Relatório Final de Prática Docente em Ciências Sociais
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Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Faculdade de Educação
Departamento de Ensino e Currículo
EDU02102 – Estágio de Docência em Ciências Sociais II
Professora: Roseli Inês Hickmann
Relatório Final da Prática Docente
em Ciências Sociais - II
“A Sociologia não valeria nem uma hora de esforços
se fosse um saber de especialista reservado aos especialistas.”
Pierre Bourdieu
Kátia Carolina Meurer Azambuja
Porto Alegre, dezembro de 2010.
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Agradecimentos
Gostaria de agradecer a algumas pessoas que contribuíram na minha trajetória:
Inicio agradecendo as professoras Roseli Hickmann e Alinne Bonetti por terem me
orientado na minha formação como professora;
Agradeço as colegas das disciplinas de estágio pelos momentos de trocas de
experiência e descontração. Em especial a Nina Becker que é mais que uma
colega, é uma amiga;
Agradeço ao João Pedro, meu companheiro, que agüentou meus surtos e
desesperos desse período;
Agradeço a Escola 1° de Maio, pelo acolhimento e oportunidade de desenvolver
minha prática docente lá;
Agradeço aos meus alunos e minhas alunas por serem minhas “cobaias”;
Agradeço aos amig@s e companheir@s do Movimento Estudantil que entenderam
minha ausência nesse ano;
Agradeço as minhas companheiras e companheiros do Coletivo de Mulheres
UFRGS por entenderem meu afastamento;
Por fim, agradeço aos meus pais e aos meus irmãos por terem feito de mim o que
sou hoje.
Obrigada!
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SUMÁRIO
1. Apresentação ___________________________________________________ 5
2. Planejamento de Ensino __________________________________________ 6
2.1. Introdução ______________________________________________ 6
2. 2. Fundamentos ___________________________________________ 7
2. 3. Eixo articulador __________________________________________ 8
2. 4. Justificativa _____________________________________________ 8
2. 5. Objetivo Geral __________________________________________ 11
2. 6. Objetivos Específicos_____________________________________ 12
2. 7. Temáticas e Conteúdos ___________________________________13
2. 8. Procedimentos Didáticos __________________________________ 15
2. 9. Recursos Didáticos ______________________________________ 15
2. 10. Avaliação _____________________________________________ 15
2. 11. Cronograma dos 1° anos _________________________________16
2. 12. Plano de Aula e Relatos 1 ________________________________ 16
2. 13. Cronograma dos 3° anos _________________________________31
2. 14. Plano de Aula e Relatos 2 ________________________________ 31
3. Relato das Observações _________________________________________ 48
4. Ensaio _______________________________________________________ 52
5. Referencial Bibliográfico: teórico e de apoio___________________________ 56
6. Anexos _______________________________________________________ 57
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“Vejam bem o procedimento desta gente:
Estranhável, conquanto não pareça estranho;
Difícil de explicar, embora tão comum;
Difícil de entender, embora seja a regra.
Até o mínimo gesto, simples na aparência,
Olhem desconfiados e perguntem
Se é necessário, a começar do mais comum.
E, por favor, não achem natural
O que acontecer:
Não se deve dizer que nada é natural
Numa época de confusão e sangue,
Desordem ordenada, arbítrio de propósito,
Humanidade desumanizada
Para que imutável não se considere
Nada!”
Bertold Brecht
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1. Apresentação
No presente relatório tentarei expressar alguns momentos - ou os principais
momentos – do Estágio de Docência em Ciências Sociais II vividos nesse
semestre que se finda. Desde as aulas da disciplina, passando pelas observações
feitas na escola, a construção do Plano de Ensino, até o ato de ministrar as aulas
propriamente ditas.
Julgo que as aulas presenciais que tivemos da disciplina de estágio foram
muito proveitosas, tanto pelos textos debatidos quanto pela troca de relatos e
experiências com as colegas da turma. A troca de experiências, a meu ver, foi um
exercício muito importante, pois nos auxiliou com a resolução das dificuldades em
comum que estávamos tendo. Quando falo das aulas, não falo somente das desse
semestre, considero também as do semestre passado, pois julgo que a docência
seja uma construção, pois sempre estaremos acumulando conhecimentos e
experiências.
Julgo que as observações feitas na escola foram importantes para eu
conhecer as turmas e elas também me conhecerem, se acostumarem
minimamente com a minha imagem como futura professora deles, mesmo que
temporariamente. Porém julgo ser pouco tempo de observação, apenas 10h em
comparação com o Estágio I, e como não prossegui com minha prática nas
mesmas turmas e tive menos tempo para “conhecer” meus alunos.
Nesse relatório inicialmente tem o Planejamento de Ensino e
posteriormente reflexões acerca da prática docente. E reforço minha posição de
que um planejamento ensino deva ser uma carta de intenções, um tratado teórico-
prático do que a estagiária se pretende e se dispõem desenvolver; tenho o
entendimento que esse tratado deva regado por impressões, experiências,
expectativas e visões de mundo de quem o escreve.
Para concluir essa breve apresentação, considero que a segunda prática de
ensino, numa avaliação geral, não foi tão dolorosa quanto a primeira, creio que
seja porque eu já estava “vacinada” contra algumas coisas – incertezas,
inseguranças e imprevistos – da docência. Mas sobre isso escrevei mais a diante.
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2. Planejamento de Ensino
2.1. Introdução
O presente Planejamento de Ensino foi construído para a disciplina de
Estágio de Docência em Ciências Sociais II, no segundo semestre do ano de
2010, para ser desenvolvido na prática de ensino a ser realizada com quatro
turmas do Ensino Médio na Escola Estadual Normal 1° de Maio. Quais sejam as
turmas, 10A, 10B e 30A nas segundas-feiras no turno da manhã e 30B nas
sextas-feiras pelo turno da tarde.
Por já ter atuado como estagiária anteriormente na escola, pude observar
que a “clientela” é bem específica, se dividindo majoritariamente em duas
“localidades”: estudantes oriundos dos Arquipélagos de Porto Alegre e do Bairro
Navegantes, ainda tendo alguns poucos moradores da Zona Norte, como Sarandi
e Rubem Berta.
Um planejamento da Prática de Ensino, a meu ver é como uma carta de
intenções, um tratado teórico-prático do que a estagiária se pretende e se dispõem
desenvolver. Então, tenho o entendimento que esse tratado será regado por
impressões, experiências, expectativas e visões de mundo de quem o escreve.
Esse planejamento de ensino tem dois eixos articuladores: “Desigualdades,
Cidadania e Juventude” e “Participação Política e Inclusão Social”. Pretendo, com
esse plano, abordar primeiramente, algumas das principais diferenciações sociais
e que, por conseguinte, tornam-se desigualdades sociais. Nesse sentido,
elementos como a desnaturailização e a problematização das relações sociais são
chaves nesse processo. Num segundo momento, trabalhar com cidadania,
tentando fazer uma relação com a questão das desigualdades e, por meio do
exercício de nossa cidadania, tentarmos transformar e/ou amenizar esses
problemas. Cidadania essa que entende o cidadão não apenas como o “cidadão
de bem”, a pessoa que paga seus impostos, respeita as leis e mantém a ordem;
mas sim o cidadão que intervém na realidade da sociedade na qual está inserido.
O primeiro eixo será desenvolvido com as turmas do primeiro ano, já o eixo
de “Participação Política e Inclusão Social” trabalharei com as turmas do terceiro
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ano. Tenho o intuito de introduzir aos estudantes que estão saindo da escola e
entrando para o “mundo adulto”, alguns elementos importantes para
compreenderem “o mundo lá fora”, de forma a facilitar e qualificar o seu trânsito
por ele.
O seguinte plano de ensino está basicamente dividido em duas partes: uma
mais política e outra mais técnica. A primeira abordará os pressupostos teóricos
que utilizarei, minha visão de mundo, sociedade e educação. A segunda parte
consta os conteúdos, as metodologias, o cronograma, o desenvolvimento de plano
de ensino, que não deixa de ter posição também, mas não é tão “explicitamente”
político. Dentro dessa divisão mais técnica terá a subdivisão do planejamento para
os primeiros anos e para os terceiros anos. Entende-se essa divisão política e
técnica como sendo uma questão meramente de organização didática do plano,
pois esses dois universos estão constantemente interligados.
Por fim, a construção desse planejamento teve como objetivo a tentativa de
fornecer aos estudantes, com os quais desenvolverei minha prática docente, os
instrumentos básicos para a percepção da complexidade social, assim mantendo
uma postura questionadora diante da vida em sociedade, sentindo-se à vontade
para exercer seus direitos e deveres como cidadão.
2. 2. Fundamentos
Pensar um plano de ensino para o Ensino Médio é pensar a
intencionalidade que se quer dar a ele. As Ciências Sociais, e nesse caso a
Sociologia especificamente, são dotadas de uma série de elementos – conceitos,
teorias, objetos, princípios - que reafirmam o grande universo de temas em que
atua. Nesse sentido, pensar um plano de aula é, necessariamente, excluir (porém
incluir outros), ou tratar tangencialmente, uma imensidade de temas e
problemáticas sociais que são, também, próprias da sociologia; e por outro lado,
privilegiar e dar ênfase a outros.
O que determina essa escolha? São, acredito eu, posições políticas e
ideológicas da educadora, que fazem parte do seu universo social e que são
compartilhadas das suas visões e concepções de mundo. Não podemos pensar o
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plano de ensino sob o prisma da neutralidade. Pois “ser neutro é uma posição
política muito especial” (Ianni, 1896 p. 24). Florestan Fernandes, ainda nesse
debate, coloca que “a neutralidade ética comparece, aqui, como componente
essencial desse processo de acomodação intelectual e social, pelo qual o
sociólogo pode oscilar, na esfera da prática, do reformismo esclarecido, ao
conservadorismo conseqüente e à apologia à ordem” (Ianni, 2004 p. 56). Quero,
com essa citação não só defender o posicionamento da educadora/socióloga
como um sujeito agindo no mundo, porém, colocar que não se posicionar, e
apostar na neutralidade é uma postura antiética, no sentido do Leonardo Boff
(1999), qual seja “o cuidado com o outro”, que o educador tem. Ou seja, ser
“neutro” é uma maneira de contribuir para a perpetuação da sociedade como ela
está, sem, com isso, colocar essa perspectiva de maneira clara e sincera para os
educandos.
Como fundamento, no entanto, entendo que minha prática nesse plano de
ensino deve ser a de desconstruir a naturalidade de como se entendem as
relações sociais, colocados cotidianamente na realidade – entendendo que todos
nós temos práticas naturalizadas. Acredito que com esse ímpeto, e amparada com
metodologias próprias é possível tornar a sociologia uma disciplina interessante,
empolgante e mobilizante da juventude, que terá condições de ver nela uma real
aproximação com os temas e debates pertinentes do universo dos educandos.
2. 3. Eixo articulador
Desigualdades, Cidadania e Juventude; e Participação Política e Inclusão
Social.
2. 4. Justificativa
Como já explicitei anteriormente, a neutralidade da educação é uma falácia,
mesmo sob aspectos axiológicos, como diria Max Weber. Nesse sentido, as
justificativas pertinentes a cada plano de ensino, correspondem às expectativas e
intenções dos educadores frente à realidade social. Neutralidade essa que me
refiro não é a tratada na academia, pois na contemporaneidade a questão da
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“neutralidade acadêmica” já foi (boa parte) superada. Porém minha preocupação é
com a dita neutralidade reproduzida nas salas de aula (salas de professores) nas
escolas.
Nesse processo, privilegiamos alguns conteúdos em detrimentos de outros,
sob o prisma da pertinência deles na construção dos seres que queremos ver
edificando o mundo tal como esperamos. Claro que isso em termos ideais e no
inconsciente que necessita ser explicitado. Na prática sabemos que os objetivos
propostos por nós, na maioria das vezes, não são as realidades encontradas no
interior das salas de aula em que estamos lecionando. No entanto, essa
perspectiva não invalida a necessidade de traçarmos objetivos a alcançarmos com
os conteúdos trabalhados em sala de aula.
Justifico a pertinência da temática: “Desigualdades, Cidadania e
Juventude”, a qual pretendo desenvolver com as turmas do primeiro ano, uma vez
que vivemos em um contexto social em que, cotidianamente, somos interpelados
por essa realidade. No entanto, no Brasil, essas desigualdades, mesmo que
afrontadas diariamente por todos nós, não estão nos principais debates e nem
configuram os principais questionamentos entre os educandos e a comunidade
escolar. O nosso país historicamente adotou uma postura de “camuflar” as
desigualdades sociais, e esta alternativa tem sido bem sucedida, apesar de as
diferenciações sociais serem gritantes. Por mais que na última década,
especialmente nesse último mandato presidencial, o assunto esteve mais em voga
na mídia, ele é tratado de forma superficial, pois muito se fala, tanto no senso
comum quanto na academia, mas de fato pouco se faz, pouco se resolve esse
problema tão grave em nossa sociedade.
