O" PREÇO" DO VOTO EOS" CUSTOS" SOCIAIS DAS CAMPANHAS ...

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Mercator - Revista de Geografia da UFC E-ISSN: 1984-2201 [email protected] Universidade Federal do Ceará Brasil Fransualdo de Azevedo, Francisco O "PREÇO" DO VOTO EOS "CUSTOS" SOCIAIS DAS CAMPANHAS ELEITORAIS NO BRASIL Mercator - Revista de Geografia da UFC, vol. 11, núm. 26, septiembre-diciembre, 2012, pp. 7-26 Universidade Federal do Ceará Fortaleza, Brasil Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=273625981004 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

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Mercator - Revista de Geografia da UFC

E-ISSN: 1984-2201

[email protected]

Universidade Federal do Ceará

Brasil

Fransualdo de Azevedo, Francisco

O "PREÇO" DO VOTO EOS "CUSTOS" SOCIAIS DAS CAMPANHAS ELEITORAIS NO BRASIL

Mercator - Revista de Geografia da UFC, vol. 11, núm. 26, septiembre-diciembre, 2012, pp. 7-26

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Fortaleza, Brasil

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Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

www.mercator.ufc.br DOI: 10.4215/RM2012.1126.001

o "PREÇO" DO VOTO E OS "CUSTOS" SOCIAISDAS CAMPAN HAS ELEITORAIS NO BRASIL

the "price" of the vote and the "social costs" of the electoral campaigns in Brazil

Francisco Fransualdo de Azevedo *

Resumo

A cad a campanha eleitcmlno Brasil, va lores cada vez mais elev ado s são gastos pe los candidatos e part ido spolític os. Isso evidenci a a nccessidade de urna ampla reforma política, associada á criacño de mecanismosqu e garantam o cump nm cnto de um sistema de leis qu e veuha a alterar esse quadro. Norma lmente, quemarca com esses ónus é a pr ópria scc ieda dc, Antes de 1993, seque r exisüa no Brasil urn a ncrmatt zac ño lega lsobr e os gastos dos políticos nas campanhas elei torais . o qu e implic av a a não obrigatoricdad e da prest acácde cernas dos mesmos. A partir das elci cóc s de 1994 , (IU scj a, só recentcmcnte, a prest acño de cernas sobr ercceitas e despesas dos candidatos e part ido s tomou-s e obngatérte. Ncssc contexto, ana ltsa remos a pr est acñode contas, de urna parte dos cand idatos do te rrit ório brasileiro, nas ú ltim as campanhas eleit orais realizada sno país , mos tran do as font es de financia mento, poss fveis finalidad es e montantes trensacicnados . Para isso ,anelis arcmos textos re lac ionado s ac tema, assim como dados colet ados ju nto a órgños cromo o Tribuna lSupe rior Ele itoral e o Inst itut o Brasileiro de Geografia e Estatf süc a.

Palavra s-chave. P reco do voto , Campanha eleitcral , Receita, Desposa, Custo socia l.

Abstract

At every electora l campaign in Brazil. mor e money is spent by candi dates end pol itica l parties. Tha t showsthe nced for an ample political reform as wcll as for the creatiou ofmcchanisms which can guarantce th eexe cution (If the law system that would alter that ptcture. Socie ty itself usuall y is the on e te pa y that bill.Bcfore 1993, the rc warc not evcn legal regnlations conc eming the ex pense s by thc politi cians in their e lec ­toral campai gr»s th at meent th at politicians were not obligcd te give account of thc ir expenses. That pic turestart cd lO change since 1994 elec tion s. In oth er words, only recently nccount s rendered on rcvenues andcan didatcs ' exp ens es and parties became oblig atcry, Thus, thc focus cf the ana lys¡s will be the accounts ofpert ofthe cand idat es ofthe Brazili an tcr ritory in thc last electoral campaigns, showing sources offinaucing,possible purposes as w ell as amounts negotiat ed. The data wi ll be compose d of tex ts related to th e theme aswc ll as of do cuments colle ctcd from institutions such as thc "Tr ibuna l Super ior Elci toral" and th e Br azili anIustitu te of Geography and Statistic s.

Key words: Prtce of th e vote, Electoral campaign, Revenue , Expon...es, Social costs .

Resumen

En cada campaña electora l en Brasil , los candidatos y part idos po líticos realizan gastos cada vez mÁs eleva dos.Esto pon e en evidcncia la nece sidad de una amp lia reforma polftica , asoc iada a la creación de mec anismosqu e garantic en el cumplim iento de un sistema de leyes que ve nga a alterar este cuadro . Usualm ente, quiense hac e ca rgo de esos costes es la propia sociedad. Antes de 1993 , ni siqu iera exis tía en Brasil una normativ alegal sobre los gastos de los polít icos en las campaña s electora les , o que implicase una no obligatoriedad derendición de cuentas. A partir de las eleccio nes de 1994, es deci r recient emente, la pre sentación de cuestassobr e ingresos y gastos de los candid atos se hizo obligatoria. En ese cont exto, ana lizaremos la prese ntaciónde cuen tas , de un parte de los candidatos del terri torio brasileñ o, en las últimas campañas electorales rea li­zadas en el país, mostrand o las fuentes de financiamie nto, pos ibles fines y canti dad es negociadas. Para eso,anali za remos los texto s relacionado s con el tema , así como los datos recogido s po r órga nos tal es corno elTribunal Superio r Electora l o el Inst itut o Brasileño de Geogra fía y Estad istica.

Palabras eleves: Precio del voto , Campañ a electora l, Ingreso s, Gasto s. Coste social.

(*) Prof. Dr. do Programa de Pós-Graduacñc em Geografía da Univers idade Federal do Rio Gra nde doN orte - Caixa Po~1a l 1524,Campus Universitário Lagoa N ova , CEP: 59078-970, Natal (RN ), Brasil . Tel!Fax; (+ 55 84 ) 32 15 3569 - [email protected]

Mercato r, Fortaleza, v. 11, n. 26, p.7-2 6, set. /de:. 2012.

ISSN 1984-2201 © 2002, Universidade Federal do Ceará. Todos os direitos reservados.

AZEVEDO, F. F. de

INTRODU<;:AO

Em var ios países, o dinheiro se consti tui, muitas vezes, numa condicáo sine qua non a ma­nutencáo e á reproducáo de agentes e grupos políticos no poder. No Bra sil ele e deci sorio para amanutencáo desses , por conseguinte, para a sustentacáo e reproducáo das oligarquías rcg iona is.

Até 1993, nao existia no Brasil uma normatizacáo ou legislac áo que fiscali zasse os gastos dospartidos políticos e dos próprios candidatos nas cam panhas elei torais, o que implicava a nao obri­gatoriedade da pre stacáo de con tas por par te desses. Somente a partir das eleicócs de 1994 e queisso se tornou obri gat ório, ou seja, as rece itas e despesas das campanhas e leitorais dos candidatose partidos passaram a ser declaradas j unto ao Trib unal E1eitoral.

Sabe- se que a cada campanha eleitoral , montantes cada vez maiore s sao gastos para financiaras despesas dos candidatos, do tipo: viagen s, propaganda e publicidade - falada , impre ssa e tele­visiva - , comicios, produc óes audiovisuais, servicos prestados por terce iros , despesa com pessoal,locacáo de bens m óvei s e im óveis, caches de artistas e animadores. Até recentemente gastava-sevalores exorbitantes com camisetas, bonés e outros produtos . Continua m sendo transac ionados a ltosmontantes em do acóes a candidatos o u comités, elevados gastos com combustíveis e lubrificantes,pesquisas de intencáo de votos ou testes elei torais, e outros tipos de gastos com equipam en tos,bens e mate riais permanentes de escrit ório, correios, água, luz, tele fone, lanches e refeic óes, dentreoutras des pesas.

Em meio a tais despesas, admissiveis e reconhecidas pelos órgáos fiscalizadores , algumasestrategias podem ser adotadas pelos candidatos e partidos no sentido de burlarem as prestac óes decon tas, de modo que os recursos declarados podem ser, as vezes, utilizados para outros fins comocompra de votos, compra de bens e/ou serv icos para serem doados aos e leitores , pagamento porapoio político de de terminadas personalidades influentes nas bases locais , entre outras fina lidades.Assim, valores nao declarados no processo de prcstacáo de contas tamb ém podem serv ir para es sesfins , portanto, tran sac óes nao mensurá veis e fisca lizadas pelos órgáos fiscalizadores do Estado.

Nesse sentido, buscaremos ana lisar os gastos de a lgun s candidatos nas últimas campanhaselei torai s realizadas no Brasil, e espec ificamente no estado do Rio Grande do Nor te, mo strandoas fontes de financiamento , mon tante s dos recursos por candida to e/ou partido e suas respec tivasfinali dades . O estudo se desenvolverá com base na an álise e depreensáo de textos relacionados aotema, bem como a parti r de an álises de dados coletados j unto a órgáos como o Tribunal SuperiorE leitoral e o Instit uto Bra sileiro de Geografia e Es tatís tica.

o "PRE<;:O DO VOTO " E OS "CUSTOS" SOCIAIS DAS CAMPANHAS ELEITORAISBRASILEIRAS: discutindo a realidade nacional e do estado do Rio Grande do Norte

Ao ana lisar os dados sobre os financiam ento s das campanhas e leitorais no Brasil e suger ir urnareforma política , Sam uels (2006, p . 134) afirma que "as quantias declaradas nao refletem completa­mente as quanti as de fato usadas" . Al ém disso, notam-se fortes disparidades nos montantes gastosentre os partidos e entre os candidatos , as vezes, de um mesmo partido.

Al ém das contribui cóes do fundo partidário, normalmen te elevadas , o setor empresarial temcon tribuído substanc ialmente com os part idos e candida tos, muito mais do que as pessoas fisicas,e "a maior parte dos con tribuintes empresariais vem (nao e á toa) de setores gran demente influen­ciados por rcgulamentacáo go vemamenta l ou muito dependentes de con tra tos públicos: bancos,setor financeiro , ind ústr ia pesada, construcáo civil" (SAMUELS, 2006, P. 134).

Somando apenas as receitas decl aradas ao Tribunal Superior E1eitora l, portanto, as con tribuicóesdo "caixa um" (dados ofic iais) dos candida tos á pres id éncia da Repúb lica nas e leicóes de 1994, 1998e 2002 no Brasil, tem-se um montante de aproximadamente R$ 235 mi lhóes de reai s (tabela 1).

Nota-se q ue os valores das receitas sao bastan te dispares entre os candidatos. Por exem plo,Fernando Henrique Cardoso (PSDB) declarou o maiormontante na receita das campanhas eleitorais

MERCAiIl Mereate r, Fortaleza, v. 11, n. 26 , p.7-26, set. /d ez. 2012 .

o "Precc" do \loto e os ~ Cu sto s " soct ats das CarJ1)anhas Eleitorais no Brasil

de 1994 e 1998, clcicócs cm que o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, ded arou valoresínfimos cm rclacáo ao scu principal advcrsário. Em 1998, o candidato do PSDB se rcclcgcu commaioria expressiva de votos . Já cm 200 2, o candidato do PI , eleito presidente da República no se­gundo turno, declarou maior receita, seguido de José Serta (PSDB), Ciro Gomes (PP S) e AnthonyGarotinho (PSB). Assim, ver ifica-se que ncsses tres pleitos clcitorais os vencedores foram aquel esque dispunham de maior vo lume de recursos cm suas campanhas elcitorais.

