Uma proposta de integração do VSM no método SMED

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COSM – Mapeamento do Fluxo de Troca de ferramenta: Uma proposta de integração do VSM no método SMED Tomás Lopes Pereira Nero Dissertação para obtenção de Grau de Mestre em Engenharia Mecânica Orientador: Prof. Paulo Miguel Nogueira Peças Júri Presidente: Prof. Rui Manuel dos Santos Oliveira Baptista Orientador: Prof. Paulo Miguel Nogueira Peças Vogal: Prof. Elsa Maria Pires Henriques Junho 2017

Transcript of Uma proposta de integração do VSM no método SMED

COSM – Mapeamento do Fluxo de Troca de ferramenta: Uma proposta de integração do VSM no método SMED

Tomás Lopes Pereira Nero

Dissertação para obtenção de Grau de Mestre em

Engenharia Mecânica

Orientador: Prof. Paulo Miguel Nogueira Peças

Júri

Presidente: Prof. Rui Manuel dos Santos Oliveira Baptista

Orientador: Prof. Paulo Miguel Nogueira Peças

Vogal: Prof. Elsa Maria Pires Henriques

Junho 2017

i

Agradecimentos

Com a finalização do presente documento terminou uma das etapas mais marcantes da minha vida

pessoal. O percurso até à conclusão do Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica foi um caminho

longo, cheio de obstáculos a que a comunidade universitária chama de ‘’cadeiras’’. Estes obstáculos

foram ultrapassados com a ajuda dos meus colegas de curso, e é por esse mesmo motivo que o meu

primeiro agradecimento vai para todos eles. Para que isto tudo fosse possível, foi obviamente

necessária a ajuda dos meus pais, da minha irmã e da minha família que, tanto monetariamente

como mentalmente me deram o suporte que eu precisava para seguir em frente em todas etapas,

estou eternamente grato por isso! Obrigado!

No decorrer desta última etapa, que culminou com a elaboração desta dissertação, tive várias

pessoas que me auxiliaram e a quem gostaria de agradecer, especialmente:

Ao meu orientador, professor Paulo Peças, pela paciência que teve em ler e reler o documento.

Obrigado por ter aceite as minhas ideias de bom grado e por me ter auxiliado a expô-las da melhor

forma.

Ao Production Supervisor, Bruno Machado, por ter sido a pessoa que aprovou as minhas teorias num

conceito prático e que me auxiliou nas análises realizadas à prensa do caso de estudo.

Ao meu colega de curso e de profissão Daniel Sousa, obrigado por teres tido a paciência de comentar

em primeira mão todas as ideias que eu tive durante a elaboração da minha dissertação.

Ao Planning Manager, Nuno Carvalho, por me ter dado a oportunidade de realizar o estágio que

possibilitou o desenvolvimento deste trabalho num contexto prático, e ao mesmo tempo me fez

crescer a nível pessoal e profissional.

À minha Mãe, obrigado por me teres ajudado na maior dificuldade que tive durante a elaboração do

documento.

Ao meu Pai, por ter feito algumas críticas construtivas que me ajudaram a melhorar a dissertação.

À minha namorada, obrigado pelo apoio incondicional que me deste, não só nos dias em que

chegava a casa saturado mas também nos dias em que vinha com vontade de contar as ideias que

tive ao longo do dia. Entendendo ou não tudo o que dizia, foi sempre bom poder ter alguém para

expor as minhas ideias.

Ao Bruno Carvalho, por ter tido paciência de ler a dissertação, identificando alguns problemas que me

ajudaram a melhorar a qualidade do documento.

Ao meu amigo Luís Pinto, que me deu a oportunidade de realizar um estágio de verão que me

despertou o interesse nesta área.

ii

Resumo

Os tempos atuais têm sido marcados por uma evolução exponencial da tecnologia utilizada em todo o

mundo. De modo a acompanhar esta mesma evolução, surgiu a necessidade das empresas

formularem certas ferramentas que mantivessem os seus colaboradores focados na melhoria de

todos os processos de fabrico. Estas ferramentas tiveram como base a melhoria contínua e a filosofia

Lean (Lean Thinking), isto é, todo o pensamento dos trabalhadores terá de confluir no melhoramento

contínuo do seu trabalho bem como na redução de todos os desperdícios inerentes aos processos

que são efetuados ao longo do dia. Um destes desperdícios advém do tempo despendido com o

processo de troca de ferramenta que poderá ser reduzido com a aplicação da metodologia SMED

(Single Minute Exchange of Die).

Este trabalho reflete não só a aplicação de SMED, com vista à melhoria do processo de troca de

ferramenta de uma linha de estampagem, mas também propõe a associação deste método com a

capacidade que o VSM (Value Stream Mapping) tem de clarificar um processo através do

mapeamento do mesmo. Desta associação, é proposta uma nova forma de mapeamento do set-up

ou troca de ferramenta que decompõe o fluxo e as atividades deste tipo de processo. Esta nova

forma de mapeamento foi denominada de COSM (ChangeOver Stream Map).

Com a análise deste mapa, são encontrados alguns desperdícios inerentes ao processo de troca de

ferramenta que posteriormente são eliminados/reduzidos através de melhorias aplicadas ao processo

de troca de ferramenta em estudo.

Palavras-chave: Melhoria Continua, Lean Thinking, SMED, VSM, COSM

iii

Abstract

Nowadays, the industry has been changing due to an evolution on the product technology used

throughout the world. In order to keep up this evolution, several manufacturers around the world had

to formulate certain tools to maintain their employees focused on the improvement of production

processes. These tools are based on Major Kaizen and on the Lean Thinking philosophy, that is,

every worker has to be focus on the continuous improvement of their workstation, reducing the wastes

associated with that process.

This study is not based only on the SMED (Single Minute Exchange of Die) application, aiming the

improvement of a press line die change process, but also proposes the association between this

method and the capacity that VSM (Value Stream Mapping) has to clarify a process by mapping it.

From this association, has been proposed a new way to map the changeover process, which divides

that process in the different type of activities. This map was named by COSM (ChangeOver Stream

Map).

From the analysis of this map, was found some wastes in the changeover process that will be reduced

or eliminated through some improvements applied in the process.

Keywords: Major Kaizen, Lean Thinking, SMED, VSM, COSM

iv

Índice

Agradecimentos ....................................................................................................................................... i

Resumo ................................................................................................................................................... ii

Abstract .................................................................................................................................................. iii

Índice ...................................................................................................................................................... iv

Lista de Figuras ...................................................................................................................................... vi

Lista de Tabelas .................................................................................................................................... vii

Lista de Abreviaturas ............................................................................................................................ viii

1. Introdução ........................................................................................................................................ 1

2. Estado de Arte ................................................................................................................................. 3

TPS – Toyota Production System ........................................................................................... 3

Lean Manufacturing ................................................................................................................. 5

2.2.1. Princípios fundamentais do Lean .................................................................................... 5

2.2.2. Sete Desperdícios ........................................................................................................... 7

SMED ...................................................................................................................................... 8

2.3.1. Fases de execução das operações de troca num processo tradicional .......................... 9

2.3.2. Descrição do método ..................................................................................................... 10

2.3.3. Benefícios da aplicação do SMED ................................................................................ 12

2.3.4. Análise crítica ao método .............................................................................................. 14

VSM ....................................................................................................................................... 15

2.4.1. Descrição do método ..................................................................................................... 16

2.4.2. Benefícios da aplicação do VSM ................................................................................... 18

2.4.3. Critica ao VSM ............................................................................................................... 19

3. Enquadramento do problema ........................................................................................................ 20

Descrição do ambiente de fábrica ......................................................................................... 20

3.1.1. Características da Máquina ........................................................................................... 22

Estudos prévios ..................................................................................................................... 25

3.2.1. Tarefas identificadas ...................................................................................................... 26

3.2.2. Lacunas encontradas nos estudos prévios ................................................................... 27

3.2.2.1. Ineficiências ........................................................................................................... 27

v

3.2.2.2. Ineficácia ................................................................................................................ 28

Metodologias de solução das lacunas dos estudos prévios .................................................. 28

Esquema da dissertação ....................................................................................................... 30

4. COSM – ChangeOver Stream Map ............................................................................................... 32

Descrição dos constituintes do mapa do COSM ................................................................... 33

Aplicação do COSM – Estado atual ...................................................................................... 37

4.2.1. Tarefas Externas I ......................................................................................................... 37

4.2.2. Tarefas de Run-Down .................................................................................................... 38

4.2.3. Tarefas de Set-up .......................................................................................................... 39

4.2.4. Tarefas de Run-Up ........................................................................................................ 41

4.2.5. Tarefas Externas II ........................................................................................................ 42

4.2.6. Fluxo de informação ...................................................................................................... 43

4.2.7. Timelines ....................................................................................................................... 44

4.2.8. Lead Time de cada OP .................................................................................................. 45

Identificação de desperdícios ................................................................................................ 47

5. Propostas de alterações e aplicabilidade ...................................................................................... 50

Propostas de alterações – ‘’COSM – estado futuro’’ ............................................................. 50

Aplicabilidade das alterações ................................................................................................ 51

5.2.1. Tempos de espera do OP7 ............................................................................................ 51

5.2.2. Tempos de duração do processo .................................................................................. 52

5.2.3. Output da máquina durante o processo ........................................................................ 53

6. Síntese do COSM e sua aplicabilidade ......................................................................................... 55

Vantagens do COSM ............................................................................................................. 57

Desvantagens do COSM ....................................................................................................... 57

7. Conclusão ...................................................................................................................................... 58

8. Trabalhos Futuros ......................................................................................................................... 60

Referências ........................................................................................................................................... 61

Anexos .................................................................................................................................................. 64

Anexo A: COSM – estado atual ............................................................................................................ 65

Anexo B: COSM – estado futuro ........................................................................................................... 66

vi

Lista de Figuras Figura 2-1 - Evolução da competitividade das principais organizações do sector automóvel [3] ........... 4Figura 2-2 – Principio do Lean Thinking [8] ............................................................................................. 6Figura 2-3 – Definição do tempo de set-up [13] ...................................................................................... 8Figura 2-4 - Preponderância de cada operação no tempo total de troca de ferramenta [1] ................. 10Figura 2-5 – Ilustração das várias etapas do SMED. [13] ..................................................................... 11Figura 2-6 – Consequências da aplicação do SMED [13] ..................................................................... 13Figura 2-7 – Output de produção durante o Set-up [19] ....................................................................... 15Figura 2-8 – Fluxo de melhoria contínua através do VSM [25] ............................................................. 16Figura 2-9 – Exemplo do layout do mapa do VSM [26] ......................................................................... 18Figura 3-1 – Fluxo do processo produtivo da Press Shop .................................................................... 21Figura 3-2 – Layout da Máquina (Documento Privado) ........................................................................ 23Figura 3-3 – Barra dos Transferes (Documento Privado) ..................................................................... 25Figura 3-4 – Layout dos Operadores na troca de ferramenta (Documento Privado) ............................ 26Figura 3-5 – Metodologias de solução .................................................................................................. 29Figura 3-6 – Esquema da Dissertação .................................................................................................. 30Figura 4-1 - Fluxo de melhoria contínua através do COSM .................................................................. 32Figura 4-2 – Timeline do processo de troca de ferramenta .................................................................. 33Figura 4-3 – Exemplo do mapa do COSM ............................................................................................ 34Figura 4-4 - Exemplo do diagrama de Gantt ......................................................................................... 36Figura 4-5 – Exemplo do gráfico do Lead-Time de cada OP ................................................................ 36Figura 4-6 - Diagrama de Gantt das tarefas externas I ......................................................................... 38Figura 4-7 - Diagrama de Gantt das tarefas de run-down ..................................................................... 38Figura 4-8 - Diagrama de Gantt das tarefas de set-up .......................................................................... 40Figura 4-9 – Avaliação do tempo de espera dos operadores ............................................................... 40Figura 4-10 - Diagrama de Gantt das tarefas de run-up ....................................................................... 41Figura 4-11 - Diagrama de Gantt das tarefas externas II ...................................................................... 42Figura 4-12 – Fluxo de informação ....................................................................................................... 43Figura 4-13 – Timelines ......................................................................................................................... 44Figura 4-14 - Lead-Time de cada OP .................................................................................................... 45Figura 4-15 - COSM - estado atual ....................................................................................................... 46Figura 4-16 – Output da máquina durante a troca de ferramenta ......................................................... 48Figura 5-1 - Output da máquina durante a troca de ferramenta após alterações ................................. 53Figura 6-1 – Etapa 0 do COSM ............................................................................................................. 55Figura 6-2 – Etapa 1 do COSM ............................................................................................................. 55

vii

Lista de Tabelas Tabela 2-1 – Exemplo de uma matriz de análise de família de produtos [26] ...................................... 17Tabela 3-1 – Movimentos dos transferes .............................................................................................. 25Tabela 4-1 – Exemplo de tabela de Inputs ............................................................................................ 35Tabela 4-2 – Tarefas Externas I (tempos em minutos) ......................................................................... 37Tabela 4-3 – Tarefas de Run-Down (tempos em minutos) ................................................................... 38Tabela 4-4 – Tarefas de Set-up (tempos em minutos) .......................................................................... 39Tabela 4-5 – Tarefas de Run-Up (tempos em minutos) ........................................................................ 41Tabela 4-6 – Tarefas Externas II (tempos em minutos) ........................................................................ 42Tabela 4-7 – Resumo da Figura 4-14 (tempos em minutos) ................................................................. 46

viii

Lista de Abreviaturas

SMED Single Minute Exchange of Die

VSM Value Stream Mapping

TPS Toyota Production System

JIT Just-in-Time

LT Lead Time

CSL Coil Shear Line

BLK Blanking line

TAP Tri-Axial Press

COSM ChangeOver Stream Map

OP Operador

LL Line Leader

TF Troca de ferramenta

OT Ordem de Trabalho

PMS Ponto Morto Superior

PMI Ponto Morto Inferior

1

1. Introdução

A competitividade entre empresas inerente à evolução tecnológica dos tempos atuais tem levado a

que as mesmas evoluam exponencialmente, pois sem esse crescimento não conseguiriam atingir as

exigências dos mercados mundiais. Esta competitividade aliada à necessidade de fabricar produtos

variados e com um grau de qualidade bastante elevado, levou as empresas a desenvolverem várias

filosofias que auxiliassem a busca pelos objetivos propostos. Duas das filosofias mais importantes, e

que serviram como base no estudo realizado neste documento são:

• A Melhoria Contínua, que consiste na análise do processo atual, visando a melhoria deste

mesmo processo através da busca de ineficiências, atrasos, bottlenecks1 e desperdícios

(entre outros problemas), com o objetivo de eliminá-los e obter um processo melhorado, mais

eficiente e que oferece maior valor ao cliente final.

