Tcc Poça final

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ITES - INSTITUTO TAQUARITINGUENSE DE ENSINO SUPERIOR “DR. ARISTIDES DE CARVALHO SCHLOBACH” CURSO DE AGRONOMIA VIABILIDADE DA PROPAGAÇÃO DE GEMAS DE Citrus sinenses EM FRIGOCONSERVAÇÃO EDIVALDO SEBASTIÃO RAMOS 1

Transcript of Tcc Poça final

ITES - INSTITUTO TAQUARITINGUENSE DE ENSINO SUPERIOR

“DR. ARISTIDES DE CARVALHO SCHLOBACH”

CURSO DE AGRONOMIA

VIABILIDADE DA PROPAGAÇÃO DE GEMAS DE Citrus sinenses EM

FRIGOCONSERVAÇÃO

EDIVALDO SEBASTIÃO RAMOS

1

TAQUARITINGA – SPDEZEMBRO DE2014

ITES - Instituto Taquaritinguense de Ensino

Superior

“Dr. Aristides de Carvalho Schlobach”

Curso de Agronomia

VIABILIDADE DA PROPAGAÇÃO DE GEMAS DE Citrus sinenses EMFRIGOCONSERVAÇÃO

Aluno: Edivaldo Sebastião RamosOrientador: Prof. Msc. Juan Gabriel Cristhoffer Lopez Ruiz

Trabalho de Conclusão de Cursoapresentado ao Departamento deAgronomia do InstitutoTaquaritinguense de Ensino Superior“Dr. Aristides de Carvalho Schlobach”como parte das exigências paraobtenção do título de EngenheiroAgrônomo.

TAQUARITINGA - SPDEZEMBRO DE 2014

Ramos, Edivaldo SebastiãoI

R175eViabilidade da propagação de gemas de Citrus sinensisem frigoconservação.

21 / Edivaldo Sebastião Ramos. – – Taquaritinga,2014.

iv, 30 f.: il.; 28 cm

Trabalho apresentado ao Departamento deAgronomia do Instituto Taquaritinguense de EnsinoSuperior “Dr. Aristides de Carvalho Schlobach”,2014.

Orientador: Juan Gabriel Cristhoffer Lopes

RuizBanca examinadora: Juan Gabriel Cristhoffer

Lopes Ruiz, Paulo Roberto Pala Martinelli, FelipeBatistella Filho.

Bibliografia

1. Enxertia. 2. conservação. I.Título. II.Instituto Taquaritinguense de Ensino Superior.

CDU: 631.344.4

ITES - Instituto Taquaritinguense de Ensino

Superior

“Dr. Aristides de Carvalho Schlobach”

Curso de Agronomia

VIABILIDADE DA PROPAGAÇÃO DE GEMAS DE Citrus sinenses EMFRIGOCONSERVAÇÃO

Edivaldo Sebastião Ramos

Aprovado em: 10 de dezembro de 2014

BANCA EXAMINADORA

Prof. Msc. Juan Gabriel Cristhoffer Lopes Ruiz

(orientador)

Prof. Dr. Paulo Roberto Pala Martinelli

Prof. Dr. Felipe Batistella

Filho

Dedico aos meus pais, com todoreconhecimento e orgulho dessefilho. Obrigado por todo amor,carinho e compreensão durante todaminha vida e também pelo exemplo dehonestidade e humildade.

AGRADECIMENTO

Agradeço em primeiro lugar a Deus, pelas luzes que me

iluminaram no decorrer desta caminhada e pela fé que me

inspirou a continuar, mesmo com todos os obstáculos do

caminho.

A todos os professor do curso, pelo profissionalismo na

transmissão de seus conhecimentos.

Ao meu orientador, Professor Juan Gabriel Cristhoffer Lopez

Ruiz, pelas sugestões e válidas orientações.

Aos meus pais, pelos ensinamentos de toda uma vida.

A minha família, pelo apoio quando necessário.

A minha namorada e amigos de faculdade pelos bons momentos.

A Alessandra, Mara e demais amigos do Horto Florestal de

Bebedouro pelas orientações.

“É preciso escolher um caminho quenão tenha fim, mas, ainda assim,caminhar sempre na expectativa deencontrá-lo.”

Geraldo Magela Amaral

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi desenvolver um estudo da

viabilidade de frigoconservação de enxertia em citrus Pêra-Rio

(Citrus sinensis), visando mostrar o desenvolvimento e propagação

da cultura a partir de enxerto realizado em viveiro. Foi um

experimento realizado na cidade de Bebedouro, SP., em estufa

certificada e obedecendo todos os padrões, o qual avaliou o

processo de enxertia de gemas vegetativas de citrus, através da

observação e coleta de dados obtidos em 5 etapas, sendo a

primeira, broto vegetativo (processo convencional); a segunda,

enxertia 11 dias após a coleta da borbulha; a terceira,

enxertia com 22 dias; a quarta, enxertia com 33 dias e a

quinta, enxertia com 44 dias, através da frigoconservação,

avaliando o comportamento das gemas 20 dias após a retirada da

fita plástica, levando em consideração os principais fatores:

perdas, dormência da borbulha e viabilidade econômica. Os

resultados mostraram que é viavel o armazenamento das gemas

até 30 dias, após este periodo as gemas perdem a viabilidade.

