O DELITO e o CONTROLE SOCIAL

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O DELITO BREVE HISTÓRICO A figura do delito perdura desde os primórdios da própria Criminologia quando do nascimento da reflexão enfática pela Escola Clássica deste referido objeto, havendo, com passar dos tempos e evoluir das escolas, a ampliação do foco científico. No século XVIII havia um estado de caos no que se referem às normas penais, preponderando o sentimento da insegurança, era de difícil tarefa identificar de forma permanente quais condutas era delitos e suas respectivas penas, assim como se deflagrava um procedimento judicial altamente instável. O pensamento teocêntrico, por sua vez, conectava a idéia de delito à de pecado. Apenas com os filósofos da Ilustração, esta situação de sistema jurídico inseguro, irracional e desumano passou a ser denunciado. Destaca-se a personalidade de Cesare Bonesana, marquês de Beccaria, autor da obra “Dos Delitos e das Penas”, obra precursora da Escola Clássica. Os clássicos afirmavam que o cometimento do delito era um ato voluntário do ser humano, que avaliava as vantagens em cometê-lo ou não. Os estudiosos da mencionada escola apontavam para a importância das penas para prevenir o delito, existindo uma prevenção geral e outra específica. Explica Alfonso Serrano citando Beccaria: “Assim, afirma-se que o fim da pena ‘não é outro que impedir o réu de causar novos danos a seus concidadãos, e afastar os demais de cometer outros iguais’; de modo que nessa declaração incluem-se duas finalidades (negativas) da pena: prevenção especial e a geral. (...) é natural se supor que, quando se impõe uma sanção a quem cometeu um fato delitivo, este temerá mais a pena na próxima vez que se apresente a possibilidade de delinquir (...) também parece lógico que, com a aplicação de sanções qualquer outro sujeito ao qual se apresente a oportunidade de cometer um fato delitivo tenderá a pensar que,

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O DELITO

BREVE HISTÓRICO

A figura do delito perdura desde os primórdios da própria Criminologia quando do nascimento da reflexão enfática pela Escola Clássica deste referido objeto, havendo, com passar dos tempos e evoluir das escolas, a ampliação do foco científico. Noséculo XVIII havia um estado de caos no que se referem às normaspenais, preponderando o sentimento da insegurança, era de difícil tarefa identificar de forma permanente quais condutas era delitos e suas respectivas penas, assim como se deflagrava um procedimento judicial altamente instável.

O pensamento teocêntrico, por sua vez, conectava a idéia de delito à de pecado. Apenas com os filósofos da Ilustração, esta situação de sistema jurídico inseguro, irracional e desumano passou a ser denunciado. Destaca-se a personalidade de Cesare Bonesana, marquês de Beccaria, autor da obra “Dos Delitos e das Penas”, obra precursora da Escola Clássica.

Os clássicos afirmavam que o cometimento do delito era um ato voluntário do ser humano, que avaliava as vantagens em cometê-loou não. Os estudiosos da mencionada escola apontavam para a importância das penas para prevenir o delito, existindo uma prevenção geral e outra específica. Explica Alfonso Serrano citando Beccaria:

“Assim, afirma-se que o fim da pena ‘não é outro que impedir o réu de causar novos danos a seus concidadãos, e afastar os demais de cometer outros iguais’; de modo que nessa declaração incluem-se duas finalidades (negativas) da pena: prevenção especial e a geral. (...) é natural se supor que, quando se impõe uma sanção a quem cometeu um fato delitivo, este temerá mais a pena na próxima vez que se apresente a possibilidade de delinquir (...) também parece lógico que, com a aplicação de sanções qualquer outro sujeito ao qual se apresente a oportunidade de cometer um fato delitivo tenderá a pensar que,

se for descoberto, sofrerá uma sanção, a qual constitui claro prejuízo que pode compensar os potenciais benefícios da conduta proibida (prevenção geral negativa).” (pgs. 64 e 65, 2008)

O nascimento da Criminologia positiva remonta apenas ao século XIX, adotando o método científico no estudo do comportamento humano em geral e do delito, adotando critérios deterministas. AEscola Positivista teve como destacados pensadores Cessare Lombroso com sua obra L’Uomo deliquente, Enrico Ferri e RafaelleGarófolo.

CRIMINOLOGIA MODERNA E O DELITO

É cediço em nosso meio acadêmico, que a Criminologia moderna possui como objetos de estudo o delito, o autor, a vítima e o controle social. Nosso estudo se deterá à figura do delito. Alfonso Serrano Maíllo, em sua obra “Introdução à Criminologia” ao discorrer acerca da normalidade do delito afirma que “em todas as sociedades conhecidas existem e existiu uma série de condutas que foram proibidas ou foram de cumprimento obrigatóriosob ameaça de um mal. Atualmente, e quando ocorrem certas condições, denominamos a essas condutas delitos.”

Neste contexto, prossegue o ilustre doutrinador “Ainda que possaser reprovável, o delito é um fenômeno normal de uma sociedade. Com efeito, não apenas existem em toda a sociedade condutas que podem ser consideradas delitivas, mas também parece que não podeexistir sociedade sem delito. Isso se conhece como princípio da normalidade do delito”.

O princípio da normalidade nos remete à Durkheim, que lecionava que o delito era algo normal à sociedade, sendo inclusive funcional. Chegando o referido estudioso a idéia de que até mesmo em “uma sociedade de santos haveria delito”, trazendo, ainda que implicitamente, como conseqüência a impossibilidade depor fim a existência dos delitos, sob pena de extinguir-se toda uma sociedade.

CONCEITO

Contrariando a afirmação aristotélica de que conceituar é perigoso, os doutrinadores da ciência criminológica adotam métodos de definição através de orientações legais ou naturais.

A orientação legal está ligada ao pensamento de violação de normas sociais consagradas nas leis penais, remontando à Escola Clássica e em consonância ao princípio da Legalidade. Porém, ressalva deve ser feita, posto que na prática nem todas as leis penais são aplicadas.

A vertente da orientação natural do delito foi despertada por Garófalo, com a intenção de criar um conceito material de crime que pudesse sobreviver às transformações temporais e espaciais. Ele criou o conceito de “delito natural”, afirmando que o delitoé a infração de certos sentimentos morais que sejam fundamentaispara a adaptação do indivíduo à determinada comunidade, independentemente de que estejam tipificados nas leis penais ou não. Porém, tal vertente foi bastante criticada.

Antonio García-Pablos de Molina em sua obra “Criminologia” concretiza a árdua tarefa de conceituar o delito, senão vejamos:

“A Criminologia, por seu turno, deve contemplar o delito não só como comportamento individual, mas, sobretudo, como problema social e comunitário, entendendo esta categoria refletida nas ciências sociais de acordo com sua acepção original, com toda sua carga de enigma e relativismo.” (pg. 63, 2006)

No sentido de que a Criminologia deve encarar o delito como um fenômeno comunitário e como um problema social, Sérgio Salomão Shecaira afirma que alguns critérios são necessários para que determinada conduta humana seja compreendida coletivamente como criminosa. São eles: a) incidência massiva na população, um fato isolado não pode ser

considerado delituoso. b) incidência aflitiva do fato praticado, um delito produz dor não só à vítima, mas à comunidade como um todo, pois o crime nãoé um corpo estranho alheio à comunidade, mas sim um doloroso problema humano e comunitário. Portanto, é necessário que o fatotenha relevância social para que seja punido na esfera criminal.c) persistência espaço-temporal do fato, ou seja, que o fato quese quer imputar como delituoso se distribua por nosso território, ao longo de um certo tempo.d) inequívoco consenso a respeito de sua etiologia e de quais técnicas de intervenção seriam mais eficazes para o seu combate.Numa reforma penal para haver a verificação da necessidade de existência de cada fato criminoso, deveriam ser observados o preenchimento de todos os requisitos supracitados.

DELITO E DIREITO PENAL

Para o Direito Penal é considerado delito toda conduta prevista e punida pela lei penal, apenas. Este é um “conceito jurídico-formal, normativo e estático”, como preleciona o já citado autorMolina. O penalista tem do crime uma visão centrada no comportamento do indivíduo, o delito nada mais é do que o modelo típico descrito na norma penal. Os operadores do direito fazem o juízo de subsunção do fato à norma e esse juízo é puramente individual.O estudo do delito pela Criminologia ocuparia-se de fatos irrelevantes para o direito penal, assim como de perspectivas transcendentes ao penalista, por exemplo, a “esfera social” do infrator.

DELITOS CANÔNICOS

Para a Igreja Católica fala-se em delitos canônicos, que não se tratam especificamente de pecados, mas sim de verdadeiros delitos positivados pela Igreja. O julgamento do delito canônicoé realizado por um órgão jurisdicional da Igreja, aplicando-se penas da mesma forma que os juízos e tribunais do Estado, sendo manifestação do múnus de reger.

DELITO E FILOSOFIA

O conceito filosófico de delito não atende às necessidades da Criminologia.A Filosofia traz um conceito ambíguo e impreciso do delito natural, tenta atribuir uma base ontológica segura ao conceito de delito, neutra, livre de valorações e com sustento empírico.

A inexistência de critérios generalizadores válidos e a impossibilidade de elaborar um catálogo fechado, exaustivo, de “delitos naturais” demonstram que esta categoria carece de operatividade e que não apresenta um marco conceitual sólido e definido para o desenvolvimento criminológico. (MOLINA, Antonio García- Pablos de. Criminologia, 2006, p. 62)

DELITO E SOCIOLOGIA

A Sociologia considera o delito uma conduta “desviada”, irregular. Esta “desviação” é de difícil definição, recaindo pormuitas vezes nas maiorias sociais que etiquetariam um determinado autor com estigma de desviado.O conceito de desviação apela para as expectativas sociais, tornando impossível formular um conceito ontológico, objetivo e material do delito.Os teóricos do labelling approach trazem o controle social como elemento constitutivo da criminalidade, negando a autonomia do conceito de delito, impossibilitando a análise teórica sobre suadefinição, etiologia, prevenção, etc.

TEORIA DO ETIQUETAMENTO

Dentro das teorias do processo social, há algumas teorias que formulam respostas em relação ao fenômeno da criminalidade, dentre essas teorias vamos destacar a Teoria do Labeling Approach, que surgiu na Criminologia Crítica e tem o controle social como seu principal objeto.

O enfoque principal dessa corrente é que o desvio e a criminalidade não são uma qualidade intrínseca da conduta, e simuma etiqueta atribuída a determinados indivíduos através de um processo de seleção, ou seja, ocorre um pré-conceito em relação à pessoa humana.Para essa teoria o indivíduo se converte em delinqüente, não porque tenha realizado uma conduta negativa, mas porque determinadas instituições sociais (polícia, juízes, instituiçõespenitenciárias) etiquetaram naquele indivíduo a imagem de delinqüente.Portanto, há um “etiquetamento” do indivíduo, que esses sempre são de classe inferior. Daí surge a chamada “Teoria do Etiquetamento”. É uma espécie de instrumento de controle usado pelas classes dominantes como forma legal e legítima de subjulgar as classes menos favorecidas.Essa conduta em que o homem julga o outro, é alimentada pelos meios de comunicação, que criam o criminoso padrão; aquela pessoa pobre, sem formação cultural, que vive nos subúrbios das grandes cidades.Cumpre observar que para os defensores da Teoria do Etiquetamento, o sistema penal opera na contra-mão de seus pretensos objetivos, fazendo com que, ao invés de reduzirem-se os índices de criminalidade em razão da aplicação concreta da resposta penal, estes na verdade só aumentam.Isso porque uma vez aplicada sobre o indivíduo, a etiqueta social que o identifica como criminoso, será ele lançado a um círculo vicioso, onde a estigmatização e a discriminação por parte da sociedade farão com que ele assuma nova imagem de si mesmo, passando a enxergar-se como delinqüente e a agir como talO homem estigmatizado, ainda que a lei não o puna, estaria sofrendo uma marginalização social indevida.No tocante ao preso, dizem os defensores da Teoria do Etiquetamento, que o estigma de ser o criminoso ou identificado ou rotulado como desviante, diminui-lhe as oportunidades socioeconômicas, alterando seu status. Em razão disso o que sucede é que ele vai à busca de defesa da rejeição que sofre, ouseja, essa etiqueta atribuída à imagem da pessoa humana acaba prejudicando-a, pois altera a sua alta estima, encaminhado o indivíduo às escalas cada vez mais inferior em relação a própriavida.

