interacções toxicológicas entre o álcool e a ecstasy. estudos ...

374
Helena de Oliveira Pontes INTERACÇÕES TOXICOLÓGICAS ENTRE O ÁLCOOL E A ECSTASY. ESTUDOS IN VIVO E IN VITRO. Orientador: Professora Doutora Maria de Lourdes Pinho de Almeida Souteiro Bastos Co-orientadores: Professor Doutor Félix Dias Carvalho Professor Doutor Fernando Manuel Gomes Remião Porto, 2009

Transcript of interacções toxicológicas entre o álcool e a ecstasy. estudos ...

Helena de Oliveira Pontes

INTERACÇÕES TOXICOLÓGICAS ENTRE O ÁLCOOL E A ECSTASY.

ESTUDOS IN VIVO E IN VITRO. Orientador:

Professora Doutora Maria de Lourdes Pinho de Almeida Souteiro Bastos Co-orientadores:

Professor Doutor Félix Dias Carvalho

Professor Doutor Fernando Manuel Gomes Remião

Porto, 2009

Aos meus pais, Arminda e João Carlos

À minha irmã Diana

Ao Fernando

Os estudos apresentados nesta dissertação foram realizados no Laboratório

Associado REQUIMTE/Serviço de Toxicologia da Faculdade de Farmácia da

Universidade do Porto.

Estes estudos contaram com o apoio financeiro da Fundação para a Ciência e

a Tecnologia (FCT) através da atribuição de uma Bolsa de Doutoramento

(SFRH/BD/18527/2004) e do Fundo Europeu para o Desenvolvimento Regional

(FEDER) (POCI/SAU-FCF/57187/2004).

Fazem parte integrante desta dissertação os seguintes trabalhos já publicados:

Artigos em revistas internacionais com arbitragem científica

I. Pontes H, Duarte JA, Guedes de Pinho P, Soares ME, Fernandes E, Dinis-

Oliveira RJ, Sousa C, Silva R, Carmo H, Casal S, Remião F, Carvalho F,

Bastos ML (2008) Chronic exposure to ethanol exacerbates MDMA-induced

hyperthermia and exposes liver to severe MDMA-induced toxicity in CD1 mice.

Toxicology. 252: 64-71.

II. Pontes H, Santos-Marques MJ, Fernandes E, Duarte JA, Remião F,

Carvalho F, Bastos ML (2008) Effect of chronic ethanol exposure on the

hepatotoxicity of ecstasy in mice: An ex vivo study. Toxicology In Vitro. 22: 910-

20.

III. Pontes H, Guedes de Pinho P, Casal S, Carmo H, Santos A, Magalhães T,

Remião F, Carvalho F, Bastos ML (2008) Gas chromatography determination of

acetone, acetaldehyde, ethanol and methanol in biological matrices and cell

culture. Aceite para publicação no Journal of Chromatographic Science.

IV. Pontes H, Carvalho M, Guedes de Pinho P, Carmo H, Remião F, Carvalho

F, Bastos ML (2008) Ethanol, the forgotten artifact in cell culture. Archives of

Toxicology. 82: 197–8.

V. Pontes H, Sousa C, Silva R, Fernandes E, Carmo H, Remião F, Carvalho F,

Bastos ML (2008) Synergistic toxicity of ethanol and MDMA towards primary

cultured rat hepatocytes. Toxicology (doi: 10.1016/j.tox.2008.09.009)

Resumos em actas de encontros científicos publicados em revistas com

arbitragem cientifica

I. Pontes H, Marques MJ, Remião F, Carvalho F, Bastos MdL (2006) The

repeated exposure of mice to ethanol increases its susceptibility to ecstasy-

induced hepatotoxicity. Revista Portuguesa de Farmácia. 52:33

II. Pontes H, Marques MJ, Remião F, Carvalho F, Bastos ML (2006) Ethanol

and ecstasy: Allied enemies of freshly isolated mouse hepatocytes. Toxicology

Letters. 164 (Suppl 1):S205

III. Pontes H, Fernandes E, Duarte JA, Remião F, Carvalho F, Bastos ML

(2007) Ethanol and ecstasy: a dangerous cocktail to the liver? Toxicology

Letters. 172 (Suppl 1):S240

IV. Pontes H, Silva R, Fernandes E, Carmo H, Remião F, Carvalho F, Bastos

ML (2008) Ethanol increases MDMA toxicity to primary rat hepatocytes cultures.

Toxicology Letters. 180 (Suppl 1):S162

AGRADECIMENTOS

Seguir trilhos é fácil, mas quando temos que pisar terrenos onde nunca

ninguém andou, temos que ser nós a fazer o nosso caminho correndo o risco

de ter que voltar atrás algumas vezes, mas não é esse o encanto da ciência?

Um Doutoramento é, por isso, um caminho de aprendizagem que é feito pelos

nossos próprios passos, à medida que crescemos quer a nível pessoal, quer a

nível científico. Mas, a beleza da caminhada depende dos que vão connosco.

Por isso, gostaria de agradecer a todos aqueles que contribuiram para a

concretização deste trabalho, embora temendo nunca encontrar as melhores

palavras ou as palavras suficientes para exprimir a minha imensa gratidão.

Gostaria, assim, de expressar o meu mais sincero agradecimento:

À Professora Doutora Maria de Lourdes Bastos, em primeiro lugar, por

me ter aceite como aluna de Doutoramento e, sobretudo, pela orientação

rigorosa e magistral desta dissertação e de todo o trabalho científico que a ela

deu origem. Espero que, um dia, possa sentir-se muito orgulhosa desta sua

pupila.

Ao Professor Doutor Félix Dias Carvalho pela co-orientação deste

trabalho e pelo constante incentivo e apoio. Obrigada por nunca desanimar e

por aquelas palavras de alento nas horas em que remávamos contra a corrente

porque o trabalho não corria como gostaríamos.

Ao Professor Doutor Fernando Remião, pela co-orientação deste

trabalho, e pela paciência e pela disponibilidade permanente para interromper

tudo o que estivesse a fazer para ajudar a resolver algum imprevisto, para

esclarecer alguma dúvida ou para dar uma palavra de apoio.

À Engenheira Maria Elisa Soares, pelo apoio e preocupação com que

acompanha os alunos do laboratório de Toxicologia, para que consigamos

ultrapassar todas as dificuldades com que nos deparamos e encaremos cada

dia com um sorriso. É de facto como uma mãe para todos nós. Obrigada pela

amizade, pelo carinho, pela colaboração nos trabalhos experimentais, pelos

momentos de alegria e por me ter ensinado a ser uma pessoa cada vez

melhor. Nunca esquecerei os dias do famoso Coro da Toxicologia que, quando

ensaiava, não deixava ninguém indiferente...

À Professora Doutora Maria Helena Carmo pela amizade com que me

distingue, por todos os bons momentos que passámos, quer no laboratório,

quer fora dele, e pelo apoio que me deu desde o início destes trabalhos

ensinando-me que um bom trabalho surge quando somos exigentes connosco

próprios. Também quero agradecer a resposta pronta, e as palavras de apoio

que nunca vou esquecer, nos momentos menos bons. Obrigada, Boss!

Ao Professor Doutor José Alberto Duarte, pela sua valiosa colaboração

neste trabalho, por nunca dizer que não quando lhe pedi ajuda ou conselho,

mesmo que isso significasse trabalhar em dias feriados, por tudo o que me

ensinou sobre microscopia e por me ter aceite como mais um dos seus alunos.

À Doutora Paula Guedes de Pinho e à Professora Susana Casal, pelo

seu contributo na selecção, validação e aplicação das técnicas de

cromatografia gasosa essenciais à realização deste trabalho. Obrigada pelos

conhecimentos que me transmitiram!

À Renata, pela amizade que nos tornou inseparáveis, pelas gargalhadas

com ou sem motivo, pelas cantorias e pelas coreografias que nos ajudavam a

ultrapassar aqueles dias em que nada corria bem e pela ajuda quando o

trabalho ultrapassava a capacidade das minhas duas mãos. Um obrigado muito

especial por me ajudar na formatação desta dissertação. Não sei se algum dia

conseguirei retribuir tudo aquilo que recebi de ti!

À Professora Doutora Márcia Carvalho, pelo incentivo, pelos conselhos

úteis, e sobretudo, por me alertar para os pequenos detalhes que podem dar

grandes frutos.

À Professora Doutora Eduarda Fernandes, pelo incentivo, pelo apoio e

pela sua indispensável contribuição para este trabalho ao extrair a MDMA.

A todos os companheiros de laboratório (Ricardo, Miguel, Carla, Daniel,

Görkem, Maria João, João, Vera, Filipa e mais recentemente a Luciana) por

fazerem com que cada dia seja diferente do anterior, pelo companheirismo,

pelo bom ambiente de trabalho e pela amizade que irei sempre retribuir.

Às técnicas Júlia Caramez, Conceição Morais e Graziela Fernandes (já

aposentada) e à D. Celeste, pelo apoio, disponibilidade e amizade que

contribuiram para que estes trabalhos corressem sempre da melhor forma.

Aos amigos que me têm acompanhado neste percurso (Vera, Elvira,

Horácio, Dinis, Sirigaitas de Farmácia, Ema, Marisa), pela amizade, pelo

interesse demonstrado no meu trabalho e por me ajudarem a estimular o gosto

pela investigação e a curiosidade científica.

Finalmente, quero agradecer ao Fernando e à minha família, em

especial ao meus pais, Arminda e João Carlos, e à minha irmã Diana, por tudo!

Pelo apoio incondicional que me deram em todas as decisões que tomei e que,

por vezes, obrigaram a alguns sacrifícios, pela paciência, pelo amor e carinho e

pelas palavras de conforto, quando o trabalho não corria tão bem e o meu

humor não era dos melhores. Espero que vocês possam orgulhar-se de mim da

mesma forma que eu me orgulho de vocês!

ÍNDICE GERAL

_____________________________________________________ Índice Geral

I

ÍNDICE GERAL RESUMO....................................................................................................... XVII

ABSTRACT.................................................................................................. XXIII

LISTA DE ABREVIATURAS........................................................................ XXIX

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3

1.1. História da MDMA................................................................................ 4

1.2. Relação estrutura/actividade da MDMA............................................... 6

1.3. Produção de MDMA............................................................................. 7

1.4. Comercialização de MDMA.................................................................. 7

1.5. Farmacocinética da MDMA.................................................................. 8

1.5.1. Absorção....................................................................................... 8

1.5.2. Distribuição ................................................................................. 10

1.5.3. Metabolismo................................................................................ 10

1.5.4. Excreção..................................................................................... 14

1.6. Mecanismo de acção e principais efeitos da MDMA.......................... 14

1.6.1. Efeito na libertação, transporte e receptores das monoaminas

neurotransmissoras................................................................................... 15

1.6.2. Inibição da monoamina oxidase (MAO) ...................................... 19

1.6.3. Inibição da triptofano hidroxilase (TH) ........................................ 19

1.6.4. Alterações da expressão genética .............................................. 20

1.6.5. Efeito neuroendócrino................................................................. 21

1.6.6. Alterações no sistema termorregulador ...................................... 22

1.6.7. Efeito no fluxo sanguíneo e actividade cerebral.......................... 25

1.7. Efeitos tóxicos da MDMA................................................................... 25

1.7.1. Efeitos tóxicos agudos ................................................................ 27

1.7.2. Efeitos tóxicos a longo prazo ...................................................... 29

1.7.3. Mortes associadas ao consumo de MDMA................................. 31

1.8. Estudos epidemiológicos sobre a utilização da MDMA...................... 43

1.8.1. Onde? – Locais de consumo de MDMA ..................................... 53

1.8.2. Como e quando? – Padrões de consumo de MDMA.................. 53

1.9. Factores condicionantes dos efeitos da MDMA ................................. 54

1.9.1. Dose de MDMA........................................................................... 55

1.9.2. Condições ambientais no momento do consumo ....................... 59

Índice Geral _____________________________________________________

II

1.9.3. Características do consumidor de MDMA................................... 62

1.9.3.1. Idade.................................................................................... 62

1.9.3.2. Etnia .................................................................................... 64

1.9.3.3. Género................................................................................. 64

1.9.3.4. Variabilidade farmacogenética interindividual...................... 68

1.9.3.4.1. Isoenzimas do citocromo P450........................................ 68

1.9.3.4.2. Catecol-O-metiltransferase.............................................. 70

1.9.3.4.3. UDP-glucuronosiltransferase........................................... 71

1.9.3.4.4. Sulfotransferase (SULT) .................................................. 71

1.9.3.4.5. Receptores da 5-HT ........................................................ 71

1.9.3.4.6. Receptores da DA ........................................................... 72

1.9.3.4.7. Transportador da 5-HT .................................................... 72

1.9.3.5. Orientações sexuais ............................................................ 73

1.9.4. Alterações fisiológicas e fisiopatológicas .................................... 73

1.9.4.1. Gravidez .............................................................................. 74

1.9.4.2. Patologias subjacentes ao consumo de MDMA................... 76

1.9.4.2.1. Hipo/hipertiroidismo......................................................... 76

1.9.4.2.2. Insuficiência hepática ...................................................... 77

1.9.4.2.3. Insuficiência renal............................................................ 77

1.9.4.2.4. Patologias inflamatórias e infecciosas............................. 79

1.9.4.2.5. Patologia cardíaca........................................................... 79

1.9.4.2.6. Diabetes mellitus ............................................................. 80

1.9.4.2.7. Obesidade ....................................................................... 81

1.9.5. Interacções da MDMA com outros compostos............................ 81

1.9.5.1. Fármacos............................................................................. 83

1.9.5.1.1. Antidepressivos ............................................................... 93

1.9.5.1.1.1. Inibidores selectivos da recaptação da serotonina

(ISRS) .................................................................................. 93

1.9.5.1.1.2. Inibidores da monoamina oxidase (IMAO) ................ 95

1.9.5.1.2. Anti-retrovirais ................................................................. 97

1.9.5.2. Alimentos ............................................................................. 99

1.9.5.3. Contaminantes das pastilhas de ecstasy........................... 104

1.9.5.3.1. Excedentes e sub-produtos da síntese de MDMA......... 107

_____________________________________________________ Índice Geral

III

1.9.5.3.2. Outros estimulantes anfetamínicos [anfetamina, MTA,

fenfluramina, fentermina, análogos sintéticos da anfetamina (PMA, 4-

metiltioanfetamina, 2-CB) e derivados metilenodioxi (MDA,MDEA)] 109

1.9.5.3.2.1. MDA e MDEA.......................................................... 109

1.9.5.3.2.2. MTA ........................................................................ 110

1.9.5.3.2.3. Outras anfetaminas................................................. 111

1.9.5.3.3. Ketamina ....................................................................... 112

1.9.5.3.4. Cocaína ......................................................................... 114

1.9.5.3.5. Efedrina/pseudoefedrina................................................ 114

1.9.5.3.6. Cafeína .......................................................................... 115

1.9.5.3.7. Paracetamol .................................................................. 117

1.9.5.3.8. LSD ............................................................................... 118

1.9.5.3.9. Dextrometorfano (DXM)................................................. 118

1.9.5.3.10. Excipientes inertes ........................................................ 119

1.9.5.4. Drogas de abuso ilícitas co-consumidas intencionalmente

com MDMA.......................................................................................... 120

1.9.5.4.1. Derivados da Cannabis ................................................. 126

1.9.5.4.2. Estimulantes anfetamínicos........................................... 129

1.9.5.4.3. Cocaína ......................................................................... 132

1.9.5.4.4. LSD ............................................................................... 133

1.9.5.4.5. Ketamina ....................................................................... 135

1.9.5.4.6. GHB (“ecstasy líquido”) ................................................. 136

1.9.5.4.7. Outras substâncias alucinogénicas – Cogumelos

“mágicos” ...................................................................................... 137

1.9.5.5. Tabaco............................................................................... 137

1.9.5.6. Etanol ................................................................................ 139

1.9.5.6.1. Características farmacocinéticas do etanol ................... 140

1.9.5.6.1.1. Absorção................................................................. 140

1.9.5.6.1.2. Distribuição ............................................................. 141

1.9.5.6.1.3. Metabolismo............................................................ 142

1.9.5.6.1.4. Excreção ................................................................. 148

1.9.5.6.2. Mecanismos de acção e de toxicidade do etanol .......... 148

1.9.5.6.2.1. Efeitos na neurotransmissão................................... 149

1.9.5.6.2.1.1. Efeitos na transmissão glutamatérgica............. 150

Índice Geral _____________________________________________________

IV

1.9.5.6.2.1.2. Efeitos na transmissão GABAérgica................. 151

1.9.5.6.2.1.3. Efeitos nas vias serotonérgicas........................ 152

1.9.5.6.2.1.3.1. Efeitos nos níveis de 5-HT......................... 152

1.9.5.6.2.1.3.2. Efeitos nos receptores 5-HT ...................... 153

1.9.5.6.2.1.4. Aumento da libertação de DA........................... 154

1.9.5.6.2.2. Alterações no sistema termorregulador .................. 156

1.9.5.6.2.3. Alterações psicomotoras......................................... 157

1.9.5.6.2.4. Efeitos neuroendócrinos ......................................... 161

1.9.5.6.2.5. Efeitos cardiovasculares ......................................... 163

1.9.5.6.2.6. Efeitos metabólicos ................................................. 164

1.9.5.6.2.7. Efeitos no sistema imunitário .................................. 164

1.9.5.6.2.8. Efeitos no sistema hepato-biliar .............................. 166

1.9.5.6.2.9. Efeitos no tracto gastro-intestinal ............................ 169

1.9.5.6.2.10. Efeitos no sistema urinário...................................... 169

1.9.5.6.2.11. Efeitos nos músculos .............................................. 170

1.9.5.6.2.12. Efeitos teratogénicos............................................... 170

1.9.5.6.2.13. Carcinogénese........................................................ 171

1.10. Principais considerações ................................................................. 172

2. OBJECTIVOS ......................................................................................... 177

3. TRABALHO EXPERIMENTAL ............................................................... 179

Trabalho I. Optimização das doses de MDMA a administrar a ratinhos

previamente expostos repetidamente a etanol........................................ 181

Trabalho II. Chronic exposure to ethanol exacerbates MDMA-induced

hyperthermia and exposes liver to severe MDMA-induced toxicity in CD1

mice. .................................................................................................. 187

Trabalho III. Effect of chronic ethanol exposure on the hepatotoxicity of

ecstasy in mice: An ex vivo study............................................................ 183

Trabalho IV. Synergistic toxicity of ethanol and MDMA towards primary

cultured rat hepatocytes. ......................................................................... 197

Trabalho V. Interacções metabólicas entre o etanol e a MDMA em culturas

primárias de hepatócitos de rato. ............................................................ 235

Trabalho VI. Gas chromatography determination of acetone, acetaldehyde,

ethanol and methanol in biological matrices and cell culture................... 233

Trabalho VII. Ethanol, the forgotten artifact in cell culture. ..................... 251

_____________________________________________________ Índice Geral

V

4. DISCUSSÃO INTEGRADA..................................................................... 261

5. CONCLUSÕES FINAIS .......................................................................... 277

6. REFERÊNCIAS ...................................................................................... 283

Índice Geral _____________________________________________________

VI

ÍNDICE DE FIGURAS

_________________________________________________ Índice de Figuras

IX

ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1. Estrutura química da metanfetamina, mescalina e do enantiómero

farmacologicamente mais activo da 3,4-metilenodioximetanfetamina................ 6

Figura 2. Exemplos de pastilhas e cápsulas de ecstasy. .................................. 8

Figura 3. Esquema das vias metabólicas da MDMA ....................................... 11

Figura 4. Oxidação dos metabolitos catecóis da MDMA a quinonas, semi-

quinonas e aminocromos, e formação dos conjugados com a GSH. ............... 13

Figura 5. Mecanismo de acção biológica da MDMA ao nível dos neurónios

serotonérgicos.................................................................................................. 16

Figura 6. Hipótese integrada para os efeitos termogénicos e mionecróticos da

MDMA. ............................................................................................................. 24

Figura 7. Estruturas químicas dos principais estimulantes anfetamínicos

encontrados na composição de pastilhas de ecstasy, além da MDMA.......... 109

Figura 8. Metabolismo oxidativo do etanol. ................................................... 143

Figura 9. Hipótese que sugere possíveis interacções metabólicas entre o EtOH

e a MDMA baseada na influência do primeiro nas principais isoenzimas do

CYP450 metabolizadoras deste derivado anfetamínico................................. 146

Figura 10. Mecanismos de acção biológica do etanol ao nível da

neurotransmissão glutamatérgica, GABAérgica, serotonérgica e dopaminérgica.

....................................................................................................................... 150

Figura 11. Fontes de complicações neurológicas do álcool e alcoolismo. .... 159

Figura 12. Percentagem de sobrevivência de ratinhos CD1, previamente

expostos a 12% de etanol na água de bebida durante 8 semanas, após

administração de 10 mg/kg ou 20 mg/kg de MDMA....................................... 185

Índice de Figuras _________________________________________________

X

Figura 13. Procedimento experimental utilizado para a avaliação da influência

do etanol no perfil metabólico da MDMA em culturas primárias de hepatócitos

de rato. ........................................................................................................... 226

Figura 14. Metabolização da MDMA a MDA, HMMA e HMA......................... 227

Figura 15. Preparação de amostras de meio de cultura para quantificação de

MDMA, MDA, HMMA e HMA por GC-MS....................................................... 228

Figura 16. Efeito de MDMA 1,6 mM (M) e da hipertermia na percentagem de

morte celular na presença ou na ausência de etanol, DAS e KET................. 229

Figura 17. Efeito da hipertermia e da co-incubação com etanol 300 mM, DAS

150 μM e KET 0,18 μM na formação de metabolitos da MDMA (MDA, HMMA e

HMA) em culturas primárias de hepatócitos de rato....................................... 230

Figura 18. Mecanismo de resposta ao choque térmico. ................................ 265

Figura 19. Mecanismo de activação do NF-κB.............................................. 266

Figura 20. Esquema-resumo dos resultados obtidos no estudo das interacções

hepatotóxicas entre etanol e MDMA. ............................................................. 278

ÍNDICE DE TABELAS

_________________________________________________ Índice de Tabelas

XIII

ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1. Mortes associadas ao consumo de ecstasy de 1988 a 2007........... 34

Tabela 2. Estudos epidemiológicos acerca dos padrões de consumo da MDMA.

......................................................................................................................... 44

Tabela 3. Perfil de impurezas e conteúdo em MDMA de pastilhas vendidas

como ecstasy. .................................................................................................. 57

Tabela 4. Fármacos com potencial para estabelecer interacções

farmacocinéticas e/ou farmacodinâmicas com a MDMA.................................. 86

Tabela 5. Medicamentos, alimentos, e seus constituintes, que influenciam a

actividade e expressão das principais isoenzimas do CYP450 envolvidas no

metabolismo da MDMA. ................................................................................. 100

Tabela 6. Possíveis efeitos dos Excedentes e sub-produtos da síntese de

MDMA na toxicidade da ecstasy. ................................................................... 108

Tabela 7. Padrões de policonsumo de drogas de abuso reportados por

consumidores de ecstasy. .............................................................................. 121

Índice de Tabelas _________________________________________________

XIV

RESUMO

________________________________________________________ Resumo

XVII

RESUMO

A 3,4-metilenodioximetanfetamina (MDMA ou ecstasy) é uma droga de

abuso que tem sido amplamente consumida desde os anos 80 devido às suas

propriedades entactogénicas, empatogénicas e moderadamente

alucinogénicas, bem como ao pressuposto errado de se tratar de uma droga

com reduzida toxicidade.

Os efeitos/toxicidade da MDMA são extremamente imprevisíveis, uma

vez que são condicionados por diversos factores que vão desde a dose

consumida às características genéticas, fisiológicas e fisiopatológicas do

consumidor, às condições ambientais em que os consumidores a utilizam e

sobretudo à co-exposição a outras substâncias que podem interagir com a

MDMA. Estas interacções da MDMA podem surgir com substâncias não-

psicoactivas veiculadas em alimentos ou medicamentos ou, mais preocupante,

com substâncias psicoactivas ingeridas inadvertidamente como contaminantes

das pastilhas de ecstasy, ou intencionalmente co-consumidas para modular os

efeitos da MDMA (nesta última situação, o risco de interacção será

potencialmente maior porque as doses das substâncias psicoactivas

consumidas são, geralmente, superiores às ingeridas pelo consumo de

pastilhas de ecstasy contaminadas).

O policonsumo afirma-se, então, como o padrão mais frequente de

consumo de ecstasy, com especial prevalência do co-consumo com outras

substâncias psicoactivas, sobretudo tabaco, Cannabis e álcool que pode

ocorrer antes, durante ou pouco tempo depois da exposição à MDMA. Estes

padrões de policonsumo podem aumentar os riscos para a saúde associados

ao consumo de MDMA devido às imprevisíveis reacções químicas e

idiossincráticas que podem resultar da mistura de xenobióticos no organismo,

conduzindo potencialmente a interacções farmacocinéticas e/ou

farmacodinâmicas.

Entre os compostos co-consumidos com a MDMA, o etanol ocupa um

lugar de destaque, uma vez que devido à sua elevada acessibilidade e

aceitação social é amplamente consumido, frequentemente em grandes

quantidades, pelos indivíduos das faixas etárias mais jovens, nas quais se

regista, também, uma maior prevalência do consumo de MDMA. Por este

Resumo ________________________________________________________

XVIII

motivo, o estudo das interacções entre estes dois compostos no organismo é

de extrema importância.

Quando as experiências contempladas nesta dissertação foram

desenhadas, apenas existiam dados relativos ao co-consumo de MDMA e

etanol que se centravam nas suas mútuas alterações farmacocinéticas e nos

seus efeitos subjectivos e comportamentais em humanos. No entanto, não

existiam estudos em que se avaliasse quais os mecanismos subjacentes à

toxicidade hepática induzida pelo consumo de ambas as substâncias em

associação. Uma vez que ambas as substâncias são metabolizadas no fígado

e levam à formação de metabolitos dotados de maior toxicidade do que os seus

precursores, o estudo dos efeitos hepáticos desta mistura reveste-se de

extrema importância. Por esse motivo, o objectivo da investigação da qual

resulta a presente dissertação foi estudar os efeitos da exposição simultânea a

ecstasy e etanol a nível hepático e avaliar de que forma é que a hipertermia

(reacção potencialmente fatal frequentemente associada à exposição in vivo à

MDMA) poderia afectar os efeitos hepáticos desta mistura.

Para atingir o objectivo proposto, numa primeira fase, foram realizados

ensaios in vivo com ratinhos expostos a etanol a 12% durante 8 semanas,

seguindo-se uma administração única de MDMA numa dose de 10 mg/kg. Este

protocolo foi realizado no sentido de simular o padrão de consumo mais

habitual destas duas substâncias, no qual o início do consumo de etanol

ocorre, geralmente, antes do primeiro contacto com a MDMA. Seguidamente,

foram desenvolvidos estudos ex vivo, seguindo o mesmo protocolo de

exposição ao etanol. Nesta situação, apenas os hepatócitos isolados dos

animais expostos ao etanol foram incubados com MDMA no sentido de tentar

perceber os efeitos induzidos pela MDMA nos hepatócitos de animais expostos

repetidamente in vivo ao etanol que poderiam elucidar as alterações

observadas nos ensaios in vivo. Embora os resultados obtidos tenham

confirmado o potencial tóxico desta mistura, o modelo experimental baseado

em suspensões de hepatócitos frescos utilizado nos ensaios ex vivo tem como

limitação apenas permitir incubações máximas de 3-4 horas, o que pode

impedir a observação de determinados indicadores de dano ou reacção celular

a uma determinada agressão. Por esse motivo, foram desenvolvidos estudos in

vitro nos quais hepatócitos, em cultura primária, foram directamente expostos à

________________________________________________________ Resumo

XIX

mistura etanol+MDMA. Este último modelo foi utilizado para esclarecer os

mecanismos subjacentes à toxicidade hepática desta mistura, mas também

para avaliar uma possível interacção metabólica entre os dois compostos, já

que o etanol tem a capacidade de alterar a actividade de várias enzimas

hepáticas, incluindo aquelas envolvidas no metabolismo da MDMA.

Os resultados obtidos nos trabalhos realizados no âmbito desta

dissertação permitiram-nos constatar que: (i) a pré-exposição repetida ao

etanol tem um efeito sinérgico na hipertermia e hepatotoxicidade induzidas in

vivo pela MDMA em ratinhos Charles-River CD-1; (ii) a pré-exposição repetida

a etanol a 12% aumenta a vulnerabilidade dos hepatócitos de ratinhos Charles-

River CD-1 relativamente a agressões pró-oxidantes provavelmente por

diminuir o conteúdo celular em GSH e aumentar o conteúdo em GSSG,

aumentando a propensão para a perturbação da homeostase dos grupos tiol

intracelulares que pode resultar na perda de funcionalidades proteicas e na

iniciação de uma cascata de eventos que pode culminar na morte celular; (iii) a

co-exposição aguda a etanol+MDMA aumenta a toxicidade hepática induzida in

vitro pela MDMA, em culturas primárias de hepatócitos obtidos de ratos Wistar,

através de uma diminuição das defesas antioxidantes, diminuição das reservas

energéticas das células, aumento da formação de espécies reactivas e

aumento da morte celular por necrose, numa extensão dependente da

temperatura de incubação; (iv) a exposição aguda in vitro ao etanol, de culturas

primárias de hepatócitos obtidos de ratos Wistar, aumenta o metabolismo da

MDMA a MDA, HMA e HMMA; (v) os efeitos tóxicos da mistura etanol+MDMA

são marcadamente aumentados em condições hipertérmicas.

Em conclusão, o co-consumo de etanol e MDMA aumenta a

hepatotoxicidade da ecstasy mediante um aumento da resposta hipertérmica

associada ao consumo deste derivado anfetamínico, uma diminuição das

defesas antioxidantes e um aumento da morte celular por necrose.

Resumo ________________________________________________________

XX

ABSTRACT

________________________________________________________ Abstract

XXIII

ABSTRACT

3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA or ecstasy) is a drug of

abuse that has been widely consumed since the 80s due to its entactogenic,

empathogenic and light hallucinogenic properties, as well as to the erroneous

presupposition of being considered a drug with low toxicity.

The effects/toxicity of MDMA are extremely unpredictable since they are

conditioned by several factors from the consumed dose, to the genetic,

physiologic and pathophysiologic characteristics of the consumer, the

environmental conditions where MDMA is consumed and, especially, to the co-

exposure to other substances that can interact with MDMA. These interactions

of MDMA can occur with non-psychoactive substances present in food or

pharmaceuticals or, of higher concern, with psychoactive substances

inadvertently ingested as contaminants of ecstasy pills, or intentionally

consumed to modulate MDMA effects (in this last case, the risk of interaction

will be potentially higher since the doses of psychoactive substances consumed

intentionally are, generally, higher than those taken by the consumption of

contaminated ecstasy pills).

Substances poly-consumption is the most frequent consumption pattern

of ecstasy, with high prevalence of co-consumption of other psychoactive

substances especially tobacco, Cannabis and alcohol, that can occur before,

during or in a short period after MDMA exposure. These poly-consumption

patterns can increase the health risks of MDMA consumption due to the

unpredictable chemical and idiosyncratic reactions that can result from the

mixture of xenobiotics in the body, potentially leading to pharmacokinetic and/or

pharmacodynamic interactions.

Among the compounds co-consumed with MDMA, ethanol has an

important position since, due to its high accessibility and social acceptance it is

widely consumed, often in high amounts, by the younger individuals that also

present high rates of ecstasy consumption. For this reason, the study of the

interactions between these two compounds in the body is of extreme relevance.

When the experiments included in this dissertation were designed, only

data related to the mutual effects of MDMA and ethanol co-consumption on

their pharmacokinetics and subjective and behavioural effects in humans was

Abstract ________________________________________________________

XXIV

available, but there were no studies evaluating the mechanisms underlying the

hepatic toxicity induced by the consumption of both substances in association.

Since both substances are metabolized in the liver and lead to the formation of

metabolites with higher toxicity than their parent compounds, the study of the

hepatic effects of this mixture has an extreme relevance. Thus, the aim of the

research that resulted in the present dissertation was to study the effects of the

simultaneous exposure to ecstasy and ethanol in the liver and to evaluate how

hyperthermia (a life-threatening effect frequently associated with MDMA in vivo

exposure) could affect the hepatic effects of this mixture.

To reach the proposed goal, in a first stage, in vivo studies with mice

exposed to 12% ethanol for 8 weeks followed by a single dose of 10 mg/kg

MDMA, were performed. This protocol was performed to simulate the most

common consumption pattern of these substances, characterized by an

initiation of ethanol consumption previous to the first contact with MDMA.

Subsequently, ex vivo studies, using the same protocol of ethanol exposure

were performed but, this time, only the hepatocytes isolated from the animals

exposed to ethanol were incubated with MDMA to clarify the effects induced by

MDMA to the hepatocytes obtained from animals repeatedly in vivo exposed to

ethanol that could elucidate the modifications observed in the in vivo studies.

Notwithstanding the obtained results confirmed the toxic potential of this

mixture, the experimental model based on freshly isolated mouse hepatocytes

suspensions, used in the ex vivo studies, only allow maximum incubations of 3-

4 hours which may limit the observation of certain indicators of cellular damage

or reaction towards an aggression. For this reason, in vitro studies in which

primary cultured hepatocytes were directly exposed to the ethanol+MDMA

mixture were developed. This last experimental model was used to clarify the

underlying mechanisms of the hepatic toxicity of this mixture, but also to

evaluate an eventual metabolic interaction between these two compounds,

since ethanol can alter the activity of several hepatic enzymes, including those

involved in MDMA metabolism.

The results obtained in the studies performed in the context of this

dissertation allowed us to prove that: (i) repeated pre-exposure to ethanol has a

synergistic effect on the hyperthermia and hepatotoxicity induced in vivo by

MDMA alone in male Charles-River CD-1 mice; (ii) repeated exposure to 12%

________________________________________________________ Abstract

XXV

ethanol increases the vulnerability of hepatocytes, isolated from male Charles-

River CD-1 mice, towards pro-oxidant aggression probably by decreasing the

GSH cellular content and increasing the GSSG cellular levels, increasing the

risk of impairment of intracellular thiol homeostasis that can lead to decreased

protein function and to the initiation of a cascade of events that can culminate in

cell death; (iii) acute co-exposure to ethanol+MDMA increases the hepatic

toxicity induced in vitro by MDMA, in primary cultured Wistar rat hepatocytes,

through a decrease in antioxidant defences, decrease in the cell energy stores,

increase in reactive species formation and increase in cell death by necrosis, in

an extent dependent on incubation temperature; (iv) acute in vitro exposure to

ethanol, in primary cultured Wistar rat hepatocytes, increases the metabolism of

MDMA to MDA, HMA and HMMA; (v) the toxic effects of the ethanol+MDMA

mixture are markedly increased under hyperthermic conditions.

Concluding, the co-consumption of ethanol and MDMA increases the

hepatotoxicity of ecstasy by an increase of the hyperthermic response

associated to consumption of this amphetamine derivative, a decrease of the

antioxidant defences and an increase of cell death through necrosis.

Abstract ________________________________________________________

XXVI

ABREVIATURAS

______________________________________________ Lista de Abreviaturas

XXIX

LISTA DE ABREVIATURAS ACTH hormona adrenocorticotrófica ou corticotrofina

ADH álcool desidrogenase

AG ácidos gordos

AIF factor indutor de apoptose

ALDH aldeído desidrogenase

AMPA ácido α-amino-3-hidroxi-5-metil-4-isoxazolpropiónico

AMPc adenosina monofosfato cíclica

ATP adenosina trifosfato

AUC área sob a curva

AVC acidente vascular-cerebral

BAT tecido adiposo castanho

bDNF factor neurotrófico derivado do cérebro

bFGF factor básico de crescimento dos fibroblastos

2-CB 4-bromo-2,5-dimetoxianfetamina

CD4+ células T auxiliares

CID coagulação intra-vascular disseminada

COMT catecol-O-metiltransferase

CRF factor libertador de corticotrofinas

CYP450 citocromo P450

DA dopamina

DAG diacilglicerol

DAS sulfureto dialílico

DAT transportador da dopamina

DEA Drug Enforcement Administration

DHA 3,4-diidroxianfetamina, α-metildopamina, α-MeDA

DHHA ácido 3,4-diidroxi-hipúrico

DHMA 3,4-diidroximetanfetamina, N-metil-α-metildopamina, N-Me-α-MeDA, HHMA

DHPA (3,4-diidroxifenil)acetona

DOB 4-bromo-2,5-dimetoxianfetamina

DXM dextrometorfano

ECATD Estudo sobre o Consumo de Álcool, Tabaco e Droga

ECG electrocardiograma

EMCDDA European Monitoring Center for Drugs and Drug Addiction

ESPAD European School Survey Project on Alcohol and Other Drugs

EtOH etanol, álcool etílico

EUA Estados Unidos da América

FAEE éster etílico de ácido gordo

FAS síndrome alcoólica fetal

Lista de Abreviaturas ______________________________________________

XXX

FBS soro bovino fetal

FSH hormona folículo-estimulante

GABA ácido γ-aminobutírico

GAT transportador do GABA

γ-GCS γ-glutamilcisteína sintetase

GH hormona do crescimento

GHB γ-hidroxibutirato

GI gastro-intestinal

GnRH hormona libertadora de corticotrofinas

GRF factor libertador da GH

GSH glutationa reduzida

GSSG glutationa oxidada

GST glutationa-S-transferase

HAP hidrocarbonetos aromáticos policíclicos

HAART Highly Active AntiRetroviral Therapy, terapia anti-retroviral altamente activa

HBSC/WHO Health Behaviour in School-aged Children/World Health Organization

HCV virus da hepatite C

HHMA 3,4-diidroximetanfetamina, N-metil-α-metildopamina, N-Me-α-MeDA, DHMA

5-HIAA ácido 5-hidroxi-indolacético

HIV vírus da imunodeficiência humana

HMA 4-hidroxi-3-metoxianfetamina

HMHA ácido 4-hidroxi-3-metoxi-hipúrico

HMMA 4-hidroxi-3-metoximetanfetamina

HMPA (4-hidroxi-3-metoxifenil)acetona

HSE elemento de choque térmico

HSF factor de choque térmico

HSP proteína de choque térmico

5-HT 5-hidroxitriptamina, serotonina

5-HTP 5-hidroxitriptofano

i.m. intra-muscular

i.p. intra-peritoneal

i.v. intra-venoso

IDT Instituto da Droga e da Toxicodependência

IFN-γ interferão γ

IGF-1 factor de crescimento insulin-like

IL interleuquina

IMAO inibidores da monoamina oxidase

IP3 inositol 1,4,5-trifosfato

IRC insuficiência renal crónica

ISRS inibidores selectivos da recaptação da serotonina

______________________________________________ Lista de Abreviaturas

XXXI

KET cetoconazol

LC50 concentração letal 50

LDH lactato desidrogenase

LH hormona luteinizante

LHRH hormona libertadora da hormona luteinizante

LPS lipopolissacarídeo

LSD dietilamida do ácido lisérgico

MAO monoamina oxidase

MBDB 3,4-metilenodioxi-α-etil-N-metil-fenetilamina, “Eden”

MDA 3,4-metilenodioxianfetamina

MDEA N-etil-3,4-metilenodioxianfetamina, “Eva”

MDHA ácido 3,4-metilenodioxi-hipúrico

MDMA 3,4-metilenodioximetanfetamina, ecstasy

α-MeDA α-metildopamina, 3,4-diidroxianfetamina, DHA

mEH epóxido hidrolase microssomal

MEOS sistema microssomal de oxidação do etanol

MLA metilicaconitina

MTA metanfetamina

NA noradrenalina

NAD+ dinucleótido de β-nicotinamida e adenina na forma oxidada

NADH dinucleótido de β-nicotinamida e adenina na forma reduzida

NADP+ fosfato do dinucleótido de β-nicotinamida e adenina na forma oxidada

NADPH fosfato do dinucleótido de β-nicotinamida e adenina na forma reduzida

NAPQI N-acetil-p-benzoquinonimina

NF-κB factor nuclear κB

NGF factor de crescimento neuronal

NK células exterminadoras naturais (natural killer)

NMDA N-metil-D-aspartato

N-Me-α-MeDA N-metil-α-metildopamina, 3,4-diidroximetanfetamina, HHMA, DHMA

NOS sintetase do monóxido de azoto

NT-3 neurotrofina 3

ONU Organização das Nações Unidas

p.o. per os

PAPS adenosina 3’-fosfato 5’-fosfossulfato

PCP fenciclidina

Pgp glicoproteína P

PI fosfatidilinositol

PI3K fosfatidilinositol-3-cinase

PIP2 fosfatidilinositol bifosfato

PIPAC piperonilacetona, (3,4-mitilenodioxifenil)acetona

Lista de Abreviaturas ______________________________________________

XXXII

PKA proteína cinase A

PLC fosfolipase C

PMA p-metoxianfetamina

PTH hormona da paratiróide

REDOX oxidação redução

RNS espécies reactivas de azoto

ROS espécies reactivas de oxigénio

s.c. sub-cutâneo

SERT transportador da serotonina

SIDA síndrome da imuno-deficiência adquirida

SNC sistema nervoso central

SNS sistema nervoso simpático

SOD superóxido dismutase

SULT sulfotransferase

T4 tiroxina

TG triglicerídeos

TGF-β factor de crescimento transformador β

TH triptofano hidroxilase

THC Δ9-tetraidrocanabinol

THF tetraidrofurano

TNF-α factor de necrose tumoral α

t-PA activador do plasminogénio do tipo tecidular

TR transcriptase reversa

UCP proteína desacopladora

UDP uridina difosfato

UE União Europeia

UGT uridina 5'-difosfato glucuronosiltransferase

VMAT transportador vesicular das monoaminas

PARTE I

INTRODUÇÃO e OBJECTIVOS

______________________________________________________ Introdução

3

1. INTRODUÇÃO

Desde o final da década 80, as drogas de abuso do tipo anfetamínico

têm-se tornado drogas recreativas populares 1. Dentro deste tipo de drogas, a

mais mediática é indubitavelmente a 3,4-metilenodioximetanfetamina (MDMA),

vulgarmente designada por ecstasy.

A popularidade da ecstasy pode ser explicada, em parte, pelos efeitos

que os utilizadores experimentam após o seu consumo 2 (ex.: euforia, aumento

da energia, aumento do desejo sexual, facilitação da interacção social), o que

levou a que o consumo de drogas sintéticas do tipo anfetamínico tenha vindo a

aumentar, quer entre os consumidores de droga, quer entre a população em

geral, com uma maior prevalência nas faixas etárias mais jovens.

O consumo desta droga, de fácil aquisição, constitui um risco

considerável tendo sido amplamente descritas várias reacções adversas

severas e inclusivamente fatais, que podem surgir como consequência directa

da acção tóxica deste composto, bem como devido ao facto do seu consumo

estar associado à adopção de outros comportamentos de risco (ex.: condução

sob a influência de drogas e prática de relações sexuais promíscuas e

desprotegidas). Assim, devido à sua prevalência e aos efeitos potencialmente

tóxicos associados, o consumo de MDMA é motivo de preocupação entre

educadores, meios de comunicação social, investigadores, clínicos e outros

prestadores de cuidados de saúde 2. O principal problema associado à

ocorrência de respostas tóxicas após o consumo de ecstasy reside na sua

enorme imprevisibilidade e variabilidade, o que indicia a existência de factores

de predisposição para a expressão de toxicidade. De facto, os efeitos

provocados pelo consumo de ecstasy poderão ser condicionados pela dose

ingerida, pela capacidade metabólica do indivíduo, pelas condições ambientais

em que ocorre o consumo e pelo co-consumo de outras substâncias. Estes

factores podem levar a alterações na formação de metabolitos activos e/ou

tóxicos e, potencialmente, originar interacções nefastas ou mesmo fatais. A

exposição do consumidor de ecstasy a outros compostos prende-se não só

com o padrão de policonsumo de substâncias lícitas e ilícitas que está

normalmente associado ao consumo desta droga de abuso, mas também à

ingestão de medicamentos (para intencionalmente modular os efeitos da

Introdução ______________________________________________________

4

ecstasy, ou durante regimes de tratamento) e à presença de vários compostos

(estimulantes ou não) que aparecem como contaminantes nas pastilhas de

ecstasy 3. O conhecimento da influência destes factores na toxicidade da

MDMA é fundamental para o estabelecimento de medidas de prevenção de

risco e de estratégias terapêuticas adequadas para o tratamento de

intoxicações.

Assim, na presente introdução far-se-á uma revisão da informação

disponível na literatura científica sobre as propriedades farmacocinéticas,

farmacodinâmicas e toxicológicas da MDMA, bem como da influência de vários

factores na ocorrência de reacções adversas a esta droga de abuso.

1.1. História da MDMA

A MDMA é uma das principais drogas de abuso actualmente

consumidas no cenário das festas rave, sendo conhecida por ecstasy.

Muitas publicações referem que a MDMA foi originalmente patenteada

como suppressor do apetite 4. No entanto, Cohen referiu em 1998 que a MDMA

foi patenteada na Alemanha em 1914 como um precursor de substâncias

farmacologicamente activas mas que nunca houve intenção de utilizá-la como

fármaco anoréctico 5, facto confirmado por Freudenmann e colaboradores em

2006 6.

A primeira referência acerca das propriedades psicoactivas da MDMA

em humanos foi publicada em 1978 pelo químico que a sintetizou, Alexander

Shulgin 7. Nos anos 80, a MDMA começou a ser utilizada em psicoterapia por

aumentar a auto-estima, a desinibição e a capacidade de introspecção do

paciente, facilitando a comunicação terapêutica e emocional, e criando

sentimentos de empatia entre paciente e terapeuta 5. Esta propriedade da

MDMA fez com que ela fosse incluída numa nova classe farmacológica: a dos

compostos entactogénios (do grego “contacto com o íntimo”) 8. Adicionalmente,

a MDMA tinha a vantagem de apresentar uma curta duração de acção,

adequada à duração das consultas. No entanto, ao ser administrada por via

oral em doses de 75 a 175 mg, a MDMA provocava, para além dos efeitos

entactogénicos pretendidos, efeitos simpaticomiméticos agudos como, por

______________________________________________________ Introdução

5

exemplo, aumento do ritmo cardíaco e da pressão arterial e ansiedade

transitória 9, 10.

Devido às propriedades da MDMA, a Organização das Nações Unidas

(ONU) estabeleceu, na Convenção sobre Substâncias Psicotrópicas de 1971,

que esta substância faria parte dos compostos de classe I devido ao seu

reduzido ou inexistente valor terapêutico e elevado potencial de abuso, que

constituem uma séria ameaça à saúde pública. Esta convenção estabelece,

assim a proibição da sua utilização, com a excepção de fins científicos ou de

situações médicas muito limitadas 11.

Seguindo as directivas da ONU, em 1985, a Drug Enforcement

Administration (DEA) dos Estados Unidos da América (EUA) também

classificou a MDMA como um composto de Classe I devido ao seu elevado

potencial de abuso, carência de aplicação clínica, falta de segurança para

utilização (mesmo sob supervisão médica) e também por surgirem evidências

de neurotoxicidade serotonérgica em ratos por acção da 3,4-

metilenodioxianfetamina (MDA) 12, um composto análogo e metabolito

maioritário da MDMA. Dada a controvérsia gerada em torno do seu potencial

terapêutico, esta classificação foi temporariamente alterada com a inclusão

deste composto numa classe menos restritiva (Classe III), sendo autorizado o

seu uso sob supervisão médica. No entanto, mais tarde, em 1988, a MDMA

voltou a ser incluída na Classe I, classificação que se mantém actualmente.

Desde os meados dos anos 80, a MDMA tornou-se popular como droga

de abuso, sobretudo entre as faixas etárias mais jovens, no contexto do

aumento da popularidade das festas rave ou techno onde o consumo desta

substância se generalizou, sobretudo na Europa 13. Actualmente ela pode ser

encontrada na maioria das festas rave 14. A sua grande popularidade, apenas

ultrapassada pela da Cannabis e derivados, deve-se aos seus efeitos

estimulantes, ao aumento do estado de vigília, à indução de sensação de bem-

estar e de sentimentos de confiança e empatia, à diminuição das inibições e a

uma falsa percepção de inocuidade 5.

Introdução ______________________________________________________

6

1.2. Relação estrutura/actividade da MDMA

A MDMA é um derivado anfetamínico (com substituição funcional no

anel aromático) estruturalmente semelhante à d-metanfetamina e à mescalina

(Figura 1), o que lhe confere propriedades estimulantes e alucinogénicas 15. No

entanto, estas propriedades alucinogénicas aparecem apenas para doses

muito elevadas de MDMA 16. A ausência de propriedades alucinogénicas

potentes da MDMA pode dever-se a algumas diferenças estruturais entre a

MDMA e os compostos alucinogénicos como (i) a substituição no anel

aromático nas posições 3 e 4 comparativamente às posições 3, 4 e 5 ou 2, 4 e

5, características dos compostos alucinogénicos, (ii) a presença de um grupo

metilo no grupo amina terminal (os derivados anfetamínicos mais potentes são

aminas primárias).

NHCH3

CH3

NH2H3CO

H3CO

OCH3

NHCH3

CH3

O

O

H

Figura 1. Estrutura química da metanfetamina, mescalina e do enantiómero farmacologicamente mais activo da 3,4-metilenodioximetanfetamina

Uma vez que apresenta um centro quiral, a MDMA pode existir na forma

de 2 enantiómeros distintos [S-(+)-MDMA e R-(-)-MDMA] e na forma de

racemato. O estereoisómero mais activo da MDMA é o S-(+)-MDMA

(responsável pelos efeitos psicoestimulantes e entactogénicos) enquanto que

Metanfetamina 3,4,5–trimetoxifeniletilamina (mescalina)

S-(+)-3,4–metilenodioximetanfetamina (MDMA, ecstasy)

______________________________________________________ Introdução

7

nos derivados anfetamínicos alucinogénicos, que não a MDMA, a potência do

esterioisómero R-(-) é maior 17. A presença do anel metilenodioxi aumenta a afinidade da MDMA para os

receptores serotonérgicos e diminui a afinidade para os receptores α2

adrenérgicos, relativamente à d-anfetamina 5.

A presença do grupo metilo no carbono α da cadeia alifática impede a

degradação do composto pela monoamina oxidase (MAO), o que explica a

acção mais potente das isopropilaminas (como a MDMA) relativamente aos

análogos com estrutura feniletilamina (como a mescalina) que são

preferencialmente metabolizados pela MAO-B 18.

1.3. Produção de MDMA

A produção mundial de ecstasy foi estimada em 113 toneladas em 2005 19. A Europa continua a ser o principal centro de produção de ecstasy, embora

a sua importância relativa pareça estar a decrescer, já que essa produção

alastrou a outras partes do mundo, nomeadamente à América do Norte e ao

leste e sudeste da Ásia. Na Europa, a ecstasy é sobretudo sintetizada na

Holanda (embora se observem, nesse país, alguns sinais de diminuição da

produção) e, em segundo lugar, na Bélgica 20.

1.4. Comercialização de MDMA

A ecstasy é vendida sob as designações de E, M, X, XTC, Adam, Ecky,

Bicky, rolls, beans, Clarity, lover’s speed, yaoto-wang, droga do abraço ou

droga do amor 5, na forma de pastilhas (de várias cores, formas e tamanhos),

cápsulas, pó 21 ou supositórios 22 (Figura 2). As pastilhas estão, normalmente,

identificadas com vários logótipos (ex.: Calvin Klein CK, Mitsubishi, 007, Coco

Chanel CC, Nike, Rolex, etc).

Introdução ______________________________________________________

8

Figura 2. Exemplos de pastilhas e cápsulas de ecstasy.

No período de 2000 a 2005, os preços médios de venda a retalho da

ecstasy, indexados à inflação, diminuíram na maioria dos países. Em 2005, o

custo médio na venda a retalho dos comprimidos de ecstasy na Europa variou

entre menos de 3 euros e 15 euros a unidade 20.

1.5. Farmacocinética da MDMA

A MDMA apresenta uma elevada biodisponibilidade por via oral, um

elevado volume de distribuição (cerca de 4L/kg) e uma baixa percentagem de

ligação às proteínas plasmáticas (inferior a 20%). O tempo de semi-vida da

MDMA varia entre as 6 e as 9 h, sendo a sua eliminação processada por via

hepática e renal 23-25.

Devido às suas características básicas (pKa ≅ 9.9) e ao seu peso

molecular relativamente baixo, este composto atravessa facilmente as

membranas das células e as camadas lipídicas, atingindo os tecidos ou fluidos

biológicos com pH mais acídico do que o sangue, incluindo a saliva e o suor 23.

1.5.1. Absorção

Os efeitos biológicos e as concentrações plasmáticas de MDMA

parecem seguir um perfil paralelo, com picos de concentração plasmática e de

efeito biológico a ocorrerem entre 1 e 2 horas após a ingestão e um declínio de

ambos até aos valores basais ao fim de 4 a 6 horas 24.

______________________________________________________ Introdução

9

A MDMA apresenta uma cinética linear para doses baixas, com um

aumento da concentração plasmática máxima e da área sob a curva (AUC,

concentração plasmática em função do tempo após administração) de uma

forma dependente da dose, para doses de 50, 75, 100 e 125 mg 24, 26. No

entanto, para doses de 150 mg, verificou-se que o aumento dos valores dos

parâmetros farmacocinéticos da MDMA não foi proporcional à dose

administrada, sugerindo uma cinética não linear para doses mais elevadas 26.

Esta observação pode ser explicada pela possível saturação das suas vias

metabólicas bem como pela interacção dos metabolitos com algumas das

enzimas envolvidas no metabolismo da MDMA, conduzindo à inibição das

mesmas 23. Aliás, foi já demonstrado que a MDMA em doses elevadas actua

como inibidor competitivo da CYP2D6 em microssomas de fígado humano 27,

mas que pode inclusivamente formar um intermediário metabólico por oxidação

da amina terciária ou do substituinte metilenodioxi da MDMA 28 que sofre

complexação com a enzima 29, envolvendo a formação de um carbeno e

levando a uma inibição irreversível da CYP2D6. Esta inibição pode ocorrer

durante a primeira hora após ingestão, sendo os valores basais da quantidade

de enzima apenas repostos após, pelo menos, 10 dias 30. Também a

recuperação urinária da MDMA é mais elevada para doses mais baixas, o que

se enquadra numa farmacocinética não linear 31. Esta aparente falta de

proporcionalidade entre a concentração plasmática esperada e a que é

observada após administração de doses elevadas de MDMA, aliada ao facto de

que muitos utilizadores de ecstasy a consomem em doses repetidas, faz

antever uma potenciação dos riscos de toxicidade desta substância por

aumento exagerado das suas concentrações plasmáticas 31. De facto, um

estudo clínico realizado por Farré e colaboradores em 2004 revelou que as

concentrações plasmáticas de MDMA atingidas após administração de uma

segunda dose de 100 mg de MDMA, administrada 24 h após uma dose

semelhante, não podiam ser explicadas pela simples acumulação da droga,

indiciando um fenómeno de auto-inibição metabólica com duração superior a

24 h 32. O mesmo facto foi já demonstrado em primatas não-humanos 33.

A biodisponibilidade da MDMA parece ser também condicionada por

fenómenos de estereoselectividade, uma vez que após administração oral de

uma dose única de MDMA na forma de racemato se observou que a

Introdução ______________________________________________________

10

concentração máxima plasmática do enantiómero R-(-)-MDMA era

significativamente maior do que a do enantiómero S-(+)-MDMA

(farmacologicamente mais activo), o qual era mais rapidamente eliminado 34, 35.

Estas diferenças estereoselectivas verificadas em humanos tinham sido

previamente verificadas em ratos 36.

1.5.2. Distribuição

Devido à sua baixa taxa de ligação às proteínas plasmáticas (inferior a

20%), a MDMA difunde facilmente do plasma para o compartimento extra-

vascular, apresentando um grande volume de distribuição 23. O enantiómero S-

(+)-MDMA é aquele que se distribui mais extensamente 34.

O perfil de distribuição da MDMA em humanos foi avaliado em estudos

post-mortem que mostraram que a MDMA se acumula em muitos tecidos e

órgãos onde atinge concentrações muito superiores às concentrações

plasmáticas, podendo ser até 18 vezes superiores no fígado 37, 38 e 30 vezes

superiores no cérebro 39.

1.5.3. Metabolismo

O metabolismo da MDMA (Figura 3) apresenta duas vias principais: (i)

abertura do anel metilenodioxi, seguida de metilação de um dos grupos

hidroxilo resultantes e/ou conjugação com o ácido glucurónico ou com o anião

sulfato 23, 26, 40-42 e (ii) desalquilação do grupo amina com formação da 3,4-

metilenodioxianfetamina (MDA) que retém acção biológica 43. A subsequente

desaminação e oxidação da cadeia lateral leva à formação de fenilcetonas,

posteriormente oxidadas a derivados do ácido benzóico 44, os quais, por sua

vez, são conjugados com a glicina e excretados na forma de derivados do

ácido hipúrico 31.

A principal via metabólica no rato e no homem passa pela abertura do

anel metilenodioxi da MDMA e da MDA dando origem a dois metabolitos

catecóis, a N-metil-α-metildopamina (N-Me-α-MeDA) e a α-metildopamina (α-

______________________________________________________ Introdução

11

MeDA), respectivamente 40. Ambos são posterioremente metilados pela enzima

catecol-O-metiltransferase (COMT), preferencialmente no grupo hidroxilo da

posição 4 do anel aromático. Estes metabolitos monometilados estão

maioritariamente presentes no plasma e urina na forma de conjugados com o

ácido glucurónico ou com o anião sulfato 26, 44-46.

Figura 3. Esquema das vias metabólicas da MDMA

As isoenzimas do sistema enzimático citocromo P450 (CYP450) têm um

papel preponderante na metabolização da MDMA, catalizando a

desmetilenação que leva à abertura do anel metilenodioxi e a N-desmetilação

(Figura 3). Esta desmetilenação pode ser catalizada pelas isoenzimas

CYP2D6, CYP1A2 e, em menor extensão, pelas isoenzimas CYP2B6 e

CYP3A4 40, 47, 48, mas pode também ocorrer sem catálise enzimática por um

processo de oxidação espontânea que envolve o radical hidroxilo 40, 49, 50. No

rato esta reacção é catalizada pelas isoenzimas CYP2D1 e CYP3A2 40. A N-

Introdução ______________________________________________________

12

desmetilação é catalizada, no Homem, pela isoforma CYP2B6 com

contribuição das isoenzimas CYP2D6, CYP1A2 e CYP3A4 e, no rato, pelas

isoenzimas CYP1A2 e CYP2D1 40, 47.

A presença do grupo catecol confere elevada reactividade a estes

metabolitos, que facilmente são oxidados originando as respectivas o-

quinonas. A oxidação das quinonas pode ainda levar à formação de

aminocromos 51 com subsequente formação de polímeros do tipo da melanina 52. Os ciclos de oxidação-redução associados a esta conversão metabólica 53

resultam na formação de espécies reactivas de oxigénio (ROS) e azoto (RNS)

que, tal como as quinonas, podem atacar grupos nucleófilos intracelulares

como a cisteína, a glutationa reduzida (GSH) e grupos sulfidrilo proteicos,

levando a alterações de macromoléculas importantes como proteínas, lípidos e

DNA 51, 54. Esta formação de ROS subsequente à metabolização da MDMA foi

já constatada em sinaptossomas isolados de estriado de ratinho 55, em

Escherichia coli sensiveis ao stress oxidativo por apresentarem deficiência na

proteína OxyR (importante na defesa contra agressões pró-oxidantes) 56, em

linhas celulares de neurónios granulares de cerebelo de rato 57, em células SK-

N-MC transfectadas com o transportador de serotonina humano 58, em células

Ito hepáticas 59, e também em culturas primárias de neurónios corticais obtidos

de embriões de ratos Wistar 60.

Os metabolitos quinónicos podem conjugar-se com uma molécula de

GSH formando um aducto que pode sofrer uma segunda conjugação com uma

nova molécula de GSH, num processo também acompanhado por formação de

ROS e RNS 61, 62 (Figura 4).

A metabolização da MDMA parece apresentar estereoselectividade, uma

vez que, quando se administra a mistura racémica por via subcutânea a ratos

ou por via oral a humanos, o enantiómero S-(+)- MDMA é metabolizado mais

rapidamente do que o R-(-)-MDMA 63-65. O enantiómero R-(-)-MDMA que não

for metabolizado, em conjunto com o excesso do enantiómero S-(+)-MDMA que

a enzima não conseguiu metabolizar, vão ser metabolizados por outras

isoenzimas que não a CYP2D6.

Uma vez que a MDMA é metabolizada predominantemente pela

isoforma CYP2D6 do complexo enzimático CYP450 66, está sujeita a ser alvo

de interacções farmacocinéticas/toxicocinéticas com outros compostos

______________________________________________________ Introdução

13

(fármacos, drogas de abuso, alimentos, etc) que partilhem ou afectem a

mesma via metabólica 67.

Figura 4. Oxidação dos metabolitos catecóis da MDMA a quinonas, semi-quinonas e aminocromos, e formação dos conjugados com a GSH.

A própria MDMA pode inibir a CYP2D6 mediante mecanismos que

incluem uma interacção competitiva e/ou a formação de um complexo entre os

metabolitos da MDMA e a enzima 26, 27, o que poderá explicar a sua

farmacocinética não-linear 68-70. Por este motivo, quando ingerida, a MDMA tem

a capacidade de transformar metabolizadores rápidos em metabolizadores

pobres para a dose subsequente, independentemente do genótipo.

Devido à presença do anel metilenodioxi, a MDMA sofre uma

metabolização mais extensa do que as anfetaminas-tipo, sendo menos

excretada sem biotransformação na urina 23. Cerca de 80% da MDMA é

Introdução ______________________________________________________

14

eliminada após metabolização hepática e cerca de 20% é excretada sem

biotransformação, na urina 23.

1.5.4. Excreção

A eliminação urinária da MDMA parece ser independente da dose 23,

sendo a maior parte excretada nas primeiras 24 h após o consumo 34.

O principal metabolito da MDMA excretado na urina é a 4-hidroxi-3-

metoximetanfetamina (derivado mono-metilado da N-Me-α-MeDA) seguido do

metabolito catecol N-Me-α-MeDA 71, maioritariamente na forma de conjugados

glucuronatos ou sulfatos 69. Para além da urina, a MDMA pode ser detectada

também na bile, suor, saliva, humor vítreo, cabelo e unhas 23, 68.

A excreção da MDMA é, também, estereoselectiva, sendo o isómero S-

(+)-MDMA (biologicamente mais activo) mais rapidamente excretado do que o

isómero R-(-)-MDMA 34, 65, 72.

Uma vez que a excreção renal deste composto com características de

base fraca é a principal via de eliminação, o seu tempo de semi-vida diminui

com a acidificação da urina e aumenta com a alcalinização da mesma. Por este

motivo, muitas vezes os consumidores de MDMA ingerem bicarbonato para

prolongar os efeitos da ecstasy.

1.6. Mecanismo de acção e principais efeitos da MDMA

A MDMA provoca, normalmente, um estado eufórico relaxado, incluindo

aumento da sensação de energia, abertura emocional, aumento da capacidade

de introspecção, empatia, redução de pensamentos negativos e uma

diminuição das inibições 23, 73-78. A percepção dos sons e das cores também

pode parecer mais intensa 74.

Os vários mecanismos envolvidos no aparecimento dos efeitos da MDMA

vão ser abordados de seguida.

______________________________________________________ Introdução

15

1.6.1. Efeito na libertação, transporte e receptores das monoaminas neurotransmissoras

A MDMA é um composto simpaticomimético de acção indirecta que

resulta da indução da libertação dos neurotransmissores simpáticos [serotonina

(5-HT), noradrenalina (NA), adrenalina e dopamina (DA)] a partir das vesículas

dos terminais nervosos e da medula supra-renal 79. Estes neurotransmissores

vão activar os respectivos receptores, resultando numa exacerbação da

estimulação simpática.

A MDMA induz preferencialmente a libertação de 5-

HT (Figura 5) tanto in vivo 80-82 como in vitro 83-86. A MDMA

liga-se ao transportador pré-sináptico da serotonina (SERT),

inibindo a recaptação neuronal da 5-HT presente na fenda

sináptica. Uma vez ligada ao transportador, a MDMA vai

aumentar a libertação de 5-HT por um processo de difusão por permuta 87, 88.

Após o transporte da MDMA para o interior do neurónio, o transportador fica

novamente livre para transportar a 5-HT do terminal nervoso para a fenda

sináptica 87. Este é um processo dependente do Ca2+ e é bloqueado pelos

inibidores do sistema de recaptação neuronal da 5-HT (ex.: fluoxetina,

imipramina) 87. Numa situação fisiológica, a 5-HT libertada para a fenda

sináptica deveria ser rapidamente recaptada para manter o controlo da

neurotransmissão. No entanto, quando a MDMA bloqueia o SERT, a 5-HT

acumula-se na fenda sináptica onde será degradada ou recaptada por outros

transportadores como os da dopamina (DAT) 58, 88.

Para além do efeito ao nível da recaptação neuronal da 5-HT, a MDMA

exerce também efeitos na captação vesicular da 5-HT. Em baixas

concentrações, a MDMA inibe a captação de 5-HT pelas vesículas, sendo este

efeito mais marcado para o estereoisómero S-(+)-MDMA 85, 90. Em altas

concentrações, a MDMA entra nas vesículas por difusão passiva 5 e, por ser

uma base fraca, aumenta o pH no interior das mesmas, promovendo o efluxo

de 5-HT, uma vez que esta é mantida no interior das vesículas através de um

gradiente de protões gerado por uma bomba de protões dependente de

adenosina trifosfato (ATP) 87.

Introdução ______________________________________________________

16

Figura 5. Mecanismo de acção biológica da MDMA ao nível dos neurónios serotonérgicos. A MDMA promove a libertação da 5-HT por permuta ao nível do transportador SERT (1). Para concentrações mais elevadas, a MDMA penetra nas vesículas sinápticas e promove a libertação da 5-HT nelas contida (2). O aumento da 5-HT deve-se também à inibição da degradação metabólica deste neurotransmissor pela MAO ao nível da mitocôndria (3), inibição do sistema de recaptação neuronal da 5-HT pelo SERT (4) e estimulação da libertação da 5-HT na fenda sináptica (5). Esta 5-HT libertada vai estimular receptores pós-sinápticos (6). No entanto a 5-HT tem mecanismos para evitar o aumento desmesurado dos seus níveis na fenda sináptica por auto-regulação da libertação da 5-HT pelos receptores pré-sinápticos (7), aumento da formação de metabolitos e produtos de auto-oxidação da 5-HT na fenda sináptica (8). A MDMA promove ainda a diminuição das reservas de 5-HT por provocar inibição da biossíntese da 5-HT pela triptofano hidroxilase (TH) (9). As setas descontínuas indicam inibição e as setas mais largas indicam indução. Figura adaptada de Carmo 2007 89.

A libertação de 5-HT vai activar receptores pré- e pós-sinápticos levando

à activação de múltiplos sistemas intracelulares que vão conduzir ao

aparecimento dos efeitos neuroquímicos e moleculares desta substância 88. A

activação dos receptores 5-HT1A parece ser responsável pela facilitação da

interacção social, pelo menos no rato 91. É importante referir que a estimulação

da libertação de 5-HT induzida pela MDMA provoca uma diminuição dos níveis

cerebrais de 5-HT que faz com que 2 dias depois do consumo de MDMA os

utilizadores apresentem estados de depressão 14.

Para além da acção indirecta da MDMA na estimulação da libertação de

5-HT, a própria MDMA apresenta afinidade para os receptores 5-HT podendo

______________________________________________________ Introdução

17

activá-los directamente. Esta afinidade da MDMA para os receptores da 5-HT

apresenta também estereoselectividade com maior potência do estereoisómero

R-(-)-MDMA para o receptor 5-HT2A e do estereoisómero S-(+)-MDMA para o

receptor 5-HT2C. Apesar de a activação dos receptores 5-HT2A estar

relacionada com as propriedades alucinogénicas das anfetaminas, a MDMA

tem um fraco carácter alucinogénico que pode dever-se à sua reduzida eficácia

neste receptor 5. Sendo a MDMA uma droga de abuso pró-serotonérgica, tem a

potencialidade de sofrer interacções farmacodinâmicas/toxicodinâmicas com

compostos que tenham o mesmo mecanismo de acção ou mecanismo de

acção antagónico 67, como por exemplo os antidepressivos inibidores da

recaptação da 5-HT (ex.:citalopram) ou alguns antipsicóticos (ex: clozapina),

respectivamente. Este potencial de interacção será abordado mais

detalhadamente no ponto 1.9.5.1.

O aumento de libertação da DA por acção da MDMA pode

resultar de: (i) reversão do transportador 84 e/ou (ii)

estimulação da síntese de DA através da acção agonista da

MDMA nos receptores 5-HT2A e 5-HT2C pós-sinápticos localizados nos

neurónios GABAérgicos, de cuja activação resulta uma diminuição dos níveis

do neurotransmissor ácido γ-aminobutírico (GABA) e consequente estimulação

da síntese e libertação de DA 82, 92-94. Este aumento da libertação de DA poderá

ter, também, como consequência, uma depleção dos seus níveis neuronais. De

facto, a administração de doses de 5, 10 ou 20 mg/kg de MDMA, em 4 dias

sucessivos, levou a um decréscimo nos níveis de DA e 5-HT, no núcleo

estriado de ratinho, 24 h após a última administração 95. No entanto, não se

observaram alterações quando estas doses foram administradas em dias

alternados e os níveis de monoaminas foram medidos após 48 h 95. Também

vários estudos tentaram relacionar a diminuição dos níveis estriatais de DA

com os efeitos neurotóxicos a longo termo da MDMA e verificaram uma perda

de DA estriatal dependente da dose 7 dias após o tratamento de ratinhos com

3 doses de 20 ou 30 mg/kg 96, 97.

Quanto ao sistema adrenérgico, a nível central, a

MDMA bloqueia os receptores adrenérgicos α2 pré-

sinápticos, levando ao aumento da pressão sanguínea em

humanos 5. A nível periférico, a MDMA tem uma acção agonista directa e

Introdução ______________________________________________________

18

indirecta nestes receptores, responsável por uma

vasoconstricção periférica, dilatação das pupilas, aumento

da salivação, diminuição da secreção de enzimas

pancreáticas e de insulina, retenção urinária, diminuição da motilidade gástrica

e piloerecção em humanos 98.

Devido a esta acção estimulante da MDMA na libertação de

catecolaminas, a exposição repetida a este derivado anfetamínico depleta as

reservas dos referidos neurotransmissores, diminuindo os efeitos biológicos

desta droga de abuso quando administrada repetidamente (tolerância aguda) 23.

A MDMA pode ainda activar receptores nicotínicos da acetilcolina

no músculo esquelético 99 e em várias áreas cerebrais 100, 101.

Uma vez que este tipo de receptores está implicado no

desenvolvimento de patologias psiquiátricas como a esquizofrenia

e está relacionado com a função cognitiva, a interacção das anfetaminas com

estes receptores, a nível central, poderá contribuir para as perturbações

psiquiátricas e cognitivas que aparecem após consumo crónico destas

substâncias 101, 102. A utilização de antagonistas específicos de receptores

nicotínicos contendo as subunidades β2 e α7 inibiu completamente o stress

oxidativo induzido pela MDMA em preparações de sinaptossomas de estriado

de ratinho, prevenindo a sua neurotoxicidade neste modelo animal 55, 103, 104. A

MDMA interage directamente com os receptores nicotínicos, especialmente

com os subtipos heterodiméricos, o que parece ter influência no efeito da

MDMA nos DAT, uma vez que a inibição da recaptação da DA induzida pela

MDMA é atenuada pela metilcaconitina e pela memantina (antagonistas α7), e

em menor extensão pela diidro-β-eritroidina (antagonista β2).

A hiperactividade induzida pela MDMA tem sido relacionada com a

libertação de 5-HT 5, 105, o que foi demonstrado pela utilização de vários

agonistas e/ou antagonistas da 5-HT e com receptores da 5-HT mutantes 106-

111. Existe também evidência de que os receptores da dopamina (D1, D2 e

talvez D3) contribuem para os efeitos hiperlocomotores da MDMA 112, 113, uma

vez que o aparecimento destes efeitos sofre um atraso quando se administra

um antagonista dos receptores D1 e são completamente abolidos quando se

______________________________________________________ Introdução

19

administra um antagonista dos receptores D2 114. Finalmente, uma contribuição

dos receptores α-adrenérgicos na hiperactividade induzida pela MDMA é

também possível 115 devido à activação de receptores α1-adrenérgicos ao nível

do córtex pré-frontal e das áreas ventrais-tegmentais 116.

Estas alterações comportamentais produzidas pela exposição à MDMA

são, também elas, condicionadas por variações estruturais nas moléculas dos

metabolitos da MDMA, uma vez que os conjugados da GSH com a α-MeDA (5-

glutation-S-il-α-MeDA e 6-glutation-S-il-α-Me-DA) apresentam, em ratos,

diferente actividade. Foi já verificado que apenas o regioisómero 5-GSH-α-

MeDA provoca alterações comportamentais, aparentemente de tipo

dopaminérgico (bruxismo, tremores, hiperlocomoção e clonus), sendo o

regioisómero da posição 6 comportamentalmente inactivo 117.

1.6.2. Inibição da monoamina oxidase (MAO)

Para além de aumentar a libertação e diminuir a recaptação das

catecolaminas, a MDMA, em doses elevadas, impede a sua inactivação

metabólica ao inibir competitivamente a MAO (Figura 5), prolongando, assim, a

estimulação simpática. A MDMA inibe preferencialmente a MAO-A (com mais

afinidade para a 5-HT), mas também tem capacidade para inibir a MAO-B 118.

Para doses mais baixas de MDMA (não inibitórias) a MAO está envolvida na

metabolização da DA e da 5-HT, levando à formação de espécies reactivas da

dopamina e de H2O2. Logo, concentrações mais elevadas de MDMA, capazes

de inibir a MAO, parecem diminuir a agressão oxidativa derivada da actividade

desta enzima sobre as monoaminas 55, 119.

1.6.3. Inibição da triptofano hidroxilase (TH)

A MDMA tem a capacidade de inibir a enzima limitante da síntese da 5-

HT, a triptofano hidroxilase (TH) 120 (Figura 5), provavelmente por um

mecanismo que envolve a inactivação dos grupos sulfidrilo desta enzima pelos

Introdução ______________________________________________________

20

metabolitos quinónicos da MDMA 5. Este mecanismo parece ser potenciado

pelo efeito hipertérmico induzido in vivo pela MDMA, possivelmente como

resultado do aumento da formação de espécies radicalares 5. A inibição da TH

pode perdurar durante semanas após a administração de uma única dose de

MDMA a ratos 5.

1.6.4. Alterações da expressão genética

A MDMA induz a proteína c-fos, uma proteína reguladora da expressão

de genes que codificam para neuropéptidos e proteínas essenciais a nível

neuronal e que parece estar envolvida na resposta celular ao stress e na morte

celular via apoptose 88. O aumento desta proteína ao nível das amígdalas

central e basolateral parece estar envolvido no perfil ansiogénico da MDMA em

ratinhos 121.

A MDMA parece, também, diminuir a expressão de genes como o que

codifica para a sinaptotagmina IV (proteína reguladora da secreção de

neurotransmissores, do transportador vesicular e da adesão das vesículas à

membrana plasmática) 88.

Verificou-se, em ratinhos, que a MDMA induziu o mRNA dos

transportadores do GABA (GAT1 e GAT4) 88. A expressão de outros genes

relacionados com a neurotransmissão GABAérgica, incluindo as proteínas do

citosqueleto da família das septinas e distorfinas, é diminuída pela MDMA, o

que ilustra o papel essencial deste neurotransmissor na actividade da MDMA a

nível neuronal 88.

A MDMA regula, ainda, os níveis de mRNA que codificam para a

proteína desacopladora mitocondrial UCP3 no músculo esquelético de rato 122.

O efeito da MDMA nesta proteína pode contribuir para o efeito hipertérmico da

MDMA, uma vez que a UCP3 tem um papel importante no mecanismo de

termogénese, actuando ao nível da dissipação do gradiente electroquímico de

protões na mitocôndria, favorecendo a libertação de energia sob a forma de

calor 123. Este efeito da MDMA será abordado em mais detalhe no ponto 1.6.6.

______________________________________________________ Introdução

21

1.6.5. Efeito neuroendócrino

A administração de MDMA leva a um aumento dos níveis séricos de

corticosterona, prolactina, renina, aldosterona e tiroxina (T4) em ratos 5, 122 e de

cortisol, prolactina 24, 124, 125, hormona adrenocorticotrófica (corticotrofina ou

ACTH) e hormona antidiurética (ou vasopressina) em humanos 31, 125, 126.

O aumento da secreção de corticosterona, aldosterona e renina parece

ser mediado pela estimulação serotonérgica resultante da administração de

MDMA 5, uma vez que a libertação de algumas destas hormonas também é

aumentada pela administração de agonistas serotonérgicos 127-130. Esta

resposta aos agonistas serotonérgicos está significativamente diminuída nos

consumidores crónicos de MDMA 127-130 embora, no caso particular do cortisol,

a resposta tenha sido recuperada após um ano de abstinência do uso de

MDMA 127. O mesmo não se verificou com a prolactina, o que sugere que os

efeitos neurotóxicos da MDMA nos terminais serotonérgicos são prolongados

e, provavelmente, dependentes do tipo de receptor serotonérgico em causa,

uma vez que a libertação de prolactina é regulada pela activação de receptores

5-HT1A enquanto o efeito na secreção do cortisol parece ser mediado pelos

receptores 5-HT2C 127.

Estudos in vitro utilizando hipotálamo isolado de rato indicam que a

MDMA e alguns dos seus metabolitos têm também a capacidade de aumentar

a libertação de oxitocina e vasopressina num modo dependente da dose 131.

Este aumento foi já observado em consumidores de MDMA 132. A MDMA,

mediante a activação dos receptores 5-HT1A, activa os neurónios dos núcleos

supraóptico e paraventricular do hipotálamo que contêm oxitocina, levando a

um aumento da libertação desta hormona e, consequentemente, dos seus

níveis plasmáticos. A hormona oxitocina desempenha um papel preponderante

nas relações sociais, apego e confiança 133 e a interacção oxitocina-DA pode

também influenciar a aquisição e expressão de comportamentos de procura de

drogas de abuso. Daí que a oxitocina possa desempenhar um papel

importante, embora ainda pouco explorado, na adição ao consumo de droga 134. Portanto, o efeito da MDMA na libertação da oxitocina poderá desempenhar

um papel de extrema importância nos efeitos pro-sociais da MDMA e estar na

base das propriedades de reforço positivo desta droga de abuso 135.

Introdução ______________________________________________________

22

A MDMA altera também os níveis hipotalâmicos e gonadais das

hormonas do eixo hipotálamo-hipófise-gónada em ratos macho, com

diminuição dos níveis de mRNA que codifica para a hormona hipotalâmica

libertadora de gonadotrofina (GnRH) que medeia a libertação das

gonadotrofinas FSH (hormona folículo-estimulante) e LH (hormona

luteinizante), e dos níveis séricos de testosterona 136.

No entanto, os dados obtidos por Allott e colaboradores, em 2008, não

confirmam a premissa de que o consumo de ecstasy resulta numa

desregulação mensurável do controlo serotonérgico da actividade endócrina,

uma vez que não se detectaram diferenças entre os consumidores de ecstasy

e os não-consumidores nas respostas neuroendócrinas, após estimulação

serotonérgica 137.

1.6.6. Alterações no sistema termorregulador

A MDMA interfere no sistema de termorregulação, podendo provocar

uma elevação acentuada da temperatura corporal (no rato a temperatura basal

pode sofrer um aumento de até 2ºC) cujo pico ocorre entre 40 a 60 min após a

administração 80, 138-141. O aumento da temperatura corporal após

administração de MDMA foi já observado em ratinhos 142, ratos 139, cobaios 143,

macacos 144 e humanos 31. Este efeito hipertérmico da MDMA varia com a

estirpe de animal utilizada, com a dose administrada, e é altamente

dependente da temperatura ambiente, uma vez que a mesma dose de MDMA

induz um efeito hipotérmico a baixa temperatura ambiente, e um efeito

hipertérmico a temperatura ambiente normal (20-22ºC) ou elevada (30-33ºC) 138, 139, 142.

O efeito hipertérmico da MDMA é também enantioselectivo, uma vez que

a MDMA racémica e o enantiómero S-(+)-MDMA são capazes de produzir

hipertermia, o mesmo não se verificando com o enantiómero R-(-)-MDMA 145.

A hipertermia resultante do consumo de MDMA pode dever-se à sua

acção no centro termorregulador do SNC e à vasoconstricção periférica dos

vasos sanguíneos cutâneos 146. No entanto, esta resposta hipertérmica no

homem parece ser também influenciada pelo aumento da actividade muscular

______________________________________________________ Introdução

23

associado à dança intensa, pela desidratação e pela elevada temperatura

ambiente em locais frequentemente sobrelotados 31.

Os mecanismos subjacentes a esta resposta hipertérmica podem ser

múltiplos. Apesar de normalmente o aumento da temperatura corporal envolver

a activação de vias serotonérgicas, o efeito hipertérmico da MDMA parece ser

mediado pelo aumento da libertação de DA. De facto, o aumento da

temperatura corporal foi já revertido em ratos com a administração de um

antagonista dos receptores D1 da DA 80, ao contrário do que aconteceu com os

antagonistas dos receptores serotonérgicos (ex.: ritanserina, metisergilide) e

com os inibidores da recaptação da 5-HT (ex.: fluoxetina) 80, 147-149. Da mesma

forma, a depleção dos níveis cerebrais de 5-HT não alterou a resposta

hipertérmica induzida pela MDMA 150. No entanto, a 5-HT parece ter um papel

importante na modulação da libertação da DA 151 e parece também influenciar

a resposta hipertérmica devido aos seus efeitos nos mecanismos de dissipação

de calor 149.

Mecanismos noradrenérgicos podem também contribuir para este efeito

hipertérmico da MDMA, nomeadamente via receptores α-adrenérgicos 152,

existindo evidência de que a activação de receptores GABAB reverte este efeito 153.

Adicionalmente, a MDMA induz um ligeiro aumento nos níveis séricos de

T4 em roedores e primatas, a qual desempenha um papel modulador na

termogénese induzida pela MDMA através da regulação da expressão da

UCP3 e/ou a síntese de receptores adrenérgicos 154. A activação dos

receptores adrenérgicos α1 e β3 pela NA libertada por acção da MDMA, no

músculo esquelético e no tecido adiposo castanho, por um mecanismo

dependente da adenosina monofosfato cíclica (AMPc), leva a um aumento da

disponibilidade de ácidos gordos (AG) livres e, consequentemente, à produção

de calor e desnaturação proteica pela UCP3 presente nas mitocôndrias do

músculo esquelético 155 (Figura 6).

Introdução ______________________________________________________

24

Figura 6. Hipótese integrada para os efeitos termogénicos e mionecróticos da MDMA. Neste modelo, o aumento robusto nos níveis plasmáticos de NA activa os receptores adrenérgicos α1 e β3 no tecido muscular esquelético. A activação dos receptores β3 aumenta os níveis intra-celulares de AMPc que vão activar a proteína cinase A (PKA) que, por sua vez, estimula , por fosforilação, a actividade da lipase hormono-dependente, aumentando a conversão dos triglicerídeos em ácidos gordos (AG) livres. Os AG livres fornecem os protões necessários para a ocorrência do desacoplamento mitocondrial. À medida que a temperatura do músculo aumenta, as proteínas desnaturam e pode surgir rabdomiólise como resultado da perda de integridade do músculo esquelético. A activação dos receptores α1 aumenta os níveis de cálcio intra-celulares num mecanismo dependente da fosfolipase C (PLC) que activa o fosfatidil inositol bifosfato (PIP2) a diacilglicerol (DAG) e inositol 1,4,5-trifosfato (IP3). O papel do cálcio intra-celular na activação da UCP ainda não é bem conhecido. As hormonas da tiróide desempenham um papel permissivo na regulação da expressão genética e proteica da UCP3. SNS, sistema nervoso simpático. Adaptado de Mills 2004 154.

A resposta hipertérmica requer a activação e translocação para o núcleo

de proteínas transreguladoras (os factores de choque térmico ou HSFs,

nomeadamente o HSF-1) que se ligam ao elemento do choque térmico (HSE)

do DNA, mediando a transcrição de genes responsáveis pela síntese de

proteínas de choque térmico ou HSPs 156. Assim, quando se verifica uma

resposta hipertérmica associada ao consumo de MDMA ocorre um aumento da

______________________________________________________ Introdução

25

expressão da HSPs, nomeadamente da HSP70, que pretende proteger os

terminais serotonérgicos da lesão prolongada produzida pela MDMA. Este

aumento de expressão da HSP70 depende da indução da resposta

hipertérmica pela droga e não da libertação de 5-HT nem da formação de

radicais hidroxilo 157. A resposta hipertérmica induzida pela MDMA é

potenciada quando os animais são previamente expostos a doses neurotóxicas

desta substância 147, o que pode ter implicações para os utilizadores de MDMA

que tenham danificado neurónios serotonérgicos devido ao consumo anterior

desta droga.

Em humanos, a presença de alterações prolongadas na termorregulação

associadas ao consumo prolongado ou em altas doses da MDMA pode

provocar consequências clínicas severas 158 ou mesmo fatais 159.

O aparecimento de resposta hipertérmica é extremamente variável, pois

é dependente das características ambientais e do indivíduo, uma vez que

existem casos em que (i) não se desenvolve resposta hipertérmica à MDMA,

(ii) apenas uma pastilha pode desencadear uma resposta hipertérmica fatal 14,

ou (iii) o indivíduo sobrevive, mesmo depois de dar entrada no serviço de

urgências com uma temperatura corporal de 42,9ºC após ter ingerido três

pastilhas de MDMA 160.

1.6.7. Efeito no fluxo sanguíneo e actividade cerebral

Em humanos, a MDMA tem uma capacidade moderada de alterar o fluxo

sanguíneo e a actividade cerebral de determinadas regiões do cérebro 5, 161.

Esta alteração do fluxo sanguíneo cerebral parece ser mediada pela influência

da MDMA na libertação de 5-HT, a qual está envolvida na sua regulação

fisiológica.

1.7. Efeitos tóxicos da MDMA

A MDMA tornou-se uma droga de abuso popular devido aos seus efeitos

estimulantes intensos e porque se acreditava que teria efeitos tóxicos

Introdução ______________________________________________________

26

negligenciáveis. No entanto, um crescente número de intoxicações severas e

fatais associadas ao consumo de drogas sintéticas tem sido descrito 38,

havendo também estudos que apontam para que um número significativo de

acidentes de viação possa ser causado por indivíduos intoxicados com

compostos anfetamínicos 3, 13, 162, 163.

Os efeitos tóxicos da MDMA nem sempre estão relacionados com as suas

acções biológicas, têm normalmente uma origem multifactorial e parecem ser

exacerbados pelas variáveis ambientais associadas ao contexto de utilização

desta droga (ambientes fechados, sobrelotados, com elevadas temperaturas

ambientais, com música em elevados decibéis e repetitiva) 164. No entanto,

intoxicações provocadas por exposição à MDMA fora deste contexto

constituem provas da acção tóxica directa deste composto. Por exemplo, a

intoxicação de uma criança de 8 meses 165, uma de 13 meses 166 e outra de 20

meses 167 que ingeriram acidentalmente uma pastilha/cápsula de ecstasy, ou

de um indivíduo paraplégico 168 que consumiu deliberadamente um pastilha de

ecstasy.

Aliado a esta origem multifactorial que condiciona o aparecimento de efeitos

tóxicos está, ainda, a grande variabilidade inter-individual associada ao perfil

farmacocinético desta substância. Este fenómeno pode estar na origem da

existência de intoxicações fatais com a ingestão de um único comprimido 169,

intoxicações graves em que o indivíduo sobreviveu após ingerir 30

comprimidos 170, ou 18 comprimidos 171 e de um caso praticamente

assintomático após ingestão de 42 comprimidos 159.

Assim, os efeitos adversos agudos da MDMA (incluindo a morte) estão

relacionados com as características do consumidor, a dose ingerida, a

frequência do consumo, a ingestão de outras substâncias e ainda das

condições ambientais nas quais ocorre o consumo 172.

Os principais efeitos tóxicos associados ao consumo de MDMA serão

abordados de seguida.

______________________________________________________ Introdução

27

1.7.1. Efeitos tóxicos agudos

Tipicamente, os efeitos tóxicos agudos da MDMA em humanos incluem:

aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca 173, palpitações, náuseas,

vómitos, xerostomia, midríase, arrepios, sudação, tremores, trismo (cerrar dos

maxilares), bruxismo (ranger dos dentes que conduz a um maior desgaste

dentário nos utilizadores 174), dor ou tensão muscular, hiper-reflexia, sensação

súbita de frio ou calor, nistagmo (oscilações oculares involuntárias),

inquietação, irritabilidade e insónia 5, 13, 23, 73.

Podem também surgir intoxicações moderadas caracterizadas por:

hiperactividade, ansiedade, taquicardia, hipertensão, aumento da temperatura

corporal, confusão, ataques de pânico, delírio e episódios psicóticos com

alucinações breves que desaparecem após o término da acção da MDMA 23, 31.

Um dos principais sintomas de intoxicação aguda pela MDMA é a

hipertermia, através dos mecanismos acima referidos 23. Têm sido descritos

casos em que a temperatura corporal atingiu 43ºC 5, 175, apesar de a

temperatura de 42ºC ser considerada fatal. A hipertermia pode dar origem a

complicações graves e frequentemente fatais que incluem rabdiomiólise,

mioglobinúria, coagulação intravascular disseminada (com consequente

necrose dos tecidos) e falência renal aguda 5, 176.

Para além da hipertermia e das complicações a ela associadas, a MDMA

pode ainda provocar outros efeitos tóxicos agudos como a trombocitopenia,

leucocitose tardia, acidose, hipoglicemia, congestão pulmonar, edema e

toxicidade hepática (hepatite fulminante e necrose hepática) 159, 169, 177-181.

Outros efeitos potencialmente fatais incluem acidentes vasculares cerebrais

isquémicos e hemorrágicos (hemorragia subaracnóide, hemorragia

intracraniana, enfarte cerebral e trombose cerebral), bem como atrofia cerebral,

que podem surgir como resultado da hipertensão, angeíte cerebral ou

desidratação associadas ao consumo de MDMA 179, 182-184.

A lesão hepática induzida pela MDMA pode apresentar vários padrões

que variam de formas benignas análogas a hepatites virais 185, 186 até formas

graves com falência hepática aguda resultante de necrose hepática extensa 159,

182, 187 ou mesmo falência hepática fulminante, que obriga a recorrer a

transplante hepático ou que pode ser fatal 186-190. Este efeito pode resultar da

Introdução ______________________________________________________

28

toxicidade apresentada pela MDMA em hepatócitos 191-193 e em células Ito 59 e

podem surgir como consequência da hipertermia induzida pela MDMA que

desencadeia fenómenos de stress oxidativo com consequente oxidação lipídica

e/ou proteica, conduzindo a lesões celulares 194. No entanto, pode ocorrer

aparecimento de dano hepático sem que se verifique hipertermia e a extensão

deste dano aumenta, aparentemente, com a exposição repetida, num

fenómeno que parece estar relacionado com o desenvolvimento de

mecanismos imunológicos de tipo auto-imune 194.

As espécies reactivas formadas durante o metabolismo da MDMA e das

catecolaminas libertadas como resultado da sua acção simpaticomimética

podem levar a um aumento da activação do factor nuclear kappa-B (NF-κB),

um dos factores de transcrição envolvidos na activação de genes de resposta

imediata a estímulos deletérios e inflamatórios 195. O NF-κB pode influenciar o

desenvolvimento de processos inflamatórios, bem como a regulação da

expressão de enzimas antioxidantes, condicionando o balanço entre

manutenção da homeostasia e resposta tóxica à MDMA, tal como já foi

demonstrado a nível cardíaco 196 ou hepático 59.

A MDMA pode ainda induzir uma disfunção imunológica transitória

dependente dos seus níveis plasmáticos com diminuição do número de

linfócitos T helper (CD4+) e um aumento do número de células natural killer

(NK) 197, 198. Esta disfunção é potenciada e prolongada pela administração

repetida de MDMA 199, uma vez que os utilizadores crónicos de MDMA

apresentam uma diminuição quer do número de células NK quer do número de

células CD4+, o que permite antever uma maior susceptibilidade a infecções e

a patologias imunológicas dos indivíduos que consomem cronicamente MDMA 200.

Podem surgir, também, alterações retinianas, uma vez que a MDMA

parece levar a um aumento da apoptose em células da retina devido à

agressão pró-oxidante exercida por esta substância 201.

Um quadro de falência renal aguda é também possível 190, 202 e pode

resultar dos efeitos tóxicos da MDMA sobre as células dos túbulos renais 203.

Pode ainda surgir uma complicação rara e potencialmente fatal denominada

hiponatrémia que surge normalmente associada à ingestão excessiva de água

e/ou à secreção inapropriada de vasopressina 31, 182, 204-212. A hiponatrémia

______________________________________________________ Introdução

29

pode ocorrer porque a MDMA induz um aumento na libertação da vasopressina 213 que leva a uma diminuição plasmática de sódio, a qual pode ser agravada

com a ingestão de grandes quantidades de água e culminar em edema

cerebral 13, 214, 215. Por último, para doses mais elevadas, a MDMA pode

provocar também retenção urinária, o que poderá exacerbar a hiponatrémia 216.

Este efeito hiponatrémico da MDMA parece dependente do seu metabolismo 217, sendo a HMMA (que resulta da metilação da DHMA pela COMT) o

metabolito que parece apresentar uma maior capacidade de provocar um

aumento da libertação de vasopressina 131.

Para além destes efeitos tóxicos imediatos, a administração aguda de

MDMA pode ainda originar o aparecimento de efeitos tóxicos de longa duração

que podem persistir até sete dias após o consumo e incluem fadiga,

irritabilidade, ansiedade, temperamento depressivo, insónia, tonturas e tensão

muscular 13, 31. No entanto, estudos recentes sugerem que a maioria das

pessoas que consomem MDMA não apresentam sintomatologia depressiva a

longo prazo 218. O aparecimento de perturbações psicopatológicas (depressão,

perturbações psicóticas, alterações cognitivas, episódios bulímicos, alterações

impulsivas, crises de pânico e fobia social) parece estar relacionado com a

quantidade, a duração e a frequência do consumo de MDMA 219. Esta redução

da capacidade de interacção social após o consumo de MDMA parece não ser

mediado por alterações compensatórias dos receptores 5-HT2C, uma vez que a

capacidade de resposta a um indutor 5-HT2C é semelhante em animais

expostos e não expostos à MDMA, não se verificando diminuição da densidade

dos mesmos 220.

1.7.2. Efeitos tóxicos a longo prazo

Os efeitos tóxicos a longo prazo da MDMA surgem associados à

utilização crónica desta droga de abuso e incluem o desenvolvimento de uma

síndrome que afecta o maxilar inferior, erosão dentária e dor miofacial que

surgem em resultado do bruxismo e do trismo 179.

Existe também a possibilidade de desenvolvimento de anemia aplástica,

mas aparentemente é uma complicação reversível 179.

Introdução ______________________________________________________

30

O consumo crónico de MDMA pode ainda levar ao agravamento dos

seus efeitos hepatotóxicos com o desenvolvimento de fibrose hepática

progressiva 221 que parece estar relacionada com o aumento da produção de

colagénio tipo I pelas células Ito induzido pela MDMA, provavelmente através

de um mecanismo que envolve fenómenos de stress oxidativo nestas células 222.

O efeito tóxico a longo prazo da MDMA mais preocupante é a sua

neurotoxicidade que parece afectar selectivamente o sistema serotonérgico,

envolvendo um mecanismo independente da dopamina 223, sendo os axónios

do núcleo rafe dorsal (nucleus raphe dorsalis), ricos em receptores 5-HT2,

particularmente sensíveis 4, 224-229. Esta lesão não provoca um aumento

compensatório da síntese de 5-HT nos terminais remanescentes 230. De facto,

verifica-se uma redução da densidade dos locais de recaptação de 5-HT que

parece correlacionar-se com a duração do consumo da MDMA 226, 231-242. Estas

alterações não foram verificadas ao nível dos neurónios dopaminérgicos 234, 235,

uma vez que não se detectam défices de DA, NA e dos seus metabolitos

associados ao consumo de ecstasy 120. Existem, contudo, diferenças inter-

espécies, já que no ratinho a MDMA é uma neurotoxina dopaminérgica 243.

Há autores que defendem que a diminuição da função serotonérgica não

será uma consequência, mas sim uma causa do consumo de MDMA 244, 245,

uma vez que o comportamento impulsivo e a procura de drogas de abuso

parecem estar associados a alterações da função serotonérgica 245. Esta lesão

serotonérgica parece ser responsável pelo aparecimento de perturbações

psicopatológicas 246, 247, aparentemente reversíveis após um longo período de

abstinência, embora possam persistir algumas sequelas 227. O mecanismo

envolvido nesta neurotoxicidade ainda não foi completamente esclarecido. No

entanto, parece estar relacionado com a formação de ROS e RNA durante o

metabolismo da MDMA ou durante a auto-oxidação das monoaminas

neurotransmissoras libertadas por acção desta substância 248, e com a

hipertermia induzida pela MDMA 50, 249. Por este motivo, a indução de

hipotermia recorrendo a meios farmacológicos ou não farmacológicos tem a

capacidade de reduzir ou prevenir a neurotoxicidade da MDMA 249, 250. O stress

oxidativo causado pela MDMA, que parece estar na base da sua

neurotoxicidade, pode ser também mediado pela formação de aductos entre os

______________________________________________________ Introdução

31

metabolitos activos e a glutationa 54. Quando as alterações das funções

serotonérgicas causadas pela MDMA se verificam ao nível do lobo occipital

(responsável pela visão periférica contralateral), podem surgir alterações nos

processos visuais 251, incluindo défices na capacidade visuoespacial 252.

Outras alterações relacionadas com o consumo prolongado de MDMA

incluem a diminuição do metabolismo da glucose no hipocampo esquerdo e

alterações do EEG para padrões semelhantes aos observados em processos

de envelhecimento e demência 253, 254.

O uso crónico de MDMA foi também já associado a problemas do sono 255-257 e a vários problemas psicopatológicos, incluindo disfunções alimentares 219 e cardíacas 258.

Pode surgir falência renal crónica associada ao consumo de MDMA por

provocar angeíte necrosante a nível renal 259.

O facto da MDMA ser consumida por mulheres em idade fértil tem

suscitado preocupações relativamente às consequências de um possível efeito

tóxico a nível embrionário. Um estudo prospectivo realizado no Reino Unido em

1998 revelou a ocorrência de várias malformações e de casos de

prematuridade e aborto espontâneo, acima da média da população em geral,

nos recém-nascidos de mães consumidoras de MDMA 260. Este aumento do

risco de problemas durante a gestação quando a grávida consome anfetaminas

é já bem documentado em estudos com animais 261. Por este motivo, o abuso

destes compostos durante a gravidez, dependendo do estilo de vida da mãe,

está associado a um aumento do risco de ocorrência de parto prematuro, nado-

morto e atraso no crescimento intra-uterino 261-263.

Os fenómenos de dependência associados à MDMA são pouco

prováveis devido ao rápido desenvolvimento de tolerância aos efeitos

pretendidos, acompanhado de uma intensificação dos efeitos laterais

desagradáveis como o bruxismo, ansiedade e agitação 22, 264-266.

1.7.3. Mortes associadas ao consumo de MDMA

As mortes em que a ecstasy é mencionada como agente causal são

pouco frequentes. Como exemplo, no Reino Unido, no ano de 1996, a

Introdução ______________________________________________________

32

mortalidade de jovens entre os 15 e os 24 anos apresentou um índice de 2-53

mortes por cada 100 000 consumidores de ecstasy 267.

No entanto, estas mortes suscitaram grande preocupação quando

começaram a ser noticiadas, há alguns anos, dado ocorrerem, muitas vezes,

de forma inesperada e vitimarem jovens socialmente bem integrados. A

expressão «morte relacionada com o consumo de ecstasy» poderá significar

que a substância foi mencionada na certidão de óbito ou que foi detectada

(frequentemente em conjunto com outras drogas) através de análise

toxicológica. Embora os procedimentos de comunicação de dados não estejam

harmonizados, os dados dos relatórios nacionais Reitox relativos a 2004

sugerem que as mortes relacionadas com o consumo de ecstasy são raras na

maioria dos países da União Europeia (UE), e muito em especial os casos em

que a ecstasy é a única droga envolvida. Em 2003, vários países notificaram

mortes associadas ao consumo de ecstasy: a Áustria (uma morte unicamente

relacionada com MDMA), a República Checa (uma morte provavelmente

devida a uma sobredosagem de MDMA), a França (oito casos associados ao

consumo de MDMA), a Alemanha (dois casos associados unicamente à MDMA

e oito envolvendo MDMA combinada com outras drogas — com os valores

correspondentes de 8 e 11 em 2002), Portugal (a MDMA foi detectada em 2%

das mortes relacionadas com o consumo de droga) e o Reino Unido (a ecstasy

é mencionada em 49 certidões de óbito em 2000, 76 em 2001 e 75 em 2002) 268.

Um estudo realizado no Reino Unido entre 1994 e 2003 demonstrou que

o número de fatalidades associadas ao consumo de ecstasy tem aumentado de

ano para ano, mostrando uma correlação positiva com a prevalência do uso de

MDMA no ano anterior, o número de actos criminosos e o número de

apreensões, mas correlacionado negativamente com o preço das pastilhas de

ecstasy 269.

Os poucos dados disponíveis nos relatórios nacionais Reitox de 2006

sugerem que as mortes relacionadas com o consumo de ecstasy se mantêm

em níveis semelhantes aos mencionados nos anos anteriores. Na Europa em

geral, houve referências a 78 mortes envolvendo a ecstasy 20.

A Tabela 1 sumariza algumas das referências de mortes relacionadas

com o consumo de ecstasy desde 1988 a 2007.

______________________________________________________ Introdução

33

Todas as formas severas de toxicidade induzida pela MDMA podem ser

capazes de provocar a morte. Mas, para além desta letalidade directa, ocorrem

mortes indirectas associadas ao consumo de MDMA que podem dever-se (i) à

depressão que surge subsequentemente ao consumo de MDMA e que pode

ser suficientemente intensa para provocar suicídio 270, (ii) a uma depressão pré-

existente que leve à utilização deste tipo de droga como meio de suicídio 271,

(iii) a acidentes devidos a comportamentos de risco verificados enquanto sob

influência dos efeitos agudos da ecstasy (ex.: car surfing, andar em cima de

automóveis em movimento 272, escalar postes eléctricos 178, queimaduras 273,

condução temerária 274), a acidentes de viação que envolvem condutores e

peões incapacitados pela MDMA 159, 272, 275. As drogas do tipo anfetamínico

estiveram presentes, directa ou indirectamente, em 70 casos fatais e 467 casos

de “condução sob o efeito de drogas”, entre 1999 e 2004 na Holanda 276.

Devido ao aumento induzido pela MDMA nos comportamentos de condução

temerária, o consumo desta substância aumenta a probabilidade de estar

envolvido ou de causar um acidente de viação em 100% e 150%,

respectivamente 277.

Na maioria dos casos de intoxicação grave ou morte, os níveis

sanguíneos de MDMA variaram entre 0,5 e 10 mg/L, o que corresponde a

cerca de 40 vezes a dose recreativa habitual 270. No entanto, esta questão

agrava-se se considerarmos que, frequentemente, as drogas anfetamínicas

são consumidas em combinação com álcool e/ou outras drogas não-

anfetamínicas como cocaína ou canabinóides 276, o que pode potenciar as

alterações comportamentais, aumentando o risco de acidente, e incrementar a

toxicidade directa exercida por cada uma das drogas. Como exemplo, a MDMA

foi encontrada em 6 cadáveres autopsiados no Instituto Nacional de

Toxicologia Forense da Noruega desde 1996 a 2000. Em nenhum dos casos a

MDMA foi a única droga encontrada e apenas um dos casos correspondia a um

acidente de viação 274.

Introdução ______________________________________________________

34

Tabela 1. Mortes associadas ao consumo de ecstasy de 1988 a 2007.

Autor Ano Local Casos Idade Sexo

Causa Análise Toxicológica

postmortem

Klys et al. 278 2007 Polónia N=1 22 M Paragem cardíaca

súbita

MDMA (1,42 mg/L em S)

MDA (0,17 mg/L em S)

Libiseller et al. 279 2007 Áustria N=1 24 M Suicídio MDMA (13,33 mg/L em S;

13,0 mg/L em U)

MDEA (7,3 mg/L em S; 5,7

mg/L em U)

MDA (0,43 mg/L em S;

0,38 mg/l em U)

de Letter et al. 38 2006 Bélgica N=34 < 25 Sobredosagem com

múltiplas drogas

Combinação de

anfetaminas

Politrauma

Suicídio

Acidente de tráfego

Infracções

Falência

cardiopulmonar

aguda

Asfixia mecância

Hiperpirexia

MDMA (0,27 – 13,51 mg/L

em S)

Schifano et al.269 2006 Reino

Unido

N=394 42% das mortes

envolveram apenas MDMA

20 Acidente de viação MDMA (0.36 mg/L em S)

31 Acidente de viação MDMA (2,0 mg/L em S)

MDMA e MDA em U

Cheng et al. 280 2005 Hong

Kong

N=3

22 Acidente de viação EtOH (25 mg/100 mL em

S)

MDMA (0,68 mg/L em S)

Ketamina (0,21 mg/L em S)

Efedrina (0,40 mg/L em S)

Libiseller et al. 281 2005 Áustria N=1 19 Falência

cardiopulmonar

MDMA (3,8 mg/L em S)

Vestígios de MDA e de

THC

11-hidroxi-THC (1,6 μg/L)

11-nor-9-carboxi-THC (65

μg/L) em S

EtOH (0,1g/L em U)

CID, coagulação intra-vascular disseminada. S, sangue. U, urina. M, masculino. F, feminino. EtOH, etanol. THC, tetraidrocanabinol. MDEA, N-etil-3,4-metilenodioxianfetamina. PMA, p-metoxianfetamina. DXM, dextrometorfano.

