Revisão da distribuição e dados de história natural do gavião-pombo-pequeno (Leucopternis...

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Revisão da distribuição e dados de história natural do gavião‑pombo‑pequeno (Leucopternis lacernulatus), incluindo o registro de predação sobre teiú (Tupinambis meriane) em Mata Atlântica de Tabuleiro, sudeste do Brasil Ana Carolina Srbek‑Araujo 1,3 ; Vinicius Del Gaudio Albergaria 1 e Adriano Garcia Chiarello 2 1 Instituto Ambiental Vale – Caixa Postal nº 91, Bairro Centro, CEP 29.900‑970, Linhares, ES, Brasil. 2 Programa de Pós‑Graduação em Zoologia deVertebrados, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Avenida Dom José Gaspar, nº 500, Bairro Coração Eucarístico, CEP 30535‑610, Belo Horizonte, MG, Brasil. 3 Autor para correspondência: E‑mail: [email protected] / [email protected] Recebido em 09/01/2009. Aceito em 06/07/2009. ABSTRACT: A review on distribution and natural history of White‑necked Hawk (Leucopternis lacernulatus), including a record of prey on Tegu Lizard (Tupinambis meriane) at Reserva Natural Vale, southeastern Brazil. The fragmentation and the conversion of forest habitats to other types of land use affected negatively forested species, like the white‑necked hawk (Leucopternis lacernulatus), an endangered and endemic bird of prey of the Atlantic Forest. Habitat loss, habitat isolation and low population density associated with lack of knowledge on the biology of this species are the main threats to its conservation. This article presents a brief review of the recent field records of Leucopternis lacernulatus over its original geographical distribution and adds new information on feeding habits of this bird of prey. KEY-WORDS: camera trap; conservation; forest fragmentation; endangered species; predation. RESUMO: A fragmentação e a conversão de florestas em outros tipos de uso do solo afetam negativamente as espécies típicas de ambientes florestais, como o gavião‑pombo‑pequeno (Leucopternis lacernulatus), que se revela uma ave de rapina ameaçada de extinção e endêmica da Mata Atlântica. A perda de habitat, o isolamento e a baixa densidade populacional nas áreas remanescentes, associados à falta de conhecimento sobre a biologia desta espécie, são as principais ameaças à sua conservação. O presente artigo apresenta uma breve revisão dos locais com registro atual de Leucopternis lacernulatus ao longo de sua distribuição original e reúne informações relativas à sua dieta e comportamento de forrageamento. PALAVRAS-CHAVE: armadilha fotográfica; conservação; espécie ameaçada; fragmentação florestal; predação. especialmente quando observada em vôo (Seipke et al. 2006). Endêmica da Mata Atlântica, ocorre da Paraí‑ ba (Roda e Pereira 2006, Amaral e Cabanne 2008) e Alagoas (Sick 1997, Mallet‑Rodrigues et al. 2007) até Santa Catarina. Embora seja considerada uma espécie característica da faixa costeira/planície litorânea do país (Sick 1997, Straube e Urben‑Filho 2005), Zorzin et al. (2006) relatam sua presença em Minas Gerais, estando os registros mais recentes concentrados na porção cen‑ tral e leste deste estado. Sua presença em Minas Gerais é também apontada por Carvalho e Marini (2007) e na compilação de dados apresentada por Amaral e Caban‑ ne 2008). O gavião‑pombo‑pequeno (Leucopternis lacernula- tus) (Temminck, 1827) (Falconiformes, Accipitridae) é uma ave de rapina de médio porte, alcançando cerca de 50 cm de comprimento total e 100 cm de envergadura de asa (Sick 1997, Amaral e Cabanne 2008). Possui asas largas e relativamente curtas, sendo a cauda ligeiramente longa, em comparação com espécies semelhantes (Seipke et al. 2006). Apresenta cabeça e porções ventrais do corpo branco‑puro, sendo a coloração do manto enegrecida a cinza escuro (Sick 1997, Seipke et al. 2006). A superfí‑ cie ventral das asas e da cauda é branca, possuindo em ambas estruturas uma estreita faixa submarginal enegre‑ cida (Seipke et al. 2006, Amaral e Cabanne 2008), que constitui uma característica diagnóstica para a espécie, ARTIGO Revista Brasileira de Ornitologia, 17(1):53-58 março de 2009

