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Educação Cristã Pr. Kenneth Eagleton
Educação Cristã
Pr. Kenneth Eagleton
1. O que vem a ser educação e o processo ensino-aprendizagem
O vocábulo educação vem do latim ducere que significa “guiar”, “conduzir”, e o prefixo “e” que quer
dizer “para fora”. Assim, em seu significado etimológico, “educação” é a atividade de “conduzir para
fora”.1 A palavra “educação significa, também, a capacidade do indivíduo assimilar, usar e gerar
informações (p. 15).2
Na verdade, o ato de aprender não quer dizer apenas estudar nos livros, “navegar” na
internet, passar horas diante do computador, ouvir exposições, ou memorizar
conhecimentos e informações. Isso tudo faz parte da aprendizagem, mas seu alcance é bem
mais amplo. Aprender é, essencialmente, um processo contínuo de aquisições de novas
formas de conduta, ou de modificações de formas de conduta anterior. Por exemplo, a
conversão a Cristo é um típico exemplo da aprendizagem da fé pela ação do Espírito Santo,
fazendo do indivíduo uma nova criatura (2Co 5:17).
Conduta aqui deve ser entendida não apenas no contexto do comportamento exterior, mas
também em caracterizar qualquer atividade mental, espiritual e afetiva que determine nova
forma de ação, aquisição de novo hábito, comportamento ou resposta. Assim, a verdadeira
aprendizagem só ocorre quando o aluno dominou inteiramente o assunto objeto do
aprendizado, domínio esse traduzido na aquisição de novas atitudes e habilidades. Antes de
aprender de fato, o indivíduo adquire ideias, conhecimentos e valores necessários à
aprendizagem integral.
É preciso que se faça a necessária distinção entre aprendizagem e aquisição de
conhecimentos. A primeira diz respeito à própria conduta do indivíduo, enquanto a última
não tem outra finalidade senão a própria aquisição. A aprendizagem, então, só se completa
na medida em que a posse de conhecimentos pela pessoa permita a mudança de
comportamento. [...] Basicamente, ensinar significa estimular, guiar, orientar e dirigir o
processo de aprendizagem. Assim, podemos dizer que a função do educador é dirigir a
aprendizagem que se manifesta no educando.3
Conceito “bancário” de aprendizagem. “No conceito “bancário” de aprendizagem proposto por Freire,
o educador é o centro, o sujeito do processo educativo. Ele conduz os alunos à memorização mecânica
do conteúdo transmitido. Mais ainda, a narração do educador transforma os alunos em recipientes ou
1 Antônio Vieira de Carvalho, Teologia da Educação Cristã, Editora Hagnos, 2006, p. 14.
2 Carvalho, p. 15.
3 Carvalho, p. 16.
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vasilhas que precisam ser enchidos pelo professor. Para a perspectiva bancária de educação, quanto
mais os recipientes são enchidos, tanto melhor os alunos serão. Deste modo, a aprendizagem torna-se
um ato de depositar, em que os alunos são os depositários e o professor o depositante”.4
A concepção bancária na educação cristã. Quando este entendimento do aprendizado é aplicado à
educação cristã, adotam-se métodos onde o pastor ou educador se posiciona diante dos alunos
passando um conteúdo rígido, inflexível, aparentando ser o dono da verdade e o único apto a
interpretar a revelação de Deus aos homens. “A rigidez dessas posições nega à educação cristã o
conhecimento bíblico e a experiência individual da fé em Jesus Cristo como processos de busca
permanente, numa palavra, na procura do verdadeiro aprendizado”.5
Educação problematizante. Paulo Freire propõe uma educação problematizante, isto é, onde educando
e educador encaram o mundo não como algo estático, mas como uma situação (problema) em
andamento (movimento) que deve ser analizado criticamente. Nesta visão da educação:
a) o diálogo entre educador e educando é essencial para se adquirir conhecimentos;
b) o aluno é o sujeito do processo de aprendizagem, um ser que pensa e tem raciocínio crítico;
c) a criatividade do aluno deve ser estimulada e
d) encara-se o indivíduo como um ser incompleto, inacabado e em permanente processo de
transformação.