______________________________________________________ Introdução

35

Tabela 1 (cont.). Mortes associadas ao consumo de ecstasy de 1988 a 2007.

Autor Ano Local Casos IdadeSexo

Causa Análise Toxicológica

postmortem

De Letter et al. 37

2004 Bélgica N=2 18 M Congestão

pulmonar

Edema

hemorrágico

EtOH (0,56 mg/mL em S;

1,23 mg/mL em U)

Metadona (1,1 μg/mL em

S)

MDMA (0,271 mg/L em S;

3,29 mg/L em U)

MDA (0,009 mg/L em S;

0,1 mg/L em U)

31 M Edema pulmonar MDMA (26,059 mg/L em S;

71,56 mg/L em U)

MDA (0,048 mg/L em S;

3,48 mg/L em U)

Dams et al. 282 2003 Bélgica N=1 Hiperpirexia

CID

MDMA (1,13 mg/L em S)

Anfetamina, MDA e PMA

em S

Garcia-Repetto

et al. 39

2003 Espanha N=3 19 M Hiperpirexia

Rabdomiólise

Coagulopatia

Falência multi-

orgânica

MDMA (3,18 mg/L em S;

7,99 mg/L em U)

MDA (0,06 mg/L em S;

1,18 mg/L em U)

20 M Hiperpirexia

Rabdomiólise

Coagulopatia

Falência multi-

orgânica

MDMA (0,28 mg/L em S;

32 mg/L em U)

MDA (0,05 mg/L em S;

0,74 mg/L em U)

Schifano et al. 283 2003 Reino

Unido

N=167 15-29 85,6% tinha MDMA em S

13,2% tinha MDA em S

0,6% tinha MDEA em S

0,6% tinha PMA em S

Vuori et al. 284 2003 Finlândia N=4 18 F Convulsões

Paragem

respiratória

Intoxicação

acidental por

MDMA e

moclobemida

EtOH (0.65 g/dL em S;

0,69 g/dL em U)

Anfetaminas em U

MDMA (1,6 mg/L em S)

Moclobemida (2,3 mg/L em

S)

CID, coagulação intra-vascular disseminada. S, sangue. U, urina. M, masculino. F, feminino. EtOH, etanol. THC, tetraidrocanabinol. MDEA, N-etil-3,4-metilenodioxianfetamina. PMA, p-metoxianfetamina. DXM, dextrometorfano.

Introdução ______________________________________________________

36

Tabela 1 (cont.). Mortes associadas ao consumo de ecstasy de 1988 a 2007.

Autor Ano Local Casos IdadeSexo

Causa Análise Toxicológica

postmortem

Vuori et al. 284

(cont.)

23 M Intoxicação

acidental por

MDMA e

moclobemida

Anfetamins e opiáceos em

U

MDMA (2,0 mg/L em S)

Morfina (0,08 mg/L em S)

Anfetamina (0,1 mg/L em

S)

DXM (1,1 mg/L em S)

Moclobemida (2,1 mg/L em

S)

Ciclizina (0,3 mg/L em S)

Oxazepam (1,0 mg/L em S)

Diazepam (1,0 mg/L em S)

Desmetildiazepam (0,1

mg/L em S)

Temazepam (0,2 mg/L em

S)

Vestígios de alprazolam

em S

18 M Hiperpirexia

(43,2ºC)

Intoxicação

acidental por

MDMA e

moclobemida

EtOH (0,28 g/dL em U)

Anfetaminas e

canabinóides em U

MDMA (1,7 mg/L em S)

Anfetamina (0,15 mg/L em

S)

MDA (0,05 mg/L em S)

THC (1,8 μg/L em S)

Moclobemida (7,9 mg/L em

S)

19 M MDMA (2,1 mg/L em S)

MDA (0,05 mg/L em S)

THC (3,1 μg/L em S)

Moclobemida (6,5 mg/L em

S)

Lidocaína (1,6 mg/L em S)

de Letter et al. 285 2002 Bélgica N=1 Sobredosagem MDMA (3,10 mg/L em S)

MDA em S

CID, coagulação intra-vascular disseminada. S, sangue. U, urina. M, masculino. F, feminino. EtOH, etanol. THC, tetraidrocanabinol. MDEA, N-etil-3,4-metilenodioxianfetamina. PMA, p-metoxianfetamina. DXM, dextrometorfano.

______________________________________________________ Introdução

37

Tabela 1 (cont.). Mortes associadas ao consumo de ecstasy de 1988 a 2007.

Autor Ano Local Casos IdadeSexo

Causa Análise Toxicológica

postmortem

Gill et al. 286 2002 Nova

Iorque

(EUA)

N=22 17-41 Intoxicação aguda

(n=13)

Lesão mecânica

(ex.: alvejamento)

(n=7)

Combinação de

doença anterior

com a intoxicação

aguda (n=2)

MDMA (n=22)

Opiáceos/cocaína em S

(n=7)

Fineschi et al. 287 1999 Itália N=2 19 M Hiperpirexia

CID

MDMA (7,15 mg/L em S;

31 mg/L em U)

MDA (0,25 mg/L em S;

0,85 mg/L em U)

20 M Hiperpirexia MDMA (0,18 mg/L em S;

263,13 mg/L em U)

MDA (0, 12 mg/L em S;

5,25 mg/L em U)

MDEA (1,59 mg/L em S;

183,73 mg/L em U)

O’Connor

et al. 288

1999 Nova

Zelândia

N=1 27 F Edema cerebral

Walubo et al. 289 1999 EUA N=1 53 M Suicídio

Hiperpirexia

(40,4ºC),

Rabdomiólise

CID

MDMA (3,05 mg/L em S)

Anfetaminas em U

Byard et al.290 1998 Austrália

Sul

N=2 22 F Hiperpirexia

(42,5ºC)

CID

Hipercalémia

Rabdomiólise

PMA (1,32 mg/L em S)

MDMA (0,3 mg/L em S)

Níveis elevados de MTA

em S

Canabinóides em S

26 F Cianose

Hiperpirexia

(46,1ºC)

Arritmia cardíaca

Edema pulmonar

PMA (2,2 mg/L em S)

MDMA (0,82 mg/L em S)

MTA (0,09 mg/L em S)

Henry et al. 204 1998 Reino

Unido

N=1 32 M Paragem

cardiovascular

MDMA (4,56 mg/L em S)

MDA (0,36 mg/L em S)

EtOH (0,24 mg/mL em S)

CID, coagulação intra-vascular disseminada. S, sangue. U, urina. M, masculino. F, feminino. EtOH, etanol. THC, tetraidrocanabinol. MDEA, N-etil-3,4-metilenodioxianfetamina. PMA, p-metoxianfetamina. DXM, dextrometorfano.

Introdução ______________________________________________________

38

Tabela 1 (cont.). Mortes associadas ao consumo de ecstasy de 1988 a 2007.

Autor Ano Local Casos IdadeSexo

Causa Análise Toxicológica

postmortem

Mueller et al. 291 1998 EUA N=1 20 F Hiperpirexia MDMA em S

Lora-Tamayo

et al. 275

1997 Espanha N=10 23 M Agressão por arma

branca

Choque

hipovolémico

MDMA (0,23 mg/L em S)

MDEA (0,77 mg/L em S)

MDA (0,05 mg/L em S)

Anfetamina (0,62 mg/L em

S)

17 M Salto de uma janela MDMA (0,23 mg/L em S)

Anfetamina (0,10 mg/L em

S)

MDA (0,04 mg/L em S)

MTA (0,35 mg/L em S)

32 M Atropelamento MDMA (0,27 mg/L em S)

EtOH (2,47 mg/mL em S)

39 M Morte súbita na

discoteca

Doença coronária

isquémica

Oclusão da artéria

coronária direita e

artéria circunflexa

Enfarte antigo no

ventrículo esquerdo

MDMA (0,60 mg/L em S)

MDEA (0,22 mg/L em S)

MDA (0,12 mg/L em S)

Anfetamina (0,22 mg/L em

S)

EtOH (0,54 mg/mL em S)

21 M Acidente rodoviário MDMA (0,17 mg/L em S)

MDEA (1,07 mg/L em S)

MDA (0,18 mg/L em S)

Anfetamina (0,10 mg/L em

S)

EtOH (0,71 mg/mL em S)

26 M Acidente rodoviário MDMA (0,03 mg/L em S)

MDEA (2,44 mg/L em S)

MDA (0,15 mg/L em S)

Benzilecgonina (0,05 mg/L

em S)

EtOH (0,88 mg/mL em S)

29 M Reacção adversa a

drogas

Morte em espaço

aberto

MDMA (4,07 mg/L em S)

MDA (0,49 mg/L em S)

Morfina (0,38 mg/L em S)

Alprazolam (0,1 mg/L em

S)

EtOH (0,92 mg/mL em S)

CID, coagulação intra-vascular disseminada. S, sangue. U, urina. M, masculino. F, feminino. EtOH, etanol. THC, tetraidrocanabinol. MDEA, N-etil-3,4-metilenodioxianfetamina. PMA, p-metoxianfetamina. DXM, dextrometorfano.

______________________________________________________ Introdução

39

Tabela 1 (cont.). Mortes associadas ao consumo de ecstasy de 1988 a 2007.

Autor Ano Local Casos IdadeSexo

Causa Análise Toxicológica

postmortem

Lora-Tamayo

et al. 275 (cont.)

30 M Morte em espaço

aberto

Encontrado com

seringa ao lado

Edema pulmonar

agudo

MDMA (0,98 mg/L em S)

Anfetamina (0,06 mg/L em

S)

Morfina (0,15 mg/L em S)

EtOH (0,38 mg/mL em S)

27 M Edema pulmonar

agudo

Hemorragia

pulmonar

MDMA (8 mg/L em S)

Anfetamina (0,18 mg/L em

S)

MDA (1,2 mg/L em S)

Cocaína (0,04 mg/L em S)

Benzilecgonina (0,13 mg/L

em S)

EtOH (0,9 mg/mL em S)

19 M Reacção adversa a

drogas

MDMA (0,49 mg/L em S)

MDEA (4,32 mg/L em S)

MDA (0,29 mg/L em S)

Anfetamina (0,20 mg/L em

S)

Dipirona (1,36 mg/L em S)

Parr et al. 292 1997 Austrália N=1 15 F Hiponatrémia

Edema cerebral

MDMA (0,05 mg/L em S;

430 ng/mL em U)

Coore 293 1996 Irlanda N=1 18 F Hiperpirexia (43ºC)

Lesão renal

CID

Rabdomiólise

MDA (0,246 mg/L em S)

MDMA e MDA em U

Cox et al. 294 1996 Reino

Unido

N=1 22 M Hiperpirexia

CID

MDMA (0,43 mg/L em S)

MDEA (0,30 mg/L em S)

MDA (0,25 mg/L em S)

Crifasi et al. 295 1996 EUA N=1 29 M Acidente MDMA (2,14 mg/L em S;

118,8 mg/L em U)

MDA (< 0,25 mg/L em S;

3,86 mg/L em U)

Dar et al. 296 1996 EUA N=1 17 M Hiperpirexia

Rabdomiólise

CID

CID, coagulação intra-vascular disseminada. S, sangue. U, urina. M, masculino. F, feminino. EtOH, etanol. THC, tetraidrocanabinol. MDEA, N-etil-3,4-metilenodioxianfetamina. PMA, p-metoxianfetamina. DXM, dextrometorfano.

Introdução ______________________________________________________

40

Tabela 1 (cont.). Mortes associadas ao consumo de ecstasy de 1988 a 2007.

Autor Ano Local Casos IdadeSexo

Causa Análise Toxicológica

postmortem

Ellis et al. 186 1996 Reino

Unido

N=4 21 F Hiperpirexia (41ºC)

HTA

Taquicardia

Falência renal

hiperaguda

CID

Transplante

Sepsis

MDMA (0,11 mg/L em S;

0,04 mg/L em U)

18 F Icterícia progressiva

Falência hepática

devida ao consumo

regular de ecstasy

36 F Icterícia após

consumo de 1

pastilha de ecstasy

Transplante

Sepsis

22 F Consumo de

ecstasy durante 6

meses

Icterícia

Transplante parcial

Sepsis

Fineschi et al. 297 1996 Itália N = 1 20 M Hiperpirexia

CID

MDMA (0,18 mg/L em S)

MDEA em S

Milroy et al. 182 1996 Reino

Unido

N=7 21 M Colapso na rave.

Hiperpirexia (44ºC)

Paragem cardíaca

MDMA (4,2 mg/L em S)

Anfetamina (1,4 mg/L em

S)

20 M Colapso na

discoteca

↑PA

Hiponatrémia

Intoxicação por

água

MDMA (0,04 mg/L em S)

24 M Morte na discoteca

Causa

desconhecida

MDEA (0,187 mg/L em S)

Anfetamina (0,453 mg/L

em S)

CID, coagulação intra-vascular disseminada. S, sangue. U, urina. M, masculino. F, feminino. EtOH, etanol. THC, tetraidrocanabinol. MDEA, N-etil-3,4-metilenodioxianfetamina. PMA, p-metoxianfetamina. DXM, dextrometorfano.

______________________________________________________ Introdução

41

Tabela 1 (cont.). Mortes associadas ao consumo de ecstasy de 1988 a 2007.

Autor Ano Local Casos IdadeSexo

Causa Análise Toxicológica

postmortem

Milroy et al. 182

(cont.)

21 M Morte na cama

após a festa

Causa

desconhecida

MDMA (2,1 mg/L em S)

MDEA (3,5 mg/L em S)

MDA (8,5 mg/L em S)

Anfetamina (0,256 mg/L

em S)

20 M Encontrado

inconsciente na

cama

Rigidez

Hiperpirexia

(39,5ºC)

Hipóxia cerebral

Sobrevida de 4 dias

MDMA (0,09 mg/L em S)

MDA (0,13 mg/L em S)

25 M Morte súbita na rua MDMA (vestígios em U)

MDA (vestígios em U)

23 M Icterícia progressiva

e falência hepática

Consumo

exagerado de

ecstasy

Moore et al. 72 1996 EUA N=1 20 M Intoxicação aguda

por inalação de

MDMA, cocaína e

heroína

MDMA (2,8 mg/L em S)

Benzoilecgonina (0,97

mg/L em S)

Morfina (0,11 mg/L em S)

MDMA e MDA em U

Squier et al. 298 1995 Reino

Unido

N=1 30 M Convulsões

Hiperpirexia

Necrose cerebral

MDMA, heroína,

anfetamina e EtOH em S

Forrest et al. 299 1994 Reino

Unido

N=1 21 M Asfixia

Convulsões?

MDA, MDEA e MDMA em

S

Hooft et al. 272 1994 Bélgica N=1 26 M Acidente de viação

em tentativa de car

surfing

MDMA (0,63 mg/L em S)

EtOH (1,23 g/L em S)

Anfetaminas em U

Watson et al. 300

1993

Reino

Unido

N=1 16 M Hiperpirexia

Rabdomiólise

CID

CID, coagulação intra-vascular disseminada. S, sangue. U, urina. M, masculino. F, feminino. EtOH, etanol. THC, tetraidrocanabinol. MDEA, N-etil-3,4-metilenodioxianfetamina. PMA, p-metoxianfetamina. DXM, dextrometorfano.

Introdução ______________________________________________________

42

Tabela 1 (cont.). Mortes associadas ao consumo de ecstasy de 1988 a 2007.

Autor Ano Local Casos IdadeSexo

Causa Análise Toxicológica

postmortem

Campkin et al. 301 1992 Reino

Unido

N=1 18 M Hipotensão

Taquicardia

Hiperpirexia (42ºC)

Rabdomiólise

CID

MDMA (1,26 mg/L em S)

Henry et al. 247 1992 Reino

Unido

N=6 18 M Hiperpirexia

Falência

cardiovascular

17 M Hiperpirexia

CID

Convulsões

20 M Hiperpirexia

Rabdomiólise

CID

18 M Hiperpirexia

Rabdomiólise

CID

21 M Acidente de viação

23 M Acidente de viação

Rohrig et al. 302 1992 EUA N=2 35 M

Causa

desconhecida

MDMA (2,8 mg/L em S)

F Suicídio

Depressão?

MDMA (0,58 mg/L em S)

Diazepam em S

Screaton et al. 180 1992 N=1 19 M Hiperpirexia

Rabdomiólise

CID

Chadwick

et al. 169

1991 Reino

Unido

N=1 16 F Hiperpirexia

CID

MDMA (0,424 mg/L em S)

Suarez et al. 181 1988 EUA N=1 34 M Falência

cardiovascular

MDMA (2 mg/L em S)

CID, coagulação intra-vascular disseminada. S, sangue. U, urina. M, masculino. F, feminino. EtOH, etanol. THC, tetraidrocanabinol. MDEA, N-etil-3,4-metilenodioxianfetamina. PMA, p-metoxianfetamina. DXM, dextrometorfano.

______________________________________________________ Introdução

43

1.8. Estudos epidemiológicos sobre a utilização da MDMA

Vários estudos sobre os padrões de consumo da MDMA foram já

realizados. Estes estudos são normalmente levados a cabo através de

questionários ou entrevistas e os intervenientes podem ser seleccionados por

serem consumidores, seleccionados aleatoriamente na população ou por

responderem a anúncios.

Os resultados dos diferentes estudos indicam que o consumo de MDMA

pela população jovem está em expansão. Foi já estimado que só no Reino

Unido 500.000 jovens ingerem ecstasy em cada fim-de-semana 5.

Os dados referidos coincidem, também, em que a maioria dos

consumidores de MDMA misturam as pastilhas de ecstasy com outras

substâncias psicoactivas, principalmente tabaco, Cannabis e álcool, sendo

também frequente a combinação com cocaína, outras enfetaminas ou LSD.

Uma análise mais pormenorizada destes resultados está representada na

Tabela 2.

Da análise da Tabela 2 pode deduzir-se que o uso combinado de

ecstasy pode ser feito com substâncias psicoestimulantes (cocaína,

anfetaminas, tabaco) ou com sedantes (álcool, Cannabis). Poderia especular-

se que o objectivo de ambos os padrões de consumo tem uma finalidade

moduladora dos efeitos da MDMA. No entanto, não se pode escamotear a

possibilidade de que este policonsumo se deva à presença prévia de

dependência de alguma das drogas usadas em combinação (ex.: tabaco,

álcool).

Tabela 2. Estudos epidemiológicos acerca dos padrões de consumo da MDMA.

Estudo Ano Local População-Alvo N Idades (anos)

Indivíduos que consomem MDMA (%) Nº de pastilhas

por sessão

Bellis et al. 303 2008 Europa* Frequentadores

de bares e clubs

1341 16-35 28,7% (pelo menos 1 vez na vida)

Cole et al. 304 2008 Reino Unido Consumidores

de droga

80 20-22 86,3% (pelo menos 1 vez na vida) 1-6

Mendes

et al. 305

2008 Coimbra

(Portugal)

Consumidores

de MDMA

223 13-23 53,8% consumo ocasional (0-1 vez/mês, 6,7% policonsumo)

34,5% consumo habitual (+ de 1 vez/mês, 35% policonsumo)

11,7% consumo excessivo (+ de 1 vez/semana, 58,3%

policonsumo)

Pisetsky

et al. 306

2008 EUA Estudantes 9-12º

ano

13917 4,9-7,4% (no mês anterior ao estudo)

Wilkins et al. 307 2008 Nova

Zelândia

População geral 5475 (em 1998)

5504 (em 2001)

3042 (em 2003)

1902 (em 2006)

15-45 1,5% em 1998

3,9% em 2006

Chinet et al. 308 2007 Suiça Frequentadores

de festas rave

302 16-46 40,4% (pelo menos 1 vez na vida)

14,7% (de 1 a 3 vezes no mês anterior ao do estudo)

Dresen et al. 309 2007 Alemanha Condutores

inabilitados

247 18-29 14,6% só tinha consumido MDMA

27% apresentava policonsumo de drogas sintéticas

Goudie et al. 310 2007 Reino Unido Consumidores

de drogas

40 18-45 85% (pelo menos 1 vez na vida) 1-4

* Lisboa (Portugal), Palma de Mallorca (Espanha), Veneza (Itália), Atenas (Grécia), Ljubljana (Eslovénia), Brno (República Checa), Viena (Áustria), Berlim (Alemanha), Liverpool (Reino Unido)

44

45

Tabela 2 (cont). Estudos epidemiológicos acerca dos padrões de consumo da MDMA.

Estudo Ano Local População-Alvo N Idades (anos)

Indivíduos que consomem MDMA (%) Nº de pastilhas

por sessão

Halkitis et al. 311 2007 Nova Iorque

(EUA)

Homens Gay e

bisexuais

450 18-67 74,7%

Medina et al. 312 2007 EUA Consumidores

de MDMA

48 18-35 97,9% (no ano anterior ao estudo)

Yen et al. 313 2007 Taiwan Consumidores

de MDMA

200 14-19 62,5% usaram menos de 20 vezes

29,5% fazem policonsumo

Breen et al. 314 2006 Austrália Consumidores

de MDMA

852 22-24 3-4

Chou et al. 315 2006 Taipei

(Taiwan)

Adolescentes 2126 12-18 2-14,5% (pelo menos 1 vez na vida)

Copeland

et al. 316

2006 Austrália Consumidores

de MDMA

216 19-39 28,2% mistura MDMA com medicamentos 2

Fang et al. 317 2006 China Consumidores

de drogas

5,37%

Halkitis et al. 318 2006 Nova Iorque

(EUA)

Homens

homossexuais e

bissexuais

consumidores de

GHB

131 18-40+ 56,5%

Hopfer et al. 319 2006 Colorado

(EUA)

Jovens em

tratamento por

abuso de droga

782 10-32 34% (pelo menos 1 vez na vida)

Tabela 2 (cont). Estudos epidemiológicos acerca dos padrões de consumo da MDMA.

Estudo Ano Local População-Alvo N Idades (anos)

Indivíduos que consomem MDMA (%) Nº de pastilhas

por sessão

Parsons

et al. 320

2006 Nova Iorque

(EUA)

Mulheres

frequentadoras

de discotecas

1104 18-49 44% (pelo menos 1 vez)

Pavarin 321 2006 Itália

Frequentadores

de festas rave

2015 <20-40+ 17-27,1% (pelo menos 1 vez)

9,5-16,2% (no ano anterior)

4,4%-10% (no mês anterior)

Wish et al. 322 2006 EUA Estudantes

universitários

1206 9 % (pelo menos 1 vez)

Wu et al. 323 2006 Texas (EUA) Mulheres de

baixos

rendimentos

696 18-31 15,2%(pelo menos 1 vez) (destes, 53% no ano anterior e 21%

nos 20 dias anteriores)

0,5-4

Wu et al. 324 2006 EUA Consumidores

drogas sintéticas

19084 16-23 13% (pelo menos 1 vez)

6% (no ano anterior)

Barrett et al. 325 2005 Montreal

(Canadá)

Frequentadores

de festas Rave

186 17-47 50% (pelo menos uma vez) (destes, 92,3% usa MDMA em

combinação)

1

Clatts et al. 326 2005 Nova Iorque

(EUA)

Homens jovens

homo e

bissexuais

569 17-28 47,9% (pelo menos 1 vez)

24,3% (consome cronicamente) (destes, 82.8% usou pelo

menos 1 vez e 13,3% usaram mais de 5 vezes no mês anterior)

Fernández

et al. 327

2005 EUA Homens

hispânicos homo

e bissexuais

172 14% (nos últimos 6 meses)

46

47

Tabela 2 (cont). Estudos epidemiológicos acerca dos padrões de consumo da MDMA.

Estudo Ano Local População-Alvo N Idades (anos)

Indivíduos que consomem MDMA (%) Nº de pastilhas

por sessão

Goldsamt

et al. 328

2005 Nova Iorque

(EUA)

Estudantes do

6º, 7º e 8º ano

23780 2,3% (pelo menos uma vez)

Ompad et al. 329 2005 Nova Iorque

(EUA)

Consumidores

de drogas

715 17-64 23,4% (pelo menos 1 vez)

11,9% (últimos 6 meses)

Crosby et al.330 2004 EUA Homens homo e

bissexuais

150 31-50 14% (nos últimos 3 meses)

Lora-Tamayo

et al. 331

2004 Ibiza

(Espanha)

Indivíduos

presos por actos

criminosos que

confessaram

consumo de club

drugs

70 77% (apenas MDMA na urina)

20% (MDMA + outra droga sintética)

Scholey et al.332 2004 Internautas 763 21-25 37% (pelo menos 1 vez)

“Novato” (39%, consumiu 1-9 vezes)

“Moderado” (48%, consumiu 10-99 vezes)

“Pesado”(13%, consumiu mais de 100 vezes)

“Novato” – 100%

1-2 pastilhas

“Moderado” – 3%

mais de 4

pastilhas

“Pesado” – 14%

mais de 4

pastilhas

Tabela 2 (cont). Estudos epidemiológicos acerca dos padrões de consumo da MDMA.

Estudo Ano Local População-Alvo N Idades (anos)

Indivíduos que consomem MDMA (%) Nº de pastilhas

por sessão

Van Leeuwen

et al. 333

2004 Denver,

Colorado

(EUA)

Jovens sem abrigo

e que fugiram de

casa

186 16-25 25% (nos últimos 9 meses)

Turner et al. 334 2003 Austália Mulheres 9512 22-27 15% (pelo menos 1 vez)

Fendrich

et al. 335

2003 Chicago

(EUA)

População adulta 627 18-40 49% consumiu drogas sintéticas pelo menos 1 vez

Gross et al. 336 2002 Montreal

(Canadá)

Frequentadores

festas rave

210 16-32 65,2% (pelo menos 1 vez)

National

Institute on

Drug Abuse

(NIDA) 337

2002 EUA Estudantes do 8º,

10º e 12º ano,

estudantes

universitários e

jovens adultos

44346

13-14

15-16

17-18

19-22

19-28

2,7% em 1999 para 5,2% em 2001 (pelo menos 1 vez)

6% em 1999 para 8% em 2001 (pelo menos 1 vez)

8% em 1999 para 11,7% em 2001 (pelo menos 1 vez)

2% em 1991 para 14,7% em 2001 (pelo menos 1 vez)

3,2% em 1991 para 13% em 2001 (pelo menos 1 vez)

Strote et al. 338 2002 EUA Estudantes

universitário

14000 <21-24+ 2,8% em 1997 para 4,7% em 1999

Parrott et al. 339 2001 Reino Unido

e Itália**

Jovens 768 14-28 15% (menos de 20 vezes)

15,5% (mais de 20 vezes)

Riley et al. 340 2001 Edimburgo

(Escócia)

Consumidores de

droga

122 16-47 80% (ecstasy ou anfetamina) (destes 35% toma MDMA

semanalmente)

** Roma, Pádova, Manchester e Londres

48

49

Tabela 2 (cont). Estudos epidemiológicos acerca dos padrões de consumo da MDMA.

Estudo Ano Local População-Alvo N Idades (anos)

Indivíduos que consomem MDMA (%) Nº de pastilhas

por sessão

Winstock

et al.266

2001 Reino Unido Consumidores de

droga

1151 18-29 96% (pelo menos 1 vez)

No último ano: 12% consumiu 2–3 vezes por semana e 22%

consumiu 1 vez por semana

2 ou menos

(55%)

4 ou mais (25%)

Boys et al. 341 1999 Inglaterra Sul Consumidores de

drogas e álcool

100 16-21 22% (nos últimos 90 dias)

38% (pelo menos 1 vez na vida)

Topp et al. 342 1999 Austrália Consumidores de

MDMA

329 15-46 89% (pelo menos 1 vez/mês) 1

Instituto

Nacional de

Pesquisa de

Álcool e

Drogas da

Noruega 274, 343

1998 Oslo

(Noruega)

15-20 Em Oslo:

4,8% (pelo menos 1 vez)

No total do país:

0,3% (pelo menos 1 vez, em 1994)

2,5% (pelo menos 1 vez, em 1998)

Schifano

et al.219

1998 Itália Consumidores de

MDMA

150 19-28 50% (1 ou

menos)

Lenton et al. 344

Boys et al. 345

1997 Autrália

Oeste

Frequentadores de

festas rave

83 13-48 76% (pelo menos 1 vez) (41% policonsumo)

31,3% (na última festa rave)

Tabela 2 (cont). Estudos epidemiológicos acerca dos padrões de consumo da MDMA.

Estudo Ano Local População-Alvo N Idades (anos)

Indivíduos que consomem MDMA (%) Nº de pastilhas

por sessão

Williamson

et al. 346

1997 Reino

Unido

Consumidores de

droga

158 14-59 52% usou durante o último ano

70% (no mês anterior)

2

Miller et al. 347 1996 Reino

Unido

Estudantes do

ensino secundário

7722 15-16 7,3% das raparigas (pelo menos 1 vez)

9.2% dos rapazes (pelo menos 1 vez)

Webb et al. 348 1996 Reino

Unido

Estudantes

universitários 2º

ano

3075 18-65 13% (pelo menos 1 vez)

5,2 % usou mais de 1 ou 2 vezes

2,7% consome uma vez por semana

Forsyth 349 1995 Glasgow

(Reino

Unido)

Frequentadores de

festas “rave”

135 14-44 91% (pelo menos uma vez)

Cuomo et al. 350 1994 EUA Estudantes

universitários

742 (em 1986)

1264 (em 1990)

15,5% (pelo menos 1 vez, em 1986)

24,3% (pelo menos 1 vez, em 1998)

Solowij et al. 22 1992 Sidney

(Austrália)

Consumidores de

MDMA

100 16-48 68% usou mais de 3 vezes

33% usa uma vez por mês ou por trimestre

18 % usa em ocasiões especiais

9% menos de 1

71% 1

13% 2

7% mais de 2

Peroutka 351 1987 EUA Estudantes

universitários

369 39% usou pelo menos 1 vez no ano anterior

50

______________________________________________________ Introdução

51

O mais recente relatório do Observatório Europeu da Droga e da

Toxicodependência, publicado em 2007 20, indica que em muitos países

europeus a segunda substância ilegal mais consumida é algum tipo de droga

sintética embora à escala europeia existam, presentemente, mais

consumidores de cocaína. Preocupantemente, as taxas de prevalência do

consumo destas drogas sintéticas entre os grupos etários mais jovens são

significativamente mais elevadas. A prevalência do consumo de ecstasy na UE

tem aumentado desde 1990, sendo, actualmente, a droga sintética mais

consumida em 17 países europeus dos quais se destacam a República Checa,

o Reino Unido, a Espanha e a Holanda. Na faixa etária dos 15 aos 24 anos,

encontram-se taxas mais elevadas de prevalência do consumo de ecstasy ao

longo da vida entre os homens (0,3-23,2%) do que entre as mulheres (0,3-

13,9%). Esta informação pode ser analisada de forma mais pormenorizada

acedendo à página web da European Monitoring Centre for Drugs and Drug

Addiction (EMCDDA) e seguindo o link http://www.emcdda.europa.eu/

attachements.cfm/att_44705_PT_TDAC07001PTC.pdf.

Em Portugal, o consumo de MDMA surgiu no início da década de 1990

e, à semelhança do que ocorreu nos restantes países europeus, esta droga

ganhou rapidamente popularidade, particularmente entre os jovens. Segundo o

relatório anual do Instituto da Droga e da Toxicodependência publicado em

2006, nos estudos nacionais de 2001 relativos à população portuguesa dos 15-

64 anos e à população escolar do 3.º Ciclo do Ensino Básico, a ecstasy surgiu

com prevalências de consumo muito semelhantes às de heroína e de cocaína,

chegando mesmo a ser superiores nalgumas situações, nomeadamente nos

padrões de consumo recente. No caso da população reclusa, o consumo de

ecstasy apresentou ainda bastante menos expressão que as drogas

tradicionais.

Nas populações escolares, os estudos mais recentes evidenciaram

prevalências de consumo de ecstasy relevantes, embora bastante inferiores às

de Cannabis, de acordo com rastreios do HBSC/WHO (Health Behaviour in

School-aged Children, colaboração com a Organização Mundial da Saúde), em

2002 e 2006 (respectivamente 2,2% e 1,6%), do ESPAD (European School

Survey Project on Alcohol and Other Drugs) em 2003 (4%) e do ECATD

(Estudo sobre o Consumo de Álcool, Tabaco e Droga) em 2003 (entre 1,5%

Introdução ______________________________________________________

52

dos alunos de 13 anos e 4,3% dos de 18 anos). Entre 1999 e 2003, no âmbito

do ESPAD, constatou-se um importante aumento da prevalência do consumo

de ecstasy (de 2,3% para 4%). Todavia, a nível do HBSC/WHO entre 2002 e

2006 verificou-se uma diminuição da percentagem de início do consumo de

ecstasy.

No que respeita ao estudo publicado em 2003 pelo Instituto da Droga e

da Toxicodependência (IDT) sobre consumos problemáticos de drogas em

populações que não incluem adolescentes, a ecstasy tinha pouca expressão

nas amostras das zonas down (esferas sociais marginalizadas e

estigmatizadas) e up (esferas social de elevado nível sócio-cultural), surgindo

com um consumo esporádico ou único e sendo utilizada pontualmente na zona

up como droga recreativa. Foi também assinalada a tendência do seu consumo

entre populações juvenis de bairros periféricos, o que poderia indiciar a difusão

de consumos para lá dos grupos juvenis de origem. O consumo de MDMA pela

população em geral (0,8% na população portuguesa em 2005) é habitualmente

baixo, mas estas frequências sobem se nos referirmos à população mais jovem 352.

Estas percentagens de consumo de MDMA aumentam quando os

estudos epidemiológicos se centram em populações relacionadas com a

cultura rave. Um inquérito anual realizado aos leitores da revista de música

Mixmag do Reino Unido, cujo público é constituído por pessoas que

frequentam clubes de dança regularmente, conclui que a percentagem de

pessoas definidas como grandes consumidoras de ecstasy (que consomem

normalmente mais de quatro comprimidos por sessão) aumentou para mais do

dobro entre 1999 e 2003, de 16% para 36% 353.

Num estudo realizado no Reino Unido através da internet 332 também é

mencionado um consumo de ecstasy e um policonsumo de droga cada vez

mais intenso por parte dos consumidores de ecstasy experientes.

A média das idades de início do consumo de MDMA é 19,8 anos 22, 219,

266, 303, 316, 321, 324, 329, 336, 342, 346, 354, 355. Cerca de 10% dos indivíduos com idade

inferior a 20 anos consome MDMA 5.

Geralmente, as mulheres iniciam o consumo de drogas na adolescência

e, a maioria, cessa o consumo cerca dos 25 anos, provavelmente devido ao

______________________________________________________ Introdução

53

casamento. Quando esta paragem não ocorre, normalmente o consumo é

associado a binge drinking ou a hábitos tabágicos 334.

1.8.1. Onde? – Locais de consumo de MDMA

A MDMA é, habitualmente, consumida em festas rave que,

normalmente, ocorrem em grandes espaços isolados como armazéns ou

espaços abertos, onde a supervisão está ausente ou é mínima 15.

É também consumida em festas techno e em discotecas. Estas festas

decorrem tipicamente em ambientes de elevada temperatura, sobrelotados e

ao som de música electrónica repetitiva, em elevados decibéis e acompanhada

de espectáculos de luz. Todas estas circunstâncias podem influenciar a

expressão da toxicidade da MDMA e a maior parte das intoxicações fatais

relatadas na literatura está associada ao uso da MDMA neste contexto 13.

Nestes locais, o álcool e outras drogas estão também disponíveis e são

consumidos em grandes quantidades 314. Preocupantemente, o seu consumo

tem vindo a aumentar em domicílios privados, escolas secundárias e

universidades 22, 356.

Habitualmente, este consumo ocorre preferencialmente durante o fim-

de-semana e num contexto de grupo, com os amigos. Existe uma forte relação

com o gosto pela música house, techno e trance 305.

1.8.2. Como e quando? – Padrões de consumo de MDMA

A MDMA pode ser consumida por via oral (a mais frequente), nasal

(snorting, inalação do pó obtido pelo esmagamento da pastilha 14), rectal

(supositórios, conhecida por shefting ou shelving) ou, menos frequentemente,

por via injectável. O facto de os utilizadores experimentarem diferentes vias de

administração deve-se a que 41% dos utilizadores referem diferenças nos

efeitos da MDMA, dependendo da via de administração utilizada. A via

injectável é a que provoca um início de acção mais rápido e produz uma

experiência mais intensa, embora mais curta. O snorting produz um início de

Introdução ______________________________________________________

54

efeito mais rápido que o comprimido, mas uma experiência mais curta,

enquanto que os supositórios têm um início de acção lento, produzindo, no

entanto, uma experiência mais intensa e prolongada 22. Esta diferença da

farmacocinética da MDMA em função da via de administração foi já descrita em

primatas não humanos 33.

Para aumentar a intensidade das experiências resultantes dos efeitos da

MDMA sobre as capacidades sensoriais, os utilizadores de ecstasy usam

frequentemente acessórios fluorescentes (colares, pulseiras, etc) e aplicam

cremes de menta nos lábios ou spray de menta em máscaras cirúrgicas 14. Os

consumidores de ecstasy bebem frequentemente líquidos para evitar a

hipertermia e utilizam chupa-chupas ou chupetas para aliviar o bruxismo 67,

uma vez que alguns destes utilizadores são conscientes dos efeitos deletérios

desta substância 357.

Normalmente, o consumo de MDMA é feito num padrão de policonsumo.

Num estudo australiano realizado em 2004, os utilizadores de MDMA

entrevistados referiram consumir 10 ou 11 tipos de drogas ao longo da sua vida

e 7 ou 8 nos 6 meses que antecederam a entrevista 314. Dentro das

substâncias mais frequentemente co-consumidas com a MDMA incluem-se o

tabaco, a Cannabis e o etanol 331, 332. Um outro padrão de consumo comum

envolve a utilização de ansiolíticos e sedativos (opiáceos e benzodiazepinas)

em conjunto com os estimulantes 346. Este uso concomitante de estimulantes e

sedativos está associado, de acordo com estudos epidemiológicos, ao aumento

da probabilidade do seu utilizador vir a utilizar estimulantes injectáveis, vir a

sofrer efeitos adversos e vir a ser tratado devido a problemas relacionados com

o consumo de drogas 346.

1.9. Factores condicionantes dos efeitos da MDMA

Como já referido, a MDMA provou ser tóxica em vários sistemas de órgãos

em animais e em humanos. Contudo, o tipo e a severidade desta toxicidade

são influenciados por vários factores incluindo a temperatura ambiente, o

exercício, associação de drogas e níveis de hidratação. Estas variáveis,

quando combinadas com a heterogeneidade dos compostos incluídos nas

______________________________________________________ Introdução

55

pastilhas vendidas como ecstasy, dificultam a determinação das circunstâncias

envolvidas nos efeitos tóxicos da MDMA em utilizadores humanos 358.

Os principais factores condicionantes dos efeitos agudos e tóxicos da

MDMA são abordados de seguida.

1.9.1. Dose de MDMA

Como em qualquer droga preparada e obtida ilicitamente, quer as doses

quer a pureza das pastilhas de MDMA variam substancialmente como pode ser

constatado por análise da Tabela 3.

As pastilhas de ecstasy vendidas no mercado contêm, habitualmente,

entre 80 a 150 mg de MDMA, tendo sido também encontradas dosagens

superiores (até 250 mg por pastilha) 5, podendo conter também substâncias

inertes e outras drogas. Normalmente, as pastilhas contêm a mistura racémica

dos dois enantiómeros da MDMA 359.

Como já referido, a dose ingerida de MDMA vai condicionar os seus

efeitos biológicos e a sua toxicidade, nomeadamente devido ao fenómeno de

auto-inibição metabólica induzido por esta molécula. Os efeitos pró-sociais em

ratinhos e ratos são aumentados de forma dependente da dose 360-362. Mesmo

o consumo de pequenas doses de MDMA apenas uma vez por semana pode

causar efeitos prolongados em ratos que se manifestam a nível

comportamental 363. Em humanos, o consumo de doses mais elevadas foi mais

frequentemente associado com sensação de desorientação e com mais efeitos

alucinatórios e laterais. Este padrão de consumo provoca um efeito mais

prolongado, mais intenso, com um pico de efeito mais longo e mais forte,

aparecem mais efeitos de “ressaca” e perde-se o “sentimento de estar a

controlar” 22.

No entanto, para além de influenciar a duração e intensidade dos efeitos

a dose de MDMA pode influenciar a capacidade aditiva desta substância.

Exemplo disso é o facto de, em condições de temperatura ambiente normal, a

preferência pela MDMA em macacos aumentar em função da dose, uma vez

que para uma dose de MDMA de 0,03 mg/kg, os animais preferem a ração em

Introdução ______________________________________________________

56

vez da MDMA, enquanto que para doses mais elevadas, os animais preferem a

MDMA em detrimento da ração 364.

Não apenas a quantidade de MDMA consumida em cada ocasião, mas

também a frequência do consumo, alteram o perfil de efeitos e de toxicidade

deste composto. Doses repetidas de MDMA levam ao aparecimento de

hipertermia numa forma dose-dependente em temperaturas ambientais que

não originam resposta hipertérmica quando a MDMA é administrada em doses

isoladas 147. O mesmo padrão de aumento de resposta foi verificado em ratos

para a resposta hipercinésica associada ao consumo de MDMA 375. O consumo

de várias doses de MDMA parece contribuir ainda, em primatas não-humanos,

para o aparecimento de défices serotonérgicos duradouros, mesmo com

apenas 2 doses de 4,3 mg/kg administradas per os com 3 horas de intervalo 33.

No entanto, doses sucessivas são normalmente associadas a

experiências menos intensas e de menor duração de efeitos do que a primeira

dose consumida em casa ocasião, normalmente com redução dos efeitos

agradáveis e aumento dos efeitos laterais. Este facto pode reflectir o

desenvolvimento de taquifilaxia, fenómeno de tolerância aguda normalmente

associada aos alucinogénios 22. Normalmente, aqueles que consomem um

maior número de pastilhas de MDMA durante a vida têm um maior risco de,

eventualmente, desenvolver perturbações psicopatológicas 219.

A relevância de estudos sobre o consumo da MDMA em humanos tem

vindo a aumentar devido às variações de doses consumidas 76. De facto, os

resultados de um estudo realizado em 2001 no Reino Unido indicam que

alguns utilizadores regulares de ecstasy consomem grandes doses de MDMA

que não estão muito distantes das usadas em animais para induzir

neurotoxicidade. Se considerarmos as diferenças interespécies, a maior taxa

metabólica nos pequenos roedores faz com que a dose equivalente nos

humanos seja menor, pelo que, em termos de saúde pública, um número

significativo de indivíduos estão expostos a um sério risco de danos

neurotóxicos que são ainda condicionados pela via e frequência dos consumos 266.

57

Tabela 3. Perfil de impurezas e conteúdo em MDMA de pastilhas vendidas como ecstasy.

Estudo Ano Local N Origem Dose de MDMA

Com MDMA Sem MDMA Outras substâncias presentes nas pastilhas com

MDMA

Cheng

et al. 365

2006 Hong

Kong

89 Apreensão Média 43

mg

Ketamina, cafeína, salicilatos, paracetamol,

clorfeniramina,

Metronidazol, sub-produtos de síntese

Tanner-

Smith 366

2006 EUA 1214 Submissão

anónima

39% (apenas MDMA)

15% (MDMA+X)

46% MDA, DXM, cafeína, pseudoefedrina, MTA.

Baixos teores de ketamina, DOB, Heroína, PCP, PMA

Teng

et al. 367

2006 Taiwan 181 Apreensão 16-193

mg

66-71% (apenas MDMA) 7% continha MDEA

7% continha MTA

4% continha anfetamina

18% continha cafeína

MDA, ketamina, efedrina, paracetamol, diazepam,

clorzoxazona, nicotinamida

EACD*368

2004 Nova

Zelândia

8604 Apreensão 30,2-

172,4 mg

A maioria Ketamina, cocaína,

Cheng

et al. 369

2003 Hong-

Kong

212 Apreensão 55%

MTA, MDA e

anfetamina

Ketamina (presente em 12% das pastilhas em 2000 e

42% em 2001)

Cole et al. 370

2002 Reino

Unido

80 Apreensão 20-109

mg

100% MDEA

*EACD, Expert Advisory Committee on Drugs, Nova Zelândia

Tabela 3 (cont). Perfil de impurezas e conteúdo em MDMA de pastilhas vendidas como ecstasy.

Estudo Ano Local N Origem Dose de MDMA

Com MDMA Sem MDMA Outras substâncias presentes nas pastilhas com

MDMA

Spruit 371 2001 Holanda 10000 Apreensão 48-60% (apenas MDMA)

7-13% (MDMA+X)

2-7% (MDA ou

MDEA)

MDA, MDE, anfetamina

Baggott

et al. 372

2000 EUA 107 Submissão

de

pastilhas

para

análise

63% (MDMA, MDA ou

MDEA)

29% 21% contém DXM

Cafeína, efedrina, pseudoefedrina, salicilatos

Sherlock

et al. 373

1999 Reino

Unido

25 Amnistia pombas

(19-140

mg)

outras (2-

105 mg)

64% (MDEA ou MDMA) 24% Ketamina, cafeína, MTA, anfetamina paracetamol

Schifano

et al. 219

1998 Itália 20000 Apreensão 100-150

mg

85-90% MDA, MDEA,

MBDB

Giroud

et al. 3

1997 Suiça MDA, MDEA, MBDB, 2-CB, Cafeína, efedrina, polióis,

LSD, testosterona, cloroquina, vasodilatadores

Milroy

et al. 182

1996 Reino

Unido

13 0,21-12

mg

77% (MDEA, MDMA, MDA,

ou misturas)

Renfroe 374

1986 EUA 101 58 % (apenas MDMA)

26% (MDMA+X)

16% MDA

58

______________________________________________________ Introdução

59

1.9.2. Condições ambientais no momento do consumo

O risco para a saúde associado ao consumo de substâncias de abuso

está relacionado com as condições ambientais dos locais em que elas são

usadas 376. De facto, as condições ambientais, sobretudo a temperatura,

afectam grandemente os efeitos e a toxicidade da MDMA.

Os efeitos da MDMA na temperatura corporal parecem ser dependentes

da temperatura ambiente em ratos 139, 377-379, ratinhos 142 e macacos 380, 381.

Quando administrada a ratos sob condições de temperatura ambiente elevada,

a MDMA provoca hipertermia por aumentar a produção de calor pelo tecido

adiposo castanho e diminuir a perda de calor por provocar vasoconstrição

periférica. Pelo contrário, quando administrada a ratos em ambientes frios, a

MDMA causa hipotermia inibindo a termogénese do tecido adiposo castanho e

a vasoconstrição da artéria da cauda causadas pelo frio, por um mecanismo

que parece envolver a activação de receptores 5-HT1A e D2 382. Aparentemente,

a perda de 5-HT para interagir com os receptors 5-HT1A leva a perturbações na

termorregulação em ratos colocados em ambientes com temperaturas elevadas 149. Estas alterações da temperatura corporal podem levar a alterações no

volume de distribuição, afectando a farmacocinética da MDMA 380.

Além de influenciar a resposta termogénica, a temperatura ambiente tem

também influência na intensidade reforçadora relativa da MDMA (ou seja, na

vontade de consumir novamente e em detrimento da comida) em macacos. De

facto, o aumento da temperatura ambiente (característico dos locais onde a

MDMA é consumida) aumenta a intensidade relativa de reforço de uma

injecção de MDMA na dose de 0,03 mg/kg, enquanto que a diminuição da

temperatura ambiente atenua significativamente a escolha de uma dose de

MDMA de 0,1 mg/kg 364. O mesmo aumento do reforço foi observado em ratos

que, em ambiente quente, aumentaram o número de auto-administrações de

MDMA 383. Um possível mecanismo neuroquímico para explicar este aumento

do reforço do consumo de MDMA pode ser uma potenciação do aumento dos

níveis extracelulares de DA nas áreas do cérebro envolvidas no reforço como o

nucleus accumbens 384, uma teoria confirmada em ratos 385.

Introdução ______________________________________________________

60

No entanto, em ratos, apesar de afectar a magnitude da resposta

hipertérmica induzida pela MDMA, a temperatura ambiente não afecta a

hipercinésia 375.

Foi também já referido que o aumento da temperatura ambiente tem

também a capacidade de aumentar a toxicidade da MDMA quer in vivo 139, 142,

quer in vitro 60, 386, 387. Por exemplo, Malberg e Seiden (1998) encontraram

marcadores de neurotoxicidade no cortex frontal, hipocampo e estriado,

quando a MDMA foi administrada a ratos a uma temperatura ambiente de 26-

30ºC, o que não se verificou quando a administração foi feita a 20-24ºC 139.

Também aqui, a DA parece ter um papel importante 93. A temperatura ambiente

elevada aumenta ainda a capacidade da MDMA inibir a triptofano hidroxilase 230, o que potencialmente irá atrasar a reposição dos níveis neuronais de 5-HT.

Um dos efeitos também aumentado em ambientes de temperatura mais

elevada é o efeito pró-social da MDMA em ratos 383. Por outro lado, a

interacção social com fêmeas, ou restrições na dissipação de calor, leva a uma

potenciação do aumento da temperatura cerebral induzido pela MDMA. Este

facto foi já confirmado em ratos 388 e pode estar envolvido na potenciação da

neurotoxicidade da MDMA.

O papel da temperatura ambiente é de tal forma importante na

intensidade dos efeitos que, em relatos subjectivos, os utilizadores de MDMA

referiram que “o calor foi o factor causal do início e manutenção dos efeitos” 364.

Também o ruído em alto volume foi já associado a um aumento da

neurotoxicidade da MDMA em ratinhos, que, nestes animais, ocorre por lesão

dos terminais dopaminérgicos 389. No entanto, o mecanismo pelo qual a

exposição a ambientes ruidosos aumenta a neurotoxicidade da MDMA não

está ainda esclarecido. O ruído pode potencialmente agravar também a

rabdomiólise ao nível do miocárdio (miocitólise), muitas vezes considerada

responsável de morte súbita subsequente ao consumo de MDMA, uma vez que

o ruído, por si só, pode lesar o miocárdio e, quando associado a um consumo

múltiplo (binge) de MDMA, origina alterações ultra-estruturais ao nível das

mitocôndrias do músculo cardíaco 390, 391.

Situações de stress (ex.: imobilização, interacção social com congéneres

agressivos, choques eléctricos nas patas, contusão da cauda, restrição de

comida, stress pré-natal) provocam um aumento das concentrações cerebrais

______________________________________________________ Introdução

61

de MDMA em ratinhos 392 e aumentam a auto-administração de

psicoestimulantes 393.

Estudos em animais demonstraram ainda que a agregação dos animais

potencia os efeitos agudos de ambos os enantiómeros da MDMA 145, 394, o que

levanta a problemática do consumo habitual desta substância em ambientes

sobrelotados. Esta agregação influencia também comportamentos aditivos

relativamente à MDMA (quer racemato quer qualquer um dos enantiómeros)

que são mais evidentes em animais isolados do que em animais agregados 395.

Também a actividade física contribui para o agravamento dos efeitos

tóxicos agudos da MDMA 394, provavelmente por aumentar a produção de calor

e contribuir, assim, para um aumento da hipertermia. De facto, utilizadores que

reportaram dançar ou fazer exercício físico quando sob os efeitos da MDMA

parecem apresentar, posteriormente, mais efeitos adversos. A imobilização de

ratinhos aos quais foi administrada uma dose de 20 mg/kg de MDMA resultou

num bloqueio da resposta hipertérmica, bem como da neurotoxicidade

observada em animais não imobilizados 243. Por outro lado, o exercício

extenuante provou já ser indutor da CYP1A2 396, o que pode conduzir a um

aumento do metabolismo da MDMA com maior taxa de formação de

metabolitos tóxicos.

A ingestão de água influencia, também, a toxicidade da MDMA em ratos

porque, se por um lado a ausência do consumo de água durante o período de

exposição à MDMA aumenta significativamente a hipertermia quando a

temperatura ambiente está elevada 375, o consumo exagerado de água pode

conduzir a uma situação de hiponatrémia que resulta em edema cerebral 13, 214,

215.

Os dados apresentados permitem, assim, inferir que ambientes quentes,

barulhentos e sobrelotados nas festas rave podem criar as condições ideais

para um aumento da resposta aguda à MDMA e, potencialmente, aumentar a

propensão para o aparecimento de sequelas neuropsicológicas adversas em

utilizadores de ecstasy 394.

Introdução ______________________________________________________

62

1.9.3. Características do consumidor de MDMA

Existem vários factores inerentes ao consumidor de ecstasy que podem

condicionar o risco a que ele está sujeito quando consome esta substância,

uma vez que condicionam a sua capacidade metabólica e a sua

susceptibilidade ao desenvolvimento dos efeitos agudos da MDMA e que,

inclusivamente, influenciam os padrões de consumo adquiridos. As principais

características do consumidor que podem influenciar os efeitos da MDMA são:

a idade, a etnia, o género, a variabilidade farmacogenética interindividual e a

orientação sexual.

1.9.3.1. Idade

O consumo de MDMA está predominantemente associado a faixas

etárias mais jovens. De facto, uma elevada proporção dos jovens com menos

de 16 anos está exposta a esta droga de abuso 13. Daí que seja importante

considerar o efeito da idade na expressão e actividade das enzimas envolvidas

no metabolismo desta substância 397. Em ratos imaturos, os níveis de CYP3A2

são elevados e, na puberdade, diferenciam-se consoante o género, sofrendo

um decréscimo selectivo nas fêmeas 398. A CYP2C11 tem níveis baixos nos

ratos imaturos e aumenta, na puberdade, nos machos 398. Em humanos,

existem poucas diferenças entre as actividades das CYP microssomais nas

diferentes faixas etárias. No entanto, a actividade da CYP1A2, CYP2B6,

CYP2C19, CYP2D6 e CYP2E1 em microssomas hepáticos humanos tende a

diminuir com a idade, enquanto que a actividade da CYP2A6 e CYP4A11 tende

a aumentar com a idade 398. Por outro lado, de acordo com o observado em

hepatócitos humanos criopreservados, a CYP3A4 tende a aumentar com o

aumento da idade, fenómeno não observado nos microssomas 398.

Globalmente, com o aumento da idade assiste-se a uma diminuição da

capacidade metabólica dos indivíduos que chega a ser de 30% após os 70

anos de idade 397. Para além disto, a clearance e o volume de distribuição de

numerosos compostos diminui com o envelhecimento, provavelmente por uma

______________________________________________________ Introdução

63

diminuição do volume do fígado e do fluxo hepático sanguíneo 399, 400, mais do

que por uma diminuição da actividade das enzimas microssomais 401.

Pensa-se que o desenvolvimento cerebral que ocorre durante a

adolescência pode resultar em respostas farmacológicas que diferem

crucialmente das dos adultos. Por exemplo, a potência da cocaína, ketamina e

MDMA para produzir estimulação motora em ratos macho é menor nos

adolescentes do que nos adultos 402. Diferenças no efeito analgésico induzido

pela MDMA (mais intenso nos animais de meia idade do que nos adolescentes)

podem ser encontradas em 3 grupos de ratos de idades diferentes e podem

relacionar-se com diferentes graus de maturação do sistema serotonérgico em

função do estadio de desenvolvimento 360. Esta diferença ao nível da

farmacodinamia da MDMA com a idade pode dever-se a (i) diferentes perfis de

diminuição dos níveis cerebrais de 5-HT e de bloqueios da recaptação da 5-HT,

que são mais intensos nos animais mais velhos; (ii) diferente tendência para

que estes efeitos sejam, ou não, persistentes 138, 403, sendo mais persistentes

as alterações verificadas nos animais mais velhos; e (iii) a uma alteração da

densidade dos SERT que manifesta uma diminuição ao longo dos anos 404.

Devido aos vários factores referidos, os adolescentes humanos parecem exibir

uma sensibilidade reduzida aos efeitos de drogas de abuso como a cocaína, a

ketamina e a MDMA, o que pode levar a uma utilização de quantidades

superiores destas substâncias por cada consumo, quando comparada com

indivíduos mais velhos 402, 405.

Por outro lado, devido ao fenómeno de tolerância, os consumidores mais

velhos estão habitualmente expostos a maiores quantidades de ecstasy em

cada ocasião e a maiores quantidade de outros tipos de drogas para

intensificar os efeitos obtidos com a MDMA 332, aumentando a propensão ao

desenvolvimento de interacções.

A adolescência é um período durante o qual os rearranjos maturativos

podem exercer uma forte influência na diferente vulnerabilidade aos

psicoestimulantes 406, 407. De facto, os efeitos da exposição repetida de ratinhos

CD-1 adolescentes à MDMA são persistentes até à idade adulta e existe uma

resposta diferente à MDMA em função da idade em que ocorre a primeira

exposição à substância 360. Este facto indica que os efeitos prolongados da

MDMA estão associados a uma utilização precoce desta substância 403, 408.

Introdução ______________________________________________________

64

1.9.3.2. Etnia

As características da resposta farmacológica e toxicológica a

xenobióticos, dependente da metabolização via CYP450, são normalmente

muito específicas para cada grupo étnico, uma vez que a frequência das

variantes alélicas que codificam para estas enzimas varia acentuadamente

entre diferentes grupos étnicos 66. Um exemplo é a CYP1A2 que apresenta

uma actividade inferior em indivíduos de raça negra relativamente aos

caucasianos 409. Os Hispânicos representam outro bom exemplo pois, quando

comparados com os Caucasianos e os Afro-Americanos, têm cerca do dobro

ou triplo de actividade de CYP2A6, CYP2B6, e CYP2C8 e metade de

actividade da CYP1A2 398.

Para além das condicionantes farmacogenéticas, a etnia parece

influenciar o padrão de consumo. Este efeito da etnia no padrão de consumo

foi evidenciada no estudo de Clatts e colaboradores os quais registaram o

consumo de club drugs entre homens homossexuais e bisexuais, tendo

apresentado diferenças entre indivíduos de raça branca (37,5% consumiu pelo

menos uma vez; 41,4% consome cronicamente), negra (13,7% consumiu pelo

menos uma vez; 11,7% consome cronicamente), hispânica (38,9% consumiu

pelo menos uma vez; 35,2 consome cronicamente) e outras (9.9% consumiu

pelo menos uma vez; 11,7% consome cronicamente) 326.

Os indivíduos de raça branca têm mais probabilidade de consumir

ecstasy pelo menos uma vez na vida do que os hispânicos e os negros (44,6%

versus 26,7% e 15,9%, respectivamente) 329.

Os negros têm demonstrado menor probabilidade de utilizar drogas

sintéticas, enquanto que os brancos, nativos americanos e jovens mestiços são

normalmente mais propensos do que os outros grupos raciais/étnicos a

consumir uma ou mais club drugs 324.

1.9.3.3. Género

Tal como já foi descrito para outras drogas de abuso 410, 411, o

mecanismo de acção e as consequências do consumo de MDMA não são

______________________________________________________ Introdução

65

idênticos entre homens e mulheres 233. A(s) causa(s) destas diferenças entre

géneros não é conhecida, mas podem dever-se a diferenças nos perfis

hormonais 412, volume e morfologia de determinadas estruturas cerebrais 413,

na transmissão monoaminérgica ou na capacidade metabólica.

A 5-HT está envolvida na modulação de uma variedade de funções,

nomeadamente na regulação do humor e está implicada na patofisiologia da

depressão e de problemas de ansiedade, patologias com maior prevalência em

indivíduos do sexo feminino 414. Curiosamente, existem também diferenças de

género relativamente a marcadores de integridade serotonérgica em

utilizadores de MDMA, indicando uma função serotonérgica diminuída nas

mulheres, quando comparada com os homens 415. Especificamente, em

indivíduos que consumiram MDMA, foram encontradas reduções nas

concentrações de ácido 5-hidroxiindolacético (metabolito da 5-HT) no fluído

cerebrospinal, mais intensas nas mulheres do que nos homens (46% vs. 20%),

o que sugere uma maior susceptibilidade das mulheres do que dos homens

aos efeitos neurotóxicos da MDMA 415. Esta hipótese foi confirmada num

estudo sobre a influência de algumas variáveis na neurotoxicidade

serotonérgica da MDMA em várias regiões cerebrais em que apenas se

registaram alterações nos neurónios serotonérgicos no grupo feminino de

consumidores de doses elevadas de MDMA, o que parece indicar que as

mulheres são aparentemente mais susceptíveis a desenvolver neurotoxicidade

devido ao consumo de MDMA do que os homens 233. De facto, o uso de MDMA

está associado a uma diminuição da densidade dos transportadores da

serotonina cerebrais nas mulheres, dependente da dose e potencialmente

reversível. Esta redução na densidade dos SERT não é significativa nos

homens 233. No entanto, em animais de laboratório a influência do género na

susceptibilidade à MDMA é bastante diferente. Em ratinhos, uma

vulnerabilidade ao aumento da actividade locomotora espontânea e à

exploração ambiental foi observada nos machos e não nas fêmeas 360.

Adicionalmente, nestes animais, a administração de MDMA na dose de 20

mg/kg está associada a uma maior letalidade nos machos, o que sugere que

eles possam ser mais sensíveis à toxicidade geral da MDMA 243. As fêmeas

parecem ser mais resistentes do que os machos à toxidade da MDMA e MDA,

provavelmente por um mecanismo de captação dos radicais livres que parecem

Introdução ______________________________________________________

66

ser responsáveis pelos efeitos letais agudos destas substâncias (ex.: radical

superóxido) pelas hormonas sexuais 416.

Também os efeitos psicoactivos da MDMA são, geralmente, mais

intensos nas mulheres do que nos homens. As mulheres têm alterações

perceptivas, problemas de raciocínio, medo de perder o controlo do corpo,

ansiedade, efeitos adversos e sequelas mais intensos, enquanto que os

homens sofrem maiores aumentos da pressão arterial 414. Aparentemente, a

dose de MDMA correlaciona-se positivamente com a intensidade das

alterações perceptivas na mulher. O facto de doses iguais de MDMA (por

quilograma de peso corporal) produzirem respostas mais intensas nas

mulheres é consistente com a ideia de uma maior susceptibilidade das

mulheres aos efeitos libertadores de 5-HT provocados pela MDMA 414. Não se

observaram, no entanto, diferenças de género nos comportamentos agressivos

manifestados pelos consumidores de ecstasy durante os dias subsequentes ao

consumo 417.

Outras diferenças de género que podem afectar as respostas biológica e

toxicológica à MDMA incluem as diferentes capacidades metabólicas. De facto,

existem factores hormonais que condicionam a expressão das isoenzimas do

citocromo P450 398. Nos humanos, coelhos, cães e macacos as diferenças de

género não influenciam a expressão microssomal do CYP450 ou de outras

enzimas metabolizadoras na mesma extensão que se verifica no rato e, menos

expressivamente, no ratinho 398. Apesar disso, as mulheres possuem menor

actividade da CYP1A2 (7-etoxiresirufina O-desalquilase) do que os homens 409,

cuja actividade se encontra também influenciada pela fase do ciclo menstrual 396. Nos ratos adultos, não se verificam diferenças de género na actividade da

CYP2D6 e CYP2E1. A CYP3A2 é uma das isoenzimas específicas dos machos

(níveis nos machos são 10 vezes maiores que nas fêmeas) devido à secreção

pulsátil de hormona do crescimento nos machos. Os níveis mais baixos de

CYP3A nas fêmeas adultas são causados por um declínio nos níveis de

CYP3A2 nas fêmeas durante a puberdade 398. A indução das isoenzimas do

CYP450 tende a ser maior nas fêmeas, o que se verifica nas isoenzimas

microssomais CYP2B e CYP3A que apresentam uma maior indutibilidade nas

fêmeas de rato do que nos ratos macho 398. Em microssomas hepáticos

humanos as actividades da CYP2B6, CYP2C19 e CYP3A4 (testosterona 6β-

______________________________________________________ Introdução

67

hidroxilase) tendem a ser mais elevadas nos microssomas de fígado de

mulheres, enquanto que a CYP1A2 e a CYP2D6 tendem a ser mais elevadas

nos microssomas hepáticos de homens 398. Estas diferenças a nível metabólico

fazem com que a metabolização da MDMA seja feita mais rapidamente nos

homens do que nas mulheres 373.

Aparentemente, as mulheres estão também mais predispostas a

desenvolverem hiponatrémia e edema cerebral após a utilização de MDMA,

uma vez que a maioria dos casos clínicos de hiponatrémia descritos na

literatura ocorreram em jovens do sexo feminino 205, 209, 210, 292, 418. Uma vez que

este efeito hiponatrémico da MDMA parece dependente do seu metabolismo 217, o seu aparecimento será provavelmente condicionado pela capacidade

metabólica individual que, como já foi descrito anteriormente, difere entre

indivíduos do sexo feminino e masculino.

Curiosamente, os indivíduos do sexo feminino são menos sensiveis aos

efeitos hipertérmicos da MDMA do que os indivíduos do sexo masculino. Este

facto foi confirmado num estudo realizado em ratos que constatou que a

incapacidade da MDMA induzir uma resposta termogénica nas fêmeas pode

dever-se ao facto de as fêmeas apresentarem (i) menor activação simpática

após administração de MDMA, (ii) vasculatura menos sensível à estimulação

adrenérgica α1, e mais sensível ao monóxido de azoto e (iii) menor expressão

de UCP3 no músculo esquelético, quando comparadas com os machos 419.

Existem ainda diferenças de género no que concerne aos padrões de

consumo da MDMA. Segundo um estudo realizado em 1999 342, as mulheres

iniciam o consumo de MDMA mais precocemente que os homens. No entanto,

os homens apresentam taxas mais elevadas de prevalência do consumo de

ecstasy ao longo da vida do que as mulheres 20.

A análise conjunta da informação reunida permite inferir que,

provalmente, enquanto as mulheres são mais susceptíveis a desenvolver os

efeitos psicoactivos e neurotóxicos da MDMA por apresentarem menor

capacidade de metabolizar esta substância, os homens, devido à sua maior

taxa metabólica e maior prevalência de consumo, estarão mais sujeitos a

desenvolver quadros de resposta tóxica disseminada subsequente ao seu

consumo, apresentando maiores taxas de letalidade.

Introdução ______________________________________________________

68

1.9.3.4. Variabilidade farmacogenética interindividual

A susceptibilidade de um ou vários indivíduos aos efeitos

biológicos/tóxicos de um determinado xenobiótico pode ser determinada por

alterações genéticas estáveis e hereditárias. Por convenção, quando uma

determinada alteração genética (mutação) atinge mais de 1% de uma

população, designa-se polimorfismo. Os polimorfismos genéticos podem

traduzir-se em alterações de proteínas que funcionam como receptores,

originando variações farmacodinâmicas 420, ou que estão associadas ao

metabolismo e transporte de xenobióticos 89, exercendo um efeito

preponderante na farmacocinética dos compostos 421.

Uma vez que a isoforma 2D6 do sistema citocromo P450 é a principal

via metabólica da MDMA, indivíduos com variações genéticas nesta enzima

(ex.: metabolizadores lentos ou metabolizadores ultra-rápidos), e noutras

isoformas que contribuem minoritariamente para o metabolismo deste

composto, vão apresentar concentrações plasmáticas variáveis do composto-

pai e de metabolitos 48, 422, o que pode condicionar a toxicidade da MDMA.

Estes polimorfismos ao nível das proteínas envolvidas na

farmacocinética e na farmacodinamia da MDMA podem explicar o facto de

alguns indivíduos poderem consumir MDMA regularmente sem dano aparente,

enquanto outros morrem ou têm reacções tóxicas severas com consumos

esporádicos ou de doses reduzidas 423.

Foram já descritos polimorfismos genéticos que afectam o perfil de

efeito/toxicidade da MDMA por alterar a expressão e/ou actividade de

isoenzimas do citocromo P450 (CYP1A2, CYP2B6, CYP2D6, CYP3A4) 398, da

COMT, da UDP-glucuronosiltransferase, da sulfotransferase, do receptor da

serotonina, do receptor da dopamina, do SERT, etc 89.

1.9.3.4.1. Isoenzimas do citocromo P450

As mutações nos genes que codificam para as enzimas do CYP450

podem traduzir-se na expressão de proteínas com actividade nula, reduzida,

aumentada ou alterada (por exemplo, perda de capacidade de ligação ao

______________________________________________________ Introdução

69

substrato 89), o que dá origem a quatro fenótipos distintos: (i) metabolizador

pobre, que não apresenta a enzima funcional; (ii) metabolizador intermédio que

apresenta uma redução da actividade enzimática; (iii) metabolizador extensivo,

que apresenta actividade enzimática normal; e (iv) metabolizador ultra-rápido

que apresenta níveis enzimáticos aumentados 424. A estes diferentes fenótipos

correspondem, geralmente, grandes variações na extensão da metabolização

de xenobióticos.

Mesmo os metabolizadores rápidos sofrem aumentos da concentração

de MDMA quando expostos a um inibidor da CYP2D6, uma vez que grandes

aumentos nas concentrações plasmáticas podem surgir devido à cinética não

linear do metabolismo da MDMA.

Nas populações caucasianas 12 a 21% dos indivíduos apresentam

fenótipo de metabolizadores pobres por possuírem o alelo CYP2D6*4. Este

alelo está praticamente ausente nas populações orientais, o que explica a

baixa incidência de metabolizadores pobres neste grupo étnico (menos de 1%) 66. No entanto, a actividade da CYP2D6 é menor nos metabolizadores

extensivos asiáticos do que nos metabolizadores extensivos caucasianos

devido à elevada frequência, entre os primeiros, do alelo CYP2D6*10 que

provoca deficiências na estrutura terciária e quaternária da proteína, diminuindo

a expressão da enzima funcional 425. A CYP2D6*10 é uma enzima com menor

afinidade e eficácia para os substratos do que a CYP2D6*1 (wildtype) 426. A

mesma capacidade metabólica diminuída foi identificada em indivíduos de raça

africana, associada à presença do alelo CYP2D6*17 que está relacionado com

uma diminuição da afinidade da enzima para os substratos 427, 428. O fenótipo

de metabolizador ultra-rápido, associado aos alelos CYP2D6*1XN,

CYP2D6*2XN e CYP2D6*35X2, surge num terço da população da Etiópia e

Arábia Saudita, em 1 a 5% dos caucasianos, 10% nas populações italiana e

turca e 5,5% da população da Europa Ocidental 424, sendo muito raro nas

populações do norte da Europa e estando praticamente ausente nos asiáticos 66.

Dada a importância da CYP2D6 no metabolismo da MDMA, foi colocada

a hipótese de que os indivíduos portadores de alelos codificantes para

isoenzimas com menor actividade poderiam apresentar um risco aumentado de

sofrer efeitos tóxicos agudos resultantes da acção farmacológica da MDMA

Introdução ______________________________________________________

70

(ex.: hipertermia, efeitos cardiovasculares) 267, 429. Em contraponto, os

indivíduos com fenótipo de metabolizador ultra-rápido estariam mais

predispostos a ser afectados por fenómenos de citotoxicidade 430 que podem

incluir neurotoxicidade, cardiotoxicidade, nefrotoxicidade e hepatotoxicidade 431

devido à previsível maior formação de metabolitos tóxicos 203, 386, 429, 432.

Assim, o estudo da influência do genótipo dos indivíduos e/ou

populações no metabolismo da MDMA permite estabelecer uma possível

relação entre o fenótipo de metabolizador pobre e a ocorrência de intoxicações

agudas devido a um decréscimo mais lento dos níveis plasmáticos de MDMA.

Também a isoforma CYP3A4 do CYP450 apresenta acentuada

variabilidade interindividual podendo o seu conteúdo hepático variar entre 40 a

50 vezes 433. Esta isoforma é a mais abundante do CYP450 humano

(representa 30% do CYP450 hepático e 70% do CYP450 intestinal) 433, 434 e é a

principal envolvida na oxidação dos xenobióticos 435.

1.9.3.4.2. Catecol-O-metiltransferase

Uma outra enzima que apresenta um grau de actividade sujeito a grande

variabilidade interindividual é a catecol-O-metiltransferase (COMT; enzima

envolvida na metilação das monoaminas neurotransmissoras, hormonas

catecóis, fármacos como a levodopa, metildopa e isoprenalina e drogas de

abuso como a MDMA 436) que é claramente evidente entre diferentes etnias.

Entre os caucasianos, 25% dos indivíduos apresentam actividade elevada,

50% apresentam actividade intermédia, e 25% apresentam actividade reduzida 436. A COMT eritrocitária apresenta uma actividade superior em indivíduos

africanos e afro-americanos (apenas 7% apresenta actividade reduzida)

relativamente aos caucasianos (27% apresenta fenótipo com actividade

reduzida) 437. Estes fenótipos de actividade enzimática reduzida parecem

apresentar risco superior para o desenvolvimento de reacções adversas às

anfetaminas 438.

______________________________________________________ Introdução

71

1.9.3.4.3. UDP-glucuronosiltransferase

A glucuronidação é a reacção de conjugação mais comum no

metabolismo humano e está envolvida na destoxificação dos metabolitos

catecóis e catecóis o-metilados da MDMA. Assim, variações farmacogenéticas

da enzima UDP-glucuronosiltransferase que condicionem a sua cinética

enzimática para determinados substratos podem afectar a toxicidade dos

mesmos se os seus metabolitos tóxicos forem destoxificados por esta via

metabólica e ela estiver comprometida 439.

Os polimorfismos mais importantes desta enzima são as variações no

gene UGT1A1 que resulta numa significativa redução da actividade da

UGT1A1. Esta variação ocorre em 7 a10% da população em geral 440.

1.9.3.4.4. Sulfotransferase (SULT)

A sulfotransferase (SULT) está também envolvida no metabolismo de

fase II dos compostos endógenos e xenobióticos, catalizando a conjugação do

composto com um grupo sulfato cedido pela adenosina 3’-fosfato 5’-

fosfossulfato (PAPS) 441. Esta enzima está envolvida na destoxificação dos

metabolitos catecóis e catecóis o-metilados da MDMA.

Também as variabilidades na actividade da SULT 441 podem estar

potencialmente associadas a alterações na toxicidade dos compostos

destoxificados por esta via.

1.9.3.4.5. Receptores da 5-HT

Foram já descritos fenómenos de polimorfismo genético associados aos

receptores 5-HT2A 442 que resultam em alterações funcionais da proteína. Uma

vez que as anfetaminas têm como alvo os receptores da 5-HT, alterações

funcionais a este nível podem condicionar a resposta biológica a este tipo de

drogas de abuso.

Introdução ______________________________________________________

72

1.9.3.4.6. Receptores da DA

Os receptores da dopamina apresentam também uma elevada

prevalência de polimorfismos que afectam a variabilidade da resposta

farmacológica a fármacos antipsicóticos e neurolépticos 443, 444, podendo

afectar também a sua afinidade para o seu substrato endógeno, a DA 445.

De facto, alguns estudos puderam já associar polimorfismos ao nível dos

receptores D2 e D4 com um risco acrescido de vulnerabilidade para o abuso e

risco de dependência de drogas psicoestimulantes 446, 447. Estes polimorfismos

podem ter um efeito aditivo aos polimorfismos da COMT no que se refere ao

risco de dependência destas drogas de abuso 447.

1.9.3.4.7. Transportador da 5-HT

O SERT (ou 5-HTT) é responsável pela manutenção das reservas

intraneuronais de serotonina mediante o transporte da mesma para os

terminais pré-sinápticos de forma a ficar disponível para subsequentes

libertações implicadas na neurotransmissão. Os polimorfismos verificados

neste transportador podem afectar o seu nível de expressão e, mais raramente,

podem alterar a própria estrutura do transportador 448. Indivíduos portadores do

polimorfismo que diminui a expressão dos SERT são mais susceptíveis aos

efeitos induzidos pela MDMA no sistema serotonérgico, havendo maior risco de

disfunção ao nível emocional 449 e cognitivo 450.

Em indivíduos portadores do genótipo 5-HTTLPR (confere

neurotransmissão serotonérica reduzida e parece aumentar a vulnerabilidade

para os efeitos da MDMA na função cognitiva), com consumo moderado de

MDMA (história de consumo de menos de 55 pastilhas ao longo da vida) não

surgem défices de memória. Para indivíduos com transportador deficiente que

consomem grandes quantidades de MDMA ou que já foram consumidores,

observa-se um desempenho inferior nas tarefas de memória relativamente ao

grupo controlo 451.

______________________________________________________ Introdução

73

1.9.3.5. Orientações sexuais

Aparentemente, a orientação sexual também condiciona o padrão de

consumo de drogas, uma vez que mulheres lésbicas/bissexuais referem níveis

de consumo de drogas (farmacêuticas ou de abuso) mais elevados do que

mulheres heterossexuais, nomeadamente de ecstasy, cocaína, MTA e LSD 320.

No entanto, não parece que a frequência do consumo difira entre os dois

grupos 452.

No caso dos homens, a frequência do consumo de MDMA é superior

nos homossexuais/bissexuais do que nos heterossexuais.

Assim, a identidade sexual foi associada com maiores taxas de consumo

de algumas drogas, embora, no geral, os padrões e a frequência do consumo

de drogas seja similar entre heterossexuais e homossexuais/bissexuais.

Contudo, a orientação sexual é um marcador para vários comportamentos de

risco que incluem utilização de drogas injectáveis, maior actividade sexual e

maior dependência de drogas anfetamínicas (ex.: MTA) 452.

Poderá ser, então, especulado que indivíduos com determinada

orientação sexual poderão estar mais predipostos a iniciar determinados

padrões de consumo de drogas e comportamentos de risco que poderão

potenciar o aparecimento de efeitos tóxicos associados às mesmas.

1.9.4. Alterações fisiológicas e fisiopatológicas

Os efeitos agudos e tóxicos da MDMA podem, também, ser

influenciados por alterações fisiológicas e fisiopatológicas que afectem o

consumidor e que podem condicionar a farmacodinamia e a farmacocinética

desta droga de abuso. São de destacar a gravidez, o hipo/hipertiroidismo, as

insuficiências hepática e renal, as patologias inflamatórias e infecciosas, as

patologias cardíacas, a diabetes mellitus e a obesidade.

Introdução ______________________________________________________

74

1.9.4.1. Gravidez

Devido ao facto da maioria dos consumidores de MDMA serem jovens

adultos, as possibilidades de surgir uma gravidez e expor os fetos aos efeitos

da MDMA é motivo de preocupação. Esta preocupação agrava-se se

considerarmos que o aparecimento de gravidezes indesejadas surge muito

associado ao policonsumo de drogas 334. Nestes casos o feto não estará

unicamente exposto à MDMA, mas sim aos efeitos deletérios de todas as

drogas consumidas, bem como às potenciais interacções que possam surgir

entre elas.

Existem evidências de que a exposição in utero dos fetos à MDMA

durante o desenvolvimento embrionário resulta numa redução dos níveis de

actividade e em deficiências de aprendizagem e memória, indicativos de dano

ao nível do hipocampo, embora não afecte o grau de ansiedade dos animais

quando estes atingem a idade adulta. A administração de MDMA às fêmeas de

rato grávidas diminui o peso das crias, e aumenta os seus níveis de

corticosterona e os níveis cerebrais do factor neurotrófico derivado do cérebro

e diminui os níveis de 5-HT. Este decréscimo de 5-HT dissipa-se inicialmente,

mas reaparece na idade adulta. Assim, parece evidente que a exposição à

MDMA tem efeitos adversos no desenvolvimento cerebral e no comportamento 453. O consumo de MDMA durante os primeiros meses de gravidez foi também

já associado ao aparecimento de situações de gastrosquise (anomalia

congénita da parede abdominal anterior através da qual ocorre herniação das

vísceras abdominais como estômago, intestino delgado, intestino grosso e

bexiga, que se desenvolvem fora da cavidade abdominal do feto) 454. Em

humanos existem ainda poucos estudos acerca do potencial teratogénico da

MDMA, no entanto, um estudo prospectivo de 136 recém-nascidos expostos à

MDMA in utero indicou que esta substância poderá estar associada com um

aumento significativo do risco de deficiências congénitas (15,4% dos nados-

vivos). Destas, as anomalias cardiovasculares (2,6% dos nados-vivos) e

musculoesqueléticas (3,8% dos nados-vivos) foram predominantes 260.

Felizmente, a prevalência do consumo de ecstasy durante a gravidez

parece ser reduzida 455. As mulheres grávidas que consomem MDMA são

normalmente jovens, solteiras, apresentam problemas psicológicos e reunem

______________________________________________________ Introdução

75

um conjunto de factores de risco que pode comprometer a gravidez e o feto

(tabagismo, consumo de álcool incluindo binge drinking, consumo de drogas

ilícitas como cocaína, Cannabis, MTA, ketamina, GHB e psilocibina) 262.

Durante a gravidez decorrem muitas alterações fisiológicas que podem

afectar a farmacocinética e a susceptibilidade da mãe aos efeitos das

substâncias consumidas durante esse período. O stress pré-natal pode

aumentar os níveis plasmáticos de MDMA, parecendo envolver uma inibição do

seu metabolismo, e aumentar as alterações motoras induzidas pelo consumo

desta substância. Estas diferenças ao nível do metabolismo da MDMA podem

afectar a propensão para sofrer reacções adversas. Uma consequência directa

seria o desenvolvimento de toxicidade com doses moderadas de MDMA, uma

vez que a droga acumular-se-ia no organismo em vez de ser metabolizada e

eliminada. Além do referido, o stress pré-natal tem a capacidade de induzir um

bloqueio prolongado da inibição reflexa (feedback) do eixo corticotrópico que

regula a secreção de corticosterona e que desempenha um papel importante

na neurotoxicidade da MDMA 456. Esta inibição associada ao facto de que, quer

o stress prolongado, quer a MDMA estimulam a libertação de corticosterona 140,

457, 458, vai aumentar os efeitos da MDMA nos animais em estado pré-natal 405,

podendo aumentar a sua neurotoxicidade.

A presença de depressões pré-natais na mulher pode também agravar

os efeitos da MDMA, uma vez que, por si só, a depressão pré-natal caracteriza-

se por aumento de cortisol e níveis baixos de dopamina e serotonina 459.

O consumo de MDMA pode ainda agravar os problemas de hipertensão

que, por vezes, surgem durante a gravidez e que são sempre extremamente

perigosos para a mãe e o feto 460, provavelmente por um mecanismo que

envolve um aumento da libertação de aldosterona induzido pela MDMA 461.

Em termos metabólicos, assiste-se durante este período a alterações da

absorção dos compostos, diminuição dos níveis de albumina e glicoproteína α1-

ácida que pode originar diminuição da ligação às proteínas plasmáticas,

aumento da actividade das isoenzimas CYP2D6 462, CYP3A4 e CYP2C9,

diminuição da actividade da CYP1A2, CYP2C19 e CYP2E1 463, aumento da

actividade da UDP-glucuronosiltransferase, aumento da clearance renal 464 e

alterações no metabolismo da vitamina D 465. O aumento da actividade da

CYP2D6 pode levar a tolerância metabólica a variados fármacos (ex.:

Introdução ______________________________________________________

76

fluoxetina) e consequente falência terapêutica 466 e pode aumentar a

metabolização da MDMA aos seus metabolitos tóxicos, aumentando a

probabilidade de fenómenos de toxicidade.

1.9.4.2. Patologias subjacentes ao consumo de MDMA

1.9.4.2.1. Hipo/hipertiroidismo

Como já foi referido, a MDMA induz um ligeiro aumento nos níveis

séricos de tiroxina em roedores e humanos 154. Esta hormona desempenha um

papel modulador na termogénese induzida pela MDMA através da regulação

da expressão da UCP3 e/ou a síntese de receptores adrenérgicos 154. Deste

modo, a existência de hipertiroidismo em roedores mimetizou os efeitos de uma

temperatura ambiente elevada na termogénese induzida pela MDMA 155. Ratos

com hipertiroidismo mostraram, em comparação com ratos eutiróidicos, um

aumento mais marcado na temperatura corporal, na expressão de UCP3 no

músculo esquelético e na letalidade consequente à exposição aguda à MDMA

(40 mg/kg s.c.), de um modo linear de acordo com os níveis plasmáticos de

tiroxina 155. O papel regulador das hormonas da tiróide na termogénese

induzida pela MDMA foi confirmado em macacos, uma vez que o tratamento

crónico de macacos com levotiroxina (3 ou 4,5 μg/kg/dia, i.m.) provocou um

aumento da resposta termogénica induzida pela MDMA quando administrada

em concentrações que habitualmente não afectavam a termorregulação. No

entanto, o tratamento com levotiroxina não teve efeito na capacidade de reforço

da MDMA (a qual já se verificou estar aumentada em ambientes quentes) 467.

Em contraponto, a remoção cirúrgica das glândulas tiróide e paratiróide

aboliu a capacidade da MDMA causar hipertermia e libertação de DA ao nível

do estriado 468. O tratamento com tiroxina repôs parcialmente a resposta

hipertérmica em animais tiróide-paratiroidectomizados 122.

Complementarmente, o hipotiroidismo crónico resulta numa resposta

hipotérmica à MDMA que é directamente proporcional à diminuição da

expressão da UCP3. Neste caso, o suplemento agudo com T4 não alterou a

expressão de UCP3 nem a resposta térmica à MDMA. Estes dados sugerem

______________________________________________________ Introdução

77

que, apesar da hipertermia induzida pela MDMA parecer resultar de níveis

aumentados de NA e AG livres, a susceptibilidade à mesma é ultimamente

determinada pela regulação da termogénese dependente da UCP3 pela T4 155.

Uma vez que a tiroxina é um importante regulador da termogénse 469, e

a intolerância ao calor pode ser associada com o hipertiroidismo em humanos 470, aparentemente, o hipertiroidismo pode predispor os indivíduos para a

hipertermia precipitada pela MDMA como parece ter acontecido numa

intoxicação fatal de um indivíduo do sexo feminino de 24 anos de idade e que

apresentava hiperplasia difusa da tiróide (Doença de Grave) 471.

1.9.4.2.2. Insuficiência hepática

A presença de patologias hepáticas crónicas prévias ao consumo de

MDMA que comprometam o funcionamento hepático pode predispor os

indivíduos para o desenvolvimento de falências hepáticas agudas. Este facto

foi já verificado num paciente HIV-positivo com esteatose não alcoólica que

sofreu falência hepática aguda após consumo de metanfetamina 472.

O fígado tem um papel preponderante no metabolismo de compostos

endógenos e exógenos. Consequentemente, a presença de determinada

patologia hepática pode diminuir selectivamente a actividade de algumas

isoformas do CYP450 (como é o caso da CYP2D6), numa extensão

dependente da severidade da patologia em causa 473. Uma vez que nos

doentes hepáticos a actividade desta enzima poderá estar diminuída, eles

serão potencialmente mais susceptíveis a desenvolver sinais de toxicidade

aguda associada à exacerbação dos efeitos agudos provocados pela MDMA

(ex.: hipertermia, taquicardia) do que indivíduos não portadores de patologias

hepáticas.

1.9.4.2.3. Insuficiência renal

A insuficiência renal crónica (IRC) corresponde a uma perda progressiva

da função renal durante um período de meses ou anos e por uma sucessão de

Introdução ______________________________________________________

78

5 estadios durante os quais ocorre um decréscimo da taxa de filtração

glomerular e da secreção tubular 474.

As principais causas de IRC são o envelhecimento, a nefropatia

diabética, a hipertensão, a glomerulonefrite e a doença vascular renal 474.

O rim tem capacidade para metabolizar determinados compostos,

apresentando uma actividade do CYP450 que corresponde a 20% da

actividade do CYP450 no fígado por grama de tecido e participando, também,

em reacções de conjugação 475. Esta capacidade metabólica do rim deteriora-

se com a progressão da IRC, levando também a uma redução da clearance

não renal (hepática, intestinal) e a uma alteração do volume de distribuição dos

compostos mediante alterações da clearance hepática, diminuição da ligação

às proteínas plasmáticas por alterações conformacionais da albumina e da

glicoproteína ácida α1 (aumentada em processos inflamatórios agudos e

crónicos) e diminuição da ligação aos tecidos, modificando a biodisponibilidade

sistémica e aumentando o risco de reacções adversas 475.

Num modelo de IRC em rato, verificou-se o aumento da actividade da

álcool desidrogenase (ADH) e uma diminuição da actividade, dos níveis de

mRNA e de expressão proteica do CYP450 a nível hepático 474, afectando

algumas isoformas envolvidas no metabolismo da MDMA como a CYP3A1 e

CYP3A2 (que correspondem à CYP3A4 no homem), mas não a CYP1A2 nem

as CYP2D 474. Esta diminuição da actividade do CYP450 correlaciona-se com a

severidade da IRC em ratos 474. Noutro estudo em ratos, a IRC não teve um

efeito nas enzimas CYP1A2 e CYP2D hepáticas, mas reduziu a actividade da

CYP3A, provavelmente por down-regulation da CYP3A2 476. No entanto há

também casos em que se detectou uma diminuição na actividade da CYP2D6

em doentes com IRC 477. Quer a severidade quer a duração da insuficiência

renal parecem influenciar o metabolismo hepático 474, 478, 479.

A IRC altera ainda a eliminação hepática e intestinal através da

glicoproteína-P (embora este transportador não tenha um papel preponderante

na absorção e distribuição da MDMA) 480.

A IRC parece também diminuir o metabolismo intestinal dos compostos,

em ratos e em humanos, reduzindo as actividades de algumas enzimas

(sacarase, maltase e xantina oxidase), bem como os níveis de mRNA e de

expressão proteica de isoenzimas do CYP450 a nível intestinal no rato, como a

______________________________________________________ Introdução

79

CYP3A2, que participa no metabolismo da MDMA e corresponde à CYP3A4 no

humano 474.

Assim, a diminuição na clearance não-renal induzida pela IRC reduzirá o

metabolismo de primeira-passagem, levando a um acentuado aumento da

biodisponibilidade de fármacos com elevado efeito de primeira passagem. O

aumento da biodisponibilidade resultará num aumento da concentração

plasmática steady-state clinicamente relevante, agravando o risco de sofrer

efeitos tóxicos de fármacos/drogas/xenobióticos metabolizados extensamente

por enzimas hepáticas. Este aumento da biodisponibilidade poderá ter ainda

maior relevância quando os compostos são metabolizados por enzimas

polimórficas, como é o caso da MDMA, uma vez que o fenótipo de

metabolizador pobre parece ser mais susceptível aos efeitos inibitórios da IRC

no metabolismo do que o metabolizador rápido 475.

1.9.4.2.4. Patologias inflamatórias e infecciosas

Algumas patologias inflamatórias e infecciosas (incluindo vacinação)

podem alterar a actividade do CYP450 481, nomeadamente da isoforma

CYP1A2 398, o que pode levar a alteração do perfil toxicocinético de compostos

metabolizados por esta isoenzima, como é o caso da MDMA.

1.9.4.2.5. Patologia cardíaca

Indivíduos que padeçam da síndrome Wolff-Parkinson-White (síndrome

de pré-excitação dos ventrículos devido a uma comunicação eléctrica anormal

proveniente da aurícula para o ventrículo) parecem estar particularmente em

risco de sofrer morte súbita após o consumo de ecstasy 301. De facto,

desfechos fatais após o consumo de MDMA parecem ser mais frequentes em

indivíduos com patologias cardíacas subjacentes 178.

Introdução ______________________________________________________

80

1.9.4.2.6. Diabetes mellitus

A diabetes, bem como a obesidade e o jejum, podem originar alterações

na secreção, sensibilidade e níveis hormonais (insulina, glucagina, hormona do

crescimento), podendo alterar a expressão de enzimas metabolizadoras 482. De

facto, na diabetes mellitus tipo I foram descritos aumentos pronunciados e

sustentados nos níveis hepáticos e extra-hepáticos de várias proteínas do

CYP450, num mecanismo aparentemente mediado pelas alterações hormonais

e pela hipercetonémia, e não pela hiperglicémia, que acompanham esta

patologia 483.

Concretamente, a diabetes pode levar à expressão aumentada de

isoenzimas do CYP450, incluindo aquelas envolvidas no metabolismo da

MDMA como a 1A2, 2B, 3A, e a 2E1, envolvida na metabolização do etanol 484

e da bilirrubina UDP-glucuronosiltransferase (UGT1A1), enquanto decresce a

expressão de outras enzimas microssomais e das sulfotransferases (SULTs),

importantes para as reacções metabólicas de fase II de que a MDMA é alvo.

Em contraste, a actividade da glutationa S-transferase (GST) in vivo,

importante para o balanço dos níveis celulares de glutationa, a qual já provou

ter um papel importante na expressão da toxicidade da MDMA, pode aumentar

ou diminuir dependendo do balanço entre factores endógenos e o grau de

stress oxidativo que pode surgir na diabetes. A síntese da glutationa (GSH)

também pode estar alterada em resposta a condições patofisiológicas como a

diabetes devido à regulação da expressão da γ-glutamilcisteína sintetase (γ-

GCS), a enzima que cataliza o primeiro passo da síntese da GSH, e que

depende da disponibilidade de cisteína para a sua síntese. No entanto, a

administração de insulina e de hormona do crescimento a ratos diabéticos

normaliza a actividade metabólica hepática 482.

Devido a esta disfunção no sistema de defesa antioxidante que se

verifica na diabetes, esta patologia pode ser um factor predisponente para um

aumento do stress oxidativo e da toxicidade induzida pela MDMA.

______________________________________________________ Introdução

81

1.9.4.2.7. Obesidade

Foi já demonstrado que a obesidade altera a disponibilidade de

determinadas substâncias em humanos, provavelmente devido a alterações na

clearance hepática de compostos que sofram metabolismo de fase I e de fase

II 485 como é o caso da MDMA. Para além disso, muitos modelos nutricionais

de roedores obesos mostraram alterações no CYP450 hepático e nos

mecanismos de conjugação, modificando a toxicidade de várias substâncias

para os seus órgãos-alvo 485, 486. A actividade e a expressão proteica da

CYP2E1, envolvida no metabolismo do etanol, estão aumentadas em fêmeas

de ratinho obesas e tinha já sido relatada em humanos 486, 487. A actividade e

expressão proteica da CYP1A2, envolvida no metabolismo da MDMA, estão

diminuídas em fêmeas e machos obesos 488.

A acrescer a estas alterações na expressão genética e actividade das

isoformas do CYP450 está o facto de que o fígado dos indivíduos obesos

apresenta frequentemente infiltrações lipídicas num quadro denominado

esteatohepatite não alcoólica. Estas lesões podem influenciar

significativamente a capacidade metabólica do fígado 489.

Assim, dependendo do grau de obesidade do indivíduo, serão de

esperar alterações ao nível do metabolismo da MDMA resultando,

provavelmente, numa exacerbação dos seus efeitos agudos.

1.9.5. Interacções da MDMA com outros compostos

Sabe-se pouco acerca das drogas rave e do seu potencial para interagir

com substâncias recreacionais ou prescritas. Infelizmente, existem ainda

poucos estudos sobre este assunto e, por isso, temos que nos basear em

casos clínicos, estudos in vitro do metabolismo destas drogas, e no

conhecimento do metabolismo de outras substâncias e do seu potencial para

induzir ou inibir o CYP450 para podermos inferir sobre possíveis interacções

farmacodinâmicas e farmacocinéticas da MDMA.

Podem surgir interacções farmacocinéticas quando um determinado

composto interfira com a absorção, distribuição, metabolismo e/ou excreção da

Introdução ______________________________________________________

82

MDMA. Por exemplo, quando o composto que é consumido simultaneamente

com a MDMA tem a capacidade de inibir a CYP2D6, pode ocorrer um aumento

das concentrações plasmáticas da MDMA, aumentando a possibilidade de se

verificar o aparecimento de sinais de toxicidade aguda associados ao seu

consumo 67. Contudo, compostos que inibam outras isoenzimas do CYP450

(ex.: 1A2, 2B6, 3A4), para além da CYP2D6, têm mais probablidade de causar

um efeito mais marcado nas concentrações de MDMA. É de especial

importância a co-administração de MDMA com fármacos de estreita margem

terapêutica que sejam substratos da CYP2D6 (ex.: alguns antidepressivos

tricíclicos, antiarrítmicos, β-bloqueadores, antipsicóticos e tramadol), uma vez

que a auto-inibição metabólica produzida pela MDMA nesta isoenzima pode

aumentar desproporcionalmente os níveis do fármaco co-administrado, levando

ao aparecimento de fenómenos de toxicidade. Outra via responsável por várias

interacções farmacocinéticas corresponde à interferência com a glicoproteína P

(Pgp), uma bomba de efluxo dependente do ATP capaz de exportar uma

grande gama de substratos e presente numa grande variedade de células (ex.:

enterócitos, hepatócitos, células dos túbulos proximais renais e células

endoteliais dos capilares presentes também na barreira hemato-encefálica). No

entanto, a MDMA e compostos análogos são apenas inibidores fracos da Pgp,

pelo que, provavelmente, não irão influenciar o acesso de outros compostos ao

cérebro. No entanto, não se pode excluir a possibilidade de que a co-

administração destes compostos com inibidores da Pgp (ex.: ritonavir ou

paroxetina) possa aumentar a biodisponibilidade da MDMA e análogos (ex.:

MDE, PMA) por diminuir a sua eliminação a nível renal e também aumentar os

seus níveis no cérebro (por diminuição da eliminação através da barreira

hemato-encefálica) levando a efeitos laterais severos 490.

As interacções farmacodinâmicas surgem quando a substância co-

consumida apresenta um mecanismo de acção semelhante ou oposto ao da

MDMA. Quando o composto que é consumido simultaneamente à MDMA

também for pró-serotonérgico, o seu efeito pode combinar-se, levando a uma

síndrome serotonérgica a nível central que inclui sintomas autónomos,

cognitivos, e neuromusculares 67. Os sintomas moderados da síndrome

serotonérgica manifestam-se com sudação, tremores, hiper-reflexia, e agitação;

os sintomas severos incluem myoclonus (contracções involuntárias de um

______________________________________________________ Introdução

83

músculo ou de um grupo de músculos), diarreia, e febre 491. Os casos mais

graves de síndrome serotonérgica podem surgir com fármacos que bloqueiem

ambas as vias que levam à diminuição dos níveis de 5-HT na fenda sináptica –

a recaptação e a monoamina oxidase.

Alguns compostos podem combinar estas duas características e ser

simultaneamente pró-serotonérgicos e inibidores da CYP2D6, tendo assim a

potencialidade de provocar interacções farmacocinéticas e farmacodinâmicas,

com consequências imprevisíveis 67. Estes compostos podem ser ingeridos

inadvertidamente na dieta, incluídos em regimes terapêuticos ou como

contaminantes das pastilhas de MDMA (ex.: anfetaminas, MDA) 492 ou

consumidos intencionalmente para aumentar os efeitos da MDMA (ex.:

cocaína, dextrometorfano) ou para diminuir os seus efeitos indesejáveis (ex.:

etanol, benzodiazepinas 316, sildenafil 493, anti-histamínicos 266, 5-

hidroxitriptofano 316). Também os fármacos pró-serotonérgicos prescritos para

tratamentos de determinadas patologias (ex.: fluoxetina, erva de S. João,

tramadol, venlafaxina, lítio, clomipramina, entre outros) podem aumentar a

propensão e a severidade dos sintomas serotonérgicos resultantes do

consumo de MDMA.

1.9.5.1. Fármacos

Evidências recentes sugerem que está a tornar-se popular entre os

utilizadores de ecstasy tentar contrariar alguns dos efeitos indesejáveis da

MDMA através do uso simultâneo de fármacos ou suplementos alimentares.

Normalmente o consumo de medicamentos é feito após o consumo da MDMA

e é mais prevalente entre os indivíduos do sexo masculino 316, havendo, no

entanto, excepções. Este fenómeno é motivo de procupação, uma vez que

algumas destas combinações ecstasy+fármacos podem ter consequências

potencialmente sérias para a saúde dos consumidores 316 por potenciarem os

efeitos agudos e os efeitos tóxicos da MDMA.

Dos medicamentos consumidos intencionalmente com MDMA, as

benzodiazepinas e o sildenafil são os mais comuns, seguidos dos

antidepressivos inibidores da monoamina oxidase (IMAO) e inibidores

Introdução ______________________________________________________

84

selectivos da recaptação da 5-HT (ISRS). O 5-hidroxitriptofano (5-HTP) é o

suplemento nutricional mais consumido (5% dos utilizadores de MDMA

consomem este suplemento).316.

No entanto, não apenas os fármacos consumidos intencionalmente para

modular os efeitos da MDMA, mas também todos os outros que os indivíduos

consumam como parte de qualquer tratamento farmacológico, podem

influenciar a toxicidade desta droga de abuso estabelecendo, com ela,

interacções farmacodinâmicas e farmacocinéticas 398.

Existem vários fármacos, pertencentes a várias classes terapêuticas que

são capazes de inibir as isoenzimas envolvidas no metabolismo da MDMA 398.

Por exemplo, o antipsicótico haloperidol e os seus metabolitos foram já

descritos como sendo potentes inibidores da CYP2D6 494. O pré-tratamento

com haloperidol (1,4 mg, i.v.), ao contrário do que se verificou com o

antidepressivo citalopram, não foi capaz de impedir o aumento da pressão

arterial e da frequência cardíaca induzido pela MDMA (1,5 mg/kg p.o.) no

homem, o que parece indicar um envolvimento da transmissão serotonérgica

na ocorrência destes efeitos tóxicos agudos induzidos pela MDMA. No entanto,

esta dose de haloperidol foi capaz de reduzir o humor positivo e a euforia

induzidos pela MDMA 77. Segundo alguns autores, os barbitúricos têm a

capacidade de reduzir ou prevenir a neurotoxicidade induzida pelos derivados

metilenodioxi da anfetamina 249, 250 tal como parece acontecer com o ácido

acetilsalicílico 249, 250 encontrados na composição de pastilhas vendidas como

ecstasy 372.

Existem, também, fármacos capazes de interagir com os mesmos

receptores, transportadores e neurotransmissores que a MDMA. Por exemplo,

os antipsicóticos atípicos clozapina e olanzapina, quando administrados

isoladamente, reduzem a temperatura corporal em humanos e animais 495, 496 e

têm a capacidade de reverter, em coelhos e ratos, a hipertermia

potencialmente fatal e a vasoconstricção cutânea quando administrados 15

minutos após uma dose de 6 mg/kg i.v. de MDMA 497. Por outro lado, a

clozapina demonstrou ainda poder reduzir, em ratos, o aumento da activação

da termogénese ao nível do tecido adiposo castanho interescapular (iBAT)

induzido pela MDMA. Este facto advoga em favor da potencial eficácia

terapêutica da clozapina e compostos análogos no tratamento da hipertermia

______________________________________________________ Introdução

85

induzida pela MDMA em humanos 498. Alguns relaxantes musculares como a

succinilcolina e alguns anestésicos (ex.: anestésicos voláteis como o halotano)

levam ao desenvolvimento de hipertermia maligna em pacientes predispostos,

o que pode potenciar a resposta hipertérmica associada à MDMA, como já foi

descrito para o halotano, uma vez que a MDMA aumentou as concentrações

mioplasmáticas de cálcio e as contracções do músculo esquelético induzidas

pelo halotano, mecanismos relacionados com a indução da hipertermia maligna 15. A pré-exposição a esteróides androgénicos anabolizantes (ex.: nandrolona)

pode modular os efeitos neuroquímicos de compensação e comportamentais

da MDMA de maneira dependente da dose 499. De facto, a nandrolona atenua o

aumento de DA a 5-HT extracelular induzido pela MDMA, quando administrada

em doses baixas a ratos, e passa a potenciar este aumento quando

administrada em doses elevadas, podendo condicionar o potencial aditivo da

MDMA 499. Por outro lado, a exposição crónica de ratinhos fêmea C57BL/6J a

níveis supra-fisiológicos de corticosterona provocou um aumento da

vulnerabilidade do núcleo estriado (onde se verificou um aumento da

destruição das células da glia), mas não do hipocampo, à neurotoxicidade

provocada pela MDMA 500. O pré-tratamento com o anti-hipertensor ketanserina

(50 mg, p.o.), reduziu as alterações perceptivas, excitabilidade emocional e

estado de vigília provocados pelo consumo de MDMA (1,5 mg/kg p.o.) em

humanos 501. Tal como já foi referido, o 5-HTP é o suplemento nutricional mais

consumido intencionalmente 316. A administração de 5-HTP-B (50 mg/kg i.p.) a

ratos repõe os níveis cerebrais de 5-HT depletados pela MDMA (3 × 7,5 mg/kg,

espaçadas 2 horas), sugerindo que esta abordagem terapêutica pode ser

clinicamente útil em utilizadores de MDMA abstinentes 502.

Os fármacos que devido às suas propriedades farmacocinéticas e/ou

farmacodinâmicas apresentem potencial para interagir com a MDMA estão

compilados na Tabela 4.

De todas estas possibilidades de interacções apresentadas, aquelas que

apresentam maior prevalência surgem em casos de associação de MDMA com

antidepressivos e com anti-retrovirais. Por esse motivo, as interacções

verificadas nestas associações serão abordadas, de seguida, mais

detalhadamente.

Tabela 4. Fármacos com potencial para estabelecer interacções farmacocinéticas e/ou farmacodinâmicas com a MDMA.