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Revisão da distribuição e dados de história natural do gavião‑pombo‑pequeno

(Leucopternis lacernulatus), incluindo o registro de predação sobre teiú (Tupinambis meriane) em

Mata Atlântica de Tabuleiro, sudeste do Brasil

Ana Carolina Srbek‑Araujo1,3; Vinicius Del Gaudio Albergaria1 e Adriano Garcia Chiarello2

1 InstitutoAmbientalVale–CaixaPostalnº 91,BairroCentro,CEP 29.900‑970,Linhares,ES,Brasil.2 ProgramadePós‑GraduaçãoemZoologiadeVertebrados,PontifíciaUniversidadeCatólicadeMinasGerais.AvenidaDomJoséGaspar,nº 500,

BairroCoraçãoEucarístico,CEP 30535‑610,BeloHorizonte,MG,Brasil.3 Autorparacorrespondência:E‑mail:[email protected]/[email protected]

Recebidoem09/01/2009.Aceitoem06/07/2009.

ABSTRACT: A review on distribution and natural history of White‑necked Hawk (Leucopternis lacernulatus), including a record of prey on Tegu Lizard (Tupinambis meriane) at Reserva Natural Vale, southeastern Brazil.Thefragmentationandtheconversionofforesthabitatstoothertypesoflanduseaffectednegativelyforestedspecies,likethewhite‑neckedhawk(Leucopternis lacernulatus),anendangeredandendemicbirdofpreyoftheAtlanticForest.Habitat loss,habitat isolationandlowpopulationdensityassociatedwithlackofknowledgeonthebiologyofthisspeciesarethemainthreatstoitsconservation.Thisarticlepresentsa brief review of the recent field records of Leucopternis lacernulatus over its original geographical distribution and adds newinformationonfeedinghabitsofthisbirdofprey.

Key-WoRDS:cameratrap;conservation;forestfragmentation;endangeredspecies;predation.

ReSuMo: A fragmentaçãoe a conversãode florestas emoutros tiposdeusodo solo afetamnegativamente as espécies típicasdeambientesflorestais,comoogavião‑pombo‑pequeno(Leucopternis lacernulatus),queserevelaumaavederapinaameaçadadeextinçãoeendêmicadaMataAtlântica.Aperdadehabitat,oisolamentoeabaixadensidadepopulacionalnasáreasremanescentes,associadosàfaltadeconhecimentosobreabiologiadestaespécie,sãoasprincipaisameaçasàsuaconservação.OpresenteartigoapresentaumabreverevisãodoslocaiscomregistroatualdeLeucopternis lacernulatusaolongodesuadistribuiçãooriginalereúneinformaçõesrelativasàsuadietaecomportamentodeforrageamento.

PALAVRAS-CHAVe:armadilhafotográfica;conservação;espécieameaçada;fragmentaçãoflorestal;predação.

especialmente quando observada em vôo (Seipke et  al.2006).

Endêmica da Mata Atlântica, ocorre da Paraí‑ba (Roda e Pereira 2006, Amaral e Cabanne 2008) eAlagoas (Sick1997,Mallet‑Rodrigues et  al. 2007) atéSanta Catarina. Embora seja considerada uma espéciecaracterísticadafaixacosteira/planícielitorâneadopaís(Sick1997,StraubeeUrben‑Filho2005),Zorzinet al.(2006)relatamsuapresençaemMinasGerais,estandoosregistrosmaisrecentesconcentradosnaporçãocen‑tralelestedesteestado.SuapresençaemMinasGeraisétambémapontadaporCarvalhoeMarini(2007)enacompilaçãodedadosapresentadaporAmaraleCaban‑ne2008).

