AS ESTRATEGIAS DE APRENDIZAGEM DE LINGUA ESTRANGEIRA

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“AS ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA E A SUA IMPORTÂNCIA NO PROCESSO DE AUTONOMIA DO ALUNO” Por BÁRBARA SIMÕES DE MEDEIROS (DRE: 106046194) Aluna do Curso de Licenciatura Trabalho apresentado a Professora Meg Vaz Ferreira, no curso de Prática de Alemão

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“AS ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRAE A SUA IMPORTÂNCIA NO PROCESSO DE AUTONOMIA DO ALUNO”

      

  

PorBÁRBARA SIMÕES DE MEDEIROS (DRE: 106046194)

Aluna do Curso de Licenciatura           

Trabalho apresentado a Professora Meg Vaz Ferreira, no curso de Prática de Alemão

         

Faculdade de Letras da UFRJ2º semestre de 2012

ÍNDICE

1. Introdução ...........................................

......................................................

....... 03

2. O que são estratégias de

aprendizagem .........................................

................ 04

3. As importâncias das estratégias de

aprendizagem .......................................

05

4. O “Bom

aprendiz” ............................................

............................................... 06

5. A autonomia na aprendizagem de uma língua

estrangeira ......................... 08

6. O papel do

professor ............................................

........................................... 11

7. As estratégias de

aprendizagem .........................................

............................ 12

2

8. Conclusão ............................................

......................................................

....... 15

9. Bibliografia ........................................

......................................................

........ 16

3

1. INTRODUÇÃO

Nesse trabalho pretendo apresentar brevemente o estudo

das estratégias de aprendizagem de língua estrangeira.

Procuro aqui esclarecer a importância do uso dessas

estratégias no ensino de uma língua a fim de se construir

um aprendiz autônomo, responsável pela sua própria

aprendizagem, que seja levado a pensar os conhecimentos

adquiridos e não somente a armazená-los.

Para que o aluno possa construir sua autonomia, é de

extrema importância o conhecimento das estratégias de

aprendizagem, tanto para o aluno, que através delas será

mais capaz de planejar, controlar e avaliar o seu próprio

aprendizado, como também para o professor, quem possui um

papel essencial na transmissão dessas estratégias, porque

através desse conhecimento será capaz de identificar melhor

as dificuldades de seus alunos e fornecê-los meios de

solucionar seus problemas.

A autonomia de um aprendiz é essencial num processo bem

sucedido de qualquer tipo de aprendizagem. A partir do

momento em que o aluno se torna autônomo, ele é capaz de

dar continuidade ao seu estudo fora de sala de aula, de

forma eficiente e sem a constante ajuda do professor.

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2. O QUE SÃO ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM?

Em meados dos anos 70 muitos estudiosos começaram a

observar a conduta de seus alunos no processo de

aprendizagem de língua estrangeira. Foi então, que

eles perceberam que os alunos bem sucedidos faziam

uso de diversas estratégias a fim de melhorar,

controlar e auto-avaliar sua aprendizagem.

Foram muitos os estudos realizados sobre as

estratégias de aprendizagem e, consequentemente,

diversas definições, tais como:

“Estratégias de aprendizagem são técnicas ou recursos que um aprendiz

pode utilizar para adquirir conhecimento” (Rubin 1987:23)

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“São pensamentos e comportamentos especiais que os aprendizes

(indivíduos) usam para compreender ou reter novas informações.” (O’ Malley

/ Chamot 1990:1)

“São procedimentos que se aplicam de modo controlado, dentro de um

plano projetado deliberadamente com o fim de alcançar uma meta.” (Pozo

2002:235)

Porém, a definição de Oxford é, sem dúvida, a mais

citada no campo:

Ações, comportamentos, passos ou técnicas específicos utilizados – muitas

vezes conscientemente – para aprimorar o processo de aquisição de uma L2

ou de uma LE e estimular a autonomia dos alunos. (Oxford 1993:175)