Tabela 1 - Brasil: Receiras das campanhas eleítorais presidenciais epercentuais de votos por candidato ( 1994, 1998 e 2002)

Ano Clmdidut olP a rüdoRccekas {'%) ¡;m rclu~fio uo

Vou,,;fio (%)(RS 1,1.1(1) u nal pur clci~ fio

l' er llnl1do Hcmiquc Cnrdc~o (PS DB) rt .2) 9.290,00 74,3) 54 ,.>

Lui z Tl1úc io Lula <tl Silva (PT) 3 .12) .4';14,00 3,0 1 27,01994

Oresres Quércin (PM DB) 23 .0) 2.:>1 1,00 22, 19 4,4

E¡.pcridiiio Al11 il1(PPR) 470.937 ,00 0,4 ) 2,7

Toin l d a tumpanhu 10 3.90ll.292,OO

J' er llnl1do Hcmiqu c Cnrdc~o (J'S DB) 66 .363.20 4,00 92,7 4 :13,1

19911 Luiz Tuú(:io Lula <tl Sil"a (PT) .'.)72.4 '>8,00 4,99 .01,7

c e o Gomei' (PPS) 1.622.72 9,00 2;2' 11,0

Toin l d a t umpan hu 71 .5511.371,00

JO!'éScrra (PSDB) 18.177.71 2,00 '>0 ,70 23,2

Luiz Tl1ú(:io Lula <tl Silva (PT) 2(' .) 89.2 34,00 44,9 1 46,42002

Ciro Gomei' (pPS ) 1'> .028.98 1,00 22,DI 12,0

AnllIOl1}' G¡¡rolil1ho (PSB) 1.411.26) ,00 2,3 8 17,9

Toin l d a t umpanhu 59 .207.1'l2,00

Ponte: SAMUELS, 2006, p. 135

Diantc do exposto, somando-se as despesas totais declaradas por todos os candidatos queconcorrcram aos cargos de presidente da República, senado r, governador, depurados federáis eestaduais, estima-se, só cm 1994, um valor "entre USS 3,5 e USS 4,5 bilhócs . Em contraste, oscandidatos gastaram cerca de USS 3 bilhócs cm clcico cs nos Estados Unidos cm 1996. Em 1994 e199 8, Fernando Hcnrique dcclarou ter gastado mais de US S 40 milhóes cm sua campanha" (SA­MUELS, 2006, P. 138), com um importante diferencial, no Brasil os candidatos nao pagam pelapropaganda cleitoral, no rádio e na televi sño, ao passo que nos Estados Unidos , e na rnaioria dospa íses curopcus, boa parte dos custos de campanha cor responde a cssas despcsas .

Portante, trata-se de gastos excess ivamente altos cm campanhas cleitorais de um país subdc­senvolvido como o Brasil. Vale ressalta r, com base no citado autor, que a maior parte do cap italfinanciador das campanhas cleitorais no Brasil sai do setor empresarial, parte dele constituido porempresas que prestam, presta ram ou pretendem prestar scrvícos ao Estado .

É importante lembrar que Fernando Henrique Cardoso permanecen no governo por mais deurna década, qua ndo considerado o perío do cm que o mesmo foi Minist ro das Relacócs Exteriores,depois da Fazenda, no governo Itamar Franco, dcpois Presidente da República por dois mandatos.Vale lembrar que ao longo de todo este período, o mcsmo conscguiu estimular fortemente o neoli­beralismo económico no Brasil, no qua l o sctor empresaria l foi o mais beneficiado, especialmenteas instituicócs financeiras, bancos e emp resas que adquiriram patrimo nios públic os, a exemplo dastelccomunicacóes. Boa parte dessas empresas, ou suas acionistas, financiou as campanhas clcitoraisdo cntáo candidato e, de algum a forma, continuam financiando as campanhas rcccntcs.por cxcmplo,cm 2006 . É evidente que esses "contribuintes esperam um "servico ' específico que apenas um cargopúblic o pode oferec er cm retorn o pelo scu invcsnmcnro'' (SAMUELS, 2006, p. 147).

MERCA, R Mercato r, Fortaleza, v. 11, n. 26, p .7·26, set . /dez. 2012.

AZEVEDO, f. f. de

Em relacáo aos gas tos totais das eleicóes de 2002, o valor pode ser est imado "en tre 3 e 4 bi­lh óes de reais. Dessa forma, o fundo público seria apenas uma pequena parcela do que é rea lmenteinvestido. Resultado: ins titucionalizacáo do caixa dois" (FIGUEIREDO FlU JO, 2006, p. 9). Em2006, isso fico u mai s evidente através dos esc ándalos de corrupcáo, mesmo que man ipulados, ma s,de alguma forma, divulgados pela míd ia, envolvendo políticos que utilizaram "caixas do is" nascampanhas eleitorais dos seus partidos.

O TSE estima que os gastos da campanha elei toral de 2006 somam aproximadamente R$1,5 b ilháo de rea is. SÓos candida tos, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckm in (PSDB),declararam gastos respec tivos de R$ 104 ,3 milhñes e R$ 8 1,9 milhóe s. As instituic ócs financeirase banc árias constituem a principal fonte de recursos, ao menos na categoría pcssoa jurídica, paraa ca mpanha do PSDB. O Banco Ita ú con tribuiu co m R$ 3,5 milhóes, o Banco Mercanti l de SaoPaulo, pertencente ao grupo Bradesco , com R$ 2 mi lhóes, o Banco Alvorada, tamb ém controladopelo Bradesco, con tribuiu com R$ 1,2 milháo, o Banco Real com R$ 1,5 milháo, o Unibanco comR$ 1,3 milháo, o Banco Safra com R$ 750 mil. Empresas de mineracáo e siderurgia tamb ém fize­ram doacóes expressivas ao PSDB, mai s de R$ 6 milhóes. O grupo Gerdau doou R$ 3 milhóes, aIbar Admi nistracóes, pertencente ao grupo Votorantim, doou R$ 2,6 milh ñes (CONGRESSO EMFOCO, 2006a).

Em 2006, os gastos da campanha ele itora l do candidato/presidente, Luiz In ácio Lula da Silva(PT), foram superele vados em relacáo ás eleicóes presidenciais de 2002. Considerando os valore satualizados , que correspondem a aproximadamente R$ 52,4 milh óes, o candidato gastou o dobro doque foi gas to na eleicáo anterior. As instituic óes que se destacaram em valores doado s ao PT nessacampanha foram : o Grupo Cam argo Correia que contribui u com R$ 3,5 milhóes, o grupo Gerdaucom R$ 3,1 milh óes , a Cutrale com R$ 4,0 milhóes e o Banco Ita úcom R$ 3,5 milhóes. Tamb érnaparecem várias doacóes de empresas ligadas ao setor da construcáo e engenharia civil, al ém depessoas fisicas, políticos vinculado s ao partido, entre outras (CONGRESSO EM FOCO, 2006b).

Assim , os gastos da campanha eleitoral deste ano (2006) foram superelevados em relacáo ascampanhas an teriores, ao menos no que diz respeito aos valores decl arados pelos candidatos mai svo tados. Isso indica, "possivelmcnte", urna maior lisura dos partidos e candida tos na prestacáo decontas j unto ao TSE.

Entretanto, nao obstan te os gra ves problemas sociais enfrentados pela populacáo brasileira, opaís ultrapassa, em gastos de campanhas cleitorais, vários países desenvolvidos como a Alemanhae a Gr á-Bretanha. N uma das últimas cam panhas eleitoral alemá, os part idos de Angela Merkel eGerhard Schrode r investira m o equivalente a R$ 134 milhóes. Em 2005, na Grá-Bretanha , o PartidoTrabalhista e o Partido Conservador gastaram o equi valente a R$ 144 milhóes, ou sej a, valores bas­tan te inferiores em relacáo ao Brasil (REVISTA ÉPOCA, 2006). Vale lembrar que a Grá-Bre tanhaconta com wn rigoroso sistema de fisca lizacáo e controle quanto a esse processo eleitoral e deprestacáo de con tas de candidatos.

Nas eleicóes para governadores dos estados, os gastos das campanhas eleitorai s tamb émforam bastante elevados. Os tres candidatos que apresentaram maiores gastos foram: José Serra(pSDB-Sr), com R$ 25,9 milh óes ,Aécio Ne ves (PSDB-MG), com R$ 19,4 milhóes, e Cid Gomes(PSB-CE), com R$ 11,0 milh óes.

No Rio Gra nde do No rte, os gas tos também se apresentam bastante elevados, tendo em vistao perfil e o tamanho do estado, ou sej a, um estado pequeno e cuja pobreza ainda é bas tante signi­ficativa. A candida ta reeleita em 2006, Wilma de Faria (PSB), decJarou aproximada mente R$ 4,9milhóes de reais de despesas na campanha eleitoral daquele ano, enquanto o candida to, GaribaldiAlve s Filho (PMDB), declarou mais de R$ 5,0 milhoes de reais. (Tabel a 2).

Ainda com relacáo as campanhas elei torais de 2006, analisando o contexto regiona l, nota-seurna tendencia semelhante em nível de estados nordestinos, tendencia essa marcada por gastoselevados entre os candidatos . Depois do estado do Cear á, Alagoas foi um dos que apresentou maiordespesa na campanha eleitoral para govemador em 2006, isto é, R$ 7,7 milh óes do candida to elei-

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o "Precc" do \loto e os ~ Cu sto s " soc tats das CarJ1)anhas Eleito rais no Brasil

to Teot6nio Vilela Fi lho (pSnB) e RS 8,0 milhóes do candidato Jogo Lyra (PTB). Entretanto, severifica na rcgiño Nordeste, algu mas situacóes cm que o candidato eleito gastou valores bastantein feriores se comparado ao adversario derrotado , por cxcmpto, na Bahia, onde o candidato elei to ,Jaques w agn cr (PT), gastou RS 4,2 milhóes, já scu adversario, segundo col ocado, Paulo Souto(PFL), gastou RS 9,2 milhócs, quando se considera apenas os dados ofíciais (REVISTACONSUL­TOR JURÍDICO, 2006) ,

Tabela 2 - Río Grande do Norte: Rece itas e despesas da campanha eleitoral ,votacáo, situ acáo e percentual de votos por candidato, 2006

Nonoc do Ca ndid:llofPa rt id o Ca ndida t u ra Rcttita ncspc~:I SilUa "iio Voi:ll" ao ~/"

\ \oílll1n de Fnrin tpSB) (iovcrnudor 4.89:J.066,% 4.89:J.066,96 P - Eleilll 824. 10 1 :J2,38

G¡:¡ribnldi AlvCi' l'i llto (I't\.-1DB) (i o vcrnado r :J.0 16••~.U,20 ) .0 16.43 9,14 2" _ Niio Eleiro 749.172 47 ,62

RO!'¡llbn Ci¡¡rlini Ro, ndo Scn noor 767.220,66 767.043,19 P - Eleilll 64 :J.869 44,18

r cr ll;ll1do Ikzcrm (PTB) Scn noo r 2.7) :J. "28,34 2.7:J.'-ú4 I,87 2" _ Niio Eleiro 634.738 4 ..,42

Gcr¡lldo JO!' é dc Melo (PS DB) Scn noo r L074.2 1) ,2:J 1.07 4. 196,,20 Y' - Niio Eleiro 1" .60 8 10,6)

r áb io F¡¡ri¡I (PMN) D$p. Fcdcrnl 612.700,00 612.223,70 P - Eleilo 19) .14 8 12,02