Potenciais mecanismos para o estabelecimento de interacções com a MDMA

Grupo terapêutico / Fármaco Nome comercial Farmacocinética Farmacodinamia

Antidepressivos

Tricíclicos

Nortriptilina Norterol® substrato da CYP2D6 503

Amitriptilina Adt-Zimaia®, Tryptizol® potente inibidor reversível da CYP3A4 podendo

também inibir a CYP2D6 503

Inibição não selectiva da recaptação da NA e da

5-HT

Interferência com receptores para vários outros

neurotransmissores

Inibidores selectivos da recaptação da serotonina (ISRS)

Fluoxetina Prozac®, Digassim®, Psipax®,

Selectus®

Inibidor potente da CYP2D6 podendo também

inibir, em alguma extensão, as isoformas 2B6,

2C9, 2C19 e 3ª4 do CYP450 67

Inibição da recaptação pré-sináptica da 5-HT

Paroxetina Seroxat®, Paxetil®, Denerval® Inibidor potente da CYP2D6 Inibição potente da recaptação pré-sináptica da 5-

HT

Citalopram Citalopram Genedec®

Sertralina Zoloft®

Zimelidina

Inibidores da monoamina oxidase Inibição da degradação dos neurotransmissores

na fenda sináptica

Fenelzina Nardil® (Austrália) Inibidor irreversível e não específico da MAO

Moclobemida Zorix®, Aurorix® Inibidor reversível da MAO, com maior

selectividade para a MAO-A

86

87

Tabela 4 (cont). Fármacos com potencial para estabelecer interacções farmacocinéticas e/ou farmacodinâmicas com a MDMA. Potenciais mecanismos para o estabelecimento de interacções com a MDMA

Grupo terapêutico / Fármaco Nome comercial Farmacocinética Farmacodinamia

Antidepressivos (cont.)

Atípicos

Bupropiom Zyban® Potente inibidor da CYP2D6 Inibidor da recaptação de NA e DA

Antagonista nicotínico

Hypericum perforatum Erva de S. João (contém

hiperforina, hipericina,

flavonóides, taninos, etc) 504, 505

Indução da CYP3A4 para doses baixas (devido à

hiperforina)

Inibição da CYP3A4 506) e da CYP2C9 para doses

altas

Alguma inibição da CYP2D6 506

Inibidor da recaptação da 5-HT, DA e NA 507

Fraco inibidor das MAO A e B

Afinidade para os receptores da adenosina,

GABAA, GABAB e glutamato down-regulation dos

β-adrenoreceptores

up-regulation dos receptores 5-HT2 no �urícu pré-

frontal de rato

Alteração nas concentrações de

neurotransmissores nas áreas cerebrais

implicadas na fisiopatologia da depressão 504, 505

Antipsicóticos

Haloperidol Haldol® Potente inibidor da CYP2D6 Antagonista dos receptores dopaminérgicos D2

Pimozida Orap® Potente inibidor da CYP2D6

Clozapina Leponex®

Olanzapina Zyprexa®

Elevada afinidade para determinados subtipos

dos receptores 5-HT; antagonistas 5-HT2A e 5-

HT2C 508

Tabela 4 (cont). Fármacos com potencial para estabelecer interacções farmacocinéticas e/ou farmacodinâmicas com a MDMA. Potenciais mecanismos para o estabelecimento de interacções com a MDMA

Grupo terapêutico / Fármaco Nome comercial Farmacocinética Farmacodinamia

Ansiolíticos/hipnóticos/sedativos

Fenobarbital Luminaletas®, Luminal®,

Bialminal®

Indução da CYP2B6, CYP2C9, CYP2C19 e

CYP3A4 398

Diazepam Metamidol®, Unisedil®,

Bialzepam®, Valium®, Stesolid®

Inibidor da fosfodiesterase nucleotídica cíclica do

músculo cardíaco

Potencia os efeitos inotrópicos positivos da NA e

adrenalina

Midazolam Dormicum®

Triazolam Halcion®

Alprazolam Xanax®

Substratos da CYP3A4 509

Zolpidem Stilnox®, Cymerion® Inibidor da CYP3A4 503 Ligação de grande afinidade aos receptores

GABAA com subunidades α1, aumentando a

afinidade do neurotransmissor inibitório GABA

para o seu receptor

Analgésicos opiáceos

Metadona Dolophine®, Amidone®,

Methadose®, Physeptone®,

Heptadon®

Substrato da CYP3A4 e também CYP2D6,

CYP2C9, CYP2E1 509, CYP2B6, CYP2C19 510

Potente inibidor da CYP2D6

Agonista dos receptores opióides tipo μ e

antagonista dos receptores NMDA do glutamato,

o que permite inibir o desenvolvimento e

aquisição de dependência e tolerância aos

opióides 511

88

89

Tabela 4 (cont). Fármacos com potencial para estabelecer interacções farmacocinéticas e/ou farmacodinâmicas com a MDMA. Potenciais mecanismos para o estabelecimento de interacções com a MDMA

Grupo terapêutico / Fármaco Nome comercial Farmacocinética Farmacodinamia

Analgésicos opiáceos (cont.) Codeína/Diidrocodeína Euphon®, Codipront®, Codol®,

Dafalgan Codeína®, Dol-U-

Ron®, Migraleve®, Dolviran®

Substrato da CYP2D6, CYP3A4 e UGT 512

Hidrocodona Vicodin® (EUA) Substrato da CYP2D6, CYP3A4 e UGT 512

Buprenorfina Subutex®, Buprex®, Transtec® Substrato da CYP2D6, CYP3A4 e UGT 512

Potente inibidor reversível da CYP3A4 503

Anestésicos

Succinilcolina Anectine®, Quelicin® (Canada)

Anestésicos voláteis

(ex.: halotano) Fluotane®

Desenvolvimento de hipertermia maligna em

indivíduos predispostos

Antiarrítmicos

Amiodarona Cordarone®, Miodrone® Potente inibidor das CYP 1ª2, 2C9, 2D6 e 3ª4 513 β-bloqueador e bloqueador dos canais de

potássio dos nodos sino-auricular (ou sinusal) e

aurículo-ventricular, aumentando o período

refractário via canais de sódio e potássio, e

diminuindo a condução intra-cardíaca do potencial

de acção cardíaco via canais de sódio. O

resultado é um prolongamento da fase III do

potencial de acção cardíaco.

Tabela 4 (cont). Fármacos com potencial para estabelecer interacções farmacocinéticas e/ou farmacodinâmicas com a MDMA. Potenciais mecanismos para o estabelecimento de interacções com a MDMA

Grupo terapêutico / Fármaco Nome comercial Farmacocinética Farmacodinamia

Antiarrítmicos (cont.) Quinidina Dicorantil® Potente inibidor da CYP2D6 Interfere no funcionamento dos canais de sódio,

cálcio e potássio cardíacos, prolongando o

potencial de acção cardíaco e consequentemente,

aumentando do intervalo QT do ECG

Anti-retrovirais

Inibidores das proteases

Ritonavir Norvir® Inibidor da CYP2D6, 2B6, 2C9, 2C19, 3ª4

Nelfinavir Viracept® Substrato da CYP3A4 e 2C19

Inibidores da transcriptase reversa não-nucleosídicos

Delaviridina Rescriptor® Parcialmente metabolizada pela CYP2D6 514

Efavirenz Sustiva®, Stocrin®

Inibidor ou indutor da CYP3A4 e inibidor da

CYP2B6 515

Inibidor da transcriptase reversa

Antibióticos

Rifampicina Rifadin®

Indutor da CYP1A2 516

Controla a expressão da CYP2B6, CYP2C9,

CYP2C19 e CYP3A4 398

Linezolida Zyvox®, Zyvoxid® Inibidor fraco, reversível, da MAO 517

Clotrimazol Canesten®

Itraconazol Sporanox®

Inibidores das isoenzimas do CYP450, sobretudo

a CYP2B6 518

90

91

Tabela 4 (cont). Fármacos com potencial para estabelecer interacções farmacocinéticas e/ou farmacodinâmicas com a MDMA. Potenciais mecanismos para o estabelecimento de interacções com a MDMA

Grupo terapêutico / Fármaco Nome comercial Farmacocinética Farmacodinamia

Inibidores da fosfodiesterase 5

Sildenafil Viagra® Substrato da CYP3A4 519

Anti-histamínicos de 1ª geração

Difenidramina Drenoflux®, Benaderma®

Clorfeniramina Chlor-trimeton® (EUA)

Clemastina Tavégyl®

Perfenazina Mutabon®

Hidroxizina Atarax®

Tripelenamina Benzoxale®, Cizaron® (EUA)

Inibidores da CYP2D6 520 e da CYP3A4 521

Antitússicos

Dextrometorfano Rhinathiol®, Vicks®, Drill®,

Ipésandrine®

Substrato da CYP2D6 Bloqueador do receptor N-metil-D-aspartato 372, 522

Agonista dos receptores σ1 e σ2 523

Antagonista dos receptores nicotínicos α3β4 524

Inibidor da recaptação da 5-HT 525 e,

possivelmente, da DA

Anti-hipertensores

Ketanserina Sufrexal® (Itália) antagonista dos receptors da serotonina com

maior afinidade para os receptores 5-HT2A,

podendo também ligar-se aos receptores 5-HT2C,

5-HT2B, 5-HT1D, α-adrenérgicos, e dopaminérgicos

Tabela 4 (cont). Fármacos com potencial para estabelecer interacções farmacocinéticas e/ou farmacodinâmicas com a MDMA. Potenciais mecanismos para o estabelecimento de interacções com a MDMA

Grupo terapêutico / Fármaco Nome comercial Farmacocinética Farmacodinamia

Suplementos nutricionais

5-HTP Repõe os níveis cerebrais de 5-HT

Valeriana comum Valdispert® Indutor da CYP3A4 e da CYP2D6 de maneira

linear com a dose 506

Ginkgo biloba Biloban®, Gincoben® Indutor da CYP1A2 e inibidor da CYP2D6, para

baixas concentrações

Inibidor da CYP1A2 e indutor da CYP2D6, para

altas concentrações, provavelmente por um

mecanismo de activação alostérica 506

Echinacea purpurea

Salva comum

Inibidores do CYP450

Outros

Fenitoína Hidantina® (antiepiléptico) Indutores da CYP1A2 516

Omeprazol

Proton®, Losec®, Omezolan®,

Prazolene®, Proclor®

(antiulceroso inibidor da bomba de

protões)

Contraceptivos orais Inibidores da CYP1A2 398

Clopidogrel e

ticlopidina

(antiagregantes plaquetários)

Raloxifeno (MSRE)

Inibidores da CYP2B6 518.

92

______________________________________________________ Introdução

93

1.9.5.1.1. Antidepressivos

Os antidepressivos são usados pelos consumidores de ecstasy para

prevenir potenciais efeitos neurotóxicos da MDMA, para evitar os efeitos

negativos associados à abstinência desta anfetamina, para aumentar a

intensidade dos seus efeitos e para prolongar a duração do efeito ou para

facilitar o sono 316.

Vários estudos referem que uma percentagem considerável dos

consumidores de ecstasy também consome antidepressivos. Copeland e

colaboradores referiram, em 2006, taxas de 9% 316, Degenhardt, em 2005, fala

em 5,8-22,4% 452 e Winstock e colaboradores reportam, em 2001, que 6% dos

consumidores de ecstasy tomam antidepressivos para reduzir os efeitos

desagradáveis que surgem quando os efeitos pretendidos da ecstasy

desaparecem 266.

Os antidepressivos mais usados em conjunto com a ecstasy são os

inibidores selectivos da recaptação da serotonina (ISRS) e os inibidores da

monoamina oxidase (IMAO).

1.9.5.1.1.1. Inibidores selectivos da recaptação da serotonina (ISRS)

Alguns utilizadores de MDMA fazem uma “pré-carga” com inibidores da

recaptação de 5-HT (ex.: citalopram, sertralina) porque acreditam que a co-

administração irá protegê-los de possíveis efeitos tóxicos a nível do SNC. No

entanto, apesar de já ter sido demonstrado que a administração de MDMA (1,5

mg/kg por via oral) a indivíduos pré-expostos a inibidores da recaptação da 5-

HT (citalopram, 40 mg i.v.) bloqueia os efeitos subjectivos, os efeitos

vegetativos agudos e o aumento da pressão sanguínea e do ritmo cardíaco

induzidos pela MDMA, esta associação não afecta a resposta hipertérmica 526 e

aumenta a duração média dos efeitos 527.

Introdução ______________________________________________________

94

Também o pré-tratamento de humanos com fluoxetina (20 mg durante 5

dias por via oral) atenuou a maioria dos efeitos subjectivos positivos da MDMA

(1,5 mg/kg por via oral), reduziu o aumento do ritmo cardíaco provocado pela

MDMA, mas não impediu o aumento da pressão sanguínea 528. Estes

resultados sugerem que o bloqueio da recaptação da 5-HT pela fluoxetina pode

reduzir os efeitos da MDMA, confirmando a importância do SERT nos efeitos

desta droga de abuso 528. Também o citalopram tem aparentemente a

capacidade de reduzir ou prevenir a neurotoxicidade induzida pelos derivados

metilenodioxi da anfetamina 249, 250. Já em 1998 foi descrita uma situação de

uma presumível interacção entre MDMA e exposição prévia a citalopram que

resultou em alterações comportamentais 529. Podem surgir interacções

farmacocinéticas e farmacodinâmicas simultaneamente quando o ISRS

consumido for também inibidor potente da CYP2D6 (ex.: fluoxetina,

paroxetina), aumentando quer as concentrações plasmáticas de MDMA

(farmacocinética), quer a actividade serotonérgica (farmacodinâmica). A

fluoxetina e paroxetina são, comprovadamente, inibidores do metabolismo da

MDMA in vitro 422. Concretamente, a fluoxetina é um inibidor potente da

CYP2D6 e, por esse motivo, tem a capacidade de reduzir ou prevenir a

neurotoxicidade induzida pelos metabolitos dos derivados metilenodioxi da

anfetamina 530. No entanto, este composto atrasa a eliminação da MDMA e da

MDA, aumentando o risco de desenvolvimento de sinais de toxicidade aguda,

daí que deve ter-se cuidado ao recomendar a utilização de fluoxetina para

prevenir a neurotoxicidade a longo prazo induzida pela MDMA 480. O tratamento

prolongado com fluoxetina (6 mg/kg/dia na água de bebida durante 5 semanas)

9-12 semanas após uma exposição breve de ratos Wistar à MDMA (4 doses de

5 mg/kg administradas num período de 4 horas) reverteu a ansiedade e a

depressão subsequentes ao consumo desta droga de abuso; no entanto, não

teve qualquer efeito no decréscimo da capacidade de interacção social que

surge após abstinência deste entactogénio 531. O mesmo tratamento com

fluoxetina não afectou grandemente os níveis de 5-HT, mas diminuiu

significativamente os níveis de ácido 5-hidroxindolacético (5-HIAA, principal

metabolito da 5-HT) 531. Estes resultados indicam que a fluoxetina pode ser

uma opção terapêutica válida para alguns dos efeitos deletérios a longo prazo

causados pela exposição à MDMA 531 que deverá ser confirmada em humanos.

______________________________________________________ Introdução

95

No entanto, a fluoxetina (10 mg/kg, i.p.) administrada 30 min antes de cada

dose de MDMA não é capaz de prevenir os défices dopaminérgicos agudos e

de longo termo provocados pela MDMA (30 mg/kg × 3, i.p.) em ratinhos, mas

consegue abolir as alterações ao nível da temperatura corporal 96.

A paroxetina é um dos mais potentes inibidores da recaptação da 5-HT.

Esta substância tem também uma grande capacidade de inibir a CYP2D6. O

pré-tratamento com este composto (20 mg/dia durante 3 dias) provoca o

decréscimo dos efeitos subjectivos e fisiológicos da MDMA (100 mg, p.o.) em

humanos, apesar de aumentar os níveis plasmáticos de MDMA em 30% (com

redução dos níveis de 4-hidroxi-3-metoximetanfetamina (HMMA)) 532 e de

aumentar os níveis cerebrais de MDMA nos ratinhos pré-tratados com

paroxetina (10 mg/kg, i.p.) 5 minutos antes da exposição à MDMA (15 mg/kg) 533. Parece assim que a paroxetina consegue interagir com a MDMA ao nível

farmacodinâmico (no SERT) e a nível farmacocinético (na CYP2D6). Esta

redução marcada nos efeitos da MDMA pode levar os utilizadores a consumir

doses mais altas de MDMA, para conseguir obter o efeito pretendido, e a correr

o risco de produzir efeitos tóxicos potencialmente letais 532. O pré-tratamento

com paroxetina tem também a capacidade de contrariar parcialmente a

diminuição temporária no número de células T-helper CD4+ e o aumento

simultâneo do número de células NK, bem como de inibir completamente a

supressão da capacidade de resposta funcional dos linfócitos à estimulação

mitogénica e as alterações na secreção das citoquinas induzidas pela MDMA

em humanos 534.

A fluoxetina, a sertralina e a zimelidina (não comercializada em Portugal)

mostraram-se capazes de contrariar o efeito hiperlocomotor induzido pela

MDMA em ratos 105.

1.9.5.1.1.2. Inibidores da monoamina oxidase (IMAO)

Os IMAO causam interacções farmacodinâmicas com a MDMA em

humanos 535 potenciando a inibição da degradação dos neurotransmissores na

fenda sináptica. Por isso mesmo, estimulantes anfetamínicos não devem ser

utilizados em conjunto, ou num intervalo inferior a 2 semanas, com qualquer

Introdução ______________________________________________________

96

IMAO. Como consequência desta interacção podem surgir reacções

hipertensivas e estados confusacionais severos 23.

A fenelzina (não comercializada em Portugal) é um inibidor irreversível e

não específico da MAO indicado para o tratamento de problemas de

ansiedade, bulimia, fobias, etc que já esteve envolvido em interacções

medicamentosas com a MDMA 536.

A moclobemida é um inibidor reversível da MAO, com maior

selectividade para a MAO-A, utilizado na terapêutica para tratar a depressão e

a ansiedade social e utilizado pelos consumidores de MDMA para potenciar os

seus efeitos 284. A moclobemida foi já associada a quatro intoxicações fatais

quando consumida simultaneamente com a MDMA, sendo a causa provável de

morte o desenvolvimento de um quadro de síndrome serotonérgica 284. Quando

administrada a ratos 60 minutos após exposição à moclobemida (20 mg/kg

i.p.), a MDMA (10 mg/kg i.p.) produz um aumento dos níveis extracelulares de

5-HT muito superior ao verificado quando ela é administrada isoladamente,

sem alterar a temperatura corporal, um fenómeno também verificado quando a

MDMA (10 mg/kg i.p.) é administrada a ratos 24 horas após a administração de

clorgilina (10 mg/kg i.p.) 537. Este facto pode levar ao aparecimento de

fenómenos tóxicos resultantes de níveis demasiado elevados de 5-HT,

habitualmente associados ao consumo de PMA, uma vez que ela própria é

inibidora da MAO-A 538. Quando o mesmo ensaio foi repetido a uma

temperatura ambiente superior, verificou-se uma potenciação no aumento dos

níveis extracelulares de 5-HT e da resposta hipertérmica induzida pela MDMA.

Então, os efeitos deletérios resultantes da exposição simultânea a MDMA e a

inibidores da MAO são fortemente potenciados por temperaturas ambiente

elevadas 539.

De facto, as intoxicações mais graves com sintomatologia da síndrome

serotonérgica ocorrem quando se consomem simultaneamente os IMAO e

compostos inibidores da recaptação de 5-HT (como é o caso da MDMA) 540,

tendo sido já descritas intoxicações fatais associadas ao consumo simultâneo

deste tipo de substâncias 284.

No entanto, contrariamente ao que se verifica com os inibidores da

MAO-A, os inibidores selectivos da MAO-B (ex.: selegilina, L-deprenilo)

parecem conferir uma certa protecção relativamente à neurotoxicidade da

______________________________________________________ Introdução

97

MDMA por vários mecanismos: (i) prevenção da depleção dos níveis cerebrais

de 5-HT 541, (ii) diminuição da formação de espécies reactivas como resultado

da acção da MAO-B sobre a DA recaptada para o neurónio pré-sináptico

através do SERT 542, (iii) diminuição do grau de peroxidação lipídica provocada

pela MDMA 541, (iv) redução do dano oxidativo mitocondrial provocado por esta

substância a nível cerebral 119. Este facto indica que a MAO-B desempenha

um papel importante no desenvolvimento da neurotoxicidade da MDMA, apesar

de não influenciar a libertação aguda de DA nem a resposta hipertérmica

induzida por esta droga de abuso, um fenómeno verificado recorrendo a uma

redução da expressão proteica da MAO-B em ratos 543 e em ratinhos knockout

para a MAO-B 544. Em ambas as situações foi observada protecção

relativamente à depleção dos níveis cerebrais de 5-HT provocada pela MDMA.

1.9.5.1.2. Anti-retrovirais

A interacção dos anti-retrovirais com a MDMA é especialmente

preocupante, uma vez que, como já foi referido, ao consumo de MDMA está

associada uma maior aquisição de comportamentos de risco, que englobam

comportamentos facilitatórios da transmissão de doenças sexualmente

transmissíveis. Por esse motivo, existem altas taxas de infecção por HIV entre

os consumidores de MDMA e análogos.

Os fármacos anti-retrovirais têm sido os principais envolvidos em

interacções potencialmente letais com a MDMA 204, 514. Interacções entre

substâncias utilizadas em contextos recreativos (ex.: benzodiazepinas,

cocaína, LSD, Cannabis e derivados, anfetamina, MDMA e opiáceos) e

fármacos anti-HIV podem provocar toxicidade e influenciar os resultados

clínicos da terapia anti-retroviral, sobretudo devido a uma interferência no

metabolismo 509, uma vez que todos os inibidores das proteases e os inibidores

não-nucleosídicos da transcriptase reversa são substratos e potentes inibidores

ou indutores do CYP450 545. Concretamente, os inibidores das proteases que

inibem a CYP2D6 e a CYP3A4 podem estar implicados no aumento das

concentrações de MDMA quando consumidos simultaneamente 545.

Introdução ______________________________________________________

98

O ritonavir (Norvir®) é um fármaco anti-retroviral, da classe dos inibidores

da protease, utilizado no tratamento das infecções por HIV e da SIDA. Devido à

sua capacidade de inibir várias isoformas do complexo CYP450, o ritonavir é

utilizado frequentemente em associação com outros anti-retrovirais numa

abordagem terapêutica para o tratamento das infecções por HIV e da SIDA

denominada HAART (Highly Active AntiRetroviral Therapy). O ritonavir vai,

assim, inibir a(s) enzima(s) que metaboliza(m) os outros inibidores das

proteases, levando a concentrações plasmáticas mais altas destes fármacos, o

que permite ao médico assistente reduzir as doses e a frequência das tomas,

aumentando a sua eficácia clínica. No entanto, o problema do ritonavir

estende-se muito para além da inibição da CYP2D6 porque sabe-se que, em

exposiação aguda, o ritonavir tem a capacidade de inibir in vitro as isoformas

2B6, 2C9, 2C19, 2D6 e 3A4 do CYP450 em microsomas preparados a partir de

fígado humano 515, 546, 547. Alguns casos de interacções muito graves ou mesmo

fatais em indivíduos que consumiram MDMA enquanto tomavam ritonavir foram

já relatados 204, 548. Concretamente, um indivíduo do sexo masculino, HIV-

positivo, que já tinha tido contacto prévio com a MDMA sem sinais de

toxicidade, após ter iniciado a sua terapia anti-retroviral que incluía ritonavir,

ingeriu cerca de 180 mg de MDMA. Em poucas horas manifestou taquipneia,

taquicardia, hipertermia, uma crise tonico-clónica e veio a falecer. Os estudos

post-mortem revelaram uma concentração plasmática de MDMA 10 vezes

superior à esperada, provavelmente devido a uma inibição da CYP2D6 pelo

ritonavir que conduziu a uma situação de sobredosagem da MDMA 204. No

entanto, a farmacocinética não linear, resultante da inibição da CYP2D6 para

concentrações elevadas de MDMA, e a disfunção hepática pré-existente neste

indivíduo podem ter também contribuído acentuadamente para o

desenvolvimento desta intoxicação 204. A inibição da CYP2D6 pelo ritonavir

parece ser causa de um aumento da toxicidade da MDMA 509, uma vez que o

ritonavir tem maior afinidade para a CYP2D6 do que as anfetaminas, levando a

um aumento dos seus níveis plasmáticos entre 3 a 10 vezes 549.

______________________________________________________ Introdução

99

1.9.5.2. Alimentos

Os alimentos ingeridos pelos consumidores de MDMA podem afectar os

seus efeitos pela ocorrência de interacções farmacodinâmicas e/ou

farmacocinéticas.

Por exemplo, suplementos alimentares à base de Ephedra são utilizados

por cerca de 1% da população para perda de peso, aumento dos níveis de

energia e performance física acrescida. No entanto, devido à acção

simpaticomimética destes compostos, têm grande potencial para interagir com

compostos com propriedades semelhantes (ex.: MDMA) aumentando o risco de

agravamento dos efeitos tóxicos derivados da Ephedra como: enfarte de

miocárdio, convulsões, acidentes vasculares-cerebrais isquémicos e

hemorrágicos potencialmente letais 550.

Outros constituintes dos alimentos podem originar interacções

farmacodinâmicas com a MDMA por serem inibidores da MAO (ex.: cumarina,

flavona, entre outros) 551. De facto, algumas xantonas são potentes inibidores

reversíveis da MAO-A 551, o que, como já referido anteriormente, pode levar a

uma potenciação da neurotoxicidade induzida pela MDMA. No entanto, outras

xantonas podem apresentar uma acção inibitória mais marcada sobre a MAO-B 552, podendo possivelmente conferir um certo grau de neuroprotecção

relativamente à toxicidade da MDMA.

As interacções farmacocinéticas podem surgir porque a dieta, incluindo

os nutracêuticos 398, pode estar na base de alterações da actividade das

enzimas do CYP450 483. Daí que seja importante saber quais os constituintes

da dieta que podem afectar as principais isoenzimas do CYP450.

Como exemplo, um indivíduo que consuma habitualmente

hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAPs) veiculados pelos alimentos

grelhados em carvão vai ter um metabolismo de fase I mais rápido que um

indivíduo que não os consuma 440, com o consequente aumento da

metabolização de compostos que sejam substratos das enzimas envolvidas

nesta fase do metabolismo dos xenobióticos. Quando os compostos ingeridos

sofrem bioactivação metabólica através dos sistemas enzimáticos induzidos,

levando à formação de compostos tóxicos, a indução das enzimas de fase I

Introdução ______________________________________________________

100

pode estar associada a um maior risco de desenvolvimento de respostas

tóxicas.

Alguns flavonóides (quercetina, luteolina, apigenina, baicaleina, crisina,

flavona) têm a capacidade ainda de induzir simultaneamente enzimas de fase I

e de fase II (as UGTs e o CYP450). Outros compostos que ocorrem

naturalmente e também induzem as UGTs são: benzo[a]pireno, cumarina, α-

angelicalactona, ácido elágico, e ácido ferúlico 440.

Medicamentos, alimentos, e seus constituintes, que influenciam a

actividade e expressão das principais isoenzimas do CYP450 envolvidas no

metabolismo da MDMA estão compilados na Tabela 5.

Tabela 5. Medicamentos, alimentos, e seus constituintes, que influenciam a actividade e expressão das principais isoenzimas do CYP450 envolvidas no metabolismo da MDMA. Adaptado e Ioannides et al. 483

CYP1A2

Substratos antidepressivos (amitriptilina, imipramina, clomipramina), antipsicóticos atípicos (clozapina,

olanzapina), cafeína, anestésicos locais (ropivacaína), teofilina, agonistas dos receptores 5-

HT (zolmitriptano), ciclobenzaprina, estradiol, fluvoxamina, haloperidol, ondansetron,

mexiletina, melatonina, tamoxifeno, naproxeno, paracetamol, fenacetina, propranolol, riluzol,

ropinirol, tacrina, tizanidina, verapamilo, varfarina, zileuton, lidocaína

Indutores vegetais da família Brassicaceae (vegetais crucíferos como os brócolos e couve-de-bruxelas,

devido aos glucosinolatos 396), insulina, metilcolantreno, modafinil, nafcilina, β-naftoflavona,

omeprazol, tabaco, sumo de toranja (devido à flavonona naringenina), erva de S. João (pela

hiperforina), anticonvulsivantes (carbamazepina, fenobarbital), rifampicina, espinafres, alho

francês, cebola, salsa, pão torrado, alimentos fritos ou grelhados com carvão (devido à

formação de hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAPs, ex.: benzo[a]pireno) e aminas

heterocíclicas), carne e peixe fumados, presunto, salsichas, chá verde e chá preto (por

conterem cafeína) 553, elevada ingestão de TG (por aumentar a formação de corpos

cetónicos), compostos metilenodioxifenilo (presentes na pimenta preta, canela, cravinho, noz-

moscada) como o safrol, furanocumarinas (ou psoralenos, presentes no aipo, figo, toranja),

carotenos, ruibarbo (por conter antraquinona), alicina (composto organosulfurado presente no

alho)

Inibidores Potentes: fluoroquinolonas (ciprofloxacina), fluvoxamina, verapamilo

Ligeiros: cimetidina

Outros: amiodarona e mexiletina, furafilina, interferão, metoxaleno, mibefradil, cafeína,

Echinacea, enoxacina, contracepção hormonal, zileuton, pão, batatas, arroz, plantas da

família Apiaceae (cenouras, aipo, funcho, salsa, por terem furanocumarinas), algumas

Rutaceae (frutos cítricos, toranja, por terem furanocumarinas) e carne cozida, redução de

ingestão proteica, défices de vitamina D, ingestão excessiva de colesterol, jejum, aumento do

consumo de glucose

______________________________________________________ Introdução

101

Tabela 5 (cont.). Medicamentos, alimentos, e seus constituintes, que influenciam a actividade e expressão das principais isoenzimas do CYP450 envolvidas no metabolismo da MDMA Adaptado e Ioannides et al. 483

CYP2B6

Substratos bupropion, ciclofosfamida, ifosfamida, tiotepa, efavirenz e nevirapina, alfentanilo, propofol,

tamoxifeno, valproato, artemisinina, petidina, nicotina, sertralina

Indutores fenobarbital (a sua acção indutora é inibida se houver carência em selénio), rifampicina,

carbamazepina, artemisinina, clotrimazol, ifosfamida, glucocorticóides, fenitoína, ritonavir,

dietas ricas em TG, jejum, bróculos e couves-de-bruxelas, chá preto e verde, flavonóides,

terpenóides (cânfora, mentol, pineno, limoneno), safrol, psoraleno, alho, álcool

Inibidores Potentes: orfenadrina

Outros: tiotepa, ticlopidina, paroxetina, fluoxetina, sertralina, estradiol, fenciclidina, ritonavir

CYP2D6

Substratos β-bloqueadores (metoprolol, carvedilol, timolol, alprenolol, atenolol), antiarrítmicos de classe I

(flecainide, lidocaína, propafenona, encainide, mexiletina), todos os antidepressivos tricíclicos

(ex.: imipramina, amitriptilina), maioria dos ISRS (ex.: fluoxetina, paroxetina), opióides

(codeína, tramadol), debrisoquina, dextrometorfano, venlafaxina, antipsicóticos (ex.:

haloperidol, risperidona, perfenazina, tioridazina, zuclopentixol, remoxipride, aripiprazol),

ondansetron e tropisetron, mianserina, fenformina, anfetamina, clorfenamina,

metoclopramida, tamoxifeno, alcalóides da vinca

Indutores Potentes: piperidinas e derivados (ex.: glutatimida)

Intermédios: carbamazepina

Outros: dexametasona, rifampicina

Inibidores Potentes: bupropion, ISRS (fluoxetina, paroxetina, citalopram), quinidina

Médios: duloxetina, terbinafina

Ligeiros: amiodarona, cimetidina e ranitidina, sertralina

Outros: celecoxib, antagonistas receptores H1 (clorfeniramina, clorfenamina, difenidramina),

antipsicóticos (clorpromazina, haloperidol), cinacalcet, clemastina, clomipramina e imipramina,

cocaína, doxepina, doxorrubicina, halofantrina, hidroxizina, levomepromazina, metadona,

metoclopramida, mibefradil, midodrina, moclobemide, perfenazina, ranitidina, ritonavir,

ticlopidina, tripelenamina, cloranfenicol, ranolazine, levomepromazina e pimozide e tioridazina

Introdução ______________________________________________________

102

Tabela 5 (cont.). Medicamentos, alimentos, e seus constituintes, que influenciam a actividade e expressão das principais isoenzimas do CYP450 envolvidas no metabolismo da MDMA. Adaptado e Ioannides et al.

CYP3A4

Substratos bloqueadores dos canais de cálcio (diltiazem, nifedipina, felodipina, verapamilo),

imunosupressores (ciclosporina, tacrolimus, sirolimus), quimioterápicos (ciclofosfamida,

docetaxel, doxorrubicina, etoposido, ifosfamida, paclitaxel, tamoxifeno, teniposido,

vimblastina, vindesina, gefitinib), benzodiazepinas (flunitrazepam, midazolam, alprazolam,

triazolam, clonazepam), antifúngicos azólicos (cetoconazol, itraconazol, clotrimazol),

antidepressivos tricíclicos (amitriptilina, imipramina, clomipramina), antibióticos macrólidos

(eritromicina, claritromicina), ISRSs (citalopram, fluoxetina, norfluoxetina, sertralina), estatinas

(atorvastatina, lovastatina, sinvastatina), inibidores da fosfodiesterase-5 (PDE5) (sildenafil),

buspirona, haloperidol e pimozide, venlafaxina, amiodarona, etinilestradiol e levonorgestrel,

quininas, inibidores das proteases (indinavir, ritonavir, saquinavir, nelfinavir), mirtazapina,

nefazodona, reboxetine, zopiclone, inibidores da transcriptase reversa não nucleosídicos

(nevirapina), fentanilo e alfentanilo, budesonido, donepezil, esomeprazol e omeprazol,

finasteride, glibenclamida, cisapride, terfenadina, toremifeno, barbitúricos (fenobarbital),

carbamazepina, codeína, dextrometorfano, digoxina, alcalóides da cravagem do centeio,

estradiol, ivabradina, lidocaína, metadona, mifepristona, montelucaste, ondansetron,

paracetamol, quinidina, testosterona, teofilina, valproato, varfarina, tetraidrocanabinol,

antipsicóticos atípicos (aripiprazol, risperidona, ziprasidona)

Indutores anti-retrovirais inibidores da TR não nucleosídicos (efavirenz, nevirapina, etravirina),

barbitúricos (fenobarbital; a sua acção indutora é inibida se houver carência em selénio),

anticonvulsivantes (carbamazepina, oxcarbazepina, fenitoína, felbamato, primidona,

topiramato), anti-inflamatórios (glucocorticóides, ex: dexametasona), antinarcolépticos

(modafinil), antidiabéticos orais (pioglitazona, troglitazona), antibióticos (rifabutina,

rifampicina), antidepressivos (hiperforina da erva de S. João em baixas doses 554, 555),

antifúngicos (griseofulvina), cafestol, óleo de milho, dietas com redução calórica, indóis

(presentes nos vegetais crucíferos)

Inibidores Potentes: inibidores das proteases (indinavir, nelfinavir, ritonavir, saquinavir), macrólidos

(claritromicina, eritromicina, telitromicina), antifúngicos azólicos (itraconazol, cetoconazol),

nefazodona, quercetina

Médio: aprepitante, eritromicina, fluconazol, sumo de toranja (devido à bergamotina),

verapamilo

Médio-Ligeiro: diltiazem

Ligeiro: cimetidina

Outros: amiodarona, cloranfenicol, dietil-ditiocarbamato de delaviridina, fluvoxamina,

gestodeno, imatinib, mibefradil, mifepristona, norfloxacina, norfluoxetina, carambola,

voriconazol, ciprofloxacina, ciclosporina, Echinacea, enoxacina, ergotamina, metronidazol,

inibidores da transcriptase reversa não-nucleosídicos (efavirenz, nevirapina), ISRSs

(fluoxetine), piperina, hiperforina da erva de S. João em doses elevadas 554, 555.

______________________________________________________ Introdução

103

Não devemos ainda descurar o efeito imprevisível que os xenobióticos

(ex: dioxinas, antibióticos, hormonas promotoras do crescimento, poluentes

ambientais, pesticidas) presentes nos alimentos poderão ter ao nível da

farmacocinética da MDMA.

Assim, existem vários factores nutricionais que podem condicionar a

expressão do CYP450:

a) alterações nos níveis de macronutrientes [dietas pobres em

proteínas diminuem a actividade do CYP450; elevados consumos

de glucose, frutose e sacarose diminuem o metabolismo dos

xenobióticos; a natureza e a quantidade dos lípidos da dieta altera

a actividade do CYP450 em função da espécie em causa; a

deficiência em lipótropos (metionina e colina) induz o CYP450].

b) Alterações nos níveis de micronutrientes (normalmente, a

deficiência em micronutrientes (vitaminas A, C ou E) diminui ou

suprime o metabolismo; no entanto, deficiência em tiamina

(vitamina B1) aumenta o metabolismo; carência em ferro diminui a

actividade do CYP450 intestinal e a quantidade de hemoproteína,

mas não altera CYP450 hepático; o mesmo acontece com o

selénio; deficiência em zinco diminui CYP450 hepático; deficiência

em cobre tem uma regulação diferencial das várias proteínas do

CYP450).

c) Jejum e redução do consumo calórico (a redução do aporte calórico

com redução ponderada da ingestão de hidratos de carbono,

proteínas e lípidos, mas sem alterar o aporte de micronutrientes,

leva a uma redução da actividade do CYP450; o mesmo acontece

durante o jejum) 556, 557.

d) “Não-nutrientes” presentes na dieta (constituintes de plantas,

micotoxinas, produtos de cedência do material de embalagem,

produtos gerados durante a cocção e aditivos alimentares) também

têm a capacidade de alterar a actividade do CYP450 483.

Introdução ______________________________________________________

104

1.9.5.3. Contaminantes das pastilhas de ecstasy

Apesar de as pastilhas comercializadas nos espaços rave estarem

muitas vezes identificadas com determinados logótipos com o objectivo do

comprador identificar qual a droga que está a comprar, a verdade é que elas

podem conter apenas substâncias inertes (bicarbonato de sódio, pó de talco,

açúcares), percentagens variáveis de MDMA, uma droga completamente

diferente daquela que o consumidor pretende comprar, ou a droga em causa

pode estar misturada com outros contaminantes. Existe, assim, uma enorme

heterogeneidade e variabilidade nos ingredients activos das pastilhas vendidas

como ecstasy 13.

Esta composição variável das pastilhas de ecstasy tem sido estudada

desde 1986, quando Renfroe analisou o conteúdo de várias pastilhas vendidas

como ecstasy nos EUA. Os resultados deste e dos estudos que lhe seguiram

estão compilados na Tabela 3.

A maioria dos estudos realizados conduz às mesmas conclusões: (i)

apenas uma parte das pastilhas em circulação contém MDMA ou substâncias

aparentadas (ex.: MDA, MDEA, MBDB e 2-CB) 3, 366, 369, 372, 373; (ii) a proporção

de ingredientes activos varia largamente entre pastilhas (concretamente, a

MDMA chega a variar num factor de 7 vezes entre pastilhas) 3, 366, 373; (iii) a

maior parte das pastilhas apresenta na sua constituição substâncias inertes

que funcionam como excipientes (ex.: açúcares, poliálcoois como o manitol,

talco, bicarbonato de sódio) 3; e (iv) a maioria contém outras substâncias

estimulantes ou não para além da MDMA (ex.: MTA, ketamina, cafeína,

testosterona, efedrina, pseudoefedrina, LSD, cocaína, heroína, DXM,

cloroquina, paracetamol, vasodilatadores, atropina, salicilatos, etc) 3, 366, 368, 369,

372, 558.

Nalguns destes estudos verificou-se ainda uma diminuição do teor de

MDMA e um aumento da contaminação das pastilhas de ecstasy com outras

substâncias ao longo do tempo 366, 369. No entanto, na Europa, a maior parte

dos comprimidos de ecstasy continuaram, em 2005, a conter MDMA ou outra

substância afim (MDEA, MDA), normalmente como única substância

psicoactiva presente 20.

______________________________________________________ Introdução

105

O teor em MDMA dos comprimidos de ecstasy varia muito entre os lotes

(inclusive entre os que apresentam o mesmo logótipo), e ao longo do tempo,

num mesmo país e entre países. Este fenómeno pode levar a reacções

diferentes e imprevisíveis por parte dos consumidores 366. Em 2005, o teor

médio de MDMA por pastilha de ecstasy variava entre 2 e 130 mg, embora na

maioria dos países a média se situasse entre 30 e 80 mg de MDMA 20.

Contudo, estes estudos sobre a composição e pureza das pastilhas de

ecstasy têm algumas limitações que se prendem com as fontes das pastilhas

de ecstasy analisadas: (i) quando as pastilhas são obtidas de apreensões

policiais, provêm de lotes muito homogéneos que, normalmente, são pouco

representativos, uma vez que as pastilhas contidas em cada lote apreendido

têm, geralmente, a mesma origem, (ii) quando a recolha das pastilhas para

análise é feita numa determinada população-alvo de uma dada área

geográfica, os resultados obtidos não poderão ser generalizados, uma vez que

a composição das pastilhas varia com a área geográfica 366, (iii) quando as

pastilhas são obtidas através de campanhas que incentivam as pessoas a

submeter para análise pastilhas que considerem suspeitas, os níveis de pureza

em MDMA encontrados são normalmente muito inferiores porque as pastilhas

que são submetidas são aquelas associadas à ocorrência de efeitos não

esperados (tal como se verificou no estudo de Tanner-Smith realizado em 2006

no qual se incentivava o envio para análise de pastilhas de ecstasy suspeitas

de serem falsas ou adulteradas 366). Também a precisão das informações

prestadas pela população alvo e a duração do estudo (já que a composição e

pureza das pastilhas varia ao longo dos anos 366), entre outros factores,

poderão afectar as conclusões acerca dos resultados obtidos. Estas limitações

levam ao aparecimento de resultados contraditórios.

Em 2004, Parrott fez uma revisão de alguns estudos sobre a pureza das

pastilhas de ecstasy na Europa e concluiu que, nos anos 80, as pastilhas de

ecstasy eram de elevadas qualidade e pureza (90-98% continha MDMA).

Contudo, no início dos anos 90 a pureza sofreu um declínio e apenas 50 a 80%

das pastilhas continham MDMA. No entanto, a proporção de pastilhas contendo

MDMA voltou a aumentar no final dos anos 90 e atingiu valores próximos dos

100% no início do século XXI. O declínio no conteúdo de MDMA das pastilhas

está muitas vezes associado ao aumento da procura e a uma maior dificuldade

Introdução ______________________________________________________

106

para os produtores em aceder às matérias-primas 558. Considerando as

elevadas prevalências de contaminação das pastilhas de ecstasy, estudos

comparativos parecem indicar que é mais provável adquirir uma pastilha de

ecstasy não psicoactiva (sem compostos psicoactivos ou em doses demasiado

baixas) do que comprar pastilhas contendo doses elevadas de MDMA 373.

A utilização destes contaminantes (ex.: DXM, cafeína, pseudo-efedrina)

nas pastilhas de ecstasy deve-se, provavelmente, à maior disponibilidade (uma

vez que são compostos legais) e ao menor preço destes produtos quando

comparados com a MDMA. Para além deste facto, a produção de pastilhas de

MDMA é muito interessante economicamente devido à grande expansão do

consumo destas pastilhas e ao elevado preço das mesmas, o que incita os

produtores a fabricar comprimidos para serem vendidos como ecstasy, mesmo

que estes não contenham o composto em causa 366.

Assim, a pureza das pastilhas de ecstasy varia, dependendo da

disponibilidade de MDMA pura importada, da capacidade dos mercados

produzirem MDMA pura e dos efeitos procurados pelos consumidores da droga 559.

Devido a estas impurezas, os efeitos tóxicos da MDMA são apenas uma

parte dos efeitos potencialmente letais que podem resultar do consumo deste

tipo de pastilhas, uma vez que os utilizadores de ecstasy podem

inadvertidamente ingerir outras drogas potencialmente letais para além da

MDMA. A contaminação das pastilhas de ecstasy é particularmente

problemática para utilizadores com determinados factores predisponentes para

o desenvolvimento de dependência e/ou patologias de foro psiquiátrico 560. O

aparecimento de efeitos raros ou inesperados pode ser explicado pela

presença de substâncias não estimulantes nas pastilhas de ecstasy 423.

As possíveis interacções da MDMA com outros compostos incluídos na

composição das pastilhas serão abordadas, mais detalhadamente, nos sub-

capítulos seguintes.

______________________________________________________ Introdução

107

1.9.5.3.1. Excedentes e sub-produtos da síntese de MDMA

Dependendo do procedimento utilizado para obter MDMA, entre os cerca

de 20 disponíveis, os compostos precursores da sua síntese incluem MDA,

safrol, isosafrol, piperonal e piperonil acetona. Outros reagentes usados na

síntese de MDMA são o ácido bromídrico, metilamina, cloroformato de etilo,

alumino-hidreto de lítio, tetraidrofurano, cianoboro-hidreto de sódio, metanol, N-

metilformamida, entre outros 561. Para além dos precursores de síntese

poderem potencialmente interferir com os efeitos tóxicos da MDMA é também

importante ter em conta que os compostos intermediários da síntese [isosafrol

glicol, piperonilmetilcetona, N-formil-3,4-metilenodioximetilanfetamina, N-formil-

3,4-metilenodioxianfetamina e 1-(3,4-metilenodioxifenil)-2-bromopropano],

poderão também hipoteticamente originar interferências com os efeitos da

MDMA 562. Numa síntese bem sucedida, a MDMA resultante é um pó com

cerca de 100% de pureza com um aroma característico 563. Por este motivo,

segundo alguns autores, não existe evidência analítica que confirme a

presença de materiais de partida, intermediários e sub-produtos de síntese nas

pastilhas de ecstasy, uma vez que eles não são detectados em determinados

lotes 558, 564.

No entanto, estes materiais e sub-produtos de síntese foram

encontrados em amostras de 89 aprensões realizadas em Hong Kong e este

perfil de impurezas permite inferir qual o processo de síntese utilizado 365. Este

tipo de análise qualitativa foi já proposto em 2005 por Swist e colaboradores 565,

566 para identificar o método de síntese utilizado e assim poder prever qual a

origem das pastilhas.

A presença destas impurezas é procupante, uma vez que estes

contaminantes resultantes da preparação da MDMA podem exercer um papel

importante no aparecimento de problemas de saúde associados ao consumo

de pastilhas de ecstasy 4, como se pode observar na tabela seguinte (Tabela

6):

Introdução ______________________________________________________

108

Tabela 6. Possíveis efeitos dos Excedentes e sub-produtos da síntese de MDMA na toxicidade da ecstasy. Composto Possível efeito

Materiais de partida

MDA Sinergismo com os efeitos da MDMA 567

Aumento do risco de toxicidade por formação de metabolitos tóxicos,

ROS e RNS 60, 568

Safrol e análogos Potencial carcinogénese em humanos por formação com aductos

com o DNA 569

Tetraidrofurano (THF) Narcose e disfunção hepatocelular em doses altas 570

Inibe algumas isoenzimas do CYP450 (sobretudo a CYP2E1) 570

Estimulação da absorção de metabolitos reactivos de vários

compostos (ex.: solventes) 570

Metanol Desenvolvimento de acidose metabólica e inibição da respiração

celular devido à acumulação de formato 571 que poderá diminuir o

tempo de semi-vida da MDMA por aumentar a sua eliminação urinária

N-metilformamida Desenvolvimento de hepatotoxicidade 572

Piridina 365 Indução da CYP2E1

Desenvolvimento de hepatotoxicidade e nefrotoxicidade

Diminuição da motilidade dos espermatozóides em ratinhos

Altera do estro em ratos 573

Intermediários de síntese

1,3-bis(3,4-metilenodioxifenil)-2-

propanamina e N-formil-1,3-

bis(3,4-metilenodioxifenil)-prop-

2-il-amina

Inibição dos transportadores das monoaminas numa intensidade

semelhante à da MDMA 574

Fraca/ausente capacidade de aumentar o potencial neurotóxico da

MDMA por não induzirem a libertação destes neurotransmissores 574

______________________________________________________ Introdução

109

1.9.5.3.2. Outros estimulantes anfetamínicos [anfetamina, MTA, fenfluramina, fentermina, análogos sintéticos da anfetamina (PMA, 4-metiltioanfetamina, 2-CB) e derivados metilenodioxi (MDA,MDEA)]

Figura 7. Estruturas químicas dos principais estimulantes anfetamínicos encontrados na composição de pastilhas de ecstasy, além da MDMA.

1.9.5.3.2.1. MDA e MDEA

A MDA pode surgir nas pastilhas de ecstasy por ser um precursor de

síntese, mas pode também ser incluída intencionalmente na composição das

pastilhas para aumentar os efeitos do cocktail de drogas ou devido à percepção

que a síntese de MDA poderá ser mais simples do que a da MDMA 575. De

facto, a MDA é também capaz, por si só, de induzir aumento da pressão

sanguínea, bradicardia e aumento da actividade locomotora e tem uma acção

mais potente que a MDMA em receptores α1D, α2A e α1A 115.

Introdução ______________________________________________________

110

No entanto, a sua presença no produto final poderá ser responsável por

um aumento da toxicidade resultante do consumo da pastilha, uma vez que a

MDA sofre um metabolismo semelhante ao da MDMA e corresponde, também,

a um dos metabolitos formados a partir da MDMA. A MDA é O-desmetilenada

ao catecol α-Me-DA que pode sofrer oxidação à correspondente o-quinona e,

posteriormente, conjugar-se com a glutationa para formar aductos. Qualquer

um destes passos metabólicos leva à formação de metabolitos com maior

toxicidade que o composto pai e é acompanhada pela libertação de ROS e

RNS 60, 568. Uma vez que a MDA também tem a capacidade de induzir uma

resposta hipertérmica semelhante à da MDMA 567, parece plausível assumir a

possibilidade de ocorrer um efeito aditivo entre os dois compostos, aumentando

os efeitos deletérios induzidos pela hipertermia.

A ingestão combinada de MDA, anfetamina, MDMA e PMA foi já

associada ao aparecimento de intoxicações fatais 282. O mesmo já se verificou

pela exposição simultânea a MDEA e MDMA 297.

1.9.5.3.2.2. MTA

Foi já demonstrado que, em ratos, a combinação da MDMA com a MTA

tem efeitos tóxicos mais marcados do que cada uma das drogas em separado 576 embora estas diferenças pareçam desaparecer num padrão de consumo

crónico 577.

A MTA e a MDMA têm afinidade para os receptores nicotínicos e são

capazes de induzir a sua up-regulation, especialmente quando se utilizam

doses mais elevadas. Este efeito pode levar a um sinergismo na

neurotoxicidade, neurotransmissão colinérgica 100.

Por outro lado, devido aos seus efeitos mais marcados no sistema

dopaminérgico, a MTA tem maior potencial de abuso do que a MDMA. Logo, a

sua inclusão nas pastilhas de ecstasy pode aumentar a prevalência de

comportamentos de adição e dependência relativamente às mesmas 100.

Enquanto a libertação aguda de 5-HT contribui para os efeitos

subjectivos da MDMA como euforia, alucinações ligeiras e sentimento de

proximidade para com os outros, o aumento da DA produzido pela MTA conduz

______________________________________________________ Introdução

111

a sentimentos de auto-confiança, energia, estimulação sexual e euforia, sendo

também responsável pelo potencial aditivo. A combinação das duas

substâncias parece provocar efeitos eufóricos e pró-sociais sinérgicos 133.

Em termos farmacocinéticos, a MTA, a MDA e a MDEA inibem in vitro a

captação e a permeação da MDMA através das células do epitélio do íleo 578,

pelo que poderão atrasar a sua absorção intestinal.

Para além disso, a izoenzima CYP2D6 tem um envolvimento primordial

na 4-hidroxilação aromática da MTA, o que faz antever uma elevada

probabilidade de interacções farmacocinéticas com outras drogas que sejam

substratos desta mesma enzima, como é o caso da MDMA 579.

1.9.5.3.2.3. Outras anfetaminas

As anfetaminas provocam neurotoxicidade serotonérgica e

dopaminérgica, a qual leva, em ratinhos Swiss Webster, a uma sensibilização

de longa duração aos efeitos locomotores de psicoestimulantes como a MDMA,

p-cloroanfetamina e cocaína 580, podendo ter efeitos aditivos com as referidas

substâncias.

Em acréscimo, todas as anfetaminas com estrutura fenilisopropilamínica

são inibidoras da CYP2D6, sendo a sua potência relativa condicionada pela

presença de outros grupos funcionais 27, o que provavelmente irá conduzir a

um aumento dos níveis plasmáticos de MDMA quando consumida

simultaneamente com estes compostos e consequentemente aumentar o risco

de desenvolvimento de toxicidade aguda.

As interacções da MDMA com outras anfetaminas também se verificam

quando estas são co-consumidas intencionalmente para modular os efeitos da

MDMA (vide secção 1.9.5.4.2).

Introdução ______________________________________________________

112

1.9.5.3.3. Ketamina

A ketamina [2-(2-clorofenil)-2-(metilamino)-

ciclohexanona] (Ketofen®, Ketalar®, Ketanest®, Ketaset®,

Ketaject®, Ketamine 500®, Imalgen®) é um anestésico derivado

da fenciclidina utilizado no contexto veterinário e clínico

(analgesia e anestesia pediátrica, anestesia de emergência, obstetrícia e nos

campos de guerra), com propriedades dissociativas, analgésicas e psicadélicas 581. Esta molécula foi já identificada em duas pastilhas de ecstasy conhecidas

como “Strawberry Milkshake” e “White Lightning” em dosagens que variaram de

185 a 197 mg 423, que correspondem a doses de cerca de 2,5 mg de ketamina

por quilo de peso corporal (para um indivíduo de 70 kg). Clinicamente, para ter

alguma acção analgésica, a ketamina é normalmente administrada via i.m.

numa dose de 0,5 mg/kg, que originaria concentrações plasmáticas

semelhantes às obtidas pela ingestão de uma destas pastilhas analisadas.

Para obter um estado de anestesia durante 10-25 minutos seria necessário

administrar uma dose de 10 mg/kg i.m., pelo que um indivíduo teria que

consumir várias pastilhas como as analisadas para ficar inconsciente. No

entanto, o consumo de algumas pastilhas ao mesmo tempo pode produzir

ataxia em alguns indivíduos. As sequelas psíquicas do consumo de ketamina

parecem ser relacionadas com a dose e aparentemente são marcadamente

reduzidas se a ketamina for utilizada em doses subanestésicas 582.

A ketamina tem um mecanismo de acção complexo que envolve

alteração da neurotransmissão glutamatérgica e monoaminérgica através de

um antagonismo, de baixa afinidade, no canal catiónico dos receptores N-metil-

D-aspartato (NMDA), um aumento da libertação de glutamato, alguma

afinidade para os receptores opióides centrais e espinais (α e μ), receptores

colinérgicos e receptores da NA e da 5-HT. Foi já descrito que a ketamina tem

a capacidade de inibir a recaptação da NA, DA e 5-HT, numa forma

dependente da dose, em células renais embrionárias humanas, tendo assim

uma acção simpaticomimética 583, que poderá estar na base de interacções

farmacodinâmicas com a MDMA. A ketamina apresenta ainda uma outra

______________________________________________________ Introdução

113

possibilidade de interacção farmacodinâmica com a MDMA, uma vez que pode

também causar aumento da temperatura corporal nalguns indivíduos 581.

Devido aos seus efeitos ao nível do sistema dopaminérgico a ketamina é

uma droga com propensão ao abuso e com a capacidade de induzir, em baixas

doses, reforços positivos que conduzam a situações de dependência (já

verificadas em modelos animais) 581. Logo, a presença de ketamina nas

pastilhas de ecstasy pode levar ao aparecimento de dependência relativamente

ao seu consumo, apesar de a MDMA propriamente dita ser uma substância

com pouca capacidade de induzir este tipo de reacção.

O consumo de ketamina veiculada nas pastilhas de ecstasy surpreende

muitas vezes os consumidores que manifestam imobilidade e alucinações

quando esperavam obter empatia e euforia 584.

Os sintomas associados à ingestão excessiva de ketamina são muito

semelhantes às da MDMA e incluem hiperactividade, ansiedade, dor no peito,

palpitações, taquicardia e, em casos mais graves, rabdomiólise. Qualquer um

destes efeitos pode ser aditivo com aqueles provocados pela MDMA,

aumentando a toxicidade das substâncias ingeridas.

Para além de poder desencadear fenómenos de interacção

farmacodinâmica com a MDMA, a ketamina tem ainda o potencial de provocar

interacções farmacocinéticas, uma vez que a maior parte do composto pai é

metabolizado via N-desmetilação catalizada pela enzyma CYP2B6 585, 586. Foi

ainda descrito que a fenciclidina (PCP, composto do qual deriva a ketamina)

tem a capacidade de reduzir, em ratos, a actividade de algumas isoenzimas do

sistema CYP450, incluindo a sub-família CYP2D 587, podendo aumentar os

níveis plasmáticos de MDMA. Embora, por outro lado, a ketamina tenha inibido

in vitro a captação e a permeação da MDMA através das células do epitélio do

íleo 578, pelo que aparentemente reduzirá a sua absorção a nível intestinal.

As interacções da MDMA que se verificam quando a ketamina é co-

consumida intencionalmente para modular os efeitos da MDMA serão

analisadas mais detalhadamente na secção 1.9.5.4.5.

Introdução ______________________________________________________

114

1.9.5.3.4. Cocaína

Contrariamente à previsão dos utilizadores 349, as

pastilhas de ecstasy têm uma reduzida probabilidade de

conter cocaína, heroína ou outros opiáceos, uma vez que a

inclusão destes ingredientes nas pastilhas seria pouco

vantajoso economicamente para os fabricantes de ecstasy 373.

No entanto, existem várias possibilidades de interacção entre estas duas

substâncias que serão abordadas adiante (vide secção 1.9.5.4.3).

1.9.5.3.5. Efedrina/pseudoefedrina

A efedrina é uma anfetamina natural encontrada na

Ephedra vulgaris (Ma-Huang ou Herbal ecstasy). O consumo

excessivo de efedrina foi já associado ao aparecimento de

sobredosagem tóxica 588.

A efedrina é um composto simpaticomimético que pode

ser usado como broncodilatador ou descongestionante nasal e

que tem propriedades semelhantes à adrenalina nos

receptores α e β adrenérgicos, e efeitos centrais semelhantes

aos de outras anfetaminas 550.

A efedrina provoca libertação de NA e, em menor

extensão, de DA e de 5-HT. No entanto, parece que esse

efeito de libertação da NA é o que está na base dos efeitos

simpaticomiméticos subjectivos desta substância 589, podendo

estar também na origem de interacções farmacodinâmicas

que potenciem os efeitos da MDMA.

O metabolismo da efedrina também envolve uma fase de N-

desmetilação a norefedrina que pode ser responsável por uma interacção

farmacocinética com a MDMA 590, uma vez que competem para as mesmas

vias metabólicas.

______________________________________________________ Introdução

115

1.9.5.3.6. Cafeína

Num estudo recente, 10% das pastilhas de ecstasy

analisadas continham esta xantina 99.

Este contaminante parece ter poucas consequências

para a saúde em doses baixas 591. No entanto, o consumo

excessivo de cafeína foi já associado ao aparecimento de

sobredosagem tóxica 588.

Além disso é importante considerar que a exposição à cafeína não é

apenas veiculada pela contaminação das pastilhas, mas também pelo consumo

de café, refrescos de cola e bebidas energéticas muito associadas à vida

nocturna e consumidas para reduzir a sonolência e o cansaço.

Este composto actua como um antagonista não-selectivo dos receptores

A1 e A2 da adenosina e como um inibidor da fosfodiesterase, aumentando a

libertação da DA dos terminais nervosos do núcleo estriado 592. O antagonismo

nos receptores 2A2 da adenosina leva a um aumento dos níveis de acetilcolina

no hipocampo, o que parece estar na base do efeito analgésico da cafeína. Por

outro lado, a MDMA também tem uma acção analgésica que parece envolver

um mecanismo serotonérgico a nível central (uma vez que o metisergide, um

antagonista não-específico dos receptores 5-HT1, 5-HT2 e 5-HT7, preveniu o

efeito analgésico da MDMA). Apesar de ambos os compostos terem uma acção

antinociceptiva, a sua co-administração a ratinhos não resultou numa

interacção sinérgica 593.

Quando ratinhos são expostos a 10 mg/kg de cafeína 20 minutos antes

de uma dose de 5 mg/kg de MDMA verifica-se uma potenciação da actividade

locomotora induzida pela MDMA, provavelmente devido ao bloqueio A2

induzido pela cafeína que vai potenciar a libertação de DA induzida pela MDMA 593. Um aumento dos níveis de DA no sistema mesolímbico pode precipitar os

movimentos voluntários, aumentar a motivação e o estado de alerta, reduzir o

apetite e induzir insónia. Esta redução de apetite poderá estar na base da

potenciação, pela cafeína, da perda de peso associada à exposição de ratos a

doses neurotóxicas de MDMA (20 mg/kg, 2 vezes por dia, durante 4 dias

consecutivos) 593. No entanto, o aumento da resposta hiper-locomotora não se

Introdução ______________________________________________________

116

verificou quando a cafeína e a MDMA foram administradas simultaneamente a

ratos 594.

A lesão neurotóxica clássica induzida pela MDMA em ratos,

caracterizada por uma redução da densidade dos SERT, é potenciada pela co-

exposição a MDMA e cafeína a qual também atrasa a recuperação dos

receptores 5-HT2 após a down-regulation induzida pela MDMA 593. Pode

especular-se que o aumento na libertação de DA induzido pela exposição a

cafeína + MDMA aumenta a disponibilidade da DA para ser transportada para o

interior dos terminais depletados em 5-HT, onde pode ser desaminada pela

MAO-B, levando à formação de espécies reactivas que destroem

selectivamente os terminais serotonérgicos 93.

Para além do já referido, em ratos, a cafeína (10 mg/kg) leva à

ocorrência de convulsões quando administrada com a MDA (7,5 mg/kg), tendo

demonstrado também aumentar profundamente a intensidade e a duração da

resposta hipertérmica associada à MDMA (15 mg/kg) e à MDA (7,5 mg/kg) 594.

No entanto, após administrações repetidas, a resposta hipertérmica à mistura

cafeína + MDMA desenvolveu tolerância, enquanto que a hipertermia

resultante da exposição a cafeína + MDA se manteve 594. Para além disso, 4

semanas após a última administração da mistura, a co-exposição a cafeína +

MDA induziu uma redução dos níveis de 5-HT e de ácido 5-hidroxindolacético

(5-HIAA) em várias áreas cerebrais, não se verificando o mesmo com a mistura

cafeína + MDMA, facto que sugere uma relação entre a manutenção dos níveis

cerebrais de 5-HT e o desenvolvimento de tolerância relativamente ao aumento

da hipertermia 594. De facto, sabe-se que a hipertermia desempenha um papel

preponderante na severidade da perda de 5-HT associada ao consumo de

anfetaminas 595. Este facto é consistente com o que se observou neste estudo

em que a hipertermia e a perda de 5-HT ocorreram de forma sequencial nos

animais expostos a cafeína + MDA. Por outro lado, o facto dos animais

expostos a cafeína + MDMA desenvolverem tolerência ao aumento da

hipertermia poderá ter contribuído para a menor depleção dos níveis de 5-HT

observada nestes animais 594.

A co-administração de uma única dose de cafeína (10 mg/kg s.c.) com

MDMA (10 mg/kg s.c.) induziu, em ratos, uma taquicardia profunda e

______________________________________________________ Introdução

117

persistente, mediada por um efeito simpaticomimético central, não observada

após administração de cada uma dos compostos em separado 596.

Se a interacção verificada no rato se generalizar ao humano, o padrão

de utilização que envolve a exposição simultânea a cafeína e anfetaminas

metilenodioxi-substituídas pode ter implicações agudas ou a longo termo,

sérias para os utilizadores de ecstasy 594.

Em termos farmacocinéticos, a cafeína (10 mM) parece não ter

capacidade para inibir in vitro a captação da MDMA (0.5 mM) pelas células do

epitélio do íleo, aumentando a permeação da MDMA do bordo apical para o

bordo basolateral de um modelo de células da parede intestinal (Caco-2), o que

leva a um aumento da AUC plasmática da MDMA quando co-administrada a

ratos com cafeína (50 mg/kg p.o.), relativamente à AUC obtida quando a

MDMA (10 mg/kg p.o.) é administrada isoladamente 578.

Provavelmente devido à confluência dos fenómenos descritos, a cafeína

(100 mg/kg i.p.) já mostrou aumentar a mortalidade após administração aguda

de anfetamina (15-42 mg/kg i.p), MDMA (15 mg/kg) e o seu principal metabolito

MDA (7,5 mg/kg) ou cocaína (35-90 mg/kg i.p.) a ratos 597. Este efeito na

letalidade da MDMA é independente da dose de cafeína. Por outro lado, a dose

de cafeína condiciona o aumento da mortalidade induzida pela MDA 594.

Assim, enquanto a cafeína é considerada como segura e livremente

acessível em bebidas como chá, café e bebidas não-alcoólicas, a sua ingestão

com MDMA pode ter o potencial para exacerbar a toxicidade aguda desta

anfetamina, constituindo um risco para a saúde dos utilizadores de ecstasy 594.

1.9.5.3.7. Paracetamol Aparentemente, o paracetamol incluído nas pastilhas

de ecstasy não se encontra em concentrações perigosas

(geralmente inferiores a 200 mg por pastilha), mesmo para

indivíduos que consumam várias pastilhas numa noite 373.

Por esse motivo, não existem ainda relatos de fatalidades associadas a

interacções entre as duas substâncias.

Introdução ______________________________________________________

118

No entanto, a oxidação do paracetamol pela CYP2E1 resulta na

formação do composto hepatotóxico N-acetil-p-benzoquinonimina (NAPQI).

Normalmente formada em pequenas quantidades, a NAPQI pode ser

destoxificada por conjugação com a GSH. No entanto, doses elevadas de

paracetamol ou uma pré-depleção da GSH (como a originada pela MDMA)

pode levar a um sinergismo de efeitos hepatotóxicos, agravando a lesão

hepática relativamente àquela que qualquer uma das substâncias causaria

isoladamente 598.

1.9.5.3.8. LSD

A dietilamida do ácido lisérgico (LSD) é uma das mais potentes

substâncias alucinogénicas conhecidas. Tendo em conta o pouco que se sabe

acerca do metabolismo e do mecanismo de acção da LSD, será de esperar que

ela desencadeie interacções farmacodinâmicas com a MDMA, potenciando o

seu efeito, sem que no entanto se observem interacções farmacocinéticas, uma

vez que o seu metabolismo parece não envolver o CYP450 (vide secção

1.9.5.4.4).

1.9.5.3.9. Dextrometorfano (DXM)

O dextrometorfano (DXM) é um agente antitússico que

foi já encontrado na constituição de pastilhas de ecstasy em

doses que variavam de 103 a 211 mg por pastilha, que

correspondem a doses consideravelmente superiores à dose

terapêutica habitual (15 a 30 mg, até 4 vezes por dia). Uma vez que o DXM é

aparentemente comum nas pastilhas de ecstasy e não é detectado por testes

rotineiros de rastreio de drogas de abuso, pode ter um papel negligenciado em

reacções adversas atribuídas à MDMA 372. De facto, doses elevadas de DXM

(superiores a 300 mg) podem causar letargia ou hiperexcitabilidade,

taquicardia, ataxia e nistagmo, bem como psicose do tipo da fenciclidina,

efeitos causados pela acção bloqueadora do receptor NMDA do seu metabolito

______________________________________________________ Introdução

119

dextorfano 372, 522. Para além do efeito ao nível dos receptores NMDA, o DXM

também actua a nível central como agonista dos receptores σ1 e σ2 523

(receptores sigma, produzem efeitos antidepressivos no ratinho e, nos

humanos, a sua activação leva a hipertonia, taquicardia, taquipneia e midríase;

a anfetamina é agonista nestes receptores), antagonista dos receptores

nicotínicos α3β4 524, inibidor da recaptação da 5-HT 525 e, possivelmente, da

DA. O DXM pode, assim, potenciar os efeitos da MDMA e a intoxicação por

DXM deve então ser considerada em pacientes que admitam consumo de

ecstasy e apresentem os referidos sintomas, particularmente se os rastreios

forem negativos para MDMA e anfetaminas.

Uma vez que quer a MDMA quer o DXM são substratos da CYP2D6 e,

uma vez que a MDMA e os seus metabolitos inibem a actividade de CYP2D6 28, a co-administração dos compostos pode levar à competição entre os dois

substratos para a enzima metabolizadora e resultar no aumento da incidência e

severidade dos efeitos adversos do DXM ou, eventualmente, no aumento dos

níveis de MDMA. No entanto, até à data, não foi descrita nenhuma intoxicação

desta natureza 23. Aliás, curiosamente, o DXM em altas doses confere

neuroprotecção, num efeito independente da metabolização do DXM a

dextrorfano 599.

1.9.5.3.10. Excipientes inertes

Como já referido, a velocidade de eliminação da MDMA está dependente

do pH dos fluidos de excreção como urina ou suor. De facto, quanto mais

ácidos forem esses fluidos, maior o grau de ionização da MDMA e maior a sua

eliminação por essas vias. Assim, a inclusão de bicarbonato de sódio nas

pastilhas de MDMA é feita com o intuito de prolongar os seus efeitos, uma vez

que, ao provocar uma alcalinização dos fluidos de excreção, conduzirá a um

atraso na eliminação deste derivado anfetamínico.

Introdução ______________________________________________________

120

1.9.5.4. Drogas de abuso ilícitas co-consumidas intencionalmente com MDMA

Os consumidores de ecstasy são frequentemente consumidores de

outras substâncias, combinando substâncias lícitas e ilícitas para aumentar os

efeitos esperados da MDMA, bem como para suavizar os sintomas de

abstinência 368. Como exemplo podem considerar-se os resultados do trabalho

desenvolvido por Schifano e colaboradores em 1998 no qual 95% dos

indivíduos consumidores de ecstasy entrevistados tinham consumido outra

droga de abuso pelo menos uma vez 219. Os estudos relativos ao co-consumo

de MDMA e outras substâncias estão compilados na Tabela 7.

Este fenómeno de co-consumo torna difícil concluir definitivamente

acerca dos efeitos tóxicos da MDMA a longo prazo e acresce o risco de

desenvolvimento de toxicidade 13. A intensidade do padrão de consumo de

MDMA altera a propensão dos indivíduos para consumir outras drogas como

cocaína, anfetamina, LSD, e cogumelos alucinogénicos (contendo psilocibina),

mas não altera o consumo de álcool, tabaco e Cannabis 332. Este facto foi já

verificado num estudo realizado em 2008 em Coimbra em que, num universo

de 223 utilizadores de MDMA, 11,7% era consumidor excessivo e, destes,

58,3% consumiam MDMA num padrão de policonsumo com outras drogas,

enquanto que consumidores de MDMA mais moderados tinham prevalências

de policonsumo inferiores 305. A ecstasy pode influenciar a utilização de outras

drogas, sobretudo cocaína e MTA. Aparentemente, o início do consumo de

ecstasy numa idade mais tardia parece diminuir o risco de consumir estas

drogas, embora não afecte o consumo de heroína 355.

121

Tabela 7. Padrões de policonsumo de drogas de abuso reportados por consumidores de ecstasy.

a Destes, 69% fazem binge drinking, ou seja, consomem mais de 5 bebidas standard por noite.

Cole et al. 370 2008

N = 80 (Reino Unido)

de Sola et al. 354 2008

N = 14 (Espanha)

Dresen et al. 309 2007

N = 247 (Alemanha)

Medina et al. 312 2007

N = 48 (EUA)

Yen et al. 313 2007

N = 200 (Taiwan)

Breen et al. 314 2006

N = 852 (Austrália)

Copeland et al. 316 2006

N = 216 (Austrália)

Estudo Associação % inquiridos % inquiridos % inquiridos % inquiridos % inquiridos % inquiridos % inquiridos

Tabaco

Cannabis 37,7 91,7 6,5 82

Etanol 93,2 93,8 57,5 65a

Cocaína 51,2 57,1 50 60 27

Anfetamina 19,8

MTA 57,1 25 4 83

Alucinogénios (ex.: LSD, PCP) 14,3 29,2 26

Ketamina 35,7 23

GHB 28,6 10

Opiáceos (ex.: heroína) 14,3 20,8 1 6

Sedativos (ex.: barbitúricos,

benzodiazepinas)

14,3 68,8 5 27 16

Cogumelos “mágicos” 50

Inalantes (“poppers”) 25

Solventes

Noz de Areca ou Betel 50

Nenhuma 14,6 70,5

Tabela 7 (cont.). Padrões de policonsumo de drogas de abuso reportados por consumidores de ecstasy.

b Percentagens de policonsumo descritas pelos utilizadores crónicos de MDMA;

Wish et al. 322 2006

N = 1206 (EUA)

Wu et al. 323 2006

N = 696 (EUA)

Wu et al. 324 2006

N = 19084 (EUA)

Barrett et al. 325 2005

N = 186 (Canadá)

Clatts et al. 326 2005

N = 569 (EUA)b

Degenhardt 452

2005 N = 852

(Austrália)

Liechti et al. 190

2005 N = 52 (Suiça)

Estudo Associação % inquiridos % inquiridos % inquiridos % inquiridos % inquiridos % inquiridos % inquiridos

Tabaco 82,1 34,6

Cannabis 98 91,4 97,4 68,5 73,8-86,6 19,2

Etanol 88,2 99,5 45,2 89,5-97,1 53,8

Cocaína 46 56,3 56,4 9,8 18,8-26,4 25

Anfetamina 31,1 36,5 48,4 14,7-20,3 19,2

MTA 1 60,5-70,6

Alucinogénios (ex.: LSD, PCP) 38 36,4 100 11,6-31,9 3,8

Ketamina 9,7 4 17,9-36,2 3,8

GHB 8,6 7,5-15,9 25

Opiáceos (ex.: heroína) 17 30,7 7,7 2,8-19,7 7,7

Sedativos (ex.: barbitúricos,

benzodiazepinas)

28,5 40,4 23,7-52,6 5,8

Cogumelos “mágicos” -

Inalantes (“poppers”) 38 45,1 13,0-31,9

Solventes

Noz de Areca ou Betel

Nenhuma 9,6

122

123

Tabela 7 (cont.). Padrões de policonsumo de drogas de abuso reportados por consumidores de ecstasy.

c Os valores indicados entre parêntesis indicam a percentagem de consumidores de MDMA que referiram a utilização da substância em causa na modulação das reacções desagradáveis que surgem durante a regressão dos efeitos da MDMA. d Destes, 70% consome etanol em doses consideradas perigosas. e Destes, 41% fazem binge drinking, ou seja, consomem mais de 5 bebidas standard por noite. f Média de 5 cidades: Coimbra, Modena, Nize, Palma de Mallorca, Utrecht.

Milani

et al. 600

2005 N = 59

(Reino Unido)

Lora-Tamayo et al. 331

2004 N = 70

(Espanha)

Scholey

et al. 332

2004 N = 763

(Internet)

Parrott

et al. 339 2001

N = 768 (Reino Unido e

Itália)

Winstock et al. 266

2001 N = 1.106

(Reino Unido)c

Topp et al. 342 1999

N = 329 (Austrália)c

Calafat et al. 601

1998 N = 801

(Europa)f

Estudo Associação % inquiridos % inquiridos % inquiridos % inquiridos % inquiridos % inquiridos %inquiridos

Tabaco 56 69,4 - 62 (54) 88.7

Cannabis 72,9 58,6 70 87,6 82 (82) 45 (64) 79.4

Etanol 79 80,4 88d (60) 40e (21) 67.8

Cocaína 55,7 56 73,1 58 (0,5) 37.6

Anfetamina 69 73,7 83 43 (7) 35.4

MTA

Alucinogénios (ex.: LSD, PCP) 60 66,3 30 13 31.7

Ketamina 14,2 14

GHB

Opiáceos (ex.: heroína) 23 25,5 (2) (5) 8.8

Sedativos (ex.: barbitúricos,

benzodiazepinas)

38 22,1 (18) (17)

Cogumelos “mágicos” 56 46,6 - 18.5

Inalantes (“poppers”) 39,1 51 12 (8)

Solventes 21 17,5

Noz de Areca ou Betel

Nenhuma - -

Tabela 7 (cont.). Padrões de policonsumo de drogas de abuso reportados por consumidores de ecstasy.

c Os valores indicados entre parêntesis indicam a percentagem de consumidores de MDMA que referiram a utilização da substância em causa na modulação das reacções desagradáveis que surgem durante a regressão dos efeitos da MDMA

Schifano et al. 219 1998

N = 150 (Itália)

Alvarez et al. 601 1997

N = 418 (Espanha)

Boys et al. 345 e Lenton et al. 344

1997 N = 83

(Austrália)

Williamson et al. 346

1997 N = 158

(Reino Unido)c

Webb et al. 348 1996

N = 3075 (Reino Unido)

Solowij et al. 22 1992

N = 100 (Austrália)

Estudo Associação % inquiridos % inquiridos % inquiridos % inquiridos % inquiridos % inquiridos

Tabaco 61.7 -

Cannabis 31 59.6 69,2 (55) 96,6 47

Etanol 39 63.6 19,2 30

Cocaína 33.7 -

Anfetamina 32.5 34,6 41

MTA

Alucinogénios (ex.: LSD, PCP) 24 31.3 26,9 19

Ketamina

GHB

Opiáceos (ex.: heroína) 6.7 -

Sedativos (ex.: barbitúricos,

benzodiazepinas)

7,7

Cogumelos “mágicos” - -

Inalantes (“poppers”) 34,6 7

Solventes

Noz de Areca ou Betel

Nenhuma 2.6 59 24

124

______________________________________________________ Introdução

125

O estudo do padrão de consumo de outras drogas de abuso pelos

consumidores habituais de MDMA 332 é consistente com a noção de limiares na

progressão do consumo de drogas desde as drogas legais, a Cannabis e seus

derivados e, posteriormente outras drogas ilícitas 602. Foi já descrito que o uso

recreativo de MDMA é normalmente precedido pelo consumo de etanol,

nicotina, Cannabis, e anfetamina, por esta ordem 602. A utilização de várias

drogas de abuso pode dever-se também a uma tolerância farmacodinâmica

apresentada por vários consumidores após o consumo regular de MDMA, que

alegam notar uma diminuição dos seus efeitos agudos após uso continuado, o

que aumenta a propensão para a utilização de outras substâncias psicoactivas

ou cocktails de drogas para obter experiências agradáveis 73, 603, 604. Algumas

drogas de abuso podem também afectar os efeitos da MDMA por alterarem a

expressão das isoenzimas do CYP450 398.

Comparado com outros policonsumidores de drogas, aqueles

policonsumidores que incluem MDMA na sua lista de consumos apresentam

dificuldade em adaptar-se a novos ambientes, em processar memórias

recentes, e em processos de julgamento social e emocional 605.

Foi também já descrito um caso de síndrome amnésica e ataxia severa

após consumo concomitante de MDMA, nitrato de amilo, LSD, Cannabis e

álcool 606.

Embora os consumidores de ecstasy demonstrem níveis elevados de

sintomas psicológicos e de disfunção executiva, estes sintomas não estão,

normalmente, estatisticamente associados com o consumo de ecstasy, mas

sim com o policonsumo de drogas que lhe está associado (álcool, Cannabis,

opióides e inalantes, etc) 312.

Drogas como a heroína parecem também potenciar a toxicidade da

MDMA, embora o mecanismo subjacente a este facto permaneça por

esclarecer 607.

O uso simultâneo de múltiplas drogas estimulantes não só aumenta o

risco de problemas relacionados com a sobre-estimulação simpaticomimética

com aumento da propensão para desidratação, hipertermia 296, 608 e

complicações cardiovasculares 182, mas pode também aumentar a

neurotoxicidade 266.

Introdução ______________________________________________________

126

1.9.5.4.1. Derivados da Cannabis

A maioria dos consumidores de ecstasy (90-98%) também consome

Cannabis 609. Tal como acontece com o etanol, o primeiro contacto com a

Cannabis é geralmente mais precoce do que o primeiro contacto com a MDMA 355. De facto, grande parte dos co-consumidores de ecstasy e Cannabis usou

derivados da Cannabis, mais ou menos regularmente, antes de iniciar o

consumo de MDMA e continua a consumir estes produtos em paralelo com o

uso de MDMA 332, 334, 610.

A Cannabis é sobretudo usada para ultrapassar os efeitos

desagradáveis que aparecem quando a euforia inicial provocada pela MDMA

se dissipa 611.

O principal componente psicoactivo da Cannabis e

seus derivados, o Δ9- tetraidrocanabinol (THC), é um agonista

directo dos receptores canabinóides CB1 endógenos,

afectando o apetite, a regulação da dor e as funções

vegetativa e motora.

O consumo regular de Cannabis e derivados é um factor de risco

conhecido para o desenvolvimento de patologias neuropsiquiátricas

(depressão, psicose e desmotivação) e défices de atenção e memória que

persistem após o desaparecimento dos efeitos agudos da droga e que podem

normalizar após semanas de abstinência 612.

A Cannabis também contribui para problemas psicológicos, deficiências

cognitivas e outros poblemas neuropsicobiológicos (perturbações do sono,

disfunção sexual, imunocompetência reduzida e aumento do stress oxidativo)

em utilizadores de MDMA 613. Em termos crónicos, ambas as drogas são

lesivas, pelo que os policonsumidores normalmente exibem défices

neurobiológicos cumulativos. 609. De facto, em humanos, o uso prolongado de

MDMA e Cannabis está associado com uma variedade de efeitos psicológicos,

incluindo aumento da impulsividade, ansiedade, queixas somáticas, padrões

obsessivo-compulsivos e comportamento psicótico. Défices neurocognitivos

(memória, aprendizagem, fluência verbal, velocidade de processamento e

destreza manual) em várias áreas cerebrais (hipocampo, lobo frontal) foram

reportados em utilizadores desta associação 614. Contudo, este assunto

______________________________________________________ Introdução

127

permanece controverso, uma vez que enquanto uns grupos defendem que o

principal responsável dos défices cognitivos associados ao consumo desta

mistura é a MDMA 615, outros grupos refutam esta hipótese e argumentam que

os défices cognitivos estão mais relacionados com o consumo de Cannabis do

que de MDMA 612. Algum do défice cognitivo atribuído à MDMA parece ser

devido ao consumo de THC 614, 616 bem como as queixas de sintomas

neurobiológicos 617. Ambas as drogas prejudicam a memória quando

administradas isoladamente, embora a deterioração devida à MDMA seja

inferior à causada pelo THC. Quando co-administradas, as drogas causam uma

deterioração sinérgica da memória de trabalho em ratos que se traduz numa

fraca capacidade de execução dos ratos no teste comportamental Y-maze 618.

Num estudo feito em ratinhos, a administração combinada de doses baixas de

MDMA (3 mg/kg) e THC (0,3 mg/kg) produziu “preferência de lugar

condicionada”, enquanto que a combinação de MDMA (10 mg/kg) com THC

(0,3 mg/kg) decresceu significantemente essa preferência. A administração de

doses baixas de THC aumentou significantemente os níveis de DA no nucleus

accumbens, enquanto que uma dose baixa de MDMA não o fez. Quando a

MDMA é administrada antes do THC, os níveis de DA aumentam relativamente

ao efeito do THC isolado. Estes resultados mostram que uma dose baixa de

THC modifica a sensibilidade dos animais aos efeitos comportamentais da

MDMA e que o THC e a MDMA convergem para um mecanismo comum que

modula o fluxo de DA no nucleus accumbens de ratinho 619.

Alguns estudos in vitro demonstraram neurotoxicidade associada a

concentrações elevadas de THC 620 contudo, a evidência de neurotoxicidade

em humanos nunca foi convincente 612. Em contraponto, vários estudos

atribuíram aos canabinóides propriedades antioxidantes, antiexcitotóxicas e

anti-inflamatórias a nível celular, bem como neuroprotecção numa variedade de

modelos de dano neuronal, quer in vitro, quer in vivo 621. Para além disso, um

estudo realizado em ratos demonstrou que quer o THC quer um agonista

sintético dos receptores canabinóides preveniram a hipertermia induzida pela

MDMA e diminuiram a depleção de 5-HT induzida pelo consumo prolongado de

MDMA em várias regiões do cérebro, bloqueando parcialmente a

neurotoxicidade induzida pela MDMA em animais de laboratório 621,

possivelmente através das propriedades antioxidantes do THC 612. Também foi

Introdução ______________________________________________________

128

já demonstrado que o THC previne completamente a agressão oxidativa da

MDMA, num efeito não inibido por um antagonista específico dos receptores

CB1 (o AM251) 55. Este resultado aponta para propriedades antioxidantes

inespecíficas do THC e não para uma interacção específica com os receptores

CB1. Devido a estas propriedades, o THC parece proteger dos efeitos

deletérios provocados pela oxidação da DA libertada em excesso devido ao

consumo de MDMA 55. O consumo moderado de Cannabis parece, assim,

melhorar ou mascarar a agressividade e os sintomas somáticos induzidos pela

MDMA. Contudo, o consumo destes compostos em grandes doses está

associado a vários problemas psicobiológicos que podem aparecer após um

período de abstinência das duas substâncias 600.

Assim, embora os efeitos agudos da Cannabis possam ser deletérios,

aparentemente os efeitos prolongados da Cannabis podem proporcionar

neuroprotecção contra os efeitos da MDMA e anfetaminas, uma vez que a

Cannabis tem propriedades relaxantes e hipotérmicas 613. A sua co-utilização

pode reflectir efeitos opostos em 3 áreas psicobiológicas: atenção, temperatura

corporal e stress oxidativo. Primeiro, a MDMA aumenta o estado de alerta

enquanto a Cannabis é sedante. Em segundo lugar, a MDMA causa

hipertermia enquanto a Cannabis causa hipotermia. Terceiro, a MDMA

aumenta o stress oxidativo, enquanto a Cannabis é antioxidante. Assim, a

Cannabis pode modular as reacções agudas e sub-agudas da MDMA, reduzir a

hipertermia e o stress oxidativo.

Os consumidores habituais de MDMA utilizam as propriedades

relaxantes da Cannabis e derivados para reduzir os sintomas típicos de

anedonia (incapacidade de sentir prazer em situações normalmente

prazenteiras) e depressão, que surgem nos dias após o consumo de ecstasy 622, 623. No entanto, a utlização de Cannabis pode provocar várias alterações

neurovasculares que podem resultar em eventos isquémicos que poderão

agravar a neurotoxicidade induzida pela MDMA 184.

As alterações endócrinas encontradas em utilizadores de MDMA

parecem também relacionadas com o co-consumo de Cannabis 611.

O consumo de MDMA com Cannabis provoca um decréscimo

significativo na IL-2 e um aumento no TGF-β1 (Transforming Growth Factor)

anti-inflamatório, juntamente com uma diminuição no número total de linfócitos

______________________________________________________ Introdução

129

(CD4+ e NK). Foi também observada uma maior frequência de infecções

ligeiras no grupo de consumidores regulares, quando comparados com os

consumidores ocasionais. Estas alterações, a longo prazo, da homeostase

imunológica pode resultar numa deterioração do estado de saúde geral e uma

maior susceptibilidade a infecções e a doenças do foro imunológico 624.

Apesar destes dados, a contribuição da utilização de Cannabis para os

efeitos prolongados da MDMA permanece inconsistente 612.

Resumindo, existem interacções importantes e complexas entre a

MDMA e a Cannabis no que diz respeito à actividade cerebral, psicopatologia e

aprendizagem 612 que se estendem também aos sistemas endócrino e

imunológico.

Neste contexto de policonsumo é preciso ter ainda em consideração a

teoria “portal de entrada” ou “oportunidade de exposição” que sugere que a

utilização de Cannabis leva ao consumo de outras drogas 625, 626 e que

complica ainda mais as possibilidades de interacções com a MDMA. De facto,

foi já demonstrado que as mulheres consumidoras de Cannabis têm mais

predisposição para utilizarem outras drogas, uma vez que a Cannabis pode ser

um ponto de partida para mulheres que estejam interessadas em experimentar

drogas de abuso, uma vez que é mais facilmente obtida e mais aceite

socialmente 334.

As interacções farmacocinéticas entre a MDMA e a Cannabis são ainda

possíveis por partilha de algumas vias metabólicas, uma vez que o

componente activo da Cannabis e seus derivados (THC) é metabolizado pela

CYP3A4 e pela CYP2C9 627.

1.9.5.4.2. Estimulantes anfetamínicos

Os estimulantes anfetamínicos também são neurotóxicos para as vias

serotonérgicas e dopaminérgicas, num mecanismo semelhante ao da MDMA

Estes estimulantes mostraram ser neurotóxicos em estudos com animais 250 e

possivelmente em humanos 612.

A MDMA e a MTA têm acções semelhantes no cérebro, aumentando os

níveis das monaminas neurotransmissoras DA, NA e 5-HT. A principal

Introdução ______________________________________________________

130

diferença é que a MDMA inibe sobretudo a recaptação e estimula a libertação

da 5-HT, enquanto a MTA inibe sobretudo a recaptação e estimula a libertação

da DA. Ambas as anfetaminas aumentam ainda os níveis destes

neurotransmissores por inibirem as enzimas responsáveis pela sua

metabolização e através da expulsão das monoaminas das vesículas

sinápticas. Esta libertação massiva de monoaminas vai levar a um défice

temporário nas suas reservas que podem necessitar de alguns dias para serem

repostas 133.

Estes estimulantes também se ligam aos transportadores pré-sinápticos

das monoaminas, induzem a libertação aguda e inibem a recaptação de DA e

5-HT. Podem, assim, exercer efeitos tóxicos sinérgicos com a MDMA, e

prolongar os seus efeitos deletérios de longa duração 612. Apesar das

alterações das funções cerebrais dos utilizadores serem de longa duração, a

literatura sobre as sequelas psicopatológicas de longa duração que resultam do

uso de estimulantes é inconclusiva 612.

O consumo repetido e/ou de grandes quantidades de anfetamina ou

MTA induzem uma degeneração generalizada dos axónios pré-sinápticos

serotonérgicos e dopaminérgicos levando a uma depleção de 5-HT e DA e a

uma diminuição da densidade dos seus transportadores (SERT e DAT) no

tecido cerebral 250, 628, 629. Consequentemente, os utilizadores crónicos de

estimulantes demonstraram défices na memória de curto prazo, controlo

executivo frontal e capacidades de planificação 612.

Assim, o co-consumo de MDMA e outros estimulantes anfetamínicos

pode aumentar a neurotoxicidade serotonérgica e os efeitos tóxicos para o

sistema dopaminérgico induzidos pela MDMA 612. Ambas as substâncias

MDMA e MTA provocam fenómenos de neurotoxicidade que, muito

provavelmente, são causados pela formação de ROS e RNS formados devido

ao metabolismo das monoaminas libertadas em excesso, ou em resposta ao

esgotamento das fontes de energia. Uma vez que ambas provocam este efeito,

combinar as duas substâncias pode produzir um padrão mais amplo de

depleção de NA e 5-HT do que o observado quando doses equivalentes são

administradas separadamente. As anfetaminas podem ainda interferir nos

efeitos da MDMA, uma vez que um grande número destes compostos são

substractos do transportador vesicular das monoaminas tipo 2 (VMAT2),

______________________________________________________ Introdução

131

depletando os neurotransmissores vesiculares por um mecanismo mais

relacionado com uma troca mediada pelo transportador do que devido às suas

propriedades de bases fracas 630. Estes factos sugerem que a ingestão

simultânea de MDMA e MTA pode ser particularmente perigosa 133.

Uma vez que, quer a MDMA, quer a MTA têm sido individualmente

associadas a efeitos adversos neuronais e comportamentais a longo prazo, é

concebível que a combinação das duas substâncias, intencional ou inadvertida,

possa ser particularmente perigosa 133. De facto, a combinação de MDMA e

MTA em ratos tem tendência também a produzir uma maior variedade e

intensidade de défices comportamentais (ansiedade social, crises de ansiedade

e sintomas depressivos) que a exposição individual 133.

A auto-administração de ambas as substâncias por animais de

laboratório é aumentada em condições de temperatura ambiente elevada, o

que pode explicar o elevado consumo destas substâncias em ambientes

quentes e sobrelotados 133. Uma vez que a temperatura ambiente influencia

largamente os efeitos tóxicos da MDMA, este maior consumo em altas

temperaturas é extremamente preocupante. A depleção de 5-HT induzida pela

MDMA pode inicialmente atrasar a aquisição de auto-administração de

anfetamina, no entanto, a pré-exposição à MDMA pode também sensibilizar os

animais para os efeitos locomotores e para o efeito da MDMA na inicialização

de comportamentos de procura de droga, aumentando a probabilidade de uma

reinstalação da auto-administração de anfetamina após um período de

abstinência 631.

Surpreendentemente, apesar das combinações de MDMA com MTA

(intencionais ou não-intencionais devido à pureza das pastilhas) serem

elevadas entre os utilizadores, uma pesquisa recente sugere que a

administração combinada de MDMA diminui o efeito de reforço positivo da MTA

em ratos testados no paradigma de auto-administração 632.

Tal como a MDMA, a anfetamina induz hipertermia dependente da

temperatura ambiente 633, embora a afinidade destas drogas para os diferentes

transportadores das monoaminas apresente algumas diferenças 634. De facto,

estudos prévios destacaram algumas diferenças nos efeitos ao nível do

sistema termorregulador da MDMA e da anfetamina ou seus derivados 635. Por

isso, outra interacção que será de esperar é ao nível da resposta hipertérmica

Introdução ______________________________________________________

132

induzida por ambas as substâncias que, quando administradas em conjunto,

deverão causar um efeito sinérgico a este nível.

Foram já descritas intoxicações fatais associadas ao consumo

simultâneo de MDMA, anfetamina, MDA e PMA que se caracterizaram por um

quadro de coagulação intra-vascular disseminada induzida por hipertermia 282.

A pré-exposição a MDA tem ainda a capacidade de inibir o metabolismo

da MDMA, aumentando as suas concentrações a nível cerebral 533.

1.9.5.4.3. Cocaína

A cocaína é frequentemente consumida com a MDMA para aumentar os

efeitos psicoestimulantes da MDMA 636.

Esta droga aumenta os níveis sinápticos de DA, 5-HT e NA por se ligar

aos transportadores destes neurotransmissores e inibir a sua recaptação para

os terminais pré-sinápticos 636.

A pré-exposição repetida de ratos adultos à MDMA mostrou aumentar a

actividade motora induzida pela cocaína e promover a subsequente aquisição

do comportamento de auto-administração de cocaína, o que demonstra os

efeitos cruzados destas duas substâncias 637.

Por outro lado, a administração simultânea de MDMA e cocaína resultou

num antagonismo da “preferência de lugar condicionada” de cada uma das

substâncias. No entanto, este efeito parece ser reversível em doses elevadas

dos compostos em causa 638.

Foram já descritas diferenças nos perfis de sensibilização

psicoestimulante relacionados com a idade, quer para a cocaína, quer para as

anfetaminas 406, 639. Apesar dos ratos adolescentes mostrarem um aumento no

reforço condicionado da cocaína após tratamento com MDMA 408, 640, um

estudo recente sugere que eles são menos vulneráveis à sensibilização

induzida pela MDMA quando administrada numa dose alta e num curto

intervalo de tempo 640.

A toxicidade dopaminérgica induzida pela MDMA em ratinhos pode ser

afectada pela co-administração de cocaína 636. Por outro lado, a administração

repetida de MDMA a ratos aumenta a libertação de DA no nucleus accumbens

______________________________________________________ Introdução

133

induzida pela cocaína. Este facto sugere que a MDMA pode alterar a

vulnerabilidade para desenvolver dependência e abuso da cocaína 641. Estudos

sugerem que a neurotoxicidade da MDMA requer um sistema serotonérgico 141

e dopaminérgico intacto e que a extensão da toxicidade pode aumentar se os

níveis de dopamina estão aumentados 228. Este aumento nos niveis

extracelulares de DA pode verificar-se após utilização de cocaína, pelo que

este estimulante pode constituir uma ameaça dupla de complicações

fisiológicas e neurotoxicológicas 266.

A cocaína é inibidora da recaptação da 5-HT e comprovadamente

inibidora do metabolismo da MDMA in vitro 422, podendo aumentar

substancialmente as concentrações de MDMA in vivo, sobretudo se consumida

em conjunto com outras substâncias que sejam potentes inibidores da

CYP2D6. A cocaína pode ter efeitos semelhantes aos induzidos pela fluoxetina

e paroxetina no que respeita às interacções com a MDMA 422.

O abuso de cocaína foi já associado ao aparecimento de acidentes

cerebrovasculares isquémicos e hemorrágicos, atrofia cerebral em caso de

abuso crónico, e a um aumento da incidência de malformações congénitas 184

daí que possa agravar as propriedades neurotóxicas e teratogénicas da

MDMA.

Tal como a MDMA, a cocaína induz hipertermia dependente da

temperatura ambiente 642, 643, embora a afinidade destas duas substâncias para

os diferentes transportadores das monoaminas não seja comparável, quer em

humanos quer em roedores 634.

1.9.5.4.4. LSD

A LSD (dietilamida do ácido d-lisérgico) foi sintetizada

por primeira vez em 1938 pela indústria farmacêutica Sandoz

(Suiça) a partir do ácido lisérgico que existe naturalmente num

fungo (Claviceps pupurea) que cresce nos grãos de trigo e

centeio, na procura de um agente com actividade oxitócica.

No entanto, como apresentava propriedades oxitócicas

inferiores a outros compostos, a sua síntese foi abandonada. As suas

Introdução ______________________________________________________

134

propriedades alucinogénicas foram descobertas pelo mesmo

cientista que a sintetizou pela primeira vez, devido a uma

ingestão acidental. A LSD consegue provocar alterações

comportamentais com dosagens de 25-50 ng 644.

A co-administração da LSD com MDMA tem vindo a

aumentar e a combinação do consumo destas duas

substâncias recebe o nome de candyflipping ou XL. Várias

páginas web referem que o uso simultâneo leva a um aumento dos efeitos

centrais destas substâncias. E, de facto, foi verificado que em ratos Fawn-

Hooded machos (uma estirpe com deficiência cerebral em 5-HT) a co-

administração de LSD (0,04 mg/kg i.p.) e MDMA (0,15 mg/kg i.p.) resultou num

sinergismo que originou uma resposta máxima do tipo da verificada para a

MDMA numa dose de 1,5 mg/kg (i.p.). Este sinergismo ocorre provavelmente

por um mecanismo que envolve os neurónios serotonérgicos centrais 645.

Aparentemente a LSD é agonista dos receptores pós-sinápticos 5-HT2 e

é antagonista parcial dos receptores pré-sinápticos 5-HT1A e 5-HT1B, tendo já

mostrado também actividade em receptores 5-HT clonados. Teoricamente, a

LSD produz libertação de glutamato nos terminais tálamo-corticais, produzindo

uma dissociação entre os centros sensoriais e a capacidade cortical devido a

uma modulação dos processos sensoriais, perceptivos, afectivos e cognitivos

mediados pelos receptores NMDA. Contudo, desconhece-se de que forma é

que o agonismo nos receptores 5-HT2C contribui para as alterações

comportamentais 644.

Assim, a combinação do aumento dos níveis de 5-HT sinápticos,

capazes de actuar em todos os receptores envolvidos nas propriedades

estimulantes da LSD e da MDMA parece ser o mecanismo subjacente à acção

sinérgica destas duas substâncias 645.

Uma vez que os efeitos tóxicos agudos deste composto também

englobam sinais cardiovasculares (taquicardia, hipertensão), rabdomiólise e

falência renal estes podem agravar a resposta tóxica da MDMA 644.

A LSD é metabolizada a compostos inactivos (N-desmetil-LSD, hidroxi-

LSD, 2-oxo-LSD, e 2-oxo-3-hidroxi-LSD) não tendo sido descrito metabolismo

via CYP450, daí que não será de esperar que ocorram interacções

farmacocinéticas com a MDMA.

______________________________________________________ Introdução

135

No entanto, a LSD parece induzir tolerância cruzada à mescalina, pelo

que se pode esperar que o mesmo ocorra relativamente à MDMA, uma vez que

é estruturalmente semelhante.

1.9.5.4.5. Ketamina

O uso recreativo da ketamina foi reportado pela primeira vez em 1971 na

América do Norte e apareceu no Reino Unido nos anos 90 associado à cultura

dance gay 423. Em termos recreacionais, a ketamina é frequentemente

consumida por via nasal na forma de pó (100-400 mg por dose) (conhecida

como K, Super K, Special K, Vitamina K, Green, Mean Green, kit-kat, keets,

super acid, cat valiums e Jet), mas é também comercializada para ser fumada

ou na forma de spray nasal ou de líquido, pó ou cápsulas para ingestão (350-

500 mg por dose) 423.

De acordo com o já referido no sub-capítulo 1.9.5.3.3., o consumo de

ketamina pode ainda indirectamente afectar a toxicidade associada ao

consumo de outras substâncias, incluindo a MDMA, devido ao facto de

provocar amnésia, dificultando o controlo do número de doses consumidas

durante a noite e aumentando a probabilidade de ocorrência de uma

sobredosagem e intoxicação.

O consumo simultâneo da ketamina com outras drogas de abuso deve

ser cuidadosamente considerado, uma vez que as mortes causadas pelo

consumo de ketamina em Nova Iorque foram todas associadas ao consumo de

múltiplas substâncias (sobretudo opióides e anfetaminas) e não ao consumo de

ketamina per se 646. O risco de super-estimulação cardíaca é uma das

consequências potencialmente fatais de combinar ketamina com estimulantes

(ex.: anfetaminas, cocaína).

Introdução ______________________________________________________

136

1.9.5.4.6. GHB (“ecstasy líquido”)

O GHB (γ-hidroxibutirato, oxibato de sódio, G, ecstasy

líquido, Grievous Bodily, harm, gib, sabão, scoop, nitro) é um

potente agente hipnótico/sedativo derivado do

neurotransmissor inibitório ácido γ-aminobutírico e tem a capacidade de

atenuar os efeitos desagradáveis ou disfóricos da MDMA devido ao seu efeito

no sistema dopaminérgico a nível central 647. O GHB é um pó que se dissolve

em água e é vendido como droga recreativa 648 por 5 a 10 USD a dose. No

início dos anos 90 era também vendido em lojas de alimentação saudável

como suplemento para atletas e culturistas 648. A probabilidade de ocorrência

de sobredosagem é elevada porque a concentração da solução é muitas vezes

desconhecida (em 2000 eram já 60 as mortes provocadas por sobredosagem

deste composto 14). O sabor desagradável da solução de GHB é muitas vezes

mascarado com bebidas alcoólicas, o que aumenta a toxicidade do GHB,

devido ao facto do etanol ser também um depressor central 14.

Apesar de, em 2000, ter sido classificada como uma substância de

Classe I devido ao elevado número de mortes e ao facto de ser considerada

uma “droga de violação”, em 2002, o GHB, na forma de oxibato de sódio,

passou a fazer parte da Classe III, sendo utilizado para o tratamento da

narcolepsia e estando a ser estudada a sua utilização na cessação alcoólica 649, 650.

O GHB produz euforia, progredindo em doses mais altas para tonturas,

hiper-salivação, hipotonia, amnésia 14, sedação profunda, coma e mesmo

morte que surge, habitualmente, devido a depressão do sistema respiratório 651.

Interacções metabólicas com a MDMA parecem pouco prováveis, uma

vez que os dois compostos não partilham vias metabólicas.

______________________________________________________ Introdução

137

1.9.5.4.7. Outras substâncias alucinogénicas – Cogumelos “mágicos”

Alguns cogumelos possuem propriedades alucinogénicas devido ao seu

conteúdo em psilocibina. No entanto, alguns autores defendem que a

psilocibina não é o componente activo destes cogumelos, mas sim que ela é

convertida no seu metabolito activo psilocina por hidrólise do grupo fosfato,

quimicamente (pH ácido) ou numa reacção catalizada por fosfatases. A

psilocibina sofre, assim, um forte efeito de primeira passagem a nível hepático

e a sua principal via de eliminação é a eliminação urinária do seu conjugado

com o ácido glucurónico 652.

As reacções mais comuns após ingestão oral incluem relaxamento

muscular, arrefecimento dos braços e abdómen, dilatação das pupilas. À

medida que o efeito fica mais forte podem aparecer alterações de humor. Se a

dose for suficientemtente elevada, os efeitos podem incluir distorções visuais e

auditivas e alucinações.

A psilocibina/psilocina interage sobretudo com os receptores da 5-HT (5-

HT1A, 5-HT1D, 5-HT2A e 5-HT2C). Liga-se com grande afinidade aos receptores

5-HT2A pré-sinápticos e, em menor extensão aos 5-HT1A. A psilocibina e o seu

metabolito activo, psilocina, não apresentam afinidade para os receptores D2

da dopamina, mas levam à sua activação através de uma acção

simpaticomimética com aumento de libertação de neurotransmissores para a

fenda sináptica (ao contrário do que acontece com a LSD) 652.

Devido ao seu mecanismo de acção, a psilocibina/psilocina tem um forte

potencial de interacção com a MDMA.

1.9.5.5. Tabaco

O tabaco é preparado através do processamento de

folhas das plantas do género Nicotiniana.

O tabaco tem a capacidade de induzir significativamente,

e independentemente do sexo do indivíduo, algumas

Introdução ______________________________________________________

138

isoenzimas do sistema CYP450 como a CYP1A2 398 e a

CYP2E1 e, ainda, a uridina difosfato

glucuronosiltransferase, resultando esta última indução

numa mais rápida glucuronidação de algumas substâncias 653. Estas propriedades indutoras do tabaco eram

inicialmente atribuídas aos hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (ex.:

benzo[a]pireno) e outros produtos de combustão. No entanto, a nicotina per se

parece induzir in vivo a CYP2E1 e inibir in vitro a CYP2A6, principal enzima

envolvida no metabolismo da nicotina a cotinina 653. Outras enzimas envolvidas

no metabolismo da nicotina são a CYP2B6 e a CYP2E1 653.

