Registro de Medicamentos Nanoestruturados - Repositório da ...
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
Curso de Graduação em Farmácia-Bioquímica
Registro de Medicamentos Nanoestruturados:
Revisão e Perspectivas
Giovana Mika Tanabe Iwamoto
Trabalho de Conclusão do Curso de
Farmácia-Bioquímica da Faculdade de
Ciências Farmacêuticas da
Universidade de São Paulo.
Orientador(a):
Prof.(a). Dr(a) Nádia Araci Bou-Chacra
São Paulo
2019
AGRADECIMENTOS
À minha orientadora, professora Nádia, pela oportunidade, desde a
iniciação científica até a elaboração deste trabalho, seu suporte, correções e
incentivos foram essenciais na minha formação.
À Mirla, que me ajudou tanto durante os anos de graduação, sempre com
muita paciência e dedicação.
À minha família, minhas tias Irene e Elisa, meus avós Shigueru e Kee,
minha mãe Cecília e meu padrasto Maurício, que sempre estiveram ao meu lado
me apoiando ao longo de toda a minha trajetória.
Agradeço ao Chen pela compreensão e paciência durante todo esse
tempo.
A todos os meus amigos do curso de graduação, principalmente à Carol,
Juan, Gabriela e Isabela, que compartilharam comigo todos os desafios sempre
com um espírito alegre.
Agradeço a minha equipe Sanofi, especialmente minha chefe Gladys, que
me incentivam todos os dias a ser uma pessoa e profissional melhor.
Agradeço também à Universidade, o corpo docente e a todos
que diretamente ou indiretamente participaram na minha formação acadêmica.
E por último, mas não menos importante, a Deus, que permitiu
que tudo isso acontecesse, não somente nos dias como universitária, mas
em todos os momentos.
SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS ....................................................................... 1
RESUMO .......................................................................................... 2
1. INTRODUÇÃO ................................................................................. 3
2. OBJETIVOS .................................................................................... 5
3. MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................... 6
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................ 6
6. CONCLUSÃO .................................................................................. 27
7. BIBLIOGRAFIA ................................................................................ 28
8. ANEXOS ........................................................................................ 35
1
LISTA DE ABREVIATURAS
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
FDA Food and Drug Administration
EMA European Medicine Agency
CIN Comitê Interno de Nanotecnologia
MDIC Ministério de Desenvolvimento Industrial e Comércio Exterior
PNN Programa Nacional de Nanotecnologia
PPA Programa Plurianual
NLC Nanostructured lipid carriers
SLN Solid lipid nanoparticles
SCB Sistema de Classificação Biofarmacêutica
2
RESUMO IWAMOTO. G.M.T., BOU-CHACRA N.A., Registro de Medicamento Nanoestruturados: Revisão e Perspectivas. 2019. n 848-19. Trabalho de Conclusão de Curso de Farmácia-Bioquímica – Faculdade de Ciências Farmacêuticas – Universidade de São Paulo, São Paulo. Palavras-chave: Medicamentos nanoestruturados, Registro de Medicamentos, Novas Abordagens, Perspectivas de nanoestruturados Medicamentos nanoestruturados podem aumentar a biodisponibilidade, a solubilidade e a estabilidade química de fármacos, melhorando a eficácia e segurança dos produtos. Dessa forma, visando a melhoria nos tratamentos de enfermidades, as indústrias farmacêuticas têm investido no desenvolvimento desse tipo de medicamento. Assim, as agências regulatórias como a FDA (Food Drug Administration), visando acompanhar as mudanças, criaram modelos e manuais para a submissão de registro de medicamentos nanoestruturados. Porém, a ANVISA ainda não se adequou a tais mudanças. Portanto, o objetivo do presente trabalho é buscar as contribuições dos registros de medicamentos nanoestruturados até o momento, por meio de revisão bibliográfica em bases de dados eletrônicos atuais. Com essa revisão, espera-se melhor compreensão a respeito das atuais perspectivas do registro de medicamentos nanoestruturados, sua importância no tratamento de diversas enfermidades e como as agências regulatórias se prepararão para as mudanças.
3
1. INTRODUÇÃO A nanotecnologia engloba produtos desenvolvidos em escala nanométrica,
de 1 nm a 100 nm, podendo apresentar propriedades físico-químicas diferentes
devido ao tamanho reduzido, como previsto em 1959 por Richard P. Feynman
(PRASAD, 2018).
A nanotecnologia, desde sua primeira previsão por Feynman tem
evolucionado significativamente. Hoje pode ser aplicada em áreas como a
engenharia, meio ambiente, agricultura e a medicina (PELAZ, 2017). No âmbito da
nanomedicina, os medicamentos nanoestruturados são campo emergente com
importante espectro no desenvolvimento, tendo em vista o aumento de eficácia e
da segurança dos medicamentos (YUKUYAMA, 2017). Os sistemas
naoestruturados podem superar desafios como a baixa solubilidade em água de
alguns fármacos, aumento da biodisponibilidade e estabilidade química fármaco
(WICKI, 2015), melhor o desempenho in vivo, aumento da especificidade do alvo e
redução os efeitos adversos, essas qualidades demonstram o porquê dos
sistemas nanoestruturados para entrega de fármacos estão em pleno
desenvolvimento (PATRA, 2018).
Doenças crônicas e enfermidades graves, como câncer, diabetes, HIV/AIDS
e doenças cardiovasculares tem sido um desafio para profissionais da saúde,
além disso, a indústria farmacêutica tem investido em aumentar a produtividade,
aumentar o acesso e oferecer tratamentos à menores custos. Desse modo, com o
advento da nanotecnologia, esses desafios podem ser superados (PRASAD,
2018).
De acordo como o Medical Standing Committee of the ESF (European
Science Foundation) a nanomedicina pode ser definida como a ciência e
tecnologia de diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças e lesões, para
diminuir a dor, e preservar e melhorar a saúde humana, usando ferramentas e
conhecimentos moleculares e do corpo humano com o enfoque nas nano-
interações de um dispositivos maior ou entre sistemas celulares e subcelulares.
Os medicamentos nanoestruturados, por sua vez, são medicamentos que a partir
de sistemas de administração de fármacos podem ter sua toxicidade, solubilidade
4
e citotoxicidade alterada no organismo, o que eventualmente leva a melhores
efeitos terapêuticos e vias de administração alteradas (WEBSTER, 2006).