Jcác Mni;l (PL) D$p. Fcdcrnl ) 42323,34 :J4L299,99 2" _ Eleilo 193.29 6 11 ,9

Henrique Erlunroo Alvc, tpMDB) Ir.p, Fcdcr;ll 7.u3 ) 8,00 73 ...09 1,56 .r _ Eleilo 1) 6.58 1 9 ,64

Rogério M¡lrinlto (PSB) D$p. Fcdcrnl 2) 0.78 6,) 0 250 .644,7(' 4~ _ Eleilo 130.06 .. 8 ,01

r cl ipc Mai;l (PFL) D$p. Fcdcrnl 64lL6oo,00 648.409.&, )~ - Eleilo 124.382 7, 66

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El"...<"juicl (i ¡llviío 1'. dc Son zn (l't\.-t N) De p. E" adu¡¡] U O.0 2),00 129.962 ,6.. U~ - ElcilO 36.'nI4 2 ,24

Lavoi, icr Mnül So brinllO(PSB) De p. E" adu¡¡] 1) 9.900,00 1:J9.868,,29 1 4 ~ _ ElcilO 3) .TJ8 2 ,1)

lui" n D. d¡l b có"in RO!' ndo tpSB) Dep . E" adll¡¡] 138.043,92 137.88),03 15' - Elei la 34.073 2 ,08

R¡¡iIl1lJndo NOll¡l!OP. Fcrn¡ll1dc¡¡ tpMN) D--...-p. E" adu¡¡] ) 9.:>9 7,60 :J9.) 97,42 l ú~ - ElcilO .>3.903 2 ,07

Wob cr L Pinltciro Júnior (PPS) Dep . E" adu¡¡] 200.2 70,00 200.270,00 17 ~ _ ElcilO .U.007 2 ,01

JO"é Ad!x:i<J CW'1ll(PFI.) De p. E" adu¡¡] 190.109,92 190.109,92 1 8 ~ - ElcilO .>2.122 1,96

Lui z Alm tr F. M¡¡g;llltiic:!< (PSDB) De p. E" adu¡¡] 112500,00 112.49),4 ) 1 9~ - ElcilO 31.064 1,89

r mnci, co p.CnvaJc¡ll1li Jú nior (1't\.-1DB) Dep . E" adll¡¡] 44.(8),00 44 .0) 0,32 20~ - Elci lO 30.ú78 1,87

JO"é Di¡l, d e S. M¡lfIill, tpMDB ) Dep . E" adu¡¡] U 7.:>00,00 137.241,40 2 1 ~ _ ElcilO 29.97 .. 1,83

Gelúli<J Nunc, do Rcgo (P FL) Dep . E" adu¡¡] I lú5 00,00 116.477,77 22~ _ ElcilO 29.298 1,79

r cr ll;ll1do W. Vnrg¡L" dn Silvn (PT) De p. E" adu¡¡] 101.6 16,00 100.962 ,6) 23~ - ElcilO 22.43 .. 1,.>7

Arlindo DlI;lflCl)¡1l11¡t> tpHS) Dep. E" adu¡¡] 44548,44 44 .) 48,44 24 ~ _ ElcilO 20.074 1,22

Fo nte: T SE, 2006.

No Rio Grande do Norte, os candida tos ao senado também apresentaram gastos bastante ex­prcssivcs, como é o caso do candidato Fernando Bezerra (PTB) que dcolarou va lor superior a RS 2,5

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~+...

R Mercato r, Fortaleza, v. 11, n. 26 , p. 7-26 , set . /dez. 20 12 .

AZEVEDO, F. F. de

milhóes ; O candidato Geraldo Melo (PSDB) decJarou mai s de R$ 1,0 milháo, e a candidata eleita,Rosalba Ciarlini Rosa do (PFL), decJarou aproximadamente R$ 767 mil. Nesse estado, considerandoos dados oficiais, nota-se que tanto nas candidaturas ao governo, quanto nas candidaturas ao senado,as maiores despesas nao resultaram na vit ória dos seus respectivos candidatos.

Despesas bastante elevadas também foram apresentadas pela maioria dos candidatos a deputadofederal . Os dados mo stram que Henrique Eduardo Alves (PMDB) sobressaiu como o candidato commaiores gastos na cam panha de 2006, seguido de Felipe Maia (PFL) , Fábio Faria (PMN ) e JoáoMai a (PL); j unto s os mesmos gastaram aproximadamente R$ 2,6 milhóes, os demais candidatossomaram um total aproximado de R$ l milháo .

Vale salientar que o candidato Carlos Alberto Rosado (PFL) decJarou aproximadamente R$292 mil de despesa, por ém atingiu a suplencia de deputado federal , ou seja, gastou mai s que algunscandidatos eleito s.

No total, os depurado s federais eleitos gastaram apro ximadamente R$ 3,5 milhóes, enquanto osdeputados estaduais , em maior número, gastaram cm torno de R$ 4,0 milhóes. As sim, os candidatos adeputado estadual tamb ém decJararam despesas bastante expressivas, destacando-se Robinson Far ia(PMN), Leonardo da Vinci Nogueira (PFL), Antonio J ácome Júnior (PMN) e Gustavo HenriqueCarvalho (PSB) , os quai s gastaram mai s que alguns depurados federais eleitos. É possivel perceberainda que apenas dai s candidatos decJararam despesas inferiores a R$ 50 mil. Portan to, também nocaso dos candidatos a deputado estadual, a idéia de que "quem paga mais é mai s votado" valeu, aomenos , para os primeiros colocados nas urnas.

J áem relacáo as principai s arre cadacóes dos candidatos ao governo em 2006, h ávarias fontesde recursos com valores bastante representativos, principalmente , no tocante as doacóes dos gruposempresariais nacionais de grande porte (Tabela 3).

Dentre os principais doares da campanha do PSB, destaca-se construtoras e com panhias deengenharia, indústrias t éxteis e agrícolas, indústrias de alimentos, hot éis, empresas do setor imo­bili ário, concession ária de veiculos, al ém de pes soas físicas com elevadas doacóes, a exemplo deCarlos Weibil Neto que, de acordo com o jornal Tribun a do Norte, é um "empresario paul ista doramo de biodiesel que tem negócios com o governo federal e pretende construir urna usina emMossor ó" (TRIBUN A DO NORTE, 2006)..

V árias outras empresas tamb ém contribuiram com a campanha do PSB, destacando-se as dosseguintes setores económico s: engenharia e construcáo civil , producáo e/ou distribuicáo de alimen­tos , distribu icáo/com ércio de medicam entos e equipame ntos hospitalares, distribuicáo e com érciode combust ivcis, pre stacáo de servicos cm geral, hot éis, al ém de doacóes do comit é financeiro dopartido, de políti cos e de diversa s pessoas físicas.

Dos valores totais arrecadado s pelo PSB, mai s de 30% foram doados ap ós o seg undo tumodas eleicóes, ou sej a , depois da candidata ter sido reeleita (TRIBUNA DO NORTE, 2006). Entre asfontes de recursos financiadoras da campanha eleitoral da candidata acima, verifica-se multinaciona iseuropeias que atuam na eco nomi a do estado. Os dez maiores doadores da cam panha da referidacandidata contribuíram com montantes ent re R$ 100 mil e R$ 400 mil. Seguindo a tendencia acima,observa- se que as arrecadacóes do candidato Garibaldi Alves Filho (PMDB) apre sentaram algumasfontes similares as apresentadas anteriormente, evidenciando mon tante s doados mais elevados cmaJguns casos.

N esse contexto , tam b ém se destacam empresas do setor de engenharia e construcáo civ il,normalmente, empreiteiras que prestam servicos ao setor públi co , como tamb ém, bancos, indus triast éxtei s, mineradoras, empresas do setor de com ércio, distribuicáo de alime ntos e bebidas, distribui­doras de combustiveis, ind ústri as de fertilizantes, usinas de ac úca r e álcool, siderúrgicas, hot éis eresorts, além de agentes polí ticos e doadores como pessoas fisicas .

Vale destacar que algumas das empresas analisadas pertencem ao mesmo grupo económico , oque eleva os valores doados por cada grupo . Por exemplo, a Caemi tem ligacáo com a Companhia

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o "Precc" do \loto e os ~ Cu sto s " soc tats das CarJ1)anhas Eleitorais no Brasil

Vale do Rio Doce, a Companhia Sidcrúgica do Maranháo com a Companhia Siderúrgica Vale doPindaré, entre outras conlugacócs.

A partir da análise detalhada dos dados ó possível entender por que os grupos políticos per­maneccm no poder por tanto tempo, como ó o caso das o ligarquias potiguarcs. O dinhciro (lícitoou nao) ó vita l para a manutencáo e reproducño dos agentes e grupos políticos, por conseguinte,de grupos económicos .

Analisando os dados do TSE referentes as prcsracócs de contas dos candidatos ao senado,const atamos que boa parte das doacóes rcccbidas também se origina de algumas das empresasacima, porém, com acr éscimos e conrribu icóes de outros grupos e instituicóes (Tabela 4) ,

A cx-prefe ita de Mossoró, candidata clcita como senadora pe lo PFL cm 2006, hoje gover­nad ora do estado, reccbcu 65% do va lor gasto na campanha do dirctório regiona l do seu partido,aprox imadamente 20% doado pela Companhia Vale do Rio Doce, 6,5% doado pe lo Banco Itaú,entre outras arrecadacócs menores de fontcs diversas .

O usinciro, ex-govemador e ex-senador, Geraldo José de Mel o, candidato ao senado pe lo PSDB,dec laro u arrccadacocs de empresas do própr io sctor económico do qual faz parte, bem como deconstrutoras, de fontcs nao identifíc ávcis e parte significativa de recursos pr óprios. Vale frisar quemembros da famili a dcsre candidato, a exemp lo da esposa do mesmo, cxcrccu o cargo de prcfeitano municipio de Ceará Mirim ncssc periodo, m unicipio cssc localizado na Regiáo Metropolitanade Nata l.

