ESTUDOS

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1 ESTUDOS BIBLIOMÉTRICOS SOBRE AMBIENTE ORGANIZACIONAL Rádeo Sousa Silva 1 RESUMO A pesquisa relatada neste artigo aborda estudo bibliométrico a respeito da produção científica sobre o assunto ambiente organizacional. Em Administração, os estudos a respeito de ambientes organizacionais são abordados por diversos autores. Além disso, é tema essencial nos cursos de graduação e também ponto de partida de assuntos e teorias mais complexas nos cursos de pós-graduação. Investigações do ponto de vista da produção científica ou de origem bibliométrica acerca de determinado tema ou assunto tem sua contribuição no sentido que buscam observar criticamente as publicações científicas disponíveis e evidenciar características próprias desse tipo de abordagem de pesquisa. No caso abordado, optou-se por investigar a produção de artigos científicos sobre ambiente organizacional a partir de uma perspectiva qualitativa de 14 produções filtradas na base Scientific Electronic Library Online – SciELO, referente aos anos de 1995 a 2012, com o objetivo de delinear sobre as principais características das pesquisas contidas nos artigos estudados. Ao todo, a presente pesquisa discute sobre seis características identificadas como básicas em um estudo dessa categoria, sendo elencadas em distribuição da produção científica por ano; distribuição por periódicos; comparação de perfis metodológicos de pesquisa; comparação quanto a abordagem do problema de pesquisa; distribuição de produção por autor; e identificação dos autores mais citados nas produções. Pôde-se concluir que as produções científicas sobre ambiente organizacional são em número baixo e correlacionaram-se, diversas vezes, com a área do planejamento estratégico. Além disso, certas produções tendiam mais para a classificação de estudos sobre clima do que para ambiente organizacional. A investigação aqui 1 Aluno do Programa Institucional de Pós-Graduação Strictu Sensu em Administração (PPGMAD) da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), turma 2012. Graduado em Administração. E-mail: [email protected]

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ESTUDOS BIBLIOMÉTRICOS SOBRE AMBIENTE ORGANIZACIONAL

Rádeo Sousa Silva1

RESUMO

A pesquisa relatada neste artigo aborda estudo bibliométrico arespeito da produção científica sobre o assunto ambienteorganizacional. Em Administração, os estudos a respeito deambientes organizacionais são abordados por diversos autores.Além disso, é tema essencial nos cursos de graduação e tambémponto de partida de assuntos e teorias mais complexas noscursos de pós-graduação. Investigações do ponto de vista daprodução científica ou de origem bibliométrica acerca dedeterminado tema ou assunto tem sua contribuição no sentidoque buscam observar criticamente as publicações científicasdisponíveis e evidenciar características próprias desse tipode abordagem de pesquisa. No caso abordado, optou-se porinvestigar a produção de artigos científicos sobre ambienteorganizacional a partir de uma perspectiva qualitativa de 14produções filtradas na base Scientific Electronic LibraryOnline – SciELO, referente aos anos de 1995 a 2012, com oobjetivo de delinear sobre as principais características daspesquisas contidas nos artigos estudados. Ao todo, a presentepesquisa discute sobre seis características identificadas comobásicas em um estudo dessa categoria, sendo elencadas emdistribuição da produção científica por ano; distribuição porperiódicos; comparação de perfis metodológicos de pesquisa;comparação quanto a abordagem do problema de pesquisa;distribuição de produção por autor; e identificação dosautores mais citados nas produções. Pôde-se concluir que asproduções científicas sobre ambiente organizacional são emnúmero baixo e correlacionaram-se, diversas vezes, com a áreado planejamento estratégico. Além disso, certas produçõestendiam mais para a classificação de estudos sobre clima doque para ambiente organizacional. A investigação aqui1 Aluno do Programa Institucional de Pós-Graduação Strictu Sensu emAdministração (PPGMAD) da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), turma2012. Graduado em Administração. E-mail: [email protected]

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apresentada identificou características mínimas acerca dosrelatos investigativos sobre ambiente organizacional, porémoutros detalhes muito importantes podem ser constatados pormeio das demais teorias e técnicas oriundas da bibliometria ede suas variações.