Os medicamentos nanoestruturados podem ser classificados de acordo
com diversos fatores, por exemplo sua obtenção (matriz lipídica, proteica ou
inorgânica), características de degradação, complexidade (alta ou baixa), forma de
encapsulamento, conjugação e entre outras características, sendo assim podendo
ser enquadrados como nanocarreadores lipídicos, fármacos conjugados,
nanopartículas virais, nanocarreadores poliméricos, micelas, lipossomos e
nanopartículas inorgânicas (WICKI, 2015). No início do desenvolvimento dos
medicamentos nanoestruturados, os que tiveram maior número de registros nas
agências regulatórias foram os de baixa complexidade como as micelas e
nanopartículas metálicas, com o maior conhecimento sobre as partículas
nanotecnológicas, foram desenvolvidos medicamentos de maior complexidade
como os nanocarreadores poliméricos e nanopartículas virais (BOBO, 2016).
A partir de 1995, foram mais de 50 medicamentos nanoestruturados que
receberam a aprovação da Food and Drug Administration (FDA) para o uso clínico
(VENTOLA, 2018).
Com a grande demanda de registros de medicamentos nanoestruturados pelas
empresas, as agências regulatórias tiveram que se adaptar, como a FDA que
implantou um grupo de trabalho para análise de risco para nanomateriais no
Centro de Avaliação e Pesquisa de Fármacos (CDER), para melhor entendimento
e elaboração de guias para submissão de produtos com nanotecnologia (TYNER,
2017). Esse grupo de trabalho é responsável por além de identificar os produtos
como materiais em escala nanométrica, avaliar a efetividade e a segurança dos
produtos, verificar se na embalagem deve ou não conter a informação de que é
um nanomaterial e qual a abordagem com os problemas ambientais para os
resíduos de produção (ZOLNIK, SADRIEH, 2009).
Além das agências regulatórias, iniciativas como o “Ato do Século XXI da
Pesquisa e Desenvolvimento da Nanotecnologia” (21st Century Nanotechnology
Research and Development Act) assinado pelo então presidente dos EUA George
Bush em 03 de dezembro de 2003, o qual também estabeleceu e fundou a
5
Iniciativa Nacional de Nanotecnologia (NNI) foi um importante marco para
impulsionar ainda mais as pesquisas em nanotecnologia (WHITE HOUSE, 2019)
(CHAN, 2018).
O Brasil, em comparação com outros países da América Latina, tem maior
desenvolvimento na publicação de artigos científicos referentes a nanomedicina.
Ademais. foi um dos primeiros países a receber incentivo da iniciativa pública, em
2004 (INVERNIZZI, 2015).
Apesar do Brasil ser um país que desperta significativo interesse comercial
sendo um dos mercados farmacêuticos mais importantes da América Latina, há
desafios a serem superados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA), que é responsável por analisar a eficácia, a segurança e o efeitos
terapêuticos dos fármacos. Assim como a FDA, mas diferentemente da agência
regulatória americana, no Brasil, as empresas farmacêuticas enfrentam
dificuldades relacionadas ao registro dos produtos, uma vez que o enquadramento
regulatório para o registro é ainda obscuro e pode trazer riscos para os
investidores e até para os consumidores (BORGES,2018).
Portanto, considerando o atual cenário apresentado, torna-se interessante a
análise crítica e a revisão de medicamentos nanoestruturados que já foram
registrados e atualmente são comercializados ou estão em fase de estudo clínico,
além de discutir as perspectivas das agências regulatórias sobre essa categoria
de medicamentos.
2. OBJETIVO(S)
2.1 OBJETIVO GERAL Realizar análise crítica dos registros de medicamentos nanoestruturados até o
presente momento e discutir as perspectivas quanto às suas exigências
regulatórias.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Levantamentos de contribuições por meio de banco de dados.
6
• Revisão bibliográfica de medicamentos nanoestruturados registrados
por agências regulatórias até o momento.
• Aprofundar nos estudos a respeito da importância do registro de
medicamentos nanoestruturados para o tratamento de diversas
enfermidades.
• Discutir as perspectivas dos medicamentos nanoestruturados.
3. MATERIAIS E MÉTODOS Para a revisão bibliográfica do presente trabalho foram utilizadas para a
obtenção de dados sobre o estudo do tema os bancos de dados eletrônicos como
Pubmed, Web of Knowledge e Scielo. O período considerado incluiu todas as
publicações a partir de 2005 até o momento, com destaque para as revisões nas
quais os estudos das aprovações de medicamentos nanoestruturados foram mais
relevantes.
Para a pesquisa foram utilizadas as palavras chaves nanostructure drugs,
approval, nanotechnology, new treatment. Dados na literatura foram utilizados
para um embasamento sobre o registro de medicamentos nanoestruturados.
Foram excluídas as nanoestruturas aprovadas para uso veterinário.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1. Análise de publicações A partir da análise dos artigos e compilação de informações relevantes ao
respeito do tema foram encontrados os resultados apresentados na Figura 1. Foram usadas palavras chaves e combinações entre elas para que houvesse
melhor seleção de artigos que poderiam ser relevantes à esta revisão bibliográfica.
Figura 1. Esquema de revisão bibliográfica. Palavras chave usadas e resultados
obtidos.
7
Fonte: elaborado pelo autor.
Por meio da pesquisa bibliográfica nos principais bancos de dados, pode-se
obter o gráfico exposto (Figura 2) indica que desde 2005 o número de artigos
publicados apresentou um grande crescimento.
Figura 2. Gráfico de publicações por ano nos principais bancos de dados
relacionados à nanotecnologia.
Palavra eh.ave: NOf'IOltthflology
Palavra chave:
"' <.> '-= -e 00
Nonotechnology
.2 :õ Palavra chave: :õ Nonostrvctvred o "" "' ·;;
drvgs
~ ., 'O Palavra eh.ave:
"' NOt'10$UUCtufed E ., drugs ::, cr "' w
Pa avra e ave: Nonostrvctvred
dru s
; 1 Resultados obtidos (a partir de 2005) 1
' 1---- - - ------- - --- - ------------;, ...... ,. .......... .. Pvbmed: 81,864 artiao,s
Web of Knowledge: 36.598 .art ieos Scielo: 350 .irti
Palavra chave: opproochs
Palavra chave: opprcochs
Palavra chave: regulotory o rovol
Palavra chave: approochs
Pa avra chave: regulotory o rovol
Palavra ch~we: new treotment
Palavra ch~we: opprcochs
Palavra chave: newue-otmertl
' ' ' ' ' 'I " ''
Pvbm ; 4,083 <1tti5'0S WebofKnowledse: 6,647 artigos
um : artgos Web of l(nowledge: 476 aftlgos
u art gos Web of l(nowledge: 25 artigos
8
Fonte: elaborado pelo autor.
4.2. Principais conceitos 4.2.1. Bases da nanotecnologia
Os materiais em nanoescala têm atraído grande atenção nos últimos anos
devido à melhoria da qualidade de vida e preservação do meio ambiente. A
nanotecnologia engloba produtos desenvolvidos em escala nanométrica, de 1 nm
a 100 nm, podendo apresentar propriedades físico-químicas diferentes devido ao
tamanho reduzido, como previsto em 1959 por Richard P. Feynman (PRASAD,
2018).
