O USO DO DOMINÓ COMO INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM NO ENSINO DE LIGAÇÕES IÔNICAS

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CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO CAMPUS SÃO PAULO JHONATAN DA CRUZ RIBEIRO O USO DO DOMINÓ COMO INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM NO ENSINO DE LIGAÇÕES IÔNICAS SÃO PAULO 2013

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CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO

CAMPUS SÃO PAULO

JHONATAN DA CRUZ RIBEIRO

O USO DO DOMINÓ COMO INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM NO

ENSINO DE LIGAÇÕES IÔNICAS

SÃO PAULO

2013

JHONATAN DA CRUZ RIBEIRO

O USO DO DOMINÓ COMO INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM NO

ENSINO DE LIGAÇÕES IÔNICAS

SÃO PAULO

2013

Trabalho de Conclusão de Curso do Centro

Universitário Adventista de São Paulo do

Curso de Ciências Biológicas - Licenciatura,

sob orientação do Prof. Ms. Eglie Rodrigues.

Trabalho de Conclusão de Curso do Centro Universitário Adventista de São Paulo,

do curso de Ciências Biológicas, apresentado e aprovado em: 18 de junho de 2013.

_________________________________________________

Prof. Ms. Eglie Rodrigues (Oientadora)

_________________________________________________

Prof. Dr. Valdemir Aparecido de Abreu (Avaliador)

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter me proporcionado saúde, disposição,

sabedoria e inteligência para que eu pudesse usar o conhecimento e a partir

deste produzir este trabalho que aqui se segue, me ajudando tanto nos

momentos fáceis quanto nos momentos difíceis.

Também quero expressar minha gratidão ao Unasp por ter participado neste

meu sonho de realizar o ensino superior, através da bolsa de estudos que fui

contemplado. Aproveitando, dedico este momento aos professores da

graduação que me deram apoio, educação e o mais importante, a amizade e

com isso participaram na construção da minha vida individual quanto

profissional.

Agradeço também pela minha orientadora Ms. Eglie Rodrigues por ter me

aceitado como seu orientando e ter sonhado e efetivado este trabalho, me

ajudando com ideias, análises, correções e todo o apoio.

Agradeço aos meus familiares: pais, avós, tios, primos e o irmão que sempre

acreditaram no meu melhor, oraram por mim e torceram pelo meu sucesso.

Por fim agradeço aos amigos da Biblioteca Universitária do Unasp (em

especial a Prof. Eliethe e a Eva) que também me ajudaram a concluir este

trabalho.

“A brincadeira não é inata. Mesmo que tenha

elementos naturais, ela sempre é o resultado

de uma construção social. É algo que se

aprende e se estrutura desde cedo.”

Gilles Brougère

RESUMO

Os conteúdos relacionados à química têm sido vistos pelo público estudantil como

uma disciplina de difícil aprendizagem. A partir desta realidade, este trabalho teve

como objetivo, adaptar o ensino de ligações iônicas por meio do dominó como

instrumento de aprendizagem. Para tal atividade, este trabalho traz a produção de

um jogo didático que foi testado com alunos do 1º ano do Ensino Médio de uma

escola privada da Zona Sul de São Paulo. Este material (o jogo) foi pensado com

base na metodologia de que o aluno precisa ser o agente ativo na construção do

conhecimento, estimulando a razão, afetividade e habilidade motora. Com base nas

opiniões dadas pelos alunos após jogarem o dominó das ligações iônicas, pode-se

deduzir a eficiência e a utilidade do material produzido. O intuito desta monografia é

servir como uma opção de material didático para os professores no ensino de

Ciências.

Palavras-chaves: Jogo Didático, Metodologia Ativa, Aluno.

ABSTRACT

The contents related to chemistry have been seen by the student public as a

discipline of learning difficult. From this fact this study aimed to adapt the teaching of

ionic bonds through domino as a learning tool. For this activity, this work brings the

production of a didactic game that was tested with students in the 1st year of high

school at a private school in the south of São Paulo. This material (the game) was

designed based on the methodology that the student needs to be the active agent in

the construction of knowledge, stimulating reason, affection and motor skills. Based

on the opinions given by the students after playing the domino of ionic bonds, one

can deduce the efficiency and usefulness of the material produced. The purpose of

this monograph is to serve as an option of materials for teachers in teaching Science.