Palavras-Chave: Ambiente organizacional. Bibliometria.

Produção científica.

ABSTRAT

The research reported in this article discusses aboutbibliometric study of scientific literature on the subjectorganizational environment. Under Administration, studiesabout organizational environments are addressed by severalauthors. Furthermore, it is essential theme in undergraduatecourses and also the starting point for more complex issuesand theories in postgraduate courses. Investigations from thestandpoint of scientific or origin bibliometric about certaintopic or subject has its contribution towards seeking observecritically the scientific papers and highlight characteristicsof this type of research approach. If approached, we decidedto investigate the production of scientific articles onorganizational environment from a qualitative perspective of14 productions filtered based on Scientific Electronic LibraryOnline - SciELO, for the years 1995 to 2012, with theobjective of delineating on the main features of the researchcontained in articles studied. Altogether, this researchdiscusses six characteristics identified as basic to a studyof this category, being listed in the distribution ofscientific production per year; distribution by periodicalcomparison of profiles methodological research, comparison ofpolls origin qualitative versus quantitative; distributionproduction by author, and identification of the most citedauthors in the productions. It was concluded that thescientific productions on the organizational environment arelow in number and correlated, several times, with the area ofstrategic planning. In addition, certain products were more

3

likely to classify studies on climate than to theorganizational environment. The research presented here hasidentified minimum requirements regarding the investigativereports on organizational environment, but other veryimportant details can be verified through other theories andtechniques derived from bibliometrics and its variations.

Keywords: Organizational environment. Bibliometrics.

Scientific production.

1 Introdução

As organizações, em geral, estão inseridas na sociedade

de diversas formas, servindo e atendendo a quem necessita de

seus serviços, bem como buscando interagir com outras

organizações.

Sendo assim, a interação também pode ser interpretada

como o esforço ou conjunto de esforços que diversas entidades,

em um determinado meio, exercem a fim de poderem aproximar-se

de fontes de informações, recursos e meios que viabilizem

alcance de objetivos e sobrevivência a longo prazo.

Uma organização pode ser definida como entidade com um

propósito, ou ainda, com um ou vários objetivos que serão

coordenados e perseguidos por pessoas que interagem durante

toda essa busca. (DAFT, 2008)

Nessa busca pelo alcance dos objetivos ou propósitos

organizacionais, as pessoas envolvidas nas rotinas procuram,

muitas vezes, completar ou complementar suas atividades

interagindo com outras pessoas em outras organizações, sendo

4

essa ação motivada principalmente pela influência, mais forte

ou mais fraca, que o ambiente exerce diretamente nos

indivíduos e nas organizações.

As ideias e observações acerca da relação entre ambiente

e as empresas ou organizações nele inseridas tornaram-se mais

apuradas a partir da Teoria Geral de Sistemas, sendo que as

organizações passaram a ser classificadas como sistemas

abertos, no sentido que como sistemas são influenciadas ou

afetadas pelo ambiente externo, bem como o influenciam ou o

afetam. (HALL, 2004)

Em Administração os estudos a respeito de ambientes

organizacionais são abordados por diversos autores. Além

disso, é tema essencial nos cursos de graduação e também ponto

de partida de assuntos e teorias mais complexas nos cursos de

pós-graduação.

A respeito de ambientes organizacionais Morgan (2007)

comenta que o enfoque sistêmico da organização, inspirado na

Teoria Geral de Sistemas, do biólogo teórico Ludwig von

Bertalanffy, favorece ao reconhecimento de ambientes mais

amplos de atuação.

Estudos do ponto de vista da produção científica acerca

de determinado tema ou assunto tem sua contribuição no sentido

que buscam observar criticamente as publicações científicas

disponíveis e evidenciar características próprias desse tipo

de abordagem de pesquisa.