• O Lean Thinking, que se baseia na eliminação das atividades que não acrescentam valor ao

produto, sem que isto altere a qualidade do produto e a satisfação do cliente final.

O facto do mercado atual possuir uma panóplia de produtos bastante variados, e exigir uma

qualidade bastante elevada dos mesmos, é um problema que terá de ser gerido pelas empresas que

suportam esse mesmo mercado. Assim, é necessário que o sistema de produção seja flexível e ágil

para produzir com grande diversidade, com recursos restritos e com preços competitivos. Uma das

resoluções para este problema está relacionada com a redução do tempo de set-up das máquinas,

pois este é o ponto-chave para se obter uma produção ideal para este tipo de mercado. Imaginemos

que numa determinada empresa, em vez de termos horas em que a máquina está parada devido à

troca de ferramenta conseguiríamos que esse tempo fosse reduzido para menos de 10 minutos! Esta

mudança iria significar um aumento exponencial na produtividade e na diversidade dos produtos. Este

aumento poderá ser alcançado com a implementação do método SMED (single-minute Exchange of

Die). [1]

É exatamente neste ponto que entra a necessidade do estudo realizado nesta dissertação, ou seja,

otimizar o tempo de set-up de uma linha de estampagem inserida numa empresa do ramo automóvel.

Através da análise aos estudos prévios, baseados em SMED, foram encontradas algumas lacunas

associadas a esta mesma metodologia que serviram como ponto de partida para criação de uma

nova metodologia que concretizará o objetivo traçado para a dissertação.

Assim, o objetivo desta tese é então implementar o SMED de modo a que a produtividade de uma

certa máquina se eleve significativamente, mas não só, propõe-se associar ao SMED a capacidade

que o VSM (Value Stream Mapping) tem de clarificar todo o processo que se quer estudar. Através da

introdução da lógica VSM no método SMED, pretende-se criar um mapa que caracterize todo o fluxo

do processo de troca de ferramenta e que irá auxiliar a busca por determinados desperdícios que

1 Bottleneck, ponto de congestão. Refere-se normalmente a um componente ou tarefa que impede que um

sistema apresente melhor desempenho.

2

possam existir no processo. A esta nova forma de mapeamento foi dado o nome de COSM

(ChangeOver Stream Map).

No capítulo 2 será realizado um enquadramento das teorias e ferramentas relevantes para o caso de

estudo.

No capítulo 3 será realizado o enquadramento do problema onde se faz uma análise aos estudos

prévios realizados ao processo de troca de ferramenta do caso de estudo.

No capítulo 4 é descrito, passo a passo, a proposta de integração do VSM no método SMED, isto é, o

COSM.

No capítulo 5 são propostas algumas alterações que deverão ser efetuadas ao processo de troca de

ferramenta com vista à melhoria do mesmo.

Por sim, no capítulo 6 é resumido o método elaborado ao longo da dissertação, indicando os passos

que terão de ser realizados para uma aplicação eficaz do mesmo.

3

2. Estado de Arte

A evolução no mercado automóvel, onde se insere o caso de estudo desta tese, tem sido marcada

pela exigência do consumidor e da concorrência. Este mercado extremamente competitivo levou à

utilização de uma nova filosofia de produção para satisfazer os requisitos de eficiência e eficácia dos

sistemas de produção. Daí a necessidade da elaboração da presente dissertação cujo objetivo

principal é a melhoria do processo de troca de ferramenta de uma linha de estampagem, indo de

encontro a essa mesma filosofia.

Neste capítulo será realizado um enquadramento teórico com base nos estudos e técnicas existentes

até à atualidade. No primeiro e segundo subcapítulos são descritas duas filosofias, o TPS e o Lean

Manufacturing, que servem de base às duas ferramentas que serão apresentadas no terceiro e

quarto subcapítulos, o SMED e o VSM respetivamente. Estas duas ferramentas serão um ponto de

partida para o estudo elaborado nos capítulos seguintes.

TPS – Toyota Production System

Em meados do século XX a filosofia da produção em massa, que possibilitou a produção em série de

automóveis, estava implementada em grande parte das organizações ligadas à indústria automóvel.

Ligado a esta filosofia de produção, está inevitavelmente o fundador da Ford Motor Company, o

senhor Henry Ford. Neste período de utilização da filosofia de Ford, o custo unitário do produto final

era bastante mais baixo quando comparado com épocas anteriores, assim a classe média

conseguiria finalmente ter a capacidade de adquirir um automóvel particular. Nos anos 50 a indústria

Americana baseada na produção em massa atingiu os seus valores máximos e a partir daí começou

a existir uma forte concorrência das empresas do mesmo ramo sediadas na Europa. [2]

Ao mesmo tempo que as organizações Europeias ganhavam cada vez mais espaço no mercado

internacional, os Japoneses da Toyota iniciaram uma nova filosofia que mais tarde originou o Lean

Manufacturing. A necessidade desta filosofia de produção surgiu de um estudo realizado por Ohno e

Shingo2 ao sistema de produção de Ford onde encontraram algumas incompatibilidades com a

realidade nipónica da altura. [3] As principais incompatibilidades encontradas foram:

• Para além de pequeno, o mercado automóvel Japonês era altamente diversificado. Os

clientes tanto procuravam carros de alta gama como automóveis compactos ou mesmo

económicos.

• O estado económico no momento do Japão era frágil devido à recente II Guerra Mundial

sendo impossível o grande investimento essencial na aplicação na produção em massa.

2 Ohno e Shingo, engenheiros da Toyota Motor Company.

4

Assim, era necessário um sistema de produção flexível e ágil para produzir pouco e bem, com grande

diversidade, com recursos restritos e com preços competitivos. [3]

A nova filosofia, criada com o intuito de colmatar estas incompatibilidades, teve início no Japão numa

empresa de mercado têxtil cujo proprietário era o engenheiro Eiji Toyoda que a partir da década de

30 se dedicou à indústria automóvel, fundando a nova Toyota Motor Company que era direcionada

para a produção de camiões e veículos militares. Estava então a crescer uma nova filosofia de

produção, designada por Toyota Production System (TPS). [2]

O TPS é composto por dois pilares, o Just in Time (JIT) e o Jidoka, assentando no nivelamento da

produção, no trabalho normalizado e na melhoria contínua. O JIT tem como premissa que a produção

de um determinado produto apenas é iniciada quando da encomenda realizada pelo cliente final. O

conceito Jidoka, que significa autónomação, tem como objetivo a implementação numa determinada

organização um sistema que permita detetar as causas dos problemas obrigando à sua resolução

imediata. [4] [5]

Como se pode verificar através da Figura 2-1, o TPS ganhou margem competitiva a partir da década

de 80 devido à crise petrolífera da década de 70 que afetou o estado económico tanto dos Estados

Unidos como da Europa.

Figura 2-1 - Evolução da competitividade das principais organizações do sector automóvel [3]

O TPS começou assim a despertar interesse nas organizações do ocidente, e que sentiram a

necessidade de adaptar os seus sistemas de forma a aumentar os índices competitivos. Estava assim

em desenvolvimento a criação de um novo paradigma produtivo baseado no sucesso ascendente do

TPS, o Lean Manufacturing. [3]

5

Lean Manufacturing

Na década de 90 o TPS deu lugar ao conceito Lean Thinking, pensamento magro em português,

termo utilizado pela primeira vez por James Womack e Daniel Jones na obra ‘’Lean Thinking’’

publicada em 1996 [6]. O princípio deste pensamento sugere a utilização do que apenas é

estritamente necessário e no momento certo, eliminando todos os desperdícios encontrados num

determinado processo. Assim, após a aplicação desta filosofia num processo produtivo pretende-se,

para o mesmo volume de produção e qualidade do produto final, obter as seguintes otimizações:

• Menos espaço;

• Menos matérias;

• Menos energia consumida;

• Menos stocks;

• Menos pessoas.

Ainda assim é desejável que, após esta eliminação de desperdício inerente à aplicação do Lean

Thinking, seja aumentada a qualidade, a flexibilidade e o serviço de apoio ao cliente. [7]

2.2.1. Princípios fundamentais do Lean

Tal como foi referido anteriormente, o principio base do Lean Thinking é acrescentar valor ao produto,

suprimindo todo o tipo de desperdício presente ao longo do processo produtivo. Para além desta

premissa, os autores do livro ‘’Lean Thinking’’ definiram 5 princípios fundamentais que deverão ser

tidos em conta quando da aplicação desta filosofia de produção numa determinada organização, são

eles [8] [9] [10]:

6

Figura 2-2 – Principio do Lean Thinking [8]

• Criar valor – consiste nas características percetíveis ao cliente que cada produto

proporciona. Quanto maior for o valor percebido pelo cliente maior será a satisfação do

mesmo.

• Cadeia de Valor – define o processo produtivo de um determinado produto com o objetivo de

analisar o valor existente no processo e também a eliminação de alguns desperdícios

existentes no mesmo.

• Otimizar o fluxo – todas a operações da cadeia de valor deverão ser organizadas num fluxo

contínuo, sem que existam pontos de estrangulamento que impliquem tempos de espera ou

stocks intermédios.

• Sistema de produção Pull – a lógica de produção tipo pull, sugere que seja o cliente a iniciar

a produção através da encomenda realizada pelo próprio. Deste modo é evitada acumulação

de stocks, possibilitando a produção da quantidade estritamente necessária para cobrir a

encomenda do cliente.

• Procura da perfeição – este princípio tem implícito a importância da qualidade e da

inexistência de desperdícios no processo produtivo. A melhor forma da procura deste

princípio será incentivar os colaboradores de modo a que eles contribuam para a busca da

melhoria continua.

7

2.2.2. Sete Desperdícios

A filosofia Lean, tal como o nome indica, pretende a eliminação de todos os desperdícios existentes

no processo produtivo, ou seja eliminar todos os elementos que não acrescentam valor ao produto

final. Esses desperdícios podem ser divididos em 7 tipos [11]:

• Excesso de Produção – quando são produzidas unidades a mais do que foi planeado.

• Desperdício de Stock – relativo a todo armazenamento para além do que é necessário para

satisfazer os pedidos dos clientes.

• Tempo de Espera – como por exemplo, quando as atividades não estão corretamente

balanceadas.

• Transporte desnecessário de produtos ou materiais

• Desperdícios de Movimento – qualquer movimento dos operadores que não acrescente

valor ao produto final.

• Defeitos de Produto – produto com características que não correspondem às especificações

do cliente, causando a insatisfação do mesmo.

• Sobre processamento – potencialmente causado por atividades de retrabalho ou falta de

conhecimento dos operadores.

Para além desta procura constante por eliminar desperdícios, a filosofia Lean tem uma grande

componente de delegação de poder e de conhecimento aos colaboradores permitindo a qualquer

membro de uma organização participar ativamente no objetivo da mesma. De modo a auxiliar esta

procura exaustiva pela melhoria, foram criadas algumas ferramentas que poderão ser aplicadas a

todo o tipo de indústria.

Dentro dessas ferramentas, inseridas na filosofia Lean, existem duas que irão dar suporte à análise

efetuada na elaboração deste documento, são elas:

• SMED – Single Minute Exchange of Die

• VSM – Value Stream Mapping

8

SMED

Tal como foi dito anteriormente, uma das grandes prioridades das empresas que estão inseridas na

indústria atual, baseada no princípio Lean, é a flexibilidade dos seus processos produtivos. De modo

a eliminar desperdícios de stock e obter uma produção mais JIT, é estritamente necessário que o

tempo de não produção devido à troca de ferramenta seja o mais reduzido possível.

É exatamente neste âmbito que surge a necessidade de se aplicar o método SMED que significa

Single Minute Exchange of Die. Apesar da expressão single minute que está inserida nas suas siglas,

o SMED têm como objetivo inicial a redução do tempo de set-up para menos de 10 minutos e não

para 1 minuto como se poderia prever, embora existam algumas indústrias onde esse mesmo tempo

possa ser reduzido para valores de apenas um dígito. [12]

Esta metodologia foi desenvolvida pelo engenheiro da Toyota Shigeo Shingo, que na década de 1960

se debateu com a dificuldade que a sua empresa tinha para dar vazão a todas as suas encomendas.

Devido ao facto de não ter capacidade para adquirir mais equipamentos ou mais espaço em

armazém, a única solução para Shingo era diminuir o tempo de set-up dos seus equipamentos. [1]

Na Figura 2-3 está representado graficamente o tempo de set-up. Este é calculado desde que a

última peça de um determinado lote até à primeira peça produzida do lote seguinte.

Figura 2-3 – Definição do tempo de set-up [13]

Através de várias observações a todas as tarefas constituintes da troca de ferramenta, Shingo

alcançou os resultados que a empresa procurava. No início notou que existiam tarefas executadas

durante o set-up e que poderiam ser realizadas enquanto a máquina se encontrava a trabalhar. Após

esta análise inicial, as tarefas de Set-up foram divididas em dois grupos [1]:

- Tarefas internas: aquelas que têm de ser realizadas com a máquina/equipamento

parada(o). Exemplo - trocar a ferramenta de uma prensa ou um molde de uma máquina de injeção.