Key words: Didactic game, Active Methodology, Student.

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – COLUNA DE PEÇAS DO JOGO MOSTRANDO AS DUAS

PARTES QUE COMPOEM A PEÇA .......................................... ..........19

FIGURA 2 – PEÇA DE DOMINÓ COM OS ELEMENTOS (ÍONS) DO

JOGO ......................................................................................... ..........19

FIGURA 3 – PEÇA A ................................................................. ..........20

FIGURA 4 – PEÇA B..............................................................................20

FIGURA 5 – DOMINÓ DAS LIGAÇÕES IÔNICAS .................... ..........21

FIGURA 6 – ALUNOS DURANTE O TESTE DE EXPERIMENTAÇÃO

DO JOGO DE DOMINÓ DAS LIGAÇÕES IÔNICAS ................. ..........27

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................ ..........10

1.1 Metodologias ativas ........................................................... ..........11

1.2 Papel do Professor ............................................................. ..........12

1.3 Química no fundamental .................................................... ..........13

1.4 O jogo e a educação ........................................................... ..........14

1.4.1 O dominó .......................................................................... ..........15

1.4.1.1 Origem ........................................................................... ..........15

1.4.1.2 Como ferramenta de ensino ........................................ ..........15

2 OBJETIVO .............................................................................. ..........16

2.1 Objetivo Geral ..................................................................... ..........16

2.2 Objetivos específicos ......................................................... ..........16

3 METODOLOGIA ..................................................................... ..........17

3.1 Dominó das ligações iônicas ............................................. ..........19

3.2 Confecção do jogo didático ............................................... ..........20

4 RESULTADOS ........................................................................ ..........21

4.1 Opiniões dos alunos .......................................................... ..........25

4.2 Interação entre o jogo didático e os alunos ..................... ..........27

5 CONCLUSÃO ......................................................................... ..........28

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................... ..........29

10

1 INTRODUÇÃO

A educação tem passado por diversas transformações e estudiosos

como Rousseau, Piaget, Vygotsky contribuíram para tal feito, contudo várias lacunas

ainda deixam interrogações sobre o ensino. Dentre estas podem ser citadas: Como

realizar a inclusão de alunos especiais na escola regular? Como combater o bullying

dentro da escola? Como desmistificar as ciências exatas entre os alunos? Como

ensinar brincando? Esta última indagação, é a base para este estudo.

Para que o conhecimento alcance as crianças, é necessário utilizar

metodologias adequadas que englobem não só o aspecto psicológico, aspecto

emocional e o aspecto físico, mas também a sua realidade social, econômica e

cultural, para que a aprendizagem na escola seja mais efetiva.

Várias pesquisas são realizadas para decifrar a forma como crianças e

jovens aprendem os diversos conteúdos e formulam as ideias científicas, já que

pensam de modo diferente ao serem comparados aos adultos, e como a vivência e a

cultura dos estudantes relacionados com os conteúdos e a aprendizagem na escola

pode ser um pressuposto básico de aprendizagem significativa. (BRASIL, 1998).

De acordo com Campos et al, (2002) os alunos apresentam

dificuldades em Ciências devido aos conteúdos abstratos ou gerados pela

incompreensão da matéria. Tal causa é dada pelo fato do ensino estar impregnado

com a abordagem tradicional do processo educativo (transmissão-recepção de

informações, dissociação entre conteúdo e o cotidiano, e a memorização). Para que

o ensino de Ciências possa obter um melhor aproveitamento, o jogo didático pode

ser uma ferramenta eficaz para sanar tais dificuldades e incompreensões na

aprendizagem dos aprendizes.

