UNIVERSIDADE FEUERAL UE $ANTA CATARINA CENTRO ...
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O
vI
UNIVERSIDADE FEUERAL UE $ANTA CATARINA
CENTRO SÓCIOWECUNÔHICD
DEPARTAMENTO DE SERUIÇD EÚCIAL
4
Q
‹
MORRO DO HOCOTÓ:
Um processo de organização comunitária construindo a cidadania
Monografia apresentada ao Hepar~
tamento de Qarvico Social da
Univçrâidade Federal de Santa9
Í
'¬` 7 Catarina para obtenção do título
v T
'
de Amâistenta Social pela acadê~
mica.
KRYSWNA MA'rvs com flnfe ab D_¶›to. de Semço 3,¿|¡¡
. 0flíW%O
ELOÁ TEREZINHA MARTINS
Florianópoliâ (EB), dezembro de i9?4.
c
|
Dedico este trabalho às pesâoao
comprometidas- com um tarefa sé”
ria, que acreditam na tranfifor~
macão dosta sociedade, não apew
nas no aspecto material, mam que
a vida do ser humano seja trans*
Formado por completo.
Dedico também à supervisora de
campo, Gioele Cunha, que não me~
diu esforcos para me ajudar a
entender eose proceoso comunitá~
rio, osteve fiempre disposta a
responder minhas dúvidafi e soube
compreender meus limitefi enquan~
to acadêmica".
QGRÊUECIHENTO ESPECIAL
figradeem a Jeeum que efiteve premente em todne na mwmentoe de
minha “eaminhada principalmente nefitee quatrn anne, em meio a
batalhafi rumo a formacãm a nivel de terceiro grau M univerfii~
dade,
Nua mnmentoe que me senti abandonada nelas pefieoae, tomei poe»
ee dae palavraã da mefitre que die; Jamaie abandonarei um filho
C$a1.9.w);
Noe mnmentoe em que eenti incapacidade de levar em Frente 0
cuveü, não Faltou um irmão que diseesae, Eloa, você é Filha do
Rei Jefiufi, e Õ teu nome eigniiica üeufi. Vá em irente,
Nne mmmentoa em que menti muitu sand, depoifi que trabalhei uma
nuite inteira na emergência dm hoepital, quando ou olhofi peeaw
vam, uma Força maimr que efitava dentrü de mim, renovava minhas
Fmrçae, comu aguia, correm e não ee caneam. (Ieaiae, 4®W3i)
Nua mümentnfi em que fienti Fame e que não tive nada para comer,
não Faltou eequer uma peeeoa a me chamar para Faaer uma refei*
dam em eua caea
Nus mumentoe em que atvaveeeei noitefi edtudandu, eenti paz,
tranquilidade, e eabadnria que vem do mewtve...
Tudn idem devo a ti, Senhmr “Jeaue“ que permitiu mais eeea vi~
turia em minha vida.
ñ Ti meu mestre, dedicn eete “din1nma“.
\ _ ¿ ,
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 04
ÚñPÍTULO I
MORRO HU MÚCÚTÓ: PROCESSO DE URGANIZÊCÃU CUMUNITÁRIâ . . . . . . .. 07
1.1
i.E
1.3
Sua História . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 07
Aa diferentes formas de organização; $orca$ internafi ... 18
üefia$ios que a comunidada encontra diante de sua organiw
äacäo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 36
CAPÍTULO II›
ASSUCIQCÃU DE HURÊHURES FRENTE ÀS PULÍTICQS PÚBLICâS HUNICI~
PQIQ Ê.i
8.8
ä.3 2.4
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . _. 48
fidminifitrauäo pública municipal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 48
Qué políticaâ são eââaâ? . . . . . .._ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ._ 49
CEHEPz força articuladora junto às comunidades . . . . . . . .. 74
Servico Social trabalhando numa perspectiva de organiza~
ção popular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 80
CUN$IUERâCöE§ FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 87
BIBLIOGRAFIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 89
ANEXU8 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ._ 93
zu
Inrnonuczo
›
O Brasil tax parte das modernas sociedades indue~
triaia, produtivistas e burocratizadas, onde impera a razão cal*
ouladora que rege a economia monetária de mercado que. por sua
vez, gera a conseqüência da perda da identidade, que nao pala~
vrae de Matooz
“A individualidade agoniaa nas sociedades burocratiaadas e aburgueeadas, nao quais nada escapa das leio de mercado, nas quais o homem eo existe como eujeito e objeto econômico. Nelae ee verifica um processo de fragmentação da identidade e de “mutiladãfl de ego“: não ha mais eepaco para 0 praeer ,
para o amor demintereoeado e gratuito!!
Entre ao perdas de identidade está o amor que passa a
de ritmar a aceleração da história da produção econômica. A me*
mória se torna supérilua em um mundo no qual o homem é tratado
como mera função de objeto e o papel de sujeito de sua história
é abafado pelo ritmo do capital. _
É na perepectiva de resgatar essa identidade, como di~
reito a cidadania, que o Servico Social foi até a comunidade do
Mocotó para sentir a realidade, preeenciar o seu cotidiano, bus*
cando rerletir em conjunto com os moradores sobre o significado
das contradicõee que oe cercam, reapondendo entre muitas pergunfl
5\
tao dera que os homens que habitam eosee aglomerados humanos, os
"ditoa Favelados" terão perdido a identidade e a identiiicacäo
profunda com seus semelhantes? Para clarear eesas questõee buacamos apoio na teoria
críticowdialetica que percebe a eociedade capitalista como eapar
co contraditório onde o econômico determina a posicao dasw pes~
ooaa, dividindo~ae em duas grandeo classes ~ ricas e pobres ~
que eetarão em conatanteo contradicões, criando um movimento de
conquista de espaco entre uma e outra.
Nesse contexto de contradições e de dura realidade do
dia a dia dos moradores, eotabeleceuwae uma relacao de troca de
conhecimentos entre o cientifico/empirico~prático. Na função de
estagiária de äervico Social Foi poaaivel ir superando a retória
tradicional: “eu vou com o aaber cientifico e o outro lado não
aabe nada“; na aproximação e convivência foram ohtidae grandes
descobertae do saber popular, conhecendo uma linguagem simples e
com giriao eopecíiicao do local.
Em cada viaita a comunidade, cada encontro, cada conversa, cada
sorriso, iamos noe conhecendo melhor, como Fui também conhecendo
o trânsito de sua história, ouvindo e juntando pequenaa partes
contadaa e vividas peloa oeus sujeitos, foi possivel a montagem
do duebraflcabecas que é apresentada no decorrer deste trabalho.
Partindo da prática de ouvir oo moradores contando as
suaa histórias de vida e acompanhando o seu diawafldia para re~
giatrar a história do Mocotó, toi neceseario fazer ueo da Histó~
ria Oral (teoria tecnia) de Carlos Humberto P. Corrêa que con~
ceituaz
U
6
"ê hietoria oral é eeeencialmente uma hietó~ ria da vida, que ao hietoriador ou ao pee~ quieador intereeea eomente aquela determio nada peeeoa que presta informações, pois só ela tem eondicõee para tal, por suas expew riências. Um conjunto de entrevietaa de Hietória Oral não serve para uma análise quantitativa como fazem ae outras ciênciae eociaie, mae completawee entre ei com inw formações variadas, em Função de vivências peeeoaie dietintae..."
Continua o mesmo autor:
“A história oral tem como objetivo, portan~ to, preparar documentoe gravadoe e trans* critoe para serem utilizados pelos peequi» eadoree do futuro." '
(Corrêa, 1979, pg. 13)
No primeiro capítulo regietramwee a hietória do Moto»
to, auae dilerentee Formas de organizacõee e oe deeafioe que a
comunidade encontra. .ø
- No aegundo capítulo, coneidera~ee a aeeociacao de mow
radoree como um inetrumento da organização popular, onde eomam~
ee ae #orcae das diferentee Formas de lutas, reeietindo às prea*
eõee do poder governamental, percebendo nas políticae publicas
um canal de poseibilidades de negociação. Busca~se também 0 CE~
DEP como entidade de aeeeeeoria junto ae comunidades capazes de
intermediar essa relação poder publico e sociedade civil. Também
regietram@ee› neste capitulo a intervenção do Servico Social em
todo o processo da organiaacäo comunitária numa perepectiva de
tranelormaoäo.
CÊPÍTULO I
MORRO DO MOCOTÓ:
PROCESSO DE ORGANIZAÇÃO COMUNITÁRIA DO MORRO DO MOCOTÓ
1.1. Sua História
Mocotó - É o nomo que recebo a “pata” do boi, carnairo, porco,
etc. O mocotd acha oe limitado pelas unhaa numa extremidade e na
outra pelo calcanhar, ou como é mais comumente conhecido, pelo
“joelho” do animal. Mocotó é também o nome de preparação típica
braoiloira foita com a pata da vaca ou com o mocotó propriamonte
dito, acreacido, às vozes, do tripas e viocoraa do animal a tem~
poros a goato.
É um prato da origem afro com alto valor nutritivo,
contém protoinafi, gorduras e hidratos de carbono. É particular~
mente rico em cálcio que provém dos ossos, em especial quando se
acrooconta alguma substância ácida (vinagre, limão), que ajuda a
oolubilizar 0 cálcio (vida receitas ~ anexo 1). Segundo alguna
aprociadoros deste alimento, relerom que apófi sua ingestão, sobe
uma corrente calórica no sangue (calorão).
Por ser de pouco consumo, hoje, o mocotó não é oncon~
trado em abundância. Mao toda sua trajetória registra grande
8
conoumo, principalmente para a camada da populauäo pobre. En»
quanto 0 rico conaomo a parte melhor do boi, ao pobre cabe oo
miúdoo e o oâfio.
"Ú maroto tam origem dos eficravos negros, sim. “Us $wnhorm§ do Engenho", ficavam aum o melhor das cornos, a, davam aos escravos os osfiofi, vfâuoraa, mtu.. Om pratos qua sào compostos da ossos E vfâcaras, tam asâa ari* gem, como: Foijoada, Bobradinha, Cozido com fhtono Mocotó etc.”
(Contribuição da Nutricionista) Maria nlico Lagos Cke
Rosa meoma conotação do diferencao sociaifi a partir da
própria mlimentauäo ootá configurada na trajetória de um povo
que habita a encosta do Morro da Capital de Florianópoliâ, ao
lado do Hoopital do Caridado e do Exército.
Há quase cem anos esse morro recebeu o nome do “Morro
do Mocotó" a partir do uma nocoooidado básica do homem trabalham
dor. Sua história é contada pelos moradoreâ mais antigos com
saudadeo dosâo tempo, porém maroadofi pela luta. Suas primeiras
ocupaoõeo estão eaüimadao a partir de 1900. Os primeirofi morado~
row na sua maioria eram poixoiros, carregadoreo, oerventefi na
construção da Ponto Hercílio Lux e no atendimento aos marinhei~
row quando ancoravam seuo navioä no Porto da Capital. _
no doõembarcar, os marinheiros acompanhavam oeu Tibita
(in momorium) que ora marinheiro também o, om sua üaou, a comida
oorvida era mocotó, alimonto de Fáfiil acosoo pelo baixo cuoto e
de grande subotânoia alimentar, ora comum nao domain Cosan do
ITI III) I" I" O .
9
As mulheree, alem de prepararem o alimento, lavavam as
roupaa doe marinheiros e dos hotéie onde estes se hospedavam,
contribuindo, aasim, no suetento da iamilia, porque havia muita
pobreza no morro e, aoe poucos, o numero de Famíliae ia aumen~
tando e oe barraooe eram conetruidoe a noite devido ao impedi~
mento do exército que embargava as conetrucõee o quanto podia;
mesmo aeeim, aa Familias ee alojavam embaixo de improvieadas co”
bertae garantindo um espaco para morar.
Essa coerção militar ee dava não eo porque o paid vi»
via sob uma ordem militarieta, como também a propriedade da
terra era do exército. Elee exerciam a iorca pela não ocupação.
Talvez eesa coerção se acentuaese além de seus próprios limites
porque, na época, também oo militareo ee sentiam donoo do Poder.
Então, elee não só cumpriam o papel a nível de Exército, mas
também tinham apoio de uma forca política muito grande por estar
num governo de alta influência militar, numa relacao de sueten~
tação entre o governo estadual e iederal.
ni percebemos tomo se configura eesa cidade: vêm che*
dando peeeoae, muitas delae vindas para ajudar a construir a
ponte Hercílio Luz, em 1986, e se instalavam em qualquer lugar,
e muitas iamíliae que moravam no eepaço onde eeria construída a
ponte, Foram expulsas, ou melhor, tiveram que procurar outros
lugaree. Muitoe ocuparam o morro ainda que eob pressão militar,
mas não havia outra alternativa já que a população oobrevivia de
trabalhoa, na cidade, a maioria trabalhava no mercado publico,
limpando e descarregando peixe, levando o peixe do navio até o
circuito do mercado, ou ainda, como nos contou numa entrevista
í0
dona Luci, que no inicio da ocupação do Morro, muitos homons
trabalhavam com carrinho~de-mão numa Firma alemã que ela não
lembrou o nome diotribuidora dc óleo om tambor para os navios, e
a entrega era feita por asse tipo do transporte. “Era um traba~
lho muito pesado o por iooo elos precisavam de comida Forte"
(Mocotó). Então, notamoo como 0 trabalhador ficava na dependên~
cia de fixar moradia mais próxima ao local de trabalho. Tudo os»
tava em tunoão do Porto. Noasa época não existia õnibuo circuw
lar, o meio de transporta era o cavalo, a charrote ou o carro~
dowboi, mao apenao para uma camada da população.'
É o que nos conta uma peofioa Fantástica, com uma his*
tória do vida monumental. ." Ele foi um doa trinta e odio homens quo trabalharam na
confitrucão da Ponte Hercílio Lua. Procuroiho para ver se ele co"
nhoceu algum trabalhador do Mocotó e qual oeu conhecimento da
relação da conotrucão da Ponto com familias que moravam no local
da obra.
Seu Cândido Machado fez 91 anos no dia 07 de outubro
do 1994, ainda muito lucido, aposentado, morador do Bairro Saco
Grando, vive na companhia do uma senhora de 65 anos, Dona Santi~
nha, que odrviu como intérprete de minhas palavras, porque ele
quase não ouvo o, pela pronuncia da companheira ele identificava
melhor minhaä perguntas. Quanto a ocupação do morro do Mocotó elo pôde contri~
buir pouco, mao logo o idontilicou como Morro do Governo, como
ora fionhocido. Contou sobre a existência de uma pinguela (ponte
ii
pêncilä oobre o riacho no pé do Morro. E toi resgatando a histó~
ria da cidade de um modo geral.
Lembrou dos muitoo quilômetros que precisou caminhar
do Bairro Monte verde onde morava ao trabalho, na conotrucão da
Ponte. Precisava levantar às quatro horas da manhã para chegar
no horario. Não existia ônibus e ele não tinha cavalo.
“Trabalhavamoa sem nenhum contrato legal, oervíamos
5 x"?' ITS. quando eloa queriam. Eu oempre Fui muito certo, então, Fim
quai até a inauguração".
Contou que a unica Familia que continuou morando em*
baixo da ponte Foram oo Paio de uma namorada dele que Fazia cos”
tura para os trabalhadoreo da ponte.
fieu Cândido também ajudou a tirar aa tábuas da Ponte
para que a tropa da revolucão de - não entraose na Capital 1-›~ ¬-9 F.) Q
mao toi em vão, eles passaram mesmo assim.
“Tivemos que tugir do tiroteio das tropas em rumo à
tomada da capital".
Para entender oase período, é importante faaer um res-
gate da história do paío, a partir de 1989, com o fim da Repú~
blica Velha e o periodo chamado "Revolucionário" que tem início
com o tim do Governo de waahington Luia.
No final do governo de washington Luiz houve uma crise
politica ocaaionada pela luta euceadora.
Contorme acordo politico, o direito a sua sucessão ca»
bia a um candidato de Minas Gerais. Deixando de lado o acordo,
Uaohington Luia indicou para a preoidência o candidato do PRP
12
(Partido Rfipublicano Pauliota), Júlio Preotoo.
Ú candidato de Minas do PRH (Partido Republicano Mi~
neiro) sentiu~fie proterido e articulou uma candidatura de opooi~
ção. Foi buocar apoio no Rio Grande do Sul o lanca a candidatura
do Getulio Vargas e João Pasooa, da Paraiba, para vice o ganha
apoio dos Tenontes. Has Júlio Presteo é eleito em 19 do maio de
1930.
Criawse, então, um inconformismo politico e ae inicia
uma tormontacão revolucionária por parte da coligação Getúlio
Vargas. Faltava apenaa o estopim para início da luta, o que oe
da com o aosasoinato de João Pessoa, crime que oerviu de bandoi~
ra para o movimento. No sul, as tropas revolucionárias comanda~
das por Getúlio Uargas e pelo Tenente Góeo Monteiro partem de
trem para o Rio do Janeiro ~ Capital ~ onde tomam o palácio.
A criae econômica abalava o país, em 1930, caracterir
mada pela criso doo produtores do café, que na sua maioria Fali~
ram devido à retração do mercado conoumidor, suspensão do Pinanfi
ciamento para a estocagem do caté e a exigência da liquidação
imediata doâ débitos acumuladoo. Recorde se que o café era a
principal mercadoria de exportação do Braail.
Nesoa conjuntura de instabilidade econômica o po1iti~
ca, o oonhor Getulio Dornelea Uargao aosume o poder, dando iní~
cio a “Era Getulista“, que vai de 1930 e oo oatende até 86 de
outubro do ` quando é deposto pelo golpe arquitetado e con~ .H-
-'2 .ã>
LV; ..
duäido peloä tradicionaio cheios militares do Exército, Eurico
13
Gaepar Dutra e Pedro fiurélio de Goeo Monteiro.
Assim, os mesmos homene que colocaram Getúlio no poder
roram responsaveie pela sua queda.
Inielizmente, Santa Catarina, devido à sua posição
geográfica, entre ao basea dos Uarguietae, no Rio Grande do Sul,
e o resto do país, teve de soirer a invasão e a ocupação de para
tee de eeu território e sentir, assim, mais proiundamente, as
coneequëncias do movimento. Qanta Catarina foi invadida dia 85
de outubro, doie diae apóe a exploeão do Movimento Revoluüionám
rio no Rio Grande do Sul, quando deram entrada as primeiras cow
lunae, nas palavrae de um jornalieta de O Eetado, na edicao de
Efi de outubro de 1930.
Em conseqüência da Revolução de 1930, o Ur. Fulvio Co~
riolano nducci, que havia eido eleito para euceder âdolfo Konder
no quatriênio i930M34, não pôde concluir 0 seu tempo de adminis~
tração. Foi eubetituido, a R5 de outubro de 1936, pelo General
Ptolomeu de Assis Brasil, que aeaumiu como governador militar.
Eueca~se, assim, compreender a história do Morro do
Mocotó quanto às conseqüências desse movimento político econômi~
co exietente no pais, com eeue deedobramentoe, aqui, em Santa
Catarina. V
Tais coneeqüênciaa eetäo claras na hietoria de vida
deeaae peeeoae que aoireram diretamente deeenvolvimentoe rela~
cionadoa a adminietracäo militar naternalieta.
Fica claro no relato da Qra Luci, ü? anoe, moradora do
Mocotó, dia que quem deu aa telhas para cobrir a casa da sua mãe
14
foi o Dr. ñderbalí. "Homem muito bom, oempro ajudava os pobreo",
afirma. Eofia contraditoriddade vai construindo a hiotória do
povo do Mocotó e também a conotrucäo da üonaciência doâsaa near
aoafi Sa o governo da ao telhafi permitindo a construção da caäa
desta moradora, por outro lado não vacila em afiãinar e mandar o
Exéruito ir ao Morro impedir a uonatrucão do outrao caaafi, à ba~
d zzx -I°or<;a.
n oociodado canitaliota ao meamo tempo tem um jeito da
lidar muito contraditóriamento com a quoätão humana e social. no
mesmo tempo que ola oxului, inclui e maio, ao suafi rolacõoo com
oo oujditoâ alirmam procedimento quo oo reconhocem como objütos.
Bando continuidade ão caracterimticas dafite Morro, po~
demoo oonhecor um Pouco maio do proceofio hiotórico quando regisr
trai maio uma converoa de uma moradora que permitiu mote momento
importante de informacõofi G não rea nenhuma questão que sou nome
roooo aubotituido diante de inconveniênciao.