É possível observar, no entanto, que não existe um

consenso na literatura com relação ao conceito de

estratégias. Muitos autores utilizam termos como

estratégias, comportamentos, técnicas, procedimentos,

pensamentos, recursos, táticas e etc., para se referirem a

conceitos semelhantes. São várias definições, que acabam

se encontrando numa idéia central:

“Estratégias de aprendizagem são planos de ações para a condução da

auto- aprendizagem. Cada indivíduo dispõe de diferentes estratégias de

aprendizagem, que podem ser tanto conscientes como inconscientes. Elas se

diferenciam conforme as necessidades do objeto de aprendizagem, das

situações em geral e dos estilos individuais de aprendizagem.”

No entanto, segundo FLAVELL (1997:19), as estratégias

de aprendizagem podem ser definidas a um nível mais

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complexo, pois elas auxiliam tanto no cumprimento de

tarefas simples (como sublinhar informações específicas

para depois se ater às idéias principais) quanto na

elaboração de um planejamento para atingir um objetivo de

aprendizagem.

MEIRIEU (1998) é outro autor que contribuiu muito nos

estudos sobre as estratégias de aprendizagem. De acordo

com ele, o que caracteriza uma estratégia é o fato de ela

não ser um “estado”, e sim, um “processo”, ou seja, uma

estratégia é uma ação utilizada por um sujeito, com o

propósito de alcançar uma aprendizagem estabilizada.

Para MEIRIEU uma estratégia é desenvolvida da

seguinte forma: um sujeito desenvolve uma estratégia

particular a partir de capacidades já possuídas, para

então construir uma nova capacidade que, por sua vez, irá

permitir a exploração de novas estratégias e, assim,

sucessivamente. O autor ainda afirma que, à medida que o

sujeito adquire novas competências, é capaz de explorar

novas estratégias e que cada estratégia deve ser superada

para que ele possa experimentar novas estratégias.

Apesar das estratégias de aprendizagem abranger

vários conceitos, todos eles têm como objetivo principal,

melhorar e facilitar a aprendizagem de uma LE, tanto no

armazenamento quanto no uso de informações lingüísticas.

3. A IMPORTÂNCIA DAS ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM

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O principal objetivo das estratégias de aprendizagem

é ensinar a pensar. É educar o aprendiz para obter sua

autonomia, independência e senso crítico, além de torná-lo

responsável pela sua própria aprendizagem.

Segundo POZZO (1998 P.5), na utilização de

estratégias o aluno deve se apropriar das formas de saber

fazer, não como meras rotinas, mas como algo que ele pode

controlar, planejar e guiar.

Para promover um ensino de qualidade é necessário que

o aluno seja confrontado com problemas, do contrário, ele

executará rotinas, e as rotinas não se aplicam em

situações reais.

Aprender a aprender, ou seja, aprender a pensar, é um

processo que exige preparo. Não basta apenas construir

conceitos; é preciso situá-los em seu contexto para que

adquiram sentido. A influência da tecnologia em nossas

vidas e a infinidade de informações por ela oferecida

pode, ao invés de ajudar, atrapalhar o nosso processo de

aprendizagem. É importante, portanto, que saibamos

organizar e selecionar as informações mais importantes, e

tenhamos condições de saber como utilizar esses

conhecimentos. É nesse contexto que as estratégias devem

ser requeridas.

“Aprender a aprender é mais ou menos como se preparar para uma grande

jornada ciclística. Antes de pegarmos a bicicleta é necessário um cuidado no

preparo físico, que vai do alongamento à ginástica e, cuidados com a

alimentação, que vai, pouco a pouco, habituando nosso corpo aos desafios

da jornada.” (Antunes, 1996)

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Muitos alunos quando não atingem o resultado

esperado, acabam associando o fracasso à falta de

inteligência e acabam acreditando que não são capazes de

aprender e acabam desistindo. O mais lamentável, é que não

é somente os alunos que agem dessa forma, mas os

professores, muitas vezes, são os primeiros a desacreditar

na capacidade de seus alunos. Nesses casos, na verdade,

normalmente o professor não tem consciência que a raiz do

problema pode estar exatamente no uso inadequado de

estratégias.