Tabela 3 - Rio G rarde do Norte: Prira..cipai s doaeóes da cempanhaeleitoral - candidatos: ao governo. 2006

O mdi datolPa rtido Funte de recersos Va!o r (R~ t) D,~

Wilm¡l de I' ¡l€i;l Grupo S;uu¡¡n¡¡'reon SfA 4{l0.000,00 !7 e 20f! !

cenes Weibil Neto 300.000,00 n.nIPSB)

Agro¡¡rte El11 prC1'u Agríool;l s/A 200.000,00 15ilW, I7/OE e20i 10

Pirül11 ide P alace lIorel Ud ¡¡ I'~ O .OOO,OO 10i[ 1

G Cinco P¡lll b :ecuy<w< Lrd¡¡ 180.000,00 10i[ 1

E',e Engenh¡¡ri¡¡Sin¡¡lizny;l Oe Sen iyo> 165.000,00 I (~' I1

M. Di¡¡, Ur¡¡nco IlId . e ('.c111 . deAli I11 ClIIO, 150.000,00 07/OE

Sunchez Ur¡¡,il -lm Ci'1. Imobiliúrio, Lld;l 150.000,00 27/ 10

IcC EngCllh¡¡ri¡¡ e Col1i' ulrorí¡¡Ud;l 11 9.500,00 OY OE. 27il 1e OY08

S¡¡]il1¡l> AIlfOI11Ó" ei, U du 106.000,00 14ill9 , 27/09 OYOE

Delphi FJlgCltl1¡lri;l LId,} 100.000,00 10i[ 1

GU;l€¡¡f¡lpe, Confecyóc, S,A 100.000,00 I¡V{IlI

Sil11¡¡, Tndu>lrí¡¡l de AlimenlOi' SfA 100.000,00 22/09

Teu, ¡¡cci;¡i Tndú, tri;l e ('.cIll6rcio Lrd¡¡ 100.000,00 22i[ 1

PO!'ro Olind¡¡ 99.000,00 2 1i[ 1

CR R Coni'lmyóe, e Ser"iyo, Ud¡l 96 .000,00 IR'09. 2 1/09 e O.V11

Tecido, Líder Tnd úm i¡¡e COlllt:rcio Lld;l 80.000,00 29/OE

Stl O ¡¡m Indú>lrí¡l e Comércio Alil11 enrOi' Udu 7r .000,00 12,'09 e 02/ 10

Do i, AEngenh¡¡riue Toonologiu Lrd¡¡ 7r .000,00 IM.l9 e Il.VlI

MRG Tn, t¡ll;lyO C1' EléffiCili' e HK(r;\.nliCili' Ud ,} 60 .000,00 2Y I I

Corel11 inil!' S/A 50.000,00 25/10

Zemba Petróleo 50.000,00 2&'08 e J O:08

l)iprof¡}rm¡l Di>lr. Prod. 1';1€111 ,tee!lliC(l1' Lrd¡¡ 50.000,00 I7/OE

DIA Di, rríbnidOf;l Tl1fcrrnlCion¡¡1de AlimClllOi' 50.000,00 15/09

CDA CCl1ff¡111)i4 r. Azc" edo 50.000,00 22i[ 1

A<rric1 Vteir¡¡Mcndon<;a Júnior 50.000,00 16:08 e 25ifN

MerCllríl1"Con, rm yOe, Lfd¡¡ 50.000,00 20i 10

CROPAgrícol¡¡Lrd¡¡ 50.000,00 zvnl)i >lriblli<f<¡r¡¡de C. N¡¡r¡¡] Lld¡¡ 50.000,00 15/09

MERCA, R Mercato r, Fortaleza, v. 11, n. 26, p .7..26, set . /dez. 2012.

AZEVEDO, f. f. de

Garibaldi AIYL'S l ilho Grupo Ca margo COUe'd 550.000.00 ISjlO e 27j lO

(PMDH) EM SA - Empresa Sul -amcri cana de Montagem SfA 450.000 .00 12j09. 22!O9e ISjlO

Sanchcz Brasil Invesnmcmos Lrda 370.000 .00 27 j0g e 27 jlO

Comp anh ia Sider úr gica Nac iona l 250.000.00 15j09

C-ompanh ia Vale do Río Doce 200.000.00 23j08

M enee s Júnior Trad ing e Engen haria SjA 200.000.00 23!l 0

Satél ite Distribuidora de Petr óleo SfA 200.000.00 18j08. 08/09 e 17!l0

CR Almeida SjA 200.000.00 20j09

lRATIiLU V ITA Bebi das SfA 200.000.00 16j08 e f7!1O

Cotermoa s SfA 150.000 .00 12 j0g e 27 j lO

Hcnnque Eduardo Alv es 149.400.00 l I!08

A groarte Empresa Agrícola SiA 120.000 .00 27 j0g e20jlO

Cosirn a - Siderúrgica do Maranhño 120.000 .00 26j09

Banco Fator SjA 100.000.00 IOj08

Banco Ita ú SjA 100.000 .00 ()4j08

Bolsa de Mcrcacooa s e Futuros BM&F 100.000.00 09j08

Cacmr - M jnem¡;iío e Metalurgi a SfA 100.000 .00 IOj lO

Ca mrcr Consrmcóes e Ii mprccndimcruns 100.000.00 30j08

Caracas Consmcócs Ltd a 100.000.00 27j lO

G cararaocs Contcccócs SjA 100.000 .00 2 6/{)?

Santa Clara Ind. Com ode Al imentos Ltda SO.OOO.OO 23 j08 e 12j09

Fo sterñ -. Fcr uhzantcs Fosfatos SiA 75.000.00 OSj09 e I ti 10

M . B ias Braceo Ind e Como de Alimentos Ltda 75.000.00 OL'08

U ltmferti l SfA 75.000.00 OSj09 e I ti 10

N ey Lepes de Souza 64.500.00 03j08 e IOjlO

Companh ia Siderúrgica Vale do Pm daré 60.000,00 ")6/{)9

M . Amara! Coos. A ssoc . SiC Lr da 60.000.00 I Ij08

Ba nco Alvorada SiA 50.000.00 n j lO

Tavares de MeloAcuca r e Álc ool S jA 50.000.00 22j09

Unibanco - Uniiío de Bancos Bras ilcirus 50 .000.00 ()4,'O8

Fonte: TSE. 2006.

o industrial, empresario do setor de construcáocivil, ex-presidenteda Confcderacáo Nacionaldas Indústrias e do Servico Nacional de Aprcndizagern Industrial, candidato ao senado, FernandoBezerra (PTB), declarou em sua receita, parte significativa de recursos pr óprios (35%), como tam­b ém doacóes do diret ório do seu partido (22%), além de valores expressivos doados por bancos,construtoras, industrias, empresarios, outras corporacóes, outras insrituicóes e pessoas ftsicas.

Em geral, as receitas dos candidatos a depurados federal e estadual tamb ém se constitoem emdoacóes feitas por instituicóes que participaram dos financiamentos das campanhas dos candidatosá presidencia da República, ao Governo do Estado e ao senado, ampliando-se consideravelmentepara outros segmentos econó micos, como os representados por empresas do setor de transportes,do setor salineiro, empresas jornalísticas, grupos do agronegó cio, logísti cas, locadoras de veicu­los, além de uma relacño extensa de valores doados por pessoas físicas, ás vezes, contribuintes devalores bastante elevados.

Entretanto,construtoras, bancos,companhias mineradoras, siderúrgicas, indústrias de alimen­tos, empresas cornerciais, recursos dos próprios candidatos e patentes, bem como os recursos doscomités dos partidos, destacam-se em termos de montantes de dinheiro que formam a maior partedas receitas, porconseguinte do financiamento das campanha eleitorais no Brasil e no Rio Grandedo Norte. Assim, é visivel a estreita relacáo do poder económico com o poder político, podendo-seafirmar que existe uma relacño simbiótica entre ambos, haja vista o volumede recursos levantadosnas últimas elei90es.

MERCAill Mereater, fortaleza, v. 11, n. 26, p.7-26, set. /d e:. 2012.

o "Precc" do \loto e os ~ Cu sto s " soc tats das CarJ1)anhas Eleitorais no Brasil

Tabela 4 - Río Grande do Nor te. Pnncipais ÓiXH,."'3egda ca mpanhaeleiroral - candidatos (a) fu} senado da República, 2006

Clm didutuiP urtid..¡Situu~(1 Feme de ree u rso, Vulor (RS 1 D~,

RO!'¡J b¡l Cmrlini RO~ ¡ldoR;meo flu(¡ S/A sc.ccc.co O.WS

C'-Ql11 p¡lnhi;l V¡lle do Rio Doce 1) 0.00 0,00 2.WSWH ) - H e il¡l

DirClMO Regioll;l1 PlL-RN ) 00.00 0,00 2 1/0ge 26'))9

Cm Ayucaeir¡lV¡¡le Cc<mi Mirim 1 2J .9.~0,00 24/07 ,10 di /OS, 0]/09

Bunge rerlili7;mle~ S IA 80.000 ,00 l YU9

H¡lroldo A7e\' cdo ComlnH;(ie~ Lld¡l 44.000, 00 19oU7, 2) /09 e 0)/10Gcr;l1do Jocé.de Me\(¡

H¡¡roldo C ¡lv¡llc;ll1li Aze vcdo ) ) .146,00 lt-, 22,))8,1 3,1),21 ,2)/09, 1O/10(1' 5DB) - Nilo Elei l(l

Kl¡lbin S/A 30.000, 00 29oU9

r Oll!o: 1I;l0 idelllilicild;t" 279.03 7,.>9 2110S, 19, n/wRWlIHJi' pr6prio~ 40t-.84 0,00 -

R;meo flu(¡ S/A 100.00 0,00 2 7/09 e 20/10

Bol¡.¡¡ Merc;¡<furi¡l1' Futuros BM&; r 30.000, 00 090US

BRASfi" S/A - Adm. P¡lrlic ip¡lyOo: 100.00 0,00 25N7

C(ll1>IrUI(lr¡lBarb O" l Melo 200.00 0,00 l.W 9

Dil'Ol6rio Nucion¡l1e Regio ll¡l1p'm (0) .000 ,00 -Fem¡ll1do Bezcrm Rwll'i'W' pr6prio~ 9895 00,00 -(1' '113) - Nao Eleilo Fhivio Gurge! Rod !;l 1) 0.00 0,00 21N9

I'R ATELLf Vitl Bcbidil!' S/A 80.000 ,00 27N 9

Gcrd¡luAyW' LollgW' S/ A 100.000 ,00 0&U9

TBS fm l. Br;t"i1ciro de Sidemrgiu 1) 0.00 0,00 22N9

Qll¡lIrO11Ic orpor¡tyOo: Lld¡l 130.00 0,00 09NS

VO l(lmnltl11 P¡lrlici p¡l<;óe~ S/A ) 0.000, 00 OJ ll0

Ponte: TSE, 2006.

Em relacáo as campanhas cleitorais municipais, os gastos podem ser menores, mas, as ve­zcs, sao mais elevados cm termos proporcionái s. Por cxcmp lo , se CDmpararmos as dcspesas doscandidatos a prefcuos da rcgi áo do Seridó potiguar, na campanha eleitoral de 2004, cm retacáo aonúmero de habitantes dos m unicipios, os gastos m édios por habi tante superaram consideravelmentcas desp osas m édias dos candidatos a presidencia da República e ao Govem o do Estado cm 2006,dcspesas cssas j á bastante e levadas. Há municipios que o gasto m édio cm rclacéo ao número dehabitantes chegou a aproximadamente RS 30,00 o que representa um valor bastante considcrável,ou soja, pode-se afirmar que o "prcco do voto" ó significativamente alto na regiáo . Se lcvarmoscm consid cracáo o gasto m édi o da campanha cleiroral , por m unicipio, cm rclacéo ao número deelcirores, o "prcco do voto" torna-se m uito mais elevado.

Excetuando-se o candidato a prefeito de Jucurutu pelo PMDB , cuja pre~..tacáo de comas naoapresenta lancamcntos, a soma das dcspesas dos demais candidatos na rcgi áo do Scnd ó, por cxcm­plc, totaliza RS 1.752.506,56, portante, um valor bastante elevado para um a rcgiáo pobrc comp ostapor 23 m unicipios e CDm pouco mais de 250 mil habitantes.