O mesmo se configura com relação ao debate das diferenciações entre os
sexos. Os temas e os estudos relacionados com educação e gênero permanecem
muito restritos aos debates acadêmicos, não tendo, na prática, incidência nas
escolas. Nesse sentido, faz-se essencial o debate acerca das diferenciações de
gênero, as quais também configuram desigualdades sociais, expressas tanto do
ponto de vista simbólico, com as diferenciações nos espaços públicos / privados,
quanto do ponto de vista real, expresso na violência física e na remuneração
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salarial. Apesar de gritante, essa também é uma temática que normalmente passa
despercebida entre os educandos, prioritariamente no que tange às mulheres, as
quais nem sempre conseguem identificar e sistematizar, na maioria das vezes, as
diversas demonstrações cotidianas de opressão na nossa sociedade.
As diferenciações/desigualdades de classe configuram outro elemento que
não está explícito na nossa sociedade. Apesar de diariamente nos defrontarmos
com a pobreza, a fome e a miséria, as mesmas normalmente não são
problematizadas entre os jovens (pelo menos não massivamente), quando não
são naturalizadas pelos menos. É nítido, do ponto de vista material e simbólico, as
diferenciações entre ricos e pobres, porém são mistificadas sob diferentes
prismas, seja das condições transcendentais - as quais afirmam que é assim por
que uma força maior determina, seja das condições individuais - os pobres são
pobres por que não se esforçam. Além disso, a sociedade globalizada e moderna
em que vivemos hoje explora essas contradições e as mistifica. Utilizando-se das
desigualdades para naturalizá-las entre os indivíduos.
O debate sobre Cidadania com os educandos vem no bojo de todas as
questões elencadas acima: a partir do momento em que o jovem identifica as
desigualdades impostas pela sociedade, percebe as opressões sutis cotidianas,
ele também deve conhecer as ferramentas que estão a seu favor para uma futura
transformação dessa realidade. Creio que com os elementos que pretendo
trabalhar com os alunos, eles consigam fazer uma análise crítica da realidade,
fazendo a trajetória de reflexão, pensamento e prática.
Já nas turmas dos terceiros anos, entendendo que ao longo do Ensino
Médio os alunos tiveram algum contato com os temas de Desigualdade e
Cidadania, pretendo desenvolver a temática “Participação Política e Inclusão
Social”, visto que estão saindo da escola e entrando no mundo do trabalho
(caminho natural para a maioria), na “vida adulta”, e em partes a escola tem a
tarefa de “preparar o jovem” para ser um adulto socialmente preparado.
Nessa “vida adulta” (aspas, pois se têm vários debates de até aonde vai a
juventude, a fronteira da adolescência e da vida adulta) vão se deparar com
situações inéditas em suas vidas até então: decisões a serem tomadas no sentido
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de uma escolha, de uma posição e dificuldades de se encontrar, de se incluir
numa sociedade cada vez mais excludente.
Creio que a temática da Inclusão Social, pelo prisma das Ações Afirmativas,
seja um assunto extremamente relevante e útil, pois pelas condições
socioeconômicas da maioria dos alunos, muitos necessitarão dessas ações para
uma melhor inclusão nesse mundo adulto. E como tenho entendimento que a
escola deve fornecer o maior número possível de ferramentas para melhor
preparar seus estudantes para o mundo, debater essas temáticas em sala de aula
lhes fornecerá minimamente algum aporte para tal.
Acerca da temática de Participação Política, julgo ser uma pauta muito
importante a ser tratada com esses jovens que estão iniciando sua “vida política”,
pois já possuem título eleitoral e votarão no próximo pleito e merecem ter uma
participação qualificada nesse processo. A juventude está deixando de ser
encarada como um grupo, ou uma fase problemática, para se tornar “um ator
estratégico do desenvolvimento” (Aquino, 2009 p. 26).
Essa mudança de perspectiva sobre a juventude se dá pelo crescimento
populacional desse segmento no mundo. Esse novo enfoque acerca da juventude
exige medidas e investimentos preparatórios, principalmente em educação, para
um maior acúmulo de “capital humano” para esses jovens e um incentivo a
participação política, a um protagonismo juvenil.
É a partir desse entendimento que acredito ser relevante, e até mesmo
essencial, a abordagem da Sociologia sob o ponto de vista do desvendamento e
explicitação dessas desigualdades, que se fazem presentes na nossa
cotidianidade. Portanto, esse tema, em conjunto com a temática da inclusão social
e participação política, não foi escolhido aleatoriamente, e sim pensado na sua
relevância, atualidade e presença na sociedade.
2. 5. Objetivo Geral
A disciplina de Sociologia poderá dar aporte aos alunos para uma melhor
preparação para a vida em sociedade, a partir da compreensão de que os seres
humanos são condicionados socialmente e não determinados biologicamente, e
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que tem seus comportamentos influenciados por normas como os usos, costumes
e leis do grupo ao qual está inserido. Então, busca-se tentar construir uma
desnaturalização do social, do cotidiano, dos nossos próprios comportamentos,
saindo das posições naturalizadas e das verdades banalizadas que nos são
impostas diariamente pelos discursos predominantes, como a mídia, por exemplo,
com vistas a promover/proporcionar aos alunos um olhar problematizador e
reflexivo sobre a sociedade que estão inseridos e os espaços que irão se inserir
futuramente.
2. 6. Objetivos Específicos
- Apresentar a Sociologia (Ciências Sociais) para os alunos com vistas a promover
a familiarização deles com a disciplina, pois é a primeira vez que muitos deles
estão tendo contato com ela; e nessa apresentação tentar mostrar como a
Sociologia pode ser útil para a vida cotidiana;
- Promover a compreensão das práticas cotidianas de produção e reprodução da
desigualdade como: furar a fila, divisão de VIPs e “comuns”, etc; com vistas a
demonstrar que estas distinções “corriqueiras” criam desigualdades que as vezes
não existiriam “normalmente”;
- Esclarecer a distinção entre os conceitos: Diferença e Desigualdade Social; para
promover a maior compreensão de como diferenças naturais se transformam em
desigualdades que são naturalizadas;
- Promover uma aproximação dos alunos com seus direitos e também deveres
como cidadãos, para assim, terem elementos mínimos para uma futura
transformação de suas realidades;
- Colocar no horizonte dos educandos que é necessário haver Ações Coletivas, e
organização entre os indivíduos para que os mesmos possam reivindicar e fazer
acontecer transformações que são importantes na sociedade;
- Fazer com que os discentes exercitem a reflexividade nas suas ações rotineiras
para que avaliem se há necessidade de alguma mudança interna para melhor se
relacionar com seus pares.
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2. 7. Temáticas e Conteúdos
1) Definições de Sociologia
- O que é a sociologia? Qual a sua especificidade
- Para que ela serve, o que, prioritariamente ela estuda?
- De que forma podemos identificar a sociologia na nossa vida? Como
pensar essa disciplina em termos práticos do dia-a-dia?
2) Cidadania
- Direitos
- Deveres
- Estatuto da Criança e do Adolescente
- Construção da Cidadania
- Movimento Estudantil
3) Diferença e Igualdade
- O que é diferença?
- O que é igualdade?
- Por que as diferenças se transformam em desigualdades?
4) Relações/Desigualdades de Gênero
- O que é gênero?
- O que é sexo
- Problematização do que é opressão de gênero.
- Visualização das opressões das nossas práticas cotidianas
- Como eles vêem as relações de diferenciação/desigualdades nos seus
universos familiares e escolar.
- O que é biologicamente determinado e o que é socialmente construído.
- Quais as principais características criadas pela sociedade sobre o que é
ser Homem e ser Mulher?
- Lei Maria da Penha
5) Diferenciações/Desigualdades de Classe
- Como se formam os salários
- Como se dá apropriação privado do trabalho
- Quem controla os meios de produção e quem trabalha
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- Mais-Valia
6) Democracia
- Tipos de democracia
- Participação política decisória na escola
- Participação Política
- Eleições
7)Inclusão Social
- Exclusão e inclusão Social
- Ações Afirmativas
- Descriminação Positiva
2. 8. Procedimentos Didáticos
Creio na capacidade de mobilização dos estudantes para a participação em
sala de aula, por isso tentarei apostar em metodologias diferenciadas que vão
além da aula expositiva e da lousa. Por isso, buscarei outras formas de debater os
temas propostos para que as aulas tenham um caráter menos formal e tradicional,
e passem a ser um espaço da convivência e do diálogo, sem perder de vista as
minhas responsabilidades como docente no que tange à organização e ao
planejamento das aulas, no intuito de sistematizar esses conteúdos e apresentá-
los de forma menos abstrata.
Pretendo instituir, de acordo com a aceitação de cada turma, aulas em
círculo com o intuito de desconstruir as formas impositivas, fixas e formais com as
quais os alunos são postados uns de costas para os outros em fileiras. Também
tentando propiciar aos estudantes um maior conhecimento de seus colegas e de
suas expressões de uma forma direta.
De acordo com o andamento das 8/9 aulas pretendo realizar atividades
individuais, em pequenos grupos e no grande grupo também, para proporcionar o
melhor desenvolvimento e aproveitamento de cada educando. Sempre articulando
as dinâmicas com aulas expositivas e dialogadas.
Para otimizar o curto tempo de cada período, tentarei entregar para os
alunos pequenos textos fotocopiados com a teoria de cada aula, evitando a perda
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de tempo em passar a matéria na lousa. Mas nunca descartando a sua utilização
de acordo com as condições objetivas de preparo de cada aula.
2. 9. Recursos Didáticos
- Lousa;
- Giz;
- Fotocópias de textos;
- Canetas hidrocor;
- Folha de ofício;
2. 10. Avaliação
De acordo com o PPP (Plano Político Pedagógico) da escola, a avaliação é
um processo sistemático de diagnosticar, acompanhar e assistir o desempenho do
aluno. Caracteriza-se por ser ampla, contínua, global, cumulativa e participativa. A
avaliação do aluno deverá ser expressa em conceitos, trimestralmente e terá em
vista os objetivos estabelecidos nos programas de trabalho do professor,
buscando desenvolver competências e habilidades.
Os instrumentos avaliativos e seus critérios serão expostos de maneira
clara para os alunos no início do nosso período de estágio. No entanto também
será constantemente observada e avaliada a participação do aluno nas atividades
propostas pela estagiária, contribuição com o debate em sala de aula, colaboração
e atuação nos trabalhos individuais, em duplas ou em grupo.
Outros quesitos importantes da avaliação também serão a análise da
percepção do conteúdo pelo aluno, a apreensão dos conceitos, a percepção das
diferenças; sempre entendendo e respeitando as diferenças existentes entre os
alunos e suas experiências de vida.
Para dar conta dessa diversidade entre os alunos, que se faz importante
propor atividades distintas de avaliação, como trabalhos individuais, em grupo,
dissertações, apresentações orais, dentre outras modalidades para que todo(a)s
estudantes se sintam à vontade de participar.
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Convenções adotadas, pela escola, para expressar os resultados da
avaliação são:
PS (Plenamente Satisfatório) – quando o aluno atinge os objetivos
propostos em sua plenitude, ou seja, atinge integralmente o estabelecido.
S (Satisfatório) – quando o aluno atinge os objetivos propostos em seus
aspectos mínimos e necessários para a série seguinte.
NS (Não Satisfatório) – quando o aluno não atinge os objetivos mínimos
para a série seguinte.
2. 11. Cronograma para os 1° anos1
1ª aula – 13/09 – Apresentações: da estagiária, dos estudantes e da Sociologia
Feriado – 20/09
2ª aula – 27/09 – O que é Cidadania? O que faço com ela?
3ª aula – 04/10 – Diferenças e desigualdades, isso existe mesmo?
4ª aula – 11/10 – Existe diferença entre homem e mulher?
5ª aula – 18/10 - Por que não posso ter tudo que quero?
6ª aula – 25/10 – Democracia
7ª aula – 01/11 – Organização e Participação Política
8ª aula – 08/11 – Finalização: avaliação e encerramento
2. 12. Plano de Aula e Relatos 1
1ª aula – 13/09 – Apresentações: da estagiária, dos estudantes e da Sociologia
Inicialmente pretendo pedir para que os estudantes formem um círculo com
cadeiras e sentem-se uns ao lado dos outros, também me postarei na roda.
Pedirei para que todos se apresentem, iniciando por mim, falando informações
pessoas que julguem ser pertinente para que nos conheçamos: idade, onde mora,
time que torce, em quais escolas estudou, etc.
1 Referente ao cronograma: há possibilidade, de acordo com o desenvolvimento das turmas, uma
inversão na ordem das aulas.
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Após, fazer “acordos de convivência” em sala de aula. Deixá-los
construírem junto comigo, regras e acordos para uma convivência harmoniosa,
forçando-os a respeitarem as regras, uma vez que eles participaram da sua
discussão.
Por último, apresentar para eles a Sociologia, a Ciências Sociais como um
todo, como é o curso, quais seus objetos e objetivos de maneira expositiva. Uma
familiarização inicial com a disciplina. Entregarei um material fotocopiado
elaborado por mim com os conceitos das três principais áreas das Ciências
Sociais: a Antropologia, a Sociologia e a Ciência Política.
Tendo como objetivo uma familiarização inicial entre os estudantes e a
estagiaria, e entre os primeiros e a Ciências Sociais; para com esse conhecimento
mínimo consigamos ter boas relações para podermos conduzir os trabalhos de
uma forma harmoniosa durante o processo do estágio.