È inegável que os partidários da Teoria do Etiquetamento, ao tentarem justificá-la, muitas vezes chegam a conclusões ilógicase mesmo absurdas. Mas, seus opositores também laboram em erro quando deixam de abordar certas realidades inescondíveis. Assim,por exemplo, o fato da não criminalização de indivíduos, que, embora sabidamente usuários de cocaína, nunca são oficialmente molestados porque são acolhidos pelo status social.Contudo, nessa Teoria do Labeling Approach, o enfoque da Criminologia muda e a pergunta passa a ser: por que algumas pessoas são rotuladas pela sociedade e outras não? A tese central desse paradigma é que o desvio da criminalidade não são uma qualidade intrínseca da conduta e sim uma etiqueta atribuídaa determinados indivíduos através de complexos processos de seleção, isto é, trata-se de um duplo processo de definição legal de crime associado a seleção que etiqueta um autor como criminoso. Em razão disso, ao invés de falar em criminalidade (prática dos seus atos definidos como crime) deve-se falar em criminalização (ação operada pelo sistema e sustentada pela sociedade)È válido discutir sobre os postulados do Labeling Approach, que são:• Interacionismo simbólico e construtivismo social – O conceito que um indivíduo tem de si mesmo, de sua sociedade e da sua situação que nela representa, é ponto importante do significado genuíno da conduta criminal;• Introspecção simpatizante como técnica de aproximação da realidade criminal para compreendê-la a partir do mundo do desviado e captar o verdadeiro sentido que ele atribui a sua conduta;• Natureza “definitorial” do delito – O caráter delitivo de uma conduta e de seu autor depende de certos processos sociais de definição, que lhe atribuem tal caráter, e de seleção, que etiquetaram o autor como delinqüente;• Caráter constitutivo do controle social – A criminalidade é criada pelo controle social• Seletividade e discriminatoriedade do controle social – O controle social é altamente discriminatório e seletivo;• Efeito criminógeno da pena – Potencializa e perpetua o desvio,consolidando o desviado em um status de delinqüente, gerando estereótipos e etiologias que se supõe que pretende evitar. O

condenado assume uma nova imagem de si mesmo, redefinindo sua personalidade em torno do papel de desviado, desencadeando-se a denominada desvição secundária.• Paradigma de controle – processo de definição e seleção que atribui a etiqueta de delinqüente a um indivíduo.Existem duas correntes no Labelling Approach: uma radical e outra moderada. A radical ressalta que a criminalidade é o resultado do controle social, enquanto que a moderada afirma quea justiça integra a mecânica do controle social geral da condutadesviada.A prática de crimes não rotula ninguém, porque não é a qualidadenegativa que pertence a certos delitos o fator determinante do etiquetamento, e sim depende de certos mecanismos e procedimentos sociais de definição e seleção, pois para a sociedade delinqüente não é todo aquele que infringe a lei, istoé, o delinqüente é aquele que preenche certos requisitos e etiquetado pelas instâncias criminalizadoras como tal.O desvio primário é conseqüência de uma série de fatores sócio-econômicos culturais e psicológicos, enquanto que os desvios subseqüentes são resultados de um etiquetamento que é atribuído ao indivíduo pela sociedade e tem como finalidade a estigmatização, pois se trata de um sistema desigual de atribuições de estereótipos. Isso ocorre porque a intervenção dosistema penal, nas penas detentivas, ao invés de reeducar para oconvívio na sociedade acaba por consolidar uma identidade desviante do condenado e o seu ingresso em uma verdadeira carreira criminal.Portanto, conclui-se que a desigualdade do cidadão nos processossociais ocasionou a Teoria do Etiquetamento que ampliou o objetode investigação criminológica e segundo os teóricos, a desviaçãoe a criminalidade não são entidades ontológicas pré-constituídas, e sim etiquetas que determinados processos de definição e seleção, altamente discriminatórios, colocam em certos sujeitos.Em razão disso, a criminalização secundária seria a responsável pela estigmatização, pela rotulação e disto surgiriam mais criminalizações, ou seja, a reincidência. Assim, inserido numa subcultura da delinqüência, após ser socialmente rotulado e marginalizado, o indivíduo trilharia uma espécie da carreira criminal.

Esses fatos demonstram claramente que a pena não ressocializa ninguém e sim estigmatiza, pois não é o fato de ter praticado umcrime que torna o sujeito indesejável aos olhos da sociedade, e sim o fato de ter cumprido uma pena. Nos dias de hoje, com o aumento da violência e do clamor social por justiça, ganham cada vez mais importância os temas relacionados ao direito de punir do Estado e a efetividade dessedireito.

CONTROLE SOCIAL

Debatendo algumas alternativas para o controle social relativo a temas como direito penal do inimigo, política criminal, drogas.

Particularmente o fracasso da política norte-americana de "guerra às drogas" e a emergência da política de redução dedanos está estreitamente relacionado com a política internacional e sua noção de segurança nacional.

A demanda por controle social representa em geral como uma preocupação de políticos e estadistas, no entanto nos últimos anos usuários de drogas, ONgs de AIDS/drogas, profissionais da saúde, movimentos sociais comunitários

clamam por controle. A problemática do controle não se coloca apenas para as políticas sociais, mas principalmentepara os consumidores de drogas. Em geral, o senso comum percebe o uso de drogas através da idéia da perda dos controles, sem visualizar a possibilidade do auto-controle,do não-abuso. Ela é a mercadoria mas controlada pelo Estado, através de uma qualificação jurídica, caracterizada por três pontos: 1- um efeito sobre o sistema nervoso central; 2- capacidade de criar dependência física ou psíquica; 3- noção de perigo sanitário e social .

Os rituais de consumo de drogas e as regras presentes nas redes de usuários ajudam a controlar e a regular essa prática, da seguinte forma: 1- Maximizando o efeito de droga desejado; 2- Controlando as dosagens de uso de drogas; 3- Balanceando os efeitos positivos e negativos do uso de drogas; 4- Prevenindo problemas secundários Quais são os limites entre o uso e o abuso no consumo de drogas? Quais são as variáveis que diferenciam o uso controlado do uso descontrolado? O consumo de drogas não se restringe a uma expressão de psicopatologia ou doença, e nem tampouco apenas desvio e marginalidade, mas pode expressar também rituais e valores da norma, como no caso do álcool.

O que diferencia um consumidor de drogas lícitas das ilícitas? Por que drogas como o álcool e a nicotina, comprovadas cientificamente danosas, são liberadas e a maconha considerada leve, "inócua", é proibida? Quais são os fundamentos do regime proibicionista às drogas? A distinção entre o legal e o ilegal não seria fruto apenas de uma arbitrariedade cultural fundada no controle útil dosdelinquentes? Comer, o beber e a atividade sexual são necessidades básicas, cuja satisfação está controlada peloscostumes, religiões e leis. Vale lembrar as leis dietéticasjudias fundadas no velho testamento, que proíbem a ingestãode inúmeros alimentos. As drogas participam também desse

regime dietético e seu consumo pode ser controlado em razãode preceitos semelhantes, por intermédio dos chamados controles tradicionais e “ïnformais” presentes na cultura do consumo de drogas

O consumo de drogas tornou-se uma contrapartida patológica apenas recentemente, com os Estados modernos conferindo aosmédicos o poder de prescrever medicamentos e privar as pessoas da liberdade de ingerir certas substâncias psicoativas. Até 1914, nos EUA, as pessoas tinham o direitoa autodeterminação e automedicação quanto ao uso de drogas,medicamentos psicoativos ou não, como expressão dos direitos fundamentais da pessoa humana.

Qual a razão dessa transformação política e moral? O que representa essa ingerência do Estado na vida privada dos cidadãos, através do controle público de drogas? A organização de uma delinquência isolada e fechada não seriapossível sem o desenvolvimento dos controles policiais, da fiscalização geral da população e da vigilância. A ilegalidade e o sistema carcerário especificam o tipo de delinquência, como efeito direto de uma penalidade para gerir as práticas ilegais, que investe num mecanismo de "punição-reprodução", do qual o encarceramento será uma daspeças principais.

Numa passagem do livro Vigiar e Punir sobre o tráfico de drogas e armas: "A delinquência, ilegalidade dominada, é umagente para a ilegalidade dos grupos dominantes. Atualmente, o problema das drogas supera a questão simplesmente médica, pois o proibicionismo criou novas questões e problemas a ele relacionados, tais como o crime organizado, a violência, a corrupção, a instabilidade política, a lavagem de dinheiro.

Esse "negócio" está entre as três atividades mais

lucrativas do mundo, formando uma rede direta e indireta que emprega milhares de pessoas na produção, distribuição econsumo.Narcotráfico não é apenas um comportamento delitivo, mas um verdadeiro processo produtivo de mercadorias, mesmo ilegal. Essa atividade se diferencia dosoutros crimes organizados (roubo a banco, sequestros etc) por agregar valor, o que explicaria a reduzida eficácia da lei penal frente ao narcotráfico . As drogas são mercadorias, cuja proibição vem possibilitanto lucros extraordinários e consolidando uma poderosa economia ilegal. Segundo estimativas da ONU, toda atividade ligada às drogas movimenta na economia mundial 500 bilhões de dólares por ano.

Essa economia proporciona uma acumulação de riquezas e poder sem precedentes, o que vem representando em muitos países, como os andinos, uma instabilidade institucional permanente.Junto ao narcotráfico temos outras atividades correlatas como o roubos, assassinatos, sequestros, lavagemde dinheiro, corrupção etc. Esse último é fator de preocupação para as democracias, pois tem a capacidade de corromper autoridades públicas, policiais e juízes. O proibicionismo e a política de guerra se mostraram um fracasso como política de controle de drogas. Cada vez mais, torna-se um imperativo a elaboração de alternativas epolíticas democráticas para lidar com os controles e as regulamentações relativas às drogas. Políticas que respeitem os usuários de drogas em seus direitos, para que possam ser incluídos e tratados como cidadãos.

A abolição do direito penal não é de forma alguma uma opçãoagradável aos seres humanos e muito menos para os seus direitos humanos. É que a existência da pena é de grande relevância para o controle social da vida quotidiana: os seres humanos necessitam do direito penal, do direito processual penal e das penas para a sua própria proteção.

A observância do direito penal a prisma do controle social implica no fato de que as sanções penais resultam da necessidade de se manter a ordem, a paz e o equilíbrio quotidianos ou, melhor, da sociedade. o delito se constituicomo "a infração da lei do Estado, promulgada para protegera segurança dos cidadãos, resultante de um ato do homem, positivo ou negativo, moralmente imputável e politicamente danoso". Sob essa perspectiva, o delito é um comportamento contrário à ordem social, tendente a prejudicá-la, de modo que se faz necessária uma repressão: a sanção penal.

A sanção penal, ao lado das sanções cíveis (ou não-criminais), é uma das formas de controle social, o qual, teoricamente, é o mesmo para todos, ou, como deixa entrever: todo ser humano está sujeito à existência da pena, a qual se constitui em uma reação estatal à violação de bens e interesses tutelados pelas normas penais. É que oEstado, como representante da sociedade, detém o direito depunir (ius puniendi), de modo que o deve utilizar corretamente, vale dizer: a infração que supostamente tenhaviolado bem ou interesse tutelado pela ordem legal penal deverá receber a devida apuração, com respeito a todos os procedimentos processuais penais e a todas as garantias da pessoa humana.

Entende-se, assim, que a sanção penal é uma forma de controle social e que deve ser limitada e regulamentada, haja vista constituir forma "de invasão do Poder Estatal naliberdade" do ser humano [04], de modo que há que se respeitar o rol de garantias e de direitos estabelecidos pelo Estado democrático de direito. A aplicação da sanção penal mediante o correto procedimento e com respeito às garantias que todo indivíduo possui é interesse de toda a sociedade, tanto daqueles que sofrem os delitos quanto daqueles que os praticam: "naturalmente, os delinqüentes

também estão interessados em que o ordenamento jurídico continue a ter vigência [05]", isto é, uma pessoa que se apropria indevidamente do dinheiro de outra não há de querer que terceiro se aproprie do dinheiro seu ou de familiar seu; do mesmo modo que um sujeito inocente acusadode ter matado outrem quer que seja devidamente processado ejulgado, para, muito provavelmente, caso não haja algum acidente de percurso, como queima de arquivo ou erro do judiciário, ser absolvido. .

É por isso que não se pode pretender abolir o direito penal, haja vista este promover, ao lado de outras normas sociais (não-jurídicas), o controle social, de modo a manter a sociedade em equilíbrio e ordem: "o direito penal não é somente uma realização das necessidades punitivas da sociedade, ele é ao mesmo tempo também seu rompimento; ele é controle social e, ao mesmo tempo sua formalização .

O fim da pena não é que se faça justiça, nem que seja vingado o ofendido, nem que seja ressarcido o dano por ele sofrido; ou que se amedrontem os cidadãos, expie o delinqüente o seu crime, ou obtenha a sua correção. .O fim primário da pena é o restabelecimento da ordem externa da sociedade. O fim primeiro da sanção penal é restabelecer, após uma condenação ou uma absolvição, a ordem, a sensação de segurança da coletividade como um todo, e, reflexamente,caso seja possível, a sensação da parte que foi vítima do delito ou que foi vítima de acusação infundada de ter sido feita justiça. E aí está a necessidade de um direito penal enquanto controle social voltado para o devido processo legal, com fulcro nos direitos humanos fundamentais, para se aplicar, ou não, uma sanção.

Segundo Jakobs, o direito penal moderno poderia ser dividido em dois ramos: o direito penal do cidadão, para pessoas, e o direito penal do inimigo, para não-pessoas.