O mecanismo de acção da nicotina passa pela sua

ligação aos receptores nicotínicos que levam à libertação de

DA, NA, acetilcolina, 5-HT, GABA, glutamato e endorfinas 653,

o que pode estar na base de interacções farmacodinâmicas

que potenciem os efeitos da MDMA.

Devido ao papel importante dos receptores nicotínicos contendo

subunidades β2 na adição à nicotina 654 e devido à elevada afinidade da MDMA

para receptores contendo essa subunidade, pode esperar-se que a MDMA

module processos de adição e dependência à nicotina 55.

O rápido desenvolvimento de tolerância aos efeitos da nicotina faz com

que os utilizadores rapidamente aumentem as doses consumidas para manter

o efeito desejado e evitar os sintomas de abstinência. Quanto maior a dose de

nicotina a que o fumador se expõe, maiores serão, potencialmente, as

possibilidades de interacção com a MDMA.

O problema desta interacção é uma questão importante, uma vez que os

consumidores de ecstasy apresentam uma maior prevalência de fumadores

(quando comparados com consumidores de Cannabis, ou não consumidores

de drogas) e têm um início do consumo de tabaco mais precoce que se situa,

em termos médios, nos 14,3 anos de idade 354.

______________________________________________________ Introdução

139

1.9.5.6. Etanol

Uma das substâncias mais fequentemente

consumidas com a MDMA é o etanol (EtOH) (65% dos

consumidores habituais de ecstasy consomem

simultaneamente etanol 314), uma vez que é facilmente acessível e legal na

maioria dos países 331, 332 e o seu consumo é encorajado por fortes medidas

publicitárias empreendidas por produtores e distribuidores nos ambientes onde

habitualmente se consome ecstasy (discotecas, nightclubs, afterhours, etc).

Embora os dados disponíveis sobre o consumo combinado de drogas e

de álcool continuem a ser limitados, o consumo de álcool, muitas vezes em

quantidades consideradas perigosas para a saúde e em combinação com

drogas estimulantes, constitui um motivo de preocupação crescente 20.

Dos consumidores de ecstasy que bebem EtOH, uma grande parte fá-lo

num padrão agudo chamado binge drinking (ex.: 69% dos utilizadores de

MDMA que co-consomem EtOH referiram consumir mais de 5 bebidas por

episódio 314).

A utilização de EtOH sob a influência de drogas estimulantes leva a que

se consumam maiores quantidades de etanol sem que se sintam efeitos

imediatos. Contudo, apesar da ausência de efeitos, os riscos fisiológicos e

comportamentais associados a este consumo podem ainda verificar-se 314.

O consumo quer de MDMA quer de EtOH foi já associado a uma

elevada prevalência de comportamentos de risco como consumo de doses

excessivas de ambas as substâncias, promiscuidade sexual sem medidas de

protecção 303, condução sob a influência de drogas e viajar com condutores

embriagados 314. São bem conhecidos episódios de comportamento violento

muitas vezes relacionados com o consumo de álcool 655, bem como uma maior

prevalência de acidentes e lesões entre aqueles que consomem EtOH em

maior quantidade (binge drinkers) 314. Estes comportamentos de risco são

agravados quando ambas as substâncias são consumidas simultaneamente.

O EtOH parece contribuir numa maior proporção para comportamentos

sexuais de risco do que qualquer outra substância 656. Entre outras

consequências, o aumento de práticas sexuais perigosas quando o EtOH é

Introdução ______________________________________________________

140

consumido com ecstasy resulta no aumento da disseminação de doenças

sexualmente transmissíveis 314.

Normalmente, o primeiro contacto com o álcool ocorre antes do início do

consumo de ecstasy 657, sendo a idade média de início do consumo de EtOH

de 14,5 anos 303, 336, 355. Este facto pode levar à ocorrência de fenómenos de

tolerância ao EtOH antes do primeiro contacto com a MDMA que podem estar

na base de consumos de quantidades ainda maiores de bebidas alcoólicas,

bem como de susceptibilidades aumentadas do organismo aos efeitos

deletérios da MDMA. É importante também referir que dentro de uma mesma

população de estudo, aqueles que consomem ecstasy tiveram um primeiro

contacto com álcool mais precoce (14,8 anos) do que os não-consumidores de

MDMA (16,5 anos) 354 e que o uso precoce de EtOH está associado com um

uso precoce de cocaína, psilocibina, LSD e MDMA, sugerindo o seu potencial

para funcionar como droga “de entrada” 336.

Foi já descrito que as interacções dos estimulantes anfetamínicos com o

EtOH levam a interacções farmacodinâmicas relevantes e a ligeiras interacções

farmacocinéticas 23. Por este motivo, torna-se importante analisar as principais

características farmacocinéticas e farmacodinâmicas do etanol para se poder

inferir acerca do seu potencial para interagir com a MDMA, o que corresponde

ao objectivo da presente dissertação.

1.9.5.6.1. Características farmacocinéticas do etanol

1.9.5.6.1.1. Absorção

Em jejum, o álcool ingerido é absorvido maioritariamente no duodeno e

jejuno devido à rápida passagem pelo estômago vazio e à elevada superfície

de absorção que existe nesta zona pela presença de microvilosidades nas

células da mucosa. Nestas condições, o tempo para alcançar a concentração

plasmática máxima varia entre os 30 e os 90 minutos. Os alimentos sólidos e

as bebidas hipertónicas atrasam o esvaziamento gástrico. Nestas condições,

uma quantidade considerável de álcool pode ser absorvido no estômago (até

70% do álcool ingerido) e a concentração plasmática máxima pode ser atingida

______________________________________________________ Introdução

141

com um atraso de 4 a 5 horas 658. Esta absorção mais lenta confere maior

relevância ao efeito de primeira passagem, uma vez que o atraso no

esvaziamento gástrico provocado pela presença de alimentos faz com que

exista menos EtOH no duodeno e jejuno, a acção da álcool desidrogenase

(ADH) gástrica seja mais efectiva, menos EtOH atinja o fígado (uma vez que o

sangue drenado do tracto GI é encaminhado ao fígado através do sistema

porta, sendo depois enviado ao coração e finalmente à circulação sistémica),

resultando numa menor passagem de álcool para a corrente sanguínea. Para

doses de álcool baixas ou moderadas, o fenómeno de primeira passagem é o

principal factor responsável por uma maior ou menor quantidade e rapidez com

que o álcool atinge a circulação sistémica e o cérebro 659.

Assim, a concentração plasmática máxima e o tempo necessário para

atingi-la variam amplamente entre indivíduos e dependem de vários factores: a

quantidade de EtOH consumido, a velocidade do consumo, o tipo de bebida

(cerveja, vinho, bebidas espirituosas, cocktails) e, sobretudo a velocidade de

esvaziamento gástrico 658. Quando a ingestão de álcool é feita muito

rapidamente e em grande quantidade, os níveis cerebrais de EtOH aumentam

rapidamente, activando o reflexo fisiológico do vómito 658.

1.9.5.6.1.2. Distribuição

O EtOH distribui-se na água total, o que faz com que, em situação de

equilíbrio (que se atinge até às 2 horas após o consumo), as concentrações de

EtOH a nível extra- e intra-celular sejam aproximadamente iguais. Contudo,

este equilíbrio atinge-se mais rapidamente nos órgãos com maior

vascularização (ex.: cérebro, fígado, pulmões e rins). O volume de distribuição

do EtOH é influenciado pela percentagem de água e de gordura corporal.

Apesar da percentagem de água corporal ser relativamente constante nos

humanos (67 a 77%) existem situações que podem modificá-lo como: a fase do

ciclo menstrual, a gravidez, edemas ou ascites. A gordura corporal apresenta

uma grande variabilidade interindividual (5 a 50%), por exemplo entre os

géneros, com uma maior percentagem nas mulheres do que nos homens 659.

Por estas razões, indivíduos mais corpulentos ou com maior quantidade de

Introdução ______________________________________________________

142

água corporal, vão apresentar concentrações sanguíneas de EtOH inferiores

aos indivíduos mais magros (que consumiram a mesma dose de EtOH no

mesmo intervalo de tempo) porque nestes o EtOH ingerido se distribui num

menor volume. O volume aparente de distribuição é aproximadamente de 30 L /

70 kg 660. A taxa de ligação às proteínas plasmáticas é nula 658.

1.9.5.6.1.3. Metabolismo

Em condições fisiológicas, aproximadamente 90% do álcool ingerido é

metabolizado pela ADH (Km para o etanol de 2 a 5 mg/dL) a acetaldeído,

acompanhado da redução do NAD+ a NADH 658 (Figura 8).

A ADH é uma enzima citosólica presente em vários tecidos como o

fígado (onde existem os níveis mais elevados) o rim, o pulmão e a mucosa

gástrica. A ADH humana é uma proteína dimérica constituída por 2

subunidades que podem ser do tipo α, β, γ, π, χ, ou de um sexto tipo conhecido

por σ or µ. Conhecem-se mais de 20 isoenzimas ADH que diferem nas suas

propriedades farmacocinéticas e estão agrupadas em 5 classes diferentes 661.

Para o metabolismo do EtOH e de outros álcoois alifáticos de cadeia

curta as isoenzimas mais importantes pertencem à classe I que engloba as

isoenzimas ADH1, ADH2 e ADH3 formadas pela associação aleatória das

subunidades α, β e γ, respectivamente. Estas isoenzimas da classe I da ADH

estão expressas em grande quantidade no fígado e glândulas supra-renais, e

em baixa quantidade no rim, pulmão, vasos sanguíneos (no caso da ADH2) e

noutros tecidos, mas não no cérebro 662.

O metabolismo do EtOH dependente da ADH ocorre principalmente no

fígado e é menos importante na mucosa gástrica (onde predomina a classe IV

da ADH) 658. No entanto, a ADH3 presente no fígado e no estômago tem um

papel pouco relevante na metabolização do EtOH quando este se encontra em

concentrações inferiores a 50 mM no fígado, mas pode ter um papel importante

no efeito de primeira passagem do EtOH a nível gástrico, onde o EtOH pode

atingir concentrações molares 661.

______________________________________________________ Introdução

143

Figura 8. Metabolismo oxidativo do etanol. As enzimas álcool desidrogenase (ADH), citocromo P450 2E1 (CYP2E1), e catalase contribuem para o metabolismo oxidativo do álcool. A ADH, presente no citosol, transforma o etanol em acetaldeído. Esta reacção envolve um intermediário portador de electrões, dinucleótido nicotinamida adenina (NAD+), que é reduzida por dois electrões para formar NADH. A catalase, localizada nos peroxissomas requer peróxido de hidrogénio para oxidar o etanol. A CYP2E1, presente predominantemente nos microssomas, assume um papel importante na metabolização do etanol a acetaldeído quando o etanol está presente em concnetrações elevadas. O acetaldeído é metabolizado, sobretudo, pela aldeído desidrogenase 2 (ALDH2) na mitocôndria para formar acetato e NADH. ROS, espécies reactivas de oxigénio. RNS, espécies reactivas de azoto. Adaptado de Klaassen C.D., “Casarett & Doull's Toxicology: The Basic Science of Poisons”, McGraw-Hill, 2001 e de Zakhari S., “Overview: how is alcohol metabolized by the body?”, Alcohol Research & Health (2006) 29:245-54.

Os restantes 10% do metabolismo do álcool dependem de enzimas do

CYP450 e da catalase, podendo ocorrer no fígado (onde as enzimas do

CYP450 constituem o sistema microssomal de oxidação do etanol MEOS,

Microsomal Ethanol Oxidising System), mas também em tecidos extra-

hepáticos que não contêm ADH, como o cérebro. O sistema microssomal

hepático MEOS, converte o EtOH em acetaldeído, acompanhado da conversão

de NADPH em NADP+ e de O2 em água 663. Esta via metabólica adquire

especial importância em situações de ingestão excessiva de álcool. A

isoenzima do CYP450 maioritariamente implicada é a CYP2E1 (com Km para o

etanol de 60 a 80 mg/dL, superior ao da ADH) 398, embora outras também

possam contribuir para o metabolismo do álcool, como a CYP1A2 e CYP3A4 659 658, 664. Para além disso, a actividade da CYP2E1 aumenta após uma

exposição continuada a grandes doses de EtOH 665 devido a uma rápida

Introdução ______________________________________________________

144

síntese de novo da enzima que leva ao desenvolvimento de tolerância

metabólica provocada por um aumento de 2 ou 3 vezes da taxa de eliminação

do EtOH da corrente sanguínea 658, 666. A existência deste sistema enzimático e

a sua capacidade de ser induzido, bem como a indução cruzada de outras

enzimas microssomais, pode explicar os fenómenos de tolerância metabólica

ao álcool pelos alcoólicos e a tolerância a muitos fármacos, mas também a

particular susceptibilidade dos alcoólicos aos efeitos adversos de solventes

industriais, anestésicos, fármacos de uso corrente, analgésicos não sujeitos a

receita médica, agentes hepatotóxicos, carcinogénios e mesmo factores

nutricionais como a vitamina A 658, 667, 668, uma vez que aumenta a bioactivação

de numerosos xenobióticos com formação dos respectivos metabolitos tóxicos 669. Esta indução enzimática leva a um maior gasto energético e a um aumento

na produção de acetaldeído 667 que é altamente tóxico para o organismo,

mesmo em baixas concentrações 670.

Outra enzima, a catalase, localizada nos peroxissomas é capaz de

oxidar o EtOH em presença de peróxido de hidrogénio. Esta é considerada

uma via minoritária de oxidação do EtOH, excepto quando este é consumido

em jejum. Este facto deve-se a que em jejum a manutenção das reservas

energéticas do organismo é assegurada pela mobilização dos depósitos

lipídicos e β-oxidação dos ácidos gordos, quando na forma de derivados acil-

coenzima A. Os compostos acil-coenzima A de cadeia longa sofrem β-oxidação

nos peroxissomas através de uma acil CoA oxidase que consome O2 e produz

H202, o que aumenta a preponderância da catalase no metabolismo do EtOH,

devido à maior quantidade de H2O2 formado 671. Por outro lado, o consumo

crónico de EtOH demonstrou provocar um aumento na produção de H2O2 nas

zonas centrilobulares do fígado e na actividade da catalase, em ratos 661.

O acetaldeído, formado por uma ou outra via, desempenha um papel

importante na expressão da toxicidade do EtOH 672, sendo depois metabolizado

a ácido acético pela aldeído desidrogenase (ALDH) 659, localizada na

mitocôndria, com formação de NADH que é depois utilizado como primeiro

dador de electrões da cadeia transportadora de electrões mitocondrial 661.

Quando produzido em excesso, por exemplo quando se ingere EtOH em

grandes quantidades, o NADH leva a um aumento da produção do radical

anião superóxido ao nível dos complexos I e III da mitocôndria, originando H2O2

______________________________________________________ Introdução

145

e outras ROS e RNS, potencialmente lesivas para a mitocôndria e, em última

instância, para a célula, se não forem eficazmente destoxificadas 673. A maioria

do acetato é depois transportada pela corrente sanguínea a outras partes do

organismo, onde vai fazer parte de ciclos metabólicos fisiológicos levando à

produção de energia ou de moléculas úteis para a manutenção da homeostasia 670.

O acetaldeído é um electrófilo que causa dano celular pela formação de

aductos com proteínas, levando à produção de anticorpos contra esses

aductos imunogénicos, inactivação enzimática, diminuição da reparação do

DNA e alterações nos microtúbulos, membrana plasmática e mitocôndria com

um marcado comprometimento da utilização de oxigénio. O acetaldeído causa,

ainda, depleção de glutationa e peroxidação lipídica e estimula a síntese de

colagénio a nível hepático, promovendo o desenvolvimento de fibrose 667.

Variações genéticas nas enzimas envolvidas no metabolismo do EtOH

(ADH, CYP2E1 e catalase) influenciam o consumo, a toxicidade e a

dependência do álcool 661.

O EtOH pode ainda sofrer, em quantidade mínima, metabolismo não

oxidativo que pode ocorrer por 2 mecanismos distintos: (i) formação de etil

ésteres de ácidos gordos por reacção do EtOH com ácidos gordos e (ii)

formação de fosfatidil etanol num mecanismo que envolve a fosfolipase D 661. A

expressão das vias não-oxidativas aumenta quando as vias de metabolização

oxidativa do EtOH estão comprometidas 661.

A indução do sistema MEOS está também associada a um aumento na

produção de ROS e de peroxidação lipídica, bem como a uma diminuição da

capacidade de protecção contra radicais livres, enzimática e não-enzimática 669,

674, 675. Este facto pode agravar as alterações do estado redox provocadas

durante o metabolismo da MDMA, potenciando o risco de desenvolvimento de

toxicidade resultante da co-exposição a EtOH e MDMA, sobretudo a nível

hepático onde ocorre a maior parte do metabolismo destes dois compostos

(Figura 9).

Introdução ______________________________________________________

146

Figura 9. Hipótese que sugere possíveis interacções metabólicas entre o EtOH e a MDMA baseada na influência do primeiro nas principais isoenzimas do CYP450 metabolizadoras deste derivado anfetamínico. As setas a cheio indicam as vias metabólicas principais e, destas, as mais largas indicam as vias metabólicas mais expressivas. As setas a tracejado indicam vias metabólicas menos expressivas. As setas rosa indicam as possibilidades de interacção metabólica entre o etanol e a MDMA. O sinal (-) traduz diminuição da actividade e o sinal (+) traduz aumento de actividade.

Além de ter a capacidade de induzir a isoforma CYP2E1, o EtOH

também mostrou induzir a CYP3A em vários modelos experimentais 676 como

culturas primárias de hepatócitos de rato 677, linhas celulares de hepatoma de

rato 678 e ensaios in vivo em ratos 679. O EtOH apresenta, ainda, num sistema in

vitro de CYP2D6 supersomes®, um efeito bifásico na actividade da CYP2D6,

aumentando inicialmente a sua actividade (aumento em 175% relativamente ao

controlo para uma concentração de EtOH de 1,1%) para depois inibir

linearmente a actividade desta isoenzima 506. De facto, foi já descrito o

aumento da actividade da CYP2D6, avaliada pela capacidade de O-

desmetilação do DXM a dextrorfano através da determinação destes

compostos no sangue, em consumidores crónicos de EtOH 680. Para além

destas isoenzimas, em concentrações de 0,1% o EtOH inibe a CYP1A1,

CYP2B6, e CYP2C19 em 20 a 30%, enquanto em concentrações de 1% não

inibe CYP1A2, CYP3A4, CYP2C8, e CYP2C9 681. Em ratinhos, o EtOH leva a

______________________________________________________ Introdução

147

um aumento dos níveis de MDMA no núcleo estriado e tem um efeito

neuroprotector nesta área cerebral, evitando a depleção dopaminérgica e a

diminuição da actividade da tirosina hidroxilase (enzima limitante da síntese da

DA) induzidas pela MDMA 392. Aparentemente, em ensaios in vivo em ratos,

este aumento da concentração plasmática da MDMA provocado pela exposição

ao EtOH leva a uma diminuição de aproximadamente 16% na produção de

MDA quando comparada com animais expostos unicamente à MDMA 682.

Estudos clínicos em voluntários humanos demonstraram que as

concentrações plasmáticas de MDMA aumentaram 13% quando se combinou

uma dose de 100 mg de MDMA com 0,8 g/kg de EtOH 683 e um aumento de 7 e

8,7% quando doses de 75 e 100 mg de MDMA foram combinadas com álcool

(concentração de álcool em sangue = 0,06 g/dL) 684, enquanto que as

concentrações plasmáticas de EtOH diminuiram, indicando uma possível

interacção farmacocinética 683.

Devido à elevada taxa metabólica do EtOH, o seu efeito de primeira

passagem assume um papel muito importante na expressão da sua toxicidade,

uma vez que leva a uma diminuição dos níveis de EtOH capazes de atingir a

circulação sistémica, diminuindo, assim, os seus efeitos a nível central. No

entanto, o efeito de primeira passagem do álcool é extremamente variável:

quando o EtOH é ingerido em pequenas quantidades ou depois de uma

refeição, este fenómeno pode chegar a ser superior a 75%; para grandes

doses de EtOH, este efeito pode descer até 10% ou menos. Outros factores

que influenciam este efeito são o género, a etnia ou padrão de consumo de

álcool. Por exemplo, as mulheres apresentam níveis mais baixos de ADH

gástrica do que os homens, e o mesmo acontece nos indivíduos de raça

oriental comparativamente aos caucasianos, ou nos alcoólicos relativamente

aos não alcoólicos. Convém também recordar que a administração aguda de

álcool pode resultar em inibição metabólica, enquanto que o seu consumo

crónico pode induzir o metabolismo microssomal, afectando o efeito de primeira

passagem. A maior parte deste efeito de primeira passagem ocorre nos

hepatócitos, e apenas uma pequena parte ocorre na mucosa gástrica.

Introdução ______________________________________________________

148

1.9.5.6.1.4. Excreção

A taxa de eliminação do álcool apresenta uma grande variabilidade inter-

individual (70-150 mg/kg/h), mas é independente da dose (uma vez que

obedece a uma cinética de ordem zero) e apresenta pouca variabilidade intra-

individual 659. As variações inter-individuais na taxa de eliminação do álcool são

influenciadas por factores como: consumo crónico de álcool, dieta, jejum ou

não, idade, tabagismo, e momento do dia em que ocorre o consumo 661.

O álcool não metabolizado pode ser eliminado pela urina, ar expirado ou

suor numa percentagem que varia entre 2 e 10%, dependendo da quantidade

ingerida, e uma fracção muito reduzida é conjugada com o ácido glucurónico 685. Praticamente a metade deste álcool é eliminado através do ar expirado

devido à sua elevada volatilidade 660. A importância desta via metabólica radica

na sua utilidade toxicológica, uma vez que permite determinar indirectamente o

grau de alcoolémia recorrendo a aparelhos denominados alcoolímetros 601.

1.9.5.6.2. Mecanismos de acção e de toxicidade do etanol

O EtOH é sobretudo um depressor do SNC e, por isso, caracteriza-se

pela produção de efeitos sedativos e deterioração das funções cognitivas e do

rendimento psicomotor que envolvem uma interacção com receptores de

membrana associados com a transmissão glutamatérgica e GABAérgica a nível

cerebral 658, 686. Contudo, o álcool tem efeitos não só nos componentes

principais do SNC (cérebro e medula espinal), mas também ao nível do sistema

nervoso periférico 687.

As consequências neurológicas do alcoolismo apresentam uma grande

variedade inter-individual, uma vez que são condicionadas por vários factores

como doenças co-existentes, nomeadamente malnutrição e doença hepática, a

idade de início do consumo abusivo, o género do alcoólico, e a história familiar

de alcoolismo 687.

Para além dos seus efeitos ao nível da neurotransmissão, o EtOH pode

afectar a fluidez transmembranar das membranas celulares por alterar o seu

conteúdo em colesterol, por afectar o grau de acilação dos fosfolípidos

______________________________________________________ Introdução

149

membranares 674 e por levar à inclusão de ésteres etílicos de ácidos gordos

(FAEEs) nas membranas 688. Estas alterações membranares aumentam a

susceptibilidade da membrana a agressões oxidativas e podem ter graves

implicações que condicionam a comunicação e a sobrevivência celular como,

por exemplo, a transmissão sináptica do impulso nervoso, a actividade dos

transportadores membranares com acção Ca2+, Na+ e K+-ATPásica 674 ou o

transporte de GSH para a mitocôndria, essencial à sobrevivência da célula 670.

Os mecanismos envolvidos nos efeitos e na toxicidade do EtOH podem

estar na origem de interacções farmacodinâmicas entre o álcool e outras

substâncias co-consumidas.

1.9.5.6.2.1. Efeitos na neurotransmissão

O etanol é capaz de produzir uma grande variedade de efeitos a nível

cerebral por interacção com múltiplos alvos farmacológicos ilustrados na Figura

10.

Alguns estudos atribuem ao EtOH, tanto propriedades sedativas, como

estimulantes, dependendo da dose consumida (quanto maiores os níveis de

alcoolémia, maior será o grau de depressão central), das expectativas do

indivíduo e dos factores ambientais 691, 692. De facto, os efeitos centrais do

EtOH correlacionam-se com os níveis de alcoolémia, apesar de existir uma

grande variabilidade inter-individual.

Introdução ______________________________________________________

150

Figura 10. Mecanismos de acção biológica do etanol ao nível da neurotransmissão glutamatérgica, GABAérgica, serotonérgica e dopaminérgica. O etanol bloqueia não-competitivamente os efeitos do glutamato ao nível dos seus receptores NMDA e reduz a sua libertação causando lapsos de memória associados à intoxicação, hiperactividade durante a abstinência após consumo prolongado, e dano cerebral causado pelo consumo crónico 689. No sistema GABAérgico, o etanol tem um efeito potenciador nos receptores GABAA, favorecendo a ligação do neurotransmissor inibitório GABA ao receptor e aumentando o influxo de iões pelo canal de cloreto activado pelo GABA para a célula pós-sináptica, o que poderá estar na base dos efeitos ansiolíticos e depressores desta substância 658, 659. O etanol pode aumentar os níveis cerebrais de dopamina directamente ou por mecanismos indirectos como a inibição do transportador da DA ou como o aumento da libertação de 5-HT a nível central que influencia o sistema GABAérgico e aumenta a síntese da DA e pode ainda activar os receptores 5-HT3 levando a uma rápida abertura do canal transmembranar causando um aumento na condutância Na+/K+ e um subsequente rápido influxo do Ca2+ extracelular 690. As setas descontínuas indicam inibição e as setas mais largas indicam indução. DAT, transportador da DA; DA, dopamina; 5-HT, 5-hidroxitriptamina.

1.9.5.6.2.1.1. Efeitos na transmissão glutamatérgica

O glutamato é o principal neurotransmissor excitatório a nível cerebral 687.

Em termos farmacodinâmicos, o EtOH actua, tal como a ketamina, por

bloquear os efeitos do glutamato ao nível dos seus receptores NMDA de um

modo não competitivo e dependente da concentração e reduz a sua libertação

ao nível do hipocampo 689 (Figura 10). Este bloqueio ocorre desde

concentrações sanguíneas de álcool associadas com consumo social 689 até

concentrações associadas a intoxicações em humanos (0,2 – 4,6 g/L) 581. Os

efeitos do EtOH no sistema neurotransmissor do glutamato são responsáveis

______________________________________________________ Introdução

151

pelos lapsos de memória associados à intoxicação, hiperactividade durante a

abstinência após consumo prolongado, e dano cerebral causado pelo consumo

crónico 689.

Devido ao seu efeito inibitório na transmissão glutamatérgica, o consumo

crónico de EtOH leva a uma up-regulation dos receptores do glutamato no

hipocampo, uma área cerebral crucial para a memória e envolvida nas

convulsões epilépticas. Por isso, durante a abstinência alcoólica estes

receptores do glutamato adaptados à presença de elevados níveis de EtOH

podem tornar-se hiper-reactivos podendo levar a ataques e a convulsões que

parecem também ser influenciados pela deficiência em tiamina e magnésio,

comuns em alcoólicos como resultado da sua frequente malnutrição 687.

1.9.5.6.2.1.2. Efeitos na transmissão GABAérgica

O neurotransmissor ácido γ-aminobutírico (GABA) é o principal

neurotransmissor inibitório do SNC 687.

O EtOH tem um efeito potenciador nos receptores GABAA, favorecendo

a ligação do neurotransmissor inibitório GABA ao receptor e aumentando o

influxo de iões pelo canal de cloreto activado pelo GABA para a célula pós-

sináptica, o que poderá estar na base dos efeitos ansiolíticos e depressores

desta substância 658, 659 (Figura 10).

Este efeito ao nível do GABA explica a tolerância cruzada observada

com outras substâncias como as benzodiazepinas e os barbitúricos, que

também se ligam ao complexo receptor do GABA para produzir os seus efeitos 658.

A MDMA contraria este efeito do EtOH devido à acção agonista da

MDMA nos receptores 5-HT2A e 5-HT2C pós-sinápticos localizados nos

neurónios GABAérgicos, de cuja activação resulta uma diminuição dos níveis

do GABA e consequente estimulação da síntese e libertação de DA 82, 92-94.

Este antagonismo pode ser responsável pela diminuição da sensação de

sedação produzida pelo álcool descrita pelos indivíduos que consomem

simultaneamente as duas substâncias 683.

Introdução ______________________________________________________

152

O consumo crónico de EtOH leva a uma diminuição da sensibilidade

deste receptor ao EtOH e a uma down-regulation do mesmo, o que,

indirectamente, vai aumentar a actividade do glutamato. Este fenómeno

também pode contribuir para o efeito proconvulsivante observado durante a

abstinência de EtOH em alcoólicos 601.

Uma vez que a transmissão GABAérgica parece ter um papel importante

no mecanismo de acção da MDMA 88, as interferências do EtOH a este nível

poderão influenciar os efeitos resultantes do consumo de ecstasy,

inclusivamente o seu efeito hipertérmico, o qual pode ser revertido pela

activação de receptores GABAB 153.

1.9.5.6.2.1.3. Efeitos nas vias serotonérgicas

A interferência com as vias serotonérgicas é um ponto comum dos

mecanismos de acção da MDMA e do EtOH, podendo estar na base de

interacções farmacodinâmicas entre os dois compostos.

1.9.5.6.2.1.3.1. Efeitos nos níveis de 5-HT

O EtOH conduz a uma libertação de 5-HT a nível central (Figura 10).

Esta 5-HT pode influenciar o sistema GABAérgico e aumentar a síntese da DA 689, tal como acontece com a MDMA.

Por outro lado, o uso continuado de EtOH parece provocar um défice da

função serotonérgica, observado em indivíduos alcoólicos, e que se traduz

numa diminuição dos níveis de triptofano no plasma e de 5-HIAA (metabolito da

5-HT) no líquido cefalo-raquidiano 601.

Existem teorias que implicam o défice cerebral de 5-HT no

desenvolvimento do alcoolismo e nos transtornos comportamentais associados

ao consumo de álcool e ao alcoolismo, reforçadas pelo facto da administração

de inibidores da recaptação ou estimulantes da libertação de 5-HT diminuírem

o consumo de álcool 693. No entanto, curiosamente, a diminuição farmacológica

da função serotonérgica não leva a um aumento do consumo de álcool 601.

______________________________________________________ Introdução

153

Neste sentido, poder-se-ia especular que a MDMA, devido à sua acção pró-

serotonérgica, poderia inibir o desejo de consumir EtOH 601, facto confirmado

em ratos 694, 695. Contudo, 2 dias depois do consumo de MDMA surge uma

diminuição dos níveis cerebrais de 5-HT devido à estimulação da libertação da

5-HT induzida pela MDMA, que desencadeia estados de depressão 14, que

podem ser potenciados pelo efeito depressor do EtOH.

A disfunção na função serotonérgica que surge como consequência da

diminuição dos níveis de triptofano pode levar ao desenvolvimento de vertigens 601.

1.9.5.6.2.1.3.2. Efeitos nos receptores 5-HT

O receptor 5-HT1B parece estar envolvido no consumo de álcool e nos

mecanismos de recompensa associados a este consumo, uma vez que os

agonistas 5-HT1B produzem, em ratos, efeitos semelhantes aos do álcool 696 e

que ratinhos knockout para este tipo de receptores apresentam menor

sensibilidade aos efeitos de recompensa do álcool, sem alterar os seus efeitos

aversivos 697. No entanto, o sistema serotonérgico parece ter também um papel

importante na sensibilidade e/ou tolerância à ataxia induzida pelo EtOH como

se pode confirmar pelo facto de ratinhos knockout para os receptores 5-HT1B

serem menos sensíveis a este efeito induzido pelo EtOH e desenvolverem

tolerância mais lentamente 698.

Por outro lado, a administração prolongada (60 dias) de EtOH a ratos

não altera o número de recptores 5-HT2, mas diminui a sua funcionalidade,

uma vez que diminui a capacidade de hidrólise do fosfatidilinositol (PI) pela

fosfolipase C (PLC) que é activada pela proteína G acoplada a estes

receptores, diminuindo assim a produção de inositol trifosfato (IP3) e de

diacilglicerol (DAG), mensageiros intracelulares secundários envolvidos no

controlo de múltiplos processos celulares 699. A exposição crónica ao EtOH

parece também causar um aumento de receptores 5-HT2C no plexus

choroideus associada a um aumento da hidrólise do PI estimulada pela 5-HT,

não observada no córtex nem no hipocampo de cérebro de rato 699.

Contrariamente a este facto, concentrações elevadas de EtOH que se podem

Introdução ______________________________________________________

154

atingir em situações de intoxicação podem inibir a actividade dos receptores 5-

HT2C 699. Foi, também, observado que a abstinência de EtOH após consumo

crónico resulta numa diminuição do número de receptores 5-HT2A, não tendo

qualquer efeito na afinidade dos mesmos. A diminuição dos receptores 5-HT2A

está também associada a uma diminuição da hidrólise do PI estimulada pela

serotonina no cortex de rato 700. Estas alterações ao nível dos receptores 5-

HT2A e também nos 5-HT2C sugerem que estes receptores poderão estar

envolvidos na patogénese da dependência e da síndrome de privação do álcool 699. Estes efeitos poderão ainda provocar interacções farmacodinâmicas entre o

EtOH e a MDMA, uma vez que ambos actuam nos mesmos alvos.

O EtOH pode ainda activar os receptores 5-HT3 (canais iónicos

membranares que estão ligados ao sistema de sinalização celular do PI no

cérebro) levando a uma rápida abertura do canal transmembranar causando

um aumento na condutância Na+/K+ e um subsequente rápido influxo do Ca2+

extracelular (Figura 10). A activação dos receptores 5-HT3 pelo EtOH pode

afectar a libertação de DA em áreas ricas neste neurotransmissor como o

nucleus accubens e o tuberculum olfactorium. A interacção entre o sistema

dopaminérgico e os receptores 5-HT3 poderá estar envolvida na dependência

alcoólica 699.

1.9.5.6.2.1.4. Aumento da libertação de DA

O EtOH tem a capacidade de elevar os níveis cerebrais de DA por

mecanismos directos e indirectos (Figura 10). Este aumento é, aparentemente,

responsável pelos efeitos de recompensa ou reforço positivo do álcool, estando

na base do desenvolvimento de adição e/ou dependência relativamente a esta

substância e pode condicionar uma potenciação dos efeitos da MDMA, uma

vez que este derivado anfetamínico também aumenta a libertação de DA.

A administração de EtOH a ratos aumenta também a transmissão

dopaminérgica nas vias mesolímbicas e aumenta a frequência de disparo dos

neurónios dopaminérgicos, o que aumenta a quantidade de dopamina libertada

no nucleus accumbens 701.

______________________________________________________ Introdução

155

O aumento da libertação directa de DA no nucleus accumbens e na área

ventral tegmentada parece ocorrer por um mecanismo independente do cálcio.

Este facto foi confirmado por um estudo em ratos em que uma elevada

concentração de EtOH administrada por microdiálise aumentava os níveis de

DA na área ventral tegmentada (área de origem das fibras dopaminérgicas),

aumento que não foi atenuado por administração de uma solução alcoólica

isenta de cálcio 690. Noutro estudo em ratos, apenas concentrações elevadas

de EtOH (mais de 170 mM administrados por microdiálise) conseguiam

aumentar os níveis extracelulares de DA no nucleus striatum (área com

elevado conteúdo em terminais dopaminérgicos) 702. Os dados destes estudos

sugerem que as concentrações que provocam intoxicações moderadas, não

afectariam directamente os níveis extracelulares de DA.

Como referido anteriormente, a libertação indirecta de DA pode ocorrer

por activação dos receptores 5-HT3 pelo EtOH. Neste sentido, um estudo de

microdiálise em ratos in vivo mostrou que o aumento na libertação da DA

induzido pelo EtOH foi prevenido pela perfusão de um antagonista dos

receptores 5-HT3 703.

Este aumento da libertação de DA pode, ainda, ser mediado pelo

aumento da libertação de opióides endógenos (endorfinas e encefalinas) por

acção do álcool, que vão também modular a libertação de DA.

Tal como a MDMA, o EtOH pode ainda atrasar a eliminação da DA do

espaço extracelular por interferência com o DAT, cuja função é depurar o

espaço sináptico da DA libertada 704, 705.

Este sinergismo do EtOH e da MDMA no sistema dopaminérgico pode

resultar numa potenciação dos efeitos hiperlocomotores da MDMA, uma vez

que existe evidência de que os receptores da dopamina (D1, D2 e talvez D3)

contribuem para estes efeitos 112, 113.

O acetaldeído produzido pela metabolização do EtOH tem a capacidade

de formar aductos com a DA para formar salsolinol, o qual pode contribuir para

a dependência do álcool 706.

Introdução ______________________________________________________

156

1.9.5.6.2.2. Alterações no sistema termorregulador

Normalmente, a ingestão de pequenas quantidades de EtOH está

associada a um decréscimo da temperatura corporal por indução de

vasodilatação periférica com aumento das perdas de calor 687, 707, por um

mecanismo que envolve o aumento da libertação e monóxido de azoto com

acção a nível endotelial 708, inibição do ritmo normal de actividade mecânica

espontânea do tecido muscular liso vascular (vasomoção) e diminuição das

respostas contrácteis a mediadores neuro-humorais endógenos que

desempenham um papel importante na manutenção do tónus vascular e na

regulação do fluxo sanguíneo 709. No entanto, estudos experimentais em

animais demonstraram que doses elevadas de EtOH em condições extremas

de temperatura provocam um efeito poiquilotérmico, ou seja, um transtorno do

mecanismo de adaptação tanto ao frio como ao calor 601. Este efeito do ácool

depende basicamente de 3 factores: da temperatura ambiente, da quantidade

de álcool ingerida ou administrada e do exercício ou actividade física. Por

exemplo, em condições de temperatura ambiente baixa, exercício físico intenso

e ingestão abundante de álcool, será de esperar uma descida marcada da

temperatura corporal devido a uma inibição dos tremores (shivering) e

consequente diminuição da termogénese, ao que se acrescenta um aumento

das perdas de calor por aumento da vasodilatação cutânea podendo levar a

uma hipotermia potencialmente fatal 687. Contudo este efeito hipotérmico do

EtOH é apenas evidente para administrações agudas de EtOH, sendo afectado

por fenómenos de tolerância que podem surgir rapidamente, mesmo entre duas

exposições consecutivas espaçadas 24 horas 710.

Quando se avalia a acção conjunta do EtOH e da MDMA em ratos

mantidos a uma temperatura ambiente de 21-23ºC, o EtOH (1,5 g/kg/dia i.p.

durante 4 dias) potenciou dramaticamente a hiperlocomoção induzida pela

MDMA (6,6 mg/kg em quatro dias não consecutivos ou 10 mg/kg em 4 dias

consecutivos) (um efeito não observado em primatas 144), mas

surpreendentemente, atenuou o seu efeito hiperpirético 633, 711, 712. Para além

disso, a magnitude deste último efeito aumentou com injecções repetidas (ao

4º, 6º, 11º e 13º dia da experiência) de EtOH 1,5 g/kg + MDMA 6,6 mg /kg,

sugerindo sensibilização, o que leva a que à quarta injecção se observe uma

______________________________________________________ Introdução

157

completa prevenção da hipertermia 633. No entanto, para doses mais baixas de

MDMA (3,3 mg/kg), a administração de EtOH chega mesmo a provocar

hipotermia à 2ª injecção. Esta observação indica que os efeitos piréticos

induzidos pela combinação MDMA+EtOH estão largamente dependentes da

dose de MDMA. No entanto, num estudo recente, realizado a uma temperatura

ambiente de 32ºC, uma dose de 6,6 mg/kg de MDMA na presença ou na

ausência de EtOH matou todos os animais em menos de 2 h sem sinais de

atenuação da hipertermia por parte do EtOH 713.

1.9.5.6.2.3. Alterações psicomotoras

Os efeitos comportamentais do EtOH são dependentes da dose e o

consumo de pequenas quantidades produz, inicialmente, sentimentos de

euforia seguidos de depressão e estupor após ingestão de doses elevadas.

Devido ao rápido desenvolvimento de tolerância, os consumidores de

EtOH inexperientes desenvolvem menos efeitos agradáveis e mais disforia e

embriaguez do que os indivíduos experientes 659.

Indivíduos não alcoólicos com antecedentes familiares de alcoolismo

manifestam efeitos estimulantes mais pronunciados e menos efeitos sedantes 659.

Os primeiros efeitos negativos sobre o rendimento psicomotor

(sobretudo nos comportamentos complexos que requerem estado de alerta e a

tomada de decisões rápidas) surgem em torno dos 0,4 g/kg, que correponde a

uma alcoolémia de 40-50 mg/dL 659. Doses de EtOH iguais ou superiores a

0,75 g/kg (alcoolémia superior a 60 mg/dL), provocam uma deterioração

semelhante à produzida por outras substâncias como os opióides ou as

benzodiazepinas hipnóticas 601.

As áreas cerebrais mais vulneráveis ao dano produzido pelo alcoolismo

crónico incluem o cerebelo, o sistema límbico (incluindo o hipocampo e a

amígdala que estão envolvidos nos processos de memória, funcionamento

emocional e olfacto), o diencéfalo (incluindo o tálamo e o hipotálamo que

também contribuem para os processos de memória) e o córtex cerebral

(envolvido no raciocínio, aprendizagem e memória espacial, visual e táctil).

Introdução ______________________________________________________

158

Algumas destas áreas são também as mais afectadas pela neurotoxicidade da

MDMA, podendo ocorrer um agravamento mútuo dos efeitos psicomotores

destas duas subtâncias.

Os sintomas mais comuns que aparecem pouco tempo após o consumo

de álcool são: linguagem confusa, descoordenação motora (devido à

ocorrência de danos no cerebelo), marcha instável, nistagmo, diminuição da

atenção ou da memória, diminuição das capacidades visuoespaciais (também

provocadas pela MDMA) e, em última instância, estupor e coma.

Outros efeitos do EtOH sobre o SNC incluem (i) encefalopatia alcoólica

(ou de Wernicke) devida à deficiência em tiamina (síndrome aguda

caracterizada por nistagmo, parálise ocular, ataxia, confusão, letargia,

indiferença, delírio ligeiro, ansiedade e insónia), (ii) transtornos amnésicos

alcoólicos [demência tipo Korsakoff; síndrome aguda devida à deficiência em

tiamina que leva ao dano de determinadas áreas cerebrais conduzindo ao

aparecimento de dificuldade em processar informação nova (amnésia

anterógrada) e, mais raramente, de amnésia retrógrada], e (iii) alucinações

agudas. A longo prazo, podem surgir transtornos afectivos (ex.: zelotipia),

perturbações do sono (podem surgir para doses relativamente baixas de EtOH

e incluem diminuição da latência, diminuição da fase REM, despertar

prematuro), ansiedade, depressão, fadiga, excitabilidade, fraqueza muscular e

controlo deficiente da temperatura corporal que podem durar 2-3 meses ou

tornar-se crónicos 601, podendo ser agravados pela co-exposição à MDMA,

uma vez que este derivado anfetamínico também está associado ao

aparecimento deste tipo de efeitos. Estes fenómenos podem surgir como

consequência de anomalias cerebrais como atrofia neuronal e diminuição do

tamanho do cérebro observadas em indivíduos alcoólicos recorrendo a técnicas

neuropatológicas e de imagiologia 687.

O consumo crónico de EtOH pode ainda levar a uma redução do fluxo

sanguíneo e da capacidade metabólica de determinadas áreas cerebrais, tal

como acontece com a MDMA 5, 161. Se estas alterações provocadas pelo EtOH

se localizarem ao nível do hipocampo, podem potenciar as lesões retinianas

induzidas pela MDMA. Menores fluxos sanguíneos cerebrais foram associados

a uma maior gravidade de alcoolismo e a capacidade cognitiva mais

comprometida 687.

______________________________________________________ Introdução

159

Os indivíduos mais velhos são mais susceptíveis aos efeitos

neurotóxicos do EtOH devido ao processo fisiológico de envelhecimento

subjacente e também devido à maior probabilidade de desenvolvimento de

interacções medicamentosas 687.

Tal como o da MDMA, o potencial neurotóxico do EtOH parece dever-se

ao seu metabolismo que leva à formação de radicais livres, mas também à

possível implicação de alguns factores de cresciento como o NGF (Nerve

Growth Factor), o bDNF (Brain-Derived Neurotrophic Factor), a neurotrofina 3

(NT-3) e o factor de crescimento dos fibroblastos (bFGF), mas pode também

dever-se indirectamente ao dano noutros órgãos (ex.: fígado) que

subsequentemente interferem com o funcionamento cerebral 687 (Figura 11).

Figura 11. Fontes de complicações neurológicas do álcool e alcoolismo. Adaptado de Oscar-Berman M., “Impairments of brain and behavior. The neurological effects of alcohol”, Alcohol research and Health (1997), 21: 65-75.

Os efeitos do EtOH ao nível do sistema nervoso periférico incluem

neuropatia periférica (com torpor e fraqueza nas mãos e pés) como

consequência da malnutrição frequente em alcoólicos e a “paralisia de sábado

à noite” quando o indivíduo intoxicado exerce pressão em nervos

vulnerabilizados ficando incapaz de distender o braço durante dias ou semanas 687.

Tal como acontece com a MDMA, o EtOH aumenta o risco de lesões,

acidentes de viação e ainda de comportamentos violentos 714.

O EtOH mostrou ter um efeito potenciador na hiperactividade induzida

pela MDMA 682 que, tal como a potenciação do efeito hipertérmico, parece estar

sujeito a sensibilização, para ambas as doses de MDMA testadas (3,3 e 6,6

mg/kg), um efeito que não ocorre quando a MDMA é administrada

Introdução ______________________________________________________

160

isoladamente. Uma vez que o aumento do efeito locomotor da MDMA pelo

EtOH pode dever-se a uma potenciação da libertação de 5-HT e de DA ao nível

do estriado, que foi demonstrada em cérebro de rato 715, será de esperar uma

redução da potenciação da hiperlocomoção pelo EtOH em animais depletados

em 5-HT 633.

Isto significa que anteriores intoxicações alcoólicas graves podem

incrementar o aumento na libertação de 5-HT induzido pela MDMA 716, o qual,

dependendo da dose e/ou do perfil de exposição, pode induzir toxicidade

serotonérgica de longa duração, detectável 6-7 dias após a administração da

droga 717, 718.

A combinação de EtOH e MDMA leva também a uma dissociação entre

a sedação objectiva e subjectiva provocada pelo EtOH, o que faz com que os

utilizadores tenham uma sensação de euforia mais prolongada e uma falsa

sensação de aumento da aptidão para realizar determinadas tarefas, quando

esta na realidade está comprometida 683. Quanto à alteração da percepção

objectiva e subjectiva da capacidade de condução, a MDMA moderou

significativamente a deterioração da capacidade de seguir a estrada induzida

por doses baixas de EtOH, mas não afectou a deterioração da capacidade de

seguimento de outro veículo e dos testes comportamentais realizados em

laboratório com simuladores 719. Este facto é de extrema importância, uma vez

que o consumo de ecstasy é frequentemente combinado com o consumo de

álcool e uma proporção substancial dos utilizadores de MDMA revela conduzir

sob os efeitos da MDMA e/ou outras drogas. 719. De facto, foram já reportados

vários acidentes rodoviários fatais, nos quais a MDMA foi encontrada no

plasma dos condutores, isoladamente ou com outras drogas ou álcool 720.

Apesar do consumo de MDMA ser normalmente associado a um aumento de

comportamentos impulsivos e de risco durante os períodos de abstinência,

durante a exposição aguda a MDMA não induz comportamentos de

impulsividade e pode inclusivamente reduzi-los. O mecanismo farmacológico

que está na base desta melhoria do controlo dos impulsos pode estar

relacionado com um suprimento serotonérgico e dopaminérgico agudo após

uma dose única de MDMA. No entanto, quando se avalia o efeito agudo

conjunto de doses moderadas de EtOH com MDMA, a MDMA não consegue

mitigar o aumento da impulsividade e da aquisição de comportamentos de risco

______________________________________________________ Introdução

161

provocado pelo EtOH. Este resultado parece indicar que o efeito estimulador

central da MDMA não é suficiente para ultrapassar os efeitos induzidos pelo

EtOH na aquisição de comportamentos impulsivos 684. Alguns utilizadores de

MDMA referem que o EtOH elimina ou contraria os efeitos da MDMA e

aumenta os efeitos laterais e os vómitos 22.

O EtOH parece também contribuir para um aumento da propensão para

o desenvolvimento de perturbações psicopatológicas associadas ao consumo

de MDMA, uma vez que os consumidores de MDMA que consomem álcool

simultaneamente têm um risco 2,5 vezes superior de desenvolver este tipo de

perturbações do que os consumidores abstémios 219.

1.9.5.6.2.4. Efeitos neuroendócrinos

O EtOH aumenta a libertação do factor libertador de corticotrofinas

(CRF) pelo hipotálamo, facto confirmado pela inibição da estimulação do eixo

hipotálamo-hipófise-adrenal pelo EtOH quando se destrói o núcleo

paraventricular (área hipotalâmica onde se produz o CRF), quando se

neutraliza o CRF circulante com anticorpos específicos, ou quando se

bloqueiam os receptores do CRF.

O consumo de EtOH, tal como de MDMA, está associado a um aumento

dos níveis plasmáticos de cortisol. Este efeito é mais evidente quando se

verificam perturbações gastro-intestinais induzidas pelo EtOH. Neste sentido,

um estudo em voluntários saudáveis revelou que a ingestão de 1 g/kg de álcool

aumentava significativamente os níveis de cortisol, ACTH e vasopressina,

apenas nos indivíduos que sofreram naúseas e vómitos após o consumo de

EtOH 721. Este efeito ao nível da libertação de cortisol e ACTH, em ratos, é

geralmente mais expressivo em fêmeas do que em machos 722 e pode ocorrer

por activação directa das glândulas que os produzem ou através de activação

do eixo hipotálamo-hipófise que regula a sua libertação 722.

A diurese associada à intoxicação alcoólica tem sido relacionada

classicamente com a inibição da vasopressina, produzida pela hipófise. Esta

teoria é confirmada por estudos em humanos nos quais se verificou uma

diminuição significativa dos níveis desta hormona após a administração de uma

Introdução ______________________________________________________

162

dose moderada de álcool (0,5 g/kg) a voluntários saudáveis 723. Este efeito do

EtOH poderá, eventualmente, contrariar o efeito libertador da vasopressina da

MDMA quando as duas substâncias forem consumidas em simultâneo.

O consumo agudo de EtOH diminui a libertação, pelo hipotálamo, da

hormona libertadora da hormona luteinizante (LHRH), o que vai levar a uma

menor libertação de hormona luteinizante (LH) pela hipófise e a um decréscimo

nos níveis de testosterona, uma vez que as gónadas não são estimuladas para

a sua produção devido a uma acção directa do EtOH sobre as células de

Leydig (células testiculares produtoras de testosterona). Esta inibição do eixo

hipotálamo-hipófise-gónada mantém-se com o consumo continuado de EtOH 722 e pode ser potenciado pela co-exposição à MDMA. Nas mulheres, o

consumo agudo de EtOH aumenta os níveis de estrogénios e suprime a

produção de progesterona pelo corpo lúteo (o que aumenta o risco de aborto

espontâneo). O consumo regular de 3 ou mais bebidas alcoólicas por dia está

associado a atrasos ou ausência de ovulação (o que pode provocar

infertilidade), existindo uma relação dose-resposta entre o consumo de álcool e

o aparecimento de problemas menstruais.

O EtOH, en doses orais entre 0,75 e 1,3 g/kg leva a um aumento dos

níveis plasmáticos de prolactina (hormona produzida pela hipófise anterior,

responsável pela lactação e amamentação) 724 cuja intensidade é maior se os

consumidores forem descendentes de indivíduos alcoólicos 725. Este efeito do

EtOH pode potenciar os aumentos dos níveis de prolactina induzidos pela

MDMA.

A exposição aguda e crónica ao EtOH foi já associada a uma diminuição

dos níveis séricos de hormona do crescimento (GH) e de IGF-1 (insulin-like

growth factor 1, uma substância que medeia muitas das acções da GH, como

formação proteica e crescimento celular, ao nível dos tecidos) e da capacidade

de resposta da GH a factores envolvidos na regulação da sua libertação.

Verifica-se também um consequente aumento dos níveis séricos do factor

libertador da GH (GRF).

______________________________________________________ Introdução

163

1.9.5.6.2.5. Efeitos cardiovasculares

O álcool pode ser benéfico ou prejudicial para o sistema cardiovascular,

dependendo da quantidade consumida e das características do consumidor. Os

efeitos benéficos do EtOH podem dever-se a numerosos mecanismos que

incluem: (i) aumento das lipoproteínas de elevada densidade, (ii) prevenção da

aterosclerose por interferir com os processos inflamatórios ao nível endotelial,

(iii) inibição da produção de tromboxano A2, reduzindo a eficácia plaquetária na

coagulação sanguínea, (iv) estimulação da dissolução de coágulos sanguíneos

por aumento dos níveis sanguíneos de t-PA (tissue-type plasminogen activator)

que estimula a conversão do plasminogénio na sua forma activa, plasmina, a

qual aumenta a dissolução dos coágulos sanguíneos 726.

Alguns destes efeitos do EtOH na coagulação sanguínea parecem ter

potencial para diminuir o risco de coagulação intravascular disseminada que

pode surgir após consumo de MDMA.

Apesar do consumo de EtOH reduzido ou moderado poder conferir

protecção contra doenças coronárias, o consumo de grandes quantidades de

EtOH pode danificar o sistema cardiovascular, resultando em cardiomiopatias,

arritmias, hipertensão arterial e enfarte que podem potenciar a cardiotoxicidade

induzida pela MDMA.

Vários mecanismos têm sido propostos para explicar a hipertensão

provocada pelo consumo crónico de EtOH, incluindo: (i) aumento da actividade

do sistema nervoso simpático que vai aumentar a vasoconstricção e a força

contráctil do coração, (ii) aumento dos níveis plasmáticos de catecolaminas, (iii)

diminuição da sensibilidade dos baroreceptores das paredes arteriais e (iv)

diminuição dos níveis plasmáticos de magnésio ionizado, o qual relaxa a

parede dos vasos sanguíneos e estabelece um equilíbrio com os iões cálcio de

forma a manter o tónus vascular 726.

Tal como a MDMA, o EtOH pode exercer efeitos agudos ou crónicos a

nível cardíaco. Os efeitos agudos do EtOH incluem a vasodilatação periférica, a

hipotensão arterial e a taquicardia 727. O consumo crónico de EtOH pode

chegar a produzir miocardite alcoólica que se traduz por lesões do miocárdio

detectadas por análise bioquímica e anatomopatologica 601.

Introdução ______________________________________________________

164

A hipertensão arterial associada ao consumo crónico de EtOH pode

aumentar o risco de desenvolvimento de AVC isquémico ou hemorrágico,

sobretudo nas mulheres 714 e se consumido com substâncias também

associadas a um aumento do risco de AVC como é o caso da MDMA. Contudo,

em indivíduos com tensão arterial normal, o risco de AVC isquémico pode estar

diminuído pela aparente capacidade do álcool de diminuir o dano dos vasos

sanguíneos provocado pelos depósitos lipídicos e reduzir a coagulação

sanguínea (o que pode aumentar o risco de AVC hemorrágico) 714.

1.9.5.6.2.6. Efeitos metabólicos

O consumo de EtOH em jejum (quando as reservas de glicogénio estão

diminuídas) leva ao aparecimento de hipoglicemia por inibição da

gluconeogénese hepática, acidose láctica, hiperuricémia, cetose alcoólica e

hiperlipidémia. Quando se consome EtOH com alimentos, verifica-se um

aumento da glicémia. Assim, a ocorrência destes efeitos depende muito da

dose de álcool ingerida e das condições de consumo (ex.: em jejum, consumo

crónico, etc) 601.

Em diabéticos, o consumo de EtOH leva a um aumento da hemoglobina

glicosilada, a uma diminuição da produção endógena de insulina e a um

aumento da resistência à insulina 722.

Devido às alterações no balanço NAD+/NADH produzidas durante o

metabolismo do EtOH pela ADH, o consumo de grandes quantidades de EtOH

pode levar a transtornos metabólicos como a hiperlactiacidémia e a

hiperuricémia.

Assim, o EtOH, sobretudo se consumido em jejum, pode agravar a acidose e a

hipoglicemia provocadas pelo consumo de MDMA.

1.9.5.6.2.7. Efeitos no sistema imunitário

Apesar do sistema imunitário constituir uma protecção eficaz contra

substâncias estranhas, microrganismos e processos carcinogénicos, em

______________________________________________________ Introdução

165

determinadas circunstâncias, como o consumo exagerado de álcool, o

processo inflamatório pode ameaçar os tecidos do próprio organismo. Por

exemplo, as prostaglandinas e as prostaciclinas podem proteger as células de

determinados tipos de agressão, enquanto que os tromboxanos, por

produzirem vasoconstricção, podem promover fenómenos de hipoxia ou causar

directamente inflamação ou hipóxia. Por sua vez, os leucotrienos (ex.:

leucotrieno B4) podem causar lesão hepática por atrair e activar neutrófilos. O

consumo crónico de EtOH, diminui a produção de prostaglandinas e

prostaciclinas protectoras e aumenta a produção de tromboxanos e

leucotrienos, aumentando o risco de dano celular 670.

O consumo agudo de álcool produz ma diminuição significativa do

número absoluto de linfócitos T-helper (ou CD4+) e de linfócitos B 198, 728. Este

consumo está também associado a uma diminuição dos níveis das citoquinas

pró-inflamatórias TNFα e IL-1β, bem como da IL-12, responsável pela

activação dos linfócitos T. Verifica-se, ainda, um incremento nos níveis de

TNFα, de citoquinas imunoreguladoras TGFβ e IL-10 e um efeito bifásico no

IFNγ, que inicialmente aumenta para depois diminuir 728.

No entanto, o consumo crónico de EtOH leva a uma activação crónica

do sistema imunitário, a qual está relacionada com o desenvolvimento dos

problemas hepáticos provocados pelo álcool 729. Por seu lado, a administração

aguda de MDMA produz uma disfunção imune transitória, dependente da dose,

com diminuição da razão CD4/CD8 dos linfócitos T devido a uma diminuição do

número de células CD4 T-helper e a um aumento das células natural killer

(NK), apesar da contagem total leucocitária se manter inalterada 728. A

combinação aguda de MDMA e EtOH causa um maior efeito supressor nas

células T CD4+ e um maior aumento nas células NK em humanos. A exposição

a estas substâncias leva, também, a um aumento da produção das citoquinas

imunossupressoras (TGF-β e IL-10) e uma troca de citoquinas tipo Th1 (IL-1 e

IFN-γ) por citoquinas tipo Th-2 (IL-4 e IL-10). Observa-se assim uma

desregulação da produção de citoquinas pro- e anti-inflamatórias com um

desiquilíbrio no sentido da resposta anti-inflamatória. Em humanos, a função

imunitária tende a voltar aos valores basais 24 horas após a exposição à

MDMA 199. Este efeito transiente na homeostase imunológica, se repetida

Introdução ______________________________________________________

166

temporariamente, pode alterar a resposta immune, com risco para o estado

geral de saúde do consumidor 198, 728.

1.9.5.6.2.8. Efeitos no sistema hepato-biliar

O fígado é particularmente sensível ao dano provocado pelo EtOH, uma

vez que é o principal local onde ocorre o metabolismo alcoólico 670. Sendo

também a MDMA uma substância capaz de induzir hepatotoxicidade, o co-

consumo de ambas poderá aumentar o risco de aparecimento de efeitos

tóxicos ao nível do sistema hepato-biliar.

Os mecanismos envolvidos na toxicidade hepática exercida pelo EtOH

incluem: (i) formação de espécies reactivas de oxigénio produzidas durante o

metabolismo do EtOH (ex.: anião superóxido, peróxido de hidrogénio) que

levam a fenómenos de peroxidação lipídica com consequente lesão da

membrana celular e da mitocôndria; (ii) formação do radical hidroxietilo que, por

ser ainda muito reactivo e ter maior semi-vida do que o radical hidroxilo, pode

lesar uma maior quantidade de estruturas celulares 730, (iii) aumento da razão

NADH/NAD+, indicativa do estado redox das células, que leva a uma indução

da xantina oxidase, aumentando a produção de espécies reactivas 730; (iv)

aumento da produção de espécies reactivas de azoto devido à indução da

sintetase do monóxido de azoto indutível (iNOS), (v) diminuição dos níveis de

antioxidantes intracelulares (ex.: GSH, vitaminas A e E), e das actividades das

enzimas antioxidantes (ex.: GPx, SOD), aumentando a susceptibidade celular à

agressão de ROS e RNS; (vi) diminuição dos níveis de ATP devida à lesão

mitocondrial provocada pelas espécies reactivas, (vii) aumento do consumo de

oxigénio pelas células da zona periportal e secreção de endotelina pelas

células endoteliais dos sinusóides (provoca vasoconstricção), que vão reduzir a

disponibilidade de oxigénio para as células centrilobulares, desencadeando

uma situação de hipóxia que faz com que esta última zona do lóbulo hepático

seja mais atingida pela toxicidade do EtOH; (viii) aumento da produção de

tromboxanos e leucotrienos que vão aumentar a hipoxia e o dano resultante da

activação leucocitária; (ix) aumento da libertação de lipopolissacarídeo (LPS)

pelas bactérias intestinais resultando num aumento da activação do factor

______________________________________________________ Introdução

167

nuclear kappa-B (NF-κB) nas células Kupffer, aumentando a produção de

TNFα que vai lesar as células directamente ou indirectamente através da

estimulação da produção de leucotrienos730; (x) aumento da permeabilidade

intestinal à passagem dos LPS libertados pelas bactérias da flora intestinal que,

ao atingir o fígado, vão activar as células de Kupffer e aumentar a libertação de

substâncias promotoras de hipoxia e inflamação; (xi) formação de aductos

entre o acetaldeído ou as espécies reactivas formadas durante o metabolismo

do EtOH com proteínas endógenas, levando à formação de moléculas

imunogénicas que vão activar uma resposta imunológica que vai lesar as

células onde estes aductos se formam; (xii) estimulação da produção de

colagénio pelas células Ito (ou hepatic stellate cells ou células armazenadoras

de gordura) pelo acetaldeído e seus aductos, pelo TGFβ (transforming growth

factor beta) produzido pelas células Kupffer ou pelas espécies reactivas

formadas durante o metabolismo do EtOH. Qualquer um destes mecanismos

pode interagir com os mecanismos de hepatotoxicidade da MDMA, causando

um agravamento da lesão hepática, podendo acelerar a progressão para

necrose hepática ou hepatite fulminante.

O EtOH interfere com a transferência da GSH sintetizada no citoplasma

para a mitocôndria, o que pode conduzir a dano mitocondrial e morte celular 670.

O consumo crónico de EtOH pode levar ao desenvolvimento de (i)

esteatose (acumulação reversível de gordura ao nível da zona periportal do

lóbulo hepático), (ii) hepatite alcoólica (reacção inflamatória aguda reversível,

caracterizada por febre, icterícia e dor abdominal, que leva a necrose das

células hepáticas as quais, sendo substituídas por tecido fibroso, originam um

quadro de fibrose hepática), (iii) hepatite crónica e (iv) cirrose (fibrose severa

irreversível em que ocorre destruição da estrutura hepática e comprometimento

da funcionalidade do fígado) 670.

O EtOH é hepatotóxico devido à produção de acetaldeído (potencial

carcinogénico em humanos) e a alterações redox produzidas pelo NADH

gerado durante a sua oxidação via ADH, o que, por sua vez, afecta o

metabolismo dos lípidos (inibindo o metabolismo dos ácidos gordos ao nível da

Introdução ______________________________________________________

168

mitocôndria, o que faz com que eles se acumulem no citoplasma), hidratos de

carbono, proteínas e purinas 667.

Uma dieta rica em gordura pode, também, incrementar o potencial

hepatotóxico do EtOH, uma vez que o excesso de consumo de gorduras

aumenta a actividade de CYP2E1 e, simultaneamente, altera a composição das

membranas celulares, tornando-as mais susceptíveis à peroxidação provocada

pelas espécies reactivas formadas aquando da actuação da referida enzima

sobre o EtOH 670.

Este dano a nível hepático pode também indirectamente ser responsável

pela neurotoxicidade 687 e nefrotoxicidade 670 do EtOH.

O risco de desenvolvimento de dano hepático em alcoólicos depende de

factores como: (i) o estado nutricional do consumidor (a deficiência em

determinados antioxidantes e vitaminas favorece o dano hepático 663), (ii) o

género (as mulheres são, aparentemente, mais susceptíveis do que os homens

às lesões hepáticas provocadas pelo EtOH, possivelmente por terem menores

níveis de ADH gástrica e menor activação de mecanismos alternativos para

contrariar a inibição do metabolismo dos ácidos gordos induzida pelo EtOH),

(iii) a quantidade e padrão de consumo (quanto maior a quantidade e a

frequência de consumo de EtOH, maior o risco de desenvolver

hepatotoxicidade 714), (iv) os polimorfismos genéticos na actividade das

enzimas envolvidas no metabolismo do EtOH (indivíduos com fenótipo de

metabolizador pobre associado à ALDH e de metabolizador rápido para a

CYP2E1 e ADH acumulam maiores quantidades de acetaldeído e são mais

propensos a desenvolver hepatotoxicidade), (v) a infecção pelo vírus da

hepatite C (HCV) (a infecção por HCV aumenta o risco de dano hepático nos

alcoólicos), (vi) o tabagismo (os alcoólicos que fumam mais de 1 maço de

cigarros por dia têm um risco de desenvolver cirrose 3 vezes superior ao dos

não fumadores) e (vii) o consumo de café (os alcoólicos que consomem 4 ou

mais cafés por dia têm 5 vezes menos incidência de cirrose do que aqueles

que não consomem café, embora o mecanismo subjacente a este facto

continue por esclarecer) 670.

Uma condição associada com doença hepática avançada, incluindo a

doença hepática alcoólica, é a encefalopatia hepática (também denominada

encefalopatia portal-sistémica), uma perturbação metabólica hepática

______________________________________________________ Introdução

169

progressiva que afecta o funcionamento intelectual. Os alcoólicos com

encefalopatia hepática têm o fígado de tal forma afectado por fenómenos

cirróticos que a entrada de sangue venoso no fígado está obstruída, permitindo

que substâncias tóxicas (ex.: amónia, manganês) e produtos intermediários do

metabolismo entrem na corrente sanguínea e atinjam o cérebro onde vão

interferir com as acções dos neurotransmissores 687.

1.9.5.6.2.9. Efeitos no tracto gastro-intestinal

Em indivíduos não alcoólicos, o consumo agudo de EtOH pode levar ao

aparecimento de sintomas sugestivos de irritação da mucosa gástrica que pode

levar a gastrite crónica.

O aparecimento de lesões mais importantes, como a pancreatite

alcoólica, requer um historial de alcoolismo de mais de 10 anos de evolução.

O consumo crónico de EtOH promove a absorção intestinal de ferro e

favorece o armazenamento de ferro, importante catalizador da formação de

ROS e RNS, no fígado 670.

O álcool compromete, também, a absorção intestinal de cálcio no jejuno

e íleo, resultando numa diminuição dos níveis séricos de cálcio que exerce um

feedback negativo nas glândulas paratiróides, aumentando a libertação da

hormona da paratiróide (PTH) que, por sua vez, vai provocar reabsorção de

cálcio ao nível dos ossos, levando a um quadro de desmineralização óssea que

pode culminar em osteoporose, a qual pode ser agravada por uma inibição

directa dos osteoblastos (células formadoras de osso) e pela diminuição dos

níveis de testosterona induzidos pelo EtOH 722.

1.9.5.6.2.10. Efeitos no sistema urinário

O consumo agudo e crónico de EtOH podem comprometer a função

renal, particularmente se houver doença hepática estabelecida. Foram

observadas alterações na estrutura e função dos rins e diminuição da sua

capacidade para regular o volume e a composição do fluído e electrólitos no

Introdução ______________________________________________________

170

organismo. Alcoólicos podem apresentar níveis sanguíneos baixos de

electrólitos e alterações do balanço ácido-base. Para além disso, o EtOH pode

alterar os mecanismos de controlo hormonal que controlam a função renal. Ao

promover a doença hepática, o consumo crónico de EtOH tem consequentes

efeitos deletérios nos rins, incluindo desregulação do teor em sódio e fluidos e

mesmo falência renal aguda 731.

Estes efeitos deletérios exercidos pelo EtOH no rim podem aumentar o

risco de desenvolvimento de retenção urinária, hiponatrémia ou falência renal

aguda ou crónica como consequência do consumo de MDMA.

1.9.5.6.2.11. Efeitos nos músculos

O efeito do EtOH no aumento da PTH pode estar na base de efeitos

deletérios a nível muscular, uma vez que resulta num aumento da excreção de

fósforo, levando a um quadro de hipofosfatémia que pode resultar num

enfraquecimento dos músculos das articulações do ombro e da pélvis,

dificultando movimentos tão simples como levantar-se de uma cadeira e subir

escadas.

Este efeito a nível muscular pode ter especial importância quando o

EtOH é consumido com a MDMA, já que esta última é também capaz de

provocar danos a nível muscular que incluem rabdiomiólise e consequente

mioglobinúria.

1.9.5.6.2.12. Efeitos teratogénicos

Tal como a MDMA, o EtOH também está relacionado com o

aparecimento de malformações fetais 714, pelo que a sua utilização

concomitante pode agravar o risco de desenvolvimento das referidas

malformações.

O stress oxidativo e o metabolismo não oxidativo do EtOH

desempenham um papel importante no dano induzido pelo EtOH ao feto em

desenvolvimento, estando relacionado com o desenvolvimento de problemas

______________________________________________________ Introdução

171

de nascença provocados pelo EtOH, incluindo a síndrome alcoólica fetal (FAS) 661.

1.9.5.6.2.13. Carcinogénese

O consumo de álcool tem sido relacionado com o desenvolvimento de

carcinomas na cabeça e pescoço (boca, faringe, laringe e esófago), tracto

digestivo (estômago, cólon e recto) e mama 732.

O acetaldeído formado durante o metabolismo do EtOH tem a

capacidade de formar aductos com o DNA, formando compostos

carcinogénicos como a 1,N2-propanodesoxiguanosina 661.

Para além disso, a CYP2E1, induzida pelo consumo de EtOH, activa

numerosos pró-carcinogénios presentes no fumo do tabaco 661.

Assim, na análise das interacções da MDMA com o EtOH deve entrar-se

em linha de conta com: (1) variações na formação de metabolitos com diferente

actividade/toxicidade quando co-administrada com EtOH, o que, em termos

gerais, poderá intensificar, prolongar, contrabalançar ou não alterar os efeitos

do composto original; (2) alterações na biodisponibilidade da MDMA na

presença de EtOH; (3) sinergismo ou antagonismo, mais ou menos

pronunciado, entre os efeito da MDMA e do EtOH na libertação de

monoaminas e, particularmente, DA e 5-HT; (4) interacções entre os efeitos

produzidos pela libertação de monoaminas induzida pela MDMA e os efeitos do

EtOH em variados receptores envolvidos na modulação desta libertação (ex.:

receptores da adenosina, receptores NMDA, e mesmo receptores nicotínicos);

e, (5) vasodilatação, mais ou menos eficiente, induzida pelo EtOH que pode

levar a um aumento da dissipação de calor que pode contrabalançar

parcialmente os efeitos vasoconstrictores da MDMA 633.

Por este motivo, o consumo de EtOH, particularmente quando se

consome ecstasy ou outras drogas ilícitas, deve ser desencorajado, tendo em

conta os efeitos do uso combinado de ecstasy e álcool, incluindo desidratação 314. Aliás, foram já descritas várias mortes após consumo de MDMA em que o

consumo de EtOH foi também verificado (vide Tabela 1).

Introdução ______________________________________________________

172

É, pois, de extrema importância, e por isso constitui o objectivo desta

dissertação, o esclarecimento dos mecanismos envolvidos nas interacções

entre estes dois compostos, sobretudo a nível hepático onde ambos são

metabolizados, dando origem a metabolitos dotados de maior toxicidade do

que os compostos que lhes deram origem.

1.10. Principais considerações

De toda a informação reunida ao longo desta introdução é facilmente

inferido que os efeitos causados pela ingestão de uma pastilha de ecstasy

poderão ser condicionados por uma plêiade de factores que convergem num

determinado indivíduo e num determinado momento, o que dificulta a atribuição

dos efeitos observados nos consumidores apenas à MDMA. Particularmente

preocupantes são as interacções que podem surgir entre a MDMA e outras

drogas co-consumidas, propositada ou inadvertidamente, e que podem ser

potencialmente fatais.

A eventual presença de substâncias estranhas nas pastilhas de ecstasy

é preocupante porque, se considerarmos que algumas dessas substâncias em

pequenas doses podem ser menos perigosas que a MDMA (ex.: cafeína),

outras podem ser mais tóxicas e produzir efeitos devastadores prolongados.

É, então, simples perceber que os utilizadores de MDMA podem estar a

sujeitar-se a um risco acrescido de danos físicos e/ou psicológicos induzidos

pelas drogas como ansiedade, alterações psicóticas e do humor, e risco

aumentado de psicose em utilizadores com alterações de personalidade

esquizóide/esquizotípica pré-mórbida 560, ao ingerirem outras substâncias para

além da MDMA (ex.: uso repetido de MTA, pseuso-efedrina, cafeína, cocaína,

opióides) 366.

Outro problema relacionado com o decréscimo da pureza dos

comprimidos de ecstasy é que, à medida que o conteúdo em MDMA decresce,

os utilizadores não obtêm o efeito desejado e tendem a aumentar o número de

pastilhas consumidas 733 e, como consequência da contaminação das

pastilhas, o risco de efeitos prejudiciais associados aos contaminantes.

______________________________________________________ Introdução

173

Infelizmente, este padrão de consumo de múltiplas pastilhas para atingir a

reacção física esperada é muito comum entre os consumidores de MDMA 219.

Conhecer quais os contaminantes presentes nas pastilhas de ecstasy é

essencial também para os terapeutas e prestadores de cuidados de saúde

para, mais facilmente poderem diagnosticar problemas relacionados com

outras substâncias para além da MDMA e melhorar o tratamento e os cuidados

a prestar ao paciente.

Esta contaminação das pastilhas de ecstasy também dificulta o estudo

dos efeitos da MDMA nos utilizadores frequentes, uma vez que os efeitos

observados após a ingestão de uma pastilha podem dever-se a outra(s)

substância(s) e não à MDMA.

As pastilhas de ecstasy nem sempre são aquilo que se propõem ser. No

mercado de drogas elícitas não existe controlo de qualidade e os consumidores

devem estar alertados para esta ausência 423. Apesar de, aparentemente,

serem conscientes dos riscos para a saúde associados ao consumo de ecstasy 22, 357, os consumidores de ecstasy não são provavelmente conscientes dos

riscos inerentes às substâncias que inadvertidamente ingerem misturadas nas

pastilhas de ecstasy 366.

Quanto aos riscos da adopção de padrões de policonsumo de drogas,

parece legítimo assumir que serão mais preocupantes as associações com

drogas de fácil aquisição e elevada acessibilidade (ex.: álcool e tabaco) devido

à maior propensão do seu consumo atingir taxas de prevalência mais

generalizadas. No entanto, obviamente não se pode descurar o co-consumo

com drogas ilegais já que habitualmente lhe está associado um padrão de

agravamento de toxicidade mais marcado e potencialmente mais letal.

É então essencial desenvolver programas de prevenção para aumentar

o esclarecimento acerca dos riscos associados ao consumo de ecstasy em

conjunto com outras drogas de abuso e enfatizar a impureza das pastilhas de

ecstasy, focando o impacto destas substâncias contaminantes na saúde,

especialmente para a população em risco elevado de vir a sofrer de problemas

derivados do consumo de drogas 366.

Devem também ser desenhados estudos longitudinais e prospectivos

utilizando grupos controlo adequados para reproduzir os padrões de consumo

de múltiplas drogas manifestados pelos consumidores de ecstasy 612.

Introdução ______________________________________________________

174

O co-consumo de EtOH com MDMA é dos mais preocupantes, uma vez

que se trata de uma substância amplamente disponível e acessível, cujo

potencial tóxico é muitas vezes negligenciado pelos consumidores. Para

agravar esta situação, o EtOH tem ainda potencial para interagir com a MDMA,

afectando os efeitos e a toxicidade deste derivado anfetamínico. Por este

motivo, o estudo das possíveis interacções entre estas duas substâncias, e dos

mecanismos que lhe estão subjacentes, são o objectivo primordial do trabalho

experimental desenvolvido no âmbito da presente dissertação.

PARTE II

TRABALHO EXPERIMENTAL

______________________________________________________ Objectivos

177

2. OBJECTIVOS

A presente dissertação pretende contribuir para o esclarecimento das

possíveis interacções toxicológicas entre o álcool e a ecstasy, e dos

mecanismos que lhes estão subjacentes.

Deste modo, os estudos realizados no âmbito da presente dissertação

tiveram como principais objectivos:

• Avaliação do efeito da co-exposição ou da prévia exposição repetida ao

etanol na toxicidade aguda induzida pela MDMA utilizando modelos in

vivo, in vitro e ex vivo, nomeadamente através da análise dos seguintes

parâmetros:

o Alterações histológicas a nível hepático

o Estado redox das células hepáticas (quantificação dos níveis de

GSH e GSSG, de ROS e RNS, e de enzimas envolvidas na

homeostasia da GSH como a γ-GCS )

o Capacidade energética dos hepatócitos

o Danificação mitocondrial a nível hepático

o Morte celular (necrose e apoptose)

o Perfil metabólico da MDMA na presença de etanol

• Avaliação, in vitro, da influência da hipertermia induzida pela MDMA na

toxicidade da mistura álcool + ecstasy

Para atingir estes objectivos foram, paralelamente desenvolvidos os

seguintes estudos:

• Determinação da concentração de etanol em meio de cultura de células

recorrendo a um método de GC-FID previamente validado para essa

matriz

• Avaliação da contribuição do etanol utilizado na esterilização de

superfícies na concentração deste composto nos meios de incubação de

células

Objectivos ______________________________________________________

178

_____________________________________________ Trabalho Experimental

179

3. TRABALHO EXPERIMENTAL

Apresentam-se neste capítulo a descrição detalhada dos protocolos

experimentais, os resultados obtidos e o respectivo tratamento estatístico, bem

como a discussão dos resultados no âmbito de cada trabalho, sob a forma das

publicações que originaram.

São também descritos alguns resultados que aguardam publicação.

Trabalho I. Optimização das doses de MDMA a administrar a ratinhos previamente expostos repetidamente a etanol.

Trabalho II. Chronic exposure to ethanol exacerbates MDMA-induced hyperthermia and exposes liver to severe MDMA-induced toxicity in CD1 mice. Reprinted from Toxicology (doi:10.1016/j.tox.2008.07.064). Copyright

(2008) (with kind permission of Elsevier)

Trabalho III. Effect of chronic ethanol exposure on the hepatotoxicity of ecstasy in mice: An ex vivo study. Reprinted from Toxicology In Vitro, 22:

910-20. Copyright (2008) (with kind permission of Elsevier)

Trabalho IV. Synergistic toxicity of ethanol and MDMA towards primary cultured rat hepatocytes. Reprinted from Toxicology (DOI:

10.1016/j.tox.2008.09.009). Copyright (2008) (with kind permission of Elsevier)

Trabalho V. Interacções metabólicas entre o etanol e a MDMA em culturas primárias de hepatócitos de rato.

Trabalho VI. Gas chromatography determination of acetone, acetaldehyde, ethanol and methanol in biological matrices and cell culture. Aceite para

publicação no Journal of Chromatoraphic Science.

Trabalho VII. Ethanol, the forgotten artifact in cell culture. Reprinted from

Archives of Toxicology. 82: 197–8. Copyright (2008) (with kind permission of

Springer)

Trabalho Experimental _____________________________________________

180

Trabalho I. Optimização das doses de MDMA a administrar a ratinhos previamente

expostos repetidamente a etanol.

_______________________________________________________ Trabalho I

183

Trabalho I. Optimização das doses de MDMA a administrar a ratinhos previamente expostos repetidamente a etanol. a) Introdução Os efeitos induzidos in vivo pela MDMA foram já alvo de vários estudos

realizados inclusivamente pelo nosso grupo de trabalho 142 que utilizaram

doses de MDMA de 5, 10 e 20 mg/kg e que serviram de base para a escolha

das doses de MDMA a utilizar no presente trabalho. No entanto, a avaliação da

influência in vivo de uma prévia exposição repetida ao etanol nos referidos

efeitos ainda não foi descrita.

b) Objectivo Comparar, in vivo, os efeitos de duas doses de MDMA (10 mg/kg e 20

mg/kg) administradas a ratinhos Charles River CD-1 previamente expostos a

12% de etanol na água de bebida, durante 8 semanas.

c) Metodologia Foram utilizados 8 grupos de 6 ratinhos cada (30-40 g). Destes grupos, 4

foram expostos a 5% de etanol ad libitum, na água de bebida, durante 1

semana. Após este período de adaptação, a solução de bebida foi substituída

por 12% de etanol, durante 8 semanas. Os restantes 4 grupos tiveram acesso

a água ad libitum durante o mesmo período. Findo este período, foram

definidos os seguintes grupos:

Trabalho I _______________________________________________________

184

As administrações de MDMA realizadas após as 8 semanas de pré-

exposição foram feitas por via intra-peritoneal e num volume de 0,1 mL de

solução por 30 g de peso corporal. As soluções de MDMA foram preparadas

por dissolução da mesma em soro fisiológico (NaCl 0,9%).

A temperatura corporal e o comportamento dos animais foram

observados durante as 24 horas seguintes à administração de MDMA.

d) Resultados e discussão Após a administração de qualquer uma das doses consideradas, os

grupos expostos unicamente à MDMA (M) apresentaram uma reacção

anfetamínica típica, caracterizada por hiperactividade e hipertermia (atingiu

40,5ºC nos animais expostos a 20 mg/kg de MDMA e 39,5ºC nos animais

expostos a 10 mg/kg de MDMA). Nos animais expostos a etanol e MDMA

(E+M), verificou-se, também, um aumento marcado da temperatura corporal

(atingiu 40,5ºC nos animais expostos a 20 mg/kg de MDMA e 40,3ºC nos

animais expostos a 10 mg/kg de MDMA), observando-se, no entanto, uma

prostração marcada que poderá dever-se unicamente ao aumento da

temperatura corporal, ou eventualmente a outros mecanismos como: (i) uma

diminuição das reservas de serotonina ao nível do SNC induzida pela

exposição crónica ao etanol 734, diminuindo a disponibilidade de serotonina

para ser libertada por acção da MDMA e, consequentemente, reduzindo a

activação de receptores 5-HT1B que parecem medear, pelo menos em parte, as

respostas locomotoras induzidas pelas MDMA 111; e/ou (ii) uma interacção

toxicodinâmica entre o etanol e a MDMA devido ao facto do etanol contrariar a

hiperlocomoção induzida pela MDMA através da activação de receptores

GABAA que diminuem a actividade neuronal 735.

A administração de uma dose de 20 mg/kg de MDMA a ratinhos

previamente expostos a 12% de etanol provocou um marcado aumento da

mortalidade induzida pela MDMA, que não se verificou no caso da

administração da dose mais baixa, como se pode observar na Figura 12:

_______________________________________________________ Trabalho I

185

% de sobrevivência 24 horas após administraçãode 10 mg/kg de MDMA

C E M E+M0

50

100

Grupo

% S

obre

vivê

ncia

% de sobrevivência 24 horas após administraçãode 20 mg/kg de MDMA

C E M E+M0

50

100

Grupo

% S

obre

vivê

ncia

Figura 12. Percentagem de sobrevivência de ratinhos CD1, previamente expostos a 12% de etanol na água de bebida durante 8 semanas, após administração de 10 mg/kg ou 20 mg/kg de MDMA.

Apesar da dose de MDMA inicialmente testada (20 mg/kg) ter sido

escolhida com base em trabalhos anteriores realizados pelo nosso grupo 142, o

aumento da mortalidade verificado quando os animais expostos a esta dose

tinham sido previamente expostos a 12% de etanol, impossibilitou a

continuidade do ensaio devido à ausência de um grupo estatisticamente

representativo. Por esse motivo, a dose de 10 mg/kg de MDMA foi utilizada

para a continuação dos estudos in vivo sobre as interacções toxicológicas entre

o etanol e a MDMA a nível hepático e que deram origem ao Trabalho II

apresentado de seguida. As alterações da temperatura corporal resultantes da

exposição à MDMA serão também alvo de discussão no Trabalho II.

Trabalho I _______________________________________________________

186

Trabalho II. Chronic exposure to ethanol exacerbates MDMA-induced hyperthermia

and exposes liver to severe MDMA-induced toxicity in CD1 mice.

Author's personal copy

Toxicology 252 (2008) 64–71

Contents lists available at ScienceDirect

Toxicology

journa l homepage: www.e lsev ier .com/ locate / tox ico l

Chronic exposure to ethanol exacerbates MDMA-induced hyperthermia andexposes liver to severe MDMA-induced toxicity in CD1 mice

Helena Pontesa,∗, José Alberto Duarteb, Paula Guedes de Pinhoa, Maria Elisa Soaresa,Eduarda Fernandesc, Ricardo Jorge Dinis-Oliveiraa,d,e, Carla Sousaa, Renata Silvaa,Helena Carmoa, Susana Casal f, Fernando Remiãoa, Félix Carvalhoa, Maria Lourdes Bastosa,∗

a REQUIMTE, Toxicology Department, Faculty of Pharmacy, University of Porto, Rua Aníbal Cunha 164, 4099-030 Porto, Portugalb CIAFEL, Faculty of Sport, University of Porto, Rua Dr. Plácido Costa 91, 4200-450 Porto, Portugalc REQUIMTE, Physical-Chemistry Department, Faculty of Pharmacy, University of Porto, Rua Aníbal Cunha 164, 4099-030 Porto, Portugald Clinical Analysis and Public Health Department, Cooperativa de Ensino Superior, Politécnico e Universitário, CRL Rua José António Vidal,81, 4760-409 Vila Nova de Famalicão, Portugale Institute of Legal Medicine, Faculty of Medicine, University of Porto, Jardim Carrilho Videira, 4050-167 Porto, Portugalf REQUIMTE, Bromatology Department, Faculty of Pharmacy, University of Porto, Rua Aníbal Cunha 164, 4099-030 Porto, Portugal

a r t i c l e i n f o

Article history:Received 17 June 2008Received in revised form 24 July 2008Accepted 26 July 2008Available online 7 August 2008

Keywords:Ethanol3,4-Methylenedioxymethamphetamine(MDMA)HyperthermiaOxidative stressHepatotoxicity

a b s t r a c t

3,4-Methylenedioxymethamphetamine (MDMA; ecstasy) is an amphetamine derivative drug with entac-togenic, empathogenic and hallucinogenic properties, commonly consumed at rave parties in a polydrugabuse pattern, especially with cannabis, tobacco and ethanol. Since both MDMA and ethanol may causedeleterious effects to the liver, the evaluation of their putative hepatotoxic interaction is of great interest,especially considering that most of the MDMA users are regular ethanol consumers.

Thus, the aim of the present study was to evaluate, in vivo, the acute hepatotoxic effects of MDMA(10 mg/kg i.p.) in CD-1 mice previously exposed to 12% ethanol as drinking fluid (for 8 weeks). Bodytemperature was continuously measured for 12 h after MDMA administration and, after 24 h, hepaticdamage was evaluated.

The administration of MDMA to non pre-treated mice resulted in sustained hyperthermia, which wassignificantly increased in ethanol pre-exposed mice. A correspondent higher increase of hepatic heatshock transcription factor (HSF-1) activation was also observed in the latter group. Furthermore, MDMAadministration resulted in liver damage as confirmed by histological analysis, slight decrease in liverweight and increased plasma transaminases levels. These hepatotoxic effects were also exacerbated whenmice were pre-treated with ethanol. The activities of some antioxidant enzymes (such as SOD, GPx andCatalase) were modified by ethanol, MDMA and their joint action. The hepatotoxicity resulting from thesimultaneous exposure to MDMA and ethanol was associated with a higher activation of NF-�B, indicatinga pro-inflammatory effect in this organ.

In conclusion, the obtained results strongly suggest that the consumption of ethanol increases thehyperthermic and hepatotoxic effects associated with MDMA abuse.

© 2008 Elsevier Ireland Ltd. All rights reserved.

Abbreviations: MDMA, 3,4-methylenedioxymethamphetamine, ecstasy; MDA,methylenedioxyamphetamine; ROW, relative organ weight; %DLWC, percent drylipid weight content; HSF-1, heat shock factor 1; NF-�B, nuclear factor kappa-B; GOT,glutamic oxalic transaminase; GPT, glutamic pyruvic transaminase; SOD, superoxidedismutase; GPx, glutathione peroxidase; GST, glutathione-S-transferase; GSH, glu-tathione (reduced form); GSSG, glutathione (oxidised form); TBARS, thiobarbituricacid reactive substances; IHC, immunohistochemistry.

∗ Corresponding authors. Tel.: +351 222078979; fax: +351 222003977.E-mail addresses: [email protected] (H. Pontes), [email protected] (M.L. Bastos).

1. Introduction

3,4-Methylenedioxymethamphetamine (MDMA; ecstasy) is anamphetamine derivative drug with entactogenic, empathogenicand hallucinogenic properties, commonly consumed at rave par-ties in a polydrug abuse pattern, especially with cannabis,amphetamine, cocaine, tobacco and ethanol (Green et al., 2003;Schifano, 2004; Breen et al., 2006; Barrett et al., 2006). The com-mon concomitant use of ethanol and MDMA has a great interactionpotential since both compounds are metabolized in the liver to hep-atotoxic metabolites (Gemma et al., 2006; Green et al., 2003; Carmoet al., 2006) with higher toxicity than their parent compounds

0300-483X/$ – see front matter © 2008 Elsevier Ireland Ltd. All rights reserved.doi:10.1016/j.tox.2008.07.064

Helena
Rectangle
Helena
Text Box
189

Author's personal copy

H. Pontes et al. / Toxicology 252 (2008) 64–71 65

(Carvalho et al., 2004; Meier and Seitz, 2008). This metabolic acti-vation observed with MDMA seems to be a common feature ofamphetamine derivatives, since it was already described for com-pounds such as 4-MTA (Carmo et al., 2004b, 2007), 2-CB (Carmo etal., 2004a, 2005) which showed a variable toxicity profile accord-ingly to the individual metabolic capacity. In addition, ethanol canalter the expression and/or activity of some drug-metabolizingenzymes (Jang and Harris, 2007), including those involved inMDMA metabolism. Furthermore, MDMA users are regular ethanolconsumers before their first contact with MDMA (Ben Hamida etal., 2006), which may represent a putative risk factor for the toxicinteraction between these two drugs. In fact, our group has recentlydemonstrated that the repeated exposure of CD1 mice to ethanolseems to increase the vulnerability of freshly isolated hepatocytestowards pro-oxidant conditions (Pontes et al., 2008). Additionally,results reported by Pacifici and Hernández-Lopes in human sub-jects (Hernández-López et al., 2002; Pacifici et al., 2001) showedthat also the physiologic and psychopathologic effects of MDMAcould be increased in presence of ethanol. Thus, the objective of thepresent study was to evaluate, in vivo, the acute hepatotoxic effectsof MDMA (10 mg/kg i.p.) in CD-1 mice previously exposed to 12%ethanol as drinking fluid (for 8 weeks). This experimental approachwas designed to simulate the most common pattern of ethanol andMDMA abuse, in which the individuals are exposed to ethanol priorto the first contact with MDMA. To our knowledge, experimentalwork addressing the in vivo effects of chronic ethanol exposure onMDMA-induced hepatotoxicity has not been previously reported.

2. Materials and methods

2.1. Chemicals

All the reagents used in this study were of analytical grade. Bovine serumalbumin (fraction V), �-nicotinamide adenine dinucleotide phosphate reducedform (�-NADPH), pyruvic acid, 2-vinylpyridine, glutathione reduced form (GSH),glutathione oxidised form (GSSG), glutathione reductase (EC 1.6.4.2), 5,5-dithiobis-2-nitrobenzoic acid (DTNB), guanidine hydrochloride, 2,4-dinitrophenylhydrazine,1-chloro-2,4-dinitrobenzene (CDNB), xanthine, nitrotetrazolium blue chloride, xan-thine oxidase from bovine milk and hydrogen peroxide solution were obtained fromSigma–Aldrich Co. (St. Louis, MO, USA). The injectable solution of sodic heparinewas obtained from B. Braun (Lisbon, Portugal). Perchloric acid, trichloroacetic acid,2-thiobarbituric acid, Folin Ciocalteau reagent and all other chemicals were pur-chased from Merck (Darmstadt, Germany). 3,4-Methylenedioxymethamphetamine(HCl salt) was extracted and purified from high purity MDMA tablets that wereprovided by the Portuguese Criminal Police Department. The obtained salt waspure and fully characterized by NMR and mass spectrometry methodologies(purity > 99%).

2.2. Animals

Adult male CD1 mice (Charles-River Laboratories, Barcelona, Spain), weighing30–40 g, were used in all experiments. For at least 1 week prior to the treatment,animals were acclimatized in polyethylene cages with wire-mesh tops, lined withwood shavings, at an ambient temperature of 20 ± 2 ◦C, humidity between 40 and60% and 12 h/12 h light/dark cycle (light on from 8.00 to 20.00 h), having standardchow and tap drinking water ad libitum. After this period, animals were dividedinto two main groups: ethanol (n = 12) and non-ethanol (n = 12). In the ethanol maingroup the tap drinking water was replaced by a 5% ethanol solution for 1 weekand, afterwards, by a 12% ethanol solution for 8 weeks. The replacement of waterfor 5% ethanol before 12% ethanol corresponds to a required adaptation period, toavoid aversion of mice to a high ethanol concentration in the drinking fluid, sincethese animals do not have natural preference for 12% ethanol. The non-ethanol maingroup had drinking tap water ad libitum for the same period. There were no differ-ences in body weight between the main groups after the 8 weeks of the experiment(data not shown). During the 24-h period after MDMA administration, animals weredeprived of food but the drinking solution was allowed ad libitum. Surgical proce-dures for blood collection and liver excision were performed under anaesthesia andcarried out between 9 and 11 a.m. Animal experiments were licensed by PortugueseGeneral Directorate of Veterinary Medicine. Housing and experimental treatmentof animals were in accordance with the Guide for the Care and Use of LaboratoryAnimals from the Institute for Laboratory Animal Research (Institute for LaboratoryAnimal Research, 1996). The experiments complied with the current Portugueselaws.

2.3. MDMA challenge

Mice were housed in four groups of six animals (control, ethanol, MDMA andethanol + MDMA groups) and were injected intraperitoneally with saline (0.9% NaCl)or 10 mg/kg MDMA (dissolved in saline) in a volume of 0.1 mL/30 g body weightbetween 9:00 and 10:00 a.m. The experiment was performed under controlledambient temperature fixed at 20 ◦C (±2 ◦C). Subcutaneous temperature of animalswas measured repeatedly after MDMA administration (see measurement of bodytemperature). After 24 h, animals were anaesthetized and blood was removed fromthe inferior vena cava and collected into heparinized tubes. The liver was excisedand weighed, after body perfusion with 0.9% NaCl solution, and used for biochemi-cal analysis. Samples were kept frozen (−80 ◦C) until assay. Liver sections were alsocollected for histological examination. The relative organ weight (ROW), an indica-tor of tissue harm, was also calculated for each animal as a percentage of the totalbody weight at the sacrifice day.

2.4. Measurement of body temperature

Subcutaneous temperatures of mice were measured using BioMedic pro-grammable temperature transponders (microchips BMDS IPTT-100, Plexx BV, 6660AE ELST, Netherlands). The microchips were implanted subcutaneously between theshoulder blades, using the BioMedic implant device, 2 days before the experiment.Readings of subcutaneous temperature were taken immediately prior to MDMA orsaline injection and for 12 h thereafter using a hand held Biomedic Pocket Scanner(DAS-5007). Temperature was recorded every 15 min during the first hour, every30 min during the second and third hours and every hour thereafter.

2.5. Plasma biochemical analysis

2.5.1. Plasma transaminasesPlasma activities of glutamic oxalic transaminase (GOT) and glutamic pyru-

vic transaminase (GPT) were evaluated as biomarkers hepatic damage. Thesedeterminations were performed in a Reflotron Analyser (Boehringer Mannheim,Indianapolis, IN) using 32 �L of plasma for each analysis (GOT, Cat no. 10745120,Roche Diagnostics; GPT, Cat no. 10745138, Roche Diagnostics).

2.5.2. Oxidative stress parameters2.5.2.1. Sample preparation. For the quantification of protein carbonyl groups, lipidperoxidation extent and GSH and GSSG concentrations, tissue samples were homog-enized (1:4 m/v) in ice-cold 5% perchloric acid with an Ultra-Turrax® homogenizer.After the homogenization, aliquots were taken to determine protein carbonylgroups content and protein levels. The remaining homogenates were centrifugedat 3200 × g for 10 min at 4 ◦C and the supernatants were used for the quantificationof lipid peroxidation and GSH/GSSG.

For measurement of antioxidant enzymes activities, liver samples were homoge-nized (1:4 m/v) in ice cold 0.1% Triton X-100 in 50 mM phosphate buffer (pH 7.4). Thehomogenates were centrifuged at 3200 × g for 10 min at 4 ◦C, and the supernatantscollected for the enzymatic and protein assays.

2.5.2.2. Protein carbonyl groups. Protein carbonyl groups (ketones and aldehydes)were quantified according to Levine et al. (1994). Results were expressed as nmol ofDNPH incorporated per mg of protein, calculated by using an extinction coefficientof 2.2 × 104 M−1 cm−1.

2.5.2.3. Non-specific lipid peroxidation. The extent of lipid peroxidation was mea-sured by the thiobarbituric acid reactive substances (TBARS) assay at 535 nm (Buegeand Aust, 1978; Carvalho et al., 1997). TBARS were expressed as malondialdehydeequivalents per milligram of protein, calculated by using an extinction coefficient of1.56 × 105 M−1 cm−1.

2.5.2.4. GSH and GSSG. Tissue GSH and GSSG contents were determined by theDTNB-GSSG reductase recycling assay as described before (Pontes et al., 2008).

2.5.2.5. Catalase. Catalase activity was measured according to the method of Aebi(1984), by monitoring the decomposition of H2O2 at 240 nm, calculated by usingan extinction coefficient of 39.4 M−1 cm−1). The enzyme activity was expressed as�mol of H2O2 consumed per min and per mg of protein.

2.5.2.6. Glutathione-S-transferase (GST). Glutathione-S-transferase (GST) activitywas assayed according to the method of Habig et al. (1974). The formation of GSHconjugate with 1-chloro-2,4-dinitrobenzene was monitored for 5 min at 340 nm.The GST activity was calculated by using an extinction coefficient of 9.6 mM−1 cm−1

and expressed as �mol per min per mg of protein.

2.5.2.7. Selenium-dependent glutathione peroxidase (GPx). Selenium-dependentglutathione peroxidase (GPx) activity was assayed by NADPH oxidation at 340 nm

Helena
Rectangle
Helena
Rectangle
Helena
Text Box
190

Author's personal copy

66 H. Pontes et al. / Toxicology 252 (2008) 64–71

(Flohe and Gunzler, 1984). The enzyme activity was calculated by using an extinc-tion coefficient of 6.22 mM−1 cm−1 and expressed as nmol of NADPH oxidized permin per mg of protein.

2.5.2.8. Superoxide dismutase (SOD). Copper/zinc superoxide dismutase (CuZnSOD)and manganese superoxide dismutase (MnSOD) were assayed using the methodof Flohé and Ötting (1984), with some modifications previously reported before(Dinis-Oliveira et al., 2006).

2.5.3. Protein quantificationProtein was determined by the Lowry method (Lowry et al., 1951) using bovine

serum albumin as the standard.

2.5.4. Dry lipid weight contentThe total liver lipid content was determined according to Folch et al. (1957) and

expressed on a dry weight percentage (%DLWC).

2.6. Nuclear extracts and fEMSA

Transcriptional activations of NF-�B and HSF-1 were determined by fluorescentelectrophoretic mobility shift assay (fEMSA) using nuclear protein extracts accord-ing to a previously reported method (Dinis-Oliveira et al., 2007). The nuclear proteinextracts were obtained from tissue homogenates (1:2.5 m/v) in cell lysis buffer (ACBuffer) containing 10 mM HEPES, 1.5 mM MgCl2, 10 mM KCl, 0.5 mM EDTA, 0.1 mMEGTA, 1 mM ditiothreitol (DTT), 0.25 mM phenyl methylsulfonyl fluoride (PMSF) and20 �L/mL igepal (pH 7.9).

To obtain the nuclear extracts, the homogenates were exposed to a freeze/thawcycle and centrifuged for 10 min at 850 × g, 4 ◦C. The pellets were washed againwith AC Buffer, incubated for 15 min on ice, and centrifuged at 16,000 × g, 4 ◦C, for30 s. The obtained nuclear pellets were resuspended in complete lysis Buffer (BCBuffer, containing 20 mM HEPES, 20% (m/v) Glycerol, 420 mM NaCl, 1.5 mM MgCl2,0.5 mM EDTA, 1 mM DTT, 0.25 mM PMSF, 20 �L/mL igepal and 5 �g/mL of a proteaseinhibitors cocktail containing 1 mg/mL aprotinin, 1 mg/mL leupeptin and 1 mg/mLpepsatin), incubated for 30 min on ice on a rocking platform at 150 rpm and cen-trifuged for 10 min at 16,000 × g at 4 ◦C. Aliquots of the supernatant were stored at−80 ◦C until assay. Protein quantification was determined by the Lowry assay andeach extract aliquot was diluted to 2 mg/mL of protein.

Thereafter, to perform the fEMSA electrophoresis, 20 �g of protein from nuclearextracts were incubated with Cy5-labeled NF-�B or HSF-1 consensus probe in assaybuffer (200 mM HEPES, 500 mM KCl, 10 mM EDTA and 10 mM DTT) supplementedwith glycerol, poly(dI-dC), DTT and igepal, at 4 ◦C over-night. Specificity of theDNA–protein complex was confirmed by the addition of a 50-fold excess of an unla-beled specific competitor (SC) (equal to the specific probe but without the Cy5 label).Nine microliters of each mixture were loaded on a 5% non-denaturating polyacry-lamide gel at 10 ◦C, 800 V, 50 mA and 30 W, in TBE buffer 1× (90 mM Tris base, 90 mMboric acid, 2 mM EDTA, pH 8.3) using an ALFexpress II DNA Analyser (AmershamPharmacia Biotech, Sweden). The temperature was regulated by an external ALF-express II Cooler system (Amersham Pharmacia Biotech, Sweden). The followingCy5-labeled specific double stranded probes were used for NF-�B and HSF-1 gelassays: NF-�B, 5′-GCC TGG GAA AGT CCC CTC AAC T-3′; HSF-1, 5′-GAT CCT CGA ATGTTC GCG AAA AG-3′ .

2.7. Tissue preparation for light and transmission electron microscopy

For light microscopy, after excision, liver was sliced in 2–4 mm3 pieces, approxi-mately, and fixed in 4% formaldehyde. The fixed pieces were, then, dehydrated withgraded ethanol and included in paraffin blocks. The compound used in the transitionbetween dehydration and impregnation was benzene. Semi-thin sections (4 �m)were cut in a microtome, applied on silane-coated slides and deparaffinated. Thedeparaffinated sections were treated for different staining protocols (Haematoxylin-Eosin, Van Gieson) and for immunohistochemistry assays for the detection of NF-�B.

The haematoxylin–eosin staining was performed by immersion in Mayer’shaematoxylin solution for 3–4 min followed by immersion in 1% eosin solution for7 min, dehydration with graded alcohols through xylene, and mounting with DPX.

To perform the NF-�B immunohistochemical detection, NF-�B p50 (NLS) rabbitpolyclonal antibody (SC-114, 1:20, Santa Cruz Biotechnology Inc., California, USA)was applied on deparaffinated liver sections and these samples were incubatedat 37 ◦C for 2 h in a humidified chamber. The same samples were then incubatedwith a secondary anti-immunoglobulin goat anti-rabbit IgG, F(ab′)2 conjugatedwith alkaline phosphatase (SC-3838, 1:50, Santa Cruz Biotechnology Inc., California,USA), under the same conditions, for 1 h. SIGMAFAST® Fast Red TR/Naphthol AS-MXTablets were used as substrate according to manufacturer’s instructions. The sec-tions were counterstained with Mayer’s haematoxylin. The primary antibody wasreplaced by PBS for negative control sections. Wistar rat 14th day placenta slideswere used as positive control. All stained sections were mounted on glass slidesusing Aquatex® . For the light microscopy study, an optic photomicroscope Nikon,Model Eclipse E400 was used.

For electron microscopy, 1 mm3 tissue pieces were fixed in 2% gluteraldehyde (in0.2 M sodium cacodylate) for 2 h at 4 ◦C. After three 15 min washes with 0.2 M sodiumcacodylate buffer at 4 ◦C, the pieces were post-fixed with 2% osmium tetroxide (in

0.2 M sodium cacodylate), for 2 h at 4 ◦C. After a new wash with sodium cacody-late (5 min), the samples were submitted to a dehydration process using increasingconcentrations of ethanol (from 50% to 100%) for 90 min. In the impregnation stage,the pieces were placed in mixtures containing absolute ethanol and LR White, withincreasing concentrations of resin (50% and 75% (v/v) of absolute ethanol) for 30 mineach. In the next stage, samples were kept for two periods of 30 min each, in 100% LRWhite, and afterwards were mounted on covered gelatine capsules. The inclusionwas processed in a drying oven at 60 ◦C for 22–26 h. Ultra-thin (thickness equal to500–600 Å) sections were cut and contrasted with a saturated aqueous solution ofuranyl acetate, for 30 min, and with a solution of lead citrate, for 15 min, with washesat the beginning and at the end of each one of these procedures. For the electronmicroscopy study a transmission electron microscope Zeiss EM 10 A, at 60 Kvoltswas used.

