados nosEstados Unidos. De acordo com as ci-fras de que se tem conhecimento, essasreservas estrangeiras subiram de 394.000.000 dólares (7 bilhões e 880 mi-

lhões de cruzeiros) nos primeiros onzemeses de 1942.

?

O BANCO DA BORRACHA INICIOUOPERAÇÕES DE COMPRA

ONFORME comunicação que fez aoPresidente da República, o presidente

do Banco de Crédito da Borracha, êste es-tabelecimento iniciou, nos primeiros diasde abril corrente, as operações de compra,em Belém, de tôda a borracha e caucho de

produção nacional, depois de devidamenteclassificadas.

Também a partir da mesma data tôda

operação de exportação para o mercado

externo ou interno será feita exclusiva-mente pelo Banco de Crédito da Borracha.

O preço de compra da borracha foi au-

menta/lo de 20 centavos por quilo.

DEPÓSITOS BANCÁRIOS NA SUÉCIA

QS depósitos nos bancos comerciais da

Suécia aumentaram de 278.000.000de coroas para 5.175.000.000 coroas (U.S. $ 1.289.250.000) é o que informa aestatística publicada pela Administraçãode Inspeção Bancária da Suécia. Tam-bém subiram os empréstimos de 89.000.000 de coroas para 4.383.000.000.

Comparando com as cifras do últimomês antes da guerra, em 1939, os depó-sitos aumentaram uns 440.000.000 de co-rôas enquanto que os empréstimos dimi-nuiram uns 235.000.000.

Também nas caixas econômicas se re-

gistrou um considerável aumento nos de-

pósitos, calculando-se que o saldo a fã-vor dos depositantes subiu a mais de4.000.000.000 de coroas em fins de1942.

Os importantes empréstimos da defesasueca originaram grandes retiradas nascontas dos bancos, porém estas retiradasforam amplamente compensadas pelaafluência de fundos em conseqüência davenda das exigências de artigos de im-

portação e as muito restritas possibilida-des de inverter dinheiro em novas im-

portações, e também em virtude de gran-des pagamentos do govêrno. A quedamuito acentuada, da procura de crédito,

por parte do comércio particular, obser-vada em 1940 e 1941, cessou no ano pas-sado, seguindo-se uma tendência oposta.

(

144O OBSERVADOR — LXXXVIII

Banco Hipotecário Lar Brasileiiro

BALANÇO GERAL EM 31 DE DEZEMBRO DE 1942, DA MATRIZ NO RIO DE JANEIROE DAS SUCURSAIS EM SÃO PAULO E BAÍA

TAS TW I420, "" 18 11

P' *

T8' UE 3'-5-1937' e - 979, DE 4-1-1932. COM APOST,LA de 31-5-1937

AIIVO C'$ PASSIVO Cr$

Nao exigJvel:I >l!il'ONÍ vi' I.;

C aixa, eii.i morda correnteEtu <liviTüiiü HmiicobEutlllffiil 11iih e Melo»

A..|l(i11:avt!mm curto prazoC A iri'1'l II a Com I llí'I A | ;

4 . 04 2 . H')2,'A0§5,869.046,90".814,00 69. 965^531X0

Tíiu! c)| i leuoi i n I iuIu;)., ...I í ( u In.s dr re.iulaI'.m |)i ('«( i iikiji C/on rren (es

1 móveiii Cjonul r ii i,' fios) ei i n (rn | neln h <• fS,, ueimlas.I >0 VClIolVN tl I \* ll.MIHVi» loreti n cg brii r. , ,

IH. (,30.;gg>,304W. 5Mj,00

35. C>WÊ9wÊQ82.003. 3g|(30

ir>o.:mí.:>7(),o<)9.S#!2f9Q2240.113,60 208, 604.473,70

hiui/t ,'ijc,'/(•//; (o/if/J

Ca ÚT1C1 li A 111 jmriff Á li I A :

JimprésiiuuiH 11 ipoleo.t rios ,Cmi>( i-iiI.im ,1,. prontomin tle venda.

