Post on 28-Jan-2023
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A ARTE DE MANTER O CASAMENTO
Por: José Carlos Alves de Oliveira
Orientador
Prof. Fabiane Muniz
Rio de Janeiro
2013
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A ARTE DE MANTER O CASAMENTO
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Terapia de Família
Por: . José Carlos Alves de Oliveira
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RESUMO
Este trabalho propõe apresentar a importância do tema A Arte de
Manter o Casamento no âmbito do casal dando um instrumento para equipar
aos que acreditam na força, no prazer e na solidez do casamento. O número
dos que caminhavam sonhando e “tombaram” pelo caminho é grande. Tal
número denuncia que o perigo é real e que o combate é urgente.
Questões importantes e corriqueiras, mas negligenciadas pela maioria
dos casais. Porém, são estas questões, aparentemente inofensivas, que
terminam por causar os maiores estragos na vida conjugal.
A rotina, por exemplo, é um mal que sutilmente se instala na vida do
casal tirando toda a graça da relação; sem um amor aquecido provocando um
desejo ardente de estar próximo ao ser amado, o casamento corre um enorme
risco. O amor, se não tratado, esfria, trazendo insatisfação e insegurança para
a vida conjugal. Também a falta de planejamento a dois é um grave sinal de
perigo para o casamento. Casais se casam pensando em crescer juntos,
construir uma história e conquistar prosperidade que tenha a marca dos dois.
Porém, muitos desistem de planejar junto logo no início do casamento, e
abandonam a ideia de planejarem a dois. Muitos permitem que seus
casamentos entrem neste funcionamento não deixando outra saída a não ser a
separação.
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METODOLOGIA
Este trabalho se faz uso de pesquisa histórica, pois irá descrever a
história dos que já passaram pelo conflito do divorcio e outros que
conseguiram superar revertendo para a felicidade e o sucesso. Fez-se uso da
pesquisa bibliográfica, valendo-se de materiais escritos e publicados por outros
estudiosos do assunto abordado. Dar-se-á também pelo tipo de pesquisa
aplicada, isto porque será caracterizado por um interesse prático, ou seja, os
resultados, se considerados exequíveis poderão ser aplicados e utilizados para
a solução dos problemas, que nesta pesquisa estão sendo abordados.
As técnicas de pesquisa de coleta documental, observação e entrevistas
são utilizadas na execução desse trabalho. O método de abordagem é
hipotético-dedutivo. Este trabalho tem a sua origem e aplicabilidade na área
social.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Sistema Familiar 11
CAPÍTULO II - Primeiro Perigo no Casamento “Rotina” 20
CAPÍTULO III – Segundo Perigo no Casamento “Frieza no Amor” 31
CAPÍTULO IV – Terceiro Perigo no Casamento “Falta de Planejamento Juntos” 37
CONCLUSÃO 47
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 48
BIBLIOGRAFIA CITADA 49
ÍNDICE 50
FOLHA DE AVALIAÇÃO 51
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INTRODUÇÃO
A vida não é generosa com uns e implacável com outros; os que
percebem os sinais e ameaças de perigo, com clareza, se mobilizam mais
cedo, a tempo de salvarem a si mesmos, seus cônjuges e seus sonhos. O
perigo é quando se vive com a falsa sensação de que tudo acabará bem sem
que haja esforço, isto sim é o que retarda o combate aos verdadeiros inimigos
da felicidade conjugal. O “acabar bem”, neste caso, poderá ser apenas a
acomodação em um lugar que incomode menos.
Não pense no casamento como sendo uma bela, segura e florida
estrada. Pense nele como sendo uma estreita trilha à beira de um penhasco;
um caminho sinuoso, sem placas ou mapas, cheio de pedras e ladeado por
serpentes venenosas. Os desafios de uma vida a dois nos fazem imaginar tal
percurso, porém, se você estiver seguindo de mãos dadas com a pessoa
amada, compartilhando sonhos e decepções, alegrias e tristezas, entregando-
se diariamente ao amor, ao carinho e à cumplicidade, sem dúvidas esta será,
então, a melhor e mais prazerosa jornada. Não importa o quanto perigosa e
difícil seja, pois a força do amor não reconhece tais ameaças da viagem. O
amor tudo crê, tudo suporta, tudo pode... o amor nunca falha. Os que seguem
pelas perigosas trilhas da vida conjugal, mergulhados no amor, rendidos
humildemente a ele, fazendo o bem ao outro, prevalecerão diante dos perigos,
caminharão felizes e chegarão em paz.
Sutileza. Esta, certamente, é a maior característica dos perigosos e
destruidores sinais que permeiam e minam uma relação conjugal. São graveis
os sinais que conspiram contra a felicidade no lar e sabotam o plano de
viverem felizes para sempre. Identificá-los e combatê-los com as armas certas,
são ações empreendidas por aqueles casais que não se curvam diante das
ameaças da modernidade e não aceitam outro destino diferente de até que a
morte os separem.
Conflitos. O conflito no casamento em si, não é mau, é até desejado,
pois revela honestidade no comportamento do outro, pois é impossível que
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duas pessoas pensem exatamente igual o tempo todo. Mau pode ser a
maneira de se comportar perante ao conflito.
A maneira segura de encarar os conflitos no casamento é administrá-los
com base no comprometimento e não na paixão, pois esta sofre um
esfriamento diante do conflito não sendo capaz de sustentar o ânimo em busca
da conciliação; ao passo que o comprometimento se justifica exatamente pelos
conflitos; é nele que se acha a força necessária para ir adiante, mesmo com
dor, mas buscando o ajuste desejado, honrando o compromisso assumido no
ato do casamento, caso contrário, não seria necessário o casal fazer aliança.
Casais se separam porque, ou já se casam predispostos a isso, ou
então porque ficam reféns das consequências dos inúmeros conflitos sem se
esforçarem para mudar o destino quer tais conflitos determinam. É preciso sair
de um estado de passividade, onde se vive dominado pelas consequências, e
empreender uma busca por mudanças e saídas criativas para as crises. Crise
serve para destruir um casamento ou para amadurecê-lo e fazê-lo crescer mais
forte. As crises, de forma inevitável, virão a todos os casais, direcioná-las
criativamente para melhorar a harmonia conjugal, vai depender da escolha de
cada casal.
A Rotina no casamento, por exemplo, é um mau a graça da relação;
muitos permitem que seus casamentos entrem neste funcionamento
automático e insosso e depois de estarem nesta situação não veem outra
saída a não ser a separação. Outro sinal de perigo é a frieza no amor. Sem um
amor aquecido provocando um desejo ardente de estar próximo ao ser amado,
o casamento corre um enorme risco, pois muitos desafios numa relação a dois
só podem ser vencidos pela presença do amor. Acontece que o amor, se não
tratado, esfria, trazendo insatisfação e insegurança para a vida conjugal.
Também a falta de planejamento a dois é um grave sinal de perigo para o
casamento. Casais se casam pensando em crescer juntos, construir uma
história e conquistar prosperidade que tenha a marca dos dois. Porém, muitos
desistem de planejar junto logo no início do casamento, outros tentam um
pouco mais, mas também terminam por se cansarem e abandonam a ideia de
planejar as coisas a dois. Este assunto é tratado com muita objetividade e
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análise das causas que leva o casamento ao divórcio. Tem ainda o
Desinteresse sexual que atinge um número elevado de casais que, ao
constatarem tal sintoma em seus casamentos, buscam a satisfação sexual
com outras pessoas que não sejam seus cônjuges. Razão pela quais muitos
estão feridos, envergonhados, e outros ainda abandonados.
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CAPÍTULO I
SISTEMA FAMILIAR
O sistema familiar é como um ser vivo que, assim como a pessoa
individualmente, passa por um processo de crescimento para atingir níveis de
maturidade.
Para atingir esta maturidade, esta evolução, a família enfrenta diferentes
estágios e, em cada um deles, existe uma complexidade de papéis que cada
membro da família terá que desempenhar, uns em relação aos outros.
A família começa com a união de duas pessoas vindas de famílias com
histórias diferentes, ligadas por laços de afeto, de companheirismo, em busca
de amor na vivência da experiência de casal, e que se unem com finalidades
comuns: de compartilhar a vida, construir uma família, educar os filhos e
outras. O desejo de compartilhar a vida ajuda a manter e fortalecer os laços
afetivos. O afeto, por sua vez, desenvolve a parceria e o companheirismo.
Estes são os princípios da vida em família.
A família caracteriza-se por ser um ser uno e particular e um sistema em
mudança, o qual se vai modificando porque se vai adaptando à realidade e ao
tempo. A família é um todo, uma globalidade, em que o todo é mais do que a
soma das suas partes. A família é um sistema que integra subsistemas
(individual, parental, conjugal e fraternal), mas também está inserida em
sistemas mais vastos (comunidade, sociedade). O seu grau de abertura é
variável conforme a sua organização, pois a família possui um dinamismo
próprio e uma capacidade auto-organizativa que lhe conferem individualidade e
autonomia.
As famílias vivem em movimento. São como as pessoas, que passam,
ao longo da vida, por uma série de etapas. Em cada fase, ultrapassam um
desafio e, neste processo, vão aumentando sua autonomia e sua integração
criativa no mundo e fortalecendo as redes sociais.
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Sendo a família concebida como um sistema, à semelhança de um
organismo vivo, esta passa por um processo de desenvolvimento, o qual
engloba a diferenciação estrutural (mudanças na organização relacional) e a
co-evolução (transformações relacionadas com a interação e a comunicação).
Segundo Cerveny1, a família em sua vida passa por quatro fases: da
aquisição, adolescente, da maturidade e fase última. Na primeira fase, a
família vive seu tempo de crescer: no tamanho, na escolha do modo de vida,
na busca de uma casa para morar, na divisão cada vez maior do espaço para
a criação e a educação dos filhos, na convivência com avós, tios, irmãos,
vizinhos, escola e comunidade. Portanto, esta é a fase da aquisição.
Em seguida, vem o tempo em que os filhos já são adolescentes e
geralmente questionam tudo; com força e energia na ideia de mudar o mundo.
Nesta fase, a família não para; ela acompanha este movimento de
questionamento e só tem a ganhar com isso. Normalmente, ao mesmo tempo,
os pais estão com mais ou menos 40 anos de idade, fazendo um balanço de
sua vida e enquanto isso, os avós estão começando a sentir o peso do
envelhecimento. Fase que necessita de abertura para diálogo, para mudanças,
espaço para confrontos, limites gerenciados com possibilidade de negociações
e acordos de convivência. Esta é a fase da família adolescente.