Hona Lamy Chaveo, 5? amoo, vaio morar no morro com 18
:fz .... *J-X2O anos de idade, deãde que oaiu do Orfanato Vicente de Paula
do Florianópolifi, onde vivou defide seus asia anca. Maa sua mãe
vaio para o Morro quando migrou de Campos Novos para Tijucas e
do Tijucao Para Florianopolis W Mocotó. Veio em huäca de rocurw
ooo médioos para dou eapoëo que oofria de epilepoia E ascitë
i. Hr. mdorbal Ramoo da Silva, foi elaito em 13 do janeiro de i?4? govdrnador pelo Eotado de âanta Catarina.
15
(barriga d'agua) que, segundo Lacg, eata doenca é proveniente do
uso excessivo de alho e_cebo1a na comida, que afetou o fígado.
Não teve muito tempo de vida, logo sua mãe conseguiu emprego no
Restaurante "Rosa" na Praca XU e comecou a construir sua caaa.
Embora de madeira, teve o privilégio de cobrir de telhas, quan~
do, na maioria, eram cobertas do zinco ou de folhao de bananeiw
ra: ela conseguiu esaa construção porque teve ajuda de um po1í~
tico. Kata caoa foi uma entre as vinte primeiras casas do morro.
"Onde não tinha casa era um monte de lixo. Apesar de eu oer
crianca ainda, mas eu vinha viaitar minha mãe para ver minhaa
duas irmãa“ (Isoo maio ou menos no ano de 1955).
Dona Lacg comenta as dificuldades que paoaou no orfaw
nato, o regime interno era rigoroso e que algumas meninaa eram
diacriminadaa. “aa irmäa ao enainavam as mais bonitas. De sorte
que eu era uma loira bonita, então, aprendi a bordar".
Qeu aonho, ao sair do orfanato, era ter uma boneca e
poder dormir junto com ela na sua cama. De fato, com deaoito
anoa ganhou a boneca, e na primeira noite que veio para casa de
aua mãe colocou a boneca para dormir junto, ao que, ao Perceber
ioto a mãe deofea aeu aonho tirando a boneca, dizendo que a fi~
lha era "louca" e que tinha que ir trabalhar.
ff. G. que dona Lacy dia que não tinha preparo nenhum para
ingreaaar no mercado de trabalho. E oua mãe não entendia a 5i~
tuacão. Então o relacionamento tornou se difícil até que um dia
dona Lacy vai a um baile e oonheoe um ranaa, diaae a ele que
queria ae caaar e ela tinha a mesma intenção. Então foram morar
Juntoa. nnteo deooa decioão repentina, dona Lacy conta que duo
ió
rante oa quatro anoa que morou com eua mãe foi noiva, teve vá~
rios namorados, ao não teve maio namorados porque, quando eles
subiam o Morro, os rapaaee apanhavam doa amantes das mulheres da
“zona“. “A violência aqui era muito grando. Tinha mais ou menos quatro
caaaa do prostituição. E quando eubia um rapaz eatranho, oa how
mens sentiam ciúmea e sentavam a madeira ne1ee“.
Aos poucoo, eaoaa mulheres Foram se Casando e foi
acalmando eaaa violência, em compenaaçäo, comeuou a entrar a
droga no Morro, ha maia ou monoa uns quinze anoa atrás, por caun
aa de uma deasae mulheres também que trouxe um homem de Santoa,
com ele vieram trêa sobrinhos que não trabalhavam e vendiam ma~
conha que trouxeram com eles, eo que ainda tinham muito "sigilo"
nao vendaa. “Hooaog mal nessa época, toi pedir para polícia não subir muito
no Morro, porque eloa vinham procurar roubos e prostitutas a ca"
valo. Elea vinham atirando de revólver e nda tinhamos medo, com
isso, o campo Ficou livre para a circulação da droga. Teve até
mortea como o caao do caaal Marçal o Cidalha, encontrados mortos
fiem saber a origem do aeaassinato, eeae casal tinha uma casa
“boa” de alvenaria, eram donos de uma venda, o filho desse casal
toi iuncionário da Universidade, hoje é diiicil porque a droga
está muito aberta, mas antea a violência era pior, analisa dona
Lady. Dona Lang teve trêa Filhoa, separou cedo do eepoao,
maa dia com orgulho que nunca deixou eeus iilhoo paasarem tome.
Ela trabalhou muito no “Mari Hotel" de onde trazia muita comida
depoia de leetae e banquetes que podiam comer a semana toda e
17
ainda ganhava gorjetaa doa hóanodoa. Também vendeu muito Jovnal
uolho para ajudar na Companhia Naflional do Educandário Gratuito,
hojo CHEC, onda trabalha há mais da vinte anos E lda queatäo de
mencionar qua ganha maia ou monoa quatro aalarioa minimoa. E en~
tro aa muitaa lotograliaa que moatrou com aoua coldgaa da traba~
lho, aatava uma com aeu che$a traaendo no vorao uma dadicatória
refovcando a grande admiração pelo trabalho o a amizade do dona
Lacfl.
Eatäo pvaaontaa nas nalavvaa a atoa de dona Lacg a luw
ta o a participação na ação oolativa. Em toda sua hiatóvia se
|»ordoba o oapíritcn da aolidariedado e participação naa auöaa or~
ganiaadaa. Hdada a pvimoira elaiüão para naaociacäo da Moradovea z . . . 2.)
do Morro do Mocoto oatove aaaumlndo cargoa na dlrotorlah.
Tam granda participação junto a Baaa da Crianca do Mo~
FE 4-.U :'?' F: ~ _.
PY' abalhando com um grupo do adoleacentoa onde ensina horda~
do aa meninaa uma voa por aamana, desenvolvendo um dos objetivos
doaaa entidade que É ocupar o tempo dianoníval das criançaa que
aatudam meio período. Ênaina uma pro$iaaão que também aprendeu
quando crianca, no orlanato, e hoje, além do aer uma alternativa
da renda, é uma #orma de tvabalhav na cviança a questão da Por*
mação da conaciëncia de ovganiaacão coletiva, o que abro caminho
a um Futuro compromotido com o aew aocial ao tvabalhav as dife~
rantaa $ormaa do Úvganiaaoäo, fortalecendo as lutam intavnas,
Ç; wi P: ..- levando a uma a pala Cidadania.
d. Na gia do i?87 aaoretaria até janeiro da 1988. Na geatfio do i9$9 Foi vide proõidenta Naa demaia geatõaa atuou como aócia.
:Tr « F? 95Z
.-. 'wi
18
1.2. Uiferentes Formas de Organização:
Forças Internas
0 proceoâo do roilexão e organização dos moradoroa do
Morro do Mocotó, doado seu inicio, teve grando participação de
“agentea e×terno$“, "aoses6ores” ou mediadores (religiosos,
agentes oastoraio, inotituicõeo governamentais a não governamen~
tais, oducadores e outroa)¡ asoumiram aigniiicativa importância
na artioulaoão o deoonvolvimento dao lutao junto à comunidade.
Uoatacamwao ao representacõea que astea atores elaboraram em
torno da oua interação, das ouaa práticas na porowectiva do mu»
danca oocial, baaeadoa no quadro de demandas do diawawdia dos
moradoroo. na reflexões com ao famíliaa tinham como ponto de
convergência a luta palaa suas neceasidadeo báoicaa, buscando
melhoroo condicoes do vida, muitaa voaes com atitudoo paterna»
lista, como na visita de agentea religiosao Puncionáriaa do hos~
nital do exército, levando apoio, roupas e comidao às familias
neceooitadaa desde ao primeiras ocupações do morro em 1910.
A ação desteo modiadoros, ou agontos externos, se ini-
cia na década dos 76, através da aproximação com pequenos gruw
now, a princípio do cada em caaa, oleo vão procurando conscien~
tiuar a população a reapeito do seua problemao do saúde, infra~
eatrutura (ahastocimonto de água, iluminação publica, drenagens,
Pavimentação, colota do lixo, etc). Enfim, foram caminhos aber~
toa para que a comunidade comodaooo a ao organizar com a Possi*
bilidade de ampliar o nivel da pratica politica a a participa*
ção, coleta colotiva.
19
Entre ae muitas reflexões Feitas, surge a ideia da ne~
ceseidade de uma creche para oe tilhos cujos paie trabalham fora
o dia inteiro para garantir a sobrevivência.
äurgiu, então, em 1976, a primeira obra respondendo a
eesa preocupação. Ainda que em local improvieado, funcionando
num clube no morro que até então estava fechado o que serviu de
abrigo para as criancas até a construcao da nova creche, em
i9??, localizada na rua 13 de maio 5/n, atende em média 100
criancas de Q a 5 anos. Em 94, Foram matriculadae 105 criancas;
são Freqüentes maio ou menos 80, embora sua capacidade seja para
até 180 criancas.
Qua manutencao eeta aos cuidados da Fundacao Alfa Gen»
te com um quadro de doze funcionarios, sendo seis da própria cow
munidade. Funciona junto a creche um postinho de saude que rea»
lixa trabalho voluntário, atendendo a comunidade e eneinando re~
medios caseiros à base de ervas. Neste posto não tem medico.
O depoimento da moradora iluatra eeea passagem.
“ñ Nossa História é pela Biblia, dia dona Claudete, 57 anoe. No comeco, 0 Mocotó era meio dividido. A parte de baixo não se inw troxava com a parte de cima. Então, quando a irmã Bete apareceu no morro, mais ou menos em i9?0, ela noe pareceu uma pessoa de con” fiança; então ela e maia alguns seminaristas do ITE8C (Inetituto Teolog. de 8.0.) comeca” mos a refletir sobre os problemas mais ur» gentes como água, por exemplo, eo chegava até a metade do Morro, aqui em cima nos ser~ víamos da tonto onde lavavam~se roupas e do poco para beber sem nenhum tratamento na agua, puxando a balde, a dietância. Também as crianeaa eram um sério problema, não tinham onde ticar para ao mães trabalhar
z
E0
tora. Juntos começamos um trabalho de reflexão a partir da biblia. Nos reunimoe em diferentes caeae num grupo pequeno, café W grupo com um deeeee religioeoe e depois diecutiamoe oe problemaa e encaminhavamoe trabalhos pesados como organizar mutirõee para limpar os pocos de agua. "Muitae vezes quando os homene não tinham iniciativa eu meema começava depois elea vinham chegando", salienta. Tiravamoe eempre uma comiseão para buecar recursos junto a prefeitura e a CASAN na tentativa de conseguir agua encanada para todo o Morro. Ú trabalho sempre foi voluntário tanto da parte delee (agentee externoel como eu, me colocava a disposição no que Fosse preciso, muitae veaee fui a Univereidade a pedido dos alunoe para Falar da nossa realidade e da experiência trabalhar de torma organizada. “Que é muito diferente da mordomia delee“. Q irmã e um padre legaliaaram muitoe casar mentoe, que viviam apenas Junto, tiaeram muitoo batiaadoe. Uai comecaram vir médicoe reeidentee do Hosr pital Infantil fazer trabalhoe de comunida~ de, elee orientavam ae mães para as criancas não deeidratarem e também tratavam ae vermiw noeee. Cada mãe paeeava um médico com esper cialidades diterentee, até ginecologistas vinham e atendiam no poetinho logo que abriu a creche em 197o. Eu trabalhei como atendente no inicio do poetinho junto com a creche. Eu que levava as criancae da creche para o médico examim nar, colhia oe exames e levava o material para o üâ8P W Departamento de Saúde Pública fazer os examee. Eu levava o material para eeterelizar no Hospital de Caridade, nóe não tinhamos eetuta. Eu buscava medicamento na CEHE ~ Central de Medicamentos. Inclueive o médico Paaia pedido de medica" mentos em nome daquelas criancas que não ee” tavam doentea para ter eetoque de medicamen~ tos basicoe, como: penicilina, novalgina, xarope, enfim a gente trabalhava por "amor a camisa". Dona Claudete nos conta que em 81 fez o cur~ ao de Agente de Saude com maie de dee mulhe~ rea do Morro oferecido pela Pastoral da Sad» de, com duração de 60 horas. Que hoje tun~ uiona como Comissão de Saude, eendo uma das iormae de organização dentro da comunidade.
81
Dois destea agentoa atuam no Conselho Muni» cipal de Saude “Fórum Popular da Saúdo"
Kato depoimento mostra a conâtrucäo da relacão entre
oa moradorco c agentoa externos no qual vão deocobrindo que nos
programaa coletivos é pooaível ir delimitando caminhos para a
auparacão da condiuão de excluídos.
i.2.i. Associação de moradores
Desde maio de 1983, a comunidade do Morro do Mocotó é
roprooontada por uma aaoociacäo de moradoroa que luta por m@lho~
res condicõos doasa comunidado. conseqüentemente, melhores con*
dicöeo do vida, viato que esta seria uma dao melhores tormaa de
organizacão.popular vifiando conseguir satistaaer as necessidades
oomuno a todoa oo moradorca. Foi a partir da leitura c da convivência com esaa roa~
lidado que ao criou e iortaloceu a organiaacão desde movimento.
He acordo com Jacobi (1988, pg. 49)
"OQ movimentos sociais têm tornado manifesto uma identidade que concretiza a partir da conotrucão coletiva de uma noção de direi* toa que, relacionada diretamente com a aplicacao do oopaoo do cidadania, dê lugar ao reconhecimento publico das carências".
Entendemos a aaoociacão do moradores como uma Porra*
menta ou inatrumcnto que os moradores têm para lutarem junto as
outras organiaacõoo populareo, reivindicando aoa poderes públi~
coa um atendimento aa suas necesaidadeo humanas e sociais.
88
Com a referência acima, a associação de moradores poderia per~
feitamente aeeumir um processo de aeãoereflexão concreto, con~
vertendo ae num eepaco centraliaador, autoritário, pensando e
decidindo peloe moradores. .
Pelo contrário, a comunidade tem demonetrado em eua
trajetória, periodo em que o Servico Social tea acompanhamento,
um trabalho com a comunidade, apesar de lento e com poucos par*
ticipantee, que tem caminhado numa acao democrática. Com o cui~
dado de não atropelar certae decieöee, ela tem respeitado outrae
iniciativas, deixando de exercer determinadas tarefae de eua
atribuição possibilitando que outras organizações internas pos~
eam também eervir como reierência na comunidade. Na avaliação de
uma lideranca externa, esta atitude é objeto de critica:
"A aeeociacão doe moradores esta muito aco~ modada, tem deixado concentrar certaa deci~ eoee e informacoes na Caea da Crianca que alias, tem prejudicado a organiaacão da co~ munidade como também sobrecarrega a Caea da Crianca, se todos oe educadorea interessa» doe em trabalhar com a comunidade tendo a casa como referência, o que não deve acon~ tecer é sem a aeeociacão de moradores deci~ dir que tipo de eetágios ela quer para a comunidade enquanto representante dos mora~ dores". -
Foi neeee eepaco de diecueaõee doe problemas referen~
tee a comunidade, envolvendo diterentee eujeitoe e diferentes
concepções de homem e de mundo, como também não trabalhando ape~
nae aa liderancae, mae todoe oe participantee, é que o Servico
Social concentrou neete eepaco sua base de intervenção, fato que
eera melhor detalhado no capitulo II.
83
1.8.8. Casa da crianca
Em 1987, ioi ieito um projeto para a conatrucäo da Ca~
ea da Criança, que vinha responder a uma necessidade de muitas
criancas que saiam da creche quando completavam sete anos de
idade e muitos deles não tinham com quem ficar quando os pais
saíam para trabalhar. Huitaa vezes, aem comida, eles saiam pelas
ruaa, o número de criancas aumentava diariamente e nesse meamo
ano houve uma expansão do Famíliaa, no Morro, com isso a preocu~
pacão doa educadores e peasoas envolvidas com o social também
aumentou. Primeiramente, iniciou se um atendimento a esaas
criançaa na caoa daa irmãs da Fraternidade Eaperança, que ao
masmo tempo funcionava como escola am duas salas da aula de pri*
meira a quarta série, como extenoão do Colegio das Irmãs da Ima~
culada Conceição, uma casinha de madeira bastante velha, doação
de dona Criatina Lengert, de Itapiranga ~ Oeste Catarinense. Os
nrofeasorea eram pagos pelo mesmo colégio, mais alguns vo1unta~
rios religiosos. A partir dessa época se contou com assessoria da âãâ ~
ação Social firqueodioceoana M e eduoadoreo que tinham um traha~
lho do comunidade de neriieria, entre eles o Mocotó, e nisso a
irmã Hedvíges comecou a participar nesses esnacos com grupos
atravéa de reuniöea para levantar idéias de como se poderia
criar uma eatrutura e uma ação pedagógica com as criançaa pré*
adolescentea, adolescentes e jovena.
24
Então, pensoumse em construir no espaco dessa escoli~
nha que já não existia mais, elaboraram um projeto através da
nssociacäo de Moradores, assessorado pela âãn que encaminhou pa~
ra FUNQBEM, hoje CEHIA W Centro Brasileiro de Infância e Adoles~
cência, para viabilidade de conseguir verbas de manutenção e pam
ra a própria construção. âprovado o projeto, a associação de Ho”
radores cedeu o terreno e o nome e a construção se realizou em
88, com 0 objetivo de dar uma colaboração para que as criancas
permaneçam na escola, ajuda alimentar e sobretudo, ocupar o tem~
po Fora de aula, evitando assim maior tempo na rua e começar
com algo protiseionaliaante, com pintura, marcenaria, bordado e
outros.
O objetivo estava claro, a escritura em mãos, a casa
estava.pronta, mas só funcionava com voluntários, não tinha $un~
eionarios pagos. Então, a única pessoa disponivel para assumir
era a irmã Hedviges e outros voluntários que dispunham de uma
tarde, um dia, entim, dessa maneira funcionou por muito tempo,
até que a Aãn e a irmã Hedviges buscaram parceria com a UHEÉC na
perspectiva de levar para o Morro educadores bolsistas para tra~
halhar com as criancae conteudoe pedagógicos não voluntaristas.
Com o passar do tempo, a näo sotreu uma restruturacäo, mudou a
direção alterando a dinâmica de trabalho da entidade, então não
Foi mais possivel continuar dando assessoria direta a Casa da
Crianea. É neese contexto que a Fundação Fé e alegria da contifl
nuidade a asseesoria, a partir de janeiro de 93. Ha quem fax ne
gociaeöes com outras instituições, busca parceriae e Faz a ponte
85
entre eotee órgãos e a Éaea da Criança no repaeee dae verbas ou
outro recureo qualquer para a manutencão da Caea, como mantém
negociação nom a CUMCAP que comprometeuflee com parte da alimenw
tação dae crianças, distribuindo alimento báaico quinaenalmente.
Artifiula outroa contratoe também, onde coneeguiu agaealhoe de
moleton, junto ao bazar do Colégio Catarinense. Este mesmo coléw
gio manteve por determinado tempo dois profeeeoree, eenhora do
LIC ~ Lagoa Iate Clube teve uma contribuição noa recursos; wo»
mewe Club W fazem repasse de alguma verba onde foi poeeível con"
tratar um profesaor de quarenta horas para educacao eaportiva; a
Fundacao ALFQ GENTE repaeaa um fialario mínimo para pagar a me”
rendeira. Hoje exiate um projeto de manutenção pela Prereitura
de Florianópolie: no início da adminietraoäo da Frente Popular,
o Mocotó levou um projeto via Fé & Alegria, onde foram liberadoe
tree profeeeoree, garantidos por um ano, ao termino deese con”
trato, tentou ae renovação, mas Foi vetada. Porém, a Prefeitura
comprometeu~ee em mandar recureoe Financeiros para que a própria
cada contratasee profesaores, só que esse recurso levou nove me*
eee, ou seja, desde Janeiro até eetembro de 94 para liberar um
mil e quinhentos reaio pela Secretaria da âaúde e Desenvolvimen~
to äocial, alegando que a Secretaria da Educaçäo não sustenta
tal tipo de trabalho "alternativo" e que pertence à área social,
e não da educação.
Esse contrato é por mais um ano, de oetembro de 94 a
aetembro de 95, depoie dependerá de novas negooiaçõea.
