Parte 1 Previdenciario Renata Orsi2
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Profª. Renata Orsi
1. SEGURIDADE SOCIAL
CONCEITUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO CONSTITUCIONAL
A Seguridade Social tem por finalidade assegurar, à população, proteção contra as denominadas
contingências sociais, i.e., situações que impedem (ou dificultam) ao indivíduo a manutenção de seu
próprio sustento e de seus dependentes.
No Brasil, a Constituição Federal de 1988 (CF/88) expressamente consagrou o sistema de
Seguridade Social no Capítulo II do Título VIII (“Da Ordem Social”), especialmente nos arts. 194 a
204. Trata-se de inovação da Constituição-cidadã, pois é esta a primeira vez em que o regime de
Seguridade resta positivado pelo texto constitucional brasileiro.
Vejamos alguns aspectos essenciais do art. 194 da Constituição Federal de 1988, que contempla o
conceito da Seguridade Social:
Art. 194, CF/88. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social
• Objetivo da Seguridade Social, como dito, é fazer frente às contingências sociais.
• As ações voltadas à Seguridade Social têm caráter integrado: são promovidas não apenas pelos
Poderes Públicos, mas também pela sociedade.
• A Seguridade Social contempla três esferas de atuação, a saber:
a) Saúde (arts. 196 a 200 da CF/88 + Lei 8080/90)
b) Previdência Social
c) Assistência Social (arts. 203 e 204 da CF/88 + Lei 8.742/93)
A Previdência Social compreende três regimes diversos:
a) RGPS (Regime Geral da Previdência Social): regime obrigatório, destinado a todos
os trabalhadores não abarcados por regime próprio (especialmente do setor privado), e
gerido pelo INSS. Suas normas são estudadas pelo Direito Previdenciário. Legislação:
Leis nº 8.212 e 8.213/91 + Decreto 3048/99 + Art. 201 da CF/88.
b) RPPS (Regime Próprio de Previdência Social): regime obrigatório, destinado aos
servidores públicos da União, Estados, DF, Municípios, autarquias e fundações
públicas. Gerido pelos órgãos da Administração Pública, tem suas regras gerais
previstas pelo art. 40 da CF/88. Suas normas são estudadas pelo Direito
Administrativo.
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c) Complementar (Previdência Privada): regime facultativo, de natureza complementar
aos regimes obrigatórios acima mencionados. Pode ser público ou privado (que será
aberto, se administrado por instituições financeiras, ou fechado, se administrado por
uma empresa ou grupo de empresas) É previsto pelas leis complementares nº 108 e
109/2001 + art. 202 da CF/88 + art. 40, §§14 a 16 da CF/88. Estudado pelo Direito
Comercial (Direito dos Seguros Privados).
ORIGEM E EVOLUÇÃO LEGISLATIVA NO BRASIL
A preocupação do Estado e da população com as contingências sociais que comprometem a
subsistência dos cidadãos é reconhecida desde o início do desenvolvimento das relações humanas. A
seguir, apresenta-se breve histórico contendo os principais marcos do desenvolvimento da Seguridade
Social no Brasil:
• Carta Imperial de 1824: continha previsão sobre a Seguridade Social, especificamente no âmbito
da saúde, ao estabelecer, no art. 179, a constituição dos socorros públicos (embriões das Santas
Casas de Misericórdia).
• Constituição de 1891 é a primeira a consagrar a expressão “aposentadoria” (por invalidez,
assegurada aos funcionários públicos a serviço da Nação).
• Decreto-legislativo nº 3.724, de 1919: proteção às hipóteses de acidente de trabalho.
• Lei Eloy Chaves (Decreto-Lei nº 4.682, de 24 de janeiro de 1923): grande marco da Seguridade
Social brasileira, referida lei estabeleceu diversos direitos de natureza previdenciária à categoria
dos ferroviários. Inicialmente restrita aos ferroviários, a Lei Eloy Chaves foi, paulatinamente,
sendo ampliada para outras categorias de funcionários públicos.
• A partir da década de 30, também o setor privado passa a se organizar em grupos para assegurar,
entre seus membros, determinados benefícios sociais. Surge, então, o conceito de mutualismo –
sistema em que todos os participantes envidam esforços para um fim comum. Da organização do
setor privado, nascem os IAPs, pioneiros na criação do sistema de tríplice custeio para
manutenção e concessão de benefícios sociais.
• Constituição de 1934: é consolidada a tríplice forma de custeio adotada pelos IAPs.
• Constituição de 1946: é consolidado o seguro obrigatório contra acidentes de trabalho, custeado
pelo empregador, bem como o princípio da preexistência do custeio.
• 1960: é promulgada a primeira LOPS (Lei Orgânica da Previdência Social – Lei nº 3.807, de
06/08/1960. Esta lei unificou o sistema de seguridade brasileiro, contemplando plano único de
benefícios e serviços. Trata-se da uniformização legislativa.
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• 1966: o Decreto-Lei nº 72, de 21/11/1966 determinou a centralização dos IAPs então existentes
em um único órgão: o INPS (Instituto Nacional de Previdência Social). Trata-se da uniformização
institucional.
• 1974: ocorre o desmembramento do Ministério do Trabalho e da Previdência Social e instituição
de Ministério específico para tratar da Seguridade Social (MPAS – Ministério da Previdência e
Assistência Social).
• 1977: é criado o SINPAS (Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social – Lei 6.439, de
01/09/1977). Por meio de tal sistema, tem-se a consolidação dos três âmbitos de atuação da
Seguridade Social, hoje contemplados no art. 194 da CF/88: previdência social (administrada
pelo INPS), saúde (administrada pelo INAMPS – Instituto Nacional de Assistência Médica da
Previdência Social) e assistência social (administrada pela LBA – Fundação Legião Brasileira de
Assistência). No mesmo sistema, insere-se o IAPAS (Instituto de Administração Financeira da
Previdência Social), órgão competente para promover a arrecadação, a fiscalização e a cobrança
das contribuições e outros recursos da Seguridade Social, e a DATAPREV, responsável pelo
processamento de dados e realização de pesquisas em matéria de Seguridade (+ FUNABEM e
CEME)
• 1988: conforme já ressaltado, a Constituição Federal expressamente consagra o sistema de
Seguridade Social no Capítulo II do Título VIII (“Da Ordem Social”).
• 1990: da fusão do INPS com o IAPAS, surge o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social –
criação autorizada pela Lei nº 8029/90 e efetuada pelo Decreto 99350/90) – autarquia federal,
sediada em Brasília, responsável pela cobrança de contribuições previdenciárias e administração
de benefícios.
• 1991: entram em vigor as Leis nº 8.212 e 8.213 (respectivamente, plano de custeio e de benefícios
da previdência social).
• 1993: é extinto o INAMPS, e suas funções atribuídas ao SUS (regulamentado pela Lei nº
8080/90). Ainda, é promulgada a Lei nº 8.742, que versa sobre a Assistência Social (LOAS – Lei
Orgânica da Assistência Social).
• 1995: é extinta a LBA, e suas funções transferidas para o INSS.
• 1999: é promulgado o atual Regulamento da Previdência Social (RPS) – Decreto 3048/99.
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
Tal como os demais ramos do direito, a Seguridade Social é dotada de princípios, ou seja,
proposições teóricas que orientam a aplicação e a interpretação de seu sistema de normas.
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Por óbvio, os princípios gerais de direito também são plenamente aplicáveis ao Direito da
Seguridade Social. Assim, proposições como igualdade (material), dignidade da pessoa humana,
liberdade, proteção à propriedade, etc., também são observadas nesse ramo específico do direito.
Entretanto, mais do que tais princípios gerais (que são objeto de estudo da Teoria Geral do
Direito), interessam-nos os princípios próprios da Seguridade Social – os quais são classificados, pela
doutrina, em explícitos ou implícitos.
Princípios explícitos são aqueles expressamente previstos pela legislação – notadamente, pelo art.
194, par. un. da Constituição Federal de 1988, além de outros dispositivos constitucionais a seguir
mencionados. Implícitos, por seu turno, são princípios que – embora não positivados pela legislação –
podem ser extraídos do sistema de normas referente à Seguridade Social.
Iniciaremos nossos estudos, então, pelos princípios explícitos da Seguridade Social.
Segundo a CF/88, trata-se dos OBJETIVOS da Seguridade Social – porém, em termos técnicos,
são verdadeiros PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS, já que orientam as atividades e ditam as finalidades
do sistema de Seguridade Social.
Art. 194 Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: I - universalidade da cobertura e do atendimento; II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; V - eqüidade na forma de participação no custeio; VI - diversidade da base de financiamento; VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.
PRINCÍPIOS EXPLÍCITOS
I. Universalidade da cobertura e do atendimento
A universalidade da Seguridade Social desmembra-se em duas vertentes: a) universalidade de
atendimento, segundo a qual todas as pessoas residentes no país têm direito aos mesmos benefícios
(dimensão subjetiva) e b) universalidade de cobertura, segundo a qual a Seguridade Social ampara os
cidadãos em relação a todas as contingências especificadas em lei (dimensão objetiva).
II. Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais
Referido princípio veio romper com o modelo de Seguridade Social anterior, em que havia
diferenciações relativas a benefícios e serviços assegurados às populações urbanas e rurais. Normalmente,
as populações rurais eram prejudicadas – até mesmo porque limitações de ordem material impediam o
pleno acesso a todas as prestações da Seguridade Social.
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É de se ressaltar, entretanto, que, em algumas hipóteses, a própria legislação admite sejam criadas
diferenciações – desde que justificadas por condições de vida peculiares ou outras razões relevantes.
III. Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços
Referido princípio contempla a ideia de “selecionar para poder melhor distribuir”, de forma a
atingir o maior número de pessoas possível com os benefícios e serviços da Seguridade Social (Princípio
da Reserva do Possível). Considerando a escassez das verbas destinadas à Seguridade Social, o
constituinte apela para o bom-senso do legislador, pedindo-lhe que selecione as pessoas aptas a receber e
as contingências aptas a dar ensejo aos benefícios da Seguridade Social.
Apenas na Saúde não há seletividade e distributividade.
IV. Irredutibilidade do valor dos benefícios
Benefícios da Seguridade Social, assim como salários, não podem ser reduzidos.
O Supremo Tribunal Federal, porém, pacificou entendimento no sentido de que a irredutibilidade
se refere ao valor nominal do benefício, e não a seu valor real.
Como segundo corolário desse princípio, tem-se que os benefícios da Seguridade Social não
poderão sofrer descontos, salvo determinação legal ou judicial, nem arresto, seqüestro ou penhora. Ainda,
devem ser periodicamente revistos, por meio de lei ordinária. Segundo o art. 41-A da Lei nº 8.213/91, “o
valor dos benefícios em manutenção será reajustado, anualmente, na mesma data do reajuste do salário
mínimo, pro rata, de acordo com suas respectivas datas de início ou do último reajustamento, com base
no Índice Nacional de Preços ao Consumidor - INPC, apurado pela Fundação Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística – IBGE”. (ver art. 201, §4º, CF/88)
Finalmente, o benefício substituto da remuneração do trabalhador jamais será inferior ao salário
mínimo (art. 201, §2º da CF/88), nem superior ao teto previsto pelo INSS (atual: R$4159,00), exceto no
caso de salário maternidade ou aposentadoria por invalidez de segurado que demande cuidados de
terceiro, como adiante se verá.
V. Equidade na forma de participação no custeio
Trata-se de corolário do princípio da igualdade (art. 5º, caput, CF/88), estabelecendo que o
financiamento da Seguridade Social será feito na medida da desigualdade dos contribuintes: quem ganha
mais ou aufere mais rendimentos paga contribuições mais altas.
O §9º do art. 195 da CF/88 consagra expressa manifestação de tal princípio, in verbis:
§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo [contribuições da empresa] poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão-de-obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho.
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A doutrina costuma comparar referido princípio com o princípio da capacidade contributiva, do
Direito Tributário.
VI. Diversidade da base de financiamento
Como acima ressaltado, a Seguridade Social é organizada, conjuntamente, pelos Poderes Públicos
e pela sociedade, em regime de coordenação. Da mesma maneira, seu financiamento é repartido entre
tais entes, consoante dispõe o art. 195 da CF/88.
VII. Caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite,
com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo
nos órgãos colegiados.
Um dos princípios basilares da gestão administrativa da Seguridade Social é seu caráter
democrático e descentralizado.
O caráter democrático assegura a todas as pessoas a possibilidade de participar das decisões
tomadas pelos órgãos da Seguridade Social; a descentralização, por seu turno, permite a atuação
desconcentrada dos órgãos de Seguridade Social, envolvendo União, Estados, Distrito Federal e
Municípios na prestação de seus serviços e benefícios (de forma a melhor atender às necessidades da
população).
Ademais, a CF/88 assegura a gestão quadripartite da Seguridade Social – isso significa que, das
deliberações dos órgãos integrantes do sistema (e.g., Conselho Nacional de Previdência Social – CNPS,
Conselho de Recursos da Previdência Social – CRPS, Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS,
etc.), deverão, necessariamente, participar representantes dos trabalhadores, dos empregadores, dos
aposentados e do Governo.
VIII. Preexistência do custeio em relação ao benefício ou serviço (ou regra da contrapartida)
Referido princípio não vem previsto no par. un. do art. 194 da CF/88, e sim no art. 195, §5º.
Refere-se à impossibilidade de se criar, estender ou majorar benefício sem a correspondente fonte de
custeio:
Art. 195, § 5º - Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total.
IX. Anterioridade nonagesimal
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De acordo com a LINDB (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro), as leis têm vigência
45 dias após sua publicação (vacatio legis). Porém, é possível que outro prazo seja determinado pela lei
(data da publicação ou prazo superior).
Normalmente, no direito da seguridade social, as normas entram em vigor quando de sua
publicação – porém, atentar para o caso da instituição ou modificação de contribuições previdenciárias,
que deve observar o princípio da anterioridade nonagesimal (sem considerar o exercício financeiro – art.
195, §6º da CF/88).
Art. 195, § 6º, CF/88 - As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, "b".
PRINCÍPIO IMPLÍCITO: SOLIDARIEDADE
Tal princípio encontra-se relacionado às próprias origens da Seguridade Social – é corolário do
modelo do mutualismo, em que várias pessoas contribuem para cobrir determinadas contingências
sociais.
Trata-se do chamado “Pacto das Gerações”: as pessoas que hoje estão na ativa contribuem para os
benefícios previdenciários daqueles que não estão; na expectativa de que a próxima geração – i.e., aquela
que estará na ativa enquanto esta for inativa – contribuirá para seus benefícios previdenciários.
2. REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL (RGPS)
Regime geral da Previdência Social é o sistema previdenciário que rege os trabalhadores não
abarcados pelo Regime Próprio (regime instituído pela União, Estados, DF e Municípios aos servidores
públicos estatutários, previsto no art. 40 da CF/88).
Segundo o art. 201, CF/88, a Seguridade Social será organizada sob a forma de regime geral, de
caráter contributivo e filiação obrigatória:
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial.
Iniciaremos nossos estudos, então, estudando o conceito de “segurados” do RGPS.
SEGURADOS DO RGPS
Segurados são pessoas físicas que exercem ou não atividade, remunerada ou não, efetiva ou
eventual, com ou sem vínculo empregatício, que contribuem para a Previdência Social e, por tal razão,
podem usufruir dos benefícios por ela geridos.
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Idade mínima do segurado: 16 anos (art. 7º, XXXIII, CF/88); exceto aprendiz (14 anos). Porém, se,
porventura, o trabalhador tiver menos de 14 anos, terá direito à contagem de tempo de serviço para fins
previdenciários, pois não pode ser prejudicado pelo regramento constitucional.
Classificação:
1. Segurados obrigatórios
a) Segurados obrigatórios comuns (empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso)
b) Segurados obrigatórios individuais
c) Segurados obrigatórios especiais
2. Segurados facultativos
SEGURADOS OBRIGATÓRIOS (art. 11, Lei 8213/91; art. 12, Lei 8212/91; art. 9º, RPS)
São aqueles que contribuem compulsoriamente para a Previdência Social, com direito aos
benefícios previdenciários. Segundo o art. 12 da Lei 8.212/91, são segurados obrigatórios da Previdência
Social: o empregado, o empregado doméstico, o contribuinte individual, o trabalhador avulso e os
segurados especiais.
a) Segurados obrigatórios comuns
i. Empregado
Segundo o direito do trabalho (art. 3º, CLT), empregado é pessoa que presta serviço à empresa,
em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante pagamento de remuneração. Para a
Previdência Social, porém, tal conceito é mais amplo e vem disciplinado pelo art. 12, I da Lei nº 8.212
e art. 9º do Decreto nº 3048/99.
Vejamos as espécies de empregados previstas pela legislação previdenciária:
� Empregado urbano: pessoa física que presta serviços a empregador, de forma habitual,
com pessoalidade, mediante pagamento de remuneração e sob as ordens daquele
(subordinação). O serviço deve ter natureza urbana.
� Empregado rural: mesmos requisitos do empregado urbano, com a ressalva de que este
preste serviços a empregador rural (caracterização é feita pela atividade do empregador).
� Diretor empregado: trabalhador que, mesmo alçado a cargo de direção, mantém a
condição de empregado (conceito: art. 9º, §2º, RPS).
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� Trabalhador temporário: trabalhador contratado nos termos da Lei nº 6019/74, para
atender a necessidade transitória de substituição de pessoal ou a acréscimo de serviço
extraordinário na empresa.
� Brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como
empregado em sucursal ou agência de empresa nacional (constituída sob as leis
brasileiras e com sede e administração no Brasil, independentemente do capital) no
exterior.
� Brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como
empregado em empresa domiciliada no exterior, mas com maioria do capital votante
pertencente a empresa constituída sob as leis brasileiras, controlada por pessoa física
domiciliada e residente no país ou entidade de direito público interno.