Segundo Santos e Kobashi (2009), análises sobre produções

científicas no Brasil tem seguido tendências internacionais de

crescimento, uma vez que este tipo de investigação procura

5

realizar uma espécie de balanço acerca dos temas abordados por

comunidades científicas ou até mesmo pesquisadores

isoladamente.

Ademais, estudar e realizar pesquisas acerca de produções

científicas requer observação quanto às leis fundamentais da

bibliometria tanto quanto quaisquer outras áreas do

conhecimento, optando-se por abordagens qualitativas,

quantitativas ou mistas. Tal variedade de opção aliada, ainda,

à clara característica de maturação desse campo de pesquisa no

Brasil podem ocasionar equívocos conceituais e procedimentais

devendo tais pesquisas ser constantemente revistas.

Para o estudo em questão e como objetivo principal,

optou-se por abordar a produção de artigos científicos sobre

ambientes organizacionais a partir de uma perspectiva

qualitativa de 14 produções filtradas por assunto na base

Scientific Electronic Library Online – SciELO, referente aos

anos de 1995 a 2012.

A SciELO pode ser definida como uma base de dados de

publicação eletrônica cooperativa de periódicos científicos na

internet. Além de utilizar-se de técnicas da bibliometria, o

modelo SciELO, segundo o próprio sítio eletrônico, foi ainda Especialmente desenvolvido para responder àsnecessidades da comunicação científica nos paísesem desenvolvimento e particularmente na AméricaLatina e Caribe, o modelo proporciona uma soluçãoeficiente para assegurar a visibilidade e o acessouniversal a sua literatura científica, contribuindopara a superação do fenômeno conhecido como'ciência perdida'. O Modelo SciELO contém aindaprocedimentos integrados para medir o uso e oimpacto dos periódicos científicos.

6

Para melhor explanação acerca do trabalho realizado, este

relato de pesquisa está organizado de forma a apresentar as

bases teóricas utilizadas para desenvolvimento do tema

abordado, além de descrever quais métodos e técnicas

empregadas para sustentar os dados coletados e as informações

apreendidas.

Por fim, delineia-se sobre as principais características

das pesquisas contidas nos artigos estudados e são

apresentadas as conclusões então percebidas.

2 Referencial Teórico-Empírico

2.1 Bibliometria

A utilização de técnicas da bibliometria para análises de

produções científicas tem sua aplicação desde o século XIX, na

Europa, como forma de levantamento da produção bibliográfica

daquela época.

Um dos motivos, naquela época, para se fazer um

levantamento ou recenseamento desse tipo foi devido a

necessidade de estudos a respeito das formas de produção e

comunicação do conhecimento científico.

Inicialmente conhecida como statistical bibliography, a

bibliometria foi utilizada pela primeira em aproximadamente

1922 por E. Wyndham Hulme.

O termo bibliometria somente ficou conhecido em torno de

1969, devido à discussão provocada por Pritchard quando em um

7

artigo confrontou o uso dos termos statistical bibliography e

bibliometria. (GUEDES e BORSCHIVER, 2005)

Segundo Santos e Kobashi (2009, p. 157), os historiadores

franceses tem Paul Otlet como criador da bibliometria, sendo

que esse a definiu como “a área que se ocupa da medida ou da

quantidade aplicada a livros”, porém advertem também que

pesquisadores e autores anglo-saxões apontam que a criação

desse mesmo termo tem como origem Pritchard, que a

caracterizou como “conjunto de métodos e técnicas

quantitativos para a gestão de bibliotecas e instituições

envolvidas com o tratamento de informação.”

Em suas primeiras aplicações, a bibliometria era voltada,

basicamente, para tratamentos estatísticos relacionados a

livros, avançando atualmente para outros formatos de suporte à

produção científica.

De acordo com Araújo (2006), a bibliometria tem como

principais objetivos:

A análise da produção científica;

A busca de benefícios práticos para biblioteca;

A promoção do controle bibliográfico.