Palavras-chave: enxertia, conservação, refrigeração.

vii

ABSTRACT

The objective of this work is to develop a study of graft cold

storage feasibility in Pera-Rio citrus (Citrus sinensis), to

show the development and spread of culture from graft

performed in nursery. It was an experiment conducted in the

city of Bebedouro, SP., In certified greenhouse and obeying

all standards, which evaluated the grafting of vegetative buds

of citrus, through observation and collection of data in 5

steps, the first, vegetative bud (conventional process); the

second, grafting 11 days after collection of the bubble; the

third graft at 22 days; the fourth, grafting with 33 days and

the fifth, grafting with 44 days by cold storage, assessing

the behavior of the buds 20 days after removal of the plastic

tape, taking into account the main factors: loss, numbness of

the bubble and economic viability. The results showed that it

is viable storage of gems within 30 days, after this period

the gems lose viability.

keywords: grafting, conservation, refrigeration

ix

SUMÁRIO

RESUMO vii

ABSTRACT viii

SUMÁRIO ix

1. INTRODUÇÃO 10

2. REVISÃO DA LITERATURA 12

2.1 Os citros..............................................12

2.2 Enxertia...............................................12

2.3 Sanidade do pomar.....................................14

2.4. Influência dos porta-enxertos........................14

2.4.1 Tipos de porta enxerto..............................15

2.5 Uso da frigoconservação para enxertia de citrus......20

2.5.1 Funcionamento do sistema............................20

2.6 Instalação de Viveiro de citrus........................21

3. OBJETIVOS 23

4. MATERIAL E MÉTODOS 24

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 25

6. CONCLUSÕES 28

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 29

xi

1. INTRODUÇÃO

Com a colonização do Brasil, a partir de 1530/40 e a

chegada de novos habitantes, apareceram as primeiras árvores

frutíferas no país, dando início à citricultura. O país

possuía uma excelente adaptação climática para estas plantas e

os primeiros registros de plantios de laranjas e limões no

Brasil foram feitos na Capitania de São Vicente (HASSE, 1987).

Este mesmo autor afirma que os colonizadores trouxeram as

mudas e as técnicas da Espanha, visando criar um abastecimento

de vitamina C, antídoto do escorbuto que dizimava a maioria

das tripulações no período dos descobrimentos e da colonização

da América Latina. Assim, o século XIX tornou-se o marco do

início da citricultura no Brasil, devido a boa adaptação da

laranja ao clima e ao solo brasileiros, produzindo uma

variedade particular, reconhecida internacionalmente: a

laranja Bahia, baiana ou "de umbigo", que teria surgido por

volta de 1800.

Em São Paulo, como subsídio aos agricultores, o governo

estadual distribuía mudas. Mais tarde, com a crise do café, a

citricultura foi ganhando um espaço maior, passando a ser

considerado um grande negócio, porém como uma vaga

possibilidade de exportação. Somente em 1910, depois de muitas

tentativas, pôde-se firmar exportações para a Argentina,

concretizando-se em um negócio que dava muito dinheiro.

Na década de 80, o Brasil tornou-se o maior produtor

mundial de laranja, com mais de 1 milhão de hectares de

13

plantas cítricas em seu território, sendo a maior parte da

produção brasileira concentrada no estado de São Paulo, que

destinava á indústria do suco, responsável por 70% das

laranjas e 98% do suco que o Brasil produzia.

A laranjeira ‘Pêra’ representa perto da metade da

população de plantas da espécie, estimada em 220 milhões de

árvores. A expressiva maioria da produção paulista de laranja

‘Pêra’, é absorvida pelas indústrias processadoras de suco

concentrado congelado. O presente estudo justifica-se devido a

laranja “Pêra’’, Citrussinensis(L.) Osbeck, ser a mais importante

variedade copa cultivada no Brasil. O método de enxertia é uma

maneira de obter-se mudas em pequeno espaço de tempo, com

qualidade e com um custo menor que o plantio de semente, para

os citricultores.

SIQUEIRA, et al .(2001) realizaram um estudo da manutenção

da viabilidade das borbulhas e o crescimento das brotações de

enxertos provenientes das hastes porta-borbulhas dos

cultivares laranjeiras ‘Baianinha’ e ‘Pêra Rio’ de diferentes

idades, submetidas a três períodos de armazenamento

refrigerado, concluindo que há variações nos teores de

açúcares solúveis totais e de amido nas hastes nos diferentes

períodos de armazenamento e idades, mas, de forma geral, elas

não são úteis para explicar as diferenças encontradas na

viabilidade das borbulhas e no crescimento das brotações.

OLIVERA, et al . (2008)afirmam que deve-se controlar a

temperatura para que se situe em uma faixa de 13oC a 34oC, na

qual os citros apresentam crescimento vegetativo (AMARAL,

1982). No entanto, devem ser buscadas temperaturas entre 26ºC

14

e 28ºC, nas quais ocorre o máximo desenvolvimento de plantas

cítricas (JOAQUIM, 1997). Temperaturas abaixo desta faixa

favorecem a podridão de sementes e temperaturas acima causam o

secamento de ponteiros e, muitas vezes, a morte de plantas.

O presente estudo justifica-se devido a cultura de citrus

ser uma das fontes de renda do Estado de São Paulo, portanto,

o método de enxertia é uma maneira de obter-se mudas em

pequeno espaço de tempo, com qualidade e com um custo menor

que o plantio de semente, para os citricultores.

15

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Os citros

Os citros pertencem à família Rutaceae, e são nativos do

sudeste da Ásia, mais especificamente das regiões da Índia e

do sul da China. Apesar de existirem atualmente muitas

espécies e variedades, estudos genéticos apontam apenas três

espécies como a base de origem de todas as outras exploradas

comercialmente: C. medica, o grupo das cidras; C. grandis, o

grupo das toranjas; e Citrus reticulata Blanco, o grupo das

tangerinas (ARAÚJO & ROQUE, 2005; DONADIO et al., 2005).