Depois, vem a fase em que os filhos saem de casa para construir sua
própria família ou para estudar, trabalhar, etc. aí, como dizem, o "ninho fica
vazio, pois os pássaros já voam alto". O casal volta a ficar só, muitas vezes em
época de aposentadoria, crise que oferece a oportunidade de reconstruir a vida
a dois. É a fase da maturidade.
Por fim, vem a fase dos pais - agora é a vez dos avós ou bisavós -
serem cuidados pelos filhos: a fase última, que pode se tornar uma fase de
1 OLIVEIRA, A.L., CERVENY, C.M.O. Visitando a fase madura. In: CERVENY.; BERTHOUD,
C.M.E. (Orgs.) Visitando a família ao longo do ciclo vital. 1. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo,
2002, p. 87-126.
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enriquecimento para toda a família, se os avós contarem suas histórias de vida
para os filhos e para os netos.
A reunião de todas as fases forma o ciclo vital da família.
Talvez seja uma novidade, mas é uma constatação: sempre existem
modificações nas famílias que atingem diferentemente cada um dos seus
membros e cada crise oferece oportunidade de crescimento. A família abriga,
portanto, um conjunto de vivências, situações e experiências que convivem e
se confrontam.
O sistema familiar é uma sequencia previsível das transformações na
organização familiar, ou seja, é a evolução histórica da família, a qual implica
as mudanças que ocorrem e tem a ver com o desenvolvimento dos indivíduos
na família.
A família desempenha dois tipos de funções durante o seu ciclo vital:
função interna (desenvolvimento e proteção dos seus membros) e função
externa (socialização, adequação e transmissão de determinada cultura). Ao
mesmo tempo, tem também que resolver com sucesso duas tarefas básicas: a
criação de um sentimento que pertença ao grupo e a
individualização/autonomização dos seus membros.
O sistema familiar processa-se através de estádios, diferenciando fases
ou etapas, no que alguns autores designam por "carreira familiar", a qual se
desenvolve a dois níveis: indivíduo/grupo familiar e família/meio sociocultural.
Na abordagem da família, o tempo surge associado às tarefas do
desenvolvimento da mesma, não sendo um tempo especificamente
cronológico, mas sim um tempo processual, o qual se expressa no ritmo dos
dias e das fases por que cada família vai passando.
Na Articulação Do Espaço\Tempo Família Destacam-Se Dois Eixos:
1. Eixo sincrônico (do espaço familiar, eminentemente relacional), no qual
se encontram em equilíbrio a individualização e a socialização dos
membros da família. Revela-se nas relações entre os elementos e nos
modos de comunicação por eles privilegiados.
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2. Eixo diacrônico (do tempo familiar, eminentemente histórico), no qual
surge como fundamental o desenvolvimento da família. Observa-se na
história da família, no desenrolar do seu dia-a-dia e no seu ciclo vital.
Em cada um destes eixos a família apresenta movimentos de abertura e
fecho que possibilitam um equilíbrio dinâmico. À medida que o tempo vai
passando, as relações vão-se organizando diferentemente. Por exemplo, o
jovem casal, que criou o seu modelo de relacionamento, vai sentir necessidade
de alterar (mudança nos aspectos do eixo sincrônico) quando os filhos nascem
(nova fase do sistema familiar, avanço no eixo diacrônico).
A família enfrenta diversas mudanças em sua configuração e estrutura,
no entanto, o casamento continuou sendo um momento significativo do ciclo
vital individual e familiar. O sistema familiar se manteve mais voltado para o
equilíbrio emocional de seus membros, sendo que a defesa do patrimônio não
era mais sua função primeira. Além disso, esse sistema se reduziu e fechou-se
em si, valorizando muito os tipos de vínculos que se formavam dentro dele,
enfatizando e se originando no relacionamento conjugal, tendo como um dos
vértices mais importantes a criança, que nascia e era formada dele, e seria sua
continuadora.
Nesse tempo, a escolha do esposo era livre, havendo um movimento de
direção contrária, já que os pais deviam aceitar o que a geração mais nova
determinava para si mesma. Os filhos afirmavam que eles tinham o poder e o
direito de saber com quem queriam conviver, talvez, para o resto de seus dias,
mas, muito provavelmente, não para sempre.
Embora a maternidade, nas últimas décadas, venha sendo deixada prá
trás pela mulher, em função de uma preocupação maior com a realização
profissional e por questões de ordem econômica a família ainda é muito
presente na vivência da maioria dos casais. Os casais consideram não só a
maternidade, mas também a decisão de se casar, a independência feminina e
o aspecto financeiro, ocasionando um planejamento e uma deixada prá trás no
casamento.
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No final dos últimos tempos, a ideia de casamento indissolúvel já não
era a única forma de conceber os relacionamentos conjugais, pois eram muitos
os casais que, por exemplo, decidiam viver em união não formalizada, ou
mesmo os que casavam, mas permaneciam morando em locais separados.
Alguns fatores, como um aumento da individualidade e de uma diminuição da
tolerância frente às dificuldades inerentes ao cotidiano, levariam os casais a
optar pela separação. Sob esse prisma, os relacionamentos adquiriam uma
nova perspectiva, sendo vividos como temporários e descartáveis.
A crise do divórcio
Divórcio é um momento de crise importante na vida da pessoa. Em
geral, ocorre uma reação de luto pelo fim da união, por pior que esta estivesse
antes da separação. Fala-se de luto pela tristeza decorrente da perda do
casamento tristeza que pode iniciar antes mesmo da separação definitiva. A
maioria das pessoas relata sentimentos de depressão e angústia intensa,
relacionada a dúvidas e mudança constante no humor na época do divórcio (às
vezes alegre, eufórico, às vezes triste, outras irritado). Apesar de uma
separação poder ocorrer de forma rápida, estudos mostram que o processo de
recuperação psicológica da crise do divórcio leva cerca de dois anos para ter
uma resolução satisfatória, quando se torna possível que o ex-cônjuge seja
visto de modo neutro (sem raiva ou rancor intenso ou, por outro lado, quando
deixa de ser visto como “uma paixão insubstituível e perfeita”), com cada um
dos separados aceitando sua nova identidade de pessoa solteira ou
descasada.
Divórcio e tratamentos psicológicos
Sendo o divórcio uma crise importante na vida das pessoas que o
enfrentam, muitos procuram algum tipo de tratamento psicológico em
decorrência do mesmo, seja antes, durante, ou após a separação. A maioria
das pessoas, contudo, não o fazem, seja por não sentirem necessidade, seja
por falta de condições (ou não possuírem algum tratamento acessível) ou por
falta de conhecimento a respeito de auxílios psicológicos. Além disso, muitas
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vezes, no senso comum, existe a ideia de que tratamentos psicológicos
(psiquiátricos, psicoterápicos ou psicanalíticos) fazem com que a pessoa que
se trata termine por se separar. Entretanto, tratamentos psicológicos bem
orientados objetivam reduzir as perturbações no relacionamento, muitas vezes
favorecendo a manutenção do casamento e o enriquecimento do vínculo
afetivo do casal. Além disso, muitas pessoas podem sentir necessidade de
tratamento após a separação, justamente pela perda que esta envolve, ou
pelas modificações de vida decorrentes da mesma. Por último, no casamento
podem ressurgir problemas psicológicos de um ou de ambos os parceiros
anteriores ao próprio casamento, mas que se exacerbam durante a vivência a
dois ou em família.
Sofrimento
O sofrimento humano é o tema mais polêmico que tem sido discutido
por filósofos, psicólogos, sociólogos, historiadores e teólogos, também o
discutem os curiosos. Na percepção do sofrimento psíquico à luz da
psicanálise, parece evidente que aquele que busca auxílio psicanalítico está
sofrendo no plano psicológico; caso contrário, porque iria consultar um
psicanalista? Mas, apesar de tudo, essa condição é preenchida.
Segundo Joyce Mc Dougall, psicóloga psicanalista da escola inglesa, diz
em seu livro “teatros do corpo”2 que deve levar em consideração indivíduos
que reagem ao sofrimento psicológico através de manifestações
psicossomáticas no próprio corpo, mas também a potencialidade
psicossomática ou parte psicossomática de cada individuo. Ou seja, todos têm
tendência a somatizar (dic. Houaiss: manifestar problemas orgânicos em
consequência de conflitos psíquicos, nervosismo, depressão) toda vez que as
circunstâncias internas ou externas ultrapassam os modos psicológicos de
resistência habituais. Ocorre frequentemente também que certos fenômenos
psicossomáticos, assim como certas tendências a adoecer fisicamente,
desaparecem como efeito secundário inesperado do tratamento psicanalítico,
2 MC DOUGALL, Joyce. Teatros do Corpo. O Psicossoma em Psicanálise. Tradução: Pedro
Henrique Bernardes Rondon. 1 Ed brasileira – São Paulo: Editora Martins Fontes, 1991. p 1-12.
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às vezes sem ter sido feita a investigação específica da significação subjacente
de tais doenças na economia psíquica.
O conflito no casamento é igual óleo na pista, tem que passar por ele
com prudência para não causar acidente.
Diante de todas as transformações sociais e suas repercussões nas
relações familiares, o laço conjugal foi alvo de intensos questionamentos. Ao
mesmo tempo em que algumas pessoas o consideravam como um
relacionamento fadado ao fracasso, outras continuavam acreditando que ele
era a melhor forma de viver um relacionamento a dois. Assim, a união das
pessoas, através do casamento, ainda parecia ser a alternativa mais frequente
no estabelecimento de um relacionamento conjugal estável. Era comum que,
mesmo aquelas pessoas que se divorciavam, voltassem a se casar,
acreditando ser possível encontrar a satisfação com um novo parceiro.
As relações conjugais atingiram sua maturidade representando,
verdadeiramente, um ato de vontade, regidas pelas necessidades e anseios de
prazer e realização estabelecidos livremente pelo casal. O casamento por
amor se consolida, reunindo liberdade de escolha, ternura, amizade,
concepção e prazer sexual, sinalizando que essas relações eram constituídas
em torno da construção das identidades dos cônjuges. O compromisso, nestas
relações, era o de sustentar o desenvolvimento individual e a relação se
manteria enquanto fosse prazerosa e útil para cada um. Todavia, quanto maior
fosse a busca de autonomia individual, no âmbito do casamento, mais o casal
poderia se fragilizar. Percebe-se que essa fragilidade do casamento abalou as
estruturas e as dinâmicas familiares, originando a multiplicação de casais
jovens não casados legalmente, o aumento de divórcio e a diminuição do
número de filhos no casamento.