O gavião‑pombo‑pequeno (Leucopternis lacernula-tus) (Temminck, 1827) (Falconiformes, Accipitridae) éumaavederapinademédioporte,alcançandocercade50 cmdecomprimentototale100 cmdeenvergaduradeasa(Sick1997,AmaraleCabanne2008).Possuiasaslargaserelativamentecurtas,sendoacaudaligeiramentelonga,emcomparaçãocomespéciessemelhantes(Seipkeet al.2006).Apresentacabeçaeporçõesventraisdocorpobranco‑puro, sendo a coloraçãodomanto enegrecida acinzaescuro(Sick1997,Seipkeet al.2006).Asuperfí‑cie ventraldas asas eda cauda ébranca,possuindo emambasestruturasumaestreitafaixasubmarginalenegre‑cida(Seipkeet al.2006,AmaraleCabanne2008),queconstitui uma característica diagnóstica para a espécie,

ARTIGo Revista Brasileira de Ornitologia, 17(1):53-58 março de 2009

SegundoMallet‑Rodrigues et  al. (2007), o gavião‑pombo‑pequenoocorreemáreasmontanhosasacimade400 mdealtitude,emboraocupeespecialmenteflorestasdebaixada,alcançandoaté500 mdealtitude(Sick1997).SegundoSeipkeet al.(2006)eAmaraleCabanne(2008),entretanto, a espécie é observada em maiores altitudes,comregistrosacercade900 meàaltitudemáximade2.890 m,respectivamente.NoestudorealizadoporZor‑zinet al. (2006),aespécie foi registradaemlocalidadesemdiferentesaltitudes,incluindoregiõesserranas,tendosidoobservadaplanandoa1.300 mdealtitude,emumfragmentodematasecundáriacontendoáreasdecamporupestre localizadasnas porções mais elevadas do terre‑no (Zorzin et  al. 2006). Estas informações corroboramWilliseOniki(2002)queconsideramaespéciefrequenteem terrasbaixas eocasionalmentepresente em terrenoscomaltitudemaiselevada.

Apesardadistribuiçãoatualdestaavederapinasersemelhanteàconhecidaoriginalmenteparaaespécie,ogavião‑pombo‑pequenoencontra‑seatualmenterestritoaremanescentesdeflorestaeáreasadjacentesaeles(Ama‑ral eCabanne2008), revelando‑se tipicamente florestal(Sick1997,Zorzin et  al. 2006,Mallet‑Rodrigues et  al.2007,Simonet al.2007a)edeinteriordemata(Ama‑raleCabanne2008).Entretanto,comoconsequênciadafragmentaçãoereversãodeambientesflorestaisemáreasalteradas,aespécietemsetornadocadavezmaisraraaolongodesuaáreadedistribuiçãooriginal.

Opresenteartigoapresentaregistrosdegavião‑pom‑bo‑pequenoobtidosnaReservaNaturalVale(RNV),lo‑calizadanaporçãonortedoEspíritoSanto.Estesincluemvisualizaçõesocasionaisedadosobtidosapartirdearma‑dilhas fotográficas, compreendendo também informa‑ções relativasàhistórianaturaldaespécie.São tambémapresentadosregistrosdedistribuiçãodogavião‑pombo‑pequeno,considerandoespecialmentedadosdisponíveisnaliteraturacientífica,reunindoinformaçõesnecessáriasàconservaçãodestaavederapina.

MATeRIAL e MéToDoS

A Reserva Natural Vale (RNV) está localizada a30 kmaonortedoRioDoce,entreosmunicípiosdeLi‑nhareseJaguaré(19°06’‑19°18’Se39°45’‑40°19’W).AReservaestáinseridaemumadasáreasdeextremaimpor‑tânciabiológicaparaaconservaçãodabiodiversidadedaMataAtlântica,noCorredorCentraldaMataAtlântica(MinistériodoMeioAmbienteet al.2000), integrandotambémoSítiodoPatrimônioNaturalMundialdaCos‑ta do Descobrimento, estabelecido pela UNESCO em1999.Recentemente(2008),aRNVrecebeuotítulodePostoAvançadodaReservadaBiosferadaMataAtlân‑tica, tambémconferidopelaUNESCO.ARNVpossuicercade21.787 hadeextensão,apresentando‑secontígua

à Reserva Biológica de Sooretama (Rebio Sooretama;24.250 ha),comaqualconstituiumblocopraticamentecontínuo de vegetação nativa, sendo interceptadas pelaRodoviaBR‑101.Juntas,estasreservasrepresentamquase10%daáreadecoberturaflorestaloriginalremanescentenoEspíritoSantoeamaiorformaçãoemflorestascontí‑nuasdoestado.

