“AS ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRAE A SUA IMPORTÂNCIA NO PROCESSO DE AUTONOMIA DO ALUNO”
PorBÁRBARA SIMÕES DE MEDEIROS (DRE: 106046194)
Aluna do Curso de Licenciatura
Trabalho apresentado a Professora Meg Vaz Ferreira, no curso de Prática de Alemão
Faculdade de Letras da UFRJ2º semestre de 2012
ÍNDICE
1. Introdução ...........................................
......................................................
....... 03
2. O que são estratégias de
aprendizagem .........................................
................ 04
3. As importâncias das estratégias de
aprendizagem .......................................
05
4. O “Bom
aprendiz” ............................................
............................................... 06
5. A autonomia na aprendizagem de uma língua
estrangeira ......................... 08
6. O papel do
professor ............................................
........................................... 11
7. As estratégias de
aprendizagem .........................................
............................ 12
2
8. Conclusão ............................................
......................................................
....... 15
9. Bibliografia ........................................
......................................................
........ 16
3
1. INTRODUÇÃO
Nesse trabalho pretendo apresentar brevemente o estudo
das estratégias de aprendizagem de língua estrangeira.
Procuro aqui esclarecer a importância do uso dessas
estratégias no ensino de uma língua a fim de se construir
um aprendiz autônomo, responsável pela sua própria
aprendizagem, que seja levado a pensar os conhecimentos
adquiridos e não somente a armazená-los.
Para que o aluno possa construir sua autonomia, é de
extrema importância o conhecimento das estratégias de
aprendizagem, tanto para o aluno, que através delas será
mais capaz de planejar, controlar e avaliar o seu próprio
aprendizado, como também para o professor, quem possui um
papel essencial na transmissão dessas estratégias, porque
através desse conhecimento será capaz de identificar melhor
as dificuldades de seus alunos e fornecê-los meios de
solucionar seus problemas.
A autonomia de um aprendiz é essencial num processo bem
sucedido de qualquer tipo de aprendizagem. A partir do
momento em que o aluno se torna autônomo, ele é capaz de
dar continuidade ao seu estudo fora de sala de aula, de
forma eficiente e sem a constante ajuda do professor.
4
2. O QUE SÃO ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM?
Em meados dos anos 70 muitos estudiosos começaram a
observar a conduta de seus alunos no processo de
aprendizagem de língua estrangeira. Foi então, que
eles perceberam que os alunos bem sucedidos faziam
uso de diversas estratégias a fim de melhorar,
controlar e auto-avaliar sua aprendizagem.
Foram muitos os estudos realizados sobre as
estratégias de aprendizagem e, consequentemente,
diversas definições, tais como:
“Estratégias de aprendizagem são técnicas ou recursos que um aprendiz
pode utilizar para adquirir conhecimento” (Rubin 1987:23)
5
“São pensamentos e comportamentos especiais que os aprendizes
(indivíduos) usam para compreender ou reter novas informações.” (O’ Malley
/ Chamot 1990:1)
“São procedimentos que se aplicam de modo controlado, dentro de um
plano projetado deliberadamente com o fim de alcançar uma meta.” (Pozo
2002:235)
Porém, a definição de Oxford é, sem dúvida, a mais
citada no campo:
Ações, comportamentos, passos ou técnicas específicos utilizados – muitas
vezes conscientemente – para aprimorar o processo de aquisição de uma L2
ou de uma LE e estimular a autonomia dos alunos. (Oxford 1993:175)
É possível observar, no entanto, que não existe um
consenso na literatura com relação ao conceito de
estratégias. Muitos autores utilizam termos como
estratégias, comportamentos, técnicas, procedimentos,
pensamentos, recursos, táticas e etc., para se referirem a
conceitos semelhantes. São várias definições, que acabam
se encontrando numa idéia central:
“Estratégias de aprendizagem são planos de ações para a condução da
auto- aprendizagem. Cada indivíduo dispõe de diferentes estratégias de
aprendizagem, que podem ser tanto conscientes como inconscientes. Elas se
diferenciam conforme as necessidades do objeto de aprendizagem, das
situações em geral e dos estilos individuais de aprendizagem.”