Essas transformações que ocorreram com o casamento se deram em
consequência do espaço que a mulher passou a reivindicar e ocupar, através
do seu processo de emancipação. De parceira passiva na sociedade conjugal,
a mulher passou a ter expressão na força de trabalho, participando de
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atividades antes reservadas ao homem. Além disso, valores tradicionais como
respeito, obediência, submissão, delicadeza no trato, pureza e capacidade de
doação, que eram considerados atributos fundamentais e definidores do
homem e da mulher. Por isso o sistema familiar é como um ser vivo que, assim
como a pessoa individualmente, passa por um processo de crescimento para
atingir níveis de maturidade, a família caracteriza-se por ser um ser uno e
particular e um sistema em mudança, o qual se vai modificando porque se vai
adaptando à realidade e ao tempo.
Segundo Carlos “Catito”3, vivemos em uma época em que o matrimônio
deixou de ser um pacto entre duas pessoas que motivadas pelo sentimento de
amor e ternura uma pela outra, resolvem construir juntas suas vidas, apoiando-
se mutuamente e tornando-se a âncora do desenvolvimento da autoestima da
outra.
Hoje o modelo do concerto de casamento é muito mais similar a um
contrato comercial, no qual os contratantes procuram extrair para si o máximo
de vantagens com o mínimo de compromisso, tendo obrigatoriamente aberta a
cláusula do rompimento como uma possibilidade, caso o acordo não funcione
a contento para qualquer uma das partes.
Em nossa sociedade do divórcio fácil e dos relacionamentos
descartáveis, na qual impera a “Lei de Gerson”, falar em uma instituição na
qual se pretenda entrar “para o resto da vida” pode ser uma perspectiva
assustadora para nossos jovens, cada dia mais imaturos e despreparados para
a vida adulta. (Por isso mesmo a cada dia permanecem mais tempo na casa
dos pais.).
Entretanto precisamos ensinar a nossos jovens e muitos de nossos
adultos que a relação conjugal não pode ser entendida a partir da perspectiva
de um contrato comercial. Antes a visão que devemos ter da relação conjugal é
a de um “organismo vivo”, que tem em si toda uma dinâmica própria de
nascimento, crescimento, amadurecimento e morte, de forma natural, como
todo sistema vivente.
3 Carlos “Catito” Crzybowski. Como se Livrar de Um Mau Casamento (Introdução). Ultimato, 2005.
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Cada etapa do relacionamento tem suas características próprias, bem
como as demandas e os conflitos naturais do processo de passagem de uma
etapa à outra. Estes, em vez de desestruturarem a relação, devem ser vistos
como degraus de crescimento, que nos impulsionam a vivermos de forma mais
plena e saudável.
Dentro do sistema familiar nas últimas décadas, este processo foi
amplamente estudado por pesquisadores e profissionais que trabalham
diretamente com o bem-estar da família. Terapeutas familiares, psicólogos e
conselheiros matrimoniais nos ensinam que muitas das crises que paralisam
os casais no crescimento de sua intimidade são, em última instância, crises de
passagem, e que é necessário passar por elas para que haja um crescimento
efetivo. É como despir a roupa que ficou apertada na criança que cresceu e
vestir outra, mais adequada ao seu momento de vida.
O crescimento é uma lei da vida, ordenada por Deus no primeiro
capítulo do primeiro livro da Bíblia: “Sede fecundos, multiplicai-vos” (Gênesis
1.28)4. Se um organismo não cresce, ele definha e morre – com o casamento
também é assim. Por isso os casais devem constantemente estar atentos às
mudanças decorrentes do processo natural desse crescimento.
Nenhum casamento está garantido pelo tempo. Independente do nome
das bodas que vai se comemorar, é necessário continuar investindo na relação
a cada dia. Porém, o investimento precisa ser certo, caso contrário não terá
eficácia e só cansará os cônjuges. Para agir na direção certa é preciso saber
qual área precisa de mais atenção, e isso será possível na medida em que o
casal perceber os perigos no casamento.
4 Bíblia de Estudo Plenitude. Barueri – SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2001. Traduzida em Português por João Ferreira de Almeida. Edição Revista e Corrigida, 1995. p. 5.
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CAPÍTULO II
PRIMEIRO PERIGO NO CASAMENTO
ROTINA
Rotina é aquilo que se repete, onde não há surpresas; é um modo de
agir incorporado no comportamento e feito da mesma maneira todos os dias.
Há uma rotina boa, que ajuda a organizar a vida: os hábitos religiosos, o
funcionamento da família com a definição dos papéis de cada um de seus
membros, os hábitos profissionais, como cumprimento de horário, obrigação
de comparecimento no local de trabalho, etc. Esta rotina é boa, pois ela cria
um comportamento homogêneo que protege da anarquia que nos emoções
tentam implantar. Por exemplo, se não fosse a obrigação de cumprir uma
rotina de trabalho todos os dias no mesmo horário, da mesma maneira, se
correria o risco de não comparecer ao local de trabalho quando estivesse
cansado ou aborrecido com o chefe ou quando estivesse chovendo, etc.
Esta rotina cria e fortalece uma estrutura de vida que mentem a sua
segurança e a da sua família.
Existe, porém, a rotina perigosa, maléfica. É aquela que se instala no
casamento, tirando totalmente, ou em parte, a graça do relacionamento
conjugal. Esta vai pouco a pouco dessangrando o convívio conjugal
provocando uma perda de energia deixando a existência sem graça.
Ela ameaça a capacidade de se emocionar e se alegrar com o cônjuge,
pois o funcionamento automático no relacionamento faz com que o ambiente
fique triste, sem cor, sem calor. Mesmo juntos, os cônjuges não se alegram,
pois é como se não estivessem ali. Tudo ao redor termina por ficar triste
também. É como diz um trecho da música “A praça” cantada por Ronnie Von:
“A mesma praça, o mesmo banco, as mesmas flores o
mesmo jardim, tudo é igual, mas é tão triste, porque não
tenho você perto de mim”.
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Esta música denuncia uma situação triste e perigosa, pois apesar de
tudo estar tão belo ao redor, ao mesmo tempo tudo é tão triste pela falta da
pessoa amada por perto. A rotina no casamento cria de algum modo, essa
ausência do outro, mesmo com ele por perto.
Percebam que o problema não está ao redor, ou seja, não é por causa
da casa, dos filhos, da condição financeira, ou outras coisas mais que
poderiam ser vistas como barreira à felicidade, e sim pela ausência do outro.
Muitas vezes o outro está por perto, mas ausente por conta da rotina que se
instalou e tirou o calor e a emoção do convívio.
Funciona mais ou menos assim: O marido chega em casa na mesma
hora entra pela mesma porta com a mesma cara de pobre cansado faminto;
sua esposa está na mesma pia lavando louça, com a mesma roupa furada,
encardida, desalinhada, o cabelo é aquele mesmo dos dias de semana; o
cheiro, uma mistura de cebola com detergente; no rosto a expressão de mãe
dona de casa exausta. Às vezes tem um “boa noite!”. Às vezes não, ele vai pro
chuveiro, ela arruma a janta dele (porque ela já jantou). Enquanto ele janta, ela
assiste a novela. Na hora de ir para a cama vai um de cada vez, se vão juntos
é porque hoje é dia de sexo, pois já faz algum tempo que não praticam e estão
sentindo vontade. Antes de a relação começar tem um excitante diálogo, ela
reclama das crianças, ele do trabalho e do trânsito. Então, tiram a
“embalagem” rapidamente, fazem a mesma coisa do mesmo jeito no mesmo
tempo e viram-se para o lado da mesma maneira e dormem. Assim passam os
dias, os meses e os anos. Tudo é sempre a mesma coisa todo dia, e eles não
percebem isso; cada um acha que está fazendo bem sua parte, apenas
sentem os efeitos da mesmice, mas não conseguem percebê-la.
Há uma cultura errada de que marido e mulher têm que atender
exigências formatadas e padronizadas, que cabem a cada um no casamento e
pronto. Parece até uma proposta acertada, pois de fato existem papéis a
serem desempenhados por cada cônjuge, que envolvem atividades repetitivas.
Porém, a grande questão é: Como desempenhar tais papéis sem que o
casamento entre numa rotina entediante?
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Tradicionalmente, a maioria dos casais incorpora o seguinte modelo: se
a esposa não trabalha fora e cuida do lar, preocupa-se apenas em deixar tudo
bem arrumado e zelar para que não falte comida pronta na hora certa, toalha,
shampoo, sabonete e papel higiênico no banheiro; se tem filhos, que estes
estejam limpos, alimentados e seguros e que o marido tenha assistência
sexual da sua parte com uma frequência que ele não reclame. Muitas
mulheres desenvolvem este modo de viver como sua (pesada) e suficiente
parte no casamento, e assim vivem os seus dias, extremamente cansadas,
beirando a exaustão e, infelizmente muitas delas, apesar de darem conta de
tudo isso, se veem cercadas pelos fantasmas do adultério, separação e
divórcio. E muitas terminam vendo o fim de seus casamentos, apesar de todo
o esforço.
Os homens também têm, mais ou menos, um roteiro de
responsabilidades a cumprir: trabalhar duramente para que não falte alimento,
saúde, roupas, educação, lazer, moradia, previdência, atenção aos filhos e
assistência sexual à esposa.
É importante destacar que não há nada de errado nestas tarefas e
responsabilidades, pelo contrário, ao fazer uma aliança com outra pessoa, o
cônjuge está assumindo o compromisso de desempenhar bem o papel que lhe
cabe na relação. Perigoso é depositar a plena confiança de que a felicidade
conjugal estará garantida pelo fato de tais tarefas serem cumpridas, pois as
mesmas, com o tempo, se incorporam no dia-a-dia do casal, atendem as
necessidades básicas, mas não acrescentam nenhuma novidade. Embora
sejam imprescindíveis para a manutenção do casamento, mas terminam por se
tornarem numa simples repetição de atividades. Viram rotina.