� Brasileiro ou estrangeiro domiciliado no Brasil que presta serviço no Brasil a missão
diplomática ou a repartição consular de carreira estrangeira e a órgãos a ela subordinados,
ou a membros dessas missões e repartições: ficam excluídos o não-brasileiro sem
residência permanente no Brasil e o brasileiro amparado pela legislação previdenciária do
país da respectiva missão diplomática ou repartição consular.
� Brasileiro civil que trabalha para a União no exterior, em repartições governamentais
brasileiras ou organismos oficiais internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo,
ainda que lá domiciliado e contratado, salvo se segurado na forma da legislação vigente
do país do domicílio.
� Servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vínculo efetivo com a União,
Estados, Municípios e DF, e respectivas Autarquias e Fundações Públicas.
� Servidor público contratado para atender a necessidade temporária de excepcional
interesse público (Art. 37, IX da CF/88).
� Servidor da União, Estado, Distrito Federal ou Município, incluídas suas autarquias e
fundações, ocupante de emprego público.
� Empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no
Brasil, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social.
� Escrevente e o auxiliar contratados por titular de serviços notariais e de registro a partir
de 21 de novembro de 1994, bem como aquele que optou pelo Regime Geral de
Previdência Social.
� Exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a
regime próprio de previdência social (deputado, senador, vereador).
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� Estagiário ou bolsista irregularmente contratado (L. nº 11.788/2008) (previsto no Decreto
nº 3048/99).
� Trabalhador rural a pequeno prazo (art. 14-A da Lei nº 5889/73)
ii. Empregado doméstico
É o trabalhador que presta serviço de natureza contínua, mediante remuneração, a pessoa ou
família, no âmbito residencial desta, em atividade sem fins lucrativos.
Regulamentação do empregado doméstico: Lei n° 5.859/72 e CF/88, art. 7º, par. un.
iii. Trabalhador avulso
Trabalhador que presta serviço de natureza urbana ou rural, a diversas empresas, sem vínculo
empregatício, com a intermediação obrigatória do órgão gestor de mão-de-obra ou do sindicato da
categoria profissional.
O trabalhador avulso é equiparado ao empregado no que concerne ao reconhecimento de direitos
trabalhistas (art. 7º, XXXIV, CF/88).
O art. 9º, VI do Decreto nº 3048/99 prevê quem são considerados trabalhadores avulsos:
“a) o trabalhador que exerce atividade portuária de capatazia, estiva, conferência e conserto de carga, vigilância de embarcação e bloco; b) o trabalhador de estiva de mercadorias de qualquer natureza, inclusive carvão e minério; c) o trabalhador em alvarenga (embarcação para carga e descarga de navios); d) o amarrador de embarcação; e) o ensacador de café, cacau, sal e similares; f) o trabalhador na indústria de extração de sal; g) o carregador de bagagem em porto; h) o prático de barra em porto; i) o guindasteiro; e j) o classificador, o movimentador e o empacotador de mercadorias em portos”.
OBS: O avulso portuário vem previsto na Lei nº 12815/13 e o não portuário (urbano ou rural), na Lei nº
12023/09.
b) Segurados obrigatórios individuais
Antes, eram denominados “empresários, autônomos e equiparados a autônomos”. A partir da
promulgação da Lei 9.876/99, são denominados contribuintes individuais. Vêm previstos nos arts.
12, V da Lei 8.212/91 e 9º, V do RPS.
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O principal contribuinte individual é o trabalhador autônomo, i.e., a pessoa física que exerce,
por conta própria, atividade econômica de natureza urbana, com fins lucrativos ou não (e.g.,
profissionais liberais) (art. 12, V, alínea h da Lei nº 8.212/91).
Também se destaca, aqui, o trabalhador eventual, i.e., a pessoa física que presta serviço de
natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego (e.g.,
garçom contratado para eventos) (art. 12, V, alínea g da Lei nº 8.212/91).
OBS: O art. 9º, §15 do Decreto nº 3048/99 complementa os conceitos acima, exemplificando outros
trabalhadores que também serão considerados autônomos e eventuais:
Art. 9º, §15. Enquadram-se nas situações previstas nas alíneas "j" e "l" do inciso V do caput, entre outros: I - o condutor autônomo de veículo rodoviário, assim considerado aquele que exerce atividade profissional sem vínculo empregatício, quando proprietário, co-proprietário ou promitente comprador de um só veículo; II - aquele que exerce atividade de auxiliar de condutor autônomo de veículo rodoviário, em automóvel cedido em regime de colaboração, nos termos da Lei nº 6.094, de 30 de agosto de 1974; III - aquele que, pessoalmente, por conta própria e a seu risco, exerce pequena atividade comercial em via pública ou de porta em porta, como comerciante ambulante, nos termos da Lei nº 6.586, de 6 de novembro de 1978; IV - o trabalhador associado a cooperativa que, nessa qualidade, presta serviços a terceiros; V - o membro de conselho fiscal de sociedade por ações; VI - aquele que presta serviço de natureza não contínua, por conta própria, a pessoa ou família, no âmbito residencial desta, sem fins lucrativos; VII - o notário ou tabelião e o oficial de registros ou registrador, titular de cartório, que detêm a delegação do exercício da atividade notarial e de registro, não remunerados pelos cofres públicos, admitidos a partir de 21 de novembro de 1994; VIII - aquele que, na condição de pequeno feirante, compra para revenda produtos hortifrutigranjeiros ou assemelhados; IX - a pessoa física que edifica obra de construção civil; X - o médico residente de que trata a Lei nº 6.932, de 7 de julho de 1981. XI - o pescador que trabalha em regime de parceria, meação ou arrendamento, em embarcação com mais de seis toneladas de arqueação bruta, ressalvado o disposto no inciso III do § 14; XII - o incorporador de que trata o art. 29 da Lei nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964. XIII - o bolsista da Fundação Habitacional do Exército contratado em conformidade com a Lei nº 6.855, de 18 de novembro de 1980; XIV - o árbitro e seus auxiliares que atuam em conformidade com a Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998. XV - o membro de conselho tutelar de que trata o art. 132 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, quando remunerado; XVI - o interventor, o liquidante, o administrador especial e o diretor fiscal de instituição financeira de que trata o § 6º do art. 201.
Ademais, são previstos como contribuintes individuais os empresários (art. 12, V, f):
a) Titular de firma individual, urbana ou rural;
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b) S.A: diretor não empregado, membro do conselho fiscal e membro do conselho de
administração (desde que recebam pro labore);
c) Ltda: Sócio-gerente, administrador, e sócio-cotista (desde que recebam pro labore);
d) Sociedades em nome coletivo e de capital e indústria: todos os sócios (desde que
recebam pro labore);
e) Diretor de cooperativa ou associação e síndico ou administrador condominial (desde
que recebam remuneração – ou, no caso do síndico, seja isento da cota condominial –
STJ)
Finalmente, o art. 9º, inciso V, do RPS, estabelece os demais contribuintes individuais:
a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária, a qualquer título, em caráter permanente ou temporário, em área, contínua ou descontínua, superior a quatro módulos fiscais; ou, quando em área igual ou inferior a quatro módulos fiscais ou atividade pesqueira ou extrativista, com auxílio de empregados ou por intermédio de prepostos; ou ainda nas hipóteses dos §§ 8o e 23 deste artigo;
b) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de extração mineral - garimpo -, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos, com ou sem o auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não contínua;
c) o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consagrada, de congregação ou de ordem religiosa;
d) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social;
(...)
m) o aposentado de qualquer regime previdenciário nomeado magistrado classista temporário da Justiça do Trabalho, na forma dos incisos II do § 1º do art. 111 ou III do art. 115 ou do parágrafo único do art. 116 da Constituição Federal, ou nomeado magistrado da Justiça Eleitoral, na forma dos incisos II do art. 119 ou III do § 1º do art. 120 da Constituição Federal;
n) o cooperado de cooperativa de produção que, nesta condição, presta serviço à sociedade cooperativa mediante remuneração ajustada ao trabalho executado;
(...)
p) o Micro Empreendedor Individual - MEI de que tratam os arts. 18-A e 18-C da Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006, que opte pelo recolhimento dos impostos e contribuições abrangidos pelo Simples Nacional em valores fixos mensais.
c) Segurados obrigatórios especiais
Diferenciam-se dos demais por conta de peculiaridades existentes tanto em relação às contribuições
previdenciárias devidas à Receita Federal, quanto em relação aos benefícios. Assim, quanto às
contribuições, têm base de cálculo diferenciada (receita bruta da comercialização da produção rural ou
pesqueira), alíquota diferenciada (2,0% da receita bruta da comercialização da produção rural ou
pesqueira + 0,1% dessa mesma base de cálculo para contribuição do GILRAT + 0,2% a título de
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contribuição ao SENAR (contribuições de terceiros) e periodicidade diferenciada (já que a contribuição
não é necessariamente mensal). De outra parte, quanto aos benefícios, não têm direito à aposentadoria
por tempo de contribuição (salvo se contribuir facultativamente à alíquota adicional de 20% do salário-
de-contribuição); como regra geral, recebem benefícios no valor fixo de 1 salário mínimo e têm
contagem da carência diferenciada (tempo efetivo de trabalho em atividade rural).
O conceito de segurado especial encontra-se regulado na própria CF/88, no art. 195, §8º:
“Art. 195, §8º. O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei”.
Porém, o Decreto nº 3048/99 melhor explicitou referido conceito no inciso VII, do artigo 9º:
“VII - como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros, na condição de:
a) produtor, seja ele proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário rurais, que explore atividade:
1. agropecuária em área contínua ou não de até quatro módulos fiscais; ou
2. de seringueiro ou extrativista vegetal na coleta e extração, de modo sustentável, de recursos naturais renováveis, e faça dessas atividades o principal meio de vida;
b) pescador artesanal ou a este assemelhado, que faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida; e
c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de dezesseis anos de idade ou a este equiparado, do segurado de que tratam as alíneas “a” e “b” deste inciso, que, comprovadamente, tenham participação ativa nas atividades rurais do grupo familiar”.
São características do segurado especial:
1. Residência no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo do local da
prestação de serviços (mesmo Município ou a Município contíguo);
2. Exploração de atividade agropecuária ou pesqueira de forma direta, sem auxílio de
empregados, ou na condição de parceiro ou meeiro outorgado. É possível a utilização,
pelo grupo familiar, de empregados (incluindo empregado rural por pequeno prazo)
ou contribuintes individuais (eventuais) à razão de no máximo cento e vinte
pessoas/dia dentro do ano civil, em períodos corridos ou intercalados ou, ainda, por
tempo equivalente em horas de trabalho, não sendo computado nesse prazo o período
de afastamento em decorrência da percepção de auxílio-doença. Em qualquer caso,
sempre deverá ser respeitada a razão de oito horas/dia e quarenta e quatro
horas/semana.
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3. Atividade exercida individualmente ou em regime de economia familiar, admitido
o auxílio eventual de terceiros (por economia familiar entende-se aquela cujo trabalho
dos membros é indispensável para a subsistência da família, com mútua dependência
e colaboração).
4. Para o produtor rural, exploração de terra com área inferior a quatro módulos fiscais
ou na condição parceiro ou meeiro-outorgado. Para o pescador: não utilização de
embarcação; utilização de embarcação de até seis toneladas de arqueação bruta, ainda
que com auxílio de parceiro; na condição, exclusivamente, de parceiro outorgado,
utilização de embarcação entre 6 e 10 toneladas de arqueação bruta.
Todos os membros do grupo familiar são considerados segurados especiais, desde que
efetivamente exerçam atividades que ensejem tal classificação. Não se considera segurado especial,
mesmo que se enquadre nos requisitos acima, o membro do grupo familiar que possuir outra fonte de
rendimento, de qualquer natureza, exceto se decorrente de (art. 9º, §8º do Decreto nº 3048/99):
� Benefício de pensão por morte, auxílio-acidente ou auxílio-reclusão, cujo valor não
supere 1 salário mínimo;
� Benefício previdenciário pela participação em plano de previdência complementar, desde
que instituído por entidade classista à qual seja associado, em decorrência de sua
condição de rural;
� Exercício de atividade remunerada em período não superior a cento e vinte dias, corridos
ou intercalados, no ano civil;
� Exercício de mandato eletivo de dirigente sindical da categoria de trabalhadores rurais;
� Exercício de mandato de vereador do município onde desenvolve a atividade rural, ou de
dirigente de cooperativa rural constituída exclusivamente por segurados especiais;
� Atividade artesanal desenvolvida com matéria-prima produzida pelo respectivo grupo
familiar ou de outra origem, desde que, nesse caso, a renda mensal obtida na atividade
não exceda ao menor valor de benefício de prestação continuada pago pela Previdência
Social;
� Atividade artística, desde que em valor mensal inferior ao menor valor de benefício de
prestação continuada pago pela Previdência Social.
Ainda, o §18 do RPS contempla, em rol taxativo, atividades que podem ser desempenhadas pelo
segurado especial sem que ocorra a perda de tal condição:
§ 8º. Não descaracteriza a condição de segurado especial:
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I – a outorga, por meio de contrato escrito de parceria, meação ou comodato, de até 50% (cinqüenta por cento) de imóvel rural cuja área total não seja superior a 4 (quatro) módulos fiscais, desde que outorgante e outorgado continuem a exercer a respectiva atividade, individualmente ou em regime de economia familiar;
II – a exploração da atividade turística da propriedade rural, inclusive com hospedagem, por não mais de 120 (cento e vinte) dias ao ano;
III – a participação em plano de previdência complementar instituído por entidade classista a que seja associado em razão da condição de trabalhador rural ou de produtor rural em regime de economia familiar; e
IV – ser beneficiário ou fazer parte de grupo familiar que tem algum componente que seja beneficiário de programa assistencial oficial de governo;
V – a utilização pelo próprio grupo familiar, na exploração da atividade, de processo de beneficiamento ou industrialização artesanal, na forma do § 11 do art. 25 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991; e
VI - a associação em cooperativa agropecuária; e
VII - a incidência do Imposto Sobre Produtos Industrializados - IPI sobre o produto das atividades desenvolvidas nos termos do § 12.
OBS: A participação do segurado especial em sociedade empresária, em sociedade simples, como
empresário individual ou como titular de empresa individual de responsabilidade limitada de objeto ou
âmbito agrícola, agroindustrial ou agroturístico, considerada microempresa nos termos da Lei
Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006, não o exclui de tal categoria previdenciária, desde
que, mantido o exercício da sua atividade rural na forma do inciso VII do caput e do §1o, a pessoa
jurídica componha-se apenas de segurados de igual natureza e sedie-se no mesmo Município ou em
Município limítrofe àquele em que eles desenvolvam suas atividades.
OBS 2: O segurado especial, nos termos do art. 200, §2º, pode contribuir facultativamente com o RGPS
(para complementar benefícios).
SEGURADOS FACULTATIVOS
É a pessoa física que, embora não sendo segurada obrigatória da Previdência Social, contribui
para o RGPS, no intuito de utilizar-se dos benefícios por ele assegurados (art. 9º, §12 do RPS). Para
ser facultativo, o segurado não pode estar incluído entre os segurados obrigatórios do RGPS e nem
estar vinculado RPPS (exceções serão vistas a seguir).
O conceito de segurado facultativo é apresentado pelo art. 14 da Lei nº 8.212/91 e pelo art. 11
do Decreto nº 3048/99.
Art. 14, L. 8212/91. É segurado facultativo o maior de 14 (quatorze) anos de idade que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social, mediante contribuição, na forma do art. 21, desde que não incluído nas disposições do art. 12.
Art. 11, Decreto 3048/99. É segurado facultativo o maior de dezesseis anos de idade que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social, mediante contribuição, na forma
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do art. 199, desde que não esteja exercendo atividade remunerada que o enquadre como segurado obrigatório da previdência social.
Por força da vedação constitucional ao trabalho do menor de 16 anos, exceto na condição de
aprendiz, entende-se que o conceito vigente de segurado facultativo é aquele previsto no Decreto
3048/99, i.e., o maior de dezesseis anos que se filiar ao RPGS, mediante contribuição, desde que não
enquadrado como segurado obrigatório da Previdência Social.
Uma vez inscrito no Regime Geral da Previdência Social, o segurado facultativo tem obrigação
de recolher a respectiva contribuição social. Perdendo a qualidade de segurado (período de graça – 6
meses), poderá filiar-se novamente ao RGPS, mediante nova inscrição – porém, não poderá efetuar o
recolhimento de contribuições em atraso (a não ser que esteja no período de graça). Também não lhe é
permitido recolher contribuições referentes a períodos anteriores a sua inscrição como facultativo.
Ressalte-se que a perda da condição de segurado ocorre no dia seguinte ao vencimento da
contribuição do contribuinte individual relativa ao mês imediatamente posterior ao término do período
de graça (art. 14, RPS).
Segundo o Decreto nº 3048/88, podem filiar-se facultativamente, entre outros (rol
exemplificativo):
Art. 11, § 1º Podem filiar-se facultativamente, entre outros:
I - a dona-de-casa;
II - o síndico de condomínio, quando não remunerado;
III - o estudante;
IV - o brasileiro que acompanha cônjuge que presta serviço no exterior;
V - aquele que deixou de ser segurado obrigatório da previdência social;
VI - o membro de conselho tutelar de que trata o art. 132 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, quando não esteja vinculado a qualquer regime de previdência social;
VII - o bolsista e o estagiário que prestam serviços a empresa de acordo com a Lei nº 6.494, de 1977;
VIII - o bolsista que se dedique em tempo integral a pesquisa, curso de especialização, pós-graduação, mestrado ou doutorado, no Brasil ou no exterior, desde que não esteja vinculado a qualquer regime de previdência social;
IX - o presidiário que não exerce atividade remunerada nem esteja vinculado a qualquer regime de previdência social;
X - o brasileiro residente ou domiciliado no exterior, salvo se filiado a regime previdenciário de país com o qual o Brasil mantenha acordo internacional (OBS: o Brasil mantém acordo internacional, entre outros, com: Argentina, Cabo Verde, Espanha, Chile, Grécia, Itália, Luxemburgo, Uruguai, Portugal); e
XI - o segurado recolhido à prisão sob regime fechado ou semi-aberto, que, nesta condição, preste serviço, dentro ou fora da unidade penal, a uma ou mais empresas, com ou sem intermediação da organização carcerária ou entidade afim, ou que exerce atividade artesanal por conta própria.
