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ESTUDOS BIBLIOMÉTRICOS SOBRE AMBIENTE ORGANIZACIONAL
Rádeo Sousa Silva1
RESUMO
A pesquisa relatada neste artigo aborda estudo bibliométrico arespeito da produção científica sobre o assunto ambienteorganizacional. Em Administração, os estudos a respeito deambientes organizacionais são abordados por diversos autores.Além disso, é tema essencial nos cursos de graduação e tambémponto de partida de assuntos e teorias mais complexas noscursos de pós-graduação. Investigações do ponto de vista daprodução científica ou de origem bibliométrica acerca dedeterminado tema ou assunto tem sua contribuição no sentidoque buscam observar criticamente as publicações científicasdisponíveis e evidenciar características próprias desse tipode abordagem de pesquisa. No caso abordado, optou-se porinvestigar a produção de artigos científicos sobre ambienteorganizacional a partir de uma perspectiva qualitativa de 14produções filtradas na base Scientific Electronic LibraryOnline – SciELO, referente aos anos de 1995 a 2012, com oobjetivo de delinear sobre as principais características daspesquisas contidas nos artigos estudados. Ao todo, a presentepesquisa discute sobre seis características identificadas comobásicas em um estudo dessa categoria, sendo elencadas emdistribuição da produção científica por ano; distribuição porperiódicos; comparação de perfis metodológicos de pesquisa;comparação quanto a abordagem do problema de pesquisa;distribuição de produção por autor; e identificação dosautores mais citados nas produções. Pôde-se concluir que asproduções científicas sobre ambiente organizacional são emnúmero baixo e correlacionaram-se, diversas vezes, com a áreado planejamento estratégico. Além disso, certas produçõestendiam mais para a classificação de estudos sobre clima doque para ambiente organizacional. A investigação aqui1 Aluno do Programa Institucional de Pós-Graduação Strictu Sensu emAdministração (PPGMAD) da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), turma2012. Graduado em Administração. E-mail: radeosilva@hotmail.com
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apresentada identificou características mínimas acerca dosrelatos investigativos sobre ambiente organizacional, porémoutros detalhes muito importantes podem ser constatados pormeio das demais teorias e técnicas oriundas da bibliometria ede suas variações.
Palavras-Chave: Ambiente organizacional. Bibliometria.
Produção científica.
ABSTRAT
The research reported in this article discusses aboutbibliometric study of scientific literature on the subjectorganizational environment. Under Administration, studiesabout organizational environments are addressed by severalauthors. Furthermore, it is essential theme in undergraduatecourses and also the starting point for more complex issuesand theories in postgraduate courses. Investigations from thestandpoint of scientific or origin bibliometric about certaintopic or subject has its contribution towards seeking observecritically the scientific papers and highlight characteristicsof this type of research approach. If approached, we decidedto investigate the production of scientific articles onorganizational environment from a qualitative perspective of14 productions filtered based on Scientific Electronic LibraryOnline - SciELO, for the years 1995 to 2012, with theobjective of delineating on the main features of the researchcontained in articles studied. Altogether, this researchdiscusses six characteristics identified as basic to a studyof this category, being listed in the distribution ofscientific production per year; distribution by periodicalcomparison of profiles methodological research, comparison ofpolls origin qualitative versus quantitative; distributionproduction by author, and identification of the most citedauthors in the productions. It was concluded that thescientific productions on the organizational environment arelow in number and correlated, several times, with the area ofstrategic planning. In addition, certain products were more
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likely to classify studies on climate than to theorganizational environment. The research presented here hasidentified minimum requirements regarding the investigativereports on organizational environment, but other veryimportant details can be verified through other theories andtechniques derived from bibliometrics and its variations.
Keywords: Organizational environment. Bibliometrics.
Scientific production.
1 Introdução
As organizações, em geral, estão inseridas na sociedade
de diversas formas, servindo e atendendo a quem necessita de
seus serviços, bem como buscando interagir com outras
organizações.
Sendo assim, a interação também pode ser interpretada
como o esforço ou conjunto de esforços que diversas entidades,
em um determinado meio, exercem a fim de poderem aproximar-se
de fontes de informações, recursos e meios que viabilizem
alcance de objetivos e sobrevivência a longo prazo.
