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Envelhecimento como doença: “fatos biológicos” e controvérsias morais e
científicas na construção da medicina anti-aging.1
Fernanda dos Reis Rougemont
PPGSA/UFRJ
Resumo: O trabalho apresenta as controvérsias em torno da medicina anti-aging a partir
do projeto biotecnológico SENS, do biogerontologista Aubrey de Grey. O objetivo é
analisar as interpretações divergentes dos “fatos biológicos” que embasam o discurso
biomédico do envelhecimento, buscando ressaltar a pertinência do componente
biológico para a perspectiva antropológica e destacar as questões metodológicas e
teóricas levantadas por essa abordagem. A análise apresenta as controvérsias científicas
e morais em torno da intervenção no envelhecimento e a pertinência da dicotomia
natureza-cultura no debate do papel da medicina e dos limites da intervenção da ciência
no contexto da consolidação da genética e da medicina regenerativa. Ressalta-se a
relação entre o projeto anti-aging e preocupações sociais, econômicas e políticas a
respeito do envelhecimento da população.
Palavras-chave: Envelhecimento; Medicina anti-aging; Biotecnologia.
Introdução
Paul Rabinow e Nikolas Rose (2006) se dispõem a atualizar o conceito de
biopoder de Foucault, considerando o contexto histórico do século XXI. Nesse
empreendimento, os autores caracterizam a passagem, no âmbito da biopolítica, do foco
na dimensão macro para micro, ou da molar pra a molecular, destacando a emergência
1 Trabalho apresentado na 29ª Reunião Brasileira de Antropologia, realizada entre os dias 03 e 06 de
agosto de 2014, Natal/RN.
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de novos métodos de individualização e concepções de autonomia relacionadas à saúde,
à vida, à liberdade, à felicidade, compreendidas em termos corporais e vitais.
Os autores defendem que o conceito de “biopoder” remete a um campo
composto por tentativas, mais ou menos racionalizadas, de intervir sobre as
características vitais da existência humana. De acordo com a conceituação de Rabinow
e Rose (Idem, p. 23), o biopoder refere-se a um plano da atualidade que inclui discursos
de verdade sobre o caráter ‘vital’ dos seres humanos e um conjunto de autoridades
consideradas competentes para falar aquela verdade; estratégias de intervenção sobre a
existência coletiva em nome da vida e da morte; modos de subjetivação através dos
quais os indivíduos são levados a atuar sobre si mesmos a partir dos discursos sobre a
verdade, em nome de sua vida e saúde.
Esta perspectiva teórico-conceitual permite analisar, de maneira mais ampla, os
diversos fatores e agentes envolvidos na questão do envelhecimento da população na
contemporaneidade, através de transformações no discurso médico-científico. O
surgimento de novos elementos na compreensão da vida e do desenvolvimento humano,
como a ascensão da genética, o sequenciamento do genoma humano e a formação do
campo da medicina regenerativa, trouxe uma série de questões a respeito da concepção
do processo de envelhecimento e do papel da medicina nesse contexto.
A figura do biogerontologista Aubrey de Grey, da Universidade de Cambridge,
através da criação do projeto SENS – Strategies for Engineered Negligible Senescence
– expõe a emergência de rupturas na ciência do envelhecimento e um reordenamento de
forças em busca da legitimidade para definir as diretrizes médico-científicas para lidar
com esse aspecto da vida humana. A atuação de Aubrey de Grey dá visibilidade às
controvérsias que mobilizam diferentes agentes, cujos posicionamentos estão associados
às diferentes perspectivas dos processos de saúde e doença na caracterização do
envelhecimento como problema médico e remetem às demandas do atual estágio da
expectativa de vida nas sociedades ocidentais.
Ao defender que a senescência – o envelhecimento estritamente biológico – é
uma patologia que precisa ser tratada pela medicina e que isso já é possível através de
recursos biotecnológicos, Aubrey de Grey se contrapõe ao modelo geriátrico e
gerontológico consolidado, apontando suas falhas e ineficiência.
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Para analisar as controvérsias em torno da construção de uma medicina anti-
aging e identificar as condições que estimulam o combate ao envelhecimento é
necessário compreender o ponto de vista daqueles envolvidos nas disputas. O conflito,
contudo, ocorre do ponto de vista médico, para o qual a materialidade orgânica é
fundamental na caracterização do envelhecimento. É necessário, portanto, observar o
lugar do componente biológico, o qual invariavelmente passa pelo discurso das
biociências.
O objetivo deste trabalho é analisar as interpretações divergentes dos “fatos
biológicos” que embasam o discurso biomédico sobre o envelhecimento. Por ser um
fenômeno cuja materialidade é fundamental para seu significado, esta análise busca
ressaltar a pertinência do componente biológico para as pesquisas de envelhecimento na
Antropologia, destacando as questões metodológicas e teóricas levantadas por essa
abordagem.