26
"Nós, da Fé & Alegria apenae damoa aseeeoo~ ria, mas a idéia é que a própria comunidade possa aasumir eesea projetos, não temoa re~ curfioa próprioo, também dependemoa de pro~ jetos, batalhamoe outroa meios para que a Casa da Crianca possa caminhar sozinha, criar aua própria eotrutura, contratar fun~ cionarios através de projetoe internaciow naia, criar parcerias com emprefiárioa, ór~ gãoa publicoa, ou com a própria comunidade, desde que ao posoa garantir. E o instrumento de formação daasa consciên~ cia são as reuniões com a comissão de edu* cação. Estes encontroe de Educacão que se taaem duinzenalmente na própria caea. É no momen~ to, os participantes estäo discutindo o projeto de legalização Jurídica da caea pa~ ra esse Fim, a autonomia"
(Pedro da Fé S. alegria)
Hoja a Caaa da Crianca do Mocotó conta com um quadro
de atividadaa esportivas com as criancaa que freqüentam a casa.
Alfredo, proteaaor de Educacão Eaportiva trabalha qua”
renta horaa semanais, atende em média 15 a 80 criançae cada tur~
ma. Idade de fiete a quatorze anos hoje, mae já trabalhou ante~
riormente até 17 anoe. Procura sempre trabalhar com meninos e
meninao juntos ~ turmas miatas.
Local para atividades esportivaa é Bahia 8u1 e a “Boca
do Vento" M Platô"a1to do morro.
Metodologia usada~g1oba1 ~ apartir do jogo total ou
deja, enoina o todo e deaenvolve as partes.
“Procuro adaptar a forma de trabalho, a par* tir da realidade reagarando as brincadeiras defes proprios, mas também tem dias que dies dueram aprender com profesfior ativ¿da~ des novaã"
87
Eose método de trabalho com eeportes vai ao encontro
da experiência em alfabetização de Antonio Leal que diz: " ..0
método é o caminho dominante. Sem alternativas. Quando o cami~
nho, ao meu ver, devia ir sendo aberto pela turma, pelo grupo. U
método não deve atropelar ninguém." (1988, pg 14)
Em sua avaliação quanto a violência no Morro, diz ele
que o problema maior não É a droga, mae a família em ei. äão
criancas ,sem pai, sem mãe. vivem numa caaa sem condições de ha~
bitacão, convivem num amontoado de pessoas, como é o caso do F.
que mora nom oito pessoas em duas pecas, ou talvez hoje tenha
até maio que ieeo. üutra eituacäo parecida é o da E.R. de ii
anoe, que foi eapancada pelo pai e quando chegou na aula, ex*
preeeou toda aquela raiva reprimida. "É dificil trabalhar com as
criancas, por cauea deseaâ atitudes, eles eetão brincando tudo
bem, de repente, sai brigando com todos, e, iseo, é reflexo da
Família." No depoimento do professor tica clara a relacao forte
de atetividade entre educador e educandos.
“Teve uma menina outro dia que disse. Alfredo é meu pai. Eu que*
ria sair do Morro, mas não tenho coragem de deixar as criancao”.
Quanto a relação com 0 Servico Social ele pensa que
este tem muito a contribuir nesse trabalho com as criancas, indo
até ao casao, tazendo contato e repeneando uma reestruturação
com efitaa tamiliaa, queetionando com ao mães por quê que as
criancaa não acordam cedo para vir a eâcola.
88
1.2.3. Teologia
Dentro das diferentee torcae de organização do Mocotó,
encontra ee a IEQLQQLQ como Forca Interna dentro da comunidade e
também vinculado a Forças Externas, como é vinculo com TEOLOGIA
POPULAR oferecido pelo Qetor de Teologia do CEUEP. Este curso já
exiete na trêe anos e é ministrado por seminarietas (eetudantes
de teologia) e têm a duração de dois anos entre teoria e pratica
com o objetivo de iormar lideranoas comunitárias em teologia po*
pular, capacitando ao peoeoas no deeenvolvimento de euaã ativi"
dades na comunidade.
U CEHEP sentiu a necessidade de formar lideranças re”
ligiooae, que eetiveeeem ligadas diretamente com a realidade da
comunidade a pedido da própria comunidade, mediante às necessi~
dadea de uma Formação com expressão religioea.
Ú conteúdo ministrado no curso é eistematizado em con~
junto (CEHEP/ITESC) a partir do ouvir dae pessoas da comunidade,
para que este conteúdo venha ao encontro das neceeeidadee.
A metodologia usada e um nroceeao de interacäo entre
os coordenadores e participantes comunitários, ou seja é uma me~
todologia flexível, peneada no grupo. A idéia é trabalhar com o
grupo e não levar uma receita pronta e sim levantar e tormular
uma ação teológica a partir da neceeeidade da própria comunida"
de.
A coordenadoria pelo ITESC esta composta por quatro
neoeoaez Amarildo, Vilmar, Jupira e Secretaria Sirlei. Pelo
CEUEP quem coordena é o Pe nlcione encarregado mais da parte
29
teórica. Um coordenadores se encarregam da parte metodológica e
encaminhamento de modo geral, iazendo cronograma, discutindo
uonteúdo e dinâmica. Dentro desse curso de Teologia Popular participam três
moradoreä do Morro do Mocotó: Anagibe, Raul e Neide.
Dentre estao participantes da Teologia Popular existe
um eatudante de Teologia vinçulado ao CEUEP que atua nosta comu~
nidade especificamente com CATEQUESE para jovonp e adultos, li*
turgia e celehracöed, ou seja preparação de peasoas intereâsadas
em cumprir oa sacramentoa (batismo, criama, primeira comunhão,
matrimônio.. F
“Dentro destas atividadeâ buscaflâe desenvol~ ver na peoaoaa a conaciência critica e o espirito do organiaacäo que permita à pes~ soa 0 pleno exercicio da cidadania, que se* gundo a professora Ilse Chorar só se conde* Quo por cidadão de tor reäpoitada a divor* aidade de culturas para que se ohegue à vardadeira demoaracia“. (Estudante de Teologia Moacir)
1.8.4. Cultura negra no morro e o carnaval
Não poderia começar falar do cultura negra adm rasga*
tar a figura importante de dona Maria Felipe, (vide anexo 8, fo*
tos do amu ultimo aniveroário). Escrava dos õenhores de engenho,
morreu há mais ou menoa 33 anos com 134 anos do vida.
30
Estes relatos E totografias hoje são resgatados por
sua sobrinha Dona Loucimar ~ Luci ~ prima~irmä do seu Tibila,
figura conhecida historicamente no Morro por acompanhar os mari~
nhoiros até a casa de seu pai, também com o mesmo apelido, para
-:omer o ~|-`amo‹.ôo moczotó.
H, agora, analisando a relação do prato do mocotó que
no inicio este trabalho ilustrou, vimos ser originário dos os”
cravos negros, a certamente Dona Felipe trouxe esse costume da
sua vivência como escrava. Qegundo nos conta sua sobrinha Dona
Lucimara, SV, que a "velhinha", como ola chama, sempre lembrou
com saudades desse tempo e dizia que o seu ãenhor de Engenho a
tratava muito bem. “Não foi amarrada nom ospancada“.
Hoje eosa cultura negra está estampada no Morro. A
grande maioria da populacao é da raca negra, só a Família de do"
na Luci têm dez Filhos; entre sobrinhos, netos, noras, genros
está em torno de 40 pessoas sem contar primos de Bona Luci enw
contramos parentes que na maioria moram no Morro. üontro dessa
linhagem Familiar está Carlão um "Destaque" no samba, filho de
Dona Luoimar, ele é o organizador do grupo de samba. Na funcão
do residente ele nos conta:
O Bloco Unidos do Mocotó foi campeão três vemos e três vozes vice, em 90,9i,W8, res* pectivamente. Hoje o bloco está com seis anos, fundado em 10/97/89. “Eu e minha famí~ lia que formamos o “Unidos do Mocotó", a mão de obra é toda nossa (comunidade), desde alegoria do cabeca, fantasia, instrumentos, lotra, musicas etc... Foi um trabalho que dou certo. apostamos na nossa cultura Para trabalhar com as criancas, e tentar mudar a imagem negativa do Morro.
31
O nosso bloco nasceu em virtude do Morro es» tar muito presente na página policial acusa~ do de coisas que muitas vezes não cometeu e a imprensa para vender mais jornal em qual~ quer comunidade e bota, tal Fulano foi preso no Mocotó. nte que por um lado, foi bom, só assim a gente se estruturou par Fazer um bloco na comunidade, e a gente saiu de pagi~ na policial e fomos para a crônica social. Hoje contamos com uma sede própria no alto do Morro, gramado, e no Centro Social Urbano de Prainha iunciona uma escolinha de judô, artes, aula de violão como resultado do Uni* dos e Centro Social Urbano. Junto a Associacao de Moradores, temos um trabalho em conjunto, não só com eles, mas com todas as organizações do Morro, com um objetivo unico: crescer a qualidade do bair~ ro e investir na crianca, que é o futuro do amanhã.
_ Como laaer, temos futebol para as criancas ~ Unidoa Esporte Clube W uma cria do bloco. Os adultos jogam dominó e cartas usando o espa~ co da sede para tazer torneio de dominó com jantar, em geral “mocotó“, como também rea~ lixar se bingos não eo com intuito de anga~ riar Fundos mas como divertimentos. Temos também um projeto para uma cancha de boli~ che. ~ V
Outro projeto que pensamos realizar é com o "Bem Estar do Menor" vamos tentar um convê~ nio com a ETFESC W Escola Técnica Federal ~ e legalizar todo o estacionamento de carros na cidade e fazer um horario especial para o menor trabalhar meio periodo de aula e o ou~ tro de trabalho recebendo por isso um sala” rio iixo para que eles possam se manter e contribuir para renda Familiar. Eu já passei por isso. Fui guardador de car~ ros com 17 anos, ou seja em ?7, e não tinha renda garantida e isso gerava competitivida~ de pelo espaco, levando até a violência. Ho~ je, o número de criancas na rua cresceu mui» to, é disputado esse mercado de trabalho não só entre eles, mas com jovens adultos e principalmente com empresarios que privatiw aaram muitos estacionamentos. Esse projeto já foi preocupação de' alguns vereadores, mas nunca se eietivou. Be eu me candidatar a vereador em 9ó, com certeaa,-sera prioridade. Enquanto isso con~ tinuaremos‹ batalhando na perspectiva de um grande carnaval em 95, onde o Unidos do Mo» cotó sairá como escola tendo como enredo “ns
32
ervas curam", inspirado num livro antigo que rala de ervas 6 receitao. Uo adereços de ca~ boca trarão oo diforenteo tinoo de ervao“.
1.8.5. Armazém comunitário
"AS COMUNIDADES CARENTES NÃO SÃO RECEPTORAS DE AJUDA, HAS PAR»
CEIRAS NA LUTA PELA DIGNIDADE E PELA VIDA
(Frase que ilustrou o jornalzinho do Armazém Comunitário)
A idéia surgiu em agosto de i9?3, durante ao reuniões
doo Grupoo Úomunitárioo na Catedral, quo diocutiam basicamente a
iormacão dc liderancas e a criação de fundo de moradia. Mais
tarde o grupo comecou a participar das reuniöeo do Comitê Regio~
nal do Ação da Cidadania Contra a Fome, a Hioéria e Pela Uida,
quo oo realizava no Eotreito. Hoje o comitê funciona na sede da
LBA, avenida Mauro Ramos, 788.
Nos Grupos Comunitários, o âetor dc Produção e Aba5te~
cimento do CEUEP eoteve oompre junto, aäseoaorando e ampliando a
idéia, e entre os participantes foi escolhido um representante
para coordenar junto com as comunidades o projeto, o nome esco-
lhido foi do Roberto Iunskouski. L' Nestas reunião ioram lovantadoo os nomes das comuni~
dadeo do baixo renda organizadas e interesaadas em participar e
levar para sua comunidade 0 projeto do Armazém Comunitário, en~
tro oleo; Pedrogal, Chico Mondeo, Vila Aparecida, Mocotó, Mont
Serrat e Morro do Horácio.
33
Not dia 9 de outubro Foi inaugurado o armazém do Morro
do Mocotó. Neste dia oe óøkg do arroz, ÓOKQ feijão, 90Kg de acú~
car, 30K9 de mal, 80Kg de iarinha de mandioca, 20Kg de trigo, 36
de macarrão, EQ de fubá e 15 latas da óleo do soja, foram vendi~
doa cerca do 15 a 80% maio barato do que no comércio, c eava~
siando imediatamente o estoque e recebendo sugestões para aumen~
tar a quantidade e diveraidade de produtos. Como de fato foi in"
cluído, sabão, leite em po, café, bolacha, pão e frango.
Ú armazém do Mocotó atende hoje cerca do 34o familias,
aproximadamente 1.809 pessoas que se alimentam dos produtos des~
ta uosta báoica, mais barata, e resultado de um trabalho volun~
tário.(ane×o 3)
É poasível vender mais barato porque não existe atra*
vooaador, ou intermediário, ou molhor, é mediado por comiosöes
formadas por peaooas da própria comunidade, que trabalham de
torma voluntária não recebendo nada por isao. U CEUEP é quem
compra oo produtoa junto a CONâB (Companhia Nacional de ñbaste~
cimento), o tranoporte é Feito por um caminhão cedido pelo comi~
tê, reaultado do movimento de solidariedade entre os Funcionam
rioa da Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Eletrosul. Os
produtos são da comunidade, e são vendidos entre sexta e sabado
o já na aegundawioira o dinheiro é repassado por um dos respon~
sáveis do armazém ao CEUEP que vai pagar a CONAB e faaer oa no~
voa podidoa. Com quase um ano do funcionamento doa Armaaéna Comuni~
tarioa, no encontro do avaliacao promovido pelo CEUEP viu ae a
poaoihilidade de expansão do projeto. Na avaliação ficou claro
34
QUG oo armazene ainda não têm eatrutura para bancarem aumento de
produtos a serem orerecidos para a comunidade. O fundo de reser~
va comum ainda é pouco, oerve apenas para manutencäo do caminhão
e outrao emergências que aparecerem, ele é oriundo de uma pequew
na margem de lucro, cerca de R$ 00,50 em cima dofi produtoo $a~
bricados nas próprias comunidades como: pão, biscoito e sabão.
“U encontro ainda teve o mérito de promover a Ánáegraaãb e aumentar a consciência crí~
fico de dada um Hoy envolvidos. Ficou mais
- claro para os vofunfãriofi de que ao arma*
gens dão frutos da orgdniäâçäo da oomunídar
de e isso só Püde fazer tweeter O FVOJEÉO-"
{Informatizmv‹fi¶ CHü£F nÊ'4É
M 1.2.6. Comissao de saúde
A comidsäo da eaude, enquanto organização interna da
Comunidade do Mocotó, comecou a se reunir a partir de eituações
emergentes que perpaosam o diawa dia doe moradores, nas manifes~
tauõeo de doencas e na Falta de conhecimentos das pessoas na
"preven¢ão, sobretudo nas doencas condizentes com a realidade
local como: fiIUS, Verminoeeo, Hipertenoäo arterial, doenças res*
piratórias e 1eptoopiroee“.
Efiea preocupação 1evantou~se numa reunião com a aseo~
ciaoão de moradorea, percebendo a importância de rormar uma co~
miofião com os moradores bem como o Servico Socia1, para discutir
aoountoo relativoa à queotão da oaúde.
35
Chamaram para uma reunião no dia 33 de abril de 1994,
algumad peosoas que fizeram o curso de atendente de saúde em
amoo anteriores, na própria comunidade, através de agenteo da
Pastoral da Saude. Eaoe encontro toi para colocar a preocupação
doa moradoreo e o que poderia encaminhar a partir do conhecimon*
to de cada um, onde toram refigatadaâ ao atividades exercidas e a
pooeibilidade de exercêwlas junto aos moradoree, como também 313€O tortalecer um trabalho de supera; das precariedadeo em que se
encontra a oaude, hojo, no Mocotó.
Histribuimos convites e espalhamoo cartaaea na comuni~
dade, convidando para um encontro com a Comissão da äaude, no
dia 7 de Maio, onde paseariamos um diapooitivo eobre AIDS e, lo~
go apoa, um debate. Local Cada da Comunidade. figuardávamoo um
numero maior de participantes, inclusive pelo tato de traaer um
aoounto tão comentado como A108. fipeoar da Falta de recursos ma-
teriaio para trabalhar melhor o assunto, gerou interesse e eufo~
ria aoo participanteo, sobretudo as crianoao. Nesse primeiro en"
contro procuramos fazer uma dinâmica onde todos participafisem.
Oboervávamoe e retletiamoo, lançando perguntao aos participantes
para obter maio participação e perceber o nivel de entendimento
e tontar eaclarecer ouao duvidas. Teve repercusaão muito boa,
todoa queriam Falar e citar exemploa, por alguns momentos houve
tumulto pela euforia, entim encaminhamos outra reunião para 0
mês de maio, com o tema Hiperteneão (presoäo alta) no mesmo lo"
cal, outros temao toram levantados e a poooihilidade de apren~
dermoa a lidar com ervao medicinais, ensinada pelao moradoras
maio antigao que Fazem uso deose método. E assim ao reuniõeo to*
36
ram acontecendo, algumao com poucoe participantes, outras são
discutidas com a aasociaoäo de Moradores como é o caso da deera»
tiuaoäo do morro, (vide anexo 4). Uma outra preocupação das li"
derancas comunitárias é o excesao de cachorroo circulando no
morro, alguna com aapecto de doenteo. Então, a Comissão de Saúde
encarregouflse de divulgar, atravéo de cartazes, aos donos dos
cachorros a deciaão tirada da reunião; o dono dos cachorros sol*
tos deve prendê~loa ou será comunicado a vigilância sanitária
quo oa recolhera, ou tomara as devidas providênciaa.
A Comissão da Saúde hoje está um pouco desarticulada,
ao reuniöea não eotäo acontecendo com iredüência, meomo pela
Falta de tempo dae liderancae, mas a equipe tem consciência dis*
eo e pretende reeotruturar~ee para inicio de janeiro.
1.3. Desafios que a Comunidade Encontra diante de sua Organizaw
cão
Os deeaiios estäo no diamawdia da nossa realidade. É
no cotidiano que o modelo capitaliata se inatitui e se fax hege~
mõnico em noeea sociedade. Na medida em que as relações capita~
liatao vão se apropriando do cotidiano dae peaooao, ela vai
transiormando quase tudo em mercadoria, aemnre com o objetivo de
obter lucro e oaoaa a controlar desde o maia simples ato até a
tecnologia mais avancada, nerpassando pelo nosao tipo de alimen~
tação, modo do veotir, deiinindo um modo esoeoifico de organiaa~
cão onde todoe os hábitoa e rotinas sociais canalizam para o ob~
37
jetivo proposto, apenas visando 0 lucro.
”..., á no Jia~a~dia que 0 projeto sofia! capitalifiàa ea repãe flermanantemente. E`jaso acontece desde 0 momento em que ele estaba» Iece, rofiniza, sedimanta, oontrola ou ex~ panda as relações, instituições, enumera~ cöaa, significados, leis, formas da convi~ vëncia, enfim, tudo aquilo que dê sustento ‹;“o£*.x'o'1`a11o ao o›'J,ƒéz*t'.z'vo do z'u‹:'r'‹:›. ”
(Costa, IÉFI, py E8)
Percebemos que aí que começam os mais árduoe desafios,
onde aa complexidades da sociedade capitalieta moatram uma apa~
rência de poder e competição, vieando lucro em tudo que se laz.
Então, como tortalecer um trabalho organizado com aa lideranças,
num aervioo voluntário, participante, que roquer tempo dieponí~
vel, ae o processo capitalista coneome uma Jornada de trabalho
oxceaeiva? A violência e a pobreza são reflexo dessa exploração.