- Tarefas externas: aquelas que podem ser realizadas antes da máquina/equipamento parar

ou depois do set-up terminar. Exemplo – preparar ferramentas ou montar periféricos.

Ultima peça ‘’sem defeito’’ 1ª peça ‘’sem defeito’’

Tempo de Set-up

Lote 1 Lote 2

9

2.3.1. Fases de execução das operações de troca num processo tradicional

Antes de proceder à descrição do método será feita uma breve explicação de como era o processo

de troca de ferramenta tradicional, isto é um processo de troca de ferramenta que ainda não tenha

sido aplicado o SMED. Este processo era dividido em 4 grandes fases [1]:

1. Preparação, ajustes, verificação de ferramentas/materiais necessárias (os)

Nesta primeira fase estavam englobadas as tarefas que asseguravam que todas as

ferramentas/materiais do próximo lote estejam no devido lugar para proceder à troca. Para além

destas tarefas efetuadas antes da troca, também nesta fase estaria o processo de limpeza e

armazenamento da ferramenta/material do lote anterior.

Nota: Na aplicação do SMED, estas tarefas são classificadas como externas.

2. Montagem e remoção de ferramentas

Nesta fase, tal como o nome indica, era retirada a ferramenta que se encontrava a produzir o

lote anterior e a montagem da ferramenta que iria realizar o lote seguinte.

Nota: Como estas tarefas têm de ser realizadas com a máquina parada, estas tarefas serão

classificadas como internas.

3. Medições, definições e calibrações

Aqui eram realizados pequenos ajustes para que tudo corra como planeado quando do início

de produção do lote seguinte.

Nota: Tal como na fase anterior, estas tarefas são classificadas como internas.

4. Trial runs3 e ajustes

Por fim, após o fabrico da primeira peça, verificava-se se tudo se encontrava em

conformidade para se prosseguir à produção em série propriamente dita. Se necessário também

poderia haver alguns ajustes de última hora.

Nota: As tarefas são classificadas como internas, e por norma são aquelas que ocupam mais

tempo no total da troca de ferramenta.

Para além de identificar estas quatro operações acima descritas, Shingo também calculou

uma média dos tempos que cada operação ocupava no tempo total no processo tradicional de troca

de ferramenta. Os valores atingidos para a preponderância de cada uma das tarefas estão

representados na Figura 2-4.

3 Trial runs, ensaios, testes.

10

Figura 2-4 - Preponderância de cada operação no tempo total de troca de ferramenta [1]

Como se pode concluir, eram as tarefas de ajustes que possuíam maior preponderância no processo

de troca de ferramenta, consumindo cerca de metade do tempo destinado para o efeito.

No entanto, é importante realçar que existem variadíssimos tipos de indústria e associados a estes

existem também variados processos de troca de ferramenta, o que torna esta informação inserida na

Figura 2-4 um pouco rígida.

2.3.2. Descrição do método

Segundo Shingo, este ‘’método pode ser aplicado a todo o tipo de unidade industrial e em qualquer

máquina’’ o que o torna bastante útil pois não tem condicionantes no que se refere à sua área de

aplicação. Este método deve ser implementado faseadamente e de acordo com as etapas

identificadas na Figura 2-5 [1], que de seguida são explanadas:

30%

5%

15%

50%

11

Figura 2-5 – Ilustração das várias etapas do SMED. [13]

Com a aplicação deste método pretende-se que o tempo de set-up reduza significativamente e que

paralelamente se atinjam outro tipo de melhorias, tais como [14]:

• Redução de stocks;

• Redução de defeitos;

• Redução dos prazos de entrega;

• Aumento do output da máquina;

• Aumento da satisfação dos clientes.

Apesar de parecer um processo bastante simples, existem alguns pontos críticos que deverão ser

analisados em pormenor. De seguida disponibilizam-se algumas técnicas que darão suporte a uma

utilização do método mais eficaz.

Na Etapa 0, é recomendado que se utilizem as seguintes técnicas [15] [16]:

• Vídeo – apesar da cronometragem ser suficiente para calcular o tempo que cada tarefa

ocupa na troca de ferramenta, a filmagem torna mais fácil a análise que será realizada nas

etapas seguintes, pois com esta será possível voltar a ver o que foi feito numa determinada

troca e realizar uma análise mais pormenorizada.

I TarefaInterna E TarefaExterna

Etapa 0 – Caracterizar as tarefas

I E I E I E I E I I E I I

Etapa 1 – Separar as Tarefas

I E I E I E I E I I E I I

Etapa 2 – Converter tarefas internas em externas

E E I E I E I E I I E E E

Etapa 3 – Reduzir e eliminar tarefas

E I I E I E I E E E

12

• Listar as tarefas – Após o vídeo deverá ser elaborada uma lista onde se descrevem todas as

tarefas que se realizam no processo de troca de ferramenta.

Na Etapa 1, as técnicas apresentadas para auxiliar a separação das tarefas internas das externas

são [15]:

• Checklists4 - Deverão incluir toda a informação acerca das tarefas que foram observadas na

etapa 0.

Na Etapa 2, existem alguns métodos que auxiliam a conversão das tarefas internas em tarefas

externas, tais como [15] [16]:

• Preparação antecipada das condições operacionais – Condições como temperatura,

pressão, posicionamento de peças e pré-aquecimento de moldes devem ser preparadas

externamente.

• Estandardização5 das tarefas de troca – O objetivo é que todas as ferramentas sejam

montadas da mesma forma e que todas as operações de troca sejam semelhantes.

Na Etapa 3, as técnicas mais comuns são [15] [16]:

• Efectuar operações em paralelo – com a colaboração de 2 ou mais operadores é possível

realizar duas tarefas em simultâneo, diminuindo assim o tempo de troca de ferramenta.

• Utilização de fixadores funcionais - A eliminação dos parafusos e a utilização de fixadores

como método de aperto é um passo bastante importante na diminuição do tempo de set-up,

além de que os fixadores também são mais ergonómicos.

• Eliminação de ajustes – este é um dado óbvio pois é nos ajustes que se perde mais tempo

na troca de ferramenta. No entanto é bastante complicado o controlo deste tipo de tarefas

devido ao facto de não serem contínuas, ou seja, acontecem esporadicamente.

• Mecanização / Automatização – Esta técnica é sempre uma opção quando o investimento,

que geralmente é elevado, for devolvido rápidamente. Antes da sua utilização deverá ser

realizada uma boa análise económica ao caso.

2.3.3. Benefícios da aplicação do SMED

Tal como foi referido anteriormente, numa indústria que se diz ser de grande competitividade entre

fabricantes, é obrigatória a constante procura de uma produção com grande eficiência sem que a sua

eficácia seja diminuída.

4 Checklists: listas de verificação.

5 Estandardização: padronização uniformização.

13

A aplicação do SMED permite às organizações atenderem às necessidades do mercado, pois através

da melhoria do processo será possível realizar trocas com mais frequência e assim produzir lotes

com dimensões reduzidas, o que irá originar um ganho económico que advém não só da redução do

custo de produto armazenado, mas também de outros fatores identificados mais adiante.

As consequências imediatas nas organizações após a aplicação do SMED [13], e consequente

diminuição do tempo de troca de ferramenta são:

• Redução do tamanho dos lotes;

• Redução de Stock;

• Redução de custos e aumento de produtividade associados ao aumento do tempo útil de

produção;

• Aumento da Flexibilidade, isto é, maior diversidade de produtos produzidos:

• Redução do Lead Time6;

• Melhor qualidade do produto final.

Figura 2-6 – Consequências da aplicação do SMED [13]

Relativamente aos colaboradores, o SMED também traz algumas vantagens, tais como [17]:

• Gera-se um ambiente de mais estabilidade laboral, uma vez que a competitividade da

organização aumenta;

• O trabalho diário da produção torna-se menos desgastante pois:

o A simplicidade das trocas torna-as mais seguras, implica menos esforço psicológico e

reduz o risco de acidentes;

o A redução do stock contribui para uma diminuição da entropia no posto de trabalho o

que torna a produção mais segura.

6 Lead Time: Tempo de ciclo.

Aumentaronúmerodetrocas

ReduzirStock Reduziro

tamanhodoslotes

Reduçãodecustos

Aumentodeprodutividade

Melhorqualidade

ReduçãodoLeadTime

Reduzirtempos

SMED

14

2.3.4. Análise crítica ao método

Neste subcapítulo será feita uma análise crítica ao SMED, isto é, uma análise ao estado atual e

posteriormente será indicada uma das suas lacunas com base em documentação científica publicada

nos últimos anos.

Quando se aplica a teoria de Shingo, existe um foco principal no tempo desde que a última peça que

sai do lote em produção até à primeira peça do lote seguinte (Tarefas Internas). No entanto existem

as tarefas realizadas enquanto a máquina se encontra em funcionamento (Tarefas Externas) que não

são trabalhadas com tanto ênfase aquando a aplicação do método SMED. Apesar do método conter

uma fase que tem como objetivo a redução do tempo de todas as tarefas incluídas no processo de

troca de ferramenta (Internas e externas), o principal objetivo é a redução do tempo de set-up em que

se incluem apenas as tarefas internas pois é neste período que existe realmente perda de

produtividade devido à paragem da máquina.

Segundo McIntosh [18], o tempo das tarefas internas não é apenas o tempo de set-up mas também o

tempo que a máquina demora a produzir nas perfeitas condições que é denominado por período de

run-up. Como se pode verificar na Figura 2-7, esse tempo é caracterizado por uma curva hiperbólica

em que a área compreendida entre a curva e o output representa a produção que foi ‘’perdida’’. Para

além do tempo de run-up, McIntosh vai ainda mais além e afirma que ocasionalmente em alguns

setores industriais poderá haver um período designado por run-down que paralelamente ao tempo de

run-up é aquele em que a máquina se encontra em desaceleração. Na Figura 2-7 mostra o referido

período de run-down que é representado por uma reta decrescente e, tal como foi dito para o caso do

run-up, a área compreendida entre a reta e o output representa a perda de produção que se obtém no

período de run-down. [18]

Este é um aspeto bastante importante que o método de Shingo não distingue, pois tal como já foi

referido, no SMED apenas é distinguido o tempo em que a máquina está parada (Interno) e o tempo

em que a máquina está a produzir (Externo).

15

Figura 2-7 – Output de produção durante o Set-up [19]

Segundo McIntosh, estes dois períodos de run-down e run-up são bastante importantes no tempo

total de troca de ferramenta pois por vezes perde-se demasiado tempo nestas duas fases. Por norma,

na fase de run-up são elaborados alguns ajustes relacionados com problemas que surgem no início

de produção do lote seguinte à troca de ferramenta; como estes ajustes não são sempre os mesmos

de troca para troca não existe um processo definido para a resolução dos mesmos, constituindo uma

grande parte no tempo total de troca de ferramenta.

De uma forma resumida, McIntosh afirma que os períodos de desaceleração (run-down) e aceleração

(run-up) da produção inerentes à troca de ferramenta, poderão ter uma elevada importância no output

da máquina. Por fim, o autor também se dirige ao método elaborado por Shingo em 1985 dizendo que

estas perdas não são contabilizadas quando a aplicação do mesmo o que o torna o SMED um

método com algumas lacunas. [18] [19] [20]

VSM

A aplicação do Value Stream Mapping (VSM), ou Mapa de Fluxo de Valor, representa um contributo

importante no caminho para a excelência operacional inerente à redução das atividades sem valor

acrescentado e à diminuição do desperdício. Segundo Amir Azizi [21], o primeiro passo da aplicação

do Lean Manufacturing em qualquer empresa é a implementação do Value Stream Mapping. [21] [22]

O VSM tem como forma de processo a observação direta de fluxos de informação e de materiais

conforme eles ocorrem, resumindo-os visualmente e vislumbrando um estado futuro com um melhor

desempenho. O principal objetivo da utilização do VSM é diminuir o Lead Time eliminando as tarefas

que não acrescentam valor ao processo produtivo. [23]

16

Singh et. al [24] referem que, utilizando este método a informação de cada processo é captada,

evidenciando tempos produtivos tais como o tempo de ciclo, o tempo de atividade, o tempo de troca

de ferramenta, assim como a necessidade de mão-de obra direta para o fabrico. [24]

2.4.1. Descrição do método

A aplicação do VSM resume-se ao preenchimento de um mapa com dados que serão posteriormente

analisados visando uma possível melhoria. O mapa propriamente dito inclui uma panóplia de

informações importantes, tais como [23]:

• Fluxo de Materiais;

• Stocks de matérias-primas, materiais em processamento e produto acabado;

• Fornecedores e clientes;

• Transporte de materiais;

• Sistemas de informação utilizados;

• Fluxo de informação;

• Processos e seus desempenhos;

• Sequência de atividades;

• Identificação de desperdícios;

• Recursos utilizados;

A partir destes dados é então concebido o VSM do estado atual. De seguida, e após uma análise

detalhada do mapa, são utilizadas algumas práticas da filosofia Lean com vista à obtenção de uma

melhoria do processo. Estas propostas de melhoria são detalhadas através de uma elaboração de um

VSM futuro. Este ciclo de procedimentos está resumido na Figura 2-8.

Figura 2-8 – Fluxo de melhoria contínua através do VSM [25]

VSMFuturo

VSM Atual

Melhoria Contínua

17

Resumindo, o VSM tem, tal como o SMED, alguns passos definidos que auxiliam a perfeita utilização

do método.

• 1ºPasso – Selecionar um produto especifico ou uma família de produtos – Este passo é

bastante importante pois uma das limitações da aplicação do VSM é que apenas se pode

desenhar um mapa para uma família de produtos, pois se existir uma grande variedade de

produtos a utilização do método não será eficaz.