Em 1959, Richard P. Feynman fez um discurso no encontro anual da
Sociedade Americana de Física (American Physical Society) sobre o que se
tornaria uma das maiores leituras sobre a nanotecnologia, intitulado, There’s
Plenty of Room at the Bottom, onde Feynman explica sobre a manipulação e
controle de materiais em pequena escala, nesse mesmo discurso Feynman previu
como a nanotecnologia seria usada como extrapolação das leis físicas e químicas
conhecidas naquela época (BHUSHAN, 2017).
Assim, desde a década de 1960, muitos cientistas foram influenciados pelo
discurso de Feynman e iniciaram pesquisas relacionadas à nanotecnologia.
5 4
• • 2005 2006
Publicações sobre nanotecnologia (2005 - 2018)
8067
3481 3261 2824 2943
2455 2612 2293 2246
1716 1989
18 14 24 11 18 35 40 30 34 41
• • • • • • • • • • 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
--Sei elo - Web of Knowl~e - Pubmed
8239 8207
3648 3709
31 33
• • 2017 2018
9
Entretanto, o termo “nanotecnologia” foi utilizado pela primeira vez por Norio
Taniguchi em uma conferência de 1974 para descrever materiais que diferiam por
uma molécula ou átomo (HULLA, 2015).
A palavra “nanotecnologia” se tornou mundialmente famoso após a
publicação do artigo “Molecular Engineering: An approach to the development of
general capabilities for molecular manipulation” de K. Eric Drexler em 1981. No
período de sua publicação, Drexler não estava ciente de que Taniguchi já havia
usado o termo anteriormente, entretanto, a definição usada no livro “Engines of
Creation: The Coming Era of Nanotechnology” publicado em 1986 por K. Eric
Drexler está mais próximo do atual, que seria de produção de materiais em
nanoescala (TOUMEY, 2017).
E somente no final dos anos 1980 e início dos anos 1990, com o avanço da
tecnologia em geral, as nações mais desenvolvidas começaram a investir na
nanotecnologia com a criação de centros de pesquisa especializados e
desenvolvimento desse tipo de tecnologia (ROCO, 2011).
4.2.2. A importância da nanotecnologia A nanotecnologia foi incorporada por diversos setores, desde a engenharia
até os setores de medicina e saúde. Muitos benefícios podem ser extraídos
através da nanotecnologia, uma vez que é possível alterar as estruturas dos
materiais para escalas nanométricas a ponto de alcançar propriedades específicas
não demostradas anteriormente (WRIGHT, 2016),
A nanotecnologia foi incorporada inicialmente na área de física e química,
Gerd Binnig e Heinrich Rohrer foram os responsáveis pela criação do microscópio
que permitiu a formação de imagens de átomos individuais pela primeira vez, o
que levou a ganharem o Prêmio Nobel de Física em 1986 (NOBEL PRIZE, 2019).
Na área da físico-química, os primeiros descobrimentos foram os nanotubos
de carbono, por Sumio Iijima e sua equipe em 1991, os nanotúbulos tem
diâmetros de 4-30 nm, comprimento de até 1 µm e apresentam conformação
helicoidal relacionados com os eixo do túbulo (IIJIMA, 2002). Os nanotubos estão
sendo utilizados atualmente em eletrônicos, fotografia, fábricas multifuncionais e
10
biologia, criação de raios-x mais potentes, criação de carros com energia
alternativa de hidrogênio, desenvolvimento de biosensores de tubo de carbono
que podem diagnosticar infecções e até alguns tipos de câncer, além do uso em
chips de grafeno para computadores e celulares (ZAPOROTSKOVA, 2016).
A nanotecnologia implementada no campo de alimentação e da agricultura
permite amostragem mais detalhada de contaminantes químicos e biológicos,
separação de proteínas e incremento de nutrientes nos alimentos (GARCÍA,
2010).
Além das diversas áreas citadas anteriormente, a nanotecnologia é
implementada em superfícies nanoestruturadas como facas e outros materiais
cortantes, nano-tintas, nanoesferas usadas como lubrificantes, peças de
computadores e outros eletrônicos, na produção de novas fontes renováveis, entre
outras diversas aplicações da nanotecnologia atualmente (GRZYBOWSKI, 2016).
Figura 3. Áreas de possível aplicação da nanotecnologia
Fonte: Nanowerk (2018)
4.2.3. Advento da nanomedicina Devida à grande expansão da nanotecnologia, foi possível a abordagem da
nanotecnologia na medicina, essa abordagem facilitou a detecção, prevenção,
[ APPLICATIONS OF NANOPARTICLES ]
Heiit rettwllng lextilM
Seff-deaning texties -dressing Dental ceJamics
VV~texti1es Natllf•I I syntheCic: polymer hybrid fibrea. Bio-comp0sites
Pa.int-on solar cells
Medical textiles Hydrogen StOtage
materiais Lithiumlon
battery ~ectrodes
Technical textiles
Dcug Controlled re1ease
Molecular tagging
Biomarkers Oyesensiti&ed
so&81rcells
Fueo $Cklitive
Hydrogen production photocatafysts
catalysts Fuel cell catalysts
Autot)"IOtrve ~1,Jystt Environrriental
catalysts r=cccc=-c,-L-=-cc=c, Polkrtant
...... nge .. Wastewater
treatment
Quantum C001pu)frs
Quantum , ..... Hlghpowf!(
magoeis
Highdensity Ferro data storage fluids
Singleefedron translstors
High sensitive sensors
ChemicaJ senso<s
Naooscale patterning of eleeuonic clrcuits
Refractive index-engineering
Nano-inlls
Superplastic ceramics
TEXTILES
Industrial Catatysts
Nano p1gments
Cancec therapy
Orug dehvery
lmaging
... , conuast _,.
Food packaging
Functional nanooomposítes
Reinforced plast!cs
Antibacterial
IR -agents
W protection SYnsereens
Nutraeeutleat , Antioxjd$n1s
Fungicides lnteracliYefood
Food processing catatysts
FOOO qua1itylsafety
anafy11s
""""" An!ifouling coatings
Super thermal-condud.ive
liquid
Weat' resistant coatings
Self--cleaning buileling surlace
UVblocking eoatinga
Antimicrobial ooatlngs
11
diagnóstico, tratamento e acompanhamento de diversas enfermidades (NIKALJE,
2015). A nanomedicina é uma área relativamente nova para a ciência e tecnologia,
uma vez que a interação entre os materiais nanoestruturados e os organismos
ainda possui pontos não esclarecidos (FILIPE, 2015).