Q aituacäo de pobreza e carência vai levando para a droga, vio~
lêneia, proetituieäo, roubo e para a neceseidade de diferentes
organiaacõee comunitariaa onde a aeaociacão de moradores vai lu~
tar contra eeaa probreza. De moradoree não estäo só se destruin~
do; quando eles ee envolvem com a droga é uma aaida rápida para
a aituacão de mioéria, quando não se tem um emprego ou uma opor»
tunidade, é maia iacil usar o trafico organizado para conseguir
um eubemprego. Ú que e o roubo? Ha concepção de qualquer peseoa
é o errado, e a violência; naquele contexto ele entra como eaida
para a aituacäo de pobreza. Considerando aqui alguna caeos ooncretoe de luta or9a~
niaada contra a queetäo poeta para todos, que é a tramaa coti~
38
diana que da suporte ao projeto de dominação social que leva a
uma deganeracäo de ser humano e de suas Pormaa de vida, entre
oleo cota a queatäo da âaúde, mais especificamente a AIU8 W Sin»
dromo do Imuno Deficiência Adquirida. Expandindo dia a~dia, du~
ranto o ano de 93, no Mocotó houve três mortes, conatatado o
óbito pelo vírus HIV, o muitoo outroa eatäo doentes, também por~
tadorea da doença. Ainda não oabemos quantas criancas são porta*
dorao pela transmiasäo congênita, ou seja, já é uma segunda ge»
racão contaminada peloa paia, aobrotudo pelos Jovens e ado1es~
ccntoa que têm uma vida sexual promiacua e fazem uao de droga;
usam droga injetável o a mostra eatá nas seringao jogadas pelo
uhäo. à dependência aatá grande e muitos uauárioa não se limi~
tam a ooconder o vício o manuaeiam à vista de todos. Huitao ve*
aos proaoncièi o uao e a venda da droga o até me ofereceram para
comprar; Faz parte da realidade dosao local. Pois, a baso de
sustentação econômica é 0 trabalho anvolvido com a droga, é um
mercado do producão e exploração que é ditícil claramenté sabor, L? G. quem produx com que produz, como produa. sabemos para quem
produz, o consumidor ~ dependente ~ c a eatratégia do poder do
tráfico está em ampliar seu mercado do consumo levando cada vez
maio pessoas ao círculo vicioso sem volta, e o retlexo esta aí
maniteato na dependência, no roubo, na violência e na ñIüS.
A aaaociacão do moradores é um espaco, ou melhor ela
nem tem espaco tiaico, tem uaado uma sala da Caaa da Crianca par
ra rouniõeo, mesmo aasim ao questões politicao são discutidaa e
estäo na luta promovendo bingos para a conotrucão de uma sede
propria, onde posaa também usar para o Armazém Comunitário e
39
eervir de lazer para os moradores que eäo desprovidos de espaco
para divertimento. Úe moradoree desse local trazem na *ace um
aspecto triste, de sorrimento, de batalha, de inetabilidade emo~
cional mesmo. ä qualquer momento a polícia sobe o Morro atirando
para todo lado, invadindo casas na busca de traficantes ou de
pessoas que se eecondem nesse local. (vide anexo 3)
A eeguir, deecrevo uma situação que ilustra esse texto
ou melhor, ele entrietece o texto, melhor seria descrever ou~
troe momentos de alegria. No dia ä/5/94 eu fazia uma visita a uma moradora que
fica num ponto estratégico do Morro, mais ou menoe no meio, com
variao paeeagene ao redor (ee fossem ruas normaia, diria que a
caea fica de esquina, dando boa visão para quem paeea, quem eo~
be, quem desce). Enquanto conversavamoe, ela serviu um café com
bolo de cenoura, coberto de chocolate, e oonveroavamoe tranqui~
lamente, contando que é separada há muitos anos e cuida de eua
mãe doente e que, deede o carnaval, sua Pilha (única) veio tam~
bém morar com ela, mais doía Filhos, um com três e outro com
eeie ande, alegando não euportar maie o casamento devido ao en~
volvimento do marido com a droga e relacionamentos e×tra~conju~
gaia, vendendo o que elee tinham de melhor dentro de casa, enfim
váriae conseqüências da dependência da droga. Ela defende o
genro com tristeza, dizendo; "É um rapaz novo, tão bacana, quando não está drogado. Adora oe
tilhoe, e oe Pilhoe têm verdadeira paixão por ele".
Nisso, entra correndo uma vizinha Falando alto para recolher os
meninos porque a polícia eetava no Morro e eetavam prendendo o
l
40
Qr. × que tinham pego com maconha. Coicidentemente era o pai dos meninos.
Foi uma situação muito delicada, as duas_crianças en~ traram e ficaram olhando pela janela a passagem do pai. E diante dos comentários que elas faziam entre a preocupação e o descon~ trole do impacto, as criancas silenciadas expressavam todo aque~ le amor que há pouco a avó descrevia.
Foi uma cena marcante que presenciei no meu estagio, mas, principalmente, marcará mais ainda a história de vida dos dois irmãos.
Enfim, são os desafios do dia~aMdia que enrrentamos, por isso e preciso trabalhar no sentido de Fortalecer a autono~ mia e iniciativa das organizações comunitárias.
As reuniões com a associação de moradores normalmente são feitas à noite, já visando uma maior possibilidade de compa~ reoimentos. Se eles passam fora de casa o dia todo trabalhando, provendo a sobrevivência, as mulheres na sua maioria são $a×i~ neiras, deixam os filhos na creche, na escola ou com os irmãos mais velhos, quando não sozinhos. Quando voltam, necessitam la~
var roupas, cuidar da casa, pensar no alimento para o dia se~
guinte. É como disse um professor em sala de aulaä: "Quando o sujeito está lutando desesperadamente pela sobrevivên~ cia, ele não tem vontade de discutir questões da cor, sexo, etc.. "
4. anotações da aula da disciplina. USS 5109 Teoria e Hetodolo~ U) U3 gia do UI.
41
É claro que, ao reunir um grupo de pessoas no Horro do Mocotó, não estaremos discutindo preferências, mas priorida~ des. Dentre as necessidades coletivas, o que mais tem se levado em conta é a intra estrutura urbana de recursos básicos: esgotos a céu aberto com mau cheiro, coleta de lixo que não é Feita e o
amontoado de detritos, contribuindo na criacao de ratos. A pa~A vimenuacäo não esta completa e, onde há necessidade de reparos
para a passagem dos pedestres, já que é impossível a passagem de veículos entre as casas, quem necessita transportar material de
volume mais expressivo precisa carregar nas costas e desafiar sua condição Fisica com os quatrocentos e tantos degraus de es~ cadarias.
Segundo dados do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis ~ IPUF ~
, o relevo de encosta apresenta alta de* clividades› variando de Sm na rua Silva Jardim até 10% metros em sua porção mais alta.
É dificil até compreender como transportar um doente esuada a baixo se todos os recursos hospitalares estão no nlano.
Ueja o depoimento de uma moradora:
Bona Luci que mora no alto do morro contou que quando sua mãe ficou doente não pôde descer caminhando, buscaram uma masa do Hos~ pitaí de Caridade, onde carreyaram sua mãe com quase 86 kgs. "Nos vivemos pela graca de Deus aqui, eua dificuldade ou na doenea suportamos o sacri~ Fício conforme a condicãb, tivemos sorte que veio um homem mais alto e bem forte que que segurou a maca na parfe de baixo para descer 0 Morro, e ainda nessa epooa não finna es"
cadaria o caminho era escorregadio...”
42
Dona Ilma também confirma essa busca divina, que rezar É a única saida. (anexo 5?
Analisando o quadro sócio~econÕmico encontrado nesta comunidade, pode~se observar como é precária a vida de seus mo~ radores pelas péssimas condições das moradias, verdadeiros bar~ racos "dependurados“, construídos sem nenhum critério urbanísti~ co, formando um emaranhado de casas separadas por ruelas ou construídas em cima da valas apoiadas por pedras.
às casas não têm numeração para correspondência, a lo~
caliaacão do morador pelo endereco é dificil, só pela informacao boca a boca. A correspondência é entregue em uma das sete peque~ nas vendas, sendo üinco armazéns e dois bares. Ha três telerones publicos: um instalado junto ao conselho comunitario, um junto a
creche e outro no meio do Morro ao lado extermo de um bar. Como meio de comunicação e informações, os moradores
que moram no alto do Morro têm sido muito prejudicados. muitas vezes há necessidade de convoca~los para uma
reunião ou assembléia extraordinária, é preciso deslocar alguém para avisá~los. Está se encaminhando uma proposta reunindo a
associação de moradores e a Casa de Criança para adquirir um al~
to~$a1ante, para suprir essa carência. Podemos constatar, no quadro abaixo, alguns dados que
expressam a vida desses moradores. |
- f Iistiuibuicao da renda média por Família em porcenta~ gem segundo dados do IPUF ¬ Levantamento em 93
43
Menos de um salário mínimo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 6% Um salário mínimo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 63% nois a quatro salários minimos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 28% Mais de quatro salários minimos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . _. 3%* Número de iamilias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . _. 368 Múmero de pessoas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 1657 Número de famílias carentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . _. 857 Número de pessoas dependentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 1150 -M@d_«”Wz¬s~--ii¬,W,WWWWuiuTi zzzzz .m_i, ,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,, i, i,iwai
Quanto a procedência desse moradores, como a ocupação já é antiga, muitas familias ali residentes são naturais de F1o~
rianópolis. â ocupação mais recente é oriunda do planalto serra~ no )Lages, Otacílio Costa), e do oeste catarinense.
Diante desse quadro sócio~econômico, perceberse a ne~
cessidade de cada dia mais Fortalecer o processo de organização comunitária urbana, calcado nas demandas dessa população, e com isso continuam~se os desafios, entre eles é o das lideranças, pelas suas diversidades no agir.
O modo de ser e de pensar de cada pessoa é uma pecu~ liaridade. Uma vez que as pessoas são diversas uma das outras, cada uma tem sua maneira própria de ser, cada uma tem projetos único de vida. Por outro lado, essa diversidade permite também que uns tenham maior preocupação em participar de algum grupo ou movimento, neste caso a adeoão às organizações comunitárias. Dentro disso, uns se empenham mais que outros nas atividades, participam mais, estão sempre dispostos a conhecer, compreender e discutir mais a mundo as questões que envolvem a comunidade, a
conjuntura atual. Enfim, esses têm maior desejo de discutir a1~ ternativas de vida social e lutar para sua construção, mobi1i~
44
zando a participação de todos nesse processo. Tambem não quer
dizer que aqueles que se empenham menos deixem de ter a sua con~
tribuicäo no grupo. E ai entra o desafio: como responder as expectativas
desses participantes sem que isso os transforme em “lider cheie"
ou de outra maneira, sem que isso reforce ou resulte na depen~
dência dos outros em relaçäo a eles. Ou ainda, aquelas lideran~
ças que agem sozinhas, tentando iazer um trabalho imediato, não
considerando um processo mais coletivo, iaeendo aparecer o seu
como prestígio.
(TL
¡Tš¬ “D lider sempre uma pessoa prestigiada, enquanto admirada e valorizada pelo que pensa, iaz fala ou representa"...
(0 que e ser Lider? 1991 pg. ii)
Continua o mesmo raoiocinio,
“Isto complica quando o lider vê no e×erci~ cio d e sua liderança apenas a sua valori» zação e apenas o espaco para que ele exerça sua necessidade de sentir~se prestigiado, sem levar em conta que cada ser humano, portanto todas as pessoas e o grupo como um todo, precisa realizar sua necessidade de sentirrse prestigiado, privilegiado."
Historicamente nossa tendência, em diversas iniciati~
vas; é de pouca participação, preierindo designar representantes
que decidam por todos.
De Fato, nós somos educados em uma sociedade de depen~
dência onde se exige de alguém que determine o que deve ser Fei»
to; pai, patrão, chefe, esposo, governo...
45
Pela não adesão, participação ou até mesmo por não en» tender üuäã PYOPostas de alfabetizar adultos, esse movimento no Mocotó não surtiu eFeito ao desafio proposto por uma lider comu~ nitária em estar uma vez por semana encontrando com essas pes- soas que expressaram interesse em aprender a ler e escrever. Houve inscricäo, mas o comparecimento toi minimo até à extincão do projeto por falta de sustentação.
E os motivos pelos quais as pessoas justificaram junto ao Servico Social não foi convincente, sendo atribuído apenas ao desencontro de horários. Has há evidências do descrédito do pró~ prio método de aliabetizacäo popular ser exercido por uma pessoa que faz parte do seu cotidiano, que enfrenta as mesmas lutas e
que não teve um conhecimento cientifico. tz) Lú ~..» Conforme Costa (1991, p.
...a ciência e o método cientitico são ape* nas uma entre outras maneiras de conhecer a realidade. Existem outros "métodos" de lei» tura e interpretação dos fatos que não ape- nas o científico, se considerarmos os in~ dios, por exemplo, os conhecimentos que eles têm da terra e do comportamento do universo não passam pelas regras do método cienti#ico.“
Concluindo, se considerarmos que o ensino seja de propriedade e
dominio daqueles que passaram por uma universidade, isso exclui mais de dois terços da população brasileira.
Um grande desafio, entre outros, está em construir um
trabalho unificado entre as diterentes formas de organização no Mocotó, onde se possa estabelecer ou estreitar as relações desr
46
ses educadores preocupados com a causa da crianca dessa comuni~ dade. Entre as instituições estão; Creche, Casa da Crianca, Casa
da Liberdade, Conselho Comunitário e Escola Celso Ramos. â ideia
é que não se lacam ações individuais, que se consiga uma cons~ trucäo em conjunto, discutir a partir do coletivo, articular os
trabalhos, como por exemplo, as criancas que estão aprendendo artes marciais no conselho comunitario, por que não capoeira, que além de ser um esporte não violento resgata um pouco de cul~
tura local. A Casa da Liberdade, espaco criado para atendimento a criancas e adolescentes em situação de risco pessoal e social, e apoio aos trabalhos desenvolvidos nas comunidades, também oFe~ rece cursos desenvolvidos nas comunidades: cursos de datilogra~ tia e algumas atividades esportivas; com isso, as criancas são
atraídas para procurar esse local, muitas vezes deixando de cum~
prir o compromisso com a escola. E pela sua localização próxima ao Mocotó, Ficando na passarela Nego Querido, no centro da cida~ de, vinha Fragmentando o trabalho desenvolvido na Casa da Crianw
ca, que é ocupar todo espaco livre da crianca com atividades construtivas, evitando que estejam menos tempo possivel na rua;
e o que acontecia é que eles falavam que iam para a escola e
desviavam o caminho até a Casa da Liberdade. Percebeu~se, após alguns encontros com a Comissão da
Educacão, a importância de chamar esses protissionais envolvidos
com as criancas do Morro para sentar juntos e levantar propostas de trabalhos inter~relacionadas.
É o que percebemos hoje, um dos grandes problemas da
nossa realidade, e não só do Mocotó, é exatamente o da comunica~
47
ção entre as varias iniciativas que, cada uma a seu modo, lutam
por uma vida digna para todos. É um processo que, ao mesmo tem*
po, requer e ultrapasea a singularidade de cada iniciativa. ni
entra um grande deeafioz como favorecer um maior entrelaçamento entre as diversas iniciativas iortalecendo um mesmo processo que
e a construcao cotidiana de uma vida digna para todos? Eniocando a questão pelo lado positivo, que eeeae varias iniciativas se
Juntem para um processo comum de iormacão. avaliação e troca de
experiênciae. Us desafios são muitoe para as diferentes formas de
organização da comunidade do Morro do Mocotó. Em todo esse pro~
ceseo cotidiano de inter~relacionamentos existem ainda muitos caminhos pela Frente com aquelee comprometidos com a luta popu*
lar.
CAPÍTULO E
ASSOCIAÇÃO DE MORADORES FRENTE ÀS UISCUSSõE8 DAS POLÍTICAS PÚBLICAS HUNICIPAIS
8.1. Administração Pública Municipal
A chegada de setores da esquerda a administração muni~ cipal não só representa uma novidade histórica como também tem gerado intensa expectativa no conjunto da população. Us setores organizados nos movimentos populares, junto com a grande maioria dos empobrecidos, encaram o Fato como a oportunidade de solução dos problemas que entrentam cotidianamente. Us setores da PoPu~ lação mais privilegiados econômica e socialmente apostam na in~
capacidade administrativa. Ha, ainda, a expectativa dos próprios chegantes ao poder, que, acreditando na não corrupção, na capa~ cidade de discernimento dos problemas essenciais enirentados Pe~ lo municipio e, principalmente, na Porca da vontade politica, imaginam~se capazes de encaminhar soluções que atendam aos inte~ resses da maioria.
Uecorrido mais de dois anos de prática administrativa observawse que nenhum desses atores teve suas expectativas com* pletamente confirmadas. A cidade de Florianópolis, governada pe~ la administração popular, não vivenciou nesse período fase arro~
‹
49
gante, assim como também a feicäo da cidade não foi modificada a
ponto de a maioria dos habitantes se sentirem sintonizados com o
rumo da mudanca. Porém, não se pode afirmar que tudo continua como antes.
Com observações mais atentas nesse periodo transito* rio, com vistas a execução deste trabalho cientifico falando de Politicas Públicas, permitiu~se perceber que lentamente houve algumas mudanças no sentido de romper com os velhos padrões de gerir a coisa pública.
O primeiro ponto a destacar é a relacao entre os cida" däos e a administração municipal. O fundamental desse processo e
abrir canais que alarguem a participação popular nas tomadas de decisões quanto ao destino da cidade. Onde a voz e acães da po»
pulacão local possa imprimir seu anseios nos procedimentos que antecedem a definicao de ações governamentais. Nesse sentido, o
executivo municipal promoveu debates com os setores organixados da sociedade civil, iuncionarios públicos e movimentos populares sobre a melhor torma de descentralizar o poder, resultando na criação dos conselhos para deiinicäo de politicasweducacão, sad" de e habitação e dos Plenários Populares de carater consultivo em torno do Orçamento Participativo. (veja item 1.8)
8.2. Que Políticas Públicas são Essas?
Antes de entrarmos nas politicas públicas em si é ne~ cessario entender o que são Politicas Publicas ou Politicas S0* ciais.
50
Segundo Serra, (1988, pg. 82)
... através da politica social que, dessa forma, é o canal por excelência, onde são executados os programas de atendimento as populações necessitadas. Hai, então, a criação das instituições estatais com a Fi- nalidade explicita de instrumentalizar os objetivos do Estado".
Ou seja, uma das maneiras pelas quais o Estado incor~ para os interesses da classe dominada é a politica social, no
sentido de atender algumas reivindicações e também de garantir a
paz social, e as instituições são os canais de expressão dessa política.
As relações entre Estado e Sociedade Civil, no seu principio, Fundamentamwse em que a contradição entre a burguesia e proletariado, bem como a luta de classe que dela provem, nos capacita a compreender a contradição ligada a operacao do pio»
prio Estado. Portanto, o Estado possui uma autonomia que não pow
de ser vista como um mero reflexo da classe dominante, mas o Es~
tado defende os interesses desta classe, possuindo um espaco ou~ tro, no sentido de incorporar por vezes os interesses da classe dominada, como estratégia para defender a classe dominante.
Ou seja, conforme o momento histórico, a realidade concreta, tendo como indicador a iorca ou fraqueza dos movimen~ tos sociais como resultante da mútua relaçäo de lorcas sociais, contribuiu para que os Estado assuma posicionamentos diferentes ~ de repressão ou concessão, sobre as Politicas Sociais a res”
peito, nos diz Faleirosz "O Estado é ao mesmo tempo, lugar do
51
poder político, um aparelho coercitivo e de integração, uma or” ›.: .ø ganiaacao burocrática, uma instância de mediacao para a práxis
social3.. Trazendo para a prática, a politica social local OU.
municipal tentaremos avaliar a participação da populacao com a
gestao dessas politicas;
8.2.1. Fundo Municipal de Integração Social
O FMI5 foi criado pela administração municipal em Ju~
lho de 1989, por pressão da organização popular através do Hovi~ mento 8em~Teto ~ MST, de Florianópolis, tendo em vista o agravaw
mento dos problemas do acesso a terra (ocupações, despejos e ou~
tros) em vários locais do municipio. Destina~se ao assentamento de Pamilias de baixa renda e sua integracäo no espaco urbano
nn
1.1 \ Ubjetivo Basico; Promover o anesso das pow pulacoes caxentes a casa própria, bem como desenvolvimento social e econômico das mes~ lTl'El*Í, .
Lei 3.810/89 - Institui o FMIS, destinado ao assentamento de famílias de baixa renda. O FHI9 sera constituído com recursos de a) alienação de imóveis de propriedade
municipio; b) subvenções ou auxílios provenientes
Governo Federal, Estadual¡ ch Dotações Ureamentarias; d) âu×ílios~doações das Preieituras
Grande Florianópolis; e) nu×i1ios~doacões de pessoas Físicas
jurídicas de direito privado¡“
do
do
da
ou
(Decreto Lei nQ 509/93 PMF)
_.. .... .... .... .... .... ..- -.~ .... .... .... ..._ _... .... .... .-.‹ .». «.. .. .... ...z
3) Para aprofundar o assunto: Uinente de Paula Faleiros. A Poli~ tica do Estado Capitalieta. 8%, Cortez, 1980.