ARNVapresentarelevorelativamenteplano,com‑postoporumasequênciadecolinastabulares,comalti‑tudesentre28e65 m(JesuseRolim2005).Oclimanaregiãoédotipotropicalquenteeúmido(Aw),segundoaclassificaçãodeKöppen,apresentandoestaçãochuvosanoverãoesecanoinverno(JesuseRolim2005).Atem‑peraturamédiaanualéde23,3°C(médiadasmínimasemáximas = 14,8 e 34,2°C, respectivamente), com umaprecipitação pluviométrica média anual de 1.202  mm,observando‑seumafortevariaçãoentreanos(JesuseRo‑lim2005).Suahidrografiaécompostaporumaredededrenagensdendrítica/dicotômica,compostaporcórregostributários do Rio Barra Seca (Jesus e Rolim 2005). ARNVestálocalizadanosdomíniosdaFlorestaOmbrófilaDensa, segundooMapadeVegetaçãodoBrasil (IBGE1993), sendo classificada como Floresta Estacional Pe‑renifóliapor JesuseRolim(2005),que representaumatipologia intermediáriaentreaprimeiraeaFlorestaEs‑tacional Semidecídua. A vegetação presente na RNV épredominantemente florestal, apresentando trechos demussununga e nativo (Jesus e Rolim 2005). A Reservaapresenta contorno não regular, estando seu entornoconstituídoprincipalmenteporpastagem,sendotambémencontradasáreasdestinadasaocultivodemamão,caféeeucalipto,entreoutrasculturas(JesuseRolim2005).

AmostragenssistematizadasempregandoarmadilhasfotográficasestãosendorealizadasnaRNVdesdejunhode2005,tendosidoutilizadosequipamentosimportados(marcaCamTrakker/35 mm,comercializadaspelaForestSuppliersInc.–EUA)enacionais(marcaTigrinus/mode‑loConvencional,fabricadaspelaTigrinusEquipamentospara Pesquisa – Brasil). As armadilhas foram instaladasemestradasinternasàReservaenointeriordamata,deacordocomodesenhoamostralempregadoemcadape‑ríododeestudo.Sãomonitoradossempre10pontosdeamostragem mensal consecutiva e não foram emprega‑dos,emnenhummomento,atrativosparaafauna(isca).

ReSuLTADoS e DISCuSSão

Conforme dados disponíveis na literatura cientí‑fica, há registros recentes do gavião‑pombo‑pequeno(obtidosapartirde2000)nos estadosdePernambuco,Bahia,EspíritoSanto,MinasGerais,RiodeJaneiro,SãoPauloeParaná, estando representados, emsuamaioria,porocorrênciaspontuais(Tabela 1).Registrosanterioresa2000 são tambémencontradosna literaturacientífica

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Ana Carolina Srbek-Araujo; Vinicius Del Gaudio Albergaria e Adriano Garcia Chiarello

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(referenciadosaolongodotexto),destacandoumregistroantigoparaoestadodeSantaCatarina(limitesuldedis‑tribuiçãodaespécie).

Segundo Roda e Pereira (2006), o gavião‑pombo‑pequeno é considerado raro no Centro de EndemismoPernambuco (porção ao norte do Rio São Francisco),ocorrendoemáreasdeflorestasemi‑decíduaeemforma‑ções florestaisabertaseúmidas.Aespécie foi registradanesta regiãoatravésdavisualizaçãodeumespécimeemáreadeflorestamadura,apartirdeamostragensrealizadasem2000(RodaePereira2006).

NosuldaBahia,registrosrecentesdegavião‑pombo‑pequenosãoapontadospara10 localidadesdistribuídasentreosmunicípiosdeNiloPeçanhaePrado,consideran‑do30áreasdeestudoamostradasporCordeiro(2003),entre1999e2001,incluindoaReservaBiológicadeUna(municípiodeUna),oParqueNacionalMontePascoal(municípiodePortoSeguro),oParqueNacionaldoPauBrasil(municípiodePortoSeguro)eoParqueNacionaldoDescobrimento(municípiodePrado).