A statistical bibliography, e por consequência, a bibliometria

tem seus fundamentos em três lei clássicas: Lei de Lotka; Lei

de Bradford ; e Lei de Zipf.

2.1.1 Lei de Lotka

8

Em 1926, Lotka utilizando análises estatísticas de

informação bibliográficas modelou a primeira lei clássica.

Essa lei relaciona-se com a produtividade de autores,

pesquisadores e cientistas e declara que “coexiste pequeno

número de pesquisadores extremamente produtivos com uma grande

quantidade de cientistas menos produtivos”. (SANTOS e KOBASHI,

p.157,2009)

2.1.2 Lei de Bradford

Bradford, em 1936, após estudos sobre produções

científicas elaborou o que chamou de núcleo e dispersão de

artigos em periódicos científicos. Nessa lei utiliza-se a

seguinte hipótese: se dispormos periódicos em ordem decrescente deprodutividade de artigos sobre um determinado tema,pode-se distinguir um núcleo de periódicos maisparticularmente devotados ao tema e vários gruposou zonas que incluem o mesmo número de artigos queo núcleo, sempre que o número de periódicosexistentes no núcleo e nas zonas sucessivas sejada ordem de 1: n: n2: n3... (ARAÚJO, p. 15,2006)

2.1.3 Lei de Zipf

Essa terceira lei veio a ser formulada em 1949, conforme

Araújo (2006), porém Santos e Kobashi (2009) citam que ela

veio a ser apresentada em 1935.

Zipf, outro estudioso da bibliometria, pesquisou e

aplicou essa lei para descrever a frequência de ocorrência de

palavras em um determinado texto.

9

Para melhor entendimento, a Lei de Zipf, que mais tarde

foi melhorada com o advento do Ponto de Transição de Goffman,

tem “como objetivo determinar sobre que assunto é um

determinado texto científico e tecnológico.” (GUEDES e

BORSCHIVER, p.5,2005)

Com base nas três leis expostas acima, com suas

respectivas abordagens e, ainda, nos objetivos principais já

mencionados pode-se correlacionar a utilização da bibliometria

como uma ferramenta estatística para tratamento e gestão em

sistemas de informação, comunicação e produtividade, conforme

Guedes e Borschiver (2005) conceberam na figura 1 abaixo.

Figura 1 – Principais leis da bibliometria, seus focos deestudo e suas relações com os sistemas de comunicação e de

informação científica e tecnológica

Fonte: Guedes e Borschiver (2005)

2.1.4 Subcampos da bibliometria

10

Conforme vem ocorrendo, cada vez mais, a utilização da

bibliometria por diversas comunidades, pesquisadores e

gestores da informação e comunicação, outros subcampos dessa

área vem surgindo.

Como um desses novos desdobramentos tem-se a

cientometria, que pode ser entendida como o subcampo que

estuda disciplinas, assuntos, áreas e campos de produções

científicas e tecnológicas.

Um outro subcampo é a infometria, a qual engloba estudos

sobre palavras, documentos e base de dados.

Além dos dois novos conceitos já mencionados, surgiu

também um novo subcampo da bibliometria chamado de webometria

que “propõe que o objeto de estudo da webometria são os sítios

na world wide web.” (VANTI apud ARAÚJO, p. 22, 2006)

2.1.4 Variações de enfoques bibliométricos

Existem diversas variações das teorias bibliométricas

hoje em discussão e em uso por pesquisadores da informação e

conhecimento. Pode-se dizer que a maioria dessas variações

advém de desdobramentos e estudos sobre a área de

bibliografias estatísticas, já mencionadas.

Dessa variedade, vale destacar duas das quais os estudos

bibliométricos baseiam considerável parte de seus focos e

objetivos, cujos também são enfoques do presente artigo.