Uma organização pode ser definida como entidade com um
propósito, ou ainda, com um ou vários objetivos que serão
coordenados e perseguidos por pessoas que interagem durante
toda essa busca. (DAFT, 2008)
Nessa busca pelo alcance dos objetivos ou propósitos
organizacionais, as pessoas envolvidas nas rotinas procuram,
muitas vezes, completar ou complementar suas atividades
interagindo com outras pessoas em outras organizações, sendo
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essa ação motivada principalmente pela influência, mais forte
ou mais fraca, que o ambiente exerce diretamente nos
indivíduos e nas organizações.
As ideias e observações acerca da relação entre ambiente
e as empresas ou organizações nele inseridas tornaram-se mais
apuradas a partir da Teoria Geral de Sistemas, sendo que as
organizações passaram a ser classificadas como sistemas
abertos, no sentido que como sistemas são influenciadas ou
afetadas pelo ambiente externo, bem como o influenciam ou o
afetam. (HALL, 2004)
Em Administração os estudos a respeito de ambientes
organizacionais são abordados por diversos autores. Além
disso, é tema essencial nos cursos de graduação e também ponto
de partida de assuntos e teorias mais complexas nos cursos de
pós-graduação.
A respeito de ambientes organizacionais Morgan (2007)
comenta que o enfoque sistêmico da organização, inspirado na
Teoria Geral de Sistemas, do biólogo teórico Ludwig von
Bertalanffy, favorece ao reconhecimento de ambientes mais
amplos de atuação.
Estudos do ponto de vista da produção científica acerca
de determinado tema ou assunto tem sua contribuição no sentido
que buscam observar criticamente as publicações científicas
disponíveis e evidenciar características próprias desse tipo
de abordagem de pesquisa.
Segundo Santos e Kobashi (2009), análises sobre produções
científicas no Brasil tem seguido tendências internacionais de
crescimento, uma vez que este tipo de investigação procura
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realizar uma espécie de balanço acerca dos temas abordados por
comunidades científicas ou até mesmo pesquisadores
isoladamente.
Ademais, estudar e realizar pesquisas acerca de produções
científicas requer observação quanto às leis fundamentais da
bibliometria tanto quanto quaisquer outras áreas do
conhecimento, optando-se por abordagens qualitativas,
quantitativas ou mistas. Tal variedade de opção aliada, ainda,
à clara característica de maturação desse campo de pesquisa no
Brasil podem ocasionar equívocos conceituais e procedimentais
devendo tais pesquisas ser constantemente revistas.
Para o estudo em questão e como objetivo principal,
optou-se por abordar a produção de artigos científicos sobre
ambientes organizacionais a partir de uma perspectiva
qualitativa de 14 produções filtradas por assunto na base
Scientific Electronic Library Online – SciELO, referente aos
anos de 1995 a 2012.
A SciELO pode ser definida como uma base de dados de
publicação eletrônica cooperativa de periódicos científicos na
internet. Além de utilizar-se de técnicas da bibliometria, o
modelo SciELO, segundo o próprio sítio eletrônico, foi ainda Especialmente desenvolvido para responder àsnecessidades da comunicação científica nos paísesem desenvolvimento e particularmente na AméricaLatina e Caribe, o modelo proporciona uma soluçãoeficiente para assegurar a visibilidade e o acessouniversal a sua literatura científica, contribuindopara a superação do fenômeno conhecido como'ciência perdida'. O Modelo SciELO contém aindaprocedimentos integrados para medir o uso e oimpacto dos periódicos científicos.
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Para melhor explanação acerca do trabalho realizado, este
relato de pesquisa está organizado de forma a apresentar as
bases teóricas utilizadas para desenvolvimento do tema
abordado, além de descrever quais métodos e técnicas
empregadas para sustentar os dados coletados e as informações
apreendidas.
Por fim, delineia-se sobre as principais características
das pesquisas contidas nos artigos estudados e são
apresentadas as conclusões então percebidas.