Deve-se, a princípio, levar em conta que a doutrina mais recente considera não haver distinção entre cidadãos e pessoas, direitos do cidadão e direitos humanos fundamentais, de modo que cidadãos são pessoas e vice-versa, e direitos do cidadão e direitos humanos fundamentais são a mesma coisa. Assim, voltar-se-ia o direito penal do cidadão para as pessoas, sujeitos de direitos, e o direito penal do inimigo para as não-pessoas,objetos de direito.

A crítica posta em relação ao direito penal do inimigo, encontra esteio na necessidade de, no controle social decorrente do direito penal material e processual, haver respeito pelo menos a um núcleo essencial de direitos humanos fundamentais; tal núcleo, como se pode extrair das palavras é "um conjunto formado por uma seleção desses direitos, tendo em vista principalmente sua essencialidade,dentre outros critérios".: a todas as pessoas, sem quaisquer distinções, são assegurados direitos e garantias fundamentais, ou seja, independente do crime cometido e da reincidência, ocorra esta antes ou após o cumprimento da pena imposta ao indivíduo, o indivíduo mantém um mínimo essencial de seus direitos, a fim de que tenha respeitada sua dignidade humana.

Nesse prisma, é de se lembrar de as caçadas comandadas pelogoverno norte-americano pelas cabeças de Osama bin Laden e de Saddam Hussein. Após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos da América iniciaram sua política externa de guerras contra um suposto "eixo do mal", ou, a melhor dizer, inimigos dos Estados Unidos, de modo a burlar recomendações das Nações Unidas e a forjar documentos, como restou comprovado no caso da (in)existência de armas de destruição em massa no Iraque. Apolítica de ataques ao Afeganistão, por tentar encontrar Osama bin Laden, o mentor intelectual dos ataques de 11 de

setembro de 2001, e ao Iraque, por tentar encontrar Saddam Hussein, o "dono" de poços de petróleo cobiçados pelo governo norte-americano, tem seus efeitos a serem sentidos até a atualidade: os civis de ambos os países foram os maisprejudicados, bem como os soldados americanos, os quais continuam a morrer por causa da ambição expansionista bushiana de "querer fazer chegar a democracia a tais países", ou, nas palavras de um conhecido personagem de desenho animado: tentar dominar o mundo.

O exemplo acima não é único de como têm sido julgados, processados e condenados os inimigos do direito penal, mas é exemplo mundialmente conhecido. Tal como realizar cruzadas para eliminar infiéis, ou, ainda, eliminar a judeus e homossexuais em campos de concentração, e, até, quem sabe, dizer que homens negros não têm alma, e por issopodem ser utilizados como escravos.

Todos esses exemplos giram em torno de um eixo comum, qual seja o de se considerar determinados indivíduos como objetos, e não sujeitos de direito, o que, como dito mais acima, é a tônica da abordagem do direito penal do inimigo.De se dizer, uma verdadeira dissolução do direito penal material e processual e suas respectivas garantias, um enorme desrespeito aos direitos fundamentais dos seres humanos e uma tremenda violação à dignidade da pessoa humana, SENDO UM TOTAL DESCONTROLE SOCIAL.

É raro a imprensa revelar os abusos do sistema prisional porque em geral a idéia é que deve amargar os sofrimentos do cárcere porque buscou a própia sina. Todavia duas matérias chamaram a atenção no noticiário, onde talvez não tenha servido para despertar atenção para questões de políticas de segurança pública e sobretudo quanto a situação de indignidade da população carcerária.

A primeira revelou a situação de presos mantidos num contêiner, numa delegacia de polícia do Espírito Santo ondea prisão consiste num cubo prisional de chapa metálica, semjanelas ou grades e com um pequeno buraco para entrega de quentinhas.É revoltante e desumano atividade essa que é praticada em pleno século xxi. O “enlatamento” de pessoas um acinte á dignidade humana e ofensa a toda ordem principiológica dos direitos humanos .

Se não bastasse, o mais perturbador dessa história é a naturalidade com que as autoridades responsáveis tentam justificar um modelo industrial de embalar presos como se tivesse encontrado uma solução para o déficit e alto custo para as edificações do sistema carcerário prisional. Sendo eles presos provisórios pouco importa a ofensa, a dignidadehumana dos detentos supostamente autores de ações criminosas feri o princípio indúbio pró-réu conhecido como princípio da presunção de inocência.

A autoridade responsável pela custódia tem ousadia de afirmar que o local é bem oxigenado e que os presos á noitepedem para desligar a ventilação em razão do frio.

Na segunda reportagem, narra-se a série de cinco mortes de detentos em estabelecimentos prisionais, todos por enforcamento. Muito embora, a autoridade competente tenha dito em entrevista que foram casos de suicídio, sendo que oexame de corpo de delito sempre atesta a morte por enforcamento devido às características apresentadas. Somente com muito esforço de ingenuidade poderia se acreditar que em menos de um mês 5 mortes de presos, tenhamsido resultado de suicídio e não de enforcamento.

Uma situação dessa gravidade tem que ser investigada ainda mais, quando há relatos de outras agressões como hematomas e marcas nos corpos das vítimas. A responsabilidade é do

poder público mesmo se quisesse partir da história do carcerário local não sendo excluída tal responsabilidade .

Vivemos em um mundo onde tudo passa de linguagem e do poderde convencimento que alcança quando lançadas publicamente. Sendo que, se não existe o questionamento quanto ao que se foi expresso, os agentes estatais continuarão a usarem de tais atos ilícitos como se fossem legítimos. Seria interessante se não tivéssemos de assistir reportagens dessa natureza porém, pior que ter que ouvi-las é não saberde suas ocorrências, pois foram ocultadas oficialmente ou omitidas, silenciadas diante destas narrativas e fatos e que de modo nenhum pode ser declarada no Estado Democráticode Direito.

Texto enviado pelo aluno Anthony,integrante do grupo Terra(Controle Social).

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Q U I N T A - F E I R A , 2 1 D E M A I O D E 2 0 0 9

Controle Social

Debatendo algumas alternativas para o controle social relativo a temas como direito penal do inimigo, política criminal, drogas.

Particularmente o fracasso da política norte-americana de "guerra às drogas" e a emergência da política de redução dedanos está estreitamente relacionado com a política internacional e sua noção de segurança nacional.

A demanda por controle social representa em geral como uma

preocupação de políticos e estadistas, no entanto nos últimos anos usuários de drogas, ONgs de AIDS/drogas, profissionais da saúde, movimentos sociais comunitários clamam por controle. A problemática do controle não se coloca apenas para as políticas sociais, mas principalmentepara os consumidores de drogas. Em geral, o senso comum percebe o uso de drogas através da idéia da perda dos controles, sem visualizar a possibilidade do auto-controle,do não-abuso. Ela é a mercadoria mas controlada pelo Estado, através de uma qualificação jurídica, caracterizada por três pontos: 1- um efeito sobre o sistema nervoso central; 2- capacidade de criar dependência física ou psíquica; 3- noção de perigo sanitário e social .

Os rituais de consumo de drogas e as regras presentes nas redes de usuários ajudam a controlar e a regular essa prática, da seguinte forma: 1- Maximizando o efeito de droga desejado; 2- Controlando as dosagens de uso de drogas; 3- Balanceando os efeitos positivos e negativos do uso de drogas; 4- Prevenindo problemas secundários Quais são os limites entre o uso e o abuso no consumo de drogas? Quais são as variáveis que diferenciam o uso controlado do uso descontrolado? O consumo de drogas não se restringe a uma expressão de psicopatologia ou doença, e nem tampouco apenas desvio e marginalidade, mas pode expressar também rituais e valores da norma, como no caso do álcool.

O que diferencia um consumidor de drogas lícitas das ilícitas? Por que drogas como o álcool e a nicotina, comprovadas cientificamente danosas, são liberadas e a maconha considerada leve, "inócua", é proibida? Quais são os fundamentos do regime proibicionista às drogas? A distinção entre o legal e o ilegal não seria fruto apenas de uma arbitrariedade cultural fundada no controle útil dosdelinquentes? Comer, o beber e a atividade sexual são necessidades básicas, cuja satisfação está controlada pelos

costumes, religiões e leis. Vale lembrar as leis dietéticasjudias fundadas no velho testamento, que proíbem a ingestãode inúmeros alimentos. As drogas participam também desse regime dietético e seu consumo pode ser controlado em razãode preceitos semelhantes, por intermédio dos chamados controles tradicionais e “ïnformais” presentes na cultura do consumo de drogas

O consumo de drogas tornou-se uma contrapartida patológica apenas recentemente, com os Estados modernos conferindo aosmédicos o poder de prescrever medicamentos e privar as pessoas da liberdade de ingerir certas substâncias psicoativas. Até 1914, nos EUA, as pessoas tinham o direitoa autodeterminação e automedicação quanto ao uso de drogas,medicamentos psicoativos ou não, como expressão dos direitos fundamentais da pessoa humana.

Qual a razão dessa transformação política e moral? O que representa essa ingerência do Estado na vida privada dos cidadãos, através do controle público de drogas? A organização de uma delinquência isolada e fechada não seriapossível sem o desenvolvimento dos controles policiais, da fiscalização geral da população e da vigilância. A ilegalidade e o sistema carcerário especificam o tipo de delinquência, como efeito direto de uma penalidade para gerir as práticas ilegais, que investe num mecanismo de "punição-reprodução", do qual o encarceramento será uma daspeças principais.

Numa passagem do livro Vigiar e Punir sobre o tráfico de drogas e armas: "A delinquência, ilegalidade dominada, é umagente para a ilegalidade dos grupos dominantes. Atualmente, o problema das drogas supera a questão simplesmente médica, pois o proibicionismo criou novas questões e problemas a ele relacionados, tais como o crime organizado, a violência, a corrupção, a instabilidade

política, a lavagem de dinheiro.

Esse "negócio" está entre as três atividades mais lucrativas do mundo, formando uma rede direta e indireta que emprega milhares de pessoas na produção, distribuição econsumo.Narcotráfico não é apenas um comportamento delitivo, mas um verdadeiro processo produtivo de mercadorias, mesmo ilegal. Essa atividade se diferencia dosoutros crimes organizados (roubo a banco, sequestros etc) por agregar valor, o que explicaria a reduzida eficácia da lei penal frente ao narcotráfico . As drogas são mercadorias, cuja proibição vem possibilitanto lucros extraordinários e consolidando uma poderosa economia ilegal. Segundo estimativas da ONU, toda atividade ligada às drogas movimenta na economia mundial 500 bilhões de dólares por ano.

Essa economia proporciona uma acumulação de riquezas e poder sem precedentes, o que vem representando em muitos países, como os andinos, uma instabilidade institucional permanente.Junto ao narcotráfico temos outras atividades correlatas como o roubos, assassinatos, sequestros, lavagemde dinheiro, corrupção etc. Esse último é fator de preocupação para as democracias, pois tem a capacidade de corromper autoridades públicas, policiais e juízes. O proibicionismo e a política de guerra se mostraram um fracasso como política de controle de drogas. Cada vez mais, torna-se um imperativo a elaboração de alternativas epolíticas democráticas para lidar com os controles e as regulamentações relativas às drogas. Políticas que respeitem os usuários de drogas em seus direitos, para que possam ser incluídos e tratados como cidadãos.

A abolição do direito penal não é de forma alguma uma opçãoagradável aos seres humanos e muito menos para os seus direitos humanos. É que a existência da pena é de grande

relevância para o controle social da vida quotidiana: os seres humanos necessitam do direito penal, do direito processual penal e das penas para a sua própria proteção.

A observância do direito penal a prisma do controle social implica no fato de que as sanções penais resultam da necessidade de se manter a ordem, a paz e o equilíbrio quotidianos ou, melhor, da sociedade. o delito se constituicomo "a infração da lei do Estado, promulgada para protegera segurança dos cidadãos, resultante de um ato do homem, positivo ou negativo, moralmente imputável e politicamente danoso". Sob essa perspectiva, o delito é um comportamento contrário à ordem social, tendente a prejudicá-la, de modo que se faz necessária uma repressão: a sanção penal.

A sanção penal, ao lado das sanções cíveis (ou não-criminais), é uma das formas de controle social, o qual, teoricamente, é o mesmo para todos, ou, como deixa entrever: todo ser humano está sujeito à existência da pena, a qual se constitui em uma reação estatal à violação de bens e interesses tutelados pelas normas penais. É que oEstado, como representante da sociedade, detém o direito depunir (ius puniendi), de modo que o deve utilizar corretamente, vale dizer: a infração que supostamente tenhaviolado bem ou interesse tutelado pela ordem legal penal deverá receber a devida apuração, com respeito a todos os procedimentos processuais penais e a todas as garantias da pessoa humana.