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É vedada a filiação ao RGPS, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de
regime próprio de previdência social (incluindo o servidor público, civil ou militar, exceto no caso de
afastamento sem vencimentos – art. 201, §5º da CF/88).
FILIAÇÃO E INSCRIÇÃO
É mister esclarecer a diferença entre os conceitos de filiação e inscrição no RGPS.
Filiação é o vínculo que se estabelece entre os contribuintes e a Previdência Social, do qual
decorrem direitos e obrigações. Inscrição é o ato administrativo formal por meio do qual o segurado
procede a seu registro e de seus dependentes no sistema do INSS.
O segurado obrigatório filia-se automaticamente, no momento em que passa a exercer atividade
remunerada abrangida pelo RGPS – trata-se de hipótese de filiação obrigatória. No caso de este
exercer duas atividades remuneradas, há uma filiação para cada atividade, tendo que contribuir nas
duas atividades (até o teto do INSS).
Por seu turno, o segurado facultativo filia-se a partir da respectiva inscrição no regime
previdenciário – é, portanto, caso de filiação facultativa. A filiação do segurado facultativo necessita de
inscrição no sistema e só se confirma com o pagamento da primeira contribuição, voluntária e sem
atraso.
A inscrição, assim, é o efetivo registro no RGPS. O empregado não precisa fazer a inscrição
(pois ela decorre automaticamente da filiação). Porém, o autônomo, o empresário e o segurado
facultativo têm de fazer tal inscrição – até por questões administrativas, e.g., para determinar-se qual o
local de recolhimento das contribuições.
Segue esquema contendo os responsáveis pela inscrição do segurado:
a) Empregado – Empregador
b) Avulso – OGMO ou sindicato
c) Demais segurados – eles próprios, com exceção do C.I. que presta serviços à empresa e o
cooperado (empresa ou cooperativa devem fazer a inscrição.
Como se vê, a inscrição pode ser efetuada por terceiros, independentemente de procuração. Para
o segurado especial, será feita preferencialmente pelo proprietário, parceiro, meeiro, etc e deve haver
vinculação da família e do imóvel em que ela trabalha.
É admitida a inscrição post mortem do segurado especial, desde que comprovada a existência dos
pressupostos da filiação.
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TRABALHADORES EXCLUÍDOS DO REGIME GERAL
São excluídos do Regime da Geral da Previdência Social, nos termos do artigo 13, Lei nº
8.212/91, e do artigo 10 do Decreto nº 3048/99:
Art. 10, RPS. O servidor civil ocupante de cargo efetivo ou o militar da União, Estado, Distrito Federal ou Município, bem como o das respectivas autarquias e fundações, são excluídos do Regime Geral de Previdência Social consubstanciado neste Regulamento, desde que amparados por regime próprio de previdência social. § 1º Caso o servidor ou o militar, amparados por regime próprio de previdência social, sejam requisitados para outro órgão ou entidade cujo regime previdenciário não permita a filiação nessa condição, permanecerão vinculados ao regime de origem, obedecidas às regras que cada ente estabeleça acerca de sua contribuição. § 2º Caso o servidor ou o militar venham a exercer, concomitantemente, uma ou mais atividades abrangidas pelo Regime Geral de Previdência Social, tornar-se-ão segurados obrigatórios em relação a essas atividades. § 3º Entende-se por regime próprio de previdência social o que assegura pelo menos as aposentadorias e pensão por morte previstas no art. 40 da Constituição Federal.
PERDA E MANUTENÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO
Período de graça: período em que se mantém a qualidade de segurado (e, consequentemente, o direito
aos benefícios e serviços) mesmo sem recolhimento de contribuições. Não confundir com período de
carência (tempo mínimo para obtenção do benefício).
Os prazos do período de graça vêm previstos no art. 13 do Decreto nº 3048/99. Estudemo-los
separadamente:
Situação Período de graça
Quem está em gozo de benefício Sem prazo
Cessação do benefício por incapacidade ou cessação
das contribuições do segurado que deixar de exercer
atividade remunerada abrangida pela PS ou estiver
suspenso ou licenciado de sua remuneração (também
aplicado ao segurado que se desvincular de RPPS – art.
13, §4º, RPS)
12 meses
* O prazo é prorrogado por 12 meses
se o segurado já tiver pago mais de
120 contribuições sem que ocorra a
perda da qualidade de segurado.
Ademais, na hipótese de desemprego,
será acrescido de mais 12 meses
(podendo chegar, portanto, a 36
meses).
Segregação compulsória, em razão de doença 12 meses após cessar a segregação
Detenção ou reclusão 12 meses após o livramento
Prestação de serviço militar 3 meses após o licenciamento
Facultativo que deixa de recolher contribuições 6 meses
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A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao do vencimento da contribuição do
contribuinte individual relativa ao mês imediatamente posterior ao término dos prazos acima indicados.
A perda da qualidade de segurado importa em caducidade dos direitos inerentes a essa qualidade.
Contudo, não prejudica o direito à aposentadoria para cuja concessão tenham sido preenchidos todos os
requisitos. Não será concedida pensão por morte aos dependentes do segurado que falecer após a perda
desta qualidade, salvo se preenchidos os requisitos para aposentadoria (Súmula 416, STJ).
A perda da qualidade de segurado não é considerada para concessão das aposentadorias por
tempo de contribuição e especial (Lei nº 10.666/03). É considerada, entretanto, para os demais
benefícios, incluindo aposentadoria por invalidez. No caso da aposentadoria por idade, não será
considerada se o interessado cumprir a idade e carência necessárias na data do requerimento.
O período de graça não conta como tempo de contribuição (salvo se, durante esse período, o
segurado receber alguns benefícios específicos, como se verá), nem carência.
DEPENDENTES
Dependente é beneficiário da Previdência Social por força de determinado vínculo estabelecido
com o segurado (beneficiário indireto das prestações da Seguridade Social).
Os dependentes da Previdência Social, nos termos do artigo 16 do PBPS, podem ser divididos em
três classes (rol taxativo):
a) Classe 1: O cônjuge, o(a) companheiro(a) (em união estável – pessoa que não seja casada – art. 16,
§3º, RPS) e o filho não emancipado, de qualquer condição (legítimo, adotivo, etc – art. 227, §6º da
CF/88), menor de 21 anos ou inválido (constatada mediante perícia) ou que tenha deficiência
intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente
(interdito);
b) Classe 2: Os pais
c) Classe 3: O irmão, não emancipado de qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido ou que
tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim
declarado judicialmente (interdito).
Algumas considerações sobre os dependentes:
� Os dependentes de uma mesma classe concorrem em igualdade de condições. Entretanto,
existindo dependentes de uma classe superior, os de classe inferior são totalmente
excluídos da percepção de benefícios.
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� A dependência econômica dos dependentes de 1ª classe é presumida (presunção absoluta
– não admite prova em contrário), enquanto a dos demais deve ser provada (documentos
do art. 22, §3º, RPS). Exceção são o menor tutelado e o equiparado, que devem provar a
dependência.
� Equiparam-se aos filhos, mediante declaração escrita do segurado e comprovada a
dependência econômica, o enteado e o menor que esteja sob sua tutela e que não possua
bens suficientes para o próprio sustento. Atenção: o menor sob guarda não é dependente
do segurado, mas apenas o menor sob tutela, mediante apresentação de termo de tutela.
EMPRESA E EMPREGADOR DOMÉSTICO: CONCEITO PREVIDENCIÁRIO
Empresa e empregador doméstico são conceituados pelo direito previdenciário como
contribuintes da Seguridade Social (assim como também o são os trabalhadores).
Contribuinte é a pessoa, física ou jurídica, obrigada ao pagamento de contribuições à Previdência
Social – nos termos do direito tributário, é a pessoa que tem relação material com o fato gerador do
tributo.
A empresa, além de contribuir por fato gerador próprio, é responsável pela retenção da
contribuição de seus empregados (o mesmo ocorre com o empregador doméstico).
Empresa é atividade organizada, com finalidade de lucro, para produção de bens e serviços
destinados ao mercado (conceito do Direito Comercial). Exceção à finalidade de lucro são as
associações e entidades beneficentes, também consideradas empresas para fins previdenciários, como se
verá.
O inciso I do art. 15 da Lei nº 8.212/91 apresenta o conceito de empresa:
“Art. 15. Considera-se:
I - empresa - a firma individual ou sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e entidades da administração pública direta, indireta e fundacional”;
Observe-se que os órgãos da administração pública não correspondem propriamente a empresas,
mas são considerados como tal por ficção legal (com relação aos servidores não estatutários).
A lei afirma, ainda, que se equiparam à empresa (par. un. do art. 15 da Lei nº 8212/91 e par. un.
do art. 12 do Decreto nº 3048/99):
I – O contribuinte individual, incluindo o trabalhador autônomo, em relação a segurado que lhe presta
serviço;
II – A cooperativa, a associação ou a entidade de qualquer natureza ou finalidade, inclusive a missão
diplomática e a repartição consular de carreiras estrangeiras (questão da imunidade?);
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III – O operador portuário e o órgão gestor de mão-de-obra; e
IV – O proprietário ou dono de obra de construção civil, quando pessoa física, em relação a segurado
que lhe presta serviço.
Pode-se extrair, como regra geral, a ideia de que empresa, para fins previdenciários, é a pessoa,
física ou jurídica, que assume os riscos da atividade econômica rural ou urbana, com ou sem intuito de
lucro, e que tem segurado a lhe prestar serviços.
Empregador doméstico, por seu turno, é a pessoa física ou família que admite, sem finalidade
lucrativa, empregado doméstico. Reiterem-se, aqui, as considerações acerca do conceito de empregado
doméstico. Veja-se o art. 15, inciso II da Lei nº 8.212/91, que apresenta o conceito de empregador
doméstico:
Art. 15. Considera-se: (...)
II - empregador doméstico - a pessoa ou família que admite a seu serviço, sem finalidade lucrativa, empregado doméstico.
3. CUSTEIO DA SEGURIDADE SOCIAL
Introdução
O art. 194, par. un., da CF/88 elenca, entre os princípios da Seguridade Social, a eqüidade na
forma de participação no custeio e a diversidade da base de financiamento. A equidade relaciona-se
com o conceito de isonomia (quem tem maiores posses contribui com mais – princípio da capacidade
contributiva do Direito Tributário). Já a diversidade se refere à obrigatoriedade de diversos entes
contribuírem com a Seguridade, tanto do Poder Público quando da iniciativa privada.
Nesse sentido, o já mencionado art. 195 da CF/88 trata do custeio da Seguridade Social (além do
art. 149, que trata especificamente das contribuições para a seguridade).
Art. 195, CF/88. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I – do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidente sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; b) a receita ou faturamento; c) o lucro; II – do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201; III – sobre a receita de concursos de prognósticos. IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar.
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Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; b) a receita ou o faturamento; c) o lucro; II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201; III - sobre a receita de concursos de prognósticos. IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. § 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à seguridade social constarão dos respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da União. § 2º - A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de forma integrada pelos órgãos responsáveis pela saúde, previdência social e assistência social, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a gestão de seus recursos. § 3º - A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios. § 4º - A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I. § 5º - Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total. § 6º - As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, "b". § 7º - São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. § 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei. § 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão-deobra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho. § 10. A lei definirá os critérios de transferência de recursos para o sistema único de saúde e ações de assistência social da União para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e dos Estados para os Municípios, observada a respectiva contrapartida de recursos. § 11. É vedada a concessão de remissão ou anistia das contribuições sociais de que tratam os incisos I, a, e II deste artigo, para débitos em montante superior ao fixado em lei complementar. § 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão não-cumulativas. § 13. Aplica-se o disposto no § 12 inclusive na hipótese de substituição gradual, total ou parcial, da contribuição incidente na forma do inciso I, a, pela incidente sobre a receita ou o faturamento.
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Com base em tal dispositivo, é possível distinguir-se financiamento direto e indireto: o direto
decorre do pagamento das contribuições sociais de trabalhadores e empregadores e o indireto, dos
recursos orçamentários dos entes políticos, além dos impostos pagos pela sociedade.
OBS: Segue análise de alguns parágrafos importantes do art. 195:
• §1º: “As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à seguridade social
constarão dos respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da União”. Entretanto,
segundo o § 2º, “a proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de forma integrada
pelos órgãos responsáveis pela saúde, previdência social e assistência social, tendo em vista as
metas e prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a
gestão de seus recursos”.
• § 3º “A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei,
não poderá contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios”: daí a exigência da CND (Certidão Negativa de Débitos) para participação em
licitações.
• Segundo o art. 195, §4º da CF/88, outras fontes de custeio podem ser estabelecidas mediante lei
complementar, desde que não apresentem fato gerador idêntico a outro imposto.
O artigo mencionado trata da competência residual da União para criação de impostos. Segundo
tal dispositivo, a União poderá instituir novos impostos por lei complementar, desde que sejam não-
cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo própria dos discriminados na Constituição.
Entretanto, o STF entende que tal proibição não se aplica às novas contribuições sociais – assim, é
legítima a coincidência da base de cálculo de contribuição social com a base de cálculo de imposto já
existente (em posicionamento divergente em relação àquele contido na CF/88). Apenas não é possível a
coincidência com outra contribuição social. No mais, quanto à não-cumulatividade, o STF entendeu que
esta não se aplica às contribuições sociais, vez que se trata de tributos monofásicos, não incidentes sobre a
cadeia produtiva.
Ademais com relação à criação de novas contribuições sociais, o STF firmou entendimento no
sentido de que esta depende da promulgação de lei complementar, desde que referida contribuição não
venha expressamente prevista pela CF/88. Assim, há de se distinguir três situações:
a) Criação de contribuições não previstas pela Constituição: deve ser feita mediante lei
complementar;
b) Instituição de contribuições já previstas pela Constituição, mas ainda não
regulamentadas por lei: pode ser feita mediante lei ordinária;
c) Alteração do regime de contribuições já vigentes no ordenamento: pode ser feita
mediante lei ordinária.
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Nos casos em que é admissível a utilização de lei ordinária para regulamentação ou instituição de
contribuições sociais, também é possível fazer-se uso de medidas provisórias, desde que respeitado o
princípio da anterioridade nonagesimal.
• §11: “É vedada a concessão de remissão ou anistia das contribuições sociais de que tratam os
incisos I, a, e II deste artigo, para débitos em montante superior ao fixado em lei complementar”.
No âmbito do direito previdenciário, são vedadas as remissões e anistias de contribuições da
empresa sobre folha de salários e dos segurados, em montante superior ao previsto em lei
complementar (a qual ainda não foi publicada). Contribuições em monte inferior ou contribuições
que não as previstas nos incisos I, a e II podem ser objeto de remissão ou anistia.
• §12: “A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na
forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão não-cumulativas”. O constituinte pretendeu excluir a
incidência em cascata de contribuições sociais sobre o faturamento das empresas e sobre os
valores decorrentes da importação;
• §13: “Aplica-se o disposto no § 12 inclusive na hipótese de substituição gradual, total ou parcial,
da contribuição incidente na forma do inciso I, a, pela incidente sobre a receita ou o faturamento”
(desoneração da folha de pagamento)
Nesse contexto, vejamos quais as principais fontes de custeio da Seguridade Social.
A) CONTRIBUIÇÃO DAS EMPRESAS
As contribuições das empresas estão previstas no inciso I do art. 195 da Constituição Federal.
Podem ter por base de cálculo a folha de pagamentos, o faturamento ou o lucro.
CONTRIBUIÇÃO SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTOS (FOLHA DE SALÁRIOS)
Prevista no art. 195, I, a, da CF/88, refere-se à contribuição incidente sobre a folha de salários e
demais rendimentos do trabalho (conceito amplo) pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física
que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício.
Portanto, o pagamento que terá incidência da contribuição será aquele realizado a qualquer
pessoa física, tanto o empregado, quanto o avulso e o autônomo, desde que prestem serviços ao
empregador.
A Lei nº 8.212/91, em seu artigo 22, estabelece as alíquotas das contribuições a cargo da empresa
(+ art. 201 do RPS):
Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de:
25
I - vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa.
II - para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57 e 58 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, e daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos:
a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidentes do trabalho seja considerado leve;
b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado médio;
c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado grave.
III - vinte por cento sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados contribuintes individuais que lhe prestem serviços;
IV - quinze por cento sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, relativamente a serviços que lhe são prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho.
OBS: Observe-se que a contribuição da empresa incide sobre a remuneração do trabalhador, e não sobre
o salário-de-contribuição (não há, portanto, teto). Entretanto, no conceito de remuneração, não são
consideradas as parcelas não integrantes do salário-de-contribuição, descritas no §9º do art. 28 da Lei nº
8.212/91 (§2º do art. 22 da Lei nº 8.212/91).
OBS 2: Não incidem contribuições sobre os lucros distribuídos aos sócios (só sobre o pro-labore, mas
deve haver expressa separação entre essas formas de remuneração – art. 201, §3º, RPS)
---------- GRAU DE INCIDÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORATIVA DECORRENTE DOS RISCOS
AMBIENTAIS DO TRABALHO – GILRAT
Para o financiamento do benefício de aposentadoria especial e outros concedidos em razão do
grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, a empresa
deverá contribuir, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados
empregados e trabalhadores avulsos:
a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de
acidentes do trabalho seja considerado leve;
b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja
considerado médio;
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c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja
considerado grave.