58
O FHI9 Funcionou durante um ano aproximadamente. Ficou paralisado Por mais de um ano e foi reativado em .outubro de
1991, em decorrência de cobrancas Feitas pela Câmara Municipal e
por técnicos da “Comissão de Habitação da Prefeitura". Com a
reativacäo, as comunidades passaram a ser representadas por um
participante do movimento dos 8em~Teto e um da UFECO ~ União Florianopolitana de Entidades Comunitárias, eleitos com a pre*
senca de associacões de moradores ligadas a estas organizações. Em 1992, foi definida uma assessoria técnica para o
fundo, composta por representantes do IPUF, Secretaria da Saude e Desenvolvimento Social, Secretaria da administração, secreta”
ria de Finanças, COHCAP, CUHAB e CâPROM (Centro de âpoio e Pro~
moção ao Migrante). Houve também a participacao de um contador e
um tesoureiro. Em 1993, o presidente do IPUF passou a integrar o con-
selho administrativo do Fundo em substituicão ao assessor de de~ senvolvimento econômico. DeFiniu~se como sede provisória o IPUF,
embora não haja espaco próprio, sendo as reuniões realizadas quinzenalmente pelo conselho com Assessoria Técnica e, semanal~ mente pela assessoria.
Houve um processo de reestruturação da lei, observado também na pratica por parte das comunidades empobrecidas. A Câ~
mara Municipal aprovou, em 1998, a lei n9 3.769, que altera o
artigo 3810/89, tornando paritária a composicäo do Conselho ed" ministrativo do Fundo que passa a ter 06 (seis) integrantes com a inclusão de mais um representante das comunidades que até en~
tão eram apenas dois, das comunidades.
U! 'LO
No ano de 1994, as comunidades empobrecidas, acuadas pela busca da sobrevivência e em assegurar um espaço para morar digno de condicões humanas, encontraram no espaco entre a socie~ dade civil e administração popular um canal que pode ser visto como de reivindicação dos seus direitos ~ o FHI8. Assim, fizeram
uso de uma das Formas de organização destas comunidades que é a
associacäo de moradores em conjunto com assessoria e roram a lu~
ta. Bom apoio do CEDEP as comunidades se organizaram e ocuparam a Câmara Municipal no dia E3 de junho impedindo a votação das
(6) pessoas que representariam as comunidades junto a Prefeitura Municipal. Esta eleição Foi organizada pela UFECO, União Floriar nopolitana de Entidades Comunitárias, escolhida pela Prefeitura,
1.: o que, na opiniao de algumas lideranças comunitárias, estaria privilegiando representantes de comunidades de classe média, da
qual Faz parte. É, ainda, a eleição toi uma estratégia indiviw
dual, não tendo sido comunicada as comunidades pobres, tampouco divulgado tal evento. Ficamos sabendo algumas horas antes deste acontecimento, com assessores do CEUEP, quando nos deslocamos as comunidades colocando~as a par da situação. hs i9z®0 hs muitos moradores vieram representar sua comunidade e tiveram como vitó~ ria a não realização da eleição, tirando como encaminhamento dois meses para as comunidades organizarem reflexões sobre o as~
sunto e tirar também seus representantes.' No dia 4 de junho de 1994, aconteceu um encontro entre
as lideranças na Comunidade 8anta Teresinha II ~ Local Casa da
Comunidade, onde os trinta e cinco participantes questionaram, debateram e elegeram seus doze representantes, Ficando encami~
nhado novo encontro entre as lideranças comunitárias nir os seis representantes
54
Para de-Fir
fwone T COHUNIDAHE .'___.__.
VOTO8 iüirceu Valmor Lidia Maria Aparecida (Lili) 1
*Cassio *Rogerio hGis1aine
\ Yüirletef Ivani\ Aliceu
TldelmarE
1Ju1ia
Santa Terezinha II Mont Serrat Uia Aparecida Mocotó Santa Terezinha Mont Serrat Ilha Continente Santa Terezinha Santa Terezinha Nova Espera Santa Terezinha Novo Horizonte
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13
No dia 6 de agosto, as comunidades se reuniram no Mon"
te Serrat ~ Local ~ Creche, onde os participantes receberam uma cartilha que tentava refletir com o grupo o processo e a parti~
cipacäo das comunidades nesse processo. V
Em síntese geral as respostas foram as seguintes; "Ds empresarios e governantes não querem que fiquemos
na cidade; a relaçäo com a preieitura e muito "fraca“, muitas promessas sem retorno; a luta para conquistar os direitos e os
interesses das comunidades garantindo uma moradia com melhor
condições, é o sonho de todos. Agora temos o fundo como espaço para garantir os interesses comuns. Para isso é muito importante que tenham representantes que lutem mesmo. que discutam com cada comunidade a sua prioridade; O representante deve lutar para ga~
rantir o cumprimento das leis do Fundo; (vide anexo 6) Os repre~
55
sentantes têm que ter "garra", além de tempo eles têm que ter
muita vontade".
Uomo avaliação desse encontro a comunidade disse; "Como prova de nossa luta em busca de melhores condir
ções de vida é estar aqui entre os representantes de doze (12)
comunidades pobres. n apresentação deste trabalho de eleição par
ra tirar os representantes é truto de amadurecimento e cresci~ mento politico. O objetivo do FHI8 surgiu a partir de ter garan~
tido a moradia e os interesses do movimento popular, ele Foi
aprovado mediante grandes pressões. A eleição encaminhada pela UFECO toi barrada, toi mais uma vitória. Este resgate da histó* ria do FHI5 nos trouxe clareza em certos pontos e lembrou que
garantimos três vagas na prefeitura, isso é resultado de um tra” balho organizado."
Esta tabela ilustra a escolha dos seis representantes junto ao FMIS, onde três serão titulares e três suplentes.
TITULÊRES CDHUNIUABES 9UPLENTES CUHUNIDAUES Jair . . . . . .. Chico Mendes üirceu .. . Santa Terezinha II Lidia . . . . .. Uila nparecida Lili . . . . . .. Mocotó Rogerio .... Hont äerrat Gislaine ... Ilha Continente
Como encaminhamento, Ficou deiinido que cada comunidaw de deveria mobilizar mais pessoas para o dia da votação na Câma~ ra e providenciar documentos exigidos;
Levar um oficio indicando três pessoas para votar, mu-
nidas de documentos de identidade, só podendo votar integrantes
'Óʋf›
dao comunidadeo legalmente constituídas. (vide anexo ? ~ copia
da ata)
Apos a eloição do dia ië de agosto, com a vitoria dao comunidadea empobrecidas que garantiram as trêã vagae com roor
poctivoo auplonteo junto ao FHIS, oo dois repreâentanteo oncon~ traram~ao por duaë vezes nos dias que antecodiam a poaâo para
diâcutir a loi. Homontoo em que o Serviço 8ocial esteve Pra5en~
to, oätudando E reflotindo cada paragraro, interpretando os tor~
mos técnicos o tentando clarear da melhor forma pofioivol, para
que ao faca cumprir realmonto a lei junto aoa roprofientantofi. No dia 5 de sotambro do 1994, acontecou a poooo doa
roproâentantea do FHIS (veja Foto ~ anexo É). Data importante para a comunidade do Mocotó, a vaga do primeira âuplente É de
uma moradora deaoe morro, não que osëa fllasoificacão lho dê pri~
vilégio, mas a poooibilidado do eotar decidindo junto a prePoi~
tura a prioridade dao flomunidados da ilha, quo têm em üomum aa
meamaa difiouldadoo do viver num morro, uma realidade eawoci$i~
ca, E melhor do que qualquer reproaontanäo para roiuindiüar É o
próprio morador. Uantro deoae raciocinio é que se tirou como primüiro paaso para trabalhar no FHIB, o quo ja acontecendo ífí !`T Ê.
É uma visita com oa roprooentantea E aoseosoriaa as comunidades para roconheüor as prioridades de trabalhoo, para que os repre~
aontantoo da ilha tonham real conhecimento da realidade do con~ tinonto E vice~v@r§a.
57
2.2.2. Orçamento participativo
U que e Urcamento? Segundo a Cartilha do Orçamento Participativo de Helo
Horizonte ~ MG:
“É um documentos que mostra quanto receberá durante o
próximo ano e como vai gastar eeu dinheiro. Ele serve para a
preteitura planejar seus gastoe em conjunto com a populacao, de
acordo com o que Por considerado prioridade. O que entra e a
“receita“. É tudo aquilo que a prefeitura recebe. os impoao LG EHQ
toe pagoe pela populacao, taxas, contribuições de melhorias,
traneterências do governo Federal e Estadual e mais convênios e
empréstimos." Entre oe beneficios que a prefeitura recebe e a Recei~
ta própria, pagas diretamente ao municipio. IPTU ~ Imposto Predial e Territorial Urbano cobrado sobre a pro~
priedade de terrenos, casae, apartamentos, prédios fiomer~
ciais, etc.
ISS ~ Impoeto sobre äervico de qualquer natureza gerado pela
prestação de servicos. IPEI ~ Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis ~ gerado pela
venda de conetruçöes e terrenos. IUUB ~ Imposto sobre Venda a Uarejo de Combustíveis pago por
quem vende combustivel a varejo.
5 {='3 TAY ~ Pagas pela utilização de servicos da Preteitura a licen~
das concedidas. (Ex.z Licença para ambulantes, ilumina~
cão pública, etc.).
58
CONTRIBUIÇÃO DE HELHORIâ ~ Pago por proprietários de imóveis (casas, prédios, terrenos, etc).
UIUIHâ eTIVA ~ Representa os tributos pendentes dos anos ante~
riores, não pagos na época certa. às importâncias relativas a Crédito da Preieitura não pagas den»
tro do prazo estipulado em lei. Ex. IPTU de I-*~ -ü CG C0
não pagos até 31 de dezembro do mesmo ano, etc.
RECEITA PñTRIHONIAL ~ Proveniente de aluguéis, foros, laudêmios e juros de aplicação em titulos de rendas.
RECEITñB DIUERSAS ~ Proveniente de precos publicos, tais como;
Feiras, mercados, cemitérios, etc.
ICMS ~ Imposto sobre Circulação de Mercadoriass e Servicos. IPUfi « Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores. Outras Trasnierências do Estado ~ Representam pouco para o orça~
mento dos municípios. DESPESA ~ É tudo aquilo em que a prefeitura gasta.”
Como colocamos anteriormente, a cidade de Florianópo~ lis, desde janeiro de 93, vem sendo administrada pela Frente Po~ pular com uma nova proposta democrática de administrar a cidade,
contando com a participação popular, viu no Orçamento Participa* tivo uma das iormas de manter uma relacao em conjunto com as co" munidades criando um espaco para a decisão popular.
O Orçamento Participativo de 94, o qual coube acompaw
nhamento do estagio de Servico Social pelo Mocotó, constituiu~se em três plenárias populares com inicio em 33 de julho a 06 de
agosto de 1994.
59
A metodologia proposta pela Preieitura Municipal para o orçamento de 95 Foi dividida em três momentos:
Primeiro momento: divisão da cidade em regiões para melhor encaminhamento das atividades. Para o ano de 95 serão 13
regiões.
Segundo Momento; seminários tematicos com os conselhos municipais de saúde, transporte, meio ambiente, turismo, desen~ volvimento urbano, desenvolvimento rural e fundo municipal de integraclao social, que elegem um conselheiro e um suplente para o SHOP (Conselho Municipal do Orçamento Participativo).
Terceiro momento: serão realizadas as rodadas de deba~ tes (assembléias) populares nas regiões.
É neste momento que aconteceram as plenárias para a
eleição de delegados, sendo dez pessoas presentes a eleger um
delegado desde que apresente ata de eleicão do representante da
entidade e apresentação da peca orçamentária ~ receita e despe~ sas.
Os delegados escolhidos formarão a Cordenadoria Regio~ nal de Delegados (CRU) quando escolherão os conselheiros que se" eao pessoas que irão fazer o orçamento.
Na divisão da cidade em regiões, a comunidade do Mococ ' ocupou a região cinco (U) junto aos demais morros da ilha, ff' O
(veja anexo 9) ela esteve presente em algumas plenárias, sua mo* bilizacäo de organização interna toi pequena, mesmo com o incen~ tivo de participação por parte das assessorias, tentando esclaw recer a importância da comunidade estar acompanhando esse pro~ cesso para entender melhor seu Funcionamento.
60
O que podemos constatar como resposta pela não parti" cipação desta comunidade e a evasão por outras comunidades das
plenárias toi o uso excessivo de termos tecnicos cientiticos usados por parte dos técnicos da prefeitura que tentavam Faaer o
repasse do processo do Orçamento Participativo numa linguagem que poucos entendian.
Essa é uma Forma estratégica do poder para ter 0 con~
trole, para não entrar num nivel de igualdade com os governados nesse caso, a comunidade; principalmente a nivel dos técnicos que querem mostrar trabalho para o governo que os renuncia, na
visão deles não somos nós quem os pagamos, mas o Estado como do~ HO dO $ä|l)(-ZY; Gfltäü P2-\l"& ITI&|'lÍI(-`2l" SGLI €IYIPl'(-BQO E165 I3l"0C|..ll"EUfl Ll€5‹":\l"
certos termos que diticultam o entendimento, o acesso, da popu~ lação ao saber mesmo.
A dominação também caraceteriza~se pelo fato de que o
governante é considerado superior. Bom isso percebemos que esse grupo social se separa
dos demais da sociedade e se impõe a ela. Essa dominação e Feita
através de organizações como o estado. A isso podemos chamar processo de burocracia. “E×iste, portanto, uma burocracia, isto
é, um conjunto de funcionarios voltados para o controle e a ad~
ministração da empresa". (Motta, 1988, 38)
Neste caso iizemos uma analogia entre empresa e Esta~
do, que o autor retrata bem esse papel do técnico do Estado. Êusquei clarear essa relação do Orçamento Participati~
vo com a comunidade do Mocotó numa conversa com uma liderança comunitária que ocupa o cargo de Uice Presidente da nssociação
61
de moradores e foi escolhido como delegado para o Orçamento Par» ticipativo.
“D Orçamento Participativo na minha opinião é "utopia", ele está muito distante da rea» lidade das comunidades pobres, que aguardam obras prometidas p\94 e nem começaram, en~ tão fica dificil Participar e acreditar neste orçamento para 95. Mesmo assim esta» mos participando e mostrando trabalho, por~ que no ano que vem, já tera eleição para nova administração municipal e se os candi~ datos perceberem lideranças Fortes em nossa comunidade, terão mais respeito com esses eleitores e suas propostas passarão a ter melhor conteúdo e os candidatos terão a resposta através do voto. Estamos procurando enquanto Hovimento Urga~ niaado participar das Politicas Publicas, temos representantes no Fundo Municipal de Integração Qocial, já participamos de dois Drcamentos Participativo e vamos continuar reivindicando, Fazendo pressão com nossa presenca, mesmo que num numero pequeno ese taremos la, tentando tazer com que se cum~ pra os projetos prometidos.
Para compreender melhor sua colocacäo como utopia bus~ quei em Paulo Freire (1980, p.E7):
"Para mim o utópico não e o irrealieavel, a utopia não é o idealismo, é a dialetizacão dos atos de denunciar e anunciar, o ato de denunciar a estrutura desumanieante e de anunciar a estrutura humanizante. Por esta
zäo a utopia e também um compromisso hisw rico. fr
-1
Ch
Qi
68
Segundo este conceito, a expressão "utopia" na visão
dessa liderança é a ação não realizavel é o distante, imPossi~
vel. É o que muitas pessoas interpretam a palavra no sentido de
se situarem fora. No Grego significa: W U= tora M TUPU$= lugar
Continua o mesmo raciocinio do conselheiro:
Quando um politico se aproxima da gente, seja de qual tor o partido eles sempre tem interesses, querendo mostrar atos que não serão cumpridos. E a comunidade desanima. Tendo como exemplo a tia üete que e uma das guerreiraa mais antigas. Quando eu tinha quinze ou dezesseis anos, comecei trabalhar com ela, nisso ela já estava "maceteada" e continua trabalhando e não viu acontecer um terço não teve avanço por parte dos gover~ nantes, é por isso que tem horas que a gen~ te acha que é pura demagogia~utopia. Na história do Orçamento Participativo no ano de 93 percebemos 80% de entidades comunita" rias, associação de bairro, pessoas de ní~ vel médio baixo pelo modo de talar eram pessoas procurando melhorias como um todo para sua comunidade. Ja para 94 foi complew tamente diferente, toram pessoas de nível alto com nivee superior de estudo, mais de ó®% que compareceram não toi para lutar pe~ lo saneamento basico, que a gente sabe que é a chave de nossa capital, do estado e também do paie, mas para reivindicar pavi~ mentacäo. Sabemos que a pavimentação e es~ sencial mas não prioriedade, é claro que eles querem melhorias para valorizar seu lote, seu bairro.“(Hoisés, delegado do O.P. representante do Mocotó)
63
Através da avaliação desta liderança, podemos perceber que existe uma fragilidade no relacionamento entre comunidades e
Orçamento Partivipativo. Veja movimento de maniieetação entre as comunidades pobres, insatiefeitas com o não cumprimento das obrae pelo Orçamento Participativo. (anexo 10)
2.2.3. Conselho municipal de saude Saúde Pública, o que é?
“É o conjunto de medidas que têm por objeti~ vo promover a saúde, bem como prevenir e
controlar os agravos que podem colocar em
risco a eaúde da população como um todo"
(Cólera ~ Boletim Intormativo n9 3~i993)
ñ garantia da verdadeira justiça eocial esta `direta«
mente vinculada a um projeto politico, que privilegie a cidadam
nia e bueque a consolidação da democracia, atraves da promoção de melhoree condições de vida para a população no que ee refere a saúde. A luta deverá eer no sentido de garantir ações que com~
templem oe varios niveis de prevenção. O processo de prevenção não é excludente, um depende
do outro, o que se percebe no país é que o governo investe mais .ø em ações de tratamento e recuperação do que em propostas ou po~
liticae publicae de prevenção, porque estas não dão lucro. O Es~
tado ee restringe a atuar nas áreas de concentração de capital.
64
Pela evolução histórica do sistema de saúde prevedenciária, vimos que o Estado, a par~ tir de 1964, passara a investir cada vez menos nos servicos próprios de saude, dei~ xando a iniciativa privada a possibilidade de investir nesse setor. Esse processo ca~ racterizou a retirada do Estado e um total descaso em relacao à classe trabalhadoraon~ de não era levada em conta a necessidade da complementação do salário pelos salarios indiretos através da oferta de servicoe e equipamentos publicos, com a saúde“.(Tomaa, 198o. P9. V5).
Através deste distanciamento do Estado pelo não inves” timento nesta área, percebemos a situação caótica por que paesa o sistema de saude no Brasil. A exemplo temos; a AIDS; já men» cionada no capitulo anterior, como deeaiio diante da organizacäo comunitária do morro do Mocotó, é um desafio para o Estado, pais e mundo.
Florianópolie e Itajai eetão entre a 10 cidades brasi~ lewirae com maior número de aidéticos no Brasil.
Segundo a gerente de controle da AIUS da Secretaria da U3 Gi Ç. CL 33 Elma Fior da Cruz, Santa flatarina já registrou 1.312 ca~
aos da doença até julho de 94. Um paciente de AIDS entre assis- tência médica, internacão e remedioe, consome 1? mil dólares Por ano.
Segundo dados da Secretaria Estadual da Saude, dos 610 registros da doença através da tansmsmiseão sanguínea, 579 acon« teceram em conseqüência do uso de drogas injetáveis.
65
Úheerve tabela abaixo:
Categoria de contágio Homens Mulheres Total . ,..z_,_..z ,,,,,,, __ ,z....._zz~z....... zf ~
. ffff ............zzzzzzzf.................. ...... .--.---›--›»--.-.‹..-............----_--...........¬..