Estes conceitos podem ser facilmente aplicados à educação cristã, pois sabemos que somos seres
imperfeitos que necessitamos de transformação constante (processo de santificação). O educador, no
diálogo com o educando, ajuda-o a olhar de forma crítica (reflexiva) à sua vida, aplicando os princípios
bíblicos para obter a transformação desejada. O amor é fator essencial para que possa haver um
processo de diálogo eficaz entre educando e educador. “O amor cristão reside, essencialmente, no ato
de ajudar de forma desinteressada o outro, o próximo de mim mesmo, aquele que necessita de uma
palavra de conforto e apoio, de um gesto de solidariedade, de uma postura de doação, de caminhar
junto. Isto se aplica especificamente nas relações entre professores e alunos”.6
A educação cristã como processo de mudança. “A consciência crítica que adota a educação como
instrumento de mudança possui as seguintes características básicas:
Não se satisfaz com as aparências, demonstrando um profundo anseio na análise de problemas
vivenciais.
O educador e o educando reconhecem que a realidade onde vivem e atuam é extremamente
mutável e que mudanças ocorrerão.
4 Carvalho, p. 18.
5 Carvalho, p. 19.
6 Carvalho, p. 20.
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O ser humano que se adapta às mudanças é aquele que procura, verifica e testa suas
descobertas. Está sempre disposto a rever suas posições, desde que convencido da necessidade
de mudanças em sua forma de pensar e de agir.
Possui uma mente indagadora, amando o diálogo e nutrindo-se dele.
O ser humano aberto às mudanças “(...) face ao novo não repele o velho por ser velho, nem
aceita o novo por ser novo, mas o aceita na medida em que é válido” (Freire).7
Leia as seguinte passagens e reflita sobre sua aplicação na educação cristã: 1Ts 5:21 e Rm 12:1-2.
2. Base teológica da educação cristã
Definição de teologia: “pensando sobre Deus”.8 Portanto, fazemos teologia. Todo mundo tem uma
teologia diferente, pois todos pensam sobre Deus de uma forma diferente.
O “objetivo da educação cristã é nutrir, edificar, consversar e disciplinar a comunidade cristã sob a
orientação de Deus”.9
No Antigo Testamento Deus reclamou do pouco caso que os israelitas fizeram do conhecimento dele.
Preocupavam-se muito mais com ritos do que com o estudo das Escrituras e a vivência do que
aprendiam. “Israelitas, ouçam a palavra do Senhor, porque o Senhor tem uma acusação contra vocês
que vivem nesta terra: ‘A fidelidade e o amor desapareceram desta terra, como também o conhecimento
de Deus’” (Os 4:1). Isto explica a dificuldade pela qual o povo passava. No versículo 4 Ele acusa os
sacerdotes por este estado de coisas. “Meu povo foi destruído por falta de conhecimento. Uma vez que
vocês rejeitaram o conhecimento, eu também os rejeito como meus sacerdotes” (v. 6). “Conheçamos o
Senhor; esforcemo-nos por conhecê-lo. Tão certo como nasce o sol, ele aparecerá; virá para nós como as
chuvas de inverno, como as chuvas de primavera que regam a terra”. (...) “Pois desejo misericórdia, e
não sacrifícios; conhecimento de Deus em vez de holocaustos”(Os 6:3, 6). O verdadeiro adorador o faz
com conhecimento profundo da pessoa a quem está adorando.
Passagens do Novo Testamento sobre a importância do ensino:
Mt 28:19-20 (ensino é a atividade dos cristãos, da Igreja);
At 5:42 (a Igreja primitiva não cessava de ensinar, formal e informalmente);
At 20:20 (Paulo também deu o mesmo exemplo);
At 11:25-26 (a base desta igreja forte, Antioquia, foi o ensino);