2 Referencial Teórico-Empírico
2.1 Bibliometria
A utilização de técnicas da bibliometria para análises de
produções científicas tem sua aplicação desde o século XIX, na
Europa, como forma de levantamento da produção bibliográfica
daquela época.
Um dos motivos, naquela época, para se fazer um
levantamento ou recenseamento desse tipo foi devido a
necessidade de estudos a respeito das formas de produção e
comunicação do conhecimento científico.
Inicialmente conhecida como statistical bibliography, a
bibliometria foi utilizada pela primeira em aproximadamente
1922 por E. Wyndham Hulme.
O termo bibliometria somente ficou conhecido em torno de
1969, devido à discussão provocada por Pritchard quando em um
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artigo confrontou o uso dos termos statistical bibliography e
bibliometria. (GUEDES e BORSCHIVER, 2005)
Segundo Santos e Kobashi (2009, p. 157), os historiadores
franceses tem Paul Otlet como criador da bibliometria, sendo
que esse a definiu como “a área que se ocupa da medida ou da
quantidade aplicada a livros”, porém advertem também que
pesquisadores e autores anglo-saxões apontam que a criação
desse mesmo termo tem como origem Pritchard, que a
caracterizou como “conjunto de métodos e técnicas
quantitativos para a gestão de bibliotecas e instituições
envolvidas com o tratamento de informação.”
Em suas primeiras aplicações, a bibliometria era voltada,
basicamente, para tratamentos estatísticos relacionados a
livros, avançando atualmente para outros formatos de suporte à
produção científica.
De acordo com Araújo (2006), a bibliometria tem como
principais objetivos:
A análise da produção científica;
A busca de benefícios práticos para biblioteca;
A promoção do controle bibliográfico.
A statistical bibliography, e por consequência, a bibliometria
tem seus fundamentos em três lei clássicas: Lei de Lotka; Lei
de Bradford ; e Lei de Zipf.
2.1.1 Lei de Lotka
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Em 1926, Lotka utilizando análises estatísticas de
informação bibliográficas modelou a primeira lei clássica.
Essa lei relaciona-se com a produtividade de autores,
pesquisadores e cientistas e declara que “coexiste pequeno
número de pesquisadores extremamente produtivos com uma grande
quantidade de cientistas menos produtivos”. (SANTOS e KOBASHI,
p.157,2009)
2.1.2 Lei de Bradford
Bradford, em 1936, após estudos sobre produções
científicas elaborou o que chamou de núcleo e dispersão de
artigos em periódicos científicos. Nessa lei utiliza-se a
seguinte hipótese: se dispormos periódicos em ordem decrescente deprodutividade de artigos sobre um determinado tema,pode-se distinguir um núcleo de periódicos maisparticularmente devotados ao tema e vários gruposou zonas que incluem o mesmo número de artigos queo núcleo, sempre que o número de periódicosexistentes no núcleo e nas zonas sucessivas sejada ordem de 1: n: n2: n3... (ARAÚJO, p. 15,2006)
2.1.3 Lei de Zipf
Essa terceira lei veio a ser formulada em 1949, conforme
Araújo (2006), porém Santos e Kobashi (2009) citam que ela
veio a ser apresentada em 1935.
Zipf, outro estudioso da bibliometria, pesquisou e
aplicou essa lei para descrever a frequência de ocorrência de
palavras em um determinado texto.
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Para melhor entendimento, a Lei de Zipf, que mais tarde
foi melhorada com o advento do Ponto de Transição de Goffman,
tem “como objetivo determinar sobre que assunto é um
determinado texto científico e tecnológico.” (GUEDES e
BORSCHIVER, p.5,2005)
Com base nas três leis expostas acima, com suas
respectivas abordagens e, ainda, nos objetivos principais já
mencionados pode-se correlacionar a utilização da bibliometria
como uma ferramenta estatística para tratamento e gestão em
sistemas de informação, comunicação e produtividade, conforme
Guedes e Borschiver (2005) conceberam na figura 1 abaixo.
Figura 1 – Principais leis da bibliometria, seus focos deestudo e suas relações com os sistemas de comunicação e de
informação científica e tecnológica
Fonte: Guedes e Borschiver (2005)
2.1.4 Subcampos da bibliometria
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Conforme vem ocorrendo, cada vez mais, a utilização da
bibliometria por diversas comunidades, pesquisadores e
gestores da informação e comunicação, outros subcampos dessa
área vem surgindo.