Uma das melhores formas de realizar este passo com algum critério é a elaboração de uma tabela

que identifique quais os processos utilizados para o fabrico de um determinado produto. De seguida é

apresentado um exemplo desta mesma tabela:

Tabela 2-1 – Exemplo de uma matriz de análise de família de produtos [26]

Processo

1 2 3 4 5 6 7 8

Pro

du

tos

A X X X X X

B X X X X

C X X X X

D X X X X X

E X X X X X

F X X X X X

Deste exemplo pode-se retirar a seguinte informação:

o Os produtos A e B têm praticamente os mesmos processos produtivos, sendo assim

serão considerados da mesma família.

o O mesmo se sucede com os produtos C e D, sendo estes também considerados da

mesma família.

o Também se pode afirmar que os produtos E e F são da mesma família pois têm

exatamente os mesmos processos produtivos.

• 2ºPasso – Desenvolver o mapa do VSM atual que caracteriza o processo que é efetuado

atualmente.

• 3ºPasso – Identificar, através da observação do mapa desenvolvido no 2ºpasso, as tarefas

que não acrescentam valor e encontrar os desperdícios ao longo de todo o processo.

• 4ºPasso – Desenhar o mapa do VSM futuro que caracteriza o processo após a aplicação das

mudanças efetuadas, de forma a eliminar os desperdícios encontrados no 3ºpasso.

Assim, o VSM consiste simplesmente na representação da informação sobre o fluxo de valor para um

mapa que representa o estado atual e o estado futuro do processo de produção de um determinado

18

produto ou família de produtos. [27] Na Figura 2-9 está representado um exemplo de layout do mapa

do VSM, onde se pode identificar todo o processo produtivo do produto, desde a matéria-prima (à

esquerda) até à expedição (à direita) e todos os indicadores relevantes desse mesmo processo. De

modo a fechar o circuito, é representado na parte de cima do mapa, e com sentido contrário ao

processo produtivo, o fluxo administrativo utilizado [26].

Figura 2-9 – Exemplo do layout do mapa do VSM [26]

2.4.2. Benefícios da aplicação do VSM

A visão proporcionada pelo VSM permite identificar possíveis bottlenecks e refletir sobre o que

poderá ser modificado no sentido de diminuir desperdícios. Para além disto, o VSM é uma ferramenta

simples, de fácil execução e de baixo custo. Rother e Shook enumeraram os seguintes benefícios

associados à implementação do VSM num processo [25]:

• Melhora a perceção do fluxo de valor ocorrente em toda a organização.

• Clarifica sistemas complexos, tornando a sua compreensão mais simples.

• Melhora a visualização da relação entre processos e entre fluxos de material e de informação.

• Ajuda na identificação dos desperdícios.

• Ajuda na distinção entre atividades que acrescentam valor das que não acrescentam valor.

• Permite a determinação de quais as ferramentas Lean mais adequadas para a execução de

melhorias identificadas.

• Auxilia na descrição do procedimento que uma unidade de produção deve adotar, para criar o

fluxo de valor desejado.

Fluxo administrativo

Processo Produtivo

19

2.4.3. Critica ao VSM

A principal critica associada ao VSM vem dos obstáculos que se criam aquando da sua

implementação. Khaswala e Irani [28], apesar de reconhecerem a sua utilidade, referem alguns

destes obstáculos associados à implementação do VSM [28]:

• Dificuldade em aplicar a ferramenta em vários produtos com fluxos diferentes.

• Ausência de informação relativa a transporte, filas de espera e distâncias de movimentações.

• Falta de consideração de indicadores financeiros.

• Ausência de gráficos que permitam a visualização espacial do layout e do manuseamento do

material.

• Falta de especificidade relativa à informação que consta no fluxo de informação.

Em suma, existem duas ferramentas inseridas na filosofia Lean que servem de base ao caso de

estudo desta dissertação. Daqui em diante serão utilizados todos os fundamentos teóricos

apresentados neste capítulo, com especial atenção aos benefícios da utilização destas duas

ferramentas.

No decorrer da dissertação pretende-se colmatar a lacuna encontrada no método SMED através da

utilização da lógica do VSM, isto é, mapeando o processo de troca de ferramenta.

20

3. Enquadramento do problema

O objetivo da presente dissertação estava inicialmente relacionado com a melhoria do processo de

troca de ferramenta de uma linha de estampagem através da aplicação do método SMED. No

entanto, com o decorrer do estudo, identificaram-se algumas lacunas inerentes à aplicação deste

método, o que levou ao desenvolvimento de uma nova ferramenta que suprimisse essas mesmas

lacunas. Assim, resulta que o desenvolvimento desta nova ferramenta tornou-se o objetivo principal

da dissertação, tendo inclusive originado a alteração do título da mesma.

Neste capítulo, será realizado o enquadramento do problema que deu origem à necessidade da

elaboração do presente dissertação. Assim, de forma a inteirar o leitor acerca dos dados técnicos que

irão ser abordados mais adiante no documento, no primeiro subcapítulo será realizada uma curta

descrição da linha de estampagem e do ambiente de fábrica onde esta se encontra inserida.

No segundo subcapítulo é realizada uma análise aos estudos prévios efetuados ao processo do caso

de estudo e no terceiro subcapítulo são descritas as lacunas identificadas a esses mesmos estudos e

são elencadas propostas de metodologias que quando aplicadas suprimem essas mesmas lacunas.

Da junção dessas metodologias, surgiu o desenvolvimento da nova ferramenta (COSM) que será

introduzida no final deste capítulo e apresentada no capítulo 4.

Descrição do ambiente de fábrica

Este trabalho foi realizado numa unidade de estampagem (Press Shop) dedicada exclusivamente à

indústria automóvel, com uma área de 38.933 m2 e uma altura máxima de 16,5 metros. Esta área é o

local onde, através de estampagem, são produzidas as peças em chapa de aço. De seguida estas

mesmas peças serão entregues ao departamento seguinte, que no caso da indústria automóvel é a

linha onde são montadas as carroçarias do produto final (Body Shop). Por este último motivo, pode

considerar-se que estes dois departamentos da mesma fábrica (Press Shop e Body Shop) possuem

uma relação de fornecedor-cliente, em que o fornecedor é a Press Shop e o cliente é o Body Shop.

Para além da Body Shop, a unidade de estampagem também possui clientes externos para onde

envia as peças que produz. Estes clientes são usualmente fábricas da indústria automóvel, que por

uma questão de incapacidade não produzem todas as peças necessárias à produção de um

determinado automóvel, subcontratando outras unidades de estampagem que tenham capacidade

para completar esta lacuna.

Esta forma de produção surgiu em meados dos anos 90 e tem como grande vantagem permitir que

haja uma redução de custos de investimento no que respeita à construção de ferramentas. Por

21

exemplo, se coexistirem duas fábricas de indústria automóvel que produzam o mesmo modelo

apenas será necessário que uma delas possua o conjunto de ferramentas para a produção da

carroçaria do produto final, permitindo que haja maior capacidade de produção de outros modelos.

O processo produtivo das peças é dividido em duas etapas:

1ª Etapa: A matéria-prima está inicialmente disposta num rolo denominado por coil terá de ser

cortado dando origem às platinas. Estas podem ser cortadas na CSL (Coil Shear Line), constituída

por uma faca que faz cortes retos e outra que faz cortes de raio, ou na BLK (Blanking) que faz cortes

geométricos.

2ª Etapa: A platina é introduzida na prensa pelo alimentador e a partir daí é iniciado o

processo produtivo da peça que é realizado progressivamente no interior da prensa.

Figura 3-1 – Fluxo do processo produtivo da Press Shop

Na Figura 3-1 é possível identificar todas as etapas inerentes ao processo de fabrico das peças

produzidas na Press Shop, desde a matéria-prima (Coils e Blanks) até ao produto final enviado para o

cliente, passando pelos processos de manutenção que são realizados esporadicamente e pelos

reworks que também poderão ser efetuados com o objetivo de obter a melhor qualidade do produto

final.

22

Atualmente, a unidade de estampagem encontra-se em produção 3 turnos por dia, 8h por turno em

que 7:30h são de produção e 30 min de refeição. Em cada turno encontram-se 7 colaboradores

alocados à prensa em estudo, distribuídos da seguinte forma:

• 2 Line Leaders

• 5 Operadores

Os Line Leaders são responsáveis pela supervisão de toda a produção e por algumas tarefas da

troca de ferramenta. Por sua vez, os operadores são divididos em dois grupos, três são responsáveis

pelo controlo da produção e pela colocação das peças nos racks7 enquanto os outros 2 (die setters)

realizam grande parte das tarefas de troca de ferramenta.

3.1.1. Características da Máquina

A máquina utilizada para o caso de estudo é designada por TAP (Tri-Axial Press), sendo que esta

denominação está relaciona com o movimento realizado pelos transferes existentes no interior da

prensa. Mais adiante será pormenorizado todo o funcionamento destas mesmas automações.

A prensa tem uma velocidade máxima de 16 golpes por minuto e uma força máxima de 32.000 kN.

Na Figura 3-2 está representado o layout da prensa, onde se podem encontrar todos os elementos

constituintes da mesma.

7 Racks: Prateleiras que armazenam as peças.

23

Figura 3-2 – Layout da Máquina (Documento Privado)

Operador/LineLeader

Robot Z

Robot1 Robot2

Lubrificadora Lavadora

Mesa1

Mesa2

Mesa4

Mesa3 Ferramenta

Rack

Tapetedesaída

Transferes Robot/Lavadora/Lubrificadora

Carris

Consoladaprensa Gabaritointermédio

PortaPlatinas

24

Assim, a máquina é constituída pelos seguintes componentes:

• 2 Alimentadores (esquerdo e direito) – constituídos por dois Robots (1 e 2

representados na Figura 3-2) de 6 eixos que introduzem as platinas no interior da

prensa.

• 1 Lavadora – A função deste elemento é como o nome indica, lavar e lubrificar as

platinas de modo a diminuir os impactos que as sujidades implicam na qualidade

superficial do produto final. Utilizada quando se produzem peças exteriores.

• 1 Lubrificadora – Elemento da prensa cuja função é somente lubrificar a platina.

Utilizada quando se produzem peças interiores.

• 4 Mesas – A prensa possui 4 mesas onde se podem colocar 3 ferramentas individuais

em cada uma delas. Estas nunca se encontram no interior da prensa ao mesmo

tempo, isto é, quando as mesas 1 e 2 estão no interior da prensa as mesas 3 e 4

estão obrigatoriamente no exterior e vice-versa.

• 1 Robot Z – Este componente tem a função de transferir as platinas da estação de

entrega do alimentador para a primeira ferramenta da prensa onde irá ser criada a

primeira forma da peça. Para além disto, este robot também possui um sensor ótico

que posiciona a platina na posição correta de modo a que não haja desalinhamento

quando da sua entrada na primeira operação. Tal como os Robots 1 e 2, este

também possui 6 eixos que auxiliam o seu funcionamento.

• 1 Tapete de saída – Transporta as peças desde a prensa até ao local onde se

encontram os operadores que são responsáveis por aferir a qualidade e pela

colocação das peças nos Racks.

• Gabarito intermédio – Este elemento encontra-se entre as duas mesas e tem a

função de suportar a peça que sai da última ferramenta da primeira mesa e que irá

entrar na primeira ferramenta da segunda mesa.

• Transferes – Elemento da prensa cuja função é transferir as peças de uma operação

para a operação seguinte. Estes elementos são divididos em duas partes quando da

saída das mesas para proceder à troca de ferramenta, uma parte é amovível

juntamente com a mesa enquanto a outra parte mantém-se na prensa e é acoplada à

próxima barra de transfere que irá entrar com a mesa seguinte.

Tal como foi dito anteriormente, é o movimento tri-axial destes componentes que dá origem à

designação da prensa. Na TAP em estudo existem 8 barras idênticas, duas em cada mesa. Estas

barras encontram-se dispostas horizontalmente ao longo da prensa. Na Figura 3-3 está representada

a barra de transferes com os respetivos eixos.

25

Figura 3-3 – Barra dos Transferes (Documento Privado)

Na Tabela 3-1 estão descritos os movimentos que estas barras realizam para transferir as peças de

uma ferramenta para a seguinte.

Tabela 3-1 – Movimentos dos transferes

Ordem Função Movimento

1º Agarra peças Zz

2º Sobe Yy

3º Transporte para a ferramenta seguinte Xx

4º Baixa Yy

5º Larga peças Zz

Estudos prévios

Antes de proceder à deteção de possíveis melhorias que poderão ser efetuadas ao processo de troca

de ferramenta da prensa em estudo, será feita uma descrição de toda a informação que já tinha sido

recolhida até ao início deste trabalho.

Assim, a documentação disponibilizada e que serviu de base para o caso de estudo foi a seguinte:

• Caracterização das tarefas internas inerentes ao processo de troca de ferramenta, isto é,

descrição e alocação da tarefa a um operador.

Esta caracterização surge da aplicação do SMED ao processo de troca de ferramenta em estudo.

• Layout com a indicação das posições e tarefas de cada operador.

26

Figura 3-4 – Layout dos Operadores na troca de ferramenta (Documento Privado)

O documento que continha a Figura 3-4 foi de grande importância quando da identificação das tarefas

de cada operador, pois através deste esquema foi mais fácil associar a pessoa envolvida na troca de

ferramenta ao número de operador correspondente e assim identificar as tarefas realizadas pelo

mesmo.

Através da simplicidade e funcionalidade destes documentos, é possível afirmar que existe já uma

certa organização e preocupação inerente ao processo de troca de ferramenta por parte dos

especialistas responsáveis pela prensa. Os estudos prévios contribuíram para que o ponto de partida

desta análise à troca de ferramenta surgisse num patamar mais adiante, pois estes documentos

auxiliaram à perceção de todas as tarefas internas que constituíam o processo.