No entanto, segundo FLAVELL (1997:19), as estratégias
de aprendizagem podem ser definidas a um nível mais
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complexo, pois elas auxiliam tanto no cumprimento de
tarefas simples (como sublinhar informações específicas
para depois se ater às idéias principais) quanto na
elaboração de um planejamento para atingir um objetivo de
aprendizagem.
MEIRIEU (1998) é outro autor que contribuiu muito nos
estudos sobre as estratégias de aprendizagem. De acordo
com ele, o que caracteriza uma estratégia é o fato de ela
não ser um “estado”, e sim, um “processo”, ou seja, uma
estratégia é uma ação utilizada por um sujeito, com o
propósito de alcançar uma aprendizagem estabilizada.
Para MEIRIEU uma estratégia é desenvolvida da
seguinte forma: um sujeito desenvolve uma estratégia
particular a partir de capacidades já possuídas, para
então construir uma nova capacidade que, por sua vez, irá
permitir a exploração de novas estratégias e, assim,
sucessivamente. O autor ainda afirma que, à medida que o
sujeito adquire novas competências, é capaz de explorar
novas estratégias e que cada estratégia deve ser superada
para que ele possa experimentar novas estratégias.
Apesar das estratégias de aprendizagem abranger
vários conceitos, todos eles têm como objetivo principal,
melhorar e facilitar a aprendizagem de uma LE, tanto no
armazenamento quanto no uso de informações lingüísticas.
3. A IMPORTÂNCIA DAS ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM
7
O principal objetivo das estratégias de aprendizagem
é ensinar a pensar. É educar o aprendiz para obter sua
autonomia, independência e senso crítico, além de torná-lo
responsável pela sua própria aprendizagem.
Segundo POZZO (1998 P.5), na utilização de
estratégias o aluno deve se apropriar das formas de saber
fazer, não como meras rotinas, mas como algo que ele pode
controlar, planejar e guiar.
Para promover um ensino de qualidade é necessário que
o aluno seja confrontado com problemas, do contrário, ele
executará rotinas, e as rotinas não se aplicam em
situações reais.
Aprender a aprender, ou seja, aprender a pensar, é um
processo que exige preparo. Não basta apenas construir
conceitos; é preciso situá-los em seu contexto para que
adquiram sentido. A influência da tecnologia em nossas
vidas e a infinidade de informações por ela oferecida
pode, ao invés de ajudar, atrapalhar o nosso processo de
aprendizagem. É importante, portanto, que saibamos
organizar e selecionar as informações mais importantes, e
tenhamos condições de saber como utilizar esses
conhecimentos. É nesse contexto que as estratégias devem
ser requeridas.
“Aprender a aprender é mais ou menos como se preparar para uma grande
jornada ciclística. Antes de pegarmos a bicicleta é necessário um cuidado no
preparo físico, que vai do alongamento à ginástica e, cuidados com a
alimentação, que vai, pouco a pouco, habituando nosso corpo aos desafios
da jornada.” (Antunes, 1996)
8
Muitos alunos quando não atingem o resultado
esperado, acabam associando o fracasso à falta de
inteligência e acabam acreditando que não são capazes de
aprender e acabam desistindo. O mais lamentável, é que não
é somente os alunos que agem dessa forma, mas os
professores, muitas vezes, são os primeiros a desacreditar
na capacidade de seus alunos. Nesses casos, na verdade,
normalmente o professor não tem consciência que a raiz do
problema pode estar exatamente no uso inadequado de
estratégias.
Aprender é um dever do aluno, mas é direito dele ser
orientado e ajudado nessa tarefa. As estratégias de
aprendizagem, quando usadas de maneira apropriada, são de
grande importância para o rendimento do aluno e para seu
processo de aprendizagem.