Para que a aprendizagem na área de Ciências Naturais seja mais bem

aproveitada, o educador pode desenvolver os assuntos dentro de contextos social e

culturalmente relevantes. A flexibilidade no desenvolvimento é o suficiente para

contemplar a curiosidade e a dúvida do aprendiz, proporcionando sistematização e o

desenvolvimento histórico dos diferentes conteúdos, conforme as características e

necessidades das classes de alunos, nos diferentes anos. (BRASIL, 1998).

11

1.1 Metodologias ativas

A disciplina escolar de Ciências tem como características, conteúdos de difícil

compreensão por parte dos alunos. Essa ideia é clara quando Carvalho (1992)

afirma que existe a dificuldade do ensino e da aprendizagem de conhecimentos

científicos de acordo com a relação que há desses conhecimentos com as estruturas

mentais dos sujeitos. Essa barreira no ensino pode ser amenizada com as

metodologias ativas.

De acordo com a ideia de Piaget, metodologias ativas são formas de

trabalhar os conteúdos dentro da sala de aula que proporcionem ao aluno ser o

agente ativo na construção do seu próprio conhecimento, que esteja envolvido com

a informação e que a distância da matéria e do aluno possa ser o mínimo possível,

assim os assuntos vistos na escola possam fazer parte do seu cotidiano.

A atividade da inteligência requer não somente contínuos estímulos recíprocos, mas ainda, e sobretudo, o controle mútuo e o exercício do espírito crítico, os únicos que conduzem o indivíduo à objetividade e à necessidade de demonstração. As operações da lógica são, com efeito, sempre cooperações e implicam um conjunto de relações de reciprocidade intelectual e de cooperação ao mesmo tempo moral e racional (PIAGET, 1988, p.62).

O método ativo contribui para o desenvolvimento da atenção e da

concentração do sujeito, já que este tem que responder simultaneamente ás

exigências da tarefa, contribuindo assim para a construção de uma organização

interior (MACEDO et al, 2000).

Macedo et al. (2000) defende que ao propor atividades para a turma, o

professor deve valorizar a ação dos alunos, para que estes venham exercitar suas

habilidades mentais, seja por questionamentos, pesquisas, criação e verificação de

hipóteses dentre outras que os façam pensarem em vez de receberem todas as

informações prontas daquele que ensina.

Conforme os argumentos expostos dos autores neste tópico, o

educador tem a escolha de expandir sua visão de como ensinar, abandonando a

ideia de que somente o professor é responsável pela aprendizagem do aprendiz,

proporcionando aulas dinâmicas, onde o aluno participa, interage, vivencia o que

12

está aprendendo, tornando-se um ser pensante, em vez de somente receber

informações (reprodutor do conhecimento).

1.2 Papel do professor

Como já dito antes, a função do professor não é somente a de

transmitir o conhecimento, mas sim interceder entre o aluno e o conhecimento.

Proporcionando então artifícios que despertem a curiosidade, o raciocínio, o pensar

e a construção de ideias do estudante. Por já dominar o conhecimento específico

deve criar situações cujas ações e participações sua e do aluno aconteçam

mutuamente e reciprocamente.

O bom professor não é aquele que somente domina os conteúdos e

apresenta uma boa oratória, além disso, Elkind (1975) aconselha o educador a

cultivar três princípios: comunicação, avaliação e dedicação.

A comunicação, tanto a verbal quanto a não verbal, é importante para

que o educador compreenda os seus aprendizes e possa suprir necessidades e

dificuldades, cultivar um bom relacionamento dentro e fora da sala de aula e

entender o significado comportamental dos alunos.

A avaliação deve ser feita adequadamente, o professor precisa se

colocar no lugar dos alunos e considerar as limitações dos mesmos ao avaliá-los,

pois como já dito antes as crianças pensam de forma diferente dos adultos e ainda

não possuem o desenvolvimento intelectual completo.

A dedicação do professor na educação é importante, pois acaba se

tornando o modelo para muitos estudantes e o desenvolvimento do professor está

intimamente interligado ao dos alunos, ambos se completam neste processo e por

isso, o educador precisa estar constantemente se aperfeiçoando e se dedicando ao

que faz.