11

Isto posto, em torno da década de 1960, Goffman e Newill

desenvolveram a teoria epidêmica da transmissão de ideias, a

qual, conforme Guedes e Borschiver (2005,p.13),fundamenta-se na analogia entre a transmissão deuma doença infecciosa, segundo um processoepidêmico, e a transmissão e desenvolvimento deideias, informações registradas, em uma comunidadecientífica [...]. Segundo esse modelo, as ideiassão materiais infecciosos, no curso de uma epidemiaintelectual; transmitidas, por exemplo, porcomunicações diretas, entre um conferencista e opúblico, ou através de conversações. Essas ideiaspodem também ser expostas por um autor, em artigosde periódicos, para um determinado público.

O objetivo principal da teoria epidêmica é avaliar e

prognosticar níveis de relevância, crescimento e declínio de

áreas do conhecimento.

A segunda e última variação das teorias bibliométricas é

a análise de citações. Foresti (apud ARAÚJO, 2006,p. 18) a

definiu comoa parte da bibliometria que investiga as relaçõesentre os documentos citantes e os documentoscitados considerados como unidades de análise, notodo ou em suas diversas partes: autor, título,origem geográfica, ano e idioma de publicação, etc.

Através da análise de citações é possível realizar a

identificação de padrões relativos à produção do conhecimento

científico e tecnológico, além de verificar uma série de dados

como autores mais produtivos, elite de pesquisa, autores mais

citados, frente de pesquisa, fator de impacto dos autores, os

principais periódicos, procedências geográfica e/ou

institucional dos autores mais relevantes em determinado

campos/área de pesquisa e das bibliografias utilizadas, tipo

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de documentos mais utilizado, idade média da literatura

utilizada e, por fim, a obsolescência da literatura.

2.2 ambientes organizações

Organizações são grupos sociais planejados para alcançar

fins específicos.

As organizações podem, ainda, ser classificadas como

sistemas abertos, no sentido de que como sistemas são

influenciadas ou afetadas pelo ambiente externo, bem como o

influenciam ou o afetam.

As organizações estão inseridas na sociedade de diversas

formas, servindo e atendendo a quem necessita de seus produtos

e serviços, bem como buscando interagir com outras

organizações.

A respeito das organizações Litterer (1977, p.165)

comenta sobre conceitos globais e cita que As organizações são entidades com um propósito.[...] Estes objetivos podem não ser claramenteenunciados; podem não ter finalidade para qualquerpessoa, exceto para os membros da organização,porém eles estão lá. [...] Portanto, a distinçãoentre organizações formais e informais é, em parte,uma questão de planejamento, de suscetibilidade deexplicitar e de observação de tais propriedadescomo estrutura, processos e objetivos.

A análise organizacional, por meio da classificação das

organizações, ajuda a entender melhor como identificar essas

entidades, agrupando-as segundo suas similaridades e

distinções. Ressalta-se, no entanto, que não há uma forma de

classificação rígida e única.

13

Warriner (1980 apud HALL, 2004, p.37), utiliza termos

como classificação, tipologia e taxonomia, de modo

intercambiável para justificar e poder afirmar que “as

organizações podem ser classificadas como orientadas ao lucro

ou sem fins lucrativos”, porém adverte também que essa

distinção pode ser importante em alguns casos e em outros não.

Hall (2004, p.191), ainda, cita como “relevância crítica”

a questão de se enfatizar o estudo quanto a ambientes

organizacionais, uma vez que todas as organizações são direta

e/ou indiretamente afetadas pelo entorno ou ambiente então

inseridas.

Outras expressões comumente utilizadas como ‘economia

global’ ou ‘mercados centrais e periféricos’, também, fazem

menção ao aspecto ambiental.

Importante citar que pesquisar sobre ambientes

organizacionais significa estudar variáveis e condições do

ambiente muito antes das empresas existirem ou serem formadas,

identificar formas de classificar e categorizar os ambientes

e, ainda, analisar as formas de influências e penetração do

ambiente dentro das organizações.