7 Carvalho, p. 21-22.
8 Hayward Armstrong, Bases da Educação Cristã, 2ª edição, JUERP da Convenção Batista Brasileira, p. 107.
9 Armstrong, p. 107-108.
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At 15:35 e 18:11 (Paulo investiu tempo no ensino);
Rm 12:7 (no contexto dos dons temos algumas pessoas que são capacitadas de forma especial
para o ensino e devem se dedicar a isto);
Rm 15:4 (as experiências do passado e a Palavra escrita servem para nos ensinar);
Cl 1:26-29 (Paulo se dedicava ao ensino para apresentar as pessoas como perfeitas em Cristo);
1Tm 3:2 (o pastor [bispo] tem que ter capacidade para ensinar);
1Tm 4:11-13 (ênfase de Paulo a Timóteo quanto ao ensino);
1Tm 5:17 (os que dedicam-se a palavra e ao ensino são merecedores de dobrados honorários,
ou honra);
2Tm 3:16 (As Escrituras servem, entre outras coisas, ao ensino);
Tt 2:7-8 (o que ensina tem responsabilidade de ser exemplo daquilo que ensina);
Passagens bíblicas fundamentais:10
a) Dt 6:4-9 (esta passagem é conhecida como Shema, em hebraico): 1) v.3-6 chamam a atenção
para a figura do mestre (relação de amor pessoal com Deus), 2) a educação religiosa se
transmite no lar, de pais para filhos, 3) v.7-9 indicam que o ensino se realiza no contexto da vida
(Richards).
b) Lc 6:39-40: 1) Aquele que segue a Cristo deve ter por objetivo ser como ele foi, 2) As pessoas a
quem Deus conferiu a responsabilidade de guiar, instruir e discipular, devem ser imitadoras de
cristo, 3) o objetivo da educação cristã é transmitir transformação de vida, não só acúmulo de
conhecimento – “será como o seu mestre”.
c) Ef 4:11-12: “As responsabilidades daqueles que instruem o povo de Deus na igreja, através da
pregação, da interpretação da vontade de Deus, do ministério pastoral e do ensino espiritual,
fazem parte de um processo evolutivo visando à maturidade do povo de Deus” (Armstrong). A
edificação do corpo é um processo interno na qual a igreja amadurece. Vemos aqui uma
organização da igreja com diversas responsabilidades trabalhando para trazer edificação ao
corpo.
10
Armstrong, p. 108-110.
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Implicações para a Igreja.11
Ao observarmos o que a Bíblia diz sobre o ensino cristão, podemos tirar algumas implicações para a
Igreja:
a) Modelo ou exemplo. O mestre (tanto no ensino formal quanto informal) tem que ser modelo do
que procura transmitir. Tem que viver a Palavra. “Na educação ensinamos o que sabemos, mas
na educação cristã ensinamos o que somos” (Richards). Jo 13:15; 1 Co 11:1; Fp 3:17.
b) Relações interpessoais. O ensino tem que se dar no contexto das relações interpessoais, tanto
no lar quanto na Igreja. Estas relações providenciam o amor, o interesse e o exemplo
necessários.
c) Contextualização. O ensino tem que interagir com a realidade do discípulo e ser relevante para a
vida dele.
d) Discipulado. Devemos ser seguidores de Cristo, mas também seguidores dos nossos mestres
terrenos, aprendendo com eles. Paulo disse aos seus educandos que deveriam imitá-lo.
e) Organização. A organização possibilita uma padronização e um melhor êxito. Isto não exclui a
ação do Espírito Santo, mas faz com que o que ele dirigiu seja realmente cumprido.
3. A história do ensino cristão a) Ensino judaico: dava-se no lar (Dt 6:6-9), nas escolas de profetas (2Rs 2:3 e 5), pelos levitas (2Cr
35:3, Ne 8:9), pelos escribas (Ed 7:10-11) e, finalmente, nas sinagogas.
b) Ensino neotestamentário: de Jesus, dos apóstolos (oral e escrito), prática da igreja primitiva
(cultos e preparação para o batismo dos pagãos).
c) Igreja cristã na história: apologistas (defenderam a fé), escolas de catecúmenos (para
preparação para o batismo nos primeiros séculos), escolas de catequéticos (para estudo mais
avançado), escolas paroquiais (para preparação de bispos nos primeiros séculos), mosteiros e
universidades.12
d) Escolasticismo: ensino cristão da Idade Média que tinha uma preocupação em conciliar a fé
(entenda-se, doutrina da Igreja Católica Romana) com a razão.
e) O desafio do humanismo do Iluminismo trouxe um novo desafio ao ensino cristão. Até então o
ensino cristão se fazia com o pressuposto da importância das coisas espirituais na vida do
11
Armstrong, p. 112-115. 12
Armstrong, p. 45-48.