O tipo de propagação ideal para a maioria das plantas

frutíferas é o vegetativo, isto é, aquele no qual uma parte da

planta, já em produção, seja uma borbulha, um rebento, uma

estaca ou um ramo (garfo), são usados para originar uma nova

planta

A propagação vegetativa ou assexual de plantas frutíferas

é a mais recomendada, pois ela possibilita a manutenção das

boas características da planta, tais como: produção, qualidade

do fruto, precocidade e sanidade.

A multiplicação de plantas frutíferas por via vegetativa

pode ser feita de várias maneiras, sendo que cada espécie se

adapta melhor a cada uma dela, porém, neste estudo a ênfase

será dada á enxertia.

Conforme PAIVA e GOMES (2001), o enxerto em árvores

frutíferas é uma das mais antigas práticas hortícolas,

remontando o seu registro histórico aos tempos de Teofasto,

que viveu cerca de 300 anos antes de Cristo. 16

2.2 Enxertia

De acordo com CÉSAR (1986), a enxertia é a técnica de

soldadura ou união de duas plantas distintas e, só é possível

entre plantas que apresentem afinidade entre si, satisfazendo

as seguintes condições:

1 - Devem pertencer, pelo menos, à mesma família botânica,

sendo que tanto maiores serão as probabilidades do êxito da

enxertia, quanto mais próximo for o grau de parentesco

existente entre ambas.

2 - As duas plantas devem apresentar analogia no porte, no

vigor vegetativo, nas exigências relativas às condições

climatéricas, assim como analogia anatômica, fisiológica, de

consistência (herbácea ou lenhosa) etc.

3 - Ambas as plantas devem ser de folhas cadentes

(hibernantes), ou de folhas persistentes (não hibernantes).

A enxertia é um método de propagação que une partes

de plantas de tal maneira que se crie uma associação benéfica

entre dois indivíduos geneticamente diferentes, que passam a

se comportar como uma planta só (POMPEU JÚNIOR, 2005; STUCHI,

2003).

O objetivo da enxertia é obter plantas de melhor

qualidade, mais produtivas e longevas (POMPEU JÚNIOR, 2005).

Entre as vantagens que apresenta, está a obtenção de plantas

uniformes e praticamente idênticas à planta-mãe, a precocidade

da produção e o aumento da produtividade (POMPEU JÚNIOR,

1991).

17

PAIVA e GOMES (2001) ressaltam que a enxertia

pode ser feita por vários métodos, os quais devem ser

escolhidos de acordo com as plantas envolvidas, sendo os mais

comuns a encostia, a borbulha, a garfagem com suas variações,

pois cada espécie se adapta a um tipo.

A borbulhia na citricultura é feita pelo método do “T”

normal ou do “T” invertido, quando o caule do porta-enxerto

atinge o diâmetro de 6 a 8 mm (CARVALHO et al., 2005),

comparável ao diâmetro de um lápis.

No caso do “T” normal, faz-se uma fenda no cavalo (porta-

enxerto) no sentido transversal e posteriormente no sentido

longitudinal, de modo a formar um “T”. Levantando-se a casca,

a gema é então introduzida, e posteriormente amarrada junto ao

porta-enxerto de cima para baixo, com fitilho plástico ou

biodegradável, a fim de conservar a umidade e manter a gema

unida ao porta-enxerto.

No método do “T” invertido, o processo é semelhante ao do

“T” normal, invertendo-se as fendas de modo a se formar um “T”

invertido. A amarração é feita de baixo para cima. O método do

“T” invertido apresenta vantagens sobre o do “T” normal por

evitar a penetração de água na região da enxertia (TEÓFILO

SOBRINHO, 1991).

O enxerto deve ser feito a uma altura de 10 a 20 cm a

partir do colo da planta. Após 20 dias da realização da

enxertia, retira-se o fitilho (a retirada é desnecessária se o

fitilho for biodegradável) e efetua-se a decapitação ou o

vergamento da haste do porta-enxerto acima do ponto de

18

enxertia, de modo a forçar a brotação da borbulha (CARVALHO et

al., 2005; TEÓFILO SOBRINHO, 1991).

No entanto, segundo CARVALHO & MACHADO (1996), o método de

decapitação do porta-enxerto para o forçamento de borbulhas é

mais eficaz que o método de vergamento da haste do porta-

enxerto.

2.3 Sanidade do pomar

Para a formação de um pomar de citros, a muda é o insumo

mais importante, a qual exige muito cuidado na escolha, devido

ao caráter perene da cultura de citros, que é plantada e

cuidada por 6 a 8 anos antes de revelar seu máximo potencial

na produtividade e qualidade do fruto. Outros aspectos, como a

longevidade do pomar, só serão reconhecidos em um intervalo

ainda maior após o plantio. As características mais

importantes da muda cítrica são a origem do enxerto e do

porta-enxerto (plantas matrizes) e a qualidade do sistema

radicular (LIMA, 1986).

De acordo com CASTLE et al(1992), os porta-enxertos de

plantas cítricas afetam mais de 20 características hortícolas

e patológicas da cultivar copa e seus frutos, sendo seu uso

considerado essencial na citricultura.

Mudas de bom aspecto, obedecendo aos padrões legais

visuais para comercialização, são produzidas aqui no Brasil

por viveiristas registrados, porém, segundo Moraes et al

(1998), muitas vezes estas mudas não são aceitas devido à

origem genética (mistura de variedades copa e porta-enxertos)

19

e à contaminação por viroses (exocorte, sorose e xiloporose),

fatores estes que trazem sérios problemas ao citricultor,

pois os pomares formados com estas mudas têm o rendimento e a

longevidade comprometidos, além de influenciar na

comercialização e na época de colheita.