Conforme Daft (2008, p.132), “em sentido amplo, o

ambiente é infinito e engloba tudo aquilo que é externo à

organização” e pode ser compreendido, ainda, através dos

relacionamentos com os setores que as organizações possuem.

De acordo com Bateman e Snell (2006, p.47) pode-se

definir ambiente externo como sendo “todas as forças

relevantes fora das fronteiras da empresa, como concorrentes,

clientes, governos e a economia”.

14

Aprofundando, ainda mais, os autores supracitados citam o

ambiente competitivo e o macroambiente, todos com variáveis

distintas e que interagem, em conjunto, com as respectivas

organizações inseridas.

Litterer (1977) comenta que a partir da ótica do modelo

de sistemas as organizações são vistas recebendo insumos

(inputs) do ambiente e, por outro lado, entregando volumes de

produção (outputs) ao ambiente, gerando uma ideia de fluxos

inter-relacionados.

Aprofundando, ainda mais, os pesquisadores citam o

ambiente interno, ambiente competitivo e o macroambiente,

todos com variáveis distintas e que interagem, em conjunto,

com as respectivas organizações inseridas.

Morgan (2007) comenta que o enfoque sistêmico da

organização, inspirado na Teoria Geral de Sistemas, do biólogo

teórico Ludwig von Bertalanffy, favorece ao reconhecimento de

ambientes mais amplos de atuação.

Além disso, há a noção de conexidade ou interconexidade

das partes (áreas, setores, unidades, entre outros), das

inter-relações ambientais, que segundo Hampton (1990), fazem

com que as organizações coexistam em um mesmo ambiente.

Sendo assim, as organizações são participantes ativas na

sociedade incentivando e impedindo a mudanças.

3 Metodologia

15

Para execução deste estudo acerca da produção científica

sobre ambientes organizacionais procedeu-se, primeiramente,

busca dos artigos científicos na base de dados SciELO, já

descrita anteriormente.

Nessa base, então, utilizando-se da coleção de periódicos

do Brasil filtrou-se, por assunto, os termos ‘ambiente’ e

‘organizacional’, o que retornou o total de 16 artigos

científicos.

Optou-se por filtrar, também, os termos ‘ambientes’ e

‘organizacionais’, porém, estes não retornaram produções

algumas.

A utilização de filtro por assunto deve-se ao fato de,

após testes, observar que este tipo de critério compara a

informação inserida pelo usuário com os termos constantes no

item palavras-chaves dos artigos científicos, tornando-se o

levantamento científico detalhado.

A partir dos objetivos, o estudo realizado caracteriza-se

como uma pesquisa descritiva (SIENA, 2007).

Sob o ponto de vista dos procedimentos e técnicas de

pesquisa que foram utilizadas, este estudo classifica-se como

uma pesquisa documental, tendo em vista que este tipo possui característicassemelhantes àquelas referidas para pesquisabibliográfica, diferindo desta em relação às fontesdos dados. A pesquisa documental é elaboradautilizando materiais (documentos, banco de dados,etc.) que não receberam tratamento analítico ou quepodem ser reelaborados pelo pesquisador. (SIENA,2007, p.65)

4 Apresentação e análise dos dados

16

Depois de realizada busca por meio de filtragem dos

artigos científicos, de acordo com o descrito no item

anterior, verificou-se 6 características dessas produções,

conforme segue abaixo.

Gráfico 1 - distribuição da produção científica por ano.

17

Fonte: elaborado pelo autor.

No gráfico 1 observa-se que a produção científica

relacionada ao assunto ambiente organizacional encontra-se

distribuída praticamente por igual, no período de 1995 a 2012.

Notou-se durante a execução da pesquisa que o tema abordado é,

muitas vezes, vinculado diretamente ao estudo sobre

planejamento estratégico das organizações, o qual influencia

consequentemente nas referências utilizadas pelos autores.

Foi constatado, também, que o assunto abordado tende a

ser muito específico e pouco pesquisado pela comunidade

científica, uma vez que o número de artigos publicados, e foco

desta pesquisa, é baixo.