Muitos casamentos entram em um funcionamento previsível,
automático, onde não há surpresas. A vida vira uma repetição de movimentos
e precisa de um esforço muito grande para que os papéis de marido e mulher
sejam cumpridos com alguma emoção. A existência perde a graça, a poesia
que tempera a vida a dois vai deixando de existir. Belezas naturais como sol,
lua, estrelas, flores, pássaros, praia, montanhas, são desperdiçados, pois não
entram na programação, nem são notados. A rotina tomou conta, as novidades
23
não existem e as surpresas não fazem parte daquele casamento; aquelas
surpresas que os namorados gostam de fazer, aquelas surpresas que causam
impacto no outro deixando-o sem palavras ou ação...
Logicamente que não é necessário inventar coisas novas, mas usar
coisas que já existem e que ainda não fazem parte do dia-a-dia do casal. Por
exemplo, se a mulher preparar o jantar preferido para o marido e usar sua
criatividade para enfeitar a mesa, oferecendo-se ela própria como companhia
agradável, bem arrumada, perfumada e que naquela noite não vai tocar em
assuntos desagradáveis, isto não vai mexer necessariamente no orçamento da
família, porém surtirá um efeito que perdurará por um bom tempo. O marido,
por sua vez, poderá surpreender sua esposa com algo que ela aprecia muito.
Pode ser um presente ou um passeio, mesmo simples, mas o fato dele
dispensar algo que só agradaria a ele como ver televisão, ajeitar o carro, ficar
parado em casa sem fazer nada, etc. A mulher vai se sentir importante, o
casamento ganhará nova energia e ambos desfrutarão os benefícios deste
investimento, simples, porém com uma capacidade enorme de fortalecimento
da vida conjugal. Que tal um café na cama sem que o outro esteja doente? Um
bilhete no espelho do banheiro sem que seja uma data especial? E tantas
outras coisas simples, fáceis de realizar e que tiram a fatídica e perigosa
previsibilidade da vida conjugal. As coisas simples, as que estão ao alcance de
todos, são as que mais têm a capacidade de fazer feliz. É fundamental, para
que a relação permaneça sempre prazerosa e agradável, que marido e mulher
se esforcem para dar ares novos ao casamento, os cônjuges merecem!
Precisam!
É importante salientar que para sair da rotina não precisa ser,
necessariamente através de surpresas de um dos cônjuges; pode ser algo
combinado pelos dois, como, por exemplo, caminhar na praia, quando isso já
não for um hábito dos dois, assistirem a um bom filme romântico juntos,
mesmo em casa, mas fazendo daquele ato um momento especial só para isso;
sem telefonemas, sem amigos, sem parentes, sem filhos, somente o casal. A
intenção é que a atividade escolhida seja exclusivamente voltada para o
relaxamento das tensões do dia-a-dia e aproximação dos dois.
24
Muitos não acreditam, mas a rotina no casamento tende a acomodar os
cônjuges como se fossem irmãos ou simplesmente amigos, e isto não é
suficiente no casamento. Não basta fazer o trivial é preciso inovar. Uma mulher
faz falta para o homem no papel de mulher e não apenas de amiga, assim com
um homem faz falta para a mulher no papel de homem e não apenas de um
amigo.
A rotina, vida sem novidades, sem motivação, sem romantismo é um
sinal de perigo no casamento. Os cônjuges que identificarem seus casamentos
desta maneira precisam urgentemente cuidar disso. Surpreenda, quebre a
rotina, respirem outros ares, façam coisas diferentes a dois, visitem lugares
diferentes, separem tempo para ficar juntos sem os filhos conversando e
andando juntos por um parque, praça, na areia da praia, etc. Leve uma rosa
pra sua mulher, ponha maquiagem mesmo que não vá sair de casa só para
seu marido, dedique um dia no mês para fazer o que o outro quiser, sejam
criativos. Transformem a estrada que os conduzem para o “até que a morte os
separe” em um trajeto cheio de prazer a cada dia. Fujam da rotina no
casamento.
Os casais que não atentam para isso correm o risco de acomodarem o
casamento em um estado “insosso”, onde poderão até manter as aparências,
mas por dentro, serão como um móvel visitado por cupins chega um momento
em que as fachadas caem, e como têm caído fachadas por aí.
O que vai mudar este conflito:
Um primeiro cuidado que se deve ter é em relação ao outro, pois
quando se tem raiva da rotina, sendo ela subjetiva, a raiva normalmente é
canalizada ao cônjuge, pois, presume-se ser ele o culpado pela rotina. É como
o presidiário que tem raiva do carcereiro, na verdade ele tem raiva da prisão,
mas o carcereiro simboliza a prisão, então, é preciso ter cuidado, pois no caso
da rotina no casamento, o cônjuge é quem simboliza a rotina.
Sendo o cônjuge quem simboliza a rotina, o esforço é empreendido
erradamente, no sentido de mudar o outro, normalmente com críticas, e isso
termina por aumentar o problema, pois a crítica como instrumento de provocar
25
mudança no outro não funciona, ou então funciona como uma tentativa de
imposição. Muitos acham que ao criticarem o cônjuge estão ajudando a
melhorar a relação, mas o efeito pode ser exatamente ao contrário. Neste
caso, a crítica só ajuda se for solicitada, e mesmo assim, vai depender muito
da maneira como se critica.
Muitos casais se separam, não por que o amor acabou, e sim porque
deixaram a rotina tomar conta da relação e não suportaram a maneira
mecânica de se relacionarem, ou então porque tentaram mudar a rotina de
forma errada.
Normalmente, no caso de rotina, os casamentos acabam porque um fica
esperando o outro mudar e, como não acontece, vem o cansaço e o fim da
relação.
A primeira dica quanto a resolver a questão da rotina, é saber
diferenciar a boa da má rotina. A boa rotina é aquela que está dando certo, a
que está produzindo resultados desejados, como por exemplo: Esperar o
cônjuge para fazerem as refeições juntos, levar o cônjuge ao portão na hora
em que este sai para o trabalho, receber o cônjuge com um sorriso e um beijo
quando este chega em casa, telefonar para saber como está o seu dia (neste
caso deve-se ter o cuidado para não se tornar inoportuno, pois isso pode
passar a impressão de que se quer controlar o outro), tudo deve ser feito na
dosagem certa, telefonar para informar de uma mudança de horário ou de
planos e coisas semelhantes a estas. Estas são ações que se incorporam ao
dia-a-dia do casal e fazem bem. Eu as chamaria de boa rotina.
A má rotina é aquela em que os procedimentos não produzem
resultados satisfatórios, ou não apresentam motivação para uma ação
desejada. É o previsível que não acrescenta mais atrativos.
Mulheres que querem surpreender o marido:
Uma boa dica para as mulheres que querem surpreender seus maridos
é a mudança no visual, sim, porque os homens valorizam muito a aparência,
faz parte da formação do macho ser atraído pelo visual da fêmea. Assim, as
mulheres devem valorizar este aspecto em suas vidas. Uma novidade no
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cabelo, corte, cor, penteado; ficar atenta para aquilo que o marido admira. Tem
homem que gosta da mulher com cabelos compridos, então neste caso, cortá-
los pode não surtir o efeito desejado. Mudar o estilo de se vestir, pôr mais
feminilidade no visual, vestidos, saias, maquiagem, sempre tomando cuidado
com o exagero. É preciso ter bom senso e procurar ajuda. Existem
profissionais que se especializam em ajudar na composição do visual. Caso
não disponha de recursos para consultar um desses profissionais, pode-se
recorrer a amigas que tenham mais habilidade com este assunto, veja as dicas
nos programas de televisão, leia o que dizem as revistas, etc. De qualquer
maneira, é importante que a mulher se esforce para atrair a atenção de seu
marido para uma novidade que ela tenha preparado para ele. Atenção, lembre-
se que é para ele, porque existem mulheres que se esforçam para aparecerem
bem para os outros e não para seus maridos, é importante que este empenho
seja no sentido de mudar a rotina no casamento. Se o marido gosta de assistir
o futebol na TV, sente-se ao lado dele com um perfume bem gostoso, com
mãos macias e cheirosas, faça-lhe carinhos e deixe que tais mudanças
chamem a sua atenção. Não fique frustrada se ele não disser nada ou parecer
que não notou, têm homens que fazem o tipo “durão”, outros são tímidos, mas
eles notam sim e ficam muito felizes e esta felicidade, mesmo não externada, é
uma dose a mais de “vitamina” para o casamento.
Outra dica é quanto as tarefas e horários. “Abandone” as tarefas
domésticas de vez em quando para dar atenção exclusiva ao marido, mande
os filhos para a casa de alguém (que você confie) e dedique-se somente a ele.
Lembre-se: sua casa vai sujar todos os dias e você poderá limpá-la quando
quiser e ela ficará bem limpa, mas um casamento mergulhado na monotonia,
onde o marido tenha a impressão que a limpeza da casa ou das roupas são
mais importante do que ele, pode ter um custo maior para recuperar. Então,
neste caso, deixar a casa suja de vez em quando é inteligente. Lembre-se
também que seus filhos só estão com você até poderem sobreviver sozinhos,
esta é a dinâmica da vida, eles vão crescer e casar, ou mesmo que não se
casem assim que cresçam, eles vão querer viver a vida deles. Você não deve
tentar impedi-los. Mas seu marido não terá mais a opção de viver sem você ao
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seu lado. É bom que nem deseje isso, portanto, valorize-o, comece a treinar a
viver um pouco mais distante dos filhos e mais junto ao marido (logicamente
que dependendo da idade dos filhos). Há casais que se separam logo que os
filhos saem de casa pelo fato de não saberem viver juntos; não construíram
uma relação prazerosa a dois, viveram em função dos filhos, então, ficarem
juntos sem a presença dos filhos torna-se em um pesado fardo. Isto não é tudo
que você pode fazer para mudar a rotina no seu casamento, mas já é um bom
começo. Use a sua criatividade.
Outra questão é no aspecto da vida sexual do casal. No início, a aliança
do casamento tem no sexo um forte apelo para ambos. É quando os cônjuges
se entregam um ao outro com uma grande demonstração de interesse nesta
área. A aliança se fortalece com o desenvolvimento da intimidade dos dois.