Como um desses novos desdobramentos tem-se a
cientometria, que pode ser entendida como o subcampo que
estuda disciplinas, assuntos, áreas e campos de produções
científicas e tecnológicas.
Um outro subcampo é a infometria, a qual engloba estudos
sobre palavras, documentos e base de dados.
Além dos dois novos conceitos já mencionados, surgiu
também um novo subcampo da bibliometria chamado de webometria
que “propõe que o objeto de estudo da webometria são os sítios
na world wide web.” (VANTI apud ARAÚJO, p. 22, 2006)
2.1.4 Variações de enfoques bibliométricos
Existem diversas variações das teorias bibliométricas
hoje em discussão e em uso por pesquisadores da informação e
conhecimento. Pode-se dizer que a maioria dessas variações
advém de desdobramentos e estudos sobre a área de
bibliografias estatísticas, já mencionadas.
Dessa variedade, vale destacar duas das quais os estudos
bibliométricos baseiam considerável parte de seus focos e
objetivos, cujos também são enfoques do presente artigo.
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Isto posto, em torno da década de 1960, Goffman e Newill
desenvolveram a teoria epidêmica da transmissão de ideias, a
qual, conforme Guedes e Borschiver (2005,p.13),fundamenta-se na analogia entre a transmissão deuma doença infecciosa, segundo um processoepidêmico, e a transmissão e desenvolvimento deideias, informações registradas, em uma comunidadecientífica [...]. Segundo esse modelo, as ideiassão materiais infecciosos, no curso de uma epidemiaintelectual; transmitidas, por exemplo, porcomunicações diretas, entre um conferencista e opúblico, ou através de conversações. Essas ideiaspodem também ser expostas por um autor, em artigosde periódicos, para um determinado público.
O objetivo principal da teoria epidêmica é avaliar e
prognosticar níveis de relevância, crescimento e declínio de
áreas do conhecimento.
A segunda e última variação das teorias bibliométricas é
a análise de citações. Foresti (apud ARAÚJO, 2006,p. 18) a
definiu comoa parte da bibliometria que investiga as relaçõesentre os documentos citantes e os documentoscitados considerados como unidades de análise, notodo ou em suas diversas partes: autor, título,origem geográfica, ano e idioma de publicação, etc.
Através da análise de citações é possível realizar a
identificação de padrões relativos à produção do conhecimento
científico e tecnológico, além de verificar uma série de dados
como autores mais produtivos, elite de pesquisa, autores mais
citados, frente de pesquisa, fator de impacto dos autores, os
principais periódicos, procedências geográfica e/ou
institucional dos autores mais relevantes em determinado
campos/área de pesquisa e das bibliografias utilizadas, tipo
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de documentos mais utilizado, idade média da literatura
utilizada e, por fim, a obsolescência da literatura.
2.2 ambientes organizações
Organizações são grupos sociais planejados para alcançar
fins específicos.
As organizações podem, ainda, ser classificadas como
sistemas abertos, no sentido de que como sistemas são
influenciadas ou afetadas pelo ambiente externo, bem como o
influenciam ou o afetam.
As organizações estão inseridas na sociedade de diversas
formas, servindo e atendendo a quem necessita de seus produtos
e serviços, bem como buscando interagir com outras
organizações.
A respeito das organizações Litterer (1977, p.165)
comenta sobre conceitos globais e cita que As organizações são entidades com um propósito.[...] Estes objetivos podem não ser claramenteenunciados; podem não ter finalidade para qualquerpessoa, exceto para os membros da organização,porém eles estão lá. [...] Portanto, a distinçãoentre organizações formais e informais é, em parte,uma questão de planejamento, de suscetibilidade deexplicitar e de observação de tais propriedadescomo estrutura, processos e objetivos.
A análise organizacional, por meio da classificação das
organizações, ajuda a entender melhor como identificar essas
entidades, agrupando-as segundo suas similaridades e
distinções. Ressalta-se, no entanto, que não há uma forma de
classificação rígida e única.