O sistema nanoestruturado na medicina atualmente pode ser dividido em
dois grandes grupos, sendo o primeiro referente à nanodevices (dispositivos
nanoestruturados) como sistemas de diagnóstico e prevenção de doenças e o
segundo referente à nanomateriais usados na área farmacêutica
(CHAKRABORTY, 2016). Os nanodevices são associações de tecnologias
eletrônicas, mecânicas e sistemas biológicos usados principalmente em
diagnóstico, prevenção e armazenamento de dados, como por exemplo o
desenvolvimento de sensores magnéticos ultrassensíveis para leitura de sinais
biológicos (RAMSDEN, 2011).
Uma das aplicações da nanomedicina é no tratamento personalizado para a
doença de Alzheimer. Esta doença degenerativa atualmente não possui cura. (De
Matteis, 2018), De Matteis infere que com a nanotecnologia é possível melhorar a
detecção com biomarcadores e a terapia da doença através de nanopartículas
como carreadores de fármacos. O uso de nanopartículas como carreadores de
fármacos será abordado em tópicos seguintes.
4.3. Medicamentos nanoestruturados Os medicamentos nanoestruturados são tão novos quanto a nanomedicina,
e tem levado à grande avanço na área farmacêutica por possuírem diversas
vantagens como a melhora na solubilidade em água, melhora da
biodisponibilidade e da estabilidade química. A nanotecnologia como carreadores
de fármacos pode modificar propriedades como solubilidade, absorção,
biodisponibilidade e imunogenicidade (SINGH, 2011). Essas alterações das
propriedades físico-químicas dos fármacos levam a outras vantagens como,
melhora de vias de absorção, menor toxicidade por menores doses administradas,
maior tempo de meia vida no organismo, entre outros (PATRA, 2018).
12
As principais classes de medicamentos nanoestruturados podem ser vistas
na Figura 4. Figura 4. Categorias de medicamentos nanoestruturados e suas principais
formas.
Fonte: Baranwal (2018)
Serão abordadas as principais classes de fármacos carreados por
estruturas nanoestruturadas que são implementados atualmente e os principais
medicamentos disponíveis no mercado e sua aprovação regulatória.
4.3.1. Nanocristais Nanocristais são partículas nanométricas cristalinas que possuem uma
grande concentração de fármaco estabilizada por surfactantes e outros materiais.
As principais vantagens dos nanocristais são a sua maior velocidade de
dissolução devido ao aumento da superfície de contato das partículas, maior
velocidade de dissolução, aumento da solubilidade, maior mucoadesão e tempo
de permanência dos fármacos nos tecidos (SUNITA, 2018).
Porém, em contrapartida, os nanocristais podem enfrentar problemas de
estabilidade, uma vez que o tamanho reduzido das partículas pode facilitar a
aglomeração das partículas e o crescimento dos cristais através do fenômeno de
Ostwald Ripening que faz com que as partículas da superfície se tornem mais
instáveis do que as que estão no interior facilitando o aumento do tamanho médio
das partículas (LU, 2016).
(i)
-- Nan~rticle Quantumdot Nanosheets
-- - @ ......... Carbon - Nanotube Fullerene Nanoshell Nanowire --
-- D • • D ~ ~A\~ -- Oendrimer liposome Polymeric Nanocapsule
Nanopartkle
13
Apesar dos problemas de estabilidade, muitas empresas farmacêuticas
puderam confrontar esses adversidades e portanto, muitos medicamentos foram
desenvolvidos e estão sendo comercializados para o tratamento de diversas
enfermidades (SURESH, 2014).
Dentre os nanocristais comercializados temos o Rapamune®
(sirolimus/rapamicina – atualmente comercializado pela Pfizer Inc. mas
desenvolvido pela Wyeth Pharmaceuticals) aprovado pela FDA em 2000 como
imunossupressor de uso oral, mas também usado para o tratamento de pacientes
com linfangioleiomiomatose esporádica, doença pulmonar grave e progressiva
(CENTER WATCH, 2000), o Rapamune® foi o primeiro medicamento em forma de
nanocristal comercializado mundialmente. De acordo com resultados
demonstrados por Junghanns (2008), o Rapamune® em forma de nanocristais
apresenta biodisponibilidade 21% superior ao em forma de solução oral, a
liberação dos nanocristais do comprimido no organismo ocorre em forma de uma
nanosuspensão ultra fina.
Dentre os nanocristais de absorção oral que estão no mercado atualmente
temos também o TriCor® (fenofibrato - AbbVie) aprovado em 2004 pela FDA para
a redução dos níveis de colesterol (FDA, 2004). O ativo do TriCor®, o fenofibrato,
é um fármaco usado desde a década de 1970, porém esse fármaco de acordo
com o Sistema de Classificação Biofarmacêutica (SCB) é de classe II, ou seja,
apresenta baixa solubilidade em água e alta permeabilidade, o que leva a uma
biodisponibilidade menor do que 60% quando usado de forma oral. De acordo com
estudo realizado por Kevadiya (2018), a dissolução do TriCor® pode ser reduzida
a até 30 min e a absorção pode ser aumentada consideravelmente (WEI, 2010).
Tanto o Rapamune® quanto o Tricor® foram desenvolvidos usando a
tecnologia pearl mill por Elan Nanosystems, que apresenta como principal
vantagem a utilização em larga escala comercial e a rapidez na produção. Além
dos dois medicamentos citados anteriormente, o Emend® (aprepitanto – Merk
Sharp & Dohme) aprovado em 2001 pela FDA e o Megace ES® (acetato de
megestrol – Bristol-Myers Squibb) aprovado em 2005 pela FDA também utilizam a
mesma tecnologia de produção de nanocristais (DHAPTE, 2019).
14
Os produtos que utilizam a tecnologia de nanocristais, como exemplificados
anteriormente, oferecem grandes benefícios aos fármacos, sendo ao aumento da
solubilidade e biodisponibilidade os fatores mais importantes, principalmente
quando os fármacos possuem faixa terapêutica reduzida (BEGAM, 2019).
