Odontologia para bebês

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Odontologia para bebêsLiana Veras Holanda

Atendimento de bebês

• Do nascimento a 3 anos

• Abordagem preventiva: amamentação, uso de chupetas, mamadeiras, dieta

• Abordagem curativa: atendimento clínico

No Brasil, a pioneira em atendimentos aos

bebês foi a Universidade Estadual de Londrina,

onde se desenvolveu e se instalou a primeira

clínica odontológica para bebês em 1986.

Walter, 2014

Anamnese

1. História médica

- Período gestacional.

- Doenças sistêmicas de origem virótica ou bacteriana.

2. História dental

- Conhecer a cronologia e a sequência de irrupção dos dentes decíduos.

- Alguma sintomatologia local ou sistêmica durante a irrupção dentária.

Guedes Pinto, 2009

Anamnese

3. Hábitos de higiene bucal, alimentares e de sucção nutritiva.

4. Perfil psicológico e do comportamento.

Guedes Pinto, 2009

Abordagem psicológica na clínica de bebês

• Muitas vezes, a reposta da criança é o choro: maneira de liberar as tensões e

exteriorizar os sentimentos.

• Tipos de choro: de fome, de raiva, de dor, de frustação.

• Técnicas de manejo: técnica do falar-mostrar-fazer

• Os pais têm um papel fundamental no controle do comportamento do bebê,

deve transmitir segurança aos filhos.

Guedes Pinto, 2009

Exame clínico

• Diagnosticar alterações com o objetivo de estabelecer o diagnóstico e o

tratamento correto e precoce.

• Diagnosticar possíveis doenças sistêmicas com manifestações bucais.

Guedes Pinto, 2009

Exame clínico

• Exame extrabucal:

- Simetria crânio-facial

- Músculos da expressão

- Existência de nódulos nas cadeias ganglionares

- Grau de mobilidade da mandíbula

Guedes Pinto, 2009

Exame clínico

• Posição joelho a joelho • Ou com o paciente na cadeira odontológica com o auxílio de um responsável

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Exame clínico

• Exame intrabucal:

- Forma e integridade dos rodetes gengivais.

- Inserção dos freios labiais e lingual.

- Forma do palato.

- Faces internas da mucosa jugal, assoalho bucal e língua.

- Integridade dos dentes e sequência de erupção.

Guedes Pinto, 2009

Características da cavidade bucal do bebê

Boca edêntula com

tecido gengival

rosado firmemente

aderido

(Rodete gengival) Walter

Walter, 2014

No exame do bebê com dentes, além do tecido mole

tem que observar a integridade dos dentes e a

sequência de irrupção

• Maxila apresenta pouca profundidade com as rugosidades

palatinas bem pronunciadas.

• Observa-se através de proeminências o desenvolvimento

das coroas dos dentes decíduos. Walter, 2014

Freio labial superior no recém-nascido estende-se à papila palatina

para auxiliar na amamentação. Com o desenvolvimento da maxila e

erupção dental a inserção desloca-se alguns milímetros da margem

gengival.

Guedes Pinto, 2009

Freio labial persistente quando o freio permanece com a inserção na

papila ou na margem gengival após a irrupção do incisivos permanentes.

Cordão fibroso de Robin e Magitot

• Localiza-se sobre a região de incisivos e caninos em ambos os rodetes.

• É bem desenvolvido no recém-nascido, auxilia na sucção.

• Involui com a irrupção dos dentes.

Calo de amamentação ou “sucking pad”

• Localiza-se na porção média do lábio

superior.

• Auxilia no aleitamento materno.

• Mais desenvolvido nas crianças que

mamam.

• Retrognatismo mandibular: no primeiro ano de vida é considerado

fisiológico e necessita de amamentação natural para o desenvolvimento.

• Freio lingual: examinar a espessura, consistência e extensão pois pode

limitar a protrusão e interferir na fonação e na amamentação. O freio curto

recebe o nome de anquiloglossia.

Com língua presa Sem língua presa

Teste da linguinha

• É realizado por meio da aplicação do Protocolo de avaliação do frênulo

lingual com escores para bebês.

• Este protocolo é dividido em história clínica, avaliação anatomofuncional e

avaliação da sucção não nutritiva e nutritiva.

• O protocolo tem pontuações independentes e pode ser aplicado por partes,

até o 6º mês de vida.

Martinelli, 2013

Martinelli, 2013

Martinelli, 2013

Alterações na cavidade bucal do recém-

nascido

• Alterações

de número

- Hipodontia e

anodontia

- Supranumerários

• Alterações em

tecido moles

- Nódulos de Bohn

- Pérolas de Epstein

- Cistos de lâmina

dentária

• Alterações de

erupção:

- Dentes natais

- Dentes neonatais

- Cisto/Hematoma de

erupção

• Alterações

de forma

- Fusão

- Geminação

- Macrodontia

- Microdontia

Dentes natais e neonatais

-Dentes natais: já estão presentes ao nascimento

-Dentes neonatais: irrompem no 1º mês de vida

Walter, 2014Google imagens Walter, 2014

Cisto/Hematoma de erupção

• Lesão com aparência azulada e translúcida produzida por hemorragia dentro do folículo de

um dente em irrupção.

• Normalmente sofrem resolução espontânea quando o dente penetra na mucosa gengival.

• A excisão cirúrgica é indicada quando se prolonga a sua presença.