Este trabalho é uma reflexão a partir da dissertação “Viver mais e envelhecer
menos: a “fonte da juventude” como projeto científico”, defendida em janeiro de 2014.
A pesquisa foi realizada a partir de artigos e livros publicados por Aubrey de Grey,
textos de divulgação da fundação SENS e pesquisas que dialogam com a proposta de
intervenção no processo de envelhecimento, selecionadas a partir de duas das principais
revistas científicas – Science e Nature. Através desta pesquisa bibliográfica, foram
identificados os principais interlocutores de Aubrey de Grey, opositores e aliados direta
e indiretamente, a fim de caracterizar o debate em torno da proposta de combate ao
envelhecimento e compreender de que maneira a noção “anti-aging” altera o significado
de “envelhecer”. A partir dos fatores observados na pesquisa, questiona-se de que modo
a produção da biociência a respeito do envelhecimento deve ser incorporada à análise
antropológica.
A construção da medicina anti-aging
Promover uma mudança de concepções e métodos a respeito de práticas médicas
implica, primeiramente, que sejam reconhecidas as vantagens perante o modelo
anterior. Entretanto, esta tarefa envolve fatores que estão para além do que é
considerado estritamente “médico” e “científico”.
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No século XIX, a medicina moderna adotou uma abordagem do corpo humano
em termos de uma anatomia patológica, tornando o processo degenerativo corporal um
objeto a ser investigado no nível de células e tecidos. Neste contexto, a velhice foi
definida como estágio específico do curso da vida, com características distintas, e
marcada por sinais sistemáticos da senescência (Katz, 1995). Com a criação da
gerontologia, na segunda metade do século XIX, a categoria idoso passou a designar um
grupo supostamente homogêneo de indivíduos que compartilhavam um mesmo estágio
da vida, com condições físicas e morais similares (Debert, 2004). Os discursos dos
especialistas moldaram uma concepção de envelhecimento como um processo contínuo
de perdas e de dependência. A velhice passou a designar indivíduos fragilizados,
vulneráveis, com demandas de cuidados específicos. Como fase da vida, a velhice foi
submetida a um crescente processo de medicalização, sendo definida e descrita em
termos médicos, na linguagem própria da medicina e tratada por intervenções médicas
(Conrad, 1992).
Embora a senescência tenha um reconhecido aspecto patológico devido ao
surgimento de doenças específicas, as chamadas age-related-diseases, esse processo
tem sido tratado pela ciência especializada como aspecto natural, inevitável e intrínseco
à condição humana. Os seres humanos possuem, naturalmente, uma duração de vida
limitada, sendo, portanto, tarefa da medicina garantir o máximo de vida saudável
possível através do controle das doenças e enfermidades típicas da velhice.
Stephen Katz (1995) destaca a diferença entre expectativa de vida (life
expectancy) e duração de vida (lifespan). O primeiro termo se refere a uma noção
estatística da média de duração de vida das pessoas em uma sociedade, ao passo que a
duração de vida se refere ao limite extremo da longevidade humana, raramente
alcançado, que incorpora os limites da vida humana, calculados em 110 anos. A partir
da noção de duração de vida (lifespan), Katz analisa a mudança na perspectiva da
natureza humana, na qual a visão renascentista da potencialidade de longevidade é
substituída pelo princípio iluminista da duração de vida como um marcador simbólico
das leis da natureza.
As recentes pesquisas demográficas têm apontado a aproximação da expectativa
de vida (life expectancy) aos supostos limites biológicos da duração de vida humana
(lifespan). Esse é um fator fundamental para a avaliação das condições de vida e
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definição das atribuições médicas. O otimismo dos ganhos em expectativa de vida tem
contrastado com os cálculos dos gastos com a saúde e da insuficiência de recursos para
uma sociedade com mais velhos, promovendo uma revisão da longevidade como meta.
As condições desta vida mais longa e as possibilidades de redução da morbidade na
velhice se tornam uma preocupação crescente, ao passo que a dimensão do problema
permanece incerta na medida em que surgem questionamentos a respeito da existência
de um limite biológico para a vida. Dentre os questionadores, os demógrafos James
Vaupel e Jim Oeppen (2002) afirmam não haver evidências que contribuam para a ideia
de que os ganhos em expectativa de vida serão reduzidos nos próximos anos. Ao
contrário, os autores defendem que a crença neste limite máximo pré-determinado é um
agravante nos impactos socioeconômicos da longevidade na medida em que impede o
planejamento, tanto público quanto privado, e compromete a organização da sociedade
em longo prazo.