MORAES et al (1998) também destaca outro problema que

afeta a produção de mudas no estado de São Paulo: é a falta de

diversificação de porta-enxertos. Este autor afirma que mais

de 90% das mudas são enxertadas sobre Poncirus trifoliata, o que

torna a citricultura vulnerável ao surgimento de moléstias que

afetam este porta-enxerto, como ocorreu na década de 40, no

Estado de São Paulo “'Tristeza” dos citros em plantas

enxertadas sobre laranja “Azeda”), e mais recentemente com o

“declínio”).

2.4. Influência dos porta-enxertos

De acordo com CARLOS et al (1997) e Di GIORGE (1993), os

porta-enxertos influenciam várias características

horticulturais e fitopatológicas nas árvores e nos frutos

cítricos, podendo refletir a aptidão do pomar em relação ao

destino da produção, em função da qualidade da mesma.

Condições de clima, fatores relacionados à adubação e ao

solo, espaçamento, manejo e por vários outros fatores também

influenciam tanto a qualidade dos frutos quanto a

produtividade do pomar, porém alguns porta-enxertos se

destacam pela excelência em determinados aspectos. Segundo

estes mesmos autores, um porta-enxerto escolhido adequadamente

20

pode propiciar frutos de melhor qualidade, para atender às

exigências internacionais para exportação de frutas frescas;

frutos de tamanho maior ou em épocas de melhor preço no

mercado interno e frutos com maiores teores de suco e sólidos

solúveis totais.

POMPEU JUNIOR(1991) argumenta que o porta-enxerto induz

alterações à variedade copa no seu crescimento, tamanho,

precocidade de produção, produtividade, época de maturação e

peso dos frutos, coloração da casca e dos frutos, teor de

açúcares e de ácidos, permanência dos frutos na planta,

conservação após a colheita, transpiração das folhas,

fertilidade do pólen, composição química das folhas,

capacidade de absorção, síntese e utilização de nutrientes,

tolerância a salinidade, resistência à seca e ao frio,

resistência e tolerância a moléstias e pragas e resposta a

produtos de abscisão.

POMPEU JUNIOR (2001) afirma que a citricultura brasileira

seja extremamente competitiva, apresenta algumas limitações,

dentre elas, a predominância de um único porta-enxerto, o

limão 'Cravo' (Citruslimonia Osbeck), utilizado em mais de 80% das

plantas cítricas. Isto se deve às suas características

agronômicas superiores, tais como: precocidade na formação das

mudas, compatibilidade com todas as variedades de copa, alta

produção, resistência à seca e tolerância à tristeza.

No entanto, conforme POMPEU JUNIOR (2001), este porta-enxerto

apresenta alta suscetibilidade ao "declínio" dos citros,

doença que tem causado a eliminação de milhões de plantas

cítrica por ano, no Brasil. POMPEU JUNIOR (1991) destaca

21

outras espécies do gênero Citrus e de gêneros afins, testadas

como porta-enxertos: a tangerina 'Cleópatra' (Citru sreshni

Hort.), considerada mais tolerante ao "declínio" e que tem

sido muito utilizada como porta-enxerto em outros países e,

mais recentemente, no Brasil, porém, apresentando algumas

características indesejáveis, como a alta suscetibilidade a

nematoides, a Phytophthora e baixa produção em plantas jovens.

2.4.1 Tipos de porta enxerto

Os tipos de porta enxertos são os seguintes:

LIMÃO CRAVO - O limão Cravo (Citrus limonia Osbeck), também

conhecido como limão Rosa, limão Cavalo, limão Francês, limão

vinagre, é originário da China e é o porta-enxerto mais

utilizado na citricultura paulista, atualmente com mais de 80%

de participação nos pomares.

Segundo FERMINO et al (1997), “as vantagens da enxertia

conquistaram também a citricultura brasileira que, no início

deste século já utilizava a laranjeira doce como principal

porta-enxerto.” Porém a suscetibilidade deste porta-enxerto à

seca e à gomose de Phytophthora sp. proporcionou a utilização

da laranjeira azeda, que passou a ter a preferência dos

citricultores a partir de 1920. com a chegada do vírus da

tristeza em 1937e a intolerância deste porta-enxerto a esta

doença, houve novamente uma tendência de troca de porta-

enxerto. Nesta época, a tristeza foi responsável pela morte de

aproximadamente 10 milhões de árvores, do total de 12 milhões

existentes na década de 40. A partir da década de 60, o22

limoeiro Cravo passou a liderar a preferência dos

citricultores, chegando a participar em 99% do total de mudas

produzidas em 1970.

CLEOPATRA -  A fruta do porta-enxerto conhecido como

Cleópatra(Citrus reshni) é uma pequena tangerina originária da

India. Tem muitas sementes altamente poliembriônicas. A

Cleópatra é usada comercialmente como porta-enxerto em São

Paulo há mais de 30 anos e seu comportamento é relativamente

bem conhecido.

  As plantas enxertadas sobre Cleópatra se desenvolvem

rapidamente, são grandes e uniformes. A produção, no entanto,

inicia-se lentamente e, geralmente, as plantas demoram 2 ou

mais anos para atingir níveis semelhantes às daquelas sobre

limão Cravo (porta-enxerto usado em mais de 80% das plantas

cítricas de São Paulo).

Em franca produção, em alguns casos, plantas em Cleópatra

podem superar aquelas sobre limão Cravo. Como é mais exigente

em nutrientes e menos tolerante à seca, a Cleópatra geralmente

induz produções menores que limão Cravo nos primeiros 10 anos

do pomar. Mas, como é mais resistente a doenças, sua média de

produção a partir da segunda década do pomar pode superar à do

limão Cravo. Há casos extremos em que pomares em Cleópatra

foram erradicados por volta de 10 a 15 anos de idade por baixa

produtividade, e há outros em que sua produtividade supera

consistentemente à do limão Cravo em plantios semelhantes

adjacentes.