}H0mQefiexual id? 9 iö9 4,, V V V V . V V V V W
Bieeexuel m ~r
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lüregaë injetaveie 453 ii? id? `
zlreneiueãn de eangue SE 13 34 r
\HemüPilic0 ó @ Ó ..¡ ~_z_zz~fzzz,",, V _, __ ____....... __ __ , ~~..........' z V _»,z'zzzzzz~~ ¬z.......z_______zz~ V ...............' _ zzzzz.. _z.:._............-..-...-.-.............-..‹-
Tranemieeão não deiinida ? E ii ‹` |3'Q~|~ m 11 Í: p 1 Q Oy' (3
: M. »";};“.¿_].m~mn“`‹
1Tütal geral i.®®B 3®? 1.313 Fente: Secretaria da Eaúde.
U atendimento a pmcientee terminaie juvene e peeenae rejeitadee pela Familia por sua eondieãm de aidetico É prejudi~ cado, muitäe vezee, pela *alta de prorieeionais eepecialietas na área e pela Falta de eeärura para realizar adequadamente para
95€ G äornar maia humana a reles entre prmiiesionaie e doentee. Há uma eepecüativa para ee próximee tree anne, por
monta de um iinanciamentm de 4 milhões de dólaree a eer c0ncedi~ ch: e Éente Catarina pelo Banco Mundial (veja anexo 1
,..‹. ¡...~» ~.__..
Eeperamoe que m repaeee deeea verba eeja, em parte, cenalixado para e prevenção da doença.
ñ “cólera” e a radiografia do pais que ee eequece doe inveetimentoe eociaie. ñ cólera e outrae düeneas side ree- rs* T3
> 3
pmneáveie por milhões de mortee no pais inteiro, e c0nstituind0~ ee, portante, parte de quem deeide ae prioridades na área da
óó
saúde. `
n cólera, surge como um grande desaiio por melhores condicões de vida.
Santa Catarina não é diferente das demais regiões do
pais.
Santa Catarina conta noje` com aproximadamente 4.5®@®.0®@ habitantes. Mesmo vivendo na região sul, considerada por muitos como uma das mais desenvolvidas do pais, abrigamos em nossas Produtivas terras um contingente muito grande de miserá~ veis.
‹ Há pouco tempo Santa Catarina descobriu que mil 'Q O- f.=3
catarinenses (perto de 28% da população total), vivem como indi~
gentes e como tais, excluídos dofinitivamente do processo da da~ senvolvimento.
Os demais privilegiados, momentaneamene salvos, têm o
compromisso de resgatar a "cidadania" dessa gente, devolvendo a
eles o direito do viver como seres humanos. (dados tirados da
IPEn~ Instituto do Planejamento Econômico Aplicado)
67
n tabela a seguir ilustra com alguns indicadores so* cias para comparação com outros Estados;
¬' V _zzzzz_,__ W -:~:f-›~›-----^f~'ff~~~~~ z V W ~ f ,z-~zz:zz:z›«-.V V ~ -~»«---»~m ,V__,,zzzzzzzzzz~ -fzzzzzzz.......--V ~~~f-». z, V--~:zz.......... .......... ffff~
Í Dados estatísticos de atendimento em Água e Esgoto em Santa¡ Í Catarina e em alguns outros Estados do Brasil - 1988 É
---i .................... --...,......,.,..-..,.,...._......_-.._m.i-...i_.........__--_.__-.-.i. Esgoto
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água l
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Bvââilia za aó,59 ¬¿
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, ,zzzzzz:z..................-~..‹---~--›-‹»-›‹----‹-›-~
.1 A mulher repreaonta a mancha da reputacao da saude no Brasil. Ha muito pouco tempo a mulher conquistou seu espaco. Hom
f'Í` ff» je ela pode ser vista por completo diante de um médico, " en» tão seu corpo era visto apenas como o de procriadora. Talvez sua conquista se eietivou a partir de 1930, com a entrada maciça do sexo Feminino no mercado do trabalho.
ni o Estado entra como "vilão", Promovendo políticas publicas de saude teminina, mas na intenção de aumentar a produ~
...__ A...
68
1 cao da forca de trabalho e não como sujeitos. Per9untamo~nos onde esta o verdadeiro sentido de com-
preender melhor esse corpo teminino na sua integridade (Visico, mental, emocional, espirutual, etc)
Um estudo divulgado pela Organização Mundial de ãaúde, BHS, em_marco de 94, mostra que o acúmulo de taretas colide de trente com a saúde mental Feminina. Uuas mulheres para cada ho» mem sotrem depressão, ansiedade e stress decorrentes do seu pa» pel social e de seu status sócioweconômico desigual. Por isso as mulheres são as que mais consomem medicamentos psicotrópicos. Segundo dados do Centro de Psicologia Clínica da Escola Paulista de Medicina indica;o T5 de antidepressivos; 66% dos tranquiliaantes e 58% dos hipnd~ ticos vendidos no pais sejam de uso feminino. Nos ultimos do~ seiíâ) meses a classe medica brasileira emitiu um total de mais de 10.8 milhões de receitas dessa natureza, entre eles: Lexotam Domonid, Troianil, ànafranil e o recente Prozal.
É importante observar que esses dados, certamente, não atingem a camada de mulheres pobres, não diria o “Lumpem Prole~ tariado“, porque estäo na ativa da producao capitalista, mas ex~ cluida de tudo, sem acesso a uma consulta médica, quanto menos poderá comprar um medicamento para amenizar a árdua luta pela sobrevivência
É pela falta de uma politica de saude que corresponda à necessidade do cidadão que a nova administracao da Frente Po~ pularí de Florianopolis, desde abril de 93, tenta por via dem
1. Frente Popular ~ Coligação partidária integrada pelos seguin~ tes partidos politicos na ultima eleicão para a PHP; PT, PPS. PBUP e PTB.
69
mocrática um eepaco para a participação de todos os profieeio~ naie e de todos oe segmentos representativos da eociedde, no
sentido de buscar solução detinitiva para a maioria doe problem
mas de âaúde.
Segundo relatório de peequiea das Politicaâ Públicaea, primeira reunião com o Conselho Municipal da Saude, aconteceu no
H Í.›J dia de abril de 1993, compareceram dezíifi) entidadee repre~
eentativae legalmente constituídas a convite formulado pela Pre*
Feitura Municipal, onde aconteceria a eleição doe repreeentantes do Coneelho. Foi adiada para segunda reunião devido ao baixo comparecimento _
Úcorrida a eleição o CMS licou assim constituido;
TITULâRES
ENTIDADES POPULARES
~ Associação dos fiposentadoe ~ Pastoral da Saúde ~ UFECU ~ n.H. nBRänU W n.H. CU$Tm Dn LABOQ W n.H. MORRO DU HDCDTÓ » CEUEP
E. Dados fornecidoe pelas peequieadoraez Ivete Simionato e Vera Maria Ribeiro Nogueira vide bibliograiia.
PORTÊDÚRES DE PATOLOGIA
W Associacäo doa Ustomizadoâ
PRUFISSIOHÊIS Dê SAÚDE
M Cwnaelho Reginal de Medicina W Aâaociacãü Bvasileira de Enfermagem
SINUICÊTO DOS TRABâLHàDORES
M Sindicato dos Farmacêuticoâ W flssociauão de Enfermagem ~ Sindicato dos Eletricitárius (SINERGIG) M Sindicato dos Bancários ~ APUFEC ~ Sindicato dos âeroviáríos
PRESTADDRES UE SERVICO UA SAÚDE
~ âäfiociacäo das Hoâpitais ~ fiasociacäo dos Laboratórios de Análises Clínicas
REPREsENTâuTEs no Govefluo
M â. Tfimm
~ UFSC ~ Sec. Estadual da Saúde W Sac. HuniciPa1 da Saúde e Desenvolvimento Gocial ~ EUSP ~ Sec. Municipal de Educação
SUPLENTES
ASSOCIÊCÊES POPULARES
W âwnocúm ~ â.H. C. Nnuâ E9PERâNmâ « fi.M. Novo HQRIZONTE W à.H. sERRINHà W â.H. ILHA CONTINENTE ~ ñ.H. CÓRREBD GRANDE W NUÚfi
PORTÊUÚRES DE PÊTULUGIÊS
~ âaâociacão dos Diabéticos
PRUFIS$IONfiIS UE SAÚUE
w Associação de Odontologia " CR Psicologia ~ Sindicato de Médicos
7
72
SINDICATO DOS TRABQLHAUORES
~ SINERBIfi W Eindicato doe Bancários W Sindicato dos Previdenciários.
ÍÊE lfl x`í` 93~ D Mocotó repreeentado por uma liderança comunitá~
ria que tem demonstrado perseverança em participar dae reuniõee menealmente e o repasse do andamento do Conselho é reito via ae~
na «I 1 na eociaeao de moradoree. Percebemos que esta havendo uma \e1acao Fragilizada entre comunidades e o CMS. Para clarear melhor essa eituacäo buscamos recursos teórico~práticoe a partir do relatów rio da ië reunião em 13 de abril de 93. `
Veja parte do relatório: ”... Esse procedimento pode obetaculizar uma participação efetiva, especialmente de eegw mentos populacionais distantes destas exi« gentes lormas burocráticae. Ficam excluidoe deeee proceeeo grupos e movimentoe da eo~ ciedade civil que não contam com capital cultural para fazer Face a tais exigênciae produeindo o modelo de relação dominante M os que "eabem" participar e os que “não sa~ bem" são alaetadoe. Tal aepecto pode como prometer a própria intencionalidade da Frente Popular, que é a da "participação popular no Conselho Municipal de Saúde" e a propoeta expreeea pelo atual ãeeretário de Êaúde. (Simionatto, Ivete; Nogueira, Vera R. HÊ, 1993, pg 7)
Dutra problema que 0 relerido relatório mostra É a
incluëão de representantes de grupos de interesses que não podem ser claeeificados como segmento popular. Pois, se a PHF propõe o
73
CMG como eswaco de participacao popular, é contraditório buscar ou encaminhar interesses homogêneos em se tratando de classes tão distintas.
"às representacöes de interesses no CMS guardam uma diferenciação de classe que se não apreendidas e tratadas de Forma correta acentuarão as dificuldades, esfacelando a proposta politica atual no trato das ques~ tões relativas a saude. Deve~se levar em conta que os recursos de quem tem o poder são utilizados e com maior propriedade para manter e reproduzir esse mesmo poder. (Ê Ibid. pg 8)
analisando o processo que se deu na reunião, via rela~ tório, os problemas que obstacularizam uma maior participacao dos representantes das comunidades pobres é o mesmo que já ava~
liamos na Politica Pública anterior que e o Orçamento Participa» tivo. Um numero baixo de participantes é ofuscado por maior núw
mero de representantes de outras entidades com o poder do "sa"
ber" com interesses opostos a estes. Enfim, rorma~se um proces- so burocrático capaz de expulsar qualquer participante, mesmo com vontade de lutar e perseverar junto ao poder municipal em
nome de uma classe excluída. Mesmo diante de tudo isso, o Mocotó se faz representa"
do por uma pessoa Fantástica: filha do seu tempo, soube assumir a historia de sua comunidade, Fez uso das diticuldades aprovei~ tou as oportunidades, ainda que muitas vezes tenha cometido al~ guns equívocos, mas foi o agente precursor da historia da orga~ nizacäo dos moradores do morro da Mocotó ~ Dona Claudete Macha~ do.
74
8.3. CEUEP: Forca ârticuladora Junto às Comunidades
U CEUEP enquanto organização não governamental têm re~
levância como forca articuladora de assessoria as comunidades. Qendo assim entendemos que:
.r “... U centro de Educacão e Evangeliaacao Popular nasce não a partir de um grupo que pensa num gabinete teoricamente uma organi~ zação popular, mas nasce com uma história de cada pessoa que está aqui presente, de cada homem, de cada mulher, porque e um processo que vai acontecendo".
(Vilson Groh ~ Presidente CEUEP)
Esse processo vem acontecendo desde os anos de 78, 79
na busca da cidadania e de uma nova qualidade de vida Junto as
comunidades da periferia da grande Florianópolis. O CEUEP se constitui corpo com a soma das Porcas no
campo da justica da partilha de cada um, das diversidades cultu* rais, dos sofrimentos, das angústias, da esperanca, enfim, toram sonhos que, a partir da experiência de todos, se concretiaaram em entidade e hoje, reconhecida como Forca articuladora nas co~ munidades empobrecidas, mediando os trabalhos organizados para que as pessoas sejam reconhecidas como sujeitos de sua história.
O CEDEP, enquanto entidade intermediária, foi cons~ truindo em sua caminhada um processo educativo como combinacäo do social, do politico e do econômico, na perspectiva de tornar o ser humano um ser cidadão com direitos a vida: comer; beber; vestir e morar dignamente. Com essa preocupacão é que a primeira luta se deu em busca da terra como direito a cidadania, que ser
75
gundo Marshall, (1988, pg. 5?) "O conceito de cidadania compre~ ende três elementos basicos interrrelacionadosz civil, composto dos direitos necessários, a liberdade individual, de pensamen~
toe, direito a propriedade, direito de justica; elemento politi~ co compreende o direito de participar do poder politico como au~ toridade ou como eleitor, elemento social, que se refere a tudo o que vai desde o direito a um minimo de bem estar econômico, e
levar uma vida de um ser civilizado de acordo com oe padrões que prevalecem na sociedade".
O que mais marca o CEDEP é que ele fax um trabalho de organização interna dae comunidades, num processo de conscientiw aacão do nivel politico dessas pessoas, exercitando a conetrucäo de cidadania. Uu seja, ele vive uma prática diferenciada daquela propoeta por entidades tradicionais com organizações verticais. Contigura~se numa Forma organizada de construir relacõee num
plano horizontal onde não existe um ser objeto e outro sujeito, ›.ø _ 'li mae parceiros na construcao da rede.“
“Na rede não existe uma disciplina que pune quem não cumpre o acordo, mas uma vontade, um desejo do novo, que é a forca Pundamen~ tal eu diria uma convicção para assumir o coletivo”.
(Uilson Grohl
O CEUEP já toi divido em setores para melhor aseessow rar oe trabalhos com as comunidades e as parcerias: setor de
Educacão, Produção e Abastecimento, Teologia Popular, Arte e
Cultura, Comunicação e Urganizacão Comunitária.
76
Veja a atuação de cada setor que caracteriza a entida~ de, segundo o projeto de Pós~Graduacäo de Vilson Broh:
1) Setor de Educacão: tem por objetivo desenvolver atividades educativas com criancas, adolescentes e adultos visando a
conquista da cidadania. Desenvolve os seguintee projetos; a) Oficinas do Saber; b) Aliabetixacão de Adultos; c) Hagiotério; d) Cursos de Extensão.
2) Setor de Produção e Abastecimento: deeenvolve nas comunidades Formas alternativas de produção e abastecimento. Atua:
a) como aseeseoria a grupoe de produção exietentes naõ comunidaw des (padaria, marcenaria, cootura e sabão);
bâ organiza os Grmazéne Comunitários, existentes em 12 comunidaw des;
cl articula os grupoe de produção e abaetecimentoe para iortalew cimento doe ñrmazéne Comunitários e construção de um sietema de cooperativismo.
3 Para aprofundar o aesunto ver; Uarrem ~ Becher I/Se rede de Movimentoe Sociais W ed. Loyola, QP, 1993.
3)
a)
b)
c)
d)
e)
F)
4)
EU
b)
ck
d)
5)
a)
b)
77
Setor de Teologia Popular: presta serviços de assessoria a
grupos que desenvolvem atividades relacionadas ao aspecto re- ligioso existente nas comunidades, colaborando Para a cons~
truçäo de uma evangelização ecumênica e transiormadora. Ati~
vidades que assessora:
Catequese;
Cursos de Teologia Popular; Grupos de reflexão e liturgia;
Celebrações; hncontros¡ Grupos de Jovens (Juventude do Meio Popular).
Setor de Arte e Cultura: propöem~se a resgatar e promover os aspectos artísticos e culturais das comunidades. Contribui na
organização de:
Diicina de Expressão Cênica; Shows Populares;
Espacos de valorização do artista popular; Uficinas de.expressäo artística e cultural.
Setor de Organização Comunitária: objetiva apoiar o $ortale~
cimento da organização interna, nas comunidades. Presta as~
sessoria para promover: 1.: azticulaçao entre os vários grupos que exercem atividades nas
comunidades; redimensionamento da atuação das associações de Moradores;
78
c) articulação com os demais grupos da sociedade civil organiza» .~
da.
6) Setor de Comunicação: visa discutir o papel da comunicação na luta popular, e a importância da democratização dos meios de comunicação. Contribui na assessoria az
a) produção de material temático para discussão nas comunidades; b) produção de jornais comunitários ou de um jornal das comuni-
dades;
c) produção de videos (registro histórico, material de reflexão, e de divulgação das atividades desenvolvidas e da caminhada histórica construida);
d) relação informativa entre o CEDEP, a sociedade, as comunida~ des,
el cursos de comunicação popular.
As relações entre os setores que se interligam com os mesmos objetivos de lutas em defesa da causa popular e procuram vivenciar suas experiencias, discussões as avaliações nos espa- ços considerados Fóruns que se realizam sistematicamente, onde
se discute inclusive a fragilidade dos trabalhos, dos recursos, materiais e mesmo os obstáculos encontrados diante dos órgãos do
poder governamental. E o CEDEP enquanto ONG - Organizacao não governamental ~ esbarra com inúmeros impedimentos, mas isso não o intimida diante do objetivo proposto. Busca fortalecimento nas diierentes formas de parcerias, saindo do micro caminhando para o macro, abrindo seus horizontes de trabalhos e conhecimentos
79
roi buscar apoio não só a nível de cidade, Estado, País mas bus- cou uma relaçäo com outros países, entre eles a Italia que atra~ ves de uma educadora estabelecem um processo de cooperação que
se materializou na oficina do saber, coordenado pelo setor de educação, que objetivou um trabalho de reforço pedagógico para
criancas em processo de albabetizacão, não pretendendo substi- tuir a escola convencional, mas como alternativa de saber visto o grande número de evasão escolar por não corresponder ao e×i9i~ do.
A idéia da oficina surgiu em 1988, no Encontro Inter~ nacional de Educadores, em Florianópolis, neste encontro estive- ram Presentes educadores da Italia, a convite de Vilson Groh vi~
sitaram as comunidades pobres, onde surpreendeu os visitantes com tal realidade. Disso resultou um processo de conhecimento, visitas, troca de experiências e hoje existe um trabalho de in~
terculturalidade desenvolvido entre criancas brasileiras/italia* nas. (ver anexo 18).
8.4. Servico Social Trabalhando numa Perspectiva de Organização Popular '
O Setor de organizações comunitárias do CEDEP propor~ ciona, de certa maneira, uma ponte de ligação deste com as comu~ nidades através das associações de moradores que aglutinam as
lutas e as Forças, chamando todos os moradores a participar e
discutir as questões que envolvem a comunidade a qual está liga~
80
da esta entidade que desenvolve um trabalho de organizacäo in~
terna entre as comunidades através das assessorias.,
"Assessor ou agente, são pessoas que acompa~ nham os trabalhos da comunidade, mesmo que não sejam moradores prestam servicos que venham atender a necessidade da mesma, sem tomar o lugar das lideranças comunitárias, porém contribuindo para que levem sua pró~ Pria luta". (Gisele e Eliete. .)
E nesse processo de assessorar a populacao ou a comu~ nidade especiiicamente na conquista dos direitos,orientandoWos para melhor compreender as contradições da sociedade dividida entre» ricos e pobres e que se mobilizam através de organizações internas, ou seja, nos seus locais de moradia, é que o Servico Social vai atuar. Ele vai ter uma participacao nessa luta, con*
gregando o que se faz de organização dentro da comunidade, dis~ cutindo coletivamente, no sentido de articular conjuntamente es~ sas lutas, como um técnico que está presente na associação de
moradores; provocando uma reflexão, atua sempre como um ques~
tionador para que as pessoas reflitam suas praticas (acão~reile~ 0.: xao-acao) e ao repensar sua acão estarão avancando para um novo
caminho de superação e libertação. O que Hinkelammert chama de "sujeito livre", quando o sujeito esta na base da pirâmide ele
está buscando as necessidades básicas, feijão, arroz, moradia, depois escola, posto de saúde e para isso ele busca na coleti~ vidade e, por último, as preferências; em outras palavras, esse sujeito vivo desemboca no sujeito práxis, este no sujeito do sa~ ber e este no sujeito livre. (Hinkelammenrt pgs. 883~898)
` 81
Quando estas pessoas exercitam o processo de reflexão _: da acao elas estäo crescendo politicamente, se habilitando a
atuarem nas politicas sociais. _E o Servico Social, enquanto um dos mecanismos de ope-
racionalização das politicas sociais, ocupa um lugar significa~ tivo na transformacäo de necessidades sociais em demandas. É
nesse sentido que estivemos acompanhando mais de perto o Fundo Municipal de Integração Social, Orçamento Participativo e Conse~ lho Municipal de Saude, procurando desvendar as muitas relações que interferem nas decisões sobre as politicas sociais publicas, contribuindo para que tais acões não se limitem apenas à presta~
ção de servicos, mas que ultrapassem o assistencialismo, aper~
feicoando e atendendo os interesses da população.
u ... considera~se Fundamental o profissional que estabelece a mediação entre as propos- tas, as diretrizes e políticas 9overnamen~ tais e os organismos de execução; as insti~
` tuicões privadas, os próprios departamentos e reparticöes publicas, grupos e as asso~ ciacöes populares. Tareia essencial da as~ sistência tecnica e supervisão de programas em servico social, a articulação entre ins- tâncias decisórias e executivas Pode se construir em um instrumento contribuindo para o avanco das conquistas populares...“ (Nogueira, 1987. p. 85).