Neste contexto, o projeto da medicina anti-aging defendido por Aubrey de Grey
se destaca pela desconstrução das concepções hegemônicas no campo
geriátrico/gerontológico atual. Ele atribui a resistência em buscar soluções para o
envelhecimento físico a interpretações equivocadas sobre a natureza humana e ao
desconhecimento dos processos biológicos que constituem a senescência do organismo.
Seu discurso é compatível com questionamentos produzidos pelos avanços em áreas
científicas contemporâneas, como a nanotecnologia, a genética e a neurociência, os
quais ele utiliza para contrapor a legitimidade do modelo médico vigente, considerando-
o paliativo e obsoleto, na medida em que não pode responder às necessidades da
longevidade atual.
A medicina anti-aging proposta por Aubrey de Grey propõe uma concepção
específica do envelhecimento e da velhice, que depende da acepção singular de natureza
humana, do corpo humano e do significado do envelhecimento na história da
humanidade. A nomenclatura anti-aging supõe uma forma distinta de medicina,
pensada em termos que destoam de uma versão anterior, com a qual se quer romper.
São, portanto, representações distintas. Para alcançar as diferenças entre os opositores e
proponentes da medicina anti-aging, contudo, é preciso compreender as interpretações
que compõem as diferentes perspectivas. Neste caso, tais interpretações dizem respeito
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principalmente aos fatos biológicos a partir dos quais os cientistas deduzem suas
afirmações.
As críticas feitas à produção científica pela Antropologia se mostraram frutíferas
para compreender a própria relação entre as ciências e o significado do saber científico
no Ocidente. Bruno Latour (2011) busca mostrar a relação entre o saber e as relações de
poder, bem como os fatos científicos dependem de uma longa cadeia de associações de
atuantes distintos. Embora a perspectiva da construção dos fatos científicos seja
fundamental para a perspectiva antropológica, uma vez que o objetivo é compreender as
controvérsias do discurso biológico do envelhecimento as proposições das biociências
que embasam os discursos divergentes precisaram ser tomadas como referencial. Neste
sentido, os processos biológicos considerados constitutivos da senescência não foram
questionados em sua validade explicativa, mas considerados como elementos
constitutivos dos modelos concorrentes.
Esta abordagem permite identificar as representações do corpo e da natureza
humana que dão base tanto à perspectiva de envelhecimento como doença de Aubrey de
Grey, quanto à perspectiva de seus opositores, muitos dos quais consideram a
intervenção no processo de senescência para a expansão radical da duração de vida um
objetivo inviável. É necessário considerar que estamos lidando com duas formas de
discurso distintas. Analisar o discurso médico-científico neste contexto significa
assumir que os "fatos biológicos", tal como são enunciados e independentemente da
forma como foram construídos, têm um valor objetivo na forma como a saúde e a
doenças são pensadas e, consequentemente, na forma como o envelhecimento é
representado. Esta leitura, em certa medida ambígua, mostrou-se necessária para
compreender de que maneira a proposta da medicina anti-aging do SENS se diferencia
e contrapõe a forma como o envelhecimento é pensado pelo modelo antecessor.
Aubrey de Grey e a Fundação SENS
A crítica de Aubrey de Grey é direcionada ao objetivo médico de combater
doenças relacionadas à velhice. Do seu ponto de vista, há um equívoco na distinção
entre o processo de envelhecimento em si e as doenças associadas à velhice. Aubrey de
Grey defende que as doenças são sinais de um problema maior e o alvo da medicina
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deve ser o envelhecimento em si mesmo. Essa afirmação parte da definição de
envelhecimento de Aubrey de Grey, que consiste no “conjunto de efeitos colaterais do
metabolismo que altera a composição do corpo ao longo do tempo, tornando-o
gradativamente menos capaz de se automanter e assim, finalmente, progressivamente
menos funcional.” (De Grey, 2006, p.279, tradução minha)
Na perspectiva de Aubrey de Grey, o envelhecimento é resultado do processo
metabólico normal do organismo. O metabolismo é definido por ele como uma
complexa rede de processos geneticamente programada e necessária para a manutenção
do corpo. Entretanto, esses processos produzem efeitos colaterais que acumulam e
causam danos (De Grey, 2006, 2008a). Neste âmbito, Aubrey de Grey rejeita uma visão
generalista do envelhecimento e busca apresentar as principais causas desse fenômeno
no organismo, evidenciando os eventos bioquímicos que conduzem à degeneração do
corpo. Para isso, divide a senescência em sete processos de danos principais, definidos a
partir da literatura já existente sobre o tema.