A qualidade interna da fruta produzida sobre Cleópatra é

superior àquela sobre limão Cravo, geralmente contendo mais

23

açúcar e melhor sabor. A maturação das frutas sobre Cleópatra

é consistentemente mais tardia do que sobre limão Cravo.

Externamente, os frutos de plantas enxertadas em Cleópatra

geralmente apresentam tamanhos menores que os em limão Cravo.

Isto parece ser conseqüência da sua maior dependência das

adubações de manutenção. Níveis altos de aplicação de potássio

podem reduzir significativamente o problema de frutos menores.

Com relação a doenças, a Cleópatra é resistente à Morte

Súbita, à Tristeza, ao Exocortis, à Xiloporose, e muito menos

susceptível ao Declínio do que o limão Cravo. É susceptível à

Gomose e aos nematoides. Não há incompatibilidade com as

variedades cítricas comerciais de uso comum em São Paulo.

Quanto à Gomose, a Cleópatra parece ter um comportamento

variável em função do estágio do pomar. No início,

principalmente quando as mudas vêm dos viveiros com altos

índices de infecção, o problema pode ser muito grave. Depois

de estabelecido, em franca produção, pomares em Cleópatra

parecem ter um nível de tolerância à Gomose superior ao do

limão Cravo.

TRIFOLIATA FLYING DRAGON -  Esta variação genética do

trifoliata de nome científico: Poncirus trifoliata var. monstrosa)

surgiu aparentemente no Japão, onde é cultivado há mais de 100

anos. Suas características marcantes são os espinhos

significativamente curvados, geralmente para baixo, e os ramos

sinuosos, crescendo em forma de zig-zag e, frequentemente, com

curvaturas acentuadas. As demais características são muito

parecidas com as dos trifoliatas comuns.

24

  Plantas enxertadas em Flying Dragom desenvolvem-se muito

lentamente e atingem 1/3 a 1/2 do tamanho de plantas em outros

porta-enxertos aos 20 anos de idade. Assim, este porta-enxerto

é considerado um verdadeiro ananicante. A redução das copas de

laranjas enxertadas em Flying Dragon parece ser demasiada e

seu uso tem sido pouco frequente. O limão Tahiti, entretanto,

apresenta porte médio e boa produtividade sobre este porta-

enxerto, que tem sido preferido na sua propagação em São Paulo

nos últimos anos.

 Quanto à resistência a doenças, acredita-se que o Flying

Dragon assemelhe-se aos trifoliatas comuns. Certamente é

bastante resistente à Gomose de Phytophthora. Não há pomares

comerciais em idade suficiente para permitir melhores

informações sobre a susceptibilidade ao Declínio dos citros. A

incompatibilidade com a laranja Pera e com o tangor Murcote

existem, mas sua severidade parece ser bem menor que a dos

trifoliatas comuns tendo em conta plantas com mais de 10 anos

de idade em observação em nossos pomares. Nestas plantas, não

há prejuízos aparentes causados pela incompatibilidade após 14

anos, embora encontra-se fracas linhas de incompatibilidade na

região de enxertia em algumas plantas.

TANGERINA SUNKI- A tangerina Sunki(Citrus sunki) é originária

da China. Faz parte do grupo das pequenas tangerinas

juntamente com a Cleópatra, Amblicarpa, Nasnaran, Pectinífera

e outras. São frutos pequenos, achatados, com diâmetro de 3 a

6 cm, com a casca solta, e geralmente de coloração alaranjada

quando maduros. A Sunki é originária da China e aparentemente

25

muito utilizada como porta-enxerto naquela região, incluindo

Taiwan.

              O número de sementes é bastante variável nas

referências internacionais que, geralmente, indicam a presença

de diversas até muitas sementes viáveis. A Sunki presente em

São Paulo, entretanto, tem como característica a baixa

produção de sementes, de uma a duas em média por fruto, e uma

grande quantidade de sementes abortadas. Trata-se, portanto,

de uma diferença significativa em relação à Sunki

internacionalmente conhecida. Não há estudos até o momento que

expliquem esta diferença. Além disso, nossa Sunki apresenta

alto índice de monoembrionia. Isto quer dizer que as plantas

originárias da semeadura de Sunki são híbridas na grande

maioria das vezes. Surpreendentemente, entretanto, são de

uniformidade considerável. Cruzamentos feitos nos últimos 15

anos pela Mudas Cítricas Citrolima demonstram este fato

claramente. 

 O grande problema da Sunki é sua alta susceptibilidade à

Gomose ou podridão das raízes e do tronco. Trata-se de um

porta-enxerto tão ou mais suscetível à esta doença do que as

laranjeiras. Assim, a utilização de mudas sadias e de solos

virgens pode representar um grande ganho na longevidade de

pomares em Sunki. Com relação a outras doenças, entretanto, a

Sunki apresenta grande interesse comercial. É resistente ao

Exocortis, ao Declínio, à Tristeza e à Morte Súbita dos

Citros. Além disso, ela não apresenta problemas conhecidos de

incompatibilidade com copas, mesmo com a laranja Pera.