Ao analisar as rcccitas e desposas de alguns candidatos dos municipios da referida rcgiáocham am a atencáo do pcsquisador as seguintes siruacocs: o candidato a prefcito de Cruzeta peloPMDB apresentou a maior dcspcsa de campanha cm 2004, m uiro embora o municipio apresentemenos de dcz mil habitantes; sequencialmcnte , os demais cand idatos que fonnam o grupo dos tresma iorcs gastadores na campanha clcitora l das clcicócs municipais de 2004 foram: José MarcioniloBarros liTIS Neto (PSB) de Currái s Nove s, segundo maior contingente populaciona l e segundomaior gasto; e Edimar Medeiros Dantas (PFL) de Jardim do Scridó. Na sequéncia, Rivaldo Costa(P L) de Caic ó. municipio que apresenta o m aior númcro de habitantes na regiáo , aparece cm quartolugar cm gastos de campanha: Antonio Soarcs de Araújo ( PDT) de Jardim de Piranhas: I'antalc áo

MERCA, R Mercato r, Fortaleza, v. 11, n. 26, p .7·26, set . /dez. 2012.

AZEVEDO, f. f. de

Estevam de Medeiros (PM DB) de Carn aúba dos Dantas; Antonio Petronilo Dan tas Filho (PMDB)de Parelhas; Rogério Bezerra Mariz (PSB ) de Serra Negra do Nor te; José Rangel de Araújo (PT)de Caic óe Rom ildo Azevedo Santos (PTB) de Parelhas. Desses candidatos, do is nao foram elei tos:José Rangel de Ara újo (PT) de Caic óe Rom ildo Azevedo San tos (PTB) de Parelhas.

Em relacáo as fon tes de recursos que cobriram os gastos dos candidatos a prefeito da campanhaeleitoral de 2004 na reg iáo, confirma -se o poder das elites locais e regionais, haja vista as doacóe sfeitas pelos paren tes dos candida tos, al ém de doacóes de comerc iantes, funcionar ios públi cos,propri et ários de terras e polí ticos estaduais.

Chama especialmente a atencáo do pesquisador, outras situac óes como: o en táo secretario dedesenvolvimento econ ómico do estado, eleito deputado federal em 2006, Joáo Maia, seridoense,de Jardim de Piranhas, doou va lores bastan te representati vos a trés candida tos da rcgiáo - JuarezBezerra de Medeiros (PL) de Acari, José Marcion ilo Barros Lins Neto (PSB) de Currais Novos, eRicardo Barbalho Aze vedo (PSB) de Santana do Serid ó. Diante di sso, percebemos a relacáo entreagentes políti cos locais e estaduais que refletem diretame nte na configuracáo e/ou manutencáo dosterri tó rios con servadores de poder na regiáo, no estado e no Brasil. Nesses municipios, o candidatoa deputado federa l re ferido acima obteve votacóe s expressivas, revelando mais uma vez a impor­tancia do dinheiro para a obtencáo de votos, por conseguinte o seu prevo.

Em Caic ó, m unicipio com o maior número de e1eitores da regiáo, um único contribuinte finan­ciou43% das despesas de campanha do candidato eleito .Tal candidato declarou ter custeado 26% dacampanha, al érnde ter recebido R$ 10 mil de uma distribuidora de medicamentos, e varias doacóe sde pessoas fisicas e pequenas empresas . Vale assinalar que existe inter-rclacáo desse candida to como segm ento de saúde, tendo em vista que o mesmo foi d iretor do Hospi tal do Seridó , instiruicáofilantrópica cuja responsab ilidade maior é do Deputado Vivaldo Costa, irmáo do referido cand idato,ex-governador do estado. Em Carnaúba dos Dantas, o candidato eleito declarou ter recebido ma isde 97% da rece ita de apenas duas empresa s, a Aros uco - Aromas e Sucos S/A , de Manaus-AM , ea Votorantim participacóes S/A . Cabe um questionamento d iante desse fato: o que j ustificaria urnaempresa da Amazon ia e outra do centro-sul do Brasil financiar a campanha eleitoral de candidatosnuma regiáo do sertáo nordestíno como a regiáo do Seridó? Isso possive lmen te sinaliza para liga­eñes políticas e/ou financeiras com tais agentes, isto é, candida tos locais (ou estadua is/nacionais)com ta is empres ários.

O candidato a pre feito, eleito pelo PMDB de Cruzeta, que teve a campanha mais cara em valorabsoluto, face aos demais candidatos, decl arou, em sua receita, aproximadamente 70% dos recursoscomo sendo or iundos do supermercado de sua propriedade, localizado na Rcgiáo Me tropo litanade Nata l, e aproximadamente 30% da recei ta doada pelo supermercado do irmáo, local izado nopróprio município, instituicáo essa que em determ inados momentos se constituiu pres tadora deservicos para a prefeitura do município. O candidato do PT naquele município recebeu apen as urnadoacáo com valor ma is representativo, tendo que custear a maior parte da campanha com recursosprópri os . No Serid ó, varios candidatos declararam autofinanciamento de campanha, alguns desses,concorreram aree leicáo e foram reeleitos .

Diante dessas afirmacóes , ressaltamos que o dinheiro é de fundamenta l importancia para aman utencáo dos "curr áis elcitorais", principalmente , nos munic ipios onde a populacáo é predomi­nantemente pobre e a taxa de ana lfabetismo é mais acentuada. Em gera l, os candidatos que ma isarrecadam, portanto, que mais gastam nas campanhas elcitorai s, sao eleitos, ou, no mínimo, mui tobem votados. Por isso é que o dinheiro se constituí numa condicáo sine qua non amanutencáo e"conscrvacáo' dos grupos e agentes políticos , haja vis ta os pactos e os acordos que sao firmados,durante e após as eleicóes. Os valore s doados pelas empresas aos candidatos dáo uma boa provada relacáo simbiótica existen te entre os políticos, que se dizem representantes públ icos, e o setorprivado, que se beneficia do Estado arravés da "captura" daquilo que se constitui como recurso"público" , que consequen temente deixa de beneficiar a totalidade da sociedade.

MERCAiIl Mereate r, fortaleza, v. 11, n. 26 , p.7-26, set. /dez. 2012 .

o "Precc" do \loto e os ~ Cu sto s " soct ats das CarJ1)anhas Eleitorais no Brasil

Estima-se que sornados os gastos das campanhas elcirorai s de quase duas déca das, portante,de 1994 a 20 12 , com base nas clcicócs de 1996, I99S, 2000, 2002, 2 004, 2005 (refcrendo}e 2006,20lO e 20 12, tais gastos totalizar» aproximadamente RS 10 bilhócs, o que seria suficiente parareso lver muitos prob lemas sociai s no Brasil, por exemplo, prob lemas de saúdc. os quais tém seagravado nos últimos anos cm diversas regiócs.

Vale frisar que no refercndo realizado cm 200 5, os valores arrecadados na campanha clei toral daFrente Par lamentar "Pelo direiro da legít ima defesa", ou seja, pelo grupo que votou e fez campanhapelo NÁO dcs arm amcnto do país, arrecadou RS 5.726 ,49 1,95. Dcssc tota l, RS 5.582259,37, isroé, 97,5% originaram-se da doacáo de apenas dei s grupos económicos que detém a maior parte domercado de armas e municócs do país - Forjas Taur us S/A e Companhia Brasileira de Cartuchos .Enquanto isso. a Frente Parlamentar "Por um Brasil sem armas", que votou SIM, e fez campanhapelo dcsarmamento. arrecadou RS L970.3 11 ,OO. Portante , o flnanciamcnto da campanha dcsscrefercndo dcixa claro o quanto o intcressc económico, nao raro , entrecruza-se eom os intcrcsscspo líticos, numa rclacáo de reciprocidade e bcncflciamcnro mútuo.

No tocante as clcicocs de 20 10, as rcccitas e dcspesas tarnbém se mostram bastante elevadasentre os candidatos, scguindo a tendencia das campanhas cleitorais anteriores quanto a volume dedinheirc e fontcs de flnanciamcnto (Tabela 5).

Tabela 5 - Ric Grande do Norte: Receitas e despesas da campanha elenoral,votecáo , situ acáo e percenmal de votos por candidato, 20 10

Omd~Jato Candidatura Reeeira Dl',~,a Silua~o Voin(iío %

ROHl!tm CUlrh ni ROHldo - DEM Go\'ernndor R$ ) .646 .040,00 R$ ) .646.006 ,.n Elcil;l 81.U U ) 2,46

jbere P;ü\'a Ferrcinl de So U4l - PS B Go\'erllildor R$).720.687,l ú R$ ) .7 19,42) ,29 Niio eleilo )62 .256 JÚ,2)

('.urlo, EdI¡¡¡rdo NUlIe>Ah e> _PDT Go\'er llildor R$ 64 0.2) 9,82 R$ 64 0.229,n Niio eleilo 160.828 10,.>7

Simdro de Oh\'cif;l Pimeille! PSOL Go\'er llndor R$ ) ,438,96 R$ ),438,96 Niio e leilo 10.) 20 0/,8

Jesé Wnlter Xn\'ier ....PCB Go\'er llndor R$ 89 0,00 R$ 84 0,00 Niio e leilo 2.078 0, 0

\3¡]rlO lomeu dn SIl\'n Morcim _PRTB Go\'er llndor 79_'\00,00 R$ 79.) 00,00 Niio e leilo 1.74ú 0, 11

Verollicil Sil11 0ne DUl1n Vem, - PSTU Go\'erllildor R$ (,,44) ,00 R$ ú.146,00 Niio eleiln Cn, >ad¡l

($ 10, Roberto ROllconi - PTC Go\'er llndor R$ 500,00 R$ 500 ,00 Niio e leilo C l" ildo

Guribnldi Alve> Filh o _ l't>1DB Senador R$ .'.662.893,94 R$ 3.662.893,00 rtere J),0 3

Jo~é AgripillO Mili;l DEM Senador R$ 4.82) .483 ,)9 R$ 4.97) JJ92,) 7 Eleilo 9) 8.89 ! J2,23

\ \oí hlln M;Ui¡l de r u in - PSB Senildor R$ .U96.7OO,00 R$ .U 96.143 ,79 Niio e!eiln 6)1 3 )8 21 ,89

Hugo M¡lIli'o Junior PT Senador R$ 1l I.ú) ) ,8) R$ I !I .628,48 Niio e!eilo 224.12 ) 7.,')3

JO¡lllili'(ln de Pnu l;l Rcgo - PSOC Sellador R$ 47.77ú,76 R$ 47.77ú,76 Niio eleilo 66,408 2,23

Sih io Ximene, l jnckrad r , PC do B Senildor R$ 71.970,00 R$ 7 1.9) 3,1) Niio e!eilo 2). 783 0,87

Anlonio Ronnldo Gon.., Gnrci il - PSOL Senador R$ 4.020.oo R$ 4.0 20.oo Niio e!eilo 6.6.'9 02 2

Afexnndle Guede, Fern¡lllde> - PSTU Senildor R$ 2.89) ,00 R$ 2.637,00 Niio e!eilo C l-', ildo

Dáio B;lfbo , n de Melo - PSTU Senador R$ .'.8 10,00 R$ .>.62) ,00 Niio e!eilo C l-', ildo

Cló vi, I' er reinl da CO" il - PTC Senador Niio enconll;ldo Nao enCO IIIl;ldo Niio eleilo C l-', ado

Gn;J ler Alencnr do Como _PRTIl Senildor Niio enCOllll;ldo Nao enCO llll;ldo

M¡lIin de l';'tIÜ11¡l lkzerm - PT Dep. r edeml R$ 472 .742,)8 R$ 472, 742,) 8 Eleil;l 220.3) ) ]J,.>'>

Joro dn SIl\'n Milia PR Dep. r edeml R$ I. U 4.4! ) ,8Ú R$ 1.134.383,86 rtere 217.8-:>4 13,18

Henr ique Edunrdo LYlilAlve, _ Pr>1DB Dep. r edeml R$ 3.36.U30,00 R$ 3.36.U 27,21 Elcilo 191.11O 11,) 6

I'óbio SiJ ni'lino Me>quil'old e r ¡ll'i¡l ~ PMN n ee. r edemI R$ L 41).087,20 R$ 1.41) .036,47 Eleilo 1) 6.688 9,48

I'cl ipe Cal;lliio Maul ····DEM Dep. r edemI R$ L7 ) 9.9OO,00 R$ 1.7) 7.0I 4,.w rtere 137.49 4 8~U

($ 10, Albe rto de SOU' il Ro, ndo - DEM Dep. r edeml R$ 3) 2.485,00 R$ '>7) .697,24 Eleilo 109.ú27 Ú,(>.>

Sandrn M¡trin d¡l E, co"ia Ro, ndo ~ PSB Dep. r edeml R$ ) 99.úOI,00 R$ ) 99.) l!8,98 Eleilil 92.74(! ),ú l

Paulo Wugner I_elle Dnlll¡l" ....PV Dep. r edeml R$ 429.458,93 R$ 429.397,38 Elcilo ) ) .08ú J ,.H

Amonio JXol11e de Limil Júnior - PMN n ee. E i'lndll;lI R$ 480.892,00 R$ 480.609,71 Eleilo ) 4.743 J,18

MERCA, R Mercato r, Fortaleza, v. 11, n. 26, p .7·26, set . /dez. 2012.