O mestre é fundamentalmente influenciador dentro da sala de aula,

pois é ele quem vai direcionar o estudante, estimular o olhar crítico, o desejo de

pesquisar, e a beleza que é a Ciência, a Matemática, a Linguagem, a Arte

dependendo da área que lecione. O educador é o pai das profissões, contando que

a maioria das pessoas que escolheram uma profissão o fez porque aprenderam a

13

gostar, ou tiveram um modelo da área em questão quando estava no período

escolar.

1.3 Química no fundamental

Em geral, na grade de Ciências no último ano do ensino fundamental

(9° ano) são abordados assuntos relacionados à Química e à Física. Um dos

grandes desafios dos profissionais da área de educação é o ensino destes

conteúdos, pois a maior parte das vezes as aulas são baseadas em metodologias

tradicionais, onde o aluno só recebe e o professor só transmite. As informações

chegam aos estudantes de forma abstrata fazendo com que haja incompreensão por

ser distante do cotidiano, dificultando a aprendizagem. Muitos adultos que já

passaram por esta fase estudantil possuem recordações desagradáveis com relação

à Química (POZO & CRESPO, 2009).

Pozo & Crespo (2009) também afirmam que a dificuldade dos alunos

nesta ciência é causada pelas várias leis, conceitos novos e abstratos,

interdisciplinaridade, linguagem simbólica e modelos análogos a realidade que

compõem a Química.

A partir dessa realidade o professor de Ciências necessita buscar

instrumentos que ajude na compreensão de tópicos abordados em química, pois é

no último ano do ensino fundamental que os alunos entram em contato com a

Química e se esta for trabalhada de forma didática e dinâmica não será de difícil

compreensão pelo estudante tornando o estudo posterior mais fácil quando este

chegar ao ensino médio. Essa importância se torna clara com a seguinte afirmação:

A química, como Ciência, é fundamental para a compreensão da humanidade e sua ação sobre nosso planeta e o cosmos. Transformações moleculares realizadas através de processos químicos, são a base para a produção de alimentos, medicamentos, combustíveis, metais, ou seja, praticamente todos os produtos. (UNESCO, 2011 p. 1)

Continuando o pensamento acima o professor pode adotar alguns dos

objetivos proposto pela Unesco (2011), para serem praticados dentro da sala de

aula como: mostrar a química como ciência indispensável para a sustentabilidade e

todos os processos vitais da atualidade, aumentar o interesse dos estudantes pela

Química, melhorar a compreensão e a valorização da Química, promover o

14

importante papel desta ciência como fonte de contribuição nas soluções para os

desafios globais e despertar o interesse dos estudantes pelo método científico.

1.4 O jogo e a educação

O jogo pode ser considerado uma ferramenta para a educação, pois

estimula a construção de esquemas de raciocínio através de sua ativação. O desafio

que este proporciona faz com que o indivíduo busque por soluções, ou formas de

adaptação e situações problemáticas, conduzindo-o ao esforço voluntário. Portanto

a atividade lúdica pode ser um aliado para o professor, para que este desenvolva a

inteligência de seus alunos, ao mobilizar a ação intelectual dos mesmos. (RIZZO,

1996).

É muito mais fácil e eficiente aprender por meio de jogos, e isso é válido para todas as idades, desde o maternal até a fase adulta. O jogo em si possui componentes do cotidiano e o envolvimento desperta o interesse do aprendiz, que se torna sujeito ativo do processo... (LOPES, 2005 p.23).

Antunes (2000) afirma que o jogo lúdico é uma ferramenta ideal para

aprendizagem, pois propõe o estímulo e interesse do aluno já que o mesmo gosta

de jogar e com isso acaba desenvolvendo níveis diferentes em experiências

pessoais e sociais, além de construir novas descobertas. A partir disto é importante

utilizar este método como uma das “armas” para alcançar o sucesso dos estudantes

na aquisição do conhecimento.