Aprender é um dever do aluno, mas é direito dele ser

orientado e ajudado nessa tarefa. As estratégias de

aprendizagem, quando usadas de maneira apropriada, são de

grande importância para o rendimento do aluno e para seu

processo de aprendizagem.

4. O “BOM APRENDIZ”

Há mais de 30 anos diversas pesquisas vêm sendo

realizadas na área de aquisição de uma segunda língua com o

objetivo de descobrir o que o aprendiz bem sucedido faz que

o menos sucedido não faz. Esse grupo de estudos acadêmicos

é chamado de “The good language lerner” (GLL) Nelas,

encontra-se a suposição de que quando essa diferença é

identificada, é possível desenvolver nos aprendizes mais

“fracos” estratégias usadas pelos bons aprendizes,

melhorando assim o desempenho daqueles alunos que não

possuem resultados tão bons.

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O corpo principal da pesquisa GLL investigou o

aprendizado do idioma em situações de sala de aula.

Constatou-se que os bons aprendizes não podem ser

distinguidos com base em uma observação comportamental

individual. Também foi constatado que os professores não

tratam esses alunos de forma diferente de outros

estudantes, embora pudessem distinguir os alunos bens

sucedidos dos que não eram tão eficazes.

Os primeiros estudos sobre o bom aprendiz foram feitos

por Joan Rubin e David Stern em 1975. Os dois estudos

propuseram uma lista similar sobre as principais

estratégias utilizadas pelos bons aprendizes:

1. Estratégia de Planejamento – se esforçam para uma

organização independente do seu processo de

aprendizado;

2. Estratégias ativas – usam a língua alvo ativa e

conscientemente;

3. Estratégias enfáticas – são em princípio tolerantes,

abertos para o novo e são interessados no aprendizado

da língua;

4. Estratégias formais - têm um nível relativamente

elevado de sensibilização para as formas da língua;

5. Estratégias experimentais – são flexíveis e ousados no

uso dos conhecimentos adquiridos. Geralmente não são

inibidos. Não têm medo de cometer erros;

6. Estratégias semânticas – procuram sempre por

significados. O bom aprendiz é um bom “adivinhador”. A

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partir das palavras que ele entende, ele deduz o que

não entendeu, isto é, procura ativamente por pistas

sobre o significado;

7. Estratégias de exercícios – procuram oportunidades

para praticar o que já aprenderam dentro e fora da

sala de aula;

8. Estratégias de comunicação – têm um forte desejo de se

comunicar e aprende a partir das situações de

comunicação. Não tem vergonha de fazer qualquer coisa

para garantir a transmissão de mensagem;

9. Estratégias de monitoramento – fiscalizam

constantemente seu desempenho e competência. Estão

atentos a como as suas falas estão sendo recebidas.

Aprendem com os próprios erros;

10. Estratégias de

internalização – desenvolvem cada vez mais a segunda

língua como um sistema a parte.

MIßLER (1999) resume tais características dizendo que

um bom aprendiz é aquele que ousa experimentar, possui

vontade de aprender, é desinibido e procura aprender a

forma da língua e o significado das palavras. Além disso,

procura constantes oportunidades para praticar a sua língua

alvo, fiscalizar e avaliar a si próprio de modo a adquirir

uma consciência lingüística. É muito importante citar

também nesse contexto que o bom aprendiz desenvolve um

estilo individual e estratégias de aprendizagem positivas

para se ocupar com suas tarefas.