AZEVEDO, F. F. de

Ezequi el Galváo Fcrrcira de Souza - PTB Dcp. Esrad ua! R$ 329 .500, 00 R$ 329.414,29 Ekito 51.&42 3,01

w attc r Pcrcira Al vcs -- PMDB Dcp. Esrad ual R$ 780.230,00 R$ 730.222,24 Ekito 50 .587 2, 94

Ricardo José Mcircl lcs da Mona - PMN Dcp. Esrad ual R$ 523. &43,68 R$ 528.&43,68 Ekito 49 .38 1 2,9

Gustavo Hcnn quc Lima de Carvalho - PSB Dcp . Esradual R$ 386.387,91 R$ 336.343,44 Ekito 49 .350 2,39

LuizAnt óruo Ldc Fanas (Tomh a) - psB Dcp . Esradual R$ 329 .732,73 R$ 329.522, &4 Elc itu 49 .332 2,39

Francisco Grlson de M c ur a -- PV Dcp . Esradual R$ 554.628,00 R$ 554.245,22 Elc itu 49 .494 2,87

Ne ltcr Lula de Que rroz Santos - PMDB Dep. Esraduaj R$ 715.147,27 R$ 715.147,27 Ekito 49 .364 2,87

Gcsanuc Borgcs Marinho Dant as - PMN Dcp . Esradual R$ 48 1.375,98 R$ 43 1.837,35 Ekita 48 .440 2,81

Gc tul¡ o Nuncs do Rcgo - DEM Dcp . Eslad ual R$ 236.3 15,00 R$ 236.3 15,00 Ekito 43.697 2, 54

Dibson Antonio Bczcrra Nasscr - PSOB Dcp . Esradual R$ 732.145, 18 R$ 732.145 ,18 Ekito 41.&83 2,43

Lan ssa Darucla da Escoss¡a Rosa do -- PSB Dcp. Esrad ual R$ 363.219,70 R$ 368.2 14,26 Ekita 41.609 2,42

Le onardo da Vinci Lima Nogucrra - OEM Dcp . Eslad ual R$ 406.162,00 R$ 406.1 40,45 Ekito 41.133 2,39

Márl"ia Faria Mma Monde, -- PSB Dcp . Esradual R$ 523.370,00 R$ 523.778,42 Ekita 38 .554 2,24

Vivaldo Silvmo da Costa -- PR Dcp. Esrad ual RS 185.432,79 RS 185.432,79 Ekito 38 .463 2,23

Gustavo Regio 'Iorquato Fcmandcs - PMDB Dcp . Esradual R$ 259 .402 ,00 R$ 259.359,6 1 Ekito 37.907 2,2

Rainnmdo Nonato Pcssoa Fcmandcs - PMN Dcp . Esradual R$ 283. 000, 00 R$ 288.000 ,00 Ekito 37 .158 2,16

Gcorgc Moracecgro Soarcs - PR Dcp . Eslad ual R$ 44 1.923 ,32 R$ 44 L787,h7 Ekito 36 .952 2, 15

Fabio Bcrcknia ns Veras Dante, - PHS Dcp . Esradual R$ 27 1.058,03 R$ 27 1.0 18,48 Ekito 35 .374 2,05

Herma no da Co">la Moracs - PMDB Dcp. Esrad ual R$ 563.342 ,00 R$ 568.087,76 Ekito 35 .294 2, 05

Francisco Poli guar Cavalcanti Jun ior - PMD B Dcp . Eslad ual R$ 476 .8l3,50 R$ 476.415,32 Ekito 31.&81 1,85

AgncloAlvcs. PDT Dcp . Esradual R$ 260 .383,% R$ 260 .236,00 Ekito 30 .995 1,80

José Dras de Souxa Ma rnns. PM OB Dcp. Esrad ual R$ 27 4.lJ7,39 R$ 274.lJ7,39 Elc itu 30 .876 1,79

Fernan do w andc rlcy V. Silva (nn ncuu) · PT Dcp . Esradual RS 170.100,00 RS 169.076,8 1 Ekito 24.718 1,44

Fonte : TSE. 20! O,

:+ JWltOSOScandida tos a go vernador do estado do Río Grande do Norte apresentaram um mon-tante de despesas superior a 12 milhóes de reais, com forte disparidade en tre alguns ca ndidatos ,Novamente os candidatos q ue apresentaram o maior volume de gas tos foram os mais bem suced idosnas eleicóes, a exemplo dos candida tos ao go verno que disputaram as eleicóes no segundo tumo,bem como os candida tos ao senado,

Quanto as eleicóes para deputado federal e deputado estadual scguiu-se a mesma tendencia,isto é,os candidatos que apresentaram maiores despesas e reeeitas foram os que obtiveram melhoresresultados nas ele icóes, sa lvo urna excecáo, isto é, fogiu a regra apenas a candida ta eleita pelo PT.Tem-se ainda urna situacáo bastan te reve ladora, isto é, wn único candidato a deputado federal gas tousozinho mais de 3 milhóes de reais. É j ustamente esse candida to o único que tem consegu ido semantel' na c ámara federal h áonze manda tos, um dos membros do legislativo federa l com o maiortempo no cargo. Scgue -sc, portantourna mesma lógica "mercantil" no processo ele itoral no Brasil,isto é, o número de votos de um candidato e sua rcproducáo polí tica está diretamente relacionadoao montante de recursos gastos.

Cabcm aqui vários questionamentos, entre eles, qualo nivel de preocupacáo e comprometimentosoci al de um candidato que ao se eleger j á nao se sente em débito pcrante a socie dade, tendo emvista o prevo pago pelo seu quantitativo de voto s? Ou seja, essa situacáo evidencia a necessidadede revi sáo da normativa que autor iza e estabeleee eritérios q uanto ao financiamento das eampanhaseleitorai s no Brasil. Além, é claro , da necessidade de maior rigor no processo de fiscalizacáo daprestacáo de contas, tendo cm vista que esse vo lume de recursos declarados nem sempre correspondeao volume real dos gastos em sua totalidade .

No que conceme as doac óes concedidas a candidatos ao govemo estadual na eampanha eleitoralde 20 IO, as fon tes de financiamentos nao destoam da tessitura das campanhas eleitorais an teriores,isto é, as fontes sao praticamenre as mesmas, ind ústrias, bancos, agentes financeiros, empreitcirasdo governo , construtoras, empresas e empresario s de vários setores da economia, agentes políti cos,etc, (Tabc la 6),

MERCAiIl Mereater, Fortaleza, v. 11, n. 26, p.7-26, set. /dez . 2012.

o "Precc" do \loto e os ~ Cu sto s " soct ats das CarJ1)anhas Eleitorais no Brasil

Tabela 6 - Río Grande do Nor te. Pnncipais ÓiXH,."'3egda ca mpanhaeleitoral cand idatos ac goveruo. 20 10

Candidato ¡ Pa rtido Punte de Reee rsos Valor (RS) Data

Tfng re~ R eve~rlll1 elllO" Ccrúmi(:(l~ S/ A ) 0.000, 00 12108/20 10

rcn Unibnllco S/ A l OOJ)()O,OO 0)lü8/20 1O

M. IJi¡ l!' BnlllC(lS.A. rndu"ri¡l e Comercio de 1) 0.000,00 301ü7/2010

Alill1 eflfo~

Pedreir¡l Polig ll;lr Lld;l. ME 170. 100, 00 !&ü7/20 1O

R o~nlb¡l Chtrlill i RONldo / IJEM &llillor Sn1iIl(L~ <lo No r<l Ci'le S/ A 110.000,00 24/ü8/20 1O

TOl1 ioJo Bm l1cl lo S/A Tlll1eil< Tcrntplcl1ngclf~ c ) 0.000, 00 27lü9/201 0

Pnvimel1lnyoo

r es Contyóc~ Ali ll1enlO~ S.A 200.000,00 2 2/07/10 c 02/09/2 0 10

Vicllllf¡¡lTe:\lfl S/A 2) 0.000,00 201ü9/20 1O

VOlor(lfllil11 Indll~ lri¡lI S A 300.000,00 0I 1l0/2010

A. Azcv cdo dn Silvn 100.000,00 27/ 10/2010

A1Ci'¡l!COl11blf"liv ci~ SIA 200.000,00 031ü8/201 0

BMG Len~ illg S/A ;\rrel1d¡llnel1lo Mercnnli I 4) 0.000,00 031ü9/20 1O

Chl Heri l1g ) 0.000, 00 22lü9/20 1O

C0l11 erci;11de L;lIicilli(l ~ de N¡I(¡11U d;l . ) ) .000, 00 3I 1ü8, 22/ 1Oe 25J IO/20ro

COl11 erc io ME Lldn. 100.000,00 19,))8/10 e 2...1)8/20 10

Con'¡nl!(Jnt RUl11 nlho Morcint 100.000,00 29110/201 0

COl1lrell1nc Co n" fUyOCi' Lldu. 8) .000, 00 3I1ü8/20 1O

r ec en El11 prO'¡1de Com lnJyOCi' Civil< Udn. 200.000,00 301ü9/2 01Orbere P;rivn T'errci nt de SOIlZ¡l1

PSBGnlv¡'io El1 gcll lt¡lrin S/A 200.000,00 J71ü9/2010

G,trnl Vigilúnci¡l Llda. 90.000,00 27/ 10/2010

L llieíniO' &10 Pedro Lldn. 70.000, 00 2j1l0/201 0

M & K Com e Con" n ¡yoCi' Ltd n, ) 0.000, 00 0)/ 10/20 10

M Di(\!'Bntnco S/A Tndm lriu e Come rcio de 200.000,00 2&ü7/20 1O

AlimenlO~

Pedrcirn PorigU;lr Llda. ME ) 0.000, 00 O81ü9/2010

&llinor &llinu~ <lo Nord Ci'le S/ A 90.000,00 24/ü8/20 1O

Suprill(lr Supri ll1enlO"do Nor<lCi' le Lrd;I.•M e 80.000,00 271l0/20 1O

Wilm¡l M,tri,l de F,tri;¡ 200.000,00 J71ü9/2010

C;trlO" Ed¡¡¡trdo N. ATve~ 1 r'rrr &llinor &11in¡l~ do No rdCi'le S/ A ) 0.000, 00 24108/2010

Fo nte: TSE, 2010.