Depois de um tempo, vem a preocupação com a casa, com a carreira
profissional, depois os filhos, e então, sem perceber, a mulher vai deixando a
área sexual em segundo plano. Neste momento o marido pode desenvolver a
sensação de que a aliança está sendo quebrada. Não relaxe quanto à
frequência, a qualidade e as surpresas na vida sexual no casamento, pois no
que depender do homem, esta área receberá sempre muita atenção.
A mulher deve desenvolver sempre a arte de seduzir seu marido.
Maridos que querem surpreender a esposa:
E você maridão? O que fazer para mudar a rotina? Primeira dica: faz
parte da formação da mulher valorizar a gentileza, a educação, o carinho e a
demonstração de afeto. Toda mulher tem a necessidade de receber tais
tratamentos. Este comportamento chama a atenção da mulher, desperta nela o
desejo pela relação. Se o homem é atraído, principalmente, pela sedução de
sua mulher, a mulher, de igual modo, é atraída pelo romantismo, pela poesia,
pela música, pela gentileza, pelos cuidados dispensados a ela, pelos elogios e
principalmente pela atenção dedicada a ela. Que tal começar por colocar sua
mulher em primeiro lugar na sua vida? Talvez você pense que já faz isso, e
uma boa maneira para avaliar se faz ou não, é comparar o tempo e o gosto
com que você realiza algumas coisas que os homens valorizam muito. Vamos
28
começar com o futebol e sua mulher, por qual dos dois você demonstra mais
motivação? Para avaliar a impressão que você passa à sua mulher, compare
as vezes que você reclama de cansaço para ajudá-la em alguma atividade com
as vezes que você dispensa o futebol pelo mesmo motivo.
Talvez você não aprecie futebol, neste caso, vamos tentar o carro. Por
qual dos dois você demonstra mais cuidado, investimento e atenção? É só
analisar o esforço que você faz para comprar um equipamento novo para o
carro com o que você faz para dar um presente à sua mulher.
Bom, nem todos os homens são loucos por carro, então, que tal um
bom papo com os amigos? Verifique o quanto você fala e dá boas risadas com
os amigos e compare com o tanto que você gosta de conversar e sorrir com
sua mulher.
Nem todos os homens param em rodas de amigos, então, pense no seu
lazer preferido: pescar, dormir, ler, assistir a TV, envolver-se em trabalhos
religiosos, dar assistência a parentes, etc.
Muitos casamentos enfrentam dificuldades porque os maridos não
dispensam às mulheres a atenção de que elas necessitam, não colocam suas
mulheres em primeiro lugar. Homem gosta de sedução por parte de sua
mulher, mulher gosta de carinho e atenção por parte de seu marido.
Os homens erram ao não dispensarem a devida atenção às suas
mulheres. Quando, porém, têm vontade de ter relações sexuais, procuram
suas mulheres e tão logo se satisfaçam, voltam-se para o mundo paralelo do
silêncio e do aparente descaso. Dê tempo de qualidade para sua mulher,
surpreenda-a, atraia-a e lhe conquiste mais vezes. Atenção, carinho, cuidados,
presentes, passeios, ou seja, novidades é disso que estamos falando: de
quebrar a perigosa rotina no casamento antes que seja tarde.
Críticas e cobranças não consertam casamento e nem melhoram a
rotina.
Uma mulher casada deseja, e precisa, tanto quanto uma solteira, ser
cortejada, mimada e reconquistada pelo seu marido.
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Para dar atenção e carinho à sua mulher não precisa, necessariamente,
gastar dinheiro, agora se puder gastar um “qualquer” de vez em quando, não
faz mal a ninguém, faz é bem.
Um homem precisa enxergar na sua mulher o potencial feminino a ser
despertado.
O poeta francês Lamartine passava horas a fio olhando o mar; indagado
se não se cansava de olhar a mesma coisa respondia: “Não entendo como
vocês olham para o mesmo lugar que eu e não enxergam o que enxergo.” Ao
olhar para o seu cônjuge, enxergue além do que os seus olhos podem ver,
enxergue o potencial a ser despertado para uma vida mais dinâmica e mais
prazerosa.
Sair da rotina deve ser uma estratégia dos dois, um programa a dois
sempre dá bons resultados, desde que se dediquem um ao outro.
Certa pessoa precisou ajudar um amigo num certo final de semana e
quando foi falar com ele, recebeu a seguinte resposta: “Este final de semana
prometi à minha mulher que a levaria a um passeio, mas se precisar de mim
pode ligar, pois vou deixar o celular ligado”. Então respondeu pra ele este
amigo: Se você atender o celular para este assunto, vai quebrar a promessa
que fez à sua mulher, pois ela esperou tanto tempo e, certamente, criou a
expectativa de que terá sua atenção total. Ele o agradeceu pelo “toque”. São
coisas tão simples, parecem sem importância, mas os cupins também parecem
não incomodar muito, até o dia em que a casa cai.
Uma mulher estava muito triste com seu casamento; depois de muito
conversar com seu marido, sem que se entendessem, a separação parecia ser
o único caminho. Num certo dia, um amigo do casal perguntou a ela o que ela
gostaria de pedir a seu marido. Ela respondeu que seu desejo seria voltar ao
quiosque onde se conheceram e comeram peixe naquele lugar. O marido
achava uma besteira e, muito embora amasse sua esposa, não lhe parecia
que tal desejo atendido surtiria muito efeito, mas, seguindo o conselho do
amigo, levou a esposa ao lugar desejado por ela. O casamento deles sofreu
uma mudança da “água para o vinho”; surpreendentemente, aquele desejo que
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parecia sem muito sentido, deu novo impulso na relação conjugal, e, agora, a
cada dois meses eles vão comer peixe lá.
Quando foi a última vez que vocês fizeram alguma coisa pela primeira
vez? Aprendam quebrar a rotina. Tem muita coisa nova ainda por fazer a dois.
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CAPÍTULO III
SEGUNDO PERIGO NO CASAMENTO
FRIEZA NO AMOR
Antes de falarmos em frieza no amor é preciso ter, ainda que em tese, o
conceito de amor. Muitas são as tentativas de explicar este ato: amar. Porém,
a grandeza do amor o coloca em um patamar inacessível às análises
humanas. Seus desdobramentos são tão grandiosos, múltiplos e complexos
que não podemos atingi-los. Para se ter uma ideia dessa grandeza e
complexidade, a Bíblia diz que “Deus é amor”. Ninguém consegue definir Deus.
Amar é ter o desejo, a vontade e empreender o esforço necessário para
fazer o outro feliz, sem desejar nada em troca. É sentir prazer por ver a
felicidade da pessoa amada. Interessar-se pelos interesses do outro. Isto é
amor.
“O amor é sofredora, é benigna; o amor não é invejosa; o
amor não trata com leviandade, não se ensoberbece, não
se porta com indecência, não busca os seus interesses,
não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça,
mas folga com a verdade; ...” (1 Coríntios 13.4,5,6).5
Onde o desejo de fazer o bem é sentimento, e a vontade é a ação
empregada para tal realização. Se existe o desejo de proporcionar felicidade e
este desejo é seguido da ação que proporcionará esta felicidade, sem pedir
nada em troca, isto é amor.
Podemos equacionar o amor da seguinte maneira: desejo de amar +
vontade de amar + atitudes de amor = sentimento de prazer (amor), onde:
Desejo de amar é um sentimento espontâneo (nasce no coração); vontade de
amar é a decisão em fazê-lo, (vem de razão); atitudes de amor são as ações
que caracterizam o amor. O resultado é o sentimento de prazer por estar ao
5 Bíblia de Estudo Plenitude. Barueri – SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2001. Traduzida em Português por João Ferreira de Almeida. Edição Revista e Corrigida, 1995. p. 1190.
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lado do outro. Quando se tem o prazer em estar próximo, sem os demais
ingredientes, o mais provável é que seja paixão, ou atração sexual. Neste
caso, diferentemente do amor, quando o sentimento de prazer acabar, a
relação “morre”, pois faltará a vontade (decisão) de amar e atitudes de amor
(ações que reaquecem o amor), por isso a Bíblia diz “o amor nunca acaba”. A
conclusão que chegamos é que amor é sentimento (desejo), mas é também
vontade (ação). E que a vontade (atitudes de amor) é que vai sustentar o
desejo não deixando que se acabe.
Este trabalho não vai se direcionar ou enveredar pelos caminhos dos
diversos tipos de amor, mas ajudar o casal a identificar se há sinais de frieza
no amor em seu casamento baseado no entendimento acima.
O verdadeiro amor não se resume num sentimento de atração muito
forte. Isto é paixão, ou atração sexual. Muitos, erradamente, chamam tais
sentimentos de amor, e de vez em quando causa surpresa finalizando com
casais que se “amavam” tanto, sendo vitimados pelo divórcio ou pela
indiferença conjugal. A paixão, a atração sexual ou outros sentimentos
similares, não suportam as pressões que vêm sobre um casamento, somente o
amor é forte o suficiente para crer, esperar, renunciar, suportar e finalmente
erguer o troféu da vitória conquistado nos embates enfrentados diariamente
pelos cônjuges em um relacionamento conjugal.
A partir desta ideia, fica mais fácil a identificação dos pontos de frieza no
amor na vida conjugal. Cada cônjuge deve avaliar até onde seu desejo de
fazer o outro feliz está presente e, se existe a vontade, isto é, a ação, o esforço
para fazer, de fato, o outro feliz. A falta deste sentimento e desta ação é um
perigoso sinal na vida conjugal.
Pode-se identificar o esfriamento do amor em alguns sinais, como por
exemplo: Expressões de tristeza no cônjuge que passam sem serem notadas,
visitas ao médico que não contam mais com o interesse do cônjuge pelo
diagnóstico, muito trabalho de um dos cônjuges que não desperta mais a
misericórdia do outro, o surgimento de uma ocupação sempre que o casal tem
a oportunidade de ficar junto, etc.
33
Uma das características mais claras do amor é o prazer em estar junto,
mesmo em silêncio num momento de leitura, apreciando uma paisagem,
viajando, etc.
Quando há amor, a presença do outro alegra o momento e traz
motivação diante dos desafios e encorajamento nas dificuldades.
Uma tarefa difícil e cansativa é executada com mais prazer pela
presença da pessoa amada por perto.
A falta de motivação para cuidar e dar atenção ao cônjuge, é um sinal
de esfriamento do amor e quando o amor esfria, cria-se um ambiente hostil,
frio, solitário e geralmente provoca o desinteresse em permanecer casado.