Relato da aula:
Essa primeira aula se desenvolveu conforme o planejado, a única coisa que
não fiz foi entregar o material fotocopiado com os conceitos das três principais
áreas das Ciências Sociais, pois avaliei que ficaria muito impessoal, que seria
preferível eu explanar sobre a disciplina e os alunos irem me perguntando mais
coisas que quisessem saber.
Creio que o objetivo foi alcançado, nas duas turmas, que seria a nossa
familiarização inicial: dos estudantes comigo e dos estudantes com as Ciências
Sociais. Mesmo os alunos estando meio tímidos, alguns somente diziam seus
nomes e idade, creio que foi um inicio tranqüilo, amigável.
Feriado – 20/09
2ª aula – 27/09 – O que é Cidadania? O que faço com ela?
Tendo como referência o conceito de cidadania proposto por Pérsio de
Oliveira em seu livro didático, pretendo introduzir essa temática aos educandos a
partir do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e de alguns pontos da
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Declaração dos direitos Humanos. Fazendo a leitura de um material contendo
partes dos documentos citados acima, e posteriormente fazer o debate, de
algumas partes que sejam mais pertinentes para o perfil de cada turma.
Tentando trazer à tona à “posse” de direitos civis e políticos, mas também a
responsabilidade com os seus deveres de cidadãos. Avaliarei o entendimento do
conceito de cidadania e a detenção de direitos e deveres por parte dos
educandos.
Relato da aula:
Iniciei a aula passando para eles uma folha para colocarem seus nomes e
números da chamada, pois não me foi entregue os cadernos de chamada.
Posteriormente me apresentei novamente para as turmas, pois nas duas tinham
alunos que faltaram na aula anterior. Então, após o inicio formal da aula falei um
pouco sobre o assunto da aula, Cidadania, e entreguei para eles um material
fotocopiado elaborado por mim com conceitos de cidadania, direitos civis, direitos
políticos e deveres. No material também continham alguns direitos e deveres dos
jovens previstos no ECA.
Após a entrega do material, pedi para que os alunos se organizassem entre
si e alguns lessem em voz alta o material. Então quatro alunos lerem os primeiros
conceitos e em seguida começamos a debater o que eles achavam que era
cidadania, o que eles entendiam sobre o que é ser cidadão, sobre o fato de termos
também deveres e não somente direitos, e assim o debate foi fluindo.
Posteriormente ao debate inicial pedi mais alguns alunos lerem a parte que
falava sobre o ECA e retomamos ao debate sobre direitos e deveres dos jovens.
Então veio a tona a reclamação da turma 10A em relação ao problema que
tiverem com alguns professores por causa do livro didático, que os alunos não
levavam todas as aulas e que a direção, sendo eles, iria chamar o Conselho
Tutelar para resolver essa questão.
Creio que a aula tenha sido proveitosa, pois muitos alunos participaram
tanto da leitura do material quanto do debate.
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Prática Docente em Ciências Sociais II - Disciplina de Sociologia Geral - Estagiária Kátia Azambuja
2° aula – 27/09/10: O que é Cidadania? O que faço com ela?
Cidadania: O conceito de cidadania sempre esteve fortemente "ligado" à noção de direitos, especialmente os
direitos políticos, que permitem ao indivíduo intervir na direção dos negócios públicos do Estado,
participando de modo direto ou indireto na formação do governo e na sua administração, seja ao votar
(direto), seja ao concorrer a cargo público (indireto). No entanto, dentro de uma democracia, a própria
definição de Direito, pressupõe a contrapartida de deveres, uma vez que em uma coletividade os direitos de
um indivíduo são garantidos a partir do cumprimento dos deveres dos demais componentes da sociedade.
Direitos Civis: são as proteções e privilégios de poder pessoal dados a todos os cidadãos por lei. Direitos civis
são distintos de "direitos humanos" ou "direitos naturais". Direitos civis são direitos que são estabelecidos
pelas nações (países) limitados aos seus limites territoriais, enquanto direitos naturais ou humanos são direitos
que muitos dizem que os indivíduos têm por natureza ao nascer.
Direitos Políticos: constituem um conjunto de normas constitucionalmente fixadas, referentes à participação
popular no processo político. Dizem respeito, em outras palavras, à intervenção do cidadão na vida pública de
determinado país. Correspondem ao direito de sufrágio (voto), em suas diversas manifestações, bem como a
outros direitos de participação no processo político.
Deveres: são o conjunto das obrigações dos cidadãos em absoluto ou em determinada situação.
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
Direitos:
O que é justo conforme a lei: Privilegio que alguém tem de exigir conjunto de normas e regras proteção
integral.
À vida e saúde;
À liberdade, respeito e dignidade;
À convivência familiar e comunitária;
À educação, cultura, esporte e lazer;
À profissionalização e proteção ao trabalho.
Deveres:
Cumprir regras e normas
Obedecer a ordens dos pais, familiares e professores
Participar da convivência familiar e comunitária
Estudar e freqüentar a escola
Respeitar todas as pessoas independentes de raça, cor, sexo, religião ou classe social
Preservar os espaços públicos e meio ambientes
Procurar o conselho tutelar sempre que tiver dúvida sobre direitos e deveres a serem cumpridos.
20
3ª aula – 04/10 - Diferenças e desigualdades, isso existe mesmo?
Nessa aula pretendo elucidar e problematizar porque as diferenças
existentes entre os indivíduos na sociedade se tornam desigualdades sociais.
Trazendo os conceitos de igualdades, desigualdade e diferença. Trabalharei
também com dados sobre desigualdade no Brasil, principalmente nos indicativos
de trabalho, renda e educação.
Problematizar a idéia de uma coexistência de igualdade formal, com direitos
e deveres, com desigualdade na prática da vida cotidiana, com o intuito da
percepção de práticas cotidianas que produzem e reproduzem essa distinção.
Pretendo entregar para a turma um material fotocopiado com os conceitos
de igualdade, equidade, diferença, desigualdade e exclusão. Fazer a leitura do
material, pedindo para que alguns alunos leiam e após a leitura debatermos
coletivamente, no grande grupo, esses conceitos e a relação existente entre eles.
Pretendo avaliar o entendimento dos conceitos pelos alunos, de acordo
com as relações que fizerem com suas realidades.
Relato da aula:
Iniciei a aula retomando um pouco o que tínhamos trabalhado na aula
anterior, o que seria cidadania, e relacionando com o assunto que iríamos
trabalhar nessa aula, desigualdades sociais. Após a introdução da aula, entreguei
para eles um material fotocopiado elaborado por mim com os conceitos de
principio de igualdade, de equidade, de diferença, de desigualdade e de exclusão.
Após a entrega do material pedi para que alguns alunos o lessem e
posteriormente a leitura, expliquei um pouco mais “mastigado” os conceitos e em
seguida começos o debate no grande grupo sobre os conceitos e a relação entre
eles. Mas nessa aula inicial sobre desigualdade as duvidas e confusões entre
diferença e desigualdade ainda são muitas.
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Prática Docente em Ciências Sociais II -Disciplina de Sociologia Geral - Estagiária Kátia Azambuja
3ª aula – 04/10 - Diferenças e desigualdades, isso existe mesmo?
Princípio de Igualdade
Indivíduos que tenham as mesmas condições de acesso a direitos e deveres. Esta igualdade é
construída socialmente, e atualmente no liberalismo (sistema no qual vivemos), é apenas igualdade
perante a lei. Direito à diferença, sendo a necessidade de grupos em expor as diferenças, quando
estas os excluem dos processos de participação econômica, política, social e cultural.
Equidade
Não é a mesma coisa que igualdade, que pressupõem condições iguais de acesso a determinados
serviços, como por exemplo educação. Equidade é condição diferenciada de distribuição do acesso
a esses serviços, para equilibrar as desigualdades que possam ter anteriormente, como por exemplo,
acesso a educação desigual nas Regiões do Brasil.
Diferença
A diferenciação ocorre quando não há uma identidade reconhecível entre as partes.
Identidade é um significado socialmente atribuído, resultado de um processo de produção simbólica
e discursiva, no qual a diferença passa a ser o ―não-é‖. Aquilo que pertence à esfera de identidade é
o contrário do que está contido na esfera da diferença.
Desigualdade
Cada sociedade gera formas de desigualdade específicas, que são o resultado de como essas
sociedades se organizam. As desigualdades assumem formas diferentes porque são constituídas a
partir de um conjunto de elementos econômicos, políticos e culturais próprios de cada tipo de
organização.
A vida social produz e reproduz desigualdades a todo instante e em todos os níveis, não apenas
econômicos, uma multiplicidade de relações contraditórias que, por sua vez, são responsáveis pela
manutenção das desigualdades sociais. Participar de uma classe social significa, para o indivíduo,
partilhar de diversas atividades sociais, na escola, na família, no trabalho, etc., que definem uma
forma de pensar e de conceber a si próprio e aos outros.
Exclusão
Processo no qual as diferenças convertem-se em desigualdades, gerando privação de participação de
algum processo: cultural, econômico ou político. A exclusão é decorrente da desigualdade social e
da excessiva concentração de renda de uma sociedade nas mãos de poucas pessoas. Nesse caso,
grande parte da população se vê excluída dos benefícios dessa sociedade e impossibilitada de
satisfazer suas necessidades básicas como: alimentação, vestuário, educação e saúde.
22
4ª aula – 11/10 – Existe diferença entre homem e mulher?
Com essa temática pretendo problematizar com os educandos as
diferenças existentes entre homens e mulheres, tentando elencar conjuntamente
com os alunos as diferenças biológicas e as socialmente construídas. E a partir
dessa reflexão, analisar porque essas diferenças se tornaram desigualdades.
Tenho como objetivo desnaturalizar alguns padrões culturais acerca da
construção das características de ser homem e ser mulher e questionar os “papéis
sociais” de cada gênero.
Pretendo apresentar um material para a turma com informações e dados
estatísticos em infográficos que mostrem a desigualdade de gênero no Brasil, nos
indicadores de escolarização, emprego e renda. Pedirei para os alunos se
dividirem em pequenos grupos, analisarem debaterem o material entregue.
Posteriormente fazer o debate no grande grupo.
Relato da aula:
A título de registro essa aula não ocorreu dia 11/10 e sim dia 18/10 porque
a escola resolveu fazer “ponte” no feriado de Nossa Senhora Aparecida.
Iniciei a aula retomando os assuntos da aula anterior que seriam
balizadores para essa aula de hoje, diferença e desigualdade. Em seguida pedi
para os alunos se dividirem em pequenos grupos para realizar atividade. Entreguei
para eles um material com dados mundiais sobre a desigualdade de gênero e
outro material com infográficos elaborados pelo IPEA com informações sobre a
desigualdade de raça e de gênero no Brasil.
Pedi para que os estudantes lessem nos grupos os materiais que entreguei
e que depois debatessem o que entenderam ou as duvidas que tivessem. Após a
leitura e o debate no pequeno grupo solicitei aos alunos que escrevessem o que
eles acham sobre a desigualdade entre homens e mulheres. Se ela existe mesmo,
se existe, por que ela existe e como ela acontece. Para eu poder avaliar qual o
entendimento que eles estão tendo da temática da desigualdade.
Em casa li os trabalhos deles, mas não foi muito animador, pois vi que eles
confundem muito diferença com desigualdade.
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Prática Docente em Ciências Sociais II
Disciplina de Sociologia Geral Estagiária Kátia Azambuja
4ª aula – 18/10 – Existe diferença entre homem e mulher?
Dados mundiais mulheres Homens
População 51% 49%
Trabalho mundial realizado (produtivo+reprodutivo+gestão
comunitária)* 70% 30%
Salários em circulação 10% 90%
Meios de produção 1% 99%
Cúpula do poder formal 4% 96%
População pobre 3/4 1/4
População analfabeta 2/3 1/3
*Entende-se como trabalho produtivo aquele que é feito em troca de pagamento (dinheiro ou
mercadorias); o trabalho reprodutivo não se limita às responsabilidades de gerar e criar filhos mais
as tarefas domésticas que são desempenhadas com a finalidade de manter e reproduzir a força de
trabalho; o trabalho de gestão comunitária se refere à provisão e manutenção de bens de consumo, tais como habitação, abastecimento d'água, serviço de saúde e educação, ou seja, bens necessários à
reprodução ampliada da força de trabalho.
Fonte: Relatórios da Organização das Nações Unidas - 1995 e 1996
O Relatório Global de Desigualdade de Gênero 2010, apresentado nesta terça-feira, 12 de
outubro, em Nova York, indica que os países nórdicos seguem liderando o ranking dos países com
menor desigualdade entre homens e mulheres. O Brasil cai quatro posições em relação ao ano
passado e aparece em 85º lugar. Elaborado pelo Fórum Econômico Mundial (FEM), o relatório
analisa diversos fatores para avaliar o desempenho de 134 países em relação às diferenças entre
gêneros na sociedade. Quatro países nórdicos encabeçam o topo do ranking. São eles, em ordem:
Islândia, Noruega, Finlândia e Suécia. O quinto colocado é a Nova Zelândia.