No processo de organização comunitária, o Servico $o~ cial con?igura~se pela reflexão sobre o cotidiano, tentando re- lacionar e compreender o movimento das Politicas Públicas e da
sociedade com as demandas dos moradores do Mocotó.
88
Entre tais demandas está a questão do Conselho Munici- pal da Saúde que está Passando por um processo de iragilizacão na relaçäo comunidade/conselho. Para isso mobilizamos algumas pessoas Para sentar e avaliar tal processo, entre os participam* tes estavam: ~ Conselheira Representante do Horro do Hocotó; ~ Representante de CEUEP no Conselho; - gonselheira da Pastoral da Saude no Conselho: W Equipe de 5 pessoas responsável pelas políticas públicas, ti*
rada durante o planejamento do CEDEP, em marco de 94, repre~ sentando este e comunidades nos conselhos municipais, e Servi-
co Social. No dia 18 de novembro, na sede do CEDEP, os parti~
cipantes discutiram as dificuldades e levaram propostas para melhorar o andamento do conselho e intensificar a participação das comunidades.
Na avaliação levantou~se o seguinte: Com a entrada da Frente Popular houve considerável diferença em relação à gestão anterior, apontada como poder centralizado na
pessoa do secretario da saude, uso politico partidário, a e×c1u~ são da participação popular, não existia planejamento, orçamento ou prestação de contas. Esses resquícios têm¡refletido como obs* taculo para o andamento do novo conselho que encontra outras di~ ficuldades como a grande demanda por saúde da Grande Florianópo~ lis; os participantes do conselho com interesses diferentes, grupos com poder do saber, abafando a vontade e o direito de
participação das comunidades, embora seja aberto 0 espaco, nem todos participam.
83
Os orçamentos têm passado pelo conselho para estes aprovarem ou não, mas de uma forma atropelada devido os limites dos encon~ tros. â metodologia da eleição foi deficiente: Feita a escolha do titular, pelos sete mais votados e os outros sete para su~
plentes, constata~se que a titular desconhece seu suplente, di~
ficultando o relacionamento para cobertura, pois quando um não pode comparecer, o outro deveria estar presente. Existe falta de união entre os participantes das entidades populares.
Como iniciativa da Pastoral da Saúde será oferecido um curso de formação para as lideranças comunitárias em outubro Pa- ra ajudar esses participantes a clarear o seu papel no conselho; porque a população, além de saber seu papel de conselheiro, terá capacidade para identiticar os mecanismos que podem possibilitar ou bloquear os avanços pretendidos da nova maneira de efetivar as politicas públicas.
Se este espaço não Por democrático e servir como canal de participação. melhor que não exista, porque ele pode servir como estratégia do poder e qualquer erro do governo municipal pode ser atribuido à deliberação do conselho de saude, alegando
que a decisão veio deste. Encaminhou~se proposta de promover encontros com as
comunidades para trabalhar esses esclarecimentos e preparar no- vos conselheiros para eleição de 95.
A complexibilidade de tatores que implicam a compreen~ são para a construção da democracia e dos direitos sociais como os da cidadania, tanto individuais ou coledivos, são fundamen~ tais para o posicionamento do assistente social.
84
Para entender esses movimentos contraditórios entre Sociedade Civil/Estado e relações pré-estabelecidas na socieda~ de, foi necessário fazer uso da teoria critico~dia1ético que de~
›
Fende a posição de que cada conceito possui em si o seu contra~ rio, cada afirmação, a sua negação. "O mundo não é um conjunto de coisas prontas e acabadas, mas sim o resultado do movimento gerado pelo choque destes antagonismos e destas contradições" (Spindel 199i. p. 31)
Este instrumental teórico como matriz permitiu mate~ rializar o conhecimento teórico e o prático, e Foi se delineando o cotidiano no trabalho com a população, surgindo as técnicas já academicamente elaboradas como: reunião com associação de mora- dores, visitas domiciliares, que para realidade do Mocotó Foi um
v
instrumento indispensável para uma maior relação com as pessoas onde aglomera em uma só familia todos os tabus colocados pela sociedade como a violência, drogas, prostituição, homossexualisr mo, abandono, pobreza; enfim, são questões que trabalhamos tam~ bém no coletivo, mas há casos que requerem uma individualização, como os portadores de AIDS, por exemplo, esse local tem levado um acompanhamento de atetividade, de apoio, dando a eles o di~
reito de serem reconhecidos como pessoas com sentimentos, com
vontades, com vida, há que lembrar que eles não estão mortos fi*
sicamente e sim se sentem rejeitados por todos.
Outro instrumento tecnico_necessario de atuação foi a
comunicação popular, procuramos usar linguagem simples, clara de horizontalidade, onde os sujeitos envolvidos pudessem comunicar* se com a mesma naturalidade do dia~a~dia.
85
Outro espaço do Servico Social foram os "bingos" como uma atividade organizada da associação dos moradores com o in-
tuito de maior união entre todos e amparar fundos para constru-
ção de sua sede de lazer e funcionamento do armazém comunitario, permitindo uma maior aproximação entre os associados e envo1vi~ dos nos preparativos para os eventos.
Percebemos com esta mobilização dos moradores que, du~
rante os 18 meses de estágios de servico social, foi este o pe~
riodo de maior participação nas reuniões da associacão. Seja por uma necessidade imediata ou por solidariedade, sentimos a neces~ sidade de incentivar a efetiva participação e despertar o inte*
resse, buscando novas motivações. Como recurso técnico de atuação e aproximação entre
Servico Qocial e comunidade houve o uso da fotografia: percebe- mos, então, que a máquina fotográfica/foi instrumento de grande significado: ao propor uma fotografia no coletivo ou individual sentiamos a alegria e a vontade de serem percebidos enquanto pessoa. de ser notado e registrado o momento que este sujeito ocupou um "espaco“.
Entre as muitas cenas que marcaram meu estágio, houve a do momento em que entreguei a fotografia para um menino de
mais ou menos 6 anos, negro, que nos encontrava na entrada do morro, sempre a brincar com uma "pipa", Certo dia perguntamos se
podíamos fotografar. Uarias vezes ele me perguntava ~ a foto es~
tá Pronta tia? Eu não podia imaginar que importância ele tinha dado aquele momento de ser fotografado e isto se revelou no mo~ mento em que entreguei sua foto. Ficou estampada em seus olhos
86
tamanha satisFacäo,‹ a alegria de estar se vendo naquela Foto,
como se estivesse marcando ali sua identidade. Buscando saber mais sobre esse menino, soubemos que,
ele é criado com mais dois irmãos por uma tia, devido à morte de seus Pais.
Por esse e outros motivos é que percebo que não pode~
ria ter ?eito melhor escolha de estágio do que o de comunidade, principalmente a do Mocotó, onde construímos uma relação de a$e~
to de iormacäo pro?issiona1.
›
CONSIDERAÇÕES FINAIS
às reflexões apresentadas são o resultado de um ano e
meio de experiência junto aos moradores do morro do Mocotó. Pre~
senciando a realidade, ouvindo depoimentos, relatos, participan~ do nos espaços da associacäo de moradores e outras organizações internas, que permitiram a matéria prima para vir construiu" do/reconstruindo este documento com a história deste povo.
Historicamente, não apenas conhecendo o morro aqui e
agora, mas se ele se apresenta assim hoje, e porque tem uma his~
tória a qual tentei resgatar e registrar a partir do conhecimen- to que adquiri através de suas relacões: sociais, econômicas, politicas e cultural, possibilitou o desvendar por trás da apa~
rência dos Fatos, indo buscar a realidade como ela é. Não partä do conhecimento especulativo, mas do real, participando junto com os sujeitos no seu cotidiano, pressupondo transformar esse
real, ir além da imagem que é passada à sociedade, ou melhor ul~
trapassar a visão que a sociedade têm do morro do Mocotó, ta×an~ do o lugar como perigoso e outros dados pejorativos, mas que
existem ali pessoas, Familias, uma comunidade que luta para vi~ ver com dignidade.
Apresentei algumas referências para pensar a trama do
cotidiano como sendo a trama do acontecer concreto da vida e das
88
lutas dessa População. Acontecer no qual o projeto social capi~
talista se tece e se estabelece como hegemônico, ao mesmo tempo em que outros projetos sociais aí também se gestam. Uma maneira de pensar. mencionei também alguns desafios que, entre muitos outros, se manifestam quando a intenção é construir, no concreto do dia~a~dia de uma alternativa de vida social.
Hoje Posso dar a minha versão do movimento histórico dos moradores do Mocotó, baseada no que presenciei, no que
aprendi; daí a noção de que conhecimento envolve teoria e práti~ ca.
Ao chegar *ui descobrindo meus próprios preconceitos oriundos de um modelo social capitalista interiorizado e reFor~
cado dia~a-dia, percebendo a comunidade a primeira vista com os mesmos olhos do preconceito da sociedade. Aos poucos fui supe-
rando o medo, compreendendo os efeitos do impacto da nova expe- riência, näo tinha convivido com uma comunidade. Não que eu te~
nha vindo de uma situacao social muito diferente mas a realidade era outra.
Hoje esse povo Paz parte da minha história.
»
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ÉÍ com pirão feito de farinha de man- ajuda a solubilizar o cálcio. Contém rência com a machadinha apro- .lioca e o caldo que fica na panela. vitaminas do complexo B. priada. lsso não só facilita a limpe-
( -Mais comum que o prato chamado A geléia de mocotó é de digestão za como permite que caiba na
Í mocotó, é a geléia, consumida sob a mais fácil que o mocotó propria- panela. Se vier com as unhas, arran- âforma de doce, tipo gelatina ou mente dito. sendo por isso recomen- que-as, deixando-o de molho cm ( geléia, para passar no pão. . dada às crianças e pessoas em água fria por' uma hora. Em segui- _.‹ Co.iio o consumo do mocotó não é convalescença. da. esfregue com uma escovinha ( muito grande. ele é encontrado já Como comprar ` própria (do tipo de unhas) ou raspe
_
separado em três partes: tendões e Por ser de pouco consumo, o moco- com faca afiada, preparando o Í iigarnentos, aproveitados industrial- tô não é encontrado em abundância.. mocotó corno indicam as receitas. (` nente paraapreparação da gelatina .Pode ser comprado nos supermer- A primeira operação geralmente é ¡- comestível; ossos, que produzem cados, açougues e casas de carne ou levar o mocotó ao fogo até que a __ óleo; e cola; e entram na fabricação feiras livres. carne esteja se separando :los ossos. '- de botões e as unhas que, como os Para ser considerado bom. o moczzi- Retira-se do fogo, deixando-o num (Í issos, vão para as fábricas de tó deve ter odor suave.icom a cor recipiente até o dia seguinte para a ¿~botões.
. . caracteristica sem manchas escuras. retirada do excesso de gordura que
(_ Valor nutritivo Para calcular a quantidade. sao acumula na superficie.
‹ Contém proteinas, gorduras e liidra- necessários em média 100 g (peso Preparade ou não no mesmo dia, o ( .os de carbono. Cem gramas de bruto) de mocotó para se obter 30 g caldo do mocotó pode sempre ser fu 'nocotó fornecem 97,4 calorias, teor aproveitáveis. aproveitado para fazer gelatina ou relativamente baixo, o que o reec- Conservação geléia de mocotó. Quando aprovei- -menda para as pessoas que devem Quando fresco, o mocotó pode ser tado para a geléia. d›;~=, passâ-lo
< .estringir as calorias, gorduras e conservado até por três dias na ga- antes por guardanapo ou pe.:››ira
i_ *iidratos de carbono. veta própria para carnes do refrige- fina. Se estiver muito soi.:"*`=::£o. É particularmente rico em cálcio rador. acrcsceiite ui - ›c ;`; ágàa quen-
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Mocoro te. Junte quatro claras em neve para cada mocotó, levando novamente ao fogo, mexendo sempre até que fique transparente. Passe de novo o caldo num guardanapo juntando os ingredientes da receita. Combinações Sirva o mocotó como prato princi- pal: ensopado ao molho de tomate, com lingüiça, paio, bacon, etc., acompanhado de arroz branco. Pode ainda ser combinado - com couve, repoll:-3 c bcrinjelas.
caldo gelatinado
Preparo: 30 minutos. Fogo: 50 minutos. Rendimento: 1 litro de
" caldo. Uso: para carnes, enso-
' pados, etc. '
Ingredientes: 1 litro de caldo de nfocoto' clarg'/icazlo (ver receita bási- c:.=,`, 2 cenouras picadas, 1 alho- porro picado, z' cebola picada. 1 amarrado de cheiro verde, louro, sal. 2 xícaras (de chá) de vinho branco (seco).
I - Coloque o caldo clarificado numa panela grande. Despeje os ingredientes restantes e misture tudo muito bem. Leve ao fogo baixo e deixe durante 50 minutos. 2 - Retire, coc num guardanapo. Use para preparar pratos à base de carnes, ensopados, etc.
geléia de mocotó
H Preparo: 30 minutos. .__
` Fogo:50_minutos.i R- Rendimento: 1 litro de *W geléia.
i Uso:c_^mo sobremesa.
Ingredientes: llitro de caldo de mocotó clari/icado (v. receita bási-
*I2 ca), l 1/2 xícara (de chá) de vinho
branco seco, I xícara (de chá) de vinho tipo Porto. 2 pedaços de cane- la, 2 xícaras (de chá) de açúcar, 4 cravos-da-índia, 4 colheres (de sopa) de suco de limão, 1 colher (de ea/é) de noz-moscada ralada, 1 co- lher. (de chá) de erva doce.
l - Despeje o caldo de mocotó em uma panela. Junte os ingredientes restantes* e misture bem. Leve ao fogo baixo e deixe ferver por cerca de 50 minutos. Retire, coe aos pou- cos em um guardanapo úmido. 2 - Esfrie e despeje em. taças e leve à geladeira até endurecer.
mocotó com alface '
Preparo: 50 minutos. Fogo: 1./zora.
- Forno: 20 minutos. Uso: como prato princi-
` ' pal em refeições rrísticas.
Ingredientes; I receita básica de mocotó. 1 litro de caldo gelalinado. 2 cenouras picadas. 1 alho-porra picado, I cebola em rodelas. 3 tomates picados, 1 amarrado de cheiro verde, 1 colher (de sopa) de sal. I xícara (de chá) de vinho bran- eo seco, 2 colheres (de sopa) de manteiga. 6 pés de alface grandes.
1 - Cozinhe o mocotó de acordo com a receita básica. 2 - Junte ao caldo gelatinado as cenouras, alho-porro, cebola, toma- tes. cheiro verde. sal e vinho. Leve ao fogo baixo e deixe ferver por 50 minutos. Tire e passe por peneira. 3 - Aqueça a manteiga. Junte o mocotó e refogue por alguns minu- tos. Retire e passe para uma forma refratária. Cubra com o molho e leve ao fogo médio por 20 minutos. 4 - Enquanto isso, lave os pés de alface inteiros e amarre as folhas com barbante. Mergulhe em água fervente por alguns minutos. Retire e deixe escorrer.
5 - Aqueça I colher de mantei
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Junte a alface (sem o barbante), s
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e pimenta. Refogue rapidamente. 6 - Tire o mocotó do forno. Disp
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nha dos fados a alface e sirva be qucnt_e.
mocotó de porco com maçã
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¿ Preparo: 1 hora. 5. Fogo: 5 minutos.
Para 8 pessoas. `z '^- Uso: refeições especiais
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Ingredientes: 1 1/2 kg de carne
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porco em um só pedaço, 2 dentes
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alho amassado. sal, pimenta-d
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reino, I xícara (de c/zá) de suco
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limão, 1 xícara (de chá) de vin
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branco seco, 1 folha de louro, amarrado de cheiro verde, 2 colh
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res (de sopa) de manteiga, 6 maç
�
médias, 20 cravos-da-1'nd";:, 1/2 lítr
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de caldo de mocotó (v. receita bás
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ca), 2 xícaras (de chá) de geléia
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mocotó (v. receita de geléia). 1 pé
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alface picada.
l - Retire o excesso de gordura d
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carne e corte com uma faca be
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afiada, formando um retângul
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Tempere com a mistura de alho, sal pimenta e l/2 xícara de suco d
�
limão. Cubra com vinho e junte
�
cheiro verde e louro. Deixe toma
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gosto de véspera. 2 - Retire a carne dos temperos
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Enrole e amarre com um barbante
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Coloque em uma assadeira untada
�
besuntc-a com manteiga. Cubr
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com papel de aluminio. Leve a
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forno médio por 50 minutos. 3 - Descasque as maçãs e regu
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com suco de timão. Faça em cad
�
uma, no centro, uma pequena cavi
�
dade, espetando neh de 3 a 4 cra- vos. Reserve. 4 - Coe o tempero de vinho. Junt
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o caldo de mocotó e leve ao fogo para ferver por 5 minutos. 5 - Tire o papel de alumínio da
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L.:-_
pessoa com a idade de 134 anos? ~
Enfim. lá lui eu abraçar aquela respei- tável cuatura_ que por incrível que pa- reca. estava mesmo completando táo avançada idade!
Encontrei-a quase surda. porém, ainda um pouco lucida e capaz de con- versar. Falou-me um __-ú~uco da vida de nossa cidade. que coiéhec âà -feio nome de DESTERFIO e que tudo fcriíl COWÊ- cado no lugar de nome Sfšfl?/O ANTO- NIO DE LISBOA; onde uma ou du-¬s vezes por ano, era costume dos morado-
' nada mais, nada rnenos do que 134 anos de existencial. _. .
Este é um chamado popular. que alegra e emociona qualquer jornalista, sem levar em conta a importância da no- tícia, que não é nada comum. Basta lazer a pergunta: Quem já conheceu alguma
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Fato cunoso aconteceu com esta pu oltcaç ao Com tanmba tornaltsttca es perava uma repercursao enorme e sen sactonal para a reportagem entretanto voces sanern que tsto não aconteceu Acredtto que tal nao aconteceu porque a nossa ctdade e um pouco dtterente das outras. que sem duvtda dauam uma va- ltosa atençao para tao ausptctoso acon tectmertto e tao curtoso e médtto tato Depots dtsso acredlto que ate o proprto Matusalem desltlando no Marta Rocha pelas ruas da llha do Desterro nao farta o menor sucesso
Não passou mutto tempo lut avtsado que aquela senhora de 134 anos de :dade havta lâlectdo Havta festetado o seu ultrmo anrversano Para mtnha ale gna e doce lembrança (porque gosto e sempre goste de gente slmples) esttve
No cem.t‹.no comparect e ltz uso da palavra. para let ar lhe o meu derradetro e senttdo adr z
N-mw port.: nentwm poltttcoeposso expttcar porque Dona MARIA nao ttnha .-«rs “Mn .nv ¬ar¬g 1:2 ølfifllññbšl
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01 ÇAÍELOS COR DE NIVI do Dono lllflll, ouqodom o Iombronço - poffldo no Iompo- doo prlmohoo oploodloo hlolódcoo do volho Dootono. Quo Ioollmo, quo o poooor doo onoo. douro- noco o momorio o non pormllo quo oo ldoooo, conlom com cl: roxo, oo oconloclmonloo quo pfooonclorom. . . _
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Com medo de que outros morado- res não gostem de suas declarações, ela afirma que os ratos que existem dentro das casas são camundon- -gos. Ele procura esconder outros problemas. Jó-outro moradora que estava ao lado escutando a conver- sa. não teve medo e disse: “tem cada ratodesso tamanho, parece com um gambá¿_Eles entram em ~
'case e revlranjgtudo. Se sobrar um .pedaoo de carne .dentro do forno, fllumlrá logo"“a B noite. garante começa o grande desfila dos blcha-
. murznã, ;.›‹zrto- das eleições.-.de.15 rms. ,
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Os deslizamentos delterra 'e pedras são uma ameaça constante em época. de muita chu~va.__Faxineira tem medo que a casa, no Mocotó, _seja destruída _-
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Morro do Mocotó, na Capi- .