Amou ri/a v ki •

Móveis e UtensíliosMflUenal 11 f e\pedient DeSpe,NilS de ilisfíllilCustos il« EiwiasM ,1,. c)hi iMiisòos.. .

C «>/)/,i.r iM/?i/i,vi.iví(•.)<>

C AIITK1IIA Co.MKIICI \i :

Vftloras riu depósito\ álores o iinl ivn;i ilos.T(tul ns mu colu'«uç|>

CA I.TKI ii ,\ 1 hpo vkc.Vrkv:

I6Q|513. 799fí>0w7 545. 2('M)0

1 , , 30. 054,50151 . 028.301 ti 1 . 213,60109.855,20

258. 050.091,50

Capital da Carteira HipotecáriaCapital da Carteira ComercialFumlo de ReservaReserva Especial.Fundo de Bencficeneia

2. jif2. 751.60

20. S(»3. (>75.00l<>. 87o 410,002,972.528,80 49.712.614,70

Imóveis rocoludos eiu lliV I-, 282. 756.020,60\nloivs recebidos nu 1!». 900.000,00t moveis prometidos « vou-

t'n>* 155 042» 154.50

Con r\s nc v.nsi iÓkmas •Diversas contas

410.598. 1S3.«0 4(|9.310.79S60

Exigível A CURTO PRAZO:

Depósi|||s em C/corrcníe com jurosI )cposi(o.s em C/correntc sem jurosDepósitos em C/corrente popularDepósitos em C/corrente limitadaDepositos em C/corrente especialCredores diversosContratos de construções e financiamentos...Ordens de pagamentoCupons a pagar de ObrigaçõesPartes Beneficiárias, perccntagem da Dire-

toria e gratificação aos funcionáriosDividendos

Exigível a longo prazo:Emissão^ de Obrigações*~ Serie "A"

(auto-,, r,znd#H 100.000.000,00Plenos: OI rigações não

omitidas e recolhidas. 15.638.800,00Depósitos com aviso prévioDepósitos a prazo fixo

Contas de resultados pendentes:Juros pendentes de liquidação

Contas de compensação:DeiSjtítantcs de valoresCredores por títulos em cobrançaGarantias liipotecáriasC ompromissos de venda de imóveis

10.000.000,002.000.000,007.189.485,708.000.000,00

698.708,30

22.061.916,1019.802.079,804.522.193,90

42.081.646,003.644.203,308.048.602,00

106.443.856,40306.146,70

2.185.203,80

27.888.194,00

3.996.642,101.440.000,00 214.532.490,10

84.361.200,00

156.638.912,50145.004.060,40 386.004. 172,90

330.650,60

C O N TAS T R A N SIT 61U A S;033.89^,53 |' Diversas contas.

46.740.085,902.972.528,80

283.656.029,60135.942.154,30 469.310.798,60

960.460,S01 099 026 767,00

" I! 1.099.026.767,00

C •' ^iivtov suporhuender.W -J. l cv/.:. diretor tese VeMtuàdo Cruz. conlndor. rcg. n. 33.603.

DEMONSTRAÇÃO DA CONTA "LUCROS E PERDAS" EM 31 DE DEZEMBRO DE 1942

OPfRAÇÒKS REALIZADAS DURANTE O ANO DE 1942

'

Cr? ii «l nivs. dospes^s v'r;iis. or\íeo»<||s

om xnÃvois. MU-US.»!;•\plu'.-idv> ao Fxuuío deDi\idonvio distrilnnr .v>os

^ Cr? 1'.'. vW.iHV.iVest,-.t\nÃrm «

p.-\ r t es l> e ** c * t':risl\>t «cá o os t .1Ç r,:ru; K

u a rios,-í viistrií-viir

v Assl>, ous ^ ov.t. 3* -s ...j vi o e.xcroio-.o

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35 OQ2 220.40IS15 5e°,10

6 1>°.-{S5.~0

1 4-10 300.00

i . S50.00

íK? RfS

4^11 l,d„,

Renda dos imóveis pertencentes a0 ííaneo46.760.S50.40

1.335.159,10

105 2S3 5 C48 105 289.50

'•'« ¦ Se rente I Crui, . o„i,id or, re>: n. 33.603.