Segundo o documento, o Brasil, que estava em 81º lugar na lista do ano passado, caiu
quatro posições devido a perdas em educação e no poder político, bem como ganhos relativos de
outros países. Apesar do aumento de matrículas de meninas no ensino primário (93%), o país ainda
registra maior proporção de meninos (95%), constata o texto. A participação feminina no mercado
de trabalho (64%) é ainda significativamente menor que a masculina (85%), além do fato de a renda
estimada delas ser menor que dois terços da deles, acrescenta.
De acordo com o relatório, a percepção de salários para o mesmo tipo de trabalho no Brasil
é uma das piores do mundo, colocando o país em 123º colocado nesse quesito - esse dado veio
24
piorando constantemente nos últimos três anos. As mulheres representam apenas 9% dos
parlamentares no Brasil e somente 7% dos cargos de nível ministerial, destaca o documento,
segundo o qual o país está, respectivamente, na 108ª e 102ª colocação nesses quesitos.
Em relação aos países da América Latina, o Brasil fica atrás de Trinidad e Tobago (21ª),
Cuba (24º), Costa Rica (28º), Argentina (29º), Nicarágua (30º), Panamá (39º), Equador (40º), Chile
(48º), Honduras (54º), Colômbia (55º), Uruguai (59º), Peru (60º), Venezuela (64º), Paraguai (69º),
República Dominicana (73º) e Bolívia (79º). Na mesma comparação, o Brasil só fica à frente de El
Salvador (90º), México (91º) e Guatemala (109º).
Entre outros destaques do relatório, estão os Estados Unidos (19ª), que melhoraram 12
posições em relação ao ano passado. Já entre os países europeus, a França ficou em 46º lugar,
despencando 28 posições de 2009 para cá. Na Ásia, as Filipinas (9º) são o país mais bem colocado,
enquanto a China se mantém em 61º e o Japão passou a 94º, avançando sete posições.
Na África, são Lesoto (8º) e África do Sul (12º) os que ocupam as melhores posições
devido ao aumento da participação feminina no mercado de trabalho. Já a situação do mundo árabe
continua sendo das mais atrasadas, pois quase todos estão entre os piores, como ocorre com
Emirados Árabes Unidos (103º), Kuwait (105º), Tunísia (107º), Barein (110º), Catar (117º), Argélia
(119º), Jordânia (120º), Irã (123º), Síria (124º), Egito (125º), Turquia (126º) e Marrocos (127º). Os
últimos colocados do ranking são Paquistão (132º), Chade (133º) e Iêmen (134º).
Exercício em grupo (5 ou 6 ) - Para entregar e vale nota:
A partir da leitura do texto acima e do outro texto com os infográficos (desenhinhos), escreva o que
vocês acham sobre a desigualdade entre homens e mulheres. Se ela existe mesmo? Se existe, por
que ela existe? Como ela acontece?
Escrevam em uma folha de caderno e me entreguem com os nomes do grupo.
[os infográficos estão na parte dos anexos]
25
5ª aula – 18/10 - Por que não posso ter tudo que quero?
Nessa aula pretendo que os alunos compreendam que a sociedade está
estratificada em classes, que estão calcadas nas desigualdades sociais, tanto as
econômicas, como as políticas e as sociais. Visualizar as desigualdades no
cotidiano. Demonstrar as desigualdades entre ricos e pobres, burgueses e
proletários, fazer o debate à cerca da exploração econômica de uns indivíduos
sobre outros.
Para demonstrar essa desigualdade, pretendo desenvolver com a turma a
oficina “Quanto vale meu trabalho?”, onde dividiremos a turma em 3 grupos de
tamanhos desiguais, onde cada grupo representará um setor de uma grande
empresa. O grupo 1 será das costureiras (trabalho braçal); o grupo 2 será das
vendedoras (setor de serviços) e o grupo 3 será dos designers de moda (trabalho
intelectual). Ao longo da oficina construiremos conjuntamente os conceitos de
lucro, mais-valia, exploração, trabalho alienado, dentre outros conceitos que
contribuem para o entendimento das desigualdades de classe.
Pretendo entregar aos alunos um texto fotocopiado com os conceitos de
classes sociais, Mais-Valia, exploração, capitalismo, para contribuir com o debate
sobre meios de produção, quem é a classe detentora do meio e quem vende a
força de trabalho. Tentando fazer questionamentos como: por que existem ricos e
pobres? Como os ricos se tornaram ricos? E aí por diante, tentando desconstruir
juntamente com os alunos alguns motivos que eles citarão (trabalho, estudo,
casamento, ou qualquer outra possibilidade) e fazer ligação com a exploração do
trabalhador por parte do detentor dos meios de produção.
Tendo como objetivo entender um pouco onde estão e como se manifestam
as desigualdades de classes, a partir de uma metodologia apropriada. Fazê-los
compreender que as desigualdades não são naturais e questioná-los do por que a
sociedade as aceita. Entender conceitualmente como são feitos os salários e os
lucros (Mais-Valia), nos setores produtivos.
Para concluir o debate das desigualdades, pedirei para os estudantes
responderem algumas questões, em dupla, para me entregar, para eu poder
melhor avaliar o entendimento dos conceitos. Quais sejam as questões:
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1. O que gera as desigualdades?
2. As desigualdades são naturais?
3. O que você entende por desigualdade?
Relato da aula:
A título de registro a aula foi dada dia 25/10 por causa do atraso no meu
planejamento por conta das “pontes” nos feriados.
Iniciei a aula retomando o conceito de desigualdade e dando um retorno
sobre as questões que os estudantes tinham respondido na aula anterior, tentando
“desembolar o meio de campo” sobre as confusões entre diferença e
desigualdade.
Posteriormente a introdução da aula, entregue para eles um material
fotocopiado falando sobre a desigualdade de classe e trazendo alguns conceitos
como: classes sociais, capitalismo e mais-valia. Junto nesse material tinha uma
charge elucidando o que seria a mais-valia.
Fizemos a leitura coletiva do material e em seguida iniciamos o debate no
grande grupo, que foi bem polêmico, principalmente pela interpretação da charge.
Pois alguns estudantes não percebiam a exploração e acham correto o dono da
empresa ganhar muitas vezes mais que o trabalhador que faz o produto da
empresa/fábrica.
Pelo debate ter sido acalorado, não tivemos tempo de desenvolver a oficina
“Quanto vale meu trabalho?”, então ficou para a próxima aula. No entanto,
reavaliei o planejamento e preferi passar para os alunos o filme “Ilha das Flores”,
de Jorge Furtado, ao invés de aplicar a oficina.
Então, na aula seguinte que ocorreu somente dia 08/11 por causa da
“ponte” no feriado de Finados, passei para as turmas o filme “Ilha das Flores”, com
intuito de demonstrar mais claramente a desigualdade de classe existente na
nossa sociedade, mais especificamente na nossa cidade. Após assistirmos o filme
aos alunos estavam boquiabertos, alguns até com lágrimas nos olhos por terem
percebido o mau que as desigualdades sociais podem gerar.
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Prática Docente em Ciências Sociais II Disciplina de Sociologia Geral Estagiária Kátia
Azambuja
5ª aula – 25/10 - Por que não posso ter tudo que quero?
Desigualdade de Classe
No mundo em que vivemos percebemos que os indivíduos são diferentes, estas diferenças se
baseiam nos seguintes aspectos: condições financeiras, raça, sexo, cultura e outros.
Os aspectos mais simples para constatarmos que as pessoas são diferentes são: físicos ou sociais.
Constatamos isso em nossa sociedade, pois nela existem indivíduos que vivem em absoluta miséria
e outros que vivem em mansões rodeados de coisas luxuosas e com mesa muito farta todos os dias,
enquanto outros não tem sequer o que comer.
Por isso vemos que existe a desigualdade social, ela assume feições distintas porque é constituída
de um conjunto de elementos econômicos, políticos e culturais próprios de cada sociedade.
A desigualdade de classe é uma desigualdade que tem as suas raízes na estrutura e no
desenvolvimento normal da vida econômica, e que é mantida e acentuada pelas principais
instituições sociais e jurídicas de cada época.
Alguns conceitos...
Classe Social: Grupo relativamente homogêneo de pessoas que desempenham o mesmo papel social
no processo de produção e circulação das riquezas, têm profissões assemelhadas e relacionam-se da
mesma forma com o sistema de propriedade dos meios de produção em uma sociedade. Exemplos:
burguesia e proletariado.
Burguesia: Classe social que surgiu na Europa ocidental com o surgimento do Capitalismo
Comercial, no período final da Idade Média. Atualmente, o termo é utilizado para nomear
empresários, banqueiros e outros capitalistas (grande burguesia) no mundo todo. Sob o capitalismo,
é a classe social proprietária dos meios de produção e que emprega e explora os trabalhadores
assalariados.
Proletariado: Classe social surgida com a formação do modo de produção capitalista; considerada
como uma das classes fundamentais da sociedade burguesa (a outra seria a própria burguesia). É
composto pelos trabalhadores assalariados da indústria, do transporte e da agricultura (proletariado
agrícola). Também chamados de classe operária, sobretudo quando se refere aos trabalhadores
industriais (operários), da construção civil (pedreiro, servente, mestre de obra) e dos transportes
(ferroviários e portuários).
Capitalismo: Modo de produção baseado na apropriação privada dos meios de produção e
distribuição, na existência de um mercado em que ocorre a livre concorrência entre as empresas, na
28
procura do lucro pelo empresário e no trabalho assalariado. O capitalismo só pode existir, portanto,
onde existam capital, mercado e trabalho livre.
Mais Valia: É o valor que o operário cria além do valor de sua força de trabalho, e que é apropriado
pelos capitalistas. Esse valor é medido em tempo e dinheiro.
29
6ª aula – 25/10 – Democracia
A partir da experiência dos alunos com o Conselho Escolar, que é com
participação indireta por parte dos estudantes, introduzir, com material fotocopiado
e explicação expositiva, os conceitos de democracia: direta, indireta, participativa
e representativa.
Após o entendimento dos conceitos, passar para os alunos duas questões
para debaterem em pequenos grupos e depois trazerem suas opiniões para o
plenário.
São as questões:
No ambiente político que você vive mais de perto: a) como se dão as
decisões na escola? São democráticas e participativas ou não? Como vocês vêem
isso? b) Como o Grêmio da escola se organiza? É uma democracia direta ou
indireta?
A partir do debate entre a turma e a elucidação de eventuais questões por
parte da estagiária, tenho por objetivo que os alunos reflitam acerca da tomada de
decisões ao seu redor, se eles têm possibilidade de intervenção e qual o peso da
sua eventual intervenção.
Relato da aula:
As aulas sobre Democracia e Organização e Participação Política
infelizmente não foram dadas por causa do meu prolongamento com a matéria
sobre Desigualdades Sociais por perceber que os estudantes estavam tendo
dificuldade no entendimento.
7ª aula – 01/11 – Organização e Participação Política
Relacionando com a questão da Cidadania, pretendo debater com os
educandos a importância da participação política como meio de transformação da
realidade social, sendo nós, cidadãos, agentes e protagonistas dessa
transformação.
Nessa temática pretendo abordar os Movimentos Sociais existentes no
Brasil, problematizando a existência deles, relacionando com as desigualdades já
30
estudadas e mecanismos para combatê-la. Conjuntamente relacionar a
importância desses movimentos para a democracia brasileira. Tentar trazer à tona
a criminalização dos movimentos sociais.
Tenho como objetivo nessa temática fazer com que os alunos relacionem a
temática dos movimentos sociais, assunto que se vê na televisão diariamente,
com as temáticas das desigualdades trabalhadas em aulas anteriores e possam
vislumbrar na organização política, uma ferramenta de modificação social.
Pretendo abordar essa temática com algumas matérias veiculadas na mídia
recentemente que trate dos movimentos sociais.
8ª aula – 08/11 – Finalização: avaliação e encerramento
Fazer o encerramento da minha prática docente, passando para os alunos
minhas impressões sobre esse período e questionando-os acerca de que eles
acharam das aulas e dos conteúdos: quem se sentir à vontade de falar, será bom.
Pedirei a eles que escrevam, para me entregar, como avaliam a disciplina
(temas e conteúdos) e a estagiária (didática, comunicação, ...).
Relato da aula:
Pretendia na última aula passar o filme “Vista minha pele”, para
encerrarmos bem o conteúdo das desigualdades, porém o CD não funcionou no
computador da escola. Então fiz uma última conversar para verem se tinham
dúvidas e devolvi o material que ainda tinha deles comigo, sobre as desigualdades
de gênero. A título de registro, essa ultima aula foi dada dia 22/11.
Para eu ter um retorno deles de como foi o meu desempenho pedi para eles
responderem três questões:
1. O que vocês entenderam dos conteúdos que trabalhamos?
2. O que vocês acharam sobre o desempenho da estagiária?
3. Dêem sugestões para melhorar as aulas e/ou sugestão de conteúdos.
O retorno foi positivo, a maioria dos estudantes não desenvolveram muito
as respostas, disseram que tava bom, que não tinham sugestões e que tinham
aprendido bem, ou no máximo listaram os conceitos trabalhos em aula.
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2. 13. Cronograma para os 3° anos2
1ª aula – 13/09 e 17/09 – Apresentações: da estagiária, dos estudantes e da
Sociologia
2ª aula – 24/09 e 27/09 – Eleições: para que(m) servem e como funcionam?