Silveiraet al.(2005)sugeremapresençadepopula‑ções residentes de gavião‑pombo‑pequeno, assim comodeoutrasavesderapinademaiorporte,naregiãoentreosuldaBahiaeonortedoEspíritoSanto,estandoaperma‑nênciadestes grupos relacionada àutilizaçãode regiõesmontanhosascomolocaisdealimentaçãoereprodução,aexemplodaSerradasLontras‑Javi(próximoaomunicípiodeArataca,Bahia).Paraosautores,aobtençãodeumnú‑merosignificativoderegistrosdaespécieem2001sugereaexistênciadeumvolumesuficientederemanescentes,emboraaregiãoestejacompostaporummosaicodedi‑ferenteshabitats,sendoaSerradasLontras‑Javiumaim‑portanteáreaparaaspopulaçõeslocaisdefalconiformesdemédioegrandeporteemgeral(Silveiraet al.2005).

NoEspíritoSanto,aespécieestápresentenaReservaNaturalVale (RNV;municípiodeLinhares), localizada

naporçãonortedoestado,ondepodeserobservadacomrelativa frequência (A. C. Srbek‑Araujo obs. pess.). NoestudorealizadoporSimonet al.(2007a),noParqueEs‑tadualdaFonteGrande(municípiodeVitória),ogavião‑pombo‑pequenofoiconsideradopoucocomum,apartirdedadoscoletadosem2003.AindanaGrandeVitória,a espécie foi observada sobrevoando a porção de mataque envolve o Convento da Penha (município de VilaVelha),em2007(V.D.G.Albergariaobs.pess.).Ape‑sardeseencontraremumcontextourbano,oespécimeobservado naquela ocasião expressava comportamentosnaturaisparaaespécie,apresentando‑seembomestadoaparentedesaúde.OutrosregistrosdaespécienoEspíritoSanto são apontadospara a regiãodenominadaCaetés,nomunicípiodeVargemAlta,porçãosudestedoestado(Venturini et  al. 2005). Apesar dos registros de gavião‑pombo‑pequenocitadosporRuschi(finaldadécadade1970)paraaReservadeNovaLombardia(atualReservaBiológica Augusto Ruschi) e da visualização de um es‑pécimeem1996,próximoàEstaçãoBiológicadeSantaLúcia,apresençaatualdaespécienaregiãodeSantaTe‑resa(regiãoserranadoestado)foiconsideradaincertaporWilliseOniki(2002).

Zorzin et al. (2006) reúnemvários registrosdaes‑pécie em Minas Gerais, obtidos no período de 1997 a2003, evidenciando a ocorrência da espécie na Cadeiado Espinhaço (porção sul desta formação), incluindo aregião metropolitana de Belo Horizonte (município deNovaLima)eoParqueEstadualdoRioDoce(municí‑piosdeMarliéia,TimóteoeDionísio).Apresençadoga‑vião‑pombo‑pequenonaregiãometropolitanadacapitalmineira tambémfoiconfirmadaporCarvalhoeMarini(2007), apartirde registrosobtidos em1999 (municí‑piosdeBeloHorizonte eNovaLima). Segundoos au‑tores,aespéciefoiconsideradarara,ocorrendoemáreasflorestadasehabitatssemi‑naturais(vegetaçãosecundária

TABeLA 1:Registrosrecentesdegavião‑pombo‑pequeno(Leucopternis lacernulatus)–obtidosapartirde2000,deacordocomdadosdisponíveisnaliteraturacientíficaeopresenteestudo.TABLe 1:Recentrecordsofwhite‑neckedhawk(Leucopternis lacernulatus)–collectedsince2000,accordingtodataavailableinscientificliteratureandthepresentestudy.