4. O “BOM APRENDIZ”
Há mais de 30 anos diversas pesquisas vêm sendo
realizadas na área de aquisição de uma segunda língua com o
objetivo de descobrir o que o aprendiz bem sucedido faz que
o menos sucedido não faz. Esse grupo de estudos acadêmicos
é chamado de “The good language lerner” (GLL) Nelas,
encontra-se a suposição de que quando essa diferença é
identificada, é possível desenvolver nos aprendizes mais
“fracos” estratégias usadas pelos bons aprendizes,
melhorando assim o desempenho daqueles alunos que não
possuem resultados tão bons.
9
O corpo principal da pesquisa GLL investigou o
aprendizado do idioma em situações de sala de aula.
Constatou-se que os bons aprendizes não podem ser
distinguidos com base em uma observação comportamental
individual. Também foi constatado que os professores não
tratam esses alunos de forma diferente de outros
estudantes, embora pudessem distinguir os alunos bens
sucedidos dos que não eram tão eficazes.
Os primeiros estudos sobre o bom aprendiz foram feitos
por Joan Rubin e David Stern em 1975. Os dois estudos
propuseram uma lista similar sobre as principais
estratégias utilizadas pelos bons aprendizes:
1. Estratégia de Planejamento – se esforçam para uma
organização independente do seu processo de
aprendizado;
2. Estratégias ativas – usam a língua alvo ativa e
conscientemente;
3. Estratégias enfáticas – são em princípio tolerantes,
abertos para o novo e são interessados no aprendizado
da língua;
4. Estratégias formais - têm um nível relativamente
elevado de sensibilização para as formas da língua;
5. Estratégias experimentais – são flexíveis e ousados no
uso dos conhecimentos adquiridos. Geralmente não são
inibidos. Não têm medo de cometer erros;
6. Estratégias semânticas – procuram sempre por
significados. O bom aprendiz é um bom “adivinhador”. A
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partir das palavras que ele entende, ele deduz o que
não entendeu, isto é, procura ativamente por pistas
sobre o significado;
7. Estratégias de exercícios – procuram oportunidades
para praticar o que já aprenderam dentro e fora da
sala de aula;
8. Estratégias de comunicação – têm um forte desejo de se
comunicar e aprende a partir das situações de
comunicação. Não tem vergonha de fazer qualquer coisa
para garantir a transmissão de mensagem;
9. Estratégias de monitoramento – fiscalizam
constantemente seu desempenho e competência. Estão
atentos a como as suas falas estão sendo recebidas.
Aprendem com os próprios erros;
10. Estratégias de
internalização – desenvolvem cada vez mais a segunda
língua como um sistema a parte.
MIßLER (1999) resume tais características dizendo que
um bom aprendiz é aquele que ousa experimentar, possui
vontade de aprender, é desinibido e procura aprender a
forma da língua e o significado das palavras. Além disso,
procura constantes oportunidades para praticar a sua língua
alvo, fiscalizar e avaliar a si próprio de modo a adquirir
uma consciência lingüística. É muito importante citar
também nesse contexto que o bom aprendiz desenvolve um
estilo individual e estratégias de aprendizagem positivas
para se ocupar com suas tarefas.
11
No entanto, é muito importante refletir, o quão
questionável é essa relação direta entre desempenho na sala
de aula com as estratégias de aprendizagem. Na verdade,
vários fatores atuam na performance dos alunos. Os próprios
autores levantam essa questão afim de que elas não sejam
usadas como verdades absolutas. É preciso considerar as
diferenças individuais e encorajar cada aprendiz a
descobrir o que funciona melhor para ele. A imposição
dessas estratégias seria absolutamente contra-produtivo e
traria, com certeza, muito menos sucesso do que se o aluno
não tivesse nenhum tipo de estratégia. As listas apresentam
as características mais comuns entre os bons aprendizes,
mas isso não significa que todos os bons aprendizes tenham
todas essas características e que quem não tenha alguma
delas seja um aprendiz mau sucedido.