26

CITRUMEO SWUINGLE- O citrumelo Swingle (Citrus paradisi x

Poncirus trifoliata) é um híbrido obtido na Florida em 1907 pelo

cientista W. T. Swingle, que polinizou flores de pomelo

'Duncan' (Citrus paradisi) com pólen de flores de trifoliata

(Poncirus trifoliata). O objetivo inicial era transferir a

resistência a geadas dos trifoliatas para os pomelos, muito

suscetíveis ao frio na Florida. Sua denominação inicial era

CPB 4475 e sua fruta não apresentou  qualquer qualidade para

consumo humano. Nos anos 40, entretanto, este citrumelo

começou a ser testado como porta-enxerto para variedades

comerciais de citros. Pouco depois, ele foi introduzido no

Brasil juntamente com muitas outras variedades cítricas num

programa de seleção de porta-enxertos resistentes à Tristeza,

doença que havia dizimado nossa citricultura na época. Desde

então, o citrumelo CPB 4475 despontou em diversos experimentos

em praticamente todas as regiões citrícolas mundiais como um

ótimo porta-enxerto alternativo para o uso de trifoliata e

seus híbridos citranges Carrizo e Troyer, muito comuns fora do

Brasil. Recebeu assim o nome de Swingle, em homenagem ao seu

criador.

        A principal característica de Swingle é substituir com

vantagens os porta-enxertos de trifoliata, e citranges Carrizo

e Troyer. Sua resistência à Gomose (Phytophthora spp), ao

Nematóide dos Citros (Tylenchulus semipenetrans), e ao frio é

igual ou superior à dos porta-enxertos substituídos. Além

disso, tem mostrado até o momento uma tolerância superior ao

Declínio dos citros. A qualidade das laranjas (Citrus

sinensis) produzidas em Swingle é ótima, com altos índices de

27

açucares, sabor excelente para o consumo como fruta fresca, e

alto rendimento industrial na extração de suco. Em anos de

alta produtividade, laranjeiras em Swingle exigem adubações

mais pesadas de potássio para alcançar frutos com tamanhos

similares aos dos produzidos em limão Cravo.

O crescimento das laranjeiras enxertadas em Swingle é mais

vigoroso do que o daquelas enxertadas em trifoliata e similar

ao das enxertadas nos citranges. É menor, no entanto, do que o

das plantas em porta-enxertos de limão Cravo ou tangerina

Cleópatra, o que propicia custos menores de pulverização e de

outros tratos culturais. Como sobrevivem melhor a diversas

doenças importantes, plantas em Swingle acabam se

desenvolvendo em árvores de grande porte. Mesmo assim, são

plantadas em espaçamentos menores do que aquelas sobre os

porta-enxertos vigorosos, resultando numa densidade maior de

plantas, e numa boa produção por hectare plantado. Com o

tempo, entretanto, tomam todo o espaçamento a elas oferecido,

sendo muito provável a necessidade de podas nas ruas de

plantio para permitir a operação de máquinas. Isto no entanto,

é resultado de sua longevidade, e portanto, compensado pelo

que se economiza com replantas dentro do talhão, ou com o

precoce replantio total da área.

A principal utilização do Swingle como porta-enxerto advém

de sua resistência a doenças, principalmente a Morte Súbita

dos Citros. Locais onde a incidência de Gomose é elevada podem

usualmente ser plantados ou replantados com Swingle. É o caso

de áreas com solos que permanecem mais úmidos por períodos

prolongados. Como todos os citros, Swingle não tolera

28

alagamentos. Sobrevive, no entanto, a curtos períodos de

inundação (alguns dias por ano) e a solos mais úmidos da mesma

forma que os trifoliatas, portanto bem melhor que o limão

Cravo ou a Cleópatra. Também é indicado no caso de replantas

ou substituição de pomares quando a incidência de Gomose,

Nematoides, ou Declínio é alta, ou na prevenção de Morte

Súbita.

2.5 Uso da frigoconservação para enxertia de citrus

Segundo CARVALHO et al(2000), as borbulhas de citrus podem

ser conservadas até 60 dias sob frigoconservação. O controle

da temperatura deve ser feito por sistema automatizado,

trabalhando num intervalo de 6 a 8ºC, com ventilação interna

constante para homogeneizar a temperatura no interior da

câmara. Após um mês de armazenamento, os pacotes devem ser

abertos para verificação do estado geral da varetas com

borbulhas. Se observada alguma alteração do aspecto inicial, o

pacote deve descartado, e, se as condições estiverem normais,

é feita a reembalagem e o armazenamento por até mais um mês.

Após 60 dias, a borbulha conservada deve ser eliminada.

Segundo GALLI & GUIRADO (1993), o armazenamento de

borbulhas sob frigoconservação, apresenta maior viabilidade

devido a baixa temperatura desfavorecer a proliferação de

microorganismos contaminantes.

Como desvantagem, LIMA et al (2002) observa o

escurecimento dos tecidos de algumas gemas sob

29

frigoconservação.Apesar deste escurecimento, a brotação

ocorreu normalmente.

2.5.1 Funcionamento do sistema

Tomando como base uma câmara frigorífica com 36 m3 de

capacidade, para armazenamento de até 1.200.000 borbulhas

embaladas e dispostas sem sobreposição em prateleiras de aço,

tipo biblioteca, onde procedem-se algumas adaptações em suas

divisórias, substituindo as chapas de aço por cordoalhas de

nylon trançadas em forma de rede, o que facilita a circulação

do ar refrigerado entre os pacotes e evita o contato das

varetas com o metal e a conseqüente queima das gemas nesse

ponto, por temperatura mais baixas.

O controle da temperatura é feito por sistema

automatizado, que trabalha num intervalo de 6 a 8ºC, com

ventilação interna constante para homogeneizar a temperatura

no interior da câmara. Após um mês de armazenamento, os

pacotes deverão ser abertos para verificação do estado geral

da varetas com borbulhas. Se observada alguma alteração do

aspecto inicial, o pacote é descartado, e, se as condições

estiverem normais, é feita a reembalagem e o armazenamento por

até mais um mês. Se não comercializado após 60 dias o pacote

deve ser eliminado.