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Warriner (1980 apud HALL, 2004, p.37), utiliza termos
como classificação, tipologia e taxonomia, de modo
intercambiável para justificar e poder afirmar que “as
organizações podem ser classificadas como orientadas ao lucro
ou sem fins lucrativos”, porém adverte também que essa
distinção pode ser importante em alguns casos e em outros não.
Hall (2004, p.191), ainda, cita como “relevância crítica”
a questão de se enfatizar o estudo quanto a ambientes
organizacionais, uma vez que todas as organizações são direta
e/ou indiretamente afetadas pelo entorno ou ambiente então
inseridas.
Outras expressões comumente utilizadas como ‘economia
global’ ou ‘mercados centrais e periféricos’, também, fazem
menção ao aspecto ambiental.
Importante citar que pesquisar sobre ambientes
organizacionais significa estudar variáveis e condições do
ambiente muito antes das empresas existirem ou serem formadas,
identificar formas de classificar e categorizar os ambientes
e, ainda, analisar as formas de influências e penetração do
ambiente dentro das organizações.
Conforme Daft (2008, p.132), “em sentido amplo, o
ambiente é infinito e engloba tudo aquilo que é externo à
organização” e pode ser compreendido, ainda, através dos
relacionamentos com os setores que as organizações possuem.
De acordo com Bateman e Snell (2006, p.47) pode-se
definir ambiente externo como sendo “todas as forças
relevantes fora das fronteiras da empresa, como concorrentes,
clientes, governos e a economia”.
14
Aprofundando, ainda mais, os autores supracitados citam o
ambiente competitivo e o macroambiente, todos com variáveis
distintas e que interagem, em conjunto, com as respectivas
organizações inseridas.
Litterer (1977) comenta que a partir da ótica do modelo
de sistemas as organizações são vistas recebendo insumos
(inputs) do ambiente e, por outro lado, entregando volumes de
produção (outputs) ao ambiente, gerando uma ideia de fluxos
inter-relacionados.
Aprofundando, ainda mais, os pesquisadores citam o
ambiente interno, ambiente competitivo e o macroambiente,
todos com variáveis distintas e que interagem, em conjunto,
com as respectivas organizações inseridas.
Morgan (2007) comenta que o enfoque sistêmico da
organização, inspirado na Teoria Geral de Sistemas, do biólogo
teórico Ludwig von Bertalanffy, favorece ao reconhecimento de
ambientes mais amplos de atuação.
Além disso, há a noção de conexidade ou interconexidade
das partes (áreas, setores, unidades, entre outros), das
inter-relações ambientais, que segundo Hampton (1990), fazem
com que as organizações coexistam em um mesmo ambiente.
Sendo assim, as organizações são participantes ativas na
sociedade incentivando e impedindo a mudanças.
3 Metodologia
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Para execução deste estudo acerca da produção científica
sobre ambientes organizacionais procedeu-se, primeiramente,
busca dos artigos científicos na base de dados SciELO, já
descrita anteriormente.
Nessa base, então, utilizando-se da coleção de periódicos
do Brasil filtrou-se, por assunto, os termos ‘ambiente’ e
‘organizacional’, o que retornou o total de 16 artigos
científicos.
Optou-se por filtrar, também, os termos ‘ambientes’ e
‘organizacionais’, porém, estes não retornaram produções
algumas.
A utilização de filtro por assunto deve-se ao fato de,
após testes, observar que este tipo de critério compara a
informação inserida pelo usuário com os termos constantes no
item palavras-chaves dos artigos científicos, tornando-se o
levantamento científico detalhado.
A partir dos objetivos, o estudo realizado caracteriza-se
como uma pesquisa descritiva (SIENA, 2007).
Sob o ponto de vista dos procedimentos e técnicas de
pesquisa que foram utilizadas, este estudo classifica-se como
uma pesquisa documental, tendo em vista que este tipo possui característicassemelhantes àquelas referidas para pesquisabibliográfica, diferindo desta em relação às fontesdos dados. A pesquisa documental é elaboradautilizando materiais (documentos, banco de dados,etc.) que não receberam tratamento analítico ou quepodem ser reelaborados pelo pesquisador. (SIENA,2007, p.65)
4 Apresentação e análise dos dados
16
Depois de realizada busca por meio de filtragem dos
artigos científicos, de acordo com o descrito no item
anterior, verificou-se 6 características dessas produções,
conforme segue abaixo.