5. A AUTONOMIA NA APRENDIZAGEM DE UMA LÍNGUA ESTRANGEIRA
O conceito de autonomia do aprendiz está diretamente
ligado tanto aos estudos de aprendizagem de língua
estrangeira como às estratégias de aprendizagem. Rubin,
apesar de não utilizar os termos autonomia ou aprendiz
autônomo, através de sua lista sobre as estratégias
utilizadas pelos bons aprendizes, é uma das primeiras
autoras, que de alguma forma, fez vincular a ideia de
autonomia.
O objetivo principal das pesquisas relacionadas em
estratégias de aprendizagem é formar um aprendiz autônomo,
12
ou seja, um aluno que possua a habilidade de controlar seu
próprio aprendizado, e de se responsabilizar por todas as
decisões em relação a todos os aspectos de seu aprendizado.
De acordo com HOLEC (1981) algumas características são
essenciais para que a aprendizagem auto-dirigida seja bem
sucedida: o aprendiz deve ser capaz de estabelecer
objetivos, definir conteúdos e progressões, escolher
métodos e técnicas apropriadas e monitorar e avaliar seu
processo de aquisição. O autor também menciona a reflexão
crítica como um fator igualmente importante:
“Se quisermos levar os aprendizes de um estado de dependência para um
estado de independência ou autonomia, eles devem adquirir não apenas um
número de técnicas relevantes de aprendizagem, mas também experimentar
uma mudança de atitude psicológica em relação ao que é aprendizagem”
(Holec 1980:11)
Responsabilizar-se pela própria aprendizagem é o
conceito de autonomia mais repetido em quase todos os
textos que falam sobre autonomia na aprendizagem de
línguas estrangeiras. Conceito esse associado ao que
BENSON (1997:19) denominou de autonomia técnica:
“Equipar os aprendizes com as habilidades técnicas que eles necessitam
para gerenciar sua própria aprendizagem fora da sala de aula.”
Já PAIVA (2005:4) define a autonomia como um sistema
complexo, não apenas individual, mas também social:
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“A autonomia é um sistema sócio-cognitivo complexo, que se manifesta em
diferentes graus de independência e controle sobre o próprio processo de
aprendizagem, envolvendo capacidade, habilidades, atitudes, desejos,
tomadas de decisões, escolhas e avaliação tanto como aprendiz de língua ou
como seu usuário, dentro ou fora de sala de aula.”
O que Paiva considera com essa definição é que o
percurso do falante de uma língua materna para uma segunda
língua, ou uma língua estrangeira, é um fenômeno complexo
que acontece de uma forma totalmente imprevisível. Segundo
o autor, não se pode afirmar, com segurança, o que vai
acontecer em um processo de aprendizagem, pois os níveis de
autonomia variam e o que funciona para um aprendiz pode não
ser produtivo para outro.
Além disso, Paiva avalia a autonomia na aprendizagem
como um sistema complexo adaptativo, devido à capacidade
que o aprendiz deve possuir de se adaptar às diferentes
condições que lhe são impostas pelo ambiente.
BENSON (1997:19) ainda divide a autonomia em dois
tópicos: autonomia psicológica e autonomia política. A
autonomia psicológica é a capacidade que permite aos
aprendizes ter mais responsabilidade na sua própria
aprendizagem. Já a autonomia política se define pelo
controle sobre os processos e o conteúdo da aprendizagem.
Mais tarde, Paiva propõe mais um tipo de autonomia: a
econômica, que seria a independência financeira para
escolher onde estudar e para ter acesso à materiais e
tecnologias que dão suporte à aprendizagem.