Já O quadro geral do financiamcnto da campanha eleiroral dos candidatos ao senado da repú­blica cm 20 10, no Rio Grandc do Norte, aprescntanovos agentes cm cena, a exemplo do grupo SkyBrasil, um dos maiorcs do mundo no setor de midia e telccomunicacocs (Tabcla 7) .

Diante do exposto ó visívcl a rctacác entre o sctor privado, o qual financia as campanhaselcirorais no Brasil doando volumcs consideráveis de recursos .'lOS candidatos, e o pr óprio Estado,capturado por csscs agentes e scus "beneficiários", embora as vezes cstcs se confundam, isto é ,

o candidato é o próprio empresario, soja ele industrial, banqueiro, comerciante, latifundi ário ouconstrutor;

MERCA, R Mercato r, Fortaleza, v. 11, n. 26 , p .7·26 , set . /dez. 20 12 .

AZEVEDO, F. F. de

Tabela 7 - Rio Grande do Norte: Principais doacóes da campanhaeleitoral - candidatos (a ) ao senado da República. 2010

Candidato tI'anido Fcnt e de Recursos Valor (RS) Data

ASA Industria e Comercio Lula. 100.000.00 0J/09/20 10

Coosu urora Sucesso S/A 147 .700.00 22/10 e 29/10/20 10

Itaú Ur ubanco S 'A 200.000.00 26/08/2010

Garibald iAlve s Filho PMDB Salinor - Salinas do Nordeste g,'A 70.000.00 24/08/2010

Sky Brasil Scrveos 50.000.00 10/09/20 10

TAL Ernprecn dirncrans Imobiliános Ltda. 50.000.00 29/09/2010

Tres Corscóes Alimentos SiA 60.000.00 20/09/2010

Arosuco Aromas e sucos S'A 70.000.00 24/08/2010

Banco Fator S/A 100.000.00 10/08/20 10

BW1ge Fert ilizantes S.A. 100.000.00 10/09/20 10

Comoaotua Metalúrgica Prada 300.000.00 } (/08/20 10

EIT Empresa Industrial Técnica S/A 550.000.00 22/09 e 26i10/20 10

Gerdau Comercial de Acos S/A 150.000.00 23/08/2010

Itaú Unrbanco S.A. 200.000.00 10/08/2010José Agopr oo Maia / DEM

LOJas Riachuelo S.A. 50.000.00 28/09/2010

Pedrc jra Poug uar Ltda. 72.900.00 16/O'Y/20 10

Rosalba Ciarlini Rosado 69.549.99 1M )? 24/07. 27:07 e

16/09/20 10

Sky Brasil Scrv.cos Ltda. 60.000.00 10/09/20 10

Usiminas Mecán ica SiA 169.000.00 10/09/20 10

vororaenm Industr ial S.A. 120 .000.00 10/09/20 10

Alesat Combcsnvos S/A 340 .000.00 I lfOS. 25;(}8. 03;'09 e

24/09/2010

Coosmc ócs e Comerc io Camargo Cerre ta S/A 500.000.00 15/09/20 10

Ccosuurora Marquise g,'A 70.000.00 -:>" /08/2010

Delphi Engenharia Ltda. 150 .000.00 27/07.20/09 e 21 /09/2010

WIlma Mar ia de laria PSB Guararapes Coofcc cócs S/A 50.000.00 29/09/2010

Industr ia e Comer cio Meta lúrg ica Atlas SiA 100.000.00 06/10/20 10

M Des Branco SiA Industria e Comerc io de 100.000.00 15/09/20 10

Alimentos

Sah ror-Salmas Nordeste SiA 70.000.00 24/08/2010

Tres Coocóes Alimentos SiA 161.000.00 30/08 e 08/09/20 IO

Fonte: TSE. 2010.

A TRaCA DE FAVOR: o uso ilícito do cargo e do recurso público

Diante do q ue foi analisado até aqui , é possível obs ervar que os cand ida tos eleitos a partir dofinancíamento de campanhas com doacóes de empresas privada s, quase sempre, adotam urna pos­tura de retri buic áo do favor prestado por essas, seja " facilitando a vida" dessas empresas mediantea criacáo de legi slacóes que as favorec am , seja através de tráfego de influencias ou de informacóesprivilegiadas as mesmas. Assim, nota-se que geralmente os gas tos, qua se sempre financiados porempresas e pessoas física s, podem ter relacáo, d ire ta ou indire ta, com o pecul ato e com o desviode recursos públic os a trav és de corrupcáo politica , ativa ou passiva.

As Comissócs Parlamentares de Inqu éritos podem se constitui r numa alternativa para consta tare revelar oficialmen te o prob lema, e isso tem ocorrido no Brasil, a exemplo do que se verificou e seestá verificando no epis ódio que ficou conhecido como "mensaláo", porérn, qu ando concluídos ostrabalhos de investigacáo, e comprovadas as fraudes, nem sempre a punic áo dos culpados acontece

No Rio Grande do Norte, a Com issáo Parlamentar de Inqu érito, q ue se tornou conhec ida

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como "CPI do leite", confirmcu cm scu rclat ório final, publicado no Diárío Oficial do Estado em301Ol!20 04, que as irregularidades apontadas no rclat ório da Comissño Especia l de Auditoría doPrograma do Leite , anterior á ePI, eram vcrosslmcis . A partir do referido relatório , requereu-se ainstauracáo da CPI através da Assc mbléia Legislativa do estado. Tal requerimento, de iniciativa dodepurado cstadual Weber Júnior (PPS), mcmbro da base aliada da cntño gcvcmadora, e subscritopor outros dozc depurados oposicionis tas ao ex-gcvemador Gariba ldi Alvcs (PMDB), "se bascianum a série de ilegalidades cometidas na cxccucño do Programa do Lcíte no pcríodo de 1995 a 3 1dedczembro de 2002", descritas no referido rclat ório e elabo rado pela comissño especial de auditoriada Secretaria de Estado de Acño Social (DOE-RN, 2004, p. 53). Nesses termos, o relatório oficialelaborad o pela Comissáo Parlamentar de Inquérito do Programa do Leite aponta:

a respaldar a proposicáo, elencaram os propone ntes , em 07 (scte ) ircns, as ilegalidades co metidas naexccucác do Programa do Leite, no period o comp reendido entre dezembro de 1999 até dezembrode 2002[...l 1) após anál ise dos processos de pagamento de prestacóes de contas, apreseutados pelaCERSFL , identificou-se diferenca de valores pagos a maior, em re lacác ti quantidad e de litros'dia de leitc

autori zado pelo s Termos 004<'99 e seus ad itivos . Somente no caso da CERSEL existe urna d iferen ca amaicr (autorizado x faturad o) de RS 6 .825.839,12 (seis milhñes , oitocentos e vintc e cinco mil, oitocenrose trinta e nove reais e doze cent avos). 2) ap ós o cruzamento de informa cócs extraídas dos proccsscs deprestac ác de ccntas e do mapa de quanridades de arcas de leite d istribu idas ern cada pesto, a diferencaapontada é de RS 9.389.779,12 (nove milhñes, trezentos e oitenta e nove mil, setecentos e sete nta e novereais e doze centavos); 3) 68,5% (sessenta e oito ví rgula cinco por cento ) dos beneficiarios declararamque o leire foruecidc pelo "P rograma do Leite" coagula; 4) 66,67% (sesscnta e seis ví rgula sesscnta e

setc por ce nro) do lcite bo vi no usado pelo Programa foi encontra da a prescnca de colifo rmcs fecais : 5 )39,9% (trinta e nove vírgula nove por cento ) dos beneficia rios afirmam que cxistcm falhas na entrega do

leitc : 6 ) cc nstatou-se que a quantidade de benefic iarios, po r municipio, pre- defin ida em 40% (quarentapor cento) do total de pessoas indigentes, foi desvirtuada principalmente a part ir do periodo cleitoralde 1998; 7 ) 72 ,7% (seten ta e de is ví rgula sete por cento) dos rcs pons áveis pelos postos desco nhecema existenc ia do quadro de asscciados, indicando um forte ind ício de que a distribuicáo do leite nao

era feita exclusivamente pelas entidades previamente crcdenciadas e sim por pessoas indicadas po rIidcran cas locais. (D ü E-RN, 2004 , p. 53) .

Diante do cxposto, coruprovam-se as premissas dcssc trabal ho sobre a captura do Estado embeneficio de determinados grupos e agentes políticos, im pedindo maiores avances e mclhoriassocíaís. No caso do Programa do Lcirc, com prcmeteu-se também a saúde públi ca, especial menteda populacác carente assistida, haja vista a qualid ade do produto distribuido. AJém disso, por secaracterizar como um Programa de base assistcncial ista, o mesmc serve duplamente á forroacáo emanutcncáo dos "curráis elcítcrais" , por um lado , quando incutc no universo de familias assistídasa sensacáo de favor presta do, e que, por isso, deve ser retribuido com o voto : por outro, quandogcra reccitas para os grupos e agentes que detém o poder político e económico , os qua ís. a cadaprocesxo eleitoral , usam de todos os mcíos e recursos para consegui rem se clcger. Perccbemcs queo valor supo stamcnte desviado do Programa do Leite, no periodo citado, no referido rclat ório, équase suficiente para cobrir as despcsas da campanha eleítc ral dos deis princípais candidatos aoGoverno do Estado em 2006.

Quanto aos resultados das invcsugacócs feítas pela CPI do Programa do Leite, notamos quedcpoís de arroladas as prevas - testemunhal, documental e técnica - , e conc1uído o proccsso inves­t ígatório. com base na metodologia adotada, foi elaborado um relatório final, o qual recomenda aopoder cxccutivo estadual algumas medidas, das quais poucas foram cfctivamcntc cumpridas, porexcm plo, as propcsícócs dos itcns 15 e 18 que tratam de: "priorizar as aquísicócs de lcitc in naturaa micros e pcqucnos p rcdutores pecuaristas , que apresentarem produc éc medía de até 100 litros!dia e que estejam scdiados na mcsma rcgiño'' , e a aquel a que determina que

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dcve ser "descrcdc nciado" como fornccedor do Programa do Lei tc, o Laticínio Sño Pedro Ltda (LEITEM ARINA ), tcndo cm vista a grande quantidadc de leitc cm pó e soro de lei te cm pó adqui ridos por talem presa cm varios estados da fcderacño, conforme notas fiscais acostadas aos autos. Es ta añrma cüo é

corroborada cm documento denominado Industrializacño do Lcitc no Rio Grande do Norte, elaboradopelo SEBR AEIRN, e que se encontra nos autos. Isto significa que aludidos produtos podem ter sidousados paru fraudar o lcire do Programa. Além do mais, o rclat ório aprescntado aCPI pela Comissñode Distribuicño do Leite de Pedro Avcliuo!RN e que tambóm se encontra nos autos, apouta que noano de 2002, dci xou de ser entregue pe lo Laticinio Sño Pedro no municipio de Pedro Avelino, cmboratcnha reccbido o respec tivo pagamento, a quantia de 49.920 (quaren ta e nove mil, novccento s e vinte )litros. (DOE-RN, 2004, p.54).