Tipo de dano Proposta de reparo (eliminação)
Cell loss, cell atrophy
Perda celular
Stem cells, growth factors, exercise
Células-tronco
Senescent/toxic cells
Células Senescentes/ tóxicas
Ablation of unwanted cells
Remoção das células indesejadas
Oncogenic nuclear
mutations/epimutations
Mutações nucleares oncogênicas/
epimutações
“WILT” (Whole-body Interdiction of
Lengthening of
Telomeres)
Interdição do alongamento dos telômeros
em todo o corpo
Mitochondrial mutations
Mutações mitocondriais
Allotopic expression of 13 proteins
Expressão alotrópica de 13 proteínas
Intracellular aggregates Microbial hydrolases
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Agregados Intracelulares Hidrolase microbial
Extracellular aggregates
Agregados Extracelulares
Immune-mediated phagocytosis
Fagocitose Imunologicamente Mediada
Extracellular crosslinks
Ligações Cruzadas Extracelulares
AGE-breaking molecules
Moléculas Quebradoras de AGEs
A divisão da senescência em sete processos específicos reduz a amplitude do
fenômeno geral a processos menores e interligados que permitem sua racionalização e
controle. Neste ponto, a noção dos danos é fundamental, já que todo o programa do
SENS é baseado na intervenção para evitar que os efeitos colaterais alterem a
“programação” original do corpo. A proposta do SENS não é alterar o metabolismo,
mas desenvolver o melhoramento (enhancement) do corpo, aperfeiçoando suas
capacidades às necessidades metabólicas, partindo do princípio de que o corpo possui a
capacidade latente de se regenerar.
A minuciosa descrição do corpo como um sistema a nível molecular, baseada em
pesquisas consolidadas na biogerontologia, mostra uma série de processos que
funcionam perfeitamente e de maneira previsível, mas que ao longo do tempo são
perturbados por situações imprevistas, com as quais o organismo não tem recursos para
lidar. Em outras palavras, não está geneticamente preparado para processar as alterações
no ambiente celular promovidas pela danificação de componentes celulares.
Aubrey de Grey pretende demonstrar como pequenas alterações promovem uma
série de disfunções em um processo de acúmulo e defeito, intensificados de modo
diretamente proporcional. Um aspecto central da apresentação sistemática destas falhas
é a associação com condições específicas que caracterizam as mais diversas doenças,
tais como diabetes, arteriosclerose, mal de Parkinson, câncer, mal de Alzheimer,
catarata, além do enfraquecimento do sistema imunológico e a oxidação das células de
todo o corpo. Com o SENS, Aubrey de Grey associa as doenças específicas diretamente
ao processo inicial de acúmulo de danos. Desta forma, ele torna o processo de
senescência indissociável das doenças.
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O envelhecimento biológico é assimilado pela concepção da degeneração, na
medida em que é apresentado em termos de falhas gerais, sistemáticas e que se
intensificam continuamente tornando os indivíduos cada vez mais debilitados. Aubrey
de Grey utiliza os princípios da medicina regenerativa para viabilizar a reversão da
senescência, dando a esta intervenção médica o sentido da revitalização corporal.
Como destacam Rodrigues, Leibing e Saint-Hilaire (2008), a medicina
regenerativa tem como diferencial a investigação de mecanismos autorregenerativos nas
células para colocá-los em operação. As distintas linhas de pesquisas da medicina
regenerativa apresentam a regeneração como uma dimensão da natureza humana que
abre uma gama de possibilidades medicinais e que permite aprofundar a compreensão
do desenvolvimento do organismo (Maienschein, 2006). Especialmente as pesquisas de
células-tronco embrionárias, que podem produzir qualquer tipo de tecido, estimulam a
perspectiva de um potencial criativo para fins medicinais ainda a ser explorado. Com
essa abordagem o próprio corpo é utilizado como meio para que, através da intervenção
tecnológica, suas falhas sejam suprimidas. A pretensão é utilizar o potencial
regenerativo latente para proteger o corpo dos efeitos deletérios do metabolismo.
Entre fatos biológicos e representações: consensos e controvérsias
Para Aubrey de Grey o principal obstáculo para o estabelecimento de
tratamentos que combatam a senescência está no fato do declínio funcional do corpo
não ser considerado ele mesmo uma doença. Neste âmbito, Aubrey de Grey acusa seus
opositores de estarem presos em um “transe pró-envelhecimento”, visto que a
resistência não estaria baseada nas evidências, mas em uma crença moral de que o
envelhecimento é inerente à natureza humana e não pode ser alterado.
Por que a medicina deve intervir? Na perspectiva de Aubrey de Grey esta
responsabilidade está no motivo pelo qual envelhecemos biologicamente: nós nos
mantemos vivos por mais tempo graças ao processo de civilização, que garantiu que as
principais causas de morte prematura - doenças, penúria e predação - fossem afastadas.