3ª aula – 01/10 e 04/10 – Políticos: o que fazem ou deveriam fazer?
4ª aula – 08/10 e 11/10 – E agora? Como ficou?
5ª aula – 15/10 e 18/10 – Inclusão Social Através das Ações Afirmativas
6ª aula – 22/10 e 25/10 – Ações Afirmativas: o que são?
7ª aula – 29/10 e 01/11 – Tipos de Ações Afirmativas
8ª aula – 05/11 e 08/11 – Tipos de Ações Afirmativas
9ª aula – 12/11 - Finalização: avaliação e encerramento
2. 14. Plano de Aula e Relatos 2
1ª aula – 13/09 e 17/09 – Apresentações: da estagiária, dos estudantes e da
Sociologia
Inicialmente pretendo pedir para que os estudantes formem um círculo com
cadeiras e sentem-se uns ao lado dos outros, também me postarei na roda.
Pedirei para que todos se apresentem, iniciando por mim, falando informações
pessoas que julguem ser pertinente para que nos conheçamos: idade, onde mora,
time que torce, em quais escolas estudou, etc.
Após, fazer “acordos de convivência” em sala de aula. Deixá-los
construírem junto comigo, regras e acordos para uma convivência harmoniosa,
forçando-os a respeitarem as regras, uma vez que eles participaram da sua
discussão.
Por último, apresentar para eles a Sociologia, a Ciências Sociais como um
todo, como é o curso, quais seus objetos e objetivos de maneira expositiva. Uma
familiarização inicial com a disciplina. Entregarei um material fotocopiado
2 Referente ao cronograma: há possibilidade, de acordo com o desenvolvimento das turmas, uma
inversão na ordem das aulas.
32
elaborado por mim com os conceitos das três principais áreas da Ciências Sociais:
a Antropologia, a Sociologia e a Ciência Política.
Tendo como objetivo uma familiarização inicial entre os estudantes e a
estagiária, e entre os primeiros e a Ciências Sociais; para com esse conhecimento
mínimo consigamos ter boas relações para podermos conduzir os trabalhos de
uma forma harmoniosa durante o processo do estágio.
Relato da aula:
Essa primeira aula se desenvolveu conforme o planejado, a única coisa que
não fiz foi entregar o material fotocopiado com os conceitos das três principais
áreas das Ciências Sociais, pois avaliei que ficaria muito impessoal, que seria
preferível eu explanar sobre a disciplina e os alunos irem me perguntando mais
coisas que quisessem saber.
Creio que o objetivo foi alcançado, nas duas turmas, que seria a nossa
familiarização inicial: dos estudantes comigo e dos estudantes com as Ciências
Sociais, mesmo eles já tendo sociologia há mais tempo que os primeiros anos,
avaliei ser importante falar da disciplina e das áreas. Na hora da apresentação os
alunos se soltaram mais, por serem mais velhos e terem vivências distintas dos
alunos dos primeiros anos.
2ª aula – 24/09 e 27/09 – Eleições: para que(m) servem e como funcionam?
Pretendo debater com os alunos os que são as eleições gerais, como
funcionam e para que servem.
Primeiramente levantar entre os alunos quem possui título de eleitor, se
eles já votaram em alguma eleição, o que eles entendem do processo eleitoral,
quais seus critérios para escolher um candidato, o que esperam dos eleitos e
como percebem a campanha eleitoral.
Posteriormente entregar um material fotocopiado, elaborado por mim, com
informações de como se dá o processo eleitoral (o que é coeficiente eleitoral,
poder executivo, poder legislativo, eleição majoritária e proporcional...) e a
33
importância das eleições num sistema democrático representativo no qual
vivemos.
Pedir para os alunos levarem na próxima aula panfletos de candidatos que
por ventura eles recebem na rua ao longo da semana até a nossa próxima aula,
para, em pequenos grupos, debatermos as funções e atribuições dos cargos.
Nessa aula pretendo avaliar a participação dos alunos no debate e o
entendimento do funcionamento do processo eleitoral.
Relato da aula:
Iniciei a aula dizendo que nessa e nas próximas aulas trabalharíamos com
o tema das eleições e perguntando o que eles tava vendo/percebendo das
eleições, o que eles sabiam do processo eleitoral e da política do país.
Posteriormente distribuí para os alunos um material fotocopiado trazendo
alguns tópicos são as eleições e como elas acontecem. Pedi para que os alunos
se organizassem entre si para proferirem a leitura do material em voz alta, após a
leitura coletiva os alunos fizeram algumas perguntas sobre expressões que
conceitos que não entenderam e na seqüência começamos o debate no grande
grupo.
O debate foi bem produtivo, mas suscitou muitas manifestações do senso
comum e negativas, como por exemplo, que “as eleições só servem para reeleger
sempre os mesmo” e “que todo político é ladrão.” Fora esses comentários que vão
se desconstruir ao longo das aulas. Avalio que a aula foi boa e muitos alunos
participaram da leitura e do debate.
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Prática Docente em Ciências Sociais II - Disciplina de Sociologia Geral
Estagiária Kátia Azambuja
2ª aula – 24/09 e 27/09 – Eleições: para que(m) servem e como funcionam?
Eleição: como o verbo eleger, o substantivo eleição provém do verbo latino eligere,
―escolher‖, pelo substantivo electione, ―escolha‖. Nas formas e sistemas democráticos de
governo, eleição é o modo pelo qual se escolhem os legisladores (vereadores, deputados e
senadores), o chefe do Poder Executivo (prefeitos, governadores e presidente da República)
e, em alguns países, também outras autoridades públicas.
Eleições gerais: diz-se da eleição realizada simultaneamente em todo o país, abrangendo as
de presidente e vice-presidente da República, governador e vice-governador dos estados e
do Distrito Federal, senadores, e deputados federais, estaduais, distritais e territoriais.
Sistema eleitoral: a expressão ―sistema eleitoral‖ designa o modo, os instrumentos e os
mecanismos empregados nos países de organização política democrática para constituir
seus poderes Executivo e Legislativo. A base de um sistema eleitoral são as circunscrições
eleitorais — que compreendem todo o país, estado ou província, um município ou um
distrito.
Sistema eleitoral majoritário: é aquele no qual considera-se eleito o candidato que receber,
na respectiva circunscrição – país, estado, município –, a maioria absoluta ou relativa,
conforme o caso, dos votos válidos (descontados os nulos e os em branco).
No Brasil, exige-se a maioria absoluta dos votos para a eleição do presidente da República,
dos governadores dos estados e do Distrito Federal e dos prefeitos dos municípios com
mais de 200.000 eleitores. Caso nenhum candidato alcance a maioria absoluta dos votos na
primeira votação, realiza-se um segundo turno entre os dois mais votados no primeiro.
Para a eleição dos senadores da República e dos prefeitos dos municípios com menos de
200.000 eleitores exige-se apenas a maioria relativa dos votos, não havendo possibilidade
de segundo turno.
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Sistema eleitoral proporcional: o sistema eleitoral proporcional, segundo a Constituição, é
utilizado para a composição do Poder Legislativo, com exceção do Senado Federal. Assim,
as vagas nas Câmaras de Vereadores, Assembléias legislativas dos estados, Câmara
Legislativa do Distrito Federal e na câmara dos deputados serão distribuídas em proporção
aos votos obtidos pelos partidos ou coligações partidárias.
A partir dos votos apurados para determinada legenda, as vagas nas casas legislativas serão
preenchidas pelos candidatos mais votados da lista do partido ou coligação, até o limite das
vagas obtidas, segundo o cálculo do quociente partidário e distribuição das sobras.
Poder executivo: é o poder do Estado que, nos moldes da constituição de um país, possui a
atribuição de governar o povo e administrar os interesses públicos, cumprindo fielmente as
ordenações legais.
O executivo pode assumir diferentes faces, conforme o local em que esteja instalado. No
presidencialismo, o líder do poder executivo, denominado Presidente, é escolhido pelo
povo, para mandatos regulares, acumulando a função de chefe de estado e chefe de
governo.
Poder legislativo: é o poder do Estado ao qual, segundo o princípio da separação dos
poderes, é atribuída a função legislativa. Por poder do Estado compreende-se um órgão ou
um grupo de órgãos pertencentes ao próprio Estado porém independentes dos outros
poderes.
Nos Estados modernos o poder legislativo é formado por:
um parlamento em nível nacional;
parlamentos dos estados federados, nas federações;
eventuais órgãos análogos ao parlamento, de regiões e outras entidades territoriais
às quais se reconhece autonomia legislativa.
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3ª aula – 01/10 e 04/10 – Políticos: o que fazem ou deveriam fazer?
A proposta dessa aula é debater com os alunos a função de cada cargo
eletivo em disputa nestas eleições, principalmente para os cargos proporcionais.
Pretendo fazer o debate a partir dos panfletos de candidatos levados pelos alunos
e pela estagiária.
Para instrumentalizar o debate pretendo entregar para os alunos um
material fotocopiado, elabora por mim, com um resumo de atribuições de cada
cargo (Deputado Estadual, Deputado Federal, Senador, Governador e Presidente
da República). Debate a ser feito pelos alunos em pequenos grupos e, após,
socializado com o grande grupo.
Se sobrar tempo da aula, quero trabalhar as propostas dos candidatos à
presidência da república: projetos de sociedade dos candidatos, comparar
propostas e ver o entendimento dos alunos acerca das propostas.
Pretendo com essa aula avaliar a participação e organização dos alunos
nos grupos e o entendimento das funções a atribuições dos cargos políticos
eletivos.
Relato da aula:
Iniciei a aula retomando o assunto trabalhado na aula anterior sobre as
eleições e como elas se dão. Posteriormente entreguei o material fotocopiado para
os alunos tratando das atribuições dos cargos que estavam em disputa nas
eleições desse ano. Após a leitura coletiva do material os alunos fizeram
perguntas sobre os cargos e principalmente sobre os salários de cada cargo.
Após o debater pedi para os alunos se dividirem em pequenos grupos e
distribui panfletos de candidatos a diversos cargos e de diversos partidos políticos
para eles lerem as propostas e analisarem se estão de acordo com as atribuições
de cada cargo. Alguns alunos também levaram panfletos, mas não a maioria.
Essa atividade dos panfletos só realizei com os estudantes da turma 30B,
pois a aula foi na sexta-feira antes das eleições. Com os alunos da 30A que
tiveram aula comigo na segunda-feira pós eleição trabalhamos os cargos e suas
atribuições e conversamos um pouco como ficaram os resultados das eleições.
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Prática Docente em Ciências Sociais II Disciplina de Sociologia Geral Estagiária Kátia Azambuja
3ª aula – 01/10 e 04/10 – Políticos: o que fazem ou deveriam fazer?
Deputado Estadual: é um detentor de cargo político, que tem a incumbência de representar o povo na esfera
estadual. Para um candidato ser eleito, é considerada a votação de seu partido político ou coligação de
partidos, além da votação recebida pelo candidato. O deputado Estadual desenvolve suas funções na
Assembléia Legislativa Estadual. Em situações normais, seu mandato é de quatro anos. Entretanto, o
candidato pode concorrer à reeleição diversas vezes, sem haver uma quantidade limitada de mandatos. Sua
função principal no exercício do cargo é legislar, propor, emendar, alterar e revogar leis estaduais. Além de
fiscalizar as contas do governo estadual, criar Comissões Parlamentares de Inquérito e outras atribuições
referentes ao cargo. Salário mensal do deputado estadual no Rio Grande do Sul é de R$ 11.564,76.
Deputado Federal: é o representante do povo no Congresso Nacional e seu mandato é de 4 anos, não havendo
limite para a reeleição. Para se candidatar a esse cargo é preciso atender os seguintes requisitos: ter idade
mínima de 21 anos; ser filiado em algum partido político; ter nacionalidade brasileira; possuir domicílio
eleitoral no estado pelo qual está concorrendo ao cargo; ter pleno exercício dos direitos políticos.
A Câmara dos Deputados é composta por 513 membros, que recebem um salário mensal de aproximadamente
R$ 16.000,00. A quantidade de deputados é estabelecida no ano anterior às eleições, pois o número de
representantes por cada estado é fixado conforme o quantitativo de habitantes de cada unidade federativa.
Nesse sentido, estados mais populosos elegem mais deputados federais. No entanto, o número máximo de
deputados por estado é de 70 e o número mínimo, 8.
A principal função desse cargo é a elaboração de leis. Conforme a Constituição da República Federativa do
Brasil, outra importante atribuição dos deputados federais é fiscalizar os atos do Poder Executivo; dentre
outras estabelecidas na Constituição Brasileira.
Senador: para se candidatar ao cargo de senador é necessário ter nacionalidade brasileira; idade mínima de 35
anos; estar inscrito em algum partido político; possuir domicílio eleitoral no estado pelo qual está concorrendo
ao cargo e ter o pleno exercício dos direitos políticos.
O senado brasileiro é composto por 81 representantes, sendo 3 de cada unidade federativa do Brasil, inclusive
do Distrito Federal. A cada quatro anos, elege-se alternativamente um ou dois senadores por estado, e o
mandato tem duração de oito anos, não havendo limite para a reeleição. Atualmente (2010), o salário de um
senador é de aproximadamente R$ 16.000,00, além de uma série de benefícios: salários extras (13°, 14° e
15°), auxílio moradia, cotas aérea, verbas para gastos no escritório e contratação de funcionários, entre outros.