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No entanto, é muito importante refletir, o quão

questionável é essa relação direta entre desempenho na sala

de aula com as estratégias de aprendizagem. Na verdade,

vários fatores atuam na performance dos alunos. Os próprios

autores levantam essa questão afim de que elas não sejam

usadas como verdades absolutas. É preciso considerar as

diferenças individuais e encorajar cada aprendiz a

descobrir o que funciona melhor para ele. A imposição

dessas estratégias seria absolutamente contra-produtivo e

traria, com certeza, muito menos sucesso do que se o aluno

não tivesse nenhum tipo de estratégia. As listas apresentam

as características mais comuns entre os bons aprendizes,

mas isso não significa que todos os bons aprendizes tenham

todas essas características e que quem não tenha alguma

delas seja um aprendiz mau sucedido.

5. A AUTONOMIA NA APRENDIZAGEM DE UMA LÍNGUA ESTRANGEIRA

O conceito de autonomia do aprendiz está diretamente

ligado tanto aos estudos de aprendizagem de língua

estrangeira como às estratégias de aprendizagem. Rubin,

apesar de não utilizar os termos autonomia ou aprendiz

autônomo, através de sua lista sobre as estratégias

utilizadas pelos bons aprendizes, é uma das primeiras

autoras, que de alguma forma, fez vincular a ideia de

autonomia.

O objetivo principal das pesquisas relacionadas em

estratégias de aprendizagem é formar um aprendiz autônomo,

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ou seja, um aluno que possua a habilidade de controlar seu

próprio aprendizado, e de se responsabilizar por todas as

decisões em relação a todos os aspectos de seu aprendizado.

De acordo com HOLEC (1981) algumas características são

essenciais para que a aprendizagem auto-dirigida seja bem

sucedida: o aprendiz deve ser capaz de estabelecer

objetivos, definir conteúdos e progressões, escolher

métodos e técnicas apropriadas e monitorar e avaliar seu

processo de aquisição. O autor também menciona a reflexão

crítica como um fator igualmente importante:

“Se quisermos levar os aprendizes de um estado de dependência para um

estado de independência ou autonomia, eles devem adquirir não apenas um

número de técnicas relevantes de aprendizagem, mas também experimentar

uma mudança de atitude psicológica em relação ao que é aprendizagem”

(Holec 1980:11)

Responsabilizar-se pela própria aprendizagem é o

conceito de autonomia mais repetido em quase todos os

textos que falam sobre autonomia na aprendizagem de

línguas estrangeiras. Conceito esse associado ao que

BENSON (1997:19) denominou de autonomia técnica:

“Equipar os aprendizes com as habilidades técnicas que eles necessitam

para gerenciar sua própria aprendizagem fora da sala de aula.”

Já PAIVA (2005:4) define a autonomia como um sistema

complexo, não apenas individual, mas também social:

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“A autonomia é um sistema sócio-cognitivo complexo, que se manifesta em

diferentes graus de independência e controle sobre o próprio processo de

aprendizagem, envolvendo capacidade, habilidades, atitudes, desejos,

tomadas de decisões, escolhas e avaliação tanto como aprendiz de língua ou

como seu usuário, dentro ou fora de sala de aula.”

O que Paiva considera com essa definição é que o

percurso do falante de uma língua materna para uma segunda

língua, ou uma língua estrangeira, é um fenômeno complexo

que acontece de uma forma totalmente imprevisível. Segundo

o autor, não se pode afirmar, com segurança, o que vai

acontecer em um processo de aprendizagem, pois os níveis de

autonomia variam e o que funciona para um aprendiz pode não

ser produtivo para outro.

Além disso, Paiva avalia a autonomia na aprendizagem

como um sistema complexo adaptativo, devido à capacidade

que o aprendiz deve possuir de se adaptar às diferentes

condições que lhe são impostas pelo ambiente.

BENSON (1997:19) ainda divide a autonomia em dois

tópicos: autonomia psicológica e autonomia política. A

autonomia psicológica é a capacidade que permite aos

aprendizes ter mais responsabilidade na sua própria

aprendizagem. Já a autonomia política se define pelo

controle sobre os processos e o conteúdo da aprendizagem.