1995; 11%

1998; 11%

1999; 11%

2000; 11%2002; 11%

2003; 11%

2007; 11%

2009; 11%

2012; 11%

18

Gráfico 2 - distribuição por periódicos.

Fonte: elaborado pelo autor.

O gráfico 2 traz dados sobre os periódicos e as

respectivas produções no período estudado (1995-2012).

A maioria das revistas que possuem artigos científicos

publicados acerca do tema têm baixo registro de produção,

ficando o destaque para dois periódicos: Revista de

Administração Contemporânea (RAC), editada pela Associação

Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração

(ANPAD); e Revista de Administração de Empresas (RAE),

publicada pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP).

Juntas, essas duas revistas, abarcam mais de 50% dos

artigos analisados demonstrando-se, assim, como periódicos de

referência na divulgação dos estudos mais variados acerca da

Administração.

7%7%

7%

36%

29%

7%7%

Estudos EconômicosREAd. Revista Eletrônica de AdministraçãoRevista de AdministraçãoRevista de Administração ContemporâneaRevista de Administração de EmpresasRevista de Administração PúblicaRevista de Economia e Sociologia Rural

19

Quando comparados, conforme o gráfico 3 abaixo, os perfis

metodológicos identificados nos artigos científicos em estudo

evidencia-se que acima de 10 produções possuem o enfoque

teórico-empírico, ou seja, caracterizando-se estudos que

analisam dados a partir das teorias e seus pressupostos.

Apenas um pequeno número de artigos, totalizando 3, foram

elaborados a partir da abordagem e descrição exclusivamente de

teorias e consequentes reflexões dos autores.

Gráfico 3 - comparação de perfis metodológicos.

0

2

4

6

8

10

12

teórico-empíricoteórico

Fonte: elaborado pelo autor.

Em exatamente 12 das produções analisadas concluiu-se que

essas foram identificadas como estudos de características

qualitativas, conforme apresentado no gráfico 4 logo abaixo,

advindas da pesquisa qualitativa que segundo Creswell (2010,

p.26) a “é um meio de explorar e para entender o significado

20

que os indivíduos ou os grupos atribuem a um problema social

ou humano”.

Comparando-se as produções com cunho de pesquisas

qualitativas em relação aos estudos de características

quantitativas, observou-se que os autores preferem executar

investigações a respeito da identificação e entendimento de

variáveis ambientais (internas e externas) por parte das

organizações e das pessoas participantes da pesquisa, do que

proceder a estudos de origem quantitativa.

Gráfico 4 – comparação quanto a abordagem do problema da

pesquisa.

21

0

2

4

6

8

10

12

14

Estudos quantitativosEstudos qualitativos

Fonte: elaborado pelo autor.

A seguir, tem-se o gráfico 5 acerca do quantitativo de

autores por artigo científico.

Gráfico 5 – distribuição por autor.

29%

50%

21%

Somente um autorDois autoresTrês autores

Fonte: elaborado pelo autor.

Somente uma pequena parcela dos autores das produções

científicas filtradas elaborou seus artigos de forma isolada,

22

conforme seus relatos, caracterizando assim somente um autor

por artigo. O total de pesquisas com somente um autor alcançou

4 produções, sendo que metade delas eram relativas à pesquisas

teóricas e as demais de origem teórico-empírica.

O destaque de publicações com mais de 2 autores (e que

representam a maioria) é relativo às pesquisas de perfil

teórico-empírico, muito provavelmente devido às

características dessa forma de estudo o qual demanda maior

desdobramentos de atividades laborais, principalmente, de

pesquisas de campo, com a utilização de entrevistas e

observações acompanhadas de protocolos de registros como

principais formas de coleta e validação de dados.

Finalizando, apresenta-se a tabela, abaixo, contendo os

nomes dos autores mais citados nas referências dos artigos

científicos analisados.