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ffr As datilografas sentir-se-ao

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escr^ri°s...

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INTERNATIONAL

BUSINESS MACHINES

PRESENTANDO ao publico brasileiro DISTRIBUIDORES

mais uma notdvel afirmagao da enge- Companhia Nadonal de MaqilinaS.

nharia [moderna, em prol de uma maior efi- Comer dais

ciencia em todos os servigos de escritorio, cha-

mamos a atengao dos tecnicos brasileiros para Av. Rio BrdnCO, 43

o seguinte fato, importantissimo nos anais da FONE 23-1310 RIO DE JANEIRO

Idatilografia:

"De acordo com os TESTS leva- £

dos a efeito pelo Instituto de Tecnologia de

Massachussets, nos Estados Unidos da Ame- ^ SAO PAULO:

, XT R. Libero Badaro, 39 -1,° - Fone 3-4777nca do Norte, enquanto as outras maquinas

de escrever exigiram do operador um esforgo AGENTES E REPRESENTANTES NOS DEMAIS ESTADOS DO BRASIL

correspondente a 1.000 grs. em 3/4 de polegada

para a pressao de uma tec la, a

^

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Elect^romati c

As datilógrafas sentir-se-ão

menos fatigadas

à saída

dos escritórios...

INTERNATIONAL BUSINESS MACHINES

DISTRIBUIDORES

Companhia Nacional de Máquinas:

Comerciais

Av. Rio Branco, 43

FONE 23-1310 — RIO DE JANEIRO

MJL PRESENTANDO ao público brasileiro

™" ™ mais uma notável afirmação da enge-

nharia [moderna, em prol de uma maior efi-

ciência em todos os serviços de escritório, cha-

mamos a atenção dos técnicos brasileiros para

o seguinte fato, importantíssimo nos anais da

datilografia: "De acordo com os TESTS leva-

dos a efeito pelo Instituto de Tecnologia de

Massachussets, nos Estados Unidos da Ame-

rica do Norte, enquanto as outras máquinas

de escrever exigiram do operador um esforço

correspondente a 1.000 grs. em 3/4 de polegada

para a pressão de uma tecla, a

SAO PAULO:

R. Libero Badaró. 39 -1,° - Fone 3-4777

AGENTES E REPRESENTANTES NOS DEMAIS ESTADOS DO BRASIL

exigiu apenas-para esse mesmo fim

esforço igual a 56 grs. em

1/3 de polegada! "As inú-

meras outras vantagens,

que esta máquina re-

almente prodigio- Jgjj

sa oferece, serão apre- ^^¦jljj

sentadas no ato da WÊ fm--MmM¦ÉMm>

¦á

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ib

I de M

SERVIÇOS HOLLERITH sa

INSTITUTO BRASILEIRO DE M ECANIZACÀÜ

Matriz: AVENIDA GRAÇA ARANHA, 182

FONE: 22-5111

RIO DE JANEIRO

Filiais em: Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo*

A Marinha de Guerra

garante as linhas vitais

do comércio inter-aliado.

A sua presença, escol-

tando um comboio, é su-

ficiente para afugentar

os submarinos inimigos e dar aos .co-

mandantes dos cargueiros que o compõem

a certeza de que chegarão ao destino.

V. S. necessita idêntica garantia em

relação aos seus negócios e à meta que

pretende atingir, pois um administrador

não deve experimentar ansiedade igual à

do comandante de um navio que cruza

os mares, sem proteção, entregue aos

caprichos da sorte.

Essa garantia tem-na V. S. no SIS-

TEMA HOLLERITH DE CARTAO PER-

FURADO, utilizado hoje pelo COMÉRCIO

e pela INDÚSTRIA em 79 países do

Mundo, quer para fins CONTÁBEIS querESTATÍSTICOS e de CONTROLE.

As maquinas que o integram sãosinônimo de EFICIENCIA, RAPIDEZ e

EX ATI D AO e constituem marcos reais datécnica moderna e do engenho humano.