Entende-se, assim, que a sanção penal é uma forma de controle social e que deve ser limitada e regulamentada, haja vista constituir forma "de invasão do Poder Estatal naliberdade" do ser humano [04], de modo que há que se respeitar o rol de garantias e de direitos estabelecidos pelo Estado democrático de direito. A aplicação da sanção penal mediante o correto procedimento e com respeito às

garantias que todo indivíduo possui é interesse de toda a sociedade, tanto daqueles que sofrem os delitos quanto daqueles que os praticam: "naturalmente, os delinqüentes também estão interessados em que o ordenamento jurídico continue a ter vigência [05]", isto é, uma pessoa que se apropria indevidamente do dinheiro de outra não há de querer que terceiro se aproprie do dinheiro seu ou de familiar seu; do mesmo modo que um sujeito inocente acusadode ter matado outrem quer que seja devidamente processado ejulgado, para, muito provavelmente, caso não haja algum acidente de percurso, como queima de arquivo ou erro do judiciário, ser absolvido. .

É por isso que não se pode pretender abolir o direito penal, haja vista este promover, ao lado de outras normas sociais (não-jurídicas), o controle social, de modo a manter a sociedade em equilíbrio e ordem: "o direito penal não é somente uma realização das necessidades punitivas da sociedade, ele é ao mesmo tempo também seu rompimento; ele é controle social e, ao mesmo tempo sua formalização .

O fim da pena não é que se faça justiça, nem que seja vingado o ofendido, nem que seja ressarcido o dano por ele sofrido; ou que se amedrontem os cidadãos, expie o delinqüente o seu crime, ou obtenha a sua correção. .O fim primário da pena é o restabelecimento da ordem externa da sociedade. O fim primeiro da sanção penal é restabelecer, após uma condenação ou uma absolvição, a ordem, a sensação de segurança da coletividade como um todo, e, reflexamente,caso seja possível, a sensação da parte que foi vítima do delito ou que foi vítima de acusação infundada de ter sido feita justiça. E aí está a necessidade de um direito penal enquanto controle social voltado para o devido processo legal, com fulcro nos direitos humanos fundamentais, para se aplicar, ou não, uma sanção.

Segundo Jakobs, o direito penal moderno poderia ser dividido em dois ramos: o direito penal do cidadão, para pessoas, e o direito penal do inimigo, para não-pessoas. Deve-se, a princípio, levar em conta que a doutrina mais recente considera não haver distinção entre cidadãos e pessoas, direitos do cidadão e direitos humanos fundamentais, de modo que cidadãos são pessoas e vice-versa, e direitos do cidadão e direitos humanos fundamentais são a mesma coisa. Assim, voltar-se-ia o direito penal do cidadão para as pessoas, sujeitos de direitos, e o direito penal do inimigo para as não-pessoas,objetos de direito.

A crítica posta em relação ao direito penal do inimigo, encontra esteio na necessidade de, no controle social decorrente do direito penal material e processual, haver respeito pelo menos a um núcleo essencial de direitos humanos fundamentais; tal núcleo, como se pode extrair das palavras é "um conjunto formado por uma seleção desses direitos, tendo em vista principalmente sua essencialidade,dentre outros critérios".: a todas as pessoas, sem quaisquer distinções, são assegurados direitos e garantias fundamentais, ou seja, independente do crime cometido e da reincidência, ocorra esta antes ou após o cumprimento da pena imposta ao indivíduo, o indivíduo mantém um mínimo essencial de seus direitos, a fim de que tenha respeitada sua dignidade humana.

Nesse prisma, é de se lembrar de as caçadas comandadas pelogoverno norte-americano pelas cabeças de Osama bin Laden e de Saddam Hussein. Após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos da América iniciaram sua política externa de guerras contra um suposto "eixo do mal", ou, a melhor dizer, inimigos dos Estados Unidos, de modo a burlar recomendações das Nações Unidas e a forjar documentos, como restou comprovado no caso da

(in)existência de armas de destruição em massa no Iraque. Apolítica de ataques ao Afeganistão, por tentar encontrar Osama bin Laden, o mentor intelectual dos ataques de 11 de setembro de 2001, e ao Iraque, por tentar encontrar Saddam Hussein, o "dono" de poços de petróleo cobiçados pelo governo norte-americano, tem seus efeitos a serem sentidos até a atualidade: os civis de ambos os países foram os maisprejudicados, bem como os soldados americanos, os quais continuam a morrer por causa da ambição expansionista bushiana de "querer fazer chegar a democracia a tais países", ou, nas palavras de um conhecido personagem de desenho animado: tentar dominar o mundo.

O exemplo acima não é único de como têm sido julgados, processados e condenados os inimigos do direito penal, mas é exemplo mundialmente conhecido. Tal como realizar cruzadas para eliminar infiéis, ou, ainda, eliminar a judeus e homossexuais em campos de concentração, e, até, quem sabe, dizer que homens negros não têm alma, e por issopodem ser utilizados como escravos.

Todos esses exemplos giram em torno de um eixo comum, qual seja o de se considerar determinados indivíduos como objetos, e não sujeitos de direito, o que, como dito mais acima, é a tônica da abordagem do direito penal do inimigo.De se dizer, uma verdadeira dissolução do direito penal material e processual e suas respectivas garantias, um enorme desrespeito aos direitos fundamentais dos seres humanos e uma tremenda violação à dignidade da pessoa humana, SENDO UM TOTAL DESCONTROLE SOCIAL.

É raro a imprensa revelar os abusos do sistema prisional porque em geral a idéia é que deve amargar os sofrimentos do cárcere porque buscou a própia sina. Todavia duas matérias chamaram a atenção no noticiário, onde talvez não tenha servido para despertar atenção para questões de

políticas de segurança pública e sobretudo quanto a situação de indignidade da população carcerária.

A primeira revelou a situação de presos mantidos num contêiner, numa delegacia de polícia do Espírito Santo ondea prisão consiste num cubo prisional de chapa metálica, semjanelas ou grades e com um pequeno buraco para entrega de quentinhas.É revoltante e desumano atividade essa que é praticada em pleno século xxi. O “enlatamento” de pessoas um acinte á dignidade humana e ofensa a toda ordem principiológica dos direitos humanos .

Se não bastasse, o mais perturbador dessa história é a naturalidade com que as autoridades responsáveis tentam justificar um modelo industrial de embalar presos como se tivesse encontrado uma solução para o déficit e alto custo para as edificações do sistema carcerário prisional. Sendo eles presos provisórios pouco importa a ofensa, a dignidadehumana dos detentos supostamente autores de ações criminosas feri o princípio indúbio pró-réu conhecido como princípio da presunção de inocência.

A autoridade responsável pela custódia tem ousadia de afirmar que o local é bem oxigenado e que os presos á noitepedem para desligar a ventilação em razão do frio.

Na segunda reportagem, narra-se a série de cinco mortes de detentos em estabelecimentos prisionais, todos por enforcamento. Muito embora, a autoridade competente tenha dito em entrevista que foram casos de suicídio, sendo que oexame de corpo de delito sempre atesta a morte por enforcamento devido às características apresentadas. Somente com muito esforço de ingenuidade poderia se acreditar que em menos de um mês 5 mortes de presos, tenhamsido resultado de suicídio e não de enforcamento.

Uma situação dessa gravidade tem que ser investigada ainda mais, quando há relatos de outras agressões como hematomas e marcas nos corpos das vítimas. A responsabilidade é do poder público mesmo se quisesse partir da história do carcerário local não sendo excluída tal responsabilidade .

Vivemos em um mundo onde tudo passa de linguagem e do poderde convencimento que alcança quando lançadas publicamente. Sendo que, se não existe o questionamento quanto ao que se foi expresso, os agentes estatais continuarão a usarem de tais atos ilícitos como se fossem legítimos. Seria interessante se não tivéssemos de assistir reportagens dessa natureza porém, pior que ter que ouvi-las é não saberde suas ocorrências, pois foram ocultadas oficialmente ou omitidas, silenciadas diante destas narrativas e fatos e que de modo nenhum pode ser declarada no Estado Democráticode Direito.

Texto enviado pelo aluno Anthony,integrante do grupo Terra(Controle Social).

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POSTADO POR VERSAOINVERSA ÀS 5/21/2009 11:02:00 AM 0 COMENTÁRIOS MARCADORES: GRUPO TERRA

T E R Ç A - F E I R A , 1 2 D E M A I O D E 2 0 0 9

Lei que proíbe fumo em SP é sancionada

Secretarias serão responsáveis por medidas complementares.Multas podem variar de R$ 792 a até R$ 3 milhões.

O governador de São Paulo, José Serra, sancionou e regulamentou na tarde desta quinta-feira (7) a lei que proíbe o fumo em ambientes coletivos, público e privados, no estado. A lei deve ser publicada nesta sexta-feira (8)

no "Diário Oficial". Noventa dias após a publicação, ela entrará em vigor.

O anúncio da sanção ocorreu durante cerimônia no Instituto do Câncer. Serra estava acompanhado pelos secretários Luiz Roberto Barrada Baratas, da Saúde, e Luiz Antônio Marrey, da Justiça.

“A lei foi minha e o cumprimento é deles [dos secretários da Saúde e da Justiça]. Então, se tiver algum problema, vocês sabem a quem procurar”, disse o governador, em tom deironia, esclarecendo que, a partir de agora, as medidas complementares da legislação serão determinadas pelos dois secretários.

Pela nova lei não será mais permitido consumir cigarros, charutos, cigarrilhas, cachimbos, narguilés ou quaisquer outros produtos fumígenos em ambientes coletivos (veja arteabaixo). Nestes locais fica permanente proibida a existência de fumódromos, independentemente do isolamento que eles mantenham em relação a outros ambientes do local.

A lei não se aplica a residências, a vias públicas e aos espaços ao ar livre, a instituições de tratamento de saúde que tenham pacientes autorizados a fumar, a tabacarias, e aos locais de culto religioso que uso do produto fumígeno faça parte do ritual. O fumo será liberado em quartos de hotéis, pousadas e similares, desde que estejam ocupados. Não haverá restrição aos estádios de futebol, que são considerados locais abertos. A nova legislação não se aplica a cadeias e centros de detenção que possuem

regulamentação própria.

Fiscalização

A nova lei passa a valer em 90 dias. Nesse período, os secretários de Saúde e Justiça irão ajustar os detalhes de como será feita a fiscalização e aplicação de penalidades. Já está determinado, porém, que a fiscalização será feita pela Vigilância Sanitária e Procon e atingirá apenas os estabelecimentos que a descumprirem. Ao fumante não haverá aplicação de penalidade, nem fiscalização. Mas, segundo o secretário de Justiça, caso um fumante se negue a parar de fumar em um estabelecimento mesmo após o pedido do proprietário do local, poderá ser acionada a polícia para retirá-lo.

Serra ressaltou que o objetivo da nova lei não é penalizar o fumante, mas ajudar os não fumantes. "Sempre fui contra fazer lei seca do cigarro. Não estamos reprimindo. A ideia é melhorar a saúde".

No caso dos estabelecimentos, no caso do descumprimento da lei, as multas aplicadas poderão variar de R$ 792 a até R$ 3 milhões. Marrey acredita, entretanto, que será muito difícil que algum estabelecimento alcance o teto da multa, antes disso ele deverá ser fechado pela reincidência na infração.

Cerca de 500 agentes da Vigilância Sanitária e do Procon deverão garantir o cumprimento da lei antifumo. Eles

realizarão jornadas extras para garantir que a lei está sendo respeitada. Com veículos e uniformes especiais. As ações serão feitas por equipes com, no mínimo, seis integrantes. Questionado sobre se o número de fiscais não seria pequeno para todo o estado, o governado Serra afirmouque também serão feitos convênios com os Procons dos municípios.

As multas poderão ser aplicadas até em locais onde ninguém estiver fumando no momento da chegada de fiscais. Caso os agentes verifiquem a presença de cinzeiros, pontas de cigarro jogadas no chão, no lixo ou em vasos sanitários e não avistarem cartazes avisando que é proibido fumar no ambiente, eles poderão multar o dono do estabelecimento.

Blitz educativa

Ao longo dos próximos 90 dias, a Secretaria de Saúde tambémvai realizar blitzes educativas sobre as restrições impostas pela nova lei. Serão distribuídos materiais informativos aos proprietários sobre as novas determinaçõesque deverão cumprir como retirada de cinzeiros e a extinçãode fumódromos.

As blitzes serão realizadas em 28 municípios. São eles: SãoPaulo, Santo André, Mogi das Cruzes, Franco da Rocha, Osasco, Araçatuba, Araraquara, Assis, Barretos, Bauru, Botucatu, Campinas, Franca, Marília, Piracicaba, PresidentePrudente, Presidente Venceslau, Registro, Ribeirão Preto, Santos, São João da Boa Vista, São José dos Campos, Caraguatatuba, São José do Rio Preto, Jales, Sorocaba, Itapeva e Taubaté.

Fonte: G1

Texto enviado pelo aluno José Barros, integrante do Grupo Terra(Contole Social).