Nosso corpo, contudo, não tem ainda o aparato biológico para lidar com essas
transformações nas condições de vida.
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Essa perspectiva parte de um fator em comum entre opositores e defensores da
medicina anti-aging: a tese evolucionista da senescência. De acordo com essa tese, o
principal fator para a compreensão dos seres vivos está na reprodução e o gene é a
unidade básica da evolução. As espécies são pensadas como experiência de propagação
dos genes através do tempo. Por tais motivos, a força da seleção natural ocorreria
especificamente ao longo do período reprodutivo, na segunda e terceira década de vida.
Se ao longo de sua existência os humanos passaram por altas e instáveis taxas de mortes
nos primeiros anos de vida, no século XX esse padrão de mortalidade mudaria
radicalmente. Com o controle sobre as taxas de mortalidade, as forças da seleção natural
que operavam sobre os humanos foram alteradas.
Nesta lógica, a seleção natural não é sensível a diferenças na mortalidade após o
período reprodutivo. A tese apresenta a senescência como um “efeito colateral”, devido
ao fato de que genes que atuam no aperfeiçoamento do sucesso reprodutivo nas
primeiras décadas de vida podem ter efeitos deletérios após essa fase. A senescência é,
portanto, uma dimensão do desenvolvimento que não está prevista geneticamente. Ela é
concebida como subproduto da operação da seleção natural sobre outro aspecto do
desenvolvimento humano, marcando a passagem do tempo biológico. Iniciada na
fertilização, a senescência é caracterizada pelo acúmulo de danos a nível molecular e se
expressa através da manifestação de uma vulnerabilidade não específica, funções
defeituosas, doenças e finalmente a morte (Olshansky e Carnes, 1993).
Georges Canguilhem (1975) destaca a mudança na concepção de vida que
ocorreu no século XX com a transição de uma visão mecanicista, focada na matéria, na
estrutura e nas funções, para a teoria da informação e da comunicação. Nesse contexto,
o gene se destaca como unidade primária, portadora da informação.
Para Tim Ingold (2006), a concepção dos genes como portadores de informações
pré-existentes a serem desenvolvidas na formação do organismo é um equívoco
decorrente da deturpação do significado original da teoria da informação: “informação”
significa diferenças na entrada de um sistema que farão diferença no resultado final.
Deste modo, os genes não teriam valor determinante de uma “programação”, com
instruções a serem executadas. Entretanto, como mostra Gísli Pálsson (2012), a genética
se consolida como campo de significações, influenciando na construção de identidades.
Com a prevalência da linguagem da informação no campo biológico, a noção de
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programação passa a vigorar na tentativa de explicar o desenvolvimento da vida.
Consequentemente, a representação de um programa biológico emerge como fator
norteador da definição de doença e saúde.
A premissa comum de que a senescência não é prevista geneticamente é
interpretada de maneiras distintas pelos cientistas a favor e contrários à intervenção no
envelhecimento humano. Para opositores como S Jay Olshansky, Bruce Carnes e
Leonard Hayflick, a ausência de um programa genético para a senescência é um
empecilho para que a medicina possa tratá-la como doença. Como subproduto de outras
funções genéticas, a senescência não poderia ser prevista e controlada. Portanto, os
autores defendem que a meta principal da biogerontologia é o prolongamento da vida
saudável através do combate de doenças específicas (Olshansky et al, 2002). Aubrey de
Grey considera que justamente por não haver uma definição da senescência, ela não
precisa acontecer. Essa interpretação sugere que ela não é parte necessária da vida
humana.
Embora ambos os lados do debate concordem com a concepção da senescência
como consequência de intervenções que alteraram as taxas de mortalidade e as
condições de vida, a medicina tradicional não admite a possibilidade de suprimi-la. O
envelhecimento permanece como um aspecto natural da vida humana que precede a
morte inevitável. Já para Aubrey de Grey, se fomos capazes de controlar as condições
adversas e garantir mais tempo de vida, devemos dar continuidade às intervenções para
solucionar a senescência, vista como um efeito colateral de uma vida longa e mais
saudável.
As controvérsias em torno do projeto de Aubrey de Grey não se limitam à sua
tentativa de mudar o estatuto do envelhecimento e classificá-lo como doença. Para cada
um dos danos que o biomédico atribuiu como causa da senescência há um reparo
específico, que depende do desenvolvimento de biotecnologias específicas. As
biotecnologias propostas, ainda em caráter especulativo, são o principal alvo das críticas
da comunidade científica. Aubrey de Grey é acusado de promover uma pseudociência,
visto que suas propostas não possuem nenhuma confirmação de que, de fato, podem
reverter o processo de envelhecimento ou estender a duração de vida. Dentre seus
críticos, Tom Kirkwood, um destacado biogerontologista da Grã-Bretanha, considera o
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projeto de Aubrey de Grey “primeiramente cientificamente absurdo e, em segundo
lugar, cientificamente irresponsável” (Templeton, 2007, tradução minha).