As alíquotas progressivas são aplicadas em função do grau de risco da atividade preponderante
da empresa (atividade que ocupa, na empresa, o maior número de segurados empregados e trabalhadores
avulsos – AUTOENQUADRAMENTO, que pode ser revisto a qualquer tempo pela Receita). A lista de
alíquotas conforme a atividade é elaborada e divulgada pelo Poder Executivo.
Nos últimos anos, vêm crescendo as discussões em torno dessa contribuição, especialmente em
face da criação, em 2003, do FAP – Fator Acidentário de Prevenção.
Trata-se de multiplicador, que varia de 0,5 a 2,0, a ser aplicado às alíquotas de 1%, 2% ou 3%,
baseado no histórico de acidentes do trabalho das empresas. Objetiva proporcionar aos trabalhadores
ambiente mais saudável e, às empresas, redução tributária em razão de investimentos em adequação do
ambiente de trabalho.
Embora a FAP tenha sido regulamentado em 2003, não pôde ser aplicado antes de 2009,
especialmente por conta de problemas na metodologia dos cálculos. Em 2009, entretanto, o fator tornou-
se aplicável, tendo o MPS divulgado os dados individualizados por empresa no final desse ano.
O fator atribuído a cada empresa é calculado pelo método comparativo, de acordo com a
frequência e a gravidade dos acidentes, além dos custos suportados pelo INSS com os benefícios
concedidos.
Contribuição Adicional
Se a atividade exercida pelo segurado a serviço da empresa ensejar a concessão de aposentadoria
especial após 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos de contribuição, o GILRAT terá um
acréscimo (contribuição adicional) de 12 (doze), 9 (nove) ou 6 (seis) pontos percentuais,
respectivamente. Esse acréscimo, bem como a obrigatoriedade de recolhimento, é aplicado à cooperativa
de produção, no que se refere ao cooperado filiado.
Essa contribuição será de 9 (nove), 7 (sete) ou 5 (cinco) pontos percentuais, nos casos de
empresas tomadoras de serviços de cooperado filiado a cooperativa de trabalho, incidente sobre o valor
bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, conforme a atividade exercida pelo cooperado
permita a concessão de aposentadoria especial.
Esse acréscimo incidirá, exclusivamente, sobre a remuneração dos segurados sujeitos às
condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física.
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A lei, nos demais parágrafos, estabelece tratamento diferenciado a certos contribuintes:
� Instituições financeiras (§ 1º do artigo 22 + art. 201, §6º do RPS):
“§ 1º No caso de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização, agentes autônomos de seguros privados e de crédito e entidades de previdência privada abertas e fechadas, além das contribuições referidas neste artigo e no art. 23, é devida a contribuição adicional de dois vírgula cinco por cento sobre a base de cálculo definida nos incisos I e III deste artigo”.
� Associações desportivas: para as associações desportivas que mantêm equipe de
futebol profissional, a contribuição é diferenciada, conforme disposto nos §§ 6º a 11-
A da Lei, sendo a contribuição dos incisos I e II do art. 22 (salários + GILRAT)
substituída por 5% da receita bruta dos espetáculos desportivos de que participem em
todo território nacional em qualquer modalidade desportiva, inclusive jogos
internacionais, e de qualquer forma de patrocínio, licenciamento de uso de marcas e
símbolos, publicidade, propaganda e de transmissão de espetáculos desportivo.
A responsabilidade de efetuar o desconto de 5% e o respectivo recolhimento caberá à
entidade promotora do espetáculo, no prazo de até 2 dias úteis após a realização do
evento, cabendo à associação desportiva informar àquela todas as receitas auferidas.
Caso haja recebimento de recursos, a título de patrocínio, licenciamento de uso de
marcas e símbolos, publicidade, propaganda e transmissão de espetáculos, a empresa
que concedê-los ficará responsável por ter e recolher o percentual, sem qualquer
dedução, até o dia 20 do mês seguinte ao da competência.
� Micro empresas e empresas de pequeno porte: têm tratamento diferenciado em
decorrência da Lei nº 9.317/96 (SIMPLES), a qual estabelece percentuais
contributivos conforme o faturamento da empresa. Tais empresas estão isentas das
contribuições de terceiros, mas também devem arrecadas as contribuições dos
segurados.
� Empresa produtora rural: desde que se dedique exclusivamente à produção rural, a
contribuição de 20% sobre a remuneração de empregados e avulsos é substituída pela
de 2,5% calculada sobre a receita bruta da comercialização da produção rural. Para
custeio da aposentadoria especial, foi instituída a contribuição de 0,1% calculada
sobre a receita bruta da comercialização da produção rural;
� Agroindústria: desde que se comercialize produção própria (exclusivamente ou junto
com produção de terceiros), a contribuição de 20% sobre a remuneração de
empregados e avulsos é substituída pela de 2,5% calculada sobre a receita bruta da
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comercialização da produção rural. Para custeio da aposentadoria especial, foi
instituída a contribuição de 0,1% calculada sobre a receita bruta da comercialização
da produção rural;
� Entidades beneficentes de assistência social: desde que cumpram determinados
requisitos previstos em lei, não recolhem as contribuições devidas pelas empresas em
geral (Lei 12.101/09 + art. 195, §7º da CF/88 ou art. 14, CTN – discussões sobre a
necessidade de a matéria ser regulada por lei complementar. Ainda, é caso de isenção
ou imunidade?).
CONTRIBUIÇÃO SOBRE FATURAMENTO E LUCRO
A contribuição incidente sobre a receita ou faturamento, devida pelas pessoas jurídicas e pelas
entidades a elas equiparadas pela legislação do Imposto de Renda, é a COFINS (Contribuição para
Financiamento da Seguridade Social), criada pela Lei Complementar 70/91.
Atualmente, a COFINS é recolhida no percentual de 3% (em caso de recolhimento de forma
cumulativa) ou 7,6% (a partir de 01/02/2004, se o recolhimento for efetuado de forma não cumulativa,
i.e., com abatimento das despesas mencionadas na Lei 10833/03 – e.g., despesas com energia elétrica,
bens adquiridos para revenda, alugueis de prédios e máquinas, etc), aplicado sobre a totalidade das
receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevante o tipo de atividade por ela exercida. Algumas
empresas são expressamente excluídas da lei que permite a incidência não-cumulativa, como empresas
tributadas pelo lucro presumido, optantes pelo SIMPLES, cooperativas, etc.
A base de cálculo da contribuição é, pois, o faturamento mensal, entendido como a receita bruta
das vendas de mercadorias e serviços.
Para as microempresas e empresas de pequeno porte optantes pelo SIMPLES, a COFINS integra
o recolhimento unificado. A COFINS, ademais, não incide sobre as receitas decorrentes de exportação
(art. 149, § 2º, I da Constituição Federal) e deve ser apurada mensalmente, efetuado seu recolhimento até
o último dia útil do 2º decêndio subsequente ao mês da ocorrência dos fatos geradores (MP 447/09 –
alteração dos prazos – dia 25).
Também incidem sobre a receita ou faturamento as contribuições do PIS/PASEP (Programa de
Integração Social e Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público – Leis Complementares
nº 7/70 e 8/70).
A contribuição do PIS/PASEP tem bases de cálculo e alíquotas diferentes, conforme o sujeito
passivo da contribuição.
Para as pessoas jurídicas de direito privado, a base de cálculo é o faturamento mensal e a
alíquota devida é de 0,65% (ou, no caso de recolhimento não cumulativo, 1,65%). As alíquotas são de
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1% sobre a folha de salários, nos casos de entidades sem fins lucrativos, e 1% sobre o valor das
receitas correntes e das transferências correntes e de capital recebidas, nos casos de órgãos da
Administração Pública.
O prazo para recolhimento é idêntico ao da COFINS.
A contribuição das empresas sobre o lucro líquido – CSLL foi criada pela Lei n. 7.689, de 1988.
O lucro é apurado mediante a soma das receitas da empresa, a diminuição das despesas e certos ajustes
previstos em lei.
A atual alíquota da CSLL é de 9%, sobre o lucro real ou presumido. Prazo: como regra geral,
último dia útil do mês da competência.
Para as microempresas e empresas de pequeno porte optantes pelo SIMPLES, a CSLL integra o
recolhimento unificado.
B) CONTRIBUIÇÃO DO EMPREGADOR DOMÉSTICO
De acordo com o artigo 24 da Lei nº 8.212/91, a contribuição do empregador doméstico é de
12% do salário-de-contribuição (remuneração registrada na CTPS) do empregado doméstico a seu
serviço.
C) CONTRIBUIÇÃO DA UNIÃO
As contribuições da União vêm previstas no art. 16 da Lei nº 8.212/91:
Art. 16, L. 8.212/91. A contribuição da União é constituída de recursos adicionais do Orçamento Fiscal, fixados obrigatoriamente na Lei Orçamentária Anual. Parágrafo único. A União é responsável pela cobertura de eventuais insuficiências financeiras da Seguridade Social, quando decorrentes do pagamento de benefícios de prestação continuada da Previdência Social, na forma da Lei Orçamentária Anual.
O Estado também deve contribuir para o sistema previdenciário (lembre-se, aliás, que este também
é considerado “empresa” para fins previdenciários – Estados e Municípios, assim, contribuem
diretamente para o sistema, mediante pagamento das contribuições em relação aos servidores que se
sujeitam ao RGPS).
Porém, não seria lógico a União cobrar contribuições dela mesma; por isso, em substituição às
contribuições devidas, esta deve fixar recursos em seu orçamento destinados à Seguridade Social
(decorrentes da arrecadação de outros tributos).
Ademais, como se vê, a União assume a responsabilidade de cobrir eventuais insuficiências
financeiras que a Previdência Social venha a sofrer, conforme o determinado pela Lei Orçamentária
Anual.
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As contribuições sociais das empresas incidentes sobre faturamento e lucro poderão contribuir
para pagamento dos encargos previdenciários da União (pessoal do INSS e benefícios do RPPS) (v. art.
18 da Lei 8.212/91 c/c art. 167, XI da CF/88).
Contribuição sobre a receita dos concursos de prognósticos
Regulamentadas pela Lei nº 8.212/91 e pelo Decreto nº 3048/99, incluem:
� Renda líquida dos concursos de prognósticos (loterias), deduzidos os valores destinados ao
financiamento do Programa do Crédito Educativo (considerando-se renda líquida como aquela
obtida após a exclusão, do total arrecadado, dos valores do prêmio, do imposto de renda e das
despesas administrativas).
� 5% sobre o movimento global de apostas em prado de corrida
� 5% sobre o movimento global de sorteio de número que envolva venda de cartelas
D) Contribuições do segurado: o salário-de-contribuição
CONCEITO
Salário-de-contribuição é a base de cálculo da contribuição previdenciária dos segurados da
Previdência Social, com exceção do segurado especial. O conceito, em relação a cada um dos segurados,
pode ser extraído do artigo 214 do Decreto nº 3048/99:
Art. 214. Entende-se por salário-de-contribuição:
I - para o empregado e o trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa;
II - para o empregado doméstico: a remuneração registrada na Carteira Profissional e/ou na Carteira de Trabalho e Previdência Social, observados os limites mínimo e máximo previstos nos §§ 3º e 5º;
III - para o contribuinte individual: a remuneração auferida em uma ou mais empresas ou pelo exercício de sua atividade por conta própria, durante o mês, observados os limites a que se referem os §§ 3º e 5º;
IV - para o dirigente sindical na qualidade de empregado: a remuneração paga, devida ou creditada pela entidade sindical, pela empresa ou por ambas;
V - para o dirigente sindical na qualidade de trabalhador avulso: a remuneração paga, devida ou creditada pela entidade sindical; e
VI - para o segurado facultativo: o valor por ele declarado, observados os limites a que se referem os §§ 3º e 5º.
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LIMITES MÍNIMO E MÁXIMO
Limite mínimo do salário-de-contribuição: para empregados e avulsos, é o piso salarial da categoria,
legal ou normativo, e inexistindo estes, o salário mínimo mensal, diário ou horário, conforme o ajustado
e o tempo de trabalho efetivo durante o mês. Para contribuintes individuais e facultativos, é o salário
mínimo
Limite máximo do salário-de-contribuição é o valor divulgado pelo Ministério da Previdência Social,
que é reajustado na mesma época e com os mesmos índices que os do reajustamento dos benefícios de
prestação continuada da Previdência Social.
OBS: Nos termos do art. 21 da Lei nº 8.212/91 (art. 199-A do Decreto nº 3048/99), o contribuinte
individual ou segurado facultativo que optar pela contribuição de 11% sobre o valor mínimo não tem
direito à aposentadoria por tempo de contribuição (disposição inserida pela LC 123/06, regulamentando
o art. 201, §12 da CF/88, que trata do Sistema Especial de Inclusão Previdenciária). Entretanto, o §3º de
referido dispositivo confere-lhe a possibilidade de complementar os 9% faltantes acrescidos de juros.
Em 2011, porém, houve alteração na Lei 8212/91 (operada pela Lei nº 12470, de 31/08/2011), que, no
§2º do art. 21, passou a estabelecer duas outras alíquotas diferenciadas para segurados que optem pela
exclusão do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição: 5% sobre o salário-de-contribuição
para o MEI (microempreendedor individual) e para a dona-de-casa pertencente a família de baixa renda
(considerada, nos termos do §4º, como aquela inscrita no Cadastro Único para Programas Sociais do
Governo Federal - CadÚnico cuja renda mensal seja de até 2 (dois) salários mínimos). Também nesse
caso é possível complementar os 15% faltantes com juros.
OBS: A contribuição do segurado especial é 2% para a Seguridade Social e 0,1% para financiamento
dos benefícios concedidos em virtude do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos
riscos ambientais do trabalho. Base de cálculo da contribuição é a receita bruta da comercialização da
produção rural. Referida contribuição não é necessariamente mensal, pois depende da existência de
renda no mês respectivo.
PROPORCIONALIDADE
A regra da proporcionalidade vem prevista no parágrafo §1º do art. 214, RPS:
§ 1º Quando a admissão, a dispensa, o afastamento ou a falta do empregado, inclusive o doméstico, ocorrer no curso do mês, o salário-de-contribuição será proporcional ao
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número de dias efetivamente trabalhados, observadas as normas estabelecidas pelo Instituto Nacional do Seguro Social.
PARCELAS INTEGRANTES E NÃO INTEGRANTES
O legislador especifica, nos parágrafos do art. 214, quais as parcelas que integram ou não o
salário-de-contribuição (e, consequentemente, constituem base de cálculo para as contribuições).
Como regra geral, pode-se afirmar que as parcelas de natureza indenizatória (i.e., atribuídas ao
empregado não como contraprestação ao serviço prestado, como o são as verbas de caráter salarial) não
integram o salário de contribuição.
Ademais, é importante diferenciar os pagamentos efetuados para o trabalho daqueles realizados
pelo trabalho. Com efeito, como regra geral, os primeiros não integram o conceito de salário-de-
contribuição, enquanto os últimos nele se incluem, salvo quando previsto de forma diversa pela
legislação.
A distinção possui relevância principalmente no que se refere às prestações in natura fornecidas
ao segurado: assim, se a utilidade é concedida em razão do trabalho, sendo necessária às atribuições
normais do empregado, não integrará o salário-de-contribuição. Ao contrário, se a utilidade não é
imprescindível à prestação do trabalho, adquire caráter remuneratório e integra o salário-de-
contribuição.
Exemplo pode ser a moradia concedida pelo empregador ao empregado. Se esta é essencial para
a realização do trabalho (pense-se, e.g., em um contrato de safra realizado em local distante da
residência habitual do trabalhador – nesse caso, se a moradia não for fornecida, inviabiliza-se a
prestação dos serviços), não integra o salário-de-contribuição. Ao contrário, se apenas constituir plus
salarial, i.e., benefício adicional fornecido ao empregado, sofrerá incidência de contribuições
previdenciárias.
Feitas essas considerações iniciais, analisemos o regime legal do salário de contribuição, nos
termos do Decreto nº 3048/99.
Inicialmente, o §8º dita que serão consideradas salário-de-contribuição, pelo valor total, as
diárias para viagens excedentes a 50% da remuneração mensal do empregado (cf. §13, que trata do
cálculo das diárias + Súm. 101 do TST). Integram, ademais, o salário-de-contribuição, todas as parcelas
integrantes do salário, nos termos do art. 457 da CLT + adicionais habituais (hora extra, insalubridade,
periculosidade, transferência, etc).