2.6 Instalação de Viveiro de citrus

30

Para a instalação do viveiro deve-se escolher um local,

de preferência, com exposição norte, o mais distante possível

de plantas cítricas. Segundo a Secretaria da Agricultura e

Abastecimento (1998), a distância mínima de plantas cítricas

deve ser de 100 m para a produção de mudas certificadas,

sempre a mais de 50 m de estradas públicas.

O solo, para a construção do viveiro, deve ser

adequadamente nivelado, não permitindo a entrada de água de

escorrimento superficial. Devem ser instalados quebra-ventos,

na posição dos ventos predominantes, podendo-se utilizar, para

tanto, espécies como grevílea, casuarina ou Pinus spp.

Quanto à estrutura dos viveiros, esta deve proteger as

mudas e os porta-enxertos contra insetos vetores de doenças,

principalmente cigarrinhas. Para isso, a estrutura deve ser

resistente a ventos fortes, para evitar a exposição das mudas

durante o processo de produção, e uma mureta lateral de

concreto, com altura mínima de 30 cm, para evitar a entrada de

água das chuvas por respingos, conforme pode ser observado na

figura 1 a seguir:

O tipo de instalação de viveiro mais prático e econômico,

utilizado por produtores de mudas de citros, são os de

estrutura de aço galvanizado e perfis de alumínio, revestidos

lateralmente com tela branca (abertura de malha < 1 mm²) e

cobertura plástica com filme de polietileno transparente com

150 micra de espessura, tratados contra raios ultravioleta.

Esse tipo de instalação é o mais procurado por possuir uma

vida útil em torno de 25 anos. Geralmente, a tela antiafídica

e a cobertura plástica apresentam uma durabilidade de 5 e 3

31

anos, respectivamente, dependendo do clima e manuseio por

parte do viveirista.

Conforme AMARALl (1982), a altura do pé-direito e o

formato do telado são determinantes no controle da temperatura

interna do ambiente protegido. Em média, as variedades de

citros somente apresentam crescimento vegetativo em

temperaturas entre 13ºC e 34ºC (AMARAL, 1982). No entanto, as

condições que maximizam o crescimento situam-se entre 26ºC e

28ºC.

JOAQUIM (1997) observa que a umidade relativa do ar de

65% é considerada ideal para o desenvolvimento de plantas

cítricas.

Obviamente, deve-se projetar e manejar a estrutura para

que apresente temperaturas favoráveis às plantas pelo maior

período de tempo possível.

Para o manejo adequado das mudas, a altura do pé-direito

de um viveiro telado deve ser de no mínimo 3 m sob as calhas.

Em geral, o custo de implantação e de manutenção do sistema de

climatização é diretamente proporcional à altura do pé-direito

do viveiro.

A cobertura plástica é importante para o manejo da

irrigação, principalmente em regiões que apresentam

concentração de chuva em determinados períodos. Desta forma,

evita-se o encharcamento do substrato, com conseqüente

proliferação de doenças, e a redução da porcentagem de

pegamento das enxertias. Esse tipo de cobertura também

possibilita uma melhor captação de calor nos meses mais frios,

que pode ser mantido com o fechamento das cortinas laterais.

32

Diferentes diâmetros de malha da tela podem ser

utilizados nos viveiros, desde que com tamanho igual ou

inferior a 1 mm². Nos viveiros telados comerciais, têm sido

utilizadas telas com malha de 1 mm², por apresentarem menor

custo em relação às telas antiafídicas. Também permitem maior

ventilação, diminuindo a temperatura, tanto no verão quanto no

inverno, no entanto não conferem proteção contra afídeos. A

integridade da tela de um viveiro deve ser analisada

permanentemente pelos funcionários, efetuando-se o conserto de

furos ou rasgos assim que sejam detectados.

O viveiro telado deve possuir antecâmara com duas portas

dispostas perpendicularmente para dificultar a entrada de

insetos. As portas devem permanecer abertas o menor tempo

possível, devendo-se abrir a porta que dá acesso ao telado

somente quando a externa estiver fechada. Entre as duas portas

deve ser instalado um pedilúvio contendo cobre e/ou amônia

quaternária para desinfecção dos calçados, conforme pode ser

observado na figura 4 a seguir:

De acordo com a Secretaria da Agricultura e

Abastecimento, (1998), as mudas, no interior do viveiro

telado, devem ser dispostas em bancadas com altura mínima de

30 cm, porém para facilitar o trabalho dos funcionários e

evitar que respingos de água do solo atinjam as mudas Graf

(1999) sugere bancadas com 40 a50 cm de altura do solo.

As bancadas podem ser confeccionadas de madeira, ferro ou

cimento e as mudas podem ser dispostas em grupos de 6 ou 8. O

espaçamento mínimo entre bancadas deve ser de 60 cm para

33

facilitar o manuseio das mudas. Com esta distribuição, podem

ser produzidas, em média, 25 mudas/m² de viveiro.

Quanto ao piso do viveiro, este deve ser constituído por

uma camada de pelo menos 5 cm de espessura de brita ou ser

cimentado nas áreas de circulação, o que facilita as operações

de limpeza.

3. OBJETIVOS

O objetivo deste trabalho foi avaliar diferentes períodos

de armazenamento de borbulhas da laranjeira Pêra-Rio (Citrus

sinensis (L.) Osbeck), em frigoconservação.

34

4. MATERIAL E MÉTODOS

O experimento teve início em outubro 2012 e término em

maio de 2013 na cidade de Bebedouro SP, com altitude de 550

metros, em viveiro certificado pela Secretaria da Agricultura.