2.8. Statistical analysis

Results are presented as mean ± S.E.M. (from six animals) and were tested fornormality with the Kolmogorov–Smirnov test. For temperature analysis, compar-isons were made by analysis of variance (ANOVA) with repeated measures, followedby the Bonferroni’s post-hoc test. The other statistical comparisons were performedby one-way analysis of variance (ANOVA) followed by Tukey’s multiple comparisontest. Significance was accepted at P < 0.05.

3. Results

3.1. Body temperature

After administration of 10 mg/kg MDMA, animals from theMDMA group showed a typical amphetaminic reaction char-acterized by hyperthermia and hyperactivity. However, in theethanol + MDMA animals, hyperactivity was not present and amarked prostration was observed.

The ethanol group presented a similar body temperature pro-file to that of the control group. However, the ethanol + MDMAgroup showed a sustained increase in body temperature that wassignificantly higher than that observed for MDMA alone (Fig. 1A).Statistical differences were found during the first 7 h after MDMAadministration.

3.2. Heat shock factor-1 (HSF-1) activation

The ethanol + MDMA group presented a significantly higherincrease of heat shock transcription factor (HSF-1) activation(Fig. 1B, lane 4), when compared to that induced by MDMA alone(Fig. 1B, lane 3).

3.3. Nuclear factor kappa-B (NF-�B) activation

As shown in Fig. 2, the ethanol + MDMA group presented asignificant sharp activation of NF-�B in mouse liver (lane 4) com-paratively to control (lane 1), ethanol (lane 2) and MDMA (lane3) groups. This increase in NF-�B activation was also visible inthe immunohistochemistry for NF-�B in liver sections since in theethanol + MDMA group a high number of red stained nucleus, cor-responding to activated NF-�B, was observed when compared tothe other groups (Fig. 2).

3.4. Structural and ultra-structural analysis

The histological analysis of hepatic sections by light and electronmicroscopy (Fig. 3) revealed, in all groups, a preserved lobular struc-ture and ultrastructure. The control group presented no relevantchanges in the various cellular organelles while the ethanol, MDMAand ethanol + MDMA groups showed diffuse cytoplasmic vacuoliza-tion, lysosomal activation, mitochondrial swelling and a dilatationof the cytoplasmic reticulum and the perinuclear cisterna, alter-ations particularly evident in the ethanol + MDMA group. A severedilatation of the hepatic centrilobular sinusoids was evident inethanol and ethanol + MDMA groups. All the groups presentedabundant cytoplasmic lipid droplets although in the control and

Helena
Note
Marked set by Helena
Helena
Rectangle
Helena
Rectangle
Helena
Text Box
191

Author's personal copy

H. Pontes et al. / Toxicology 252 (2008) 64–71 67

Fig. 1. Effect of ethanol pre-treatment on the hyperthermic effect induced by MDMA (A) and in the consequent HSF-1 transcriptional activation (B) in the liver, detected bysemi-quantitative fluorescent electrophoretic mobility shift assay (fEMSA). The illustrated gel is representative of the specific HSF-1 bands (highlighted by the dotted line)obtained for the control (C), ethanol (E), MDMA (M) and ethanol + MDMA (E + M) groups by using fluorescence labeled specific probes (SP). Lane 5 represents a competitiveexperiment with a 50-fold molar excess of a specific competitor (SC, unlabeled specific probe). The optical density (OD) of the bands ± S.E.M. of six animals is indicatedbelow. Body temperature results are presented as mean ± S.E.M. of six animals. *P < 0.05, **P < 0.01, ***P < 0.001, compared to control group; #P < 0.05, ##P < 0.01, ###P < 0.001,compared to ethanol group; @P < 0.05, @@P < 0.01, compared to MDMA group.

MDMA groups the distribution of these droplets was preferentiallycentrilobular, while in the ethanol and ethanol + MDMA groups thisdistribution had a diffuse pattern along the lobule. In control andMDMA groups the interstitial space and the hepatocytes microvilli

of the bile canaliculi and of the sinusoids presented a normal struc-ture while the ethanol and the ethanol + MDMA groups presented apronounced deposition of collagen fibres between the hepatocytesand the endothelial cells of the sinusoids, resulting in an apparent

Fig. 2. Effect of ethanol pre-treatment on NF-�B transcriptional activation in the liver detected by semi-quantitative fluorescent electrophoretic mobility shift assay (fEMSA).The illustrated gel is representative of the specific NF-�B bands (highlighted by the dotted line) obtained for the control (C), ethanol (E), MDMA (M) and ethanol + MDMA(E + M) groups by using fluorescence labeled specific probes (SP). Lane 5 represents a competitive experiment with a 50-fold molar excess of a specific competitor (SC,unlabeled specific probe). The optical density (OD) of the bands ± S.E.M. of six animals is indicated below. ***P < 0.001, compared to control group; ###P < 0.001, comparedto ethanol group; @@@P < 0.001, compared to MDMA group. Representative light micrographs of hepatic immunohistochemistry for NF-�B detection are also shown (themagnification bar represents 20 �m). A cytoplasmic red staining is observed in all images, being more pronounced in the E, M and E + M pictures where some red stainednuclei are also depicted (arrow).

Helena
Rectangle
Helena
Rectangle
Helena
Text Box
192

Author's personal copy

68 H. Pontes et al. / Toxicology 252 (2008) 64–71

Fig. 3. Transmission electron micrographs and light microscopy images (haematoxylin–eosin stain and Van Gieson’s stain) of liver sections from control, ethanol, MDMA andethanol + MDMA groups. In the light microscopy images, a preserved lobular structure is observed. The ethanol illustrations present dilatation of the centrilobular sinusoids.Necrotic cells are punctually observed in MDMA images (arrow). More confluent necrotic areas are evident in the ethanol + MDMA slide (arrow). In the slides stained with VanGieson, collagen content is poorly pronounced in control and MDMA images and more marked in ethanol exposed groups (arrow). The transmission electron micrographsreveal a mainly lipidic cytoplasmic vacuolization and mitochondrial swelling in all pictures, more pronounced in ethanol, MDMA and ethanol + MDMA images. Large collagencontents between endothelial and parenchymal cells are depicted in the ethanol picture (arrow). In the MDMA micrograph numerous nucleoli are also observed. An activatedKupffer cell is also shown in the ethanol + MDMA picture (arrow). The magnification bar on the light microscopy images represents 20 �m. The magnification bar on theelectron microscopy images represents 2 �m.

reduction of the size and density of the hepatocytes microvilli in thesinusoids and in the bile canaliculi. This high collagen depositionwas also evidenced by the Van Gieson stain, which revealed a higherdeposition of collagen fibres (coloured in red) in both ethanol andethanol + MDMA groups. In the ethanol group some nuclei pre-sented chromatin condensation on their peripheral regions. In theMDMA group, nuclei with numerous and voluminous nucleoli wereobserved and in both ethanol and MDMA groups it was also noticedthe existence of osmiophobic confluent areas, suggesting intracel-lular oedema. In the MDMA group, some isolated necrotic cellswere observed, while in the ethanol + MDMA group some appar-ently necrotic regions were found, as well as cell fragments in the

interstitial space. Kupffer cells with indicative signs of activation,suggested by high amounts of lysosomes, were also observed in theethanol + MDMA group.

3.5. Plasma transaminases

Concerning to GOT levels (Fig. 4A), they were slightly increasedin the ethanol group compared to the control group. The adminis-tration of MDMA produced a significant increase of plasma levelsof this transaminase in both MDMA and ethanol + MDMA groups,the increase in this last group being significantly higher (increaseof approximately 35%) than in the MDMA group (increase of

Fig. 4. Effect of 3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA) on plasma levels of glutamic oxalic transaminase (GOT (A)), glutamic pyruvic transaminase (GPT (B)) ofcontrol and ethanol pre-treated animals. C: control, E: ethanol, M: MDMA and E + M: ethanol + MDMA groups. Results are presented as mean ± S.E.M. from six animals.*P < 0.05, ***P < 0.001.

Helena
Rectangle
Helena
Rectangle
Helena
Text Box
193

Author's personal copy

H. Pontes et al. / Toxicology 252 (2008) 64–71 69

Table 1Hepatic percent dry lipid weight content (%DLWC) and liver relative organ weight(ROW) of mice from the control, ethanol, MDMA and ethanol + MDMA groups

Group Liver

ROW %DLWC

Control 4.359 ± 0.198 22.38 ± 1.89Ethanol 5.582 ± 0.293** 19.91 ± 1.57MDMA 3.686 ± 0.165### 30.93 ± 2.546*,##

Ethanol + MDMA 4.222 ± 0.261## 21.84 ± 1.53@

Results are presented as mean ± S.E.M. from six animals. All groups were compared,however, only the statistically differences were indicated. *P < 0.05, **P < 0.01, com-pared to control group; ##P < 0.01, ###P < 0.001, compared to ethanol group; @P < 0.05,compared to MDMA group.

approximately 30%) when compared to ethanol and control groups,respectively.

The levels of GPT (Fig. 4B) were significantly increased in MDMAand ethanol + MDMA groups, especially in the ethanol + MDMAwhich presented a twofold increase in GPT levels when compared tothe ethanol group. The increase of GPT present in the MDMA groupcorresponds to a 50% increase when compared to control group.

3.6. Relative organ weight (ROW) and hepatic percent dry lipidweight content (%DLWC)

As it can be observed in Table 1, the ethanol group presenteda significant increase in liver ROW, and the ethanol + MDMA groupshowed a marked decrease of this parameter when compared tothe ethanol group. The MDMA group presented a slight decreasein liver ROW without statistical significance. The MDMA group alsopresented a significant increase in the liver %DLWC when comparedto both control and ethanol groups.

3.7. Oxidative stress biomarkers (TBARS, carbonyl groups,GSH/GSSG)

No significant changes in hepatic lipid peroxidation wereobserved between control and MDMA groups, but a significantincrease in TBARS levels was observed in liver of animals fromthe ethanol group (compared to control group) that was not vis-ible in the ethanol + MDMA group (Table 2). The same occurs withthe hepatic GSH/GSSG ratio that suffers a significant reduction inthe ethanol group (comparing to control group), not observed inthe ethanol + MDMA group.

Additionally, there were found no important changes in hepaticprotein carbonyl groups.

3.8. Hepatic anti-oxidant enzymes

The MDMA group presented a significant increase in GST activ-ity while the ethanol + MDMA group had a significantly reducedGST activity compared to control group (Table 3). Hepatic GPx andcatalase activities did not present significant differences betweenthe control, ethanol and MDMA groups, but evidenced a significant

Table 2Oxidative stress parameters in the control, ethanol, MDMA and ethanol + MDMAgroups

Groups GSHred/GSSGratio

TBARS (nmolMDA/mg protein)

Carbonyl groups(nmol/mg protein)

Control 9.35 (0.62) 0.080 (0.004) 5.36 (0.33)Ethanol 6.73 (0.47)** 0.129 (0.015)** 5.76 (0.28)MDMA 7.75 (0.88) 0.097 (0.004) 4.63 (0.18)Ethanol + MDMA 7.43 (0.26) 0.073 (0.004)@ 5.04 (0.37)

Results are presented as mean ± (S.E.M.) from six animals. All groups were com-pared, however, only the statistically differences were indicated. *P < 0.05, **P < 0.01,***P < 0.001, compared to control group; #P < 0.05, ##P < 0.01, ###P < 0.001, comparedto ethanol group; @P < 0.05, @@P < 0.01, compared to MDMA group. MDA: malondi-aldehyde.

decrease in the ethanol + MDMA group. Ethanol group presentedreduced activities of both MnSOD and Cu/ZnSOD, when comparedto control group, and the ethanol + MDMA group showed a signifi-cant enhancement in MnSOD and Cu/ZnSOD activities.

4. Discussion

The results obtained in the present study clearly demonstratethat the chronic exposure to 12% ethanol prior to MDMA admin-istration potentiates the hyperthermic and hepatotoxic effectsinduced by MDMA, which was evidenced by a significant increasein several biochemical and histopathological biomarkers of toxicity.

The administration of MDMA was followed by a sharp increasein body temperature. This is an expected effect (Carvalho et al.,2002), which can be attributed to several central and peripheralmechanisms (Walubo and Seger, 1999; Dafters and Lynch, 1998).However, this is the first report of a potentiation of MDMA-relatedhyperthermia by ethanol pre-treatment resulting not only in signif-icantly higher body temperature scores but also in more sustainedhyperthermia than the one induced by MDMA alone. A corre-sponding higher increase of hepatic heat shock transcription factor(HSF-1) activation was observed (Fig. 1). This reflects a natural reac-tion of the liver to high temperatures and functions as a defencemechanism towards the hyperthermic aggression by increasingthe synthesis of heat shock proteins (HSPs). HSPs are highly con-served proteins with an important role in protein folding (actinglike molecular chaperones), signal transduction, cell growth anddifferentiation, and in the regulation of the actin cytoskeleton,contributing for cellular homeostasis (Pirkkala et al., 2001), coun-teracting heat shock and developing adaptation to oxidative stressto avoid cell death (Santos-Marques et al., 2006). This defence sys-tem may be disrupted if the hyperthermic effect surpasses thenormal physiological variations, or in the presence of other riskfactors. Indeed, animals exposed simultaneously to ethanol andMDMA and affected by sustained hyperthermia, may be more proneto deleterious phenomena.

The enhancement of the MDMA-induced hyperthermicresponse by ethanol may seem unexpected since ethanol is knownto induce vasodilatation and decrease body temperature (Huttunen

Table 3Hepatic antioxidant enzymes activities in the control, ethanol, MDMA and ethanol + MDMA groups

Groups GST (U/mg protein) GPx (U/mg protein) Catalase (U/mg protein) SOD (U/mg protein)

Mn SOD Cu/Zn SOD

Control 1112 ± 64 252.5 ± 21.4 182.9 ± 5.9 0.233 ± 0.024 3.071 ± 0.180Ethanol 1080 ± 123 191.2 ± 11.5 187.7 ± 9.5 0.150 ± 0.011** 2.252 ± 0.128**MDMA 1626 ± 121*,# 231.5 ± 19.3 183.1 ± 7.1 0.239 ± 0.020# 3.463 ± 0.185###

Ethanol + MDMA 885 ± 109@@ 173.9 ± 13.0* 149.0 ± 13.6# 0.259 ± 0.010## 3.123 ± 0.214#

Results are presented as mean ± S.E.M. from six animals. All groups were compared, however, only the statistically differences were indicated. *P < 0.05, **P < 0.01, ***P < 0.001,compared to control group; #P < 0.05, ##P < 0.01, ###P < 0.001, compared to ethanol group; @P < 0.05, @@P < 0.01, compared to MDMA group.

Helena
Rectangle
Helena
Rectangle
Helena
Text Box
194

Author's personal copy

70 H. Pontes et al. / Toxicology 252 (2008) 64–71

et al., 1998). However, this hypothermic effect is only evident foracute ethanol administration and it is affected by tolerance phe-nomena that can appear as early as between two consecutiveexposures with a delay of 24 h after the first one (Khanna et al.,1996). The result obtained in the present study is in agreement witha previous report of Cassel et al., who showed that ethanol inhibitsthe MDMA-induced hyperthermia by the first day of treatment,but not on subsequent treatment days, suggesting a toleranceeffect on ethanol-induced hypothermia (Cassel et al., 2004).

Ethanol pre-treatment was also able to exacerbate MDMA-induced hepatotoxicity, which could be ascertained by thesignificant increase of plasma transaminases activities, biomark-ers of hepatic lesion, when animals were exposed to ethanoland MDMA. The increase in GOT and GPT activities were alreadydescribed for both compounds in humans (Ellis et al., 1996; Yue etal., 2006) and rats (Beitia et al., 2000; Montet et al., 2002). This hep-atotoxic effect was also confirmed by the decrease in liver weightwhen MDMA was administered to ethanol pre-exposed mice andby histological analysis of liver sections by light and electronmicroscopy, which gives further evidences that the concomitantexposure to MDMA and ethanol results in a marked aggravation ofthe hepatotoxic effects exerted by each one of the compounds atisolated exposures.

The marked increase in the activation of NF-�B, one of thetranscription factors involved in the activation of immediate earlyresponse genes in response to injurious and inflammatory stim-uli (Chen and Shi, 2002), indicates a pro-inflammatory effect asascertained by the observation of activated Kupffer cells and cor-responds to another cellular defence mechanism by increasing theactivity of antioxidant enzymes such as SOD (Lenart et al., 2007).However, the activation of both NF-�B and HSF-1 was not suffi-cient to protect cells from the toxicity of MDMA and ethanol despitebeing efficient in avoiding sharp modifications in oxidative stressparameters such as GSH/GSSG ratio, protein carbonyl groups con-tent and TBARS. Unchanged glutathione levels were also detectedin rats after a single dose of MDMA by Beitia et al. (2000). Theincrease in SOD activity due to MDMA administration verified inthis study was previously reported in the kidney by Ninkovic etal. (2008). The decrease of SOD activity following chronic ethanolconsumption is also in accordance with previous reports by Chenet al. (2002). The increase in SOD activity is a specific adaptivemechanism to a stress condition due to an increased superoxidegeneration associated with MDMA exposure. Increased expressionof SOD leads to removal of reactive superoxide radical anions, min-imizing the generation of cytotoxic peroxynitrite and terminatinglipid peroxidation-induced chain reactions.

Catalase and GPx are other antioxidant enzymes whose activi-ties protect cells from the toxicity of H2O2. The observed decreaseof their activities in the ethanol + MDMA group evidenced thatthe hepatic oxidative injury was significantly more intense whenMDMA was administered to ethanol pre-exposed mice when com-pared to the other studied groups. The effect of MDMA itself on theactivities of antioxidant enzymes confirmed the results previouslyobtained by our group showing no significant changes in the activ-ities of hepatic Mn SOD, Cu/Zn SOD, GPx and Catalase by 10 mg/kgMDMA (Carvalho et al., 2002). The only exception was GST, whichpresented an increase in its activity never reported before. The pre-treatment with 12% ethanol seems to avoid the observed increaseon GST activity provoked by the administration of MDMA, whichcan be explained by the GST-lowering effect already described forethanol (Pari and Suresh, 2008).

Our results also confirm the results of previous reports thataddressed an increase in hepatic lipid content to MDMA consump-tion (Beitia et al., 2000) probably due to an increase of �-adrenergicreceptors-dependent lipolysis in the skeletal muscle tissue (Unger,

1995), and the subsequent increase of circulating levels of free fattyacids (Sprague et al., 2007) that are thereafter taken up by the liver.However, in the present study, ethanol was not able to modify thiseffect despite being widely described that the chronic exposure toethanol leads to an increase in hepatic lipid content (de la Monteet al., 2008; Pritchard and Nagy, 2005).

In conclusion, the obtained results strongly suggest that the con-sumption of ethanol increases the toxic effects induced by MDMAexposure, with special relevance to its hyperthermic and hepato-toxic effects. If fact, signs of hepatic necrosis and inflammatoryresponse were evident and consistent with drug related hepatitis.

These results will certainly contribute for the understandingof the health risks undertaken by polydrug abusers who combineecstasy and ethanol and who were already associated with MDMA-related fatalities (Schifano et al., 2003).

Conflict of interest statement

The authors declare that there are no conflicts of interest.

Acknowledgements

This work was supported by a project from FCT and POCI-2010, Portugal, by FEDER European Community co-funding(POCI/SAU-FCF/57187/2004). Helena Pontes was the recipientof a PhD grant from “Fundacão para a Ciência e Tecnologia”(SFRH/BD/18527/2004).

The authors would like to thank Doctor Georgina Correia-da-Silva from the Biochemistry Department of the Faculty of Pharmacyof the University of Porto for kindly provide the Wistar rat 14th dayplacenta slides.

References

Aebi, H., 1984. Catalase in vitro. Methods Enzymol. 105, 121–126.Barrett, S.P., Darredeau, C., Pihl, R.O., 2006. Patterns of simultaneaous polysubstance

use in drug using university students. Hum. Psychopharmacol. 21, 255–263.Beitia, G., Cobreros, A., Sainz, L., Cenarruzabeitia, E., 2000. Ecstasy-induced toxicity

in rat liver. Liver 20, 8–15.Ben Hamida, S., Bach, S., Plute, E., Jones, B.C., Kelche, C., Cassel, J.C., 2006. Ethanol-

ecstasy (MDMA) interactions in rats: preserved attenuation of hyperthermiaand potentiation of hyperactivity by ethanol despite prior ethanol treatment.Pharmacol. Biochem. Behav. 84, 162–168.

Breen, C., Degenhardt, L., Kinner, S., Bruno, R., Jenkinson, R., Matthews, A., Newman,J., 2006. Alcohol use and risk taking among regular ecstasy users. Subst. UseMisuse 41, 1095–1109.

Buege, J.A., Aust, S.D., 1978. Microsomal lipid peroxidation. Methods Enzymol. 52,302–310.

Carmo, H., Brulport, M., Hermes, M., Oesch, F., de Boer, D., Remião, F., Carvalho, F.,Schön, M.R., Krebsfaenger, N., Doehmer, J., Bastos, M.L., Hengstler, J.G., 2007.CYP2D6 increases toxicity of the designer drug 4-methylthioamphetamine (4-MTA). Toxicology 229, 236–244.

Carmo, H., Brulport, M., Hermes, M., Oesch, F., Silva, R., Ferreira, L.M., Branco,P.S., Boer, D., Remião, F., Carvalho, F., Schön, M.R., Krebsfaenger, N., Doehmer,J., Bastos, M.L., Hengstler, J.G., 2006. Influence of CYP2D6 polymorphism on3,4-methylenedioxymethamphetamine (‘Ecstasy’) cytotoxicity. Pharmacogenet.Genomics 16, 789–799.

Carmo, H., de Boer, D., Remião, F., Carvalho, F., dos Reys, L.A., de Lour-des Bastos, M., 2004a. Metabolism of the designer drug 4-bromo-2,5-dimethoxyphenethylamine (2C-B) in mice, after acute administration. J.Chromatogr. B Anal. Technol. Biomed. Life Sci. 811, 143–152.

Carmo, H., Hengstler, J.G., de Boer, D., Ringel, M., Carvalho, F., Fernandes, E., Remião, F.,dos Reys, L.A., Oesch, F., de Lourdes Bastos, M., 2004b. Comparative metabolismof the designer drug 4-methylthioamphetamine by hepatocytes from man, mon-key, dog, rabbit, rat and mouse. Naunyn Schmiedebergs Arch Pharmacol. 369,198–205.

Carmo, H., Hengstler, J.G., de Boer, D., Ringel, M., Remião, F., Carvalho, F., Fernandes,E., dos Reys, L.A., Oesch, F., de Lourdes Bastos, M., 2005. Metabolic pathways of4-bromo-2,5-dimethoxyphenethylamine (2C-B): analysis of phase I metabolismwith hepatocytes of six species including human. Toxicology 206, 75–89.

Carvalho, F., Remião, F., Soares, M.E., Catarino, R., Queiroz, G., Bastos, M.L., 1997. d-Amphetamine-induced hepatotoxicity: possible contribution of catecholaminesand hyperthermia to the effect studied in isolated rat hepatocytes. Arch. Toxicol.71, 429–436.

Helena
Rectangle
Helena
Rectangle
Helena
Text Box
195

Author's personal copy

H. Pontes et al. / Toxicology 252 (2008) 64–71 71

Carvalho, M., Carvalho, F., Remiao, F., Pereira, M.L., Pires-das-Neves, R., Bastos, M.L.,2002. Effect of 3,4-methylenedioxymethamphetamine (“ecstasy”) on body tem-perature and liver antioxidant status in mice: influence of ambient temperature.Arch. Toxicol. 76, 166–172.

Carvalho, M., Remião, F., Milhazes, N., Borges, F., Fernandes, E., Carvalho, F., Bastos,M.L., 2004. The toxicity of N-methyl-alpha-methyldopamine to freshly isolatedrat hepatocytes is prevented by ascorbic acid and N-acetylcysteine. Toxicology200, 193–203.

Cassel, J.C., Jeltsch, H., Koenig, J., Jones, B.C., 2004. Locomotor and pyretic effects ofMDMA—ethanol associations in rats. Alcohol 34, 285–289.

Chen, F., Shi, X., 2002. Signaling from toxic metals to NF-kappaB and beyond: notjust a matter of reactive oxygen species. Environ. Health Perspect. 110, 807–811.

Chen, L.H., Thielen, V., Ciccia, R., Langlais, P.J., 2002. Effects of chronic ethanol feedingand thiamin deficiency on antioxidant defenses in kidney and lung of rats. Nutr.Res. 22, 835–845.

Dafters, R.I., Lynch, E., 1998. Persistent loss of thermoregulation in the rat inducedby 3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA or “Ecstasy”) but not by fen-fluramine. Psychopharmacology (Berlin) 138, 207–212.

de la Monte, S.M., Yeon, J.E., Tong, M., Longato, L., Chaudhry, R., Pang, M.Y., Duan,K., Wands, J.R., 2008. Insulin resistance in experimental alcohol-induced liverdisease. J. Gastroenterol. Hepatol., doi:10.1111/j.1440-1746.2008.05339.x.

Dinis-Oliveira, R.J., Remião, F., Duarte, J.A., Ferreira, R., Sánchez Navarro, A., Bas-tos, M.L., Carvalho, F., 2006. P-glycoprotein induction: an antidotal pathway forparaquat-induced lung toxicity. Free Radic. Biol. Med. 41, 1213–1224.

Dinis-Oliveira, R.J., Sousa, C., Remião, F., Duarte, J.A., Navarro, A.S., Bastos, M.L.,Carvalho, F., 2007. Full survival of paraquat-exposed rats after treatment withsodium salicylate. Free Radic. Biol. Med. 42, 1017–1028.

Ellis, A.J., Wendon, J.A., Portmann, B., Williams, R., 1996. Acute liver damage andecstasy ingestion. Gut 38, 454–458.

Flohe, L., Gunzler, W.A., 1984. Assays of glutathione peroxidase. Methods Enzymol.105, 114–121.

Flohé, L., Ötting, F., 1984. Superoxide dismutase assays. Methods Enzymol. 105,93–104.

Folch, J., Lees, M., Sloane-Stanley, G.H., 1957. A simple method for the isolation andpurification of total lipids from animal tissues. J. Biol. Chem. 226, 497–509.

Gemma, S., Vichi, S., Testai, E., 2006. Individual susceptibility and alcoholeffects:biochemical and genetic aspects. Ann. Ist. Super Sanita 42, 8–16.

Green, A.R., Mechan, A.O., Elliott, J.M., O’Shea, E., Colado, M.I., 2003. The phar-macology and clinical pharmacology of 3,4-methylenedioxymethamphetamine(MDMA, “ecstasy”). Pharmacol. Rev. 55, 508–563.

Habig, W.H., Pabst, M.J., Jakoby, W.B., 1974. Glutathione S-transferases. The firstenzymatic step in mercapturic acid formation. J. Biol. Chem. 249, 7130–7139.

Hernández-López, C., Farré, M., Roset, P.N., Menoyo, E., Pizerro, N., Ortuno, J., Tor-rens, M., Cami, J., de la Torre, R., 2002. 3,4-Methylenedioxymethamphetamine(ecstasy) and alcohol interactions in humans: psychomotor performance, sub-jective effects, and pharmacokinetics. J. Pharmacol. Exp. Ther. 300, 236–244.

Huttunen, P., Sämpi, M., Myllylä, R., 1998. Ethanol-induced hypothermia and ther-mogenesis of brown adipose tissue in the rat. Alcohol 15, 315–318.

Institute for Laboratory Animal Research, 1996. Guide for the Care and Use of Labo-ratory Animals. National Academy Press, Washington, D.C.

Jang, G.R., Harris, R., 2007. Drug interactions involving ethanol and alcoholic bever-ages. Expert Opin. Drug Metab. Toxicol. 3, 719–731.

Khanna, J.M., Chau, A., Shah, G., 1996. Characterization of the phenomenon of rapidtolerance to ethanol. Alcohol 13, 621–628.

Lenart, J., Dombrowski, F., Görlach, A., Kietzmann, T., 2007. Deficiency of man-ganese superoxide dismutase in hepatocytes disrupts zonated gene expressionin mouse liver. Arch. Biochem. Biophys. 462, 238–244.

Levine, R.L., Williams, J.A., Stadtman, E.R., Shacter, E., 1994. Carbonyl assays for deter-mination of oxidatively modified proteins. Methods Enzymol. 233, 346–357.

Lowry, O.H., Rosebrough, N.J., Farr, A.L., Randall, R.J., 1951. Protein measurement withthe Folin phenol reagent. J. Biol. Chem. 193, 265–275.

Meier, P., Seitz, H.K., 2008. Age, alcohol metabolism and liver disease. Curr. Opin.Clin. Nutr. Metab. Care 11, 21–26.

Montet, A.M., Oliva, L., Beaugé, F., Montet, J.C., 2002. Bile salts modulate chronicethanol-induced hepatotoxicity. Alcohol Alcoholism 37, 25–29.

Ninkovic, M., Selakovic, V., Ethukic, M., Milosavljevic, P., Vasiljevic, I., Jovanovic,M., Malicevic, Z., 2008. Oxidative stress in rat kidneys due to 3,4-methylenedioxymetamphetamine (ecstasy) toxicity. Nephrology (Carlton) 13,33–37.

Pacifici, R., Zuccaro, R., Hernandez-Lopez, C., Pichini, S., Di Carlo, S., Farre, M.,Roset, P.N., Ortuno, J., Segura, J., Torre, R.L., 2001. Acute effects of 3,4-methylenedioxymethamphetamine alone and in combination with ethanol onthe immune system in humans. J. Pharmacol. Exp. Ther. 296, 207–215.

Pari, L., Suresh, A., 2008. Effect of grape (Vitis vinifera L.) leaf extract on alcoholinduced oxidative stress in rats. Food Chem. Toxicol. 46, 1627–1634.

Pirkkala, L., Nykänen, P., Sistonen, L., 2001. Roles of the heat shock transcrip-tion factors in regulation of the heat shock response and beyond. FASEB J. 15,1118–1131.

Pontes, H., Santos-Marques, M.J., Fernandes, E., Duarte, J.A., Remião, F., Carvalho, F.,Bastos, M.L., 2008. Effect of chronic ethanol exposure on the hepatotoxicity ofecstasy in mice. An ex-vivo study. Toxicol. In Vitro 22, 910–920.

Pritchard, M.T., Nagy, L.E., 2005. Ethanol-induced liver injury: potential roles foregr-1. Alcohol. Clin. Exp. Res. 29, 146S–150S.

Santos-Marques, M.J., Carvalho, F., Sousa, C., Remião, F., Vitorino, R., Amado, F., Fer-reira, R., Duarte, J.A., Bastos, M.L., 2006. Cytotoxicity and cell signalling inducedby continuous mild hyperthermia in freshly isolated mouse hepatocytes. Toxi-cology 224, 210–218.

Schifano, F., 2004. A bitter pill. Overview of ecstasy (MDMA, MDA) related fatalities.Psychopharmacology (Berlin) 173, 242–248.

Schifano, F., Oyefeso, A., Corkery, J., Cobain, K., Jambert-Gray, R., Martinotti, G.,Ghodse, A.H., 2003. Death rates from ecstasy (MDMA, MDA) and polydrug usein England and Wales 1996–2002. Hum. Psychopharmacol. 18, 519–524.

Sprague, J.E., Yang, X., Sommers, J., Gilman, T.L., Mills, E.M., 2007. Roles of nore-pinephrine, free fatty acids, thyroid status, and skeletal muscle uncouplingprotein 3 expression in sympathomimetic-induced thermogenesis. J. Pharmacol.Exp. Ther. 320, 274–280.

Unger, R.H., 1995. Lipotoxicity in the pathogenesis of obesity-dependent NIDDM.Genetic and clinical implications. Diabetes 44, 863–870.

Walubo, A., Seger, D., 1999. Fatal multi-organ failure after suicidal overdose withMDMA, ‘ecstasy’: case report and review of the literature. Hum. Exp. Toxicol. 18,119–125.

Yue, M., Ni, Q., Yu, C.H., Ren, K.M., Chen, W.X., Li, Y.M., 2006. Transient elevation ofhepatic enzymes in volunteers after intake of alcohol. Hepatobiliary Pancreat.Dis. Int. 5, 52–55.

Helena
Rectangle
Helena
Rectangle
Helena
Text Box
196

Trabalho III. Effect of chronic ethanol exposure on the

hepatotoxicity of ecstasy in mice: An ex vivo study.

Author's personal copy

Effect of chronic ethanol exposure on the hepatotoxicity of ecstasyin mice: An ex vivo study

Helena Pontes a,*, Maria Joao Santos-Marques a, Eduarda Fernandes b, Jose Alberto Duarte c,Fernando Remiao a, Felix Carvalho a, Maria Lourdes Bastos a,*

a REQUIMTE, Toxicology Department, Faculty of Pharmacy, University of Porto, Rua Anıbal Cunha 164, 4099-030 Porto, Portugalb REQUIMTE, Physical-Chemistry Department, Faculty of Pharmacy, University of Porto, Rua Anıbal Cunha 164, 4099-030 Porto, Portugal

c CIAFEL, Sport Biology Department, Faculty of Sport Science, University of Porto, Rua Dr. Placido Costa 91, 4200-450 Porto, Portugal

Received 19 October 2007; accepted 14 January 2008Available online 26 January 2008

Abstract

3,4-Methylenedioxymethamphetamine (MDMA) is frequently consumed at ‘‘rave” parties by polydrug users that usually take thisdrug in association with ethanol. In addition, many young people are repeatedly exposed to ethanol, which likely leads to tolerance phe-nomena. Both compounds are metabolized in the liver, with formation of hepatotoxic metabolites, which gives high relevance to theevaluation of their putative toxicological interaction. Therefore, the aim of this study was to evaluate the toxicity induced by 0.8 and1.6 mM MDMA to freshly isolated hepatocytes obtained from ethanol-treated mice whose tap drinking water was replaced by a 5% eth-anol solution for 1 week and, afterwards, by a 12% ethanol solution for 8 weeks (ethanol group) comparatively to non-treated animals(non-ethanol group). The hepatocytes were incubated under normothermic and hyperthermic conditions in order to simulate in vitro thehyperthermic response induced in vivo by MDMA, a condition that has been recognized as a life-threatening effect associated withMDMA exposure and implicated in its hepatotoxicity. Six mice treated under the same protocol as the ethanol group were used for his-tological analysis, and compared to non-ethanol-treated animals. The pre-treatment of mice with ethanol caused a significant decrease inthe hepatocytes yield in the isolation procedure comparatively to the non-ethanol group, which can be explained by an increase in col-lagen deposition along the hepatic parenchyma as observed in the histological analysis. The initial cell viability of hepatocytes suspen-sions was similar between ethanol and non-ethanol groups. However, the ethanol group showed a higher GSH oxidation rate, which wasenhanced under hyperthermia. Additionally, a concentration-dependent MDMA-induced loss of cell viability and ATP depletion wasobserved for both groups, at 41 �C. In conclusion, the repeated treatment with ethanol seems to increase the vulnerability of freshly iso-lated mice hepatocytes towards pro-oxidant conditions, as ascertained by the increase in collagen deposition, lower hepatocyte yield anddecreased glutathione levels. However, MDMA toxicity to the isolated hepatocytes was independent of ethanol pre-treatment, while sig-nificantly dependent on incubation temperature.� 2008 Elsevier Ltd. All rights reserved.

Keywords: Ethanol, 3,4-Methylenedioxymethamphetamine (MDMA); Hepatocytes; Oxidative stress

1. Introduction

3,4-Methylenedioxymethamphetamine (MDMA orecstasy), is a commonly used drug of abuse, whose con-

sumption appears to be spreading in many parts of theworld, with a high prevalence among young people(EMCDDA, 2005; SAMHSA, 2005). MDMA consump-tion results in a plethora of systemic and organ-specificeffects, including hepatic toxicity (Maurer et al., 2004)and also hyperthermia (Crean et al., 2006; Izco et al.,2007b) that can be, at least in part, responsible for thehepatic cellular damage (Santos-Marques et al., 2006).Various factors may contribute to MDMA-induced liver

0887-2333/$ - see front matter � 2008 Elsevier Ltd. All rights reserved.

doi:10.1016/j.tiv.2008.01.010

* Corresponding authors. Tel.: +351 222078979; fax: +351 222003977(H. Pontes).

E-mail addresses: [email protected] (H. Pontes), [email protected](M.L. Bastos).

www.elsevier.com/locate/toxinvit

Available online at www.sciencedirect.com

Toxicology in Vitro 22 (2008) 910–920

Helena
Rectangle
Helena
Text Box
199

Author's personal copy

toxicity, including the metabolism of MDMA (de la Torreet al., 2004), the increased efflux of neurotransmitters (de laTorre et al., 2004), the oxidation of biogenic amines (Carv-alho et al., 2004b), and hyperthermia (Green et al., 2004).Hyperthermia corresponds to a well known life-threateningeffect of MDMA in vivo (Hall and Henry, 2006) that ishighly dependent on ambient temperature (Carvalhoet al., 2002a; Von Huben et al., 2007). Our group hasalready shown that the in vitro toxic effects induced byMDMA in isolated mouse hepatocytes are exacerbatedunder hyperthermic conditions (Carvalho et al., 1997;Carvalho et al., 2001).

MDMA consumers are often polydrug abusers. Ethanol(EtOH) is, by far, the most popular drug among youth(Smart and Ogborne, 2000; Marques-Vidal and Dias,2005) and it is often consumed in large amounts along withMDMA use (Tossmann et al., 2001; Barrett et al., 2006). Infact, EtOH is often taken with MDMA, especially at thebeginning of the night, to get a stronger/better ‘‘high”

and, in the last part of the night, EtOH is taken in high dos-ages to decrease the long-lasting effects of MDMA such asirritability and restlessness that persist beyond its empath-ogenic and entactogenic effects (Schifano, 2004).

To study the putative interaction between these twocompounds, it is crucial to consider that many young peo-ple are exposed to EtOH early in life, sometimes evenrepeatedly, which means that many may have developedsome tolerance to EtOH when taking MDMA for the firsttime and concomitantly with EtOH (Hamida et al., 2006).Thus, the study of EtOH–MDMA interaction should notbe restricted to the acute consumption of these substances.It is of extreme importance to develop an experimentalmodel considering this common chronic abuse pattern,since the chronic exposure to EtOH prior to the first con-tact with MDMA may induce deleterious effects that caninfluence MDMA toxicity.

Both compounds, EtOH and MDMA, are metabolizedin the liver leading to the formation of hepatotoxic metab-olites. Most EtOH biotransformation occurs in the liver,mainly via oxidation catalyzed by alcohol dehydrogenase(ADH) and by a cytochrome P450 isoform (CYP2E1) intothe highly toxic metabolite, acetaldehyde (Gemma et al.,2006). The metabolism of MDMA involves N-demethyla-tion to 3,4-methylenedioxyamphetamine (MDA) and bothMDMA and MDA are O-demethylenated to catechols [N-methyl-a-methyldopamine (N-Me-a-MeDA) and a-meth-yldopamine (a-MeDA), respectively] that can undergo oxi-dation into the corresponding o-quinones (Carvalho et al.,2004b). These highly reactive molecules can alkylate crucialcellular proteins and/or DNA and further: (i) redox cycleoriginating semiquinone radicals, leading to the generationof reactive oxygen species (ROS) and reactive nitrogen spe-cies (RNS); (ii) undergo irreversible 1,4-intramolecularcyclization with subsequent formation of aminochromesand (iii) conjugate with glutathione (GSH) to form a gluta-thionyl adduct, which remains redox active and can furtherreact with GSH and protein thiols (Carvalho et al., 2004b).

Previous studies on MDMA and EtOH interactionshave focused on pharmacokinetic (Bilsky et al., 1990; Rez-vani et al., 1992; Hernandez-Lopez et al., 2002; Ramaekersand Kuypers, 2006), behavioural (Cassel et al., 2004; Casselet al., 2005; Hamida et al., 2006; Ben Hamida et al., 2007;Izco et al., 2007a) and physiologic and psychologic (Pacificiet al., 2001) consequences of these drugs combination. Nohepatic toxicological interactions between these com-pounds have been reported yet.

Thus, the aim of the present study was to evaluate,under normothermic (37 �C) and hyperthermic (41 �C)conditions, the toxic effects of MDMA in an ex vivo model,trying to simulate the most common pattern of EtOH andMDMA use and the hyperthermic response that occursin vivo as a consequence of MDMA consumption. For thispurpose, the toxicity induced by MDMA to freshly isolatedhepatocytes obtained from EtOH-treated mice was evalu-ated. The study included the quantification of the followingparameters: hepatocytes yield in the isolation procedureand initial cell viability, reduced (GSH) and oxidisedglutathione (GSSG) content, adenosine triphosphate(ATP) levels and lactate dehydrogenase (LDH) leakage.Furthermore, one separate group of ethanol-treated mice(that followed the same administration protocol as theethanol group) was used for histological analysis, andcompared to the control group.

2. Materials and methods

2.1. Chemicals

All reagents used in this study were of analyticalgrade. Collagenase (type I), bovine serum albumin (frac-tion V), 4-(2-hydroxyethyl)-piperazine-1-ethanesulfonicacid (HEPES), ethyleneglycol-bis-(b-aminoethylether)-N,N,N0,N0-tetraacetic acid (EGTA), b-nicotinamide ade-nine dinucleotide reduced form (b-NADH), b-nicotinamideadenine dinucleotide phosphate reduced form (b-NADPH), pyruvic acid, 2-vinylpyridine, reduced glutathi-one (GSH), oxidised glutathione (GSSG), glutathionereductase (EC 1.6.4.2), 5,5-dithiobis-2-nitrobenzoic acid(DTNB), trypan blue solution, trizma� hydrochloride, D-luciferin sodium salt and luciferase (EC 1.13.12.7) wereobtained from Sigma-Aldrich Co. (St. Louis, MO, USA).Perchloric acid, trichloroacetic acid, 2-thiobarbituric acid,absolute ethanol (EtOH) and all other chemicals were pur-chased from Merck (Darmstadt, Germany). 3,4-Methylen-edioxymethamphetamine (HCl salt) was extracted andpurified from high purity MDMA tablets that were pro-vided by the Portuguese Criminal Police Department.The obtained salt was pure and fully characterized byNMR and mass spectrometry methodologies.

2.2. Animals

Animal experiments were licensed by the PortugueseGeneral Directorate of Veterinary Medicine. Housing

H. Pontes et al. / Toxicology in Vitro 22 (2008) 910–920 911

Helena
Rectangle
Helena
Rectangle
Helena
Inserted Text
Dissertação de candidatura ao grau de Doutor em Toxicologia apresentada à Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto Helena de Oliveira Pontes INTERACÇÕES TOXICOLÓGICAS ENTRE O ÁLCOOL E A ECSTASY. ESTUDOS IN VIVO E IN VITRO.
Helena
Text Box
200

Author's personal copy

and experimental treatment of animals were in accordancewith the Guide for the Care and Use of Laboratory Ani-mals from the Institute for Laboratory Animal Research(ILAR, 1996).

Adult male CD1 mice (Charles-River Laboratories, Bar-celona, Spain), weighing 35–45 g were used. For at least1 week prior to use, the animals were acclimatized in poly-ethylene cages, lined with wood shavings, with wire-meshtops, at an ambient temperature of 20 ± 2 �C, humiditybetween 40% and 60% and 12 h/12 h light/dark cycle (lighton from 8.00 to 20.00 hours), in our animal facilities, hav-ing standard chow and tap drinking water ad libitum. Afterthis adaptation period, the animals were divided into twogroups: EtOH and non-EtOH groups. In the EtOH groupthe tap drinking water was replaced by a 5% EtOH solu-tion for 1 week and, afterwards, by a 12% EtOH solutionfor 8 weeks until the hepatocytes isolation procedure. Thereplacement of water for 5% ethanol before 12% ethanolcorresponds to a required adaptation period, to avoid aver-sion of mice to a high ethanol concentration in the drinkingfluid, since these animals do not have natural preference for12% ethanol. The non-EtOH group remained drinking tapwater ad libitum, during the same period. Surgical proce-dures for the isolation of hepatocytes were performedunder anaesthesia and carried out between 10 a.m. and11 a.m.

Six mice from the EtOH group and six mice from thenon-EtOH group were used for histological analysis. After8 weeks of treatment, livers were excised under anaesthesiaand samples were processed for optic microscopy as indi-cated in 2.5.

2.3. Hepatocytes isolation and incubation

Hepatocytes isolation was performed by collagenaseperfusion as previously described (Carvalho et al.,2004b). Briefly, after anaesthesia, a cannula was introducedin the hepatic portal vein and a Hank solution with EGTAand albumin was perfused to remove the blood from thesinusoids and to chelate calcium, cleaving the hepatic des-mossomes. In a second stage, the liver was perfused with aHank solution including collagenase and its co-factor cal-cium. This enzyme hydrolyses the collagen molecules thatensure the mechanical stability of the liver. The third stepof this protocol consisted in a soft mechanical liver dissoci-ation in Krebs–Henseleit solution with albumin and thecellular suspension obtained was then purified by filtration,centrifugation and washings with Krebs–Henseleit buffersupplemented with 12.5 mM HEPES (pH 7.4) to removenon-parenchymatous cells, non-viable hepatocytes andother contaminants from the suspension. The viability ofthe isolated hepatocytes was estimated by the trypan blueexclusion test and was always higher than 80%.

Aliquots of isolated hepatocytes suspensions containing106 viable cells per mililiter in Krebs–Henseleit solutionsupplemented with 12.5 mM HEPES (pH 7.4) were pre-incubated, before the beginning of the experiments, in a

shaking water bath (90 oscillations/min) for 30 min at37 �C and continuously gassed with carbogen (95% O2/5% CO2). After this pre-incubation period, cells weredivided and the experiments were performed, in parallel,at 37 �C and 41 �C. Sample aliquots were collected at time0 and then the cells were incubated with MDMA hydro-chloride at final concentrations of 0.8 and 1.6 mM. Thetested MDMA concentrations were chosen based on previ-ous studies (Carvalho et al., 2001; Carvalho et al., 2004b)and on preliminary experiments, using this experimentalmodel. Additionally, liver concentrations of MDMA andits metabolites have been found to be substantially higher(up to 18 times) than blood concentrations (Garcia-Rep-etto et al., 2003). Taking into account that most cases ofserious toxicity or fatality have involved MDMA bloodlevels ranging from 2.5 to 50 lM, the concentrations usedin the present study are most likely attained in the in vivo

situation. On the other hand, it is important to evaluatethe interactions of MDMA and its metabolites with cellularcomponents, which is only possible using worst-caseapproach concentrations. The control cells were incubatedunder the same conditions with an equivalent volume ofKrebs–Henseleit solution. Additional sample aliquots werecollected every hour, during a period of incubation of 3 hand were used for the evaluation of cell viability, and quan-tification of GSH, GSSG, and ATP. The evaluation of cellviability was accomplished in the same day of the experi-ment, and the remaining samples were kept frozen(�80 �C) until assay.

2.4. Biochemical analysis

During the course of the experiments, cell viability wasdetermined by the lactate dehydrogenase (LDH) leakagemethod.

The GSH and GSSG contents in cell suspensions weredetermined by the DTNB-GSSG reductase recycling assayas described before (Carvalho et al., 2004a), with somemodifications. Briefly, cell suspension aliquots were precip-itated with equal volume of 10% HClO4 and centrifugedfor 2 min at 16,000g (4 �C). The supernatants were keptfrozen at –80 �C until quantification. The thawed acidicsupernatant was neutralized with equal volume of 0.76 MKHCO3 and centrifuged for 2 min at 16,000g (4 �C). Formeasurement of total glutathione (GSHt), 100 lL/well ofthe neutralized supernatants, standards or blank wereadded in triplicate to 96-well microtiter plates, followedby 65 lL/well of freshly prepared reagent containing0.69 mM NADPH and 4 mM DTNB in 72 mM phosphatebuffer. Plates were then incubated at 30 �C in a plate reader(BioTek Instruments, Vermont, US), for 15 min prior tothe addition of 40 lL/well of a 10 IU/mL glutathionereductase (GR) solution in phosphate buffer. The stoich-metric formation of 5-thio-2-nitrobenzoic acid (TNB) wasfollowed for 3 min at 415 nm and compared to a standardcurve. For the determination of GSSG, 10 lL of 2-vinyl-pyridine were added to 200 lL aliquots of acidic

912 H. Pontes et al. / Toxicology in Vitro 22 (2008) 910–920

Helena
Rectangle
Helena
Rectangle
Helena
Text Box
201

Author's personal copy

supernatant and mixed continuously for 1 h for derivatiza-tion of GSH. GSSG was then measured as described abovefor total glutathione. The molar GSH levels were calcu-lated by subtracting the GSSG content from the total glu-tathione content (GSH = GSHt � 2 � GSSG).

ATP levels were evaluated through a bioluminescenttechnique based in an enzyme, luciferase, that catalysesthe formation of light from ATP and luciferin, as describedbefore (Capela et al., 2007). The emitted light intensity islinearly related to the ATP concentration and was mea-sured using a 96-well Microplate Luminometer (BioTekInstruments, Vermont, US). Samples in 5% HClO4 wereneutralized with 0.76 M KHCO3. After centrifugation for2 min at 16,000g (4 �C), 100 lL of the neutralized superna-tants were added to each well of a 96-well microplate con-taining 100 lL of luciferin–luciferase assay solution[0.15 mM luciferin, 300,000 light units of luciferase fromPhotinus pyralis (American firefly), 50 mM glycine,10 mM MgSO4, 1 mM Tris, 0.55 mM EDTA, 1%BSA(pH 7.6)]. ATP calibration curves were routinely performed(ATP standard stocks in HClO4 5% were kept at �80 �Cuntil the assay).

2.5. Tissue preparation for optic microscopy – histological

analysis

For optic microscopy, after excision, livers were sliced in2–4 mm3 pieces, approximately, and fixed in 4% formalde-hyde. The fixed pieces were dehydrated with graded etha-nol and included in paraffin blocks. Benzene was used inthe transition between dehydration and impregnation.Semi-thin sections (4 lm) were cut in a microtome, appliedon silane-coated slides and deparaffinized. The deparaffi-nated sections were stained for collagen detection withWeigert’s haematoxylin, acid alcohol (for differentiation)and Van Gieson’s staining solution. This stain evidencescollagen fibres with a red coloration.

2.6. Statistical analysis

Results are presented as mean ± S.E.M. (from at leastfive experiments of different preparations of hepatocytes).For hepatocyte yield analysis, comparisons were made byunpaired t-test with Welch’s correction. All other statisticalcomparisons were performed by one-way analysis of vari-ance (ANOVA) followed by the Bonferroni’s post-hoc test.Significance was accepted at P < 0.05.

3. Results

3.1. Hepatocytes yield and initial cell viability

During the perfusion step of the isolation procedure, thelivers of EtOH pre-treated animals offered high resistanceto perfusion, reducing the efficiency of this process, andresulting in significantly fewer viable cells at the end ofthe isolation procedure [42.7 ± 2.8 millions for the non-

EtOH group versus 31.1 ± 2.4 millions for the EtOH group(P < 0.01)]. Accordingly, in the histological analysis it wasobserved that liver sections of EtOH pre-treated animalspresented a higher deposition of collagen fibres than thecontrol animals along the hepatic parenchyma (Fig. 1).However, there were no statistical differences between cellviabilities of the hepatocytes suspensions obtained frommice of non-EtOH (87.8 ± 1.3%) or EtOH pre-treated(86.3 ± 1.1%) groups.

3.2. Toxicity parameters

The toxicity of MDMA to freshly isolated hepatocytesobtained from non-EtOH mice and mice repeatedlyexposed to 12% EtOH was evaluated, under normothermicand hyperthermic conditions, by measuring (i) the redoxstatus of the hepatocytes suspensions by the quantificationof total glutathione (GSHt), GSH and GSSG levels, (ii) theenergy status by determination of cellular ATP concentra-tions and (iii) the cell death-rate through the quantificationof LDH leakage to the suspension buffer.

3.2.1. Redox status of the hepatocytes suspensions3.2.1.1. Effect of EtOH pre-treatment. Both GSH andGSSG levels presented variations, which were dependenton mice EtOH pre-treatment, MDMA concentration, tem-perature and time of incubation (Fig. 2). The initial levelsof total and reduced glutathione were significantlydecreased in the hepatocytes from the EtOH-treated group(Fig. 2b and d). The non-EtOH group presented initialGSHt levels of 162.3 ± 11.4 nmol/106 cells and137.6 ± 11.2 nmol/106 cells of GSH while the EtOH grouppresented 101.1 ± 5.9 nmol/106 cells of GSHt (P < 0.01)and 71.0 ± 6.2 nmol/106 cells of GSH (P < 0.01). Theseresults correspond to a depletion of the GSHt levels andGSH levels of approximately 40% and 50%, respectively,in the EtOH-group. In accordance, the GSSG levels inthe EtOH group were significantly increased, around 25%(15.1 ± 1.0 nmol of GSSG/106 cells for the EtOH groupversus 12.4 ± 0.6 nmol of GSSG/106 cells for the non-EtOH group). However, it is interesting to notice that thevariation trends of GSH and GSSG levels during the 3 hperiod of hepatocytes incubation were similar betweenthe hepatocytes obtained from EtOH and non-EtOHgroups. In both groups, GSH decreased and GSSGincreased, in a time-, concentration- and temperature-dependent manner, although to a different extension.

3.2.1.2. Effect of hyperthermia. GSH oxidation was clearlyenhanced under hyperthermic conditions and significantlyincreased when mice were pre-treated with EtOH. In fact,after 3 h of incubation, the hepatocytes obtained fromthe non-EtOH group showed a GSH depletion more severeat 41 �C than at 37 �C (135.5 ± 48.0 nmol/106 cells at 37 �Cversus 87.6 ± 30.3 nmol/106 cells at 41 �C, for controlcells). Considering the EtOH-group, under normothermicconditions the GSH concentrations in the hepatocytes are

H. Pontes et al. / Toxicology in Vitro 22 (2008) 910–920 913

Helena
Rectangle
Helena
Rectangle
Helena
Text Box
202

Author's personal copy

approximately half of the concentrations of the non-EtOHgroup (55.2 ± 21.2 nmol GSH/106 cells for EtOH groupversus 135.5 ± 48.0 nmol GSH/106 cells for non-EtOHgroup, considering control cells at 37 �C and t = 3 h).Under hyperthermia, these concentrations can reach values6 times lower than those in the hepatocytes obtained frommice not exposed to EtOH (19.9 ± 7.4 nmol GSH/106 cellsfor EtOH group versus 87.6 ± 30.3 nmol GSH/106 cells fornon-EtOH group, considering control cells at 41 �C andt = 3 h) (Fig. 2).

3.2.1.3. Effect of MDMA. Hepatocytes incubation withMDMA also increases their oxidative stress status. The cellsobtained from the non-EtOH group showed a GSH oxida-tion dependent on MDMA concentration, incubation timeand temperature conditions (Fig. 2). Under normothermicconditions there was a significant depletion of GSHobserved after 3 h of hepatocytes incubation with 1.6 mMMDMA [from 137.6 ± 11.2 nmol GSH/106 cells, att = 0 h, to 58.9 ± 16.7 nmol GSH/106 cells, at t = 3 h(P < 0.05)]. This GSH depletion was enhanced by hyper-thermia. In fact, at 41 �C, the GSH depletion was observed

earlier for 1.6 mM MDMA [GSH levels varied from137.6 ± 11.2 nmol GSH/106 cells at t = 0 h to 66.2 ± 20.1nmol GSH/106 cells at t = 2 h (P < 0.05) and to20.1 ± 19.0 nmol GSH/106 cells at t = 3 h (P < 0.001)] andalso observed after 3 h for hepatocytes incubation with0.8 mM MDMA [GSH levels varied from 137.6 ± 11.2nmol GSH/106 cells at t = 0 h to 61.6 ± 8.4 nmol GSH/106 cells (P < 0.05)]. In hepatocytes obtained from EtOHpre-treated mice, the GSH depletion induced by MDMAwas more pronounced, especially under hyperthermic con-ditions (44.4 ± 17.1 nmol GSH/106 cells at 37 �C versus

18.3 ± 5.8 nmol GSH/106 cells at 41 �C, for 1.6 mMMDMA at t = 3 h).

Differences in GSH depletion between MDMA concen-trations were not evident. However, hepatocytes obtainedfrom the EtOH-treated group showed, for both MDMAconcentrations, a higher depletion of GSH cellular levelscompared to the non-EtOH group. The initial levels ofGSSG were significantly higher for the EtOH-treatedgroup [15.1 ± 1.0 nmol GSSG/106 cells for EtOH groupversus 12.4 ± 0.6 nmol GSSG/106 cells for non-EtOHgroup (P < 0.01)]. A time-dependent GSSG increase was

Fig. 1. Histologycal analysis of liver sections obtained from control (a and b) and EtOH pre-treated animals (c and d) with Van Gieson staining forcollagen. The deposition of collagen fibres is evidenced by an increase of red coloured filaments.

914 H. Pontes et al. / Toxicology in Vitro 22 (2008) 910–920

Helena
Rectangle
Helena
Rectangle
Helena
Text Box
203

Author's personal copy

observed in both groups (51.0 ± 7.8 nmol GSSG/106 cellsfor non-EtOH group and 1.6 mM MDMA at 37 �C andt = 3 h) and were significantly potentiated by hyperthermiaon the non-EtOH group (93.1 ± 8.0 nmol GSSG/106 cellsfor the non-EtOH group and 1.6 mM MDMA at 41 �Cand t = 3 h).

3.2.2. Cellular energy status

Fig. 3 illustrates the energy status of the isolated hepato-cytes under the different experimental conditions evaluatedby the quantification of ATP levels. No significant differ-ences were observed in the initial levels of ATP betweennon-EtOH and EtOH groups. In both groups, under nor-mothermic conditions, ATP levels remained unchangedduring all the experiment for control cells and bothMDMA concentrations tested. Under hyperthermic condi-tions ATP levels showed a significant concentration- andtime-dependent decrease. However, no differences wereobserved between EtOH and non-EtOH groups. In fact,for both groups, the ATP concentration, at t = 0 h, wasabout 45 lM decreasing, at t = 3 h, to levels nearly20 lM for control cells, 10 lM for cells incubated with

0.8 mM MDMA and 2 lM for cells incubated with1.6 mM MDMA.

3.2.3. Cell death-rateFig. 4 represents the death-rate of hepatocytes obtained

from non-EtOH and EtOH-treated mice, incubated underthe different conditions considered in this study, as evalu-ated by the LDH leakage. When hepatocytes were incu-bated at 37 �C (Fig. 4a and b), LDH leakage was similarto the control for EtOH and non-EtOH groups and forboth MDMA concentrations tested. The hepatocytes sus-pensions showed a time-dependent loss of cell viabilityexpressed by an increase of LDH leakage, which reachedsignificance at the 3 hour time-point (23.9 ± 0.9% ofLDH leakage at t = 0 h, compared to 43.2 ± 1.4% att = 3 h for control cells). Under hyperthermic conditions,the time-dependent loss of cell viability was aggravatedand dependent on MDMA concentration. For example,LDH leakage results were 55.1 ± 3.3%, 82.3 ± 3.9% and91.2 ± 0.4% for cells incubated with 0, 0.8 and 1.6 mMMDMA respectively, for EtOH group at t = 3 h(P < 0.001 comparing to t = 0 h and to normothermic

0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 30

100

200

3001600μM MDMAControl 800μM MDMA

k k k

k k k

a abbbb

b a

bc c cc

c

Time (h)

Tota

lGSH

(nm

ol/m

illio

n ce

lls)

0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 30

100

200

3001600μM MDMAControl 800μM MDMA

a

c

a

a c

cf c

fcfc

f

cf

cf

cd

Time (h)

Tota

lGSH

(nm

ol/m

illio

n ce

lls)

0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 30

100

200

3001600μM MDMAControl 800μM MDMA

k k k

k k k

a

bb

c c

cc

Time (h)

Tota

l GSH

(nm

ol/m

illio

n ce

lls)

a

c

GSH GSSG

Non-EtOH group EtOH group

Nor

mot

herm

ia(3

7ºC

)H

yper

ther

mia

(41º

C)

GSH GSSG

GSH GSSG

GSH GSSG

0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 30

100

200

3001600μM MDMAControl 800μM MDMA

a

c

c

c

ccc

b

Time (h)

Tota

lGSH

(nm

ol/m

illio

n ce

lls)

b

d

Fig. 2. Effect of MDMA and hyperthermia (c and d) on GSH and GSSG levels in freshly isolated mouse hepatocytes from non-EtOH (a and c) and EtOHgroups (b and d). Results are represented as mean ± SEM from at least five experiments. a P < 0.05, b P < 0.01, c P < 0.001, compared to time zero.d P < 0.05, f P < 0.001, compared to 37 �C. k P < 0.01, compared to non-EtOH group.

H. Pontes et al. / Toxicology in Vitro 22 (2008) 910–920 915

Helena
Rectangle
Helena
Rectangle
Helena
Text Box
204

Author's personal copy

conditions). However, there were no significant differencesbetween the non-EtOH and EtOH groups.

4. Discussion

Our experimental observations clearly showed that therepeated in vivo treatment of mice with 12% EtOH for8 weeks compromised the hepatocyte yield after isolation.This handicap for the isolation of hepatocytes from etha-nol-treated animals was not reported before, although thislower hepatocyte yield can be explained by the occurrenceof collagen deposition during chronic EtOH consumption(Seitz and Stickel, 2006) as confirmed by the histologicaldata presented in Fig. 1, which can affect the hepatic perfu-sion of the collagenase solution and, therefore, the hepato-cytes isolation. In spite of the well known LDH releasingeffects of ethanol (Henzel et al., 2004), in the present study,the pre-treatment of mice with EtOH did not result in sta-tistical differences between the initial viability of hepato-cytes, obtained from EtOH and non-EtOH groups, whichis likely due to a selective isolation of EtOH tolerant hepa-

tocytes since, during the washing steps of the isolation pro-cedure, damaged cells were removed.

The toxic effects of EtOH pre-treatment were also evi-denced by the GSH content at the beginning of the exper-iment (137.6 ± 11.2 nmol GSH/106 cells for non-EtOHgroup versus 71.0 ± 6.2 nmol GSH/106 cells for EtOHgroup) and during the hepatocytes incubation period asexpressed by a severe depletion of glutathione levels, whichwere further depleted upon MDMA exposure. In the non-EtOH group, the cells incubated with MDMA underhyperthermic conditions presented a higher depletion ofGSH levels and a higher increase of GSSG levels thanthe correspondent control cells (neither exposed to ethanolnor to MDMA). GSH depletion after MDMA exposurewas previously reported in isolated rat (Carvalho et al.,2004b) and mouse (Carvalho et al., 2001) hepatocytes, asit happened in the present study. However, the GSH deple-tion induced by MDMA and/or hyperthermia was notaccompanied by a proportional increase in GSSG levels,which means that this GSH decrease was due, not onlyto glutathione oxidation, but mainly to the formation ofglutathione conjugates with MDMA reactive metabolites

0 1 2 3-5

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

c,f,i

c,f,i

d

c,f,g

a

c,d

a

Non-EtOH group Control Non-EtOH group 800μM MDMA Non-EtOH group 1600μM MDMA

ATP

Con

cent

ratio

n (μ

M)

Time (h)0 1 2 3

-5

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

a,fb,f

c,f,i

b,f,gc,f,g

c,f

EtOH group Control EtOH group 800μM MDMA EtOH group 1600μM MDMA

ATP

Con

cent

ratio

n (μ

M)

Time (h)

0 1 2 3-5

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

b

ATP

Con

cent

ratio

n (μ

M)

Time (h)

Non-EtOH group Control Non-EtOH group 800μM MDMA Non-EtOH group 1600μM MDMA

0 1 2 3-5

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

EtOH group Control EtOH group 800μM MDMA EtOH group 1600μM MDMA

ATP

Con

cent

ratio

n (μ

M)

Time (h)

a b

c d

Non-EtOH group EtOH group

Nor

mot

herm

ia(3

7ºC

)H

yper

ther

mia

(41º

C)

Fig. 3. Effect of MDMA and hyperthermia (c and d) on ATP levels in freshly isolated mouse hepatocytes from non-EtOH (a and c) and EtOH groups(b and d). Results are represented as mean ± SEM from at least five experiments. a P < 0.05, b P < 0.01, c P < 0.001, compared to time zero. d P < 0.05,f P < 0.001, compared to 37 �C. g P < 0.05, iP < 0.001 compared to control cells.

916 H. Pontes et al. / Toxicology in Vitro 22 (2008) 910–920

Helena
Rectangle
Helena
Rectangle
Helena
Text Box
205

Author's personal copy

(Carvalho et al., 2002b; Carvalho et al., 2004a). Since GSHis a crucial endogenous antioxidant in cell protection (Hanet al., 2006), its depletion may increase the cell susceptibil-ity to the deleterious effects of reactive compounds, ROSand RNS, formed within the cells during the metabolismof MDMA and EtOH. However, the GSH depletion elic-ited by EtOH pre-treatment (Fig. 2) did not aggravatethe MDMA-induced cell death as demonstrated by thesimilar LDH leakage in both groups (Fig. 4). A possibleexplanation is the decreased formation of toxic GSH con-jugates with the catechol metabolites of MDMA, since lessGSH is available for conjugation. As already confirmed byour group, these conjugates are more toxic than their par-ent compounds for primary cultures of rat and humanrenal proximal tubular cells (Carvalho et al., 2002b) andfor rat cortical neuronal serum-free cultures (Capelaet al., 2006).

The GSH depletion that results from the EtOH pre-treatment is in accordance with the results previouslyobtained by other groups, which evidenced that long-term

incubation of isolated rat hepatocytes (Cobreros et al.,1997) and primary cultures of human and rat hepatocytes(Castilla et al., 2004; Yang et al., 2005) with high concen-trations of EtOH (P100 mM) increased oxidative stressmarkers such as lipid peroxidation and GSH depletion.Other studies demonstrated that either acute or chronicEtOH administration to experimental animals decreasedtissue levels of antioxidants, including GSH, in the liver(Nordmann et al., 1992), suggesting that the impairmentof cellular antioxidant defences along with the formationof ROS plays a role in causing oxidative damage associatedwith EtOH hepatotoxicity (Yang et al., 2005). On the otherhand, recent reports indicate that low EtOH concentra-tions (65 mM) were able to reduce the basal level of intra-cellular oxidative stress markers in primary cultures ofhuman and rat hepatocytes (Castilla et al., 2004) while,Deaciuc and colleagues described that GSH and GSSGcontents in hepatocytes were not affected when rats werefed during 7 weeks with an alcohol-containing liquid diet(Deaciuc et al., 1999).

0 1 2 3

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

c

a

cc

Non-EtOH group Control Non-EtOH group 800 μM MDMA Non-EtOH group 1600 μM MDMA

% L

DH

Lea

kage

Time (h)0 1 2 3

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

bbc

EtOH group Control EtOH group 800 μM MDMA EtOH group 1600 μM MDMA

% L

DH

Lea

kage

Time (h)

0 1 2 3

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

c,f,i

c,e,i

c,d,h

c,f,i

c

ca

Non-EtOH group Control Non-EtOH group 800 μM MDMA Non-EtOH group 1600 μM MDMA

% L

DH

Lea

kage

Time (h)0 1 2 3

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

c,f,i

c,f,h

a

c,f,i

c,f,g c,e

a

% L

DH

Lea

kage

Time (h)

EtOH group Control EtOH group 800 μM MDMA EtOH group 1600 μM MDMA

a b

c d

Non-EtOH group EtOH group

No

rmo

ther

mia

(37º

C)

Hyp

erth

erm

ia(4

1ºC

)

Fig. 4. Effect of MDMA and hyperthermia (c and d) on LDH leakage in freshly isolated mouse hepatocytes from non-EtOH (a and c) and EtOH groups(b and d). Results are represented as mean ± SEM from at least five experiments. a P < 0.05, b P < 0.01, c P < 0.001, compared to time zero. d P < 0.05,e P < 0.01, f P < 0.001, compared to 37 �C. g P < 0.05, h P < 0.01, i P < 0.001 compared to control cells.

H. Pontes et al. / Toxicology in Vitro 22 (2008) 910–920 917

Helena
Rectangle
Helena
Rectangle
Helena
Text Box
206

Author's personal copy

Another toxic event observed in cells exposed toMDMA and EtOH was a concentration- and time-depen-dent depletion of cellular ATP levels that was significantunder hyperthermic conditions. This depletion confirmedthe results already described for MDMA alone (Carvalhoet al., 2004b) and denotes an inhibition of mitochondrialfunction under these experimental conditions (Burrowset al., 2000; Wu and Cederbaum, 2003; Quinton andYamamoto, 2006). This effect may result from altered thiolhomeostasis, and toxic metabolites formation fromMDMA and/or EtOH that can affect mitochondrial energyprocesses by damaging mitochondrial membranes and/orproteins (Seitz and Stickel, 2006). Additionally, the mito-chondrial dysfuntion underlying the observed ATP deple-tion could be directly instigated by hyperthermicconditions, as already described for tumoral cell lines andcardiomyocytes (Yuen et al., 2000; Qian et al., 2004; Zhaoet al., 2006).

Concluding, the results from the present study evi-denced, for the first time, that mice pre-treatment with12% EtOH during 8 weeks increases the vulnerability offreshly isolated mouse hepatocytes towards pro-oxidantconditions, as ascertained by the lower hepatocytes yieldand decreased GSH levels and increased GSSG levels. Thisdepletion of GSH content in the isolated hepatocytes alterstheir susceptibility to one of the early consequences ofMDMA metabolism (disruption of thiol homeostasis),which may result in loss of protein function and the initia-tion of a cascade of events leading to cellular damage.However, MDMA toxicity to the isolated hepatocytes,evaluated by LDH leakage, was independent of EtOHpre-treatment, while significantly dependent on incubationtemperature. Thus, the in vitro mimicking of the hyperther-mia induced in vivo by MDMA consumption was ofextreme importance since it significantly enhanced the del-eterious effects induced by MDMA at 37 �C for both non-EtOH and EtOH groups.

Notwithstanding the obtained results, caution should beexercised in comparing in vitro and in vivo situations,because there are some in vivo factors that could not bereproduced in this experimental model, such as uptakeand metabolism of different cell types, blood flux varia-tions, hormones and liver zonal differences in oxygen ten-sion and enzymatic distribution.

The relevance of this study is unequivocal because thesimultaneous consumption of MDMA and EtOH has beenassociated with MDMA-related fatalities (Schifano et al.,2003) and road accidents (Drummer et al., 2003; Chenget al., 2005; Kuypers et al., 2006). To our knowledge thisis the first report on the hepatic toxicological interactionof MDMA and EtOH, whose hepatic metabolism to toxicderivatives is already extensively described. Previous stud-ies on the association of these drugs have mainly focusedon physiologic or psychologic consequences to humans(Pacifici et al., 2001; Hernandez-Lopez et al., 2002; Ramae-kers and Kuypers, 2006).

Thus, the possible relationship of such findings requiresfurther in vivo testing to clarify the putative effects exertedby the combined use of MDMA and EtOH.

Acknowledgement

Helena Pontes thanks FCT for financial support(SFRH/BD/18527/2004).

References

Barrett, S.P., Darredeau, C., Pihl, R.O., 2006. Patterns of simultaneouspolysubstance use in drug using university students. Human Psycho-pharmacology 21, 255–263.

Ben Hamida, S., Plute, E., Bach, S., Lazarus, C., Tracqui, A., Kelche, C.,de Vasconcelos, A.P., Jones, B.C., Cassel, J.C., 2007. Ethanol–MDMA interactions in rats: the importance of interval betweenrepeated treatments in biobehavioral tolerance and sensitization to thecombination. Psychopharmacology (Berl) 192, 555–569.

Bilsky, E.J., Hui, Y.Z., Hubbell, C.L., Reid, L.D., 1990. Methylenedi-oxymethamphetamine’s capacity to establish place preferences andmodify intake of an alcoholic beverage. Pharmacology Biochemistryand Behavior 37, 633–638.

Burrows, K.B., Gudelsky, G., Yamamoto, B.K., 2000. Rapid andtransient inhibition of mitochondrial function following methamphet-amine or 3,4-methylenedioxymethamphetamine administration. Euro-pean Journal of Pharmacology 398, 11–18.

Capela, J.P., Meisel, A., Abreu, A.R., Branco, P.S., Ferreira, L.M., Lobo,A.M., Remiao, F., Bastos, M.L., Carvalho, F., 2006. Neurotoxicity ofecstasy metabolites in rat cortical neurons, and influence of hyperthermia.Journal of Pharmacology and Experimental Therapeutics 316, 53–61.

Capela, J.P., Macedo, C., Branco, P.S., Ferreira, L.M., Lobo, A.M.,Fernandes, E., Remiao, F., Bastos, M.L., Dirnagl, U., Meisel, A.,Carvalho, F., 2007. Neurotoxicity mechanisms of thioether ecstasymetabolites. Neuroscience 146, 1743–1757.

Carvalho, F., Remiao, F., Soares, M.E., Catarino, R., Queiroz, G.,Bastos, M.L., 1997. D-Amphetamine-induced hepatotoxicity: possiblecontribution of catecholamines and hyperthermia to the effect studiedin isolated rat hepatocytes. Archives of Toxicology 71, 429–436.

Carvalho, M., Carvalho, F., Bastos, M.L., 2001. Is hyperthermia thetriggering factor for hepatotoxicity induced by 3,4-methylenedioxy-methamphetamine (ecstasy)? An in vitro study using freshly isolatedmouse hepatocytes. Archives of Toxicology 74, 789–793.

Carvalho, M., Carvalho, F., Remiao, F., Pereira, M.L., Pires-das-Neves,R., Bastos, M.L., 2002a. Effect of 3,4-methylenedioxymethamphet-amine (‘‘ecstasy”) on body temperature and liver antioxidant status inmice: influence of ambient temperature. Archives of Toxicology 76,166–172.

Carvalho, M., Hawksworth, G., Milhazes, N., Borges, F., Monks, T.J.,Fernandes, E., Carvalho, F., Bastos, M.L., 2002b. Role of metabolitesin MDMA (ecstasy)-induced nephrotoxicity: an in vitro study using ratand human renal proximal tubular cells. Archives of Toxicology 76,581–588.

Carvalho, M., Milhazes, N., Remiao, F., Borges, F., Fernandes, E.,Amado, F., Monks, T.J., Carvalho, F., Bastos, M.L., 2004a. Hepa-totoxicity of 3,4-methylenedioxyamphetamine and alpha-methyldop-amine in isolated rat hepatocytes: formation of glutathione conjugates.Archives of Toxicology 78, 16–24.

Carvalho, M., Remiao, F., Milhazes, N., Borges, F., Fernandes, E.,Carvalho, F., Bastos, M.L., 2004b. The toxicity of N-methyl-alpha-methyldopamine to freshly isolated rat hepatocytes is prevented byascorbic acid and N-acetylcysteine. Toxicology 200, 193–203.

Cassel, J.C., Jeltsch, H., Koenig, J., Jones, B.C., 2004. Locomotor andpyretic effects of MDMA – ethanol associations in rats. Alcohol 34,285–289.

918 H. Pontes et al. / Toxicology in Vitro 22 (2008) 910–920

Helena
Rectangle
Helena
Rectangle
Helena
Text Box
207

Author's personal copy

Cassel, J.C., Riegert, C., Rutz, S., Koenig, J., Rothmaier, K., Cosquer, B.,Lazarus, C., Birthelmer, A., Jeltsch, H., Jones, B.C., Jackisch, R.,2005. Ethanol, 3,4-methylenedioxymethamphetamine (ecstasy) andtheir combination: long-term behavioral, neurochemical and neuro-pharmacological effects in the rat. Neuropsychopharmacology 30,1870–1882.

Castilla, R., Gonzalez, R., Fouad, D., Fraga, E., Muntane, J., 2004. Dualeffect of ethanol on cell death in primary culture of human and rathepatocytes. Alcohol and Alcoholism 39, 290–296.

Cheng, J.Y., Chan, D.T., Mok, V.K., 2005. An epidemiological study onalcohol/drugs related fatal traffic crash cases of deceased drivers inHong Kong between 1996 and 2000. Forensic Science International153, 196–201.

Cobreros, A., Sainz, L., Lasheras, B., Cenarruzabeitia, E., 1997. Hepa-totoxicity of ethanol: protective effect of calcium channel blockers inisolated hepatocytes. Liver 17, 76–82.

Crean, R.D., Davis, S.A., Von Huben, S.N., Lay, C.C., Katner, S.N.,Taffe, M.A., 2006. Effects of (±)3,4-methylenedioxymethamphet-amine, (±)3,4-methylenedioxyamphetamine and methamphetamineon temperature and activity in rhesus macaques. Neuroscience 142,515–525.

de la Torre, R., Farre, M., Roset, P.N., Pizarro, N., Abanades, S., Segura,M., Segura, J., Cami, J., 2004. Human pharmacology of MDMA.Pharmacokinetics, metabolism and disposition. Therapeutic DrugMonitoring 26, 137–144.

Deaciuc, I.V., Fortunato, F., D’Souza, N.B., Hill, D.B., Schmidt, J., Lee,E.Y., McClain, C.J., 1999. Modulation of caspase-3 activity and Fasligand mRNA expression in rat liver cells in vivo by alcohol andlipopolysaccharide. Alcoholism: Clinical and Experimental Research23, 349–356.

Drummer, O.H., Gerostamoulos, J., Batziris, H., Chu, M., Caplehorn,J.R., Robertson, M.D., Swann, P., 2003. The incidence of drugs indrivers killed in Australian road traffic crashes. Forensic ScienceInternational 134, 154–162.

EMCDDA, 2005. Annual report 2005: The state of the drugs problem inEurope.

Garcia-Repetto, R., Moreno, E., Soriano, T., Jurado, C., Gimenez, M.P.,Menendez, M., 2003. Tissue concentrations of MDMA and itsmetabolite MDA in three fatal cases of overdose. Forensic ScienceInternational 135, 110–114.

Gemma, S., Vichi, S., Testai, E., 2006. Individual susceptibility andalcohol effects: biochemical and genetic aspects. Annali dell’IstitutoSuperiore di Sanita 42, 8–16.

Green, A.R., O’shea, E., Colado, M.I., 2004. A review of the mechanismsinvolved in the acute MDMA (ecstasy)-induced hyperthermicresponse. European Journal of Pharmacology 500, 3–13.

Hall, A.P., Henry, J.A., 2006. Acute toxic effects of ‘Ecstasy’ (MDMA)and related compounds: overview of pathophysiology and clinicalmanagement. British Journal of Anaesthesia 96, 678–685.

Hamida, S.B., Bach, S., Plute, E., Jones, B.C., Kelche, C., Cassel, J.C.,2006. Ethanol-ecstasy (MDMA) interactions in rats: preserved atten-uation of hyperthermia and potentiation of hyperactivity by ethanoldespite prior ethanol treatment. Pharmacology Biochemistry andBehavior 84, 162–168.

Han, D., Hanawa, N., Saberi, B., Kaplowitz, N., 2006. Mechanisms ofliver injury. III. Role of glutathione redox status in liver injury.American Journal of Physiology – Gastrointestinal and Liver Phys-iology 291, G1–G7.

Henzel, K., Thorborg, C., Hofmann, M., Zimmer, G., Leuschner, U.,2004. Toxicity of ethanol and acetaldehyde in hepatocytes treated withursodeoxycholic or tauroursodeoxycholic acid. Biochimica et Biophy-sica Acta 1644, 37–45.

Hernandez-Lopez, C., Farre, M., Roset, P.N., Menoyo, E., Pizerro, N.,Ortuno, J., Torrens, M., Cami, J., de la Torre, R., 2002. 3,4-Methylenedioxymethamphetamine (ecstasy) and alcohol interactionsin humans: psychomotor performance, subjective effects, and phar-macokinetics. Journal of Pharmacology and Experimental Therapeu-tics 300, 236–244.

ILAR, 1996. Guide for the Care and Use of Laboratory Animals.National Academy Press, Washington, DC.

Izco, M., Marchant, I., Escobedo, I., Peraile, I., Delgado, M., Higuera-Matas, A., Olias, O., Ambrosio, E., O’Shea, E., Colado, M.I., 2007a.Mice with decreased cerebral dopamine function following a neuro-toxic dose of MDMA (3,4-methylenedioxymethamphetamine,‘‘Ecstasy”) exhibit increased ethanol consumption and preference.Journal of Pharmacology and Experimental Therapeutics 322, 1003–1012.

Izco, M., Orio, L., O’shea, E., Colado, M.I., 2007b. Binge ethanoladministration enhances the MDMA-induced long-term 5-HT neuro-toxicity in rat brain. Psychopharmacology (Berl) 189, 459–470.

Kuypers, K.P.C., Samyn, N., Ramaeckers, J.G., 2006. MDMA andalcohol effects, combined and alone, on objective and subjectivemeasures of actual driving performance and psychomotor function.Psychopharmacology 187, 467–475.

Marques-Vidal, P., Dias, C.M., 2005. Trends and determinants of alcoholconsumption in Portugal: results from the national health surveys 1995to 1996 and 1998 to 1999. Alcoholism: Clinical and ExperimentalResearch 29, 89–97.

Maurer, H.H., Kraemer, T., Springer, D., Staack, R.F., 2004. Chemistry,pharmacology, toxicology, and hepatic metabolism of designer drugsof the amphetamine (ecstasy), piperazine, and pyrrolidinophenonetypes: a synopsis. Therapeutic Drug Monitoring 26, 127–131.

Nordmann, R., Ribiere, C., Rouach, H., 1992. Implication of free radicalmechanisms in ethanol-induced cellular injury. Free Radical Biologyand Medicine 12, 219–240.

Pacifici, R., Zuccaro, R., Hernandez-Lopez, C., Pichini, S., Di Carlo, S.,Farre, M., Roset, P.N., Ortuno, J., Segura, J., Torre, R.L., 2001. Acuteeffects of 3,4-methylenedioxymethamphetamine alone and in combi-nation with ethanol on the immune system in humans. Journal ofPharmacology and Experimental Therapeutics 296, 207–215.

Qian, L., Song, X., Ren, H., Gong, J., Cheng, S., 2004. Mitochondrialmechanism of heat stress-induced injury in rat cardiomyocyte. CellStress & Chaperones 9, 281–293.

Quinton, M.S., Yamamoto, B.K., 2006. Causes and consequences ofmethamphetamine and MDMA toxicity. American Association ofPharmaceutical Scientists Journal 8, E337–E347.

Ramaekers, J.G., Kuypers, K.P., 2006. Acute effects of 3,4-methylenedi-oxymethamphetamine (MDMA) on behavioral measures of impulsiv-ity: alone and in combination with alcohol. Neuropsychopharmacology31, 1048–1055.

Rezvani, A.H., Garges, P.L., Miller, D.B., Gordon, C.J., 1992. Attenu-ation of alcohol consumption by MDMA (ecstasy) in two strains ofalcohol-preferring rats. Pharmacology Biochemistry and Behavior 43,103–110.

SAMHSA, 2005. 2005 National Survey on Drug Use and Health:National Findings.

Santos-Marques, M.J., Carvalho, F., Sousa, C., Remiao, F., Vitorino, R.,Amado, F., Ferreira, R., Duarte, J.A., Bastos, M.L., 2006. Cytotox-icity and cell signalling induced by continuous mild hyperthermia infreshly isolated mouse hepatocytes. Toxicology 224, 210–218.

Schifano, F., 2004. A bitter pill. Overview of ecstasy (MDMA, MDA)related fatalities. Psychopharmacology (Berl) 173, 242–248.

Schifano, F., Oyefeso, A., Corkery, J., Cobain, K., Jambert-Gray, R.,Martinotti, G., Ghodse, A.H., 2003. Death rates from ecstasy(MDMA, MDA) and polydrug use in England and Wales 1996–2002. Human Psychopharmacology 18, 519–524.

Seitz, H.K., Stickel, F., 2006. Risk factors and mechanisms of hepatocar-cinogenesis with special emphasis on alcohol and oxidative stress.Biological Chemistry 387, 349–360.

Smart, R.G., Ogborne, A.C., 2000. Drug use and drinking among studentsin 36 countries. Addictive Behaviours 25, 455–460.

Tossmann, P., Boldt, S., Tensil, M.D., 2001. The use of drugs within thetechno party scene in European metropolitan cities. European Addic-tion Research 7, 2–23.

Von Huben, S.N., Lay, C.C., Crean, R.D., Davis, S.A., Katner, S.N.,Taffe, M.A., 2007. Impact of ambient temperature on hyperthermia

H. Pontes et al. / Toxicology in Vitro 22 (2008) 910–920 919

Helena
Rectangle
Helena
Rectangle
Helena
Text Box
208

Author's personal copy

induced by (±)3,4-methylenedioxymethamphetamine in Rhesus Maca-ques. Neuropsychopharmacology 32, 673–681.

Wu, D., Cederbaum, A.I., 2003. Alcohol, oxidative stress, and free radicaldamage. Alcohol Research & Health 27, 277–284.

Yang, S.S., Huang, C.C., Chen, J.R., Chiu, C.L., Shieh, M.J., Lin, S.J.,Yang, S.C., 2005. Effects of ethanol on antioxidant capacity in isolatedrat hepatocytes. World Journal of Gastroenterology 11, 7272–7276.

Yuen, W.F., Fung, K.P., Lee, C.Y., Choy, Y.M., Kong, S.K., Ko, S.,Kwok, T.T., 2000. Hyperthermia and tumour necrosis factor-alphainduced apoptosis via mitochondrial damage. Life Sciences 67, 725–732.

Zhao, Q.L., Fujiwara, Y., Kondo, T., 2006. Mechanism of cell deathinduction by nitroxide and hyperthermia. Free Radical Biology andMedicine 40, 1131–1143.

920 H. Pontes et al. / Toxicology in Vitro 22 (2008) 910–920

Helena
Rectangle
Helena
Rectangle
Helena
Text Box
209
Helena
Text Box
210

Trabalho IV. Synergistic toxicity of ethanol and MDMA towards primary

cultured rat hepatocytes.

Author's personal copy

Toxicology 254 (2008) 42–50

Contents lists available at ScienceDirect

Toxicology

journa l homepage: www.e lsev ier .com/ locate / tox ico l

Synergistic toxicity of ethanol and MDMA towards primary cultured rathepatocytes

Helena Pontesa,∗, Carla Sousaa, Renata Silvaa, Eduarda Fernandesb, Helena Carmoa,Fernando Remiãoa, Félix Carvalhoa, Maria Lourdes Bastosa,∗

a REQUIMTE, Toxicology Department, Faculty of Pharmacy, University of Porto, Rua Aníbal Cunha 164, 4099-030 Porto, Portugalb REQUIMTE, Physical-Chemistry Department, Faculty of Pharmacy, University of Porto, Rua Aníbal Cunha 164, 4099-030 Porto, Portugal

a r t i c l e i n f o

Article history:Received 14 July 2008Received in revised form 3 September 2008Accepted 4 September 2008Available online 20 September 2008

Keywords:Ethanol3,4-MethylenedioxymethamphetaminePrimary cultured rat hepatocytesHepatotoxicityOxidative stressHyperthermia

a b s t r a c t

Ethanol is frequently consumed along with 3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA; ecstasy).Since both compounds are hepatotoxic and are metabolized in the liver, an increased deleterious interac-tion resulting from the concomitant use of these two drugs seems plausible. Another important featureof MDMA-induced toxicity is hyperthermia, an effect known to be potentiated after continuous exposureto ethanol. Considering the potential deleterious interaction, the aim of the present study was to evaluatethe hepatotoxic effects of ethanol and MDMA mixtures to primary cultured rat hepatocytes and to elu-cidate the mechanism(s) underlying this interaction. For this purpose, the toxicity induced by MDMA toprimary cultured rat hepatocytes in absence or in presence of ethanol was evaluated, under normothermic(36.5 ◦C) and hyperthermic (40.5 ◦C) conditions. While MDMA and ethanol, by themselves, had discreteeffects on the analysed parameters, which were slightly aggravated under hyperthermia, the simultaneousincubation of MDMA and ethanol for 24 h, resulted in high cell death ratios accompanied by a significantdisturbance of cellular redox status and decreased energy levels. Evaluation of apoptotic/necrotic fea-tures provided clear evidences that the cell death occurs preferentially through a necrotic pathway. Allthe evaluated parameters were dramatically aggravated when cells were incubated under hyperthermia.In conclusion, co-exposure of hepatocytes to ethanol and MDMA definitely results in a synergism of thehepatotoxic effects, through a disruption of the cellular redox status and enhanced cell death by a necroticpathway in a temperature-dependent extent.

© 2008 Elsevier Ireland Ltd. All rights reserved.

1. Introduction

3,4-Methylenedioxymethamphetamine (ecstasy; MDMA) con-sumption patterns have been widely described in literature(EMCDDA, 2005; Lora-Tamayo et al., 2004; SAMHSA, 2005;Schifano et al., 2006; Topp et al., 1999; Tossmann et al., 2001;Winstock et al., 2001) and are generally characterized as a polydrugconsumption scenario (Gouzoulis-Mayfrank and Daumann, 2006;Hopper et al., 2006; Schifano et al., 1998, 2003), often related withfatalities (Barrett et al., 2006; Liechti et al., 2005; Oyefeso et al.,2006; Sanjurjo et al., 2004; Schifano, 2004; Schifano et al., 2003,

Abbreviations: MDMA, 3,4-methylenedioxymethamphetamine; EtOH, ethanol;LDH, lactate dehydrogenase; AO/EB, acridine orange/ethidium bromide; ROS, reac-tive oxygen species; RNS, reactive nitrogen species; GSH, reduced glutathione; GSSG,oxidised glutathione; ATP, adenosine-5′-triphosphate; �-GCS, �-glutamylcysteinesynthetase; AIF, apoptosis-inducing factor.

∗ Corresponding authors. Tel.: +351 222078979; fax: +351 222003977.E-mail addresses: [email protected] (H. Pontes), [email protected] (M.L. Bastos).

2006). One of the most commonly consumed drugs, along withecstasy, is ethanol (EtOH) (Breen et al., 2006; Smart and Ogborne,2000; Tossmann et al., 2001), probably due to the fact that EtOHis legal, cheap and widely available. In fact, EtOH is often takenprior or along with MDMA, to increase the acute pleasant effects ofMDMA and to decrease the irritability and restlessness that persistafter the end of the empathogenic and entactogenic effects asso-ciated with ecstasy consumption (Schifano, 2004). Of note, whenEtOH is consumed to decrease the long-lasting unpleasant effectsof MDMA, it is taken in large amounts (Schifano, 2004) probablybecause ecstasy users were more likely to engage in several riskybehaviours such as binge drinking (Boyd et al., 2003).

Liver toxicity resulting from the concomitant consumption ofthese two drugs is of higher concern since both compounds aremetabolized in the liver leading to the formation of hepatotoxiccompounds (Gemma et al., 2006; Green et al., 2003). Accordingly,our group has recently demonstrated that hepatocytes isolatedfrom mice exposed to 12% EtOH for 8 weeks, as drinking fluid,showed increased vulnerability to MDMA-induced hepatotoxicity(Pontes et al., 2008b). EtOH pre-exposure has also been shown

0300-483X/$ – see front matter © 2008 Elsevier Ireland Ltd. All rights reserved.doi:10.1016/j.tox.2008.09.009

Helena
Rectangle
Helena
Text Box
213

Author's personal copy

H. Pontes et al. / Toxicology 254 (2008) 42–50 43

to modify MDMA pharmacokinetics, which results in increasedMDMA plasma concentrations in humans (Hernández-López et al.,2002). Another important feature of MDMA-induced toxicity ishyperthermia, an effect known to be potentiated after continuousexposure to ethanol (Pontes et al., 2008a).

Considering the potential synergic effects of EtOH and MDMAto the liver, the aim of the present study was to evaluate the puta-tive hepatotoxic interaction between EtOH and MDMA in primarycultured rat hepatocytes and to elucidate the mechanism(s) under-lying the observed effects. For this purpose, the toxicity inducedby MDMA to primary cultured rat hepatocytes in absence or inpresence of EtOH was evaluated, under normothermic (36.5 ◦C)and hyperthermic (40.5 ◦C) conditions, to simulate the hyperther-mic response induced in vivo by MDMA consumption. The studyincluded the evaluation of the type of cell death [acridine orangeand ethidium bromide (AO/EB) staining, lactate dehydrogenase(LDH) leakage, caspase-3 activation, Bax translocation to the mito-chondria and AIF and cytochrome c release from the mitochondria],oxidative stress parameters [reactive oxygen and nitrogen species(ROS and RNS) formation, reduced (GSH) and oxidised glutathione(GSSG) contents, �-glutamylcysteine synthetase (�-GCS) and GSTactivities] as well as cell energy status [adenosine triphosphate(ATP) levels].

2. Materials and methods

2.1. Chemicals

All chemicals used in this study were of analytical grade. Collagenase(type I), bovine serum albumin (fraction V), 4-(2-hydroxyethyl)-piperazine-1-ethanesulfonic acid (HEPES), ethyleneglycol-bis-(�-aminoethylether)-N,N,N′ ,N′-tetraacetic acid (EGTA), �-nicotinamide adenine dinucleotide reduced form(�-NADH), �-nicotinamide adenine dinucleotide phosphate reduced form (�-NADPH), pyruvic acid, 2-vinylpyridine, reduced glutathione (GSH), oxidisedglutathione (GSSG), glutathione reductase (EC 1.6.4.2), 5,5-dithiobis-2-nitrobenzoicacid (DTNB), trypan blue solution, trizma® hydrochloride, d-luciferin sodiumsalt and luciferase (EC 1.13.12.7), antibiotic–antimycotic solution, insulin solu-tion, dexamethasone, acridine orange, ethidium bromide, dihydrorhodamine123, mono(cyclohexylammonium)phosphoenolpyruvate, l-�-amino-n-butyrate, l-glutamate, pyruvate kinase from rabbit muscle and l-lactic dehydrogenasefrom rabbit muscle, adenosine-5′-triphosphate (ATP), N-Acetyl-Asp-Glu-Val-Asp p-nitroanilide (Ac-DEVD-pNA) were obtained from Sigma–Aldrich Co. (St. Louis, MO,USA). Perchloric acid, EtOH and all other chemicals were purchased from Merck(Darmstadt, Germany). William’s E medium, l-glutamine, foetal bovine serum(FBS) and phosphate buffer solution (PBS) were purchased from Lonza Ltd. (Basel,Switzerland). Collagen G was purchased from Biochrom AG (Berlin, Germany).3,4-Methylenedioxymethamphetamine (HCl salt) was extracted and purified fromhigh purity MDMA tablets that were provided by the Portuguese Criminal PoliceDepartment. The obtained salt was pure and fully characterized by NMR and massspectrometry methodologies.

2.2. Animals

Animal experiments were licensed by the Portuguese General Directorate ofVeterinary Medicine. Housing and experimental treatment of animals were in accor-dance with the Guide for the Care and Use of Laboratory Animals from the Institutefor Laboratory Animal Research (Institute for Laboratory Animal Research, 1996).

Adult male Wistar rats (Charles-River Laboratories, Barcelona, Spain), weighing250–300 g, were used. For at least 1 week prior to use, animals were acclimatized inpolyethylene cages, lined with wood shavings, with wire-mesh tops, at an ambienttemperature of 20 ± 2 ◦C, humidity between 40% and 60% and 12/12 h light/dark cycle(light on from 8.00 to 20.00 h), in our animal facilities, having standard chow and tapdrinking water ad libitum. Surgical procedures for the isolation of hepatocytes wereperformed under anaesthesia and carried out between 10.00 h a.m. and 11.00 h a.m.

2.3. Hepatocytes isolation and primary culture

Hepatocytes isolation was performed by collagenase perfusion as previouslydescribed (Pontes et al., 2008b) with some modifications. Briefly, after perfusionwith a chelation agent to allow the cleavage of the hepatic desmosomes, hepatic col-lagen was hydrolysed by ex situ perfusion with a collagenase solution supplementedwith its co-factor (calcium) and hepatocytes were dissociated in Krebs–Henseleitbuffer.

The obtained hepatocyte suspension was purified by low-speed centrifugationsand incubated for 30 min, at 4 ◦C, with 500 U/mL penicillin G, 0.5 mg/mL strepto-mycin sulfate and 1.25 �g/mL amphotericin B. The viability of isolated hepatocyteswas estimated by the trypan blue exclusion test. Subsequently, a suspension of0.5 × 106 viable cells/mL in complete culture medium (William’s E medium supple-mented with 2 mM l-glutamine, 0.86 �M insulin, 0.5 nM dexamethasone, 10 mMHEPES, 100 U/mL penicillin G, 0.1 mg/mL streptomycin sulfate, 0.25 �g/mL ampho-tericin B, 5% FBS) was seeded in previously collagen-coated culture flasks in a densityof 6 × 104 viable cells/cm2. Cells were incubated at 36.5 ◦C with 5% CO2, for 3–4 hfor cell adhesion, washed twice with PBS, and incubated over-night at 36.5 ◦C withculture medium without FBS. The day after, cells were added five different concen-trations of MDMA (0, 0.2, 0.4, 0.8 and 1.6 mM) in the presence or in the absence of1.4% (m/v) EtOH, and incubated with 5% CO2 at 36.5 or 40.5 ◦C. The tested MDMA con-centrations were chosen on the basis of previous studies from our group (Carvalhoet al., 2001, 2004b) and also in previous reports that found tissue concentrations ofMDMA and its metabolites substantially higher (up to 18 times) than blood concen-trations (Garcia-Repetto et al., 2003). Considering that in most of MDMA fatalities,blood levels ranged from 2.5 to 50 �M, the concentrations used in the present studyare most likely attained in the in vivo situation. On the other hand, the evaluationof the interactions of MDMA and its metabolites with cellular components is onlypossible using worst-case approach concentrations. After 24 h incubation, AO/EBstaining was performed, and samples were collected to perform Western blottinganalysis and to quantify LDH leakage, ROS and RNS formation, ATP levels, GSH andGSSG concentrations and �-GCS, GST and caspase-3 activities.

The evaluation of cell viability, the AO/EB staining, the quantification of ROS andRNS and the preparation of mitochondrial protein extracts to perform Western blotwere accomplished immediately after the 24-h incubation period. The remainingsamples were kept frozen (−80 ◦C) until assay.

2.4. Acridine orange and ethidium bromide staining

The fluorescent DNA-binding dyes ethidium bromide and acridine orange wereused to distinguish necrotic from apoptotic cells. After the 24-h incubation periodwith MDMA, EtOH or MDMA + EtOH, cells were incubated with 2 �g/mL acridineorange and 2 �g/mL ethidium bromide for 5 min before imaging, using a fluores-cence microscope with a standard fluorescein excitation filter (Eclipse E400 Nikon,Japan).

2.5. Biochemical analysis

2.5.1. LDH LeakageLDH leakage to the culture media was evaluated as previously reported

(Bergermeyer and Bernt, 1974). The LDH activity was determined by following therate of oxidation of NADH, measured at 340 nm. Results are presented as percentageof control conditions at 36.5 ◦C.

2.5.2. ROS and RNS quantificationDetection and quantification of intracellular reactive species, including RNS and

ROS were performed by the dihydrorhodamine 123 (DHR-123) assay as previouslyreported (Capela et al., 2007). Briefly, cells were pre-incubated with 100 �M DHR-123 for 60 min. At the end of the incubation period, cells were washed 2 times withPBS and added with new medium containing the tested compounds. The oxidationof DHR-123 to its fluorescent product, Rhodamine 123, was measured 24 h afterincubation with EtOH, MDMA, or EtOH + MDMA, using a fluorescence plate reader(BioTek Instruments, Winooski, VT, USA) (baseline: 485 nm excitation and 528 nmemission). Results are presented as percentage of control conditions at 36.5 ◦C.

2.5.3. GSH/GSSG quantificationThe cellular GSH and GSSG levels were determined, after cell suspension in PBS,

by the DTNB–GSSG reductase recycling assay as described before (Anderson, 1985),with some modifications (Pontes et al., 2008b). The stoichiometric formation of 5-thio-2-nitrobenzoic acid (TNB) was followed for 3 min at 415 nm and compared toa standard curve. The molar GSH levels were calculated by subtracting the GSSGcontent, determined after derivatization of GSH with 2-vinylpyridine, from the totalglutathione content (GSH = GSHt − 2 × GSSG). Results are presented as percentageof control conditions at 36.5 ◦C.

2.5.4. ATP quantificationCellular ATP levels were evaluated through a luciferase-based bioluminescent

technique, as previously reported (Pontes et al., 2008b). Sample ATP levels are pro-portional to the intensity of the light emitted by luciferine, in a reaction catalyzedby luciferase, that was measured using a 96-well Microplate Luminometer (BioTekInstruments, Vermont, US). Results are presented as percentage of control conditionsat 36.5 ◦C.

2.5.5. �-GCS activity�-Glutamylcysteine synthetase (�-GCS), also known as glutamate cysteine ligase

(GCL), is the first enzyme in the glutathione biosynthesis pathway, and its rate-limiting step. The activity of �-GCS was evaluated as previously described by Seelig

Helena
Rectangle
Helena
Rectangle
Helena
Text Box
214

Author's personal copy

44 H. Pontes et al. / Toxicology 254 (2008) 42–50

et al. (1984) with some modifications (Piner et al., 2007). �-GCS activity was mea-sured from the rate of ADP formation (assumed to be equal to the rate of oxidation ofNADH) as calculated from the change in absorbance at 340 nm in reaction mixtures at37 ◦C. Reaction medium included 0.1 M pH 7.75 Tris buffer, 150 mM KCl, 2 mM phos-phoenolpyruvate, 10 mM l-glutamate, 20 mM MgCl2, 10 mM l-�-amino-n-butyrate,2 mM EDTA, 0.2 mM NADH, 5 mM ATP, 2 U/mL pyruvate kinase, and 2 U/mL lactatedehydrogenase. Results are presented as percentage of control conditions at 36.5 ◦C.

2.5.6. GST activityGlutathione-S-transferase (GST) activity was assayed according to the method

of Habig et al. (1974). The formation of GSH conjugate with 1-chloro-2,4-dinitrobenzene was monitored for 5 min at 340 nm. The GST activity was calculatedby using an extinction coefficient of 9.6 mM−1 cm−1 and expressed as �mol/min permg of protein. Results are presented as percentage of control conditions at 36.5 ◦C.

2.5.7. Caspase-3 activationCaspase-3 assay was based on a colorimetric assay by following the hydrolysis

of the peptide substrate Ac-DEVD-pNA by caspase 3, which results in the release ofp-nitroaniline (pNA), with high absorbance at 405 nm (Jiménez et al., 2004). Briefly,a lysate of approximately 3 × 106 cells, prepared with an appropriated lysis buffer[50 mM Hepes, 1 mM DTT, 0.1 mM EDTA, 0.1% CHAPS (pH 7.4)], was added to anassay buffer [100 mM NaCl, 50 mM Hepes, 10 mM DTT, 1 mM EDTA, 10% glycerol,0.1% CHAPS (pH 7.5)] containing 16 �M of the caspase-3 substrate. After incubationat 37 ◦C for 3 h, absorbance was measured in a microplate reader at 405 nm.

2.5.8. Protein quantificationProtein was quantified through Lowry’s assay (Lowry et al., 1951).

2.6. Western blot analysis

Equal amounts of proteins were separated using a 12.5% SDS-PAGE gel, followedby blotting on a nitrocellulose membrane (Hybond-ECL; Amersham PharmaciaBiotech). After blotting, non-specific binding was blocked with 5% non-fat dry milk inTTBS [Tris-buffered saline (TBS) with Tween 20] and the membrane was incubatedwith anti-Bax (1:1000; sc-493 rabbit polyclonal IgG; Santa Cruz Biotechnology),anti-AIF (1:2000; sc-13116 mouse monoclonal IgG2b; Santa Cruz Biotechnology) oranti-cytochrome c (1:2000; sc-99 mouse monoclonal IgG1; Santa Cruz Biotechnol-ogy) or anti-�-tubulin (1:1000; T6074 mouse monoclonal IgG1; Sigma) antibodiesduring 2 h at room temperature, washed and incubated with secondary horseradishperoxidase-conjugated anti-mouse or anti-rabbit IgG antibodies (Amersham Phar-macia Biotech) during 1 h. �-Tubulin Western blot is included as a loading proteincontrol. The membrane was then washed and developed with Western blottingchemiluminescence reagents (Amersham Pharmacia Biotech) according to manu-facturer’s instructions, followed by exposure to X-ray films (Sigma, Kodak BiomaxLight Film, St. Louis, USA). Optical density was measured and results of all groupswere presented as percentage of controls.

2.7. Statistical analysis

Results are presented as means ± SEM (from at least five experiments of differentpreparations of hepatocytes). Statistical comparisons were performed by one-wayanalysis of variance (ANOVA) followed by the Bonferroni’s post-hoc test. Significancewas accepted at P < 0.05.