Em seguida, o § 9º contempla amplo rol das parcelas não integrantes dos salários de
contribuição, a saber (rol taxativo):
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1. Os benefícios da previdência social, salvo o salário-maternidade;
2. As ajudas de custo e o adicional mensal recebidos pelo aeronauta nos termos da Lei nº 5.929, de
30 de outubro de 1973 (ajuda de custo e adicional pagos no caso de transferência);
3. A parcela in natura recebida de acordo com os programas de alimentação aprovados pelo
Ministério do Trabalho e Emprego, nos termos da Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976 (PAT –
Programa de Alimentação do Trabalho – assim, o benefício não poderá ser concedido em
dinheiro, participação do trabalhador fica limitada a 20% do custo direto do benefício concedido,
etc);
4. As importâncias recebidas a título de férias indenizadas e respectivo adicional constitucional,
inclusive o valor correspondente à dobra da remuneração de férias de que trata o art. 137 da
Consolidação das Leis do Trabalho - CLT;
5. As importâncias:
a) Previstas no inciso I do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, ou
seja, 40% do FGTS, a título de multa rescisória;
b) Relativas à indenização por tempo de serviço anterior a 5 de outubro de 1988, do
empregado não optante pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS;
c) Recebidas a título da indenização de que trata o art. 479 da CLT (50% dos dias faltantes
ao término do contrato por prazo determinado, no caso de extinção antecipada sem justa
causa);
d) Recebidas a título da indenização de que trata o art. 14 da Lei nº 5.889, de 8 de junho de
1973 (indenização ao safrista correspondente a 1/12 do salário mensal, por mês de serviço
ou fração superior a 14 dias, quando houver expiração normal do contrato);
e) Recebidas a título de incentivo à demissão;
f) Recebidas a título de abono de férias na forma dos arts. 143 e 144 da CLT (abono
pecuniário);
g) Recebidas a título de ganhos eventuais (pecuniários ou in natura) e os abonos
expressamente desvinculados do salário (por lei ou CCT – e.g., abono do PIS) (veja-se,
nesse sentido, o art. 201, §11 da CF/88, segundo o qual “§ 11. Os ganhos habituais do
empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição
previdenciária e conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei”).
h) Recebidas a título de licença-prêmio indenizada;
i) Recebidas a título da indenização de que trata o art. 9º da Lei nº 7.238, de 29 de outubro
de 1984 (indenização de um salário do empregado dispensado 30 dias antes da data-base
da categoria – “dispensa obstativa”);
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j) Indenizações previstas nos arts. 496 e 497 da Consolidação das Leis do Trabalho
(indenização aos estáveis no caso de fechamento ou extinção da empresa);
k) Outras indenizações, desde que expressamente previstas em lei
6. A parcela recebida a título de vale-transporte, na forma da legislação própria (OBS: segundo a
legislação de regência, o vale-transporte deve ser pago separadamente das demais rubricas que
compõem a remuneração do empregado; caso contrário, haverá incidência de contribuições
previdenciárias. Para o STF, pode ser pago em dinheiro.);
7. A ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamente em decorrência de mudança de
local de trabalho do empregado, na forma do art. 470 da CLT;
8. As diárias para viagens, desde que não excedam a 50% (cinqüenta por cento) da remuneração
mensal (caso contrário, integram pelo valor total);
9. A importância recebida a título de bolsa de complementação educacional de estagiário, quando
paga nos termos da Lei nº 11.788/08;
10. A participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei
específica (atualmente, a Lei nº 10.101/00 – pagamento no mínimo semestral e dependente de
critérios objetivos);
11. O abono do Programa de Integração Social-PIS e do Programa de Assistência ao Servidor
Público-PASEP (“abono salarial”);
12. Os valores correspondentes a transporte, alimentação e habitação fornecidos pela empresa ao
empregado contratado para trabalhar em localidade distante da de sua residência, em canteiro de
obras ou local que, por força da atividade, exija deslocamento e estada, observadas as normas de
proteção estabelecidas pelo Ministério do Trabalho (utilidades PARA o trabalho);
13. A importância paga ao empregado a título de complementação ao valor do auxílio-doença, desde
que este direito seja extensivo à totalidade dos empregados da empresa;
14. As parcelas destinadas à assistência ao trabalhador da agroindústria canavieira, de que trata o
art. 36 da Lei nº 4.870, de 1º de dezembro de 1965 (assistência médica, hospitalar, farmacêutica e
social);
15. O valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a programa de
previdência complementar privada, aberto ou fechado, desde que disponível à totalidade de seus
empregados e dirigentes, observados, no que couber, os arts. 9º e 468 da CLT;
16. O valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio da empresa
ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos
ortopédicos, despesas médico-hospitalares e outras similares, desde que a cobertura abranja a
totalidade dos empregados e dirigentes da empresa;
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17. O valor correspondente a vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos ao empregado
e utilizados no local do trabalho para prestação dos respectivos serviços;
18. O ressarcimento de despesas pelo uso de veículo do empregado (devidamente comprovadas);
19. O reembolso creche pago em conformidade com a legislação trabalhista, observado o limite
máximo de seis anos de idade, quando devidamente comprovadas as despesas realizadas;
20. O valor relativo a plano educacional, ou bolsa de estudo, que vise à educação básica de
empregados e seus dependentes e, desde que vinculada às atividades desenvolvidas pela empresa,
à educação profissional e tecnológica de empregados, nos termos da Lei no 9.394, de 20 de
dezembro de 1996, e:
1. não seja utilizado em substituição de parcela salarial; e
2. o valor mensal do plano educacional ou bolsa de estudo, considerado individualmente, não
ultrapasse 5% (cinco por cento) da remuneração do segurado a que se destina ou o valor
correspondente a uma vez e meia o valor do limite mínimo mensal do salário-de-contribuição, o
que for maior. (Alteração operada pela Lei nº 12.513/11 – o RPS previa que o valor relativo a
plano educacional apenas não integraria o salário de contribuição desde que não fosse utilizado
em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tivessem acesso a ele)
21. Os valores recebidos em decorrência da cessão de direitos autorais;
22. O valor da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT, ou seja, multa pelo não cumprimento dos
prazos para pagamento das verbas rescisórias.
23. O reembolso babá, limitado ao menor salário-de-contribuição mensal e condicionado à
comprovação do registro na Carteira de Trabalho e Previdência Social da empregada, do
pagamento da remuneração e do recolhimento da contribuição previdenciária, pago em
conformidade com a legislação trabalhista, observado o limite máximo de seis anos de idade da
criança;
24. O valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a prêmio de seguro de
vida em grupo, desde que previsto em acordo ou convenção coletiva de trabalho e disponível à
totalidade de seus empregados e dirigentes, observados, no que couber, os arts. 9º e 468 da
Consolidação das Leis do Trabalho;
25. Vale-cultura.
OBS: Até dezembro de 2003, as contribuições devidas pelos segurados contribuinte individual e
facultativo eram calculadas sobre o salário-base (extinto pela Lei nº 9987/99). Referida base de cálculo
era baseada em escalas – o segurado, ao se filiar ao sistema, ingressava na primeira escala e, conforme
contribuísse durante determinado período (denominado “interstício”), subia para a segunda, até chegar à
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décima escala. Tratava-se, como se vê, de sistema que privilegiava a permanência do segurado no
RGPS, já que ele somente poderia contribuir com o teto (e, assim, aumentar o valor dos benefícios
devidos) após permanecer por determinado número de anos no sistema. Após a extinção do salário-base,
aplicou-se regra de transição às pessoas que já estavam filiadas ao RGPS. Porém, tal regra vigeu até
dez/2003, quando o sistema foi definitivamente extinto (hoje, portanto, não há mais segurados que
contribuem segundo o salário-base).
4. PLANO DE BENEFÍCIOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
CONCEITOS GERAIS
A) PERÍODO DE CARÊNCIA
Corresponde ao número mínimo de contribuições mensais necessárias a que o beneficiário faça
jus ao benefício previdenciário. Enquanto não cumprido o período de carência, o segurado não fará jus
ao benefício.
Conta-se o período de carência:
a) Empregado e avulso: data da filiação ao RGPS;
b) Empregado doméstico, contribuinte individual, segurado especial (que contribui
facultativamente) e facultativo: data do recolhimento da primeira contribuição, sem atraso.
Exceção é o contribuinte individual que presta serviços à empresa, nos termos do art. 26, §4º
do RPS.
Períodos de carência:
Período de carência Benefício (s)
12 contribuições mensais � Auxílio doença
� Aposentadoria por invalidez
24 contribuições mensais � Pensão por morte (salvo nos casos em
que o segurado esteja em gozo de
auxílio-doença ou de aposentadoria por
invalidez ou nos casos de acidente do
trabalho e doença profissional ou do
trabalho);
180 contribuições mensais � Aposentadoria por idade;
� Aposentadoria por tempo de
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contribuição;
� Aposentadoria especial.
10 contribuições mensais � Salário-maternidade das seguradas
contribuintes individuais, segurada
especial e segurada facultativa
OBS: no caso de parto antecipado, o período
de carência será reduzido em número de
contribuições equivalente ao número de meses
em que o parto foi antecipado.
Independe de carência � Pensão por morte nos casos em que o
segurado esteja em gozo de auxílio-
doença ou de aposentadoria por
invalidez ou nos casos de acidente do
trabalho e doença profissional ou do
trabalho;
� Auxílio-reclusão;
� Salário-família;
� Auxílio-acidente;
� Auxílio doença e aposentadoria por
invalidez decorrentes de acidente de
qualquer natureza ou doença
especificada pelo INSS;
� Aposentadoria por idade ou por
invalidez, auxílio-doença, auxílio-
reclusão ou pensão por morte do
segurado especial, desde que
comprovado o exercício de atividade
rural no igual período de meses
correspondente à carência do benefício;
� Salário-maternidade (empregada,
avulsa e doméstica)
� Serviço social
� Reabilitação profissional
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OBS: Sobre o aproveitamento das contribuições anteriores à perda da condição de segurado para fins de
contagem do tempo de carência, cf. art. 24 da Lei 8.213/91 (regra do terço).
OBS: Ver MP 664/14, que alterou prazos de carência da pensão por morte.
B) SALÁRIO DE BENEFÍCIO
É a base de cálculo para o benefício previdenciário, exceto salário-família e salário-maternidade
(OBS: na pensão por morte e no auxílio-reclusão, o salário de benefício é utilizado apenas indiretamente
para o cálculo do beneficio). É a media aritmética de certo número de contribuições atualizadas para o
cálculo da renda mensal inicial do benefício.
Nesse sentido, ditam os arts. 28 e 29 da Lei nº 8.213/91:
Art. 28. O valor do benefício de prestação continuada, inclusive o regido por norma especial e o decorrente de acidente do trabalho, exceto o salário-família e o salário-maternidade, será calculado com base no salário-de-benefício.
Art. 29. O salário-de-benefício consiste:
a) para as aposentadorias por idade e por tempo de contribuição, na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo, multiplicada pelo fator previdenciário;
b) para as aposentadorias por invalidez e especial, auxílio-doença e auxílio-acidente, na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondente a oitenta por cento de todo o período contributivo.
Desde 1999, aplica-se, para o cálculo das prestações previstas na alínea “a” do art. 29, o fator
previdenciário, calculado considerando-se a idade, a expectativa de vida e o tempo de contribuição do
segurado que se aposentar.
Trata-se de número decimal, a ser multiplicado pela média dos salários de contribuição, para
calcular o valor do salário de benefício. Seu objetivo é tentar corrigir as distorções do modelo
previdenciário anterior e estabelecer correspectividade entre a contribuição e o benefício.
De acordo com o artigo 29 da Lei 8.213/91, para efeito da aplicação do fator previdenciário, ao
tempo de contribuição do segurado serão adicionados:
I - cinco anos, quando se tratar de mulher;
II - cinco anos, quando se tratar de professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício
das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio;
III - dez anos, quando se tratar de professora que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício
das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio.
O disposto neste artigo tem por finalidade igualar o valor do salário de benefício das mulheres,
professores e professoras com os dos demais segurados.
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Observações:
• O valor do salário de benefício não será inferior ao de um salário mínimo, nem superior ao do
limite máximo do salário de contribuição na data de início do benefício (art. 32, §3º, RPS).
• Serão considerados para cálculo do salário de benefício os ganhos habituais do segurado
empregado, a qualquer título, sob forma de moeda corrente ou de utilidades, sobre os quais tenha
incidido contribuições previdenciárias, exceto o décimo terceiro salário (gratificação natalina –
art. 32, §4º, RPS).
• O valor do salário de contribuição, para fins de cálculo do salário de benefício, será corrigido
mês a mês pelo INPC (art. 33, RPS)
• O valor mensal do auxílio-acidente integra o salário-de-contribuição, para fins de cálculo do
salário-de-benefício de qualquer aposentadoria.
C) RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO
O valor mensal do benefício é calculado por meio de uma porcentagem sobre o salário de
benefício, que varia de acordo com o tipo de benefício em questão, conforme veremos a seguir.
Ressalte-se que o valor mensal do benefício não poderá ser menor que um salário mínimo (se substituto
da remuneração – art. 201, §2º da CF88) nem maior que o limite máximo do salário-de-contribuição.
Se o segurado empregado, inclusive o doméstico, e o trabalhador avulso não puderem comprovar
o valor dos seus salários-de-contribuição, no período básico de cálculo, receberão o benefício no valor
mínimo, devendo esta renda ser recalculada, quando da apresentação de prova dos salários-de-
contribuição.
D) PRESTAÇÕES DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
Destinadas ao segurado: aposentadoria (invalidez, idade, especial e tempo de contribuição),
auxílio-doença, salário-família, salário-maternidade e auxílio-acidente.
Destinadas ao dependente: pensão por morte e auxílio reclusão.
Destinadas ao segurado e ao dependente: serviço social e reabilitação profissional
Art. 18, L. 8.213/91. O Regime Geral de Previdência Social compreende as seguintes prestações, devidas inclusive em razão de eventos decorrentes de acidente do trabalho, expressas em benefícios e serviços:
I - quanto ao segurado:
a) aposentadoria por invalidez;
b) aposentadoria por idade;
c) aposentadoria por tempo de contribuição;
d) aposentadoria especial;
e) auxílio-doença;
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f) salário-família;
g) salário-maternidade;
h) auxílio-acidente;
II - quanto ao dependente:
a) pensão por morte;
b) auxílio-reclusão;
III - quanto ao segurado e dependente:
a) (Revogada pela Lei nº 9.032, de 28.04.1995).
b) serviço social;
c) reabilitação profissional.
§1º. Somente poderão beneficiar-se do auxílio-acidente os segurados incluídos nos incisos I, VI e VII do artigo 11 desta Lei.
§2º. O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social - RGPS que permanecer em atividade sujeita a este Regime, ou a ele retornar, não fará jus à prestação alguma da Previdência Social em decorrência do exercício dessa atividade, exceto ao salário-família e à reabilitação profissional, quando empregado.
§ 3º O segurado contribuinte individual, que trabalhe por conta própria, sem relação de trabalho com empresa ou equiparado, e o segurado facultativo que contribuam na forma do § 2º do art. 21 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, não farão jus à aposentadoria por tempo de contribuição.
BENEFÍCIOS EM ESPÉCIE
A) AUXÍLIO-DOENÇA
Conceito: Trata-se de benefício devido ao segurado que fica temporariamente incapacitado ao trabalho.
Destina-se a tutelar incapacidades temporárias, já que a incapacidade permanente enseja percepção de
aposentadoria por invalidez ou auxílio-acidente.
Renda Mensal de Benefício: 91% do salário de benefício.
OBS: O auxílio-doença não poderá exceder a média aritmética simples dos últimos doze salários-de-
contribuição, inclusive no caso de remuneração variável, ou, se não alcançado o número de doze, a
média aritmética simples dos salários-de-contribuição existentes.
Carência: mínimo de 12 meses, exceto no caso de acidente de qualquer natureza (de trabalho ou fora do
trabalho), doença profissional ou outra doença indicada pelo INSS (atualmente: tuberculose ativa,
hanseníase, alienação mental, neoplasia maligna, cegueira, paralisia irreversível e incapacitante,
cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, doença de
Paget (osteíte deformante) em estágio avançado, síndrome da deficiência imunológica adquirida (Aids)
ou contaminado por radiação).
Início: O auxílio-doença inicia-se:
a) A contar do trigésimo primeiro dia do afastamento da atividade para o segurado empregado,
exceto o doméstico. Até o 30º dia de afastamento do empregado, o empregador responde pelo
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salário e encargos decorrentes da relação de emprego; porém, a partir do 31º dia de licença, o
contrato de trabalho fica suspenso, passando o segurado a ter direito ao auxílio doença pago pelo
INSS.
b) A contar da data do início da incapacidade, para os demais segurados; ou
c) A contar da data de entrada do requerimento, quando requerido após o quadragésimo quinto dia
do afastamento da atividade, para o empregado; ou 30º dia, para os demais.
Término: Momento da cessação da incapacidade ou da conversão em aposentadoria por invalidez ou
auxílio acidente.
Alta programada: instrumento utilizado desde 2006 pelo INSS em que este estabelece, mediante
avaliação médico-pericial, o prazo que entender suficiente para a recuperação da capacidade para o
trabalho do segurado, dispensando a realização de nova perícia. É possível ao segurado, entretanto,
solicitar a realização de nova perícia se comprovar que o prazo concedido para a recuperação não foi
suficiente (art. 78, §§1º ao 3ª, RPS).
Beneficiários: segurados do RGPS. Porém, não será devido auxílio-doença ao segurado que se filiar ao
Regime Geral de Previdência Social já portador de doença ou lesão invocada como causa para a
concessão do benefício, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou
agravamento dessa doença ou lesão.
Segurado que exerce mais de uma atividade abrangida pelo RGPS: o auxílio-doença será devido mesmo
no caso de incapacidade apenas para o exercício de uma delas, considerando-se para efeito de carência
somente as contribuições relativas a essa atividade – nesse caso, o valor do benefício poderá ser inferior
a um salário mínimo, desde que somado às demais remunerações recebidas resultar valor superior a este.
Se, nas várias atividades, o segurado exercer a mesma profissão, será exigido seu imediato afastamento
de todas elas.
Constatada, durante o recebimento do auxílio-doença, a incapacidade do segurado para cada uma das
demais atividades, o valor do benefício deverá ser revisto.
Ademais, no caso de incapacidade definitiva para uma das atividades, deverá o auxílio-doença ser
mantido indefinidamente, não cabendo sua transformação em aposentadoria por invalidez, enquanto essa
incapacidade não se estender às demais atividades.
Obrigações:
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a) O segurado em gozo de auxílio-doença está obrigado, independentemente da idade e sob pena de
suspensão do benefício, a submeter-se a exame médico a cargo da previdência social, processo de
reabilitação profissional por ela prescrito e custeado e tratamento dispensado gratuitamente, exceto
o cirúrgico e a transfusão de sangue, que são facultativos.
b) Ademais, a lei prevê a necessidade de o segurado em gozo de auxílio-doença submeter-se a
processo de reabilitação profissional para o exercício de outra atividade, antes de efetivamente ser
aposentado por invalidez.
Estabilidade: nos termos do art. 118 da Lei nº 8213/91, o segurado empregado tem garantia de emprego
durante 12 meses após a cessação do auxílio-doença acidentário (i.e., decorrente de doença profissional
ou acidente do trabalho), independentemente da percepção de auxílio-acidente.