Ano Localidade Referência Bibliográfica1997a2003*1 MinasGerais,porçãosuldaCadeiadoEspinhaço Zorzinet al.(2006)1999a2001*1 Bahia,10localidadesdistribuídasnosuldoestado,entreosmunicípiosdeNiloPeçanhaePrado Cordeiro(2003)

2000 Pernambuco,porçãoaonortedoRioSãoFrancisco RodaePereira(2006)2001 Bahia,municípiodeArataca,SerradasLontras‑Javi Silveiraet al.(2005)2003 EspíritoSanto,municípiodeVitória,ParqueEstadualdaFonteGrande Simonet al.(2007a)2003 RiodeJaneiro,municípiodeCachoeirasdeMacacu,ReservaEcológicadeGuapiaçu Olmoset al.(2006)2003 Paraná,municípiodeGuaraqueçaba,ReservaNaturalSaltoMorato StraubeeUrben‑Filho(2005)

2003ou2004*1 EspíritoSanto,municípiodeVargemAlta,regiãodeCaetés Venturiniet al.(2005)2004 SãoPaulo,municípiosdeSantoseCubatão,regiãodoCanaldePiaçaguera SilvaeSilvaeOlmos(2007)

2005a2008*2 EspíritoSanto,municípiodeLinhares,ReservaNaturalVale presenteestudo2007 EspíritoSanto,municípiodeVilaVelha,ConventodaPenha presenteestudo

*1Oanodeobtençãodoregistronãoéespecificadonodocumento.*2Espécieobservadacomrelativafrequênciaduranteoperíodocitado.

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naregiãodetransiçãoentreosbiomasMataAtlânticaeCerrado),nãotendosidoregistradaemáreasurbanizadas(CarvalhoeMarini2007).

ParaoestadodoRiodeJaneiro,Olmoset al.(2006)citamoregistrodegavião‑pombo‑pequenoparaaReser‑vaEcológicadeGuapiaçu(municípiodeCachoeirasdeMacacu), considerando observação efetuada em 2003,emáreadeflorestasecundária.Paraesteestado,Mallet‑Rodrigues et  al. (2007) apresentaram tambémuma co‑letânea de registros obtidos para a região da Serra dosÓrgãos (município de Guapimirim), sendo o gavião‑pombo‑pequeno considerado raro e registrado a partirdeobservaçõesesporádicas,emboranãosejamrelatadosregistrosrecentesconfirmandoapresençaatualdaespécienaregião.AlveseVecchi(2009)tambémcitamapresençade gavião‑pombo‑pequeno em Ilha Grande (municípiode AngradosReis), a partir de coletas realizadas desde1995, emboranão seja apresentada adatados registrosefetuadosoudotérminodoperíododeamostragemcon‑sideradonoartigo.

EmSãoPaulo,SilvaeSilvaeOlmos(2007)apon‑tamapresençadaespécienaregiãodoCanaldePiaça‑guera(municípiosdeSantoseCubatão),em2004,comoregistrodeumespécimeadultoplanando.Segundoosautores, o gavião‑pombo‑pequeno pode ser esporadica‑menteobservadonasencostaspróximasàSerradoMarenosmorrosisoladosaolongodaplaníciecosteira,incluin‑doáreaspróximasacidades(SilvaeSilvaeOlmos2007).

Nosuldopaís,aespéciefoiregistradaporStraubeeUrben‑Filho(2005),naReservaNaturalSaltoMorato(municípiodeGuaraqueçaba,Paraná),apartirde regis‑tros escassos coletados em2003.Embora apresençadogavião‑pombo‑pequeno seja citada por Branco (2000)paraoEstuáriodoSacodaFazenda,nafozdoRioItajaí‑Açú(municípiodeItajaí,SantaCatarina),oautorrelataaobtençãodeumúnicoregistrodaespécie,datadode1997.

SegundoRodaePereira(2006),asprincipaisamea‑çasàconservaçãodogavião‑pombo‑pequenonoCentrodeEndemismoPernambucosãoo isolamentoeabaixadensidadepopulacionallocal,afragmentaçãoeadestrui‑çãodas florestas,emboraostatusdaespéciesejadesco‑nhecidoparaaregião(RodaePereira2006).Deformasemelhante,Zorzinet al.(2006)consideramqueaespéciepodeserconsideradaemdeclínionoestadodeMinasGe‑rais,emdecorrênciadareduçãodosremanescentesflores‑taisdevegetaçãonativa.ParaAmaraleCabanne(2008),atividadescomooavançodaagropecuáriaeaexpansãodaurbanizaçãonaMataAtlântica,comaconsequentedes‑truiçãodobioma,sãoasprincipaisameaçasaestaespéciealtamentedependentedehábitats florestais.Apersegui‑ção para evitar o ataque a animais domésticos tambémtem sido apontada para algumas localidades (Amaral eCabanne2008).