Tabela 1 - Identificação dos autores mais citados.AUTORES INCIDÊNCIA

PORTER, Michael E. 5KANTER, Rosabeth M. 3MACHADO-DA-SILVA, Clóvis. 3MILLIKEN, Frances J. 3SCOTT, W. R. 3ANSOFF, H.lgor. 2BARR, Pamela S. 2CARVALHO, Cristina Amélia. 2DiMAGGIO, Paul J. 2DOSI, G. 2EISENHARDT, K. 2GLUCK, F.N. 2HININGS, C. R. 2HUFF, Anne S. 2LAWRENCE, P.R. 2MEYER, John W. 2MINTZBERG, H. 2

23

MORGAN, G. 2NORTH,D. C. 2PERROW, Charles. 2SENGE, Peter. 2YIN, R. K. 2Fonte: elaborada pelo autor.

Como já citado, o assunto ambiente organizacional insere-

se na área de planejamento estratégico, portanto, muitos

autores deste tema são citados em ambos os estudos, muito

embora as ênfases sejam distintas, assim como os objetivos da

pesquisa.

Ao todo, os 14 artigos científicos estudados possuem

exatas 365 referências.

Para montagem da tabela 1 e verificação das incidências

dos autores em todas as produções filtradas, todas as

referências foram reunidas em uma única tabela, logo após

excluiu-se aqueles autores que somente foram listados apenas

uma única vez.

A partir daí, feita a devida análise e verificação da

relação referência e documento de origem gerou-se a tabela 1,

composta de 22 autores, os quais foram listados constando, ao

menos, 1 ocorrência coincidente em, no mínimo, 2 artigos

científicos distintos.

5 Conclusões

Os estudos bibliométricos vem, cada vez, sendo mais

utilizados por comunidades científicas diversas, devido

24

principalmente ao enfoque de caracterização e identificação de

perfis metodológico-científico que pode-se obter de áreas e/ou

assuntos que se queira pesquisar.

Além disso, esses estudos podem ainda serem

complementados por meio de outras investigações distintas como

a cientometria e webometria, apenas para citar como outros

exemplos de aplicações de pesquisas dessa natureza.

A investigação aqui apresentada identificou

características mínimas acerca dos relatos investigativos

sobre ambiente organizacional, porém detalhes muito

importantes podem ser verificados por meio de outras teorias e

técnicas oriundas da bibliometria e de suas variações já

mencionadas no parágrafo anterior.

Pesquisar produção sobre ambiente organizacional

significa estudar variáveis e condições do ambiente muito

antes das organizações, até mesmo, existirem ou serem

formadas, bem como é assunto primordial na formação de

profissionais e pesquisadores da ciência da Administração.

Com base no relato em tema, pode-se concluir que a

produção científica no Brasil e disponível na base de dados

SciELO que abordam especificamente o tema ambiente

organizacional mostra-se com números baixos de publicações,

quando comparados a outros temas mais discutidos e pesquisados

atualmente.

As produções científicas sobre ambiente organizacional

correlacionaram-se, diversas vezes, com a área do planejamento

estratégico.

25

Ademais, durante a pesquisa observou-se, também, certas

produções que tendiam mais para a classificação de estudos

sobre clima do que para ambiente organizacional. Essas foram

excluídas das análises abordadas aqui.

Referências

ARAÚJO, Carlos A. Bibliometria: evolução histórica e questões atuais. Em Questão. Porto Alegre, v. 12, n. 1, p. 11-32, jan/jun 2006.

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DAFT, Richard L. Organizações: teoria e projetos. 2ª. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2008

GUEDES, Vânia L. S. BORSCHIVER, S. Bibliometria: uma ferramenta estatística para a gestão da informação e do conhecimento, em sistemas de informação, de comunicação e de avaliação científica e tecnológica. Disponível em: < http://www.cinform.ufba.br/vi_anais/docs/VaniaLSGuedes.pdf >. Acesso em: 6/1/2013.

26

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