Licença remunerada: a empresa que garantir licença remunerada ao empregado é obrigada a
complementar o auxílio-doença.
Fundamento legal: Artigos 59 a 64 da Lei nº 8.213/91 e artigos 71 a 80 do Decreto nº 3048/99.
B) APOSENTADORIA POR INVALIDEZ
Conceito: Trata-se de benefício devido ao segurado que, em gozo ou não do auxílio-doença, for
considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a
subsistência. Desde 1995, não é mais vitalício.
A incapacidade será atestada por perícia a cargo da Previdência Social, podendo o segurado
fazer-se acompanhar de médico de sua confiança, às suas expensas.
Renda Mensal de Benefício: 100% do salário de benefício
OBS: A RMB poderá ser acrescida de 25% se o segurado necessitar da assistência permanente de outra
pessoa, nas hipóteses do Anexo I do Decreto nº 3048/99 (no caso de morte do segurado, o percentual
adicional de 25% não é repassado para a pensão por morte).
Carência: mínimo de 12 meses, exceto no caso de acidente e nas doenças especificadas pelo INSS
(acima elencadas).
Início: Dia posterior ao da cessação do auxílio doença ou, na inexistência deste, nos mesmos prazos do
auxílio doença.
Término: Cessação da condição de inválido ou retorno voluntário ao trabalho.
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OBS: Recuperada a capacidade (exceto no caso de retorno voluntário ao serviço, quando ocorrerá
cancelamento automático do benefício a partir do retorno), o benefício cessará:
I – se a recuperação for total e ocorrer dentro de cinco anos da data do início da aposentadoria por
invalidez ou do auxílio-doença que a antecedeu sem interrupção:
a) De imediato, para o segurado empregado que tiver direito a retornar à função que desempenhava na
empresa ao se aposentar;
b) Após tantos meses quantos forem os anos de duração do auxílio-doença e da aposentadoria por
invalidez, para os demais segurados.
II – se a recuperação for parcial ou ocorrer após o período acima, ou ainda quando o segurado for
declarado apto para o exercício de trabalho diverso do qual habitualmente exercia, a aposentadoria
será mantida, sem prejuízo da volta à atividade:
a) pelo seu valor integral, durante seis meses contados da data em que for verificada a recuperação da
capacidade;
b) com redução de cinqüenta por cento, no período seguinte de seis meses; e
c) com redução de setenta e cinco por cento, também por igual período de seis meses, ao término do qual
cessará definitivamente.
Nos termos da Súm. 160 do TST, a aposentadoria por invalidez não enseja extinção do contrato
de trabalho (+ art. 475, caput, CLT):
SUM-160 APOSENTADORIA POR INVALIDEZ
Cancelada a aposentadoria por invalidez, mesmo após cinco anos, o trabalhador terá direito de retornar ao emprego, facultado, porém, ao empregador, indenizá-lo na forma da lei
Beneficiários: todos os segurados da Previdência Social. Assim como no auxílio-doença, o segurado que
já se encontrar inválido no momento da filiação ao RGPS não terá direito ao benefício, salvo quando a
incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão.
Obrigações:
a) O segurado aposentado por invalidez está obrigado, independentemente da idade e sob pena de
suspensão do benefício, a submeter-se a exame médico a cargo da previdência social, processo de
reabilitação profissional por ela prescrito e custeado e tratamento dispensado gratuitamente, exceto
o cirúrgico e a transfusão de sangue, que são facultativos.
b) O aposentado por invalidez fica obrigado, sob pena de sustação do pagamento do benefício, a
submeter-se a exames médico-periciais, a realizarem-se bienalmente.
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Pagamento: O benefício devido ao segurado ou dependente civilmente incapaz será pago ao cônjuge,
pai, mãe, tutor ou curador, admitindo-se, na sua falta e por período não superior a seis meses, o
pagamento a herdeiro necessário, mediante termo de compromisso firmado no ato do recebimento. O
período de 6 meses poderá ser prorrogado por iguais períodos, desde que comprovado o andamento
regular do processo legal de tutela ou curatela.
Fundamento legal: artigos 42 a 47 da Lei nº 8.213/91 e artigos 43 a 50 do Decreto nº 3048/99
C) AUXÍLIO-ACIDENTE
Conceito: Benefício de caráter indenizatório concedido ao segurado quando, após consolidação das
lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultar seqüela definitiva (conforme as situações
previstas no Anexo III do Decreto nº 3048/99), que implique redução da capacidade para o trabalho que
habitualmente exercia ou impossibilidade de desempenho desse trabalho, porém permitido outro, após
reabilitação profissional.
Beneficiários: Segurado empregado, exceto o doméstico, trabalhador avulso e segurado especial.
Renda Mensal de Benefício: 50% do salário de benefício que deu origem ao auxílio-doença.
Início: Dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença, independentemente de qualquer remuneração ou
rendimento auferido pelo acidentado. Pode, em virtude de sua natureza indenizatória, ser cumulado com
outro benefício previdenciário, exceto com a aposentadoria (segundo o STJ, se a lesão ocorreu antes da
Lei nº 9528/97, há direito adquirido à cumulação).
Condição: no caso de reabertura do auxílio-doença pela mesma causa que ensejou o pagamento do
auxílio-acidente, este último ficará suspenso durante o pagamento do auxílio-doença. Também não é
admitida a acumulação de mais de um auxílio-acidente, ainda que o segurado tenha dois empregos.
Término: Véspera do início de qualquer aposentadoria ou até a data do óbito do segurado.
Perda da audição: somente há direito ao benefício quando, além do reconhecimento do nexo entre o
trabalho e o agravo, resultar, comprovadamente, na redução ou perda da capacidade para o trabalho que
o segurado habitualmente exercia.
Fundamento legal: Art. 86 da Lei nº 8.213/91 e art. 104 do Decreto nº 3048/99:
D) AUXÍLIO-RECLUSÃO
Conceito: Benefício concedido aos dependentes do segurado no caso de reclusão deste, com o intuito de
substituir os meios de subsistência daqueles que dependem economicamente do recluso.
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Beneficiários: Dependentes do segurado recluso de baixa renda cujo último salário-de-contribuição
(vigente na data do recolhimento à prisão ou na data do afastamento do trabalho ou cessação das
contribuições), seja igual ou inferior a R$971,78 (valor atual).
OBS: no caso de qualificação de dependentes após a reclusão ou detenção do segurado, deve ser
comprovada a preexistência da dependência econômica.
Carência: Não há.
Renda Mensal do Benefício: 100% do valor da aposentadoria que o segurado recebia à data do
recolhimento à prisão, ou da que teria direito caso estivesse aposentado por invalidez (nesse caso,
corresponderá a 100% do salário-de-benefício).
Início:
a) Data do efetivo recolhimento à prisão, se requerido até trinta dias depois desta.
b) Data do requerimento, se posterior a 30 dias do recolhimento à prisão.
Término: O benefício cessa nas seguintes hipóteses:
a) Cessação da prisão
b) Morte do segurado (caso em que será convertido em pensão por morte)
c) Fuga do segurado, sendo restabelecido no caso de recaptura, desde que mantida a qualidade de
segurado (art. 117, §2º do RPS);
d) Liberdade condicional
e) Transferência para prisão albergue ou extinção da pena
f) Perda da condição de dependente.
Condição: Recluso não pode receber remuneração de empresa. Ademais, para a manutenção do
benefício, é obrigatória a apresentação de declaração trimestral de permanência na condição de
presidiário. É vedada a cumulação de referido benefício com auxílio-doença, aposentadoria ou abono de
permanência. Nesse caso, é permita a opção do segurado pela prestação mais vantajosa, desde que tal
opção seja também manifestada pelos dependentes. Ressalte-se que o recolhimento de contribuições
como facultativo não faz cessar o benefício.
Fundamento legal: art. 80 da Lei nº 8.213/91 e artigos 116 a 119 do Decreto nº 3048/99
E) SALÁRIO-FAMÍLIA
Conceito: Benefício pago, ao segurado de baixa renda, por dependente (filho ou equiparado) de até 14
anos ou inválido de qualquer idade, desde que apresentada certidão de nascimento, comprovante de
vacinação (até 6 anos de idade) e atestado de freqüência à escola (a partir de 7 anos).
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Beneficiários: empregado (urbano e rural), exceto o doméstico, e trabalhador avulso que aufiram salário
nos limites estabelecidos pelo INSS. Também têm direito:
a) Empregado e trabalhador avulso aposentados por invalidez ou em gozo de auxílio-doença;
b) Trabalhador rural e demais empregados aposentados por idade.
Forma de pagamento: para os empregados, é pago pela empresa, com o respectivo salário
(posteriormente, deduzido das contribuições sobre folha de salários – se o pagamento não for mensal,
será pago com um último salário). Para os avulsos, é pago pelo sindicato ou órgão gestor de mão de
obra. Para os demais, é pago pelo INSS, junto com o benefício previdenciário.
Valor: De acordo com a Portaria Interministerial MPS/MF nº 15, de 10 de janeiro de 2013 valor do
salário-família será de R$ 33,16, por filho de até 14 anos incompletos ou inválido, para quem ganhar até
R$ 646,55. Para o trabalhador que receber de R$ 646,55 até R$ 971,78, o valor do salário-família por
filho de até 14 anos de idade ou inválido de qualquer idade será de R$ 23,36.
As cotas do salário-família não serão incorporadas, para qualquer efeito, ao salário ou ao benefício.
Início: Data da apresentação da certidão de nascimento do filho ou da documentação relativa ao
equiparado. O benefício será suspenso no caso de não apresentação do atestado de frequência à escola
(semestralmente) ou comprovante de vacinação (anualmente). A empresa é obrigada a guardar os
comprovantes de pagamento e a documentação respectiva durante o período de 10 anos, para o caso de
eventual fiscalização por parte do INSS.
Término: Cessa o direito ao benefício
I - por morte do filho ou equiparado
II - quando o filho ou equiparado completar quatorze anos de idade, salvo se inválido;
III - pela recuperação da capacidade do filho ou equiparado inválido; ou
IV - pelo desemprego do segurado.
Carência: não há
Condições: O benefício pode ser cumulado por pai e mãe (desde que preenchidos os requisitos acima).
Ademais, no caso de o beneficiário possuir dois ou mais contratos de trabalho, ele receberá um salário
família de cada empregador.
Caso ocorra divórcio ou separação dos pais, ou em caso de abandono ou perda do pátrio poder, o salário-
família será pago diretamente àquele que tiver a guarda do menor.
O segurado deverá firmar termo pelo qual se compromete a comunicar a empresa ou o INSS qualquer
fato que determine a perda do benefício. Caso não comunique, haverá desconto dos valores
indevidamente pagos das cotas devidas em relação a outros filhos, ou do salário ou da cota do benefício.
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Tendo havido divórcio, separação judicial ou de fato dos pais, ou em caso de abandono legalmente
caracterizado ou perda do pátrio-poder, o salário-família passará a ser pago diretamente àquele a cujo
cargo ficar o sustento do menor, ou a outra pessoa, se houver determinação judicial nesse sentido.
Fundamento legal: artigos 65 a 70 da Lei nº 8.213/91 e artigos 81 a 92 do Decreto nº 3048/99.
F) SALÁRIO-MATERNIDADE
Conceito: Benefício pago a toda segurada gestante ou adotante ou segurada que obtém termo de guarda
para fins de adoção pelo período de afastamento do emprego.
OBS: No caso de guarda para fins de adoção, o benefício não é devido quando o termo de guarda não
contiver a observação de que é para fins de adoção, ou só contiver o nome do cônjuge ou companheiro.
Ademais, é necessário que da nova certidão de nascimento da criança conste o nome da segurada
adotante ou guardiã.
Beneficiárias: todas as seguradas da Previdência Social.
Renda Mensal de Benefício:
a) Empregadas ou trabalhadoras avulsas: valor integral da remuneração, respeitado o teto da
remuneração dos ministros do STF (pagamento feito pelo empregador, exceto no caso das mães
adotivas e avulsas, quando o pagamento é feito diretamente pelo INSS). Também será pago
diretamente o salário-maternidade da empregada do microempreendedor individual (MEI). No
caso de empregos concomitantes, a segurada fará jus ao salário-maternidade relativo a cada
emprego, respeitado o teto. No caso de adoção de mais de uma criança, é devido um único
salário-maternidade relativo à criança de menor idade.
b) Segurada especial: 1 (um) salário mínimo (pago pelo INSS).
c) Empregada doméstica: valor correspondente ao do último salário-de-contribuição (pago pelo INSS).
d) Contribuinte individual, facultativa e seguradas no período de graça: um doze avos da soma dos doze
últimos salários-de-contribuição, apurados em período não superior a quinze meses (pago pelo INSS).
Período de pagamento: 120 dias, com início 28 dias antes e término 91 dias depois do parto (o início do
afastamento será determinado com base em atestado médico ou certidão de nascimento de filho). Tal
período (anterior ou posterior ao parto) pode ser aumentado de mais duas semanas, mediante atestado
médico. No caso de aborto não criminoso, a segurada terá direito ao salário-maternidade correspondente
a duas semanas.
As adotantes têm direito à percepção de salário-maternidade pelo mesmo período (MP 619/13).
Algumas situações excepcionais:
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a) Aborto não criminoso: terá direito ao benefício por duas semanas (art. 395 da CLT);
b) Natimorto: desde que a morte ocorra a partir da 23ª semana de gestação, a segurada terá direito
aos 120 dias, normalmente. Se o fato ocorrer antes da 23ª semana, será o caso de aborto não
criminoso (IN 45/10);
c) Falecimento do filho: não há prejuízo ao direito ao benefício;
d) Parto antecipado: não prejudica o direito a benefício (desde que cumprida a carência no caso da
segurada especial, contribuinte individual e facultativa)
Carência: Independe de carência, exceto para as seguradas contribuintes individuais, especial e
facultativa (especial deve comprovar 10 meses de efetiva atividade rural, ainda que descontínuos)
Condição: O salário-maternidade não pode ser acumulado com benefício por incapacidade. Quando
ocorrer incapacidade em concomitância com o período de pagamento do salário-maternidade, o
benefício por incapacidade será suspenso enquanto perdurar o pagamento, ou terá sua data de início
adiada para o primeiro dia seguinte ao término do período de cento e vinte dias.
Fundamento legal: Arts. 71 a 73 da Lei nº 8.213/91 e arts. 93 a 103 do Decreto nº 3048/99
Atualização:
“Art. 71-A. Ao segurado ou segurada da Previdência Social que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança é devido salário-maternidade pelo período de 120 (cento e vinte) dias.
§ 1o O salário-maternidade de que trata este artigo será pago diretamente pela Previdência Social.
§ 2o Ressalvado o pagamento do salário-maternidade à mãe biológica e o disposto no art. 71-B, não poderá ser concedido o benefício a mais de um segurado, decorrente do mesmo processo de adoção ou guarda, ainda que os cônjuges ou companheiros estejam submetidos a Regime Próprio de Previdência Social.” (NR)
“Art. 71-B. No caso de falecimento da segurada ou segurado que fizer jus ao recebimento do salário-maternidade, o benefício será pago, por todo o período ou pelo tempo restante a que teria direito, ao cônjuge ou companheiro sobrevivente que tenha a qualidade de segurado, exceto no caso do falecimento do filho ou de seu abandono, observadas as normas aplicáveis ao salário-maternidade.
§ 1o O pagamento do benefício de que trata o caput deverá ser requerido até o último dia do prazo previsto para o término do salário-maternidade originário.
§ 2o O benefício de que trata o caput será pago diretamente pela Previdência Social durante o período entre a data do óbito e o último dia do término do salário-maternidade originário e será calculado sobre:
I - a remuneração integral, para o empregado e trabalhador avulso;
II - o último salário-de-contribuição, para o empregado doméstico;
III - 1/12 (um doze avos) da soma dos 12 (doze) últimos salários de contribuição, apurados em um período não superior a 15 (quinze) meses, para o contribuinte individual, facultativo e desempregado; e
IV - o valor do salário mínimo, para o segurado especial.
§ 3o Aplica-se o disposto neste artigo ao segurado que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção.”
49
“Art. 71-C.A percepção do salário-maternidade, inclusive o previsto no art. 71-B, está condicionada ao afastamento do segurado do trabalho ou da atividade desempenhada, sob pena de suspensão do benefício.”
Art. 6o A Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 392-A. À empregada que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança será concedida licença-maternidade nos termos do art. 392.
F) PENSÃO POR MORTE
Fundamento legal: Artigos 74 a 79 da Lei nº 8.212/91 e artigos 105 a 115 do Decreto nº 3048/99
Conceito: Benefício pago aos dependentes em decorrência do falecimento do segurado, aposentado ou
não (podendo a morte ser de fato ou presumida – caso em que será concedida provisoriamente). A
morte presumida é aquela decorrente de ausência (6 meses) ou desaparecimento em virtude de acidente,
catástrofe ou desastre.
Beneficiários: dependentes do segurado, nos termos do RGPS.
OBS 1: O cônjuge, companheiro ou companheira não terá direito ao benefício da pensão por morte se o
casamento ou o início da união estável tiver ocorrido há menos de dois anos da data do óbito do
instituidor do benefício, salvo nos casos em que:
I - o óbito do segurado seja decorrente de acidente posterior ao casamento ou ao início da união estável;
ou
II - o cônjuge, o companheiro ou a companheira for considerado incapaz e insuscetível de reabilitação
para o exercício de atividade remunerada que lhe garanta subsistência, mediante exame médico-pericial
a cargo do INSS, por doença ou acidente ocorrido após o casamento ou início da união estável e anterior
ao óbito.
OBS 2: Quanto ao filho e ao irmão inválidos, a pensão só será devida se a invalidez ocorreu antes ou na
ocasião do óbito e antes da emancipação ou de completar a idade de vinte e um anos.
OBS 3: Caso o dependente menor de idade, que já esteja recebendo pensão, invalidar-se antes de
completar 21 anos, será submetido a exame médico-pericial e, desde que constatada a invalidez, terá sua
cota de pensão mantida.