Guedes Pinto, 2009

Alterações em tecidos moles

• Nódulos de Bohn: remanescentes de tecido de glândulas

mucosas encontrados sobre os rodetes gengivais no

palato longe da rafe mediana.

• Pérolas de Epstein: remanescentes do epitélio

palatino incluídos ao longo da rafe palatina mediana.

• Cistos de lâmina dentária: localizam-se nas

cristas dentárias da maxila e da mandíbula.

Guedes Pinto, 2009

Amamentação

• Estimula a respiração nasal.

• Exercita os músculos da face.

• Leva um desenvolvimento esquelético harmônico e um

amadurecimento bucal.

• Evita ou ameniza problemas como respiração bucal,

maloclusão, mordida cruzada e apinhamentos de

dentes.

Orientação de hábitos de sucção não-nutritiva

Hábitos orais – Dedo, chupeta,

mamadeira

IDEAL: remover com 2 anos

Além dos 4 anos: efeitos irreversíveis

- Mordida aberta anterior

- Atresia maxila

- Mordida cruzada

- Palato ogival

- Lábio hipotônico

Chedid, 2013

Higiene bucal em bebês

• A cavidade bucal do bebê não necessita ser higienizada pelos pais (não há

evidências científicas que justifiquem).

• Se for higienizar evitar após a amamentação porque remove imunoglobulinas

presentes no leite materno.

• Iniciar quando os dentes aparecerem.

Guedes Pinto, 2009

Concentraçao padrão de flúor >= 1000 ppm

Sempre supervisionada por um adulto

Oliveira, et al 2012

Aplicação tópica de flúor em bebês

• Fluorfosfato acidulado a 1,23%

• Fluoreto de sódio a 2%: pH neutro e sabor mais

agradável

• Verniz: mais utilizado em bebês devido a facilidade de

uso, mais segurança em termos de toxicidade e boa

aceitação pelos pacientes.

RGO, Porto Alegre, v. 56, n.3, p. 281-285, jul./set. 2008

“Como as duas formas de apresentação do flúor têm efeitos relatados similares,

tanto na incorporação quanto na disponibilidade no esmalte, o uso do flúor

espuma parece ser mais seguro para a aplicação em crianças, já que possui

menor retenção salivar inicial”.

Controle da dieta e orientação de hábitos

alimentares

• 0 a 6 meses: aleitamento exclusivo sem oferecer água, chá ou outro alimento.

• A partir 6 meses:

- Iniciar com alimentos pastosos.

- Estimular o consumo de frutas, verduras e legumes.

- Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos.

Controle da dieta e orientação de hábitos

alimentares

• Solicitar o diário alimentar de tudo que a criança come no período de 3 a 7

dias.

• Orientar que alguns medicamentos podem ter açúcar na composição.

Transmissibilidade da cárie dentária

• Os bebês nascem sem bactérias cariogênicas.

• A aquisição se faz pelo contato por meio da saliva no primeiro ano de vida.

• A maior aquisição de Streptococus mutans ocorre a partir dos 17 meses de

acordo com o hábito, costumes e nível de contaminação cariogênica da

família.

Walter, 2014

Velocidade do

fluxo salivar

diminuída

Maior tempo de

exposição do

alimento à noite

sem higiene

subsequente

Ação da língua

na autolimpeza

não é tão efetiva

Medicamentos

infantis com

alta

porcentagem de

sacarose

Elevada prevalência de cárie em

bebês

Alto consumo

de sacarose

Higiene bucal

deficiente

Cárie de primeira infância

• A cárie da primeira infância ou cárie de acometimento precoce é uma doença

infecciosa que afeta crianças em idade pré-escolar causando a rápida

destruição dos elementos dentais.

• Apresenta-se de forma mais severa com muitos dentes envolvidos e rápida

evolução, afetando principalmente as superfícies consideradas de baixo risco,

como as faces vestibulares de incisivos e faces linguais e vestibulares de

molares superiores e inferiores

Walter, 1996

Prevalência: 55,3%

25% de 0-12 meses

51,18% de 13-24 meses

71,03% de 25 a 30 meses

Cárie de primeira infância

• Inicialmente, observa-se nos incisivos superiores a presença de manchas esbranquiçadas na margem gengival.

• Podem apresentar rápida progressão com cavitação estendendo-se para outras superfícies.

• Na ausência de medidas preventivas, a evolução do processo carioso pode determinar ampla destruição da coroa dentária até a destruição total.

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Abordagem curativa

• A cooperação da criança com idade inferior a 3 anos é limitada.

• O tempo de consulta deve ser reduzido.

• O uso de abridor é necessário pois o bebê não tem coordenação motora para

manter a boca aberta.

• A maioria dos bebês até 2 anos chora durante o atendimento.

Guedes Pinto, 2009

Sequência de procedimentos na clínica de bebês

Primeira consulta

1. Anamnese

2. Exame

3. Profilaxia

4. Entrega do diário

alimentar

Segunda consulta Demais consultas

1. Exame radiográfico, se

necessário

2. Evidenciação de placa

bacteriana

3. Orientação de higiene

4. Análise do diário alimentar

5. Orientação de dieta

6. Orientação hábitos sucção

não-nutritiva

1. Tratamento curativo:

- Restaurações resina /

ionômero

- Tratamento endodôntico

- Exodontias

Guedes Pinto, 2009