O Senado Federal tem funções legislativas, fiscalizadoras, autorizativas, julgadora e aprovadora. Na função
legislativa pode funcionar como Câmara Revisora, se o projeto vier da Câmara dos Deputados. Diz-se que o
Senado Federal assume, pronunciadamente o caráter de Câmara de Moderação. É uma assembléia de mais
velhos, de chefes de largo prestígio e experiência, que põem a prudência acima de tudo, usando-a como freio
aos impulsos da Câmara dos Deputados.
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Governador: é o cargo político que representa o poder executivo na esfera dos Estados e do Distrito Federal. É
função do governador: a direção da administração estadual e a representação do Estado em suas relações
jurídicas, políticas e administrativas, defendendo seus interesses junto à Presidência e buscando investimentos
e obras federais. O governador do Distrito Federal, por ser um caso singular (município neutro), exerce certas
funções que são cabíveis ao prefeito.
No Brasil, o governador tem um mandato de quatro anos, sendo eleito através do sistema de sufrágio
universal; podendo se reeleger somente uma vez. É eleito o candidato que tiver 50% dos votos mais um, caso
contrário, os dois candidatos mais votados disputam o segundo turno. Nos Estados Unidos, são os delegados
de cada Estado que elegem o governador, ou seja, o sistema de votos é distrital. Já na China, o governador é
eleito pelo sistema central, é o presidente que escolhe os governadores.
Presidente da República: exerce a função de chefe do poder Executivo e também de chefe de Estado
(autoridade máxima) em uma nação cujo sistema de governo é o presidencialismo. No Brasil, ele é eleito pelo
voto direto, sendo o representante do povo no âmbito federal. O mandato tem duração de 4 anos, podendo se
estender por mais 4 anos, através de novas eleições. A moradia oficial é o Palácio da Alvorada, em Brasília,
no Distrito Federal. Atualmente (2010), o salário do presidente do Brasil é de R$ 11.420,00.
Os critérios para se candidatar ao cargo político de maior responsabilidade do país seguem a Constituição da
República Federativa do Brasil de 1988: ter idade mínima de 35 anos; ser brasileiro nato; ter o pleno exercício
de seus direitos políticos; ser filiado em algum partido político; ser domicílio eleitoral no Brasil; não ter
substituído o atual presidente nos seis meses antes da data marcada para a eleição.
Quando eleito, o presidente da República tem, entre outras, as seguintes funções: nomear e exonerar os
Ministros de Estado; conduzir a política econômica; exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção
da administração federal; editar medidas provisórias com força de lei em caráter de urgência; aplicar as leis
aprovadas; vetar projetos de lei, total ou parcialmente; manter relações com Estados estrangeiros e indicar
seus representantes diplomáticos; decretar o estado de defesa e o estado de sítio; decretar e executar a
intervenção federal; exercer comando supremo das Forças Armadas, nomear Comandantes da Marinha, do
Exército e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhe são privativos;
declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, quando autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado
por ele; enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as
propostas previstas nesta Constituição; exercer outras atribuições previstas na Constituição da República
Federativa do Brasil.
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4ª aula – 08/10 e 11/10 – E agora? Como ficou?
Nessa aula pretendo fazer com as turmas um debate sobre os resultados e
desfechos das eleições. Analisarmos conjuntamente os perfils dos candidatos
eleitos e “fazermos previsões” dos seus mandatos. Debater também como será o
segundo turno das eleições, caso ocorra.
Para fazermos o debate pretendo levar para aula os resultados das
eleições, número de votos dos candidatos, seus percentuais e indicativos de
segundo turno.
Fazer encerramento desse bloco do planejamento elaborando uma “carta
de reivindicações” dos alunos para os governantes eleitos; para na próxima aula
iniciar a temática da segunda parte do plano de ensino.
Pretendo nessa aula avaliar o entendimento dessa primeira parte do
planejamento de ensino e a participação dos alunos na elaboração da carta de
reivindicações. Avaliação a partir da elaboração da carta e de seu conteúdo.
Relato da aula:
A título de registro, para a turma 30A essa aula foi dada dia 18/10 por causa
da “ponte” do feriado de Nossa Senhora Aparecida.
Iniciei a aula retomando os assuntos tratados na última aula sobre as
eleições. Em seguida distribui para os estudantes um material fotocopiado com um
breve texto e como ficou o cenário após o primeiro turno das eleições. Proferimos
a leitura coletiva do material e debatemos um pouco sobre os candidatos
majoritários eleitos e os que foram para segundo turno.
Após o debate solicitei que os alunos se organizassem em pequenos
grupos e elaborassem uma carta de reivindicações para os políticos eleitos, com
demandas da juventude.
Na turma 30A fizemos essa atividade em apenas uma aula, porém na turma
30B realizamos em duas. Optei por fazer assim para “emparelhar” os conteúdos
com as semanas de aula em cada turma.
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Prática Docente em Ciências Sociais II
Disciplina de Sociologia Geral Estagiária Kátia Azambuja
4ª aula – 08/10 – E agora? Como ficou?
Hoje vamos analisar e refletir como ficaram os resultados das eleições majoritárias, para
Governador e Presidente da República.
No Rio grande do Sul Tarso Genro (PT) se elegeu como governador do estado em primeiro
turno; já para presidência da república teremos segundo turno, que será disputado por Dilma Russef
(PT) e José Serra (PSDB).
Na Assembléia Legislativa do RS, o Partido dos Trabalhadores saltou de 10 para 14
deputados. Foi quem mais cresceu, e conta com boas possibilidades de conseguir maioria na casa.
Isso porque o PSB e o PCdoB, integrantes da coligação da Unidade Popular, elegeram,
respectivamente, três e um deputados. Somados aos seis eleitos do PDT, que será convidado a
participar do governo, são 25 deputados governistas contra 31 da oposição. O novo governador
Tarso Genro sinalizou, porém, com a possibilidade de conversar com o PTB, partido com seis
deputados estaduais eleitos, e que pode ser o fiel da balança.
Os partidos que certamente serão de oposição ao governo – DEM, PPS, PSDB, PP e PMDB
–, somam 23 deputados, e ainda há um eleito pelo PRB. Dessa forma, os seis petebistas deverão
definir se a base governista terá maioria absoluta. O PMDB, principal partido opositor, perdeu duas
cadeiras, passando de 10 para 8 deputados estaduais. Apesar do fraco desempenho da governadora
Yeda Crusius nas urnas, seu partido, o PSDB, conseguiu ampliar a bancada, de 4 para 5
parlamentares.
Voltando ao cenário nacional, o segundo turno ainda é incerto em seu cenário e
composições de apóio, pois Marina Silva (PV), terceira colocada nas eleições presidenciais, ainda
não decidiu qual candidato apoiará. Seus quase 20% nas eleições farão diferença no segundo turno
de acordo com quem ela apoiará.
Exercício (para entregar e valendo nota):
Em pequenos grupos (2 ou 3) elaborem reivindicações dos jovens, pautas/assuntos/temas que sejam
de interesse e preocupação da maioria da juventude. Após, escrevam uma carta para os futuros
governantes do Rio Grande do Sul e do Brasil com essas reivindicações e solicitando soluções para
esses problemas.
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5ª aula – 15/10 e 18/10 – Inclusão Social através das Ações afirmativas
Nessa aula pretendo trabalhar com os alunos o conceito de inclusão social.
Levantar com eles o que entendem por inclusão social, e conseqüentemente
exclusão social. Tentar elucidar a exclusão social eminente na sociedade e o
porquê de haver ações que incluam socialmente determinados setores da
sociedade. Tentarei retomar rapidamente o que gera ou quais seriam os motivos
de existir exclusões, utilizando um pouco conceito de desigualdade social.
Como uma forma de inclusão social, exemplificarei as ações afirmativas
existentes no Brasil, mas também lembrando que muitas coisas “banais” como a
educação, também é uma forma de inclusão social.
Ao final da aula solicitarei para os alunos que pesquisem e levem na
próxima aula exemplos de ações afirmativas, para contribuir para a ilustração do
debate.
Pretendo avaliar a participação em aula e a compreensão das temáticas
tratadas através de um questionário.
Relato da aula:
A título de registro, essas aulas foram proferidas, respectivamente, dias 25
e 29/10, pois 22/10 teve Gincana na escola. Compareci na escola dia 22 para
prestigiar o evento.
Iniciei a aula introduzindo a temática da inclusão social abordando a
desigualdade social e conseqüentemente a exclusão social. A necessidade de
termos medidas inclusivas em uma sociedade tão excludente como a nossa. Após
uma breve explanação distribui para os alunos um material fotocopiado tratando
de inclusão social e utilizando as ações afirmativas como exemplo de medida
inclusiva.
Na seqüencia proferimos a leitura coletiva do material e posteriormente
iniciamos o debate no grande grupo. Debatemos sobre a necessidade de termos
por parte do Estado ações inclusivas para equiparar as desigualdades na nossa
sociedade. No entanto, é só falar em ação afirmativa que a conversa já corre
direto no sentido das cotas na universidade e “suas contradições”.
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Prática Docente em Ciências Sociais II Disciplina de Sociologia Geral
Estagiária Kátia Azambuja
5° Aula: 25/10 e 29/10 - Inclusão Social Através das Ações Afirmativas
Inclusão social é um conjunto de meios e ações que combatem a exclusão aos benefícios da vida
em sociedade, provocada pela classe social na qual se encontra, origem geográfica, educação, idade,
existência de deficiência ou demais desigualdades sociais. Inclusão Social é oferecer aos mais
necessitados oportunidades de acesso a bens e serviços, dentro de um sistema que beneficie a todos
e não apenas aos mais favorecidos no sistema meritocrático em que vivemos.
No mundo em que vivemos percebemos que os indivíduos são diferentes, estas diferenças se
baseiam nos seguintes aspectos: condições financeiras, raça, sexo, cultura e outros.
Os aspectos mais simples para constatarmos que as pessoas são diferentes são: físicos ou sociais.
Constatamos isso em nossa sociedade, pois nela existem indivíduos que vivem em absoluta miséria
e outros que vivem em mansões rodeados de coisas luxuosas e com mesa muito farta todos os dias,
enquanto outros não tem sequer o que comer.
Por isso vemos que existe a desigualdade social, ela assume feições distintas porque é constituída
de um conjunto de elementos econômicos, políticos e culturais próprios de cada sociedade.
Ações afirmativas são medidas especiais e temporárias, tomadas ou determinadas pelo estado,
espontânea ou compulsoriamente, com o objetivo de eliminar desigualdades historicamente
acumuladas, garantindo a igualdade de oportunidades e tratamento, bem como de compensar perdas
provocadas pela discriminação e marginalização, decorrentes de motivos raciais, étnicos, religiosos,
de gênero e outros. Portanto, as ações afirmativas visam combater os efeitos acumulados em virtude
das discriminações ocorridas no passado.
A regra do inciso 1 do art. 5º da Carta Constitucional do Brasil de 1988 consagra com uma clareza
solar o princípio da igualdade: 'homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações nos termos
desta Constituição'. Essa garantia encontra reforço no inciso XXX do seu art. 7º, que proíbe
qualquer discriminação fundada em motivo de sexo, idade, cor ou estado civil. Porém sabemos que
essa igualdade legal não é garantida na prática, e por isso em nossa sociedade, necessitamos de
várias medidas para amenizar ou acabar com essas desigualdades, e as ações afirmativas são
exemplos dessas medidas. No entanto não podemos esquecer que a educação, a cultura, a arte
também são formas de inclusão social.
43
6ª aula – 22/10 e 25/10 – Ações afirmativas: o que são?3
Inicialmente introduzir o histórico das Ações Afirmativas, tanto no Brasil
como em outros países. Trazendo suas lutas, demandas e contradições (que
eventualmente ocorrem) enfrentadas pelos movimentos que reivindicaram e
conquistaram essa forma de inclusão social.
Debater o conceito de Ação Afirmativa e a diferença entre ela e a
discriminação positiva. Tentar desconstruir a idéia de que ações afirmativas são
também formas de descriminação e conseqüentemente de exclusão.
Nessa aula avaliarei a contribuição dos alunos com os exemplos de Ações
Afirmativas, a participação em sala de aula e o entendimento dos assuntos
tratados em aula.
Relato da aula:
Como na aula anterior o debate foi polêmico pois caiu direto nas Cotas na
Universidade e sua “injustiça”, percebi que deveria trabalhar um pouco mais a
questão da desigualdade para os alunos perceberem que medidas inclusivas,
como as Cotas, são necessárias para equipar as diferenças que temos na
sociedade.
Então nessa aula retomamos a temática das desigualdades. Logo no inicio
da aula solicitei aos alunos que se organizassem em pequenos grupos e distribui
um material com infográficos sobre a desigualdade de raça e gênero no Brasil,
elaborados pelo IPEA. Pedi para que eles lessem o material dentro do grupo e
depois debatessem. Após o debate no pequeno grupo iniciamos o debate no
grande grupo, para os grupos compartilharem seus entendimentos.