Tabela 1. Nanocristais aprovados para comercialização e em fase de aprovação. (Adaptado de Weissig, et.al. (2014) e Ventola (2017))
Nome Descrição Empresa farmacêutica detentora do registro
Aprovação regulatória
Nanocristais
Avinza Sulfato de morfina usado como psicoestimulante Pfizer FDA 2002
EquivaBone Hidroxiapatite usado como substituto de osso Zimmer Biomet FDA 2009
Emend Aprepitant usado como antiemético Merk FDA 2003
Focalin Dexametilfenidato HCl
uso como psicoestimulante
Novartis FDA 2005
Invega Sustenna
Palmitato de paliperidona indicado para esquizofrenia
Janssen FDA 2009
Megace ES Acetato de megestrol usado para anorexia Par Pharmaceuticals FDA 2005
NanOss Hidroxiapatite usado como substituto de estrutura do osso
RTI Surgical FDA 2005
Ostim Hidroiapatite usado como substituo de estrutura do
osso Heraeus Kulzer Em aprovação
OsSatura Hidroxiapatite usado como subistituto de estrutura do osso
Isotis Orthobiologics FDA 2009
Rapamune Rapamicina usada como imunossupressor oral
Wyeth Pharmaceuticals FDA 2002
Ritalin LA Metilfenidado HCl usado como psicoestimulante Novartis FDA 2002
Ryanodex Dantrolene de sódio usado em hipotermia
maligna
Eagle Pharmaceuticals FDA 2014
Tricor Fenofibrato usado para hipercolesterolemia e
hipertrigliceremia Abbvie FDA 2004
15
Triglide Fenofibrato usado para hipercolesterolemia e
hipertrigliceremia Skye Pharma FDA 2004
Vitoss Fosfato de cálcio usado como substituto do osso Stryker Em aprovação
Zanaflex Tizanidina HCl usado como relaxante muscular Acorda FDA 1996
4.3.2. Lipossomos Os lipossomos, outra classe de fármacos nanoestruturados muito utilizados
atualmente, são vesículas de formato esférico normalmente criadas à partir de
fosfolipídios. Seu tamanho reduzido e a interação hidrofóbica-hidrofílica dos
fosfolipídios auxiliaram na sua implementação como carreadores de fármacos
(AKBARZADEH, 2013). Já foi demonstrado por Moulik (2018) que os fosfolipídeos
em bicamadas lipídicas podem transportar fármacos com características polares,
apolares, além de estabilizar compostos (por exemplo, antioxidantes, vitaminas e
outros elementos bioativos).
Os lipossomos começaram a ser introduzidos no mercado a partir da
década de 1990, um dos primeiros a serem aprovados para o uso pela FDA foi o
Doxil® (doxorrubicina – Janssen Cilag Farmacêutica) em 1995 para o tratamento
de diversos tipos de câncer. Além do Doxil®, um dos lipossomos mais conhecidos
atualmente no mercado é o AmBisome® (anfotericina B – Astellas Pharma US em
conjunto com Gilead Sciences Inc.) registrado em 1989 no mercado europeu e na
FDA em 1997 para o tratamento de infecções fúngicas, tratamento de meningites
e leishmaniose visceral (TORRADO, 2008). O AmBisome® é constituído de
hydrogenated soy phosphatidylcholine e distearoylphosphatidylglycerol que são
materiais que tem temperaturas de transição relativamente altas, sendo estáveis
em até 37°C, além disso, pode haver a formação de um complexo iônico dentro da
bicamada lipídica que iria fortalecer a ligação e formação do lipossoma
(ASTELLAS, GILEAD, 2018). Essa formulação de anfotericina B tem
reconhecidamente um maior tempo de circulação, maior biodisponibilidade e
menores efeitos adversos do que formulações convencionais (ZIA, 2017).
Um dos mais novos produtos em fase de aprovação pela FDA e pelo EMA é
o SHINGRIX® (GlaxoSmithKline), vacina zoster recombinante, adjuvante
16
consistida de uma suspensão para injeção intramuscular consistida do antígeno
glicoproteína E (gE) do vírus varicella zoster recombinante (VZV) liofilizado que é
reconstituído no uso com uma suspensão adjuvante de AS01b (FDA, 2017). O
antígeno é purificado em forma truncada do VZV gE expresso em células de
ovários de hamster chineses. A suspensão do adjuvante AS01b é composto de 3-
O-desacyl-4’-monofosforil lipídio A (MPL) de Salmonella minnesota e moléculas
saponinas (QS-21) purificada de plantas extraída Quillaja saponária Molina,
combinada com uma formulação lipossomal de dioleoyl phosphatidylcholine
(DOPC) e colesterol em solução salina de fosfato (BHARUCHA, 2017).
Tabela 2. Estruturas lipossomais aprovados para comercialização e em fase de
aprovação. (Adaptado de Weissig, et.al. (2014) e Ventola (2017))
Nome Descrição Empresa farmacêutica detentora do registro
Aprovação regulatória
Lipossomas
Ambissome
Anfotericina B encapsulada em
lipossoma (60-70 nm) Para infecção fúngica
sistêmica (IV)
Gilead Sciences FDA, 1997
Corosurf Poractant alfa lipossomal indicado para síndromes
respiratórias Chiesi USA FDA, 1999
DaunoXome
citrato daunorubicina em liposomas (45 nm)
usado para tratamento com HIV (IV)
Gilead Sciences/ United Medical Ltda. FDA 1996
DepoCyt
Citarabina encapsulada em lipossomas
multivesiculares (20 micrometros, classicado
como nanofármaco baseado em seu fármaco
individual contendo "chambers"
Meningite limfomatosa malígna (IV)
Sigma-Tau FDA 1999/2007
DepoDur Citarabina Lipossomal
indicado para meningite linfomatosa
Pacira Pharmaceuticals FDA 2004
17
Doxil
Doxorubicin HCl lipossomal (IV) para sarcoma de Karposi,
câncer ovariano, mielomas múltiplos.
Janssen FDA 1995
Inflexal V Antigeno viral de
influenza para vacina de influenza
Crucell Italy, S.r.I. Suíca, 1997
Marqibo Vincristine lipossomal Spectrum Pharmaceuticals FDA 2012
Mepact
Mifamurtida incorpora a lipossomos indicado para
osteosarcoma não metastásico
Takeda Pharma EMA 2009
Myocet
Doxorubicina encapsulada em
lipossomas para uso em câncer metastático de
mama
TEVA EMA 2000
Visudyne
Verporfina lipossonal indicada para AMD,
histoplasmose ocular e miopia
Bausch e Lomb FDA 2000
Opaxio
Paclitaxel ligado covalentemente a nanopartículas de
poliglutamato usado para Glioblastoma
CTI Life Sciences Ltd. FDA 2012
Renagel Sevelamer indicado para CKD Sanofi FDA 2000
Onivyde Irinotecan lipossomal
indicado no tratamento de câncer pancreático
Ipsen Biopharmaceuticals FDA 2015
Vyxeos
Daunorubicina e citarabina lipossomal para AML e AML com
mielodisplasia
Jazz Pharmaceuticals FDA 2017
Zinostatin stimalamer
Proteína conjugada e proteína antitumoral NCS. Usada para
carcinoma hepatocelular.