OBS 4: A concessão da pensão não será protelada pela falta de habilitação de outro possível dependente
– nesse caso, a habilitação posterior só produzirá efeitos a contar da data de seu reconhecimento.
OBS 5: O cônjuge ausente deve provar a dependência econômica em relação ao falecido, na data do
óbito.
50
OBS 6: Com relação ao cônjuge que renunciou aos alimentos, veja-se a Súmula 336 do STJ
(necessidade econômica superveniente):
STJ Súmula nº 336. Renúncia aos Alimentos da Mulher na Separação
Judicial - Direito à Pensão Previdenciária por Morte do Ex-Marido A mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial tem direito à pensão previdenciária por morte do ex-marido, comprovada a necessidade econômica superveniente.
OBS 7: Não terá direito à pensão por morte o condenado pela prática de crime doloso de que tenha
resultado a morte do segurado.
Renda Mensal de Benefício: 50% do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou daquela a que
teria direito se estivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento, acrescido de tantas cotas
individuais de dez por cento do valor da mesma aposentadoria, quantos forem os dependentes do
segurado, até o máximo de cinco.
OBS: O valor mensal da pensão será acrescido de uma cota individual, rateado entre os dependentes, no
caso de haver filho do segurado ou pessoa a ele equiparada, que seja órfão de pai e mãe na data da
concessão da pensão ou durante o período de manutenção desta, observado o limite máximo de 100% do
valor da aposentadoria que o segurado recebia ou daquela a que teria direito se estivesse aposentado por
invalidez na data de seu falecimento. Porém, essa regra não será aplicada quando for devida mais de
uma pensão aos dependentes do segurado.
OBS 2: Reverterá em favor dos demais a parte daquele cujo direito à pensão cessar, mas sem o
acréscimo da correspondente cota individual de dez por cento.
ANTES: 100% do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou daquela a que teria direito se
estivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento (nesse caso, corresponderá a 100% do
salário-de-benefício).
OBS 1: antes, a renda mensal da pensão correspondia a 80%SB + 10% para cada dependente, até o
máximo de 2 (salvo acidente do trabalho, quando a renda era de 100%). Isso foi alterado em 1995 – mas
o STF pacificou entendimento no sentido de que a lei, embora mais benéfica, não retroage para as
pensões concedidas antes de 1995.
Nesse sentido, a Súmula 340, do STJ:
STJ Súmula nº 340: Lei Aplicável - Concessão de Pensão Previdenciária por
Morte - Vigência A lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela vigente na data do óbito do segurado.
OBS 2: o valor da pensão não pode ser inferior a um salário mínimo, mas o valor da cota pode
(entendimento do STJ)
51
Início: A pensão por morte será devida aos dependentes do segurado a contar da data:
a) Do óbito, quando requerido até trinta dias depois deste (v. art. 105, §1º, do RPS, que diferencia
o início do benefício de sua concessão);
b) Do requerimento, quando requerida após o prazo previsto no inciso I; ou
c) Da decisão judicial, no caso de morte presumida.
OBS: Se o pedido for feito diretamente em juízo, a data será a da citação do INSS (salvo se feito
requerimento administrativo anterior, quando será a data do requerimento ou do óbito – regra acima)
Cessação: O pagamento da pensão por morte cessa:
a) Pela morte do pensionista;
b) Para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de ambos os sexos, pela emancipação ou ao
completar 21 (vinte e um) anos de idade, salvo se for inválido ou com deficiência intelectual ou
mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente;
c) Para o pensionista inválido pela cessação da invalidez e para o pensionista com deficiência
intelectual ou mental, pelo levantamento da interdição;
d) Pela adoção, para o filho adotado que receba pensão por morte dos pais biológicos, exceto se a
adoção se der pelo cônjuge sobrevivente.
e) Pelo reaparecimento do ausente. Neste caso, os dependentes ficam desobrigados a devolver os
valores já recebidos a título de pensão, salvo se comprovada a má-fé.
f) Pelo decurso do prazo de recebimento de pensão pelo cônjuge, companheiro ou companheira. O
tempo de duração da pensão por morte devida ao cônjuge, companheiro ou companheira, será
calculado de acordo com sua expectativa de sobrevida (IBGE):
Expectativa de sobrevida à idade x do cônjuge, companheiro ou companheira, em anos (E(x))
Duração do benefício de pensão por morte (em anos)
55 < E(x) 3 50 < E(x) ≤ 55 6 45 < E(x) ≤ 50 9 40 < E(x) ≤ 45 12 35 < E(x) ≤ 40 15
E(x) ≤ 35 vitalícia
OBS 1: O cônjuge, o companheiro ou a companheira considerado incapaz e insuscetível de reabilitação
para o exercício de atividade remunerada que lhe garanta subsistência, mediante exame médico-pericial
a cargo do INSS, por acidente ou doença ocorrido entre o casamento ou início da união estável e a
cessação do pagamento do benefício, terá direito à pensão por morte vitalícia.
52
OBS 2: a parte individual da pensão do dependente com deficiência intelectual ou mental que o torne
absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente, que exerça atividade remunerada, será
reduzida em 30% (trinta por cento), devendo ser integralmente restabelecida em face da extinção da
relação de trabalho ou da atividade empreendedora.
Condição: O pensionista inválido está obrigado a submeter-se a exame médico a cargo da previdência
social, processo de reabilitação profissional por ela prescrito e custeado e tratamento dispensado
gratuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão de sangue, que são facultativos.
Entendimento sumulado
Se o óbito ocorrer após a perda da qualidade de segurado, seus dependentes apenas terão direito à
pensão se, na data o óbito, o segurado já tivesse preenchido os requisitos para requerer sua
aposentadoria. Nesse sentido, a Súmula nº 416 do STJ:
Súmula 416 do STJ: É devida a pensão por morte aos dependentes do segurado que, apesar de ter perdido essa qualidade, preencheu os requisitos legais para a obtenção de aposentadoria até a data do seu óbito.
G) APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Conceito: Benefício pago aos segurados após determinado período de contribuição ao INSS – visa a
cobrir contingência relacionada ao desgaste do trabalhador. É substitutivo da aposentadoria por tempo de
serviço, extinta em 1998.
Beneficiários: todos os segurados do RGPS, com exceção do segurado individual ou facultativo que
contribui com apenas 11% ou 5% e o especial.
Condição: 35 anos de contribuição, se homem, e 30 anos de contribuição, se mulher. O professor se
aposenta com 30 anos, se homem, e 25 anos, se mulher, desde que comprove tempo de efetivo exercício
das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio (incluídas, além da
docência, as funções de direção de unidade escolar e as de coordenação e assessoramento pedagógico –
comprovação nos termos do art. 61, RPS).
Art. 61. (...)
§ 1º A comprovação da condição de professor far-se-á mediante a apresentação:
I - do respectivo diploma registrado nos órgãos competentes federais e estaduais, ou de qualquer outro documento que comprove a habilitação para o exercício do magistério, na forma de lei específica; e
II - dos registros em Carteira Profissional e/ou Carteira de Trabalho e Previdência Social complementados, quando for o caso, por declaração do estabelecimento de ensino onde foi exercida a atividade, sempre que necessária essa informação, para efeito e caracterização do efetivo exercício da função de magistério, nos termos do § 2º do art. 56.
53
§ 2º É vedada a conversão de tempo de serviço de magistério, exercido em qualquer época, em tempo de serviço comum.
Valor: 100% do salário de benefício
Início: A aposentadoria por tempo de contribuição será devida ao segurado empregado, inclusive o
doméstico: a) a partir da data do desligamento do emprego, quando requerida até noventa dias depois
dela; ou b) a partir da data do requerimento, quando não houver desligamento do emprego ou quando for
requerida após o prazo da alínea "a". Para os demais segurados, é devida a partir da data da entrada do
requerimento.
Cômputo do tempo de contribuição: ver arts. 59 e 61 do Decreto nº 3048/99. A comprovação deve ser
efetuada por meio de documentos contemporâneos aos fatos, ou declaração do empregador. Não será
admitida a prova exclusivamente testemunhas, salvo força maior ou caso fortuito (art. 143, §2º, RPS).
OBS: é vedada a conversão de tempo de serviço de magistério em tempo de serviço comum.
Regras de transição:
a) Segurados que, em 16.12.2008, já haviam implementado os requisitos da aposentadoria: direito
adquirido (aposentadoria proporcional: homem com 30 anos de tempo de serviço e mulher com 25 anos
de tempo de serviço poderiam se aposentar com 70% do salário de benefício, mais 5% para cada ano
adicional de contribuição, até o máximo de 100% do salário de benefício; aposentadoria integral:
homem com 35 anos de tempo de serviço e mulher com 30 anos de tempo de serviço poderiam se
aposentar com 100% do salário de benefício).
b) Pessoas que já eram seguradas do RGPS em 16.12.2008, mas ainda não haviam implementado os
requisitos para a aposentadoria: opção pela aplicação das regras do novo regime ou das regras de
transição (aposentadoria proporcional: homem deve ter 30 anos de tempo de serviço + 53 anos de idade
+ contribuir por período adicional equivalente a 40% do tempo que faltava para a aposentadoria no
momento em que foi alterado o regime; mulher deve ter 25 anos de tempo de serviço + 48 anos de idade
+ período adicional de contribuição equivalente a 40% do tempo faltante – aposentadoria integral:
homem deve ter 35 anos de tempo de serviço + 53 anos de idade + contribuir por período adicional
equivalente a 20% do tempo que faltava para a aposentadoria no momento em que foi alterado o regime;
mulher: 30 anos de tempo de serviço + 48 anos de idade + contribuir por período adicional equivalente a
20% do tempo que faltava para a aposentadoria no momento em que foi alterado o regime)
Fundamento legal: Artigos 52 a 56 da Lei nº 8.213/91 e artigos 56 a 63 do Decreto nº 3048/99
OBS: Segundo o §9º do art. 201 da CF/88, “para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem
recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e urbana,
54
hipótese em que os diversos regimes de previdência social se compensarão financeiramente, segundo
critérios estabelecidos em lei”. Trata-se da denominada “contagem recíproca do tempo de contribuição”,
permitida tanto entre RPPS distintos quanto entre o RPPS e o RGPS. Nessa situação, os regimes se
compensarão financeiramente, nos termos da Lei 9796/99, entre o regime de origem e o regime
instituidor (que pagará o benefício). Segundo a lei, o ressarcimento feito pelo regime de origem é
mensal, durante o pagamento do benefício pelo regime instituidor. Assim, e.g., se um servidor público se
aposentou com 35 anos de contribuição, sendo 10 do RGPS, este regime deverá mensalmente pagar ao
RPPS 10/35 do valor do benefício.
Entretanto, não é permitida a contagem de tempo concomitante – i.e., simultaneamente no setor
público e privado (contagem em dobro). Também não poderá ser contado o tempo que o segurado já
utilizou para se aposentar pelo outro regime.
Relembre-se, porém, que, para se aposentar pelo RPPS, o segurado precisa ter, pelo menos, 10
anos de serviço público e cinco anos no cargo (art. 40, §1º, III, CF/88).
Para efetuar a contagem, é necessária certidão expedida pelo INSS. Contribuintes individuais e
facultativos que contribuam com apenas 11% não têm direito à contagem desse tempo, salvo se
complementarem as contribuições (art. 125, §4º, RPS).
H) APOSENTADORIA POR IDADE
Conceito: Benefício pago em decorrência da idade avançada do trabalhador.
Beneficiários: todos os segurados do RGPS, desde que contem com 65 anos de idade, no caso de
homem, e 60 anos, no caso de mulher. Tais limites são reduzidos de cinco anos para os trabalhadores
rurais de ambos os sexos (qualquer espécie de trabalhador, mesmo os eventuais e avulsos) e para os que
exercem suas atividades em regime de economia familiar, neste incluídos o produtor rural, o garimpeiro
e o pescador artesanal (para valer-se de tal redução, o trabalhador deve comprovar o exercício efetivo de
atividade rural no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual a 180
meses de contribuição, ainda que descontínuo).
Início: A aposentadoria por idade será devida ao segurado empregado, inclusive o doméstico: a) a partir
da data do desligamento do emprego, quando requerida até noventa dias depois dela; ou b) a partir da
data do requerimento, quando não houver desligamento do emprego ou quando for requerida após o
prazo da alínea "a". Para os demais segurados, é devida a partir da data da entrada do requerimento.
A empresa poderá requerer a aposentadoria por idade do segurado empregado que tenha cumprido o
período de carência e completado 70 (setenta) anos de idade, se do sexo masculino, ou 65 (sessenta e
cinco) anos, se do sexo feminino (aposentadoria compulsória). Nesse caso, o empregado tem direito a
indenização por rescisão do contrato de trabalho.
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Valor: setenta por cento do salário-de-benefício, mais um por cento deste por grupo de doze
contribuições mensais, até o máximo de trinta por cento.
Carência: 180 contribuições
Fundamento legal: Artigos 48 a 51 da Lei nº 8.213/91 e arts. 51 a 54 do Decreto nº 3048/99
I) APOSENTADORIA ESPECIAL
O art. 201, §1º da CF/88, com redação dada pela Emenda Constitucional nº 47, regulamenta
referida aposentadoria:
Art. 201, §1º. É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a
concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência
social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais que
prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados
portadores de deficiência, nos termos definidos em lei complementar.
Como se vê, o dispositivo contempla também a possibilidade de instituir-se aposentadoria
especial a segurados portadores de deficiência – referida lei complementar que regulamenta referido
direito foi aprovada em 08 de maio de 2013 (LC 142/2013), com vacatio legis de 6 meses.
Aposentadoria especial em atividades que prejudiquem a saúde ou a integridade física
Beneficiários: Empregado, trabalhador avulso e contribuinte individual, quando cooperado filiado a
cooperativa de trabalho ou de produção.
Renda Mensal do Benefício: 100% do salário de benefício.
Condição: O segurado deverá comprovar, mediante laudo, a efetiva exposição aos agentes nocivos
químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, assim
caracterizados pelo Poder Executivo (Anexo IV do RPS).
O tempo de exposição necessário para a concessão da aposentadoria varia entre 15, 20 ou 25 anos,
conforme a gravidade do agente a que o trabalhador se encontra exposto. A exposição deve ser
permanente, não ocasional nem intermitente (assim, o fato de o segurado receber adicional de
periculosidade ou insalubridade não garante o direito à aposentadoria especial).
São considerados como tempo de serviço em exposição de agentes prejudiciais à saúde os períodos de
descanso determinados pela legislação trabalhista, inclusive férias, períodos de afastamento decorrentes
de gozo de benefícios de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez acidentários, bem como de
percepção de salário-maternidade, desde que, à data do afastamento, o segurado estivesse exercendo
atividade considerada especial.
56
Comprovação: A comprovação da efetiva exposição aos agentes nocivos será feita por meio do PPP
(perfil profissiográfico previdenciário), documento individual contendo as atividades desenvolvidas pelo
trabalhador e as condições ambientais do trabalho, baseado em laudo técnico expedido por médico do
trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho da empresa. A empresa é obrigada a elaborar, manter
atualizado e fornecer cópia autenticada do PPP ao trabalhador quando da rescisão do contrato de
trabalho ou desligamento do cooperado, sob pena de multa (ou a cooperativa, com base no laudo do
tomador de serviços).
Início: A aposentadoria por idade será devida ao segurado empregado, inclusive o doméstico: a) a partir
da data do desligamento do emprego, quando requerida até noventa dias depois dela; ou b) a partir da
data do requerimento, quando não houver desligamento do emprego ou quando for requerida após o
prazo da alínea "a". Para os demais segurados, é devida a partir da data da entrada do requerimento.
Se o segurado que retornar ao exercício de atividade ou operações que o sujeitem aos agentes nocivos,
ou nele permanecer, na mesma ou em outra empresa, perde o direito à aposentadoria a partir da data do
retorno à atividade.
Carência: 180 contribuições mensais.
Conversão de tempo de atividade especial em comum ou especial: regulada pelos arts. 66 e 70 do RPS.
Fundamento legal: Artigos 57 e 58 da Lei nº 8.213/91 e artigos 64 a 70 do Decreto nº 3048/99:
Aposentadoria especial para pessoas com deficiência
A aposentadoria especial para pessoas com deficiência é assegurada a quem tem impedimentos
de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas
barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com
as demais pessoas. Referida deficiência será avaliada de forma médica e funcional, nos termos de
regulamento ainda a ser promulgado.
Os prazos para referida aposentadoria vêm discriminados abaixo:
I - aos 25 (vinte e cinco) anos de tempo de contribuição, se homem, e 20 (vinte) anos, se mulher, no caso
de segurado com deficiência grave;
II - aos 29 (vinte e nove) anos de tempo de contribuição, se homem, e 24 (vinte e quatro) anos, se
mulher, no caso de segurado com deficiência moderada;
III - aos 33 (trinta e três) anos de tempo de contribuição, se homem, e 28 (vinte e oito) anos, se mulher,
no caso de segurado com deficiência leve; ou
IV - aos 60 (sessenta) anos de idade, se homem, e 55 (cinquenta e cinco) anos de idade, se mulher,
independentemente do grau de deficiência, desde que cumprido tempo mínimo de contribuição de 15
(quinze) anos e comprovada a existência de deficiência durante igual período.
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Regulamento do Poder Executivo definirá as deficiências grave, moderada e leve para os fins de
referidos prazos.
No caso de existência de deficiência anterior à data da vigência da LC, esta deverá ser
certificada, inclusive quanto ao seu grau, por ocasião da primeira avaliação, sendo obrigatória a fixação
da data provável do início da deficiência. Porém, a comprovação de tempo de contribuição na condição
de segurado com deficiência em período anterior à entrada em vigor da Lei não será admitida por meio
de prova exclusivamente testemunhal.