3. Results

3.1. Acridine orange and ethidium bromide staining

The ethidium homodimer cannot penetrate intact cellular mem-branes and, therefore, stains the nucleus of cells in red onlywhen the membranes are disrupted, whereas acridine orange ismembrane-permeable and stains living cells in green. Therefore,under the ethidium bromide/acridine orange staining (Fig. 1), liv-ing cells appear as cells with a regular-sized green fluorescentnucleus, whereas early apoptotic cells have a green fluorescentcondensed, shrunken, or fragmented nucleus, and late apoptoticcells have a red fluorescent condensed, shrunken, or fragmentednucleus. Necrotic cells exhibit a red fluorescent regular-sized orincreased nucleus. The pictures in Fig. 1 suggest that MDMA, byitself, did not produce evident changes in cell viability, whileEtOH exposure was able to induce some degree of necrotic celldeath, especially notorious at hyperthermic conditions. This EtOH-induced necrotic cell death was aggravated by the co-exposurewith MDMA under hyperthermic conditions. It was also observed a

decrease in cell density due to high rate of cell death, leading to celldetachment.

3.2. LDH leakage

Cells exposed under normothermic conditions to several MDMAconcentrations suffered a slight loss of viability at the highest con-centration tested [down to 90.5 ± 3.8% of control (P < 0.01 at 1.6 mMMDMA)] (Fig. 2). Loss of cell viability was significantly aggravatedunder hyperthermia [down to 77.1 ± 4.2% of control (P < 0.001) at1.6 mM MDMA]. EtOH, by itself, did not have a significant effecton LDH leakage but potentiated MDMA-induced loss of cell via-bility, which was observed for MDMA concentrations as low as0.4 and 0.1 mM, at normothermia and hyperthermia, respectively.The extension of this synergic effect was, therefore, dependent onMDMA concentration and on incubation temperature [at 36.5 ◦C,EtOH + 1.6 mM MDMA decreased cell viability down to 71.3 ± 5.8%of control (P < 0.05), while at 40.5 ◦C this co-exposure resulted in acell viability down to 11.1 ± 1.8% of control (P < 0.001)].

3.3. ROS and RNS formation

When cells were incubated under normothermic conditions,none of the treatments resulted in detectable modification in theformation of reactive species (Fig. 3). However, after a 24-h incu-bation period at 40.5 ◦C, EtOH increased ROS and RNS formation[to 128.7 ± 8.2% of control (P < 0.01)] and this increase was signifi-cantly potentiated by simultaneous exposure to EtOH and MDMA[to 192.3 ± 17.2% of control (P < 0.001)].

3.4. GSH/GSSG quantification

The changes in GSH/GSSG levels are presented in Fig. 4.Under normothermic conditions, MDMA exposure caused a sig-nificant decrease of intracellular total glutathione (tGSH) andreduced glutathione (redGSH) at the highest concentration [theredGSH levels decreased from 94.2 ± 0.5% in control cells to82.3 ± 10.1% in cells exposed to 1.6 mM MDMA (P < 0.05) and tGSHdecreased to 92.8 ± 11.2%]. This decrease was also verified whencells were co-exposed to EtOH [redGSH decreased from 97.9 ± 8.4%in cells exposed only to EtOH to 51.2 ± 7.4% in cells exposed toEtOH + 1.6 mM MDMA (P < 0.05) and tGSH levels decreased from103.0 ± 8.9% in cells exposed only to EtOH to 62.7 ± 9.0% in cellsexposed to EtOH + 1.6 mM MDMA (P < 0.05)]. This decrease was onlyaggravated by hyperthermia in cells simultaneously exposed toMDMA and EtOH [redGSH decreased from 84.7 ± 10.2% when cellswere exposed only to EtOH at 40.5 ◦C to 1.78 ± 0.92% when cellswere exposed to EtOH + 1.6 mM MDMA (P < 0.001)]. This decreasein redGSH was accompanied by a tGSH decrease [from 93.4 ± 11.0%to 5.49 ± 0.95% (P < 0.01)]. As expected, the intracellular levels ofGSSG did not present changes among the considered experimen-tal conditions since, once formed, it is excreted to the extracellularmedium (Leier et al., 1996).

3.5. ATP quantification

At 36.5 ◦C, when cells were incubated with four differentMDMA concentrations, ATP levels remained unchanged compara-tively to control cells (Fig. 5). However, co-incubation with EtOHinduced a significant decrease in ATP levels whose extensionwas dependent on MDMA concentration [ATP levels decreasedfrom 87.4 ± 4.1% when cells were exposed only to EtOH, to62.3 ± 4.3% when cells were exposed to EtOH + 1.6 mM MDMA(P < 0.01)]. Under hyperthermia (40.5 ◦C), MDMA itself was ableto significantly decrease ATP levels at the highest concentration

Helena
Rectangle
Helena
Rectangle
Helena
Text Box
215

Author's personal copy

H. Pontes et al. / Toxicology 254 (2008) 42–50 45

Fig. 1. Fluorescence microscope photographs from ethidium bromide/acridine orange staining of primary rat hepatocytes cultures exposed for 24 h to 1.4% (m/v) EtOH,1.6 mM MDMA or both compounds simultaneously. The upper row corresponds to cells incubated under normothermia (36.5 ◦C) and the lower row corresponds to cellsincubated under hyperthermia (40.5 ◦C). The columns correspond, from left to right, to control cells, and cells incubated with EtOH, MDMA and EtOH + MDMA, respectively.For each condition, the left image corresponds to a 200 times magnification, and the right image corresponds to a 400 times magnification.

Fig. 2. Effect of MDMA and hyperthermia on viability of primary cultured rat hepatocytes in presence or in absence of EtOH (W/EtOH and W/O EtOH, respectively). Resultsare represented as mean ± SEM of the percentage of control cells (exposed neither to MDMA nor to EtOH at 36.5 ◦C) from at least five experiments. Control cells presented88.1 ± 2.3% of cell viability. (*) Compared to control cells at 36.5 ◦C; (#) compared to 0 mM MDMA of the respective curve; (×) compared to normothermia; (+) compared toW/O EtOH.

Fig. 3. Effect of MDMA and hyperthermia on reactive species production (ROS and RNS) in primary cultured rat hepatocytes in presence or in absence of EtOH (W/EtOHand W/O EtOH, respectively). Results are represented as mean ± SEM of the percentage of control cells (exposed neither to MDMA nor to EtOH at 36.5 ◦C) from at least fiveexperiments. (*) Compared to control cells at 36.5 ◦C; (#) compared to 0 mM MDMA of the respective curve; (×) compared to normothermia; (+) compared to W/O EtOH.

Helena
Rectangle
Helena
Rectangle
Helena
Text Box
216

Author's personal copy

46 H. Pontes et al. / Toxicology 254 (2008) 42–50

Fig. 4. Effect of MDMA and hyperthermia on tGSH, GSH and GSSG levels in primary cultured rat hepatocytes in presence or in absence of EtOH (W/EtOH and W/O EtOH,respectively). Results are represented as mean ± SEM of the percentage of control cells (exposed neither to MDMA nor to EtOH at 36.5 ◦C) from at least five experiments.Control cells presented 63.5 ± 5.4 nmol of tGSH/mg protein, 59.9 ± 5.3 nmol of redGSH/mg protein and 1.80 ± 0.16 nmol of GSSG/mg protein. (*) Compared to control cells at36.5 ◦C; (#) compared to 0 mM MDMA of the respective curve; (×) compared to normothermia; (+) compared to W/O EtOH.

Fig. 5. Effect of MDMA and hyperthermia on ATP levels in primary cultured rat hepatocytes in presence or in absence of EtOH (W/EtOH and W/O EtOH, respectively). Resultsare represented as mean ± SEM of the percentage of control cells (exposed neither to MDMA nor to EtOH) from at least five experiments. Control cells presented 16.5 ± 2.0 nmolof ATP/mg protein. (*) Compared to control cells at 36.5 ◦C; (#) compared to 0 mM MDMA of the respective curve; (×) compared to normothermia; (+) compared to W/OEtOH.

[from 108.7 ± 9.6% in control cells to 76.0 ± 6.3% when cells wereexposed to 1.6 mM MDMA (P < 0.05)] being this decrease drasti-cally potentiated by EtOH co-exposure [ATP levels decreased to0.25 ± 0.16% when cells were co-exposed to EtOH and 1.6 mMMDMA (P < 0.001)].

3.6. �-GCS activity

As it can be observed in Fig. 6, MDMA and EtOH, by themselves,did not change �-GCS activities, neither at 36.5 ◦C nor 40.5 ◦C, at anyof the tested concentrations. The co-incubation resulted in a slight

Helena
Rectangle
Helena
Rectangle
Helena
Text Box
217

Author's personal copy

H. Pontes et al. / Toxicology 254 (2008) 42–50 47

Fig. 6. Effect of MDMA and hyperthermia on �-GCS activity in primary cultured rat hepatocytes in presence or in absence of EtOH (W/EtOH and W/O EtOH, respectively).Results are represented as mean ± SEM of the percentage of control cells (exposed neither to MDMA nor to EtOH at 36.5 ◦C) from at least five experiments. Control cellspresented 39.8 ± 8.5 mU of �-GCS/mg protein. (*) Compared to control cells at 36.5 ◦C; (#) compared to 0 mM MDMA of the respective curve; (×) compared to normothermia;(+) compared to W/O EtOH.

Fig. 7. Effect of MDMA and hyperthermia on GST activity in primary cultured rat hepatocytes in presence or in absence of EtOH (W/EtOH and W/O EtOH, respectively).Results are represented as mean ± SEM of the percentage of control cells (exposed neither to MDMA nor to EtOH at 36.5 ◦C) from at least five experiments. Control cellspresented 190.6 ± 62.8 U of GST/mg protein. (*) Compared to control cells at 36.5 ◦C; (#) compared to 0 mM MDMA of the respective curve; (×) compared to normothermia;(+) compared to W/O EtOH.

tendency for a decrease of �-GCS activity (down to 70.7 ± 6.3%),reaching statistical significance under hyperthermic conditions, inwhich �-GCS activities practically disappeared at the two highestMDMA concentrations tested (P < 0.001).

3.7. GST activity

The effects of ethanol, MDMA, as well as their interaction undernormothermia and hyperthermia on GST activity are presented inFig. 7. In the absence of ethanol, GST activity remained unchanged,independently on MDMA concentration and on incubation temper-ature. When cells were exposed to ethanol, a significant decreasein GST activity was observed (down to 70.7 ± 6.2%) when comparedto control (P < 0.05). Under hyperthermic conditions, co-exposureto ethanol and MDMA was able to aggravate the decrease inducedby ethanol, in an extent dependent on MDMA concentration [GSTactivity decreased to 62.7 ± 13.0% when cells were exposed toethanol + 0.4 mM MDMA (P < 0.01), to 44.4 ± 15.6% when cells wereexposed to ethanol + 0.8 mM MDMA (P < 0.001) and to 3.88 ± 1.95%when cells were exposed to ethanol + 1.6 mM MDMA (P < 0.001)].

3.8. Western blot analysis

At 36.5 ◦C, the release of mitochondrial components (AIF andcytochrome c) seems to be inexistent. However, at 40.5 ◦C, a sig-nificant release of AIF and cytochrome c from the mitochondrialextract was observed, under MDMA EtOH co-exposure (Fig. 8).

There was no translocation of Bax molecule from the cytoplasmto the mitochondria (data not shown).

3.9. Caspase-3 activity

There were no statistical differences in caspase-3 activitiesamong the different incubation conditions (data not shown).

4. Discussion

The data obtained in this study clearly demonstrated that thesimultaneous incubation of primary cultured rat hepatocytes withMDMA and EtOH for 24 h, leads to high cell death ratios, mainlythrough necrosis, accompanied by a significant disturbance of cel-lular redox status and decreased energy levels.

Helena
Rectangle
Helena
Rectangle
Helena
Text Box
218

Author's personal copy

48 H. Pontes et al. / Toxicology 254 (2008) 42–50

Fig. 8. Western blot analysis of the effect of MDMA and hyperthermia on AIF and cytochrome c release from the mitochondria of primary cultured rat hepatocytes in presenceor in absence of EtOH (W/EtOH and W/O EtOH, respectively). Above the histogram, the panel shows a representative Western blotting of AIF and of cytochrome c, respectively,for each condition. Values are mean ± SEM and are expressed as percentage of control. �-Tubulin was used as an internal loading control. C, control; M, MDMA; E, EtOH;E + M, EtOH + MDMA.

Both EtOH and MDMA are metabolized in the liver, where EtOHcan alter the expression or activity of some drug-metabolizingenzymes (Jang and Harris, 2007) and where both drugs share somemetabolic pathways involving the cytochrome P450 isoenzymesand originating metabolites (Gemma et al., 2006; Green et al., 2003)with higher toxicity than their parent compounds, as previouslyreported for other amphetamines (Carmo et al., 2007). Notwith-standing the knowledge about the decrease of the activities ofcytochrome P450 system isoenzymes during the culture of rat hep-atocytes, the present experimental model is adequately adapted tothe study of the interactions between ethanol and MDMA since theremaining CYP enzyme activities are still sufficient to study drugmetabolism in vitro during the 24-h incubation period used in thepresent study (Gebhardt et al., 2003; Hewitt et al., 2007). Whilethis metabolic interaction may represent an explanation for mostof the synergic toxic effects found, other factors are also involvedand the hyperthermic effect contributes significantly to the aggra-vation of the observed toxicity. The MDMA-induced decrease onGSH levels is in agreement with results previously reported byour group on freshly isolated mouse hepatocytes (Pontes et al.,2008b) and can be explained by oxidation of GSH to GSSG by reac-tive oxygen and nitrogen species, and formation of GSH adductswith MDMA metabolites by GST (Hiramatsu et al., 1990), but alsoby impaired GSH synthesis, which is also a known effect associ-ated with EtOH exposure (Lauterburg et al., 1984). In the presentstudy, we demonstrated, for the first time, that the impairment of

GSH synthesis mediated by ethanol was dramatically aggravatedby MDMA co-exposure under hyperthermic conditions, with analmost absolute inhibition of �-GCS activity for the two highestMDMA concentrations. The decrease on GST activity can be relatedto the oxidation or alkylation of sulfhydryl groups present in criticalaminoacid residues within the enzyme active site, an effect alreadyreported for MDMA metabolites (Carvalho et al., 2004a) and forquinones and catecholamines (Monks and Lau, 1992; Bindoli et al.,1992; van Ommen et al., 1991), formed after exposure to MDMA.A significant decrease in GST activity was also previously reportedfor ethanol (Gyamfi and Wan, 2006). GST catalyzes the nucleophilicattack of GSH on reactive electrophilic substrates, thereby protect-ing various cell components from their potentially damaging effects(Mannervik and Danielson, 1988). Thus, its higher inactivation bysimultaneous exposure to ethanol and MDMA can increase cell sus-ceptibility to the deleterious effects of reactive electrophiles. Theseimpairments in glutathione homeostasis induced by ethanol andMDMA mixtures can contribute to their synergistic toxicity.

It was previously reported that either EtOH or MDMA is able toincrease ROS and RNS formation, in a variety of systems, cells, andspecies (Das and Vasudevan, 2007; Quinton and Yamamoto, 2006).The increased formation of reactive species after incubation withethanol may be derived from the induction of cytochrome P450 2E1activity (Morimoto et al., 1993) or by mitochondrial dysfunctionafter reduction of GSH content and ATP generation (Cunninghamet al., 1990; Colell et al., 1998). MDMA can lead to the formation of

Helena
Rectangle
Helena
Rectangle
Helena
Text Box
219

Author's personal copy

H. Pontes et al. / Toxicology 254 (2008) 42–50 49

ROS and RNS during the redox cycles associated with its metabolicconversion (Colado et al., 1997) or during the conjugation of MDMAmetabolites with GSH molecules, a pathway also accompanied bythe formation of reactive species (Hiramatsu et al., 1990; Monkset al., 2004). However, a synergism in the ROS and RNS formation,when cells were co-exposed to both compounds, was also neverreported before.

Concerning ATP levels, MDMA was previously reported todecrease ATP in rat hepatocytes (Carvalho et al., 2004b; Beitia etal., 1999) and EtOH leads to decreased ATP levels and ATP syn-thesis in rats (Helzberg et al., 1987; Piquet et al., 2004). The ATPdepletion caused by ethanol is probably due to mitochondrial dam-age induced by an overproduction of anion superoxide (O2

•−) atmitochondrial complexes I and III, and consequently of H2O2 andother reactive oxygen species (ROS). This effect results from theexcessive NADH formation during acetaldehyde metabolism in livermitochondria that is used by mitochondria complex I (NADH dehy-drogenase) as the first electron donor of the electron transportchain (Sastre et al., 2007). The potentiation of this depletion bythe co-incubation with EtOH and MDMA is in accordance withour previous ex-vivo study (Pontes et al., 2008b). This depletionis an indicator of probable mitochondrial damage confirmed by thedecrease of cytochrome c and AIF in the mitochondrial extract.

The depletion of GSH and ATP levels was accompanied by a lossin cell viability. Evaluation of apoptotic/necrotic features providedclear evidences that the cell death resulting from the co-incubationwith EtOH and MDMA occurs through a necrotic pathway, con-firmed by a significant increase of LDH leakage, nuclei stainingby the ethidium bromide and acridine orange technique and AIFrelease that was reported to be on the basis of a necrotic pro-grammed cell death pathway, explored by the groups of Boujrad etal. (2007) and Lorenzo and Susin (2007). Hepatic necrosis was alsopreviously reported after in vitro exposure of mouse hepatocytes(Pontes et al., 2008b), and in vivo exposure of mice (Johnson et al.,2002) and humans to MDMA (Milroy et al., 1996) or after the expo-sure of human and rat hepatocytes to high EtOH concentrations(Castilla et al., 2004). In this particular case of association betweenMDMA and EtOH in hepatocytes the classic apoptotic via, alreadydescribed for MDMA in neural cells (Capela et al., 2007, Alvaro etal., 2008) and hepatic stellate cells (Montiel-Duarte et al., 2004),is discarded since there is no translocation of BAX to mitochondriaand no activation of effectors apoptotic pathways such as caspase 3,notwithstanding the cytochrome c release from the mitochondria(Fadeel et al., 2008). Therefore, the type of cell death subsequent toMDMA incubation is probably affected by EtOH co-exposure. Note-worthy, hepatocytes exposed to 1 mM MDMA concentrations werepreviously reported to suffer an apoptotic type of cell death andnot a necrotic cell death as reported in the present study (Montiel-Duarte et al., 2002). This apparent discrepancy can be explained bythe ATP requirements of apoptosis, especially in the steps mediatedby protein kinases that use ATP as a phosphoryl donor for phospho-rylation of some proteins involved in apoptosis (Skulachev, 2006).Since in the present study, a dramatic decrease in ATP levels wasobserved, these apoptotic pathways are probably impaired.

All the evaluated parameters were significantly aggravated inthe hepatocytes cultured under hyperthermia, which is known tobe an in vivo life-threatening effect associated with ecstasy con-sumption (Green et al., 2004) and exacerbates the toxicity of manytypes of drugs and environmental toxicants (Gordon, 2007), includ-ing MDMA (Carvalho et al., 2001). The increase of EtOH and MDMAtoxicity by hyperthermia is particularly notorious in the presentstudy by the dramatic decrease in cell viability, GSH content, �-GCSactivity and ATP.

In conclusion, EtOH associated with MDMA definitely enhancesthe MDMA-related toxicity towards hepatocytes through a

decrease in antioxidant defences, an increase in reactive speciesformation, and enhanced cell death through a necrotic pathway ina temperature-dependent extent.

These findings represent an important step in the elucidationof the mechanisms underlying the EtOH-induced increase on thetoxicity to hepatocytes caused by MDMA consumption.

Conflict of interest

None.

Acknowledgements

This work was supported by a project from FCT and POCI-2010, Portugal, by FEDER European Community co-funding(POCI/SAU-FCF/57187/2004). Helena Pontes was the recipientof a PhD grant from “Fundacão para a Ciência e Tecnologia”(SFRH/BD/18527/2004).

References

Alvaro, A.R., Martins, J., Costa, A.C., Fernandes, E., Carvalho, F., Ambrósio, A.F.,Cavadas, C., 2008. Neuropeptide Y protects retinal neural cells against cell deathinduced by ecstasy. Neuroscience 152, 97–105.

Anderson, M.E., 1985. Determination of glutathione and glutathione disulfide inbiological samples. Methods Enzymol. 113, 548–555.

Barrett, S.P., Darredeau, C., Pihl, R.O., 2006. Patterns of simultaneous polysubstanceuse in drug using university students. Hum. Psychopharmacol. 21, 255–263.

Beitia, G., Cobreros, A., Sainz, L., Cenarruzabeitia, E., 1999. 3,4-Methylenedioxymethamphetamine (ecstasy)-induced hepatotoxicity: effect oncytosolic calcium signals in isolated hepatocytes. Liver 19, 234–241.

Bergermeyer, H.U., Bernt, E., 1974. UV-assay for lactate dehydrogenase with pyruvateand NADH. In: Bergermeyer, H.U. (Ed.), Methods of Enzymatic Analysis. VerlagChemie GmbH, Weinheim.

Bindoli, A., Rigobello, M.P., Deeble, D.J., 1992. Biochemical and toxicological prop-erties of the oxidation products of catecholamines. Free Radic. Biol. Med. 13,391–405.

Boujrad, H., Gubkina, O., Robert, N., Krantic, S., Susin, S.A., 2007. AIF-mediated pro-grammed necrosis: a highly regulated way to die. Cell Cycle 6, 2612–2619.

Boyd, C.J., McCabe, S.E., d’Arcy, H., 2003. Ecstasy use among college undergraduates:gender, race and sexual identity. J. Subst. Abuse Treat. 24, 209–215.

Breen, C., Degenhardt, L., Kinner, S., Bruno, R., Jenkinson, R., Matthews, A., Newman,J., 2006. Alcohol use and risk taking among regular ecstasy users. Subst. UseMisuse 41, 1095–1109.

Capela, J.P., Macedo, C., Branco, P.S., Ferreira, L.M., Lobo, A.M., Fernandes, E., Remião,F., Bastos, M.L., Dirnagl, U., Meisel, A., Carvalho, F., 2007. Neurotoxicity mecha-nisms of thioether ecstasy metabolites. Neuroscience 146, 1743–1757.

Carmo, H., Brulport, M., Hermes, M., Oesch, F., de Boer, D., Remião, F., Carvalho, F.,Schön, M.R., Krebsfaenger, N., Doehmer, J., Bastos, M.L., Hengstler, J.G., 2007.CYP2D6 increases toxicity of the designer drug 4-methylthioamphetamine (4-MTA). Toxicology 229, 236–244.

Carvalho, M., Carvalho, F., Bastos, M.L., 2001. Is hyperthermia the triggering factor forhepatotoxicity induced by 3,4-methylenedioxymethamphetamine (ecstasy)?An in vitro study using freshly isolated mouse hepatocytes. Arch. Toxicol. 74,789–793.

Carvalho, M., Milhazes, N., Remião, F., Borges, F., Fernandes, E., Amado,F., Monks, T.J., Carvalho, F., Bastos, M.L., 2004a. Hepatotoxicity of 3,4-methylenedioxyamphetamine and alpha-methyldopamine in isolated rathepatocytes: formation of glutathione conjugates. Arch. Toxicol. 78, 16–24.

Carvalho, M., Remião, F., Milhazes, N., Borges, F., Fernandes, E., Carvalho, F., Bastos,M.L., 2004b. The toxicity of N-methyl-alpha-methyldopamine to freshly isolatedrat hepatocytes is prevented by ascorbic acid and N-acetylcysteine. Toxicology200, 193–203.

Castilla, R., González, R., Fouad, D., Fraga, E., Muntane, J., 2004. Dual effect of ethanolon cell death in primary culture of human and rat hepatocytes. Alcohol Alcohol.39, 290–296.

Colado, M.I., O’Shea, E., Granados, R., Murray, T.K., Green, A.R., 1997. In vivo evidencefor free radical involvement in the degeneration of rat brain 5-HT followingadministration of MDMA (’ecstasy’) and p-chloroamphetamine but not thedegeneration following fenfluramine. Br. J. Pharmacol. 121, 889–900.

Colell, A., García-Ruiz, C., Miranda, M., Ardite, E., Marí, M., Morales, A., Corrales, F.,Kaplowitz, N., Fernández-Checa, J.C., 1998. Selective glutathione depletion ofmitochondria by ethanol sensitizes hepatocytes to tumor necrosis factor. Gas-troenterology 115, 1541–1551.

Cunningham, C.C., Coleman, W.B., Spach, P.I., 1990. The effects of chronic ethanolconsumption on hepatic mitochondrial energy metabolism. Alcohol Alcohol. 25,127–136.

Helena
Rectangle
Helena
Rectangle
Helena
Text Box
220

Author's personal copy

50 H. Pontes et al. / Toxicology 254 (2008) 42–50

Das, S.K., Vasudevan, D.M., 2007. Alcohol-induced oxidative stress. Life Sci. 81,177–187.

EMCDDA, 2005. Annual report 2005: The state of the drugs problem in Europe.Fadeel, B., Ottosson, A., Pervaiz, S., 2008. Big wheel keeps on turning: apoptosome

regulation and its role in chemoresistance. Cell Death Differ. 15, 443–452.Garcia-Repetto, R., Moreno, E., Soriano, T., Jurado, C., Gimenez, M.P., Menendez, M.,

2003. Tissue concentrations of MDMA and its metabolite MDA in three fatalcases of overdose. Forensic Sci. Int. 135, 110–114.

Gebhardt, R., Hengstler, J.G., Müller, D., Glöckner, R., Buenning, P., Laube, B.,Schmelzer, E., Ullrich, M., Utesch, D., Hewitt, N., Ringel, M., Hilz, B.R., Bader,A., Langsch, A., Koose, T., Burger, H.J., Maas, J., Oesch, F., 2003. New hepatocytein vitro systems for drug metabolism: metabolic capacity and recommenda-tions for application in basic research and drug development, standard operationprocedures. Drug Metab. Rev. 35, 145–213.

Gemma, S., Vichi, S., Testai, E., 2006. Individual susceptibility and alcohol effects:biochemical and genetic aspects. Ann. Ist. Super. Sanita 42, 8–16.

Gordon, C.J., 2007. Thermophysiological responses to hyperthermic drugs: extrapo-lating from rodent to human. Prog. Brain Res. 162, 63–79.

Gouzoulis-Mayfrank, E., Daumann, J., 2006. The confounding problem of polydruguse in recreational ecstasy/MDMA users: a brief overview. J. Psychopharmacol.20, 188–193.

Green, A.R., Mechan, A.O., Elliott, J.M., O’Shea, E., Colado, M.I., 2003. The phar-macology and clinical pharmacology of 3,4-methylenedioxymethamphetamine(MDMA, “ecstasy”). Pharmacol. Rev. 55, 508–563.

Green, A.R., O’shea, E., Colado, M.I., 2004. A review of the mechanisms involved inthe acute MDMA (ecstasy)-induced hyperthermic response. Eur. J. Pharmacol.500, 3–13.

Gyamfi, M.A., Wan, Y.J., 2006. The effect of ethanol, ethanol metabolizing enzymeinhibitors, and Vitamin E on regulating glutathione, glutathione S-transferase,and S-adenosylmethionine in mouse primary hepatocyte. Hepatol. Res. 35,53–61.

Habig, W.H., Pabst, M.J., Jakoby, W.B., 1974. Glutathione S-transferases. The firstenzymatic step in mercapturic acid formation. J. Biol. Chem. 249, 7130–7139.

Helzberg, J.H., Brown, M.S., Smith, D.J., Gore, J.C., Gordon, E.R., 1987. Metabolic state ofthe rat liver with ethanol: comparison of in vivo 31 phosphorus nuclear magneticresonance spectroscopy with freeze clamp assessment. Hepatology 7, 83–88.

Hernández-López, C., Farré, M., Roset, P.N., Menoyo, E., Pizerro, N., Ortuno, J., Tor-rens, M., Cami, J., de la Torre, R., 2002. 3,4-Methylenedioxymethamphetamine(ecstasy) and alcohol interactions in humans: psychomotor performance, sub-jective effects, and pharmacokinetics. J. Pharmacol. Exp. Ther. 300, 236–244.

Hewitt, N.J., Lechón, M.J., Houston, J.B., Hallifax, D., Brown, H.S., Maurel, P., Kenna,J.G., Gustavsson, L., Lohmann, C., Skonberg, C., Guillouzo, A., Tuschl, G., Li, A.P.,LeCluyse, E., Groothuis, G.M., Hengstler, J.G., 2007. Primary hepatocytes: currentunderstanding of the regulation of metabolic enzymes and transporter proteins,and pharmaceutical practice for the use of hepatocytes in metabolism, enzymeinduction, transporter, clearance, and hepatotoxicity studies. Drug Metab. Rev.39, 159–234.

Hiramatsu, M., Kumagai, Y., Unger, S.E., Cho, A.K., 1990. Metabolism of methylene-dioxymethamphetamine: formation of dihydroxymethamphetamine and aquinone identified as its glutathione adduct. J. Pharmacol. Exp. Ther. 254,521–527.

Hopper, J.W., Su, Z., Looby, A.R., Ryan, E.T., Penetar, D.M., Palmer, C.M., Lukas, S.E.,2006. Incidence and patterns of polydrug use and craving for ecstasy in reg-ular ecstasy users: An ecological momentary assessment study. Drug AlcoholDepend. 85, 221–235.

Institute for Laboratory Animal Research, 1996. Guide for the Care and Use of Labo-ratory Animals. National Academy Press, Washington, D.C.

Jang, G.R., Harris, R., 2007. Drug interactions involving ethanol and alcoholic bever-ages. Expert Opin. Drug Metab. Toxicol. 3, 719–731.

Jiménez, A., Jordà, E.G., Verdaguer, E., Pubill, D., Sureda, F.X., Canudas, A.M., Escubedo,E., Camarasa, J., Camins, A., Pallàs, M., 2004. Neurotoxicity of amphetaminederivatives is mediated by caspase pathway activation in rat cerebellar granulecells. Toxicol. Appl. Pharmacol. 196, 223–234.

Johnson, E.A., Shvedova, A.A., Kisin, E., O’Callaghan, J.P., Kommineni, C., Miller, D.B.,2002. d-MDMA during vitamin E deficiency: effects on dopaminergic neurotox-icity and hepatotoxicity. Brain Res. 933, 150–163.

Lauterburg, B.H., Davies, S., Mitchell, J.R., 1984. Ethanol suppresses hepatic glu-tathione synthesis in rats in vivo. J. Pharmacol. Exp. Ther. 230, 7–11.

Leier, I., Jedlitschky, G., Buchholz, U., Center, M., Cole, S.P., Deeley, R.G., Keppler, D.,1996. ATP-dependent glutathione disulphide transport mediated by the MRPgene-encoded conjugate export pump. Biochem. J. 14, 433–437.

Liechti, M.E., Kunz, I., Kupferschmidt, H., 2005. Acute medical problems due toEcstasy use. Case-series of emergency department visits. Swiss Med. Wkly. 135,652–657.

Lora-Tamayo, C., Tena, T., Rodriguez, A., Moreno, D., Sancho, J.R., Ensenat, P., Muela,F., 2004. The designer drug situation in Ibiza. Forensic Sci. Int. 140, 195–206.

Lorenzo, H.K., Susin, S.A., 2007. Therapeutic potential of AIF-mediated caspase-independent programmed cell death. Drug Resist. Updat. 10, 235–255.

Lowry, O.H., Rosebrough, N.J., Farr, A.L., Randall, R.J., 1951. Protein measurement withthe Folin phenol reagent. J. Biol. Chem. 193, 265–275.

Mannervik, B., Danielson, U.H., 1988. Glutathione transferases—structure and cat-alytic activity. CRC Crit. Rev. Biochem. 23, 283–337.

Milroy, C.M., Clark, J.C., Forrest, A.R., 1996. Pathology of deaths associated with“ecstasy” and “eve” misuse. J. Clin. Pathol. 49, 149–153.

Monks, T.J., Jones, D.C., Bai, F., Lau, S.S., 2004. The role of metabolism in 3,4-(+)-methylenedioxyamphetamine and 3,4-(+)-methylenedioxymethamphetamine(ecstasy) toxicity. Ther. Drug Monit. 26, 132–136.

Monks, T.J., Lau, S.S., 1992. Toxicology of quinone-thioethers. Crit. Rev. Toxicol. 22,243–270.

Montiel-Duarte, C., Ansorena, E., López-Zabalza, M.J., Cenarruzabeitia, E., Iraburu,M.J., 2004. Role of reactive oxygen species, glutathione and NF-kappaB in apop-tosis induced by 3,4-methylenedioxymethamphetamine (“Ecstasy”) on hepaticstellate cells. Biochem. Pharmacol. 67, 1025–1033.

Montiel-Duarte, C., Varela-Rey, M., Osés-Prieto, J.A., López-Zabalza, M.J., Beitia, G.,Cenarruzabeitia, E., Iraburu, M.J., 2002. 3,4-Methylenedioxymethamphetamine(“Ecstasy”) induces apoptosis of cultured rat liver cells. Biochim. Biophys. Acta1588, 26–32.

Morimoto, M., Hagbjörk, A.L., Nanji, A.A., Ingelman-Sundberg, M., Lindros, K.O., Fu,P.C., Albano, E., French, S.W., 1993. Role of cytochrome P4502E1 in alcoholic liverdisease pathogenesis. Alcohol 10, 459–464.

Oyefeso, A., Schifano, F., Ghodse, H., Cobain, K., Dryden, R., Corkery, J., 2006. Fatalinjuries while under the influence of psychoactive drugs: a cross-sectionalexploratory study in England. BMC Public Health 6, 148.

Piner, P., Sevgiler, Y., Uner, N., 2007. In vivo effects of fenthion on oxidative pro-cesses by the modulation of glutathione metabolism in the brain of Oreochromisniloticus. Environ. Toxicol. 22, 605–612.

Piquet, M.A., Roulet, M., Nogueira, V., Filippi, C., Sibille, B., Hourmand-Ollivier, I.,Pilet, M., Rouleau, V., Leverve, X.M., 2004. Polyunsaturated fatty acid deficiencyreverses effects of alcohol on mitochondrial energy metabolism. J. Hepatol. 41,721–729.

Pontes, H., Duarte, J.A., Guedes de Pinho, P., Soares, M.E., Fernandes, E., Dinis-Oliveira,R.J., Sousa, C., Silva, R., Carmo, H., Casal, S., Remião, F., Carvalho, F., Bastos, M.L.,2008a. Chronic exposure to ethanol exacerbates MDMA-induced hyperthermiaand exposes liver to severe MDMA-induced toxicity in CD1 mice. Toxicology 252,64–71.

Pontes, H., Santos-Marques, M.J., Fernandes, E., Duarte, J.A., Remião, F., Carvalho, F.,Bastos, M.L., 2008b. Effect of chronic ethanol exposure on the hepatotoxicity ofecstasy in mice: An ex vivo study. Toxicol. In Vitro 22, 910–920.

Quinton, M.S., Yamamoto, B.K., 2006. Causes and consequences of metham-phetamine and MDMA toxicity. AAPS J. 8, E337–E347.

SAMHSA, 2005. 2005 National Survey on Drug Use and Health: National Findings.Sanjurjo, E., Nogue, S., Miro, O., Munne, P., 2004. Analysis of patients attended in

an emergency department due to ecstasy consumption. Med. Clin. (Barc.) 123,90–92.

Sastre, J., Serviddio, G., Pereda, J., Minana, J.B., Arduini, A., Vendemiale, G., Poli, G.,Pallardo, F.V., Vina, J., 2007. Mitochondrial function in liver disease. Front. Biosci.12, 1200–1209.

Schifano, F., 2004. A bitter pill. Overview of ecstasy (MDMA, MDA) related fatalities.Psychopharmacology (Berl.) 173, 242–248.

Schifano, F., Corkery, J., Deluca, P., Oyefeso, A., Ghodse, A.H., 2006. Ecstasy (MDMA,MDA, MDEA, MBDB) consumption, seizures, related offences, prices, dosagelevels and deaths in the UK (1994–2003). J. Psychopharmacol. 20, 456–463.

Schifano, F., Di Furia, L., Forza, G., Minicuci, N., Bricolo, R., 1998. MDMA (’ecstasy’)consumption in the context of polydrug abuse: a report on 150 patients. DrugAlcohol Depend. 52, 85–90.

Schifano, F., Oyefeso, A., Corkery, J., Cobain, K., Jambert-Gray, R., Martinotti, G.,Ghodse, A.H., 2003. Death rates from ecstasy (MDMA, MDA) and polydrug usein England and Wales 1996–2002. Hum. Psychopharmacol. 18, 519–524.

Seelig, G.F., Simondsen, R.P., Meister, A., 1984. Reversible dissociation of gamma-glutamylcysteine synthetase into two subunits. J. Biol. Chem. 259, 9345–9347.

Skulachev, V.P., 2006. Bioenergetic aspects of apoptosis, necrosis and mitoptosis.Apoptosis 11, 473–485.

Smart, R.G., Ogborne, A.C., 2000. Drug use and drinking among students in 36 coun-tries. Addict. Behav. 25, 455–460.

Topp, L., Hando, J., Dillon, P., Roche, A., Solowij, N., 1999. Ecstasy use in Australia:patterns of use and associated harm. Drug Alcohol Depend. 55, 105–115.

Tossmann, P., Boldt, S., Tensil, M.D., 2001. The use of drugs within the techno partyscene in European metropolitan cities. Eur. Addict. Res. 7, 2–23.

van Ommen, B., Ploemen, J.H., Bogaards, J.J., Monks, T.J., Gau, S.S., van Bladeren, P.J.,1991. Irreversible inhibition of rat glutathione S-transferase 1-1 by quinones andtheir glutathione conjugates. Structure-activity relationship and mechanism.Biochem. J. 276, 661–666.

Winstock, A.R., Griffiths, P., Stewart, D., 2001. Drugs and the dance music scene: asurvey of current drug use patterns among a sample of dance music enthusiastsin the UK. Drug Alcohol Depend. 64, 9–17.

Helena
Rectangle
Helena
Rectangle
Helena
Text Box
221
Helena
Text Box
222

Trabalho V. Interacções metabólicas entre o etanol e a MDMA em

culturas primárias de hepatócitos de rato.

______________________________________________________ Trabalho V

225

Trabalho V. Interacções metabólicas entre o etanol e a MDMA em culturas primárias de hepatócitos de rato.

a) Introdução O estudo da influência do etanol no metabolismo da MDMA é de

extrema importância, uma vez que (i) estas duas substâncias são

frequentemente co-consumidas e o seu consumo simultâneo foi já verificado

em intoxicações fatais subsequentes ao consumo de ecstasy 37, 281, (ii) ambas

as substâncias são metabolizadas a nível hepático, onde inclusivamente

partilham algumas vias metabólicas, originando compostos dotados de maior

toxicidade que o composto pai 5, 736 e (iii) o etanol tem ainda a capacidade de

alterar a expressão e/ou actividade de enzimas com actividade metabólica

como as isoenzimas do sistema CYP450 668, incluindo aquelas envolvidas no

metabolismo da MDMA. Esta indução do CYP450 pelo etanol está na base de

múltiplas interacções farmacocinéticas com o etanol aumentando a

bioactivação de numerosos xenobióticos com formação dos respectivos

metabolitos tóxicos 669 e está também associada com um aumento na produção

de ROS e na peroxidação lipídica, bem como com uma diminuição da

capacidade de neutralização, enzimática e não enzimática, de radicais livres 669. Este facto pode agravar as alterações no estado redox verificadas durante

o metabolismo da MDMA, potenciando o risco do desenvolvimento de

toxicidade, especialmente a nível hepático, onde decorre a maior parte do

metabolismo destes dois compostos.

Outros estudos acerca das interacções farmacocinéticas entre o etanol e

a MDMA centraram-se no efeito do etanol nas concentrações plasmáticas de

MDMA 683, 684, no entanto a influência do etanol nas vias metabólicas da MDMA

ainda não foi descrita.

b) Objectivo

Determinar se o etanol afecta o metabolismo da MDMA, se a CYP2E1

e/ou a CYP3A1 estão envolvidas numa eventual interacção metabólica, e de

que forma é que a incubação de hepatócitos de rato em culturas primárias em

Trabalho V ______________________________________________________

226

condições hipertérmicas pode afectar esta hipotética interacção metabólica,

uma vez que a exposição à MDMA in vivo resulta, frequentemente, num

aumento da temperatura corporal 595.

b) Metodologia Neste trabalho foram utilizados hepatócitos de rato Wistar adulto obtidos

pelo mesmo procedimento referido no Trabalho IV e ilustrado na Figura 13

.

Figura 13. Procedimento experimental utilizado para a avaliação da influência do etanol no perfil metabólico da MDMA em culturas primárias de hepatócitos de rato. FBS, soro bovino fetal.

Os hepatócitos assim obtidos e colocados em cultura foram expostos a

300 mM de etanol, 1,6 mM de MDMA (M) ou à combinação de ambos, em

condições de normotermia (36,5 ± 0,5ºC) e de hipertermia (40,5 ± 0,5ºC). O

mesmo desenho experimental foi depois repetido, mas, desta vez, a incubação

com etanol, MDMA ou a mistura dos dois, foi precedida de uma incubação de

uma hora com 0,18 μM de cetoconazol (KET, inibidor da CYP3A1) ou 150 μM

de sulfureto dialílico (DAS, inibidor competitivo da CYP2E1).

Após 24 horas de incubação, foi avaliada a viabilidade celular, através

da quantificação da libertação de lactato desidrogenase (LDH) para o meio de

______________________________________________________ Trabalho V

227

cultura. Foram quantificados, por GC-MS, recorrendo a uma técnica

previamente validada pelo nosso grupo (resultados não publicados), os níveis

de três importantes metabolitos da MDMA no meio de cultura: o metabolito

resultante da N-desmetilação da MDMA (a 3,4-metilenodioxianfetamina ou

MDA) e os metabolitos catecóis o-metilados da MDMA e da MDA (4-hidroxi-3-

metoximetanfetamina ou HMMA e 4-hidroxi-3-metoxianfetamina ou HMA,

respectivamente) (Figura 14).

Figura 14. Metabolização da MDMA a MDA, HMMA e HMA.

Para podermos quantificar estes metabolitos por GC-MS foi necessário

recorrer a uma reacção de derivatização por fluoroacetilação de modo a

conferir volatilidade aos compostos em estudo. As amostras foram tratadas

como indicado na Figura 15.

Trabalho V ______________________________________________________

228

Figura 15. Preparação de amostras de meio de cultura para quantificação de MDMA, MDA, HMMA e HMA por GC-MS.

______________________________________________________ Trabalho V

229

c) Resultados e discussão

c.1) Viabilidade celular As células expostas a 1,6 mM de MDMA em condições normotérmicas

sofreram uma perda de viabilidade de cerca de 10% relativamente às células

controlo (mais 9,8 ± 2,6% de morte celular do que o controlo) (Figura 16), a

qual foi significativamente agravada em condições hipertérmicas, atingindo

valores próximos dos 25% [21,7 ± 2,8% acima do controlo a 40,5ºC (P < 0,05)].

A co-exposição ao etanol teve um efeito sinérgico na morte celular

induzida pela MDMA, provocando 33,9 ± 11,5% de morte celular acima do

controlo em normotermia (P < 0,05 quando comparado com M a 36,5ºC) ou

89,7% ± 1,6% em hipertermia (P < 0,01 quando comparado com M a 40,5ºC).

A pré-incubação com DAS ou KET não reverteu os efeitos da MDMA e

do etanol na percentagem de morte celular.

Normotermia (36,5ºC)

M DAS+M KET+M0

25

50

75

100

++

+*

**

GruposMor

te c

elul

ar (%

aci

ma

do c

ontr

olo)

Hipertermia (40,5ºC)

M DAS+M KET+M0

20

40

60

80

100Sem etanolCom etanol

*

x

x

*** *** ***xxx xx xx

++ ++ ++

GruposMor

te c

elul

ar (%

aci

ma

do c

ontr

olo)

Figura 16. Efeito de MDMA 1,6 mM (M) e da hipertermia na percentagem de morte celular na presença ou na ausência de etanol, DAS e KET. Os resultados estão apresentados como média ± erro padrão da média da percentagem acima das células controlo (não expostas a etanol nem a MDMA) de três ensaios independentes. * Comparado com M a 36,5ºC; × Comparado com normotermia; + Comparado com “Sem etanol”.

c.2) Formação de metabolitos da MDMA Em condições normotérmicas e na ausência de etanol, a pré-incubação

das células em cultura com DAS ou KET não afectou o metabolismo da MDMA

a MDA e HMA (Figura 17A e E). No entanto, a pré-incubação com DAS

provocou uma diminuição significativa da formação de HMMA [de 10,50 ± 0,56

nmol / 106 células para 7,75 ± 0,46 nmol / 106 células (P < 0,05)] (Figura 17C).

Trabalho V ______________________________________________________

230

Por outro lado, a pré-incubação com KET em condições normotérmicas

provocou um aumento significativo da formação de MDA (Figura 17A).

MDA

Normotermia (36,5ºC)

M DAS+M KET+M0.00

0.05

0.10

0.15

0.20

0.252.2

2.4

**

+ +

Groups

mm

ol d

e M

DA

por

106 c

élul

as

Hipertermia (40,5ºC)

M DAS+M KET+M0.0

0.4

0.8

1.2

1.6

2.0

2.4

+++

+

§§§

§§§

***

***×××

×

º º

Sem etanolCom etanol

Gruposm

mol

de

MD

A po

r 10

6 cél

ulas

HMMA

Normotermia (36,5ºC)

M DAS+M KET+M0

4

8

12

16

20220

240

*

+

Grupos

nmol

de

HM

MA

por

10

6 cél

ulas

Hipertermia (40,5ºC)

M DAS+M KET+M0

40

80

120

160

200

240

ººº ººº

+++

+++ +++

§§§

§§§

***

*** ***

×××

××× ×××

º ºº

Sem etanolCom etanol

Grupos

nmol

de

HM

MA

por

10

6 cél

ulas

HMA

Normotermia (36,5ºC)

M DAS+M KET+M0.0

0.5

1.0

1.512

14

++++

Grupos

nmol

de

HM

A p

or 1

06 c

élul

as

Hipertermia (40,5ºC)

M DAS+M KET+M0

2

4

6

8

10

12

14

+++

ºººººº+++

+++

§§§

***

******

×××

××××××

Sem etanolCom etanol

Grupos

nmol

de

HM

A p

or 1

06 c

élul

as

Figura 17. Efeito da hipertermia e da co-incubação com etanol 300 mM, DAS 150 μM e KET 0,18 μM na formação de metabolitos da MDMA (MDA, HMMA e HMA) em culturas primárias de hepatócitos de rato. Os resultados são apresentados como média ± erro padrão da média da quantidade de metabolitos formados por milhão de células vivas de três ensaios independentes. * Comparado com M a 36,5ºC; × Comparado com normotermia; + Comparado com “Sem etanol”; º Comparado com M a 40,5ºC; § Comparado com etanol+MDMA a 40,5ºC.

A B

DC

FE

______________________________________________________ Trabalho V

231

A co-exposição ao etanol aumentou significativamente o metabolismo da

MDMA a MDA e a HMA a 36,5ºC [a MDA aumentou de 0,124 ± 0,006 para

0,180 ± 0,023 mmol / 106 células (P < 0,05) e a HMA aumentou de 0,69 ± 0,03

para 1,23 ± 0,13 nmol / 106 células (P < 0,01)] não afectando a formação de

HMMA. A pré-incubação com DAS ou KET foi capaz de impedir o aumento da

formação de HMA induzido pelo etanol, mas não impediu o aumento na

formação de MDA.

Em condições hipertérmicas, o etanol aumentou significativamente a

formação dos três metabolitos considerados. A co-incubação de etanol e

MDMA em condições hipertérmicas resultou num aumento de 6 vezes na

formação de MDA [de 0,248 ± 0,015 para 1,467 ± 0,121 mmol / 106 células (P <

0,001)], de 16 vezes na formação de HMMA [de 8,92 ± 0,40 para 145,7 ± 11,9

nmol / 106 células (P < 0,001)] e de 10 vezes na formação de HMA [de 0,818 ±

0,090 para 8,462 ± 0,752 nmol / 106 células (P < 0,001)]. A pré-incubação com

DAS impediu parcialmente esta indução resultante da co-exposição ao etanol.

A pré-incubação com KET também foi capaz de reverter o aumento da

formação de metabolitos provocado pelo etanol, à excepção da formação de

HMA.

Esta maior actividade metabólica dos hepatócitos expostos ao etanol

poderá ser devida à indução de várias isoenzimas do sistema citocromo P450

como a CYP2E1 e a CYP3A previamente atribuída ao etanol 676, 677. De facto, o

etanol provou induzir a actividade da CYP2E em culturas de hepatócitos de

rato (após 48 horas de exposição) e em ensaios in vivo em ratos 677. Por seu

lado, a indução da CYP3A pelo etanol foi demonstrada, in vitro, em linhas

celulares HepG2 que expressam a CYP3A4 humana e, in vivo, em ratos

alimentados com a dietas contendo etanol 676. A maior formação de metabolitos

dotados de maior toxicidade do que a própria MDMA 5 pode estar na base do

aumento da mortalidade celular quando as células são co-expostas a etanol e a

MDMA. No entanto, é importante salientar que outros factores, para além do

aumento do metabolismo da MDMA, contribuem para o sinergismo na

toxicidade do etanol e da MDMA. Destes, a hipertermia, efeito potencialmente

letal associado com a exposição in vivo à MDMA, tem uma acção

preponderante, uma vez que agrava significativamente a influência do etanol

Trabalho V ______________________________________________________

232

no metabolismo da MDMA aumentando a formação de metabolitos

hepatotóxicos. No entanto, o aumento da citotoxicidade verificado em

condições hipertérmicas não se deve unicamente à maior formação de

metabolitos, uma vez que, mesmo diminuindo a quantidade de metabolitos

formados, recorrendo a uma pré-incubação com inibidores da CYP2E1 e da

CYP3A1, não se verifica uma diminuição da percentagem de morte celular a

qual se mantém elevada como nas células que não foram pré-incubadas com

os inibidores, o que ilustra a importância da resposta hipertérmica na

expressão da hepatotoxicidade da MDMA.

Assim, dos resultados deste trabalho, podemos concluir que o etanol

induz um aumento do metabolismo da MDMA , especialmente em condições

hipertérmicas e, possivelmente, devido à indução de isoenzimas do sistema

citocromo P450, incluindo a CYP2E1 e a CYP3A1.

Para confirmar esta indução estão programados estudos, já fora do

âmbito desta dissertação, que englobam a determinação da actividade,

expressão e transcrição da CYP2E1 e da CYP3A1 no modelo experimental

utilizado neste estudo.

Trabalho VI. Gas chromatography determination of acetone, acetaldehyde,

ethanol and methanol in biological matrices and cell culture

_____________________________________________________ Trabalho VI

235

Trabalho VI. Gas chromatography determination of acetone, acetaldehyde, ethanol and methanol in biological matrices and cell culture.

Autores: Helena Pontesª, Paula Guedes de Pinhoª, Susana Casalb, Helena

Carmoª, Agostinho Santosc, Teresa Magalhãesc, Fernando Remiãoª,

Félix Carvalhoª, Maria Lourdes Bastosª a REQUIMTE, Toxicology Department, Faculty of Pharmacy, University of Porto, Rua Aníbal Cunha 164, 4099-030 Porto, Portugal b REQUIMTE, Bromatology Department, Faculty of Pharmacy, University of Porto, Rua Aníbal Cunha 164, 4099-030 Porto, Portugal c National Institute of Legal Medicine I.P., Faculty of Medicine, University of Porto, Alameda Prof. Hernâni Monteiro, 4200 - 319 Porto, Portugal

a) Abstract A Gas Chromatographic with Flame Ionization Detection method (GC-

FID) with direct injection, using a capillary column, was validated to determine

ethanol, acetaldehyde, methanol and acetone in different human matrices, such

as whole blood, vitreous humour and urine, with clinical and forensic interest.

This method was also employed to quantify these compounds in cell culture

medium, thus being useful in basic research. A good peak resolution was

achieved, with linear correlation between concentration and peak areas for all

the compounds in all the matrices. The inter-day and the intra-day precision

(CV%) of the method was always under 15% and 10%, respectively. The

accuracy (A%) of the method, calculated as the percentage of target

concentration, was within the acceptable limits. The obtained limit of detection

was below 0.85 mg/L for acetaldehyde and below 0.75 mg/L for the other

considered compounds. The small injection volume and the high split ratios

applied, allied to the high performance of the GC column resulted in very good

peak resolution and high sensitivities. This method is easy to perform, making it

suitable for the routine of clinical biochemistry and forensic laboratories.

Trabalho VI _____________________________________________________

236

b) Introduction Gas chromatographic methodologies have been reported, being the

volatile fraction analysed by diversified techniques [1-5]. Chronologically, the

direct sample injection in packed columns [1, 3] became obsolete and was

gradually substituted by headspace techniques in capillary columns [6] and,

more recently, by the selective headspace injection using Solid Phase Micro-

Extraction (SPME) fibres [5, 7, 8]. However, both headspace methodologies

require an accurate time- and temperature-controlled sample heating. When the

automatic injectors are not available, reproducibility problems are difficult to

overcome. Moreover, the influence of the biological specimen on the partitioning

of the volatile compounds between liquid and headspace vapour and the

selectivity of the SPME fibres increase both the complexity of method

development and the total analysis time [9]. In addition, the headspace

techniques usually require larger sample volumes and have higher detection

limits.

Ethanol, acetaldehyde, methanol and acetone are volatile compounds

whose detection and quantification in biological matrices can be used as

biomarkers of several diseases and/or intoxications.

Ethanol consumption is under strict regulations in many circumstances,

and legal Blood Alcohol Concentration (BAC) limits for driving are well

established. Over-consumption of alcoholic beverages and drunkenness are

almost always closely related with fatal accidents, trauma deaths, drowning,

suicide and violent crimes [10]. These considerations justify the importance of

the determination of ethanol levels in ante-mortem and post-mortem specimens

with great importance in the forensic domain [4].

Humans are frequently exposed to naturally occurring acetaldehyde that

can exist in the air and that can be ingested as a contaminant of food and

alcoholic drinks since it is the main compound formed during ethanol

metabolism. Additionally, humans are also exposed to acetaldehyde coming

from automobile exhaust, cigarette smoke, fireplaces, and occupational

settings. This compound has been associated with cancer development in

experimental animals, being classified as a possible carcinogenic to humans by

the International Agency for Research on Cancer (IARC) of the World Health

_____________________________________________________ Trabalho VI

237

Organization [11]. Thus, from a clinical point of view, its quantification in

biological samples is of paramount importance.

The quantification of methanol in body fluids is very important for

confirmation of methanol intoxication-related deaths [12] and can also be a

biomarker of intentional [13], accidental (for example, by ingestion in

adulterated drinks) [14] or occupational exposure [15].

Acetone can be a biomarker of ketoacidosis, which can help to diagnose

ante-mortem diabetes mellitus, though it can also be a likely cause of death in

binge drinkers and alcoholics [16], and can be very useful in the diagnosis of

death from hypothermia [17]. Ketoacidosis is diagnosed by analysis of high

levels of ketone bodies in body fluids, namely acetone, acetoacetate and

particularly β-hydroxybutyrate [18]. Additionally, the quantification of acetone in

biological fluids can be a biomarker of occupational exposure [15].

Given the importance of the quantification of these compounds in blood

and urine from ante-mortem and post-mortem specimens we validated the

present method in these matrices. However, as post-mortem compounds levels

in blood do not necessarily reflect the concentration at the time of death, due to

drug instability and post-mortem redistribution phenomena [19], measurements

of vitreous humour (VH) concentrations could be of interest for predicting the

blood concentration at the time of death in humans [20]. VH is a very useful

matrix because the vitreous fluid is less influenced by autolytic processes, is

simple to collect and is not affected by hemolysis [10]. Additionally, it is a clean

fluid that contains less protein than urine and exhibits high stability [21]. Thus,

VH has been recently demonstrated to be a suitable alternative specimen to

post-mortem blood and urine, not only for the analysis of ethanol intoxications,

but also for other drugs as well as endogenous biochemical constituents of the

body to detect ante-mortem diseases [10]. VH is, additionally, more resistant to

putrefactive changes than other specimens such as blood [8, 22]. Due to these

advantages, formerly, VH determinations have been performed in order to

detect various drugs, in particular ethanol [10] and also morphine [23], cocaine

[24] and amitriptyline [25].

The validation of this method for its application in cell culture medium

samples is also important due to the need of controlling the levels of these

Trabalho VI _____________________________________________________

238

compounds when cell culture is used to study their effects on cell physiology

and toxicity [26].

Thus, there is an obvious need to develop a cheaper, sensitive, rapid and

reliable alternative gas chromatographic method. In this study it is proposed a

gas chromatographic direct injection in capillary columns, to quantify ethanol,

acetaldehyde, methanol and acetone, and to apply it to different matrices such

as whole blood, vitreous humour, urine and cell culture medium.

Based on the above mentioned rationale, the aim of this work was to

develop an easy direct injection gas-chromatographic methodology to

determine simultaneously some of the most important volatiles found in

biological samples with clinical, forensic and research interest and to apply it to

several matrices.

c) Materials and Methods

c.1) Reagents All the used chemicals were of analytical grade: Ethanol (> 99.9%,

Panreac, Spain), methanol (> 99.9%, Merck, Germany), 1-propanol (> 99%,

Sigma-Aldrich Co., USA), acetone (> 99.9%, Merck, Germany), acetaldehyde (>

99.9%, Fluka, USA), Triton X-100 (Sigma-Aldrich Co. USA), acetonitrile (>

99.9%, Merck, Germany). William’S E culture medium was obtained from Lonza

(Belgium) and supplemented with 2 mM L-glutamine (Lonza, Belgium), 5 μg/mL

insulin (Sigma-Aldrich Co., USA), 5 nM dexamethasone (Sigma-Aldrich Co.,

USA), 10 mM Hepes (Lonza, Belgium), 100 units/mL penicillin G, 100 μg/mL

streptomycin sulphate and 250 ng/mL amphotericin B (Sigma-Aldrich Co.,

USA).

c.2) Biological matrices characterization and preparation Human blood and urine samples were collected from healthy volunteers.

In the experiments with whole blood, EDTA-blood was used. Post-mortem

human vitreous humour was collected from autopsy samples at the North

Delegation of the National Institute of Legal Medicine I.P., after accomplishment

of all legal procedures to post-mortem samples collection. Prior to analysis,

_____________________________________________________ Trabalho VI

239

each sample was injected into the GC-FID to confirm the absence of each

studied compound. Additionally, the interference between the tested

compounds and some other volatile biomarkers of some diseases and with

great forensic interest such as formaldehyde, methyl and ethyl formate,

ethylene glycol, propylene glycol, glycerol, 1,4-butanediol and 2,3-butanediol

was excluded.

Volatile-free Blood (B), Urine (U), Vitreous Humour (VH) and Cell Culture

Medium (CCM) were used to prepare the control samples and calibration

curves.

c.3) Calibration procedures Concentrated solutions of 500 g/L ethanol, 50 g/L methanol, 50 g/L

acetaldehyde and 50 g/L acetone were prepared daily by dilution of the

commercial solutions in deionised water. Daily prepared 2.2 g/L 1-propanol in

deionised water was used as internal standard (IS).

A stock calibrator containing 10 g/L ethanol, 1 g/L methanol, 1 g/L

acetaldehyde and 1 g/L acetone was prepared daily in each tested matrix, from

the concentrated solutions. The calibration curves were prepared as shown in

Figure 1.

These procedures resulted in final concentration of 7.5, 15, 30, 60, 120

and 240 mg/L of methanol, acetone and acetaldehyde, and with 75, 150, 300,

600, 1200 and 2400 mg/L of ethanol. Theses calibration standards, in blood and

vitreous humour, undergone a 5 times dilution with a solution containing 1.2% of

Triton X-100 and 1.8 g/L of acetonitrile in water, to decrease sample viscosity

and therefore, facilitate volume measurements and sample injection, according

to the method described by Dubowski [27].

Each tube was vortex-mixed and centrifuged at 16,000 g for 5 min at 4

ºC. A fixed volume of supernatant (0.5 μL) was injected into the

chromatographic system.

Trabalho VI _____________________________________________________

240

Figure 1 – Flowchart for preparation of the calibration curves.

c.4) Samples preparation

Blood or vitreous humour samples (100 μL) were mixed with 10 μL of IS.

The samples were diluted to 500 μL with the Triton X-100 and acetonitrile

solution, centrifuged and 0.5 μL of the supernatant were directly injected into

the gas chromatograph as described below. Concerning urine and cell culture

medium, after adding the internal standard, samples were centrifuged and 0.5

μL of the supernatant were directly injected into the gas chromatograph.

c.5) Analytical Instrument settings The gas chromatograph used was a TermoFinnigan Model Focus GC

equipped with a flame ionization detector. The injection port of the

chromatograph was installed with a glass liner (5 mm ID) appropriated for split

analysis, to prevent the contamination of the gas chromatographic column with

_____________________________________________________ Trabalho VI

241

non-volatile material from the tested matrices. For whole blood and vitreous

humour, the liner was replaced after 50 injections. For cell culture medium and

for urine, the liner was replaced each 100 injections.

The analyses were performed under the following chromatographic

conditions: Column: CPWax 57 CB, (WCOT Fused Silica), 25 m × 0.25 mm id,

DF = 0.2, from Varian (USA). The temperature of the FID detector was 220ºC

and the injector temperature was 220ºC. The oven temperature was

programmed to 40ºC (for 2 min), followed by an increase of 5ºC/min until

200ºC. Carrier gas was helium with a flow of 1.5 mL/min. The injection of whole

blood and vitreous humour was performed by means of a 10 μL Hamilton

syringe (Model 701 RN) with a removable needle (needle gauge 22S), cleaned

under vacuum between each injection with the Triton X-100 and acetonitrile

solution. On the other hand, the injection of cell culture medium and urine was

performed by means of a 5 μL SGE syringe (Model 5F-GP) cleaned under

vacuum between each injection with deionised water. The volume of injection

was 0.5 μL, with a split ratio of 100 and a split flow of 120 mL/min for blood and

vitreous humour, and a split ratio of 60 and a split flow of 90 mL/min for urine

and cell culture medium.

c.6) Effect of the split ratio on the sensitivity of the method The effect of the split ratio on the sensitivity of the method was studied

for whole blood with 60 mg/L acetaldehyde, acetone and methanol and 600

mg/L ethanol. Split ratios between 1:40 and 1:500 were tested: 1:40, 1:60,

1:100, 1:150, 1:200, 1:300, 1:400, 1:500, which corresponds to 60 mL/min, 90

mL/min, 120 mL/min, 150 mL/min, 300 mL/min, 450 mL/min, 600 mL/min, 750

mL/min, respectively.

c.7) Validation experiments and acceptance criteria

c.7.1) Method linearity Method linearity was determined by evaluating the regression curve and

is indicated by the square correlation coefficient (R2). The line of best fit for the

Trabalho VI _____________________________________________________

242

relationship between the ratio of peak area and internal standard area and

concentration of analytes in the samples was determined by linear regression

performing calibration curves in the considered concentration ranges (7.5-240

mg/L for acetaldehyde, acetone and methanol and 75-2400 mg/L for ethanol).

For urine and cell culture medium, the slopes were calculated taking into

account the mean of 5 calibration curves prepared in each matrix on 5

consecutive days. For whole blood and vitreous humour, the slopes were based

on the mean of 3 curves prepared in these matrices on 3 consecutive days.

Linearity was achieved with a minimal R2 of 0.99.

c.7.2) Precision For urine and cell culture medium, the intra-day precision of the method

was determined by injecting, on the same day, 5 different replicate calibrators of

each one of the 7 points of the calibration curves; the intra-day precision of the

apparatus was determined by analysing 5 times, on the same day, the 7

calibrators of one of the calibration curves; the inter-day precision of the method

was determined by analyzing, for 5 consecutive days, daily prepared calibrators

of the 7 concentrations considered for the calibration curves.

For blood and vitreous humour, due to the complexity of these samples,

the intra-day precision of the method was determined injecting, on the same

day, 6 independent calibrators containing 1200 mg/L of ethanol and 120 mg/L of

acetaldehyde, acetone and methanol; the intra-day precision of the apparatus

was determined injecting 6 times, on the same day, one of the concentrations

contemplated in the calibration curves (1200 mg/L for ethanol and 120 mg/L for

acetaldehyde, acetone and methanol); the inter-day precision of the method

was evaluated by analyzing, for 3 consecutive days, daily prepared calibrators

of all the 7 concentrations considered for the calibration curves. Precision was

assessed by calculating the mean, standard deviation and coefficient of

variation (CV%) of the observed values.

c.7.3) Limits of detection and quantification To determine the sensitivity of the method, the calibrators with the lowest

concentrations (7.5 mg/L for methanol, acetaldehyde and acetone and 75 mg/L

for ethanol) of each matrix (urine, blood, vitreous humour and cell culture

_____________________________________________________ Trabalho VI

243

medium) were progressively diluted to determine the detection (LOD) and

quantification limits (LOQ). A signal-to-noise ratio of 3 was considered

acceptable for estimating the detection limit [28]. This concentration that

originated the peak with a signal-to-noise ratio of 3 was injected 5 times.

The quantification limit (LOQ) for each matrix was estimated based on a

signal-to-noise ratio of 10 obtained for calibration solutions containing the

compounds of interest. The LOQ corresponds to the lowest concentration

obtained by successive dilutions of standards that originate a sharp and

symmetrical chromatographic peak, required for routine analysis. Peaks that

were excessively broad, showing tailing or shoulders, or that did not resolve to

within 10% baseline were not considered [29].

c.7.4) Accuracy (A%) Accuracy was calculated in terms of bias as the percent deviation of the

mean calculated concentration at each concentration level from the

corresponding theoretical concentration. Accuracy (%) = (mean calculated

concentration – nominal concentration) / (nominal concentration) × 100.

d) Results d.1) Gas Chromatographic Separation

Interferents were ruled out by verifying the absence of peaks in the

retention times of the studies analytes (Figure 2A and 2B).

As shown in Figure 2 the retention times for acetaldehyde, acetone,

methanol and ethanol in all tested matrices (Figure 2C and 2D) were 1.66, 2.02,

2.70 and 3.16 min, respectively. The internal standard (1-propanol) retention

time was 5.26 min. The peak at 3.71 minutes in the chromatogram 2B (whole

blood and vitreous humour) corresponds to the peak of acetonitrile, which is

part of the triton X-100 and acetonitrile solution used to dilute these complex

matrices.

Trabalho VI _____________________________________________________

244

Figure 2 – Representative chromatograms obtained from blood sample without IS (2A), blood sample with IS (2B), calibrator solutions prepared in cell culture medium or urine (2C) and in blood or vitreous humour (2D) with peak identification and retention times of the quantified compounds.

d.2) Method validation

d.2.1) Linearity Regression analysis of calibration data achieved satisfactory linearity

over the considered concentration range. Square correlation coefficients (R2)

were always > than 0.99, indicating a linear relationship from 7.5 to 240 mg/L

for acetaldehyde, methanol and acetone and from 75 to 2400 mg/L for ethanol

in all the studied matrices.

The slopes and square correlation coefficients are presented in Figure

3A for cell culture medium, 3B for urine, 3C for blood and 3D for vitreous

humour.

_____________________________________________________ Trabalho VI

245

Trabalho VI _____________________________________________________

246

Figure 3 – Calibration curves of acetaldehyde, acetone, methanol and ethanol on the 4 different considered matrices: cell culture medium (3A), urine (3B), blood (3C) and vitreous humour (3D). Results are presented as mean ± SD of 5 different injections of each calibrator of cell culture medium and urine and of 3 different injections of each calibrator of whole blood and vitreous humour.

_____________________________________________________ Trabalho VI

247

d.2.2) Sensitivity The LOD and LOQ for each compound in each matrix are shown in Table

1.

Table1. Limits of Detection (LOD) and Quantification (LOQ) in mg/L.

Acetaldehyde Acetone Methanol Ethanol LOD LOQ LOD LOQ LOD LOQ LOD LOQ

Blood 0.84 2.8 0.75 2.5 0.75 2.5 0.75 2.5

Cell Culture medium 0.15 0.5 0.38 1.23 0.75 2.5 0.38 1.23

Vitreous humor 0.15 0.5 0.15 0.5 0.75 2.5 0.25 0.83

Urine 0.15 0.5 0.75 2.5 0.5 1.67 0.25 0.83

d.2.3) Effect of the split ratio on the sensitivity of the method The effect of the split ratio on the sensitivity of the method is illustrated

on Figure 4.

Methanol

Acetone

Acetaldehyde

0

50000

100000

150000

200000

250000

300000

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500Split ratio

Chro

mat

ogra

phic

Pea

k A

rea

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

20000

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500

Split ratio

Chr

omat

ogra

phic

Pea

k Ar

ea

Δ

♦ Ethanol Methanol

Acetone

Acetaldehyde

0

50000

100000

150000

200000

250000

300000

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500Split ratio

Chro

mat

ogra

phic

Pea

k A

rea

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

20000

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500

Split ratio

Chr

omat

ogra

phic

Pea

k Ar

ea

Δ

♦ Ethanol

Figure 4 – Variation of Chromatographic peak area in blood matrix with the injector split ratio.

For the blood matrix, higher split ratios were needed to protect liners and

the chromatographic column. However, if lower detection limits are needed, the

split ratio can be decreased until 1:50. For the other matrices, a good peak

resolution can still be obtained for ratios up to 1:30 (data not shown).

Trabalho VI _____________________________________________________

248

d.2.4) Inter-day precision (CV%) and accuracy (A%) of the method The results for the 4 matrices and for 3 representative concentrations are

presented in Table 2. For cell culture medium and urine, the simplest matrices,

the obtained coefficients of variation (CV%) were always lower than 10%. For

vitreous humour and blood, due to sample manipulations, the CV% was less

favourable. The average coefficients of variation (ACV%) of all the tested

concentrations are presented in Table III and were always lower than 15%.

The accuracy (A%) of the method for the 4 matrices and for 3

representative concentration of each compound, calculated as the percentage

of target concentration, is indicated in Table 2.

d.2.5) Intra-day precision of the method and of the apparatus The intra-day precision of the method and of the apparatus for the 4

tested compounds in the 4 considered matrices are presented in Table 3 as

average coefficients of variation (ACV%) that are always lower than 10%.

Concerning the intra-day precision of the apparatus, the average

coefficients of variation (ACV%) were always between 2% and 9% being the

lowest ACV% obtained for ethanol in urine and the highest for acetaldehyde in

blood. The ACV% values obtained for whole blood and vitreous humour were

higher than those obtained for cell culture medium and urine due to the need of

more sample manipulations (Table 3).

Concerning the intra-day precision of the method, the average

coefficients of variation (ACV%) were always between 3% and 9% being the

lowest ACV% obtained for ethanol in blood and the highest for methanol in

blood (Table 3).

249

Table 2. Inter-day precision (CV%) and accuracy (A%) of the method for the 4 matrices and for 3 representative concentrations.

ª Mean of A/A(IS) ± Standard Deviation b Reproducibility = (Standard Deviation / Mean) × 100 c Accuracy = (Mean Calculated Concentration-Nominal Concentration) / (Nominal Concentration) × 100 d Mean of 5 replicates e Mean of 3 replicates

Acetaldehyde Acetone Methanol Ethanol

Conc (mg/L)

Mean ± SDª CV%b A%c Mean ± SD CV% A% Mean ± SD CV% A% Conc (mg/L)

Mean ± SD CV% A%

15 0.258 ± 0.021 8.094 -0.3 0.326 ± 0.025 7.588 -9.4 0.249 ± 0.020 7.920 2.8 150 3.359 ± 0.213 6.327 2.0 60 0.788 ± 0.063 8.060 -10.5 1.099 ± 0.100 9.088 -1.0 0.799 ± 0.038 4.718 -10.7 600 10.951 ± 0.955 8.722 -22.3 C

Md

120 1.830 ± 0.148 8.075 7.1 2.288 ± 0.184 8.061 5.1 1.813 ± 0.034 1.878 2.8 1200 29.410 ± 1.562 5.311 3.2

15 0.248 ± 0.009 3.787 6.2 0.319 ± 0.021 6.464 -3.0 0.221 ± 0.008 3.449 -5.2 150 3.738 ± 0.276 7.385 3.3 60 0.859 ± 0.085 9.869 -1.1 1.262 ± 0.101 8.045 1.2 0.818 ± 0.061 7.413 6.5 600 12.284 ± 1.183 9.629 -1.2 U

d

120 1.579 ± 0.084 5.304 -7.9 2.444 ± 0.131 5.351 -1.1 1.582 ± 0.039 2.445 6.7 1200 23.732 ± 2.179 9.180 -1.9

15 0.077 ± 0.007 9.113 18.0 0.058 ± 0.002 3.483 -9.1 0.026 ± 0.003 10.687 -21.0 150 0.401 ± 0.055 13.720 -13.7 60 0.193 ± 0.006 3.078 18.0 0.166 ± 0.016 9.648 -11.7 0.122 ± 0.019 15.286 -2.9 600 1.685 ± 0.177 10.483 0.3 B

e

120 0.278 ± 0.041 14.592 -5.9 0.393 ± 0.030 7.511 6.9 0.257 ± 0.056 21.934 10.4 1200 3.622 ± 0.420 11.584 9.8

15 0.054 ± 0.009 10.886 -21.6 0.066 ± 0.003 5.026 19.0 0.030 ± 0.001 3.498 -16.2 150 0.644 ± 0.078 12.046 11.0 60 0.128 ± 0.029 22.461 -13.5 0.149 ± 0.012 9.412 -23.4 0.112 ± 0.005 4.210 -20.1 600 1.751 ± 0.114 6.496 -17.0 VH

e

120 0.284 ± 0.002 0.818 -2.8 0.387 ± 0.047 12.066 -1.3 0.275 ± 0.006 2.005 -1.2 1200 4.310 ± 0.750 17.413 3.9

Table 3. Compilation of the average coefficients of variation (ACV%) obtained for the evaluation of the intra-day precision of the GC-FID apparatus, the intra-day precision of the method, and the inter-day precision of the method.

Acetaldehyde Acetone Methanol Ethanol Cell Culture Medium 5.138 5.168 6.292 3.404

Urine 2.322 2.060 3.839 1.957

Blood 9.017 4.134 6.342 2.202

Intra-day precision of the

GC-FID

Vitreous Humour 4.718 2.410 6.663 4.518

Cell Culture Medium 5.978 5.042 5.697 6.207

Urine 5.699 4.485 7.003 6.235

Blood 3.797 5.262 8.829 2.973

Intra-day precision of the

method

Vitreous Humour 8.051 7.871 8.267 5.901

Cell Culture Medium 9.025 7.526 5.179 6.668

Urine 5.543 5.253 6.802 8.336

Blood 11.572 8.621 10.728 8.684

Inter-day precision of the

method

Vitreous Humour 12.254 10.759 8.777 12.854

250

_____________________________________________________ Trabalho VI

251

e) Discussion Several methods for the analysis of ethanol that are also concerned with

the simultaneous monitoring of acetaldehyde, methanol or acetone

concentrations have been reported [9, 30-32]. GC-MS methods have also been

applied to measure ethanol concentrations in different biological matrices [31,

33, 34]. However, GC-MS is a much more complex technique than GC-FID and

requires highly trained personnel. In consonance with these previous methods,

the technique described in the present study enables the GC-FID analysis of

blood, urine, vitreous humour and cell culture medium for the presence of

ethanol, acetaldehyde, acetone and methanol without any pre-treatment, in the

case of urine, and cell culture medium, and with a simple dilution with triton X-

100 and acetonitrile for vitreous humour and blood.

As shown in Figure 2, the selected chromatographic conditions resulted

in a good chromatographic resolution, with good peak separation. In addition,

the good chromatographic separation between the studied compounds and

some other important volatiles such as formaldehyde, methyl and ethyl formate,

ethylene glycol, propylene glycol, glycerol, 1,4-butanediol and 2,3-butanediol,

recognized as biomarkers of some diseases and/or having great forensic

interest, evince the interest of this method for a future adaptation to quantify

these volatiles. This fact is a great advantage of this method, indicating its

possible broad applicability.

A very good linear correlation (R2>0.99) between the concentration and

the ratio between the compound peak and the IS peak was obtained for all the

tested compounds in all the tested matrices.

The proposed acceptance limits for the accuracy were 100 ± 20% [28]

and, only in the case of VH, and for some concentrations, the obtained

accuracy results were out of these limits.

The injection of 0.5 μL of blank matrices showed no interferences with

other constituents from whole blood, vitreous humour, cell culture medium, and

urine, allowing the detection of very small amounts of the studied compounds.

The sensitivity depends on the volume injected and depends on the split

ratio. In this work, and in the case of whole blood, to prevent the shelf-life of the

Trabalho VI _____________________________________________________

252

chromatographic column, the volume injected was 0.5 μL and the split ratio was

1:100.

For more sensitive determinations, 1 μL or even larger volumes can be

injected and the split ratio can also be decreased, easily decreasing de LOD to

levels lower than 0.1 mg/L. For the suggested chromatographic conditions, the

LOD obtained with whole blood were: 0.84 mg/L for acetaldehyde, and 0.75

mg/L for acetone, methanol and ethanol. However, by changing the split ratio,

the LOD can be easily decreased 10 times, which means: 0.075 mg/L for

ethanol, acetone and methanol, and 0.084 mg/L for acetaldehyde [3].

f) Conclusion In conclusion, the direct GC-FID injection method using capillary columns

presented here is a highly sensitive, rapid and reliable procedure to determine a

plethora of volatile compounds in various biological samples. For the first time,

a method was validated for the simultaneous determination of acetaldehyde,

acetone, methanol and ethanol in four different matrices (human blood, urine

and vitreous humour and cell culture medium). The small amounts of sample

injected (0.5 μL) and the high split ratios applied (1:60 and 1:100), allied to the

high performance of the GC column, result in very good peaks resolution and

high sensitivities. This method is easy to perform and does not require highly

and specifically trained personnel, making it suitable to the routine of clinical

biochemistry and forensic laboratories.

g) Acknowledgements Helena Pontes thanks FCT for financial support (SFRH/BD/18527/2004).

h) References 1. Ferrari LA, Arado MG, Nardo CA, and Giannuzzi L. Post-mortem analysis of formic acid

disposition in acute methanol intoxication. Forensic Sci Int;133:152-158 (2003). 2. Fukunaga T, Sillanaukee P, and Eriksson CJ. Problems involved in the determination of

endogenous acetaldehyde in human blood. Alcohol Alcohol;28:535-41 (1993). 3. Tangerman A. Highly sensitive gas chromatographic analysis of ethanol in whole blood,

serum, urine, and fecal supernatants by direct injection method. Clinical Chem;43:1003-9 (1997).

4. Zilly M, Langmann P, Lenker U, Satzinger V, Schirmer D, and Klinker H. Highly sensitive gas chromatographic determination of ethanol in human urine samples. J Chromatogr B Analyt Technol Biomed Life Sci;798:179-186 (2003).

_____________________________________________________ Trabalho VI

253

5. Zuba D, Parczewski A, and Reichenbacher M. Optimization of solid phase microextraction conditions for gas chromatographic determination of ethanol and other volatile compounds in blood. J Chromatogr B Analyt Technol Biomed Life Sci;773:75-82 (2002).

6. Wasfi IA, Al-Awadhi AH, Al-Hatali ZN, Al-Rayami FJ, and Al Katheeri NA. Rapid and sensitive static headspace gas chromatography-mass spectrometry method for the analysis of ethanol and abused inhalants in blood. J Chromatogr B Analyt Technol Biomed Life Sci;799:331-6 (2004).

7. De Martinis BS and Martin CC. Automated headspace solid-phase microextraction and capillary gas chromatography analysis of ethanol in postmortem specimens. Forensic Sci Int; 128:115-9 (2002).

8. De Martinis BS, Ruzzene MAM, and Martin CCM. Determination of ethanol in human blood and urine by automated headspace solid-phase microextraction and capillary gas chromatography. Analytica Chem Acta;522:163-168 (2004).

9. Watts MT and McDonald OL. The effect of biologic specimen type on the gas chromatographic headspace analysis of ethanol and other volatile compounds. Am J Clin Pathol;87:79-85 (1987).

10. Kugelberg FC and Jones AW. Interpreting results of ethanol analysis in postmortem specimens: a review of the literature. Forensic Sci Int;165:10-29 (2007).

11. WHO-IARC. Re-Evaluation of Some Organic Chemicals, Hydrazine and Hydrogen Peroxide. IARC Monographs on the Evaluation of Carcinogenic Risks to Humans;71:14-18 (1999).

12. Pla A, Hernandez AF, Gil F, Garcia-Alonso M, and Villanueva E. A fatal case of oral ingestion of methanol. Distribution in postmortem tissues and fluids including pericardial fluid and vitreous humor. Forensic Sci Int;49:193-6 (1991).

13. Hantson PE. Acute methanol intoxication: physiopathology, prognosis and treatment. Bull Mem Acad R Med Belg;161:425-34 (2006).

14. Paine A and Davan AD. Defining a tolerable concentration of methanol in alcoholic drinks. Hum Exp Toxicol;20:563-8 (2001).

15. Imbriani M and Ghittori S. Gases and organic solvents in urine as biomarkers of occupational exposure: a review. Int Arch Occup Environ Health;78:1-19 (2005).

16. Thomsen JL and Frohlich B. Drug abuse and intoxication in alcoholics. Alcohol Alcohol;30:379-83 (1995).

17. Teresiński G, Buszewicz G, and Madro R. The influence of ethanol on the level of ketone bodies in hypothermia. Forensic Sci Int;127:88-96 (2002).

18. Brinkmann B, Fechner G, Karger B, and DuChesne A. Ketoacidosis and lactic acidosis--frequent causes of death in chronic alcoholics? Int J Legal Med;111:115-9 (1998).

19. Pounder DJ and Jones GR. Post-mortem drug redistribution--a toxicological nightmare. Forensic Sci Int;45:253-63 (1990).

20. De Letter EA, De Paepe P, Clauwaert KM, Belpaire FM, Lambert WE, Van Bocxlaer JF, et al. Is vitreous humour useful for the interpretation of 3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA) blood levels? Experimental approach with rabbits. Int J Legal Med;114:29-35 (2000).

21. Sebag J. Age-related differences in the human vitreoretinal interface. Arch Ophthalmol.;109:966-71 (1991).

22. Miekisch W, Schubert JK, Vagts DA, and Geiger K. Analysis of volatile disease markers in blood. Clinical Chem;46:1053-1060 (2001).

23. Wyman J and Bultman S. Postmortem distribution of heroin metabolites in femoral blood, liver, cerebrospinal fluid, and vitreous humor. J Anal Toxicol;28:260-3 (2004).

24. Fernández P, Aldonza M, Bouzas A, Lema M, Bermejo AM, and Tabernero MJ. GC-FID determination of cocaine and its metabolites in human bile and vitreous humor. J Appl Toxicol;26:253-7 (2006).

25. Tracqui A, Kintz P, Ritter-Lohner S, Mangin P, Lugnier A, and Chaumont A. Toxicological findings after fatal amitriptyline self-poisoning. Hum Exp Toxicol;9:257-61 (1990).

26. Schaffert CS, Toderoa SL, McVickera BL, Tumac PL, Sorrella MF, and Tumaa D. WIF-B cells as a model for alcohol-induced hepatocyte injury. Biochem Pharmacol;67:2167-2174 (2004).

27. Dubowski KM. Methods for specific substances: Ethanol. in Methodology for Analytical Toxicology, Sunshine I, Editor CRC Press Ed: Cleveland:149-154 (1975).

28. EMEA. Note for guindance on validation of analytical procedures: Text and methodology.;CPMP/ICH/381/95:1-15 (1995).

Trabalho VI _____________________________________________________

254

29. Armbruster DA, Tillman MD, and Hubbs LM. Limit of Detection (LOD)/Limit of Quantification (LOQ): Comparison of the Empirical and the Statistical Methods Exemplified with GC-MS Assays of Abused Drugs. Clin Chem;40:1233-1238 (1994).

30. Hernandez-Munoz R, Ma XL, Baraona E, and Lieber CS. Method of acetaldehyde measurement with minimal artifactual formation in red blood cells and plasma of actively drinking subjects with alcoholism. J Lab Clin Med;120:35-41 (1992).

31. Liebich HM and Wöll J. Volatile substances in blood serum: profile analysis and quantitative determination. J Chromatogr;142:505-16 (1977).

32. Varga M, Somogyi G, Posta J, and Buris L. Effect of different columns and internal standards on the quality assurance of the gas chromatographic determination of blood ethanol. Eur J Clin Chem Clin Biochem;31:773-6 (1993).

33. Liebich HM, Buelow HJ, and Kallmayer R. Quantification of endogenous aliphatic alcohols in serum and urine. J Chromatogr;239:323-9 (1982).

34. Tang BK. Detection of ethanol in urine of abstaining alcoholics. Can J Physiol Pharmacol;65:1225-7 (1987).

Trabalho VII. Ethanol, the forgotten artifact in cell culture.

Arch Toxicol (2008) 82:197–198

DOI 10.1007/s00204-008-0285-y

LETTER TO THE EDITOR

Ethanol, the forgotten artifact in cell culture

Helena Pontes · Márcia Carvalho · Paula Guedes de Pinho · Helena Carmo · Fernando Remião · Félix Carvalho · Maria Lourdes Bastos

Received: 16 November 2007 / Accepted: 15 January 2008 / Published online: 6 February 2008© Springer-Verlag 2008

Those who work with cell cultures are certainly familiar-ized with the ritual of sanitizing everything that goesinto the cabinet or into the incubators with 70% ethanol,as is recommended by all the rules of aseptic techniquesand good cell culture practices. In spite of its eVective-ness in preventing microbiological contamination of thecultures, this gesture may have some undesirableconsequences.

Probably, the research groups that study the eVects ofethanol on cell cultures are more conscious about therisks of sanitizing all the material with 70% ethanolbecause they need to guarantee that they have ethanol-free control samples. Thus, these groups routinely quan-tify ethanol in the culture medium to conWrm the ethanolconcentrations used in their studies. However, the scien-tiWc community must be aware that when 70% ethanol isused on cell culture as a surface sanitization process, ifcautions are not taken, the cells will be exposed to highethanol concentrations. These high concentrations areachieved because, under normal cell culture conditions,the cell culture plates have appropriate venting systems

(as they should have, otherwise the cells will not be oxy-genated) and generally, both cabinets and incubatorshave an ethanol-saturated atmosphere due to thefrequent sanitization procedures. Without additionalprecautions, ethanol concentrations of 0.5 mM are easilyattained, and depending on the ethanol-saturation of thecabinets or incubators, these concentrations can reachvalues of 5 mM as illustrated in Fig. 1, which representsthe ethanol concentrations detected on 14 independentexperiments where no precautions were taken to avoidthe exposure of the medium to ethanol. Both theseconcentrations have proven eVects on cell function(Charness et al. 1994; Smith and Gong 2007). In fact, itis well described that ethanol, as a microsomal and mito-chondrial enzymatic inducer (CYP2E1, ADH-I), caninXuence the metabolism of several endogenous andexogenous compounds causing eventual antagonisms,synergisms or potentiations that will necessarily aVectthe Wnal results of the experiments (Jang and Harris2007).

In addition, by itself, ethanol can directly or indirectlyalter the normal cell function, inXuencing cell survival,redox status, receptor functions, mitochondrial homeosta-sis, cell signaling, among others (Wu et al. 2006), and alsoaVecting the activity of infectious agents such as hepatitic Cvirus (Trujillo-Murillo et al. 2007).

Thus, some precautions must be taken to minimize this“contamination” with ethanol: 70% ethanol used to sanitizesurface and objects should be completely dry before theXasks or plates are opened and these should not be sprayedwith 70% ethanol between coming out of the cabinet andgoing into the incubator (but obviously, in between, contactwith other surfaces is forbidden).

These concerns are crucial for every lab working withcell culture and must be taken into account during the data

H. Pontes (&) · M. Carvalho · P. G. de Pinho · H. Carmo · F. Remião · F. Carvalho · M. L. Bastos (&)REQUIMTE, Toxicology Department, Faculty of Pharmacy, University of Porto, Rua Aníbal Cunha 164, 4099-030 Porto, Portugale-mail: [email protected]

M. L. Bastose-mail: [email protected]

M. CarvalhoFaculty of Health Sciences, University Fernando Pessoa, Rua Carlos da Maia 296, 4200-150 Porto, Portugal

123

Helena
Text Box
257

198 Arch Toxicol (2008) 82:197–198

interpretation to avoid erroneous analysis due to the eVectof ethanol on cell physiology or its inXuence on other com-pounds’ eVects.

Acknowledgments Helena Pontes thanks FCT for her Ph.D. grant(SFRH/BD/18527/2004).

References

Charness ME, Safran RM, Perides G (1994) Ethanol inhibits neuralcell-cell adhesion. J Biol Chem 269:9304–9309

Jang GR, Harris RZ (2007) Drug interactions involving ethanol andalcoholic beverages. Expert Opin Drug Metab Toxicol 3:719–731

Smith SS, Gong QH (2007) Ethanol eVects on GABA-gated current ina model of increased alpha4betadelta GABAA receptor expres-sion depend on time course and preexposure to low concentra-tions of the drug. Alcohol 41:223–231

Trujillo-Murillo K, Alvarez-Martínez O, Garza-Rodríguez L,Martínez-Rodríguez H, Bosques-Padilla F, Ramos-Jiménez J,Barrera-Saldaña H, Rincón-Sánchez AR, Rivas-Estilla AM(2007) Additive eVect of ethanol and HCV subgenomic repliconexpression on COX-2 protein levels and activity. J Viral Hepat14:608–617

Wu D, Zhai Q, Shi X (2006) Alcohol-induced oxidative stress and cellresponses. J Gastroenterol Hepatol 21:S26–S29

Fig. 1 Ethanol concentrations detected in blank culture medium whenmanipulated without precautions to avoid ethanol exposure (n = 14)

Experiments0

1

2

3

4

5

6

EtO

H C

on

cen

trat

ion

(m

M)

123

Helena
Rectangle
Helena
Text Box
258

PARTE III

DISCUSSÃO INTEGRADA E CONCLUSÕES

______________________________________________________ Discussão

261

4. DISCUSSÃO INTEGRADA

Os trabalhos apresentados nesta dissertação correspondem aos

primeiros estudos publicados sobre a avaliação dos mecanismos subjacentes à

toxicidade hepática resultante da exposição simultânea ao EtOH e à MDMA.

Esta discussão tem como objectivo fornecer uma visão integrada dos

resultados obtidos nos estudos realizados, necessária à concepção de uma

tese, não pretendendo assim substituir a discussão específica de cada um dos

trabalhos, necessariamente mais pormenorizada.

A importância destes estudos é facilmente constatada pela análise dos

dados epidemiológicos relativos aos padrões de consumo de ecstasy

apresentados na introdução da presente dissertação e que mostram que o

consumo concomitante de ecstasy e EtOH apresenta uma elevada prevalência

e parece estar associado, directa ou indirectamente, a episódios de morbilidade

e mortalidade entre os consumidores.

Até à data, os estudos realizados sobre os efeitos desta associação

centraram-se sobretudo na influência do EtOH na farmacocinética da MDMA

em ratos 682 e em humanos 683 e em alguns dos efeitos induzidos por este

estimulante anfetamínico, nomeadamente a resposta hipertérmica 633, 657, 682, 695,

711, 713, as alterações subjectivas 314, 683, 719 e psicomotoras 633, 657, 682-684, 711, 712,

715, 719, 737, a neurotoxicidade 712, 716 e as alterações imunológicas 728. Outros

estudos centraram-se ainda na capacidade da MDMA influenciar o padrão de

consumo de EtOH 694, 695, 738, 739.

Tendo em conta os conhecimentos pré-exitentes acerca da toxicidade do

EtOH e da MDMA quando consumidos isoladamente, seria de esperar que o

consumo simultâneo de ambos resultasse num sinergismo das respostas

hepatotóxicas provocadas por cada um dos compostos. Era, no entanto,

imprescindível verificar se este sinergismo realmente ocorria e quais as suas

consequências a nível hepático, uma vez que o fígado é o órgão

maioritariamente envolvido no metabolismo de ambas as substâncias, estando

especialmente sujeito à acção tóxica dos metabolitos formados a esse nível 193,

736.

Para verificar a existência de uma interacção toxicológica entre o EtOH e

a MDMA foi realizado um ensaio in vivo em ratinhos CD-1 que foram expostos

Discussão ______________________________________________________

262

a uma dose única de 10 mg/kg de MDMA administrada após uma prévia

exposição repetida a EtOH a 12% durante 8 semanas (Trabalho II), no sentido

de simular o padrão de consumo mais comum que geralmente se caracteriza

por uma exposição continuada ao EtOH anterior ao primeiro contacto com a

MDMA 657. De referir que o aumento da toxicidade da MDMA pelo EtOH foi

evidente em ensaios preliminares nos quais se expuseram ratinhos CD-1,

previamente expostos a EtOH, a doses de MDMA de 20 mg/kg (Trabalho I).

Nestes ensaios, a percentagem de mortes do grupo EtOH+MDMA foi muito

elevada (67% dos animais) e fez com que os estudos subsequentes fossem

realizados com doses de MDMA de 10 mg/kg. Posteriormente, de forma a

esclarecer o(s) mecanismo(s) subjacentes à toxicidade sinérgica da mistura de

MDMA e EtOH que tinha sido, anteriormente, observada nos ensaios in vivo,

foram também realizados ensaios ex vivo e in vitro. Nos ensaios ex vivo

(Trabalho III) foram utilizadas suspensões de hepatócitos isolados de ratinhos

sujeitos ao mesmo padrão de exposição ao EtOH que os utilizados no ensaio in

vivo. Os hepatócitos obtidos destes ratinhos foram, posteriormente, expostos a

diferentes concentrações de MDMA. Nos ensaios in vitro (Trabalhos IV e V)

foram utilizadas culturas primárias de hepatócitos de rato que foram incubadas

com diferentes concentrações de MDMA na presença, ou na ausência, de 300

mM de EtOH (valor aproximado do LC50 do EtOH após 24 horas de incubação

a 40,5ºC, neste modelo experimental). Quer os hepatócitos em suspensão quer

os hepatócitos em cultura foram incubados em condições normotérmicas

(36,5ºC) e hipertérmicas (40,5ºC) com o objectivo de simular e avaliar o efeito

do aumento da temperatura corporal induzido in vivo pela MDMA.

4.1. Efeitos da exposição a EtOH e MDMA no comportamento e na temperatura corporal de ratinhos CD-1

Nos ensaios in vivo uma clara interacção entre o EtOH e a MDMA foi

evidente logo após a administração da MDMA, uma vez que os animais

simultaneamente expostos às duas substâncias ficaram marcadamente

prostrados quando comparados com os animais unicamente expostos à

MDMA. Este fenómeno poderá ter sido causado pelo facto de os animais

______________________________________________________ Discussão

263

expostos a EtOH sofrerem um aumento e um prolongamento significativos do

efeito hipertérmico induzido pela MDMA, comparativamente à exposição

apenas a MDMA (Trabalho II, Figura 1). De facto, os animais expostos a

MDMA e EtOH apresentaram temperaturas corporais significativamente mais

elevadas do que os animais expostos apenas a MDMA, um efeito que se

prolongou por um período de 7 horas. Este agravamento da resposta

hipertérmica induzida pela MDMA poderá, potencialmente, predispor os

animais afectados para o desenvolvimento dos efeitos deletérios associados à

hipertermia. Apesar do efeito hipertérmico da MDMA ser uma reacção

esperada 142, o sinergismo exercido neste efeito pela prévia exposição repetida

ao EtOH foi surpreendente, uma vez que o EtOH está normalmente associado

a indução de vasodilatação e hipotermia. Este efeito é, no entanto, rapidamente

afectado por fenómenos de tolerância 710 e, assim, a acção do EtOH que se

esperaria que contrariasse o efeito hipertérmico da MDMA deixa de existir. O

efeito sinérgico da prévia exposição repetida ao EtOH na hipertermia induzida

pela MDMA poderá dever-se à acção directa do EtOH na libertação de DA 701,

uma vez que a libertação de DA foi já associada ao desenvolvimento de

hipertermia após exposição à MDMA 80, tal como amplamente referido na

introdução.

4.2. Efeitos da exposição de hepatócitos em cultura a EtOH e MDMA na produção de ROS e RNS

Os estudos realizados no âmbito desta dissertação demonstraram, pela

primeira vez, um sinergismo no aumento da produção de ROS e RNS quando

culturas primárias de hepatócitos de rato foram expostas simultaneamente a

EtOH 300 mM e MDMA 1,6 mM (Trabalho IV, Figura 3). De facto, em

condições hipertérmicas, a co-incubação com EtOH e MDMA levou a um

aumento significativo da formação de espécies reactivas de aproximadamente

100%, quando comparado com o efeito da exposição apenas a MDMA (p <

0,001).

Discussão ______________________________________________________

264

Este sinergismo está de acordo com o facto de quer o EtOH quer a

MDMA serem capazes de aumentar a formação de ROS em vários modelos

experimentais 674, 740.

O aumento na formação de ROS e RNS pode surgir como consequência

(i) da indução da CYP2E1 pelo EtOH, observada num modelo in vivo de

patologia hepática alcoólica de administração intra-gástrica de EtOH 741, (ii) da

disfunção mitocondrial subsequente à diminuição dos níveis de GSH e da

produção de ATP provocadas pelo EtOH, já observadas em vários estudos,

incluindo em hepatócitos em cultura obtidos de ratos expostos a EtOH através

da dieta 742, 743, ou (iii) dos ciclos redox associados ao metabolismo da MDMA,

já descritos após administração desta substância (15 mg/kg, i.p.) a ratos Dark

Agouti (fenótipo metabolizador pobre para as CYP2D) 53 e (iv) da conjugação

dos seus metabolitos com a GSH, fenómeno já observado, por exemplo, em

microssomas de fígado de rato 61 e em ratos Sprague-Dawley machos que

foram expostos a MDMA através de uma administração intra-cerebroventricular 62.

4.3. Efeitos da exposição a EtOH e MDMA nos mecanismos de defesa antioxidantes

A hipertermia mais intensa e mais prolongada resultante da co-

exposição de ratinhos CD-1 a EtOH (12% durante 8 semanas) e MDMA (10

mg/kg) foi acompanhada por maior activação, a nível hepático, do factor de

transcrição HSF1 (heat shock factor-1) (Trabalho II, Figura 1). De facto,

observou-se um aumento significativo da intensidade óptica das bandas

correspondentes ao HSF1 activado, de 189,7 ± 29,1 unidades de absorvância

no grupo apenas exposto a MDMA, para 317,9 ± 48,6 no grupo exposto a

EtOH+MDMA. Esta activação ocorre, normalmente, como resposta à exposição

a altas temperaturas e a agressões pró-oxidantes e corresponde a um

mecanismo de defesa contra a agressão, aumentando a síntese das proteínas

de choque térmico (HSPs ou heat shock proteins). Estas proteínas contribuem

para a homeostasia celular 744, contrariam os efeitos da agressão térmica e

______________________________________________________ Discussão

265

favorecem a adaptação a fenómenos de stress oxidativo para evitar a morte

celular 156 (Figura 18).

Figura 18. Mecanismo de resposta ao choque térmico. O HSF1 (principal HSF envolvido na resposta à agressão térmica) existe no citosol na forma inactiva em heterodímeros com a HSP70 ou a HSP90. Perante um estímulo agressivo (ex.: stress oxidativo, choque térmico, etc) ocorre a formação de proteínas não nativas que resultam da desnaturação de proteínas membranares e citoplasmáticas 745, 746 e que vão activar a resposta ao choque térmico que leva à síntese de HSPs. Estas proteínas vão competir com o HSF para as HSPs heterodiméricas. Uma vez que as HSPs têm mais afinidade para as proteínas desnaturadas do que para o HSF, este é libertado no citoplasma. O HSF é depois translocado para o núcleo onde vai formar homotrímeros que são activados por fosforilação e vão iniciar a transcrição de genes de choque térmico por ligação à região promotora da transcrição destes genes denominada elemento de choque térmico (HSE) e que vai levar a um aumento na síntese das HSPs 744, 747. Para além do referido, a activação do HSF1 é regulada por fosforilação reversível na qual podem estar envolvidas várias cinases como as Akt, ERK e JNK activadas pela agressão térmica 748. Por exemplo, a actividade do HSF1 é aumentada pela activação da Akt induzida pelo calor 749 no entanto, a activação da ERK e JNK induzida pelo calor resulta numa diminuição da actividade do HSF1 750. JNK, c-Jun N-terminal cinase; Akt, serina/treonina cinase ou PKB; ERK, cinase regulada por sinais extracelulares.

Por outro lado, o aumento da activação do NF-κB hepático (nuclear factor

kappa-B) nos animais expostos a 10 mg/kg de MDMA após 8 semanas de

exposição repetida a EtOH a 12% (Trabalho II, Figura 2), um dos factores de

transcrição envolvidos na activação de genes de resposta imediata a estímulos

deletérios e inflamatórios 195, indica que a co-exposição a etanol e MDMA

exerce um efeito pró-inflamatório, confirmado pela observação, por microscopia

electrónica de cortes histológicos de tecido hepático, de células Kupffer

Discussão ______________________________________________________

266

activadas (Trabalho II, Figura 3). De facto, observou-se um aumento

significativo da intensidade óptica das bandas correspondentes ao NF-κB

activado, de 45,44 ± 5,97 unidades de absorvância no grupo apenas exposto a

MDMA, para 88,79 ± 4,53 no grupo exposto a EtOH+MDMA. As consequências

de uma maior activação do NF-κB podem ser variadas, uma vez que a sua

activação pode estar relacionada com o desenvolvimento de processos

inflamatórios, bem como na regulação da expressão de enzimas antioxidantes 751 (Figura 19).

Figura 19. Mecanismo de activação do NF-κB. Quando as células são atingidas por estímulos deletérios e inflamatórios (ex.: ROS e outros radicais livres, IL-1, TNF-α, LPS, luz UV, RNA de cadeia dupla, sepsis, hemorragia, isquemia 752 o inibidor do NF-κB é fosforilado pela IκB cinase (IκK) e a forma ativa do NF-κB é libertada 753. O IκB fosforilado é poliubiquitinado e degradado por um mecanismo dependente do proteossoma e o NF-κB activado é translocado para o núcleo, liga-se ao DNA e regula a transcrição de vários mediadores pró-inflamatórios como as citoquinas e as quimioquinas, factores de crescimento, inibidores da apoptose, moléculas de adesão celular endotelial, moléculas do complexo MHC, moléculas de adesão leucocitária (E-selectina, VCAM-1, ICAM-1), outros factores de transcrição como o p-53, o c-myc ou o ras 754, enzimas antioxidantes como a MnSOD e a GPX 751, 755, enzimas pró-inflamatórias efectoras como a COX-2 756, outras enzimas como a NOS 757 e IκBα 758. O IκBα bloqueia as acções do NF-κB ligando-se ao NF-κB e restabelecendo a sua inibição 759. Adaptado de Luedde e Trautwein 2006 760.

______________________________________________________ Discussão

267

No mesmo estudo, verificou-se um aumento significativo da actividade

da SOD (Trabalho II, Tabela 3), provavelmente como um mecanismo de defesa

contra a agressão pró-oxidante habitualmente associada ao consumo de EtOH

e de MDMA. De facto, um aumento da actividade da SOD como resultado da

exposição aguda (dose oral única : 5, 10, 20 ou 40 mg/kg) e subaguda (5, 10,

ou 20 mg/kg/dia durante 14 dias) de ratos Wistar a MDMA foi já descrito no rim 761. Este é, no entanto, o primeiro estudo que mostra um aumento da SOD

hepática após exposição de ratinhos CD-1 a EtOH e MDMA. A exposição a

EtOH+MDMA afectou quer a MnSOD quer a Cu/ZnSOD, provocando aumentos

de, aproximadamente, 42 e 28%, respectivamente, quando comparadas com

as actividades da SOD nos animais expostos apenas a EtOH.

Contudo, a activação do NF-κB e do HSF1 não foi suficiente para

proteger as células da toxicidade da MDMA e do EtOH, apesar de ter sido

eficiente em evitar modificações marcadas em parâmetros de stress oxidativo

como a razão GSH/GSSG, o conteúdo em carbonilos proteicos e o grau de

peroxidação lipídica (Trabalho II, Tabela 2). A ausência de alterações nestes

indicadores do estado redox do fígado foi inesperada, e poderá eventualmente

dever-se a mecanismos de compensação contra a agressão oxidativa

desenvolvidos pelo organismo durante o pré-tratamento com EtOH, ou mesmo

a uma eficaz biossíntese das defesas antioxidantes que, segundo alguns

autores, é suficiente para resistir a uma determinada agressão, em animais

com um regime alimentar equilibrado 762. Esta ausência de alterações nos

níveis de GSH após exposição ao EtOH está em consonância com os

resultados obtidos anteriormente por Oh 762 e por Deaciuc 763 em ensaios com

ratos alimentados durante 6 e 7 semanas, respectivamente, com uma dieta

líquida contendo EtOH. O agravamento da diminuição dos níveis de GSH

produzidos pela MDMA devido ao EtOH foi, no entanto, observado em

suspensões de hepatócitos isolados de ratinhos previamente expostos ao

EtOH (Trabalho III, Figura 2: os níveis de GSH atingiram, nas células obtidas

de animais expostos ao etanol durante 8 semanas, e incubadas em condições

normotérmicas com MDMA 1,6 mM, ao final de 3 horas, cerca de 45% dos

níveis das células controlo) e quando hepatócitos de rato em cultura primária

foram expostos simultaneamente aos dois compostos (Trabalho IV, Figura 4:

os níveis de GSH atingiram, nas células expostas, em condições

Discussão ______________________________________________________

268

normotérmicas a EtOH 300 mM + MDMA 1,6 mM, em 24 horas, cerca de 50%

dos níveis controlo). Esta diminuição dos níveis de GSH pode ser explicada

pela maior oxidação da GSH a GSSG pelas ROS e RNS cuja formação

também se encontra aumentada pela exposição conjunta aos dois compostos

(Trabalho IV, Figura 3), pela formação de aductos entre a GSH e os

metabolitos catecóis da MDMA 192, mas também pela diminuição da síntese da

GSH como resultado do decréscimo na actividade da γ-GCS (γ-glutamil cisteína

sintetase, enzima limitante da síntese da glutationa) (Trabalho IV, Figura 6).