Após o debate no grande grupo sobre as desigualdades no Brasil, mais
especificamente, a desigualdade de raça e a necessidade de ações afirmativas,
entreguei e lemos coletivamente um material com um breve histórico sobre as
ações afirmativas no Brasil e um manifesto pela cotas escrito por estudantes da
UnB.
3 Essa aula será prejudicada em decorrência da Gincana da Escola que acontecerá nos dias 22 e 23 de outubro
o dia inteiro. Talvez seja necessário agrupar em duas aulas as três aulas planejadas inicialmente.
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Prática Docente em Ciências Sociais II Disciplina de Sociologia Geral
Estagiária Kátia Azambuja
6ª aula – 05/11 e 08/11 – Ações afirmativas: o que são?
Um breve histórico...
A adoção de ações afirmativas no Brasil não é recente. A primeira medida foi tomada por Getúlio
Vargas na década de 1950 e determinou as empresas multinacionais instaladas no país que
reservassem dois terços de suas vagas a trabalhadores brasileiros. Em relação aos negros, a primeira
medida aconteceu em 1983, quando o então deputado do PDT do Rio de Janeiro Abdias do
Nascimento apresentou o Projeto de Lei 1332/83, que previa a destinava de vagas para negros
principalmente no mercado de trabalho. O projeto jamais foi apreciado pela Câmara dos Deputados.
Cinco anos depois, mais duas conquistas importantes. Do ponto de vista da mobilização, a
comemoração pelo centenário da Abolição da Escravatura reacendeu as discussões em torno da
inclusão social dos negros. Além disso, a Constituição promulgada neste mesmo ano, 1988,
reconheceu o racismo como crime e também o direito de posse das terras pelas comunidades
remanescentes de quilombos.
Mas foi em 1995 que as ações começaram a se concretizar. Nas comemorações pelo tricentenário da
morte de Zumbi dos Palmares (20 de novembro), o movimento negro reuniu cerca de 30 mil
pessoas de todo o país numa marcha em Brasília. Ao final da caminhada pela Esplanada dos
Ministérios, o coordenador da marcha Edson Cardoso entregou ao então presidente da República
Fernando Henrique Cardoso um documento reivindicando implementação de ações para acabar com
a segregação racial no país.
Depois disso, já em setembro de 2001, o Brasil assinou o documento final da III Conferência
Mundial de Combate ao Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata em
Durban (4frica do Sul). As conclusões finais do encontro pediam dos países signatários, entre outras
medidas, a adoção, quando adequadas, de medidas apropriadas para assegurar que pessoas
pertencentes a minorias nacionais, étnicas, religiosas e lingüísticas tenham acesso a educação sem
discriminação de qualquer tipo.
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Manifesto em defesa das Cotas Raciais na Universidade,
escrito por estudantes da UnB, Brasília, 30 de julho de 2009.
―Não se pode pensar em igualdade com diferenças sociais de posição, tratamento, vida e
morte de determinados segmentos populacionais, principalmente quando essas diferenças são
pautadas pela aparência de pessoas desrespeitadas em sua origem cultural e suas características, tal
qual ocorre hoje no país. Assim, medidas corretivas como as ações afirmativas são passos iniciais
de uma estratégia maior de superação da desigualdade racial secular no Brasil.
(...)
Tod@s @s cotistas são aprovad@s no vestibular, não há medidas facilitadoras, há apenas
concorrência específica: negr@s concorrem com negr@s dentro daquele percentual de vagas,
percentual específico que age como um corretor de desigualdades, as provas e os critérios são iguais
aos do sistema universal. E mesmo assim, além do mérito da prova, pessoas negras, assim como
outras pessoas de grupos preteridos, possuem o mérito de uma trajetória de superação.
(...)
Esperamos que Estado e sociedade compreendam que políticas de inclusão são um chamado para a
construção de uma vida coletiva verdadeiramente plural, e nesse processo a participação de
absolutamente tod@s @s seus atores e atrizes é condição sine qua non. Por isso é que nós,
estudantes negr@s, além de tod@s aquel@s que percebem as melhorias dentro da Universidade
devido ao Sistema de Cotas, reiteramos a necessidade da manutenção e do fortalecimento das
políticas de ação afirmativa como medidas que já possibilitam à nossa sociedade caminhar rumo a
um destino mais equânime e verdadeiramente democrático para tod@s.‖
Atividade:
Em pequenos grupos, vamos ler e analisar o material sobre as desigualdades de raça e gênero no
Brasil e os textos acima. Após vamos refletir sobre a relação entre as desigualdades e a necessidade
de ações afirmativas.
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7ª aula – 29/10 e 01/11 – Tipos de Ações Afirmativas
Nessa aula pretendo debater alguns tipos de Ações Afirmativas existentes
no Brasil, me focando nas Cotas sociais e raciais nas Universidades Públicas.
Pretendo elaborar um material com o histórico da implementação das cotas nas
universidades brasileiras e tentar levar informações sobre os desempenhos
acadêmicos dos cotistas, para desconstruir o ideário de que cotas acarretam em
queda de qualidade acadêmica.
Elucidar como as cotas na universidade incluem socialmente setores da
sociedade que historicamente não tiveram acesso ao Ensino Superior e como
essa inclusão transforma a realidade socioeconômica de determinadas camadas
da sociedade.
Levarei também dois textos para os alunos: um do professor André
Marenco, falando da meritocracia e da origem do conceito, sendo esse texto
embasado cientifico e teoricamente e outro texto não acadêmico, mais do senso
comum, também falando das cotas e meritocracia. A partir da leitura dos dois
textos, faremos comparações entre os argumentos acerca das cotas na
universidade.
Pretendo avaliar a participação em aula e o entendimento dos assuntos
tratados em aula.
Relato da aula:
Nessa aula não desenvolvi a atividade de comparação entre os dois textos,
optei por fazer com a turma um “tribunal”, onde metade da turma “acusava” as
cotas na universidade e a outra metade da turma “defendia” as cotas.
Pedi para os alunos se dividirem em dois grupos com a mesma quantidade
de pessoas em cada grupo. Após pedi para eles, dentro do grupo, elencar
argumentos contra e a favor das Cotas na Universidade e escrevessem em uma
folha para me entregar. Depois de um tempo para eles elaborarem os argumentos,
iniciamos o “julgamento”, onde eu era a juíza e cada grupo os advogados de
defesa e acusação.
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Foi uma atividade bem produtiva, onde todos trabalharam, até os mais
quietinhos e silenciosos. E nos dois grupos tinham pessoas com posições pessoas
contrárias as que o grupo deveria argumentar na atividade, mas mesmo assim
eles gostaram de fazer esse exercício de “troca de papéis”.
No entanto, essa atividade só foi realizada com a turma 30B, por causa das
duas “pontes” dos feriados de novembro a turma 30A ficou com menos aulas.
8ª aula – 05/11 e 08/11 – Inclusão Social e Direitos Humanos
Nessa aula pretendo finalizar o tema ações afirmativas e para fazer o
encerramento sobre a inclusão social fazendo uma conexão com os Direitos
Humanos.
Para instrumentalizar a aula pretendo reproduzir para os alunos um
programa de rádio sobre os direitos humanos desenvolvido pelo Observatório da
Educação em Direitos Humanos da UNESP (Universidade Estadual de São
Paulo). Após ouvirmos o programa debateremos sobre o tema da programação
que terá relação com a inclusão social.
Para avaliar o entendimento do tema tratado, pretendo trabalhar com os
estudantes um questionário que abranja a temática das ações afirmativas,
inclusão social e direitos humanos.
Relato da aula:
Nessa aula sobre Inclusão Social e Direitos Humanos infelizmente não foi
ministrada por causa da readequação do plano de ensino em decorrência do
prolongamento da quantidade de aulas sobre as eleições e as ações afirmativas.
9ª aula – 12/11 - Finalização: avaliação e encerramento
Fazer o encerramento da minha prática docente, falando para os alunos
minhas impressões sobre esse período e questionando-os sobre o que eles
acharam das aulas e dos conteúdos, quem se sentir à vontade de falar, será bom.
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Pedirei a eles que escrevam, para me entregarem, como avaliam a
disciplina (temas e conteúdos) e a estagiária (didática, comunicação, ...). Para
assim eu ter um melhor retorno acerca da minha prática docente.
Relato da aula:
Nessa última aula, que foi proferida dias 19 e 22/11, fiz um encerramento
do conteúdo. Pretendia passar o filme “Vista minha pele”, para elucidar melhor a
temática das desigualdades, e principalmente a racial, porém o CD não funcionou
no computador da escola. Então fiz uma última conversar para verem se tinham
dúvidas e devolvi o material que ainda tinha deles comigo, sobre as eleições.
Para eu ter um retorno deles de como foi o meu desempenho pedi para eles
responderem três questões:
1. O que vocês entenderam dos conteúdos que trabalhamos?
2. O que vocês acharam sobre o desempenho da estagiária?
3. Dêem sugestões para melhorar as aulas e/ou sugestão de conteúdos.
O retorno foi positivo, tinham respostas bem desenvolvidas sobre o
entendimento dos conteúdos trabalhados em aula e algumas sugestões
pertinentes de outros conteúdos a serem desenvolvidos futuramente.
3. Relato das Observações
- Introdução
Fiz minhas observações na Escola Estadual Normal 1° de Maio, em duas
turmas de primeiros anos e duas turmas de terceiros anos do Ensino Médio, nas
quais, posteriormente desenvolverei minha segunda prática docente. Quais sejam
essas turmas: 10A, 10B e 30A no turno da manhã e 30B no turno da tarde.
Como exercício organizativo, elaborei um roteiro de observação, para
melhor me orientar no sentido dessas 10 horas de observação. No entanto, não
segui totalmente o planejado no roteiro, no que diz respeito à quantidade de horas
em cada turno de observação, por considerar desnecessário o planejado inicial.
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Aqui irei considerar também algumas observações feitas na escola no
primeiro semestre do ano, quando desenvolvi meu primeiro estágio de docência
em Ciências Sociais.
- Escola
A Escola Estadual Normal 1° de Maio se localiza na Avenida Presidente
Franklin Delano Roosevelt, n° 149, no Bairro Navegantes. Foi fundada em 1934
para atender a demanda dos filhos dos trabalhadores de fábricas do bairro, mais
especificamente a A. J. Renner (fábrica de tecidos) e a Neugebauer (fábrica de
balas e chocolates).
O Bairro Navegantes é a saída de Porto Alegre (ou entrada, depende do
ponto da vista), e a escola está a menos de duas quadras da Ponte do Guaíba. A
Avenida Presidente Roosevelt é uma rua de mão dupla bem movimentada, pois
para se ter acesso a Ponte do Guaíba para sair da cidade tem que se ir por ela.
Para segurança da comunidade escolar, tem uma fixa de pedestres em frente ao
portão da escola.
A escola é de fácil acesso, pois muitos ônibus vindos de vários lugares,
como as Ilhas, Eldorado do Sul e Guaíba, por exemplo, passam na sua frente,
contando com um ponto de ônibus praticamente no portão da escola.
Paralelamente com a rua da escola tem a Avenida Farrapos, onde circulam ônibus
oriundos da Zona Norte e do Centro da cidade.
Na frente da escola temos a Sociedade Ginástica Navegantes São João,
um clube sócio-esportivo do bairro, onde ocorrem muitos bailes para a “melhor
idade”. Na esquina com a rua Dr. João Inácio, tem um mercado, onde observei
alguns alunos comprando “lanches”.
Adentrando pelos muros da escola, que são baixos, temos um pátio que
também serve como estacionamento para os automóveis dos professores, mas
não é muito bem cuidado. A escola tem uma área consideravelmente grande,
contando com a área externa e a área construída. Os prédios da escola têm dois
andares.
50
A escola oferece para seus alunos uma boa infra-estrutura com: biblioteca;
laboratório de informática; auditório com recurso audiovisual com capacidade de
aproximadamente 80 pessoas; laboratório de Química; laboratório de Física;
laboratório de Biologia; sala de Artes; Ginásio coberto com quadra poli-esportiva,
pátio também com quadra poli-esportiva e refeitório com merenda tanto para o
Ensino Fundamental, quanto para o Ensino Médio. A escola ainda conta com
serviços terceirizados de cantina e foto-cópia. Num canto do pátio tem uma capela
com uma santinha.
As salas de aula são razoavelmente limpas, amplas, com grandes janelas
(com grades) que tem cortinas, ventiladores e lousas tradicionais. Os corredores
da escola são limpos e com trabalhos dos alunos expostos pelas paredes.
O 1° de Maio oferece Ensino Fundamental, de 5° a 8° séries, Ensino Médio
Regular, Ensino Normal Médio (o antigo Magistério), no turno da manhã e no turno
da tarde. Pelo turno da noite, a escola oferece o curso de Aproveitamento de
Estudos, para quem quiser cursar as disciplinas específicas do Ensino Normal
Médio.
- Relato
Realizei minhas observações exclusivamente nas aulas da disciplina de
Sociologia, então foram 2 horas em cada turma e na turma 30B foram 3 horas.
Optei por observar assim porque no estágio II temos apenas 10 horas de
observação então para otimizar o tempo preferi observar o comportamento das
turmas somente nas aulas de Sociologia.