3.2.1. Tarefas identificadas

Através de uma análise cuidada dos documentos disponibilizados, as tarefas internas da troca de

ferramenta foram divididas em 9 grupos distintos:

• Início da troca de ferramenta – é constituída por operações que são necessárias quando do

início da troca de ferramenta interna, como por exemplo ‘mover prensa para o ponto morto

superior’ para posteriormente se proceder a tarefas que terão de ser realizadas com a prensa

‘’aberta’’.

• Tarefas automáticas da máquina I – tal como o nome indica são operações que não

necessitam de operadores para serem realizadas.

27

• Troca dos griper´s8 intermédios – os griper’s são constituintes das barras de transfere que

têm de acompanhar a mudança das mesas. Nas tarefas internas apenas é necessário trocar

os intermédios (que se encontram na parte da barra que não sai juntamente com a mesa), os

restantes serão trocados nas operações externas da troca de ferramenta.

• Tarefas automáticas da máquina II – para além de algumas operações de desacoplamento,

é nesta fase que se retiram as mesas do interior da prensa.

• Troca de automações do Robot Z – para cada tipo de peça existe uma platina

correspondente, por sua vez é necessário que as automações que agarram a platina estejam

dispostas da forma mais eficaz. Sendo assim existe uma configuração diferente para cada

tipo de peça e por este motivo é necessário alterar os braços no robot Z.

• Troca das automações dos Robot’s 1 e 2 – estas tarefas são idênticas às realizadas no

robot Z e são efetuadas pelo line leader 2.

• Troca dos gabaritos intermédios – estes componentes encontram-se entre as duas mesas

e pelo motivo semelhante ao explicado na definição da troca de automações do robot Z, estes

gabaritos também terão de ser trocados na troca de ferramenta. Estas tarefas são realizadas

pelos operadores 3 e 4 ao mesmo tempo que os operadores 5 e 6 trocam as automações do

robot Z.

• Tarefas automáticas da máquina III – entrada das mesas e acoplamento das mesmas.

• Fim de troca de ferramenta – Tarefas de fim de troca e início de produção do lote seguinte.

3.2.2. Lacunas encontradas nos estudos prévios

Apesar de algum trabalho realizado no âmbito da melhoria contínua com a aplicação de algumas

ferramentas Lean, foram encontradas algumas ineficácias e ineficiências nos estudos prévios e nos

documentos desenvolvidos pelo departamento responsável pelo processo. Estão são identificadas

nos seguintes subcapítulos.

3.2.2.1. Ineficiências

A preocupação da equipa responsável pela produtividade da prensa está direcionada para a redução

do tempo despendido com a troca de ferramenta. Por este mesmo motivo, nos estudos prévios

apenas foram tidas em conta as tarefas internas.

Tal como foi criticado por McIntosh, a troca de ferramenta não se cinge apenas às tarefas internas e

externas, podendo ser dividida em mais duas fases que não são identificadas na teoria de Shingo, o

8 Griper´s: pinças que agarram as peças.

28

run-down e o run-up. O facto de esta distinção não ter sido efetuada, torna os estudos prévios pouco

eficientes, pois não têm em conta todas as tarefas inerentes ao processo de troca de ferramenta.

Através de uma entrevista realizada a um especialista em SMED, conclui-se que este método quando

aplicado num processo complexo que contenha mais de 50 tarefas, apresenta uma certa dificuldade

de visualização e identificação das tarefas, dizendo mesmo: ‘’Quando temos uma lista que contém

mais de 50 linhas, não é fácil encontrar a descrição de uma certa tarefa que é realizada numa

determinada altura’’. Sendo esta outra ineficiência dos estudos prévios, pois a caracterização das

tarefas foi realizada em forma de lista tornando a sua leitura um pouco difícil.

3.2.2.2. Ineficácia

Através de uma entrevista realizada ao supervisor responsável pela prensa em estudo, é notório que,

apesar de existir uma lista que indique qual dos operadores realiza uma determinada tarefa, por

vezes esta mesma lista não é respeitada, o que torna o processo de troca de ferramenta pouco linear.

Para além desta última afirmação, também se conclui que quando da aplicação das ferramentas Lean

num processo, não exista grande variedade na execução das tarefas, pois é estritamente necessário

que em processos complexos cada tarefa esteja alocada a um conjunto de operadores para que seja

possível mapear todo processo de forma a poder ser estudado com maior clareza.

Quando foi comparado o processo definido através do documento disponibilizado e a observação

propriamente dita do processo na linha, verificou-se que existiam algumas alternâncias de operador

durante a execução de algumas tarefas. Este fenómeno justifica algum tempo perdido

desnecessariamente no processo de troca de ferramenta devido à entropia criada por essas mesmas

trocas.

Assim, verificou-se após a entrevista realizada, que o problema descrito anteriormente constitui uma

ineficácia do documento criado, uma vez que não está a ser utilizado para benefício comum com vista

à melhoria do processo de troca de ferramenta.

Metodologias de solução das lacunas dos estudos prévios

Sendo o estudo da presente dissertação uma continuação dos estudos anteriormente efetuados à

troca de ferramenta, pretende-se que as lacunas encontradas no capítulo anterior sejam colmatadas.

Para isso foram encontradas metodologias que poderão auxiliar este propósito.

Na Figura 3-5, estão identificadas as lacunas encontradas nos estudos prévios do processo de troca

de ferramenta, tal como as metodologias mais eficazes para a resolução dos mesmos.

29

Figura 3-5 – Metodologias de solução

Em suma, a forma encontrada para a resolução das ineficiências encontradas passa inicialmente pela

execução da etapa 0 do SMED, de forma a descrever todas as tarefas inerentes ao processo de troca

de ferramenta. De seguida deverá ser feita a divisão das tarefas em 4 tipos, correspondentes à

divisão realizada por McIntosh:

• Tarefas Externas;

• Tarefas Run-Down;

• Tarefas Internas;

• Tarefas Run-Up;

E por fim, será utilizada a capacidade que o VSM apresenta de clarificar sistemas complexos

tornando a sua compreensão mais simples através de um mapeamento dos mesmos.

Relativamente às ineficácias encontradas dos documentos elaborados nos estudos prévios, realizou-

se um Workshop com o intuito de sensibilizar os operadores a realizarem apenas as suas tarefas, tal

como está descrito na lista elaborada para o efeito.

Lacunas

Ineficiências

Tarefasexternasnão

identificadas

SMED

TarefasdeRun-Downe Run-Upnãoclassificadas

McIntosh

DefeitovisualdoSMED

VSM

Ineficácia

Alistadetarefasdecadaoperadornãoestáaserrespeitada

Workshop

30

Esquema da dissertação

Assim, identificadas as metodologias que deverão colmatar as lacunas dos estudos prévios,

pretende-se agora apresentar o procedimento utilizado para atingir os objetivos propostos para a

dissertação através do esquema da Figura 3-6.

Figura 3-6 – Esquema da Dissertação

Como se pode ver no esquema acima representado, com vista à melhoria do processo de troca de

ferramenta da máquina em estudo, inicialmente foram analisados os estudos prévios à elaboração

deste documento. Após esta análise, conclui-se que existiam algumas lacunas nos estudos que

poderiam ser colmatadas com a aplicação de certas metodologias.

Análise aos estudos prévios

Ineficiência Ineficácias

Metodologias de resolução

COSM - estado atual

Identificar desperdícios

COSM - estado futuro

Impacto das alterações

Resultados

Proposta de alterações

Atual vs Futuro

Lacunas encontradas

SMED McIntosh VSM Workshop

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

31

Juntando os benefícios de cada uma das metodologias, foi elaborado um mapa que caracteriza todo

o fluxo do processo de troca de ferramenta. Este novo mapa denomina-se ‘’Mapeamento do Fluxo de

Troca de Ferramenta’’, que se traduz em inglês como '’ChangeOver Stream Map’’ (COSM).

A partir do capítulo 4 inicia-se a busca pela concretização do objetivo traçado, isto é, a formulação de

um método que possibilita uma análise mais detalhada do processo de troca de ferramenta. Após o

mapeamento do estado atual da troca através da elaboração do ‘’COSM-estado atual’’ é então

analisado o mapa de forma a encontrar todos os desperdícios inerentes ao processo de troca de

ferramenta.

No capítulo 5 são apresentadas as propostas de melhoria, que têm como objetivo a

redução/eliminação dos desperdícios, através da elaboração do ‘’COSM-estado futuro’’. No fim deste

capítulo são apresentados os resultados que se obtiveram após a introdução das melhorias no

processo de troca de ferramenta.

32

4. COSM – ChangeOver Stream Map

Neste capítulo será apresentado o método criado ao longo da elaboração da dissertação. O COSM,

tal como foi dito anteriormente, surge da junção das metodologias identificadas no capitulo 3.3.

O objetivo do COSM é clarificar todo o processo de troca de ferramenta de modo a que seja mais

acessível encontrar os desperdícios, para posteriormente serem eliminados e dar origem a um COSM

futuro que será o espelho do processo de troca de ferramenta após as melhorias efetuadas.

O COSM é assim uma ferramenta que tem como sua principal arma a criação de um mapa que

espelha todo o processo da troca de ferramenta.

Em suma, o COSM é aplicado da mesma forma que o VSM, no entanto apenas é descrito no mapa o

processo de troca de ferramenta e não o processo produtivo de um produto. O fluxo de aplicação do

COSM é semelhante ao do VSM e está descrito na Figura 4-1.

Figura 4-1 - Fluxo de melhoria contínua através do COSM

Pelo simples motivo de ser esta primeira aplicação do COSM, no primeiro subcapítulo será

apresentado um exemplo de todos os constituintes do mapa.

No segundo subcapítulo será elaborado o mapa do ‘’COSM-estado atual’’ com os dados reais do

processo de troca de ferramenta em análise.

Por fim, após a análise do mapa serão identificados os desperdícios encontrados no processo de

troca de ferramenta.

COSM Futuro

COSM Atual

Melhoria Contínua

33

Descrição dos constituintes do mapa do COSM

O COSM é baseado no VSM, ou seja, parte da elaboração de um mapa que regista todo o fluxo de

um processo. Neste pretende-se apenas representar o fluxo do processo de troca de ferramenta.

Para isso é necessário começar por delinear os limites da troca, isto é, identificar quando começa e

acaba a troca de ferramenta propriamente dita. Através de uma análise cuidada do processo, e após

várias iterações, definiu-se que a troca é iniciada com tarefas de ajuste que terão de ser realizadas à

ferramenta que irá entrar na prensa, e termina quando a ferramenta que entrará na troca seguinte

estiver pronta para o efeito. Na Figura 4-2 está esquematizado de uma forma temporal todo o

processo.

Figura 4-2 – Timeline do processo de troca de ferramenta

De forma a auxiliar a leitura da Figura 4-2 é importante definir alguns conceitos inseridos na mesma.

Posto isto, as considerações realizadas de modo a elaborar a timeline acima apresentada foram as

seguintes:

• Tarefas de preparação à troca (Externas I) – São maioritariamente operações de

verificação efetuadas pelos Line Leaders, com o objetivo de reduzir ao máximo os

erros e desperdícios de tempo que poderão surgir durante a troca.

• O termo ‘’Tarefas internas’’ inclui todas aquelas que são realizadas em momentos

em que a máquina não se encontra a produzir a 100%.

• Tarefas de Run-Down – São realizadas aquando da desaceleração da máquina.

• Tarefas de Set-up – Tarefas de troca efetiva das ferramentas

• Tarefas de Run-Up – São realizadas aquando da aceleração da máquina.

• Tarefas Externas II – São constituídas por duas operações distintas: inicialmente é

desmontada e transportada para o armazém a ferramenta que acabou de ser

produzida e posteriormente é transportada e montada nas mesas a ferramenta que

irá entrar na próxima troca.

Após a leitura correta da Figura 4-2 de modo a clarificar o processo de troca de ferramenta, optou-se

por dividir o processo em cinco subprocessos.

34

Esta divisão é um dos pontos de partida para a elaboração do mapa do COSM. Na Figura 4-3 está

representado um exemplo do mapa do COSM onde se pode ver os cinco blocos que representam os

cinco subprocessos que surgiram da divisão efetuada na Figura 4-2.

Figura 4-3 – Exemplo do mapa do COSM

O espaço em branco em cada bloco será preenchido com toda a informação relativa ao subprocesso

correspondente. Esta informação será apresentada quando da aplicação do COSM no processo em

estudo no capítulo 4.2.

O fluxo de informação inserido no COSM é, tal como no VSM, um esquema que sintetiza todo fluxo

do processo administrativo. Neste caso é simplesmente um processo que irá informar o controlador

da máquina para iniciar a troca de ferramenta.

O fluxo de informação será esquematizado na parte superior do mapa como se pode ver no exemplo

da Figura 4-3.

A elaboração deste mapa surge devido à necessidade de redução do tempo despendido na troca de

ferramenta. Assim, é bastante importante que o mapa contenha timelines que auxiliem a visualização

do mapa de uma forma mais temporal.

De seguida são explicadas em pormenor as funções de cada uma das três timelines inseridas no

mapa da Figura 4-3.

Ø Em semelhança ao VSM, a primeira timeline divide os processos em dois tempos distintos:

• Tempo Interno – constituído pelas tarefas de run-down, set-up e run-up, isto é, o

tempo em que a máquina não se encontra a produzir a 100%.

• Tempo Externo – constituído pelas tarefas externas.

35

Ø A segunda timeline indica quando inicia ou termina um subprocesso em relação ao início do

processo da troca de ferramenta. Esta linha dá uma noção temporal de todos os

subprocessos e também o tempo total despendido com o processo de troca de ferramenta

(Lead Time).

Ø A acrescenta a informação de quais dos subprocessos são realizados em paralelo.