Este facto foi já anteriormente descrito como resultado da exposição ao EtOH 764. Estes efeitos, nomeadamente o aumento da produção de ROS e de RNS e

a diminuição da actividade da γ-GCS, foram significativamente agravados

quando as células foram co-incubadas com EtOH 300 mM e MDMA 1,6 mM,

em condições hipertérmicas. Por um lado, a hipertermia, por si só, já leva a um

aumento do fluxo de ROS nas células por um mecanismo ainda não

esclarecido, mas que parece envolver a cadeia de transporte de electrões

mitocondrial 765. Por outro lado, a diminuição de actividade da γ-GCS pode

corresponder a um fenómeno secundário a alterações dos níveis de cálcio que

ocorrem durante a lesão celular 766, as quais já foram descritas após exposição

a MDMA 767, EtOH 768, ou condições hipertérmicas 769. Sendo a GSH um

importante antioxidante endógeno, a sua depleção pode aumentar a

susceptibilidade do fígado aos efeitos deletérios das ROS e RNS e dos

compostos reactivos formados durante o metabolismo do EtOH (acetaldeído) e

da MDMA (MDA, N-metil-α-MeDA, α-MeDA, metabolitos conjugados com a

GSH). Curiosamente, este aumento de susceptibilidade não se verificou no

ensaio em que se utilizaram suspensões de hepatócitos isolados de ratinhos

expostos ao EtOH durante 8 semanas, no qual a diminuição dos níveis de GSH

produzida pelo EtOH (Trabalho III, Figura 2) não se traduziu num aumento da

morte celular induzida pela MDMA (Trabalho III, Figura 4). Este fenómeno

poderá, em parte, ser explicado por uma diminuição da disponibilidade da GSH

para a formação de conjugados de metabolitos da MDMA com a GSH, os quais

já demonstraram ser mais tóxicos que o composto pai em vários sistemas de

células, como em culturas de neurónios corticais de rato 386 ou de células dos

túbulos proximais de renais 203.

______________________________________________________ Discussão

269

Outras enzimas afectadas pela exposição conjunta a EtOH e a MDMA

foram a catalase e a glutationa peroxidase (GPx), envolvidas na destoxificação

do peróxido de hidrogénio (Trabalho II, Tabela 3), as quais apresentaram um

decréscimo significativo de actividade, mais marcado no grupo EtOH+MDMA.

De facto, a catalase e a GPx evidenciaram reduções de, respectivamente, 19%

e 30% no grupo EtOH+MDMA, comparativamente ao grupo controlo. Tal é

indicativo de uma maior agressão pró-oxidante no fígado neste grupo, já que

uma actividade diminuída da GPx pode levar a uma maior acumulação de H2O2

e pode reflectir o envolvimento de ROS na toxicidade da mistura

etanol+MDMA. Esta diminuição pode dever-se à capacidade de metabolitos da

MDMA (ex.: a α-MeDA), de catecolaminas e dos aminocromos resultantes da

sua oxidação inibirem enzimas contendo grupos tiol através da oxidação ou

alquilação dos grupos sulfidrilo localizados no seu local activo. As orto-

quinonas e os aminocromos podem ainda inibir enzimas que possuam locais

de ligação à GSH (como é o caso da GPx) e/ou resíduos de cisteína que são

essenciais ao correcto funcionamento da enzima 51. Para além da MDMA, o

EtOH pode contribuir também para o decréscimo significativo verificado na

actividade desta enzima nos animais expostos a MDMA e a EtOH, uma vez

que foi já descrito em ratos que o consumo repetido de EtOH durante 90 dias

leva a um decréscimo na actividade da GPx 770.

Também a GST foi afectada pela exposição conjunta à MDMA e ao

EtOH. A GST cataliza o ataque nucleofílico da GSH a substractos electrofílicos,

protegendo os componentes celulares dos efeitos potencialmente lesivos

destes compostos 771. Um decréscimo na actividade desta enzima foi

observado pela co-exposição às duas substâncias quer no ensaio in vivo

(Trabalho II, Tabela 3), no qual a actividade da GST sofreu uma diminuição de

20% no grupo EtOH+MDMA relativamente ao grupo controlo, quer no ensaio

de exposição de culturas primárias de hepatócitos de rato à mistura

EtOH+MDMA (Trabalho IV, Figura 7), onde se verificou uma redução da

actividade da GST até, aproximadamente, 4% do controlo nas células

expostas, em condições hipertérmicas, a EtOH 300 mM + MDMA 1,6 mM

durante 24 horas. Esta alteração na actividade da GST pode ser explicada pela

diminuição da actividade da referida enzima, previamente associado à

exposição in vivo ao EtOH (7,9 g/kg/dia, durante 45 dias 772), que é agravada

Discussão ______________________________________________________

270

pela co-exposição à MDMA. Tal como no caso da GPx, a diminuição da

actividade da GST por acção da MDMA pode dever-se à oxidação ou

alquilação de grupos hidroxilo e sulfidrilo do local activo da enzima pelos

metabolitos da MDMA 192 ou, no caso dos ensaios in vivo, também pelas

catecolaminas libertadas por acção deste derivado anfetamínico 51.

Qualquer um destes efeitos da acção conjunta do EtOH e da MDMA na

homeostase da GSH e das enzimas antioxidantes pode contribuir para o

sinergismo dos seus efeitos hepatotóxicos.

4.4. Efeitos da exposição a EtOH e MDMA na mitocôndria e nos níveis energéticos da célula

Os ensaios ex vivo e in vitro realizados em células (Trabalhos III e IV)

permitiram ainda constatar que a exposição conjunta a EtOH e MDMA leva a

uma depleção dos níveis de ATP, evidenciando danos mitocondriais. Estes

danos na mitocôndria podem resultar de uma perturbação da homeostase dos

grupos tiol, e da formação de ROS, RNS e metabolitos tóxicos a partir da

MDMA e/ou do EtOH que podem afectar os processos energéticos da

mitocôndria (ciclo de Krebs e fosforilação oxidativa ou cadeia transportadora de

electrões) ao danificarem as membranas e/ou proteínas mitocondriais (ex.:

NADH desidrogenase, citocromo c redutase, e citocromo c oxidase da cadeia

transportadora de electrões) 773. Esta danificação mitocondrial foi confirmada

pela diminuição da quantidade de citocromo c e do factor indutor de apoptose

(AIF) no extracto mitocondrial em culturas primárias de hepatócitos de rato

expostos a uma mistura de EtOH 300 mM com MDMA 1,6 mM (Trabalho IV,

Figura 8). A agressão mitocondrial foi também evidente na observação do

tecido hepático por microscopia electrónica (Trabalho II, Figura 3) de

mitocôndrias turgescentes (swelling). Para além disso, a disfunção mitocondrial

subjacente à diminuição de ATP observada pode ser directamente promovida

pela exposição a condições hipertérmicas, como descrito anteriormente em

linhas celulares tumorais e em cardiomiócitos 774-776.

Todos os factores referidos nos parágrafos supracitados podem estar na

base dos efeitos tóxicos sinérgicos observados entre o EtOH e a MDMA.

______________________________________________________ Discussão

271

Contudo, outros factores estão também envolvidos e o efeito hipertérmico

associado ao consumo de MDMA 595 contribui significativamente para o

agravamento da sua toxicidade 387 e da toxicidade da mistura.

A diminuição dos níveis de ATP observada nestes trabalhos confirmou

os resultados obtidos previamente pelo nosso grupo em suspensões de

hepatócitos de rato que provaram uma diminuição dos níveis de ATP por acção

da MDMA 193. Contudo, esta é a primeira referência a um sinergismo na

depleção de ATP em hepatócitos induzido pela MDMA em co-exposição com

EtOH.

4.5. Indicadores de dano hepático

Da acção conjunta de todos os efeitos descritos nas alíneas anteriores,

da co-exposição a EtOH e a MDMA resulta um marcado agravamento do dano

hepático induzido pela MDMA isoladamente, evidenciado pelo aumento das

transaminases plasmáticas (a GOT aumentou 50% e a GPT aumentou 90% no

grupo EtOH+MDMA, relativamente ao controlo) nos ratinhos expostos a 10

mg/kg de MDMA após exposição repetida a EtOH a 12% (Trabalho II, Figura

4), decréscimo do peso relativo do fígado [de 5,582 ± 0,293% no grupo exposto

apenas a EtOH para 4,222 ± 0,261% no grupo exposto a EtOH+MDMA (p <

0,01)] (Trabalho II, Tabela 1) e pela observação de indicadores de lesão

tecidular por técnicas de microscopia óptica e electrónica (Trabalho II, Figura 3)

que incluem aumento de deposição de colagénio, diminuição das

microvilosidades dos hepatócitos, activação lisossómica e necrose celular. O

aumento da GOT e da GPT foi já anteriormente associado à exposição quer a

EtOH (em ratos 777 e em humanos 778), quer a MDMA (em ratos 779 e em

humanos 186), mas o aumento destes marcadores de lesão hepática ainda não

tinha sido descrito como resultado da exposição simultânea a ambos os

compostos. No entanto, este agravamento do dano hepático induzido pela

exposição simultânea a MDMA e EtOH não foi confirmado no trabalho

realizado com suspensões de hepatócitos frescos, o que pode ser explicado

por uma limitação da técnica usada, uma vez que durante o processo de

isolamento dos hepatócitos, apenas aqueles hepatócitos mais resistentes que

Discussão ______________________________________________________

272

toleraram o pré-tratamento dos animais com EtOH é que sobreviveram ao

processo de isolamento, tendo os restantes sido eliminados nos vários

processos de lavagem inerentes à correcta realização da técnica. Para além

disso, os hepatócitos tolerantes ao EtOH continham níveis mais baixos de

GSH, o que poderá resultar numa menor formação de conjugados da GSH com

metabolitos catecóis da MDMA, conjugados esses que já demonstraram ser

mais tóxicos que a própria MDMA em culturas de células renais humanas 203 e

de neurónios corticais de rato 386, bem como após administração intra-

cerebroventricular de MDMA a ratos 62. No entanto, quando se utilizaram

culturas primárias de hepatócitos de rato, a maior hepatotoxicidade da mistura

EtOH+MDMA, relativamente à MDMA isoladamente, foi claramente

demonstrada por uma maior necrose celular induzida pela mistura, avaliada por

uma maior libertação de LDH para o meio de cultura [a qual correspondeu a um

decréscimo de cerca de 25% na viabilidade celular, quando as células foram

co-incubadas com EtOH 300 mM e MDMA 1,6 mM, em condições

normotérmicas, durante 24 horas (comparativamente à exposição apenas a

MDMA, nas mesmas condições)] e pela coloração com brometo de etídio e

laranja de acridina (Trabalho IV, Figuras 1 e 2). Esta hepatotoxicidade foi ainda

agravada em condições hipertérmicas, de acordo com os resultados

previamente obtidos pelo nosso grupo em suspensões de hepatócitos de

ratinho que demonstraram que a exposição continuada a condições

hipertérmicas leva a um aumento da morte celular provavelmente por um

aumento sustentado da produção de ROS e consequente desenvolvimento de

stress oxidativo 156.

A via de morte celular apoptótica parece não ser predominante devido à

ausência de translocação da proteína pró-apoptótica Bax para a mitocôndria e

ausência de activação dos mecanismos efectores das vias apoptóticas

mediadas pelas caspases, apesar de se assistir à libertação de citocromo c a

partir da mitocôndria.

Estes resultados surgem em oposição a estudos anteriores que

atribuíram um mecanismo apoptótico à morte celular induzida pela MDMA em

vários modelos experimentais como culturas de neurónios corticais de rato 60,

de células Ito hepáticas 59 e de células retinianas 780. Esta discrepância poderá

provavelmente ser explicada pelo grave declínio das reservas energéticas das

______________________________________________________ Discussão

273

células expostas simultaneamente a EtOH e a MDMA que faz com que as vias

de morte apoptótica (que envolvem gasto de ATP) estejam comprometidas.

4.6. Importância da hipertermia na toxicidade da mistura de EtOH e MDMA A hipertermia tem sido já amplamente implicada na expressão da

toxicidade resultante da exposição a MDMA, inclusivamente em trabalhos

publicados pelo nosso grupo 387. De facto, a exposição das células a condições

hipertérmicas parece despelotar vários mecanismos de sinalização celular que

poderão, ou não, culminar na morte das células, dependendo da perturbação

da homeostasia e da prevalência dos mecanismos celulares de sobrevivência

ou de morte 748.

A importância da hipertermia estende-se para além da exposição

unicamente a MDMA, e mostra-se também um importante condicionante da

toxicidade da mistura de EtOH e MDMA, como demonstrado nos trabalhos que

são parte integrante desta dissertação. De facto, a exposição a condições

hipertérmicas agravou a depleção dos níveis de glutationa reduzida e de ATP

em suspensões de hepatócitos isolados de ratinho (Trabalho III, Figuras 2 e 3)

e em culturas primárias de hepatócitos de rato (Trabalho IV, Figuras 4 e 5). A

incubação das células a temperatura elevada provocou ainda um aumento da

formação de ROS e RNS (Trabalho IV, Figura 3), uma maior depleção da

actividade de enzimas envolvidas na homeostasia da glutationa (γ-GCS e GST)

(Trabalho IV, Figuras 6 e 7) e um agravamento da lesão mitocondrial (Trabalho

IV, Figura 8) resultantes da co-exposição a EtOH e MDMA.

Todos estes efeitos da mistura de EtOH e MDMA que foram agravados

em condições hipertérmicas resultaram numa maior percentagem de morte

celular em hipertermia (Trabalho III, Figura 4 e Trabalho IV, Figuras 1 e 2),

ilustrando, assim, a relevância que o desenvolvimento de uma resposta

hipertérmica in vivo poderá ter na maior ou menor toxicidade exercida pela co-

exposição a EtOH e MDMA.

Discussão ______________________________________________________

274

4.7. Interacção metabólica entre EtOH e MDMA

Uma vez que o EtOH e a MDMA partilham algumas vias metabólicas

que envolvem o sistema do CYP450 e que o EtOH tem a capacidade de induzir

algumas dessas isoenzimas 665, incluindo aquelas envolvidas no metabolismo

da MDMA, o aumento da toxicidade da MDMA pela co-exposição ao EtOH

pode também dever-se a uma interacção metabólica entre os dois compostos

que parece envolver a indução das isoenzimas CYP2E1 e CYP3A1 pelo EtOH,

comprovada pela pré-incubação das células com inibidores específicos de

ambas as isoformas (Trabalho V), e a bioactivação de ambos os compostos a

metabolitos de maior toxicidade 5, 736. De facto, em condições hipertérmicas, o

EtOH aumentou significativamente a metabolização de MDMA a MDA, HMMA

e HMA, resultando num aumento de 6 vezes na formação de MDA, de 16

vezes na formação de HMMA e de 10 vezes na formação de HMA. É,

sobretudo, preocupante o aumento da formação dos metabolitos catecóis da

MDMA (HMA e HMMA), uma vez que demonstraram ser mais tóxicos do que a

MDMA e a MDA em vários modelos, incluindo hepatócitos isolados 192 e

culturas de neurónios corticais de rato 386.

Embora o EtOH não tenha sido ainda associado a uma indução da

CYP3A1 ele provou já induzir a isoforma do CYP450 que no homem recebe a

designação de CYP3A4 e que equivale à CYP3A1 (testosterona 6β-hidroxilase)

no rato 676. Por outro lado, a indução da CYP2E1 pelo EtOH tem já sido

amplamente descrita 665. No entanto, não se pode descartar a contribuição de

outras vias metabólicas nesta interacção.

Aspectos técnicos aperfeiçoados ao longo do trabalho que validam os resultados obtidos

Como se pode verificar a partir dos resultados obtidos em culturas

primárias de hepatócitos de rato, a utilização de técnicas de cultura celular no

estudo dos efeitos do EtOH é de extrema utilidade, uma vez que permite utilizar

tempos de incubação mais longos do que as 4 horas que correspondem ao

limite máximo de incubação das suspensões de hepatócitos frescos. No

______________________________________________________ Discussão

275

entanto, sempre que se optar por este tipo de modelos experimentais, é

importante garantir que as amostras são mantidas isentas de contaminação

externa pelo álcool utilizado como agente esterilizante de superfícies. Este

facto é relevante não só para os estudos dos efeitos do EtOH, mas também

para qualquer tipo de estudo realizado em cultura celular, uma vez que existem

estudos que indicam que o EtOH, mesmo em baixas concentrações, pode

alterar a actividade de várias enzimas 665, o normal funcionamento celular, a

sobrevivência celular, a funcionalidade de receptores, a homeostase

mitocondrial, a sinalização celular 781, a actividade de agentes infecciosos como

o vírus da hepatite C 782, etc (Trabalho VII).

Para se conseguir garantir a obtenção de controlos realmente isentos de

EtOH é indispensável a validação de métodos sensíveis, precisos, exactos, e

de fácil integração na rotina laboratorial que permitam rapidamente excluir a

possibilidade de exposição das células ao EtOH quando esta exposição não é

pretendida. Para proceder a esse controlo da isenção de EtOH no meio de

cultura foi, então, validado o método de cromatografia gasosa, com detecção

por ionização em chama, apresentado no Trabalho VI.

Discussão ______________________________________________________

276

_____________________________________________________ Conclusões

277

5. CONCLUSÕES FINAIS

Os resultados obtidos nos trabalhos realizados no âmbito desta

dissertação permitiram-nos concluir:

(i) a pré-exposição repetida de ratinhos Charles River CD-1 a 12% de

EtOH, na água de bebida, potencia os efeitos hipertérmicos e hepatotóxicos

induzidos in vivo por uma exposição aguda a MDMA, originando um quadro

com sinais aparentes de necrose hepática e de resposta inflamatória;

(ii) a exposição repetida de ratinhos Charles River CD-1 a 12% de EtOH,

na água de bebida, compromete a obtenção de hepatócitos viáveis através da

perfusão com colagenase e aumenta a vulnerabilidade dos hepatócitos

isolados a agressões pró-oxidantes por um mecanismo que engloba uma

diminuição do conteúdo celular em GSH e um aumento do conteúdo em

GSSG;

(iii) a co-exposição de hepatócitos de rato Wistar em cultura primária a

EtOH+MDMA resulta numa toxicidade sinérgica relativamente aos efeitos

induzidos pela MDMA ou pelo EtOH isoladamente, através de uma diminuição

das defesas antioxidantes, diminuição das reservas energéticas das células,

aumento da formação de espécies reactivas e aumento da morte celular por

necrose, numa extensão dependente da temperatura de incubação;

(iv) a exposição aguda in vitro ao EtOH aumenta o metabolismo da

MDMA a MDA, HMA e HMMA, sendo estes metabolitos dotados de maior

toxicidade do que a própria MDMA

(v) os efeitos hepatotóxicos da mistura EtOH+MDMA são marcadamente

aumentados em condições hipertérmicas.

Os resultados obtidos e discutidos na presente dissertação podem ser,

assim, compilados no seguinte esquema-resumo (Figura 20).

Conclusões______________________________________________________

278

Figura 20. Esquema-resumo dos resultados obtidos no estudo das interacções hepatotóxicas entre etanol e MDMA.

_____________________________________________________ Conclusões

279

Como conclusão final, o co-consumo de EtOH aumenta a hepatotoxicidade da

MDMA através de um aumento da resposta hipertérmica associada ao

consumo deste derivado anfetamínico, aumento da formação de metabolitos

hepatotóxicos, diminuição das defesas antioxidantes, depleção das reservas

energéticas das células e aumento da morte celular por necrose.

Conclusões______________________________________________________

280

PARTE IV

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

__________________________________________ Referências Bibliográficas

283

6. REFERÊNCIAS 1. Hall, A.P. and Henry, J.A., Acute toxic effects of 'Ecstasy' (MDMA) and related

compounds: overview of pathophysiology and clinical management. Br J Anaesth, 2006. 96: p. 678-85.

2. Baylen, C.A. and Rosenberg, H., A review of the acute subjective effects of MDMA/ecstasy. Addiction, 2006. 101: p. 933-47.

3. Giroud, C., Augsburger, M., Sadeghipour, F., Varesio, E., Veuthey, J.L., and Rivier, L., Ecstasy--the status in French-speaking Switzerland. Composition of seized drugs, analysis of biological specimens and short review of its pharmacological action and toxicity. Praxis, 1997. 86: p. 510-23.

4. Steele, T.D., McCann, U.D., and Ricaurte, G.A., 3,4-Methylenedioxymethamphetamine (MDMA, "Ecstasy"): pharmacology and toxicology in animals and humans. Addiction, 1994. 89: p. 539-51.

5. Green, A.R., Mechan, A.O., Elliott, J.M., O'Shea, E., and Colado, M.I., The pharmacology and clinical pharmacology of 3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA, "ecstasy"). Pharmacol Rev, 2003. 55: p. 463-508.

6. Freudenmann, R.W., Oxler, F., and Bernschneider-Reif, S., The origin of MDMA (ecstasy) revisited: the true story reconstructed from the original documents. Addiction, 2006. 101: p. 1241-5.

7. Shulgin, A.T. and Nichols, D.E., Characterization of three new psychotomimetics., in The psychopharmacology of hallucinogens, (R.C. Stillman and Willette, R.E., ed.), 1978, New York: Pergamon.

8. Nichols, D.E., Hoffman, A.J., Oberlender, R.A., Jacob, P., 3rd, and Shulgin, A.T., Derivatives of 1-(1,3-benzodioxol-5-yl)-2-butanamine: representatives of a novel therapeutic class. J Med Chem, 1986. 29: p. 2009-15.

9. Greer, G. and Strassman, R.J., Information on "Ecstasy". Am J Psychiatry, 1985. 142: p. 1391.

10. Grinspoon, L. and Bakalar, J.B., Can drugs be used to enhance the psychotherapeutic process? Am J Psychother, 1986. 40: p. 393-404.

11. ONU Organização das Nações Unidas, Convention on psychotropic substances. 1971, Viena: Unations vienna.

12. Ricaurte, G., Bryan, G., Strauss, L., Seiden, L., and Schuster, C., Hallucinogenic amphetamine selectively destroys brain serotonin nerve terminals. Science, 1985. 229: p. 986-8.

13. Cole, J.C. and Sumnall, H.R., Altered states: the clinical effects of Ecstasy. Pharmacol Ther, 2003. 98: p. 35-58.

14. Gahlinger, P.M., Club drugs: MDMA, gamma-hydroxybutyrate (GHB), Rohypnol, and ketamine. Am Fam Physician, 2004. 69: p. 2619-26.

15. Klein, M. and Kramer, F., Rave drugs: pharmacological considerations. AANA J, 2004. 72: p. 61-7.

16. Glennon, R.A., Arylalkylamine drugs of abuse: an overview of drug discrimination studies. Pharmacol Biochem Behav, 1999. 64: p. 251-6.

17. Nichols, D.E. and Oberlender, R., Structure-activity relationships of MDMA-like substances. NIDA Res Monogr, 1989. 94: p. 1-29.

18. Caldwell, J., The metabolism of amphetamines and related stimulants in animals and man., in Amphetamines and related stimulants: chemical, biological, clinical and sociological aspects., (J. Caldwell, ed.), 1980, Boca Raton: CRC Press.

19. UNODC United Nations Office on Drugs and Crime, World Drug Report. 2007, Organização das Nações Unidas: Viena.

20. OEDT Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência, Relatório Anual 2007: A evolução do fenómeno da droga na europa. 2007, Luxemburgo. pp. 50-57.

21. Ramsey, J.D., Butcher, M.A., Murphy, M.F., Lee, T., Johnston, A., and Holt, D.W., A new method to monitor drugs at dance venues. BMJ, 2001. 323: p. 603.

Referências Bibliográficas __________________________________________

284

22. Solowij, N., Hall, W., and Lee, N., Recreational MDMA use in Sydney: a profile of 'Ecstacy' users and their experiences with the drug. Br J Addict, 1992. 87: p. 1161-72.

23. de la Torre, R., Farré, M., Navarro, M., Pacifici, R., Zuccaro, P., and Pichini, S., Clinical pharmacokinetics of amfetamine and related substances: monitoring in conventional and non-conventional matrices. Clin Pharmacokinet, 2004. 43: p. 157-85.

24. Mas, M., Farré, M., de la Torre, R., Roset, P.N., Ortuño, J., Segura, J., and Camí, J., Cardiovascular and neuroendocrine effects and pharmacokinetics of 3, 4-methylenedioxymethamphetamine in humans. J Pharmacol Exp Ther, 1999. 290: p. 136-45.

25. Ramcharan, S., Meenhorst, P.L., Otten, J.M., Koks, C.H., de Boer, D., Maes, R.A., and Beijnen, J.H., Survival after massive ecstasy overdose. J Toxicol Clin Toxicol, 1998. 36: p. 727-31.

26. de la Torre, R., Farré, M., Ortuño, J., Mas, M., Brenneisen, R., Roset, P.N., Segura, J., and Camí, J., Non-linear pharmacokinetics of MDMA ('ecstasy') in humans. Br J Clin Pharmacol, 2000. 49: p. 104-9.

27. Wu, D., Otton, S.V., Inaba, T., Kalow, W., and Sellers, E.M., Interactions of amphetamine analogs with human liver CYP2D6. Biochem Pharmacol, 1997. 53: p. 1605-12.

28. Delaforge, M., Jaouen, M., and Bouille, G., Inhibitory metabolite complex formation of methylenedioxymethamphetamine with rat and human cytochrome P450. Particular involvement of CYP 2D. Env Toxicol Pharmacol, 1999. 7: p. 153-158.

29. Heydari, A., Yeo, K.R., Lennard, M.S., Ellis, S.W., Tucker, G.T., and Rostami-Hodjegan, A., Mechanism-based inactivation of CYP2D6 by methylenedioxymethamphetamine. Drug Metab Dispos, 2004. 32: p. 1213-7.

30. Yang, J., Jamei, M., Heydari, A., Yeo, K.R., de la Torre, R., Farré, M., Tucker, G.T., and Rostami-Hodjegan, A., Implications of mechanism-based inhibition of CYP2D6 for the pharmacokinetics and toxicity of MDMA. J Psychopharmacol, 2006. 20: p. 842-9.

31. de la Torre, R., Farré, M., Roset, P.N., Pizarro, N., Abanades, S., Segura, M., Segura, J., and Camí, J., Human pharmacology of MDMA: pharmacokinetics, metabolism, and disposition. Ther Drug Monit, 2004. 26: p. 137-44.

32. Farré, M., de la Torre, R., Mathúna, B.O., Roset, P.N., Peiró, A.M., Torrens, M., Ortuño, J., Pujadas, M., and Camí, J., Repeated doses administration of MDMA in humans: pharmacological effects and pharmacokinetics. Psychopharmacology (Berl), 2004. 173: p. 364-75.

33. Mechan, A., Yuan, J., Hatzidimitriou, G., Irvine, R.J., McCann, U.D., and Ricaurte, G.A., Pharmacokinetic profile of single and repeated oral doses of MDMA in squirrel monkeys: relationship to lasting effects on brain serotonin neurons. Neuropsychopharmacology, 2006. 31: p. 339-50.

34. Fallon, J.K., Kicman, A.T., Henry, J.A., Milligan, P.J., Cowan, D.A., and Hutt, A.J., Stereospecific analysis and enantiomeric disposition of 3, 4-methylenedioxymethamphetamine (Ecstasy) in humans. Clin Chem, 1999. 45: p. 1058-69.

35. Pizarro, N., Farré, M., Pujadas, M., Peiró, A.M., Roset, P.N., Joglar, J., and de la Torre, R., Stereochemical analysis of 3,4-methylenedioxymethamphetamine and its main metabolites in human samples including the catechol-type metabolite (3,4-dihydroxymethamphetamine). Drug Metab Dispos, 2004. 32: p. 1001-7.

36. Fitzgerald, R.L., Blanke, R.V., and Poklis, A., Stereoselective pharmacokinetics of 3,4-methylenedioxymethamphetamine in the rat. Chirality, 1990. 2: p. 241-8.

37. De Letter, E.A., Bouche, M.P., Van Bocxlaer, J.F., Lambert, W.E., and Piette, M.H., Interpretation of a 3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA) blood level: discussion by means of a distribution study in two fatalities. Forensic Sci Int, 2004. 141: p. 85-90.

38. De Letter, E.A., Piette, M.H., Lambert, W.E., and Cordonnier, J.A., Amphetamines as potential inducers of fatalities: a review in the district of Ghent from 1976-2004. Med Sci Law, 2006. 46: p. 37-65.

__________________________________________ Referências Bibliográficas

285

39. Garcia-Repetto, R., Moreno, E., Soriano, T., Jurado, C., Gimenez, M.P., and Menendez, M., Tissue concentrations of MDMA and its metabolite MDA in three fatal cases of overdose. Forensic Sci Int, 2003. 135: p. 110-4.

40. Maurer, H.H., Bickeboeller-Friedrich, J., Kraemer, T., and Peters, F.T., Toxicokinetics and analytical toxicology of amphetamine-derived designer drugs ('Ecstasy'). Toxicol Lett, 2000. 112-113: p. 133-42.

41. Lim, H.K. and Foltz, R.L., Identification of metabolites of 3,4-(methylenedioxy)methamphetamine in human urine. Chem Res Toxicol, 1989. 2: p. 142-3.

42. Maurer, H.H., Kraemer, T., Springer, D., and Staack, R.F., Chemistry, pharmacology, toxicology, and hepatic metabolism of designer drugs of the amphetamine (ecstasy), piperazine, and pyrrolidinophenone types: a synopsis. Ther Drug Monit, 2004. 26: p. 127-31.

43. Johnson, M., Letter, A.A., Merchant, K., Hanson, G.R., and Gibb, J.W., Effects of 3,4-methylenedioxyamphetamine and 3,4-methylenedioxymethamphetamine isomers on central serotonergic, dopaminergic and nigral neurotensin systems of the rat. J Pharmacol Exp Ther, 1988. 244: p. 977-82.

44. Maurer, H.H., On the metabolism and the toxicological analysis of methylenedioxyphenylalkylamine designer drugs by gas chromatography-mass spectrometry. Ther Drug Monit, 1996. 18: p. 465-70.

45. de la Torre, R., Farré, M., Roset, P.N., Lopez, C.H., Mas, M., Ortuño, J., Menoyo, E., Pizarro, N., Segura, J., and Cami, J., Pharmacology of MDMA in humans. Ann N Y Acad Sci, 2000. 914: p. 225-37.

46. Kraemer, T. and Maurer, H.H., Toxicokinetics of amphetamines: metabolism and toxicokinetic data of designer drugs, amphetamine, methamphetamine, and their N-alkyl derivatives. Ther Drug Monit, 2002. 24: p. 277-89.

47. Kreth, K., Kovar, K., Schwab, M., and Zanger, U.M., Identification of the human cytochromes P450 involved in the oxidative metabolism of "Ecstasy"-related designer drugs. Biochem Pharmacol, 2000. 59: p. 1563-71.

48. Tucker, G.T., Lennard, M.S., Ellis, S.W., Woods, H.F., Cho, A.K., Lin, L.Y., Hiratsuka, A., Schmitz, D.A., and Chu, T.Y., The demethylenation of methylenedioxymethamphetamine ("ecstasy") by debrisoquine hydroxylase (CYP2D6). Biochem Pharmacol, 1994. 47: p. 1151-6.

49. Kumagai, Y., Lin, L.Y., Schmitz, D.A., and Cho, A.K., Hydroxyl radical mediated demethylenation of (methylenedioxy)phenyl compounds. Chem Res Toxicol, 1991. 4: p. 330-4.

50. Lin, L.Y., Kumagai, Y., and Cho, A.K., Enzymatic and chemical demethylenation of (methylenedioxy)amphetamine and (methylenedioxy)methamphetamine by rat brain microsomes. Chem Res Toxicol, 1992. 5: p. 401-6.

51. Bindoli, A., Rigobello, M.P., and Deeble, D.J., Biochemical and toxicological properties of the oxidation products of catecholamines. Free Radic Biol Med, 1992. 13: p. 391-405.

52. Zhang, F. and Dryhurst, G., Effects of L-cysteine on the oxidation chemistry of dopamine: new reaction pathways of potential relevance to idiopathic Parkinson's disease. J Med Chem, 1994. 37: p. 1084-98.

53. Colado, M.I., O'Shea, E., Granados, R., Murray, T.K., and Green, A.R., In vivo evidence for free radical involvement in the degeneration of rat brain 5-HT following administration of MDMA ('ecstasy') and p-chloroamphetamine but not the degeneration following fenfluramine. Br J Pharmacol, 1997. 121: p. 889-900.

54. Bolton, J.L., Trush, M.A., Penning, T.M., Dryhurst, G., and Monks, T.J., Role of quinones in toxicology. Chem Res Toxicol, 2000. 13: p. 135-60.

55. Chipana, C., García-Ratés, S., Camarasa, J., Pubill, D., and Escubedo, E., Different oxidative profile and nicotinic receptor interaction of amphetamine and 3,4-methylenedioxy-methamphetamine. Neurochem Int 2008. 52: p. 401-10.

Referências Bibliográficas __________________________________________

286

56. Felim, A., Urios, A., Neudörffer, A., Herrera, G., Blanco, M., and Largeron, M., Bacterial plate assays and electrochemical methods: an efficient tandem for evaluating the ability of catechol-thioether metabolites of MDMA ("ecstasy") to induce toxic effects through redox-cycling. Chem Res Toxicol, 2007. 20: p. 685-93.

57. Jiménez, A., Jordà, E.G., Verdaguer, E., Pubill, D., Sureda, F.X., Canudas, A.M., Escubedo, E., Camarasa, J., Camins, A., and Pallàs, M., Neurotoxicity of amphetamine derivatives is mediated by caspase pathway activation in rat cerebellar granule cells. Toxicol Appl Pharmacol, 2004. 196: p. 223-34.

58. Jones, D.C., Lau, S.S., and Monks, T.J., Thioether metabolites of 3,4-methylenedioxyamphetamine and 3,4-methylenedioxymethamphetamine inhibit human serotonin transporter (hSERT) function and simultaneously stimulate dopamine uptake into hSERT-expressing SK-N-MC cells. J Pharmacol Exp Ther, 2004. 311: p. 298-306.

59. Montiel-Duarte, C., Ansorena, E., López-Zabalza, M.J., Cenarruzabeitia, E., and Iraburu, M.J., Role of reactive oxygen species, glutathione and NF-kappaB in apoptosis induced by 3,4-methylenedioxymethamphetamine ("Ecstasy") on hepatic stellate cells. Biochem Pharmacol, 2004. 67: p. 1025-33.

60. Capela, J.P., Macedo, C., Branco, P.S., Ferreira, L.M., Lobo, A.M., Fernandes, E., Remião, F., Bastos, M.L., Dirnagl, U., Meisel, A., and Carvalho, F., Neurotoxicity mechanisms of thioether ecstasy metabolites. Neuroscience, 2007. 146: p. 1743-57.

61. Hiramatsu, M., Kumagai, Y., Unger, S.E., and Cho, A.K., Metabolism of methylenedioxymethamphetamine: formation of dihydroxymethamphetamine and a quinone identified as its glutathione adduct. J Pharmacol Exp Ther, 1990(254).

62. Monks, T.J., Jones, D.C., Bai, F., and Lau, S.S., The role of metabolism in 3,4-(+)-methylenedioxyamphetamine and 3,4-(+)-methylenedioxymethamphetamine (ecstasy) toxicity. Ther Drug Monit, 2004. 26: p. 132-6.

63. Lanz, M., Brenneisen, R., and Thormann, W., Enantioselective determination of 3,4-methylene-dioxymethamphetamine and two of its metabolites in human urine by cyclodextrin-modified capillary zone electrophoresis. Electrophoresis, 1997. 18: p. 1035-43.

64. Pizarro, N., Ortuño, J., Farré, M., Hernández-López, C., Pujadas, M., Llebaria, A., Joglar, J., Roset, P.N., Mas, M., Segura, J., Camí, J., and de la Torre, R., Determination of MDMA and its metabolites in blood and urine by gas chromatography-mass spectrometry and analysis of enantiomers by capillary electrophoresis. J Anal Toxicol, 2002. 26: p. 157-65.

65. Meyer, A., Mayerhofer, A., Kovar, K.A., and Schmidt, W.J., Enantioselective metabolism of the designer drugs 3,4-methylenedioxymethamphetamine ('ecstasy') and 3,4-methylenedioxyethylamphetamine ('eve') isomers in rat brain and blood. Neurosci Lett, 2002. 330: p. 193-7.

66. Ingelman-Sundberg, M., Oscarson, M., and McLellan, R.A., Polymorphic human cytochrome P450 enzymes: an opportunity for individualized drug treatment. Trends Pharmacol Sci, 1999. 20.

67. Oesterheld, J.R., Armstrong, S.C., and Cozza, K.L., Ecstasy: pharmacodynamic and pharmacokinetic interactions. Psychosomatics, 2004. 45: p. 84-7.

68. Samyn, N., De Boeck, G., Wood, M., Lamers, C.T., De Waard, D., Brookhuis, K.A., Verstraete, A.G., and Riedel, W.J., Plasma, oral fluid and sweat wipe ecstasy concentrations in controlled and real life conditions. Forensic Sci Int, 2002. 128: p. 90-7.

69. Helmlin, H.J., Bracher, K., Bourquin, D., Vonlanthen, D., and Brenneisen, R., Analysis of 3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA) and its metabolites in plasma and urine by HPLC-DAD and GC-MS. J Anal Toxicol, 1996. 20: p. 432-40.

70. Navarro, M., Pichini, S., Farré, M., Ortuño, J., Roset, P.N., Segura, J., and de la Torre, R., Usefulness of saliva for measurement of 3,4-methylenedioxymethamphetamine and its metabolites: correlation with plasma drug concentrations and effect of salivary pH. Clin Chem, 2001. 47: p. 1788-95.

__________________________________________ Referências Bibliográficas

287

71. Segura, M., Ortuño, J., Farré, M., McLure, J.A., Pujadas, M., Pizarro, N., Llebaria, A., Joglar, J., Roset, P.N., Segura, J., and de La Torre, R., 3,4-Dihydroxymethamphetamine (HHMA). A major in vivo 3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA) metabolite in humans. Chem Res Toxicol, 2001. 14: p. 1203-8.

72. Moore, K.A., Mozayani, A., Fierro, M.F., and Poklis, A., Distribution of 3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA) and 3,4-methylenedioxyamphetamine (MDA) stereoisomers in a fatal poisoning. Forensic Sci Int, 1996. 83: p. 111-9.

73. Peroutka, S.J., Newman, H., and Harris, H., Subjective effects of 3,4-methylenedioxymethamphetamine in recreational users. Neuropsychopharmacology, 1988. 1: p. 273-7.

74. Davison, D. and Parrott, A.C., Ecstasy (MDMA) in recreational users: self-reported psychological and physiological effects. Human Psychopharmacol, 1997. 12: p. 221-6.

75. Parrott, A.C. and Stuart, M., Ecstasy (MDMA), amphetamine and LSD: comparative mood profiles in recreational poly-drug users. Human Psychopharmacol, 1997. 12: p. 501-4.

76. Hegadoren, K.M., Baker, G.B., and Bourin, M., 3,4-Methylenedioxy analogues of amphetamine: defining the risks to humans. Neurosci Biobehav Rev, 1999. 23: p. 539-53.

77. Liechti, M.E. and Vollenweider, F.X., Acute psychological and physiological effects of MDMA ("Ecstasy") after haloperidol pretreatment in healthy humans. Eur Neuropsychopharmacol, 2000. 10: p. 289-95.

78. Morgan, M.J., Ecstasy (MDMA): a review of its possible persistent psychological effects. Psychopharmacology (Berl), 2000. 152: p. 230-48.

79. Bankson, M.G. and Cunningham, K.A., 3,4-Methylenedioxymethamphetamine (MDMA) as a unique model of serotonin receptor function and serotonin-dopamine interactions. J Pharmacol Exp Ther, 2001. 297: p. 846-52.

80. Mechan, A.O., Esteban, B., O'Shea, E., Elliott, J.M., Colado, M.I., and Green, A.R., The pharmacology of the acute hyperthermic response that follows administration of 3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA, 'ecstasy') to rats. Br J Pharmacol, 2002. 135: p. 170-80.

81. Sabol, K.E. and Seiden, L.S., Reserpine attenuates D-amphetamine and MDMA-induced transmitter release in vivo: a consideration of dose, core temperature and dopamine synthesis. Brain Res, 1998. 806: p. 69-78.

82. Yamamoto, B.K., Nash, J.F., and Gudelsky, G.A., Modulation of methylenedioxymethamphetamine-induced striatal dopamine release by the interaction between serotonin and gamma-aminobutyric acid in the substantia nigra. J Pharmacol Exp Ther, 1995. 273: p. 1063-70.

83. Berger, U.V., Gu, X.F., and Azmitia, E.C., The substituted amphetamines 3,4-methylenedioxymethamphetamine, methamphetamine, p-chloroamphetamine and fenfluramine induce 5-hydroxytryptamine release via a common mechanism blocked by fluoxetine and cocaine. Eur J Pharmacol, 1992. 215: p. 153-60.

84. Crespi, D., Mennini, T., and Gobbi, M., Carrier-dependent and Ca(2+)-dependent 5-HT and dopamine release induced by (+)-amphetamine, 3,4-methylendioxymethamphetamine, p-chloroamphetamine and (+)-fenfluramine. Br J Pharmacol, 1997. 121: p. 1735-43.

85. Nichols, D.E., Lloyd, D.H., Hoffman, A.J., Nichols, M.B., and Yim, G.K., Effects of certain hallucinogenic amphetamine analogues on the release of [3H]serotonin from rat brain synaptosomes. J Med Chem, 1982. 25: p. 530-5.

86. Verrico, C.D., Miller, G.M., and Madras, B.K., MDMA (Ecstasy) and human dopamine, norepinephrine, and serotonin transporters: implications for MDMA-induced neurotoxicity and treatment. Psychopharmacology (Berl), 2007. 189: p. 489-503.

87. Rudnick, G. and Wall, S.C., The molecular mechanism of "ecstasy" [3,4-methylenedioxy-methamphetamine (MDMA)]: serotonin transporters are targets for MDMA-induced serotonin release. Proc Natl Acad Sci U S A, 1992. 89: p. 1817-21.

Referências Bibliográficas __________________________________________

288

88. Simantov, R., Multiple molecular and neuropharmacological effects of MDMA (Ecstasy). Life Sci, 2004. 74: p. 803-14.

89. Carmo, H., Estudo da influência do metabolismo na toxicidade de derivados anfetamínicos: 4-MTA, 2C-B e MDMA (tese de Doutoramento). in Faculdade de Farmácia. 2007, Universidade do Porto, Porto.

90. Gudelsky, G.A. and Nash, J.F., Carrier-mediated release of serotonin by 3,4-methylenedioxymethamphetamine: implications for serotonin-dopamine interactions. J Neurochem, 1996. 66: p. 243-9.

91. Morley, K.C., Arnold, J.C., and McGregor, I.S., Serotonin (1A) receptor involvement in acute 3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA) facilitation of social interaction in the rat. Prog Neuropsychopharmacol Biol Psychiatry, 2005. 29: p. 648-57.

92. Nash, J.F., Meltzer, H.Y., and Gudelsky, G.A., Effect of 3,4-methylenedioxymethamphetamine on 3,4-dihydroxyphenylalanine accumulation in the striatum and nucleus accumbens. J Neurochem, 1990. 54: p. 1062-7.

93. Sprague, J.E., Everman, S.L., and Nichols, D.E., An integrated hypothesis for the serotonergic axonal loss induced by 3,4-methylenedioxymethamphetamine. Neurotoxicology, 1998. 19: p. 427-41.

94. Bankson, M.G. and Yamamoto, B.K., Serotonin-GABA interactions modulate MDMA-induced mesolimbic dopamine release. J Neurochem, 2004. 91: p. 852-9.

95. Daza-Losada, M., Ribeiro Do Couto, B., Manzanedo, C., Aguilar, M.A., Rodríguez-Arias, M., and Miñarro, J., Rewarding effects and reinstatement of MDMA-induced CPP in adolescent mice. Neuropsychopharmacology, 2007. 32: p. 1750-9.

96. O'Shea, E., Esteban, B., Camarero, J., Green, A.R., and Colado, M.I., Effect of GBR 12909 and fluoxetine on the acute and long term changes induced by MDMA ('ecstasy') on the 5-HT and dopamine concentrations in mouse brain. Neuropharmacology, 2001. 40: p. 65-74.

97. Saadat, K.S., Elliott, J.M., Colado, M.I., and Green, A.R., The acute and long-term neurotoxic effects of MDMA on marble burying behaviour in mice. J Psychopharmacol, 2006. 20: p. 264-71.

98. Vander, A.J., Sherman, J., and Luciano, D.S., Human physiology: the mechanism of body function. 8th ed. 2001, Boston: McGraw−Hill.

99. Klingler, W., Heffron, J.J., Jurkat-Rott, K., O'sullivan, G., Alt, A., Schlesinger, F., Bufler, J., and Lehmann-Horn, F., 3,4-Methylenedioxymethamphetamine (ecstasy) activates skeletal muscle nicotinic acetylcholine receptors. J Pharmacol Exp Ther, 2005. 314: p. 1267-73.

100. Garcia-Ratés, S., Camarasa, J., Escubedo, E., and Pubill, D., Methamphetamine and 3,4-methylenedioxymethamphetamine interact with central nicotinic receptors and induce their up-regulation. Toxicol Appl Pharmacol, 2007. 223: p. 195-205.

101. Ripoll, N., Bronnec, M., and Bourin, M., Nicotinic receptors and schizophrenia. Curr Med Res Opin, 2004. 20: p. 1057-74.

102. Maskos, U., Molles, B.E., Pons, S., Besson, M., Guiard, B.P., Guilloux, J.P., Evrard, A., Cazala, P., Cormier, A., Mameli-Engvall, M., Dufour, N., Cloëz-Tayarani, I., Bemelmans, A.P., Mallet, J., Gardier, A.M., David, V., Faure, P., Granon, S., and Changeux, J.P., Nicotine reinforcement and cognition restored by targeted expression of nicotinic receptors. Nature, 2005. 436: p. 103-7.

103. Chipana, C., Camarasa, J., Pubill, D., and Escubedo, E., Protection against MDMA-induced dopaminergic neurotoxicity in mice by methyllycaconitine: involvement of nicotinic receptors. Neuropharmacology, 2006. 51: p. 885-95.

104. Chipana, C., Camarasa, J., Pubill, D., and Escubedo, E., Memantine prevents MDMA-induced neurotoxicity. Neurotoxicology, 2008. 29: p. 179-83.

105. Callaway, C.W., Wing, L.L., and Geyer, M.A., Serotonin release contributes to the locomotor stimulant effects of 3,4-methylenedioxymethamphetamine in rats. J Pharmacol Exp Ther, 1990. 254: p. 456-64.

__________________________________________ Referências Bibliográficas

289

106. Bankson, M.G. and Cunningham, K.A., Pharmacological studies of the acute effects of (+)-3,4-methylenedioxymethamphetamine on locomotor activity: role of 5-HT(1B/1D) and 5-HT(2) receptors. Neuropsychopharmacology, 2002. 26: p. 40-52.

107. Fletcher, P.J., Korth, K.M., Robinson, S.R., and Baker, G.B., Multiple 5-HT receptors are involved in the effects of acute MDMA treatment: studies on locomotor activity and responding for conditioned reinforcement. Psychopharmacology (Berl), 2002. 162: p. 282-91.

108. Herin, D.V., Liu, S., Ullrich, T., Rice, K.C., and Cunningham, K.A., Role of the serotonin 5-HT2A receptor in the hyperlocomotive and hyperthermic effects of (+)-3,4-methylenedioxymethamphetamine. Psychopharmacology (Berl), 2005. 178: p. 505-13.

109. Kehne, J.H., Ketteler, H.J., McCloskey, T.C., Sullivan, C.K., Dudley, M.W., and Schmidt, C.J., Effects of the selective 5-HT2A receptor antagonist MDL 100,907 on MDMA-induced locomotor stimulation in rats. Neuropsychopharmacology, 1996. 15: p. 116-24.

110. McCreary, A.C., Bankson, M.G., and Cunningham, K.A., Pharmacological studies of the acute and chronic effects of (+)-3, 4-methylenedioxymethamphetamine on locomotor activity: role of 5-hydroxytryptamine(1A) and 5-hydroxytryptamine(1B/1D) receptors. J Pharmacol Exp Ther, 1999. 290: p. 965-73.

111. Scearce-Levie, K., Viswanathan, S.S., and Hen, R., Locomotor response to MDMA is attenuated in knockout mice lacking the 5-HT1B receptor. Psychopharmacology (Berl), 1999. 141: p. 154-61.

112. Bubar, M.J., Pack, K.M., Frankel, P.S., and Cunningham, K.A., Effects of dopamine D1- or D2-like receptor antagonists on the hypermotive and discriminative stimulus effects of (+)-MDMA. Psychopharmacology (Berl), 2004. 173: p. 326-36.

113. Risbrough, V.B., Masten, V.L., Caldwell, S., Paulus, M.P., Low, M.J., and Geyer, M.A., Differential contributions of dopamine D1, D2, and D3 receptors to MDMA-induced effects on locomotor behavior patterns in mice. Neuropsychopharmacology, 2006. 31: p. 2349-58.

114. Ball, K.T., Budreau, D., and Rebec, G.V., Acute effects of 3,4-methylenedioxymethamphetamine on striatal single-unit activity and behavior in freely moving rats: differential involvement of dopamine D(1) and D(2) receptors. Brain Res, 2003. 994: p. 203-15.

115. Bexis, S. and Docherty, J.R., Effects of MDMA, MDA and MDEA on blood pressure, heart rate, locomotor activity and body temperature in the rat involve alpha-adrenoceptors. Br J Pharmacol, 2006. 147: p. 926-34.

116. Selken, J. and Nichols, D.E., Alpha1-adrenergic receptors mediate the locomotor response to systemic administration of (+/-)-3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA) in rats. Pharmacol Biochem Behav, 2007. 86: p. 622-30.

117. Easton, N., Fry, J., O'Shea, E., Watkins, A., Kingston, S., and Marsden, C.A., Synthesis, in vitro formation, and behavioural effects of glutathione regioisomers of alpha-methyldopamine with relevance to MDA and MDMA (ecstasy). Brain Res, 2003. 987: p. 144-54.

118. Leonardi, E.T. and Azmitia, E.C., MDMA (ecstasy) inhibition of MAO type A and type B: comparisons with fenfluramine and fluoxetine (Prozac). Neuropsychopharmacology, 1994. 10: p. 231-8.

119. Alves, E., Summavielle, T., Alves, C.J., Gomes-da-Silva, J., Barata, J.C., Fernandes, E., Bastos, M.L., Tavares, M.A., and Carvalho, F., Monoamine oxidase-B mediates ecstasy-induced neurotoxic effects to adolescent rat brain mitochondria. J Neurosci, 2007. 27: p. 10203-10.

120. White, S.R., Obradovic, T., Imel, K.M., and Wheaton, M.J., The effects of methylenedioxymethamphetamine (MDMA, "Ecstasy") on monoaminergic neurotransmission in the central nervous system. Prog Neurobiol, 1996. 49: p. 455-79.

121. Navarro, J.F., Rivera, A., Maldonado, E., Cavas, M., and de la Calle, A., Anxiogenic-like activity of 3,4-methylenedioxy-methamphetamine ("Ecstasy") in the social

Referências Bibliográficas __________________________________________

290

interaction test is accompanied by an increase of c-fos expression in mice amygdala. Prog Neuropsychopharmacol Biol Psychiatry, 2004. 28: p. 249-54.

122. Sprague, J.E., Banks, M.L., Cook, V.J., and Mills, E.M., Hypothalamic-pituitary-thyroid axis and sympathetic nervous system involvement in hyperthermia induced by 3,4-methylenedioxymethamphetamine (Ecstasy). J Pharmacol Exp Ther, 2003. 305: p. 159-66.

123. Mills, E.M., Banks, M.L., Sprague, J.E., and Finkel, T., Pharmacology: uncoupling the agony from ecstasy. Nature, 2003. 426: p. 403-4.

124. Harris, D.S., Baggott, M., Mendelson, J.H., Mendelson, J.E., and Jones, R.T., Subjective and hormonal effects of 3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA) in humans. Psychopharmacology (Berl), 2002. 162: p. 396-405.

125. Grob, C.S., Poland, R.E., Chang, L., and Ernst, T., Psychobiologic effects of 3,4-methylenedioxymethamphetamine in humans: methodological considerations and preliminary observations. Behav Brain Res, 1996. 73: p. 103-7.

126. Henry, J.A., Fallon, J.K., Kicman, A.T., Hutt, A.J., Cowan, D.A., and Forsling, M., Low-dose MDMA ("ecstasy") induces vasopressin secretion. Lancet, 1998. 351: p. 1784.

127. Gerra, G., Zaimovic, A., Ferri, M., Zambelli, U., Timpano, M., Neri, E., Marzocchi, G.F., Delsignore, R., and Brambilla, F., Long-lasting effects of (+/-)3,4-methylenedioxymethamphetamine (ecstasy) on serotonin system function in humans. Biol Psychiatry, 2000. 47: p. 127-36.

128. Gerra, G., Zaimovic, A., Giucastro, G., Maestri, D., Monica, C., Sartori, R., Caccavari, R., and Delsignore, R., Serotonergic function after (+/-)3,4-methylene-dioxymethamphetamine ('Ecstasy') in humans. Int Clin Psychopharmacol, 1998. 13: p. 1-9.

129. McCann, U.D., Eligulashvili, V., Mertl, M., Murphy, D.L., and Ricaurte, G.A., Altered neuroendocrine and behavioral responses to m-chlorophenylpiperazine in 3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA) users. Psychopharmacology (Berl), 1999. 147: p. 56-65.

130. Price, L.H., Ricaurte, G.A., Krystal, J.H., and Heninger, G.R., Neuroendocrine and mood responses to intravenous L-tryptophan in 3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA) users. Preliminary observations. Arch Gen Psychiatry, 1989. 46: p. 20-2.

131. Forsling, M.L., Fallon, J.K., Shah, D., Tilbrook, G.S., Cowan, D.A., Kicman, A.T., and Hutt, A.J., The effect of 3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA, 'ecstasy') and its metabolites on neurohypophysial hormone release from the isolated rat hypothalamus. Br J Pharmacol, 2002. 135: p. 649-56.

132. Wolff, K., Tsapakis, E.M., Winstock, A.R., Hartley, D., Holt, D., Forsling, M.L., and Aitchison, K.J., Vasopressin and oxytocin secretion in response to the consumption of ecstasy in a clubbing population. J Psychopharmacol, 2006. 20: p. 400-10.

133. Clemens, K.J., McGregor, I.S., Hunt, G.E., and Cornish, J.L., MDMA, methamphetamine and their combination: possible lessons for party drug users from recent preclinical research. Drug Alcohol Rev, 2007. 26: p. 9-15.

134. McGregor, I.S., Callaghan, P.D., and Hunt, G.E., From ultrasocial to antisocial: a role for oxytocin in the acute reinforcing effects and long-term adverse consequences of drug use? Br J Pharmacol, 2008. 154: p. 358-68.

135. Thompson, M.R., Callaghan, P.D., Hunt, G.E., Cornish, J.L., and McGregor, I.S., A role for oxytocin and 5-HT(1A) receptors in the prosocial effects of 3,4 methylenedioxymethamphetamine ("ecstasy"). Neuroscience, 2007. 146: p. 509-14.

136. Dickerson, S.M., Walker, D.M., Reveron, M.E., Duvauchelle, C.L., and Gore, A.C., The Recreational Drug Ecstasy Disrupts the Hypothalamic-Pituitary-Gonadal Reproductive Axis in Adult Male Rats. Neuroendocrinology, 2008.

137. Allott, K., Canny, B.J., Broadbear, J.H., Stepto, N.K., Murphy, B., and Redman, J., Neuroendocrine and subjective responses to pharmacological challenge with citalopram: a controlled study in male and female ecstasy/MDMA users. J Psychopharmacol, 2008.

__________________________________________ Referências Bibliográficas

291

138. Broening, H.W., Bowyer, J.F., and Slikker, W., Jr, Age-dependent sensitivity of rats to the long-term effects of the serotonergic neurotoxicant (+/-)-3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA) correlates with the magnitude of the MDMA-induced thermal response. J Pharmacol Exp Ther, 1995. 275: p. 325-33.

139. Malberg, J.E. and Seiden, L.S., Small changes in ambient temperature cause large changes in 3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA)-induced serotonin neurotoxicity and core body temperature in the rat. J Neurosci, 1998. 18: p. 5086-94.

140. Nash, J.F., Jr, Meltzer, H.Y., and Gudelsky, G.A., Elevation of serum prolactin and corticosterone concentrations in the rat after the administration of 3,4-methylenedioxymethamphetamine. J Pharmacol Exp Ther, 1988. 245: p. 873-9.

141. Schmidt, C.J., Black, C.K., Abbate, G.M., and Taylor, V.L., Methylenedioxymethamphetamine-induced hyperthermia and neurotoxicity are independently mediated by 5-HT2 receptors. Brain Res, 1990. 529: p. 85-90.

142. Carvalho, M., Carvalho, F., Remiao, F., Pereira, M.L., Pires-das-Neves, R., and Bastos, M.L., Effect of 3,4-methylenedioxymethamphetamine ("ecstasy") on body temperature and liver antioxidant status in mice: influence of ambient temperature. Arch Toxicol, 2002. 76: p. 166-72.

143. Saadat, K.S., Elliott, J.M., Colado, M.I., and Green, A.R., Hyperthermic and neurotoxic effect of 3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA) in guinea pigs. Psychopharmacology (Berl), 2004. 173: p. 452-3.

144. Taffe, M.A., Lay, C.C., Von Huben, S.N., Davis, S.A., Crean, R.D., and Katner, S.N., Hyperthermia induced by 3,4-methylenedioxymethamphetamine in unrestrained rhesus monkeys. Drug Alcohol Depend, 2006. 82: p. 276-81.

145. Fantegrossi, W.E., Godlewski, T., Karabenick, R.L., Stephens, J.M., Ullrich, T., Rice, K.C., and Woods, J.H., Pharmacological characterization of the effects of 3,4-methylenedioxymethamphetamine ("ecstasy") and its enantiomers on lethality, core temperature, and locomotor activity in singly housed and crowded mice. Psychopharmacology (Berl), 2003. 166: p. 202-11.

146. Pedersen, N.P. and Blessing, W.W., Cutaneous vasoconstriction contributes to hyperthermia induced by 3,4-methylenedioxymethamphetamine (ecstasy) in conscious rabbits. J Neurosci, 2001. 21: p. 8648-54.

147. Green, A.R., Sanchez, V., O'Shea, E., Saadat, K.S., Elliott, J.M., and Colado, M.I., Effect of ambient temperature and a prior neurotoxic dose of 3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA) on the hyperthermic response of rats to a single or repeated ('binge' ingestion) low dose of MDMA. Psychopharmacology (Berl), 2004. 173: p. 264-9.

148. Colado, M.I., O'Shea, E., and Green, A.R., Acute and long-term effects of MDMA on cerebral dopamine biochemistry and function. Psychopharmacology (Berl), 2004. 173: p. 249-63.

149. Saadat, K.S., O'shea, E., Colado, M.I., Elliott, J.M., and Green, A.R., The role of 5-HT in the impairment of thermoregulation observed in rats administered MDMA ('ecstasy') when housed at high ambient temperature. Psychopharmacology (Berl), 2005. 179: p. 884-90.

150. Beveridge, T.J., Mechan, A.O., Sprakes, M., Pei, Q., Zetterstrom, T.S., Green, A.R., and Elliott, J.M., Effect of 5-HT depletion by MDMA on hyperthermia and Arc mRNA induction in rat brain. Psychopharmacology (Berl), 2004. 173: p. 346-52.

151. Alex, K.D. and Pehek, E.A., Pharmacologic mechanisms of serotonergic regulation of dopamine neurotransmission. Pharmacol Ther, 2007. 113: p. 296-320.

152. Bexis, S. and Docherty, J.R., Role of alpha2A-adrenoceptors in the effects of MDMA on body temperature in the mouse. Br J Pharmacol, 2005. 146: p. 1-6.

153. Bexis, S., Phillis, B.D., Ong, J., White, J.M., and Irvine, R.J., Baclofen prevents MDMA-induced rise in core body temperature in rats. Drug Alcohol Depend, 2004. 74: p. 89-96.

Referências Bibliográficas __________________________________________

292

154. Mills, E.M., Rusyniak, D.E., and Sprague, J.E., The role of the sympathetic nervous system and uncoupling proteins in the thermogenesis induced by 3,4-methylenedioxymethamphetamine. J Mol Med, 2004. 82: p. 787-99.

155. Sprague, J.E., Yang, X., Sommers, J., Gilman, T.L., and Mills, E.M., Roles of norepinephrine, free Fatty acids, thyroid status, and skeletal muscle uncoupling protein 3 expression in sympathomimetic-induced thermogenesis. J Pharmacol Exp Ther, 2007. 320: p. 274-80.

156. Santos-Marques, M.J., Carvalho, F., Sousa, C., Remião, F., Vitorino, R., Amado, F., Ferreira, R., Duarte, J.A., and Bastos, M.L., Cytotoxicity and cell signalling induced by continuous mild hyperthermia in freshly isolated mouse hepatocytes. Toxicology, 2006. 224: p. 210-8.

157. Escobedo, I., Peraile, I., Orio, L., Colado, M.I., and O'Shea, E., Evidence for a role of Hsp70 in the neuroprotection induced by heat shock pre-treatment against 3,4-methylenedioxymethamphetamine toxicity in rat brain. J Neurochem, 2007. 101: p. 1272-83.

158. Mechan, A.O., O'Shea, E., Elliott, J.M., Colado, M.I., and Green, A.R., A neurotoxic dose of 3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA; ecstasy) to rats results in a long-term defect in thermoregulation. Psychopharmacology (Berl), 2001. 155: p. 413-8.

159. Henry, J.A., Jeffreys, K.J., and Dawling, S., Toxicity and deaths from 3,4-methylenedioxymethamphetamine ("ecstasy"). Lancet, 1992. 340: p. 384-7.

160. Mallick, A. and Bodenham, A.R., MDMA induced hyperthermia: a survivor with an initial body temperature of 42.9 degrees C. J Accid Emerg Med, 1997. 14: p. 336-8.

161. Chang, L., Grob, C.S., Ernst, T., Itti, L., Mishkin, F.S., Jose-Melchor, R., and Poland, R.E., Effect of ecstasy [3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA)] on cerebral blood flow: a co-registered SPECT and MRI study. Psychiatry Res, 2000. 98: p. 15-28.

162. Jones, A.W., Driving under the influence of drugs in Sweden with zero concentration limits in blood for controlled substances. Traffic Inj Prev, 2005. 6: p. 317-22.

163. Jones, A.W. and Holmgren, A., Abnormally high concentrations of amphetamine in blood of impaired drivers. J Forensic Sci, 2005. 50: p. 1215-20.

164. Burgess, C., O'Donohoe, A., and Gill, M., Agony and ecstasy: a review of MDMA effects and toxicity. Eur Psychiatry, 2000. 15: p. 287-94.

165. Eifinger, F., Roth, B., Kröner, L., and Rothschild, M.A., Severe Ecstasy poisoning in an 8-month-old infant. Eur J Pediatr, 2008. DOI 10.1007/s00431-007-0609-6.

166. Bedford Russell, A.R., Schwartz, R.H., and Dawling, S., Accidental ingestion of 'Ecstasy' (3,4-methylenedioxymethylamphetamine). Arch Dis Child, 1992. 67: p. 1114-5.

167. Chang, Y.J., Lai, M.W., Kong, M.S., and Chao, H.C., Accidental ingestion of Ecstasy in a toddler. J Formos Med Assoc, 2005. 104: p. 946-7.

168. Hall, A.P., Lyburn, I.D., Spears, F.D., and Riley, B., An unusual case of Ecstasy poisoning. Intensive Care Med, 1996. 22: p. 670-1.

169. Chadwick, I.S., Curry, P.D., Linsley, A., Freemont, A.J., and Doran, B., Ecstasy, 3-4 methylenedioxymethamphetamine (MDMA), a fatality associated with coagulopathy and hyperthermia. J R Soc Med, 1991. 84: p. 371.

170. Shannon, M., Methylenedioxymethamphetamine (MDMA, "Ecstasy"). Pediatr Emerg Care, 2000. 16: p. 377-80.

171. Roberts, L. and Wright, H., Survival following intentional massive overdose of 'Ecstasy'. J Accid Emerg Med, 1994. 11: p. 53-4.

172. Green, A.R., MDMA: fact and fallacy, and the need to increase knowledge in both the scientific and popular press. Psychopharmacology (Berl), 2004. 173: p. 231-233.

173. Cole, J.C., Sumnall, H.R., Smith, G.W., and Rostami-Hodjegan, A., Preliminary evidence of the cardiovascular effects of polysubstance misuse in nightclubs. J Psychopharmacol, 2005. 19: p. 67-70.

174. Redfearn, P.J., Agrawal, N., and Mair, L.H., An association between the regular use of 3,4 methylenedioxy-methamphetamine (ecstasy) and excessive wear of the teeth. Addiction, 1998. 93: p. 745-8.

__________________________________________ Referências Bibliográficas

293

175. Logan, A.S., Stickle, B., O'Keefe, N., and Hewitson, H., Survival following 'Ecstasy' ingestion with a peak temperature of 42 degrees C. Anaesthesia, 1993. 48: p. 1017-8.

176. Britt, G.C. and McCance-Katz, E.F., A Brief Overview of the Clinical Pharmacology of “Club Drugs”. Subst Use Misuse, 2005. 40: p. 1189-1201.

177. Brown, C. and Osterloh, J., Multiple severe complications from recreational ingestion of MDMA ('Ecstasy'). JAMA, 1987. 258: p. 780-1.

178. Dowling, G.P., McDonough, E.T., 3rd, and Bost, R.O., 'Eve' and 'Ecstasy'. A report of five deaths associated with the use of MDEA and MDMA. JAMA, 1987. 257: p. 1615-7.

179. McCann, U.D., Slate, S.O., and Ricaurte, G.A., Adverse reactions with 3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA; 'ecstasy'). Drug Saf, 1996. 15: p. 107-15.

180. Screaton, G.R., Singer, M., Cairns, H.S., Thrasher, A., Sarner, M., and Cohen, S.L., Hyperpyrexia and rhabdomyolysis after MDMA ("ecstasy") abuse. Lancet, 1992. 339: p. 677-8.

181. Suarez, R.V. and Riemersma, R., "Ecstasy" and sudden cardiac death. Am J Forensic Med Pathol, 1988. 9: p. 339-41.

182. Milroy, C.M., Clark, J.C., and Forrest, A.R., Pathology of deaths associated with "ecstasy" and "eve" misuse. J Clin Pathol, 1996. 49: p. 149-53.

183. Rutty, G.N. and Milroy, C.M., The pathology of the ring-substituted amphetamine analogue 3,4-methylenedioxymethylamphetamine (MDMA, 'Ecstasy'). J Pathol, 1997. 181: p. 255-6.

184. Rojas, R., Riascos, R., Vargas, D., Cuellar, H., and Borne, J., Neuroimaging in drug and substance abuse part I: cocaine, cannabis, and ecstasy. Top Magn Reson Imaging, 2005. 16: p. 231-8.

185. Dykhuizen, R.S., Brunt, P.W., Atkinson, P., Simpson, J.G., and Smith, C.C., Ecstasy induced hepatitis mimicking viral hepatitis. Gut, 1995. 36: p. 939-41.

186. Ellis, A.J., Wendon, J.A., Portmann, B., and Williams, R., Acute liver damage and ecstasy ingestion. Gut, 1996. 38: p. 454-8.

187. Brauer, R.B., Heidecke, C.D., Nathrath, W., Beckurts, K.T., Vorwald, P., Zilker, T.R., Schweigart, U., Hölscher, A.H., and Siewert, J.R., Liver transplantation for the treatment of fulminant hepatic failure induced by the ingestion of ecstasy. Transpl Int, 1997. 10: p. 229-33.

188. Caballero, F., Lopez-Navidad, A., Cotorruelo, J., and Txoperena, G., Ecstasy-induced brain death and acute hepatocellular failure: multiorgan donor and liver transplantation. Transplantation, 2002. 74: p. 532-7.

189. Milroy, C.M., Ten years of 'ecstasy'. J R Soc Med, 1999. 92: p. 68-72. 190. Liechti, M.E., Kunz, I., and Kupferschmidt, H., Acute medical problems due to Ecstasy

use. Case-series of emergency department visits. Swiss Med Wkly, 2005. 135: p. 652-7. 191. Nakagawa, Y., Suzuki, T., Tayama, S., Ishii, H., and Ogata, A., Cytotoxic effects of 3,4-

methylenedioxy-N-alkylamphetamines, MDMA and its analogues, on isolated rat hepatocytes. Arch Toxicol, 2008.

192. Carvalho, M., Milhazes, N., Remião, F., Borges, F., Fernandes, E., Amado, F., Monks, T.J., Carvalho, F., and Bastos, M.L., Hepatotoxicity of 3,4-methylenedioxyamphetamine and alpha-methyldopamine in isolated rat hepatocytes: formation of glutathione conjugates. Arch Toxicol, 2004. 78: p. 16-24.

193. Carvalho, M., Remião, F., Milhazes, N., Borges, F., Fernandes, E., Carvalho, F., and Bastos, M.L., The toxicity of N-methyl-alpha-methyldopamine to freshly isolated rat hepatocytes is prevented by ascorbic acid and N-acetylcysteine. Toxicology, 2004. 200: p. 193-203.

194. Jones, A.L. and Simpson, K.J., Review article: mechanisms and management of hepatotoxicity in ecstasy (MDMA) and amphetamine intoxications. Aliment Pharmacol Ther, 1999. 13: p. 129-33.

195. Chen, F. and Shi, X., Signaling from toxic metals to NF-kappaB and beyond: not just a matter of reactive oxygen species. Environ Health Perspect, 2002. 110: p. 807-11.

196. Tiangco, D.A., Lattanzio, F.A.J., Osgood, C.J., Beebe, S.J., Kerry, J.A., and Hargrave, B.Y., 3,4-Methylenedioxymethamphetamine activates nuclear factor-kappaB, increases

Referências Bibliográficas __________________________________________

294

intracellular calcium, and modulates gene transcription in rat heart cells. Cardiovasc Toxicol, 2005. 5: p. 301-10.

197. Pacifici, R., Zuccaro, P., Farré, M., Pichini, S., Di Carlo, S., Roset, P.N., Lopez, C.H., Ortuño, J., Segura, J., Camí, J., and de la Torre, R., Immunomodulating activity of MDMA. Ann N Y Acad Sci, 2000. 914: p. 215-24.

198. Pacifici, R., Zuccaro, P., Farre, M., Pichini, S., Di Carlo, S., Roset, P.N., Ortuno, J., Segura, J., and de la Torre, R., Immunomodulating properties of MDMA alone and in combination with alcohol: a pilot study. Life Sci, 1999. 65: p. PL309-16.

199. Pacifici, R., Zuccaro, P., Farré, M., Pichini, S., Di Carlo, S., Roset, P.N., Ortuño, J., Pujadas, M., Bacosi, A., Menoyo, E., Segura, J., and de la Torre, R., Effects of repeated doses of MDMA ("ecstasy") on cell-mediated immune response in humans. Life Sci, 2001. 69: p. 2931-41.

200. Pacifici, R., Zuccaro, P., Farre, M., Pichini, S., Di Carlo, S., Roset, P.N., Palmi, I., Ortuno, J., Menoyo, E., Segura, J., and de la Torre, R., Cell-mediated immune response in MDMA users after repeated dose administration: studies in controlled versus noncontrolled settings. Ann N Y Acad Sci, 2002. 965: p. 421-33.

201. Miranda, M., Bosch-Morell, F., Johnsen-Soriano, S., Barcia, J., Almansa, I., Asensio, S., Araiz, J., Messeguer, A., and Romero, F.J., Oxidative stress in rat retina and hippocampus after chronic MDMA ('ecstasy') administration. Neurochem Res, 2007. 32: p. 1156-62.

202. Cunningham, M., Ecstasy-induced rhabdomyolysis and its role in the development of acute renal failure. Intensive Crit Care Nurs, 1997. 13: p. 216-23.

203. Carvalho, M., Hawksworth, G., Milhazes, N., Borges, F., Monks, T.J., Fernandes, E., Carvalho, F., and Bastos, M.L., Role of metabolites in MDMA (ecstasy)-induced nephrotoxicity: an in vitro study using rat and human renal proximal tubular cells. Arch Toxicol, 2002. 76(10): p. 581-8.

204. Henry, J.A. and Hill, I.R., Fatal interaction between ritonavir and MDMA. Lancet, 1998. 352: p. 1751-2.

205. Holden, R. and Jackson, M.A., Near-fatal hyponatraemic coma due to vasopressin over-secretion after "ecstasy" (3,4-MDMA). Lancet, 1996. 347: p. 1052.

206. Holmes, S.B., Banerjee, A.K., and Alexander, W.D., Hyponatraemia and seizures after ecstasy use. Postgrad Med J, 1999. 75: p. 32-3.

207. Kessel, B., Hyponatraemia after ingestion of ecstasy. BMJ, 1994. 308: p. 414. 208. Lehmann, E.D., Thom, C.H., and Croft, D.N., Delayed severe rhabdomyolysis after

taking 'ecstasy'. Postgrad Med J, 1995. 71: p. 186-7. 209. Matthai, S.M., Davidson, D.C., Sills, J.A., and Alexandrou, D., Cerebral oedema after

ingestion of MDMA ("ecstasy") and unrestricted intake of water. BMJ, 1996. 312: p. 1359.

210. Maxwell, D.L., Polkey, M.I., and Henry, J.A., Hyponatraemia and catatonic stupor after taking "ecstasy". BMJ, 1993. 307: p. 1399.

211. Satchell, S.C. and Connaughton, M., Inappropriate antidiuretic hormone secretion and extreme rises in serum creatinine kinase following MDMA ingestion. Br J Hosp Med, 1994. 51: p. 495.

212. Kalantar-Zadeh, K., Nguyen, M.K., Chang, R., and Kurtz, I., Fatal hyponatremia in a young woman after ecstasy ingestion. Nat Clin Pract Nephrol, 2006. 2: p. 283-8.

213. Fallon, J.K., Shah, D., Kicman, A.T., Hutt, A.J., Henry, J.A., Cowan, D.A., and Forsling, M., Action of MDMA (ecstasy) and its metabolites on arginine vasopressin release. Ann N Y Acad Sci, 2002. 965: p. 399-409.

214. Finch, E., Sell, L., and Arnold, D., Cerebral oedema after MDMA ("ecstasy") and unrestricted water intake. Drug workers emphasise that water is not an antidote to drug. BMJ, 1996. 313: p. 690.

215. Wilkins, B., Cerebral oedema after MDMA ("ecstasy") and unrestricted water intake. Hyponatraemia must be treated with low water input. BMJ, 1996. 313: p. 689-90.

216. Bryden, A.A., Rothwell, P.J., and O'Reilly, P.H., Urinary retention with misuse of "ecstasy". BMJ, 1995. 310: p. 504.

__________________________________________ Referências Bibliográficas

295

217. Forsling, M., Fallon, J.K., Kicman, A.T., Hutt, A.J., Cowan, D.A., and Henry, J.A., Arginine vasopressin release in response to the administration of 3,4-methylenedioxymethamphetamine ("ecstasy"): is metabolism a contributory factor? J Pharm Pharmacol, 2001. 53: p. 1357-63.

218. Falck, R.S., Wang, J., and Carlson, R.G., Depressive symptomatology in young adults with a history of MDMA use: a longitudinal analysis. J Psychopharmacol, 2008. 22: p. 47-54.

219. Schifano, F., Di Furia, L., Forza, G., Minicuci, N., and Bricolo, R., MDMA ('ecstasy') consumption in the context of polydrug abuse: a report on 150 patients. Drug Alcohol Depend, 1998. 52: p. 85-90.

220. Bull, E.J., Hutson, P.H., and Fone, K.C., Reduced social interaction following 3,4-methylenedioxymethamphetamine is not associated with enhanced 5-HT 2C receptor responsivity. Neuropharmacology, 2003. 44: p. 439-48.

221. Khakoo, S.I., Coles, C.J., Armstrong, J.S., and Barry, R.E., Hepatotoxicity and accelerated fibrosis following 3,4-methylenedioxymetamphetamine ("ecstasy") usage. J Clin Gastroenterol, 1995. 20: p. 244-7.

222. Varela-Rey, M., Montiel-Duarte, C., Beitia, G., Cenarruzabeitia, E., and Iraburu, M.J., 3,4-methylenedioxymethamphetamine ("Ecstasy") stimulates the expression of alpha1(I) procollagen mRNA in hepatic stellate cells. Biochem Biophys Res Commun, 1999. 259: p. 678-82.

223. Yuan, J., Cord, B.J., McCann, U.D., Callahan, B.T., and Ricaurte, G.A., Effect of depleting vesicular and cytoplasmic dopamine on methylenedioxymethamphetamine neurotoxicity. J Neurochem, 2002. 80: p. 960-9.

224. McCann, U.D., Eligulashvili, V., and Ricaurte, G.A., (+/-)3,4-Methylenedioxymethamphetamine ('Ecstasy')-induced serotonin neurotoxicity: clinical studies. Neuropsychobiology, 2000. 42: p. 11-6.

225. Ricaurte, G.A., Yuan, J., and McCann, U.D., (+/-)3,4-Methylenedioxymethamphetamine ('Ecstasy')-induced serotonin neurotoxicity: studies in animals. Neuropsychobiology, 2000. 42: p. 5-10.

226. Ricaurte, G.A., McCann, U.D., Szabo, Z., and Scheffel, U., Toxicodynamics and long-term toxicity of the recreational drug, 3, 4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA, 'Ecstasy'). Toxicol Lett, 2000. 112-113: p. 143-6.

227. Gouzoulis-Mayfrank, E. and Daumann, J., Neurotoxicity of methylenedioxyamphetamines (MDMA; ecstasy) in humans: how strong is the evidence for persistent brain damage? Addiction, 2006. 101: p. 348-61.

228. Stone, D.M., Johnson, M., Hanson, G.R., and Gibb, J.W., Role of endogenous dopamine in the central serotonergic deficits induced by 3,4-methylenedioxymethamphetamine. J Pharmacol Exp Ther, 1988. 247: p. 79-87.

229. Parrott, A.C., Recreational Ecstasy/MDMA, the serotonin syndrome, and serotonergic neurotoxicity. Pharmacol Biochem Behav, 2002. 71: p. 837-44.

230. O'Shea, E., Orio, L., Escobedo, I., Sanchez, V., Camarero, J., Green, A.R., and Colado, M.I., MDMA-induced neurotoxicity: long-term effects on 5-HT biosynthesis and the influence of ambient temperature. Br J Pharmacol., 2006. 148: p. 778-85.

231. McCann, U.D., Szabo, Z., Seckin, E., Rosenblatt, P., Mathews, W.B., Ravert, H.T., Dannals, R.F., and Ricaurte, G.A., Quantitative PET studies of the serotonin transporter in MDMA users and controls using [11C]McN5652 and [11C]DASB. Neuropsychopharmacology, 2005. 30: p. 1741-50.

232. McCann, U.D., Szabo, Z., Scheffel, U., Dannals, R.F., and Ricaurte, G.A., Positron emission tomographic evidence of toxic effect of MDMA ("Ecstasy") on brain serotonin neurons in human beings. Lancet, 1998. 352: p. 1433-7.

233. Reneman, L., Booij, J., de Bruin, K., Reitsma, J.B., de Wolff, F.A., Gunning, W.B., den Heeten, G.J., and van den Brink, W., Effects of dose, sex, and long-term abstention from use on toxic effects of MDMA (ecstasy) on brain serotonin neurons. Lancet, 2001. 358: p. 1864-9.

Referências Bibliográficas __________________________________________

296

234. Reneman, L., Booij, J., Lavalaye, J., de Bruin, K., Reitsma, J.B., Gunning, B., den Heeten, G.J., and van Den Brink, W., Use of amphetamine by recreational users of ecstasy (MDMA) is associated with reduced striatal dopamine transporter densities: a [123I]beta-CIT SPECT study--preliminary report. Psychopharmacology (Berl), 2002. 159: p. 335-40.

235. Semple, D.M., Ebmeier, K.P., Glabus, M.F., O'Carroll, R.E., and Johnstone, E.C., Reduced in vivo binding to the serotonin transporter in the cerebral cortex of MDMA ('ecstasy') users. Br J Psychiatry, 1999. 175: p. 63-9.

236. Scheffel, U., Szabo, Z., Mathews, W.B., Finley, P.A., Dannals, R.F., Ravert, H.T., Szabo, K., Yuan, J., and Ricaurte, G.A., In vivo detection of short- and long-term MDMA neurotoxicity--a positron emission tomography study in the living baboon brain. Synapse, 1998. 29: p. 183-92.

237. Schmidt, C.J., Neurotoxicity of the psychedelic amphetamine, methylenedioxymethamphetamine. J Pharmacol Exp Ther, 1987. 240: p. 1-7.

238. Ricaurte, G.A., Forno, L.S., Wilson, M.A., DeLanney, L.E., Irwin, I., Molliver, M.E., and Langston, J.W., (+/-)3,4-Methylenedioxymethamphetamine selectively damages central serotonergic neurons in nonhuman primates. JAMA, 1988. 260: p. 51-5.

239. Ricaurte, G.A., Martello, A.L., Katz, J.L., and Martello, M.B., Lasting effects of (+-)-3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA) on central serotonergic neurons in nonhuman primates: neurochemical observations. J Pharmacol Exp Ther, 1992. 261: p. 616-22.

240. Hatzidimitriou, G., McCann, U.D., and Ricaurte, G.A., Altered serotonin innervation patterns in the forebrain of monkeys treated with (+/-)3,4-methylenedioxymethamphetamine seven years previously: factors influencing abnormal recovery. J Neurosci, 1999. 19: p. 5096-107.

241. Commins, D.L., Vosmer, G., Virus, R.M., Woolverton, W.L., Schuster, C.R., and Seiden, L.S., Biochemical and histological evidence that methylenedioxymethylamphetamine (MDMA) is toxic to neurons in the rat brain. J Pharmacol Exp Ther, 1987. 241: p. 338-45.

242. Insel, T.R., Battaglia, G., Johannessen, J.N., Marra, S., and De Souza, E.B., 3,4-Methylenedioxymethamphetamine ("ecstasy") selectively destroys brain serotonin terminals in rhesus monkeys. J Pharmacol Exp Ther, 1989. 249: p. 713-20.

243. Miller, D.B. and O'Callaghan, J.P., The role of temperature, stress, and other factors in the neurotoxicity of the substituted amphetamines 3,4-methylenedioxymethamphetamine and fenfluramine. Mol Neurobiol, 1995. 11: p. 177-92.

244. Kish, S.J., How strong is the evidence that brain serotonin neurons are damaged in human users of ecstasy? Pharmacol Biochem Behav, 2002. 71: p. 845-55.

245. Reed, L.J., Winstock, A., Cleare, A.J., and McGuire, P., Toxic effect of MDMA on brain serotonin neurons. Lancet, 1999. 353: p. 1268.

246. Pallanti, S. and Mazzi, D., MDMA (Ecstasy) precipitation of panic disorder. Biol Psychiatry, 1992. 32: p. 91-5.

247. Henry, J.A., Ecstasy and the dance of death. BMJ, 1992. 305: p. 5-6. 248. Baumgarten, H.G. and Lachenmayer, L., Serotonin neurotoxins--past and present.

Neurotox Res, 2004. 6: p. 589-614. 249. Davidson, C., Gow, A.J., Lee, T.H., and Ellinwood, E.H., Methamphetamine

neurotoxicity: necrotic and apoptotic mechanisms and relevance to human abuse and treatment. Brain Res Brain Res Rev, 2001. 36: p. 1-22.

250. Seiden, L.S. and Sabol, K.E., Methamphetamine and methylenedioxymethamphetamine neurotoxicity: possible mechanisms of cell destruction. NIDA Res Monogr, 1996. 163: p. 251-76.

251. Brown, J., Edwards, M., McKone, E., and Ward, J., A long-term ecstasy-related change in visual perception. Psychopharmacology (Berl), 2007. 193: p. 437-46.

252. Wareing, M., Murphy, P.N., and Fisk, J.E., Visuospatial memory impairments in users of MDMA ('ecstasy'). Psychopharmacology (Berl), 2004. 173: p. 391-7.

__________________________________________ Referências Bibliográficas

297

253. Boot, B.P., McGregor, I.S., and Hall, W., MDMA (Ecstasy) neurotoxicity: assessing and communicating the risks. Lancet, 2000. 355: p. 1818-21.

254. Dafters, R.I., Duffy, F., O'Donnell, P.J., and Bouquet, C., Level of use of 3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA or Ecstasy) in humans correlates with EEG power and coherence. Psychopharmacology (Berl), 1999. 145: p. 82-90.

255. Allen, R.P., McCann, U.D., and Ricaurte, G.A., Persistent effects of (+/- )3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA, "ecstasy") on human sleep. Sleep, 1993. 16: p. 560-4.

256. McCann, U.D. and Ricaurte, G.A., Effects of (+/-) 3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA) on sleep and circadian rhythms. ScientificWorldJournal, 2007. 7: p. 231-8.

257. McCann, U.D., Peterson, S.C., and Ricaurte, G.A., The effect of catecholamine depletion by alpha-methyl-para-tyrosine on measures of cognitive performance and sleep in abstinent MDMA users. Neuropsychopharmacology, 2007. 32: p. 1695-706.

258. Brody, S., Krause, C., Veit, R., and Rau, H., Cardiovascular autonomic dysregulation in users of MDMA ("Ecstasy"). Psychopharmacology (Berl), 1998. 136: p. 390-3.

259. Bingham, C., Beaman, M., Nicholls, A.J., and Anthony, P.P., Necrotizing renal vasculopathy resulting in chronic renal failure after ingestion of methamphetamine and 3,4-methylenedioxymethamphetamine ('ecstasy'). Nephrol Dial Transplant, 1998. 13: p. 2654-5.

260. McElhatton, P.R., Bateman, D.N., Evans, C., Pughe, K.R., and Thomas, S.H., Congenital anomalies after prenatal ecstasy exposure. Lancet, 1999. 354: p. 1441-2.

261. Plessinger, M.A., Prenatal exposure to amphetamines. Risks and adverse outcomes in pregnancy. Obstet Gynecol Clin North Am, 1998. 25: p. 119-38.

262. Ho, E., Karimi-Tabesh, L., and Koren, G., Characteristics of pregnant women who use ecstasy (3, 4-methylenedioxymethamphetamine). Neurotoxicol Teratol, 2001. 23: p. 561-7.

263. van Tonningen, M.R., Garbis, H., and Reuvers, M., Ecstasy exposure during pregnancy. Teratology, 1998. 58: p. 33.

264. Chesher, G., Designer drugs--the "whats" and the "whys". Med J Aust, 1990. 153: p. 157-61.

265. Beck, J. and Rosenbaum, M., Pursuit of Ecstasy: The MDMA Experience. 1994, Albany: State University of New York Press.

266. Winstock, A.R., Griffiths, P., and Stewart, D., Drugs and the dance music scene: a survey of current drug use patterns among a sample of dance music enthusiasts in the UK. Drug Alcohol Depend, 2001. 64: p. 9-17.

267. Greene, S.L., Dargan, P.I., O'connor, N., Jones, A.L., and Kerins, M., Multiple toxicity from 3,4-methylenedioxymethamphetamine ("ecstasy"). Am J Emerg Med, 2003. 21: p. 121-4.

268. OEDT Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência, Relatório Anual 2005: A evolução do fenómeno da droga na europa. 2005, Luxemburgo. pp. 45-54.

269. Schifano, F., Corkery, J., Deluca, P., Oyefeso, A., and Ghodse, A.H., Ecstasy (MDMA, MDA, MDEA, MBDB) consumption, seizures, related offences, prices, dosage levels and deaths in the UK (1994-2003). J Psychopharmacol, 2006. 20: p. 456-63.

270. Kalant, H., The pharmacology and toxicology of "ecstasy" (MDMA) and related drugs. CMAJ, 2001. 165: p. 917-28.

271. Arimany, J., Medallo, J., Pujol, A., Vingut, A., Borondo, J.C., and Valverde, J.L., Intentional overdose and death with 3,4-methylenedioxyethamphetamine (MDEA; "Eve"): case report. Am J Forensic Med Pathol, 1998. 19: p. 148-51.

272. Hooft, P.J. and van de Voorde, H.P., Reckless behaviour related to the use of 3,4-methylenedioxymethamphetamine (ecstasy): apropos of a fatal accident during car-surfing. Int J Legal Med, 1994. 106: p. 328-9.

273. Cadier, M.A. and Clarke, J.A., Ecstasy and Whizz at a rave resulting in a major burn plus complications. Burns, 1993. 19: p. 239-40.

Referências Bibliográficas __________________________________________

298

274. Mørland, J., Toxicity of drug abuse--amphetamine designer drugs (ecstasy): mental effects and consequences of single dose use. Toxicol Lett, 2000. 112-113: p. 147-52.

275. Lora-Tamayo, C., Tena, T., and Rodríguez, A., Amphetamine derivative related deaths. Forensic Sci Int, 1997. 85: p. 149-57.

276. Verschraagen, M., Maes, A., Ruiter, B., Bosman, I.J., Smink, B.E., and Lusthof, K.J., Verschraagen M, Maes A, Ruiter B, Bosman IJ, Smink BE, Lusthof KJ. Forensic Sci Int, 2007. 170: p. 163-70.

277. Brookhuis, K.A., de Waard, D., and Samyn, N., Effects of MDMA (ecstasy), and multiple drugs use on (simulated) driving performance and traffic safety. Psychopharmacology (Berl), 2004. 173: p. 440-5.

278. Kłys, M., Rojek, S., Woźniak, K., and Rzepecka-Woźniak, E., Fatality due to the use of a designer drug MDMA (Ecstasy). Leg Med (Tokyo), 2007. 9: p. 185-91.

279. Libiseller, K., Pavlic, M., Grubwieser, P., and Rabl, W., An announced suicide with ecstasy. Int J Legal Med, 2007. 121: p. 40-3.

280. Cheng, J.Y., Chan, D.T., and Mok, V.K., An epidemiological study on alcohol/drugs related fatal traffic crash cases of deceased drivers in Hong Kong between 1996 and 2000. Forensic Sci Int, 2005. 153: p. 196-201.

281. Libiseller, K., Pavlic, M., Grubwieser, P., and Rabl, W., Ecstasy--deadly risk even outside rave parties. Forensic Sci Int, 2005. 153: p. 227-30.

282. Dams, R., De Letter, E.A., Mortier, K.A., Cordonnier, J.A., Lambert, W.E., Piette, M.H., Van Calenbergh, S., and De Leenheer, A.P., Fatality due to combined use of the designer drugs MDMA and PMA: a distribution study. J Anal Toxicol, 2003. 27: p. 318-22.

283. Schifano, F., Oyefeso, A., Corkery, J., Cobain, K., Jambert-Gray, R., Martinotti, G., and Ghodse, A.H., Death rates from ecstasy (MDMA, MDA) and polydrug use in England and Wales 1996-2002. Hum Psychopharmacol, 2003. 18: p. 519-24.

284. Vuori, E., Henry, J.A., Ojanperä, I., Nieminen, R., Savolainen, T., Wahlsten, P., and Jäntti, M., Death following ingestion of MDMA (ecstasy) and moclobemide. Addiction, 2003. 98: p. 365-8.

285. De Letter, E.A., Clauwaert, K.M., Lambert, W.E., Van Bocxlaer, J.F., De Leenheer, A.P., and Piette, M.H., Distribution study of 3,4-methylenedioxymethamphetamine and 3,4-methylenedioxyamphetamine in a fatal overdose. J Anal Toxicol, 2002. 26: p. 113-8.

286. Gill, J.R., Hayes, J.A., deSouza, I.S., Marker, E., and Stajic, M., Ecstasy (MDMA) deaths in New York City: a case series and review of the literature. J Forensic Sci, 2002. 47: p. 121-6.

287. Fineschi, V., Centini, F., Mazzeo, E., and Turillazzi, E., Adam (MDMA) and Eve (MDEA) misuse: an immunohistochemical study on three fatal cases. Forensic Sci Int, 1999. 104: p. 65-74.

288. O'Connor, A., Cluroe, A., Couch, R., Galler, L., and Lawrence, J., Death from hyponatraemia-induced cerebral oedema associated with MDMA (“ecstasy”) use. N Z Med J, 1999. 112: p. 255-6.

289. Walubo, A. and Seger, D., Fatal multi-organ failure after suicidal overdose with MDMA, 'ecstasy': case report and review of the literature. Hum Exp Toxicol, 1999. 18: p. 119-25.

290. Byard, R.W., Gilbert, J., James, R., and Lokan, R.J., Amphetamine derivative fatalities in South Australia--is "Ecstasy" the culprit? Am J Forensic Med Pathol, 1998. 19: p. 261-5.

291. Mueller, P.D. and Korey, W.S., Death by "ecstasy": the serotonin syndrome? Ann Emerg Med, 1998. 32: p. 377-80.

292. Parr, M.J., Low, H.M., and Botterill, P., Hyponatraemia and death after "ecstasy" ingestion. Med J Aust, 1997. 166: p. 136-7.

293. Coore, J.R., A fatal trip with ecstasy: a case of 3,4-methylenedioxymethamphetamine/3,4- methylenedioxyamphetamine toxicity. J R Soc Med, 1996. 89: p. 51P-2P.

__________________________________________ Referências Bibliográficas

299

294. Cox, D.E. and Williams, K.R., "ADAM' or "EVE'?--a toxicological conundrum. Forensic Sci Int, 1996. 77: p. 101-8.

295. Crifasi, J. and Long, C., Traffic fatality related to the use of methylenedioxymethamphetamine. J Forensic Sci, 1996. 41: p. 1082-4.

296. Dar, K.J. and McBrien, M.E., MDMA induced hyperthermia: report of a fatality and review of current therapy. Intensive Care Med, 1996. 22: p. 995-6.

297. Fineschi, V. and Masti, A., Fatal poisoning by MDMA (ecstasy) and MDEA: a case report. Int J Legal Med, 1996. 108: p. 272-5.

298. Squier, M.V., Jalloh, S., Hilton-Jones, D., and Series, H., Death after ecstasy ingestion: neuropathological findings. J Neurol Neurosurg Psychiatry, 1995. 58: p. 756.

299. Forrest, A.R., Galloway, J.H., Marsh, I.D., Strachan, G.A., and Clark, J.C., A fatal overdose with 3,4-methylenedioxyamphetamine derivatives. Forensic Sci Int, 1994. 64: p. 57-9.

300. Watson, J.D., Ferguson, C., Hinds, C.J., Skinner, R., and Coakley, J.H., Exertional heat stroke induced by amphetamine analogues. Does dantrolene have a place? Anaesthesia, 1993. 48: p. 1057-60.

301. Campkin, N.T. and Davies, U.M., Another death from Ecstacy. J R Soc Med, 1992. 85: p. 61.

302. Rohrig, T.P. and Prouty, R.W., Tissue distribution of methylenedioxymethamphetamine. J Anal Toxicol, 1992. 16: p. 52-3.

303. Bellis, M.A., Hughes, K., Calafat, A., Juan, M., Ramon, A., Rodriguez, J.A., Mendes, F., Schnitzer, S., and Phillips-Howard, P., Sexual uses of alcohol and drugs and the associated health risks: A cross sectional study of young people in nine European cities. BMC Public Health, 2008. 8: p. 155.

304. Cole, J.C., Goudie, A.J., Field, M., Loverseed, A., Charlton, S., and Sumnall, H.R., The effects of perceived quality on the behavioural economics of alcohol, amphetamine, cannabis, cocaine, and ecstasy purchases. Drug Alcohol Depend, 2008. 94: p. 183-90.

305. Mendes, F.J. and Lomba, L., Positive and negative social representation of ecstasy among consumers in Coimbra (Portugal). Adicciones, 2008. 20: p. 81-8.

306. Pisetsky, E.M., Chao, Y.M., Dierker, L.C., May, A.M., and Striegel-Moore, R.H., Disordered Eating and Substance Use in High-School Students: Results from the Youth Risk Behavior Surveillance System. Int J Eat Disord, 2008. 41: p. 464-70.

307. Wilkins, C. and Sweetsur, P., Trends in population drug use in New Zealand: findings from national household surveying of drug use in 1998, 2001, 2003, and 2006. N Z Med J, 2008. 121: p. 61-71.

308. Chinet, L., Stéphan, P., Zobel, F., and Halfon, O., Party drug use in techno nights: a field survey among French-speaking Swiss attendees. Pharmacol Biochem Behav, 2007. 86: p. 284-9.

309. Dresen, S., Kempf, J., and Weinmann, W., Prevalence of gamma-hydroxybutyrate (GHB) in serum samples of amphetamine, metamphetamine and ecstasy impaired drivers. Forensic Sci Int, 2007. 173: p. 112-116.

310. Goudie, A.J., Sumnall, H.R., Field, M., Clayton, H., and Cole, J.C., The effects of price and perceived quality on the behavioural economics of alcohol, amphetamine, cannabis, cocaine, and ecstasy purchases. Drug Alcohol Depend, 2007. 89: p. 107-15.

311. Halkitis, P.N., Palamar, J.J., and Mukherjee, P.P., Poly-club-drug use among gay and bisexual men: a longitudinal analysis. Drug Alcohol Depend, 2007. 89: p. 153-60.

312. Medina, K.L. and Shear, P.K., Anxiety, depression, and behavioral symptoms of executive dysfunction in ecstasy users: contributions of polydrug use. Drug Alcohol Depend, 2007. 87: p. 303-11.

313. Yen, C., Hsu, S., and Cheng, C., Polysubstance use and its correlates in adolescent ecstasy users in Taiwan. Addict Behav, 2007. 32: p. 2286-91.

314. Breen, C., Degenhardt, L., Kinner, S., Bruno, R., Jenkinson, R., Matthews, A., and Newman, J., Alcohol use and risk taking among regular ecstasy users. Subst Use Misuse, 2006. 41(8): p. 1095-109.

Referências Bibliográficas __________________________________________

300

315. Chou, L., Ho, C., Chen, C., and Chen, W.J., Truancy and illicit drug use among adolescents surveyed via street outreach. Addict Behav, 2006. 31: p. 149-54.

316. Copeland, J., Dillon, P., and Gascoigne, M., Ecstasy and the concomitant use of pharmaceuticals. Addict Behav, 2006. 31: p. 367-70.

317. Fang, Y., Wang, Y., Shi, J., Liu, Z., and Lu, L., Recent trends in drug abuse in China. Acta Pharmacol Sin, 2006. 27: p. 140-4.

318. Halkitis, P.N. and Palamar, J.J., GHB use among gay and bisexual men. Addict Behav, 2006. 31: p. 2135-9.

319. Hopfer, C., Mendelson, B., Van Leeuwen, J.M., Kelly, S., and Hooks, S., Club drug use among youths in treatment for substance abuse. Am J Addict, 2006. 15: p. 94-9.

320. Parsons, J.T., Kelly, B.C., and Wells, B.E., Differences in club drug use between heterosexual and lesbian/bisexual females. Addict Behav, 2006. 31: p. 2344-49.

321. Pavarin, R.M., Substance use and related problems: a study on the abuse of recreational and not recreational drugs in Northern Italy. Ann Ist Super Sanità, 2006. 42: p. 477-484.

322. Wish, E.D., Fitzelle, D.B., O'Grady, K.E., Hsu, M.H., and Arria, A.M., Evidence for significant polydrug use among ecstasy-using college students. J Am Coll Health, 2006. 55: p. 99-104.

323. Wu, Z.H., Holzer, C.E., 3rd, Breitkopf, C.R., Grady, J.J., and Berenson, A.B., Patterns and perceptions of ecstasy use among young, low-income women. Addict Behav, 2006. 31: p. 676-85.

324. Wu, L., Schlenger, W.E., and Galvin, D.M., Concurrent Use of Methamphetamine, MDMA, LSD, Ketamine, GHB, and Flunitrazepam among American Youths. Drug Alcohol Depend, 2006. 84: p. 102-113.

325. Barrett, S.P., Gross, S.R., Garand, I., and Pihl, R.O., Patterns of Simultaneous Polysubstance Use in Canadian Rave Attendees. Subst Use Misuse, 2005. 40: p. 1525-37.

326. Clatts, M.C., Goldsamt, L.A., and Yi, H., Club Drug Use Among Young Men Who Have Sex with Men in NYC: A Preliminary Epidemiological Profile. Subst Use Misuse, 2005. 40: p. 1317-1330.

327. Fernández, M.I., Perrino, T., Collazo, J.B., Varga, L.M., Marsh, D., Hernandez, N., Rehbein, A., and Bowen, G.S., Surfing new territory: club-drug use and risky sex among Hispanic men who have sex with men recruited on the Internet. J Urban Health, 2005. 82: p. i79-88.

328. Goldsamt, L.A., O'Brien, J., Clatts, M.C., and McGuire, L.S., The relationship between club drug use and other drug use: a survey of New York City middle school students. Subst Use Misuse, 2005. 40: p. 1539-55.

329. Ompad, D.C., Galea, S., Fuller, C.M., Edwards, V., and Vlahov, D., Ecstasy Use Among Hispanic and Black Substance Users in New York City. Subst Use Misuse, 2005. 40: p. 1399-1407.

330. Crosby, R. and Diclemente, R.J., Use of recreational Viagra among men having sex with men. Sex Transm Infect, 2004. 80: p. 466-8.

331. Lora-Tamayo, C., Tena, T., Rodríguez, A., Moreno, D., Sancho, J.R., Enseñat, P., and Muela, F., The designer drug situation in Ibiza. Forensic Sci Int, 2004. 140: p. 195-206.

332. Scholey, A.B., Parrott, A.C., Buchanan, T., Heffernan, T.M., Ling, J., and Rodgers, J., Increased intensity of Ecstasy and polydrug usage in the more experienced recreational Ecstasy/MDMA users: a WWW study. Addict Behav, 2004. 29: p. 743-52.

333. Van Leeuwen, J.M., Hopfer, C., Hooks, S., White, R., Petersen, J., and Pirkopf, J., A snapshot of substance abuse among homeless and runaway youth in Denver, Colorado. J Community Health, 2004. 29: p. 217-29.

334. Turner, C., Russell, A., and Brown, W., Prevalence of illicit drug use in young Australian women, patterns of use and associated risk factors. Addiction, 2003. 98: p. 1419-26.

335. Fendrich, M., Wislar, J.S., Johnson, T.P., and Hubbell, A., A contextual profile of club drug use among adults in Chicago. Addiction, 2003. 98: p. 1693-703.

__________________________________________ Referências Bibliográficas

301

336. Gross, S.R., Barrett, S.P., Shestowsky, J.S., and Pihl, R.O., Ecstasy and drug consumption patterns: a Canadian rave population study. Can J Psychiatry, 2002. 47: p. 546-551.

337. NIDA National Institute on Drug Abuse, Monitoring the Future. National Survey Results on Drug Use, 1975–2001. NIH Publication 02-5106. Vol. Volume I: Secondary School Students. 2002, Bethesda, MD: U.S. Department of Health and Human Services, National Institutes of Health.

338. Strote, J., Lee, J.E., and Wechsler, H., Increasing MDMA use among college students: results of a national survey. J Adolesc Health, 2002. 30: p. 64-72.

339. Parrott, A.C., Milani, R.M., Parmar, R., and Turner, J.D., Recreational ecstasy/MDMA and other drug users from the UK and Italy: psychiatric symptoms and psychobiological problems. Psychopharmacology (Berl), 2001(159).

340. Riley, S.C., James, C., Gregory, D., Dingle, H., and Cadger, M., Patterns of recreational drug use at dance events in Edinburgh, Scotland. Addiction, 2001. 96: p. 1035-47.

341. Boys, A., Marsden, J., Griffiths, P., Fountain, J., Stillwell, G., and Strang, J., Substance use among young people: the relationship between perceived functions and intentions. Addiction, 1999. 94: p. 1043-50.

342. Topp, L., Hando, J., Dillon, P., Roche, A., and Solowij, N., Ecstasy use in Australia: patterns of use and associated harm. Drug Alcohol Depend, 1999. 55(Drug and Alcohol Dependence ): p. 105-15.

343. Christophersen, A.S., Amphetamine designer drugs - an overview and epidemiology. Toxicol Lett, 2000. 112-113: p. 127-31.

344. Lenton, S., Boys, A., and Norcross, K., Raves, drugs and experience: drug use by a sample of people who attend raves in Western Australia. Addiction, 1997. 92: p. 1327-37.

345. Boys, A., Lenton, S., and Norcross, K., Polydrug use at raves by a Western Australian sample. Drug Alcohol Rev, 1997. 16: p. 227-34.

346. Williamson, S., Gossop, M., Powis, B., Griffiths, P., Fountain, J., and Strang, J., Adverse effects of stimulant drugs in a community sample of drug users. Drug Alcohol Depend, 1997. 44: p. 87-94.

347. Miller, P.M. and Plant, M., Drinking, smoking, and illicit drug use among 15 and 16 year olds in the United Kingdom. BMJ, 1996. 313: p. 394-7.

348. Webb, E., Ashton, C.H., Kelly, P., and Kamali, F., Alcohol and drug use in UK university students. Lancet, 1996. 348: p. 922-5.

349. Forsyth, A.J.M., Ecstasy and illegal drug design: a new concept in drug use. International Journal of Drug Policy, 1995. 6: p. 193-209.