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cristão. Com o humanismo o foco mudou de Deus para o ser humano, que passou a ser o centro
da vida. Deus passou a ocupar uma posição periférica.
f) Reforma Protestante: retorno à Bíblia, traduções vernaculares, ampla distribuição da Bíblia,
avivamento da pregação bíblica e doutrinária, ensino da Bíblia em família, estabelecimento de
escolas cristãs.13
g) Separação do ensino religioso do ensino secular a partir da metade do século XVIII nos Estados
Unidos e com influência no restante do ocidente.
h) A Escola Bíblica Dominical surgiu na Inglaterra para suprir a lacuna deixada pela separação entre
o ensino público e o ensino religioso. Robert Raikes, conhecido com o “pai da escola dominical”,
começou a dar aulas aos domingos para meninos de rua como meio de evitar a criminalidade.
Estas crianças trabalhavam em fábricas seis dias por semana e perambulavam pelas ruas aos
domingos. A ênfase destas escolas para os mais pobres era a alfabetização e as virtudes. Nos
Estados Unidos serviram também como ferramenta evangelística das igrejas e foram até usadas
para subvencionar missões. A EBD passou a ser muito influenciada pela educação secular
(teorias e metodologias). No séc. XX a EBD contribuiu bastante para o crescimento dos
evangélicos em muitas denominações.14
i) Em muitos países subdesenvolvidos a ação missionária usou a estratégia da educação como
ferramenta de evangelização. Em muitos países sem sistema educacional ou com sistema
voltado apenas para as elites, as missões evangélicas tiveram um papel fundamental na
alfabetização e instrução da população e no desenvolvimento do país. Muitos dos futuros
líderes nacionais foram educados em escolas evangélicas.
4. Perfil básico do educador cristão15
Não se pode colocar qualquer pessoa para ensinar educação cristã na igreja. Às vezes o critério de
escolha dos educadores cristãos na igreja é de acordo com o grau de instrução da pessoa ou escolhe-se
quem exerça a profissão de professor nas escolas públicas. No entanto, nem sempre estas pessoas
possuem qualificações necessárias para serem educadores cristãos. O perfil do educador cristão deve
ter as seguintes características:
13
Armstrong, p. 63. 14
Armstrong, p. 73-75. 15
Carvalho, p. 63-81
7
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Características espirituais
a) Ter Jesus Cristo como Salvador e Senhor. Pode parecer óbvio, mas é uma condição necessária,
pois o educador só pode repassar o que conhece pessoalmente.
b) Ser dirigido e sustentado pelo Espírito Santo, pois sua função é transmitir a fé em Jesus Cristo
(Jo 14:26; 16:13). O ensino cristão não é como qualquer outro e exige uma orientação espiritual.
Os objetivos do educador cristão são:
Orientar o educando no conhecimento de Jesus Cristo;
Ajudar o aluno em seu crescimento espiritual, moral e intelectual;
Tornar conhecidos o conteúdo e o significado da Palavra de Deus;
Aconselhar o aluno quanto aos princípios básicos da doutrina bíblica cristã;
Colaborar para que o aluno adquira e cultive uma filosofia cristã de vida em todos os
sentidos de sua existência.
c) Ter vida de oração. O educador deve orar por: 1) sua própria vida espiritual, 2) direção no
preparo e desenvolvimento do assunto, 3) preparo do coração de seus alunos para receber o
ensino e colocá-lo em prática.
d) Ser humilde (Mt 5:3; 11:29). Não ensina com arrogância. Coloca sua dependência em Deus.
Reconhece que não tem todas as respostas e que não sabe tudo. “Quanto mais aprendo, mais
sei que nada conheço”.
Características morais
a) Possuir ética irrepreensível (Tt 2:7): reto, íntegro, temente a Deus. Ter vida de santidade. Não é
hipócrita: mantem o mesmo comportamento diante de todas as pessoas e mesmo quando está
sozinho.
b) Perseverar (Hb 10:36): em sua fé, seu testemunho, seu trabalho como educador. Não desistir
quando encontra desafios.
c) Amar o que faz (At 5:42, 46).
d) Saber enfrentar e superar desfios (Jo 16:33).
O educador cristão como comunicador (Rm 12:7).
“Não se pode esquecer o fato de que os métodos e as técnicas de ensino, chamados de ‘tecnologia
educacional’, apenas complementam a instrução e o contato pessoal entre mestre e aluno”.16
16
Carvalho, p. 72.
8
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a) Comunicação entre o educador cristão e o educando e vice-versa.