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POSTADO POR VERSAOINVERSA ÀS 5/12/2009 11:25:00 AM 1 COMENTÁRIOS MARCADORES: GRUPO TERRA

CRIMINALIDADE E CONTROLE SOCIAL

Muito se discute hoje sobre o que pode ser feito em face daonda de criminalidade que vem assolando o Brasil. O crime éum fenômeno complexo e plurifatorial. A Criminologia moderna estendeu o foco inicial do estudo do fenômeno criminal (centrado inicialmente no crime e no delinqüente) e hoje trabalha com quatro pilares básicos: crime, delinqüente, vítima e o controle social. Chegou-se a conclusão que para conhecer melhor o fenômeno criminal seria necessário, além de estudar o crime e a figura do delinqüente, trazer para as investigações científicas a pessoa da vítima e os mecanismos que a sociedade utiliza para controlar a criminalidade.

Para García-Pablos de Molina o controle social é entendido como o conjunto de instituições, estratégias e sanções sociais, que pretendem promover e garantir referido submetimento do indivíduo aos modelos e normas comunitários(RT, 2002, p.133). Segundo a Criminologia, o controle dos crimes ocorre também pela integração da atuação social de dois tipos de controles: o informal e o formal.

O controle informal é o do dia-a-dia das pessoas dentro de suas famílias, escola, profissão, opinião pública etc. A imensa maioria da população não delinqüe, pois sucumbe ás

barreiras desse primeiro controle. O sistema informal vai socializando a pessoa desde a sua infância (ex: âmbito familiar), e ele é, em geral, sutil e não possui uma pena, além de ser mais ágil na resolução dos conflitos que os mecanismos públicos. O desprezo social (ex: a punição informal com o afastamento das amizades ou de alguns membros da própria família) são sanções que para a grande maioria são mais que suficientes para inibir a prática de um crime.

Como segundo obstáculo para a prática do delito temos os controles formais, exercidos pelos diversos órgãos públicosque atuam na esfera criminal, como as polícias, Ministério Público, sistema penitenciário etc. Aquelas pessoas que nãorespeitam as regras sociais e cometem uma infração criminalpassam a serem controladas por essas instâncias, bem mais agressivas e repressoras que as instâncias informais.

O aumento da repressão do sistema formal não significa que automaticamente irá ocorrer a redução dos índices de criminalidade. O sistema só funciona corretamente com uma melhor distribuição de funções entre os mecanismos informais e formais no controle da criminalidade. O que existe hoje é um excesso de atribuições para demover as pessoas à não cometerem delitos sobrecarregando o sistema de controle formal. Isso fica patente quando se aprova uma lei penal desproporcionalmente severa e o resultado práticoé nulo, continuando a espécie de delito tratado pela nova lei penal a ser praticado na mesma velocidade pelos infratores.

Daí a importância de se fortalecerem os chamados controles informais (ética, família, religião etc), porquanto o sistema de controle formal acaba sobrecarregado de uma missão que, em tese, deveria ser mais bem compartilhada como sistema informal.

A família é uma peça fundamental nesse intricado problema. Uma família desestruturada pode gerar adultos problemáticospara enfrentar a complexidade da convivência social, aproximando-os das drogas e do alcoolismo desenfreado, o que possibilita o aparecimento de oportunidades para a prática de delitos. Nesse contexto, a aplicação efetiva dasnormas de proteção de crianças e adolescentes da Lei Federal 8069/90, com o acompanhamento de psicólogos, assistentes sociais, e outros profissionais, impediria que muitos adolescentes optassem posteriormente pelo caminho docrime.

Enfim, com a integração dos controles sociais, informal (prévio) e formal (posterior-estatal), com uma equilibrada divisão dessas missões, ocorrerá uma importante contribuição para se reduzir os índices de criminalidade deforma mais eficiente.

Trabalho enviado pelos alunos MAYRA FERNANDA, JÉSSICA LUISE, MAURÍCIO ,CLARKSON LIMA, LIVIA BARBOSA, ANTHONY FARADAY SOTERO, TIAGO CARVALHO, integrantes do grupo Terra(Controle Social).

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POSTADO POR VERSAOINVERSA ÀS 5/12/2009 11:24:00 AM 1 COMENTÁRIOS MARCADORES: GRUPO TERRA

T E R Ç A - F E I R A , 5 D E M A I O D E 2 0 0 9

Aspectos Relacionados à Conformidade e aoDesvio

Os aspectos relacionados à conformidade e ao desvio são:

- A meta da pressão social é uma conformidade manifesta. Naconformidade existem dois aspectos que podem ou não ser simultâneos: o cumprimento e a convicção. Devido à vida em sociedade a pessoa já tem uma idéia, no seu interior, das normas, ou seja, do que é certo ou errado, e por isso mesmoestá convicto de sua validade e retidão. Um indivíduo pode cumprir uma norma sem a convicção de sua validade caso ele deseje a aceitação de um determinado grupo. Ex: Um jovem, que não faz uso de bebidas alcoólicas, começa a andar com um determinado grupo de amigos que o faz e começa a usar para ser aceito no tal grupo de amigos.

- O grupo reprime as variações extremas. Em todos os grupos, em relação ao cumprimento das normas, ocorre certa variação. Desde que o comportamento desviado corresponda a uma ligeira modificação das normas sociais, terá maior probabilidade de ser ignorado ou será passível de sanções ligeiras. Quanto maior for o desvio das normas, mais grave será considerada a falta e mais severa será a sanção por parte do grupo. A graduação das faltas é determinada pela categoria do grupo.

- Os limites de tolerância variam. Os grupos são flexíveis com relação à conformidade e ao comportamento desviado; em certos casos, certo grau de desvio é aceito. Os limites desta tolerância dependem de alguns fatores: o status do infrator, o tipo de comportamento e a natureza da situação social.

- Em épocas de crise ocorrem mudanças na tolerância. Os limites de tolerância podem diminuir ou aumentar dependendoda crise na qual a sociedade atravessa, podendo também diminuir em determinados campos e aumentar em outros.

- Tolera-se mais o desvio das normas em uma comunidade grande e heterogênea do que em uma pequena e homogênea. Quanto mais uma comunidade cresce mais o indivíduo tende a ser desconhecido e por isso mesmo ser mais livre; e quanto mais complexa fora comunidade maior será a probabilidade depossuir vários conjuntos de normas contraditórios e, por isso, a oposição a determinados comportamentos diminui. Já numa comunidade pequena a pessoa fica mais exposta aos olhos dos outros tendo assim uma maior pressão para cumpri com as normas. Uma sociedade pequena e homogênea possui maior união do que uma grande e heterogênea, por isso, os indivíduos que desviam das normas tem maior probabilidade de serem repelidos. Então se pode dizer que o controle social é mais eficaz numa sociedade pequena e homogênea do que numa sociedade grande e heterogênea.

- A família, a vizinhança e a Igreja são órgãos de controlesocial com menos poder do que no passado, ao passo que as empresas e o Estado tendem a adquirir mais força. Com a transferência da produção econômica da família para as empresas, com o crescimento das comunidades, com o fortalecimento do Estado e a tendência para a secularizaçãodas sociedades, modificou-se o panorama da distribuição dasfunções do controle social entre as instituições, fortalecendo-se a empresa e o Estado em detrimento da família, do grupo local e da Igreja que apareciam em todas as etapas da atividade social e exerciam a maior parte do controle social.

- Os membros do grupo considerados mais importantes ( valiosos ) têm mais liberdade. Há maior probabilidade de um membro importante ou apreciado do grupo se desviar das normas, sendo seu comportamento aceito ou tolerado, do que um membro com menos importância.

- Exige-se maior conformidade de alguns grupos do que de

outros. Existem certas categorias profissionais como sacerdotes, médicos, professores etc. das quais se espera uma maior conformidade do que de outras categorias ou grupos.

- A tolerância é afetada pela importância da questão. Em toda sociedade existem determinadas normas nas quais não é tolerado o menor desvio, sendo que nem sequer é possível colocar em discussão a validade e importância desta norma. Em outras questões ( desde que não contidas nos mores ) o grupo é mais tolerante com comportamentos desviados.

- Os mores podem fazer com que qualquer atitude seja considerada certa. Em nossa sociedade aceitam-se como legitimados pelos mores a pena de morte e o dever de matar soldados inimigos em guerra, apesar de se condenarem, em geral, os assassinatos.

- Em nossa cultura, os pecados de omissão geralmente são considerados menos repreensíveis do que os de ação. É menosgrave você deixar de prestar socorro à alguma vítima de acidente do que você ser o causador de tal acidente.

Códigos e Sanções

Os códigos considerados modelo pela maioria dos autores sãoaquelas normas de conduta cujo poder de persuasão repousa, em parte, nas sanções, positivas ou negativas, de aprovaçãoou desaprovação, que as acompanham. Desta forma a conformidade aos modelos, em qualquer grupo ou coletividade, pode acarretar a concessão de recompensas, e o desvio ou não-submissão provoca a imposição de determinadas penas. Esses códigos variam de sociedade para sociedade e, dentro da sociedade, de grupo para grupo, de acordo com sua constituição ou finalidade.

Proposição de Maclver e Page

Maclver e Page ( 1972:145 ) apresentam no quadro abaixo um esquema referente aos diversos grupos ou tipos de relações sociais, que contêm os códigos em que se baseiam para orientar o comportamento de seus membros e as sanções específicas de que lançam mão.

1- GRUPOS (BASE SOCIAL) 2- CÓDIGOS 3- SANÇÕES ESPECÍFICAS

I - Associações constituídas em grande escala:

A- 1- O Estado, 2- a)Código penal,b)Código civil 3-Constrangimento físico através de:a) Multa, prisão, morte;b) Indenização de prejuízos ou restituição.

B- 1- A Igreja. 2- Código religioso, 3- Excomunhão, penitência, perda de prerrogativa, temor à cólera divina

C- 1- As Organizações Profissionais, 2- Códigos Profissionais, 3- Expulsão ( perda da condição de membro ),perda do direito de exercer a profissão ( com a ajuda do código legal ).

II – Associações constituídas em pequena escala:

A- 1- A Família, 2- Código Familiar, 3- Castigo dado pelos pais, exclusão da herança ( deserdação ), perda de preferência.

B- 1- O Clube, 2- Normas e Regulamentos, 3- Perda da condição de membro, de privilégios.

C- 1- O bando ( gang ) ou a quadrilha, 2- Código dos marginais, 3- Morte e outras formas de violência.

III – 1- A comunidade, 2- O costume, a moda, as convenções,a etiqueta, 3- Ostracismo social, perda da reputação, o ridículo.

IV – 1- As relações sociais em geral, 2- O código moral (individualizado ), 3- O sentimento de culpabilidade ou degradação.

No quadro estão especificadas as penas por meio das quais ogrupo reage contra elemento que atuam contra as normas estabelecidas pelos diferentes códigos. São eles que regem as relações de comportamento dos membros dos grupos. Esses autores não fazem menção as sanções positivas empregadas para encorajar e premiar o comportamento aprovado, entretanto, estas possuem também importante função: reforçam a socialização, a interiorização das normas e valores sociais, através do sentimento de prazer propiciadoaos que atuam de maneira socialmente aprovada. O psicólogo B. F. Skinner as chamou de “reforço positivo” para a ação.

A sociedade tem diferentes meios de demonstrar sua satisfação em relação a determinadas ações de seus membros ou grupos: o elogio público ou particular, o prestígio conferido, as recompensas simbólicas etc. A aprovação também pode aparecer de maneira espontânea através do apoio, do encorajamento, do aplauso.

O conjunto de sanções, positivas e negativas, existentes numa comunidade constitui uma força poderosa de regulamentação da atuação efetivadas pelo desejo de se obter aprovação e/ou evitar a reprovação de seus semelhantes. Esse conjunto leva o indivíduo a analisar, porantecipação ou retrospecção, o seu próprio comportamento deacordo com os padrões grupais.

Trabalho enviado pelos alunos MAYRA, JÉSSICA, MAURÍCIO, LIVIA BARBOSA, ANTHONY FARADAY SOTERO, integrantes do grupoTerra(Controle Social).

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POSTADO POR VERSAOINVERSA ÀS 5/05/2009 02:45:00 PM 0 COMENTÁRIOS MARCADORES: GRUPO TERRA

S Á B A D O , 2 5 D E A B R I L D E 2 0 0 9

Controle Social

Debatendo algumas alternativas para o controle social relativo a temas como direito penal do inimigo, política criminal, drogas.

Particularmente o fracasso da política norte-americana de "guerra às drogas" e a emergência da política de redução dedanos está estreitamente relacionado com a política internacional e sua noção de segurança nacional.

A demanda por controle social representa em geral como uma preocupação de políticos e estadistas, no entanto nos últimos anos usuários de drogas, ONgs de AIDS/drogas, profissionais da saúde, movimentos sociais comunitários clamam por controle. A problemática do controle não se coloca apenas para as políticas sociais, mas principalmentepara os consumidores de drogas. Em geral, o senso comum percebe o uso de drogas através da idéia da perda dos controles, sem visualizar a possibilidade do auto-controle,do não-abuso. Ela é a mercadoria mas controlada pelo Estado, através de uma qualificação jurídica, caracterizada por três pontos: 1- um efeito sobre o sistema nervoso central; 2- capacidade de criar dependência física ou psíquica; 3- noção de perigo sanitário e social .