350. Cuomo, M.J., Dyment, P.G., and Gammino, V.M., Increasing use of "Ecstasy" (MDMA) and other hallucinogens on a college campus. J Am Coll Health, 1994. 42: p. 271-4.

351. Peroutka, S.J., Incidence of recreational use of 3,4-methylenedimethoxymethamphetamine (MDMA, "ecstasy") on an undergraduate campus. N Engl J Med, 1987. 317: p. 1542-3.

352. IDT Instituto da Droga e da Toxicodependência, Relatório Anual 2006: A Situação do País em Matéria de Drogas e Toxicodependências. 2006, Lisboa. pp. 81-82.

353. McCambridge, J., Mitcheson, L., Winstock, A., and Hunt, N., Five-year trends in patterns of drug use among people who use stimulants in dance contexts in the United Kingdom. Addiction, 2005. 100: p. 1140-9.

354. de Sola, S., Tarancón, T., Peña-Casanova, J., Espadaler, J.M., Langohr, K., Poudevida, S., Farré, M., Verdejo-García, A., and De la Torre, R., Auditory event-related potentials (P3) and cognitive performance in recreational ecstasy polydrug users: evidence from a 12-month longitudinal study. Psychopharmacology (Berl), 2008. DOI 10.1007/s00213-008-1217-5.

355. Reid, L.W., Elifson, K.W., and Sterk, C.E., Ecstasy and gateway drugs: initiating the use of ecstasy and other drugs. Ann Epidemiol, 2007. 17: p. 74-80.

Referências Bibliográficas __________________________________________

302

356. NDIC National Drug Intelligence Center, MDMA (Ecstasy): fast facts. Questions and answers. NDIC Product No. 2003-L0559-001, 2003.

357. Gamma, A., Jerome, L., Liechti, M.E., and Sumnall, H.R., Is ecstasy perceived to be safe? A critical survey. Drug Alcohol Depend, 2005. 77: p. 185-93.

358. Gowing, L., Henry-Edwards, S.M., Irvine, R.J., and Ali, R.L., Ecstasy: MDMA and other ring-substituted amphetamines. 2001, Geneva: World Health Organization.

359. Zhao, H., Brenneisen, R., Scholer, A., McNally, A.J., ElSohly, M.A., Murphy, T.P., and Salamone, S.J., Profiles of urine samples taken from Ecstasy users at Rave parties: analysis by immunoassays, HPLC, and GC-MS. J Anal Toxicol, 2001. 25: p. 258-69.

360. Morley-Fletcher, S., Bianchi, M., Gerra, G., and Laviola, G., Acute and carryover effects in mice of MDMA ("ecstasy") administration during periadolescence. Eur J Pharmacol, 2002. 448: p. 31-8.

361. Morley, K.C. and McGregor, I.S., (+/-)-3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA, 'Ecstasy') increases social interaction in rats. Eur J Pharmacol, 2000. 408: p. 41-9.

362. Navarro, J.F. and Maldonado, E., Behavioral profile of 3,4-methylenedioxy-methamphetamine (MDMA) in agonistic encounters between male mice. Prog Neuropsychopharmacol Biol Psychiatry, 1999. 23: p. 327-34.

363. Nagilla, R., Newland, M.C., Snyder, J., and Bronson, M.E., Effect of once weekly treatment with 3,4-methylenedioxymethamphetamine on schedule-controlled behavior in rats. Eur J Pharmacol, 1998. 358: p. 1-8.

364. Banks, M.L., Sprague, J.E., Czoty, P.W., and Nader, M.A., Effects of ambient temperature on the relative reinforcing strength of MDMA using a choice procedure in monkeys. Psychopharmacology (Berl), 2006. 196: p. 63-70.

365. Cheng, J.Y.K., Chan, M.F., Chan, T.W., and Hung, M.Y., Impurity profiling of ecstasy tablets seized in Hong Kong by gas chromatography–mass spectrometry. Forensic Sci Int, 2006. 162: p. 87-94.

366. Tanner-Smith, E.E., Pharmacological content of tablets sold as "ecstasy": results from an online testing service. Drug Alcohol Depend, 2006. 83: p. 247-54.

367. Teng, S., Wu, S., Liu, C., Li, J., and Chien, C., Characteristics and trends of 3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA) tablets found in Taiwan from 2002 to February 2005. Forensic Sci Int, 2006. 161: p. 202-8.

368. EACD Expert Advisory Committee on Drugs, Advice to the associate minister of health on MDMA. 2004, New Zealand Ministry of Health.

369. Cheng, W.C., Poon, N.L., and Chan, M.F., Chemical profiling of 3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA) tablets seized in Hong Kong. J Forensic Sci, 2003. 48: p. 1249-59.

370. Cole, J.C., Bailey, M., Sumnall, H.R., Wagstaff, G.F., and King, L.A., The content of ecstasy tablets: implications for the study of their long-term effects. Addiction, 2002. 97: p. 1531-6.

371. Spruit, I.P., Monitoring synthetic drug markets, trends, and public health. Subst Use Misuse, 2001. 36: p. 23-47.

372. Baggott, M., Heifets, B., Jones, R.T., Mendelson, J., Sferios, E., and Zehnder, J., Chemical analysis of ecstasy pills. JAMA, 2000. 284: p. 2190.

373. Sherlock, K., Wolff, K., Hay, A.W., and Conner, M., Analysis of illicit ecstasy tablets: implications for clinical management in the accident and emergency department. J Accid Emerg Med, 1999. 16: p. 194-197.

374. Renfroe, C.L., MDMA on the street: Analysis Anonymous. J Psychoactive Drugs, 1986. 18: p. 363-9.

375. Dafters, R.I., Hyperthermia following MDMA administration in rats: effects of ambient temperature, water consumption, and chronic dosing. Physiol Behav, 1995. 58: p. 877-82.

376. Bellis, M.A., Hughes, K., and Lowey, H., Healthy nightclubs and recreational substance use. From a harm minimisation to a healthy settings approach. Addict Behav, 2002. 27: p. 1025-35.

__________________________________________ Referências Bibliográficas

303

377. Gordon, C.J., Watkinson, W.P., O'Callaghan, J.P., and Miller, D.B., Effects of 3,4-methylenedioxymethamphetamine on autonomic thermoregulatory responses of the rat. Pharmacol Biochem Behav, 1991. 38: p. 339-44.

378. Green, A.R., O'Shea, E., Saadat, K.S., Elliott, J.M., and Colado, M.I., Studies on the effect of MDMA ('ecstasy') on the body temperature of rats housed at different ambient room temperatures. Br J Pharmacol, 2005. 146: p. 306-12.

379. Sanchez, V., O'shea, E., Saadat, K.S., Elliott, J.M., Colado, M.I., and Green, A.R., Effect of repeated ('binge') dosing of MDMA to rats housed at normal and high temperature on neurotoxic damage to cerebral 5-HT and dopamine neurones. J Psychopharmacol, 2004. 18: p. 412-6.

380. Banks, M.L., Sprague, J.E., Kisor, D.F., Czoty, P.W., Nichols, D.E., and Nader, M.A., Ambient temperature effects on 3,4-methylenedioxymethamphetamine-induced thermodysregulation and pharmacokinetics in male monkeys. Drug Metab Dispos, 2007. 35: p. 1840-5.

381. Von Huben, S.N., Lay, C.C., Crean, R.D., Davis, S.A., Katner, S.N., and Taffe, M.A., Impact of ambient temperature on hyperthermia induced by (+/-)3,4-methylenedioxymethamphetamine in rhesus macaques. Neuropsychopharmacology, 2007. 32: p. 673-81.

382. Rusyniak, D.E., Ootsuka, Y., and Blessing, W.W., When administered to rats in a cold environment, 3,4-methylenedioxymethamphetamine reduces brown adipose tissue thermogenesis and increases tail blood flow: Effects of pretreatment with 5-HT(1A) and dopamine D(2) antagonists. Neuroscience, 2008.

383. Cornish, J.L., Shahnawaz, Z., Thompson, M.R., Wong, S., Morley, K.C., Hunt, G.E., and McGregor, I.S., Heat increases 3,4-methylenedioxymethamphetamine self-administration and social effects in rats. Eur J Pharmacol, 2003. 482: p. 339-41.

384. Di Chiara, G. and Imperato, A., Drugs abused by humans preferentially increase synaptic dopamine concentrations in the mesolimbic system of freely moving rats. Proc Natl Acad Sci U S A, 1988. 85: p. 5274-8.

385. O'Shea, E., Escobedo, I., Orio, L., Sanchez, V., Navarro, M., Green, A.R., and Colado, M.I., Elevation of ambient room temperature has differential effects on MDMA-induced 5-HT and dopamine release in striatum and nucleus accumbens of rats. Neuropsychopharmacology, 2005. 30: p. 1312-23.

386. Capela, J.P., Meisel, A., Abreu, A.R., Branco, P.S., Ferreira, L.M., Lobo, A.M., Remiao, F., Bastos, M.L., and Carvalho, F., Neurotoxicity of Ecstasy metabolites in rat cortical neurons, and influence of hyperthermia. J Pharmacol Exp Ther, 2006. 316(1): p. 53-61.

387. Carvalho, M., Carvalho, F., and Bastos, M.L., Is hyperthermia the triggering factor for hepatotoxicity induced by 3,4-methylenedioxymethamphetamine (ecstasy)? An in vitro study using freshly isolated mouse hepatocytes. Arch Toxicol, 2001. 74: p. 789-93.

388. Brown, P.L. and Kiyatkin, E.A., Brain hyperthermia induced by MDMA (ecstasy): modulation by environmental conditions. Eur J Neurosci, 2004. 20: p. 51-8.

389. Gesi, M., Ferrucci, M., Giusiani, M., Lenzi, P., Lazzeri, G., Alessandrì, M.G., Salvadorini, A., Fulceri, F., Pellegrini, A., Fornai, F., and Paparelli, A., Loud noise enhances nigrostriatal dopamine toxicity induced by MDMA in mice. Microsc Res Tech, 2004. 64: p. 297-303.

390. Gesi, M., Soldani, P., Lenzi, P., Ferrucci, M., Giusiani, A., Fornai, F., and Paparelli, A., Ecstasy during loud noise exposure induces dramatic ultrastructural changes in the heart. Pharmacol Toxicol, 2002. 91: p. 29-33.

391. Gesi, M., Lenzi, P., Soldani, P., Ferrucci, M., Giusiani, A., Fornai, F., and Paparelli, A., Morphological effects in the mouse myocardium after methylenedioxymethamphetamine administration combined with loud noise exposure. Anat Rec, 2002. 267: p. 37-46.

392. Johnson, E.A., O'Callaghan, J.P., and Miller, D.B., Brain concentrations of d-MDMA are increased after stress. Psychopharmacology (Berl), 2004. 173: p. 278-86.

Referências Bibliográficas __________________________________________

304

393. Piazza, P.V. and Le Moal, M.L., Pathophysiological basis of vulnerability to drug abuse: role of an interaction between stress, glucocorticoids, and dopaminergic neurons. Annu Rev Pharmacol Toxicol, 1996. 36: p. 359-78.

394. Parrott, A.C., MDMA (3,4-Methylenedioxymethamphetamine) or ecstasy: the neuropsychobiological implications of taking it at dances and raves. Neuropsychobiology, 2004. 50: p. 329-35.

395. Meyer, A., Mayerhofer, A., Kovar, K.A., and Schmidt, W.J., Rewarding effects of the optical isomers of 3,4-methylenedioxy-methylamphetamine ('Ecstasy') and 3,4-methylenedioxy-ethylamphetamine ('Eve') measured by conditioned place preference in rats. Neurosci Lett, 2002. 330: p. 280-4.

396. Vistisen, K., Loft, S., and Poulsen, H.E., Cytochrome P450 IA2 activity in man measured by caffeine metabolism: effect of smoking, broccoli and exercise. Adv Exp Med Biol, 1991. 283: p. 407-11.

397. Sotaniemi, E.A., Arranto, A.J., Pelkonen, O., and Pasanen, M., Age and cytochrome P450-linked drug metabolism in humans: an analysis of 226 subjects with equal histopathologic conditions. Clin Pharmacol Ther, 1997. 61: p. 331-9.

398. Parkinson, A., Mudra, D.R., Johnson, C., Dwyer, A., and Carroll, K.M., The effects of gender, age, ethnicity, and liver cirrhosis on cytochrome P450 enzyme activity in human liver microsomes and inducibility in cultured human hepatocytes. Toxicol Appl Pharmacol, 2004. 199: p. 193-209.

399. Marchesini, G., Bua, V., Brunori, A., Bianchi, G., Pisi, P., Fabbri, A., Zoli, M., and Pisi, E., Galactose elimination capacity and liver volume in aging man. Hepatology, 1988. 8: p. 1079-83.

400. Wynne, H.A., Cope, L.H., Mutch, E., Rawlins, M.D., Woodhouse, K.W., and James, O.F., The effect of age upon liver volume and apparent liver blood flow in healthy man. Hepatology, 1989. 9: p. 297-301.

401. Schmucker, D.L., Age-related changes in liver structure and function: Implications for disease ? Exp Gerontol, 2005. 40: p. 650-9.

402. Wiley, J.L., Evans, R.L., Grainger, D.B., and Nicholson, K.L., Age-dependent differences in sensitivity and sensitization to cannabinoids and 'club drugs' in male adolescent and adult rats. Addict Biol, 2007.

403. Broening, H.W., Bacon, L., and Slikker, W., Jr, Age modulates the long-term but not the acute effects of the serotonergic neurotoxicant 3,4-methylenedioxymethamphetamine. J Pharmacol Exp Ther, 1994. 271: p. 285-93.

404. Pirker, W., Asenbaum, S., Hauk, M., Kandlhofer, S., Tauscher, J., Willeit, M., Neumeister, A., Praschak-Rieder, N., Angelberger, P., and Brücke, T., Imaging serotonin and dopamine transporters with 123I-beta-CIT SPECT: binding kinetics and effects of normal aging. J Nucl Med, 2000. 41: p. 36-44.

405. Morley-Fletcher, S., Puopolo, M., Gentili, S., Gerra, G., Macchia, T., and Laviola, G., Prenatal stress affects 3,4-methylenedioxymethamphetamine pharmacokinetics and drug-induced motor alterations in adolescent female rats. Eur J Pharmacol, 2004. 489: p. 89-92.

406. Laviola, G., Adriani, W., Terranova, M.L., and Gerra, G., Psychobiological risk factors for vulnerability to psychostimulants in human adolescents and animal models. Neurosci Biobehav Rev, 1999. 23: p. 993-1010.

407. Spear, L.P., The adolescent brain and age-related behavioral manifestations. Neurosci Biobehav Rev, 2000. 24: p. 417-63.

408. Fone, K.C., Beckett, S.R., Topham, I.A., Swettenham, J., Ball, M., and Maddocks, L., Long-term changes in social interaction and reward following repeated MDMA administration to adolescent rats without accompanying serotonergic neurotoxicity. Psychopharmacology (Berl), 2002. 159: p. 437-44.

409. Relling, M.V., Lin, J.S., Ayers, G.D., and Evans, W.E., Racial and gender differences in N-acetyltransferase, xanthine oxidase, and CYP1A2 activities. Clin Pharmacol Ther, 1992. 52: p. 643-58.

__________________________________________ Referências Bibliográficas

305

410. Chang, L., Ernst, T., Strickland, T., and Mehringer, C.M., Gender effects on persistent cerebral metabolite changes in the frontal lobes of abstinent cocaine users. Am J Psychiatry, 1999. 156: p. 716-22.

411. Hommer, D., Momenan, R., Kaiser, E., and Rawlings, R., Evidence for a gender-related effect of alcoholism on brain volumes. Am J Psychiatry, 2001. 158: p. 198-204.

412. Kawas, C., Resnick, S., Morrison, A., Brookmeyer, R., Corrada, M., Zonderman, A., Bacal, C., Lingle, D.D., and Metter, E., A prospective study of estrogen replacement therapy and the risk of developing Alzheimer's disease: the Baltimore Longitudinal Study of Aging. Neurology, 1997. 48: p. 1517-21.

413. Swaab, D.F. and Fliers, E., A sexually dimorphic nucleus in the human brain. Science, 1985. 228: p. 1112-5.

414. Liechti, M.E., Gamma, A., and Vollenweider, F.X., Gender differences in the subjective effects of MDMA. Psychopharmacology (Berl), 2001. 154: p. 161-8.

415. McCann, U.D., Ridenour, A., Shaham, Y., and Ricaurte, G.A., Serotonin neurotoxicity after (+/-)3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA; "Ecstasy"): a controlled study in humans. Neuropsychopharmacology, 1994. 10: p. 129-38.

416. Cadet, J.L., Ladenheim, B., Baum, I., Carlson, E., and Epstein, C., CuZn-superoxide dismutase (CuZnSOD) transgenic mice show resistance to the lethal effects of methylenedioxyamphetamine (MDA) and of methylenedioxymethamphetamine (MDMA). Brain Res, 1994. 655: p. 259.62.

417. Hoshi, R., Pratt, H., Mehta, S., Bond, A.J., and Curran, H.V., An investigation into the sub-acute effects of ecstasy on aggressive interpretative bias and aggressive mood - are there gender differences? J Psychopharmacol, 2006. 20: p. 291-301.

418. Farah, R. and Farah, R., Ecstasy (3,4-methylenedioxymethamphetamine)-induced inappropriate antidiuretic hormone secretion. Pediatr Emerg Care, 2008. 24: p. 615-7.

419. Wyeth, R.P., Mills, E.M., Ullman, A., Kenaston, M.A., Burwell, J., and Sprague, J.E., The hyperthermia mediated by 3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA, Ecstasy) is sensitive to sex differences. Toxicol Appl Pharmacol, 2008: p. doi:10.1016/j.taap.2008.12.003.

420. Johnson, J.A., Pharmacogenetics: potential for individualized drug therapy through genetics. Trends Genet, 2003. 19: p. 660-6.

421. Meisel, C., Gerloff, T., Kirchheiner, J., Mrozikiewicz, P.M., Niewinski, P., Brockmöller, J., and Roots, I., Implications of pharmacogenetics for individualizing drug treatment and for study design. J Mol Med, 2003. 81: p. 154-67.

422. Ramamoorthy, Y., Yu, A.M., Suh, N., Haining, R.L., Tyndale, R.F., and Sellers, E.M., Reduced (+/-)-3,4-methylenedioxymethamphetamine ("Ecstasy") metabolism with cytochrome P450 2D6 inhibitors and pharmacogenetic variants in vitro. Biochem Pharmacol, 2002. 63: p. 2111-9.

423. Wolff, K., Hay, A.W., Sherlock, K., and Conner, M., Contents of "ecstasy". Lancet, 1995. 346(8982): p. 1100-1.

424. Ingelman-Sundberg, M., Pharmacogenetics of cytochrome P450 and its applications in drug therapy: the past, present and future. Trends Pharmacol Sci, 2004. 25: p. 193-200.

425. Johansson, I., Oscarson, M., Yue, Q.Y., Bertilsson, L., Sjöqvist, F., and Ingelman-Sundberg, M., Genetic analysis of the Chinese cytochrome P4502D locus: characterization of variant CYP2D6 genes present in subjects with diminished capacity for debrisoquine hydroxylation. Mol Pharmacol, 1994. 46: p. 452-9.

426. Ramamoorthy, Y., Tyndale, R.F., and Sellers, E.M., Cytochrome P450 2D6.1 and cytochrome P450 2D6.10 differ in catalytic activity for multiple substrates. Pharmacogenetics, 2001. 11: p. 477-87.

427. Masimirembwa, C., Persson, I., Bertilsson, L., Hasler, J., and Ingelman-Sundberg, M., A novel mutant variant of the CYP2D6 gene (CYP2D6*17) common in a black African population: association with diminished debrisoquine hydroxylase activity. Br J Clin Pharmacol, 1996. 42: p. 713-9.

Referências Bibliográficas __________________________________________

306

428. Shen, H., He, M.M., Liu, H., Wrighton, S.A., Wang, L., Guo, B., and Li, C., Comparative metabolic capabilities and inhibitory profiles of CYP2D6.1, CYP2D6.10, and CYP2D6.17. Drug Metab Dispos, 2007. 35: p. 1292-300.

429. Segura, M., Farré, M., Pichini, S., Peiró, A.M., Roset, P.N., Ramírez, A., Ortuño, J., Pacifici, R., Zuccaro, P., Segura, J., and de la Torre, R., Contribution of cytochrome P450 2D6 to 3,4-methylenedioxymethamphetamine disposition in humans: use of paroxetine as a metabolic inhibitor probe. Clin Pharmacokinet, 2005. 44: p. 649-60.

430. Carmo, H., Brulport, M., Hermes, M., Oesch, F., Silva, R., Ferreira, L.M., Branco, P.S., Boer, D., Remião, F., Carvalho, F., Schön, M.R., Krebsfaenger, N., Doehmer, J., Bastos, M.L., and Hengstler, J.G., Influence of CYP2D6 polymorphism on 3,4-methylenedioxymethamphetamine ('Ecstasy') cytotoxicity. Pharmacogenet Genomics, 2006. 16: p. 789-99.

431. Schwab, M., Seyringer, E., Brauer, R.B., Hellinger, A., and Griese, E.U., Fatal MDMA intoxication. Lancet, 1999. 353: p. 593-4.

432. Carvalho, M., Remião, F., Milhazes, N., Borges, F., Fernandes, E., Monteiro, M.C., Goncalves, M.J., Seabra, V., Amado, F., Carvalho, F., and Bastos, M.L., Metabolism is required for the expression of ecstasy-induced cardiotoxicity in vitro. Chem Res Toxicol, 2004. 17: p. 623-32.

433. Ingelman-Sundberg, M., Human drug metabolising cytochrome P450 enzymes: properties and polymorphisms. Naunyn Schmiedebergs Arch Pharmacol, 2004. 369: p. 89-104.

434. McKinnon, R.A., Burgess, W.M., Hall, P.M., Roberts-Thomson, S.J., Gonzalez, F.J., and McManus, M.E., Characterisation of CYP3A gene subfamily expression in human gastrointestinal tissues. Gut, 1995. 36: p. 259-67.

435. Shimada, T., Yamazaki, H., Mimura, M., Inui, Y., and Guengerich, F.P., Interindividual variations in human liver cytochrome P-450 enzymes involved in the oxidation of drugs, carcinogens and toxic chemicals: studies with liver microsomes of 30 Japanese and 30 Caucasians. J Pharmacol Exp Ther, 1994. 270: p. 414-23.

436. Weinshilboum, R.M., Otterness, D.M., and Szumlanski, C.L., Methylation pharmacogenetics: catechol O-methyltransferase, thiopurine methyltransferase, and histamine N-methyltransferase. Annu Rev Pharmacol Toxicol, 1999. 39: p. 19-52.

437. McLeod, H.L., Fang, L., Luo, X., Scott, E.P., and Evans, W.E., Ethnic differences in erythrocyte catechol-O-methyltransferase activity in black and white Americans. J Pharmacol Exp Ther, 1994. 270: p. 26-9.

438. Mattay, V.S., Goldberg, T.E., Fera, F., Hariri, A.R., Tessitore, A., Egan, M.F., Kolachana, B., Callicott, J.H., and Weinberger, D.R., Catechol O-methyltransferase val158-met genotype and individual variation in the brain response to amphetamine. Proc Natl Acad Sci U S A, 2003. 100: p. 6186-91.

439. Miners, J.O., McKinnon, R.A., and Mackenzie, P.I., Genetic polymorphisms of UDP-glucuronosyltransferases and their functional significance. Toxicology, 2002. 181-182: p. 453-6.

440. Felton, J.S. and Malfatti, M.A., What Do Diet-Induced Changes in Phase I and II Enzymes Tell Us about Prevention from Exposure to Heterocyclic Amines? J Nutr, 2006. 136: p. 2683S-84S.

441. Nagata, K. and Yamazoe, Y., Pharmacogenetics of sulfotransferase. Annu Rev Pharmacol Toxicol, 2000. 40: p. 159-76.

442. Masellis, M., Paterson, A.D., Badri, F., Lieberman, J.A., Meltzer, H.Y., Cavazzoni, P., and Kennedy, J.L., Genetic variation of 5-HT2A receptor and response to clozapine. Lancet, 1995. 346: p. 1108.

443. Cichon, S., Nöthen, M.M., Rietschel, M., and Propping, P., Pharmacogenetics of schizophrenia. Am J Med Genet, 2000. 97: p. 98-106.

444. Steen, V.M., Løvlie, R., MacEwan, T., and McCreadie, R.G., Dopamine D3-receptor gene variant and susceptibility to tardive dyskinesia in schizophrenic patients. Mol Psychiatry, 1997. 2: p. 139-45.

__________________________________________ Referências Bibliográficas

307

445. Cravchik, A. and Gejman, P.V., Functional analysis of the human D5 dopamine receptor missense and nonsense variants: differences in dopamine binding affinities. Pharmacogenetics, 1999. 9: p. 199-206.

446. Persico, A.M., Bird, G., Gabbay, F.H., and Uhl, G.R., D2 dopamine receptor gene TaqI A1 and B1 restriction fragment length polymorphisms: enhanced frequencies in psychostimulant-preferring polysubstance abusers. Biol Psychiatry, 1996. 40: p. 776-84.

447. Li, T., Chen, C.K., Hu, X., Ball, D., Lin, S.K., Chen, W., Sham, P.C., Loh, e.-W., Murray, R.M., and Collier, D.A., Association analysis of the DRD4 and COMT genes in methamphetamine abuse. Am J Med Genet B Neuropsychiatr Genet, 2004. 129B: p. 120-4.

448. Lesch, K.P. and Gutknecht, L., Pharmacogenetics of the serotonin transporter. Prog Neuropsychopharmacol Biol Psychiatry, 2005. 29: p. 1062-73.

449. Roiser, J.P., Cook, L.J., Cooper, J.D., Rubinsztein, D.C., and Sahakian, B.J., Association of a functional polymorphism in the serotonin transporter gene with abnormal emotional processing in ecstasy users. Am J Psychiatry, 2005. 162: p. 609-12.

450. Roiser, J.P., Rogers, R.D., Cook, L.J., and Sahakian, B.J., The effect of polymorphism at the serotonin transporter gene on decision-making, memory and executive function in ecstasy users and controls. Psychopharmacology (Berl), 2006. 188: p. 213-27.

451. Reneman, L., Schilt, T., de Win, M.M., Booij, J., Schmand, B., van den Brink, W., and Bakker, O., Memory function and serotonin transporter promoter gene polymorphism in ecstasy (MDMA) users. J Psychopharmacol, 2006. 20: p. 389-99.

452. Degenhardt, L., Drug use and risk behaviour among regular ecstasy users: Does sexuality make a difference? Culture, Health & Sexuality, 2005. 7: p. 599-614.

453. Skelton, M.R., Williams, M.T., and Vorhees, C.V., Developmental effects of 3,4-methylenedioxymethamphetamine: a review. Behav Pharmacol, 2008. 19: p. 91-111.

454. Draper, E.S., Rankin, J., Tonks, A.M., Abrams, K.R., Field, D.J., Clarke, M., and Kurinczuk, J.J., Recreational drug use: a major risk factor for gastroschisis? Am J Epidemiol, 2008. 167: p. 485-91.

455. Pichini, S., Puig, C., Zuccaro, P., Marchei, E., Pellegrini, M., Murillo, J., Vall, O., Pacifici, R., and García-Algar, O., Assessment of exposure to opiates and cocaine during pregnancy in a Mediterranean city: preliminary results of the "Meconium Project". Forensic Sci Int, 2005. 153: p. 59-65.

456. Maccari, S., Piazza, P.V., Kabbaj, M., Barbazanges, A., Simon, H., and Le Moal, M., Adoption reverses the long-term impairment in glucocorticoid feedback induced by prenatal stress. J Neurosci, 1995. 15: p. 110-6.

457. Vallée, M., Mayo, W., Maccari, S., Le Moal, M., and Simon, H., Long-term effects of prenatal stress and handling on metabolic parameters: relationship to corticosterone secretion response. Brain Res, 1996. 712: p. 287-92.

458. Morley-Fletcher, S., Rea, M., Maccari, S., and Laviola, G., Environmental enrichment during adolescence reverses the effects of prenatal stress on play behaviour and HPA axis reactivity in rats. Eur J Neurosci, 2003. 18: p. 3367-74.

459. Field, T., Diego, M., and Hernandez-Reif, M., Prenatal depression effects on the fetus and newborn: a review. Infant Behav Dev, 2006. 29: p. 445-55.

460. Zahradnik, H.P., Schäfer, W., Wetzka, B., and Breckwoldt, M., Hypertensive disorders in pregnancy. The role of eicosanoids. Eicosanoids, 1991. 4: p. 123-36.

461. Escher, G. and Mohaupt, M., Role of aldosterone availability in preeclampsia. Mol Aspects Med, 2007. 28: p. 245-54.

462. Wadelius, M., Darj, E., Frenne, G., and Rane, A., Induction of CYP2D6 in pregnancy. Clin Pharmacol Ther, 1997. 62: p. 400-7.

463. Casazza, J.P., Sohn, D.H., Park, K.S., and Song, B.J., Serum acetone and liver acetone monooxygenase activity in pregnant rats, fetuses, and neonates: reversible pretranslational reduction of cytochrome P450IIE1 (P450IIE1) during pregnancy. Arch Biochem Biophys, 1994. 309: p. 111-6.

Referências Bibliográficas __________________________________________

308

464. Anderson, G.D., Using pharmacokinetics to predict the effects of pregnancy and maternal-infant transfer of drugs during lactation. Expert Opin Drug Metab Toxicol, 2006. 2: p. 947-60.

465. Kubota, M., Ohno, J., Shiina, Y., and Suda, T., Vitamin D metabolism in pregnant rabbits: differences between the maternal and fetal response to administration of large amounts of vitamin D3. Endocrinology, 1982. 110: p. 1950-6.

466. Heikkinen, T., Ekblad, U., Palo, P., and Laine, K., Pharmacokinetics of fluoxetine and norfluoxetine in pregnancy and lactation. Clin Pharmacol Ther, 2003. 73: p. 330-7.

467. Banks, M.L., Czoty, P.W., Sprague, J.E., and Nader, M.A., Influence of thyroid hormones on 3,4-methylenedioxymethamphetamine-induced thermogenesis and reinforcing strength in monkeys. Behav Pharmacol, 2008. 19: p. 167-70.

468. Peterson, A.L., Gilman, T.L., Banks, M.L., and Sprague, J.E., Hypothyroidism alters striatal dopamine release mediated by 3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA, ecstasy). Synapse, 2006. 59: p. 317-9.

469. Silva, J.E., Thermogenic mechanisms and their hormonal regulation. Physiol Rev, 2006. 86: p. 435-64.

470. Ginsberg, J., Diagnosis and management of Graves' disease. CMAJ, 2003. 168: p. 575-85.

471. Martin, T.L., Chiasson, D.A., and Kish, S.J., Does hyperthyroidism increase risk of death due to the ingestion of ecstasy? J Forensic Sci, 2007. 52: p. 951-3.

472. Kahraman, A., Miller, M., Gieseler, R.K., Gerken, G., Scolaro, M.J., and Canbay, A., Non-alcoholic fatty liver disease in HIV-positive patients predisposes for acute-on-chronic liver failure: two cases. Eur J Gastroenterol Hepatol, 2006. 18: p. 101-5.

473. Adedoyin, A., Arns, P.A., Richards, W.O., Wilkinson, G.R., and Branch, R.A., Selective effect of liver disease on the activities of specific metabolizing enzymes: investigation of cytochromes P450 2C19 and 2D6. Clin Pharmacol Ther, 1998. 64: p. 8-17.

474. Pichette, V. and Leblond, F.A., Drug metabolism in chronic renal failure. Curr Drug Metab, 2003. 4: p. 91-103.

475. Dreisbach, A.W. and Lertora, J.J., The effect of chronic renal failure on hepatic drug metabolism and drug disposition. Semin Dial, 2003. 16: p. 45-50.

476. Rege, B., Krieg, R., Gao, N., and Sarkar, M.A., Down-regulation of hepatic CYP3A in chronic renal insufficiency. Pharm Res, 2003. 20: p. 1600-6.

477. Kévorkian, J.P., Michel, C., Hofmann, U., Jacqz-Aigrain, E., Kroemer, H.K., Peraldi, M.N., Eichelbaum, M., Jaillon, P., and Funck-Brentano, C., Assessment of individual CYP2D6 activity in extensive metabolizers with renal failure: comparison of sparteine and dextromethorphan. Clin Pharmacol Ther, 1996. 59: p. 583-92.

478. Leblond, F.A., Giroux, L., Villeneuve, J.P., and Pichette, V., Decreased in vivo metabolism of drugs in chronic renal failure. Drug Metab Dispos, 2000. 28: p. 1317-20.

479. Leblond, F., Guévin, C., Demers, C., Pellerin, I., Gascon-Barré, M., and Pichette, V., Downregulation of hepatic cytochrome P450 in chronic renal failure. J Am Soc Nephrol, 2001. 12: p. 326-32.

480. Upreti, V.V. and Eddington, N.D., Fluoxetine pretreatment effects pharmacokinetics of 3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA, ECSTASY) in rat. J Pharm Sci, 2008. 97: p. 1593-605.

481. Morgan, E.T., Regulation of cytochromes P450 during inflammation and infection. Drug Metab Rev, 1997. 29: p. 1129-88.

482. Kim, S.K. and Novak, R.F., The role of intracellular signaling in insulin-mediated regulation of drug metabolizing enzyme gene and protein expression. Pharmacol Ther, 2007. 113: p. 88-120.

483. Ioannides, C., Effect of diet and nutrition on the expression of cytochromes P450. Xenobiotica, 1999. 29: p. 109-54.

484. Barnett, C.R., Rudd, S., Flatt, P.R., and Ioannides, C., Sex differences in the diabetes-induced modulation of rat hepatic cytochrome P450 proteins. Biochem Pharmacol, 1993. 45: p. 313-9.

__________________________________________ Referências Bibliográficas

309

485. Corcoran, G.B. and Wong, B.K., Obesity as a risk factor in drug-induced organ injury: increased liver and kidney damage by acetaminophen in the obese overfed rat. J Pharmacol Exp Ther, 1987. 241: p. 921-7.

486. Bentley, J.B., Vaughan, R.W., Gandolfi, A.J., and Cork, R.C., Halothane biotransformation in obese and nonobese patients. Anesthesiology, 1982. 57: p. 94-7.

487. O'Shea, D., Davis, S.N., Kim, R.B., and Wilkinson, G.R., Effect of fasting and obesity in humans on the 6-hydroxylation of chlorzoxazone: a putative probe of CYP2E1 activity. Clin Pharmacol Ther, 1994. 56: p. 359-67.

488. Roe, A.L., Howard, G., Blouin, R., and Snawder, J.E., Characterization of cytochrome P450 and glutathione S-transferase activity and expression in male and female ob/ob mice. Int J Obes Relat Metab Disord, 1999. 23: p. 48-53.

489. Cheymol, G., Effects of obesity on pharmacokinetics implications for drug therapy. Clin Pharmacokinet, 2000. 39: p. 215-31.

490. Ketabi-Kiyanvash, N., Weiss, J., Haefeli, W.E., and Mikus, G., P-glycoprotein modulation by the designer drugs methylenedioxymethamphetamine, methylenedioxyethylamphetamine and paramethoxyamphetamine. Addict Biol, 2003. 8: p. 413-8.

491. Sternbach, H., The serotonin syndrome. Am J Psychiatry, 1991. 148: p. 705-13. 492. Teter, C.J. and Guthrie, S.K., A comprehensive review of MDMA and GHB: two

common club drugs. Pharmacotherapy, 2001. 21: p. 1486-513. 493. Breslau, K., The 'sextasy' craze. Clubland's dangerous party mix: Viagra and ecstasy.

Newsweek, 2002. 139: p. 30. 494. Shin, J.G., Kane, K., and Flockhart, D.A., Potent inhibition of CYP2D6 by haloperidol

metabolites: stereoselective inhibition by reduced haloperidol. Br J Clin Pharmacol, 2001. 51: p. 45-52.

495. Oerther, S. and Ahlenius, S., Atypical antipsychotics and dopamine D(1) receptor agonism: an in vivo experimental study using core temperature measurements in the rat. J Pharmacol Exp Ther, 2000. 292: p. 731-6.

496. Heh, C.W., Herrera, J., DeMet, E., Potkin, S., Costa, J., Sramek, J., Hazlett, E., and Buchsbaum, M.S., Neuroleptic-induced hypothermia associated with amelioration of psychosis in schizophrenia. Neuropsychopharmacology, 1988. 1: p. 149-56.

497. Blessing, W.W., Seaman, B., Pedersen, N.P., and Ootsuka, Y., Clozapine and olanzapine, by interactions with 5-HT receptors or by other mechanisms, could reverse potentially fatal hyperthermia and cutaneous vasoconstriction occurring in some humans after ingestion of MDMA. J Neurosci, 2003. 23: p. 6385-91.

498. Blessing, W.W., Zilm, A., and Ootsuka, Y., Clozapine reverses increased brown adipose tissue thermogenesis induced by 3,4-methylenedioxymethamphetamine and by cold exposure in conscious rats. Neuroscience, 2006. 141: p. 2067-73.

499. Kurling, S., Kankaanpää, A., and Seppälä, T., Sub-chronic nandrolone treatment modifies neurochemical and behavioral effects of amphetamine and 3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA) in rats. Behav Brain Res, 2008. 189: p. 191-201.

500. Johnson, E.A., O'Callaghan, J.P., and Miller, D.B., Chronic treatment with supraphysiological levels of corticosterone enhances D-MDMA-induced dopaminergic neurotoxicity in the C57BL/6J female mouse. Brain Res, 2002. 933: p. 130-8.

501. Liechti, M.E., Saur, M.R., Gamma, A., Hell, D., and Vollenweider, F.X., Psychological and physiological effects of MDMA ("Ecstasy") after pretreatment with the 5-HT(2) antagonist ketanserin in healthy humans. Neuropsychopharmacology, 2000. 23: p. 396-404.

502. Wang, X., Baumann, M.H., Dersch, C.M., and Rothman, R.B., Restoration of 3,4-methylenedioxymethamphetamine-induced 5-HT depletion by the administration of L-5-hydroxytryptophan. Neuroscience, 2007. 148: p. 212-20.

503. Bomsien, S. and Skopp, G., An in vitro approach to potential methadone metabolic-inhibition interactions. Eur J Clin Pharmacol, 2007. 63: p. 821-7.

Referências Bibliográficas __________________________________________

310

504. Müller, W.E., Current St John's wort research from mode of action to clinical efficacy. Pharmacol Res, 2003. 47: p. 101-9.

505. Butterweck, V., Mechanism of action of St John's wort in depression : what is known? CNS Drugs, 2003. 17: p. 539-62.

506. Hellum, B.H. and Nilsen, O.G., The in vitro inhibitory potential of trade herbal products on human CYP2D6-mediated metabolism and the influence of ethanol. Basic Clin Pharmacol Toxicol, 2007. 101: p. 350-8.

507. Leuner, K., Kazanski, V., Müller, M., Essin, K., Henke, B., Gollasch, M., Harteneck, C., and Müller, W.E., Hyperforin--a key constituent of St. John's wort specifically activates TRPC6 channels. FASEB J, 2007. 21: p. 4101-11.

508. Lieberman, J.A., Mailman, R.B., Duncan, G., Sikich, L., Chakos, M., Nichols, D.E., and Kraus, J.E., Serotonergic basis of antipsychotic drug effects in schizophrenia. Biol Psychiatry, 1998. 44: p. 1099-117.

509. Pal, D. and Mitra, A.K., MDR- and CYP3A4-mediated drug-drug interactions. J Neuroimmune Pharmacol, 2006. 1: p. 323-39.

510. Gerber, J.G., Rhodes, R.J., and Gal, J., Stereoselective metabolism of methadone N-demethylation by cytochrome P4502B6 and 2C19. Chirality, 2004. 16: p. 36-44.

511. Gorman, A.L., Elliott, K.J., and Inturrisi, C.E., The d- and l-isomers of methadone bind to the non-competitive site on the N-methyl-D-aspartate (NMDA) receptor in rat forebrain and spinal cord. Neurosci Lett, 1997. 223: p. 5-8.

512. Armstrong, S.C. and Cozza, K.L., Pharmacokinetic drug interactions of morphine, codeine, and their derivatives: theory and clinical reality, Part II. Psychosomatics, 2003. 44: p. 515-20.

513. Yamreudeewong, W., DeBisschop, M., Martin, L.G., and Lower, D.L., Potentially significant drug interactions of class III antiarrhythmic drugs. Drug Saf, 2003. 26: p. 421-38.

514. Urbina, A. and Jones, K., Crystal methamphetamine, its analogues, and HIV infection: medical and psychiatric aspects of a new epidemic. Clin Infect Dis, 2004. 38: p. 890-4.

515. Hesse, L.M., von Moltke, L.L., Shader, R.I., and Greenblatt, D.J., Ritonavir, efavirenz, and nelfinavir inhibit CYP2B6 activity in vitro: potential drug interactions with bupropion. Drug Metab Dispos, 2001. 29: p. 100-2.

516. Dahl, M.L., Cytochrome p450 phenotyping/genotyping in patients receiving antipsychotics: useful aid to prescribing? Clin Pharmacokinet, 2002. 41: p. 453-70.

517. Stalker, D.J. and Jungbluth, G.L., Clinical pharmacokinetics of linezolid, a novel oxazolidinone antibacterial. Clin Pharmacokinet, 2003. 42: p. 1129-40.

518. Walsky, R.L., Astuccio, A.V., and Obach, R.S., Evaluation of 227 drugs for in vitro inhibition of cytochrome P450 2B6. J Clin Pharmacol, 2006. 46: p. 1426-38.

519. Hyland, R., Roe, E.G., Jones, B.C., and Smith, D.A., Identification of the cytochrome P450 enzymes involved in the N-demethylation of sildenafil. Br J Clin Pharmacol, 2001. 51: p. 239-48.

520. Hamelin, B.A., Bouayad, A., Méthot, J., Jobin, J., Desgagnés, P., Poirier, P., Allaire, J., Dumesnil, J., and Turgeon, J., Significant interaction between the nonprescription antihistamine diphenhydramine and the CYP2D6 substrate metoprolol in healthy men with high or low CYP2D6 activity. Clin Pharmacol Ther, 2000. 67: p. 466-77.

521. Sharma, A. and Hamelin, B.A., Classic histamine H1 receptor antagonists: a critical review of their metabolic and pharmacokinetic fate from a bird's eye view. Curr Drug Metab, 2003. 4: p. 105-29.

522. Siu, A. and Drachtman, R., Dextromethorphan: a review of N-methyl-d-aspartate receptor antagonist in the management of pain. CNS Drug Rev, 2007. 13: p. 96-106.

523. Shin, E.J., Nah, S.Y., Kim, W.K., Ko, K.H., Jhoo, W.K., Lim, Y.K., Cha, J.Y., Chen, C.F., and Kim, H.C., The dextromethorphan analog dimemorfan attenuates kainate-induced seizures via sigma1 receptor activation: comparison with the effects of dextromethorphan. Br J Pharmacol, 2005. 144: p. 908-18.

__________________________________________ Referências Bibliográficas

311

524. Hernandez, S.C., Bertolino, M., Xiao, Y., Pringle, K.E., Caruso, F.S., and Kellar, K.J., Dextromethorphan and its metabolite dextrorphan block alpha3beta4 neuronal nicotinic receptors. J Pharmacol Exp Ther, 2000. 293: p. 962-7.

525. Kamei, J., Mori, T., Igarashi, H., and Kasuya, Y., Serotonin release in nucleus of the solitary tract and its modulation by antitussive drugs. Res Commun Chem Pathol Pharmacol, 1992. 76: p. 371-4.

526. Liechti, M.E. and Vollenweider, F.X., The serotonin uptake inhibitor citalopram reduces acute cardiovascular and vegetative effects of 3,4-methylenedioxymethamphetamine ('Ecstasy') in healthy volunteers. J Psychopharmacol, 2000. 14: p. 269-74.

527. Liechti, M.E., Baumann, C., Gamma, A., and Vollenweider, F.X., Acute psychological effects of 3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA, "Ecstasy") are attenuated by the serotonin uptake inhibitor citalopram. Neuropsychopharmacology, 2000. 22: p. 513-21.

528. Tancer, M. and Johanson, C.E., The effects of fluoxetine on the subjective and physiological effects of 3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA) in humans. Psychopharmacology (Berl), 2007. 189: p. 565-73.

529. Lauerma, H., Wuorela, M., and Halme, M., Interaction of serotonin reuptake inhibitor and 3,4-methylenedioxymethamphetamine? Biol Psychiatry, 1998. 43: p. 929.

530. Sanchez, V., Camarero, J., Esteban, B., Peter, M.J., Green, A.R., and Colado, M.I., The mechanisms involved in the long-lasting neuroprotective effect of fluoxetine against MDMA ('ecstasy')-induced degeneration of 5-HT nerve endings in rat brain. Br J Pharmacol, 2001. 2001: p. 46-57.

531. Thompson, M.R., Li, K.M., Clemens, K.J., Gurtman, C.G., Hunt, G.E., Cornish, J.L., and McGregor, I.S., Chronic fluoxetine treatment partly attenuates the long-term anxiety and depressive symptoms induced by MDMA ('Ecstasy') in rats. Neuropsychopharmacology, 2004. 29: p. 694-704.

532. Farré, M., Abanades, S., Roset, P.N., Peiró, A.M., Torrens, M., O'Mathúna, B., Segura, M., and de la Torre, R., Pharmacological interaction between 3,4-methylenedioxymethamphetamine (ecstasy) and paroxetine: pharmacological effects and pharmacokinetics. J Pharmacol Exp Ther, 2007. 323: p. 954-62.

533. Hashimoto, K., Maeda, H., Hirai, K., and Goromaru, T., Drug effects on distribution of [3H]3,4-methylenedioxymethamphetamine in mice. Eur J Pharmacol, 1993. 228: p. 247-56.

534. Pacifici, R., Pichini, S., Zuccaro, P., Farré, M., Segura, M., Ortuño, J., Di Carlo, S., Bacosi, A., Roset, P.N., Segura, J., and de la Torre, R., Paroxetine inhibits acute effects of 3,4-methylenedioxymethamphetamine on the immune system in humans. J Pharmacol Exp Ther, 2004. 309: p. 285-92.

535. Kaskey, G.B., Possible interaction between an MAOI and "ecstasy". Am J Psychiatry, 1992. 149: p. 411-2.

536. Smilkstein, M.J., Smolinske, S.C., and Rumack, B.H., A case of MAO inhibitor/MDMA interaction: agony after ecstasy. J Toxicol Clin Toxicol, 1987. 25: p. 149-59.

537. Hewton, R., Salem, A., and Irvine, R.J., Potentiation of 3,4-methylenedioxymethamphetamine-induced 5-HT release in the rat substantia nigra by clorgyline, a monoamine oxidase A inhibitor. Clin Exp Pharmacol Physiol, 2007. 34: p. 1051-7.

538. Freezer, A., Salem, A., and Irvine, R.J., Effects of 3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA, 'Ecstasy') and para-methoxyamphetamine on striatal 5-HT when co-administered with moclobemide. Brain Res, 2005. 1041: p. 48-55.

539. Stanley, N., Salem, A., and Irvine, R.J., The effects of co-administration of 3,4-methylenedioxymethamphetamine ("ecstasy") or para-methoxyamphetamine and moclobemide at elevated ambient temperatures on striatal 5-HT, body temperature and behavior in rats. Neuroscience, 2007. 146: p. 321-9.

540. Scorza, C., Silveira, R., Nichols, D.E., and Reyes-Parada, M., Effects of 5-HT-releasing agents on the extracellullar hippocampal 5-HT of rats. Implications for the

Referências Bibliográficas __________________________________________

312

development of novel antidepressants with a short onset of action. Neuropharmacology, 1999. 38: p. 1055-61.

541. Sprague, J.E. and Nichols, D.E., The monoamine oxidase-B inhibitor L-deprenyl protects against 3,4-methylenedioxymethamphetamine-induced lipid peroxidation and long-term serotonergic deficits. J Pharmacol Exp Ther, 1995. 273: p. 667-73.

542. Hrometz, S.L., Brown, A.W., Nichols, D.E., and Sprague, J.E., 3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA, ecstasy)-mediated production of hydrogen peroxide in an in vitro model: the role of dopamine, the serotonin-reuptake transporter, and monoamine oxidase-B. Neurosci Lett, 2004. 367: p. 56-9.

543. Falk, E.M., Cook, V.J., Nichols, D.E., and Sprague, J.E., An antisense oligonucleotide targeted at MAO-B attenuates rat striatal serotonergic neurotoxicity induced by MDMA. Pharmacol Biochem Behav, 2002. 72: p. 617-22.

544. Fornai, F., Giorgi, F.S., Gesi, M., Chen, K., Alessrì, M.G., and Shih, J.C., Biochemical effects of the monoamine neurotoxins DSP-4 and MDMA in specific brain regions of MAO-B-deficient mice. Synapse, 2001. 39: p. 213-21.

545. Antoniou, T. and Tseng, A.L., Interactions between recreational drugs and antiretroviral agents. Ann Pharmacother, 2002. 36: p. 1598-613.

546. von Moltke, L.L., Durol, A.L., Duan, S.X., and Greenblatt, D.J., Potent mechanism-based inhibition of human CYP3A in vitro by amprenavir and ritonavir: comparison with ketoconazole. Eur J Clin Pharmacol, 2000. 56: p. 259-61.

547. von Moltke, L.L., Greenblatt, D.J., Duan, S.X., Daily, J.P., Harmatz, J.S., and Shader, R.I., Inhibition of desipramine hydroxylation (Cytochrome P450-2D6) in vitro by quinidine and by viral protease inhibitors: relation to drug interactions in vivo. J Pharm Sci, 1998. 87: p. 1184-9.

548. Harrington, R.D., Woodward, J.A., Hooton, T.M., and Horn, J.R., Life-threatening interactions between HIV-1 protease inhibitors and the illicit drugs MDMA and gamma-hydroxybutyrate. Arch Intern Med, 1999. 159: p. 2221-4.

549. Pritzker, D., Kanungo, A., Kilicarslan, T., Tyndale, R.F., and Sellers, E.M., Designer drugs that are potent inhibitors of CYP2D6. J Clin Psychopharmacol, 2002. 22: p. 330-2.

550. Chen, C., Biller, J., Willing, S.J., and Lopez, A.M., Ischemic stroke after using over the counter products containing ephedra. J Neurol Sci, 2004. 217: p. 55-60.

551. Thull, U. and Testa, B., Screening of unsubstituted cyclic compounds as inhibitors of monoamine oxidases. Biochem Pharmacol, 1994. 47: p. 2307-10.

552. Urbain, A., Marston, A., Grilo, L.S., Bravo, J., Purev, O., Purevsuren, B., Batsuren, D., Reist, M., Carrupt, P.A., and Hostettmann, K., Xanthones from Gentianella amarella ssp. acuta with acetylcholinesterase and monoamine oxidase inhibitory activities. J Nat Prod, 2008. 71: p. 895-7.

553. Kall, M.A. and Clausen, J., Dietary effect on mixed function P450 1A2 activity assayed by estimation of caffeine metabolism in man. Hum Exp Toxicol, 1995. 14: p. 801-7.

554. Moore, L.B., Goodwin, B., Jones, S.A., Wisely, G.B., Serabjit-Singh, C.J., Willson, T.M., Collins, J.L., and Kliewer, S.A., St. John's wort induces hepatic drug metabolism through activation of the pregnane X receptor. Proc Natl Acad Sci U S A, 2000. 97: p. 7500-2.

555. Thummel, K.E. and Wilkinson, G.R., In vitro and in vivo drug interactions involving human CYP3A. Annu Rev Pharmacol Toxicol, 1998. 38: p. 389-430.

556. Manjgaladze, M., Chen, S., Frame, L.T., Seng, J.E., Duffy, P.H., Feuers, R.J., Hart, R.W., and Leakey, J.E., Effects of caloric restriction on rodent drug and carcinogen metabolizing enzymes: implications for mutagenesis and cancer. Mutat Res, 1993. 295: p. 201-22.

557. Mote, P.L., Grizzle, J.M., Walford, R.L., and Spindler, S.R., Influence of age and caloric restriction on expression of hepatic genes for xenobiotic and oxygen metabolizing enzymes in the mouse. J Gerontol, 1991. 46: p. B95-100.

__________________________________________ Referências Bibliográficas

313

558. Parrott, A.C., Is ecstasy MDMA? A review of the proportion of ecstasy tablets containing MDMA, their dosage levels, and the changing perceptions of purity. Psychopharmacology (Berl), 2004. 173: p. 234-41.

559. Stoové, M., Jenkinson, R., Cvetkovski, S., Matthews, S., Quinn, B., Dietze, P., and McElwee, P., The Victorian drug statistics handbook 2006: Patterns of drug use and related harm in Victoria. 2006, Melbourne, Victoria: Victorian Government Publishing Service.

560. Chen, C.K., Lin, S.K., Sham, P.C., Ball, D., Loh, E.W., Hsiao, C.C., Chiang, Y.L., Ree, S.C., Lee, C.H., and Murray, R.M., Pre-morbid characteristics and co-morbidity of methamphetamine users with and without psychosis. Psychol Med, 2003. 33: p. 1407-14.

561. Shulgin, A.T., The background and chemistry of MDMA. J Psychoactive Drugs, 1986. 18: p. 291-304.

562. Renton, R.J., Cowie, J.S., and Oon, M.C., A study of the precursors, intermediates and reaction by-products in the synthesis of 3,4-methylenedioxymethylamphetamine and its application to forensic drug analysis. Forensic Sci Int, 1993. 60: p. 189-202.

563. Marnell, T., Drug identification bible. 2002, Grand Junction: Amera-Chem Inc. 564. Schifano, F., Potential human neurotoxicity of MDMA ('Ecstasy'): subjective self-

reports, evidence from an Italian drug addiction centre and clinical case studies. Neuropsychobiology, 2000. 42: p. 25-33.

565. Swist, M., Wilamowski, J., and Parczewski, A., Determination of synthesis method of ecstasy based on the basic impurities. Forensic Sci Int, 2005. 152: p. 175-84.

566. Swist, M., Wilamowski, J., and Parczewski, A., Basic and neutral route specific impurities in MDMA prepared by different synthesis methods. Comparison of impurity profiles. Forensic Sci Int, 2005. 155: p. 100-11.

567. Crean, R.D., Davis, S.A., Von Huben, S.N., Lay, C.C., Katner, S.N., and Taffe, M.A., Effects of (+/-)3,4-methylenedioxymethamphetamine, (+/-)3,4-methylenedioxyamphetamine and methamphetamine on temperature and activity in rhesus macaques. Neuroscience, 2006. 142: p. 515-25.

568. Milhazes, N., Cunha-Oliveira, T., Martins, P., Garrido, J., Oliveira, C., Rego, A.C., and Borges, F., Synthesis and cytotoxic profile of 3,4-methylenedioxymethamphetamine ("ecstasy") and its metabolites on undifferentiated PC12 cells: A putative structure-toxicity relationship. Chem Res Toxicol, 2006. 19: p. 1294-304.

569. Phillips, D.H., DNA adducts derived from safrole, estragole and related compounds, and from benzene and its metabolites. IARC Sci Publ, 1994. 125: p. 131-40.

570. Moody, D.E., The effect of tetrahydrofuran on biological systems: does a hepatotoxic potential exist? Drug Chem Toxicol, 1991. 14: p. 319-42.

571. Lanigan, S., Final report on the safety assessment of Methyl Alcohol. Int J Toxicol, 2001. 20: p. 57-85.

572. Clagett-Carr, K., Sarosy, G., Plowman, J., Hoth, D.F., and Leyland-Jones, B., N-methylformamide: cytotoxic, radiosensitizer, or chemosensitizer. J Clin Oncol, 1988. 6: p. 906-18.

573. IARC International Agency for Research on Cancer, Pyridine. 2000. 77: p. 503. 574. Pifl, C., Nagy, G., Berényi, S., Kattinger, A., Reither, H., and Antus, S.,

Pharmacological characterization of ecstasy synthesis byproducts with recombinant human monoamine transporters. J Pharmacol Exp Ther, 2005. 314: p. 346-54.

575. Kalasinsky, K.S., Hugel, J., and Kish, S.J., Use of MDA (the "love drug") and methamphetamine in Toronto by unsuspecting users of ecstasy (MDMA). J Forensic Sci, 2004. 49: p. 1106-12.

576. Clemens, K.J., Van Nieuwenhuyzen, P.S., Li, K.M., Cornish, J.L., Hunt, G.E., and McGregor, I.S., MDMA ("ecstasy"), methamphetamine and their combination: long-term changes in social interaction and neurochemistry in the rat. Psychopharmacology (Berl), 2004. 173: p. 318-25.

Referências Bibliográficas __________________________________________

314

577. Clemens, K.J., Cornish, J.L., Hunt, G.E., and McGregor, I.S., Repeated weekly exposure to MDMA, methamphetamine or their combination: long-term behavioural and neurochemical effects in rats. Drug Alcohol Depend, 2007. 86: p. 183-90.

578. Kuwayama, K., Inoue, H., Kanamori, T., Tsujikawa, K., Miyaguchi, H., Iwata, Y., Miyauchi, S., Kamo, N., and Kishi, T., Interactions between 3,4-methylenedioxymethamphetamine, methamphetamine, ketamine, and caffeine in human intestinal Caco-2 cells and in oral administration to rats. Forensic Sci Int, 2007. 170: p. 183-8.

579. Lin, L.Y., Di Stefano, E.W., Schmitz, D.A., Hsu, L., Ellis, S.W., Lennard, M.S., Tucker, G.T., and Cho, A.K., Oxidation of methamphetamine and methylenedioxymethamphetamine by CYP2D6. Drug Metab Dispos, 1997. 25: p. 1059-64.

580. Itzhak, Y., Achat-Mendes, C.N., Ali, S.F., and Anderson, K.L., Long-lasting behavioral sensitization to psychostimulants following p-chloroamphetamine-induced neurotoxicity in mice. Neuropharmacology, 2004. 46: p. 74-84.

581. Wolff, K. and Winstock, A.R., Ketamine : from medicine to misuse. CNS Drugs, 2006. 20: p. 199-218.

582. Grant, I.S., Nimmo, W.S., and Clements, J.A., Pharmacokinetics and analgesic effects of i.m. and oral ketamine. Br J Anaesth, 1981. 53: p. 805-10.

583. Nishimura, M., Sato, K., Okada, T., Yoshiya, I., Schloss, P., Shimada, S., and Tohyama, M., Ketamine inhibits monoamine transporters expressed in human embryonic kidney 293 cells. Anesthesiology, 1998. 88: p. 768-74.

584. Winstock, A.R., Wolff, K., and Ramsey, J., Ecstasy pill testing: harm minimization gone too far? Addiction, 2001. 96: p. 1139-48.

585. Hijazi, Y. and Boulieu, R., Contribution of CYP3A4, CYP2B6, and CYP2C9 isoforms to N-demethylation of ketamine in human liver microsomes. Drug Metab Dispos, 2002. 30: p. 853-8.

586. Yanagihara, Y., Kariya, S., Ohtani, M., Uchino, K., Aoyama, T., Yamamura, Y., and Iga, T., Involvement of CYP2B6 in n-demethylation of ketamine in human liver microsomes. Drug Metab Dispos, 2001. 29: p. 887-90.

587. Hiratsuka, A., Chu, T.Y., Distefano, E.W., Lin, L.Y., Schmitz, D.A., and Cho, A.K., Inactivation of constitutive hepatic cytochromes P450 by phencyclidine in the rat. Drug Metab Dispos, 1995. 23: p. 201-6.

588. Yates, K.M., O'Connor, A., and Horsley, C.A., "Herbal Ecstasy": a case series of adverse reactions. N Z Med J, 2000. 113: p. 315-7.

589. Rothman, R.B., Baumann, M.H., Dersch, C.M., Romero, D.V., Rice, K.C., Carroll, F.I., and Partilla, J.S., Amphetamine-type central nervous system stimulants release norepinephrine more potently than they release dopamine and serotonin. Synapse, 2001. 39: p. 32-41.

590. Soni, M.G., Carabin, I.G., Griffiths, J.C., and Burdock, G.A., Safety of ephedra: lessons learned. Toxicol Lett, 2004. 150: p. 97-110.

591. Daly, J.W. and Fredholm, B.B., Caffeine--an atypical drug of dependence. Drug Alcohol Depend, 1998. 51: p. 199-206.

592. Okada, M., Kiryu, K., Kawata, Y., Mizuno, K., Wada, K., Tasaki, H., and Kaneko, S., Determination of the effects of caffeine and carbamazepine on striatal dopamine release by in vivo microdialysis. Eur J Pharmacol, 1997. 321: p. 181-8.

593. Camarasa, J., Pubill, D., and Escubedo, E., Association of caffeine to MDMA does not increase antinociception but potentiates adverse effects of this recreational drug. Brain Res, 2006. 1111: p. 72-82.

594. McNamara, R., Kerans, A., O'Neill, B., and Harkin, A., Caffeine promotes hyperthermia and serotonergic loss following co-administration of the substituted amphetamines, MDMA ("Ecstasy") and MDA ("Love"). Neuropharmacology, 2006. 50: p. 69-80.

__________________________________________ Referências Bibliográficas

315

595. Green, A.R., O'shea, E., and Colado, M.I., A review of the mechanisms involved in the acute MDMA (ecstasy)-induced hyperthermic response. Eur J Pharmacol, 2004. 500: p. 3-13.

596. McNamara, R., Maginn, M., and Harkin, A., Caffeine induces a profound and persistent tachycardia in response to MDMA ("Ecstasy") administration. Eur J Pharmacol, 2007. 555: p. 194-8.

597. Derlet, R.W., Tseng, J.C., and Albertson, T.E., Potentiation of cocaine and d-amphetamine toxicity with caffeine. Am J Emerg Med, 1992. 10: p. 211-6.

598. Plaisance, K.I., Toxicities of drugs used in the management of fever. Clin Infect Dis, 2000. 31: p. S219-23.

599. Shin, E.J., Lee, P.H., Kim, H.J., Nabeshima, T., and Kim, H.C., Neuropsychotoxicity of abused drugs: potential of dextromethorphan and novel neuroprotective analogs of dextromethorphan with improved safety profiles in terms of abuse and neuroprotective effects. J Pharmacol Sci, 2008. 106: p. 22-7.

600. Milani, R.M., Parrott, A.C., Schifano, F., and Turner, J.J., Pattern of cannabis use in ecstasy polydrug users: moderate cannabis use may compensate for self-rated aggression and somatic symptoms. Hum Psychopharmacol, 2005. 20: p. 249-61.

601. Hernandez López, C., Interacciones farmacológicas entre la 3,4-metilenodioximetanfetamina (MDMA, Éxtasis) y el alcohol administrados a dosis únicas en humanos (tese de Doutoramento). in Departament de Farmacologia, de Terapèutica i Toxicologia. 2002, Universitat Autònoma de Barcelona: Barcelona.

602. Pedersen, W. and Skrondal, A., Ecstasy and new patterns of drug use: a normal population study. Addiction, 1999. 94: p. 1695-706.

603. Merrill, J., Ecstasy and neurodegeneration. Advice is that "less is more". BMJ, 1996. 313: p. 423.

604. Parrott, A.C., Human psychopharmacology of Ecstasy (MDMA): a review of 15 years of empirical research. Hum Psychopharmacol, 2001. 16: p. 557-577.

605. Reay, J.L., Hamilton, C., Kennedy, D.O., and Scholey, A.B., MDMA polydrug users show process-specific central executive impairments coupled with impaired social and emotional judgement processes. J Psychopharmacol, 2006. 20: p. 385-8.

606. Kopelman, M.D., Reed, L.J., Marsden, P., Mayes, A.R., Jaldow, E., Laing, H., and Isaac, C., Amnesic syndrome and severe ataxia following the recreational use of 3,4-methylene-dioxymethamphetamine (MDMA, 'ecstasy') and other substances. Neurocase, 2001. 7: p. 423-32.

607. Gerevich, J., Fatal combination of ecstasy and heroin. Psychosomatics, 2005. 46: p. 189.

608. Williams, H., Dratcu, L., Taylor, R., Roberts, M., and Oyefeso, A., "Saturday night fever": ecstasy related problems in a London accident and emergency department. J Accid Emerg Med, 1998. 15: p. 322-6.

609. Parrott, A.C., Milani, R.M., Gouzoulis-Mayfrank, E., and Daumann, J., Cannabis and Ecstasy/MDMA (3,4-methylenedioxymethamphetamine): an analysis of their neuropsychobiological interactions in recreational users. J Neural Transm, 2007. 114: p. 959-68.

610. Rodgers, J., Cognitive performance amongst recreational users of "ecstasy". Psychopharmacology (Berl), 2000. 151: p. 19-24.

611. Sala, M. and Braida, D., Endocannabinoids and 3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA) interaction. Pharmacol Biochem Behav, 2005. 81: p. 407-16.

612. Gouzoulis-Mayfrank, E. and Daumann, J., The confounding problem of polydrug use in recreational ecstasy/MDMA users: a brief overview. J Psychopharmacol, 2006. 20(2): p. 188-93.

613. Parrott, A.C., MDMA in humans: factors which affect the neuropsychobiological profiles of recreational ecstasy users, the integrative role of bioenergetic stress. J Psychopharmacol, 2006. 20: p. 147-63.

Referências Bibliográficas __________________________________________

316

614. Dafters, R.I., Hoshi, R., and Talbot, A.C., Contribution of cannabis and MDMA ("ecstasy") to cognitive changes in long-term polydrug users. Psychopharmacology (Berl), 2004. 173: p. 405-10.

615. Fisk, J.E., Montgomery, C., Wareing, M., and Murphy, P.N., The effects of concurrent cannabis use among ecstasy users: neuroprotective or neurotoxic? Hum Psychopharmacol, 2006. 21: p. 355-66.

616. Lamers, C.T., Bechara, A., Rizzo, M., and Ramaekers, J.G., Cognitive function and mood in MDMA/THC users, THC users and non-drug using controls. J Psychopharmacol, 2006. 20: p. 302-11.

617. Daumann, J., Hensen, G., Thimm, B., Rezk, M., Till, B., and Gouzoulis-Mayfrank, E., Self-reported psychopathological symptoms in recreational ecstasy (MDMA) users are mainly associated with regular cannabis use: further evidence from a combined cross-sectional/longitudinal investigation. Psychopharmacology (Berl), 2004. 173: p. 398-404.

618. Young, J.M., McGregor, I.S., and Mallet, P.E., Co-administration of THC and MDMA ('ecstasy') synergistically disrupts memory in rats. Neuropsychopharmacology, 2005. 30: p. 1475-82.

619. Robledo, P., Trigo, J.M., Panayi, F., de la Torre, R., and Maldonado, R., Behavioural and neurochemical effects of combined MDMA and THC administration in mice. Psychopharmacology (Berl), 2007. 195: p. 255-64.

620. Chan, G.C., Hinds, T.R., Impey, S., and Storm, D.R., Hippocampal neurotoxicity of Delta9-tetrahydrocannabinol. J Neurosci, 1998. 18: p. 5322-32.

621. Morley, K.C., Li, K.M., Hunt, G.E., Mallet, P.E., and McGregor, I.S., Cannabinoids prevent the acute hyperthermia and partially protect against the 5-HT depleting effects of MDMA ("Ecstasy") in rats. Neuropharmacology, 2004. 46: p. 954-65.

622. Curran, H.V. and Travill, R.A., Mood and cognitive effects of +/-3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA, 'ecstasy'): week-end 'high' followed by mid-week low. Addiction, 1997. 92: p. 821-31.

623. Parrott, A.C. and Lasky, J., Ecstasy (MDMA) effects upon mood and cognition: before, during and after a Saturday night dance. Psychopharmacology (Berl), 1998. 139: p. 261-8.

624. Pacifici, R., Zuccaro, P., Farré, M., Poudevida, S., Abanades, S., Pichini, S., Langohr, K., Segura, J., and de la Torre, R., Combined immunomodulating properties of 3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA) and cannabis in humans. Addiction, 2007. 102: p. 931-6.

625. Fergusson, D.M. and Horwood, L.J., Early onset cannabis use and psychosocial adjustment in young adults. Addiction, 1997. 92: p. 279-96.

626. Wagner, F.A. and Anthony, J.C., Into the world of illegal drug use: exposure opportunity and other mechanisms linking the use of alcohol, tobacco, marijuana, and cocaine. Am J Epidemiol, 2002. 155: p. 918-25.

627. Matsunaga, T., Kishi, N., Higuchi, S., Watanabe, K., Ohshima, T., and Yamamoto, I., CYP3A4 is a major isoform responsible for oxidation of 7-hydroxy-Delta(8)-tetrahydrocannabinol to 7-oxo-delta(8)-tetrahydrocannabinol in human liver microsomes. Drug Metab Dispos, 2000. 28: p. 1291-6.

628. Hanson, G.R., Rau, K.S., and Fleckenstein, A.E., The methamphetamine experience: a NIDA partnership. Neuropharmacology, 2004. 47(Suppl 1): p. 92-100.

629. McCann, U.D. and Ricaurte, G.A., Amphetamine neurotoxicity: accomplishments and remaining challenges. Neurosci Biobehav Rev, 2004. 27: p. 821-6.

630. Partilla, J.S., Dempsey, A.G., Nagpal, A.S., Blough, B.E., Baumann, M.H., and Rothman, R.B., Interaction of amphetamines and related compounds at the vesicular monoamine transporter. J Pharmacol Exp Ther, 2006. 319: p. 237-46.

631. Morley, K.C., Cornish, J.L., Li, K.M., and McGregor, I.S., Preexposure to MDMA ("Ecstasy") delays acquisition but facilitates MDMA-induced reinstatement of amphetamine self-administration behavior in rats. Pharmacol Biochem Behav, 2004. 79: p. 331-42.

__________________________________________ Referências Bibliográficas

317

632. Clemens, K.J., Cornish, J.L., Hunt, G.E., and McGregor, I.S., Intravenous methamphetamine self-administration in rats: effects of intravenous or intraperitoneal MDMA co-administration. Pharmacol Biochem Behav, 2006. 85: p. 454-63.

633. Hamida, S.B., Plute, E., Cosquer, B., Kelche, C., Jones, B.C., and Cassel, J.C., Interactions between ethanol and cocaine, amphetamine, or MDMA in the rat: thermoregulatory and locomotor effects. Psychopharmacology (Berl), 2008. 197: p. 67-82.

634. Han, D.D. and Gu, H.H., Comparison of the monoamine transporters from human and mouse in their sensitivities to psychostimulant drugs. BMC Pharmacol, 2006. 6: p. 6.

635. Jaehne, E.J., Salem, A., and Irvine, R.J., Effects of 3,4-methylenedioxymethamphetamine and related amphetamines on autonomic and behavioral thermoregulation. Pharmacol Biochem Behav, 2005. 81: p. 485-96.

636. Daza-Losada, M., Rodríguez-Arias, M., Aguilar, M.A., and Miñarro, J., Effect of adolescent exposure to MDMA and cocaine on acquisition and reinstatement of morphine-induce CPP. Prog Neuropsychopharmacol Biol Psychiatry, 2008. 32: p. 701-9.

637. Fletcher, P.J., Robinson, S.R., and Slippoy, D.L., Pre-exposure to (+/-)3,4-methylenedioxy-methamphetamine (MDMA) facilitates acquisition of intravenous cocaine self-administration in rats. Neuropsychopharmacology, 2001. 25: p. 195-203.

638. Diller, A.J., Rocha, A., Cardon, A.L., Valles, R., Wellman, P.J., and Nation, J.R., The effects of concurrent administration of +/-3,4-methylenedioxymethamphetamine and cocaine on conditioned place preference in the adult male rat. Pharmacol Biochem Behav, 2007. 88: p. 165-70.

639. Laviola, G., Wood, R.D., Kuhn, C., Francis, R., and Spear, L.P., Cocaine sensitization in periadolescent and adult rats. J Pharmacol Exp Ther, 1995. 275: p. 345-57.

640. Aberg, M., Wade, D., Wall, E., and Izenwasser, S., Effect of MDMA (ecstasy) on activity and cocaine conditioned place preference in adult and adolescent rats. Neurotoxicol Teratol, 2007. 29: p. 37-46.

641. Morgan, A.E., Horan, B., Dewey, S.L., and Ashby, C.R., Jr, Repeated administration of 3,4-methylenedioxymethamphetamine augments cocaine's action on dopamine in the nucleus accumbens: a microdialysis study. Eur J Pharmacol, 1997. 331: p. R1-3.

642. Ansah, T.A., Wade, L.H., and Shockley, D.C., Changes in locomotor activity, core temperature, and heart rate in response to repeated cocaine administration. Physiol Behav, 1996. 60: p. 1261-7.

643. Gonzalez, L.P., Cocaine alters body temperature and behavioral thermoregulatory responses. Neuroreport, 1993. 4: p. 106-8.

644. Schiff, P.L., Ergot and its alkaloids. Am J Pharm Educ, 2006. 70: p. 98. 645. Schechter, M.D., 'Candyflipping': synergistic discriminative effect of LSD and MDMA.

Eur J Pharmacol, 1998. 341: p. 131-4. 646. Gill, J.R. and Stajíc, M., Ketamine in non-hospital and hospital deaths in New York

City. J Forensic Sci, 2000. 45: p. 655-8. 647. Uys, J.D. and Niesink, R.J., Pharmacological aspects of the combined use of 3,4-

methylenedioxymethamphetamine (MDMA, ecstasy) and gamma-hydroxybutyric acid (GHB): a review of the literature. Drug Alcohol Rev, 2005. 24: p. 359-68.

648. Freese, T.E., Miotto, K., and Reback, C.J., The effects and consequences of selected club drugs. J Subst Abuse Treat, 2002. 23: p. 151-6.

649. Nimmerrichter, A.A., Walter, H., Gutierrez-Lobos, K.E., and Lesch, O.M., Double-blind controlled trial of gamma-hydroxybutyrate and clomethiazole in the treatment of alcohol withdrawal. Alcohol Alcohol, 2002. 37: p. 67-73.

650. Addolorato, G., Balducci, G., Capristo, E., Attilia, M.L., Taggi, F., Gasbarrini, G., and Ceccanti, M., Gamma-hydroxybutyric acid (GHB) in the treatment of alcohol withdrawal syndrome: a randomized comparative study versus benzodiazepine. Alcohol Clin Exp Res, 1999. 23: p. 1596-604.

651. Drasbek, K.R., Christensen, J., and Jensen, K., Gamma-hydroxybutyrate--a drug of abuse. Acta Neurol Scand, 2006. 114: p. 145-56.

Referências Bibliográficas __________________________________________

318

652. Passie, T., Seifert, J., Schneider, U., and Emrich, H.M., The pharmacology of psilocybin. Addict Biol, 2002. 7: p. 357-64.

653. Benowitz, N.L., Clinical pharmacology of nicotine: implications for understanding, preventing, and treating tobacco addiction. Clin Pharmacol Ther, 2008. 83: p. 531-41.

654. Picciotto, M.R., Zoli, M., Rimondini, R., Léna, C., Marubio, L.M., Pich, E.M., Fuxe, K., and Changeux, J.P., Acetylcholine receptors containing the beta2 subunit are involved in the reinforcing properties of nicotine. Nature, 1998. 391: p. 173-7.

655. Bonomo, Y., Coffey, C., Wolfe, R., Lynskey, M., Bowes, G., and Patton, G., Adverse outcomes of alcohol use in adolescents. Addiction, 2001. 96: p. 1485-96.

656. Colfax, G., Vittinghoff, E., Husnik, M.J., McKirnan, D., Buchbinder, S., Koblin, B., Celum, C., Chesney, M., Huang, Y., Mayer, K., Bozeman, S., Judson, F.N., Bryant, K.J., and Coates, T.J., Substance use and sexual risk: a participant- and episode-level analysis among a cohort of men who have sex with men. Am J Epidemiol, 2004. 159: p. 1002-12.

657. Hamida, S.B., Bach, S., Plute, E., Jones, B.C., Kelche, C., and Cassel, J.C., Ethanol-ecstasy (MDMA) interactions in rats: preserved attenuation of hyperthermia and potentiation of hyperactivity by ethanol despite prior ethanol treatment. Pharmacol Biochem Behav, 2006. 84: p. 162-168.

658. Karch, S.B., Drug abuse handbook. Alcohol, ed. C.S. Martin. 1998, Washington DC: CRC Press.

659. Eckardt, M.J., File, S.E., Gessa, G.L., Grant, K.A., Guerri, C., Hoffman, P.L., Kalant, H., Koob, G.F., Li, T.K., and Tabakoff, B., Effects of moderate alcohol consumption on the central nervous system. Alcohol Clin Exp Res, 1998. 22: p. 998-1040.

660. Holford, N.H., Clinical pharmacokinetics of ethanol. Clin Pharmacokinet, 1987. 13: p. 273-92.

661. Zakhari, S., Overview: how is alcohol metabolized by the body? Alcohol Res Health, 2006. 29: p. 245-54.

662. Parkinson, A., Biotransformations of xenobiotics, in Casarett & Doull's Toxicology, the Basic Science of Poisons, (C.D. Klaassen, ed.), 1996, New York: McGraw-Hill.

663. Lieber, C.S., Relationships between nutrition, alcohol use, and liver disease. Alcohol Res Health, 2003. 27(3): p. 220-231.

664. Park, B.K., Pirmohamed, M., and Kitteringham, N.R., The role of cytochrome P450 enzymes in hepatic and extrahepatic human drug toxicity. Pharmacol Ther, 1995. 68: p. 385-424.

665. Jang, G.R. and Harris, R.Z., Drug interactions involving ethanol and alcoholic beverages. Expert Opin Drug Metab Toxicol, 2007. 3: p. 719-31.

666. Hu, Y., Ingelman-Sundberg, M., and Lindros, K.O., Induction mechanisms of cytochrome P450 2E1 in liver: interplay between ethanol treatment and starvation. Biochem Pharmacol, 1995. 50: p. 155-61.

667. Lieber, C.S., Mechanism of ethanol induced hepatic injury. Pharmacol Ther, 1990. 46: p. 1-41.

668. Lieber, C.S., Interaction of ethanol with drugs, hepatotoxic agents, carcinogens and vitamins. Alcohol Alcohol, 1990. 25: p. 157-76.

669. Djordjević, D., Nikolić, J., and Stefanović, V., Ethanol interactions with other cytochrome P450 substrates including drugs, xenobiotics, and carcinogens. Pathol Biol (Paris), 1998. 46: p. 760-70.

670. Maher, J.J., Exploring alcohol’s effects on liver function. Alcohol Res Health, 1997. 21: p. 5-12.

671. Handler, J.A. and Thurman, R.G., Redox interactions between catalase and alcohol dehydrogenase pathways of ethanol metabolism in the perfused rat liver. J Biol Chem, 1990. 265: p. 1510-5.

672. Eriksson, C.J.P., The role of acetaldehyde in the actions of alcohol (update 2000). Alcohol Clin Exp Res, 2001. 25(5): p. 15S-32S.

__________________________________________ Referências Bibliográficas

319

673. Sastre, J., Serviddio, G., Pereda, J., Minana, J.B., Arduini, A., Vendemiale, G., Poli, G., Pallardo, F.V., and Vina, J., Mitochondrial function in liver disease. Front Biosci, 2007. 12: p. 1200-9.

674. Das, S.K. and Vasudevan, D.M., Alcohol-induced oxidative stress. Life Sci, 2007. 81: p. 177–187.

675. Lu, Y. and Cederbaum, A.I., CYP2E1 and oxidative liver injury by alcohol. Free Radic Biol Med, 2008. 44: p. 723–738.

676. Feierman, D.E., Melinkov, Z., and Nanji, A.A., Induction of CYP3A by ethanol in multiple in vitro and in vivo models. Alcohol Clin Exp Res, 2003. 27: p. 981-8.

677. Sinclair, J.F., McCaffrey, J., Sinclair, P.R., Bement, W.J., Lambrecht, L.K., Wood, S.G., Smith, E.L., Schenkman, J.B., Guzelian, P.S., and Park, S.S., Ethanol increases cytochromes P450IIE, IIB1/2, and IIIA in cultured rat hepatocytes. Arch Biochem Biophys, 1991. 284: p. 360-5.

678. de Waziers, I., Bouguet, J., Beaune, P.H., Gonzalez, F.J., Ketterer, B., and Barouki, R., Effects of ethanol, dexamethasone and RU 486 on expression of cytochromes P450 2B, 2E, 3A and glutathione transferase pi in a rat hepatoma cell line (Fao). Pharmacogenetics, 1992. 2: p. 12-8.

679. Louis, C.A., Wood, S.G., Kostrubsky, V., Sinclair, P.R., and Sinclair, J.F., Synergistic increases in rat hepatic cytochrome P450s by ethanol and isopentanol. J Pharmacol Exp Ther, 1994. 269: p. 838-45.

680. Eisenburg, B., Schütz, C.G., Kuss, J.P., Heumüller, M., and Soyka, M., Increased O-demethylation rate of dextromethorphan in alcohol dependent patients. A possible role of ethanol in changing cytochrome P450 2D6 activity. Eur Neuropsychopharmacology, 2000. 10: p. 379-380.

681. Busby, W.F., Jr, Ackermann, J.M., and Crespi, C.L., Effect of methanol, ethanol, dimethyl sulfoxide, and acetonitrile on in vitro activities of cDNA-expressed human cytochromes P-450. Drug Metab Dispos, 1999. 27: p. 246-9.

682. Ben Hamida, S., Plute, E., Bach, S., Lazarus, C., Tracqui, A., Kelche, C., de Vasconcelos, A.P., Jones, B.C., and Cassel, J.C., Ethanol-MDMA interactions in rats: the importance of interval between repeated treatments in biobehavioral tolerance and sensitization to the combination. Psychopharmacology (Berl), 2007. 192: p. 555-69.

683. Hernández-López, C., Farré, M., Roset, P.N., Menoyo, E., Pizarro, N., Ortuño, J., Torrens, M., Camí, J., and de La Torre, R., 3,4-Methylenedioxymethamphetamine (ecstasy) and alcohol interactions in humans: psychomotor performance, subjective effects, and pharmacokinetics. J Pharmacol Exp Ther, 2002. 300: p. 236-44.

684. Ramaekers, J.G. and Kuypers, K.P., Acute effects of 3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA) on behavioral measures of impulsivity: alone and in combination with alcohol. Neuropsychopharmacology, 2006. 31: p. 1048-55.

685. Schmitt, G., Aderjan, R., Keller, T., and Wu, M., Ethyl glucuronide: an unusual ethanol metabolite in humans. Synthesis, analytical data, and determination in serum and urine. J Anal Toxicol, 1995. 19: p. 91-4.

686. Nevo, I. and Hamon, M., Neurotransmitter and neuromodulatory mechanisms involved in alcohol abuse and alcoholism. Neurochem Int, 1995. 26: p. 305-36.

687. Oscar-Berman, M., Shagrin, B., Evert, D.L., and Epstein, C., Impairments of brain and behavior. The neurological effects of alcohol. Alcohol Res Health, 1997. 21: p. 65-75.

688. Apte, M.V., Wilson, J.S., and Korsten, M.A., Alcohol-related pancreatic damage: mechanisms and treatment. Alcohol Health Res World, 1997. 21: p. 13-20.

689. Chastain, G., Alcohol, neurotransmitter systems, and behavior. J Gen Psychol, 2006. 133: p. 329-35.

690. Yan, Q.S., Reith, M.E., Jobe, P.C., and Dailey, J.W., Focal ethanol elevates extracellular dopamine and serotonin concentrations in the rat ventral tegmental area. Eur J Pharmacol, 1996. 301: p. 49-57.

691. Holdstock, L. and de Wit, H., Individual differences in the biphasic effects of ethanol. Alcohol Clin Exp Res, 1998. 22: p. 1903-11.

Referências Bibliográficas __________________________________________

320

692. Doty, P. and de Wit, H., Effect of setting on the reinforcing and subjective effects of ethanol in social drinkers. Psychopharmacology (Berl), 1995. 118: p. 19-27.

693. Schaffer, A. and Naranjo, C.A., Recommended drug treatment strategies for the alcoholic patient. Drugs, 1998. 56: p. 571-85.

694. Bilsky, E.J., Hui, Y.Z., Hubbell, C.L., and Reid, L.D., Methylenedioxymethamphetamine's capacity to establish place preferences and modify intake of an alcoholic beverage. Pharmacol Biochem Behav, 1990. 37: p. 633-8.

695. Rezvani, A.H., Garges, P.L., Miller, D.B., and Gordon, C.J., Attenuation of alcohol consumption by MDMA (ecstasy) in two strains of alcohol-preferring rats. Pharmacol Biochem Behav, 1992. 43: p. 103-10.

696. Grant, K.A., Colombo, G., and Gatto, G.J., Characterization of the ethanol-like discriminative stimulus effects of 5-HT receptor agonists as a function of ethanol training dose. Psychopharmacology (Berl), 1997. 133: p. 133-41.

697. Risinger, F.O., Bormann, N.M., and Oakes, R.A., Reduced sensitivity to ethanol reward, but not ethanol aversion, in mice lacking 5-HT1B receptors. Alcohol Clin Exp Res, 1996. 20: p. 1401-5.

698. Crabbe, J.C., Phillips, T.J., Feller, D.J., Hen, R., Wenger, C.D., Lessov, C.N., and Schafer, G.L., Elevated alcohol consumption in null mutant mice lacking 5-HT1B serotonin receptors. Nat Genet, 1996. 14: p. 98-101.

699. Pandey, S.C., Davis, J.M., and Pandey, G.N., Phosphoinositide system-linked serotonin receptor subtypes and their pharmacological properties and clinical correlates. J Psychiatry Neurosci, 1995. 20: p. 215-25.

700. Pandey, S.C., Piano, M.R., Schwertz, D.W., Davis, J.M., and Pandey, G.N., Effect of ethanol administration and withdrawal on serotonin receptor subtypes and receptor-mediated phosphoinositide hydrolysis in rat brain. Alcohol Clin Exp Res, 1992. 16: p. 1110-6.

701. Yoshimoto, K., Ueda, S., Kato, B., Takeuchi, Y., Kawai, Y., Noritake, K., and Yasuhara, M., Alcohol enhances characteristic releases of dopamine and serotonin in the central nucleus of the amygdala. Neurochem Int, 2000. 37: p. 369-76.

702. Yim, H.J., Schallert, T., Randall, P.K., Bungay, P.M., and Gonzales, R.A., Effect of ethanol on extracellular dopamine in rat striatum by direct perfusion with microdialysis. J Neurochem, 1997. 68: p. 1527-33.

703. Campbell, A.D., Kohl, R.R., and McBride, W.J., Serotonin-3 receptor and ethanol-stimulated somatodendritic dopamine release. Alcohol, 1996. 13: p. 569-74.

704. Samson, H.H., Hodge, C.W., Erickson, H.L., Niehus, J.S., Gerhardt, G.A., Kalivas, P.W., and Floyd, E.A., The effects of local application of ethanol in the n. accumbens on dopamine overflow and clearance. Alcohol, 1997. 14: p. 485-92.

705. Wang, Y., Palmer, M.R., Cline, E.J., and Gerhardt, G.A., Effects of ethanol on striatal dopamine overflow and clearance: an in vivo electrochemical study. Alcohol, 1997. 14: p. 593-601.

706. Rodd, Z.A., Bell, R.L., Zhang, Y., Goldstein, A., Zaffaroni, A., McBride, W.J., and Li, T.K., Salsolinol produces reinforcing effects in the nucleus accumbens shell of alcohol-preferring (P) rats. Alcohol Clin Exp Res, 2003. 27: p. 440-9.

707. Huttunen, P., Sämpi, M., and Myllylä, R., Ethanol-induced hypothermia and thermogenesis of brown adipose tissue in the rat. Alcohol, 1998. 15: p. 315-8.

708. Deng, X.S. and Deitrich, R.A., Ethanol metabolism and effects: nitric oxide and its interaction. Curr Clin Pharmacol, 2007. 2: p. 145-53.

709. Altura, B.M. and Altura, B.T., Peripheral and cerebrovascular actions of ethanol, acetaldehyde, and acetate: relationship to divalent cations. Alcohol Clin Exp Res, 1987. 11: p. 99-111.

710. Khanna, J.M., Chau, A., and Shah, G., Characterization of the Phenomenon of rapid tolerance to ethanol. Alcohol, 1996. 13: p. 621-8.

711. Cassel, J.C., Jeltsch, H., Koenig, J., and Jones, B.C., Locomotor and pyretic effects of MDMA-ethanol associations in rats. Alcohol, 2004. 34: p. 285-9.

__________________________________________ Referências Bibliográficas

321

712. Cassel, J.C., Riegert, C., Rutz, S., Koenig, J., Rothmaier, K., Cosquer, B., Lazarus, C., Birthelmer, A., Jeltsch, H., Jones, B.C., and Jackisch, R., Ethanol, 3,4-methylenedioxymethamphetamine (ecstasy) and their combination: long-term behavioral, neurochemical and neuropharmacological effects in the rat. Neuropsychopharmacology, 2005. 30: p. 1870-82.

713. Cassel, J.C., Ben Hamida, S., and Jones, B.C., Attenuation of MDMA-induced hyperthermia by ethanol in rats depends on ambient temperature. Eur J Pharmacol, 2007. 571: p. 152-5.

714. NIAAA National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism, Health risks and benefits of alcohol consumption. Alcohol Res Health, 2000. 24: p. 5-11.

715. Riegert, C., Wedekind, F., Hamida, S.B., Rutz, S., Rothmaier, A.K., Jones, B.C., Cassel, J.C., and Jackisch, R., Effects of ethanol and 3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA) alone or in combination on spontaneous and evoked overflow of dopamine, serotonin and acetylcholine in striatal slices of the rat brain. Int J Neuropsychopharmacol, 2008: p. 1-21.

716. Izco, M., Orio, L., O'Shea, E., and Colado, M.I., Binge ethanol administration enhances the MDMA-induced long-term 5-HT neurotoxicity in rat brain. Psychopharmacology (Berl), 2007. 189: p. 459-70.

717. Colado, M.I., Granados, R., O'Shea, E., Esteban, B., and Green, A.R., Role of hyperthermia in the protective action of clomethiazole against MDMA ('ecstasy')-induced neurodegeneration, comparison with the novel NMDA channel blocker AR-R15896AR. Br J Pharmacol, 1998. 124: p. 479-84.

718. O'Shea, E., Granados, R., Esteban, B., Colado, M.I., and Green, A.R., The relationship between the degree of neurodegeneration of rat brain 5-HT nerve terminals and the dose and frequency of administration of MDMA ('ecstasy'). Neuropharmacology, 1998. 37: p. 919-26.

719. Kuypers, K.P., Samyn, N., and Ramaekers, J.G., MDMA and alcohol effects, combined and alone, on objective and subjective measures of actual driving performance and psychomotor function. Psychopharmacology (Berl), 2006. 187: p. 467-75.

720. Carmen del Río, M., Gómez, J., Sancho, M., and Alvarez, F.J., Alcohol, illicit drugs and medicinal drugs in fatally injured drivers in Spain between 1991 and 2000. Forensic Sci Int, 2002. 127: p. 63-70.

721. Inder, W.J., Joyce, P.R., Wells, J.E., Evans, M.J., Ellis, M.J., Mattioli, L., and Donald, R.A., The acute effects of oral ethanol on the hypothalamic-pituitary-adrenal axis in normal human subjects. Clin Endocrinol (Oxf), 1995. 42: p. 65-71.

722. Emanuele, N. and Emanuele, M.A., The endocrine system. Alcohol alters critical hormonal balance. Alcohol Res Health, 1997. 21: p. 53-64.

723. Gianoulakis, C., Guillaume, P., Thavundayil, J., and Gutkowska, J., Increased plasma atrial natriuretic peptide after ingestion of low doses of ethanol in humans. Alcohol Clin Exp Res, 1997. 21: p. 162-70.

724. Farré, M., de la Torre, R., González, M.L., Terán, M.T., Roset, P.N., Menoyo, E., and Camí, J., Cocaine and alcohol interactions in humans: neuroendocrine effects and cocaethylene metabolism. J Pharmacol Exp Ther, 1997. 283: p. 164-76.

725. Schuckit, M.A., Gold, E., and Risch, C., Serum prolactin levels in sons of alcoholics and control subjects. Am J Psychiatry, 1987. 144: p. 854-9.

726. Zakhari, S., Alcohol and the cardiovascular system. Molecular mechanisms for beneficial and harmful action. Alcohol Res Health, 1997. 21: p. 21-9.

727. Kawano, Y., Abe, H., Kojima, S., Yoshimi, H., Sanai, T., Kimura, G., Matsuoka, H., Takishita, S., and Omae, T., Different effects of alcohol and salt on 24-hour blood pressure and heart rate in hypertensive patients. Hypertens Res, 1996. 19: p. 255-61.

728. Pacifici, R., Zuccaro, P., Hernandez López, C., Pichini, S., Di Carlo, S., Farré, M., Roset, P.N., Ortuño, J., Segura, J., and Torre, R.L., Acute effects of 3,4-methylenedioxymethamphetamine alone and in combination with ethanol on the immune system in humans. J Pharmacol Exp Ther, 2001. 296: p. 207-15.

Referências Bibliográficas __________________________________________

322

729. Bode, C. and Bode, J.C., Activation of the innate immune system and alcoholic liver disease: effects of ethanol per se or enhanced intestinal translocation of bacterial toxins induced by ethanol? Alcohol Clin Exp Res, 2005. 29: p. 166S-71S.

730. Zima, T. and Kalousova, M., Oxidative stress and signal tranduction pathways in alcoholic liver disease. Alcohol Clin Exp Res, 2005. 29(11 Suppl): p. 110S-115S.

731. Epstein, M., Alcohol’s impact on kidney function. Alcohol Res Health, 1997. 21: p. 84-93.

732. Seitz, H.K. and Becker, P., Alcohol metabolism and cancer risk. Alcohol Res Health, 2007. 30: p. 38-47.

733. Schifano, F., A bitter pill. Overview of ecstasy (MDMA, MDA) related fatalities. Psychopharmacology (Berl), 2004. 173: p. 242-8.

734. Schuckit, M.A., Alcoholism: An Introduction. Drug and Alcohol Abuse: A Clinical Guide to Diagnosis and Treatment, ed. M.A. Schuckit. 2006, San Diego: Springer Science+Business Media, Inc.

735. Grobin, A.C., Matthews, D.B., Devaud, L.L., and Morrow, A.L., The role of GABAA receptors in the acute and chronic effects of ethanol. Psychopharmacology, 1998. 139: p. 2-19.

736. Gemma, S., Vichi, S., and Testai, E., Individual susceptibility and alcohol effects:biochemical and genetic aspects. Ann Ist Super Sanita, 2006. 42: p. 8-16.

737. Dumont, G.J., Wezenberg, E., Valkenberg, M.M., de Jong, C.A., Buitelaar, J.K., van Gerven, J.M., and Verkes, R.J., Acute neuropsychological effects of MDMA and ethanol (co-)administration in healthy volunteers. Psychopharmacology (Berl), 2008. 197: p. 465-74.

738. Meehan, S.M., Gordon, T.L., and Schechter, M.D., MDMA (Ecstasy) substitutes for the ethanol discriminative cue in HAD but not LAD rats. Alcohol, 1995. 12: p. 569-72.

739. Izco, M., Marchant, I., Escobedo, I., Peraile, I., Delgado, M., Higuera-Matas, A., Olias, O., Ambrosio, E., O'Shea, E., and Colado, M.I., Mice with decreased cerebral dopamine function following a neurotoxic dose of MDMA (3,4-methylenedioxymethamphetamine, "Ecstasy") exhibit increased ethanol consumption and preference. J Pharmacol Exp Ther, 2007. 322: p. 1003-12.

740. Quinton, M.S. and Yamamoto, B.K., Causes and consequences of methamphetamine and MDMA toxicity. AAPS J, 2006. 8: p. E337-47.

741. Morimoto, M., Hagbjörk, A.L., Nanji, A.A., Ingelman-Sundberg, M., Lindros, K.O., Fu, P.C., Albano, E., and French, S.W., Role of cytochrome P4502E1 in alcoholic liver disease pathogenesis. Alcohol, 1993. 10: p. 459-64.

742. Cunningham, C.C., Coleman, W.B., and Spach, P.I., The effects of chronic ethanol consumption on hepatic mitochondrial energy metabolism. Alcohol Alcohol, 1990. 25: p. 127-36.

743. Colell, A., García-Ruiz, C., Miranda, M., Ardite, E., Marí, M., Morales, A., Corrales, F., Kaplowitz, N., and Fernández-Checa, J.C., Selective glutathione depletion of mitochondria by ethanol sensitizes hepatocytes to tumor necrosis factor. Gastroenterology, 1998. 115: p. 1541-51.

744. Pirkkala, L., Nykänen, P., and Sistonen, L., Roles of the heat shock transcription factors in regulation of the heat shock response and beyond. FASEB J, 2001. 15: p. 1118-31.

745. Sapareto, S.A., Thermal isoeffect dose: addressing the problem of thermotolerance. Int. J. Hyperthermia, 1987. 3: p. 297-305.

746. Lepock, J.R., Cellular effects of hyperthermia: relevance to the minimum dose for thermal damage. Int J Hyperthermia, 2003. 19: p. 252-66.

747. Park, H.G., Han, S.I., Oh, S.Y., and Kang, H.S., Cellular responses to mild heat stress. Cell Mol Life Sci, 2005. 62: p. 10-23.

748. Gabai, V.L. and Sherman, M.Y., Interplay between molecular chaperones and signaling pathways in survival of heat shock. J Appl Physiol, 2002. 92: p. 1743-8.

749. Chu, B., Soncin, F., Price, B.D., Stevenson, M.A., and Calderwood, S.K., Sequential phosphorylation by mitogen-activated protein kinase and glycogen synthase kinase 3

__________________________________________ Referências Bibliográficas

323

represses transcriptional activation by heat shock factor-1. J Biol Chem, 1996. 271: p. 30847-57.

750. Dai, R., Frejtag, W., He, B., Zhang, Y., and Mivechi, N.F., c-Jun NH2-terminal kinase targeting and phosphorylation of heat shock factor-1 suppress its transcriptional activity. J Biol Chem, 2000. 275: p. 18210-8.

751. Lenart, J., Dombrowski, F., Görlach, A., and Kietzmann, T., Deficiency of manganese superoxide dismutase in hepatocytes disrupts zonated gene expression in mouse liver. Arch Biochem Biophys, 2007. 462: p. 238-44.

752. Morel, Y. and Barouki, R., Repression of gene expression by oxidative stress. Biochem J, 1999. 342(Pt 3): p. 481-96.

753. Bowie, A. and O'Neill, L.A., Oxidative stress and nuclear factor-kappaB activation: a reassessment of the evidence in the light of recent discoveries. Biochem Pharmacol, 2000. 59: p. 13-23.

754. Ryan, K.M., Ernst, M.K., Rice, N.R., and Vousden, K.H., Role of NF-kappaB in p53-mediated programmed cell death. Nature, 2000. 404: p. 892-7.

755. Zhou, L.Z., Johnson, A.P., and Rando, T.A., NF kappa B and AP-1 mediate transcriptional responses to oxidative stress in skeletal muscle cells. Free Radic Biol Med, 2001. 31: p. 1405-16.

756. Maiuri, M.C., De Stefano, D., Mele, G., Fecarotta, S., Greco, L., Troncone, R., and Carnuccio, R., Nuclear factor kappa B is activated in small intestinal mucosa of celiac patients. J Mol Med, 2003. 81: p. 373-9.

757. Spitzer, J.A., Zheng, M., Kolls, J.K., Vande Stouwe, C., and Spitzer, J.J., Ethanol and LPS modulate NF-kappaB activation, inducible NO synthase and COX-2 gene expression in rat liver cells in vivo. Front Biosci, 2002. 7: p. a99-108.

758. Bonizzi, G. and Karin, M., The two NF-kappaB activation pathways and their role in innate and adaptive immunity. Trends Immunol, 2004. 25: p. 280-8.

759. Senftleben, U. and Karin, M., The IKK/NF-kappaB pathway. Crit Care Med, 2002. 30: p. S18-S26.

760. Luedde, T. and Trautwein, C., Intracellular survival pathways in the liver. Liver Int, 2006. 26: p. 1163-74.

761. Ninković, M., Selaković, V., Ethukić, M., Milosavljević, P., Vasiljević, I., Jovanović, M., and Malicević, Z., Oxidative stress in rat kidneys due to 3,4-methylenedioxymetamphetamine (ecstasy) toxicity. Nephrology (Carlton), 2008. 13: p. 33-7.

762. Oh, S.I., Kim, C.I., Chun, H.J., and Park, S.C., Chronic ethanol consumption affects glutathione status in rat liver. J Nutr, 1998. 128: p. 758-63.

763. Deaciuc, I.V., Fortunato, F., D'Souza, N.B., Hill, D.B., Schmidt, J., Lee, E.Y., and McClain, C.J., Modulation of caspase-3 activity and Fas ligand mRNA expression in rat liver cells in vivo by alcohol and lipopolysaccharide. Alcoholism: Clinical and Experimental Research, 1999. 23: p. 349-56.

764. Lauterburg, B.H., Davies, S., and Mitchell, J.R., Ethanol suppresses hepatic glutathione synthesis in rats in vivo. J Pharmacol Exp Ther, 1984. 230: p. 7-11.

765. Flanagan, S.W., Moseley, P.L., and Buettner, G.R., Increased flux of free radicals in cells subjected to hyperthermia: detection by electron paramagnetic resonance spin trapping. FEBS Lett, 1998. 431: p. 285-6.

766. Sun, W.M., Huang, Z.Z., and Lu, S.C., Regulation of gamma-glutamylcysteine synthetase by protein phosphorylation. Biochem J, 1996. 320: p. 321-28.

767. Beitia, G., Cobreros, A., Sainz, L., and Cenarruzabeitia, E., 3,4-Methylenedioxymethamphetamine (ecstasy)-induced hepatotoxicity: effect on cytosolic calcium signals in isolated hepatocytes. Liver, 1999. 19: p. 234-41.

768. Yan, M., Zhu, P., Liu, H.M., Zhang, H.T., and Liu, L., Ethanol induced mitochondria injury and permeability transition pore opening: role of mitochondria in alcoholic liver disease. World J Gastroenterol, 2007. 13: p. 2352-6.

769. Vidair, C.A. and Dewey, W.C., Evaluation of a role for intracellular Na+, K+, Ca2+, and Mg2+ in hyperthermic cell killing. Radiat Res, 1986. 105: p. 187-200.

Referências Bibliográficas __________________________________________

324

770. Yao, P., Li, K., Jin, Y., Song, F., Zhou, S., Sun, X., Nussler, A.K., and Liu, L., Oxidative damage after chronic ethanol intake in rat tissues: Prophylaxis of Ginkgo biloba extract. Food Chemistry, 2006. 99: p. 305-14.

771. Mannervik, B. and Danielson, U.H., Glutathione transferases--structure and catalytic activity. CRC Crit Rev Biochem, 1988. 23: p. 283-337.

772. Pari, L. and Suresh, A., Effect of grape (Vitis vinifera L.) leaf extract on alcohol induced oxidative stress in rats. Food Chem Toxicol, 2008. 46: p. 1627-34.

773. Seitz, H.K. and Stickel, F., Risk factors and mechanisms of hepatocarcinogenesis with special emphasis on alcohol and oxidative stress. Biological Chemistry, 2006. 387: p. 349-60.

774. Qian, L., Song, X., Ren, H., Gong, J., and Cheng, S., Mitochondrial mechanism of heat stress-induced injury in rat cardiomyocyte. Cell Stress & Chaperones, 2004. 9(3): p. 281-93.

775. Yuen, W.F., Fung, K.P., Lee, C.Y., Choy, Y.M., Kong, S.K., Ko, S., and Kwok, T.T., Hyperthermia and tumour necrosis factor-alpha induced apoptosis via mitochondrial damage. Life Sciences, 2000. 67(6): p. 725-32.

776. Zhao, Q.L., Fujiwara, Y., and Kondo, T., Mechanism of cell death induction by nitroxide and hyperthermia. Free Radical Biology and Medicine, 2006. 40(7): p. 1131-43.

777. Montet, A.M., Oliva, L., Beaugé, F., and Montet, J.C., Bile salts modulate chronic ethanol-induced hepatotoxicity. Alcohol Alcohol, 2002. 37: p. 25-9.

778. Yue, M., Ni, Q., Yu, C.H., Ren, K.M., Chen, W.X., and Li, Y.M., Transient elevation of hepatic enzymes in volunteers after intake of alcohol. Hepatobiliary Pancreat Dis Int, 2006. 5: p. 52-5.

779. Beitia, G., Cobreros, A., Sainz, L., and Cenarruzabeitia, E., Ecstasy-induced toxicity in rat liver. Liver, 2000. 20: p. 8-15.

780. Alvaro, A.R., Martins, J., Costa, A.C., Fernandes, E., Carvalho, F., Ambrósio, A.F., and Cavadas, C., Neuropeptide Y protects retinal neural cells against cell death induced by ecstasy. Neuroscience, 2008. 152: p. 97-105.

781. Wu, D., Zhai, Q., and Shi, X., Alcohol-induced oxidative stress and cell responses. J Gastroenterol Hepatol, 2006. 21: p. S26-9.

782. Trujillo-Murillo, K., Alvarez-Martínez, O., Garza-Rodríguez, L., Martínez-Rodríguez, H., Bosques-Padilla, F., Ramos-Jiménez, J., Barrera-Saldaña, H., Rincón-Sánchez, A.R., and Rivas-Estilla, A.M., Additive effect of ethanol and HCV subgenomic replicon expression on COX-2 protein levels and activity. J Viral Hepat, 2007. 14: p. 608-17.