Gráfico 1 - distribuição da produção científica por ano.
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Fonte: elaborado pelo autor.
No gráfico 1 observa-se que a produção científica
relacionada ao assunto ambiente organizacional encontra-se
distribuída praticamente por igual, no período de 1995 a 2012.
Notou-se durante a execução da pesquisa que o tema abordado é,
muitas vezes, vinculado diretamente ao estudo sobre
planejamento estratégico das organizações, o qual influencia
consequentemente nas referências utilizadas pelos autores.
Foi constatado, também, que o assunto abordado tende a
ser muito específico e pouco pesquisado pela comunidade
científica, uma vez que o número de artigos publicados, e foco
desta pesquisa, é baixo.
1995; 11%
1998; 11%
1999; 11%
2000; 11%2002; 11%
2003; 11%
2007; 11%
2009; 11%
2012; 11%
18
Gráfico 2 - distribuição por periódicos.
Fonte: elaborado pelo autor.
O gráfico 2 traz dados sobre os periódicos e as
respectivas produções no período estudado (1995-2012).
A maioria das revistas que possuem artigos científicos
publicados acerca do tema têm baixo registro de produção,
ficando o destaque para dois periódicos: Revista de
Administração Contemporânea (RAC), editada pela Associação
Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração
(ANPAD); e Revista de Administração de Empresas (RAE),
publicada pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP).
Juntas, essas duas revistas, abarcam mais de 50% dos
artigos analisados demonstrando-se, assim, como periódicos de
referência na divulgação dos estudos mais variados acerca da
Administração.
7%7%
7%
36%
29%
7%7%
Estudos EconômicosREAd. Revista Eletrônica de AdministraçãoRevista de AdministraçãoRevista de Administração ContemporâneaRevista de Administração de EmpresasRevista de Administração PúblicaRevista de Economia e Sociologia Rural
19
Quando comparados, conforme o gráfico 3 abaixo, os perfis
metodológicos identificados nos artigos científicos em estudo
evidencia-se que acima de 10 produções possuem o enfoque
teórico-empírico, ou seja, caracterizando-se estudos que
analisam dados a partir das teorias e seus pressupostos.
Apenas um pequeno número de artigos, totalizando 3, foram
elaborados a partir da abordagem e descrição exclusivamente de
teorias e consequentes reflexões dos autores.
Gráfico 3 - comparação de perfis metodológicos.
0
2
4
6
8
10
12
teórico-empíricoteórico
Fonte: elaborado pelo autor.
Em exatamente 12 das produções analisadas concluiu-se que
essas foram identificadas como estudos de características
qualitativas, conforme apresentado no gráfico 4 logo abaixo,
advindas da pesquisa qualitativa que segundo Creswell (2010,
p.26) a “é um meio de explorar e para entender o significado
20
que os indivíduos ou os grupos atribuem a um problema social
ou humano”.
Comparando-se as produções com cunho de pesquisas
qualitativas em relação aos estudos de características
quantitativas, observou-se que os autores preferem executar
investigações a respeito da identificação e entendimento de
variáveis ambientais (internas e externas) por parte das
organizações e das pessoas participantes da pesquisa, do que
proceder a estudos de origem quantitativa.
Gráfico 4 – comparação quanto a abordagem do problema da
pesquisa.
21
0
2
4
6
8
10
12
14
Estudos quantitativosEstudos qualitativos
Fonte: elaborado pelo autor.
A seguir, tem-se o gráfico 5 acerca do quantitativo de
autores por artigo científico.
Gráfico 5 – distribuição por autor.
29%
50%
21%
Somente um autorDois autoresTrês autores
Fonte: elaborado pelo autor.
Somente uma pequena parcela dos autores das produções
científicas filtradas elaborou seus artigos de forma isolada,
22
conforme seus relatos, caracterizando assim somente um autor
por artigo. O total de pesquisas com somente um autor alcançou
4 produções, sendo que metade delas eram relativas à pesquisas
teóricas e as demais de origem teórico-empírica.