Se, porventura, o segurado, após a filiação ao RGPS, tornar-se pessoa com deficiência, ou tiver
seu grau de deficiência alterado, os parâmetros da aposentadoria serão proporcionalmente ajustados,
considerando-se o número de anos em que o segurado exerceu atividade laboral sem deficiência e com
deficiência.
A renda mensal de benefício seguirá os seguintes percentuais, com base no salário de benefício:
I - 100% (cem por cento), no caso da aposentadoria de que tratam os incisos I, II e III acima
mencionados; ou
II - 70% (setenta por cento) mais 1% (um por cento) do salário de benefício por grupo de 12 (doze)
contribuições mensais até o máximo de 30% (trinta por cento), no caso de aposentadoria por idade.
Também se aplica o fator previdenciário às aposentadorias, mas apenas se resultar em renda
mensal de valor mais elevado. Ademais, assegura-se a contagem recíproca do tempo de contribuição na
condição de segurado com deficiência relativo à filiação ao RGPS, ao regime próprio de previdência do
servidor público ou a regime de previdência militar, devendo os regimes compensar-se financeiramente;
A redução do tempo de contribuição dessa aposentadoria não poderá ser acumulada, no tocante
ao mesmo período contributivo, com a redução assegurada aos casos de atividades exercidas sob
condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física.
J) Habilitação e reabilitação profissional
Conjunto de meios necessários para a readaptação profissional do beneficiário em razão de sua
incapacidade total ou parcialmente para o trabalho. A reabilitação profissional compreende:
a) O fornecimento de aparelho de prótese, órtese e instrumentos de auxílio para locomoção quando a
perda ou redução da capacidade funcional puder ser atenuada por seu uso e dos equipamentos
necessários à habilitação e reabilitação social e profissional;
b) A reparação ou a substituição dos aparelhos mencionados no inciso anterior, desgastados pelo uso
normal ou por ocorrência estranha à vontade do beneficiário;
c) O transporte do acidentado do trabalho, quando necessário.
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Concluído o processo de habilitação ou reabilitação social e profissional, a Previdência Social emitirá
certificado individual, indicando as atividades que poderão ser exercidas pelo beneficiário.
Seguem os artigos na Lei nº 8.213/91 que regulam a habilitação e reabilitação:
Art. 89. A habilitação e a reabilitação profissional e social deverão proporcionar ao beneficiário incapacitado parcial ou totalmente para o trabalho, e às pessoas portadoras de deficiência, os meios para a (re) educação e de (re) adaptação profissional e social indicados para participar do mercado de trabalho e do contexto em que vive.
Parágrafo único. A reabilitação profissional compreende:
a) o fornecimento de aparelho de prótese, órtese e instrumentos de auxílio para locomoção quando a perda ou redução da capacidade funcional puder ser atenuada por seu uso e dos equipamentos necessários à habilitação e reabilitação social e profissional;
b) a reparação ou a substituição dos aparelhos mencionados no inciso anterior, desgastados pelo uso normal ou por ocorrência estranha à vontade do beneficiário;
c) o transporte do acidentado do trabalho, quando necessário.
Art. 90. A prestação de que trata o artigo anterior é devida em caráter obrigatório aos segurados, inclusive aposentados e, na medida das possibilidades do órgão da Previdência Social, aos seus dependentes.
Art. 91. Será concedido, no caso de habilitação e reabilitação profissional, auxílio para tratamento ou exame fora do domicílio do beneficiário, conforme dispuser o Regulamento.
Art. 92. Concluído o processo de habilitação ou reabilitação social e profissional, a Previdência Social emitirá certificado individual, indicando as atividades que poderão ser exercidas pelo beneficiário, nada impedindo que este exerça outra atividade para a qual se capacitar.
Art. 93. A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas, na seguinte proporção:
I - até 200 empregados - 2%
II - de 201 a 500 – 3%
III - de 501 a 1.000 – 4%
IV - de 1.001 em diante – 5%
§ 1º. A dispensa de trabalhador reabilitado ou de deficiente habilitado ao final de contrato por prazo determinado de mais de 90 (noventa) dias, e a imotivada, no contrato por prazo indeterminado, só poderá ocorrer após a contratação de substituto de condição semelhante.
§ 2º. O Ministério do Trabalho e da Previdência Social deverá gerar estatísticas sobre o total de empregados e as vagas preenchidas por reabilitados e deficientes habilitados, fornecendo-as, quando solicitadas, aos sindicatos ou entidades representativas dos empregados.
6. JUSTIFICAÇÃO ADMINISTRATIVA (arts. 142 e ss do Decreto nº 3048/99)
Procedimento utilizado para suprir a falta ou insuficiência de documento ou produzir prova de fato
ou circunstância de interesse dos beneficiários, perante a Previdência Social. Assim, tal procedimento será
utilizado, e.g., quando o segurado necessita provar tempo de contribuição (§4º, art. 62, RPS), ou o
dependente pretende comprovar a condição de dependência econômica em relação a segurado. Porém, é
mister ressaltar que a justificação somente poderá ser utilizada quando restar evidenciada a inexistência
de qualquer outro meio de prova do fato alegado – nesse sentido, o art. 151 do RPS:
Art. 151, RPS. Somente será admitido o processamento de justificação administrativa na hipótese de ficar evidenciada a inexistência de outro meio
59
capaz de configurar a verdade do fato alegado, e o início de prova material apresentado levar à convicção do que se pretende comprovar.
Ademais, segundo o §1º do art. 142 do RPS, não será admitida a justificação administrativa
quando o fato a comprovar exigir registro público de casamento, de idade ou de óbito, ou de qualquer ato
jurídico para o qual a lei prescreva forma especial.
Nos termos do art. 143 do RPS, quando a justificação administrativa versar sobre prova do tempo
de contribuição, de dependência econômica e de relação de parentesco, somente produzirá efeitos quando
baseada em início de prova material, não sendo admitida prova exclusivamente testemunhal. O início de
prova material apenas será dispensado quando constatada a ocorrência de motivo de força maior ou caso
fortuito.
A justificação administrativa é procedimento totalmente gratuito, que se inicia a partir de
requerimento apresentado pelo interessado, no qual este exporá, de forma minuciosa, os pontos que
pretende justificar. No requerimento, deverá o interessado indicar de 3 a 6 testemunhas, cujos
depoimentos possam levar à convicção da veracidade do que se pretende comprovar.
As testemunhas indicadas serão inquiridas no dia e hora marcados, e, em seguida, o processo
seguirá à autoridade competente para homologação ou não da justificação realizada.
Segundo o art. 146 do RPS, não poderão atuar como testemunha os loucos de todo o gênero, os
cegos e surdos (apenas quando a ciência do fato que se quer provar dependa dos sentidos que lhes faltam),
os menores de dezesseis anos e o ascendente, descendente ou colateral do interessado, até o terceiro grau,
por consangüinidade ou afinidade.
Porém, é possível que a autoridade processante admita a oitiva de tais pessoas na qualidade de
informantes (i.e., sem compromisso de dizer a verdade), se julgar que tal oitiva é imprescindível para o
esclarecimento dos fatos que se pretende provar.
Da decisão de homologação ou não da justificação administrativa não caberá recurso. Porém, nada
impede, por óbvio, que o interessado pleiteie tal justificação na esfera judicial, nos termos dos arts. 861 a
866 do Código de Processo Civil.
Por fim, a legislação estabelece que, àqueles que prestarem declarações falsas em processo de
justificação prévia processado perante a Previdência Social, serão aplicadas as penalidades previstas no
art. 299 do Código Penal, que tipifica o delito de falsidade ideológica.
7. RECURSO DAS DECISÕES ADMINISTRATIVAS (art. 305 e ss, RPS)
O recurso das decisões administrativas é uma forma de tentar mudar ou rever as decisões em grau
de conselho ou tribunal.
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O processamento de tais recursos encontra-se previsto nos arts. 305 e ss do Regulamento da
Previdência Social, Decreto nº 3048/99. Destaquem-se alguns pontos da legislação de regências:
� O primeiro grau de recursos corresponde à JRPS – Junta de Recursos da Previdência Social, em
recurso ordinário. Se a decisão proferida pela JRPS contrariar lei ou ato normativo, cabe recurso
especial às Câmaras de julgamento (2º grau). Tanto as Câmaras como as Juntas integram o
CRPS (Conselho de Recursos da Previdência Social).
� Há, entretanto, processos de alçada da Junta, envolvendo matéria médica (perícia) e
reajustamento de benefícios com base em índices estabelecidos em lei.
� O prazo para interposição de recursos é de 30 dias, contados da ciência da decisão. Idêntico é o
prazo para apresentação de contra-razões por parte do recorrido, a contar da interposição do
recurso. Ressalte-se que a interposição de contra-razões pela Secretaria da Receita, antes
facultativa, tornou-se obrigatória a partir de 2008;
� É admitida a reconsideração da decisão pelo órgão prolator, caso em que não será dado
prosseguimento ao recurso se a reforma for favorável;
� Até 2008, em se tratando de processo destinado a discutir crédito previdenciário, a
admissibilidade do recurso estava condicionado à prova de depósito, em favor do INSS, de
valor correspondente a trinta por cento da exigência fiscal definida na decisão. Hoje, porém, tal
exigência foi suprimida, e o depósito não mais é necessário;
� A propositura de ação judicial que tenha por objeto idêntico pedido sobre o qual versa o
processo administrativo importa renúncia ao direito de recorrer na esfera administrativa e
desistência do recurso interposto;
� Os recursos contra decisões das Juntas de Recursos do Conselho de Recursos da Previdência
Social têm efeito suspensivo e devolutivo – portanto, suspendem a execução da decisão até a
apreciação do recurso pela instância superior.
CRIMES CONTRA A SEGURIDADE SOCIAL
Introdução
Diversos crimes previstos no Código Penal poderiam ser contemplados na categoria de “crimes
contra a Seguridade Social”.
De fato, como regra geral, crimes praticados por funcionários públicos que acarretem prejuízos
aos cofres da Seguridade Social poderiam ser enquadrados em tal categoria (considerado o conceito de
funcionário público previsto pelo art. 327 do CP); da mesma forma, crimes praticados contra agente da
Seguridade Social em razão de suas funções (e.g., homicídio de um perito); entre outros.
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Porém, tal classificação é por demais abrangente, e envolve conceitos que fogem ao escopo do
presente estudo. Portanto, serão destacados, nesta obra, apenas os crimes considerados pela doutrina
como específicos da Seguridade Social, a saber:
a) Apropriação indébita previdenciária (art. 168-A, CP);
b) Sonegação de contribuições previdenciárias (art. 337-A, CP);
c) Inserção de dados falsos em Sistema de Informações (art. 313-A, CP)
d) Alteração não autorizada em Sistema de Informações (art. 313-B, CP)
e) Falsidade documental previdenciária (art. 297, §§3º e 4º, CP);
f) Estelionato contra o INSS (art. 171, §3º, CP)
Apropriação Indébita Previdenciária (Art. 168-A do CP)
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem deixar de:
I - recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público;
II - recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços;
III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social.
§ 2º É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.
§ 3º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que:
I - tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou
II - o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.
Condutas:
CAPUT: envolve estabelecimento bancário ou outra instituição que, autorizada a receber a contribuição,
não a repassa à Seguridade Social.
§1º:
� Deixar de recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância
destinada à Previdência Social que tenha sido descontada de pagamento
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efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público (e.g., contribuição
devida sobre a fatura de cooperativa, ou sobre a renda de eventos
desportivos);
� Deixar de recolher contribuições devidas à previdência social que tenham
integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à
prestação de serviços (assim, e.g., vendedor embute a contribuição
previdenciária no valor da venda, mas não repassa à previdência, fazendo
com que o cliente arque com o ônus);
� Deixar de pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou
valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social (e.g.,
no caso do salário-família ou salário-maternidade).
- Delito omissivo – por isso, não é admitida a tentativa;
- Crime doloso;
- Segundo entendimento do STF, não é necessária a presença de dolo específico para a
configuração do crime – basta a vontade livre e consciente de não recolher as contribuições
devidas;
§2º: hipótese de extinção da punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o
pagamento das contribuições devidas e presta as informações necessárias à Previdência Social (por meio
da GFIP) antes do início da ação fiscal (o qual ocorre com a notificação do lançamento do tributo).
Entretanto, o entendimento do STF é no sentido de que é extinta a punibilidade se o pagamento é feito a
qualquer tempo, nos termos do §2º do art. 9º da Lei 10.684/03.
Ademais, segundo o art. 68 da Lei 11.941/09, é suspensa a pretensão punitiva do Estado
enquanto houver parcelamento do débito.
§3º: hipótese de perdão judicial, i.e., a possibilidade de o juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar apenas
a de multa se o agente, primário e de bons antecedentes:
a) tiver promovido o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios, após o início
da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia (hipótese que hoje não mais tem aplicabilidade prática, em
virtude do entendimento acima mencionado);
b) o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela
previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções
fiscais.
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Finalmente, o STF entende que o exaurimento da via administrativa é condição objetiva de
punibilidade em se tratando de crimes de natureza previdenciária (em aplicação subsidiária da Súmula
Vinculante nº 24 desse tribunal, segundo a qual “não se tipifica crime material contra a ordem tributária,
previsto no art. 1o, incisos I a IV, da Lei no 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo”).
OBS: Parte da doutrina admite a excludente de ilicitude baseada na inexigibilidade de conduta
diversa quando ocorrem graves dificuldades financeiras da empresa;
Sonegação de Contribuições Previdenciárias
Art. 337-A, CP. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:
I - omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela legislação previdenciária segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços;
II - deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços;
III - omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 1º É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.
§ 2º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que:
I - (VETADO)
II - o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.
§ 3º Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou aplicar apenas a de multa.
§ 4º O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste dos benefícios da previdência social.
Três condutas típicas, todas envolvendo o núcleo verbal suprimir ou reduzir contribuição
previdenciária:
I - omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela legislação
previdenciária segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este
equiparado que lhe prestem serviços;
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II - deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias
descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços;
III - omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas e
demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias
- Delito omissivo – inadmissível a tentativa;
- Doloso;
- Dolo específico: intenção de suprimir ou reduzir;
Também se aplicam, aqui, as hipóteses de extinção de punibilidade e perdão judicial aplicáveis à
apropriação indébita previdenciária.
Ainda, há causa especial de diminuição da pena prevista pelo §3º do art. 337-A: na hipótese em
que o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00, o
juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou aplicar apenas a de multa (hoje: R$ 3.670,00).
Novamente, o STF entende que o exaurimento da via administrativa é condição objetiva de
punibilidade para o crime de sonegação de contribuições previdenciárias (em aplicação subsidiária da
Súmula Vinculante nº 24).
Inserção de dados falsos em Sistema de Informações (Art. 313-A)
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Sujeito ativo: necessariamente, o funcionário público autorizado a manusear o sistema do órgão para
quem presta serviços (crime de mão própria)
Quatro são as condutas típicas: a) inserir dados falsos; b) facilitar a inserção de dados falsos; c) alterar
indevidamente dados corretos; d) excluir indevidamente dados corretos.
A exclusão de dados falsos, por óbvio, não é considerada criminosa.
Trata-se de modalidade de “peculato eletrônico”, pois consumado por meio da rede de acesso aos
sistemas informatizados da Seguridade Social. Consiste na alteração de cadastro de segurados, inserção
de dados falsos quanto a tempo de serviço, quitação de débito, exclusão de obrigações previdenciárias,
etc.
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Ademais, trata-se de crime formal, pois se exige a mera potencialidade lesiva das condutas para a
consumação do delito. Não se admite modalidade culposa.
Modificação ou Alteração não autorizada de Sistema de Informações (Art. 313-B)
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado
Apesar de bastante próximo do crime anterior, este difere daquele quanto à autorização que o
funcionário possui para a alteração no Sistema de Informações. Veja-se que, se o funcionário não é
autorizado a acessar o sistema, sua punição é menor (trata-se de delito de menor potencial ofensivo).
Trata-se novamente de crime próprio, praticado exclusivamente por funcionário público. O tipo
subjetivo é o dolo genérico, não se admitindo modalidade culposa. Novamente, trata-se de crime
formal, consumado com a mera alteração de dados, independentemente de resultado naturalístico (tal
resultado apenas será considerado para fins de aumento da pena, conforme dispõe o parágrafo único do
dispositivo).
Falsidade documental previdenciária
Prevista, especificamente, pelos §§3º e 4º do art. 297 do CP:
“Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
§ 3º Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
I - na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório;(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
II - na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
III - em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)”.
Trata-se, inicialmente, de crime comum, já que o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa.
Ademais, é considerado de natureza formal – portanto, basta a inserção dos dados falsos para sua
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consumação, independentemente de qualquer resultado obtido pelo agente. Ademais, a falsificação deve
ser apta a iludir; caso contrário estar-se-á diante de crime impossível, por ineficácia absoluta do meio
(art. 17 do CP).
Referido delito distingue-se do delito de sonegação de contribuições previdenciárias (previsto no
artigo 337-A do CP) porque neste último há finalidade específica de sonegar contribuições.
Na verdade, trata-se de falsidade ideológica – inserção de dados falsos em documentos
verdadeiros.
Estelionato previdenciário
Art. 171, CP - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis.
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º.
(....)
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência.
STJ Súmula nº 24 - 04/04/1991 - DJ 10.04.1991 Estelionato - Previdência Social - Qualificadora
Aplica-se ao crime de estelionato, em que figure como vítima entidade autárquica da Previdência
Social, a qualificadora do § 3º do Art. 171 do Código Penal.
Em realidade, tem-se um crime de estelionato com causa de aumento de pena na hipótese de
cometimento de crime contra o INSS.
Ex: recebimento indevido de benefício; percepção de valor superior ao devido; dependente que
não comunica a morte do segurado para continuar recebendo o benefício; etc.
É crime comum, doloso e admitida a tentativa.