A criança sempre brincou independente de época ou de civilização,

denota-se isso como uma característica universal, por isso já que a criança aprende

brincando, por que não unir o prazer e a aprendizagem como ferramenta na

educação? (LOPES, 2005). “O jogo para a criança é o exercício, é a preparação

para a vida adulta. A criança aprende brincando, é o exercício que a faz desenvolver

suas potencialidades.” (LOPES, 2005 p.35).

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) orientam que haja a

participação do aluno na construção do conhecimento (interação do sujeito com o

objeto), com a mediação do professor e a escola como local de efetivação do

processo, Logo o jogo pode ser este objeto citado acima (ANTUNES, 2000).

15

1.4.1 O dominó

1.4.1.1 Origem

De acordo com documentos históricos, o dominó já é mencionado

desde os anos 234 a 181 a.C. na região que hoje corresponde a China, que na

época era governada pelo imperador Hui Tsung. No Brasil o jogo de dominó chegou

por volta do século XVI, trazidos pelos colonizadores portugueses, tornando-se

passatempo para os escravos africanos (ALVARENGA, 2012).

A palavra dominó é oriunda da expressão latina “Domino gratias”, que

significa graças a Deus, provavelmente este jogo fazia parte do lazer de sacerdotes

religiosos que exclamavam ao realizar uma boa jogada (ALVARENGA, 2012).

1.4.1.2 Como ferramenta de ensino

A base do dominó pode ser utilizada para construção de vários jogos

lúdicos em diversas áreas do conhecimento, inclusive em Ciências, especificamente

em Química no 9º ano do ensino fundamental, como é do objetivo deste trabalho.

Muitos trabalhos podem ser citados como exemplos: NARDIN (2008), OLIVEIRA et

al, (2010), MELLO (2011).

Conforme Lopes (2005) propõem o jogo de dominó pode ser adaptado

para qualquer área do conhecimento, contanto que o conteúdo escolhido pelo

professor possa ser baseado no arranjo do dominó clássico.

16

2 OBJETIVO

2.1 Objetivo Geral

Construir um jogo lúdico, baseado no dominó popular, com a finalidade de ser

uma ferramenta de aprendizagem no ensino de ligações iônicas voltado para

alunos do 9º ano do Ensino Fundamental II.

2.2 Objetivos específicos

Propor uma base teórica que demostre a importância do uso do jogo didático na

sala de aula.

Adaptar o conteúdo de ligações iônicas num arranjo de um jogo popular

(dominó).

Produzir o dominó de ligações iônicas com materiais de fácil acessibilidade pelo

docente.

17

3 METODOLOGIA

Com base em Lira-da-Silva et al, (2008) este trabalho tratou de uma

pesquisa-ação pois o desenvolvimento do mesmo está em torno da problemática do

ensino de Ciências e do diagnóstico da possibilidade do uso de jogo , definindo

estratégias para concepção e elaboração do jogo a partir do tema estruturador do

ensino de Ciências e por fim a execução do jogo e teste com os estudantes para

possíveis correções e ajustes.

De acordo com Cunha (2012) no ensino de conteúdos de física e

química os jogos lúdicos são poucos utilizados apesar de ter aumentado o uso do

mesmo na sala de aula nos últimos anos. A partir desta realidade foi proposta a

ideia de construir um jogo lúdico utilizando as estruturas básicas do dominó que

abordasse as ligações iônicas.

Ligação iônica é um tipo de ligação química onde há átomos que

recebem elétrons tornando-se negativos eletricamente e os átomos doadores de

elétrons que se tornam de carga positiva ambos os tipos de átomos obtêm um octeto

completo, ou seja, a camada de valência completa. Quando os átomos adquirem

carga elétrica são denominados íons e atração entre íons positivos (cátions) e

negativos (ânions) resulta numa ligação elétrica, sendo esta ligação comumente

encontrada na maior parte dos sais e óxidos (MAHAN & MYERS, 1995).