Astellas Japão 1994
4.3.3. Sistemas nanoestruturados lipídicos A administração oral de medicamentos é a rota mais segura e menos
invasiva que pode ser adotada em um tratamento, contudo, para medicamentos
18
cujas solubilidades e permeabilidades são baixas, pode ser afetado a
biodisponibilidade dos fármacos. Além disso, geralmente medicamentos que
possuem alto peso molecular também podem apresentar problemas na
biodisponibilidade. Visando esses problemas, muitos fármacos podem ser
transportados através de carreadores baseados em lipídios, como os
nanocarreadores lipídicos (NLC – nanostructured lipid carriers), nanopartículas
lipídicas sólidas (SLN – Solid lipid nanoparticles), nanoemulsões entre outros
(TELEGAONKAR, 2019).
O fármaco mais conhecido no mercado atualmente com essa tecnologia é a
Ciclosporina A, comercializado como Restasis® (Allergan) em forma de
nanoemulsão aprovada em 2002 pela FDA e como Ikervis® (Novagali) em forma
de nanoemulsão catiônica aprovada para comercialização em 2015 pela EMA.
Formulações baseadas em lipídios são amplamente empregadas em
medicamentos para uso oftálmico tópico, principalmente para síndrome do olho
seco e para inflamações (GAN, 2013).
Os nanocarreadores tem propriedades como a ação de filme biônico pela
interação entre o óleo e a água, gerando assim uma alta biocompatibilidade com o
tecido ocular. Para as nanoemulsões catiônicas e aniônicas, há ainda o aumento
da permanência da formulação devido às cargas presentes nas emulsões que
diminuem o ângulo de contato com o olho (SAHOO, 2008).
Além das melhorias em medicamentos oftalmológicos que as
nanoformulações podem oferecer, para medicamentos orais, as vantagens
também são grandes, como por exemplo, podendo aumentar a solubilidade e
permeabilidade dos fármacos devido a uma maior dissolução pelo tamanho
reduzido da partícula, principalmente aqueles classificados como II no Sistema de
Classificação Biofarmacêutico (PORTER, 2007).
Tabela 3. Sistemas nanoestruturados lipídicos aprovados para comercialização e
em fase de aprovação. (Adaptado de Weissig, et.al. (2014), Ventola (2017) e
Savla, et.al. (2017)).
19
Nome Descrição Empresa farmacêutica detentora do registro
Aprovação regulatória
Nanoformulações baseadas em lipídeos (excluindo lipossomas)
Fungizone
Anfotericina B em dispersão coloidal
indicada para infecções fúngicas sistêmicas.
Brystol-Myers Squibb FDA 1966
Calcitriol Formulação de calcitriol
como análogo de Vitamina D
Hoffman Laroche FDA 1998
Depakene Valproato sódico para tratamento de epilepsia Abbott Laboratories FDA 2002
Diprivan Emulsão de propofol indicada como sedativo Astra-Zeneca FDA 1989
Estrasorb Estracidol usado em
sintomas vasomotores da menopausa
Novavax FDA 1975
Norvir
Ritonavir em forma de cápsulas gelatinosas moles usado como
antirretroviral
Abbott Laboratories FDA 1999
Sandimmune Ciclosporina A usado como imunossupressor Novartis FDA 1990
Zantac Cloridrato de ranitidina usado como inibidor de
secreção gástrica Glaxo Wellcome Inc. FDA 1999
Abelcet
Complexo de Anfotericina B usado
para infecções fúngicas sistêmicas
TEVA FDA 1995
Amphotec
Anfotericina B complexada com
colesterol em dispersão coloidal usada para infecções fúngicas
sistêmicas
InterMune Inc. FDA 1996
4.3.4. Outras categorias de medicamentos nanoestruturados (drug delivery systems) Além das categorias e medicamentos citados anteriormente, podem ser
observados algumas outras classes e medicamentos considerados nanofármacos
na Tabela 4.
20
Tabela 4. Classes de medicamentos nanoestruturados, exemplos e aprovações
regulatórias. (Adaptado de Weissig, et.al. (2014) e Ventola (2017)).
Conjugados com proteínas
Abraxane
Albumina conjugada com paclitaxel usada para câncer metastático de
mama
Celgene Europe B.V. FDA 2005
Kadcyla
Anticorpo monoclonal conjugado via tioeter usado para câncer
metastático de mama
Roche FDA 2013
Ontak
Proteína recombinante de fragmento A de difteria e acoplado à receptor de interleucina 2 indicado para linfoma cutâneo primário de célula T.
Eisai Inc. FDA 2006
Nanoformulações baseadas em metais
Dexferrum Nanopartículas de óxido
de ferro usado para anemia
Luitpold Pharmaceuticals FDA 1996
Feridex
Nanopartículas de óxido de ferro cobertas de
dextran. Usada para lesão do fígado e esplendo.
Berlex Laboratories FDA 1996
Feraheme
Nanopartículas de oxido de ferro supermagnético usado para o tratamento de anemia por deficiência de ferro e para doenças
crônicas dos rins
AMAG Pharmaceuticals FDA 2009
Ferrlecit Ferro sódico usado para anemia de deficiência de
ferro
R&D Laboratories, Inc. FDA 1999
Nanotherm
Oxido de ferro aminosilado usado para gliobastoma,
próstata e câncer pancreático.
MagForce EMA 2013
Infed
Nanopartículas de óxido de ferro cobertas de
dextran para lesão do fígado
Allergan FDA 1976
Venofer Injeção de sacarose férrica para reposição de ferro
Luipold Pharmaceuticals FDA 2000
21
Medicamentos PEGlados
Adagen Adenosina daminase PEGlado usado em
imunodeficiência diversas
Leadiant Biosciences FDA 1990
Cimzia
Anticorpo monoclonal humanizado anti-TNF-alfa
PEGlado indicado para doença de Chrohn e artrite
reumatoide
AstraZeneca FDA 2008
Krystexxa Ácido úrico PEGlado para tratamento de gota
Savient Pharmaceuticals
Inc. FDA 2010
Neulasta
Filgrastina (estimulante do fator de crescimento
granulocítico) indicado para neuropatia fibrótica
Amgem FDA 2002
Oncaspar Asparaginase-L PEGlada indicada para leucemia
linfoblástica aguda
Les Laboratories Sevier FDA 1994
Pegasys Interferon Alfa-2b PEGlada para Hepatite B e C Roche FDA 2002
Peglntron Interferon Alfa-2b PEGlada para Hepatite C Schering-Plough FDA 2001
Plegridy
Somavert Antagonista de receptor do hormônio de crescimento (GH) para acromegalia
Pfizer FDA 2003
Macugen
Anti-VEGF PEGlado usado para degeneração
neovascular macular relacionado com a idade
Pfizer FDA 2004
Mircera Eritropoeitina beta para
anemia associada a insuficiência renal crônica
Roche FDA 2007
Nanoformulações baseadas em polímeros
Adynovate Fator anti-hemofílico (recombinante) Shire FDA 2015
Copaxone Acetato glatimer para esclerose múltipla Teva FDA 2014
Eligard Acetato leuprolide para câncer de próstata Tolmar FDA 2002
Genexol
Paclitaxel composto por co-polímero indicado para
câncer metastático de mama e câncer
pancreático
Hospira Coréia do Sul 2001
22
Gendicine
Adenovirus recombinante para infecção por
adenovírus e câncer do tipo p53
Shenzhen SiBiono GeneTech China 2003
Rebinyn Fator IX de coagulação
(recombinante ) indicado para Hemofilia B
Novo Nordisk FDA 2017
Zilretta Suspensão injetável de
triacinolona para osteoartrite
Flexion Therapeutics FDA 2017
4.4. Regulamentação de medicamentos nanoestruturados 4.4.1. Food and Drug Administration (FDA- Estados Unidos)
Desde o ínicio dos anos 1990, quando surgiram os primeiros medicamentos
nanotecnológicos, a agência regulatória americana, FDA (U.S. Food and Drug
Administration) tiveram uma abordagem diferenciada para tais medicamentos,
tendo desde 1995 até 2017, mais de 50 nanofármacos aprovados pela agência
(CHOI, 2018). Porém a partir dos anos 2000, quando o número de medicamentos
nanoestruturados cresceram, a agência decidiu criar um grupo focado nessa
categoria específica, assim, em agosto de 2006 foi criada a Força Tarefa de
Nanotecnologia da FDA (FDA Nanotechnology Task Force). Essa força tarefa é
encarregada de identificar e recomendar quais os enquadramentos regulatórios
que tanto a agência, quanto as empresas desenvolvedoras dos medicamentos
devem ter para receber e aprovar os dossiês de registro (FDA, 2006).