Um casamento passa por muitos e variados testes. As pressões
enfrentadas num convívio conjugal só podem ser enfrentadas e vencidas com
amor.
Um casal que estava decidido pela separação decide primeiro ir a um
consultório. Não havia qualquer outra possibilidade, e eles foram se consultar
somente pelo fato de não quererem ficar com a consciência pesada depois.
Após o terapeuta ouvi-los, se constatou que a situação realmente estava bem
difícil, não havia por onde iniciar uma terapia que pudesse surtir efeito, até que
o terapeuta fez a pergunta que define as possibilidades: vocês ainda se
amam? A resposta foi positiva, sim eles disseram que se amavam, mas que
mesmo assim não queriam mais tentar, preferiam não criar mais expectativas e
também estavam bastante magoado um com o outro. Raiva era o sentimento
dominante em ambos. Porém, pelo fato de confessarem que ainda se
amavam, disse a eles que era possível resolver todo aquele conflito e
conquistar a felicidade. O amor é a base forte a partir da qual tudo é possível.
Nenhum casamento deve ser uma “cruz”. Casamento, apesar de todos
os seus desafios, deve ocupar um lugar especial na vida de cada cônjuge,
criando um contínuo sentimento de prazer. Desejar a companhia do outro,
compartilhar a vida, esforçar-se para fazer o outro feliz, são atitudes naturais
de quem ama. Quem ama protege o ser amado (não confundir com ciúme,
pois quem tem ciúme exagerado não ama, apenas se sente dono). Quem ama
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se importa, se interessa pela vida do outro, pelas conquistas do outro, pelos
sentimentos do outro. Quem ama é feliz por fazer feliz a quem ama.
Quando este comportamento não está presente na vida conjugal é um
sinal de que o amor está esfriando. E, como amor não é mero sentimento, mas
sim escolha, é preciso esquentar o amor, é preciso pôr a vontade de amar em
ação e não apenas conviver com o outro.
No início do casamento tudo é muito lindo, o repeito pelo outro, o
interesse pelo dia-a-dia do outro, o esforço para fazer o outro se sentir feliz,
etc. Estes comportamentos inspiram o amor, fortalecem o amor no outro
também. Mas, com o passar do tempo, se não houver atenção e cuidado, os
cônjuges se acomodam em um relacionamento mecânico, sem emoção, sem
abraços calorosos, sem beijos apaixonados, sem prazer pelo cheiro do outro.
O amor pode esfriar no casamento. Se ele não for cultivado e
demonstrado através de palavras amorosas e carinhos, com o tempo, esfriará.
Se o amor é desejo e ação, então posso escolher amar e assim
reaquecer o coração que despertará o sentimento nele esfriado.
Quando o amor esfria a vida conjugal perde a cor, o brilho. O tempero
que dá sabor a vida a dois, é o amor. Então, é preciso avaliar como está a
situação do casal neste aspecto, conversar a respeito e, de maneira criativa,
reaquecer o amor, despertá-lo do sono perigoso, pois a frieza no amor é um
perigo no casamento.
Algumas dicas que podem ajudar a mudar este ponto perigoso:
É importante saber que o amor não esfria sem motivo. Certamente, se
há esfriamento no amor, existem motivos para isso.
Os cônjuges devem analisar o casamento e tentar descobrir o que
mudou no comportamento do casal. Nesta avaliação, é preciso maturidade,
pois é normal que o relacionamento sofra mudanças com o tempo. As pessoas
mudam, então, não se deve ter a expectativa de que tudo continuará como nos
tempos de solteiro. Pessoas se frustram com o casamento porque não
amadureceram, querem perpetuar as características do namoro dos tempos de
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solteiros e deixam de avançar para fases mais sólidas na relação, perdendo
com isso a oportunidade de se beneficiarem com as experiências de casados.
Frieza no amor não é uma causa e sim consequência; assim sendo, a
primeira coisa a fazer para resolver os casos de frieza no amor é investigar o
porquê do esfriamento do amor. Não é uma investigação fácil, pois para quem
quer resgatar o amor, a motivação é imprescindível e quando o amor está frio,
a motivação é praticamente inexistente. Logo, é preciso querer reaquecê-lo e
esforçar-se por fazê-lo.
Uma boa dica é acreditar na força adormecida do amor e trabalhar para
despertá-la. Começar a pensar na felicidade da pessoa amada, procurar
praticar pequenos gestos para agradá-la. Elogiar, fazer carinho, lembrar-se dos
bons momentos agradáveis vividos juntos, ser gentil com o outro, etc. estes
são gestos e ações que “irrigarão” o solo ressecado onde o amor enfraqueceu
e adormeceu, despertando-o do sono e trazendo-o para a vida a dois
novamente.
Outra dica tão importante quanto essa, é não valorizar pensamentos
negativos quanto a relação e nem alimentar lembranças dolorosas, pois tais
ações só se prestarão ao enfraquecimento do amor novamente. Também não
se devem criar expectativas exageradas quanto à “velocidade” em que o amor
se reaquecerá, pois expectativas geram ansiedades e estas aumentam o
sofrimento e atrapalham as ações amorosas. É melhor deixar o tempo cuidar,
naturalmente, do reaquecimento do amor. Cada um faz a sua parte. O cônjuge
pratica atos de amor e o tempo se encarregará do resto.
Finalmente, não tenha pressa, o caminho da cura verdadeira é lento.
Quem quer resolver estas questões de forma rápida, termina por se contentar
com uma simples “maquiagem”, o que não suportará novos desafios, então, a
recaída vem e poderá causar uma decepção tamanha que tornará
praticamente impossível voltar a acreditar numa reconquista. Calma,
persistência e fé são ingredientes indispensáveis para o reaquecimento do
amor.
O amor, pela importância que tem na vida de um casal, deve ser
protegido e alimentado por todos os casais. Enquanto existir o amor, haverá
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possibilidades infinitas de realizações, quando porem o amor se vai, nada
poderá sobreviver. Se bem que o amor mesmo não acaba, o que acaba é a
vontade de praticá-lo, e se não há vontade, nada acontece, o amor perde a
força. Isso significa dizer que, seja qual for o estado em que os cônjuges se
encontrarem, há a possibilidade de renascimento do amor, basta ter vontade
para isso e se esforçar nesta direção. O amor atende com prazer o convite
para que se apresente, mas exige que a vontade se declare primeiro.
É importante reforçar o entendimento de que a paixão não exige
vontade, ela é invasora, também não resiste ao tempo, pois é efêmera.
Confundir paixão com amor é um erro que leva as pessoas a desacreditarem
na força do amor, pois a paixão vem sempre muito forte, mas não suporta ao
tempo, é passageira e quando se vai, não deixa qualquer pista de que esteve
por ali. O amor, por sua vez, nem sempre chega forte, mas ao se instalar,
permanece para sempre. O amor é a garantia de que um homem e uma
mulher podem decidir passar o resto de suas vidas juntos, pois o amor sempre
os renovará e ele será sempre alcançado, aquecido e despertado pela vontade
de amar.
O amor torna a vida bela e dinâmica, ele dá motivos para se viver feliz.
Ele é o guardião fiel da união, pois mesmo quando esta der sinais de fraqueza,
o amor entra em ação e promove a renovação dos ânimos e da força
permitindo a continuidade da caminhada a dois.
Quando maltratado e ignorado, porém, o amor esfria e o amor frio não
age, dando a impressão de que já não existe mais e, consequentemente,
provoca a desistência da relação. Por isso, frieza no amor é um perigo no
casamento.
O amor é como um belo jardim sobre o qual caíram muitos entulhos, o
jardim já não é mais belo e os aromas das flores ressurgirão novamente e
exalarão aromas de gratidão.
Se na sua relação conjugal o amor parece não mais existir, não se
engane, pois se ele existiu um dia, continua aí; contudo, é possível que esteja
precisando que você remova os “entulhos” de cima dele.
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CAPÍTULO IV
TERCEIRO PERIGO NO CASAMENTO
FALTA DE PLANEJAMENTO JUNTOS
Carlos chegou em casa mais animado do que de costume, era dia de
pagamento e ele estava feliz da vida por ter conseguido completar o dinheiro
para trocar de carro. Ao entrar em casa, encontrou sobre a mesa da sala uma
lista de contas a pagar, apanhou a lista, sentou-se no sofá e seus olhos
começaram a percorrer atentamente cada detalhe. Ficou extremamente
surpreso com os itens relacionados, ele encontrou, entre outras coisas, o
seguinte: Mudança de colégio do Carlos Jr. Troca da janela de madeira por
uma de alumínio, primeira parcela da viagem de férias para a cidade de meus
pais, etc. No final da lista ele lê: “Beijos, te amo.”
Ele foi para a cama, deitou-se ao lado de sua esposa, que já estava
dormindo, e adormeceu também.
No dia seguinte ele acordou mais cedo, como de costume, foi trabalhar
e quando sua esposa acordou, encontrou um bilhete ao lado de sua lista de
contas a pagar: “Querida, não vou trocar o Jr. De colégio porque quero que ele
seja engenheiro e não psicólogo como você quer; vai ficar ridículo se você
colocar uma janela de alumínio ao lado da porta de madeira e não serão
possíveis todos estes gastos, pois resolvi trocar de carro, vi um modelo que me
agradou muito e já fechei negócio, outra coisa, nossas próximas férias vão ser
no sítio de um tio meu que não vejo a muito tempo, já combinei com ele e não
podemos decepcioná-lo, pois ele teve um enfarto e o médico falou que não
pode ser contrariado. Beijos, também te amo.”
Outro sinal de perigo no casamento é quando cada um começa fazer
seus próprios planos. Ao invés de sentarem juntos e planejarem, apenas
informam ao outro algumas decisões já tomadas. Em muitos casos, outras
pessoas ficam sabendo mais sobre as decisões da pessoa do que seu próprio
cônjuge. Isto é uma falha perigosa na relação conjugal, pois, aos poucos, por
esta brecha entram outros comportamentos e decisões isoladas e, sem
38
perceberem, os cônjuges vão se distanciando um do outro e a vida em comum
fica totalmente descaracterizada e, consequentemente, sem sentido.