É importante realçar que as timelines não se encontram à escala. Optou-se por relacionar estas

linhas com a largura dos blocos dos subprocessos com o objetivo de melhorar a noção global do

esquema.

Através da análise cuidada do mapa de fluxo da troca de ferramenta, pretende-se identificar os mais

variados desperdícios inerentes a todo o processo de troca de ferramenta, bem como os tempos de

duração de todas as tarefas e subprocessos.

Para além dos elementos já apresentados, o COSM possui outros elementos que são utilizados para

introduzir os dados que advêm da observação e registo do tempo das tarefas executadas durante

todo o processo de troca de ferramenta.

Para a perfeita aplicação do COSM é necessário observar cuidadosamente todas as tarefas inerentes

à troca de modo a:

• Descrever a tarefa;

• Classificá-la – isto é, identificar em qual dos cinco subprocessos ela se aplica;

• Obter a sua duração;

• Distribuir responsabilidades da execução da tarefa.

Estes dados serão inseridos numa tabela constituída por várias colunas onde se poderá introduzir os

dados relevantes de cada tarefa.

Tabela 4-1 – Exemplo de tabela de Inputs

OP1 OP2 OP3 Tarefas Duração (min) Inicio (min) Fim (min) X X Tarefa 1 1 0 1

X Tarefa 2 3 1 4

X Tarefa 3 3 2 5

X Tarefa 4 2 4 6

Nota: As tarefas com o fundo da descrição a cinzento são consideradas o bottleneck do subprocesso.

Como se pode verificar, todos os dados necessários à análise estão dispostos na Tabela 4-1. Esta

tabela é composta por:

• X Colunas correspondentes aos X operadores que trabalham no processo de troca de

ferramenta e onde se deverá alocar as responsabilidades de execução de cada tarefa;

36

• Uma coluna onde se faz uma pequena descrição do que consiste a tarefa.

• Nas últimas 3 colunas são indicados os tempos de duração, inicio e fim de cada tarefa em

relação ao início do subprocesso em análise.

A cada operador foi atribuída uma cor de modo a facilitar a observação dos gráficos que irão ser

elaborados mais adiante e que têm como base esta mesma tabela.

É importante realçar que na aplicação do COSM, deverão ser preenchidas as cinco tabelas idênticas

à Tabela 4-1 correspondentes aos cinco subprocessos.

De seguida deverá ser desenhado um diagrama de Gantt (Figura 4-4) que sintetiza a informação

contida na Tabela 4-1.

Figura 4-4 - Exemplo do diagrama de Gantt

Devido à complexidade do processo de troca de ferramenta em certos sectores industriais, inerente

do número de operadores necessários para a elaboração de todas as tarefas, deverá ser elaborado

um gráfico (Figura 4-5) que simplifica a análise dos tempos de cada operador.

Figura 4-5 – Exemplo do gráfico do Lead-Time de cada OP

Este último componente identifica:

• Lead Time de cada operador.

• Em que momento um operador inicia e termina as suas tarefas de um determinado

subprocesso.

• Tempos de espera que possam existir entre a execução de dois subprocessos adjacentes.

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6 6,5

TempodeCiclo(min)

37

Fica assim terminada a apresentação de todos os componentes do mapa do COSM. De seguida será

aplicado o método no processo de troca de ferramenta em estudo.

Nota: Todos os elementos foram idealizados para serem aplicados em todos os tipos de indústria

sem exceção

Aplicação do COSM – Estado atual

Antes da elaboração do mapa do COSM, foi necessário realizar um estudo onde se identificaram

todas as tarefas inerentes à troca, ou seja, aplicou-se a etapa 0 do SMED.

Assim, para além da utilização destes dados disponibilizados nos documentos referidos no capítulo

3.2, foram também observadas cerca de 20 trocas de ferramenta onde se retiraram os tempos de

todas as tarefas inerentes ao processo de troca de ferramenta.

Neste subcapítulo serão apresentadas todas a tabelas de inputs, correspondentes a cada

subprocesso, preenchidas com os valores médios da duração dos tempos calculados nas 20

observações. Após o preenchimento de todas as tabelas e retirados os dados de cada uma, serão

preenchidos os restantes elementos do mapa do COSM. Por fim será apresentado o mapa do

‘’COSM – estado atual’’.

4.2.1. Tarefas Externas I

As tarefas deste subprocesso são realizadas apenas pelos Line Leaders. Como se pode verificar na

Tabela 4-2 e na Figura 4-6, o tempo de ciclo (19 minutos) deste subprocesso é igual ao tempo que o

LL2 demora a realizar as suas tarefas externas I.

Tabela 4-2 – Tarefas Externas I (tempos em minutos)

LL1 LL2 OP3 OP4 OP5 OP6 OP7 Descrição da tarefa Tempo Inicio Fim

X

Carregar encomenda da próxima produção na máquina

0,2 4,8 5

X

Verificar ligações e ferramentas 5 5 10

X

Verificar posicionamento da equipa 2 10 12

X

Preparar as pilhas de paletes conforme a

folha de palatização 7 0 7

X

Preparar Robot 1, 2 e Z 10 7 17

X

Verificar se os pinos da almofada estão em

baixo 2 17 19

38

Figura 4-6 - Diagrama de Gantt das tarefas externas I

Neste caso todas as tarefas executadas pelo LL1 são realizadas em paralelo com as do LL2, sendo

as tarefas do LL2 consideradas o bottleneck deste subprocesso.

4.2.2. Tarefas de Run-Down

Neste subprocesso os executantes são apenas o LL1 e o OP7, sendo que este último apenas

executa uma tarefa que é efetuada em paralelo com as outras que o LL1 se encontra a executar.

O tempo de ciclo deste subprocesso são 7 minutos.

Tabela 4-3 – Tarefas de Run-Down (tempos em minutos)

LL1 LL2 OP3 OP4 OP5 OP6 OP7 Descrição das tarefas Tempo Inicio Fim X

Vazar linha 1 0 1

X

Registar sucata 2 1 3

X

Concluir inputs no sistema 3 3 6

X Assegurar quantidade do último rack 4 1 5

X

Registar Reworks 1 6 7

Figura 4-7 - Diagrama de Gantt das tarefas de run-down

0 5 10 15 20TempodeCiclo(min)

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6 6,5 7 7,5

TempodeCiclo(min)

39

4.2.3. Tarefas de Set-up

Antes de se proceder ao preenchimento da tabela de inputs para as tarefas de set-up foi necessário

cruzar a informação obtida da observação do processo com a informação que tinha sido

disponibilizada. Desta junção de informação conclui-se que algumas tarefas de set-up observadas

não tinham sido identificadas anteriormente, como por exemplo; o movimento dos operadores.

Tabela 4-4 – Tarefas de Set-up (tempos em minutos)

Assim, e após a descrição de todas as tarefas de set-up iniciou-se o preenchimento da tabela

respetiva ao subprocesso. Na Tabela 4-4 estão representados os dados das tarefas de set-up obtidos

da observação das trocas de ferramenta.

LL1 LL2 OP3 OP4 OP5 OP6 OP7 Descrição da tarefa Tempo Inicio Fim X

Fechar produção atual e abrir nova 0,05 0 0,05

X

Mover prensa até PMS 0,05 0,05 0,1

X

Colocar prensa e alimentador em modo de troca 0,05 0,1 0,15

X

Iniciar troca de ferramenta no alimentador 0,05 0,15 0,2

X

Troca de alimentador 9 0,2 9,2

X

Colocar tapete de saída para a posição de troca de ferramenta

1 0,15 1,15

X

Iniciar troca de ferramenta na prensa 0,02 1,15 1,17

Tarefas automáticas da prensa - I 1,12 1,17 2,29

X X X X

Colocar griper's intermédios junto às portas da

prensa 2 0 2

X X X X

Trocar griper's intermédios 2 2,29 4,29

X

X

Confirmar troca de griper's 0,05 4,29 4,34

X X X X

Fechar portas 0,13 4,34 4,47

X

X

Fazer barreira de proteção de saída das mesas 0,25 4,47 4,72

Tarefas automáticas da prensa - II 3,57 4,72 8,29

Abertura das portas de entrada após saída do die

set anterior 0,13 8,29 8,42

X

X X

Deslocação até à zona do robot Z para verificar

as automações 1 4,72 5,72

X X

Coloca gabaritos intermédios junto ao montante

central 1 4,72 5,72

X X

Trocar gabaritos intermédios, confirmar e fechar

portas 2,13 8,42 10,55

X X

Fazer barreira de proteção de entrada das mesas 0,25 10,55 10,8

X

X

Abrir portas do robot Z 0,08 8,42 8,5

X

Mover robot Z para a posição de troca 0,75 8,5 9,25

X

X X

Trocar automações do robot Z e confirmar troca 1,5 9,25 10,75

X

Mover robot Z para a posição de trabalho 0,75 10,75 11,5

X

Fechas portas do robot Z 0,09 11,5 11,59

Tarefas automáticas da prensa - III 4,13 11,59 15,72

X Colocar o tapete em posição de trabalho 1 15,72 16,72

X

Mudar punções datadores 3,5 16,72 20,22

X

Fim de TF. Colocar prensa e alimentador em modo automático

0,02 20,22 20,24

40

Figura 4-8 - Diagrama de Gantt das tarefas de set-up

Como se pode retirar dos elementos de análise apresentados acima, o tempo de ciclo do

subprocesso das tarefas de set-up ronda os 20,24 minutos, e todos os operadores têm tarefas a

executar neste subprocesso.

Como se pode concluir do diagrama anterior, este subprocesso é aquele que possui maior

complexidade de tarefas e paralelismo entre elas. Para além disto, algumas das tarefas de set-up são

operações que a máquina realiza em automático (tarefas a verde na Figura 4-8) o que origina

períodos de espera dos operadores. De forma a identificar estes períodos de espera, foi elaborado

um gráfico onde se pode observar a vermelho esses mesmos tempos associados a cada operador.

Figura 4-9 – Avaliação do tempo de espera dos operadores

Como princípio da empresa, de forma a reduzir os efeitos dos potenciais erros que poderão ocorrer

durante o processo, o objetivo é que o tempo de espera de cada operador ronde os 20%.

0 5 10 15 20Tempodeciclo(min)

0%

20%

40%

60%

80%

100%

LL1 LL2 OP3 OP4 OP5 OP6 OP7

%TempodeEspera %Tempo deValorAcrescentado

41

Após a análise da Figura 4-9 podemos observar dois claros desperdícios:

• Tempo de espera do OP7.

• Tempo de espera dos Line Leaders.

Apesar dos Line Leaders possuírem um tempo de espera elevado, estes são responsáveis por

supervisionar o processo. Por este motivo definiu-se que este tempo de espera não será tratado

como tal e que não será um desperdício a ter em conta quando da formulação da proposta de

alterações no capítulo 5.

4.2.4. Tarefas de Run-Up

Este subprocesso das tarefas de run-up é executado pelos dois Line Leaders e também pelo OP7.

As tarefas críticas são todas aquelas realizadas pelo LL1, sendo estas o bottleneck do subprocesso.

O tempo de ciclo do subprocesso são 9 minutos.

Tabela 4-5 – Tarefas de Run-Up (tempos em minutos)

LL1 LL2 OP3 OP4 OP5 OP6 OP7 Descrição da Tarefa Tempo Inicio Fim X Encher linha e verificar sensores 2,5 0 2,5

X Ajuste das pressões de trabalho 2 2,5 4,5

X Ajuste da velocidade 3 4,5 7,5

X Abrir inputs sistema 0,5 7,5 8

X Verificar OT's em curso 1 8 9

X Verificar e qualidade da primeira peça 6 0 6

X

Ajustes final de linha (rampas, mesas elevatórias etc…)

5 0 5

Figura 4-10 - Diagrama de Gantt das tarefas de run-up

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6 6,5 7 7,5 8 8,5 9 9,5

TempodeCiclo(min)

42

4.2.5. Tarefas Externas II

Este subprocesso é realizado pelos Die Setters, ou seja, pelos OP3 e OP5. O operador 5 é o que se

encontra com mais tarefas para executar neste subprocesso; sendo por este motivo identificadas

como criticas todas as tarefas executadas por aquele operador (fundo da descrição a cinzento).

Tabela 4-6 – Tarefas Externas II (tempos em minutos)

LL1 LL2 OP3 OP4 OP5 OP6 OP7 Descrição das tarefas Tempo Inicio Fim X Retirar griper’s 13 0 13

X Desapertar e retirar parafusos 4,6 0 4,6

X Fechar rampas de sucata 2 4,6 6,6

X Desligar cabos 3,5 6,6 10,1

X Retirar gabaritos da estação vazia 4 13 17

X Recolher griper's das estações intermédias 4,5 10,1 14,6

X Armazenar suporte dos griper’s 3 14,6 17,6

X Acionar ponte rolante 1 17 18

X Colocar descansadores em cima 1,5 18 19,5

X Prensa ---> armazém ---> Prensa 50 19,5 69,5

X Posicionar suporte dos griper's junto à prensa 4 17,6 21,6

X Posicionar os pinos da almofada 10 21,6 31,6

X Colocar descansadores em baixo 1,5 69,5 71

X Colocar gripers intermédios junto às portas da prensa 5 31,6 36,6

X Abrir rampas de sucata 2 36,6 38,6

X Apertar parafusos 8 38,6 46,6

X Montar gabaritos das estações vazias 7 46,6 53,6

X Acoplar griper's 15 53,6 68,6

X Ligar cabos 7 68,6 75,6

Figura 4-11 - Diagrama de Gantt das tarefas externas II

O tempo de ciclo deste subprocesso é 75,6 minutos.