A força tarefa da FDA está alinhada com os recentes avanços da tecnologia
e suas aplicações, de acordo com a Ordem Executiva I3563 emitida pelo então
presidente dos EUA, Barack Obama, que exige a melhoria contínua da
regulamentação e revisão regulatória pelos órgãos governamentais americanos
(WHITE HOUSE, 2011).
Para que essa melhoria contínua ocorra, a FDA, em 3 de junho de 2011
lançou o primeiro rascunho do guia para produtos nanotecnológicos, o guia
descreve sobre a segurança e eficácia dos produtos, além de pontos importantes
a serem considerados sobre características físico-químicas, propriedades
biológicas alteradas, entre outras (FDA, 2014) . Além do Guia publicado em 2011,
a FDA publicou ainda em 2012 o segundo rascunho do guia para o uso da
23
nanotecnologia nas indústrias e após esse período, após considerar comentários
das empresas envolvidas, publicou três guias oficiais em 2014 e em agosto de
2015 publicou um quarto guia para o uso de nanomateriais para uso em alimentos
para animais (RIDGE, 2013) e por último em 2017 a FDA publicou um rascunho
do guia para medicamentos, incluindo produtos biológicos que contém
nanomateriais, nesse guia também foram considerados pontos sobre quais
estudos clínicos e não clínicos devem ser realizados para a verificação dos novos
medicamentos nanoestruturados a serem registrados (FDA, 2017).
Contudo, apesar dos guias serem de extrema importância para o marco
regulatório dos nanotecnológicos, não há uma lei ou regulamentação adequada a
respeito dos medicamentos, ou seja, o guia apenas implica nos pontos a serem
considerados na produção e desenvolvimento dos medicamentos, não existe uma
classificação específica para os produtos nanoestruturados, assim, os
medicamentos atualmente no mercado foram aprovados principalmente em dados
clínicos de segurança e eficácia e comparabilidade com suas versões “não
nanoestruturadas” (LIMAYE, 2014).
4.4.2. European Medicines Agency (EMA) Diferente da abordagem da FDA, a agência europeia (EMA), no início do
desenvolvimento dos medicamentos nanotecnológicos, não aprovou tantos
produtos para a comercialização, foram apenas 12 aprovações.
O menor número de aprovações pela EMA dá-se também pelo fato da
agência sugerir alguns estudos diferentes dos realizados para medicamentos
“não-nanoestruturados” como por exemplo, estudos de estabilidade nos quais
sejam demonstrados que o tamanho da partícula não se altere e não haja
aglomeração das partículas, não deve haver também alteração na formulação em
estudos in vitro não estáveis e a forma nano deve ser conservada também após a
administração na amostra biológica (CHOI, 2018).
Devido a essas sugestões da Agência, as empresas tem tido maior
dificuldades para a aprovação de seus medicamentos na Europa, os produtos
nanoestruturados comercializados atualmente são principalmente os considerados
24
de primeira geração, como formulações de lipossomos, nanocristais, e a base de
metais, porém, apenas a partir de 2015, os medicamentos considerados de
segunda geração como carreadores lipídicos nanoestruturados e estruturas
baseadas em polímeros, começaram a ser avaliados pela EMA (EMA, 2015).
Além disso, a EMA, assim como a FDA, criou em 2011 uma comissão
multidisciplinar (CHMP Nanopharmaceuticals multidisciplinar drafting group) para
criar guias de como o desenvolvimento de medicamentos nanotecnológicos
deverão ser realizados (EMA,2014).
A EMA, também atenta aos novos desenvolvimentos das indústrias
farmacêuticas, está elaborando e avaliando guias relacionados aos
nanomedicamentos de segunda geração, que seriam mais complexos do que os
comercializados atualmente e também aos nanosimilares, que deverão ser
medicamentos similares aos já comercializados, uma vez que não se pode ainda
se avaliar totalmente os resultados desses medicamentos da segurança e eficácia
nos pacientes (EHMANN, 2013).
Assim, em paralelo, a União Europeia iniciou em 2013, o Projeto NanoReg,
para se criar um alinhamento internacional sobre a regulamentação usada em
nanotecnologia. O projeto envolve mais de 59 parceiros, entre autoridades
regulatórias, indústrias e universidades, com a finalidade de dar suporte e
subsídios aos órgãos reguladores e parceiros desenvolvedores de medicamentos
(LIMA e ROCHA, 2017).
4.5. Regulamentação de medicamentos nanoestruturados no Brasil No Brasil, as empresas tem investido cada vez mais no desenvolvimento de
medicamentos nanoestruturados em busca de maior competividade no mercado.
A partir de 2010, o Brasil começou a aparecer no ranking de países com
prioridade de depósitos de patentes para medicamentos nanobiotecnológicos,
chegando ao 13° lugar no ranking, o que demonstra o desenvolvimento do país na
categoria (BATISTA, 2014).
O Brasil, apesar de ter grande visibilidade internacional para a
comercialização de medicamentos nanoestruturados, não possui uma indústria
25
nacional de grande porte para competir com a produção que é importada por
empresas multinacionais. Assim, em 2001, o governo, em busca do incentivo às
empresas nacionais, criou 4 redes de pesquisa ligadas a empresas e
universidades, que durante o período de 2002 a 2005 depositaram mais de 90
patentes (OLIVEIRA, 2015).