Este é um sinal que aponta para uma possível desistência de se
planejar e construir juntos. A maioria das pessoas se casa sabendo que
precisará desenvolver uma vida em comum. Acontece que, na prática, as
coisas são mais difíceis do que se imagina. Os cônjuges entram no casamento
dispostos a compartilhar tudo, planejar junto, construir uma história revestida
de cumplicidade com o outro, mas grande parte desses casais termina
desistindo, tentam, se esforçam, mas não obtendo êxito, simplesmente
desistem, deixam de acreditar nesta possibilidade. A partir da desistência, nem
sempre confessada, dá-se início a uma ameaçadora divisão de decisões e
ações. Muitos desistem de planejarem juntos por conta do cansaço e para
evitar um mal maior, ou seja, desavenças, disputas, rancores, aborrecimentos,
porém, são vários os motivos que podem levar os casais a desistirem de
planejar juntos. Veja alguns deles:
Divergências muito grandes de opiniões
As divergências, por mais trabalhoso que seja resolvê-las, fazem parte
de uma vida conjugal. Marido e mulher não pensam exatamente igual em
todos os assuntos; a negociação para o bem comum é uma necessidade na
vida a dois. O problema é quando tais divergências atingem proporções
maiores. Por exemplo: é relativamente comum o casal discutir sobre o modelo
e a cor do carro que vão comprar, mas é mais complicado quando pensam
diferente sobre optar pela compra do carro novo ou fazer uma reforma na
casa. Se não houver cuidado em expressar as opiniões um ao outro, com
respeito mútuo, e a consideração que cada um merece as divergências podem
causar um isolamento entre o casal no assunto planejamento.
Quando o ponto de vista for diferente em questões menores, nos
detalhes, não tem problemas, é até desejado que seja assim, pois a
combinação das ideias diferentes é que proporciona, muitas vezes, um
resultado adequado.
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Porém, quando os cônjuges divergem em questões maiores, básicas, e
não se esforçam para combinarem, sacrificam então o ato de planejarem
juntos.
Falta de hábito de sociedade
Existem cônjuges que chegam ao casamento muito despreparados para
uma vida de compartilhamento. Pessoas que quando solteiras foram bem
sucedidas em suas decisões isoladas e desenvolveram um caminho solitário
até chegarem ao casamento, casam-se querendo repetir o modelo de vida que
deu certo. Essas pessoas terão uma dificuldade muito maior em aceitar
opiniões contrárias às suas, resistirão ao máximo para não mudarem suas
ideias, trazendo, por consequência, uma proposta inconsciente de dominar as
decisões do casal. Elas não desenvolveram o hábito da sociedade, não
aprenderam abrir mão de suas opiniões. No casamento, tudo se faz novo,
abandonar o “eu” e investir no “nós” é, indiscutivelmente, o que dará poder e
êxito à união.
Muitos casais não prosperam porque estão divididos, apesar de estarem
casados.
Falta de exemplo dos pais
O modelo de casamento dos pais também dá uma grande contribuição
na vida de casado dos filhos. Quando as crianças vêem o domínio de um dos
cônjuges nas decisões da família, começam a absorver tal estilo de
comportamento e, muitas vezes, chegam ao casamento com o mesmo
formato.
Esses cônjuges tentam repetir no casamento o que aprenderam com os
pais, e terminam por cansar o outro provocando a desistência no planejamento
a dois.
Uma mãe mandona, por exemplo, tem a tendência de formar filhas
mandonas e filhos passivos; um pai autoritário, pode gerar filhos com uma
necessidade muito grande de se defenderem constantemente, e, esse
comportamento, tende a produzir um estilo de vida caracterizado pela
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desconfiança do outro e, uma pessoa desconfiada, terá muita dificuldade em
aceitar opiniões diferentes das suas, requisito básico para quem quer construir
uma vida alicerçada em um planejamento a dois.
Orgulho ou vaidade
Quantos casais poderiam viver melhor se não fosse o orgulho de um, ou
de ambos os cônjuges.
Pessoas orgulhosas sofrem no erro mas não mudam de opinião. É
impossível uma boa harmonia conjugal se o orgulho estiver presente na
relação. Pessoas orgulhosas até fingem que estão aceitando opinião do outro,
pois isto para elas é motivo de orgulho, mas na realidade, só aceitam as
opiniões que não as exponham como estando erradas. Quem não se esforça
para deixar o orgulho e a vaidade de lado no casamento, não experimentará a
força e o progresso que um planejamento a dois dá ao relacionamento
conjugal.
Traumas causados por brigas quando se tentou um planejamento a dois
Quantas histórias já se ouviram, de homens e mulheres, que
simplesmente desistiram de tentar planejar junto com o cônjuge por causa das
brigas que isto gerou. Infelizmente, muitos optam pela “paz” da acomodação
num estilo indesejado no casamento, para evitar repetir as brigas do passado.
Há pessoas que estão sempre “revisitando” momentos dolorosos de
suas vidas conjugais e, com o receio de repeti-los, terminam por abandonar a
busca por uma relação mais profunda com o cônjuge.
Livrar-se dos traumas, entender que discussões, às vezes acaloradas,
fazem parte da construção de uma relação mais sólida com o cônjuge, é o
caminho a ser tomado por aqueles que foram traumatizados na tentativa de
planejar junto, mas que estão decididos a mudarem este quadro. O que não
pode faltar é o repeito pelo outro nem a sabedoria de esfriar a discussão
quando esta estiver saindo dos limites da razão.
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Expectativas conjugais erradas
Talvez o maior vilão do planejamento a dois seja as expectativas
erradas que se cria em relação ao casamento. Expectativa é aquilo que
imaginamos e esperamos em relação a alguma coisa. Podem ser reais ou
fantasiosas. Muitas pessoas ao se casarem, o fazem com as mais satisfatórias
das expectativas, casam-se com o foco naquilo que imaginam ser o
casamento, e não na realidade do que de fato ele é. Trazem pensamentos
fantasiosos para a relação e não consistentes e reais. Acontece que no
casamento, encontram uma outra pessoa, outro ser pensante que também
chegou ao casamento trazendo suas próprias expectativas, normalmente
diferentes das do outro. Pronto, está lançado o desafio, isto é, vencer as falsas
expectativas e se acertar com a nova realidade.
Pessoas que têm dificuldades para entender que é preciso avaliar suas
expectativas dos tempos de solteiras, e, ao invés de fazerem tal avaliação e os
ajustes necessários numa nova realidade, tentam de todas as maneiras
atingirem o que idealizaram sozinhas, não conseguirão traçar um planejamento
consistente, ou seja, a curto, médio e longo prazos, com o cônjuge. Para tais
pessoas, todas as vezes em que um planejamento a dois se afastar de seus
ideais individuais, vai soar como derrota e não vitória. Nestes casos, é muito
importante que a pessoa saiba avaliar e lidar com as frases de otimismo
sentenciadas pelos “profetas da autoajuda”, algo do tipo, nunca desista de
seus sonhos. Antes de decidir desistir ou não de seus sonhos, é preciso avaliá-
los, pois casamento não implica na realização dos sonhos de uma pessoa,
mas de duas. Este é o segredo da comunhão, da cumplicidade e da
construção a dois.
Não significa dizer que a pessoa, mesmo casada, deverá desistir de
seus projetos pessoais, mas sim que, tais projetos não devem acontecer em
detrimento ao projeto maior, que é o projeto dos dois.
Sentimento de inferioridade
Muitas pessoas desenvolvem um complexo de inferioridade, acham que
todos querem manipulá-las, inclusive seu cônjuge e, na tentativa de se
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defenderem da “manipulação”, se fecham com medo de discutirem as ideias.
Pensam estas pessoas, que todos querem tirar proveito de sua inferioridade e
não acreditam na sinceridade dos que as cercam.
É muito triste para uma pessoa ser julgada pelo cônjuge como alguém
que está querendo manipulá-lo. Ora, num planejamento, corre-se riscos, pois
nem sempre há a certeza de que o que se planeja vai acontecer. Quando uma
pessoa tem o complexo de inferioridade, fica o tempo todo querendo provas de
que o planejamento vai dar certo, e se o outro não consegue lhe garantir o
acerto, acha que está sendo “passada para trás”.
Poderíamos citar outros motivos que levam pessoas casadas a
desistirem do planejamento a dois, mas deixamos estes como princípios para
chamarem atenção para outros.
Quando os cônjuges começam a abandonar a prática de compartilhar
as ideias e discuti-las, dá-se início a uma demarcação de território no
casamento. A relação começa a se fragmentar. Brechas perigosas começam a
surgir, e o que parece ter se resolvido com a decisão de não mais planejar
juntos, na verdade foi camuflado e o casamento tornou-se mais vulnerável.
Neste estágio, o cônjuge que tem suas ideias desprezadas pelo outro,
fica com sua autoestima muito baixa, entra num estado de tristeza e deixa de
contribuir para a construção da vida a dois.
Há homens que reclamam da inércia de suas esposas, mas não
percebem que eles, na maioria das vezes, foram os culpados pela anulação
delas, pelo fato de não valorizarem suas ideias.
De igual modo, existem mulheres que reclamam da falta de iniciativa de
seus maridos, mas também não se lembram que foram elas que criaram este
comportamento neles, quando dificultaram o planejamento que eles, muitas
vezes, tentaram fazer sem êxito.
Sendo o casamento uma aliança entre duas pessoas, o mesmo torna-se
inadequado se a individualidade ocupa o lugar da cumplicidade; o
relacionamento perde um pouco o sentido, diminui o prazer em sonhar, pois a
realização dos sonhos distancia-se a cada dia.
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No casamento, é fundamental ouvir o outro, pois ninguém casa consigo
mesmo, nem com suas expectativas, mas sim com outra pessoa diferente que
tem os mesmos direitos e deveres na construção da família.
A grande motivação num casamento é a ideia de um caminho a dois de
forma prazerosa, um longo caminho, onde os cônjuges criam os filhos, brincam
com os netos e envelheçam juntos sendo separados somente pela morte.
Porém, sem o hábito do planejamento juntos, o sentimento de durabilidade do
casamento se perde dando lugar a dúvidas e posteriormente o medo da
separação. Este medo como “hóspede” nos cônjuges, ou em um deles, torna o
casamento num fardo cansativo em muitos momentos.
Um casamento onde a ideia de separação está presente ou latente fica
muito sensível aos desafios do dia a dia, pois nele, desenvolve-se uma grande
vulnerabilidade emocional.