Primeiramente foram escolhidos seis cátions e seis ânions baseados

nas tabelas (tabela 3-5, tabela 3-6 e tabela 3-7) localizadas no capítulo 3 do livro

”Química para as Ciências da Saúde: uma Introdução à Química Geral, Orgânica e

Biológica” de Ucko (1992). Dos cátions foram separados em monovalentes (íon de

sódio e íon de potássio), bivalentes (íon de cálcio e íon de magnésio) e trivalentes

(íon de alumínio e íon de ferro III). Os ânions seguiram a mesma classificação:

monovalentes (íon hidroxila, íon nitrato) bivalentes (íon peróxido e íon óxido) e os

trivalentes (íon fosfato e íon fosfeto). O critério escolhido para determinar os íons foi

em átomos que fossem vistos pelos estudantes em outros conteúdos de Ciências e

Biologia.

18

Após a escolha dos íons, foi montado o arranjo do jogo de dominó de

acordo com o modelo proposto por Lopes (2005) que se segue logo abaixo:

Tabela 1: Arranjo do dominó de ligações iônicas

Legenda da tabela 1:

CA: cátion monovalente (íon de sódio) AA: ânion monovalente (íon hidroxila)

CB: cátion monovalente (íon de potássio) AA: ânion monovalente (íon nitrato)

CC: cátion bivalente (íon de cálcio) AC: ânion bivalente (íon peróxido)

CD: cátion bivalente (íon de magnesio) AD: ânion bivalente (íon óxido)

CE: cátion trivalente (íon de aluminio) AE: ânion trivalente (íon fosfato)

CF: cátion trivalente (íon de ferro III) AF: ânion trivalente (íon fosfeto)

As peças foram confeccionadas de acordo com a estrutura do modelo

da Figura 1 e 2 retiradas e ampliadas da tabela 1. Todas as peças foram elaboradas

no programa CorelDRAW X3 Version 13 © 2005 Corel Corporation all rights

reserved, este material final se encontra nos resultados.

CA.CB CB.CC CC.CD CD.CE CE.CF CF.AA AA.AB AB.AC AC.AD AD.AE AE.AF

CA.CC CB.CD CC.CE CD.CF CE.AA CF.AB AA.AC AB.AD AC.AE AD.AF

CA.CD CB.CE CC.CF CD.AA CE.AB CF.AC AA.AD AB.AE AC.AF

CA.CE CB.CF CC.AA CD.AB CE.AC CF.AD AA.AE AB.AF

CA.CF CB.AA CC.AB CD.AC CE.AD CF.AE AA.AF

CA.AA CB.AB CC.AC CD.AD CE.AE CF.AF

CA.AB CA.AC CC.AD CD.AE CE.CF

CA.AC CA.AD CC.AE CD.AF

CA.AD CA.AE CC.AF

CA.AE CA.AF

CA.AF

19

O jogo de domino construído obteve um arranjo da seguinte forma:

11+10+9+8+7+6+5+4+3+2+1 = 66, originando então 66 peças. Foram ignoradas as

combinações que cada íon fazia consigo mesmo no momento da elaboração do

arranjo.

3.1 Dominó das ligações iônicas

Aplicação: Escolar

Faixa etária: escolar (13 a 15 anos)

Objetivos do jogo

Trabalhar as ligações iônicas com ênfase nos grupos funcionais inorgânicos

(base, sal e óxido).

Desenvolver a interação e integração entre os alunos

Desmistificar a Química dentro da sala de aula

Proporcionar um momento de lazer dentro da aula

Regras

1. Deve ser jogado de 4 a 6 alunos.

2. Antes de iniciar o jogo, necessita-se colocar todas as peças em uma

superfície plana ex: mesa, viradas para baixo, um dos jogadores mistura as

peças sem virar.

CÁTION A CÁTION B

CÁTION A CÁTION C

CÁTION A CÁTION D

CÁTION A CÁTION E

CÁTION A CÁTION F

CÁTION A ÂNION A

CÁTION A ÂNION B

CÁTION A ÂNION C

CÁTION A ÂNION D

CÁTION A ÂNION E

CÁTION A ÂNION F

𝐾+

(𝑂𝐻)−

Figura 2: Peça de dominó

com os elementos (íons) do

jogo

Figura 1: Coluna de peças do

jogo mostrando as duas partes

que compõem a peça.