Sabe-se que algumas recornendacóes foram parcial ou total mente atendidas , porém, sobrevárias medidas , nao obtivemos informacñes claras e precisas que co mprove m suas resolucées. Éimportante frisar que o último item do relatório-s íntese elaborado pela e PI do Programa do Leite,determina algumas prov idencias a serem tomadas por parte de algumas instituicóes específicas dopoder público, conforme o texto a seguir:

esta CPI, dian tc do término dos scus trabalhos de invc stigacáo c nos term os do art. 121 do regimentointerno da Assem bl éia Legislativa , determina que cópias dcste rclat ório sej am cncaminhadas aosscgui ntcs órgáos: 01. Ao poder cxecutivo para a adocño das recomen dac óes suso [sic] referidas; 02. AProcuradoria Geral do Estado para que promova as ac óes de rcssarcimento ncccss árias; 03. Ao MinisterioPúblico do Es tado do Rio Grande do Norte para que adore as medidas judiciais que entender, com asugcstño respci tosa de que observe, julgando adcquado, dente [sic] outros, os scguintcs tópicos : a) arransformacáo ilegítima de contrato cm conv én io; b) as alterac ócs determi nadas no convenio, nas datasde 30 de janciro de 2002 e 18 de novcmbro de 2002, com o dcsvirtuamenro do Programa do Lcite: ela conccn tracño do vínculo j urídico-adminis trativo do Programa do Lcitc com um único forncccdor: aCERSEL; d) a retcncño, pela CERSEL, de 4,78% de todo o faruramento das usinas forncccdoras delci te; e) a ocorrén cia, apurada, de pagamento a maior, que alcancaram o valor dc R$ 9.389.777, 12 (novemilh óes trezentos e oitcnta c nove mil setecentos e setenta c sete rcais e doze centavos); f) a grande,., , ..quantidadc de Icite cm p ó,soro de lcite cm p ó,soro de leite e leitc cm resfriado importados de ou trosestados da federacáo pela CLAN; g) a injustific ável importacáo de leite em pó c soro de Ici tc cm pó peloLaticinio SaoPedro Ltda (LEITEMARINA),que sabidamentc nao produz bebidas l ácteas.caracterizandonessa importacño a intencño de fraude do Programa; h) a m áqualidade do lcite dis tribuido, com fraudepor agua gcm e des nate; com a inscrc ño de bicarbonato de s ódio; com características físico-qu ímicasanóm alas da densidade, gordura e acidez fora dos padrócs; com a prcsenca de conserva ntes, urina ecoliformcs fcc ais; com a constatac ño de que 66,67% do lcite bovino aprcscntavam co liformcs fecai s:corn apuracáo de que 95,24% do lcitc fornccido está fora dos padrócs quanto uo teor de gordura; coma verifícac ño de que 28,57% cont ém urina; com a afcric ño de que 19,05% contém bicarbonato; como exame circunstanciado dos laudos nos. 09, 13,26 e 37 de 2003, todos da lavra do Centro Federalde Educacáo Tecnol ógica do Río Grande do Norte; com rcl acño ao leitc caprino verificar que 66,67%aprescntam coliform cs fecais e 100% cxibem que o teor dc gordura c a dcnsidade (.'Stuo fom dos padro('S.04. Ao Tribunal dc Co ntas do Estado do Rio Grandc do Norte pam as providencias dc sua compc téncia;05. As Comissoes Pcnnanentes dcsta Assembléia - Finan(,-'Us e Fiscaliza((uo c, Ciéncia c Tccnologia,Desenvolvimento Eeonómieo e Social- para estudar as medidas pC'ftinentes. (DOE-RN, 2004, p.54).

Das providencias que foram sugeridas, sabe-se que poueas surt iram efeitos positivos em bene­ficio da sociedade potiguar em geral. Por exemplo , o va lor desviado nao foi ressarcido aos cofrespúblicos, como também nao houve puni,ao de nenhum agente poli tico, económico ou responsável ,direta ou indiretamente pelo Programa naquele periodo (dezembro de 1999 a dezembro de 2002).Ademais, nao foram apurados os possíve is danos asaúde da popula,ao beneficiária do programado leite, no que coneeme ao consumo do leite adulterado.

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CON5IDERAi;OE5 FINAI5

Das dcspes as de campanha declaradas pelos candidatos nas clc icócs analisadas, aparcce urnadiversidade de fins como: viagcns, propaganda e publicidade, comicios, producócs audiovisuais,servicos de terceiros, dcspcsa com pcssoal, locacac de bcns m óvcls e im óveis, caches de art istas eanimadores, camisetas, bonés e outros brindes (antes permiti dos o uso), dcacócs a outros candidatosou com ités, combustíveis e lubrificantes, pe squisas de intcnc ác de votos ou tes tes cleirorais, mon­tagem de palanques e equipamentos, bcns e ma tcria is permanentes, correi os, água , luz, te lcfonc,lanches e refcicócs. dentro outras desposas.

Em meio a cssas despesas, admitidas e reccnhecídas pelos órg áos fiscalizadores, cxistem for­mas, nem sempre visívcis. que permitem burlar as prcsracócs de comas, de modo que os recursosdeclarados podem ser utilizados para outros fins como: compra de votos, compra de bens e/ouservicos para scrcm doados aos eleitores, pagamento pelo apoio po lítico de determinadas perso­nalida des inftuentes nas bases locais e regionais, entre outras finalidades. Valores nao declaradosque supostamente constituem o "caixa dois", também podem servir para tais fíns . o que evidenciaum sistema marcado por corrupcáo e falta de ética na política partidaria . Sist ema cssc que oprimee humilha a pop ulacáo e nao conrribui para a constituicáo da cidadania.

Ao relacionar as desp osas das campanhas eleirorais brasi lc iras com as desposas de campanhasrealizadas em países dcsenvolvido s, nota-se que o Brasil ultrapassa nacócs como A lemanha e Gr ñ­-Brctanha. Nota-se, também, que os financiadores geralmente sao privados, principalm ente cons­trutoras e bancos, prestadoras de servicos aos governos, m unicipal, cstadual ou federal. Adcmais,os valores declarados sao muitas vczcs bastante superiores ao montante cfetivamcntc transaciona­do. Obscrvam-s c ainda forres disparidades entre partidos, e/ou entre candidatos, ás vczes, de ummesmo partido. Em alguns casos, municipi os com sérios prob lemas sociais, a exemp lo de algunslo calizados no interior do nordeste do país, aprescntam um custo per capita superior a RS 30 ,00,isto é, aproxim adam ente 10'%do valor do salario mínimo vigente em 2006.

Verifica-se ainda que a maior parte dos agentes po líticos brasilciros está mais preocupada comscus pr ópr ios negocios e intcrcsses. e com a manutencáo de scus pr óprios privilegie s e de suas car­reirás polít icas do que com as qucsr ócs sociai s e a gcsrño púb lica, até porque normalmente pagamcaro para serem eleiros, mesmo que tais recursos nao sejam pr ópn os, mas do Est ado. Significadodizcr que se estos pagam pe lo voto da populacáo, os mesmos se scntcm desobrigados de atuar emprol da socicdade cm sua totalidade.

Ncssc contexto, preservar e manter os prob lemas sociais (educacionais, habitacionais e nosctor de saúdc . principalmente) se constitui numa condicáo primordial para que as ncccs sidadcssempre cxistam e, portante , as rclacócs de troca - favor-voto - se estabclecam e se reproduzam .

Os gastos exorbitantes das campanhas cleitorais brasllciras demonstram que o sistema po líticoem vigor "nao se sustenta" , haja vist a que tais custos sao norma lmente arcados e transferidos para oconjunto da socicdadc. Ao final, a socicdadc é quem arca com "ónus" das dcspcsas dos candidatos.Geralmente , quem mai s arrocada e, portante , quem m ais gasta, se elege. Os financiadores sao, naoraro, as empresas prestadoras de scrvlcos ao setor público, ou seus respectivos donos, como também,o próprio sctor público, atravós dos fun dos partidarios destinados para cssc fim.

Além dos recursos provenientes de tais fo ntcs. os candidatos ainda gastam vo lumes substan ­ciáis de capita l "pr óprio" ou de suas empresas, os quais também sao transferidos, de alguma forma,para a sociedade. Tais gastos , líci tos ou ilícitos, somam valores extremamente elevados, tendo emvista a rcalidadc social brasilcira. Sornando os recursos que cust earam as campanhas eleirorai s doperiodo 1996-2010 , pode-se afirmar que o montante aufcrido seria suficiente para resolver var iosproblemas sociais do país .

Diante dcssc quadro, se faz urgente que algumas medidas sejam adoradas no sentido de gerarpossibilidadcs de mudancas sociais mai s amplas para a rcalidade observada. É de fundamental im ­portancia que se altere o conjunto de relacócs que configura o sistema político brasileiro, podcndo-

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-se cornecar pela despersonificacáo de tudo que é público: obras, beneficios de programas sociais,fomento de projetos de desenvolvimento, enfim, toda e qua lquer acáo do setor público, portanto,do Estado. Dessa forma, será possivel alterar, em certa medida, a cultura política caracterizadapelo clientelismo, assistenc ialismo e relac óes de tracas de favores; para isso, urna reforma políticaamplamente discutida, participativa e construida envolvendo as varias instancias da socicdade, seráfundamental.

A despe rsonificacáo das acóes do Estado pode ser feita atrav és, por exemplo, da adocáo deum sistema eleitoral no qual o voto deixe de ser obrigat ório, mas livre, supondo-se que votará li­vreme nte, e de forma consc iente, sobretudo a populacáo mais preocupada com a políti ca nacionale com as questóes soc iais em sua totali dade. Vale ressaltar que o sistema eleitoral v igente no Brasilencontra- se em vigor desde 1945, período em que o paí s vivia urna das fases iniciais do processode democratizacáo.

Os gastos dos cand idatos na s campanhas eleitorais, cuj a maior parte dos valores é arcada pelasociedade, demonstram que o sistema eleitoral em vigor nao se sustenta, ao menos paraa soc iedade,por isso, é essenc ial que se altere o modelo que vem sendo praticado. Talvez , com as mudancassugeridas aqui consigamos reduzir tais custos, porém, enguanto isso nao ocorre , é preciso norma­tizar as arrecadacóes lícitas e coibir as ilícitas, estabelecendo, assim, limites no que concerne asdespesas das campanhas eleitorais.

Carece também mais transparencia no processo de fiscali zacáo dos gastos públ icos. Poderiamser criadas, por exemplo, comissóes hori zontais mistas especializadas no assunto, envolvendo asociedade, e incumbidas de fiscal izar e controlar rigorosamente o emprego dos recursos públicosnas esferas de govemo mu nicipal , estadual e federal. É igualmente impor tante que todo o sistemade prestacáo de contas dos gastos públicos seja melhor normalizado e obrigat ório, lomando-se, viade regra, acessível a toda a populacáo, para que essa possa ter amplo conhec imento sobre o destinodos recursos públí cos que sao gastos.

Outra medida importan te, diz respe ito aadocáo de um modelo de gestño pública horizontale descentralizada, portan to, efetivamente democrática e tran sparente, envo lvendo a participacáopopular no que se re fere ao planej ame nlo e aadmi nistracáo públíca.

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Trabalho enviado em novembro de 2012Trabalho aceito em dezembro de 2012

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