“O relacionamento entre educador e educando é parte do amplo universo das
comunicações interpessoais”. “O modelo apresentado pressupõe a comunicação
interpessoal como um processo dinâmico, em que a fonte ou o emissor (educador cristão),
com suas ideias e com suas emoções, elabora a mensagem de fé que comunicará ao
receptor (educando), o qual, por sua vez, processará o significado dessa mensagem
(decodificação), adquirindo novas formas de pensar e de agir (comportamento esperado). A
resposta (feedback) do receptor é, então, processada pela fonte, completando-se, dessa
forma, a comunicação interpessoal entre o educador cristão e seu aluno”.17
A fonte (educador/comunicador) formula uma mensagem usando seu conhecimento,
emoções, linguagem e assessórios tecnológicos (objetos, auxílios audio-visuais, etc). O
receptor (aluno) recebe a mensagem, interpreta e a coloca em prática.
mensagem
"feedback"
Comunicador receptor
contexto
barulhos,distrções
codificação descodificação
O receptor dará um retorno à fonte (explicando o que entendeu, ou através de perguntas,
mudança de vida, etc.), permitindo fazer-se uma avaliação do sucesso daquilo que foi
transmitido. Isto possibilitará à fonte fazer os ajustes necessários na formulação da
mensagem para que seja interpretada e aplicada corretamente.
b) “Ruídos” na comunicação da educação cristã. “As principais interferências no processo de
comunicação entre o educador cristão e seus educandos, e vice-versa, podem ser caracterizadas
da seguinte maneira:”18
Ausência de clareza e de objetividade na transmissão, pelo educador cristão, de
conhecimentos e de experiência aos alunos.
O mestre cristão não verifica (função de controle) o resultado de sua mensagem aos alunos.
O educador cristão emprega métodos e técnicas de educação indequados ou obsoletos para
ilustrar sua comunicação.
17
Carvalho, p. 73. 18
Carvalho, p. 74.
ruídos,
distrações
9
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Confusão quanto ao sentido de certas expressões e pensamentos expostos pelo educador
cristão. Um exemplo disto é empregar expressões usadas nas traduções antigas da Bíblia em
português que não são mais usadas na linguagem atual ou então, o uso de jargão evangélico
(amém, glória, etc).
Ausência de preparo do educando para receber determinado tipo de comunicação (nível de
instrução baixo, novo convertido sem conhecimento bíblico suficiente, etc.).
O educador cristão transmite mensagens longas, carentes de conteúdo e de objetividade.
Interferências externas que causam distrações (barulho, movimentação, etc.).
Perguntas básicas para orientar o educador a melhorar sua mensagem:
O que desejo, de fato, comunicar aos meus alunos?
Que tipo de educando devo atingir com minha comunicação? (Necessidade de se conhecer
o auditório).
Quais os meios de que disponho para fazer a comunicação?
Que espero de meus alunos depois da comunicação?
Qualificação didática.
“A didática constitui-se no conjunto de procedimentos pedagógicos que dirigem e orientam a
aprendizagem da fé. Esses preceitos tornam a educação cristã mais objetiva e prática, tendo em vista o
aperfeiçoamento espiritual e moral do educando, razão de ser do processo educativo”.19
a) Incentivo à participação do aluno. A instrução precisa ser centrada no aluno. Quanto mais
participar, maior será a probabilidade de retenção e aplicação do que foi ensinado.
b) Incentivo à pesquisa (Lc 1:3-4). A educação cristã oferecerá as ferramentas para que o aluno
possa continuar a pesquisar e aprender por sua própria iniciativa. Isto fará com que continue a
crescer espiritualmente, mesmo na ausência do mestre. As dúvidas e os questionamentos são a
faísca que incentiva a pesquisa. 1Ts 5:21-22.
c) Criatividade. “A criatividade é um processo intelectual que possibilita ao ser humano a
elaboração de ideias novas para a solução de antigos problemas”. “Basicamente, a criatividade
envolve três aspectos interdependentes, a saber: conhecimento + imaginação + avaliação”.20
19
Carvalho, p. 75. 20
Carvalho, p. 77.
10
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d) O educador cristão sabe administrar seu tempo (Ec 3:1). Será que a falta de tempo é o
problema... ou o problema é você? “Podemos fazer com que o tempo trabalhe a nosso favor.
Como? Orgnizando o que fazer no tempo de que ainda dispomos, extraindo o máximo de suas
potencialidades. A habilidade de administrar bem o tempo de que se dispõe é, via de regra, o
que distancia o indivíduo previdente daquele que é descuidado e irresponsável. Como se vê,
saber utilizar o tempo é sinal de maturidade. Como qualquer outro recurso disponível, o tempo
pode e deve ser bem programado”.21
e) O educador cristão emprega uma linguagem acessível (Pv 15:7).