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Existe também uma grande diferença entre a autonomia
extrema/completa e a auto-direção. Essa diferença foi
estabelecida por DICKINSON (1991:11). Na visão do autor, na
auto-direção, o aprendiz aceita a responsabilidade por
todas as decisões relativas ao seu aprendizado, mas não
necessariamente assume a implementação dessas decisões, ou
seja, a figura do professor está presente, mas o aprendiz
trabalha sem que o professor o controle diretamente. Já nos
casos de autonomia extrema, o aprendiz assume total
responsabilidade por sua aprendizagem sem a ajuda de um
professor ou instituição.
Muitos são os fatores que podem influenciar o aprendiz
a buscar um estudo mais autônomo. A motivação é o principal
deles, influenciando em diversos graus de autonomia, porém,
outros fatores, tais como, necessidades, crenças sobre
aprendizagem, experiências passadas de aprendizagem,
afetividade, auto-estima, afiliação e etc, também exercem
grande influência na decisão do aluno em se tornar
autônomo.
O envolvimento do aprendiz na tomada de decisões tem
mostrado um aumento na motivação dos alunos e,
consequentemente, um aumento na produtividade. Segundo
DICKINSON (1984:32), embora algumas técnicas de
aprendizagem sejam mais produtivas que outras, qualquer
técnica espontaneamente adotada por um aprendiz ajuda mais
que atrapalha. Isso parece acontecer porque o uso
espontâneo de uma estratégia revela que o aprendiz está se
responsabilizando em algum nível pela aprendizagem e, isso
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é um requisito fundamental para o sucesso no aprendizado da
língua. Privar os alunos de usar suas técnicas preferidas,
por outro lado, pode ser prejudicial por ser um fator
desmotivador.
DICKINSON (1991:2) a autonomia só é alcançada através
de treinamento envolvendo alunos e professores. O professor
é sim responsável pela promoção da autonomia e pode
oferecer ambientes de aprendizagem propícios para que ela
ocorra. Outros fatores, tais como o contexto, a política
educacional, a instituição, o material didático, a
tecnologia, assim como as características individuais do
aprendiz (tais como motivação, estilos de aprendizagem,
afiliação ao idioma, etc), dentre outros, também possuem
grande influência nesse processo de autonomia da
aprendizagem.
O estudo da autonomia é justifica por três argumentos
bastante consistentes, enumerados da seguinte forma por
CRABBE (1993:443): ideológico, psicológico e econômico. De
acordo com o argumento ideológico o indivíduo tem o direito
de ser livre para exercer suas próprias escolhas durante o
processo de aprendizagem. Segundo o argumento psicológico,
as pessoas aprendem melhor quando estão no controle de seu
próprio aprendizado, uma vez que isso também aumenta a
motivação, o motor que move a aprendizagem. E por fim, de
acordo com o argumento econômico, a sociedade na possui
recursos suficientes para prover um nível pessoal de
instrução necessária para todos os indivíduos em todas as
áreas de ensino. Sendo assim, as pessoas devem ser capazes
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de prover os recursos necessários para o seu próprio
aprendizado, caso elas desejem adquirir conhecimentos ou
habilidades, individualmente ou em grupo.
6. O PAPEL DO PROFESSOR
A função de ensinar é muito anterior ao processo de
criação das primeiras instituições educadoras da História.
Antes mesmo que a escrita fosse desenvolvida, a oralidade,
em conjunto com outros processos comunicacionais, teve a
importante função de repassar aquilo que era considerado
importante. Instigado pela simples imitação ou pelo relato
oral, o homem conseguiu produzir e difundir as mais
variadas maneiras de se relacionar com o mundo que o cerca.
O início do ensino de línguas estrangeiras surgiu com
o interesse pelas culturas gregas e latinas na época do
renascimento e a cada dia que passa ganha mais força e
espaço no sistema educacional.
Antigamente, o professor era uma figura autoritária e
possuía um papel centralizador na sala de aula, ou seja,
não existia muita interação entre os estudantes e nem
espaço para o desenvolvimento da criatividade e da
autonomia dos alunos. A atenção era voltada toda e somente
para o professor.