0 10 20 30 40 50 60 70 80

TempodeCiclo(min)

43

Após a introdução dos dados das tarefas nas tabelas correspondentes, foram então preenchidos os

blocos correspondentes aos subprocessos no mapa do COSM com os valores relevantes para uma

posterior análise global do processo. (Ver Anexo A: COSM – estado atual)

De todos os dados inseridos nos blocos do mapa do ‘’COSM – estado atual’’ correspondentes aos

subprocessos, pode retirar-se a seguinte informação:

• Número de operadores que executam as tarefas em cada subprocesso.

• Tempo de ciclo de cada subprocesso.

• Tempo de espera de cada operador nas tarefas de set-up.

• Tempo, executante e descrição das tarefas.

4.2.6. Fluxo de informação

A elaboração do fluxo de informação foi auxiliada pela equipa responsável pela prensa. O processo é

totalmente automatizado e tem como elo de ligação um sistema que se encontra acessível em todos

os computadores da fábrica, sendo assim, a informação está sempre online e com acesso a qualquer

momento.

Na Figura 4-12 está representado o fluxo de informação inserido no mapa do COSM do processo

atual.

Figura 4-12 – Fluxo de informação

Resumindo, o fluxo de informação inicia-se no planeamento de produção que introduz no sistema da

fábrica toda a informação necessária para que o Line Leader tenha conhecimento quando terá de dar

inicio à troca de ferramenta. Após a informação chegar ao Line Leader este fica responsável por

supervisionar todos os subprocessos à medida que vão sendo elaborados.

44

4.2.7. Timelines

A primeira Timeline inserida no mapa do COSM apenas indica se o tempo despendido pelo

subprocesso correspondente é externo ou interno. Sendo assim, esta linha será igual à que foi

introduzida aquando da descrição dos constituintes do mapa no capítulo 4.1.

É importante referir que existem alguns subprocessos que são realizados, em parte do tempo, em

paralelo com outro. Por este motivo, a soma dos tempos de ciclo de cada subprocesso não é igual ao

Lead Time do processo de troca de ferramenta.

Posto isto, as considerações efetuadas para a elaboração da segunda e terceira timeline foram:

• Os OP3 e OP5 iniciam o subprocesso das tarefas externas II logo após terminarem as tarefas

de set-up de que são responsáveis, isto é, aproximadamente aos 11 minutos após o inicio do

subprocesso das tarefas de set-up.

• O LL1 terminará as tarefas externas I antes do LL2 e poderá iniciar as tarefas de run-down

nesse preciso momento. Ou seja, enquanto o LL2 se encontra a executar tarefas externas I, o

LL1 e o OP7 estarão já a realizar as tarefas de run-down.

De seguida na Figura 4-13 são apresentadas as timelines elaboradas com as considerações acima

explicadas.

Figura 4-13 – Timelines

Após a análise às linhas elaboradas foram retirados alguns tempos importantes para se proceder à

deteção de alguns desperdícios de tempos no global do processo, tais como:

• Lead Time

!" = $%&, (*+,-./0 ( 1 )

• Tempo externo

"1 = $2 + $%&, ( − (5, 2( = 67, $6*+,-./0 ( 2 )

• Tempo das tarefas de run-down

"89 = $7 − $2 = :*+,-./0 ( 3 )

• Tempo das tarefas de set-up

"0 = ;7, 2&$ − $7 = 2%, 2(*+,-./0 ( 4 )

45

• Tempo das tarefas de run-up

"8< = (5, 2&$ − ;7, 2( = 7*+,-./0 ( 5 )

• Tempo interno

"+ = "89 + "0 + "8< = ;6, 2(*+,-./0 ( 6 )

4.2.8. Lead Time de cada OP

De seguida é apresentado o gráfico que identifica o Lead Time de cada operador em todo o processo

de troca de ferramenta.

Figura 4-14 - Lead-Time de cada OP

Este gráfico contém no eixo do YY uma escala de tempo que se inicia nas primeiras tarefas externas I

realizadas pelo LL2. Este eixo é idêntico à 2ªTimeline apresentada no capítulo 4.2.7.

O eixo das abcissas é composto por várias entradas correspondentes a cada um dos sete

operadores.

De seguida apresenta-se uma tabela que resume e clarifica a informação contida na Figura 4-14.

0

20

40

60

80

100

120

LL1 LL2 OP3 OP4 OP5 OP6 OP7

Tempo (min)

Tarefas Externas II

Tarefas Run-Up

Espera

Tarefas Setup

Tarefas Run-Down

Tarefas Externas I

46

Tabela 4-7 – Resumo da Figura 4-14 (tempos em minutos)

Externas I Run-Down Set-up Run-Up Externas II

Inicio Fim Inicio Fim Inicio Fim Inicio Fim Inicio Fim

LL1 4,8 12 12 19 19 39,24 39,24 48,24

LL2 0 19 19 39,24 39,24 48,24

OP3 19 29,8 29,8 100,8

OP4 19 29,8

OP5 19 29,76 29,76 105,36

OP6 19 30,6

OP7 15 19 19 35,74 39,24 44,24

Através dos elementos de análise apresentados acima, é possível identificar um tempo de espera de

3,5 minutos do OP7 desde o término das tarefas de set-up até ao início das suas tarefas de run-up.

Após a apresentação de todos os elementos do mapa do COSM é agora possível elaborar o mapa do

‘’COSM – estado atual’’. Um exemplo deste mapa está representado na Figura 4-15.

Figura 4-15 - COSM - estado atual

Tempo de espera

47

Nota: Na Figura 4-15 apenas se pretende mostrar o global do mapa, os pormenores deverão ser

observados no Anexo A: COSM – estado atual.

Após a apresentação do mapa do ‘’COSM – estado atual’’, é agora possível fazer um pequeno

balanço da sua utilidade. Assim, as vantagens imediatas da elaboração do mapa do COSM são as

seguintes:

• Foram identificadas todas as tarefas inerentes ao processo de troca de ferramenta.

• Consideração das tarefas de run-down e run-up.

• Perceção global, com especial enfâse à noção temporal, de todo o processo.

Através da análise destas melhorias pode afirmar-se que a utilização do COSM é uma mais valia no

caminho para a melhoria do processo de troca de ferramenta da linha de estampagem, pois contém

informação bastante detalhada de todo o processo.

Identificação de desperdícios

Após uma análise pormenorizada de todos os indicadores do mapa do COSM do estado atual da

troca foram identificados alguns desperdícios e tempos excessivos. São eles:

1. A percentagem de tempo de espera do OP7 nas tarefas de set-up é bastante elevada (≈

88%).

2. Tempo de espera existente desde o fim das tarefas de set-up realizadas pelo OP7 até ao

momento em que este operador inicia as suas tarefas de run-up (3,5 minutos).

3. Perda de produção inerente dos tempos de ciclo elevados das tarefas de run-down, set-up e

run-up.

Estes desperdícios encontram-se assinalados a vermelho no mapa do COSM do estado atual do

processo representado no Anexo A: COSM – estado atual.

A melhor forma de quantificar o volume de produção perdido devido à troca de ferramenta, tal como

foi referido na apresentação do gráfico elaborado por McIntosh (Figura 2-7), é através da área

compreendida entre a curva e o output médio da máquina. Daí surge a necessidade de criar um

modelo matemático para encontrar a curva que caracteriza o output da máquina durante o processo

de troca de ferramenta para o caso em estudo. A curva está apresentada a azul na Figura 4-16.

48

Figura 4-16 – Output da máquina durante a troca de ferramenta

No eixo das abcissas está representado Lead Time em minutos, desde o início (x=0) do processo de

troca ferramenta até ao seu término (x=105.4).

O eixo dos YY representa a percentagem de produção. A produção é medida através da unidade

golpes/minuto. A média da máquina são 13 golpes/minuto.

Através deste último dado recolhido, e antes de se proceder ao cálculo da área correspondente à

não-produção, é importante definir a seguinte igualdade:

$%%%A1BC/A-çã/ = $;F/GB10

*+,-./↔ %A1BC/A-çã/ = %. $;

F/GB10

*+,-./ ( 7 )

De seguida será apresentado o modelo matemático que foi elaborado, dando origem à curva que

caracteriza o output da máquina no processo de troca de ferramenta.

A curva é então obtida pela união de 4 funções correspondentes aos 4 períodos do processo de troca

de ferramenta.

• O período das tarefas externas é caracterizado por uma reta do tipo:

J = $%%, % ≤ L ≥ $2 ∪ (5. 2( ≤ L ≥ $%&. ( ( 8 )

• O período das tarefas de run-down é caracterizado por uma reta do tipo:

J = *L + O ( 9 )

Tendo 2 pontos já identificados (Figura 4-16) facilmente se chega a equação real da reta:

J = −$%%

:L +

$7%%

: , $2 < L > $7 ( 10 )

• O período das tarefas de set-up é caracterizado pela seguinte expressão:

0

25

50

75

100

0 5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

105

% d

e pr

oduç

ão

Lead time (min)

Não-Produção

Produção

(12,100)

(19,0)

(48.24,100)

(39.24,0)

(41.24,50)

49

J = %, $7 ≤ L ≥ ;7. 2( ( 11 )

• Por sua vez, o período das tarefas de run-up é caracterizado por uma curva cuja expressão

poderá ser aproximada a uma função do tipo:

J =R

LST+ O ( 12 )

Esta foi a função escolhida pelo facto de ser a que mais se aproxima da linha que caracteriza a

aceleração real da máquina após a paragem devido à troca de ferramenta.

Através das observações efetuadas às trocas de ferramenta, identificou-se que dois minutos depois

de se iniciar o período de run-up a produção já se encontrava a 50%, ou seja:

01L = ;7. 2( + 2 = ($. 2( → J = &% ( 13 )

Assim, pode afirmar-se que já são conhecidos 3 pontos (Figura 4-16) pertencentes à hipérbole que

caracteriza o período de run-up, são eles:

Ponto 1→(0,39.24) Ponto 2 → (50,41.24) Ponto 3 → (100,48.24)

De seguida, utilizaram-se estes pontos para encontrar (através de um sistema de 3 equações) os

valores de a e b e k que dão origem à equação da curva:

J = −&%(

LS57$

2&

+ $(%, ;7. 2( < L > (5. 2( ( 14 )

Após definir todas as equações das retas que compõem o output da máquina no período de troca de

ferramenta, é possível calcular a área (ANP) que irá resultar na perda de produção efetiva durante

esse mesmo período.

VWX = $%%YL(5.2(

$2− −

$%%

:L +

$7%%

:YL

$7

$2+ −

&%(

L −57$2&

+ $(% YL(5.2(

;7.2(=

= 26(&. ;7 %BC/A-çã/ ∙ *+,-./ ( 15 )

Simplificando a unidade obtida através da expressão (7) obtém-se o número de golpes ‘’perdidos’’,

WF/GB10 = 26(&. ;7 %BC/A-çã/ ∙ *+,-./ = 26(&. ;7 %. $;F/GB10

*+,-./∙ *+,-./ = ;(;. 7F/GB10 ( 16 )

Em suma, existe um desperdício de produção de aproximadamente 344 golpes durante todo o

processo de troca de ferramenta.

50

5. Propostas de alterações e aplicabilidade

Após uma análise detalhada de todos os desperdícios encontrados, foram formuladas as seguintes

propostas de alterações com vista à eliminação dos desperdícios encontrados no capítulo 4.3:

1. A tarefa ‘’Concluir inputs no sistema’’ inserida no subprocesso das tarefas de run-down

realizada pelo LL1 passará a ser executada pelo LL2.

2. A tarefa ‘’ajustes de final de linha’’ inserida no subprocesso das tarefas de run-up executada

pelo OP7 passará a ser realizada no subprocesso das tarefas de set-up pelo mesmo

operador.

3. Redução do tempo de duas tarefas do subprocesso das tarefas de run-up.

No primeiro subcapítulo é então elaborado o ‘’COSM – estado futuro’’ com o objetivo de perspetivar

quais os impactos que as alterações efetuadas poderão ter no processo de troca de ferramenta. Após

a introdução das alterações no processo real, são apresentados os resultados destas mesmas

alterações no subcapítulo 5.2.

Propostas de alterações – ‘’COSM – estado futuro’’

Após a introdução destas alterações no mapa do COSM e a elaboração do estado futuro do mesmo,

perspetivam-se os seguintes impactos:

• Relativamente à 1ªalteração:

• Podendo a tarefa ‘’Concluir inputs no sistema’’ ser realizada em paralelo com as

outras do mesmo subprocesso, o tempo ciclo das tarefas de run-down será diminuído

em 3 minutos.

• O facto do LL2 passar a executar uma tarefa de run-down fará com que o LT total do

processo de troca de ferramenta aumente 3 minutos.

• 2ªAlteração:

• A percentagem do tempo de espera do OP7 nas tarefas de set-up será diminuída em

30,14%.

• Ao não executar tarefas de run-up, o Lead-Time do OP7 diminuirá em 8,5 minutos, e

será eliminado o tempo de espera identificado entre as tarefas de set-up e as tarefas

de run-up.

• 3ªAlteração:

• A tarefa ‘’ajuste de velocidade’’ que tem uma duração de 3 minutos passará para 1

minuto.

51

• A tarefa ‘’Verificar a qualidade da primeira peça’’ que tem uma duração de 6 minutos

passará para 4 minutos.

• O tempo de ciclo do subprocesso das tarefas de run-up será diminuído em 3,5

minutos.

Todos estes impactos podem ser observados no Anexo B: COSM – estado futuro, onde está

representado o mapa do COSM do estado futuro do processo da troca de ferramenta em estudo.

Aplicabilidade das alterações

Após a validação da aplicabilidade das alterações por parte da equipa responsável pela máquina,

foram então introduzidas as alterações no processo real. De seguida foram observadas cerca de 10

trocas de ferramenta de modo a encontrar os resultados práticos das alterações efetuadas. Estes

resultados podem ser divididos em 3 tipos:

• Tempos de espera do OP7.

• Tempos de duração do processo.