Os rituais de consumo de drogas e as regras presentes nas redes de usuários ajudam a controlar e a regular essa prática, da seguinte forma: 1- Maximizando o efeito de droga desejado; 2- Controlando as dosagens de uso de drogas; 3- Balanceando os efeitos positivos e negativos do uso de drogas; 4- Prevenindo problemas secundários Quais são os limites entre o uso e o abuso no consumo de drogas? Quais são as variáveis que diferenciam o uso controlado do uso descontrolado? O consumo de drogas não se restringe a uma expressão de psicopatologia ou doença, e nem tampouco apenas desvio e marginalidade, mas pode expressar também rituais e valores da norma, como no caso do álcool.

O que diferencia um consumidor de drogas lícitas das ilícitas? Por que drogas como o álcool e a nicotina, comprovadas cientificamente danosas, são liberadas e a maconha considerada leve, "inócua", é proibida? Quais são os fundamentos do regime proibicionista às drogas? A distinção entre o legal e o ilegal não seria fruto apenas de uma arbitrariedade cultural fundada no controle útil dosdelinquentes? Comer, o beber e a atividade sexual são necessidades básicas, cuja satisfação está controlada peloscostumes, religiões e leis. Vale lembrar as leis dietéticasjudias fundadas no velho testamento, que proíbem a ingestãode inúmeros alimentos. As drogas participam também desse regime dietético e seu consumo pode ser controlado em razãode preceitos semelhantes, por intermédio dos chamados controles tradicionais e “ïnformais” presentes na cultura do consumo de drogas

O consumo de drogas tornou-se uma contrapartida patológica apenas recentemente, com os Estados modernos conferindo aosmédicos o poder de prescrever medicamentos e privar as pessoas da liberdade de ingerir certas substâncias psicoativas. Até 1914, nos EUA, as pessoas tinham o direitoa autodeterminação e automedicação quanto ao uso de drogas,

medicamentos psicoativos ou não, como expressão dos direitos fundamentais da pessoa humana.

Qual a razão dessa transformação política e moral? O que representa essa ingerência do Estado na vida privada dos cidadãos, através do controle público de drogas? A organização de uma delinquência isolada e fechada não seriapossível sem o desenvolvimento dos controles policiais, da fiscalização geral da população e da vigilância. A ilegalidade e o sistema carcerário especificam o tipo de delinquência, como efeito direto de uma penalidade para gerir as práticas ilegais, que investe num mecanismo de "punição-reprodução", do qual o encarceramento será uma daspeças principais.

Numa passagem do livro Vigiar e Punir sobre o tráfico de drogas e armas: "A delinquência, ilegalidade dominada, é umagente para a ilegalidade dos grupos dominantes. Atualmente, o problema das drogas supera a questão simplesmente médica, pois o proibicionismo criou novas questões e problemas a ele relacionados, tais como o crime organizado, a violência, a corrupção, a instabilidade política, a lavagem de dinheiro.

Esse "negócio" está entre as três atividades mais lucrativas do mundo, formando uma rede direta e indireta que emprega milhares de pessoas na produção, distribuição econsumo.Narcotráfico não é apenas um comportamento delitivo, mas um verdadeiro processo produtivo de mercadorias, mesmo ilegal. Essa atividade se diferencia dosoutros crimes organizados (roubo a banco, sequestros etc) por agregar valor, o que explicaria a reduzida eficácia da lei penal frente ao narcotráfico . As drogas são mercadorias, cuja proibição vem possibilitanto lucros extraordinários e consolidando uma poderosa economia ilegal. Segundo estimativas da ONU, toda atividade ligada

às drogas movimenta na economia mundial 500 bilhões de dólares por ano.

Essa economia proporciona uma acumulação de riquezas e poder sem precedentes, o que vem representando em muitos países, como os andinos, uma instabilidade institucional permanente.Junto ao narcotráfico temos outras atividades correlatas como o roubos, assassinatos, sequestros, lavagemde dinheiro, corrupção etc. Esse último é fator de preocupação para as democracias, pois tem a capacidade de corromper autoridades públicas, policiais e juízes. O proibicionismo e a política de guerra se mostraram um fracasso como política de controle de drogas. Cada vez mais, torna-se um imperativo a elaboração de alternativas epolíticas democráticas para lidar com os controles e as regulamentações relativas às drogas. Políticas que respeitem os usuários de drogas em seus direitos, para que possam ser incluídos e tratados como cidadãos.

A abolição do direito penal não é de forma alguma uma opçãoagradável aos seres humanos e muito menos para os seus direitos humanos. É que a existência da pena é de grande relevância para o controle social da vida quotidiana: os seres humanos necessitam do direito penal, do direito processual penal e das penas para a sua própria proteção.A observância do direito penal a prisma do controle social implica no fato de que as sanções penais resultam da necessidade de se manter a ordem, a paz e o equilíbrio quotidianos ou, melhor, da sociedade. o delito se constituicomo "a infração da lei do Estado, promulgada para protegera segurança dos cidadãos, resultante de um ato do homem, positivo ou negativo, moralmente imputável e politicamente danoso". Sob essa perspectiva, o delito é um comportamento contrário à ordem social, tendente a prejudicá-la, de modo que se faz necessária uma repressão: a sanção penal.

A sanção penal, ao lado das sanções cíveis (ou não-criminais), é uma das formas de controle social, o qual, teoricamente, é o mesmo para todos, ou, como deixa entrever: todo ser humano está sujeito à existência da pena, a qual se constitui em uma reação estatal à violação de bens e interesses tutelados pelas normas penais. É que oEstado, como representante da sociedade, detém o direito depunir (ius puniendi), de modo que o deve utilizar corretamente, vale dizer: a infração que supostamente tenhaviolado bem ou interesse tutelado pela ordem legal penal deverá receber a devida apuração, com respeito a todos os procedimentos processuais penais e a todas as garantias da pessoa humana.

Entende-se, assim, que a sanção penal é uma forma de controle social e que deve ser limitada e regulamentada, haja vista constituir forma "de invasão do Poder Estatal naliberdade" do ser humano [04], de modo que há que se respeitar o rol de garantias e de direitos estabelecidos pelo Estado democrático de direito. A aplicação da sanção penal mediante o correto procedimento e com respeito às garantias que todo indivíduo possui é interesse de toda a sociedade, tanto daqueles que sofrem os delitos quanto daqueles que os praticam: "naturalmente, os delinqüentes também estão interessados em que o ordenamento jurídico continue a ter vigência [05]", isto é, uma pessoa que se apropria indevidamente do dinheiro de outra não há de querer que terceiro se aproprie do dinheiro seu ou de familiar seu; do mesmo modo que um sujeito inocente acusadode ter matado outrem quer que seja devidamente processado ejulgado, para, muito provavelmente, caso não haja algum acidente de percurso, como queima de arquivo ou erro do judiciário, ser absolvido. .

É por isso que não se pode pretender abolir o direito penal, haja vista este promover, ao lado de outras normas

sociais (não-jurídicas), o controle social, de modo a manter a sociedade em equilíbrio e ordem: "o direito penal não é somente uma realização das necessidades punitivas da sociedade, ele é ao mesmo tempo também seu rompimento; ele é controle social e, ao mesmo tempo sua formalização .

O fim da pena não é que se faça justiça, nem que seja vingado o ofendido, nem que seja ressarcido o dano por ele sofrido; ou que se amedrontem os cidadãos, expie o delinqüente o seu crime, ou obtenha a sua correção. .O fim primário da pena é o restabelecimento da ordem externa da sociedade. O fim primeiro da sanção penal é restabelecer, após uma condenação ou uma absolvição, a ordem, a sensação de segurança da coletividade como um todo, e, reflexamente,caso seja possível, a sensação da parte que foi vítima do delito ou que foi vítima de acusação infundada de ter sido feita justiça. E aí está a necessidade de um direito penal enquanto controle social voltado para o devido processo legal, com fulcro nos direitos humanos fundamentais, para se aplicar, ou não, uma sanção.

Segundo Jakobs, o direito penal moderno poderia ser dividido em dois ramos: o direito penal do cidadão, para pessoas, e o direito penal do inimigo, para não-pessoas. Deve-se, a princípio, levar em conta que a doutrina mais recente considera não haver distinção entre cidadãos e pessoas, direitos do cidadão e direitos humanos fundamentais, de modo que cidadãos são pessoas e vice-versa, e direitos do cidadão e direitos humanos fundamentais são a mesma coisa. Assim, voltar-se-ia o direito penal do cidadão para as pessoas, sujeitos de direitos, e o direito penal do inimigo para as não-pessoas,objetos de direito.

A crítica posta em relação ao direito penal do inimigo, encontra esteio na necessidade de, no controle social

decorrente do direito penal material e processual, haver respeito pelo menos a um núcleo essencial de direitos humanos fundamentais; tal núcleo, como se pode extrair das palavras é "um conjunto formado por uma seleção desses direitos, tendo em vista principalmente sua essencialidade,dentre outros critérios".: a todas as pessoas, sem quaisquer distinções, são assegurados direitos e garantias fundamentais, ou seja, independente do crime cometido e da reincidência, ocorra esta antes ou após o cumprimento da pena imposta ao indivíduo, o indivíduo mantém um mínimo essencial de seus direitos, a fim de que tenha respeitada sua dignidade humana.

Nesse prisma, é de se lembrar de as caçadas comandadas pelogoverno norte-americano pelas cabeças de Osama bin Laden e de Saddam Hussein. Após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos da América iniciaram sua política externa de guerras contra um suposto "eixo do mal", ou, a melhor dizer, inimigos dos Estados Unidos, de modo a burlar recomendações das Nações Unidas e a forjar documentos, como restou comprovado no caso da (in)existência de armas de destruição em massa no Iraque. Apolítica de ataques ao Afeganistão, por tentar encontrar Osama bin Laden, o mentor intelectual dos ataques de 11 de setembro de 2001, e ao Iraque, por tentar encontrar Saddam Hussein, o "dono" de poços de petróleo cobiçados pelo governo norte-americano, tem seus efeitos a serem sentidos até a atualidade: os civis de ambos os países foram os maisprejudicados, bem como os soldados americanos, os quais continuam a morrer por causa da ambição expansionista bushiana de "querer fazer chegar a democracia a tais países", ou, nas palavras de um conhecido personagem de desenho animado: tentar dominar o mundo.

O exemplo acima não é único de como têm sido julgados, processados e condenados os inimigos do direito penal, mas

é exemplo mundialmente conhecido. Tal como realizar cruzadas para eliminar infiéis, ou, ainda, eliminar a judeus e homossexuais em campos de concentração, e, até, quem sabe, dizer que homens negros não têm alma, e por issopodem ser utilizados como escravos.

Todos esses exemplos giram em torno de um eixo comum, qual seja o de se considerar determinados indivíduos como objetos, e não sujeitos de direito, o que, como dito mais acima, é a tônica da abordagem do direito penal do inimigo.De se dizer, uma verdadeira dissolução do direito penal material e processual e suas respectivas garantias, um enorme desrespeito aos direitos fundamentais dos seres humanos e uma tremenda violação à dignidade da pessoa humana, SENDO UM TOTAL DESCONTROLE SOCIAL.

É raro a imprensa revelar os abusos do sistema prisional porque em geral a idéia é que deve amargar os sofrimentos do cárcere porque buscou a própia sina. Todavia duas matérias chamaram a atenção no noticiário, onde talvez não tenha servido para despertar atenção para questões de políticas de segurança pública e sobretudo quanto a situação de indignidade da população carcerária.

A primeira revelou a situação de presos mantidos num contêiner, numa delegacia de polícia do Espírito Santo ondea prisão consiste num cubo prisional de chapa metálica, semjanelas ou grades e com um pequeno buraco para entrega de quentinhas.É revoltante e desumano atividade essa que é praticada em pleno século xxi. O “enlatamento” de pessoas um acinte á dignidade humana e ofensa a toda ordem principiológica dos direitos humanos .Se não bastasse, o mais perturbador dessa história é a naturalidade com que as autoridades responsáveis tentam justificar um modelo industrial de embalar presos como se tivesse encontrado uma solução para o déficit e alto custo

para as edificações do sistema carcerário prisional. Sendo eles presos provisórios pouco importa a ofensa, a dignidadehumana dos detentos supostamente autores de ações criminosas feri o princípio indúbio pró-réu conhecido como princípio da presunção de inocência.

A autoridade responsável pela custódia tem ousadia de afirmar que o local é bem oxigenado e que os presos á noitepedem para desligar a ventilação em razão do frio.Na segunda reportagem, narra-se a série de cinco mortes de detentos em estabelecimentos prisionais, todos por enforcamento. Muito embora, a autoridade competente tenha dito em entrevista que foram casos de suicídio, sendo que oexame de corpo de delito sempre atesta a morte por enforcamento devido às características apresentadas. Somente com muito esforço de ingenuidade poderia se acreditar que em menos de um mês 5 mortes de presos, tenhamsido resultado de suicídio e não de enforcamento.