Aubrey de Grey defende que o papel legítimo da biogerontologia é desenvolver
formas de parar o processo que torna as pessoas mais frágeis e propensas a doenças que
ameaçam suas vidas: ou seja, o envelhecimento. Observa-se um alinhamento de
interesses para defender os pressupostos que condenam ou promovem o projeto
biotecnológico anti-aging. Esta organização de forças fica evidente ao nos depararmos
com esforços conjuntos de biogerontologistas através de publicações de visam
deslegitimar o propósito de combate ao envelhecimento e extensão da vida humana,
como é o caso do artigo “No truth to the fountain of youth” (Olshansky et al, 2002),
escrito como um alerta da “falsa busca pela longevidade”, e o artigo crítico “Science
fact and the SENS agenda” (Warner et al, 2005), direcionado ao SENS.
Todavia, através da análise dos argumentos contidos nas críticas é possível
observar que a oposição ao projeto anti-aging esta além de questões tecnológicas ou
científicas. Os signatários demonstram preocupação com a imagem do campo de
pesquisa sobre envelhecimento e com os possíveis impactos na sua legitimidade e nos
investimentos recebidos. Huber Warner et al (2005) justificam a resistência em discutir
o SENS ao fato da comunidade não querer dar visibilidade a falsas promessas e
pseudociência. O SENS é percebido como uma ameaça de frustação e perda de
credibilidade.
As argumentações são atravessadas pela ideia de que o envelhecimento humano
é muito complexo e está além das possibilidades de controle da ciência e do domínio da
prática médica, visto que é parte da natureza humana. É a oposição entre a mutabilidade
e a imutabilidade da condição de envelhecer que direciona os posicionamentos em torno
da medicina anti-aging.
O princípio de que o envelhecimento não é uma doença (Aging is not a disease),
afirmativa que se tornou lema do campo gerontologico desde a sua publicação na revista
acadêmica Journal of Gerontology, na década de 1940 (De Grey, 2008a; De Grey e
Rae, 2007), torna a busca pela cura da velhice um contrassenso. A normalização do
envelhecimento, contudo, esbarra nos recentes ganhos em expectativa de vida que
tornaram a saúde na velhice uma questão prioritária.
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Se do ponto de vista tecnocientífico a exequibilidade do SENS é vista com
ceticismo, do ponto de vista ético o alvo são as possíveis consequências das
biotecnologias. A questão ética remete a valores da existência humana, uma vez que a
trajetória de vida é permeada de significados que têm como contexto a finitude: as
gerações, a descendência, as carreiras, o planejamento de vida. É possível uma
sociedade que não envelhece? Neste âmbito, a figura do bioeticista aparece como a
ligação entre a dimensão moral e a dimensão científica que expõe as controvérsias do
emergente campo de pesquisas anti-aging.
O bioeticista Leon Kass é considerado por Aubrey de Grey um alvo icônico do
domínio metaético em que se encontra a questão do envelhecimento. A conjuntura
desfavorável à biotecnologia teria se estabelecido na ocasião da nomeação de Leon Kass
à presidência do Conselho de Bioética no governo de George W. Bush. Pela primeira
vez um bioeticista alcançou um importante cargo político. Para Aubrey de Grey, sua
nomeação resultou não apenas do fato de ser conservador, mas também de sua
excepcional habilidade de converter seu ponto de vista em uma linguagem atrativa para
o público geral (De Grey, 2008b, p. 54).
Devido a seu posicionamento conservador, a influência política que Leon Kass
alcançou teria contribuído para o estabelecimento de um cenário desfavorável ao
desenvolvimento da biotecnologia. Leon Kass (2003) concentra em seu discurso o
temor das consequências da biotecnologia em usos que estão para além de meras
terapias: a busca por um futuro “melhor-que-humano”, feliz e sem envelhecimento
(ageless). A discussão bioética é levada aos limites das intervenções biomédicas
moralmente aceitáveis e conduzida por Leon Kass à questão do significado de ser
humano e de agir como ser humano. Para o autor, a biotecnologia que permite o
aperfeiçoamento do corpo (enhancement) pode modifica-lo para além do que é
considerado normal ou saudável.
A principal oposição presente na argumentação de Leon Kass é entre humano e
não humano, no sentido de um processo que retira as características próprias humanas.