A linguagem deve ser adaptada à faixa etária e ao desenvolvimento de cada grupo.
A linguagem deve ser adaptada ao nível educacional de cada grupo.
A linguagem deve ser adaptada à experiência de cada grupo.
O ritmo da fala deve ser adaptado: mais rápido quando os assuntos são conhecidos e mais
lento quando os assuntos são desconhecidos ou necessitam de uma reflexão maior.
5. Possibilidades educacionais A educação cristã pode ser administrada informal ou formalmente e de maneiras diversas. A seguir
encontra-se uma lista parcial de alguns formatos usados para a educação cristã:
a) Escola bíblica dominical (EBD);
b) Grupos por afinidade (reuniões de jovens, universitários, casais, adultos solteiros, mulheres,
homens, etc.);
c) Grupos de estudo nos lares;
d) Apoio ao discipulado que os pais fazem com os filhos (exemplo do programa D6);
e) Seminários com temas específicos (missões, finanças, seitas, ética, etc.);
f) Discipulado;
g) Mentoria;
h) Estudos teológicos (exemplo: ETBL);
i) Literatura (biblioteca, estímulo à leitura).
21
Carvalho, p. 79.
11
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6. Desenvolvendo um projeto educacional
Não adianta ter pessoas na igreja com conhecimento bíblico e capacidade para ensinar se não for
colocado à disposição da congregação. É necessário desenvolver um projeto educacional e coordenar
aqueles que serão encarregados do ensino cristão.
Administração do projeto22
a) O lugar do pastor: ele conhece as necessidades educacionais de sua congregação e os princípios
da educação cristã. Precisa estar envolvido no processo de educação cristã, mas não precisa ser
necessariamente o encarregado administrativo.
b) O diretor de educação: a igreja pode ter alguém que seja o responsável por esta parte.
Responsabilidades possíveis: 1) treinar e promover oportunidades de treinamento para
professores, 2) apresentar relatórios à igreja, 3) prever necessidades de material, 4) coordenar
com tesoureiro a aquisição de materiais e equipamentos, 5) assessorar os professores de
classes, 6) manter registros, 7) trabalhar em colaboração com o pastor, 8) estabelecer objetivos
e 9) estimular a cooperação entre o lar e a igreja.
Planejamento e avaliação23
“Os responsáveis deverão analisar as necessidades da igreja e fazer planos específicos para atendê-las”.
O planejamento deve incluir: recursos humanos, custos, objetivos, métodos, currículo, avaliação e
outros.
Pessoal / recursos humanos24
a) Recrutamento: 1) identificar as posições necessárias do projeto educacional, 2) fazer um perfil
da posição indicando as responsabilidades do cargo e as qualificações necessárias, 3) com a
ajuda do Espirito Santo, buscar pessoas que tenham os dons, testemunho e disponibilidade para
cada cargo e 4) após ter entrevistado estas pessoas, nomeá-las para ocupar o cargo.
b) Treinamento: orientação inicial (estimular, inspirar, planejar, orientar sobre o programa e o
currículo), treinamentos pedagógicos contínuos, avaliação do desempenho do professor e
orientação para melhorias.
22
Armstrong, p. 133-135. 23
Armstrong, p. 135-136. 24
Armstrong, p. 136-139.
12
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Divisão em grupos (faixas etárias e por interesses - dificuldades e possibilidades): para crianças,
adolescentes e jovens, divisão por faixas etárias e/ou desenvolvimento. Para adultos, divisões que
levem em consideração: maturidade na vida cristã, fase da vida (universitários, solteiros, pais com filhos
novos, terceira idade, analfabetos, necessidades especiais, etc.). Questões que devem ser levadas em
consideração: recursos humanos, espaço, número de alunos em cada grupo, grau de desenvolvimento
dos alunos, etc.
Instalações e equipamentos
Currículo: O currículo deve ser centralizado na Bíblia, prático, usando métodos de ensino apropriados ao
grupo, além de ser criativo. O conteúdo pode incluir: conceitos doutrinários, vida devocional,
testemunho e serviço, moral e ética, relacionamentos, organização e vida da Igreja, etc.).