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_» tal. Ilma diz que sempre QUHIIÕO CÍIOVB f011'-8 8 fã- morou no local e antes não
xineira Ilma Maria dos ~ havia perigo de desmoro- Santos, 59 namento, mas o problema anos, não começou a surgir em 1991.
“ii dorme sos- depois que umvizinho reti- segada rou pedras, acima de sua
/// , 1/1 porque o residencia, para construir. ", I/ '// barro desli- A faxineira lembra que na
18. fllém (18 primeira enxurrada daque ameaça de rolar pedra mor le ano a filha Andréia per ro abaixo em direção a sua deu a casa. “As paredes casa, na rua 13 de maio, no ' nãosunortaram a força do
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desmoramento._" No local onde Andréia morava com a filha Priscila, de 5 anos, restaram apenas quadro paredes. _.
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‹ Agora Andréia e a filha moram com Ilma. Mas a cada dia de chuva, as très ~. pior. “A gente fica preou- cupadaesevivesempreem tensão", afirma Andréia. No' 'ano passado, o barro que desceu do morro arre- bentou a parede lateral, e não matou as moradoras por sorte. .
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Sem marido, Ilma e a filha passam a mão na en- xada e vão retirando o monte de barro jtmto à residência. O material 6
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transportado um pouco mais para cima. Mas toda vez que chove, desmorona.
A Prefeitura tentou amenizar o problema, 'construindo um muro de arrimo em volta da casa. Não adiantou. Para se ter uma idéia do perigo que ronda a família, além do barro, há duas pedras grandes que ameaçam rq lar. Ilma diz que não tem para onde ir e não entende porque os fiscais da Prefei- tura deíxam moradores ar- rancar pedras, para cons- truir, colocando em risco a vida de quem mora embai- xo.
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REUULAHEHTA 0 Fuwnu Nuu1u\rÀL DE lg Tficnàçàu soclàn PARA 0 ASSENTAMENTO nu FAnrL1As CARENTES n“uA nuvnâs my V 1 I) E.NVCÍ'l'¡\S^.; "-Í .
U l'x'‹-[\-110 Huni"ci¡›:1l_‹I\~ |‹`lur|.|n-'-;'~\-
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||:< uu uso'-do suas aL1'1l›'u|Ço‹-s qxm lho z:¿|u v‹›nI`‹~r|zI.a›. ¡¬ In
\r|. IU du l.‹_'¡ n° 5.2|0 U0 U3 dv _]u'lhu :lv 1939 ‹~ .'\|I. 'N' ~'.'I
lvl u9- 3.769 do 28 do mnxo dv 1992. ~
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Art . ^|'9 -t"() Fundo N`un|c1p:¡| dv. l`nLvf;;|'.1\¿:`u›' S‹›cL`.'r| .---Ú' ^¡ '¡"'
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lu 1.0.1 n9 3.709 'de 28' dl-“Í1x|::1io do l='J')2" xl'-ze=L1:1:1~~‹
Í no nssa-nL.1|n‹~nLu xíc. I-'.1mífl'1:1s' dc' l›'.'¡|.~‹:1 ¡‹~n~:'~:z, .|H~='l
como .-1 sua 1nLc~grrš:1§:`zu. n"ov ospngo urbnnd;
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PREFEHIWA DAÍHDADELHÉFLWHAHÚÚUUS
oc Intvgrnção Sucinl:
I - Produto do alivunção dc bvns imóvcis dr propria- c Prcfcilura Hunic1›nl do Florinnó~oI|s; I I wc 2:9.)
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UCI ‹.`c|v']9lI(>'T1S.f.¿;\) ¿-¡¿1 _ ¿3_
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1'1 - Subvenções ou auxílios pruvcni0nLos do Cwvvrnfllë ~dcrn1 v EsLndunl;"' `
Ill - Dotdçõcs'orçnmcnlñrias.uu shhvvnuöcs quw Ihc'£v"
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jnmÍconfigúradns`no nrçumqntu da Prvfcnluru Mun! -
C I pal du I~`l‹›|'1:¡nñpul |:;;
¬ Auxílio.-:, do:1z¿õ0s.uu c‹.mLr|l›uí§ucs ¡n:‹›\'‹-||1‹›||lvs'- das Pr0f0iLuras~Hunícipnis, que cvmpõvm u Hrnndv Flor1anópuI|s; que dusvjnrum prumovvr usú~nL:m‹n tos.€m Proj0LqsÀconjunLos;'=
V "'*'AUXÍ1i'0!~2, dO-3ÇÕC'$"0 C‹›||Ll'Íbul(,'ÕC.'¿ dt: |u-.-‹‹;o:!.H fí- sicas ou de pcs$oas jurídicas de d1ruzLn prxvndu;
'= Tributos específicos a surcm 1nsLjLuídus;
Vl1ff@Rccèita-provvnivntcúda pnrbicipaçãozdu$1un<vnLn¬z'
Art. J
dus'na aquislgão_doslrcspccl1vos imóvv;s;.
VIlI'=`PrnäuL0 da dplicàçño.f|nnncv|ru dan d|spuu›h|I:dq dus 110 l"undu,~ no nu'rc':nlu ^I'
| n.'1nL'c| ru; '
fm? f`@~3'~vf,\;> COM ¿¿v×'6. /¡_›1gua"‹¿×r›1 nmiz :Ã-7l>ÚJ f/9.1 <:(,»›-.‹»m(¡¿'<'5$Í Fundo Í~¶uni`cz| 1.-xl \|‹~ ln-O hu O C.. O `-'9 4*O supcravxt finànc "
'D¡`n¿‹:u\,z Q- $f~>bf30~\ t('z_;raç?¡Õ Social, Q..
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fvrído para o'c×crcfciÓ $ngujnLc, a cródaI› JH referido Fundo.
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49 - O Fundo Hunicxpal dc Inlcgrnção Social, será gn- :\l' |.`.
_i rldo por um Conselho Adm|u1slrnL1vu, vflmp0nlu¡wr
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6 (sexs) membros, sendo 3 (Lrôs) indivndns pvlu Executivo NJnicipal c 3 (três) pvlos Cousvlhosàu Assocbaçõus Comunitárias, I0galmonLc constituí-f (HIS.
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.~ § 19;-F' O Conselho Admin}sLraLivo scrã presidido Pnr_ um
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§ 255 -.- ' A p‹:r|n_auô||ci:l dos 'd0m:.1'is.. m('ml›ro.s` «lu (Í`nn:=‹'~lhu fu!- ministrativo; de qhe Lraba cs1c~arLxgo srrfi de 2 1
1 (dois) anos. '. -
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›--.. IV -._ Zclar pc-la -guamja cz boa 'azpl 1-c:1'‹;1ño' dos 'rz-cu: sw; do \\
Fundo Huni1`:~tpal' _'‹.I4: l*'nL‹.-'g-|“.:1ç."ío. Soci":J1-;‹ M. Í
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Lralivo:
I - Representar 0 Consvlhu AdminisLrnLivu nas nssi-` naturfls dc convffníos 0 Lcrnxos (IO compx'um1f=:=o cun
I órgãoš 0 entidades, rvfcruntøs n assunLus rvla- cionndos com os objctivus do Fundo vw quvs;nn .
i|1c`luúzrvtv, :lo ‹1uc -Ln||g‹e n inL‹\gr:1ç¡‹›_s\3c|‹Y-c\|l- Lural das famílias 0nvolvidns;= '
.ll '*'l'r‹'\¡`C'r 0 provvr os r'‹?cur:‹o:_= ||‹~c‹>-s:=.'ir|z.›:| :In .1-Iczm -
vv dos objetivos do FHIS.
111 - Rcsponsabilxdndu pela guarda c boa npl|unghu\hs rccursofi do FNlS$-¬ V
IV ¬.Autoxizanzas despesas e~pagnmcntoswdvnLrowdus'“ -- ' dispvníbi1Ídnd0S“brçamvn1árÍds F fxndnccxrxu 0
cm confoTmidadc'tUm 0 pland da npI|cã§5U.d0S Tfl cursos;.
V - Prvslnr cunLns da nplicdgão dv-anxihnnszsubvcnw '
çõvs, acordos, cqnvônids O óulrox, rQluLLvns -n
recursos rcccbidóúfda Umuãu, EaLdHo.müHuuíTÍMfl& "
conf0rmÚ'0xigir azlcgíslação.fibrQjncuLfi;w'
VI J Encíminhnr, aos órgñÓs'¢umpvLonl0s, nn fvrmn v
p1'a2;o:;¬ p1'('visLo:; 'n`c:;L'‹; rvgul;uuuntu,z.f¿¡fs_ |›‹|_'0.Ç-Lf.'|g{`\`US«.
dc cbnLas da aplicdgãu dos Rucúrsos do Fundo; ~
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V1IJ€ÍHuvimcnLar as conLas bancárias do Fundo, vn :nn junío com 0 r0spon5áv0Y pela Tvsourarln do Cun- sclho 'Admfnfi sl |'.1Liv'u;.
Vlll - Indicar o.Tusuurviro 0 o Contador do PHIS;
IX _ C(H"Pur .1 /\:‹s(f:;:;\›ri.1 'Í`(L'n|c.'I du Fundu bu:1r||n|‹› '
funviouáriu.-; da A‹|u|¡u|:;Lr:x`-:`|o I'-Iun1r||›.'¡I ‹' HIIS
linl1d.'v‹|‹~s ‹-uv‹›lv|‹|.1:: ¡~.'I|'.1 n ‹I‹-::‹-uvulvum :›I=› ‹l.f:=
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PnEFrz|'ru::.‹\ oA cio/~.or': oe FLom.›^.x:ÓPoL|s
ngõos inerentes as aLividas do Fundo.
. CAPITULO IVO
I
DA HOVlHl§N`I`/\ÇÃO _E /\l'L1CAÇÍ\0 _l)()S RIECIIRSUS
ArL£~T9 4'0s fbcursos-cspøcifívfidus'hn`Am1.V20 dbfilb«fivgu~~ lnmünlo, serao rvcvbidos O coutnblllundus pvln '
Fundo Hunitipal dc InLdgração Socíhl, modinn1v" d0póSitb'cm conLa vspoclal aUcrfa para osnn [|uí lidadeƒ'bm cstabclócimcnto banóárioVuf1c1aI.
~
Art. 89 - As disponibilidades financeiras do Fundo Hunncx- pal;de'IhLegraçÃo¬Socíal, serão movimcuLadasz@on juuLnmvnLc p¢laÀPrPsídGncin.c Tcsãhrar¢n du Con- sc' I ho /\dmi"n'i s tra L' ivo .' ¬“
Os'r0curs0s'do Fundo Hnníbípnl dd lhlogrngàn Su- Art. 99 Q_
cial; §0rão.aplicddos bm couform|dadv¿=rum 0 Plano do Ab1fçdção¿CzDusenvolvimfintu Sourhl v
priorizando n#nquisáçäo¬dc-íhóvciä.d0stäuadoH à famflíms-de bhika-renda vicm projvtoS'qn0 promu- vam a integração Sõcio>cu1tufdl dds Tamflzns.
1 -;V1sñhdo a opüracbonaldddde c manutenção do Fnndn, os recursos-do mbsmo‹pod0Tão sor utilrzddos Lnu- böm no-pagqmofito dcrmaL0rfnis pcrmauuuleszuu dv consumo e prcstaçno do sbrviços; -'
¬IEm cada área do aLunçño do Fhndb¿ h~çumun|dndv '
' bvnvficnada participará das hçüos du Fhndu Hunn- c¡pnl dv Integração Social, nlrnvõs dv svu Cnuú: lho ou Assocxaçño Comunilárzn, lcgnlm«nlv cnflfili tuídn.
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PnEFf¿|Tum\ DA cumofi DE rv_‹,›rí|7¬"r¬'C5'!'r"'~.s.:.› À ._ Q
^rz_ I0 - Os imóvvis adquiridos na forma do dispusto no
Arli¡;o n|1Lori‹)r, se-rão |w~pnn:nu!us :u›u n~hp||rv|uvs
aLravés dc Contrato dc Promessa dv Cnmprn u Vcumn dos adquirentes que serão fizmndos cnLrc u Prcfvi tura Municipal de Florlanópolis, cm_nLé 25 anos'
' 'com valor não supcrLor a 302 (LrinLa pvr cvnto )
do saláribvmfnimo. ‹
PARÁGRAFO UNICO -'As famílias cnndidaLas'à-nquisigãu du :HQ vvis serão sblccfunndas bbsvrvnndo-sb' H
siLun§ão 5úciu*0conôm1ch um quv nv vncun Lrnm, Lendo pTiQn|dndc“u% que mclhuf pla. ‹n\ch‹rrcux as svg\|in1‹~s c«n1digín~3 bázzlcns:
a) Halo: Lnmpo de rcsidôncxa no Hunicípxo;
b) Rchdfl famYlíañ=1nffirLor-n¬3.(Lrös)¬sa1â- r i 0 s- -nr-f n i m"o s-; '»
1
c) Nãnor renda.pcrçapLa;
d) FdmÍ1iaÍcomzmaior.númerb do dhpchJvnLüsf
CAP ITULL). V
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DA PR`ES`l`1\Ç7\'U.'D`IšJ CONTAS' 1 “
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Art; Il ¬fO Conselho'AdmjnÍ5LraLLvo'clubdrdrá u fvmvlvrâz
I - AO 'IRIBUNAL DE COH'l*/\f¡~ DO l'IS`l`/\D0:f"
l - ¡~llÊNSz\l.HEN`I`E, ¿¡L‹5 úllimu ‹l1.1 do |n(`-s :¬'u?›::‹'‹|ÍÍ\'I'lf'›
em I (uvul) via, us alu-xos mz ducuunwtlus :n*gu||¶uu
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Dvwunstrativo Lílulo (Anexo
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da (Anexo TC-06); ~;
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Cópia da u1tcraÇño_doVPlnnO do Aplfçdçãú «pro¶1=¬ 5 ¿
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É TRINESTR/\LNI;IN'l`E, :‹1L‹.'~ 0 úlliuio' din Útil du 'Inês subsoqüvntc 3 cada Lr1m0sLr0; os s0gu|nL0s Anv¬
¡ ¡ _ ~ , xos: ' f, F
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BdlJn©oLo da Rnzãb (Anexo -:U|);f
Domonslração da ContawBuncosm(Anvxo'TC-02)¢“ÚH
CdndílíagãuvBnucária¡facompanhada dbs-Ycsp0cLL¬=:¬ vos ExtñatosVünncfiriofi›(AndXo~TC¬UH}£f?- '
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10 BALANÇO ANUAL, no prazo'flP 90'(novcnLn). dunsf.{
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subscqUcnL0s ao encerramento do ukvrcíviu,1 .cm 2 (Jhas) vias, compospo dos Svguintvs Anvflos:
Iflinnxmcui ru,: Bal:u1ço RatxfhnonizulaxviD‹HHfih§} , B:¡J.'1uç‹0z
Lrativo das Variaçõcâ Patrimoniais, na furmn da %¬í
Lvl Fcdcrnl n9 44320/Ófiy'obscfvndas'hs*nltvfiJçhs~ posteriores e a l0gjsla;5o¬fibrLin0nLc v-inL0gwa-
› \ do :linda polos ancxost" R0l.1'çé`¡`o' de C'rv‹l‹›r‹-:~= (Ane ..\
X0 TC-IE); Rulagäo dos Dovcdoros cm atraso (Ane -
X0 TC-I3); Kvlaçao dc Estoquv em ñImuxar1fndu 1 Anexo TC-2!).
o PLAHO DE APLICAÇÀU, nu yzzzu az 30 (Lfznm«)dhm
Í] V`_"`:: |'|§l;|":.L||L3|(l\ \Jl'\ \.;I'.)l\lJÍ.I. I.J.; I L..¬.J|\|›n\\..'¡ \/L.|`J _ _.. ~¬.‹-_:.. _ 1\-.` ~..`_.u'.._,__..... _ z _ _ _ zz..,'_ _.;_z,¬ .___ _ z;z_-__z- - ,, _ _. _ ...`
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subseqüente ao início do Cxercício ou do seu fui clonamvuto, que dvmouslrv n provisão da urngvm 0
da aplicação dos rvcursos, aprovados pela autor: `
_ dad‹- couq›cL‹w\Lc.
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2 - A SECRETARIA HUNICJPAL DE FLNANÇAS - Cópjnfi «Os dU¢UW°“f05› que svrno cncnmxnhndos no Trlbunaí do '
(Í‹›nl.l'1s, ¡›r0v_i::Lo‹s no flvm .1nl‹~riur.. ›
"/\ CI\Nz'\RA HUNIUIPAL '¬Í-T1'i|||osLr;2lnu'n'Lv, b.'ll.;1ncvL(' V, 3..
_ , _ _ ¡'
cxx'c1n1sL.u1c1:1do ‹Ju |nov1|nv|\Lng:lo ah) F\u1dú1 c‹nnpr‹wn --
dcndo;. '
I) CumparuL|vo da rvcciLa cstjmndn com u urrccddndn;
2) C*u?uxP`ar'¡1L-i=vd ida. d"‹;›.sPÍOsC!' rc:1l.ifz::¡`d›:¡ com -¿¡'1=nu-l o‹r~1':¿a-~ -
da;
3) Dämuürstrntbvoidu~ubnbnd{nnnflimiaw
V - A l'IN'I`ll)AUlšS-,- r`.`('_[.›n.~zs_:ulo.1-:lí dc-. rÍvcu1':=os-. ¡1r.‹›\gr-.n1‹=n-
lesidc-nüwflidš; acordos.DrconvônioS=-=A prVsLu- ção do ‹r`onLas da :1¡›livn\~?ío dos r‹'cur's'o.<' ^r‹-cz›l›1dH.×',
un forum O prazos por _‹'l'‹-s -‹-::L.'¡I›u.l.v‹.¬|›zl.\.s:.;. -
C1\l'I'l`Ul.`(`)f V1-
D¡xS DISPOSLÇOE FINAIS Ff?
Art. 12 - Para c-xvcugão lnlclal do ¡=r‹':;‹~|\Lv I{‹~¡',uI;xuu'1\l\'. Õ
ixnpc-r:1_L1v0 0 cum¡›r¡monLo do 'forum do LJ\›m¡›|'\›m|:=:=u'
subscril/› em 10.05.39 qua- p.1s:=:| :P fzlzrr. p-'Irll' IU'
L‹¬¡;l'nn|‹' d‹-:;L‹~ lh-‹tx'‹-tn, do qual f:w.‹-m |~|r|‹' l-H'¡*""I
u Governo do lizei.-ado, .1 LLU¡I1`›I$,' .'| CAS/\N ‹~ :| (il-1I.I-Íiští.
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_, ontem à tarde, com o se- cr *ário Regional do Conti- nente, Dalton Ribeiro, com o og.-tivo de cobrar uma ação dr 'šecretaria diante de obras aprovadas pelo Orçamento Ce .nunitário e não realizadas. A` urnas destas obras_ chega- 'ram a ter licitações aprovadas e ...é mesmo prazos marcados, C i cartazes; violões e pan- deiros, os manifestantes gri- ta am em coro: “1, 2, 3, 4, 5 ir " queremos que a prefeitura
cumpra o que assumiu.” .nutre as obras drenagens,
pr *os de saúde, pontos de ôni- bus, praças, pavimentação de n._.s e redes de esgoto, todas
` *damente aprovadas pelo .zmento participativo. A
..a de pavimentação e dre- 'em da comunidade de
fita Terezinhafoi um dos .às mais polêmicos. O pro- já havia passado por lici-
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Dalton Ribeiro à comunidade. Ele continuou, explicando que “um orçamento é apenas uma permissão para um gasto, mas não uma liberação de verba”. Tal explicação surgiu porque alguns representantes da co- munidade questionavarn so- bre o destino das verbas de um orçamento aprovado se as
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