20

3. Após embaralhar as peças, cada jogador escolhe 7 peças ainda viradas, as

peças que sobrarem devem ficar no monte para serem “compradas”.

4. O jogo deve ser iniciado pelo jogador mais novo, seguindo o sentido horário,

podendo escolher qualquer peça da mão para ser posta na mesa.

5. A lógica do encaixe das peças segue o padrão de cátions e ânions, ou seja,

se o íon de um dos lados da peça em questão for um cátion bivalente (A) seu

lado correspondente deverá ser uma peça que um lado tenha um ânion

bivalente(B), conforme o exemplo abaixo:

6. Caso o jogador em questão não tenha uma peça adequada para nenhuma

das pontas do jogo, este deverá “comprar” peça por peça do monte até que

saia uma adequada para que se ponha na mesa do jogo.

7. Ganha o jogador que fazer ligações iônicas com todas as peças da mão,

primeiro.

3.2 Confecção do jogo didático

O material feito no CorelDRAW foi impresso em folha A4 em seis

cópias que resultou em seis jogos. Após impresso, as folhas com as peças foram

coladas com cola bastão no papel holler fino. Depois de seco, o material foi cortado

com tesoura até que as sessenta e seis peças de cada jogo estivessem separadas e

prontas para serem utilizadas.

Os jogos produzidos foram testados com os alunos do primeiro ano

(três turmas) do ensino médio de uma escola privada da Zona Sul de São Paulo-SP,

que ainda não haviam visto o conteúdo de ligações químicas na disciplina Química,

considerando que o conhecimento que utilizaram para jogar foram os adquiridos no

nono ano do ensino fundamental II. Após o jogos foram distribuídos papeis em

branco para que os discentes colocassem sua opinião sobre o jogo em questão, e

alguns desses pensamentos foram selecionados e expostos nos resultados.

𝐾+

𝐶𝑎+2 𝑂−2

(𝑃𝑂4)−3

Figura 3: Peça A Figura 4: Peça B

21

4 RESULTADOS

A partir da proposta deste trabalho e da metodologia empregada para

que a ideia se concretizasse em algo palpável, foi obtido o jogo de dominó das

ligações iônicas como pode ser visto na figura 5 abaixo:

Figura 5: Dominó das ligações iônicas

22

Conforme proposto na metodologia, as peças foram obtidas no

CorelDRAW e seguem logo abaixo:

23

24

25

4.1 Opiniões dos alunos

Todos os alunos participaram da coleta de opiniões após o teste de

experimentação do jogo de dominó das ligações iônicas. E algumas dessas opiniões

foram selecionadas e expostas em seguida:

Sala A

“Jogo interessante e muito criativo! Aprender brincando é a melhor opção“ (Aluno 1)

“Um ótimo passo para tornar o estudo mais prazeroso, prático, etc. Ótima ideia!!”

(Aluno 2)

“O jogo e bom para passar o tempo. Para o aprendizado, precisa de uma cor

melhor” (Aluno 3)

“O jogo foi interessante e criativo com os valores negativos e positivos cátion e ânion

e incentiva nos estudos na química com essa prática” (Aluno 4)

“Achei interessante uma coisa bem planejada bem divertido, que com essa

brincadeira nós aprende mais” (Aluno 5)

“Eu achei muito interessante para mim por que eu gostei muito isso inspira a

estudar” (Aluna 6)

“Jogo legal... Bem útil para passar o tempo e aprender... Principalmente quem tiver

dificuldade em química” (Aluno 7)

“Eu gostei muito jogo, além de nos ajudar a aprender gostamos muito” (Aluno 8)

“Eu achei uma ideia muito legal, pois além de ser um jeito novo de jogar dominó, nos

ajuda a entender como funciona as ligações” (Aluno 8)

“O jogo da uma boa dinâmica de elétrons. O jogo poderia ter mais números, além de

3 números. Mas é um bom jogo, bem perto do dominó” (Aluno 9)