O destaque de publicações com mais de 2 autores (e que
representam a maioria) é relativo às pesquisas de perfil
teórico-empírico, muito provavelmente devido às
características dessa forma de estudo o qual demanda maior
desdobramentos de atividades laborais, principalmente, de
pesquisas de campo, com a utilização de entrevistas e
observações acompanhadas de protocolos de registros como
principais formas de coleta e validação de dados.
Finalizando, apresenta-se a tabela, abaixo, contendo os
nomes dos autores mais citados nas referências dos artigos
científicos analisados.
Tabela 1 - Identificação dos autores mais citados.AUTORES INCIDÊNCIA
PORTER, Michael E. 5KANTER, Rosabeth M. 3MACHADO-DA-SILVA, Clóvis. 3MILLIKEN, Frances J. 3SCOTT, W. R. 3ANSOFF, H.lgor. 2BARR, Pamela S. 2CARVALHO, Cristina Amélia. 2DiMAGGIO, Paul J. 2DOSI, G. 2EISENHARDT, K. 2GLUCK, F.N. 2HININGS, C. R. 2HUFF, Anne S. 2LAWRENCE, P.R. 2MEYER, John W. 2MINTZBERG, H. 2
23
MORGAN, G. 2NORTH,D. C. 2PERROW, Charles. 2SENGE, Peter. 2YIN, R. K. 2Fonte: elaborada pelo autor.
Como já citado, o assunto ambiente organizacional insere-
se na área de planejamento estratégico, portanto, muitos
autores deste tema são citados em ambos os estudos, muito
embora as ênfases sejam distintas, assim como os objetivos da
pesquisa.
Ao todo, os 14 artigos científicos estudados possuem
exatas 365 referências.
Para montagem da tabela 1 e verificação das incidências
dos autores em todas as produções filtradas, todas as
referências foram reunidas em uma única tabela, logo após
excluiu-se aqueles autores que somente foram listados apenas
uma única vez.
A partir daí, feita a devida análise e verificação da
relação referência e documento de origem gerou-se a tabela 1,
composta de 22 autores, os quais foram listados constando, ao
menos, 1 ocorrência coincidente em, no mínimo, 2 artigos
científicos distintos.
5 Conclusões
Os estudos bibliométricos vem, cada vez, sendo mais
utilizados por comunidades científicas diversas, devido
24
principalmente ao enfoque de caracterização e identificação de
perfis metodológico-científico que pode-se obter de áreas e/ou
assuntos que se queira pesquisar.
Além disso, esses estudos podem ainda serem
complementados por meio de outras investigações distintas como
a cientometria e webometria, apenas para citar como outros
exemplos de aplicações de pesquisas dessa natureza.
A investigação aqui apresentada identificou
características mínimas acerca dos relatos investigativos
sobre ambiente organizacional, porém detalhes muito
importantes podem ser verificados por meio de outras teorias e
técnicas oriundas da bibliometria e de suas variações já
mencionadas no parágrafo anterior.
Pesquisar produção sobre ambiente organizacional
significa estudar variáveis e condições do ambiente muito
antes das organizações, até mesmo, existirem ou serem
formadas, bem como é assunto primordial na formação de
profissionais e pesquisadores da ciência da Administração.
Com base no relato em tema, pode-se concluir que a
produção científica no Brasil e disponível na base de dados
SciELO que abordam especificamente o tema ambiente
organizacional mostra-se com números baixos de publicações,
quando comparados a outros temas mais discutidos e pesquisados
atualmente.
As produções científicas sobre ambiente organizacional
correlacionaram-se, diversas vezes, com a área do planejamento
estratégico.
25
Ademais, durante a pesquisa observou-se, também, certas
produções que tendiam mais para a classificação de estudos
sobre clima do que para ambiente organizacional. Essas foram
excluídas das análises abordadas aqui.
Referências
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26
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SIENA, Osmar. Metodologia da pesquisa científica: elementos para elaboração e apresentação de trabalhos acadêmicos. Porto Velho, 2007