A partir dos anos 70, quando se buscava uma mudança
nos métodos de ensino de língua estrangeira, o papel do
professor também passou a ser pensado de outra forma. Esses
novos métodos focavam a aprendizagem não mais na forma
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lingüística e, sim, na comunicação. Para desenvolver uma
competência comunicativa, os aprendizes deveriam, no
entanto, começar a desenvolver novas habilidades. E é aí
que entra o novo professor.
Aquele professor centralizador e autoritário precisa
dar lugar a uma figura mais maleável e mediadora, ou seja,
o professor agora possuiu o papel de desenvolver a
autonomia durante esse processo de aquisição. Como
mediador, seu dever é respeitar as escolhas pessoais de
seus alunos. Uma vez que os alunos começam a assumir
responsabilidades por sua aprendizagem, eles terão a
experiência de monitorá-las. E o resultado dessa interação
é que os alunos terão mais consciência de seus limites,
interesses, e com isso, poderão dar prosseguimento à
aprendizagem fora da sala de aula, e sem a constante
presença do professor.
É do entendimento de todos que o professor pode
ensinar, mas só o aluno pode aprender. Diversos autores
estudam a questão das estratégias de aprendizagem e da
autonomia e, todos eles concordam com o fato de que os
professores estão mudando seu papel tradicional e
incorporando novos papéis. Estamos vivendo numa época em
que o professor assume o papel de conselheiro / monitor
quando estão trabalhando junto com os seus alunos,
ajudando-os a desenvolver melhores técnicas para seu
sucesso no processo de aquisição da nova língua.
7. AS ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM
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Durante o processo de aprendizagem de uma língua
estrangeira, cada aprendiz usa como recurso estratégias
escolhidas e desenvolvidas por eles mesmos, a fim de
auxiliar no seu aprendizado. Por exemplo: ouvir música, ver
filme, se corresponder, conversar em chats ou no skype com
nativos, viajar para o exterior, estudar gramática e
etc....
Assim sendo, muitos estudiosos começaram a estudar
sobre o assunto. Pesquisadores como OXFORD (1990), O´MALLEY
e CHAMOT (1990) e COHEN (1998) foram os grandes destaques
desta área.
Rebeca Oxford divide as estratégias em dois grupos,
que também se subdividem em três grupos cada: as
estratégias diretas (estratégias de memória, estratégias
cognitivas e estratégias compensatórias) e as indiretas
(estratégias metacognitivas, estratégias sociais e
estratégias afetivas).
As estratégias diretas estão relacionadas ao
processamento e ao uso da língua, ou seja, como os
aprendizes irão lidar diretamente com a língua alvo. Segue
abaixo uma síntese com as principais características dessas
estratégias:
Estratégias de memória – auxiliam no armazenamento de
informações por meio de associações, contextualizações,
agrupamento, categorizações, uso de imagens e sons,
substituição de novas palavras em um contexto, entre
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outros. Segundo OXFORD, para que essa estratégia seja bem
utilizada, ela deve ser usada simultaneamente com a
estratégia metacognitiva e com a estratégia afetiva.
Estratégias cognitivas – auxiliam no processamento de
informações a partir do texto. Tanto OXFORD e O´MALLEY e
CHAMOT concordam sobre a sua importância, sendo elas as
estratégias essenciais na aprendizagem de uma nova língua.
Como exemplo, temos: o uso de skinning e scanning, ,
análise de palavras, a prática através da repetição,
anotações ou resumos sobre as novas informações adquiridas,
busca por padrões da língua assistindo a filmes, seriados
de TV, noticiários, escutar música e etc.
Estratégias compesatórias – auxiliam o aluno a utilizar a
língua mesmo que ele não tenha ainda conhecimento
suficiente ou então quando ele não consegue se lembrar de
algo que já tenha estudado anteriormente. Suas limitações
são compensadas através do uso de estratégias como: uso de
sinônimos, gestos, adivinhar o significado da palavra
desconhecida, recorrer à língua materna e etc.