Mais tarde, Paiva propõe mais um tipo de autonomia: a

econômica, que seria a independência financeira para

escolher onde estudar e para ter acesso à materiais e

tecnologias que dão suporte à aprendizagem.

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Existe também uma grande diferença entre a autonomia

extrema/completa e a auto-direção. Essa diferença foi

estabelecida por DICKINSON (1991:11). Na visão do autor, na

auto-direção, o aprendiz aceita a responsabilidade por

todas as decisões relativas ao seu aprendizado, mas não

necessariamente assume a implementação dessas decisões, ou

seja, a figura do professor está presente, mas o aprendiz

trabalha sem que o professor o controle diretamente. Já nos

casos de autonomia extrema, o aprendiz assume total

responsabilidade por sua aprendizagem sem a ajuda de um

professor ou instituição.

Muitos são os fatores que podem influenciar o aprendiz

a buscar um estudo mais autônomo. A motivação é o principal

deles, influenciando em diversos graus de autonomia, porém,

outros fatores, tais como, necessidades, crenças sobre

aprendizagem, experiências passadas de aprendizagem,

afetividade, auto-estima, afiliação e etc, também exercem

grande influência na decisão do aluno em se tornar

autônomo.

O envolvimento do aprendiz na tomada de decisões tem

mostrado um aumento na motivação dos alunos e,

consequentemente, um aumento na produtividade. Segundo

DICKINSON (1984:32), embora algumas técnicas de

aprendizagem sejam mais produtivas que outras, qualquer

técnica espontaneamente adotada por um aprendiz ajuda mais

que atrapalha. Isso parece acontecer porque o uso

espontâneo de uma estratégia revela que o aprendiz está se

responsabilizando em algum nível pela aprendizagem e, isso

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é um requisito fundamental para o sucesso no aprendizado da

língua. Privar os alunos de usar suas técnicas preferidas,

por outro lado, pode ser prejudicial por ser um fator

desmotivador.

DICKINSON (1991:2) a autonomia só é alcançada através

de treinamento envolvendo alunos e professores. O professor

é sim responsável pela promoção da autonomia e pode

oferecer ambientes de aprendizagem propícios para que ela

ocorra. Outros fatores, tais como o contexto, a política

educacional, a instituição, o material didático, a

tecnologia, assim como as características individuais do

aprendiz (tais como motivação, estilos de aprendizagem,

afiliação ao idioma, etc), dentre outros, também possuem

grande influência nesse processo de autonomia da

aprendizagem.

O estudo da autonomia é justifica por três argumentos

bastante consistentes, enumerados da seguinte forma por

CRABBE (1993:443): ideológico, psicológico e econômico. De

acordo com o argumento ideológico o indivíduo tem o direito

de ser livre para exercer suas próprias escolhas durante o

processo de aprendizagem. Segundo o argumento psicológico,

as pessoas aprendem melhor quando estão no controle de seu

próprio aprendizado, uma vez que isso também aumenta a

motivação, o motor que move a aprendizagem. E por fim, de

acordo com o argumento econômico, a sociedade na possui

recursos suficientes para prover um nível pessoal de

instrução necessária para todos os indivíduos em todas as

áreas de ensino. Sendo assim, as pessoas devem ser capazes

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de prover os recursos necessários para o seu próprio

aprendizado, caso elas desejem adquirir conhecimentos ou

habilidades, individualmente ou em grupo.

6. O PAPEL DO PROFESSOR

A função de ensinar é muito anterior ao processo de

criação das primeiras instituições educadoras da História.

Antes mesmo que a escrita fosse desenvolvida, a oralidade,

em conjunto com outros processos comunicacionais, teve a

importante função de repassar aquilo que era considerado

importante. Instigado pela simples imitação ou pelo relato

oral, o homem conseguiu produzir e difundir as mais

variadas maneiras de se relacionar com o mundo que o cerca.