Ogavião‑pombo‑pequenoéatualmenteconsidera‑do “Vulnerável” à extinção internacionalmente (IUCN

2007) e em território brasileiro (Machado et  al. 2005,Amaral e Cabanne 2008). No Brasil, está inserido nacategoria “Criticamente em Perigo” em Minas Gerais(FundaçãoBiodiversitas2007)enoestadodeSãoPaulo(SecretariadeEstadodoMeioAmbiente1998),“EmPe‑rigo”noParaná(InstitutoAmbientaldoParaná2007)e“Vulnerável”noRiodeJaneiro(Alveset al.2000).Ressal‑ta‑seque,entreosestadosbrasileiroscontidosnaáreadedistribuição do gavião‑pombo‑pequeno e que possuemlistaoficialdeespéciesameaçadasdeextinção,oEspíritoSantoéoúniconoqualaespécieaindaéconsideradanãoameaçada(Simonet al.2007b).

Deformageral,pode‑seconsiderarqueadrásticare‑duçãodehábitat,especialmentenasáreasdebaixadaenasencostas em baixas altitudes, revela‑se a principal ame‑aça ao gavião‑pombo‑pequeno (Mallet‑Rodrigues et  al.2007), ressaltandoque a faltade conhecimento a cercadesuahistórianaturaldificultaaelaboraçãodemedidasparaaconservaçãodaespécie,corroborandooapontadoporAmaraleCabanne(2008).

Nestesentido,destaca‑se,porexemplo,aescassezdedadosrelativosaohábitoalimentardogavião‑pombo‑pe‑queno,selimitandoaregistrosgenéricos(grandesgruposzoológicos) e pouco precisos. Assim, pode‑se citar Sick(1997),queconsideraqueestaavederapinaalimenta‑sedebesouros,aranhasepequenasserpentes,complementa‑dopelorelatodeOlmoset al.(2006),queobservaramumexemplarrecémabatidoesemi‑devoradoderã‑manteiga(Leptodactylus ocellatus) (Linnaeus, 1758) (Amphibia,Anura,Leptodactylidae)próximoao localondeumga‑vião‑pombo‑pequenoencontrava‑sepousado, sugerindoautilizaçãodaqueleanfíbiocomorecursoalimentarporestaespéciedepredador.AmaraleCabanne(2008),deformamaisampla,citamautilizaçãodeinsetos,aranhas,moluscos,serpentes,avesemamíferospelaespécie.

Opresenteartigoacrescentaoregistrodepredaçãodeumindivíduo imaturode teiú (Tupinambis meriane)(DumérileBibron,1839)(Reptilia,Squamata,Teiidae)porgavião‑pombo‑pequenono interiordaRNV.Oga‑vião‑pombo‑pequeno foi observado se deslocando atra‑vésdaestradaBicuíba(porçãooestedaRNV,emtrechocomdosselcomunicado),nodia22dejaneirode2006,às17:20 h,contendoummaterialnãoidentificadopresoàsgarras.Apóssobrevoarosobservadores,aaverealizourápidamanobraemdireçãoaointeriordamata(ângulodeaproximadamente90°),abandonandoomaterialquecarregava(Figura 1).Esteeracompostoporumpequenoteiúabatido(aproximadamente20 cmdecomprimentocorporal)eparcialmenteenvolvidoemumafolhasecadeembaúba(Cecropiasp.),sugerindoocomportamentodeapreensãodepresasnosolo,conformeapontadoporSick(1997).

Oteiúrevela‑seumlagartoterrestredegrandepor‑te,podendoalcançarmaisde150 cmdecomprimentototal(PiankaeVitt2003).Mostra‑seativoduranteodia

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e apresenta hábito alimentar onívoro generalista (itensanimais e vegetais), revelando‑se predador de várias es‑péciesdeinvertebradosepequenosvertebrados,estandoamplamentedistribuídonaAméricadoSul(PiankaeVitt2003).Ocorreemvegetaçãoabertaeemáreasdeborda,alémdeestarpresenteemambientesflorestais(WerneckeColli2006).