OXFORD (1990:15) estipula que o uso de tais
estratégias deve ser complementado com o uso de estratégias
indiretas de aprendizagem, responsáveis pelo gerenciamento
da aprendizagem da língua. Nas estratégias indiretas há uma
preocupação com o monitoramento ou gerenciamento da
20
aprendizagem, ou seja, com a gestão da aprendizagem. Como
estratégias desse grupo, temos:
Estratégias metacognitivas – são ações que auxiliam os
alunos a coordenarem sua própria aprendizagem, ou seja,
planejamento, avaliação e controle do aprendizado. Como
exemplo, podemos citar: estabelecer metas e objetivos,
revisar e estabelecer relação com o conteúdo já aprendido,
reconhecer os propósitos das atividades, se auto-avaliar e
buscar oportunidade para praticar o idioma.
Estratégias sociais – auxilia na aprendizagem da língua
através da interação e da colaboração com outros indivíduos
que sejam aprendizes ou falantes da língua alvo. Como
exemplo, temos: pedir esclarecimento ou auxílio, pedir
correção, aprender em conjunto, cooperar com os outros,
praticar a língua com os outros alunos e aprender a cultura
da língua.
Estratégias afetivas – auxiliam o aprendiz a lidar melhor
com as questões emocionais que giram em torno da
aprendizagem do idioma, diminuindo assim sua ansiedade e
encorajando-o a criar afirmações positivas.
NOIMAN e TODESCO (1975), dois estudiosos sobre as
atitudes e sentimentos envolvidos na aprendizagem de uma
LE, dizem que o lado afetivo do aprendiz pode tanto levá-lo
ao sucesso quanto ao fracasso na aprendizagem da língua.
21
Segundo os autores, os bons aprendizes são aqueles que
sabem como controlar suas emoções e atitudes em relação à
aprendizagem.
Pesquisas recentes na área constatam que tais
estratégias de aprendizagem ajudam os aprendizes de LE a se
tornarem mais proficientes na língua e a terem mais
controle sobre a sua própria aprendizagem.
22
CONCLUSÃO
O processo de aquisição de uma língua estrangeira ou
de uma segunda língua é um sistema complexo que vem
exigindo pesquisas cada vez mais minuciosas por gerar
motivação no ensino e alunos mais autônomos.
As estratégias de aprendizagem se tornaram um tópico
de extrema importância neste processo, pois além de gerarem
autonomia, facilitam o processo de aprendizagem, assim como
desenvolvem nos aprendizes a arte do “aprender a aprender”.
O uso de estratégias pode beneficiar cada vez mais o
ensino, não só de língua estrangeira, mas de todas as
áreas, pois elas desenvolvem nos alunos habilidades e
potencialidades que podem torná-los “bons aprendizes”,
tornando-os capazes de dirigir seu próprio aprendizado.
Independente do método no qual o aluno está inserido,
o uso dessas estratégias pode e deve ser utilizado, não
somente fora da sala de aula, mas dentro também.
O professor tem um papel muito importante no
fornecimento e orientação dessas estratégias. É essencial
que ele seja um orientador dessas técnicas, já que nem
sempre seus alunos possuem conhecimento sobre elas ou as
utilizam de maneira inadequada. Além disso, o conhecimento
dessas estratégias por parte do professor pode ajudá-lo a
identificar problemas no aprendizado de seus alunos e,
consequentemente, a solucioná-los.
23
BIBLIOGRAFIA
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BOHN, Vanessa. As estratégias de aprendizagem deprofessores de língua inglesa.
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HOLEC, H. Autonomy und Foreign Language Learning, 1981.
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de leituras de LE.
MENEZES, Vera Lúcia & PAIVA. Estratégias individuais de
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OXFORD, Rebeca L. Language Learning Strategies, 1990.
PAIVA, V.L.M.O. Autonomia e Complexibilidade: uma análisede narrativas de aprendizagem, 2005.
SACRAMENTO, Ivonete. Aprendendo a aprender, 2008.
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