O início do ensino de línguas estrangeiras surgiu com

o interesse pelas culturas gregas e latinas na época do

renascimento e a cada dia que passa ganha mais força e

espaço no sistema educacional.

Antigamente, o professor era uma figura autoritária e

possuía um papel centralizador na sala de aula, ou seja,

não existia muita interação entre os estudantes e nem

espaço para o desenvolvimento da criatividade e da

autonomia dos alunos. A atenção era voltada toda e somente

para o professor.

A partir dos anos 70, quando se buscava uma mudança

nos métodos de ensino de língua estrangeira, o papel do

professor também passou a ser pensado de outra forma. Esses

novos métodos focavam a aprendizagem não mais na forma

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lingüística e, sim, na comunicação. Para desenvolver uma

competência comunicativa, os aprendizes deveriam, no

entanto, começar a desenvolver novas habilidades. E é aí

que entra o novo professor.

Aquele professor centralizador e autoritário precisa

dar lugar a uma figura mais maleável e mediadora, ou seja,

o professor agora possuiu o papel de desenvolver a

autonomia durante esse processo de aquisição. Como

mediador, seu dever é respeitar as escolhas pessoais de

seus alunos. Uma vez que os alunos começam a assumir

responsabilidades por sua aprendizagem, eles terão a

experiência de monitorá-las. E o resultado dessa interação

é que os alunos terão mais consciência de seus limites,

interesses, e com isso, poderão dar prosseguimento à

aprendizagem fora da sala de aula, e sem a constante

presença do professor.

É do entendimento de todos que o professor pode

ensinar, mas só o aluno pode aprender. Diversos autores

estudam a questão das estratégias de aprendizagem e da

autonomia e, todos eles concordam com o fato de que os

professores estão mudando seu papel tradicional e

incorporando novos papéis. Estamos vivendo numa época em

que o professor assume o papel de conselheiro / monitor

quando estão trabalhando junto com os seus alunos,

ajudando-os a desenvolver melhores técnicas para seu

sucesso no processo de aquisição da nova língua.

7. AS ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM

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Durante o processo de aprendizagem de uma língua

estrangeira, cada aprendiz usa como recurso estratégias

escolhidas e desenvolvidas por eles mesmos, a fim de

auxiliar no seu aprendizado. Por exemplo: ouvir música, ver

filme, se corresponder, conversar em chats ou no skype com

nativos, viajar para o exterior, estudar gramática e

etc....

Assim sendo, muitos estudiosos começaram a estudar

sobre o assunto. Pesquisadores como OXFORD (1990), O´MALLEY

e CHAMOT (1990) e COHEN (1998) foram os grandes destaques

desta área.

Rebeca Oxford divide as estratégias em dois grupos,

que também se subdividem em três grupos cada: as

estratégias diretas (estratégias de memória, estratégias

cognitivas e estratégias compensatórias) e as indiretas

(estratégias metacognitivas, estratégias sociais e

estratégias afetivas).

As estratégias diretas estão relacionadas ao

processamento e ao uso da língua, ou seja, como os

aprendizes irão lidar diretamente com a língua alvo. Segue

abaixo uma síntese com as principais características dessas

estratégias:

Estratégias de memória – auxiliam no armazenamento de

informações por meio de associações, contextualizações,

agrupamento, categorizações, uso de imagens e sons,

substituição de novas palavras em um contexto, entre

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outros. Segundo OXFORD, para que essa estratégia seja bem

utilizada, ela deve ser usada simultaneamente com a

estratégia metacognitiva e com a estratégia afetiva.

Estratégias cognitivas – auxiliam no processamento de

informações a partir do texto. Tanto OXFORD e O´MALLEY e

CHAMOT concordam sobre a sua importância, sendo elas as

estratégias essenciais na aprendizagem de uma nova língua.