Naturalmente que, respeitar a individualidade do outro é importante, há
momentos em que precisamos, como indivíduos, planejarmos e
empreendermos algumas coisas, isto faz parte da vida conjugal. Perigoso é
quando os cônjuges começam a ignorar a opinião do outro nos assuntos
relativos ao casal, como por exemplo, no orçamento doméstico, educação de
filhos, decoração da casa, aquisição de bens, o que farão no dia de folga, onde
passarão as férias, e coisas desta natureza.
Casamento é sociedade. É alguém que decide anular seu individualismo
e adquirir a forma dos dois, sendo assim, a falta de planejamento em comum é
sinal de enfraquecimento da sociedade. Isto gera insegurança, pois planejar
juntos passa a ideia de estarem juntos também no futuro, o que dá a sensação
de que a união permanente está garantida, trazendo segurança e melhorando
o relacionamento.
É bem verdade que os casais não se casam sabendo planejar juntos.
Algumas dificuldades se apresentam quando isso é tentado, a dificuldade
inicial é natural. Ouvir a proposta do outro na íntegra e certificar-se de que
entendeu corretamente deve ser o esforço de cada um no processo de
planejamento a dois.
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Um cuidado que se deve tomar é quanto a prioridade dos assuntos a
serem tratados. Uns devem ser priorizados, outros podem esperar um pouco
mais e outros ainda, têm o caráter de urgência.
Um fato concreto é que, um assunto prioritário negligenciado, pode se
tornar urgente e, o urgente, é a pior maneira de se resolver as coisas. O
urgente é mais caro, é menos seguro, é mais estressante e, por aí vai. De
urgente, bastam os imprevistos, pois estes não têm como planejar, porém,
muitos casais gastam mais e se desgastam mais porque negligenciaram as
prioridades no casamento, por conta da individualidade exagerada e, tais
prioridades se tornaram assuntos urgentes. Muitos são os que procuram ajuda
para recuperar o casamento prometendo que “daqui pra frente”, dizem eles,
ouvirão mais o cônjuge, coisa que deveriam ter feito antes. Ou seja, não
priorizaram esta prática e agora se tornou urgente pô-la em prática.
Isto também não é uma mera teoria. Há muitos homens que foram
abandonados pelas esposas porque elas não suportaram mais o
individualismo deles, e reconhecem que deveriam ter sido mais democráticos
com elas. Há mulheres que se arrependem de não terem planejado as coisas
com os maridos e eles também as deixaram porque não conseguiram aguentar
a desordem doméstica.
Observe como está seu casamento neste aspecto, converse com seu
cônjuge a respeito de planejamento no casamento e mudem o que for preciso
neste sentido. Reinventem seus casamentos no aspecto do planejamento em
comum, para tanto, considere o outro, ouça suas propostas, discutam com
amor e atenção cada ponto de vista do outro, não tirem conclusões
precipitadas, abram mão da visão individualista e pensem na família como um
todo, tire os olhos do presente e olhe para o futuro. Não pode haver
planejamento seguro onde não se consegue olhar para frente. A falta de
planejamento juntos é um ponto de perigo no casamento.
Algumas dicas que podem ajudar a mudar este ponto de perigo:
Casamento é construção. Isto implica em planejamento e trabalho.
Casamento não é aventura e sim projeto. A diferença? Aventura é uma largada
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em direção ao desconhecido sem qualquer preparo, ou com um mínimo de
preparo para a sobrevivência. Projeto é uma largada em direção ao novo,
porém, não desconhecido, com um planejamento que inclui metas e objetivos
bem definidos.
Quando um homem e uma mulher se casam, eles estão entrando em
um novo projeto para suas vidas. Tal projeto precisa ser estudado e avaliado
antes de começar e também durante a execução ou a caminhada.
Os namorados planejam juntos, os noivos planejam juntos, os casados
começam a planejar juntos, mas por diversas razões, muitos abandonam o
planejamento em comum. O fato de pararem de planejar juntos ou diminuir o
planejamento juntos, já se constitui num alerta, então, é preciso retomar este
hábito.
A primeira coisa a fazer é sentarem juntos e discutir a importância do
planejamento em comum. Ninguém sente-se motivado a fazer algo do qual não
esteja bem certo da sua importância. Após esta análise, combinem quais são
as áreas de suas vidas que hoje mais sofrem por falta de um planejamento
feito pelos dois. Trabalhem juntos na elaboração de um plano de ação, se
possível, em curto prazo, isto é nos próximos dois meses; a médio prazo, nos
próximos seis meses e a longo prazo, nos próximos anos. Comecem por uma
coisa de cada vez e concentrem-se nela. Se o casal já não planeja junto a
muito tempo, comecem por coisas mais simples como por exemplo,
planejarem uma atividade de lazer na folga, etc. Este é só um exemplo do que
pode ser feito, logicamente, cada casal vai avaliar e definir qual área deverá
receber esta atenção em primeiro lugar.
O mais importante, porém, não é exatamente a área que receberá a
atenção e sim o fato de planejarem juntos, isto sendo repetido, vai desenvolver
o saudável hábito do planejamento a dois.
Quando conversarem toque no assunto do planejamento e deem
bastante atenção ao outro quando estiver falando, pois planejamento a dois
exige cumplicidade. E cumplicidade exige atenção.
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Exerçam atividades em comum. Casais que possuem interesses,
atividades e se divertem juntos, dificilmente desgastam a relação, tais casais,
raramente se separam.
Lembre-se que há um enorme mundo a ser descoberto ao lado da
pessoa amada.
Outra dica importante: leiam sobre planejamento conjugal, existem bons
livros que tratam do assunto e eles, certamente, facilitarão a compreensão do
assunto.
Observem outros casais que têm o hábito de planejarem juntos,
lembrem-se de que o ser humano tende a imitar o estilo de vida daqueles com
os quais se relacionam, se vocês querem ter um casamento forte no
planejamento a dois, procurem estar perto de casais que também valorizam
esta prática.
Participe de eventos que discute relacionamento conjugal, muito se
pode aprender com estes eventos, pois eles se preocupam exatamente em
auxiliar os casais interessados em uma melhor harmonia conjugal.
Por fim, tome uma atitude, pois o primeiro passo em direção ao
planejamento deve ser dado imediatamente. Seja o passo que for, precisa ser
dado.
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Conclusão:
Muitas pessoas entram em um casamento porque esperam que a outra
pessoa faça algo por elas, lhes dê alguma coisa, seja responsável por “fazê-la
feliz”. Contudo, é preciso ver o casamento do ponto de vista de dar e não de
receber. Quando cada parceiro se dedica totalmente a pensar “o que posso
fazer por você?”, cada um deles receberá tudo o que deseja – e muito mais.
Nenhum casamento está garantido pelo tempo. Independente do nome das
bodas que vai se comemorar, é necessário continuar investindo na relação a
cada dia. Porém, o investimento precisa ser feito, caso contrário não terá
eficácia e só cansará os cônjuges. Para agir na direção certa é preciso saber
qual área precisa de mais atenção, e isso será possível na medida em que o
casal perceber os perigos no casamento (rotina, frieza no amor, falta de
planejamento juntos, outros).
O casamento não é só uma união de beijos e abraços apaixonados, é
preciso fazer três refeições por dia e colocar o lixo para fora e buscar aprender
como viver com o cônjuge para o resto da vida, conquistando-o e apaixonando-
se todos os dias pela mesma pessoa, sabendo que é falha e não devemos
valorizar os defeitos, mas os acertos com celebração a cada dia, pois o topo
do sucesso conjugal estará mais próximo. Ser casado significa abdicar de
certas coisas em busca de um objetivo comum. Deve-se ter respeito, amizade
e entender as necessidades do outro. Criar um ambiente saudável, com
diálogos abertos, sem julgamentos. Manter-se casado exige usar mais do
nosso lado racional que do emocional. Por essas e outras o tema A ARTE DE
MANTER O CASAMENTO.
48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANTON, Iara Camaratta. O Casal Diante do Espelho. Psicoterapia de casal,
Teoria e técnica. Primeira edição 2009. Casapsi Livraria, Editora e Gráfica ltda.
Itatiba / SP – Brasil.
CARDOSO, Renato – CARDOSO, Cristiane. CASAMENTO BLINDADO. “O
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GONÇALVES, José. Colunas do Caráter Cristão. “O talento sem o caráter é
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MEYER, Joyce. Socorro, Estou Casado! “O que você precisa saber para ter
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RENOVATO, Elinaldo. A Família Cristã e os Ataques do Inimigo. Primeira
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REVISTAS IGUALDADE. \ Revista Igualdade XLII - Temática: Medidas
Socioeducativas em Meio Aberto - Volume I. \ Como Desenvolver Famílias. \
Ciclo Vital da Família.
SAMARA, Eni de Mesquita. A família brasileira. Quarta edição / 1993. Segunda
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THOMAS, Whiteman – PETERSEN, Randy. Seu Casamento e a Internet.
Primeira edição / Janeiro, 2013. Casa Publicadora das Assembleias de Deus.
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49
BIBLIOGRAFIA CITADA
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Tradução: Pedro Henrique Bernardes Rondon. 1 ed. brasileira. São Paulo -
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OLIVEIRA, A.L., CERVENY, C.M.O. Visitando a fase madura. In: CERVENY.;
BERTHOUD, C.M.E. (Orgs.) Visitando a família ao longo do ciclo vital. 1. ed.
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. Bíblia de Estudo Plenitude. Barueri – SP: Sociedade Bíblica do
Brasil, 2001. Traduzida em Português por João Ferreira de Almeida. Edição Revista e
Corrigida, 1995.
50
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO__________________________________________________2
AGRADECIMENTO__________________________________________________3
DEDICATÓRIA______________________________________________________4
RESUMO__________________________________________________________5
METODOLOGIA_____________________________________________________6
SUMÁRIO__________________________________________________________7
INTRODUÇÃO______________________________________________________8
CAPÍTULO I
SISTEMA FAMILIAR________________________________________________11
CAPÍTULO II
PRIMEIRO PERIGO NO CASAMENTO “ROTINA”_________________________20
CAPÍTULO III
SEGUNDO PERIGO NO CASAMENTO “FRIEZA NO AMOR” ________________31
CAPÍTULO IV
TERCEIRO PERIGO NO CASAMENTO “FALTA DE PLANEJAMENTO JUNTOS”.37
CONCLUSÃO______________________________________________________47
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA________________________________________48
BIBLIOGRAFIA CITADA_____________________________________________49
ÍNDICE___________________________________________________________50