Além da criação dessas 4 redes de pesquisa e desenvolvimento, o governo
também foi responsável pelo desenvolvimento do Programa Nacional de
Nanotecnologia (PNN) em 2005, que estava englobado dentro do Programa
Plurianual (PPA) para o desenvolvimento da Nanociência e Nanotecnologia
(N&N), o que impulsionaria a indústria nacional e aumentaria a competitividade na
economia brasileira. Além do PNN, foi criado em 2012, um Programa de Iniciativas
Brasileira em Nanotecnologia, também com finalidade de incentivar esse tipo de
tecnologia, acredita-se que mais de R$ 100 milhões serão revertidos ao programa
a partir de 2013 (PLENTZ, 2013).
Os principais programas que foram criados para o desenvolvimento da
nanotecnologia no Brasil podem ser encontradas no Figura 5. Figura 5. Linha cronológica de desenvolvimento da nanotecnologia no Brasil
Fonte: Pereira (2013)
• Criação das Red es Cooperativas de Nanotecnologia
• Política Ind ustrial, Tecnológica e
de Comércio Exterior
• Política de • Fórum de Inovação de Desenvolvimento Nanotecnologia
Produtivo • Inauguração do Centro • Criação institutos de Caracterização em de nanotecnologia Nanotecnologia
• Programa para o Desenvolvimento da Nanociência e Nanotecnologia
• Programa Nacional de
Nanotecnologia
• Fórum de • Sistema Nacional de Competitividade Laboratórios em Nanotecnologia Nanotecnologia.
• Comitê I nterministerial de Nanotecnologia
26
O Brasil é, juntamente com o México, o país de maior impacto regulatório
da América Latina, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), apesar
de ter apenas 20 anos desde sua criação, já possui grande conhecimento sobre
as áreas técnicas e legais que envolvem os medicamentos (ANVISA, 2014). No
entanto, apesar dos grandes avanços realizados nos últimos anos, no atual
cenário nacional, não existe nenhuma legislação ou guia específico que
regulamenta os medicamentos nanoestruturados e apesar disso, no mercado
podem ser encontrados medicamentos registrados que seriam classificados como
nanotecnológicos, que apesar disso, não possuem nenhuma indicação ou na bula
ou na embalagem de que fazem parte desta categoria específica. De acordo com
a ANVISA, até 2015 existiam apenas 10 nanomedicamentos registrados no Brasil,
sendo alguns deles: Daunoxome®, Caelyz®, Luprondepot®, Neodecapeptyl®,
Brexin®, Maxsulid®, Ambisome® (OLIVEIRA, 2015) .
Apesar disso, o Ministério de Desenvolvimento Industrial e Comércio
Exterior (MDIC) promove o Fórum de Competitividade em Nanotecnologia desde
novembro de 2009, como resultado desse fórum, foi adotado no Brasil, como
definição de nanotecnologia, a definição da ISO TC 229, e para nanomaterial, a
definição da ISO/TC 12885. Porém, apesar disso, não houveram outras grandes
contribuições do fórum, tanto que, até os dias de hoje não foi criado um Marco
Regulatório para os medicamentos nanoestruturados. A justificativa do grupo
menciona que assim como as outras categoriais de medicamentos, os
nanotecnológicos devem apresentar os mesmos dados de segurança, eficácia e
qualidade no momento do registro (ICTQ, 2019).
Entretanto, a ANVISA, como órgão regulador no país, tem o dever de
sempre se manter atualizada com a regulamentação global e as mudanças no
mercado farmacêutico, assim, em 2014, a Agência publicou a Portaria n°1.358,
que instituiu o Comitê Interno de Nanotecnologia (CIN), com finalidade de
coordenar ações relacionadas às nanotecnologias e que são consideradas
prioridade pela Diretoria Colegiada da ANVISA (DICOL) (ANVISA, 2014).
De acordo com a Portaria n°1.358, a CIN seria responsável pela
coordenação de ações em nanotecnologia, além da criação de normas e guias
27
específicos destinados à avaliação desse tipo de medicamentos. A CIN também
se relacionaria com a Política Nacional De Nanotecnologia do governo federal e
em 2016, a CIN aprovou a adesão do Brasil ao Projeto NanoReg da União
Europeia. A entrada do Brasil no Projeto Nanoreg foi um grande avanço, pois a
partir deste, a ANVISA pode obter maior visibilidade dos procedimentos adotados
por outras agências reguladoras internacionais e adotar padrões similares (LIMA e
ROCHA, 2017).
Os avanços na regulamentação de produtos nanotecnológicos no país não
se deram apenas devido à ANVISA, é necessário ressaltar que as empresas
nacionais também tem desenvolvido medicamentos que necessitam dessa
regulamentação, um exemplo é a Incrementha PD&I, empresa resultante da união
de dois laboratórios nacionais, Biolab e Eurofarma, que em 2007 anunciou que
estava desenvolvendo um novo anestésico de uso tópico com nanotecnologia e
que este seria o primeiro no mundo, de acordo com a empresa, mais de R$ 12
milhões serão investidos (CIETEC, 2007).
5. CONCLUSÃO O levantamento da literatura científica revelou crescimento exponencial de
publicações no campo das nanotecnologias aplicadas ao desenvolvimento de
sistemas de liberação de fármacos, principalmente nos últimos 5 anos. Essa
elevada quantidade de artigos também é refletida no aumento de medicamentos
nanoestruturados registrados pelas Agências Regulatórias. Nesse sentido, as
agências regulatórias FDA e EMA investiram em guias e regulamentações para os
nanomedicamentos.
No Brasil, a ANVISA seguiu a mesma linha das demais agências
regulatórias, por meio da criação de comitês e alinhamentos com outras agências
internacionais. Contudo, não existe uma legislação ou marco regulatório específico
sobre os medicamentos nanoestrurados publicado pela ANVISA. A ausência
dessa legislação pode impactar diretamente na estratégia regulatória que os
fabricantes irão adotar para comercializar seus medicamentos nanoestruturados.
Além disso, essa ausência pode dificultar o registro pois o enquadramento que a
28
ANVISA atualmente tem a respeito desses nanomedicamentos é o mesmo
adotado para as outras classes (novos, similares, biológicos, genéricos).
Concluindo, os medicamentos nanoestruturados tem elevado potencial para
melhorar a eficácia e a segurança do arsenal terapêutico existente, em especial os
fármacos classe II, segundo o sistema de classificação biofarmacêutica. Nesse
sentido, as agências regulatórias devem investir guias que permitam o registro
desses produtos com segurança legal.
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