Como exemplo, temos: o uso de skinning e scanning, ,

análise de palavras, a prática através da repetição,

anotações ou resumos sobre as novas informações adquiridas,

busca por padrões da língua assistindo a filmes, seriados

de TV, noticiários, escutar música e etc.

Estratégias compesatórias – auxiliam o aluno a utilizar a

língua mesmo que ele não tenha ainda conhecimento

suficiente ou então quando ele não consegue se lembrar de

algo que já tenha estudado anteriormente. Suas limitações

são compensadas através do uso de estratégias como: uso de

sinônimos, gestos, adivinhar o significado da palavra

desconhecida, recorrer à língua materna e etc.

OXFORD (1990:15) estipula que o uso de tais

estratégias deve ser complementado com o uso de estratégias

indiretas de aprendizagem, responsáveis pelo gerenciamento

da aprendizagem da língua. Nas estratégias indiretas há uma

preocupação com o monitoramento ou gerenciamento da

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aprendizagem, ou seja, com a gestão da aprendizagem. Como

estratégias desse grupo, temos:

Estratégias metacognitivas – são ações que auxiliam os

alunos a coordenarem sua própria aprendizagem, ou seja,

planejamento, avaliação e controle do aprendizado. Como

exemplo, podemos citar: estabelecer metas e objetivos,

revisar e estabelecer relação com o conteúdo já aprendido,

reconhecer os propósitos das atividades, se auto-avaliar e

buscar oportunidade para praticar o idioma.

Estratégias sociais – auxilia na aprendizagem da língua

através da interação e da colaboração com outros indivíduos

que sejam aprendizes ou falantes da língua alvo. Como

exemplo, temos: pedir esclarecimento ou auxílio, pedir

correção, aprender em conjunto, cooperar com os outros,

praticar a língua com os outros alunos e aprender a cultura

da língua.

Estratégias afetivas – auxiliam o aprendiz a lidar melhor

com as questões emocionais que giram em torno da

aprendizagem do idioma, diminuindo assim sua ansiedade e

encorajando-o a criar afirmações positivas.

NOIMAN e TODESCO (1975), dois estudiosos sobre as

atitudes e sentimentos envolvidos na aprendizagem de uma

LE, dizem que o lado afetivo do aprendiz pode tanto levá-lo

ao sucesso quanto ao fracasso na aprendizagem da língua.

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Segundo os autores, os bons aprendizes são aqueles que

sabem como controlar suas emoções e atitudes em relação à

aprendizagem.

Pesquisas recentes na área constatam que tais

estratégias de aprendizagem ajudam os aprendizes de LE a se

tornarem mais proficientes na língua e a terem mais

controle sobre a sua própria aprendizagem.

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CONCLUSÃO

O processo de aquisição de uma língua estrangeira ou

de uma segunda língua é um sistema complexo que vem

exigindo pesquisas cada vez mais minuciosas por gerar

motivação no ensino e alunos mais autônomos.

As estratégias de aprendizagem se tornaram um tópico

de extrema importância neste processo, pois além de gerarem

autonomia, facilitam o processo de aprendizagem, assim como

desenvolvem nos aprendizes a arte do “aprender a aprender”.

O uso de estratégias pode beneficiar cada vez mais o

ensino, não só de língua estrangeira, mas de todas as

áreas, pois elas desenvolvem nos alunos habilidades e

potencialidades que podem torná-los “bons aprendizes”,

tornando-os capazes de dirigir seu próprio aprendizado.

Independente do método no qual o aluno está inserido,

o uso dessas estratégias pode e deve ser utilizado, não

somente fora da sala de aula, mas dentro também.

O professor tem um papel muito importante no

fornecimento e orientação dessas estratégias. É essencial

que ele seja um orientador dessas técnicas, já que nem

sempre seus alunos possuem conhecimento sobre elas ou as

utilizam de maneira inadequada. Além disso, o conhecimento

dessas estratégias por parte do professor pode ajudá-lo a

identificar problemas no aprendizado de seus alunos e,

consequentemente, a solucioná-los.

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