Uma situação dessa gravidade tem que ser investigada ainda mais, quando há relatos de outras agressões como hematomas e marcas nos corpos das vítimas. A responsabilidade é do poder público mesmo se quisesse partir da história do carcerário local não sendo excluída tal responsabilidade .

Vivemos em um mundo onde tudo passa de linguagem e do poderde convencimento que alcança quando lançadas publicamente. Sendo que, se não existe o questionamento quanto ao que se foi expresso, os agentes estatais continuarão a usarem de tais atos ilícitos como se fossem legítimos. Seria interessante se não tivéssemos de assistir reportagens dessa natureza porém, pior que ter que ouvi-las é não saberde suas ocorrências, pois foram ocultadas oficialmente ou omitidas, silenciadas diante destas narrativas e fatos e que de modo nenhum pode ser declarada no Estado Democráticode Direito.

Texto enviado pelo aluno Anthony e TIAGO CARVALHO, integrantes do Grupo Terra(Controle Social).

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POSTADO POR VERSAOINVERSA ÀS 4/25/2009 05:47:00 PM 0 COMENTÁRIOS MARCADORES: GRUPO TERRA

S E X T A - F E I R A , 2 4 D E A B R I L D E 2 0 0 9

Tipos de Sanções

Constrangimento físico

Implica a violência ou ameaça de violência física. Entre todos os grupos, é o estado que cabe o emprego legal das sanções físicas, através do sistema jurídico e das organizações que têm por função vigiar o cumprimento das leis (exército, polícia, tribunais, penitenciárias). O emprego da força tem por finalidade a proteção da sociedade, manutenção do governo e do status quo, castigo dos criminosos, dos agitadores políticos, desejo de correção ou de reabilitação de elementos ou grupos em desvio. São diversas as sanções físicas empregadas pelo Estado: prisão, residência vigiada, tortura, trabalhos forçados e até mesmo execução (pena de morte), cassação de direitos ou privilégios legais, decretos de extradição, banimento ou exílio. Na relação entre estados lança-se mão da ameaça de guerra para determinar, fixar e manter os direitos de cada grupo político e para defendê-los contra seus inimigos. Além do Estado, outros grupos (gangues e sociedades secretas etc.) empregam a sanção física extrema,através do assassinato punitivo de seus membros, do assassinato político, da vendeta, do duelo. Em menor escala, o constrangimento físico pode ser empregado pela família (a palmada, o corretivo físico, a proibição de sair

de casa), pela escola (retenção depois dos horários de aulas, suspensão, expulsão da escola), por amigos (a cutuvelada, o beliscão, o pontapé, para indicar que você está cometendo uma gafe, ou para chamar atenção para regulamento e proibições), pela igreja (jejuns, vigílias e autoflagelação). O soco ou a bofetada são reações comuns a ofensas.

Sanção econômica

Signifca o prejuízo econômico ou a perda de preivilegios que resultem em perdas econimicas. O sistema jurídico é o meio legal através do qual se aplica a maioria das sanções econômicas: multas, indenização de prejuízos causados a outrem, restituição em caso de apropriação indébita etc. apóiam-se no sistema jurídico: o Estado (emk caso de sonegação do imposto de renda, mau uso ou apropriação indébita de fundos públicos, determinadas contravenções etc.), as organizações empresarias (para fazer cumprir seusregulamentos, impondo diversas penalidades econômicas e despedindo o empregado por “motivos justos”, isto é, sem indenização), e outras organizações formais como clubes, sindicatos, etc. Uma sanção que é aplicada por algumas associações profissionais, como a dos médicos e advogados, consiste na perda do direito de exercer a profissão, trazendo, entre outros, prejuízos econômicos; os clubes e organizações esportivas aplicam multas e suspendem os jogadores faltosos. A família também pode exercer sanções econômicas legais, deserdando determinados membros. Além das sanções legais, existem outras, como as empregadas por organizações empresariais contra outras do mesmo tipo; mudança de fornecedor, suspensão do pedido de serviços ou mercadorias, reiterada da publicidade, etc; pelos consumidores em relação a determinadas empresas, através dos boicotes de seus produtos; pela escola, suspendendo a bolsa de estudos; pela família, retirando a mesada dos

filhos ou a ajuda econômica concedida a parentes.

Sanções religiosas

É em geral “supra-social”, já que, além de abranger a relação de indivíduos e grupos com a igreja, diz respeito aum poder mais elevado. Envolve a relação do homem com a divindade, deuses e espíritos, e referem-se ao destino depois da morte. A eficácia das sanções religiosas baseia-se na crença em idéias religiosas e, também, na aceitação do poder e autoridade dos chefes religiosos. Determinados atos são considerados agradáveis aos deuses, estabelecendo com eles relações desejáveis, e outras, desagradáveis, destruindo ou estremecendo essas relações. Acredita-se que através de procedimentos prescritos ou reconhecidos, como sacrifício, ou arrependimento, a confissão, os rituais de purificação e a mortificação, podem-se remover ou, ao mesmo, neutralizar as condições não satisfatórias (impurezas e pecados), e apaziguar a cólera dos deuses. As sanções tomam diversas formas: penitencia, excomunhão, perda dos méritos, ameaça da condenação eterna e da não-ressurreição, da reencarnação da alma em uma forma de vida inferior. As sanções mágicas são outra forma de sanção sobrenatural, diferindo da religiosa: geralmente não apelamaos espíritos, mas consistem em manipulação ritual e forçassecretas, sobrenaturais.

Sanções especificamente sociais

São as mais diversas e numerosas. O grupo de amigos, a família, a pequena comunidade empregam principalmente as sanções sociais. Estas variam em conformidade com a gravidade da falta. Para os casos piores, o grupo lança mãode sanções como a rejeição, o afastamento e a repulsão do grupo: a pessoa cujo comportamento se reprova podem encontrar-se isolada, vendo seus amigos se afastarem, e, às

vezes, até sua família; quanto menor a comunidade, mais agudamente esse isolamento é sentido. Quando tal sanção é aplicada pela própria família, torna-se mais efetiva e, se ocorrer numa comunidade pequena, unida, dominada por relações estreitas entre seus membros, essa censura ou rejeição pode prejudicar a posição do individuo. O falatório, o diz-que-diz, a fofoca, o mexerico, a bisbilhotice são sanções poderosas e temidas, tanto mais eficazes quanto menor a comunidade; seu poder baseia-se principalmente nas possíveis deformações e amplificações darealidade. Por sua vez, a excentricidade, as ações consideradas ridículas dão origem a um outro tipo de sanção: a troça, a zombaria e o riso. A reprovação da conduta pode manifestar-se ainda através do silencio, do olhar de censura, da careta e outras expressões fisionômicas. Na sociedade urbana, o anonimato, a mobilidade e os variados grupos existentes diminui a eficácia de todos esses tipos de sanções informais, criandoa necessidade de outros meios de controle social mais formais.

Controle social - conceito e tipos

As sanções, positivas ou negativas, possuem dupla função: de um lado, assegurar a conformidade das condutas, permitindo a coesão e o funcionamento das coletividades e, outro, desencorajar o não-conformismo perante as normas estabelecidas. Guy Rocher engloba o conjunto das sanções positivas e negativas em seu conceito de controle social, afirmando ser o mesmo “o conjunto das sanções positivas e negativas a que uma sociedade recorre para assegurar a conformidade das condutas aos modelos estabelecidos” (1971:I 96).Segundo Hollingshead (In: Pierson, 1970b:391 e seg.) a idéia de “controle social” aparece em primeiro lugar nas obras de Comte, Curso de filosofia positiva (1830-1842) e

Política positiva (1851-1854), surgindo depois nos escritosde Lester Ward, Sociologia dinâmica (1883). Os primeiros autores que utilizaram a expressão ”controle social” foram Small e Vincent, em seu livro Uma introdução ao estudo da sociedade, publicado em 1894. A primeira obra a tratar especificamente desse assunto apareceu em 1901 escrito por Edward Alsworth Ross: Controle social.]na concepção de Ross, o ser humano herda quatro instintos:“simpatia, sociabilidade, senso de justiça e ressentimento ao mau trato”. Esses instintos permitem o desenvolvimento de relações sociais harmoniosas entre os componentes de grupos e comunidade pequenas e homogêneas. À medida que a sociedade se torna mais complexa, as relações sociais tendem a tornar-se impessoais e contratuais. Nesse período de transição, por enfraquecimento dos instintos sociais do homem, o grupo tem de lançar mão determinados mecanismos sociais a fim de controlar relações entre seus membros. Esses mecanismos constituem o controle social que visa regular o comportamento dos indivíduos e propiciar à sociedade ordem e segurança. Assim, quando as “sociedades artificiais civilizadas” se distanciam das “comunidades naturais”, os controles instintivos do homem são substituídos por recursos artificiais: a lei, a opinião publica, a crença, a religião, a sugestão social (tradição,convenções), a influencia de certas pessoas marcantes, a ilusão e a avaliação social. Ross salienta, portanto, os meios que a sociedade emprega para obter um comportamento ordenado. Charles Cooley analisou o conceito de controle social sob um enfoque diferente: “relação recíproca entre o individuo e a sociedade”. Em sua obra Natureza humana e ordem social (1902), considera o controle como fator implícito na comunidade e, portanto, transmitido ao individuo pela socialização: na sociedade, os diferente indivíduos possuem, para definir suas atividades, significados comuns;dessa maneira, o comportamento de cada pessoa é controlado,

principalmente, pelo desenvolvimento da consciência, como resultado da associação. Através da socialização, o individuo torna-se membro da sociedade, é por ela controlado, passando a ser por sua vez, um agente ativo do processo.Diversos autores formularam conceitos de controle social influenciados por Ross e Cooley. Frederick E. Lumley, em Meios de controle social (1925), indica a existência de duas principais categorias de controle social: 1ª) a que se apóia na força física e 2ª) aque se baseia em símbolos. A primeira, apesar de indispensável, não pode ser, por si só, manter a ordem social, surgindo a necessidade de controles sociais fundamentados em símbolos. Estes são de dois tipos: “os quedestinam a provocar nos indivíduos o mesmo tipo de respostae a dirigir seu comportamento para determinados rumos considerado desejados” (educação, incentivo, elogio; uso depersuasão e lisonja) e “os mecanismos cujo objetivo é a restrição e a repressão” (ordens, ameaças e punições; propaganda, crítica, sátira e o ridículo; boatos e falatórios). na obra Controle social publicada em 1839, Luther L. Bernard apresenta o seguinte conceito: “controle social é um processo por meio do qual se originam estímulos que deveram atuar fisicamente sobre determinada pessoas ou grupos, provocando respostas adequadas, que se inserem no ajustamento”. Este autor faz distinção entre meio de controle inconsciente (tradição, costumes, convenções) e consciente (técnicas conscientemente criadas, desenvolvidase utilizadas por lideres e chefes); entre mecanismos negativos ou inibidores (policia, tribunais) e positivos (incentivos, recompensas), que considera mais eficaz.No mesmo ano, Paul H. Landis também publicou sua obra Controle social. Conceituou controle social como “uma sériede processos sociais que levam o individuo a ser responsável em relação à sociedade, formando a

personalidade humana e socializando o individuo, de maneiraa alcançar uma melhor ordem social”. Landis reconhecia a existência de medidas coercitivas no controle social, porémconsiderava mais importantes os recursos incentivadores e estimulativos, os ideais e os valores espirituais.

Níveis de atuação do controle social

Fichter (1973:426 e seg.) destaca a estrita correlação entre socialização e controle social: “controle social é o mecanismo que perpetua este processo (socialização), induzindo e mantendo a conformidade das pessoas aos padrões,... papeis, relações e intiruições que são altamente valorizadas pela cultura”.Apesar de reconhecer a crescente influência do estado de controle social, o autor condena a tendência de restringir o termo à esfera do controle político, indicando que os grupos pequenos, primários, exercem o controle maior e maisdireto sobre o comportamento do individuo do que os grandesgrupos e associações secundárias. Indica a existência de três níveis do controle social:• Coletividade – indivíduo. Influencia da sociedade global sobre seus membros. Este controle é exercido através do vinculo funcional que liga o individuo aos grupos de que participa: o desempenho de papel.• Indivíduo – coletividade. Destaca-se a função da liderança: a pessoa, com qualidade de líder, influi na adequação do grupo a seus padrões e valores.• Grupo – sociedade global. O domínio de uma poderosa minoria econômica ou política, de um grupo militar, ou de reduzida classe alta, dá origem ao desenvolvimento de grupos de interesse ou de pressão que, nos últimos tempos, desenvolveram técnicas cientificas de controle social.

Texto elaborado pelos alunos DANILO ADRIANO, CHRISTY

MYRIAM, CLARKSON, LÍVIA, LUCIANA MORAES, EPIPHANIO, MARCOS RIBEIRO, integrantes do Grupo Terra(Controle Social).