As noções de “desumanização” e de “dotação da natureza” indicam uma concepção
essencialista de natureza humana genuína, criada por Deus ou pela natureza, que torna
certas características invioláveis. Somente a humanidade que está dada, e nos foi dada
pela natureza, é digna de respeito. Neste âmbito, observamos a oposição entre a
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natureza e suas determinações e as biotecnologias, como o polo da cultura. Essa
dimensão é simétrica à oposição entre normalidade/anormalidade, saúde/doença. O
envelhecimento, do ponto de vista bioético é necessário para a normalidade da
sociedade, é saudável, condizente com a ordem natural. Já a supressão do
envelhecimento traz desordem à sociedade, provoca uma condição anormal - uma forma
de doença social -, ao suplantar a ordem natural.
O mito do ciborgue, sugerido por Donna Haraway (1991), permite pensar a
dicotomia natureza-cultura presente nas controvérsias em torno do projeto anti-aging: a
longevidade humana pensada como uma conquista civilizatória borra as fronteiras entre
o natural e o artificial. A senescência e a longevidade adquirem, portanto, um status
ambíguo refletido nas divergências sobre a imutabilidade natural do envelhecimento.
As críticas bioéticas sobre o projeto anti-aging reafirmam as fronteiras entre
natureza e cultura como marco divisor entre o que é moralmente aceitável e moralmente
condenável. Ao comprometer a separação entre esses dois domínios, as biotecnologias
de rejuvenescimento se tornam perigosas e, portanto, moralmente condenáveis. O caso
de Leon Kass expõe fatores políticos e morais que circundam as práticas científicas e
influenciam diretamente a repercussão do projeto SENS.
Para solucionar o impasse moral, Aubrey de Grey recorre à estratégia do
“equilíbrio reflexivo”, baseada no conceito de John Rawls:
[...] uma concepção de justiça não pode ser deduzida de
premissas axiomáticas ou de pressupostos impostos aos
princípios; ao contrário, sua justificativa é um problema de
corroboração mútua de muitas considerações, do ajuste de todas
as partes numa única visão coerente”. (Rawls, 1997, p. 23)
Através do equilíbrio reflexivo, Aubrey de Grey visa sobrepor a imoralidade da
alteração do envelhecimento físico como equivalente à alteração da natureza humana.
Ele associa sua perspectiva do envelhecimento às mudanças de posicionamento das
sociedades em questões como escravidão, homossexualidade, direitos das mulheres,
racismo. Nesses casos a visão moral que prevalecia foi superada na medida em que os
argumentos que a sustentavam passaram a ser percebidos como fé em uma “ordem
natural” e a mudança foi promovida através de argumentos que mostravam a
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incompatibilidade da posição tradicional com posturas morais de assuntos considerados
equivalentes àquele em disputa.
Uma vez que as doenças relacionadas à velhice são alvos legítimos da medicina
e aceitos moralmente de forma ampla pela sociedade, a estratégia metaética de
equilíbrio reflexivo permite uma mudança de mentalidade através do argumento de
equiparação. Uma vez que o envelhecimento seja considerado uma doença, a mesma
moral que aceita o combate às “age-related diseases” deverá aceitar também o combate
ao envelhecimento.
Embora o discurso de Aubrey de Grey sobre o envelhecimento seja fisicalista e
geneticamente determinista, seu projeto SENS promove a indivisibilidade entre o corpo,
natureza e técnica, desfazendo a fronteira entre natureza e cultura que subjaz o debate.
Um consenso
Para Canguilhem (1978), mais do que a definição do médico, é a apreciação dos
pacientes e as ideias dominantes do meio social que determinam o que é doença. O que
há de comum entre os diversos significados é o fato de serem um julgamento de valor.
Segundo Canguilhem, estar doente significa ser nocivo, socialmente indesejável, ou
socialmente desvalorizado, na medida em que a noção de doença reúne valores
negativos.
Ao enfatizar o comprometimento do desempenho físico ao longo do
envelhecimento, Aubrey de Grey relativiza a conquista da longevidade ao confrontá-la
com um panorama em que a inevitável fragilização do corpo estará presente em uma
parcela cada vez mais significativa da população. Embora as divergências sejam
vinculadas à consideração da senescência como doença ou não, o projeto de Aubrey de
Grey expõe a preocupação com a relação entre envelhecer e adoecer.
Embora os biogerontologistas de destaque no campo reiterem a ideia de que o
envelhecimento não é uma doença, a preocupação com a morbidade na velhice enfatiza
a dimensão patológica do envelhecimento. A despeito da divergência dos caminhos a
seguir, há um ponto de convergência entre os cientistas que debatem o modelo médico-
científico ideal para o envelhecimento: a manutenção da produtividade dos indivíduos
16
que envelhecem. Deste modo, a saúde se destaca como um valor do envelhecimento no
contexto da longevidade.