As conversas com a orientação pedagógica e direção foram positivas,
sempre no sentido de maior conhecimento sobre a escola e resolução de dúvidas
acerca dos procedimentos padrões, como horário dos períodos, Plano Político
Pedagógico, orientações curriculares de acordo com “As Lições do Rio Grande”.
No entanto nesse semestre a relação com uma das professoras responsáveis
pelas turmas não foi tranqüilo, ou melhor, não houve diálogo.
Com a professora responsável pelas turmas da manhã a relação não
existiu, pois falei com ela, rapidamente, somente nos dias das observações, e
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quando assumi as turmas ela nunca estava na escola. Para piorar a situação, no
meio do semestre ela entrou em licença saúde, e as turmas dela foram passadas
para outras duas professoras, com as quais também não tive muito contato. Do
professor responsável pela turma da tarde não tenho o que me queixar, pois eu já
o conhecia do semestre anterior e já conhecia o seu modus operandi.
Mas voltando para o relato, nas observações vi que os alunos eram bem
agitados, principalmente os das turmas da manhã. Em toas as turmas eles sentam
em duplas, mas elas não são fixas, cada dia a maioria senta com um colega
diferente, no entanto por estarmos mais para o final do que para o início do ano,
eles já têm seus grupinhos.
A única turma que me chamou mais atenção e destoava, a meu ver, da
maioria das turmas da escola (pelo menos das que tive contato) foi a 30B. É uma
turma aparentemente mais unida que as outras, talvez por ser menor. Mas foi a
turma que menos notei grupinho, aparentemente uma turma mais homogenia, um
grande grupo.
- Considerações Finais
Julgo que as observações foram importantes para eu conhecer as turmas e
elas também me conhecerem, se acostumarem minimamente com a minha
imagem como futura professora deles, mesmo que temporariamente.
Nas observações constatei coisas que não gostaria de ver em sala de aula,
como professores reproduzindo o senso comum da sociedade e tendo posturas
conservadoras e preconceituosas, por exemplo, em relação a orientações sexuais.
Espero que as observações contribuam para eu ter uma visão o mais
verossímil possível das turmas nas quais desenvolverei minha prática docente,
para que eu não recaia em erros irreparáveis, ou em traumas, para mim e/ou para
as turmas.
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4. Ensaio
Crítica a nós mesmos
Parto do princípio que ensaio é um texto breve, situado entre o poético e o
didático na defesa de um ponto de vista pessoal e subjetivo sobre um tema sem
que se paute em formalidades como documentos ou provas empíricas ou
dedutivas cientificamente. O ensaio pode assumir uma forma livre e não
sistemática sem um estilo definido. Por isso, aqui pretendo fazer minha crítica a
nós mesmos e sustentar minha posição a partir das minhas experiências e visão
de mundo, pois como disse o filósofo espanhol José Ortega y Gasset, ensaio é "a
ciência sem prova explícita".
Então inicio com um pouco do meu Memorial Descritivo (em anexo)
elaborado para a disciplina de Estágio I e a minha escolha pela Licenciatura.
Nunca me imaginei sendo professora, talvez por causa do demasiado contato com
a escola por conta da minha mãe. Pois ela foi professora de Literatura (agora está
aposentada) e sempre estudei nas escolas em que ela lecionava, então se eu não
estava na escola para estudar, estava para acompanhá-la. Porém escolhi a
licenciatura (por influência da minha mãe) por uma maior facilidade de inserção no
mercado de trabalho em relação ao bacharelado.
Ainda não sei se fiz a escolha certa, se é isso que vou querer fazer pelo
resto da vida (ou pelo menos por um bom tempo), mas não está sendo tão ruim
como eu pensava que poderia ser. Eu imaginava que as turmas seriam muito mais
incontroláveis do que realmente foram (vide minhas lembranças de Ensino Médio).
Mesmo tendo dificuldades ao longo desse processo, elas não são tão grandes a
ponto de me desmotivar por completo.
Por que ensinar...
Nesse momento de final de prática de docência me questiono acerca do
ensino de Sociologia no Ensino Médio e as formas as quais “nos ensinam” que
devemos ensinar na escola. Não questiono a existência da disciplina, pois
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concordo com sua existência, mas sim a forma, a maneira como ela vem sendo
implementada Brasil a fora.
Nos fóruns de estudantes de Ciências Sociais que participo, como os
encontros regionais (ERECS) e nacionais (ENECS), sempre nos deparamos com
as disparidades e deficiências da nossa formação acadêmica, tanto teórica quanto
pedagógica. Em todas as regiões do país sentimos uma carência de uma
formação voltada para enfrentar as dificuldades e realidades da sala de aula. Pois
as teorias pedagógicas que nos passam, na maioria das vezes são muito
interessantes, emancipadoras, por vezes quase revolucionárias, mas
majoritariamente não atendem a essas necessidades.
Outra crítica que fazemos, está em uma das ferramentas que nos dão para
instrumentalizar a nossa atuação, o PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais), em
especificamente o seu discurso. Analisando o PCN, a todo o momento ele fala que
o currículo deve trazer elementos para a construção de um sujeito, digamos,
crítico: um cidadão. Mas de qual construção de sujeito ele se refere? Ao “cidadão
de bem” que paga seus impostos e colabora com a manutenção da ordem social?
Entendo que esse é nosso papel. E que devemos contribuir para a
construção de um sujeito crítico, aberto e que entenda o que se passa a sua volta;
que reflita sobre a sua condição de vida e dos que o rodeiam e que faça algo para
intervir na realidade quando ela não lhe for favorável.
Outra crítica que fazemos ao PCN, é a elaboração descritiva de seu
discurso que está numa linguagem bacharelesca, voltada para professores do
Ensino Superior e não do Ensino Médio. Assim acaba por não orientar a prática
educativa de professores que muitas vezes trabalham em condições precárias e
com pouco tempo para ler documentos oficiais elaborados por especialistas, e
aparentemente, voltado para especialistas.
Uma alternativa ao PCN é o OCN (Orientações Curriculares Nacionais) que
se propõem a ser um instrumento de reflexão para o professor a ser utilizado a
favor do aprendizado. Servindo como indicador, tendo como diretriz, pressupostos
metodológicos para orientar o professor na construção de seu programa de aula.
Mas sempre lembrando que o OCN foi escrito pelo mesmo órgão federal que o
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PCN, o Ministério da Educação, então tem de algum modo, a mesma orientação.
E sobre o referencial curricular “Lições do Rio Grande”, prefiro nem comentar.
Para fazer o registro, as críticas que elenquei acima não estão voltadas
somente para o ensino de Sociologia, mas também para a estrutura educacional
que temos hoje. Se pararmos alguns instantes para refletir o porquê de algumas
coisas que citei anteriormente, veremos que estão intimamente ligas a estrutura
dos currículos, dos tempos, dos espaços, da escola como um todo.
Avaliação...
Avalio que o estágio foi um período muito rico de descentramento e
alteridade. O único momento ao longo de toda nossa graduação que temos a
prática. Prática essa que é tão falada, tão estudada, tão analisada e teorizada e,
no entanto, pouco utilizada em nosso Curso.
Foram muito positivas as aulas da disciplina, nossos encontros coletivos,
debates de textos e trocas de experiências. Por mais que em alguns momentos
negligenciei a leitura dos textos, em partes por não ver sua aplicação na prática,
os debates em sala de aula foram muito salutares.
Já a avaliação que faço de meus alunos que deveria ser com base na
intencionalidade das minhas atividades docentes, não sei se tem validade. Por
não saber (não ver) se consegui alcançar meus objetivos e acreditar em alguns
momentos que não consegui alcançá-los. Como por exemplo, “fazer com que os
discentes exercitem a reflexividade nas suas ações rotineiras para que avaliem se
há necessidade de alguma mudança interna para melhor se relacionar com seus
pares”; conforme me propus em meu Plano de Ensino. Não sei até que ponto
consegui tocar meus alunos de verdade.
Não estou aqui querendo jogar tudo que fiz fora, mas refletir o que e como
fiz e porque não deu certo se “segui a receita do bolo”, claro, por vezes,
adaptando alguns ingredientes. Mas creio que essa reflexão caiba melhor nas
considerações finais.
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Não Concluindo...
Então, mesmo depois disso tudo, não tenho muitos elementos para concluir
algo realmente conclusivo, prefiro deixar indagações e reflexões para mim mesma,
de como foi e de como poderia ter sido, ou até mesmo de como pode ser
futuramente. Apenas farei algumas considerações finais.
O que foi...
Penso que foi útil, importante e necessário esse tempo do estágio, não só
para cumprir formalidades para minha obtenção de grau, mas também como
experiência pessoal. Pois conforme já mencionei anteriormente esse é
(praticamente) o único momento em toda nossa graduação que temos contato
com a prática.
Refletindo sobre o aprendizado de ser professora, pois esse é o objetivo de
estagiar, aprendermos a ser professoras. De fato não aprendi a ser professora, e
nem sei se alguém consegue aprender com um ou dois estágios, mas julgo estar
no processo dessa aprendizagem, de estar nessa construção, que ao meu ver
será demorada e (em partes) dolorosa.
Como poderia ter sido (ser)...
Poderia ter sido diferente, se tivéssemos condições, realidades e acessos
diferentes. Creio, e é por isso que invisto meu tempo e minha militância na
educação, que se tivéssemos uma boa reforma educacional no Brasil, as coisas
poderiam ser bem melhores. Iniciando pelo nosso corpo docente, melhor
capacitando-os e melhor remunerando-os. Depois passando pela infra-estrutura
de nossas escolas sucateadas e mal aparelhadas. Por último, reestruturando todo
nosso currículo e a forma de se produzir e reproduzir conhecimento.
“A construção de uma escola democrática implica em repensar as
estruturas e o funcionamento dos sistemas de ensino como um todo, como, por
exemplo, reorganizar o coletivo dos (as) professores (as), criar tempos mais
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democráticos de formação docente e dos alunos, alterar a lógica e a utilização do
espaço escolar e garantir uma justa remuneração aos professores e professoras.”
(Gomes, 2008 p. 40)
Infelizmente como não estamos as portas da revolução social, nem mesmo
de uma grande reforma estrutural, penso que deveríamos disputar as Políticas
Públicas, que tenham PPJs exclusivas para a juventude, principalmente na área
da educação. Não apenas políticas universais ou atrativas, pois essas muitas
vezes são apenas paliativas ou reparadora de danos.
Penso que se poderia utilizar melhor a “moratória social” pela qual a
juventude (em determinadas classes) passa com mais um menos intensidade. Se
utilizando, de forma produtiva, desse “limbo” que é a juventude, para investir numa
população que só cresce quantitativamente nos últimos anos; e assim conseguir
construir uma nação melhor.
Então, não concluo deixando críticas, indagações e reflexões, a serem
feitas individual e coletivamente, para a contínua formação de Professora e
Cientista Social.
5. Referencial Bibliográfico: teórico e de apoio
AQUINO, Luseni. Introdução: A Juventude como foco das Políticas
Públicas. In: ANDRADE, Carla Coelho de, AQUINO, Luseni Maria C.de, CASTRO,
Jorge Abrahão (org). Juventude e políticas sociais no Brasil. Brasília: Ipea, 2009.
303p.: gráfs., tabs.
BRASIL, Ministério da Educação. Orientações Curriculares para o Ensino
Médio; Volume 3 – Ciências Humanas e suas Tecnologias. Brasília, 2006.
BRASIL, Secretaria de Educação Média e Técnica. Parâmetros Curriculares
Nacionais, Parte IV Ciências Humanas e suas Tecnologias. Brasília,
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GALLO, Sílvio (coord). Ética e Cidadania: caminhos para a filosofia:
elementos para o ensino de filosofia. 3 ed. Campinas, SP: Papirus, 1997.
GOMES, Nilma Lino. Diversidade e Currículo. In: BEAUCHAMP, Jeanete [et
al] (org.) Indagações Sobre Currículo. Ministério da Educação, Secretaria de
Educação Básica. Brasília, 2008.
IANNI, Octávio. O Ensino das Ciências Sociais no 1° e 2° Graus. In:
Fundamentos da Educação e Realidade Brasileira: ensinando ciências. São Paulo:
SE/CENP, 1986.
NOVAES, Regina Célia Reyes. Prefácio. In:ANDRADE, Carla Coelho de,
AQUINO, Luseni Maria C.de, CASTRO, Jorge Abrahão (org). Juventude e políticas
sociais no Brasil. Brasília: Ipea, 2009. 303p.: gráfs., tabs.
PAVEL, Katiuci. Diversidade cultural e cidadania: planejamento de estágio.
UFRGS: Porto Alegre, 2002.
PINHEIRO, Luana [et Al] Retrato das Desigualdades de gênero e de raça -
3.ed. IPEA/ SPM/ UNIFEM. Brasília, 2008.
OLIVEIRA, Pérsio Santos. Introdução à Sociologia. Série Brasil. Ensino
Médio / Volume Único. Edição reformulada e atualizada. 25° edição e 2°
impressão. Editora Ática: São Paulo, 2005.
SILVEIRA, Janine Prandini. Planejamento de Ensino: Sociedade
Contemporânea e a Visibilidade das Diferenças. UFRGS: Porto Alegre, 2008.
6. Anexos
- Memorial Descritivo;
- Infográficos: Retrato das Desigualdades de gênero e raça.