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POSTADO POR VERSAOINVERSA ÀS 4/24/2009 12:20:00 PM 1 COMENTÁRIOS MARCADORES: GRUPO TERRA

Classificação dos controles

• Controle positivo e negativo: O controle positivo é empregado para orientar o comportamento do individuo, levando-o a proceder de acordo com as normas e valores da sociedade. Ex: os prêmios e as recompensas. O negativo faz com que o individuo se afaste de determinadas formas de comportamento consideradas anti-sociais. Ex: a proibição, as repreensões.

• Controle formal e informal: Os controles formais são obrigatórios a todos os indivíduos que participam de um grupo. Ex: as leis, os decretos e atos promulgados pelo estado. Os controles informais são espontâneos que visam aprovar ou desaprovar determinados comportamentos compatíveis ou não com as normas e valores. Ex: a fofoca, oridículo, o riso, o aplauso e o sorriso de aprovação.

• Controle institucional e grupal: Nas diferentes sociedades e na mesma sociedade, em diferentes épocas, ocorre a predominância de uma ou outra instituição, de forma que o controle especifico por elas exercido varia de importância. Os padrões institucionalizados orientam e controlam grupos existentes numa sociedade. Evidenciando-semais no grupo primário do que no secundário. O controle grupal é exercido pelos diferentes grupos sobre os seus componentes, variando o rigor e o grau com que atuam.

1. Nos grupos familial e educativo o controle que exerce é

mais rigoroso. Predominantemente informal, pois as relaçõesentre os membros são íntimas.

2. Os grupos econômico e político os controles são formais e a conformidade decorre das exigências especificas das atividades econômicas ou dos direitos e deveres do cidadão,determinado pelos estatuto cívicos e públicos. As possibilidades de aplicação das sanções ocorrem mais freqüentemente nos grupos econômicos do que nos políticos.

3. Os grupos recreativos e religiosos apresentam maior opção e liberdade de movimento, sendo, portanto, menor o grau de controle imposto. Sua organização é mais frouxa do que nos anteriores e a conformidade repousa principalmente na cooperação voluntária de seus membros. As exceções, neste item, dizem respeito a determinadas seitas religiosasque, da mesma maneira que algumas sociedades secretas existem uma estrita conformidade até em aspectos do comportamento aparentemente não essenciais.

Eficiência dos controles

• Em geral, quanto mais atrativo for um grupo, para um individuo, maior será a eficiência de pressão exercida sobre ele - A eficácia da sanção depende, portanto, da sensibilidade do individuo em relação ao juízo feito pelo grupo. A maioria das sanções é simbólica: a medalha, o diploma de membro honorário, a ironia, o ridículo. São importantes à medida que o individuo preza a opinião dos outros.

• A eficiência do controle social depende da autonomia do grupo – A natureza do grupo, da mesma maneira que a natureza do individuo, é um fator que contribui para a eficácia do controle. Este tende a ser mais eficiente em grupos independentes, com autoridade centralizada, como as

sociedades rurais, do que em grupos interdependentes, como as modernas sociedades urbano-industrias. Nestas, o individuo pertence, ao mesmo tempo, a diferentes grupos quepodem possuir interesses divergentes ou opostos.

• O controle social atinge o Maximo da coordenação de grupos primários e burocráticos – em virtude do seu tamanhoreduzido, o grupo primário apresenta flexibilidade e rapidez ao enfrentar acontecimentos que fogem à regra e, através da pressão das relações intimas e informais leva à conformidade. A especialização e os recursos técnicos de que dispõem s sociedade moderna, burocrática, especificamente no setor da comunicação de massa, permitem a rápida difusão de mensagens que atingem um elevado números de indivíduos e grupos.

• As ordens contraditórias levam à desobediência ou à frustração – a incoerência de atitudes por parte de autoridades conduz a um comportamento oscilante: insegurança, nervosismo ou desobediência, comportamento desviante. Um sistema de sanções induz a conformidade, ao passo que as incoerentes, incertas e inconstantes levam à desobediência.

Tipos de controle

O controle pode ser interno e externo.O controle interno emana da própria personalidade do individuo; através da socialização, ele interioriza as normas e valores de seu grupo e, convencido de sua validade, orienta sua ação de acordo com eles. Assim, o controle interno é o auto controle exercido pela vontade consciente do individuo, baseado nos princípios, crenças e ideais dominantes em seu grupo e por ele aceitos. Pode funcionar de maneira positiva através de antecipação feita pelo individuo em relação ao prazer e à vantagem advindos

da aprovação do grupo; em sentido negativo, por meio da antecipação das sanções punitivas em face do comportamento contrario às normas.

O controle externo divide-se em: natural, espontâneo e informal – exercido principalmente pelos grupos primários. Baseia-se nas relações pessoais e intimas que ligam os componentes do grupo; artificial, organizado e formal – é exercido, principalmente, pelos grupos secundários, onde asrelações são formais e impessoais. À medida que a sociedadetorna-se mais complexa, aumentando o número de seus componentes e tornando-se heterogênea, o controle formal, baseado no conhecimento e na opinião do grupo, não é mais suficiente para manter a conformidade.

Quando o padrão de comportamento é rompido, através do comportamento desviado, a ruptura provoca sentimentos negativos, dando origem a um processo de sanções cuja função é punir a infração, impedir futuros desvios e/ou alterar as condições que originam o comportamento desviado.Este processo constitui o controle social.

Ao conceituar socialização, encaramos tal processo como aprendizagem e a interiorização dos elementos sócio-culturais, normas e valores do grupo social que se integramna estrutura da personalidade do indivíduo (pessoa social) estão compreendidos os termos conformidade e desvio.

Conformidade seria a ação orientada para uma norma (ou normas) especial, compreendida dentro dos limites de comportamento por ela permitido ou delimitado.

Dois fatores são importantes na conceituação de conformidade: os limites de comportamento permitido e

determinadas normas que, consciente ou inconscientemente, são parte da motivação da pessoa.

Suas causas são:

Socialização – processo que propicia a interiorização das normas sociais, que se integram na estrutura da personalidade

Isolamento – processo através do qual a pessoa se adapta àsdiversas normas, valores em conflito e a diferentes momentos e lugares

Hierarquia – permite a escolha mais adequada, em ocasiões em que mais de uma norma pode ser aplicada no mesmo momentoou lugar

Controle social – ajuda a pessoa socializada a prever as conseqüências de seu comportamento

Ideologia – ajuda a reforçar a conformidade de seus membros, quando dá um apoio “intelectual” às normas atravésde visão do papel e do lugar do grupo na sociedade.

Interesses adquiridos – as normas sociais definem não só obrigações, como também os direitos. Desta maneira, as possíveis sanções ou motivos idealistas e também os interesses adquiridos contribuem para conformidade.

Desvio é um comportamento disfuncional em relação ao grupo onde ocorre. Tal conceito é desprovido de conotações valorativas: as normas dos diferentes grupos constitutivos de uma de uma sociedade mais ampla podem encontrar em oposição.Essas considerações indicam que nem todo desvio é nocivo para os componentes do grupo.

Suas causas são:

Socialização falha e carente – o termo “falha” é avaliatório e representa o ponto de vista dos que aceitam as normas em questão.

Sanções fracas – se as sanções são fracas elas perdem muitodo seu poder de orientação ou determinação do comportamento.

Cumprimento medíocre – as sanções são adequadas mas não sãoaplicadas freqüentementeFacilidade de racionalização – a racionalização é o processo pelo qual a pessoa que interiorizou as normas sociais justifica seu comportamento em desvio.

Alcance indefinido da norma – o alcance ou os limites de uma norma não são claramente definidos, desta maneira, um comportamento que alguns consideravam desviado pode ser definido pela pessoa como sendo , na realidade, mais legítimo do que o esperado.

Sigilo de infrações – o não-descobrimento do comportamento em desvio, e, conseqüentemente, o não-emprego imediato do controle social tendem a fortalecer a atitude criada pelo desvio.

Execução injusta ou corrupta de lei – quando as pessoas encarregadas da manutenção e aplicação da lei não o fazem de maneira justa e eqüitativa.

Legitimação subcultural do desvio – através da aprovação docomportamento pelos companheiros, o indivíduo é encorajado no desvio das normas da sociedadeSentimentos de lealdade para com os grupos em desvio – a

solidariedade e a cooperação existentes no interior do grupo exercem pressão sobre o indivíduo, a fim de que mantenha a lealdade, mesmo que não mais aprove ou não mais deseje persistir no comportamento desviado.

Texto enviado pelo aluno Daniel Gama de Barros, integrante do Grupo Terra(Controle Social Do Comportamento Delitivo).

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POSTADO POR VERSAOINVERSA ÀS 4/09/2009 11:44:00 AM 0 COMENTÁRIOS MARCADORES: GRUPO TERRA

S E X T A - F E I R A , 3 D E A B R I L D E 2 0 0 9

ARTIGO

O PAPEL DO DIREITO E DA SOCIEDADE NO CONTROLE DA CRIMINALIDADE

O Direito é um conjunto de normas de cunho social, imposto à sociedade pelo Estado para a garantia da paz e da justiça, como ferramenta de resolução da lide. Esse é um conceito exposto pela maioria dos juristas, porém, no estudo aqui abordado, será demonstrado que o direito vai além do que é conceituado e sua importância para o estudo da criminalidade.O direito nasce da sociedade como fruto de uma relação social, continua a existir como forma de prevenção do litígio e como forma de resolução, punindo ou simplesmente harmonizando o conflito.Pra a criminologia, a sociedade através do Direito, utiliza

dois sistemas articulados entre si, o sistema de controle formal e o sistema de controle informal.O controle informal é mais importante do que o controle formal, haja vista, ser exercido pela própria sociedade civil, a família, a religião, escola, a opinião pública, entre outros. Por exemplo, o desprezo social, punição informal imposto pela sociedade.Somente quando a sociedade não obtém êxito é que entra em ação o controle social formal, composto pelo aparelho político do Estado, que são a polícia, o Ministério Público, o exército, a justiça, entre outros. Quando o Estado, através de seus agentes passa a atuar, ele, de forma coercitiva, aplica os mecanismos de controle formal.Vale ressaltar, que apenas quando nenhum controle social informal ou formal coíbe a criminologia, o Direito Penal passa a atuar, ou seja, quando nenhum ramo do direito resolve, o direito penal é chamado para contribuir com o controle.Nesse artigo, foi explanado, primeiramente, os tipos de controle social, porém o conceito não foi exposto para que pudéssemos entender como funciona os tipos de controle.A criminologia trabalha com quatro pilares basilares, que são o crime, o autor, a vítima e o controle social, este aqui estudado.O controle social se baseia em mecanismos que a sociedade, em primeiro momento, utiliza para controlar a criminologia,como por exemplo, criando estratégias, sanções sociais, quesegundo Garciá-Pablos Molina, promove e garanti referido submetimento do indivíduo aos modelos e normas comunitárias(RT, 2002, p.133).Contudo, podemos perceber que, independentemente, do tipo de controle, o direito atua junto com a sociedade para coibir a criminologia no meio social.

Este artigo foi redigido pela aluna Luciana Moraes(Grupo

Terra).

Segue abaixo o link das normas acadêmicas necessárias para a formulação dos trabalhos:

http://www.unit.br/normasacademicas.asp

Por fim gostaria de fazer os agradecimentos a aluna bárbaraque acabou por dar uma roupagem nova ao blog me ajudando muito com a minha parte que é a administração do blog, MUITO OBRIGADO.

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POSTADO POR VERSAOINVERSA ÀS 4/03/2009 08:18:00 AM 0 COMENTÁRIOS MARCADORES: GRUPO TERRA

S E X T A - F E I R A , 2 0 D E M A R Ç O D E 2 0 0 9

Controle Social do Comportamento Delitivo

· Definições

O professo Sérgio Salomão Shecaira define controle social como “o conjunto de mecanismos e sanções social que pretendem submeter o indivíduo aos modelos e normas comunitárias.

Segundo Marta González Rodríguez, “a paternidade científicada expressão Controle Social pertence ao sociólogo estadunidense EDWARD ROSS, quem a utilizou pela primeira vez como categoria enfocada nos problemas de ordem e a organização social, na busca de uma estabilidade social

integrada resultante de uma acepção de valores únicos e uniformes e um conglomerado”.

Exemplos de Controles Sociais

· Controle Formal: A Polícia, a Justiça, a Administração Penitenciária, o Ministério Público, o Exército entre outros.

· Controle Informal: A família, Escola, Profissão, a Religião, Opinião Pública, entre outros.

O Direito Penal como Controle Social Formal

Segundo Rogério Greco, em sua obra Curso de Direito Penal Parte Geral, “o legislador, por meio de um critério político, que varia de acordo com o momento em que vive a sociedade, sempre que entender que os outros ramos do direito se revelem incapazes de proteger devidamente aqueles bens mais importantes para a sociedade, seleciona, escolhe as condutas, positivas ou negativas, que deverão merecer a atenção do Direito Penal”.