Opositor do projeto de Aubrey de Grey, Olshansky defende a necessidade de
retardar o processo de envelhecimento o quanto for possível para evitar o
desenvolvimento de um conjunto de doenças promovido pela senescência e sintetiza as
expectativas em torno da biogerontologia:
Somando-se aos óbvios benefícios na saúde estão os benefícios
econômicos que cresceriam de acordo com a extensão da vida
saudável. Expandindo o período da duração de vida (lifespan)
em que os altos níveis de capacidade física e mental são
expressos, as pessoas permaneceriam na força de trabalho por
mais tempo, renda pessoal e poupanças aumentariam, programas
de subvenção para idosos enfrentariam menos pressão das
mudanças demográficas e há razões para acreditar que a
economia nacional irá florescer. A ciência do envelhecimento
tem o potencial de produzir o que nós nos referimos como
“dividendos da longevidade” na forma de bônus sociais,
econômicos e de saúde, tanto para os indivíduos quanto para a
população como um todo - um dividendo que começaria com
gerações atualmente vivas e que continuarão. (Olshasky et al,
2006, tradução minha)
Ressaltando a importância das pesquisas de envelhecimento para a saúde
pública, os opositores de Aubrey de Grey visam incluir o envelhecimento na agenda
política. Sob o prisma das doenças e da debilidade, a longevidade adquire um caráter
ambíguo. A longevidade e a preservação da saúde se tornam valores articulados de
maneira indivisível com a emergência de um movimento anti-aging. Não basta a
longevidade, é preciso uma longevidade saudável.
Considerações Finais
Nikolas Rose (2013) distingue a biopolítica atual daquela vivenciada ao longo
do século XX, focada na noção de hereditariedade de condições biológicas, a qual
motivava uma administração coercitiva e, por vezes, mortífera da “qualidade da
população”. Rose sugere que no século XXI a biopolítica não está delimitada pelos
polos de doença e saúde e o foco não é mais eliminar patologias para proteger o futuro
da nação. O foco estaria, para o autor, no desenvolvimento de capacidades de controlar,
17
remodelar e projetar as características vitais dos seres humanos. Rose chama de
“política da vida em si mesma” esse processo. Se no século XX a política da vida era
exercida pelo aparato formal do governo, na contemporaneidade ela é exercida
prioritariamente por entidades regulatórias quase autônomas, como os conselhos de
bioética, e na responsabilização dos indivíduos na autogestão da sua saúde.
Como destaca Duarte (1998), a abordagem antropológica possui uma percepção
dos “sofrimentos” nomeáveis pela experiência humana que contrasta com a perspectiva
mais restrita da biomedicina ocidental, marcada por uma visão dicotômica e pelo
fisicalismo. Os estudos antropológicos no âmbito da saúde e da medicina revelam um
confronto entre a perspectiva pragmática, operativa e interventiva do saber médico e a
sua própria, mais reflexiva e relativizadora. Neste sentido, a sugestão de Rose (1999)
de uma análise do conhecimento científico não em termos de “ideologias”, mas em seu
papel produtivo, focando no processo em que o conhecimento ganha forma no mundo, é
pertinente à questão da medicina anti-aging.
A relevância do projeto SENS para pensar o envelhecimento não depende do
êxito de seus objetivos principais. Antes disso, a sua existência como um centro
articulador de ideias em torno da noção de combate ao envelhecimento permite perceber
um determinado estado das discussões sobre o envelhecimento humano e as dimensões
políticas, sociais, morais e éticas que contextualizam a produção dos discursos de
verdade sobre a vida na perspectiva do envelhecimento. O foco no retardamento do
envelhecimento ganha forma através das articulações de novos saberes científicos com
o potencial tecnológico atual, especialmente através da genética e da medicina
regenerativa.
Observamos um reordenamento dos elementos designados no processo de saúde
e doença, na qual o envelhecimento é apresentado como ambíguo. Ao mostrar o
envelhecimento como efeito de um processo social, Aubrey de Grey rompe com a
estrita “naturalização” desse fenômeno. O debate apresenta as contradições do
envelhecimento: a conquista social de uma vida mais saudável torna as pessoas que
vivem mais propensas a adoecer. Neste sentido, a patologização do envelhecimento
redimensiona a noção de corpo saudável, focando na vitalidade e funcionalidade. A
meta da longevidade é transmitida para a duração da vida saudável, que constitui o
18
conceito de Healthy lifespan. As controvérsias indicam um sentido comum: a velhice é
incompatível com a sociedade atual.
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