• Output da máquina no processo.

5.2.1. Tempos de espera do OP7

Tal como era de esperar, existem dois resultados inerentes aos tempos de espera do OP7:

1. O tempo de espera deste operador nas tarefas de set-up diminuiu de 88% para 58,14%.

2. Foram eliminados os 3,5 minutos de tempo de espera que o OP7 tinha entre as tarefas de

set-up e as tarefas de run-up.

Comparando com o estado anterior da troca do processo, o OP7 ficou com menor tempo livre nas

tarefas de set-up e terminará as suas tarefas de troca de ferramenta 8,5 minutos mais cedo.

Assim, pode afirmar-se que esta alteração tem um impacto bastante positivo na melhoria do processo

pois foram reduzidos em grande parte os tempos de espera de um operador.

52

5.2.2. Tempos de duração do processo

Analogamente aos cálculos efetuados no capítulo 4.2.7, de seguida são apresentados os cálculos

realizados para obter os tempos de duração do processo, agora para o estado futuro do COSM:

• Lead Time

!" = $%5, (*+,-./0 ( 17 )

• Tempo externo

"1 = $5 + $%5, ( − (:, :( = :5, 66*+,-./0 ( 18 )

• Tempo das tarefas de run-down

"89 = 22 − $5 = (*+,-./0 ( 19 )

• Tempo das tarefas de set-up

"0 = (2, 2( − 22 = 2%, 2(*+,-./0 ( 20 )

• Tempo das tarefas de run-up

"8< = (:, :( − (2, 2( = &, &*+,-./0 ( 21 )

• Tempo interno

"+ = "89 + "0 + "8< = 27, :(*+,-./0 ( 22 )

Comparando com os tempos calculados para o estado atual, é obtido(a):

o Uma redução do tempo interno de 6,5 minutos.

o Um aumento do tempo externo de 9,5 minutos.

o Inerente a estas alterações também existe um aumento do Lead Time total de 3

minutos.

Apesar de um ligeiro aumento no LT do processo, estas alterações são benéficas para o processo na

medida em que existe uma redução substancial no tempo em que a máquina não se encontra a

produzir na sua capacidade máxima. O aumento do tempo externo é menos importante pois não

existe uma perda direta no output da máquina com o aumento do mesmo.

53

5.2.3. Output da máquina durante o processo

De seguida é aplicado o mesmo modelo matemático do capítulo 4.3 mas desta vez para o estado

futuro do COSM.

Figura 5-1 - Output da máquina durante a troca de ferramenta após alterações

Através dos pontos representados na Figura 5-1 é possivél encontrar as equações das retas que

definem a linha do output da máquina no periodo de troca de ferramenta do estado futuro.

J = $%%, % ≤ L ≥ $5 ∪ (:. :( ≤ L ≥ $%5. ( ( 23 )

J = −2&L + &&%, $5 < L > 22 ( 24 )

J = %, 22 ≤ L ≥ (2. 2( ( 25 )

J = −$&(%%

7

LS26$5

:&

+:%%

; , (2. 2( < L > (:. :( ( 26 )

Assim, a área representada a vermelho na Figura 5-1 é:

[\] = 100`abc.cb

de− −25a + 550 `a

hh

de+ −

154009

a −261875

+700

3`a

bc.cb

bh.hb=

= 2((5, 2;(%BC/A-çã/ ∙ *+,-./) ( 27 )

Sendo o número de golpes ‘’perdidos’’,

WF/GB10 = 2((5, 2;×%, $; ≈ ;$5, ;F/GB10 ( 28 )

Através da diferença entre este último resultado e a expressão (16), obtém-se:

0

25

50

75

100

0 5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

105

% d

e pr

oduç

ão

Lead Time (min)

Não-Produção

Produção

54

$6 − 25 = ;(;, 7 − ;$5, ; = 2&, 6F/GB10 ( 29 )

Ou seja, existe um ganho de 25,6 golpes após a implementação das alterações ao processo de troca

de ferramenta.

Sabendo que durante um ano de trabalho a empresa realiza em média cerca de 540 trocas de

ferramenta,

&(%.C/pT

T,/×2&, 6

F/GB10

.C/pT= $;52(

F/GB10

T,/ ( 30 )

Com estas alterações obtém-se um aumento no output da máquina de 13824 golpes por ano.

Sendo que o objetivo da linha de estampagem são os 13080 F/GB10

A+T, pode afirmar-se que, com as

alterações obteve-se um acréscimo de mais de um dia de produção no output anual da prensa.

Como se pode entender após os cálculos efetuados, estas alterações reduziram em muito o tempo

interno do processo de troca de ferramenta o que originou uma diminuição do número de golpes

perdidos durante o processo de troca de ferramenta e o consequente ganho económico. Posto isto,

pode afirmar-se que as alterações efetuadas ao processo tiveram um impacto positivo, com vista à

redução do tempo despendido com o processo de troca de ferramenta.

55

6. Síntese do COSM e sua aplicabilidade

Neste capítulo, de forma a concretizar o objetivo proposto na presente dissertação, isto é, formulação

de um método que possibilita uma análise mais detalhada do processo de troca de ferramenta, será

realizado um resumo da aplicação do COSM de modo a auxiliar a aplicação do mesmo noutros

estudos realizados posteriormente a este trabalho.

Posto isto, as etapas a seguir de modo a aplicar o COSM da melhor forma são:

Ø Etapa 0 – tal como no SMED, esta etapa é aquela onde se caracteriza todas as tarefas de

uma forma clara para toda a equipa, isto é, nomeá-las e cronometrá-las de modo a que

posteriormente seja mais fácil trabalhar essa informação.

Figura 6-1 – Etapa 0 do COSM

Ø Etapa 1 – Separar tarefas em 4 tipos:

• Tarefas Externas;

• Tarefas Run-Down;

• Tarefas Internas;

• Tarefas Run-Up;

Figura 6-2 – Etapa 1 do COSM

Etapa 0 – Caracterizar as tarefas

3 5 9 4 6 7 8 10 12 11 13 2 1

x Tarefasnºx

Etapa 1 – Separar as Tarefas

RD E I E I E RU E I RD E I RU

E-TarefaExternas RD-TarefadeRun-Down I-TarefaInternas RU-TarefadeRun-Up

56

Ø Etapa 2 – Elaborar o ‘’COSM – estado atual’’ através do preenchimento dos componentes

apresentados no capítulo 4.2.

Ø Etapa 3 – Identificar desperdícios no ‘’COSM - estado atual’’. Estes desperdícios podem ser

dos seguintes tipos:

• Tempos de espera elevados.

• Tarefas Internas, isto é, run-down, set-up e run-up, que possam ser realizadas

externamente.

Ø Etapa 4 – Propor alterações de forma a diminuir/eliminar os desperdícios encontrados na

etapa anterior.

Ø Etapa 5 – Elaborar um ‘’COSM - estado futuro’’ que caracterizará o processo que se pretende

obter após as melhorias.

Assim, a aplicação do COSM e do ciclo de melhoria contínua associada ao mesmo, termina após a

introdução destas melhorias no processo de troca de ferramenta.

De seguida será discutida a aplicabilidade do COSM e também as vantagens e desvantagens da sua

aplicação.

Os mapas elaborados no presente trabalho e apresentados em anexo são o primeiro exemplo

concreto da utilização do COSM. No entanto, estes não revelam todas as capacidades que o COSM

possui, pois o processo de troca de ferramenta estudado já está de certa forma bastante otimizado e

não possui uma margem de melhoria tão grande quando comparado com outros processos existentes

na indústria atual. Posto isto, os indicadores que o mapa do COSM oferece ao seu observador são:

• Classificação das tarefas nos 4 tipos (externas, run-down, run-up e set-up).

• Fluxo de informação do processo de troca de ferramenta.

• Caracterização de todas as tarefas, isto é, descrição, duração e executante.

• Tempo de ciclo de cada subprocesso.

• Lead Time do processo e de cada operador.

• Tempos de espera dos operadores e consequente tempo de valor acrescentado dos

mesmos.

57

A facilidade da aplicação do COSM também é bastante evidente e advém do simples facto de ter sido

baseado em métodos e ferramentas bem conhecidas por parte de todos os colaboradores de

organizações da atual indústria que utilizam o Lean como filosofia de produção. É também por este

último facto que se pode afirmar que o COSM, tal como as outras ferramentas/métodos do Lean,

poderá ser aplicado a todos os tipos de indústria.

Vantagens do COSM

Após a aplicação do COSM com vista à melhoria do processo de troca de ferramenta da linha de

estampagem em estudo, pode afirmar-se que as grandes vantagens da sua aplicação são:

• Poderá ser aplicado a todos os tipos de indústria.

• Devido à criação de um do mapa do fluxo do processo de troca de ferramenta, a aplicação do

COSM constitui uma grande capacidade de identificação dos desperdícios inerentes ao

processo.

• Contém indicadores de tempos de espera e de valor acrescentado dos operadores.

Desvantagens do COSM

Paralelamente às vantagens já apresentadas, durante a aplicação do COSM também foram

encontradas algumas desvantagens que advêm principalmente da dificuldade da execução de

algumas das etapas apresentadas no início deste capítulo. Posto isto, as desvantagens são:

• Na etapa 1, isto é, separar as tarefas nos 4 tipos, existe uma certa dificuldade em entender a

qual dos subprocessos pertence uma determinada tarefa. Por vezes, em algumas indústrias

poderá não ser possível dividir as tarefas em 4 tipos devido ao facto de não possuírem

tarefas classificadas como run-down ou run-up.

• Devido à extensa informação inserida no mapa do COSM, em processos complexos torna-se

por vezes difícil entender todos os constituintes do mesmo. Por este motivo é necessário que

a pessoa que irá analisar o mapa do COSM possua um conhecimento aprofundado do

processo para que consiga retirar todas a informações que o mapa possui.

No entanto, mesmo em indústrias que não possuem tarefas classificadas como run-down ou run-up, o

COSM poderá ser aplicado e prestará sempre um positivo auxílio na noção global e identificação de

desperdícios do processo.

58

7. Conclusão

O estudo da presente dissertação foi iniciado numa análise à troca de ferramenta de uma linha de

estampagem inserida na indústria automóvel. Enquadra-se no âmbito de melhoria continua,

pensamento já utilizado em todos os departamentos da fábrica e que é considerado por todos os

colaboradores uma ferramenta importante para o desenvolvimento e crescimento da empresa.

Os estudos do processo de troca de ferramenta realizados anteriormente à elaboração desta

dissertação foram em grande parte obtidos através da aplicação do método SMED, e como é

apanágio do pensamento da melhoria contínua, serviram como base para a elaboração do estudo

realizado na dissertação. Constituíram assim uma grande melhoria na busca pela diminuição do

tempo despendido na troca de ferramenta, no entanto continham algumas lacunas que foram

identificadas no capítulo 3.2.2.

De modo a resolver estas lacunas e através da junção de várias ferramentas e metodologias da

filosofia Lean, foi elaborado um mapa que caracteriza todo o processo de troca de ferramenta e que

de certa forma auxiliou a busca de desperdícios existentes no mesmo. A este mapa foi dado o nome

de COSM, que significa ChangeOver Stream Map, e é basicamente a introdução da lógica do VSM

no método SMED.

Após a elaboração do mapa do COSM que caracteriza o estado atual da troca de ferramenta é

possível afirmar que este constitui claramente um suporte para melhorar a perceção global de todo o

processo. Através deste mapa, foi possível, juntamente com o especialista responsável pela máquina,

identificar desperdícios no processo e encontrar alterações que diminuíssem esses mesmos

desperdícios. Posteriormente foi elaborado o mapa do COSM do estado futuro que serviu como guia

para a introdução das alterações no processo real.

Das alterações efetuadas ao processo de troca de ferramenta foram obtidos os seguintes resultados:

• Redução dos tempos de espera do OP7

o O tempo de espera deste operador nas tarefas de set-up diminuiu de 88% para

58,16%.

o Foi eliminado os 3,5 minutos de tempo de espera que o OP7 tinha entre as

tarefas de set-up e as tarefas de run-up.

• Redução do tempo interno em 6,5 minutos.

• Aumento do output da prensa em 13824qrstuv

wxr.

Para se obter um valor ainda mais aliciante, teria de ser diminuído o tempo das tarefas automáticas

da prensa, mas para isso era necessário um grande investimento por parte da empresa, o que foi

automaticamente negado quando da elaboração desta dissertação, devido ao impacto financeiro que

esse investimento traria.

59

Resumidamente, pode afirmar-se que a elaboração desta dissertação contribuiu para duas melhorias

claras:

• A melhoria do processo de troca de ferramenta da máquina em estudo.

• Criação de um método (COSM), que consiste numa grande ajuda à identificação de

desperdícios inerentes ao processo de troca de ferramenta e que constitui o objetivo

principal desta dissertação.

Assim, espero que a aplicação COSM seja uma mais valia na redução do tempo despendido no

processo de troca de ferramenta de todas as indústrias atuais.

60

8. Trabalhos Futuros

O COSM foi fulcral na concretização do principal objetivo proposto para a dissertação, no entanto

deverão ser realizados alguns trabalhos futuros com o intuito de confirmar a aplicabilidade do mesmo

e melhorar a sua funcionalidade, tais como:

• Aplicar o método em vários tipos de indústria de modo a verificar se este tem capacidade de

adaptação a outras realidades.

• Estandardizar o método para que seja mais acessível e mais simples a sua aplicação.

Com a continuação deste trabalho espera-se que o COSM continue a ser uma mais valia na melhoria

do processo de troca de ferramenta, tal como foi para o caso de estudo descrito neste documento.

61

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[34] Pablo Guzmám Ferradás et al , “Improving Changeover Time: A Tailored SMED Approach for

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64

Anexos

65

Anexo A: COSM – estado atual

66

Anexo B: COSM – estado futuro