Registros complementares obtidos durante o estu‑docomarmadilhasfotográficasnaRNV(quatroocasiõesdistintas:7dejaneirode2007às12:36 h;13defevereirode2007às8:34 h;31deagostode2007às13:16 h;e18dedezembrode2007às9:39 h)reforçamocompor‑tamentodeapreensãodepresasnosolo,ondeogavião‑pombo‑pequenofoifotografadonochão,apartirdere‑gistros consecutivos em uma mesma ocasião (intervalomínimode30 s entre fotografias;Figura 2),não tendosidopossível identificar as espécies alvo.Registros foto‑gráficossemelhantesforamtambémobtidosparaouru‑bu‑de‑cabeça‑vermelha(Cathartes aura)(Linnaeus,1758)(Cathartiformes, Cathartidae) e para outras espécies deavesderapinanaRNV,sendoogavião‑carijó(Rupornis magnirostris) (Gmelin, 1788) (Falconiformes, Accipitri‑dae)eumaespéciedecoruja(corujinha‑do‑mato–Me-gascops choliba)(Vieillot,1817)(Strigiformes,Strigidae).Embora as armadilhas fotográficas não se revelem umequipamentodirecionadoparaaamostragemdeAves,osdadosobtidosindicamqueomesmopodeserempregadonaobtençãodedadoscomplementaresparaestegrupo,considerandoasespéciesdemaiorporte(identificáveisapartirdefotografias).

Considera‑se que o desconhecimento sobre o ta‑manhodaspopulaçõeseafaltadeconhecimentoacer‑ca da tolerância das espécies aos distúrbios ambientais

dificultamoestabelecimentodeprogramasespecíficoseprioritáriosparaaproteçãodasavesderapina(RodaePe‑reira2006),bemcomodafaunademaneirageral.Infeliz‑mente,observa‑sequeosFalconiformesaindasãopoucofavorecidosnadefiniçãodeestratégiasparaaconservação

FIGuRA 1:Indivíduoimaturodeteiú(Tupinambis meriane)preda‑doporgavião‑pombo‑pequeno(Leucopternis lacernulatus)naReservaNaturalVale.FIGuRe  1: Immature tegu lizard (Tupinambis meriane) preyed bywhite‑neckedhawk(Leucopternis lacernulatus)attheReservaNaturalVale.

FIGuRA 2:Sequênciaderegistrosobtidosapartirdearmadilhafoto‑gráfica(13defevereirode2007),reforçandoaapreensãodepresasnosoloporgavião‑pombo‑pequeno(Leucopternis lacernulatus).FIGuRe 2:Sequencesof camera trap records (2008February13),demonstrating the prey capture on ground by white‑necked hawk(Leucopternis lacernulatus).

57Revisãodadistribuiçãoedadosdehistórianaturaldogavião‑pombo‑pequeno(Leucopternis lacernulatus),incluindooregistrodepredaçãosobreteiú(Tupinambis meriane)emMataAtlânticadeTabuleiro,sudestedoBrasil

Ana Carolina Srbek-Araujo; Vinicius Del Gaudio Albergaria e Adriano Garcia Chiarello

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dafaunaemáreasdeMataAtlântica,devendoserurgen‑tementeconsideradosemprogramasregionaisdeconser‑vaçãoquevisemomelhorconhecimentodesuahistórianatural e, especialmente, a recuperação das populaçõessilvestres,corroborandocomoapontadoporRodaePe‑reira(2006).

AGRADeCIMeNToS

O presente artigo foi realizado com base em registrosobtidos durante coleta de dados do projeto intitulado “TamanhoPopulacional,DensidadeeUsodoHábitatdaOnça‑pintada(Panthera onca;Carnivora;Felidae)naReservaNaturalVale,Linhares,EspíritoSanto”. Agradecemos à Vale/Instituto Ambiental Vale pelo apoiologístico durante atividades de campo e financiamento concedido.Agradecemos também a Felipe Sá Fortes Leite, Samuel Ferreira eGustavoMaganago,peloauxílionaconfirmaçãodaidentificaçãodasespécies,eaosassessoresad hoc,pelarevisãodomanuscrito.

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Ana Carolina Srbek-Araujo; Vinicius Del Gaudio Albergaria e Adriano Garcia Chiarello

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