Foram utilizadas sacolas plásticas de 1,5 litros com

substrato casca de pinus, onde foram transplantadas as mudas

do porta-enxerto da variedade cravo, e após 45 dias procedeu-

se o início da enxertia das gemas da variedade Pera.

O método de enxerto utilizado foi o “T” invertido, quando

os portas-enxertos atingiram 1,5 cm de diâmetro do caule,

sendo a altura do corte entre 10 a 15 cm do colo da planta.35

Logo após a borbulha foi envolvida com fita plástica e só foi

retirada após 15 dias para avaliação do pegamento das gemas.

O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente

casualizado (DIC) com 5 tratamentos e seis repetições.

Os tratamentos utilizados foram: testemunha, onze dias de

armazenamento em câmara fria a ± 5ºC, vinte e dois dias de

armazenamento, trinta e três dias de armazenamento e quarenta

e quatro dias de armazenamento.

As hastes de borbulhas foram armazenadas em sacos de

polietileno de baixa densidade e mantidos dentro da câmara

fria a ± 5º C durante o período do experimento.

Foi feito o enxerto com gemas no processo convencional

servindo a mesma como testemunha, logo após 11 dias foi

realizado a primeira enxertia de borbulhas da

frigoconservação.

Após 20 dias das enxertias foram avaliados os fatores

viabilidade das gemas, dormência e gemas mortas.

Os dados do experimento foram transformados em percentagem

de germinação das gemas e submetidos a analise de variância.

Quando significativo as médias foram testadas pelo teste Tukey

a 5% de probabilidade, com auxilio do software Assistat 7.5.

36

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Analisando o dados da Tabela 1, observa-se que as

borbulhas frescas, ou seja colhidas e enxertadas no mesmo dia

(testemunha) apresentam a maior viabilidade de pegamento, isso

fica evidente na avaliação de zero dias de armazenamento em

câmara fria, onde todas as gemas foram viáveis em todas as

avaliações. Nota-se, ainda que, o armazenamento pode

influenciar no tempo de germinação da gema. Analisando-se a

Figura 1 nas avaliações de 11 e 33 dias de armazenamento,

quando avaliadas aos 5 dias após a enxertia há uma redução de

gemas germinadas, porém não influenciou no resultado final,

onde todas as gemas avaliadas germinaram.

GALLI & GUIRADA (1993) mostraram que as borbulhas de

laranjeiras ‘Pêra’ e ‘Valência’, conservadas durante 60 dias,

a 5ºC ou sob condições ambientais, tiveram diminuição

significativa e diferenciada no percentual médio de pegamento,

sendo de 67,5% naquelas borbulhas conservadas a 5ºC e 27,5%

nas conservadas sob condições de ambiente.

Na Tabela 1 quando observa-se os dados de armazenamento de 44

dias a temperatura entre 5-8ºC, tem-se uma redução nas gemas

germinadas de mais 82,5%, das demais avaliações as gemas

estavam mortas ou dormentes. SIQUEIRA et al. (2001) observaram

que o armazenamento das borbulhas resultou em diminuição

linear da percentagem de pegamento da enxertia, de 100%,

quando não houve armazenamento, para 75%, quando armazenada

durante 60 dias em sacos de polietileno, em câmara fria, na

temperatura de 10 a 15ºC.

37

TEIXEIRA et al. (1971) observaram que a perda da

viabilidade das borbulhas se intensificou à medida que as

hastes foram perdendo sua cor verde característica e

adquirindo uma tonalidade marrom cada vez mais intensa. Os

autores relacionaram a este fato a penetração de fungos

isolados da haste que se conservaram por 16 a 20 dias.

Tabela 1: Dados do experimento de armazenamento de borbulhas em câmarafria a temperatura de 5 a 8ºC da variedade 'Pêra', enxertadas em portaenxerto 'Limão Cravo'.

Borbulhas enxertadas sem armazenamento (Testemunha)Dias após aenxertia

% Gemas germinadas % Gemas mortas % Gemas dormentes

5 100 0 010 100 0 015 100 0 020 100 0 0

Borbulhas enxertadas após 11 dias de armazenamentoDias após aenxertia

Gemas germinadas Gemas mortas Gemas dormentes

5 33,3 0 010 100 0 015 100 0 020 100 0 0

Borbulhas enxertadas após 22 dias de armazenamentoDias após aenxertia

Gemas germinadas Gemas mortas Gemas dormentes

5 100 0 0

38

10 100 0 015 100 0 020 100 0 0

Borbulhas enxertadas após 33 dias de armazenamentoDias após aenxertia

Gemas germinadas Gemas mortas Gemas dormentes

5 66,6 0 010 100 0 015 100 0 020 100 0 0

Borbulhas enxertadas após 44 dias de armazenamentoDias após aenxertia

Gemas germinadas Gemas mortas Gemas dormentes

5 0 66,6 33,310 0 66,6 33,315 0 83,3 16,620 16,6 83,3 0

Dados de contagens direta no campo após 5, 10, 15 e 20 dias de enxertia. Os dados

não foram comparados estatisticamente.

39

Figura 1: Dados do experimento de frigoconservação de gemas de

citros variedade Pêra em porta enxerto Limão cravo.

40

a aa a

Dias após a enxertia

Número de

gemas

germinadas a a

b

ab

b

a a

b

b

ab

a a a a

b b

a a a a

6. CONCLUSÕES

As gemas conservadas em câmara fria ou frigoconservação se

mostraram satisfatórias até 33 dias após o armazenamento.

Quando armazenadas a 44 dias as gemas perderam viabilidade e

potencial germinativo

41

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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