“O jogo foi bom, acho essa ideia muito boa, essa ideia é muito interessante para

esmimular o conhecimento. Muito Boa!! (Aluna 10)

Sala B

“Eu achei muito legal para quem gosta, e eu acho para fica mais divertido colorir os

papéis” (Aluno 11)

“Eu gostei, porque é muito bom para a mente” (Aluno 12)

“Gostei muito, amo química e me diverti demais, só achei que poderia ter mais

opção de número, só trabalhamos com 1,2,3. (Aluno 14)

26

“Acho que está ótimo desse jogo” (Aluno 15)

“Gostei do jogo é bem criativo” (Aluno 16)

“Gostei do jogo, ajuda a aumentar o nosso raciocínio” (Aluno 17)

“Eu achei muito legal e divertido sinceramente acho que não me ajudou mais me

diverti muito” (Aluno 18)

Sala C

“Eu achei um jogo muito criativo. Bom exercício para os professores usarem na aula”

(Aluno 19).

“Gostei bastante desse jogo. Achei bem parecido com o próprio domino. Bem

elaborado e objetivo, faz com que a pessoa pense. Muito bom.” (Aluno 20)

“Gostei muito do jogo, bem criativo. Ajuda, de uma certa forma, a entender melhor!”

(Aluno 21)

“Achei muito bom e criativo, é um jogo legal que ao mesmo tempo testa nossos

conhecimentos. (Aluno 22)

“Muito bom para descontrair as aulas teóricas” (Aluno 23)

“Gostei muito do jogo, muito criativo, ótima para estudar ligações iônicas de um jeito

diferente!” (Aluno 24)

“Achei bem legal e instrutivo”. (aluno 25)

“O jogo é divertido da para entreter legal, e também é fácil a compreensão da

matéria” (Aluno 26)

“Achei legal, especialmente para ensinar ligações iônicas para crianças” (Aluno 27)

“O jogo foi muito legal e interessante, achei muito divertido também” (Aluno 28)

“O jogo foi bom, achei muito criativo e ajuda na aprendizagem. Com isse jogo a

matéria deixa de ser monótona, fica mais divertida, principalmente com os amigos”

(Aluno 29)

“O Jogo é legal interessante ajuda a aprender” (Aluno 30)

“O jogo é interessante , é fácil e divertido de jogar” (Aluno 31)

27

4.2 Interação entre o jogo didático e os alunos

Além das opiniões percebeu-se que a interação entre os discentes e o

jogo foi ativa e dinâmica, isso fica mais evidente na figura 6 logo abaixo:

(A) (B)

(C) (D)

Figura 6: Alunos durante o teste de experimentação do jogo de dominó das ligações

iônicas, A, B, C e D.

28

5 CONCLUSÃO

O objetivo da elaboração de um jogo de dominó adaptado com o

assunto de ligações iônicas é a promoção de uma melhor aprendizagem por meio do

jogo no ensino, tornando o ensino de química mais prazerosa e enriquecendo a

metodologia de ensino de Ciências no Ensino Fundamental II. Também vale

ressaltar o quão importante é a compreensão deste tema abordado neste jogo para

dar continuidade a vários outros conteúdos e conceitos que serão visto pelos

estudantes na disciplina de Biologia ao longo do Ensino Médio.

A base deste estudo foi apresentar uma possibilidade de contribuir na

construção do conhecimento do aprendiz, já que o objetivo maior é aproximar o

conhecimento teórico à realidade do aluno, além de desmistificar a química dentro

da sala de aula e na produção de um material que auxilie muitos professores,

escolas e outros na formação e aprendizagem de muitos indivíduos contribuindo na

mudança da conturbada realidade da educação que muitas crianças e jovens se

encontram hoje.

De acordo com as palavras dos alunos que passaram pelo teste de

experimentação, o jogo didático proposto neste trabalho obteve aparentemente

sucesso, o que traz uma maior probabilidade de benefícios para o ensino de

Ciências que estará à disposição de professores que desejam enriquecer sua

metodologia de ensino e proporcionar momentos importantes para o crescimento e

desenvolvimento de seus alunos.

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